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Leishmaniose Tegumentar Americana

Introdução

• Doença infecciosa, não contagiosa, de transmissão vetorial, podendo ser caracterizada como uma
zoonose.

o Seres humanos são hospedeiros acidentais da Leishmania.

• Epidemiologia → endêmica de diversos países tropicais, com o Brasil sendo um dos países com
maior número de casos no mundo.

• Transmissão

o Principalmente nas matas, o flebotomíneo infectado por promastigotas transmite a Leishmania


para diversos mamíferos.

▪ Esses mamíferos podem ou não adoecer, mas perpetuam o ciclo ao serem picados
novamente pode flebotomíneos não infectados e podem servir como reservatório.

o Os seres humanos são hospedeiros acidentais da doença.

o O maior desenvolvimento das cidades em direção às matas promove uma transmissão da


Leishmania periurbana, em algumas cidades no Brasil.

▪ Na Índia há transmissão urbana da doença.

▪ A leishmaniose visceral está mais próxima da urbanização que a tegumentar no Brasil.

• Vetor → mosquito palha, flebotomíneo, do gênero Lutzomyia.

o Os vetores transmitem as formas promastigotas para os hospedeiros.

• Parasita

o As formas promastigotas (flageladas) estão presentes no mosquito, e se transformam em


formas amastigotas (aflageladas) no hospedeiro, ao infectar macrófagos.
o As espécies mais importantes da Leishmania que causam leishmaniose tegumentar
americana no Brasil são:

▪ Leishmania braziliensis → representa 90% de casos de LTA no Brasil.

▪ Leishmania amazonensis → representa de 2 a 10% dos casos no Brasil.

• Junto com L. braziliensis são as únicas espécies encontradas ao sul da


Amazônia.

▪ Leishmania guyanensis → ocorre somente na Amazônia.

▪ Leishmania chagasi → causador da leishmaniose visceral.

o O parasita é o principal definidor da forma da leishmaniose tegumentar.

Formas clínicas

• Forma cutânea

o Forma cutânea localizada

▪ Após 2 semanas da picada pelo flebotomíneo infectado há a formação de uma


pápula/nódulo que evolui para uma úlcera com bordos elevados, fundo limpo e
relativamente indolor (ao tamanho da úlcera).

▪ Podem evoluir para formas verrucosas ou para cura espontânea da lesão.


▪ Essas formas fazem diagnóstico diferencial com as PLECTs.

• P → paracoccidioidomicose;

• L → leishmaniose;

• E → esporotricose;

• C → cromomicose;

• T → tuberculose cutânea.

▪ Espécies → L. braziliensis, L amazonensis e L. guayanesis .

o Leishmaniose cutânea disseminada → rara, 2% dos casos.

▪ Espécies → L. braziliensis e L. amazonensis.

▪ Manifestação → lesões disseminadas em diferentes dimídios (> 10 lesões).

• Em geral, são lesões acneiformes, com quantidade relativamente baixa de


parasitos.

• O acometimento mucoso pode estar presente.

• Reage no teste de Montenegro (em geral).

o Leishmaniose cutânea difusa → causada por L. amazonensis.

▪ Relacionada a presença de imunodeficiências, etilismo, HIV.

▪ Manifestações clínicas → placas e múltiplas nodulações, que podem ser verrucosas.

▪ Esses pacientes têm teste de Montenegro negativo.

▪ Esses pacientes têm pouca resposta ao tratamento.

o Leishmaniose recidiva cútis

▪ Úlcera que se fecha e volta abrir.

• Forma mucosa (ou mucocutânea)

o Espécies → L. braziliensis.

o Leishmaniose cutânea não tratada que invade mucosa → em especial a mucosa do septo
nasal anterior, podendo levar a perda do nariz.
Diagnóstico → pode ser clínico-epidemiológico, para permitir o tratamento de pacientes com falta de
acesso.

• Diagnóstico imunológico

o Intradermação de Montenegro → avalia se há hipersensibilidade tipo IV (mediada por LTs)


contra antígenos da Leishmania.

o Sorologia → imunofluorescência indireta, ELISA, WB.

o Podem dar muitos falsos positivos em pacientes de áreas endêmicas.

• Diagnóstico parasitológico → Cultura, esfregaço, biópsia.

o Só encontra o parasita em 60% dos casos.

o Têm alta especificidade, mas pouca sensibilidade.

• Diagnóstico histopatológico → granulomas, úlceras, espessamento da epiderme.

• Diagnóstico molecular → PCR (sensibilidade de 80-90%).

• Fazer screening para HIV → pode ser uma doença definidora de AIDS.

Tratamento

• Antimonial pentavalente

o Antimoniato de N-metilglucamina (Glucantime) → cada ml contém 81 mg de Sb pentavalente.

o Efeitos adversos

▪ Prolongamento do intervalo QT → ECG seriado semanal.

▪ Alterações hepáticas, renais, pancreáticas.

▪ Dores musculares.

▪ Epigastralgia.

▪ Teratogenicidade.

• Se houver acometimento mucoso → hidrocortisona 100mg EV de 6/6h (evitar reação de Jarisch-


Herxheimer).
• Segunda escolha

o Anfotericina B lipossomal → mais segura que a anfotericina B desoxicolato.

o Pentamidinas → IM, pode causar pancreatite, hiperglicemia.

o Miltefosina → VO, usada em cães.

▪ Ministério da Agricultura recomenda o tratamento.

▪ Ministério da Saúde recomenda a eutanásia.

o Pentoxifilina → adjuvante.

• Critério de cura clínica → fechamento total da lesão, acompanhar por 12 meses.

Prevenção → uso de repelentes (não é tão eficaz), evitar exposição pela manhã e fim da tarde, uso de
telas, mosquiteiros e higiene ambiental.

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