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Introdução ao estudo de Epidemiologia

Curso de Técnico Farmácia


edmilsonluisdomingos@gmail.com
Lichinga 2024
A epidemiologia descritiva

Examina como a incidência (casos novos) ou a prevalência (casos existentes) de


uma doença ou condição relacionada à saúde varia de acordo com determinadas
características, como sexo, idade, escolaridade e renda, entre outras.

Objetivo
compreender o comportamento de um agravo à saúde numa população.
Ex: conjuntivite

Epidemiologia
EPIDEMIOLOGIA “é a ciência que estuda a distribuição e os determinantes dos
problemas de saúde (fenômenos e processos associados) em populações
humanas”, segundo definem Almeida e Rouquayrol. É a ciência básica para a
saúde coletiva, principal ciência de informação de saúde.
Importância do estudo da Epidemiologia
é muito importante para que sejam identificadas as causas ou a etiologia das
doenças e seus fatores de risco. Assim, é possível desenvolver estratégias
preventivas que reduzam ou mesmo eliminem a exposição aos fatores de risco

Classificação epidemiológica

Existem diferentes nomes técnicos para classificar o status epidemiológico de uma doença,
são eles:
 Surto;
 Epidemia;
 Endemia
 Pandemia.
Epidemia
Uma epidemia é quando ocorre um aumento no número de casos de uma
doença em várias regiões, mas sem uma escala global. Ou seja, o
problema se espalha acima do esperado, sem uma delimitação geográfica
específica.

Neste caso, a doença se faz presente em diversos locais ou comunidades,


para além daquele em que foram inicialmente identificados. As
epidemias podem ser em nível municipal, estadual...
Pandemia
Uma pandemia é a disseminação mundial de uma doença. Ela pode
surgir quando um agente infeccioso se espalha ao redor do mundo e a
maior parte das pessoas não são imunes a ameaça.

Em uma escala de gravidade, a pandemia é o pior dos cenários


porque ela se estende a várias regiões do planeta. Mas isso não
necessariamente significa que a situação é irreversível ou que o
agente da doença tenha aumentado o seu poder de ameaça.

O que muda são as medidas adotadas pelas autoridades no combate ao problema. O protocolo de ação deve ser respeitado
não só pelos países afetados, mas também pelos que ainda não registraram casos da doença. É necessária uma abordagem
integrada, com governos e sociedade trabalhando juntos na contenção do agente infeccioso: Exemplo: Em junho de 2009, a OMS
declarou a pandemia de Gripe Suína (H1N1). À época eram registrados casos da doença no mundo inteiranos. que é endemia?
Endemia
a endemia não está relacionada a uma questão quantitativa. Uma doença é
classificada como endêmica (típica) de uma região quando acontece com
muita frequência no local. As doenças endêmicas podem ser sazonais. A febre
amarela, por exemplo

A endemia se dá quando uma doença tem recorrência em uma região, mas sem aumentos
significativos no número de casos. Ou seja, o problema se manifesta com frequência e
segue um padrão relativamente estável que prevalece. Se houver alta incidência e
persistência da doença, pode ainda ser chamada de hiperendêmica

Algumas doenças endêmicas são consideradas sérios problemas de saúde do mundo e


preocupam governantes, em especial os que lideram países tropicais de baixa renda. É o
caso da Aids e malária, que matam milhões de pessoas todos os anos.
Surto
Um surto é o aumento repentino e inesperado de casos de uma doença em
uma determinada região, comunidade ou estação do ano. O número de
casos pode variar de acordo com o agente que causa a doença. Também é
avaliado o tamanho e tipo de exposição anterior, quando se trata de uma
doença conhecida.

Geralmente os surtos são causados por infecções transmitidas por pessoas, animais ou
ambientes, produtos químicos e até materiais radioativos. Existem, ainda, os surtos de
causas desconhecidas, como as populares “viroses”, por exemplo.

Exemplo: Surtos do vírus Ebola são uma preocupação constante em regiões


tropicais da África subsariana, desde 1976.
Mudança de pandemia para endemia

Exemplo:
Mudar a classificação da COVID-19 de pandemia para endemia,
significa que a doença será tratada como permanente. Na prática, ações
como obrigatoriedade do uso de máscaras e das medidas de restrições
para evitar aglomerações só voltariam em casos de surtos. Ou seja, em
casos de aumentos repentinos na incidência do vírus, como ocorreu com
a variante ômicron.
Formas para conter uma pandemia

Existem três meios de se conter uma pandemiapandemia


• Contenção:
Essa forma funciona apenas se for adotada logo no começo da pandemia. Nela a população é
testada e os infectados são afastadosafastados.

