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VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA:

PROCESSO SAÚDE-DOENÇA
Profa. Tâmela Costa
Doutoranda em Ciência da Informação
Mestra em Enfermagem
Especialista em Saúde Pública
Bacharela e Licenciada em Enfermagem
E-mail: prof.tamela@gmail.com
O que é saúde?
Conceitos de Saúde

Organização Mundial da Saúde


Saúde é o estado do mais completo bem-estar físico, mental e social e
não apenas a ausência de enfermidade (OMS, 1948).

Não era apenas o Estado positivo de higidez em que as


oposto da doença condições biológicas, psíquicas e sociais
tinham uma poderosa contribuição
Conceitos de Saúde

8ª Conferência Nacional de Saúde (CNS) de 1986


A saúde é a resultante das condições de alimentação, habitação,
educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer,
liberdade, acesso e posse da terra e acesso aos serviços de saúde. É,
assim, antes de tudo, resultado das formas de organização social, de
produção, as quais podem gerar grandes desigualdades nos níveis de
vida (BRASIL, 1986).

Conceito ampliado de saúde


Conceitos de Saúde

Constituição Federal de 1988


A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante
políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença
e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e
serviços para a promoção, proteção e recuperação (CF, 1988).

Artigo 196
Conceito de Doença

É uma perturbação dos processos fisiológicos de um indivíduo pela qual


se evidencia diminuição das suas capacidades.

(GROSS, 1969)
Processo Saúde-Doença

Todas as variáveis envolvidas no estado


de “saúde” e “doença” de um indivíduo ou
população, levando-se em conta que
ambos os estados estão interligados e que
são consequências dos mesmos fatores.

(GOMES, 2015)
Processo saúde-doença
Epidemiologia

Ciência que estuda o processo saúde-


doença em coletividade humana,
analisando a distribuição e os fatores
determinantes das enfermidades, danos
à saúde e eventos associados à saúde
coletiva.

(ROUQUAYROL, 2013)
Epidemiologia

INSTRUMENTO DE INVESTIGAÇÃO

• Avaliar a assistência prestada aos


usuários nos serviços de saúde;

• Verificar o perfil socioeconômico e de


morbidade da população;

• Analisar as condições de saúde do


trabalhador, fornecendo subsídios para
intervenções mais efetivas no processo
saúde/doença, entre outros.
(SOUZA et al., 2008)
Epidemiologia

1. Propõe medidas específicas de:

• Prevenção
• Controle
• Erradicação de doenças

2. Fornece indicadores que sirvam de


suporte:

• Planejamento
• Administração
• Avaliação das ações de saúde
(ROUQUAYROL, 2013)
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

É definida pela Lei n° 8.080/90 como:

“um conjunto de ações que proporciona o


conhecimento, a detecção ou prevenção de
qualquer mudança nos fatores determinantes e
condicionantes de saúde individual ou coletiva,
com a finalidade de recomendar e adotar as
medidas de prevenção e controle das doenças ou
agravos”.
Bases Históricas e Conceituais

Século XX

• Primeiras intervenções estatais no campo da prevenção e controle de


doenças;

• Bases científicas modernas;

• Avanço da era bacteriológica;

• Descoberta dos ciclos epidemiológicos de algumas doenças infecciosas e


parasitárias.
Bases Históricas e Conceituais

Década de 50

• A expressão vigilância epidemiológica passou a ser aplicada ao controle


das doenças transmissíveis;

• Observação sistemática e ativa de casos suspeitos ou confirmados de


Doenças Transmissíveis:

Vigilância de pessoas, com base em medidas


de isolamento ou quarentena, aplicadas
individualmente, e não de forma coletiva
Bases Históricas e Conceituais

Década de 60 – Programa de erradicação da varíola

• Ação de vigilância epidemiológica;

• Busca ativa de casos de varíola, detecção precoce de surtos e bloqueio


imediato da transmissão da doença;

• Erradicação da varíola em escala mundial;

• Organização de sistemas nacionais de vigilância epidemiológica.


