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ENFERMAGEM UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

@samara.allm

mais estreita e uma parte posterior mais


alargada.

DOENÇA DE CHAGAS Tamanho: O tamanho do Trypanosoma cruzi


Tripanossomíase Americana pode variar, mas geralmente varia de 12 a 30
micrômetros de comprimento.
A Doença de Chagas, também conhecida
Flagelo: O protozoário possui um flagelo único
como Tripanossomíase Americana, é uma
que se estende da extremidade anterior do
doença parasitária causada pelo protozoário
organismo. O flagelo é uma estrutura fina e
Trypanosoma cruzi. Ela é transmitida
alongada essencial para a locomoção do
principalmente por vetores conhecidos como
parasita.
triatomíneos, mas também pode ser
transmitida de outras formas, como por
transfusão de sangue contaminado,
transmissão de mãe para filho durante a
gravidez, ou por meio de alimentos e bebidas
contaminados. A doença de Chagas é
transmitida principalmente por insetos da
família Reduviidae, que picam o hospedeiro e
introduzem o protozoário em seu sangue.

Trypanosoma cruzi Cinética: O Trypanosoma cruzi é altamente


REINO Protista móvel devido ao flagelo. Ele se move
FILO Sarcomastigophora
rapidamente no sangue e nos tecidos do
Subfilo Mastigophora
CLASSE Zoomastigophorea hospedeiro.
ORDEM Kinetoplastida
Núcleo: O protozoário possui um único núcleo.
FAMÍLIA Trypanosomatidae
GÊNERO Trypanosoma Cinetoplasto: Uma característica importante
ESPÉCIE Trypanosoma cruzi
do Trypanosoma cruzi é a presença de um
cinetoplasto, uma organela especializada que
Forma: O Trypanosoma cruzi tem uma forma
contém o DNA do parasita. O cinetoplasto é
alongada e fusiforme, que é típica dos
encontrado na região posterior do protozoário
tripanossomatídeos, uma família de
e é visível ao específico.
protozoários a quem pertence. Sua forma
lembra um cometa com uma parte anterior Membrana ondulante: O Trypanosoma cruzi
possui uma membrana ondulante, uma

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característica marcante que consiste em uma picada. No hospedeiro humano, os


série de dobras membranosas na região tripomastigotas invadem as células
anterior do parasita. Essas dobras conferem à hospedeiras e se transformam em
membrana uma aparência ondulante sob o amastigotas. As amastigotas se multiplicam e
específico. se reproduzem dentro das células
hospedeiras, causando danos aos tecidos e
órgãos.

Forma tripomastigotas sanguínea: Após a


multiplicação intracelular, as amastigotas se
transformam em tripomastigotas sanguíneas
e são liberadas no sangue, onde podem
infectar outras células ou serem ingeridas por
triatomíneos quando o inseto pica o
hospedeiro.
CICLO BIOLÓGICO

Heteroxênico

O ciclo biológico do Trypanosoma cruzi, o


protozoário causador da doença de Chagas, é
heteroxênico, o que significa que ele envolve
dois hospedeiros diferentes: um hospedeiro
vertebrado (geralmente humano) e um
hospedeiro invertebrado, que é um vetor
inserido da família Reduviidae, geralmente O ciclo dentro do hospedeiro vertebrado é
conhecido como triatomíneo. O ciclo biológico responsável pela transmissão de parasita no
do Trypanosoma cruzi envolve várias formas corpo, levando à infecção de vários tecidos e
de parasita, incluindo epimastigotas, órgãos. A forma tripomastigota sanguínea
amastigotas e tripomastigotas. também é a forma que pode ser transmitida

No hospedeiro vertebrado (hospedeiro para o triatomíneo quando o inseto se

humano): alimenta do hospedeiro humano. O


Trypanosoma cruzi é capaz de causar danos
Forma amastigota: O ciclo começa quando o
aos órgãos, especialmente ao coração e ao
triatomíneo infectado pica um hospedeiro
sistema digestivo, na medida em que a
humano e deposita tripomastigotas no local da
infecção progride.
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hospedeiro humano, as tripomastigotas


metacíclicas se transformam em
epimastigotas, que se multiplicam na corrente
sanguínea e nas células hospedeiras.

TRANSMISSÃO

Picada do vetor inserido: Os triatomíneos são


hematófagos, o que significa que se
alimentam de sangue. Quando um triatomíneo
infectado com o Trypanosoma cruzi pica um
ser humano ou outro animal, ele pode
depositar as formas infecciosas do parasita,
chamadas tripomastigotas, no local da picada.

