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HISTÓRIA E CONCEITOS

A Criminalística é uma disciplina nova que surgiu a partir dos trabalhos desenvolvidos pela
Medicina Legal nos séculos passados, como uma ciência independente em sua ação. Muitos estudiosos da
matéria, durante o desenrolar das pesquisas técnico-científicas, com a finalidade de personalizar essa nova
disciplina, utilizaram as mais variadas denominações, tais como antropologia criminal, psicologia criminal,
polícia técnica, policiologia, polícia criminal, técnica policial, polícia judiciária, criminalística e
políciacientífica.
Nos primórdios da fase técnico-científica, a partir do século XIX, cabia à medicina legal, além dos
exames de integridade física do corpo humano, toda a pesquisa, busca e demonstração de outros elementos
relacionados com a materialidade do fato penal, como o exame dos instrumentos do crime e demais
evidências extrínsecas ao corpo humano.
Com o advento de novos conhecimentos e desenvolvimento das áreas técnicas, como física, química,
biologia, matemática, toxicologia, entre outras, tomou-se necessário a criação de uma nova disciplina
para a pesquisa, análise, interpretação dos vestígios materiais encontrados em locais de crime, tornando-
se, assim, fonte imperiosa de apoio à polícia e à justiça.

EVOLUÇÃO HISTÓRICA: DO INÍCIO À CRIMINALÍSTICA ATUAL


➢PRÉ-HISTÓRIA: Historiadores citam a existência de reproduções de impressões a tinta, desenhos em
cavernas, vestígios de mãos e dedos;
➢1560 - Ambroise Paré na França, falava sobre os ferimentos produzidos por arma de fogo (PAF);
➢1563 - João de Barros: desenvolvimento da Datiloscopia, com estudos das linhas papilares;
➢1651 - Paolo Zachias publicou uma obra intitulada “Questões Médico Legais”, conquistando assim o
título de PAI DA MEDICINA LEGAL;
➢1665-Marcelo Malpighi, médico, anatomista, deu continuidade aos trabalhos, empregando conhecimentos
de metodologia científica, estudando as papilas dérmicas nas mãos e nas extremidades dos dedos;
➢1753 – na França, Boucher realizava estudos sobre balística, disciplina que posteriormente passou a se
chamar Balística Forense;
➢1805 - Marcou o início do ensino da Medicina Legal na Áustria, na Escócia em 1807 e na Alemanha, em
1820;
➢1840 - O italiano Orfila criou a Toxicologia e Ogier aprofundou os estudos em 1872. Tal ciência era
considerada, também, precursora da Criminalística;
➢1858 – William James Herschel: iniciou estudos sobre as impressões digitais, concluindo pela sua
IMUTABILIDADE;
➢1864 - Lombroso, na Itália, propôs o Sistema Antropométricocomo processo de identificação;
➢1866 - Allan Pinkerton, nos EUA, colocava em prática a fotografia criminal para identificação de
delinquentes;
➢1882 - Alfonso Bertillón criava, na França, o Serviço de Identificação Judicial, em que ensaiava seu
método antropométrico conhecido posteriormente como “Bertiolagem”. Nesta mesma época publicava a
tese do retrato falado.
➢1888 - Sir Francis Galton foi convidado pelo “Real Instituto de Londres” para opinar
sobre o melhor sistema de identificação;
➢1891 - Francisco Latzina e Juan Vucetich: implementaram o sistema datislocópico de Vucetih, que após
alguns anos foi instituído no Brasil e é usado até hoje.
➢1893 - Hans Gross - Juiz de instrução e professor de Direito Penal, autor da obra "SYSTEM DER
KRIMINALISTIK" (SISTEMA DE CRIMINALÍSTICA), considerado o “PAI DA CRIMINALISTICA”;
➢1899- Hans Gross criou os arquivos de Antropologia e Criminalística;
➢1902 - Em Portugal, começou a utilização das impressões plantares e palmares como complemento da
identificação datiloscópica;
➢1903 -Foi instituído o Sistema Dactiloscópico de VUCETICH no BRASIL;
➢1988 – Constituição Federal, que garantiu avanços no campo legislativo e estrutural, novas Constituições
Estaduais e marcou o início da desvinculação dos órgãos periciais da estrutura da Polícia Civil;
➢2008 – Lei Federal nº. 11.690, de 09 de Junho - alterou o Código de Processo Penal, principalmente no
tocante às Perícias Criminais:
• Perícia realizada por perito oficial, portador de curso superior;
• Locais sem perito oficial: perícia deve ser realizada por dois profissionais com nível superior;
• Indicação e atuação de assistentes técnicos;
• Disponibilização no ambiente do órgão oficial, que mantém a guarda, do material probatório que serviu de
base à perícia, para exame pelos assistentes, na presença de perito oficial;
➢2009 - Lei federal nº. 12.030 de 17 de setembro de 2009 - estabelece normas gerais para as
perícias oficiais de natureza criminal:
• Assegurado autonomia técnica, científica e funcional;
• São peritos de natureza criminal os peritos criminais, peritos médicos-legistas e peritos odontolegistas.
➢2019- Lei 13.964 de 24 de Dezembro de 2019 (Pacote Anticrime) implementou modificações nas
legislações penal e processual penal, com alterações na cadeia de custódia e procedimentos para coleta
de vestígios.
O PAI DA CRIMINALÍSTICA

