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Aula I – Parasitologia Veterinária II – 15/03/2022

- CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
- Protozoologia veterinária
- Entomologia veterinária

 Reino Protozoa
- Unicelulares

- Eucariontes: núcleo, reticulo endoplasmático, mitocôndria, complexo de Golgi, lisossomo

- Estruturas de locomoção: corpo basal -> flagelo -> membrana ondulante, cílios (vários
corpos basais que se movimentam uniformemente), pseudópode -> deslizamento

 Filos de importância na Medicina Veterinária

- EUGLENOZOA (Leishmania)
- PARABASALIA (Histomonas)
- FORNICATA (Giardia)
- APICOMPLEXA (Toxoplasma)
- CILIOPHARA (Balantidium)
 FILO EUGLENOZOA
- Flagelados

- Presença de cinetoplasto

- Reprodução assexuada = fissão binária

- Classe Kinetoplasta, Ordem Trypanosomatida, Família Trypanosomatidae

- Mais de 150 espécies descritas

- Transmissão: mecânica (acíclica - rápida) e biológica (cíclica)

- Importância na saúde humana (T. cruzi) e animal (T. evansi, T. equiperdum, T. vivax)

 Família Trypanosomatidae
 Gênero Trypanosoma

- Corrente sanguínea e tecidos de vertebrados

- Apresentam vetor artrópode (Stomoxys – mosca dos estábulos; Triatomíneo - barbeiro)

- Morfologia geral: corpo semelhante a folha; cinetoplasto, membrana ondulante, núcleo,


flagelo

- Forma evolutiva:

1- Tripomastigota sanguícola – fusiforme, cinetoplasto posterior ao núcleo, flagelo livre na


extremidade anterior (vertebrado – circulação sanguínea)

2- Tripomastigota metacíclica – fusiforme, cinetoplasto posterior ao núcleo, flagelo livre na


extremidade anterior e difere da tripomastigota por causa da presença de glicoproteínas de
superfície (invertebrado – glândula salivar)

3- Amastigota – sem flagelo, intracelular, se divide muito dentro da célula, e liberam novos
tripomastigotas sanguícolas (vertebrado – intracelular)

4- Epimastigota – fusiforme, cinetoplasto posterior ao núcleo, flagelo livre na extremidade


anterior – só existe dentro do barbeiro após infecção do mesmo depois do repasto sanguíneo
em um vertebrado contaminado e se divide na porção final do TGI do barbeiro e se transforma
em tripomastigota metacíclico num evento chamado de metaciclogênese (invertebrado –
aparelho digestivo)

-- Formas de transmissão:

-> Cíclica ou biológica

- No artrópode (invertebrado) ocorrem multiplicação e alterações morfológicas do


protozoário, antes que sejam produzidos FIs ao HV

- Na mosca: desenvolvimento de estação anterior (salivaria)

- No hemíptero: desenvolvimento de estação posterior (stercoaria - fezes)


-> Acíclica ou mecânica

- Os protozoários são transferidos de um HV para outro através da alimentação interrompida


de insetos picadores

-> Trypanossoma vivax


- Causa “secadera” nos bovinos

-- Morfologia:

- Corpo lancetado (alongado);

- 16-26um de comprimento;

- Membrana ondulante reduzido;

- Cinetoplasto: terminal; em meia lua; bem desenvolvido.

-- Revestimento de glicoproteínas variantes de superfície (VSG) -> estímulo à produção de


anticorpos -> VSG = variação antigênica de T.vivax

-- O fenômeno de variação antigênica ocorre apenas na transmissão cíclica (Glossina spp.)

-- Ciclo biológico:

- Hospedeiro vertebrado: animais ungulados

- Vetores: Stomoxys calcitrans e tabanídeos

- Pode ser transmitido por agulhas compartilhadas (fômite)

- No HV, T.vivax se reproduz por fissão binária -> a divisão inicia no cinetoplasto, seguido do
núcleo e citoplasma -> a divisão ocorre no sangue do HI

- As moscas tsé-tsé se infectam com tripomastigotas sanguíneas -> epimastigotas no esôfago e


na faringe -> epimastigotas se multiplicam no canal alimentar -> as epimastigotas migram
novamente à hipofaringe -> tripomastigotas -> tripomastigotas metacíclica (FI).

