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Parasitologia

Leishmaniose Tegumentar
Americana

Professor Dr. Eduardo Arruda


Histórico
◼ Primeiro século d.C.;
◼ Ásia Central: Lesões conhecidas como
“Botão do Oriente”;
◼ Américas: Lesões de pele e deformidades
faciais no período pré- Inca (Perú e
Equador);
◼ 1º observar: Cunnigham em 1885;
◼ Ross (1903): Gênero Leishmania;
Histórico
◼ Brasil: A leishimaniose era conhecida desde
1855 por Cerqueira;
◼ 1908: Construção da estrada de ferro
Noroeste do Brasil (Bauru) – Diversos
casos “Úlcera de Bauru”;
◼ Gaspar Viana (1911): Leishmania
braziliensis;
◼ 1920: Transmissão envolvendo o
flebotomíneo do gênero Lutzomya.
Introdução
◼ Zoonose;
◼ Homem e diversas espécies silvestres e
domésticas;
◼ Enfermidade da pele e das mucosas;
◼ Lesões únicas ou multiplas;
◼ Lesões agressivas na mucosa.
Introdução
◼ OMS (2020): 12 milhões de casos
(tegumentar + visceral);
◼ 350 milhões de pessoas em áreas de risco;
◼ De cada 2 milhões de casos, apenas
600.000 são notificados;
◼ Notificação obrigatória em 32 dos 88 países
com Leishmaniose;
◼ 76 países são subdesenvolvidos ou em
desenvolvimento.
Classificação Taxonômica
◼ Antigamente: Aspecto clínico;
◼ Leishmania donovani: agente da
leishmaniose visceral ou calazar;
◼ Leishmania tropica: agente da leishmaniose
cutânea ou botão do oriente;
◼ Leishmania braziliensis: agente da
leishmaniose cutaneomucosa ou úlcera de
Bauru;
Classificação Taxonômica
◼ 1987: Laison & Shaw;
◼ Analisaram aspectos epidemiológicos,
biológicos, distribuição geográfica etc.;
◼ Parasitam o homem em 2 sub-gêneros:
 Subgênero Leishmania (Saf' Janova, 1982);
 Subgênero Viannia (Lainson e Shaw, 1987).
Principais espécies do gênero Leishmania
(Lainson & Shaw, 1987):

