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Parasitologia

Leishmaniose Visceral
Americana ou Calazar

Professor Dr. Eduardo Arruda


Histórico
◼ Muito Antiga;
◼ Índia: Kala- azar (febre negra ou doença
mortífera) e Febre Dum- Dum;
◼ 1822: Descrita a clínica;
◼ 1885: Cunningham observou o parasito;
◼ 1903 (Laveram e Mesnil): Piroplasma
donovani;
Histórico
◼ Ross: Leishmania donovani;
◼ 1931: Transmissão por flebotomíneo;
◼ América do Sul (1913): Paraguai;
◼ 1934: Pena observou o parasito em
pacientes mortos por Febre Amarela;
◼ 1936- 1939: Evandro Chagas / ocorria em
cães e humanos / vetor: Lutzomya
longipalpis / agente: L.chagasi;
Evandro Chagas
◼ Evandro Serafim Lobo Chagas: Nasceu RJ em 1905
médico e cientista brasileiro, filho primogênito do
cientista Carlos Chagas;
◼ Realizou estudos sobre febre amarela, malária,
ancilostomose e, principalmente, sobre a leishmaniose;
◼ Criou, em 1936, o Instituto de Patologia Experimental do
Norte, instalado em Belém do Pará, funcionando como
filial do Instituto Oswaldo Cruz, e que mais tarde
levaria seu nome, Instituto Evandro Chagas;
◼ Faleceu vítima de acidente aéreo, em 8 de novembro de
1940, aos trinta e cinco anos, na cidade do Rio de
Janeiro.
Agente Etiológico
◼ Leishmania (leishmania) donovani: Africa
Oriental, Índia e China;
◼ Leishmania (leishmania) infantum:
Mediterrâneo, África Ocidental e Central,
Oriente Médio e China;
◼ Leishmania (leishmania) chagasi: América
Latina.
Principais espécies do gênero Leishmania
(Lainson & Shaw, 1987):

Subgênero Leishmania Subgênero Viannia


L. (Leishmania) donovani*** L. (Viannia) braziliensis*
L. (L.) infantum*** L. (V.) guyanensis*
L. (L.) chagasi*** L. (V.) panamensis
L. (L.) archibaldi L. (V.) peruviana
L. (L.) tropica** L. (V.) lainsoni*
L. (L.) aethiopica** L. (V.) naiffi*
L. (L.) major** L. (V.) shawi*
L. (L.) gerbilli L. (V.) colombiensis
L. (L.) maxicana L. (V.) lindenberg
L. (L.) amazonensis*
L. (L.) venezuelensis
L. (L.) enriettii
L. (L.) aristidesi
L. (L.) pifanoi
L. (L.) hertigi
L. (L.) deanei
* determinantes da Leishmaniose Tegumentar Americana no Brasil;
** determinantes da Leishmaniose Tegumentar do Velho Mundo;
*** determinantes da Leishmaniose Visceral;
Morfologia
◼ Formas Amastigotas:
 Ovoídes ou esféricas;
 2,1 – 3,7 mm;
 Encontradas parasitando células do sistema
mononuclear fagocitário do hospedeiro vertebrado;
 Fígado, baço, medula óssea, linfonodos, rins e
intestino;
 Pele: Humanos pouco freqüentes / Canídeos são
muito frequentes.
Morfologia
◼ Formas Promastigotas:
 Formas alongada com flagelo;
 1,6 – 18,7 mm L;
 Flagelo frequentemente é maior que o corpo;
 Vivem livre no tubo digestivo do flebotomíneo.
Morfologia
◼ Formas Paramastigotas:
 Forma intermediária;
 Forma oval ou arredondada com pequeno
flagelo;
 4,3 – 4,7 mm L;
 Vivem aderidos ao epitélio do trato digestivo
do vetor pelo flagelo.
Ciclo Biológico
◼ Hospedeiro Invertebrado:
 Lutzomya longipalpis;
Ciclo Biológico
◼ No Vetor:
A fêmea pica o vertebrado (repasto sanguíneo)
> sangue com macrófagos parasitados com
amastigotas > macrófago se rompe >
amastigotas > divisão binária > promastigotas
> divisão binária > paramastigotas > epitélio do
esôfago e faringe do inseto > promastigotas
metacíclicas.
Ciclo Biológico
◼ No Vertebrado:
A fêmea pica o vertebrado (repasto sanguíneo)
> inocula as formas promastigotas >
fagocitados pelos macrófagos > a saliva do
inseto possui substâncias imunodepressoras,
o que facilita o ciclo > promastigotas >
amastigotas > divisão binária > rompe o
macrófago > libera as amastigotas >
macrófagos (processo inflamatório).
LEISHMANIOSE
Tegumentar Cutânea (LC)

