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Sensopercepção

Definições Básicas:
 Sensação:
• estímulos físicos, químicos ou biológicos.
• originados fora ou dentro do organismo.
• dimensão neuronal.
 Formas de sensação: visuais, táteis, auditivos,
olfativos, gustativos, proprioceptivos e
cenestésicos.
Definições Básicas:
 Percepção:
• tomada de consciência do estímulo sensorial.
• dimensão neuropsicológica.

 Apenas uma fração de 1% do sistema


nervoso é utilizada para estabelecer relações
com o meio externo, o restante é para o
processamento da informação e a integração
perceptiva.
Definições Básicas:
 Percepção:
• Funções do córtex cerebral.
• A percepção visual  occipitais do córtex.
• Tato  lobos parietais.
• Audição  lobos temporais.
• A percepção fina  hemisfério esquerdo.
• A percepção geral  hemisfério direito.
• O córtex possui uma grande plasticidade.
Definições Básicas:
 Percepção:
• perceber integralmente.
• pleno reconhecimento de um objeto percebido
(agnosia).

 Sensopercepção
Definição dos Conceitos de
Imagem e Representação
 Imagem Perceptiva Real:
• Nitidez: contornos precisos.
• Corporeidade: luz, brilhos e cores vivas.
• Estabilidade: não muda.
• Extrojeção: percebida no espaço externo.
• Ininfluenciabilidade voluntária: não consegue
alterar a imagem.
• Completitude: todos os detalhes.
 A Imagem Representativa Mnêmica:
Revivescência de uma imagem sensorial, sem a
presença do objeto original.
 Caracteriza-se por:
• Pouca nitidez: contornos esfumados.
• Pouca corporeidade: não tem a vida de
uma imagem real.
• Instável: aparece e desaparece rapidamente.
• Introjeção: percebida no espaço interno.
• Incompletude: apenas alguns detalhes.
 A Imagem Representativa Mnêmica:
 Subtipos de Imagens Representativas:

• Imagem Eidética
(eidetismo): evocação de uma
imagem guardada na memória.
É voluntária.
• Pareidolias: voluntariamente
a partir de estímulos imprecisos
do ambiente.
 Imaginação:
geralmente voluntária, em que se evocam imagens
percebidas no passado ou se criam novas imagens.
 Fantasia:
• produto minimamente organizado da imaginação.
• consciente ou inconsciente.
• origina-se de desejos, temores e conflitos.
• dominante em determinados tipos de
personalidades, como histéricas.
• ajuda o indivíduo a lidar com frustrações.
• profissionais da criatividade.
Alterações da Sensopercepção
 Alterações Quantitativas
Intensidade anormal, para mais ou para menos.
 Tipos de Alterações Quantitativas :
• Hiperestesia:
 Ocorre em:
- intoxicações por alucinógenos
- algumas formas de epilepsia
- alguns quadros maníacos
- surto esquizofrênico, etc.
 Tipos de Alterações Quantitativas :
• Hipoestesia:
 Ocorre em pacientes depressivos;
• Anestesia:
 Observada em:
- estados graves de turvação da consciência
- pacientes conversivos/histéricos;
• Analgesia:
 Observada em:
- estados estuporosos;
- pacientes histéricos.
 Alterações Qualitativas:
São alterações funcionais da sensopercepção.
 Tipos de Alterações Qualitativas:
• Ilusão:
 Ocorre devido a:
- rebaixamento do nível da consciência
- a estados de fadiga grave
- a perturbação da atenção
- as influências emocionais (ilusões catatímicas
– não tem cunho patológico).
 Tipos de Alterações Qualitativas:

• Alucinação:
- percepção de um objeto sem sua presença
- crença de que o objeto alucinado é real.
 As alucinações podem ser:
 simples (elementares): há ausência de
conteúdo simbólico
 complexas: podem apresentar ou não um
conteúdo simbólico
 Tipos de Alucinação:
- Alucinações visuais:
fotopsia (forma simples): pacientes com epilepsia.
Ex: são vistos cores, bolas, pontos brilhantes, etc.
 Subdivisões das alucinações visuais:
(1) Alucinações liliputiana;
(2) Extracampicas.
 Podem ocorrer:
- Esquizofrenias, melancolia /mania e paranóia
- são mais frequentes no delirium e nas psicoses
exógenas (drogas).
- Alucinações auditivas (mais comuns):

Alucinação audioverbal (forma complexa)


 Pode ser subdivida em três tipos:
(1) vozes de comando;
(2) vozes que comentam a ação;
(3) sonorização do pensamento
/eco do pensamento.
 Ocorrem em:
- psicoses esquizofrênicas
- pacientes com depressão muito grave
- quadros maníacos.
- Alucinações musicais:

 São associadas a:
- déficits auditivos
- doenças neurológicas
- transtornos psiquiátricos,
principalmente depressivos

# Ocorrem com maior frequência em idosos.


- Alucinações táteis:
Ex: espetadas, choques, insetos, etc. em sua
pele.
 É freqüente:
- no delirium tremens (alcoólico)
- nas psicoses tóxicas, principalmente nas
produzidas por cocaína.
As alucinações táteis com pequenos animais ou
insetos  delírio de infestação
(síndrome de Ekbom)
nos genitais esquizofrênicos.
- Alucinações olfativas e gustativas:
 São relatadas por:
- pacientes esquizofrénicos
- em crises epilépticas
- na paranóia.
- Alucinações Cenestésicas:
Sensação de que partes de seu corpo está
encolhendo, despedaçando (síndrome de Cotard)
 Podem ocorrer em:
- estados melancólicos
- esquizofrênicos.
- Alucinações Cinestésicas:
Sensações alteradas de movimentos do corpo.
 Podem ocorrer:
- nas esquizofrenias
- na histeria
# É comum em pacientes neurológicos.
- Alucinações Sinestésicas (combinadas):
 Ocorrem:
- no delirium (maior freqüência)
- esquizofrenias
- nas formas graves de histeria
- Alucinações autoscópicas:
 Associam-se a:
- epilepsia;
- lesões do lobo parietal;
- esquizofrenia.
 Fenômeno do duplo:
 Ocorre em:
- pacientes com lesões cerebrais;
- no delirium;
- na esquizofrenia;
- em intoxicações por alucinógenos
- em indivíduos normais.
 Sensação de uma presença:
 Ocorre em:
- síndromes psicorgânicas;
- intoxicações por drogas;
- na epilepsia;
- na esquizofrenia.
- Alucinações hipnopômpicas e hipnagógicas:
 Ocorrem na fase de transição entre a vigília
e o sono.
- nem sempre são patológicas
- são características na síndrome de
narcolepsia (distúrbio do sono).
• Alucinose

-Definição: sujeito percebe a alucinação


como estranha a sua pessoa;

- Associa-se a causas orgânicas


Exemplo: lesões cerebrais, intoxicação
por alucinógenos, epilepsia, enxaqueca,
etc.
• Alucinose

- Diferença da alucinação = sujeito


consciente de que aquilo é um fenômeno
estranho, patológico.

# Alucinação Alucinose

X
“Central ao eu” “Periférico ao eu”
• Alucinose

Exemplos:
- Alucinose alcoólica
(alucinose auditiva);
- Síndrome de Charles
Bonnet (alucinose visual);
- Alucinose peduncular de
Lhermite (alucinose visual).
Alucinações
 Possíveis causas e mecanismos fisiológicos,
neuropsicológicos e psicológicoscontroversos.
 5 teorias que tentam explicá-las (Dalgalarrondo,
2000):
- Teorias Psicodinâmicas e Afetivas
- Teoria “Irritativa” Cortical
- Teoria Neurobioquímica
- Teoria da Desorganização Global do
Funcionamento Cerebral
- Teoria da Alucinação como Distúrbio da
Linguagem Interna (Inner Speech)
 Teorias Psicodinâmicas e Afetivas

