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Sabemos que estudar para concurso público não é tarefa fácil, mas acreditamos na sua
dedicação e por isso elaboramos nossa apostila com todo cuidado e nos exatos termos do
edital, para que você não estude assuntos desnecessários e nem perca tempo buscando
conteúdos faltantes. Somando sua dedicação aos nossos cuidados, esperamos que você
tenha uma ótima experiência de estudo e que consiga a tão almejada aprovação.
A criminalística foi lançada no final do século passado, com HANS GROSS e a escola alemã. É
conhecido como o fundado da Criminalística e da Criminologia, termo que ele mesmo criou. Sempre
observou os métodos ineficientes para a investigação policial, tendo em vista que para se obter
informações era necessário o uso da tortura e castigo corporal.
GROSS trabalhou por 20 anos, sem fazer barulhos e reuniu conhecimentos e experiência, que foram
trazidos na obra.
Em 1.898 foi completado o manual para juízes de instrução, através da obra “Die Kriminal Psychologie”
(A Psicologia Criminal) e ampliada novamente com a “Coletânea de Temas Criminalísticos”.
Em 1.897, GROSS criou o o “Arquivo de Antropologia Criminal e de Criminalística” (Archiv für Kriminal-
Antropologie und Kriminalistik) que, em junho de 1944, já contava com 114 volumes.
Outros nomes também mereceram destaque, como EDMOND LOCARD, um dos pioneiros da
Criminalística na França.
Após muitos anos de estudo, LOCARD, queria organizar uma equipe de cientistas, que pudessem
utilizar todos os recursos, de modo a detectar o crime.
Em 10 de janeiro de 1910, LOCARD cria o “Laboratório de Polícia” ou, segundo outros, do “Laboratório
de Polícia Técnica” de Lyon, o primeiro do gênero em todo o mundo.
Os estudos realizados por LOCARD sobre as impressões digitais, levaram-no a demonstrar em 1912,
que os poros sudoríparos que se abrem nas cristas papilares dos desenhos digitais, obedecem também
aos postulados da “imutabilidade” e da “variabilidade”; criou assim a técnica microscópica de identificação
papilar a que deu o nome de “Poroscopia”.1
No domínio da documentoscopia, LOCARD criou o chamado “Método Grafométrico”, baseado na
avaliação e comparação dos valores mensuráveis da escrita. Apresentou notáveis contribuições no
tocante à falsificação dos documentos escritos e tipográficos , ao grafismo da mão esquerda e à
anonimografia. Interessou-se, além do mais, pela identificação dos recidivistas, publicando artigos e obras
neste domínio.
Tudo o que o insigne mestre estudou no campo da Criminalística, aliado à sua experiência pessoal,
achava-se exposto em sua obra clássica, o “Traité de Criminalistique”, em seis volumes, publicado entre
os anos de 1931 a 1940. O resumo do que se contém nesta obra acha-se condensado no manual de
“Technique Policière” cuja segunda edição foi traduzida para o castelhano, sob o título de “Manual de
Técnica Policiaca”.
Nunca aceitou um cargo público e os seus projetos de pesquisa consumiram quase toda a fortuna da
família. Para equilibrar o seu orçamento nos últimos anos de vida, viu-se na contingência de vender, um
por um, os selos raros de sua coleção e, para manter a sua equipe de colaboradores, inteirava com os
seus próprios recursos, os escassos salários que o governo lhes pagava.
Em 1913, por iniciativa do Dr. RAFAEL DE SAMPAIO VIDAL, quando Secretário de Justiça e
Segurança do Estado de São Paulo, foi convidado o Professor RUDOLPH ARCHIBALD REISS, diretor
do Laboratório de Polícia Técnica e titular da cátedra de Polícia Científica da Universidade de Lausanne,
a fim de realizar uma série de conferências didáticas para as autoridades policiais daquele Estado. O
Professor REISS, considerado na época um dos mais eminentes mestres da Policiologia, veio ao nosso
país acompanhado do Dr. MARC BISCHOFF, que além de assistente-secretário, foi seu sucessor na
cátedra e na direção do Laboratório de Polícia Técnica de Lausanne.
A estadia deste mestre de renome internacional no Estado de São Paulo e no Distrito Federal, onde
também realizou excelentes preleções, foi das mais proveitosas, segundo informa MANOEL VIOTTI. Este
autor salienta em seu comentário, o nome do Dr. VIRGÍLIO DO NASCIMENTO, que muito se distinguira
nos cursos prelecionados, a ponto de captar a estima e consideração do mestre, que o levava em sua
companhia para aperfeiçoar-se na Universidade de Lausanne.
Em 1925, fundou-se a Delegacia de Técnica Policial em São Paulo, a qual foi transformada no ano
seguinte em Laboratório de Polícia Técnica, por iniciativa do Dr. CARLOS DE SAMPAIO VIANA,
considerado um dos pioneiros do estudo técnico-policial no país.
Em janeiro de 1933, o Gabinete de Identificação do Rio de Janeiro, sob a direção do Professor
LEONILDO RIBEIRO, eminente mestre da Medicina Legal, foi transformado num verdadeiro Instituto,
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http://www.ic.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=5
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ocasião em que também foi criado o Laboratório de Polícia Técnica e Antropologia Criminal, inaugurado
no dia 20 de junho daquele ano.
Com o surgimento de novas áreas de conhecimento nas áreas técnicas e científicas, como física,
química, biologia, matemática, toxicologia, etc., tornou-se imprescindível uma nova disciplina para a
pesquisa, análise, interpretação dos vestígios materiais encontrados em locais de crime, tornando-se
assim, meio eficaz de apoio à polícia e à justiça. Estamos falando da criminalística como ciência
independente em sua ação, como as demais que a constituem.
O termo Criminalística foi lançado por Hans Gross para designar o “Sistema de métodos científicos
utilizados pela polícia e pelas investigações policiais” 2
O conceito de criminalística envolve questões complementares, trata-se da disciplina que tem por
objetivo a análise dos indícios extrínsecos relativos ao crime ou à identidade do criminoso.
Os indícios extrínsecos são os exames realizados por peritos criminais competentes. A palavra –ex
nos dá a ideia de fora, o que não está dentro, portanto devemos entender que envolve os exames
realizados fora do corpo da vítima. Geralmente esta perícia é realizada nos objetos, armas e demais
substâncias relacionadas com o crime, ao contrário do termo vestígios intrínsecos que se refere aos
exames que são conferidos ao Perito Médico Legista, que irá examinar a parte interna do corpo da vítima.
Outros doutrinadores conceituam criminalística como o conjunto de procedimentos científicos que a
justiça poderá se valer para investigar o fato delituoso e suas características, serão utilizados meios
adequados para que os vestígios do crime sejam estudados.
Para um dos mais nobre e renomados peritos brasileiros, o Dr. ERALDO RABELLO, segue a definição
de criminalística:
"É uma disciplina autônoma integrada pelos diferentes ramos do conhecimento técnico-científico,
auxiliar e informativo das atividades policiais e judiciárias da investigação criminal tendo por objeto o
estudo dos vestígios materiais extrínsecos à pessoa física, no que tiver de útil à elucidação e à prova das
infrações penais e, ainda, à identificação dos autores respectivos.”
Objetivos da criminalística
Princípios
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3. CODEÇO, A. G. Elementos Básicos da Perícia Criminal. Rio de Janeiro: Lélu, 1991
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Vamos aos princípios que regem a Criminalística:
a. Princípio da Observação: como é difícil a constatação dos indícios do crime, seja por parte dos
autores ou até mesmo da vítima, serão necessárias análises minuciosas, através de aparelhos
microscópicos ou de alta precisão.
b. Princípio da Interpretação: também conhecida como princípio da individualidade, a perícia deve
obedecer a três ordens: através da identificação genérica, a específica e a individua.
c. Princípio da Análise: a perícia irá recriar o acontecimento do crime, trazendo à tona o maior número
de detalhes realizados. Serão utilizadas diversas ciências com a elaboração do laudo pericial. A perícia
científica irá definir como o fato ocorreu, com a coleta de dados e se necessário irá elaborar exames
complementares.
d. Princípio da Descrição: como dito acima no laudo serão expostas todas as particularidades sobre
o cometimento do crime, desta feita, o perito deve se valer de linguagem ética e jurídica. Os resultados
desses exames se baseiam em princípios científicos, devendo ser fundamentados de maneira clara,
racional e bem explanada.
e. Princípio da Documentação: os exames, perícias devem ser documentados, desde o momento da
realização do crime, passando por seu local e aspectos finais. Essa fase de análise que será assegurada
por meio do documento assegura a veracidade da prova material, evitando o surgimento de provas ilícitas
ou forjadas que possam levar a um injusto julgamento.
Com o surgimento de novos conhecimentos e desenvolvimentos das áreas técnicas, como física,
química, biologia, matemática, toxicologia, etc., tornou-se indispensável a criação de uma nova disciplina
para a pesquisa, análise, interpretação dos vestígios materiais encontrados em locais de crime, tornando-
se assim, fonte imperiosa de apoio à polícia e à justiça. Dessa forma, a criminalística surge como ciência
independente em sua ação, como as demais que a constituem.
O Departamento de Polícia Técnica compreende o Instituto de Criminalística, Instituto Médico Legal,
Instituto de Identificação e o Laboratório. Com a evolução e necessidade de manutenção do homem no
meio social, aumentou o número de crimes, com sua diversificação.
Em decorrência deste processo evolutivo, cabe ao Estado prevenir os delitos punindo os criminosos,
competindo à polícia prender e a justiça julgar. Modernamente, surgiu uma vertente na Polícia,
denominada de Polícia Técnica ou Científica cujo objetivo é produzir a prova técnica, que após exame e
análise de casos elabora Laudos Periciais pelos quais auxiliam a Polícia e a Justiça.
Com relação aos biomédicos, eles também atuam nesta área, podendo participar de investigações
policiais utilizando seus conhecimentos em biologia molecular e análises.
Questões
01. (PC/DF - Perito Médico-Legista – FUNIVERSA). Com relação aos postulados e princípios da
criminalística, é correto afirmar que:
(A) o conteúdo de um laudo pericial criminalístico pode sofrer variações conforme o perito criminal que
o produzir.
(B) mais precisa será a conclusão da perícia, quanto mais rápidos e mais modernos forem os meios
utilizados pelo perito.
(C) todo contato deixa uma marca conforme o princípio da descrição.
(D) a análise pericial deve sempre seguir o método científico.
(E) dois objetos podem ser indistinguíveis, mas nunca idênticos conforme o princípio da análise.
02. (PC/SP- Auxiliar de Necropsia – VUNESP). Criminalística pode ser definida como um conjunto
de conhecimentos oriundos de várias ciências que permitem
(A) antecipar, logicamente, futuros eventos criminosos.
(B) localizar eventos futuros de forma preditiva.
(C) descobrir crimes e seus respectivos autores.
(D) preventivamente ocupar espaços voltados à macrocriminalidade.
(E) informar as atividades de polícia preventiva.
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I. O reconhecimento e a interpretação dos indícios materiais extrínsecas, relativos ao crime ou à
identidade do criminoso.
II. Auxiliar e informar as atividades policiais e judiciárias de investigação criminal.
III. Interpretar os elementos que conduzam à identificação do promotor do evento.
IV. Realizar exames de vestígios intrínsecos (na pessoa), relativos ao crime.
A sequência correta é:
(A) Apenas as assertivas I, II e III estão corretas.
(B) Apenas a assertiva II está correta.
(C) Apenas as assertivas II e IV estão corretas.
(D) As assertivas I, II, III e IV estão corretas.
04. (IGP/RS - Perito Criminal – FDRH). Sobre a definição de Criminalística considere as seguintes
afirmações.
I – É a ciência que estuda o crime e o criminoso em tudo que for aplicável à elucidação de um crime
ou de uma infração penal.
II – É a ciência que estuda as lesões corporais, visando a diagnosticar se ocorreu homicídio, sui- cídio
ou acidente.
III – É um sistema de conhecimentos técnico-científicos que estuda os locais de crimes e os vestígios
materiais, localizados superficialmente ou fora do corpo humano, visando a identificar as circunstâncias
e a autoria da infração penal.
IV – É o sistema de conhecimentos científicos que estuda os vestígios materiais extrínsecos à pessoa
física, visando a esclarecer e identificar as circunstâncias do crime e determinar a identidade do criminoso.
05. (PC/SP - Perito Criminal – VUNESP). Criminalística é a disciplina que tem por objetivo, com
relação ao crime ou à identidade do criminoso,
(A) o reconhecimento e a interpretação dos indícios materiais extrínsecos.
(B) o reconhecimento e a análise dos fatos materiais intrínsecos.
(C) possibilitar a aplicação de teorias criminológicas no evento.
(D) aplicar, por via indireta (exame), a dogmática penal-processual penal.
(E) exercitar a ciência enquanto realidade normativo-legal.
Gabarito
Comentários
01. Resposta: D
No laudo serão expostas todas as particularidades sobre o cometimento do crime, desta feita, o perito
deve se valer de linguagem ética e jurídica. Os resultados desses exames se baseiam em princípios
científicos, devendo ser fundamentados de maneira clara, racional e bem explanada.
02. Resposta: C
O conceito de criminalística envolve questões complementares, trata-se da disciplina que tem por
objetivo a análise dos indícios extrínsecos relativos ao crime ou à identidade do criminoso.
03. Resposta: A
A realização de exames de vestígios intrínsecos são de competência da área de Medicina Legal.
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04. Resposta: D
I- ERRADO. A ciência que estuda o homem em relação ao crime, criminoso, vítima e criminalidade é
a criminologia.
II- ERRADO. A ciência que estuda as lesões corporais é a Medicina Legal e a Medicina Legal dá a
causa médico-legal da morte e não a causa jurídica da morte (homicídio, suicídio, acidente).
05. Resposta: A
Os indícios extrínsecos são os exames realizados por peritos criminais competentes. A palavra –ex
nos dá a ideia de fora, o que não está dentro, portanto devemos entender que envolve os exames
realizados fora do corpo da vítima. Geralmente esta perícia é realizada nos objetos, armas e demais
substâncias relacionadas com o crime, ao contrário do termo vestígios intrínsecos que se refere aos
exames que são conferidos ao Perito Médico Legista, que irá examinar a parte interna do corpo da vítima.
2. Perícia: 2.1. Definição e conceitos. 2.2. Requisição. 2.3. Prazo para elaboração
do exame e do laudo pericial. 2.4. Principais perícias elencadas no Código de
Processo Penal.
Perícia Criminal
A perícia criminal é uma atividade técnico-científica prevista no Código de Processo Penal,
indispensável para elucidação de crimes quando houver vestígios. A atividade é realizada por meio da
ciência forense, responsável por auxiliar na produção do exame pericial e na interpretação correta de
vestígios. Os peritos desenvolvem suas atribuições no atendimento das requisições de perícias
provenientes de delegados, procuradores e juízes inerentes a inquéritos policiais e a processos penais.
A perícia criminal, ou criminalística, é baseada nas seguintes ciências forenses: química, biologia,
geologia, engenharia, física, medicina, toxicologia, odontologia, documentos cópia, entre outras, as quais
estão em constante evolução.
A perícia requisitada pela Autoridade Policial, Ministério Público e Judiciário, é a base decisória que
direciona a investigação policial e o processo criminal. Como já mencionado, a prova pericial é
indispensável nos crimes que deixam vestígio, não podendo ser dispensada sequer quando o criminoso
confessa a prática do delito. A perícia é uma modalidade de prova que requer conhecimentos
especializados para a sua produção, relativamente à pessoa física, viva ou morta, implicando na
apreciação, interpretação e descrição escrita de fatos ou de circunstâncias, de presumível ou de evidente
interesse judiciário.
O conjunto dos elementos materiais relacionados com a infração penal, devidamente estudados por
profissionais especializados, permite provar a ocorrência de um crime, determinando de que forma este
ocorreu e, quando possível e necessário, identificando todas as partes envolvidas, tais como a vítima, o
criminoso e outras pessoas que possam de alguma forma ter relação com o crime, assim como o meio
pelo qual se perpetrou o crime, com a determinação do tipo de ferramenta ou arma utilizada no delito.
Apesar de o laudo pericial não ser a única prova, e entre as provas não haver hierarquia, ocorre que, na
prática, a prova pericial acaba tendo prevalência sobre as demais. Isto se dá pela imparcialidade e
objetividade da prova técnico-científica enquanto que as chamadas provas subjetivas dependam do
testemunho ou interpretação de pessoas, podendo ocorrer uma série de erros, desde a simples falta de
capacidade da pessoa em relatar determinado fato, até o emprego de má-fé, onde exista a intenção de
distorcer os fatos.
A execução das perícias criminais é de competência exclusiva dos Peritos Criminais. Essa afirmação
é reforçada pela Lei nº 12.030 de 2009, que estabelece que o Perito Oficial a que se refere o Código de
Processo Penal são o Perito Criminal, o Perito Médico-Legista e o Perito Odonto-Legista. Prova pericial
(ou arbitramento) pode ser dividida em:
- Exame: concernente à inspeção de pessoas e bens móveis;
- Vistoria: concernente à inspeção de bens imóveis.
- Avaliação: estimativa do valor do bem de acordo com as prerrogativas de mercado.
Perito
Com relação aos peritos importante trazer ao estudo o que prevê o Código de Processo Penal em seu
artigo 159, vejamos: “O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial,
portador de diploma de curso superior”. Na falta de perito oficial, o exame será realizado por duas pessoas
idôneas, portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área especifica, dentre as que
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tiveram habilitação técnica relacionada com a natureza do exame. Estes prestarão o compromisso de e
finalmente desempenhar o cargo.
Durante o curso de processo judicial, é permitido às partes, quanto à perícia: requer a oitiva dos peritos
para esclarecerem a prova ou responder a quesitos, desde que o mandado de intimação e os quesitos
ou questões a serem esclarecidos sejam encaminhados com antecedência mínima de 10 (dez) dias,
podendo apresentar as respostas em laudo complementar.