HANS GROSS nasceu na Áustria, em Graz, em 26 de dezembro de 1847 e faleceu em 09 de dezembro de


1915. Estudou Direito e no início foi juiz de instrução, tendo exercido este cargo por algum tempo na região
da alta Estiria. Foi também promotor de Justiça e, a partir de 1890, professor de Direito Penal em
Czemowitz. GROSS é reconhecido como fundador da Criminologia e também da Criminalística, termo por
ele criado. Reconheceu desde cedo, no exercício profissional, a completa ineficiência dos métodos de
investigação então empregados na polícia de sua terra natal. Como tais métodos dependessem de
informantes e confissões, os resultados geralmente eram obtidos pelo castigo corporal e pela tortura.
Thorwald ressalta que Gross verificou que deviam ser feitos alguns trabalhos de investigação, e que esses
trabalhos cabiam ao juiz de instrução. Embora tivesse estudado uma série de livros de textos legais na
Universidade, nada aprendera sobre Criminologia. Por outro lado, diferentemente da maioria dos juízes
daquele tempo, tinha imaginação. Percebeu claramente que a Criminologia deveria ter novos fundamentos;
era necessário começar de novo, com novas idéias e usar técnicas científicas modernas. Como advogado,
nada sabia de ciências puras e aplicadas. Começou a estudar todos os livros e revistas que podia obter e logo
chegou à conclusão, que quase todas as novas realizações da tecnologia e da ciência podiam ser utilizadas,
com vantagem, na solução de casos criminais. Pôs-se a aprender química, física, botânica, zoologia,
microscopia e fotografia. Durante vinte anos trabalhou em silêncio, reunindo conhecimentos e experiência,
resumidos num livro que foi o primeiro manual de criminologia científica e que tornou o nome de GROSS
conhecido em todo o mundo. Trata-se de uma obra clássica, editada em 1893, sob o título “Handbuchfür
Untersuchunbsrichter” (Manual para Juízes de Instrução), muitas vezes reeditada e traduzida para vários
idiomas. A segunda edição, que data de 1895, foi traduzida para o russo, espanhol, francês e inglês. A partir
da 3ª edição, lançada em 1898, GROSS acrescentou à sua obra o sub-título “Als System der Kriminalistik”
(Como Sistema de Criminalística).
O “Manual para Juízes de Instrução” havia sido complementado em 1898 pelo próprio autor, com a obra
“Die Kriminal Psychologie” (A Psicologia Criminal) e ampliada novamente com a “Coletânea de Temas
Criminalísticos”.
HANS GROSS criou ainda em 1899, o “Arquivo de Antropologia Criminal e de Criminalística” (Archivfür
Kriminal-Antropologieund Kriminalistik) que, em junho de 1944, já contava com 114 volumes.
Tais obras proporcionam aos criminalistas atuantes e aos peritos criminais, preciosas informações no âmbito
geral da Criminologia e também da Criminalística.
Como professor notável de direito penal, saído da prática da procuradoria e da judicatura, dotado
predominantemente de talento para as ciências positivas, HANS GROSS é reconhecido mundialmente como
fundador da Criminologia e da Criminalística.
PAI DA MODERNA CRIMINALÍSTICA
Entre outros vultos da moderna investigação criminal, destaca-se o nome de Edmond Locard, um dos
pioneiros da Criminalística na França. Seus métodos são universalmente reconhecidos e lhe valeram a
alcunha de “Pai da Moderna Criminalística”.
Filho de uma família abastada e culta, Edmond Locard nasceu em Saint-Chamond em 13 de dezembro de
1877. Cursou o Colégio dos Dominicanos em Oukkins e bacharelou-se em Ciências e Letras. Estudou
Medicina a conselho do seu pai, mas sob a influência de sua mãe, que afirmava que nenhum homem seria
completo sem conhecimentos jurídicos, estudou Direito e alcançou o grau de licenciatura.
De uma cultura extraordinária, adquirida pela leitura de uma variedade de assuntos, os seus vastos
