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ISBN 978-85-88020-71-9
CopyrigNQ 2013 by
Renato Rodrigues de Almeida
Todos os d"ailos 1>ara a ltngua portuguesa reservados pela e<Jrlora OuniQLJ'!r l~)rte c:Jesta
publicação pode<á ser reproduZida. guardada pelo sistema ·relrieval" ou trar>smrll(b de
qualquer modo ou por qualquer outro meio, se1a eletrônico. mec&1oco. de fotocopi.l. de
gravacào ou outros. deSde que autorizado prev.amente. por escrrlo. pela editor-..
DiréÇOO Gérél
Teresa Rodrigues D'Aurea Furquim
Editor
Laurindo Zanco l>urquim
Diretores Editoriais
Brune;> D'Aurea Furquim
Rachei Furquim Marson
Diagmmação
Gildásio Oliveira Reis Júnior
Tatiane Comochena
Mlchelly Palma
Ilustração
Dlego Pinaffo
Marcos Amaral
Normalização
Marisa Helena Brito
Re~~ls.~o
Ronis Furqulm Siqueira
Impressão
Pancrom
ISBN 978-85-88020-71-9
rr.almeida2011@bol.com.br
COLABORADORES
Orgulho-me de vocês.
AGRADECIMENTOS
Muito obrigado.
Sumário
Capítulo o1: Etiologia das Más Oclusões ...................................................................o2o
Capítulo 09: Mecânica 4X2: Abordagem Precoce das Más Oclusões .................-426
Referências............................................................................................... 556
Prefácio
Prefaciar um livro é sempre tarefa de grande responsabilidade e, muitas vezes, apresenta
um bom grau de dificuldade. Prefaciar a obra do doutor Renato Rodrigues de Almeida,
porém, chega a ser fácil, além de se configurar em imensa alegria. Isso porque, caro leitor,
tenho o privilégio de figurar entre os amigos desse competente profissional desde o início
de sua carreira. M oramos juntos nos idos dos anos 60, quando iniciávamos nossa carreira
na acolhedora Faculdade de Odontologia de Bauru - a FOB-USP. Eu no Departamento
de Radiologia, ele na Ortodontia. E já naquela época ele demonstrava talento e determi-
nação, sem deixar de expressar simplicidade e humildade- como fazem, aliás, as pessoas
de grande valor. E seu valor extrapola os limites dos departamentos e das clínicas odonto-
lógicas ... Seu valor está na lisura de seus atos, na ética de vida, marcado na linda família que
construiu. A família Rodrigues de Almeida, a propósito, está unida por laços de sangue e
também pela paixão dedicada à Odontologia. Juntos, e de coração, eles formam, hoje, o
CORA (Centro Odontológico Rodrigues de Almeida).
E o que você encontrará por aqui, afinal? Numa equilibrada combinação de experiência
acadêmica e clínica, o doutor Renato reúne neste livro conhecimentos adquiridos em
mais de quatro décadas de árduo e dedicado trabalho. Sem dúvida, com essa obra, brinda
a Odontologia brasileira com um conteúdo que deve ser leitura obrigatória para quem
pensa em trilhar a especialidade da Ortodontia. Ao autor, portanto, levanto simbolica-
mente um brinde com gosto de amizade.
Com vistas nesse conceito de intervir, ou não, precocemente, teve origem o título desse
livro (Ortodontia Preventiva e Interceptara: Mito ou Realidade?).
Esse livro é o produto do trabalho árduo de muitas pessoas encorajadas pela citação de
Charles Tweed, nos idos de 1960, de que "o conhecimento irá, gradualmente, substituir
a mecânica severa e, em um fu turo muito próximo, a grande maioria dos tratamentos
ortodônticos será executada durante o período da dentadura mista, do crescimento c
dlesenvolvimento craniofacial, antes da dificil idade da adolescência".
A meta principal desse livro é nortear e incentivar o leitor, de forma simples e didática, a
interceptar as más oclusões nos estágios incipientes, antes que se transformem em comple-
xas. R ecomendamos esse livro para os alunos da graduação com interesse em Ortodontia,
pós-graduação Lato sensu e Stricto sensu em Ortodontia.
Capítulo 5 - M á Oclusão de Classe III. Esse capítulo aborda, de forma simples, o diag-
nóstico diferencial da má oclusão de Classe III. Apresenta, ainda, o plano de tratamento com
uma versatilidade de aparelhos, nos vários casos clínicos acompanhados em longo prazo.
Capítulo 6 -Hábitos Bucais e Mordida Aberta Anterior. Talvez esse seja o tema
principal e mais controverso desse livro, devido à sua associação e complexidade. Serão
apresentados 11 casos clínicos com Mordida Aberta Anterior iniciados nas dentaduras de-
cídua c mista, tratados com aparelhos removíveis e fixos, acompanhados em longo prazo.
Capítulo 11 - Más Oclusões Atípicas. Como exemplo de más oclusões atípicas, fo-
ram selecionados casos clínicos que apresentavam dentes supranumerários, odontomas
e agcncsias, tratados com o envolvimento multidisciplinar.
Capítulo 12- Versatilidade Clínica da Placa de Hawley. Não restam dúvidas de que
a estabilidade do tratamento ortodôntico está diretamente relacionada com a contenção.
Nesse capítulo se abordará a Placa de Hawley na interceptação das más oclusões incipientes
na dentadura mista, bem como os vários tipos de placas de contenção passiva após a finali-
zação do tratamento ortodôntico, com suas vantagens e desvantagens.
\
capítulo 1
Etiologia das
Más Oclusões
INTRODUÇÃO
O capítulo que aborda a etiologia das más oclusões torna-se polêmico, uma vez que
toda má oclusão apresenta uma origem multifatorial, e não uma única causa específica.
Uma interação de vários fatores pode influenciar no crescimento e no desenvolvimento
dos maxilares, suscitando as más oclusões. O conhecimento desses fatores caracteriza
o capítulo da etiologia das más oclusões, que deve ser de domínio do clínico geral, do
odontopediatra e do ortodontista.
A alimentação nos tempos atuais também contribui para a "involução" da face, com con-
sequente aumento das más oclusões. No passado, os alimentos eram mais duros e fibrosos,
exigindo um grande esforço da musculatura facial durante a mastigação. Atualmente, apre-
sentam-se pastosos e, portanto, fáceis de serem consumidos com uma menor participação
da musculatura facial, comprometendo o crescimento e o desenvolvimento da face.
A sugerida por Guardo (1953) refere- se às causas hereditárias e congênitas, gerais, locais e
às causas prox:imais (hábitos bucaü).
TECIDOS RESULTADOS
Hereditárias
(causas de desenvolvimento
Neuromusculatura
de origem desconhecida)
Contínuo ou Disfunção
Traumatismos intermitente
Dentes
Ossos e cartilagem
Hábitos Diferentes
faixas etárias Displasia óssea
Enfermidades
Tecidos moles
Má nutrição
* Fome: Moycrs. R . E., 1979.
A classificação por nós utilizada assemelha- se à proposta por Guardo (1953), e nesse
capítulo apresentaremos uma abordagem dos fatores etiológicos genéticos e as causas
adquiridas gerais e locais .
FATORES GENÉTICOS
-O tamanho da maxila.
- O tamanho da mandibula.
- A relação entre as bases ósseas, Classe I, Classe II, Cllasse III, e os fatores que
determinam seu equili'brio ou desequilíbrio.
- A forma dos arcos dentários.
- O tamanho e a forma dos dentes.
-O número de dentes.
- A morfologia do tecido mole e o comportamento dos lábios, língua e muscula-
tura peribucal.
Sem dúvida alguma, a genética constitui um dos principais fatores etiológicos das más
oclusões e, para confirmar a sua participação na determinação das semelhanças familiares,
Krogman em 1972, em seu trabalho "Crescimento da criança", questionou duas situações
interessantes e rotineiras que são realizadas por familiares e amigos quando do nascimento
de uma criança. É menino ou menina? E com quem se parece? A pergunta com quem se
parece está diretamente ligada à herança, e o autor finaliza dizendo que "a alegria de se
identificar semelhanças num bebê é o reconhecimento do fato de que traços fisicos são
herdados, têm base genética e seguem uma linha familiar."
A geminação tem origem na divisão de um germe dentário em dois dentes, com coroa
grande, dupla ou bífida, e uma única raiz, com somente um canaL A fusão é o resultado
da união de dois germes dentários, com duas coroas, duas raízes, duas câmaras pu!pares
e dois condutos. P ode ser completa, coroa e rai z, ou incompleta, só coroa ou só raiz.
As anomalias de número, na sua grande maioria, são de origem genética, e podem tam-
bém estar associadas a deformidades congênitas como a displasia ectodérrnica e a disostose
cleidocraniana. Diversos autores acreditam que os dentes supranumerários e as agenesias
dentárias, além de apresentarem originariamente um componente genético, também estão
relacionadas ao atavismo e à evolução do homem, respectivamente.
iiGfriStl:l Fotografias extra e intrabucais e telerradiografias em norma lateral de gêmeos idênticos. evidenciando o mesmo padrão de
crescimento facial e as características da oclusão.
Orloc nt1
IJ-f!$Jj8 Fotografias extra e intrabucais
e telerradiografias em norma lateral
de gêmeas idênticas, evidenciando o
mesmo padrão de crescimento facial, as
características da oclusão e a similaridade
dos valores cefalométricos .
11Ajf4ij A, B) Paciente braquifacial, ou face curta. apresentando sobremordida profunda; c, O) paciente dolícofacial, ou face longa,
apresentando mordida aberta; e E, F) paciente mesofacial, ou face equilibrada, com bom padrão de oclusão.
il!if&lr:!l! Fotografias extrabucais de perfil e telerradiografias em norma lateral mostrando o desenvolvimento de uma má oclusão de
Classe 111 esquelética.
Entre os fatores genéticos, serão abordadas algumas síndromes com efeito clireto sobre as
estruturas dentocraniofaciais, como:
Disostose cleidocraniana
1.10C, 1.100, 1.10E. C) Aspecto intrabucal frontal mostrando mord ida aberta anterior e alteração na sequência de erupção dos dentes
permanentes. D, E) Aspecto intrabucal em vistas laterais.
illelilllelij! F) Telerradiografia evidenciando má oclusão de Classe 111 e G) radiografia panorâmica mostrando a presença de dentes
supranumerários (setas).
ilt.Jitlllell Vistas ex1rabucais de jovem com postura normal e "ombro a ombro", e vistas intrabucais mostrando seu aspecto eclusa!.
Lábios protuberantes
lllf!§811j Aspectos faciais, radiográficos e intrabucais de dois irmãos com displasia ectodérmica, evidenciando as principais características,
como lábios protuberantes, maxilares pouco desenvolvidos, ausência de osso alveolar e presença de poucos dentes (agenesia).
E ssa síndromc é uma doença envolvendo pele e anexos, de provável origem genética
de caráter do minante, relacionad a ao cromossomo X; portanto, acomete apen as o sexo
feminino, n a infància. O s sinais c sintom as mais frequentemente observados são: ano-
malias ocu lares, assimetria facial, distrofi a nasal , anomalias do couro cabeludo, desor-
dens do sistema nervoso e anomalias dentárias (Fig. 1.12A a 1.12I). Dentre as anomalias
dentárias, pode- se destacar:
Agenesias
Anomalias de forma, como dentes conoides, dentes geminados ou fusionados e dens in dens
Hipoplasia de esmalte
Esse tipo de malformação congênita caracteriza- se pela falta de fusão entre os processos
palatinos efou dos segmentos que formam o lábio superior, e compromete invariavelmente
o arco dentário superior, em maior ou menor extensão, de acordo com o tipo de fissura.
Segundo Spina (1972), as f1ssuras labiopalatais classificam- se nos três grupos descritos a se-
guir, de acordo com a sua localização, tendo como referência anatômica o forame incisivo.
UNILATERAIS
L esquerda (completa ou incompleta)
completa completa
BILATERAIS MEDIANAS
L incompleta
L incompleta
Grupo 11 -Fissuras trans-forame incisivo: são as fissuras que englobam o lábio superior e
o palato em todo a sua extensão. Todo indivíduo que apresenta esse tipo de fissura possui
má oclusão (Fig. 1.14A a 1.14D). As fissuras desse grupo podem ser:
direita
UNILATERAIS
L esquerda
BILATERAIS
Grupo 111 - Fissuras pós-forame incisivo: são as .fissuras que menos comprometem a es-
tética, uma vez que o envolvimento anatômico limita-se à região posterior ao forame in-
cisivo, mas os problemas funcionais relacionados à fala são frequentes (Fig. 1.15A, l.lSB).
Nesse grupo as fissuras podem ser:
No Brasil, a prevalência de pacientes fissu rados é de 1 para cada 650 indivíduos. A lite-
ratura demonstra, de forma unânime, que as fissuras de palato são mais frequ entes e mais
graves (extensão) no sexo feminino. Os dados do Hospital de R eabilitação de Anomalias
Craniofaciais, da Universidade de São Paulo, não fazem exceção ao revelar que, dos pa-
cientes com fissura isolada de palato, aproximadamente 59% são do sexo feminino e 41 %
do sexo masculino. Isso se explica pelo dimorfismo sexual em relação ao período de fusão
dos processos palatinos.
Supranumerários
Muitas teorias têm sido sugeridas para explicar a etiologia dos dentes supranumerários:
(1) a genética, com os estudos em linhagem genealógica de algumas fanu1ias onde os pes-
quisadores encontraram vários membros com supranumerários por duas gerações consecu-
tivas; (2) a dicotomia, que é a divisão do germe dentário em dois dentes; (3) o atavismo, que
significa o retorno à forma primitiva dos antropoides, que possuíam 12 dentes a mais que
o Homo sapiens; e (4) hiperatividade da lâmina dentária, que parece ser a teoria mais aceita.
Anquilose
lfNMfJ:!:I lnfraoclusão dos segundos molares decíduos Interiores e agenesia dos segundos pré-molares.
Onodontapr uda:Je?
-
if.flif.JU:M Radiografias panorâmicas e periapical mostrando vários segundos molares decíduos anquilosados e um segundo molar
decíduo inferior intraósseo e restaurado com amálgama, antes da anquilose e erupção dos demais dentes (setas).
if.f!lf.f88 Vistas intrabucais mostrando a infraoclusão dos segundos molares decíduos quase totalmente submersos, com inclinação
dos primeiros molares para mesial, reduzindo o comprimento do arao.
As patologias como cistos e tumores também podem ser consideradas como fatores
etiológicos de más oclusões, principalmente por causarem desvios de erupção dentária
(Fig. 1.30A, 1.30B, 1.30C).
iflt4Wfll:8 A) Aspecto radiográfico da erupção ectópica do primeiro molar permanente inferior. B) Aspecto radiográfico da perda de
espaço após a esfoliação precoce do segundo molar decíduo e perda de espaço para erupção do segundo pré-molar.
lfll§lflij Radiografias periapicais lateral direita e lateral esquerda mostrando a impacção dos primeiros molares permanentes e
reabsorção das faces distais dos segundos molares decíduos (setas).
Graber enfatizou ainda que, na presença de um diastema interincisivos causado por diver-
sos desses fatores etiológicos, o freio labial superior pode manter-se inserido por lingual,
dificultando a identificação da real participação da inserção fibrosa na manutenção do dias-
tema. Surge, então, a discussão semelhante à do ovo c da galinha: quem veio primeiro?
Deve-se ter em mente que todos esses fatores etiológicos do diastema interincisivos centrais
apresentam sua importância ao avaliarmos um paciente durante a dentadura permanente.
Nos estágios anteriores do desenvolvimento da oclusão - dentições decídua e mista - ,
o diastema intcrincisivos central apresenta- se como característica normal e fisiológica que,
segundo Taylor (1939), está presente em 97% das crianças durante a erupção dos incisivos
centrais superiores permanentes. Com a erupção dos incisivos laterais superiores perma-
nentes essa porcentagem diminui para 46% e, após a erupção dos caninos superiores per-
manentes, essa prevalência cai para 7%; é sobre esse número que se concentram os fatores
etiológicos responsáveis pelo diastema anteriormente discutido (Fig. 1.32A a l.32J).
Gerais
lfSP;MfF!:I A) Figura mostrando a proximidade entre as raízes dos dentes decfduos e os germes dos dentes permanentes (van der
Linden, 1986). B) Traumatismo dos incisivos centrais decíduos, com consequente inclinação dos incisivos permanentes para lingual,
provocando a mordida cruzada anterior de um ou mais dentes.
ifklêlfFJiij Desvio de erupção dos incisivos centrais permanentes, como consequência de um traumatismo, e erupção ectópica
devida à retenção prolongada do incisivo decíduo traumatizado.
if6!4fFI#I Traumatismo do incisivo central permanente, com fratura abaixo do ponto de contato e consequente perda de espaço
uma semana após o acidente.
Salzmann asseverou que uma falha nutritiva nas crianças em crescimento e desenvolvi-
mento provoca um retardo dos centros de ossificação. Outras pesquisas demonstraram que
a d eficiência de vitaminas A, B, C e D, da riboflavina e do iodo pode contribuir para as
más-formações esqueléticas e dentárias (Fig. 1.34A, 1.34B, 1.34C).
Locais
Os itens que constituem o grupo etiológico das causas adquiridas locais representam
os fatores mais diretamente relacionados à cavidade bucal e talvez sejam, para os orto-
dontistas, as causas mais importantes das más oclusões. Portanto, devem ser detectados
precocemente pelo cirurgião-dentista, de forma a proporcionar um adequado desen-
volvimento dos arcos dentários.
lffHf!Oi•) Radiog rafias panorâmicas e periapical mostrando falta de espaços para a erupção de dentes permanentes,
por extração prematura de dentes decíduos.
•I 1 m o OL' r at dode?
lf!Oi=Mft1i Extração prematura dos primeiros e segundos molares declduos, com consequente perda de espaço para a erupção do
segundo pré-molar (setas).
A oclusão dentária caracteriza-se pela intercuspidação de um dente superior com dois infe-
riores, com exceção dos últimos dentes superiores e dos incisivos centrais inferiores, man-
tendo, dessa forma, o equiHbrio na cavidade bucal (Fig. 1.36A, 1.36B).
Os dentes são exemplos vivos de uma união perfeita: um não fica distante do outro. Quan-
to há quebra do equilibrio por extração de um elemento dentário - como, por exemplo,
na Figura 1.36, de um incisivo central superior ou de um primeiro molar permanente-,
observa- se: inclinação para mesial e distal, na procura de um ponto de contato; redução do
comprimento do arco dentário, desvios da linha média c giroversões.
ilft8ffJ:! Primeiros molares permanentes com inclinação para mesial devida à destruição por cáries das faces distais dos
segundos molares decíduos supenor e inferior, respectivamente.
D u rante a vida pré-natal, por volta da 321 semana, o ser humano já começa a exercer a
sucção dos dedos, lingua e lábios. No nascimento, o bebê apresenta a função da sucção
completamente desenvolvida. A maturação desse sistema propicia o desenvolvimento apro-
priado das funções bucais, para a sua sobrevivência após o nascimento.
Por meio da amamentação, o bebê busca a satisfação nutricional fazendo um esforço para a
obtenção do alimento, exercitando as regiões peri e intrabucais. Além disso, experimenta o
estímulo agradável do toque dos lábios, da lingua e da mucosa palatina com o seio materno,
associando esse estímulo a sensações agradáveis como o carinho c o calor do corpo da mãe.
Na tentativa de prolongar essa sensação de prazer, a criança, após satisfazer a demanda fisioló-
gica, persiste no exercício da sucção. A chupeta efou o dedo podem satisfazer essa necessidade
sensorial motora- ou seja, a necessidade de exercitação da musculatura bucal-, promo-
vendo uma autossatisfação na ausência da mãe. Entretanto, o uso desses artificios pode levar
à dependência, que se intensificará quanto maior for a falta de atenção por pane dos pais,
principalmente se a mãe for ausente. A utilização da amamentação artificial deve obedecer
certos critérios quando introduzida na dieta do recém-nascido. O bebê deve receber na
cavidade bucal uma quantidade suficiente de liquido para estimulá-lo a sugar. Rotineira-
mente, a mãe aumenta o orificio do bico da mamadeira para deixar passar mais liquido,
diminuindo, assim, os exercícios de sucção. Essa deficiência na sucção ocasiona a flacidez
da musculatura de sustentação da lingua, dos lábios e da mandfbula. Com o aumento do
orificio da mamadeira, a lingua posiciona-se anteriormente na tentativa de evitar o engas-
gamento, devido ao maior volume de liquido na cavidade bucal. É importante salientar
que o tamanho do bico da mamadeira é diretamente proporcional à má oclusão provocada,
pois, sendo grande, irá manter a língua no assoalho da cavidade bucal, impedindo que essa
se eleve para exercer a pressão de dentro para fora, compensando a força desenvolvida pela
musculatura externa de fora para dentro (Fig. 1.38A, 1.38B).
I
I
/
A sucção guarda uma relação direta com as funções musculares de mastigação, deglutição e
respiração, tanto que a criança estabelece um ritmo na execução sequenciada dessas ações.
Portanto, qualquer alteração na su cção fatalmente promoverá distúrbios nessas funções.
Segundo Graber (1974), o tecido 6sseo é a segun da substância mais dura do organismo,
mas é muito maJeável quando submetido a forças mais suaves. Dessa forma, uma sucção
digital prolongada pode quebrar o Mecanismo do Bucinador, denominação dad a ao cqui-
Hbrio entre os múscu los bucinadores, con stritores superiores da faringe e orbiculares dos
lábios (externamente); e, internamente, a Hngua. Assim, a musculatura peribucal exerce
uma pressão de fora para dentro e a lingua, de dentro para fora, mantendo os dentes em
equilibrio na cavidade bucal (Fig. 1.39A, 1.39B, 1.39C). A quebra desse equilibrio leva
a um bloqueio do crescimento do processo alveolar, com constrição lateral da maxila,
devida ao aumento da tonicidade da musculatura pcribucal e ao posicionamento inferior
da língua. Essa situação, na maioria dos casos, provoca mordida aberta anterior, mordida
cruzada posterior, palato profundo, extrusão dos dentes posteriores e deslocamento an-
terior da maxila, como um todo. Se essas condições permanecerem por muito tempo, as
alterações advindas podem persistir mesmo após a interrupção do hábito.
Músculo constritor
superior da faringe
Músculo
.... r bucinador
Tubérculo
faringeo
L_. Músculo
} orbicular
1.39A, 1 .398, 1.39C. Músculos componentes do Mecanismo do Bucinador e o equilíbrio de forças da língua, lábios e bochechas
sobre os dentes e as estruturas ósseas. (Fonte: adaptado de Graber, T. M., 1974).
Consideram-se hábitos bucais deletérios a sucção digital prolongada efou da chupeta, pres-
são lingual atipica, bem como a respiração bucal. A interceptação precoce dos hábitos, na
maioria dos casos, torna- se imperiosa para evitar alterações no curso normal do crescimen-
to c desenvolvimento craniofacial.
O hábito de sucção dos dedos ou da chupeta até os 3 ou 4 anos de idade consiste, por-
tanto, em um mecanismo de suprimento emocional da criança e que não deve, preferen-
cialmente, sofrer interferências. Essa conduta justifica-se pelo fato de que as alterações
oclusais causadas pela sucção nessa fase restringem-se ao segmento anterior dos arcos
dentários, e podem ser revertidas espontaneamente com a interrupção do hábito, de tal
forma que os prejuízos emocionais podem superar, em muito, os prejuízos funcionais.
Sendo assim, a interrupção brusca do hábito antes dessa idade deve ser cuidadosamen-
te avaliada sob a óptica custo-beneficio. Além disso, segundo Almeida e Ursi (1990),
existe uma tendência natural de que a própria criança venha a abandonar o hábito com
o desenvolvimento de sua maturidade emocional e com o início da socialização, que
normalmente ocorre a partir dos 5 anos de idade. Entretanto, a persistência do hábito
durante a fase inicial da dentadura mista deve ser considerada como deletéria, uma vez
que os incisivos estão irrompendo e o hábito pode prejudicar o desenvolvimento nor-
mal da oclusão e do crescimento facial. A instalação de uma má oclusão, contudo, não
dep ende apenas da simples existência do hábito, mas também do padrão de crescimento
facial que a criança possui, bem como da DURAÇÃO, FREQUÊNCIA e INTEN-
SIDADE com que o hábito é realizado (tríade de Graber).
Quando o dedo é sugado, várias alterações ocorrem na região dos dentes c da muscu-
latura peribucal. Os dentes anterossuperiorcs e o processo alveolar sofrem uma pressão
nos sentidos vestibular c apical, favorecendo o aparecimento de diastemas entre os incisi-
vos, enquanto os incisivos inferiores são inclinados para lingual e apical, com consequente
aumento do trespasse horizontal. Com a interposição do dedo ocorre, ainda, o bloqueio
da erupção dos incisivos, criando- se condições para o desenvolvimento de uma Mordida
Aberta Anterior. O posicionamento do polegar no palato mantém a língua numa posição
mais inferior, afastando-se do contato com os dentes posteriores. Essa alteração pode cul-
minar com o estabelecimento de uma mordida cruzada posterior, visto que, sem a pressão
lingual compensatória, apenas a musculatura peribucal acaba atuando sobre esses dentes,
pressionando-os para lingual - fato esse que justifica o grande número de casos de mordi-
das abertas anteriores (MAA) que são acompanhadas por uma mordida cruzada posterior e
por um aprofundamento do palato, também chamado de palato ogival (Fig. 1.40A a 1.40F).
SUCÇÃO DE CHUPETA
A sucção da chupeta produz as mesmas alterações morfológicas que a sucção digital, porém a
MAA desenvolvida nessas condições mostra um aspecto mais circular (Fig. 1.42A a 1.42D).
Se houver restrição de desenvolvimento vertical dos incisivos em ambos os arcos, forma-se
uma conftguração circular característica da sucção de chupeta.
A interposição da língua devido à hipertrofia das anúgdalas palatinas pode ocorrer também
na região dos pré-molares e molares, causando uma mordida aberta posterior, de prognós-
tico de correção pouco favorável c com menor estabilidade de resultados. Essa condição
ocorre frente a perdas precoces de muitos dentes decíduos da região posterior, durante a
fase de desenvolvimento eclusa!. Desse modo, a língua perde seu anteparo lateral c acaba
se interpondo, durante a deglutição, entre os espaços dos dentes posteriores, bloqueando
a erupção dos sucessores permanentes e dando o rigem à má oclusão clássica denominada
Mordida Aberta Posterior (Fig. 1.4SA a 1.45E).
ii!O-J·Mif@:l Vistas extra e intrabucal evidenciando acentuada Mordida Aberta Anterior e Posterior, com assimetria facial, causadas
pela postura incorreta da língua durante a deglutição.
1.45C, 1.450, 1.45E. Mordida Aberta Posterior provocada pela interposição lingual durante a deglutição.
A respiração bucal ocorre em meio à dificuldade da respiração nasal, pela presença de obs-
táculos no trato respiratório superior, impedindo - de modo parcial ou total, temporária
ou permanentemente- o fluxo aéreo nasal. A respiração, sendo uma das funções reflexo-
-vegetativas execu tadas pelo sistema estomatognático, constitui um estímulo ininterrup-
to e de importância considerável no crescimento do terço médio da face dos jovens. A
cavidade nasal é, anatômica e fisiologicamente, conformada para propiciar a respiração,
desempenhando as funções de filtragem, aquecimento e umidificação do ar conduzido aos
pulmões, protegendo, dessa forma, as vias aéreas inferiores. Desde o nascimento respira-se
pelo nariz e, na ausência de obstáculos, esse padrão respiratório garantirá uma conformação
craniofacial induzjda pelo padrão morfogenético. A respiração nasal exerce uma destacada
influência na postura dos tecidos moles, permitindo um selamento adequado dos lábios e
o correto posicionamento da língua na cavidade bucal. Essa homeostasia neuromuscular
permite, também, o desempenho satisfatório de certas funções do sistema estomatogná-
tico, como a mastigação, a deglutição e a fala. A respiração bucal apresenta-se em graus
variados, mediante a incapacidade do fluxo aéreo nasal. Como aplicação prática, deve-se
avaliar se o desvio da respiração nasal induz ou atua como fator de alterações funcionais e
morfológicas. A avaliação clínica elucida algumas suspeitas, que devem ser averiguadas com
procedimentos mais detalhados. Na realização do exame clínico, deve-se procurar observar
determinadas aparências distintas presentes nos respiradores bucais, descritas a seguir.
a) Narinas estreitas: pela falta de função, ou seja, por não se dilatarem durante a
inspiração; quadro clínico denominado de insuftciênóa valvulonasal.
b) Lábios entreabertos: para propiciar a passagem do ar; devido à falta de selamento
dos lábios, a umidificação é falha e, com a passagem do fluxo aéreo, tornam-se
ressecados.
c) Tonicidade labial alterada: os lábios entreabertos, não exercendo uma função ade-
quada, comportam-se conforme a postura adquirida, tornando-se, na maioria
das vezes, hipotônicos.
d) Expressão inerte: denominada de "tàcies adenoidea", em virtude do aspecto aba-
tido do paciente, "em busca de ar"; corroborado pela deficiência de eminências
malarcs, decorrente do estreitamento da cavidade nasal.
a) Vestibuloversão dos incisivos superiores: pela falta do selamento labial, o lábio supe-
rior não exerce sua função no equilfbrio labiolingual para o posicionamento
dentário. Uma conformação estreita da maxila, em forma de "V", também
induz a protrusão dos incisivos superiores.
b) Verticaliza~ão dos in.císívos inferiores: como na respiração bucal a mandfbula per-
manece abaixada, uma maior porção do lábio inferior suplanta a borda incisa!
dos incisivos inferiores, permitindo que as porções musculares mais inferiores
e de maior tonicidade exerçam pressão nas faces vestibulares dos incisivos infe-
riores, inclinando-os para lingual.
c) Palato ogival: ocasionado pelo estreitamento transversal da maxila decorrente
dos fatores correlatos, como a perda do equilfbrio funcional entre a muscula-
tura peribucal e a língua. A língua abaixa-se para a passagem do ar pela cavi-
dade bucal, e não imprime no palato a pressão estimuladora do crescimento
transversal da maxila: Além disso, a deficiência da passagem do ar pela cavida-
de nasal também não propicia o crescimento maxilar nesse sentido. A pressão
exercida pela coluna aérea bucal tem uma orientação para cima, pressionando
os ossos palatinos, contribuindo também para a formação ogival do palato. O
quadro clinico característico desse estreitamento transversal maxilar é a mordi-
da cruzada posterior, acompanhada ou não de MAA.
O profissional deve avaliar a região da nasofaringe e bucofaringe, uma vez que nessas
reg iões estão localizados eleme ntos importantes, como as amígdalas faringeanas e
palatinas, respectivamente.
Com o intuito de estabelecer uma linha de referência para a medição do espaço da na-
sofaringe, McNamara Jr., em 1984, definiu uma linha denominada "Linha de McNa-
mara", que representa a menor distância entre a superficie convexa da adenoide, ou
parede posterior da nasofaringe, e a superficie dorsal do palato mole, medida no cefalo-
grama em norma lateral. Pacientes com valores iguais ou menores que Smm devem ser
enviados para o otorrinolaringologista.
nfi®Eil I Valores normais para medidas do espaço da nasofaringe, segundo Mc Namara Jr.
IDADE ESPAÇO
9anos 13mm
11 anos 14mm
adulto 17,4mm
O espaço da bucofaringe deve ser meclido no plan o manclibular, exatamente onde a língua
corta esse plano, em linha reta até a parede posterior da bucofaringe. Para McNamara Jr.,
quando esse espaço for maior que 13mm. estamos diante de uma hipertrofia das arrúgdalas,
forçando o paciente a uma deglutição com interposição lingual (Fig. 1.49A, 1.49B).
nj@ftlf.j Valores normais para medidas do espaço da bucofaringe, segundo McNamara Jr.
IDADE ESPAÇO
9 anos 11mm
11 anos 12mm
adulto 12 a 13mm
to
Tratamento da respiração bucal
A hipertrofia amigdaliana (farin geana e palati na), por ser a mais frequente entre os
obstáculos respiratórios e por imprimir efeitos posturais duradouros, merece maior
consideração. As amígdalas, quando bastante hipertrofiadas, obstruem os espaços aé-
reos, superior e inferior, exigindo uma adaptação dos tecidos moles e das estruturas
esqueléticas adjacentes, que concorrem para o desempenho das funções respiratórias,
da deglutição e da fala. A alteração morfológica dessas estruturas linfáticas inicia-se
geralmente na infància, persiste até a puberdade e regride, de forma progressiva, no
princípio da maturidade. Na literatura, consta ta-se que essa atrofia progressiva ocorre
com maior frequência nas amígdalas faringeanas.