Bases Históricas e Conceituais

1968 – 21ª Assembleia Mundial de Saúde

Abrangência do conceito de Vigilância Epidemiológica:

✓ Malformações congênitas;
✓ Envenenamentos na infância;
✓ Leucemia;
✓ Abortos;
✓ Acidentes;
✓ Doenças profissionais;
✓ Comportamentos como fatores de risco, riscos ambientais, dentre outros.
Bases Históricas e Conceituais

1966-73 – Campanha de Erradicação da Varíola (CEV)


✓ Marco da institucionalização das ações de vigilância no país
✓ Organização de unidades de vigilância epidemiológica

1975 – Instituído o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SNVE)

1976 – Decreto 78.231 regulamentou o SNVE

1977 – Ministério da Saúde elaborou o 1º Manual de Vigilância Epidemiológica


Bases Históricas e Conceituais

1990 – Sistema Único de Saúde (SUS) incorporou o SNVE


Ampliação do conceito de vigilância Epidemiológica
Ações desenvolvidas reorganização do sistema de saúde brasileiro

Dos anos seguintes ao Contexto atual

Profundas mudanças no perfil epidemiológico das populações


Sistema Nacional de Vigilância
Epidemiológica – SNVE

Compreende o conjunto articulado de instituições do setor público e


privado, componente do Sistema Único de Saúde (SUS), que, direta ou
indiretamente:

• Notificação de agravos e doenças;


• Prestação de serviços a grupos populacionais;
• Orientação de condutas a serem tomadas.
Funcionamento do SNVE

• Dentro do Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica, municípios,


estados e a União possuem competências específicas.

• Municípios – cabe a execução das ações, que exige conhecimento analítico


da situação de saúde local.

• Estados e União – recaem as funções relacionadas ao caráter estratégico, de


coordenação em seu âmbito de ação, além da atuação de forma
complementar ou suplementar aos demais níveis.
Propósitos da Vigilância Epidemiológica

Fornecer orientação técnica permanente para os profissionais de saúde

Instrumento

Planejamento Normatização
das atividades
Organização e operacionalização técnicas
dos serviços de saúde correlatas
Propósito da Vigilância Epidemiológica
A partir das orientações técnicas fornecidas pela Vigilância Epidemiológica, os
profissionais de saúde:

Decidem sobre a execução de ações de controle de doenças e agravos

tornam disponíveis informações atualizadas

ocorrência dessas doenças e agravos

fatores que as condicionam numa área geográfica ou população definida


Operacionalização da Vigilância
Epidemiológica

Ciclo de funções específicas e intercomplementares

modo contínuo

conhecer a cada momento

doença ou agravo selecionado como alvo das ações


Funções da Vigilância Epidemiológica
Eficiência dos Dados – Sistema Nacional de
Vigilância Epidemiológica (SNVE )

Os dados sobre a situação de saúde são coletados em todos os níveis de


atuação. Quanto maior a precisão do dado analisado, mais apropriada será a
intervenção.

PARA O DESENVOLVIMENTO DO SNVE:

É prioridade, o fortalecimento dos sistemas municipais de vigilância


epidemiológica, dotados de autonomia técnico-gerencial para enfoque nos
problemas de saúde próprios de suas respectivas áreas de abrangência.
Coleta de Dados e Informações

Cumprimento das funções de vigilância epidemiológica – depende da


disponibilidade de dados que sirvam para subsidiar o processo de produção de
informação para ação;

Qualidade da informação – depende da adequada coleta de dados gerados


no local onde ocorre o evento sanitário (dado coletado);

Dados – devem primariamente ser tratados e estruturados, para se constituírem


em um poderoso instrumento, a informação;

Coleta de dados – em todos os níveis de atuação do sistema de saúde.


Coleta de Dados

INFORMAÇÃO – capaz de
subsidiar um processo dinâmico
de planejamento, avaliação,
manutenção e aprimoramento
das ações (BRASIL, 2009).
Tipos de Dados
Os dados e informações que alimentam o Sistema Nacional de Vigilância
Epidemiológica (SNVE) são:

Dados demográficos
Caracterizam a população, por exemplo: quantitativo e distribuição por idade, por sexo,
por local de nascimento, por etnia; número de óbitos em determinado tempo e
território e distribuição por idade, por sexo, etnia.

Dados socioeconômicos
Relativos à renda, à escolaridade, à ocupação, à religião e à hábitos (tabagismo e
etilismo, por exemplo) e estilos de vida.
Tipos de Dados - SNVE

Dados ambientais
Permitem o conhecimento: das redes de coleta de esgoto, de fornecimento de água, de
coleta de lixo; da ocupação e uso do solo e, das condições de riscos e vulnerabilidades.

