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FARMACOTERAPIA

Unidade II
5 PROFILAXIA E TRATAMENTO DE DOENÇAS TROPICAIS

5.1 Doenças tropicais negligenciadas

Atribui-se a expressão doenças tropicais negligenciadas a um grupo de doenças com prevalência em


regiões nas quais as condições climáticas, geográficas (regiões tropicais e subtropicais) e socioeconômicas
favorecem o aparecimento, a incidência e a prevalência dessas doenças. Em geral, afetam regiões mais
empobrecidas e com problemas de saneamento básico, sem acesso (ou com dificuldade de acesso) a
água potável, habitações inadequadas, dificuldades de acesso aos serviços de saúde e problemas em
termos de educação sanitária. São consideradas negligenciadas não apenas pela maior ocorrência
em países menos desenvolvidos, mas também pelo baixo interesse das empresas farmacêuticas no
desenvolvimento de terapias eficazes e de baixo custo.

Por se tratar de um problema de saúde pública importante, a OMS enfatiza continuamente


a importância da implementação de ações e programas para o combate, o tratamento adequado e
acessível, e a prevenção dessas doenças (SOUZA, 2010 apud ROSÁRIO, 2017).

É sabido que tais doenças podem causar impactos sociais importantes na produtividade e qualidade
de vida, mas causam impacto também nos sistemas de saúde.

Dessa maneira, a prevenção de tais doenças não se resume ao uso profilático de medicamentos, mas
exige mudanças profundas nas condições socioeconômicas dessas populações, a fim de promover um
ambiente saudável e seguro que seja desfavorável para a manutenção e a disseminação dessas doenças.

O Primeiro relatório da OMS sobre doenças tropicais negligenciadas recomenda cinco estratégias de
saúde pública para a prevenção e o controle das doenças tropicais negligenciadas. São elas, conforme o
citado relatório (OMS, 2012):

• medicação preventiva;
• intensificação da gestão de casos;
• controle de vetores;
• fornecimento de água limpa, saneamento e higiene;
• saúde pública animal.

Em geral, o controle das doenças costuma ser o foco do problema. Mas é possível concluir que
trabalhar conjuntamente esses cinco pontos pode oferecer melhores resultados.
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A classificação da OMS contempla, atualmente, 20 doenças tropicais negligenciadas. São prevalentes


no Brasil: ancilostomíase, dengue, doença de Chagas, equinococose (hidatidose), esquistossomose,
fasciolose, filariose linfática, hidrofobia (raiva), leishmaniose, hanseníase, oncocercose, teníase,
cisticercose, tracoma. Neste tópico abordaremos essas doenças, com destaque às parasitárias.

Em 2021, a OMS lançou um plano de dez anos, com o objetivo de acelerar as ações voltadas ao
combate dessas doenças. O plano propõe acabar com o sofrimento causado por doenças tropicais
negligenciadas, doenças que afetam cerca de 1 bilhão de pessoas no mundo (OPAS, 2021).

Saiba mais
Conheça mais detalhes sobre o plano da OMS para acelerar o combate
às doenças tropicais negligenciadas:
ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE (OPAS). OMS lança plano
de 10 anos para acabar com sofrimento causado por doenças tropicais
negligenciadas. Opas, Brasília, 29 jan. 2021.
Disponível em: https://cutt.ly/aUK3B2j. Acesso em: 4 jan. 2022.

5.1.1 Doenças parasitárias e seus antiparasitários

Os helmintos são organismos multicelulares com tecidos e órgãos complexos. Entre os helmintos
parasitas dos seres humanos estão:

• platelmintos: Schistosoma mansoni, Fasciola hepatica e Echinococcus granulosus, Taenia saginata


e Taenia solium;
• nematelmintos: Strongyloides stercoralis, Necator americanus, Ancylostoma duodenale, Ascaris
lumbricoides, Toxocara canis, Enterobius vermicularis, Wuchereria bancrofti, Onchocerca volvulus,
Trichuris trichiura.

Começaremos o tema tratando das infecções parasitárias causadas por platelmintos.

Observação
Cabe destacar que serão apresentados os principais esquemas
farmacoterapêuticos.

Esquistossomose

Tem como agente o Schistosoma mansoni, vermes dioicos, delgados e longos (machos: 1 cm de
comprimento; fêmeas: 1,2-1,6 cm de comprimento). Seu hospedeiro intermediário é o caramujo e o
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definitivo os seres humanos. Sua forma infectante são as cercárias. Em humanos, habitam as vênulas da
parede do reto, do sigmoide e outros segmentos do intestino grosso.

Podemos observar dermatite como manifestação clínica na fase aguda. Já na fase crônica, quadro
intestinal (cólica, perda de sangue, diarreia), comprometimento hepático, intestinal e baço aumentado.

O tratamento farmacológico se baseia no uso de praziquantel. Esse fármaco apresenta amplo


espectro, alta eficácia, baixa toxicidade e fácil administração. A ação do praziquantel altera a homeostasia
do cálcio nas células do helminto, interferindo na função da musculatura e provocando paralisia dos
vermes. Como efeitos adversos, que são raros e transitórios, observam-se náuseas, dor epigástrica,
diarreia (eventualmente com sangue), urticária, cefaleia, tonturas e sonolência. Cabe destacar que, em
pacientes gestantes, a administração do medicamento deve ser iniciada apenas depois do parto, por
questões de segurança. O esquema consiste na administração da substância por VO, dose única de
50 mg/kg (adultos) e 60 mg/kg (crianças).

Fasciolose

Tem como agente a Fasciola hepatica, vermes hermafroditas, tem de 2 a 4 cm de comprimento por
de 1 a 2 cm de largura e aspecto de folha. Seu hospedeiro intermediário é o caramujo e o definitivo os
vertebrados. Sua forma infectante são as cercárias.

No ser humano, habitam os dutos biliares intra-hepáticos. Temos como manifestações clínicas,
na fase aguda (que pode ser assintomática por 3 a 4 meses), hepatomegalia, febre e eosinofilia. Na
fase crônica são observadas dor abdominal localizada, poucas evacuações ou constipação, anorexia
e dispepsia.

O tratamento pode ser baseado no uso de praziquantel 75 mg/kg por VO, 1 vez ao dia, por 7 dias.

Teníase

Tem como agentes a Taenia solium e a Taenia saginata, cujos hospedeiros intermediários são o
porco e o boi, respectivamente. São vermes grandes, em forma de fita, que habitam o intestino humano,
considerado o hospedeiro definitivo. Para se ter uma ideia, a Taenia solium pode medir 1,5-4 m, e a
Taenia saginata 4-12 m. A contaminação se dá por ingestão de carne contaminada malcozida e de fonte
não confiável. Essa parasitose normalmente é assintomática por determinado período.

As principais manifestações clínicas dependem de qual o responsável pelo parasitismo. A infecção


por Taenia solium é menos evidente, uma vez que os parasitas são menores, as proglotes menos
ativas, e que são eliminadas no meio das fezes. Entretanto o quadro clínico é semelhante ao gerado
pela Taenia saginata. No quadro gerado pela Taenia saginata observam-se alterações da motilidade
e da secreção digestiva. Em 1/3 dos casos há ocorrências de náuseas, astenia e perda de peso.
Eventualmente são observadas manifestações como vertigens, constipação ou diarreia e prurido anal.

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No ser humano, pode ocorrer a cisticercose. A cisticercose é causada pela ingestão de ovos de
Taenia solium. No organismo pode haver a liberação da larva que, ao alcançar a corrente sanguínea,
chega a diversos territórios, como músculos, coração, olhos, tecido subcutâneo, medula espinhal
e cérebro. Os sinais e sintomas estão diretamente relacionados com o local acometido. Por exemplo, no
cérebro podem-se observar sintomas graves como convulsões, hipertensão intracraniana, hidrocefalia,
estado mental alterado ou meningite.

O tratamento farmacológico da teníase considera o emprego de mebendazol 200 mg, VO, 2 vezes
ao dia por 3 dias; praziquantel, VO, dose única, 5-10 mg/kg; ou albendazol, VO, 400 mg/dia por 3 dias.

O fármaco de escolha é a niclosamida, considerado um medicamento seguro, não absorvível pelo


intestino e que praticamente não apresenta efeitos adversos. Quando os efeitos se manifestam, são
náuseas, indisposição e dor abdominal. A niclosamida apresenta ação tenicida. Cabe destacar que os
comprimidos devem ser mastigados e deglutidos com água, e o paciente deverá ser mantido em jejum
no dia do tratamento. O esquema terapêutico depende da sua faixa etária.

Equinococose — doença hidática

Causada pelas formas larvais dos vermes Echinococcus granulosus. A contaminação se dá pela
ingestão de seus ovos. O ser humano é considerado um hospedeiro acidental no ciclo desse parasita; os
hospedeiros definitivos são os cães e os intermediários os bovinos. As manifestações clínicas dependem
do tamanho do cisto e do grau de infiltração hepática, pulmonar ou de outros órgãos. Cirurgia, quando
aplicável, é o tratamento de escolha. No tratamento farmacológico, emprega-se albendazol num
esquema de 4 etapas de 30 dias com doses de 10-15 mg/kg/dia em 3 tomadas com intervalos de 15 dias.
Apresenta atividade larvicida, ovicida e vermicida.

Passaremos agora para as parasitoses causadas por nematelmintos.

Ascaridíase

Causada pelo Ascaris lumbricoides, essa é a infecção helmíntica mais prevalente no mundo.
A contaminação se dá pela ingestão de vegetais e água contaminados com ovos maduros. No ser
humano, o verme adulto vive no intestino delgado, podendo migrar para o duto biliar, a vesícula biliar e
o duto pancreático. As manifestações clínicas mais comuns são dor abdominal, perda de apetite, náusea,
vômito e distensão abdominal.

O tratamento farmacológico tem como fármaco de escolha o pamoato de pirantel, um anti‑helmíntico


de amplo espectro. Este é um bloqueador neuromuscular que inibe a colinesterase, causa paralisia e
contratura lenta dos vermes. O esquema farmacoterapêutico consiste na administração de dose única,
VO, tanto em adultos como em crianças, de 11 mg/Kg/dia (no máximo 1 g). Os efeitos adversos são raros
quando o esquema terapêutico considera as doses preconizadas.

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O albendazol pode ser empregado na dose de 400 mg/dia, VO, dose única (adultos), e 10 mg/kg, VO,
dose única (crianças). No caso do mebendazol, considera-se a dose de 100 mg, VO, 2 vezes ao dia
por 3 dias.

Ancilostomose — amarelão

A ancilostomose é uma infecção causada pelo Ancylostoma duodenale (ancilostomose do Velho


Mundo) e Necator americanus (ancilostomose do Novo Mundo). No ser humano, os vermes adultos
habitam o intestino. A contaminação se dá por meio da penetração de larvas na pele. Como manifestações
clínicas observa-se anemia ferropriva e perda das proteínas plasmáticas.

O tratamento farmacológico consiste no emprego de pamoato de pirantel 20-30 mg/kg/dia, VO, por
3 dias. É possível também utilizar o mebendazol 100 mg, VO, 2 vezes ao dia, por 3 dias, ou albendazol
400 mg, VO, dose única.

Em função das características dessa parasitose, além do tratamento com antiparasitários adequados,
o paciente deverá receber suporte com antianêmicos.

Enterobíase ou oxiurose

Causada pelo Enterobius vermicularis, trata-se de uma verminose de ampla distribuição. O hábitat
dos vermes adultos no ser humano é a região cecal do intestino grosso e imediações. A contaminação
ocorre após a ingestão ou inalação (heteroinfecção) ou ingestão de ovos (ânus, boca, autoinfecção).
A manifestação clínica mais comum é o prurido anal. No parasitismo intenso são observadas
manifestações como colite crônica, fezes moles ou diarreicas, inapetência e emagrecimento.

No tratamento medicamentoso podem ser empregados: pamoato de pirantel 10 mg/kg, VO, dose
única (contudo, sua administração é contraindicada na gravidez); mebendazol 100 mg, VO, 2 vezes ao
dia, por 3 dias; ou albendazol 10 mg/kg, VO, dose única, até no máximo 400 mg.

Estrongiloidíase

Causada pelo Strongyloides stercoralis, que, no ser humano, habita o intestino delgado. O indivíduo
se contamina por meio da penetração de larvas na pele, o que provoca eritema pruriginoso. Como
manifestações clínicas é possível observar um quadro pulmonar caracterizado pela presença de tosse,
expectoração, febre e mal-estar. Num quadro digestivo observa-se a presença de diarreia/constipação,
desconforto abdominal, cólicas, dor epigástrica, perda de apetite, náuseas e vômitos e um quadro
sanguíneo com leucocitose e eosinofilia. Dessa maneira, estabelece-se um quadro geral com anemia,
emagrecimento, astenia, desidratação, irritabilidade nervosa, depressão, entre outras manifestações.
Dadas as características dessa parasitose e suas manifestações clínicas, o diagnóstico é difícil.

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Como tratamento farmacológico recomenda-se o uso de albendazol 40 mg/dia, VO, por 3 dias. Como
reações adversas do albendazol são observados desconforto gastrintestinal e cefaleia. Uma alternativa
é o tratamento com tiabendazol 50 mg/kg/dia, VO, por 3 dias, ou, no caso de hiperinfecção, por 5 dias.
Como reações adversas comuns temos vertigens, náusea, perda de apetite e vômitos; além disso, esse
medicamento apresenta potencial teratogênico.

Outra alternativa de interesse é a ivermectina em esquema de dose única, respeitando uma escala
de pesos a ser consultada pelo prescritor.

Observação

Na hiperinfecção, os mecanismos imunes do hospedeiro e dos parasitas


permanecem em equilíbrio, de modo que nenhum deles é afetado
seriamente. Quando o equilíbrio é rompido, um número maciço de larvas
pode penetrar por todo o organismo.

Filariose

Parasitose causada pelo parasita Wuchereria bancrofti, também é conhecida como filariose linfática.
A contaminação se dá através de picada de mosquitos contaminados (Culex), e a forma infectante são
as microfilárias. No ser humano, instalam-se nos gânglios (linfonodos) e nos vasos linfáticos.

Na fase assintomática são observados fenômenos inflamatórios, como linfangites e linfadenites, dor
na região inguinal ou em outro ponto da perna, febre, mal-estar, dores de cabeça e musculares, fadiga,
anorexia, náuseas e insônia.

Na fase crônica da infecção são observados fenômenos obstrutivos, fibrose nas zonas de estase e
edema linfático.

Conforme recomendação da OMS, o tratamento farmacológico consiste na administração de


dietilcarbamazina 6 mg/kg/dia, VO, por 12 dias. É considerado um fármaco seguro e de baixa toxicidade.
Como reações adversas observa-se anorexia, náuseas, vômitos, tonturas e sonolência.

