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Universidade Federal de Campina Grande

Centro de Educação e Saúde


Unidade Acadêmica de Enfermagem

Evolução dos modelos de saúde e doença - História


Natural das doenças. Transição demográfica e
epidemiológica

Profª Daniele Samara Tavares de Oliveira Figueiredo


Objetivos da aprendizagem

Diferenciar e descrever as
Discutir os principais modelos
transições demográfica e
explicativos de saúde-doença,
epidemiologica e suas
que têm orientado a ciência
implicações para os cuidados em
epidemiológica.
saúde.
O processo saúde-doença:
evolução histórica

Antiguidade
(mágico-religiosa).
Doenças: causas sobrenaturais.
-Pecado - castigo dos Deuses. Ex.
Lepra
- Mau olhado, desobediência a
Deus
- Males causados por demônios

Doente leproso, sendo rezada a


missa de corpo presente
O processo saúde-doença:
evolução histórica
Hipócrates Doenças: visão racional
(460-377 a.C.) Teoria dos humores
bile amarela, bile negra, fleuma
e sangue.

Doença: desequilíbrio dos


fluidos.

"Ares, águas, lugares” -


conceito ecológico de saúde-
deonça
"A doença sagrada": "A doença chamada sagrada não é, em minha
opinião, mais divina ou mais sagrada que qualquer outra doença;
tem uma causa natural e sua origem supostamente divina reflete a
ignorância humana".
O processo saúde-doença:
evolução histórica

Idade Média

Teoria Miasmática - doença


provém de emanações da
matéria orgânica em
decomposição.

Malária (latim) - "Maus ares"


O processo saúde-doença: evolução
histórica
Modelo unicausal - teoria dos germes
Louis Pasteur - 1854
Ciência avançando - Final do século XIX - Revolução
Pasteuriana.

- Microscópio (revelava a existência de


microorganismos);

Doença: causada por microorganimos. Possibilitou a


introdução de soros e vacinas.

Pela primeira vez fatores etiológicos foram identificados.


Doença poderia ser prevenida e curada
O processo saúde-doença: evolução
histórica
Modelo Biomédico
Século XX aos dias atuais.
Doença:

"Desajustamento ou falha no mecanismo de adaptação do


organismo... processo que conduz a uma perturbação da
estrutura ou função de um órgão, sistema ou organismo
como um todo".

Se aplica a organismos de todas as espécies.

Biológico
Modelo Biomédico
A doença é abordada a partir de duas perspectivas:

Patologia - mecanismo etiopatogênico

Clínica - estudo de sinais e sintomas e o


tratamento desses

CURA DA DOENÇA
Modelo Biomédico
As doenças podem ser classificadas :

Duração Etiopatogenia

Agudas Crônicas Infecciosas Não-infecciosas


Modelo Biomédico

Exemplos de doenças e agravos quanto à duração e à etiologia


Modelo Biomédico
Doenças Infecciosas

Agente Infecção Doença Hospedeiro


infeccioso Infecciosa

Penetração e Resulta de uma Humano ou animal


Ser vivo
desenvolvimento infecção que leva a que oferece, em
Patógeno
ou multiplicação manifestação condições naturais,
de um patógeno clínica de sinais e subsistência a um
no organismo sintomas agente infeccioso .
Modelo Biomédico
Doenças Infecciosas
Doença
Doença
transmissível
contagiosa
Doença infecciosa que resulta da
transmissão de forma direta ou Doença infecciosa cujo agente
indireta (vetor ou veículo) de um etiológico se difunde pelo
agente infeccioso de uma pessoa, contato direto com os
animal infectado ou de um indivíduos infectados.
reservatório a um hospedeiro
susceptível.
Ex. Tétano, Tuberculose. Ex. ISTs, sarampo
Modelo Biomédico
Doenças Infecciosas - propriedades dos patógenos

Infectividade Patogenicidade

Capacidade de um organismo de Capacidade de uma vez instalado no


penetrar, se multiplicar e se organismo, produzir sintomas em maior
desenvolver no novo hospedeiro, ou menor proporção.
causando infecção. Alta patogenicidade: vírus do sarampo.
Alta infectividade: vírus da gripe Baixa patogenicidade: vírus da
Baixa infectividade: fungos poliomielite.
Modelo Biomédico
Doenças Infecciosas - propriedades dos patógenos

Virulência Imunogenicidade

Capacidade do bioagente produzir Capacidade de um bioagente produzir


casos graves ou fatais. imunidade no hospedeiro.
Alta virulência: Raiva humana Alta Imunogenicidade: sarampo, varicela;
Baixa virulência: sarampo Baixa imunogenicidade: vírus da gripe
(imunidade temporária).
Modelo Biomédico
Doenças Infecciosas

Período de Período de
Incubação Transmissibilidade

Intervalo de tempo entre a Intervalo de tempo em que o agente


exposição a um agente infeccioso e infeccioso pode ser transferido, direta ou
o aparecimento de sinais e indiretamente, de um indivíduo ou animal
sintomas e o doente ainda não se infectado ao homem, ou de um homem
constitui em fonte de contágio. infectado a um animal (inclusive
artrópodes)
Modelo Biomédico
Doenças não-infecciosas
A grande maioria resulta da exposição a múltiplos fatores - multicausalidade.

