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Leishmaniose  Rural ou periurbana

Agente etiológico
Gênero: Leishmania; Aspectos gerais
A Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) é uma
doença infecciosa, não contagiosa, causada por  Principais espécies no Brasil: Acomete pele e mucosa
protozoários do gênero Leishmania, que acomete Leishmania(Leishmania) amazonensis Período de Incubação : no homem - média 2 a 3
pele e mucosas, é uma infecção zoonótica, afetando  Leishmania(Viannia) guyanensis meses (duas semanas a 2 anos).
animais que não o homem, o qual pode ser envolvido  Leishmania(Viannia) braziliensis
secundariamente. Reservatórios
Transmissão Servem de fonte de infecção de vetores – gambá,
Transmissão Vetorial – insetos tamanduá, tatu, roedores e canídeos silvestres
O modo de transmissão habitual é através da picada Flebotomíneos
de insetos que pode pertencer a várias espécies de Gênero – Lutzomya: A doença
flebotomíneos, de diferentes gêneros  Lutzomya whitmani Infecção inaparente – sem manifestações clínicas;
(PSYCHODOPYGUS, LUTZOMYA), dependendo da  Lutzomya intermedia Linfonodal – linfadenopatia localizada (pode
localização geográfica.  Lutzomya umbratilis preceder a lesão tegumentar);
 Lutzomya wellcomei Cutânea Única ou múltipla (localizada
Leishmaniose tegumentar americana  Lutzomya flaviscutellata  Única ou múltipla
Em todas as regiões do mundo, é descrita a  Lutzomya migonei  Disseminada - rara: face e tronco/ HIV?
transmissão do parasito entre animais silvestres,  Recidiva e difusa - incapacidade de o
entretanto, o desequilíbrio ambiental proporcionado Epidemiologia organismo reagir)
pela chegada do homem nas florestas implicou numa Constitui um problema de saúde pública em 88
mudança do ciclo vetor-reservatório países, distribuídos em quatro continentes
(Américas, Europa, África e Ásia), com registro anual
Relatos históricos de 1 a 1,5 milhões de casos.
Relatos de padres missionários e pesquisadores A LTA ocorre em ambos os sexos e todas as faixas
viajantes por volta do século XIX na região etárias, entretanto na média do país, predomina os
amazônica observaram indivíduos com feridas maiores de 10 anos, representando 90% dos casos e Formas clínicas
ulcerosas nos braços e nas pernas, relacionadas a o sexo masculino, 74%.
 Leishmaniose Cutânea (LC)
picadas de insetos e, como consequência, lesões No início desse século a região amazônica já era
 Leishmaniose Mucosa (LM)
destrutivas na boca e no nariz. endêmica para esta doença a qual se difundiu para
A confirmação de formas de leishmanias em úlceras outras regiões brasileiras como Sul e Sudeste,  Leishmaniose Disseminada (LD)
cutâneas e nasobucofaríngeas ocorreu no ano de devido aos fluxos migratórios, principalmente  Leishmaniose Cutâneo Difusa (LCD)
1909, quando Lindenberg encontrou o parasito em aqueles gerados pelo ciclo da borracha.
indivíduos que trabalhavam em áreas de Mudanças no padrão de transmissão da doença, Leishmaniose cutânea
desmatamentos na construção de rodovias no inicialmente considerada zoonoses de animais Manifestações clínicas
interior de São Paulo. silvestres, que acometia ocasionalmente pessoas  Na pele a manifestação mais comum é a úlcera
Splendore (1911) diagnosticou a forma mucosa da em contato com as florestas. Posteriormente, a em 85% dos casos.
doença e Gaspar Vianna deu ao parasito o nome de doença começou a ocorrer em zonas rurais, já  Úlcera característica tem contorno circular,
Leishmania brazilienses. praticamente desmatadas, e em regiões borda elevada, talhada à pique, lembrando a
Aragão (1922) demonstrou pela primeira vez, o papel periurbanas. imagem de uma cratera.
do flebotomíneo na transmissão da leishmaniose  Pouco exsudativa, fundo granuloso.
tegumentar. Três perfis epidemiológicos
Forattini (1958) encontrou roedores silvestres  Silvestre
parasitados em áreas florestais do Estado de São  Ocupacional ou lazer
Paulo.
 Pode ser colonizada por bactérias e leveduras.  Lesões destrutivas na mucosa das vias aéreas  Dados epidemiológicos que são de grande
superiores; importância;
 Geralmente evolui de uma forma cutânea de  Análises laboratoriais.
evolução crônica e curada sem tratamento ou
com tratamento inadequado; Exame direto
 Presença de cicatriz indicativa LC;  Técnicas por escarificação, biópsia com
 Apresenta difícil resposta terapêutica (↑↑dose) impressão por aposição (imprint) e punção
e maior recidiva. aspirativa
 Histopatológico
Quadro clínico  Cultivo do material – meio NNN ou LIT (5º dia
 Obstrução nasal; até 1 mês)
Leishmaniose cutânea difusa  eliminação de crostas;  Positividade é inversamente proporcional ao
Manifestações clínicas  Dispneia tempo de evolução
 Nódulos isolados ou agrupados, máculas,  Tosse;  Lesões com infecção secundária também
pápulas e placas infiltradas;  Rouquidão; limitam o diagnóstico
 As lesões se disseminam e têm limites  Dor na descida dos alimentos pelo tubo
imprecisos; digestivo Cultura
 Prova cutânea sempre negativa;  Realizada a partir de fragmentos das bordas das
 Elevados títulos de anticorpos; lesões
 Tratamento com resultados insatisfatórios, com  Aumento da sensibilidade
recidivas constantes.  Permite a identificação da espécie
 Possibilidade de contaminação
 Exige tempo e pessoal capacitado.

