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FITOPATOLOGIA AGRÍCOLA

Docente: Drª Mariana Aguiar Silva


UC: Fitopatologia agrícola

Setembro-2023
ETIOLOGIA E CLASSIFICAÇÃO DE
PATÓGENOS
CONCEITOS

❖ Etitologia é uma palavra de origem grega:

aetia = causa logos = estudo

❑ Em Fitopatologia, corresponde à parte que estuda as causas das doenças de


plantas e tem como objetivo o estabelecimento de medidas corretas de controle.
CONCEITOS

▪ Na natureza, toda consequência possui uma causa lógica ou um fator desencadeador.

▪ Quando se trata de doenças, estas sempre estão relacionadas aos agentes que a causaram,
sendo este o principal objeto de investigação da etiologia.

▪ Esta, que é um ramo da fitopatologia, busca e desvenda a origem e a causa de


determinada doença, seja ela provocada por um agente biótico ou agente abiótico ou pela
interação entre ambos.
CONCEITOS

▪ Em geral, o agente causador de uma doença é denominado agente etiológico, embora


essa terminologia seja mais adequada para os agentes bióticos.

▪ A etiologia é aplicável em diversas áreas, como a criminologia, embora seja mais


utilizada na medicina e na fitopatologia.
CONCEITOS

▪ As doenças em plantas resultam dos efeitos de múltiplos estressores, os quais podem ser

de origem biótica ou abiótica.

▪ Muitas doenças podem responder a um desses tipos de estressores em um nível mais

elevado, mas, em geral, estes agem de forma conjunta, afetando o desenvolvimento e a

saúde da planta em maior ou menor grau.


CONCEITOS

❖ Patógeno → é qualquer organismo capaz de causar doença infecciosa em plantas, ou


seja, fungos, bactérias, vírus, viróides, nematóides e protozoários.

❖Patogenicidade → é a capacidade que um patógeno possui, de associando-se ao


hospedeiro, causar doença.
CONCEITOS
CONCEITOS

❖ Uma questão fundamental da etiologia é que as doenças geralmente têm causa


multifatorial → são o resultado da ação de diversos agentes ou fatores;

❑ Os agentes ou fatores, por sua vez, podem ser classificados como:

▪ Endógenos → que têm origem no próprio organismo

▪ Exógenos → que são externos, geralmente provocados pelo ambiente

❑ Cada um desses agentes ou fatores tem papel fundamental na causalidade multifatorial


das doenças e no potencial agressivo destas e do patógeno.
CONCEITOS

▪ Assim, a doença, apesar de ser vista como um fenômeno biológico, apresenta conotação
ampla, de modo que o seu estudo não deve englobar apenas as alterações fisiológicas
acarretadas por agentes infecciosos, mas também as condições desfavoráveis do
ambiente;

▪ O estudo etiológico de uma doença deve, então, identificar esses fatores, reconhecer a
sua multiplicidade e estimar os valores de causa relativos a cada um dos fatores
envolvidos.
CONCEITOS
DOENÇAS BIÓTICAS X DOENÇAS ABIÓTICAS

▪ Uma das principais distinções que devem ser feitas no estudo da fitopatologia diz
respeito ao agente causador das doenças que acometem as plantas.

▪ Vários agentes ou fatores podem causar doenças em plantas, e a natureza desses agentes
ou fatores pode ser distinta.
DOENÇAS BIÓTICAS X DOENÇAS ABIÓTICAS

❖ Os fitopatologistas atribuem as doenças a dois principais tipos de agentes: bióticos e


abióticos.

▪ Doenças bióticas→ resultam da interação de no mínimo três fatores: o hospedeiro, o


patógeno e o ambiente;

▪ Doenças abióticas → ocorrem a partir da interação entre o hospedeiro e o ambiente.


DOENÇAS BIÓTICAS X DOENÇAS ABIÓTICAS
DOENÇAS BIÓTICAS X DOENÇAS ABIÓTICAS

❖Infecciosas/Bióticas

Fungos 65% das doenças de plantas


Bactérias
Vírus
Protozoários
Nematóides
Fitoplasmas
DOENÇAS BIÓTICAS X DOENÇAS ABIÓTICAS

❖ Doenças abióticas

❑ Existem quatro interações possíveis entre umidade e temperatura que podem


desencadear uma grande diversidade de doenças e agentes causais em plantas; são elas:
quente e úmido, quente e seco, frio e úmido, e frio e seco.
DOENÇAS BIÓTICAS X DOENÇAS ABIÓTICAS
DOENÇAS BIÓTICAS X DOENÇAS ABIÓTICAS
DOENÇAS BIÓTICAS X DOENÇAS ABIÓTICAS
DOENÇAS BIÓTICAS X DOENÇAS ABIÓTICAS
DOENÇAS BIÓTICAS X DOENÇAS ABIÓTICAS
DOENÇAS BIÓTICAS X DOENÇAS ABIÓTICAS
DOENÇAS BIÓTICAS X DOENÇAS ABIÓTICAS
TESTE DE PATOGENICIDADE

❖ Quando um organismo é encontrado associado a uma planta doente, se for conhecido ou


registrado anteriormente, é identificado com a ajuda de literatura.