- A FI é transmitida quando o artrópode se alimenta de sangue de vertebrado

- A mosca tse-tse pode transmitir T.vivax de forma cíclica por toda sua vida

- A transmissão mecânica pode ocorrer durante um curto período (minutos), dependendo da


sobrevivência do parasito nas peças bucais do inseto.

- Pergunta: por que ocorre hipergamaglobulinemia?

-> Trypanossoma evansi

- Surra, mal das cadeiras, peste de quebra burra

- Equinos, cães e capivaras

- Mortalidade de 50 a 70%
- HV: capivara e cavalo

-- Morfologia:

- Monomórficos

- 17-27um de comprimento

- Tripomastigotas finas e alongadas

- Membrana ondulante bem desenvolvida

- Transmissão mecânica

- Mosca, morcego, sanguessuga, tabanus (mutuca)

-> Trypanossoma equiperdum

- Mal do coito, durina

- Não tem hospedeiro invertebrado

- Transmissão mecânica

- HV: cavalo

-- Morfologia:

- Monomórficos

- Tripomastigotas finas e alongadas

- Cinetoplasto evidente

- Membrana ondulante bem desenvolvida

- OBS: Afeta principalmente os tecidos e os protozoários raramente são detectados no sangue

- OBS: Única tripanossomíase que não é transmitida por vetor invertebrado

-- A transmissão ocorre pela deposição do parasita nas membranas mucosas da genitália


durante o coito

-- Ocorre disseminação hematógena e invasão do tecido cutâneo causando prurido e plascas


edematosas de 2-5cm

-- Surtos dessa doença devem ser notificadas para a Organização Mundial de Saúde Animal
- Aula 02 – Parasitologia Veterinária II – 22/03/2022

 Família Trypanosomatidae – Gênero Leishmania


-- Características

- Amastigotas = fica no HV e é a FI

- Promastigotas = HI

-- Órgãos de eleição: baço, pele, fígado, linfonodos e medula óssea

-- Amastigotas – morfologia:

- Reprodução assexuada

- Formas ovoides e ovaladas

- Cinetoplasto em forma de bastão

- Ausência de flagelo

- 2-6um de comprimento

- 1,5 a 2,5um de largura

- Maior atividade dessa forma está na borda da ferida

-- Promastigota – morfologia

- Corpo alongado

- Extremidade afiladas: anterior + larga

- Cinetoplasto anterior

- Flagelo anterior (30um de comprimento)

- 14-20um de comprimento

- 1,5-4um de largura

-- Ciclo evolutivo de Leishmania

- As amastigotas se reproduzem por fissão binária e rompem as células do HV

- HI se infecta durante o repasto sanguíneo, ingerindo amastigotas

- No intestino do HI as amastigotas são convertidas em promastigotas

- As promastigotas realizam fissão binária/cissiparidade no HI


- Durante o repasto sanguíneo as promastigotas metaciclicas são inoculadas no HV por
regurgitamento

- Repete o ciclo

- OBS: entre Leishmania e Trypanossoma tem reação cruzada pois os antígenos de superfície
são parecidos

-- Epidemiologia

-> Leishmaniose tegumentar americana

- Cutânea: L. braziliensis; L. peruviana; L, guyanensis; L. amazonenses

- Cutânea-mucosa: L. braziliensis

- Cutânea-difusa: L. amazonenses

-> Leishmaniose Visceral Americana – Complexo Donovani

- L. danovani; L. infantum; L. chagasi

-- Reservatório silvestre: raposas e gambás

-- Reservatório doméstico: cães (meio rural)

-- Hospedeiro Invertebrado (Lutzomyia longipalpis): margem de lagos e rios; altos índices


pluviométricos; casas rurais e urbanas; hortas; quintais; sinantropia (capacidade de chegar
perto do homem – ambiente antropizado)

- OBS: Quais os países tem maior quantidade de leishmaniose visceral no mundo: Índia,
Bangladesh, Sudão, Nepal e Brasil; Estados do Nordeste é onde tem a maior concentração de
leishmaniose principalmente o Maranhão
 FILO PARABASALIA
- CLASSE TRICHOMONADEA – ORDEM TRICHOMONADIDA – FAMÍLIA
TRICHOMONADIDAE

-> Gênero Tritrichomonas (T. foetus)

-> Morfologia:

- Corpo filiforme ou fusiforme

- Três flagelos anteriores

- Núcleo bem desenvolvido

- Axóstilo – eixo hialino rígido que dá sustentação ao corpo do parasito (Giardia spp. também
tem)