A atuação do perito far-se-á em qualquer fase do processo ou mesmo após a sentença, em situações
especiais. Sua função não termina com a reprodução de sua análise, mas se continua além dessa
apreciação, por meio do juízo de valor sobre os fatos, o que se torna o diferencial da função de
testemunha. Ou seja, a diferença entre testemunha e perito é que a primeira é solicitada porque já tem
conhecimento do fato e o segundo para que conheça e explique os fundamentos da questão discutida,
por meio de uma análise técnica científica.
A autoridade que preside o inquérito poderá nomear, nas causas criminais, dois peritos. Em se tratando
de peritos não oficiais, assinarão estes um termo de compromisso cuja aceitação é obrigatória com um
“compromisso formal de bem e fielmente desempenharem a sua missão, declarando como verdadeiro o
que encontrarem e descobrirem e o que em suas consciências entenderam”.
Os peritos terão um prazo máximo de 10 (dez) dias para elaboração do laudo pericial, podendo este
prazo ser prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento dos peritos, conforme dispõe o parágrafo
único do artigo 160 do Código de Processo Penal. Apenas em casos de suspeição comprovada ou de
impedimento previsto em lei é que se eximem os peritos da aceitação.
O mesmo diploma ainda assegura como dever especial que os peritos nomeados pela autoridade não
podem recusar a indicação, a não ser por escusa atendível (art. 277, a, CPP); não podem deixar de
comparecer no dia e no local designados para o exame (art. 277, b, CPP); não podem deixar de entregar
o laudo ou concorrer para que a perícia não seja feita no prazo estabelecido (art. 277, c, CPP). Pode
ainda em casos de não comparecimento, sem justa causa, a autoridade determinar a condução do perito
(art. 278, CPP). E falsa perícia constitui crime contra a administração da Justiça (art. 342, CP). Quando
os dois peritos não chegam, na perícia criminal, a um ponto de vista comum, cada qual fará à parte seu
próprio relatório, chamando-se a isso perícia contraditória. Mesmo assim, o juiz, que é o peritus peritorum,
(perito dos peritos) aceitará a perícia por inteiro ou em parte, ou não aceitará em todo, pois está forma
determina o parágrafo único do artigo 181 do Código de Processo Penal, facultando-lhe nomear outros
peritos para novo exame.
As partes poderão arguir de suspeitos os peritos, e o juiz decidirá de plano e sem recurso, à vista da
matéria alegada e prova imediata (art. 105, CPP). Não poderão ser peritos:
I – os que estiverem sujeitos a interdição de direito mencionada nos números I e II do artigo 47 do
Código Penal;
II – os que tiverem prestado depoimento no processo no processo ou opinado anteriormente sobre o
objeto da perícia;
III – os analfabetos e menores de 21 anos (art. 279, CPP).
É extensível aos peritos, no que lhe for aplicável, disposto sobre a suspeição dos juízes (art. 280,
CPP);
I – se for amigo ou inimigo capital de qualquer das partes;
II – se ele, seu conjugue ou descendente estiver respondendo a processo análogo, sobre cujo caráter
criminoso haja controvérsia;
III – se ele, seu conjugue, ou parente consanguíneo, ou afim, até terceiro grau, inclusive, sustentar
demanda ou responder a processo que tenha de ser julgado por qualquer das partes;
IV – se tiver aconselhado qualquer das partes;
V – se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes;
VI – se for sócio, acionista, ou administrador de sociedade interessada no processo.
Para que a Justiça não fique sempre na dependência direta de um ou de outro perito, criaram-se, há
alguns anos, em alguns estados, como na Bahia e São Paulo, os Conselhos Médico-Legais, espécies de
corte de apelação pericial cujos objetivos são a emissão de pareceres médico-legais mais especializados,
funcionando também como órgãos de consultas dos próprios peritos. Eram, normalmente, compostos de
autoridades indiscutíveis em medicina legal e representados por professores da disciplina, diretores de
institutos Médico-Legais, propor um membro do Ministério Público indicado pela Secretaria do Interior e
Justiça.
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Atividades Desenvolvidas
As atividades desenvolvidas pelos peritos são de grande complexidade e de natureza especializada,
tendo por objeto executar com exclusividade os exames de corpo de delito e todas as perícias criminais
necessárias à instrução processual penal, nos termos das normas constitucionais e legais em vigor,
exercendo suas atribuições nos setores periciais de: Acidentes de Trânsito, Auditoria Forense, Balística
Forense, Documentoscopia, Engenharia Legal, Perícias Especiais, Fonética Forense, Identificação
Veicular, Informática, Local de Crime Contra a Pessoa, Local de Crime Contra o Patrimônio, Meio
Ambiente, Multimídia, Papiloscopia, dentre outros. A função mais relevante do Perito Criminal é a busca
da verdade material com base exclusivamente na técnica. Não cabe ao Perito Criminal acusar ou
suspeitar, mas apenas examinar os fatos e elucidá-los. Desventrar todos os aspectos inerentes aos
elementos investigados, do ponto exclusivamente técnico.
Laudo pericial.
O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de dez dias, podendo este prazo ser prorrogado em
casos excepcionais a requerimento dos peritos. No laudo pericial, os peritos descreverão minuciosamente
o que examinarem, e responderão aos eventuais quesitos formulados. Tratando-se de perícia complexa,
isto é, aquela que abranja mais de uma área de conhecimento especializado, será possível designar a
atuação de mais de um perito oficial, bem como à parte será facultada a indicação de mais de um
assistente técnico.
Vale ressaltar que o artigo 3º-A, através da redação dada pela Lei 13.964/2019, considera a base
acusatória do processo penal, proibindo a atuação probatória do juiz como meio substitutivo à acusação;
Autópsia.
A autópsia será feita no cadáver pelo menos seis horas após o óbito, salvo se os peritos, pela evidência
dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que deverão declarar no auto
(art. 162, caput, CPP). No caso de morte violenta, bastará o simples exame externo do cadáver, quando
não houver infração penal que apurar ou quando as lesões externas permitirem precisar a causa da morte
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e não houver necessidade de exame interno para a verificação de alguma circunstância relevante (art.
162, parágrafo único, CPP);
Exumação de cadáver.
Em caso de exumação de cadáver, a autoridade providenciará que, em dia e hora previamente
marcados, se realize a diligência, da qual se lavrará auto circunstanciado (art. 163, caput, CPP). Neste
caso, o administrador do cemitério público/particular indicará o lugar da sepultura, sob pena de
desobediência. Agora, havendo dúvida sobre a identidade do cadáver exumado, se procederá ao
reconhecimento pelo Instituto de Identificação e Estatística ou repartição congênere ou pela inquirição de
testemunhas, lavrando-se auto de reconhecimento e de identidade, no qual se descreverá o cadáver, com
todos os sinais e indicações (art. 166, CPP);
Incêndio.
No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e o lugar em que houver começado, o perigo que
dele tiver resultado para a vida ou para o patrimônio alheio, a extensão do dano e o seu valor e as demais
circunstâncias que interessarem à elucidação do fato (art. 173, CPP);
CAPÍTULO II
DO EXAME DE CORPO DE DELITO, DA CADEIA DE
CUSTÓDIA E DAS PERÍCIAS EM GERAL
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou
indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à realização do exame de corpo de delito quando se tratar de
crime que envolva: (Incluído pela Lei nº 13.721, de 2018)
I - violência doméstica e familiar contra mulher; (Incluído pela Lei nº 13.721, de 2018)
II - violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência. (Incluído pela Lei nº 13.721,
de 2018)
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Art. 158-A. Considera-se cadeia de custódia o conjunto de todos os procedimentos utilizados para
manter e documentar a história cronológica do vestígio coletado em locais ou em vítimas de crimes, para
rastrear sua posse e manuseio a partir de seu reconhecimento até o descarte. (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019)
§ 1º O início da cadeia de custódia dá-se com a preservação do local de crime ou com procedimentos
policiais ou periciais nos quais seja detectada a existência de vestígio. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
§ 2º O agente público que reconhecer um elemento como de potencial interesse para a produção da
prova pericial fica responsável por sua preservação. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 3º Vestígio é todo objeto ou material bruto, visível ou latente, constatado ou recolhido, que se
relaciona à infração penal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 158-B. A cadeia de custódia compreende o rastreamento do vestígio nas seguintes etapas:
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - reconhecimento: ato de distinguir um elemento como de potencial interesse para a produção da
prova pericial; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
II - isolamento: ato de evitar que se altere o estado das coisas, devendo isolar e preservar o ambiente
imediato, mediato e relacionado aos vestígios e local de crime; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
III - fixação: descrição detalhada do vestígio conforme se encontra no local de crime ou no corpo de
delito, e a sua posição na área de exames, podendo ser ilustrada por fotografias, filmagens ou croqui,
sendo indispensável a sua descrição no laudo pericial produzido pelo perito responsável pelo
atendimento; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
IV - coleta: ato de recolher o vestígio que será submetido à análise pericial, respeitando suas
características e natureza; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
V - acondicionamento: procedimento por meio do qual cada vestígio coletado é embalado de forma
individualizada, de acordo com suas características físicas, químicas e biológicas, para posterior análise,
com anotação da data, hora e nome de quem realizou a coleta e o acondicionamento; (Incluído pela Lei
nº 13.964, de 2019)
VI - transporte: ato de transferir o vestígio de um local para o outro, utilizando as condições adequadas
(embalagens, veículos, temperatura, entre outras), de modo a garantir a manutenção de suas
características originais, bem como o controle de sua posse; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
VII - recebimento: ato formal de transferência da posse do vestígio, que deve ser documentado com,
no mínimo, informações referentes ao número de procedimento e unidade de polícia judiciária
relacionada, local de origem, nome de quem transportou o vestígio, código de rastreamento, natureza do
exame, tipo do vestígio, protocolo, assinatura e identificação de quem o recebeu; (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)
VIII - processamento: exame pericial em si, manipulação do vestígio de acordo com a metodologia
adequada às suas características biológicas, físicas e químicas, a fim de se obter o resultado desejado,
que deverá ser formalizado em laudo produzido por perito; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
IX - armazenamento: procedimento referente à guarda, em condições adequadas, do material a ser
processado, guardado para realização de contraperícia, descartado ou transportado, com vinculação ao
número do laudo correspondente; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
X - descarte: procedimento referente à liberação do vestígio, respeitando a legislação vigente e,
quando pertinente, mediante autorização judicial. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 158-C. A coleta dos vestígios deverá ser realizada preferencialmente por perito oficial, que dará o
encaminhamento necessário para a central de custódia, mesmo quando for necessária a realização de
exames complementares. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 1º Todos vestígios coletados no decurso do inquérito ou processo devem ser tratados como descrito
nesta Lei, ficando órgão central de perícia oficial de natureza criminal responsável por detalhar a forma
do seu cumprimento. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º É proibida a entrada em locais isolados bem como a remoção de quaisquer vestígios de locais de
crime antes da liberação por parte do perito responsável, sendo tipificada como fraude processual a sua
realização. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 158-D. O recipiente para acondicionamento do vestígio será determinado pela natureza do
material. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
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§ 1º Todos os recipientes deverão ser selados com lacres, com numeração individualizada, de forma
a garantir a inviolabilidade e a idoneidade do vestígio durante o transporte. (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019)
§ 2º O recipiente deverá individualizar o vestígio, preservar suas características, impedir contaminação
e vazamento, ter grau de resistência adequado e espaço para registro de informações sobre seu
conteúdo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 3º O recipiente só poderá ser aberto pelo perito que vai proceder à análise e, motivadamente, por
pessoa autorizada. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 4º Após cada rompimento de lacre, deve se fazer constar na ficha de acompanhamento de vestígio
o nome e a matrícula do responsável, a data, o local, a finalidade, bem como as informações referentes
ao novo lacre utilizado. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 5º O lacre rompido deverá ser acondicionado no interior do novo recipiente. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)
Art. 158-E. Todos os Institutos de Criminalística deverão ter uma central de custódia destinada à
guarda e controle dos vestígios, e sua gestão deve ser vinculada diretamente ao órgão central de perícia
oficial de natureza criminal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 1º Toda central de custódia deve possuir os serviços de protocolo, com local para conferência,
recepção, devolução de materiais e documentos, possibilitando a seleção, a classificação e a distribuição
de materiais, devendo ser um espaço seguro e apresentar condições ambientais que não interfiram nas
características do vestígio. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º Na central de custódia, a entrada e a saída de vestígio deverão ser protocoladas, consignando-se
informações sobre a ocorrência no inquérito que a eles se relacionam. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
§ 3º Todas as pessoas que tiverem acesso ao vestígio armazenado deverão ser identificadas e
deverão ser registradas a data e a hora do acesso. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 4º Por ocasião da tramitação do vestígio armazenado, todas as ações deverão ser registradas,
consignando-se a identificação do responsável pela tramitação, a destinação, a data e horário da ação.
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 158-F. Após a realização da perícia, o material deverá ser devolvido à central de custódia, devendo
nela permanecer. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Parágrafo único. Caso a central de custódia não possua espaço ou condições de armazenar
determinado material, deverá a autoridade policial ou judiciária determinar as condições de depósito do
referido material em local diverso, mediante requerimento do diretor do órgão central de perícia oficial de
natureza criminal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial, portador de
diploma de curso superior.
§ 1o Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas, portadoras de
diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem habilitação técnica
relacionada com a natureza do exame.
§ 2o Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo.
§ 3o Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao ofendido, ao querelante e
ao acusado a formulação de quesitos e indicação de assistente técnico.
§ 4o O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo juiz e após a conclusão dos exames e
elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas desta decisão.
§ 5o Durante o curso do processo judicial, é permitido às partes, quanto à perícia:
I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para responderem a quesitos, desde
que o mandado de intimação e os quesitos ou questões a serem esclarecidas sejam encaminhados com
antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as respostas em laudo complementar;
II – indicar assistentes técnicos que poderão apresentar pareceres em prazo a ser fixado pelo juiz ou
ser inquiridos em audiência.
§ 6o Havendo requerimento das partes, o material probatório que serviu de base à perícia será
disponibilizado no ambiente do órgão oficial, que manterá sempre sua guarda, e na presença de perito
oficial, para exame pelos assistentes, salvo se for impossível a sua conservação.
§ 7o Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área de conhecimento especializado,
poder-se-á designar a atuação de mais de um perito oficial, e a parte indicar mais de um assistente
técnico.
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Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão minuciosamente o que examinarem,
e responderão aos quesitos formulados.
Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10 dias, podendo este prazo ser
prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento dos peritos.
Art. 161. O exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e a qualquer hora.
Art. 162. A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito, salvo se os peritos, pela evidência
dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que declararão no auto.
Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, bastará o simples exame externo do cadáver, quando
não houver infração penal que apurar, ou quando as lesões externas permitirem precisar a causa da
morte e não houver necessidade de exame interno para a verificação de alguma circunstância relevante.
Art. 163. Em caso de exumação para exame cadavérico, a autoridade providenciará para que, em dia
e hora previamente marcados, se realize a diligência, da qual se lavrará auto circunstanciado.
Parágrafo único. O administrador de cemitério público ou particular indicará o lugar da sepultura, sob
pena de desobediência. No caso de recusa ou de falta de quem indique a sepultura, ou de encontrar-se
o cadáver em lugar não destinado a inumações, a autoridade procederá às pesquisas necessárias, o que
tudo constará do auto.
Art. 164. Os cadáveres serão sempre fotografados na posição em que forem encontrados, bem como,
na medida do possível, todas as lesões externas e vestígios deixados no local do crime.
Art. 165. Para representar as lesões encontradas no cadáver, os peritos, quando possível, juntarão ao
laudo do exame provas fotográficas, esquemas ou desenhos, devidamente rubricados.
Art. 166. Havendo dúvida sobre a identidade do cadáver exumado, proceder-se-á ao reconhecimento
pelo Instituto de Identificação e Estatística ou repartição congênere ou pela inquirição de testemunhas,
lavrando-se auto de reconhecimento e de identidade, no qual se descreverá o cadáver, com todos os
sinais e indicações.
Parágrafo único. Em qualquer caso, serão arrecadados e autenticados todos os objetos encontrados,
que possam ser úteis para a identificação do cadáver.
Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a
prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.
Art. 168. Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido incompleto, proceder-
se-á a exame complementar por determinação da autoridade policial ou judiciária, de ofício, ou a
requerimento do Ministério Público, do ofendido ou do acusado, ou de seu defensor.
§ 1o No exame complementar, os peritos terão presente o auto de corpo de delito, a fim de suprir-lhe
a deficiência ou retificá-lo.
§ 2o Se o exame tiver por fim precisar a classificação do delito no art. 129, § 1 o, I, do Código Penal,
deverá ser feito logo que decorra o prazo de 30 dias, contado da data do crime.
§ 3o A falta de exame complementar poderá ser suprida pela prova testemunhal.
Art. 169. Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a infração, a autoridade
providenciará imediatamente para que não se altere o estado das coisas até a chegada dos peritos, que
poderão instruir seus laudos com fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos.
Parágrafo único. Os peritos registrarão, no laudo, as alterações do estado das coisas e discutirão, no
relatório, as consequências dessas alterações na dinâmica dos fatos.
Art. 170. Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão material suficiente para a eventualidade de
nova perícia. Sempre que conveniente, os laudos serão ilustrados com provas fotográficas, ou
microfotográficas, desenhos ou esquemas.
Art. 171. Nos crimes cometidos com destruição ou rompimento de obstáculo a subtração da coisa, ou
por meio de escalada, os peritos, além de descrever os vestígios, indicarão com que instrumentos, por
que meios e em que época presumem ter sido o fato praticado.
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Art. 172. Proceder-se-á, quando necessário, à avaliação de coisas destruídas, deterioradas ou que
constituam produto do crime.
Parágrafo único. Se impossível a avaliação direta, os peritos procederão à avaliação por meio dos
elementos existentes nos autos e dos que resultarem de diligências.
Art. 173. No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e o lugar em que houver começado, o
perigo que dele tiver resultado para a vida ou para o patrimônio alheio, a extensão do dano e o seu valor
e as demais circunstâncias que interessarem à elucidação do fato.