❖ Entretanto, se for um organismo desconhecido, pelo menos para tal planta, para
confirmá-lo ou descartá-lo como agente causal da doença, é necessária a realização do
teste de patogenicidade.
TESTE DE PATOGENICIDADE

❖ Estabelecimento da relação causal entre uma doença e um microrganismo → Postulados


de Koch → Teste de patogenicidade.
TESTE DE PATOGENICIDADE

❖Postulados de Koch

1. Associação constante patógeno hospedeiro;

2. Isolamento do patógeno;

3. Inoculação do patógeno e reprodução dos sintomas;

4. Reisolamento do patógeno.
TESTE DE PATOGENICIDADE
TESTE DE PATOGENICIDADE
CLASSIFICAÇÃO DOS PATÓGENOS

❖Simplificadamente eles podem ser divididos em:

❑Parasitas obrigatórios: são aqueles que vivem as custas do tecido vivo do hospedeiro.

▪ Não são cultivados em meio de cultura.

▪ Ex: fungos causadores de míldios, oídios, ferrugens e carvões; vírus, viróides,

nematóides e algumas bactérias.


CLASSIFICAÇÃO DOS PATÓGENOS

❖Simplificadamente eles podem ser divididos em:

❑Parasitas obrigatórios
CLASSIFICAÇÃO DOS PATÓGENOS

❖Simplificadamente eles podem ser divididos em:

❑Saprófitas facultativos: são aqueles que vivem a maioria do tempo ou a maior parte de seu ciclo

de vida como parasitas, mas em certas circunstâncias, podem sobreviver saprofiticamente sobre

matéria orgânica morta.

▪ Podem ser cultivados em meio de cultura.

▪ Ex: fungos causadores de manchas foliares, como Alternaria spp., Colletotrichum spp. e

Cercospora spp.
CLASSIFICAÇÃO DOS PATÓGENOS

❖Simplificadamente eles podem ser divididos em:

❑Parasitas facultativos: são aqueles que normalmente se desenvolvem como saprófitas, mas que

são capazes de passar parte, ou todo o seu ciclo de desenvolvimento como parasitas.

▪ São facilmente cultivados em meio de cultura.

▪ Ex: fungos como Rhizoctonia solani e Sclerotium rolfsii.


CLASSIFICAÇÃO DOS PATÓGENOS

❖Simplificadamente eles podem ser divididos em:

❑Parasitas acidentais: são aqueles organismos saprófitas que em determinadas condições

(Ex.: planta com estresse) podem exercer o parasitismo.

▪ Ex: Pseudomonas fluorescens causando podridão em alface.


CLASSIFICAÇÃO DOS PATÓGENOS

▪ Em geral, os parasitas obrigatórios e facultativos diferem entre si pela forma como

atacam as plantas hospedeiras e obtém seus nutrientes a partir destas.

▪ Nos parasitas obrigatórios, a colonização é, geralmente, intercelular; enquanto que nos

facultativos ela é, na maioria das vezes, intracelular.


CLASSIFICAÇÃO DOS PATÓGENOS

❖No caso de parasitas facultativos, o teste de patogenicidade segue os postulados descritos


previamente, enquanto no caso de parasitas obrigatórios somente dois postulados podem
ser aplicados:

▪ Associação constante patógeno hospedeiro

▪ Inoculação do patógeno e reprodução dos sintomas


DENOMINAÇÃO DOS PATÓGENOS

▪ O nome genérico é escrito com inicial maiúscula e grifado.

▪ O nome especifico é escrito com inicial minúscula e grifado.

▪ Os nomes subespecíficos como: patovar (pv.), subespécie (subsp.), variedade (var.) e forma specialis (f.sp.)
também são escritos com inicial minúscula e grifados.

▪ O grifo poderá ser substituído por letra em itálico ou negrito.


DENOMINAÇÃO DOS PATÓGENOS

▪ O nome genérico deverá ser abreviado a partir da segunda citação em texto científico.