- 3-15um de largura

- 10-25um de comprimento

- Causa importante de aborto em bovinos

- Um flagelo segue a membrana ondulante até a extremidade posterior, com uma parte livre

- Membrana ondulante do mesmo comprimento

- Movimentos ondulatórios não direcionais

-- Hospedeiros (bovinos): vagina e útero; glande, prepúcio, testículos, epidídimo e vesículas


seminais

-> Ciclo evolutivo:

- Enfermidade venérea: -> exame ginecológico -> monta natural -> inseminação artificial

- Pico de infecção: 14-18 dias

- OBS: Na mucosa vaginal o protozoário realiza a fissão binária – causando vaginite

- Da mucosa vagina o protozoário atinge o útero, após passar pela sexual: causa perturbações
na placenta e as secreções uterinas que retornam à vagina infectam os touros

-> Considerações finais

- Aborto até o 4° mês de gestação - Corrimento branco e inodoro

- Maceração fetal - Anestro

- Doença venérea - Cura espontânea em vacas – após 2-3 ciclos estrais


 Família Dientamoebidae
-> Gênero Histomonas (H. meleagridis)
-> Morfologia:
- Pleomórfico
- Diâmetro 4-30um
- Flagelo único e delgado
- Nos tecidos = aflagelado
- Fases: 1-flagelado (lúmen do ceco), 2-amebóide/transicional (aflagelado), 3-
arredondado (aflagelado no tecido)
- Hospedeiros: peru, faisão, pavão, aves ornamentais em geral
- Doença da cabeça preta do peru
- Lesão hepática

-> Ciclo evolutivo:


- Os galináceos ingerem formas flageladas (trofozoítos) que invadem a parede cecal,
onde se multiplicam -> via hematógena -> fígado
- Os trofozoítos por si só não sobrevive ao PH do TGI das aves e são pouco resistentes
as condições ambientais -> Então ao se alimentar da mucosa do ceco das aves, H.
gallinarum se infecta com o protozoário
- Quando ocorre a postura de ovos de Heterakis no ambiente, esses já possuem no seu
interior os trofozoítos de Histomonas
- As aves ao se alimentarem ingerem ovos com L2 de Heterakis
- A larva eclode e se fixa no intestino, os trofozoítos de Histomonas liberam-se e
penetram na mucosa, onda realizam fissão binária
- Alguns trofozoítos migram para o fígado produzindo lesões

-> Considerações finais:


- Os trofozoítos de Histomonas meleagridis podem permanecer viáveis por até 3 anos,
quando as L2 de Heterakis infectadas são ingeridas por anelídeos
- A mortalidade em perus varia de 50-100%
 FILO FORNICATA
– CLASSE METAMONADEA – ORDEM GIARDIIDA – FAMÍLIA GIARDIIDAE
-> Gênero Giardia
-> Morfologia:
- Duas formas distintas: móvel (trofozoíto flagelado) e imóvel (cisto infectante)
- OBS: cistos são resistentes ao ambiente e são liberados de forma intermitente (fezes
consistentes)
- OBS: animal com diarreia = trofozoíto

-> Morfologia do trofozoíto


- Convexo dorsalmente
- Disco suctorial ventral
- Região anterior arredondada
- Região posterior afilada
- 2 corpos parabasais
- 2 núcleos ovoides
- 2 axóstilos
- Simetria bilateral
- 8 flagelos : 1 par anterior, 1 par mediano, 1 par ventral e 1 par posterior

-- Morfologia do cisto
- 2 a 4 núcleos
- 9-13um X 7-9um

-- Transmissão
- Ingestão de alimento ou água contendo cistos
- Vetores
-> Ciclo biológico
- No ID, o cisto origina 2 trofozoítos -> encistam -> recolhem os flagelos, encurtam o
corpo para formas o ciclo resistente
- Os cistos eliminados via fezes são infectantes e resistem às condições ambientais por
até 2 semanas
- Aula 03 – Parasitologia Veterinária – 29/03/2022

