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A psicologia Gestalt simboliza uma doutrina psicológica que tem como pilar a
compreensão da totalidade para assim entender as partes que a compõem, sendo
assim incluída em estudos que visam mapear a percepção da humanidade.
Sumariamente, Max Wertheimer, Wolfgang Köhler e Kurt Koffka, baseados
nos estudos antecessores psicofísicos que relacionaram a forma e sua percepção,
construíram as bases de uma teoria eminentemente psicológica. Os estudiosos
iniciaram seus estudos pela percepção e sensação do movimento, pois eles
estavam preocupados em compreender quais os processos psicológicos estão
envolvidos na ilusão de ótica, ou seja, quando o estímulo físico é percebido pelo
sujeito com uma forma diferente do que ele é na realidade. Desse modo, a
percepção é o ponto de partida e um dos temas centrais dessa teoria.
Seguidamente, os experimentos com a percepção levaram os gestaltistas ao
questionamento da psicologia associacionista. O Behaviorismo, dentro de sua
preocupação com a objetividade, estuda o comportamento através da relação
estímulo-resposta, procurando isolar um estímulo unitário que corresponderia à uma
dada resposta e desprezando os conteúdos da consciência, pela impossibilidade de
controlar cientificamente essas variáveis. Já a Gestalt entende que é de suma
importância a disposição em que são apresentados à percepção os elementos
unitários que compõem o todo. Apesar disso, a Gestalt acredita que a percepção de
um todo não é o resultado de um processo de simples adição das partes que o
compõem.
A partir desses fenômenos de percepção, a Gestalt procura explicar como
chegamos a compreender aquilo que percebemos. Se os elementos percebidos não
apresentarem equilíbrio, simetria, estabilidade, simplicidade e regularidade, não será
possível alcançar a boa-forma. O elemento que objetivamos compreender deve ser
apresentado em seus aspectos básicos, de tal maneira que a tendência à boa-forma
conduza ao entendimento. Essa formulação representa uma das consequências
pedagógicas do Gestaltismo.
A psicologia da Gestalt também entende a aprendizagem como uma
decorrência da forma como as partes estão organizadas no todo. As teorias
associacionistas entendem que a aprendizagem ocorre através da associação de
elementos que anteriormente estavam isolados e, assim, por um processo aditivo,
passa-se de um conhecimento simples a um complexo.
Os métodos de alfabetização podem nos auxiliar a pensar algumas questões
relativas a diferentes maneiras de conceber a aprendizagem. Os chamados métodos
sintéticos entendem que deve-se inicialmente ensinar a criança a nomear, grafar e
reproduzir o valor sonoro de todas as letras (elementos mais simples) e, depois
disso, ela estará apta a associar as letras entre si para formar sílabas. Na sequência
ela associará sílabas entre si para formar palavras e finalmente formará orações. Os
chamados métodos analíticos seguem um caminho exatamente oposto pois
primeiramente é apresentado o todo (palavra, frase ou texto), enquanto unidade de
significação, e somente após partem para o exame das partes e das relações que
elas mantêm entre si para formarem esse todo.
Quanto à questão do insight, podemos dizer que nem sempre as situações
vividas por nós apresentam-se de forma clara que permitam uma compreensão
imediata. Essas situações dificultam a aprendizagem porque não permitem uma
definição da figura fundo, impedindo a relação parte-todo. Acontece, às vezes, de
estarmos olhando uma figura ou estarmos pensando em algo que nos parece
bastante obscuro e, de repente, sem que tenhamos tido qualquer processo de
compreensão aditivo (somando as partes mais simples), a relação figura-fundo
elucida-se. A esse fenômeno é dado o nome de insight, que designa uma
compreensão imediata e súbita.
Por fim, Gestalt relaciona a inteligência e a percepção: a percepção é o
conhecimento que temos dos objetos ou movimentos por contato direto e atual. A
hipótese de uma relação estrita entre a percepção e a inteligência foi sustentada, em
todos os tempos, por alguns e rejeitada por outros. Somente no século passado os
autores iniciaram a buscar apoio experimental para suas teses, sendo que
anteriormente inúmeros filósofos refletiram sobre esta questão. A teoria da forma
renovou a posição de um grande número de problemas e sobretudo forneceu uma
teoria completa sobre a inteligência que permanecerá, mesmo para os seus
adversários, um modelo de interpretação psicológica coerente. A idéia central da
teoria da forma afirma que os sistemas mentais jamais se constituem pela síntese ou
pela associação de elementos, dados em estado isolado, antes de sua reunião, mas
consistem sempre em totalidades organizadas, desde o início, sob uma forma ou
estrutura de conjunto. Assim, uma percepção não é mais síntese das sensações
prévias: ela é regida em todos os níveis por um campo, cujos elementos são
interdependentes pelo mesmo fato de serem percebidos em conjunto.
