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LICENCIATURA EM DIREITO
LICENCIATURA EM DIREITO
Estudante Tutor/a
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Conteúdo Pág.
Introdução..........................................................................................................................4
0.1.1.Geral.........................................................................................................................4
0.1.2.Específicos................................................................................................................4
CAPTULO I.....................................................................................................................5
CAPITULO II................................................................................................................15
2.Conclusão.....................................................................................................................18
3.REFERENCIA.............................................................................................................18
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Introdução
Este trabalho tem como tema “Relação entre Medicina legal e poder Judicial”. A
Medicina Legal nasceu da necessidade de solucionar os problemas colocados pelo
Direito, teve de se ir adaptando em cada época aos quesitos científicos dos respectivos
momentos históricos, bem como às necessidades socio-antropológicas e ao ordenamento
jurídico vigente. A Medicina Legal é definida como sendo a aplicação dos
conhecimentos médicos e de outras ciências auxiliares na Investigação, Interpretação e
Desenvolvimento da Justiça Social. O diversificado leque de actividades que envolve
esta especialidade desde a Tanotologia Forense, Clínica Médico-Legal, Psiquiatria
Forense, Toxicologia Forense, etc., permite evidenciar que a Medicina Legal não é uma
especialidade exclusivamente dedicada ao estudo do cadáver, mas sim uma disciplina
bem viva e dinâmica, que existe em função dos vivos, para os vivos e onde estes
representam actualmente a maior parcela do âmbito e objecto, e não tem como fim a
cura dos doentes/vítimas.
0.1.Objectivos
0.1.1.Geral
0.1.2.Específicos
0.2.Metodologias
CAPTULO I
Segundo Croce (1999, p. 22), conceitua a Medicina Legal como “ciência e arte
extrajurídica auxiliar alicerçada em um conjunto de conhecimentos médicos,
paramédicos e biológicos destinados a defender os direitos e os interesses dos homens e
da sociedade”. Genival (2001), afirma que “é a Medicina a serviço das ciências
jurídicas e sociais”. Outro grande conhecedor da disciplina,
Fernando (2017), afirma que a Medicina Legal teve ao longo da história várias
interpretações e modificações quer do ponto de vista concepcional e do ponto de vista
filosófico e académico. Evidentemente na prática, a Medicina Legal e Seguros é uma
especialidade com conteúdo amplamente evolutivo e revolucionário, segundo as
necessidades e as diferentes evoluções socioculturais, antropológicas e científicas que
em cada época foram colocados as Ordenações Jurídico-Sociais em relação à Medicina.
A Medicina Legal como Ciência só atinge uma certa maturidade na época do
Renascimento, apesar disso é possível distinguir vários períodos da sua evolução.
Nas Culturas mais antigas já era possível encontrar alguns aspectos de relevância
médico-legal, que foram factos que comprovavam a participação dos médicos em
processos judiciais, apesar dos antigos não conhecerem a Medicina Legal no sentido
mais específico e mais moderno como Ciência. (Löwy,2000)
1.1.1.Mesopotâmia
Heck (2000), afirma que nas culturas mesopotâmicas, na Babilónia já existiam normas
sobre delitos ou lesões corporais; sobre aborto, violência carnal, etc., que para sua
resolução eram necessários conhecimentos médico legais. Esta relação entre o Direito e
Medicina é nos dada pelo Código Hammurabi (que é o mais velho documento
legislativo oficial do mundo), datado do século XVIII A.C., em que vem descrito temas
relacionado com o Direito Médico, destacando-se os relativos aos honorários médicos e
responsabilidade profissional. Este código fazia menção as indemnizações resultantes de
lesões corporais, facto que marcou profundamente vários textos legais de épocas
sucessivas, e também mencionava algumas enfermidades que impediam a compra e
venda dos escravos tal como a epilepsia.
1.1.2.Outras Civilizações
1.2.Cultura clássica
Löwy (2000), diz que aa Cultura Grega destacam-se os aspectos Deontológicos e Éticos
no exercício da actividade médica, que ainda se mantêm até os dias de hoje, tal como o
Juramento de Hipocrates. Há também referências da toxicologia - dos venenos, escrita
por Nicandro de Colofón no século II A. C.; descrição dos primeiros sinais de morte
feitos por Hipócrates.