Oncocercose

Causada pelo parasita Onchocerca volvulus, filárias que parasitam os tecidos subcutâneos dos seres
humanos. Os vermes adultos enovelam-se e provocam a formação de nódulos por resposta imune do
hospedeiro. São manifestações clínicas da oncocercose lesões cutâneas, eosinofilia e lesões oculares.

O tratamento específico é medicamentoso e, para retirada dos nódulos, cirúrgico. Cabe destacar que
o tratamento com ivermectina pode não eliminar os vermes adultos. Isso exige acompanhamento do
paciente e repetição da terapia medicamentosa.

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Como tratamento medicamentoso preconiza-se o uso de ivermectina em esquema de dose única,


via oral, 0,15 a 0,20 mg/kg, VO, dose única, semestralmente ou anualmente, por 10 anos. As reações
adversas normalmente não aparecem. Quando se manifestam, são observadas irritação ocular, anorexia,
náuseas, vômitos, tonturas e sonolência.

Tricuríase

Causada pelo Trichuris trichiura. Normalmente o parasitismo é silencioso, e um número elevado


de parasitas provoca perturbações intestinais graves. A contaminação se dá pela ingestão de
ovos através de alimentos, mãos e poeiras contaminadas. No ser humano, os parasitas habitam
o intestino grosso. O quadro clínico pode ser discreto e indefinido. As manifestações clínicas são
caracterizadas por nervosismo, insônia, perda de apetite, eosinofilia, diarreia, dor abdominal, perda
de peso, flatulência, constipação.

No tratamento farmacológico emprega-se o mebendazol (fármaco de escolha) 100 mg, VO, 2 vezes
ao dia, por 3 dias; albendazol 400 mg, VO, 1 vez ao dia, por 3 dias; ou ivermectina 200 mcg/kg, VO,
1 vez ao dia por 3 dias.

Toxocaríase — larva migrans visceral

Parasitose causada pelo Toxocara canis. Os parasitas vivem no intestino delgado de cães e gatos
(hospedeiros definitivos), e levam uma vida muito semelhante ao áscaris em humanos. Os seres
humanos (hospedeiros acidentais) são infectados pela ingestão de ovos do parasita; depois dessa
ingestão, os ovos eclodem e liberam as larvas. Estas penetram a parede do intestino e podem alcançar
diversos órgãos, como fígado, coração, pulmões, cérebro, músculo e olhos.

Os machos medem de 4 a 10 cm e as fêmeas, de 6 a 18 cm.

Com frequência, a toxocaríase é uma condição subclínica e autolimitada, e o tratamento é indicado


para pacientes sintomáticos (CARVALHO; ROCHA, 2011).

Em humanos, as manifestações clínicas podem variar de casos assintomáticos até casos fatais. A
evolução depende de vários fatores, como a carga parasitária, a maneira como as larvas se distribuem e
migram e a própria resposta do hospedeiro (QUEIROZ; CHIEFFI, 2005).

O tratamento em crianças recomenda-se, nos casos com sintomas leves a graves, utilizar albendazol,
considerado como tratamento de 1ª linha, 400 mg, VO, 2 vezes ao dia por 5 dias. Na toxocaríase ocular
albendazol 400 a 800 mg, VO, 2 vezes ao dia por 28 dias e, dependendo dos sintomas, um corticoide
pode ser associado (Sociedade Brasileira de Pediatria, 2020).

No caso dos pacientes adultos, albendazol, 400 mg, VO, 2 vezes ao dia por 5 dias ou mebendazol
também pode ser utilizado na dose de 100-200 mg, VO, 2 vezes ao dia por 5 dias.

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Outros antiparasitários de interesse:

• Pirvínio: utilizado no tratamento da oxiurose (enterobíase), infecção parasitária ocasionada pelo


Enterobius vermicularis.

• Cambendazol: considerado um fármaco de amplo espectro e empregado em parasitoses causadas


por Ancylostoma braziliense (Larva migrans), Ancylostoma caninum, Toxocara canis, Toxocara cati.
É considerado o fármaco de escolha para o tratamento da estrongiloidíase.

• Flubendazol: pode ser utilizado no tratamento de infecções simples ou múltiplas causadas por
Enterobius vermicularis (oxiúro), Trichuris trichiura, Ascaris lumbricoides (lombriga), Ancylostoma
duodenale e Necator americanus (ancilóstomo).

• Nitazoxanida: antiparasitário sintético, de amplo espectro de ação e administrado por via


oral. Apresenta atividade contra protozoários, helmintos, rotavírus e norovírus. Esse fármaco é
utilizado como anti-helmíntico efetivo contra nematódeos, cestódeos e trematódeos: Enterobius
vermicularis, Ascaris lumbricoides, Strongyloides stercoralis, Ancylostoma duodenale, Necator
americanus, Trichuris trichiura, Taenia sp. etc.

5.1.2 Outras doenças tropicais de interesse

Doença de Chagas

Doença causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi e transmitida, principalmente, através de um


inseto chamado barbeiro. Há, ainda, outras formas de transmissão, como pela transfusão de sangue
e a transmissão congênita. No ser humano, habitam o sangue e as fibras musculares, principalmente
cardíaca e do trato gastrintestinal.

As manifestações clínicas têm relação com a fase da doença. Na fase aguda observa-se febre,
mal‑estar, perda de apetite, edemas, aumento do fígado e do baço. De forma geral, é comum que a
doença não seja notada. Porém, em crianças, o quadro pode tornar-se grave a ponto de levá-la a óbito.

Já na fase crônica, muitos portadores podem passar muito tempo (ou, eventualmente, a vida toda)
sem que a doença se manifeste. Em outros, a doença progride manifestando comprometimento orgânico
— em destaque, comprometimento do coração e do trato digestório.

A prevenção à doença de Chagas baseia-se no controle do vetor (barbeiro). Nesse sentido,


é fundamental estar atento a diversas medidas, como o uso de telas e mosquiteiros, mas também
condições de moradia adequadas.

O tratamento deve ser realizado de maneira precoce quando for possível a identificação da doença
na fase aguda ou congênita. Na fase aguda é possível utilizar o benznidazol 5 mg/kg/dia, em adultos,

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e 5-10 mg/kg/dia, em crianças, ambas VO, em 2 ou 3 tomadas diárias por 60 dias. Essa substância é
contraindicada para gestantes, e a dose máxima recomendada é de 300 mg/dia, VO.

O tratamento sintomático dependerá das manifestações clínicas do paciente. Esse raciocínio vale
tanto para a fase aguda como para a fase crônica.

O tratamento das manifestações cardiológicas é o mesmo que o empregado em outras


cardiomiopatias. Essa orientação vale também para as manifestações do trato digestório. Dependendo
do comprometimento e estágio da doença, pode ser necessária intervenção cirúrgica.

Leishmaniose

Doença causada pelo protozoário Leishmania. O agente é transmitido por meio da picada de insetos
hematófagos. Esses insetos são extremamente pequenos, de modo que conseguem atravessar telas
ou mosquiteiros. A doença pode apresentar diferentes formas clínicas, dependendo da espécie de
Leishmania e da relação do parasita com o hospedeiro.

São conhecidos dois tipos de leishmaniose: a tegumentar, também chamada de cutânea, e a visceral,
também chamada de calazar.

As manifestações clínicas típicas da leishmaniose tegumentar é o aparecimento de feridas na


pele. Com a evolução da doença, essas feridas podem surgir na boca, garganta e mucosa nasal. Já a
leishmaniose visceral acomete diversos órgãos, como fígado, baço e medula óssea.

Cabe destacar que a leishmaniose é considerada uma doença de longa duração, e as manifestações
clínicas dependem do tipo de leishmaniose.

As manifestações observadas na leishmaniose visceral são febre irregular e prolongada, anemia,


mal‑estar, palidez, perda de apetite e de peso, e indisposição. Em função do aumento do fígado e do
baço, observa-se inchaço abdominal.

Em relação à leishmaniose cutânea, há o surgimento de uma pápula de coloração avermelhada


no local da picada do inseto. Essa pápula não aparece imediatamente após a picada; com o passar do
tempo, ela aumenta de tamanho, seu aspecto avermelhado passa a ser de uma ferida com uma crosta
ou até mesmo pus.

Cabe lembrar que a leishmaniose pode manifestar-se em mucosas (como a nasal e bucal) com lesões
de características inflamatórias.

As medidas mais úteis na prevenção da leishmaniose têm relação com o controle do vetor, da
higiene e da limpeza.

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Detalhe interessante é que existe vacina para a leishmaniose canina, mas não para a humana. Uma
medida útil por parte das autoridades sanitárias seria a adoção do controle da leishmaniose humana
por meio da vacinação canina.

O fármaco de escolha para o tratamento da leishmaniose é o antimonial pentavalente (antimoniato


de N-metil-glucamina). Por recomendação da OMS, a dose dessa substância deve ser calculada em
mg/Sb5+/kg/dia, considerando que Sb5+ é o antimônio pentavalente.

A forma farmacêutica disponível é a injetável contendo 1,5 g de antimoniato, o que corresponde a


405 mg de Sb5+. A dose preconizada varia entre 10-20 mg/Sb5+/kg/dia (adultos e crianças), por 20 dias.
Se necessário, o esquema pode ser repetido.

Hanseníase

Doença crônica causada pelo Mycobacterium leprae. Uma característica própria desse bacilo é
apresentar alta infectividade e baixa patogenicidade. Trata-se de um parasita intracelular obrigatório,
e a transmissão ocorre de pessoa para pessoa.

As manifestações clínicas se dão por meio de sinais e sintomas dermatológicos e neurológicos.

As manifestações dermatológicas são caracterizadas por lesões que apresentam típica diminuição
ou ausência de sensibilidade. Eventualmente, isso pode chamar a atenção do paciente.

As manifestações neurológicas ocorrem em função das lesões nos nervos periféricos a partir das
lesões na pele. Quando não diagnosticadas e/ou tratadas, podem causar incapacidades físicas e até
mesmo deformidades.

O tratamento preconizado pela OMS e adotado pelo Ministério da Saúde baseia-se na administração
combinada de rifampicina, dapsona e clofazimina — tanto para adultos como para crianças.

O tratamento segue protocolos padronizados de acordo com a classificação do paciente para a


hanseníase. Essa classificação leva em conta o número de lesões cutâneas que o paciente apresenta:

• hanseníase paucibacilar (PB), para pacientes com até cinco lesões de pele;

• hanseníase multibacilar (MB), para aqueles com cinco lesões ou mais.

Os quadros a seguir apresentam os esquemas de tratamento para ambos os casos.

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Quadro 11 – Esquema farmacoterapêutico da hanseníase paucibacilar

Rifampicina (RFM): dose mensal de 600 mg (2 cápsulas de 300 mg), com administração
supervisionada
Adulto
Dapsona (DDS): dose mensal de 100 mg, supervisionada, e dose diária de 100 mg,
autoadministrada
Rifampicina (RFM): dose mensal de 450 mg (1 cápsula de 150 mg e 1 cápsula de 300 mg), com
Criança administração supervisionada
Dapsona (DDS): dose mensal de 50 mg, supervisionada, e dose diária de 50 mg, autoadministrada
Duração: 6 doses
Seguimento dos casos: comparecimento mensal para dose supervisionada
Critério de alta: o tratamento estará concluído com 6 doses supervisionadas, em até nove meses. Na 6ª dose, os
pacientes deverão ser submetidos ao exame dermatológico, avaliação neurológica e do grau de incapacidade física
e receber alta por cura

Fonte: Brasil (2010a, p. 211).

Quadro 12 – Esquema farmacoterapêutico da hanseníase multibacilar

Rifampicina (RFM): dose mensal de 600 mg (2 cápsulas de 300 mg), com administração
supervisionada

Adulto Dapsona (DDS): dose mensal de 100 mg, supervisionada, e uma dose diária de 100 mg,
autoadministrada
Clofazimina (CFZ): dose mensal de 300 mg (3 cápsulas de 100 mg), com administração
supervisionada, e uma dose diária de 50 mg, autoadministrada
Rifampicina (RFM): dose mensal de 450 mg (1 cápsula de 150 mg e 1 cápsula de 300 mg), com
administração supervisionada

Criança Dapsona (DDS): dose mensal de 50 mg, supervisionada, e uma dose diária de 50 mg,
autoadministrada
Clofazimina (CFZ): dose mensal de 150 mg (3 cápsulas de 50 mg), com administração
supervisionada, e uma dose de 50 mg, autoadministrada, em dias alternados
Duração: 12 doses
Seguimento dos casos: comparecimento mensal para dose supervisionada
Critério de alta: o tratamento estará concluído com 12 doses supervisionadas, em até 18 meses. Na 12ª dose,
os pacientes deverão ser submetidos ao exame dermatológico, avaliação neurológica simplificada e de grau de
incapacidade física, e receber alta por cura. Os pacientes MB que não apresentarem melhora clínica, ao final do
tratamento preconizado de 12 doses (cartelas), deverão ser encaminhados para avaliação nas unidades de maior
complexidade, para verificar a necessidade de um segundo ciclo de tratamento, com 12 doses

Fonte: Brasil (2010a, p. 212).

Dengue

A dengue é uma doença viral causada por um vírus de RNA, um arbovírus do gênero Flavivirus, da
família Flaviviridae (BRASIL, 2010a).

Em geral, as arboviroses permanecem em regiões silvestres, mas podem também ocorrer em áreas
urbanas, se as condições para o desenvolvimento do vetor forem favoráveis.

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Os arbovírus são transmitidos por artrópodes hematófagos, como o Aedes aegypti. Assim, a
transmissão se dá através da picada do mosquito.

A fêmea do Aedes aegypti precisa de água parada para postura dos ovos. Assim, observa-se maiores
taxas de transmissão nos períodos chuvosos. Nesses períodos, o ambiente para a proliferação do vetor
se torna muito favorável e, consequentemente, favorece a transmissão.

Figura 15 – Aedes aegypti

Disponível em: https://cutt.ly/RULHbc2. Acesso em: 14 dez. 2021.

Dessa forma, é essencial manter os ambientes limpos e sem pontos de acúmulo de água para que o
mosquito não encontre pontos adequados para a postura dos ovos.

Além disso, os ovos de Aedes aegypti podem permanecer viáveis por até um ano, até que as condições
se tornem novamente favoráveis para sua eclosão — o que faz das medidas de prevenção ainda mais
necessárias.

Atualmente, são conhecidos quatro tipos de vírus da dengue, designados por sorotipos 1, 2, 3 e 4.
Embora a infecção por determinado sorotipo gere imunidade permanente, uma mesma pessoa pode
ser infectada pelos outros sorotipos. Desse modo, tecnicamente, um único indivíduo pode ter dengue
quatro vezes.