Dados de morbidade
Podem ser obtidos mediante a notificação de casos e surtos, de produção de serviços
ambulatoriais e hospitalares, de investigação epidemiológica, de busca ativa de casos,
de estudos amostrais e de inquéritos, entre outras formas.
Tipos de Dados - SNVE
Dados de mortalidade
São obtidos através das declarações de óbitos, processadas pelo Sistema de
Informações sobre Mortalidade. Mesmo considerando o sub-registro, que é significativo
em algumas regiões do país, e a necessidade de um correto preenchimento das
declarações.

Notificação de surtos e epidemias


A detecção precoce de surtos e epidemias ocorre quando o sistema de vigilância
epidemiológica local está bem estruturado, com acompanhamento constante da
situação geral de saúde e da ocorrência de casos de cada doença e agravo de
notificação.
Fontes de Dados

Informação para a vigilância epidemiológica

destinada à tomada de decisões

princípio da informação para a ação

reger as relações entre os responsáveis pela vigilância e as


diversas fontes usadas para o fornecimento de dados

Notificação – principal fonte


Lista de Notificação Compulsória

Os parâmetros para inclusão de doenças e agravos na lista de notificação


compulsória devem obedecer aos critérios:

Magnitude – alta frequência de ocorrência (elevada incidência, prevalência e


mortalidade) impactando na expectativa de vida;

Potencial para disseminação – relacionado à transmissibilidade (grande


número de indivíduos suscetíveis);
Lista de Notificação Compulsória
Transcendência – consequências imediatas ou tardias para o indivíduo, para a
sociedade e para a economia;

Vulnerabilidade – relacionada à disponibilidade de métodos efetivos para a


prevenção da transmissão e seu controle;

Compromissos internacionais – tratados firmados pelos países, geralmente


coordenados pela OMS, visa ao controle, à eliminação ou à erradicação de
doenças e de agravos;

Ocorrências de epidemias, de surtos e de agravos inusitados à saúde –


aglomerados de casos acima do número estimado, o que demanda a adoção
de medidas em caráter emergencial.
Aspectos da Notificação

• Constam as doenças que devem ser obrigatoriamente notificadas e os


casos suspeitos ou confirmados que precisam de isolamento ou de
quarentena;

• Periodicidade da notificação – 24 horas (imediata) ou semanal a


depender da natureza da doença ou agravo;

• Caráter sigiloso – deve circular estritamente entre profissionais e serviços,


até a adoção de medidas pertinentes;

• Notificação negativa – registrar a não ocorrência de doenças de


notificação compulsória na área de abrangência da unidade de saúde.
Doenças ou Agravos de Notificação
Compulsória

• Doenças transmissíveis (DT)


• Agravos (acidentes e violências)
• Eventos de saúde pública (ESP)
• Eventos adversos pós-vacinação
Outras Bases de Dados dos
Sistemas Nacionais de Informação

O registro rotineiro de dados sobre saúde constitui valiosa fonte de informação


sobre a ocorrência de doenças e agravos sob vigilância epidemiológica:

Laboratórios – complementam o diagnóstico de confirmação de casos e servem


como fonte de conhecimento de casos que não foram notificados;

Investigações epidemiológicas – complementam as informações da notificação


e possibilitam a descoberta de novos casos não notificados;

Imprensa e população – alerta sobre a ocorrência de uma epidemia ou agravo


inusitado.
Fontes Especiais de Dados
ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS - representam fontes regulares de coleta
de dados e informações para análise. Pode ser coletados por:

Inquérito epidemiológico: levado a efeito quando as informações existentes


são inadequadas ou insuficiente.

Levantamento epidemiológico: estudo realizado com base nos dados


existentes nos registros dos serviços de saúde ou de outras instituições.

