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Olá tudo bem?

Prof. Emanuel Nunes


Bem-vindos (as)!!!

Disciplina : Epidemiologia e Vigilância em Saúde

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@prof_emanuelnunes
emanuel.n@usp.br
ONDE TUDO COMEÇOU NA
EPIDEMIOLOGIA?

ALGUÉM
CONHECE
ESSE
FILME?
ONDE TUDO COMEÇOU NA EPIDEMIOLOGIA?

Hipócrates: Há mais de 2000


anos descreveu que fatores
ambientais influenciavam a
ocorrência de doenças. Mas
somente no século XIX que a
distribuição das doenças em
grupos humanos específicos
passou a ser medida em larga
escala
LONDRES 1854

• A Cólera acometeu a cidade de


Londres e causava óbito em
aproximadamente 50% dos JONH SNOW ( 1813 – 1858)
infectados.
• Acreditava-se que a cólera era
transmitida pelo “mau cheiro” =
Teoria Miasmática
Cenário naquela época?

• As pessoas não tinham


água encanada em suas
casas.
• Era preciso buscar água
em bombas localizadas em
pontos estratégicos da
cidade.
Suspeitas de Jonh Snow?

• Ele acreditava que a doença era causada


por um microorganimo e era dispersada
por meio da água contaminada
• A primeira ideia dele foi criar um
mapa que mostrava com pontos
pretos os óbitos por cólera no bairro.
• O mapa mostrou que todas as pessoas
que morreram pela doença viviam perto
de uma bomba de água localizada na
esquina Cambrigde com Broad Street.
Descobertas?

• Descobriram que a bomba estava cavada a 8


metros de profundidade e o esgoto daquela
rua passava a 6 metros de profundidade,
contaminando a água a bomba.
• Quanto mais pessoas ficavam doentes, mais
contaminada a água da bomba ficava.
• Atualmente, John Snow é reconhecido como
o primeiro “investigador de doenças”.
• O método utilizado por John Snow é
aplicado por epidemiologistas até hoje!
Resumo do método utilizado por
Jonh Snow:
• Como poderia ser miasma, se não está afetando pessoas que
trabalham com resíduos?
• Como poderia ser miasma se não afetam os pulmões?
• O que há de comum entre os doentes?
• Criação de um mapa com a localização dos óbitos.
• Investigação sobre a fonte de água que as pessoas bebiam.
• Investigação sobre as datas de ocorrência dos óbitos.
• Comparação entre as pessoas que ficaram doentes com pessoas
saudáveis.
• Visita às casas das pessoas acometidas pela doença.
• Conhecimento sobre as empresas de fornecimento de água naquele
• Mapeamento sobre os casos de doenças segundo a companhia de
abastecimento de água
Legado de Jonh Snow para nós?
• Até hoje, uma das primeiras ações que os
epidemiologistas fazem para investigar a
ocorrência de uma doença é apontar os casos
em um mapa.
• Os epidemiologistas também descobrem onde
as pessoas moram, trabalham e buscam lazer.
• Também monitoram todas as pessoas que têm
ou tiveram contato com os doentes.
O que é Epidemiologia?
“O estudo da distribuição e dos determinantes de estados ou
eventos relacionados à saúde em populações específicas, e
sua aplicação na prevenção e controle dos problemas de
saúde ( LAST,2001)”
• É uma ciência fundamental para a saúde pública.
• Tem dado grande contribuição à melhoria da saúde das
populações.
• É essencial no processo de identificação e mapeamento de
doenças emergentes.
• ATENÇÃO: Ocorrem grandes atrasos entre as
descobertas epidemiológicas e a sua aplicação na
população.

Epidemiologia é a ciência básica da saúde pública, uma disciplina


responsável por melhorar a saúde e prevenir doenças na
população.
A EPIDEMIOLOGIA ATUAL?
• É uma disciplina relativamente nova e usa
métodos quantitativos para estudar a
ocorrência de doenças nas populações
humanas e para definir estratégias de
prevenção e controle.
O que é necessário para que aja
credibilidade dos dados epidemiológicos?
AS PESSOAS MORREM DAS MESMAS
ETIOLOGIAS DE 100 ANOS ATRÁS?
• No passado, as doenças transmissíveis
constituíam a principal causa de morte no
mundo.
• Alguns efeitos da industrialização, tais como as
melhorias da nutrição, moradia, saneamento,
água potável e drenagem, bem como o
desenvolvimento dos antibióticos, vacinas e o
estabelecimento de sistemas de vigilância
epidemiológica, permitiram o controle relativo
dessas doenças.
• Ao controle relativo das doenças transmissíveis,
seguiu o aumento da morbidade e mortalidade
por doenças não transmissíveis, na sua
maioria crônicas.
O mundo de “ontem” e de hoje?