Estas leis de organização que regem todas as relações de um campo são, na
hipótese gestaltista, apenas leis de equilíbrio, regendo, ao mesmo tempo, as
correntes nervosas, determinadas pelo contato psíquico com os objetos exteriores, e
pelos próprios objetos, reunidos num circuito total, abarcando, pois,
simultaneamente, o organismo e seu meio próximo. O que se deve notar, antes de
tudo, como essencial à teoria, é que as leis de organização são concebidas como
independentes do desenvolvimento, e, por conseguinte, comuns a qualquer nível.
Fácil é de perceber esta afirmação, se a limitarmos à organização funcional ou
equilíbrio sincrônico dos comportamentos, pois a necessidade desse último rege os
níveis em qualquer grau. Assim é que os psicólogos da Forma se esforçaram,
acumulando impressionante material, para mostrar que as estruturas perceptivas
são as mesmas na criança e no adulto e, sobretudo, nos vertebrados de qualquer
categoria.
Para Köhler, a inteligência aparece quando a percepção não se prolonga
diretamente em movimentos suscetíveis de assegurar a conquista do objetivo. Este
mesmo princípio explicativo encontramos em Wertheimer, na sua interpretação
gestaltista do silogismo. A premissa maior é uma forma comparável a uma estrutura
perceptiva. Todos os homens constituem um conjunto que se representa centrado no
interior do conjunto de mortais. A premissa menor procede do mesmo modo:
Sócrates é um indivíduo centrado no círculo de homens. A operação que tirará de
tais premissas a conclusão: portanto, Sócrates é mortal, vem, consequentemente,
apenas estruturar o conjunto, fazendo desaparecer o círculo intermediário (homens),
depois de tê-lo situado com seu conteúdo no grande círculo (os mortais). O
raciocínio é pois uma recentração: Sócrates é como descentrado da classe de
homens para se recentrar novamente na classe dos mortais. O silogismo depende
assim da organização geral das estruturas.
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Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/index.php/letraseideias/article/view/48875
Acesso em 22 de março de 2022.
Universidade Federal de Sergipe
Centro de Educação em Ciências Humanas — CECH
Departamento de Psicologia
São Cristóvão
Maio de 2022
1. Resumo
Alvo de estigmas e inferiorizada na sociedade, a depressão é um transtorno
psicológico que acomete não apenas a vítima, mas todos os entes queridos e
pessoas ao redor dela. Com o objetivo de discutir a história, visões psicanalíticas e
contexto pós-pandêmico desta doença, realizou-se uma revisão bibliográfica
analisando produções diversas sobre o tema. Os artigos mostraram que o fenômeno
da pandemia teve grande potencial no aumento de casos de depressão e
adoecimento psíquico generalizado da população, sobretudo por ressignificar a
relação da sociedade com as redes sociais. Os trabalhos corroboram, ainda, a
aplicação da Psicanálise na compreensão ampla desta patologia, suas causalidades
e tratamento. A revisão da literatura indica, enfim, que não apenas fatores
hereditários, mas ambientais, impactam no desenvolvimento e/ou agravamento da
depressão nos indivíduos. Conclui-se que é de suma importância compreender a
complexidade da depressão e analisar todo o histórico e dia a dia do paciente, a fim
de obter acurácia no diagnóstico e um tratamento mais humano, realista e eficaz.
2. Palavras-chave
Depressão, Psicanálise, COVID-19, Behaviorismo, Luto, Melancolia,
Contemporâneo, Sociedade, Ambiente.
3. Abstract
Depression is a psychological disorder that affects not only the victim, but all
the loved ones and people around them. In order to discuss the history,
psychoanalytic views, and post-pandemic context of this disease, a literature review
was carried out analyzing diverse productions on the subject. The articles showed
that the pandemic phenomenon had a great potential to increase the number of
cases of depression and generalized psychic illness in the population, mainly by
giving new meaning to society's relationship with social networks. The studies also
corroborate the application of Psychoanalysis in the broad understanding of this
pathology, its causes and treatment. The literature review indicates, finally, that not
only hereditary but also environmental factors have an impact on the development
and/or aggravation of depression in individuals. It is concluded that it is of utmost
importance to understand the complexity of depression and to analyze the patient's
entire history and daily life in order to obtain accuracy in the diagnosis and a more
human, realistic, and effective treatment.
