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Manual Técnico

Ana Lúcia Alvares Capelozza


Ana Lúcia Alvares Capelozza nasceu em
São Paulo, capital, em 1959. Ingressou como
estudante na faculdade de Odontologia de
Bauru, Universidade de São Paulo, em 1978,
com pós-graduação (mestrado e doutorado)
em Diagnóstico Oral e especialização em
Radiologia Odontológica. Professora associada
do Departamento de Estomatologia da
Faculdade de Odontologia de Bauru (USP),
ministra aulas nos cursos de graduação,
pós-graduação e especialização em diversas
áreas. Com várias orientações e pesquisas na
área de radiologia odontológica, prioriza o
ensino em radiologia em seu tabalho.
Manual Técnico de

Radiologia
Odontológica

Cópia ilegal de livros é crime punido com 2


a 4 anos de prisão (Código Penal, art. 184, J* 1.°).
A na L ú c ia A lv a res C a pelo zza

Manual Técnico de

Radiologia
Odontológica
Edição - 2009
Nova tiragem - Dezembro/2015
Nova Ortografia

cultura e qualidade
Capa: José Sérgio de Souza
Maurício Luzia de Oliveira
Composição: José Sérgio de Souza
Maurício Luzia de Oliveira
Danillo Kenedy M. da Rocha
Revisão: Débora Maia Escher dos Santos
Dheyne de Souza Santos
Coordenação Editorial: Maurício Luzia de Oliveira

Direitos desta edição reservados: AB Editora


Proibida a reprodução total ou parcial desta obra, de qualquer forma ou por
qualquer meio mecânico ou eletrônico, inclusive através de cópias reprográficas,
gravações ou apostilas, sem a expressa autorização da Autora e da Editora.
(Lei n. 9.610, de 19 de fevereiro de 1998)

O conteúdo técnico-científico dos textos, incluindo


os gráficos, as figuras, as fotos e as tabelas, é de
exclusiva responsabilidade da autora.

CIP-Brasil Catalogação na fonte

Capelozza, Ana Lúcia Alvares


C 23 8m Manual técnico de radiologia odontológica/Ana Lúcia Alvares
Capelozza - Goiânia: AB, 2009.
168 p.
ISBN 978-85-7498-176-5
1. Radiologia 2. Radiologia odontológica (procedimentos)
I. Capelozza, A na Lúcia Alvares II. Título.
CDU: 57-77:616.314

Vendas: (62)3219-8600
Informações: (62)3219-8696
Fax:(62)3219-8644

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Rua 15, n. 252 • Centro • CEP: 74030-030 • Goiânia-GO
Vara meu pai, L u iz Gasati V ivares,
com quem aprendi muito mais que radiologia.

IPara minha família, com amor.

Vara meus alunos, com fé.

v
PREFÁCIO

A figura do técnico em radiologia odontológica vem se tomando cada


dia mais indispensável num trabalho que faz radiografias para realização
de um serviço profissional especializado.
O cirurgião bucomaxilofacial, o ortodontista e o estomatologista são
os maiores solicitadores de radiografias especializadas para fins de diagnóstico,
planejamento e acompanhamento de seus pacientes, na maioria das vezes
com equipamentos sofisticados, não usuais nos consultórios odontológicos.
As radiografias panorâmicas e cefalométricas são um bom exemplo.
A professora Dra. Ana Lúcia discorreu com proficiência sobre as
técnicas que, dentro do conhecimento atual, são usadas em radiologia
odontológica, fornecendo ao técnico de laboratório o necessário para seu
aprendizado e execução.
As noções de radiobiologia e radioproteção tão indispensáveis para
aqueles que pretendem trabalhar com radiações ionizantes foram tratadas
com a necessária clareza e simplicidade.
Com bastante propriedade, introduziu um capítulo sobre anatomia
radiográfica, que trata da aparência normal dos tecidos vistos nas radiografias,
padecendo da superposição de estruturas, da ausência da terceira dimensão
e da relação com o posicionamento do paciente.
Os muitos anos de experiência no ensino de graduação e de
pós-graduação em radiologia odontológica, além de uma natural tendência
para ensinar, certamente irão fazer deste livro uma leitura extremamente útil
para o estudante que pretende tomar-se um profissional competente.

Prof. Dr. Luiz Casati Alvares

vii
APRESENTAÇÃO

A radiografia em odontologia é um meio auxiliar de diagnóstico muito


importante e a interpretação das imagens intra e extraorais depende de vários
fatores, dentre eles a qualidade da imagem.
Para a obtenção de radiografias que permitam o diagnóstico e o plano
de tratamento corretos são necessários conhecimentos técnicos e da anatomia
radiográfica dos dentes e do crânio.
Nosso objetivo com este trabalho é oferecer ao técnico em radiologia
odontológica informações necessárias para a realização de radiografias com
qualidade para o diagnóstico.
As informações contidas neste manual serão transmitidas ao leitor de
maneira simples, com textos explicativos, além de figuras e fotografias que,
com certeza, facilitam a compreensão do conteúdo.
O manual é dividido em oito capítulos. Por meio deles, o leitor será
conduzido a uma sequência iniciada pela importância da radiografia em
odontologia, noções básicas sobre a produção dos raios X, como utilizá-los
nas diferentes técnicas intra e extrabucais e como processar as imagens
obtidas. Nosso estudo termina com o ensino dos reparos anatômicos que
auxiliam na identificação das radiografias.

IX
SUMÁRIO

I
C a p ít u l o
HISTÓRICO, NATUREZA E PRODUÇÃO DOS RAIOS X ................ 1
1. Histórico das radiações X ..................................................................... 1
2. Natureza dos raios X ............................................................................ 4
3. O que são os raios X ............................................................................. 5
4. Como funcionam os aparelhos de raios X .......................................... 6
5. Componentes de um tubo de raios X ................................................... 7
6. Como os raios X são produzidos......................................................... 8
7. Componentes dos aparelhos de raios X odontológicos..................... 9
8. Cuidados com os aparelhos de raios X ................................................ 12
II
C a p ít u l o
RADIOPROTEÇÃO EM ODONTOLOGIA........................................... 13
1. Noção geral............................................................................................ 13
2. Unidades de radiação............................................................................ 14
3. Efeitos biológicos dos raios X ............................................................. 16
4. Radioproteção em odontologia............................................................ 16
4.1. Ambiente de trabalho................................................................. 17
4.2. Feixe de radiação......................................................................... 21
4.3. Filtração total............................................................................... 22
4.4. Colimação..................................................................................... 23
4.5. Localizadores............................................................................... 24
5. Posicionadores............................................................................ 26
6. Mantenedores de film e......................................................................... 28
7. Duração da exposição........................................................................... 28
8. Botão disparador.................................................................................... 30
9. Considerações sobre as técnicas radiográficas e a proteção ao
paciente.................................................................................................. 30
9.1. Indicações..................................................................................... 30
9.2. Protetores ..................................................................................... 31
9.2.1. Proteção dooperador e da equipe................................... 32

xi
Manual técnico de radiologia odontológica

10. Monitoração.......................................................................................... 33
10.1. Filmes mais sensíveis.................................................................. 34
10.2. Processamento do film e.............................................................. 34
11. Comunicação efetiva com o paciente................................................. 35

C a p ít u l o III

A IMPORTÂNCIA DA RADIOGRAFIA E A RESPONSABILIDADE


DO OPERADOR....................................................................................... 37
1. Noção geral........................................................................................... 37
2. Importância da radiografia................................................................... 37
3. Benefícios das radiografias.................................................................. 37
4. Condições que podem ser identificadas na imagem radiográfica....... 38
5. O operador de raios X ........................................................................... 44

IV
C a p ít u l o

TÉCNICAS RADIOGRÁFICAS INTRAORAIS EM


ODONTOLOGIA....................................................................................... 45
1. Noção geral........................................................................................... 45
2. Técnicas radiográficas intraorais......................................................... 45
2.1. Técnica periapical....................................................................... 45
2.2. Técnica da bissetriz..................................................................... 45
2.2.1. Indicações........................................................................ 46
2.2.2. Descrição da técnica......................................................... 46
2.2.3. Regulagem do aparelho................................................... 46
2.2.4. Posicionamento do paciente............................................ 48
2.2.5. Posicionamento do filme...................... 49
2.2.6. Técnica radiográfica............................... 50
2.2.7. Executando a técnica passo a passo.............................. 53
2.3. Técnica periapical com o uso de posicionadores...................... 55
2.3.1. Executando a técnica passo a passo............................... 55
2.4. Técnica periapical do paralelismo (localizador longo)............. 56
2.4.1. Indicações........................................................................ 56
2.4.2. Descrição da técnica......................................................... 57
2.4.3. Regulagem do aparelho................................................... 57

xii
Sumário

2.4.4. Técnica radiográíica......................................................... 58


2.4.5. Executando a técnica passo a passo................................ 59
2.5. Técnica interproximal................................................................. 61
2.5.1. Indicações.......................................................................... 61
2.5.2. Descrição da técnica......................................................... 61
2.5.2.1. Regulagem do aparelho..................................... 61
2.5.3. Técnica radiográíica......................................................... 62
2.5.3.1. Executando a técnica passo a passo................. 62
2.6. Técnicas radiográficas oclusais................................................... 63
2.6.1. Indicações gerais.............................................................. 63
2.7. Oclusal total de maxila................................................................ 63
2.7.1. Descrição da técnica......................................................... 63
2.8. Oclusal para região de incisivos................................................. 65
2.8.1. Descrição da técnica......................................................... 65
2.9. Oclusal para região de caninos................................................... 66
2.9.1. Descrição da técnica......................................................... 66
2.10. Oclusal total de mandíbula.......................................................... 66
2.10.1. Descrição da técnica........................................................ 66
2.11. Oclusal parcial de mandíbula...................................................... 67
2.11.1. Descrição da técnica........................................................ 67
2.12. Oclusal total da região de sínfise................................................ 68
2.12.1. Descrição da técnica........................................................ 68
C a p ít u l o V

TÉCNICAS RADIOGRÁFICAS EXTRAORAIS EM


ODONTOLOGIA........................................................................................ 71
1. Noção geral............................................................................................ 71
2. Radiografia panorâmica....................................................................... 71
2.1. Indicações ................................................................................... 71
3. Descrição da técnica............................................................................ 72
3.1. Regulagem do aparelho............................................................... 73
3.2. Técnica radiográíica..................................................................... 73
3.3. Preparo dos equipamentos.......................................................... 74
3.4. Preparo do paciente...................................................................... 74

xiii
Manual técnico de radiologia odontológica

4. Telerradiografia em norma lateral (perfil).......................................... 77


4.1. Indicações ................................................................................... 77
4.2. Descrição da técnica................................................................... 78
4.3. Regulagem do aparelho............................................................... 79
4.4. Preparo dos equipamentos.......................................................... 79
4.5. Preparo do paciente..................................................... 80
4.5.1. Posição da cabeça............................................................. 80
4.6. Incidência do feixe...................................................................... 81
4.7. Descrição da técnica radiográfica ............................................. 82
5. Posteroanterior de mandíbula (PA de mandíbula)
ou telerradiografia em norma frontal.................................................. 83
5.1. Indicações.................................................................................... 83
5.2. Descrição da técnica................................................................... 83
5.3. Regulagem do aparelho............................................................... 84
5.4. Técnica radiográfica................................................................... 84
5.4.1. Preparo dos equipamentos............................................. 85
5.4.2. Preparo do paciente......................................................... 85
5.4.2.1. Posição da cabeça.............................................. 85
5.5. Incidência do feixe...................................................................... 86
6. Radiografia axial, projeção submentoniana, submentovertex,
projeção de H irtz................................................................. 88
6.1. Indicações.................................................................................... 88
6.2. Descrição da técnica................................................................... 88
6.3. Regulagem do aparelho............................................................... 88
6.4. Técnica radiográfica................................................................... 88
6.4.1. Preparo dos equipamentos............................................. 89
6.4.2. Preparo do paciente......................................................... 89
6.4.2.1. Posição da cabeça.............................................. 89
6.5. Incidência do feixe...................................................................... 90
7. Posteroanterior para seio maxilar e PA de seio maxilar ou
projeção de Water’s .............................................................................. 91
7.1. Indicações.................................................................................... 91
7.2. Descrição da técnica................................................................... 91

xiv
Sumário

7.3. Regulagem do aparelho............................................................... 92


7.4. Técnica radiográfica..................................................................... 92
7.4.1. Preparo dos equipamentos.............................................. 92
7.4.2. Preparo do paciente......................................................... 92
7.4.2.1. Posição da cabeça.............................................. 92
7.5. Incidência do feixe....................................................................... 93
8. Projeção de Towne (Towne reversa).................................................... 94
8.1. Indicações.................................................................................... 94
8.2. Descrição da técnica.................................................................... 94
8.3. Regulagem do aparelho............................................................... 95
8.4. Técnica radiográfica.................................................................... 95
8.4.1. Preparo dos equipamentos............................................... 95
8.4.2. Preparo do paciente.......................................................... 95
8.4.2.1. Posição da cabeça.............................................. 95
8.5. Incidência do feixe....................................................................... 96
9. Projeções para avaliação da articulação
temporomandibular (ATM )................................................................. 97
9.1. Indicações.................................................................................... 97
9.2. Regulagem do aparelho............................................................... 97
9.3. Proj eção lateral da ATM.............................................................. 98
9.4. Técnica radiográfica supracraniana (transcraniana).................. 98
9.4.1. Descrição da técnica......................................................... 99
9.5. Técnica radiográfica infracraniana (transfacial ou
transfaringeana)..............................................................................100
9.5.1. Descrição da técnica...........................................................100
9.6. Técnica radiográfica panorâmica................................................. 101
9.7. Técnica radiográfica lateral para exame do corpo
damandíbula..................................................................................102
9.7.1. Indicações............................................................................102
9.7.2. Descrição da técnica...........................................................103
9.8. Técnica radiográfica lateral para exame do ramo da
mandíbula....................................................................................... 104
9.8.1. Indicações............................................................................104
9.8.2. Descrição da técnica...........................................................104

xv
Manual técnico de radiologia odontológica

9.9. Técnica radiográfica para projeção do contorno anterior


da face............................................................................................ 105
9.9.1. Indicações........................................................................... 105
9.9.2. Descrição da técnica.......................................................... 105
C a p ít u l o VI
MÉTODOS DE LOCALIZAÇÃO EM ODONTOLOGIA......................107
1. Método de localização de C lark........................................................... 107
1.1. Indicações......................................................................................107
1.2. Descrição da técnica.....................................................................108
2. Método de localização do ângulo reto (técnica de Miller-Winter)..... 109
2.1. Indicações......................................................................................109
2.2. Descrição da técnica..................................................................... 111
3. Método de localização de Donovan...................................................... 112
3.1. Indicações......................................................................................112
3.2. Descrição da técnica..................................................................... 112
4. Localização de cálculos salivares submandibulares............................ 114
4.1. Descrição da técnica..................................................................... 115
C a p ít u l o VII
PROCESSAMENTO RADIOGRÁFICO.................................................. 117
1. Noção geral............................................................................................. 117
2. Formação da imagem latente.................................................................117
3. Etapas do processamento radiográfico................................................. 119
3.1. Abertura do filme.......................................................................... 119
3.2. Revelação.......................................................................................119
3.3. Lavagem intermediária.................................................................120
3.4. Fixação...........................................................................................121
3.5. Lavagem final................................................................................ 121
3.6. Secagem.........................................................................................121
3.7. Processamento manual passo a passo..........................................121
3.8. Processamento automático........................................................... 122
3.9. Montagem e identificaçãodas radiografias.................................. 123
C a p ít u l o VIII
ANATOMIA RADIOGRÁFICA................................................................127

xvi
Sumário

1. Anatomia radiográfica periapical.......................................................... 127


1.1. M axila............................................................................................128
1.2. Mandíbula......................................................................................132
2. Anatomia radiográfica interproximal................................................... 136
3. Anatomia radiográfica oclusal..............................................................137

CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................... 143

REFERÊNCIAS......................................................................................... 145

xvii
C apítulo I
HISTÓRICO, NATUREZA E PRODUÇÃO
DOS RAIOS X

1. Histórico das radiações X


Os raios X foram descobertos em 1895 pelo professor de Física
Willhelm Conrad Rõntgen, após vários experimentos feitos por ele em seu
laboratório, no Instituto de Física da Universidade de Würzburg, na Alemanha.
Na época do descobrimento, o professor tinha 50 anos e seus estudos eram
direcionados ao comportamento dos gases e descargas elétricas em tubos
a gás (figura 1).
Utilizando uma bobina de Rumkorff, que fornecia a alta tensão
ao tubo do tipo Hittorff-Crooks (figura 2), o professor Rõntgen percebeu
uma grande luminescência, e como pretendia testar a fluorescência do
platinocianeto de bário, que era menor do que a do tubo, resolveu cobri-lo
com um papel preto, de tal maneira que a luminescência do tubo não
impedisse a visualização de seus experimentos na placa. Quando escureceu
a sala para verificar se o tubo estava bem coberto pelo papel, observou
que havia uma fluorescência tênue a quase 1 metro de distância sobre a
bancada do laboratório.
Assim, percebeu que a luz era proveniente da placa de platinocianeto
de bário, que emitia luz por estar sendo atingida por algum tipo de radiação
desconhecida até então, originada do tubo, que atravessava o invólucro preto
e sensibilizava a placa.
Rõntgen já sabia que os raios catódicos sensibilizavam filmes foto­
gráficos, então, resolveu averiguar se esses raios, que passavam pelo papel
preto, eram capazes de sensibilizar filmes e fez uma série de experimentos
com diferentes materiais metálicos, como: peso de balança, espingarda, trava
de portas, entre outros objetos.
Finalmente, notando que podia enxergar os ossos de sua mão quando
segurava objetos entre o tubo e a placa de platinocianeto de bário, solicitou
a sua esposa Bertha, que morava junto ao laboratório (procedimento

1
Manual técnico de radiologia odontológica

comum na época) que colocasse sua mão sobre um filme fotográfico


em um chassi de papel preto e ligou o tubo, fazendo uma exposição de
15 minutos.
O filme revelado mostrava a primeira radiografia de um ser humano
e, com a mão de Bertha, uma nova era na ciência foi inaugurada (figura 3).
O professor descreveu então várias propriedades dos raios chamados
por ele de X e, por seu trabalho, recebeu o primeiro Prêmio Nobel da Física,
em 1901.
Apenas 14 dias após a descoberta dos raios X, o Dr. Otto Walkhoff fez
a primeira radiografia dental, na Alemanha, com aproximadamente 25 minutos.
Em 1896, um cirurgião-dentista de Nova Orleans (EUA), Dr. Edmund
Kells, fez a primeira radiografia de um paciente, usando seu próprio
equipamento e técnica.
O professor Willhelm Conrad Rõntgen, descobridor dos raios
X, faleceu em 1923 aos 78 anos, tendo vivido mais 28 anos após a sua
descoberta.
O primeiro aparelho de raios X dental, com o tubo imerso em óleo,
foi desenvolvido por Coolidge, pela General Eletric (G. E.) em 1918,
chamado de Victor CDX. Melhorias nos aparelhos, incluindo a variação
da quilovoltagem, marcadores de tempo eletrônicos, geradores de corrente
contínua, filtros acompanhados por melhorias na sensibilidade do filme,
foram feitos em 1957.
A primeira publicação dos resultados dos estudos feitos por Yrjo
V. Paatero, na Finlândia, sobre o método pantomográfico, data de 1949 e
o nome da técnica foi atribuído por ele para unir as palavras panorâmica
e tomografia. Assim, outra técnica, hoje muito utilizada em odontologia,
estava lançada.
O primeiro aparelho comercial, lançado no 7.° Congresso Internacional
de Radiologia, em 1953, em Copenhague, fabricado por uma companhia
suíça, recebeu o nome de Panoramix, e seguiu os princípios de outro
pesquisador da época, Dr. Ott, o qual foi dentista em Berna (Suíça) e
desenvolveu, em 1948, o protótipo de um pequeno tubo de raios X. Este era
colocado dentro da boca, sensibilizava dois filmes, colocados por fora dela,
na maxila, e na mandíbula.

2
C apítulo I Histórico, natureza e produção dos raios X

FIGURA 1 - PROFESSOR RÕNTGEN NA ÉPOCA DA DESCOBERTA


(1895) E COM APROXIMADAMENTE 78 ANOS

FONTE: arquivo do Prof. Casati (FOB-USP)

FIGURA 2 - TUBOS HITTORFF-CROOKS (SIMILARES AOS UTILIZADOS


PELO PROF. RÕNTGEN NOS EXPERIMENTOS)

FONTE: arquivo do Prof. Casati (FOB-USP)

3
Manual técnico de radiologia odontológica

FIGURA 3 - MÃO DE BERTHA RÕNTGEN

FONTE: arquivo do Prof. Casati (FOB-USP)

2. Natureza dos raios X


Para trabalharmos corretamente com os raios X, primeiro é preciso
compreendê-los.
Os raios X são radiações eletromagnéticas, assim como a luz, ondas
de rádio e televisão e a radiação utilizada nos fornos de micro-ondas.
Entretanto, com comprimento de onda menor, que permite que os tecidos
sejam atravessados por ele.
Trabalhos científicos, agências governamentais, mídia pública e sites na
internet discutem frequentemente os efeitos danosos das radiações.
Essas informações, disponíveis à população em geral, associadas ao
desconhecimento dos técnicos e profissionais que trabalham com esse tipo de
energia, resultam muitas vezes em recusa de alguns pacientes em fazer um exame
radiográfico que, quando prescrito corretamente, só traz benefícios ao paciente.

4
C apítulo I Histórico, natureza e produção dos raios X

Como profissional da área de saúde, o técnico em radiologia precisa


compreender a formação dos raios com os quais trabalha, para se tranquilizar e
tranquilizar os pacientes, pois a desinformação pode resultar na perpetuação
de conceitos errôneos de que os raios X utilizados em odontologia fazem mal
à saúde e, consequentemente, na recusa do paciente em fazer radiografias.

3. O que são os raios X


Os raios X são radiações eletromagnéticas com comprimento de onda
menor que o da luz visível, que tem a capacidade de ionizar partículas ou átomos,
o que os classificam como radiação ionizante. O que ocorre é uma transferência
de energia de um ponto ao outro, sem nenhum meio que contenha massa.
As radiações eletromagnéticas podem ser encontradas na natureza,
como, por exemplo, a radiação cósmica, ou produzida artificialmente pelo
homem, como os raios X gerados em nossos aparelhos.
Para compreender melhor o espectro das radiações eletromagnéticas
e onde se encontram os raios X, observe a figura a seguir.