Cabe destacar que todos os quatro sorotipos podem levar à dengue grave. Inclusive, como outras
viroses, a infecção pode manifestar-se de forma subclínica. Nesse caso, a pessoa não apresenta
manifestações clínicas, ou apresenta sintomas leves que podem se confundir com outras condições ou
viroses. Observa-se também que a segunda infecção por qualquer sorotipo costuma ser mais grave.

As formas de prevenção disponível têm relação com o controle do vetor, a fim de evitar a existência
de todo e qualquer lugar propício para o acúmulo de água parada.

O uso de repelentes também é uma medida de proteção preventiva, principalmente em áreas


endêmicas, mas o controle na proliferação do vetor é a medida mais efetiva.

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FARMACOTERAPIA

Não há um grupo mais suscetível à dengue — todas as faixas etárias podem desenvolver a doença
de maneira mais ou menos grave. Contudo, a população idosa, em função de senescência e presença de
comorbidades, pode desenvolver uma forma mais grave de dengue, inclusive com risco de óbito.

Quanto à população em geral, observa-se riscos aumentados de dengue grave naqueles que
apresentam alguma doença crônica, como hipertensão, diabetes etc.

Os principais sintomas são:

• febre > 38,5 °C;

• dor muscular intensa;

• dor atrás dos olhos e ao movimentá-los;

• mal-estar;

• dor nas articulações;

• perda de apetite;

• cefaleia;

• fraqueza;

• manchas vermelhas na pele, com ou sem prurido e erupção.

Observe que uma parte substancial dos sintomas elencados são comuns a outras condições virais.
Inclusive, na fase febril inicial da dengue, o diagnóstico diferencial pode não ser possível a partir dos
sintomas manifestados pelo paciente. Nas formas mais graves de dengue observa-se dor abdominal e
sangramento de mucosas.

Não existe tratamento específico para a dengue. Assim, a avaliação precoce é fundamental, não
apenas para identificar a dengue, mas para estabelecer a conduta clínica adequada.

O tratamento disponível baseia-se no suporte aos sintomas. A hidratação oral ou endovenosa é a


conduta mais importante. Para controlar ou minimizar a dor e a febre, é possível utilizar paracetamol ou
dipirona. Em geral, os anti-inflamatórios não esteroidais (Aines) estão contraindicados, especialmente o
ácido acetilsalicílico (AAS), pois, em função do mecanismo de ação dos Aines, podem aumentar o risco
de hemorragia.

No caso de aparecimento das manchas vermelhas e que apresentem prurido e/ou inchaço, pode-se
utilizar a dexclorfeniramina.

87
Unidade II

Saiba mais

Acesse este material do Ministério da Saúde para saber mais sobre


diagnóstico, tratamento e aspectos epidemiológicos da dengue:

BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Dengue:


aspectos epidemiológicos, diagnóstico e tratamento. Brasília: Fundação
Nacional de Saúde, 2002. Disponível em: https://cutt.ly/ZUHRVbM. Acesso
em: 14 dez. 2021.

Hidrofobia (raiva)

Doença viral, caracterizada por uma encefalite de natureza progressiva e aguda. Acomete mamíferos,
inclusive os seres humanos. Segundo o Ministério da Saúde, apresenta aproximadamente 100%
de letalidade.

A raiva é transmitida por meio da saliva de animais infectados, principalmente em caso de mordedura.
O agente causador é um vírus do gênero Lyssavirus, da família Rhabdoviridae.

Segundo Greenlee (2020), anualmente são registradas mais de 55 mil mortes em todo o mundo, com
destaque para América Latina, África e Ásia, regiões nas quais a raiva canina é endêmica.

O Brasil tem alcançado uma significativa redução nas taxas de mortalidade por raiva humana.
A maioria dos casos registrados são esporádicos e acidentais. Observe, na figura a seguir, os dados da
Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (SVS/MS), atualizados em maio de 2020.

0,050 2008 2014


0,045 sem registro sem registro
0,040 de RH por cão de RH
0,035
Taxa de mortalidade

0,030
0,025
0,020
0,015
0,010
0,005
0,000
19 6

19 8

19 0

92

19 6

19 8

20 0
87

19 4

02
89

20 4
91

06

08
93

95

97

99

01

10

20 2
03

20 4
05

20 6
07

09

11

13

15

17
8

1
20
20
20

20

20

20
20
19

19

19

19

19

19

19

20

20

20

20
19

20

20

Cão Gato Morcego Silvestre terrestre Herbívoro Geral

Figura 16 – Taxa de mortalidade de raiva humana por tipo de animal agressor (1986 a 2017)

Disponível em: https://cutt.ly/bULGdnC. Acesso em: 31 out. 2021.

88
FARMACOTERAPIA

Os sinais e sintomas aparecem após um período de incubação, que dura, em média, 45 dias
nos humanos.

Após o período de incubação, aparecem sinais e sintomas de natureza inespecífica, que podem durar
de 2 a 10 dias, dependendo da pessoa. São eles:

• mal-estar;

• febre baixa;

• anorexia;

• cefaleia;

• náuseas;

• dor de garganta;

• entorpecimento;

• irritabilidade;

• inquietação;

• angústia.

Também pode ocorrer na região da mordida: hiperestesia e parestesia no trajeto dos nervos,
linfoadenopatia e alterações comportamentais.

À medida que a infecção evolui, os sintomas tornam-se mais graves. São eles:

• ansiedade e hiperexcitabilidade crescentes em padrão crescente;

• febre;

• delírios;

• espasmos musculares e convulsões.

O quadro continua num padrão progressivo e os espasmos musculares evoluem à paralisia, causando
comprometimento importante nos tratos intestinal, urinário e cardiorrespiratório. Surgem também
manifestações como fotofobia, aerofobia, entre outras.

89
Unidade II

O quadro configura-se extremamente grave após o aparecimento dos sintomas, e evolui num período
de 2 a 7 dias até o óbito.

Nesse processo é possível aplicar o Protocolo de Tratamento da Raiva Humana do Ministério da


Saúde. Contudo, este é um tratamento de suporte, que adota medidas como indução de coma profundo,
antivirais e medicamentos para controlar as complicações como convulsões, infecções, hipertensão
intracraniana, desidratação, entre outras.

No Brasil, estão disponíveis imunobiológicos usados na profilaxia da raiva humana. São duas as
possibilidades de medidas profiláticas adotadas: a pré e a pós-exposição.

A profilaxia pré-exposição é recomendada aos que apresentam alto risco de exposição.

Em caso de exposição ao vírus, a primeira medida a ser tomada é lavar muito bem o local da
mordedura, com muita água e sabão, e procurar um serviço de saúde o mais rápido possível para
avaliação e atendimento do caso pela equipe de saúde.

Diante dessas informações, fica ainda mais evidente a importância da vacinação anual de cães e gatos:
uma vez que prevenimos a raiva nesses animais, fortalecemos também a prevenção da raiva humana.

Saiba mais

Conheça o protocolo brasileiro para tratamento da raiva humana:

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde.


Departamento de Vigilância Epidemiológica. Protocolo de tratamento da
raiva humana no Brasil. Brasília: Ministério da Saúde, 2011. Disponível em:
https://cutt.ly/OUHTj8V. Acesso em: 14 dez. 2021.

6 DOENÇA RENAL E DISTÚRBIOS ELETROLÍTICOS

6.1 Doença renal

Inúmeras condições podem acometer diretamente os rins; outras estão relacionadas a condições
distintas, como infecções, uso de medicamentos etc. Também há variação quanto à gravidade desse
acometimento e, consequentemente, o grau de comprometimento da função renal, podendo levar,
inclusive, à perda completa da função renal. Em alguns casos, o transplante de rim é a única alternativa
para salvar a vida do paciente.

Com isso, constatamos que há condições renais agudas e crônicas. No caso das doenças renais
crônicas, além dos múltiplos fatores que podem estar envolvidos em sua gênese, observa-se que o

90
FARMACOTERAPIA

tempo de evolução pode ser lento e a condição, assintomática, retardando o diagnóstico apropriado.
Em muitos casos, quando o problema é efetivamente diagnosticado, se faz necessária a hemodiálise.

Os rins têm como principal função a remoção de resíduos e a manutenção do equilíbrio


hidroeletrolítico. Desse modo, qualquer acometimento renal exige atenção.

Abordaremos a seguir algumas das condições de relevância clínica que impactam o bom
funcionamento dos rins.

6.1.1 Nefrite

Trata-se de uma condição inflamatória dos rins que pode ter diversas causas, como uso de
medicamentos que afetam a função renal (ou apresentam nefrotoxicidade), infecções, doenças
autoimunes (como lúpus eritematoso), exposição prolongada a agentes tóxicos (como o chumbo),
entre outras.

Os principais sintomas observados são diminuição do volume e escurecimento da urina (com


presença ou não de sangue), sudorese excessiva, inchaço em membros inferiores e olhos, e aumento
da pressão arterial.

O tratamento depende do tipo de nefrite; assim, o diagnóstico precoce e adequado é fundamental


para que não haja o risco de evolução desfavorável para insuficiência renal. Portanto identificar a origem
e/ou o agente causador permite a escolha do tratamento mais eficaz.

Em condições infecciosas, são empregados antibióticos que estejam de acordo com o agente
causador e que alcancem concentrações adequadas nos rins; o uso de diuréticos também pode
estar indicado.

Nos casos em que não se identifica a causa e/ou agente por meio de exames laboratoriais, pode ser
necessária a realização de exames por imagem — e, eventualmente, biópsia — para que seja possível
estabelecer a natureza do quadro.

6.1.2 Infecção urinária

Trata-se de infecções que acometem o trato urinário, sendo muito comuns em mulheres.

A infecção urinária recebe denominações diferentes a depender da porção do trato urinário que é
afetada. Assim, temos a pielonefrite (rins), a uretrite (uretra) e a cistite (bexiga).

Diversos microrganismos podem estar envolvidos nessas infecções. Contudo, o agente predominante
é a Escherichia coli, bactéria que costuma estar presente na flora intestinal.

91
Unidade II

Em geral, o processo se resolve de maneira espontânea. Mas, dependendo do caso, é necessário o


emprego de antibacterianos, selecionados conforme o microrganismo encontrado no exame de urina.
Ao solicitar o exame de urina, é comum que se peça exame de cultura e antibiograma. Com isso, caso se
identifique algum microrganismo, o tratamento poderá ser instituído de maneira mais adequada.

Um problema que se observa no tratamento das infecções urinárias são as infecções recorrentes ou
recidivas. Isso se deve a diversos fatores, como não seguimento adequado do plano farmacoterapêutico,
automedicação e resistência bacteriana.

A antibioticoterapia empregada considera a gravidade da infecção e se há risco da presença


de microrganismos resistentes. Para tratar cistite não complicada ou recorrente, pode-se indicar
nitrofurantoína, sulfametoxazol + trimetoprima ou fosfomicina. Dependendo do quadro, utiliza-se
quinolonas, fluorquinolonas ou β-lactâmicos. Para o tratamento da cistite recorrente é possível usar um
antibiótico de amplo espectro, como as fluorquinolonas; nesse caso, será necessário realizar o exame de
urina com cultura e antibiograma.

Assim, mesmo se tratando de uma condição considerada relativamente comum, é fundamental a


avaliação médica para instituir a terapia mais racional, segura e eficaz.

6.1.3 Cálculo renal

São formações sólidas que se desenvolvem nos rins ou nas vias urinárias. Essas formações apresentam
diversos tamanhos, formatos e composições e são o resultado do acúmulo de cristais presentes na urina.

São diversas as origens dos cálculos renais, como: predisposição genética, baixa ingesta de água,
condições ambientais, dieta rica em proteínas e sal, obesidade, sedentarismo etc.

Em alguns casos, não se observa sintomas, ou observa-se apenas um desconforto ou leve dor quando
o cálculo passa pelo ureter. Entretanto a maioria dos casos apresenta dor muito intensa (lancinante),
náuseas, vômitos, sangue na urina, diminuição ou interrupção do fluxo urinário, necessidade de urinar
frequentemente e infecções urinárias.

O tratamento baseia-se no uso de medicamentos para controle da dor, como Aines, opioides,
analgésicos, antiespasmódicos; a escolha do fármaco ou combinação depende de cada caso. Para
auxiliar a eliminação do cálculo, administram-se fluídos e fármacos para aumentar o fluxo urinário,
como tansulosina ou doxazosina.

Caso o cálculo não seja eliminado, ou haja impossibilidade de eliminação, pode-se indicar litotripsia
ou outra cirurgia.

92
FARMACOTERAPIA

Saiba mais

Para saber mais sobre a urolitíase (pedra nos rins), acesse este interessante
material da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU):

TÜRK, C. et al. Diretrizes para urolitíase. In: EUROPEAN ASSOCIATION


OF UROLOGY. Pocket guidelines — 2012 edition. Tradução: Sociedade
Brasileira de Urologia (SBU). Rio de Janeiro: SBU, 2012. p. 369-409.
Disponível em: https://cutt.ly/xIhZJHp. Acesso em: 14 jan. 2022.

6.1.4 Doença renal crônica

Condição que se caracteriza pela perda progressiva e lenta da função dos néfrons e, com isso, a
diminuição da capacidade de filtração do sangue. Em consequência desse processo, a capacidade de
manutenção da homeostase é comprometida (BASTO, 2011 apud AGUIAR et al., 2020).

Segundo a Sociedade Brasileira de Nefrologia, a doença renal crônica pode ser considerada epidêmica
e um problema global em termos de saúde pública. Lamentavelmente, sua prevalência no Brasil é incerta
(MARINHO et al., 2017).

Envelhecimento, hipertensão arterial e diabetes são apontados como os principais fatores na


etiologia da doença renal crônica. Aspectos socioeconômicos, raciais e de gênero também devem ser
considerados, em função do perfil genético, como fatores determinantes.

A doença renal crônica é classificada em estágios conforme a gravidade, ou seja, o grau de


comprometimento da função renal. A tabela a seguir apresenta esses estágios.

Tabela 4 – Estágios da doença renal crônica

Estágio 1 TFG normal (≥ 90 mL/min/1,73 m2) mais albuminúria persistente ou doença renal
hereditária ou estrutural conhecida
Estágio 2 TFG 60-89 mL/min/1,73 m2
Estágio 3a TFG 45-59 mL/min/1,73 m2
Estágio 3b TFG 30-44 mL/min/1,73 m2
Estágio 4 TFG 15-29 mL/min/1,73 m2
Estágio 5 TFG < 15 mL/min/1,73 m2
TFG: taxa de filtração glomerular

Adaptada de: Malkina (2020).