DOÊNÇAS TRANSMISSÍVEIS
• AGUDAS

DOENÇAS NÃO TRANSMISSÍVEIS


• CRÔNICAS
Doença transmissível:
• É qualquer doença causada por um agente
infeccioso específico ou seus produtos
tóxicos, que se manifesta pela transmissão
deste agente ou de seus produtos, de um
reservatório a um hospedeiro suscetível, seja
diretamente de uma pessoa ou animal
infectado, ou indiretamente por meio de um
hospedeiro intermediário, de natureza vegetal
ou animal, de um vetor ou do meio ambiente
inanimado.
Um fato relevante em tempos recentes é o aparecimento de
doenças transmissíveis novas e desconhecidas e o
ressurgimento de outras que já estavam ou que se acreditava
que estavam controladas. Essas doenças transmissíveis são
chamadas emergentes e reemergentes.
Doença emergente:

• É uma doença transmissível cuja


incidência em humanos vem aumentado
nos últimos 25 anos do Século XX ou
que ameaça aumentar em um futuro
próximo.
• Emergentes aparentes: Incidência
aumenta como consequência de nossa
habilidade para detectar o agente que a
causa;
• Emergentes reais: Incidência aumenta
pela mudança na interação entre as
populações e o ambiente.
Doença reemergente:

É uma doença
transmissível previamente
conhecida que reaparece
como problema de saúde
pública após uma etapa de
significativo declínio de
sua incidência e aparente
controle

Faz lembrar alguma doença?


Fatores contribuintes da emergência e da
reemergência de doenças transmissíveis
três variáveis clássicas da epidemiologia:
tempo, lugar e pessoa e pessoa

Quando?, Onde? e Quem?


O enfoque epidemiológico
considera que a doença:

• Não ocorre por acaso;


• Não está distribuída de forma homogênea;
• Têm fatores associados que, para serem causais, cumprem com os
seguintes critérios:
-Temporalidade (toda causa precede a seu efeito, o chamado princípio do
determinismo causal),
-Força de associação, a consistência da observação, a especifidade da
causa,
-Gradiente biológico (efeito dose- resposta),
-Plausibilidade biológica.

O enfoque epidemiológico também considera que a doença


na população é um fenômeno dinâmico e sua propagação
depende da interação entre a exposição e a suscetibilidade
dos indivíduos e grupos constituintes da dita população aos
fatores determinantes da presença da doença.
A Tríade Epidemiológica é o modelo
tradicional de causalidade das
doenças transmissíveis; nesse, a
doença é o resultado da interação
entre o agente, o hospedeiro
suscetível e o ambiente.

Os agentes podem ser infecciosos ou não infecciosos e são necessários, mas nem sempre suficientes, para causar a doença.
Os agentes não infecciosos podem ser químicos ou físicos.
Os fatores do hospedeiro são os que determinam a exposição de um indivíduo, sua suscetibilidade e capacidade de resposta e
suas características de idade, grupo étnico, constituição genética, gênero, situação socioeconômica e estilo de vida.
Os fatores ambientais englobam o ambiente social, físico e biológico. Nesse modelo se baseia a cadeia de infecção
História natural da doença

Refere-se à evolução de uma doença no indivíduo


através do tempo, na ausência de intervenção.
História natural da doença

Período de latência: é o tempo que transcorre desde a infecção até que a pessoa se torne infectada.
Período de incubação: é o tempo que transcorre desde a infecção até a apresentação dos sintomas.
No caso das doenças não transmissíveis, a terminologia difere um pouco e se considera que o período
de latência corresponde ao período que transcorre entre o desenvolvimento da doença subclínica até a
apresentação de sintomas (Rothman, 1986).
CADEIA EPIDEMIOLÓGICA
Hospedeiro: é uma pessoa ou animal vivo, incluindo as
aves e os artrópodes que, em circunstâncias naturais,
permite a subsistência e o alojamento de um agente
infeccioso.

Agente: É um fator que pode ser um micro-


organismo, substância química, ou forma de
radiação, cuja presença, presença excessiva ou
relativa ausência é essencial para a ocorrência da
doença.

