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Universidade do Vale do Rio dos Sinos

UNISINOS
Disciplina de Mineralogia I

As rochas e sua classificação

Polígrafo de Cristalografia – 1ª parte – Cristalografia física


1. As rochas
2. Propriedades físicas e químicas dos minerais
3. Cristalografia física:

Simetria e cristalografia – fundamentos e leis


Projeção estereográfica
Os seis Sistemas Cristalinos e as 32 Classes Cristalográficas
4. A natureza da luz
5. Propagação da luz nos diferentes sistemas
6. Propriedades em LN, LP e LC
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1. As Rochas
 Temperatura
O que é Rocha?  Pressão Litostática
 Pressão de Voláteis
Rochas são agregados naturais formados por um ou mais minerais,  Composição do Magma
inclusive vidro vulcânico e matéria orgânica, que constituem parte essencial
da crosta terrestre. As rochas podem ser individualizadas em mapas Outros fatores que influenciam nas texturas: atividade dos elementos
geológicos em função de suas diferentes propriedades físicas e químicas. São químicos; assimilação de magma; e mistura de magmas
três os principais tipos de rochas, divididas de acordo com o ambiente
geológico em que foram geradas: As texturas podem ser feições impostas durante a fase principal de
cristalização; feições desenvolvidas durante a movimentação do magma;
a.Rochas Ígneas: são aquelas que provém da consolidação do magma. Uma feições ligadas ao desprendimento de gases e fragmentação do magma;
rocha ígnea expressa as condições geológicas em que se formou graças a feições desenvolvidas durante a fase pós-solidificação; e feições acidentais.
sua textura. Quanto a granularidade:
quando os cristais não podem ser distinguidos a olho nu (ou pelo
Afanítica
1.Plutônicas: são as rochas formadas pela consolidação do magma em menos não todos)
profundidade, com decréscimo lento da temperatura. Ex.: granito e gabro quando todos os cristais constituintes da rocha podem ser
Fanerítica
2.Vulcânicas: são rochas formadas pela consolidação do magma em observados a olho nu
superfície, com decréscimo rápido da temperatura. Ex.: riolito e basalto
3.Hipabissais ou sub-vulcânicas: são rochas formadas pela consolidação do
magma em sub-superfície. Ex.: diabásio. Quanto a homogeneidade do tamanho dos constituintes:
quando todos os cristais Afanítica
Equigranular constituintes da rocha possuem o
mesmo tamanho. Fanerítica
quando podem ser distintas pelo Porfirítica
Inequigranular menos duas dimensões diferentes
dos constituintes minerais Seriada

Exemplos de rochas ígneas plutônicas (um granito), vulcânicas (um basalto) e uma
hipabissal (um traquito).

PRINCIPAIS TEXTURAS DE ROCHAS MAGMÁTICAS

Textura: é a relação entre os grãos dos minerais que formam uma


rocha, sedno que este tema será detalhado a seguir. As texturas indicam as
condições de cristalização.Fatores principais determinantes da textura:
Granito com textura Basalto com textura
equigranular fanerítica média equigranular afanítica (grãos
(grãos entre 3 e 1 mm) com tamanho menor que 1 m)
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Se a rocha for inequigranular:

Grão fino (< 1 mm) Dacito com textura porfirítica,


Fenocristais*
(descrever forma; Grão médio (entre 1 e 5 mm) composto de fenocristais de
tamanho) grão grosso a médio,
Grão grosso (> 5 mm)
Inequigranular Porfirítica isolados, prismáticos de
Afanítica Grão < 1 mm plagioclásio esbranquiçados
Matriz
Grão fino e feldspatos alcalinos rosados
(afanítica/
fanerítica) Fanerítica Grão médio e zonados, aleatoriamente
Grão grosso distribuídos em matriz
afanítica de coloração
*Os fenocristais são aqueles que se destacam dos demais, a presença escura
de fenocristais indica um período de resfriamento lento, durante o qual se dá
o crescimento de cristais, seguido por um período de resfriamento rápido,
durante o qual ocorre a cristalização da matriz.