FIGURA 4 - ESPECTRO DAS RADIAÇÕES ELETROMAGNÉTICAS

5
Manual técnico de radiologia odontológica

As radiações eletromagnéticas apresentam várias características


comuns, mas cada uma delas pode apresentar características peculiares à
sua frequência, o que resulta no que vimos anteriormente, no espectro das
radiações eletromagnéticas:

• propagam-se a 300 mil quilômetros por segundo;


• caminham em linha reta e podem ser defletidas de sua trajetória
original, porém a nova trajetória será linear;
• são absorvidas ou espalhadas quando interagem com a matéria,
mas podem ser refletidas, refratadas ou difundidas;
• produzem interferências e podem ser polarizadas;
• não são afetadas por campos elétricos e magnéticos.

4. Como funcionam os aparelhos de raios X


Os aparelhos de raios X, que utilizamos em odontologia, são
equipados com um tubo ou ampola do tipo autorretificador, e podem
operar com corrente alternada, perm itindo a construção de aparelhos
de pequeno porte, e também podem ser transportados ou fixados em
parede.
Dentro da cabeça do aparelho, encontram-se transformadores que
têm a função de elevar, reduzir e regular tensão e correntes alternadas.
Os aparelhos odontológicos possuem dois transformadores, um de alta
tensão, para que se obtenha a diferença de potencial para a geração dos raios X
(DDP), e um transformador de baixa tensão, para o aquecimento do filamento
de tungstênio, onde se formam os elétrons que serão acelerados pela DDP, que
é estabelecida pela quilovoltagem do aparelho.
Na corrente alternada, a polaridade se inverte a cada instante. Se consi­
derarmos um dos terminais, este é positivo (+) por um determinado espaço
de tempo (1/120 do segundo, com 60 períodos por segundo), e no instante
seguinte, após 1/120 do segundo, passa a ser negativo.
O espaço de tempo entre o início de uma polaridade positiva até o
início da próxima polaridade positiva é denominado de ciclo. No Brasil,
nossos aparelhos trabalham com 60 ciclos.

6
C apítulo I Histórico, natureza e produção dos raios X

5. Componentes de um tubo de raios X


FIGURA 5 - TUBO DO APARELHO DE RAIOS X
Tubo de raios X
Vácuo
Cabeça
Transformador Transformador do aparelho
de alta tensão de baixa tensão

Filamento de
tungstênio

Janela para Filtro Colimador Janela para saída


saída do feixe de alumínioj dos raios X no tubo
de raios X

Posicionador

FONTE: adaptado de Haring & Lind, 1996

• Fonte de elétrons
Os elétrons são provenientes do filamento de tungstênio (cátodo) e seu
aquecimento é feito pelo transformador de baixa tensão. A miliamperagem
(mA) determina a quantidade de elétrons que passará para o ânodo. Assim,
quanto maior a corrente, maior será o número de elétrons, que nos aparelhos
odontológicos varia de 7 a 10 mA.

• Aceleração dos elétrons


Depende da tensão aplicada ao tubo de raios X (60 kV, 70 kV, 90 kV) e
é gerada com o uso de um transformador de alta tensão. A quilovoltagem (kV)
determina a velocidade dos elétrons, de maneira que, quanto maior a kV, maior
a potência dos elétrons e maior o poder de penetração dos raios X nas estruturas.

• Vácuo
O vácuo é necessário para que haja uma trajetória livre dos elétrons,
entre o cátodo e o ânodo.

7
Manual técnico de radiologia odontológica

• Anteparo para os elétrons


Constituído nos aparelhos de ânodo fixo, por uma placa de
tungstênio, encrustada em cobre. No ponto focal, os elétrons são
desacelerados e sua alta energia de movimento é convertida em calor e
raios X. Em função da complexa física envolvida na produção dos raios
X, o ponto de impacto dos elétrons no ânodo deve ser de número atômico
e ponto de fusão altíssimos. O tungstênio tem número atômico 70 e ponto
de fusão 3.400°. Quanto menor o ponto focal, melhor a imagem. Nos
aparelhos de raios X odontológicos, a área do ponto focal varia de 0,7 mm
x 0,7 mm a 0,8 mm x 0,8 mm.

• Dissipação do calor produzido


A dissipação do calor produzido pelo impacto dos elétrons, no ponto
focal de tungstênio, é feita por um radiador que, por meio de suas aletas,
dissipa esse calor ao óleo que envolve o tubo de raios X, dentro da cabeça
do aparelho.

6. Como os raios X são produzidos


Para que se produzam os raios X, são necessários:

• elétrons;
• aceleração dos elétrons;
• anteparo para deter os elétrons.

Quando o operador do aparelho de raios X aperta o botão


disparador do aparelho, os elétrons são acelerados por uma diferença
de potencial de alta voltagem, a quilovoltagem (kV), onde um quilovolt
é igual a 1000 V (os aparelhos brasileiros variam de 60 a 70 kV e os aparelhos
importados podem chegar a 90 kV). Esses elétrons se chocam em um
anteparo, ponto focal do aparelho, perdem sua energia cinética, que se
transforma em energia térmica (calor, 99,8%) e em energia eletromagnética
(raios X, 0,2%).
Agora que já foi esclarecido sobre a produção dos raios X odontológi­
cos e sobre as partes que compõem o aparelho de raios X, será demonstrada
a produção dos raios X, que pode ser assim compreendida:

8
C apítulo 1 Histórico, natureza e produção dos raios X

• a energia elétrica que chega ao hospital ou à clínica permite a


geração dos raios;
• quando ligamos o aparelho de raios X, a corrente elétrica chega
ao aparelho e caminha do painel de controle até o tubo pelos fios
que se encontram dentro do braço do aparelho;
• a corrente'chega até o circuito do filamento e um transformador
de baixa tensão reduz a voltagem de 110 ou 220 volts para 3 a
5 volts;
• o filamento do cátodo usa de 3 a 5 V para aquecer o tungstênio e
uma nuvem de elétrons se forma ao seu redor;
• o circuito de alta voltagem é ativado quando o disparador é
apertado pelo operador. Os elétrons produzidos no cátodo são
então acelerados pela DDP de 60 ou 70 kV, através do vácuo para
o ânodo;
• o focalizador de molibdênio, localizado no cátodo, direciona os
elétrons para o ponto focal de tungstênio no ânodo;
• quando os elétrons se chocam com o ânodo, ocorre a produção de
calor e de raios X;
• o calor produzido é então dissipado pela estrutura de cobre do
ânodo, pelo radiador e pelo óleo que se encontra na cabeça do
aparelho;
• os raios X saem pelo tubo e, posteriormente, passam pelo diafragma
ou colimador (que determina o tamanho do feixe), pelo filtro de
alumínio, que filtra a radiação de maior comprimento de onda,
que chegaria ao paciente, mas não seria capaz de atravessar suas
estruturas, e sai pela abertura do localizador do aparelho de raios X.

7. Componentes dos aparelhos de raios X odontológicos


Os aparelhos de raios X odontológicos podem ser divididos em dois
tipos: aparelhos para fixação na parede e aparelhos de coluna móvel.
Os aparelhos que são fixados na parede são vantajosos, pois ocupam
menos espaço e não sofrem o risco de queda por movimentação errônea do
operador. Eles são compostos pelas seguintes partes: corpo, braço articulado
e cabeçote (figura 6).

9
Manual técnico de radiologia odontológica

FIGURA 6 - APARELHO DE RAIOS X ODONTOLÓGICO PARA FIXAÇÃO


NA PAREDE

FONTE: <http ://www. gendex. com/us/products/intraoral>

Os aparelhos de coluna permitem ao operador mover o aparelho,


fazendo com que ele seja utilizado em locais diferentes (figura 7).

FIGURA 7 - APARELHO DE RAIOS X ODONTOLÓGICO, COLUNA


MÓVEL

10
C apítulo I Histórico, natureza e produção dos raios X

• Braço do aparelho
Responsável pela sustentação da cabeça do aparelho onde está
localizado o tubo de raios X. Também é responsável pela passagem dos
fios elétricos que levam a energia ao tubo, pela movimentação e pelo
posicionamento da cabeça do aparelho.

• Cabeçote do aparelho
Onde estão localizados o tubo de raios X, os transformadores e o
localizador.

• Corpo do aparelho
Onde está o painel de controle do aparelho. O painel de controle pode
ser fixado na parede, montado no aparelho móvel ou disponibilizado em um
controle remoto, que pode ficar fora da sala de exposição (figura 8).

FIGURA 8 - CONTROLE ELETRÔNICO DO APARELHO SPECTRO 70x


(DABIATLANTE)

FONTE: <http://www.dabi.com.br>

No painel de controle dos aparelhos de raios X encontram-se:

• a chave de liga e desliga, com um indicador luminoso;


• o botão para o disparo do aparelho, com indicador luminoso;
• os marcadores de tempo de exposição, que é o intervalo de tempo
durante o qual os raios X são produzidos. Geralmente variam de
0,1 a 3 segundos de exposição.

11
Manual técnico de radiologia odontológica

• Base do aparelho
Os aparelhos móveis possuem uma base que permite a sustentação e
a movimentação do aparelho.

8. Cuidados com os aparelhos de raios X


Os operadores de aparelhos de raios X devem cuidar da manutenção
e da limpeza dos equipamentos.
Seguem algumas sugestões para que a manutenção seja feita correta­
mente. Esses cuidados aumentarão o tempo de uso dos aparelhos e diminuirão
as despesas com consertos e visitas técnicas.

• atenção durante o deslocamento dos aparelhos móveis. Ao


transportar o aparelho, o operador deve sempre manter o braço
do aparelho junto ao corpo dele, para que não haja desequilíbrio
e queda, preferencialmente com o localizador voltado para cima;
• pancadas na cabeça do aparelho em portas ou paredes podem da­
nificar o tubo. Existe uma junção no cátodo do tubo, entre cobre
e vidro, facilitando trincas nesse local;
• os transformadores de alta e baixa tensão e o tubo ficam imersos
em óleo, para maior segurança contra choques elétricos e para
auxiliar na dissipação de calor. Se, por qualquer motivo, houver
vazamento de óleo na cabeça de seu aparelho, o lugar ocupado
pelo óleo passa a ser ocupado por ar, que não é um bom isolante
térmico e as tensões utilizadas no tubo são muito altas, variando
entre 50 e 90 mil volts. Dessa forma, deve-se retirar o seu
aparelho imediatamente da tomada e não o utilizar mais sem
revisão técnica;
• o operador deve sempre seguir as recomendações de uso do fabri­
cante, manter o equipamento em local protegido de sol e chuva,
com temperatura próxima a 25°C (ambiente), que são recomen­
dações dadas pela maioria dos fabricantes;
• cuidar da limpeza externa do aparelho, não usar soluções que
possam danificar a pintura do aparelho e não permitir o acúmulo
de poeira.

12
-
C apítulo II
RADIOPROTEÇÃO ODONTOLOGIA

1. Noção geral
Para que o operador trabalhe com segurança, utilizando radiações
ionizantes, são necessários alguns conhecimentos básicos sobre as radiações.
• O que são radiações ionizantes?
Por ionização entende-se o processo em que um átomo ou uma
molécula eletricamente estável se toma instável.
Os átomos que constituem nosso corpo apresentam o mesmo número
de prótons, localizados no núcleo do átomo, e de elétrons, localizados nas
camadas orbitais.
Quando um fóton de raios X choca-se com um desses elétrons
orbitais, ele tem a capacidade de removê-lo de sua órbita, o que toma o íon
positivo e, portanto, instável, em que o número de prótons é maior que o
número de elétrons (figura 1).

FIGURA 1 - FÓTON DE RAIOS X

^ -------• N

/ \
R ad iação
secundária í ír 3 I

E létron *
de alta en ergia

FONTE: a autora

13
Manual técnico de radiologia odontológica

O fóton de raios X, ao chocar-se com um elétron, remove-o da órbita.


Se a energia não for totalmente empregada na remoção do elétron, o restante
é espalhado como radiação secundária.
Os efeitos acima descritos nos organismos vivos podem ser físicos e
químicos e são capazes de modificar a forma e a função celular.
Se considerarmos que nosso corpo é composto basicamente por
água, com certeza essa é a molécula que será mais afetada.
A figura 2 ilustra o que pode acontecer quando uma molécula de
água for atingida por um fóton de raios X e quais as possíveis combinações
resultantes dessa ionização.

FIGURA 2 - DECOM POSIÇÃO QUÍM ICA DA ÁGUA, APÓS A


IONIZAÇÃO

FONTE: a autora

Para compreendermos o efeito das radiações X sobre os tecidos,


é necessário conhecermos as unidades de medida de radiação.

2. Unidades de radiação
• R (Rõntgen)
Q uantidade de radiação capaz de provocar em um centím etro
cúbico de ar, nas condições norm ais de tem peratura e de pressão, o
aparecim ento de íons carregados por uma unidade eletrostática de
carga.

14
C apítulo 11 Radioproteção em odontologia

• Gray (Gy)
Mede a quantidade de radiação absorvida.

• Sievert (Sv)
Utilizada para comparar os efeitos biológicos dos diferentes tipos de
exposição às radiações.
Os tecidos respondem de maneira diferente às mesmas doses e alguns
tecidos são mais sensíveis às radiações do que outros.
É fácil compreender o comportamento dos tecidos, se compreen­
dermos a Lei de Bergonie e Tribondeau, postulada em 1906. Ao estudar
o efeito das radiações ionizantes em ratos, os dois cientistas chegaram à
conclusão de que as células apresentam diferente sensibilidade à radiação,
em função de fatores intrínsecos.
Assim, concluíram então que a radiossensibilidade dos tecidos e das
células é proporcional à sua capacidade de reprodução e inversamente
proporcional ao seu grau de diferenciação.
São mais radiossensíveis, portanto:

• as células que apresentam maior atividade mitótica;


• as células menos diferenciadas ou indiferenciadas;
• as células que têm um ciclo vital com maior número de divisões.

A susceptibilidade às radiações ionizantes dependerá ainda dos


seguintes fatores:

• dose: intensidade x tempo. Quanto maior a dose, maior o dano;


• área exposta: quanto maior a área exposta, maior o dano;
• tempo: os efeitos são maiores quando as doses são aplicadas
com pequenos intervalos de tempo. O período latente para a
radiação solar pode ser medido em horas, pelo eritema solar, mas
o período de latência para as radiações X varia de acordo com a
dose recebida. Existem casos relatados de período latente de até
25 anos, razão pela qual o operador não deve expor suas mãos
durante a exposição radiográfica e deve ser prudente no uso das
radiações ionizantes.

15
Manual técnico de radiologia odontológica

3. Efeitos biológicos dos raios X


Os efeitos biológicos podem ser divididos em dois grandes grupos:
efeitos somáticos e efeitos genéticos.
• Efeitos somáticos
Os efeitos somáticos são aqueles que ocorrem e tornam-se evidentes
no indivíduo irradiado.

QUADRO 1- SUSCEPTIBILIDADE ÀS RADIAÇÕES IONIZANTES DE


ACORDO COM A QUANTIDADE DE RADIAÇÃO E A
ÁREA IRRADIADA
DOSE DE
ÁREA EXEM PLOS
RADIAÇÃO
Grande Corpo todo Explosões atômicas
Acidentes nucleares
Acidentes radioativos
Grande Lim itada Radioterapia
do corpo
Pequena Corpo todo População em geral (radiação natural)
Indivíduos que trabalham com radiação ionizante
(proveniente da radiação secundária, dos tecidos do paciente)
Pequena Lim itada Operadores que fazem a manutenção do filme na boca do
do corpo paciente, durante a exposição

FONTE: a autora

• Efeitos genéticos
São os efeitos que não se manifestam no indivíduo irradiado, mas sim
nos seus descendentes. Devemos nos lembrar de que os efeitos genéticos
são decorrentes da ação deletéria da radiação ionizante sobre o núcleo dos
gametas, onde se encontra o código genético. Muitos estudos foram realizados na
população sobrevivente às explosões atômicas e, nos descendentes, esses resultados
permitem estimar que a taxa duplicadora de mutação é de 4 Sv nas gônadas.

4. Radioproteção em odontologia
Após a descoberta dos raios X pelo professor Rõntgen, em 1895,
foram identificadas algumas manifestações clínicas que indicavam que os raios X

16
C apítulo 11 Radioproteção em odontologia

apresentavam risco potencial à saúde. Muitos trabalhos foram então descritos


na literatura e a partir dos resultados destes foi estabelecido o conceito de
risco/benefício e os limites para o uso dessas radiações para a população,
para o paciente e para o operador.
Na época da descoberta dos raios X e no início do século passado, os
tempos de exposição eram muito maiores e muitas repetições eram feitas.
Atualmente, o benefício com o uso de doses pequenas, como as utilizadas
em odontologia, supera os riscos.
Várias normativas foram criadas em diferentes partes do mundo,
estabelecendo as doses máximas permitidas e as doses limites para o
operador, para o paciente e para os membros da equipe que trabalham com
radiação ionizante. Essas normativas incluem também os critérios para a
prescrição das imagens radiográficas intra e extraorais.
No Brasil, a Portaria n. 453, de l.° de junho de 1998, do M inis­
tério da Saúde e da Secretaria de Vigilância Sanitária, considerando os
riscos inerentes ao uso das radiações ionizantes e a necessidade de se
estabelecer uma política nacional de proteção na área de radiodiagnóstico,
dispõe sobre o uso dos raios X para diagnóstico em todo o território
nacional.
Os capítulos IV e V dessa Portaria tratam dos requisitos específicos
para radiodiagnóstico médico e odontológico, respectivamente.

4.1. Ambiente de trabalho


O equipamento de radiografia intraoral deve ser instalado em ambiente
com dimensões suficientes para permitir à equipe manter-se à distância de,
pelo menos, 2 metros do cabeçote e do paciente.
O equipamento de radiografia extraoral deve ser instalado em
sala específica, atendendo aos mesmos requisitos do radiodiagnóstico
médico.
As salas equipadas com aparelhos de raios X devem dispor de:
sinalização visível nas portas de acesso, contendo o símbolo internacional
para identificar ambientes com produção de radiação ionizante (figura 3),
acompanhado da inscrição: “raios X, entrada restrita” ou “raios X, entrada
proibida a pessoas não autorizadas”.

17
Manual técnico de radiologia odontológica

FIGURA 3 - SÍMBOLO INTERNACIONAL DA RADIAÇÃO


IONIZANTE

FONTE: < http://www.anvisa.gov.br>

O acesso à sala onde há aparelho de raios X deve ser limitado durante


os exames radiológicos e a sala não deve ser utilizada simultaneamente para
mais de um exame radiológico.
É necessário um quadro com as seguintes orientações de proteção
radiológica, em lugar visível: “Não é perm itida a perm anência de
acompanhantes na sala durante o exame radiológico, salvo quando
estritamente necessário”; “Paciente, exija e use corretamente vestimenta
plumbífera para sua proteção durante exame radiográfico”; “Acompa­
nhante, quando houver necessidade de contenção de paciente, exija e
use corretamente vestimenta plumbífera para sua proteção durante exame
radiológico” .
Para cada equipam ento de raios X deve haver uma vestim enta
plumbífera que garanta a proteção do tronco dos pacientes, incluindo
tireoide e gônadas, com pelo menos o equivalente a 0,25 mm de
chumbo.
Os protetores utilizados em odontologia estão disponíveis comercial­
mente, como: protetores para glândula tireoide e aventais de borracha
plumbífera para proteção do tórax e das gônadas.
Os protetores para glândula tireoide, conhecidos também como “colar
de chumbo”, têm como objetivo impedir que a radiação ionizante chegue
à glândula tireoide, especialmente nas técnicas intraorais, em que o feixe
pode estar direcionado à glândula e pode ser encontrado acoplado ou não
ao avental de borracha plumbífera.

18
C apítulo 11 Radioproteção em odontologia

FIGURA 4 - PROTETORES UTILIZADOS EM ODONTOLOGIA

Legenda: A e B - Protetores para glândula tireoide.


C - Avental de borracha plumbífera e protetor para glândula tireoide.
D - Avental de borracha plumbífera e protetor para glândula tireoide acoplados.
FONTE: arquivo de imagens Profa. Ana Capelozza (FOB-USP)

Os serviços de radiologia das clínicas e hospitais devem possuir


instalações adequadas para o processamento dos filmes.
A câmara escura deve ser construída de modo a prevenir a formação
de véu nos filmes; deve ser equipada com lanterna de segurança apropriada
ao tipo de filme e possuir um sistema de exaustão adequado.
O processamento das imagens radiográficas extra e intraorais podem
ser realizados em dois tipos de câmara escura: labirinto e quarto.

FIGURA 5 - CÂMARA ESCURA LABIRINTO

19
Manual técnico de radiologia odontológica

FIGURA 6 - CÂMARA ESCURA DO TIPO QUARTO


1 - Lanterna de segurança
2 - Ventilador
3 - Varal para secagem das radiografias
4 - Porta-colgaduras
5 - Anteparo para escorrer a água do grampo
6 - Cronômetro
7 - Negatoscópio
8 - Bancada de trabalho
9 - Divisória
10 - Torneira
11 - Tanque de processamento
1 2 -P ia
13 - Armário
14 - Tabela temperatura/tempo

FONTE: a autora

Para radiografias intraorais, a legislação brasileira (Portaria n. 453 do


Ministério da Saúde) permite a utilização de câmaras portáteis de revelação
manual, desde que confeccionadas com material opaco.

FIGURA 7 - ESQUEMA DA CAIXA DE PROCESSAMENTO MANUAL

A - Á gua

F - Fixador

R - R evelad or

FONTE: a autora

As caixas de processamento manual opacas, com o visor transparente


e com coloração vermelha, impedem a entrada da luz branca capaz de velar
ou escurecer a imagem radiográfica.

20
C apítulo 11 Radioproteção em odontologia

FIGURA 8 - CAIXAS DE PROCESSAMENTO MANUAL

FONTE: A - <http://www.grx.com.br>
B - <http://www.shopdental.com.br>

Para revelação manual, deve estar disponível no local um cronômetro, um


termômetro, um grampo para processamento individual e uma tabela de revelação
para garantir o processamento nas condições especificadas pelo fabricante.

FIGURA 9 - ACESSÓRIOS UTILIZADOS EM CÂMARA ESCURA

I.egenda: A - Relógio marcador de tempo.


B - Termômetro (FOB-USP).
C - Grampo individual para processamento manual.
FONTE: < http://www.shopdental.com.br> e arquivo da autora

4.2. Feixe de radiação


Para as técnicas radiográficas intraorais, a tensão no tubo de raios X
deve ser maior ou igual a 50 kVp, preferencialmente maior que 60 kVp e, nos
aparelhos extraorais, a tensão do tubo não deve ser inferior a 70 kVp.