 Família Eimeriidae
-> Internalização dos coccídeos nos enterócitos

-1: Micronemas realizam a oclusão e reconhecimento

-2: Roptrias auxiliam a formação do vacúolo parasitóforo

-3: Grânulos densos remodelam o metabolismo do enterócito

-> Coccidiose aviária

-- Espécies do gênero Eimeria

-- Importância na avicultura industrial – 2 bilhões: corte e reprodutivas

-- Alta morbidade: manejo inadequado nos sistemas de produção e uso incorreto de vacinas

-> Ciclo de vida:

- Monoxênico

- Reprodução assexuada: merogonia

- Reprodução sexuada: gametogonia

- Esporogonia

- Forma infectante = oocisto esporulado (4x2) – ou seja – em um oocisto, tenho 4


esporocistos contendo 2 esporozoítos cada

- Ação mecânica – moela

- Temperatura e enzimas

- OBS: Qual é o número de esporozoítos e esporocistos em um determinado gênero e espécie?

-> Merogonia

-1: na célula (enterócito), os esporozoítos passam a ser trofozoítos e adquirem forma


arredondada chamada de meronte (formato de estrela), contendo vários merozoítos

-2: divisões mitóticas do núcleo e posteriormente do citoplasma formam merozoítos


-> Gametogonia

- 1: Merozoítos da geração final se diferenciam em macrogametas e microgametas

- 2: Os microgametas fertilizam os macrogametas e formam os Oocistos

- OBS: esporulação ocorre no ambiente

- PPP: 84 a 138 horas

-> E. brunetti, E. acervulina e E. máxima = tem patogenicidade moderada e são mais


prevalentes – estão localizadas mais profundamente nas células do hospedeiro e estão ligadas
a forma aguda e hemorrágica da doença

-> E. trenella e E. necatrix = tem alta patogenicidade

-> E. precox e E. mitis = são apatogênicos e estão localizados na superfície da célula do


hospedeiro

- OBS: E. máxima possui oocisto maior que as demais espécies

-> Esporogonia

- Oocistos imaturos liberados no lúmen intestinal e eliminados para o ambiente externo


juntamente com as fezes, sofrem divisão gerando 8 esporozoítos

- Temperatura ideal = 28-30°C + umidade + oxigenação adequadas

 Localização específica para distinção de espécies de Eimeria spp.

- E. trenella: ceco

- E. necatrix: porção média do ID

- E. precox: porção anterior do ID

- E. brunetti: porção final do ID

- E. acervulina: porção anterior do ID

- E. mitis: porção anterior do ID

- E. máxima: porção posterior do ID

 Eimeriose bovina

- Sangue na diarreia

- Curso vermelho

- Intestino delgado e grosso

- Eimeria zuernii e E. bovis


-> Epidemiologia

- Esporulação em 48 a 72 horas

- 8°C a 32°C

- PPP: 13 a 20 dias

- Susceptíveis: bovinos de 3 semanas a 6 meses de idade

- Adultos são reservatórios

- Confinamento e épocas de seca com animais aglomerados em campos baixos

-> Patologia

- Mucosa congesta, edematosa com petéquias ou hemorragia difusa

- São observados pontos esbranquiçados – local de reprodução do coccídeo

- Fragmentos da mucosa soltos sobre a superfície

- Eimeira zuernii = ID e IG

- E. bovis = íleo, ceco e cólon


- Aula 04 – Parasitologia Veterinária II – 05/04/2022

 Cryptosporidium

- É uma coccidiose intestinal oportunista

- Mesma taxonomia da família

- Não há especificidade hospedeira, podendo ocorrer infecções cruzadas

- A esporulação ocorre no hospedeiro

- PPP = 72 horas

- 1 oocisto com 4 esporozoítos (autoinfecção)

- OBS: não entra no citoplasma dos enterócitos

- Merontes e gamontes se desenvolvem em vacúolos parasitóforos, derivados das


microvilosidades não havendo ruptura assim das células

- Atrofia e fusão das vilosidades no íleo = prejudica a nutrição e consequentemente o


crescimento desses animais

-- Ciclo biológico

-- Resistência de oocistos de Cryptosporidium

Condições Exposição Resistência


Congelamento -20°C (10 dias) 90% eficácia
Calor + 30°C 2 semanas
Temperatura 55°C 30 minutos
Águas superficiais + de 6 meses

OBS: Cryptosporidium já é infectante nas fezes, ao contrário de Eimeria spp.

