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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO A MEDICINA LEGAL ....................................................................... 2


PERITOS E PERÍCIAS ......................................................................................................... 6
DOCUMENTOS MÉDICOS LEGAIS ............................................................................ 14
ANTROPOLOGIA FORENSE ......................................................................................... 21
TRAUMATOLOGIA FORENSE .................................................................................... 44
PROJÉTEIS DE ARMA DE FOGO ............................................................................... 86
LESÕES E MORTES PROVOCADAS POR EXPLOSIVOS .................................... 114
AGENTES TÉRMICOS .................................................................................................... 115
AGENTES ELÉTRICOS .................................................................................................... 130
AGENTES CAÚSTICOS .................................................................................................. 138
ASFIXIOLOGIA FORENSE ............................................................................................140
LESÕES E MORTE POR ENERGIA RADIANTE ................................................... 164
LESÕES E MORTES CAUSADAS PELA ENERGIA BAROMÉTRICA ............... 167
MODIFICADORES DA IMPUTABILIDADE ........................................................... 173
TANATOLOGIA .............................................................................................................. 187
SEXOLOGIA FORENSE .................................................................................................. 213
TOXICOLOGIA FORENSE .......................................................................................... 250
Frederico Alves Melo – Medicina Legal

Esse material foi desenvolvido com o intuito de auxiliar o estudo da matéria medicina
legal para concursos de Delegado de Polícia, tendo como finalidade o aprofundamento e
melhor organização do estudo.

A ideia de montar esse material se deu ao fato de achar, em um primeiro momento o


tema difícil de ser passado conhecimento, e dois, pensar que a maneira de se passar
sempre se deu de forma confusa.

Assim, buscou-se dar ênfase na simplicidade para facilitar o entendimento e o estudo


complementar (sempre prezei por um estudo dinâmico e eficaz).

O material é fruto de diversas doutrinas, cursos e apostilas e está repleto imagens


ilustrativas.

Fica o agradecimento pessoal ao meu amigo e professor Roberto Blanco que sempre me
orientou e incentivou a fabricar esse material.

Por fim, estude para ser o primeiro colocado, acredite em você. Crenças limitam o
potencial.

Seja disciplinado.

A disciplina é o medidor do seu comprometimento com os seus projetos.

Se você anda indisciplinado, é porque não tem dado importância suficiente para o que
você quer.

Bons estudos.

Frederico Alves Melo

Perito Papiloscopista da PCERJ

Aprovado para Delegado de Polícia Federal e Delegado do Estado de São Paulo

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal

INTRODUÇÃO A MEDICINA
LEGAL

Conceito
A doutrina define no geral como sendo a um só tempo, arte e ciência.
É arte porque a realização de uma perícia médica requer habilidade (instinto) na
prática do exame e estilo de redação do laudo; e essa Arte se sujeita a ciência que se
vale de todo o conhecimento oferecido pelas demais especialidades médicas, além
de ter um campo próprio de pesquisa.
A definição de MEDICINA LEGAL, varia de autor para autor, tendo como principais:
 AMBROISE PARÉ (Pai da Medicina Legal)
“É a arte de fazer relatórios em juízo”.

 GENIVAL VELOSO FRANÇA


“É a contribuição da medicina, e da tecnologia e outras ciências afins, as
questões do Direito na elaboração das leis, na administração judiciaria e na
consolidação da doutrina. ”

 BONNET
“É uma disciplina que a totalidade das ciências médicas para dar respostas a
questões judiciais”.

 LACASSAGNE
“A arte de pôr os conceitos médicos legais a serviço da administração da
justiça”.

 LEGRAND DU SAULLE
“A aplicação das ciências médicas ao estudo e solução de todas as questões
especiais, que podem suscitar a instituição das leis e a ação da justiça”.

NOÇÕES HISTÓRICAS
Em que pese relatos históricos mais antigos, os marcos da medicina legal são:
 Século XVI - Ano 1532
Primeira publicação – “Constitutio Criminalis Carolina” – em que passou a
exigir a presença de peritos em certos delitos.

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 Ano 1575 – Ambroise Paré


Considerado o marco efetivamente inicial – trata-se do primeiro tratado de
medicina legal – “Des Rapptors et des Moyens d’Embaumer les Corps Morts”
– que tratava de técnicas de embalsamento, gravidade de feridas, virgindade,
etc.

 Ano 1602 – Fortunatus Fidelis


Primeiro tratado de medicina legal tido como completo – lançando em
Palermo.

 Primeira Revista de Medicina Legal


Alemanha – 1821
 A Alemanha inaugurou a primeira Escola de Medicina Legal.

 Segunda Revista de Medicina Legal


França – 1829.

 BRASIL
Principais influências:
 França (principal)
 Alemanha
 Itália
A transição da matéria se deu com Agostinho José de Souza Lima, com o
ensino da medicina legal.
A nacionalização da matéria foi inaugurada por RAIMUNDO NINA
RODRIGUES, conhecido como “Lombroso dos trópicos”, que iniciou a fase de
pesquisa cientifica médico legal, principalmente relacionado a psiquiatria
forense e antropologia criminal.
Outros importantes para nacionalização da medicina legal vieram em seguida,
tais como, OSCAR FREIRE e AFRANIO PEIXOTO, que seguiram os estudos de
Nina Rodrigues..
 A inclusão da medicina legal como matéria nas faculdades de medicina da
Bahia e Rio de Janeiro se deu em 1832.

SUBDIVISÕES
Trata-se da divisão da chamada medicina legal especial, em que temos como
principais subdivisões:
 PATOLOGIA FORENSE
 TOXICOLOGIA FORENSE

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 INFORTUNÍSTICA
 ANTROPOLOGIA FORENSE
 SEXOLOGIA FORENSE
 PSIQUIATRIA FORENSE
 DEONTOLOGIA

 PATOLOGIA FORENSE
Estuda a TRAUMATOLOGIA FORENSE e a TANATOLOGIA.
 Na TRAUMATOLOGIA são estudadas as ENERGIAS VULNERANTES,
seus mecanismos de AÇÃO E SUAS CONSEQUÊNCIAS.
 Já a TANATOLOGIA (tanato: morte), estuda à MORTE, sua causa
jurídica e os fenômenos cadavéricos.

 TOXICOLOGIA FORENSE
Tem por objeto de estudo as substâncias tóxicas, seus efeitos sobre o ser
humano, seu mecanismo de ação, seu modo de detecção em casos concretos
e o esclarecimento de aspectos de repercussão jurídica.

 INFORTUNÍSTICA
Se ocupa dos ACIDENTES DE TRABALHO, sua etiologia, dinâmica e suas
consequências. Estabelece o nexo entre os acidentes e as incapacidades
laborativas.

 ANTROPOLOGIA FORENSE
Estuda os RESTOS MORTAIS com objetivo de esclarecer sua IDENTIDADE,
CAUSA DE MORTE E ASCENDÊNCIA.

 SEXOLOGIA FORENSE
Abrange aspectos relacionados com o diagnóstico de VIRGINDADE,
VIOLÊNCIA SEXUAL, GRAVIDEZ, PUERPÉRIO, ABORTO E PROBLEMAS
MÉDICOS LEGAIS RELATIVOS AO CASAMENTO.

 PSIQUIATRIA FORENSE
Tem por finalidade a AVALIAÇÃO DA RESPONSABILIDADE PENAL E A
CAPACIDADE CIVIL, que podem estar alteradas em função de distúrbios
mentais. Nela são abordados os aspectos médico-legais da embriaguez e as
toxicomanias.

 DEONTOLOGIA
Se ocupa das NORMAS ÉTICAS a que o médico está sujeito no exercício da
profissão.

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 Foram citadas as principais subdivisões, havendo outras citadas pela
Doutrina, tais como, Psicologia forense, Medicina legal desportiva,
Vitimologia, etc.

Relações da medicina legal com


outras ciências
 COM A CIÊNCIA MÉDICA
Busca-se seus temas nos mais diversos ramos da ciência médica, como
traumatologia, psicologia, ginecologia e demais especialidades médicas.

 COM A CIÊNCIA JURÍDICA


 DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL
Trata-se de estudo relacionado a crimes.
 DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL
Trata-se de estudo relacionado a questões do casamento, paternidade,
etc.
 DIREITO TRABALHISTA
Trata-se de estudo relacionado a infortunística.
 DIREITO DESPORTIVO
Trata-se de estudo relacionado a doping.
 DIREITO ADMINISTRATIVO
Trata-se de estudo relacionado atestados médicos utilizados por
servidores.

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PERITOS E PERÍCIAS
A perícia médico legal é definida como sendo “um conjunto de procedimentos
médicos e técnicos que tem como finalidade o esclarecimento de um fato de
interesse da justiça”.
A perícia é o exame dos elementos materiais de interesse de um processo, e é
realizado por perito, possuindo uma face objetiva e outra subjetiva.
 OBJETIVA
Trata-se de alterações visíveis verificadas pelo perito objetivamente.
É encontrado no laudo na aba chamada de descrição.

 SUBJETIVA
Nesta face, faz a análise da parte objetiva.
É encontrado no laudo na aba chamada de discussão.

Segundo o Art. 6º do CPP, ao ocorrer um delito, deve a autoridade policial


comparecer ao local, e preservar o mesmo até a chegada dos peritos criminais.
Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a
autoridade policial deverá:
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e
conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais;
O local em que será realizada a perícia poder ser classificado como:
 IDÔNEO
É o local que se encontra preservado.

 INIDÔNEO
É o local que não se encontra preservado.

PERÍCIA
A perícia é uma diligencia com a finalidade de estabelecer a veracidade ou falsidade
de situações, fatos ou acontecimentos, por meio de prova, análise de toda a matéria
colhida como vestígio de uma infração, ou seja, exame de corpo de delito.
Assim, a perícia tem como finalidade provar atos de interesse da justiça.
Quando os fatos alegados em um processo deixam vestígios materiais e esses se
perdem no mesmo instante em que ocorre, ou logo após, sua comprovação em juízo
só pode ser feita pela prova testemunhal. E o relato dessas testemunhas pode, por
diversas razões, não corresponder fielmente à realidade.

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No entanto, se resultam vestígios duradouros, com a possibilidade de serem
detectados, o seu exame e registro devem ser feitos obrigatoriamente. O exame
desses elementos materiais, quando feito por técnico, é chamado de perícia.
Para o processo penal, a perícia é um meio de prova, pois é a forma que as fontes de
prova são introduzidas no Processo Penal.
Conforme art. 159 do Código de Processo Penal, as pericias serão realizadas por
PERITO OFICIAL. Perito oficial é o perito concursado, que no ato de sua posse, presta
compromisso de realizar o mister com ética e relatar com veracidade o que aprecia,
não sendo necessário prestar este compromisso a cada perícia. Vale ressaltar que,
sendo perito oficial, a regra é que seja realizado por UM PERITO.
Excepcionalmente, caso não tenha perito oficial na localidade, permite-se a
realização da perícia por duas pessoas idôneas, chamados de peritos não oficiais,
devendo estas serem portadoras de diploma em curso superior, não
necessariamente na área de especialidade da perícia (preferencialmente) e devem
prestar compromisso.
 Portanto, sendo perito oficial, basta 01 (um) perito.
 Caso não tenha perito oficial, a perícia será realizada por 02 (duas) pessoas.
Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por
perito oficial, portador de diploma de curso superior.
§ 1o Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas
idôneas, portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área
específica, dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada com a
natureza do exame.
§ 2o Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente
desempenhar o encargo.
 Os peritos não oficiais são conhecidos como perito ad hoc.
O PERITO NOMEADO PELA AUTORIDADE SERÁ OBRIGADO A ACEITAR O ENCARGO
Art. 277. O perito nomeado pela autoridade será obrigado a aceitar o encargo,
sob pena de multa de cem a quinhentos mil-réis, salvo escusa atendível.
Parágrafo único. Incorrerá na mesma multa o perito que, sem justa causa,
provada imediatamente:
a) deixar de acudir à intimação ou ao chamado da autoridade;
b) não comparecer no dia e local designados para o exame;
c) não der o laudo, ou concorrer para que a perícia não seja feita, nos prazos
estabelecidos.

IMPEDIMENTO PARA SER PERITO


Art. 279. Não poderão ser peritos:
I - os que estiverem sujeitos à interdição de direito mencionada nos ns. I e IV
do art. 69 do Código Penal;

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II - os que tiverem prestado depoimento no processo ou opinado
anteriormente sobre o objeto da perícia;
III - os analfabetos e os menores de 21 anos.

PERINESCROSCOPIA
É o exame corpo de delito que é feito em volta do cadáver.

LOCAL RELACIONADO
É o local que não tem ligação direta com o local do cadáver, mas indiretamente pode
conter, ou ser útil para análise de prova.

PERITO
É um auxiliar da justiça, devidamente compromissado, estranho às partes, portador
de conhecimento técnico altamente especializado e sem impedimentos para atuar
no processo.

FUNÇÃO DO PERITO
A função do perito limita-se a verificar o fato, indicando a causa que o motivou.
Qualquer que seja a posição em que esteja o perito, oficial ou não, seu compromisso
com a verdade constitui-se em dever ético e obrigação legal.
A declaração falsa ou a ocultação da verdade constitui o delito de falsa perícia,
previsto no Código Penal:
Art. 342 do CP - Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como
testemunha, PERITO, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial,
ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

DELICTA FACTIS PERMANENTIS E DELICTA FACTIS TRANSEUNTES


Os VESTÍGIOS podem ter caráter permanente ou passageiro:

 DELITO NÃO TRANSEUNTE


Ocorre quando a infração penal deixa vestígios.
São vestígios duradouros, chamados de DELICTA FACTIS PERMANENTIS.
Como exemplos de crimes não transeuntes, podem-se citar o homicídio (CP, art.
121), o estupro (CP, art. 213), as lesões corporais (CP, art. 129).

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 DELITO TRASEUNTE
Ocorre quando a infração penal não deixa vestígios.
Chamado de DELICTA FACTIS TRANSEUNTES.
São crimes transeuntes, por exemplo, a calúnia (CP, art. 138), a difamação (CP,
art. 139), a injúria (CP, art. 140), todos estes se praticados por meio verbal.

CORPO DE DELITO
Quando o fato produz alterações materiais no ambiente, dá-se o nome de CORPO
DE DELITO ao conjunto de elementos sensíveis denunciadores do fato criminoso,
assim pode-se definir corpo de delito como sendo: elementos materiais, perceptíveis
pelos nossos sentidos, resultantes da infração penal.
Esses elementos sensíveis, objetivos, devem ser alvo de prova, obtida por meios que
o direito fornece.
Os peritos dirão da sua natureza e estabelecerão o nexo entre eles e o ato ou omissão
por que se incrimina o acusado – assim, tem-se o EXAME DE CORPO DE DELITO.
Assim, não se deve confundir CORPO DE DELITO com EXAME DE CORPO DE DELITO.
O primeiro é o elemento objetivo que o crime deixou, o segundo, é o exame realizado
sobre este elemento.
Cite-se como exemplo de CORPO DE DELITO, o projetil de arma de fogo coletado em
determinado local de um delito, e EXAME DE CORPO DE DELITO, o trabalho realizado
pelo perito para comparar se o projetil foi disparado por uma determinada arma de
fogo.

EXAME DE CORPO DE DELITO DIRETO E INDIRETO


O exame de corpo de delito é aquele que é feito com base no corpo de delito.
 DIRETO
O corpo de delito é OBJETO da atividade pericial.
Ex.: Perito que tem contato direto com um cadáver em um delito de homicídio.

 INDIRETO
Há duas correntes:
1ª Corrente
Seria a substituição do exame objetivo pela prova testemunhal, subjetiva. Diz que
é chamado indevidamente de exame corpo de delito indireto, pois não há corpo,
embora exista o delito, porque faltam os sinais, os vestígios, os elementos
materiais (art. 158 CPP).

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Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame
de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do
acusado.
Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem
desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.
2ª Corrente
Entende que o exame de corpo de delito indireto é aquele em que não é mais
possível a perícia direta no corpo de delito, por este ter desaparecido, porém, o
médico legista terá acesso aos prontuários médicos do paciente, que à sua vista,
elaborará o documento médico legal.

OBRIGATORIEDADE AO EXAME DE CORPO DE DELITO


Sempre que o delito deixar vestígios, é obrigatório que se faça o exame de corpo de
delito, seja ele direito ou indireto.
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de
corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do
acusado.
Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a autoridade
policial negará a perícia requerida pelas partes, quando não for necessária ao
esclarecimento da verdade.

EXCEÇÃO A OBRIGATORIEDADE AO EXAME DE CORPO DE DELITO


Lei 9.099/95
Nas infrações penais de menor potencial ofensivo, é dispensado o exame corpo de
delito quando a materialidade do crime estiver aferida por boletim médico ou prova
equivalente.

Art. 77, § 1º Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com base
no termo de ocorrência referido no art. 69 desta Lei, com dispensa do
inquérito policial, prescindir-se-á do exame do corpo de delito quando a
materialidade do crime estiver aferida por boletim médico ou prova
equivalente.

PRIORIDADE À REALIZAÇÃO DO EXAME DE CORPO DE DELITO (Lei nº 13.721, de 2018)


Art. 158, Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à realização do exame de corpo de
delito quando se tratar de crime que envolva:
I - violência doméstica e familiar contra mulher;

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II - violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência.

MOMENTO DO EXAME DE CORPO DE DELITO


 REGRA
A QUALQUER DIA E HORA
Art. 161. O exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e a
qualquer hora.

 EXCEÇÃO
A AUTOPSIA deve ser feita pelo menos SEIS horas após a morte, pois é o tempo
que aparecem os sinais de certeza de morte.
 Salvo se os peritos, pela evidência dos sinais de morte, tiverem certeza do
óbito.

Art. 162. A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito, salvo
se os peritos, pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita
antes daquele prazo, o que declararão no auto.
Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, bastará o simples exame
externo do cadáver, quando não houver infração penal que apurar, ou quando
as lesões externas permitirem precisar a causa da morte e não houver
necessidade de exame interno para a verificação de alguma circunstância
relevante.

ASSISTENTE TÉCNICO NA PERÍCIA


É possível a indicação de assistente técnico, que só será admitido pelo juiz após a
conclusão dos exames e elaboração do laudo pelos peritos oficiais.
§ 3o Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao
ofendido, ao querelante e ao acusado a formulação de quesitos e indicação
de assistente técnico.
§ 4o O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo juiz e após a
conclusão dos exames e elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as
partes intimadas desta decisão.

OITIVA DOS PERITOS E PARECER TÉCNICO


§ 5o Durante o curso do processo judicial, é permitido às partes, quanto à perícia:
I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para
responderem a quesitos, desde que o mandado de intimação e os quesitos ou
questões a serem esclarecidas sejam encaminhados
com antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as respostas
em laudo complementar;

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II – indicar assistentes técnicos que poderão apresentar pareceres em prazo
a ser fixado pelo juiz ou ser inquiridos em audiência.
§ 6o Havendo requerimento das partes, o material probatório que serviu de
base à perícia será disponibilizado no ambiente do órgão oficial, que
manterá sempre sua guarda, e na presença de perito oficial, para exame
pelos assistentes, salvo se for impossível a sua conservação.

PERÍCIA COMPLEXA
Se a perícia abranger mais de uma área de conhecimento especializado, poder-se-á
designar a atuação de mais de um perito oficial
§ 7o Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área de
conhecimento especializado, poder-se-á designar a atuação de mais de um
perito oficial, e a parte indicar mais de um assistente técnico.
Art. 180. Se houver divergência entre os peritos, serão consignadas no auto
do exame as declarações e respostas de um e de outro, ou cada um redigirá
separadamente o seu laudo, e a autoridade nomeará um terceiro; se este
divergir de ambos, a autoridade poderá mandar proceder a novo exame por
outros peritos.

PRAZO DO LAUDO PERICIAL


Será elaborado no prazo máximo de 10 dias, podendo este prazo ser prorrogado, em
casos excepcionais, a requerimento dos peritos.
Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão
minuciosamente o que examinarem, e responderão aos quesitos formulados.
Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10 dias,
podendo este prazo ser prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento
dos peritos.

PROVA TESTEMUNHAL
No caso de desaparecimento dos vestígios, é possível a produção de prova
testemunhal.
Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem
desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.

PRINCÍPIO DO LIVRE CONVENCIMENTO MOTIVADO DO JUIZ


O juiz não está vinculado ao laudo apresentado pelo perito, e em caso de não acatá-
lo no todo ou parte, deverá motivar objetivamente.

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Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no
todo ou em parte.

AUSÊNCIA DO EXAME DE CORPO DE DELITO


Pode levar a nulidade do processo:
Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:
III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes:
b) o exame do corpo de delito nos crimes que deixam vestígios, ressalvado o
disposto no Art. 167;

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DOCUMENTOS MÉDICOS LEGAIS


São expressões (gráficas, públicas ou privadas) baseadas em critérios médico legais,
que tem o caráter representativo de um fato a ser avaliado em juízo.
São seis espécies de documentos que podem interessar ao juízo:
 NOTIFICAÇÃO ou COMUNICAÇÃO COMPULSÓRIA
 ATESTADO
 PRONTUÁRIOS
 DEPOIMENTO ORAL
 RELATÓRIOS
 PARECERES

NOTIFICAÇÃO
São comunicações compulsórias feitas pelo médico a autoridade competente de um
fato profissional, em razão de necessidade social ou sanitária.
 São notificados compulsoriamente: acidentes de trabalho, doenças
infectocontagiosas, morte encefálica, etc.
 Não constitui notificação compulsória o conhecimento, pelo médico, de
pessoa viciada em droga.
 As notificações compulsórias foram regulamentas pela Portaria 104/11 do SUS,
e a ausência de notificação, quando exigida, faz com que o médico incorra no
delito de omissão de notificação de doença, previsto no Art. 269 do Código
Penal.

ATESTADO MÉDICO
É a afirmação simples e por escrito de um fato médico e suas possíveis
consequências. É também chamado de CERTIFICADO MÉDICO. Sendo um
documento unilateral e singelo, que não possui forma pré-definida e ainda, não pode
se sobrepor ao laudo médico.
 JUDICIÁRIOS
São os atestados requisitados por juiz (aqueles com que os jurados justificam
suas faltas ao tribunal do júri).
Só os atestados que interessam à justiça constituem documentos médico-
legais.

 ADMINISTRATIVOS
São os reclamados pelo servidor público para efeito de licenças,
aposentadoria, abono, etc.

 OFICIOSOS

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São os requisitados por particulares para justificar ausências, seja no trabalho,
escola, etc.

 ATESTADO GRACIOSO (complacente ou de favor)


Aquele que a pessoa que pede é do círculo de amizade, mas não esteve sob
os cuidados do profissional. O ato de dar atestado médico falso constitui
ilícito penal (art. 302 do Código Penal).

 ATESTADO IMPRUDENTE
É aquele que o médico não toma as medidas para verificar a veracidade do
afirmado pelo paciente, ou seja, confia na palavra deste.

ATENÇÃO
ATESTADO NÃO SE CONFUNDE COM DECLARAÇÃO, sendo esta apenas um
relato de testemunho.
Com a Lei nº 9.099/99, o atestado médico assumiu a posição de substituto
eventual da perícia médico legal nos casos de lesão corporal leve (art. 77, § 1°).
Art. 77, § 1º Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com
base no termo de ocorrência referido no art. 69 desta Lei, com
dispensa do inquérito policial, prescindir-se-á do exame do corpo de
delito quando a materialidade do crime estiver aferida por boletim
médico ou prova equivalente.

 ATESTADO DE ÓBITO
Atestado de óbito está regulado pela resolução 1.779/05 do CFM.
É uma declaração padronizada, elaborado por médico que indica a causa
médica da morte. É composta por 8 blocos de informações e indispensável
para assentamento do óbito no cartório de Registro civil.
No caso de morte natural, o médico que acompanha o paciente é quem
fornece o atestado de óbito.
Em relação às condições que ocorre, a morte pode ser:

 NATURAL, decorre de doença ou envelhecimento;


 VIOLENTA, decorrente de energias externas, como crime, suicídio ou
acidente;
 SUSPEITA, morte inesperada, sem sinais de violência, mas que ocorreu
em condições estranhas.

Situações em que o médico não pode atestar o óbito:


 MORTE NATURAL, se não deu assistência ou se não tem diagnostico
da causa da morte, antes de 24 horas após o período de internação.
Segundo o professor Hygino Hércules, no caso de uma pessoa falecer
em um hospital que estava em um curso período de tempo (24 horas),
deve o Hospital realizar a autopsia.

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 MORTE VIOLENTA
 MORTE SUSPEITA
Nestes últimos casos (violenta e suspeita), deve existir autópsia e o médico
que o realiza é quem fornece o atestado, sendo realizada pelo IML. Se houver
lesão e a morte ocorrer no hospital, mesmo que dias depois, deve o corpo ser
encaminhado ao IML.
A morte natural de causa mal definida, encaminha-se para o Serviço de
Verificação de Óbito (SVO) que fará a autópsia. Como neste caso não é
compulsória a autópsia, a família pode discordar de sua realização, devendo
recorrer ao suprimento judicial.

 MORTE FETAL E NECESSIDADE DE DECLARAÇÃO DE ÓBITO


O atestado de óbito pode ser obrigatório ou dispesado:

 MORTE FETAL PREMATURA


 O feto deve ter:
 Menos de 500 gramas ou,
 Menos de 25 centímetros ou,
 Menos de 5 meses (20 semanas)
 Não há obrigação de o médico expedir
declaração de óbito.

 MORTE FETAL INTERMEDIÁRIA


 O feto deve ter:
 Mais de 500 gramas e menos de 1000 gramas ou,
 Mais de 25 centímetros e menos de 35 centímetros ou,
 Mais de 5 meses e menos de 6 meses
 Há obrigação de o médico expedir declaração de
óbito.

 MORTE FETAL TARDIA


 O feto deve ter:
 Mais de 1000 gramas ou,
 Mais de 35 centímetros ou,
 Mais de 6 meses
 Há obrigação de o médico expedir declaração de
óbito.

 Vale citar que a Lei de Registros Públicos, cita em


seu artigo 53 a obrigatoriedade de se realizar o
atestado de óbito fetal em todos os casos. Mas
para a literatura essa obrigação só se dá a partir
da morte fetal intermediária.

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PRONTUÁRIOS
Trata-se de todo acervo (padronizado, organizado e conciso), referentes aos
cuidados médicos prestados ao paciente, sendo um verdadeiro “dossiê”.
 O prontuário é de propriedade do paciente.
 STF
A instituição ou médico não é obrigada a atender requisição de prontuários –
apenas ao perito cabe o direito de consulta-los, e mesmo assim, obrigando-se
ao sigilo.

DEPOIMENTO ORAL
Trata do depoimento em juízo do perito em que ele foi intimado para audiência.
Neste ato ele irá explicar de forma clara e sem termos científicos o que ele procedeu
à elaboração de seus laudos, dirimindo dúvida das partes.
Alguns doutrinadores não relacionam o depoimento como documento médico legal,
sendo feito pelo professor Delton Croce.

RELATÓRIO MÉDICO LEGAL


É o documento médico legal que possui forma escrita e minuciosa de todas as
operações de uma perícia médica determinada por autoridade policial ou judiciária.

 SE DITADO AO ESCRIVÃO, chama-se de AUTO.

 SE FEITO PELO PERITO APÓS TERMINADA A PERÍCIA, chama-se LAUDO.

CAIU EM PROVA
Laudo médico-legal consiste em narração ditada a um escrivão durante o
exame (gabarito: errado).

 DIVISÃO DO RELATÓRIO MÉDICO LEGAL


O Relatório Médico Legal é dividido em 7 partes (nesta ordem):
 PREÂMBULO
 QUESITOS
 HISTÓRICO ou COMEMORATIVO
 DESCRIÇÃO (é a parte mais importante)
 DISCUSSÃO
 CONCLUSÃO

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 RESPOSTA AOS QUESITOS.

 MNEUMÔNICO: PREQUE - HIDE - DISCONRE.

 PREÂMBULO:
É uma espécie de introdução na qual constam:
 A QUALIFICAÇÃO
 DA AUTORIDADE SOLICITANTE
 DO PERITO
 DO EXAMINADO
 O LOCAL ONDE É FEITO O EXAME;
 A DATA E A HORA;
 O TIPO DE PERÍCIA A SER FEITA.

 QUESITOS OFICIAIS:
São perguntas cuja finalidade é a caracterização de fatos relevantes que
deram origem ao processo. Não existem no foro cível. No foro penal, são
padronizados e têm o fim de caracterizar os elementos de um fato típico.
Em que pese existir um rol padronizado, não impede que a autoridade formule
outros quesitos.
Ex.: Quesitos de Laudo cadavérico
1) Houve morte?
2) Qual a causa médica da morte?
3) Qual o instrumento ou meio que causou a morte?
4) Se a morte foi produzida por meio de veneno, fogo, explosivo,
tortura ou outro meio insidioso ou cruel?

 HISTÓRICO ou COMEMORATIVO:
São dados referentes aos antecedentes obtidos pelo próprio examinando,
exceto no caso de autopsia nos quais precisam ser transcritos, não
endossados, da guia de remoção que acompanha o corpo.

 DESCRIÇÃO:
É a descrição minuciosa e precisa do que se foi observado pelo perito e como
ali se chegou, métodos, formas, tempo, velocidade, etc., ilustrando com
desenhos, gráficos, plantas, fotografias, dentre outras formas.
É a parte MAIS IMPORTANTE DO RELATÓRIO MÉDICO-LEGAL, uma vez que
não pode ser refeita com a mesma riqueza de detalhes em um exame
posterior, por isso deve ser minuciosa, correspondendo ao VISUM ET
REPERTUM (é a vista do que é encontrado).

 É de boa norma não diagnosticar durante a descrição.


 É a parte mais importante do relatório médico legal

 DISCUSSÃO:

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal
Segundo o Professor Hygino Hércules, se não houver contradições aparentes,
pode não ser necessária.
Contudo, quando surge alguma discrepância entre a descrição e o histórico,
torna-se imperiosa. Nesses casos, os achados têm que ser analisados sob
novos ângulos, tentando encontrar uma explicação para as diferenças.

 CONCLUSÃO:
Terminadas a descrição e a discussão, se houver, o perito assume uma posição
quanto à ocorrência, ou não, do fato com base nas informações do histórico,
nos achados do exame objetivo e no seu confronto.
 As conclusões serão objetivas e podem ser afirmativas, negativas ou
inconclusivas.

 RESPOSTA AOS QUESITOS:


Deve ser SUCINTA E OBJETIVA, não sendo admissível falta de clareza nem
interpretação dúbia. Em caso de dúvida, o perito dirá que não têm dados para
esclarecê-la. Terminado o relatório, o perito deve assiná-lo.

 A data do exame pode constar do preâmbulo, estar no início da descrição,


ou ser colocada antes das assinaturas finais.
 Alguns doutrinadores citam a assinatura do perito como sendo integrante
do relatório médico legal.

PARECER MÉDICO LEGAL


É o documento elaborado por uma instituição cujo corpo técnico tem competência
inquestionável ou a um perito ou professor cuja autoridade na matéria seja
reconhecida acerca de divergências importantes constantes na consulta médico-
legal.
O PARECER será solicitado por uma CONSULTA MÉDICO-LEGAL (que envolve
DIVERGÊNCIAS IMPORTANTES QUANTO À INTERPRETAÇÃO DOS ACHADOS DE UMA
PERÍCIA, de modo a impedir uma orientação correta dos julgadores, estes, ou
qualquer das partes interessadas, podem solicitar esclarecimentos a uma instituição
ou a um perito).
A CONSULTA MÉDICO LEGAL é um documento que exprime dúvida sobre um
relatório médico-legal e no qual a autoridade, ou mesmo um outro perito, solicita
esclarecimento sobre pontos controvertidos constantes no mesmo, em geral
formulando quesitos complementares. Decorre da não compreensão de algum
aspecto do relatório ou pela superveniência de um fato novo no decorrer do
processo.
 Alguns doutrinadores, inclusive o Professor Hygino Hércules, citam que a
consulta médico legal é um documento médico legal.

 DIVISÃO DO PARECER MEDICO LEGAL


 PREÂMBULO

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 EXPOSIÇÃO
A exposição contém QUESITOS e HISTÓRICO.
 DISCUSSÃO
 CONCLUSÃO

ATENÇÃO
 NÃO EXISTE A DESCRIÇÃO.

 PREÂMBULO
O preâmbulo é onde ficam as qualificações das autoridades que fazem a
consulta e a do parecista.

 EXPOSIÇÃO
Compreende o motivo da consulta, os quesitos formulados e o histórico do
caso em análise.

 DISCUSSÃO
O parecista demonstra seu poder de argumentação. Não há, como no
relatório, o dever cívico de servir à justiça.

 É A PARTE MAIS IMPOSTANTE DO PARECER MÉDICO LEGAL.

 CONCLUSÃO
Deve sintetizar os pontos relevantes da discussão de modo claro e sucinto.

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal

ANTROPOLOGIA FORENSE
A Antropologia forense, estuda os restos mortais com objetivo de esclarecer sua
IDENTIDADE, CAUSA DE MORTE E ASCENDÊNCIA.

IDENTIDADE E IDENTIFICAÇÃO
Importante, inicialmente diferenciar identidade e identificação.
 IDENTIDADE
É a qualidade de ser a mesma coisa e não diversa. Se traduz pelo conjunto de
características peculiares que lhe dão a individualidade, ou seja, o torna único,
diferente de qualquer outro. São atributos que tornam alguém ou alguma coisa
igual apenas a si próprio.
Possui respaldo na imutabilidade e unicidade dos caracteres individuais.

 IDENTIFICAÇÃO
É o processo ou método pelo qual se estabelece a IDENTIDADE (objetivo da
identificação) de uma pessoa ou coisa.
A identificação em que se basear em sinais e dados peculiares ao indivíduo e que,
em seu conjunto, possam excluí-lo de todos os demais.
Os sinais e dados utilizados na identificação são chamados de elementos
sinaléticos (Ex. cor e o tipo de cabelo).

 A IDENTIFICAÇÃO NÃO DEVE SER CONFUNDIDA COM O SIMPLES


RECONHECIMENTO.
O reconhecimento se baseia na comparação entre a experiência da
sensação visual, auditiva ou tátil, proporcionada no passado (já se
conhece), com a mesma experiência renovada no presente pelo elemento
a ser reconhecido.

IDENTIDADE IDENTIFICAÇÃO RECONHECIMENTO


É a qualidade da Processo pelo qual Por método de
pessoa ser única, se identifica pessoa comparação, uma pessoa
não existindo ou algo. reconhece outra. A
outra igual. primeira, conhecendo as
Como exemplos,
características físicas da
Tem como podemos citar a
segunda, compara os
características a identificação de um
dados memoriais que
cadáver em

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal
unicidade e decomposição, por possui com a imagem que
imutabilidade. meio da realização lhe apresenta, portanto,
de exame de DNA. um método não
científico, subjetivo,
Baseados em
opinativo, precário.
métodos científicos,
técnicos. Ex. reconhecimento
fotográfico.

Em termos de condições para um método de identificação - o conjunto de


elementos sinaléticos, para ser considerado bom, deve preencher os seguintes
requisitos:
 UNICIDADE ou INDIVIDUALIDADE
É o conjunto desses elementos que deve ser exclusivo do indivíduo, de modo
a distingui-lo de todos os demais.

 IMUTABILIDADE
Os elementos não podem modificar-se facilmente (capacidade de
resistência) pela ação do meio ambiente, tempo etc.
 Assim, o peso do corpo não deve ser considerado elemento
sinalético, por estar sujeito a grandes variações.

 PERENIDADE
É a capacidade de os elementos resistirem à ação do tempo.
 Há quem trate como sinônimo de imutabilidade.
 O Professor Wilson Palermo (Banca Delegado RJ, cita como sendo
diverso).

 PRATICABILIDADE
Esses elementos não podem expor as pessoas a vexame quando elas
precisarem ser identificadas.

 CLASSIFICABILIDADE
Os processos de identificação devem valer-se de elementos e sinais de fácil
classificação, de modo a orientarem a busca prontamente nos arquivos e a
qualquer momento (é a rapidez e facilidade na busca dos registros).

MÉTODO DE VUCETICH
Existem diversos “métodos” de identificação, no entanto, se convencionou, que o
que melhor atende aos elementos propostos, é o MÉTODO VUCETICH, adotado no
Brasil a partir de 1903, que toma como elemento básico a presença, ausência e a
posição de uma figura chamada de delta nos dedos da mão.

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 As papilas dérmicas que vão dar origem aos desenhos digitais surgem com
6 meses de vida intrauterina.

A CLASSIFICAÇÃO DE VUCETICH
A classificação de Juan Vicetich, é baseada na presença, ausência e a posição de uma
figura chamada de delta nos dedos da mão.
Inicialmente, entenda como é formado o Delta.
O Delta são pequenos ângulos ou triângulos formados pelas cristas papilares.
É a característica fundamental no sistema de Juan Vucetich, e é formado no ponto de
encontro dos sistemas basilar, nuclear e marginal.

 SISTEMA BASAL
É o conjunto de linhas paralelas ao sulco que separa a segunda da terceira falange,
ou seja, compreende as linhas abaixo do ramo inferior das linhas diretrizes, ficam
na base da impressão digital, isto é, abaixo do núcleo.

 SISTEMA MARGINAL
É o conjunto de linhas das bordas e extremidades da terceira falange, ou seja, é
formado pelas linhas que estão acima do ramo superior das linhas diretrizes que
se sobre põe ao núcleo.

 SISTEMA NUCLEAR
Se localiza entre os sistemas anteriores, sendo o sistema de linhas central.

O Delta pode ainda ser subclassificado, quanto sua forma em:


 DELTA TRIPÓDICO OU NEGRO
 DELTA CAVADO OU BRANCO

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal

TIPOS FUNDAMENTAIS DA CLASSIFICAÇÃO DE VUCENTICH


São quatros as classificações possíveis:
 ARCO
Ocorre diante da ausência de deltas.

 PRESILHA INTERNA
Há a presença do delta a direita do observador.

 PRESILHA EXTERNA
Há a presença do delta a esquerda do observador.

 VERTICILO
Há a presença de dois deltas.

 ATENÇÃO
Não confundir DESENHO DIGITAL com IMPRESSÃO DIGITAL.

DESENHO DIGITAL:
É o que está na pele, sem que haja contato com superfície.

Já quando há o ajuntamento de linhas (pretas e brancas) sobre


determinada superfície trata-se de IMPRESSÃO DIGITAL, em que o
DELTA DAS PRESILHAS SE INVERTE, assim, o desenho de uma da

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal
presilha interna, na impressão digital passa a ser à esquerda, e o da
presilha externa passa a ser à direita.

 Atenção
1. PARA IDENTIFICAR UMA IMPRESSÃO DIGITAL, DEVE-SE ANALISAR
A POSIÇÃO DO DELTA.
Assim, o delta deve ser avaliado no papel.
Porém, deve-se lembrar que, uma pessoa que olha seu dedo
(desenho digital) e vê um delta a esquerda, no momento que tocar
uma superfície (gerando uma impressão digital), ao olhar para a
impressão gerada, o DELTA ESTARÁ DO LADO OPOSTO, DEVENDO
ASSIM SER CLASSIFICADO.
 Portanto, uma pessoa que olha no seu dedo e vê um delta
a esquerda, não tem como classificação de sua impressão
digital como presilha externa, mas sim como PRESILHA
INTERNA, DEVIDO À ESSA INVERSÃO NO MOMENTO DO
TOQUE.

2. A banca pode induzir o candidato ao erro, quando na questão


trouxer que “ANALISANDO LOCAL DE CRIME, OS PERITOS
ENCONTRARAM UM DESENHO DIGITAL QUE CONTINHA UM
DELTA A ESQUERDA”.
Neste caso, APESAR DE CONSTAREM O TERMO DESENHO, NA
VERDADE TEMOS UMA IMPRESSÃO DIGITAL, pois não analisou o
dedo do criminoso ou vítima.
 A consequência disso é que ao responder à questão, o
candidato não deverá inverter o lado do delta encontrado,
afirmando que a classificação da impressão digital (ou
desenho digital, como a banca trouxe), será PRESILHA
EXTERNA.

 FÓRMULA DATILOSCÓPICA
Na fórmula datiloscópica, cada tipo de classificação é representado por um
número ou letra. Vejamos:
 Terá a representação de LETRA quando corresponder ao dedo POLEGAR.
 Terá a representação de NÚMERO quando corresponder aos DEMAIS
DEDOS (indicador, médio, anular, mínimo).

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal

 ARCO
 A presença de ARCO no POLEGAR é representada pela letra “A”
 A presença de ARCO nos DEMAIS DEDOS é representado pelo
número “1”

 PRESILHA INTERNA
 A presença de PRESILHA INTERNA no POLEGAR é representada
pela letra “I”
 A presença de PRESILHA INTERNA nos DEMAIS DEDOS é
representado pelo número “2”

 PRESILHA EXTERNA
 A presença de PRESILHA EXTERNA no POLEGAR é representada
pela letra “E”
 A presença de PRESILHA EXTERNA nos DEMAIS DEDOS é
representado pelo número “3”

 VERTICILO
 A presença de VERTICILO no POLEGAR é representada pela letra
“V”
 A presença de VERTICILO nos DEMAIS DEDOS é representado pelo
número “4”

 EXISTEM AINDA OS SÍMBOLOS “X” e “0”


 “X”
 Indica DIFICULDADE DE CLASSIFICAÇÃO (não se consegue afirmar
qual o tipo).

 “0”
 Indica AUSÊNCIA DE FALANGE DISTAL (Ex. dedo amputado).

 COMO SE VERIFICA A FÓRMULA DATILOSCÓPICA?


É feita a análise na forma de uma FRAÇÃO, por exemplo:

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal

 O NUMERADOR é chamado de SÉRIE e se refere a fórmula da MÃO


DIREITA.
 O DENOMINADOR ou SEÇÃO e se refere a MÃO ESQUERDA.

 Treinando:
Em uma formula datiloscópica, apresentada na SÉRIE, a seguinte
ordem 4 X 0 1.
 Trata-se da mão direita, pois SÉRIE é sinônimo de
NUMERADOR que se refere a mão direita.
 Não é possível saber a classificação do dedo polegar, pois
se verifica apenas números, não havendo a presença de
letras.
 O dedo indicador é possui dois deltas, pois é indicado com
o número 4, que é o VERTICILO, que indica DOIS DELTAS.
 O dedo indicado com X, indica dificuldade na classificação.

 REGRA DE LOCARD
No Brasil o número de pontos característicos deve-se ter para ter certeza do
confronto positivo (certeza de ser aquela pessoa) é de 12 pontos.

TIPOS DE IMPRESSÃO DIGITAL


 VISÍVEL
 Pode-se perceber diretamente com a visão natural.

 LATENTE
 Só pode ser percebida após o uso de agentes químicos
(reveladores).

 MOLDADA
 Ficam moldadas em alguma superfície mole.

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 ALGUNS PONTOS CARACTERÍSTICOS EXISTENTES NO DESENHO DIGITAL

 ALBODATILOGRAMA
É o conjunto de linhas brancas que atravessam as negras que representam as
cristas papilares. Podem ter qualquer direção e tamanho, mas, geralmente, são
transversais. Na verdade, representam pequenas pregas superficiais à maneira de
rugas, adquiridas com o passar dos anos, que se tornam mais visíveis quando se
faz a flexão da terceira falange. São mais frequentes nos polegares e nos
indivíduos mais idosos.

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal

 Note ainda a presença de poros no meio das linhas


pretas. Tais poros são utilizados para idenficação pela
POROSCOPIA.

 DEMAIS “MÉTODOS” DE IDENTIFICAÇÃO EXISTENTES


Em que pese citado como métodos de identificação, não preenchem os requisitos
já citados).

 MUTILAÇÕES, MARCAS E TATUAGENS


São conhecidas pela doutrina como “cicatrizes que falam”.

 ORLA DE BURTON
Típico de indivíduos que trabalham com chumbo onde existe coloração
escura na orla gengival.

 FOTOGRAFIA SINALÉTICA
Consiste em foto de frente e perfil com redução de 1/7.
Há uma sobreposição de fotos.
Carece de unicidade, imutabilidade e classificabilidade.

 ANTROPOMETRIA OU BERTILHONAGEM
A Identificação de pessoas se dá por uma descrição física baseada em
medições antropométricas.
É considerado o primeiro método de identificação.

 RUGOPALATOSCOPIA
Palato duro ou céu da boa.
O rugograma é obtido através da moldagem da massa do dentista.

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 POROSCOPIA
Tem por base a posição dos poros onde as glândulas sudoríparas se
abrem nas cristas papilares.
Vale lembrar que o registro de recém-nascidos é feito pela podoscopia
(planta dos pés) e a sua ausência é considerada crime.

 FLEBOGRAFIA
Consiste em fotografar as veias do dorso da mão.

 FOTOGRAFIA SIMPLES
Se dá por foto 3x4.
É considerado um método antigo utilizado para identificação judiciária.

 ASSINALAMENTO SUCINTO
Descrição e anotação de certos dados, como estatura raça e
compleição física.
É considerado um método antigo utilizado para identificação judiciária.

 RETRATO FALADO
Embora auxilie na captura de criminosos, não são considerados
método de identificação.
É considerado um método antigo utilizado para identificação judiciária.