21
Manual técnico de radiologia odontológica

4.3. Filtração total


O feixe de raios X é composto por raios de diferentes comprimentos
de onda. Os raios de maior comprimento de onda não são capazes de
atravessar os tecidos do paciente e impressionar o receptor de imagem,
entretanto contribuem para o aumento da dose recebida pelo paciente.
O filtro de alumínio responsável por essa filtração é colocado logo na
saída do feixe útil da radiação, antes do diafragma ou colimador, impedindo,
assim, que o paciente receba radiação desnecessária.
Os equipamentos com tensão de tubo inferior ou igual a 70 kVp
devem possuir uma filtração total permanente não inferior ao equivalente
a 1,5 mm de alumínio, enquanto os equipamentos com tensão de tubo
superior a 70 kVp devem possuir uma filtração total permanente não inferior
ao equivalente a 2,5 mm de alumínio.
FIGURA 10 - FILTRO DE ALUMÍNIO
Filtrode IWWWVVVV/XX y IWWV
1 alu/míni0 IWWWVWV/XX o mm
o

L W W W W V Y /^ 53" mm
y— r Í W W W V A / 1 mm
Ondas de maior e menor
13 Ondas de menor
Ll yA comprimento comprimento

Legenda: A - Localização do filtro de alumínio na cabeça do aparelho de raios X.


B - Filtro de alumínio impedindo a passagem das ondas de maior comprimento.
FONTE: a autora

FIGURA 11 - FILTRO DE ALUMÍNIO DO APARELHO DE RAIOS X

FONTE: aparelho GE-CDX 9 0 II, disciplina de Radiologia (FOB-USP)

22
C apítulo 11 Radioproteção em odontologia

4.4. Colimação
Todo aparelho de raios X deve possuir um sistema de colimação para
limitar a área do paciente ao mínimo necessário para cobrir a área em exame.
Para isso, utiliza-se um dispositivo de 2 mm de chumbo chamado de
diafragma ou colimador, que é colocado na abertura do cabeçote do aparelho,
o qual possui uma abertura central que limita o tamanho do feixe.
O diâmetro da área exposta nas radiografias intraorais não deve ser
superior a 6 cm na extremidade de saída do localizador. Valores entre 4 e 5 cm
são permitidos apenas quando houver um sistema de alinhamento e
posicionamento do filme, como na colimação retangular, em que ocorre uma
redução na área exposta do paciente, que varia de 60 a 70%.
Nas radiografias extraorais, é obrigatório o uso de colimadores
retangulares.

FIGURA 12 - COLIMADOR E LOCALIZADOR REDONDOS E TAMANHO


DO DIÂMETRO DO FEIXE

FONTE: a autora

FIGURA 13-C O L IM A D O R DE UM APARELHO DE RAIOS X


ODONTOLÓGICO

FONTE: aparelho GE-CDX 9 0 II, disciplina de Radiologia (FOB-USP)

23
Manual técnico de radiologia odontológica

4.5. Localizadores
Os aparelhos de raios X intraorais devem possuir um localizador de
extremidade de saída aberta para posicionar o feixe e limitar a distância foco-pele,
que deve ser de, no mínimo, 18 cm para tensão de tubo menor ou igual a 60 kVp,
e de, no mínimo, 20 cm para aparelhos com 60 e 70 kVp; para os aparelhos
com kVp, maior que 70, a distância foco-pele deve ser de, no mínimo, 24 cm.
Os localizadores nos aparelhos odontológicos podem ser curtos ou
longos, redondos ou retangulares.
Os localizadores curtos são utilizados mais frequentemente nas clínicas
de radiologia e também nos consultórios odontológicos, nas técnicas periapical,
interproximal e oclusal, e podem ter o formato redondo ou retangular.
Os localizadores longos são utilizados na técnica periapical do para­
lelismo, para aumentar a distância foco-filme, pois nessa técnica, para que haja
o paralelismo entre o dente e o receptor de imagem, é necessário o aumento da
distância entre o objeto e o filme, o que aumenta a distorção da imagem, que
é então compensada pelo aumento da distância do ponto focal até o receptor
e também diminui a área da face do paciente exposta às radiações ionizantes.

FIGURA 14-LOCALIZADORES DE APARELHOS DE RAIOS X


ODONTOLÓGICOS
A

1-
2 - _______________

3 - Localizador curto
4 - Goniômetro
Legenda: A -A p a relh o com localizador curto e seus principais componentes.
B - Aparelho de raios X com localizador longo.
FONTE: a autora

24
C apítulo 11 Radioproteção em odontologia

FIGURA 15- COMPARAÇÃO ENTRE OS FEIXES DE RAIOS X EM


LOCALIZADORES CURTOS E LONGOS

Localizador curto

Feixe de raios X
divergente

Local izador longo

Feixe de raios X
mais paralelo

FONTE: a autora

Os localizadores retangulares são utilizados para a mesma função


que os localizadores curtos, mas a grande vantagem de optarmos pelo uso
de colimação retangular é a diminuição da área irradiada da face do paciente
ao tamanho da área irradiada.

FIGURA 16 - LOCALIZADOR RETANGULAR DA RINN. ELGINI. L

FONTE: adaptado de Haring & Lind, 1996

25
Manual técnico de radiologia odontológica

FIGURA 17- COLIMAÇÃO DO APARELHO E ÁREA IRRADIADA

Legenda: A - Colimação retangular.


B - Colimação redonda.
FONTE: a autora

5. Posicionadores
A recomendação para o uso de posicionadores dos receptores de
imagem, nas tomadas radiográficas intraorais, é descrita na Portaria n. 453, a
qual não obriga o uso de localizadores retangulares, apenas localizadores
abertos; entretanto, é grande a dificuldade na realização da técnica com
localizadores retangulares sem o uso de posicionadores, dispositivos utilizados
para manter o receptor de imagem intraoral e alinhá-lo com o feixe de raios X.

FIGURA 18 - POSICIONADORES PARA TÉCNICA PERIAPICAL

Legenda: A - Posicionadores para radiografias intraorais, periapicais. Cone indicador, H anshin


T echinical Laboratory, Ltda. Japão.
B - Posicionador de filmes radiográficos (adulto), Indusbello, Ind. de Instrumentos
Odontológicos Ltda.
FONTE: a autora

26
C apítulo II Radioproteção em odontologia

FIGURA 19- POSICIONADORES PARA TÉCNICA DO PARALELISMO


E TÉCNICA INTERPROX1MAL

Legenda: A - Posicionadores para técnica radiográficaperiapical do paralelismo (localizador longo)


e interproximal Fabinject dental.
B - Posicionador para radiografias interproximais, autoclavável (Indusbello, Ind. de
Instrumentos Odontológicos Ltda.).
FONTE: a autora

Devemos aqui considerar que, mesmo nas técnicas mais utilizadas


com os localizadores redondos, são descritos erros de posicionamento entre o
localizador e o filme que resultam em uma imagem conhecida pelos técnicos
e pelos profissionais como “Meia Lua”.

FIGURA 20- “MEIA LUA”, IMAGEM RESULTANTE DA FALTA DE


ALINHAMENTO DO FEIXE DE RAIOS X COM O FILME

Legenda: A - Esquema.
B - Imagem radiográfica interproximal.
FONTE: a autora

27
Manual técnico de radiologia odontológica

6. Mantenedores de filme
São dispositivos que mantêm o filme na boca, mas não estão
acoplados a nenhuma haste que permita também o alinhamento do receptor
(filme ou sensor) com o feixe de raios X, e também evitam radiação
desnecessária no dedo do paciente.

FIGURA 21 - MANTENEDORES DE FILME

Legenda: A - Sn ap-A -R ay F ilm H o ld er (D entsply-Rinn ) .


B - Posicionador em bloco de espuma.
FONTE: a autora

7. Duração da exposição
O tempo de exposição é fornecido pelo fabricante do filme e deve
ser adequado, portanto, à sensibilidade do filme, à quilovoltagem e à
miliamperagem do aparelho, bem como à área a ser radiografada e à técni­
ca utilizada. A duração da exposição pode ser indicada em tempo ou em
número de pulsos; e o medidor de tempo (timer) deve ser eletrônico e não
deve permitir exposição com duração superior a 5 segundos.
O tempo de exposição deve ser o menor possível, para que se obtenha
uma imagem de boa qualidade. Isso inclui o uso de receptor de imagem mais
sensível, o qual possa fornecer o nível de contraste e detalhe necessário.
A maioria dos aparelhos disponíveis no mercado, atualmente, não
permite o ajuste de miliamperagem e quilovoltagem. Assim, o operador
deverá estar atento apenas à sensibilidade do filme e à área radiografada do
paciente, bem como à técnica que será utilizada.

28
C apítulo 11 Radioproteção em odontologia

Na técnica radiográfica periapical, as áreas que necessitam de maior


tempo de exposição são a região posterior da maxila, seguida de sua região
anterior e às regiões posterior e anterior da mandíbula.
Cabe salientar ainda que, no caso de áreas desdentadas, deverá ser
feita uma redução de 25% no tempo de exposição; para pacientes adultos
com cabeça grande, o tempo de exposição recomendado pelo fabricante
deverá sofrer um aumento de 25% e, para crianças, a redução do tempo de
exposição recomendado pelo fabricante do filme deverá ser de aproxima­
damente 30% do tempo de exposição recomendado para o paciente adulto.
Para a técnica radiográfica do paralelismo, no qual o tamanho do
localizador passa de 20 para 40 cm, o tempo de exposição deverá ser
quadruplicado.
Atualmente, o filme mais sensível disponível no mercado é o filme
Insight da Kodak, do grupo F de sensibilidade, se o processamento
radiográfico for automático e em processadoras de rolo. No quadro 2
encontram-se os tempos de exposição sugeridos pelo fabricante.

QUADRO 2- EXPOSIÇÃO PARA PACIENTES ADULTOS E LOCALI-


ZADORES CURTOS (20 CM)
FATORES DE 60 kV 65k V 65k V 70 kV 70 kV
EXPOSIÇÃO 7m A 7,5 mA 8 mA 7 mA 8 mA
Exposição Exposição Exposição Exposição Exposição
Região em segundos em segundos em segundos em segundos em segundos
Anterior (maxila) 0,25 0,14 0,14 0,12 0,11
Pré-molar (maxila) 0,33 0,19 0,18 0,16 0,14
Posterior (maxila) 0,37 0,22 0,20 0,19 0,16

Anterior (mandíbula) 0,21 0,12 0,11 0,10 0,09


Pré-molar (mandíbula) 0,23 0,13 0,12 0,11 0,10
Posterior (mandíbula) 0,25 0,14 0,14 0,12 0,11

Interproximal 0,25 0,14 0,14 0,12 0,11


FONTE: < http://www.kodakdental.com>

O operador deve observar e ouvir o paciente durante as exposições,


pois uma comunicação efetiva diminui a ansiedade. O esclarecimento ao
paciente sobre os procedimentos que serão realizados faz com que o paciente
colabore, permanecendo imóvel durante a exposição e diminuindo, assim,
o número de repetições.

29
Manual técnico de radiologia odontológica

8. Botão disparador
Deve ser instalado em uma cabine de proteção ou disposto de tal
forma que o operador que o maneje possa ficar a uma distância de, pelo
menos, 2 m da cabeça do aparelho e do paciente durante a exposição.
É proibido o uso de sistema de acionamento de disparo com retardo, a
fim de evitar que, após o acionamento desse botão, o paciente se movimente
e o procedimento não possa ser interrompido, para correção.
O disparador deve ser colocado fora do ambiente onde haverá exposição
aos raios X, com divisória de madeira com lâmina de chumbo no interior e visor
para acompanhamento do paciente durante a exposição de vidro plumbífero.

FIGURA 22 - LOCAL PARA EXPOSIÇÃO RADIOGRÁFICA

FONTE: imagens obtidas na Clínica de Radiologia da FOB-USP

9.Considerações sobre as técnicas radiográficas e a


proteção ao paciente
No Brasil, as imagens radiográficas devem ser obtidas seguindo as
normas da Portaria n. 453, 1998, do Ministério da Saúde.
9.1. Indicações
Os exames radiográficos devem ser realizados sempre após o exame
clínico, considerando as necessidades de saúde geral e dentária do paciente.
Exames radiográficos anteriores podem ser úteis e tornam, assim, desneces­
sário um novo exame.

30
C apítulo 11 Radioproteção em odontologia

Para radiografias intraorais, devem-se utilizar preferencialmente as


técnicas radiográficas periapical do paralelismo, com localizadores longos,
técnica periapical da bissetriz com localizador curto e com posicionador e
técnica interproximal com posicionador.
Os posicionadores de filme permitem o alinhamento do filme com
o dente e o feixe de raios X. Diminui também o número de repetições e a
exposição desnecessária do dedo do paciente aos raios X durante as tomadas
radiográficas intraorais.
A extremidade do localizador nas técnicas descritas acima deve ser
colocada o mais próximo possível da pele do paciente, para garantir menor
tamanho da área irradiada.

9.2. Protetores
Os protetores são vestimentas de proteção individual que protegem a
glândula tireoide, o tronco e as gônadas dos pacientes durante as exposições.
Eles devem ser acondicionados de forma a preservar sua integridade, sobre
superfície horizontal ou em suporte apropriado.

FIGURA 23 - SUPORTE PARA AVENTAL DE BORRACHA PLUMBÍFERA

FONTE: imagens obtidas na Clínica de Radiologia da FOB-USP

31
Manual técnico de radiologia odontológica

9.2.1. Proteção do operador e da equipe


Aparelhos intra e extraorais panorâmicos ou cefalométricos devem
ser operados dentro de uma cabine ou em área com biombo fixo de
proteção com visor apropriado. Este deve ter, pelo menos, a mesma
atenuação calculada para a cabine, posicionada de modo que, durante as
exposições, nenhum indivíduo possa entrar na sala sem o conhecimento
do operador.

FIGURA 24- VISOR PARA ACOMPANHAMENTO DO PACIENTE


DURANTE A OBTENÇÃO DA IMAGEM

FONTE: imagens obtidas na Clínica de Radiologia da FOB-USP

Durante as exposições intraorais, o operador deve manter-se a


uma distância de, pelo menos, 2 metros da cabeça do aparelho e do
paciente.
Se a carga de trabalho for superior a 30 mA/min por semana, o operador
deve manter-se atrás de uma barreira protetora com uma espessura de, pelo
menos, 0,5 mm equivalentes ao chumbo.
O operador ou qualquer membro da equipe não deve se colocar na
direção do feixe primário, nem segurar o cabeçote ou o localizador durante
as exposições. Nenhum elemento da equipe deve segurar o filme durante
a exposição.

32
C apítulo II Radioproteção em odontologia

FIGURA 25- POSIÇÃO DO OPERADOR NA TÉCNICA PERIAPICAL

Legenda: A - Região posterior.


B - Região anterior.
FONTE: a autora

Somente o operador e o paciente podem permanecer na sala de


exames durante as exposições. Caso seja necessária a presença de indivíduos
para assistirem uma criança ou um paciente debilitado, devem fazer uso de
avental plumbífero com, pelo menos, o equivalente a 0,25 mm Pb e evitar
localizar-se na direção do feixe primário, considerando sempre que nenhum
indivíduo deve realizar regularmente essa atividade.

10. Monitoração
A monitoração do operador e da equipe deve ser feita por firmas
especializadas, utilizando-se dosímetros. Não é recomendado que o
operador substitua os dosímetros por clipes ou grampos fixados sobre
filmes radiográficos, pois o filme radiográfico periapical foi feito para
exposições diretas e, portanto, sua sensibilidade não é suficiente para
registrar doses pequenas de exposição ocupacional em consultórios
odontológicos, não sendo considerado, portanto, um método eficaz de
radioproteção.

33
Manual técnico de radiologia odontológica

FIGURA 26 - DOSÍMETRO

FONTE: a autora

10.1. Filmes mais sensíveis


A sensibilidade do filme é um fator determinante na escolha do tempo
de exposição, e está diretamente relacionada à quantidade de exposição
(quanto maior a sensibilidade do filme, menor o tempo de exposição e,
portanto, menor a dose de radiação ao paciente).
Atualmente, estão disponíveis no mercado filmes de três grupos de
sensibilidade:

• grupo D, também conhecido como filmes Ultra-speed;


• grupo E, também conhecido como Ekatspeed e Agfa Dentus M2
Comfort;
• grupo F, também conhecido como Insight, que pode ser utilizado
como filme de sensibilidade E, para processamento manual, e
como filme de sensibilidade F, para processamento automático
em processadoras de rolo.

10.2. Processamento do filme


O processamento padronizado do filme é considerado um fator
importante na redução da dose ao paciente, pois segue as recomendações do
fabricante quanto à concentração, temperatura das soluções e o tempo
de permanência nelas, evitando, assim, exposições excessivas ao filme, que
podem ser compensadas com um menor tempo de permanência dos filmes
na solução reveladora.

34
C apítulo 11 Radioproteção em odontologia

O método de processamento padronizado é conhecido também como


método temperatura-tempo e em toda câmara escura deve ser afixada uma
tabela que estabeleça o tempo de permanência do filme no revelador, de
acordo com sua temperatura. A temperatura do revelador deve ser medida
diariamente antes do início do processamento, preferencialmente com uma
medida pela manhã e outra no início da tarde.
Essas orientações valem para as câmaras escuras portáteis, muito
comuns nos consultórios odontológicos, e para o processamento em tanques
nas câmaras escuras.

11. Comunicação efetiva com o paciente


Considerado o mais simples de todos os métodos de proteção ao
paciente, não necessita de nenhum investimento, consiste apenas em explicar
ao paciente todas as etapas às quais ele será submetido durante a radiografia,
enfatizando a necessidade de sua colaboração.
A atenção do operador para com o paciente resulta em maior
tranquilidade e colaboração e menor índice de repetição.
O desconhecimento sobre os efeitos dos raios X nos tecidos,
associado muitas vezes a informações incorretas, resulta em uma relação
de desconfiança entre paciente e profissional. O operador deve estar sempre
atento e ouvir seu paciente antes e durante as exposições.
Veja na figura 27 o resultado de uma comunicação não efetiva com o
paciente, que acreditou, pela resposta do cirurgião-dentista, que os raios X
fazem mal à saúde.

FIGURA 27 - ERRO NA COMUNICAÇÃO COM O PACIENTE

FONTE: Rubens Kazuo Kato (FOB-USP)

35
C apítulo III
A IMPORTÂNCIA DA RADIOGRAFIA E A
RESPONSABILIDADE DO OPERADOR

1. Noção geral
Para que se tenha sucesso na obtenção de uma radiografia são
necessários conhecimentos técnicos, consciência da importância da realização
da radiografia para o tratamento do paciente e principalmente conhecimento
sobre os benefícios para o paciente na realização desses serviços.
O insucesso na realização das radiografias está muitas vezes relacio­
nado à falta de habilidade do operador na relação paciente-profissional.
Neste capítulo, serão discutidas as perguntas mais frequentes feitas
pelos pacientes e que devem ser esclarecidas pelos profissionais antes de sua
realização, revisando a importância e os benefícios da obtenção das imagens.

2. Importância da radiografia
O operador deve estar familiarizado com os termos utilizados na área
radiológica e deve adequar esses termos ao grau de compreensão de cada
paciente, sempre com informações corretas e claras.
A radiografia é uma imagem fotográfica produzida em um filme, pela
passagem dos raios X através dos dentes e das estruturas da face.
Em odontologia, a radiografia é essencial no diagnóstico de várias
doenças e permite que o cirurgião-dentista identifique muitas condições que
até então não poderíam ser visualizadas.

3. Benefícios das radiografias


As radiografias só devem ser realizadas quando existe uma indicação,
desse modo elas sempre trarão benefícios ao paciente. O primeiro benefício
é a detecção ou comprovação de uma doença, minimizando ou prevenindo
problemas, contribuindo, assim, para a melhoria e para a manutenção da saúde
bucal do paciente.

37
Manual técnico de radiologia odontológica

4. Condições que podem ser identificadas na imagem


radiográfica
O exame radiográfico é um método auxiliar de diagnóstico muito
importante, sendo utilizado, com frequência, para avaliação de:
• cárie dental;
• anomalias dentárias: dentes supranumerários, anodontias (ausências
dentárias), dentes fusionados, dilacerações das raízes dos dentes,
dentes invaginados, dentes retidos, dentes unidos pelas raízes;
• doença periodontal;
• raízes residuais;
• lesões no periápice;
• cistos e tumores odontogênicos.

Os profissionais podem utilizar imagens radiográficas, com exemplos


de doenças que auxiliam a compreensão do paciente.
As figuras de 1 a 3 mostram algumas das lesões mais comuns dos
maxilares em radiografias interproximais (IP), periapicais (P) e panorâ­
micas (PN).
A figura 1 mostra cáries interproximais no 2.° pré-molar superior, cárie
na superfície mesial do l.° molar superior, cárie oclusal no segundo molar
inferior e cárie na superfície distai do 1.° molar inferior.

FIGURA 1 - RADIOGRAFIA IP, LADO ESQUERDO

FONTE: a autora

38
A importância da radiografia e a
C apítulo III responsabilidade do operador

FIGURA2 -RADIOGRAFIA PP INFERIOR, REGIÃO DE MOLARES,


LADO ESQUERDO

FONTE: a autora

A figura 2 mostra cárie extensa na superfície ocluso-distal no 1.° molar, com


comprometimento da polpa e lesão na região periapical: osteíte condensante.

FIGURA 3 - RADIOGRAFIA PP DE INCISIVOS SUPERIORES

FONTE: a autora

A figura 3 mostra restaurações estéticas e lesão apical no incisivo


central superior esquerdo.

39
Manual técnico de radiologia odontológica

FIGURA4 -RAD IO GRAFIA PP DA REGIÃO DE CANINO


INFERIOR LADO ESQUERDO

FONTE: a autora

A figura 4 mostra o l.° pré-molar retido entre os dentes canino e


2.° pré-molar.

FIGURA5 -RA D IO G R A FIA PP DA REGIÃO DE CANINO


SUPERIOR LADO ESQUERDO

FONTE: a autora

A figura 5 ilustra um caso de dilaceração da raiz do incisivo lateral.

40
A importância da radiografia e a
Capítulo III responsabilidade do operador

FIGURA 6 - RADIOGRAFIA PP DE INCISIVOS SUPERIORES

FONTE: a autora

A figura 6 ilustra lesões de cárie nas superfícies mesiais dos incisivos


centrais, dente supranumerário (mesiodens) entre os incisivos centrais.

FIGURA 7 - RADIOGRAFIA PP DA REGIÃO DE INCISIVOS INFERIORES

FONTE: a autora

A figura 7 mostra a geminação do incisivo central com um dente


supranumerário.

41
Manual técnico de radiologia odontológica

FIGURA 8 - RADIOGRAFIA PP DE INCISIVOS SUPERIORES

FONTE: a autora

Na figura 8, podemos observar as imagens do dente invaginado no


incisivo lateral esquerdo, com lesão apical.
FIGURA 9 - RADIOGRAFIA PP DA REGIÃO DE PRÉ-MOLARES
SUPERIORES LADO DIREITO

FONTE: a autora

Na figura 9, observamos a reabsorção óssea vertical envolvendo o 2.°


pré-molar e o l . ° molar.

