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CIÊNCIAS

FORENSES
Aula 1:

Neste curso vamos procurar entender a conexão que existe entre as áreas de
estudo das ciências forenses e do processo penal.

Ciências Forenses e Processo Penal

As ciências forenses são áreas da ciência aplicada/prática que presta serviço a


justiça. Como unidade, as ciências forenses abarcam uma grande quantidade de
ramos científicos, como a toxicologia forense, a genética forense, a balística, a
grafoscopia/documentoscopia, a perícia contábil, o exame de local de crime, a
papiloscopia, a medicina legal, entre outras. Todas essas áreas do conhecimento
prestam serviço à justiça utilizando o conhecimento científico para analisar vestígios
ou elementos materiais que possuem relação com o crime e que podem, futuramente,
auxiliar no convencimento do magistrado. Sobre isto cabem dois apontamentos:

1. O primeiro é que a prova pericial, em diversos casos, é um dos principais


elementos do conteúdo probatório. Em caso de estupro, por exemplo, a
análise de DNA é amplamente utilizada. As perícias documentais em crimes
de falsificação de documentos. A perícia toxicológica para confirmar a
natureza da substância apreendida. Em todos esses casos a prova pericial
desempenha um papel significante no processo.
2. O segundo ponto é mais sensível. Infelizmente ainda há uma distância
muito significativa entre o campo de fala dos peritos e o campo de fala dos
juízes. Isso se dá devido ao fato de que a formação dos peritos é realizada
a partir das ciências exatas e/ou biológicas. Eles possuem uma formação
mais prática, mais direta, mais analítica. Essa formação possui bases
científicas e epistêmicas totalmente diferente daquelas abarcadas no
direito. O direito é muito mais dogmático, menos prático e mais filosófico,
ele reflete mais sobre questões mais abstratas.

Isso resulta, portanto, em laudos periciais que são escritos de maneira direta,
prática, com a informação probabilística apontada brevemente. Quando esses laudos
chegam ao tribunal, não raras são as vezes em que os juízes não entendem bem o
que está escrito. E infelizmente os magistrados não fazem tanta questão de questionar
os peritos em juízo a fim de sanar quaisquer dúvidas associada aos laudos.

Outro problema é que, muitas vezes, algumas informações que seriam


imprescindíveis paro laudo pericial não aparecem no mesmo como, por exemplo,
elementos essenciais da cadeia de custódia da prova. Muitas destas informações
seriam de extrema importância para o contexto processual, principalmente se
entendermos que garantias básicas do processo devem ser asseguradas, como o
direito ao contraditório e à ampla defesa.

Frente a isso, iremos buscar realizar, nesse curso, uma intersecção entre as
ciências forenses e o direito, de modo a aproximar as áreas do conhecimento e a
uniformizar alguns conceitos ainda discrepantes.
Aula 2:

Evolução histórica das Ciências Forenses

O desenvolvimento científico, principalmente do século XIX, foi o que deu início


aos desenvolvimentos mais aprimorados na área das ciências forenses. Esse
desenvolvimento ocorreu em um contexto onde o positivismo e a racionalidade
imperavam. Não mais se queria falar das coisas do espírito, apenas procurava-se
tratar daquilo que a racionalidade humana e a natureza poderiam mostrar ao ser
humano. Era uma é época em que se acreditava que as certezas científicas eram as
únicas respostas para qualquer questionamento.

As ciências forenses nasceram com a medicina legal, ainda no século XIX, mas
poucas técnicas eram dominadas. Os médicos legais realizavam os exames
necroscópicos e conduzam buscas por elementos diversos que poderiam estar
associados ao fato penal, como análise de instrumentos potencialmente utilizados no
crime e evidências extrínsecas ao corpo humano. Assim, percebe-se que a medicina
legal nasce por uma demanda jurídica.