O tratamento tem por objetivo preservar e/ou restabelecer a função renal, de modo a não chegar no
estágio de perda completa da função, e consiste em:

93
Unidade II

• acompanhamento e controle de doenças subjacentes;

• tratamento de comorbidades, como insuficiência cardíaca, diabetes, hipertensão, nefrolitíase e


hipertrofia prostática;

• avaliação da farmacoterapia do paciente e ajuste do esquema posológico, se necessário;

• diálise;

• controle das taxas de eletrólitos;

• dieta com baixa ingesta de proteínas, potássio e fosfatos;

• suplementos para controle da anemia e vitamina D.

Os pacientes renais crônicos são susceptíveis à hipovitaminose D: devido à diminuição no número de


néfrons, além de outros fatores, a síntese de 1,25 (OH)2D está comprometida (BOSWORTH; DE BOER, 2013).
A literatura aponta que a vitamina D pode prejudicar a evolução da doença renal crônica, inibindo a
produção de renina; como resultado, há uma diminuição da produção de angiotensina II e aumento
de produção da proteína Klotho, além da redução de FGF-23 e TGF-β. Os fatores FGF-23 e TGF-β estão
relacionados com a progressão da doença renal crônica (HU et al., 2013).

Saiba mais
Acesse esta página da Sociedade Brasileira de Nefrologia e conheça o
impacto da hipovitaminose D no paciente renal crônico:
SAMAAN, F.; CARVALHO, A. B.; CANZIANI, M. E. F. Revisão de Literatura
apresentada na defesa de tese de doutorado da Unifesp, em maio de 2018:
“Hipovitaminose D na doença renal crônica: foco na calcificação vascular
e pressão arterial”. Sociedade Brasileira de Nefrologia, 29 maio 2018.
Disponível em: https://cutt.ly/eUHTYNT. Acesso em: 14 dez. 2021.

6.2 Distúrbios eletrolíticos

Essa condição é caracterizada pela deficiência ou excesso de eletrólitos no sangue.

O equilíbrio hidroeletrolítico é fundamental para a homeostasia. Assim, distúrbios nesse equilíbrio


podem ser graves e potencialmente fatais.

Os distúrbios eletrolíticos ocorrem quando há perda significativa de líquidos e eletrólitos. Diversas


condições podem levar a esse quadro de desequilíbrio, como suor excessivo, quadros graves de vômito
e/ou diarreia, hemorragias, poliúria e baixa ingesta de água.
94
FARMACOTERAPIA

Para que a homeostasia seja restabelecida, é fundamental que se institua a terapia de reposição
eletrolítica o mais rápido possível e/ou se corrijam os níveis de eletrólitos.

Os principais distúrbios eletrolíticos têm relação com alterações nos níveis plasmáticos de sódio e
potássio. Na sequência, abordaremos esses dois principais eletrólitos.

6.2.1 Sódio (Na+)

Os níveis plasmáticos de Na+ considerados normais estão na faixa de 135-145 mEq/L. Podemos
observar dois desequilíbrios nos níveis de Na+: a hiponatremia e a hipernatremia.

Hiponatremia

Considera-se um estado de hiponatremia quando a concentração de Na+ está abaixo de 135 mEq/L.
Essa condição é classificada conforme seu grau (AURIEMMA et al., 2018), como pode-se observar na
tabela a seguir.

Tabela 5 – Classificação por graus de gravidade da hiponatremia

Leve [Na+] = 130-135 mEq/L


Moderada [Na+] = 125-129 mEq/L
Severa [Na+] = < 125 mEq/L
[ ] = concentração

Adaptada de: Auriemma et al. (2018).

O tratamento da hiponatremia leva em consideração não apenas as concentrações plasmáticas de


Na+, mas também se a condição é aguda ou crônica e, principalmente, a necessidade de se tratar a causa
que levou ao distúrbio.

Esse tratamento é categorizado segundo a volemia do paciente:

• Hiponatremia hipovolêmica: reposição hidroeletrolítica com solução fisiológica, cloreto de sódio


(NaCl) 0,9%. Em alguns casos, reposição de Na+ por meio da dieta.

• Hiponatremia euvolêmica: tratada caso seja uma situação aguda e sintomática. Administra-se
solução de NaCl 3%. Durante a infusão do soro, o Na+ plasmático deverá ser monitorado.

• Hiponatremia hipervolêmica: o manejo baseia-se em restrição hídrica e administração de diuréticos


de alça, como a furosemida; um inibidor da enzima conversora de angiotensina também é indicado
para reduzir a retenção de Na+ mediada pela aldosterona no sistema renina-angiotensina. Em
alguns casos será necessário realizar diálise.

95
Unidade II

Hipernatremia

Caracteriza-se por concentrações séricas de Na+ acima de 145 mEq/L. Pode ocorrer em pessoas com
baixa ingesta de água, e as manifestações são inespecíficas. Em idosos os sintomas não são claros, e
manifestam-se como sede, fraqueza muscular, irritabilidade, tremores musculares e letargia. Em crianças
observa-se cansaço, insônia, letargia, fraqueza muscular, hiperpneia e até mesmo o coma.

O tratamento também se dá conforme a volemia do paciente.

• Hipernatremia hipovolêmica: a correção é feita pela infusão de soluções isotônicas ou hipotônicas,


como solução de NaCl 0,45%.

• Hipernatremia hipervolêmica: reposição de água via oral ou infusão de solução hipotônica


de NaCl 0,45%.

6.2.2 Potássio (K+)

Tem papel fundamental na manutenção do volume celular, uma vez que o K+ é predominantemente
intracelular. É também importante no potencial de repouso da membrana celular de células excitáveis.

Hipocalemia

É um distúrbio eletrolítico comum, que ocorre quando a concentração sérica de K+ é inferior a


305 mEq/L. Quando grave, é potencialmente fatal. As manifestações observadas incluem mal-estar,
fraqueza, parestesias, cãibras, hipotensão, constipação e vômitos. É possível observar alterações
características no eletrocardiograma.

Em geral, a correção desse distúrbio se dá pela administração de K+ por via oral.

Entretanto algumas situações exigem a reposição de K+ por via endovenosa. O manejo será
realizado conforme a condição clínica do paciente baseada nos níveis plasmáticos de K+. Nesses casos,
administra‑se solução fisiológica (NaCl 0,9%) com ou sem aditivação de cloreto de potássio (KCl).

Hipercalemia
Nesse caso, observa-se níveis de K+ acima de 5,5 mEq/L. Níveis acima de 6,5 mEq/L são
potencialmente fatais.
Como manifestações clínicas observam-se fraqueza, parestesias, bradicardia e assistolia.
Em casos de emergência, são necessárias condutas que controlem a arritmia induzida pela hipercalemia.
Nesses casos, administra-se gluconato de cálcio ou cloreto de cálcio 10% por via endovenosa.

Na redução do K+ corporal total, é possível diminuir os níveis de K+ utilizando resinas de troca iônica,
furosemida e diálise.
96
FARMACOTERAPIA

Para os pacientes com hipercalemia crônica, a dieta com baixas concentrações de K+ é fundamental.
É possível usar um diurético caso seja necessário, e empregar o bicarbonato de sódio na correção da
acidose metabólica; além disso, pacientes com hipercalemia crônica devem evitar o uso de Aines.

7 FARMACOTERAPIA DAS DOENÇAS OCULARES E OSTEOARTICULARES

7.1 Doenças oculares

As doenças oculares caracterizam-se por problemas oftalmológicos cujas causas podem ter diversas
origens. Entre elas, devemos considerar causas genéticas, hábitos e estilo de vida etc.

Devem ser tratadas com muita atenção, pois a médio e longo prazo — e dependendo do problema
e da gravidade — podem levar a cegueira. Além disso, comprometem a qualidade de vida do indivíduo,
uma vez que a visão é responsável por 85% das informações recebidas pelo ser humano, provenientes
do ambiente ao seu redor.

Assim, é fundamental o diagnóstico precoce para permitir o tratamento apropriado, evitando a perda
irreversível da visão. Visitas periódicas ao oftalmologista e cuidados oculares diários são essenciais.

Lembrete

A visão é responsável por 85% das informações recebidas pelo ser


humano, provenientes do ambiente ao seu redor.

Desde 2016, temos a Campanha “Abril Marrom”. O objetivo dessa iniciativa é alertar e conscientizar
a população brasileira sobre a importância dos cuidados oculares, prevenção, diagnóstico precoce e
tratamento apropriado das doenças oculares que podem levar à cegueira. Segundo a Organização
Mundial da Saúde (OMS), de 60% a 80% dos casos de cegueira são evitáveis. A figura mostra o logotipo
da campanha realizada anualmente.

Figura 17 – Logotipo do Abril Marrom

Fonte: https://cutt.ly/uULHOFp. Acesso em: 5 ago. 2021.

97
Unidade II

Dados apontados na publicação As condições da saúde ocular no Brasil 2019, do Conselho Brasileiro
de Oftalmologia (CBO) (OTTAIANO et al., 2019), indicam que aproximadamente 0,75% da população
brasileira seja cega. Esse cálculo foi realizado a partir de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE).

O importante a ser destacado é que, também segundo o CBO, 80% das doenças oculares que podem
levar à cegueira são preveníveis e tratáveis. Dito isso, o que mais chama a atenção nesse dado? A
resposta é clara: muitas pessoas, hoje cegas, poderiam estar enxergando normalmente se tivessem tido
o diagnóstico precoce e consequente tratamento apropriado.

Saiba mais

Conheça esta importante publicação do Conselho Brasileiro de


Oftalmologia, em que você encontrará ricas informações sobre as condições
da saúde ocular no Brasil:

OTTAIANO, J. A. A. et al. As condições de saúde ocular no Brasil 2019.


São Paulo: Conselho Brasileiro de Oftalmologia, 2019. Disponível em:
https://cutt.ly/2UHYQ9d. Acesso em: 19 set. 2021.

7.1.1 Principais doenças oculares

Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2021c), as principais doenças oculares, responsáveis pela
maioria dos atendimentos realizados no Brasil, são:

• catarata;

• glaucoma;

• conjuntivite;

• retinopatia diabética;

• erros de refração (miopia, hipermetropia, astigmatismo e presbiopia ou “vista cansada”).

No caso dos erros de refração, o “tratamento” consiste no uso de lentes corretivas (óculos), lentes de
contato e cirurgia refrativa. A cirurgia refrativa é indicada para pacientes com miopia, hipermetropia,
astigmatismo e presbiopia.

A retinopatia diabética caracteriza-se por uma complicação do diabetes. Observa-se extravasamento de


sangue dos vasos sanguíneos da retina. Podem aparecer novos vasos, levando a sangramento, formação
de cicatrizes ou até mesmo descolamento da retina.

98
FARMACOTERAPIA

O tratamento consiste no controle dos níveis de glicose, ou seja, controle adequado do diabetes e da
hipertensão. Alguns casos podem exigir tratamento a laser ou cirurgia.
Mais adiante também abordaremos outras condições, como o hordéolo (terçol) e a blefarite.
Todavia, antes de discutirmos as principais doenças oculares, é importante destacar que alguns
sintomas podem estar relacionados com situações cotidianas e podem confundir e/ou mascarar um
problema ocular estabelecido ou em evolução — e muitos desses sinais e sintomas não estão relacionados
com uma doença ocular propriamente dita. Daí a necessidade de avaliação por um profissional de saúde
ao sentir qualquer tipo de desconforto ocular.
A seguir, elencamos os principais sintomas para doenças oculares, que devem servir de alerta ao
indivíduo para que procure avaliação adequada.
• visão embaçada e/ou turva;
• tremor nos olhos;
• dificuldade de adaptação à luz ou diferença de luminosidade;
• olhos vermelhos;
• lacrimejamento;
• dor.
Observe que alguns desses sintomas não necessariamente se relacionam a condições mais graves ou
sérias. Vale reiterar: ao sentir qualquer desconforto, o indivíduo deve procurar orientação médica.
Lembremo-nos, então, dos cuidados/hábitos para prevenir doenças oculares.
Na literatura, há diversas indicações e orientações relacionadas aos cuidados diários que devem ser
observados com o intuito de “proteger” a visão e prevenir o aparecimento de doenças oculares. Grande
parte desses cuidados são simples de serem adotados; cabe destacar, contudo, que eles apontam hábitos
e exposições diárias aos quais a maioria de nós não dá a devida atenção. O quadro a seguir apresenta
uma série de agentes e/ou hábitos aos quais somos continuamente expostos e os devidos cuidados que
devem ser adotados e podem contribuir na prevenção de doenças oculares.

Quadro 13 – Agentes ou condições que podem comprometer a saúde


ocular e as respectivas recomendações

Agente/hábito Cuidados recomendados


Luz solar Usar óculos escuros
Telas (computador, televisão, celulares) Evitar exposição em excesso
Contato com os olhos Evitar coçar e/ou tocar os olhos com as mãos
Colírios Evitar o uso de colírios sem orientação médica
Sono Dormir no mínimo 8 horas por dia

99
Unidade II

Agente/hábito Cuidados recomendados


Alimentação Promover alimentação rica e balanceada, com diversidade de alimentos
Produtos químicos, maquiagem, Não dormir com maquiagem, usar apenas produtos recomendados
tinturas para a região dos olhos e evitar contato com os olhos
E o mais importante: ao perceber qualquer desconforto nos olhos e/ou anormalidade, procure orientação de um
oftalmologista

Adaptado de: Brasil ([s.d.]b).

Catarata

Em geral, a catarata resulta do processo de senescência, afetando principalmente indivíduos com


mais de 50 anos de idade. Entretanto outros fatores podem levar ao desenvolvimento dessa doença, como
fatores hereditários, diabetes, traumas nos olhos e o uso de determinados fármacos, como corticoides.

Essa condição se caracteriza pela opacificação do cristalino, levando à diminuição progressiva da


visão, até a cegueira, caso não haja intervenção adequada. A catarata é uma das principais causas de
cegueira em todo o mundo. A figura mostra um olho humano com catarata.

Figura 18 – Olho humano com catarata

Disponível em: https://cutt.ly/mUHYY6P. Acesso em: 4 set. 2021.

Não há medicamentos que solucionem esse problema, de modo que o tratamento consiste em
procedimento cirúrgico.

A cirurgia de catarata, também chamada de facectomia, consiste na remoção do cristalino que


deixou de ser transparente e tornou-se opaco para a implantação de uma lente sintética e transparente.
Hoje em dia, esse é considerado um procedimento eficaz e muito seguro.

100
FARMACOTERAPIA

Glaucoma

O glaucoma é uma doença ocular que tem tratamento, mas não tem cura. É causada por aumento da
pressão intraocular, que causa lesões no nervo óptico e leva ao comprometimento visual. Infelizmente,
o glaucoma é uma das principais causas de cegueira irreversível no mundo. Segundo o Ministério da
Saúde (BRASIL, 2021d), estima-se que 35 milhões de brasileiros tenham algum problema que causa
dificuldades de visão — e, desses casos, no mínimo 900 mil receberam o diagnóstico de glaucoma.