42
A importância da radiografia e a
Capítulo III responsabilidade do operador

FIGURA 10-RAD IO GRAFIA PP DA REGIÃO DE PRÉ-MOLARES


INFERIORES LADO DIREITO

FONTE: a autora

A figura 10 ilustra a anodontia do 2.° pré-molar inferior direito.


Veja abaixo algumas radiografias panorâmicas de diferentes pacientes
com diferentes alterações, na figura 11.

FIGURA 11 - RADIOGRAFIA PN

C
FONTE: a autora

As imagens radiográficas da figura 11 nos permitem avaliar várias e


diferentes lesões e anomalias dentárias, como é o caso da radiografia A, de
um paciente jovem, 16 anos, canino superior do lado esquerdo retido, área de
esclerose óssea na região periapical entre os pré-molares inferiores, lado direito.

43
Manual técnico de radiologia odontológica

A radiografia B ilustra a imagem de um paciente adulto, de 55 anos,


na qual podemos observar várias restaurações metálicas e vários dentes com
tratamento endodôntico (obturação dos canais).
Podemos observar ainda: l.° e 2.° pré-molares superiores direitos e
l.° molar inferior direito com lesão apical. Dentes ausentes: 3.0S molares
superiores e 3.° molar inferior esquerdo, l.° pré-molar superior esquerdo,
l.° molar inferior esquerdo, l.° pré-molar inferior esquerdo, l.° pré-molar
inferior direito,l.° molar inferior direito.
Na radiografia C, um paciente adulto, de 43 anos, sofreu um trauma
por arma de fogo. Nela, podemos observai* parte de um projétil e fragmentos,
remanescentes na região da maxila, lado direito.
Observamos, ainda, a ausência dos dentes da região afetada e do
l.° pré-molar e 3.° molar superior esquerdo.

5. O operador de raios X
Em odontologia, podemos considerar como operadores dos aparelhos
de raios X odontológicos os cirurgiões-dentistas e os técnicos em radiologia
odontológica.
O operador deve ter conhecimento técnico suficiente e habilidade para
realizar radiografias intra e extraorais e deve saber de suas responsabilidades
na execução.
O operador deverá ser capaz de posicionar, expor e processar
corretamente o filme, montar e identificar as radiografias, orientar seus
pacientes antes e durante a radiografia, fazer a manutenção da limpeza
das condições técnicas do aparelho e da câmara escura.
Os operadores de aparelhos de raios X são responsáveis, ainda, pela
implantação de sistemas de monitoração do uso dessas radiações, pela
proteção de sua equipe e do paciente.
Cabe ao operador o estabelecimento de protocolos que permitam a
realização de radiografias com qualidade, bem como o controle da qualidade
dessa imagem.
Os cirurgiões-dentistas são responsáveis pela prescrição e interpretação
das imagens e são responsáveis também pelos danos que podem ser causados
aos pacientes no caso de não prescreverem um exame radiográfico importante.

44
C apítulo IV
TÉCNICAS RADIOGRÁFICAS
INTRAORAIS EM ODONTOLOGIA

1. Noção geral
As técnicas radiográficas em odontologia podem ser divididas em dois
grandes grupos: técnicas intraorais e técnicas extraorais.
Nas técnicas intraorais, o filme é colocado na cavidade bucal e têm
indicações diferentes, já as técnicas extraorais são realizadas com o filme
fora da boca, em toda região da cabeça e obtidas com uso de aparelhos de
maior potência.

2. Técnicas radiográficas intraorais


Utilizadas com muita frequência em odontologia, podem ser divididas
em técnica periapical, oclusal e interproximal.

2.1. Técnica periapical


As técnicas radiográficas periapicais têm como objetivo mostrar o
dente em toda sua extensão, o tecido ósseo ao redor e a região periapical em
cada radiografia, podendo-se avaliar de dois a quatro dentes.
Essa técnica pode ser obtida de diferentes maneiras: com o paciente
fazendo a manutenção do filme, com posicionadores ou, ainda, usando
posicionadores específicos para técnica do paralelismo.
Filme: periapical, tamanho aproximadamente 3x4 cm.
Embalagem com: 150 filmes, com um ou dois filmes por embalagem.
Processamento: manual ou automático.

2.2. Técnica da bissetriz


A técnica da bissetriz é uma das mais utilizadas e pode ser realizada
com ou sem o uso de posicionadores.

45
Manual técnico de radiologia odontológica

2.2.1. Indicações
O principal propósito dessa técnica é o de visualizar o dente, o osso
e a região periapical. Essa técnica é indicada, portanto, para:

• avaliação de dentes que sofreram infecção e que apresentam


inflamação na região do periápice;
• avaliação das lesões do periápice como cistos e granulomas periapicais;
• avaliação de dentes supranumerários, retidos e de outras anomalias
dentárias;
• avaliação da morfologia e do comprimento das raízes antes do
tratamento do canal radicular ou de extrações;
• avaliação pré e pós-operatória na colocação de implantes dentários.

2.2.2. Descrição da técnica


Para obtenção de uma boa imagem radiográfica, alguns princípios
técnicos devem ser rigorosamente seguidos, como regulagem do aparelho,
posicionamento do paciente e do filme e a técnica radiográfica utilizada.

2.2.3. Regulagem do aparelho


Cada região da boca é composta por estruturas anatômicas específicas.
Assim, devemos ajustar o tempo de exposição dos aparelhos de raios X
periapicais para cada uma dessas regiões.
A maxila, por exemplo, possui reparos anatômicos que se sobrepõem
aos dentes em maior número do que na mandíbula, como, por exemplo, o
processo zigomático da maxila na região dos molares superiores. Por esse
motivo, o operador deve utilizar tempos de exposição pouco maiores para
radiografias da maxila do que para a mandíbula, onde existe menor
sobreposição dos reparos e maior proximidade do filme com o dente.
O tempo de exposição é sempre determinado pela sensibilidade do
filme ou do sensor, no caso das imagens digitais, por isso é de grande
importância que o operador siga corretamente a recomendação do fabricante.
Atualmente, estão disponíveis no mercado brasileiro filmes de
sensibilidade D, E e F.
Os filmes do grupo D de sensibilidade são o Ultra-speed, da Kodak.

46
C apítulo IV Técnicas radiográficas intraorais em odontologia

Os filmes do grupo E de sensibilidade, como o AGFA Dentus® M2


Comfort, e o filme Insight da Kodak permitem uma redução na dose de
radiação ao paciente, que pode variar de 30 a 50%.

QUADRO 1 - TEMPOS DE EXPOSIÇÃO SUGERIDOS PELA KODAK


® PARA OS FILMES ULTRA-SPEED
kV ...... . 70 70
mA 7 8 10
Distância foco-filme de 20 cm M axila Incisivos 0,55 0,24 0,19
Caninos 0,55 0,24 0,19
Localizador curto Pré-molares 0,73 0,32 0,26
Molares 0,82 0,36 0,29
Técnica periapical da bissetriz M andíbula Incisivos 0,46 0,20 0,16
Caninos 0,46 0,20 0,16
Pré-molares 0,50 0,22 0,18
Molares 0,55 0,24 0,19
Distância foco-filme de 40 cm M axila Incisivos 2,19 0,96 0,77
Caninos 2,19 0,96 0,77
Localizador longo Pré-molares 2,93 1,28 1,02
Molares 3,29 1,44 1,15
Técnica periapical do paralelismo M andíbula Incisivos 1,83 0,80 0,64
Caninos 1,83 0,80 0,64
Pré-molares 2,01 0,88 0,70
Molares 2,19 0,96 0,77
FONTE: <http://www.kodakdental.com>

QUADRO 2 - TEMPOS DE EXPOSIÇÃO SUGERIDOS PELA KODAK®


PARA OS FILMES INSIGHT
kV 60 70 70
mA 7 8 10
Distância foco-filme de 20 cm Maxila Incisivos 0,25 0,11 0,09
Caninos 0,25 0,11 0,09
Localizador curto Pré-molares 0,33 0,14 0,12
Molares 0,37 0,16 0,13
Técnica periapical da bissetriz M andíbula Incisivos 0,21 0,09 0,07
Caninos 0,21 0,09 0,07
Pré-molares 0,23 0,10 0,08
Molares 0,25 0,11 0,09
Distância foco-filme de 40 cm M axila Incisivos 0,99 0,43 0,35
Caninos 0,99 0,43 0,35
Localizador longo Pré-molares 1,32 0,58 0,46
Molares 1,48 0,65 0,52
Técnica periapical do paralelismo M andíbula Incisivos 0,82 0,36 0,29
Caninos 0,82 0,36 0,29
Pré-molares 0,91 0,40 0,32
Molares 0,99 0,43 0,35
FONTE: < http://www.kodakdental.com>

47
Manual técnico de radiologia odontológica

Os tempos de exposição sugeridos deverão ser reduzidos em 1/3, para


exposição em crianças; em 1/4 para áreas desdentadas; e aumentados em
1/4 para pacientes muito grandes.
Para o filme Agfa e para os filmes Dentus® M2, utilizam-se os mesmos
tempos de exposição utilizados para os filmes Kodak Insight.

2.2.4. Posicionamento do paciente


O paciente deverá ser acomodado confortavelmente na cadeira
odontológica. O operador deve explicar ao paciente os procedimentos que
serão realizados, que filmes serão colocados dentro de sua boca e mantidos
com seu próprio dedo ou por meio de posicionadores, informando sobre o
número de radiografias que serão realizadas e o provável desconforto que
os procedimentos podem causar.
Orientações gerais:
O paciente deverá ser orientado anão se movimentar durante as exposições.
O operador deverá colocar, em todos os pacientes, a vestimenta de
proteção (avental e protetor para tireoide).
As tomadas radiográficas deverão ser realizadas com o paciente sentado.
Para a técnica periapical da bissetriz sem posicionadores, sugerimos que
sejam respeitadas as posições da cabeça, de acordo com as fotos a seguir:

FIGURAI -POSICIONAMENTO DO PACIENTE PARA TÉCNICA


RADIOGRÁFICA PERIAPICAL

Legenda: A - Posição da cabeça do paciente para obtenção de radiografias periapicais na maxila.


B - Posição da cabeça do paciente para radiografias periapicais na mandíbula.
C - Plano sagital mediano perpendicular ao solo.

FONTE: a autora

48
C apítulo IV Técnicas radiográficas intraorais em odontologia

Posições da cabeça do paciente:


• para a radiografia da maxila, o paciente deverá ser posicionado de
tal forma que, traçada uma linha imaginária entre o trago (saliência
cartilaginosa anterior ao meato auditivo externo) e a asa do nariz,
esta linha fique paralela ao solo;
• para a radiografia da mandíbula, o paciente deverá ser posicionado
de tal forma que, traçada uma linha imaginária entre o trago e a
comissura (canto da boca), a linha fique paralela ao solo;
• o plano sagital mediano da face deve ficar perpendicular ao solo.

2.2.5. Posicionamento do filme


O posicionamento ideal do filme é aquele que resulta em uma imagem
satisfatória da área a ser examinada.
Para obtenção de um bom posicionamento do filme radiográfico são
necessárias algumas regras, como:
• o filme e o dente deverão estar o mais próximos e paralelos possíveis
um do outro;
• o filme deve ser posicionado com o seu longo eixo na vertical para
os dentes anteriores (incisivos e caninos) e com o maior eixo na
horizontal para os dentes posteriores (pré-molares e molares);
• o filme deverá ser posicionado com a superfície branca da emba­
lagem, voltada para o feixe de raios X;
• o filme deverá ficar posicionado de tal modo que ultrapasse 2 mm
a borda incisai ou oclusal;
• o picote do filme deverá estar localizado sempre em direção às
superfícies incisais e oclusais; assim, deverá estar para cima na
exposição dos dentes inferiores e para baixo na exposição dos dentes
superiores (isso ajudará o operador a identificar os lados D e E);
• quando mantidos na boca pelo dedo do paciente, os filmes deverão
ser mantidos pelo dedo polegar para os dentes superiores e pelo dedo
indicador para os dentes inferiores, pois o posicionamento correto
do dedo no filme permite maior estabilidade;
• o localizador do aparelho deverá ser posicionado para que o filme fique
no centro e o feixe de raios X direcionado perpendicularmente à
bissetriz do ângulo formado entre os longos eixos do dente e do filme;
• na técnica da bissetriz com o uso de posicionador, a incidência do
feixe será dada pelo próprio posicionador.

49
Manual técnico de radiologia odontológica

Legenda: A - Posição do filme para dentes anteriores.


B - Posição do filme para dentes posteriores.
FONTE: a autora

2.2.6. Técnica radiográfica


A técnica radiográfica periapical da bissetriz de boca toda consiste
em 14 radiografias, sendo sete para a maxila e sete para a mandíbula,
divididas nas seguintes regiões: incisivos, caninos, pré-molares e molares.

FIGURA 3 - SÉRIE DE RADIOGRAFIAS DE BOCA TODA DIVIDIDA


EM CADA UMA DAS REGIÕES USUAIS (O PEQUENO
PONTO PRETO EM CADA RADIOGRAFIA DO ESQUEMA
REPRESENTA O PICOTE DO FILME)

A técnica periapical da bissetriz utiliza o princípio da lei isométrica de


Ciezynski (1907), em que a imagem projetada tem o mesmo comprimento
e as mesmas proporções do objeto, desde que o feixe de raios X central seja
perpendicular à bissetriz do ângulo formado pelo filme e pelo objeto.

50
C apítulo IV Técnicas radiográficas intraorais em odontologia

Se forem consideradas as diferentes regiões examinadas e a confor­


mação anatômica de cada uma delas, parece fácil compreender que ângulos
diferentes serão utilizados para cada área a ser examinada.

FIGURA 4 - ESQUEMA ILUSTRANDO A INCIDÊNCIA DO FEIXE DE


RAIOS X, NA TÉCNICA PERIAPICAL DA BISSETRIZ

FONTE: a autora

Ângulo vertical:
Corresponde ao posicionamento do localizador do aparelho para cima
e para baixo e é medido em graus no goniômetro, localizado na cabeça do
aparelho.
Na técnica periapical dabissetriz, o ângulo vertical é determinado por
uma linha imaginária perpendicular à bissetriz formada entre o longo eixo
do dente e do filme.
Os ângulos verticais são positivos quando o localizador do aparelho
encontra-se posicionado para baixo e são utilizados nas radiografias feitas
na maxila.
Ângulo horizontal:
Corresponde ao posicionamento da cabeça do aparelho de raios X
lateralmente. O ângulo horizontal varia nas diferentes regiões da boca,
pois o feixe e os raios X centrais devem incidir perpendicularmente à
curvatura do arco dental e paralelamente às superfícies interproximais
dos dentes.

51
Manual técnico de radiologia odontológica

FIGURA 5 - ÂNGULO HORIZONTAL E VERTICAL

Legenda: A - Ângulo horizontal.


B - Ângulo vertical.
FONTE: a autora

QUADRO 3 - ÂNGULOS VERTICAIS SUGERIDOS PARA A TÉCNICA


RADIOGRÁFICA DA BISSETRIZ

FONTE: a autora

Quando os ângulos utilizados são maiores ou menores do que o


necessário, para incidência na linha imaginária da bissetriz, na técnica sem
o uso de posicionadores, ocorrem distorções, como alongamento e encurta­
mento da imagem.

52
C apítulo IV Técnicas radiográficas intraorais em odontologia

FIGU RA6 -INCIDÊNCIA DO ÂNGULO VERTICAL NA TÉCNICA


PERIAPICAL DA BISSETR1Z
Feixe

Legenda: A - Ângulo vertical maior do que o necessário, incidindo perpendicularmente ao filme,


resultando na formação de imagem encurtada.
B - Ângulo vertical correto, perpendicular à bissetriz, resultando em imagem de tamanho
normal.
C - Ângulo vertical utilizado menor do que o necessário, incidindo perpendicularmente
ao dente, resultando na formação de imagem alongada.
FONTE: adaptado do arquivo do Prof. Casati (FOB-USP)

2.2.7. Executando a técnica passo a passo


Para que o operador obtenha uma imagem final de qualidade, sugerimos
que sejam estabelecidas sequências de procedimentos que devem ser
utilizadas em todos os pacientes, como:
• prepare o paciente;
• ajuste o tempo de exposição, de acordo com a sensibilidade do
filme e a área a ser exposta;
• selecione o número de filmes necessários;
• aproxime a cabeça do aparelho da área a ser exposta;
• estabeleça uma sequência para expor os filmes, da região posterior
para anterior, anterior para posterior, iniciando do lado D ou lado
E, para que o operador não exponha duas vezes a mesma região;
• exponha as regiões da maxila e da mandíbula separadamente, pois
o posicionamento da cabeça do paciente é diferente;
• quando iniciamos as exposições da região anterior para a posterior,
minimizamos os efeitos causados pelo reflexo de ânsia, que ocorre
em parte dos pacientes na região posterior;

53
Manual técnico de radiologia odontológica

• coloque o filme com gentileza na boca do paciente e ajude-o a direcionar


o dedo para uma correta manutenção do filme na boca;
• verifique novamente a posição da cabeça do paciente e faça a exposição;
• processe o filme manual ou automaticamente.

FIGURA 7 - MANUTENÇÃO DO FILME PERIAPICAL FEITA PELO


PACIENTE

Legenda: A - Posicionamento com o dedo indicador para radiografias dos dentes inferiores.
B - Posicionamento com o dedo polegar para radiografias de dentes superiores.
FONTE: a autora

Legenda: A - Posicionamento com o dedo polegar para dentes superiores.


B - Posicionamento com o dedo indicador para os dentes inferiores.

FONTE: a autora

54
C apítulo IV Técnicas radiográficas intraorais em odontologia

2.3. Técnica periapical com o uso de posicionadores


As indicações, a regulagem do aparelho de raios X e a exposição dos
filmes são as mesmas descritas anteriormente para a técnica periapical da
bissetriz.

2.3.1. Executando a técnica passo a passo

• preparação do paciente;
• quando o operador utiliza os posicionadores, não é necessário o
mesmo rigor no posicionamento da cabeça, utilizado na técnica
periapical da bissetriz, pois o localizador estará sempre posicio­
nado corretamente em relação ao dente e ao filme; mantenha o
paciente em uma posição confortável;
• selecione o posicionador de acordo com a região a ser radiografada;
para região anterior, use o posicionador com o maior longo eixo
na vertical e, para região posterior, com o maior longo eixo na
horizontal;
• a superfície lisa e branca do filme deverá estar posicionada
para o feixe de raios X. É comum, com o uso de posicio­
nadores, o operador se confundir e expor o filme do lado
contrário. Nesse caso, a lâmina de chumbo que se encontra na
porção posterior do filme resultará em uma imagem mais clara,
pois a lâmina de chumbo estará antes do filme e absorverá
parte da radiação que deveria chegar ao filme e produzir a
imagem. Essa lâm ina de chumbo é colocada na em balagem
dos film es intraorais, para evitar que o film e seja exposto
pela radiação secundária proveniente do dedo do paciente
ou do posicionador;
• coloque o posicionador com o filme gentilmente na boca do
paciente e peça para ele fechar a boca com delicadeza e manter o
posicionador em posição com firmeza. O anel do localizador que
fica próximo à face do paciente deve estar alinhado com o localizador
do aparelho, o que, automaticamente, determina os ângulos
verticais e horizontais, minimizando os erros de técnica.

55
Manual técnico de radiologia odontológica

FIGURA 9 - SELEÇÃO DOS POSICIONADORES PARA AS DIFERENTES


REGIÕES

FONTE: a autora

FIGURA 10-IMAGEM DE FILMES PERIAPICAIS EXPOSTOS DO


LADO CONTRÁRIO

FONTE: a autora

2.4. Técnica periapical do paralelismo (localizador longo)


Essa técnica periapical difere das técnicas periapicais já descritas, pois
utiliza um posicionador que permite aumentar o paralelismo entre dente e filme.

2.4.1. Indicações
O principal propósito dessa técnica é o de visualizar o dente, o osso
e a região periapical. As indicações são as mesmas descritas para a técnica
periapical da bissetriz. Mas, por minimizar a distorção da imagem, são
indicadas especialmente para:

56
C apítulo IV Técnicas radiográficas intraorais em odontologia

• avaliação das cristas interdentais em pacientes suscetíveis à doença


periodontal;
• avaliação do comprimento dos dentes e possíveis reabsorções
durante tratamentos ortodônticos;
• avaliação pré e pós-operatória na colocação de implantes dentários.

FIGURA 11 - INCIDÊNCIA DO FEIXE E RAIOS X NAS TÉCNICAS


PERIAPICAL DA BISSETRIZ (A) E DO PARALELISMO (B)

2.4.2. Descrição da técnica


Como na técnica radiográfica da bissetriz, para obtenção de uma
boa imagem radiográfica, os princípios técnicos devem ser rigorosamente
seguidos.

2.4.3. Regulagem do aparelho


Na técnica periapical do paralelismo, faz-se necessário o uso de um
localizador específico, chamado de localizador longo, pois, para obtenção
do paralelismo entre o dente e o filme, este fica mais distante do dente, o que
aumenta a distorção da imagem.
Assim, compensa-se essa distorção aumentando a distância do ponto
focal do aparelho até o filme, utilizando um localizador que geralmente tem o
dobro do tamanho do localizador curto.
O tempo de exposição precisa ser quadruplicado, uma vez que a
distância é duas vezes maior, pois os raios X diminuem de intensidade com
o inverso do quadrado da distância.

57
Manual técnico de radiologia odontológica

2.4.4. Técnica radiográfica


A técnica radiográfica periapical do paralelismo idealizada por Price,
em 1904, divulgada por F. W. McCormack e D. W. McCormack, tornou-se
mais conhecida com o surgimento de filmes mais sensíveis e com os trabalhos
de Ftzgerald em 1947, pois nessa época já era possível realizar a técnica
em consultórios odontológicos com uma distância de 50 cm (ânodo-filme).
Atualmente, a distância utilizada do ânodo até o filme é de 40 cm e
necessita de suportes especiais para o posicionamento do filme, paralelo ao dente.
O número de filmes utilizados para a avaliação de todos os dentes pode
variar entre 14 ou 15 filmes, pois na região dos incisivos superiores podem
ser realizadas radiografias para incisivo central e lateral do lado direito e
esquerdo, aumentando uma exposição em relação à técnica periapical da
bissetriz ou os incisivos são radiografados com os caninos, lado direito e
esquerdo, totalizando 14 tomadas, pois nos dois casos os incisivos centrais
são radiografados isoladamente.
Na região inferior, a distribuição das radiografias é a mesma da técnica
periapical da bissetriz.