Art. 174. No exame para o reconhecimento de escritos, por comparação de letra, observar-se-á o
seguinte:
I - a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o escrito será intimada para o ato, se for encontrada;
II - para a comparação, poderão servir quaisquer documentos que a dita pessoa reconhecer ou já
tiverem sido judicialmente reconhecidos como de seu punho, ou sobre cuja autenticidade não houver
dúvida;
III - a autoridade, quando necessário, requisitará, para o exame, os documentos que existirem em
arquivos ou estabelecimentos públicos, ou nestes realizará a diligência, se daí não puderem ser retirados;
IV - quando não houver escritos para a comparação ou forem insuficientes os exibidos, a autoridade
mandará que a pessoa escreva o que Ihe for ditado. Se estiver ausente a pessoa, mas em lugar certo,
esta última diligência poderá ser feita por precatória, em que se consignarão as palavras que a pessoa
será intimada a escrever.
Art. 175. Serão sujeitos a exame os instrumentos empregados para a prática da infração, a fim de se
Ihes verificar a natureza e a eficiência.
Art. 176. A autoridade e as partes poderão formular quesitos até o ato da diligência.
Art. 177. No exame por precatória, a nomeação dos peritos far-se-á no juízo deprecado. Havendo,
porém, no caso de ação privada, acordo das partes, essa nomeação poderá ser feita pelo juiz deprecante.
Parágrafo único. Os quesitos do juiz e das partes serão transcritos na precatória.
Art. 178. No caso do art. 159, o exame será requisitado pela autoridade ao diretor da repartição,
juntando-se ao processo o laudo assinado pelos peritos.
Art. 179. No caso do § 1o do art. 159, o escrivão lavrará o auto respectivo, que será assinado pelos
peritos e, se presente ao exame, também pela autoridade.
Parágrafo único. No caso do art. 160, parágrafo único, o laudo, que poderá ser datilografado, será
subscrito e rubricado em suas folhas por todos os peritos.
Art. 180. Se houver divergência entre os peritos, serão consignadas no auto do exame as declarações
e respostas de um e de outro, ou cada um redigirá separadamente o seu laudo, e a autoridade nomeará
um terceiro; se este divergir de ambos, a autoridade poderá mandar proceder a novo exame por outros
peritos.
Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte.
Art. 183. Nos crimes em que não couber ação pública, observar-se-á o disposto no art. 19.
Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a autoridade policial negará a perícia
requerida pelas partes, quando não for necessária ao esclarecimento da verdade.
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Questões
01. (PC/DF - Perito Criminal - IADES) O Código de Processo Penal elenca um conjunto de regras
que regulamentam a produção das provas no âmbito do processo criminal. No tocante às perícias em
geral, as normas estão previstas nos artigos 158 a 184 da lei em comento. Quanto ao exame de corpo de
delito, nos crimes
(A) que deixam vestígios, quando estes desaparecerem, a prova testemunhal não poderá suprir-lhe a
falta.
(B) que deixam vestígios, esse exame só pode ser realizado durante o dia.
(C) de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido incompleto, proceder-se-á a exame
complementar apenas por determinação da autoridade judicial.
(D) que deixam vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não
podendo supri-lo a confissão do acusado.
(E) que deixam vestígios, será indispensável que as perícias sejam realizadas por dois peritos oficiais.
02. (PC/GO - Escrivão de Polícia Substituto - CESPE) Quanto à prova pericial, assinale a opção
correta.
(A) A confissão do acusado suprirá a ausência de laudo pericial para atestar o rompimento de obstáculo
nos casos de furto mediante arrombamento, prevalecendo em tais situações a qualificadora do delito.
(B) O exame de corpo de delito somente poderá realizar-se durante o dia, de modo a não suscitar
qualquer tipo de dúvida, sendo vedada a sua realização durante a noite.
(C) Prevê a legislação processual penal a obrigatória participação da defesa na produção da prova
pericial na fase investigatória, antes do encerramento do IP e da elaboração do laudo pericial.
(D) Os exames de corpo de delito serão realizados por um perito oficial e, na falta deste, admite a lei
que duas pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior e dotadas de habilidade técnica
relacionada com a natureza do exame, sejam nomeadas para tal atividade.
(E) Em razão da especificidade da prova pericial, o seu resultado vincula o juízo; por isso, a sentença
não poderá ser contrária à conclusão do laudo pericial.
03. (AL/MS - Agente de Polícia Legislativo - FCC) Sobre o exame de corpo de delito e as perícias
em geral, nos termos preconizados pelo Código de Processo Penal, é INCORRETO afirmar:
(A) Na falta de perito oficial, o exame será realizado necessariamente por três pessoas idôneas,
portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem
habilitação técnica relacionada com a natureza do exame.
(B) Nos crimes cometidos com destruição ou rompimento de obstáculo a subtração da coisa, ou por
meio de escalada, os peritos, além de descrever os vestígios, indicarão com que instrumentos, por que
meios e em que época presumem ter sido o fato praticado.
(C) O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte.
(D) Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou
indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
(E) Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a autoridade policial negará a perícia requerida
pelas partes, quando não for necessária ao esclarecimento da verdade.
04. (PC/PA - Escrivão de Polícia Civil - FUNCAB) A prova em matéria processual penal tem por
finalidade formar a convicção do magistrado sobre a materialidade e a autoria de um fato tido como
criminoso. No que tange aos meios de prova, o Código de Processo Penal dispõe:
(A) o exame de corpo de delito não poderá ser feito em qualquer dia e a qualquer hora.
(B) quando a infração não deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou
indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
(C) o exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial, portador de diploma
de curso superior. Na falta de perito oficial, o exame será realizado por uma pessoa idônea, portadora de
diploma de curso superior preferencialmente na área específica.
(D) no caso de autópsia, esta será feita pelo menos seis horas depois do óbito, salvo se os peritos,
pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que declararão
no auto.
(E) não sendo possível o exame de corpo delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova
testemunhal não poderá suprir-lhe a falta.
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05. (PC/PE - Escrivão de Polícia - CESPE) Com relação ao exame de corpo de delito, assinale a
opção correta.
(A) O exame de corpo de delito poderá ser suprido indiretamente pela confissão do acusado se os
vestígios já tiverem desaparecido.
(B) Não tendo a infração deixado vestígios, será realizado o exame de corpo de delito de modo indireto.
(C) Tratando-se de lesões corporais, a falta de exame complementar poderá ser suprida pela prova
testemunhal.
(D) Depende de mandado judicial a realização de exame de corpo de delito durante o período noturno.
(E) Requerido, pelas partes, o exame de corpo de delito, o juiz poderá negar a sua realização, se
entender que é desnecessário ao esclarecimento da verdade.
06. (TJ/RS - Juiz de Direito Substituto – VUNESP/2018) A respeito das provas, assinale a alternativa
correta.
(A) São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilegítimas, assim
entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais.
(B) A pessoa que nada souber que interesse à decisão da causa será computada como testemunha.
(C) O exame para o reconhecimento de escritos, tal como o reconhecimento fotográfico, não tem
previsão legal.
(D) O juiz não tem iniciativa probatória.
(E) A falta de exame complementar, em caso de lesões corporais, poderá ser suprida pela prova
testemunhal.
Gabarito
Comentários
01. Resposta: D
Prevê o art. 158, do CPP: Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo
de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
02. Resposta: D
Dispõe o art. 159, §1º, do CPP: Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas
idôneas, portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as que
tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame.
03. Resposta: A
A alternativa “A” está incorreta, tendo em vista que nos termos da lei, na falta de perito oficial, o exame
será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas e não por 3 (três), como se afirmou na resposta.
04. Resposta: D
Prevê o art. 162 do CPP: A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito, salvo se os
peritos, pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que
declararão no auto.
05. Resposta: C
Excepcionalmente, a falta de exame complementar poderá ser suprida pela prova testemunhal. É o
que prevê o artigo 168, §3º, do CPP.
06. Resposta: E
Art. 168. Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido incompleto, proceder-
se-á a exame complementar por determinação da autoridade policial ou judiciária, de ofício, ou a
requerimento do Ministério Público, do ofendido ou do acusado, ou de seu defensor.
§ 3° A falta de exame complementar poderá ser suprida pela prova testemunhal.
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3. Locais de crime: 3.1. Conceituação e classificação. 3.2. Isolamento e
preservação de local de crime. 3.3. Finalidades dos levantamentos dos locais de
crime contra a pessoa e contra o patrimônio.
Local do crime: definição; classificação dos locais de crime; indícios; vestígios; evidências;
isolamento e preservação.
Segundo Kedhy, local de crime é toda área onde tenha ocorrido um fato que assuma a configuração
de delito e que, portanto, exija as providências da polícia.
O professor Eraldo Rabello ( 1996: pág 17) define local do crime como sendo:
“ a porção do espaço compreendida num raio que, tendo por origem o ponto no qual é constatado o
fato, se entenda de modo a abranger todos os lugares em que, aparente, necessária ou presumidamente,
hajam sido praticados, pelo criminoso, ou criminosos, os atos materiais, preliminares ou posteriores à
consumação do delito, e com este diretamente relacionado”.
Neste local será permitida a atuação da polícia ostensiva e da polícia judiciária. A ostensiva visa
prevenir a ruptura da ordem ou manter o local da forma em que foi praticado o crime, já a segunda irá
aplicar a lei penal se ficar constado que o crime de fato ocorreu.
Infelizmente a curiosidade dos populares acaba por atrapalhar as investigações e faz desaparecer
importantes provas, pois muitos pisam em local que não deve, quando se trata de local que é tomado
pelo sangue, a maioria das pessoas, por desconhecimento joga água e até mesmo produtos de limpeza
para suportar a chegada das autoridades responsáveis. Por exemplo: donos de bares que presenciam
agressões e muitas vezes mortes sangrentas.
Art. 6º Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá:
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até
a chegada dos peritos criminais;
No caso especial dos locais de incêndio, inundação, desmoronamento, escapamento de gás, o policial
facilitará a saída das pessoas que se encontrem na saída imediata; as que não necessitarem de socorros
urgentes, devem ser conservadas na área mediata, a fim de prestarem esclarecimentos.
Dependendo do crime cometido, os locais do crime apresentam conteúdo variado de vestígios. Nos
crimes contra a pessoa, os vestígios matem relação com a vítima, já nos crimes patrimoniais, os vestígios
relacionam-se com o objeto. Os agentes de segurança demonstram grande preocupação com a
preservação do local do crime.
Para tanto, a doutrina, quase de forma unânime classifica o local do crime de acordo com o delito,
podendo ser de forma interna ou externa, mediata ou imediata, ou ainda em local relacionado.
a. Internos: compreende os locais fechados, seja por meio de paredes, divisões. Este é o ambiente
da residência, parte interna do veículo, apartamento, entre outros.
b. Área Mediata Aberta: refere-se aos ambientes amplos onde ocorreu o fato delituoso,
compreendendo os corredores, jardins de inverno, áreas de serviço.
c. Área Imediata Interna: é o espaço físico em si, como por exemplo a cozinha, os quartos.
d. Externos: ocorre em locais abertos, como por exemplo, estradas, rodovias, praças, rios.
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e. Área Mediata Externa: compreende o trajeto percorrido para a realização do crime. Exemplo: ruas,
picadas, vias de acesso e suas imediações
f. Área Imediata Externa: devemos pensar no local em que o crime, de fato ocorreu.
g Locais Relacionados: são diferentes dos que foram vistos acima, relacionam-se com o deslinde do
fato criminoso. Exemplo: o agente mata a vítima e joga o corpo em uma represa. A represa é o local
relacionado.
i Inidôneos ou Violados: são os locais que foram violados antes da chegada dos peritos, o local é
alterado pela família ou curiosos, que tentam até mesmo salvar a vítima e acabam destruindo ou
inalterando os caracteres referentes ao crime.
Assim que o crime acontecer a primeira providência a ser tomada é isolar o local. O isolamento pode
ser feito por policiais, peritos que devem ter em mente a manutenção do local do crime, preservando os
vestígios e evidências para que se proceda com a investigação criminal.
“(...) diante da sensibilidade que representa um local de crime, importante destacar que todo elemento
encontrado naquele ambiente é denominado de vestígio, o qual significa todo material bruto que o perito
constata no local do crime ou faz parte do conjunto de um exame pericial qualquer, que, somente após
examiná-los adequadamente é que poderemos saber se este vestígio está ou não relacionado ao evento
periciado. Por essa razão, quando das providências de isolamento e preservação, levadas a efeito pelo
primeiro policial, nada poderá ser desconsiderado dentro da área da possível ocorrência do delito.”
A conservação do local é tão importante que o Código Penal prevê como crime a conduta em sentido
contrário:
Art. 166 - Alterar, sem licença da autoridade competente, o aspecto de local especialmente protegido
por lei:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Sem prejuízo o Código de Trânsito Brasileiro, admite como modalidade de infração a alteração do local
do crime. Vejamos:
Art. 312. Inovar artificiosamente, em caso de acidente automobilístico com vítima, na pendência do
respectivo procedimento policial preparatório, inquérito policial ou processo penal, o estado de lugar, de
coisa ou de pessoa, a fim de induzir a erro o agente policial, o perito, ou juiz:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo, ainda que não iniciados, quando da inovação, o
procedimento preparatório, o inquérito ou o processo aos quais se refere.
O isolamento do local do crime para sua preservação é uma garantia que o perito tem de encontrar a
cena do crime da forma que fora deixada pelo infrator e pela vítima, com condições técnicas de analisar
os vestígios deixados pelo crime.
O perito ao elaborar seu laudo deverá certificar se a preservação do local apresentou ou não falhas.
Não é previsto para o perito deixar de realizar o exame solicitado por falta de preservação do local ou
qualquer outra modificação que ocorra no ambiente. O perito deverá usar do bom senso na sua análise,
e em caso extremo, se for absolutamente impossível realizar o exame, deverá ao menos registar essa
informação no livro de ocorrência, encaminhando relatório ao seu diretor, descrevendo a situação em que
se encontrava o local do crime.
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A conscientização de que o local deve ser preservado para bom empenho dos profissionais de
segurança pública e da sociedade é de extrema importância, o contrário pode prejudicar a investigação
policial e a realização da justiça, já que os indícios materiais serão interpretados da forma como foi
encontrado e não como de fato aconteceu.
Vestígios e indícios encontrados nos locais de crime
“Os vestígios constituem-se, pois, em qualquer marca, objeto ou sinal sensível que possa ter relação
com o fato investigado. A existência do vestígio pressupõe a existência de um agente provocador (que o
causou ou contribuiu para tanto) e de um suporte adequado para a sua ocorrência (local em que o vestígio
se materializou).”
Os vestígios são de extrema importância, pois se relaciona com as posições em que se encontram e
suas possíveis relações com outros vestígios, que podem não serem analisados de imediato. Embora as
orientações passadas sejam para não modificar o estado e disposição das coisas, alguns casos saem da
regra, sendo possível cobrir o cadáver, objetivando impedir que a chuva, ou outra intempérie destrua
vestígios importantes como manchas de fluídos corpóreos ou esfumaçamento.
A autoridade policial que efetuar este tipo de serviço, deve ter o máximo de cautela necessária evitando
que qualquer movimento cause dano a outros vestígios. Ressalta-se, que a inobservância das regras
relacionadas quanto à preservação dos vestígios poderá ocasionar a destruição e/ou o não
aproveitamento destes pela perícia criminal, causando prejudicialidade aos trabalhos referentes à
apuração do evento criminoso.
Principais Vestígios:
A investigação criminal inicia com apurada análise do local do crime objetivando visualizar a dinâmica
do fato. E para o êxito da elucidação do crime é imprescindível a análise dos vestígios.
Define-se o termo vestígio, como o Sinal que homem ou animal deixa no lugar onde passa; rastro,
pegada, pista; no sentido figurado, indício, pista, sinal .... (Novo Dicionário da Língua Portuguesa).
Os vestígios constituem-se, pois, em qualquer marca, objeto ou sinal sensível que possa ter relação
com o fato investigado.
O objetivo da procura na cena do crime é localizar todos os vestígios potencialmente relevantes e
significativos que podem ser utilizados para ligar ou exonerar um suspeito ou testemunha de um crime.
Sangue
O perito deve coletar amostra do sangue no local e ainda considerar forma, posicionamento e cor das
manchas, detalhes que levam a importantes informações sobre a dinâmica do fato, como a área exata
onde o crime ocorreu ou teve início e hora aproximada do evento e movimentação da vítima e do autor
durante ele. (DOREA, 1989)
Após identificação das manchas de sangue, o perito deve escolher o melhor método para proteger,
coletar e transportar esses indícios sem que eles percam sua importância de prova material. O sangue
ainda líquido deve ser coletado em sua totalidade e também em um pedaço de algodão estéril e ser
deixado para secar a temperatura ambiente.
Deve ser refrigerado o mais rápido possível e transportado para o laboratório rapidamente. Atrasos
além do período de secagem do algodão podem tornar as amostras inúteis.
Roupas com sangue úmido devem ser estendidas para secagem, em uma sala com ventilação
adequada.
Se não estiver completamente seco, colocar em um saco de papel marrom ou caixa e etiquetar, sendo
um item por recipiente.
Não se deve utilizar sacos plásticos. No caso de sangue seco, deve-se embrulhar o item em papel
limpo e colocar o artigo em um saco de papel marrom ou caixa, lacrar e etiquetar.
Em pequenos objetos sólidos, coletar todo o objeto e encaminhar para o laboratório depois de rotular
e embalar adequadamente. Em grandes objetos sólidos, cobrir a área manchada com papel limpo e selar
as bordas para baixo com fita adesiva para evitar a perda ou contaminação. Quando impraticável entregar
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toda a peça ao laboratório, raspe a mancha sobre um pedaço de papel limpo, que poça ser dobrado e
colocado em um envelope. (DOREA, 1989; HORSWELL, 2004).
Manchas de esperma
Na concepção de Guilherme Oswaldo Arbenz (1988, p. 57): “Manchas são sinais deixados pela
deposição ou impugnação de substancias sólidas, líquidas e eventualmente gasosas, de origem animal,
vegetal ou mineral, humanas ou não, num suporte de qualquer espécie.”