Investigação epidemiológica: método de trabalho utilizado para esclarecer a


ocorrência de doenças transmissíveis ou de agravos inusitados à saúde.
Divulgações das Informações Pertinentes
BOLETIM - MONKEYPOX

Ministério da Saúde + Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde


(Cievs) Nacional – realiza a vigilância de doenças, agravos e eventos de saúde
pública com potencial para constituição de emergência em saúde pública;

Cievs Nacional – elaborou Comunicado de Risco para alertar sobre a disseminação


da doença, sinais e sintomas, definição de caso, processo de notificação, bem como
sobre as medidas de prevenção e controle;

Objetivo – atualizar a linha do tempo de ações do COE-Monkeypox, fornecer um


breve resumo das atividades realizadas e os dados epidemiológicos até a semana
epidemiológica (SE) nº 33 (de 14 a 20/8/2022) notificados ao MS.
Fonte: Google imagens, 2022.
https://www.datawrapper.de/_/an3Xl/
Vigilância Epidemiológica
Avaliação em Saúde

Punir
Julgar Intimidar

Mensurar Imaginário Social Humilhar

Valorar Rebaixar
Decidir
(FURTADO, 2009)
Conceitos de Avaliação em Saúde

“Avaliar consiste fundamentalmente em


fazer um julgamento de valor a respeito
de uma intervenção ou sobre qualquer um
dos seus componentes, com objetivo de
ajudar na tomada de decisões”.

(CONTANDRIOPOULOS et al. 1997)


Conceitos de Avaliação em Saúde

“É o julgamento que se faz sobre uma


intervenção sanitária (política, programa ou
prática), voltada para a resolução de
problemas de saúde, visando aferir o
mérito, esforço ou valor da referida
intervenção ou do seu produto, para o seu
aperfeiçoamento ou modificação”.

(SILVA, 2010)
Princípios Teóricos Metodológicos da
Avaliação em Saúde

Surge vinculada aos avanços da epidemiologia e da estatística

Testes de utilidade de diversas intervenções

controle das doenças desenvolvimento dos primeiros


infecciosas sistemas de informação

orientar as políticas sanitárias nos países desenvolvidos


(HARTZ, 2009)
Trajetória da Avaliação em Saúde

(CRUZ; REIS, 2011)


Trajetória da Avaliação em Saúde

(CRUZ; REIS, 2011)


Finalidades da Avaliação
Outros Objetivos da Avaliação

Objetivo estratégico: ajudar no planejamento e na elaboração de uma


intervenção.

Objetivo formativo: fornecer informações para melhorar uma intervenção no


seu decorrer.

Objetivo somativo: determinar os efeitos de uma intervenção para decidir se


ela deve ser mantida, transformada de forma importante ou interrompida.

Objetivo fundamental: contribuir com o progresso dos conhecimentos para


elaboração teórica.

(CONTANDRIOPOULOS et al., 1997)


Avaliação dos Serviços de Saúde –
Planejamento e Tomada de Decisão
• Avaliação ganha relevância quando os resultados podem ser utilizados para
influenciar mudanças no processo de trabalho;

• Pode modificar determinada situação de saúde;

• Verificar as dificuldades e contribuir para a alteração dos indicadores de


morbimortalidade;

• Mostrar resultados nas práticas de saúde e na organização social ao


trabalhar a eficiência, a eficácia, a efetividade, a qualidade, o impacto, a
acessibilidade, a equidade, a cobertura e a satisfação do usuário.
Diferença entre Avaliação e Monitoramento

AVALIAÇÃO MONITORAMENTO

Pode ser realizada antes, durante a Atividade gerencial interna, realizada


implementação ou mesmo algum durante o período de execução e
tempo depois que o programa operação.
provocar todo o seu impacto, e com
a preocupação centrada no modo,
medida e razão dos benefícios
advindos.
É emitir um juízo de valor sobre uma Compreende a coleta e análise regular dos
intervenção, implementando um dispositivo dados e ampla disseminação aos que
capaz de fornecer informações cientificamente necessitem;
válidas e socialmente legítimas sobre a
intervenção ou qualquer um dos seus Acompanhar rotineiramente informações
componentes; prioritárias sobre programas e efeitos
esperados; custos e funcionamento;
Diferentes atores envolvidos aptos a se
posicionarem sobre a intervenção para que Usado para melhorar e subsidiar decisões
construam de forma individual ou coletiva um de forma rápida e oportuna.
julgamento e que possam traduzir em ações.
Busca responder perguntas: Os achados
Processo sistemático de coleta de informações indicam possibilidade de alcançar
sobre as atividades, as características e os produtos e resultados planejados? Que
efeitos de um programa, respondendo a uma estratégias/medidas devem ser adotadas
pergunta avaliativa. para redirecionar atividades até a próxima
verificação?
Quais são os atores
envolvidos na
avaliação?
O que podemos
avaliar?
Avaliação de uma Atenção Básica
Métodos Avaliação em Saúde