 PRINCIPAIS BALIZADORES DE IDADE NOS VIVOS


São os principais balizadores:
 2 ANOS – PRIMEIRA DENTIÇÃO
 2 A 6 ANOS – APARECIMENTO DOS PONTOS DE OSSIFICAÇÃO
 6 A 12 ANOS – SEGUNDA DENTIÇÃO
 12 A 25 ANOS – FECHAMENTO DAS ZONAS DE CRESCIMENTO DOS
OSSOS LONGOS (metáfises).
 ACIMA DOS 25 ANOS – FECHAMENTO DAS SUTURAS DO CRÂNIO.

IDENTIFICAÇÃO DE SANGUE
Deve o perito verificar se sangue, para após, buscar se trata-se de sangue humano ou
não.
São reações que indicam probabilidade de ser sangue humano, pois indicam a
presença de ferro (Fe++) da hemoglobina:
 REAÇÃO DE ADLER
 REAÇÃO DE AMADO FERREIRA
 REAÇÃO DE KASTLE-MEYER
 REAÇÃO DE VAN-DEEN
 LUMINOL
 É uma substancia que em contato com o sangue apresenta uma cor
intensa azul esverdeado, sendo chamado de teste de elite.

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal

São reações que indicam certeza de ser sangue:


 CRISTAIS DE TEICHMANN
 CRISTAIS DE STRZYWSKY

São reações que indicam certeza de ser sangue humano:


 REAÇÃO DE UHLENHUTH
 Indica certeza de sangue humano pela a forma e tamanho das células
sanguíneas (anucleação da hemácias).

IDENTIFICAÇÃO POR DNA


 EXAMES DE DNA CROMOSSOMIAL/NUCLEAR
 Só é possível em células nucleadas.
 É impossível realizar DNA em eritrócitos adultos (transportam
oxigênio), pois não possuem núcleo.

 EXAMES DE DNA MITOCONDRIAL


 É possível a realização em células anucleadas.

 DNA EM ERITOBLASTOS, LEUCOBLASTOS E LEUCÓCITOS (CÉLULAS


BRANCAS)
 É possível a realização de DNA nuclear e mitocondrial nas células
brancas.

 DNA EM FÂNEROS DA PELE (EX. PELOS/UNHAS)


 DNA cromossomial e mitocondrial deve ser feito nas células nucleadas
na raiz dos fâneros.
 Nas partes mais externas dos fâneros, as células são anucleadas, sendo
possível assim, só o DNA mitocondrial.

OSTEOLOGIA
Como já visto, a antropologia forense é um ramo da antropologia física (biológica)
que tem por finalidades ESTABELECER A IDENTIDADE do sujeito através DA
INDIVIDUALIZAÇÃO DA IDADE, DO SEXO, DO PADRÃO RACIAL E DA ESTATURA E
DETERMINAR A CAUSA, A DATA E AS CIRCUNSTÂNCIAS DA MORTE. É SUBDIVIDIDA
EM:
 OSTEOLOGIA
É o estudo da anatomia do esqueleto.

 ARQUEOLOGIA

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal
Abrange os processos de escavação e arrecadação controlada de restos
humanos e outras evidências pertinentes ao local de encontro ou ao
contexto da cena em situação de crime.

 TAFONOMIA
É o conhecimento das alterações que ocorrem sobre os despojos a partir
do momento da morte ao longo do tempo, incluindo trauma,
decomposição e modificações climáticas, ressaltando-se o papel do
patologista forense na diagnose diferencial entre trauma, fenômenos
tafonômicos e doenças ósseas.

FUNÇÕES DO SISTEMA ESQUELÉTICO:


 Sustentação do organismo (apoio para o corpo);
 Proteção de estruturas vitais (coração, pulmões, cérebro);
 Base mecânica para o movimento;
 Armazenamento de sais (cálcio, por exemplo);
 Hematopoiética (suprimento contínuo de células sanguíneas novas).

NÚMERO DE OSSOS DO CORPO HUMANO:


Se admite o número de 206 ossos.

DIVISÃO DO ESQUELETO:
 ESQUELETO AXIAL
É composto pelos ossos da cabeça, pescoço e do tronco.

 ESQUELETO APENDICULAR
É composto pelos membros superiores e inferiores.

 A união do esqueleto axial com o apendicular se faz por meio das cinturas
escapular e pélvica.

OSSO
É um ÓRGÃO formado por tecido ósseo que, juntamente com a cartilagem, compõe
o esqueleto dos vertebrados.
Os tecidos ósseos são constituídos por CÉLULAS (osteócitos, osteoblastos e
osteoclastos) e MATRIZ INTERCELULAR (fibras colágenas e glicoproteínas - material
orgânico que confere resistência e elasticidade).
 OSTEOBLASTO
É a CÉLULA JOVEM, que NÃO SE DIVIDE.
Produz secreção da parte orgânica da matriz óssea, chamada de
OSTEÓIDE ou PRÉ OSSO.

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 OSTEÓCITO
É o OSTEOBLASTO MADURO, cuja função é MANUTENÇÃO DA MATRIZ
ÓSSEA.

 OSTEOCLASTO
É a CÉLULA GIGANTE, MULTINUCLEADA, que NÃO SE DIVIDE, responsável
pela REABSORÇÃO DO EXCESSO DA MATRIZ ÓSSEA, participando da
remodelação, do reparo e da remoção da matriz mal constituída ou
fragmentada.

TIPOS DE OSSO
Macroscopicamente dois tipos de tecido ósseo podem ser diferenciados:
 COMPACTO
O osso COMPACTO se apresenta SÓLIDO E FORMA A PAREDE ÓSSEA em
toda a EXTENSÃO DA DIÁFISE, podendo estar presente também nas
EPÍFISES.

 ESPONJOSO
O tecido ESPONJOSO tem aspecto POROSO E É COMPOSTO POR UM
CONJUNTO DE ESPÍCULAS OU TRABÉCULAS IRREGULARES, FINAS E
INTERLIGADAS em ramificações, formando uma trama cujos espaços são
PREENCHIDOS PELA MEDULA ÓSSEA VERMELHA (tecido
hematopoiético). Ele ocorre na epífise dos ossos longos e na parte central
dos ossos curtos e é envolto por uma fina camada externa de osso
compacto.
 Constitui a maior parte do tecido ósseo dos ossos curtos, chatos e
irregulares. A maior parte é encontrada nas epífises.

 CLASSIFICAÇÃO DOS OSSOS


 LONGOS
É composto pela diáfise (haste) com duas epífases (extremidades), ou
seja, possuem o comprimento maior que a largura.
São um pouco encurvados, garantindo maior resistência.
Os ossos longos têm suas diáfises formadas por tecido ósseo compacto e
apresentam grande quantidade de tecido ósseo esponjoso em suas
epífises.

33
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
Ex: Fêmur, úmero.
As partes de um osso longo são as seguintes:
Diáfise: é a haste longa do osso. Ele é constituída principalmente de tecido
ósseo compacto, proporcionando, considerável resistência ao osso longo.
Epífise: as extremidades alargadas de um osso longo. A epífise de um osso
o articula, ou une, a um segundo osso, em uma articulação. Cada epífise
consiste de uma fina camada de osso compacto que reveste o osso
esponjoso e recobertas por cartilagem.
Metáfise: parte dilatada da diáfise mais próxima da epífise.

 CURTOS
São como os longos, só que em miniaturas, assim seus comprimentos são
próximos às suas larguras. Eles são compostos por osso esponjoso, exceto
na superfície, onde há fina camada de tecido ósseo compacto.
Ex: Metacarpos, Metatarso.

 CHATOS
Possuem SUPERFÍCIES PLANA para PROTEÇÃO OU FIXAÇÃO MUSCULAR.
Ex: Crânio, Escápula, Inominado (bacia).

 IRREGULARES
Formas complexas, como as vértebras, esfenoide (face lateral abaixo do
crânio). Possuem quantidades variáveis de osso esponjoso e de osso
compacto.

ESTRUTURA DOS OSSOS


A ESTRUTURA INTERNA do osso é constituída por:
 Uma camada EXTERNA LISA E COMPACTA que compõe o CÓRTEX DO
OSSO.
 NOS OSSOS LONGOS, O CÓRTEX FORMA UM TUBO
CIRCUNDANDO A CAVIDADE MEDULAR.
 NOS OSSOS CHATOS, O ESPAÇO MEDULAR É TOTALMENTE
PREENCHIDO POR OSSO ESPONJOSO, SEM CAVIDADE PRESENTE.

 As CAVIDADES MEDULARES INTERNAS são delimitadas


pelo ENDÓSTEO (no interior da cavidade medular do osso,
revestido por tecido conjuntivo).
 Nos espaços intrabeculares do osso esponjoso existe a
MEDULA ÓSSEA VERMELHA (tecido hematopoiético), a
qual forma CÉLULAS SANGUÍNEAS e fica nas extremidades
dos ossos (epífases).
 A cavidade medular (diáfase) pode servir como um sítio
para armazenamento de TECIDO ADIPOSO, chamado de
MEDULA AMARELA.

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 Uma porção INTERNA POROSA que corresponde à CAVIDADE MEDULAR.
EXTERNAMENTE, a MEMBRANA que recobre o OSSO É O PERIÓSTEO,
constituindo um revestimento FORTE E FIBROSO (protegem o osso), que
reveste a superfície externa da diáfise, exceto nas superfícies articulares (nas
epífases), que são protegidas por CARTILAGEM.
 Tanto o PERIÓSTEO quanto o ENDÓSTEO contêm CÉLULAS
QUE PODEM FABRICAR OSSO.

CRESCIMENTO DOS OSSOS


O crescimento da diáfise e das epífises ocorre de modo diferente:
 DIÁFISE
O crescimento ocorre no sentido LONGITUDINAL E EM ESPESSURA.

 EPÍFISE
Crescimento em SENTIDO RADIAL.

 Entre a epífise e a diáfise permanece uma faixa de cartilagem


chamada de METÁFISE (placa ou disco epifisário), que PERMITE
O AUMENTO DO OSSO EM COMPRIMENTO ATÉ ATINGIR A
IDADE ADULTA, quando ocorre seu fechamento completo e
cessa o alongamento ósseo.

35
Frederico Alves Melo – Medicina Legal

SISTEMA DE HAVERS
CANAIS DE HAVERS de sistemas vizinhos são conectados pelos CANAIS DE
VOLKMANN. No interior desses canais se estende uma rede de capilares sanguíneos
e nervos.
Cada SISTEMA DE HAVERS é um cilindro com um canal central (CANAL DE HAVERS),
ao redor do qual se distribuem lâminas ósseas concêntricas.
Os pequenos espaços entre os sistemas de havers são preenchidos por lamelas
ósseas de disposição diversa, formando as lamelas intersticiais.
Os sistemas de canais de um osso formam um verdadeiro labirinto que se estende da
região periférica e fibrosa (periósteo) até a região interna (endósteo, que reveste a
cavidade medular).
Os ÓSTEONS são o conjunto de SISTEMA DE HAVERS e estão organizados ao longo
das linhas de estresse mecânico, relacionadas à atividade de SUPORTE DE PESO.
Uma alteração nos padrões de estresse em um osso durante a vida resulta em um
realinhamento dos ósteons. Essa é a ÚNICA PROPRIEDADE ADAPTATIVA DO OSSO
conhecida como LEI DE WOLFF.

36
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 OSSO HUMANO OU NÃO HUMANO?
Quando os restos se encontram extremamente fragmentados, o diagnóstico
só poderá ser realizado pelo ASPECTO MICROSCÓPICO DO OSSO CORTICAL.
Em geral, os ossos humanos adultos em relação aos ossos animais, são bem
menos grosseiros. Porém tal diagnostico não é valido para não adultos.

 Em HUMANOS, os ÓSTEONS (unidade do osso cortical) acham-se


espalhados, dispersos, com certo espaçamento no interior do osso, o
qual exibe DISPOSIÇÃO EM CAMADAS.

 Em OUTROS ANIMAIS, os ÓSTEONS tendem a se ALINHAR EM


FILEIRAS LIMITADAS POR ESTRUTURAS DE FORMATO RETANGULAR,
CHAMADAS DE OSSO PLEXIFORME (emaranhada/disforme).

 Os ÓSTEONS SECUNDÁRIOS ou SISTEMAS DE HAVERS constituem


pequenos pacotes de osso lamelar que CIRCUNDAM UM CANAL DE
HAVERS. Embora a maioria dos vertebrados não exiba um padrão de
osso haversiano denso, como nos seres humanos, estudos
comparativos revelam que nem sempre é possível uma identificação
positiva pelo encontro desse padrão.

 HUMANOS
 OSSO HAVERSIANO DENSO (ósteons - forma concêntrica,
espalhados e espaçados, dispostos em camadas).

Canais concêntricos

 OS CANAIS DE HAVERS POSSUEM DIÂMETRO MAIOR QUE OS


ANIMAIS, LOGO O NÚMERO DE CANAIS É MENOR.

37
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 ANIMAIS
 OSSO COM ESTRUTURA PLEXIFORME (ósteons – forma
retangular, regular e horizontal, alinhados, dispostos em
fileiras).

 CANAL DE HAVERS POSSUI DIÂMETRO MENOR QUE OS


HUMANOS, LOGO O NÚMERO DE CANAIS É MAIOR.

 INDICE CORTICAL MEDULAR


 A medula humana que fica no interior dos ossos é mais fina que
a medula animal, logo o índice cortical medular é pequeno.
 O mesmo se aplica na identificação de pelo, que também
possui a parte externa e interna, sendo a parte interna
(medula) do pelo humano é mais fina que a do animal.

IDENTIFICAÇÃO DE SEXO MASCULINO OU


FEMININO
Inicialmente deve ser elencado diferença entre os tipos de sexo:
 MORFOLÓGICO
É representado pela configuração fenótipa do indivíduo.

 CROMOSSOMIAL
Os cromossomos masculinos são: 46 XY e tem corpúsculos fluorescentes.
Os cromossomos femininos são: 46 XX e nãotem corpúsculos fluorescentes.

 GONADAL
Masculino possui testículos.
Feminino possui ovários.

 CROMATÍNICO
Analisa a presença de corpúsculos de Barr
Masculino não possui.
Feminino possui.

 GENITÁLIA INTERNA

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal
Masculino possui ductos de Wolf.
Feminino possui ducto de Muller.

 GENITÁLIA EXTERNA
Masculino possui pênis e escroto.
Feminino possui vagina e mamas.

 JURÍDICO
É designado no registro civil.

 DE IDENTIFICAÇÃO OU PSÍQUICO
É o sexo moral. O que o indivíduo faz de si próprio.

 MÉDICO-LEGAL
Constatado através da perícia.

Quando há dificuldade (Ex. despojos humanos), pode ser verificado o sexo através
das análises a seguir.

 CRÂNIOMETRIA
 O crânio é formado por 8 ossos: frontal, parietal (dois), occipital,
temporal (dois), esfenoide e etmóide.
 Verifica-se as medidas anteroposterior (comprimento), altura e
laterolateral do crânio (largura).
 O crânio masculino possui o osso frontal mais inclinado, a mastoide e
a estiloide (são apófises, ou seja, extensões de osso) são mais
desenvolvidas e o supercilio também é mais desenvolvido.
 O crânio feminino possui o osso frontal mais vertical, a mastoide e a
estiloide são menos desenvolvidas e o supercilio também é menos
desenvolvido.
 O crânio de uma pessoa mais jovem apresenta as suturas cranianas
visíveis (ligações entre os ossos do crânio), com o tempo, o crânio que
é adulto vai ossificando e as suturas ficam menos visíveis.

 PROSOPOMETRIA
 É efetivamente a análise das medidas anteroposterior (comprimento),
altura e laterolateral da face (largura).

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal

É INDICATIVO DE SER CRÂNIO MASCULINO.


 Osso do crânio mais pesado;
 Arcada superciliar mais protuberante;
 Mastóide mais evoluída.

 O professor Wilson Palermo cita como meio identificador os pontos


craniométricos de Galvão, que seria uma análise de medidas a partir
do meato acústico externo (M.A.E)

CÔNDILOS OCCIPTAIS – INDICE DE BAUDOIN


O buraco occipital fica na base do crânio, e por ele passa a medula espinhal. Esse
buraco esta ladeado por duas saliências ósseas, chamados de côndilos occiptais. E
esses côndilos se encaixam na faceta, dando encaixe ao pescoço.
A primeira vertebra que apoia o crânio é chamada de ATLAS, e nesta vertebra estão
as facetas que apoiam os côndilos.
Pelo cumprimento e largura é possível saber se o crânio é de homem ou mulher.

 MASCULINO
O buraco occipital possui largura pequena e comprimento maior.

 FEMINIMO
O buraco occipital possui largura grande e comprimento menor.

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal

PELVE
Trata-se do OSSO DA BACIA, também chamado de ILÍACO ou OSSO INOMINADO.
 A bacia larga indica ser sexo feminino, e a estreita indica ser masculino.
O púbis é resultado da união dos ilíacos, e sua angulação indica ser masculino ou
feminino.
 Se masculino, o ângulo não passa de 90º, se maior indica ser feminino.

IDENTIFICAÇÃO DE RAÇA HUMANA


São tipos étnicos fundamentais:

 CAUCÁSICO
Possui pele branca, cabelo lisos ou crespos, louros ou castanhos e íris azuis ou
castanhas.

 MONGÓLICO
Possui pele amarela, cabelo liso, face achatada de diante para trás e maxilares
salientes.

 NEGRÓIDE
Possui pele negra, cabelo crespo, crânio pequeno, íris castanha, nariz largo e
achatado.

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 INDIANO
Não é um tipo racial definido. Possui estatura alta, pele amarela-trigueira, cabelos
pretos e lisos e barba escassa.

 AUSTRALÓIDE
Estatura alta, pele trigueira, dentes fortes, nariz curto e largo e arcadas superciliares
salientes.

FÓRMULA DE RETZIUS
Existe ainda a classificação através da análise do crânio, índice cefálico horizontal, que de
acordo com Malthus Galvão, esse índice é verificado pela formula:
ICH = 100 . largura / comprimento

 BRAQUICÉFALOS
 “Cabeças chatas”.
 Crânio curto e largo.
 Índice maior que 80.
 Pode ser da raça BRANCA ou NEGRA.

 MESOCÉFALOS
 Crânio médio.
 Índice maior que 74,9 e menor que 80.
 Raça asiática ou amarela.

 DOLICOCÉFALO
 Crânio longo (diâmetro ântero-posterior) e afinado.
 Índice menor que 74,9.
 Pode ser da raça BRANCA ou NEGRA.

 PLATIRRINOS
 Nariz achatado.
 Raça negra (Melanodermos).

 MESORRINOS
 Asiáticos ou amarelos (Xantodermos).

 LEPTORRINOS ou CATARRINOS
 Nariz fino
 Raça Branca (Leucodermos)

 ÂNGULOS DE JACQUART
É a identificação de raça através do ângulo da face, tendo como ponto
anterior a base da fenda nasal.

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 PROGNATA
 Possui um ângulo menor que 83º (maxilar está mais para fora,
mais saliente).
 Normalmente da RAÇA NEGRA.

 MESOGNATA
 Ângulo igual a 83º, que indica uma mandíbula mediana.

 ORTOGNATA
 Ângulo maior que 83º (maxilar está mais para dentro, mais
retraída).
 Normalmente da RAÇA BRANCA

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal

TRAUMATOLOGIA FORENSE
A TRAUMATOLOGIA ou LESIONOLOGIA FORENSE:
 Faz parte da PATOLOGIA FORENSE, que é uma das subdivisões da medicina
legal.
 Estuda as energias vulnerantes, seus mecanismos de ação e suas
consequências (lesões).
 Conceito Prof. Genival de Veloso de França:
É um ramo da medicina legal que estuda os estados patológicos imediatos ou
tardios oriundos de uma violência que atinja o corpo humano, causando uma
lesão.

A PELE, que é o maior órgão do corpo humano é a primeira barreira contra a lesão.
Por isso a maioria das lesões aparece na pele.
A pele é formada por camadas, quais sejam:
 EPIDERME
 DERME

 EPIDERME
É a parte superficial, que possui uma camada mais externa (que só possui
células mortas), e uma camada mais profunda (que possui células vivas).
A parte superficial é composta de células mortas, para que o organismo possa
reagir com o meio ambiente.
Na epiderme não tem vasos sanguíneos, tampouco filetes nervosos.
São as camadas da epiderme:
 CAMADA CÓRNEA;
 CAMADA LÚCIDA;
 CAMADA GRANULOSA;
 CAMA ESPINOSA e
 CAMADA BASAL.

 CAMADA CÓRNEA
As células desta camada são mortas, não possuem núcleo e
completamente achatadas em forma de lâminas (exercendo assim
função de proteção contra agentes externos, além de impedir a
evaporação de água).
Por essas células serem anucleadas, não há DNA nuclear.
Em que pese a ausência do núcleo, é possível a verificação do DNA
MITOCONDRIAL, no entanto, este o DNA mitocondrial só possui o

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal
DNA MATERNO, porque a célula reprodutora masculina, ao
fecundar a célula reprodutora feminina, não entra o DNA
mitocondrial do pai que se localiza no citoplasma da célula (só
entra o núcleo do SPTZ, que não possui mitocôndria).

 É uma camada completamente queratinizada, o que a torna


impermeável.
 Esta camada é morta para poder reagir contra o meio ambiente.

 CAMADA LÚCIDA
É a camada imediatamente inferior a camada córnea, com menor
queratinização e é constituída por uma fina camada de células
achatadas, cujos núcleos celulares apresentam sinais de
degeneração, existindo pouquíssimas organelas citoplasmáticas.
 Existe certa quantidade de queratina, tornando-a impermeável
a fluidos.
 Nem todas regiões possuem essa camada, sendo mais comuns
nas regiões palmoplantares (mãos e pés).

 CAMADA GRANULOSA
Nesta camada há a presença células poligonais e achatadas com
núcleo central. Há produção de grânulos de queratina, que impede
a passagem de compostos e água.

 CAMADA ESPINOSA
É formada por 4 a 10 fileiras de células cuboides ou ligeiramente
achatadas com núcleo central e pequenas expansões no
citoplasma (separam o núcleo da membrana), que dá o aspecto
espinhoso.
Há ainda produção de queratina.
Se localiza acima da camada basal.

 CAMADA BASAL
É a camada que possui a parte proliferativa e que dá origem as
células das outras camadas (responsável pela renovação da
epiderme).
As células (única fileira de células prismáticas) presentes, possuem
núcleo, logo, é possível identificar o DNA materno e paterno.
É a camada mais profunda, estando acima da derme.
Também chamada de camada GERMINATIVA ou GERADORA.

 CAMADA DE MALPIGHI
Presente acima das papilas dérmicas, a camada de malpigui ou
camada epidérmica, é constituída pelas camadas:

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal

 CAMADA GRANULOSA
 CAMADA ESPINOSA
 CAMADA BASAL

 O processo das células da camada basal até a camada córnea dura


o período de 21 a 28 dias.

 DERME
Localiza-se abaixo da epiderme, e é composta exclusivamente de células
vivas. É macia, cheia de filetes nervosos, vasos sanguíneos e rica em gordura.
É formada por tecido conjuntivo com as funções de oferecer sustentação e
nutrir a epiderme.
Está dividida funcional e anatomicamente em duas camadas distintas: DERME
SUPERFICIAL (ou papilar) e DERME PROFUNDA (reticular):

 A derme superficial é constituída por tecido pouco denso, provido de


vascularização e inervação abundantes.
 A derme profunda é formada por tecido mais denso, mais resistente
às trações, por seu maior teor em fibras elásticas e colágenas. Nessa
camada, estão os músculos eretores dos pelos e suas hastes com
glândulas sebáceas.

 PAPILAS DÉRMICAS
Local em que a derme e a epiderme se encontram, sendo entrelaçadas,
(forma o desenho digital através das cristas dérmicas) logo, é irregular pois
elas se interpenetram formando ondulações.
ATENÇÃO
Em razão da derme papilar (cristas dérmicas do entrelaçamento),
juntamente com o suor e gordura da pele, vão resultar no desenho
digital, e que quando tocado em objetos podem deixar a impressão
digital (quando o desenho digital é colocado em algum local).
Veja a imagem:

46
Frederico Alves Melo – Medicina Legal

 ANEXOS CUTÂNEOS
São estruturas anexas da pele que são constituídos pelas glândulas
sudoríparas, sebáceas e os pelos. Esse órgão importante tem as seguintes
funções: sensibilidade, regulação térmica e proteção.

TRAUMA
É a atuação de uma energia (física – química – biológica ou mista) externa (exógena)
sobre determinado indivíduo, capaz de causar um desvio de normalidade (lesão) no
corpo humano.
A reação do corpo ao trauma pode ser:
 LOCAL
Há uma reação inflamatória que leva ao aumento da circulação local,
causando, assim, uma vaso dilatação (hiperemia) que leva ao rubor, calor
e edema.
Em razão desta reação, tem-se um aumento de glóbulos brancos, que te
função de defesa, para a região.

 SÍNDROME COMPARTIMENTAL
O edema (resultado da reação inflamatória) pode comprimir os
vasos (em razão do aumento da pressão), desde que seja muito
intenso e situado em área delimitada (área restrita) por
paredes pouco distensíveis. O aumento da pressão nos tecidos
bloqueia a circulação e, por isso, prejudica os mecanismos de
defesa (chegada dos glóbulos brancos), com o agravamento da
lesão inicial. Ocorre, por exemplo, nos traumatismos
musculares graves.

 SISTÊMICA ou GERAL
Quando há uma queda de pressão arterial, afetando todo o organismo
podendo chegar até o estado de choque (diminuição da perfusão e
oxigenação dos tecidos), causando ainda o estresse pós-traumático.

LESÃO
É a consequência/alteração traumática resultante da agressão sofrida pelo corpo.
A lesão pode ser:
 DIRETA

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal
É a lesão no local de contato entre o a parte do corpo atingida e o agente
vulnerante.

 INDIRETA
Quando no lado oposto ao trauma, há lesão reflexa/indireta, também
chamada de lesão a contragolpe.
Ex.: Lesões na cabeça, em que o deslocamento do cérebro causa lesões do
lado oposto ao trauma.

 RECENTE (Critério Cronológico)


Neste caso é possível fazer a verificação de tempo da lesão.
O limite entre o conceito de recente e intermediário é abstrato e subjetivo.

 INTERMEDIÁRIA (Critério Cronológico)


Aqui é possível fazer a verificação de tempo da lesão.
O limite entre o conceito de recente e intermediário é abstrato e subjetivo.

 CONSOLIDADA (Critério Cronológico)


Não é possível se verificar o tempo das lesões.
Consolidada não se confunde com “curada”, pois a lesão consolidada é
aquela que parou de evoluir.
Assim, é possível uma lesão consolidada, curada ou não curada.

 FECHADA
Neste tipo de lesão não há rompimento da pele.
Ex.: Rubefação, equimose, bossa, entorse, luxação, rotura, fratura não
exposta, etc.

 ABERTA
Neste tipo de lesão há o rompimento da pele.
Ex.: Escoriação, ferida, fratura exposta, etc.

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 MORTAL
São as lesões que culminam em morte e são fruto de em suicídio, acidente
ou crime.

 NÃO MORTAL
São as criminosas, que podem ser dolosas ou culposas, podendo se
ajustar, por exemplo, ao Art. 129 do CP.

 COM ASSINATURA
A lesão denuncia o instrumento que a causou, ou seja, ao visualizar a lesão,
já se pode determinar o objeto que a causou, chamada de LESÃO
PATOGNOMÔNICA.
Ex.: Queimadura causada com um garfo na pele, marcas de pneu no corpo
de delito, etc.

 Assim, tem-se que:

 O TRAUMA CAUSA A LESÃO.

Cumpre ressaltar que o corpo humano é o objeto do trauma, e nele que há


a referida lesão. Assim, temos que o corpo humano é limitado pelo PELE
(que é o maior órgão do corpo humano).

AGENTES VULNERANTES
Será tratado agora sobre os agentes ou elementos que, por meio de contato direto
ou indireto, causam as lesões.
Portanto, os agentes vulnerantes são aqueles que atuam no organismo, capazes de
causar alterações.
A energias vulnerantes podem ser de ordem:
 FÍSICA
 QUÍMICA
 BIOLÓGICA
 O professor Higino Hercules não cita essa modalidade de energia.
 MISTA
 Há a reunião de mais de uma energia.
I) ENERGIA DE ORDEM FÍSICA
Se divide em:
 ENERGIA DE ORDEM FÍSICA NÃO MECÂNICA
São aqueles que para causar lesão não precisam de movimento.
Ex.: eletricidade, calor, luz, som, pressão, radiação.

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal

 ENERGIA DE ORDEM FÍSICA MECÂNICA


É mecânico pois há movimento/deslocamento no espaço (necessariamente) – do
objeto para o copo (ativo), ou do corpo para o objeto (passivo).
São capazes de lesar porque transferem toda a sua energia cinética, ou parte
dela, a área da superfície com que entram em contato.

 Pode um agente mecânico causar lesão estando parado, desde que o alvo
esteja em movimento.

 As lesões são separadas em:


 Ativa: o agente vulnerante está em movimento.
Ex.: tiro, paulada, pancada.

 Passiva: o alvo está em movimento.


Ex.: preso bate com a cabeça na cela.

 Mista: ambos estão em movimentos.


Ex.: colisão.

A energia cinética é expressa pela equação:


E = M.V²/2
Em que E é energia; M é a massa do agente; V é a sua velocidade.
A quantidade de energia antes do choque de dois corpos tem que ser igual à
energia presente após a colisão, pelo PRINCÍPIO GERAL DA CONSERVAÇÃO
DA ENERGIA. Um modo informal de enunciar essa lei é dizer que energia não pode
ser criada nem destruída: a energia pode apenas transformar-se.

A produção de lesões depende também da extensão da área sobre aquela atua


um agente mecânico. A pressão por um corpo sobre a superfície é diretamente
proporcional a sua força e inversamente a extensão da área com que entre em
contato (P=F/S), por isso, um alfinete precisa de pouca força para penetrar na
pele.

Podem os agentes vulnerantes ser classificado como:


 CONTUNDENTE
 PERFURANTE
 CORTANTE
 PERFURO-CORTANTE
 PERFURO-CONTUDENTE
 CORTO-CONTUNDENTE

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 Nos três primeiros casos, temos agentes simples, visto que seu uso
principal tem uma única finalidade. Já nos três últimos, são
classificados como misto, visto que a sua ação gera dois tipos de
lesões.

 AGENTE CONTUNDENTE
Agente contundente é aquele que só contunde.
Resulta da atuação de agentes que transfere sua energia cinética, através
de pressão, para o corpo por meio de uma superfície, uma área, que
interessa todos os planos da pele, inclusive os subcutâneos. Não há ponta,
nem gume.

ATENÇÃO:
O AGENTE é classificado como sendo CONTUNDENTE
A LESÃO é classificada como sendo CONTUSA (em plano).

 Um exemplo clássico é a lesão causada pelo MARTELO, que é uma


agente contundente e causa lesões contusas.
Por já ter sido cobrado em provas, a ação do martelo na calota
craniana pode gerar três tipos de lesões:

 SINAL DE MAPA-MUNDI DE CARRARA


A lesão causada é em mapa-mundi (são várias minis
fraturas, que lembram um mapa-múndi).

 SINAL DE STRASSMAN
Trata-se do afundamento parcial com fissuras na calota
craniana.

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal

 SINAL DE TERRAZA DE HOFFMAN


A ação tangencial do objeto produz fratura em formato
triangular, com a base ligada ao tecido ósseo adjacente e o
vértice solto, voltado para o interior da cavidade craniana
São mecanismos de transmissão de energia cinética dos agentes vulnerantes:
 PRESSÃO
 SUCÇÃO
 TORÇÃO
 FLEXÃO
 CISALHAMENTO:
São forças que atingem o mesmo ponto em sentidos opostos (tesoura).
 A tesoura fechada é um agente perfurante. Já a tesoura aberta,
cada ramo é um agente perfuro-cortante de um gume. O
mecanismo de ação quando a tesoura funciona é o
cisalhamento.

Segundo o professor Higyno Hércules, só são os mecanismos de ação de


agentes vulnerantes:
 COMPRESSÃO:
O agente incide diretamente sobre a superfície e comprime os tecidos
(soco, martelada, pedrada). É a forma mais comum.

 TRAÇÃO:
Ocorre quando uma parte do corpo, por exemplo, o cabelo é preso e
puxado por alguma engrenagem. Nestes casos, pode ocorrer o escalpe,
que é o arrancamento do couro cabeludo. Torções articulares provocam
lesões por força de tração exercida sobre os ligamentos da face oposta à
flexão ou extensão exagerada.

 DESLIZAMENTO:
Deve-se ao atrito entre o agente e a pele. São chamadas de lesão em linha.
O exemplo mais comum são as escoriações.

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal
Lembrando que as lesões podem ser FECHADAS ou ABERTAS, assim, vamos
analisar as hipóteses de cada uma:
LESÕES FECHADAS
A) RUBEFAÇÃO
Rubor é vermelhidão na pele sendo a lesão produzida por ação contundente
mais leve que existe.
É constituída por hiperemia, que é aumento da circulação sanguínea local,
sendo o efeito anti-inflamatório e normalizador circulatório, observada no
local de impacto – ou seja, há uma vermelhidão, NÃO HAVENDO
EXTRAVASAMENTO DE SANGUE, resultante da dilatação de capilares e
vênulas locais desencadeada pela liberação de mediadores químicos como a
histamina (envolvida em processos bioquímicos de respostas imunológicas,
tais como extravasamento de plasma que acarreta o aparecimento de
edemas, vermelhidão, coceira dentre outros).
OBSERVAÇÕES:
 A rubefação aparece nos primeiros instantes e alcança o máximo em um
minuto, persistindo por cerca de 10 minutos.
 VALOR MÉDICO-LEGAL:
Caracteriza que houve uma ação contundente.
 É fugaz ou temporária, e sua comprovação pericial é quase impossível e a
vítima de uma agressão que lhe tenha produzido apenas uma rubefação,
como no caso de uma bofetada, se for a exame de corpo de delito,
receberá um laudo negativo quanto a existência da lesão.
 NÃO HÁ EXTRAVASAMENTO DE SANGUE LOCAL.
 Não confunda com ERITEMA, que é semelhante, mas é causada pelo calor
(agente térmico).

B) TUMEFAÇÃO (classificação do Professor Higyno Hércules)


O trauma é um POUCO MAIS INTENSO.
Consta de elevação e palidez da pele na área do impacto, surgindo depois de
um a três minutos, junto com a rubefação, que sempre a acompanha.
Faz parte da TRÍPLICE REAÇÃO DE LEWIS:
 1º MOMENTO
Ocorre a HIPEREMIA, que é o aumento da quantidade
de sangue circulante em um determinado local, do ponto de impacto.

 2º MOMENTO
Ocorre a EXTENSÃO DA HIPEREMIA para pequena área ao redor.

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 3º MOMENTO
Após, ocorre PALIDEZ DA ZONA CENTRAL CAUSADA POR EDEMA, que
é o acúmulo anormal de líquidos no espaço intersticial - espaço localizado
entre os vasos e as células dos tecidos.

C) EQUIMOSE
É a lesão mais cobrada em provas.
O trauma causa o EXTRAVASAMENTO DO SANGUE DOS VASOS SANGUÍNEOS
(pois sofreu rotura, secção), havendo assim, INFILTRAÇÃO DO SANGUE NAS
MALHAS DOS TECIDOS (superficiais ou profundos), de maneira que a
EQUIMOSE É VISTA ATRAVÉS DE UMA LÂMINA DE TECIDO (em regra, a pele,
mas pode ser pulmão, coração, etc.).
 Segundo o professor Higyno Hércules, seria possível ter uma equimose
sem o seccionamento de um vaso sanguíneo (com o vaso integro), pois
através da DIAPEDESE, ou seja, com a passagem do fluxo sanguíneo
através dos poros das paredes dos vasos.

De acordo com sua forma pode ser classificada como:

 PETÉQUIA
Há geralmente um pontilhado hemorrágico. Há hemorragia em
tamanho de um ponto de uma cabeça de alfinete.
 A literatura diz que é comum é mortes rápidas.
 A reunião de várias petéquias é chamada de sugilação.

PETÉQUIAS SUBCONJUNTIVAIS

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal

 Por volta de 1800, um perito chamado Tardieu que


quando uma pessoa aparecia morta e tinha esses pontos
sanguinolentos subconjuntivais, ela havia sido morta
asfixiada por sufocação. Para o Tardieu, naquela época,
essas hemorragias puntiformes significavam morte por
asfixia por sufocação e eram chamadas de MANCHAS DE
TARDIEU.
Hoje sabe-se que essas manchas podem aparecer nas
asfixias em geral, mas também podem aparecer nas
mortes naturais, no infarto do miocárdio. Essas manchas
não são patognomônicas, não são características
somente da asfixia, pois elas podem ocorrer até em
mortes naturais.

 SUGILAÇÃO
É formada por confluência de numerosas (milhares ou centenas)
lesões puntiformes em uma área bem delineada (forma de pequenos
grãos). Portanto é uma equimose formada por vários pontinhos
aglomerados.
Geralmente fruto de atos libidinosos, decorrente de sucção, no
entanto também pode ser fruto de pancadas.
 Segundo a doutrina podem surgir em vida ou após a morte.

 VÍBICE
Tratam-se de petéquias em faixa dupla paralelas, causada por agente
contundente que possui forma cilíndrica e que, ao colidir com a pele,
desloca o sangue para linha paralela ao instrumento, como é o caso de
um taco de beisebol ou cassetete.
Pode ocorrer ainda quando o pneu de um automóvel passa por um
corpo, sendo chamado nesse caso específico de ESTRIAS
PNEUMÁTICAS DE SIMONIN.

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal

 Para o Professor Higyno Hercules, essas faixas seriam


quase paralelas – convergindo para o punho do
instrumento e divergentes para a ponta do instrumento
(foi cobrado esse conhecimento em 2006 – DPC/RJ).

 SUFUSÃO ou EQUIMOMA
Representa hemorragia mais extensa (equimose em proporção
maior), de tamanho variado.
É o que se chama de LENÇOL HEMORRÁGICO ou de “MANCHA DE
SANGUE”.

SUFUSÃO SUBCONJUTIVAL

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal
São manchas decorrentes de equimoses:
 MANCHA DE TARDIEU
Trata-se de petéquias subconjuntivais (atingem abaixo da membrana
conjuntiva que recobre o globo ocular – ou seja, a esclerótica – que é
a parte branca dos olhos), indicando que pode ter ocorrido asfixia por
sufocação, afogamento, entre outras causas.

 NÃO É PATOGNOMÔNICA, ou seja, NÃO INDICA CERTEZA DE


ALGUM TIPO DE MORTE, pois podem aparecer em diversos
tipos de mortes, inclusive em mortes naturais.
 São pequenas e violáceas.
 Podem ocorrer ainda abaixo das pleuras (subpleurais) ou do
pericárdio (subpericárdicas).
 São mais frequentes em adolescentes e crianças.
 Segundo a literatura médico-legal, decorre do CO2, que pode
causar a excitação bulbar ou danificar diretamente o capilar.

 MANCHA DE PALTAUF
Trata-se de EQUIMOSES SUBPLEURAIS de ordem físico química,
ocorrendo quando há aspiração de água, que causa o rompimento dos
alvéolos (asfixia por afogamento) e há o extravasamento do sangue.

 É um sinal PATOGNOMÔNICO (indica certeza) DE


AFOGAMENTO.

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal

 MASCARA EQUIMÓTICA DE MORESTIN ou CIANOSE CÉRVICO-FACIAL


 É a mancha arroxeada formada por um conjunto de milhares de
petéquias que atinge ao rosto. Ocorre normalmente diante de
soterramentos, compressão de tórax, etc., pois a circulação fica
prejudicada, e o sangue bombeado que foi para a região da cabeça fica
impedido de voltar para o corpo, e assim, forma a MÁSCARA
EQUIMÓTICA DE MORESTIN.
 É indicativo de lesão intra vitam.

 EQUIMOSES DE ETIOLOGIA OU NÃO MECÂNICAS


Nem toda equimose é fruto de trauma, podendo aparecer em: doenças
hemorrágicas (purpuras), pessoas idosas de pele pouco resistente
(simples esbarrão que normalmente não causaria qualquer dano),
sendo chamadas de equimoses espontâneas ou emotivas.

 EQUIMOSES PERIANAIS E VULVOVAGINAIS


São localizadas nas regiões anais e vaginal, devendo ter atenção para
que não seja confundida com lesões dermatológicas ou parasitoses.

 EQUIMOSE RETROFARINGEANA DE BROUARDEL


É a macha equimótica na parte posterior da faringe em razão da pressão da
faringe contra a coluna vertebral.

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 EQUIMOSE A DISTÂNCIA
Às vezes a equimose aparece no lugar do impacto, mas às vezes a
equimose aparece à distância. Vejamos:
Ex.1: Quando uma pessoa é asfixiada (enforcada, esganada), a lesão
pode ser no pescoço, mas aparecem petéquias espalhadas pelo corpo
todo, essas petéquias espalhadas são EQUIMOSES À DISTÂNCIA.
 SINAL DO ZORRO ou GUAXIMIM
Quando se tem uma lesão no couro cabeludo, há
extravasamento de sangue, que, em razão da gravidade, esse
sangue vai parar na região dos olhos (lembre-se que nos olhos
não se observa o espectro equimótico de legrand du saulle).
Assim, a região dos olhos fica arroxeada sem que tenha sofrido
uma lesão nos olhos.

 Sinal de Batlle
Equimose oriunda da fratura do andar médio da base do crânio
e é acompanhada de otorragia (sangramento do ouvido
médio).
 Sinal de Cullen
Ocorre nos casos de pancreatite que levam a equimose peri-
umbilical.

 MOBILIDADE EQUIMÓTICA
É o deslocamento da equimose para regi~]oes mais afastados do
ponto de contusão.

 COMO DIFERENCIAR SE UMA EQUIMOSE FOI FEITA EM PESSOA VIVA OU


MORTA?
 PESSOA MORTA
Quando o coração para de bater, o sangue irá se acumular nas regiões
de maior declive do corpo, devido à gravidade. Em razão da pressão
exercida nos vasos, o sangue irá extravasar, formando uma série de
pontos. Assim, se o sangue estiver saindo dos vasos, trata-se de
“equimose falsa” em pessoa morta, que são chamados de livores (que

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal
com o passar do tempo, iram se fixar nos tecidos, não sendo mais
possível a movimentação do sangue).
Se a equimose for fruto de um trauma e estiver fora dos vasos
(infiltração hemorrágica), trata-se de equimose verdadeira, ou seja,
foi feita em vida.
Como verificar?
Deve-se fazer uma corte no local, e jogar agua corrente, e se
limpar a área, indica que foi feito após a morte (pois não infiltrou),
e se não limpar, indica que foi feita em vida, pois há sangue
acumulado na região.

 ÍNDICE DE VERDERAU
É uma forma de verificar se a equimose foi produzida intra vitam
ou post mortem, consistindo na divisão do número de glóbulos
vermelhos pelo número de glóbulos brancos.
Se houver alteração do índice indica que houve reação
inflamatória, logo, uma lesão produzida em vida.
Se esse índice se mantiver sem alteração, indica tratar de uma
falsa equimose, ou seja, post mortem.

EVOLUÇÃO CROMÁTICA DAS EQUIMOSES


Quando o sangue sai dos vasos, este sangue tem como principal componente
do a hemoglobina, que é um pigmento vermelho. Quando a hemoglobina sai
dos vasos ela começa a se degradar (Ferro – Fe++) e se transforma em outros
compostos (Biliverdina, que tem coloração esverdeada, e Bilirrubina, que tem
cor amarelada) e vai variando de coloração.
Para se verificar o tempo aproximado (nexo temporal) em que as lesões
foram produzidas, se verifica a coloração das mesmas, é o que se chama de
ESPECTRO EQUIMÓTICO DE LEGRAND DU SAULLE (Perito chamado de
LeGrand Du Saulle comparou isso ao espectro solar, as cores do arco-íris), em
que temos as seguintes variações de colorações:

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 VERMELHO BRONZEADO
 DIA 1º
 A cor se dá em razão da hemoglobina.

 VIOLÁCEO/ARROCHEADO
 DIAS 2º e 3º
 A cor se dá em razão da hemossiderina.

 AZUL
 DIAS 4º, 5º, 6º
 A cor se dá em razão da hematoidina.

 ESVERDEADO
 DIAS 7º, 8º, 9º e 10º
 A cor se dá em razão da hematina.

 AMARELADO
 A PARTIR DO 11º DIA.
 A cor se dá em razão da hematina.

 Após cerca de 20 dias, some a macha completamente (há


doutrina que indica a partir do 15º dia).

 ATENÇÃO
A causa da mudança de cor é a progressiva reabsorção da
hemorragia pela ação dos macrófagos (células de limpeza do
tecido conjuntivo local) através da fagocitose.
O sangue extravasado passa a ser considerado corpo estranho ao
tecido e desperta reação de defesa com a finalidade de removê-lo.
Logo nos primeiros dias, as hemácias são fagocitadas (processo de
ingestão e destruição de partículas) pelos macrófagos, em cujo
interior sua membrana é destruída e a hemoglobina digerida.

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal

 Existem dois locais ontem NÃO EXISTEM A VARIAÇÃO DE COR


nas equimoses (mantendo-se sempre avermelhada), são elas:

 REGIÃO DA CONJUNTIVA OCULAR (OLHOS)


Alguns autores dizem que isso se dá porque se trata de
tecido muito oxigenado, mas Higyno Hércules não
acredita nisso, não existindo explicação aceitável.

 BOLSA ESCROTAL

 Há doutrina que aponta a evolução cromática como sendo


relativa, pois depende da região do corpo, profundidade, idade,
etc.
 Há divergência dos dias decorridos em relação a respectiva
coloração, havendo outras tabelas (Tourdes e Devergie), mas a
acima é a que prevalece no estudo da matéria.

