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Bases biológicas da

consciência
Roteiro da aula:

1. Definições de consciência

2. Bases biológicas da consciência

3. Alterações normais da consciência

4. Alterações patológicas da consciência


Neurociências:

Sistema Cérebro
Encéfalo Sistema
nervoso
nervoso
central Cerebelo
periférico
Tronco encefálico

Medula espinhal
ENCÉFALO:

Fonte: infoescola.com
TRONCO ENCEFÁLICO:

✔ Formação reticular (ativação do córtex)

✔ Funções vitais
Cerebelo:

✔ Equilíbrio; coordenação motora fina

Diencéfalo:

✔ Tálamo: Filtrar, integrar e regular as


informações que chegam ao cérebro

✔ Hipotálamo: regulação do apetite e da


temperatura corporal; produção de
hormônios
Definição:

► Neuropsicologia: estado de vigilância (nível de consciência)

► Psicologia: mudanças na definição dependendo da abordagem teórica

► Ética-filosófica: tomar ciência de deveres éticos


SRRA: Sistema Reticular Ativador
Ascendente (Moruzzi e Magoun, 1949)

► Tronco cerebral + diencéfalo === hemisférios cerebrais (tônus necessário


para seu funcionamento normal

*Lesões no SRRA = alterações


do nível de consciência
Atividade mental consciente:

► Lobo parietal direito: reconhecimento do próprio corpo, dos objetos e do


mundo (“apreensão da realidade”)
Atividade mental consciente:

► Áreas pré-frontais: organização da atividade mental consciente


Campo da consciência:

► Qualitativo x Quantitativo

► Inconsciente psicanalítico (estrutura mental mais importante do psiquismo


humano – Freud)

► Sonhos, atos falhos e chistes


Alterações normais da consciência:

► Sono: fase fisiológica do organismo

► Sono sincronizado (NREM) x sono dessincronizado (REM)

► Sonhos: predominantemente visuais (ativação de áreas corticais visuais do


lobo occipital)
Alterações normais da consciência:
O eletroencefalograma: (EEG)

► Medida de atividade elétrica que permite a visualização da atividade


generalizada do córtex cerebral (BEARS; CONNORS; PARADISO, 2017)

► Auxilia no diagnóstico de condições neurológicas (principalmente epilepsia)

► Estudo dos estágios do sono


O eletroencefalograma: (EEG)

► Cerca de 24 eletrodos posicionados na cabeça

► O EEG mede a voltagem gerada que fluem durante a excitação


sináptica de dendritos de muitos neurônios piramidais no córtex
cerebral + sincronização de milhares de neurônios adjacentes (BEARS;
CONNORS; PARADISO, 2017)
Ritmos do EEG:

► Ritmos variados; frequentemente correlacionados com o nível de


atenção, sono ou vigília e com patologias (crise epiléptica ou coma)
(BEARS; CONNORS; PARADISO, 2017)

EEG normal (BEARS; CONNORS;


PARADISO, 2017, p. 651)
Ritmos do EEG:

► 0,05hz = muito lento até mais de 500hz = muito rápido

► Ritmos delta = menores que 4hz (sono profundo)


► Ritmos teta = 4 – 7hz (sono e vigília)
► Ritmos alfa = 8 – 13hz (estados calmos de vigília)
► Ritmos beta (15 – 30hz) e gama (30 – 90hz) = estado de alerta e de
ativação do córtex
Ritmos do EEG:

► Menor sincronização = menor amplitude

► Quanto maior a sincronização = maior a


amplitude
Ritmos do EEG:

“Em geral, ritmos de baixa amplitude e alta frequência estão associados à


vigília e ao estado de alerta e aos estágios do sono que os sonhos ocorrem”
(BEARS; CONNORS; PARADISO, 2017, p. 653)

► “Ritmos de baixa frequência e alta amplitude estão associados a estados


de sono sem sonhos, certos estados sobre ação de drogas ou à condição
patológica do coma”
Ritmos do EEG:

► Atividades cognitivas complexas = ritmos beta e gama (alta


ativação do córtex) e baixa sincronia

► Sono profundo = neurônios estão “livres” do processamento de


informações complexas; atividade sincronizada
Sono sincronizado não-REM:

► Ondas lentas e de grande amplitude; sincronização

► Nível de funcionamento “mínimo” (respiração, sistema digestivo,


respiração

► Dividido em 4 estágios
Sono sincronizado não-REM:

ESTÁGIOS não-REM: CARACTERÍSTICAS:

Estágio 1 Leve e superficial (sono de transição)


Ritmos teta ( 4 – 7hz)

Estágio 2 Menos superficial;


Picos de alta voltagem

Estágio 3 Sono mais profundo,


Ritmos delta (menores que 4hz)

Estágio 4 Sono mais profundo ainda; ritmos delta e traçado bem lentificado (menores que 2hz)
Sono REM:

► Sono qualitativamente diferente

► Variações de frequência cardíaca, da respiração e do fluxo sanguíneo no


cérebro; atonia muscular (relaxamento muscular profundo)

► Movimentos oculares rápidos


Sono REM:

► Fase em que ocorrem grande parte dos sonhos

► Ativação de vias que ligam o tronco cerebral ao córtex occipital


EEG e as fases do sono:
As crises epilépticas:

• Crise: extrema atividade encefálica sincronizada

• Generalizada (toda area do córtex) x Parcial (area específica do córtex)

• EEG: grande amplitude

• Epilepsia: crises repetidas (0,7% da população mundial)


As crises epilépticas:

• Crianças: genética ou doenças e anormalidades no nascimento

• Idosos: adquirida por lesão


Crises generalizadas:

• Comportamento e cognição alterados por vários minutos

• Consciência é perdida durante a crise

• Ativação de grupos musculares

• Crises de ausência na infância


Alterações patológicas da consciência:

► Traumatismo Crânio Encefálico (TCE)


► Tumor cerebral
► Acidente Vascular Cerebral (AVC)
► Coma alcoólico
► (...)
Alterações patológicas quantitativas da
consciência:
Alterações quantitativas Rebaixamento do nível de consciência

1. Obnubilação Grau leve a moderado. Lentidão na compreensão de


estímulos externos; dificuldade de concentração;

2. Torpor Evidentemente sonolento; responde somente ao ser


chamado de forma “enérgica”; traços de “crítica e
pudor”;
3. Sopor Evidentemente sonolento; incapaz de qualquer ação
espontânea;

4. Coma Sem atividade voluntária consciente


Escala de coma de Glasgow (ECG)

► Definir o estado neurológico de pacientes com lesão cerebral


(1-15 pontos)

► Abertura ocular (1 – 4)
► Resposta verbal (1 – 5)
► Resposta motora (1 – 6)
Curiosidade:

► Mini Exame do Estado Mental (MINIMENTAL)

► Exame de uso não exclusivo

► 0 – 30 pontos
Síndromes psicopatológicas associadas:

► Delirium (síndromes confusionais agudas)

► Pensamentos e discurso confusos (conteúdos absurdos, sem articulação nem lógica)

► Quadros de rebaixamento leve a moderado da consciência, com desorientação


espaço temporal, dificuldade de concentração, perplexidade, podendo ter
alucinações (predominantemente visuais).
Delirium: (DSM 5)

A. Perturbação da atenção e da consciência


B. Breve (de horas a poucos dias), com oscilações ao longo do dia (quanto a
sua gravidade)
C. Perturbação adicional na cognição (memória, desorientação, linguagem,
percepção)
Delirium:

► Nível de consciência diminui no final da tarde e de noite

► Mais frequente em idosos (acima de 75 anos)

► Múltiplas causas: reação à medicamentos, infecção urinária, insuficiência


renal, desidratação
► Idosos que tiveram AVC estão mais suscetíveis
Tipos de Delirium:

► Hipoativo: apatia, sono e lentidão

► Hiperativo: inquieto, irritado, podendo ter alucinações visuais

► Misto: alterna os dois estados (dia x noite)


Cuidado! Não confundir com “delírio”

► Delírio: alteração mental que traz distorção da realidade

► Sintoma de um quadro psiquiátrico (como esquizofrenia)

► Ex. delírios de grandeza, de perseguição, etc


Estado onírico: (subtipo de delirium*)

► “Estado de sonho vívido”

► Alucinações visuais intensas

► Angústia, terror

► Síndromes de abstinência; quadro febris tóxico-infecciosos;


Alterações qualitativas da consciência:

► Parte preservada x parte alterada

► Estados crepusculares: associados à epilepsia, intoxicações por álcool, pós


TCE e quadros dissociativos histéricos* (frequentemente associadas a causas
orgânicas)

► Possibilidade de atos violentos, atos automáticos, amnésia do episódio


Alterações qualitativas da consciência:

► Estado segundo: associado a causas psicogenéticas (choques emocionais


intensos)

► Comportamentos extravagantes em oposição com regras sociais e com


padrão de comportamento da própria pessoa
Alterações qualitativas da consciência:

► Dissociação da consciência: associado a quadros antigamente denominados de


“histéricos”

► Eventos significativos que geram ansiedade intensa

► Crise não epiléptica (pseudo-epiléptica)

► Estratégia de defesa; fuga/esquiva: “desligar da realidade”


Transtornos dissociativos: (DSM 5)

► “Caracterizados por perturbação e/ou descontinuidade da integração normal


de consciência, memória, identidade, emoção, percepção, representação
corporal, controle motor e comportamento (p. 291)

► Frequentemente associados à “traumas”


Transtorno dissociativo de identidade:
(DSM 5)

► Presença de dois ou mais estados distintos de personalidade e episódios


recorrentes de amnésia

► Intrusões recorrentes em seu funcionamento consciente e no senso de


identidade própria

► Convulsões não epilépticas


Amnésia dissociativa: (DSM 5)

► Incapacidade de recordar informações autobiográficas importantes


(geralmente de natureza traumática/estressante)

► Ausência de lesões neurológicas ou abuso de substâncias


Transtorno de
despersonalização/desrealização: (DSM 5)

► Despersonalização: observador externo dos próprios sentimentos,


pensamentos, sensações e ações

► Desrealização: distanciamento em relação ao ambiente ao redor


Para próxima aula:

► Funções executivas

► Sugestão de leitura: “Cognição, atenção e funções executivas” – cap. 2:


modelos teóricos de funções executivas

► https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/185675/pdf/0

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