1.3.Época medieval
positivas para determinação da vitalidade fetal exigindo a presença de três matronas que
comprovavam a gravidez; se ordenava a descrição dos ferimentos nos cadáveres.
Contudo a perícia médico-legal de um modo geral não estava previsto taxativamente.
(Löwy,2000)
1.4.Época do renascimento
Sila (2003), afirma que a epoca do Renascimento que corresponde para as Ciências e
Medicina o século XVI, encontramos nos Livros de Medicina uma intenção clara e
inequívoca da especialidade Médico Legal, sobretudo nas obras de Cirurgia, quando
faziam distinção das lesões mortais e não mortais nos casos de morte violenta; sendo na
altura o cirurgião chamado pelo Juiz para aclarar este tipo de lesões. Neste período entre
1453 à 1600, houve o primeiro contacto real entre a Medicina e as disposições legais,
surgindo deste modo a função Médico Forense, cujo primeiro
Heck (2000), afirma que o regulamento data de 1507 com a promulgação do Código de
Bamberg (obrigatoriedade da opinião médica nos casos de homicídio; responsabilidade
profissional; infanticídio e exames médico-legais dos cadáveres nos casos de suspeita de
morte violenta. Contudo a máxima transcendência corresponde ao Constitutio
Criminalis de Carolina primeiro marco histórico de Medicina Legal - votada em 1532
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Nesta época se destacam Ambrósio Paré, que foi o impulsionador da cirurgia europeia,
as suas obras abordavam aspectos da Traumatologia, Sexologia Médico Legal e da área
de Tanatologia - Des rapports et des moyans d’embaumer les corps morts, Paris 1575; e
Juan Fragoso (espanhol), autor de um dos primeiros textos médico-legais - Tratado das
declarações que os cirurgiões devem fazer em relação as diversas enfermidades e
formas de morte violenta, 1581.
Nos finais do século XVIII os temas da área médico forense era ensinado tanto aos
médicos como aos cirurgiões, que na altura eram duas profissões separadas, e um tanto
a quanto polémicas, surgindo desta forma a Medicina Legal e a Cirurgia Forense; que
tiveram evoluções diferentes, e se constituíram com temas concretos de ensino em
função das escolas. (Löwy,2000)
Curso de Medicina Legal em 1794. Nesta época se destacaram François Fodré, Mahon e
Royer Collard, mais tarde Mateo Orfila (1787-1853) grande impulsionador da
Toxicologia Forense, foi o decano da Faculdade de Paris durante 17 anos.
Outros autores tais como Pinel e Esquirol (estudaram as doenças mentais); na Grã
Bretanha destacou-se Robert Chrisison e James Marsh (1836) na área de Toxicologia
Forense; na Alemanha as obras de Mende, Göttingen, etc. Nesta época surgiram as
primeiras Revistas de Medicina Legal, na Alemanha em 1821 editada por Henke e
Professor Erlanen; a Revista Annales d’Hygiéne Publique et Médecine Légale em 1829
promovida por Orfila e Tardieu, etc. (Sila, 2003).
Veloz (2008), afirma que na época actual distinguimos dentro da Medicina Legal e
Seguros duas partes bem distintas: Medicina Forense que utiliza os conhecimentos da
Ciência Médica e de outras Ciências Auxiliares para o Exame ou Estudo das
questões/quesitos de base médico-biológico que são colocadas pelas Autoridades
Competentes, isto é, a actividade pericial diária e a respectiva técnica.
1.5.1.Documentos médico-legais
Sila (2003), indica que as como documentos médicos legais, elas são comunicações
compulsórias feitas pelos médicos ou técnicos de saúde às autoridades competentes de
um facto profissional, por necessidade social, de saúde pública ou jurídico-legal, tais
como: acidentes de trabalho, doenças profissionais, doenças infectocontagiosas, uso
habitual ou não de substâncias psicotrópicas lícitas sob controle, se o médico ou técnico
de saúde tomou conhecimento de um crime público praticado ou com conivência do seu
paciente, não pretendendo que este se exponha a um procedimento criminal. Atestados:
documento assinado sob responsabilidade, pelo qual se certifica, se atesta alguma coisa.