Patógeno
Utiliza-se o termo ' fatores risco' F1 E1 E2 En
Perturbações na
para indicar a probabilidade de bioquimica celular
doença e não a certeza de sua
F2 E1 E2 En
ocorrência em todos os casos.

DOENÇA
Fn
Modelo Biomédico
Doenças não-infecciosas

Utiliza-se o termo período de latência ao invés de período de incubação.

As doenças crônicas possuem um longo período de latência, o que torna às


vezes difícil associar uma doença constatada a prováveis fatores de risco postos
sob suspeição.
Modelo de História Natural da Doença (Processual)

Modelo teórico proposto por Leavell e Clark em 1976;

“Todas as interrelações do agente, do hospedeiro e do meio ambiente que afetam o


processo global e seu desenvolvimento, desde as primeiras forças que criam o estímulo
patológico no meio ambiente, ou em qualquer outro lugar (pré-patogênese), passando pela
resposta do homem ao estímulo, até as alterações que levam a um defeito,
invalidez, recuperação ou morte (patogênese)” (Leavell e Clarck, 1978).
Modelo de História Natural da Doença (Processual)
- Concebe a saúde-doença como um processo interativo compreendendo:

AGENTE CAUSADOR

Tríade

HOSPEDEIRO ecológica
AMBIENTE
Modelo de História Natural da Doença (Processual)
FASES DO MODELO DE
HND
.
Agente

Hospedeiro Ambiente
Modelo de História Natural da Doença (Processual)

Fase clínica

Críticado pela
Medicina social:
mantinha um
caráter
biologicista e
reducionista do
processo saúde-
Fase pré-clínica
doença.
Modelo de História Natural da Doença (Processual)

Gordis, 2017
Modelo dos Determinantes Sociais da Saúde
Proposto por Dalgreen e Whitehead em 1991

Fonte: <www.researchgate.net/figure/Figura1-Determinantes-sociais-modelo-deDAHLGREN-e-WHITEHEAD_fig1_320552919>. Adaptado de Dahlgren e Whitehead (1991).


Transição Demográfica e Epidemiológica
Transição Demográfica
Estrutura de uma população (idade e
sexo) é reflexo de sua dinâmica.

Óbitos

Nascimento Migrações
Transição Demográfica
Descrita pela primeira vez em
1940

Altas taxas de
Queda desses
mortalidade
indicadores
e de
fecundidade

Estagnação do crescimento
populacional , aumento da
expectativa de vida e envelhecimento
populacional .
Estágios da Transição Demográfica
Intermediária
Divergência dos Convergência dos
Fase pós-transição
Pré-industrial coeficientes coeficientes

Natalidade Natalidade
Natalidade Natalidade Mortalidade
Mortalidade Mortalidade
Mortalidade Aumento da
Equilíbrio Envelhecimento
Explosão esperança de vida
populacional populacional
populacional Envelhecimento
Aumento da
proporção de
mulheres
Transição Demográfica
Transição Demográfica
A população brasileira está envelhecendo ritmo acelerado!

Década de 80 - processo de estreitamento da base da


pirâmide brasileira

2010 - idosos- 10,8% da população total;


2018 - idosos- 16,2% da população total

2030 - idosos representarão 29,4% da população brasileira,


superando a proporção de crianças e adolescentes que, nesse
mesmo ano, deverá ser de 14,1% (IBGE, 2016).
Transição Demográfica
IMPACTOS - ENVELHECIMENTO
NÃO SAUDÁVEL
-Aumento dos custos com a
previdência social;
-Alta prevalência de DCNT
-Incapacidades
- Maior utilização e custos
com serviços de saúde
(hospitalizações e cuidados
domiciliares);
-Piora da qualidade de vida
Transição Demográfica

Transformações na Sociedade

1930 - 2/3 da população vivia em


zona rural

Hoje mais de 3/4 vive em


zona urbana
Transição Demográfica
Transformações na Sociedade - Aumento da esperança de vida

https://sidra.ibge.gov.br/tabela/1174
Transição Demográfica

Transformações na Sociedade
Transição Epidemiológica

Refere-se a mudanças nos padrões de morbimortalidade


e
+
Transformações demográficas, sociais e econômicas, de
estilo de vida.
Transição Epidemiológica

e
Transição Epidemiológica no Brasil

Doenças
transmissíveis ,
e maternas,
perinatais e
nutricionais
33,8%

DCNT
54,7% Causas externas
11,5%

https://vizhub.healthdata.org/gbd-compare/#
e
QUIZ!
QUAL MODELO DE SAÚDE É CENTRADO DIRETAMENTE NA DOENÇA ENTENDENDO-A
COMO UM PROCESSO BIOLÓGICO, ENFATIZANDO O ESTUDO DE SINAIS E
SINTOMAS E TRATAMENTO DAS DOENÇAS?