conhecimentos se estenderam a todos os domínios da atividade humana. Além do vernáculo, falava
fluentemente cinco línguas, lia sem dificuldade onze idiomas estrangeiros, inclusive o sânscrito e o hebraico.
A par de grande filatelista, Locard se interessava também pela grafologia, música, arte e botânica e,
sobretudo, pelos seres humanos.
Até os trinta e três anos, não havia ainda se dedicado a uma profissão regular. Foi orientado para a Medicina
Legal por Jean Alexandre Lacassagne, legista famoso na época e que fora um dos seus mestres na Faculdade
de Medicina. Doutorou-se em 1902, apresentando a tese “La medicine legal esousle Grand Roy, publicada
sob o título La Medicine Judiciaireen France ou XVII Siécle”.
Apaixonado não só pelos assuntos relacionados à Medicina Legal, mas também pelos problemas dos
criminosos habituais e dos indícios deixados pelos delinquentes nos locais de crime, Locard passou a estudar
inúmeras obras de Criminologia e fez contato com peritos renomados na época. Viajou por diversos países
europeus, à busca de novas técnicas de investigação criminal, as quais, desde logo, divulgou através de
conferências e publicações.
Tornou-se discípulo de Rudolph Archibald Reiss, mestre famoso e criador do Instituto de Polícia Científica
da Universidade de Lausanne. Foi aluno de Alphonse Bertillon, insigne criador da chamada “Fotografia
Sinalética” e do “Sistema Antropométrico de Identificação”, conhecido como “Bertillonage” e que se
irradiou para o mundo, a partir do Serviço de Identidade Judiciária da Prefeitura de Polícia de Paris.
Com o desígnio de agora pôr em prática tudo o que aprendera, Edmond Locard procurou o Chefe de Polícia
Regional de Lyon, Henry Cacaud, solicitando sua ajuda, para que pudesse organizar algo inédito, um serviço
que contasse com uma equipe permanente de cientistas, que empregassem todos os recursos de sua
sabedoria, em busca de meios para detectar o crime. Locard era inteligente e persuasivo. Cacaud convenceu-
se dos seus argumentos e deu-lhe uma oportunidade, cedendo-lhe duas pequenas peças de sótão, sob os
beirais do telhado do Palácio da Justiça.
Foi assim que, a 10 de janeiro de 1910, realizava-se o sonho de Locard, com a criação do “Laboratório de
Polícia” ou, segundo outros, do “Laboratório de Polícia Técnica” de Lyon, o primeiro do gênero em todo o
mundo.
Os estudos realizados por Locard sobre as impressões digitais, levaram-no a demonstrar em 1912, que os
poros sudoríparos que se abrem nas cristas papilares dos desenhos digitais, obedecem também aos
postulados da “imutabilidade” e da “variabilidade”; criou assim a técnica microscópica de identificação
papilar a que deu o nome de “Poroscopia”.
No domínio da documentoscopia, Locard criou o chamado “Método Grafométrico”, baseado na avaliação e
comparação dos valores mensuráveis da escrita. Apresentou notáveis contribuições no tocante à falsificação
dos documentos escritos e tipográficos , ao grafismo da mão esquerda e à anonimografia. Interessou-se,
além do mais, pela identificação dos recidivistas, publicando artigos e obras neste domínio.
Tudo o que o insigne mestre estudou no campo da Criminalística, aliado à sua experiência pessoal, achava-
se exposto em sua obra clássica, o “Traité de Criminalistique”, em seis volumes, publicado entre os anos de
1931 a 1940. O resumo do que se contém nesta obra acha-se condensado no manual de “Technique
Policière” cuja segunda edição foi traduzida para o castelhano, sob o título de “Manual de Técnica
Policiaca”.
Cumpre finalmente assinalar que Edmond Locard foi agraciado com vinte e duas condecorações francesas e
estrangeiras, entre elas a de Comendador da Legião de Honra. Além de fundador do Laboratório de Polícia
Técnica de Lyon, figura entre os fundadores da Academia Internacional de Criminalística e dos conselhos
técnicos da “INTERPOL”.

