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PROCESSOS PSÍQUICOS/COGNITIVOS INTRODUCAO

Processos Cognitivos são processos que tem como característica mais saliente representar o
sujeito, um objecto ou fenómeno, em geral, exterior ao próprio sujeito. O seu conjunto
constitui a vida cognitiva ou intelectual. Os processos cognitivos possibilitam o Homem
realizar a actividade mental como a inteligência, capacidades, habilidades, etc. O seu mau
funcionamento compromete a actividade mental.

1 Atenção

Considerada como um factor crucial para a aprendizagem, define-se como o


mecanismo/processo psicológico implicado directamente na activação e funcionamento dos
processos e/ou operações de selecção, distribuição e manutenção da actividade psicológica
(González, 1999; Sierra & Martín in González-Pienda & Nuñez-Pérez, 2002).

Para Das (1999, 2002), a atenção é o processo cognitivo básico para o processamento da
informação, assistindo uma função de exploração do ambiente, no sentido da manutenção
da focalização dos recursos perceptivos e cognitivos no estímulo, ou uma função de
selecção, podendo corresponder a um conjunto de processos que determinam a eleição dos
estímulos relevantes de entre vários recebidos (Ramalho, 2009; Ramalho, García-Señorán &
González, 2009).

A atenção está intimamente ligada com a percepção em todas as tarefas levadas a cabo
pelas pessoas, pois dadas as limitações da nossa capacidade de processamento, não somos
capazes de perceber tudo o que se passa à nossa volta, seleccionamos alguns estímulos
disponíveis para os processar e ignoramos outros. Encontra-se igualmente ligada
intimamente com os processos de memória (Nuñez-Pérez, González-Pienda, Martín &
Sierra, 2002 in González-Pienda & Nuñez-Pérez).
De acordo com Ramalho (2009) a atenção corresponde a uma das funções básicas e
essenciais da actividade cognitiva, apresentando como características principais, Alguns
processos cognitivos:

Fenómeno elementar da consciência resultante da excitação de um órgão dos sentidos


provocados por um estimulo interno ou externo. Consiste em reflectir as características
(propriedades) isoladas dos objectos.

Importância: Tomamos conhecimento do mundo em redor (sons, cores, cheiro, tamanho),


graças aos órgãos dos sentidos. São os primeiros elementos que nos põem em contacto
com a realidade e facilitam a apreensão da mesma. Os órgãos dos sentidos recebem,
seleccionam e acumulam a informação e, transmitem ao cérebro, surgindo o reflexo
adequado do mundo circundante e ao próprio organismo.

Kirby & Ashman (1984) concebem a atenção selectiva como tendo um extenso papel na
cognição e sendo crucial na selecção da informação a processar, sendo que as crianças com
DA, de acordo com González (1999) parecem ter deficiências neste processo.

Fonseca (2008) refere que os sujeitos com DAE apresentam, com frequência,

dificuldades na focalização e manutenção da atenção durante os períodos de tempo


necessários, não destrinçando os estímulos relevantes dos irrelevantes, e sendo, facilmente,
atraídos por sinais distractores. A desatenção pode ser motivada por

carência (atenção insuficiente ou desatenção) ou por excesso (superatenção). No

primeiro caso, a distractibilidade, os sujeitos não são capazes de se abstrair dos estímulos
irrelevantes para a tarefa que se encontram a realizar; no segundo caso, os sujeitos
apresentam fixação anormal em pormenores supérfluos, em detrimento das características
e pormenores realmente importantes (Martín, 1994).
3.2.2 Percepção

Processo que serve para reconhecer, organizar e entender o que nos rodeia mediante a
informação que chega através dos sentidos (Sierra & Martín in González-Pienda &

Nuñez-Pérez, 2002), isto é, o processo através do qual extraímos significação do meio


envolvente (Fonseca, 2008), sendo os problemas perceptivos entendidos como a
“incapacidade de identificar, discriminar, interpretar e organizar as sensações” (Johnson &
Myklebust, 1991; Kirby & Williams, 1991, cit. in Cruz, 1999) e distinguidos dos defeitos
sensoriais, como as deficiências auditiva e visual periféricas (Martín, 1994). Deacordo com
Nuñez-Pérez, González-Pienda, Martín & Sierra (in González-Pienda & Nuñez-Pérez, 2002),
são diversos os autores que assinalam, que em determinados casos, os défices perceptivos
podem dificultar as aquisições escolares. Os sujeitos com DAE apresentam problemas
motores em simultâneo com os problemas perceptivos, uma vez que a percepção envolve
necessariamente uma componente motora, isto é, o processo de reconhecimento dos
objectos (contorno, forma, orientação, altura, etc.) implica a manipulação desses objectos
(Fonseca, 2008). O seu sistema nervoso recebe, organiza, armazena e transmite a
informação visual, auditiva e tactilo quinestésica, que chega através dos sentidos, de forma
diferente das crianças normais, apesar de, em termos intelectuais, serem crianças normais
(Fonseca, 2008).