A hipertrofia das arrúgdalas palatinas induz uma protrusão da língua, propiciando uma
pressão na lingual dos incisivos inferiores e, até mesmo, dificultando o fechamento da
boca; também funciona como um obstáculo mecânico à passagem do bolo alimentar. Sua
presença é detectada pelo exame clínico da bucofaringe.
Interposição labial
1.50A, 1.508, 1.50C. Alteração morfológica agravada pelo posicionamento do lábio inlerior entre os incisivos.
Durante a deglutição atípica, a musculatura hipertônica do músculo mentoniano exer-
ce um forte movimento do lábio inferior contra os incisivos- provocando uma re-
troinclinação desses- c sobre os dentes anteriores do arco superior, acentuando ainda
mais um trespasse horizontaljá existente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esse capítulo dedicou-se a uma retrospectiva sobre a temática da etiologia das más
oclusões. A determinação da origem das más oclusões é de fundamental importância
na realização de um bom diagnóstico. Não obstante os fatores etiológicos sejam dividi-
dos em causas genéticas e ambientais, cada irregularidade apresenta uma complexidade
muito grande no ponto de vista causal, com in fluências multifatoriais. Uma completa
anamnese, envolvendo os pais, e exame clínico são imprescindíveis na inferência dos
possíveis fatores etiológicos envolvidos em cada caso.
AGRADECIMENTOS
Mantenedores e
Recuperadores
de Espaço
INTRODUÇÃO
A dentadura decídua se completa por volta dos 3 anos de idade, com 20 dentes irrompi-
dos numa base óssea de forma semicircular. Em uma radiografia panorâmica, é possível
observar-se 48 dentes, 20 decíduos irrompidos e 28 dentes permanentes nos vár ios está-
gios de formação (Fig. 2.1).
!11 Radiografia panorâmica evidenciando a presença de 48 dentes, 20 decíduos irrompidos e 28 dentes permanentes nos vários
estágios de formação.
A dentadura decídua apresenta características próprias de normalidade: (1) relação dos se-
gundos molares decíduos superiores c inferiores em plano terminal reto, degrau distai e de-
grau mesial; (2) ausência da curva de Spee; (3) presença ou ausência de diastemas e espaços
primatas, respectivamente, nos arcos tipo I e tipo 11 (Fig. 2.2A a 2.2H, 2.3A a 2.3D).
')ri
Essa normalidade de oclusão é de responsabilidade dos cirurgiões- dentistas - clínicos
gerais, odontopediatras e ortodontistas- e o paciente deve ser acompanhado durante
todo o desenvolvimento da dentadura decídua para a mista, e da mista para a permanente;
a ocorrência de anormalidades é um fato que pode estar presente constantemente, sendo
que as maiores alterações ocorrem no primeiro período transitório, com a erupção dos
primeiros molares permanentes, segundo van der Linden (1983) . Nos arcos dentários
tipo I ou tipo 11, o mais frequente é a discrepância entre o espaço presente e o espaço
requerido para a erupção e acomodação de todos os dentes permanentes.
Cada dente se mantém harmoniosamente na sua posição correta, alinhado e com con-
tatos proximais em curva semielíptica para a maxila, e parabólica para a mandíbula, re-
cebendo a ação de forças musculares externas e internas (mecanismo do bucinador e
da língua, respectivamente) . Se uma dessas forças for alterada ou removida, fatalmente
ocorrerão mudanças no relacionamento dos dentes adjacentes, com migrações dentárias
e, assim, perdas de espaço, levando a uma desarmonia oclusal com consequências deleté-
rias ao sistema estomatognático da criança.
Vários fatores podem quebrar esse equilíbrio muscular, assim interferindo na oclusão
decídua, mista e permanente. Entre eles, citamos: cáries dentárias, restaurações in-
corretas, traumatismos e anquilose de dentes decíduos, anomalias congênitas, erup-
ção ectópica (geralmente dos primeiros molares permanentes), dentes supranumerá-
rios e hábitos bucais.
A cárie dentária é o fator etiológico mais comum da perda prematura de dentes decí-
duos, principalmente dos molares inferiores, numa proporção d uas vezes maior do que
na maxila (van der Linden, 1983); a maior perda de perímetro ou comprimento do arco
dentário na dentadura mista deve-se a ela. A cárie dentária, ainda hoje, ocupa um lugar
de destaque, apesar de todos os métodos e meios atuais para evitá-la. A perda parcial ou
total da estrutura dentária acarreta uma diminuição de espaço disponível no arco dentá-
rio, podendo resultar na migração dos dentes permanentes.
Uma lesão cariosa na face distai do segundo molar decíduo permite ao primeiro molar permanen-
te inclinar-se para mesial e, nesse caso, o melhor aparelho ortodôntico preventivo seria uma res-
tauração correta no molar decíduo, mantendo o diâmetro mesiodistal da coroa (Fig. 2.4A, 2.4B).
Or
Frequentemente, essa perda não afeta a distância intercaninos; entretanto, Moyers (1991)
considera que se a perda precoce ocorrer antes que os incisivos permanentes se desen-
volvam o suficiente para manter as dimensões do arco, pode ocorrer pequena perda de
espaço. Portanto, a instalação de mantenedor 11a região anterossuperior com a finalidade
apen as da preservação de espaço raramente é necessária após os 4 anos de idade.
Já para a região posterior, a perda dos molares decíduos deve-se à anquilose e, principal-
mente, às cáries dentárias. Nesses casos, a instalação de um mantenedor torna- se neces-
sária (Fig. 2.7 A, 2.7B, 2.7C).
A perda prematura dos dentes decíduos em pacientes com arco tipo I de Nance, com
excesso de espaço no arco dentário, onde o tamanho do osso basal é maior que o
somatório mesiodistal dos dentes, geralmente tem pouco ou nenhum efeito sobre o
desenvolvimento da oclusão e sobre o futuro posicionamento dos dentes permanen-
tes . Já em arcos tipo II de Nance sem espaço disponível, a perd a precoce de dentes
decíduos é totalmente desfavorável.
Or orl
Diante da perda precoce, e no intento de evitar o estabelecimento da má oclusão,
deve-se recorrer aos mantenedores de espaço, que podem ser classificados, de acordo
com o tipo, em removíveis e fixos e, de acordo com a função, em funcionais, estéticos
funcionais e não funcionais.
DIAGNÓSTICO E PLANEJAMENTO
Exame clínico
Avaliação do espaço presente:
• A maior perda de espaço normalmente ocorre, em média, dos primeiros dias até
seis meses após a extração de um dente decíduo, devido à inclinação mesial e
distai dos dentes adjacentes. O ideal seria a instalação do mantenedor de espaço
na mesma sessão da extração.
Dentes envolvidos:
!li! Radiografia panorâmica evidenciando a perda precoce de segundo molar esquerdo decfduo. Note que o germe dentário do
segundo pré-molar ainda não atingiu 2/3 de formação radicular.
• Com relação à quantidade de osso que recobre o dente sucessor, vale a pena
ressaltar que, se a perda do dente decíduo ocorrer precocemente e o dente
sucessor se encontrar no estágio 6 de Nolla (início da formação radicular), a
erupção será atrasada devido à grande quantidade de osso cobrindo o dente.
Nesse caso, está correta a indicação do aparelho mantenedor de espaço. En-
tretanto, quando ocorrer a perda do dente decíduo e o sucessor se encontrar
no estágio de formação radicular 8 (Nolla) - ou seja, 2/3 de raiz formada
- , não há necessidade de mantenedor de espaço, porque o dente sucessor
já está praticamente irrompendo na cavidade bucal (Fig . 2 .11). Em muitos
casos de infecção do dente decíduo, o osso que cobre o dente permanente
pode ser destruído. Nessa situação, a erupção do dente sucessor é acelerada,
independentemente da quantidade de raiz que ele possui. Não é raro obser-
varmos casos de dentes permanentes, principalmente primeiros pré-molares
superiores, que irrompem com um mínimo de raiz formada. Mesmo assim,
quando um dente decíduo com lesão periapical ou reabsorção interna é ex-
traído, deve-se colocar um mantenedor de espaço.
!111 Radiografia panorâmica evidenciando dois segundos pré-molares não irrompidos. O do lado direito já se encontra próximo do
estágio 8 de formação radicular segundo Nolla, e não há necessidade de manter o espaço. O segundo pré-molar esquerdo ainda não
atingiu o estágio 8 de Nolla e. portanto, há necessidade da manutenção do espaço.
Sequência de modelos distintos d e Mantenedores de Espaço (Fig. 2.1 2A, 2.1 2B , 2.12C).
Indicações:
• Crianças com perdas de um ou mais dentes nas regiões anterior e/ou posterior.
• Pacientes colaboradores.
• Prevenção de hábitos bucais deletérios.
Vantagens:
Desvantagem:
Mesmo sabendo que a perda precoce de dentes decíduos na região anterossuperior não
acarreta perda de espaço, somos favoráveis à colocação de um mantenedor de espaço,
do tipo removível funcional com dentes de acrílico, para evitar hábitos de interposição
de língua durante a deglutição e para favorecer a dicção e a estética da criança, devol-
vendo- lhe a função e o bem-estar psicossocial.
CASO CLÍNICO 1
CASO CLÍNICO 2
.14A, 2.148, 2.14C. A) O paciente apresenta má oclusão com perda dos incisivos centrais decíduos superiores e mordida
cruzada posterior. 8 ) Vis1a oclusaJ superior mostrando a versatilidade do aparelho removível: placa oom dentes de estoque e parafuso expansor.
C) Vista intrabucal frontal com o aparelho instalado.
Paciente do sexo masculino, com 5 anos de idade apresentou- se para tratamento com
p erdas múltiplas de inci sivos sup eriores e molares no arco inferior devido a cáries, o
que dificultava a dicção e a mastigação, principalmente no ato de cortar os alimentos.
Após a realização da dentisteria e devido à idade do paciente, o protocolo de tratamen-
to constou de mantenedor de espaço removível estético funcional superior e inferior.
Note, na Figura 2.15B, as dobras nos extremos dos grampos circunferenciais para
evitar ferimentos nos tecidos moles durante a instalação e remoção dos aparelhos. O
paciente e os pais receberam orientações quanto ao uso (24 horas) e cuidados com a
conservação e higiene do aparelho e da cavidade bucal após as refeições. Esse tipo de
mantenedor tem boa aceitação pelo paciente porque, além de auxiliar na mastigação,
devolve a estética, o sorriso e a autoestima (Fig. 2.15A a 2.15D).
fiiO"f!fJIOi•l A) Perdas dentárias múltiplas nas regiões anterossuperior e posteroinferior. B) Aspecto intrabucal frontal com
mantenedores de espaço removíveis funcionais com dentes artificiais. C , D) Estética do sorriso.
CASO ClÍNICO 4
-
Vistas oclusais de um paciente na fase da dentadura mista, período intertransitório, com
perdas prematuras de múltiplos dentes decíduos, e respectivos aparelhos manten edores de
espaço removíveis funcionais superior e inferior. Esses aparelhos têm por função: (1) evitar
a inclinação dos primeiros molares permanentes para mesial e a inclinação dos incisivos
inferiores para lingual- fatores importantes na redução do comprimento dos arcos dentá-
rios; (2) restabelecer a oclusão e impedir a interposição da língua nos espaços das extrações
durante a deglutição (Fig. 2.16A a 2.16F).
~JN·fJCjjª Vistas odusais e laterais dos arcos dentários superior e inferior de um paciente na fase da dentadura mista com os
mantenedores de espaço instalados.
Indicações:
Vantagens:
Desvantagens:
COROA-ALÇA : esse tipo de mantenedor está indicado para a região posterior do arco
den tário, nos casos com perda prematura de um único dente e cujo dente de apoio apre-
senta- se com grande destruição da coroa (Fig. 2.17).
rJD Componentes:
1) coroa de aço inoxidável;
2) fio de aço inoxidável com 0,9 ou 1 Omm
para a construção da alça;
3) solda de prata de baixa fusão;
4) fluxo ou pasta para soldagem e
material para polimento final.
O Componentes:
1) banda molar:
2) alça com fio de aço inoxidável de 0,9 ou
1,Omm de diâmetro;
3) solda de prata de baixa fusão;
4) fluxo ou pasta para soldagem e
material para polimento final.
CASO CLÍNICO 5
Este é um caso clinico de rotina apresentando extensa cárie no segundo molar decíduo,
que necessitou de extração prematura. A sequêncía c o desenvolvimento clínico podem ser
observados nas Figuras 2.19A a 2.19D.
~ A) Radiografia periapical
evidenciando a destruição do segundo
molar decíduo, por cárie, e o primeiro molar
permanente inclinado para mesial. B) Vista
intrabucal oclusal infenor de paciente com
mantenedor de espaço fixo do tipo banda-
alça. C) Radiografia periapical logo após a
instalação do mantenedor. O) Radiografia
periapical intermediária, com o espaço
mantido e a erupção do segundo pré-molar.
Erros clínicos na construção do aparelho e resultados adversos
~..fJ•f&..f.<uu! A) Aspecto intrabucal oclusal inferior, com perda do primeiro molar esquerdo decfduo. B) Mantenedor banda-alça
conformado incorretamente. não permitindo a erupção do dente sucessor. C, D) Mantenedor banda-alça com forma incorreta,
impedindo a erupção do primeiro pré-molar.
!!1DI Componentes:
1) bandas molares:
2) fio de aço inoxidável 0,9 ou 1,Omm
para a construção do arco lingual:
3) solda de prata de baixa fusão:
4) fluxo ou pasta para soldagem e
material para polimento final.
2.22A, 2.228, 2.22C. Sequência de tratamento até a erupção dos dentes permanentes.
& Componentes:
1) bandas molares;
2) fio de aço inoxidável 1,Omm para a
construção do arco lingual;
3) dentes de estoque (artificiais);
4) solda de prata de baixa fusão;
5) fluxo ou pasta para soldagem e
material para polimento final.
Paciente do sexo masculino com 6 anos de idade, no primeiro período transitório, per-
deu precocemente os incisivos centrais decíduos devido a trauma (Fig. 2.25A a 2.25D).
Esse tipo de mantencdor desempenha dupla função- além de manter espaço com den-
tes de estoque, promove alterações transversais no arco dentário superior. É indicado para
perda de um ou d ois dentes anter iores e para pacientes com mordida cruzada posterior e
não colaboradores com aparelhos removíveis (Fig. 2.30A a 2.300).
O mantenedor funcional colado pode ter a sua aplicabilidade tanto no segmento anterior
quanto no posterior.
Esse aparelho pode ser confeccionado pelo próprio profissional, e constüui-se de um fio de
aço inoxidável de 0,7mm ou 0,8rnm e resina composta, sem a necessidade da fase laborato-
rial. É indicado para perdas de um único dente (Fig. 2.31A a 2.31E, 2.32A, 2.32B, 2.32C).
Vantagens:
• Fácil construção.
• Baixo custo.
• Facilita uma correta higienização.
Desvantagens:
hflt•f.Jiiij Perda precoce do incisivo decíduo e aspectos extra e intrabucais denotando o mantenedor colado devolvendo a
função e a estética do sorriso.
O caso clínico abaixo ilustra a instalação imediata de um mantenedor colado, construído com fio de aço
inoxidável de 0,8mm ou 0,9mm de diâmetro, de forma que não interfira diretamente na oclusão, tomando-
-se o cuidado de afastá- lo do tecido mole (Fig. 2.32A, 2.32B, 2.33C).
.32A, 2.328, 2.32C. Perda prematura de primeiro molar esquerdo decíduo na região posterior do arco dentário: deve-se adaptar o fio de
aço de 0,8 ou 0,9mm de d iâmetro de forma que não interfira diretamente na oclusão, tomando-se o cuidado de afastá-lo do tecido mole.
Esse tipo de mantenedor deve ser confeccionado e instalado imediatamente após a perda do dente decíduo.
Nesse caso clínico de um paciente com 9 anos e 3 meses de idade, com perdas múltiplas de
dentes decíduos, instituiu-se como tratamento a extração seriada, devido à severa falta de es-
paço para erupção do caninos, primeiros e segundos pré-molares (espaço presente menor que
o espaço requerido). O leitor poderá entender melhor a terapia de extrações seriadas no Capí-
tulo 7. Inicialmente, indicou-se a exodontia dos primeiros pré- molares superiores, seguida da
in stalação da barra transpalatina, para evitar a mesialização dos primeiros molares permanen-
tes. Optou- se pelo uso da barra palatina porque, além de manter o espaço, foi possível realizar
a giroversão dos primeiros molares após as ativações nas hastes terminais da barra. O uso con-
tínuo da barra palatina foi suficiente para girar e ancorar os primeiros molares permanentes até
a erupção completa dos caninos e segundos pré-molares (Fig. 2.33A a 2.33D).
Vantagens:
Desvantagens:
~#Ff-f#Si•! Caso clfnico de extrações seriadas cujos espaços para erupção dos segundos pré-molares foram
mantidos com uso da barra palatina após a extração dos primeiros pré-molares e giroversão dos primeiros
molares permanentes.
f..fGPM#Gi:fi Radiografias panorâmicas mostrando a perda de espaço, por extração dos dentes decíduos, e o consequente
bloqueio da erupção dos dentes permanentes (ver setas).
CASO CLÍNICO 8
Paciente do sexo feminino, com 7 anos e 4 meses de idade, apresenta falha de erupção
dos primeiros molares permanentes superiores. Durante a anarnnese e o exame clínico,
notou-se bom estado de saúde geral, sem interferência de hábitos bucais e padTão L<cial
equilibrado. No exame intrabucal, verificou- se que a paciente encontrava- se na fase ini-
cial do primeiro período transitório, com os primeiros molares permanentes parcialmen-
te irrompidos, sendo que a face mesial estava impactada na região cervical da face distai
dos segundos molares decíduos (Fig. 2.35A, 2.35B).
2.36A, 2.368, 2.36C. Radiografias panorâmica e periapicais lateral direita e lateral esquerda mostrando a impacção dos
primeiros molares permanentes e a reabsorção incipiente na região distocervical dos segundos molares decíduos (setas).
Tratamento
Na ectopia irreversível, o tratam ento precoce está indicado - c o mais antigo e acei-
to por todos os autores é a separação realizada com fio de latão de 0,6 ou 0 ,7mm de
d iâmetro. O fio d e latão passa sob o ponto de contato na face distai do segundo molar
decíduo e mesial do primeiro molar permanente, sendo que, em alguns casos, é neces-
sário anestesiar a região para realizar esse procedimento. Na sequência, o fio é torcido
com pinça M athieu até exercer u ma pressão no ponto de contato, forçando o primeiro
molar para distai e o primeiro molar decíduo p ara mesial. Em seguida, o extremo é
cortado e dobrado , para não ferir os tecidos moles. A ativação po de ser realizada quin-
zenalmente ou a cada 21 dias (Fig. 2.37A a 2.37E).
2.37A, 2.378, 2.37C. Instalação e posição do fio de latão passando sob o ponto de contato. ativado e dobrado no espaço
interdentário por vestibula r para não interferir na oclusão (ver setas).
fJI:f;fJI:!M A, B, C) Final de
interceptação, com os primeiros molares
permanentes em chave de oclusão.
O, E. F) Radiografia panorâmica e
periapicais demonstrando a erupção
normal dos primeiros molares
permanentes (ver setas).
Indicação: indicado para recuperar espaço nas regiões anterior, posterior, superior
e inferior.
D Componentes:
& ATIVAÇÃO
Ortadonlll r
RECU~ERADOR DE ESPAÇO REMOVÍVEL - MOLA DE BENAC
(REGIAO POSTERIOR)
.A mola de Benac leva o nome de seu idealizador e, por muitos anos, foi o aparelho re-
movível de eleição para recuperação de espaços uni ou bilaterai s (Fig. 2.42).
B Componentes:
El ATIVAÇÃO
A ativação não deve ultrapassar a metade
da coroa no sentido mesiodistal do dente
em questão, com controle de 15 a 21 dias
para nova ativação, até se obter o espaço
desejado. A força exercida pela mola de
Benac é de, aproximadamente, 50 a 1OOg
a cada ativação. Seu movimento d istai
inclinará os dentes para a posição
desejada.
Tratamento
O protocolo de tratamento proposto foi a extração do segundo molar esquerdo decíduo e,
após a cicatrização, a instalação de um aparelho removível, com arco vestibular de Hawley,
para retenção anterior, grampo circunferencial nos primeiros molares decíduos como ele-
mentos estabilizadores e, como componente ativo, a mola de Benac modificada, construída
com fio de aço inoxidável de 0,8mm ou 0,9mm de diâmetro (Fig. 2.44D, 2.44E, 2.44F) .
O tratamento com a mola de Bcnac bilateral, para distalização dos primeiros molares, foi
realizado com sucesso. A sequên cia final da interceptação é evidenciada nas Figuras 2.44G,
2.44H e 2.441, resultando em excelente alinhamento do arco dentário superior.
.44G, 2.44H, 2.441. Vistas intrabucars oclusais inicial, intermediária e ao final da interceptação.
E Componentes:
Indicações:
• Para os casos que necessitam de maior movimentação dentária.
• Pacientes não colaboradores com o aparelho removível.
• Para as regiões anterior e posterior, pois é um tipo de ancoragem intrabucal, in-
tramaxilar e recíproca.
DICA CLÍNICA
Para a ativação da mola, deve-se cortar um pedaço de mola de secção aberta, correspondente ao
espaço de mesial a mesial dos braquetes mais 4 ou 5mm, aproximadamente. Exemplo: se o espaço
entre os braquetes for de 15mm e o espaço a ser recuperado for de 7mm, cortamos um segmento de
mola com 18,5 ou 19mm, ou seja, os 15mm da distância entre os braquetes mais a metade do espaço
a ser recuperado (no caso 7mm + 2 = 3,5mm); assim a mola ficará comprimida e ativada quando
corretamente instalada. A força liberada pela mola será sempre recíproca e contínua, e o controle deve
ser mensal. quando o segmento de mola será substituído por outro, e assim sucessivamente, até haver
a recuperação do espaço desejado {o leitor poderá obter mais informações no Capítulo 9).
CASO CLÍNICO 11
Nesse caso clinico, o paciente, com 8 anos e 9 meses de idade, apresentava retenção pro-
longada do incisivo central direito decíduo c um supranumerário (mesiodens) bloqueando
a erupção do incisivo central superior direito permanente (Fig. 2.46A, 2.46B).
~.j!Wj!Óõ! Má oclusão com fator etiológico de retenção p rolongada do incisivo central direito decíduo e presença de um dente
supranumerário bloqueando a erupção do incisivo central direito permanente.
Após a extração do incisivo decíduo e do dente supranumerário (Fig. 2.47A, 2.47B, 2.47C),
o incisivo lateral irrompeu sem guia de erupção, inclinando-se para mesial, o mesmo acon-
tecendo com o canino, reduzindo o comprimento do arco c, consequcntemente, o espaço
para o incisivo permanente (Fig. 2.48A, 2.48B, 2.48C).
.47A, 2.478, 2.47C. Sequência da remoção cirúrgica do incisivo deciduo e do dente supranumerário.
.4BA, 2.488, 2.4BC. Erupção do incisivo lateral permanente com inclinação para a mesial juntamente com o canino decíduo,
reduzindo o espaço para a erupção do incisivo central permanente.
Após a recuperação de espaço, instalou-se um mantenedor do tipo estético funcional até a erupção com-
pleta do incisivo central superior direito (Fig. 2.51A, 2.51B, 2.51C).
.51A, 2.518, 2.51C. Mantenedor estético funcional. com dente de estoque. Note a compressão realizada pelo uso contínuo do
mantenedor, com o fim precípuo de estimular a erupção espontânea do incisivo central superior direito.
Pendulum e Pend-X
Aparelho fixo idealizado e desenvolvido por Hilgers em 1992 , com a finalidade de dis-
talização dos molares permanentes , principalmente na correção da Classe li dentária ou
como recuperador de espaço para a erupção de pré-molares. O Pendulum e o Pend-X
apresentam características semelhantes, porém , o Pend-X tem na sua composição um
parafuso cxpansor para a correção de problemas transversais, frequentes nas más oclusões
de Classe II. A ancoragem desse aparelho é do tipo intrabucal, intramaxilar e recíproca,
com apoio dentomucossuportado (Fig. 2.52A, 2.52B).
~.Jfj!W.JfJ:M Componentes :
Ativação
A ativação, agora, será realizada fora da cavidade bucal, nas molas construídas com fios
de titânio-molibdênio (TMA), que produzem uma força contínua (250 a 350g) sobre os
molares, deixando-as quase paralelas à sutura pala tina mediana. Em seguida, as molas são
inseridas nos tubos telescópicos e, posteriormente, nos tubos linguais soldados nas bandas
dos primeiros molares superiores (Fig. 2.53A, 2.53B, 2.53C).
passiva ativada
rJif§Jj!:! A) Aparelho ativado. B) Distalização efetuada. Note a distalização espontânea dos segundos pré-molares, pelas fibras
do ligamento periodontal, após a remoção do apoio oclusal. Esse movimento é chamado de driftodontics, ou seja, movimentação
dentária espontânea.
A remoção das molas durante as ativações é considerada a principal vantagem dessa mo-
dificação. No aparelho Pendulum original, realizam-se as reativações intrabucais com
o emprego simultâneo de dois alicates, o que é de dificil execução, devido ao acesso
red uzido, acarretando lesões na mucosa da região do palato mole. No intuito de se evi-
tar esse risco, remove- se o aparelho e faz-se a reativação fora da cavidade bucal; então,
posteriormente fixa-se esse novam ente, implicando no aumento do tempo de atividade
clínica. Além disso, quando as reativações são realizadas intrabucalmente, pode- se incor-
porar distorções nas molas que dificilmente serão notadas, o que resulta em movimentos
ind esejáveis, tais como expansão, contração, rotações, extrusão e intrusão dos molares.
Desvantagens:
• Desconfortável nas primeiras semanas de uso.
• Necessita de uma boa higienização, para evitar acúmulo de placas.
• Vestibularização excessiva dos dentes anteriores, pelo princípio de ação e reação.
• O movimento ortodôntico é de inclinação, o que sugere recidiva.
• Possibilidade de impacção dos segundos ou terceiros molares.
CASO CLÍNICO 12
Paciente de 9 anos e 9 meses de idade, buscou tratamento ortodôntico preocupada com
seu perfil facial. Na avaliação extrabucal, verificou- se falta de desenvolvimento do terço
médio facial, perftl côncavo e ausência de um dente. No exame intrabucal, notou-se o
comprimento reduzido do arco superior, em função da perda prematura do segundo
molar esquerdo decíduo, devida à erupção ectópica do primeiro molar superior esquerdo
permanente com grande inclinação para mesial (seta) (Fig. 2 .56A a 2.56D).
EJ A radiografia pano râmica inicial evidencia o segundo pré-molar superior esquerdo intraósseo sem espaço para irromp er.
Tratamento
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.SBA, 2.588, 2.58C. Sequência de tratamento, mostrando a distalização e a recuperação total do espaço.
A finalização do tratamento pode ser evidenciada nas Figura 2.60A, 2.60B, 2.60C, com
todos os dentes presentes, o que favoreceu sobremaneira o perfil facial (Fig. 2.61A, 2.61B).
. 59A, 2.598, 2.59C Fotografias intrabucais durante a fase da aparelhagem fixa completa.
.SOA, 2.608, 2.60C. Fotografias intrabucais ao final de tratamento, com a relação dos primeiros molares permanentes e dos caninos em chave
de oclusão. Arcos dentários alinhados e bem intercuspidados. Note a presença do segundo pré-molar esquerdo em oclusão.
fjiiC!·fjiiC!ijFotografias intrabucais oclusais superiores e inferiores mostrando a sequência do desenvolvimento da oclusão inicial,
intermediária e final, com o respectivo segundo pré-molar superior esquerdo em posição.
CONSIDERAÇÕES CLÍNICAS
Nesse capítulo, procurou- se dar ao leitor - por meio de aparelhos simples, como os man-
tenedores de espaço removíveis e ftxos, funcionais e não funcionais, assim como os recupe-
radores de espaço - condições para a interceptação precoce de casos clínicos com perdas
prematuras de dentes decíduos e perda de espaço por migração de dentes permanentes.
Nesses casos que envolvem um planejamento mais criterioso, devido ao perfil facial da
paciente ser desfavorável, a extração de dentes permanentes deve ser evitada.
Mordida Cruzada
Anterior
INTRODUÇÃO
Diferenciar a terminologia da MCA de uma má oclusão de Classe 111 de Angle parece ser
oportuno. O leitor poderá obter mais informações no Capítulo 5.
PREVALÊNCIA
Os estudos epidemiológicos de Silva Filho et al. (1990) e Almeida et al. (2011) apontam
uma prevalência de 5 a 7,6% na dentadura mista e 5%, em média, na dentadur.a decídua.
Isso pode ser considerado uma baixa prevalência, porém, merece atenção especial, dada
a impossibilidade de autocorreção e os efeitos adversos decorrentes de sua permanência.
Outras
92,40%
Outras
94,95%
[flt\lfif.J Almeidaet al. (2011).
ETIOLOGIA
Permanência prolongada dos incisivos decíduos. Por processo de necrose pulpar, an-
quilose, reabsorção anormal e outras causas, os dentes decíduos podem permanecer em
posição, alterando a via de erupção dos permanentes, que adotam uma posição anteropos-
terior anormal (Fig . 3.2A, 3.2B).
Perda prematura dos dentes decíduos, com perímetro inadequado do arco den-
tário. A perda precoce causa uma fibrose gengival ou uma esclerose óssea, alterando a
sequência normaJ de erupção (Fig. 3.4A, 3.4B).
FATOR ESQUELÉTICO
Hereditariedade
Prognatismo mandibular (Classe 111)
A m ordida cruzada anterior esquelética resulta da discrepância entre as bases ósseas, devido,
ger almente, a um crescimento excessivo da mandíbula, a um hipodesenvolvimento da ma-
xila ou a uma associação de ambos os fatores. Esse tipo de má oclusão apresenta um caráter
genético, caracterizado pelo prognatismo mandibular, com uma relação molar e de canino
de Classe III, com os incisivos inferiores posicionados vestibularmente aos superiores.
CLAS SI FI CAÇÃO
A mordida cruzada anterior pode ser classificada como dentária, devido à inclinação incorreta
dos incisivos superiores e inferiores, e funcional, quando da existência de uma interferên-
cia oclusal, com deslizamento protrusivo da manchôula, resultando numa pseudo-Classe Ill,
com as bases ósseas bem posicionadas.
Antes de se iniciar a correção d e uma mordida cruzada anter ior, deve-se reconhecer
sua etiologia e, assim, obter os dados necessários e sintetizá-los num diagnóstico indivi-
dual, com o auxílio dos exames clínico e radiográfico e da avaliação da oclusão habitual
e da relação cêntrica.
Habitual Cêntrica
E1 Aspectos intrabucais e
telerradiografias denotando o d iagnóstico
diferencial em habitual (mordida c ruzada)
e em cêntrica (topo a topo nos incisivos).
Provavelmente esse é um tipo de MCA
de origem funcional (pseudo-Classe 111)
envolvendo somente inclinações dentárias
incorretas. Esse caso apresenta grandes
chances de sucesso na terapêutica a ser
instituída para sua correção.
Dentária Favorável
Esquelética Desfavorãvel
Na Classe III esquelética, os molares e caninos exibem uma relação de Classe III du-
rante a posição de repouso e de oclusão; os incisivos inferiores podem ou não estar
inclinados para lingual e os superiores, mais vestibularizados- porém, continuam em
mordida cruzada anterior.
Conduta clínica
Métodos
CASO CLÍNICO 1
Paciente com 6 an os c 8 meses de idade, no início da fase transitória, com história clí-
nica de trauma nos incisivos superiores decíduos e, como consequência, alteração na
trajetória de erupção dos incisivos permanentes. Como o paciente era extremamente
cooperador, o protocolo de tratamento indicado foi o uso da espátula de madeira
(Fig. 3.6A a 3.6F). Após o descruzamento do incisivo esquerdo permanente, reali-
zado pelo próprio paciente, o incisivo direito t ambém iniciou a erupção por lingual,
sendo o mesmo procedimento realizado pelo paciente. O resultado final pode ser
evidenciado na sequência das figuras intrabucais.
O paciente deve ser avisado que esse movimento dentário desenvolve pequeno descon-
forto com relação à dor (pericementite) e que, após o descruzamento do dente, a dor
cessa, voltando à normalidade.
kQ!ijj Desenvolvimento da mordida cruzada anterior, devida ao traumatismo nos incisivos decíduos; e a forma simplista de
tratamento: o uso de uma espátula de madeira como um plano inclinado, algumas vezes por d ia.
O aparelho removível com mola simples geralmente está indicado para a correção da mor-
dida cruzada anterior de um incisivo superior em pacientes cooperadores. É um aparelho
que tem ancoragem nos dentes e palato e que, quando ativado, libera força suave e intermi-
tente de aproximadamente 30 a Süg (Fig. 3.7A, 3.7B, 3.7C).