No hospedeiro invertebrado (triatomíneo): Penetração no organismo: As tripomastigotas


entram no corpo do hospedeiro por meio do
Forma tripomastigota metacíclica: No interior
local da picada e, em seguida, são
do triatomíneo, as tripomastigotas sanguíneas
transportadas pelo sangue para diferentes
ingeridas passam por uma transformação e se
partes do corpo.
tornam tripomastigotas metacíclicas, que são
uma forma infectante para o ser humano. Infecção em células e tecidos: Dentro do
Essas tripomastigotas metacíclicas estão corpo do hospedeiro, o Trypanosoma cruzi
presentes nas fezes do triatomíneo. pode infectar várias células e tecidos. Ele se
multiplica e pode causar danos aos órgãos,
como o coração, o sistema digestivo e o
Reinfecção do hospedeiro vertebrado sistema nervoso.
(hospedeiro humano):
Transmissão Vetorial
Forma epimastigota: Quando o triatomíneo
Fezes contaminadas com T. cruzi. Ato de
pica novamente o hospedeiro humano, ele
coçar facilita a penetração do tripanossomo
defeca e deposita fezes contaminadas
pelo local da picada. Penetração por feridas,
contendo como tripomastigotas metacíclicas.
cortes na pele ou mucosas (olhos, nariz e
As tripomastigotas metacíclicas podem entrar
boca). O contato com fezes de triatomíneos*
no corpo humano por meio de lesões na pele,
infectados após o repasto/alimentação
membranas mucosas ou pela ingestão de
sanguínea. A ingestão de sangue no momento
alimentos ou água contaminados. Dentro do

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do repasto sanguíneo estimula a defecação e, Transmissão oral – de 3 a 22 dias.


dessa forma, o contato com as fezes.
Transmissão acidental – até,
Transmissão Oral aproximadamente, 20 dias.

ingestão de alimentos contaminados com Transmissão vertical – tempo indeterminado,


parasitos provenientes de triatomíneos a transmissão pode ocorrer em qualquer
infectados ou suas excretas. Bebidas período da gestação ou durante o parto.
contaminadas; Triatomíneos infectados são
Triatomíneos - são insetos popularmente
triturados ou misturados no preparo de
conhecidos como barbeiro, chupão, procotó
alimentos; Carne mal cozida; Sangue de
ou bicudo. O seu ciclo de vida é composto
mamíferos; Leite materno.
pelos estágios de ovo, ninfa (cinco estádios
Transmissão por transfusão sanguínea ninfais) e adulto. Tanto as ninfas como os
adultos, de ambos os sexos, alimentam-se de
A transfusão de sangue contaminado com
sangue e, portanto, se infectados, podem
Trypanosoma cruzi pode resultar em infecção.
transmitir o T. cruzi.
Transmissão Congênita
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Uma mãe infectada pode transmitir o parasita
Fase Aguda:
ao feto durante a gravidez. Ninhos de
amastigotas de T. cruzi na placenta

Transmissão por transplante de órgãos

Se um órgão de um doador infectado for


transplantado para um receptor, a infecção
pode ser transmitida.

O período de incubação da doença de Sintomas inespecíficos: A fase aguda da


Chagas, ou seja, o tempo que os sintomas doença de Chagas pode se apresentar com
começam a aparecer a partir da infecção, é sintomas semelhantes aos da gripe, como
dividido da seguinte forma: febre, mal-estar, dor de cabeça, fadiga, dor
muscular e surto dos gânglios linfáticos.
Transmissão vetorial – de 4 a 15 dias.
Transmissão transfusional/transplante – de 30 Chagoma de Inoculação: Algumas pessoas
a 40 dias ou mais. podem desenvolver uma lesão
especificamente no local da picada do inseto
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vetor, chamada de "chagoma". Essa lesão é


uma resposta à infecção localizada.

Fase crônica

Sintomas graves: Em alguns casos, a fase


aguda pode ser grave, com sintomas como
miocardite (inflamação do músculo cardíaco)
e meningoencefalite (inflamação do cérebro e
das meninges). Isso pode levar a
complicações ambientais fatais.
Cardiopatia Chagásica: A manifestação
clínica mais comum e grave da fase crônica
da doença de Chagas é a cardiopatia
chagásica. Ela pode se manifestar como
arritmias cardíacas, insuficiências cardíacas
congestivas, aneurismas ventriculares e
outras anormalidades cardíacas. A
cardiopatia chagásica pode levar a sérias
complicações e pode ser fatal.

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levar a manifestações indiretas, como lesões


de pele e nódulos subcutâneos.

Outras Manifestações: A doença de Chagas


crônica pode afetar outros órgãos e sistemas,
incluindo o sistema nervoso, o trato urinário e
os músculos.
Comprometimento Digestivo: Algumas
pessoas com doença de Chagas crônica
podem desenvolver problemas no sistema
digestivo, como megaesôfago (dilatação
anormal do esôfago) e megacólon (dilatação
anormal do cólon). Isso pode causar
dificuldades na deglutição e no trânsito
intestinal.