-- Moluscos filtradores (mexilhões e ostras)

- Filtram e concentram oocistos de Cryptosporidium spp. – infecção pelo consumo de ostras e


mexilhões crus

-- Água como principal veículo de oocisto de Cryptosporidium (água mineral)


 Filo Apicomplexa - Família Sarcocystiidae
-> Gênero Sarcocystis, Toxoplasma e Neospora

-> Gênero Sarcocystis

- 130 espécies

- HD = famílias (canídeos, felídeos etc) - predadores

- HI = específicos - presas

-- Morfologia

- Merontes

- Cistos e bradizoítos

- Heteroxênico

- HD = eliminam oocistos -> oocisto esporula no ID do HD -> no HI se formam os cistos


musculares

- Oocistos = 2 esporocistos com 4 esporozoítos cada

- OBS: Equinos -> Sarcocystis neurona – responsável pela Mieloencefalite equina por
protozoário (MEP)

-- Mais patogênicos: S. tenella (S. ovicanis) e S. arieticanis – cistos microscópicos

-- Menos patogênicos: S. gigantea (S. ovifelis) e S. medusiformis – cistos macroscópicos

- OBS: Os ovinos se infectam quando ingerem oocistos ou esporozoítos

-> Ciclo biológico (S. cruzi -> S. bovicanis)

-1: Tecido bovino infectado com cisto de S. cruzi

-2: HD se infecta ingerindo musculo contaminado

-3: Desenvolvimento da fase sexuada no HD – microgametas e macrogametas

-4: Eliminação de oocistos nas fezes do HD

-5: Contaminação de alimentos e águas e posterior ingestão de oocistos pelo HI

-6: HI – fase assexuada do ciclo com desenvolvimento de cistos na musculatura


-- Resumo:

- F.I. = esporocistos (2x4) contendo esporozoítos

- Ingestão dos esporozoítos -> cistos com bradizoítos -> esporocistos invandem ID ->
musculatura e SNC
- Aula 5 – Parasitologia Veterinária II – 12/04/2022

 Toxoplasmose (Toxoplasma gondii)

-> Taxonomia: Filo Apicomplexa – Classe Conoidasida – Ordem Eucoccidiarida – Familia


Sarcocystidae – Genero Toxoplasma – Especie T. gondii

-> Introdução

- Zoonose mais difundida no mundo

- Pouca especificidade parasitária (+ 200 espécies)

- Animais domésticos e silvestres

- Economia e saúde publica

- Transmissão congênita

- Caráter oportunista em pacientes imunocomprometidos

- Várias formas de infecção é diferente de vários estágios diferentes de infecção – dúvida

- Risco: gravidas e HIV+

- Maior infectividade e patogenicidade para os hospedeiros intermediários

- Papel do gato

- Desinformação profissional

-> Morfologia

-- Taquizoítos

- Nas células pode haver 8 a 16 macroorganismos, medindo 6,0 – 8,0um

- São encontrados em vacúolos parasitóforos nos fibroblastos, hepatócitos, células do


miocárdio ou em qualquer célula do organismo

-- Oocistos

- São arredondados ou ligeiramente ovais e medem 13 x 10um

- Oocistos esporulados contém dois esporocistos com 4 esporozoítos

- Esporulação ocorre no ambiente


-- Nos hospedeiros

- Cisto com bradizoítos (forma metabolicamente mais ativa que os taquizoítos)

- Medem até 100um de diâmetro

- São encontrados principalmente no musculo, pulmão e no cérebro e podem contém vários


milhares de bradizoítos em formato de lanceta

- Ver diferença de cistos de Sarcocystis e Toxoplasma

-> Ciclo biológico

- Heteróxeno

- Todas fases são infectantes a todos os hospedeiros

- Esporula entre 24 e 48 horas dependendo da umidade e temperatura adequadas

-- F.I. para o feto -> transmissão vertical via corrente sanguínea da mãe para o feto por
taquizoítos

-- F.I. para o humano:

- Oocisto esporulado em vegetais e água contendo esporozoítos;

- Cistos teciduais em carnes cruas ou mal passadas contendo bradizoítos

- Doação de sangue contendo taquizoítos

- Transplante de órgãos traz uma imunossupressão para o paciente ativando bradizoítos


teciduais

- Colocar ciclo!