Cauda
Paciente com 8 anos e 3 meses de idade na fase íntertransitória de dentadura mista, com
história clinica de mordida cruzada anterior do incisivo central decíduo, segundo relato da
mãe. Durante o exame clínico extrabucal, notou-se uma face harmoniosa e com equiHbrio
dos terços faciais, como pode- se observar nas Figuras 3.8A, 3.8B e 3.8C.
§!:t!Jê!:lj Fotografias extra e intrabucais da fase inicial. Observe o trauma oclusal do incisivo central superior direito com o incisivo
inferior. que por sua vez apresenta-se vestibularizado e com acentuada retração gengiva!.
Exame radiográfico
Objetivos do tratamento
O objetivo principal foi o de descruzar o incisivo, o mais cedo possível, para aproveitar o
potencial de crescimento da maxila, proporcionando condições favoráveis para seu desloca-
mento anterior. No arco inferior, minimizar o apinhamcnto anceroinferior.
Tratamento
Final de interceptação
O s controles eram realizados a cada seis meses, com o fim de acompanhar o desenvolvimento
da dentadura permanente. Dois anos e quatro meses após, nova doc umentação foi realizada e
avaliada, constatando- se a efetividade da interceptação precoce (Fig. 3.12A a 3.12G).
FIIO"fillti•J Fotografias extra e intrabucais. A) Vista frontal sorrindo. 8 ) Vista intrabucal frontal com mordida
cruzada do incisivo central superior esquerdo. C) Vista intrabucallateral direita. O) Vista intrabucallateral esquerda.
Exame radiográfico
Objetivo do tratamento
Tratamento
Após 4 meses de uso contínuo desse aparelho, o incisivo central esquerdo já estava des-
cruzado, com espaços suficientes para a erupção dos incisivos laterais. Notou-se uma
melhora na recessão gengiva) do incisivo inferior esquerdo, o que pode ser evidenciado
nas Figuras 3 .18A a 3.18D.
.17A, 3.178, 3.17C. A) Vista intrabucal oclusal superior inicial. B) Vista intrabucal oclusal com o aparelho instalado e mola digital
ativada. Nos casos de dentes expulsivos que não oferecem retenção, pode ser realizado um procedimento simples e fácil, que consiste
em acrescentar um stop de resina acrílica na face lingual desses dentes, de forma que a mola fique abaixo do stop. C) Vista intrabucal
frontal evidenciando o levantamento da oclusão.
inferiores.
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kfJ•flJêf$1i A , B) Vistas intrabucais oclusais superior e inferior iniciais. C, O) Vistas intrabucais oclusais superior e inferior na fase
intermediária. E, F) Vistas intrabucais oclusais superior e inferior ao final da interceptação. Note o alinhamenlo espontâneo dos incisivos
anteroinferiores após a correção da mordida cruzada anterior. eliminando a Situação traumática do incisivo central permanente superior
com os incisivos lateral e central inferior.
Aparelho removível com mola dupla:
O aparelho removível com mola dupla (Fig. 3.21) geralmente es tá indicado para a corre-
ção da mordida cruzada anterior de dois dentes superiores ou mais, em pacientes colabo-
radores. É um aparelho que tem ancoragem nos dentes e palato, portanto dentomucos-
suportado e que, quando ativado, libera força suave e intermitente de, aproximadamente,
30 a SOg, semelhante à mola simples.
Paciente leucoderma, com 8 anos e 2 meses de idade apresentou-se para tratamento or-
todôntico. Durante a análise facial frontal, verificou- se um padrão facial normal para a
idade. Na análise de perfil, notou-se um maior desenvolvimento da mandíbula e mento
proeminente, o que caracteriza o prognatismo mandibular. No exame intrabucal, o
paciente encontrava- se na fase da dentadura mista, período intertransitório, com os
primeiros molare s permanentes em chave de oclusão e os incisivos superiores cruzados
e inclinados para lingual (Fig. 3 .22A a 3.22E).
Exame radiográfico
Tratamento
O aparelho indicado foi a placa de Hawley ativa, com grampos de retenção Adams para
os molares, auxiliares entre os molares decíduos, mola dupla e um guia para mantê-la na
posição. Caso não se consiga boa estabilidade do aparelho, pode-se realizar um condicio-
namento ácido na face lingual dos incisivos superiores e a adição de um botão de resina
composta, para auxiliar na retenção da mola (Fig. 3.24A, 3.24B). A ativação da mola dupla é
semelhante à da mola simples, ou seja, passando o braço do primeiro helicoide por vestibu-
lar. Na instalação do aparelho, ajustam- se os grampos de retenção, o arco vestibular, o qual
deve tocar suavemente na face vestibular dos dentes anteriores, e ativa-se a mola. O paciente
foi orientado com relação ao uso do aparelho e sobre sua correta remoção da cavidade bucal,
realizada com os dedos indicadores pressionando os grampos de retenção para baixo.
3.25A, 3.258, 3.25C. Vistas intrabucais evidenciando a transformação do arco vestibular de Hawley em arco vestibular de Eschler.
Esse caso trata-se de um jovem com 7 anos e 6 m eses de idade, portador de um sorri-
so clássico de uma mordida cruzad a anterior total, ou seja, dos quatro incisivos supe-
riores. Durante o exame clínico do paciente, notou- se uma falta de desenvolvimento
do t erço médio facial, uma projeção da mandíbula para a frente, denotando uma má
oclusão de C l.asse III.
kftz·ff.J4i Fotografias extra e intrabucais pré-tratamento ilustrando a mordida cruzada anterior dos incisivos superiores e a
inclinação para vestibular dos incisivos superiores, com trauma oclusal e recessão gengiva! do incisivo central inferior direito.
Tratamento
O paciente foi acompanhado mensalmente durante seis meses e, em seguida, foi orientado
a retornar semestralmente. As Figuras 3.29A a 3.29H evidenciam o final da interceptação,
com o desenvolvimento normal da oclusão e a estética do sorriso.
Paciente com 9 anos e 8 meses de idade, sexo masculino, apresentou-se para tratamento
ortodôntico com queix a prittcipal de mordida cruzada anterior.
Ao exame clínico extrabucal, constatou- se bom perfil facial, terço inferior da face equili-
brado e selamento labial passivo (Fig. 3.30A, 3.30B).
Esse tipo de aparelho apresenta algumas vantagens quando comparado com o removível.
Geralmente está indicado para pacientes jovens e não colaboradores com o aparelho remo-
vível. É de fá.cil higienização e, quando ativado, a força liberada pela mola é suave e contí-
nua, de aproximadamente 30 a Süg (Fig. 3.34A, 3 .34B).
Diagnóstico diferencial
O diagnóstico diferencial deve ser realizado de acordo com o número de dentes envolvidos.
Para 1 ou 2 dentes, geralmente a má oclusão é diagnosticada como dentária e com prognós-
tico favorável. Quando envolve mais de 3 ou 4 dentes, pode ser esquelética, tornando seu
prognóstico duvidoso ou desfavorável, conforme a severidade da má oclusão.
Possibilidades de tratamento
Tratamento
A adaptação e a instalação do aparelho na cavidade bucal devem ser realizadas com a mola
previamente ativada, posicionada à frente do elemento a ser movimentado. Normalmente,
com uma ou duas ativações o dente já está descruzado, devendo o aparelho ser removido,
uma vez que a contenção será efetuada pelos dentes inferiores, durante o desenvolvimento
normal da oclusão (Fig. 3.36A, 3.36B, 3.36C) .
. 36A, 3.368, 3.36C. A) Vista oclusal com o aparelho ativado. 8 ) Mola na posição correta. C) Incisivo descruzado.
Fase intermediária
As Figuras 3.38A a 3.38E evidenciam a erupção dos incisivos laterais, a harmonia do terço
médio da face, um bom perfil facial e o desenvolvimento normal da oclusão.
Nas Figuras 3.39A, 3.39B e 3.39C, pode-se observar, nas vistas intrabucais oclusais, o de-
senvolvimento normal do arco sup erior nas fases inicial, intermediária e final.
A paciente retornou às consultas de controle a cada seis meses, até o final da dentadura
mista, quando se verificou que não seria necessária a realização de tratamento corretivo.
. 39A, 3.398, 3.39C. A ) Vista intrabucal oclusal inicial. 8 ) Vista intrabucal oclusal intermediária. C) Vista intrabucal oclusal final.
~----------------------------~~------- 1111
CASO CLÍNICO 8
Nesse caso clínico. o paciente, com 8 anos de idade e no período intertransitório, apresen-
tava mordida cruzada do incisivo central superior esquerdo (Fig. 3.40A, 3.40B).
Re.alizou-se a avaliação radiográfica pela técnica de Clark, para evidenciar se o dente supranu-
merário estava por vestibuJar ou por palatino (Fig. 3 .40C, 3.40D). Confirmado estar por pala-
tino, indicou-se a remoção cirúrgica e, a seguir, a instalação, na mesma sessão, do aparelho fixo
com mola digitaljá ativado (Fig. 3.41A, 3.41B, 3.41C). Uma única ativação foi suficiente para
descruzar o incisivo central superior esquerdo, e o período de uso contínuo do aparelho foi de
aproximadamente 45 dias. Para os casos de mordida cruzada anterior, não há a necessidade de
contenção, ela será realizada pela oclusão com os incisivos inferiores (Fig. 3.42A, 3.42B).
@iuf$ilt!•l Fotografias intrabucais pré-tratamento, evidenciando a mordida cruzada anterior. Radiografias periapicais pela técnica
de Clark, confirmando a presença de mesiodens por palatina.
3.41A, 3.418, 3.41C. Fotografias intrabucais mostrando a sequência cirúrgica de remoção do mesiodens.
OrtodontH prev nt1v~ nte cep ora '11110 ot.. reali 13de?
kfi!OW!GfJ:j A) Vista intrabucal oclusal do aparelho instalado e ativado. 8 ) Vista frontal evidenciando a correção do incisivo central
superior esquerdo.
O s modelos e as radiografias periapicais inical e final, mostram com sucesso o final da in-
terceptação com o uso da mola digital (Fig. 3.43A a 3.43D).
Paciente do sexo masculino, com 9 anos de idade, apresentou-se para tratamento ortodôn-
tico com a queixa principal de morctida cruzada anterior. Durante a análise facial, obser-
vou-se uma face equilibrada, bom padrão de crescimento e, quando em oclusão habitual,
uma pequena retrusão da maxila. No exame intrabucal, o paciente apresentava dentadura
mista, espaço insuficiente para o incisivo lateral superior esquerdo c morctida cruzada dos
incisivos centrais e lateral superior (Fig. 3.44A a 3.44F).
Durante a anamnese, não houve relato de Classe 111 na família. Como se tratava de três
incisivos em mordida cruzada, realizou-se o ctiagnóstico diferencial. Em mixima intercus-
pidação habitual, o paciente apresentava morctida cruzada com desvio da mandfbula para
anterior e, manipulando a mandíbula em relação cêntrica, uma relação topo a topo, com
as bordas incisais dos incisivos superiores contatando com as bordas incisais dos incisivos
inferiores- o que denota, provavelmente, envolvimento apenas dentoalveolar, com prog-
nóstico favorável. Caso contrário, se em relação cêntrica a mordida cruzada persistisse, pos-
sivelmente estaria-se diante de uma má oclusão esquelética, com prognóstico desfavorável.
Exame radiográfico
Objetivos do tratamento
Tratamento
to ou r •ahdnde?
incisivos superiores e inferiores após o
descruzamento da mordida.
3.48A, 3.488, 3.48C. Fotografias intrabuca is ao final da interceptação. Note a melhora da inter-relação dos arcos dentários.
Mordida Cruzada
Posterior
ALTERAÇÕES NO SENTIDO TRANSVERSAL DO ARCO DENTÁRIO-
MORDIDA CRUZADA POSTERIOR (MCP)
A mordida cruzada posterior refere-se a um desafio morfológico onde ocorre uma inversão
dos contatos oclusais, decorrente de inclinações indesejáveis dos dentes superiores poste-
riores ou de uma deficiência transversal na relação entre as bases ósseas. Caracteriza-se por
uma relação vestibulolingual anormal entre os dentes superiores e os inferiores. Na mor-
dida cruzada posterior, os dentes superiores ocluem quase sempre de topo em relação aos
den tes inferiores, o que é uma condição instável e desconfortável.
Prevalência
A i ncidência da mordida cruzada posterior nas dentaduras decídua e mista é relevante. Os
estudos epidemiológicos de Silva Filho et al. (1990) e Almeida et al. (2011) apontam uma
prevalência que varia de 13,3o/o a 18,2o/o. Como essa má oclusão não se autocorrige com o
crescimento e o desenvolvimento da oclusão, esses valores são preocupantes.
Outras
86,70%
Outras
81 ,80%
[Mi!l§·if.J Almeida et ai. (201 1).
Etiologia
- Fatores gené tico s, presentes nas más oclusões de Classe I, Classe li, e Classe 111
de Angle.
- Fatores ambientais, como: respiração bucal, anúgdalas hipertróficas, hábitos
bucais, trauma com interferência oclusal, cáries proximais e extração prematura
de dentes decíduos.
~I(Mii:! Mordida aberta anterior e mordida cruzada posterior na dentadura decídua e mista, desenvolvidas por hábito de sucção
de chupeta.
Interferência oclusal
.2A, 4.28, 4.2C. Canino decíduo superior direito em condição normal e o do lado esquerdo, de topo com o canino inferior.
Essa condição não permite a oclusão correta e o paciente, durante a mastigação, procura um maior número de contatos, com
consequente desvio mandibular.
CLASSIFICAÇÃO DA MORDIDA CRUZADA
Funcional
Ocorre com maior frequência, em aproximadamente 90% dos casos, c é devida a uma in-
terferência oclusal, com o deslocamento da mandfbula para a direita ou para a esquerda em
máxima intercuspidação habitual (MIH). Clinicamente, caracteriza-se por ser assimétrica,
com inclinações para lingual dos dentes superiores e posteriores, e por acentuado desvio da
linha média em consequência da rotação mandibular (Fig. 4.3, 4.4).
~ Note o canino superior esquerdo em mordida cruzada com o inferior. Essa situação denota o inicio da mã oclusão mordida
cruzada posterior funcional, com o desvio da linha média inferior (veja seta).
Dentoalveolar
As principais causas são: (a) trauma na dentadura decídua, com desvio para palatino do
germe dentário do dente permanente; (b) cáries dentárias proximais na dentadura decídua,
com perda do comprimento do arco dentário; (c) extração prematura de molares decíduos,
com migração dos primeiros molares permanentes. Nesses casos, os primeiros ou segundos
pré- molares irrompem por palatino (Fig. 4 .5).
Esquelética
Geralmente são más oclusões com deficiência transversa do arco superior e simétricas,
apresentando uma mordida de topo bilateral. Caracteriza-se, clinicamente, por estreita-
mento maxilar e coincidência da linha média. O tratamento para essa discrepância requer a
expansão rápida do palato, realizada por meio de aparelhos fixos que liberam forças pesadas
de 2 a Skg por 1/4 de volta no parafuso, para obter a disjunção palatina (Fig. 4.6A a 4.6F).
~!#!·1M3 As figuras A , B, C) denotam a presença de mordida aberta anterior e mordida cruzada posterior esquelética na dentadura
decídua, associada a um prognatismo mandibular; O, E, F) mostram uma mordida cruzada posterior esquelética no segundo período
transitório da dentadura mista.
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
O diagnóstico diferencial deve ser realizado para dirinúr dúvidas entre a mordida cruzada
dentária e a esquelética, pois a escolha dos aparelhos adequados a cada uma está intimamen-
te relacionada à origem da deficiência transversa da maxila. D evemos observar:
m Origem dentária: inclinação incorreta dos dentes posteriores ~ Origem esquelética: inclinação correta dos dentes postenores
superiores. superiores, e maxila estreita.
O tratamento da mordida cruzada posterior deve ser realizado precocemente, uma vez que
esse tipo de má oclusão não se au tocorrige. Com frequência, é realizado em duas fases:
interceptora e corretiva.
A fase interceptora atua nas den taduras decídua e mista durante a fase do crescimento
e desenvolvimento da face, usando aparelhos expansores que liberam forças laterais e
promovem a vestibuloversão dos dentes (efeito dentoalveolar) o u a abertura da sutura
palatina mediana (efeito ortopédico), corrigindo a assimetria transversal d a maxila e evi-
tando que uma mordida cruzada dentária ou funcional, na dentadura decídua e mista,
se transforme em mordida cruzada esquelética na dentadura p ermanente. Além disso,
proporciona um melhor relacionamento entre as bases ósseas, permitindo o crescimento
e d esenvolvimento normal dos arcos dentários, bases apicais e côndilos. O tratamento
precoce contribui para a autoimagem mais favorável da criança, p rincipalmente nos casos
onde há comprometimento estético.
- Mola Coffin
Removíveis
- Parafuso
-
-Arco em "W"
Haas, Hyrax e Expansor colado
Fixos -Si-hélice
com cobertura
- Ouadri-hélice
• Aparelho removível
mJ Componentes:
- grampos de retenção: Adams ou
circunferencial e auxiliar (fio de aço
inoxidável de 0,7mm);
- mola Coffin: em forma d e "U"
confeccionada com fio d e aço inoxidável
de 1,2mm de diâmetro;
- resina acrílica de rápida polimerização e
levantamento oclusal.
Ativação
Contenção: após a correção, o aparelho deve ser mantido como contenção passiva c
posteriormente substituído por uma placa de H awley, até o completo desenvolvimen-
to d a oclusão (Fig . 4.13A, 4.13B , 4.13C).
A placa com parafuso expansor (Fig. 4.14) foi desenvolvida por Martin Schwarz, sendo indi-
cada para os casos de mordida cruzada posterior superior de origem dentária uru ou bilateral.
Apresenta ancoragem com apoio nos dentes e palato, e é classificado como ancoragem intra-
bucal, intermaxilar dentomucossuportada de ação recíproca. Após a sua ativação, desenvolve
força suave e intermitente, proporcionando a disjunção lenta do palato. É um aparelho de
maior estabilidade que a Mola Coffm, porque o parafuso é rígido, sofrendo menor deflexão.
Ativação
A ativação do aparelho deve ser realizada fora da cavidade bucal, com uma chave própria
para o parafuso expansor, a qual apresenta quatro oriffcios e uma seta guia. Cada oriffcio
corresponde a 1/4 de volta, de aproximadamente 0,25mm. A primeira ativação deve ser
para ajuste do aparelho na cavidade bucal, de 3/4 a 414 de volta. As ativações seguintes serão
realizadas pelo próprio paciente ou seus pais, com a orientação de ativar 2/4 de volta por
semana, até o próximo retorno (Fig. 4.15).
Indicações
Contraindicações
Paciente com 9 anos de idade, procurou o tratamento ortodôntico com a queixa principal
de desvio da mandíbula durante a mastigação.
O arco em "W" (Fig. 4.19) foi desenvolvido a partir da mola originalmente descrita por Cof-
fin, em 1881.
Com o desenvolvimento dos aparelhos fixos, as molas do tipo "W" foram soldadas às bandas
dos molares superiores por Porter, assim surgindo o aparelho de Porter, ou arco em "W".
mliJ Componentes:
- bandas molares nos segundos
molares decíduos ou primeiros molares
permanentes;
- fio de aço inoxidável de 0 ,8mm ou 0,9mm
de diâmetro contornado em forma de ·w·.
- solda de prata de baixa fusão para unir o
arco às bandas.
Contraindicação
.20A, 4.208, 4.20C. A) Posição do alicate tridente para ativação posterior; B) ativação anterior: C) Resultado após duas sessões de
ativação do aparelho.
Os procedimentos para a ativação do aparelho arco em "W" dividem-se em três fases e são
as mesmas para o bi- hélice e o quadri-hélice.
- Segunda fase: a segunda ativação também deve ser realizada fora da cavidade
bucal, sendo necessário 1·emover- se o aparelho e seguir os mesmos princípios da
primeira fase.
Já a ativação com o aparelho instalado na cavidade bucal deve ser realizada com o alicate
tridente e por profissionais experientes, uma vez que podem ser incorporadas dobras in-
desejáveis. O paciente deve retornar para controle após 30 ou 45 dias, aproximadamente.
Vantagens
Desvantagens
- É rígido e na primeira ativação não deve ser expandido mais do que 6mm.
CASO ClÍNICO 2
Paciente com 5 anos de idade, dentadura decídua completa, apresentava mordida cruzada
posterior com acentuado desvio da linha média, rotação e deslocamento da mandt'bula para
o lado esquerdo, denotando pequena assimetria facial (Fig. 4.21A a 4.21G). Foi proposta,
ao p aciente e aos pais, a interceptação, devido ao fato de que a mordida cruzada não se
autocorrige e a intervenção precoce se faz necessária para corrigir a anormalidade, dando
condições fisiológicas para o crescimento e desenvolvimento normal da oclusão.
A fase interceptara constou do apar elho arco em "W ", por ser fixo e não depender da coo-
peração do paciente (Fig. 4.22A, 4.22B, 4.22C).
Diagnóstico diferencial
.22A, 4.228, 4.22C. A) Fotografia intrabucal evidenciando o aparelho arco em "W" instalado e ativado, 8 ) radiografia oclusal e C) aspecto
oclusal 45 dias após a primeira ativação. Note o aumento transversal e a presença de pequenos diastemas interincisivos.
Após duas ativações, 90 dias, aproximadamente, foram suficientes para aumen tar a dis-
tância intercaninos e intermolares superiores, corrigindo a mordida cruzada posterior,
com coincidência da linha média c chave de oclusão dos caninos (Fig. 4 .23A a 4 .23E).
A contenção deve ser realizada com. o mesmo aparelho, sem ativação, por 120 a 180
dias, com controle a cada 45 dias.
CASO CLÍNICO 3
Paciente com 6 anos de idade, pómciro período transitório com bom perfil facial para a
idade, apresentou relação dos primeiros molares permanentes em chave de oclusão, o que
denota uma má oclusão Classe I, com mordida cruzada posterior do lado direito, arco su-
perior estreito e assimétrico. A avaliação da radiografia panorâmica evidenciou a presença
de todos os dentes permanentes nos vários estágios de desenvolvimento. O tratamento
proposto para este caso, também constou do aparelho fixo Arco e "W". A sequência e o
desenvolvimento d a oclusão podem ser observados nas Figuras 4.24 a 4.27.
-
@fJOWfJOi:! Vista oclusal superior com arco em "W" ativado e instalado, com ancoragem nos segundos molares decíduos.
As ativações e a contenção foram semelhantes às citadas anteriormente. Note o descruzamento da mordida com uma única ativação,
3 meses após o uso do aparelho.
lif1%1f#IêJ Fotografias extra e
intrabucais e radiografia panorâmica após
o f1nal da interceptação.
dad?
~~--~~~--~~----------------------------------------- ~~~~~
APARElHO 81-HÉUCE E QUADRI-HÉUCE
São aparelhos expansores originados do arco em "W", cuja modificação foi realizada por
Ricketts, na década de 1960, introduzindo 4 helicoides (2 anteriores e 2 posteriores), com
o ftm de deixar o arco em "W" mais flexível e liberar a força armazenada nos helicoides de
forma gradativa e por um tempo maior de ativação.
O aparelho de Porter, o arco em "W", o bi- hélice e o quadri-hélice (Fig. 4 .28A, 4 .28B)
são aparelhos fixos e removíveis: fixos, quando soldados diretamente na banda; e removí-
veis, quando adaptado no tubo molar previamente unido à banda por lingual. Podem ser
obtidos em vários tamanhos pré- confeccionados ou construídos diretamente nos mode-
los de gesso pelo profissional ou técnico de laboratório especializado. São indicados para
aumentar o diâmetro transverso da maxila por inclinação dentária e, em alguns casos,
efeitos ortopédicos, com expansão lenta da sutura palatina mediana, o que ocorre após
alguns meses de uso, principalmente nas dentaduras decídua e mista.
~fU;.iif..J:!:I Componentes:
- banda molares;
- arco palatino com dois helicoides distais (bi-
hélice) ou dois hlelicoides mesiais e dois d istais
(quadri-hélice), confeccionados com fio de aço
inoxidável 0,8mm para a dentadura decídua e
0,9mm para as dentaduras mista e permanente.
Contenção
Após a fase ativa de tratamento, com duração média de 3 meses, realiza-se a contenção pas-
siva com o próprio aparelho- essa fase dura, em média, dois meses. Em seguida, instala-se
a placa de H awley até o desenvolvimento completo da oclusão.
APARELHO 81-HÉLICE
CASO CLÍNICO 4
Nesse caso clínico, a paciente- com dentadura decídua completa, 5 anos e 2 meses de
idade- apresentava mordida cruzada posterior em oclusão habitual; acentuado desvio da
linha média para a direita, com rotação da mandíbula; relação molar e do canino direito dis-
tai; do lado esquerdo, molar e can.:ino em relação mesial; em oclusão cêntrica, coincidência
da linha média e relação molar de ambos os lados normal (Fig. 4.29A a 4.29E) .
.29C, 4.290, 4.29E. Fotografias intrabucais pré-tratamento com as bandas adaptadas nos segundos molares decíduos.
D evido à pouca idade da paciente, optou-se por um aparelho fixo do tipo bi-hélice
com dois helicoidcs posteriores. Os heJicoides armazenam a força d a ativação , libe-
rando-a gradativamente, c tê m como vantagem serem fixos e independente s da cola-
boração do pacie nte (Fig. 4.30A, 4.30B , 4.30C).
. 32A, 4.328, 4.32C. Fotografias intrabucais evidenciando a sequência do aumento transversal da maxila e presença do diastema.
RI-HÉLICE COM ANCORAGEM NOS SEGUNDOS MOLARES DECÍDUOS
E EXTENSÃO DISTAL NOS MOLARES PERMANENTES (FIG. 4.33A a 4.33L)
CASO ClÍNICO 5
&fEf!ifSII Maxila estreita, com falta de espaço para os incisivos laterais, e ausência
do incisivo central superior esquerdo. A) Aparelho bi-hélice instalado e ativado.
B) Oclusão topo a topo na região posterior, e caninos já inclinados para vestibular.
C , D. E, F) Ao final da fase ativa de expansão, note a erupção do incisivo oentral
esquerdo e incisivos laterais, e o aumento transverso significativo da maxila. G , H) Fase
intermediária denotando o desenvolvimento normal, com os molares e caninos
irrompendo em chave de oclusão. I, J , K. L) Contro le c inco anos após o procedimento de
expansão da maxila, sem o auxílio de nenhum outro tratamento e sem contenção.
O caso exposto a seguir mostra a sequência clínica de uma maxila, na dentadura mista, com
redução transversal e consequente falta de espaço para o alinhamento dos incisivos laterais,
que estavam irrompendo por lingual (Fig. 4.34A, 4.34B , 4.34C).
.34A, 4.348, 4.34C. A) aparelho bi-hélioe instalado. usando como ancoragem os segundos molares decíduos. 8 ) aproximadamente
3 meses após duas ativações, note a expansão dentária com significante aumento transversal e a recuperação dos espaços para os
incisivos laterais. A seguir o aparelho foi removido e duas molas digitais foram construídas com fio de aço 0,6mm, soldadas e at1vadas
para a realização do alinhamento dos incisivos laterais. C) maxila expandida e incisivos alinhados no arco dentário.
.35A, 4.358, 4.35C. A) Caso clínico com falta de espaço para a erupção dos incisivos laterais superiores e inclinação dos primeiros molares
permanentes para lingual. 8 ) Aparelho quadri-hélice ativado e instalado. C) Espaços recuperados e primeiros molares em posição normal.
OCORRÊNCIAS CLÍNICAS:
Embora esses aparelhos sejam de fácil controle clínico e não ocasionem grandes inconve-
nientes, o profissional deve atentar sobre alguns aspectos, orientando os pais e prevenindo
os pacientes. A queixa maior na utilização desses aparelhos se refere à dificuldade de de-
glutição c fonação, devido ao traumatismo provocado na língua pelos hclicoides distais do
bi-hélice ou quadri-hélice. Essa ocorrência é mais frequente na primeira semana, mesmo
com os hclicoides bem ajustados ao palato. A alimentação deve ser mais líquida, até uma
melhor adaptação com o aparelho. Outras ocorrências frequentes incluem a fratura do apa-
relho na área da solda; hipertrofia gengiva! por cervical, devida ao contato íntimo do segui-
mento de fio que corresponde ao braço do aparelho por lingual; mobilidade dos dentes de
ancoragem; sensibilidade dentária (pericementite), suportável e de redução gradativa; e a
excessiva expansão das coroas dos dentes para vestibular.
&flifjU@i A separação da sutura palatina mediana se faz de forma piramidal, com o vértice voltado para os ossos palatinos no
sentido anteroposterior e, no sentido vertical, o vértice localiza-se na sutura frontonasal.
rtod nt1
Componentes
Ativação
Após a adaptação do aparelho, aguarda-se 24 horas para dar início às ativações. A pri-
meira ativação consiste de 3/4 ou 4/4 de volta (cada quarto de volta corresponde a,
aproximadamente, 0,2Smm), para ajustar o aparelho de forma que o bloco de resina
comprima a lateral do palato. Esse procedimento é relevante, uma vez que a resina
acrilica de rápida polimerização sofre grande contração, somada aos desgastes durante
o acabamento e polimento do aparelho.
As ativações subsequentes serão realizadas pelo paciente, ou por seus pais, com a orientação
de 2/4 de volta pela manhã e 2/4 de volta à noite, durante 8 a 10 dias.
Vantagens
- É um aparelho rígido, de ancoragem dencomucossuportada.
-Libera força intensa e intermitente de 4 a Skg.
- Apesar dos blocos de resina, é de boa aceitação pelos pacientes.
Desvantagens
-A higiene bucal é dificil de ser realizada, mesmo após as orientações fornecidas
pelo profissional.
-Devido aos blocos laterais de resina e ao acúmulo de resíduos alimentares, é co-
mum a inflamação gengiva! e da mucosa palatina.
-Durante as ativações, o paciente pode sentir pequeno desconforto (dor), que
desaparece em poucos minutos.
Contenção
Após o período de ativação do parafuso, o próprio aparelho é mantido como contenção,
por 90 a 120 dias, até a ossificação da sutura palatina mediana, sendo, depois, substituído
por uma placa de H awley por mais 6 meses.
Paciente com 9 anos de idade, período intertransitório da dentadura mista, bom perfil
facial, arco dentário superior estreito caracterizado por mordida cruzada posterior direi-
ta e pequeno desvio da linha média, lado direito em relação de C lasse 11 e lado esquer-
do normal, denotando uma Classe 11 dentária devida ao desvio mandibular. Inicialmente,
instalou-se o expansor fixo tipo Haas apoiado em bandas adaptadas nos primeiros molares
permanentes e grampos circunferenciais, ou em "C ", colados nos caninos decíduos. As ati-
vações foram realizadas seguindo-se o protocolo já citado anteriormente, visando estimular
o c rescimento da maxila em largura e a consequente recuperação de espaço para os incisivos
laterais permanentes (Fig. 4.37A a 4.37F e 4.38A a 4.380).
Paciente do sexo feminino, com 11 anos e 3 meses de idade, procurou por tratamento de ortodôn-
tico com o desejo de melhorar a sua oclusão, pois a queixa principal eram os dentes para a frente.
Lista de problemas
Na análise facial frontal, observou- se o terço inferior da face aumentado, padrão dolicofacial e
incompetência labial com númica facial do mento durante a deglutição. A análise em norma
lateral denotou um perfil convexo característico da Classe II, divisão 1 (Fig. 4.40A, 4.40B) .
Na avaliação intrabucal, confirmou-se a relação sagital entre os arcos de Classe li, divisão 1,
linha média não coincidente, estreitamento da maxila com mordida cruzada posterior bilate-
ral e presença de caninos decíduos superior direito e inferior esquerdo (Fig. 4.40C a 4.40G).
PROGRESSÃO DO TRATAMENTO
O tratamento proposto, em função da idade, foi a disjunção palatina, realizada por meio
do disjuntor tipo Haas, com a finalidade de aumentar a dimensão transversal da maxila e,
consequentemente, a correção da mordida cruzada posterior. A ativação inicial do para-
fuso expansor foi de 4/4 de volta, correspondente a lmm aproximadamente. As ativações
subsequentes, de 2/4 de volta pela manhã e 2/4 de volta à noite, foram realizadas pela mãe,
devidamente orientada. O procedimento constou de 10 dias para se obter a disjunção pala-
tina, com a sobrecorreção necessária do segmento posterior.
O parafuso foi fixado e o próprio aparelho manteve a contenção por 4 meses até a reorganização da sutura
pa]atina mediana.
Após o desenvolvimento completo da oclusão permanente, montou- se a aparelhagem ftxa para o nivela-
mento, alinhamento e fmalização do tratamento (Fig. 4.42A, 4.42B).