• Mitigação:
Essa forma é adotada quando já se sabe que não há mais possibilidade de conter a doença.
Nesse estágio, recomenda-se o distanciamento social e algumas medidas leves são
aplicadas, como o cancelamento das aulas e eventos e fechamento de comércio no geral.

• Supressão:
Essa é a forma mais rigorosa de combate a uma pandemia. Isto porque ela busca
interromper totalmente a disseminação do agente transmissor da doençadoença.
Tríade Ecologica
A tríade ecológica é a influência recíproca entre agente, hospedeiro e
ambiente epidemiológico, que intervém para dar origem a uma doença.

• Assim, a tríade ecológica é a interação de 3 fatores, a partir dos quais


existe um mecanismo de transmissão que produz uma doença.

Importância da tríade ecológica


É extremamente importante estudar a tríade ecológica, pois através da formulação de modelos é possível
conhecer a correlação entre os 3 elementos e a partir disso saber a possibilidade de propagação de doenças,
como a COVID-19, localizando os padrões. que se apresentam para poder combater doenças ou mesmo
preveni-las.
Elementos da tríade ecológica
• Os fatores ou elementos que interagem entre si, dentro da tríade ecológica. Eles são, em
detalhes, os seguintes:
Agente: Refere-se a quem ataca, pode ser uma substância nociva porque é capaz de iniciar uma doença. É classificado em:

Biológico: Que podem ser vírus, bactérias, fungos, toxinas e / ou parasitas.

Produtos químicos: Podem ser efeitos secundários ao administrar drogas, substâncias tóxicas como inseticidas, gases,
álcool, venenos vegetais ou animais.

Fisica: Isso pode ser devido a mudanças de temperatura, radiação ou eletricidade.


Nutrientes: Por exemplo, anemia devido a má nutrição ou obesidade também devido a má nutrição.

Psicológico: Ocorre devido ao estresse, ansiedade, frustração, medo.


Convidado: Quem está atacando. Qualquer ser vivo que é invadido por doenças.

• As características de um host são o que o torna um alvo fácil ou o que dificulta a invasão do agente. Essas características podem ser:
Cont:
Tempo de exposição: Ocorre quando a transmissão é diretamente proporcional
ao tempo em que o vivente está sob risco de infecção, por exemplo.

Equilíbrio ou desequilíbrio hormonal: Isso corresponde ao nível hormonal.

Doenças anteriores: Se o indivíduo já teve esta doença anteriormente e


desenvolveu defesas, é improvável que adoeça novamente.

Herança: Ocorre se houver uma doença cuja probabilidade de ocorrência


esteja ou não relacionada à genética do indivíduo.
Resistência ou suscetibilidade: Existem indivíduos que geram certa força ou
fragilidade diante da possibilidade de adoecer.

Atmosfera: Em que lugar ou meio ataca. Eles podem ser classificados em:
Cont:
Fisica: Em que intervêm o clima, a altitude, a geografia, a qualidade do ar da zona.
Biológico: Está relacionado à natureza da área onde o indivíduo vive, como flora e / ou
fauna.
Social: Podem ser usos e costumes que afetam a saúde do indivíduo, como religião,
posição social, família e / ou círculos de trabalho.
• Hospitais.
• Asilo
• Centros de trabalho.
• Campos de cultivo.
• Exemplo de tríade ecológica
• Aqui está um exemplo de uma tríade ecológica:
• O agente é o vírus.
• O meio Ambiente é um hospital.
Prevalência:
• A prevalência analisa casos existentes, enquanto que a incidência analisa
novos casos.
• Numa população de 10.000 pessoas, são reportadas 500 pessoas afetadas por
uma determinada doença. Então, qual é a prevalência desta doença nesta
população?
• A forma matemática para a calcular seria:

Esta fórmula irá fornecer-nos a informação sob a forma de percentagem. Dividindo 500 por 10.000 e multiplicando o
resultado por 100 (para a tornar numa percentagem), calculamos que 5% da população está afetada. Então, a prevalência
da doença na nossa população é de 5%.