 SINAL DE KUNCKEL
Pode auxiliar na busca do tempo aproximado da lesão após a
mancha equimótica desaparecer em função da rede ganglionar
e resquícios da equimose (vestígios).

 O QUE É LESÃO DE NERVO AZUL?


Segundo o Professor Higyno Hércules, é uma lesão de cor
azulada, geralmente congênita, que costuma situar-se nas
imediações da região sacra, sendo formada pela deposição do
pigmento da melanina por entre as fibras conjuntivas da derme
profunda e hipoderme.

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal

 QUAL O VALOR MÉDICO LEGAL DAS EQUIMOSES?


 Atestam que houve ação contundente;
 Demonstram que havia vida no momento da sua produção;
 Podem identificar o agente traumatizante;
 Pela localização e distribuição, podem sugerir o tipo de agressão;
 Pela sua cor, permitem saber a época da agressão.

D) BOSSA
É uma lesão que iria se formar uma equimose, no entanto com a presença de
plano ósseo por baixo, o sangue empurra a pele para cima.
Esse “galo” formado se chama Bossa.
Segundo o Prfessor Higyno Hércules, ocorre quando há o aumento de volume
dos tecidos por coleção (não há extravasamento) de líquido, que os infiltra
intensamente, decorrente de distúrbio circulatório localizado.
A bossa pode ser:
 SANGUÍNEA: formada por sangue tendo coloração arroxeada.
 LINFÁTICA: bossa serosa, que é incolor e pode enseja o descolamento
traumático de Morel-Lavalée, que é o derrame linfático que pode levar
ao descolamento da pele.

BOSSA

 TUMOR DO PARTO ou CAPPUT SUCCEDANEUM


Trata-se da bossa na cabeça da criança, que a pressão exercida pela
cabeça sobre o orifício interno do colo uterino é acompanhada por
uma reação igual e contrária, conforme as leis da física. À medida que

63
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
vão sucedendo as grandes contrações uterinas, a cabeça vai aflorando
na cavidade vaginal, aparecendo primeiro o setor occipital. Assim, a
porção do couro cabeludo que já está insinuada fica voltada para a
cavidade vaginal e não recebe pressão. No anel que circunscreve essa
porção, a pressão é forte o suficiente para barrar a saída do sangue
venoso, mas não o fluxo de sangue arterial para aquela porção
circular do couro cabeludo. Por isso, o sangue venoso fica sob pressão
aumentada, o que desequilibra a microcirculação, fazendo com que se
forme a bossa. Quanto mais demorar o parto, maior será a bossa
formada. O aumento de volume do setor occipital do couro cabeludo
é chamado vulgarmente de TUMOR DO PARTO OU CAPUT
SUCCEDANEUM.

 Seu valor médico-legal é atestar que o feto estava vivo durante


o trabalho de parto.

E) HEMATOMA (hema: sangue; toma: tumor – TUMOR DE SANGUE)


É a hemorragia que, pelo seu volume e velocidade de formação, afasta os
tecidos vizinhos e ocupa um espaço próprio, formando uma neocavidade.
O que acontece com o hematoma é que o vaso que se rompe é um pouco mais
calibroso, então o sangue sai do vaso com uma certa pressão é empurra os
tecidos para o sangue poder passar. O tecido se afasta e o sangue se acumula
entre os tecidos, formando uma bolsa de sangue, em uma cavidade que não
existia.
Não há, como nas equimoses, uma infiltração do sangue nas malhas dos
tecidos, a não ser, em pequena extensão, na sua periferia. Os tecidos vizinhos
são deslocados e comprimidos.
 Faz relevo na pele.
 Tem delimitação mais ou menos nítida.
 Sua reabsorção é mais lenta que a equimose.
 Não se considera hematoma a coleção de sangue nas cavidades
naturais (deve haver uma cavidade neoformada).

HEMATOMAS NAS MENINGES DO CERÉBRO


O hematoma que mais é cobrado em prova é o da cabeça.
As meninges são o sistema das membranas que revestem e protegem
o sistema nervoso central, medula espinhal, tronco encefálico e
o encéfalo. A meninge consiste de três camadas:

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal

Essas meninges são vivas, elas têm vasos sanguíneos. Se uma pessoa leva
uma pancada na cabeça, às vezes rompe vaso da pia-máter, às vezes da
aracnóide e às vezes da dura-máter. Onde esse vaso romper, o sangue não
tem para onde ir. Ele se acumula entre as membranas ou entre o crânio e
a pia-máter. Onde o sangue se acumula, o hematoma vai crescendo e
empurra o cérebro para dentro, se não houver socorro rápido pode levar
a morte.
 DURA-MÁTER
 É a camada mais externa e mais espessa.
 O hematoma que ocorre fora dura-máter é chamado de
HEMATOMA EXTRADURAL ou EPIDURAL(entre a dura-máter e o
crânio, há uma ZONA DESCOLÁVEL DE GERARD MARCHAND,
permite a formação do hematoma).
 Às vezes leva horas para se formar. Quatro/dez/doze horas depois
começam a aparecer os problemas e os sinais apresentados são
muito parecidos com a embriaguez alcoólica (fala desconexa;
andar desiquilibrado, etc).
 Basta fazer um pequeno furo e drenar o sangue para salvar a
pessoa.
 O hematoma que ocorre entre a dura-máter e a aracnóide é
chamado de hematoma SUB-DURAL.

 ARACNÓIDE
 Se localiza entre a dura-máter e a pia-máter.
 O hematoma que ocorre entre a pia-máter e a aracnóide é chamado
de hematoma SUB-ARACNOIDE.
 Entre a pia-máter e a aracnoide, existe uma substancia chamada de
LIQUOR, que tem por função a drenagem local, e o amortecimento.

 PIA-MÁTER
 É a mais fina das meninges.
 É o envelope meníngeo que firmemente adere à superfície do
cérebro e a medula espinhal (feixes nervosos). Ela segue aos
menores contornos do cérebro

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 LEPTO MENINGES.
 As meninges aracnoide e pia-máter, são finas e transparentes,
e por isso são chamadas de lepto meninges.

 SÍNDROME DO BEBÊ SACUDIDO


Neste caso, ao se balançar uma criança, o cérebro também
é sacodido, e essa movimentação do cérebro, pode causar
hemorragias, nos vasos delicados da aracnoide e pia-máter
gerando hematomas.
Não causa hemorragia extra-dural.

F) ENTORSE
É o ESTIRAMENTO da cápsula de uma articulação (invólucro membranoso
que encerra as superfícies articulares), COM OU SEM ROTURA (feixe de tecido
fibroso que une entre si duas cabeças ósseas de uma articulação – ligamento
articular).
Aparece sempre que a amplitude normal dos movimentos articulares é
ultrapassada em decorrência de forças externas.
O local mais comum de ocorrência é na região dos pés.
A atenção médico legal para a entorse ocorre pelo fato de a mesma poder
levar a incapacidade permanete.

G) LUXAÇÃO
É o DESLOCAMENTO PERMANENTE das superfícies articulares (luxação
completa).
Se o deslocamento das superfícies articulares for parcial, chama-se SUB-
LUXAÇÃO.

 A luxação, que é mais grave que a entorse, é sempre acompanhada de


entorse (o contrário não é recíproco).

 Se a luxação se der nas vertebras, pode causar a compressão da


medula, o que pode comprometer todo o sistema nervoso do local da
luxação para baixo.

H) FRATURA
É uma solução de continuidade dos ossos decorrente, em regra, de ação
contundente.
Na maioria dos casos, tem origem traumática, mas pode ocorrer
espontaneamente quando o osso está enfraquecido por alguma doença, que
neste caso, são chamadas de fraturas patológicas (como no caso de
osteoporose).

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal
O mecanismo de produção pode ser direto, quando o agente contundente
incide sobre o osso e o rompe no local do impacto, ou indireto, por flexão
exagerada, por torção, por arrancamento ou por esmagamento.
Pode ser:
 COMPLETA
Quando o seu traço SEPARA UMA PARTE DO OSSO OU O DIVIDE EM MAIS
DE UM SEGMENTO.
Os arrancamentos ósseos que ocorrem na zona de inserção de tendões e
ligamentos não chegam a dividir o osso, são FRATURAS PARCIAIS, mas
destacam completamente pequenos fragmentos. As que chegam a dividir
o osso são referidas como FRATURAS TOTAIS.

 INCOMPLETAS
QUANDO A FRATURA NÃO CHEGA A DIVIDIR O OSSO.
É o caso dos afundamentos de ossos esponjosos, como o díploe, osso
esponjoso da calota craniana, das fissuras e das fraturas em ramo verde
das crianças (o osso "dobra" e só quebra de um lado).

 MÚLTIPLA
Quando há mais de um foco de fratura no mesmo osso.

 COMUTATIVA
Quando um osso apresenta numerosos fragmentos e focos de fratura.
Ocorre estilhaçamento ósseo.

 A fratura em MAPA MUNDI (SINAL DE CARRARA), é uma fratura na


cabeça, onde os fragmentos ósseos ficam separados um do outro,
é um tipo de fratura cominutiva, onde cada parte de osso isolada é
chamada de ESQUÍROLA.

FRATURA EM MAPA MUNDI

 FRATURA EM GALHO VERDE

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal
Ocorre quando o osso não quebra, havendo apenas rachadura, possuindo
tendência de ocorrer em jovens, vez que os ossos são mais flexíveis.

 SE A FRATURA FOR EXTERNA constitui séria ameaça a consolidação


pelo risco de contaminação. Quando ocorre em decorrência do próprio
impacto que a produziu, pela ação direta do agente contundente, a
ferida cutânea tem bordas escoriadas e irregulares. Se resulta de
atuação do fragmento ósseo de dentro para fora, como nas fraturas
por flexão, a ferida é mais regular e não apresenta escoriação nas
bordas. Neste caso, o risco de infecção é um pouco menor.

 O ESTUDO DO CALO ÓSSEO PODE SER UTILIZADO PARA DEFINIR A


IDADE DA LESÃO.

 PSEUDO ARTROSE
Ocorre quando os ossos que foram fraturados não voltam a se unir.

LESÕES ABERTAS
A) ESCORIAÇÃO, ARRANHAMENTO, EROSÃO EPIDÉRMICA, ABRASÃO ou
ESFOLAMENTO
Ocorre quando há o arrancamento traumático da epiderme com exposição
da derme.
O agente contundente desliza sobre a pele e, devido ao atrito, arranca as
camadas celulares da epiderme em profundidade variada, expondo a derme.
O indicativo que a lesão foi feita em VIDA é a formação de CROSTA (cerca de
24 horas após a escoriação).
 Haverá REGENERAÇÃO, através de um processo de reepitalização, que
ocorre tempo de cerca de 20 a 30 dias, a depender de fatores como
local da escoriação, vascularização, etc.

 Consolida COM CURA.

 As escoriações que desgastem apenas 1/3 superior da camada


espinhosa da epiderme traduzem-se macroscopicamente por
EXSUDAÇÃO (migração, para o foco inflamatório, de líquidos e
células, provenham eles de vasos ou dos tecidos vizinhos) de líquido
seroso incolor, que evapora, deixando pequeno coagulo amarelado
que produz uma CROSTA SÉRICA por evaporação (escoriação típica, só
com a presença de linfa).

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 As escoriações que passem em plano intermediário entre o ápice e a
base das papilas dérmicas aparecem como um pontilhado
hemorrágico em meio a exsudação serosa e formam CROSTA
SEROSSANGUINOLENTA (há presença de linfa e sangue).

 Já as lesões mais profundas, que passem em plena derme por toda a


sua extensão, formam um lençol hemorrágico uniforme que dá origem
a uma CROSTA HEMÁTICA (ressecamento do sangue na derme
reticular).

 O tempo necessário ao deslocamento da crosta depende de fatores


locais do tecido como a sua vascularização e a velocidade de
renovação normal do epitélio. Assim, as escoriações da face evoluem
mais rapidamente que outra de mesma profundidade situada na
perna.

 O deslocamento da crosta deixa ver uma superfície de cor rósea,


muito mais clara que a pele vizinha, resultado da ausência de
pigmento de melanina no epitélio jovem e da presença de maior
número de capilares. Essa zona hipocrômica é chamada de MARCA DE
ESCORIAÇÃO e TENDE A DESAPARECER COM O TEMPO, SEM DEIXAR
CICATRIZ.

 Quando o arrancamento da epiderme é feito em CADÁVER, o


desnudamento da derme NÃO PRODUZ A EXSUDAÇÃO que ocorreria
em vida, por falta de pressão dos líquidos teciduais. A evaporação da
umidade da superfície da derme exposta gera uma placa amarelada,
de consistência firme ao toque, semelhante a couro, que se chama de
PLACA PERGAMINHADA.
 Segundo o Professor Wilson Palermo, essa placa poderá
aparecer em vivos que sofreram pressão em razão de
enforcamento.

 VALOR MÉDICO-LEGAL DAS ESCORIAÇÕES:


Confirmam a existência de reação vital e que houve atuação de um
agente contundente.
Pelo aspecto de sua crosta, podem dar ideia do tempo em que foram
produzidas.
Pela sua localização e forma, sugerem certos tipos de agressão.

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal

Em razão da cor avermelhada, é possível afirmar que se trata de escoriação é


recente.
Conforme o tempo passa a crosta vai escurecendo e soltando, entrando na fase de
regeneração.

Escoriação com crosta: quase final de regeneração.

B) FERIDA
Há lesão tanto da epiderme, quanto da derme, atingindo inclusive os planos
subcutâneos, pois a ação contundente foi capaz de ultrapassar os tecidos
moles.

 A LESÃO ULTRAPASSA A DERME.

 Há CICATRIZAÇÃO (Cicatriz é para sempre, não desaparece), em que há a


substituição de um tecido funcional por um tecido fibroso.

 Consolida SEM CURA.

 O professor Hygino Hercules, diz que pode haver cicatrização com


cura, se as funções permanecem, independente da presença de
cicatriz.
A epiderme é arrancada e as fibras da derme deslocadas lateralmente e se
rompem quando a pressão ultrapassa seu limite de resistência.

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal

A ferida acima foi feita por instrumento irregular, o instrumento rasgou, então
provavelmente era um instrumento contundente. As bordas são
completamente irregulares (as retrações mostram reação vital), indicando
que a pele não foi cortada, e sim que foi uma ferida contusa. Essa ferida
contusa sangra pouco, porque com a pancada os vasos sanguíneos são
esmagados, então sangra menos que uma ferida incisa.

A ferida pode ser contusa, e neste caso são os mecanismos que causam a
ferida contusa:
 COMPRESSÃO
A superfície da agente força, inicialmente, a epiderme de encontro à
derme e esta de encontro ao plano subjacente, geralmente um osso. A
epiderme é arrancada e as fibras da derme deslocadas lateralmente e se
rompem quando a pressão ultrapassa seu limite de resistência

 TRAÇÃO
O agente contundente traciona a pele fortemente, de modo continuado e
lento, ou faz movimento de deslizamento sobre o segmento. O atrito faz
com que a pele seja puxada até o limite de sua elasticidade e comece a se
romper aos poucos em várias fendas irregulares e paralelas, até que uma
delas interessa toda a espessura e a pele é rompida.
São exemplos desse mecanismo o escalpe produzido por correias que
prendam os cabelos e os tracionem de modo violento e o estiramento da
pele por pneu de viatura que passe sobre um segmento corporal.

 Podem ocorrer ainda por TORÇÃO e FLEXÃO.

Valor médico-legal das feridas contusas:


Servem para atestar a ação contundente e, em alguns casos, por sua forma
sui generis, indicar o agente vulnerante.

C) ESMAGAMENTO

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal
São lesões em que todos os planos anatômicos (é o grau máximo da ação
contundente) de um segmento do corpo são comprimidos e triturados pelo
agente contundente.
O agente causador dos esmagamentos é sempre um agente dotado de
excessiva energia cinética, em geral de grande massa. Prensas, veículos, polias
de máquinas em movimento, marretas, martelos, todos podem causar
esmagamento na dependência do segmento lesado. As partes moles são
extensamente laceradas e os ossos sofrem fratura do tipo cominutiva.

 SÍNDROME DO ESMAGAMENTO OU SÍNDROME DE CRUSH


Diante de um esmagamento, há liberação pelo músculo de uma
proteína (mioglobina), que, entra na circulação até chegar aos rins,
assim, há o bloqueio dos canais urinários, podendo causar a morte por
insuficiência renal aguda.

 AGENTE PERFURANTE
Os agentes perfurantes transferem sua energia cinética por meio de uma
PONTA, pressionando e afastando os elementos do tecido, pois a ponta
atua por pressão e vai afastando as fibras dos tecidos à medida que se faz
a penetração da haste.
São formados por uma ponta continuada por uma haste cilíndrica.
Conforme o diâmetro dessa haste, pode ser classificada como de CALIBRE
PEQUENO (alfinetes, agulhas e espinhos) ou de CALIBRE MÉDIO (furador
de gelo e sovela).
A ação do instrumento perfurante pode ser ATIVA (quando o instrumento
atingir o corpo em repouso ou quase em repouso) ou PASSIVA (quando o
corpo em movimento se chocar com o instrumento localizado em um
anteparo).
 Não existe instrumento perfurante de grande calibre, sendo
classificado como perfuro-contundente (Ex: vergalhão).

 Possuem abertura pequena de raro sangramento.

 Quando o agente perfurante não atinge as cavidades, é chama de


LESÃO EM SEDENHO.

INSTRUMENTOS DE CALIBRE PEQUENO


Produzem feridas que são chamadas de punctórias ou puntiformes. Tem
forma aproximadamente circular e diâmetro muito pequeno, em geral
menor que 1 milímetro.

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 Há grande predomínio da profundidade em comparação com o
aspecto externo.

INSTRUMENTOS DE CALIBRE MÉDIO:


Causam lesões diferentes das feridas punctórias quando penetram nos
tecidos. São chamadas de lesões fusiformes ou em casa de botoeira. Cite-
se como exemplo, o PICADOR DE GELO:

O aspecto das feridas causadas pelos instrumentos perfurantes de calibre


médio obedece a três princípios, que diferencia das lesões incisas:
LEIS DE EDOURD FILHÓS
1. PRINCÍPIO OU LEI DA SEMELHANÇA DE FILHÓS
As lesões produzidas por instrumentos perfurantes de médio
calibre tem aspecto semelhante (não são iguais) às produzidas por
INSTRUMENTO PERFURO-CORTANTE DE DOIS GUMES (lesão em
casa de botoeira ou fusiformes), que possui bordas repuxadas, e o
de calibre médio são cortados.
Quando se observar um grupo de ferida em forma de botoeira
tendo a mesma direção em uma mesma região do corpo, ou em
várias regiões, mas sempre acompanhando as linhas de força, a
conclusão será de lesões por instrumento perfurante de médio
calibre. Mas sendo a lesão única, o perito não poderá fazer o
diagnóstico diferencial com uma lesão por instrumento perfuro-
cortante, a menos que a lesão tenha direção diferente da das linhas
de força, pois, neste caso, terá sido produzida por um instrumento
perfuro-cortante.

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal

2. PRINCÍPIO OU LEI DO PARALELISMO DE FILHOS


As lesões tem sempre a mesma direção em uma mesma região do
corpo, em razão das fibras elásticas do corpo.

LEI DE KARL RITTER VON LANGER


3. LEI DE LANGER ou do POLIMORFISMO
As lesões podem ter forma diferente, bizarra, nos pontos de
encontro de linhas de força.

As feridas pelos instrumentos perfurantes de calibre médio podem ser


classificadas em:
 SUPERFICIAIS
As lesão não chegam a atingir as grandes cavidades do corpo.

 PENETRANTES
A lesão tem entrada, mas não tem saída, neste caso, sendo
chamada de ferida cega ou em fundo de saco.

 TRANSFIXANTES
A lesão atravessa qualquer segmento do corpo de uma face à
outra, ou seja, possui entrada e saída.
A profundidade varia de acordo com a penetração da haste. Pode ser
igual, maior ou menor do que ela:

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 LESÃO EM ACORDEON OU EM SANFONA
Será maior se houver compressão dos planos superficiais pela
empunhadura do instrumento, como nos golpes mais violentos
desferidos no abdômen (LACASSAGNE).

 AGENTE CORTANTE
Os instrumentos cortantes transferem energia cinética por deslizamento
e leve pressão através de uma borda aguçada a que se dá o nome GUME
ou FIO.

 O INSTRUMENTO DE AÇÃO CORTANTE causa FERIDA INCISA.


O exemplo típico desses instrumentos é a navalha, podendo
outros objetos agir desta forma, como inclusive, uma folha de
papel.

 EXISTE MAIS DESLIZAMENTO QUE PRESSÃO


 As fibras dos tecidos são seccionadas e os VASOS
PERMANECEM ABERTOS NAS VERTENTES DAS FERIDAS, e em
razão disso, há ABUNDÂNCIA EM SANGRAMENTO.

 São características das lesões produzidas por instrumentos cortantes


típicos:
 BORDAS REGULARES;

 PREDOMÍNIO DA EXTENSÃO SOBRE A PROFUNDIDADE


(geralmente são artificiais, mas nada impede de atingir planos
mais profundos);

 PROFUNDIDADE é MAIOR NA PORÇÃO CORRESPONDENTE AO


TERÇO INICIAL;

 A lesão termina com uma escoriação linear que se chama


CAUDA DE RATO DE LACASAGNE, que indica o sentido do

75
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
deslocamento do instrumento no momento do golpe pode ser
avaliado pela posição da cauda de saída. Há ainda a presença da
cauda de escoriação de Romanese. Ambos representam a
direção de saída do instrumento.

 Quando em função da ação do agente cortante a vítima fica


com uma cicatriz no rosto, chama-se de sinal de GILVAZ.

Note maior profundidade no terço inicial e a cauda de rato


indicando o sentido da ação.

 Podem causar mutilação se atingirem extremidades sem


esqueleto, tais como o nariz, as orelhas, a ponta dos dedos, o
pênis, etc.;
 No cadáver, as feridas incisas ficam menos abertas que em
vivos, pois a pele do cadáver sofre desidratação e se torna um
pouco menos elástica.

76
Frederico Alves Melo – Medicina Legal

 Algumas feridas incisas recebem nomes especiais de acordo com a sua


localização no corpo

 ESGORJAMENTO
Esgorjar é colocar a garganta para fora.
São feridas localizadas no PESCOÇO são chamadas de
esgorjamento quando ocorrem nas regiões LATERAIS OU
ANTERIOR DO PESCOÇO, podendo ser fruto de AÇÃO INCISA
ou CORTO CONTUDENTE.

 No caso de esgorjamento, a causa da morte poder ser:


 ANEMIA AGUDA
Há redução no volume de sangue circulante –
levando a queda da pressão arterial e consequente
estado de choque.

 ASFIXIA
É provocada pela aspiração do sangue extravasado
através da laringe ou da traqueia seccionados.

 EMBOLIA GASOSA
Gases entram na região e obstruem determinado
vaso sanguíneo.

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal

 CAUSA JURÍDICA DA MORTE


 PODE SER HOMICÍDIO
É orientada pela disposição, pelo número e pela
localização das lesões ou;

 SUICÍDIO
Geralmente estão presentes LESÕES DE HESITAÇÃO
– que se verifica na presença de múltiplos entalhes
nos lábios da ferida ou mesmo feridas menores e
mais superficiais paralelas à ferida principal – o
agente busca testar sua sensibilidade à dor.

 AUTÓPSIA SUICIDA ou PSICOLÓGICA


É o estudo retrospectivo da vida do suicida,
analisando se a pessoa possuía motivos para buscar
o suicídio.

 SINAL DE BONNET NO ESGORJAMENTO


Em função dos vasos sanguíneos seccionados na
região lateral ou posterior do pescoço, HÁ UM
BURRIFAMENTO DE SANGUE, QUE FEITO NO
ESPELHO É CHAMADO DE SINAL DE BONNET NO
ESPELHO.

 DEGOLAMENTO
Ocorre quando as lesões se situam na região da gola do
pescoço, ou seja, é situada na parte POSTERIOR DO PESCOÇO,
sem que haja o arrancamento da cabeça, pois, se houver o
arrancamento da cabeça, haverá a chamada decaptação.

 LESÕES DE DEFESA
Localizados na mão ou no antebraço, principalmente na borda
ULNAR (não no rádio, que é o osso interno do antebraço).

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal
Se situadas na palma da mão traduzem a tentativa de a vítima
segurar a arma do agressor.

 QUANDO HÁ CRUZAMENTO DE DUAS FERIDAS INCISAS, COMO SE


DETERMINA A ORDEM DAS LESÕES?

Para saber qual incisão foi feita em primeiro lugar, deve-se tentar
a aproximação das bordas separadas. Se a escolha tiver sido
correta, poderemos suturar as bordas da segunda ferida ao longo
de duas direções defasadas, mas paralelas.

Primeira incisão

Segunda
incisão

 É chamando de SINAL DE CHAVIGNY.

 FERIDA HIATROGÊNICA
É aquela oriunda de um procedimento cirúrgico, onde as
bordas são alinhadas/paralelas, que permite a melhor
cicatrização.

79
Frederico Alves Melo – Medicina Legal

 PERFURO-CORTANTE
Os instrumentos perfuro-cortantes transferem sua energia cinética por
PRESSÃO (que gera a perfuração), através da ponta e por DESLIZAMENTO
dos gumes, que seccionam as fibras dos tecidos.
Possuem uma ponta e um ou mais gumes.

 INSTRUMENTO PÉRFURO-CORTANTE  PERFURA E CORTA.


Ex: Faca de cozinha, canivete (possui apenas um gume); punhal,
baioneta, espada (possuem dois gumes); lima de serralheiro (três
gumes).

 O professor Higyno Hércules cita como instrumentos perfuro-


cortantes a SERRA e o SERROTE, mesmo que ao aumentar a
velocidade de ação a lesão seja mais parecida com uma lesão
cortante.

 CARACTERÍSTICAS DAS LESÕES


 PREDOMÍNIO DA PROFUNDIDADE SOBRE A EXTENSÃO

 FORMA VARIA DE ACORDO COM O NÚMERO DE GUMES:

 UM GUME:
LESÕES DE FORMA DE BOTOEIRA, com UM DOS ÂNGULOS
BEM MAIS AGUDO QUE O OUTRO.
 SE O INSTRUMENTO ESTIVER INCLINADO FORMA DOIS
ÂNGULOS AGUDOS,

 SE O INSTRUMENTO ESTIVER RETO FORMA UM ÂNGULO


AGUDO.

 ENTALHE:
A presença do entalhe, que consiste no ato de girar O
instrumento no interior do corpo indica animus necandi.

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal

 DOIS GUMES
Forma de fenda e ângulos bastante agudos e semelhantes.
Na porção central, o afastamento das bordas é máximo,
atenuando-se gradualmente em direção aos ângulos.

 TRÊS GUMES
Forma estrelada com tantas pontas quantas forem às
arestas do instrumento. Suas bordas são curvas e convexas
em direção ao centro da ferida.

 CLASSIFICAÇÃO DAS LESÕES PERFURO-CORTANTES


 SUPERFICIAIS
São atipícas, pois há o predomínio da ação cortante.

 PENETRANTES
Sua profundidade não imita necessariamente o comprimento
da lâmina do instrumento, pois tanto pode ter havido
penetração apenas parcial (EM FUNDO-DE-SACO ou CEGA)
como ter sido o golpe muito violento de modo que a mão do
agressor empurre as partes moles superficiais, produzindo
TRAJETO MAIOR DO QUE O COMPRIMENTO DA LÂMINA
(LESÃO EM ACORDEON OU EM SANFONA).

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal

 TRANSFIXANTES
São as que possuem entrada e saída.

 PÉRFURO-CONTUNDENTE
As lesões por instrumentos perfuro-contundentes são produzidas por
instrumentos de haste, consistente e afiado, que atuam por pressão, e
causam lesões em forma de túnel.

ENCRAVAMENTO e EMPALAMENTO
Se houver penetração em qualquer parte do corpo por instrumento que
possui forma longa e de haste, chama-se de ENCRAVAMENTO, no entanto
se a penetração se der na região do períneo, será chamado de
EMPALAMENTO.

ENCRAVAMENTO

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal

EMPALAMENTO

 PRECIPITAÇÃO e DEFENESTRAÇÃO
É comum ocorrer encravamento/empalamento em quedas de
lugares com certa altura. As quedas (ações contundentes
passivas) são chamadas de PRECIPITAÇÃO, no entanto se esta
se der por meio de uma JANELA, será chama de
DEFENESTRAÇÃO.

 LESÃO EM SACO DE NOZ


Esse tipo de lesão ocorre na queda de grande altura, em que
o corpo cai de cabeça e o couro cabeludo se mantém
integro ou quase integro com múltiplas fraturas calvária e
laceração da massa encefálica.

 QUEDAS ACIDENTAIS, HOMICÍDIO e SUICÍDIO


Nas quedas acidentais o corpo tende a ficar próximo do
ponto de lançamento. Nos homicídios a distância tende a
ser maior, pois há alguém empurrando. Por fim, nos
suicídios, o corpo tende a ficar ainda mais longe do ponto
do lançamento em razão do impulso.

 CORTO-CONTUNDENTE
São instrumentos que, dotados de grande massa, transferem a sua
energia por meio de um gume, causando lesões corto-contusas.
Ex: Machados, enxadas, foices, facões, alfanjes e, inclusive, rodas de trem
e guilhotina, arcada dentária.

 Esses instrumentos agem principalmente por PRESSÃO (parte que


contunde) e, ainda, por DESLIZAMENTO (em virtude de possuir
gume).
 O professor Higyno Hércules cita como instrumento corto-
contundente a GOIVA (instrumento de marcenaria).

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 Lesões muito profundas e graves, geralmente causando
mutilações (fruto de ações traumáticas).

HOUVE UMA MUTILAÇÃO


A RETRATITIBILIDADE DA PELE É UMA CARACTERÍSTICA
QUE INDICA QUE A LESÃO FOI FEITA EM VIDA.

LESÃO PRODUZIDA POR INSTRUMENTO CORTO CONTUNDENTE


CORTA E CONTUNDE

Quando o instrumento corto-contundente incide sobre a cabeça ou o


pescoço, podem produzir tanto fratura exposta de crânio como
DECAPITAÇÃO, que é o destacamento da cabeça do corpo, podendo ser
homicida ou acidental.
 ESQUARTEJAMENTO
Ocorre quando corpo é dividido em 4 partes.

 ESPOSTEJAMENTO

84
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
Neste caso, o corpo é dividido em mais de 4 partes.

 LESÃO EM SACABUCADO ou LACERO-CONTUSA.


Causada pela mordedura de animais, que causa dilaceramento
da pele, pois o animal morde, sacode e puxa, não havendo
regularidade nas lesões.

 Há dúvidas sobre a classificação da CHAVE DE FENDA, e o


professor Higyno Hércules diz que não há um enquadramento
de classificação e que o melhor a ser feito pelo perito é que se
classifique a ação e não o instrumento. Pois a chave de fenda
não é perfurante em razão da ausência de ponta e também não
seria perfuro-contundente.
II) ENERGIA DE ORDEM QUÍMICA
 São energias relacionadas a substâncias ácidas e bases.
III) ENERGIA DE ORDEM BIOLÓGICA
 São energias relacionadas a Vírus, bactérias, protozoários, etc.
IV) ENERGIA DE ORDEM MISTA
As energias de ordem mista podem ser:
 Físico-químico
 A asfixia representa energia de origem mista físico-químico.
 Bioquímico
 Biofísico

85
Frederico Alves Melo – Medicina Legal

PROJÉTEIS DE ARMA DE FOGO


Trata-se de uma forma de agente perfuro contundente, mas que, diferente dos já
apontados anteriormente, não possuem haste.
O PAF consiste em um pedaço de chumbo que pode ter forma arredondada, afilada
e bem fina. Esse chumbo pode ser duro ou mole, e, por isso, alguns PAF transfixam e
outros só penetram.

As armas de fogo, são o equipamento capaz de disparar um PAF, por meio da força
expansiva dos gases liberados, pela queima de pólvora.
Segundo o Professor Hygino Hércules, as armas de fogo podem ser classificadas:
 QUANTO AO PORTE
 FIXA
 As peças de artilharia pesada montadas em navios,
construções, etc.
 Possuem mobilidade restrita, ou seja, os deslocamentos
verticais e horizontais são limitados.

 MÓVEL
 São montadas em carros de combate, ou dispositivos com
rodas.
 Podem ser deslocadas de acordo com a conveniência.

 SEMI-PORTÁTIL

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 As que podem ser montadas e desmontadas do suporte com
facilidade, para uso, mas que não podem ser carregadas por um
só homem.

 PORTÁTEIS
 São as que atraem a atenção da medicina legal, podendo ser:
 LONGAS
 Fuzil, espingarda, etc.
 CURTAS
 Pistolas, revolveres, etc.

 QUANTO A FINALIDADE
 ARMA PRÓPRIA
 Arma que é feita para ataque ou defesa, como a arma de fogo.

 ARMA IMPRÓPRIA
 Instrumento que não é feito para ataque ou defesa, mas pode
ser utilizado para tal finalidade.

 QUANTO À ALMA DO CANO:


A face interna do cano das armas de fogo pode ser:
 LISA
 O cano da arma de fogo não possui raiamento interno.

 RAIADA
 O cano da arma de fogo possui raiamento interno.
 As RAIAS (produzem cavados nos projéteis) são depressões, de
forma helicoidal, cavadas ao longo do cano, separadas por
cristas paralelas em que o metal não está rebaixado.
Os CHEIOS ou CRISTAS são responsáveis por produzir o
raiamento nos projéteis.

 FINALIDADE DAS RAIAS


A raiação do cano serve para imprimir um movimento de
rotação ao projétil, tornando seu deslocamento através das
camadas do ar mais regular e estável.

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 RAIAS: DESTRÓGENAS E SINISTRÓGENAS
O raiamento irá dar movimento de rotação, que serão
chamadas de:

DESTRÓGIRAS:
 Quando o projétil rodar da esquerda para a direita em
torno do seu eixo longitudinal.

SINISTRÓGIRAS:
 Quando o projétil rodar em sentido contrário, da direita
para esquerda.

 ESTRIAMENTO PRIMÁRIO, SECUNDÁRIO e TERCIÁRIO


 PRIMÁRIO
Representa as ranhuras maiores.
 SECUNDÁRIO ou LATERAL
Representa as ranhuras microscópicas.
 TERCIÁRIO
Resulta do desgasta das raias provocado pelo
uso intenso ou inadequado.

 O número de raias varia de um fabricante para outro, MAS SÃO,


NO MÍNIMO, CINCO. Pode ser par ou ímpar. Algumas armas
possuem raias mais estreitas e em maior número
(microrraiação).

 PASSO

A distância necessária para um giro de 360° do projétil é


chamada de PASSO.

 A velocidade angular do movimento de rotação do projétil


depende do PASSO e da CARGA PROPELENTE.

 QUANTO A VELOCIDADE
 BAIXA VELOCIDADE
 VELOCIDADE DO SOM INFERIOR A:
 340 m/s a velocidade dos SOM NO AR;
 1.500 m/s a velocidade do SOM NOS LÍQUIDOS;
 5.000 m/s a velocidade do SOM NOS SÓLIDOS.

 MÉDIA VELOCIDADE
 Intervalo a baixa e a alta velocidade.

 ALTA VELOCIDADE
 Acima de duas vezes a velocidade do som.

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 Acima de 680 m/s a velocidade dos SOM NO AR;
 3.000 m/s a velocidade do SOM NOS LÍQUIDOS;
 10.000 m/s a velocidade do SOM NOS SÓLIDOS.

 QUANTO AO FUNCIONAMENTO
 TIRO ÚNICO
As armas têm que ser alimentadas (municiadas) e carregadas para
cada disparo, pois só comportam um cartucho para cada cano; existem
aquelas com dois ou três canos.

 DE REPETIÇÃO
Depois de alimentadas, PODEM CARREGAR VÁRIOS CARTUCHOS,
SUCESSIVAMENTE, para a câmara de combustão, sem necessidade de
serem novamente municiadas.
O mecanismo de repetição pode ser SIMPLES, como na maioria dos
revólveres, ou executado por parte da energia proveniente do disparo.

 ATENÇÃO
Nesse caso, se puderem disparar todos os projéteis sem necessidade
de aliviar o dedo do gatilho serão chamadas de ARMAS
AUTOMÁTICAS.
Se precisarem de um movimento completo do gatilho para cada
disparo, serão consideradas SEMI-AUTOMÁTICAS.
Nas armas semi-automáticas, o mecanismo de disparo é independente
de carregamento. De um modo geral, as metralhadoras são
automáticas e as pistolas, semi-automáticas. Mas, há pistolas
automáticas e metralhadoras que podem comportar-se como semi-
automáticas.

 QUANTO AO CALIBRE
 CALIBRE REAL
É verificado pelo diâmetro da boca das armas de fogo raiadas, quando
medido entre dois CHEIOS OPOSTOS, no caso de raiamento par. Se o
raiamento for de número impar é utilizado um equipamento especial.

 Segundo a doutrina médico legal, a estabilidade do projetil é


alcançada quando este atinge a distância de 6 mil vezes o seu
calibre.

 CALIBRE NOMINAL
Quando ele é referido de acordo com o número dado pelo fabricante.
Mais de um calibre nominal pode corresponder a um mesmo calibre real,
seja da arma, seja do projétil.
O calibre nominal é um referencial necessário, pois cartuchos de calibre
nominal diferente destinam-se a armas diferentes em função de suas

89
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
diferentes qualidades balísticas, embora os projéteis possam ter o mesmo
diâmetro.

 A designação de calibre nominal das ESPINGARDAS segue referencial


diferente, medido pelo cartucho, e não pela boca da arma.
O número de calibre da espingarda é igual ao número de esfera de
chumbo com o mesmo diâmetro da câmara da arma que são
necessárias para formar a massa de uma libra peso (1 libra= 453g).
Os calibres encontrados no comércio são, do maior para o menor: 36;
32; 28; 24; 20; 16 e 12. A espingarda calibre 12, quando tem o cano
amputado em cerca de 1/3 do seu comprimento para transporte
clandestino, é vulgarmente chamada de ESCOPETA.
Neste caso, conforme for maior o calibre, menor é o diâmetro dos
balins.

 QUANTO A LEGISLAÇÃO
A lei 10.826/03, estabelece que:
 SINARM como órgão controlador do registro e cadastro de armas e de
emissão de portes, de modo a ter o controle do número de armas em
poder da sociedade civil e de seu fluxo (esse controle não abrange as
armas das Forças Armadas e Auxiliares, pois continua competente o
Comando do Exército a fiscalização dos chamados produtos
controlados).

 A competência para a fiscalização de todas as operações que envolvam a


produção, comercialização e o emprego de armas de fogo é o do
COMANDO DO EXÉRCITO.

90
Frederico Alves Melo – Medicina Legal

MUNIÇÃO
As armas usam CARTUCHOS que compreendem:
 PROJÉTIL;
 ESTOJO;
 CARGA PROPELENTE;
 ESPOLETA;
 E, no caso das ESPINGARDAS, A BUCHA.

 CARTUCHO ou MUNIÇÃO:
É o artefato fruto da conjunção de projetil, estojo, carga propelente e
espoleta.

 PROJÉTIL:
É a parcela de metal que fica localizada na ponta do estojo e que é expelida.

Todas as ARMAS RAIADAS usam CARTUCHOS COM PROJÉTIL ÚNICO,


enquanto as ESPINGARDAS usam preferencialmente CARTUCHOS COM
PROJÉTEIS MÚLTIPLOS, embora possam usar cartucho de projétil único.

 ARMAS RAIADAS usam CARTUCHOS COM PROJÉTIL ÚNICO.


 ESPINGARDAS usam preferencialmente CARTUCHOS COM PROJÉTEIS
MÚLTIPLOS.

Conforme o tipo de arma raiada, os projéteis têm características diferentes,


na dependência da finalidade para a qual foram construídas.

91
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
As ARMAS DE GUERRA, que são desenhadas para longo alcance, assim usam
projéteis de ponta afilada, aerodinâmicos, formados por um núcleo de
chumbo revestido por uma capa de liga metálica dura (blindagem). Esses
projeteis são feitos para transfixar. Esse tipo de projetil vai embora com uma
grande quantidade de energia que ele não transferiu para o corpo.

As ARMAS DE USO CIVIL, verificamos que os revólveres costumam usar


projéteis de chumbo nu. A ponta desses projéteis pode ser do tipo ogival,
truncada (cilindro-tronco-cônico) ou plana (canto vivo).

 QUANTO MAIS PLANA A EXTREMIDADE DO PROJÉTIL MENOS ELE


PENETRA E MAIS TRANSFERE ENERGIA CINÉTICA PARA O ALVO.
Chama-se DE PODER DE PARADA (stopping power) a capacidade que
tem um projétil de incapacitar um oponente ao atingi-lo. Assim, os
projéteis que transferem sua energia cinética rapidamente têm maior
poder de parada do que os que penetram mais rápido e chegam a
transfixar o alvo.
Existem modificações introduzidas pelos fabricantes de cartucho que podem
ser utilizadas para aumentar a capacidade de projétil transferir a sua energia
ao tocar o alvo. Isso é conseguido construindo projéteis que se deformem e
se expandam ao entrarem em contato com os tecidos do corpo humano,
ampliando o diâmetro da área de contato. Outro modo é fazê-lo fragmentar-
se.
 PROJETIL HOLLOW POINT
Também são destinados a penetrar, ele é revestido por uma capa de
cobre e, além disso, tem um orifício na ponta (chumbo mole, ponta
oca, sem revestimento metálico).
Quando atinge o alvo, ele se abre como se fosse um cogumelo,
perdendo a capacidade de transfixar, ele ancora dentro alvo. A
vantagem é que toda a energia que ele traz, ele transfere para o corpo,
com probabilidade de causar lesões maiores.

 PROJÉTEIS DEFORMÁVEIS (“bala dundum”)

92
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
Para aumentar a deformidade dos projéteis, os fabricantes os fazem
com a ponta formada por liga de chumbo mais mole, truncada (soft
nose) ou não (soft point), ou com a ponta escavada (hollow point).
Os projéteis deformáveis costumam ser parcialmente blindados,
tendo a parte apical nua. Sua blindagem, com frequência, é serrilhada
longitudinalmente na metade próxima da ponta para que se abra como
aletas no momento do impacto, de modo a ampliar muito a
transferência de energia e a destruição dos tecidos. Alguns são
totalmente blindados, mas revelam fendas na ponta ou nas laterais da
blindagem com o mesmo intuito.

 BALINS ou BAGOS
Os projéteis de ESPINGARDAS são chamados de BALIS OU BAGOS. Seu
formato é esférico e o seu diâmetro não tem muita relação com o
calibre da arma. Uma espingarda 12 pode usar cartuchos com qualquer
tipo de bagos, dependendo do fabricante.
Existem, contudo, projéteis de espingarda únicos, que apresentam
forma cilindro-ogival, sulcos cavados de modo helicoidal na face
externa e corpo escavado pela base. São chamados de BALOTE OU DE
BALA IDEAL. Disparados sobre ser humano, penetram menos que os
projéteis comuns de revólver, mas levam energia muito maior, com
grande poder de parada (stopping power).

 ESTOJO:
É a parte do cartucho que recebe e acomoda as demais partes componentes.
Na munição de ARMAS RAIADAS, é formado por LATÃO. Apresenta um
orifício pequeno na base, onde se aloja a ESPOLETA. A BASE, BORDA OU
CULOTE difere conforme se trate de munição para revólver ou para pistola.
Nos cartuchos para REVÓLVER, existe uma ORLA SALIENTE onde se encaixa o
extrator para removê-los das câmaras de combustão do tambor.
No caso das pistolas, não há orla e sim um sulco, também chamado de trilho,
onde o extrator atua (deixando marcas, também importantes para
identificação da arma que efetuou o disparo). Algumas pistolas adotam
munição com trilhos e discreta orla.

 CARGA PROPELENTE:
A energia que vai empurrar o PAF para frente é proveniente dos gases da
queima de um propelente (qualquer substância que quando for queimada
produz gás). A tendência do gás é se expandir em todas as direções e sentidos.
Se esse gás queimar dentro de um recipiente, o gás não tem por onde se
expandir, só pode se expandir numa direção, que está arrolhada por um
projétil. Esse projétil impulsionado por esse gás vai ser arremessado à
distância em direção ao alvo.

93
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
É preciso esclarecer o significado dos termos combustão, deflagração e
denotação.

COMBUSTÃO:
É uma reação química exotérmica em que há queima da substância de
modo lento, ao ar livre, na qual o calor despendido pode dissipar-se e
os gases produzidos não exercem pressão sobre o combustível.

DEFLAGRAÇÃO:
Consiste em uma combustão rápida de modo que haja aquecimento
progressivo do combustível e aumento da pressão ambiente pelo
desprendimento dos gases. É o que ocorre com as PÓLVORAS
BALÍSTICAS.

DENOTAÇÃO:
Resulta de um processo extremamente rápido que se propaga quase
que instantaneamente a toda a massa de combustível como uma onda
de choque explosiva. É o caso das espoletas e da DINAMITE.

Atualmente, os cartuchos usam ou uma mistura de nitroglicerina e


nitrocelulose (pólvora de base dupla) ou celulose coloidal (pólvora de
base simples).

 ESPOLETA:
A espoleta, ou cápsula de espoletamento localiza-se abaixo do estojo.
Quando o pino percurtor bater na espoleta, vai fazer uma faísca, essa faísca
vai incendiar a pólvora, que vira gás e vai expelir o projétil.