A estabilidade do tratamento pode ser evidenciada nas fotografias intrabucais, telerradiografias e panorâmi-
cas obtidas nos controles realizados até 13 anos pós-tratamento (Fig. 4.43 a 4.46). Os resultados das análises
cefalométricas estão evidenciados na Tabela 4.2 .
Fotografias extra e
intrabucais do primeiro controle,
evidenciando a manutenção da oclusão e a
excelente 1ntercusp1dação.
n
Fotografias extrabucais e telerradiografia em norma lateral 14 anos pós-tratamento.
&iféiiWI Fotografias intrabucais 14
anos pós-tratamento. Note o sucesso da
manutenção oclusal e morfofuncional.
.48A, 4.488, 4.48C. A) Sobreposição in icial e final do tratamento. B) Sobreposição inicial e segundo controle. C) Sobreposição total.
E Componentes:
CASO CLÍNICO 8
Paciente com 8 anos e 8 meses de idade, procurou o tratamento ortodôntico com a queixa
principal de desconforto na oclusão durante a mastigação.
Lista de problemas
A análise facial frontal revelou um padrão dolicofacial, com incompetência labial deno-
tando um respirador bucal. A análise em norma lateral evidenciou um perfil convexo,
porém normal para a idade (Fig. 4.50A, 4.50B).
m Radiografia panorâmica pré-tratamento evidenciando a presença de todos os dentes, nos vários estágiOS de formação.
Tratamento
10 o rco 1c.o ?
-
.53A, 4.538, 4.54A, 4.548. Parafuso expansor instalado e a sequência das ativaçoes evidenciadas pela radiografia oclusal e o
aumento transverso da maxila, com a recuperação de espaço para os incisivos laterais superiores.
Após a disjunção suficiente, o próprio aparelho dleve ser mantido como contenção por um
período de 6 meses, até que ocorra a mineralização da sutura palatina mediana. Nesse pe-
ríodo, os incisivos laterais superiores irromperam c um aparelho ftxo 4x2 foi instalado para
reduzir o diastema e realizar o alinhamento desses dentes (Fig. 4.56A a 4.56G). No arco
inferior, para a redução do apinhamento dos incisivos, instalou-se o arco lingual de Nance
e, em seguida, realizou-se a extração dos caninos decíduos (Fig. 4.55). Esse procedimento
favorece o aproveitamento do espaço (Leeway space), após a substituição dos dentes dccíduos
pelos permanentes, assim corrigindo o apinhamemo anteroinferior (Fig. 4.56A a 4.56G).
a
- mmJ Arco de Nance para impedir a
inclinação para lingual dos incisivos
inferiores, pela pressão da musculatura
labial, e para manter o comprimento
do arco até a substituição dos dentes
decfduos pelos permanentes.
Fase corretiva
O tratamento foi realizado com aparelhagem fixa (Fig. 4.57A, 4.57B , 4.57C), após o de-
senvolvimento da oclusão, com o fim precípuo de nivelar, alinhar e corrigir pequenos días-
temas e girovcrsões.
.57A, 4.578, 4.57C. Fotografias 1ntrabucais evidenciando a aparelhagem fíxa completa para a finalização do caso .
tor 1t ou r ahdade?
~Ji:t.rtiOi:l#! Fotografias extra e intrabucais
evidenCiando o final do tratamento ortodôntico
corretivo, restabelecendo-se a oclusão, postura
labial normal e a estética do sorriso. Note, na
vista oclusal do arco inferior, um separador
com fio de latão O,7mm para desimpactar o
segundo molar permanente esquerdo.
O cxpansor colado, modificado por McNamara j r. (Fig. 4.59, 4.60), da mesma forma que
os cxpansores fixos, promove a exp ansão ortopédica da maxila, e a indicação desse aparelho
restringe- se aos pacientes com dentadura mista e padrão de crescimento vertical, principal-
men te devido ao levantamento do plano oclusal, q ue atua como um bite block, evitando o
deslocamento vertical da maxila e dos dentes de ancoragem.
mmJ Ativação:
- semelhante à do Haas:
- 4/4 de volta, inicialmente, para ajuste da
aparelho.
- 1/4 ou 2/4 de manhã e 1/4 ou 2/4 à noite,
dependendo da necessidade (em média,
10 dias).
CASO CLÍNICO 9
Paciente com 10 anos de idade, apresentando dentadura mista, fmal do segundo período
transitório, m á oclusão de Classe li, com mordida cruzada unilateral do lado direito -
tanto em relação cêntrica quanto em máxima intercuspidação- e linha média com desvio
da mandíbula para o lado direito, denotando uma assimetria facial (Fig. 4.61A a 4.61 F).
@!ijr4JU1i Fotografias extra e intrabucais pré-tratamento: A) vista extrabucallateral; B) vista extrabucal frontal; C) vista extrabucal frontal
sorrindo; O) vista intrabucallateral direita; E) vista intrabucallateral esquerda; F) vista oclusal inferior evidenciando os espaços para erupção
do segundo pré-molar direrto e canino permanente do lado esquerdo.
Exame radiográfico
Objetivos do tratamento
Objetivou- se, com o tratamento interceptador, corrigir a mordida cruzada posterior, assim
com o a linha média e os incisivos laterais superiores por lingual. Para tanto, utilizou- se um
aparelho expansor colado na superficie oclusal dos dentes posteriores, com levantamento
odusal (bite block) e placa de Hawley com molas digitais, para alinhar os incisivos superiores.
Progressão do tratamento
O tratamento foi realizado com o aparelho expansor com cobertura de acrílico, de no máximo
2mm de espessura, colado na superfície oclusal dos dentes posteriores, com a finalidade precípua
de controlar o deslocamento vertical maxilomandibular efetuado pela disjunção palatina, uma
vez que a paciente apresentava padrão vertical de crescimento facial {Fig. 4.63A, 4.63B, 4.63C).
.63A, 4.638, 4.63C. Fotografias intrabucais evidenciando o levantamento odusal, com o fim de evitar o deslocamento vertical maxilomandibular.
As ativações foram iniciadas com uma volta completa no parafuso expansor (4/4), corres-
pondente a 1 mm, e a mãe foi orientada a realizar em casa as ativações subsequentes, de 1/4
de volta pela manhã e 1/4 de volta à noite. O procedimento levou aproximadamente 10
dias para obter a disjunção com sobrecorreção do segmento posterior (Fig. 4.64A a 4.640) .
O parafuso expansor foi fixado e o próprio aparelho atuou como contenção por um pe-
ríodo de aproximadamente 4 meses, até a reorganização e mineralização da sutura palatina
mediana e a consequente movimentação fisiológica dos incisivos para a linha média, pelas
fibras do ligamento periodontal (Fig. 4.65).
~!ifif!j!ifil•l Parafuso expansor instalado e a sequência das ativações evidenciadas pela radiografia oclusal e o aumento transverso
da maxila, com a recuperação de espaço para os incisivos laterais superiores.
Placa de Hawley, instalada como contenção, e molas digitais para alinhar os 1ncisivos laterais superiores.
- Inicial
- Final
.67J, 4.67K, 4.67L. Telerradiografias inicial (J), final (K) e sobreposiçáo dos traçados cefalométricos (L) .
Com relação aos efeitos dentários, os valores expressam que os incisivos superiores inclina-
ram-se para lingual e os inferiores para vestibular. Esses resultados são semelhantes aos da
literatura pertinente (Tab. 4.3).
Diagnóstico,
Planejamento e
Tratamento da
Má Oclusão de Classe 111
INTRODUÇÃO
O leitor observará que alguns conceitos de classificação, etiologia e tratamento já foram
abordados no Capítulo 3, mas repetidos aqui para um melhor entendimento do assunto.
A má oclusão de Classe III caracteriza-se pela relação molar mesial- ou seja, o primei-
ro molar permanente inferior apresenta- se posicionado mesialmente ao primeiro molar
permanente superior - e constitui, ainda hoje, um desafio para a Ortodontia, devido à
difLculdade de diagnóstico e de tratamento, principalmente por causa da sua baixa incidên-
cia na população, pela falta de cooperação dos pacientes ou, ainda, pela falta de habilidade
do profissional quando se depara com esse tipo de má oclusão. Os pacientes acometidos
por essa m.á oclusão frequentemente apresentam retrusão esquelética da maxila, protrusão
esquelética da mandfbu1a ou a combinação dessas duas situações; além de constrição da
maxila, mordida cruzada anterior, mordida cruzada posterior e, geralmente, impacção de
caninos ou pré-molares. Assim, torna-se difícil defmir um critério preciso de avaliação para
determinar se o tratamento pode ser realizado em duas etapas (ortopédicafortodôntica) ou
em somente uma etapa ortocirúrgica, depois de cessada a fase de crescimento puberal.
Apesar da complexidade que envolve a má oclll!são de Classe III, desde seu diagnóstico
até a determinação do tipo de tratamento a ser adotado, o ortodontista possuiu, atual-
me nte, inúmeros tipos de aparelh os e opções de tratamento para que possa obter o suces-
so do tratamento precoce.
Não obstante, muitos profissionais ainda evitam a intervenção precoce porque acreditam
que essa má oclusão é causada pelo crescimento excessivo da mandíbula e o controle desse
crescimento é mu ito limitado; por isso, eles indicam o tratamento ortodôntico-cirúrgico
como a única solução para esse tipo de má oclusão.
·····~....
·. ...·
· ·~
5.1A, 5.18, 5.1C. A) Criança, de uma tribo ind fgena, com o crânio entre duas talas de madeira, para promover uma deformidade
craniofacial. 8 , C) Desv io do vetor de crescimento, pelo uso de uma sapatilha de ferro, d iminuindo o crescimento anteroposterior dos
pés e, ao mesmo tempo, um aumento significativo em sua altura (Graber, 1969).
Prevalência
Com relação à etiologia da Classe m, há vários fatores relacionados, como padrão de erup-
ção dentária c influência da língua; porém, um fator de grande impacto é o hereditário.
Litton ct al., em 1970, analisaram 51 famílias que apresentavam prognatismo manrubular e
observaram que essa alteração estava presente em 13% dos parentes consanguíneos - um
valor muito alto em relação a outras farru1ias que possuem outro tipo de má oclusão. Além
russo, os autores relataram que a incidência da Classe 111 nas crianças caucasianas foi por
volta dos 1% , e entre as crianças j aponesas a incidência aumentou para 6%.
Outro fatores que podem estar relacionados ao desenvolvimento da Classe III são: (A) a
agenesia dos incisivos laterais superiores, que promove uma redução no comprimento do
arco dentário, influenciando no crescimento e desenvolv1mento maxilar para anterior;
Características
A má oclusão de Classe lll , além da acentuada relação mesial do primeiro molar per-
manente inferior, caracteriza- se pela presença de um perfil côncavo, o que promove um
grande comprometimento estético, sobremordida e sobressaliência diminuídas ou ne-
gativas, promovendo mordida cruzada anterior, proeminência do terço inferior da face
e deficiência do terço médio, lábio inferior protruído em relação ao superior, mordida
cruzada posterior devida a uma deficiência no desenvolvimento transversal da maxila,
além do retrognatismo maxilar, prognatismo mandibular e excesso de altura facial an-
teroinferior. Normalmente, o arco dentário inferior apresenta-se ampla e raramente há
apinhamento; no arco dentário superior, pela existência de uma redução transversal e
sagita1, há grande quantidade de apinhamento e geralmente falta de espaço para que os
caninos façam a erupção fisiologicamente.
Sempre que nos deparamos com uma mordida cruzada anterior (MCA), devemos realizar
o diagnóstico diferencial para determinar se há MCA dentária, esquelética ou pseudo, e
assim podermos determinar o tipo de tratamento adequado e o prognóstico para cada caso.
Na presença de uma Classe III dentária, o prognóstico é altamente favorável quando o tra-
tamento correto é realizado precocemente, porque permite que haja um desenvolvimento
nor mal após sua correção, não sendo necessário tratamento futu ro. Porém, o que causa
uma certa dificuldade é o diagnóstico diferencial entre a verdadeira e a falsa Classe III,
sendo que esse diagnóstico baseia-se no número de dentes envolvidos, padrão de oclusão e
diferença da RC para M IH e avaliação da relação caninos e molares.
Com relação ao número de dentes envolvidos, pode-se diferenciar entre MCA dentária
e esquelética, sendo que: na presença de 1 ou 2 dentes cruzados, a mordida é dentária e,
quando envolve mais dentes, geralmente é esquelética.
Além do exame clínico, a avaliação das medidas cefalométricas também fornece impor-
tantes informações a respeito do envolvimento dentário ou esquelético nesse tipo de má
oclusão, porém apresenta limüações. As análises cefalométricas fornecem diferentes diag-
nósticos: quando se avaliam os ângulos SNA e SNB, a mandíbula na maioria das vezes
apresenta-se como a responsável pela Classe III; porém, quando se utiliza a análise de Ric-
ketts e M cNamara para avaliar o comprimento maxilar e a profundidade facial, a maioria
dos casos é classificada como retrusão maxilar, e não prognatismo mandibular.
Devido a esses problemas, Turley (1988) relata que outros fatores devem ser analisados no
planejamento e tratamento da Classe III com deficiência maxilar, e propõe uma correta
avaliação do perfil facial do paciente, considerando que um dos principais objetivos do
tratamento é melhorar a estética facial. Na avaliação proposta por Turley, deve-se avaliar
separadamente a posição do mento, da maxila e d a mandtbula em relação à face.
Época de tratamento
O correto diagnóstico das estruturas que estão envolvidas na etiologia da Classe III é de
fundamental importância e deve ser realizado na época de dentadura decídua e nústa.
Quanto maior o envolvimento mandibular, pior será o prognóstico de tratamento, porque
não se consegue controlar totalmente o crescimento mandibular, apenas redirecioná-lo
com o uso de aparelhos ortopédicos. Além disso, deve-se analisar o padrão de crescimento
facial do paciente, o padrão vertical é de prognóstico desfavorável porque com o aumento
da AFAI máscara a real discrepância da Classe III .
As pretensões do tratamento precoce são claras e incluem a eliminação dos fatores etioló-
gicos da má oclusão e a prevenção da progressão das desarmonias esqueléticas, dentárias e
funcionais. Assim obtém-se um ambiente dentofacial mais favorável, guiando e controlan-
do a erupção dentária para posições normais nos arcos, e reduzindo as discrepâncias esque-
léticas por meio do redirecionamento do crescimento facial, podendo minimizar ou até
mesmo eliminar a necessidade de tratamentos complexos durante a dentadura permanente
• tor • m tu ou reali•j0rle?
ou uma futura cirurgia ortognática. O objetivo da intervenção precoce consiste, ainda, em
melhorar o bem-estar e a aparência dos pacientes, especialmente durante a adolescência.
A influência da idade no tratamento da Classe Ili foi investigada em diversos estudos e to-
dos são unânimes em afumar que existe um grande efeito ortopédico quando o tratamento
ocorre antes ou durante a fase de crescimento puberal (7 aos 12 anos). Embora o trata-
mento precoce direcionado à maxila (4-10 anos) possa ser mais efetivo, a ERM associada
à protração maxilar pode ser uma opção viável para crianças com mais idade (10-14 anos).
O tipo de intervenção a ser realizada na correção da Classe lii vai depender do compo-
nente envolvido em sua etiologia, pois sabemos que a Classe III resulta de uma diversida-
de de combinações morfológicas entre maxila e mandfbula nos sentidos vertical e sagital,
c não apenas devido a uma protrusão mandibular, como acreditava-se no passado; por
isso, é razoável admitir que o prognatismo mandibular verdadeiro é menos frequente do
que se supunha. Assim, esse tipo de má oclusão pode apresentar uma retrusão maxilar e
uma mandfbula normal, ou uma maxila normal e uma protrusão mandibular, ou uma
associação de ambos. Ellis e McNamara (1984) avaliaram 302 pacientes adultos com
Classe III e concluíram que 19,5% apresentavam apenas rctrusão maxilar; 19,2%, ape-
nas protrusão mandibular; e 31,1 %, a associação de ambos. Já Guyer et al. (1986), após
analisar 1.44 jovens com Classe III, constataram guc 23% apresentavam retrusão maxilar;
19%, protrusão m andibular; e 22,2%, uma associação dos dois componentes, sendo gue
a retrusão maxilar estava presente em 63% dos pacientes.
Segundo D elaire (1997), há uma grande variação na morfologia da Classe III, sendo
gue os casos com retrognatismo maxilar representam 14,49% e os casos de progna-
tismo mandibular, 16,09%. Analisando estudos existentes na literatura, é inegável a
participação da maxila na Classe III, associada a um prognatismo da mandíbula; assim,
essa má oclusão é resultado de uma real discrepância anteroposterior entre as bases
apicais, com um aumento da altura facial anteroinferior que contribui para uma menor
evidência do prognatismo mandibular.
Quando a Classe 111 for causada por uma retrusão maxilar (62 a 63% dos casos), uma opção
de tratamento pode ser o uso da máscara facial ou, ainda, do Regulador de Frankel para
a C lasse III (RFIII). Nos casos de protrusão mandibular, pode-se optar pelo uso de uma
mentoneira e, quando houver a associação de amb os os componentes, o protocolo de tra-
tamento pode ser a associação da máscara facial com a mentoneira.
Protocolos de tratamento
Componentes:
uma relação de topo entre os incisivos superiores e inferiores, que provoca o deslizamento
da mandíbula para anterior, determinando uma mordida cruzada anterior funcional. A
inclinação dos incisivos superiores para lingual efou dos incisivos inferiores para vestibular
é a principal responsável pela interferência oclusal que leva o paciente a ocluir com a man-
díbula projetada para anterior. A persistência desse desvio funcional durante todo o período
de crescimento e desenvolvimento pode imprimir alterações estru turais permanentes, uma
vez que inibe o crescimento anterior da maxila e consolida o deslocamento anterior da
mandíbula devido à adaptação condilar.
N a terminologia ortodôntica, progênicos são todos os casos nos quais, em uma relação
sagital dos maxilares, a mandíbula oclui mesialmentc à maxila. São, ainda, sinô n.imas de
progênico as denominações mesioclusão e prognatismo manclibular, as quais expressam
uma desproporção anteroposterior dos maxilares.
Esse aparelho foi desenvolvido por Bimler para o tratamento da Classe III incipiente e foi
apresentado pela primeira vez por Eschler. O aparelho de Eschler tem a função de miru-
mizar uma Classe lll incipiente, onde a MCA ocorre devido às inclinações incorretas dos
incisivos superiores e inferiores, o que promove uma relação dos incisivos de topo a topo,
ATIVAÇÃO
O aparelho deve ser instalado corretamente e recomenda-se utilização de 24 horas por dia,
sendo removido durante as refeições e atividades fisicas. Na consulta seguinte, o arco de
Eschler é ativado p ara manter a mandibula numa posição mais posterior, assim permitindo
que a maxila assuma uma posição mais anterior.
O efeito ortodôntico do uso desse aparelho resume-se na inclinação lingual dos incisivos
inferiores e inclinação vestibular dos incisivos superiores. Os efeitos esqueléticos demons-
tram um reposicionamento mandibular (de MIH para RC), com diminuição do ângulo
SNB e deslocamento anterior do ponto A, devido à liberação do crescimento maxilar após
a correção da mordida cruzada anterior. A normalização precoce do trespasse horizontal
entre os incisivos possibilita que a face continue a crescer normalmente, sustentando os
resultados da correção precoce.
CASO CLÍNICO 1
Diagnóstico diferencial
Após a confirmação da Classe lli por meio da análise cefalométrica, realizamos o diagnóstico
diferencial clinicamente, verificando o padrão de oclusão quando em mordida habitual ou
em cêntrica forçada, manipulando a manch'bula para uma relação mais posterior. Observamos
que, quando em Máxima Intercuspidação (MI), apresentava mordida cruzada com desliza-
mento da manch'bula para anterior e em R elação Cêntrica (RC), uma retroposição da man-
chôula, com as bordas incisais dos incisivos superiores contatando com as bordas incisais dos
incisivos inferiores, o que favorece sobremaneira o tratamento ortodôntico (Fig. 5.6A, 5.6B).
Habitual Cêntrica
~Jif!IOJdo! A) Vista intrabucal frontal evidenciando a mordida cruzada anterior. B) Vista intrabucal frontal com
os incisivos topo a topo.
Ortmlort
Objetivos do tratamento
Plano de tratamento
O protocolo proposto à paciente e aos pais foi o tratamento em duas fases: (A) fase inter-
ceptara, que constou de uma mentoneira- usada apenas à noite, para manter a manch'bula
retruída durante a postura - e de um aparelho removível ortopédico mecânico (o aparelho
de Eschler, também conhecido como "aparelho progênico); (B) fase corretiva, após a erup-
ção de todos os dentes permanentes, exceto os terceiros molares (Fig. 5.7A a 5.7E).
~W/!JWa=l Fotografias extra e intrabucais. A, B) Vistas extrabucais lateral e frontal, com a mentoneira instalada C , D, E) Vistas
intrabucais mostrando o aparelho de Eschler.
A rnentoneira era ativada com a txoca dos elásticos realizado pela paciente semanalmente
ou quando necessário.
No arco de Eschler a ativação era realizada fechando-se a alça o suficiente para tocar leve-
mente a face vestibulax dos incisivos inferiores, sem pressioná-lo demasiadamente, uma vez
que o fio 0,9mm exerce uma força pesada devido a seu diâmetro. Pretende-se com esse
aparelho uma ação ortopédica da maxila para a antet:ior e uma ação ortodôntica dos inci-
sivos inferiores para lingual. Após o descruzamento a resina que cobria o plano oclusal era
desgastada a cada visita para a erup ção dos pré-molares, eliminando o espaço livre ocasio-
nado pelo levantamento oclusal, evitando a intromissão da língua e uma possível mordida
aberta posterior (Fig. 5.8A, 5.8B).
Os controles foram realizados mensalmente até o descruzamento completo dos incisivos, to-
talizando 14 meses de tratamento, quando os aparelhos foram remov idos e o acompanhamen-
to passou a ser semestral, até o desenvolvimento completo da dentadura pennanente, final da
interceptação. Notou-se uma melhora na harmonia facial e na oclusão (Fig. 5.9A a 5.90).
A telerradiografia em norma late ral (Fig. 5. 9F) e o traçado cefalométrico final de inter-
ceptação mostram o sucesso do tratamento precoce com o aparelho de Eschler associado à
memoneira. A radiografia panorâmica evidencia o final da dentadura mista, um bom para-
lelismo radicular e a presença dos terceiros molares (Fig. 5. 9G).
• { {
5 .9M, 5.9N, 5.90. Traçados cefalométricos: M ) inicial; N) pós-interceptação; O) controle dois anos pós-interceptação.
!fit.f;Jj(.ja!
Fotografias extra e intrabucal evidenciando o diastema interincisivos centrais superiores. Telerradiografia e radiografia
panorâmica de controle, 2 anos de interceptação.
Ort
@llt!§S•il•l! Vistas do mode lo de estudo
de controle de 2 anos, evidenciando o
aumento do diastema interincisivos.
Fase corretiva
Aproximadamente 2 anos após concluída a fase or topédica, e a pedido da paciente, que não
estava satisfeita com o diastema, iniciou-se a segunda fase do protocolo de tratamento, com
a montagem do aparelho fixo (Fig. S.llA, S.llB, S.llC).
.11A, 5.118, 5.11C FotograflélS intrabucais evidenciando a aparelhagem fixa: A) vista lateral direita; B) vista frontal; C) vista lateral esquerda
.130, 5.13P, 5.130. Traçados cefalométricos: O) inicial da fase corretiva, P) final da fase corretiva, O) controle de 10 anos.
A fase ortodôntica não ocasionou grandes alterações nas bases ósseas (SNA e SNB), en-
tretanto, observou-se crescimento contínuo da maxila e da mandíbula (Co-A e Co-Gn).
O aparelho fLxo provocou pequena vestibularização e protrusão dos incisivos superio-
res e inferiores.
Durante o período de controle, poucas variáveis apresentaram alterações aos 10 anos pós-
-tratamento, comprovando uma boa estabilidade dos resultados obtidos. Apenas uma
ligeira alteração na altura fac ial anteroinferior (FMA de 25,5° para 27°); e acentuada lin-
gualização dos incisivos superiores (l.NA de 26,5° para 20,5°).
- Inicial - Inicial
- Fanal - Final
- Controle - Controle
De acordo com Pctit (1982), o primeiro relato do uso da máscara facial foi realizado por Pot-
peschnigg, em 1875. Na literatura, um dos primeiros resultados cientificamente documentado
sobre o uso da tração reversa da maxila em casos de Classe III com prognatismo foi publicado
por Oppenheim em 1944, porque para ele era impossível mover a manch'bula para trás, porém
era possível trazer a maxila para a frente para compensar o crescimento excessivo da mandt1:mla.
Com relação à máscara facial, foi Delaire, em 1971 na França, o responsável pela popula-
rização dessa máscara ortopédica que possui dois apoios na face, um no mente e outro na
testa, deixando a área do osso malar livre para um possível reposicionamento anterior da
maxila. Porém, a máscara tornou-se mundialmente conhecida por meio de Petit (1982),
que modificou os conceitos de Delaire e idealizou uma nova máscara capaz de gerar uma
maior quantidade de força e, dessa maneira, diminuir o tempo de tratamento.
Há diversos tipos de máscaras pré- fabricadas (Fig. 5.14A a 5.14D, 5.15A a S.lSD)- como
as de D elaire (1971), Petit (1982) c Hickham (1991) -,porém Turley, em 1988, descreveu
um método para se obter uma máscara facial construída individualmente e que apresenta boa
estética e maior conforto, devido à sua adaptação à face do paciente, o que colabora para que
esse coopere com o tratamento. É construída após uma moldagem facial e é composta por
uma estrutura de fio de aço de 1,6mm onde são ftx:ados o apoio frontal e uma mentoneira de
resina acrílica; possui, também, uma barra transversal na altura da comissura labial, onde são
soldados dois ganchos com 15mm de cada lado da linha média, para adaptação dos elásticos.
Normalmente, antes da protração maxilar há uma etapa terapêutica preliminar, que é a ex-
pansão rápida da maxila, a qual, além de corrigir a mordida cruzada posterior comumente
associada à Classe lll e promover um deslocamento da maxila para anterior, induz uma
desarticulação parcial da maxila ao nível de suas suturas, obtendo um estímulo da atividade
celular nessas regiões, o que favorece a ação ortopédica das forças da protração maxilar.
Ativação
Com relação ao tempo de uso, esse sofre influência da severidade e da idade do paciente:
se utilizada 24 horas por dia, pode corrigir a má oclusão em 2 a 6 meses; porém, com o
uso de 14 a 16 horas por dia, obtêm-se resultados satisfatórios, mas necessita-se de um
maior tempo de tratamento. A máscara deve ser usada até que a mordida cruzada anterior
seja totalmente corrigida e se obtenha uma sobrecorreção de aproximadamente 2mm do
trespasse horizontal, para minimizar as futuras recidivas. Após isso, durante o período de
contenção pode-se diminuir o tempo de uso diário para 10 horas (uso noturno) por 6 me-
ses ou instalar um aparelho de Frankel (RFIII) por um ano.
A Tabela 5.3 mostra os protocolos preconizados por diversos autores com relação ao trata-
mento da Classe III com máscara facial.
Nanda, 1980
O tratamento com a ERM associada à máscara facial promove várias alterações do comple-
xo dentofacial:
A rotação para baixo e para trás da manchbula, que também contribui para a corre-
ção da Classe lll, pode ocorrer devido à combinação de um deslocamen to vertical
da maxila, erupção e mesialização dos molares superiores e uma força de retração
ou distalização na região do mente. Essa rotação, associada ao deslocamento da
A maioria dos estudos realizados sobre a protração maxilar com a máscara facial
aponta que há um aumen to do crescimento para a frente do complexo nasoma-
xilar, com rotação no sentido anti-horário, e um efeito ortopédico na mandíbula,
por uma reação da força exercida no mento.
Componentes:
- apoio frontal em forma de haste
horizontal, localizado entre os pontos
tríquio e glabela;
- apoio mentoniano em forma de
mentoneira;
- haste central construída com fio de aço
inoxidável de 1,6mm de diâmetro, com
ganchos soldados próximos à comissura
labial, sem tocá-la, como apoio dos elásticos
de 5/ 16" para a prolração da maxila:
- arquétipo facial construido com tio de
aço inoxidável de 1,6mm d e diâ metro.
F1 F2
F2_F3
No sentido horizontal da face, uti.liza.-se a linha bipupilar como referência. A partir dessa
linha, encontra-se o ponto do extremo do canto do olho em ambos os lados, denominados
de L1 e L2 (Fig. 5.20). Para se determinar a largura das hastes da máscara facial, deve-se en-
contrar os dois pontos de referência denominados L3 e L4 (Fig. 5.18). Os pontos L3 e L4 são
determinados na porção lateral da face, seguindo-se a linha bipupilar (Ll -L2) até o irúcio do
cabelo, cor respondente à distância bizigomática, conforme Figura 5.18. O esquema abaixo
denota as grandezas necessárias para a obtenção dos apoios laterais da máscara fàcial.
L1 L2
Paciente com 7 anos e 2 meses de idade, apresentou-se para tratamento com a queixa prin-
cipal de desvio mandibular durante a mastigação. Na avaliação extrabucal, notou-se perftl
facial côncavo e, no exame intrabucal, acentuada mordida cruzada anterior, com o plano
terminal dos segundos molares decíduos em degrau mesial excessivo (Fig. 5.21A a 5.21N).
Objetivos de tratamento
Plano de tratamento
O protocolo proposto para a paciente e seus pais foi o tratamento em duas fases:
Nesse caso clínico, a paciente apresentava pequena alteração transversal e foi orientada a ativar
o parafuso cxpansor com 2/4 de volta, geralmente à noite, durante 8 dias (Fig. 5.22A a 5.22D).
Após a remoção do expansor colado, instalou-se uma contenção fixa, com ganchos na
mesial dos caninos para conexão bilateral dos elásticos 5/16" no arco superior. D evido à
grande discrepância dente/osso no arco inferior, indicou-se a extração dos caninos decíduos
e instalou-se um arco de Nance para a manutenção do Leeway space até o desenvolvimento
da oclusão permanente.
Fase corretiva
@fjj!JO-fl'J•! Fotogra1ias intrabucais e radiografias oclusais antes e após a ativação do aparelho expansor colado. Note o aumento
transversal da maxila.
€f.:tif.!l•*1ili Após a remoção do expansor colado e instalação da contenção ftxa com ganchos para apoio do elástico, no arco superior,
favorecendo o conforto da paciente enquanto mantém a dimensão transversal; no arco inferior, o arco de Nance para manutenção de espaços.
~ Fotografias extra e
intrabucais e radiografias da fase pós-
contenção da protração maxilar, realizada
com a própria máscara facial e que durou
3 anos. Nessa Situação, aguarda-se a
erupção dos dentes permanentes para
montagem da aparelhagem fixa.
~f4if;lfJiJ!8 Fotografias extra e
intrabucais, telerradiografia e radiografia
panorâmica na fase da aparelhagem fixa,
durante o alinhamento e nivelamento dos
arcos dentários.
Na avaliação dos valores cefalométricos iniciais e após o uso da máscara facial de Turley
associada ao aparelho fixo, verificou-se um reposicionamento anterior da maxila, atesta-
do pelo aumento dos ângulos SNA e CoA, e uma rotação da mandíbula no sentido horá-
rio, comprovada pela redução do ângulo SNB -os quais, conjuntamente, contribuíram
para o aumento da convexidade facial (ANB e NAP). Os incisivos superiores inclinaram-
- se para vestibular e os inferiores para lingual, corrigindo a mordida cruzada anterior.
Poucas alterações ocorreram durante o período de controle aos 5 anos pós- tratamento.
Paciente com 7 anos e 6 meses, apresentou-se para tratamento com a queixa principal de
pequena assimetria da face, determinada por um desvio mandibular para o lado esquerdo.
Evidenciou-se, também, um ângulo nasolabial aumentado e a região zigomática pouco
desenvolvida, sugerindo uma deficiência maxilar (Fig. 5.30A, 5.30B).
Progresso do tratamento
Inicialmente, construiu-se um aparelho expansor tipo Haas modificado, com bandas nos se-
gundos molares decfduos, grampos em "C" nos caninos decíduos e um fio de 0,7mm na face
palatina do canino incluído na porção anterior do acrílico. O grampo em "C" e o fio adaptado
na região palatina dos caninos foram fixados com resina composta, para favorecer a retenção e
a ctissipação das forças. Além disso, foram soldados segmentos de fio de 1,0mm na superffcie
vestibular das bandas dos segundos molares decíduos, estendendo- se até a região dos caninos,
sendo que, na região dos caninos, esse fio apresentava-se contornado em forma de gancho,
servindo como apoio para a adaptação de elásticos de protração (Fig. 5.31A a 5.31E).