Em vez de se expressar a prevalência em percentagem, podemos também descrevê-la como o número de pessoas afetadas
numa população de tamanho padrão, por exemplo, 1.000 pessoas. Então, em vez disso calculamos:

Isto significa que em cada 1.000 doentes, 50 apresentam a doença.


A prevalência é como a descrição de uma fotografia de grupo:
Quantas pessoas se conseguem ver? Este número é a sua população.
Quantas pessoas têm uma determinada característica (por exemplo, a mesma
cor de cabelo)? Este número é utilizado para calcular a prevalência.
Na epidemiologia, existem três formas diferentes de calcular a prevalência:
Prevalência num período: O número de casos de um evento de saúde num
determinado momento. Por exemplo, num questionário ser-lhe-ía perguntado
se fuma atualmente.
Prevalência-período: O número de casos de um evento de saúde
relativamente a um período de tempo, frequentemente 12 meses. Por exemplo,
num questionário seria perguntado se fumou durante os últimos 12 meses.
Prevalência ao longo da vida: O número de casos do evento de saúde
relativamente ao período de vida. Por exemplo, num questionário seria
perguntado se alguma vez fumou.
Incidência:
Atualmente, o VIH é uma infeção tratável com uma esperança de vida
normal. Isto significa que, com um número estável de novos casos, os
números da prevalência irão aumentar. A análise dos novos casos
(incidência) fornece uma compreensão mais profunda do que está a
acontecer.

Numa população de 1.000 pessoas não-doentes, 28 foram infetadas pelo


VIH durante dois anos de observação. A proporção da incidência é de 28
casos em 1.000 pessoas, ou seja, 2,8% ao longo de um período de dois
anos ou 14 casos em 1.000 pessoas-ano (taxa de incidência), uma vez que a
proporção da incidência (28 em 1.000) é dividida pelo número de anos (2).
Epidemiologia analítica
A epidemiologia analítica estuda os possíveis fatores relacionados à enfermidade. Essa
epidemiologia testa as hipóteses com a finalidade de verificar se determinado fator realmente
impacta na saúde do indivíduo ou do rebanho, utilizando, para isso, estudos descritivos e analíticos.

Passos para melhor estudo


• Estudos descritivos: descrevem os eventos em saúde, de acordo com os fatores pessoa, tempo e
lugar, e a magnitude do problema no rebanho. Realizam levantamentos, observações e mapeiam a
situação do agravo na população estudada.

• Estudos analíticos: visam descobrir os fatores que impactam na doença. Testam possíveis hipóteses,
com fator de risco x doença. Buscam determinar quais as verdadeiras relações de causa e efeito.

• Existem vários tipos de cálculos e concordância com o tipo de estudo epidemiológico analítico
para verificar a força da relação da causa com o efeito.
• Os cálculos e medidas de associação servem para verificar as
prevalências, as comparações, as observações, os cálculos e
experimentos. As medidas de associação buscam verificar o efeito e a
influência de um fator de risco sobre o agravo. Também verificam se
determinada característica ou hábito do indivíduo aumentam a chance
de ele ter a doença (fator de risco) ou diminuem (fator de proteção).
Para isso, vários tipos de cálculos e até experimentos são utilizados.

Os estudos experimentais realizados na epidemiologia analítica devem levar em consideração diversos


fatores para que aconteçam de forma eficiente. Dentre eles, podem ser citados:

• Correto desenho experimental.


• Montagem de grupos observacionais: experimental e de controle.
• Amostra de acordo com o tipo da população estudada.
Na investigação epidemiológica descritiva, a preocupação está em anotar e
observar os diversos fatores do local em relação à doença. Já na investigação
epidemiológica analítica, a relação de causa e efeito será população qual é a
importância da epidemiologia para a saúde pública?

No âmbito da promoção da saúde, a epidemiologia exerce importante papel


ao se preocupar não apenas com o controle de doenças e de seus vetores,
mas, sobretudo, com a melhoria da saúde da população. qual é a finalidade da
investigação em casos de surtos de doenças?

O objetivo principal de uma investigação epidemiológica de campo durante a


ocorrência de um surto é a identificação dos fatores associados a doença na
população.
• Qual é a finalidade da investigação em casos de surtos de doenças?

O objetivo principal de uma investigação epidemiológica de campo durante a ocorrência de um surto é a


identificação dos fatores associados a doença na população.