É elaborado ou escrito pelo médico ou técnico de saúde, deve ter como fim provar um
estado mórbido real, presente ou anterior, para fins de licença, dispensa, justificativo e
um estado de saúde.
Os atestados são classificados em: Oficioso: serve como prova ou justificativo por
ausências no local de trabalho ou serviço, etc.. Por exemplo Atestado de Doença.
Administrativo: serve geralmente para Administração Pública, para efeitos de licença,
reforma ou justificativo de faltas. Judiciário: de interesse da Administração da Justiça,
requisitado pelo Juiz. (Veloz, 2008).
1.6.1.FACTOS HISTÓRICOS:
2- O Serviço de Medicina Legal, que é o único no país com instalações próprias, está
localizado no recinto do Hospital Central de Maputo, de 1975 a 1989 era constituído
por pessoal médico e serventuário dependente do Serviço de Anatomia Patológica.
3- Em 1989, devido aos problemas da guerra civil, houve cisão destes dois Serviços, por
decisão unilateral do Serviço de Anatomia Patológica.
Deste então o Serviço de Medicina Legal passou a ter dupla subordinação, do Ministério
da Saúde que contratava os médicos legistas e peritos; e do Ministério do Interior que
administrava e controlava o Serviço por meio dos Agentes da Policia de Investigação
Criminal (P.I.C.) e contratava o pessoal serventuário (evisceradores).
que se refere ao seu papel social e na realização da justiça. Entre estas mudanças
destacam-se:
Estes e outros factos têm levado a que os médicos, bem como outros profissionais,
sobretudo das ciências biológicas, sejam, cada vez mais, chamados a examinar e a
pronunciar-se sobre situações variadas e por vezes de grande complexidade,
relacionadas com questões de direito, seja do âmbito penal, civil, do trabalho,
administrativo ou da família e menores. Estas situações podem incluir, por exemplo, o
estudo de casos mortais ou não mortais de situações de violência (colheita de vestígios;
diagnóstico diferencial entre uma etiologia criminosa, acidental ou natural; definição
das incapacidades temporárias e permanentes para a vítima de um traumatismo), a
avaliação do estado de toxicodependência, a determinação do sexo, a identificação de
corpos ou restos cadavéricos, a determinação da imputabilidade, o estudo da filiação, a
pesquisa de drogas de abuso ou outros tóxicos em amostras biológicas, etc.
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De acordo com Heck (2000), a Medicina Legal atua em diversas áreas do Direito, e não
somente nas ciências criminais; sua invocação é indispensável em diversos casos que
envolvam o Direito de Família, o Direito Trabalhista, Civil, Previdenciário, Direito
Desportivo, entre outros
É importante ressaltar que a Medicina Legal atua desde a fecundação até os últimos
vestígios cadavéricos, e, como já dito anteriormente, é aplicada em diversas áreas do
Direito, como, por exemplo:
Direito Penal: é bem verdade que no Direito Penal a perícia médico-legal é vastamente
utilizada, como nos casos de lesões corporais, crimes sexuais, homicídios, infanticídios,
embriaguez etc. Direito Processual: perícias, tratamento psicológico de testemunhas e
outros. Direito Penitenciário: psicologia do detento em diversos pontos como nos casos
do livramento condicional e da psicossexualidade das prisões; Direito do Trabalho:
insalubridade, doenças e prevenção de acidentes; Direito dos Desportos: “doping”,
análise de lesões ocorridas em disputas desportivas (culpa ou dolo).
CAPITULO II
Silva (2017), diz que a medicina Legal pode se relacionar com o Direito Civil nas
questões de paternidade, nulidade de casamento, testamento. Com o Direito Penal nas
questões relacionadas às lesões corporais, aborto (legal e criminoso), infanticídio,
crimes contra a liberdade sexual. Com o Direito Administrativo ao avaliar as condições
dos seus agentes, referente ao ingresso, afastamentos e aposentadorias.