C i nco dias após a ativação, observou-se o sinal clínico característico de abertura da sutura
mediana do palato, o diastema interincisivos (Fig. 5.32A, 5.32C), comprovada pela radio-
grafia oclusal (Fig. 5.32B, Tab. 5 .5), mostrando um aumento de 3mm entre os molares
superiores e 2mm para os molares inferiores, que acompanharam a expansão.
5.32A, 5.328, 5.32C. Vistas oclusais mostrando o aumento transversal da maxila e o efeito dos blocos de acrílico no palato.
Durante a fase de ativação, moldou-se a face do paciente para a confecção da máscara facial
individualizada, que compreende uma estrutura metálica com fio de 1,5mm, com apoios
nas regiões frontal e mentoniana, confeccionados com resina acrílica. Também possui uma
barra transversal, cruzando a face de um lado ao outro, na altura das comissm:as labiais.
A essa barra soldam- se dois ganch os, afastados da linha média em torno de 15mm, para a
ad aptação dos elásticos (Fig. 5.33A a 5.33D).
Logo após a abertura da sutura palatina, o parafuso foi focado com acrílico e a máscara
facial foi adaptada e instalada para iniciar a mecânica de protração maxilar. Foi adaptada
no paciente por meio de elásticos bilaterais de 5/ 16", que liberavam uma força de 200g,
nos primeiros 7 dias; a partir desse momento, aumentou- se a força para SOOg. Os elásticos
estendiam-se dos ganchos da máscara, localizados na barra horizontal extrabucal, ao gan-
cho intrabucal na altura dos caninos, no nível do ponto de contato entre os lábios superior
e inferior (Fig. 5.33). O paciente foi orientado a usar a máscara durante 20 horas por dia.
Após três meses de contenção, para a necessária reorganização óssea ao nível da sutura me-
diana, o expansor foi removido e realizou- se uma nova moldagem para a construção de um
aparelho de contenção removível. Esse possuía grampos de Adams nos primeiros molares
permanentes, grampos em "C" nos caninos dccíduos e um fio soldado à barra horizontal
dos grampos de Adams, estendendo-se por vestibular até a região dos caninos decíduos,
onde apresentava um gancho para adaptação dos elásticos. Além disso, a porção oclusal c o
terço oclusovestibular dos dentes posteriores foram recobertos com resina, para aumentar a
retenção do aparelho (Fig. 5.34A, 5.34B).
Após dez meses de uso contínuo da máscara facial, o paciente foi orientado a usá-la apenas
no período noturno; e a placa de H awley com grade palatina durante 24 horas por dia.
Após seis meses, observou-se um relacionamento satisfatório no sentido anteroposterior
e uma nítida melhora no sentido ver tical. Suspendeu- se, então, o uso da máscara facial e
manteve-se a placa como contenção, objetivando a correção total do trespasse vertical, mes-
mo porque os incisivos encontravam-se em fase de erupção (Fig. 5.36A, 5.36B, 5.36C).
5.35A, 5.356, 5.35C. Fotografias intrabucais evidenciando a MAA e o aparelho removfvel com grade pala tina e ganchos na altura dos
caninos, para o uso de elásticos.
.36A, 5.366, 5.36C. Aspectos intrabucais evidenciando o desenvolvimento da oclusão e a correção da mordida aberta anterior.
FASE CORRETIVA
O tempo de tratamento total foi de 2 anos e o resultado final pode ser observado nas Figu-
ras 5.38A a 5.38H. Como contenção, instalou-se uma placa de Hawley com o arco vestibular
arcos dentários.
modificado no arco superior (Fig. 5.39A a 5.39E), para a realização do torque lingual das coroas
dos caninos superiores. Torna-se necessário o desgaste da resina acrílica, deixando um ponto de
contato com a cervical da face lingual dos caninos; assim, após a ativação do arco vestibular, a
resultante do movimento será de inclinação da coroa para lingual e da raiz para vestibular.
o
c-
...____________ ~
..1------------~
~jU$JSII A, B, C) Fotografia extrabucal, telerradiografia e traçado cefalométrico iniciais. D, E, F) Fotografia extrabucal,
telerradiografia e traçado cefalométrico pós-expansão. G, H, I) Fotografia extrabucal, telerradiografia e traçado cefalométrico pós-
tratamento. J, K, L) Fotografia extrabucal, telerradiografia e traçado cefalométrico de controle.
Orlodonl a pr '"'•
Análise dos resultados do tratamento e estabilidade
Resultados
O tratamento foi fmalizado com a montagem da aparelhagem fixa superior e inferior, com
a finalidade de nivelamento e alinhamento. Os incisivos inferiores sofreram poucas mo-
dificações; já os incisivos superiores, que se apresentavam acentu adamente lingualizados e
retruídos, foram vestibularizados e protruídos (Tab. 5.5).
ANB -10 oo oo 20
SN.PP 6,5° 70 r go
AFAI 62mm 60,5mm 60,5mm 72mm
Estabilidade
Pacientes que apresentam um crescimento mandibular excessivo podem ser tratados por
meio do uso da mentoneira com forças pesadas direcionadas para o centro do côndilo da
mandíbula. Norman Kingsley, na última década do século 19, idealizou a aplicação da
força extrabucal para resolver os problemas esqueléticos, ou seja, exercer uma pressão so-
bre o mento para se interceptar o crescimento mandibular excessivo; porém, na época,
acreditava-se que não era possível controlar esse crescimento mandibular.
Apesar de ainda haver muitas controvérsias com relação ao seu uso, a mentoneira é in-
dicada como um procedimento interceptador incipiente para retardar ou redirecionar o
crescimento mandibular, melhorando a relação anteroposterior; e deve ser instalada o mais
precocemente possível, nas fases de dentadura decidua efou início da mista.
Muitos estudos realizados em animais sobre o efeito da força ortopédica da mentoneira so-
bre a articulação temporomandibular apresentaram resultados relativamente consistentes;
porém, estudos clínicos e experimentais em humanos relataram que a força aplicada pela
mentoneira apresenta diversos efeitos ortopédicos, entre eles: o redirecionamento do cres-
cimento mandibular para baixo efou para trás, reposicionamento posterior da mandíbula,
restrição do crescimento mandibular, remodelação da mandfbula, diminuição do ângulo
goníaco e aumento do terço inferior da face, o que contraindica seu uso nos casos de jovens
que apresentam uma altura facial inferior aumentada. Entretanto , a completa inibição do
crescimento mandibular parece ser difícil de ser alcançada somente com o uso da mento-
neira, porque seu efeitos se limitam apenas ao período de uso do aparelho- após removê-
-lo, o crescimento original retoma seu potencial.
A quantidade de força utilizada ao início do tratamento deve ser suave (150 a 300gllado),
por um perfodo de 2 meses, em média, para que o paciente se acostume com a mentoneira;
após um intervalo de adaptação, a força pode ser aumentada, gradativamente, até alcançar
400 a 450g/lado. O tempo de uso vai depender da magnitude da má oclusão, da quantidade
e direção de crescimento e da idade. Em casos mais precoces, o uso é de 10 a 12 horas por
dia; em casos mais severos, deve-se aumentar a quantidade de horas por dia (12 a 16 horas).
Após a obtenção d a correção da má oclusão, deve-se manter o uso em período noturno ou
diminuir gradativamente o número de horas por dia. Mitani e Fukazawa (1986) avaliaram
o efeito da força da mentoneira na quantidade de crescimento no período da puberdade em
26 japonesas. Os resultados indicam que o uso da mentoneira com uma força de 500 a 600g
durante 11 a 12 horas por dia altera significativamente o padrão de crescimento mandibular
durante a puberdade.
A Tabela 5.6 mostra os protocolos preconizados por diversos autores em relação ao trata-
mento da Classe III com mentoneira.
u;j;T§tifl'!l Magnitude e duração de força para uso da mentoneira, segundo diferentes autores.
Duração
Paciente xantoderma, sexo feminino, com 9 anos e 7 meses de idade, procurou a clínica or-
todôntica preocupada com a sua oclusão. Durante a anamnese, notou-se pouco desenvol-
vimento do terço médio da face e perfil facial ligeiramente côncavo, o que é característica
normal para os xantodermas.
No arco inferior, também ocorreu perda de espaço ocasionada por extrações prematuras dos
molares decíduos, com mesialização dos primeiros molares permanentes (Fig. 5.42A a 5.42G).
Plano de tratamento
~-ji:fijO-ji:lol A) Telerradiografia ao 1níc1o da interceptação. B) Telerradiografia ao início da fase corretiva. C) Telerradiografia ao final
da fase corretiva. O) Telerradiografia aos 13 anos pós-tratamento.
€1§4Jj@•! Traçados cefalométricos: A) início da interceptação, B) início da corretiva, C) final da corretiva, O) 13 anos pós-tratamento.
- Inicial
- Final
- Controle
B Sobreposição total dos traçados cefalométricos inicial, final e controle.
nfi@fjOfi Medidas cefa lométricas iniciais de interceptação e corretiva, final de corretiva e controle de 13 anos.
Inicial Inicial Final Controle de
Medidas Padrão Interceptara Corretiva Corretiva 13 anos
08/12/ 1981 13/06/1984 17/05/ 1988 04/10/2001
Durante a fase de contenção, o paciente deve ser frequentemente avaliado, para verificar- se
a tendência de um recidiva ou a necessidade de um futuro tratamento.
Paciente com 5 anos e 3 meses de idade, indicado para avaliação ortodôntica exibindo o
terço médio inferior da face aumentado, caracterizando um padrão de crescimento vertical
(face longa) e perfiJ facial reto para a idade (Fig. s:slA a 5.51G).
A radiografia panorâmica confirmou a fusão dos dentes decíduos, a presença dos germes
dentários dos dentes permanentes nos vários estágios de formação e a ausência do incisivo
lateral permanente esquerdo, por agenesia (Fig. 5.52A, 5.52B).
Tratamento
Por tratar-se de uma má oclusão de origem genética, orientou-se os pais sobre as caracte-
rísticas inerentes a esse tipo de má oclusão, sobre o tempo de tratamento interceptador e a
certeza de um prognóstico não muito favorável, devido ao crescimento mandibular.
N esse caso, o protocolo de tratamento proposto foi o uso noturno da mentoneira em 45°
com o plano oclusal, e com força aproximada de 350 a 400g de cada lado, para restringir
o crescimento mandibular, minimizando a rotação da mandíbula no sentido horário. No
arco superior, devido à idade do paciente, instalou-se um aparelho fixo arco em "W", com
o fim precípuo de expandir a maxila, criando a oportunidade de um crescimento e desen-
volvimento flsiológico normal (Fig. 5.53A a 5.53G). A Figura 5.53G evidencia o aumento
transversal da maxila 3 meses após a primeira ativação.
O paciente retornou para nova avaliação e, mesmo fazendo uso da mentoneira, notou-se
que a face apresentou aumento do terço inferior, denotando um crescimento mandibular
excessivamente vertical (Fig. S.SSA a S.SSD).
ij01ft!Jj0i@ Fotografias extra e intrabucais e telerradiografia evidenciando o desenvolvimento do menta e a dentadura permanente completa.
Com o paciente com 17 anos e 10 meses de idade, instalou-se a aparelhagem fixa supe-
rior e inferior para descompensação dos incisivos superiores e inferiores, alinhamento
e n ivelamento dos arcos dentários (Fig. 5 .58A a 5.58H ).
O desenvolvimento completo do caso pós-cirurgia pode ser observado nas Figuras 5.59 a 5.61.
Fotografias extra e
intrabucais, telerradiografia e radiografia
panorâmica ao final do tratamento.
Ortodonlia prevent,va e interceptara mto ou r 3 dad"?
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Entre as alterações verticais da face, a Mordida Aberta Anterior (MAA) caracteriza- se,
basicamente, pelo trespasse vertical negativo que ocorre na região anterior, quando os
dentes posteriores estão em oclusão (Almeida et al., 2003). Nesse contexto, essa má oclu-
são merece destaque ímpar, pois, além de ter alta prevalência nas dentaduras decídua e
ntista, não pode ser, morfológica e nem funcionalmente, considerada como uma entida-
de clínica única, em função de sua etiologia multifatoriaL
Não é diffcil, nem mesmo para um leigo, reconhecer essa má oclusão, principalmente de-
vido ao caráter estético envolvido. Além de ser a má oclusão de maior prevalência entre as
discrepâncias verticais (Richardson, 1969), pode comprometer não só a estética (D e Sm..ith;
D ermaut, 1984) como também as funções mastigatória e fonatória e a autoestima.
Prevalência
Outras
82,35% Outras
81 ,50%
Etiologia
PADRÃO DE CRESCIMENTO
Nos mesofaciais, que possuem crescimento equibbrado, a MAA pode se desenvolver, mas
com boas chances de autocorreção se não houver a presença de hábitos secundários, como
a interposição lingual (Fig. 6.2).
tifJ Mesofacial.
GIJ Dolicofacial.
Classificação
A MAA pode ser classificada tanto com base na sua etiologia quanto na severidade de
su a expressão. Richardson (1969), por exemplo, propôs uma classificação que leva em
consideração a et iologia, dividindo as mordidas abertas anteriores em: (1) transitórias,
que ocorrem quando os incisivos permanentes estão irrompendo e devido ao cresci-
mento incompleto das áreas dentoalveolares; (2) as causadas por hábitos; (3) por pato-
logias locais (dentes supranumerários, cistos e dilacerações); (4) por patologias gerais
com alterações esqueléticas (fissura palatin a e disostoses craniofaciais); (5) pelo padrão
de crescimento vertical não patológico e (6) as causadas pela morfologia e comporta-
mento da língua e lábios.
Worms et al. (1971) classificaram a mordida aberta, quanto à sua extensão, em mordida
aberta simples (compreendida de canino a canino); mordida aberta composta (de pré a
pré-molar) e infantil (quando atinge os molares). Dawson (1974) classificou a amplitu-
de ou o grau de separação entre os dentes anteriores, atribuindo valores: mordida aberta
mínima (abertura de até 1mm); moderada (de lmm a Smm) e severa (superior a Smm).
Nahoum (1972) dividiu as mordidas abertas em duas categorias distintas: (1) Dentária -
aquela que apresenta um desenvolvimento normal de toda a área basal, por exemplo, a falta
de erupção dos dentes anteriores; (2) Esquelética - quando apresenta displasias craniofa-
ciais envolvendo a área da base apical, com outras características associadas à má oclusão.
Por outro lado, Almeida e Ursi (1990) propuseram uma classificação basicamente acadê-
mica, caracterizando as mordidas abertas anteriores em dentárias, dentoalveolarcs e esque-
léticas (Tab. 6.1). Elas são categorizadas como dentárias quando resultam da obstrução da
erupção normal dos dentes anteriores, sem o envolvimento do processo alveolar. No caso
da dentoalveolar, existe um comprometimento do desenvolvimento ósseo, pois o fator
causal está bloqueando o seu curso normal de desenvolvimento; já as mordidas abertas
esqueléticas, termo cunhado por Subtelny (1964), compreendem as mordidas abertas nas
quais existe uma displasia craniofacial manifestada, de padrão semelhante mas de severi-
dade variável. Segundo Almeida e Ursi, a mordida aberta esquelética caracteriza-se por
apresentar rotação mandibular horária, ângulo goníaco aberto , ramo mandibular curto,
divergência entre os planos palatino e mandibular, supraerupção dos dentes posteriores
superiores, e aumento na altura facial anteroinferior (AFAI) (Fig. 6.4A, 6.4B, 6.4C).
Geralmente a maxila c a mandíbula rotacionam para baixo e para trás (sentido horário),
resultando no aumento do ângulo do plano mandibular e da AFAL O crescimento condilar
O conhecimento das características mais comuns desse tipo de anomalia vertical pode ser
prioritário para o neófito na Ortodontia. Para tanto, informações cefalométricas angariadas
por pesquisas que estudaram indivíduos com MAA não tratados passam a ser prioritárias.
ESQUELÉTICA
Dentária Esquelética
( • Aumento da AFAI l
• Altura dentoalveolar • Aumento do FMA e SnGoGn
Ant. Mx e Md diminuída • Altura dentoalveolar Ant. e
l • Incisivos protruídos J l Post. Mx e Md aumentada J
l
• Mandíbula retrognática r •Mandíbula prognátíca
• Altura posterior diminuída • Comprimento mandibular
l• Maxila atrésíca J l aumentado J
(.fffi"ffMiifiM Quadro sinóptico da lista de problemas da má oclusão Mordida Aberta Anterior (Mx=maxila; Md= mandíbula; Ant.=anterior;
Post.= posterior). Modificado de Almeida et ai. (2006) e Buschang et ai. (2002).
Uma dúvida frequente dos pais ou mesmo dos clínicos é se a MAA se autocorrige. Worms
et al. (1971) relataram a ocorrência de 80% de correção espontânea da MAA em pacien-
tes com idades de 7-9 anos e 10-12 anos. A mordida aberta dentária se autocorrige quan-
do o paciente cessa o hábito. Cabe ressaltar que, uma vez cessado o hábito, a interposição
lingual secundáriia pode perpetuar a MAA. Nesses casos, o trabalho interdisciplinar com
a fonoaudiologia pode ser bastante útil. Similarmente, de acordo com Cangialosi (1983),
na mordida aberta dentoalveolar, os incisivos não se desenvolvem no sentido vertical, em
função do hábito que impede sua correta erupção. Quando o hábito é cessado, a mordida
aberta tende a se autocorrigir.
Época de intervenção
Um dos pontos-chave da abordagem da MAA diz respeito à época ideal de intervenção. En-
glish et al., em 2002, enfatizaram que o tratamento para pacientes com mordida aberta es-
quelética deve ser executado precocemente, para se obter sucesso em jovens com 7 a 8 anos
de idade. O tipo facial é estabelecido precocemente no crescimento e desenvolvimento do
jovem e, se um paciente com traços de hiperdivergência fenotípica não for tratado até o estágio
de desenvolvimento dos dentes permanentes, a opor tunidade de modificação do crescimento
pode ser perdida; nesse caso, a correção cirúrgica pode ser a única possibilidade de tratamento.
Além disso, o tratamento precoce melhora a aparência da criança, aumentando a sua autoesti-
ma. Klocke, em 2003, questionado sobre a época ideal de se intervir nos pacientes com MAA,
respondeu que a grande maioria dos estudos indica o tratamento na dentadura mista como
sendo a melhor época. Por outro lado, o ortodontista nem sempre consegue intervir na fase de
dentadura mista, pois o paciente mu itas vezes busca o tratamento tardiamente. Recentemente,
Baccetti et al. (2008) conclufram que a melhor época para o tratamento da MAA em pacientes
hiperdivergentes é durante o surto de crescimento pubertário.
Para melhor entendimento, o capítulo sobre tratamento da MAA será academicamente divi-
dido em tópicos obedecendo às estruturas afetadas: dentárias, dentoalveolares e esqueléticas.
Diversos protocolos de tratamento, com aparelhos removíveis ou fixos, podem ser utilizados
com eficácia na interceptação da MAA de origem dentária. Um dos métodos mais comuns
para os pacientes jovens é o uso da grade palatina, removível ou ftxa, para permitir que are-
gião dentoalveolar anterior se desenvolva normalmente. A grade palatina pode constituir-se
num excelente método de tratamento, uma vez que funciona como um obstáculo mecânico,
impedindo a sucção do dedo ou ch upeta e evitando a interposição lingual (Fig. 6.5A a 6.5E).
\_
IMPORTANTE:
• A grade palatina é constituída por alças que devem. ser curvas para lingual, na
sua porção mediana. Esse procedimento facilita a acomodação da língua.
• D evem ser longas o suficiente para impedir que a língua passe por baixo, na
altura dos cíngulos dos incisivos inferiores, sem, contudo, interferir com o
tecido gengivaJ.
• Não devem ser estreitas, e sim arredondadas, para, se necessário, permitir o
ajuste da altura, maior ou menor.
Silva Filho et al., em 1995, estudaram os efeitos terapêuticos suscitados pelo uso da gra-
de palatina, avaliando telerradiografias pré e pós-tratamento de 11 pacientes, nas fases
das dentaduras decídua ou mista, com MAA e relação de C lasse I. Verificaram que as
alterações são quase exclusivamente ortodônticas, como a verticalização e a extrusão dos
incisivos superiores e inferiores.
CASO CLÍNICO 1
O caso clínico a seguir ilustra um paciente com 9 anos de idade na fase de dentadura mista,
período intertransi tório, apresentando deglutição atípica e com interposição lingual primária,
resultando numa excessiva inclinação para vestibular dos incisivos superiores e inferiores, com
o consequente aparecimento de d.iastcmas, caracterizando uma biprotrusão dentária (Fig. 6.6A
a 6.6E). Pode-se observar que o paciente interpõe a língua entre os incisivos no inten to de pro-
mover o selamento anterior necessário à deglutição. Para a interceptação dessa MAA dentária,
o protocolo de tratamento consistiu na colocação de um aparelho removível do tipo placa de
Hawley com grade palatina. R essalta-se que a grade palatina deve ser longa o suficiente para
impedir que a língua passe sob ela (Fig. 6.7A, 6.7B, 6.7C). A sequência da evolução de todo o
tratamento pode ser observada na Figura 6.8 e nas radiografias panorâmicas.
6.7A, 6.78, 6.7C. Fotografias intrabucais evidenciando interposição da lfngua e o aparelho interceptador com grade palatina.
r
El
CASO CLÍNICO 2
Segundo Almeida et ai. (2006), a grade palatina é efetiva para a eliminação do hábito de sucção
digital em 85 a 90% dos casos. A grade palatina fixa permite ao ortodontista um melhor contro-
le sobre a cooperação do paciente e, consequentemente, a obtenção de resultados mais rápidos
e ftéis. Esse caso clínico trata-se de uma paciente com 4 anos de idade apresentando dentadura
decídua e interposição lingual com mordida aberta dentária anterior (incipiente) e mordida
cruzada posterior (Fig. 6.9A a 6.9H). Devido à idade da paciente e à dificuldade de colabora-
ção com aparelhos removíveis, optou-se pela instalação de um arco em "W" fixo com grade
palatina (Fig. 6.10A, 6.10B). Após 5 meses de uso do aparelho, notou-se uma sobremordida e
um melhor relacionamento transversal entre os arcos dentários superior e inferior (Fig. 6.11A,
6.11B, 6.11C). O primeiro controle foi realizado no período intertransitório da dentadura mis-
ta, aos 9 anos de idade (Fig. 6.12A a 6.12E). A paciente foi acompanhada longitudinalmente até
os 15 anos de idade, sem a necessidade de uso de outros aparelhos. As Figuras 6.13A a 6.1 3H
denotam o desenvolvimento normal da oclusão até a dentadura permanente completa.
Orodo 13PJ t ae
.11A, 6.118, 6.11C. Fotografias intrabucais mostrando o fechamento da mordida cinco meses após o início do tratamento.
Ort
IIF6!1EJ#8 Acompanhamento
longitudinal da paciente. com 15 anos de
idade. Note a excelente oclusão (segundo
controle).
Ortooont a pr mto
------------------------------------------------~---- llillll
CASO CLÍNICO 4
Paciente leucoderma do sexo feminino, com 9 anos de idade, Classe I, com Mordida Aber-
ta Anterior demoalveolar, em consequência de hábitos bucais como sucção de polegar e
interposição lingual. Na análise facial frontal, verificou-se e o equilfbrio dos terços faciais
e a ausência de sclamento labial; quando solicitada a fechar a boca, forçava a musculatura
mentoniana, criando mfmica facial, que é o enrugamento do menta. Na avaliação do perfil,
notou-se um bom perfil facial e um padrão de crescimento mesofacial equilibrado, o que
favorece sobremaneira o prognóstico do tratamento. A principal motivação da paciente
para a realização do tratamento foi, sem dúvida alguma, o sorriso antiestético; porém, após
a avaliação da deglutição, notou-se que a paciente apresentava deglutição atípica, com in-
terposição lingual, deficiência da mastigação e dicção.
Durante o exame intrabucal, confirmou-se a má oclusão de C lasse I, com. MAA, arco su-
perior estreito, período intertransitório da dentadura mista e atraso na erupção do primeiro
molar superior direito (Fig. 6.19A a 6.19H ).
[ij@jij@l Fotografias extra e
intrabucais iniciais.
Exame radiográfico
A fase interceptara constou de um bi- hélice com grade palatina, composto de bandas, no
primeiro molar superior esquerdo permanente e segundo molar superior direito decíduo,
devido ao atraso de erupção do primeiro molar superior permanente (Fig. 6.20A, 6.20B).
Após 14 meses de uso intensivo do aparelho bi-hélice com grade palatina, a MAAjá estava
quase totalmente fechada. Nesse momento, optou-se pela instalação no arco inferior de
uma placa labioativa (PLA), com o fim de evitar a interposição do lábio inferior durante a
deglutição, assim permitindo a inclinação para vestibular dos incisivos inferiores, pela ação
da musculatura lingual, de dentro para fora, e de um aparelho fixo 4x2, para verticalizar os
incisivos superiores (Fig. 6.21A, 6.21B, 6.21C). No arco inferior, além da Placa Labioativa,
instalou-se o mantenedor flXO de espaço arco de Nance, com o frm de manter o compri-
mento do arco dentário (Fig. 6.22A a 6.22E).
.21A, 6.218, 6.21C. Vistas 1ntrabucaís evidenciando a Placa Labioativa evitando a interposição do lábio inferior e, ao mesmo tempo,
permitindo que a língua exerça a pressão de dentro para fora, vestibularizando os incisivos.
tif}J!ifh§@ Instalação do aparelho fixo
4x2 no arco superior e o mantenedor de
Nance no arco inferior. Note a melhora na
posição dos incisivos inferiores após o uso
da placa labioativa.
A MAA é considerada uma má oclusão dificil de ser corrigida, porém, quando inter-
ceptada na fase da dentadura mista, o seu prog nóstico é totalmente favorável, como
pode- se observar nas Figuras 6.24A a 6.24H , com o sucesso do tratamento e o restabe-
lecimento da oclusão e a estética do sorriso.
A sequência da evolução de todo o tratamento pode ser observada nas radiografias panorâmi-
cas, nas telerradiografias (Fig. 6.25A, 6.25B) e na Tabela 6.2, com as medidas cefalométricas .
IIV
6.32A, 6.328, 6.32C. Finalização do tratamento, com o uso de elásticos intermaxilares.
As Figuras 6.33C a 6.33G e 6.34A a 6.34E mostram o perfil facial e a finalização do trata-
mento. No primeiro controle, após 3 anos da remoção do aparelho fixo, evidenciou-se a esta-
bilidade do tratamento (Fig. 6.35A a 6.35H ); assim como no segundo e terceiro controles, 7 e
10 anos após, respectivamente (Fig. 6.36A a 6.36H , 6.37 A a 6.37E). A sequê ncia da evolução
de todo o tratamento pode ser observada nas radiografias panorâmicas (Fig. 6.38A a 6.38F),
nas tclerradiografias (Fig. 6.39A a 6.39F) e na Tabela 6.3, com as medidas cefalométricas.
6.36A, 6.368, 6.36C. Fotografias extrabucais, no segundo controle, 10 anos após o término do tratamento.
Início Final
Início interc. Final interc. Controle Controle
Medidas corretiva corretiva
(1995} (1997) 3 anos (2003) 7 anos (2007)
(1999) (2000)
SNA 78° 78° 81° 80° 80° 81°
SNB 86° 76° 780 78° 78° 79°
ANB 20 20 30 20 20 20
SND 720 720 75° 75° 75° 76°
1.NA 36° 34° 25° 27° 26° 26°
1.NB 28° 26° 27° 24° 25° 25°
FMA 28° 28° 28° 30° 30° 30°
SN.GoGn 38° 38° 35° 36° 36° 37°
SN.Gn 79° 69° 67° 67° 68° 68°
CO-A 79mm 82mm 88mm 89mm 89mm 90mm
CO-Gn 101mm 103mm 112mm 116mm 120mm 120mm
AFP/AFA 58,9% 56,48% 59,82% 58,97% 59,50% 59,50%
CASO CLÍNICO 6
Esse caso clinico demonstra a aplicação de um aparelho expansor colado associado à grade
palatina. A paciente, com 10 anos de idade, apresentava MAA com falta de espaço para os
caninos permanentes superiores e inferiores, em função da perda prematura dos caninos
decíduos e arco superior estreitado (Fig. 6.40A a 6.40D). O aparelho permaneceu duran-
te 6 meses (Fig. 6.41) e, ao final desse período, optou-se pela colocação de aparelho fixo
para alinhamento e nivelamento dentário (Fig. 6.42A, 6.42B, 6.42C). As Figuras 6.43A a
6.43D demonstram a finalização do tratamento, após um período total de 2 anos e 6 meses.
6.42A, 6.428, 6.42C. Fase intermediária, com o início do uso de aparelho fixo.
As mordidas abertas esqueléticas podem estar presentes tanto na dentadura mista quanto na
permanente. Vale ressaltar que uma MAA dentária ou dentoalveolar, se não tratada numa
fase precoce, pode evoluir para uma má oclusão de ordem esquelética. Um dos maiores
desafios do ortodontista é o tratamento dos pacientes com padrão face longa e Mordida
Aberta Anterior esquelética (fenótipo hiperdivergente). Como salientado anteriormente,
esses pacientes exibem displasias craruofaciais caracterizadas pela rotação no sentido anti-
-horário do processo palatino, associada a um aumento da altura facial anteroinferior, a um
ângulo goníaco obtuso, a um ramo mandibular encurtado e à hjperplasia dentoalveolar,
tanto da maxila quanto da mandfbula.
Controle vertical
Segundo English et al. (2002), o controle da dimensão vertical passa a ser o fator mais
importante no sucesso do tratamento de pacientes jovens com MAA e crescimento hi-
perdivergente. O tratamento deveria resultar no aumento facial proporcional de posterior
para anterior, na rotação da mandíbula no sentido anti-horário, e aumento do crescimento
ver tical do cônrulo. Um dos mecanismos para se conseguir a rotação anti-horária da man-
dfbula é por meio da "intrusão" dos molares ou do controle vertical desses dentes.
Esse caso clínico pertence a uma paciente de 9 anos de idade, com padrão de cresci-
mento vertical, má oclusão do tipo C lasse I, com Mordida Aberta Anterior causada
por sucção de polegar c posterior interposição lingual como hábito secundário, o que
manteve a MAA após o abandono da hábito. Na análise facial, notou-se au sência de
sclamento labial. o que favoreceu a respiração bucal, perpetuando ou agravando a
MAA existente (Fig. 6.44A a 6.44G).
O protocolo de tratamento constou de duas fases: (a) fase interceptara, realizada por meio
de uma placa removível com levantamento oclusal realizado em resina acrílica (bíte block)
- com o frm de intruir ou restringir o desenvolvimento vertical dos molares perma-
nentes - e um parafuso expansor para aumentar transversalmente a maxila (Fig. 6.45A,
6.45B, 6.45C). A paciente foi acompanhada por 1 ano e meio, até o fechamento completo
da MAA; em seguida, instalou-se uma placa de Hawley com grade palatina como conten-
ção ativa (Fig. 6.46A, 6.46B, 6.46C).
6.45A, 6.458, 6.45C. Placa removível com levantamento oclusal em acrílico (bite block).
.46A, 6.468, 6.46C. Dezoito meses após o início do tratamento, observou-se uma melhora significativa da MAA; placa de Hawley, com
grade palatina e parafuso expansor, como contenção ativa.
Após a erupção completa dos dentes permanentes, iniciou-se a segunda fase do trata-
mento (Fig. 6.47 A , 6.47B, 6.47C).
(b) Fase corretiva: realizada com o fim precípuo de nivelar, alinhar e finalizar o tratamento
com os requintes de uma oclusão aceitável (Fig. 6.48A a 6.48G).
6.47A, 6.478, 6.47C. Fase corretiva: aparelho fixo completo para finalização do caso.
A evolução do tratamento pode ser evidenciada nas Figuras 6.49A, 6.49B c 6.49C, na
scquência racliográfica das Figuras 6.50A a 6.50D c na Tabela 6.4.
.49A, 6.498, 6.49C. Vistas íntrabuca1s frontais: A) inicial; B) 1 ano após a interceptação, evidenciando o fechamento da mordida; e
C) ao final do tratamento.
•ffl!f!H!i@i Medidas cefalométricas.
Medidas Início Final da fase Corretiva
CASO CLÍNICO 8
Esse caso clínico é de uma paciente, com 9 anos c 9 meses de idade, com má oclusão de Classe
I, padrão de crescimento vertical e Mordida Aberta Anterior esquelética (Fig. 6.51A a 6.51G).
Nesse caso não se utilizou o expansor colado, mas, sim, o aparelho bi-hélice associado ao uso
da mcntoncira (Fig. 6.52A, 6.52B). Após o fechamento da mordida e erupção de todos os den-
tes permanentes, instalou-se aparelho fixo para o refinamento da oclusão (Fig. 6.53A, 6.53B ,
6.53C). As Figuras 6.54A e 6.54B mostram a paciente e sua oclusão após o término do trata-
mento. Como norma, a paciente foi acompanhada em longo prazo (14 anos) e o sucesso e a
estabilidade do tratamento podem ser conferidos nas Figuras 6.55A a 6.55G e 6.56A a 6.56H ,
na sequência radiográ6ca (Fig. 6.57A, 6.57B, 6.57C e 6.58A a 6.58F) e na Tabela 6.5.