CONCEITOS DE CRIMINALÍSTICA

A criminalística possui uma conceituação abrangente, na qual são enquadrados todos os aspectos
estruturais, funcionais e dinâmicos, encaixando-se como disciplina autônoma, regida por leis, metodologia
própria e independente das demais, com procedimento multidisciplinar, crescimento gradativo e paralelo
aos conhecimentos, como da Toxicologia, Biologia, Química, Física, entre outras. Além disso, a
criminalística fornece as bases para as corretas e mais justas decisões do Juízo.
Quanto ao objeto, se traduz em todos os vestígios, que são os materiais, suspeitos ou não, encontrados no
local de crime, com análise e interpretação dos mesmos.

DIFERENTES CONCEITOS DE CRIMINALÍSTICA

➢HANS GROSS (1893) - Criminalística é o estudo da fenomenologia do crime e dos métodos práticos de
sua investigação;
➢JOSÉ DEL PICCHIA (1947) - Disciplina que tem por objetivo o reconhecimento e interpretação dos
indícios materiais extrínsecos, relativos ao crime ou à identidade do criminoso. Os exames dos vestígios
intrínsecos (na pessoa) são da alçada da Medicina Legal; Nas entrelinhas desta conceituação, mais do que
uma simples definição, objetiva-se que a moderna criminalística necessariamente está imbuída do fator da
dinâmica, com análise dos vestígios materiais, as interligações entre os mesmos, bem como dos fatos
geradores, a origem e a interpretação dos vestígios, os meios e os modos como foram perpetrados os delitos,
não se restringindo somente à fria estática narrativa, sem vida, da forma como se apresentam os vestígios,
isto é, ao simples visum et repertum (ver e repetir).
➢HILÁRIO VEIGA DE CARVALHO (1966) - É a parte das ciências criminais que, ao lado da medicina
legal, tem por finalidade os estudos técnicos e científicos dos indícios materiais do delito e da identificação
do seu autor, colaborando também com outros campos do direito que dela careçam;
➢ASTOLFO TAVARES PAES (1966) - É a aplicação de qualquer ciência ou técnica a pesquisa e a
interpretação de indícios materiais relativos ao crime, evidente ouhipotético, e, no caso de confirmação de
sua ocorrência, à identidade de quem dele tenha participado;
➢EMÍLIO FEDERICO PABLO BONNET - A Criminalística policial ocupa-se com a identificação do
indivíduo, do exame dos vestígios, das manchas e rastros, da falsificação de documentos ou moedas, das
armas de fogo e dos explosivos, bem como dos veículos de qualquer tipo, quando suspeitos de estar em
relacionados com um fato doloso, culposo ou acidental;
➢JOSÉ LOPES ZARZUELA (1995) - A Criminalística constituiu o conjunto de conhecimentos
científicos, técnicos, artísticos etc, destinados à apreciação, interpretação e descrição escrita dos elementos
de ordem material encontrados no local do fato, no instrumento de crime e na peça de exame, de modo a
relacionar uma ou mais pessoas envolvidas em um evento, às circunstâncias que deram margem a uma
ocorrência, de presumível ou de evidente interesse judiciário.
➢LEON LERICH, juiz de instrução adjunto no Tribunal de Sena, assim a define: “A Criminalística,
também chamada “Polícia Científica”, ou mais modestamente, “Técnica Policial” é a arte de descobrir os
indícios, interpretá-los, apreciar a importância e o valor da pessoa ou da presunção que deles resulta. É uma
arte e não uma ciência, visto que não formula leis gerais; socorre-se dos conhecimentos das ciências mais
diversas como a Biologia, Botânica, Física, Química, e mesmo que ainda que raramente da Matemática.
Distingue-se da Criminologia, com a qual há quem a confunda”.
