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Resumo
Este artigo mostra as contribuições feitas pela odontologia para ciência forense, como
referencia no processo de identificação de corpos cujo reconhecimento devido à destruição é
difícil por outros métodos. Odontologia forense é a aplicação do conhecimento odontológico
para identificação e útil no Direito do Trabalho, Civil e Criminal. É o ramo da odontologia
que trata da manipulação e o controle correto das provas dental e avaliação e apresentação dos
resultados dentais que podem ter interesse da justiça. A identificação humana post-mortem é
uma das grandes áreas de estudo e pesquisa da Medicina Dentária Forense, o que faz com que
os médicos dentistas forenses sejam elementos indispensáveis de uma equipe forense. A
identificação através de técnicas dentárias tem ganho cada vez maior importância em
consequência do aumento progressivo da criminalidade e, sobretudo, da frequência com que
ocorrem desastres, tais como acidentes rodoviários de grandes proporções, incêndios,
explosões, acidentes de viação, atos de terrorismo, entre outros. Odontologia Forense pode ser
entendida como o estudo da odontologia nas suas relações com a lei, através da aplicação
Direito de Odontologia, e outra vertente forense onde o conhecimento dental ajuda o direito
de resolver certos problemas.
1. INTRODUÇÃO
Por definição e de acordo com o Conselho Federal de Odontologia (CFO), órgão que
normatiza a profissão odontológica no país, a odontologia legal seria um ramo da ciência
dentária que teria como objetivo “a pesquisa dos fenômenos psíquicos, físicos, químicos e
biológicos que podem atingir ou ter atingido o homem, vivo, morto ou ossada, e mesmo
fragmentos ou vestígios, resultando lesões parciais ou totais reversíveis ou
irreversíveis”(Resolução do CFO nº 63 de 8 de abril de 2005).
Nos casos em que é necessário realizar a identificação de corpos que se encontram
queimados, decompostos, esqueletizados, mutilados ou fragmentados por qualquer outra
razão, é extremamente comum à dentição estar intacta e ser a única fonte de informação para
esta investigação.
De acordo com Galvão (1996), em situações de identificação cadavérica, quando se
dispõe da ficha odontológica do desaparecido, é perfeitamente possível sua identificação pela
comparação do odontograma do cadáver com o fornecido pelo Dentista da pessoa
desaparecida.
Desta maneira, diante da gama de técnicas disponíveis, as utilizadas pela
Odontologia Forense são de grande valor para este propósito. Assim, define-se que a
Odontologia Forense constitui, a rigor, um dos ramos da Medicina Legal, com a qual
colabora, fazendo ou complementando exames especializados relativos à arcada dentária e
anexos; tratamentos executados; peças dentárias e/ou protéticas; vestígios da ação lesiva
provocadas por dentes (mordeduras), etc. (VANRELL, 2002).
SILVA (1936) definiu “a Odontologia Legal como a arte de aplicar os
conhecimentos odontológicos à ação dos poderes públicos (Executivo, Judiciário e
Legislativo)” (p. 290).
LEITE (1962) considerou a Odontologia Legal como “a ciência que correlaciona
conhecimentos odontológicos e jurídicos e os aplica ao serviço da Justiça” (p. 311).
Para KEISER-NIELSEN (1968),
A Odontologia Legal pode ser definida como aquele ramo da Odontologia que,
visando ao interesse judicial, trabalha com o exame adequado de evidência
odontológica e com a avaliação e apresentação adequadas dos achados
odontológicos (p. 668).
Segundo Cabral (2003) os aspectos históricos da perícia passou por uma evolução
histórica importante para alcançar seu significado no mundo moderno. Por exemplo, na antiga
civilização do Egito, encontram-se vestígios de perícias; Sesóstris havia partilhado suas terras
com seus súditos que ficaram obrigados a pagar tributos com a colheita de suas terras.
Quando o rio despojava alguém de sua cota agrária, o lesado procurava o rei e, este enviava
seus “inspetores” para averiguar o dano. Esses “inspetores” eram pessoas de confiança e
entendidas do assunto.
Portanto, a odontologia legal é uma prática antiga que vem se adaptando ao
surgimento de novas técnicas e de profissionais especializados em diversas áreas. A
Odontologia Forense é uma ciência que contribui para essa prática e também vêm passando
por adaptações ao longo dos anos, adaptações estas que se mostram cada vez mais importante
no auxilio das investigações trabalhistas, administrativas, civis e principalmente criminais.
3. ODONTOLOGIA FORENSE: ORIGEM
Eis que cada pessoa possui individualidades em quantidade e qualidade, em seu arco
dental, que por si só podem determinar correta identidade. Entretanto, quando o arco dental
não se apresenta completo, mas apenas com alguns elementos dentários devido a exodontias,
avulsões, fraturas etc., às vezes contando com um único dente, e claro que a problema de
identificação se tornara mais complexo, ou seja, quanta menor for a numero de dados que se
possui, menor a possibilidade de identificação. Uma das situações em que a identificação
dental nos oferece singular importância ocorre nos casos de grandes catástrofes onde as
corpos sofrem ações destruidoras pela fragmentação ou pela presença de fogo, a que restringe
a pratica dos procedimentos mais elementares de reconhecimento, como identificação pela
fisionomia, papiloscopia e outros semelhantes (VANRELL, 2002).
Com a instituição dos Estados Modernos ou Estados de Direito, a justiça privada foi
substituída pela justiça Pública ou Oficial, assumindo o Estado o encargo e o monopólio de
definir e realizar o direito aplicável diante do litígio (CINTIA, 1993).