I!JfJM!Jf~:l Fotografias extrabucais
evidenciando a mentoneira.
CASO CLÍNICO 9
Esse caso clínico ilustra uma Mordida Aberta Anterior e posterior, provocada pela postura
incorreta da língua, como causa secundária de um h ábito de sucção não nutritiva. O pacien-
te, com 10 anos e 7 meses, apresentava, ainda, perftl convexo com hiperplasia da musculatura
mentoniana durante a deglutição, primeiros molares em relação normal, denotando uma má
oclu são do tipo Classe I com Mordida Aberta Anterior e posterior (Fig. 6.59A a 6.59G).
Como o paciente encontrava- se no fmal da dentadura mista, segundo período transitório, a abor-
dagem terapêutica utilizada foi o aparelho Haas colado e a grade palatina (Fig. 6.60A, 6.60B,
6.60C), insuficientes para permitir a correção completa da MAA esquelética. Em função do perftl
facial desfavorável e do padrão vertical (face longa), optou-se pelo protocolo de tratamento com
extrações de quatro pré-molares e aparelhagem fixa completa (Fig. 6.61A, 6.61B, 6.61 C).
.60A, 6.608, 6.60C. O aparelho expansor de Haas colado, com grade palatina, permaneceu 1 ano e 2 meses.
Avaliando a face da paciente, observa-se, no aspecto frontal sorrindo, uma assimetria aceitável
e um padrão de face longa, com o terço inferior desproporcionalmente aumentado, Mordi-
da Aberta Anterior presente, podendo ser evidenciada na fotografia intrabucal (Fig. 6.64A a
6.64H ). Existia um bom relacionamento entre as bases superior e inferior, com uma tendência
ao aumento do ovetjet, provavelmente em função do hábito de interposiçã.o do lábio inferior c
redução do comprimento do arco dentário para o correto alinhamento dos dentes nas bases.
6.65A, 6.658, 6.65C. Fotografias intrabucais mostrando o aparelho fixo bi-hélice com grade palatina.
Utilizou-se, também, um arco inferior, construído com fio de aço inoxidável de 1,15mm
de diâmetro, com ganchos soldados na mesial dos primeiros molares e amarrado no tubo
molar, fu ncionando como uma placa labioativa (PLA), com a intenção de impedir a in-
terposição do lábio inferior entre os incisivos (Fig. 6.67A, 6.67B, 6.67C).
Essa primeira fase de tratamento teve a duração de 17 meses, corrigindo- se a mordida aberta e
melhorando-se a forma do arco superior (Fig. 6.68A, 6.68B, 6.68C), ao mesmo tempo em que
se controlava o aumento da altura facial anteroinferior. Dessa fase (período intertransitório) até
o início da dentadura permanente, a paciente continuou com a mentoneira e apresentou as suas
funções musculares peribucais normalizadas com o auxílio de terapia fonoaudiológica.
Após a erupção dos dentes permanentes, iniciou- se o tratamento com aparelho fixo corretivo
(Fig. 6.69), sendo necessária a extração dos primeiros pré-molares superiores e inferiores para
permitir o correto alinhamento e nivelamento dos dentes em suas bases ósseas. O tratamento
corretivo teve a duração de 18 meses, ou seja, dos 12 anos e 1 mês aos 13 anos e 7 meses.
Cada método possui suas vantagens e desvantagens, e os resultados de cada tipo de abor-
dagem variam, dependendo do estudo realizado, que diferem quanto ao tipo de aparelho
utilizado, intensidade e direção de força, população avaliada, colaboração c outras. No que
diz respeito à m entoneira, por exemplo, existem estudos que evidenciaram efeitos benéfi-
cos c outros que demonstraram pouca ou nenhuma vantagem.
A sequência da evolução de todo o tratamento pode ser observada nas radiografias panorâ-
núcas (Fig. 6.72A a 6.72D), nas telerradiografias (Fig. 6.73A a 6.73F) e na Tabela 6.7, com
as medidas cefalométricas. A utilização da mentoneira depende da colaboração do paciente,
o que torna dificil, em certos casos, o controle do tratamento, especialmente por um tempo
bastante prolongado, como normalmente são as abordagens relacionadas à modificação do
crescimento. Ao contrário da mentoneira, a grade palatina pode ser fixa, porém a terapia da
MAA deve ser encetada somente após a aprovação do paciente, pois esse deve compreender
o motivo do tratamento e desejar ser ajudado, pois a interrupção forçosa de hábitos de suc-
ção digital efou de chupeta pode causar problemas emocionais que sobrepujam as vantagens
da correção da má oclusão.
Os esporões alteram permanentemente a postura lingual, evitando que repouse sobre os in-
cisivos inferiores e permitindo que esses se desenvolvam adequadamente no sentid o vertical.
Por conta desses efeitos, o autor concluiu que os esporões são efetivos não somente para o
fechamento da MAA, mas também para se obter melhores resultados em longo prazo. Huang
et al., em 1990, estudaram os efeitos em longo prazo da correção da MAA com o uso de
esporões em 33 pacientes, avaliados 5 anos pós- tratamento. Concluíram que a estabilidade
da correção da MAA parece estar relacionada à modificação da postura da língua causada pe-
los esporões, que propiciaram um aumento estatisticamente significativo na estabilidade em
longo prazo. Desse modo, parece que um protocolo visando à estabilidade em longo prazo
da MAA deve ser empregado. O protocolo de contenção básico para o paciente com MAA
consta de placa de H awley com grade palatina no arco superior e barra lingual 3x3 inferior.
Esse caso clinico mostra a aplicação clínica dos esporões, colados na superficie lingual dos in-
cisivos superiores e inferiores, e da mentoneira de uso noturno em um paciente com 9 anos
e 6 meses de idade, com bom perfil facial e ausência de selamcnto labial passivo. No exame
intrabucal, o paciente apresentava os primeiros molares permanentes em chave de oclusão, o
que caracterizou a má oclusão como Classe I, com MAA de -4,1mm e inclinação excessiva dos
incisivos superiores e inferiores para vestibular, aumentando o comprim ento do arco dentário,
com consequente aparecimento de diastemas. O paciente já havia relatado o abandono do haôi-
to de sucção do polegar; porém, apresentava como haôito secundário a postura lingual anormal,
resp onsável pela manutenção da MAA e da biprotrusão dentária (Fig. 6.74A a 6.74H ).
O protocolo de tratamento proposto para esse caso constou da colagem de esporões na superffcie
lingual dos incisivos centrais superiores e inferiores, associados ao uso da mentoneira no período
noturno, com o ftm. de restringir o crescimento no sentido horário (Fig. 6.75A a 6.750), o que,
sem dúvida alguma, favorece o tratamento e a estabilidade da MAA (Fig. 6.76A a 6.76H).
Uma pesquisa clínica prospectiva utilizando os esporões colados associados ao uso da men-
toneira (Cassis et ai., 2010) foi desenvolvida com o intuito de avaliar a correção, bem como
a estabilidade, da MAA em pacientes jovens tratados com esporões, e concluiu-se que:
lfii·lifi"i•J Fotografias extra e intrabucais evidenciando o uso da mentoneira e os esporões colados na lace lingual dos
Incisivos superiores e inferiores.
N a verdade, o ortodontista é incapaz de antever quais casos irão recidivar e quais se mante-
rão estáveis em longo prazo em relação ao tratamento da mordida aberta, pois vários fatores
estão envolvidos n a recidiva dessa má oclusão vertical. Contudo, parece oportuno mencio-
nar que a maioria dos casos de MAA interceptados numa fase precoce de desenvolvimento
(f.:1se de dentadura mista ou permanente precoce), restabelecendo-se o equilíbrio muscular
pe ri e intrabucal e devolve ndo uma oclusão funcional, pode permanecer estável.
capítulo 7
Apinhamento Dentário:
Desenvolvimento,
Classificação
e Tratamento
DESENVOLVIMENTO ETRATAMENTO DOS APINHAMENTOS DENTÁRIOS
Silva Filho et ai. (1990) realizaram um estudo epidemiológico na cidade de Bauru (SP), em
crianças com dentadura decídua completa e encontraram apinhamento em 11,1 o/o delas,
sendo 9,42o/o no arco dentário inferior e 4,91 o/o no arco superior (Gráf. 7.1).
Nessa faixa etária. essa porcentagem não é expressiva, porém, em outro estudo também
realizado com escolares da cidade de Bauru, no período intertransitório, fase da dentadu-
ra mista, Silva Filho et al. verificaram uma alta incidência de apinhamento (52,73o/o), em
escala preocupante e compreensível, uma vez que essa discrepância dente-osso negativa
ocorre durante a erupção dos incisivos permanentes e tem como fator etiológico princi-
pal a hereditariedade (Gráf. 7.2).
Apinhamento
52,73%
Apinhamento
31,59%
Outras más oclusões
68,41%
APINHAMENTO PRIMÁRIO
Caracterrsticas:
Discrepância no perímetro do arco, com apinhamento dos dentes anteriores
Etiologia:
Fatores genéticos - dentes grandes, para maxilares pequenos
Silva Filho et al. subdividiram o apinhamento primário em: temporário e definitivo. Pri-
mário temporário: quando os incisivos apresentam irregularidades de posição, mas ir-
rompem na linha do rebordo alveolar. O nome se origina do caráter temporário desse
tipo de apinhamento, que se autocorrige com o tempo, à medida que os mecanismos de
compensação presentes durante o desenvolvimento da oclusão aumentam o perímetro
do arco. O apinhamento primário temporário faz parte do desenvolvimento normal da
oclusão e ocorre com muita frequência, visto que a soma dos diâmetros mesiodistais dos
incisivos permanentes é maior que seus predecessores decíduos., havendo uma diferença
média de 7,4mm n o arco dentário superior e 6mm no arco inferior. Discrepânc1as suaves,
com os incisivos próximos da linha do rebordo alveolar, apresentam autocorreção. A com-
provação do diagnóstico vem com o acompanhamento do desenvolvimento da oclusão.
• Acompanhamento da oclusão.
• Manutenção do comprimento do arco.
• Na dúvida, não faça nada.
CASO CLÍNICO 1
7.2A, 7.28, 7.2C. Sequência de erupção dos incisivos inferiores, com falta de espaço, e o alinhamento espontâneo com o
desenvolvimento normal da oclusão.
Etiologia
Tratamento
Orocon o ou realrdacie?
CASO ClÍNICO 3
fiP$id•! A) Apinhamento anteroinferior. B) Arco de Nance instalado para preservação do Leeway space. C) Erupção dos caninos
permanentes e primeiro pré-molar esquerdo. D) Desenvolvimento completo da oclusão e melhora espontânea do apinhamento
anterointerior, devido à diferença de tamanho da coroa do segundo molar decíduo comparada à do segundo pré-molar.
Tratamento
A sequência do tratamento constou do aparelho fixo arco em "W" para a expansão da maxila
e consequente abertura de espaço para o incisivo lateral superior direito, seguido da instalação
do aparelho fixo 4x2, para alinhamento dos incisivos, e do extrabucal, como mantenedor
de espaço, para evitar a mesialização dos prin1.eiros molares permanentes. No arco dentário
inferior, usou-se o mantenedor de espaço fixo do tipo arco lingual de N ance, com o fim pre-
cípuo de manter o espaço disponível (Leeway space) até a erupção dos segundos pré-molares
(Fig. 7.5A, 7.5B). O desenvolvimento do caso pode ser acompanhado nas Figuras 7.6 a 7.8.
rJ:4WJ:!:! A) Radiografia panorãmica ao início do tratamento, com a presença de todos os dentes permanentes nos vários estágios de
formação. B) Quatro anos após a interceptação, com todos os dentes permanentes irrompidos. com exceção dos terceiros molares.
Ativação
As ativações devem ser realizadas uma vez por semana até se obter 3 a 4mm de expansão.
Após esse período, a contenção pode ser realizada pelo próprio aparelho ou por um apare-
lho fixo, como o mantenedor Arco Lingual de Nance, por mais seis meses.
ri'J Componentes:
- grampos de retenção: Adams ou
Circunferencial nos primeiros molares
permanentes. e auxiliar ou gota
entre os molares decíduos (fio de aço
inoxidável de O,?mm):
- parafuso expansor;
- resina acrílica de rápida polimerização.
CASO CLÍNICO 5
fll.t·fii•I•J A) Fotografia intrabucal mostrando a indicação precisa do aparelho de Schwarz em um caso clínico com
estreitamento do arco dentário inferior na dentadura mista, com redução do comprimento do arco e consequente falta de espaço
para a erupção dos caninos permanentes. B , C) Aparelho instalado e ativado, aumentando o diâmetro transverso do arco inferior,
por inclinação dos dentes decíduos e permanentes para vestibular. O) Note a forma do arco dentário e o ganho de espaço para a
erupção dos caninos.
fllt·flllª Sequência fotográfica dos arcos dentários superior e inferior. evidenciando a falta de espaço para erupção dos incisivos
laterais superiores, o apinhamento severo no arco dentário inferior, e o resultado obtido por meio dos aparelhos expansor fixo tipo Hyrax
e 4x2, para nivelamento e alinhamento dos incisivos superiores. e aparelho de Schwarz, para descompensação da porção anterior do
arco inferior; propiciando espaços para o alinhamento dos incisivos Inferiores.
;A MIJEI; A) Apinhamento dos incisivos inferiores. B) Desgaste das faces mesiais dos caninos decíduos, para alinhamento dos incisivos
centrais e laterais. C) Desgastes nas faces mesiais dos primeiros molares decíduos, para a erupção dos caninos. D) Desgastes das faces
mesiais dos segundos molares decíduos, para erupção dos primeiros pré-molares. E, F) Erupção dos segundos pré-molares.
Definição
É o procedimento terapêutico que visa a interceptar uma má oclusão antes que ela se
torne uma deformidade completamente estável, guiando e controlando a erupção na-
queles arcos que apresentarem continuamente deficiência de osso de suporte, através de
extrações de dentes decíduos e permanentes selecionados, em determinada sequência,
intervaJo e época estratégicas.
Indicações
1) Classe I com severa falta de espaço para os caninos e com comprimento do
arco dentário inadequado em ambos os maxilares.
2) Pré- molares presentes e morfologicamente normais.
3) Idade de 6 a 9 anos.
4) Bom perfil facial.
5) Discrepância com mais de 4mm por quadrante.
6) Dentes anteriores mal posicionados ou impactados.
7) Incisivos com retração gengiva!.
Contraindicações
IMPORTANTE
Diagnóstico
Plano de tratamento
1) D eve ser regido pelo desenvolvimento r.adicular, Classificação de Nolla (Fig. 7.16).
2) Não existem pacientes iguais.
3) Não deve reger-se por tabelas rígidas.
4) Deve-se fazer uma reavaliação após a segunda fase, antes da extração dos
pré- molares, e, se necessário, realizar novo protocolo de tratamento.
Sequência do tratamento
Primeira fase: a remoção dos incisivos laterais decíduos proporciona o espaço para alinha-
mento dos incisivos centrais permanentes, e a extração de caninos decíduos viabiliza o alinha-
mento dos incisivos laterais permanentes já apinhados. As inclinações axiais são mais fáceis de
ser solucionadas do que as irregularidades de rotação ou giroversão. Depois da remoção dos
caninos decíduos, normalmente o problema do apinhamento está sobre controle durante um
ou dois anos, período em que uma supervisão é necessária (Fig. 7.17A, 7.17B, 7.17C).
.17A, 7.178, 7.17C. Extração precoce de caninos decíduos, com o fim de alinhar os incisivos permanentes, entre os 8 e 9 anos de idade.
Segunda fase: são extraídos os primeiros molares decíduos, para acelerar a erupção dos
primeiros pré-molares.
Os primeiros pré- molares superiores geralmente irrompem antes dos caninos; por isso,
a sequência de erupção raramente é um problema no arco superior. No arco inferior, no
entanto, os carúnos frequentemente irrompem antes dos primeiros pré- molares . Para evi-
tar esse resultado indesejável, o primeiro molar decíduo inferior deve ser removido quan-
do a raiz do primeiro pré- molar estiver com 2/4 ou 2/3 formados. Esse procedimento
7.18A, 7.188, 7.18C. Remoção dos primeiros molares decíduos, desde que os primeiros pré-molares já tenham ultrapassado o
estágio 6 de Nolla.
Terceira fase: em seguida, remoção dos primeiros pré-molares, permitindo a erupção dos
caninos. A extração do pré-molar deve ser realizada antes da erupção do canino permanen-
te, a fim de favorecer a distalização e erupção desse dente.
A longa retenção dos segundos molares decíduos pode, também, interferir na erupção
dos primeiros pré- molares após os caninos permanentes terem irrompido; nesse caso, a
face mesial do segundo molar decíduo deveria ser reduzida, ou esse dente extraído, au-
mentando o espaço disponível.
---l
.19A, 7.198, 7.19C. Remoção dos primeiros pré-molares para distalização dos caninos.
Quarta fase: extração dos segundos molares decíduos, erupção dos segundos pré-molares
superiores e inferiores e caninos superiores (Fig. 7.20A a 7.20E).
Após o término do procedimento, com os dentes em oclusão, os longos eixos dos incisivos,
caninos e pré-molares são corrigidos por meio da aparelhagem flXa. As extrações seriadas de-
vem ser acompanhadas pela mecânica ortodôntica, para: corrigir o alinhamento e a redução
dos espaços; melhorar a inclinação axial e as rotações; corrigir discrepâncias da linha média,
sobremordida, sobressaliência c mordida cruzada; c refinamento d a intercuspidação dos den-
tes individualmente (Tab. 7.1 ).
- para permitir a
Promover o
Acelerar a erupção distalização e Para erupção dos
alinhamento
Finalidade dos primeiros pré- erupção dos caninos segundos pré-
dos incisivos
molares - iniciar pelo arco molares
permanentes
inferior
Vantagens
Desvantagens
7.22A, 7.228, 7.22C. Mantenedor de espaço fixo Arco de Nance e Barra Palatina como contenção após a extração dos primeiros pré-molares.
Paciente com 8 anos e 7 meses de idade, bom perfil facial, má oclusão Classe I de Angle
com redução do comprimento dos arcos dentários superior e inferior, devido à perda pre-
matura de caninos decíduos (Fig. 7.24A a 7.24F).
fiJt·ff.tiljFotografias extra e intrabucais iniciais: ausência de selamento labial, bom perfil facial e redução do
comprimento dos arcos dentários superior e inferior.
Tratamento
. 26A, 7.268, 7.26C. A. B) Fotografias oclusais mostrando o aparelho com mola digital dupla e o arco lingual de Nance instalados.
C ) Radiografia panorâmica.
Ortodont pr ova e
Fase corretiva: após o desenvolvimento completo da oclusão, montou-se a aparelhagem
-
fixa para corrigir pequenos diastemas, rotações, inclinações axiais, principalmente dos ca-
ninos e segundos pré- molares, e a sobremordida profunda (Fig. 7.28A a 7.280).
Ot
CONTROLE DE DEZ ANOS PÓS-TRATAMENTO
-
fE!tf.ff!t@8 Controle 10 anos pós-tratamento, com equilíbrio dos terços faciais. perfil harmonioso, oclusão com excelente estabilidade
nos três sentidos- anteroposterior, transversal e vertical - . lábios selados e estética do sorriso.
CASO CLÍNICO 1O
Paciente leucoderma, do sexo masculino, com 8 anos e 9 meses de idade, procurou a clínica
de Ortodontia com queixa principal de falta de espaço para a erupção dos dentes permanentes
e, principalmente, o abaulamento nos arcos superior e inferior na região dos caninos.
Na análise facial em norma frontal, notou-se o equilt'brio dos terços médios da fàce e, em
norma lateral, um perftl facial norm al para a idade.
Exame radiográfico
A segunda fase do tratamento foi a montagem da aparelhagem ftxa somente no arco infe-
rior, para pequenas correções de giroversões, redução de diastemas e nivelamento e alinha-
mento, o gue pode ser evidenciado nas Figuras 7.38A a 7.38G e 7.39A a 7.39E. O paciente
foi orientado a usar a Placa de H awley, no arco superior, para alinhamento do incisivo late-
ral direito e contenção por no mínimo dois anos; e, no arco inferior, a contenção fixa 3x3.
rlltf§ll•lij Vinte anos após o tratamento, podemos notar uma face harmoniosa e com equilíbrio dos terços
faciais, perfil facial agradável, estabilidade do tratamento no sentido anteroposterior, sobremordida profunda, que é
uma das desvantagens do programa de extrações seriadas, e pequena recidiva do apinhamento anterossuperior e
anteroinferior, condições normais para a maioria dos tratamentos ortodônticos acompanhados em longo prazo.
Paciente lcucoderma, sexo feminino, com 8 anos de idade, apresentou como queixa
principal o diastema interincisivos superiores. Na análise facial, notou- se uma face
harmoniosa, com perfil reto, postura labial normal. No exame clínico intrabucal, veri-
ficou-se, além de um grande diastema, diversas extrações precoces de dentes decíduos,
com grande perda de espaço e consequente redução do comprimento dos arcos dentá-
rios superior c inferior (Fig. 7.41A a 7.41G).
Orlo nn1 pr
Exame radiográfico
Tratamento
.43A, 7.438, 7.43C. Fase intermediária mostrando redução do diastema interincisivos e preparo da ancoragem nos arcos superior
e inferior.
"Lembre-se que, após o uso do fórceps, o tempo não volta atrás". Ringenberg
APINHAMENTO SECUNDÁRIO
Características:
• Falta de espaço para os dentes permanentes na região posterior.
Etiologia:
• Principalmente ambiental.
• Perda precoce dos dentes decíduos {perda de espaço).
• Anquilose.
Medidas preventivas:
• Arco lingual - Nance.
• Barra palatina.
• Aparelho extrabucal {AEB).
Medidas corretivas:
• Aparelho extrabucal {AEB),
• Placa labioativa {PLA).
• Expansão.
• Desgaste interproximal.
• Extração de dentes permanentes.
fll:f!WM Anqu1lose de primeiro molar decíduo e radiografia periapical evidenciando a redução de espaço para a erupção do
primeiro pré-molar.
,........;-.....-. Radiografias periapicais evidenciando a erupção ectópica do primeiro molar permanente e apinhamento secundário do
seg undo pré-molar interior.
Caso clinico de uma paciente com 10 anos de idade e bom padrão facial. Na avaliação in-
trabuca1, notou-se a perda prematura do segundo molar superior esquerdo decíduo, com
redução do comprimento do arco devido à migração do primeiro molar superior esquerdo
permanente (Fig. 7.53A a 7.53D). Após a avaliação da documentação da paciente, insti-
tuiu- se o plano de tratamento, que constou de um aparelho removível com mola de Bcnac
modificada, para distalizaçâo do p rimeiro molar permanente (Fig . 7.54A, 7.54B, 7.54C).
fiiêf;fjOj!ti Note a re lação mesial do primeiro molar superior esquerdo permanente e o abaulamento do palato, devido ao desv o do
segundo pré-molar intraósseo (setas).
.54A, 7.548, 7.54C. Aparelho removível com mola de Benac unilateral, instalado e ativado .
DICA CLÍNICA
Para manter a mola ativada e em contato com a face mesial do primeiro molar permanente, faça um
apoio com resina acrílica; esse procedimento evita o deslocamento da mola. Após a obtenção do
espaço desejado, retire-o com uma pedra montada.
fi"IO-f+fi"IOi•l Efeito produzido pelo aparelho removível recuperador de espaço e placa com mola em "Z" ativada para a
vestibularização do seg undo pré-molar.
As ativações eram realizadas a cada 21 dias e a paciente foi orientada a usá-lo 24h por dia, remo-
vendo-o somente durante as refeições. Cinco meses após o uso intensivo do aparelho, o segundo
pré-molar iniciou a erupção por palatino, quando o aparelho foi substituído por uma placa de
Hawley com mola dupla, movimentando-o para vestibular (Fig. 7.55A a 7.55D). A sequência da
fmalização do caso e a excelência do perfil fàcial podem ser observadas nas Figuras 7.56A a 7.56H.
rJiif!fi@IM Final de interceptação: primeiros molares em relação normal e a sequência das vistas oclusais superiores e inferiores
evidenciando o desenvolvimento da oclusão, com o segundo pré-molar superior d ireito presente no arco dentário.
APINHAMENTO TERCIÁRIO
Características:
• Apinhamento dos incisivos inferiores em adultos.
Etiologia:
• Crescimento contínuo da mandíbula.
A presença dos terceiros molares parece ter pouco efeito nesse tipo de apinhamento,já que
ele também acontece na ausência de terceiros molares.
O desenvolvime nto do apinhamento terciário pode ser prevenido ou reduzido, por ajuste
oclusal ou pela colocação da contenção fixa de canino a canino (3x3).
De acordo com a gravidade do apinhamento, existem diferentes opções terapêu ticas como:
Tratamento
• Vestibularização dos incisivos.
• Desgastes interproximais - nos casos de apinhamento moderado.
• Extração de incisivos- quando a discrepância dente-osso for muito grande
(apinhamento severo).
.57A, 7.578, 7.57C. Fotografias intrabucais oclusais evidenciando um caso tratado com extrações seriadas e, após vinte anos, a
presença do apinhamento terciário.
capítulo 8
Tratamento da Classe li
na Dentadura mista
com o Aparelho
Extrabucal Conjugado
(Splint de Thurow)
INTRODUÇÃO
A má oclusão de Classe TI foi definida por Angle como uma relação sagital deficiente dos
arcos dentários, com todos os dentes inferiores ocluindo distalmente em relação ao padrão
normal, propiciando uma desarmonia acentuada na região dos incisivos e nas linhas faciais.
No entanto, essa dassificação baseava-se essencialmente nas posições dento-oclusais e não
considerava as discrepâncias nos sentidos vertical, horizontal e transversal, e nem as relacio-
nava com as estruturas esqueléticas adjacentes.
Atualmente, sabe-se que a má oclusão de Classe II tem um envolvimento das bases ósseas
nos sentidos sagital, vertical e transversal, caracterizada, morfologicamente, por uma dis-
crepância max:ilomandibular, por um mau relacionamento dos arcos dentários superior e
inferior, ou por uma combinação desses fatores.
Avaliando as alterações sagitais da Classe 11, observa-se que essa pode estar relacionada
à presença isolada ou à combinação de prognatismo maxilar, retrognatismo mandibular,
com retrusão dos dentes inferiores e protrusâo dos superiores, sendo o retrognatismo man-
dibular considerado como um dos maiores responsáveis por essa má oclusão. Pode, tam-
bém, existir uma combinação desses fatores com um excesso vertical da maxila ou uma
deftciência transversal dessa base óssea, denotando a presença de alterações nos três planos:
horizontal, vertical e transversal Essa má oclusão pode, ainda, estar acompanhada de uma
função anormal dos lábios e, de alguma forma, de obstrução da nasofaringe, tendo como
consequência a respiração bucal (ver capítulo 1, Etiologia das Más Oclusões, Fig. 1.47).
Classe 11
38%
Alguns aparelhos como o Herbst, Bionator de Balters ou Frankel podem ser utilizados para
a correção da má oclusão de Classe li na dentadura mista- os referidos aparelhos podem
ser vistos nas Figuras 8.1A a 8.11.
Neste capítulo, abordaremos com maior profundidade o aparelho extrabucal conjugado
-
(Fig. 8.3), ou "splint" maxilar de Thurow, pois, além de ser um aparelho extremamente
simples e versátil, é de baixo custo, fácil manuseio e bem aceito pela grande maioria dos
pacientes que se encontram na fase de dentadu ra mista. Apresentaremos cinco casos
clínicos durante a fase da dentadura mista, com o fim precípuo do aproveitamento do
crescimento c desenvolvimento craniofacial c da colaboração do paciente, que é melhor
nessa fase do que na adolescência.
O AEB conjugado é composto por uma placa de acrílico superior, com plano de levan-
tamento oclusal e com parafuso expansor, arco vestibular, grampo de Adams, arco facial
e casquetc com tração alta. Para a retenção da placa, são construídos grampos de Adams
nos molares c um arco vestibular usado para a verticalização dos incisivos, se necessário,
ou para prevenir a sua vestibularização.
O arco facial é incluído no acrílico, passando por distai dos primeiros molares decíduos
ou entre os pré-molares. As extremidades do arco externo são dobradas na altura dos
primeiros molares superiores ou ao nível do canto externo do olho (aproximadamente
2cm após o término da placa acrílica), onde são inseridos os elásticos que promovem
uma força com ponto de aplicação mais próximo ao centro de resistência da maxila -
ou seja, com inclinação de 45° acima do plano oclusal, direcionada ao centro de resis-
tência da maxila, gerando força de compressão perpendicularmente às suturas primárias
maxilares (Frontomaxilar, Zigomaticomaxilar e Pterigopalatina) (Fig. 8.2). O acrílico
que recobre a face oclusal dos dentes posteriores deve ser delgado para não promover a
translação condilar ou aumento da altura facial do paciente, geralmente vertical. Nesse
gancho são utilizados elásticos de 0,5" de diâmetro acoplados ao casquete com tração
alta, permitindo u ma restrição tanto do deslocamento anterior da maxila quanto da ex-
trusão dos molares superiores, melhorando o relacionamento maxilomandibular, além
de permitir a retenção do aparelho.
g:J Principais suturas maxilares:
A) frontomaxilar;
B) zigomaticomaxilar;
C) zigomalicotemporal;
D) pterigopalatina.
Componentes:
• grampos de retenção de Adams, fio de
aço Inoxidável de 0,8mm ou 0,9mm;
• arco vestibular de Hawley, fio de aço
inoxidável de 0,7mm:
• arco facial, pré-fabricado ou construido
com fio de aço inoxidável de 1,6mm de
diâmetro:
• casquete IHG ou occiptal com tração alta:
• elásticos de 0,5" de diâmetro:
• parafuso expansor;
• placa de resina acrllica autopolimerizável
com levantamento oclusal.
Indicações
-
Esse aparelho está indicado, especificamente, para pacientes portadores de má oclusão de
Classe li, divisão 1 de Angle, com a maxila protruída e incisivos superiores vestibulariza-
dos, na fase de dentadura mista precoce ou tardia, pois o mesmo é fortemente dependente
do crescimento e desenvolvimento craniofacial.
CASO CLÍNICO 1
Paciente do sexo feminino, com 8 anos e 3 meses de idade, com queixa principal quanto
à protrusão e exposição excessiva dos dentes anterossuperiores. A análise facial apresen-
tou ausência de selamento labial, característica de respiração bucal, perfil facial convexo
e interposição do lábio inferior.
Fotografia extrabucal evidenciando o AEB com tração ceiVical; e vista intrabucal oclusal sup erior, com as bandas cimentadas
nos segundo molares decíduos.
Novo plano de tratamento foi proposto após a discussão do caso com um colega da Faculdade
de Odontologia de Araraquara, Dr. Joel Martins, ao qual relatei o motivo do não tratamento
trivial da C lasse li, divisão 1, na época oportuna. E le, sabiamente, sugeriu-me o u so do apa-
relho de Thurow na maxila c da Placa Labioativa (PLA) na mandíbula (Fig. 8. 7A a 8.70 ).
Após 13 meses de uso intensivo do aparelho, com força ortopédica de 450 a SOOg de cada
lad o, o aparelho de Thurow proporcionou à paciente uma melhora significativa na má
oclusão, com correção da relação dos primeiros molares e caninos em chave de oclusão
normal. As fotografias extra c intrabucais evidenciaram uma melhora na postura labial e
um perfil facial harmonioso (Fig. 8 .8A a 8.8H ). Na avaliação da telcrradiografia lateral
final de interceptação, notou-se mudanças esqueléticas e dentoalveolares. O ângulo ANB
reduziu-se de 8° para 4°, os incisivos superiores sofreram uma verticalização de 31° para
26°, enquanto os incisivos inferiores inclinaram-se para vestibular de 23° para 26°. Isso era
esp erado, devido ao uso da Placa Labioativa, que impediu a pressão da musculatura do lábio
inferior, enquanto a língua pressionou os incisivos para vestibular. O padrão de crescimento
facial se manteve estável (SN.GoGn de 38° para 39°).
!:!;(;ii:I:J:8
Fotograf1as extra e intrabucais e
telerradiografia na fase intermediária.
rr
A paciente usou como contenção, após a erupção de todos os dentes permanentes, uma
placa de Hawley, por mais 2 anos (Fig. 8.9A a 8.9G).
Por meio do uso do "Splint" de Thurow, a má oclusão de Classe II, divisão 1, foi cor-
rigida c, três anos após o tratamento, observou- se boa estabilidade da oclusão, sendo o
resultado obtido considerado excelente, sem o uso de outros aparelhos, satisfazendo a
vontade dos pais e da paciente (Fig. 8.1 0A a 8.10M).
