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1 – Doenças Infecto-Parasitárias
Lutzomyia longipalpis
Leishmania
Ciclo de transmissão
Reservatório
URBANO: o cão é a principal fonte de infecção
A enzootia canina tem precedido a ocorrência de casos
humanos e a infecção em cães tem sido mais prevalente que
no homem.
Vetor
No Brasil, 2 espécies de flebotomíneos estão relacionadas
com a transmissão da doença:
Lutzomyia longipalpis (mosquito-palha), a principal; e
Lutzomyia cruzi, também incriminada como vetora em
áreas específicas dos estados do Mato Grosso e Mato
Grosso do Sul.
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Roxanne Cabral – M8 – 2020.1 – Doenças Infecto-Parasitárias
Epidemiologia
No Brasil, é uma doença endêmica, no entanto têm sido
registrados surtos frequentes. Inicialmente, sua ocorrência
estava limitada a áreas rurais e a pequenas localidades
urbanas, mas encontra-se em franca expansão para grandes
centros. A LV está distribuída em 21 Unidades da Federação,
atingindo as cinco regiões brasileiras.
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presença de antígenos, podendo-se concluir que a Leishmania ou Em casos raros, pode ocorrer doença febril aguda com
alguns de seus antígenos estão presentes no organismo infectado progressão rápida sintomas.
durante longo tempo, depois da infecção inicial.
Quadro Subagudo / Crônico
Quadro clínico O início dos sintomas geralmente é insidioso ou subagudo,
É uma doença crônica, sistêmica, caracterizada por febre de com progressão lenta de mal-estar, febre, perda de peso e
longa duração, perda de peso, astenia, adinamia, esplenomegalia (com ou sem hepatomegalia) durante um
hepatoesplenomegalia e anemia, dentre outras. Quando período de meses.
não tratada, pode evoluir para o óbito em mais de 90% dos
casos.
A Esplenomegalia é a característica mais marcante.
Características:
o Consistência aumentada (firme);
o Indolor, mas pode estar dolorosa em alguns
casos (aumento rápido do baço com distensão
da cápsula);
o O paciente pode se queixar de desconforto
abdominal e plenitude.
Período de incubação
Homem: 10 dias a 24 meses, com média entre 2 e 6 meses;
Cão: varia de 3 meses a vários anos, com média de 3 a 7 Leishmaniose visceral: paciente com hepatoesplenomegalia
meses.
Pode haver linfadenomegalia.
Infecção Assintomática
Grande parte das infecções por leishmaniose são Como os parasitas se replicam no sistema retículo-endotelial,
assintomáticas, refletindo a capacidade do sistema altas quantidades de parasitam se acumulam no baço, fígado e
imunológico do hospedeiro em controlar o parasita. medula óssea.
Sorologias detectam infecções subclínicas no início de Pode ocorrer anemia grave devido à supressão da medula
seu curso; óssea, hemólise e sequestro esplênico.
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o Colabora para hemorragia quando em Examinar o material aspirado de acordo com esta sequência:
associação com trombocitopenia; Exame direto
Isolamento em meio de cultura (in vitro)
Hemorragias espontâneas (epistaxe, gengivorragia, Teste molecular (PCR) para detecção do DNA do parasita.
etc.)
Detalhes sobre os testes diagnósticos:
Complicações
Amastigotas presentes em medula óssea biopsiada de pacientes com
Infecção bacteriana secundária a neutropenia (principal leishmaniose visceral.
causa de morte).
Exemplo: otite média aguda, infecções do trato urinário
e respiratório, piodermites, tuberculose (?).
Diagnóstico
Cultura do aspirado em meio NNN (Neal, Novy, Nicolle –
ágar, cloreto de sódio, água destilada, sangue humano ou
Diagnóstico laboratorial ESPECÍFICO de coelho)
Baseia-se em exames imunológicos e parasitológicos. o 5 dias a 4semanas para o diagnóstico.
o Possui sensibilidade menor que o exame direto.