A atenção selectiva desempenha um papel importante na percepção. Desde a percepção


visual de determinada cena, até ao ouvir apenas uma única voz num sítio cheio de pessoas,
a atenção permite que seja preferencialmente processada a informação mais relevante
(Cherry, 1953, cit. in Sanders & Astheimer, 2008; Duncan & Humphreys, 1989; Neville &
Lawson, 1987; Posner, 1980).Não obstante a existência de diversos sistemas perceptivos,
destacamos, aqui, o visual e o auditivo, implicados no processo de reconhecimento de
símbolos, que é essencial para a aquisição e domínio das aprendizagens da leitura, escrita e
do cálculo (Sierra & Martín in González-Pienda & Nuñez-Pérez, 2002):

(i) Percepção visual, a “capacidade do cérebro para interpretar dados visuais” (Fonseca,
2008: 367) e cujos défices se traduzem não num problema de acuidade visual, mas antes
num “problema no modo pelo qual os indivíduos usam os olhos para obter informação e
como essa informação é processada no cérebro.” (Kirk, Gallagher & Anastasiow, 1993,

e Fonseca, 1984, cit. in Cruz, 1999:114).

Etchepareborda (2002) refere que a percepção visual é um fenómeno aprendido,

desenvolvido e aperfeiçoado desde o nascimento até aos 6 anos, altura de início da

aprendizagem da leitura, havendo uma clara correlação entre as dificuldades de leitura

com as alterações da percepção visual.

De acordo com Fonseca (2008), a percepção visual é a função cognitiva da visão e as

disfunções cognitivas a este nível traduzem-se em diversos tipos de dificuldades:

- descodificação visual, dificuldade na captação ou em retirar significação da

estimulação visual, ou seja, na compreensão do que se vê;


- discriminação visual, dificuldade no reconhecimento de semelhanças e diferenças de

cores, tamanhos, formas, objectos, figuras, letras ou números, ou em grupos de objectos,

de letras (palavras), de números, etc.;

- figura-fundo, dificuldade de atenção selectiva e de focalização, não ocorrendo a

identificação de figuras ou letras sobrepostas em fundos;

Percepção

Acto de organização de dados sensoriais pelo qual conhecemos “a presença actual de um


objecto exterior”: temos consciência da existência do objecto e suas qualidades.

Importância: A percepção no PEA está relacionada com a compreensão e interpretação,


análise intelectual do aprendido. A percepção ajuda a compreensão, análise aprofundada
do fenómeno e a chegar a conclusão sobre o mesmo.

A percepção está ligada a atenção. A atenção constitui a fase inicial da percepção e a


principal forma de organização da actividade cognitiva. A atenção é indispensável à
percepção, interpretação, compreensão, imaginação, assimilação, recordação e
reprodução. Durante a aula, a atenção ajuda a compreensão da essência das tarefas, ajuda
a sua resolução e verificação.

Pensamento

Processo cognitivo que permite a resolução de tarefas (processo de análise e síntese).


Permite reflectir de forma generalizada a realidade objectiva sob a forma de conceitos, leis,
teorias e suas relações.

Importância:

• Ajuda o indivíduo a superar as suas dificuldades desde as mais triviais até as mais
complexas;

• Planificação e organização lógica dos procedimentos a ter em conta na aula;

• Reflexão sobre uma tarefa para encontrar as mais adequadas soluções;

• Mudança de métodos habituais de resolução de tarefas colocadas;

• Avaliação de diversas variantes de resolução para encontrar um resolução mais

racional;

• É um factor de ligação entre o concreto e o abstracto.

Imaginação

É o processo psíquico cognitivo, exclusivo ao homem, mediante o qualse criam (elaboram)


imagens e noções que não existiam na experiência anterior, ou seja, a habilidade que os
indivíduos possuem de formar representações, costruir imagens mentais a cerca do mundo
real ou mesmo de situações não directamente vivenciadas.

A base da imaginação são noções da memória que se completam por novas percepções,
transformando-se em novas percepções e noções.

Importância:

a. Permite conceber o resultado do trabalho antes do início;

b. Alarga os horizontes da memória e percepção;

c. Permite antecipar e construir o futuro e o nível de desenvolvimento da capacidade


inventiva. É parte do processo técnico-científico, literário.
d. Permite ao aluno estudar processos, fenómenos inacessíveis para a observação directa,
sua interpretação no quadro de diversas ligações e relações;

e) Desenvolve nos alunos a atitude criadora através e da análise e compreensão do

actual estado da ciência.

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