FIGURA 12 - POSICIONADOR PARA A TÉCNICA DO PARALELISMO


DENTSPLY-RINN ®XCP

FONTE: a autora

58
C apítulo IV Técnicas radiográficas intraorais em odontologia

FIGURA 13 - COLOCAÇÃO DO FILME PARA REGIÃO ANTERIOR (A)


E POSTERIOR (B)

càtD cb aM x x Ix x x ; 1uáx(X3uLJLaÍxi2acÍ

U \ ! l i WM*
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FONTE: adaptado de Freitas, Rosa e Souza, 1984

2.4.5. Executando a técnica passo a passo


A preparação do paciente e o seu posicionamento podem ser realizados
da mesma maneira e com os mesmos cuidados utilizados nas técnicas com
posicionadores.

FIGURA 14 - ESQUEMA COM OS COMPONENTES DO POSICIONADOR


PARA A TÉCNICA DO PARALELISMO DENTSPLY-RINN
®XCP

1 - Braço anterior
I
2 - Braço posterior
3 - Bloco de m ordida anterior e suporte
para filme
4 - Bloco de m ordida posterior e suporte |
para filme
5 - Anel posicionador anterior
6 - Anel posicionador posterior
7 - Filme, região anterior
8 - Filme, região posterior

FONTE: adaptado de Haring & Lind, 1996

59
Manual técnico de radiologia odontológica

FIGURA 15 - COMPONENTES DO POSICIONADOR PARA A TÉCNICA


DO PARALELISMO DENTSPLY-RINN ®XCP

Legenda: A e B - Filme colocado para dentes posteriores.


C e D - Filme colocado para dentes anteriores.
FONTE: a autora

FIGURA 16 - COLOCAÇÃO DO FILME E POSICIONADOR NA BOCA,


UTILIZANDO UM ROLO DE ALGODÃO PARA ISOLA­
MENTO RELATIVO PARA AUXILIAR A ESTABILIDADE
DO POSICIONADOR

FONTE: a autora

60
C apítulo IV Técnicas radiográficas intraorais em odontologia

FIGURA 17 - PACIENTE POSICIONADA PARA TÉCNICA PERIAPICAL


DO PARALELISMO

Legenda: A - Paciente posicionada para região posterior.


B e C - Paciente posicionada para região anterior superior.
FONTE: a autora

2.5. Técnica interproximal


A imagem obtida nessa técnica difere da técnica periapical, pois o
filme é colocado de maneira a permitir a exposição da porção coronária e de
um grupo de dentes, superiores e inferiores, na mesma radiografia.

2.5.1. Indicações
O propósito da técnica é visualizar as duas superfícies proximais do
dente e a crista alveolar.

2.5.2. Descrição da técnica


2.5.2.1. Regulagem do aparelho
QUADRO 4 - REGULAGEM DO APARELHO
FATORES DE EXPOSIÇÃO 60 kV/7 mA 70 kV/8 mA
Interproximal
0,25 segundos 0,11 segundos
filme In sig h t
Interproximal
0,55 segundos 0,24 segundos
filme U ltra-speed
FONTE: a autora

Para pacientes adultos e grandes, o tempo de exposição deve ser


aumentado em aproximadamente 25%. Para crianças, reduzido em aproxi­
madamente 30%.

61
Manual técnico de radiologia odontológica

2.5.3. Técnica radiográfica


Como em todas as técnicas radiográficas intraorais, para a obtenção
de radiografia com qualidade de imagem, faz-se necessário um protocolo.

2.5.3.1. Executando a técnica passo a passo


• preparação do paciente;
• o paciente deverá permanecer em posição confortável, aproximada
ou igual à posição para a técnica periapical da bissetriz, maxila;
• ajuste do tempo de exposição de acordo com a sensibilidade do filme;
• na técnica interproximal com posicionador, é indicada a realização das
radiografias do lado D e posteriormente para o lado E, para que o aparelho
se movimente de um lado ao outro da cadeira uma vez apenas;
• o posicionador é colocado para que os dentes de interesse fiquem
centralizados com o filme;
• o posicionador, com o filme, observando sempre se a área a ser exposta
está voltada para o feixe de raios X, deve ser colocado com gentileza
na boca do paciente;
• o paciente deverá fechar a boca com delicadeza e manter o posicio­
nador em posição firme;
• o dispositivo horizontal do posicionador indica o posicionamento do
localizador, o que, automaticamente, determina os ângulos verticais
e horizontais, minimizando os erros de técnica.

FIGURA 18 - PACIENTE POSICIONADA PARA TÉCNICA INTERPRO-


XIMAL

Legenda: A - Imagem do posicionador, ainda fora da boca.


B - Posicionador e localizador em posição.
FONTE: a autora

62
C apítulo IV Técnicas radiográficas intraorais em odontologia

2.6. Técnicas radiográficas oclusais


O primeiro autor a descrever a técnica, em 1916, foi Simpson. Nessa
época, era comum a realização de radiografias com filmes ainda adaptados
para odontologia, de tamanho maior.
As técnicas radiográficas oclusais são obtidas com filmes intraorais
de tamanho maior (5,7x7,6 cm) que os periapicais (3,1x4,1 cm).
Essas projeções podem ser realizadas na maxila e na mandíbula e
podem ser totais ou parciais.

2.6.1. Indicações gerais


Por seu maior tamanho, essa técnica é geralmente utilizada para:
• avaliação de lesões de maior extensão, que não podem ser visua­
lizadas nas radiografias periapicais;
• interpretação das imagens de dentes retidos e de outras anomalias
dentárias;
• controle dos pacientes em tratamento ortodôntico, especialmente
nos procedimentos de expansão da maxila;
• avaliação de pacientes desdentados, para pesquisa de raízes e lesões
residuais.
A seguir, serão descritas as técnicas oclusais mais utilizadas.

2.7. Oclusal total de maxila


Essa técnica permite a avaliação da maxila em um só filme.

2.7.1. Descrição da técnica


Paciente posicionado com a cabeça confortavelmente apoiada sobre
o encosto da cadeira, plano oclusal na horizontal, plano sagital mediano
perpendicular ao solo. O filme é colocado sobre a superfície oclusal, com o
lado sensível (picote) voltado para cima e para a região anterior e posicionado
com sua maior extensão no sentido laterolateral.
O feixe de raios X deverá incidir sobre a região de glabela (região
localizada acima da sutura frontonasal, entre as sobrancelhas), com um
ângulo vertical de +65° em relação ao plano do filme.
Nos pacientes desdentados, a manutenção do filme deverá ser realizada
com os polegares.

63
Manual técnico de radiologia odontológica

FIGURA 19 - TÉCNICA RADIOGRÁFICA OCLUSAL TOTAL DE MAXILA

Legenda: A - Filme posicionado para oclusal total de maxila.


B- Comparação de tamanho entre os film es periapical e oclusal.
C- Colocação do filme oclusal na boca.
D- Paciente mordendo o filme colocado com o maior eixo na horizontal.
FONTE: a autora

FIGURA 20- INCIDÊNCIA DO FEIXE, POSIÇÃO E IMAGENS OBTIDAS


NA TÉCNICA OCLUSAL TOTAL DE MAXILA

Legenda: A e B - Esquema e posicionamento do paciente para técnica radiográfica oclusal total de


maxila.
C e D - Imagens radiográficas obtidas pela técnica radiográfica oclusal total de maxila.
FONTE: a autora

64
C apítulo IV Técnicas radiográficas intraorais em odontologia

FIGURA 21 - OCLUSAL TOTAL DE MAXILA EM PACIENTE DESDENTADO

Legenda: A - Paciente desdentada fazendo a manutenção do filme com os polegares para técnica
radiográfica oclusal total de maxila.
B - Radiografia obtida na mesma técnica.
FONTE: a autora

2.8. Oclusal para região de incisivos


Nessa técnica, o filme é colocado com maior extensão no sentido
anteroposterior, o que facilita sua colocação na região anterior superior.

2.8.1. Descrição da técnica


A posição do paciente é a mesma utilizada na técnica oclusal total de maxila.
O filme é colocado na boca, com sua maior extensão no sentido
anteroposterior. O feixe de raios X deverá incidir sobre a ponta do nariz,
com um ângulo vertical de +60° a +65° em relação ao plano do filme.

FIGURA 22 - TÉCNICA OCLUSAL PARA INCISIVOS SUPERIORES

Legenda: A e B - Posicionamento da paciente para radiografia oclusal de incisivos.


C e D - Imagens radiográficas obtidas pela técnica radiográfica oclusal total de maxila.
FONTE: a autora

65
Manual técnico de radiologia odontológica

2.9. Oclusal para região de caninos


Com o filme posicionado na região dos caninos, permite-se a visuali­
zação de uma área maior do que a obtida na técnica periapical.

2.9.1. Descrição da técnica


A posição do paciente é a mesma utilizada nas técnicas anteriores. O filme
tem maior extensão no sentido anteroposterior e o feixe de raios X deverá incidir
sobre a ponta do nariz, com um ângulo vertical de +60° sobre a asa do nariz.

FIGURA 23 - TÉCNICA OCLUSAL PARA CANINO

Legenda: A, B e C - Esquema e posicionamento do feixe e do filme para técnica radiográfica oclusal


total de canino.
D e E - Imagens obtidas.
FONTE: a autora

2.10. Oclusal total de mandíbula


A imagem obtida na técnica radiográfica oclusal total de mandíbula
permite a interpretação das estruturas da mandíbula e do assoalho da boca.

2.10.1. Descrição da técnica


O paciente deverá ser posicionado com a cabeça inclinada ligeiramente
para trás e com o plano sagital mediano perpendicular ao solo. O filme deve
ser colocado centralizado sobre a superfície oclusal, com o lado sensível

66
C apítulo IV Técnicas radiográficas intraorais em odontologia

(picote) voltado para baixo e para a região anterior e posicionado com sua
maior extensão no sentido laterolateral. Em seguida, o paciente deve morder
gentilmente o filme.
O feixe de raios X deverá incidir sobre a região do assoalho de boca e, para
isso, o cilindro localizador do aparelho deve ser posicionado abaixo do queixo,
na linha mediana e incidindo em um ângulo de 90° com o filme. Nos pacientes
desdentados, a manutenção do filme deverá ser realizada com os polegares.

FIGURA 24 - TÉCNICA OCLUSAL TOTAL PARA MANDÍBULA

Legenda: A e B - Posicionamento do feixe e do filme para técnica radiográfica oclusal total de


mandíbula.
C - Imagem obtida de paciente desdentado.
D - Imagem de paciente dentado.
FONTE: a autora

2.11. Oclusal parcial de mandíbula


Técnica utilizada quando é necessária a avaliação parcial da mandíbula.

2.11.1. Descrição da técnica


Filme colocado sobre a superfície oclusal, posicionado com sua
maior extensão no sentido anteroposterior do lado a ser radiografado
(D ou E), com o lado sensível (picote) voltado para baixo e para a região
anterior.

67
Manual técnico de radiologia odontológica

O feixe de raios X deverá incidir sobre a região do assoalho da boca,


do lado de interesse, com o feixe de raios X incidindo em um ângulo de 90°
com o filme. Nos pacientes desdentados, a manutenção do filme deverá ser
realizada com os polegares.

FIGURA 25 - TÉCNICA OCLUSAL PARCIAL DE MANDÍBULA

Legenda: A e B - Posicionamento do filme e a incidência do feixe.


C - Imagem radiográfica oclusal parcial de mandíbula.
D - Imagem mostrando cisto residual.
FONTE: a autora

2.12. Oclusal total da região de sínfise


Essa técnica é indicada especialmente para avaliação da região anterior
inferior, pois os dentes não são bem visualizados na técnica oclusal total
de mandíbula, porque a projeção da mandíbula e a incidência do feixe não
permitem. Utilizando essa técnica, a imagem obtida é semelhante à imagem
obtida na técnica radiográfica periapical, mas de uma região mais ampliada.

2.12.1. Descrição da técnica


Paciente posicionado com a cabeça apoiada no encosto da cadeira,
plano sagital mediano perpendicular ao solo e plano oclusal na horizontal.

68
C apítulo IV Técnicas radiográficas intraorais em odontologia

Filme colocado na região anterior, com sua maior extensão antero-


posterior. O cilindro localizador é centralizado na região da ponta do mento
e o feixe de raios X deverá incidir com um ângulo de 55° em relação ao
filme radiográfico.

FIGURA 26 - TÉCNICA OCLUSAL DE SÍNFISE

Legenda: A - M edida feita da inclinação do film e colocad o sobre a superfície oclu sal,
utilizando o goniômetro do aparelho de raios X (na ilustração marcando +15°).
B - Colocação no goniômetro do aparelho de -40° para que se obtenha um ângulo de
55° com o filme.
C e D - Imagens obtidas.
FONTE: a autora

69
C apítulo V
TÉCNICAS RADIOGRÁFICAS EXTRAORAIS EM
ODONTOLOGIA

1. Noção geral
São chamadas de radiografias extraorais as técnicas realizadas com o
receptor de imagem, filme ou sensor posicionado fora da boca.
Serão descritas neste capítulo as técnicas radiográficas mais utilizadas
em odontologia, para avaliação das estruturas craniofaciais.

2. Radiografia panorâmica
A radiografia panorâmica sugere uma imagem que mostra várias
estruturas em apenas uma radiografia.
Essa é, sem dúvida, a técnica radiográfica mais utilizada em odontologia,
pois permite a avaliação da maxila e da mandíbula utilizando apenas um filme.

2.1. Indicações
A imagem obtida nessa técnica permite uma visualização extensa dos
maxilares. É indicada para:

• avaliar o número, o formato e o posicionamento dos dentes;


• avaliar os dentes retidos;
• avaliar o grau de irrompimento dos dentes e a relação dos dentes
decíduos com os dentes permanentes;
• detectar as doenças sistêmicas que causam alterações ósseas, lesões
odontogênicas, cistos e tumores dos maxilares;
• determinar a extensão das lesões e o comprometimento das estruturas
ósseas e dentárias;
• avaliar os traumas, especialmente das fraturas na região da mandíbula;
• ser utilizada como radiografia de triagem para avaliação pré-tratamento
odontológico, embora não seja a radiografia de escolha para avaliação
das cáries dentais, por não apresentar imagem tão nítida como a obtida
em radiografia interproximal.

71
Manual técnico de radiologia odontológica

3. Descrição da técnica
Nas técnicas radiográficas intraorais, o filme e a cabeça do aparelho
de raios X permanecem estáticos.
Na técnica radiográfica panorâmica, o filme e a cabeça do aparelho
movimentam-se ao redor da cabeça do paciente. O tubo do aparelho gira
ao redor da cabeça do paciente em uma direção, enquanto o filme que é
colocado dentro de um chassi gira em direção oposta e ao redor de seu
próprio eixo simultaneamente, enquanto o paciente permanece imóvel.
O paciente pode ser posicionado em pé ou sentado, durante a
exposição, o que dependerá do modelo do aparelho panorâmico a ser
utilizado.
A imagem é produzida a partir desse movimento sincronizado do filme
com o feixe de raios X.

FIGURAI - ESQUEMA DA ROTAÇÃO DO APARELHO DE RAIOS X


E FILME AO REDOR DA CABEÇA DO PACIENTE

FONTE: a autora

72
C apítulo V Técnicas radiográficas extraorais em odontologia

3.1. Regulagem do aparelho


A técnica radiográfica panorâmica necessita de equipamentos que
incluem: o aparelho de raios X, o filme extraoral, o chassi e os écrans
intensificadores de imagem, para a obtenção da imagem convencional.
Os aparelhos panorâmicos diferem-se nos seguintes aspectos: tamanho
e formato do ponto focal, tipo de chassi e no posicionamento do paciente, em
pé ou sentado. Entretanto, três componentes são comuns a todo aparelho de raios
X: a cabeça do aparelho, o posicionador de cabeça e o controle de exposição.
Embora o tubo de raios X seja muito semelhante ao utilizado nos
aparelhos odontológicos, o colimador usado no aparelho panorâmico é
diferente, pois não apresenta o formato (redondo ou retangular). O colimador
dos aparelhos panorâmicos tem formato estreito e vertical.
Cada aparelho panorâmico tem seus próprios fatores de exposição,
que são recomendados pelo fabricante.
O quadro abaixo ilustra alguns dos aparelhos panorâmicos disponíveis
no mercado e suas variações.

QUADRO 1 - APARELHOS PANORÂMICOS


VOLTAGEM CORRENTE TEMPO DE
MARCA MODELO PONTO FOCAL
NO TUBO NO TUBO EXPOSIÇÃO
FABINJECT Ortoralix 9.200 0,5 X 0,5 mm 60 a 84 kV 3 a 15 mA 12 s
PLANMECA Proline XC 0,5 X 0,5 mm 60 a 80 kV 4 a 12 mA 2,5 a 18 s
J. MORITA Veraviewepocs 0,5 X 0,5 mm 80 kV 10 mA 8s
YOSHIDA Panoura 15 0,5 X 0,5 mm 85 kV 12 mA 12 s
DABI-ATLANTE DabiHFlOO 0,5 X 0,5 mm 60 a 85 kV 10 mA 12 s a 17 s
SIRONA Orthophos 0,5 X 0,5 mm 60 a 80 kV 10 mA 7,8 a 11,3 s

FONTE: a autora

3.2. Técnica radiográfica


Nessa técnica, o paciente é posicionado para que a maxila e a mandíbula
sejam colocadas na zona de área focal do aparelho. A cabeça do aparelho e o
suporte para o filme giram durante a exposição e apenas as estruturas dentro ou
próximas da área focal aparecem como imagens definidas.
Portanto, erros no posicionamento da cabeça do paciente, bem como
movimentação da cabeça durante a exposição radiográfica resultam em
imagens distorcidas e, invariavelmente, em repetições.

73
Manual técnico de radiologia odontológica

A técnica é de fácil realização e pode ser utilizada em pacientes


com dificuldade de abertura de boca, por trismo (espasmo dos músculos da
mastigação e contração, que dificulta a abertura da boca) ou após traumas
faciais.
Também pode ser utilizada em pacientes com necessidades especiais,
que conseguem manter a cabeça imóvel durante a exposição, e cadeirantes
que podem ser posicionados em suas próprias cadeiras nos aparelhos de coluna.

3.3. Preparo dos equipamentos


Nas técnicas extraorais, fazemos uso de acessórios diferentes dos
utilizados nas técnicas intraorais.

• Carregue o chassi com o filme em câmara escura, sob luz de


segurança adequada à sensibilidade do filme, e certifique-se de
que o chassi está bem fechado;
• cubra o posicionador dos dentes (mordedor), com um plástico, ou
use posicionadores descartáveis e troque o plástico de recobrimento
ou o posicionador para os dentes a cada paciente;
• regule os fatores de exposição (kV e mA) de acordo com as caracterís­
ticas físicas do paciente e as recomendações do fabricante;
• coloque o chassi com o filme no aparelho;
• ajuste a altura do aparelho para acomodar o paciente.

Após o preparo dos equipamentos, o operador deve iniciar o preparo


do paciente.

3.4. Preparo do paciente


O posicionamento do paciente é responsável por grande parte do
sucesso na obtenção da imagem.

• Esclareça o paciente sobre a importância da não movimentação


da cabeça durante a exposição. Quando a técnica for realizada em
crianças, sugerimos que o aparelho seja mostrado em movimento
(modo teste, sem emissão de raios X) para que elas não se assustem
com o movimento e o barulho do disparo do aparelho;
• posicione corretamente a cabeça do paciente;

74
C apítulo V Técnicas radiográficas extraorais em odontologia

• antes da colocação do paciente no aparelho, remova todos os


objetos metálicos e não metálicos que interferem na formação
final da imagem. Dentre os objetos mais comumente utilizados
pelos pacientes, estão: brincos, correntes, colares, grampos e enfeites
de cabelo, elásticos com prendedores de metal, óculos ,piercings
na língua, no lábio e no nariz, dentaduras e outras próteses e
aparelhos removíveis. Esses objetos produzem artefatos na
imagem final, que impedem a correta visualização das estruturas
anatômicas e podem ficar sobrepostos a áreas importantes a
serem examinadas;
• coloque o avental de borracha plumbífera, específico para técnica
panorâmica, e certifique-se de que todos os objetos tenham sido
removidos, especialmente os aparelhos removíveis intrabucais.
Em seguida, coloque o paciente no aparelho;
• oriente o paciente para que permaneça ereto, pois a coluna vertebral
deverá permanecer reta, para que sua densidade não atrapalhe as
estruturas da região anterior e as porções laterais da imagem;
• oriente o paciente para morder em topo com os dentes anteriores
o bloco de mordida do posicionador do aparelho. Esse posicio­
namento é imprescindível para o alinhamento dos dentes com o
plano focal do aparelho;
• nos pacientes desdentados, um rolo de algodão pode ser colocado
na porção superior e inferior do bloco de mordida, facilitando o
alinhamento do rebordo alveolar superior e inferior;
• o plano sagital mediano (linha imaginária que divide a face do
paciente ao meio) deverá estar perpendicular ao solo. Se esse
plano não estiver posicionado corretamente, as imagens serão
distorcidas;
• ajuste a cabeça do paciente até que a linha meato orbital, ou Plano
de Frankfurt, esteja paralela ao solo;
• peça ao paciente que coloque a língua no palato (céu da boca), a fim
de que ela toque a superfície palatina dos dentes, e que mantenha
essa postura até o término da exposição. Esse recurso minimiza a
formação de uma imagem radiolúcida sobre o ápice dos incisivos
superiores;
• o processamento do filme pode ser manual ou automático.

75
Manual técnico de radiologia odontológica

FIGURA 2 - AVENTAIS DE PROTEÇÃO PARA O PACIENTE

Legenda: A - Avental de proteção para criança.


B - Avental de proteção para adulto.
FONTE: a autora

FIGURA3 -POSICIONAM ENTO DO PACIENTE NO APARELHO


PANORÂMICO

Legenda: A - Posicionamento correto da cabeça do paciente no aparelho panorâmico.


B - Dentes anteriores posicionados no bloco de mordida do aparelho.
FONTE: a autora

76
C apítulo V Técnicas radiográficas extraorais em odontologia

FIGURA4 -LINHA RADIOLÚCIDA SOBREPOSTA AOS DENTES


SUPERIORES PELO ESPAÇO CRIADO ENTRE A LÍNGUA
E O PALATO DURO

FONTE: a autora

4. Telerradiografia em norma lateral (perfil)


Essa técnica permite avaliar o crescimento e o desenvolvimento do
crânio e da face, sendo utilizada especialmente por ortodontistas e cirurgiões
bucomaxilofaciais.

4.1. Indicações
A telerradiografia em norma lateral (perfil) é uma das técnicas
extrabucais, não rotacionais, de maior prescrição em odontologia. É utilizada,
especialmente, para obtenção de medidas que auxiliam a análise do crescimento
e do desenvolvimento craniofacial, para a avaliação dos espaços orofarin-
geanos, para a avaliação da relação entre as superfícies oclusais dos dentes,
para a morfologia e para a correlação dos ossos do crânio, da face, do tecido
mole e anomalias.
As imagens obtidas nessa técnica permitem a avaliação das estruturas
ósseas da face e do crânio, bem como dos tecidos moles da face. Os tecidos
moles são facilmente observados com a utilização de filtros de alumínio,
geralmente já disponíveis nos aparelhos panorâmico-cefalométricos
disponíveis no mercado ou adaptados nos chassis.