Breve linha do tempo interessante:

● Povos mais antigos, da primeira metade da Idade Média: não conheceram


a medicina legal de maneira aprofundada.
● 1209: a partir da legislação canônica de Inocêncio III, o início da perícia médica.
● Meados de 1500: medicina legal exercida em grande parte do continente europeu.
● 1575: Ambroise Paré lança o tratado de medicina legal intitulado Des
Rapports et des Moyens d’Embaumer les Corps Morts.
● A partir de então a medicina legal experimentou um desenvolvimento
significativo, sendo, à época, a única ciência dura a cooperar com as
ciências jurídicas
● No Brasil, a porta de entrada da medicina forense foi a Faculdade de
Medicina do Rio de Janeiro: primeiro curso prático em meados de 1800.
● 1854: regulamentação da atividade, via Decreto nº 1746, de 16 de abril.
● Oscar Freire de Carvalho fundou o primeiro Instituto de Medicina Legal
brasileiro, em 1922, na cidade de São Paulo.
● Atualmente a perícia médico-legal é exercida pelos Institutos de Medicina
Legal, os quais são oficiais e públicos e pertencem, em sua grande maioria,
aos órgãos de segurança pública.

Com o aprimoramento da medicina legal, novas análises foram desenvolvidas.


Assim nasceu a criminalística: a partir de novos conhecimentos e desenvolvimento de
áreas técnicas, como a física, a química, a biologia, a matemática, a toxicologia. A
criminalística surgiu como uma ciência multidisciplinar e independente.
● O termo “criminalística” foi cunhado por Hans Gross, jurista e criminalista
austríaco, que escreveu sua primeira obra intitulada Manual for the
Examining Justice, em 1893.
● No Brasil, em 1947, no I Congresso Nacional da Polícia Técnica, em São
Paulo, a terminologia criminalística passou a ser utilizado pelos
especialistas da área.
● 1987 no Brasil: lançamento da primeira obra pelo perito criminal do estado
de São Paulo, Benedito Paulo da Cunha, intitulada Doutrina da
Criminalística Brasileira.
● A criminalística é uma área ainda muito jovem no Brasil.
● As ciências forenses, portanto, englobam tanto a medicina legal como a
criminalística.
É importante salientar que a ciência pode ser dividida em duas vertentes: a
ciência pura (ou pesquisa científica) e a ciência aplicada.
● Ciência pura busca compreender o mundo físico por si só;
● Ciência aplicada visa utilizar aquilo descoberto na ciência pura a fim de
obter um resultado final.
● A análise forense de evidências físicas é um tipo de ciência aplicada.
Aula 3:
Nomes de importância no contexto forense:

i) Mathieu Orfila (1787 – 1853): espanhol considerado o pai da toxicologia


forense. Em 1814 ele publicou o primeiro tratado científico sobre a detecção de
venenos e seus efeitos nos animais.

ii) Alphonse Bertillon (1853 – 1914): Bertillon, um criminologista francês,


desenvolveu o primeiro sistema de identificação pessoal, o sistema antropométrico,
que vigorou por mais de duas décadas. No início dos anos 90 a antropometria foi
substituída pela papiloscopia.

iii) Francis Galton (1822 – 1911): o primeiro a estudar as marcas digitais e


desenvolver uma metodologia de classificação das digitais. O seu trabalho descreve
os princípios básicos que constituem o atual sistema de identificação por impressões
digitais.

iv) Leone Lattes (1887 – 1954): professor do Instituto de Medicina Forense da


Universidade de Turim, na Itália, Lattes desenvolveu, em 1915, um procedimento
relativamente simples para determinar o grupo sanguíneo de uma mancha de sangue
seca. Essa técnica passou a ser amplamente aplicada em investigações criminais.
v) Calvin Hooker Goodard (1891 – 1955): cientista forense e coronel do exército
norte-americano que desenvolveu aa balística forense.

vi) Albert S. Osborn (1858 – 1946): Osborn foi um americano que desenvolveu
os princípios fundamentais do exame documentoscópico.

vii) Walter Cox McCrone (1916-2002): McCrone foi um químico americano


considerado o pai da microscopia. Desenvolveu técnicas de microscopia associadas a
outras metodologias analíticas, com o intuito de examinar vestígios criminais e cíveis.

viii) Edmond Locard (1877 – 1966): foi o fundador e diretor do Instituto de


Criminalística da Universidade de Lyon, local que rapidamente transformou-se em um
centro de referência internacional para estudo e pesquisa em ciência forense. Locard
acreditava que quando um indivíduo entra em contato com um local, ocorre a
transferência cruzada de materiais.
Aula 4:

Princípios das Ciências Forenses

● Princípio da Matéria Divisível


O princípio da matéria divisível diz que a matéria se divide em componentes
menores quando uma força suficiente é aplicada. Os componentes resultantes da
divisão adquirem características criadas pelo próprio processo de divisão e mantêm as
propriedades físico-químicas do componente maior original.