▪ O nome do autor ou autores que classificaram a espécie deve ser citado, toda vez que a mesma for escrita
pela primeira vez, em qualquer texto científico, podendo ser abreviados.

▪ O termo spp. = várias espécies e sp. = espécie desconhecida.


DENOMINAÇÃO DOS PATÓGENOS
EPIDEMIOLOGIA
CONCEITOS

❖Epidemiologia – definição

▪ O estudo das populações do patógeno e do hospedeiro e do contato entre eles, que leva a algo

novo: a doença.

▪ Esta pode ser considerada como uma terceira classe de população de lesões ou de plantas

doentes. (sob a influência do ambiente e do homem).


CONCEITOS

❖Epidemiologia – definição

▪ “Estudo das epidemias e dos fatores que as influenciam“.

❑Em uma conceituação mais complexa:

▪ É o "estudo de populações de patógenos em populações de hospedeiros e da doença resultante

desta interação, sob a influência do ambiente e a interferência humana.


CONCEITOS

▪ Essa ciência constrói o conhecimento necessário para o estudo do processo sanitário que
deve ser adotado para a grandes grupos de indivíduos; seu principal enfoque é a
distribuição das doenças nas populações, nos lugares e ao longo do tempo.

▪ Partindo desse pressuposto, os principais objetivos da epidemiologia são descrever,


analisar e explicar as principais causas e consequências das doenças por meio da
utilização dos saberes.
CONCEITOS

▪ A epidemiologia também é uma ciência de descobertas, visto que muitas doenças que se
desenvolvem em populações naturais podem, muitas vezes, nem ter sido estudadas ou
descritas anteriormente.

▪ Outro objetivo da epidemiologia é estudar e elucidar as causas e consequências das


lesões provocadas por doenças em indivíduos doentes de uma população.
EPIDEMIOLOGIA

❖A epidemiologia, como a maioria das ciências, apresenta duas faces distintas que, apesar
disso, se complementam:

▪ Face acadêmica → tem por objetivo uma melhor compreensão da estrutura e


comportamento das doenças no campo.

▪ Face aplicada → baseando-se na primeira, tem por principal objetivo a otimização do


controle de doenças.
ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS

❖ Os estudos epidemiológicos são construídos e alicerçados a partir de dois tipos de populações: a


V
população do hospedeiro e a população do patógeno.

▪ Os padrões observados nessas duas populações servem como base para a identificação de um terceiro tipo
de população — a “população de lesões” ou de indivíduos doentes.

▪ O ambiente está sempre interferindo nessas populações


V e em suas interações.

▪ E tem os efeitos do homem (efeitos antropogênicos), que também pode interagir e afetar a força das
outras interações
ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS
CARACTERÍSTICAS DOS PATÓGENOS

❖Os patógenos e suas características são fatores fundamentais no desenvolvimento de epidemias.

▪ Nível de agressividade → está associada à velocidade do aparecimento dos sintomas da doença;

▪ Virulência → está associada à quantidade relativa da doença que é induzida no hospedeiro.


CARACTERÍSTICAS DOS PATÓGENOS

❖Raças → as mais agressivas são aquelas capazes de infectar todas as variedades existentes do
hospedeiro, mas em graus distintos de patogenicidade.

❖Quantidade de propágulos do hospedeiro→ também pode influenciar o desenvolvimento de uma


epidemia, de modo que as chances aumentam consideravelmente quando as quantidades de
propágulos são maiores.

❖Modo de reprodução do patógeno → ciclos de vida curtos ou longos

❖Forma de disseminação
ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS

▪ A epidemiologia tem, em sua essência, os estudos de campo, visto que a replicação das condições

encontradas em campo é, muitas vezes, difícil de ser alcançada em laboratório.

▪ Apesar disso, os estudos experimentais são utilizados em estudos epidemiológicos, porém com finalidade

de testar algum aspecto específico que foi observado em campo.

▪ A epidemiologia em campo parte do princípio básico de que as doenças são determinadas pelo balanço

entre dois processos distintos: a infecção e a remoção .


ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS

▪ Quando novas infecções surgem, elas desencadeiam o aparecimento de lesões nos

indivíduos da população de hospedeiros; essas lesões tornam-se infecciosas e,

posteriormente, preconizam o aparecimento de novas lesões.

▪ Em contrapartida, os tecidos infecciosos são removidos quando essas lesões envelhecem

e não são mais capazes de formar esporos.


ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS

▪ A doença tende ao crescimento quando a infecção é mais intensa do que a remoção;

▪ Por outro lado, a doença tende a diminuir ou até mesmo regredir o crescimento quando a

intensidade do processo de remoção é maior do que a infecção, especialmente quando o

hospedeiro é capaz de produzir novos tecidos sadios.


ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS

❖Muitas dessas infecções desenvolvem-se e tornam-se epidemias.

▪ Epidemias → aumento da intensidade e da extensão de uma determinada doença em uma


determinada população de plantas

▪ Entretanto, o aumento na incidência e na intensidade da doença também deve ser acompanhado


do aumento da área geográfica onde a doença ocorre, pois, se esta for observada apenas em
populações locais, então é considerada uma endemia.

▪ Quando as doenças proliferam-se por áreas geográficas extensas, atingindo demasiadas


populações de plantas → pandemia.
ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS
ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS

❖É importante ressaltar que a denominação de uma doença como endêmica, epidêmica ou


pandêmica depende de múltiplos fatores.

❖Por exemplo, modificações microclimáticas podem favorecer o alastramento de uma


doença local para um número muito maior de indivíduos, elevando o status da doença de
endêmica para epidêmica.
ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS

❖Para uma doença de planta se desenvolver em proporções epidêmicas, é necessário:

▪ Que ocorra uma perfeita interação entre uma população de plantas suscetíveis, uma população de
patógenos virulentos e agressivos, sob condições ambientais favoráveis.

▪ Qualquer modificação em um desses fatores provocará uma redução na intensidade da doença ou


de sua taxa de desenvolvimento.
ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS

▪ Interferência humana → pode paralisar ou retardar o início e desenvolvimento de epidemias


pelo uso de medidas apropriadas de controle.

▪ A quantidade de cada um dos três componentes da doença e suas interações no desenvolvimento


da doença são influenciados por um quarto componente → o tempo.
ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS

❖ Condições que afetam o desenvolvimento de epidemias:

❑Fatores do hospedeiro:

▪ Níveis de resistência genética ou suscetibilidade do hospedeiro

▪ Grau de uniformidade genética das plantas hospedeiras

▪ Tipo de cultura

▪ Idade da planta hospedeira


ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS

❖ Condições que afetam o desenvolvimento de epidemias:

❑Fatores do patógeno:

▪ Nível de virulência e agressividade

▪ Quantidade de inóculo próximo ao hospedeiro

▪ Tipo de reprodução

▪ Ecologia e modo de disseminação


ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS

❖ Condições que afetam o desenvolvimento de epidemias:

❑Fatores do ambiente:

▪ Umidade

▪ Temperatura

▪ pH

▪ Luminosidade

▪ Fertilidade do solo
ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS

❖ Condições que afetam o desenvolvimento de epidemias:

❑Fatores do homem:
▪ Seleção e preparo do local de plantio
▪ Seleção do material de propagação
▪ Práticas culturais
✓Monocultura
✓Mesma variedade
✓Restos culturais
✓Plantio adensado
IMPORTÂNCIA DA EPIDEMIOLOGIA

❖O papel da epidemiologia no controle de doenças

▪ A epidemiologia é uma ciência fundamental para a fitopatologia quando o assunto é


planejamento estratégico.

▪ O conhecimento da epidemiologia das doenças é extremamente importante para o


estabelecimento de medidas de controle e manejo de doenças de plantas.

▪ Essas estratégias de controle podem ser as mais diversas, embora a mais viável seja a utilização
de genótipos resistentes às doenças.
IMPORTÂNCIA DA EPIDEMIOLOGIA

❖Suas principais utilidades são (MONTILLA, 2008):

▪ Analisar a situação fitossanitária;

▪ Descrever a biologia e a história natural das doenças;

▪ Definir os modos de transmissão de doenças e fitopatógenos;

▪ Identificar e explicar os padrões de distribuição geográfica das doenças;

▪ Estabelecer os métodos e as estratégias de controle dos agravos à condição fitossanitária;

▪ Estabelecer medidas preventivas.


IMPORTÂNCIA DA EPIDEMIOLOGIA

❖A epidemiologia foi incorporada para traçar estratégias de minimização das perdas, as quais são
separadas em três grupos ou fases distintas (ALTIERL, 1995), listadas a seguir.

1. Eliminação do inóculo inicial ou retardamento do aparecimento deste no início da temporada.

2. Diminuição da taxa de desenvolvimento da doença durante o período de crescimento.

3. Diminuição do tempo de exposição de um determinado cultivo ao agente patogênico em


questão, principalmente por meio da utilização de variedades de curta duração ou por meio da
fertilização e de práticas de irrigação que impeçam o lento crescimento do cultivo.
DÚVIDAS?
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Contatos
Celular: (64) 999336200
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