77
Manual técnico de radiologia odontológica

4.2. Descrição da técnica


Na descrição da técnica, o filme deve permanecer à distância de, no
mínimo, 1,52 m da fonte geradora de raios X e próximo à cabeça do paciente.
Para que isso seja possível, os aparelhos apresentam um dispositivo
porta-chassi, localizado geralmente a uma distância fixa da cabeça do
paciente, para que não haja distorção e, consequentemente, alteração nas
medidas de imagens obtidas em tempos diferentes. Essa técnica necessita
ainda de um dispositivo que mantém a cabeça do paciente em posição, com
dispositivos que são colocados no meato auditivo externo. Esse conjunto
é conhecido como cefalostato, pois essa técnica é prescrita em diferentes
etapas do tratamento ortodôntico e para controles radiográficos de pacientes
pós-cirurgia ortognática.
Uma radiografia com fins cefalométricos necessita de padronização e
da eliminação completa do movimento, o que é conseguido por meio desses
cefalostatos ou posicionadores de cabeça.

FIGURA 5 -POSICIONAMENTO DO PACIENTE PELO OPERADOR NO


CEFALOSTATO

Legenda: 1 - Porta-chassi.
2 - Braço do aparelho panorâmico-cefalométrico.
3 - Dispositivo para posicionar corretamente a cabeça do paciente.
FONTE: a autora

78
C apítulo V Técnicas radiográficas extraorais em odontologia

4.3. Regulagem do aparelho


Para obtenção da telerradiografia em norma lateral, é necessário um
equipamento que permita o posicionamento do filme a partir de 1,52 m de
distância da fonte de raios X.
Os aparelhos mais utilizados são os panorâmicos, que também
possuem os equipamentos necessários para realização dessas radiografias.
Cada aparelho apresenta fatores de exposição próprios, determinados
por cada fabricante (mA e kV), bem como tamanhos de chassis diferentes.
O quadro abaixo ilustra alguns dos aparelhos panorâmicos que
também possuem cefalostato e que permitem a realização dessa técnica.

QUADRO 2 - VOLTAGEM E TEMPO DE EXPOSIÇÃO EM DIFERENTES


APARELHOS
VOLTAGEM CORRENTE TEM PO DE
M ARCA M ODELO
NO TUBO NO TUBO EXPOSIÇÃO
FAB1NJECT Ortoralix 9.200 60 a 84 kV 3 a 15 mA 0,16 a 2,5 s
J. MORITA Veraviewepocs 80 kV 10 mA 0,3 a 4,0 s
YOSHIDA Panoura 15 58 a 85 kV 2 a 12 mA 0.2 a 4,0 s
DABIATLANTE DabiHFlOO 60 a 85 kV 10 mA 0,2 a 3,0 s
SIRONA Orthophos 60 a 80 kV 10 mA 0,1 a 4,0 s
FONTE: a autora

Em média, 1 segundo de exposição é suficiente para adultos e 0,5


segundos para crianças.

4.4. Preparo dos equipamentos


Para obtenção de imagens que serão utilizadas para realização de medidas
e traçados, o portador deve seguir rigorosamente as seguintes etapas:

• carregue o chassi (18x24 ou 24x30) com o filme do mesmo tamanho


em câmara escura, sob luz de segurança adequada à sensibilidade
do filme e certifique-se de que o chassi está bem fechado;
• o chassi é colocado perpendicularmente ao solo, no dispositivo
porta-chassi do equipamento;

79
Manual técnico de radiologia odontológica

• regule os fatores de exposição (kV e mA) de acordo com as caracte­


rísticas físicas do paciente e as recomendações do fabricante;
• coloque o chassi com o filme no aparelho;
• ajuste a altura do aparelho para acomodar o paciente.
Após o preparo dos equipamentos, o operador deve iniciar o preparo
do paciente.

4.5. Preparo do paciente


4.5.1. Posição da cabeça
• a maioria dos aparelhos permite o posicionamento dos pacientes
com o lado esquerdo próximo ao conjunto chassi-filme;
• o paciente deve ser esclarecido sobre a importância da não movi­
mentação da cabeça durante a exposição;
• o plano sagital mediano deverá estar perpendicular ao solo e
paralelo ao conjunto chassi-filme;
• antes da colocação do paciente no aparelho, devem ser removidos
todos os artefatos metálicos e não metálicos, incluindo os aparelhos
ortodônticos móveis que possam interferir na formação final da
imagem;
• coloque o avental de borracha plumbífera. O protetor de tireoide não
pode ser utilizado nessa técnica, pois produz artefatos na imagem
final, por sobreposição na área da mandíbula e de tecido mole;
• a cabeça é colocada cuidadosamente no cefalostato, inserindo
gradualmente as olivas no meato acústico externo;
• os lábios devem estar em posição relaxada, natural. Se o paciente
não toca os lábios superior e inferior naturalmente, deve deixá-los
nessa posição durante a exposição, para que o traçado de perfil
mole possa ser realizado corretamente;
• os dentes geralmente devem permanecer em máxima intercuspidação;
• atenção ao posicionamento correto da cabeça, para que as vértebras
cervicais não se sobreponham às estruturas anatômicas no traçado
cefalométrico e dificultem a análise cefalométrica;
• após o posicionamento correto do paciente no aparelho panorâmico,
instrua o paciente para que permaneça imóvel durante a exposição;
• realize processamento manual ou automático dos filmes.

80
C apítulo V Técnicas radiográficas extraorais em odontologia

FIGURA 6 - TELERRADIOGRAFIA EM NORMA LATERAL

FONTE: a autora

Na figura 6, o paciente deverá ser posicionado com o plano sagital


mediano perpendicular ao solo, olivas posicionadas no meato auditivo e
plano de Frankfurt paralelo ao solo.

4.6. Incidência do feixe


O feixe de raios X central deve incidir perpendicularmente ao centro
do chassi, centralizado nas olivas.

FIGURA 7 - ESQUEMA E IMAGEM FINAL OBTIDOS EM APARELHOS


DIFERENTES

Legenda: A e B - Incidência do feixe de raios X (seta), plano sagital mediano.


C e D - Imagem da telerradiografia em norma lateral obtida em dois aparelhos diferentes.

FONTE: a autora

81
Manual técnico de radiologia odontológica

FIGURA 8 - TRAÇADO CEFALOMÉTRICO

Legenda: A - Traçado cefalométrico.


B - Traçado cefalométrico sobreposto à imagem radiográfica da telerradiografia em
norma lateral.
FONTE: a autora

4.7. Descrição da técnica radiográfica


Para obtenção de um bom posicionamento e do ajuste do aparelho,
o operador deverá seguir as seguintes etapas:

• o paciente em pé é posicionado no cefalostato, para que a radiografia


possa ser utilizada em traçados cefalométricos para posterior análise
das medidas angulares e lineares. O cefalostato permite ainda a
padronização da técnica e impede a movimentação da cabeça;
• os aparelhos panorâmico-cefalométricos devem ser ajustados para
radiografia cefalométrica;
• a técnica é de fácil realização e pode ser utilizada em pacientes com
dificuldade de abertura de boca, por trismo, ou após traumas faciais;
• pacientes com necessidades especiais (como cadeirantes), que
conseguem manter a cabeça imóvel durante a exposição, podem
ser acomodados nos aparelhos de coluna, e permanecer em suas
próprias cadeiras.

82
C apítulo V Técnicas radiográficas extraorais em odontologia

FIGURA 9 - APARELHO ROTOGRAPH, DABI-ATLANTE®

FONTE: a autora

5. Posteroanterior de mandíbula (PA de mandíbula) ou


telerradiografia em norma frontal
5.1. Indicações
A imagem obtida nessa técnica permite a visualização da porção
posterior da mandíbula, corpo, ângulo e ramo e pescoço do côndilo. Utilizada
como método auxiliar no diagnóstico das fraturas e anomalias de desenvolvi­
mento, a técnica permite, ainda, avaliar o crescimento e o desenvolvimento
craniofacial. Nessa projeção, podemos visualizar também os seios, frontal e
etmoidal, as órbitas e a cavidade nasal.
A técnica é de fácil execução e pode ser utilizada em pacientes com
trismo, dificuldade de abertura de boca, ou após traumas faciais.
Assim como nas técnicas já descritas, os pacientes com necessidades
especiais, que conseguem manter a cabeça imóvel durante a exposição,
podem permanecer em suas próprias cadeiras.

5.2. Descrição da técnica


Se a técnica for realizada nos aparelhos panorâmicos, o filme perma­
necerá à distância mínima de 1,52 m da fonte geradora de raios X. Se obtida
em outros aparelhos extraorais, a distância do ponto focal até o filme será a
distância suficiente para que o feixe de raios X central exponha todo o crânio.

83
Manual técnico de radiologia odontológica

Se o propósito for a obtenção de traçado cefalométrico e a padronização da


imagem obtida para comparações posteriores, faz-se necessário o uso de
cefalostato e da mesma distância utilizada na norma lateral.

5.3. Regulagem do aparelho


Para obtenção dessa técnica em norma PA, podem ser utilizados os
aparelhos panorâmicos que apresentam fatores de exposição próprios, de­
terminados por cada fabricante (mA e kV), bem como tamanhos de chassis
diferentes. O tempo médio de exposição em adultos é de 1 segundo e, em
crianças, de 0,7 segundos.

5.4. Técnica radiográfica


O paciente pode ser posicionado em um cefalostato, para que haja
uma padronização da técnica e a não movimentação da cabeça do paciente.
Os aparelhos panorâmico-cefalométricos devem ser ajustados para
radiografia cefalométrica e modificada a posição do cefalostato para sua
realização.

FIGURA 10 - POSICIONAMENTO DO PACIENTE PARA TÉCNICA


RADIOGRÁFICA PA DE MANDÍBULA EM APARELHO
MÉDICO

FONTE: a autora

84
C apítulo V Técnicas radiográficas extraorais em odontologia

5.4.1. Preparo dos equipamentos


Essa técnica exige os mesmos cuidados no manuseio dos equipamentos
utilizados nas técnicas extraorais.

• carregue o chassi com o filme em câmara escura, sob luz de


segurança adequada à sensibilidade do filme, certifique-se de que
o chassi está bem fechado;
• o chassi é colocado perpendicularmente ao solo no dispositivo
porta-chassi do equipamento;
• regule os fatores de exposição (kV e mA) de acordo com as caracte­
rísticas físicas do paciente e as recomendações do fabricante;
• coloque o chassi com o filme no aparelho;
• ajuste a altura do aparelho para acomodar o paciente.

5.4.2. Preparo do paciente


O posicionamento correto do paciente é muito importante pois
essas radiografias são utilizadas também para avaliação das assimetrias
faciais.

5.4.2.1. Posição da cabeça


• plano sagital mediano perpendicular ao solo e plano de Frankfurt
paralelo ao solo. A cabeça do paciente deve estar centralizada no
chassi, que tem o tamanho 18x24 ou 24x30 cm;
• antes da colocação do paciente no aparelho, devem ser remo­
vidos todos os artefatos metálicos e não metálicos, incluindo
os aparelhos ortodônticos móveis que possam interferir na
formação final da imagem;
• coloque o avental de borracha plumbífera (o protetor de tireoide
não pode ser utilizado nessa técnica, pois produz artefatos na
qmole);
• a cabeça do paciente é colocada cuidadosamente no cefalostato,
inserindo gradualmente as olivas no meato acústico externo;

85
Manual técnico de radiologia odontológica

• quando possível, de acordo com o aparelho utilizado, o paciente


deve inclinar a cabeça para frente com a linha canto-meatal na
posição horizontal, paralela ao solo e perpendicular ao conjunto
chassi-filme (posição fronto-naso-placa);
• após o posicionamento correto do paciente, instrua para que ele
permaneça imóvel durante a exposição;
• processe os filmes manual ou automaticamente.
FIGURA 11 - POSICIONAMENTO DO PACIENTE

Legenda: A - Paciente posicionada para técnica PA para mandíbula em aparelho médico.


B - Plano de Frankfurt, posicionamento no cefalostato.
FONTE: a autora

5.5. Incidência do feixe


O feixe de raios X central deve ser direcionado para o centro do chassi
e perpendicular a ele, incidindo 2 cm acima do ângulo da mandíbula, com
ângulo vertical de 0o e ângulo horizontal de 90°.

86
C apítulo V Técnicas radiográficas extraorais em odontologia

FIGURA 12 - INCIDÊNCIA DO FEIXE DE RAIOS X NA TÉCNICA PA


PARA MANDÍBULA

Legenda: A e B - Posicionamento da cabeça e incidência do feixe de raios X (seta) na posteroanterior para


mandíbula.
C - Radiografia obtida.
D - Fratura na mandíbula.
FONTE: a autora

FIGURA 13 - TRAÇADO CEFALOMÉTRICO EM RADIOGRAFIA PA,


NORMA FRONTAL

87
Manual técnico de radiologia odontológica

6. Radiografia axial, projeção submentoniana, submento-


vertex, projeção de Hirtz
Essa técnica necessita de atenção no posicionamento da cabeça do
paciente, pois é um pouco mais desconfortável devido à inclinação da cabeça.

6.1. Indicações
Essa técnica é utilizada especialmente para pesquisa e localização
de fraturas no arco zigomático, avaliação da posição dos côndilos, e das
estruturas da base do crânio e permite, ainda, a visualização da parede
lateral do seio maxilar, bem como do seio esfenoidal. Se obtida à distância,
pode ser utilizada ainda para traçados cefalométricos em ortodontia.

6.2. Descrição da técnica


O conjunto filme-chassi deve permanecer perpendicular ao solo.
Essa técnica pode ser obtida com o uso de cefalostatos, embora a
dificuldade seja maior no posicionamento das olivas, por causa da inclinação
de cabeça necessária para essa técnica.

6.3. Regulagem do aparelho


Para obtenção das radiografias axiais são necessários os mesmos
aparelhos utilizados para a técnica posteroanterior de mandíbula e de seio
maxilar. O tempo médio sugerido é de 1 segundo de exposição, em aparelhos
médicos, e com écrans e filmes sensíveis o tempo pode ser reduzido pela
metade.

6.4. Técnica radiográfica


O paciente é posicionado de costas para o conjunto filme-chassi,
com a cabeça inclinada para trás, plano sagital mediano perpendicular ao
plano horizontal, com a sutura sagital encostada no chassi e com a linha
canto-meatal paralela ao filme.
Essa projeção é contraindicada para pacientes com suspeita de lesões na
região do pescoço, especialmente nos casos de fratura do processo odontoide.

88
C apítulo V Técnicas radiográficas extraorais em odontologia

6.4.1. Preparo dos equipamentos

• carregue o chassi com o filme em câmara escura;


• coloque o chassi com o filme no aparelho, perpendicularmente ao
solo no dispositivo porta-chassi do equipamento;
• regule os fatores de exposição (kV e mA) de acordo com as
características físicas do paciente e as recomendações do
fabricante;
• ajuste a altura do aparelho para acomodar o paciente, que,
sentado, fica mais confortável e seguro.

6.4.2. Preparo do paciente


O operador deve estar atento ao posicionamento da cabeça que exige
uma maior inclinação para trás. Pacientes com problemas nas vértebras
cervicais devem ser manipulados com cautela.

6.4.2.1. Posição da cabeça

• o plano sagital mediano deverá estar paralelo ao solo e perpendicular


ao conjunto chassi-filme;
• certifique-se de que o paciente não tem nenhum objeto
m etálico;
• coloque o avental de borracha plumbífera (o protetor de tireoide
não pode ser utilizado nessa técnica, pois produz artefatos
na imagem final, por sobreposição na área da mandíbula e de
tecido mole);
• posicione a cabeça do paciente cuidadosamente para trás, com
a porção superior da cabeça (sutura mediana, entre os parietais)
colocada sobre o chassi;
• oriente o paciente a permanecer imóvel durante a exposição;
• processe os filmes manual ou automaticamente.

89
Manual técnico de radiologia odontológica

Legenda: A - Vista lateral do paciente posicionado, linha canto-meatal perpendicular ao solo.


B - Vista frontal, plano sagital mediano.
FONTE: a autora

6.5. Incidência do feixe


O feixe de raios X central deve ser direcionado para o centro do chassi e
permanecer perpendicular a ele, com o ponto de incidência na região submandibular.

FIGURA 15-POSICIONAMENTO DA CABEÇA E INCIDÊNCIA DO


FEIXE DE RAIOS X (SETA) E O PLANO SAGITAL MEDIANO
(PSM) NA PROJEÇÃO AXIAL

FONTE: a autora

90
C apítulo V Técnicas radiográficas extraorais em odontologia

FIGURA 16 - IMAGEM RADIOGRÁFICA E REPAROS ANATÔMICOS


NA TÉCNICA AXIAL

Legenda: A - Imagem obtida na técnica axial.


B - Traçado dos reparos anatômicos na radiografia axial.
FONTE: a autora

7. Posteroanterior para seio maxilar e PA de seio maxilar


ou projeção de Water’s
A imagem obtida nessa técnica é utilizada especialmente por cirurgiões-
-dentistas e médicos otorrinolaringologistas.

7.1. Indicações
Avaliação dos seios maxilares, seios frontal e esfenoidal, órbitas,
cavidade nasal, processo coronoide e côndilo, evitando, por seu posicionamento,
a sobreposição dos ossos densos da base do crânio.
A técnica pode ser utilizada ainda para a localização de fraturas no
arco zigomático e avaliação da parede posterior do seio maxilar.
Em odontologia, essa técnica é de grande utilidade na avaliação das
sinusites nos seios maxilares.

7.2. Descrição da técnica


O conjunto filme-chassi deve permanecer perpendicular ao solo.

91
Manual técnico de radiologia odontológica

7.3. Regulagem do aparelho


São necessários, para obtenção da imagem radiográfica PA de seio
maxilar, os mesmos recursos técnicos já apresentados para as técnicas
extraorais, e ela pode ser realizada ainda nos aparelhos panorâmicos.

7.4. Técnica radiográfica


7.4.1. Preparo dos equipamentos

• carregue o chassi com o filme em câmara escura;


• coloque o chassi com o filme no aparelho, perpendicularmente ao
solo, no dispositivo porta-chassi do equipamento;
• regule os fatores de exposição (kV e mA) de acordo com as
características físicas do paciente e as recomendações do
fabricante;
• ajuste a altura do aparelho para acomodar o paciente que, sentado,
fica mais confortável e seguro.

7.4.2. Preparo do paciente


7.4.2.1. Posição da cabeça
Também conhecida como posição mento-naso-placa.

• plano sagital mediano perpendicular ao solo e paralelo ao conjunto


chassi-filme;
• o paciente é posicionado de frente para o conjunto filme-chassi,
com a cabeça centralizada no chassi, levantado um pouco o mento
e encostando-o no chassi, com a ponta do nariz afastada do chassi
aproximadamente 2,5 cm;
• certifique-se de que o paciente não tem nenhum objeto metálico;
• coloque o avental de borracha plumbífera;
• incline a cabeça do paciente cuidadosamente para trás com o mento
discretamente para cima e encostado no chassi;

92
C apítulo V Técnicas radiográficas extraorais em odontologia

• mantenha o nariz afastado do chassi em média 2,5 cm, para que


as estruturas da base do crânio não se sobreponham à área a ser
examinada;
• instrua o paciente para que perm aneça imóvel durante a
exposição;
• processe os filmes manual ou automaticamente.

7.5. Incidência do feixe


O feixe de raios X central deve ser direcionado para o centro do
chassi e perpendicular a ele, com o ponto de incidência em uma linha
tangente à órbita.

FIGURA 17 - POSICIONAMENTO DO PACIENTE E INCIDÊNCIA DO


FEIXE DE RAIOS X NA TÉCNICA PA DE SEIO MAXILAR

Legenda: A - Vista superior do paciente posicionado, plano sagital mediano perpendicular ao solo
e incidência do feixe (seta).
B - Vista lateral, incidência do feixe de raios X, mento encostado e nariz afastado do chassi.
FONTE: a autora

93
Manual técnico de radiologia odontológica

FIGURA 18 - IMAGEM RADIOGRÁFICA E REPAROS ANATÔMICOS


NA TÉCNICA PA DE SEIO MAXILAR

Legenda: A - Imagem obtida na técnica posteroanterior para seio maxilar.


B - Esquema com os reparos anatômicos da imagem obtida.
FONTE: a autora

8. Projeção de Towne (Towne reversa)


Essa projeção foi originalmente idealizada por Edward Towne, médico
americano (1883-1951), como uma incidência sagital fronto-occipital
oblíqua em norma anteroposterior (AP), para radiografia de crânio. Contudo,
como a maioria das projeções em odontologia é feita com incidência
posteroanterior (PA), ela foi adaptada.

8.1. Indicações
Avaliação de fraturas na região do pescoço do côndilo e de ramo
da mandíbula e avaliação de hipoplasias e hiperplasias condilares.
Nessa técnica também pode-se observar a parede lateral posterior
do seio maxilar.

8.2. Descrição da técnica


O conjunto filme-chassi deve permanecer perpendicular ao solo com
o longo eixo vertical.

94
C apítulo V Técnicas radiográficas extra orais em odontologia

8.3. Regulagem do aparelho


A regulagem do aparelho, como em todas as técnicas extrabucais,
dependerá de fatores como distância do ponto focal até o filme, tipo de
écran intensificador de imagem kV e mA do aparelho, mas pode-se utilizar
regulagem semelhante à utilizada na técnica posteroanterior para mandíbula.

8.4. Técnica radiográfica


8.4.1. Preparo dos equipamentos
• carregue o chassi com o filme em câmara escura;
• coloque o chassi com o filme no aparelho, perpendicularmente ao
solo no porta-chassi;
• regule os fatores de exposição (kV e mA) de acordo com as caracte­
rísticas físicas do paciente e as recomendações do fabricante;
• ajuste a altura do aparelho para acomodar o paciente que, sentado,
fica mais confortável e seguro.

8.4.2. Preparo do paciente


8.4.2.1. Posição da cabeça
• a cabeça do paciente deve estar centralizada no chassi com a linha
canto-meatal na horizontal e perpendicular ao chassi;
• os côndilos são visualizados se o paciente abrir a boca o máximo
possível, pois saem da fossa mandibular;
• o plano sagital mediano deve permanecer perpendicular ao solo e
paralelo ao chassi;
• certifique-se de que o paciente não tem nenhum objeto metálico
na região;
• coloque o avental de borracha plumbífera;
• posicione a cabeça do paciente cuidadosamente para frente com a
região frontal e a órbita do nariz apoiadas no chassi;
• instrua o paciente para que permaneça imóvel durante a exposição;
• processe os filmes manual ou automaticamente.