Granito estruturalmente Basalto com textura porfirítica


homogêneo (ou e glomeroporfirítica,
maciço)com textura composto de fenocristais de
equigranular fanerítica, grão grosso a médio de
hipidiomórfica média plagioclásio, prismáticos e
esbranquiçados, alinhados
pelo fluxo magmático ou
radialmente arranjados, em
matriz afanítica de coloração
escura
Granito com textura
fanerítica inequigranular
porfirítica, composto de
fenocristais de grão grosso de
feldspato alcalino prismático
com coloração rosada, em
matriz fanerítica, Agrupamento de Sentido do fluxo
hipidiomórfica, média a fina fenocristais de plagioclásio magmático

Fenocristal prismático e
hipidiomórfico de
feldspato alcalino

detalhe da matriz
fanerítica média a fina
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determinar a instabilidade dos minerais preexistentes, estáveis nas antigas


condições.
Quanto a granulação: quanto ao tamanho dos grãos as rochas
podem ter grão fino, médio ou grosso. 1.Metamorfismo regional: é o metamorfismo que ocorre em grandes áreas de
muitos milhares de quilômetros quadrados as regiões profundas de montanhas
Grão grosso >5mm e terrenos antigos, onde domina principalmente a temperatura, deve-se ao
soterramento de grandes bacias (áreas continentais) e sua movimentação. As
Grão médio entre 5mm e 1mm
rochas são de alta temperatura, alta pressão e deformação variável. Ex.: xistos
Grão fino < 1mm e ganisses.
2.Metamorfismo dinâmico: é o metamorfismo causado pela movimentação
b.Rochas Sedimentares: são aquelas formadas a partir do material originado de grandes massas rochosas ao longo de zonas de falhas (limites de placas e
da destruição erosiva de qualquer tipo de rocha, este material é transportado zonas de colisão de placas), as condições são de alta deformação e
e posteriormente depositado ou precipitado em um dos ambientes de temperatura e pressão variáveis. Ex.: brechas e milonitos.
sedimentação da superfície do globo terrestre e posteriormente consolidado 3.Metamorfismo de contato (ou termal): é o metamorfismo desenvolvido em
pôr processos diagenéticos. zonas adjacentes a massas de rochas ígneas. aqui a temperatura do
metamorfismo é determinada pela proximidade do corpo intrusivo que
fornece fluidos aquosos ativos necessários às reações químicas. as auréolas de
1.Clásticas: são formadas por fragmentos de outras rochas. Ex.: arenito contato normalmente são estritas, medindo pouco mais de uma dezena de
2.Químicas: originam-se da precipitação de soluções. Ex.: sal gema metros. As condições são de alta temperatura e de pressão e deformação
(evaporito) baixas. Ex.: hornfels (conubianitos ou cornenas)
3.Biogênicas: são os sedimentos formados pelo acúmulo de restos orgânicos. 4.Metamorfismo hidrotemal: envolve a mudança química (metassomatismo)
Ex.: carvão como uma parte integrante do processo é o resultado da circulação de água
quente através do corpo rochoso, ao longo de fraturas (metamorfismo de
fundo oceânico, que ocorre nas dorsais meso-oceânicas). Ex.: espilitos.
5.Metamorfismo de impacto: é o metamorfismo produzido pelo impacto de
grandes meteoritos de alta velocidade em uma superfície planetária. Ex.:
impactitos.

Exemplos de rochas sedimentares clásticas (um conglomerado), químicas (um salar) e uma
biogênica (um carvão).

c. Rochas Metamórficas: o metamorfismo é o processo pelo qual rochas


ígneas, sedimentares e mesmo metamórficas sofrem transformações na
composição mineralógica, textural e estrutural. Estas transformações ocorrem
porque as rochas são levadas , por processos geológicos, a condições Exemplos de rochas metamórficas de metamorfismo regional: gnaisse e xisto
diferentes daquelas em que foram geradas. Estas novas condições podem
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A classificação das rochas magmáticas mais utilizadas atualmente é a