Em geral, o glaucoma não manifesta sintomas no início, pois a pressão intraocular tende a aumentar,
nesses casos, em padrão progressivo. Um fato preocupante no comportamento do glaucoma é que a
maioria dos pacientes não sente dor, comprometimento da visão ou qualquer outro sintoma. Na figura é
possível observar uma representação da visão normal comparada à representação do comprometimento
de campo visual causado pelo glaucoma.

A)

B)

Figura 19 – A) Visão normal; B) visão com glaucoma

Adaptada de: https://cutt.ly/DUHYJNF. Acesso em: 15 dez. 2021.

Não existe apenas um tipo de glaucoma, e pode haver variação em suas causas, sinais e sintomas,
formas de prevenção e tratamento. Veja a seguir quais são os principais tipos.

101
Unidade II

• glaucoma primário de ângulo aberto;

• glaucoma de ângulo fechado;

• glaucoma secundário.

Saiba mais

Para acessar mais informações sobre o glaucoma e seus variados


tipos, consulte:

RHEE, D. J. Glaucoma. Manual MSD — Versão Saúde para a Família, mar.


2021. Disponível em: https://cutt.ly/OUHY5qd. Acesso em: 15 dez. 2021.

O tratamento consiste no emprego de colírios para diminuir a pressão ocular, com o objetivo
de minimizar a lesão do nervo óptico que pode levar à cegueira. Contudo, a escolha do tratamento
farmacoterapêutico dependerá do tipo de glaucoma, exigindo, assim, avaliação médica individualizada
por um oftalmologista. O quadro a seguir apresenta os fármacos de uso tópico no tratamento
do glaucoma.

Quadro 14 – Fármacos tópicos utilizados no tratamento do glaucoma

Fármaco Dose/frequência
Análogos de prostaglandina (tópicos)
Bimatoprosta 1 gota, à noite
Latanoprosta 1 gota, à noite
Tafluprosta 1 gota, à noite
Travoprosta 1 gota, à noite
β-bloqueadores (tópicos)
Timolol 1 gota, 1 ou 2 vezes ao dia
Betaxolol 1 gota, 1 ou 2 vezes ao dia
Carteolol 1 gota, 1 ou 2 vezes ao dia
Levobetaxolol 1 gota, 2 vezes ao dia
Levobunolol 1 gota, 1 ou 2 vezes ao dia
Metipranolol 1 gota, 1 ou 2 vezes ao dia
Inibidores da anidrase carbônica (tópicos)
Brinzolamida 1 gota, 2 ou 3 vezes ao dia
Dorzolamida 1 gota, 2 ou 3 vezes ao dia
Mióticos de ação direta (agonistas colinérgicos; tópicos)*
Carbacol 2 gotas, 2 ou 3 vezes ao dia
Pilocarpina 1 gota, 2 a 4 vezes ao dia

102
FARMACOTERAPIA

Fármaco Dose/frequência
Mióticos de ação indireta (inibidores da colinesterase; tópicos)
Iodeto de ecotiofato** 1 gota, 1 ou 2 vezes ao dia
Agonistas adrenérgicos seletivos alfa-2 (tópicos)
Apraclonidina 1 gota, 2 ou 3 vezes ao dia
Brimonidina 1 gota, 2 ou 3 vezes ao dia
*Mióticos são raramente utilizados.
**Pode ser cataratogênico; aumenta o risco de descolamento de retina.

Adaptado de: Farmacos... ([s.d.]).

Conjuntivite

A conjuntivite é uma inflamação da conjuntiva, membrana que reveste a parte da frente do olho e
a superfície interna das pálpebras.

A conjuntiva exerce importante função de proteção contra corpos estranhos que possam entrar
em contato com o olho, como poeiras, partículas e microrganismos. Também tem como função manter
a superfície dos olhos úmida e devidamente lubrificada — incluindo a porção interna das pálpebras,
para que possam abrir e fechar com facilidade e de forma a não causar atrito ou irritação nos olhos.
Ela apresenta diversos vasos sanguíneos de pequeno calibre que garantem irrigação adequada às
pálpebras. Ainda, dispõe de células especializadas que produzem um importante componente do filme
lacrimal: a lágrima.

A conjuntivite é a doença mais frequente da conjuntiva e pode ser causada por diversos agentes
e/ou condições, como:

• presença de corpos estranhos;

• produtos químicos;

• exposição excessiva à luz solar;

• infecções por bactérias, vírus ou fungos;

• reações alérgicas.

Em geral, a duração da conjuntivite é curta, mas alguns casos podem durar meses ou anos.
A conjuntivite de longa duração costuma ter origem alérgica. Eventualmente, observam-se casos
crônicos de conjuntivite, como o tracoma, também chamado de conjuntivite granulomatosa. Essa
condição caracteriza-se por uma infecção causada pela bactéria Chlamydia trachomatis.

Independentemente das variadas causas, os sintomas mais comuns da conjuntivite são: vermelhidão,
secreção, ardência, prurido, visão embaçada, inchaço das pálpebras, lacrimejamento, sensação de
103
Unidade II

“areia nos olhos” e sensibilidade à luz. A depender do tipo de conjuntivite, observa-se um ou mais
desses sintomas.

É de fundamental importância manter os cuidados pessoais e com a higiene, em especial nos casos
de conjuntivite causados por agentes como vírus, fungos e bactérias.

A conjuntivite viral é de fácil transmissão e se dá por meio de fômites e objetos pessoais. Ambientes
com alta concentração de pessoas também são favoráveis à transmissão.

Observação

Segundo o Dicionário Priberam da língua portuguesa, fômite é um


“objeto ou material que pode alojar um agente infeccioso e permitir a sua
transmissão” (FÔMITE, 2018). Por exemplo: maçanetas, utensílios domésticos
(como copos e pratos), corrimão, bancadas, interruptores de luz.

Como em qualquer outra condição oftalmológica, havendo a manifestação de desconforto nos olhos
ou de qualquer sintoma que indique conjuntivite, é muito importante que se consulte o oftalmologista,
pois o tratamento apropriado só poderá ser instituído após o diagnóstico adequado.

A seguir, veja algumas informações sobre tratamento de diferentes tipos de conjuntivite.

Tratamento da conjuntivite viral

A conjuntivite viral mais comum é aquela causada por adenovírus. Apresenta sintomas autolimitados
que podem durar de 7 a 21 dias, bilaterais e sem tratamento específico. Para proporcionar alívio
sintomático, recomenda-se “lavar” os olhos com solução fisiológica (que pode ser gelada), compressas
frias sobre as pálpebras e colírios lubrificantes.

Como a conjuntivite viral é contagiosa, é fundamental a adoção de cuidados relacionados à higiene


pessoal, principalmente a lavagem das mãos.

Tratamento da conjuntivite bacteriana

Devido à alta taxa de contágio da conjuntivite bacteriana, é fundamental a adoção de medidas de


contenção e controle de infecção. Uma característica interessante na conjuntivite bacteriana aguda é o
padrão de acometimento de apenas um dos olhos (unilateral).

O tratamento se dá a partir da administração de antibióticos tópicos. Os antibióticos de amplo


espectro parecem ser eficazes, e recomenda-se sua aplicação a cada 4 horas por 7 dias. Cabe destacar,
ainda, que alguns pacientes têm resolução espontânea do quadro.

104
FARMACOTERAPIA

Observa-se que não há diferenças significativas entre os antibacterianos tópicos no que se refere ao
controle da infecção. Dessa maneira, não é possível estabelecer recomendações específicas sobre qual
antibacteriano usar.

Podemos citar alguns exemplos de fármacos e suas respectivas apresentações que podem ser
empregados no tratamento farmacoterapêutico da conjuntivite: cloridrato de ciprofloxacino 3,5 mg/g,
pomada oftálmica; cloranfenicol 5 mg/mL, solução oftálmica; e tobramicina 3 mg/g, pomada oftálmica.

Tratamento da conjuntivite alérgica

A conjuntivite alérgica é causada pela exposição a agentes alergênicos. Para esse tipo de conjuntivite,
é necessário suspender ou evitar o contato com o possível alérgeno. Em muitos casos, a identificação
do agente causador da conjuntivite alérgica não é fácil, principalmente se o agente está no ambiente,
como pólen, poeira, pelos de animais, poluentes etc.

Também pode ser necessário o uso de colírios com fármacos anti-histamínicos ou anti‑nflamatórios, ou
colírios à base de fármacos com ação vasoconstritora (descongestionante ocular). Tais medicamentos
visam à redução do prurido e da vermelhidão dos olhos.

Blefarite

A blefarite é uma inflamação que ocorre nas bordas das pálpebras, conforme ilustra a figura.

Figura 20 – Olho com blefarite

Fonte: Babic e Susanna Junior (2020, p. 220).

105
Unidade II

Essa inflamação pode ter diversas origens, como reações alérgicas ou infecções bacterianas (em
geral, por estafilococos). Dermatites também podem levar à blefarite. Eventualmente, a causa é de todo
desconhecida.

Como em outras condições oftalmológicas, a blefarite causa sensação de desconforto ocular como
se um corpo estranho estivesse presente, prurido, pálpebras avermelhadas e sensibilidade à luz. Na
blefarite de origem bacteriana, podem surgir pequenos abscessos purulentos.

O tratamento baseia-se em medidas que aliviam o desconforto, como compressas e adequada


limpeza das pálpebras com soro fisiológico, por exemplo. Também pode-se indicar colírios lubrificantes.

O uso de colírios ou pomadas oftálmicas são indicados de acordo com o agente envolvido nas causas
da blefarite.

Na blefarite bacteriana são empregados (quando indicados) colírios ou pomadas oftálmicas à base
de antibacterianos, como bacitracina com polimixina B, gentamicina e eritromicina. Eventualmente,
pode ser necessário administrar um antibiótico oral, conforme critério médico.

Hordéolo

O hordéolo, também conhecido como terçol, normalmente tem origem na infecção por
estafilococo. O hordéolo manifesta-se inicialmente com aumento da sensibilidade, dor e edema na
borda palpebral.

Pode ocorrer lacrimejamento, fotofobia e sensação da presença de corpo estranho no olho afetado.
Em geral, uma pequena pústula de cor amarelada se forma na base do cílio. A tendência é de a lesão se
romper e secretar o conteúdo, normalmente pus. Assim, a dor e a lesão desaparecem. Na maioria dos
casos, esse processo dura, em média, 4 dias após o aparecimento dos primeiros sinais.

O tratamento baseia-se em aplicações de compressas quentes e higiene ocular. Eventualmente, é


necessário o tratamento farmacológico com antibióticos orais, como eritromicina ou dicloxacilina, bem
como drenagem da lesão.

Entretanto, na maioria dos casos, o hordéolo tem resolução espontânea em poucos dias —
dispensando, assim, intervenções farmacoterapêuticas.

Observamos que a maioria dos tratamentos envolve o uso de colírios e/ou pomadas oftálmicas.
Assim, é de fundamental importância orientar o paciente sobre o uso correto e seguro dessas formas
farmacêuticas.

Alguns cuidados devem ser observados ao se utilizar os colírios. Tais cuidados são importantes
não apenas para o sucesso do tratamento, mas também para evitar que ocorra contaminação
do frasco que acondiciona o medicamento, de modo a garantir, principalmente, a qualidade
microbiológica do produto.
106
FARMACOTERAPIA

A seguir elencamos alguns desses cuidados:

• Não encostar a ponta do gotejador nos olhos, dedos ou outras superfícies.

• Ao finalizar a aplicação do produto, fechar imediatamente o frasco.

• Aplicar atentamente o número de gotas indicado pelo oftalmologista.

• Caso seja necessária a aplicação de mais de um colírio, aguardar alguns minutos entre
cada aplicação.

• Retirar lentes de contato antes da aplicação e recolocá-las 15 minutos após a aplicação.

Cabe destacar que é fundamental estar com as mãos devidamente lavadas e higienizadas
nesse processo.

Ceratite por herpes simples

Trata-se de uma infecção ocular causada pelo vírus herpes simples (HSV). O HSV é um importante
agente das doenças oculares, entre elas, a ceratite herpética. Quando não tratada adequadamente, pode
levar à cegueira, por comprometer de modo importante a córnea.

Em geral, a infecção primária inicial tende a ser autolimitada, cujos sinais e sintomas são semelhantes
a outros quadros de conjuntivite comum, e pode não ser diagnosticada como infecção por HSV.

Dessa forma, a infecção primária costuma se resolver espontaneamente e sem tratamento.


Entretanto, caso a infecção se “reative”, pode afetar a córnea e provocar o comprometimento temporário
ou permanente dessa estrutura, principalmente quando há múltiplas infecções.

No caso de reativação, são observados sintomas como lacrimejamento, fotofobia, sensação de corpo
estranho nos olhos (areia nos olhos) e hiperemia da conjuntiva; com a evolução do quadro, podem
surgir “bolhas” ou úlceras que ocasionam uma piora da visão (visão embaçada).

O tratamento baseia-se no emprego de colírios antivirais, bem como antivirais administrados por via
oral e/ou endovenosa. Eventualmente, se faz necessária a remoção de células comprometidas.

Cabe destacar que o diagnóstico deve ser feito por um oftalmologista o mais rápido possível, uma
vez que a ceratite por herpes simples pode levar à cegueira.

Entre os fármacos que podem ser empregados no tratamento da ceratite herpética, destacam-se os
colírios antivirais, como:

107
Unidade II

• ganciclovir 0,45%, gel oftálmico;

• aciclovir 3%, pomada oftálmica;

• idoxuridina 3%, pomada oftálmica;

• vidarabina 3%, pomada oftálmica;

• trifluorotimidina 1%, colírio.

Infelizmente, a vidarabina e o ganciclovir, nas apresentações citadas, não estão disponíveis no Brasil.
A trifluorotimidina 1% colírio está disponível por importação.

O aciclovir ou outro antiviral, como valaciclovir ou fanciclovir, podem ser utilizados por via oral.
No Brasil, a aciclovir é comercializado na forma de comprimidos de 200 mg e 400 mg e como solução
injetável (frasco-ampola de 250 mg). O valaciclovir está disponível em comprimidos de 500 mg e o
fanciclovir em comprimidos de 125 mg ou 250 mg.

Cabe destacar que a escolha do agente antiviral ficará a critério do médico, levando-se em conta a
experiência clínica, o histórico do paciente e as características do quadro clínico.

Nos casos em que são observados processos inflamatórios, pode ser necessário o emprego de colírios
à base de corticoides, como dexametasona de suspensão oftálmica ou pomada oftálmica de prednisolona
1%. O uso de colírios à base de corticoides deverá seguir criteriosa indicação pelo oftalmologista.

7.2 Doenças osteoarticulares

Muito se discute e se comenta sobre as doenças osteoarticulares, principalmente em idosos, faixa


etária mais acometida por condições como osteoporose, osteoartrite e artrite reumatoide.