Qualquer que seja o tipo de pólvora de um cartucho, sua queima tem que ser
iniciada a partir de um DISPOSITIVO COM MATERIAL QUE SE INFLAME E
TRANSMITA SUA CHAMA À PÓLVORA.
Chama-se de PRIMER ou MISTURA INICIADORA, a substancia que inicia a
combustão, para posterior deflagração do projetil.

 BUCHA PNEUMÁTICA:

94
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
É uma espécie de tampão de cartão, cortiça ou serragem prensada, que
separa a carga de pólvora dos balins, nos cartuchos para ESPINGARDAS. Nos
mais modernos, a bucha é de plástico, em forma de copo, e tem também a
função de manter os balins juntos durante pequena porção inicial do trajeto.
A resistência do ar, contudo, faz com que ela se abra e fique a meio caminho
do alvo nos tiros de meia distância. Nos tiros de curta distância a bucha,
principalmente a de cartão, também atinge o alvo, podendo ser encontrada
no interior da ferida. Quanto mais denso o material de que seja feita, maior a
distância que ela atinge. Sendo encontrada serve para caracterizar o calibre
da espingarda.

 ROSA DE TIRO DE CEVIDALLI:


É o conjunto de feridas produzidas pela entrada de projeteis múltiplos
disparados pela espingarda.
Em regra, quando maior a distância entre as entradas das feridas, maior foi
a distância do disparo.
O professor Hygino Hércules diz que o diâmetro em centímetros da rosa
de tiro, corresponde a distância 2 a 3 vezes em metros.
Ex.: Distância de 2 cm das feridas – O disparo foi realizado de 4 a 6 metros
de distância.

 BALÍSTICA:
É a parte da mecânica que estuda o movimento dos projéteis e as forças
envolvidas na sua impulsão, trajetória e feitos finais.

 BALÍSTICA INTERNA
Abrange o conhecimento dos propelentes e do mecanismo das armas.

 BALÍSTICA EXTERNA
Estuda as trajetórias dos projeteis.

 BALÍSTICA TERMINAL
Estuda os efeitos produzidos no alvo.

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 MOVIMENTOS DO PAF
O impulso dado a um PAF depende da potência da carga, que determina a
velocidade com que sai da boca da arma. Por sua vez, a velocidade é o
elemento mais importante na fórmula da energia cinética.
Iniciada a deflagração, os gases forçam o estojo em todos os sentidos. Por
trás, ele é projetado sobre a culatra; lateralmente, não explode por causa da
resistência da câmara de combustão, restando para seu escape à base do
projétil. Pequena parcela de gases passa na junção entre o tambor e o orifício
posterior do cano no caso dos revólveres.
O projétil é forçado a girar em torno do seu eixo longitudinal pelos cheios da
raiação, ao ser empurrado ao longo do cano da arma, já que seu diâmetro
externo é ligeiramente superior ao calibre real da arma. Assim, os cheios
fazem um sulco oblíquo no corpo do projétil.
Um dos movimentos do projetil é o de ROTAÇÃO sobre seu próprio eixo, que
é fundamental para sua estabilidade ao longo do trajeto em direção ao alvo.
Não fosse a rotação, a resistência do ar faria desviar esse eixo com relação à
trajetória, de modo que, a meio caminho entre a boca da arma e o alvo, o
projétil ficaria de lado ou mesmo com a base para diante, o que reduziria o seu
alcance.
Há o movimento de TRANSLAÇÃO, que é o movimento da boca da arma até o
alvo, o projétil sofre a influência da força da gravidade. Por isso, quando o
atirador faz pontaria com a arma, a direção do cano aponta para um ponto um
pouco acima do local onde se situa o alvo. Essa compensação é calculada pelo
fabricante quando constrói o aparelho de pontaria da arma. Existem
revólveres em que a alça de mira é ajustável conforme a distância do tiro.
Em razão de ter forma cilíndrico-ogival, e de ter o peso da base diferente em relação
a ponta, o projetil evidencia outro movimento, de BÁSCULA, oscilação que se integra
aos outros dois já citados.

Há ainda os movimentos de NUTAÇÃO, que são os pequenos círculos que a


ponta do projetil realiza e PRECESSÃO que consiste na formação de círculos
maiores, constituídos pela sucessão ininterrupta de círculos menores, os pequenos
círculos que originam o movimento de nutação.

 CONCLUI-SE QUE QUANTO MAIOR O MOVIMENTO DE ROTAÇÃO,


MENOR SERÃO OS MOVIMENTOS DE NUTAÇÃO E PRECESSÃO,
ASSIM, MAIOR SERÁ A ESTABILIDADE.
Assim, são movimentos do PAF:
 ROTAÇÃO
 TRANSLAÇÃO
 BÁSCULA
 NUTAÇÃO

96
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 PRECESSÃO

 ANÁLISE DA DISTÂNCIA ALCANÇADA PELO PROJETIL


A análise da distância alcançada pelo projetil depende de alguns fatores, tais
como por exemplo:
 Massa do projétil
 Comprimento do cano da arma
 Quantidade de propelente, etc.

Tem que juntar essas características para saber o que quero fazer com aquele
tiro. Por isso, há arma de canos curtos e armas de cano longo; propelente do
tipo A e do tipo B; propelente que faz muito gás e que faz pouco, etc.
Se o material do cone de dispersão sujar o alvo, indica que o disparo foi a curta
distância/queima roupa. Logo, como regra (há exceção), se não houver
fragmentos do cone de dispersão no alvo, esse tiro foi a distância (O professor
Higyno Hércules chama de a longa distância).

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal

Veja que o cone de dispersão é formado pelos gases superaquecidos, as


micropartículas, etc.

 SINAL DE TELÃO DE RAFFO


Ocorre quando material do cone de dispersão sujar as vestes da vítima.

RESIDUOGRAMA
Estudo dos resíduos provenientes do disparo. Esses resíduos podem ser
provenientes do propelente que está dentro do estojo, do material que está
dentro da espoleta, do próprio projétil de arma de fogo e do cano da arma.
Tudo isso vai impregnar a vítima ou o atirador.

TIRO A LONGA DISTÂNCIA


Quando não se encontra os resíduos do cone de dispersão no alvo, pode
indicar que o disparo foi a longa distância, pois apenas o projetil produz efeitos
no alvo.

ATENÇÃO

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal
O tiro pode ser de curta distância e não deixar resíduos do cone de dispersão,
se houver a presença de um anteparo (Ex: travesseiro).

ORLAS CAUSADAS PELO PAF


 ORLA DE ENXUGO ou ALIMPADURA
 É a primeira das orlas, pois ocorre a limpeza dos resíduos e impurezas
do PAF no local de contato com o corpo.
 Indica a certeza de ser um tiro de entrada, e assim auxiliar a direção do
projétil.
 Também chamado de SINAL DE CHAVIGNY ou ORLA DE CANUTO E
TOVO.

 ATENÇÃO
É possível se ter um orifício de entrada sem a orla de enxugo,
sejam por existir um anteparo, seja, por PAF que transfixem o
corpo mais de uma vez, em que a segunda entrada não terá a
referida orla de enxugo. Por isso, a ausência do sinal de
Chavigny, não garante que seja um orifício de saída.

 ORLA DE ESCORIAÇÃO ou CONTUSÃO


 Trata-se do 99arrancamento da epiderme, em função da entrada do
PAF, deixando a derme amostra, ou seja, uma lesão de escoriação.
 É indicativo de entrada de projetil.
 O professor Higyno Hércules aponta que seria possível verificar
na saída, desde que exista um anteparo (Ex. A pessoa esteja
encostada na parede).
 Diz ainda que é possível a lesão de entrada sem orla de
escoriação, desde que, nas regiões palmares/plantares, em
função da camada córnea nessas regiões serem mais
espessa/rígida, podendo a lesão ter uma forma estrelada e sem
orla de escoriação.

99
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 ATENÇÃO
ANEL DE FISH
É uma característica de uma lesão de entrada de PAF, formado pelo
SOMATÓRIO da ORLA DE ENXUGO ou ALIMPADURA e ORLA DE
ESCORIAÇÃO.

 ANEL DE FISH = ORLA DE ENXUGO + ORLA DE ESCORIAÇÃO.

ATENÇÃO
Nas escoriações excêntricas, onde houver maior escoriação, é
indicativo de onde veio o PAF.

 ORLA DE EQUIMOSE
 Trata-se da mancha arroxeada formada pelo rompimento dos vasos,
devido a ação contundente do projetil, que leva a extravasamento do
sangue.

100
Frederico Alves Melo – Medicina Legal

TIRO A CURTA DISTÂNCIA


Ocorre quando o alvo se encontra dentro do alcance do cone de dispersão, podendo estar
presente as seguintes zonas:

 ZONA DE CHAMUSCAMENTO ou ORLA DE QUEIMADURA


 Trata-se da queimadura produzida pelos gases nos tiros de curta
distância.
 É ligada ao cone de dispersão.
 Pode levar a queimaduras de 1º e 2º graus.

 ZONA DE ESFUMAÇAMENTO OU TISNADO (SUJO)


 Trata-se da sujeira formada pela fumaça nos tiros de curta distância.
 Ligada ao cone de dispersão.
 Também conhecida como zona de falsa tatuagem.

 ZONA DE TATUAGEM
 Trata-se da impregnação de micro resíduos do cone de dispersão na
pele (derme) nos tiros de curta distância.
 Mesmo com limpeza, os micros resíduos não saem.
 Ligada ao cone de dispersão.

 Nos disparos oblíquos, as zonas de esfumaçamento e de tatuagem serão


maiores no lado oposto do disparo.

 De acordo com o Professor Genival França, o disparo que ocorreu em até 10


centímetros de distância, é considerado tiro a queima roupa.

 ATENÇÃO
A ausência das zonas de chamuscamento, tisnado ou tatuagem, não
indicam certeza de que o tiro foi a longa distância, vez que é possível
que seja feito a curta distância, com a presença de um anteparo.

Veja a imagem ilustrativa:

101
Frederico Alves Melo – Medicina Legal

 POSSIBILIDADE DE MAIS PROJETEIS NO INTERIOR DO CORPO QUE


ORIFÍCIOS DE ENTRADA
É possível em duas hipóteses:
 Se houver entrada de projetil por orifício natural;
 Dois projeteis entrando pelo mesmo orifício.

TIROS ENCOSTADOS
Nos disparos efetuados encostados na pele, todos os componentes do projetil irão
interagir com a pele. Assim, os efeitos que serão causados dependerão da existência
de plano ósseo ou não embaixo da pele.
Veja algumas características que estão presentes com os disparos efetuados
encostados a pele.

 SINAL DE BOCA DE MINA DE HOFFMAN


Normalmente, se o tiro for disparado encostado na pele, com plano ósseo
abaixo, os gases não poderão para onde se expandir, de maneira que a
pele ficará evertida em razão da ruptura (estrelada) e com os resíduos
nela impregnados.
Possui a zona de tatuagem.
O sinal de Boca de mina de Hoffman é na pele.
 Não confunda com o sinal de Benassi, que é o sinal que fica
no plano ósseo.

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal

 SINAL DE PUPPE WERKGAERTNER


Normalmente se o tiro for disparado encostado na pele, sem plano ósseo
abaixo, alça e massa da arma ficarão marcadas na pele, em razão da ação
contundente ou do aquecimento.
Neste caso, os gases entram na pele, ficando invertida.

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal

 SINAL DE BENASSI
Trata-se do sinal de esfumaçamento no osso, nos tiros encostados.
O sinal permanece no esqueleto do cadáver.

 Não confundir com o sinal de boca de mina de Hoffman, pois neste


o sinal é na pele.

 SINAL DE SCHUSSKANOL
É representado pelo esfumaçamento das paredes do conduto produzido
pelo projétil entres as lâminas interna e externa de um osso chato, a
exemplo dos ossos do crânio.

 SINAL DE BONNET (Tronco de cone de Bonnet)


Este sinal que é um tronco de um cone aparece em ossos achatados
(normalmente no do crânio) indica a direção do projetil, ou seja, entrou no
buraco menor (base do tronco) e saiu no maior, que é chamado de
CORTADA EM BISEL.

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal

 SINAL DE TOVO E LATTES


Indica a presença de pele no interior do corpo.

 SINAL DE RICHTER
Indica a presença de esquirolas ósseas próximas ao orifício de passagem.

 SINAL DO RASGÃO CRUCIAL DE NERIO ROJAS


Indica aspecto cruciforme nas roupas nos disparos a curta distância.

 SINAL DE ESCARAPELA
São dois anéis concêntricos de esfumaçamento intercalados por um halo
claro nos locais onde ocorreu disparo a queima roupa.

ATENÇÃO
 O diâmetro do buraco de entrada na pele é MENOR que o diâmetro do
projétil, vez que a pele é elástica, e volta para o lugar (salvo na boca de mina
de Hoffman).

105
Frederico Alves Melo – Medicina Legal

LESÕES EM ÓRGÃOS – HALLO DE BONNET


 DEPENDEM DA DENSIDADE DO ÓRGÃO
 SE MAIOR A DENSIDADE, O ÓRGÃO FICA LACERADO.
 SE MENOR A DENSIDADE, A LESÃO É MENOS EXUBERANTE.

TRAJETO X TRAJETÓRIA
 TRAJETO
 Trata-se do percurso interno do projétil no alvo.

 TRAJETÓRIA
 Trata-se do percurso externo ao alvo do projetil.
Durante a trajetória, o PAF sofre influência de GRAVIDADE e
RESISTÊNCIA DO AR.

 FERIDA EM SEDENHO, CEGA OU FUNDO DE SACO


Trata-se da ferida causada pelo PAF, que possui entrada,
trajeto, mas não possui saída.

 FORÇA DE ARRASTO E GRAVITACIONAL


Durante o trajeto ou trajetória, o projetil sofre a força de
arrasto, que é a dificuldade de progressão no geral, e a força
gravitacional, que é a atuação da gravidade. Ambas forças
podem alterar a estabilidade do PAF.

COENFICIENTE BALÍSTICO

O coeficiente balístico representa o poder de penetração do projétil. É expresso pela


fórmula:

106
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
CB=m/I.d² (m=massa, I=fator de forma, d= densidade).

O fator de forma é um número que expressa o quão pontiagudo é um projétil. Seu


valor é menor nos projéteis com ponta afilada, tornando-se maior nos de ponta
truncada e máximo nos de ponta plana, tipo canto vivo.

Assim temos que, quanto maior o coeficiente balístico, maior a chance de transfixar,
e quanto maior o calibre, menor a chance de transfixar, pois possui um maior poder
de parada.

Sendo constantes os outros parâmetros, ao dobrarmos o calibre de um projétil


estaremos reduzindo seu poder de penetração à QUARTA PARTE do que possuía
antes (2²=4). Por outro lado, quanto maior a massa do projétil, maior a sua inércia e
maior a sua capacidade de atravessar o alvo.

DISPARO PENETRANTE E TRANSFIXANTE


 DISPARO PENETRANTE é aquele que o PAF entra, mas não saí, uma vez que
buscam que toda sua energia cinética seja transferida para o alvo.
São normalmente os PAFs que possuem pontas rombas (deformáveis), sendo
conhecido como “bala dum dum”, “hollowpoint”, etc.

 DISPARO TRANSFIXANTE é aquele feito para entrar e sair, ou seja, neste caso,
não haverá total energia transferida, vez que o PAF, segue sua trajetória com
energia cinética. Sua ponta deve ser fina.

ESTABILIDADE DO PAF: CENTRO DE MASSA E PRESSÃO


Um projétil tem estabilidade na trajetória quando o seu CENTRO DE MASSA e o seu
CENTRO DE PRESSÃO estão ALINHADOS HORIZONTANALMENTE com trajetória.
 CENTRO DE PRESSÃO é o ponto ideal de aplicação das forças de arrasto, ou
seja, força que oferece resistência ao deslocamento do projétil sendo
diretamente proporcional a densidade do meio atravessado.

 CENTRO DE MASSA é o ponto médio de equilíbrio de um corpo.

 QUANTO MAIOR A DISTÂNCIA ENTRE O CENTRO DE MASSA E O CENTRO DE


PRESSÃO, MAIS ESTÁVEL É O PROJÉTIL.
Nos PAF, o centro de pressão é em direção a base do PAF, e o centro de massa, fica
na ponta do mesmo, como na flecha abaixo:

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal

 De acordo com o Professor Hygino Hércules, nos disparos de fuzis, o centro


de massa é anterior (base do PAF) ao centro de pressão (próxima a ponta), e
por esse motivo possui maior facilidade de perda de estabilidade frente ao
atrito.

RESIDUOGRAFIA
 ANALISA-SE A PRESENÇÃO DE RESÍDUOS PROVENIENTES:
 Do primer
 Da queima da pólvora
 Do atrito do PAF com o cano
 Microparticulas dos PAF
 Microparticulas do cano
 Que impregnam na pele da mão de quem efetuou o disparo.

 O método mais correto e eficaz é a microscopia eletrônica de varredura, pois


além de dizer o tipo de resíduo que existe, ela estabelece os percentuais de
cada um.
 São citados ainda como métodos de análise as REAÇÕES DE
DIFENILAMINA, de GRIESS e o TESTE DE PARAFINA ou PROVA DE
ITURRIOZ.
 Acerca de tempo do disparo, temos que o disparo com:
 PÓLVORA NEGRA
Indica que o cheiro persiste por 12 horas e em mais de 5
dias causa ferrugem no cano da arma.
 PÓLVORA BRANCA
Os nitratos são evidenciados pela reação de Griess.

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal

 A presença dos resíduos na mão, pode indicar um autor, ou uma vítima que
tentou se defender.

ONDAS DE CHOQUE E ONDAS DE PRESSÃO


Ao ultrapassar a velocidade do som, a interação de um avião com o ar leva a formação
de ondas de choque que são ouvidas como um estrondo e resultam da incapacidade
das moléculas gasosas de transmitirem as vibrações com a mesma velocidade com
que chegam, o que gera um acúmulo de energia, que depois é liberada de modo
abrupto.
As ondas de pressão, porém, são diferentes. Resultam do deslocamento dos tecidos
percutidos pelo projétil. O deslizamento de partículas do meio ao longo do projétil
tende a ser paralelo a sua direção, mas, quando elas esbarram em uma curva da sua
superfície, afastam-se de modo centrifugo. Isso leva que se forme uma zona de vazio
e de baixa pressão atrás do projétil, embora o deslocamento dos tecidos se deva a
ondas de pressão positivas. Assim, a cavidade permanente representada pelos

109
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
tecidos lacerados e esmagados pelo contato direto com o projétil é ampliada
temporariamente (cavidade temporária) pelo afastamento de suas paredes.
 Segundo o professor Higyno Hércules, a gravidade da lesão é fruto da onda
de pressão, pois o efeito da onda de choque é inócuo devido a sua
brevidade/curta duração (tanto que são utilizadas na destruição de cálculos
renais).

CAVIDADES FORMADAS
 PERMANENTE
 Neste caso há o ESMAGAMENTO, em que se rompe as fibras e células,
formando assim um túnel um pouco menor que o diâmetro do calibre
do projétil (devido a elasticidade dos tecidos).

 TEMPORÁRIA
No estudo da lesão por PAF, um fator importante é a formação das cavidades
temporárias, que podem ter amplitudes variadas, vejamos:
 Há um ESTIRAMENTO que resulta do deslocamento centrífugo que os
tecidos sofrem pelo contato do projetil em razão da onda de pressão.
 Resulta pelo alargamento da cavidade permanente.
 Estão presentes em todos os tipos de tiro.
 São pulsáteis, ou seja, de amplitudes variáveis.
 Levando em consideração as mesmas constantes, o PAF de maior
velocidade, vai gerar uma maior cavidade temporária.
 PRINCÍPIO DE PASCHOAL
 A pressão se expande em todos os sentidos.

 Dependem ainda:
 Da onda de pressão
 Da estabilidade do PAF
 Do tamanho do Trajeto

110
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 Essa série de fatores vai contribuir para a lesão de saída.

 A ponta do projetil reflete no tamanho da cavidade temporária, em


que quanto menor a ponta desta, menor será a cavidade.
 A cavidade temporária pode chegar de 13 a 30 vezes o diâmetro do
projetil.
 Normalmente a cavidade temporária é menor no início e no fim, mas
caso a amplitude máxima da cavidade coincida com o limite do corpo,
poderá ser muito maior que a de entrada.
 O início da lesão formadora da cavidade é chamado de colo.

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal

LESÕES DE SAÍDA PROVOCADAS POR PAF


Como regra, as lesões de saída possuem forma irregular e bordas evertidas, com
maior sangramento que no orifício de entrada. Não apresentam as orlas e zonas já
estudadas.
Vale citar que um único projetil, com um orifício de entrada, pode causar mais de uma
lesão de saída, desde que este se desfragmente.
 SINAL DE ROMMANESI
Trata-se da ferida que se observa no orifício de saída de PAF, quando o plano
cutâneo se acha contatado externamente com um anteparo duro (Ex.:
encostado na parede; presenta de carteira no bolso, etc.).

LESÕES PROVOCADAS POR PAF DE ALTA


ENERGIA
É considerado projetil de alta energia aquele que possuem a velocidade inicial acima
de 600 metros por segundo.
Em relação aos PAFs de baixa energia, temos que os de alta energia possuem uma
maior cavitação (e assim, maiores cavidades são formadas) e ainda, em condições
iguais, maior capacidade de causar lesões de saída mais exuberantes.
O professor Hygino Hércules diz que as lesões de entrada sem anteparo são circulares
(ovalares) e acordo com o ângulo de penetração, com bordas talhadas a pique.
Como regra, as lesões de entrada sem anteparo são menores que o diâmetro do
projetil, no entanto, é possível que seja maior em razão de alta velocidade do projetil.

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 Se houver anteparo (osso) a ferida de entrada tende a ser muito amis
exuberante, a ponto de causa duvida de qual seria a lesão de entrada e a de
saída.
 Normalmente a cavidade temporária é menor no início e no fim, mas caso a
amplitude máxima da cavidade coincida com o limite do corpo, poderá ser
muito maior que a de entrada.

LESÕES EM ÓRGÃOS MACIOS PROVOCADAS


POR PAF
 Dadas as mesmas condições, os órgãos de maior densidade/elasticidade
tendem a ter lesões mais exuberantes que órgãos de menor densidade, pois
apresentam uma maior resistência. Por exemplo, o fígado é mais rígido que o
pulmão, e nas mesmas condições, tende a apresentar lesões mais
exuberantes.

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal

LESÕES E MORTES PROVOCADAS


POR EXPLOSIVOS
Trata-se do conjunto de manifestações violentas causadas pela expansão dos gases
de uma grande explosão, que causa a onda de choque e de pressão, e assim leva ao
deslocamento bruto de ar em todas as direções.
Esse deslocamento do ar pode se dar de forma:
 Centrífuga (onda positiva)
 Centrípeta (onda negativa)
BLAST
Ocorre diante de uma explosão, ou seja, a onda de choque emanada da explosão de
qualquer artefato explosivo. A velocidade varia de acordo com a potência da carga
explosiva.
Pode ser:
 Aéreo – 340 m/s
 Aquático – 1.500 m/s
 Terrestre – 5.000 m/s

O Blast pode ser primário, secundário ou terciário:

 Primário
Alvo que está no centro da explosão, poderá ser carbonizado, espostejado,
reduzidos a pedaços, conforme a força da explosão (Ex.: homem bomba).

 Secundário
Quando se está um pouco afastado, o alvo será atingindo pelos estilhaços do
centro da explosão.

 Terciário
Onda de choque que projeta a pessoa contra o chão, ou algum anteparo,
podendo causar lesões contundentes.

 BLAST AUDITIVO
É comum que ocorra a rotura do tímpano, causando a surde passageira.

 BLAST NOS ÓRGÃOS


É possível que ocorram efeitos do blast nos órgãos, como no pulmão,
podendo inclusive não existir lesões externas.

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal

AGENTES TÉRMICOS
CONCEITOS INICIAIS
Trata-se de energia física não mecânica, uma vez que não depende de movimento.
O calor é a fonte de transmissão de energia.
Segundo o Professor Hygino Hércules, calor é a variação na quantidade de energia
térmica transferida de um sistema para outro.
 O calor pode ser:
 QUENTE ou
 FRIO

 Segundo o Professor Higyno Hércules, energia térmica é medida em calorias,


em que uma caloria é a quantidade necessária de calor para elevar de 1 grau
centigrado a temperatura de 1 grama de água sob pressão constante.

 ANIMAIS HOMEOTÉRMICOS E PECILOTÉRMICOS


ANIMAIS HOMEOTÉRMICOS
Possuem um sistema de manutenção da temperatura interna mais ou menos
constante.
Ex.: Mamíferos e Aves.

ANIMAIS PECILOTÉRMICOS
A temperatura interna varia de acordo com o ambiente.
Ex.: Peixes, anfíbios e répteis.

 Segundo o Professor Higyno Hércules, o recém-nascido, por não ter


um sistema termorregulador maduro, assim, seria pecilotérmico.

SENSORES TÉRMICOS
Segundo o Professor Higyno Hércules, são estruturas nervosas capazes de detectar
a alteração da temperatura, sendo encontrados na pele (predomina sensores para o
frio), sistema nervoso (predomina sensibilidade para o calor) e na parede de grandes
vasos.

FORMAS DE CONSERVAÇÃO E DISSIPAÇÃO DO CALOR


São formas de conservação e dissipação de calor:
 CONDUÇÃO
 Se dá através do contato íntimo.

115
Frederico Alves Melo – Medicina Legal

 CONVECÇÃO
 Ocorre quando há várias camadas, em que camadas mais quentes
perdem calor na superfície (ondas sucessivas).
Ex.: Uma xicara de café quente, ventilador, etc.

 EVAPORAÇÃO/TRANSPIRAÇÃO
 Perda de água com o calor, com a passagem de estado líquido para
o gasoso.

 IRRADIAÇÃO
 A fonte (emissão) de calor vem de longe, não há contato.

LESÕES PELA AÇÃO TÉRMICA


 TERMONOSES
Trata-se da AÇÃO DIFUSA DO CALOR, ou seja, a FONTE DO CALOR, NÃO TOCA
NA VÍTIMA (quadro sistêmico).
 Diferente da queimadura, que deve haver contato, sendo uma ação
local.

Pode se dar por:


 INSOLAÇÃO
Ocorre quando a fonte de calor é proveniente do sol.

 INTERMAÇÃO, EXAUSTÃO TÉRMICA ou PROSTAÇÃO


Ocorre quando a fonte de calor é proveniente de outra fonte térmica.
Geralmente ocorre em lugares pouco arejados.

 ATENÇÃO
Segundo o Professor Higyno Hércules, uma vez envolvido o
hipotálamo (que abriga o centro termorregulador do corpo), será
insolação (forma mais grave), caso não seja afetado o hipotálamo
(sendo apenas distúrbio cardiovascular), trata-se de intermação
(independe da fonte térmica).
Afirma-se que se a intermação for grave, incidirá numa insolação,
pois fatalmente o hipotálamo será atingido.
Assim, para o professor, toda morte através da ação difusa do
calor, acabará em insolação.

 ATENÇÃO

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal
Segundo o Professor Higyno Hércules, a forma mais eficiente de se
combater os efeitos gerados pelo modo difuso é a prevenção, mas
caso já tenha ocorrido, devem ser utilizados métodos de
resfriamento externo e de evaporação formada.

 HIPOTÁLAMO
Localizado na base do cérebro, contém os centros
termorreguladores centrais (temperatura).
Está relacionado com a insolação.
Produz e secreta hormônios, sendo ligado a hipófise (que coloca
em circulação os hormônios produzidos pelo hipotálamo).
Ordens do hipotálamo de acordo com a temperatura:
 Diâmetro vascular (frio: contraídos; calor: dilatação);
 Posição dos pelos (frio: arrepiados; calor: abaixados);
 Estimulo a sudorese;
 Tremores;
 Tireoide (metabolismo),
 Alteração do ritmo respiratório, e cardíaco.

 A vasodilatação é a forma de compensar a perda de calor para o


ambiente.

 SINCOPES TÉRMICAS
Há síndromes clínicas que se relacionam com as variações bruscas e intensas
da temperatura ambiental ou corporal, sem que o organismo consiga adaptar-
se a tempo de evitar os sinais e sintomas das mesmas, ou ainda, fruto de
sudorese excessiva.
São sintomas: Tonteira, mal-estar, dor de cabeça, visão turva, náusea, enjoo,
desmaio, etc.
Veja algumas:

 CÂIMBRA TÉRMICA
Há sudorese abundante, com perde de liquido e sais minerais (sódio,
potássio), e com a perda desses sais, vai afetar diretamente o perfeito
funcionamento dos músculos.
 A mera reposição de água, não repõe os sais, de maneira que não
evita as câimbras musculares (espasmos musculares intensos).

 SINCOPE TÉRMICA
Trata-se do apagamento brusco (desmaio) da pessoa, em virtude da
progressão da hipertermia, causando sudorese intensa, com a perda de
liquido e sais minerais, perda de consciência, náuseas, vômitos, etc.
Ocorre porque o cérebro dá o comando de desligamento para que cesse
determinado tipo de atividade.

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal

 EXAUSTÃO PELO CALOR


Trata-se de intensa prostração, vertigens, vômitos e sincopes que
comprometem principalmente pessoas idosas e crianças, não adaptadas
às ondas periódicas de calor.

 MIALÁRIA
Trata-se da infiltração do suor retido nos tecidos vizinhos, sendo mais
comum em crianças.

 EDEMA
Ocorre em indivíduos que ficam por muito tempo numa posição, em um
clima que não está acostumado.

 QUEIMADURAS
A fonte térmica toca ao corpo, ou seja, ação local, e diante da intensidade da
transmissão de calor poderemos ter diversos graus.

 É diferente das termonoses, que não há contato, sendo uma ação


difusa.

A doutrina classifica a queimadura em graus, veja:

 Segundo a classificação de LUSSENA-HOFFMAN:


 1º GRAU – ERITEMA
Trata-se da vermelhidão ocorrida na pele em razão do aumento de
temperatura, em função da vasodilatação periférica.
O hipotálamo irá dar comandos, com o fim de manutenção de
temperatura, tais quais: aumento da sudorese e abaixamento dos
pelos.
A pele ainda está integra.
 É também chamado de SINAL DE CHRISTINSON.
 Neste grau, a pele ainda se encontra integra.

 2º GRAU – FLICTENA
Quando há a presença de bolhas (pois os líquidos corporais - linfa, para
tentar diminuir a ação do calor, extravasam), ou ainda, quando ocorre
o arrancamento da epiderme, com exposição da derme.
Nesta fase, a derme ainda não é atingida.

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal

 REAÇÃO DE CHAMBERT POSITIVA (+)


Trata-se da verificação de proteínas no liquido presente na
bolha, de maneira que a presença dessa proteína,
caracteriza que a lesão foi feita em vida, e assim,
diferenciando das bolhas presentes na putrefação (Reação
de Chambert negativa).

 3º GRAU – ESCARIFICAÇÃO DA DERME


Há a lesão da derme, deixando os pelos crestados (queimado e
esturricado).
A cicatriz da escarificação da derme, pode evoluir em deformidade
permanente, pois há retração da pele, podendo juntar por exemplo,
dedos, braço no tronco, etc.

 4º GRAU – CARBONIZAÇÃO
Há a carbonização, com a destruição da pele, e dos planos profundos,
em regra, pois a carbonização pode agir como isolante térmico, e
elétrico, não raro, os órgãos internos permanecem íntegros, enquanto
a parte externa está completamente carbonizada.

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal

 FACIOSTOMIA
Quando há a carbonização, a pele sofre uma retração em
virtude da ação do calor, e essa retração pode comprimir
determinadas partes, vasos e artérias do corpo, e assim, o
profissional pratica uma secção local para aliviar a referida
tensão.

 Segundo a classificação de KRISEC, utilizada pelo professor Hygino Hércules:


 SUPERFICIAL
Corresponde à queimadura de 1º grau de Lussena: Eritema.

 PARCIAL:
 SUPERFICIAL
Corresponde à queimadura de 2º grau de Lussena: Flictena.
Localiza-se acima da camada de MALPIGHI

 PROFUNDA
Corresponde à queimadura de 2º grau de Lussena: Flictena.
Localiza-se acima da camada de MALPIGHI

 TOTAL
Corresponde a escarificação da derme – ou seja 3º grau de Lussena.

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 A carbonização existente na classificação de LUSSENA, não
está presente na classificação de KRISEC, pois esta classificação
é utilizada para fins de transplantes.

SINAIS DECORRENTES DA AÇÃO DO CALOR


 SINAL DE MONTALTI
Nas mortes ocorridas em razão de fogo, normalmente a morte ocorre por
asfixia. Portanto, há inspiração de fuligem que fica agarrada na mucosa da
árvore respiratória.
 É indicativo de que estava vivo na hora do incêndio.

 Outro indicativo de que o cadáver estava vivo na hora do incêndio é a


presença de CARBOXIHEMOGLOBINA (indica intoxicação por monóxido
de carbono) no teor ACIMA DE 50%.
 Nos indivíduos completamente carbonizados, é possível buscar o DNA nos
órgãos internos, tecidos, ossos, polpa dentária, etc.
 Também são importantes para identificação: Próteses, cirurgias
anteriores, grupo sanguíneo, etc.
 Os dentes suportam o calor de até mil graus Celsius.

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal

 SINAL DE DERVEGIE, BOXEUR, ESGRIMISTA ou SALTIMBANCO


Com o aumento da temperatura, em função da desidratação a musculatura
do cadáver sofre contração post-mortem, assim, os membros superiores e
inferiores, sofrem acentuada flexão e podem causar fraturas diversas.

 Trata-se de uma LESÃO POST-MORTEM.

COR DOS OSSOS X TEMPERATURAS


 Até 400º CELSIUS
Apresenta cor pardacenta e escurecido pela cor do sangue.

 Acima de 400º CELSIUS


Apresenta cor esbranquiçada e os ossos ficam quebradiços.

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal

 PÉROLA ÓSSEA
Quando o osso é submetido a calor intenso começa a queimar e forma bolhas de
osso. Indicando que o osso foi queimando a uma grande temperatura. São bolhas de
cálcio.

FOTODERMATOFITOSES
Trata-se de uma reação química exotérmicas, causado pela luz solar, que leva a
queimaduras no corpo, devido a exposição.

REGRA DOS NOVE DE WALLACE


Quando uma pessoa entra no hospital queimada, deve ser analisada as áreas
atingidas, de acordo com a regra dos nove, em que se estabelece o percentual de
queimadura, e alinhado ao grau deste se estabelece o tratamento a ser aplicado.
Veja o percentual de cada parte do corpo:
 CABEÇA
Representa 9% do corpo.

 TORAX E ABDÔMEN
Representa 18% do corpo;

 MEMBROS SUPERIORES FRENTE


Representa 9% do corpo.

 MEMBROS INFERIORES FRENTE


Representa 18% do corpo.

 MEMBROS SUPERIORES DORSO


Representa 9% do corpo.

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal

 MEMBROS INFERIORES DORSO


Representa 18% do corpo.

 DORSO
Representa 18% do corpo.

 GENITAIS
Representa 1% do corpo.

 Nas crianças a percentagem é superior que a do adulto, em que alguns


doutrinadores dizem ser regra dos 11.

CAUSA DE MORTE NOS INCÊNDIOS


No incêndio, pode haver combustão de muitos compostos que geram resíduos
altamente tóxicos para o corpo, tais como:

 Gás cianídrico (HCN)


 Monóxido de carbono (CO)
 Oxido sulfuroso (HSO2)
Muitas vezes, o que mata não é o fogo, e sim a ação desses gases tóxicos, que leva a
asfixia:
 CARBOXI-HEMOGLOBINA
Derivado do monóxido de carbono.
 Deixa uma tonalidade carminada (cereja) nas vísceras.

 INIBIÇÃO DE ENZIMAS MITOCRONDRIAIS - CITOCROMOOXIDASE

124
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
Causada pelo CIANETO.

LESÕES DE INALAÇÃO
Se o indivíduo sobrevive, mas inala a fumaça tóxica, pode ter complicações
respiratórias, podendo causar infecções graves, em razão da formação de ácidos
cáusticos na mucosa respiratória, que levam a uma reação exotérmica que geram
queimaduras nas vias aéreas. Podem causar pneumonia, e até mesmo levar a morte.

HEMORRAGIA EPIDURAL
Trata-se de da ação do fogo na região do crânio, em que, a dura-máter (meninge do
cérebro), tem os vasos rompidos, levando à fervura do cérebro, que expulsa o sangue
por este caminho.

OUTROS FATORES QUE LEVAM A MORTE


 DESIDRATAÇÃO INTENSA E PERDA DE SAIS MINERAIS
 DISSEMINAÇÃO DE INFECÇÕES NAS AREAS QUEIMADAS
 LESÕES DE INALAÇÃO
 HEMORRAGIA DISGESTIVA COM ANEMIA AGUDA E CHOQUE
HIPOVOLÊMICO.
 INSUFICIÊNCIA RENAL
 PULMAO DE CHOQUE: resultado de intenso edema local e congestão que
atinge os pulmões.

ÚLCERA DE CURLING
São micro ulcerações gastroduodenais causadas pelo estresse pós queimadura, que
levam a hemorragia digestiva, que podem levar a anemia aguda e ao choque
hipovolêmico.
 Só ocorrem diante de CALOR QUENTE.
 Se o estresse for em virtude do CALOR FRIO é chamada de ÚLCERA
DE WISCHNEWSKI.

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal
DISGNÓSTICO DO AGENTE VULNERANTE
FOGO
 Causa lesões em todos os graus;
 É mais geral que local;
 É comum a carbonização;
 Os pelos normalmente crestam;
 É possuem ter áreas integras em meio a outras queimadas, o que pode levar
ao aspecto de mapa geográfico.

QUEIMADURA POR LÍQUIDO FERVENTE


 Apresenta gravidade decrescente à medida que o líquido escorre;
 Não carboniza;
 Não cresta os pelos;
 Só vai até o terceiro grau (não carboniza);
 Comum em condutas culposas.

QUEIMADURA POR SÓLIDO INCANDESCENTE


 Queima em todos os graus (inclusive carbonização);
 Ação local;
 Cresta os pelos;
 Reproduzem a forma do sólido, ou seja, geralmente são lesões com
assinaturas (patognomônicas).

QUEIMADURA POR VAPORES SUPERAQUECIDOS


 Não carboniza;
 Não cresta os pelos;

126
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 Mais geral que local;
 Mais acidental que criminosa.

LESÕES E MORTES CAUSADAS PELO FRIO


As lesões podem ocorrer de forma difusa ou direta.
Quando se fala em calor frio em sua foram difusa, fala-se em HIPOTERMIA, pois há o
impedimento de produção de calor.
Segundo o Professor Higyno Hercules, se fala em hipotermia quando a temperatura
corporal se encontra abaixo de 35º celsius. Diz ainda, que na temperatura
compreendida entre 28º e 32º o coração pode sofrer fibrilação ventricular.

 Segundo o doutrinador a medição da temperatura deve ser feita


preferencialmente, nesta ordem:
 Esôfago;
 Ânus.

CLASSIFICAÇÃO DA HIPOTERMIA:
 Leve: 35º a 32º
 Moderada: 32º a 28º
 Grave: Abaixo de 28º

Pode ser:
 ACIDENTAL
 PROVOCADA, INDUZIDA ou TERAPÊUTICA
 Ocorre normalmente em procedimento médicos.
 DECORRENTE DE DOENÇA
 Como o Hipotireoidismo.
No frio, em função das ORDENS DO HIPOTÁLAMO (centro termorregulador) o
indivíduo fica:

127
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 Pelos arrepiados (eriçamento);
 Permite a formação de camada de ar, que é um isolante térmico.
 Vasos periféricos contraídos (vasoconstricção);
 Evita com que o sangue perca calor devido ao menor fluxo.
 Gera isquemia nas extremidades (necrose em função de ter o devido
fluxo sanguíneo e assim as células na região morrem).
 Não sua;
 Tremores para produção de calor interno.
 Devido a excitação do sistema adrenérgico (Sistema que libera
mediadores químicos que produzem energia. Ex. Adrenalina).

 Com a redução intensa da temperatura corporal, esgota-se a fase


excitatória e inicia-se a fase de decompensação (momento em que
com o abaixamento da temperatura, aumenta-se a afinidade entre a
hemoglobina e o oxigênio - oxihemoglobina), dificultando a liberação
do oxigênio para os tecidos, ficando prejudicada a respiração celular
(podendo levar a acidez celular e consequentemente a morte).

 A roupa é um meio de armazenar camada de ar entre a pele e a roupa,


aumentando a proteção do frio.

 Nas grandes alturas (montanhas), há hipotermia e hipoxia.

 Nas grandes alturas a percentagem dos gases se mantem a


mesma, em que pese as quantidades serem inferiores.
 OXIGÊNIO
21%
 NITROGÊNIO
78%
 OUTROS GASES
1%

 Nas grandes profundidas pode ocorrer hipotermia e barotraumas.

 ÚLCERA DE WISCHNEWSKI.
 SEMELHANTE A ULCERA DE CURLING:
Se o estresse for em virtude do CALOR FRIO é chamada de ÚLCERA DE
WISCHNEWSKI, ou seja, leva leva a infiltração hemorrágica na mucosa
gástrica.

 RIGIDEZ PRECOCE
A morte em razão do frio, pode levar a rigidez cadavérica precoce e intensa.

 EFEITO AFTER DROP

128
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
Ocorre quando o indivíduo se encontra em situação de HIPOTERMIA, e é
submetido a aquecimento, e com esse aquecimento, há uma vasodilatação
periférica dos vasos (que estão constritos). Assim, com a dilatação, o sangue frio
que se encontra na periferia, é levado para o interior do corpo, agravando a
situação interna (levando a queda de temperatura ainda maior).

 GELADURAS
É a forma de lesão provocada pelo frio na forma direta, que podem ocorrer por
gelo seco ou objetos em baixas temperaturas.

QUEIMADURAS PELO FRIO


 1º grau – Eritema
 2º grau – Flictena
 3º grau – Necrose ou Gangrena
 Não cresta os pelos.

 Segundo o professor Hygino Hercules, considera que a queimadura


causada pelo frio pode ter 4 graus:
 1º grau
Equivalente ao Eritema.
 2º grau
Seria a presença de Flictenas com aspecto mais maleável
(depressível), sem conteúdo de sangue.
 3º grau
Seria a presença de Flictenas mais endurecidas com conteúdo
sanguinolento.
 4º grau
Quando se chega a necrose.

O professor Hygino Hércules ainda faz a seguinte classificação:


 Superficiais: 1º e 2º Grau
 Profundas: 3º e 4º Grau

Dedos necrosados: “Pé de trincheira”

129
Frederico Alves Melo – Medicina Legal

AGENTES ELÉTRICOS
ENERGIA ELÉTRICA
Uma determinada forma de energia (água, ar, etc.), será transformada em energia
elétrica. Geradores de energia, através do atrito entre superfícies, conseguem
separar os elétrons negativos, dos positivos, e assim, através de um fio condutor,
essas cargas negativas fazem com que haja vibração e escoamento dos elétrons,
gerando assim a corrente elétrica.
 Existem materiais que são CONDUTORES (facilitam a passagem da
corrente elétrica, pois os elétrons escoam com facilidade – Ex: Tecido do
corpo) e materiais que são ISOLANTES (dificultam a passagem da corrente
elétrica - elétrons não escoam com facilidade).

 A corrente elétrica SÓ ENTRA SE ELA TIVER POR ONDE SAIR. Para sair,
deve escoar os elétrons para a TERRA (Todos os corpos são atraídos para
o centro da TERRA). Assim, se ela não tiver como sair (Ex.: pés isolados, a
corrente não entra no corpo), ela não chega a entrar.

 A corrente sempre tende a passar pelo meio mais fácil, assim, onde há
RESISTÊNCIA (OHM), a corrente elétrica vai buscar um lugar o local em
que esta seja a menor possível. Em condições iguais, tende a passar pelo
caminho mais curto.

 Toda corrente elétrica ao passar gera um CAMPO MAGNÉTICO no local.


Assim, os metais eventualmente atingidos ficam IMANTADOS (imã). No
entanto, se esses metais resultam em fusão com o corpo ocorre a chamada
METALIZAÇÃO ou ELETROFORESE.

 A transformação da energia elétrica em calor é chamada de EFEITO


JOULE, podendo causar queimaduras em todos os graus.

A ENERGIA ELÉTRICA PODE SURGIR DE FONTE:


 NATURAL
 Se dá através de raios.
 As lesões causadas no corpo humano são chamadas de
ELETROFULGURAÇÃO.

 INDUSTRIAL

130
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 As lesões causadas no corpo humano são chamadas de
ELETROPLESSÃO (vem de PLESSIN, que significa ferir).

FULGURAÇÃO
Chama-se FULGURAÇÃO, quando a fonte de energia elétrica for NATURAL, CÓSMICA
ou METEÓRICA (raios).
 A literatura médico-legal diz que se a vítima sobreviver é chamada de
FULGURAÇÃO, e no CASO de MORTE é chamada de FULMINAÇÃO.

 Segundo o professor Higyno Hércules será FULGURAÇÃO


independente de levar a óbito ou não.