Vigilância Epidemiológica: sistema nacional e de informações, fontes e tipos de dadosdados.

• Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica

O Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SNVE) integra instituições do setor público e privado, sendo
o componente do Sistema Único de Saúde (SUS) responsável pela notificação de agravos e doenças, prestação de
serviços a grupos populacionais ou pela orientação de condutas a serem tomadas.

• Dentro do Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica, municípios, estados e a União possuem


competências específicas. Aos municípios, cabe a execução das ações, que exige conhecimento analítico da
situação de saúde local.
• Deste modo, o nível municipal tem um papel fundamental na produção dos dados, pois assim será mais fiel a
compreensão da situação de saúde a nível regional, estadual e nacionalnacional.
• Fontes e tipos de dados da Vigilância Epidemiológica

• Os dados e as informações que alimentam o Sistema Nacional de


Vigilância Epidemiológica são provenientes dos sistemas de
informação em saúde, de resultados de exames laboratoriais, de
investigações epidemiológicas, da imprensa, dos estudos
epidemiológicos, dos serviços sentinela e das notificações, sendo
a Notificação Compulsória a principal fonte de dados.

• São monitorados pela Vigilância Epidemiológica:


• Dados demográficos, ambientais e socioeconômicos;
• Dados de morbidade;
Dados de mortalidade;
• Notificação de emergências de saúde pública, surtos e epidemias.

Sistemas de Informação em Saúde


• Os Sistemas de Informação em Saúde são parte da estrutura dos Sistemas de Saúde e
têm como propósito geral facilitar a formulação e avaliação das políticas, planos e
programas de saúde, subsidiando a tomada de decisões.

• Entre os sistemas nacionais de informação em saúde existentes, alguns se destacam


em razão de sua maior relevância para a Vigilância Epidemiológica. compulsória.

Sistema Nacional de Agravos de Notificação (Sinan)


É o mais importante para a Vigilância Epidemiológica. Registra dados indispensáveis ao cálculo dos principais
indicadores relacionados a doenças de importância epidemiológica, surtos, endemias e epidemias, tais como as
taxas de incidência, letalidade e mortalidade, coeficiente de prevalência, entre outros. Tem como principal fonte
de informação a ficha de notificação compulsória.
• Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM)
Os dados do SIM permitem construir indicadores importantes para conhecer
o perfil de saúde de uma região. A partir das informações nele contidas,
pode-se obter mortalidade proporcional por causas, faixa etária, sexo, local
de ocorrência e residência, letalidade dos agravos de incidência conhecida,
bem como taxas de mortalidade geral, infantil, materna ou por qualquer outra
variável contida na declaração de óbito. Tem como fonte de informação a
Declaração de Óbito.

Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc)

As informações sobre os nascidos vivos permitem a construção de indicadores voltados para as condições e o
perfil de nascimento, bem como para a avaliação de riscos à saúde materno-infantil. Através dessas
informações é possível direcionar medidas para combater problemas como baixo peso ao nascer, morte
perinatal, acompanhar a taxa de crescimento populacional, dentre outros indicadores. Tem como fonte de
informação a Declaração de Nascido Vivo.
• Sistema de Informações Hospitalares (SIH/SUS)
Reúne informações sobre internamentos hospitalares realizados no país, o que
permite identificar os agravos à saúde que necessitam de internação,
contribuindo para o conhecimento da situação de saúde e da gestão dos
serviços. O Instrumento de coleta de dados é a autorização de internação
hospitalar.

Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA/SUS)

Embora não possa ser utilizado para fins epidemiológicos, é um importante sistema, pois
permite o conhecimento dos procedimentos utilizados na rede ambulatorial do SUS, além de
conter a relação dos serviços da rede própria, contratada e conveniada dos estados e
municípios, e informações sobre profissionais por especialidade. Tem como fontes de dados
as informações do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) e os boletins de
produção ambulatorial.
Outras fontes de dados

Alguns sistemas de informação possuem informações complementares de


relevância para as ações de Vigilância Epidemiológica e, através do
cruzamento de dados com outros sistemas, auxiliam na investigação
epidemiológica, no conhecimento das condições de saúde da população e
possibilitam, assim, a adoção de medidas melhor articuladas. Dentre essas
fontes, se destacam:

Sistema de Informações sobre a Atenção Básica (SIAB);


Sistema de Informações de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan);
Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI);
Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo
Humano – (Sisagua);

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