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ÉRICA LUANA - MED XI - UNIRV - 8ºP - DERMATOLOGIA

Dermatoviroses
As infecções virais são muito prevalentes e as manifestações cutâneas estão entre as características mais
frequentes. As lesões cutâneas podem resultar da replicação viral diretamente nas células da epiderme ou
serem secundárias à replicação viral em órgãos internos.
Introdução

● Vírus:
○ Intracelular obrigatório.
○ DNA (principalmente) ou RNA
○ Ação direta no metabolismo celular.
○ Corpúsculos de inclusão .

● 3 famílias principais:
○ Papillomaviridae: verrugas e papilomas
○ Poxviridae: molusco contagioso
○ Herpesviridae: herpes simples, varicela- zoster.

Verrugas
● HPV (papilomavírus humano);
● DNA- vírus;
● Potencial oncogênico;
● Fenômeno de Koebner- aparecimento de verrugas em áreas de traumas
(onde sangra contamina);
● Transmissão: ceratinócitos descamados e soluções de continuidade.;
● Deve-se cauterizar uma verruga para esterilizar o vírus, caso contrário ela recidiva;
OBS: Sempre que falar de verrugas está falando de VÍRUS - verruga vulgar
● Formas cutâneas:
○ Comum ou vulgar
○ Plana
○ Filiforme
○ Plantar
○ Anogetial

Comum ou vulgar: representa a maior parte (70%) de todas as verrugas cutâneas. São lesões papulosas ou
nodulares cuja superfície é rugosa e ceratósica (muita queratina). É possível visualizar, na superfície, alguns
pontos escuros que correspondem aos capilares da verruga. Os locais mais comuns, são regiões mais
predispostas a traumas, como região periungueal, dorso das mãos, cotovelos e joelhos.
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○ Plana: são placas e pápulas achatadas, da cor da pele ou levemente rosadas, geralmente
numerosas, localizadas principalmente na face e nos antebraços. Em crianças o acometimento
da face é o mais comum.

○ Plantar: essas verrugas são conhecidas popularmente como “olho de peixe”. Devido à
pressão da pisada, são pouco salientes, tendo um crescimento endofítico (para dentro)
mais pronunciado. São placas ceratósicas bem delimitadas localizadas nas plantas. Esse
tipo de verruga, geralmente, é dolorosa e traz bastante desconforto para o paciente

Duas informações importantes sobre as verrugas:


1 – É frequente ocorrer o fenômeno de Koebner nas verrugas. É marcado pelo surgimento de
lesões lineares de verruga após um trauma.
2- Algumas vezes, o HPV pode induzir o surgimento de um carcinoma espinocelular em uma
verruga. Isso é mais comum para os subtipos oncogênicos de HPV 16 e 18 e nos pacientes
imunossuprimidos!

Verruga vulgar:
● Lesão de verrucosidade (pápula de superfície sólida), são elevadas, endurecidas, de
superfície áspera e coloração esbranquiçada. Algumas apresentam pontilhado escuro.
Isoladas ou juntas, podem variar de milímetros a centímetros de diâmetro.
● Localizam-se na superfície normal da pele.
● Na verruga viral o diagnóstico é clínico.
● Possuem pontos pretos
● Comum em dedos, perioral, joelhos e cotovelo (em crianças).
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● Tratamento:
○ Expectantes (aguardar): involução espontânea.
○ Ácido salicílico (16,5%) e ácido lático (14,5%) em colódio flexível. (são
ceratoliticos locais)
○ Imiquimod creme (3x/ semana 12 semanas) - imunomodulador tópico.
Bom para as fases iniciais evolutivas.
○ Tretinoína: verrugas planas.
○ Ácido nítrico fumegante .
○ Nitrogênio líquido (crioterapia → aplicação de nitrogênio líquido
pressurizado e congela as lesões, que depois caem).
○ Eletrocoagulação: boa opção desde que seja um caso refratário ou pequenas.
○ Podofilotoxina/ ácido tricloroacético (ATA): verrugas genitais.
○ Não é indicado a exérese cirúrgica com sutura das verrugas! O vírus dissemina-se
além da lesão e, por isso, o índice de recidiva é muito alto quando essa modalidade
terapêutica é aplicada!! Em razão disso, quase sempre optamos por tratamentos
destrutivos.