 SINAL DE LICHITEMBERG (significa montanha de luz)


Quando a energia elétrica de ordem natural penetra no corpo, produz um
sinal, que é o SINAL DE LICHITEMBERG que possui FORMA DE GALHO,
ARBORIFOME, RABO DE ANDORINHA ou SAMAMBAIA, que é verificado na
PELE (reproduz o trauma vascular subjacente –vasculite), mas não confunda,
a lesão se dá nos vasos sanguíneos.
 Em que pese o sinal ser verificado na pele, a LESÃO OCORRE NOS
VASOS (VASCULITE).

 É um sinal TEMPORÁRIO E FUGAZ.

 A gravidade costuma ser maior que o recebimento da corrente


elétrica artificial.

 Por vezes, a morte por corrente elétrica pode ocorrer alguns dias
depois do recebimento da descarga, pois pode ter atingindo algum
vaso importante, e ele vir a sofrer uma hemorragia nos dias
seguintes.

 FLASH OVER
Trata-se do recebimento pelo corpo de uma corrente elétrica total
vinda do raio, em que a passagem desta corrente pelo corpo não
atinge os planos profundos.

131
Frederico Alves Melo – Medicina Legal

ELETROPLESSÃO
Chama-se ELETROPLESSÃO, quando a fonte de energia elétrica for INDUSTRIAL ou
ARTIFICIAL.
 SINAL DE JELLINEK
Trata-se do sinal de entrada da corrente elétrica artificial na pele. Sendo uma
lesão dura, seca, elevada, indolor e de profundidade variável. Pode ainda, ser
patognomônica, pois pode reproduzir a forma do condutor elétrico.
 Diferente da energia natural, na industrial a lesão ocorre na PELE.

 Fazendo um exame histopatológico, as células do local apresentam-se


como uma colmeia, sendo alongadas e dispostas lado a lado
(paliçadas). Não há flictenas, sendo a lesão seca e dura.
 A lesão de saída pode ser mole ou dura a depender do tipo de
corrente:
 CONTÍNUA OU GALVÂNICA
 Saída será mole.
 EM CICLOS OU FARÁDICA

132
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 Em razão de ciclos (ora é entrada ora é saída)
será dura.

 A marca de JELLINEK é eventual, ou seja, PODE APARECER OU NÃO.

 A ENERGIA ELÉTRICA INDUSTRIAL QUE CAUSAR A MORTE, é chamada


de ELETROCUSSÃO.

 Segundo o Professor Hygino Hércules, com o passar do tempo, surge


uma reação inflamatória nas áreas subjacentes à marca elétrica.

ARVO VOLTAICO
Este fenômeno é tão forte que consegue romper a isolação feita pelo ar, conduzindo
elétrons de um eletrodo ao outro através de um fluxo de corrente de ar.
A corrente elétrica pode estar acumulada em geradores de alta tensão, e podem
permitir a corrente a saltar no ar atingindo uma fonte condutora próxima, como o
corpo humano.

133
Frederico Alves Melo – Medicina Legal

VOLTAGEM
Voltagem é a RESISTÊNCIA multiplicada pela INTENSIDADE (V= R.I).
VOLT que é força geradora da corrente, é o resultado da RESISTÊNCIA (OHM) vezes
AMPERAGEM, que é a corrente passando propriamente.
 O que leva a óbito é a AMPERAGEM.
 O estado da pele reflete na resistência, assim, quanto maior a resistência da
pele (seca, áspera, espessa, etc.), menor será a amperagem, e quanto menor
a resistência (úmida, lisa, suada, etc.), maior será a amperagem.

ASSOCIAÇÃO EM PARALELO
Neste caso, há uma bifurcação da corrente elétrica, em que só se receberá parte
desta corrente.

A corrente procura sempre o melhor caminho, assim (a depender da


resistência do indivíduo), a tendência é que ele receba maior parte da
corrente.

ASSOCIAÇÃO EM SÉRIE

134
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
Neste caso, há o recebimento total da corrente elétrica.

ÓRGÃOS COM MAIOR PERIGO DE LESÃO (em que a passagem da corrente elétrica
pode levar a óbito na hora):
 ENCEFÁLO
 Que é formado por:
 CÉREBRO
 CEREBELO
 PONTE
 BULBO
 CÉREBRO
 TRONCO CEREBRAL OU ENCEFÁLICO
 Aqui se encontra o nervo vago, que é responsável pela função
respiratória.
 CORAÇÃO
 MUSCULATURA RESPIRATÓRIA

 Na cadeira elétrica, é feito com que a CORRENTE ENTRE PELA


CABEÇA, E SAIA PELA PERNA ESQUERDA. isso, pois a intenção
é que atinjam os órgãos principais, encéfalo e coração e assim
levem a morte.

135
Frederico Alves Melo – Medicina Legal

CAUSAS DA MORTE X CORRENTE ELÉTRICA


A causa da morte vai variar de acordo com o grau da amperagem, que pode ser alta,
média ou baixa.
 ALTA AMPERAGEM – Acima de 1200 Volts;
 MÉDIA AMPERAGEM – Entre a baixa amperagem e 1200 Volts
Ambos levam a morte pela mesma causa, a depender do órgão atingido.

 CORAÇÃO
Neste caso, se a morte ocorrer, será por PARADA CARDIACA.

 TRONCO ENCEFÁLO
Pode causar PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA CENTRAL, por atingir o
bulbo (nervo vago).

 TRONCO/GRADIL COSTAL
Há a paralização (tetanização) dos músculos e leva a parada respiratória
PERIFÉRICA – Espasmos – que levam a asfixia.

 BAIXA AMPERAGEM – Até 120 Volts


Só leva a morte se passar pelo CORAÇÃO ou no TRONCO ENCEFÀLICO.
 CORAÇÃO
Neste caso, se a morte ocorrer, será pela FIBRILAÇÃO VENTRICULAR.
(alteração do ritmo de batimentos cardíacos, levando o batimento a 50 a
60 vezes por SEGUNDO – quase imperceptível, alterando o organismo, não
conseguindo bombear o sangue). Leva ao CHOQUE CARDIOGÊNICO, ou
seja, a pressão atinge níveis mínimos.

 TRONCO ENCEFÁLICO
Pode causar parada cardiorrespiratória central (bulbo – nervo vago).

 DESFRIBILADOR
É o aparelho que faz com que o coração reinicie, e possa retomar os
batimentos normais.

ELETROPERFURAÇÃO ou ELETROPERMEABILIZAÇÃO
A corrente elétrica altera o diâmetro dos poros da membrana das células, e assim,
permite que substancias importantes que não deveriam sair, saiam, e que substancias
que não deviam entrar, entrem, causando assim, a morte das células.

136
Frederico Alves Melo – Medicina Legal

PERÍODO REFRATÁRIO DA CÉLULA


Quando a célula é excitada com a entrada da corrente elétrica, e a sofre uma
despolarização, e neste momento não responde a excitação. O período da
despolarização até o restabelecimento da normalidade é chamado de PERÍODO
REFRATÁRIO DA CÉLULA.

SINAL DE PIACENTINO
É uma equimose puntiforme que pode se dar no encefálo, pescoço, toráx, em
virtude da passagem de corrente elétrica.
Está associado com a marca de Jellinek permite o diagnóstico de certeza de morte
por efeito da eletricidade artificial.

137
Frederico Alves Melo – Medicina Legal

AGENTES CAÚSTICOS
Caustico é aquilo que queima, sendo um composto químico corrosivo que é capaz de
destruir ou irreversivelmente danificar substâncias ou superfícies com as quais esteja
em contato, incluindo os tecido vivos. Pode ser dividido em:

 ÁCIDO ou NÃO ALCALINO


 BÁSICO ou ALCALINO

Qualquer substância com um valor de pH entre 0 até 7 é considerada ácido,


enquanto um valor de pH de 7 a 14 é uma base. O valor 7 é o neutro, que
corresponde à água.
Tais agentes ao entrar em contato com a pele queimam em razão das
REAÇÕES EXOTÉRMICAS que ocorrem imediatamente.
Quando em baixa concentração, uma substância corrosiva é geralmente
um irritante, causando danos reversíveis na pele e nos tecidos.

 AGENTES ÁCIDOS
São ávidos por água e causam rápida desidratação local e inativação das
enzimas, em razão da modificação intensa do PH.
Causam lesões secas, duras e de contorno preciso.

 ÁCIDO SULFÚRICO – H2SO4


 Conhecido como ÓLEO DE VITRÍOLO.

 Ao entrar em contato com a pele, há uma reação de


exotérmica, liberando calor, e causando coagulação das
proteínas, podendo causar lesões que atinjam inclusive o plano
muscular.

 É um agente corrosivo.

 Pode dar origem ao CRIME DE VITRIOLAGEM (no caso de dolo),


que se encaixaria na deformidade permanente, no caso de
lesão corporal (Art. 129, §2º, IV do CP – 2 a 8 anos de Reclusão).

 A LESÃO CAUSA ESCARAS ANEGRADAS E SECAS.

 ÁCIDO NÍTRICO – HNO3

138
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 Conhecido como ÁGUA RÉGIA.
 Difere-se do ácido sulfúrico, pois aqui as escaras são
AMARELADAS.

 ÁCIDO CLORIDRICO – HCL


 Conhecido como ÁCIDO MURIÁTICO.
 Difere-se dos anteriores, pois aqui as escaras são
AVERMELHADAS.

 AGENTES BÁSICOS OU ALCALINOS

 SODA CAÚSTICA – NAOH – QUE É HIDROXIDO DE SÓDIO

 POTASSA CAÚSTICA – KOH - QUE É HIDROXIDO DE POTÁSSIO


 CAUSAM ESCARAS ESBRANQUIÇADAS E ÚMIDAS
(liquefazem).
 Causam lesões úmidas, moles e de contorno impreciso.

 CHUVA ÁCIDA
É derivada da reação de óxidos eliminados por fábricas com o vapor d’água
das nuvens.

139
Frederico Alves Melo – Medicina Legal

ASFIXIOLOGIA FORENSE
Etimologicamente asfixia significa falta de pulso.
Tecnicamente, a asfixia se dá com a hipóxia, ou seja, baixa ou ausência de quantidade
de oxigêni, e a hipercapnia/hipercarbia, que é aumento da quantidade de gás
carbônico.
O oxigênio é necessário para que haja a queima dos alimentos (principal fonte é a
glicose) e ocorre na mitocôndria da célula.
A glicose é uma molécula formada por 6 (seis) carbonos (C) e com a queima
(oxidação) liberam energia (ATP) que permitem as funções biológicas.
O organismo pode queimar/oxidar a molécula de glicose de duas formas:
 COM A PRESENÇA DE OXIGÊNIO ou AERÓBICA
Neste caso, libera-se muito ATP (38 moléculas), em virtude da quebra da
molécula de carbono formadora da glicose, 6 moléculas de CO2 H2O, produz
energia e essa energia é armazenada na mitocôndria (veja que há a presença
de H2O, que impede o processo de acidose);

 SEM A PRESENÇA DE OXIGÊNIO ou ANAERÓBICA


Ocorre em situações emergenciais, que não podem ser prolongadas, pois
produz produtos tóxicos. Nesta situação, há oxidação parcial da glicose, e
libera-se pouco ATP (4 moléculas) e hidrogênio (12 moléculas), o que leva ao
processo de acidose.

 DETALHANDO
Nos casos em que a queima de glicose ocorre sem a presença de oxigênio
(anaeróbica), a queima da glicose (C6H12O6), gera pouco ATP e ácido lático,
pois restam hidrogênios, e que diante da falta de oxigênio, deixa de se formar
água, e assim, deixando o corpo em processo de acidose (PH fica abaixo de
7), e no cenário de ambiente ácido, a célula tende a morte.
 Ou seja, a captação do oxigênio é essencial para que o PH permaneça
neutro (=7), pois com a formação de agua, impede que o PH fique ácido
(<7).

140
Frederico Alves Melo – Medicina Legal

Note, ao quebrar a ligação entre os carbonos, é formada a energia, e essa


energia é armazenada na molécula de ATP, dentro da mitocôndria, que fica
no citoplasma da célula.
Com a quebra, restam 12 moléculas de Hidrogênio positivo (+), que são
ácidos, logo formam ácido lático (processo de acidose que leva a morte da
célula).
Por isso a importância da manutenção de captação de Oxigênio.

PH DO SANGUE
 NEUTRO: = 7
 ALCALINO: > 7
 ÁCIDO: < 7
HEMATOSE
É o processo de troca (processo de difusão) de gases nos alvéolos pulmonares, em
que o sangue venoso, concentrado em CO2, é convertido para O2 (há uma troca em
razão da diferença de concentração), e o CO2 é expirado.

A hemácia (eritrócito), na cor azul está com CO2, e ao deixar o CO2 e receber o O2,
passa a ser vermelha vivo e é levada para o corpo.

141
Frederico Alves Melo – Medicina Legal

ASFIXIA: APARELHO RESPIRATÓRIO e CIRCULATÓRIO


Todo processo de asfixia vai envolver o aparelho respiratório e circulatório.

CONCEITOS BÁSICOS DO APARELHO


CIRCULATÓRIO
 VEIA
É todo vaso sanguíneo que se aproxima do coração.
Em regra, transportam sangue rico em gás carbônico.

 EXCEÇÃO:
VEIA PULMONAR: sangue rico em oxigênio.

 ARTÉRIA
Todo vaso sanguíneo que se afasta do coração.
Em regra, transportam sangue rico em oxigênio.

 EXCEÇÃO:
ARTÉRIA PULMONAR: sangue rico em gás carbônico.

 CORAÇÃO
É formado por:
 ATRIO
 Esquerdo
 Direito

 VENTRÍCULO
 Esquerdo
 Direito

142
Frederico Alves Melo – Medicina Legal

 GRANDE CIRCULAÇÃO
É a circulação que se dá entre o coração e o corpo.

 PEQUENA CIRCULAÇÃO
É a circulação que se dá entre o coração e o pulmão.

ASFIXIA
Como já explicado, asfixia é impedir de algum modo que a célula utilize oxigênio. E
sem o oxigênio a queima da glicose fica muito reduzida, e assim a produção de ATP,
tende a zero, levando as células a morte.
A asfixia deve ser:
 PRIMÁRIA
Quanto ao tempo.

 VIOLENTA
Quanto ao modo.

 MECÂNICA
Quanto ao meio.

CONTROLE DE RESPIRAÇÃO
É feito por centros respiratórios:
 DORSAL
 É o responsável pelo mecanismo da inspiração, sendo excitado pela
presença em excesso da CO2.
 É localizado no Bulbo.

143
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 PNEUMÁTICO
 É o mecanismo que interrompe a inspiração

 VENTRAL
 Só é ativado quando o estímulo sobre o mecanismo dorsal é muito
intenso, e aumenta o vigor de inspiração e expiração.

ENERGIA VULNERANTE NAS ASFIXIAS


MECÂNICAS
 FISÍCO-QUÍMICA (MISTA)
A asfixia mecânica abrange dois momentos:
 FÍSICA
É a parte mecânica.

 QUÍMICA
Se dá pela falta de oxigênio (HIPOXIA) e o excesso de gás carbônico
(HIPERCAPNIA ou HIPERCARBIA).

MANCHAS DE TARDIEU
São petéquias que aparecem no pulmão, coração e crânio, que a depender dos
vestígios permitem pensar que houve asfixia. Permitem pensar, pois, podem
aparecer em qualquer tipo de morte, inclusive as mortes naturais.

SINAIS GERAIS DE ASFIXIA


 SANGUE FLUIDO E ESCURO
 Sangue não coagula.
 Fica escuro, pois com a ausência de oxigênio, e assim, diminui a
oxihemoglobina (que possui cor vermelha vivo) e aumenta assim a
quantidade de hemoglobina reduzida (devido a respiração
anaeróbica), que possui cor escura.

 CONGESTÃO POLIVISCERAL
 Ocorre um processo de vasodilatação generalizada e assim, as vísceras
incham (por ficarem repletas de sangue).

 MANCHAS DE TARDIEU
 Petéquias subconjuntivais disseminadas.

144
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 Com presença dos três sinais acima, tem-se a chamada TRÍADE
ASFIXICA.
 No entanto, a tríade asfíxica NÃO É UM SINAL DE CERTEZA DE
ASFIXIA (patognomônico).

 Quando existe mais de 5% de Hemoglobina Reduzida na


circulação, diz que há CIANOSE (ciano = azul), o sangue fica com
tom azulado.

O professor Wilson Palermo cita ainda:


 COGUMELO DE ESPUMA
Mais comum em afogamentos.
 CIANOSE FACIAL
Sendo mais frequente em estrangulamento e esganaduras.
 PROTUSÃO DA LINGUA
Que ocorrem nas asfixias mecânicas.
 LIVORES DE HIPÓSTASE
Que seriam precoces e escuras.
 EQUIMOSES NA PELE e MUCOSAS
Que costumam ocorrer nas pálpebras, lábios e mais raro no nariz.

CLASSIFICAÇÃO DAS ASFIXIAS DE AFRÂNIO


PEIXOTO
 ASFIXIAS PURAS
São manifestadas pela hipoxia e hipercapnia.
 Asfixias em ambientes por gases irrespiráveis:
 Confinamento;
 Asfixia por monóxido de carbono;
 Asfixias por outros vícios de ambiente.

 Obstaculação à penetração do ar nas vias respiratórias:


 Sufocação direta (obstrução da boca e das narinas pelas mãos
ou das vias aéreas mais inferiores);
 Sufocação indireta (compressão do tórax);
 Transformação do meio gasoso em meio líquido (afogamento);
 Transformação do meio gasoso em meio sólido
(soterramento).

 ASFIXIAS COMPLEXAS
 Ocorre a interrupção da entrada de ar em razão de uma força externa
atuante, levando a interrupção primária da circulação cerebral,

145
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
hipoxia, hipercapnia e inibição por compressão dos elementos
nervosos do pescoço.
 ENFORCAMENTO
Constrição passiva do pescoço exercida pelo peso do corpo.
 ESTRANGULAMENTO
Constrição ativa do pescoço exercida pela força muscular.

 ASFIXIAS MISTAS
Há a constrição do pescoço pelas mãos que impede a entrada de ar
(esganadura).
É sempre homicida.

MODALIDADES DE ASFIXIA
 IMPEDIR O FLUXO DE AR AOS PULMÕES
 SUFOCAÇÃO DIRETA
 SUFOCAÇÃO INDIRETA

 CONSTRIÇÃO NO PESCOÇO
 ESGANADURA
 ENFORCAMENTO
 ESTRANGULAMENTO

 MODIFICAR O AMBIENTE RESPIRÁVEL


 AFOGAMENTO
 SOTERRAMENTO
 CONFINAMENTO

 OUTRAS FORMAS
 CIANETO
 CURARE
 MONÓXIDO DE CARBONO
 ELETROPLESSÃO

 IMPEDIR O FLUXO DE AR AOS PULMÕES

 SUFOCAÇÃO DIRETA
Trata-se do impedimento da entrada de ar:
 Nos orifícios naturais respiratórios (nariz e boca) ou;
 Nas vias aéreas (como na aspiração de algo que obstrui faringe,
laringe, traqueia, brônquios), como algum alimento que
impede a passagem de ar.

146
Frederico Alves Melo – Medicina Legal

Pode deixar estigmas ungueais.

O saco amniótico pode romper e obstruir os orifícios naturais


do feto.

 SUFOCAÇÃO INDIRETA
Os orifícios e vias aéreas estão livres, no entanto, a vítima é asfixiada
por alteração em outro lugar, como a COMPRESSÃO TORÁXICA E
PARALISIA DA MUSCULATURA RESPIRATÓRIA, que se verifica em:

 CRUCIFICAÇÃO
Conhecida como a ASFIXIA POSICIONAL, é a forma de asfixia
mecânica produzida pela posição em que o indivíduo se
encontra no momento.
A posição leva a incapacidade de ventilação pulmonar, em
razão da falência muscular respiratória (exaustão da
musculatura).

147
Frederico Alves Melo – Medicina Legal

Com o apoio para os pés, o peso é dividido em três pontos,


fazendo com que o indivíduo demore mais a morrer.

 ELETROPLESSÃO DE MÉDIA AMPERAGEM


Com a passagem da corrente elétrica pelo corpo (tronco), leva
ao espasmo muscular generalizado, e impede os movimentos
respiratórios (relaxamento e contração), podendo causar a
morte.

 COMPRESSÃO DO TORÁX
Quando se tem um peso contra o tórax, o sangue bombeado
para a cabeça, não consegue retornar, e assim, se acumula e
acaba por extravasar, causando milhares de petéquias
(chamada de MÁSCARA EQUIMÓTICA DE MORESTIN).

MÁSCARA EQUIMÓTICA DE MORESTIN ou CIANOSE


CERVICOFACIAL
A sufocação indireta por compressão do tórax leva a formação
da MASCARA EQUIMÓTICA DE MORESTIN, que é formada em
razão presença do sangue que não consegue voltar para o
corpo (extravasando dos vasos), causando diversas petéquias
na face.

148
Frederico Alves Melo – Medicina Legal

 FRATURA DO GRADIL COSTAL


No total, há 12 costelas no gradil costas.
Com as fraturas do gradil (a maioria das costelas), não há
obediência aos movimentos respiratórios, o que
gradativamente pode levar a asfixia.

 ENVENENAMENTO POR CARBAMATO ou CHUMBINHO e


INSETICIDAS ORGANOFOSFORATOS
Bloqueiam a enzima ACETILCOLINESTERASE, causando
ESPASMO MUSCULAR.
A acetilcolina é liberada após cada transmissão dos impulsos
nervosos aos diversos órgãos do corpo, que fazem os músculos
contrair. A acetilcolinesterase faz com que o músculo após a
contração, relaxe.
Assim, com a acetilcolinesterase inibida, não se consegue
relaxar os músculos o que leva a espasmos musculares
generalizados, podendo levar a morte por sufocação indireta
(asfixia).

 ENVENENAMENTO PELO CURARE


Trata-se de relaxante muscular, que impende de realizar os
movimentos respiratórios.

149
Frederico Alves Melo – Medicina Legal

 CONSTRIÇÃO NO PESCOÇO

 Pode levar à morte por outras causas, como:


 Impedir o sangue de chegar ao cérebro;
 Constrição do nervo vago (sinal de Dotto).

No pescoço, temos a artéria carótida, responsável por levar o


sangue oxigenado para a cabeça e a veia jugular, que é
responsável por levar o sangue rico em gás carbônico de volta
para o coração.

 ENFORCAMENTO
Há um laço no pescoço e a força que aperta o laço é o peso do corpo.
A morte pode ocorrer por:

 HOMICÍDIO
 ACIDENTE
 SUICÍDIO

 SULCO DE ENFORCAMENTO
O laço em volta do pescoço causa uma pressão desigual em
todos os pontos (descontínuo, incompleto e com
profundidade distintas), tendo posição obliqua, e acima do
osso hioide e da laringe.

 Chama-se ALÇA a parte do laço que circunscreve o


pescoço.
 Em regra, é DESCONTÍNUO, e excepcionalmente, se o
laço for de “correr”, continuo.

150
Frederico Alves Melo – Medicina Legal

 Causa hemorragias subconjuntivais

 O laço mais fino deixa vestígios marcantes, diferente do


laço largo que deixa quase imperceptível.

 SINAL DE BONNET: É o decalque da marca do material


do laço.

 Causa o APERGAMINHAMENTO DA PELE, ou seja, há


uma desidratação local em função do tempo
prolongado.
 No fundo do apergaminhamento, há a chamada
LINHA ARGENTINA (que é uma linha prateada ao
fundo).

 CAUSA DA MORTE NOS ENFORCARMENTOS PODE SER


POR:
 Fator respiratório: é o impedimento do ar
ambiental ingressar na intimidade dos pulmões.
 Fator circulatório: em função de eventual
pressão da artéria carótida e da veia jugular.
 Fator neurológico: em função de eventual
pressão do nervo vago.

 ENFORCAMENTO COMPLETO
Neste caso, o corpo fica totalmente suspenso.

 ENFORCAMENTO INCOMPLETO
Neste caso há contato do corpo com a superfície.

 ENFORCAMENTO TÍPICO
O nó se dá na parte posterior do pescoço.
A cabeça fica virada para o lado contrário ao nó.

151
Frederico Alves Melo – Medicina Legal

ENFORCAMENTO TÍPICO e INCOMPLETO

 ENFORCAMENTO ATÍPICO
O nó se dá na parte anterior ou lateral do pescoço.
A cabeça também irá ficar virada para o lado contrário ao nó.

ENFORCAMENTO ATÍPICO
Note o sulco na parte posterior

 ENFORCAMENTO BRANCO
Ocorre quando em enforcamentos típicos, em que a cabeça vai
para o lado oposto ao nó e impede completamente a
circulação.

 ENFORCAMENTO AZUL
Ocorre quando a face fica muito escura, azulada (cianosada),
pois a constrição das veias e artérias do pescoço é grande.

152
Frederico Alves Melo – Medicina Legal

 ESTRANGULAMENTO
Há um laço, e a força que aperta o este laço é DIFERENTE DO PESO DO
CORPO.
 Chama-se ALÇA a parte do laço que circunscreve o pescoço.

 A morte pode se dar por:


 HOMICÍDIO
 ACIDENTE
 SUICÍDIO

 SULCO DE ESTRANGULAMENTO
O laço em volta do pescoço causa uma pressão igual em todos
os pontos (contínuo, completo e com mesma profundidade),
tendo posição horizontal, e abaixo do osso hioide e da laringe.

 Causa hemorragias subconjuntivais

 Em regra, não há apergaminhamento da pele, por não ser o


tempo prolongado.

 SINAL DE BONNET: Pode decalcar a marca do material do laço.

 ESGANADURA
Segundo o Professor Hygino Hercules, a esganadura se dá por meio
da ação das mãos diretamente no pescoço.
Demais literaturas médico-legais, dizem que pode se dar ainda por
antebraço ou pernas, diretamente no pescoço.

 A MORTE SEMPRE SERÁ POR HOMICÍDIO.

 Não há laço, alça e sulco.

 Na parte interna há equimoses, lesões no osso hioide, laringe,


etc.

 Pode causar equimoses subconjuntivais (não é


patognomonico).

 LESÕES EXTERNAS
 ESTIGMAS UNGUEAIS (feitos com a unha)
São as marcas das unhas/dedos (forma de meia lua)
deixadas no pescoço (podendo ser uma escoriação).

 ESTIGMAS DIGITAIS (na ausência de unha)


São equimoses causadas pela constrição com ausência de
unha (com a polpa digital).

153
Frederico Alves Melo – Medicina Legal

 LESÕES INTERNAS
 SINAL DE FRANÇA
Trata-se da lesão causada no interior da carótida
exclusivamente pela esganadura (não confundir com sinal de
Amussat).

 FRATURA DO OSSO HIÓIDE

 FRATURA CARTILAGEM CRICÓIDE

 EQUIMOSE RETROFARINGEANA DE BROUARDEL


Macha equimótica na parte posterior da faringe em razão
da pressão da faringe contra a coluna vertebral.

 OUTRAS FORMAS
 ENVENENAMENTO PELO CIANETO
 Faz com que a enzima CITOCROMOOXIDASE (que atua no
interior das mitocôndrias), fique inibida, e assim, fique impedida
de retirar os hidrogênios e impedindo de reagir com o oxigênio
(que está na célula, mas não reage), podendo levar a morte
instantânea por excesso de Hidrogênio nas células.

 INTOXICAÇÃO POR MONÓXIDO DE CARBONO

154
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 O monóxido de carbono possui maior afinidade (cerca de 250
vezes mais que o oxigênio) com a hemoglobina (formando a
CARBOXIHEMOGLOBINA), e assim, se fixa com maior
facilidade, sendo muito mais estável que a oxihemoglobona, e
por isso, impede que haja fixação do oxigênio, e pode levar à
morte por asfixia.
 Quando a concentração de CO2 está superior a 50%, o perigo de
morte é IMINENTE.
 Se o cadáver apresentar CARBOXIHEMOGLOBINA acima de 50%
indica que a morte foi causada por monóxido de carbono.
 Cadáver carbonizado, com CARBOXIHEMOGLOBINA em níveis
baixos, indica que não morreu carbonizado.
 As vísceras ficam com cor carminada.
 Leva a coloração cereja/carminada.
 Diferente a oxihemoglobina que tem a coloração
vermelha vivo.

SINAIS NAS ASFIXIAS POR CONSTRICÇÃO DO


PESCOÇO
 SINAL DE BONNET
Sulco no pescoço que indica o tipo de laço que apertou o pescoço e a rotura
das cordas vocais.

 SINAL DE AMUSSAT
Trata-se da lesão causada no interior da carótida (túnica interna).
Só é possível no enforcamento e no estrangulamento.
Se em virtude de esganadura, chama-se sinal de França.

 SINAL DE FRIEDBERG
Trata-se da lesão causada na parte exterior da carótida (túnica externa).

 SINAL DE ZIENKE
Lesão na intima das jugulares.

 SINAL DE DOTTO

155
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
É a rotura na bainha de mielina, que isola o nervo vago.

 SINAL DE THOINOT
É a zona violácea em cima e embaixo do sulco.

 SINAL DE PONSOLD
São os livores em placas que aparece em cima a embaixo do sulco.

 SINAL DE AZEVEDO NEVES


São livores puntiformes por cima e por baixo das bordas do sulco.

 SINAL DE NEYDING
É a infiltração hemorrágica no fundo do sulco.

 SINAL DE AMBOROISE PARÉ


É o apergaminhamento da pele.

 SINAL DE LESSER
É o aparecimento de vesículas sanguinolentas no fundo do sulco.

 SINAL DE SCHULZ
É a borda superior do sulco que fica saliente e violácea.

 SINAL DE FRANÇA
É similar ao sinal de Amussat, mas este decorre exclusivamente da
ESGANADURA, que é feito pela unha.

 SINAL DE LINHA ARGENTINA


No fundo do apergaminhamento, o subcutâneo (derme) se condensa e expõe
uma linha prateada.
Só é possível no enforcamento e no estrangulamento.

 SINAL DE ORSO’S
Trata-se da gota de gordura no tecido subcutâneo.

ASFIXIOFILIA
Trata-se da asfixia auto erótica, em que uma pessoa busca através da asfixia ereção,
pois ao apertar o pescoço aumentaria a sensação de prazer. Ocorre que essa asfixia
provoca uma vasodilatação generalizada (que levaria a uma melhor ereção) que pode
levar a desmaiar, uma vez que pode atingir o nervo vago, causando uma parada
respiratória, que pode levar à morte por asfixia.

156
Frederico Alves Melo – Medicina Legal

SINDROME DO CAFÉ CORONARY


Trata-se da sufocação ocorrido em decorrência do bolo alimentar, que causa lesões
na epiglote e nas cordas vocais.

FORMAS SECUNDÁRIAS DE ASFIXIAS


 No esgorjamento, o sangue aspirado pode levar ao afogamento, deixando os
alvéolos cheios de sangue (mosaico sanguinolento):

A carótida sangue, e pode levar à morte por ANEMIA AGUDA ou INGESTÃO


DE SANGUE.

ASFIXIA X RIGIDEZ CADAVÉRICA


A morte por asfixia leva a uma rigidez cadavérica mais rápida, em razão da
acelerada redução de oxigênio e ATP.

 MODIFICAR O AMBIENTE RESPIRÁVEL


 AFOGAMENTO
 SOTERRAMENTO
 CONFINAMENTO

 AFOGAMENTO
Troca-se o AR POR LÍQUIDO.

157
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
O que causa o afogamento é o excesso de CO2, que estimula o nervo
vago a inspirar.

O AFOGAMENTO SER:
 REAL, ÚMIDO ou AZUL
Trata-se do afogamento verdadeiro, pois encontram-se os
sinais de certeza de afogamento, como as manchas de Paltauf,
que são roturas (rompimento) nos alvéolos em função da
presença de líquidos.
Essas equimoses são vistas no pulmão através da transparência
da pleura.

 FALSO, SECO, POR INIBIÇÃO ou BRANCO


Trata-se do AFOGAMENTO BRANCO DE PARROT, pois embora
a pessoa tenha morrido no interior da agua, não se verificam
sinais de afogamento (não há água nas intimidades dos
pulmões, etc.).
Há quem diga que a morte é fruto de reflexo vagal/choque
térmico.
Segundo o Professor Hygino Hércules, o tempo em que a vítima
cai na água e o tempo que submerge é tão curto que não seria
suficiente para morrer por asfixia.

 COMPLETO
O corpo encontra-se 100% submerso

 INCOMPLETO
O corpo não se encontra completamente submerso.

 SEMI AFOGAMENTO ou QUASE AFOGAMENTO


A pessoa que se afogou, sobrevive, mas vem a falecer cerca de
24 horas após, em função dos efeitos do afogamento.

 SECUNDÁRIO
A vítima está na água, e vem a se afogar em virtude de outras
causas, como o uso de drogas.

 MANCHAS DE PALTAUF
Trata-se das roturas (rompimento) nos alvéolos em função da
presença de líquidos.
Essas equimoses são vistas no pulmão através da transparência
da pleura.
Trata-se de um sinal PATOGNOMÔNICO DE AFOGAMENTO.

 SINAIS DE CERTEZA DE AFOGAMENTO


 MANCHAS DE PALTAUF

158
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 ALTERAÇÃO DAS DENSIDADES DO SANGUE NO ÁTRIOS
 O sangue possui cerca de 55% de parte liquida e 45%
de parte sólida. E a água do sangue possui menos sal
(menos densa) que a agua salgada e mais sal que a
agua doce (mais densa). Ao se afogar, a agua que
ingressa no alvéolo, e em contato com a água
causara alteração na densidade do sangue.

 ALTERAÇÃO DO PONTO DE CONGELAMENTO DO SANGUE


NO ÁTRIO ou PONTO DE CONGELAMENTO DE CARRARA
 A água congela a 0º celsius.
Ao se colocar sal, o ponto de congelamento irá
abaixar (negativo). Assim, na água salgada, o átrio
esquerdo terá o ponto de congelamento abaixo de
zero. O contrário ocorre na agua doce.

 EFISEMA HIDRO AÉREO


 Ocorre a mistura da água com ar no pulmão,
formando espuma, que volta pelo aparelho
respiratório, saindo por narinas e boca.

 PRESENÇA DE ALGA DIATOMÁCEAS NA MEDULA ÓSSEA


DOS OSSOS LONGOS ou NO INTERIOR DA POLPA
DENTÁRIA
 Importante para analisar em cadáver em avançado
estágio de putrefação, pois dentro da agua há algas
microscópicas que são jogadas para dentro do
pulmão, e em função do seu tamanho, caem na
corrente sanguíneo, e chegam aos ossos longos e na
polpa dentária que possuem vasos sanguíneos.

 SINAIS DE PROBABILIDADE DE AFOGAMENTO


 COGUMELO DE ESPUMA
 A presença de espuma no ESTÔMAGO é chamada de
SINAL DE WIDLER.
 PELE ANSERINA
 Arrepiamento da pele.
 CORPOS ESTRANHOS NA ARVORE RESPIRATÓRIA
 CABEÇA DE NEGRO E LIVORES INTENSOS
 LESÕES DE ARRASTE.

 AFOGAMENTO EM ÁGUA DOCE E SALGADA


O sangue possui cerca de 55% de parte liquida e 45% de parte
sólida. E a agua do sangue possui menos sal (menos densa) que
a agua salgada e mais sal que a agua doce (mais densa). Ao se
afogar, a agua que ingressa no alvéolo, e em contato com a água

159
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
causara alteração na densidade do sangue, pois tudo tende ao
equilíbrio.

 AFOGAMENTO EM ÁGUA DOCE


Quando a agua doce chega nos alvéolos, a tendência é que esta
agua passe para o sangue (pois este tem mais sal em relação a
agua), e assim, o sangue torna-se mais diluído, de maneira que
chega no átrio esquerdo menos denso que o átrio direito (todo
sangue que vem do pulmão vai para o átrio esquerdo).

 Ponto crioscópico (de congelamento) se aproxima


de zero grau.

 HEMÓLISE
O sangue que fica diluído com água, os poros
arrebentam e liberam potássio (K+), e o excesso de
potássio pode afetar o coração, levando a fibrilação
ventricular.

 AFOGAMENTO EM ÁGUA SALGADA


Quando a agua salgada chega nos alvéolos, a tendência é que a
agua do sangue passe para os alvéolos (pois este tem mais sal
em relação a sangue), e assim, o sangue torna-se menos diluído,
de maneira que chega no átrio esquerdo mais denso que o átrio
direito (todo sangue que vem do pulmão vai para o átrio
esquerdo)..
 Ponto crioscópico (de congelamento) se afasta de
zero graus  -4 graus em média.

 PROVA DE PLAZAC
Forma pela qual se verifica as densidades do sangue
e assim, se observa que o afogamento foi em agua
doce ou salgada.

 FASES DO AFOGAMENTO
 APNÉIA VOLUNTÀRIA
 LUTA
 ASPIRAÇÃO INVOLUNTÁRIA
Ocorre devido a excitação bulbar devido ao excesso de
CO2.
 REFLEXO DE TOSSE COM MAIS ASPIRAÇÃO E VÔMITO
 PERDA DA CONSCIÊNCIA ou DESFALECIMENTO
 MORTE REAL

 O professor Hygino Hércules abdica de citar as fases por


falta de uniformidade na doutrina e em razão de o

160
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
afogamento humano não se equivale aos afogamentos
experimentais feito em animais.

 LESÕES DE ARRASTAMENTO
O corpo que se encontra no mar, tende a sofrer lesões em
função do arraste/contato com certas superfícies.
De acordo com o professor Hygino Hércules, conforme o
PRINCÍPIO DE ARQUIMEDES, devido a estrutura do corpo, os
gases intestinais deixam o abdômen menos denso, e assim os
locais que tendem a sofrer tais lesões são: TESTA, MÃOS,
JOELHOS E PARTE SUPERIOR DOS PÉS.

Princípio de Arquimedes
Similar a imagem

 SOTERRAMENTO
Ocorre quando há a troca ar por substância sólido pulverulento, ou
seja, há a referida substância na arvore respiratória.
Como regra é acidental, mas pode caracterizar-se como homicídio.
Pode ser em sentido amplo ou estrito:

 SENTIDO AMPLO
A pessoa encontra-se totalmente debaixo dos escombros,
terra, etc.
Neste caso, a morte pode se dar por compressão do tórax
(sufocação indireta). Assim, é possível que não haja solido
pulverulento no interior do aparelho respiratório.

 SENTIDO ESTRITO
Para afirmar ser soterramento em sentido estrito, deve haver
necessariamente na árvore respiratório e no aparelho
digestório resíduos pulverulentos (houve aspiração).

 Pode gerar cogumelo de espuma.

161
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 Indica que a pessoa estava viva no momento do
soterramento.
 Segundo o Professor Wilson Palermo, a morte pode se
dar por:
 Asfixia por compressão toráxica;
 Sufocação direta;
 Confinamento;
 Ação contundente e
 Soterramento em sentido estrito.

Presença de sólido pulverulento na intimidade da faringe.


Indica que a pessoa estava viva.

 CONFINAMENTO
Modalidade de asfixia pura, em que se troca o ar respirável por outro
ar não usado na respiração, podendo ocorrer em locais em que não há
renovação de ar.
O confinamento pode se dar em local aberto ou fechado.
Em local aberto, pode ocorrer se não for possível a renovação de ar,
como em um poço artesiano que esteja a muitos metros de
profundidade.

Confinamento em local fechado


Geladeira antiga que só abria por fora

162
Frederico Alves Melo – Medicina Legal

Confinamento em local aberto


Grandes poços artesianos

O QUE LEVA A MORTE NO CONFINAMENTO?


Existem duas teorias que versam sobre o tema:

 TEORIA FÍSICA-QUÍMICA
O corpo humano normalmente é mais quente que o ambiente,
e sem a renovação do ar, a temperatura ambiental tende a
aumentar, pois o corpo perde calor para o ambiente através do
suor.
Ocorre que o suor evapora e aumenta a umidade do ar
ambiental. Com a umidade do ar ocorre o retardamento a
evaporação do suor, e a temperatura corporal aumenta.
 Leva a morte por HIPERTERMIA (aumento da
temperatura interna), com a HIPOXIA e HIPERCAPNIA
(pois não se tem a renovação do ar ambiental).

 TEORIA QUÍMICA
Sem a renovação do ar ambiental, os níveis de gás carbônico
aumentam, com isso, o centro respiratório bulbar, estimulado
pelo CO2, aumenta o ritmo respiratório, e por consequência o
consumo de O2 aumenta, causando a morte pelo quadro de
HIPERCAPNIA e HIPOXIA.

163
Frederico Alves Melo – Medicina Legal

LESÕES E MORTE POR ENERGIA


RADIANTE
Trata-se dos efeitos resultantes em toda a atmosfera, ambiental, etc, de partículas
radioativas (ex. Usinas Nucleares).
 BRASIL
O acidente radiológico de Goiânia, amplamente conhecido como acidente
com o Césio-137, foi um grave episódio de contaminação por radioatividade
ocorrido no Brasil. A contaminação teve início em 13 de setembro de 1987,
quando um aparelho utilizado em radioterapias foi encontrado dentro de uma
clínica abandonada, no centro de Goiânia, em Goiás.
O instrumento foi encontrado por catadores de um ferro velho do local, que
entenderam tratar-se de sucata. Foi desmontado e repassado para terceiros,
gerando um rastro de contaminação, o qual afetou seriamente a saúde de
centenas de pessoas. O acidente com Césio-137 foi o MAIOR ACIDENTE
RADIOATIVO DO BRASIL e o MAIOR DO MUNDO OCORRIDO FORA
DAS USINAS NUCLEARES.
Para se entender a radiação, deve ser entendida o ÁTOMO (que possui um núcleo,
onde esses núcleos contem PRÓNTONS E NÊUTRONS, sendo circundados por
ELÉTRONS).
A alteração nuclear (prótons e nêutrons) em razão do recebimento de uma carga
energia, faz com que prótons e nêutrons sejam eliminados do núcleo. Após o
recebimento dessa energia, esta é eliminada do núcleo aos poucos e assim confere-
se radioatividade ao átomo. Essa dissipação da energia (radioatividade), é feita
através da liberação de partículas ALFA, BETA e GAMA.
 RADIAÇÃO ALFA
 Não ultrapassa a folha de papel

 RADIAÇÃO BETA
 Atravessa o papel, mas não passa pela pele ou alumínio.

 RADIAÇÃO GAMA
 Onda eletromagnética sem massa
 Deslocando-se na velocidade da luz, atravessa a pele e até aço
 Não ultrapassa o concreto
 Os feitos da radiação gama estão relacionados com o tempo de
exposição.

164
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 Em contato com o corpo, essa radiação vai direto para os
órgãos produtores de sangue (glóbulos vermelhos, glóbulos
brancos, e plaquetas), causando assim anemia, infecções e
sangramentos, levando a morte.

 RAIO-X
Passa pelo papel, pele, alumínio, mas não passa pelo chumbo.
 Quanto menor o comprimento da onda radioativa mais penetrante ela é e
quanto maior, menos penetrante seria.

UNIDADE DE RADIAÇÃO
SIEVERT (Sv ou mSv)
 Diz QUANTO TEMPO O INDIVÍDUO PODE RECEBER A RADIAÇÃO
 Dose anual permitida de radiação: 2,4 mSv/ano, no máximo.
 Se apresentam de forma não visual, pois nós apenas enxergamos do vermelho
ao violeta.
GRAY (Gy)
 É a unidade que mede os DANOS FÍSICOS CAUSADOS PELA RADIAÇÃO
BECQUEREL (Bq)
 É a unidade que mede a atividade da FONTE RADIOATIVA.

DIAGNÓSTICO DE LESÃO POR ENERGIA RADIANTE

165
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 Queimaduras, dependendo da proximidade;
 1º grau
 2º grau
 3º grau
 Não causa de 4º grau
 Não cresta os pelos

 Mais alterações sistêmicas que locais


 Alterações hematológicas
 Infecções generalizadas
 Choque séptico
 Estando a energia longe, apesar de não queimar, afetam a medula óssea e
paramos de produzir os glóbulos vermelhos, brancos e plaquetas, gerando
anemia intensa, baixa imunidade e dificuldade em coagulação; e
 Afetando órgãos sexuais, passam o defeito genético provocado aos
descendentes.

AUTOPSIA DE RADIAÇÃO
Lembremos o caso Césio 137 de Goiânia. O professor Blanco realizou este
procedimento com roupas adequadas que apenas o protegiam dos raios alfa e beta,
logo, sua proteção contra os raios gama seria a duração de contato de acordo com
os Sieverts medidos na irradiação do cadáver.
As queimaduras provocadas pela radiodermite da irradiação são classificadas em
graus, sendo de 1° e 2° graus iguais às de fogo, porém as de 3° grau, provocam
necrose e gangrena.

166
Frederico Alves Melo – Medicina Legal

LESÕES E MORTES CAUSADAS


PELA ENERGIA BAROMÉTRICA
O estudo das lesões e mortes causadas por baropatias está ligado ao aumento ou
diminuição da pressão atmosférica.

O ser humano está adaptado para viver em uma mistura gasosa, a atmosfera, que
exerce sobre o seu corpo uma pressão de 760 mm Hg (milímetros de mercúrio) ao
nível do mar.

Apesar de seus aparelhos respiratório e circulatório estarem preparados para dar o


máximo de rendimento nessas condições, guardam certa reserva funcional, que
permite ao indivíduo suportar pressões um pouco maiores, ou menores, sem
prejuízos para o organismo. Ultrapassado o limite da tolerância, surgem distúrbios, a
princípio reversíveis. Aumentando a variação barométrica ainda mais, aparecem,
então, alterações funcionais e estruturais em diversos tecidos. Podemos chamar o
conjunto dessas alterações de BAROPATIA, ou seja, doenças causadas pela pressão
atmosférica (BARO = pressão atmosférica e PATIA = mal, doença).