Nesse sentido, as manchas são úteis por servirem como vestígios para esclarecimento de um ato
delituoso quando analisadas sua forma, origem e local.
Para a medicina-legal, as manchas que merecem maior atenção são as de sangue, esperma, muco
vaginal, saliva, vômito, leite, urina, fezes, líquido-amniótico, muco nasal e pulmonar, dentre outras.
Também são de crucial importância as manchas deixadas pelas armas de fogo como a orla de enxugo,
zonas de esfumaçamento e tatuagem do orifício de entrada de um projétil.
Além dessas, também pode ter interesse para perícia os vestígios formados a partir de terra, barro,
areia, farinha entre outros, na medida em que indicam as circunstâncias do crime e evidenciam pegadas
ou impressões digitais.
Os suportes/objetos sobre as quais se depositam as manchas são dos mais variados, podendo ser
paredes, piso, roupas, automóveis, bem como os corpos das vítimas ou suspeitos.
Em geral, as manchas têm a capacidade de armazenar diversos tipos de informação, sendo um
importante elemento na perícia criminal. A análise dessas machas por vezes pode ser prejudicada a
depender da superfície em que for depositada, dependendo nessas hipóteses de iluminação especial
para que a mancha se torne perceptível.
Analisando mais detidamente o esperma sabe-se que este pode ser encontrado seco ou úmido, em
indivíduos ou cadáveres e em local variado como por exemplo, vagina, ânus, pele, peças íntimas, roupa
de cama, toalhas ou outros objetos.
As manchas de esperma depositadas em tecidos não absorventes formam escamas ou películas
brilhantes. Já aquelas deixadas sobre tecidos absorventes apresentam formato irregular semelhante a
um mapa geográfico com coloração branca ou amarelada quando recentes e acinzentadas quando
antigas. Por fim, o esperma encontrado sobre a pele dá origem a películas brilhantes com aspecto
envernizado.
A perícia realizada em uma mancha de esperma ainda recente pode identificar características como o
odor, o formato e fluorescência verde-esbranquiçada à luz ultravioleta (lâmpada de Wood), elementos
que servem de orientação ao perito.
Como se vê, a perícia envolvendo manchas espermáticas deve pautar-se em um observação rigorosa
do material com a completa descrição da superfície em que foi encontrado, bem como sua forma,
aparência, odor, consistência, coloração e reação às luzes aplicadas.
Nos casos de suspeita de crimes sexuais, as machas de esperma devem ser pesquisadas na região
abdominal, pubiana, genital e membros inferiores da vítima, assim como suas vestes.
Segundo Odon Maranhão, para o diagnóstico genérico de esperma existem dois tipos de provas, com
diversas técnicas: provas de orientação (empregadas em manchas muito antigas) e provas de certeza.
Manchas de leite
O encontro de manchas produzidas por secreção mamária humana (leite e colostro) normalmente está
associado a problemas médico-legais ligados ao parto e ao aborto.
As manchas têm coloração amarelo-acinzentada, mais escura nas bordas. Quando secas, dão ao
tecido um aspecto engomado, similar às de esperma.
Os exames químicos de orientação podem ser realizados fazendo-se um macerado da amostra e
utilizando-se reativos diversos:
a) guaiacol – amarelo-alaranjado;
b) hidroquinona – rosa;
c) pirocatequina – amarelo-escuro.
Manchas de colostro
O colostro é um líquido amarelado, secretado pelas glândulas mamárias, alguns dias antes e depois
do parto, rico em anticorpos e leucócitos e essencial para a saúde do neonato.
As manchas de colostro são similares às de leite, mas de coloração mais amarelada.
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O exame de certeza é o microscópico.
Líquido amniótico
O líquido amniótico é a substância contida na cavidade amniótica e tem por função precípua a proteção
do feto contra choques e dessecação. O encontro de manchas desse líquido está sempre relacionado
com casos de aborto, partos clandestinos e infanticídio.
As manchas apresentam dimensão relativamente grande e sua coloração oscila entre a amarela e a
esverdeada.
Induto sebáceo
As manchas de unto sebáceo relacionam-se, quase sempre, com casos de aborto, partos clandestinos
ou infanticídios e comumente vêm acompanhadas de sangue, líquido amniótico, mecônio e matéria fecal.
O unto sebáceo é uma substância esbranquiçada e untuosa que recobre o corpo do feto, sendo
especialmente abundante nas pregas inguinais e axilas.
As manchas são de grandes dimensões, lembrando o contorno do feto. Têm aspecto esbranquiçado
e intensidade variada, na dependência da parte do corpo que esteve em contato com o suporte.
Mecônio
Dá-se o nome de mecônio à substância pastosa, de cor esverdeada, algumas vezes estriada de
amarelo, aderente e inodora, formada pelo conjunto de líquidos orgânicos procedentes de diversas partes
do aparelho digestivo e que se acumulam, durante a gestação, no tubo intestinal do feto, constituindo as
primeiras evacuações dos recém-nascidos.
O mecônio começa a ser eliminado de 6 a 12 horas após o nascimento e prolonga-se por 2 a 3 dias,
mas é possível se expelido durante o parto, particularmente se ocorre sofrimento fetal.
A pesquisa de mecônio é importante para os casos de aborto, partos clandestinos e infanticídios. As
manchas têm um aspecto untuoso de coloração amarelo-esverdeada. Com frequência, em razão das
circunstâncias que envolvem o seu encontro, as manchas de mecônio podem vir acompanhadas de
sangue, líquido amniótico, unto sebáceo e restos placentários.
Matéria fecal
Deposições de tamanho e consistência variável de fezes humanas são achados mais ou menos
frequentes em locais de crime. Esse fato pode indicar o estado de excitação nervosa do criminoso, a
demonstração de desprezo para com a vítima, um gesto de impunidade, superstição ou simples
necessidade.
As manchas de fezes passam a ter maior importância quando mescladas com outras, como sangue,
líquido amniótico ou sêmen.
Saliva
As manchas de saliva têm coloração variada que vão de amareladas a esbranquiçadas a acinzentadas,
de contornos mal definidos e não oferecem fluorescência à luz ultravioleta (lâmpada e wood).
As manchas de saliva apresentam uma importância médico-legal muito grande. Podem estar
relacionadas com uma extensa variedade de delitos e ser encontradas sob a forma de restos deixados
por beijos ou mordidas, nos crimes contra a liberdade sexual, peças de vestuário utilizadas para
amordaçar a vítima, lenços esquecidos pelo autor e outros materiais.
Urina
Como a urina é meio de excreção de uma grande quantidade de substâncias, notadamente restos do
metabolismo, medicamentes e substâncias tóxicas, sua análise assume grande importância médico-legal,
particularmente para a toxicologia forense.
As manchas de urina geralmente vêm associadas a outras substâncias como esperma, matéria fecal
e mecônio. Quando em tecidos, são reveladas facilmente em razão de sua fluorescência, de amarela à
alaranjada, quando expostas à luz ultravioleta (lâmpada de wood).
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Vômitos
Para os casos de envenenamento, seja acidental, suicídio ou homicídio, o exame das manchas de
vômito, facilitam na identificação da natureza responsável pelo óbito.
Suor
O suor é um líquido aquoso, incolor, com cheiro característico e sabor salgado, que sai das glândulas
sudoríparas.
Quando deixado no local do crime, o suor pode ser encontrado em peças de roupas, lenços,
constituindo, assim, uma importante prova de identificação.
É um elemento de importância tão grande, que dependendo da quantidade de material disponível, é
permitido identificar um grupo sanguíneo.
As manchas de suco nasal são amarelas, brancas ou acinzentadas, parecidas às de esperma e podem
vir acompanhadas de pós que são aspirados pelo nariz.
Ao serem expostas à luz ultravioleta (lâmpada de Wood), apresentam coloração azul-claro. Por meio
do exame microscópico revela o muco, células prismáticas da mucosa nasal, microorganismos e
partículas de carbono.
Conhecidas como escarro, catarro ou esputo, as secreções bronquiais vêm mescladas com muco
nasal ou saliva, dependendo da forma como ganham o exterior do organismo, podendo vir acompanhadas
de sangue, pus e outras secreções orgânicas.
O escarro pode apresentar cor e odor diferentes. A secreção tem coloração diferente, em organismos
sadios a secreção é inodora e incolor (esbranquiçada), sendo que as manchas, em alguns casos é
confundida com as de esperma.
O odor ruim pode indicar alguma infecção pulmonar, mas dificilmente poderá servir como meio de
diagnóstico.
Ao exame macroscópico o catarro pode apresentar uma constituição homogênea de consistência
mucosa, purulenta ou hemática.
Os dentes podem produzir marcas com compressão ou escoriação, tanto sobre o corpo humano como
em alguns alimentos.
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Essas marcas são mais encontradas em crimes sexuais, de preferência sobre os braços, genitais,
nádegas e seios. Também são encontradas no autor, quando este vem a se debater com a vítima, nesses
casos essas marcas são comumente encontradas nos braços, mãos e pernas.
Muitas vezes os dentes são encontrados no local do crime, como podem ser encontradas as mordidas
em alimentos sólidos e, dependendo da parte da arcada podem produzir lesões contusas ou corcontusas.
Para servir como meio de pesquisa, usa-se a fotografia e sempre que der certo, a modelagem.
Dependendo do suporte, o perito deve providenciar a preservação e o recolhimento da amostra com maior
celeridade possível.
Após a tiragem de fotos, será feita a modelagem com silicone ou outros materiais indicados para
moldes dentários.
Nesses casos, além das marcas dentais podem ser encontradas impressões labiais, deixadas em
batom. Vale ressaltar que esse tipo de impressão é muito complexa.
Fibras e pelos
Os pelos e fibras que forem encontrados no corpo da vítima devem ser guardados, porém para que
não perca nenhuma impressão neles depositado é recomendável que se utilize uma pinça e se estes se
encontrarem na mão da vítima, que o bordo superior das unhas seja recortado para pesquisas de
resquícios de sangue e de pele.
Para saber sobre os rastros deixados pelos pneus, prefere-se a estrada de estrada e lama, por serem
mais duradouros e precisos do que as marcas de pneus deixadas em solo asfáltico.
Além disso, quando o veículo se desloca em trajetória retilínea para frente, as impressões das rodas
traseiras se sobrepõem às marcas das rodas dianteiras, acontecendo o contrário quando o deslocamento
ocorre em marcha ré.
A espessura e o tipo dos pneus, o número de rodas e o afastamento entre os eixos podem conduzir à
espécie de veículo que estava sendo conduzido, que pode ser motocicleta, automóvel, caminhonete,
caminhão, utilitário agrícola ou outro.
A determinação da direção tomada pelo veículo nem sempre é possível. Apenas em alguns casos isso
será verificado:
Apenas em casos particulares é permitida a identificação individual do veículo, pois a impressão dos
pneus foi deixada sobre um terreno que permite a formação em baixo relevo dos desenhos da banda de
rodagem.
Quando isso ocorrer, é permitida a fotografação e modelagem das impressões deixadas, com as
técnicas que são usadas para levantamento das pegadas.
Para uma identificação precisa de um veículo em particular é preciso procurar por marcas que possam
significar desgastes ou defeitos e que permitam uma comparação com o original.
Em alguns atropelamentos, marcas de pneus podem ser encontradas sobre o corpo da vítima, mas,
além do tipo de veículo, dificilmente permitirão uma identificação mais precisa.
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Pegadas
O gesso é um grande colaborador para reconhecer as marcas de pegadas que são deixadas, mas
precisamente no barro, areia, pois o gesso traz os mínimos detalhes sobre o calçado do autor e vítima.
Não apenas isso, o gesso serve para descobrir o momento em que o indivíduo passou pelo local.
Quando se está descalço não podemos confundir a pegada com a impressão plantar. Ao se analisar
as pegadas de uma pessoa que está descalça referem-se à forma externa dos pés, permitindo avaliar
defeitos físicos ou costumes no andar.
O tipo e a inclinação do terreno interferem, pois nos locais planos as pegadas produzem de modo
semelhante o tamanho do pé, enquanto na subida, os artelhos se contraem, e não dão com exatidão o
tamanho correto.
As regras que devem ser observadas para o estudo das marcas e impressões são:
:
- reproduzir a pegada por meio de desenho, fotografia ou modelagem, mostrando suas medidas
principais.
- utilizar os mesmos modos para colher a pegada testemunha do suspeito;
- realizar o estudo comparativo das pegadas colhidas do local do fato com aquelas obtidas da pessoa
suspeita;
- Moldes para serem mais seguros devem ser comparados com moldes, fotografias com fotografias e
assim por diante.
Marcas de ferramentas
As marcas de ferramentas e outros objetos utilizados são encontrados com grande frequência nos
locais submetidos a exames periciais, principalmente com delitos patrimoniais.
As ferramentas utilizadas e que deixam marcas são: talhadeiras, machados, canivetes, alicates,
tesouras, chaves de fenda, pés-de-cabra e similares, podem ser encontradas sobre diversos suportes,
como madeira, metal.
Pelo suporte é possível identificar as irregularidades e defeitos das ferramentas. Embora seja difícil
identificar a pessoa por meio dela, é permitido que se inclua ou exclua ferramentas como suspeitas do
Entretanto, alguns suportes como os cabos e objetos de borracha não são tão hábeis para se produzir
uma impressão.
O perito para este caso com instrumentos, precisa se colocar na posição do autor, como se ele
estivesse cometendo a ação. Um arrombamento, por exemplo, pode ser simulado para esconder um
crime de furto praticado, confundindo a perícia.
A marca deve ser examinada para que se identifique genericamente a ferramenta que foi utilizada e
depois fazer a sua individualização.
É permitido que ocorra ainda a perícia nos sinais de fragmentos deixados pelos instrumentos.
A finalidade das técnicas é em verificar se houve, ou não, infração penal, qualificá-la, colher vestígios
materiais, perenizar o estado dos locais e as posições relativas entre a vítima e os vestígios.
A metodologia de levantamento de locais de crime engloba várias etapas, que vai desde
procedimentos estabelecidos e ordenados de maneira lógica, até o conhecimento em diversas áreas.
Abaixo, listaremos as etapas compreendidas no levantamento pericial, passando a posterior
explicação destas:
3
Toccheto, Domingos. Espindula, Alberi. Criminalística: Procedimentos e Metodologias. 3ª edição, São Paulo: Millenium, 2015.
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1. Procedimentos anteriores ao exame;
2. Procedimentos Preliminares;
3. Levantamento Descritivo do Local;
4. Levantamento Topográfico e confecção do croqui;
5. Levantamento fotográfico completo;
6. Coleta, identificação e preservação dos vestígios;
7. Exame completo do cadáver e das vestes;
8. Procedimentos finais e liberação do local;
9. Acompanhamento da necropsia no IML.
1. Procedimentos anteriores ao exame:
- faz-se a anotação correta do endereço onde o fato aconteceu, evitando que aconteçam erros e
atrasos no atendimento das ocorrências;
- preparação do material usado nos exames. No início das atividades de cada plantão, sugere-se a
realização de um checklist, visando à certeza que todo material esteja pronto para ser utilizado;
- reconhecimento do tipo de solicitação, ou seja, a natureza do exame;
- anotação da hora em que o exame foi solicitado.
O croqui deverá sempre ser feito, independente da complexidade do local. Por mais facilidade que um
perito possa ter em relação ao seu próprio estilo de redação, a utilização de um ou mais croquis de local
representará uma facilitação na compreensão dos usuários do laudo pericial.
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O croqui deve incluir:
Vale a pena destacar que o croqui produzido durante os exames servirá como base para o laudo
apresentado, que provavelmente estará menos carregado com relação à quantidade de informações
apresentadas. Na apresentação final, deve-se conceder privilégios a uma imagem clara e fácil de ser
compreendida.
O perito utiliza outros meios, além do croqui, pois pode se utilizar de imagens via satélite, caso em que
podemos citar o Google Earth, pois são preciosos principalmente nos locais isolados e abertos.
5. Levantamento Fotográfico
Fotografias do cadáver
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Desse modo:
- Todos os vestígios devem ser coletados de forma legal, visando à sua admissão como provas no
processo.
- Somente o(s) perito(s) de local deve(m) efetuar a coleta de todos os vestígios.
- Os vestígios devem ser destacados no croqui e fotografados antes de sua coleta.
- O ponto exato da coleta de amostras deve estar anotado e devidamente plotado no croqui.
O ponto exato da coleta de amostras deve estar anotado e devidamente plotado no croqui .
- Identificação
Todos os vestígios devem ser cuidadosamente identificados em suas respectivas embalagens. As
marcas identificadoras podem incluir letras iniciais, números etc., para permitir ao perito que realiza a
coleta reconhecer, em data posterior, cada vestígio como aquele coletado na cena do fato.
- Preservação
Cada vestígio deve ser colocado em um recipiente ou invólucro adequado à natureza do material, tais
como sacos plásticos, envelopes de papel, caixas, etc., os quais necessitam ser corretamente
identificados, vedados e/ou lacrados.
A cadeia de custódia deve ser mantida, a partir desse momento, visando à idoneidade dos vestígios.
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8. Exame das vestes
Inclui:
. Observações importantes
É necessário encaminhar ao IML as vestes já examinadas e que não tenham mais informações a
serem extraídas.
Devem-se recolher as vestes que requeiram exames complementares, devendo os peritos médico-
legistas serem informados sobre isso, evitando-se divergências entre os laudos cadavérico e de exame
de local.
Referência Bibliográfica:
Toccheto, Domingos. Espindula, Alberi. Criminalística: Procedimentos e Metodologias. 3ª edição, São Paulo:
Millenium, 2015.
4
Fonte: http://www.politec.mt.gov.br/UserFiles/file/Documentos/POPS_DE_PERICIA_-_VERSAO_PARA_INTERNET.pdf
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1. ABREVIATURAS E SIGLAS
2. RESULTADOS
3. MATERIAL
Os materiais a seguir são os recomendados, podendo ser substituídos por similares. Recomenda-se
ainda que todo o material esteja organizado em maletas identificadas, que devem ser mantidas
organizadas e com os objetos listados abaixo em quantidade adequada à rotina da unidade de perícia.