95
Manual técnico de radiologia odontológica

FIGURA 19 - PROJEÇÃO DE TOWNE

Legenda: A - Vista superior.


B - Vista lateral do posicionamento do paciente.
FONTE: a autora

8.5. Incidência do feixe


O feixe de raios X central deve ser direcionado para o centro do chassi
e perpendicular a ele, com o ponto de incidência na linha tangente à órbita,
direcionado para o osso occipital para cima com ângulo vertical de 30° em
relação ao plano horizontal.

FIGURA 20 - IMAGENS OBTIDAS NA PROJEÇÃO DE TOWNE

FONTE: a autora

96
C apítulo V Técnicas radiográficas extraorais em odontologia

9. Projeções para avaliação da articulação temporo-


mandibular (ATM)
Serão descritas nesse tópico as técnicas convencionais mais utilizadas
em radiologia odontológica, nas visões lateral, anteroposterior, axial e panorâ­
mica, lembrando que nenhuma imagem radiográfica nos permite a realização
de um diagnóstico seguro, sem a correta avaliação clínica do paciente.
São muitas as técnicas utilizadas para a avaliação da ATM, descritas
na literatura odontológica. Muitas alterações podem ocorrer na região
temporomandibular, embora as mais conhecidas sejam as disfunções
temporomandibulares.
A interpretação das imagens da ATM deve ser feita com muita
cautela, especialmente porque as imagens são obtidas de uma estrutura
tridimensional em uma área de grande densidade, o que não nos permite
avaliar corretamente todas as estruturas. Essas imagens permitem apenas
a avaliação das estruturas ósseas, em largura e altura, sem a possibilidade
de avaliar as estruturas em profundidade.
A sobreposição dessas estruturas é um problema conhecido dos
técnicos e radiologistas e explica a variedade de técnicas propostas na
literatura com o objetivo de minimizar essas sobreposições.

9.1. Indicações
Avaliação de fraturas no pescoço e cabeça do côndilo, avaliação das
estruturas ósseas: eminência articular e fossa mandibular, identificação das
hipoplasias e hiperplasias condilares, anquiloses e tumores ósseos.

9.2. Regulagem do aparelho


A regulagem do aparelho, como em todas as técnicas extraorais,
dependerá de fatores como a distância do ponto focal até o filme, tipo de
écran intensificador de imagem e filme, kV e mA do aparelho.
É possível obter imagens dessa região utilizando-se 65 kV, 10 mA e
de 0,8 a 1,0 segundo e exposição nas técnicas transcraniana ou supracraniana.
Na técnica transfacial ou infracraniana é possível diminuir esse
tempo, pois as estruturas a serem atravessadas são menos densas.

97
Manual técnico de radiologia odontológica

9.3. Projeção lateral da ATM


A projeção lateral direta da ATM não é viável, pois a projeção
bilateral do rochedo do osso temporal impede sua visualização. Por esse
motivo, as projeções laterais do crânio utilizadas em odontologia, como a
telerradiografia em norma lateral, e utilizadas para traçados cefalométricos
não são apropriadas.
Se nos recordarmos da anatomia do crânio, é fácil concluir que a
ATM só poderá ser vista em projeções que evitem a sobreposição do osso
temporal sobre ela, o que só é possível a partir de incidências que passem
por cima ou por baixo desse osso, conhecidas como transcranianas e
transfaciais.
Abaixo, a projeção lateral direta da ATM, onde os côndilos dos lados
direito e esquerdo serão sobrepostos, impedindo a interpretação radiográfica
de cada um dos lados.

FIGURA 21 - PROJEÇÃO LATERAL DIRETA

P lan o horizon tal

F eix e
de raios X

F ilm e

FONTE: a autora

9.4. Técnica radiográfica supracraniana (transcraniana)


Permite a interpretação, em uma visão lateral, das seguintes estruturas:

98
C apítulo V Técnicas radiográficas extraorais em odontologia

• eminência articular;
• fossa mandibular;
• espaço articular;
• côndilo;
• posição do côndilo dentro da fossa.

9.4.1. Descrição da técnica


A cabeça do paciente deve estar centralizada no chassi com o PSM
paralelo ao filme e perpendicular ao solo, a ATM que será avaliada deve estar
em contato com o conjunto chassi-filme. E o feixe de raios X central incidindo
mais ou menos 7 centímetros acima e 7 centímetros atrás da articulação do
lado oposto, com ângulo vertical de + 25° e ângulo horizontal de 20° para
frente na direção do feixe de raios X.
Essa técnica pode ser realizada com o paciente em posição adequada
e com a boca aberta. Em outra tomada, com a boca fechada ou em protrusão
e com a mandíbula posicionada para frente.

FIGURA 22 - TÉCNICA SUPRACRANIANA

PSM

FONTE: a autora

99
Manual técnico de radiologia odontológica

FIGURA 23 - IMAGEM OBTIDA COM A TÉCNICA SUPRACRANIANA

Legenda: A - Boca fechada.


B - Boca aberta.
FONTE: a autora

9.5. Técnica radiográfica intracraniana (transfacial ou transfa-


ringeana)
Permite a interpretação, em uma visão lateral, das seguintes estruturas:

• cabeça e pescoço do côndilo;


• superfície articular;
• eminência articular.

9.5.1. Descrição da técnica


Essa técnica pode ser obtida com aparelhos de raios X odontológicos,
pois as estruturas que serão atravessadas pelo feixe de raios X, são menos
densas e, portanto, menos radiopacas.
O paciente pode fazer a manutenção do chassi, sobre a face,
lateralmente, com a ATM a ser estudada encostada no chassi.
Plano sagital mediano paralelo ao conjunto chassi-filme e perpendi­
cular ao solo.

100
C apítulo V Técnicas radiográficas extraorais em odontologia

O feixe de raios X, utilizando ângulo vertical de -10°, dirigido à


incisura da mandíbula do lado oposto e pela base do crânio, chega até a ATM
do lado posicionado no chassi.

FIGURA 24 - TÉCNICA INFRACRANIANA

B e C - Incidência do feixe de raios X.


FONTE: a autora

FIGURA 25 - IMAGEM RADIOGRÁFICA OBTIDA COM A TÉCNICA,


NOTE QUE NA IMAGEM OBTIDA DO LADO DIREITO
PODE-SE VISUALIZAR CLARAMENTE UMA FRATURA

FONTE: a autora

9.6. Técnica radiográfica panorâmica


A imagem radiográfica panorâmica, também permite a visualização
das estruturas ósseas da ATM:

• cabeça e pescoço do côndilo;

101
Manual técnico de radiologia odontológica

• superfície articular;
• eminência articular.

Devemos considerar que existe uma distorção de imagem inerente a


essa técnica que pode variar de 20 a 30%.

FIGURA 2 6 - IM AGEM R A D IO G R Á FIC A PA N O R Â M IC A DAS


ESTRUTURAS ANATÔMICAS DA REGIÃO TEMPORO-
MANDIBULAR

Legenda: A - Radiografia panorâmica.


B - Reparos anatôm icos da região da ATM: 1 - Fossa mandibular; 2 - Côndilo;
3 - E m in ên cia articular; 4 - P ro cesso coronoide; 5 - Incisura da mandíbula;
6 - Meato acústico externo.
FONTE: a autora

9.7. Técnica radiográfica lateral para exame do corpo da


mandíbula
Atualmente, essa técnica tem sido menos utilizada, pois a imagem
radiográfica panorâmica também permite a observação dessas estruturas.

9.7.1. Indicações
• para pesquisa e delimitação de lesões;
• avaliação das anomalias dentárias;
• visualização de fraturas no corpo da mandíbula;
• pesquisa de corpos estranhos, raízes residuais;

102
C apítulo V Técnicas radiográficas extraorais em odontologia

• pesquisa de cálculos salivares no canal das glândulas subman-


dibulares;
• nas sialografias das glândulas submandibulares.

9.7.2. Descrição da técnica


A técnica radiográfica lateral para exame de corpo de mandíbula é
mais facilmente obtida com aparelhos de raios X odontológicos.
O paciente permanece com os dentes em oclusão e deve fazer a
manutenção do chassi, lateralmente à face, com a ATM a ser estudada
encostada no chassi.
O paciente deve aproximar o mento e o ápice nasal do chassi inclinado
em 30° com o plano horizontal. A técnica permite a visualização de todo o
corpo da mandíbula do lado a ser examinado. O feixe de raios X deverá incidir
com ângulo vertical 0o e horizontal 90°, e deverá ser direcionado ao ângulo
da mandíbula (oposto ao lado que será radiografado). O conjunto chassi-filme
pode ser apoiado no encosto da cadeira odontológica e o paciente, sentado,
com as pernas posicionadas lateralmente à cadeira.

FIGURA 27 - TÉCNICA LATERAL PARA EXAME DO CORPO DA


MANDÍBULA

Legenda: A , B, C - Incidência do feixe de raios X e a posição da cabeça do paciente.


D - Imagem obtida com a técnica.
FONTE: a autora

103
Manual técnico de radiologia odontológica

9.8. Técnica radiográfica lateral para exame do ramo da


mandíbula
9.8.1. Indicações
A técnica radiográfica lateral para exame do ramo da mandíbula é
indicada em todas as situações em que o ramo da mandíbula, do ângulo até
o côndilo, precisa ser visualizado.

9.8.2. Descrição da técnica


Essa técnica segue os mesmos princípios da técnica para corpo de
mandíbula. Apenas a posição da cabeça do paciente é modificada, pois deve
permanecer com o plano sagital mediano paralelo ao conjunto chassi-filme.
Utilizam-se os ângulos vertical 0o e horizontal 90°. O feixe de raios X deverá
ser direcionado ao ângulo da mandíbula, oposto ao lado que será radiografado.

FIGURA 28 - PACIENTE POSICIONADA PARA TÉCNICA LATERAL


PARA EXAME DO RAMO DA MANDÍBULA

FONTE: a autora

104
C apítulo V Técnicas radiográficas extraorais em odontologia

FIGURA 29 - TÉCNICA LATERAL PARA EXAME DO RAMO DA


MANDÍBULA

FONTE: a autora

9.9. Técnica radiográfica para projeção do contorno anterior


da face

9.9.1. Indicações
Avaliação da porção anterior da maxila ou da mandíbula, localização
de dentes retidos, supranumerários e odontomas.

9.9.2. Descrição da técnica


O paciente deve estar posicionado com os dentes em oclusão, com
o plano oclusal paralelo ao solo e como o plano sagital mediano perpen­
dicular ao solo.
A técnica pode ser realizada com o filme oclusal (5,7x7,6 cm),
paralelo ao plano sagital com seu longo eixo perpendicular ao solo, podendo
ser posicionado para maxila e ou mandíbula. O feixe e raios X central é
dirigido perpendicularmente ao filme com ângulo horizontal de 90° e vertical
de 0o. Os fatores de exposição sugeridos para aparelhos de raios X odonto-
lógicos com 65 kV e 10 mA é de aproximadamente 1,0 segundo.

105
Manual técnico de radiologia odontológica

FIGURA 30 - TÉCNICA PARA PROJEÇÃO DO CONTORNO ANTERIOR


DA FACE

Legenda: A e B - Paciente posicionada para técnica para projeção do contorno anterior da face.
C e D - Imagem radiográfica da técnica para projeção do contorno anterior da face.
FONTE: a autora

106
C apítulo VI
MÉTODOS DE LOCALIZAÇÃO
EM ODONTOLOGIA

As imagens radiográficas convencionais, descritas no capítulo IV,


nos permitem avaliar as estruturas da face e dos dentes em apenas duas
dimensões: altura e largura. Considerando que essas estruturas são
tridimensionais, haverá sempre a impossibilidade de avaliarmos a terceira
dimensão: profundidade ou espessura.
Assim, nas imagens obtidas nas técnicas convencionais haverá sempre
uma sobreposição de imagens, impedido que o cirurgião-dentista identifique,
por exemplo, se um dente retido está localizado por vestibular, palatino ou
lingual em relação aos dentes irrompidos.
Por esse motivo, vários métodos são utilizados para localizar a posição
de dentes, objetos ou lesões na maxila e na mandíbula.
As técnicas que serão descritas neste capítulo podem ser utilizadas
para se obter a localização de:

• dentes retidos;
• raízes residuais;
• dentes não irrompidos;
• posição das raízes;
• avaliação de cálculos salivares;
• fraturas mandibulares;
• instrumentos fraturados (agulhas, limas, brocas);
• materiais e preenchimento.

1. Método de localização de Clark


1.1. Indicações

• localização: vestíbulo-palatina de dentes supranumerários, dentes


não irrompidos, especialmente na região anterior da maxila.

107
Manual técnico de radiologia odontológica

1.2. Descrição da técnica


O método de localização proposto por Clark está embasado em um
princípio simples: se tivermos dois objetos alinhados, o objeto mais distante
estará oculto pelo mais próximo.
Assim, o objeto mais distante do observador se move na mesma
direção do observador, enquanto o objeto mais próximo se move na direção
contrária à do deslocamento do observador.
Se o observador se move para direita, o objeto mais distante se moverá
aparentemente para direita também. Do mesmo modo, se o observador desviar
para a esquerda, o objeto mais distante se deslocará para a esquerda.

FIGURA 1 - MÉTODO DE CLARK

Legenda: A - Aparelho na posição 1: objetos e feixe na mesma direção e a sobreposição das imagens
Oe+.
B - Aparelho na posição 2: feixe e raios X movimentado-se para o lado esquerdo com
a dissociação das imagens O e +, com a imagem O à esquerda da imagem +.
C - Aparelho na posição 3: feixe de raios X para o lado direito e O separado novamente
de +, mas agora à esquerda.
FONTE: a autora

Para aplicarmos esse princípio em radiologia odontológica, é neces­


sária a obtenção de duas radiografias, da seguinte maneira:
• o paciente é posicionado com o plano sagital mediano, perpendicular
ao solo, enquanto o plano oclusal fica paralelo ao solo. O filme é
então colocado na região a ser examinada, o feixe de raios X central
é direcionado para aquela região e a primeira imagem é obtida;

108
C apítulo VI Métodos de localização em odontologia

• o segundo filme é, então, colocado mais ou menos na mesma posição


ou com um pequeno deslocamento para a mesma direção do feixe que
será utilizado. São mantidos o tempo de exposição e o ângulo vertical,
modificando-se apenas a incidência do feixe (ângulo horizontal).

FIGURA 2 - MÉTODO DE CLARK

Legenda: A e B - Posicionamento do filme e do feixe na técnica de localização de Clark.


C e D - Esquema ilustrando a mudança de posicionamento do supranumerário, que
acompanhou o movimento do feixe e se deslocou para o mesmo lado. Supranumerário
por palatino em relação aos incisivos.
FONTE: a autora

2. Método de localização do ângulo reto (técnica de


Miller-Winter)
Idealizada por Fred Miller (1914), foi divulgada e popularizada
posteriormente por Winter.

2.1. Indicações
Localização vestíbulo-lingual na mandíbula de corpos estranhos,
lesões, dentes e raízes residuais.

109
Manual técnico de radiologia odontológica

Essa técnica é realizada com facilidade na mandíbula até a região dos


segundos molares, onde um filme periapical é facilmente posicionado para
obtenção de uma radiografia periapical da área a ser avaliada e outro filme
periapical ou oclusal é colocado no plano horizontal.
Para aplicar-se o princípio da incidência em ângulo reto é neces­
sária, portanto, a obtenção de duas radiografias: uma obtida pela técnica
radiográfica periapical e outra obtida com uma radiografia no plano
horizontal, obtendo-se, assim, um ângulo de aproximadamente 90° com
a primeira.

FIGURA 3 - ESFERA DENTRO DE UM CUBO (VISÃO EM PROFUN­


DIDADE) E ESFERA PROJETADA EM UMA IMAGEM

Legenda: A - Vista frontal de uma casa, permitindo a visualização da largura e da altura.


B - Vista superior da mesma casa, que permite avaliar a profundidade da casa.
FONTE: Bocklebank, 1997

110
C apítulo VI Métodos de localização em odontologia

2.2. Descrição da técnica


Para aplicar-se o princípio proposto por Miller, em radiologia
odontológica, é necessária a obtenção de duas radiografias, da seguinte
maneira:

• o paciente é posicionado com o plano sagital mediano, perpendi­


cular ao solo e o plano oclusal paralelo ao solo. O filme é então
colocado na região a ser examinada, o feixe de raios X central
é direcionado para aquela região e a primeira imagem é obtida
pela técnica periapical;
• o segundo filme é então colocado na mesma região, na superfí­
cie oclusal com o lado do filme a ser exposto para a superfície
oclusal;
• o paciente morde gentilmente o filme. O tempo de exposição
para essa segunda radiografia deve ser dobrado, pois mais estruturas
radiopacas, como a base da mandíbula, por exemplo, serão
expostas.

FIGURA 5 - TÉCNICA DE MILLER-WINTER

Legenda: A - Incidência do feixe de raios X e o filme na região periapical.


B - Incidência do feixe de raios X e o filme na superfície oclusal.
FONTE: a autora

111
Manual técnico de radiologia odontológica

FIGURA 6 - TÉCNICA DE MILLER-WINTER

Legenda: A - Posicionamento para região de molares, radiografia periapical.


B - Posicionamento para região de molares, filme periapical posicionado na oclusal.
C - Imagem periapical.
D - Imagem oclusal.
FONTE: a autora

3. Método de localização de Donovan


3.1. Indicações
Naregião dos terceiros molares inferiores, quando precisamos localizar a
posição da coroa e/ou raiz com a técnica periapical, é necessário que o filme seja
colocado na boca em posição bastante deslocada para a região posterior. Muitas
vezes, a anatomia da região não nos permite colocar o filme na superfície oclusal
nesta posição. Utilizamos, então, a técnica proposta por Donovan, em 1952.

3.2. Descrição da técnica


Para aplicarmos o princípio proposto por Donovan, é preciso seguir
os passos:

coloque o filme sobre o ramo ascendente da mandíbula, cobrindo a


área retromolar, e peça para o paciente segurar o filme com o dedo
indicador e pressioná-lo contra a superfície do segundo molar;

112
C apítulo VI Métodos de localização em odontologia

• incline a cabeça do paciente para trás e para o lado oposto ao examinado;


• o feixe de raios X central deve incidir perpendicular ao filme, por
trás do ângulo da mandíbula em direção ao ápice nasal;
• o tempo de exposição deve ser dobrado em relação ao tempo de
exposição de uma radiografia periapical de molar inferior.

FIGURA 7 - TÉCNICA DE DONOVAN

Legenda: A - Feixe de raios X central incidindo perpendicularmente ao filme colocado no ramo


ascendente da mandíbula.
B - Área retromolar na mandíbula ilustrando o posicionamento do terceiro molar.
FONTE: a autora

FIGURA 8 - TÉCNICA DE DONOVAN

Legenda: A, B e C - Posicionamento do filme e do feixe de raios X na paciente.


D - Imagem radiográfica obtida com a técnica de Donovan.
FONTE: a autora

113
Manual técnico de radiologia odontológica

4. Localização de cálculos salivares submandibulares


Quando um cálculo salivar é visto em uma imagem radiográfica
panorâmica, ou quando existem sinais clínicos de que o paciente apresenta
uma obstrução da glândula salivar, submandibular ou sublingual, é necessária
a realização de uma técnica específica para essa avaliação.
FIGURA 9 - RADIOGRAFIA PANORÂMICA, MOSTRANDO A IMAGEM
RADIOPACA DE CÁLCULO SALIVAR, ABAIXO DA BASE
DA MANDÍBULA, LADO ESQUERDO

FONTE: a autora

A técnica oclusal total para mandíbula pode ser utilizada para a


localização, mas em alguns casos não permite a visualização dos cálculos
localizados na região posterior do dueto ou dentro da glândula.
Nesses casos, podemos utilizar uma técnica oclusal distorcida, de tal
modo que possamos identificar o cálculo.

FIGURA 10 - RADIOGRAFIAS OCLUSAIS PARA AVALIAÇÃO DE


CÁLCULO SALIVAR

Legenda: A - Radiografia oclusal total de mandíbula, onde não é possível visualizar o cálculo salivar.
B - Radiografia oclusal distorcida, mostrando o cálculo.
FONTE: a autora

114
C apítulo VI Métodos de localização em odontologia

4.1. Descrição da técnica


Para a realização da técnica distorcida, é preciso seguir os seguintes passos:

• posicione o filme oclusal, com seu maior diâmetro, no sentido


anteroposterior;
• peça para o paciente morder gentilmente o filme com a superfície a
ser exposta pelos raios X para baixo, em contato com a superfície
oclusal dos dentes inferiores;
• incline a cabeça do paciente para trás e para o lado oposto ao que
será examinado;
• o feixe de raios X central deve incidir na região de soalho de
boca, e apontado para o nariz do paciente, com ângulo vertical de
aproximadamente -45°;
• nessa técnica, faz-se necessária a redução do tempo de exposição,
para que cálculos pouco mineralizados possam ser visualizados.
É recomendada a redução de 50% do tempo de exposição utilizado
para a técnica oclusal total de mandíbula.

FIGURA 11 - TÉCNICA OCLUSAL DISTORCIDA PARA AVALIAÇÃO


DE CÁLCULOS SALIVARES

Legenda: A - Esquema do posicionamento do filme na superfície oclusal.


B - Incidência do feixe de raios X.
FONTE: a autora

115
Manual técnico de radiologia odontológica

FIGURA 12 - POSICIONAMENTO PARA TÉCNICA OCLUSAL DISTOR­


CIDA, PARA A LOCALIZAÇÃO DE CÁLCULO SALIVAR
NA REGIÃO SUBMANDIBULAR

FONTE: a autora

Outras combinações de técnicas que podem ser utilizadas para a


localização em ângulo reto:

• técnicas radiográficas em norma lateral e posteroanterior;


• técnicas radiográficas em norma lateral, posteroanterior e axial;
• panorâmica ou periapical e oclusal de mandíbula;
• panorâmica ou periapical e método de Clark;
• panorâmica ou periapical e método de Donovan.

116
C apítulo VII
PROCESSAMENTO RADIOGRÁFICO

1. Noção geral
O processamento das imagens obtidas nas técnicas descritas nos
capítulos anteriores pode ser feito de duas maneiras: processamento
convencional de filmes radiográficos e processamento digital da imagem
obtida por meio de sensores intra e extrabucais.
O processamento convencional ainda é o processamento mais utilizado
no Brasil, pois o custo na aquisição de aparelhos digitais para imagens intra
e extraorais ainda é muito alto.
Neste capítulo, faremos considerações sobre o processamento conven­
cional, que é uma das etapas mais importantes e críticas na produção da
imagem radiográfica.
Mesmo que todas as etapas anteriores ao processamento sejam
realizadas com cautela e atenção, erros no processamento da imagem
radiográfica resultarão em imagens ruins.
O processamento radiográfico deve ser realizado em câmara escura,
em tanques para processamento manual ou em máquinas de processamento
automático.
Em odontologia, o processamento manual é realizado especialmente
para as técnicas que utilizam filmes menores, como os filmes periapicais e
oclusais, enquanto grande parte das clínicas e de hospitais que realizam
técnicas extraorais utiliza o processamento automático ou digital para os
filmes de maior dimensão utilizados nas técnicas: panorâmica, telerradiografia
em norma lateral e posteroanteriores.