-> Invasão da célula hospedeira

- Reconhecimento, adesão e invasão celular através do complexo apical – instala-se na célula e


forma um vacúolo parasitóforo – e é um processo de invasão muito rápido, que dura de 5 a 10
segundos

- Gametogonia: no intestino delgado de felídeos

- Merogonia: no intestino delgado de felídeos e vários tecidos do hospedeiro intermediário

-- Hospedeiro definitivo: fase assexuada e sexuada

- Taquizoítos -> Bradizoítos -> Merozoítos -> Gametófitos -> Oocistos imaturos

-- Hospedeiro intermediário

- Taquizoítos -> Bradizoítos -> Merozoítos


- OBS: H.D. só elimina os oocistos na 1ª infecção – “primo infectados” – 15 dias de
eliminando e depois os bradizoitos ficam encistados nos tecidos e so voltam a eliminar
oocistos num caso de imunossupressão severa

- OBS: embora os elevados índices de infecção entre a população humana e as diversas


espécies animais, a causuistica é bastante reduzida – 25% a 60% da população mundial é
soropositiva e isso depende de hábitos, idade e profissão

 Importância em Medicina Humana

- Infecção congênita (abortos e sequelas)

- Imunocomprometidos (neuropatias)

- Imunocompetentes (lesões oculares – raras)

-- OBS: Preconizado que o exame de sorologia dê positivo pois isso quer dizer que a gestante
já teve contato com o microrganismo e não passa taquizoítos para o feto

 Importância em Medicina Veterinária

- Perdas (abortos e mortalidade neonatal)

- Maioria assintomática ( risco de consumo de carne e provável infecção humana)

- Hospedeiros silvestres

- Gatos – hospedeiros definitivos

-- Transmissão para humanos

- Transplacentária

- Ingestão

- Cutâneo

- Transfusões e transplantes

- Vetores mecânicos (oocistos)

- Fácil transmissão e disseminação

- Ingestão: água, saladas cruas, frutas, contaminação da mão na terra (jardinagem),


hospedeiros transporte (rações, pastos e grãos)

- Leite de cabra in natura ou qualquer laticínio relacionado


-- Frequência de cistos teciduais na carne

- Alto: suínos, caninos e caprinos

- Médio: galinhas caipiras, coelhos e cães

- Relativo: frangos aviários e cavalos

- Baixo: bubalinos e bovinos

- OBS: Suínos são a maior fonte de infecção humana. Por terem um habito onívoro e por isso
tem alto percentual de cistos viáveis. Soma-se a isso a cultura de consumo de carne crua em
embutidos artesanalmente

- OBS: ricos de ingestão de peixes e/ou moluscos crus

 Saúde pública

-> Pode estar causando aborto, e risco de zoonose na região

-> Dois maiores surtos de toxoplasmose aconteceram no Brasil - Região Sul

-> Resistência do parasito: cisto, taquizoíto, oocisto esporulado pode durar até 2 anos

- Pode ser fatal entre temperatura maior que 67°C ou menor que 13°C

-> Gato passa toxoplasmose para grávidas? O que fazer?

- Fazer o teste sorológico pra ver se ela já teve contato com o toxoplasma (se deu positivo -
tá ok - tem anticorpos); (se deu negativo - perigoso ter gato, porém, faz o teste sorológico no
gato pra ver se dá positivo ou negativo - se deu positivo tá ok; se deu negativo aí é perigoso)
- fazer a separação das fezes diariamente e jogá-las

-> Zoonose mais difundida do mundo - toxoplasmose

-> Risco real x mitos

- Reduzido período de eliminação de oocistos

- Oocistos precisam de no mínimo 24 horas no ambiente para se tornarem infectante

- Gatos não ficam diarreicos e são higiênicos

- Mordidas e arranhões não são formas de transmissão

-> A maioria de infectados é assintomática - menos de 1% desenvolve sintomas


-> Humanos imunocompetentes - infectados por toxoplasmose apresentam linfadenopatias
e coriorretinite

-> Humanos imunossuprimidos - encefalite e morte - severa encefalite em 40% dos pacientes
com AIDS - metade deles morrem por isso

-> Primo-infecção em gestantes - Infecção pré-natal congênita (mulheres e ovelhas)

-- Entre as que nascem com sinais clínicos, os mais frequentes são:

- Problemas de visão 63%;

- Retardo mental severo 33%;

- Retardo mental leve 23%;

- Estrabismo 20%;

- Problemas de audição 10%.