da União Internacional de Ciências Geológicas (IUGS – International Union of
Geological Sciences), aprovada em 1972, fundamentada na natureza e
proporção dos seus minerais essenciais e índice de cor, aliados a textura da
rocha.
Este sistema foi criado para unificar a classificação das rochas
magmáticas, pois até a metade da década de 1920 existiam na literatura
mais de 1.500 nomes de rochas e vários sistemas de classificação baseados na
composição modal, em análises químicas e gênese do corpo. Porém
nenhuma destas obteve aceitação mundial, o mesmo ocorrendo em relação
à maioria dos nomes das rochas.
Para resolver este problema a IUGS criou no fim da década de 1960
Exemplos de rochas metamórficas de metamorfismo dinâmico: brecha e milonito uma subcomissão encarregada de formular recomendações para a
classificação e nomenclatura das rochas plutônicas e, mais tarde, também
Como reconhecer cada uma destas rochas? para as rochas vulcânicas, presidida por Albert Streckeisen, da Universidade
de Berna, Suíça, fato que hoje contribui para que a classificação seja
As rochas são reconhecidas em função de três aspectos: textura, estrutura e erroneamente conhecida como “Diagrama de Streckeisen”.
mineralogia.
A classificação das rochas magmáticas pelo sistema IUGS obedece a
A textura é a relação entre os grãos dos minerais que formam uma rocha. algumas premissas básicas, particularmente para rochas graníticas, objeto
Quanto a textura podemos observar principalmente o tamanho e a forma dos deste estudo, expostas resumidamente a seguir, conforme Streckeisen et al.
grãos que constituem a rocha. (1974, 1976).
Primeiramente é necessário definir se a rocha é plutônica ou vulcânica,
A estrutura é a relação entre as diferentes partes de uma rocha. Quanto a neste caso são consideradas plutônicas as rochas com textura fanerítica, com
estrutura uma rocha pode ser maciça ou isótropa quando estão ausentes tamanho de grão superior a 1 mm, pois se presume tenham cristalizado
quaisquer tipos de estruturas. Uma rocha mostra estrutura – ou é anisótropa – lentamente em profundidades consideráveis. Já as rochas vulcânicas
quando ocorre: bandamento, orientação de grão minerais, amígdalas, possuem texturas afaníticas, vítreas ou com granulação fina a muito fina, com
dobras, etc. tamanho do grão inferior a 1 mm, já que tiveram uma alta velocidade de
arrefecimento magmático, sugerindo corpos rasos ou derrames. Para ambos
A mineralogia são os diferentes minerais que compões uma rocha. Cada tipo os tipos, é independente a presença ou ausência de fenocristais.
de rocha tem um grupo de minerais determinados que lhe é característico,
por exemplo, os granitos que são formados por quartzo, feldspatos e micas; os O próximo item que define a escolha do diagrama utilizado é o índice
arenitos que são formados por quartzo; os mármores são formados por de minerais de cor escura, que corresponde à porcentagem volumétrica
carbonatos. (modal) dos minerais de cor escura e é indicada pela letra M’. Deve-se
ressaltar que o índice M’ é diferente daquele definido por Shand (1916) - M,
De onde vem os nome das rochas? que corresponde à porcentagem volumétrica de minerais máficos, entre eles
a olivina, ortopiroxênios, clinopiroxênios, hornblenda e biotita, que podem ser
O nome das rochas é dado em função da composição mineralógica corados ou não e, em geral, apresentam densidade alta, acima de 2,8.
(quantidade percentual dos minerais) e de acordo com diagramas Assim o M’ é obtido pela diferença entre os minerais máficos (M) e os
previamente estabelecidos; minerais máficos claros, entre eles moscovita, a apatita e os minerais primários
de carbonatos, como calcita, que são minerais incolores, e, portanto, devem
Os minerais constituinte da rocha são quantificados através de uma avaliação ser excluídos no cálculo do índice de cor M’.
percentual denominada de análise modal;
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Os granitóides, campo ao qual pertencem as rochas abordadas,


possuem M’<90, tamanho de grão superior a 1 mm, portanto o diagrama a ser
usado é o QAP.
A plotagem das modas das amostras sobre este diagrama triangular é
mais simples que parece. Os três componentes, Q (quartzo, tridimita e
cristobalita) + A (feldspatos alcalinos como: ortoclásio, microclínio,
anortoclásio, sanidina, albita pertítica e albita sódica no intervalo An0-5), + P
(plagioclásio no intervalo An5-100 e escapolita primária), são recalculadas
para 100%. Cada componente é representado pelos cantos do triângulo
equilátero, sendo cada lado dividido em 100 partes iguais.
A subcomissão da IUGS para rochas vulcânicas, considera que para
uma grande quantidade de rochas vulcanogênicas, a quantidade modal dos
minerais constituintes não pode ser devidamente determinada,
principalmente por causa das texturas vítreas, micro ou criptocristalinas
encontradas normalmente na matriz. Assim sendo, uma rocha pode ser
classificada microscopicamente, ou por critérios puramente químicos, ou
ambos, numa combinação químico-mineralógica.
Considerando-se que o nome das rochas vulcânicas é dado
tradicionalmente de acordo com a constituição mineral, a subcomissão
recomenda que:
- Se a constituição mineral modal pode ser obtida, as rochas vulcânicas
podem ser classificadas e denominadas de acordo com a sua posição no Na contagem modal ponto a ponto é razoável uma contagem de
diagrama QAPF. cerca de 100 com a posterior plotagem no diagrama milimetrado triangular.