Verrugas Periungueais
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Molusco contagioso
Causado por um vírus da família poxvírus, é muito mais frequente na infância sem predileção por sexo. A
transmissão é feita pelo contato pele a pele com outros indivíduos infectados. Por isso, é comum que crianças
que frequentam creches apresentem simultaneamente as lesões. Em questões de Residência Médica, é comum
que o examinador informe que mais de uma criança apresenta lesões semelhantes. Fique sempre atento a
essa informação.

● Poxvírus;

● Tipicamente de crianças;
● Transmissão: contato individual.
● Em crianças: mais frequente em atópicos!!
● Em adultos deve-se investigar a imunossupressão. Tem transmissão sexual (locais mais
comuns é na região genital)
● 4 subtipos:
○ 1: 90%.
○ 2: transmissão sexual.
○ 3 e 4: raros - imunodeprimidos.
● Pápulas eritematosas de centro umbilicado.
● Pode apresentar também o Fenômeno de Koebner
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● O diagnóstico é clínico, não sendo necessário nenhum exame complementar. As lesões


podem regredir espontaneamente após meses, por isso, a conduta expectante é aceitável!
OBS.: não confundir com verruga vulgar ⇨ As lesões de verruga vulgar são ceratósicas e há
os pontos hemorrágicos dos capilares. Já as lesões do molusco contagioso apresentam a
superfície lisa e há umbilicação central!

Tratamento:
● Curetagem (imagem abaixo). Anestesia local.
● Nitrogênio líquido.
● Hidróxido de potássio- KOH (5-10%).
● Imiquimod 3x por semana por 12 semanas.
● Cura espontânea (depende da pele de cada um)

Herpes vírus

● Família herpesviridae.
○ Alphaherpesvirinae: HHV-1, HHV-2, HHV-3 (VZV) .*
○ Betaherpesvirinae: HHV-5 (CMV), HHV-6 (Exantema súbito), HHV-7.
○ Gammaherpesvirinae: HHV-4 (mononucleose infecciosa), HHV-8 (SK).
● Capacidade de permanecer longo tempo em latência na célula do hospedeiro.
● Santuários virais: locais de latência
○ HSV 1 e 2 e VZV: gânglios sensoriais cerebroespinhais
○ CMV: glândulas secretórias e tecido linfóide.
○ HHV-6: linfócitos B
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Herpes simples
● Doença universal.
● Quadros variáveis: de benignos a graves.
● HSV-1: herpes não genital;
○ face e tronco
● HSV-2: herpes genital;
○ transmissão sexual
● Transmissão: contato pessoal → mucosa /
solução de continuidade.
○ Pode ocorrer na ausência da lesão
clínica.
○ HSV-2: contato sexual .
● Primoinfecção: indivíduos sem contato prévio.
● HSV-1: 80-90% das crianças < 10 anos.
○ 90% dos adultos têm sorologia positiva .

Formas clínicas:
● Gengivoestomatite herpética primária;
● Ceratoconjuntivite herpética;
● Panarício herpético;
○ No dedo.
● Primoinfecção herpética genital;
● Herpes recidivante;
● Não genital;
● Genital;
● Meningoencefalite herpética;
○ No parto.
● Herpes simples neonatal.

➔ Gengivoestomatite herpética primária: mais comumente causada pelo herpes vírus tipo 1, geralmente
ocorre em crianças e o quadro clínico surge 2 a 12 dias após a infecção. É marcada pelo surgimento de
múltiplas vesículas que rompem e dão origem a úlceras rasas extremamente dolorosas. Podem se
localizar em qualquer local da bonca como as gengivas, línguas, mucosa jugal, lábios, palato e assoalho
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da boca. Como o quadro é muito doloroso, o paciente tem dificuldade de se alimentar, ingerir líquidos ou até
mesmo a própria saliva. Frequentemente há sintomas sistêmicos como febre, astenia, mialgia,
irritabilidade e linfadenopatia. Algumas vezes é necessário hospitalização para controle álgico e hidratação. O
quadro tem duração de aproximadamente 10 dias. O principal diagnóstico diferencial é a herpangina, doença
causada pelo coxsackie A.
➔ Panarício herpético: infecção do dedo causada pelo vírus herpes simples. Aproximadamente 60% dos casos
são causados por herpes vírus tipo I e 40% pelo herpes vírus tipo II. É comum acometer profissionais de
saúde que podem se infectar pelo vírus. Crianças que possuem o hábito de sucção dos quirodáctilos e
onicofagia podem apresentar tal quadro durante surto de herpes vírus orolabial. Caracteriza-se pelo
surgimento de vesículas agrupadas sobre base eritematosa e edema do dedo. O quadro é muito
doloroso. Os indicadores e os háluces são os mais acometidos. Febre e sintomas sistêmicos não são tão
comuns.