?
utür;jf\j:jl Grandezas celatométricas.
CASO CLÍNICO 2
Paciente do sexo fenúnino, com 9 anos e 9 meses de idade, bom padrão de crescimento, com
queixa de "dentuça" e apelido de "Mônica" dado pelos colegas. A jovem já encontrava-se
com problemas sociais, não sorrindo e isolando-se do grupo durante as atividades recreativas.
Durante o exame clínico extrabucal, notou-se ausência de selamento labial, com o lábio
superior projetado para a frente em relação ao lábio inferior- características evidentes de
respirador bucal e interposição do lábio inferior, o que foi confumado pelos pais.
Tratamento
Na avaliação da tclerradiografia aos oito meses após o início do tratamento, foi possível obser-
var mudanças: dentoalveolares, como a verticalização dos incisivos. superiores (1.NA = 21 °)
c inclinação dos incisivos inferiores para vestibular (l.NB = 28°), o que era esperado devido
ao uso da Placa Labioativa; esqueléticas, pela redução do ângulo ANB (4°), o que denota um
excelente aproveitamento da fase de crescimento (Fig. 8.15A, 8.15B , 8.16A a 8.160).
?
-
!:jt!ij:8t!! Fotografias extrabucal e intrabucais evidenciando a fase final de interceptação. Note a excelente relação interarcos dentários
e a chave de oclusão dos caninos após oito meses de uso intensivo do aparelho, com força ortopédica de 400 a 450g de cada lado, por
no mínimo 14 horas diárias.
!:l~{;l:jiOi:J Telerrad1ografia e rad1ografia panorâmica ao final da interceptação, mostrando a sequência normal de erupção dos
dentes permanentes.
1, .. n1c1al Final da interceptação Sobreposição -l
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Medidas Inicial Medidas Final
... SN.Gn
SN.GoGm
66°
32° r..
SN.Gn
SN.GoGn
65°
32°
l:jliff:llfi•l Traçados inicial (A), ao final de interceptação (B) e sobreposição (C). Grandezas cefalométricas iniciais (C) e oito meses
após a interceptação com o AEB conjugado (D).
CASO CLÍNICO 3
-
Paciente do sexo feminino, com 8 anos de idade, padrão de crescimento equilibrado, perfil facial convexo
c ausência de selamento labial. Durante o exame clínico, notou-se que a paciente apresentava uma má
oclusão de Classe li, divisão 1., com mordida aberta anterior,
desencadeada por hábito de sucção de chupeta, como princi-
pal, e interposição lingual como hábito secundário, oportunis-
ta. Apresentava, ainda, mordida cruzada posterior bilateral na
região dos caninos (Fig. 8.17A a 8.17H).
- - - - - Na avaliação rad1ográf1ca, a radiografia panorâmica mostrou a presença de todos os dentes permanentes nos vários
estágios de formação, período 1ntertrans1tório da dentadura mista. A análise da telerradiografia confirmou o perfil convexo, a mord1da
aberta anterior e o padrão de crescimento equilibrado.
Tratamento
O protocolo de tratamento para esse caso constou de aparelho AEB conjugado com fun-
ção tripla: a grade palatina como meta principal para a interceptação da mordida aberta
anterior; o parafuso expansor com ativações semanais para a correção da mordida cruzada
posterior por expansão; e a tração extrabucal para estabilizar a maxila (Fig. 8.18A a 8.18H).
!:il:t!l:il:!:l Fotografias extra e intrabucal evidenciando o aparelho instalado, com orientações para o paciente ativá·lo 2/4 de volta no
parafuso uma vez por semana, até conseguir uma sobrecorreção, em uso contínuo de no mlnimo 14 horas por dia.
ED Radiografia panorâmica ao final da interceptação, 2 anos e 8 meses após o uso do AEB conjugado e da placa de contenção, com
controle semestral até o desenvolvimento normal da oclusão.
'
Medidas Inicial
SNA 85°
SNB 75°
ANB go
SND 720
1.1 125°
! .NA 24°
i.NB 26°
SN.Gn 67°
SNA 84°
SNB 78°
ANB 60
SND 74°
1.1 143°
1 .NA 19°
1 .NB 23°
SN.Gn 67°
n SN.GoGn 33°
.190, 8.19E, 8.19F. Telerradiografia, cefalograma e grandezas cefalométricas ao final da interceptação.
2a fase - corretiva
Paciente com 7 anos e 1 mês de idade, leucoderma, procurou a clínica ortodôntica quei-
xando-se da protrusão dos incisivos superiores e falta de selamento labial, com considerável
comprometimento estético. N a análise facial, notou-se o crescimento vertical da face (do-
licofacial) , com ângulo nasolabial agudo e ausência de selamento labial passivo. O exame
clínico intrabucal revelou a presença de uma má oclusão de Classe II, divisão 1 de Angle,
acompanhada de uma mordida aberta anterior. Por meio da anamnese, notou-se que a
paciente realizava pressão lingual, devido, principalmente, ao aumento volumétrico das
amígdalas palatinas (Fig. 8.21A a 8.21F).
!:fU·j:f4iâ Fotografias extra e intrabucais iniciais, mostrando a ausência de selamento labial e a mordida aberta anterior.
Exame radiográfico
O exame da telerradiografia, em norma lateral, revelou uma maxila protruida para a ida-
de, com suave deficiência mandibular e uma discrepância maxilomandibular acentuada
(ANB = 8°). Evidenciou-se, ainda, uma protrusão dos incisivos superiores e inferiores em
função da interposjção lingual, característica da mordida aberta anterior. O padrão de cres-
cimento facial se mostrou desfavorável, com tendência ao crescimento vertical.
Após a análise cefaJométrica dos dados e análise facial da paciente, optou-se pelo trata-
mento com o aparelho cxtrabucal conjugado. A paciente foi instruída a utilizar o referido
aparelho por, no mínimo, 14 a 16 horas por dia, com força ortopédica de 450g de cada
lado, removendo-o somente durante as refeições e a prática de esportes. O tratamento ativo
com o aparelho durou 14 meses, com mais 6 meses como contenção, a fim de manter os
resultados obtidos. Posteriormente, instalou-se uma placa de H awley, que foi utilizada até
o desenvolvimento final da oclusão permanente (Fig. 8.23A a 8.23L).
Fotografias extra e intrabucais da fase intermediária, mostrando a efetividade do AEB conjugado na relação dos primeiros
molares permanentes e chave de caninos.
Medidas Inicial
SNA 82°
SNB 74°
ANB ao
SND 70°
! .1 112°
! .NA 29°
1.NB 31°
SN.Gn 69°
Medidas Final
SNA 76°
SNB 73°
ANB 30
SND 71 0
! .1 127°
! .NA 23°
..
1.NB 26°
SN.Gn 70°
SN.GoGn 39°
CASO CLÍNICO 5
Paciente com 9 anos e 2 meses de idade, com queixa principal dos incisivos superiores in-
clinados para vestibular, espaçamento entre os dentes e falta de selamento labial, com con-
siderável comprometimento estético, características evidentes da Classe II, divisão 1 (Fig.
8.25A a 8.25E). Após a avaliação da documentação ortodôntica e da análise cefalométríca,
confirmou-se a má oclusão de Classe II, divisão 1, subdivisão, com diastemas generali-
zados, sobremordida profunda e acentuado desvio da linha média. Devido à aceitação e
colaboração do paciente, a meta terapêutica foi realizar o tratamento ortodôntíco em duas
fases: primeira fase interceptara e segunda fase corretiva. Como o paciente encontrava- se
no período intertransitório da dentadura mista, com um bom potencial de crescimento,
optou-se pelo irúcio do tratamento interceptar com o AEB conjugado com protocolo de
uso semelhante aos anteriores (Fig. 8.26A, 8.26B).
!:f.JOj.j:f.JM\jj
Fotografias extra e intrabucais iniciais evidenciando diastemas generalizados; relação molar e canino normal no lado direito
e distai no lado esquerdo, confirmando a Classe 11, divisão 1, subdivisão; trespasses horizontal e vertical aumentados; perfil facial convexo
e padrão de crescimento vertical.
Sequência de tratamento
-
O tratamento ativo durou 24 meses, com controle trimestral, sendo mantido por mais 6
meses como contenção, até o desenvolvimento completo da dentadura permanente, fi-
nalizando a fase interceptara. Houve uma melhora significativa na distalização dos mola-
res permanentes superiores, verticalização dos incisivos inferiores como efeito d entário e,
como efeito esquelético, notou-se uma excelente resposta no crescimento e desenvolvi-
mento horizontal da mandíbula (Fig. 8.27 A, 8.27B, 8.27C).
Fase corretiva
.27A, 8.278, 8.27C. Fotografias intrabucais ao final da interceptação. com os primeiros molares e caninos do lado direito em chave
de oclusão e os do lado esquerdo em relação distai, Classe 11 e acentuado desvio da linha méd1a.
_...,.....llil Fotografias extra e intrabucais ao final de tratamento. Note a correção da linha média e a excelente intercuspidação e forma
dos arcos dentários.
Inicial Intermediária
!:M:J:M:fJ:!8 A sequêncía do crescimento e desenvolvimento da oclusão pode ser obseNada nas telerradiografias em norma
lateral: inicial, ao final da interceptação e ao final da fase corretiva.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É consenso entre os estudos que os dentes e as bases ósseas apicais podem ser efetivamente
movimentados e reposicionados com aparelhos ortopédicos com a finalidade de corrigir,
ou pelo menos minimizar, a discrepância dentoesquelética, em uma fase de crescimento
facial ativo. Quanto à alteração no perfil facial, os trabalhos científicos mostram-se menos
conclusivos, aludindo resultados n ão tão promissores no restabelecimento da estética facial.
Contudo, ainda há dúvidas se diferentes aparelhos ortopédicos produzem efeitos distintos
sobre as estruturas ósseas, dentárias e tecidos moles.
O tratamento da má oclusão de Classe 11, divisão 1, com o AEB conjugado promove efeitos
específicos e inerentes ao aparelho, propiciando alterações esqueléticas, dentárias e tegu-
mentares relevantes para a correção dessa má oclusão.
Mecânica 4x2:
Abordagem Precoce
das Más Oclusões
INTRODUÇÃO
A Ortodontia, com o especialidade, analisa e estuda, numa dinâmica constante, os mecanis-
mos envolvidos no correto desenvolvimento da oclusão nas três fases distintas da dentadura
humana, conhecidas como dentadura decídua, mista e permanente. No capítulo sobre a
etiologia das más oclusões, o leitor pôde observar os desvios da oclusão que paulatinamen-
te, com o desenvolvimento e erupção dos dentes, acarretam uma má oclusão.
CASO CLÍNICO 1
Esse caso clínico retrata a normali dade dessa oclusão, pois trata-se de um diastema inte-
rincisivos fisiológico, conhecido como "fase do patinho feio". N esse caso, a atitude mais
sensata resume-se no acompanhamento longitudinal do desenvolvimento da oclusão, uma
vez que o fechamento precoce desse espaço antes da erupção dos caninos permanentes su-
periores pode verticalizar os incisivos permanentes, diminuindo gradativamente os espaços
para a erupção dos caninos, agravando sobremaneira o desenvolvimento normal da oclusão.
@!Jlif!l:! Radiografias panorâmicas denotando as duas fases de avaliação: dentadura mista inic ial (8 anos) e dentadura mista
final (11 anos e 6 meses).
Alguns autores contraindicam a terapia de nivelamento 4x2 tanto em casos com apinha-
menta primário temporário como na "fase do patinho feio". O leitor pode observar, nas
Figuras 9.5A a 9.5F, outro caso clinico de diastemas fi siológicos, em um paciente no pe-
ríodo intertransitório da oclusão, acompanhado dos 8 anos e 7 meses aos 12 anos de idade,
perpassando pela fase da normalidade da dentadura mista, com au tocorreção dos diastcmas
após a erupção dos caninos permanentes (Fig. 9.6A a 9 .6F).
@i@ib8 Fotografias intrabucais mostrando boa relação dos primeiros molares permanentes. caninos decfduos em chave de oclusão
e apinhamento dos incisivos superior e inferior no perfodo intertransitório da dentadura mista. A mecânica 4x2 foi realizada durante um
ano, com o objetivo de corrigir o apinhamento e de manutenção do espaço presente. O paciente continua com retornos semestrais até o
desenvolvimento completo da oclusão.
Para Drumond et al. (2003), o nivelamento superior 4x2, instituído na dentadura mista,
deve ser realizado no início do período intertransitório, quando os incisivos terminaram
sua erupção ativa mas os caninos permanentes ainda distanciam-se do ápice dos incisivos
laterais. A relação espacial entre o canino permanente c a raiz do incisivo lateral deve ser
diagnosticada radiograficamentc antes da instalação do nivelamento 4x2.
De acordo com Silva Filho et al. (2006), a mecânica 4x2, quando bem indicada na dentadura
mista, promove beneficios de caráter morfológico, estético e psicológico ao paciente. Esse é
um ponto importante, que garante a grande maioria das indicações para o seu uso, como:
Outro aspecto que merece atenção, citado por alguns autores, é a possibilidade de impac-
ção dos caninos permanentes ou de reabsorção da raiz dos incisivos laterais superiores em
decorrência da terapia 4x2. De acordo com Broadbent, a "fase do patinho feio" ocorre a
partir do período intertransitório, perdurando por 3 a 4 anos e se autocorrigindo com a
erupção dos caninos superiores. O aparelho 4x2, nesses casos, além de ser considerado um
sobretratamento, geraria o risco de impactar o canino permanente ou reabsorver as raízes
dos incisivos laterais superiores.
Para Silva Filho et al. (2006), devido à posição do germe do canino permanente supe-
rior situar-se mais alta do final do primeiro período transitório até o início do período
A grande controvérsia que talvez mereça maiores esclarecimentos é o fato da colagem dos
acessórios ser realizada em dentes jovens e que, muitas vezes, ainda não apresentam o ápice
radicular totalmente formado. Obviamente que isso, no passado, deveria ser levado em
consideração talvez pela própria falta de artigos científicos a respeito desse tópico. No en-
tanto, a literatura disponível sobre a abordagem precoce das más oclusões com mecâni-
ca fixa parece encorajar fortemente o ortodontista a realizar essa mecânica. Mavragani et
al . (2002) estudaram o comportamento do comprimento radicular pré e pós-tratamento
em 146 pacientes, quando da aplicação de força ortodôntica em dentes jovens, comparados
com pacientes com dentes com formação mais tardia do ápice. Verificaram que houve uma
relação direta entre o estágio de desenvolvimento radicular, força ortodôntica e tamanho
da raiz. O s dentes jovens que receberam força ortodôntica, com suas raízes que ainda não
tinham completado toda formação, alcançaram um comprimento significativamente maior
do que aqueles que tinham o ápice fechado antes de receber tratamento ortodôntico.
As.sim, observa-se que realmente parece não existir nenhuma relação entre essa mecânica na den-
tadura mista e o fechamento apical precoce (Capelozza Filho et ai., 1998; Silva Filho et al., 2004).
CONSIDERAÇÕES CLÍNICAS
O nivelamento 4x2, como mecânica interceptara, revela-se uma excelente opção para mini-
mizar ou mesmo eliminar tratamentos complexos no futuro. A colagem dos acessórios deve
obedecer à orientação do procedimento descrito por Andrews, ou seja, no centro da coroa
clínica dos dentes anteriores. Os tubos molares devem ser soldados nas bandas ou colados nas
faces vestibulares dos molares, respeitando o mesmo protocolo mencionado anteriormente.
CASO ClÍNICO 3
k!=t·Jil:l•! Fotografias intrabucais e radiografia panorâmica iniciais mostrando inclinações axiais dos 1ncisivos centrais superiores
divergentes e presença de diastema interincisivos.
-
@J.ihW:J.il:lfMil!J. Colagem dos braquetes nos quatro incisivos superiores e um segmento de arco com fio de aço inoxidável 0,018" como
guia para nivelamento e redução do diastema interincisivos.
481f·lllll Mecânica 4x2 realizada para correção do apinhamento e dos diastemas entre os incisivos. Focou-se, ainda, o aspecto
vertical da má oclusão (sobremordida), utilizando, para isso, um arco de intrusão adaptado sobre os incisivos. ObseNe que o arco
ortodôntico adapta-se, obrigatoriamente, sobre os quatro incisivos superiores, estendendo-se até os primeiros molares permanentes.
A duração do tratamento foi de 8 meses e o acompanhamento da oclusão se faz necessário até o término da erupção dos dentes
permanentes. ObseNa-se que os incisivos foram alinhados e nivelados durante esse período, provendo benefícios estéticos, morfológicos
e psicológicos ao paciente. O paciente está em controle, aguardando o desenvolvimento completo da oclusão, para, se necessário,
realizar a segunda fase do tratamento ortodõntico.
Ortodonaa
CASO CLÍNICO 5
-
Nesse caso clínico, pode- se notar o acompanhamento longituclinal da oclusão dos 3 aos 9
anos de idade. A jovem apresentou-se com mordida cruzada posterior já na dentadura decí-
dua, em razão da sucção do polegar (Fig. 9.12A a 9.12F). O protocolo de tratamento primou
pela correção precoce da mordida cruzada e pela possibilidade de supressão do hábito deleté-
rio. Instalou-se um aparelho fixo tipo arco em "W" para corrigir a morclida cruzada posterior
(Fig. 9.12F). No início do primeiro período transitório, observou-se a correção da mordida
cruzada posterior e a erupção dos incisivos inferiores permanentes. Nessa etapa utilizou-se um
aparelho removível com grade palatina e parafuso expansor para suspensão do hábito de suc-
ção e manutenção das climensões transversais do arco dentário superior (Fig. 9.13A a 9.13E).
No entanto, apesar de todo esforço para evitar a sucção cligital, aos 7 anos a paciente ainda
persistia com o hábito, o que, por sua vez, sinalizava uma morclida aberta anterior incipiente
(Fig. 9.14A a 9.14H). A seguir, instalou- se um aparelho 4x2 para alinhamento e nivelamento
dos incisivos, bem como para o fechamento da mordida aberta anterior. As Figuras 9.15 a
9.17 demonstram a evolução da m ecânica e o excelente resultado obtido.
o
CASO CLÍNICO 6
Esse caso clinico é de uma jovem com 10 anos c 7 meses de idade e má oclusão de Classe
Il, divisão 2, com sobremordida profunda, bom perfil facial para a idade, padrão mesofa-
cial c apinh amento dos incisivos laterais superiores (Fig. 9.18A a 9.18G). A avaliação da
radiografia panorâmica evidenciou a presença de todos os dentes permanentes irrompidos
e em diferentes estágios de desenvolvimento, especificamente no período intcrtransitó-
rio da dentadura mista (Fig. 9.23A). O protocolo de tratamento para esse caso constou
Após 2 anos de uso do 4x2 associado ao arco de intrusão. Note a correção da mordida profunda, assim como a relação
dos primeiros molares de Classe 11 para chave de oclusão normal. Note a manutenção do espaço no arco dentáno inferior, realizada pela
PLA, e o correto alinhamento e erupção dos dentes permanentes.
@fJf.:ii\ifJI•! A sequência das radiografias panorâmicas inicial, intermediárias e final mostra a correta inclinação axial dos incisivos
superiores e o comprimento radicular normal dos dentes envolvidos na mecânica 4x2.
Ort
CASO CLÍNICO 7
-
Paciente de 8 anos e 2 meses de idade, apresentava má oclusão de Classe I com apinha-
mente superior e inferior, sobremordida e padrão mcsofacial (Fig. 9.24A a 9.241). O pro-
tocolo de tratamento custou de du.as fases. Primei ramente, optou- se pela instalação de um
aparelho fixo expansor tipo Hyrax para o arco superior c placa removível tipo Schwarz no
arco inferior (Fig. 9.25A, 9.25B). A proposta dos aparelhos expansores foi, justamente,
ganhar espaço no sentido transversal, para evitar a extração dentária futura. A paciente uti-
lizou esses aparelhos por um período de 6 meses. Após esse período, adaptou-se um apare-
lho 4x2 com a intenção de alinhar e nivelar os dentes antcrossuperiores, enquanto no arco
inferior manteve-se a placa de Schwarz como contenção. No arco superior, adicionou-se
uma barra palatina como mantenedor de espaço (Fig. 9.26A a 9.26E).
@ffWf4*! Fotografias intrabucais evidenciando o aparelho fixo expansor tipo Hyrax, para o arco superior, e a placa removível tipo
Schwarz no arco inferior, devidamente ativados.
B Radiografia panorãmica
evidenciando a inclinação axial dos incisivos
laterais e o comprimento radicular normal.
Or
CASO CLÍNICO 8
Paciente com 8 anos e 2 meses de idade, apresentava má oclusão de Classe III com mordida
cruzada posterior, diastema superior, apinhamento inferior e padrão dolicofacial (Fig. 9.30A
a 9.30H). Na availiação da radiografia panorâmica (Fig. 9.30I), constatou-se a falta de espaço
para erupção dos incisivos laterais e a presença de todos os dentes permanentes irrompidos c
nos vários estágios de formação. Para esse caso, optou- se pelo tratamento realizado em duas
fases, abordando-se, inicialmente, o aspecto transversal da má oclusão e, posteriormente, o
sagital e o vertical. Inicialmente, instalou-se um aparelho fiXo expansor tipo Hyrax para o arco
superior (Fig. 9.31), o qual foi mantido por 6 meses. Após esse período, removeu- se o Hyrax
e adaptou-se um aparelho 4x2, com a intenção de alinhar e nivelar os dentes anterossuperio-
res, enquanto no arco inferior instalou-se um arco lingual de Nance (Fig. 9.32A a 9.32F).
As Figuras 9.33A a 9.330 c 9.34A, 9.34B, 9.34C demonstram a evolução na scquência de ar-
cos, passando dos fios 0,014", 0,016" e 0,018" Nitinol de secção redonda para o fio retangular
0,019" x 0,025" no arco superior. Essa fase de uso do aparelho 4x2 durou aproximadamente
13 meses. Após a erupção de todos os dentes permanentes, montou-se a aparelhagem ftxa
completa para a finalização do tratamento ortodôntico. As Figuras 9.35A a 9.35H e 9.36A a
9.36D mostram o caso finalizado, com uma boa relação oclusal e uma melhora no perfil facial.
21Ft&l!CFI•J Fotografias intrabucais evidenciando o 4x2 com o arco retangular de N'Ti
0,019" x 0,025". Nessa etapa, torna-se imprescindível a colocação do arco retangular
que, associado ao torque dos braquetes anterossuperiores, propicia a melhora da
relação sagital entre os arcos.
.34A, 9.348, 9.34C. Aparelhagem fixa completa para o refinamento do tratamento, incorporando as dobras artísticas inset e offset .
.35A, 9 .358, 9 .35C. Fotografias extrabucais mostrando a finalização do caso que, apesar do padrão facial desfavorável, obteve bom
resul~ado estético e oclusal.
Ortod
@iê!Oi•li!@U Fotografias intrabucais
mostrando a finalização do caso que,
apesar do padrão facial desfavorável, obteve
bom resultado estético e oclusal. Note,
em comparação. a melhora da recessão
gengiva! do incisivo inferior esquerdo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O 4x2 é considerado um dos aparelhos mais versáteis, fáceis de se adaptar e bem tolerados pelos
pacientes. Os casos clínicos clispostos nesse capítuJo demonstram sua versatilidade e a inclicação,
de forma simples c cautelosa, para tratar irregularidades da oclusão na fase da dentadura mista.
O autor acredita que muitos dos problemas aqui mencionados poderiam ser tratados conven-
cionalmente com aparelhos removíveis. Porém, deve-se ressaltar que o aparelho 4x2, quando
usado corretamente, permite uma abordagem com maior controle do movimentO dentário nas
três climensões do espaço, possibilitando facilitar o tratamentO na segunda fase e, assim, obter
resultados mais previsíveis. Além disso, o aspecto psicológico e o entusiasmo dos jovens pacientes
quando se utiliza esse aparelho também refletem-se em estímulos e ben eficios ao ortodontista.
capítulo 1 O
P'laca Labioativa e
sua Aplicação Clínica
INTRODUÇÃO
No passado, era bastante alta a frequência dos procedimentos que vinculavam a extra-
ção ao tratamento de casos com apinhamenco. Recentemente, o tratamento ortodôntico
está sendo influenciado por condutas não extracionistas. Segundo um grande número de
ortodontistas americanos, atualmente 75% dos seus pacientes são tratados dessa manei-
ra. Com o surgimento de novas técnicas e o avanço das mecânicas ortodônticas, houve
uma redução na necessidade das extrações dentárias nos casos com apinhamentos severos.
Desde então, a busca por condutas não extracionistas como meio de tratamento tem sido
alvo constante de pesquisas ortodônticas. Aparelhos propulsores da mancHbula, como o de
Frankel, Bionator e Herbst, e os aparelhos distalizadores de molares - desde o conven-
cional aparelho extrabucal (AEB) até os aparelhos mais modernos, como Pêndulo}Pendex,
Jones Jig, Magnetos e molas de Nitinol superelásticas - , entre outros, têm recebido
grande destaque na Ortodontia contemporânea.
Entre os aparelhos que se valem das forças musculares, um que se destaca pela simplicidade,
facilidade de adaptação, baixo custo e extrema versatilidade é a Placa Labioativa (PLA),
também conhecida como "Bumper" ou "Lip-bumper".
Nevant et ai. 1991 20 11a 16 3,8 ·2,8 1,4 0,7 2,7 0,9
O'Donnell et ai. 1998 10 15 13a 1m 12 4,8 -4,7 1,6 1,2 4,1 1,2
A PLA como se conhece hoje foi introduzida por R enfroe em 1956. Inicialmente, foi preco-
nizada para pacientes que apresentavam musculatura hipertônica no lábio inferior, provocan-
do a linguoversão dos incisivos inferiores. Porém, constatou-se que, quando em uso, liberava
uma força considerável contra os dentes de apoio, ou seja, sobre os primeiros molares, o que
ensejou outras aplicações clinicas. Rotineiramente ela é utilizada no arco inferior, liberando
uma pressão média do lábio inferior correspondente de 9 a 12glcm2 (Fig. 10.1); mas alguns
autores - como Denholtz (1963); Almeida et ai. (1991); Hasler, Ingervall (2000) e Gurgel et
al. (2002) - a indicam também para o arco superior, substituindo a tração extrabucal na mo-
vimentação dista! dos molares superiores, nos casos de Classe II incipiente ou como reforço
de ancoragem para evitar a mesialização dos molares (Fig. 10.2A a 10.2F).
Indicação:
Nos casos de perda precoce de dentes decíduos ou no período fmal da dentadura mista,
quando os segundos molares inferiores esfoliam, é aconselhável o uso da PLA para prevenir
o movimento mesial dos primeiros molares inferiores permanentes (Fig. 10.4A a 10.4D).
Essa manobra é especialmente indicada nos casos linútrofes, onde cada milimetro é im-
portante para o alinhamento dentário. As forças musculares são suficientes para manter
a posição dos primeiros molares, sendo que, além do tônus muscular normal, ocorre um
momentâneo aumento da força transmitida a cada deglutição. Outra indicação interessante
é a manutenção do Leeway space para a correção do apinhamento moderado dos incisivos
inferiores (3 a Smm) (Fig. 10.3). Dependendo da relação dos primeiros molares perma-
n entes inferiores, algumas vezes torna-se necessária a utilização de forças extrabucais para
distalizar os primeiros molares superiores mantendo a chave de oclusão.
U.jf!jlej!t! Efeitos da PLA (18 meses) sobre o apinhamento anteroinferior de um paciente durante o perfodo intertransitório da
dentadura mista. A associação de fatores (veslibularização de incisivos, aumento transversal do arco e a manutenção do Leeway space)
contribuiu em plenitude para minimizar o apinhamento anteroinferior.
Pelo mesmo princípio da ação da musculatura, é possível a verticalização dos primeiros mo-
lares permanentes que se inclinaram para mesial, recuperando o comprimento do arco den-
tário e propiciando, assim, espaço para a erupção de pré-molares. Alguns autores afirmam
ser possível o movimento distai dos primeiros molares inferiores, o que não foi confirmado
em outros estudos. Parece-nos mais provável a vertícalização dos molares inferiores, sendo
muito dificil a sua distalização de corpo.
Nos casos de hipotonicidade da musculatura do lábio inferior, está indicado o uso de elásti-
cos de Classe III na PLA, associado à tração extrabucal nos molares superiores (Fig. 10.5A,
10.5B, 10.5C).
1O.SA, 10.58, 1O.SC. Fotografias intrabucais evidenciando a PLA como recuperado r de espaço. Caso clínico com perda prematura de
segundo molar inferior esquerdo decíduo, acompanhado até o desenvolvimento completo da oclusão.
Em muitos casos de sobressaliência exagerada, com protrusão dos dentes superiores c re-
trusão dos inferiores, essa condição morfológica pode estar acompanhada ou até mesmo
ser agravada por um hábito de interposição labial. A interposição labial pode ser primária,
quando provoca o aparecimento da sobressaliência, ou secundária, quando resulta de uma
acomodação do lábio inferior nessa região. Essa atividade muscular contínua distorce a
função da musculatura peribucal., com consequências deletérias.
U.ld·ii•lfl•! A, 8) Perda prematura de caninos decíduos e redução do comprimento do arco dentário devido à pressão do lábio
interior. A PlA está atuando como recuperador de espaço. C, O} Paciente Classe 11, divisão 1, perfil facial convexo e trespasse horizontal
acentuado. Note a melhora do perfil facial imediatamente após a instalação da PLA
Adaptando esses conceitos à PLA, pode-se incluir escudos vestibulares nas su as laterais
(região de pré-molares), propiciando um estímulo para angariar espaço nessa região
(Fig. 10.7A a 10.7E).
A PLA também pode ser utilizada, na dentadura mista, associada ao AEB conjuga-
do, com a finalid ade de reduzir a sobressaliência e evitar a inclinação para lingual dos
incisivos inferiores, proveniente do efeito de lingualização dos incisivos superiores
Na dentadura permanente, a PLA pode ser utilizada como reforço de ancoragem, princi-
palmente nas fases de retração inicial de caninos, na retração do segmento anterior e para
contrapor os efeitos extrusivos e indesejáveis dos elásticos de Classe II.
10.8A, 10.86, 10.8C. Fotografias intrabucais mostrando a ancoragem máxima- Tripé de ancoragem: Aparelho Extrabucal (AEB), Placa
Labioativa (PLA) e Elásticos de Classe 111.
Segundo O 'Donnell et al. (1998), o período ideal para o tratamento com a Placa Labioativa
transcorre durante a fase final d:a dentadura mista (segundo período transitório), onde é
possível a manutenção do Espaço Disponível de Nance- Leeway space.
Já o tempo de utilização da PLA está diretamente relacionado com a sua indicação, ou seja,
a PLA será utilizada como reforço de ancoragem até a finalização da fase de retração inicial
dos caninos efou a fase de retração do segmento anterior. Outro exemplo seria a utilização
da PLA como mantenedor de espaço, sendo empregada até a erupção na cavidade bucal do
dente permanente em questão. Porém, quando a PLA sem escudo vestibular for utilizada
com a finalidade de expandir o arco dentário inferior, a sua aplicação não deve exceder mais
de 10 meses, visto que 50% da expansão total do arco dentário ocorrem durante os primeiros
3 meses, alcançando 90% da expansão total até os 10 meses; a partir desse período, a expansão
do arco dentário é minima, não justificando mais o seu uso (Fig. 10.10A, 10.10B, lO.lOC).
10.10A, 10.108, 10.10C. Arco inferior, construfdo com fio de aço inoxidável de 1,15mm de diâmetro, com ganchos soldados na mesial
dos primeiros molares e amarrado no tubo molar, sem escudo vestibular, para a expansão do arco dentário inferior.
- M elhora no perfil facial nos casos de Classe II, divisão 1 (Fig. 10.6C e 10.6D).
- É confortável.
- Fácil manuseio.
- Estética.
- É de grande versatilidade- com gancho, permite o uso de elásticos de
Classe II ou Classe UI.
- Geralmente está associada a outros aparelhos.