-> Fase gestacional - infecção dos fetos:

1 - Terço inicial - Grave/aborto 15%

2 - Terço médio - Graves ou natimortos ou tétrade Sablin 25-55%

3- Terço final - Subclínico - Leve déficit intelectual ou coriorretinite bilateral 65%

-> Dano fetal é inversamente proporcional a infeção da fase gestacional!

-> Tétrade de sablin: micro ou macrocefalia, coriorretinite, calcificações cerebrais e


retardo mental

-> Controle: evitar a infecção humana com cistos e taquizoítos:

- Não ingerir carnes/embutidos crus ou mal cozidos

- Congelar as carnes antes do consumo

- Lavar bem as mãos após manusear carnes cruas

- Não provar tempero de carne crua

- Rigorosa higiene dos utensílios de cozinha

- Limpeza diária da caixa de areia do gato (fezes do gato -> vaso sanitário -> esgoto)

- Higiene de frutas e legumes e combate a vetores mecânicos

- Proteção de áreas de recreação infantil e cuidados a lidar com a terra


-> Evitar a infecção humana com taquizoítos:

- Controle rigoroso dos doadores de sangue

- Não ingerir leite não pasteurizado ou fervida (fêmeas de ovelha podem transmitir taquizoítos
pelo leite)

-> Evitar a infecção do gato e a disseminação da infecção:

- Mantê-lo bem alimentado

- Habituá-lo a comer exclusivamente ração

- Só comer carnes bem cozidas

- Posse responsável

- Evitar sua presença em depósitos de ração e grãos

- Evitar seu acesso a playgrounds


- Aula 6 – Parasitologia Veterinária II – 19/04/2022

 Neospora Caninum
-> Taxonomia: Filo Apicomplexa - Classe Conoidasida -> Ordem Euccocidiorida -> Fam
Sarcocystidae - Subfam Toxoplasmatinae - Gênero Neospora – Espécies: N. caninum e N.
hughesi

 Neospora Caninum - introdução

- 1984 na Noruega

- 1995 – estudo sequenciais de genes de RNA ribossomal revelam que é o mesmo agente,
isolado de cães e bovinos

- 1998 – conhecido o papel de hospedeiro definitivo do cão

- No Brasil: 1996 em bovinos e em 1999 em fetos abortados

-> Parasito emergente:

- Presente à muito tempo

- Causando perdas econômicas

- Problema na reprodução bovina

- Desafio para os cientistas

- Posição taxonômica -> relevância -> meios efetivos de controle

-> Morfologia

-- Taquizoítos

- Intracelular – macrófagos, leucócitos, neurônios, miócitos, hepatócitos e trofoblastos

- 2 a 7 x 1 a 5 um

- Formato de lua crescente ou mais globosos

- Muito similar a T. gondii

-- Cisto

- Forma de resistência no organismo (HI)

- Redondos ou ovais, membrana lisa de 1-4um

- Ausência de septos

- Medem até 107um, com centenas de bradizoítos


-- Bradizoítos

- Delgados (6 x 1,5um)

- Núcleo terminal ou subterminal

- Resistente a soluções pépticas e acidas

-- Oocistos

- 10-11 um de diâmetro

- 2 esporocistos com 4 esporozoítos

- Muito semelhante aos oocistos de T.gondii

-- Ciclo biológico

-> Hospedeiro definitivo: Coite, Dingo australiano, raposas, soros e o lobo guará (sem
confirmação

-> Hospedeiro intermediário: Bovinos (aborto) e cães (encefalite)

- OBS: N. rughesi tem ciclo parecido com o de N. caninum

-> Hospedeiro intermediário silvestre: veado catingueiro/campeiro, capivara e gambás


-> Transmissão

- Transmissão vertical = transmissão transplacentária

- Transmissão horizontal = ingestão de oocistos na água contaminada ou ingestão de animais


com cistos teciduais contendo bradizoítos

-> Diferenças para Toxoplasma gondii

- Infecção fetal X fase de gestação igual, porém, sem tétrade de Sablin

- A vaca pode se infectar antes da gestação e transmitir ao feto

- Uma vez infectada pode transmitir em gestações subsequentes

- Cães podem eliminar oocistos várias vezes

- Cães e bovinos podem se infectar múltiplas vezes – imunidade menos protetora e menos
duradoura