• Base das alucinações: necessidades e


tendências afetivas, desejos e os conflitos
inconscientes

• Alucinações = produtos análogos ao sonho

• Processo defensivo
Projeção = mecanismo primitivo de
defesa do ego
 Teorias Psicodinâmicas e Afetivas

• Alucinações representariam um grande


movimento inconsciente do aparelho psíquico
para expulsar de seu interior “conteúdos
conflituosos insuportáveis, material recalcado
impossível de ser aceito pelo consciente”
(Dalgalarrondo, p. 87, 2000).
 Teoria “Irritativa” Cortical

• Principais nomes: Tamburini (Itália), Meynert


(Áustria) e Wernicke (Alemanha);

• Lesões destrutivas produziriam déficits motores


e sensoriais (ex.: paralisias, anestesias);

• Lesões “irritativas” produziriam fenômenos


como parestesias, hiperestesias e alucinações.
 Teoria “Irritativa” Cortical

• Alucinações = “lesões irritativas em áreas


cerebrais corticais, relacionadas à percepção
complexa” (Dalgalarrondo, p. 87, 2000).
• Ex.: alucinações auditivas verbais = produto de
hipotéticas “descargas irritativas” em áreas
associativas da linguagem.
• Crítica = aspecto muito simplista e mecanicista.
 Teoria Neurobioquímica

• Alucinações = hiperativação de circuitos


serotoninérgicos e/ou dopaminérgicos
• Baseada em estudos com drogas:
- 3 neurotransmissores: serotonina, dopamina e
acetilcolina
 substâncias alucinógenas inibidoras da
serotonina: LSD, a psilocibina, a harmina
(presente no “Santo Daime”, o ayahuasca), a
dimetiltriptamina, a mescalina, etc.
 Teoria Neurobioquímica

• Baseada em estudos com drogas (cont.):


 substâncias dopaminérgicas: levo-dopa
e a bromocriptina (efeito colateral do uso na
doença de Parkinson);
 substâncias atropínicas: só quando
usadas em dose alta.
 Teoria Neurobioquímica

• Alucinações por serotoninérgicos e


dopaminérgicos: preservação do nível de
consciência (claras e bem formadas).

• Alucinações por anti-colinérgicos: ocorrem


associadas a um quadro de rebaixamento do
nível de consciência e de confusão mental
(pouco precisas).
 Teoria Neurobioquímica

• Alucinações como fenômeno de aferentação/


liberação neuronal:

 fenômeno de liberação neuronal devido à


privação de estímulos;

 indivíduos com déficits sensoriais (ex.:


alucinações visuais em idosos).
 Teoria Neurobioquímica

• Alucinações como fenômeno de


aferentação/liberação neuronal (cont.):

atenuam-se ou desaparecem com estímulos


sensoriais externos.

hipótese: o SC, ao ser privado de estímulos


externos, produz o fenômeno sensorial, para
manter uma homeostase.
alucinações de alucinações ictais alucinações nas
deaferentação/ (por irritação psicoses
liberação neuronal neuronal) (funcionais)
em lesões neuronais que presentes na epilepsia freqüentes principalmente
produzam déficit sensorial
na esquizofrenia
e deaferentação

duração longa (minutos a duração breve (segundos duração longa (minutos, a


horas) a minutos) horas)

conteúdo variável (cenas, conteúdo estereotipado, conteúdo geralmente


músicas, etc.) repetitivo persecutório ou depreciativo

estrutura complexa, forma simples e elementar estrutura complexa (vozes


independente da (cores mal formadas, ruídos, que comentam ou
localização da lesão etc.) comandam a ação)