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•Capa para chuva
•Computador portátil (notebook) ou similar
•Corda
•Detector de metais
•Dispositivo de armazenamento de dados (pendrive, cd, dvd, HD externo, etc.)
•Elástico
•Equipamentos de iluminação de local (holofotes, iluminadores, etc.)
•Escalas métricas
•Esparadrapos e papel filtro
•Etiquetas de papel autoadesivas
•Ferramentas de tamanhos diversos (pás, picaretas, alicates, etc)
•Fita plástica para isolamento de local
•Fitas adesivas
•Gesso, silicones ou similares para decalcar ou modelar vestígios
•Giz branco e colorido
•Grampeador
•Guarda-sol
•Lanterna
•Lupa
•Luzes e Lanternas Forenses (baterias reservas e carregadores)
•Máquina fotográfica digital e/ou filmadora, com o(s) respectivo(s) cartão(ões) de memória(s)
(cartões, baterias reservas e carregadores)
•Máscaras e óculos de proteção
•Paquímetro
•Pinças descartáveis ou descontaminadas
•Plaquetas com numeração para catalogação de vestígios
•Prancheta
•Reagentes para exame preliminar de drogas
•Stubs
•Swabs e porta-swabs
•Tesouras, estiletes, bisturis, etc.
•Testes presuntivos para detecção de sangue
•Trenas eletrônica e/ou mecânica
•Um tripé para a máquina fotográfica
4. PROCEDIMENTOS
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medidas coercitivas no sentido de impedir que pessoas estranhas adentrem ao local isolado (CPP, Art.
6º, inciso I).
•Definir as tarefas (perito criminal coordenador da equipe pericial).
•Verificar as condições de segurança do local (inclusive presença de explosivos, instabilidade das
estruturas, substâncias tóxicas e radioativas) acionando os órgãos competentes quando necessário.
• Escolher o tipo de padrão a ser utilizado na busca dos vestígios (espiral, por quadrantes, linha
cruzada, varredura, etc.).
• Antes de entrar no local de crime, certificar-se de estar usando a vestimenta adequada para a sua
proteção e dos vestígios.
•Em havendo corpo, verificar a ausência de sinais vitais.
•Para a coleta - dependendo da natureza dos vestígios (biológicos, informática, papiloscópicos, etc.)
- os componentes da equipe pericial farão uso de Procedimentos Operacionais Padrão específicos,
além do que consta no presente POP.
4.2.1. Do local
•Descrever o local e georreferenciá-Io (GPS).
•Verificar as condições topográficas, climáticas e de visibilidade no momento dos exames.
•Verificar a integridade das vias de acesso/obstáculos (portas, janelas, muros, cercas elétricas,
limites, etc.).
• Promover buscas com vistas a localizar eventuais sistemas de vigilância, de registros, interfones,
campainhas, etc.
• Efetuar fotografias panorâmicas e gerais. As fotografias externas preferencialmente devem ilustrar
as vistas gerais do local do crime, inclusive pontos de referências como placas de lotes, equipamentos
públicos, vias públicas, populares nas imediações, etc.
4.2.2.1. Vestígios
• Verificar as áreas, a fim de identificar sinais de lutas e outros vestígios relacionados com o fato
(alinhado, desalinhado, etc.).
• Determinar a posição relativa dos vestígios (levando em consideração os pontos fixos existentes no
local).
• Identificar, plotar, fotografar e descrever os vestígios para coletá-Ios adequadamente. Priorizar
vestígios temporários.
• As fotografias devem mostrar as características do local examinado, incluindo o isolamento, os
objetos ali existentes e a disposição dos vestígios encontrados.
•Numerar os vestígios de maneira a individualizá-Ios.
•A equipe pericial identificará, por meio de placas ou meios disponíveis, como marcações
alfanuméricas (números e/ou letras), os vestígios localizados a partir do reconhecimento visual.
• A coleta de material biológico será feita sempre com o uso de luvas novas e descartáveis, que serão
trocadas antes da manipulação de um novo vestígio.
• Tratando-se de uma mesma amostra, coletar material biológico com a utilização, se possível, de mais
de um swab (prova e contraprova), bem como acondicioná-Ios.
• Tratando-se de amostras coletadas em pontos diferentes, coletar material biológico com a utilização,
se possível, de mais de um swab por amostra (prova e contraprova), devendo ser acondicionadas
amostras diferentes em invólucros diferentes, de maneira a se evitar contaminações entre os vestígios.
• Solicitar e, se possível, coletar imagens disponíveis em sistemas de vigilância e armazenamento para
posteriores análises.
• O Perito Criminal deve sempre observar e zelar pela cadeia de custódia de todos os vestígios
recolhidos no local de crime, registrando em papel próprio os dados relativos à coleta, individualizando-
os e lacrando-os em embalagens adequadas à natureza do vestígio (caixas, sacos, embalagens, latas,
etc.) para serem encaminhados a outros exames.
• Examinar e coletar armas de fogo, bem como seus componentes e outros elementos balísticos,
tornando-as seguras (desmuniciando, retirando o carregador, etc.) antes de acondicionar e encaminhar
para outros exames.
• Projéteis devem ser coletados de forma a preservar as suas marcas índividualizadoras, por exemplo,
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com o uso de pinças plásticas.
•Periciar veículos que tenham relação com o evento, caso existam.
•Nos casos em que haja vestígios de fragmentos papiloscópicos, estes deverão ser fotografados e
plotados pela equipe pericial antes que seja realizado o decalque.
4.2.2.2. Cadáver
• Descrever e registrar a posição na qual os Peritos Criminais encontraram o cadáver (decúbitos dorsal,
lateral direito, lateral esquerdo, ventral, etc.).
• Fotografar o cadáver nas condições em que foi encontrado; a face, a título de identificação; as
características identificadoras artificiais, tais como tatuagens, piercinqs, esmaltes, etc.; os pertences e
objetos encontrados; as vestes e suas alterações; as lesões externas, antes e após a devida limpeza; e
outros vestígios existentes nos corpos. Todas as fotografias devem, preferencialmente, ser operadas em
diversos ângulos e em diferentes graus de aproximação (primeiramente sem e em seguida com o uso de
escala para o levantamento perinecroscópico).
•No caso de existir mais de um cadáver, numerá-Ios de maneira a individualizá-Ios.
•No exame perinecroscópico, descrever todas as características físicas do cadáver (pele, cabelo,
sinais identificadores, etc.), de suas vestes (tipo de tecido, cor, calçados, etc.) e dos pertences pessoais
(anéis, colares, pulseiras, etc.).
• Ao descrever as lesões, identificar a região anatômica envolvida, bem como, na medida do possível,
o meio, instrumento ou ação que a produziu,
•Coletar as vestes, caso julgue necessário, para a realização de outros exames.
•Começar o exame do cadáver, na posição em que se encontra, pela cabeça, em seguida os
membros superiores (primeiro o direito), tórax, abdome, membros inferiores (primeiro o direito).
•Descrever os sinais tanatolégicos observados.
•Em casos de morte com suspeita de utilização de arma de fogo, em não havendo coleta de material
para exame residuográfico no local, os Peritos Criminais deverão providenciar para que sejam
protegidas e preservadas as áreas anatômicas de interesse dos exames.
• Quando necessário, coletar material biológico com a utilização, se possível, de mais de um swab
(prova e contraprova), bem como acondicioná-los, atentando para que não se alterem as características
das lesões/feridas.
4.3. Recomendações
• Os resíduos gerados em virtude do levantamento de local de crime deverão ser acondicionados em
embalagens apropriadas ao seu descarte legal.
• Todo material biológico presente no local de crime deve ser considerado como potencialmente
infectante, portanto a equipe pericial deverá sempre utilizar equipamentos de proteção individual.
• As metodologias utilizadas em alguns procedimentos periciais são muito sensíveis, de modo que
alterações na cadeia de custódia, especificamente na coleta do vestígio, podem prejudicar os exames
posteriores. Assim, a equipe pericial deve observar as condutas técnicas adequadas à coleta e
manipulação de cada vestígio.
• Os componentes da equipe pericial devem evitar contatos com os envolvidos, acusados,
testemunhas, parentes, advogados, conhecidos, policiais não afetos à investigação, órgãos de imprensa
e outros.
• Para amostras biológicas, refrigerar as amostras coletadas com caixas térmicas contendo gelo
reciclável durante o transporte em viaturas. Na chegada à instituição pericial, colocar em uma geladeira
que garanta a refrigeração adequada até o devido encaminhamento. Se possível colocar os vestígios
(vestes) para secar em varais em cômodo limpo e dotado de ar-condicionado, restrito à circulação de
pessoas, ressaltando que tais varais ou serão descartáveis ou devem ser limpos a cada nova secagem
com o uso de hipoclorito de sódio.
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• Os vestígios coletados deverão ser encaminhados prontamente aos respectivos destinos para não
comprometer os resultados finais.
• Na medida do possível, os peritos criminais devem acompanhar o exame cadavérico e trocar
informações com o perito médico-legista, disponibilizando as fotos de local de crime para a pesquisa.
• Na descrição das regiões anatômicas sugere-se a utilização de duas terminologias simultaneamente,
a de domínio público, geral e aquela da nômina anatômica apresentada no Anexo II deste documento.
• Em superfícies (volantes de veículos, mesas, cartões, etc.) suspeitas de conter resíduos de cocaína,
realizar esfregaços para a coleta de resíduos. Para superfícies móveis, sempre que possível, o
suporte/objeto sobre o qual se encontra o vestígio será coletado na sua totalidade.
5. PONTOS CRÍTICOS
5.2. EPI
• A não utilização de equipamentos de proteção individual adequados, além de predispor o servidor à
contaminação por material biológico e outros, poderá contaminar o corpo de delito, comprometendo a
prova material.
31
1664933 E-book gerado especialmente para PLACIDO LOURENCO FERNANDES JUNIOR
6. ESTRUTURA BÁSICA DO LAUDO
6.1. Cabeçalho
(identificação da unidade pericial).
6.2. Preâmbulo
(informações acerca do laudo - título, data de elaboração, unidade, nome dos Peritos Criminais
designados e/ou da equipe pericial, nome da autoridade que designou, informações sobre a requisição,
quesitos, etc.).
6.3. Histórico
(relato breve do fato que originou a requisição - quando, como, quem, onde, o quê, etc.).
6.4. Objetivo
(são descritos os objetivos a serem buscados nos exames que devem estar alinhados com a requisição
da perícia).
6.5. Do local
(descrever os locais mediatos, imediatos e relacionados, atentando-se para a descrição do geral para
o particular).
6.7. Exames
(ações relacionadas ao levantamento de local, exames do cadáver e dos demais vestígios e, quando
cabível, a descrição da metodologia e dos equipamentos utilizados).
6.7.1 Do local
(descrever.).
6.7.2. Do cadáver
(fotografias, inclusive conforme artigo 164 do CPP).
6.7.2.1. Identificação
(descrever as características do cadáver - sexo, compleição, etc. - e, quando possível, fazer constar
sua identificação legal).
6.7.2.3. Posição
(descrever a posição do cadáver e de seus membros - decúbito ventral, dorsal, lateral, membros
inferiores, superiores, etc.).
6.7.2.4. Perinecroscopia
(descrição e fotografia das lesões/feridas e demais vestígios presentes no corpo).
6.7.2.5. Necroscopia
(quando o perito criminal julgar necessário, relatar nesse item as conclusões do Laudo Cadavérico ou
dos exames realizados no Instituto de Medicina Legal).
32
1664933 E-book gerado especialmente para PLACIDO LOURENCO FERNANDES JUNIOR
6.8. Considerações técnico-científicas
(informações técnicas e científicas que servirão de base para a análise e interpretação).
6.9. Discussão
(item destinado a assegurar afirmações subsidiadas nas análises e interpretações dos vestígios
constatados, bem como nos respectivos resultados de exames - afastando possibilidades capazes de
gerar afirmações contraditórias - que subsidiarão a conclusão. Neste item, os Peritos Criminais também
registrarão as alterações do estado das coisas e discutirão as consequências dessas alterações na
dinâmica dos fatos, conforme parágrafo único do artigo 169 do CPP).
6.12. Anexos
(fotografias, croquis, desenhos esquemáticos, diagramas, etc.).
Ressalte-se que as fotografias terão dimensões de, no mínimo, 9,5 cm por 14,05 cm (ou, no caso de
fotografias no formato retrato, 14,05 cm por 9,5 cm). Tais itens, descritos nos anexos podem compor o
corpo do Laudo.
7. REFERÊNCIAS
8. GLOSSÁRIO
33
1664933 E-book gerado especialmente para PLACIDO LOURENCO FERNANDES JUNIOR
Penal Brasileiro.
CROQUI: esboço do local submetido ao exame pericial, o qual contém, via de regra, um esboço do
local, os objetos e os vestígios constatados e porventura arrecadados para exames ulteriores ou
encaminhamento à repartição própria, bem como sua disposição, e, ainda, as anotações dos Peritos
Criminais relativas aos exames empreendidos ou a quaisquer coisas que eles julgarem de interesse.
Os exames nos locais de crimes contra o patrimônio empregam metodologias e técnicas semelhantes
para todas as suas modalidades. Evidentemente, alguns tipos de crimes requerem técnicas mais
específicas. Mas, de modo geral, os procedimentos a serem utilizados são os seguintes:
- Divisão da área a ser examinada, de forma a facilitar a constatação dos vestígios que estejam
dispersos no local;
- Verificação e anotações preliminares das condições gerais do local a ser examinado;
- Exame visual do local, inicialmente de forma geral, mas já adotando sentidos de visualização para
conhecer todo o ambiente a ser vistoriado, inclusive com registro fotográfico;
- Análise visual de cada vestígio constatado no local, com seu registro fotográfico;
- Coleta de vestígios e/ou amostras para exames complementares, tais como fragmentos de impressão
digital, manchas, instrumentos utilizados no crime etc.,
- Elaboração do laudo, com descrição minuciosa e estabelecimento do nexo causal entre ação do
agente, vestígio e instrumento.
Prancheta, papel (preferencialmente em formulário de croqui próprio para esse tipo de crime) e caneta;
- máquina fotográfica e respectivos jogos de lentes, acompanhadas de flash;
- maleta com material para coleta de impressões dígíto-papílares, incluindo pós-realçadores,
cianocrilato e luzes forenses;
- maleta com kit para coleta de moldes de pegadas e marcas de solado de sapato ou pneumáticos;
- embalagens plásticas, frascos e/ou recipientes portadores de etiqueta com o nome do órgão pericial
responsável, além de campos para a devida identificação da amostra coletada;
- lacres numerados para garantir a inviolabilidade das embalagens; esparadrapo de algodão para
coleta de material necessário ao exame residuográfico ou qualquer outro vestígio;
- lacres;
- lupa;
- trena de 5 e 100 metros; lanterna;
- luvas de nitrila e luvas plásticas reforçadas;
- material de proteção individual descartável (máscaras, aventais, macacões, toucas, Propé®, óculos).
. Qualificação dos peritos para realizar perícias em locais e instrumentos de crimes contra o
patrimônio
5
Tocchetto, Domingos, Espíndula, Alberi. Criminalística, Procedimentos e Metodologias, editora: Millennium, 3ª edição, 2016. Págs: 104-113.
34
1664933 E-book gerado especialmente para PLACIDO LOURENCO FERNANDES JUNIOR
. Outros dados técnicos
O exame de local de crime contra o patrimônio deve ser totalmente realizado pelos peritos criminais,
inclusive a pesquisa e coleta de impressões dígito papilares. O objetivo é garantir a idoneidade técnica
do conjunto dos vestígios examinados, a fim de que seja possível fornecer um diagnóstico completo da
perícia, a partir da análise interativa de todos os vestígios.
O responsável pela perícia deve ter em mente as alterações decorrentes da Lei n? 11.690, de 9 de
junho de 2008.
Este roteiro visa a facilitar o procedimento e a rotina pericial a serem desenvolvidos em locais de furto
qualificado, mas pode também ser aplicado em qualquer local relacionado a crimes contra o patrimônio.
Basicamente, os peritos criminais devem ter em mente os seguintes quesitos, ao realizarem o
levantamento de local:
a) natureza do local examinado
- Em se tratando de um prédio, relacioná-lo com a natureza da ocorrência e dar o endereço;
- Descrever sua utilização;
- Mostrar o projeto de construção (número de pavimentos, seu nível com relação à via pública);
- Destacar seu posicionamento junto aos vizinhos, ao terreno, ao alinhamento geral das construções;
- Estabelecer a delimitação física nos limites do terreno e junto ao passeio público;
- Descrever sua abrangência (área) e composição (dependências);
e) emprego de instrumento(s)
- Os vestígios indicavam o uso de instrumentos?
- Ainda que os vestígios não indicassem o uso de instrumentos, haveria necessidade deles para
realizar a abertura da via de acesso?
- Onde e para que teriam sido utilizados?
- Teriam sido utilizados à guisa de algum tipo de instrumento?
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1664933 E-book gerado especialmente para PLACIDO LOURENCO FERNANDES JUNIOR
- A pesquisa de fragmentos dígito-papilares resultou positiva?
- Onde foram colhidos? Por quem?
- Outros vestígios poderiam ajudar na identificação?
A investigação é válida e eficiente na medida que o laudo pericial é compreendido e assimilado, pois
tão importante quanto esclarecer um fato é transmiti-10 com precisão e compreensão. Portanto, a
credibilidade de um laudo está diretamente ligada ao seu desenvolvimento, clareza, precisão e coerência.
Como um laudo vai muito além de um documento pessoal, temos que utilizar formas convencionadas
de descrições, de palavras simples e eficientes, também se valendo de termos técnicos que possam
indicar com precisão o fato descrito. Lembrar-se de que a riqueza de detalhes na descrição é importante,
porém, sem tornar o relato rebuscado, prolixo ou cansativo.
Num laudo, ainda que de maneira simples, devemos seguir a exposição que melhor relate o fato, sendo
cada parte desenvolvida e fundamentada com a argumentação coerente, através dos dados fundamentais
para sua compreensão.