Ao nível do mar, o indivíduo sofre pressão do ar de 1 atmosfera (ATM)


 Ao aumentar de altura (subir montanhas) essa pressão diminui;
 Ao mergulhar, a massa liquida da água atua sobre o mergulhador
(pressão hidroestática) e a cada 10 metros de profundidade, aumenta
1 ATM.

É comum verificar-se baropatias entre mergulhadores, uma vez que, a cada 10 metros
de profundidade, a pressão ambiente eleva-se de 1 atmosfera.
 Assim, a 10 metros de profundidade, o corpo do mergulhador está
submetido a 2 atmosferas de pressão (uma do ar e outra dos 10 m de
água);
 A uma profundidade de 20 metros, está sob 3 atmosferas, e assim por
diante.

 Na subida, o mergulhador para evitar a descompressão, deve fazer


1/10 de ATM a cada 10 minutos.

PORCENTAGEM DE GASES NO AR EM QUALQUER ALTURA


O ar ambiental é composto por:
 OXIGÊNIO
 21%

167
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 NITROGÊNIO
 78%
 OUTROS GASES
 1%

 Mesmo em grandes altitudes, com quantidades absolutas menores, o


percentual dos gases se mantém.
Várias são as leis que determinam o comportamento dos gases nos diversos
fenômenos físicos, vejamos:

 LEI DE BOYLE-MARIOTTE
Segundo a lei de BOYLE-MARIOTE, sob temperatura constante, o volume
ocupado por uma massa de gás é inversamente proporcional à pressão
suportada.

 Assim, quando dobramos a pressão sobre uma massa gasosa, seu volume
reduz-se a metade, desde que se mantenha a mesma temperatura.

Note que conforme maior a pressão


Maior é a distância da agua.

 LEI DE DALTON
Segundo a lei de DALTON, a pressão exercida por uma mistura gasosa é igual à
soma das pressões parciais de cada componente da mistura.

 A pressão parcial corresponde à pressão que exerceria qualquer dos


componentes, se estivesse disperso sozinho por todo o espaço ocupado
pela mistura. Além do mais, “a concentração de um gás dissolvido em uma
massa líquida é diretamente proporcional a pressão exercida pela fase
gasosa da mistura líquido-gás”.

 LEI DE HENRY
A lei de HENRY, diz que, se aumentar a pressão parcial de um dos gases do ar
inspirado, sua quantidade dissolvida em uma massa líquida (Ex. sangue)

168
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
aumentará na mesma proporção; e que variações para menos também serão
acompanhadas com a mesma intensidade.

 Também chamada de LEI DO REFRIGERANTE.

 Por isso que os mergulhadores não voltarem lentamente, os gases se


expandem rapidamente (similar a abertura de uma lata de refrigerante),
podem causar o apagamento brusco do mergulhador.
 É chamado de MAL DOS MERGULHADORES ou do
ESCAFANDRISTAS.

 PRESSÃO EM GRANDES ALTITUDES


A pressão e temperatura em grandes altitudes diminui, causando o mal das
montanhas.
O percentual dos gases se mantém, em que pese as quantidades absolutas serem
menores.

 MAL DAS MONTANHAS ou AVIADORES


 O mal das montanhas pode ocorrer de duas formas:
 FORMA AGUDA
 FORMA CRÔNICA

 MAL DAS MONTANHAS OU AVIADORES EM SUA FORMA AGUDA


Quando o indivíduo sobe a grandes altitudes (montanhas) ou um piloto de avião
em cabines despressurizadas, estão sujeitos a alterações em seu quadro normal
em função da diminuição da pressão;
São características que configuram o mal das montanhas/aviadoras daqueles que
são expostos a grandes altitudes:

 ACIMA DE 3 MIL METROS de AR RAREFEITO


 HIPOXIA RELATIVA
 QUADRO AGUDO
 EDEMAS CEREBRAL E PULMONAL
 DOR DE CABEÇA
 NAUSEAS
 TONTEIRAS
 DISPNEIA (dificuldade de respirar caracterizada por respiração rápida e curta)
 RETENÇÃO DE LÍQUIDOS
 ESPESSAMENTO PERÍ-ALVEOLAR

 MAL DAS MONTANHAS EM SUA FORMA CRÔNICA OU DOENÇA DE MONGE

169
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
A doença de monge é a forma crônica do mal das montanhas que ocorre em
pessoas que vivem em grandes altitudes, normalmente acima de 3 mil metros de
altura, onde se tem o ar rarefeito (estão ambientadas a baixa pressão).
Em função do corpo humano buscar se adaptar ao ambiente, podem surgir
características que configuram a doença de monge:

 ATIVIDADE DE ERITROPOIETINA (EPO)


Aumento da produção do eritropoetina (determinada a maior produção de
hemácias) pelos rins, estimulada pela hipoxia do sangue, hormônio que atua
na medula óssea, fazendo com que haja maior produção de glóbulos
vermelhos (hemácias) para o sangue, que passa a transportar maior
quantidade de oxigênio para os tecidos (o que vai levar ao espessamento do
sangue).

 AUMENTO DA HEMATOPOIESE
Há aumento do processo de formação do sangue.

 POLIGLOBULIA COMPENSADORA
É o fenômeno adaptativo de pessoas que vivem em grandes altitudes, pois o
ar disponível é mais rarefeito, que leva a hipóxia, e assim como consequência
da atividade da eritropoietina e da hematopoiese (o que leva a um aumento
de glóbulos vermelhos para aumentar a capacidade de transporte de
oxigênio).

 RISCO DE TROMBOSES
Pois com o aumento de glóbulos vermelhos, o sangue fica mais espesso e a
circulação mais lenta, podendo levar a obstrução de alguns vasos.

 O sangue é formado por:


 Plasma ou parte líquida do sangue: 55%
 Elementos figurados: 45%
 Glóbulos Vermelhos
 Glóbulos Brancos
 Plaquetas
 Como há o aumento dos elementos
figurados, através de glóbulos
vermelhos, há diminuição da parte
liquida.

 DEDOS EM BAQUETA DE TAMBOR


Alteração morfológica que ocorre nas extremidades dos dedos que ficam
alargados.

 AUMENTO DO TEOR DE MIOGLOBINA NOS TECIDOS, proteína que ajuda


molecularmente o deslocamento do oxigênio para o interior das células.
 O MAL DOS AVIADORES é equivalente ao mal das montanhas, no
entanto, ocorre em aviões não pressurizados.

170
Frederico Alves Melo – Medicina Legal

BAROTRAUMAS ORIUNDOS DE MERGULHOS


Trata-se do amento da pressão sofrida pelo corpo, pois a cada dez metros de
profundidade, há o aumento de uma atmosfera.
O mergulho pode ser feito:

 MERGULHO EM APNÉIA
 Mergulho feito sem o auxílio de aparelhos.
 Há risco de apagamento, de afogamento e barotraumas no ouvido
(tímpano), que levam a perda do equilíbrio.

 LEI DE BOYLE MARIOTE


O perigo se dá na subida em função da LEI DE BOYLE
MARIOTE, pois a pressão vai diminuir e o volume do pulmão
aumenta (pressão e volume tem reação inversa), assim o
oxigênio não renovado (e sem pressão), não consegue
passar para o sangue, levando a hipoxia aguda, e ao
apagamento. Com o desmaio, o indivíduo insira água
podendo ocorrer a morte por afogamento.

 BAROTRAUMA PULMONAR
Segundo o Professor Hygino Hércules nesses casos de
subida brusca, causa a hiperdistensão alveolar, podendo
levar ao rompimento das paredes do pulmão.

 BAROTRAUMA DE OUVIDO
Ocorrem nas descidas, devido ao aumento da pressão, que
pode levar ao rompimento do tímpano.

 MANOBRA DE VASSALVA
Forma de igualar a pressão interna com a pressão externa,
através do sopro com nariz e boca fechados, que faz com
que o tímpano seja empurrado para fora.
Se o indivíduo estiver gripado, a manobra de vassalva não é
eficaz devido a inflamação atingir o ouvido interno.

 MERGULHO COM SCUBA


 Na proporção que a pressão externa aumenta, o aparelho injeta ar
com uma pressão para dentro, e assim as pressões de fora para
dentro e de dentro para fora, se igualam.
 O perigo encontra-se na volta, pois se o mergulhador ao subir
rapidamente haverá expansão dos gases.
Podendo assim surgir:

EMBOLIA TRAUMÁTICA CAUSADA PELO AR


É a forma aguda da doença, que leva a roturas das paredes
alveolares durante a subida, diante de uma descompressão dos

171
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
gases, causando uma hemorragia intrapulmonar (também levará
ao aparecimento das manchas de paltauf nos pulmões).

DOENÇA DA DESCOMPRESSÃO
É a forma crônica da doença, devido ao ar comprimido seguir no
corpo, ou seja, foi feita uma descompressão inadequada, o que leva
a acumulo de gases que, no dia a dia, são descomprimidos nas
articulações, causando dores, sendo chamado de “BEND”.

Quantidade de ar diminui conforme a profundidade.


O oxigênio que entrou foi gasto.
O nitrogênio não é gasto, e começa a expandir, causando
problemas.

 TRILIX
O ar inserido na scuba é composto por três gases (nitrôgênio, oxigênio e
outro gás, que normalmente pé o gás hélio - heliox), pois, se mantiver a
quantidade normal de nitrogênio (78%), pode causar efeitos similar a
embriaguez.
 NITROX
É a mistura de nitrogênio e oxigênio apenas.

172
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
MODIFICADORES DA
IMPUTABILIDADE
Artigos de relevância
 Art. 26, 27 e 28 do CP;
 Art. 45, 46 da lei 11.343 do CP;
Os limitadores e modificadores da imputabilidade são estudados pela psicologia e
psiquiatria forense.

IDIOSSINCRASIA
Trata-se do efeito inesperado gerado em razão de alguma substância que foi ingerida
pela pessoa (Ex. Bebida, medicamento, etc.).

IMPUTABILIDADE
 O que importa é o tempo da conduta, assim a perícia é retrospectiva.
 Somente o juiz pode determinar o exame de sanidade mental do indiciado ou
acusado.
 O delegado deve representar pelo exame de sanidade mental do indiciado ou
acusado.
 No caso de estupro de vulnerável, o delegado pode requisitar
diretamente o exame de sanidade mental da vítima.

IMPUTÁVEL
Agente, que ao tempo da conduta, possui plena capacidade de entender o caráter
ilícito do fato e de determinar-se de acordo com esse entendimento.

SEMI IMPUTÁVEL
É aquele que possui alguma alteração ou falha no entendimento ou na determinação.

INIMPUTÁVEL
É o agente, que ao tempo da conduta, era inteiramente incapaz de entender o
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

173
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
CRITÉRIO BIOLÓGICO
São considerados inimputáveis os menores de 18 anos:
Art. 27 - OS MENORES DE 18 ANOS SÃO PENALMENTE INIMPUTÁVEIS, ficando
sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial.

CRITÉRIO BIOPSICOLÓGICO ou MISTO


Neste caso, é indispensável que se comprove o nexo de causalidade entre o aspecto
biológico (doença), e a alteração do psiquismo que permitiu a realização da conduta
delituosa.
Art. 26 - É ISENTO de pena o agente que, por DOENÇA MENTAL ou
DESENVOLVIMENTO MENTAL INCOMPLETO OU RETARDADO, era, ao tempo
da ação ou da omissão, INTEIRAMENTE INCAPAZ DE ENTENDER O CARÁTER
ILÍCITO DO FATO ou DE DETERMINAR-SE DE ACORDO COM ESSE
ENTENDIMENTO.
 DOENÇA MENTAL
São exemplo que configuram doença mental:
 Psicóticos;
 Portadores de esquizofrenia;
 Psicoses (deve ser seguido da palavra que define a psicose);
 Portadores de demência.
 DESENVOLVIMENTO MENTAL INCOMPLETO
 DESENVOLVIMENTO MENTAL RETARDADO

Parágrafo único - A pena pode ser REDUZIDA DE UM A DOIS TERÇOS, se o


agente, em virtude de PERTURBAÇÃO DE SAÚDE MENTAL OU POR
DESENVOLVIMENTO MENTAL INCOMPLETO OU RETARDADO NÃO ERA
INTEIRAMENTE CAPAZ DE ENTENDER O CARÁTER ILÍCITO DO FATO OU DE
DETERMINAR-SE DE ACORDO COM ESSE ENTENDIMENTO.
 PERTURBAÇÃO DE SAÚDE MENTAL
Note que há ausência do termo doente mental no parágrafo único, mas ele
encontra-se inserido dentro do gênero perturbado mental.
Aqui, além dos doentes mentais, encontra-se os:
 Neuróticos
São os portadores de:
 FOBIAS;
 FILIAS;
 MANIAS;

 Psicopatas

174
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 Não são doentes mentais.
 É um perturbado mental que tem um desvio social
(sociopata ou personalidades anormais), que acredita que o
mundo deve-se reger pelas suas regras, fazendo isso com a
maior naturalidade.
 Nasce-se psicopata, não se vira psicopata.

 Epilépticos
 Não são doentes mentais e sim portadores de alteração
neurológica que geram reflexos musculares;
 Possuem distúrbios no sistema nervoso central e costumam
ter crises convulsivas.
 Possuem comportamento agressivo e desproporcional.
 O crime epilético é marcado por multiplicidade de golpes,
sem motivação, sem premeditação, amnésia anterior e não
há preocupação em esconder os elementos do crime.

 DESENVOLVIMENTO MENTAL INCOMPLETO OU RETARDADO


Os surdos e mudos que não conseguem exprimir sua vontade, podem
se enquadrar nesta categoria.

 RETARDADO
São os OLIGOFRÊNICOS, que serão classificados de acordo com que Q.I.:
 IDIOTAS
 Q.I. de 0 a 25% de uma pessoa normal (idade mental até 3
anos)
 É dependente de outra pessoa.
 Possui retardo mental profundo.

 IMBECIS
 QI de 25% a 50% de uma pessoa normal (idade mental de 3 a
7 anos).
 É um independente treinável.
 Retardo mental moderado.

 DÉBEIS MENTAIS
 QI de 50% a 75% de uma pessoa normal (Idade mental até 7 a
12 anos).
 É um independente educável.
 Retardo mental leve.

 FENILCETONÚRIA

175
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
Há deficiência na metabolização da fenilalanina, o que pode
provocar retardo mental. É chamada de oligofrenia
difenilpirúvida.

 SÍNDROME DE DOWN
Trata-se de uma anomalia causada pela presença de três cromossomos 21
(trissomia 21). As células destas pessoas possuem 47 cromossomos, e não 46.

EMBRIAGUEZ
ÁLCOOL OU SUBSTÂNCIA DE EFEITOS ANÁLOGOS (não estão na portaria 344).
 CRITÉRIO BIOPSICOLÓGICO/MISTO
Indispensável comprovar o nexo de causalidade entre o aspecto biológico
(embriaguez), e a alteração do psiquismo que permitiu a realização da
conduta delituosa.
INIMPUTABILIDADE
Art. 28 § 1º - É ISENTO DE PENA o agente que, por EMBRIAGUEZ COMPLETA,
proveniente de CASO FORTUITO OU FORÇA MAIOR, era, ao TEMPO DA AÇÃO
OU DA OMISSÃO, INTEIRAMENTE INCAPAZ DE ENTENDER O CARÁTER
ILÍCITO DO FATO OU DE DETERMINAR-SE DE ACORDO COM ESSE
ENTENDIMENTO.
 EMBRIAGUEZ COMPLETA
 PROVENIENTE DE CASO FORTUITO OU FORÇA MAIOR
 TEMPO DA AÇÃO OU DA OMISSÃO, INTEIRAMENTE INCAPAZ
DE ENTENDER O CARÁTER ILÍCITO DO FATO OU DE
DETERMINAR-SE DE ACORDO COM ESSE ENTENDIMENTO.

SEMI-IMPUTABILIDADE
§ 2º - A pena PODE SER REDUZIDA DE UM A DOIS TERÇOS, se o agente, por
embriaguez, PROVENIENTE DE CASO FORTUITO OU FORÇA MAIOR, NÃO
POSSUÍA, AO TEMPO DA AÇÃO OU DA OMISSÃO, a PLENA CAPACIDADE DE
ENTENDER O CARÁTER ILÍCITO DO FATO OU DE DETERMINAR-SE DE
ACORDO COM ESSE ENTENDIMENTO.
ART. 28 - NÃO EXCLUEM A IMPUTABILIDADE PENAL:
I - A EMOÇÃO OU A PAIXÃO;
II - A EMBRIAGUEZ, VOLUNTÁRIA OU CULPOSA, PELO ÁLCOOL OU
SUBSTÂNCIA DE EFEITOS ANÁLOGOS.
 VOLUNTÁRIA

176
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 Bebe para se embriagar.
 Se busca embriagar-se para cometer um crime. Neste
caso, incidirá na agravante da embriaguez pré-
ordenada.
 No caso DE PRÉ-ORDENADA, se concluir o plano inicial,
essa embriaguez é tida como INCOMPLETA, pois se
completa fosse, não tem nem consciência nem vontade
sob o domínio dele.

 CULPOSA
 Bebe voluntariamente mas fica embriagado
culposamente.
 Observa-se a TEORIA DA ACTIO LIBERA IN CAUSA,

FASES DA EMBRIAGUEZ
 FASES DO MACACO
 Há excitação ou desinibição inicial.

 FASE DO LEÃO
 Há uma agitação ou confusão, levando a agressividade.
 É a considerada a fase médico legal, em razão da pratica de crimes
comissivos.

 FASE DO PORCO ou COMATOSA


 Há sono ou coma.
 Nesta fase ele pode cometer crimes desde que esteja na condição de
GARANTIDOR.

 No IML o exame de embriaguez feito em vivos são os seguintes:


 CLÍNICO
Analise da como a pessoa se apresenta:
 Ritmo cardiorrespiratório acelerado;
 Conjuntivas vermelhas;
 Hálito com odor alcoólico;
 Pele com suor, etc.

 NEUROLÓGICO
Analisa-se o Sinal de Romberg e o sinal de quatro.

 PSÍQUICO
Perguntas sobre a pessoa, família e atualidades.
 Não se faz exame de sangue/urina no IML.

177
Frederico Alves Melo – Medicina Legal

Se a pessoa está sob o efeito de álcool, há alteração no cerebelo, que


afeta a coordenação motora e o equilíbrio (parte neurológica), assim o
exame clínico, neurológico e psíquico é feito:

 SINAL DE ROMBERG
Periciado fica em pé, com pés juntos, membros
superiores juntos ao corpo, e olhar em direção ao
horizonte.

 SINAL DE ROMBERG SENSIBILIZADO


Na mesma posição do anterior, mas neste deve-se
fechar os olhos e inclinar a cabeça para trás.

 SINAL DE QUATRO
Colocar o tornozelo direito à frente do joelho esquerdo
e vice-versa (4).

 TOLERÂNCIA AO ÁLCOOL
É a capacidade/facilidade de a pessoas ficar embriagada,
que deve ser analisada por diversos fatores, tais como:
peso, frequência que ingere álcool, estado de saúde, etc.

Vale lembrar que no Estado do RJ, há o enunciado 09 do


1º CDPCERJ, que diz:
ENUNCIADO Nº 9:
A embriaguez ao volante, em que pese a sua
classificação como crime de perigo abstrato, exige prova
de efetiva alteração da capacidade psicomotora para
sua configuração, não sendo suficiente, portanto, a
aferição através de etilômetro, embora dispensável o
exame pericial.

 Se a pessoa possuir doença cerebelar (labirintite), pode dar a


impressão de estar bêbado, pois esta causa perda do equilíbrio.

SÍNDROME DE KORSAKOFF
Trata-se de síndrome decorrente da ação lesiva do álcool no sistema nervoso central,
provocando AMNÉSIA (blackout), PALIMPSESTO (esquecimentos), ALUCINOSE
ALCOÓLICA (psicoses), FLASH-BACK (repetição de sintoma), mesmo sem o uso da
droga.

178
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 É considerada um sintoma de alcoolismo, assim como a polineurite
(comprometimento dos neurônios) e a síndrome de Wernicke (focos hemorrágicos
nos nervos craianos).

FORMAS DE ALCOOLISMO
Segundo o Professor Roberto Blanco, o alcoolismo pode se apresentar de 5 formas:
 ALFA
Utilizada em ambientes sociais do álcool.
 BETA
Utilizada nas regiões onde se produz cerveja.
 GAMA
É o patológico.
 DELTA
É o agravamento do alcoolismo Beta.
 EPSILON
Decorre da dipsomania ou alcoolismo periódico.

ABSORÇÃO DO CÉREBRO
O álcool vai para o estômago, após intestino, e posteriormente vai para o sangue e
até chegar ao cérebro.
Se o estômago está vazio, o álcool chega mais rápido ao cérebro. Se está com
alimentos (principalmente gordurosos), o álcool demora mais a passar para o
intestino e logo mais para chegar ao cérebro.
Assim, o caminho do álcool até ser eliminado é: INGESTÃO, ABSORÇÃO,
METABOLIZAÇÃO e ELIMINAÇÃO.
Na pessoa viva, em cerca de 8 a 10 horas há toda metabolização do álcool, não
restando vestígios do álcool no corpo.
Se a pessoa bebeu e morreu, a metabolização cai quase a zero, assim, mantém altos
níveis de álcool no corpo.
 Os melhores locais para se verificar a presença de álcool no sangue do
cadáver:

 VEIAS CAVAS INFERIORES


 VEIAS FEMURAIS
 No coração não é indicado, pois o álcool pode passar do
estomago para o coração (em razão da proximidade), dando
um falso diagnóstico.

179
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 Deve-se ser analisado todos os órgãos para analisar o percurso
da droga no corpo.

MENINGES DO CÉREBRO
São membranas protetivas do cérebro ao osso.
São três as meninges:
 PIAMATER
 Trata-se da primeira membrana que envolve o cérebro.
 É a mais fina.
 Entre a pia-máter e a aracnoide, existe uma substância chamada de
LIQUOR, que tem por função a drenagem local, e o amortecimento.

 ARACNÓIDE
 Trata-se da meninge do meio, que fica entre a pia-máter e a duramater.

 As meninges aracnoide e pia-máter, são finas e transparentes,


e por isso são chamadas de LEPTO MENINGES.

 DURAMATER
 É a membrana mais externa.
 É a mais resistente.

 É possível o rompimento de vasos sanguíneos entre a PIAMATER e a


ARACNOÍDE, onde se tem a HEMORRAGIA SUB ARACNÓIDE.

 Se o rompimento de vasos sanguíneos entre a ARACNOÍDE e a


DURAMATER, onde se tem a HEMORRAGIA SUB DURAL.

 Se o rompimento for entre a DURAMATER e o OSSO, tem-se a hemorragia


EXTRA-DURAL.

O hematoma EXTRA DURAL pode comprimir o cérebro e levar a óbito.

180
Frederico Alves Melo – Medicina Legal

HEMATOMA EXTRA DURAL

 Quando o cérebro fica comprimido, a pessoa pode apresentar sintomas de


quem ingeriu bebida, podendo ter um diagnóstico falso de embriaguez.

LEI DE DROGAS
Quando se trata de drogas, esta deve estar relacionada na PORTARIA 344/ANVISA.
INIMPUTÁVEL
Art. 45. É ISENTO DE PENA o agente que, em razão da DEPENDÊNCIA, ou SOB O
EFEITO, proveniente de CASO FORTUITO OU FORÇA MAIOR, de DROGA, era, AO
TEMPO DA AÇÃO OU DA OMISSÃO, qualquer que tenha sido a infração penal
praticada, INTEIRAMENTE INCAPAZ DE ENTENDER O CARÁTER ILÍCITO DO FATO OU
DE DETERMINAR-SE DE ACORDO COM ESSE ENTENDIMENTO.
 ISENTO DE PENA
 DEPENDÊNCIA
 SOB O EFEITO
 PROVENIENTE DE CASO FORTUITO OU FORÇA MAIOR
 AO TEMPO DA AÇÃO OU DA OMISSÃO
 INTEIRAMENTE INCAPAZ DE ENTENDER O CARÁTER ILÍCITO DO FATO OU DE
DETERMINAR-SE DE ACORDO COM ESSE ENTENDIMENTO.

 Na DEPENDÊNCIA independe de ser proveniente de caso


fortuito ou força maior, restando apenas a análise de estar
inteiramente incapaz ou não.

Parágrafo único. Quando absolver o agente, reconhecendo, por força pericial, que
este apresentava, à época do fato previsto neste artigo, as condições referidas no
caput deste artigo, PODERÁ DETERMINAR O JUIZ, NA SENTENÇA, O SEU
ENCAMINHAMENTO PARA TRATAMENTO MÉDICO ADEQUADO.
 NÃO SE TRATA DE MEDIDA DE SEGURANÇA

181
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
PODERÁ DETERMINAR O JUIZ, NA SENTENÇA, O SEU ENCAMINHAMENTO
PARA TRATAMENTO MÉDICO ADEQUADO.

SEMI-IMPUTÁVEL
Art. 46. As penas PODEM SER REDUZIDAS DE UM TERÇO A DOIS TERÇOS se, por
força das circunstâncias previstas no art. 45 desta Lei, o AGENTE NÃO POSSUÍA, ao
TEMPO DA AÇÃO OU DA OMISSÃO, a PLENA CAPACIDADE DE ENTENDER O
CARÁTER ILÍCITO DO FATO OU DE DETERMINAR-SE DE ACORDO COM ESSE
ENTENDIMENTO.
REDUZIDAS DE UM TERÇO A DOIS TERÇOS
 DEPENDÊNCIA
 SOB O EFEITO
 PROVENIENTE DE CASO FORTUITO OU FORÇA MAIOR
 AO TEMPO DA AÇÃO OU DA OMISSÃO
 NÃO POSSUIA A PLENA CAPACIDADE DE ENTENDER O CARÁTER ILÍCITO DO
FATO OU DE DETERMINAR-SE DE ACORDO COM ESSE ENTENDIMENTO

DEPENDÊNCIA FÍSICA OU PSÍQUICA


 TOLERÂNCIA
 Necessidade de doses crescentes da droga para obter o mesmo efeito,
em função de um hábito.

 SINDROME DE ABSTINÊNCIA
 São efeitos psíquicas e somáticas (nervosismo, alucinações, agitação,
tremores, etc.) da ausência do uso da droga.
 Quando ocorre, atesta dependência da droga.

 DEPENDÊNCIA
 Causam conflitos familiares, trabalho, policia, justiça, na vida cotidiana
no geral.
 Na DEPENDÊNCIA independe de ser proveniente de caso
fortuito ou força maior, restando apenas a análise de estar
inteiramente incapaz ou não.
INTOXICAÇÕES E ENVENENAMENTO
Segundo o professor Genival Veloso, a intoxicação é caracterizada como sendo um
quadro de reações do metabolismo que tem origem acidental, assim, diferente do
envenenamento que teria origem intencional e exógena.
 HIDRARGIRISMO

182
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 A intoxicação/envenenamento se dá por mercúrio (Hg).
 Causa complicações neurológicas, a pele, podendo inclusive levar a
óbito.
 É comum nas áreas de garimpo.
 Afeta o sistema nervoso causando paralisias.

 MITRIDATISMO
 A intoxicação/envenenamento se dá por arsênico.
 O arsênico possui grande afinidade com a pele, e mesmo após anos da
morte, é possível verificar a presença de arsênico nos fâneros da pele.
 É inodoro, incolor e insipido.
 Em doses mínimas pode matar.
 É possível verificar sua presença nos fâneros da pele.
 São sinais que indicam: eritema na pele sem exposição ao sol, dores
abdominais, vômitos esbranquiçados, diarreia, fígado amarelado
(forma crônica), etc.
 LINHAS DE MEEGS
São ranhuras/estrias esbranquiçadas que surgem nas unhas.
 Historicamente era usado para matar reis. Por isso, o Rei Mitridates,
inseria em seu corpo doses menores para cria imunização ao arsênico.
Curiosamente, morreu envenenado.

 SATURNISMO
 A intoxicação/envenenamento se dá por chumbo.
 Afeta pessoas que trabalham com vidraçaria, cerâmica, etc.
 Ao inspirar os vapores no trabalho, afeta o cérebro, causando psicoses
tóxicas.
 É também causador de anemia, pois não permite a fixação do ferro na
hemoglobina.
 Se um PAF ficar alojado por muito tempo dentro do corpo, é possível
que ocorra o saturnismo.
 Orla de Burton
A orla do encaixe do dente na gengiva vai ficando anegrada e indica a
intoxicação por chumbo.

183
Frederico Alves Melo – Medicina Legal

 CHUMBINHO (CARBAMATO)
 É inibidor da enzima acetilcolinesterase, que é responsável por destruir
os efeitos a acetilcolina.
Detalhando
A acetilcolina é liberada após cada transmissão dos impulsos nervosos
aos diversos órgãos do corpo, que fazem os músculos contrair. A
acetilcolinesterase faz com que o músculo após a contração, relaxe.
Assim, com a acetilcolinesterase inibida, não se consegue relaxar os
músculos o que leva a espasmos musculares generalizados, podendo
levar à morte por sufocação indireta (asfixia).

 PESTICIDAS ORGANOFOSFORADOS
 São feitos por ORGANOFOSFORADOS para matar as pragas da lavoura.
 A ingestão destes alimentos sem a adequada higiene, leva a
contaminação, levando a problemas neurológicos, de controle da
musculatura, náuseas, etc.
 Também é inibidor da acetilcolinesterase.
Afetam as terminações nervosas – ou seja, o comando do corpo é feito
através de ordens do nervo para o músculo, através de um composto
químico chamado acetilcolina. Ocorre que uma enzima chamada
acetilcolenesterase, tira os efeitos da acetilcolina. Mas com a
intoxicação a ordem de retirar feita pela acetilcolenesterase, fica
inibida, e assim, a ordem de movimento fica mantida, causando
desarranjo do corpo, levando a espasmos musculares generalizados.

 MONÓXIDO DE CARBONO
 Normalmente está presente na fumaça negra que ocorre pela queima
de determinados produtos.
O monóxido de carbono possui uma afinidade muito grande com
hemoglobina, formando a carboxihemoglobina, que impede o
transporte de oxigênio, e a consequente intoxicação por monóxido de
carbono.
 Quando a concentração de monóxido de carbono no sangue é maior
que 50% há perigo de morte iminente.
 As vísceras ficam com a cor carminada.

 CIANETO
 É um tóxico que faz com que a enzima CITOCROMOOXIDASE (que atua
no interior das mitocôndrias), fique inibida, e assim, fique impedida de
retirar os hidrogênios e impedindo de reagir com o oxigênio (que está
na célula, mas não reage), podendo levar a morte instantânea por
excesso de hidrogênio nas células.

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 Leva a hemorragia da mucosa gástrica (lembrando uma polpa de
goiaba).
 Exala odor de amêndoas amargas.
 A ação química ocorre em nível intracelular.

 DROGAS PSICOATIVAS ou PSICOTRÓPICAS


Quanto aos seus efeitos, podem ser classificadas em drogas:
 PSICOLÉPTICAS ou PSICOCATALÉPTICAS
 PSICODISLÉPTICAS
 PSICOANALÉPTICAS

 PSICOLÉPTICAS ou PSICOCATALÉPTICAS
 São drogas tranquilizantes, DEPRESSIVAS do sistema nervoso
central, gerando a diminuição dos batimentos cardíacos, da
respiração, etc.
 São exemplos: Álcool, Sedativos, morfina, ópio, papoula,
heroína, barbitúricos, etc.

 PSICODISLÉPTICAS
 São drogas que distorcem o pensamento, causando
alucinações.
 São exemplos: LSD, psilocibina, mascalina, cogumelos,
maconha, haxixe.
 A maconha, é a droga mais consumida no mundo, e tem o
princípio ativo através do THC (tetrahidrocanabinol), que só
está presente na flor das plantas da maconha feminina.

 PSICOANALÉPTICAS
 São drogas estimulantes do sistema nervoso central, gerando
euforia, agitação, respiração ofegante, pupilas dilatadas, etc.
 São exemplos: Cocaína, anfetaminas, ecstaxy, oxi, crack, merla,
etc.

LEGAL HIGHS
São drogas sintéticas produzidas em laboratório, que causam (mimetizam) os
mesmos efeitos das drogas ilícitas (psicoléptica, psicodisléptica ou psicoanaléptica),
mas com componentes químicos que não estão elencados na portaria 344 da Anvisa.

SÍNDROME DO CORPO EMBALAGEM


Ocorre quando os pacotes inseridos em um corpo para serem transportados (mulas)
se rompem com drogas no seu interior.

185
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 BODY PACKER
Os pacotes são ingeridos e transportados no estômago.

 BODY PUSHER
Os pacotes são inseridos e transportados nos orifícios naturais.

FORMAS DE INSTRODUÇÃO DAS DROGAS NO CORPO HUMANO


 ORAL
 INJETAR
 INALAÇÃO
 Esta é possui os efeitos mais rápidos, pois não precisa passar pelo
coração para chegar as artérias.
ASSOCIAÇÃO DE DROGAS ou FARMACOCINÉTICA
 EFEITO ADITIVO
Há o consumo de mais de uma droga e os efeitos individuais de cada uma se
somam.

 SINERGISMO
Há potencialização de determinada droga diante da presença de outra droga
(Ex. Droga A, será mais toxica em doses menores, em função da presença de
outra droga).

 ANTAGONISMO
Há o consumo de mais de uma droga e os efeitos dessas substâncias se
neutralizam.

186
Frederico Alves Melo – Medicina Legal

TANATOLOGIA
A tanatologia faz parte da patologia forense e estuda os sinais que se relacionam
com a evolução da morte, sua causa médica e os fenômenos cadavéricos.
Atualmente, considera-se morto aquele que tem diagnosticado a morte encefálica,
dada a irreversibilidade da situação.
 O moderno conceito de “morte clínica ou “morte encefálica” se caracteriza
pelo que preconiza a Resolução CFM nº 1.480/97, a qual considera “que a
parada total e irreversível das funções encefálicas equivale à morte, conforme
critérios já bem estabelecidos pela comunidade científica mundial”.
É apontado que após inicialmente diagnosticada a morte, é possível serem feitos
exames complementares. Entre a primeira e a segunda avaliação, deve ser observado
um espaço temporal que vai variar de agora com a faixa etária:
 De 7 dias a 2 meses
 48 horas
 De 2 meses a 1 ano
 24 horas
 De 1 ano a 2 anos
 12 horas
 De 2 anos em diante
 6 horas

Existem ainda, alguns exames clínicos que são utilizados para auxiliar no diagnóstico
de morte encefálica:
 OLHAR DE CABEÇA DE BONECA, REFLEXO ÓCULO-ENCEFÁLICO ou REFLEXO
OCULOCEFALÓGIRO
Realiza-se um giro rápido da cabeça nos sentidos, vertical e horizontal do
pescoço, em que se houver movimentos oculares no sentido contrário do giro,
indica resposta esperada.

 SINAL DA BONECA ou SINAL ÓCULO-VESTIBULAR


Injeta-se certa quantidade de água no canal auditivo, e a resposta esperada é
a ocorrência do nistagmo, que são movimentos laterais no sentido oposto ao
ouvido estimulado.

 REFLEXO PUPILAR

187
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
Com uma fonte luminosa direcionada para os olhos, espera-se resposta ao
estímulo.

PERINESCROSCOPIA
É o exame corpo de delito que é feito em volta do cadáver.
Art. 6, I, CPP:
Art. 6o - Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a
autoridade policial deverá:
I - dirigir-se ao local, PROVIDENCIANDO PARA QUE NÃO SE ALTEREM O
ESTADO E CONSERVAÇÃO DAS COISAS, ATÉ A CHEGADA DOS PERITOS
CRIMINAIS;
EXAME DE CORPO DE DELITO
CPP
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de
corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do
acusado.
Lei 9.099/95
Art. 77 § 1º Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com base no
termo de ocorrência referido no art. 69 desta Lei, com dispensa do inquérito
policial, prescindir-se-á do exame do corpo de delito quando a materialidade
do crime estiver aferida por boletim médico ou prova equivalente.
 TANATOPSIA
É o exame daquele que está morto (cadáver).

 AUTÓPSIA
É o termo usado no CPP, para o exame do cadáver.
Normalmente é usasse o termo necropsia, como sinônimo de autopsia.

 LOCAL RELACIONADO
É o local que não tem ligação direta com o local do cadáver, mas
indiretamente pode conter, ou ser útil para análise de prova.

TIPOS DE MORTE
 MORTE NATURAL
 É a morte proveniente de causas internas.
 MORTE ASSISTIDA

188
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
É assistida quando o médico assistente da pessoa em vida é
obrigado a dar a declaração de óbito (Art. 1º da RES. 1.779/06).
 MORTE NÃO ASSISTIDA
Se não tiver medico assistente, deve ser feito pelo serviço de
verificação de óbito (SVO), e se não houver este, deve ser requerida
a remoção pela autoridade policial do cadáver para o IML (Art. 2º
da RES. 1.779/06).

 MORTE VIOLENTA
 Proveniente de causas externas, como homicídio, suicídio, acidente
(mneumônico: SAC), etc.
 São as causas jurídicas da morte.
 O médico legista do IML quem vai fornecer a declaração de óbito
(Art. 3º da RES. 1.779/06).

 MORTE SUSPEITA
 É a morte que não sabe se a causa foi interna (natural) ou externa
(violenta).
 De acordo com o professor Hygino Hércules, será considerada
morte suspeita, sempre que houver a possibilidade de não ter sido
natural a causa.
 Neste caso, o médico legista do IML quem vai fornecer a declaração
de óbito.

 MORTE SÚBITA
 Tem que ser natural;
 Logo, não poder ser violenta;
 Tem que ser inesperada;
 Pode ser:
 Fulminante (ex: infarto que mata na hora) ou;
 Agônica (em que leva horas, dias, etc, como uma
hemorragia que ocorre há dias).
 De acordo com o professor Hygino Hércules, tal cendeito
prende-se mais a inexistência de um quadro patológico prévio
que pudesse explica-la do que ao tempo de evolução rápido da
causa da morte.
 DOCIMASIA HEPÁTICA QUÍMICA (LACASSAGNE E MARTIN)
Se verifica pelo nível de glicogênio medido no fígado, que se for
alta, indica a morte rápida, se for baixa, morte agônica.

 MORTE REAL
É a morte verdadeira, completa, absoluta, ou para sermos incisivos: é a
morte.

189
Frederico Alves Melo – Medicina Legal

 MORTE APARENTE
Segundo o professor Hygino Hércules, é um estado profundo de
embotamento das funções vitais, em que se torna muito difícil escutar os
batimentos cardíacos, pois estão bem fracos, ou perceber os movimentos
respiratórios.

TRÍADE DE THOINOT
Define clinicamente o estado de morte aparente, sendo caracterizado
pela presença de:
 IMOBILIDADE
 AUSÊNCIA APARENTE DE RESPIRAÇÃO
 AUSÊNCIA APARENTE DE CIRCULAÇÃO

ESTRUTURA DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL


O ENCÉFALO É FORMADO POR:
 CÉREBRO
 É a região que se encontra consciência e vontade.

 CEREBELO
 É o responsável por controlar o equilíbrio e a coordenação motora.

 PONTE ou PROTUBERÂNCIA
 Reúne importantes centros nervosos.

 BULBO
 É o responsável pelo controle dos centros cardiorrespiratórios
(batimentos cardíacos e movimentos respiratórios).

 O TRONCO CEREBRAL ou ENCEFÁLICO é formado por PONTE e


BULBO.

 O NERVO VAGO parte do tronco encefálico (precisamente do


bulbo), que dá os movimentos cardiorrespiratórios.

 Segundo a Lei 9.434/97, apenas com a MORTE ENCEFÁLICA


(TRONCO ENCEFÁLICO) TEM-SE O CADÁVER.
 Note, morte encefálica e morte cerebral não são a
mesma coisa, pois, o cérebro é apenas uma parte do
encéfalo (estado de coma).

190
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 O diagnóstico de morte feito na rua, leva em consideração os
pulsos arteriais, e os movimentos respiratórios.

MORTES FETAIS E DECLARAÇÃO DE ÓBITO


 PREMATURAS
Não há obrigação de o médico expedir declaração de óbito.

 O feto deve ter:


 Menos de 500 gramas ou,
 Menos de 25 centímetros ou,
 Menos de 5 meses (20 semanas)

 INTERMEDIÁRIAS
Há obrigação de o médico expedir declaração de óbito.

 O feto deve ter:


 Mais de 500 gramas e menos de 1000 gramas ou,
 Mais de 25 centímetros e menos de 35 centímetros ou,
 Mais de 5 meses e menos de 6 meses

 TARDIAS
 Há obrigação de o médico expedir declaração de óbito.

 O feto deve ter:


 Mais de 1000 gramas ou,
 Mais de 35 centímetros ou,
 Mais de 6 meses

 FÓRMULA DE HAASE
 É o meio pelo qual se verifica o tempo de gestão através da estatura do feto.
 Se verifica o tempo de gestação através da raiz quadrada da estatura.

191
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 4 cm – 2 meses de gestação – pois 2² = 4;
 9 cm – 3 meses de gestação – pois 3² = 9;
 16 cm – 4 meses de gestação – pois 4² = 16;
 25 cm – 5 meses de gestação – pois 5² = 25;
 A partir dos 25 cm, deve-se dividir por 5,6.

SINAIS ABIÓTICOS IMEDIATOS DE MORTE


Os sinais abióticos imediatos, são indicativos de probabilidade de morte, tais como:
 PERDA DE CONSCIÊNCIA
 INSENSIBILIDADE
 SINAL DE JOSAT
Faz-se estímulo do mamilo não havendo resposta.
 IMOBILIDADE
 ABOLIÇÃO DO TÔNUS MUSCULAR
 SINAL DE REBOUILLAT
Injeta-se 1 ml de éter na coxa, se houver absorção, indica vida, se refluir,
indica morte.
 RELAXAMENTO DO ESFINCTER
 Faz com que urina e fezes sejam expelidos.
 FACIES HIPOCRÁTICA, CADAVÉRICA ou MÁSCARA DA MORTE
 Rugas se atenuam, deixando um semblante de profunda serenidade.
 INEXCITAÇÃO ELÉTRICA
 CESSAÇÃO DA RESPIRAÇÃO
 Se a parada for irreversível tem-se a morte.
 SINAL DE WINSLOW
É a imobilidade da chama de uma vela na proximidade do nariz.

 Com os esses sinais abióticos imediatos, não é possível afirmar que


houve a MORTE ENCEFÁLICA (tronco cerebral).

 CESSAÇÃO DA CIRCULAÇÃO
VERIFICAÇÃO DA MORTE POR AUSÊNCIA DE CIRCULAÇÃO
 TESTE DE MAGNUS
Amarra-se um torniquete ao redor de um dedo com pressão suficiente
para barrar o sangue venoso sem bloquear o arterial. Se houver
circulação, em poucos minutos a parte distal fica arroxeada e
congesta.

 TESTE DE HALLUIN
Aplica-se uma gota de éter no fundo-de-saco conjuntival de um dos
olhos. Se estiver vivo, haverá congestão.

192
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 TESTE DE REBOUILLAT
A injeção de éter no tecido subcutâneo reflui pela ferida punctória da
pele, caso não haja circulação; caso contrário, é absorvido e desperta
reação inflamatória.

 TESTE DE ICARD
Produz uma coloração verde-esmeralda na esclerótica (parte branca
do olho) pela injeção endovenosa ou intramuscular de uma solução de
fluoresceína esterilizada.

PERIODO DE INCERTEZA DE TOURDES


Trata-se do período em que não se pode afirmar se o indivíduo está morto ou não,
devendo buscar neste momento a reanimação.
Tem-se a presenta dos sinais abióticos imediatos de morte.

 Logo, é o período entre o aparecimento dos sinais imediatos e os sinais


tardios, consecutivos ou mediatos.
 Segundo o professor Wilson Palermo, é o período quantificado entre cerca de
6 horas antes e 6 horas depois da morte.
 Ainda, segundo o professor, durante este período, se forem produzidas lesões
no cadáver, não é possível afirmar com precisão se as lesões foram feitas em
vida ou após a morte.

PERIODO SUPRA VITAL DO ÓRGÃOS


Após a morte, os órgãos permanecem funcionando por algum tempo, ou seja, não
param imediatamente.

SOBREVIVÊNCIA
É o período de tempo entre o evento danoso e a morte.

SINAIS ABIÓTICOS CONSECUTIVOS OU MEDIATOS


DE MORTE
Neste caso, tratam-se de sinais tardios ou reais, que indicam a certeza da morte.
 EVAPORAÇÃO TEGUMENTAR;
 REFRIAMENTO DO CORPO CADAVÉRICO ou ALGOR MORTIS;
 LIVORES CADAVÉRICO, HIPOSTASES ou LIVOR MORTIS;
 RIGIDEZ CADAVÉRICA ou RIGOR MORTIS;

 EVAPORAÇÃO TEGUMENTAR
 Trata-se de um fenômeno físico, em que a água do corpo começa a
evaporar, ou seja, ocorre a desidratação dos tecidos;
 Leva ao apergaminhamento da pele;

193
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 Dessecação das mucosas;
 Leva a perda de peso, sendo mais acentuado em recém-nascidos.
 Tem início nos locais em que a pele é amis delgada, como a bolsa escrotal.

FENÔMEMOS OCULARES
Com olhos abertos, a evaporação ocorrerá mais rápido.