● Princípio da Transferência de Locard (Princípio da Observação)


O princípio da transferência é, sem a menor dúvida, o mais conhecido
popularmente. Ele diz que “todo o contato deixa uma marca”. Ou seja, esse princípio
demonstra que sempre haverá algum indicativo de quem cometera o delito. Descobrir
o autor seria, portanto, função da investigação criminal.

● Princípio da Identificação
Busca definir a natureza físico-química do vestígio (ou da evidência). Em muitos
casos, identificação é um fim em si mesmo. Por exemplo, para alguns tipos de drogas
ilícitas, a identificação é o último processo realizado.

● Princípio da Classificação e da Individualização


A classificação depende da capacidade de alocar materiais em categorias.
Pressupõe-se que as características de cada categoria sejam conhecidas por parte de
quem está realizando a análise. A individualização visa estabelecer o objeto em si
mesmo.
● Princípio da Associação

O princípio da associação aponta que é possível realizar uma inferência acerca do


contato entre a fonte do vestígio e o local (alvo ou suporte) onde o vestígio foi
encontrado. Poderia também ser chamado de Princípio do Contato.

● Princípio da Reconstrução
A reconstrução é dada no espaço e no tempo. A partir desse princípio, tenta-se
responder às questões de "onde?”, “como?” e “quando?". Deve-se ressaltar que o
"quando?" geralmente se refere a um tempo relativo, posto que a dificuldade de
afirmar um evento pretérito a posteriori é bastante elevada.
● Princípio da Análise
Dado princípio diz que a análise pericial deve sempre seguir o método científico.
Ou seja, a análise pericial deve sempre partir de uma análise do método de hipóteses,
onde uma será aceita e a outra será refutada.

● Princípio da Descrição

O princípio da descrição aponta que o resultado de um exame pericial é constante


com relação ao tempo e deve ser exposto em linguagem ética e juridicamente perfeita.

● Princípio da Documentação
Tal princípio diz que toda amostra deve ser documentada, desde seu nascimento
no local de crime, até sua análise e descrição final, de forma a se estabelecer um
histórico completo e fiel de sua origem.
Aula 5:

Princípios do Processo Penal importantes à Prova Pericial

● Princípio do Contraditório

O princípio do contraditório pode ser entendido como um método de


confrontação da prova e comprovação da verdade processual, fundado na
estrutura dialética do processo. O ato de contradizer a versão afirmada na
acusação é um ato imprescindível em um contexto acusatório. O juiz deve dar a
oportunidade de ambas as partes se manifestarem, sob pena de parcialidade, uma
vez que conheceria apenas metade do que deveria ter conhecido. Para isso,
devem ser criadas condições ideais de fala e oitiva das partes. Em uma visão bem
contemporânea, o contraditório engloba o direito das partes de debaterem em
frente ao juiz.

O contraditório deve ser observado nos quatro momentos da prova:

a) Postulação (denúncia ou resposta escrita): postular a prova em igualdade


de oportunidade e condições
b) Admissão (juiz): na capacidade de impugnar a decisão de provas admitidas
c) Produção (instrução): contraditório manifesta-se na possibilidade de as
partes participarem e assistirem a produção da prova
d) Valoração (na sentença): contraditório manifesta-se através do controle da
racionalidade da decisão (externada pela fundamentação) que conduz à
possibilidade de impugnação pela via recursal.

O princípio do contraditório está intimamente relacionado à prova e, portanto,


ao laudo emitido pelos peritos criminais. Tanto no que tange à admissão, à produção e
à valoração da prova.

● Princípio do Direito de Defesa

O princípio do direito de defesa também deve estar assegurado nos quatro atos
do processo (postulação, admissão, produção e valoração). O direito de defesa deve
ser tanto técnico, como pessoal. A defesa técnica obriga a presença do defensor em
todos os atos do processo, inclusive no que tange à matéria probatória.

A defesa técnica garante que o imputado detenha um defensor qualificado para


tal e assegura a garantia do sujeito e do interesse coletivo da correta apuração do fato.
Trata-se de uma verdadeira condição de paridade de armas, imprescindível para o
contraditório.