Poderíamos seguir a seguinte ordem:
1. Preâmbulo ou histórico;
2. Preliminares;
3. Objetivo da perícia ou quesitos;
4. Dos exames periciais;
5.Considerações técnicas ou discussão;
6. Conclusão e/ou respostas aos quesitos;
7. Fecho ou encerramento;
8. Anexos.
Preâmbulo ou histórico
Discriminar a data, a hora e o local em que for elaborado o laudo pericial, o nome do instituto e órgãos
superiores aos quais está subordinado, tipo de laudo, a data da requisição e/ou solicitação, nome da
autoridade que requisitou e/ou solicitou a perícia, nome do diretor e dos peritos signatários do laudo, bem
como o objetivo geral dos exames periciais.
Fazer, neste tópico, um pequeno histórico da requisição, bem como uma síntese do fato que originou
a requisição da perícia e as providências tomadas referentes ao fato, data da ocorrência. Informações
fornecidas por autoridades, funcionários e proprietários devem ser relatados neste item.
Preliminares
Neste tópico, o relator vai consignar as informações referentes à preservação e ao isolamento do local
e quaisquer outras alterações que forem relevantes ao caso, ou que prejudiquem o andamento dos
trabalhos periciais.
Nos casos de exames em peças, este tópico destina-se à consignação de qualquer fato conflitante
entre a requisição e o objeto de exame, tais como: número de peças, distinto do constante na requisição
(para mais ou para menos), peças que não estão discriminadas, objetivos do exame incompatíveis com
o tipo de peça a ser examinada, como por exemplo, a solicitação de levantamento da memória de
chamadas recebidas e efetuadas em carregadores de celulares; recentidade de disparo em facas etc.
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1664933 E-book gerado especialmente para PLACIDO LOURENCO FERNANDES JUNIOR
Dos exames periciais
Discriminar todas as técnicas e métodos empregados e os respectivos exames levados a efeito
naquela perícia. Em geral, nos exames periciais relacionados com crimes contra o patrimônio, não é
necessário o relato de técnicas e métodos. No entanto, é de bom alvitre consignar fontes bibliográficas,
informaçôes obtidas junto a fabricantes ou via internet.
Nos exames periciais, não é necessário que constem de forma explícita os subitens seguintes, mas
seu conteúdo deve, obrigatoriamente, integrar o texto relativo aos exames periciais:
- Do local: é o constituinte essencial do relato. A descrição deve ser metódica, objetiva, fiel, minuciosa,
clara, sintética de tudo o que foi observado. Quando os fatos forem variados, convém distribuí-los em
capítulos, conforme sua natureza e interdependência. Evitar informaçôes, discussôes, hipóteses,
diagnósticos e conclusões;
- Dos vestígios: é conveniente partir das indicações (referências) maiores para as menores
(detalhes). Descrever conforme a ordem de maior importância, como a acesso ao terreno, ao prédio, ao
cômodo, à gaveta etc. Aqui, também, devem ser relacionados e devidamente descritos todos os vestígios
constatados no exame pericial. É importante ater-se somente à descrição dos vestígios, deixando para o
tópico seguinte a respectiva análise e sua interpretação.
As técnicas ou métodos empregados devem sempre partir do mais geral para o particular, de exames
macroscópicos para exames microscópicos. Quando forem empregadas diversas técnicas na realização
de um determinado exame, é bom citá-Ias na ordem em que foram aplicadas.
Outras verificações
Neste tópico, devem ser consignados os exames realizados com as luzes forenses, justificando-se o
seu uso, o tipo de equipamento e os resultados obtidos.
Se os resultados forem positivos, os respectivos registros fotográficos também devem constar.
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Existem situações em que, apesar da existência de vestígios, mesmo analisando-os em seu conjunto,
não será possível chegar a uma definição quanto ao diagnóstico. Então, os peritos não poderão fazer
qualquer afirmativa conclusiva quanto ao fato, salientado que OS vestígios existentes são quantitativa e
qualitativamente insuficientes para se chegar a uma conclusão categórica.
Há, ainda, a situação na qual, através do seu exame ou de sua análise, não se observem vestígios
materiais capazes de fundamentar uma conclusão. Nesse caso, deverá constar no laudo que, face à
exiguidade de vestígios, não há elementos técnicos através dos quais possa ser fundamentada uma
conclusão categórica.
. Mesmo que não seja possível uma conclusão categórica numa determinada perícia, deverá constar
no laudo o tópico correspondente e nele ser informada a impossibilidade de conclusão, face aos motivos
que devem ser relacionados (exiguidade de vestígios, falta de preservação etc.), de forma clara e
explicativa; destarte, poderá ser levantada a causa mais provável.
Em não sendo possível concluir um laudo pericial, para auxiliar no contexto geral das investigações e,
posteriormente, à justiça, o perito deverá ter todo o cuidado, tanto no exame quanto no texto dessas
argumentações.
Em alguns casos concretos, os peritos terão condições de eliminar algumas possibilidades ou
hipóteses e, com isso, delimitarem o trabalho dos investigadores da polícia e, posteriormente, da justiça.
Isso, na verdade, é uma conclusão pela sua exclusão e, portanto, deve seguir o mesmo rigor técnico-
científico já mencionado.
Nota: o técnico-científico refere-se à técnica criminalística e o científico, às demais leis da ciência. O
perito poderá se valer, para as suas conclusões, de alguma técnica criminalística já consagrada, ou de
alguma lei da ciência de qualquer área do conhecimento científico, ou de ambas, de acordo com cada
situação.
Questões
03. (PC/SP - Auxiliar de Necropsia – VUNESP/2014). O local de crime pode ser classificado segundo
diversos critérios, dentre eles quanto à natureza da área, configurando- se como exemplo de local externo
(A) garagens.
(B) residências.
(C) lojas.
(D) apartamentos.
(E) estádio de futebol.
04. (PC/SP - Auxiliar de Necropsia – VUNESP/2014). Levantamento pericial de local de crime quanto
à região de ocorrência, referindo-se isto quanto à área de maior concentração de vestígios da ocorrência
do fato, é denominado de
(A) imediato.
(B) aberto.
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1664933 E-book gerado especialmente para PLACIDO LOURENCO FERNANDES JUNIOR
(C) interno.
(D) preservado.
(E) autônomo.
05. (PC/SP - Auxiliar de Necropsia – VUNESP/2014). Local de crime em que o cenário do evento
infracional e demais vestígios não foram alterados em nenhum dos seus aspectos é classificado como
(A) aliterado.
(B) violado.
(C) conspurcado.
(D) idôneo.
(E) inidôneo.
06. (PC/MG - Perito Criminal – FUMNARC). O estudo dos vestígios em um local de crime tem como
objetivo, EXCETO:
(A) estabelecer a dinâmica do evento.
(B) trabalhar para a identificação da vítima.
(C) reconstruir a cena do fato em apuração.
(D) demonstrar subjetivamente a existência do fato delituoso.
07. (IGP/RS - Auxiliar de Perícia – FDRH). Os levantamentos de locais de infrações penais, exigidos
pelo Código de Processo Penal, são
(A) o descritivo e o fotográfico.
(B) o fotográfico e o topográfico.
(C) o fotográfico e a perinecroscopia.
(D) o fotográfico e o desenho (esquemático) do local.
(E) o descritivo e o fototopográfico.
08. (IGP/RS - Auxiliar de Perícia – FDRH). Verificar se houve, ou não, infração penal, qualificá-la,
colher vestígios materiais, perenizar o estado dos locais e as posições relativas entre a vítima e os
vestígios e destes entre si são
(A) finalidades dos levantamentos dos locais.
(B) exames dos fenômenos cadavéricos.
(C) processos para determinar as áreas contíguas ao local do crime.
(D) processos para comprovar os depoimentos testemunhais.
(E) exames perinecroscópicos.
Respostas
01. Resposta: A
A preservação do local de crime e sua caracterização é um ponto de extrema relevância na demanda
persecutória criminal, onde, o Código de Processo Penal Brasileiro, em seu artigo 6º, inciso I, já
previamente citado, dispõe que logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade
policial deverá dirigir-se ao local, providenciando que não se alterem o estado e conservação das coisas,
até a chegada dos peritos criminais.
02. Resposta: E
São classificados em:
a. Internos;
b. Área Mediata Aberta;
c. Área Imediata Interna;
d. Externos;
e. Área Mediata Externa;
g Locais Relacionados.
03. Resposta: E
Ocorre em locais abertos, como por exemplo, a calçada, ruas e etc. Está exposto a intempéries (sol,
chuva, vento e etc.).
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1664933 E-book gerado especialmente para PLACIDO LOURENCO FERNANDES JUNIOR
04. Resposta: A
Área Imediata: é o local em que o crime, de fato ocorreu.
05. Resposta: D
É o local preservado, não houve nenhum tipo de violação e nenhum tipo de trânsito de pessoas ou
veículos pelo local delimitado, permanece imaculado.
06. Resposta: D
A alternativa está errada pelo fato da perícia não levar em conta o elemento subjetivo, mas sim
elementos concretos.
07. Resposta: A
São etapas compreendidas no levantamento pericial:
1. Procedimentos anteriores ao exame;
2. Procedimentos Preliminares;
3. Levantamento Descritivo do Local;
4. Levantamento Topográfico e confecção do croqui;
5. Levantamento fotográfico completo;
6. Coleta, identificação e preservação dos vestígios;
7. Exame completo do cadáver e das vestes;
8. Procedimentos finais e liberação do local;
9. Acompanhamento da necropsia no IML.
08. Resposta: A
A finalidade das técnicas é em verificar se houve, ou não, infração penal, qualificá-la, colher vestígios
materiais, perenizar o estado dos locais e as posições relativas entre a vítima e os vestígios.
4. Locais de morte: 4.1. Morte violenta. 4.2. Local de morte por arma de fogo. 4.3.
Local de morte por instrumentos contundentes, cortantes, perfurantes ou
mistos. 4.4. Local de morte provocada por asfixia.
Conceituação
Normalmente, o local de morte é chamado de local do crime. Mas, nem sempre o local de uma morte
é necessariamente o local de um crime.
Além das mortes criminosas, há também as mortes acidentais, naturais e oriundas de suicídios, e
nessas hipóteses não dá para se falar em crimes.
Segundo o ilustre doutrinador Odon Ramos Maranhão: A conceituação precisa ser ampla, pois ao
tempo do inquérito é possível que não se disponha de elementos para estabelecer clara distinção entre
crime, acidente, simulação e autolesões ou similares. Além disso, em certos casos pouco frequentes,
porém exequíveis, trata-se de crime impossível (provocar lesões mortais num cadáver, p. ex.).
Somente o estudo e análise cuidadosa dos indícios irá dizer se se trata de um homicídio, um suicídio,
um acidente, etc. Logo, só se irá falar de “crime” a posteriori.
O exame do local da morte, poderá ser denominado também de exame do local do fato, sugestão dada
por Genival Veloso de França, ou perinecroscopia, expressão utilizada por Oscar Freire.
O Código de Processo Penal determina no artigo 6º, inciso I, à autoridade policial, ante o pronto
conhecimento da ocorrência de uma infração penal, dirigir-se ao local, providenciando para que não se
altere o estado de conservação das coisas.
O perito deverá proceder ao exame minucioso e circunstância do local, referindo:
a) posição e situação do cadáver que deverão ser fotografados;
b) a distância em que o cadáver se encontra de elementos de ordem material relacionados com o
evento, como a arma de fogo, o agente contundente ativo, a impressão deixada pela marca do projétil,
as manchas de sangue etc;
c) a presença de pegadas, impressão digital, vestígios de luta etc.
O local de morte, para perícia, tanto poderá ser interno ou fechado (quarto, banheiro, sala etc), ou
externo ou aberto (estrada, campos, matas).
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Assim, a preservação do local, a elaboração das perícias através dos laudos periciais e a descrição
minuciosa daquilo que foi observado podem representar a chave conclusiva de casos aparentemente sem
solução.
Geralmente o laudo vem instruído com fotos, facilitando o titular da futura ação penal quanto a
visualização do local tal como foi encontrado.
Em síntese, vislumbra-se que os peritos criminais têm atribuição para exame do local e instrumentos
do crime, devendo efetuar o exame perinecroscópico para orientação de seus trabalhos, fotografando o
corpo na posição em que for encontrado, bem como todas as lesões externas e vestígios deixados no
local do crime, em obediência ao art. 164 do Código de Processo Penal.
Cabe destacar aqui que não deve ser confundido o exame perinecroscópico com a necropsia, que é
realizado por médico legista e exame do corpo em seu exterior e interior.
Exame de Local
É a fase que precede o levantamento. Pode ser encontrado protegido ou não, deve ser
cuidadosamente e minuciosamente examinado, pois os vestígios e indícios aparentemente inúteis
poderão constituir-se em fator de sucesso determinante para elucidação do crime.
Exame de Local: Local é área onde se deu o fato, que tenha deixado vestígios, tecnicamente,
conduzem a descoberta do autor; Le Moyne Snyder acha que, “se uma investigação sobre homicídio
terminar em fracasso, a causa é o exame inadequado do local”; Outros opinam serem os primeiros
minutos de investigação em um local, decisivo para a determinação, com segurança, de êxito ou fracasso
da investigação.
O exame de um local de morte qualquer se divide em duas etapas: o exame do local propriamente
dito e os exames laboratoriais.
Aspectos a serem observados no local
- Não violado e devidamente protegido;
- Violado, alterado ou modificado, depois da ação criminosa;
Outro, que além da área propriamente dita, se completa com outros com os quais tenham conexão.
No primeiro caso são chamados de idôneos; no segundo caso inidôneos; no terceiro caso
relacionados.
Morte Natural
É aquela que sobrevém motivada amiúde por causas patológicas ou por grave malformação,
incompatível com a vida extrauterina prolongada.
Um dos objetivos principais da Tanatologia médico legal é estabelecer o diagnóstico da causa jurídica
de morte na busca de determinar as hipóteses de homicídio, suicídio ou acidente. A violência do latim
violentia e vis, força, é um fenômeno no qual interveio a força externa como causa desencadeante.
Cada uma destas mortes que se atribuem a homicídio, suicídio ou acidentes apresenta
particularidades, embora, por vezes, seja difícil estabelecer diferença precisa entre formas próximas. As
características das lesões nem sempre permitem distinção clara entre as diferentes naturezas jurídicas.
1) Homicídio: É a morte voluntária (dolosa) ou involuntária (culposa) de alguém realizada por outrem.
À lei não importa seja a vítima monstro, inviável, demente, incapaz, agonizante; exige-se, naturalmente,
que esteja viva ao sofrer por parte do agente a agressão homicida, pois o objeto jurídico que a lei tutela
é a vida, bem inestimável inerente ao homem, quaisquer que sejam suas condições biopsíquicas,
transitórias (vida intrauterina), momentâneas (sono) ou permanentes (idade, sexo, raça, inteligência etc),
independentemente de suas condições jurídicas.
Causas principais do homicídio:
- fase aguda da embriaguez;
- as questões passionais,
- a doença mental e as anormalidades psíquicas;
- o jogo;
- a vingança;
- a política;
- a religião;
- a miséria e a marginalidade.
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Ação pericial: No homicídio doloso o perito esclarecerá à justiça:
- o nexo causal entre a agressão alegada e o evento morte;
- qual o meio empregado;
- o estado mental do homicida;
- sua periculosidade;
- se se trata de embriaguez fortuita ou preordenada;
- se foi cometido mediante emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso
ou cruel;
- se foi cometido sob violenta emoção;
- a idade do agente;
2) Suicídio: (sui. a si próprio; caedere. cortar, matar). É a deserção voluntária da própria vida; é a
morte, por vontade e sem constrangimento, de si próprio.
A conceituação dessa modalidade jurídica de morte exige dois elementos: um, subjetivo, o desejo de
morrer; outro, objetivo, o resultado morte. Exclui-se do conceito de suicídio os que morreram no
cumprimento do dever.
Embora o suicídio não seja ato ilícito, o art. 122 do CP pune o induzimento, a instigação ou o auxílio
físico, material ou moral, mesmo por motivos altruísticos, para que o potencialmente suicida realize seu
intento.
Os suicidas podem ser considerados impulsivos - nos quais influi uma explosão do momento – ou
premeditados - em que agem a sugestão, o temperamento e a vaidade.
3) Morte acidental:É a causa jurídica da morte representada por acidentes aeroviários, ferroviários,
marítimos e, em sua maioria, pelo tráfego, pela velocidade dos veículos, pelo despreparo psicológico dos
motoristas ou pelo estado de embriaguez, pela imprevidência e imprudência dos pedestres, pelo
obsoletismo de algumas estradas, pela deficiência no policiamento rodoviário, pelas ruas estreitas e mal
iluminadas.
Obs.: Diagnóstico diferencial da causa jurídica da morte consoante o meio empregado:
- lesões por instrumentos cortantes: comuns no suicídio e no homicídio e só excepcionalmente no
acidente;
- lesões por instrumentos contundentes: comuns no homicídio, suicídio e acidentes;
- lesões por instrumentos corto-contundentes: comuns nos casos de homicídio e, excepcionalmente,
nos acidentes;
- lesões por instrumentos perfurantes: comuns em homicídios e raras em suicídios e acidentes;
- lesões por instrumentos perfuro cortantes: comuns em homicídio e raros em suicídios e acidentes;
- lesões por instrumentos perfuro contundentes: comuns em homicídio e suicídio e raras em casos de
morte acidental;
- esmagamentos: comuns nos acidentes;
- precipitação: comum no suicídio e no homicídio; só raramente é acidental;
- enforcamento: comum em casos de suicídio e raro no homicídio; é rarissimamente acidental;
- estrangulamento: comum em casos de homicídio, é excepcional no suicídio e nos acidentes;
- sufocação: comum nos acidentes e no suicídio é raro em homicídios;
- afogamento: comum nos acidentes e suicídio é raro em homicídios;
- envenenamento: comum em casos de suicídio é menos frequente no homicídio e acidente.
Em locais que ocorreram disparos de arma de fogo (DIAF) contra imóveis, a presença da Polícia Civil
ou autoridade, limita-se aos casos de maior repercussão. O isolamento e preservação do local até que
os peritos cheguem ao local do crime, compete aos policiais militares.