Imunológico
Pesquisa de anticorpos contra Leishmania (ELISA) Teste de Montenegro
Parasitológico
É o diagnóstico de certeza feito pelo encontro de formas
amastigotas do parasito, em material biológico obtido
preferencialmente da medula óssea – por ser um procedimento
mais seguro –, do linfonodo ou do baço. Este último deve ser
realizado em ambiente hospitalar e em condições cirúrgicas.
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Tratamento
Sempre que possível, a confirmação parasitológica da
Pode até ser usado para controle de cura. doença deve preceder o tratamento. Porém, quando o
diagnóstico sorológico ou parasitológico não estiver
Diagnóstico laboratorial INESPECÍFICO disponível ou na demora da sua liberação, o tratamento
Hemograma: pancitopenia; deve ser iniciado.
Eletroforese de proteínas: inversão da taxa albumina Tratamento ambulatorial x hospitalar: usamos o escore do
(↓)/globulina(↑); ocorre aumento policlonal de MS para definir.
imunoglobulinas (hipergamaglobulinemia). O tratamento engloba terapêutica específica e medidas
adicionais, como hidratação, antitérmicos, antibióticos,
Elevação de VHS e PCR; hemoterapia e suporte nutricional. Exames laboratoriais e
eletrocardiográficos deverão ser realizados durante o
Outros: TGO, TGP, fatores de coagulação, função renal, tratamento para acompanhar a evolução e identificar
amilase, radiografia de tórax, etc. possível toxicidade medicamentosa.
O hepatograma está inalterado em muitos casos. Recomenda-se o antimoniato de N-metil glucamina como
Obs.: O parasitismo no fígado ocorre nas células de Kuppfer fármaco de primeira escolha para o tratamento da LV,
e não nos hepatócitos e por isso que as transaminases exceto em algumas situações, nas quais se recomenda o uso
podem estar normais. da anfotericina B, prioritariamente em sua formulação
lipossomal.
O ECG pode ser feito para acompanhamento do tratamento
(dos efeitos dos medicamentos). Antimonial Pentavalente, IV ou IM, 20 dias
Efeito colateral mais comum: artralgia.
Diagnósticos diferenciais O antimonial pentavalente tem a vantagem de poder ser
administrado no nível ambulatorial, o que diminui os riscos
Enterobacteriose septicêmica prolongada;
relacionados à hospitalização.
Malária crônica (esplenomegalia tropical); É mais tóxico do que Anfotericina B.
Histoplasmose disseminada;
Endocardite subaguda (apresenta quadro de anemia e
não pancitopenia);
Linfoma;
Tuberculose extrapulmonar – doença hepática e
esplênica;
Abscesso hepático amebiano;
Esquissotomose hepato-esplênica (não há febre como a
LV);
Anemia falciforme;
Forma aguda da Doença de Chagas;
Febre Q (causada por Coxiella burnetti).
Anfotericina B, IV, 21 dias
Efeitos colaterais: febre, flebite, calafrios, hipotensão e morte
Leishmaniose Visceral e Coinfecção pelo HIV
após a infusão. Com o uso crônico, pode causar hipocalemia,
Pacientes com co-infecção por HIV-VL pode ocorrer: IRA, anemia, além de ter efeitos tóxicos para coração e fígado;
Menor incidência de esplenomegalia. A anfotericina B é a única opção no tratamento de gestantes e
Infecção parasitária de locais atípicos, incluindo o trato de pacientes que tenham contraindicações ou que
gastrointestinal, espaço peritoneal, pulmão, espaço manifestem toxicidade ou refratariedade relacionada ao uso
pleural e pele, se imunossupressão profunda; dos antimoniais pentavalentes.
A decisão quanto à duração do tratamento deve ser baseada
na evolução clínica, considerando a velocidade da resposta e a
A tríade clássica da LV é também a manifestação mais comum
presença de comorbidades.
da doença na coinfecção: hepatoesplenomegalia, febre e
pancitopenia são observadas em 75% dos casos. Preferível em pacientes mais graves, gestantes, menores de 2
anos.