Subgênero Leishmania Subgênero Viannia


L. (Leishmania) donovani*** L. (Viannia) braziliensis*
L. (L.) infantum*** L. (V.) guyanensis*
L. (L.) chagasi*** L. (V.) panamensis
L. (L.) archibaldi L. (V.) peruviana
L. (L.) tropica** L. (V.) lainsoni*
L. (L.) aethiopica** L. (V.) naiffi*
L. (L.) major** L. (V.) shawi*
L. (L.) gerbilli L. (V.) colombiensis
L. (L.) maxicana L. (V.) lindenberg
L. (L.) amazonensis*
L. (L.) venezuelensis
L. (L.) enriettii
L. (L.) aristidesi
L. (L.) pifanoi
L. (L.) hertigi
L. (L.) deanei
* determinantes da Leishmaniose Tegumentar Americana no Brasil;
** determinantes da Leishmaniose Tegumentar do Velho Mundo;
*** determinantes da Leishmaniose Visceral;
Morfologia
◼ Formas Amastigotas:
 Ovoídes ou esféricas;
 1,5 – 6,5 mm (dependendo da espécie);
 Encontradas parasitando células do sistema
mononuclear fagocitário do hospedeiro
vertebrado.
Morfologia
◼ Formas Promastigotas:
 Formas alongada com flagelo;
 16 – 40 mm C / 1,5 – 3,0 mm L;
 Flagelo frequentemente é maior que o corpo;
 Vivem livre no tubo digestivo do flebotomíneo.
Morfologia
◼ Formas Paramastigotas:
 Forma intermediária;
 Forma oval ou arredondada com pequeno
flagelo;
 5,0 – 10 mm C / 4,0 – 6,0 mm L;
 Vivem aderidos ao epitélio do trato digestivo
do vetor pelo flagelo.
Ciclo Biológico
◼ Hospedeiro Invertebrado:
 Insetos do gênero Lutzomya;
 500 espécies – 30 são vetores da doença;
 Brasil:birigui, mosquito- palha e tatuquira;
◼ Lutzomya whitmani;
◼ Lutzomya wellcomei;
◼ Lutzomya pessoai;
◼ Lutzomya intermedia;
◼ Lutzomya flaviscutellata
◼ Outros.
Ciclo Biológico
◼ Hospedeiro Vertebrado:
 Roedores;
 Edentados (tatu, tamanduá, preguiça etc.);
 Masurpiais (gambá);
 Canídeos;
 Primatas (incluíndo o homem).
 Reservatórios da doença!
Ciclo Biológico
◼ No Vetor:
A fêmea pica o vertebrado (repasto sanguíneo)
> sangue com macrófagos parasitados com
amastigotas > macrófago se rompe >
amastigotas > divisão binária > promastigotas
> divisão binária > o sangue é digerido entre 3
– 4 dias > libera as promastigotas.
Ciclo Biológico
◼ No Vetor:
 Sub gênero Viannia: promastigotas > intestino
> paramastigotas > aderidas pelo flagelo >
divisão binária > promastigotas infectantes
(formas metacíclicas) > estômago > faringe.
 Sub gênero Leishmania: promastigotas >
estômago > paramastigotas > divisão binária >
esôfago e faringe > promastigotas infectantes
(metacíclicas);
 O ciclo dura de 3 – 5 dias dependendo da
espécie.
Ciclo Biológico
◼ No Vertebrado:
A fêmea pica o vertebrado (repasto sanguíneo)
> inocula as formas promastigotas > 04 – 08
horas > fagocitados pelos macrófagos > a
saliva do inseto possui substâncias
imunodepressoras, o que facilita o ciclo >
promastigotas > amastigotas > divisão binária
> rompe o macrófago > libera as amastigotas
> macrófagos (processo inflamatório).
Patogenia
◼ Período de incubação: 02 semanas – 03 meses;
◼ A lesão inicial no sítio da infecção;
◼ Regride espontaneamente, permanece
estacionária ou evolui para um nódulo dérmico
chamado “histiocitoma”;
◼ Forma- se uma reação inflamatória do tipo
tuberculóide;
◼ Necrose com formação de uma lesão úlcero-
crostosa;
Patogenia
◼ Após a perda da crosta, forma- se uma pequena
úlcera com bordas salientes e fundo recoberto
por exsudado seroso ou seropurulento;
◼ Lesão progride para uma típica úlcera
leishimaniótica (circular, bordos altos – moldura,
fundo de cor vermelho intensa);
◼ Após tratamento: cicatriz característica
(despigmentada, com leve depressão e fibrose).
Patogenia
◼ Leishmaniose Cutânea:
 Formação de úlceras únicas ou múltiplas;
 Podem evoluir para formas vegetantes verrugosas;
 Parasitos na borda da lesão;
 Leishmaniose cutâneo disseminada: AIDS;
 Espécies no Brasil:
◼ L.braziliensis: Úlcera de Bauru, com lesões únicas ou em
pequeno número, de grande dimensões (forma de cratera).
Responsável pela forma cutânea mais destrutiva.
Patogenia
◼ Leishmaniose Cutânea:
◼ L.guyanensis: Úlcera única em forma de “cratera de
Lua” ou pode ocorrer disseminação (metástases
linfáticas). Podendo ocorrer formas verrugosas
vegetativas;
◼ L.amazonensis: Úlceras simples e limitadas. Não é
um parasito comum do homem;
◼ L.laisonsi: Úlcera única. Forma descoberta no
estado do Pará.
Patogenia
◼ Leishmaniose Cutaneomucosa:
 Conhecida por espúndia e nariz de anta;
 L.braziliensis;
 Inicia com a lesão cutânea;
 Após meses ou anos, provoca destruição das
mucosas e cartilagens;
 Nariz, faringe, boca e laringe;
 Lesão primária ou disseminação hematogênica;
 L.guyanensis (raros casos na Amazônia).
Patogenia
◼ Leishmaniose Cutânea Difusa:
 Lesões não ulceradas por toda a pele com grande
número de amastigotas;
 Envolve amplas áreas da pele com numerosas
erupções papulares;
 Migração dos macrófagos ou disseminação linfática;
 Imunodeprimidos;
 Não responde ao tratamento;
 Brasil: L.amazonensis.
Epidemiologia
◼ Zoonose;
◼ Homem penetra nas áreas onde a doença
ocorre;
◼ Noroeste da Índia e Paquistão, Oriente Médio,
sul da Rússia, litoral dos países do
Mediterrâneo, norte, oeste e centro da África;
◼ Nas Américas: México, América Central e
América do Sul (exceto o Chile);
Epidemiologia
◼ Brasil: Em todos os estados, com maior
incidência na região Norte;
Profilaxia
◼ Proteção individual: uso de repelentes e
mosquiteiro;
◼ Não construir casas a uma distância
menor que 500 metros;
◼ Não penetrar na mata.
Diagnóstico
◼ Clínico:
 Através
das características da lesão e
anamnese do paciente (área endêmica).
Diagnóstico
◼ Laboratorial:
 Pesquisa do Parasito:
◼ Exame direto de esfregaços corados: biópsia ou curetagem
da borda da lesão;
◼ Exames histopatológicos;

◼ Cultura.

 Imunológicos:
◼ Teste de Montenegro: inoculação intradérmica de um
antígeno (promastigotas mortas) / reações positivas: nódulo
ou pápula.
Diagnóstico
 Imunológicos:
◼ Reação de Imunofluorescência Indireta (RIFI):
Pesquisa de Anticorpos.

 Biologia molecular:
◼ PCR: pesquisa do DNA do parasito.
Tratamento da leishmaniose
É feito com:
Antimoniais trivalentes – dos quais o mais recomendado é a
glucantime ou antimoniato de meglumine, por via
intramuscular. Taxa de cura em torno de 70%;

Pentamidinas – menos eficazes e mais tóxicas que


glucantime, como 2a opção, via intramuscular; porém são
Indicadas na infecção por L. guianensis;

Anfotericina B – administrada gota a gota, por via


intravenosa;

Azitromicina – Via oral, sem efeitos colaterais e capaz de


curar 85% dos casos.

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