Exame histopatológico
 Amastigotas ou infiltrado inflamatório
Diagnóstico diferencial: sífilis terciária, linfoma, compatível
sinusite, hanseníase, psoríase, perfuração septal
 Diagnóstico diferencial: úlceras traumáticas, traumática ou por drogas, carcinomas,
úlceras de estase, úlcera tropical, úlceras de paracoccioidomicose, etc.
membros inferiores por anemia falciforme,
piodermites
Testes moleculares
Leishmaniose mucosa
 Amplifica em escala exponencial sequências de
Manifestações clínicas
DNA;
 Predileção por vias aéreas superiores,
 Sensibilidade de 98,41% e especificidade de
principalmente septo nasal
95,59%;
 Evolução arrastada, desconforto, ardência,
 Identificar o agente etiológico em nível de
obstrução nasal, aumento de secreção,
gênero e espécie, a partir do material clínico
formação de crostas escuras e sangramento
obtido para os exames parasitológicos
 Doença nas mucosas está associada à convencionais.
Diagnóstico
exacerbação da resposta celular
 Características da lesão associadas à
 Resposta ao tratamento é satisfatória.
anamnese da clínica do paciente;
Testes imunológicos Medidas preventivas
RIFI  Uso de repelentes - ambientes onde os vetores
 Método sorológico mais utilizado; possam ser encontrados;
 Alta sensibilidade (71%) - até 100% na forma  Evitar a exposição - nos horários de atividades do
mucosa; vetor (crepúsculo e noite);
 Não é espécie-específico;  Uso de mosquiteiros de malha fina e telagem de
 Resultados negativos em pacientes com a portas e janelas;
forma cutânea difusa, devido à baixa resposta  Manejo ambiental - (limpeza de quintais e terrenos),
imunológica. a fim de alterar as condições do meio que propiciem
o estabelecimento de criadouros para formas
Teste intradérmico (Montenegro) imaturas do vetor;
 Boa aplicabilidade clínica e baixo custo;  Poda de árvores - aumentar a insolação e diminuir o
 Positividade de 84 e 100% nas formas cutânea sombreamento do solo (evita o desenvolvimento de
e muco-cutânea; larvas de flebotomíneos);
 Resultados negativos na forma cutânea difusa.  Destino adequado do lixo orgânico – impedir a
 A intradermorreação de Montenegro (IDRM) é aproximação de mamíferos;
um teste simples e sensível, embora não  Limpeza periódica das fezes dos abrigos de animais
permita distinguir entre doença presente ou domésticos;
passada.  Manutenção de animais domésticos distantes do
 Ainda, tem a desvantagem de ser realizado com intradomicílio durante a noite;
a inoculação in vivo de antígenos, o que inclui  Em áreas potenciais transmissão - faixa de
riscos de reações adversas e de sensibilização segurança de 400 a 500 metros entre as residências
do paciente, que pode induzir a falsas reações e a mata.
positivas se o teste for repetido. Entretanto, a droga possui elevada toxicidade, de
modo que requer administração parenteral, além
disso, em muitos casos, não é efetiva no tratamento.
Outras drogas podem ser utilizadas, como a
anfotericina B clássica, apesar de sua toxicidade e
necessidade de ambiente hospitalar para sua
administração e a pentamidina que é nefro-cardio-
hepato-pancreatotóxica.

Reações adversas
Tratamento Dor, hipotensão, síncope, náuseas, vômitos e
 O medicamento utilizado no Brasil e em outros desconforto abdominal; tontura, adinamia, mialgias,
países de língua não inglesa é o antimonial cefaleia, hipoglicemia e hiperglicemia
pentavalente N-metil-glucamina.
 Foi recomendado pela OMS tratar pacientes de
LC (leishmaniose cutânea) com doses de 20mg
Sb5+dia

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