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Contudo, o aumento da quantidade de locais de DAF, somados as questões técnicas, que são a
luminosidade e extensão da cena do crime, além de hipóteses de ordem operacional.
Nesses tipos de locais são solicitados mais de um atendimento no mesmo momento, forçando o corpo
pericial do plantão do DC a constituir prioridades de atendimento. O atendimento de morte tem prioridade
quando comparado aos locais de DAF, dessa maneira, o DAF pode ser atendido no dia seguinte ou três
dias após a solicitação.
Desta maneira, a manutenção de policiais militares isolando o local, além de se tornar uma tarefa difícil,
exclui estes profissionais do policiamento ostensivo. O policial orienta para que o local do crime fique
preservado.
Em caso de disparo de arma de fogo contra um veículo, este será levado ao Depósitos de Veículos
Apreendidos (DVA) ou para os pátios das Delegacias de Polícia do Estado, ficando retido até que a perícia
seja feita.
O atendimento, quando o veículo é recolhido para um depósito da Capital ou da região metropolitana,
é feito pelas equipes do plantão do DC, seguindo os mesmos critérios para os atendimentos aos locais
de DAF em imóveis.
O isolamento, nos caso de veículos, compete aos funcionários do DVA ou dos policiais de plantão da
delegacia em cujo pátio o veículo está retido.
Alguns veículos atingidos por DAF, notadamente na Capital e na região metropolitana, ficam sob a
guarda de seus proprietários, os quais deverão conduzi-los até o Departamento de Criminalística, a fim
de ser efetuada a perícia. Nestes casos, o proprietário deverá apresentar um ofício de encaminhamento
do veículo, expedido pela delegacia solicitante, no qual a autoridade policial, se achar apropriada, poderá
formular quesitos aos peritos. Este tipo de atendimento é realizado pelo DC exclusivamente no horário de
expediente.
Antes de tratarmos sobre cada um desses instrumentos, façamos uma breve classificação sobre cada
instrumento. Os instrumentos cortantes; perfurantes e os contundentes são classificados em agentes
mecânicos externos simples.
Por sua vez, os instrumentos cortocontundentes, perfurocontundentes e os perfurocortantes são
classificados em agentes mecânicos externos compostos ou mistos.
Instrumentos cortantes São instrumentos leves e fáceis de manipular, que todos podem ter acesso.
É necessário que seja leve e afiado para que não cause contusão.
Ex. Lâmina de barbear, faca, bisturi, canivete, lâmina de cortar papel, tesoura aberta, vidro de garrafa
quebrada, cerol. Há que se falar em ponta neste tipo de instrumento.
Para que o agressor produza uma lesão cortante é preciso apenas o uso do gume, devendo ter
pressão, deslizamento ou pressão.
- Quando atua de maneira perpendicular, a ferida é incisa. O médico ao usar o bisturi produz a ferida
chamada de incisão;
- Ao atuar de maneira oblíqua, extraindo um retalho, produzirá ferida incisa com retalho;
- Se o instrumento tira do corpo uma parte pendente, haverá uma ferida incisa mutilante (caso da
pessoa que fica sem mão, braço e dedo).
Nosso corpo é formado por três cavidades (crânio, tórax e abdômen), se tirarmos as cavidades, sobram
os apêndices (membros inferiores/abdominais, pés, artêlios, membros superior/torácicos).
- Se o instrumento atua na parte anterior (parte frontal) do pescoço, temos o esgorjamento, que é a
ferida mais comum;
- Quando o instrumento atua na nuca, temos a ferida incisa;
- Quando se separa a cabeça do corpo, temos a decapitação ou degolação.
Características da ferida:
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- por serem muitos leves e afiados, a borda das feridas é muito lisa e nítida. Porém existe uma exceção,
que ocorre nos locais onde fique a sobra de pele, pois ela traz um zigue-zague. Ao aparecer um zigue-
zaque na borda da lesão, temos que observar a região da lesão e observar a descrição do laudo para
apurar se a lâmina não está quebrada;
- afastamento de bordas;
- cauda de entrada mais profunda que a cauda de saída. A ferida incisa apresenta cauda de entrada e
cauda de saída que informam a direção do golpe.
Ao se utilizar uma tesoura, como instrumento cortante, ela inicia com uma forma de V.
Instrumento perfurante É o instrumento que vai perfurar, colocar a ponta em contato com o que se
visa perfurar, pode ser um golpe, perfuração.
Apresenta haste fina e inócua. Ao entrar na vítima no corpo da pessoa, afastam as fibras dos tecidos
(não corta). A ferida punctória só irá sangrar se entrar e ferir a parede de um vaso sanguíneo.
Como afasta as fibras dos tecidos e elas são alongadas, a ferida não é redonda, será alongada
dependendo da parte do corpo.
Em feridas produzidas por instrumentos perfurantes, os instrumentos não dão a sua forma à ferida. As
feridas punctórias não lembram os instrumentos, apenas o tipo de fibra de determinada região do corpo.
As lesões produzidas pelos instrumentos perfurantes são as feridas punctórias, que podem ser
superficiais, penetrantes, empalação.
As feridas punctórias penetrantes ocorrem quando atinge uma das cavidades, haverá uma ferida
penetrante cavitárias (perfurou no crânio, tórax ou abdômen). Se atravessa o alvo, temos uma ferida
punctória penetrante cavitária transfixante. Caso atravesse o alvo e ester fora da cavidade, temos uma
ferida punctória penetrante não cavitária transfixante (ex. Ferida causada no lóbulo para colocar o brinco).
A ferida conhecida como empalação é aquela que ocorre quando o instrumento perfurante é
introduzido no ânus, períneo e vagina. A ferida produzida no ouvido é a trepanação.
Contusões em geral:
a. Eritema – é lesão leve (enquadrada no direito penal como vias de fato) que impossibilita o exame
de corpo de delito, pois desparece com facilidade. O eritema é o afluxo de sangue na região traumatizada.
São as marcas roxas que ocorrem com bofetões.
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b. Edema – é uma lesão mais grave. Na região traumatizada, a parede dos vasos sanguíneos, fica
pressionada, permitindo que a parte líquida do sangue saia. O plasma do sangue, ao sair dos vasos, fica
no local da região traumatizada, não apresenta cor no local. É um soco, por ser mais forte que os bofetões.
c. Equimose – arrebentamento da parede dos vasos com saída do sangue e infiltração do sangue nas
malhas do tecido. Tem cor, mas não tem volume.
d. Hematoma – arrebentamento da parede dos vasos; saída do sangue dos vasos e infiltração do
sangue nas malhas do tecido, o sangue fica coagulado e tem cor e volume.
e. Bossa linfática – quando o edema é produzido no couro cabeludo. É lesão periférica/externa.
g. Bossa sanguínea – equimose e hematoma causados no couro cabeludo.
Quando a lesão não fica no couro cabeludo, temos edema cerebral/equimose cerebral/hematoma
cerebral: traumatismo crânio cerebral (tanto faz se é edema, equimose ou hematoma. Qualquer um deles
é traumatismo crânio-encefálico).
Essas feridas devem ter pelo menos 3 cm de diâmetro, no começo vai ficar vermelho intenso, entre o
3º e 6º dias fica azulado e do 7º ao 12º dia fica esverdeada, ficando amarelada do 13º ao 20º dia.
A ferida lacerocontusa é aquela lesão que advém em decorrência de uma contusão extremamente
intensa. Aumenta-se tanto que não houve apenas ruptura, mas sim, arrebenta-se os tegumentos.
São feridas irregulares (obtusas); possui infiltração sanguínea; no meio da lesão temos falta de tecido;
mortificação de tecido (precisará da cicatrização por segunda intenção).
É produzida por instrumento contundente redondo, se for instrumento redondo no lugar de osso
arredondado, será produzida uma ferida linear.
A ferida lacerocontusa por compressão ou tração é uma ferida irregular muito machucada, com
infiltração sanguínea e com perda de tecido, cuja cicatrização se dá por segundo plano. A ferida
lacerocontusa por arrebentamento é linear/lisa, parecida com à ferida incisa, porém apresentando sinais
de contusão, como hematomas e equimoses.
A luxação é a perda da relação articular normal. Atualmente está se tornando uma lesão corporal de
natureza grave.
A entorse também ocorre na articulação e pode arrebentar os ligamentos. Ocorre nas articulações
quando o osso da articulação tem um movimento muito extenso, atingindo os ligamentos.
As fraturas se dão por compreensão, flexão ou torção.
A Flexão são duas forças contusivas forçando o osso a vergar.
Torção é quando uma extremidade está presa e a outra parte é obrigada a virar (ocorre nos ossos
longos).
Ruptura de órgãos internos: ocorre nos casos de grandes contusões (grandes quedas; grandes
compressões; grandes velocidades).
Quando um corpo cai de lugares altos, o corpo ganha velocidade, da mesma maneira que os órgãos.
Devido a isso, haverá ruptura de órgãos internos, pois estes órgãos bateram na parte interna do corpo,
arrebentando, sem que ocorra a ruptura da parede abdominal.
Se houver o rompimento da parede abdominal, o perito deve saber se existiu ruptura de órgãos de fora
para dentro ou de dentro para fora.
Se ocorrer esquírola óssea – o osso pode ter várias fraturas em si. Os pequenos pedaços do osso
entram nos órgãos, rompendo-os.
As escoriações tem sete túnicas bem finas e a última camada é formada por células epiletais que
confere renovação contínua da pele. Após essa última túnica tem início a segunda parte da pelo,
composta por duas túnicas.
Na epiderme não há circulação vermelha. Ao ferimos esta epiderme, mesmo em qualquer dessas sete
túnicas, não existirá sangramento, pois só temos a circulação branca (circulação linfática).
Na derme, que é a segunda parte da nossa pele, temos os primeiros vasos capilares.
Escoriações no vivo:
Depois de 24 horas, a linfa seca, formando uma crosta serosa, para pigmentar novamente a pelé.
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Locais de morte provoca por asfixia
As mortes provocadas por asfixia se dão quando ocorre sulco no pescoço, de modo que sua
caracterização demonstrará se é caso de enforcamento, esganadura, estrangulamento.
Asfixias provocadas por constrição do pescoço
As asfixias causadas por enforcamento, estrangulamento ou esganadura, são encontradas lesões
cutâneas características no pescoço da vítima, que permitem individualizar o modo da morte. Essas
marcas podem ser produzidas pelo agente causador (sulcos, equimoses) como pela própria vítima
(marcas ungueais), ao tentar se libertar.
Luxações e fraturas nas vértebras cervicais não aparecem muito nos casos de enforcamento, e são
extremamente raras nos casos de estrangulamento e esganadura. Quando o estrangulamento se
processa com a utilização do antebraço do homicida (golpe vulgarmente conhecido como “gravata”)
podem ser constatadas escoriações e contusões no topo dos ombros da vítima.
Em alguns casos, entretanto, os achados necroscópicos externos podem ser muito tênues, dificultando
o diagnóstico das asfixias por constrição do pescoço. Em muitos casos as lesões não aparentes no dia
da morte podem aparecer no dia posterior, quando a pele começa a ressecar e ganhar maior
transparência.
Tipos de asfixias
Enforcamento: via de regra, ocorre de cima para baixo, é único, oblíquo e se interrompe com o nível
do nó, que se produz com concentração da força e mantém a constrição. Nos casos em que o instrumento
constritor tem menor espessura, os sulcos se tornam mais profundos.
Os enforcados estão no polo ativo, na grande parte dos casos, pois é considerado de etiologia suicida.
Alguns caracteres são encontrados como, presença de fezes, urina e líquido semianal. Quando em
fase de agonia, constata-se processos convulsivos.
Os que se suicidam dessa forma, apresentam contusões nos cotovelos, joelhos e partes mais altas do
rosto, como queixo, nariz, em virtude da sua localização, já que há uma irregularidade de localização.
Esganadura: “nos casos de esganadura não aparecem sinais externos de compressão, como sulcos,
mas são observadas no pescoço escoriações e esquimoses produzidas pela pressão violenta dos dedos
e unhas, na face anterior e nas laterais. Nesses casos, o exame minucioso do cadáver é fundamental
pois as lesões podem ser discretas.” 6
Estrangulamento: o sulco pode ou não ser único, sendo na maioria das vezes feito de modo horizontal
em relação ao pescoço ou oblíquo, não apresentando-se com interrupções.
Ocorre em grande parte, nos casos de homicídio.
Diz respeito ao bloqueio da passagem de ar nas vias aéreas, tanto pela obstrução mecânica de
segmentos da árvore respiratória, como pelo impedimento da expansão toráxica.
A sufocação direta pode ocorrer da oclusão da boca e narinas da vítima ou obstrução da traqueia e
brônquios. Em caso de bloqueio dos orifícios respiratórios com almofadas e travesseiros que é o caso da
primeira oclusão citada, os sinais de agressão são pequenos, porém se o homicida utilizar de suas mãos
para comprimir a boca e o nariz da vítima, poderão ser notadas contusões no nariz e lábios do cadáver.
A sufocação indireta, por sua vez, ocorre quando há casos de acidentes em veículos, onde as
pessoas ficam presas às ferragens ou em casos de quedas com posicionamento inadequado do corpo, o
que impede os movimentos respiratórios.
6 Domingos Toccheto e Alberi Espindula, Criminalísitica: Procedimentos e Metodologias, 3ª edição, editora Millennium, 2015, página 25.
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Referência Bibliográfica
Domingos Toccheto e Alberi Espindula, Criminalísitica: Procedimentos e Metodologias, 3ª edição, editora Millennium, 2015.
Questões
01. (FUNCAB - PC-RO - Delegado de Polícia). Assinale a afirmativa INCORRETA com respeito às
asfixias.
(A) Por constrição do pescoço pelas mãos: estrangulamento.
(B) Em ambientes por gases irrespiráveis: confinamento, asfixia por monóxido de carbono e asfixia por
outros vícios de ambiente.
(C) Por constrição passiva do pescoço, exercida pelo peso do corpo: enforcamento.
(D) Por obstrução dos orifícios ou condutos respiratórios: sufocações diretas ou indiretas.
(E) Por transformação do meio gasoso em meio líquido: afogamento.
02. (FUNCAB - PC-RO - Médico Legista). O sinal de Lichtenberg é uma característica que pode ser
encontrada nas mortes por:
(A) asfixia.
(B) afogamento.
(C) eletroplessão.
(D) soterramento.
(E) fulminação.
03. (UEP/Odonto-legista/PC-PIAUI). Em relação aos traumatismos cranianos, eles podem ser abertos
e fechados. As fraturas cranianas em mapa mundi, provocadas pela queda de um tijolo, por exemplo, são
causadas por quais instrumentos?
(A) Perfurocortantes.
(B) Contundentes.
(C) Cortantes.
(D) Perfurantes.
(E) Perfurocontundentes.
05. (ACADEPOL/ESCRIVÃO PCMG). Diante de uma ferida linear, com regularidade de suas bordas,
associada a abundante hemorragia, predominância do comprimento sobre a profundidade e
apresentando cauda de escoriação, pode-se afirmar que a lesão foi produzida por instrumento:
(A) Cortocontundente.
(B) Contundente.
(C) Perfurante.
(D) Cortante.
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(A) rubefação, edema traumático, bossas linfáticas e sanguíneas, rotura visceral e esmagamento.
(B) escoriação, rubefação, hematoma, equimose e esmagamento.
(C) escoriação, rubefação, edema traumático, bossas linfáticas e sanguíneas, equimose e
esmagamento.
(D) escoriações, rubefação, edema traumático, bossas linfáticas e sanguíneas, hematoma e equimose.
(E) escoriações, rubefação, edema traumático, bossas linfáticas e sanguíneas, hematoma, equimose
e esmagamento
Gabarito
5. Cadeia de Custódia: 5.1. Conceitos. 5.2. Etapas. 5.3. Fase Interna. 5.4. Fase
Externa. 5.5. Rastreabilidade.
A cadeia de custódia contribui para manter e documentar a história cronológica da evidência, para
rastrear a posse e o manuseio da amostra a partir do preparo do recipiente coletor, da coleta, do
transporte, do recebimento, da análise e do armazenamento. Inclui toda a sequência de posse.
Na área forense, todas as amostras são recebidas como evidências. São analisadas e o seu resultado
é apresentado na forma de laudo para ser utilizado na persecução penal. As amostras devem ser
manuseadas de forma cautelosa, para tentar evitar futuras alegações de adulteração ou má conduta que
possam comprometer as decisões relacionadas ao caso em questão. O detalhamento dos procedimentos
deve ser minucioso, para tornar o procedimento robusto e confiável, deixando o laudo técnico produzido,
com teor irrefutável. A sequência dos fatos é essencial: quem manuseou, como manuseou, onde o
vestígio foi obtido, como armazenou-se, por que manuseou-se.
O fato de assegurar a memória de todas as fases do processo constitui um protocolo legal que
possibilita garantir a idoneidade do caminho que a amostra percorreu.
Segundo CHASIN, a cadeia de custódia se divide em externa e interna:
- a fase externa: seria o transporte do local de coleta até a chegada ao laboratório.
- a fase interna: refere-se ao procedimento interno no laboratório, até o descarte das amostras.
Ainda, o doutrinador WATSON descreve a cadeia de custódia como o processo pelo qual as provas
estão sempre sob o cuidado de um indivíduo conhecido e acompanhado de um documento assinado pelo
seu responsável, naquele momento.
“Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá:
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até
a chegada dos peritos criminais;
II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais;
III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias;”
O CPP cita que a autoridade policial deve garantir a conservação da cena do crime, manipular indícios
do local do fato, portanto a garantia da robustez da investigação se inicia neste momento. Todos os
elementos que darão origem às provas periciais ou documentais requerem cuidados para resguardar a
sua idoneidade ao longo de todo o processo de investigação e trâmite judicial.
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"nas perícias de laboratório, os peritos guardarão material suficiente para a eventualidade de nova
perícia. Sempre que conveniente, os laudos serão ilustrados com provas fotográficas, ou
microfotográficas, desenhos ou esquemas".