Por outro lado, a defesa pessoal ou autodefesa é a possibilidade de o sujeito


passivo resistir à pretensão acusatória. Existe a autodefesa positiva, que consiste no
agir, no declarar, em participar de acareações, reconhecimentos, etc. Há, também, a
autodefesa negativa, que consiste em um não fazer, como, por exemplo, não produzir
provas contra si mesmo.

Para tentar assegurar ambos os princípios, doutrinadores brasileiros, como


Antônio Magalhães Scarance Fernandes e Aury Lopes Jr., entendem que existem
alguns direitos em relação a prova pericial:

● Requerer a sua produção


● Apresentar quesitos com antecedência mínima de 10 dias da realização da perícia
● Se possível, pela natureza do ato, acompanhar a colheita de elementos pelos peritos
● Manifestar-se sobre a prova, podendo requerer nova perícia, sua
complementação ou esclarecimento dos peritos;
● Indicar assistente técnico que elaborará parecer sobre a pericia realizada
● Obter uma manifestação do juiz sobre a prova pericial realizada

Sabe-se que dificilmente todos esses requisitos são assegurados durante um


processo, entretanto, seria de extrema importância que tais cuidados fossem tomados.
A negação injustificada de algum desses direitos configuraria cerceamento de defesa,
e, portanto, nulidade do processo.
Aula 6:

A perícia frente à legislação brasileira

A perícia criminal integra a estrutura jurídico-normativa brasileira, estando


prevista no Código de Processo Penal (Decreto-Lei 3.689/1941).

Primeiramente trataremos dos peritos. O perito criminal é um agente do estado,


ou seja, ele ingressa na carreira via concurso público. Ele está sujeito à disciplina
judiciária e é considerado um auxiliar da justiça, sendo necessário que mantenha a
imparcialidade, sob pena de suspeição pelos mesmos critérios de suspeição dos
juízes.
Art. 112, CPP. O juiz, o órgão do Ministério Público, os serventuários ou funcionários
de justiça e os peritos ou intérpretes abster-se-ão de servir no processo, quando
houver incompatibilidade ou impedimento legal, que declararão nos autos. Se não se
der a abstenção, a incompatibilidade ou impedimento poderá ser argüido pelas partes,
seguindo-se o processo estabelecido para a exceção de suspeição.

Art. 254, CPP. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser recusado por
qualquer das partes:
I - se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles;
II - se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver respondendo a processo
por fato análogo, sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia;
III - se ele, seu cônjuge, ou parente, consangüíneo, ou afim, até o terceiro grau,
inclusive, sustentar demanda ou responder a processo que tenha de ser julgado por
qualquer das partes; IV - se tiver aconselhado qualquer das partes;
V - se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes;
Vl - se for sócio, acionista ou administrador de sociedade interessada no processo.

CAPÍTULO II
DO EXAME DO CORPO DE DELITO, E DAS
PERÍCIAS EM GERAL
Do Art. 158 até 184 (Exame Pericial)

Art. 158, CPP. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de
corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à realização do exame de corpo de delito quando
se tratar de crime que envolva:
I - violência doméstica e familiar contra mulher;
II - violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência.
Art. 159, CPP. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por
perito oficial, portador de diploma de curso superior.
Art. 564, CPP. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:
III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes:
b) o exame do corpo de delito nos crimes que deixam vestígios, ressalvado o
disposto no Art. 167;
Art. 167, CPP. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem
desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.
Art. 169, CPP. Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a infração,
a autoridade providenciará imediatamente para que não se altere o estado das coisas
até a chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos com fotografias, desenhos
ou esquemas elucidativos.
Parágrafo único. Os peritos registrarão, no laudo, as alterações do estado das coisas e
discutirão, no relatório, as conseqüências dessas alterações na dinâmica dos fatos.
Art. 170, CPP. Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão material suficiente
para a eventualidade de nova perícia. Sempre que conveniente, os laudos serão
ilustrados com provas fotográficas, ou microfotográficas, desenhos ou esquemas.
Aula 7:

Diferenciação de vestígio, evidência e indício

No âmbito das ciências forenses, há alguns termos que merecem atenção e


esclarecimento. Vestígios, indícios e evidências são alguns desses.