4. Keywords
Depression, Psychoanalysis, COVID-19, Behaviorism, Grief, Melancholy,
Contemporary, Society, Environment.
5. Introdução
A depressão caracteriza-se pela perda ou diminuição de interesse e prazer
pela vida, gerando angústia e prostração, algumas vezes sem um motivo evidente.
Hodiernamente, é considerada a quarta principal causa de incapacitação, segundo a
Organização Mundial da Saúde.
Apesar de ser mais comum em mulheres, este transtorno psiquiátrico atinge
pessoas de qualquer idade, e exige não só avaliação profissional, como tratamento.
O desânimo sem fim é fruto de desequilíbrios na bioquímica cerebral como a
diminuição na oferta de neurotransmissores que regulam o humor, a exemplo da
serotonina, ligada à sensação de bem-estar.
Outrossim, sabe-se atualmente que a depressão não promove apenas uma
sensação de infelicidade crônica, mas incita alterações fisiológicas como baixas no
sistema imune e o aumento de processos inflamatórios. Por essas e outras
complicações, figura-se como um fator de risco para outras condições de saúde,
como as doenças cardiovasculares.
Alguns sinais e sintomas incluem: cansaço extremo, fraqueza, irritabilidade,
angústia, ansiedade exacerbada, baixa autoestima, insônia, falta de interesse por
atividades que costumavam ser prazerosas, pensamentos pessimistas e/ou suicidas,
comportamentos compulsivos, dificuldade para se concentrar, disfunções sexuais e
sensação de impotência ou incapacidade para os afazeres do dia a dia.
Ademais, os fatores de risco para o desenvolvimento da depressão são
histórico familiar, transtornos psiquiátricos correlatos, estresse crônico, ansiedade
crônica, disfunções hormonais, excesso de peso, sedentarismo e dieta desregrada,
vícios (cigarro, álcool e drogas ilícitas), uso excessivo de internet e redes sociais,
traumas físicos ou psicológicos, pancadas na cabeça, problemas cardíacos,
separação conjugal e enxaqueca crônica.
Aspectos históricos e contextuais da depressão
A humanidade caminha juntamente à tristeza, associada à efemeridade do ser
vivo no tempo. Dessarte, é um fenômeno psicossocial que peregrina com o homem
desde os tempos mais remotos, e não é exclusiva da sociedade contemporânea.
Carvalho e Assis (2016) afirmam que a tristeza é a própria dor do ser, sem
motivo ou acepção e sem probabilidade de compreensão. Uma dor que vem do
nada, simplesmente pelo fato de existir. Muitos especialistas já tentaram descrever e
até mesmo amenizar sua forma de ação no sujeito, dando-lhe outras definições,
como sombras sem fim, aperto no peito, tempestade e outras.
Vale destacar que, segundo Julien (2013), a sociedade contemporânea é
aversa a qualquer tipo de tristeza, pois tende-se a pensar que demonstra a fraqueza
do sujeito. Entretanto, na Grécia Antiga, a melancolia era vista como uma
característica de pessoas inteligentes que, por não suportarem os males da
sociedade da época, se afogavam em sentimentos tristes.
7. Considerações Finais
Em suma, é de importância inquestionável não só considerar, mas
compreender os fatores que permeiam transtornos psíquicos como a depressão. A
revisão da literatura aponta fatores hereditários e ambientais como principais pontos
a serem avaliados no diagnóstico e tratamento, ainda que se saiba que fatores
socioeconômicos e mundiais também oferecem perigo à integridade da saúde
mental. Por fim, conclui-se que é de suma importância compreender a depressão e
sua complexidade, a fim de analisar histórico, dia a dia e contexto do paciente para
que seja possível obter um diagnóstico preciso e fornecer um tratamento mais
humano e eficaz. Ainda, em consonância com a psicanálise, a depressão trata-se
de um estado de vazio, de ausência, correspondendo a um tempo parado expondo o
lugar e espaço, relacionada então ao luto e a uma grande melancolia. Infere-se,
portanto, que tudo isso atrelado à obrigação contemporânea reforçada pelas redes
sociais de ser feliz a qualquer custo priva o indivíduos do seu direito de lidar com as
perdas, as frustrações, os sofrimentos e as tristezas inerentes à vida humana além
de promoverem uma sensação falsa de felicidade.
8. Referências Bibliográficas
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