São essenciais para verificação do que se deseja com o


processo avaliativo

Cada objeto de avaliação terá um Diferentes métodos para


método adequado na busca do diferentes objetos de
conhecimento desejado avaliação

(HARTZ, 2002; HARTZ; CONTANDRIOPOULOS, 2004)


Métodos Quantitativo e Qualitativo

Quantitativo Qualitativo
Emprego da quantificação das
modalidades de coletas de Tentativa de uma compreensão
informações e no tratamento delas detalhada dos significados e
por meio de técnicas estatísticas. características situacionais
Possui a intenção de garantir a apresentadas pelos entrevistados,
precisão dos resultados, em lugar da produção de medidas
classificando a relação entre as quantitativas de características ou
variáveis, bem como nos que comportamentos.
investigam a relação de causalidade
entre fenômenos.

Segundo Richardson (1999)


Métodos Avaliação em Saúde

Escolha do método para responder aos questionamentos ou problemas


apresentados

Ter claro o que é Informação produzida por


importante saber tal método

Reduzir incertezas, melhorar a efetividade e direcionar decisões relevantes

Seu significado é fortalecer o movimento que leva à transformação

(LOBO, 1998)
Padrões de Excelência para Avaliação

1 Utilidade • Análises mais sensíveis à


situação local
2 Viabilidade • Metodologicamente
flexíveis e dinâmicas
3 Ética
• Integradas na direção do
desenvolvimento e
4 Precisão da avaliação aperfeiçoamento do objeto

(Penna, 2003)
Atributos da Avaliação em Saúde
Características das práticas de saúde e da sua organização social, contribuindo
para o aprofundamento no processo de definição do foco da avaliação:

Disponibilidade e distribuição
1 Adequação das ações ao
social dos recursos (cobertura,
conhecimento técnico e
acessibilidade e equidade) 4
científico vigente (qualidade
técnico-científica)
Efeitos das ações e práticas de
2 saúde (eficácia, efetividade e
impacto) Percepção dos usuários sobre
5 as práticas (satisfação dos
usuários, aceitabilidade)
3 Custos das ações (eficiência)

(SILVA; FORMIGLI, 1994)


Modelo de Avaliação em Saúde

Qualidade da atenção em saúde – aspecto central na avaliação em saúde;

Das várias abordagens adotadas na avaliação em saúde, o modelo mais


empregado é o de Donabedian (1980), de estruturação sistêmica, que
estabelece a tríade “estrutura–processo–resultado”:

Estrutura – características de seus provedores, instrumentos e recursos;


condições físicas e organizacionais.
Processo – conjunto de atividades desenvolvidas na relação entre profissionais e
usuários.
Resultados – mudanças verificadas no estado de saúde dos pacientes viáveis de
se atribuir a um cuidado prévio
Indicadores organizacionais Resultados expressos
quantitativamente
• Recursos, fluxos e protocolos
• Hierarquização do atendimento • Números absolutos, porcentagens
• Padronização de procedimentos
• Sistemas de informação • Ações implantadas, cobertura
• Produção dos serviços populacional, desempenho dos
• Recursos humanos serviços nos aspectos gerenciais
• Estrutura física
• Equipamentos
Indicadores que reflitam a forma de atuação

• Conhecer, supervisionar e garantir a qualidade do processo de prestação


de serviços conforme padrões de excelência técnica;

• Execução – auditoria de prontuários, supervisões periódicas, pesquisas de


opinião pública, entre outras.
Indicadores que expressem

• Reflexos das medidas implementadas na saúde da população


• Alterações nos perfis epidemiológicos
Avaliação Normativa e Pesquisa avaliativa
Normativa Pesquisa Avaliativa

Resultado da aplicação de critérios Procedimento científico


e normas
• Capaz de realizar um julgamento
• Capaz de realizar um julgamento; com procedimentos que utilizam
métodos científicos;
• Comparando recursos estruturais
e organizacionais com bens • 6 tipos de análise: Estratégica,
produzidos; Intervenção, Produtividade,
Efeitos, Rendimento/Eficiência e
• Compara resultados obtidos com Implantação.
critérios e normas.
Pesquisa Avaliativa