O vestígio é todo objeto ou evidência física, instrumento, mancha, marca, rastro


ou sinal que tenha sido produzido por ocasião do cometimento ou que tenha relação
com o fato supostamente delituoso. Após os ensaios laboratoriais, os peritos saberão
da importância daquele vestígio. Ao final dos exames, apenas os vestígios que
realmente possuem relação com o fato delituoso serão aproveitados pelos peritos. Se
o vestígio tiver relação com o fato ocorrido, ele torna-se uma evidência. A evidência “é
o vestígio que, após as devidas análises, revela, técnica e cientificamente, a sua
relação com o fato”. Ambas terminologias são aglutinadas e recebem o nome de
indícios pelo Código de Processo Penal. O Art. 239, do CPP diz que “considera-se
indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo relação com o fato, autorize,
por indução, concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias”.
Aula 8:

Breve resumo das diversas áreas da Criminalística

● Perícia em local de crime: para a criminalística, o local de crime, ou local, é


toda área física ou virtual na qual tenha ocorrido um fato que possa assumir a
configuração de infração penal, estendendo-se ainda a qualquer local que
possua vestígios relacionados à ação criminosa.
● Medicina legal: é a área das ciências forenses que tem a função de investigar
as formas de danos ou alterações que atingem os seres humanos. Depende do
conhecimento da medicina e é realizada por médicos.
● Antropologia forense: a antropologia forense analisa restos humanos parcial
ou totalmente esqueletizados. O objetivo principal é oferecer um perfil
bioantropológico individual (sexo, ancestralidade, faixa etária, faixa de estatura
etc). É uma das áreas da identificação humana.
● Odontologia legal: como o próprio nome diz, utiliza dos conhecimentos do
campo da odontologia para atender as demandas legais em auxílio à justiça e à
administração. Vem ganhando muita notoriedade nas ciências forenses,
principalmente em casos de desastre em massa. O exercício está regulado
pela Lei Federal 5081/66.
● Psicologia e Psiquiatria forense: associado à análise das características
psicológicas do suposto infrator. Por exemplo, se o criminoso tinha
discernimento ou autocontrole quando da ação, se possuía algum transtorno
mental – associado à culpabilidade e à dosimetria da pena. Muito difícil e
subjetiva a análise.
● Papiloscopia: o estudo das impressões digitais como identificador. É quase
tão antigo quanto a sociedade humana.
● Balística forense: é o segmento da criminalística dedicado à apreciação
técnico-científica de vestígios e de indícios relacionados direta ou indiretamente
à utilização de armas de fogo e de suas munições.
● Química forense: é a área da criminalística que se encarrega de analisar,
classificar e identificar os elementos e/ou substâncias encontradas em locais
de ocorrência de um delito ou que podem estar relacionadas a este.
● Biologia forense: conjunto de técnicas e conhecimentos das ciências da vida
(biologia) aplicados à análise de vestígios biológicos, a fim de analisar,
identificar e caracterizar a natureza desses vestígios. As principais áreas são a
hematologia forense (vestígios relacionados ao sangue), citologia forense
(relaciona-se à identificação a nível celular), tricologia forense (avalia pelos e
fibras), entomologia forense (uso do conhecimento acerca da biologia dos
insetos para auxiliar a resolução criminal), botânica forense (estudo das
estruturas, fisiologia e história natural da diversidade das espécies de plantas –
ecologia e palinologia) e genética forense (utiliza conhecimentos de genética e
técnicas de biologia molecular para auxiliar na análise criminal).
● Perícia ambiental: abarca uma grande quantidade de técnicas de análises
para apurar e auxiliar na análise de possíveis crimes praticados contra o meio
ambiente. Usualmente é formado por uma equipe multidisciplinar: agrônomo,
biólogo, geólogo, etc.
● Engenharia legal: utiliza do conhecimento de engenharia para auxiliar na
análise de supostas condutas. Há análises de estruturas de engenharia, como
prédios,
construções, bem como de automóveis, transferência de energia (em casos de
furto de energia, por exemplo), etc.
● Acidentes de Trânsito: é outra perícia complexa e que requer um
conhecimento muito interdisciplinar. É preciso ter um conhecimento
extremamente técnico de todas as variáveis possíveis.
● Informática forense: como o próprio nome diz, é a perícia realizada em dados
armazenados em dispositivos eletrônicos (tablets, computadores,
smartphones). Muito importante devido ao grande crescimento do uso do
ambiente virtual e dos crimes que vem ocorrendo nesse novo ambiente.
Diversas extorsões, fraudes, roubos, explorações etc., ocorrem na rede
mundial de computadores e, por isso, a perícia de informática se faz tão
essencial.
● Perícias em Áudio e Imagens
● Documentoscopia/Grafoscopia
● Contabilidade Forense: analisa balanço financeiro, entrada e saída de caixa.
Também muito importante no atual contexto social. Pode estar associada à
perícia de informática, posto que grande parte dos dados hoje em dia são
armazenados no meio digital.
Aula 9:

Objetivos da perícia

Alguns doutrinadores da área das ciências forenses indicam que existem três
objetivos principais:

1. Verificar o que aconteceu (a existência do crime)


2. Identificar quem o cometeu (individualização do autor do crime)
3. O modus operandi, ou seja, como deu-se a dinâmica criminal.

Entretanto, é importantíssimo entender que, na realidade, alguns destes pontos


são sensíveis. A perícia criminal não deve/nem pode possuir como objetivo principal
confirmar a existência do crime, individualizar o autor do crime e/ou como a dinâmica
criminal se deu. A perícia criminal deve ter claro que o seu papel no contexto jurídico-
penal é auxiliar no convencimento do magistrado a partir da produção de uma prova
técnica, científica. Imaginemos, por exemplo, uma análise de DNA de um vestígio de
calcinha em um suposto crime de estupro. A análise a ser realizada é o exame
comparativo de DNA, ou seja, procurar identificar se a amostra coletada do imputado e
aquela presente no vestígio possuem similitudes. O máximo que um exame pericial
pode dizer a probabilidade de aquela amostra encontrada no vestígio ser do imputado
dada as condições específicas. Ou seja, um laudo pericial nunca poderá afirmar que
aquele imputado é o agressor (ou o criminoso).
Portanto, o objetivo da perícia é basicamente levar informações técnicas e
científicas à corte para que, em um conteúdo probatório mais robusto, o juiz possa
formar o seu convencimento acerca do caso. A prova pericial não pode ser a única
prova em um processo criminal, nem mesmo ser considerada a rainha das provas sem
qualquer análise crítica de como esta foi produzida, por exemplo. Para isso,
precisamos tratar de um assunto bastante delicado neste contexto que é a cadeia de
custódia da prova pericial.

Cadeia de Custódia

A Cadeia de Custódia é possui sua importância na manutenção e


documentação da história cronológica de um vestígio. Procura manter o princípio das
mesmidade. A possibilidade de reconstrução de um caminho percorrido por um
elemento probatório é de extrema importância para a aplicação do contraditório
judicial.

Nas palavras de Knijnik, “o exame da cadeia de custódia é extremamente


importante, haja vista que, não raramente, um objeto de prova poderá e deverá circular
entre várias instâncias examinatórias, trafegando por diferentes órgãos, inclusive de
polícia judiciária ou inspeção sanitária, até aportar no processo através de relatórios
descritivos e interpretativos”.

Para Geraldo Prado, no âmbito do processo penal constitucional “deve-se


interrogar sobre os caminhos percorridos para o acesso aos meios e fontes de prova”.

Como salientado por Lopes Jr. e Alexandre Morais da Rosa, “a preservação


das fontes de prova é, portanto, fundamental, principalmente quando se trata de
provas cuja produção ocorre fora do processo, como é o caso da coleta de DNA,
interceptação telefônica, etc. Trata-se de verdadeira condição de validade da prova”.
Ou seja, a preservação desses
elementos probatórios possui a sua origem no seio do inciso LVI do Art. 5o da
Constituição Federal.
Aula 10:

Casos Famosos: O Fantasma de Heilbronn

https://www.estadao.com.br/noticias/geral,serial-killer-procurada-por-15-anos-

na-ale
manha-pode-nunca-ter-existido,345511
https://www.theguardian.com/lifeandstyle/2008/nov/09/germany-serial-
killer http://news.bbc.co.uk/2/hi/europe/7341360.stm
https://www.iso.org/news/2016/07/Ref2094.html
Aula 11:

Casos Famosos: Amanda Knox


http://www.amandaknoxcase.com
https://www.netflix.com/br/title/8008115
5

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