 MACHA NEGRA OCULAR DE LARCHER-SOMMER


 Com a evaporação, a ESCLERÓTICA (parte branca do olho), fica
transparente, deixando o tecido subjacente, conhecido como
CORÓIDE (que é mais escura) amostra.

 Tempo médio para aparecimento:


3 a 5 horas após a morte (de acordo com as condições ambientais).

 TELA ALBUNINÓIDE ou VISCOSA DE STENON-LOUIS


A poeira que está no ar ao cair em cima dos olhos, se mistura com a lágrima
e células dos olhos, causando sujeira/lama, que cobre a íris deixando a
córnea menos transparente.

 SINAL DE RIPAULT
Trata-se da deformação da íris e da pupila que ocorre cerca de 8 horas
após a morte.

 SINAL DE BOUCHUT
É o enrugamento da córnea em função da desidratação.

 REFRIAMENTO DO CORPO CADAVÉRICO ou ALGOR MORTIS


 Trata-se de um fenômeno físico.
Quando a morte ocorre, o sistema de aquecimento do corpo é
interrompido, e como o é mais quente que o meio ambiente (regra), o
calor do corpo passa para o meio ambiente, e começa a esfriar.

194
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 FORMAS DE CONSERVAÇÃO E DISSIPAÇÃO DO CALOR
 CONDUÇÃO
 Deve haver contato.

 CONVECÇÃO
 Camadas mais quentes perdem calor na superfície (ondas
sucessivas).

 EVAPORAÇÃO
 Perda de água com o calor.

 IRRADIAÇÃO
 A fonte de calor vem de longe, não há contato.

 ATENÇÃO
Não existe perda de calor por transpiração.

 FATORES INTRÍNSECOS
 Camada de gordura subcutânea retarda o início do resfriamento
cadavérico.

 FATORES EXTRÍNSECOS
 Roupas, condições ambientais, interferem na perda de calor.

 CRONOTANATOGNOSE PELO ALGOR MORTIS (tempo da morte pela


temperatura)
Cronotanatognose é a busca de se indicar o tempo que a morte ocorreu.

FÓRMULA DE MORITZ
Estabelece o TEMPO DA MORTE PELA TEMPERATURA RETAL, em que se
deve ter como parâmetro a temperatura de 37º graus, e após, diminuir da
temperatura retal, e por fim, somar mais 3, em que o resultado será o
tempo aproximado da morte.
Ex.: Temperatura retal de 28 graus: 37 – 28 + 3 = 12 horas.

FÓRMULA DE RENTOUL E SMITH


H = N . C / 1,5
H = Tempo calculado
N = Temperatura retal normal (37,2º)
C = Temperatura retal do cadáver
1,5 = é a média em graus de resfriamento a cada hora.

 Sinais auxiliares para auxiliar na Cronotanatognose:


 Perda de peso;

195
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 Mancha verde abdominal;
 Presença de cristais no sangue – CRISTAIS DE WESTENHOFFER-
ROCHA-VERDE (surgem após o terceiro dia de morte);
 Circulação póstuma de Brouardel;
 Crescimento de pelos;
 Conteúdo estomacal (varia de acordo com a disgestão, que em
média tem-se que: alimentação pesada – 5 a 7 horas; média – 3
a 4 horas; leve – 1 hora e 30 minutos a 2 horas);
 Entomologia forense (analisa a presença de insetos e larvas =
legiões de Méguin)
 Etc.

 LIVORES CADAVÉRICO, HIPÓSTASES ou LIVOR MORTIS


Trata-se de um fenômeno físico, em que manchas arroxeadas, resultantes do
acúmulo de sangue no interior dos vasos sanguíneos das regiões de maior
declive do cadáver (em função da ação da gravidade).
 Ex. Se um indivíduo morrer enforcado, a região das hipóstases será
a região dos membros inferiores.

 Os livores podem ser cutâneas (pele) ou viscerais (órgãos).


 As partes que ficarem no aclive ou que ficar pressionada, ficarão sem
acumulo de sangue.
 Permanecem até surgirem os fenômenos da putrefação.

Note que as regiões de contato não


apresentam acumulo de sangue.

 CRONOTANATOGNOSE PELOS LIVORES

196
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 Cerca 30 minutos
 Aparecem pontos arroxeados nas regiões de declive.

 Cerca de 2 horas
 Os pontos se juntam e formam manchas.

 Cerca de 6 horas
 Toda área de declive ficar arroxeada (salvo as áreas de
contato por compressão);
 Neste momento o livor é móvel, ou seja, se mudar o
cadáver for manipulado, o livor vai mudar de posição.

 Cerca de 8 a 12 horas
 Com a autólise, o sangue que está dentro do vaso, passa
para o exterior e mancha os tecidos, e mesmo que mude o
cadáver de posição, o livor não irá sair do lugar, pois
encontram-se fixados.

 COMO DIFERENCIAR LIVOR DE EQUIMOSE?


Quando o coração para de bater, o sangue irá se acumular nas regiões de
maior declive do corpo, devido à gravidade. Em razão da pressão exercida
nos vasos, o sangue irá extravasar, formando uma série de pontos. Assim,
se o sangue estiver saindo dos vasos, trata-se de “equimose falsa” em
pessoa morta, que são chamados de livores (que com o passar do tempo,
iram se fixar nos tecidos, não sendo mais possível a movimentação do
sangue).
Se a equimose for fruto de um trauma e estiver fora dos vasos (infiltração
hemorrágica), trata-se de equimose verdadeira, ou seja, foi feita em vida.
Como verificar?
Deve ser utilizada a TÉCNICA DE BONNET, que consiste em realizar uma
incisão no local, e jogar agua corrente, e se limpar a área, indica que foi
feito após a morte (pois não infiltrou), e se não limpar, indica que foi feita
em vida, pois há sangue acumulado na região.
Para fixar:
 SE TIVER SAINDO SANGUE PONTILHADO DOS VASOS:
Trata-se de LIVOR.

 Assim, ao se jogar água no local, irá limpar.

 SE HOUVER INFILTRAÇÃO HEMORRÁGICA (TECIDOS


MANCHADOS/IMPREGUINADOS):
Trata-se de EQUIMOSE.

 Ao se jogar água não irá limpar a área.

197
Frederico Alves Melo – Medicina Legal

 CORES DO LIVOR E POSSÍVEL CAUSA:


 VIOLÁCEO
 CAUSADA POR ASFIXIA.

 VERMELHO CLARO
 CAUSADA PELO FRIO.

 VERMELHO VIVO
 CAUSADA POR CIANETO.

 CARMIN
 CAUSADA POR MONÓXIDO DE CARBONO.

 RIGIDEZ CADAVÉRICA ou RIGOR MORTIS


 É um fenômeno químico decorrente das reações entre as proteínas (actina
e miosina) musculares e os líquidos cadavéricos (com a ausência de
oxigênio, o corpo fica ácido, e o PH cai, assim, sendo impossível a
manutenção de vida nesse meio, o que faz com que perca a mobilidade –
actina e miosina coagulam, e o movimento fica prejudicado).

 Esse processo que ocorre entre actina e miosina é chamado de TEORIA


QUÍMICA DE BRUCKE E KUHNE.

 CRONOLOGIA DA RIGIDEZ CADAVÉRICA


 Até cerca de 2 horas
 O Corpo se encontra mole.

 Aproximadamente 2 horas
 O masseter fica endurecido:

198
Frederico Alves Melo – Medicina Legal

 Entre 2 e 6/8 horas


 A região do pescoço encontra-se rígida e os membros
inferiores encontram-se mole.

 Cerca de 6 a 8 horas
 O cadáver ficar todo duro.

 Acima de 24/36 horas


 Há o dezfazimento da rigidez (o corpo volta a ficar
maleável), pois o corpo entra em decomposição
(putrefação).
 Os sinais da putrefação indicam que não se trata de uma
morte recente.

 PERÍODO DE ESTADO
É o tempo que o cadáver permanece rígido.

 LEI DE NYSTEN-SOMMER-LARCHER
 A rigidez cadavérica se instala no sentido CÉFALO-CAUDAL ou
CRÂNIO-PODÁLICO (direção da cabeça para os pés).
 As massas musculares menores endurecem primeiro que as massas
musculares maiores.

 ESPAMO CADAVÉRICO, RIGIDEZ ESTATUÁRIA ou CATALÉPTICA

199
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 Trata-se de uma rigidez cadavérica instantânea assim que ocorre a
morte, mantendo a última posição até o início da putrefação.
 Chamado de SINAL DE KOSSU.

 RIGIDEZ CADAVÉRICA PRECOCE


 No caso de mortes violentas acompanhadas de intensa luta ou
casos de mortes causadas por asfixia mecânica, podem acelerar o
curso de rigidez cadavérica, vez que houve um alto consumo de
energia, e assim, faltará energia para os tecidos flácidos (a falta do
oxigênio, faz o processo de rigidez ser mais rápido que o normal).
 Se verifica pelo nível de glicogênio medido no fígado, que se for alt,
indica a morte rápida.

ALTERAÇÕES CELULARES MICROSCÓPICAS QUE APARECEM HORAS APÓS A MORTE


 REAÇÃO INFLAMATÓRIA
 Se existe reação inflamatória na lesão a pessoa sobreviveu algum
tempo após a lesão.
 Se não possui sinal de reação inflamatória, ou a lesão foi feita após o
óbito, ou estava vivo e morreu instantaneamente, e não de tempo para
a reação iniciar.
 São exemplos de lesões feitas em vida:
 INFILTRAÇÃO HEMORRÁGICA NAS LESÕES;
 COAGULAÇÃO DO SANGUE NAS LESÕES;
 CROSTA NAS ESCORIAÇÕES;
 ESPECTRO EQUIMÓTICO;
 CALO NOS OSSOS FRATURADOS.

TIPOS DE MORTE CELULAR


 APOPTOSE
 São células normais, que em determinado momento, sem ser em
decorrência de inflamação ou doença, involuem (diminuem de
tamanho e ficam mais densas pela perda de líquido) e morrem
ISOLADAMENTE, cedendo espaço para que o organismo se utilize
daquela área para outra finalidade.

 NECROSE
 Ocorre quando um grupo de células que morrem em função de uma
doença ou trauma que comprometam o organismo. Pode atingir
membros e órgãos, no todo ou em parte. Há reação inflamatória.

 AUTÓLISE

200
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 Autodestruição da célula, após cumprir seu ciclo vital. Assim, libera
enzimas de seus lisossomos e se autodestrói. É um processo natural,
que não decorre de doença ou trauma.

FENÔMENOS CADAVÉRICOS TRANSFORMATIVOS


Os fenômenos cadavéricos podem ser:
 CONSERVADORES
 MUMIFICAÇÃO
 SAPONIFICAÇÃO
 CORIFICAÇÃO

 DESTRUTIVOS
 AUTÓLISE
 PUTREFAÇÃO
 MACERAÇÃO

 CONSERVADORES
São fenômenos conservadores naturais, que começam a se instalar dois ou
mais meses depois da morte.

 MUMUFICAÇÃO
 É um fenômeno químico.
 Ocorre em ambiente muito arejado, seco e quente (favorece a
perda de líquidos).
 Com a acentuada perda de líquidos, cessa a proliferação de
bactérias, impedindo que a putrefação prossiga e assim, em
razão da desidratação o cadáver fica mumificado.
 Pode ocorrer de modo natural ou artificial (embalsamento),
geral ou local, superficial ou profundo.
 O professor Roberto Blanco cita a possibilidade de ocorrer
mumificação no gelo, desde que o cadáver esteja exposto a
ventos gelados (não haverá se estiver coberto com neve).

Cadáver Mumificado

201
Frederico Alves Melo – Medicina Legal

 SAPONIFICAÇÃO ou ADIPOCERA
 É um fenômeno químico.
 Ocorre em ambiente quente, úmido e pouco arejado.
 Surge da reação da gordura do tecido gorduroso com os metais
do solo, formando um produto químico semelhante a um
sabão/cera, que cobre o cadáver, impedindo a proliferação das
bactérias.
 Pode começar a partir de 2 meses após o falecimento (durante
a putrefação), pois a massa de adipocera passa a apresentar
uma coloração mais escura, tornando-se mais dura e
quebradiça.
 Segundo o professor Hygino Hércules, este processo é marco
por um odor de queijo rançoso e adocicado.

Cadáver Saponificado

 CORIFICAÇÃO
 É um tipo especial da mumificação, pois há desidratação, com
os tecidos secos e duro.
 Exige um ambiente especial, qual seja, no interior de urnas
lacradas e forradas com de zinco.
 Os tecidos de revestimento endurecem e ficam parecidos com
couro.

 DESTRUTIVOS

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 AUTÓLISE
 É um fenômeno químico.
 Ocorre em nível celular, tratando-se da autodestruição da
célula, pois a célula é composta por núcleo e citoplasma. No
citoplasma estão os lisossomos (que seriam os “estômagos das
células”) e dentro destes há enzimas, que são liberadas e
destroem a célula. Essa liberação e consequente destruição,
ocorre, pois, a célula já cumpriu seu ciclo vital, esta adoecida ou
em função de seu funcionamento ruim.

 PUTREFAÇÃO
 Putrefação é a decomposição da matéria orgânica.
 Essa destruição do cadáver, é um fenômeno químico, que se dá
em virtude da ação de bactérias, germes e larvas.
 A depender do ambiente, esse processo de putrefação pode ser
mais rápido ou mais lento, podendo inclusive variar para um
quadro de conservação.
 Locais quentes, secos e muito arejados dificultam a putrefação.

 FASES DA PUTREFAÇÃO:

1) FASE CROMÁTICA OU DE COLORAÇÃO


O cadáver ao entrar em putrefação começa a apresentar uma
tonalidade esverdeada, aparecendo a MANCHA VERDE DE
BROUARDEL, que se instala na fossa ilíaca direito (intestino
grosso/ceco).
A MANCHA VERDE ABDNOMINAL DE BROUARDEL, é
resultante da produção do gás sulfídrico (pelas bactérias) que
entrando em reação com a hemoglobina (que é vermelho, mas
com a degeneração do Ferro, fica vermelho escuro) forma a
SULFOXI-HEMOGLOBINA, que dá um aspecto esverdeado na
coloração.
Após poderá ter progressão para todo o corpo.
 Esta mancha aparece cerca de 18 a 24 horas da morte.
 O professor Wilson Palermo cita que com cerca de 24
horas, que coincidiria com o momento do
desfazimento da rigidez cadavérica.
 No frio pode demorar mais tempo.

203
Frederico Alves Melo – Medicina Legal

Mancha Verde Abdominal

 ATENÇÃO
 Nos fetos (natimortos), a mancha verde de
brouardel aparece na entrada dos orifícios naturais
(boca, narina e ânus), pois é o local que há bactérias.
 CABEÇA DE NEGRO DE LECHA-MARZO
Nos afogados (verdadeiro/azul) a mancha verde de
brouardel aparece na cabeça, pescoço ou parte alta
do tórax.

2) ENFISEMATOSA OU GASEIFICAÇÃO
 A fase gasosa inicia a partir das 48/72 horas.
 Nesta fase os órgãos tendem a ir para fora em função dos
gases, assim tem-se a protusão da língua, olhos, o intestino
a sair pelo ânus, o útero a sair pela vagina, o pênis fica ereto.

 Nesta fase, aparecem BOLHAS DA PUTREFAÇÃO, que se


diferem das bolhas feitas em vida por queimadura, pois nas
bolhas da putrefação não há presença ou há muito pouco a
presença de proteína nos líquidos (REAÇÃO DE CHAMBERT
dando NEGATIVO).

 TESTE DE ÍCARD
A bolha da putrefação ao entrar em contato com
determinado papel impregnado de chumbo, fica com a cor
negra.

204
Frederico Alves Melo – Medicina Legal

 CIRCULAÇÃO PÓSTUMA DE BROUARDEL


A medida que os gases da putrefação evoluem, há uma
distensão dos vasos sanguíneos no cadáver, dando
impressão de circulação sanguínea, pois surge na pele o
desenho das veias.

 PARTO PÓSTUMO DE BROUARDEL


Em razão do aumento da quantidade de gases, se a mulher
estiver grávida, é possível que ocorra o PARTO PÓSTUMO
DE BROUARDEL, ou seja, o feto ser expelido em função dos
gases.

 Há doutrina que diz que poder ser perceptível ainda na fase


cromática, no entanto, há maior percepção da circulação
póstuma de Brouardel na fase gasosa.

 Os gases da putrefação podem ser combustíveis ou não:


 1º dia,
Não é combustível, pois há muito CO2.

 2º, 3º e 4º dia
São combustíveis em função da presença do gás
metano.

205
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 5º dia em diante
Volta a ser não combustível.

 Se um cadáver dentro d’água já estiver flutuando, indica


que a fase da gaseificação. Ocorre normalmente a partir de
72 horas da morte.

 TÉCNICA DO DESLUVAMENTO
A epiderme tende a ser destruída nesta fase, assim se ainda
estiver presente, é possível a retirada da epiderme, como se
fosse uma luva, preservando-a com glicerina para após
colheita das digitais.

3) FASE REDUTORA OU COLIQUAÇÃO


Nesta fase há dissolução pútrida dos tecidos moles, tornando-
se massa liquida pútrida, perdendo características
morfológicas, até o esqueleto aparecer.

 Embora ser extremamente variável, indica-se como


parâmetro de início 3 semanas após o óbito (Assim
concorda o Professor Wilson Palermo em sua obra).
 As larvas e insetos (ENTOMOLOGIA FORENSE) são os
maiores causadores de destruição do tecido mole do corpo.
 É POSSÍVEL CRONOTANATOGNOSE PELA ENTOMOLOGIA
FORENSE, que varia conforme o tipo de inseto.

SOMBRA CADAVÉRICA
É a mancha decorrente da dissolução dos tecidos moles que se
impregna no local que se encontra o cadáver. Sendo possível
analise deste material para relacionar com a morte.

4) ESQUELETIZAÇÃO
É possível que a esqueletização ocorra gradativamente em
certas partes do corpo, assim pode ser total ou parcial.

206
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
Geralmente ocorre em cerca de 3 anos, podendo variar de
acordo com a ambiente.
A fauna cadavérica pode acelerar o processo de esquelitização.

 MACERAÇÃO
Trata-se da destruição dos tecidos moles em virtude da ação de um
líquido (geralmente a água).
 É um fenômeno químico.

 PODE SER SÉPTICA OU ASSÉPTICA:


MACERAÇÃO SÉPTICA
É a maceração com contaminação de bactéria (típica dos
afogados).
MACERAÇÃO ASSEPTICA
É a maceração sem contaminação de bactéria.

 MACERAÇÃO FETAL:
Os fetos ficam dentro do saco amniótico, e esse líquido contido
no saco amniótico pode destruir as células da pele. Ocorre que
quando feto está vivo, a pele é sempre regenerada. Mas se o
feto vier a morre no interior do saco amniótico a pele não
regenera, e os tecidos mole sofrem maceração. É uma
maceração asséptica.

São características da maceração fetal:


 Destacamento da epiderme visível;
 Derme vermelha em função da hemoglobina (inclusive o
cordão umbilical);
 Membros com amplitude ampliada.
 Abdômen fica achatado como de anfíbios.

Se o feto quando sair já estiver macerado, indica que tem mais


de 24 horas dentro do útero.

A maceração só ocorre a partir do 5º mês de gestação.

 Ao ser expulso, o feto macerado apresenta coloração


róseo-avermelhada universal, tem cabelos destacados e
o couro cabeludo muito frouxo, deslizando amplamente
sobre os ossos da calota, os quais se mostram frouxos,
por vezes soltos uns dos outros, se a retenção durar mais
alguns dias (SINAL DE SPALDING).

 SINAL DE SPALDING

207
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
É o acavagalmento das calotas cranianas que indica
mais de 7 dias da morte fetal.

 SINAL DE HARTLEY
É a perda da configuração da coluna vertebral.

 SINAL DE SPANGLER
É o achatamento da abóboda craniana.

 SINAL DE HORNER
É representado pela assimetria craniana.

 SINAL DE ROBERT
É a presença de gases nos grandes vasos e vísceras.

 SINAL DE BRAKEMAN
Quando ocorre a queda do maxilar (boca aberta).

 SINAL DE DAMEL
É o halo pericraniano translúcido.

 GRAUS DA MACERAÇÃO
CLASSIFICAÇÃO DE LAUGLEY:
 GRAU ZERO
 Até 8 horas
 Pequenas bolhas espalhadas na pele

 GRAU UM
 De 8 a 24 horas
 Bolhas agrupadas e início do
destacamento da pele.

 GRAU DOIS
 De 24 a 48 horas

208
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 Tem-se o acentuado destacamento da
derme e líquido acentuado nas cavidades.

 GRAU TRÊS
 Mais de 48 horas
 Líquido acastanhado nas cavidades.

 O professor Wilson Palermo, seguindo o


professor Genival Veloso de França, cita apenas
graus 1, 2 e 3:
 GRAU 1 – Se dá com a presença de
flictenas, que aparecem de 1 a 3 dias após
a morte.
 GRAU 2 – Rompe-se as bolhas, e a
epiderme fica com cor arroxeada. A partir
do 8º dia.
 GRAU 3 – Apresenta deformidade
craniana e infiltração de hemoglobina nas
vísceras. O feto apresenta uma
tonalidade marrom.

FETO MACERADO

LITOPÉDIO
O LITOPÉDIO, que ocorre até o terceiro mês, é um fenômeno
transformativo conservador e diversamente da maceração, há
ausência de líquido que leva o feto a petrificação, pois diante da
ausência de líquido, os sais minerais começam a aderir no feto,
petrificando-o.

209
Frederico Alves Melo – Medicina Legal

FETO PAPIRÁCEO
Exige a presença de pelo menos outro feto na cavidade uterina
para que um deles seja papiráceo. Com a evolução da gestação,
um dos fetos, o que vai sobreviver, impede o desenvolvimento
do outro que se torna progressivamente atrofiado, e morre.
Morto e atrofiado, progressivamente vai sendo comprimido
pelo irmão-parasita até o final da gestação.

EXUMAÇÃO
 ADMINISTRATIVA
 É feita pelo próprio cemitério para sepultamento de outros cadáveres.
 Ocorre, normalmente, após 3 anos.

 JUDICIAIS
 Ocorre a qualquer tempo.
 Delegado de polícia pode de ofício realizar a exumação.
 Delegado faz o AUTO DE EXUMAÇÃO, em que todas as pessoas
que participaram da exumação, assinam.

 Perito legista faz o LAUDO DE EXUMAÇÃO, onde apenas o


legista assina.

210
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
Art. 163. Em caso de EXUMAÇÃO PARA EXAME CADAVÉRICO, a
AUTORIDADE Providenciará para que, em dia e hora
previamente marcados, se realize a diligência, da qual se lavrará
AUTO CIRCUNSTANCIADO.

 Segundo o Professor Hygino Hércules, deve o juiz


preferencialmente autorizar, no entanto, se o juiz não
determinar, nada impede que o Delegado atuasse de
ofício.

Parágrafo único. O administrador de cemitério público ou


particular indicará o lugar da sepultura, sob pena de
desobediência. No caso de recusa ou de falta de quem indique
a sepultura, ou de encontrar-se o cadáver em lugar não
destinado a inumações, a autoridade procederá às pesquisas
necessárias, o que tudo constará do auto.

Art. 164. Os cadáveres serão sempre fotografados na posição


em que forem encontrados, bem como, na medida do possível,
todas as lesões externas e vestígios deixados no local do
crime.

Art. 165. Para representar as lesões encontradas no cadáver, os


peritos, quando possível, juntarão ao laudo do exame provas
fotográficas, esquemas ou desenhos, devidamente rubricados.

Art. 166. Havendo dúvida sobre a identidade do cadáver


exumado, proceder-se-á ao reconhecimento pelo Instituto de
Identificação e Estatística ou repartição congênere ou pela
inquirição de testemunhas, lavrando-se auto de
reconhecimento e de identidade, no qual se descreverá o
cadáver, com todos os sinais e indicações.
Parágrafo único. Em qualquer caso, serão arrecadados e
autenticados todos os objetos encontrados, que possam ser
úteis para a identificação do cadáver.

 ARQUEOLÓGICAS
 Finalidades arqueológicas, ou seja, destinada a pesquisar fósseis
históricos.

MORTES FETAIS
 PREMATURAS
 O feto deve ter:
 Menos de 500 gramas ou,
 Menos de 25 centímetros ou,

211
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 Menos de 5 meses
 A declaração de óbito é dada pelo Delegado de Polícia.

 INTERMEDIÁRIAS
 O feto deve ter:
 Mais de 500 gramas e menos de 1000 gramas ou,
 Mais de 25 centímetros e menos de 35 centímetros ou,
 Mais de 5 meses e menos de 6 meses

 TARDIAS
 O feto deve ter:
 Mais de 1000 gramas ou,
 Mais de 35 centímetros ou,
 Mais de 6 meses

212
Frederico Alves Melo – Medicina Legal

SEXOLOGIA FORENSE
A VIDA SEXUAL FEMININA
 MENARCA OU CATAMENIL
Trata-se da primeira menstruação, que vem após a primeira ovulação
(eliminação do ovócito – nome técnico do óvulo), decorrente da estrutura
chamada de FOLÍCULO DE GRAAF OU OVARIANO. Esse folículo protege o
óvulo, no período de ovulação da mulher, até o momento que o óvulo é
expelido.
Ao ser expelido, o óvulo vai para a trompa uterina, e neste local, pode ser ou
não fecundado pelo espermatozoide. Se não houver fecundação, haverá a
descamação da parede, que levará a menstruação.

Note que após óvulo ser expelido, a célula de Graff permanece,


sendo chamado de CORPO AMARELO OU LUTEO.

DETALHANDO
 O CORPO AMARELO OU LUTEO é responsável pela produção de
PROGESTERONA, que atua no útero, mantendo a camada do endométrio
ilesa, evitando a descamação.
 Se não houver a fecundação, o corpo amarelo irá retrair, cessa a produção de
progesterona, com o consequente descamamento do endométrio e assim
ocorre a menstruação.
 Se houver a nidação, o próprio feto irá produzir o Beta-HCG, que irá agir sobre
o corpo amarelo, mantendo assim, a produção de progesterona e a
manutenção do endométrio sem sua descamação (por isso durante a gravidez
não há menstruação).

 GRAVIDEZ
 CONCEPÇÃO, FERTILIZAÇÃO OU FECUNDAÇÃO

213
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
É o fenômeno em que o ESPERMATOZÓIDE (célula sexual masculina que é
produzida pelos testículos) penetra no OVÓCITO SECUNDÁRIO (óvulo - célula
sexual feminina que é produzida pelo ovário).
O óvulo é envolto per um conjunto de células que é o FOLÍCULO DE GRAAF
OU OVARIANO (envolve o óvulo dentro do ovário). O folículo protege o óvulo,
no período de ovulação da mulher, até o momento que o óvulo é expelido. Ao
ser expelido, o óvulo vai para a trompa uterina, e neste local, pode ser ou não
fecundado pelo espermatozoide.
Se o espermatozoide fecundar o óvulo, forma-se o zigoto (ovo) e se implanta
no endométrio (parede do útero).

 Local da fecundação: TERÇO MÉDIO OU SUPERIOR DA TROMPA


ÚTERINA (túnel que liga o ovário e o útero).
 Ocorre neste local pois, o ovócito secundário sobrevive cerca de 24 a
36 horas, e o percurso pela trompa uterina leva cerca de 5 dias, e assim,
o espermatozoide, que possui um período de vida maior, tem que
percorrer maior trajeto e ir na parte superior da trompa do uterina para
fecundar o óvulo.

 NIDAÇÃO OU GRAVIDEZ TÓPICA


Após a concepção/fecundação, que antecede a nidação, tem-se a formação
do embrião zigoto (embrião). A nidação é o momento em que esse embrião
se implanta no endométrio, que é a parede do útero.

 Para o DIREITO PENAL, A NIDAÇÃO MARCA O INÍCIO DA GRAVIDEZ.


 Por isso, mesmo após a concepção, se o concepto for eliminado
antes de se fixar no endométrio, não há crime de aborto.
 Mesmo pensamento se aplica nos casos de pílulas
anticoncepcional, pílula do dia seguinte, etc.

 GRAVIDEZ ECTÓPICA OU TUBÁRIA


É possível que o embrião se fixe em outro ponto, que não seja no
endométrio (início do ovário, na trompa, etc.), e neste caso tem-se a
GRAVIDEZ ECTÓPICA OU TUBÁRIA, e isso pode levar a perigo de vida
(como quando ocorre o rompimento da trompa).
Se houver perigo de vida da mulher, é possível a realização do aborto
na mulher com fundamento no ABORTO NECESSÁRIO, TERAPÊUTICO
ou PROFILÁTICO (Art. 128 do Código Penal).

214
Frederico Alves Melo – Medicina Legal

 Quando o embrião se forma, ele é formado por células TROFOBLÁSTICAS, que


inicialmente protegem o zigoto e posteriormente formam a placenta.
Assim é possível verificar aborto em mulher morta, em que inicialmente se
verifica se a mesma passou por período de gravidez, e após, verifica-se a
presença de células trofoblásticas na corrente sanguínea (pois ao se retirar o
concepto, essas células se misturam com as células da mãe).
O tema é tratado pelo professor Hygino Hércules (análise de células
trofoblásticas no parenquina pulmões) e já foi cobrado em questão discursiva
no RJ.

 ETAPAS DO PARTO
 INÍCIO DO PARTO
 EXPULSÃO DO CONCEPTO
 FIM DO PARTO

 INÍCIO DO PARTO
Prevalece que o início do parto se dá no momento da DILATAÇÃO DO COLO
UTERINO.

 Existe corrente minoritária que aponta o início como sendo a ROTURA


DO SACO AMNIÓTICO.

215
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 PARTO CESARIANA (via abdominal): se dá com o rompimento do saco
amniótico.
 A partir do início do parto, não é possível mais se falar em aborto.

 FIM DO PARTO
O momento que marca o fim do parto é a ELIMINAÇÃO DA PLACENTA (que é
um órgão do concepto, responsável pela alimentação) pela mãe.
 A placenta também é chamada de SECUNDINA. Por isso pode a
eliminação da placenta também poder ser chamado de DEQUITAÇÃO
ou SECUNDAMENTO.

 PUERPÉRIO
Trata-se do período imediato entre o fim do parto e retorno das condições
pré-gestacionais (média de 40 dias, sendo chamado vulgarmente de
resguardo), que se dá com a nova ovulação.
 Puerpério não se confunde com estado puerperal, pois este é um
estado anímico que ocorre após o parto, podendo, inclusive, cometer
no crime de infanticídio (matar o próprio filho, durante ou logo após,
sob influência do estado puerperal).

LÓQUIOS
Após o parto, a mulher expulsa uma secreção que é resultado desligamento
da placenta com o endométrio. Esse desligamento resulta em feridas no
endométrio. Essa feridas são chamadas de lóquios.
Através dos fragmentos (lóquios) do local de onde a placenta estava inserida,
é possível verificar se o puerpério é:

 IMEDIATO
Os lóquios estão mais sangrentos.

 INTERMEDIÁRIO ou RECENTE
Os lóquios estão mais avermelhados.

 TARDIO

216
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
Os lóquios encontram-se mais brancacentos em função do plasma.

 LONGÍNQUO
Os lóquios desaparecem.

 COLO DO ÚTERO
 Local de entrada dos espermatozoides;
 Local de saída da menstruação;
 Local de saída da criança no parto vaginal.

 TUMOR DO PARTO OU CAPUT SUCEDANEUM


A medida que a criança vai sendo expelida no parto vaginal, e a cabeça é a
primeira a sair, esta pode ficar presa no colo do útero, recebendo pressão do
mesmo.
Assim, a cabeça vai receber o sangue normalmente, mas devido a
compressão, a volta fica dificultada, levando ao acumulo de sangue local,
causando a chamada BOSSA SERINOSAGUINOLENTA OCCIPTAL OU TUMOR
DO PARTO.

 A presença do TUMOR DO PARTO OU CAPUT SUCEDANEUM INDICA A


PRESENÇA DE VIDA (mesmo que expelida morta).
 Logo, se há vida tem-se personalidade, cadeia sucessória, etc.
 Se dá em regra no primeiro filho por parto vaginal, pois nos
seguintes, a musculatura está menos rígida.

 GEMÊOS
 UNIVITELINOS, VERDADEIROS OU MONOZIGÓTICOS
 São gêmeos que são quase idênticos em razão de ser oriundo
do mesmo óvulo, em que este embrião se divide em dois, se
implantando no mesmo local do útero.
 ATENÇÃO
1) Impressão digital e arcada dentária se diferem.
2) Se a divisão não for completa, é possível que nasçam
gêmeos siameses ou xifópagos.

217
Frederico Alves Melo – Medicina Legal

 BIVITELINOS, FALSOS OU FRATERNOS


 Quando a mulher elimina dois ou mais óvulos e esses óvulos
são fecundados por espermatozoides diversos. Se implantam
em locais diversos do útero.
 É possível que sejam fecundados por espermatozoides
de homens diferentes, se as conjunções carnais tenham
sido a mesma época.
 São gêmeos pois nasceram no mesmo parto, mas as
características físicas são diversas.

 PROVA DE PARTO VAGINAL ANTERIOR


 Carúnculas mirtiformes
 São resíduos de hímen na mucosa vaginal.

 Deve ser verificado o colo do útero:


 Se a saída do orifício do colo do útero estiver lacerado, tem-se
um dado positivo de parto vaginal anterior.
Chama-se de FOCINHO DE TENCA saída do colo uterino que
indica parto anterior.
 Se estiver SANGRANTE, o parto vaginal foi RECENTE.
 Se CICATRIZADO, o parto vaginal foi ANTIGO.

(A) Indica não ter tido parto anterior.

218
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
(B) e (C) indica ter tido parto anterior.

 MULHER NULÍPARA
 Nunca teve um filho por via vaginal.
 MULHER PRIMÍPARA
 Teve um filho por via vaginal.
 MULHER MULTÍPARA
 Teve mais de um filho por via vaginal.

 RECÉM-NASCIDO
 Para a medicina legal, o recém-nascido é a criança que durante o parto
ou logo após, não recebeu ainda nenhum cuidado médico.
Assim, é a criança que o corpo ainda se encontra acobertado por
sangue do parto, estando ligada a placenta pelo cordão umbilical, que
está suja de indulto sebáceo (gosma que recobre o corpo para melhor
passagem pelo canal vaginal).

Exposição ou abandono de recém-nascido


Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra
própria:

 CONJUNÇÃO CARNAL
 É a penetração do pênis na vagina.
 Qualquer outro ato que aflore a libido é considerado ato libidinoso.
 Ambos os casos servem para configurar o delito de estupro.
 A membrana que delimita o início da vagina é o hímen.

 HIMENOLOGIA
Trata-se do estudo do hímen.

 Não confundir com HIMENEOLOGIA, que é o estudo das questões


médico legais do casamento.

O hímen é uma MENBRANA que limita a entrada da vagina, onde há a


presença de uma ORLA (“D”) e o ÓSTIO (“C”). Há ainda a BORDA LIVRE (“B”)
e a BORDA FIXA ou DE INSERÇÃO (“A” – presa a vagina).

219
Frederico Alves Melo – Medicina Legal

 A membrana do hímen, que limita a entrada da vagina, possui duas


faces:
 A face virada para fora (externa) é chamada de VULVAR ou
VESTIBULAR.
 A face virada para dentro (interna) é chamada de FACE
VAGINAL.

 ALTERAÇÕES CONGÊNITAS DO HÍMEN


São alterações que já existem na hora do nascimento (podendo ser
hereditária ou não hereditária).
 AGNÉSIA DE HÍMEM
 Tem-se a ausência de hímen.

 HIMEM IMPERFURADO
 É o hímen que não tem óstio.

 HÍMEN ÚNICO

 HÍMEN DUPLO

 HÍMEN COMISSURADO
 Há divisões no hímen (imagem 1 e 3).
 Segundo a doutrina, há ângulos na borda livre.

 HÍMEN POLICOMISSURADO
 Imagem 5.

 HÍMEN CRIBIFORME
 Imagem 4.

 HÍMEN ACOMISSURADO
 Não há divisão no hímen (imagem 2)
 Segundo a doutrina, não há ângulos na borda livre.

220
Frederico Alves Melo – Medicina Legal

 RELÓGIO DE LACASSAGNE
Faz analogia ao mostrador de um relógio (0 a 12 horas), para apontar
em que posição ocorreu a rotura do hímen.
 Na imagem 6 há uma rotura às 6 horas.

 QUADRANTES DE OSCAR FREIRE


Assim como o relógio de lacassagne, aponta a rotura do hímen, mas
para diferenciar do relógio, dividiu em quadrantes, e aponta a rotura
em ângulos (de 0º a 360º).
 Na imagem 6 há uma rotura a 180 graus.

TIPOS DE HÍMEM
O hímen pode ser:
 NÃO COMPLACENTE
 COMPLACENTE

 NÃO COMPLASCENTE
É o hímen que possui óstio pequeno e orla ampla.

221
Frederico Alves Melo – Medicina Legal

 COMPLASCENTE
É o hímen que possui óstio amplo e orla estreita.

 ALTERAÇÕES CONGÊNITAS DO HÍMEN (nasce com a mulher)


 ENTALHES
 Não cicatrizam;
 Geralmente não atingem toda a orla;
 Geralmente são simétricas;
 Não coapta (não é possível juntar).

222
Frederico Alves Melo – Medicina Legal

 CHANFRADURA
 São dezenas de pequenos entalhes, como se a borda do hímen
como fosse repleta de fragmentos.
 Não cicatrizam
 Pouco profundas e muito numerosas.
 Localizada na borda livre hímen.

 ALTERAÇÕES TRAUMÁTICAS DO HÍMEM


 CARÚNCULAS MIRTIFORMES
Tratam-se de resíduos de hímen presentes que é indicativo de parto
vaginal anterior. Assim, ela é TRAUMÁTICA e ASSIMÉTRICA.

 Alguns autores apontam a pratica intensa de atividade sexual como


possível causa da presença das carúnculas mirtiformes.

 ROTURAS DO HÍMEN
São lesões traumáticas, podendo ser recentes (sangrantes) ou antigas
(cicatrizadas).
 Geralmente atingem toda a orla (da borda livre a borda fixa);
 Geralmente são assimétricas;
 Decorrem da conjunção carnal;
 É possível coaptar (juntar).

 LÂMPADA DE WOODS
É um equipamento utilizado para verificar se a rotura é
recente ou antiga.

 OUTRAS PROVAS DE CONJUNÇÃO CARNAL


 PRESENÇA DE ESPERMATOZOIDE NO INTERIOR DA CAVIDADE
VAGNAL
A presença de espermatozoides no canal vaginal, é indicativo de
certeza de conjunção carnal.

223
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
Existem diversas reações químicas que apontam pela certeza (reação
de corin-stokis) ou probabilidade da presença de espermatozoides.

 Para identificar de quem é o SPTZ, é importante buscar o DNA


no esperma.
Nos SPTZ só existem cromossomos do pai, e se o indivíduo
fizer vasectomia, haverá esperma, sem a presença de SPTZ.
No entanto, o esperma possui outras células onde é possível a
identificação, tais como LEUCÓCITOS TIPO LINFÓCITOS T, e
células da mucosa da uretra (em ambos há cromossomos do pai
e da mãe).

REAÇÃO DE CORIN-STOKIS
É a única reação que aponta certeza absoluta da presença de
espermatozoide, tratando-se de uma verificação microscópica.

 REAÇÕES INDICADORAS DE PROBABILIDADE DE ESPERMA


 CRISTAIS DE FLORENCE
 CRISTAIS DE BARBÉRIO
 CRISTAIS DE BAECHI
 CRITAIS DE BOKARIUS
 São reações que apontam a probabilidade de ser
esperma, pois também podem apontar
probabilidade de ser outras substâncias.

 LÂMPADA DE WOODS
Lâmpada de raio ultravioleta, que aponta probabilidade de
existir sêmen, através da luminescência local.

PRESENÇA DA PROTEÍNA P30


Proteína P30 é uma glicoproteína produzida pelo homem que se
encontra no sêmen.

PRESENÇA PSA
PSA é uma substância produzida pelo homem que está no líquido
prostático, que faz parte do sêmen, e uma vez encontrado no canal
vaginal, tem-se certeza de conjunção carnal.

 Assim, a presença da proteína P30 indica a presença de


antígeno prostático específico, que indica ser SPTZ.

FOSFATASE ÁCIDA PROSTÁTICA

224
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
A presença de fosfatase acida em alta quantidade no canal vaginal, é
indicativo de certeza de conjunção carnal.
É necessário que esteja presente em alta quantidade, pois as mulheres
também possuem fosfatase ácida, só que em baixa quantidade.

 Assim, a FOSFATASE ÁCIDA que em altos índices (acima de 300


unidades) indica a presença de SPTZ.

 GRAVIDEZ
Para a medicina legal indica conjunção carnal anterior, mesmo que hoje
existam possibilidades diversas de se engravidar.

 PARTO VAGINAL ANTERIOR


A presença de carúnculas mirtiformes indicam o parto vaginal anterior.

 ROTURA DO HÍMEN
A presença de hímen roto é indicativo de certeza de conjunção carnal
anterior.

GESTAÇÃO
É o período entre a NIDAÇÃO e o INÍCIO DO PARTO, assim, se após iniciar o parto,
alguém vier a matar o concepto, responderá por homicídio.

ABORTO
É a morte do concepto, com ou sem expulsão, decorrente de uma ação interna ou
externa, a qualquer tempo da gestação.
 No Direito Penal, para ser criminoso, o aborto deve ser doloso (Art. 124 a 128
do CP).

Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento


Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho
provoque:
Pena - detenção, de um a três anos.

Aborto provocado por terceiro


Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de três a dez anos.

Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante:


Pena - reclusão, de um a quatro anos.

225
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior
de quatorze anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é
obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência

Forma qualificada
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de
um terço, se, em conseqüência do aborto ou dos meios empregados para
provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são
duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.

Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:


Aborto necessário
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;

Aborto no caso de gravidez resultante de estupro


II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento
da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.

 PROVAS DE ABORTO
São provas de que o concepto nasceu morto:
 MACERAÇÃO FETAL
 LITOPÉDIO
 FETO PAPIRÁCEO
 MOLA HIDATIFORME
 DOCIMASIAS NEGATIVAS

 MACERAÇÃO
Trata-se da destruição do tecido mole com a água.
 FETAL:
 Os fetos ficam dentro do saco amniótico, e esse líquido vai destruir
as células da pele, ocorre que quando feto está vivo, a pele é
sempre regenerada. Mas se o feto vier a morrer no interior do saco
amniótico a pele não regenera, e os tecidos mole sofrem
maceração.
 Se o feto quando sair já estiver macerado, já se passaram mais de
24 horas dentro do útero.

 Ao ser expulso, o feto apresenta coloração róseo-avermelhada


universal, tem cabelos destacados e o couro cabeludo muito
frouxo, deslizando amplamente sobre os ossos da calota, os quais
se mostram frouxos, por vezes soltos uns dos outros, se a retenção
durar mais alguns dias (SINAL DE SPALDING).

 SINAL DE SPALDING

226
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
É o acavagalmento das calotas cranianas que indica mais de 7 dias
da morte fetal.

 SINAL DE HARTLEY
É a perda da configuração da coluna vertebral.

 SINAL DE SPANGLER
É o achatamento da abóboda craniana.

 SINAL DE HORNER
É representado pela assimetria craniana.

 SINAL DE ROBERT
É a presença de gases nos grandes vasos e vísceras.

 SINAL DE BRAKEMAN
Quando ocorre a queda do maxilar (boca aberta).

 SINAL DE DAMEL
É o halo pericraniano translúcido.

 Graus da maceração – CLASSIFICAÇÃO DE LAUGLEY:


 GRAU ZERO
 Até 8 horas
 Pequenas bolhas espalhadas na pele

 GRAU UM
 De 8 a 24 horas
 Bolhas agrupadas e inicio do destacamento da pele.

 GRAU DOIS
 De 24 a 48 horas
 Acentuado destacamento da derme e liquido
acentuado nas cavidades.

 GRAU TRÊS
 Mais de 48 horas
 Líquido acastanhado nas cavidades.

 O professor Wilson Palermo, seguindo o


professor Genival Veloso de França, cita apenas
graus 1, 2 e 3:

227
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 GRAU 1 – Se dá com a presença de
flictenas, que aparecem de 1 a 3 dias após
a morte.
 GRAU 2 – Rompe-se as bolhas, e a
epiderme fica com cor arroxeada. A partir
do 8º dia.
 GRAU 3 – Apresenta deformidade
craniana e infiltração de hemoglobina nas
vísceras. O feto apresenta uma
tonalidade marrom.

FETO MACERADO

 LITOPÉDIO
A morte do concepto ocorre até o quinto mês de gestação, onde, diante da
ausência de líquidos leva a petrificação do feto, pois os sais minerais começam
a aderir no feto, petrificando-o.

 FETO PAPIRÁCEO
Exige a presença de pelo menos outro feto na cavidade uterina para que um
deles SEJA PAPIRÁCEO. Com a evolução da gestação, um dos fetos, o que vai
sobreviver, impede o desenvolvimento do outro que se torna
progressivamente atrofiado, e morre. Morto e atrofiado, progressivamente
vai sendo comprimido pelo irmão-parasita até o final da gestação.

228
Frederico Alves Melo – Medicina Legal

 GRAVIDEZ EM MOLA, MOLAR OU MOLA HIDATIFORME


É uma complicação rara da gravidez que leva ao aborto espontâneo e que
pode ser classificada em completa ou parcial.
Na completa o feto recebe apenas as células do pai duplicadas e na parcial
também receberá células duplicadas do pai e as da mãe.
Essas alterações formam um emaranhado de células semelhantes a cachos de
uva no útero da mulher, causando a malformação da placenta e do feto, o que
impede o desenvolvimento deste feto.