1. Análise estratégica: analisar a adequação estratégica entre a intervenção e a


situação problemática que deu origem à intervenção;

2. Análise de intervenção: estudar a relação que existe entre os objetivos de


intervenção e os meios empregados;

3. Análise de produtividade: estudar o modo como os recursos são usados


para produzir serviços;

Contandriopoulos et al. (2002)


Pesquisa Avaliativa

4. Análise dos efeitos: avaliar a influência dos serviços sobre os estados de


saúde;

5. Análise do rendimento ou da eficiência: relacionar a análise dos recursos


empregados com os efeitos obtidos;

6. Análise da implantação: mediar a influência que pode ter a variação no grau


de implantação de uma intervenção nos seus efeitos e apreciar a influência do
ambiente, no contexto da intervenção implantada.
Perguntas Avaliativas

Pensando nas diferentes possibilidades de avaliação, várias perguntas


podem surgir:

O que vou avaliar?


Todos esses questionamentos são
A quem interessa essa avaliação? muito importantes para definir as
tipologias de avaliação
Qual a finalidade dessa avaliação?

Quem vai participar dessa avaliação?

O que vai fazer com essa avaliação?


Critérios de Avaliação

Há diversos critérios para avaliação destacando os seguintes:

Relevância: focaliza a estratégia escolhida pelo programa e sua real capacidade de


melhorar a situação que originou a intervenção;

Efetividade: verificar o grau de alcance dos objetivos da intervenção, em termos de


realizações, resultados e impacto.

✓ A avaliação da efetividade responde à seguinte pergunta: “seria possível obter


maiores efeitos organizando diferentemente a implementação do programa? ”

SERAPIONI; LOPES; SILVA (2013)


Critérios de Avaliação
Eficiência: se preocupa com os resultados obtidos e recurso investidos (financeiros,
humanos e tempo).

A avaliação da eficiência permite responder à seguinte pergunta: “seria possível obter


maiores efeitos com o mesmo orçamento?

Acessibilidade

✓ Medir a relação entre as necessidades de saúde da comunidade e a oferta de


recursos para satisfazê-las;

✓ Avalia a capacidade dos serviços de garantir um cuidado de saúde apropriado a todos


que necessitam.
SERAPIONI; LOPES; SILVA (2013)
Critérios de Avaliação
Eficiência: se preocupa com os resultados obtidos e recurso investidos (financeiros,
humanos e tempo).

A avaliação da eficiência permite responder à seguinte pergunta: “seria possível obter


maiores efeitos com o mesmo orçamento?

Acessibilidade

✓ Medir a relação entre as necessidades de saúde da comunidade e a oferta de


recursos para satisfazê-las;

✓ Avalia a capacidade dos serviços de garantir um cuidado de saúde apropriado a todos


que necessitam.
SERAPIONI; LOPES; SILVA (2013)
Critérios de Avaliação
Aceitabilidade: este critério torna possível verificar o grau de congruência entre os
serviços de saúde ofertados, os valores e as expectativas dos usuários e da comunidade;

Humanização: aferição do nível de respeito da cultura e das necessidades individuais e


coletivas dos usuários (informações, nível de responsabilização e continuidade de
tratamento, bem como qualidade das relações clínicas e interpessoais);

Qualidade: adota uma perspectiva multidimensional, envolvendo diversos atores


como usuários, profissionais de saúde, gestores e gerentes.

SERAPIONI; LOPES; SILVA (2013)


Para Refletir

Quais critérios de avaliação


possuem maior importância
no seu dia-a-dia como
profissional da saúde?
Expectativas da Avaliação na Atenção Básica no SUS

Fonte: Brasil, 2005.


Como o avaliador pode
garantir a confiabilidade e a
validade dos resultados de sua
avaliação?
Confiabilidade e Validade dos Resultados

CONFIABILIDADE - referir o grau de concordância entre múltiplas medidas de


um mesmo objeto;

Avaliação da confiabilidade de um instrumento – comparação de diversas


aplicações do instrumento ao mesmo indivíduo;

Confiabilidade de teste/re-teste – grupo de pessoas é avaliado em dois


momentos diferentes (grau com que o instrumento pode reproduzir os
resultados);

Confiabilidade entre diferentes avaliadores – as mesmas pessoas são


avaliadas por dois ou mais avaliadores, com o objetivo de investigar a
concordância de aplicação e/ou de interpretação entre os avaliadores.
Confiabilidade e Validade dos Resultados

VALIDADE – capacidade de medir aquilo que ele se propõe a medir, envolvendo


um componente conceitual e operacional.