Com isso, abordaremos aqui as principais condições que comprometem a qualidade de vida e, a
mobilidade dos pacientes, e, eventualmente, são de difícil tratamento.

7.2.1 Osteoporose

A osteoporose é definida pela redução da massa óssea e alteração da microarquitetura que resulta no
comprometimento da resistência óssea e em predisposição a um maior risco de fraturas. A perda óssea é
mais comum com o avanço da idade. Nas mulheres, a perda da função ovariana na menopausa precipita
a perda óssea de maneira mais rápida. O uso crônico de corticoides também pode levar à osteoporose.

Observe na figura uma comparação de um osso normal e outro com osteoporose.

108
FARMACOTERAPIA

Osso normal Osteoporose

Figura 21 – Imagem comparativa de um osso normal e de um osso com osteoporose

Adaptada de: https://cutt.ly/2ULJevl. Acesso em: 16 dez. 2021.

A osteoporose tem assumido grande importância no contexto epidemiológico e de saúde pública,


principalmente entre os idosos.

A prevenção e o tratamento da osteoporose se organizam entre abordagens não farmacológicas e o


uso de medicamentos.

O tratamento farmacológico é indicado para mulheres e homens diagnosticados ou com alto risco
de desenvolver essa doença.

Os medicamentos utilizados no tratamento da osteoporose em mulheres pós-menopausa incluem:

Terapia de reposição hormonal (TRH)

Com estrogênios e progestogênios, isoladamente ou em associação, pode ser realizada por via oral,
transdérmica ou injetável, mas recomenda-se o início ainda na época da menopausa. A TRH inibe o
efeito dos osteoclastos na reabsorção óssea; além disso, pode aumentar a quantidade óssea anos após
o término da função ovariana normal.

109
Unidade II

Hormônios exógenos — calcitonina e paratormônio (PTH)

A calcitonina é um hormônio produzido pelas células C da tireoide. Age via receptores de calcitonina
presentes nos osteoclastos, causando supressão das suas atividades. Induz aumentos discretos da
massa óssea vertebral. A forma farmacológica mais usada na clínica é a calcitonina de salmão. Pode ser
administrada pelas vias subcutânea, intramuscular e nasal. A calcitonina é menos efetiva em tratar a
osteoporose quando comparada aos bifosfonatos. É necessário que haja adequada ingestão de cálcio e
vitamina D nos pacientes com osteoporose.

Ainda no contexto dos hormônios exógenos, temos a teriparatida — PTH por técnica de DNA
recombinante —, que foi aprovada em 2002 pela Food and Drug Administration (FDA). Há algumas
controvérsias em relação ao seu uso, devido ao risco de osteossarcoma, como observado em animais.
Aprovado apenas para pacientes com osteoporose grave com alto risco de fraturas ou pacientes
refratários aos outros tratamentos, seu uso é limitado a um período de dois anos. Contudo, o PTH
produz aumentos consideráveis da massa óssea. Reduz o risco de fraturas vertebrais em 65% e não
vertebrais em 45%.

Bifosfonatos

Considerada a classe farmacológica mais efetiva para prevenção e tratamento da osteoporose, tem
sido utilizada para outros distúrbios do metabolismo ósseo, como doença de Paget, hipercalcemia do
câncer, doença óssea metastática, mieloma múltiplo, osteogênese imperfeita (Osteogenesis imperfecta).

São substâncias estruturalmente relacionadas aos pirofosfatos, apresentando, assim, alta afinidade
para o tecido ósseo. Comprometem a função dos osteoclastos e reduzem o número dessas células, em
parte por indução à apoptose. Dessa forma, agem inibindo a reabsorção óssea pelos osteoclastos ou seus
precursores. Como resultado, com a inibição da reabsorção temos, indiretamente, o aumento da massa
óssea. Observa-se uma redução de 40% a 50% no risco de fraturas vertebrais e de 40% de fraturas não
vertebrais em 3 anos.

Cada bifosfonato deve ser considerado individualmente, e observa-se que o bloqueio da reabsorção
óssea ocorre após 48 horas do início do tratamento. Em células tumorais podem agir induzindo a apoptose,
bem como inibindo a proliferação celular, a adesão, a invasividade celular ou as metástases ósseas.

Os diferentes bifosfonatos possuem potências significativamente diferentes: 1, 10, 100, 1000, 5000
para etidronato, clodronato, tiludronato, pamidronato, alendronato e risedronato, respectivamente.
A absorção após administração por via oral dos bifosfonatos é de 1% a 10% da dose administrada.

Nunca devem ser administrados com derivados do leite, com alimentos ou ao mesmo tempo que
os suplementos de cálcio, pois há interferência na absorção do bifosfonato. Devem ser ingeridos ao
se levantar, acompanhados de um copo d’água — contudo, sua administração deve se dar 30 minutos
antes do desjejum, da ingestão de bebidas ou do primeiro medicamento do dia. além disso, deve-se
permanecer ereto por pelo menos 30 minutos, a fim de evitar irritação gástrica.

110
FARMACOTERAPIA

Os pacientes devem ingerir aporte adequado de vitamina D e cálcio, e a hipocalcemia deve ser
corrigida antes do início da terapia.

Moduladores seletivos dos receptores de estrogênio

O raloxifeno age por meio do agonismo dos receptores estrogênicos no osso e no fígado. É inativo
no útero e antagonista estrogênico na mama. Reduz a perda de tecido ósseo e diminui a ocorrência
de fraturas de vértebra em 30% a 50%. Desse modo, é particularmente indicado para mulheres
pós‑menopausa com osteoporose predominantemente vertebral, e também pode reduzir o risco de
câncer de mama. Deve ser usado com cautela em pacientes cardiopatas, com histórico de câncer uterino
ou cervical e em mulheres em uso de estrogênios; além disso, pode aumentar o risco de trombose
venosa profunda (TVP).

7.2.2 Osteoartrite

A osteoartrite, também chamada de osteoartrose, artrose ou doença articular degenerativa,


caracteriza-se pelo desgaste da cartilagem presente nas articulações. Em geral divide-se em dois
grupos, que levam em consideração a origem da causa: a osteoartrite primária (sem causa conhecida)
e a osteoartrite secundária (com causa conhecida). Em todos os casos, observa-se também o histórico
familiar, por ser um elemento importante para se estabelecer a possível causa.

O tratamento da osteoartrite consiste na utilização de medicamentos, fisioterapia e,


eventualmente, cirurgia. Os tratamentos têm por objetivo reduzir a dor e manter a mobilidade
articular. Entretanto, essa condição não tem cura, e a terapia medicamentosa é complementar às
medidas físicas como a fisioterapia.

Em 2019, a Sociedade Europeia para Aspectos Clínicos e Econômicos da Osteoporose, Osteoartrite


e Doenças Musculoesqueléticas (Esceo) publicou o artigo “An updated algorithm recommendation
for the management of knee osteoarthritis from the Esceo” (BRUYÈRE et al., 2019), em que se pode
observar as diretrizes gerais para o tratamento da osteoartrite; a seguir, o esquema mostra o tratamento
preconizado que leva em consideração a evolução da osteoartrite.

111
Unidade II

Princípios básicos
– Combinação de medidas farmacológicas e não farmacológicas.
– Educação do paciente sobre a doença, preconizando a adoção de estilo de vida saudável.
– Se necessário, perda de peso.
– Plano de exercícios, com aeróbicos e fortalecimento muscular.

Passo 1
– Emprego de medicamentos sintomáticos de ação lenta: glucosamina e/ou condroitina e
dipirona ou paracetamol.
Se continuar sintomático: Aines tópicos.
– Fisioterapia, exercícios na água.
– Avaliação da necessidade de órteses, bengala, andadores ou cadeira de rodas.

Passo 2
– Manejo farmacológico, se persistirem os sintomas.
– Uso de Aines, preferencialmente COX-2 seletivos (celecoxibe), associados a inibidores da
bomba de prótons.
– Paciente com alto risco cardiovascular, usar Aines por período < 7 dias.
– Paciente com insuficiência renal (clearance < 30), evitar os Aines.
– Se continuar sintomático, infiltração intra-articular com ácido hialurônico. Avaliar a
possibilidade de infiltração com corticoide.

Passo 3
- Uso de opioide por um curto período.
- Duloxetina

Passo 4
- Avaliar a necessidade de artroplastia.

Figura 22 – Tratamento preconizado para osteoartrite

Adaptada de: Bruyère et al. (2019).

7.2.3 Artrite reumatoide

A artrite reumatoide é uma doença autoimune de causa desconhecida; ela gera uma condição
inflamatória crônica que acomete diversas articulações. Infelizmente, não há cura para essa condição.

112
FARMACOTERAPIA

O objetivo principal do tratamento com medicamentos (que depende do estágio e da gravidade da


doença) e fisioterapia é reduzir a inflamação e prevenir deformidades e perda da função das articulações.

O tratamento medicamentoso consiste no emprego de anti-inflamatórios e fármacos modificadores


da doença, basicamente imunossupressores. Atualmente, os imunobiológicos passaram a compor o
arsenal terapêutico para o tratamento da artrite reumatoide.

O diagnóstico baseia-se em informações clínicas e achados complementares. É importante considerar


o tempo de evolução da artrite, bem como a presença de anticorpos.

Outros dados importantes referem-se à elevação de provas de atividade inflamatória e alterações


detectadas em exames por imagens. Informações obtidas através de exames isolados não confirmam o
diagnóstico.

Para ajudar no diagnóstico, são analisados critérios estabelecidos pela American College of
Rheumatology (ACR, ou Colégio Americano de Reumatologia), em 1987 (ARNETT, 1988), e pela ACR
e a European League Against Rheumatism (EULAR ou Liga Europeia Contra o Reumatismo), em 2010
(KAY; UPCHURCH, 2012).

Os sete critérios avaliados para a orientação do diagnóstico são: rigidez matinal, artrite de três ou
mais áreas articulares, artrite de mãos, artrites simétricas, nódulos reumatoides, fator reumatoide positivo
e alterações radiográficas. A presença de quatro ou mais critérios, por um período de manifestação igual
ou superior a 6 semanas, sugere o diagnóstico de artrite reumatoide.

O tratamento da artrite reumatoide baseia-se em medidas não medicamentosas e medicamentosas


com abordagem multidisciplinar, e o paciente deve ser orientado a mudar hábitos de vida, como cessar
o tabagismo, diminuir a ingestão de bebidas alcóolicas, perder peso, praticar exercícios físicos.

Além da mudança de hábitos de vida, deve-se fazer um acompanhamento de comorbidades como


hipertensão, diabetes, dislipidemias e osteoporose, e manter atualizada a cobertura vacinal. No caso
de pacientes em idade fértil, o uso de contraceptivos é importante, caso a paciente utilize fármacos
modificadores da doença.

O tratamento tem por objetivo a remissão da patologia e, em alguns casos, a redução da atividade
da doença.

Tratamento medicamentoso da artrite reumatoide

O tratamento medicamentoso de artrite reumatoide consiste no uso de Aines, glicocorticoides,


imunossupressores e medicamentos modificadores do curso da doença sintéticos e biológicos, e segue
etapas preconizadas conforme o Relatório de recomendação: protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas
— artrite reumatoide, publicado em agosto de 2021 pela Comissão Nacional de Incorporação de
Tecnologias no SUS (Conitec), do Ministério da Saúde.

113
Unidade II

É de fundamental importância conhecer muito bem as substâncias utilizadas no que se refere ao


emprego, reações adversas e contraindicações para garantir o uso seguro e efetivo.
• Primeira etapa:
— Medicamentos modificadores do curso da doença sintéticos: metotrexato, leflunomida,
sulfassalazina, cloroquina e hidroxicloroquina.
• Segunda etapa:
— Medicamentos modificadores do curso da doença biológicos: abatacepte, adalimumabe,
certolizumabe pegol, etanercepte, golimumabe, infliximabe, rituximabe, tocilizumabe.
— Medicamentos modificadores do curso da doença sintéticos alvo-específicos: baricitinibe,
tofacitinibe ou upadacitinibe.
• Terceira etapa:
— Medicamentos modificadores do curso da doença biológicos: abatacepte, adalimumabe,
certolizumabe pegol, etanercepte, golimumabe, infliximabe, rituximabe, tocilizumabe.
— Medicamentos modificadores do curso da doença sintéticos alvo-específicos: baricitinibe,
tofacitinibe ou upadacitinibe.
Em qualquer etapa ou linha de tratamento adotada, anti-inflamatórios podem ser utilizados para
controle sintomático da condição. Entretanto o esquema de uso empregando a menor dose e pelo
menor tempo possível deve ser observado.
O protocolo preconizado pela Conitec (BRASIL, 2021a) para artrite reumatoide recomenda ibuprofeno
e naproxeno. Mas, dependendo do caso, pode-se empregar a associação de Aines e glicocorticoides.

Saiba mais
Para acessar mais informações sobre o glaucoma e seus variados
tipos, consulte:
RHEE, D. J. Glaucoma. Manual MSD, mar. 2021. Disponível em:
https://cutt.ly/OUHY5qd. Acesso em: 15 dez. 2021.
Conheça em detalhes as recomendações para protocolos clínicos e
diretrizes terapêuticas da artrite reumatoide neste documento publicado
pela Conitec em agosto de 2021:
BRASIL. Ministério da Saúde. Relatório de recomendação — agosto/2021.
Protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas — artrite reumatoide. Brasília:
Ministério da Saúde, 2021. Disponível em: https://cutt.ly/YUHUh2X. Acesso
em: 17 dez. 2021.

114
FARMACOTERAPIA

8 ATUALIZAÇÃO EM ANTIBIOTICOTERAPIA – RESISTÊNCIA AOS


ANTIMICROBIANOS E ÀS AFECÇÕES BUCODENTÁRIAS

Uma das mais importantes descobertas da medicina foi, sem dúvida, a dos antibióticos. Até aquele
momento, a humanidade não tinha recursos eficazes para o combate de qualquer infecção. Nesse
contexto, Alexander Fleming, em 1928, trabalhando com culturas de Staphylococcus aureus, observa
que estes não cresciam na presença de fungos — no caso, na presença de Penicillium notatum. Assim
foi descoberta a penicilina, um dos mais importantes antibióticos existentes e um “divisor de águas” no
tratamento das infecções.

A penicilina foi isolada em 1939 e utilizada pela primeira vez em 1940. A partir daí, diversos
antibióticos foram introduzidos no mercado farmacoterapêutico.

Os antibióticos são de origem natural, semissintética e sintética; entre as classes mais recentes,
muitos são obtidos a partir do planejamento racional. Em função de sua importância clínica, eles têm
sido amplamente empregados na farmacoterapêutica.