 DOCIMASIAS
São exames que como intuito provar que houve o nascimento do feto com
vida.
As docimasias podem ser:
 RESPIRATÓRIAS:
 PULMONARES
 EXTRA-PULMONARES

 PULMONARES
 DOCIMASIA MICROSCÓPICA ou HISTOPATOLÓGICA DE
BALTAZAR-LEBRUM

229
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
É única docimasia que indica CERTEZA, em que se verifica no
microscópio, se os alvéolos estiverem abertos em razão do
gás da respiração, indicam nascimento com vida.

 DOCIMASIA HIDROSTÁTICA PULMONAR DE GALENO


Galeno dizia que o pulmão de um vivo flutuava em água.
Assim:
Se pegar o bloco respiratório, e colocar na água. Se o
pulmão flutuar, respirou, se afundar, provavelmente não
respirou.
Após, se deixar só o pulmão dentro d’água, se flutua:
respirou, se não flutuar, provavelmente não respirou.
Após, corta-se pedaços do pulmão dentro d’água, se flutua:
respirou, se não flutuar, provavelmente não respirou.
Por fim, ao se esmagar os fragmentos do pulmão, sem tira-
los d’água, se houver bolhas, prova-se que houve
respiração, logo, nasceu com vida.
O perito ao analisar deve ter cuidado com os possíveis gases
de putrefação.

 DOCIMASIA ÓPTICA ou VISUAL DE BUCHOUT


Visualmente, o pulmão que respirou é arredondado e ao
toque, crepita, enquanto o que não respirou apresenta-se

230
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
com bordas finas e achatados, com consistência firme
(como se fosse um fígado).
Assim, o pulmão que se encontra arredondado, crepitado,
indica o nascimento com vida.

 DOCIMÁSIA DIAFRAGMÁTICA DE PLOQUET


Quando aberta a cavidade toraxicoabdominal, observa-se o
músculo diafragma horizontal, quando houve respiração;
ao passo que este pode apresentar convexidade exagerada
das hemicúpulas quando a respiração não ocorreu, essa
convexidade é devido à pressão exercida pelas vísceras
abdominais.

 DOCIMÁSIA TÁCTIL DE NERIO ROJAS


Quando da palpação interdigital, o parênquima pulmonar
dá a sensação de fofura e crepitação, caso tenha havido
respiração.

 DOCIMÁSIA ÓPTICA DE ICARD


Esta prova se realiza por meio de pequenos cortes de
fragmento de pulmão, de dimensão reduzida, esmagado
entre duas lâminas de modo a transformá-lo num
esfregaço. Nos casos em que houve respiração, nota-se
inúmeras bolhas de ar no esfregaço. Porém, esta prova não
tem valor para pulmões putrefeitos, pois os gases da
putrefação podem simular um resultado falsamente
positivo.

 DOCIMÁSIA RADIOLÓGICA DE BORDAS


Trata da opacidade dos pulmões que não foram insulflados
de ar, os diafragmas não são vistos, nem a silhueta cárdio-
aórtica.

 DOCIMÁSIAS HIDROSTÁTICAS DE ICARD


Docimásia pode ser realizada para complementar a prova de
Galeno (nos casos de dúvida, ou quando apenas a 4ª fase
deu positiva), pois necessita de quantidade mínima de ar
nos fragmentos de pulmão.

 DOCIMÁSIA EPIMICROCÓPICA PNEUMO-ARQUITETÔNICA


DE HILÁRIO VEIGA DE CARVALHO
Fundamenta-se no estudo da superfície externa do pulmão
por meio do ultra-opak. Para isto, o pulmão deve ser lavado
em formalina, depositado em uma placa de Petri, cortado

231
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
em fragmentos, unido a uma gota de glicerina e visualizado
com a lente objetiva de imersão. Quando houve respiração,
as cavidades cheias de ar mostram-se arredondadas com
refringência contrastada em fundo negro. O pulmão que
não respirou, mostra apenas um fundo negro uniforme e
sem imagens. No pulmão putrefeito, as bolhas são grandes,
disformes e de distribuição irregular.

 DOCIMÁSIA QUÍMICA DE ICARD


Consiste em colocar um fragmento de pulmão da parte
central de um lobo, que foi previamente lavado em álcool
puro, em uma solução alcoólica de potassa cáustica a 30%.
Inicialmente, o fragmento fica preso ao fundo do frasco,
porém, se houve respiração, deverão se desprender bolhas
de ar originadas do parênquima destruído pelo líquido. Se o
pulmão estiver putrefeito, a dissolução da víscera será
rápida e as bolhas grandes, decorrentes do enfisema
putrefativo.

 EXTRAPULMONARES
 DOCIMASIA GASTROINTESTINAL DE BRESLAU
Similar ao docimasia de galeno, se diferencia, pois, o exame
é feito com ESTÔMAGO, INTESTINO DELGADO e INTESTINO
GROSSO. Assim, se houver flutuação, a docimasia é positiva.

 DOCIMÁSIA AURICULAR DE VREDEN, WENDT E GELÉ


Baseia-se na ocorrência de ar na cavidade do ouvido médio
que lá ingressara através da tuba timpânica (trompa de
Eustáquio) desde que o recém-nascido tenha respirado.
Consiste na punção da membrana timpânica, com a cabeça
do feto mergulhada na água, caso o mesmo tivesse
respirado, surgirá uma bolha de ar que sobe até a superfície
do recipiente

 DOCIMÁSIA HEMATOPNEUMO-HEPÁTICA DE SEVERI


Consiste em determinar as taxas de oxiemoglobina do
sangue existente no pulmão e no fígado. Se essas taxas

232
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
forem idênticas, significa que não houve hematose, logo,
não houve respiração; pois se houvesse respiração, a taxa
de oxiemoglobina no sangue pulmonar deveria ser
obrigatoriamente mais elevada.

 DOCIMÁSIA PLÊURICA DE PLACZEK


Baseia-se no fato fisiológico de que quando houve
respiração, deve haver, portanto, uma pressão negativa na
cavidade pleural (membrana que envolve o pulmão).

 DOCIMÁSIA TRAQUEAL DE MARTIN


Liga-se a traqueia na parte superior e coloca-se um
manômetro bem sensível por corte transversal. Em seguida,
faz-se pressão nos pulmões, e, caso haja ar em seu interior
devido à respiração, o líquido do manômetro irá oscilar.
Porém, esta prova não tem valor em pulmões putrefeitos.

 DOCIMÁSIA HEMATOPULMONAR DE ZALESK


Procura estabelecer se houve ou não respiração pelo estudo
do conteúdo hemático dos pulmões.

 DOCIMÁSIA PONDERAL DE PULCQUET


Baseia-se na diferença de peso relativo dos pulmões e do
corpo do infante que respirou ou não.

 DOCIMÁSIA DO VOLUME D’ÁGUA DESLOCADO DE BERNT


O diagnóstico da respiração, neste caso, é dado pelo grau
de deslocamento do líquido quando neste estão imersos o
pulmão e o coração.

 DOCIMASIAS NÃO RESPIRATÓRIAS


 SIÀLICA DE SOUZA DINIZ
Consiste na pesquisa de saliva no estômago do feto. A
reação positiva é um indicativo de que existiu vida extra-
uterina.

 NERVO ÓPTICO DE MIRTO


Fundamenta-se no estado de mielinização do nervo óptico,
a qual se inicia logo após o nascimento. Tem muito mais
valor como determinante do tempo de sobrevivência do
recém-nascido. Este fenômeno se inicia 12h após o
nascimento e se completa dentro de 4
dias aproximadamente.

233
Frederico Alves Melo – Medicina Legal

 DOCIMÁSIA ALIMENTAR DE BEOTH


Consiste na pesquisa de leite ou outros alimentos no
estômago do feto; referidos elementos não existem no
natimorto. Porém, neste caso, é importante não confundir
estes restos de alimentos com o induto sebáceo que pode
ter sido deglutido pelo feto antes de nascer.

 DOCIMÁSIA BACTERIANA DE MALVOZ


Os fenômenos putrefativos, no feto natimorto, começam
pelos orifícios da boca, nariz e ânus. Nos casos em que o feto
teve vida extra-uterina, a putrefação se inicia pelo tubo
digestivo e pelo sistema respiratório. Procura-se também
pela presença de bactérias Bacterium colli como evidência
de que houve respiração, porém, sua presença é um tanto
contraditória, pois fala a favor da deglutição de alimentos
do que propriamente à respiração.

 DOCIMÁSIA ÚRICA DE BUDIN-ZIEGLER


Esta docimasia será positiva se forem encontrados uratos
nos condutos renais, como marca da respiração do recém-
nascido. Esses sedimentos se apresentam sob a forma de
estrias amareladas dispostas radialmente na zona medular.
Esta docimásia é baseada no conceito de que a presença de
sedimentos de ácido úrico é muito comum naqueles que
sobreviveram por um ou dois dias (Virchow).

 PROVAS ABORTO NA MULHER VIVA


 CÉLULAS PLANCETÁRIAS NA MULHER
 FERIDAS PUNCTÓRIAS NO COLO DO PUTERO
 PRESENÇA DE BETA HCG NA MULHER NÃO GRÁVIDA
 RESTOS EMBRIONÁRIOS NAS SECREÇÕES UTERINAS
 EXEMA MICROSCÓPICO NO LÓQUIOS (resíduos no endométrio em
função do arrancamento da placenta).

 IDADE GESTACIONAL
 FÓRMULA DE HAASE
É o meio pelo qual se verifica o tempo de gestão através da estatura
do feto.
Se verifica o tempo de gestação através da raiz quadrada da
estatura.
 4 cm – 2 meses de gestação – pois 2² = 4;
 9 cm – 3 meses de gestação – pois 3² = 9;

234
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 16 cm – 4 meses de gestação – pois 4² = 16;
 25 cm – 5 meses de gestação – pois 5² = 25;
 A partir dos 25 cm, deve-se dividir por 5,6.

 IMPRESSÕES DIGITAIS
Aparecem no 6º mês de gestação.

 PONTO DE BECLARD
Ponto de ossificação da epífise distal do fêmur, que ocorre no 8º/9º
mês de gestação.

 PSEUDOCIESE
É a falsa gravidez, em que a mulher acredita sinceramente estar grávida
(neurose). Não se trata de simulação, pois sente os sintomas como se gravida
estivesse.

INFANTICÍDIO
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o
parto ou logo após:
Pena - detenção, de dois a seis anos.

 Trata-se na realidade de um homicídio em uma modalidade privilegiada em


um tipo autônomo.
 Historicamente, o delito de infanticídio tinha o especial fim de agora
“ocultar desonra própria”.
 Estado puerperal é um conceito jurídico ligado ao estado psíquico
(durante ou logo após o parto), não se confundindo com puerpério (que
se dá com o fim do parto, expulsão da placenta, até a volta das condições
pré-gestacionais, ou seja, voltar a ovular).
 Trata-se de um critério físico-psíquico, pois, em seu aspecto físico, tem-se
estar no estado puerperal, e no aspecto psíquico, agir sob a influência do
mesmo.

 HERMAFRODITISMO VERDADEIRO
Verifica-se a presença de gônadas que mostram, no mesmo órgão, tecidos
masculinos e femininos, constituindo ovotestis.
No OVOTESTIS, são encontrados setores com:
 TÚBULOS SEMINÍFEROS
 COMPONENTE MASCULINO
 FOLÍCULOS DE GRAFF

235
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 COMPONENTE FEMININO
Conforme a predominância de produção hormonal, o indivíduo irá apresentar
características somáticas em um ou outro sentido.
A genitália pode ter qualquer aspecto, desde masculino normal, estágios
intermediários, ao feminino normal.
Hermafroditas verdadeiros são classificados como
 Unilaterais
Ovotestis de um lado e gônoda normal do outro lado.
 Bilaterais
Ovotestis em ambos os lados.
 Alternos ou Laterais
Com testículo de um lado e ovário do outro.

 PSEUDO HERMAFRODITISMO
Apresentam gônadas normais, ou atróficas, porém, com histologia compatível
com somente um dos sexos, ou seja, apresentam genitália externa oposta ao da
gônada que apresentam. Podem ser:
a) MASCULINO
Se a gônada for testículo
b) FEMININO
Se a gônada for ovário.

PARAFILIAS
Parafilias são fantasias ou comportamentos frequentes, intensos e sexualmente
estimulantes que envolvem objetos inanimados, crianças ou adultos sem
consentimento, ou o sofrimento ou humilhação de si próprio ou do
parceiro. Transtornos parafílicos são parafilias que causam angústia ou problemas
com o desempenho de funções da pessoa com parafilia ou que prejudicam ou podem
prejudicar outra pessoa.
Segundo o professor Malthus, são as principais parafilias:

Acomoclitismo Preferência por orgãos genitais sem pêlos

Condição de quem se sente sexualmente excitado com as alturas ou


Acrofilia
com locais altos

Acrotomofilia Preferência sexual por pessoas com amputações (ver Amelotasis)

236
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
Condição de quem se sente sexualmente excitado por expor o corpo
Actirastia
ao sol

Acusticofilia Condição de quem se sente sexualmente excitado com sons

Condição de quem assume o papel de um adolescente ou é tratado


Adolescentilismo
enquanto tal por um parceiro sexual

Condição de quem se sente sexualmente excitado com estátuas e


Agalmatofilia
manequins

Agalmatofilia Atração por estátuas

Condição de quem se sente sexualmente excitado por ter um parceiro


Agonofilia
que finge lutar ou resistir

Agorafilia Atração por copular em lugares abertos ou ao ar livre

Condição de quem se sente sexualmente excitado com espaços


Agorofilia
abertos ou tem uma preferência por ter relações em espaços públicos

Condição de quem se sente sexualmente excitado por saber que


Agrexofilia
terceiros sabem que se está a ter relações sexuais

Agrofilia Excitação em fazer sexo no campo (mato)

Aiquemofilia Prazer pelo uso de objetos pontudos e cortantes

Albutofilia Condição de quem se sente sexualmente excitado através da água

Alcalfilia Fetiche por saltos altos

Condição de quem se sente sexualmente excitado por ter um parceiro


Alfamegamia
de um grupo etário diferente

Condição de quem se sente sexualmente excitado por experimentar


Algofilia
dor (ver Masoquismo)

Aloerastia Utilização da nudez de terceiros para excitar o parceiro sexual

Alopelia Ato de ter um orgasmo por observar outros a terem relações sexuais

Condição de quem se sente sexualmente excitado por ter fantasias


Alorgasmia
com outras pessoas que não o actual parceiro

Condição de quem se sente sexualmente excitado por ter parceiros de


Alotriorastia
outras nações e raças

Alvinolagnia Fetiche por barrigas

Atração por indivíduos que não têm um ou vários dos membros do


Amalotasis
corpo (ver Acrotomofilia)

237
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
Preferência pela prática da masturbação através da fricção dos lábios
Amatripsis
vaginais, na mulher

Condição de quem se sente sexualmente excitado por ter um parceiro


Amaurofilia
cego ou vendado

Excitação da pessoa pelo parceiro que não é capaz de vê-la (não se


Amaurofilia
aplica a cegos)

Amiquesis Ato de arranhar o parceiro durante o ato sexual

Condição de quem se sente sexualmente excitado por mutilar ou por


Amocoscisia
matar mulheres

Amomaxia Ato de ter relações sexuais dentro de um carro estacionado

Anafrodisia Diminuição da libido masculina

Analinctus Ato de lamber o ânus (ver Analingus Anulingus)

Ato de lamber e penetrar o ânus com a língua (ver Analinctus


Analingus
Anulingus)

Anastemafilia Atração sexual por parceiros mais altos ou mais baixos

Androfilia Atração sexual por homens (em mulheres ou em homens)

Androfobia Medo irracional e excessivo por homens

Atração sexual e amorosa por indivíduos de ambos os sexos (ver


Androginofilia
Bissexualidade)

Condição de quem se sente sexualmente excitado com robôs que


Androidismo
tenham uma forma humana

Andromania Ninfomania (ver Ninfomania)

Andromimetofilia ouCondição de quem se sente sexualmente excitado por ter uma parceira
Androminetofilia que se veste como homem

Androsodomia Sexo anal realizado com um homem

Excitação sexual com vento ou sopro (corrente de ar) nos genitais ou


Anemofilia
em outra zona erógena

Anfifilia Preferência sexual por parceiros bissexuais

Anfissexualidade Bissexualidade

Condição de quem se sente sexualmente excitado com parceiras mais


Anililagnia
velhas

238
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
Aninsertia coital Medo irracioanl e excessivo da penetração

Anisonogamismo Atração sexual direccionada a um parceiro mais novo ou mais velho

Anocratismo Sexo anal

Anofilemia Ato de beijar o anus (ver Anulingus, Analinctus e Analingus)

Anomeatia Sexo anal com uma mulher

Anoraptus Violador que ataca preferencialmente mulheres mais velhas

Antolagnia Condição de quem se sente sexualmente excitado por cheirar flores

Antropofagolagnia Violação com canibalismo

Medo irracional e excessivo relativamente à possibilidade de


Anuptafobia
permanecer solteiro

Apistia (ver Adultério)

Condição de quem se sente sexualmente excitado com a prática do


Apodisofilia
exibicionismo

Fantasias sexuais sobre ser amputado de um ou de vários membros do


Apotemnofilia
corpo

Apotemnofilia Desejo de se ver amputado

Aracnofilia Condição de quem se sente sexualmente excitado com aranhas

Arenotigmofilia Ninfomania

Arsometria Sexo anal

Auto-indução da privação de oxigénio para a masturbação. A privação


de oxigénio é efectuada até ao momento imediatamente anterior ao
orgásmo, altura em que o fluxo de oxigénio ao cérebro provoca um
Asfixia auto-erótica
intensificar das sensações de prazer. É, no entanto, uma prática
perigosa que pode provocar a morte caso o indivíduo não consiga
controlar o seu comportamento

Asfixiofilia Fetiche por ser asfixiado pela parceira(o)

Asfixiofilia (asfixia
Prazer pela redução de oxigênio
autoerótica)

Condição de quem se sente sexualmente excitado com a privação de


Asfixiofilia ou
oxigénio (asfixia), efectuada com o objectivo de aumentar as
Asfixofilia
sensações de prazer do orgasmo

239
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
Celibato, em particular quando induzido por uma Disfunção Eréctil no
Asinofilia
homem

Condição de quem se sente sexualmente excitado com o fato de se


Astenolagnia
sentir fraco ou de ser humilhado

Astifia Disfunção eréctil

Prática em que o parceiro ativo, após o coito anal, leva seu pênis à boca
ATM (ass to mouth)
da pessoa penetrada

Medo irracional e excessivo de instrumentos musicais com uma forma


Aulofobia
fálica

Condição de quem se sente sexualmente excitado pelo fato de estar a


Auto-agonistofilia
ser observado, filmado ou no palco a ter relações sexuais

Condição de quem se sente sexualmente excitado com a concepção e


Auto-assassinofilia
encenação da sua própria morte (ver Autonecrofilia)

Auto-erotismo Aumento da libido apenas psíquica

Auto-erotismo Erotismo do indivíduo dirigido a si próprio masturbação

Condição em que o amor e o desejo sexual são dirigidos ao próprio e


Autofila
não em relação aos outros

Ato de chicotear-se a si próprio como forma de obtenção de prazer


Autoflagelação
sexual ou, pelo contrário, de o mitigar

Condição de quem se sente sexualmente excitado por vestir roupas de


Autoginefilia
elementos do sexo oposto (ver Travestismo)

Autogonistofilia (ver Exibicionismo)

Auto-indução de dor com o objectivo de obter excitação sexual (ver


Automasoquismo
Masoquismo)

Automisofilia Condição de quem se sente sexualmente excitado por estar sujo

Medo irracional e excessivo de estar ou ficar sujo, nomeadamente


Automisofobia
através da actividade sexual

Auto-indução de mutilações (queimaduras, cortes, etc) com o


Automutilação
objectivo de obter prazer sexual

Condição de quem se sente sexualmente excitado por se imaginar ou


Autonecrofilia
fingir de morto (ver auto-assassinofilia)

240
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
Condição de quem se sente sexualmente excitado por assumir o papel
Autonepiofilia de um bebé e por ser tratado enquanto tal por um parceiro (ver
Autopedofilia)

Autopederastia Inserção do pénis no próprio ânus

Condição de quem se sente sexualmente excitado por assumir o papel


Autopedofilia
de um bebé e por ser tratado enquanto tal (ver Autonepiofilia)

Auto-sadismo Excitação sexual induzida pela auto-indução de dor (ver Sadismo)

Condição de quem se sente sexualmente excitado por olhar para o seu


Autoscopofilia
próprio corpo, em particular para os órgãos genitais)

Auto-sexualidade Masturbação

Avisodomia Penetração de uma ave partindo-lhe o pescoço durante essa prática

Axialismo Estimulação do pénis na axila

Barosmia Excitação sexual induzida por cheiros

Basoexia Excitação sexual induzida pelo ato de beijar

BBW Atração por mulheres obesas

Condição de quem se sente sexualmente excitado com a utilização de


Belonefilia
agulhas

Bestialismo Prática de relações sexuais com animais

Bestialismo Prazer em relação sexual com animais - ver zoofilia

Condição de quem se sente sexualmente excitado com a crueldade


Bestialsadismo
para com os animais

Condição de quem se sente sexualmente excitado por atacar e por


Biastofilia
violar alguém

Bissexualidade Atração amorosa e sexual por individuos de ambos os sexos

Bivarismo Relação sexual entre uma mulher e dois homens

Condição de quem se sente sexualmente excitado com jovens do sexo


Blastolagnia
feminino

Bondage Prática onde a excitação vem de amarrar ou/e imobilizar o parceiro

Bondagismo Fetiche por ser amarrado, imobilizado

Botulinonia Penetração com salsichas

241
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
Bradicubia Movimentos lentos durante a penetração

Bromidrosifobia Medo irracional e excessivo de odores corporais

Masturbação feminina com objectos, tais como vibradores, que


Buginonia
alargam o tamanho da vagina

modalidade de sexo grupal praticado com uma pessoa que "recebe"


Bukkake
no rosto a ejaculação de diversos homens

Candaulismo Observação do cônjuge a ter relações sexuais com terceiros

Condição de quem se sente sexualmente excitado pela observação de


Capnolagnia
terceiros a fumar

Catatasis Alongamento do pénis

Condição de quem se sente sexualmente excitado pela inserção de um


Cateterofilia
catéter na uretra

Chezolagnia Masturbação durante a defecção

Condição de quem se sente sexualmente excitado com mulheres


Ciesolagnia
grávidas

Cimbalismo (ver Lesbianismo)

Cinofilia Condição de quem se sente sexualmente excitado com cães

Medo irracional e excessivo relativamente à possibilidade de contrair


Cipridofobia
uma doença sexualmente transmissível

Ciprieunia Actividade sexual com prostitutas

Condição de quem se sente sexualmente excitado por estar em locais


Claustrofilia
fechados

Condição de quem se sente sexualmente excitado por roubar um


Cleptofilia
estranho ou um parceiro sexual

Clismafilia Fetiche por observar ou sofrer a introdução de enemas

Clismafilia Prazer em receber enemas

Clismafilia ouCondição de quem se sente sexualmente excitado por fazer um clister


Clismofilia (a si próprio ou a um parceiro sexual)

Clitorilingus Ato de acariciar o clítoris com a língua

Clitoromania (ver Ninfomania)

Coito a tergo Relação sexual em que o homem penetra a mulher por trás

242
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
Estimulação do pénis entre as pernas de um parceiro, sem que chegue
Coito anteportas
a ocorrer qualquer tipo de penetração

Coito femural (ver Coito anteportas)

Coito in ano Penetração anal (ver Sexo anal)

Coito in os Sexo oral realizado ao homem (ver Felação)

Coito incompletus (ver Coito interrompido)

Coito interruptus O mesmo que Coito Interrompido

Coito perineal O mesmo que Coito anteportas

Relação sexual em que, através da utilização de diversas técnicas e


Coito prolongatus
exercícios, se aumenta a sua duração (ver Sexo Tântrico)

Coitobalnismo Relações sexuais dentro de uma banheira

Coitofobia Medo irracional e excessivo de penetração

Coitolimia Desejo Sexual intenso

Coitus a mammilla Estimulação do pénis entre os seios de uma mulher

Coitus a unda Relação sexual dentro de água

Coitus analis Coito anal (ver Sexo anal)

Coitus intrafermoris Penetração entre as pernas

Coitus reservatus (ver Coito interrompido)

Colobosis Mutilação ou castração do pénis

Colpeurintomania Práticas de alargamento da cavidade vaginal

Comasculação (ver Homossexualidade)

Coprofagia Fetiche pela ingestão de fezes

Condição de quem se sente sexualmente excitado por cheirar, ingerir


Coprofilia
ou manipular fezes, bem como por observar alguém a defecar

Coprofilia Fetiche pela manipulação de fezes, suas ou do parceiro

Coprofobia Medo irracional e excessivo da defecação e de excrementos

Ato de escrever palavras ou frases obscenas, particularmente nas


Coprografia
casas de banho públicas

Coprolagnia (ver Coprofilia)

243
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
Coprolalia Fetiche em pronunciar ou ouvir, durante o coito, palavras obcenas

Utilização de uma linguagem sexual obscena, em particular durante o


Coprolália
ato sexual

Condição de quem se sente sexualmente excitado por observar


Coproscopia
alguém a defecar

Corefalismo Prática de sexo anal com uma rapariga

Coreofilia Experiência do orgasmo enquanto se dança

Coreofilia excitação sexual pela dança

Corvus (ver Felação)

Condição de quem se sente sexualmente excitado com a força do


Cratolagnia
parceiro

Condição de quem se sente sexualmente excitado pelo fato de ter que


Crematistofilia
pagar ao parceiro para ter relações sexuais ou de por ele ser roubado

excitação sexual ao dar dinheiro, ser roubado, chantageado ou


Crematistofilia
extorquido pelo parceiro

Crinofilia excitação sexual por secreções (saliva, suor, secreções vaginais, etc)

Cromo-inversão Libido voltada para pessoas com cor de pele diferente

Condição de quem se sente sexualmente excitado pelo fato de ter um


Cronofilia
parceiro cuja idade é discordante da sua

excitação erótica causada pela diferença entre a idade sexo-erótica e a


Cronofilia idade cronológica da pessoa, porém em concordância com a do
parceiro

Cunilália Prática de falar sobre os órgãos sexuais femininos

Cunnilingus Prática de sexo oral a uma mulher

Dacnolagnomania Crime passional

Dacrilagnia ouCondição de quem se sente sexualmente excitado por ver lágrimas nos
Dacrifilia olhos de um parceiro

Defecolagnia Condição de quem se sente sexualmente excitado por defecar

Dendrofilia Condição de quem se sente sexualmente excitado com árvores

Dendrofilia atração por plantas

Dermafilia Condição de quem se sente sexualmente excitado com a pele

244
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
Excitação sexual provocada por abusar sexualmente de crianças (ver
Dipoldismo
Pedofilia)

Condição de quem se sente sexualmente excitado com parceiros que


Dismorfofilia
têm deformidades físicas ou algum outro tipo de deficiência

Dolismo Fetiche por bonecas e manequins

Donjuanismo Fetiche por seduzir os outros

Donjuanismo Prazer por galanteios ruidosos e exibicionistas

Condição de quem se sente sexualmente excitado com peles de


Dorafilia
animais, com o cabedal ou com a pele humana

Condição de quem se sente sexualmente excitado por estar longe de


Ecdemolagnia
casa

Condição de quem se sente sexualmente excitado por se despir em


Ecdiose
frente de terceiros (ver Exibicionismo),

Ecdiseísmo Fetiche por se despir a fim de provocar outrem

ato de ouvir descrições de encontros sexuais ou sons provenientes de


Ecuterismo
práticas sexuais

Edipismo Tendência ao incesto de filho com mãe - Complexo de Édipo

Condição de quem se sente sexualmente excitado por parceiros


Efebofilia
sexuais adolescentes

Condição de quem se sente sexualmente excitado com estímulos


Electrofilia
elétricos

Eletrismo Tendência ao incesto de filha com pai - Complexo de Eletra

Condição de quem se sente sexualmente excitado com o vomitado ou


Emetofilia
com o ato de vomitar

Emetofilia excitação obtida com o ato de vomitar ou com o vômito de outro

Enditolagnia ouCondição de quem se sente sexualmente excitado com parceiros


Enditofilia vestidos

Medo irracional e excessivo relativamente à possibilidade de pecar, em


Enosiofobia
particular de forma sexual

Condição de quem se sente sexualmente excitado com insectos ou sua


Entomofilia
utilização durante o ato sexual

Eonismo Situação em que um homem se veste com roupas de mulher. Este


nome advém de Chevalier d´Eon (1728-1810), diplomata francês que se

245
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
passou por mulher na corte de Catarina (ver Travestismo e Cross-
dresser)

Eproctofilia Condição de quem se sente sexualmente excitado com a flatulência

Medo irracional e excessivo da cor vermelha ou da ruborização, em


Eritrofobia
particular da que ocorre quando se fica sexualmente excitado

Erotismo
Penetração do ânus com o braço
braquiopróctico

Erotismo
Penetração da vagina com o braço
braquiovaginal

Medo irracional e excessivo do sexo da sexualidade, em geral, e das


Erotofobia
suas próprias respostas sexuais, em específico

Condição de quem se sente sexualmente excitado com a preparação e


Erotofonofilia
efectiva realização do assassinato de um parceiro sexual

Condição de quem se sente sexualmente excitado por escrever cartas


Erotografomania
ou poemas de amor

Utilização de uma linguagem sexualmente explícita com o objectivo de


Erotolália provocar excitação sexual, nomeadamente durante a actividade
sexual

Erotomania Idéia fixa de amor etéreo, sem esejo carnal

Erotomania Preocupação ou interesse excessivo relativamente à sexualidade

Condição de quem se sente sexualmente excitado por falar de uma


Escatofilia
forma obscena e sexualizada com desconhecidos

Escatofobia Medo irracional e intenso da actividade defecatória ou de excrementos

Condição de quem se sente sexualmente excitado por observar


Escoptofilia terceiros ou por ser observado a ter relações sexuais (ver
Exibicionismo e Voyeurismo)

Escoptofobia Medo irracional e intenso de ser observado enquanto despido

Condição de quem se sente sexualmente excitado por olhar para os


Escoptolagnia
genitais de outras pessoas do sexo oposto

Condição de quem se sente sexualmente excitado por se imaginar


envolvido em actividade sexual com seres espirituais condição de
Espectofilia
quem se sente sexualmente excitado através da imagem reflectida em
espelhos

246
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
Prática medieval que consiste na excitação por fantasias com
Espectrofilia
fantasmas, espíritos ou deuses

Espermatofilia Condição de quem se sente sexualmente excitado com o esperma

Espermatofobia Medo irracional e intenso de esperma

Estatuofilia (ver Agalmatofilia)

Condição de quem se sente sexualmente excitado por mostrar os seus


Estenolagnia
músculos

Condição de quem se sente sexualmente excitado por parceiros que


Estigmatofilia
tenham tatuagens ou piercings, especialmente na região genital

Estigmatofilia Fetiche por cicatrizes, tatuagens, modificações corporais, etc

Etno-inversão Libido voltada para pessoas com etnia diferente

Eurotofobia Medo irracional e excessivo dos órgãos genitais femininos

Condição de quem se sente sexualmente excitado com a exposição de


Exibicionismo
partes do seu corpo, incluindo os seus órgãos sexuais, a terceiros

Exibicionismo Fetiche por exibir os órgãos genitais

Exofilia Fetiche pelo invulgar ou pelo bizarro

Felação Sucção bucal peniana

Fetiche por balões Excitação ao tocar balões de látex (usadas em festas)

Fetichismo Fetiche por certo tipo de vestimenta, objetos ou situações específicas

Prazer com a a inserção da mão ou antebraço na vagina (brachio


Fisting
vaginal) ou no ânus (brachio procticus)

Flagelantismo Fetiche por ser flagelado, palmadas, chicotadas, etc

Prazer erótico em escutar, cheirar e apreciar gases intestinais próprios


Flatofilia
e alheios

Frigidez Diminuição da libido feminina

prazer em friccionar os órgãos genitais no corpo de uma pessoa


Frotteurismo
vestida

Gerontofilia Atração sexual de não-idosos por idosos

Hebefilia (ver lolismo)

Hipofilia Desejo sexual por equinos

247
Frederico Alves Melo – Medicina Legal
Latofilia Fetiche por observar ou sugar leite saindo dos seios

Preferência sexual e erótica de homens maduros por meninas


Lolismo
adolescentes

Lubricidade senil Libido exacerbada em idosos, ainda que impotentes

Fetiche por mulheres grávidas e/ou pela observação de partos - ver


Maieusofilia
pregnofilia

Masoquismo Prazer ao sentir dor ou imaginar que a sente

Masturbação Excitação através das mãos ou dedos próprios

Menofilia Atração ou excitação por mulheres menstruadas

Mixoscopia Fetiche por ver o coito de outrem

Nanofilia Atração sexual por anões

Narcisismo Libido por si próprio, se ver ao espelho

Necrofilia Aração por pessoas mortas

Nesofilia Atração pela cópula em ilhas, geralmente desertas

Ninfomania Aumento da libido feminina - desejo físico

Odaxelagnia Fetiche por mordidas

Onanismo Masturbação masculina

Orquifilia Fetiche por testículos

Partenofilia Fixação sexual por pessoas virgens

Pedofilia Atração de adultos por crianças e pré-púberes

Pigmalianismo Fetiche por estátuas (Pigmaleão)

Pigofilia Excitação sexual por nádegas

Prazer sexual com fogo, vendo-o, queimando-se ou queimando


Pirofilia
objetos com ele

Pluralismo Sexo entre três ou mais pessoas

Podolatria Fetiche por pés

Pogonofilia Fetiche por barba

Precocidade
Aparecimento da libido antes do normal
libidinosa

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal
Pregnofilia oufetiche por mulheres grávidas e/ou pela observação de partos ver
maieusofilia maieusofilia

Pseudopeolagnia Fetiche por usar em si, ou em outrem, um ou mais dildos

Quirofilia Excitação sexual por mãos

Riparofilia Preferência por parceiros sujos, mulheres menstruadas

Sadismo Prazer erótico com o sofrimento alheio, dor, humilhação

Sadomasoquismo Prazer por sofrer e, ao mesmo tempo, impingir dor a outrem

Sarilofilia Fetiche por saliva ou suor

Satiríase Aumento da libido masculina - desejo físico

Sodomia Sexo anal

Teleagnia Fetiche por visualizar a distância cenas sexuais

Timofilia Excitação pelo contato com metais preciosos

Trampling Fetiche onde o indivíduo sente prazer ao ser pisado pelo parceiro

Tricofilia Fetiche por cabelos e pelos

Troilismo Fetiche por sexo a três (ménage a trois)

Excitação ao urinar no parceiro ou receber dele o jato urinário,


Urofilia
ingerindo-o ou não - ver urognalia

Excitação ao urinar no parceiro ou receber dele o jato urinário,


Urognalia
ingerindo-o ou não - ver urofilia

Vampirismo Fetiche por sexo envolvendo sangue

Vorarefilia Atração por um ser vivo engolindo ou devorando outro

Prazer pela observação da intimidade de outras pessoas, que podem


Voyeurismo
ou não estar nuas ou praticando sexo

Zoofilia Prazer em relação sexual com animais - ver bestialismo

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal

TOXICOLOGIA FORENSE
A toxicologia forense envolve os estudos de energias de ordem química, englobando
assim venenos e drogas.
 VENENOS
São substâncias mineral ou orgânica que podem ser de origem mineral, vegetal,
animal ou sintética e quando administradas no organismo em pequenas
quantidades, causam alterações substanciais no funcionamento do corpo,
podendo inclusive levar a morte.
 Não se confunde com a substância tóxica, pois esta, deve ser administrada
em grandes quantidades.
 CAMPO DE AÇÃO DOS VENENOS
O sistema capilar é o campo de ação dos venenos, assim, a rapidez de ação
dos venenos é verificada pelo trajeto até chegar aos vasos capilares.
 ETAPAS DA FISIOPATOLOGIA DOS VENENOS
 Penetração
 Absorção
 Distribuição
 Fixação
 Transformação
 Eliminação pelo sistema urinário, disgestivos (vômitos), suor,
saliva, bile ou leite.

 DROGAS
O conceito de drogas é um conceito legal, sendo considerado droga todas as
substâncias que se encontram elencadas na Portaria 344 da Anvisa.
 Droga - Substância ou matéria-prima que tenha finalidade medicamentosa
ou sanitária.

INTOXICAÇÕES E ENVENENAMENTO
Segundo o professor Genival Veloso, a intoxicação é caracterizada como sendo um
quadro de reações do metabolismo que tem origem acidental, assim, diferente do
envenenamento que teria origem intencional e exógena.
 HIDRARGIRISMO
 A intoxicação/envenenamento se dá por mercúrio (Hg).
 Causa complicações neurológicas, a pele, podendo inclusive levar a
óbito.
 É comum nas áreas de garimpo.
 Afeta o sistema nervoso causando paralisias.

250
Frederico Alves Melo – Medicina Legal

 MITRIDATISMO
 A intoxicação/envenenamento se dá por arsênico.
 O arsênico possui grande afinidade com a pele, e mesmo após anos da
morte, é possível verificar a presença de arsênico nos fâneros da pele.
 É inodoro, incolor e insipido.
 Em doses mínimas pode matar.
 É possível verificar sua presença nos fâneros da pele.
 São sinais que indicam: eritema na pele sem exposição ao sol, dores
abdominais, vômitos esbranquiçados, diarreia, fígado amarelado
(forma crônica), etc.
 LINHAS DE MEEGS
São ranhuras/estrias esbranquiçadas que surgem nas unhas.
 Historicamente era usado para matar reis. Por isso, o Rei Mitridates,
inseria em seu corpo doses menores para cria imunização ao arsênico.
Curiosamente, morreu envenenado.

 SATURNISMO
 A intoxicação/envenenamento se dá por chumbo.
 Afeta pessoas que trabalham com vidraçaria, cerâmica, etc.
 Ao inspirar os vapores no trabalho, afeta o cérebro, causando psicoses
tóxicas.
 É também causador de anemia, pois não permite a fixação do ferro na
hemoglobina.
 Se um PAF ficar alojado por muito tempo dentro do corpo, é possível
que ocorra o saturnismo.
 Orla de Burton
A orla do encaixe do dente na gengiva vai ficando anegrada e indica a
intoxicação por chumbo.

 CHUMBINHO (CARBAMATO)
 É inibidor da enzima acetilcolinesterase, que é responsável por destruir
os efeitos a acetilcolina.
Detalhando

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal
A acetilcolina é liberada após cada transmissão dos impulsos nervosos
aos diversos órgãos do corpo, que fazem os músculos contrair. A
acetilcolinesterase faz com que o músculo após a contração, relaxe.
Assim, com a acetilcolinesterase inibida, não se consegue relaxar os
músculos o que leva a espasmos musculares generalizados, podendo
levar à morte por sufocação indireta (asfixia).

 PESTICIDAS ORGANOFOSFORADOS
 São feitos por ORGANOFOSFORADOS para matar as pragas da lavoura.
 A ingestão destes alimentos sem a adequada higiene, leva a
contaminação, levando a problemas neurológicos, de controle da
musculatura, náuseas, etc.
 Também é inibidor da acetilcolinesterase.
Afetam as terminações nervosas – ou seja, o comando do corpo é feito
através de ordens do nervo para o músculo, através de um composto
químico chamado acetilcolina. Ocorre que uma enzima chamada
acetilcolenesterase, tira os efeitos da acetilcolina. Mas com a
intoxicação a ordem de retirar feita pela acetilcolenesterase, fica
inibida, e assim, a ordem de movimento fica mantida, causando
desarranjo do corpo, levando a espasmos musculares generalizados.

 MONÓXIDO DE CARBONO
 Normalmente está presente na fumaça negra que ocorre pela queima
de determinados produtos.
O monóxido de carbono possui uma afinidade muito grande com
hemoglobina, formando a carboxihemoglobina, que impede o
transporte de oxigênio, e a consequente intoxicação por monóxido de
carbono.
 Quando a concentração de monóxido de carbono no sangue é maior
que 50% há perigo de morte iminente.
 As vísceras ficam com a cor carminada.

 CIANETO
 É um tóxico que faz com que a enzima CITOCROMOOXIDASE (que atua
no interior das mitocôndrias), fique inibida, e assim, fique impedida de
retirar os hidrogênios e impedindo de reagir com o oxigênio (que está
na célula, mas não reage), podendo levar a morte instantânea por
excesso de hidrogênio nas células.
 Leva a hemorragia da mucosa gástrica (lembrando uma polpa de
goiaba).
 Exala odor de amêndoas amargas.
 A ação química ocorre em nível intracelular.

 GASES TÓXICOS

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 LACRIMOGÊNEOS
Levam ao lacrimejamento, podendo causar conjuntivite.
 VESICANTES
Produz lesões na córnea e na mucosa da traqueia.
 SUFOCANTES
É causado pelo cloro.
 TÓXICOS

DROGAS
O conceito de drogas é um conceito legal, sendo considerado droga todas as
substâncias que se encontram elencadas na Portaria 344 da Anvisa. No entanto, há
doutrina que conceitua no sentido de que é a substância natural ou sintética, que
causa tolerância, dependência ou crise de abstinência.

DEPENDÊNCIA FÍSICA OU PSÍQUICA


 TOLERÂNCIA
 É a necessidade de doses crescentes da droga para obter o mesmo
efeito, em função de um hábito.
 Intolerância é a sensibilidade exacerbada a pequenas doses de veneno.

 SINDROME DE ABSTINÊNCIA
 São efeitos psíquicas e somáticas (nervosismo, alucinações, agitação,
tremores, etc.) da ausência do uso da droga.
 Quando isso ocorre, indica que encontra-se dependente da droga.

 DEPENDÊNCIA
 Causam conflitos familiares, trabalho, policia, justiça, na vida cotidiana
no geral.
 Na DEPENDÊNCIA independe de ser proveniente de caso
fortuito ou força maior, restando apenas a análise de estar
inteiramente incapaz ou não.

 DROGAS PSICOATIVAS ou PSICOTRÓPICAS


Quanto aos seus efeitos, podem ser classificadas em drogas:
 PSICOLÉPTICAS ou PSICOCATALÉPTICAS
 PSICODISLÉPTICAS
 PSICOANALÉPTICAS

 PSICOLÉPTICAS ou PSICOCATALÉPTICAS
 São drogas tranquilizantes, DEPRESSIVAS do sistema nervoso
central, gerando a diminuição dos batimentos cardíacos, da
respiração, etc.

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal
 São exemplos: Álcool, Sedativos, morfina, ópio, papoula,
heroína, barbitúricos, etc.
 ÁLCOOL
 Sua absorção começa na mucosa oral, segue no
estomago, e é máxima no intestino delgado.
 Quando não for possível verificar a dosagem de álcool
no sangue, deve ser analisado o HUMOR VÍTREO (parte
atrás do globo ocular).
 Álcool é a droga depressora mais usada no mundo.
 O álcool DEPRIME A CENSURA (superego), e a pessoa se
“solta”.
 Possui três fases:
1ª) fase do macaco, que leva a excitação ou desinibição;
2ª) fase do leão, que leva a agitação ou confusão e
3ª) fase do porco, que leva ao sono ou coma.

 PSICODISLÉPTICAS
 São drogas que distorcem o pensamento, causando
alucinações.
 São exemplos: LSD, psilocibina, mascalina, cogumelos,
maconha, haxixe.
 A maconha, é a droga mais consumida no mundo, e tem o
princípio ativo através do THC (tetrahidrocanabinol), que só
está presente na flor das plantas da maconha feminina.

 PSICOANALÉPTICAS
 São drogas estimulantes do sistema nervoso central, gerando
euforia, agitação, respiração ofegante, pupilas dilatadas, etc.
 São exemplos: Cocaína, anfetaminas, ecstaxy, oxi, crack, merla,
etc.

LEGAL HIGHS
São drogas sintéticas produzidas em laboratório, que causam (mimetizam) os
mesmos efeitos das drogas ilícitas (psicoléptica, psicodisléptica ou psicoanaléptica),
mas com componentes químicos que não estão elencados na portaria 344 da Anvisa.

SÍNDROME DO CORPO EMBALAGEM


Ocorre quando os pacotes inseridos em um corpo para serem transportados (mulas)
se rompem com drogas no seu interior.
 BODY PACKER

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Frederico Alves Melo – Medicina Legal
Os pacotes são ingeridos e transportados no estômago.

 BODY PUSHER
Os pacotes são inseridos e transportados nos orifícios naturais.

FORMAS DE INSTRODUÇÃO DAS DROGAS NO CORPO HUMANO


 ORAL
 INJETAR
 INALAÇÃO
 Esta é possui os efeitos mais rápidos, pois não precisa passar pelo
coração para chegar as artérias.
ASSOCIAÇÃO DE DROGAS ou FARMACOCINÉTICA
 EFEITO ADITIVO
Há o consumo de mais de uma droga e os efeitos individuais de cada uma se
somam.

 SINERGISMO
Há potencialização de determinada droga diante da presença de outra droga
(Ex. Droga A, será mais toxica em doses menores, em função da presença de
outra droga).

 ANTAGONISMO
Há o consumo de mais de uma droga e os efeitos dessas substâncias se
neutralizam.

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