DIAFNÓSTICO

O diagnóstico da doença de Chagas pode


envolver uma abordagem combinada que
inclui diagnóstico clínico, considerando dados
epidemiológicos, sinais e sintomas,
diagnóstico diferencial, avaliação do
envolvimento cardíaco e dos órgãos
digestivos, bem como diagnóstico laboratorial,
que pode variar dependendo da fase da
doença.

Manifestações Cutâneas: Em algumas


pessoas, a doença de Chagas crônica pode
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Diagnóstico Clínico Fase Aguda

O diagnóstico clínico leva em consideração os Na fase aguda da doença de Chagas, é


dados epidemiológicos do paciente, como comum haver uma alta parasitemia, ou seja,
histórico de exposição a triatomíneos, sinais e uma grande quantidade de parasitas
sintomas da doença, como febre, mal-estar, circulando no sangue. Exames diretos, como
surto dos gânglios linfáticos e, em alguns gota espessa ou esfregaço sanguíneo, podem
casos, lesões detectadas, especialmente na ser usados para observar diretamente a
fase aguda. O médico também avaliará se os parasita no sangue do paciente.
sintomas do paciente podem ser explicados
por outras condições médicas, realizando um
diagnóstico diferencial para descartar outras
doenças que possam apresentar sintomas
semelhantes. A avaliação clínica também
pode incluir exames cardíacos e
gastrointestinais para verificar o envolvimento
desses órgãos, que é comum na doença de
Chagas crônica.
Fase Crônica

Na fase crônica da doença de Chagas, a


parasitemia (presença de parasita no sangue)
geralmente é baixa, tornando mais difícil a
detecção direta do Trypanosoma cruzi.
Portanto, os exames laboratoriais tendem a se

Diagnóstico Laboratorial concentrar na detecção de anticorpos


específicos contra o parasita.
O diagnóstico laboratorial é essencial para
confirmar a presença do parasita Exames indiretos, como sorologia para

Trypanosoma cruzi. Os exames laboratoriais detecção de IgG anti-T. cruzi, ELISA,

podem variar de acordo com a fase da hemaglutinação indireta (HAI) e

doença. imunofluorescência (IFI), são usados para


identificar a resposta imunológica do
organismo à infecção. A presença de
anticorpos específicos é um sinal de infecção
passada.

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Exames diretos, como hemocultura e ocorrência da transmissão da doença no


xenodiagnóstico, são usados em casos passado;
especiais, mas são menos sensíveis na fase • Ter realizado transfusão de sangue ou
crônica devido à baixa parasitemia. hemocomponentes antes de 1992;
• Ter familiares ou pessoas do convívio
habitual ou rede social que tenham
diagnóstico de doença de Chagas, em
especial mãe e irmão (s).

TRATAMENTO

A fase crônica, a suspeita diagnóstica também O tratamento com antiparasitários é mais

é baseada nos achados clínicos e na história eficaz quando iniciado na fase aguda da

epidemiológica, porém como parte dos casos doença. O medicamento mais comumente

não apresenta sintomas, devem ser usado é o Benznidazol (BNZ). A dosagem

considerados os seguintes contextos de risco recomendada é de 5 a 6 mg por quilograma

e vulnerabilidade: de peso corporal, administrada diariamente


por 30 a 60 dias. O tratamento na fase aguda
• Ter residido, ou residir, em área com relato
pode reduzir a parasitemia e prevenir
de presença de vetor transmissor (barbeiro)
potencialmente a progressão para a fase
da doença de Chagas ou ainda com
crônica.
reservatórios animais (silvestres ou
domésticos) com registro de infecção por T. Na fase crônica, o tratamento com

cruzi; antiparasitários, como o Benznidazol, pode

• Ter residido ou residir em habitação onde ser menos eficaz. No entanto, em alguns

possa ter ocorrido o convívio com vetor casos, o tratamento ainda pode ser

transmissor (principalmente casas de considerado, especialmente em pacientes

estuque, taipa, sapê, pau-a-pique, madeira, com envolvimento cardíaco evidente. O

entre outros modos de construção que tratamento na fase crônica é geralmente mais

permitam a colonização por triatomíneos); sintomático, alivia os sintomas e complicações


associadas à doença.
• Residir ou ser procedente de área com
registro de transmissão ativa de T. cruzi ou Medidas de suporte, como o uso de
com histórico epidemiológico sugestivo da antiarrítmicos (como a amiodarona e a
propafenona) para tratar arritmias cardíacas,

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o uso de digitálicos em dose baixa em


pacientes com insuficiência cardíaca,
anticoagulantes para prevenir coágulos
sanguíneos, marcas artificiais para pacientes
com bloqueios cardíacos, desfibriladores
implantáveis para tratar arritmias graves, e
cirurgia para reparar aneurismas cardíacos ou
até mesmo transplante cardíaco, podem ser
necessários para tratar complicações
cardíacas na doença de Chagas.

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