É mais potente que o antimonial
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Anfotericina B:
ESQUISTOSSOMOSE MANSÔNICA
Doença parasitária, de evolução crônica, cuja magnitude da
prevalência, severidade das formas clínicas e evolução a
caracterizam como um importante problema de saúde
pública no país.
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Cercárias – S. mansoni
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Quadro Clínico
Geralmente a esquistossomose aguda é sintomática apenas
naqueles que não habitam regiões endêmicas, podendo
Suscetibilidade ocorrer uma síndrome de mononucleose (febre,
Qualquer pessoa, independentemente da idade, sexo ou hepatoesplenomegalia, astenia), diarreia (presença de
grupo étnico, uma vez entrando em contato com as granuloma necrótico e exsudativo) e Síndrome de Löffler.
cercárias, pode vir a contrair a infecção.
Síndrome de Löffler: decorrente do acúmulo de eosinófilos
Classificação nos pulmões, acarretando em uma pneumonite.
As manifestações clínicas correspondem ao estágio de Clínica: tosse irritativa, dispneia, broncoespasmo,
desenvolvimento do parasito no hospedeiro. A maioria das hemoptise, infiltrado pulmonar migratório (todos os
pessoas infectadas pode permanecer assintomática, efeitos decorrentes da passagem do verme pelo
dependendo da intensidade da infecção. Clinicamente, a pulmão).
esquistossomose pode ser classificada em fase inicial e fase
tardia. Dependendo do número de parasitos e da sensibilidade do paciente, um
quadro descrito como forma toxêmica ou febre de Katayama pode
FASE INICIAL ser desenvolvido.
Os sintomas surgem cerca de três a quatro semanas após a
contaminação e incluem: linfodenopatia, mal-estar, febre, hiporexia,
tosse seca, sudorese, dores musculares, dor na região do fígado ou do
intestino, diarreia, cefaleia e prostração, entre outros.
A intensidade dos sintomas aumenta entre a quinta e a sexta semana,
coincidindo com o início da oviposição.
O doente apresenta-se abatido, com hepatomegalia e esplenomegalia
dolorosas, taquicardia e hipotensão arterial. O achado laboratorial de
eosinofilia elevada é bastante sugestivo, quando associado a dados
epidemiológicos.
Começa logo após o contato com as cercarias;
Alterações dermatológicas no local da penetração Diagnóstico clínico só se define a partir de 45 dias do banho
infectante (antes disso não é possível fazer o EPF, pois não há produção
(dermatite cercariana); de ovos).
Ocorrem também manifestações gerais, devido às Ovos viáveis do verme nas fezes ou biópsia hepática revelando o
alterações em outros tecidos e órgãos. característico granuloma esquistossomótico na fase necrótico-
exsudativa
Alteração de função hepática (laboratório)
1. Formas agudas Eosinofilia intensa
a) Assintomática USG abdominal hepatoesplenomegalia inespecífica e a
presença de linfonodos periportais sugestivos
A maioria dos portadores não apresenta sintomas da doença
aguda. Às vezes, é diagnosticada nas alterações encontradas Os sintomas e sinais clínicos podem persistir por mais de 90 dias e a
nos exames laboratoriais de rotina (eosinofilia e ovos viáveis doença enquadrar-se na definição de febre de origem indeterminada.
de S. mansoni nas fezes).
Há, geralmente, remissão espontânea do quadro clínico nos casos não
tratados.
b) Sintomática
Logo após o contato infectante, alguns indivíduos queixam-
se de manifestações pruriginosas na pele, de duração
geralmente transitória, que cedem quase sempre
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Formas Crônicas
Iniciam-se a partir dos 6 meses após a infecção e podem
durar vários anos.
Podem surgir os sinais de progressão da doença para
diversos órgãos, chegando a atingir graus extremos de
severidade, como hipertensão pulmonar e portal,
ascite, ruptura de varizes do esôfago.
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Diagnóstico Dieferencial
Formas complicadas
Vasculopulmonar
Glomerulopatia
Neurológica
Outras localizações: olho, pele, urogenital etc.
Pseudoneoplásica (intestino)
Doença linfoproliferativa (linfomas esplênicos)
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