Musoca (LM)

Principais Cutânea difusa (LCD)


tipos
Disseminada (LD)

Visceral Considerada mais grave


Patogenia
◼ Macrófagos + amastigotas > via
hematogênica: Fígado, baço, medula
óssea e linfonodos;
◼ Esplenomegalia (baço) e hepatomegalia
(fígado);
◼ Fibrose no fígado com hipertensão portal e
ascite (acúmulo de líquido);
Patogenia
◼ Nefropatia (rins);
◼ Plaquetopenia e leucopenia;
◼ Aumento das globinas e redução da
albumina (proteínas);
◼ Mortalidade: > 90% (pacientes não
tratados);
Patogenia
◼ Período de incubação: 02 semanas – 07
meses;
◼ Virulência do parasito e estado
nutricional/imunológico do paciente;
◼ Inicialmente: febre, mal- estar, anorexia,
apatia etc.;
Patogenia
◼ Evolui: Hepato/esplenomegalia,
hemorragias (intestino, gengiva etc.),
complicações pulmonares (tosse e
bronquite), perda de albumina na urina e
hematúria (sangue na urina);
◼ Falência múltipla de órgãos;
◼ Diagnóstico precoce: evita o agravamento.
Diagnóstico
◼ Exames Parasitológicos:
 Punção da medula óssea (corar pelo Giensa)
e observar as formas amastigotas;
 Meio NNN (isolamento).
◼ Biologia Molecular:
 PCR: Material de punção medular.
Diagnóstico
◼ Métodos Imunológicos (Pesquisa de Ac):
 ELISA;
 RIFI;
 Teste rápido (aglutinação);
 Teste de Montenegro (é negativo).
Epidemiologia
◼ Nas Américas: México, América Central e
América do Sul (exceto o Chile);
◼ Brasil: 90% dos casos;
◼ L.chagasi;
◼ Ciclo silvestre: reservatórios são as raposas;
◼ Ciclo urbano: reservatórios são os cães e o
homem;
◼ Vetor: L.longipalpis;
LEISHMANIOSE
63.331 2001-2018
989.096
Leishmaniose Leishmaniose
visceral tegumentar

97% 84%
Epidemiologia
Profilaxia
◼ Diagnóstico precoce e tratamento dos
doentes;
◼ Combate ao vetor;
◼ Eliminação dos cães parasitados;
Profilaxia
◼ Legislação de 1963: Sacrifício de todos os
cães contaminados (reservatório);
 Donos não sacrificavam e tratavam com
medicação para humanos;
◼ Portaria ministerial nº 1426 (11/07/2008):
 Proibirem todo o território nacional o
tratamento da leishmaniose visceral em cães
infectados ou doentes.
Ministério garante que não há vacina que previna a leishmaniose
em cães. 12/12/2011

◼ O coordenador-geral de Doenças Transmissíveis da Secretaria de


Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, José Ricardo Pio
Marins, afirmou que não há vacina que atenda os quesitos de
segurança ou mesmo a relação custo/eficiência para ser adotada na
prevenção à leishmaniose em cães. “Em 2007 reunimos todos os
especialistas nacionais e chegamos à conclusão de que não há
evidências suficientes da eficiência, portanto, o produto não está
apto para uso”, explicou.
◼ Pio Marins disse também que o tratamento dos cães com
medicamentos para uso humano está proibido no Brasil.
◼ Ele explicou que a eutanásia dos cães infectados com leishmaniose
é uma medida recomendada pela Organização Mundial da Saúde
(OMS). “Não existe transmissão da doença de homem para homem,
o cão é o único hospedeiro”, esclareceu.
Tratamento
◼ Os tratamentos de primeira linha são feitos com
antimoniais pentavalentes, de uso prolongado e
administração parenteral:
 Antimoniato de meglumine (ou antimoniato de N-
metil-glucamina).
 Estibogluconato de sódio (ou gluconato de sódio
e antimônio).
◼ Na segunda linha estão:
 Pentamidina, por via intravenosa.
 Anfotericina B, para perfusão intravenosa.
 Miltefosina (antitumoral), por via oral.
 Controlar os efeitos colaterais dessas drogas.

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