➢GEORGES BEROUD, referindo-se à Criminalística, fala em “Polícia Técnica”, como sinônimo de
“Polícia Científica”, definindo-a como sendo “... o conhecimento das aplicações dos métodos científicos à
pesquisa do mundo de trabalho das diferentes categorias de criminosos”.
➢ERALDO RABELLO, renomado Perito Criminalístico do Rio Grande do Sul, conceitua criminalística
como “disciplina autônoma, integrada pelos diferentes ramos do conhecimento técnico-científico, auxiliar e
informativa das atividades policiais e judiciárias de investigação criminal, tendo por objetivo o estudo dos
vestígios materiais extrínsecos à pessoa física, no que tiver de útil à elucidação e à prova das infrações
penais e, ainda, à identificação dos autores respectivos”.
➢HOUCK E SIEGEL: “é uma área da ciência forense que envolve a coleta e análise de evidências
físicas geradas por atividades criminais.”
➢ESPÍNDULA: “é uma ciência que objetiva a individualização e a identificação dos vestígios
materiais relacionados aos delitos em geral, valendo-se das suas próprias regras e metodologias e
do conhecimento das demais ciências, a fim de saber o que aconteceu, a maneira como se
desenvolveu os fatos e quem cometeu o crime.
➢ GILBERTO DA SILVA PORTO: a Criminalística não se constitui em uma ciência, mas em uma
disciplina transformada e elevada para um sistema, aplicando dados fornecidos por diversas ciências, artes e
outras disciplinas, utilizando os próprios métodos inerentes a essas ciências. Para ele, a criminalística é um
sistema que se dedica à aplicação de faculdades de observação e de conhecimento científico que nos levam a
descobrir, defender, pesar e interpretar os indícios de um delito, de forma a sermos conduzidos à descoberta
do criminoso, possibilitando à Justiça a aplicação da justa pena.

A Criminalística é uma ciência que tem por objetivos, fornecer a materialidade do fato típico
constatando a ocorrência do ilícito penal, verificar os meios e os modos como foi praticado um
delito,visando fornecer a dinâmica do fenômeno, indicar a autoria do delito, quando possível, e elaborar a
prova técnica, por meio da indiciologia material.
Segundo a doutrina, a Ciência Forense é compreendida como o conjunto de todos os
conhecimentos científicos e técnicas que são utilizados para desvendar não só crimes,
como também variados assuntos legais (cíveis, penais ou administrativos). É considerada uma área
interdisciplinar,pois envolve física, Química, biologia, entre outras. Tem como objetivo principal o suporte
a investigações referentes a justiça civil e criminal. A Ciência Forense possui estreita ligação com a
Criminalística, uma vez que a distinção entre ambas as áreas, mais muitos especialistas, não é clara, sendo
comum a confusão entre ambas, inclusive com utilização do termo "criminalística forense". Muitas vezes o
tratamento é como sinônimos, que é um erro, se referindo a ambas como ciências naturais aplicadas à
solução de crimes. Alguns autores, como Grazinoli Garrido e Alexandre Giovanelli, tratam a Criminalística
como disciplina da Ciência Forense.
OBJETIVOS
Assim, a Criminalística é uma ciência que tem por objetivos:

✓ dar a materialidade do fato típico, constatando a ocorrência do ilícito penal;


✓ verificar os meios e os modos como foi praticado um delito, visando fornecer a dinâmica do fenômeno;
✓ O reconhecimento e a interpretação dos indícios materiais extrínsecas;
✓ indicar a autoria do delito, quando possível;
✓ Interpretar os elementos que conduzam à identificação do agente;
✓ elaborar a prova técnica, através da indiciologia material.