Segundo Manuela (2007), os primeiros sinais de uma relação íntima entre a Medicina e
o Direito remontam aos registros da Antiguidade. No seio dos povos antigos, o poder
era exercido pela força, mas também emanava de líderes que ostentavam poderes
especiais, fruto de seu alegado relacionamento com os deuses os sacerdotes. Sendo
considerados representantes divinos e agentes da sua vontade, ditavam normas que
deveriam ser obedecidas para que os bons fados acompanhassem o grupo.
Acrescenta Silva (2017), que tem relação com o poder judicial na medida em que o
jurista estuda a fim de que saiba a avaliar os laudos que recebe, suas limitações, como e
quando solicitá-los, além de estar capacitado a formular quesitos procedentes em
relação aos casos em estudo. É imprescindível que tenha noções sobre como ocorrem as
lesões corporais, as consequências delas decorrentes, as alterações relacionadas com a
morte e os fenómenos cadavéricos, conceitos diferenciais em embriaguez e uso de
drogas, as asfixias mecânicas e suas características, os crimes sexuais e sua análise
pericial etc.
De acordo com Estácio (2001), ela se preocupa apenas com o indivíduo enquanto vivo.
Alcança-o ainda quando ovo e pode vasculhá-lo na escuridão da sepultura. Sua
eficiência está bem caracterizada na sua definição; contribuir do ponto de vista médico
para a elaboração, interpretação e aplicação das leis. O estudo da Medicina Legal é de
real importância tanto para os operadores do direito quanto para os médicos.
Quanto a relação de medicina legal e o poder judicial Hércule (2014), afirma que a
Medicina Legal serve mais ao Direito, visando defender os interesses dos homens e da
sociedade, do que à Medicina. A designação legal emprestada a essa ciência indica que
ela se serve, no cumprimento de sua nobre missão, também das ciências jurídicas e
sociais, com as quais guarda, portanto, íntimas relações. É a Medicina e o Direito
complementando-se mutuamente.
Por outro lado Estácio (2001), indica que podemos encontrar a relação dentro do Direito
Civil, em que esta empresta sua colaboração no que concerne a questões relativas a
paternidade, impedimentos matrimoniais, erro essencial, limitadores e modificadores da
capacidade civil, prenhez, personalidade civil e direitos do nascituro, ocorrência etc. Ao
Direito Penal, no que diz respeito a lesões corporais, sexualidade criminosa, aborto
ilegal e ilícito, infanticídio, homicídio, emoção e paixão, embriaguez etc.
Sila (2003), diz que a função Médico Legal pela sua repercussão, pode sugerir a
condenação ou absolvição de um arguido; a honra, a liberdade e fortuna dos cidadãos;
citando Mahon “A Medicina Legal decide muitas vezes em assuntos de que depende a
vida, a fortuna e a honra dos Cidadãos” . A Perícia Médico Legal é realizada por meio
de análises, comprovações e exames de vária índole, em que são exigidos
conhecimentos médico-biológicos actualizados.
Como todo profissional de Saúde, o Médico Legista que ignorar os seus deveres e
obrigações, que não segue os princípios Éticos e Deontológicos da sua profissão está
sujeito à penalização de acordo com a Lei. (Ibid)
2.3.Obrigatoriedade
Segundo Heck (2000), a função pericial Médico Legal sempre cheia de conflitos, de
situações desagradáveis e ingratas, pode ser imposta obrigatoriamente pelo Ministério
Público a todo Médico ou Técnico de Saúde em exercício, sem que seja
necessariamente Médico Legista. Qualquer que seja a natureza da actuação o Médico ou
Técnico de Saúde não pode recusar-se.
III.Conclusão
IV.REFERENCIA
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Gomes, Hélio. Medicina Legal, (2001). 33. ed., Rio de Janeiro/RJ: Freitas Bastos,
Hércules, Hygino de Carvalho, (2014). Medicina Legal. Texto e atlas, 2. ed., São Paulo:
Atheneu,
Löwy, M. (2000). Princípios da Medicina Legal. 14. ed. São Paulo: Cortez,
Manuela, Geneval Veloso, (2017) Medicina Legal. 9ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan,
Silva, M. Genival Veloso, (2017). Medicina Legal. 11. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan,
Veloz P. (2008). O percurso da Medicina . São Paulo: Companhia das Letras, 1999.