Agente causal: Um agente é um fator que está presente para a


ocorrência de uma doença; de modo geral, um agente é
considerado uma causa necessária porém não suficiente para a
produção da doença.
Infecção: É a
entrada,
desenvolvimento ou
multiplicação de um
agente infeccioso no
Patogenicidade: É a organismo de uma
capacidade de um pessoa ou animal.
agente infeccioso de
produzir doença em
pessoas infectadas. Virulência: é a
capacidade do
agente infeccioso
Infecção inaparente: de produzir casos
é a presença de um graves e fatais.
agente infeccioso em
um hospedeiro sem
que apareçam sinais
Letalidade: é a ou sintomas clínicos
capacidade do manifestos.
agente infeccioso
de produzir casos
fatais.
Medidas de Frequência de Doenças

Prof. Emanuel Nunes


Medidas de Frequência de Doenças

Para fazer essas


mensurações,
utilizamos as medidas
de incidência e
prevalência.
Relação incidência X prevalência
PREVALÊNCIA
• Refere ao número de casos existentes de uma doença em um dado momento; é
uma “fotografia” sobre a sua ocorrência, sendo assim uma medida estática. Os
casos existentes são daqueles que adoeceram em algum momento do passado,
somados aos casos novos dos que ainda estão vivos e doentes (MEDRONHO,
2005, PEREIRA, 1995).
• Existem três tipos de medidas de prevalência:
• Prevalência pontual ou instantânea: Frequência de casos existentes em um
dado instante no tempo (ex.: em determinado dia, como primeiro dia ou último
dia do ano).
• Prevalência de período: Frequência de casos existentes em um período de
tempo (ex.: durante um ano).
• Prevalência na vida: Frequência de pessoas que apresentaram pelo menos um
episódio da doença ao longo da vida.
COMO SE CALCULA A PREVALÊNCIA?
Vamos Calcular?
Em determinada área de abrangência de uma equipe da Estratégia Saúde da
Família, moravam e eram efetivamente acompanhadas, em 2009, um total
de 4.622 pessoas adultas (idade entre 20 e 59 anos). Ao verificar os registros
de casos de hipertensão arterial sistêmica (HAS) existentes nessa população,
a equipe identificou que, no mesmo ano, havia 1.248 hipertensos

Número de pessoas com a doença

População em risco
x 100
E ai? Conseguiram?
INCIDÊNCIA
• Refere-se à frequência com que surgem novos casos de
uma doença num intervalo de tempo, como se fosse um
“filme” sobre a ocorrência da doença, no qual cada
quadro pode conter um novo caso ou novos casos
(PEREIRA, 1995). É, assim, uma medida dinâmica.
COMO SE CALCULA A
INCIDÊNCIA?
Vamos Calcular?
No ano de 2007 moravam em Santa Catarina 580.166 idosos
(pessoas com 60 anos de idade ou mais). Nessa população foram
diagnosticados 160 novos casos de tuberculose no mesmo ano. Já
em 2005, a população era de 507.205 idosos e surgiram 157 casos
novos da doença (BRASIL, 2009).
Qual a medida que deve ser calculada? Quando o risco de ter
tuberculose foi maior em Santa Catarina, em 2005 ou em 2007?

Número casos novos no ano

População
x 100000
E ai? Conseguiram?
LETALIDADE

A letalidade mede a severidade de uma doença e é definida como a


proporção de mortes dentre aqueles doentes por uma causa específica
em um certo período de tempo.

Número óbito por uma doença em


determinado período

Número de doentes por determinada


x 100

doença no mesmo período


VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
• Reconhece as principais doenças de
notificação compulsória e investiga e atua
epidemias que ocorrem em territórios
específicos.
VIGILÂNCIA AMBIENTAL
• Se dedica às interferências dos ambientes
físico, psicológico e social na saúde.
VIGILÂNCIA SANITÁRIA

• Atua no controle de bens, produtos e


serviços que oferecem riscos à saúde da
população, como alimentos, produtos de
limpeza, cosméticos e medicamentos.
• Realizam também a fiscalização de
serviços de interesse da saúde.
Será que o enfermeiro conhece a população
do seu território?
O Enfermeiro que não conhece as
necessidades do seu paciente/ cliente ou
população não consegue cuidar!
Prof. Emanuel Nunes

@prof_emanuelnunes

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