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA PERÍCIA CRIMINALÍSTICA

a) Princípio da Observação: Princípio de Locard - “Todo contato deixa marcas”


O referido princípio infere que sempre haverá interação entre os agentes presentes em uma cena de
crime, quer seja autor ou vítima, assim como com o ambiente, de forma a sempre deixar vestígios, por mais
discretos que sejam. Em locais de crime nem sempre é fácil a detecção de vestígios, sem contar que em
muitos casos os próprios autores produzem alterações consideráveis na cena, com o intuito de dificultar o
trabalho do perito. Em alguns casos, esses vestígios só podem ser detectados por meio de análises
microscópicas ou de equipamentos de alta precisão. Contudo, é preciso ter em mente que não pode haver
uma ação que não deixe marcas. Além disso, é notória a evolução da instrumentação científica capaz de
auxiliar na detecção desses vestígios.

b) Princípio da Análise: “A análise pericial deve sempre seguir o método científico”


A perícia visa traçar uma teoria decomo aquele fato ocorreu, valendo-se dos vestígios encontrados
que permitam desenvolver conjeturas sobre como se desenvolveu o fato, através da formulação de
hipóteses coerentes com base numa metodologia reprodutível e aceita pelos seus pares (método científico).
c) Princípio da Interpretação: “Princípio da Individualidade”
Este princípio preconiza a idéia de que dois objetos podem ser difíceis de serem distinguidos, mas
nunca serão idênticos. Ou seja, a perícia aprofunda nos mínimos detalhes de cada vestígio constatado,
visando realizar uma identificação inequívoca, individualizando aquele elemento de prova.

d) Princípio da Descrição:
Os resultados dos exames periciais devem ser descritos sempre de forma clara, racionalmente
dispostos e bem fundamentados em princípios científicos, com uma linguagem técnica e juridicamente
perfeita para o correto entendimento das suas conclusões, seja pela autoridade policial ou judiciária. A
perícia busca a verdade por meio da leitura e interpretação dos vestígios encontrados no local ou objetos
relacionados ao fato.

e) Princípio da Documentação:
Este princípio é baseado na cadeia de custódia da prova material, ou seja, toda amostra deve ser
cuidadosamente documentada desde o momento em que é constatada, passando por sua análise, exames
complementares laboratoriais e findando na sua destruição após autorização judicial, a fim de garantir e
estabelecer um histórico completo de sua origem, de modo que não haja dúvidas sobre o caminho
percorrido por tais elementos probatórios.

POSTULADOS DA CRIMINALÍSTICA
Entre os principais postulados da criminalística, destacam-se:
➢ O conteúdo de um laudo pericial criminalístico é invariante com relação ao perito que
o produziu: a criminalística baseia-se em leis naturais, ou seja, leis científicas com teorias e experiências
consagradas, portanto, seja qual o profissional que se utilizar de tais leis para analisar um fenômeno
criminalístico, o resultado não poderá depender do indivíduo;
➢As conclusões de uma perícia criminalística são independentes dos meios utilizados
para alcançá-las: utilizando-se os meios adequados para se concluir a respeito do fenômeno criminalístico,
esta conclusão, quando forem reproduzidos os exames, será constante e independente de se haver utilizados
meios mais rápidos, mais precisos, mais modernos ou não;
➢Perícia criminalística é independente do tempo: este postulado decorre da perenidade da verdade, pois
a verdade é imutável em relação ao tempo decorrido.

Bons estudos!!!
Professor Juliermy Senna

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