O fato de a Lei exigir a guarda de amostra do material analisado garante ao investigado a possibilidade
de contestação e defesa.
“Art. 159, §5º, do CPP: Durante o curso do processo judicial, é permitido às partes, quanto à perícia:
I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para responderem a quesitos, desde
que o mandado de intimação e os quesitos ou questões a serem esclarecidas sejam encaminhados com
antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as respostas em laudo complementar;
II – indicar assistentes técnicos que poderão apresentar pareceres em prazo a ser fixado pelo juiz ou
ser inquiridos em audiência.
§ 6º Havendo requerimento das partes, o material probatório que serviu de base à perícia será
disponibilizado no ambiente do órgão oficial, que manterá sempre sua guarda, e na presença de perito
oficial, para exame pelos assistentes, salvo se for impossível a sua conservação.”
Com o advento da Lei nº 11.690, de 2008, que alterou o Código de Processo Penal, a figura do
assistente técnico se tornou em um típico fiscalizador das partes. A função é de acompanhar a perícia
oficial, apresentar sugestões, opinar sobre o laudo do perito nomeado, apresentar as hipóteses possíveis,
desde que técnica e juridicamente plausíveis.
Outra demonstração da necessidade de se estabelecer a cadeia de custódia na análise de vestígios
seria no procedimento de busca e apreensão realizado pela autoridade policial e seus agente. Da mesma
forma, o modo como encontraram-se os objetos, a manipulação e armazenagem são questionamentos a
serem utilizados pela defesa, no intuito de enfraquecer as provas produzidas.
Percebe-se que a cadeia de custódia não é exclusividade do perito criminal, mas sim de todos os
envolvidos na localização e produção de provas: delegados, agentes, escrivães, papiloscopistas.
Questões
02. (IGP/RS - Perito Criminal – FDRH). O que torna obrigatórios o isolamento e a custódia de locais
de crime pela autoridade policial?
(A) A tradição das análises criminalísticas.
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(B) As condições adversas do trabalho pericial.
(C) A necessidade de remover o cadáver com urgência.
(D) As exigências de normas do Código de Processo Penal.
(E) O resguardo da segurança dos populares.
Gabarito
01.B/ 02.D.
Comentários
01. Resposta: B
Segundo CHASIN, a cadeia de custódia se divide em externa e interna:
- a fase externa: seria o transporte do local de coleta até a chegada ao laboratório.
- a fase interna: refere-se ao procedimento interno no laboratório, até o descarte das amostras.
02. Resposta: D
Dispõe o art. 6º, do CPP: “Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade
policial deverá:
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até
a chegada dos peritos criminais;
II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais;
III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias;”
INDÍCIOS E VESTÍGIO
Ao falarmos em indícios e vestígios, não há uma denominação concisa sobre sua relação com a prova,
tendo em vista que os civilistas adotam o termo presunções, enquanto os criminalistas usam a expressão
indícios.
Portanto, para diferenciá-los vale ressaltar a diferença entre ambos
Indício
É toda circunstância provada e conhecida, a partir da qual, por raciocínio lógico, pelo método indutivo,
em que se obtém a conclusão sobre um fato.
O indício possui natureza jurídica de provas, por mais que muitos doutrinadores contestem e discordem
desse ponto de vista, uma vez que o legislador assim o enquadrou na legislação penal. Nada mais é do
que uma prova indireta, de modo que é obtida através do raciocínio lógico.
Art. 239. Considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo relação com o fato,
autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias.
Todo indício tem relação com a sua colocação no tempo, geralmente diz respeito ao passado, não se
refere a um termo futuro. Os indícios pesam-se e não se contam.
Ao tratarmos da perícia, os indícios das marcas materiais do delito podem identificar o meio, tempo,
lugar e autoria da infração.
Vestígio
É qualquer marca, traço, rastro, mancha, sinal considerada de modo impreciso. De forma abrangente,
tudo que puder ser encontrado no local do fato e que pode ou não ter relação com a natureza jurídica do
evento ou vier a ser utilizado como meio de prova.
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Presunções
São os julgamentos, as opiniões pessoais, convicções ou suspeitas são baseadas nos indícios,
vestígios e circunstâncias.
Podemos considerar como presunção de um assassinato, a arma no local do crime, sinais de sangue
pelo chão.
Os vestígios e indícios materiais podem ser organizados de acordo com alguns critérios. Trata-se de
divisão exemplificativa, pois vários são os vestígios e indícios, aqui abordaremos os mais comuns:
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Questões
01. (SEGPLAN/GO - Perito Criminal – FUNIVERSA). Quanto à maneira como os vestígios são
percebidos (percepção dos vestígios) na cena do crime, assinale a alternativa correta.
(A) Podem ser classificados como vestígios latentes, materiais, de forma, de impressão, de situação e
relativos.
(B) Os vestígios relativos são aqueles que só podem ser percebidos após serem revelados, como, por
exemplo, a impressão digital em um vidro de um carro ou a imagem contida em um filme fotográfico.
(C) Vestígios que podem ser percebidos diretamente e ainda guardam uma relação direta com o fato
em análise são classificados como absolutos.
(D) Vestígios de impressão podem ser reproduzidos, de forma quase idêntica, pelo instrumento que o
produziu, tendo como exemplo as impressões de pneus ou de calçados e das estrias e microestrias nas
superfícies de projetis de arma de fogo.
(E) Classificam-se como vestígios de situação aqueles de geração espontânea, como o formato
deixado por uma mancha de sangue quando cai de determinada altura, ou ainda quando o corpo está em
movimento; trata-se de um tipo de vestígio relativo.
03. Dos itens abaixo, qual deles não faz parte dos tipos de vestígios:
(A) Vestígio verdadeiro
(B) Vestígio independente
(C) Vestígio forjado
(D) Vestígio ilusório
Gabarito
7. Levantamento papiloscópico.
Quiroscopia
É o processo de identificação humana por meio das impressões da palma da mão, classificada em
três regiões: tênar, hipotênar e superior.
Podoscopia
É o processo de identificação humana através das impressões das solas dos pés. Esse tipo é mais
utilizado em maternidades, na identificação de recém nascidos.
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Datiloscopia
E, por fim, o sistema datiloscópico, criado em 1891 por Juan Vucetich, o qual estudava as impressões
digitais ou vestígios deixados pelas polpas dos dedos em objetos ou quaisquer outros lugares em
que fosse possível observar tal sinal.
O sistema datiloscópico de Vucetich foi introduzido na medicina legal brasileira por volta de 1903,
representando uma verdadeira mudança nos métodos de identificação, ante sua praticidade,
simplicidade, eficiência e segurança nos resultados.
A eficiência do sistema datiloscópico está intimamente ligada a três fundamentais características:
a) Perenidade: os desenhos formados nas polpas dos dedos são formados no sexto mês de vida ultra
uterina e perduram até a destruição do ser humano.
b) Imutabilidade: mesmo diante de queimaduras ou cortes, as cristas papilares não desaparecem, se
regenerando sem apresentar qualquer mudança em sua forma.
c) Variedade: o desenho da polpa dos dedos é diferente em cada ser humano. Até hoje não foram
encontradas duas impressões idênticas.
Tais características foram apresentadas por Edmond Locard.
No tocante a terceira característica, variedade, há quem diga não tratar-se de uma característica
verdadeira. Ainda que não tenha sido encontrada uma crista papilar semelhante a outra, existem autores
que dizem não haver base cientifica para que assim se afirme, sendo os desenhos papilares diferentes
em virtude de outras características biológicas também diferentes.
Não são apenas as pontas dos dedos que apresentam desenhos. As palmas das mãos e dos pés
também possuem desenhos característicos com origem na derme, imutáveis e permanentes.
Assim, as impressões digitais podem ser tanto de palmas das mãos quanto dos dedos e dos pés.
Datiloscopia
Divide-se em datiloscopia civil, responsável pela identificação de pessoas para fins civis, como
expedição de documentos, por exemplo; e datiloscopia criminal, que identifica pessoas indiciadas em
inquéritos, acusadas em processos ou em crimes.
Atualmente, as impressões digitais são os métodos papiloscópicos mais utilizados no meio policial.
Estima-se, de acordo com o entendimento de Ricardo Bina em seu livro Medicina Legal, que a
probabilidade de uma impressão digital ser idêntica a outra é de 1 em 17.000.000 milhões de pessoas.7
Tendo em vista que os desenhos da crista papilar se formam na derme, a simples remoção da
epiderme não descaracteriza o desenho formado na ponta dos dedos, em alguns casos poderá apenas
dificultar a colheita para confronto.
No caso de cadáveres, a impressão digital dura até a fase coliquativa, ou seja, quando a derme passa
a ser destruída pela putrefação do corpo.
Somente torna-se impossível a percepção dos desenhos das polpas dos dedos no caso de
queimaduras de 3º grau, onde há total destruição de tecidos internos e mais profundos, não havendo
qualquer possibilidade de identificação datiloscópica.
Mesmo no caso de gêmeos univitelinos o desenho formado na polpa dos dedos é diferente. Trata-se
da única forma de individualização precisa de gêmeos idênticos.
Sistema de Vucetich
7 BINA. Ricardo. Medicina Legal. Coleção Estudos Direcionados – Perguntas e Respostas; Editora Saraiva. 3ª edição. 2012.
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Cada uma das classificações acima apresenta uma subespécie, baseada em um ângulo com forma
piramidal oriunda da bifurcação de uma linha simples ou pela brusca divergência de duas linhas paralelas.
Tal ângulo é denominado na medicinal legal como “delta”.
Ao examinar uma impressão digital, observam-se linhas pretas, que correspondem às cristas papilares
e linhas brancas, que correspondem aos sulcos. Tais linhas desenvolvem-se paralelamente, criando,
assim, a impressão digital, com desenhos imutáveis, que nascem com o indivíduo.
O sistema criado por Vucetich é o utilizado até hoje.
A cada tipo de impressão digital são atribuídos números e uma letra. É a partir daí que se compõe a
fórmula datiloscópica, conhecida como “Sistema Datiloscópico de Vucetich”.
No arquivamento de Vucetich são utilizados os dez dedos das mãos da pessoa para classificação e
arquivamento. Todas as impressões são coletadas e distribuídas em uma ficha específica que contém a
sequência polegar, indicador, médio, anular e mínimo.
Identificação policial
Nesse sentido, assim ocorre a identificação policial, a partir da comparação entre a impressão digital
encontrada no “local do crime” ou no “objeto do crime” com a impressão digital do suspeito ou das
impressões existente nos bancos de dados do Instituto de Identificação da Polícia.
Os responsáveis pela tarefa de comparar e classificar as impressões digitais coletadas e elaborar um
laudo são denominados de papiloscopistas.
Quando é necessário realizar a tomada de impressões de pessoa morte, nesse caso, a identificação
feita pelas impressões digitais é utilizada para estabelecer a identidade de um cadáver, ou confirmá-la,
sendo fundamental à identificação de vítimas de homicídio para investigações criminais. Deve-se
observar, por primeiro, quando a morte ocorreu. Se o óbito ocorreu recentemente, não há qualquer
dificuldade na realização da retirada das impressões digitais, basta que seja realizada da mesma forma
em que é feito com pessoas ainda com vida.
Porém, com o passar dos tempos o corpo entra em decomposição, os cadáveres são encontrados em
avançado estágio de putrefação, mumificados, ou carbonizados e, por conseguinte, são necessárias
técnicas laboratoriais visando a recuperação do tecido degradado. O objetivo é acessar o padrão de
cristas de fricção da epiderme, ou de papilas dérmicas da derme, ambos podendo ser utilizados para fins
de identificação. Dependendo das condições em que se encontrar o corpo surgem três espécies de
dificuldades:
a) Rigidez cadavérica;
b) Excessivo amolecimento dos tecidos;
c) Inicio de putrefação;
No caso da rigidez cadavérica, não há qualquer problema para que sejam retiradas as impressões
digitais, o principal óbice seria sua execução, tendo em vista a “paralisia” em que o corpo se encontra.
O amolecimento excessivo dos tecidos ocorre, por exemplo, nos corpos dos afogados. É necessário
que o pesquisador tenha bastante cuidado em limpar os dedos do cadáver com um pouco de álcool e em
seguida aplicar a tinta. Em alguns casos de emurchecimento mais avançado se faz necessário a injeção
subdérmica de um líquido inerte, como parafina ou a glicerina, com finalidade de devolver a conformação
da extremidade digital e permitir a coleta de impressões.
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Quando a coleta de impressões digitais tem que ser feita em corpos em estágio avançado de
decomposição, é necessária a retirada da luva cadavérica, ou seja, a pele que recobre os dedos da mão
do cadáver. Corta-se transversalmente a pele do dedo alcançando com o corte a área de um anel, depois,
essa pele é arrancada como um preservativo; Após isso, o pesquisador veste esta pele do cadáver sobre
sua própria mão, previamente protegida por uma luva de borracha, e, então, é feita a coleta das
impressões digitais.
Desenhos papilares
A pele possui duas camadas, a primeira, denominada epiderme, encontra-se localizada na parte mais
superficial, e a derme, mais profunda.
As cristas papilares são as circunvoluções da epiderme que, conforme elucida Eduardo Roberto
Alcantara Del-Campo, são circunvoluções da epiderme que se estendem sobre as cadeias paralelas de
glândulas, terminais nervosos e vasculares existentes na derme.
Quando se toca numa superfície são deixados resíduos de gordura, suor, aminoácidos e proteínas.
São esses resíduos que permitem obter as impressões digitais. As impressões digitais são depositadas
nas superfícies de uma forma mais ou menos contínua de acordo com a morfologia das cristas e contêm
uma grande variedade de químicos. A espessura dos resíduos que são depositados nas superfícies é de
apenas poucos micrómetros, e após um período de 1-2 meses ocorre secagem e evaporação dos
químicos presentes.
Terminologia
O desenho papilar é o desenho deixado pela impressão da crista papilar sobre um objeto, que dará
origem à impressão digital. Tais impressões podem ser: visíveis, moldadas e latentes.
Visíveis são as impressões papilares deixadas com tinta, graxa, óleo, sangue, ou qualquer outro
produto que apresente certa pigmentação e seja facilmente visualizado a olho nu.
Moldadas são as impressões deixadas sobre suportes que possuam consistência pastosa e acabe
por “moldar” o formato da crista papilar tal como ela é, tais substancias podem ser o sabão, cera, pomada,
etc.
Latentes são as impressões que não podem ser visualizadas a olho nu, ou seja, é necessário que o
pesquisador use aparatos para auxiliá-lo na descoberta de tal impressão deixada por dedos limpos.
De entre os três tipos de impressões possíveis de encontrar em locais de crime, as marcas latentes
são as mais comuns e as mais problemáticas. A aplicação de técnicas ópticas, químicas, físicas e físico-
químicas é necessária para a sua visualização. Os vestígios lofoscópicos são frequentemente
encontrados fragmentados, distorcidos, manchados, o que dificulta a sua visualização. Tem de se ter em
conta que são muitos os fatores que influenciam a qualidade da impressão digital latente (elasticidade da
pele, pressão exercida, natureza da superfície, etc.), fazendo com que esta seja diferente da impressão
digital padrão depositada sob condições controladas para efeitos comparativos.
Identificação Datiloscópica
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Os vestígios revelados devem ser fotografados ou cobertos, conforme o caso, antes do tratamento
seguinte. Todos os vestígios úteis devem ser fotografados depois de cada processo, uma vez que
poderão ser danificados ou destruídos por um tratamento posterior. Uma variedade de técnicas tem sido
usada para melhorar a visibilidade das impressões digitais, principalmente das impressões classificadas
como latentes.
Questões
01. (POLÍCIA CIENTÍFICA /PE - Perito Papiloscopista – CESPE/2016). Assinale a opção correta a
respeito das impressões datiloscópicas e das aplicações da papiloscopia.
(A) Não foram descritas substâncias capazes de revelar impressões digitais latentes. Atualmente,
podem ser reveladas apenas impressões visíveis ou negativas.
(B) Os pós empregados para revelação de impressões digitais em superfícies lisas de objetos
metálicos ou de vidro podem ser de diferentes cores.
(C) O uso de luvas deve ser evitado ao se recolherem objetos que possuam impressões datiloscópicas,
já que o contato da luva com a superfície pode apagar as impressões.
(D) Não há restrições ou recomendações quanto à forma de se recolher objetos que possuam
impressões datiloscópicas, uma vez que apenas produtos químicos são capazes de danificar uma
impressão latente.
(E) As impressões digitais resultantes da aposição de mãos sujas de tinta ou de sangue sobre um
suporte são exemplos de impressões classificadas como negativas.
02. (PC/DF – Papiloscopista Policial – FUNIVERSA) Quanto aos métodos de identificação, assinale
a alternativa correta.
(A) A bertilhonagem tem por base a associação de várias medidas do esqueleto com sinais particulares
e com as impressões digitais, servindo para identificar, com igual precisão, crianças, jovens e adultos.
(B) A datiloscopia preenche todos os requisitos de um processo infalível de identificação, isto é,
imutabilidade e classificabilidade.
(C) A fotografia sinalética apresenta grande relevância como método isolado de identificação devido à
unicidade e classificabilidade.
(D) O retrato falado e a fotografia sinalética são processos de identificação criminal considerados
científicos.
(E) Identidade é o conjunto de caracteres físicos, funcionais e psíquicos, natos ou adquiridos, porém
permanentes, que torna uma pessoa diferente das demais e idêntica a si mesma.
03. (PC/SP – Investigador de Polícia – VUNESP) A alternativa que completa, corretamente, a lacuna
da frase é:
A ________é uma técnica de identificação de criminosos, desenvolvida em 1882 por Alphonse
Bertillon, a qual consiste em registro de medidas corporais, bem como demais marcas pessoais do
criminoso, tais como tatuagens, cicatrizes ou marcas de nascença, para o fim de auxiliar na identificação
criminal.
(A) papiloscopia forense.
(B) antropologia criminal.
(C) datiloscopia forense.
(D) criminalística forense.
(E) antropometria criminal.
Gabarito
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