- Parede cística mais espessa

-> Para reduzir transmissão horizontal

- Evitar o acesso de cães a alimentos e água dos bovinos

- Manter silos e depósitos de ração fechados

- Remover restos de placenta, fetos e bezerros mortos

- Remover/queimar carcaças

- Cuidados com os restos de abate doméstico

- Alimentar cães com ração ou carne cozida

- Controlar população de cães errantes

- Não fazer piquete maternidade – se possível

- Descarte de vacas sorologicamente positivas – transmissão vertical

- Introduzir animais soronegativos no rebanho

- Vacina – NeoGuard
 Filo Apicomplexa – Classe Aconoidasida – Ordem Piroplasmida –
Família Babesidade e Família Thelleridae – Gênero Babesia
-> Babesia
- Hemaprotozoário intracelular que causa hemólise
- Tem distribuição mundial
- Perdas econômicas: mortalidade, queda da produção e fertilidade e de tratamento
expensivo
- Caracterizado por apresentar quadros de anemia
- Cerca de 100 espécies
- 1983 – 1º humano brasileiro diagnosticado com babesiose – B. microti
- OBS: zebuíno é adaptado ao carrapato, não resistente – evolução

-> Espécies do gênero Babesia


- B. bigemina
- B. bovis -> mais patogênica – morfologicamente mais pequena que os demais
- B. cabelli
- B. canis
- B. microti

-> Espécie do gênero Theileria


- T. equi -> morfologicamente mais pequena que a maioria do gênero Babesia

-> Trio da tristeza parasitária bovina:


- B. bigemina, B. bovis e Anaplasma

-- OBS: Babesiose cerebral provocado por B. bovis é uma lesão patognomônica para
essa espécie de Babesia - O que acontece é que a hemácia perde a capacidade de
derformabilidade e assim congestiona os capilares -> levando a uma hipóxia tecidual
que dá o aspecto de cereja no cérebro – B. bovis
-> Formas evolutivas
- Merozoítos e esporozoítos

-- Trofozoítos:
- No hospedeiro vertebrado fica intracelular e tem membrana única-> faz a pinocitose
das hemoglobinas que é de onde ele tira sua fonte de energia -> a membrana única
facilita a entrada da hemoglobina no citosol do protozoário

-- Vermículos:
- Nos carrapatos (H.I) fica na parte extracelular (merogonia)

-- Corpos estrelados:
- Nos carrapatos (H.I) fica intracelular -> formação de micro e macrogametas
(gametogonia)

-- Forma infectante:
- Para o hospedeiro vertebrado é o esporozoíto -> daí ele vira trofozoíto que é a forma
metabolicamente ativa dentro da célula e faz fissão binária e muda para merozoíto ->
assim que muda para merozoíto, o mesmo sai da hemácia e infecta novas hemácias e é
também a forma infectante dos carrapatos
- Larvas no meio ambiente são infectantes depois de 7 dias
-- Carrapatos ingerem merozoítos -> esses, penetram nas células intestinais formando
os corpos estrelados onde serão formados os micro e macrogametas (gametogonia) ou
podem não penetrar as células intestinais, seguindo assim a via de merogonia -> após
isso, formam-se oocinetos e posteriormente formam-se os vermículos -> então, esse
vermículos evoluem para trofozoítos na glândula salivar do carrapato no momento da
ingurgitação e faz a inoculação no hospedeiro vertebrado
- A infecção do carrapato se dá através das teleóginas (carrapatos fêmeas de barriga
cheia) nas últimas horas de parasitismo
-- Transmissão nos carrapatos:
- Transovariana (monóxeno) -> merozoítos infectam todos os tecidos das fêmeas,
inclusive a porção reprodutiva da mesma
- Transestadial (trioxeno) -> larvas não infectadas sobem para fazer ingurgitação (se
infectam), descem para fazer a muda para ninfa e o protozoário acompanha a muda –
e assim funciona para qualquer muda do carrapato

-- Carrapatos transmissores
- Bovinos: B. bovis e B. bigemina -> Rhipicephalus sanguineus
- Equinos: T. equi e B. caballi -> Amblyoma spp. e Rhipicephalus sp.
- Cães: B. canis -> Amblyoma spp. e Rhipicephalus sp.
- B. bigemina -> ninfas e adultos
- Larvas -> inoculam B. bovis

-- Epidemiologia
- Agente/Hopedeiro/Vetor -> Ambiente
- Áreas livres – áreas de instabilidade enzoótica – áreas endêmicas

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