Diagnóstico:
● Clínico;
● Tzanck;
● Histopatologia;
● Sorologia: IgM/IgG;
● Biologia molecular: PCR (importância no LCR).

Tratamento:
● Antivirais:
○ Aciclovir: 200 mg 5x/dia por 5 dias (ou 400 mg 3x ao dia por 1 dia).
■ Nas primoinfecção: 10 dias.
■ Imunodeprimidos: dose duplicada.
■ Formas graves e disseminadas: internação /EV.
○ Valaciclovir
■ 500mg 12/12h 5 dias.
○ Famciclovir
○ Se recidivas frequentes: terapia supressora 6 a 12 meses
○ Tópicos:
■ Aciclovir tópico: somente na ceratite herpética.
■ Antissépticos / emolientes.

Herpes zoster
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● HHV-3: herpes simples do tipo 3;


● Reativação do VZV: 20% dos pacientes;
● Imunodepressão;
● O vírus varicela zoster, afeta o'corpo humano
causando a varicela (catapora) em crianças, ficando
dormente dentro dos gânglios da raiz dorsal,
diante de uma situação de imunossupressão o
vírus é reativado na forma de herpes zoster!(figura 1)
● Mais comum em adultos e idosos;
● Grande complicação: Neuralgia pós herpética;
○ Coceira, dor insuportável, normalmente em tronco e abdome, lombalgia, e
depois forma vesículas.
● Excepcionalmente: comprometimento neural puro (zoster sine herpete) .
● Conhecido por “cobreiro”.
● Acomete dos dermátomos, sendo mais comum na face e no dorso
○ Seguem o trajeto do dermátomo! (figura 2)
Figura 1 Figura 2

Na maioria das vezes, o quadro clínico se inicia com uma dor do tipo queimação na pele sobre o
dermátomo envolvido. A dor pode ser contínua ou intermitente e tipicamente precede as lesões cutâneas
por dois a três dias. Nessa fase, como não há lesões cutâneas, o quadro clínico pode ser confundido com
infarto agudo, colecistite aguda, apendicite, cólica renal, etc.
Após essa fase começam a surgir as vesículas agrupadas sobre base eritematosa que obedecem a uma
distribuição dentro de um ou dois dermátomos sensoriais. As vesículas podem progredir para pústulas
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ou vesículas hemorrágicas. Tipicamente o quadro cutâneo não ultrapassa a linha média! Qualquer local
da pele pode ser acometido, porém o tronco é o local mais comum. Quando o quadro de herpes zoster
ocorre na face, devemos solicitar avaliação oftalmológica, pois pode ocorrer acometimento ocular.

OBS.: Teste de esfregaço de Tzanck Local de preferência: torácico, trigêmeo, lombossacral,


cervical, geralmente/principalmente unilateral.

Tratamento:
● Eletivo: aciclovir 800 mg VO 5x/dia (dose diária 4 g) 7 dias
○ Início precoce previne neuralgia pós-herpética
○ Alternativa: famciclovir / valaciclovir
○ Imunodeprimidos: doses maiores
● Analgésicos
● Corticoides: controverso
● Tópico: água boricada
● Neuralgia pós-herpética:
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● carbamazepina, gabapentina, amitriptilina, infiltração com corticoide, creme de capsaicina,


lidocaína
● Vacina: idosos > 60 anos (reduz o risco em 70%)

Vacina contra VCZ:


● Duas doses recomendadas na infância:
○ 12-15 meses e 4-6 anos;
○ Altos índices de proteção;
○ Reduz a gravidade da doença;
○ Vírus vivos atenuados;
● Uma dose em > 60 anos;
○ Redução de 51% no desenvolvimento de herpes-zoster;
○ Mesmo tendo tido na infância.
○ Redução de 67% na incidência da neuralgia pós-herpética;
○ Com ou sem história prévia de varicela ou herpes zoster.

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