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Transtornos do Sono

Introdução

• É fácil diagnosticar distúrbios do sono, que se manifestam por meio de diversas alterações
comportamentais,

• O diagnóstico se torna difícil, quando as alterações comportamentais não estão claras ou quando
ficamos em dúvida quanto a suas características:

o Necessidade de sono → a quantidade de sono varia muito entre os indivíduos.

▪ A qualidade de sono é tão importante quanto a quantidade.

o O horário do aparecimento de sono pode indicar que há um distúrbio do sono associado.

▪ Condições de aparecimento do sono → relacionados ao ambiente.

Transtornos de sono

• Distúrbios de sonolência diurna excessiva

o Aumento do sono

▪ Narcolepsia

▪ Hipersônias centrais (recorrentes)

o Redução do sono noturno

▪ Alterações respiratórias do sono (ex.: SAOS)

▪ Neuropsiquiátricas

• Síndrome das pernas inquietas

• Distúrbios de vigília excessiva – transtornos de insônia

o Transtorno de insônia → diversas etiologias, podendo causar aumento do sono diurno ou


redução do sono noturno.

▪ Existem insônias que o paciente não dorme muito durante o dia e nem durante a noite.

▪ Insônia não é falta de sono, é excesso de vigília → doença de 24h.

• A vigília aumenta durante a noite e impede o descanso.

• Durante o dia, encontra-se hipoativa, reduzindo a funcionalidade do paciente.

• Alterações no comportamento do sono

o Parassonias

▪ Do sono REM: transtorno de comportamento do sono REM (TCREM)

▪ Do sono não REM: sonambulismo

▪ Epilepsia → pode se manifestar como sonambulismo.


o Alterações do ciclo sono/vigília

▪ Desbalanço entre o horário biológico e cronológico.

▪ Jetlag.

o Trabalhos em turnos → jetlag social

▪ Fixo

▪ Variável → tende a ser pior que o indivíduo que trabalha em tornos fixos.

Anamnese

• Entrevista com familiares

o Muitas vezes são identificadas pelos familiares.

• Hábitos de sono

o Horários de início e do despertar;

o Duração do sono;

o Comparar o sono entre os dias de semana e os finais de semana;

o Perguntas essenciais

▪ A que horas você deita?


▪ A que horas você dorme?
▪ A que horas você acorda?
▪ A que horas você levanta?

• Outras queixas associadas

o Roncos e apneias

o Comportamentos anormais (hora que ocorrem, qual comportamento e com que frequência
ocorrem)

▪ Considera-se que comportamentos anormais antes de 3h da manhã, provavelmente


são decorrentes de alterações do sono não REM, enquanto após esse horário,
provavelmente se devem ao sono REM.

o Uso de indutores de sono/psicotrópicos

▪ Antiparksonianos, antiepilépticos.
• Elementos acessórios no diagnóstico

o Agenda de sono;

o Escala de sonolência e de fadiga.

▪ Escala de sonolência de Epworth

▪ Escala de fadiga de Pichot

• Funcionalidade

o Se já dormiu conversando, já colocou objetos onde não se lembrou, já dormiu dirigindo.

• Pergunta sobre Síndrome das Pernas Inquietas

o Vontade imperiosa de mexer as pernas ao tentar dormir.

• Sonhos → perguntar sobre o caráter dos sonhos (violentos), sonhos repetitivos, se já feriu o parceiro
durante um sonho agressivo.

o TCREM → indivíduo encena o que está sonhando (em geral sonhos violentos, agressivos).
Exames complementares

• Polissonografia

o Indicações absolutas

▪ Transtornos respiratórios do sono;

▪ Transtornos de movimentos periódicos do sono;

▪ Hipersonia sem causa aparente.

o Indicações relativas

▪ Insônia;

• Actigrafia é melhor.

▪ Síndrome das pernas inquietas;

• Mais indicado em crianças.

▪ Narcolepsia → cada vez mais indicada.

• Realizar na noite prévia ao teste de latências múltiplas do sono.

• Pode indicar latência precoce do sono REM.

▪ Transtornos de humor → ansiedade e depressão.

▪ Transtornos demenciais.

• Teste de latências múltiplas do sono

o Média da latência para o sono.