Validade de conteúdo: julgamento se o instrumento realmente abrange os


diferentes aspectos do seu objeto e não contém elementos que podem ser
atribuídos a outros objetos.

Validade de critério: avaliar o grau com que o instrumento discrimina entre


pessoas que diferem em determinada(s) característica(s) de acordo com um
critério padrão.

Validade de construção: esse conceito refere-se à demonstração de que o


instrumento realmente mede aquilo que ele se propõe medir.
Aplicação da Validade dos Resultados
• Pesquisas que agregam os três tipos de validade, tornando-se instrumentos
que guiam a construção de políticas e planos de saúde de muitas regiões.

Censo Demográfico é um exemplo de levantamento periódico, pois é


realizado em intervalos regulares:

✓ Informações demográficas – idade, sexo, raça, estado civil; e


Informações socioeconômicas – escolaridade, renda, condição de
moradia e totalidade da população brasileira.

Utilizados para: cálculo dos indicadores de saúde e nas avaliações e


planejamentos dos serviços.
Qual a relação entre avaliação
em saúde e territorialização
em saúde?
TEIXEIRA; PAIM; VILASBOAS (1988)
TERRITORIALIZAÇÃO EM SAÚDE

• É uma ferramenta importante no planejamento dos serviços de saúde


pública, tanto para avaliar quanto para implantar novos projetos;

• O processo de territorialização viabiliza um diagnóstico mais preciso da


comunidade;

• A territorialização do Sistema Único de Saúde significa organizar os


serviços de acordo com o território;

• Conhecer o território, que é onde a vida acontece, e, a partir das suas


necessidades organizar os serviços.
Territorialidade
É uma estratégia dos indivíduos ou grupo social para influenciar ou controlar
pessoas, recursos, fenômenos e relações, delimitando e efetivando o controle
sobre uma área.

Formada pelas relações sociais que se estabelecem no interior dos territórios,


relações concretas com áreas abstratas, tais como línguas, religiões, tecnologias.

Lugar papável: espaço da existência e da coexistência, do acontecer solidário;


espaço real e efetivo da comunicação, da troca de informação e da construção
política.
Território

• Espaço do estabelecimento de relações sociais, da vivência de problemas


de saúde e da interação com as equipes;

• Só se torna um conceito utilizável para a análise social quando o


considerarmos a partir do seu uso, a partir do momento em que o
pensamos juntamente com aqueles atores que deles se utilizam;

• A relação de poder seja técnico, econômico, social, político ou cultural,


proveniente das relações interpessoais ou com a natureza, refletindo a
realidade de determinado tempo e espaço.
Território
Segundo Mendes (2011), em saúde os territórios podem ser:

• Território-distrito: delimita um território administrativo assistencial, contendo


um conjunto de pontos de atenção à saúde e uma população adscrita.

• Território-área: enfoque na vigilância à saúde, planeja as ações, organiza os


serviços e viabiliza os recursos para o atendimento das necessidades dos
usuários residentes no território.

• Território microárea: é uma subdivisão do território-área, corresponde à área


de atuação de um Agente Comunitário em Saúde (ACS).
Processo de Territorialização
• Distrito sanitário: corresponde a uma área delimitada geograficamente para
facilitar a administração municipal. Consiste em um processo de mudanças das
práticas sanitárias, orientado pela epidemiologia e sob a gestão de uma
autoridade local.

• Área de abrangência: área de responsabilidade de uma unidade de saúde,


baseada na lógica da vigilância em saúde. Apoiada em critérios de acessibilidade
geográfica e de fluxo da população;

• Microárea: é um segmento da divisão geográfica da área de abrangência,


composto de domicílios, sob a responsabilidade de um Agente Comunitário de
Saúde.
Processo de Territorialização

• Segmento territorial: conjunto de áreas contíguas que pode corresponder à


delimitação de um Distrito Sanitário, de uma Zona de Informação do IBGE ou a
outro nível de agregação importante para o planejamento e avaliação em saúde
no Município;

• Área de risco: são partes de um determinado território que, por suas


características, apresentam mais chances de que “algo indesejado” aconteça.