Embora tenhamos disponíveis diversas classes de antibióticos — algumas delas com diversos
representantes —, enfrentamos um enorme desafio na atualidade: a resistência bacteriana, que nos
impõe limites no controle de alguns casos de infecção devido ao surgimento de microrganismos
resistentes a diversos antibióticos. Com isso, muitas vezes o tratamento fica impossibilitado, e a situação
se torna cada vez mais preocupante.

8.1 Resistência bacteriana

A resistência bacteriana, um conceito amplo, diz respeito ao fato de que um microrganismo pode
crescer in vitro na presença da concentração que a substância atinge no sangue — ou seja, o conceito
é dose-dependente.

Sabemos que a concentração dos antibióticos pode variar a depender do sítio de ação. Desse modo, é
preciso destacar dois conceitos fundamentais em antibioticoterapia: concentração inibitória mínima (CIM)
e concentração bactericida mínima (CBM) — parâmetros expressos em μg/mL ou mg/L.

A resistência bacteriana pode ser dividida em:

• Intrínseca (ou natural): é gênero-específica (e, muitas vezes, espécie-específica), e determina o


espectro de ação do antibiótico.

• Adquirida: pode manifestar-se em apenas algumas cepas de uma mesma espécie bacteriana e
resulta da mutação ou mudança na expressão de um gene cromossômico ou mesmo plasmidial.

Alguns mecanismos explicitam como se desenvolve a resistência bacteriana aos mais diversos
antibacterianos. São elas:
115
Unidade II

• Inibição enzimática: também denominada inativação enzimática, é considerada o principal


mecanismo de resistência adquirida contra β-lactâmicos. Neste caso, as bactérias podem
produzir enzimas (β-lactamases) que têm a capacidade de hidrolisar o anel β-lactâmico. Muitas
dessas β-lactamases são codificadas por genes plamidiais — podem ser transmitidas entre
diferentes bactérias.

• Alteração do sítio de ação: caracterizada pela alteração da molécula-alvo da ação dos antibióticos.
Nesse mecanismo, o sítio de ação em que o antibiótico atua pode ser alterado de maneira que
essa estrutura apresente baixa afinidade pelo agente bacteriano.

• Alteração do transporte: as bactérias podem tornar-se resistentes à ação dos antibióticos devido
a alterações no transporte do antibiótico através do invólucro bacteriano. Isso pode ocorrer:

— devido à inibição do transporte por diminuição da entrada do antibiótico (redução da


permeabilidade);

— devido ao mecanismo de efluxo ativo que retira o antibiótico de dentro da célula.

Diversas são as causas relacionadas à crescente escalada da resistência bacteriana, e todos os


envolvidos no processo — pacientes, médicos, autoridades de saúde — são, de alguma forma, responsáveis
por tal fenômeno.

A resistência pode ser atribuída a mecanismos naturais, intrínsecos da própria bactéria, como
veremos a seguir, ou estar ligada a fatores relacionados ao seu uso, como:

• Uso indiscriminado.

• Emprego de doses inadequadas.

• Uso como antipirético ou anti-inflamatório (uso irracional).

• Tempo de tratamento inadequado ou não respeitado.

• Uso no tratamento de doenças que não respondem aos antibióticos (uso irracional).

• Falta de informação bacteriológica e/ou epidemiológica.

• Confiança no emprego sem a investigação adequada e a realização de exames apropriados.

Dessa forma, temos observado o aparecimento de bactérias resistentes e multirresistentes em


todo o mundo.

116
FARMACOTERAPIA

Segundo Van Houten et al. (2018 apud TRONCOSO; ALENCAR, 2020), o Centro de Controle de
Doenças norte-americano considera o uso indiscriminado dos antimicrobianos um problema urgente
de saúde neste século. Estima-se que a mortalidade possa chegar à casa dos 10 milhões em todo o
mundo até 2050, em função de infecções causadas por bactérias resistentes.

Em 2017, a OMS publicou uma lista prioritária com diversas bactérias de interesse resistentes
às carbapenemas e cefalosporinas de terceira geração, fármacos relativamente recentes. Bactérias
como Pseudomonas aeruginosa e Acinetobacter baumannii são resistentes a carbapenemas, e
Enterobacteriaceae, resistente às cefalosporinas de terceira geração e às carbapenemas. Outras bactérias
de interesse clínico, como Escherichia coli e Klebsiella pneumoniae, estão incluídas nessa lista (GIACOBBE
et al., 2018 apud TRONCOSO; ALENCAR, 2020).

A citada lista de agentes patogênicos prioritários classifica esses microrganismos em três classes,
de acordo com a prioridade, e aponta a necessidade urgente de novos antibióticos. A lista pode ser
observada no quadro a seguir.

Quadro 15 – Lista de agentes patogênicos prioritários da OMS

Prioridade 1: crítica
Acinetobacter baumannii, resistente às carbapenemas
Pseudomonas aeruginosa, resistente às carbapenemas
Enterobacteriaceae, resistente às carbapenemas, produtoras de β-lactamases de espectro estendido
Prioridade 2: alta
Enterococcus faecium, resistente à vancomicina
Staphylococcus aureus, resistente à meticilina, intermediário ou resistente à vancomicina
Helicobacter pylori, resistente à claritromicina
Campylobacter spp., resistente às fluoroquinolonas
Salmonelas, resistentes às fluoroquinolonas
Neisseria gonorrhoeae, resistente às cefalosporinas ou fluoroquinolonas
Prioridade 3: média
Streptococcus pneumoniae, não suscetível à penicilina
Haemophilus influenzae, resistente à ampicilina
Shigella spp., resistente às fluoroquinolonas

Adaptado de: IBSP (2017).

Segundo matéria publicada no site do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP, 2017), a
tuberculose não foi incluída na lista, embora a resistência esteja crescendo, por já ser contemplada por
outros programas.

O principal objetivo da lista da OMS é servir de incentivo para que todos os envolvidos
implementem políticas que incentivem o desenvolvimento de novos fármacos e o uso racional dos
antibióticos disponíveis.

117
Unidade II

As carbapenemas representam um bom parâmetro para a classificação de diversas bactérias


multirresistentes, posto que a Acinetobacter baumannii e a Pseudomonas aeruginosa, resistentes
às carbapenemas, e as bactérias resistentes às cefalosporinas e carbapenemas são, com frequência,
resistentes a diversas classes, restando poucas opções em termos de cobertura e, eventualmente,
não havendo opções para o tratamento da infecção causada por elas (GIACOBBE et al., 2018 apud
TRONCOSO; ALENCAR, 2020). Para tornar a situação mais complicada, recentemente foi descoberta a
resistência dessas cepas às polimixinas (LEMMEN; LEWALTER, 2018).

Uma estratégia que tem sido pensada considera o uso cíclico dos antibióticos. Essa estratégia visa a
substituição planejada de uma classe ou determinado representante de uma classe por outra classe e/ou
representante e que apresente o mesmo espectro de ação. Com isso, espera-se que ocorra uma “ruptura”
no ciclo de aquisição de resistência (PITIRIGA, 2017 apud TRONCOSO; ALENCAR, 2020).

Ao se discutir a resistência bacteriana aos antibióticos, normalmente se pensa única e exclusivamente


no ambiente hospitalar. Mas, entre as bactérias listadas pela OMS, temos o Staphylococcus aureus,
resistente à meticilina, que, durante muito tempo, era encontrado apenas no ambiente hospitalar.
Contudo, atualmente, tem sido detectado também como agente em infecções comunitárias (GROSSI,
TEBINI; DALLA, 2015). Por si só, esse é um fator de grande preocupação, uma vez que as infecções
comunitárias são adquiridas fora do ambiente hospitalar.

É necessário destacar o impacto financeiro nos sistemas de saúde. O montante financeiro destinado
ao tratamento de infecções por bactérias resistentes gira, em média, na casa dos 20 bilhões de dólares
nos Estados Unidos, e na casa de 1,5 bilhão de euros na União Europeia (VAN HOUTEN et al., 2018).

No Brasil, segundo trabalho realizado por Ursula et al. (2017 apud TRONCOSO; ALENCAR, 2020), a
prevalência de bactérias como Acinetobacter baumannii, resistentes às carbapenemas, é superior a 75%,
e a da Pseudomonas aeruginosa está entre 50% e 75%, mostrando mais uma vez que se trata de um
problema mundial, e que deve ser tratado com máxima seriedade e urgência.

Países como o Brasil acabam se deparando com dificuldades e desafios adicionais em função
das condições sociais-econômicas-políticas, exigindo, assim, extrema atenção das autoridades em
saúde pública e sanitárias. Isso não só justifica a pesquisa e o desenvolvimento de novos fármacos
antimicrobianos, como também a adoção séria e criteriosa do controle de infecção, principalmente no
ambiente hospitalar, e o uso racional desses fármacos.

Diversos estudos apontam que medidas de controle de infecção hospitalar (como barreiras de
contenção e controle, lavagem de mãos, assepsia das unidades de internação e antissepsia dos
pacientes) não têm conseguido minimizar ou impedir a disseminação de bactérias multirresistentes.
Outros fatores, como o uso empírico de antibióticos de amplo espectro, mesmo com a adoção de
protocolos farmacoterapêuticos, em função do aumento da resistência, também têm contribuído para
o crescimento do problema (PETTIGREW; JOHNSON; HARRIS, 2016).

118
FARMACOTERAPIA

Assim, para que possamos evitar o aumento crescente de cepas bacterianas resistentes e
multirresistentes, contamos, no momento, apenas com programas adequados de controle de infecções
e o uso racional de antimicrobianos.

Lembrete

Os antibióticos podem ser de origem natural, semissintética e sintética;


em função de sua importância clinica, eles são amplamente empregados
na farmacoterapêutica.

8.2 Afecções bucodentárias

Em artigo intitulado “Muito além da cárie: 9 doenças que se manifestam pela boca” publicado por
Biernath (2020) no site Veja Saúde, podemos entender que a saúde bucal é de fundamental importância,
e consultar o dentista regularmente, manter hábitos de higiene bucal adequados (como escovar os
dentes e usar o fio dental), seguir uma alimentação saudável e manter vigilância constante, observando
toda e qualquer alteração na língua, na gengiva e nos dentes, são hábitos determinantes na detecção
não só de doenças bucodentárias, mas também de patologias sistêmicas.

Sabe-se que a saúde bucal tem uma relação importante com a saúde do organismo como um todo.
Dessa maneira, a higiene bucal inadequada pode causar várias outras enfermidades para além dos
problemas bucais.

Diversas doenças têm relação com problemas de higiene bucal. Além das afecções relacionadas à
má escovação, o não uso do fio dental gera condições diretamente ligadas à gengivite, a periodontite
e o comprometimento dos dentes — ou seja, problemas na higiene bucal favorecem a proliferação
bacteriana que promove os problemas na boca, e pode haver a migração dessas bactérias para outras
partes do corpo, por meio da corrente sanguínea.

A condição mais grave relacionada a problemas de higiene bucal é a endocardite bacteriana, infecção
causada por bactérias da boca que pode atingir as válvulas ou o tecido cardíaco. Casos de pneumonia e
artrite reumática também podem estar relacionados às bactérias bucais.

Entre as principais doenças bucais podemos destacar:

• cárie;
• cálculo dentário (tártaro);
• doenças da gengiva (gengivite e periodontite);
• lesões bucais, como aftas, herpes labial, inflamações gengivais, câncer, feridas por próteses.

A seguir, vamos conhecer um pouco mais da gengivite e da periodontite.


119
Unidade II

8.2.1 Gengivite

Trata-se de uma afecção bucal muito comum. Caracteriza-se por uma inflamação na gengiva e
ocorre devido à remoção inadequada da placa bacteriana. Quando a placa bacteriana não é removida
diariamente e de forma apropriada com o emprego correto do fio dental e da escovação, as bactérias
presentes podem causar uma infecção que pode afetar as estruturas que dão sustentação ao dente.
Assim, o processo evolui e, se não tratado de maneira adequada, evolui para a periodontite. Ou seja, a
gengivite é o primeiro estágio da doença periodontal.

A gengivite deve ser diagnosticada ainda no início, para que a evolução não leve à perda dos dentes.

Os principais sintomas podem ser facilmente observados pelo paciente:

• gengivas vermelhas ou inchadas;


• sangramento gengival durante a escovação e o uso do fio dental;
• retração gengival;
• presença de secreção;
• mau hálito e percepção de sabor desagradável;
• dor ou desconforto na região afetada.

O tratamento depende do estágio da gengivite. No início, a escovação e o uso do fio dental,


regularmente e de forma correta, permitem a reversão do problema. Se preciso, a limpeza e a remoção
de tártaro devem ser realizadas pelo profissional dentista.

Eventualmente, se faz necessário o uso de anti-inflamatórios tópicos, como a triancinolona, um


corticoide tópico que, nesse caso, é empregado na forma farmacêutica tópica em orobase, apropriada
para aplicação na mucosa bucal. Essa forma farmacêutica adere à região de aplicação criando uma
cobertura protetora e permitindo a ação do fármaco, mesmo num ambiente tão úmido.

Como já observado, caso a gengivite não seja tratada no início do processo e não haja adoção de
técnicas de higiene bucal, assim como visita regular ao dentista, pode-se desenvolver a periodontite.

8.2.2 Periodontite

Trata-se de uma infecção bacteriana que acomete o tecido e as estruturas que dão sustentação aos
dentes. É uma forma grave de gengivite e, se não tratada, pode levar à perda dos dentes — inclusive, essa
é a principal causa de perda dentária em adultos e idosos.

Quando a gengivite não é tratada, a placa bacteriana “invade” a região em que a gengiva e o dente
entram em contato. O dano causado pela inflamação faz com que haja o afastamento entre o dente e
a gengiva, criando espaços ou bolsas.

120
FARMACOTERAPIA

Nesses locais, ocorre também a formação de placa e o desenvolvimento de infecções. Com a evolução
do quadro ocorre o comprometimento do dente; sem o tratamento adequado, pode haver perda do
dente ou, ainda, ser necessária a remoção do dente.

Embora a principal causa seja a má higiene bucal, observa-se maior suscetibilidade de periodontite
em portadores de certas patologias, que, portanto, podem ser fatores importantes de predisposição,
como: diabetes, doença de Crohn, leucopenia e síndrome da imunodeficiência humana adquirida (Aids).
Tabagismo, deficiência de vitamina C e distúrbios de origem emocional também são apontados como
fatores que aumentam os riscos de desenvolver a periodontite.

O tratamento baseia-se na limpeza, realizada pelo profissional dentista, para remoção da placa
bacteriana e das bolsas que se formam ao redor do dente; em casos avançados, pode haver necessidade
de cirurgia.

O profissional dentista também pode indicar antissépticos tópicos e, na presença de processos


infecciosos, antibióticos, como amoxicilina associada ou não ao clavulanato ou metronidazol. De acordo
com o quadro, pode-se utilizar, ainda, tetraciclinas, clindamicina ou ciprofloxacina.