Assim, a autoridade judicial, tendo de decidir causas dentre as mais diversas e
complexas, precisaria conhecer todas as especialidades do saber humano. Por isso, há a
necessidade de a Justiça recorrer a peritos, especialistas nas diferentes áreas de conhecimento
(GRECCO FILHO, 1994).
Em tese, qualquer setor da atividade humana, profissional ou não, está em condições
de oferecer subsídio dessa natureza e com essa finalidade. Dessa forma a Odontologia pode
contribuir de maneira importante no esclarecimento de fatos de interesse jurídico
(GONÇALVES et al. 9 , 1999).
A atuação do odontolegista é regulada pelos artigos 63 e 64 da Resolução CFO –
63/2005, que é intitulada “Consolidação das normas para procedimentos nos Conselhos de
Odontologia”. De acordo com essa resolução, a atuação do profissional especialista em
Odontologia Legal restringe-se à análise, perícia e avaliação de eventos relacionados com a
área de competência do cirurgião-dentista, podendo estender-se a outras áreas, se disso
depender a busca da verdade, no estrito interesse da justiça e da administração (CFO, 2005) .
Dentre as áreas de competência do odontolegista, vale ressaltar a atuação em perícias
criminais, tanatologia forense e identificação humana, meios pelos quais o cirurgião-dentista
pode auxiliar a solucionar crimes e identificar vítimas. Os peritos devem possuir
conhecimentos bioló- gicos específicos e noções do pensamento jurídico, visto que auxiliam
em uma decisão judicial e seu laudo pode determinar a resolução de um caso. No entanto, a
atuação do perito é limitada, pois ele não julga, não defende e não acusa; seu dever é
examinar e relatar os fatos necessários para o esclarecimento de um processo (PERES et al,
2007).
Os peritos podem ser oficiais e não oficiais. Os peritos oficiais exercem a função por
atribuição de cargo público (médicos legistas, peritos criminais e odontolegistas), realizam os
exames de corpo de delito e outras perícias requisitadas, cabendo-lhes os exames, a
elaboração e a assinatura dos laudos correspondentes. Já os peritos não oficiais são aqueles
designados para suprirem a falta de peritos oficiais, ou para substituí-los, quando, por
qualquer motivo, estiverem estes impedidos ou impossibilitados de trabalhar (PERES et al,
2007).
5.1. Perícia
A perícia é a busca de provas de que a justiça precisa para esclarecer pontos que
envolvem o acontecimento. Pode ser classificada de acordo com a matéria a ser esclarecida
(agrária, contábil, odontológica, médica etc.) (MARANHÃO, 2000) e primordialmente em
função da relação que existe entre o perito e o examinando (direta ou indireta). As perícias
diretas são aquelas nas quais o perito examina a pessoa em questão e emite um relatório
(laudo), e as indiretas são baseadas em registros, relatórios, peças processuais, ou prontuários
de atendimento em outros serviços, sendo emitido um relatório (parecer) sobre o caso em
questão (CROCE e CROCE JÚNIOR, 1998; XAVIER FILHO, 1996).
Para a realização da perícia os peritos contam com o exame médico-legal, que é
realizado sobre os vivos; exame de necroscopia, feita sobre cadáveres; exame de exumação,
realizado mediante a retirada do cadáver da sepultura; e exame laboratorial, para verificar
toxicologia e identificação de DNA. A perícia odontolegal poderá ser realizada em Foro Civil,
Criminal, Trabalhista e Sede Administrativa (SALES E SILVA, 2004; SILVA, 1997).
Na área Civil os tipos de perícias onde o odontolegista pode atuar são: ressarcimento
de danos, arbitramento judicial de honorários profissionais, exclusão de paternidade,
estimativa da idade, e avaliação de equipamentos odontológicos (SALES e SILVA, 2004;
SILVA, 1997).
Na área Criminal pode-se atuar na identificação no vivo, no cadáver e em perícias
antropológicas (no crânio esqueletizado). Atua também em perícias de lesões corporais,
determinação da idade, perícias de manchas, determinação da embriaguez alcoólica e outros
exames periciais (SALES e SILVA, 2004; SILVA, 1997).
Em questões Trabalhistas o odontolegista realiza perícias quando o acidente atinge a
face e a boca ou quando existem doenças profissionais com manifestação bucal (SALES e
SILVA, 2004; SILVA, 1997).
As perícias odontolegais na área criminal incluem: identificação no vivo (idade não
comprovada de delinquentes, marcas de mordida em alimentos ou na vítima), no cadáver
(corpos carbonizados, dilacerados, estado avançado de putrefação, afogados, acidentes de
massa), antropológicas (no crânio esqueletizado para verificar espécie, sexo, idade, estatura,
biótipo); lesões corporais ou perícias de traumatologia; determinação da idade; perícia de
manchas (diagnóstico diferencial de manchas de saliva); exame de embriaguez (saliva)
(SILVEIRA, 2006) .
O odontolegista deve, na perícia, utilizar as vias de cabeça e pescoço e fazer
anotações, desenhos, esquemas, fotografias e tudo que for necessário para que o exame fique
bem descrito. O ideal é que não sejam necessários esclarecimentos posteriores, por meio de
um segundo exame com o corpo já em decomposição ou esqueletizado, na medida em que
não trará as mesmas informações.
Entende-se como perícia o conjunto de procedimentos médicos/odontológicos e
técnicos que têm como finalidade o esclarecimento de um fato de interesse da justiça. A
perícia médico-odontolegal consiste em procedimentos que auxiliam a justiça, tendo como
finalidade produzir uma prova que vai ser materializada com o laudo. Tal perícia é praticada
por médico ou cirurgião-dentista por meio de exames clínicos, radiográficos, laboratoriais,
necroscópicos ou outros.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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