• Barreiras geográficas: obstáculos naturais ou artificiais que orientam a


organização dos fluxos numa dada estrutura de circulação e criam distâncias
relativas no espaço;
Níveis de saúde
inferiores ao restante da
população

Mais chances Área de Doenças em


maiores
de adoecer
risco gravidades

Violência, desemprego,
uso de drogas, falta de
saneamento básico
:
Região de Saúde

• É o espaço geográfico contínuo constituído por agrupamento de


Municípios limítrofes, delimitado a partir de identidades culturais,
econômicas e sociais e de redes de comunicação e infraestrutura de
transportes compartilhados.

• Finalidade: integrar a organização, o planejamento e a execução de ações e


serviços de saúde.

• Base territorial de planejamento da atenção à saúde, de acordo com as


especificidades e estratégias de regionalização da saúde em cada estado.

(RESOLUÇÃO Nº 1, DE 29 DE SETEMBRO DE 2011)


Microrregião de Saúde

• Base territorial de planejamento da atenção secundária à saúde, com


capacidade de oferta de serviços ambulatoriais e hospitalares de média
complexidade e, excepcionalmente, de alguns serviços de Alta
Complexidade (AC).

• Deve ser constituída por um conjunto de municípios contíguos, com


população de cerca de habitantes que estão adscritos a um município de
maior porte (município polo).
População Adscrita

• É a população que está presente no território da UBS, de forma a estimular o


desenvolvimento de relações de vínculo e responsabilização entre as
equipes e a população;

• Garantia da continuidade das ações de saúde e a longitudinalidade do


cuidado e com o objetivo de ser referência para o seu cuidado;

• Habitantes do território sob responsabilidade de uma determinada equipe


são cadastrados e serão cuidados por ela.
Acesso aos Serviços de Saúde

Um dos direitos básicos do ser humano é o acesso à saúde, a qual é garantida


na Constituição Federal de 1988;

SAÚDE

• Bem universal e um dever do Estado, que é responsável pela organização


dos serviços em saúde, conforme o território onde a Unidade Básica de Saúde
está inserida;

• Diretamente relacionada com o território e depende da forma com que os


serviços em saúde, os equipamentos sociais e as diversas instituições públicas
e estabelecimentos estão projetados e organizados nele.

(BRASIL, 2012; FARIA, 2013)


REFERÊNCIAS

AKERMAN, M., FURTDO, J. P. (Orgs.) Práticas de avaliação em saúde no Brasil: diálogos. Porto
Alegre: Rede Unida, 2015. 374 p. – (Série Atenção Básica e Educação na Saúde).

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Guia de vigilância


epidemiológica. 6. ed. – Brasília : Ministério da Saúde, 2005. 816 p.

COSTA, G. D. et al. Avaliação em saúde: reflexões inscritas no paradigma sanitário


contemporâneo. Physis Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 18 [ 4 ]: 705-726, 2008.

HARTZ, Z. M. A. (Org.) Avaliação em Saúde: dos modelos conceituais à prática na análise da


implantação de programas. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2ª reimpressão: 2002.

FURTADO, J.P. Avaliação de programas e serviços. In: CAMPOS, G.W.S et al (Orgs). Tratado de
saúde coletiva. 1. ed. São Paulo – Rio de Janeiro: Hucitec – Ed. Fiocruz, 2006. p. 715- 740.
REFERÊNCIAS

GOMES, Elainne Christine de Souza Conceitos e ferramentas da epidemiologia. Recife Ed.


Universitária da UFPE, 2015.

GUALDA, D.M.R; BERGAMASCO, R. Enfermagem cultura e o processo saúde-doença. São


Paulo: Ícone, 2004.

ROUQUAYROL, Maria Zélia; SILVA, Marcelo Gurgel Carlos da. Rouquayrol epidemiologia &
saúde. 7. ed. Rio de Janeiro: MedBook, 2013.

SILVA, R. M., JORGE, M. S. B., JÚNIOR, A. G. S. (Orgs). Planejamento, gestão e avaliação nas
práticas de saúde [livro eletrônico]. Fortaleza: EdUECE, 2015.

SOUZA, Sabrina da Silva de et al. A epidemiologia como instrumental na produção de


conhecimento em enfermagem. R. Enferm UERJ,16(1):58-63. 2008.

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