2. Formação da imagem latente


Quando um filme radiográfico ou um receptor de imagem digital recebe
a exposição dos raios X, forma-se uma imagem ainda invisível que, portanto,
está presente no filme exposto e ainda não revelado ou processado digitalmente.

117
Manual técnico de radiologia odontológica

Para compreendermos melhor como a imagem latente se transforma


em imagem visível durante o processamento químico, é necessário entender
como ela se forma.
A emulsão do filme radiográfico contém cristais de prata, aproxima­
damente 90% de brometo de prata e o restante de iodeto de prata.
Quando o filme é colocado no revelador, a solução reveladora afeta
apenas a prata exposta aos raios X, retirando seu elemento halogenado e
deixando um depósito de prata metálica negra em seu lugar.
A lavagem intermediária entre o banho no revelador e o banho no fixador
remove o revelador, que impregnou o filme antes de ser levado ao fixador.
A solução fixadora dissolve, então, os grãos de prata que não foram
expostos e promove o endurecimento final da gelatina, que também compõe
o filme.

FIGURA 1 - PROCESSAMENTO DO FILME RADIOGRÁFICO


B

®o $ ®
Jp#? ^
f o O j
OVJ
D
ím # 0 * O ^
\o * m r * . • .* .i

Legenda: A - Grãos de prata, a imagem em cinza ilustra a imagem latente produzida pela exposição
do filme.
B - Processo de revelação ainda não terminado, produção da prata metálica (negra).
C - Revelação terminada.
D - Grãos de prata não expostos eliminados pelo fixador.
FONTE: a autora

118
C apítulo VII Processamento radiográfico

3. Etapas do processamento radiográfico


3.1. Abertura do filme
O filme radiográfico deve ser aberto em câmara escura com luz
adequada para a sensibilidade do filme ou no interior das caixas de proces­
samento radiográfico portáteis.
Ao abrir a embalagem do filme, o técnico deve estar com as mãos
secas, evitar o contato com as unhas sobre o filme e segurar com os dedos
na emulsão.

FIGURA 2 - ABERTURA DO FILME RADIOGRÁFICO PERIAPICAL

FONTE: adaptado de L os ra y o s X e n o d o n to lo g ia , Eastman Kodak Company, 1970

3.2. Revelação
O revelador é um químico com ingredientes ativos designados a
transformar a prata em prata metálica. Essa transformação permite o
aparecimento da imagem, antes latente, como imagem real.
De coloração amarelada e odor forte, tem pH alcalino entre 10 e 12.

119
Manual técnico de radiologia odontológica

Três fatores influenciam o processamento: a temperatura, o tempo e


a atividade química da solução.
A temperatura da solução está diretamente relacionada ao tempo de
permanência do filme no revelador. Se a temperatura da solução for alta
(igual ou maior que 26,5°C), o filme será revelado mais rapidamente, mas
algumas alterações, como um contraste maior ou aparência mais branca e
preta, com menos tons intermediários de cinza, podem ocorrer.
Se a temperatura da solução estiver muito baixa (igual ou menor
que 15,5°C), o filme será revelado mais lentamente e apresentará menor
contraste. A temperatura ideal para a revelação dos filmes intraorais deve
variar entre 20 e 21°C.
Como qualquer solução química, os líquidos reveladores devem ser
preparados seguindo as recomendações do fabricante e sua atividade química
dependerá do tamanho dos tanques ou recipientes e do número de filmes
revelados.

QUADRO 1 - SOLUÇÃO REVELADORA


A GENTE QUÍM ICO ATIVIDADE
Redutores Hidroquinona Transforma o cristal de prata em prata negra
Elon
A celerador Carbonato de cálcio Entumece a emulsão e promove alcalinização do
meio
Retardador Brometo de potássio Cessa a ação do agente redutor nos cristais não
expostos
Preservador Sulfito de sódio Retarda a oxidação do revelador
Solvente Á gua Promove a mistura dos químicos
FONTE: a autora

3.3. Lavagem intermediária


Após a revelação, a etapa de lavagem intermediária é imprescindível
para que haja a remoção da solução reveladora do filme antes de sua
colocação na solução fixadora.
Esse procedimento deve ser feito durante 20 segundos. A lavagem
intermediária remove do filme a solução alcalina do revelador, impedindo
a reação química com a solução ácida do fixador, diminuindo sua eficácia.

120
C apítulo VII Processamento radiográfico

3.4. Fixação
O processo de fixação da imagem deve ocorrer em aproximadamente
5 minutos. A maior parte dos cristais não expostos ocorre nos primeiros
2 minutos, quando o operador já poderá avaliar a imagem obtida utilizando
luz e, posteriormente, retornando o filme para que o tempo de fixação de
5 minutos seja completado.
Caso o tempo de fixação não seja completado, alguns cristais podem
permanecer na emulsão e resultar em manchas na radiografia, posteriormente.

QUADRO 2 - SOLUÇÃO FIXADORA


A G EN TE Q U ÍM ICO A TIVIDADE
Fixador H ipossulfito de sódio D issolve a prata não exposta
E ndurecedor A lúm en de potássio Contração e endurecim ento da gelatina
A cidificante Á cido acético Prom ove acidificação do meio
Preservador Sulfito de sódio R etarda a deterioração do hipossulfito
Solvente Á gua Prom ove a m istura dos quím icos
FONTE: a autora

3.5. Lavagem final


Para completar o processamento, o filme deverá ser lavado por
10 minutos em água corrente, para remoção completa da solução fixadora.

3.6. Secagem
Os filmes podem ser deixados em ambiente livre de poeira e secos
naturalmente ou utilizando secadoras específicas que não devem exceder a
temperatura de 49°C.
O filme processado é, então, chamado de radiografia.

3.7. Processamento manual passo a passo


• prepare o revelador e o fixador de acordo com as recomendações
do fabricante. Para processamento em caixa de processamento
individual, estão disponíveis soluções prontas para uso;

121
Manual técnico de radiologia odontológica

• utilize um termômetro para determinar a temperatura do revelador;


• abra o filme;
• prenda o filme corretamente no grampo porta-filme (colgadura);
• marque o tempo no cronômetro de acordo com a temperatura
indicada pelo fabricante;
• coloque o filme no revelador, fazendo movimentos por 5 segundos,
para que não haja a incorporação de bolhas, e não agite mais o
filme durante a revelação;
• após o tempo estabelecido, remova o filme do revelador, deixe
escorrer o excesso dentro do tanque de lavagem intermediária,
coloque o filme na água e agite continuamente em movimentos
verticais durante 20 segundos;
• escorra o excesso de água, coloque o grampo no fixador e deixe
por 5 minutos;
• escorra o excesso de fixador no tanque intermediário de lavagem
e deixe para lavagem final em água corrente por 10 minutos;
• secar e montar.

3.8. Processamento automático


Consiste em um método simples e que permite melhor padronização
da imagem. Para tanto, faz-se necessária a aquisição de máquinas de
processamento automáticas para filmes intra e/ou extraorais.
Diferentes processadoras automáticas estão disponíveis no mercado,
embora no Brasil sejam mais utilizadas para o processamento de filmes
extraorais. Algumas processadoras só podem ser utilizadas em câmara
escura sob luz de segurança, como ocorre no processamento manual, outras
permitem o processamento em ambientes com luz comum, pois apresentam
dispositivos que permitem a abertura das embalagens dos filmes em
compartimentos protegidos da luz.
O processamento automático apresenta algumas vantagens sobre o
processamento manual, como: a temperatura e o tempo de processamento são
automaticamente controlados, um menor número de equipamentos é necessário,
além de ocupar menos espaço.

122
C apítulo VII Processamento radiográfico

Em média, um tempo menor é necessário, entre 4 a 8 minutos, para


revelar, fixar, lavar e secar. A processadora automática permite a manutenção
da tem peratura das soluções e o controle do tempo de processam ento.
A maioria das processadoras automáticas transporta os filmes para as soluções
por meio de rolos.
Para que haja uma padronização na imagem radiográfica, é necessária
a manutenção do equipamento, conforme as instruções do fabricante.
A manutenção do equipamento inclui a verificação do nível das soluções,
temperatura, suplemento de água, limpeza dos tanques e dos rolos. As soluções
de processamento utilizadas no processamento automático são diferentes
das soluções utilizadas no processamento manual, pois são preparadas para
suportar temperaturas maiores.

3.9. Montagem e identificação das radiografias


A documentação do paciente tem relevância jurídica; portanto, a
identificação do paciente com nome correto, completo e legível, a data da
radiografia, o nome do solicitante e a montagem correta devem ser observadas.
As radiografias podem ser utilizadas também na identificação de corpos.
A montagem das radiografias pode ser definida como a colocação
dos filmes em uma carteia apropriada, para posterior interpretação das
imagens, organizadas de acordo com a região anatômica, e deve ser feita
imediatamente após a secagem.
Sem a montagem das radiografias intraorais não é possível interpretar
a imagem corretamente e também não é possível arquivar as radiografias,
prevenindo ainda danos à emulsão do filme.
As mãos do operador devem estar limpas e secas; luvas finas de
algodão podem ser usadas. Se necessário, utilizar lente de aumento.
As radiografias periapicais, interproximais e oclusais devem ser
montadas em carteias próprias e adequadas ao número de radiografias.
Essas carteias podem ser encomendadas em gráficas com a logomarca
da empresa ou compradas em casas de material odontológico e podem
ser de plástico ou de papel. Estão disponíveis em diferentes tamanhos e
configurações.
Radiografias montadas incorretamente podem resultar em extrações
erradas de dentes e em complicações para o cirurgião-dentista.

123
Manual técnico de radiologia odontológica

Alguns passos podem ser seguidos para prevenir erros durante a


montagem das radiografias:

• disponha as radiografias sobre o negatoscópio sempre com a saliência


do picote (convexa) voltada para o operador. Os filmes montados
dessa maneira são vistos como se vê na boca do paciente, de frente.
Assim, os dentes que estão do lado esquerdo da mão do operador
estão no lado direito do paciente;
• separe os filmes de acordo com a técnica utilizada, interproximais
ou periapicais;
• monte as radiografias interproximais com os dentes pré-molares
voltados para a linha média;
• monte as radiografias periapicais em regiões: superior (D e E)
e inferior (D e E), sempre com a parte convexa do picote voltada
para o operador;
• as radiografias interproximais podem auxiliar na montagem
das radiografias periapicais, especialmente quando os dentes
apresentam restaurações.
Para que as radiografias sejam montadas adequadamente, o técnico
deve conhecer os reparos anatômicos de cada região, bem como reconhecer
o formato dos dentes. Esses reparos anatômicos estão ilustrados no
capítulo VIII.

FIGURA 3 - CARTELAS PARA MONTAGEM DAS RADIOGRAFIAS

Legenda: A - Para duas radiografias em papel.


B - Para sete radiografias em plástico preto.
FONTE: a autora

124
C apítulo VII Processamento radiográfico

FIGURA 4 - RADIOGRAFIA E A EMBALAGEM DO FILME INDICANDO


O PICOTE

FONTE: a autora

FIGURA 5 - RADIOGRAFIAS SEPARADAS NO NEGATOSCÓPIO POR


TÉCNICA E POR REGIÃO

Legenda: A - Interproximais lados D e E.


B - Periapicais mandíbula e maxila.
FONTE: a autora

125
Manual técnico de radiologia odontológica

FIGURA 6 - CARTELA COMAS RADIOGRAFIAS MONTADAS

FONTE: a autora

Após a leitura deste capítulo, é possível compreender que a etapa de


processamento radiográfico inicia-se com a abertura do filme e termina com
a radiografia montada em carteias, devidamente identificadas.
O número de etapas do processamento radiográfico é grande e
precisa ser realizado com atenção. Se o técnico não estiver atento a cada uma
das etapas, o resultado final será de uma imagem ruim. O processamento
radiográfico é o responsável pelo maior número de repetições em odontologia.

126
C ap Itulo VIII
TOMIA RADIOGRÁFICA

A interpretação radiográfica depende de vários fatores, já discutidos


nos capítulos anteriores.

O técnico em radiologia odontológica deve conhecer os reparos


anatômicos que são projetados em cada região da boca, para que possa
reconhecer uma radiografia de boa qualidade para a interpretação
radiográfica.

Neste capítulo, as imagens serão distribuídas pela região da maxila


e da mandíbula, com os reparos anatômicos identificados.

Nem todos os reparos são bem visualizados em todas as radio­


grafias, mas devem ser reconhecidos pelo técnico em cada uma das
projeções.

Serão ilustrados neste capítulo os reparos anatômicos que podem ser


identificados nas radiografias intraorais.

1. Anatomia radiográfica periapical


A radiografia periapical é, sem dúvida, a radiografia mais utilizada
em odontologia.
Atualmente, a radiografia panorâmica também é muito solicitada por
cirurgiões-dentistas de todas as especialidades, por sua facilidade de operação,
pela colaboração do paciente e por permitir a interpretação radiográfica de
muitos dentes.

Entretanto, nenhuma imagem radiográfica permite a interpretação


das estruturas dentárias e do osso adjacente com tanto detalhe. As imagens
obtidas na técnica periapical permitem a interpretação da anatomia dos
dentes, do número de raízes e dos canais radiculares, informações funda­
mentais para a realização de tratamentos endodônticos.

127
Manual técnico de radiologia odontológica

1.1. Maxila
FIGURA 1 - REGIÃO DE MOLARES

Legenda: 1 - Osso zigomático.


2 - Seio maxilar.
3 - Processo coronoide da mandíbula.
4 - Processo zigomático da maxila.
5 - Hâmulo pterigoideo.
6 - Túber da maxila.
FONTE: a autora

128
C apítulo VIII Anatomia radiográfica

FIGURA 2 - REGIÃO DE PRÉ-MOLARES

Legenda: 1 - Osso zigomático.


2 - Seio maxilar.
4 - Processo zigomático da maxila.
6 - Túber da maxila.
7 - Soalho de fossa nasal.
FONTE: a autora

129
Manual técnico de radiologia odontológica

FIGURA 3 - REGIÃO DE CANINOS

Legenda: 2 - Seio maxilar.


7 - Soalho de fossa nasal.
1 - Y invertido de Ennis.
FONTE: a autora

130
C apítulo VIII Anatomia radiográfica

FIGURA 4 - REGIÃO DE INCISIVOS

Legenda: 8 - Cometo nasal inferior.


9 - Septo nasal.
10 - Abertura nasal do canal incisivo.
11 - Sombra das narinas.
12 - Espinha nasal anterior.
13 - Sutura intermaxilar.
14 - Forame incisivo.
15 - Fossa nasal.
FONTE: a autora

131
Manual técnico de radiologia odontológica

1.2. Mandíbula
FIGURA 5 - REGIÃO DE MOLARES

Legenda: 1 - Linha oblíqua.


2 - Linha oblíqua interna (milo-hiódea).
3 - Canal mandibular.
4 - Base da mandíbula.
FONTE: a autora

132
C apítulo VIII Anatomia radiográfica

FIGURA 6 - REGIÃO DE PRÉ-MOLARES

Legenda: 3 - Canal mandibular.


5 - Forame mentual.
FONTE: a autora

133
Manual técnico de radiologia odontológica

FIGURA 7 - REGIÃO DE CANINOS

Legenda: 4 - Base da mandíbula.


5 - Forame mentual.
6 - Trabeculado ósseo da mandíbula.
7 - Canais nutritivos.
FONTE: a autora

134
C apítulo VIII Anatomia radiográfica

FIGURA 8 - REGIÃO DE INCISIVOS

Legenda: 7 - Canais nutritivos.


8 - Protuberância mentual.
9 - Processo geni e foramina lingual.
FONTE: a autora

135
Manual técnico de radiologia odontológica

2. Anatomia radiográfica interproximal


FIGURA 9 - IMAGENS RADIOGRÁFICAS INTERPROXIMAIS

Legenda: 1 - Cárie interproximal.


2 - Dentina.
3 - Esmalte.
4 - Polpa.
5 - Área de velamento cervical.
6 - Crista alveolar interdental.
7 - Restauração de amálgama.
8 - Osso alveolar.
9 - Lâmina dura.
10 -C alcificação pulpar.
FONTE: a autora

136
C apítulo VIU Anatomia radiográfica

3. Anatomia radiográfica oclusal


FIGURA 10 - RADIOGRAFIA OCLUSAL TOTAL DE MAXILA

Legenda: 1 - Dueto lacrimonasal.


2 - Osso zigomático.
3 - Septo nasal e vômer.
4 - Espinha nasal anterior.
5 - Palato e assoalho de fossa nasal.
FONTE: a autora

137
Manual técnico de radiologia odontológica

FIGURA 11 - RADIOGRAFIA OCLUSAL PARA INCISIVOS

Legenda: 1 - Dueto lacrimonasal.


2 - Projeção do osso frontal.
3 - Abertura nasal do canal incisivo.
4 - Espinha nasal anterior.
5 - Extensão palatina do seio maxilar.
FONTE: a autora

138
C apítulo VIII Anatomia radiográfica

FIGURA 12 - RADIOGRAFIA OCLUSAL PARA CANINOS

Legenda: 1 - Assoalho da fossa nasal.


2 - Limite anterior do seio maxilar.
3 - Seio maxilar.
4 - Fossa nasal e seio maxilar.
5 - Odontoma composto.
FONTE: a autora

139
Manual técnico de radiologia odontológica

FIGURA 13 - RADIOGRAFIA OCLUSAL TOTAL DE MANDÍBULA

Legenda: 1 - Língua.
2 - Espinhas genianas.
3 - Forame mentual.
4 - Tecido mole.
5 - Corticais externas do corpo e do rebordo alveolar.
6 - Cortical interna do rebordo alveolar.
7 - Cortical interna do corpo da mandíbula.
FONTE: a autora

140
C apítulo VIII Anatomia radiográfica

FIGURA 14 - OCLUSAL DE SÍFISE DA MANDÍBULA

Legenda: 1 - Dentes decíduos.


2 - Dentes permanentes.
3 - Espinhas genianas.
4 - Base da mandíbula.
FONTE: a autora

141
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após a leitura deste manual, o operador de raios X deve ter compreendido


a importância das radiografias em Odontologia e também a grande respon­
sabilidade do operador na obtenção de imagens com qualidade.
A escolha das técnicas adequadas, o conhecimento da resolução
brasileira que determina as normas para o uso de radiações ionizantes,
a atenção na relação paciente/profissional e o cuidado em cada etapa do
processamento e arquivamento das imagens são aspectos importantes que,
com certeza, serão considerados no momento da escolha de profissionais em
serviços públicos, clínicas odontológicas e hospitais.
O técnico em radiologia deverá ter sempre em mente que as imagens
por ele obtidas resultarão em um diagnóstico importante para cada paciente e
que o controle de qualidade da imagem radiográfica será fruto de padronização
rigorosa e de sua atenção constante.

A autora

143
REFERÊNCIAS

ÁLVARES, L. C.; FREITAS, J. A. S.; CAPELOZZA, A. L. A. Glossário de


termos técnicos de radiologia odontológica e radiobiologia. Bauru: EDUSC,
2000. 181 p.
________ ; TAVANO, O. Curso de radiologia em odontologia. 4. ed. São
Paulo: Ed. Santos, 1998. 248 p.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância Sanitária. Portaria n. 453,
de 01 de junho de 1998. Aprova o Regulamento Técnico que estabelece as
diretrizes básicas de proteção radiológica em radiodiagnóstico médico e
odontológico, dispõe sobre o uso dos raios-x diagnósticos em todo território
nacional e dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder Executivo,
Brasília, DF, 2 jun. 1998. Disponível em: <http://e-legis.bvs.br/leisref/public/
showAct.php?id=1021>. Acesso em: 30 abr. 2008.
BROCKLEBANK, L. Dental radiology: understanding the x-ray image.
New York: Oxford University Press, 1997. 217 p.
CAPELOZZA, A. L. A. et al. Anatomia radiográfica em odontologia. Bauru:
HRAC-USP/FUNCRAF, 1999. 1 CD-ROM.
ENNIS, L. M.; BERRY JUNIOR, Fl. M.; PHILLIPS, J. E. Dental roentgenology.
6. ed. Philadelphia: Lea & Febiger, 1967. 740 p.
FABINJECTDENTAL. Disponível em: <http://www.fabinject.com.br/pub/
site/materiais.php>. Acesso em: 12 jan. 2009.
FREITAS, A.; ROSA, J. E.; SOUZA, I. F. Radiologia odontológica. 6. ed.
São Paulo: Artes Médicas, 2004. 833 p.
HARING, J. I.; LIND, L. J. Dental radiography\ principies and techniques.
Philadelphia: Saunders, 1996. 556 p.
KODAK DENTAL SYSTEMS. Disponível em: < http://www.kodakdental.com/
en/fihn/index.html?pID=2172>. Acesso em: 12 jan. 2009.

145
Manual de Técnica Radiográfiça Odontológica

LOS RAYOS X en odontologia. Eastman Kodak Company, 1970. 76 p.


MAURIELLO, S. M.; OVERMAN, V. P.; PLATIN, E. Radiographic imaging
for dental team. Philadelphia: Lippincott, 1995. 440 p.
WHAITES, E. Princípios de radiologia odontológica. 3. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2003. 444 p.

146
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172 Soúde • Doenço na Enfermagem: Entre o Senso Comum e o Bom Senso Daniel Gonzalo Eslava Albarracín 8574980757
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282 legislação trabalhista e previdenciária aplicada à saúde e segurança do trabalhador - Vol. 9 Alexandre da Costa Araújo 9788574981529

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226 Morfiefing no Saúde - Humanismo e Lucratividode Ester Gorcia 8 574981176
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A radiologia odontológica pode ser dividida em vários
capítulos, que precisam ser compreendidos por aqueles que
trabalharão com raios X.
Dentre os capítulos m ais importantes, estão: a produção das
radiações, as técnicas e os critérios para a prescrição em
odontologia, a proteção dos pacientes e profissionais, o
processamento e a montagem das radiografias. 0 domínio das
técnicas radiográficas intra e extrabucais e o controle de qualidade
da im agem são fundamentais na diferenciação dos profissionais.
Este m anual foi escrito com esse propósito, o de capacitar os técnicos
em radiologia odontológica e contribuir para o aprendizado de
estudantes de odontologia, auxiliares odontológicos, THDs e
cirurgiões-dentistas.

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