Outros tratamentos podem ser instituídos conforme a evolução e as necessidades do paciente, sempre
a critério do dentista que o acompanha, como é o caso do tratamento com ozônio. Segundo Belegote
et al. (2018), em função de sua ação antimicrobiana, o ozônio tem sido empregado em odontologia de
modo crescente. Este mostra-se capaz de diminuir o sangramento, a placa bacteriana e as bolsas. Pode
ser administrado nas formas gasosa, oleosa e aquosa.

A figura mostra um caso de periodontite crônica, em que é possível observar o grau de


comprometimento dos dentes.

Figura 23 – Periodontite crônica

Disponível em: https://cutt.ly/nULHiA2. Acesso em: 3 jan. 2022.

121
Unidade II

Resumo

Nesta unidade, estudamos sobre as doenças tropicais, também


conhecidas como doenças negligenciadas, e observamos a importância e o
impacto dessas doenças em termos de saúde pública.

São doenças que apresentam maior incidência e prevalência em


regiões cujos problemas de saneamento básico, falta de água potável,
moradias inadequadas e dificuldades em educação sanitária favorecem seu
aparecimento. Dessa maneira, é fundamental haver investimentos em
infraestrutura e programas de combate, tratamento e prevenção, a fim de
se proporcionar melhor qualidade de vida à população suscetível.

Aprofundamos o olhar sobre as doenças tropicais prevalentes no Brasil,


destacando as doenças parasitárias, como esquistossomose, fasciolose,
teníases, equinococose, ascaridíase, ancilostomose, oxiurose, estrongiloidíase,
filariose, oncocercose e tricuríase. Conhecemos, ainda, o agente, os modos
de contaminação e as principais formas de tratamento medicamentoso
preconizado para cada parasitose.

Sob os mesmos aspectos e para complementar o conhecimento sobre


as doenças tropicais, estudamos algumas doenças não parasitárias de
importância no contexto das doenças negligenciadas, como a doença
de Chagas, leishmaniose, hanseníase, dengue e a raiva.

Observamos que existem diversas condições que podem acometer os rins


diretamente, e outras que estão relacionadas a condições distintas, como
infecções e uso de medicamentos. Essas condições também podem variar
quanto à gravidade e, consequentemente, o grau de comprometimento
da função renal.

Nesta unidade, vimos também as condições renais agudas e crônicas.


No caso das doenças renais crônicas, além dos múltiplos fatores que podem
estar envolvidos em sua gênese, observa-se que o tempo de evolução pode
ser lento e a condição, assintomática, retardando o diagnóstico apropriado.

É importante lembrar que os rins têm como principal função a remoção


de resíduos e a manutenção do equilíbrio hidroeletrolítico, e qualquer
acometimento renal exige atenção.

A nefrite é uma condição inflamatória dos rins e pode ter diversas causas,
como uso de medicamentos que afetam a função renal ou apresentam

122
FARMACOTERAPIA

nefrotoxicidade, infecções, doenças autoimunes (como lúpus eritematoso),


exposição prolongada a agentes tóxicos, entre outras.

Vimos que o tratamento depende do tipo de nefrite; assim, o diagnóstico


precoce e adequado é fundamental para que não haja o risco de evolução
desfavorável para insuficiência renal. ao se identificar uma infecção,
deve‑se empregar antibióticos e, se necessário, diuréticos.

Em relação à infecção urinária, condição relativamente comum, são as


possíveis complicações, principalmente nos casos de infecção recorrente,
que preocupam e exigem acompanhamento adequado. O tratamento
baseia-se no uso de antibacterianos, sempre com a preocupação em relação
à presença de bactérias resistentes.

Os cálculos renais são formações sólidas que apresentam diversos


tamanhos, formatos e composições, e são o resultado do acúmulo de
cristais que estão presentes na urina. Ao se movimentarem ou serem
eliminados, provocam dor muito intensa, o que demanda atendimento
médico de urgência.

O tratamento dos cálculos renais na crise aguda baseia-se no uso de


medicamentos para controle da dor. Para auxiliar a eliminação do cálculo,
administra-se fluídos e fármacos para aumentar o fluxo urinário.

A doença renal crônica é uma condição mais grave se comparada às


demais, e caracteriza-se pela perda progressiva e lenta da função dos néfrons;
com isso, observa-se a diminuição da capacidade de filtração do sangue.

O tratamento, estabelecido de acordo com o estágio da doença, tem


por objetivo preservar e/ou restabelecer a função renal, de modo a não se
atingir estágio de perda completa da função.

Os distúrbios eletrolíticos caracterizam-se pela deficiência ou o excesso


de eletrólitos no sangue. O equilíbrio hidroeletrolítico, vale lembrar, é
fundamental para que haja a homeostasia (a correção nas concentrações
dos eletrólitos do sangue), e esta é alcançada por meio da terapia de
reposição eletrolítica ou a correção dos níveis de eletrólitos.

No contexto das doenças oculares, observamos a importância de


consultar o oftalmologista regularmente e se ter atenção à saúde ocular.
Condições como catarata, glaucoma, conjuntivite e retinopatia diabética
podem evoluir de maneira desfavorável se não diagnosticadas e tratadas
adequadamente. Podem, inclusive, levar à perda da visão. Outras condições,
como a blefarite e o terçol, trazem muito desconforto ocular, mas são
123
Unidade II

menos graves. Entretanto qualquer alteração visual ou desconforto exige


a avaliação por um oftalmologista.

Outro tópico abordado foi a osteoporose e as doenças articulares, como


a osteoartrite e a artrite reumatoide, que atingem mais comumente a
população idosa. Estas são condições que comprometem a qualidade de
vida e a mobilidade e, eventualmente, são de difícil tratamento.

A osteoporose caracteriza-se pela perda de massa óssea e alterações


na estrutura dos ossos. Essa perda óssea é mais comum com o aumento da
idade. Nas mulheres, a perda da função ovariana na menopausa precipita a
perda óssea de maneira mais rápida. O uso crônico de corticoides também
pode levar à osteoporose.

O tratamento baseia-se no uso de substância que visam reduzir o


processo de reabsorção óssea, com destaque para os bifosfonatos como
terapia medicamentosa. No caso de mulheres na menopausa, a terapia de
reposição hormonal é uma opção, caso haja indicação.

A osteoartrite caracteriza-se pelo desgaste da cartilagem presente


nas articulações. O tratamento consiste na utilização de medicamentos,
fisioterapia e, eventualmente, cirurgia. Os tratamentos visam à redução da
dor e à manutenção da mobilidade articular.

Já a artrite reumatoide é uma doença autoimune cuja causa é


desconhecida. Ela gera uma condição inflamatória crônica que acomete
diversas articulações, e ainda não há cura para essa condição. O
tratamento medicamentoso consiste no emprego de anti-inflamatórios,
imunossupressores e imunobiológicos.

A antibioticoterapia, com destaque ao perfil de resistência, foi


tratada de tal forma que seja possível compreender a necessidade de se
desenvolver novos antibióticos para a cobertura de bactérias resistentes
e, principalmente, de se estabelecer a prescrição adequada e racional
dos antibióticos.

Partindo do conhecimento dos mecanismos de resistência e surgimento


de cepas resistentes a antibióticos de amplo espectro, tornou-se evidente
a urgência em desenvolver novos fármacos e programas de incentivo e
conscientização ao uso racional dos antibióticos.

Além disso, vimos que a há uma relação importante e direta entre


a saúde bucal e a saúde do organismo como um todo. Desse modo, a

124
FARMACOTERAPIA

higiene bucal inadequada pode causar não apenas problemas bucais, mas
outras enfermidades.

Tal constatação nos demonstra que consultar o dentista regularmente,


manter hábitos de higiene bucal adequados (como escovar os dentes e usar
o fio dental), estabelecer uma alimentação saudável e observar qualquer
alteração na língua, gengiva e dentes são práticas determinantes na detecção
não só de doenças bucodentárias, mas também de patologias sistêmicas.

A gengivite é uma afecção bucal comum relacionada à má escovação


e à não retirada adequada da placa bacteriana, ou seja, ao não uso do fio
dental ou uso de forma errada. No início, é possível resolver a gengivite
com a adoção de hábitos adequados de higiene bucal.

Quando não tratada, a gengivite pode evoluir para a periodontite,


condição mais grave que pode levar à perda dos dentes se não houver o
tratamento adequado. O dano causado pela inflamação faz com que haja
um afastamento entre o dente e a gengiva, criando espaços ou bolsas e,
consequentemente, infecções.

O tratamento se dá com a limpeza realizada pelo profissional dentista, a


fim de se remover a placa bacteriana e as bolsas formadas ao redor do dente;
em casos avançados, pode haver necessidade de cirurgia. Na presença de
infecção, é necessário instituir a terapia antibacteriana.

125
Unidade II

Exercícios

Questão 1. Leia o texto a seguir.

Em Gravatá, agreste pernambucano, seu José viu a barriga crescer e a diarreia e intensas dores
abdominais se tornarem rotineiras. Trabalhador rural, ficou impedido de exercer seu ofício. Quando
finalmente foi ao médico, o diagnóstico veio rápido: esquistossomose, também chamada de
barriga‑d’água ou xistose.

A infecção já havia atingido vários órgãos e provocado uma grave cirrose no fígado. Diagnosticado
no começo deste ano, seu José passou quase seis meses sem o remédio indicado, que estava em falta
na Vigilância Sanitária de Gravatá. Conseguiu o medicamento no Recife, mas precisou ficar internado
por semanas em Caruaru. Anos e anos da presença do esquistossomo no corpo produziram sequelas
irreparáveis.

Adaptado de: SANTOS, M. C. Esquistossomose: os perigos presentes e futuros do declínio do praziquantel. Marco Zero,
Recife, 6 jan. 2020. Disponível em: https://cutt.ly/GUCgS3P. Acesso em: 2 dez. 2021.

Assinale a alternativa que indica corretamente o medicamento a que se refere o texto, assim como
seu mecanismo de ação sobre o esquistossomo.

A) Albendazol, que inibe a polimerização dos microtúbulos nas células do tegumento.

B) Praziquantel, que promove paralisia espástica da musculatura.

C) Nitazoxanida, que inibe a enzima piruvato-ferredoxina-oxidorredutase.

D) Piperazina, que ativa os receptores GABAérgicos no sistema nervoso central.

E) Ivermectina, que ativa os canais de cloro controlados pelo glutamato.

Resposta correta: alternativa B.

Análise das alternativas

A) Alternativa incorreta.

Justificativa: o albendazol é indicado para o controle das infecções por Ascaris lumbricoides
(ascaridíase), Enterobius vermicularis (enterobíase), Necator americanus e Ancylostoma duodenale
(ancilostomíase), Trichuris trichiura (tricuríase), Strongyloides stercoralis (estrongiloidíase), Taenia spp.
(teníase) e Hymenolepis nana (himenolepíase).

126
FARMACOTERAPIA

B) Alternativa correta.
Justificativa: o praziquantel é o fármaco de escolha no tratamento da esquistossomose, e uma das
únicas opções disponíveis. Ele aumenta o influxo de cálcio nas células musculares do parasita, o que
lhe causa espasmos musculares seguidos de paralisia. A falta de praziquantel no território brasileiro — o
único fabricante é o laboratório Farmanguinhos — põe em risco a vida dos portadores do S. mansoni,
parasita frequente em regiões com saneamento básico deficiente.
C) Alternativa incorreta.
Justificativa: a nitazoxanida é indicada para o controle das infecções por Enterobius vermicularis
(enterobíase), Ascaris lumbricoides (ascaridíase), Strongyloides stercoralis (estrongiloidíase), Ancylostoma
duodenale e Necator americanus (ancilostomíase), Trichuris trichiura (tricuríase), Taenia spp. (teníase)
e Hymenolepis nana (himenolepíase). Além disso, pode ser utilizada no tratamento das gastroenterites
virais causadas por rotavírus e norovírus e em doenças causadas por protozoários (amebíase, giardíase,
criptosporidíase, blastocistose, balantidíase e isosporíase).
D) Alternativa incorreta.
Justificativa: a piperazina é indicada para o controle das infecções por Ascaris lumbricoides
(ascaridíase) e por Oxyuris spp. (oxiuríase).
E) Alternativa incorreta.
Justificativa: a ivermectina é indicada para o controle das infecções por Strongyloides stercoralis
(estrongiloidíase), Onchocerca volvulus (oncocercose), Wuchereria bancrofti (filariose) e Ascaris
lumbricoides (ascaridíase). Além disso, é efetiva no controle da escabiose (sarna), causada pelo ácaro
Sarcoptes scabiei, e da pediculose (piolho), causada pelo artrópode Pediculus humanus capitis.

Questão 2. A propaganda da maioria dos anti-inflamatórios não esteroidais (Aines) é acompanhada


da seguinte frase: “Este medicamento é contraindicado em casos de suspeita de dengue”. Isso ocorre
porque os Aines aumentam o risco de sangramentos em pacientes portadores da dengue hemorrágica.

Assinale a alternativa que explica corretamente esse fenômeno.

A) Os Aines inibem a síntese hepática de fatores de coagulação dependentes da vitamina K.

B) Os Aines aumentam a síntese de fatores anticoagulantes, como a antitrombina.

C) Os Aines inibem a síntese de tromboxano A2 pelas plaquetas.

D) O vírus da dengue potencializa o efeito dos Aines sobre as redes de fibrina.

E) Tanto o vírus da dengue como os Aines diminuem a produção de plaquetas na medula óssea.

Resposta correta: alternativa C.

127
Unidade II

Análise da questão

O mecanismo de ação dos Aines consiste na inibição da ciclo-oxigenase (COX), uma enzima envolvida
na síntese de prostanoides. Essas moléculas, cujos principais representantes são as prostaglandinas e os
tromboxanos, medeiam não somente as manifestações da inflamação, mas também diversos processos
fisiológicos, como o processo de coagulação do sangue.

De maneira geral, a isoforma 2 da COX (COX-2) é responsável pela síntese de prostanoides


inflamatórios, e a isoforma 1 (COX-1) pela síntese de prostanoides com ação fisiológica. Portanto,
quanto maior a afinidade do AINE pela COX-1, maior a incidência de efeitos adversos, que incluem as
hemorragias.

Nesse contexto, o efeito antiagregante plaquetário dos Aines é resultado da inibição da COX‑1
presente nas plaquetas. Com a inibição dessa enzima, não há produção de tromboxano A2, um
prostanoide que estimula a agregação plaquetária. Esse efeito, aliado à plaquetopenia (diminuição da
contagem de plaquetas) que é característica da dengue hemorrágica, aumenta de maneira significativa
o risco de hemorragias.

128
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Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000

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