▪ “Tente dormir”, por 20 minutos, 5 vezes em média, cada uma separada por 2h.

▪ Interpretação do resultado → média do tempo para iniciar o sono por tentativa.

• Abaixo de 8 minutos → anormal.


• Acima de 10 minutos → normal.

o Narcolepsia → pelo menos 2 SOREMPs (períodos de REM de início precoce) e latência


abaixo de 8 minutos.

▪ Relacionar com a clínica.

• Teste de manutenção da vigília

o “Tente não dormir”.

o Resistência ao sono > 11 minutos.


Síndrome da apneia do sono

• Fisiopatologia

o Ocorre o colabamento da faringe, pela diminuição da pressão na tentativa de inspiração.

o Desencadeia o comando central de despertar (microdespertar - em geral não é percebido).

▪ Se não há apneia (em geral em indivíduos jovens) → síndrome da resistência


aumentada das vias aéreas superiores (RAVAS).

• Faringe não se fecha, há somente o microdespertar para mantê-la aberta.

▪ Se há apneia → SAOS.

▪ Síndrome da hipoventilação central → polimorfismo no gene Fox2B.

▪ Síndrome da hipoventilação relacionada à obesidade → por resistência torácica


aumentada, os pacientes têm volume-corrente muito diminuído.

▪ Ronco → espectro mais leve desses transtornos.

o Resultam em alterações endócrinas, cardiovasculares, neurológicas e hematológicas


(policitemia).

• Tratamento

o CPAP

Narcolepsia

• Sintomas

o Ataques de sono;

o Cataplexia: perda súbita (menos súbita que epilepsia) do tônus muscular ao experenciar uma
emoção agradável;

o Paralisia de sono;

o Alucinações hipnagógicas.

• Etiologia: ataque autoimune às células produtoras de hipocretina, nas células do hipotálamo lateral.

• Diagnóstico: teste de latência múltiplo do sono.

• Tratamento: sintomático

o Metilfenidato, modafinil

o ADT (cataplexia)

Hipersonias

• Hipersonia hormonal → associa-se a transtornos do humor.


• Hipersonia idiopática
• Síndrome de Kleine-Levin → dorme durante dias e fica assintomático por anos.
Transtornos da insônia

• Espectro → dificuldade de iniciar o sono, dificuldade de manter o sono, despertar precoce, sono de
baixa qualidade.

• Crônica → 3 vezes por semana, por pelo menos 3 meses.

o Insônia psicofisiológica → insônia treinada.

▪ Diferenciar do curto dormidor → não têm prejuízo da funcionalidade ou dificuldade de


iniciar e manter o sono.

▪ Causas: má higiene do sono, auto-treino para não dormir.

o Síndrome do sono insuficiente

▪ Dormem pouco durante a semana e compensam no fim de semana.

o Tratamento: TCC da insônia + tratar comorbidades psiquiátricas (se presentes)

• Aguda

o Situações de estresse agudo.

o Tratamento: indutores do sono (Z-drugs: zolpidem)

Síndrome das pernas inquietas

• Mais comum em mulheres.

• Transtorno raro, mas subdiagnosticado.

• Definição: compulsão a mexer os membros em repouso, associada a sensação desagradável, que


melhora com a movimentação e piora nos horários noturnos.

• Fisiopatologia: pacientes com pernas inquetas tem alterações em vias dopaminérgicas que levam
a essa compulsão (falta de ferro é cofator da enzima transportadora de dopamina).

o Podem ter baixa ferritina.

• Tratamento → pregabalina + repor ferro (se necessário).

o Agonistas dopaminérgicos → levam a uma síndrome de aumentação (sintomas decorrentes


do estado dopaminérgico aumentado), por isso, devem ser evitados.

Alterações comportamentais do sono

• Parassonias

o Do sono não REM: sonambulismo, terror noturno, despertar confusional, epilepsia.

o Do sono REM: TCREM, pesadelos.

• Alterações do ritmo sono/vigília

o Adiantamento de fase do sono → idosos.

o Atraso da fase do sono → jovens.

o Trabalhos em turnos

Morbidade e mortalidade: todas as patologias do sono podem aumentar a morbidade e mortalidade por
doenças cardiovasculares (através do aumento do tônus simpático e do eixo hipófise-hipotálamo-adrenal).

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