déficit no campo sem alterações no campo sem alterações no campo


sensorial correspondente sensorial sensorial

tipicamente lateralizado raramente lateralizada raramente lateralizada


para o lado do déficit
sensorial
alucinações de alucinações ictais alucinações nas
deaferentação/ (por irritação psicoses
liberação neuronal neuronal) (funcionais)
conteúdo geralmente novo o conteúdo das o conteúdo das
ou original alucinações geralmente alucinações provêm de um
provém de material “estado paranóide geral”
mnêmico
sem alteração do nível de quase sempre há alteração sem alteração do nível de
consciência do nível de consciência consciência

paciente geralmente tem paciente não se recorda da paciente geralmente não


crítica em relação à alucinação, portanto não tem critica do significado
alucinação tem crítica
patológico das alucinações
pode ser geralmente não pode ser geralmente não pode ser
modificado/abolido por modificado por estímulos modificado por estímulos
estímulos ambientais ambientas ambientas

(Dalgalarrondo, p. 87, 2000)


 Teoria da Desorganização Global do
Funcionamento Cerebral

“Alterações globais e amplas do funcionamento


cerebral produziriam a perda das inibições mais
desenvolvidas filogeneticamente e complexas
funcionalmente, permitindo a eclosão de circuitos
normalmente inibidos” (Dalgalarrondo, p. 89, 2000).

# Perda das inibições superiores  alucinações


 Teoria da Alucinação como Distúrbio da
Linguagem Interna (Inner Speech)

• Alucinações auditivas verbais = pensamentos


verbais do próprio paciente
• Paciente:
 os percebe como se fossem de origem
externa (vozes de outras pessoas).
 incapaz de discriminar e monitorizar as suas
próprias produções mentais (sua linguagem
interna).
 Estudos de Neuroimagem Funcional (PET
e SPECT)
• Objetivo: identificar possíveis mecanismos
neuropsicológicos
• Exemplos:
- alucinação audioverbal áreas temporais,
parietais e frontais, que são associadas à produção
de linguagem (áreas de Wernicke e de Broca), são
hiperativadas.
- áreas límbicas (hipocampo, giros para-
hipocampais, do cíngulo e regiões orbito-frontais) e
subcorticais (tálamo e gânglios de base).
 Estudos de Neuroimagem Funcional (PET
e SPECT)
• Controvérsias:
- trabalhos em que as áreas temporais (de
Wernicke) aparecem mais ativadas reforçam a
ideia de que as alucinações seriam “vozes
externas” que o paciente ouve de fato (o paciente
recebe passivamente tais vozes).
- trabalhos que são ativas as áreas da
linguagem associadas à produção verbal (área de
Broca, por ex.) fortalecem a hipótese de que as
alucinações audioverbais sejam realmente um
produto da sua linguagem interna.
 Pseudo-alucinação

 Sem os aspectos vivos e corpóreos de uma


imagem perceptiva real;

 Apresenta mais as características de uma


imagem representativa;

 Vivência projetada no espaço interno;

 Características: pouca nitidez, imprecisão,


sem vida e corporeidade;
 Pseudo-alucinação

 Pode surgir de um pensamento ou


representação que, de tão intenso, ganha
sensorialidade;

 Ocorrência: psicoses funcionais e orgânicas,


estados afetivos intensos, fadiga, quadros de
rebaixamento do nível da consciência e
intoxicações.
 Fenómenos Semelhantes à Pseudo-
alucinação
 Imagem pós-óptica: não patológico. Ex.: fazer
muitos cálculos, estudar muito
 Alucinação psíquica: formada por imagens
alucinatórias que não possuem um caráter
sensorial verdadeiro.
- Ex.: ouvir vozes sem ruídos
 Ambas não possuem o caráter de
sensorialidade: melhores relacionadas à esfera
do pensamento e da intuição.
 Alucinação Negativa

 Ausência de visão de objetos reais, presentes no


campo visual do paciente;
 Determinada por fatores psicogênicos em
pacientes histéricos ou naqueles muito
sugestionáveis.
Ex.: você não enxerga aquilo que não quer ver
 “Cegueira Histérica” ou “Escotomização Parcial”

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