Se a constituição modal não pode ser avaliada, devem de ser levados


em consideração os parâmetros químicos de classificação, lembrando-se no Exemplo:
entanto que dificilmente se obtém uma correlação exata entre a constituição Mineral Número de pontos Percentual QAP
mineralógica e a litoquímica, ocorrendo distorções entre as linhas divisórias e Quartzo 20 25%
os campos de classificação. k-Fledspato 35 44%
Plagioclásio 25 31%
O diagrama QAPF não é próprio para rochas intermediárias, máficas e Biotita 10
ultramáficas, para classificação destas rochas a identificação das fases Hornblenda 8
minerais máficas presentes e da composição do plagioclásio são Alanita 1
fundamentais. Estas rochas serão abordadas em outra disciplina. Zircão 1
Qualquer composição de plotagem em um canto tem uma moda de 100%
da componente correspondente. Qualquer ponto sobre os lados do triângulo
representa uma moda composta por dois componentes do canto adjacente.
A proporção dos minerais constituintes da rocha, expressa em
porcentagem, pode ser estimada por inspeção visual da rocha ou da lâmina
delgada, conforme diagrama abaixo ou mais precisamente através da
contagem modal.
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Resultado: Monzogranito

FK - 44%

Plágio - 31%

Quartzo - 25%
8
Q
Q
Quartzolito 90 90
90 90

Granitóide
Rico em qz. 60 60
60 60

lito
to

io
ra ni

ar r
To
Granito Riolito Dacito
ar G

ld s p
Grano-

na
Granito

l it o
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diorite

li Fe
Monzo
li Fe

Sieno

A lka
Qz alcali Felds..
A lka

Sieno 20 20
Monzo Traquito
20 20 Qtz. Diorito/ Quartzo Quartzo
Alcali Fs.
Quartzo Quartzo Quartzo Qtz. Gabro Basalto
Quartzo Sienito Traquito Latito
Sienito Monzonito Monzodiorito
Monzodiorito Alcali Felds.. 5 5 Andesito
Alcali Fs. 5 5 Diorito/Gabro Traquito 10 Traquito 35 Latito 65 90
Sienito 10 Sienito
Sienito 35 Monzonito
Monzonito 65 Monzodiorito
Monzodiorito 90 Anortosito A Traquito Latito Basalto -- andesito P
A Sienito Monzodiorito Rico em fptd Rico em fptd Rico em fptd
Alcali Fds Sienito Monzonito P
Rico em fptd Rico em fptd Rico em fptd Diorito/Gabro
10 10

Rico em fptd 10 10 Basanito fonolítico


í
Rico em fptd

Fo
Ol > 10%
Alcali Fptd.. traquito Fonolito

no
S ie

. tefrítico
í Basanito Ol>10%

li to
Monzosienito Monzodiorito rico em fptd
ni t

Tefr ííto fonolítico


í
ptd
oa

A feldspatóide
ó A feldspatóide
ó Ol < 10%
Tefrito Ol<10%
af
fp t

b ro
d

Ga

60 60
60 60

Feldspatoidolito Fonolito a Tefrito a


feldspatóide feldspatóide

Basalto – andesito
Feldspatoidito Basalto se Na% > 50 ou M>35
Ol + Px e SiO 2 <52%
F
F

Classificação de rochas ígneas no diagrama QAPF para rochas vulcânicas,


conforme proposto pela IUGS- Subconmission on the Systematics of Igneous Rocks
Classificação de rochas ígneas no diagrama QAPF para rochas graníticas (Streckeisen, 1976).
intrusivas, conforme proposto pela IUGS- Subconmission on the Systematics of Igneous
Rocks (Streckeisen, 1976).

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