PROCESSUAL MODELO BIOMÉDICO


(HISTÓRIA NATURAL
DA DOENÇA)

MODELO DOS
MODELO
DETERMINANTES
UNICAUSAL
SOCIAIS DA SAÚDE
QUAIS SÃO OS NÍVEIS DE PREVENÇÃO PROPOSTO PELO MODELO DE HISTÓRIA
NATURAL DA DOENÇA?

PRIMÁRIO,
SECUNDÁRIO E
PPRIMÁRIO,
TERCIÁRIO.
TERCIÁRIO E
SECUNDÁRIO.

TERCIÁRIO, PRIMÁRIO,
SECUNDÁRIO E SECUNDÁRIO,
PRIMÁRIO. TERCIÁRIO E
QUATERNÁRIO
O MODELO DA HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA DEFINE PERÍODOS SEQUENCIADOS
PARA O DESENVOLVIMENTO DE UMA DOENÇA. UM DELES É O PERÍODO DE PRÉ-
PATOGÊNESE, QUE É CARACTERIZADO POR:

SER A FASE EM QUE AS ENGLOBAR O


INTERVENÇÕES POSSÍVEIS PROCESSO DE
SÃO AS DE PREVENÇÃO CONVALESCENÇA
SECUNDÁRIA.

DEFINIR A SITUAÇÃO INCLUIR AS


EM QUE PODE EXISTIR RELAÇÕES ENTRE
LESÕES, DESDE QUE AGENTE (S),
INAPARENTES. HOSPEDEIRO E
MEIO AMBIENTE.
TEM-SE COMO UM EXEMPLO DE PREVENÇÃO SECUNDÁRIA:

IMUNIZAÇÃO A REABILITAÇÃO
PACIENTE PÓS
INFARTO DO
MIOCÁRDIO.

A ORIENTAÇÃO DE ATIVIDADE O RASTREAMENTO DE


FÍSICA PARA DIMINUIR CÂNCER DE COLO DE ÚTERO,
CHANCE DE TRATAMENTO DE HAS.
DESENVOLVIMENTO DE
OBESIDADE.
ENTRE OS PRINCIPAIS FATORES QUE CONTRIBUEM PARA O AUMENTO DA CARGA DE
DOENÇAS NÃO TRANSMISSÍVEIS NO BRASIL, DESTACAM-SE, EXCETO

OBESIDADE. BAIXA INGESTÃO DE


FRUTAS E VERDURAS

SEDENTARISMO CRESCENTE SEXO FEMININO


NAS ÚLTIMAS DÉCADAS, A POPULAÇÃO BRASILEIRA EXPERIMENTOU IMPORTANTES
MUDANÇAS EM SEU PADRÃO DEMOGRÁFICO E EPIDEMIOLÓGICO, INFLUENCIADAS
PRINCIPALMENTE :

PELA DIMINUIÇÃO DA PELA DIMINUIÇÃO DA


EXPECTATIVA DE VIDA CARGA DAS DOENÇAS
CRÔNICAS NÃO
TRANSMISSÍVEIS

POR UMA QUEDA PELO AUMENTO DA


IMPORTANTE DA FECUNDIDADE
FECUNDIDADE
SOBRE O PERÍODO DE INCUBAÇÃO, É CORRETO AFIRMAR:

É UM TERMO USADO PARA INTERVALO DE TEMPO


DOENÇAS CRÔNICAS ENTRE A EXPOSIÇÃO A
UM AGENTE INFECCIOSO
E O APARECIMENTO DE
SINAIS E SINTOMAS

PERÍODO QUE O INDIVÍDUO TERMO UTILIZADO NO


INFECTADO PODE SER UM MODELO BIOMÉDICO DAS
FONTE DE CONTÁGIO DOENÇAS NÃO
TRANSMISSÍVEIS
Referências
PEREIRA, M. G. Epidemiologia: teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2006. Cap. 3.
MEDRONHO, R. A. et al. Epidemiologia. São Paulo: Ateneu, 2002. Cap.6
Texto complementar:
ARAUJO,
e José Duarte de. Polarização epidemiológica no Brasil. Epidemiol.
Serv. Saúde, Brasília , v. 21, n. 4, p. 533-538, dez. 2012. Disponível em
<http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-
49742012000400002&lng=pt&nrm=iso>. acessos
em 03 fev. 2021. http://dx.doi.org/10.5123/S1679-49742012000400002
Apoio
SCLIAR, História do Conceito de Saúde. Physis: Rev. Saúde Coletiva, RJ, v.17, n.1, p. 29-41, 2007.
ALMEIDA FILHO, N; ROUQUAYROL, M.Z. Introdução à Epidemiologia. 4ª ed. Guanabara
Koogan,2006
https://vizhub.healthdata.org/gbd-compare/#

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