Desvantagens da PLA:
APLICAÇÃO CLÍNICA
CASO CL[NICO 1
Esse caso clínico refere-se a urna paciente de 8 anos e 2 meses de idade, com má oclusão de
Classe II, 1a divisão, com mordida aberta anterior e mordida cruzada posterior. Nesse caso, o
fator etiológico principal foi a sucção de polegar, provocando a vestibuloversão da pré-maxila,
com inclinação dos incisivos superiores para vestibular e dos incisivos inferiores acentuadamen-
te para lingual (Fig. 10.11A a 10.11H ). Inicialmente corrigiu- se a discrepância transversal e ver-
tical com um aparelho fixo do tipo bi-hélice com grade palatina, com o funde aumentar o diâ-
metro transverso da maxila, impedir a interposição da língua durante a deglutição e aruar como
lembrete, evitando, assim, a sucção do polegar (Fig. 10.12A, 10.12B, 10.12C). A seguir, após
o descruzamento da mordida cruzada postctior e o fechamento da MAA, o aparelho bi-hélice
foi removido e, devido à não aceitação do aparelho extrabucal (AEB ), instalou-se uma placa
labioativa modificada por D enholtz, adaptada no segundo molar decíduo superior, com a fina-
lidade de restringir a maxila, impedir a excrusão dos molares e a interposição do lábio inferior,
propiciando a inclinação dos incisivos inferiores para vestibular pela ação da língua (Fig. 10.13A,
10.13B, 10.13C). Aproximadamente 10 meses após o uso da PLA, verificou-se uma melhora
significativa nas relações vertical, transversal e anteroposterior, com os molares c caninos em
chave de oclusão (Fig. 10.14A, 10.14B). A correção da Classe li ocorreu, provavelmente, devi-
do à ancoragem dos molares superiores e a um maior crescimento da mandíbula, conforme a
Tabela 2 (colunas 1 e 2) e as Figuras 10.15A a 10.15E. A paciente foi acompanhada, longitudi-
nalmente, com controles periódicos e sem a utilização de qualquer outro aparelho (Fig. 10.16A
a 10.16H). Após 13 anos, a oclusão permanece estável nos três planos: vertical, transversal c
anteropostcrior (Fig. 10.17A a 10.17G). A preservação por meio das radiografias panorâmicas e
teler radiografias em norma lateral pode ser evidenciada nas Figuras 10.18A, 10.18D e 10.19A a
10.19D e os valores cefaJométricos de todas as fases encontram-se na Tabela 10.2.
10.12A, 10.128. 10.12C. Fotografias intrabucais com o aparelho bi·hélice com grade palatina ativado e 1nstalado. Note o comprimento
da barra palatina, atuando como lembrete para evitar a sucção do polegar e impedir a interposição lingual
10.13A, 10.138, 10.13C. Fotografias intrabucais evidenciando o fechamento da MAA e a Placa Labioativa ancorada no segundo
molar decíduo superior, para estabilizar a maxila e, ao mesmo tempo, permitir que a lfngua exerça a pressão de dentro para fora,
vestibularizando os incisivos inferiores.
Paciente com 1O anos e 8 meses de idade, apresentou-se para tratamento ortodôntico rela-
tando a presença de Mordjda Cruzada Posterior. No exame clínico intrabucal, constatou-
-se a presença de má oclusão de Classe II, divisão 1, associada à presença de uma mordida
aberta anterior incipiente, decorrente de hábito de sucção de dedo. A análise facial mostrou
uma convexidade do perfLl, com o ângulo nasolabial suavemente fechado, bem como a
ausência de selamento labial passivo, devido principalmente à protrusão esquelética e den-
toalvcolar maxilar. Clinicamente, observou-se uma retroinclinação dos incisivos inferiores,
em consequência do hábito de sucção do polegar (Fig. 10.20A a 10.20E).
'•.
A paciente utilizou o AEB por 14 horas/dia, com uma força inicial de 350 gramas de cada
lado (Fig. 10.23A, 10.23B, 10.23C), por um período de 12 meses, finalizando, d essa for-
ma, a primeira etapa do tratamento, que teve duração total de 18 meses.
10.22A, 10.228, 10.22C. Fotografias intrabucais após seis meses de tratamento, evidenciando a correção da mordida cruzada posterior,
o alinhamento espontâneo dos incisivos superiores e a redução da mordida aberta anterior.
No arco superior, instalou-se um AEB conjugado para diminuir a protrusão dentoalveolar (Fig.
10.29A a 10.29H ). O tratamento combinado PLA + AEB durou 20 meses (Fig. 10.29A a
10.29H e 10.30A, 10.30B, 10.30C), e a paciente ficou satisfeita com os resultados obtidos, não
realizando a segunda fase do tratamento.
1 0.28A, 10.286, 10.28C. Fotografias intrabucais dezesseis meses pós-tratamento, mostrando o uso da PLA e o desenvolvimento da
oclusão, com a erupção de todos os dentes permanentes.
10.30A, 10.308, 10.30C. A sequência da evolução do tratamento pode ser observada nas fotografias do arco inferior: inicial,
intermediária e ao final da interceptação com o uso da PLA..
~-~ ~----------~-- -
..
CASO CLÍNICO 4
Caso clínico de um paciente com 10 anos c 6 meses de idade, que se encontrava na denta-
dura mista, segundo período transitório, com uma má oclusão de Classe 11, divisão 1, com
sobremordida, apinhamento anteroinferior e falta de espaço para a erupção do canino infe-
rior esquerdo permanente. A análise facial revelou um perfil facial suavemente convexo, c
padrão dolicofacial com ângulo nasolabial aberto (Fig. 10.31A a 10.31G).
Paciente de 1O anos e 5 meses de idade, com queixa de protrusão dos incisivos superiores e
falta de selamento labial. N a análise fàcial, notou- se um bom perfil facial, com ângulo naso-
labial fechado e ausência de selamento labial passivo. O exame clínico intrabucal revelou uma
má oclusão de Classe II devida à mesialização dos dentes posteroinferiores, proveniente da
extração precoce dos caninos decíduos e retroinclinação dos incisivos inferiores, provocada
pela pressão labial atípica (Fig. 10.36A a 10.36H). Após análise clínica e facial, optou-se pelo
tratamento com a Placa Labioativa no arco inferior, eliminando a pressão labia] e permitindo,
ao mesmo tempo, uma vestibularização dos incisivos inferiores com conseguente obtenção
do espaço necessário para o alinhamento dos dentes anteroinfcriores. No arco superior, insta-
lou-se um AEB conjugado, para cbminuir a protrusão dentoalveo]ar (Fig. 10 .37A a 10.37E).
O tratamento combinado PLA + AEB durou 7 meses (Fig. 10.38A a 10.38H) e, após esse
per íodo, aguardou-se a erupção completa dos dentes permanentes superiores e inferiores
para montagem da aparelhagem fixa, com o fim precípuo de alinhamento e nivelamento
dos dentes (refinamento da oclusão) (Fig. 10.39A a 10.39E).
10.38A, 10.388, 10.38C. Fotografias extra bucais antes da montagem da aparelhagem fixa.
lla$i:l•luf!:!U Fotografias intrabucais
mostrando o desenvolvimento da oclusão para
pootetior montagem da aparelhagem fixa.
10.40A, 10.408, 10.40C. Fotografias extrabucais ao final do tratamento, mostrando a estética do sorriso.
Vale ressaltar que os segundos molares inferiores irrom peram normalmente, mesmo após a utili-
zação da PLA por mn período longo. Após a montagem da aparelhagem fixa, o caso foi finalizado
em 1 ano e 6 meses, e o resultado final pode ser visto nas Figuras 10.40D a 10.40H.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Placa Labioativa é um apareU1o simples e versátil, que está se popularizando cada vez mais
devido à sua grande aplicação clínica, possibilitando a sua utilização em todas as fases do
tratamento ortodôntico: na Ortodontia preventiva , interceptara e corretiva. Como ilustrado
nos casos clínicos, concluí-se que o tratamento do apinhamento primário por meio da recu-
peração ou manutenção do espaço no arco inferior com a PLA é uma alternativa viável para o
tratamento em duas fases, c ela deve ser incorporada no arsenal de aparelhos do ortodontista.
A erupção dentária é um dos processos fisiológicos que se realizam com uma precisão im-
pecável em quase todos os seres humanos. Os dentes decíduos e permanentes se formam no
interior dos ossos maxilares e, num certo espaço de tempo, vão irrompendo numa sequên-
cia estabelecida pela natureza, para cumprir uma das suas principais funções: a mastigação.
Visando prevenir o desenvolvimento dos problemas comumente associados aos dentes su-
pranumerários, o diagnóstico geralmente requer a avaliação criteriosa do ortodontista, e
o tratamento indicado quase sempre consiste na remoção cirúrgica desses dentes, exis-
tindo variações com relação à época mais apropriada para a sua execução, de acordo com
as características peculiares a cada caso. No entanto, em circunstâncias especiais, quando
os dentes supranumerários não acarretam problemas para os dentes e estruturas vizinhas,
pode-se realizar o acompanhamento e a observação periódica do caso, aguardando-se o
término da rizogênese dos dentes adjacentes e o momento oportuno em que o paciente
apresenta uma idade que lhe permite aceitar melhor o tratamento cirúrgico.
EXAME CLÍNICO
No exame clínico, alguns sinais podem indicar a presença de dentes impactados:
1) Atraso na erupção de um ou mais incisivos permanentes.
2) R etenção prolongada de incisivos decíduos.
3) Abaulamento do tecido mole por vestibular ou palatino (ver Capítulo 1 - Etio-
logia das Más Oclusões).
EXAME RADIOGRÁFICO
Várias técnicas radiográficas são empregadas objetivando localizar os dentes não irrompidos.
Radiografias panorâmicas
Esse tipo de radiografia, além de fornecer uma boa indicação da altura do dente impactado,
mostra a sua relação com os dentes vizinhos.
Radiografias periapicais
O filme periapical consiste na radiografia mais simples para a avaliação de dentes impacta-
dos e proporciona uma imagem de precisão e qualidade de resolução, sendo considerada
aquela que trará informações iniciais em casos de suspeita de impacções.
Por outro lado, a radiografia periapical proporciona a visualização bidimensional dos den-
tes, localizando-os por vestibular ou lingual. Para essa avaliação, uma segunda tomada ra-
diográfica deve ser realizada utilizando-se a técnica de Clark, que consiste, basicamente, na
anguJação horizontal do cone, da primeira para a segunda tomada. Nesses casos, se o dente
em questão se movimenta na mesma direção da incidência dos raios X, encontra-se por
palatina e, se em direção oposta, está situado por vestibular.
Radiografias oclusais
Tomografia computadorizada
P or meio da tomografia computadorizada Cone-Beam, obté m-se imagens tridimen-
sionais dos dentes e estruturas circunvizinhas, tornando o diagnóstico de anomalias
dentárias, como supranumerários e odontomas , mais preciso e seguro para uma abor-
dagem or todônt ico-cirúrgica.
ilff!1ilf!:! Aspecto clínico após a erupção dos incisivos laterais direito e esquerdo e central esquerdo , e radiografia periapical
da área, demonstrando a iminente erupção do incisivo central direito, girovertido.
EIIJ Aparelho bi-hélice ativado e
cimentado, para aumentar a distância
intercaninos.
11.5A, 11.58, 11.5C. Recuperador de espaço fixo. com mola de secção aberta, e erupção ectópica do incisivo central superior direito em 000.
Após dois meses já havia um melhor posicionamento do incisivo; entretanto, ocorreu uma
recidiva do espaço obtido com a mecânica anterior. E ntão, foi instituída nova recuperação
de espaço, mediante o uso de aparelho fixo composto por braquetes colados aos incisivos
centrais e laterais, um fio 0,020" dobrado de forma a excluir o incisivo central direito, mola
de secção aberta entre o incisivo lateral direito e o central esquerdo, c um fio "twist- Aex"
ligado a todos os incisivos, para correção da rotação (Fig. 11.7).
11.8A, 11.88, 11.8C. Fotografias intrabucais com as características normais da oclusão, após 2 anos de controle.
CASO CLÍNICO 2
Paciente, de 9 anos e 2 meses de idade, com atraso de erupção do incisivo central superior di-
reito provocado por um supranumerário mesiodens constatado pela radiografia periapical (Fig.
11.9A, 11.9B). Após a remoção cirúrgica do supranumerário, o incisivo central superior irrom-
peu ectopicamente, com giroversão de 90° e relativa perda de espaço (Fig. 11.10A a ll.lOD).
llll•blllltl•l Vistas intrabucais após a remoção cirúrgica do dente supranumerário e erupção ectópica do incisivo central
superior direito (90°).
Tratamento
O protocolo de tratamento inicial constou de uma placa removível com parafuso expansor
como recuperador de espaço, para aumentar a distância intercaninos e propiciar espaço sufi-
ciente para a giroversão do incisivo central {Fig. 11.11A, 11.11B, 11.11C). Uma vez consegui-
do o espaço, substituiu-se o recuperador de espaço por nova placa, com ganchos construídos
com fio de aço inoxidável de 0,9mm de diâmetro, por vestibular, como suporte para o uso
dos elásticos ortodômicos de 3/ 16", e por paJatino adaptou-se uma mola simples como man-
tenedor ou, se necessário, recuperador de espaço .
11. 11 A, 11.11 8 , 11 .11 C. Aparelho removível com parafuso expansor, para aumentar a distânc1a intercaninos.
11.12A, 11.128, 11.12C. Fotografias intrabucais mostrando A) aparelho removível com ganchos laterais por vestibular. para uso
dos elásticos de 3/16"; B) mola digital por palatino. como recuperador de espaço; e C) colagem de um botão por vestibular e outro
por lingual, para fixação dos elásticos. criando. assim, um binário de forças.
A correção da giroversão duro u, em média, 4 meses de uso intensivo dos elásticos de 3/16",
com substituição a cada semana ou quando necessário. A inter-relação dos arcos dentá-
rios e o alinhamento dos incisivos foram mantidos por um aparelho funcional modificado:
Hawley conjugado com a Placa Labioativa, por mais 6 meses (Fig. 11.13A, 11.15B, 11.15C).
O resultado final do tratamento, <:om a excelência da oclusão e a forma dos arcos dentários,
pode ser observado nas Figuras 11.17A a 11.17F.
liliZ·!$11fU Fotografias extra e intrabucais evidenciando o final da fase de tratamento interceptador. Note
o alinhamento dentário superior e inferior e a estética do sorriso.
CASO CLÍNICO 3
Nesse caso clinico, apresentamos uma paciente com 11 anos de idade que procurou o trata-
mento ortodôntico pelo atraso na erupção dos incisivos centrais superiores c presença de um
dente atípico no lugar do incisivo central superior esquerdo. Após a obtenção das radiografias
panorâmica e periapical da área, con statou-se a presença de dois supranumerários, um irrom-
pido c outro intraósseo (Fig. 11.18A a 11.18H). Nesse caso, a presença dos dentes permanentes
permitiu o tratamento com aparelho fixo, que foi utilizado para obtenção do espaço necessário
para erupção dos incisivos centrais, após a remoção dos supranumerários (Fig. 11.19A, 11.19B,
11.19C). A mecânica utilizada envolveu a utilização da mola de secção aberta, obtendo-se o
espaço adequado para a erupção dos incisivos centrais (Fig. 11.20A, 11.20B, 11.20C).
11.19A,11.19B,11.19C. Fotograf1as intrabucais após a remoção cirúrgica dos supranumerários e instalação do AEB com tração
cervical, como mantenedor do espaço.
11 .20A, 11 .208, 11.20C. Instalação do aparelho fixo e mola de secção aberta como recuperador de espaço.
11.21A, 11.218, 11 .21C. Fotografias intrabucais: A) montagem do aparelho fixo superior e inferior, com ganchos para tração;
8 ) cirurgia para colagem do acessório de !racionamento e C) acessório instalado.
11.22A, 11.228. Fotografias intrabucais com elásticos para !racionamento, 20 dias após a colagem do braquete. Note a erupção
do incisivo central direito.
ilfU·ilf.<Jij•! Telerradiografias e
radiografias panorâmicas iniciais e finais.
ilf}l!llf.fai Sequência de
radiografias periapicais evidenciando a
evolução do tratamento.
-I CASO CLÍNICO 4
Paciente com 9 anos de idade, bom perfil facial, apresentou-se com má oclusão no segmen-
to antcrossupcdor devido à presença de um odontoma bloqueando a erupção do incisivo
central superior direito, constatado pela radiografia panorâmica (Fig. 11.28A a 11.281).
llf.fMIIf}l:j Fotografias intrabucais evidenciando a mola de secção aberta e o espaço já recuperado, e o \racionamento do incisivo
central superior direito.
10 ou re<Jiid:Jde?
llfi'j!jlff4d Fase final do tratamento.
Note a excelência da oclusão e a forma dos
arcos dentários.
llfUMif&!:l Radiografias panorâmicas
inicial e ao final do tratamento.
O caso clínico desse paciente, com 9 anos c 2 meses de idade, é interessante, pois, além da
presença de um mesiodens irrompido, observou-se, durante o exame clínico, que o pacien-
te apresentava outras anomalias associadas, como: macrodontia do incisivo central superior
direito e microdontia do incisivo central superior esquerdo (Fig. 11.36A, 11.36B, 11.36C).
11.36A. 11.368, 11.36C. Fotografias extra e intrabucais mostrando a presença de macrodontia do incisivo central superior direito.
microdontia do incisivo central superior esquerdo e mesiodens irrompido.
O incisivo central superior direito apresentava uma largura mesiodistal de 11mm e o es-
querdo, de 8mm, o que agravava a condição estética do paciente. Consultou-se um profis-
sional da área de dentística que aconselhou, para minimizar essa discrepância, a realização
de desgastes nas faces mesial e distai do incisivo central direito e aumento com resina com-
posta do incisivo central esquerdo (Fig. 11.37A, 11.37B).
Propositadamente, o incisivo central superior esquerdo ficou O,Smm menor que o direito,
pois, para terem m edidas iguais e estética favorável, teríamos que aumentar a quantidade
de resina subgengivalmente, ao nível do colo dentário, o que certamente promoveria uma
irritação gengiva! devida à dificuldade de higienização da área.
Após a intervenção da Dentística R estauradora, instalou- se uma placa de Hawley como conten-
ção, até o desenvolvimento completo da oclusão, como ilustrado nas Figuras 11.41A e 11.41B.
illftfJIIIM=! Fotografias intrabucais após a redução do incisivo central superior direito em 1mm e aumento, com resina composta,
do incisivo central superior esquerdo em 1,5mm.
CONSIDERAÇÕES
AGENESIA
As opções de tratamento- que podem ser o fechamento dos espaços, utilizando a mecânica
ortodôntica, ou a manutenção desses para futura reabilitação protética- devem ser discutidas
com o paciente e/ou responsáveis. Nas primeiras consultas, o profissional deve e>..'"Por as vanta-
gens e desvantagens do tratamento escolhido, como tempo total e custo biológico. Obviamen-
te, há de se considerar questões como relação molar, relação interarcos, margem e contorno
gengiva!, e a estética do sorriso, para se definir qual a melhor estratégia para cada paciente.
Nos casos de agenesias bilaterais com relação interarcos de Classe II, perfil facial de Classe
I, pouco ove1jet, pequena sobra de espaço intra-arco, alinhamento inferior e sorriso gcngi-
val, a preferência é o fechamento de espaços e a transformação dos dentes adjacentes por
meio de procedimentos cosméticos.
m to ou r .<hd 1de?
CASO CLÍNICO 6
Diagnóstico
11.42A, 11.426. 11.42C. Fotografias extrabucais iniciais, mostrando a ausência dos incisivos laterais e consequentes diastemas
interferindo na estética do sorriso.
o odo h3
-
illt.J•SII(N! Fotografias intrabucais e radiografia panorâmica iniciais, mostrando a ausência dos incisivos laterais e
consequentes diastemas.
Objetivos do tratamento
De acordo com a lista de problemas obtida durante o diagnóstico, os objetivos para esse
caso incluíram:
O plano de tratamento proposto foi o fechamento dos espaços correspondentes aos in-
cisivos laterais superiores ausentes, por meio do movimento dos caninos e das unidades
posteriores para mesial. Foram instalados aparelhos fixos, superior e inferior, com sloc
0,022" x 0,030", prescrição Andrews.
Maxila
Mandíbula
O planejamento ortodôntico nesse caso foi conservador, sem extrações no arco inferior,
também em função do bom perfil facial da paciente.
Após a monragem dos aparelhos fixos superior e inferior (Fig. 11.44A, 11.44B, 11.44C),
procedeu-se com a mecânica convencional de fechamento de espaços. A finalização desse
caso manteve os molares superiores em relação distai e os caninos foram mascarados cos-
meticamente como incisivos laterais (Fig. 11.45 a 11.47).
Placa de Hawley:
Versatilidade Clínica
INTRODUÇÃO
O tratamento ortodôncico no início desse século, sob a forte influência de Angle, não acei-
tava a possibilidade de extrações d e dentes permanentes. A correção de apinhamcntos era
obtida pela expansão indiscriminada dos arcos dentários, o que, em muitos casos, acarreta-
va em recidiva da má oclusão.
Hawley esclareceu que a ideia do aparelho de contenção surgiu em uma visita ao Dr. R.
D. M cBride, de Dresden, Alemanha, no seu consultório em 1916. Esse clínico estava em-
pregando, há alguns anos, uma forma de aparelho de contenção que apresentava princípios
básicos que impressionaram Hawley favoravelmente.
Em vista de algumas objeções que ele observou nesse aparelho, foram realizadas várias mo-
dificações procurando eliminá-las, e o resultado foi um aparelho consistindo de uma base
de vulcanite e um arco vestibular semelhante ao utilizado atualmente. Para retenção, eram
soldados grampos circunferenciais nos loops adaptados nos primeiros pré-molares. Todo
esse arcabouço metálico era construído com fios de ouro de diversos diâmetros. Os loops e
grampos de retenção eram confeccionados com fio 19 (19 gauge) e a porção anterior, que
entrava em contato com os dentes, consistia de um fio retangular 0,022" x 0,036". A união
dessas partes era realizada com solda de ouro 18k.
No arco inferior, para evitar que as porções posteriores da base se deslocassem no sentido
gengiva!, eram colocados stops oclusais entre as cúspides linguais dos primeiros molares.
Após a construção das partes metálicas, o aparelho era, então, vulcanizado. O autor ainda
sugeriu que, para manutenção da correção da sobremordida, fosse adicionado um plano de
mordida anterior e, para manutenção da relação anteroposterior, um plano inclinado.
Segundo H awley, existem quatro funções inerentes ao aparelho de contenção: manter a ex-
pansão e a forma. do arco, evitar a recidiva de giroversões, manter a relação anteroposterior
e a correção da sobremordida.
A escolha do modelo a ser utilizado deve levar em conta os requisitos de um bom aparelho de
contenção, os quais, segundo Graber (1972), são: evitar que os dentes recidivem às posições
das quais foram movimentados; permitir que as forças associadas à atividade funcional atuem
livremente nos dentes em contenção, possibilitando que eles respondam tão fisiologicamente
quanto possível; ser facilmente hígjenizado e apresentar boa estética e resistência.
Mesmo para o uso como aparelho de contenção, pode sofrer algumas modificações. Classica-
mente, a placa de Hawley é constituída de um arco vestibular com seus extremos passando pelas
ameias de caninos e primeiros pré-molares, grampos de retenção do tipo Adams e resina acrílica
de rápida polimerização (Fig. 12.1A, 12.1B). Uma modificação bastante aceita é a união do
arco vestibular com o grampo de Adams, o que diminui a possibilidade de reabertura de espaço
nos casos tratados com extração (Fig. 12.8A a 12.8D). Alguns clínicos preferem, ainda, soldar
o arco vestibular num grampo em C (circunferencial) no último molar ou um fio conónuo, o
que evita problemas de interferência oclusal das cúspides dos dentes antagonistas com a porção
do grampo de Adams que contorna as cristas marginais (Fig. 12.8E a 12.8H).
Esse düpositivo pode ser empregado na redução de pequenos diastemas resultantes da ves-
tibularização dos dentes anteriores, na correção de vestibuloversões e rotações. Em co-
dos esses casos, há necessidade de desgastes seletivos no acrílico conforme as exigências,
conr:rolando, dessa forma, a movimentação dentária. Entretanto, deve-se lembrar que a
movimentação ortodôntica com aparelhos removíveis envolve somente movimentos de in-
clinação dentária, o que limita sua utilização em alguns casos.
A placa de H awley pode ser utilizada tanto para o arco superior quanto para o inferior,
sendo que esse último apresenta alguns problemas. Como o sulco lingual é pouco pro-
fundo, torna a base do acrílico estreita e mais espessa, para aumentar sua resistência,
sendo necessária, muitas vezes, a colocação de um fio de aço no interior do acrílico
na região anterior do aparelho. Além disso, a região dos molares, por ser uma região
retentiva, precisa ser aliviada. Sendo assim, a placa de H awlcy, na prática diária, é mais
indicada e utilizada no arco dentário superior.
Entre as vantagens desse dispositivo, destaca- se a manutenção de uma boa higiene bu-
cal, a estética razoável e a facilidade de construção laboratorial, permitindo ajustes rápidos.
Enfatiza- se que, quando do emprego de uma força, sempre ocorre uma reação de igual inten-
sidade e em sentido contrário-uma, desejável; e a outra, indesejável (Fig. 12.2A1, 12.2A2).
Para minimizar esse inconveniente, os pesquisadores do século passado, preocupados com
os insucessos provenientes do princípio físico de ação e reação, direcionaram seus estudos
com o intuito de neutralizar esse efeito.
Assim surgiu a ancoragem, que pode ser intra e extrabucal. Ancoragem intrabucal,
quando o ponto de apoio está localizado dentro da cavidade bucal, podendo ser in-
tramaxilar ou intermaxilares (exemplos: aparelho removível, botão de Nance, barra
palatina, elásticos de Classe 11 e HI, entre outros).
Ancoragem extrabucal, quando o ponto de apoio está localizado fora da cavidade bucal
(exemplos: aparelho extrabucal (AEB), máscara facial e mentoneira) . A placa de Hawley,
como aparelho removível, busca ancoragem no palato e nos dentes, sendo, portanto, um
aparelho de ancoragem intrabucal dentomucossuportado.
A placa de Hawley atual é constituída de três partes: (a) grampos de retenção, para os mo-
lares, e auxiliares, para os pré-molares; (b) arco vestibular, com fio de aço inoxidável de
0,7mm, contornando o segmento anterior; e (c) placa palatina de resina acrílica, contor-
nando todo o palato e as ameias palatinas dos dentes (Fig. 12.1A, 12.1B).
r:n_ -
[fJ'fl A 1) Arco vestibular sem ativação. A2) Arco vestibular ativado. passando abaixo do centro da coroa dos incisivos, e o
respectivo movimento da coroa para lingual e da raiz p ara vestibular.
. .. .... ..
----- ---------------------------~
ifB B) O arco vestibular está posicionado na metade da coroa dos incisivos, e. por lingual ou palatino, a resina acrmca toca
alguns milimetros acima da cervical do dente, criando, assim, um fulcro.
Com a ativação do arco vestibular e o desgaste da resina acrílica por palatino, o movimento
do dente será mais de coroa e raiz, simultaneamente.
-.
IEIJ O) Note o arco vestibular passando abaixo da metade da face vestibular dos incisivos, mais próximo da borda incisa l, com a
resina acrílica da placa tocando o cíngulo dos incisivos. Após a ativação do arco vestibular, a resultante do movimento real izado será
de coroa para lingual e maior movimento da raiz para vestibular.
A seguir, serão apresentados casos clínicos de pacientes que utilizaram a placa de H awley
em más oclusões incipientes e após a terapia ortodôntica corretiva como contenção.
CASO CLÍNICO 1
Paciente do sexo feminino, com 8 anos e 10 meses de idade, peóodo intertransitório da dentadura
mista, procurou a clínica ortodôntica com queixa principal de um dente irrompendo no palato,
atrás do incisivo central esquerdo permanente, inclinando-o para vestibular.
Objetivos do tratamento
Sequência de tratamento
Após o exame clínico e o estudo da documentação ortodôntíca, foi indicada a exodon-
tia do mesiodens. Como se tratava do períod o intertransitório da dentadura mista, o
planejamento ortodôntico indkado constou da placa de Hawley, que é um aparelho
removível com ancoragem intramaxilar dentomucossuportada, liberando uma força
suave e intermitente (Fig. 12.3G).
mlli! Vista oclusal evidenciando o dente supranumerário e o rf.lm Vista intrabucal frontal evidenciando o aparelho de Hawley.
incisivo central esquerdo vestibularizado.
12.3H, 12.31, 12.3J. Fotografias 1ntrabucais ao final do tratamento, com o alinhamento dos incisivos superiores.
CASO CLÍNICO 2
Paciente do sexo feminino com 10 anos e 7 meses de idade, procurou a clínica de Orto-
dontia para tratamento. Durante o exame clínico intrabucal, pôde-se observar a relação dos
primeiros molares permanentes em chave de oclusão, caracterizando uma má oclusão de
Classe I de Angle com sobremordida severa. Na região anterior da maxila, verificou-se a
presença de um incisivo lateral esquerdo extranumerário, causando um aumento do com-
primento do arco dentário, com consequente desvio da linha média superior para o lado
direito (Fig. 12.4A, 12.4B). Após a avaliação da documentação ortodôntica, confirmou-
-se a presença do extranumerário na radiografia panorâmica (Fig. 12.4C). O protocolo de
tratamento consistiu de duas fases: (a) fase interceptara no período intertransitório, com
extração do dente extranumerário, instalação de uma placa de H awley e desgastes da resina
acrílica na distal do incisivo lateral, com o objetivo de manter e alinhar os dentes anteros-
superiores (Fig. 12.40 a 12.4H). A paciente está em controle semestral até o final do de-
senvolvimento da oclusão, dentadura permanente completa (Fig. 12.41 a 12.40); (b) fase
corretiva após a erupção de todos os dentes permanentes.
lf.JGtdlf.JGI:M Fotografias intrabucais in iciais mostrando a presença de um incisivo lateral extranu merário.
IEIIiJ Vista lntrabucal oclusal após extração de extranumerário. lllii! Vista oclusal com aparelho de Hawley.
mii! Vista oclusal evidenciando incisivo lateral extranumerário (seta). miJI Vista oclusal final com os incisivos superiores alinhados.
Or
CORREÇÃO DA GIROVERSÃO - BINÁRIO DE FORÇAS
CASO CLÍNICO 3
lmJ Vista oclusal inicial, com a placa de Hawley instalada e I& Vista oclusal final, com os incisivos alinhados na curvatura
sistema binário de forças. do arco dentário.
Paciente na fase fmal da dentadura mista, segundo período transitório, má oclusão de Classe I,
com sobremordida severa (Fig. 12.6A, 12.6B, 12.6C). Encontrava- se na fase ativa do crescimen-
to facial, que é uma das fases mais importantes para o controle da sobremordida, ou seja, antes da
erupção dos caninos permanentes e durante a reorganização da musculatura peribucal, quando
ainda não está definido o padrão muscular - o que, geraJmente, ocorre na adolescência.
Sequência de tratamento
O protocolo de tratamento proposto foi a placa de Hawley com um platô de resina acrí-
lica na região anterior, com vistas a propiciar o levantamento da oclusão e consequen-
temente a erupção dos pré- molares e primeiros molares permanentes inferiores (Fig.
12.6D). As Figuras 12.6E, 12.6F e 12.6G demonstram o resultado fmal após a melhora
da sobremordida. Com o arco vestibular ativado e o desgaste do acrílico por palatino,
Vár ias são as propostas de um aparelho de contenção passiva, porém nenhuma supera as
vantagens da placa de Hawley. Por esse motivo, ela continua sendo mundialmente utilizada
ao final do tratamento ortodôntico corretivo, sobrevivendo há, aproximadamente, 90 anos
desde a sua concepção.
Algumas modificações foram realizadas com o perpassar dos anos, como a adição da resina
acrílica, dos grampos de retenção e do próprio arco vestibular. Esse arco não deve ser inse-
rido na dista! dos caninos e mesial dos primeiros pré-molares, para evitar-se o aparecimento
de diastemas nos casos finalizados, principalmente aqueles com extração de primeiros pré-
-molares. Ele deve ser soldado nos grampos de retenção, que podem ser do tipo Adams,
grampo em "C" ou contínuo, como o arco denominado Wraparound (Locks et al. , 2002).
Vale ressaltar que a placa de Ha:wley como contenção passiva deve reproduzir no arco vesti-
bular as dobras artísticas inset de incisivos laterais e cffset de caninos e molares (Fig. 12.7D).
12.6E, 12.6F, 12.6G. Fotografias intrabucais, ao final da interceptação, mostrando a correção da sobremordida e a erupção dos
caninos em chave de oclusão.
Vantagens e desvantagens
if.ihifJa•! Componentes: arco vestibular, fio 0,7mm: grampo de Adams, fio 0,7mm:
solda de prata de baixa fusão; resina acrflica de autopolimerização.
Vantagens e desvantagens
if§hlfS#I Componentes: arco vestibular, fio 0,8mm; grampo em ·c·, fio 0,8mm;
solda de prata de baixa fusão; resina acrílica de autopolimerização.
Vantagens e desvantagens
É um aparelho removível de fácil higienização, bem mais simples na sua construção labo-
ratorial, não necessita de grampos de retenção e de solda de prata. Não interfere na oclusão
e, por essa característica, tem boa aceitação entre os ortodontistas.
lfJalfJUH Wraparound com grampo auxiliar na distai dos incisivos laterais- fio 0,6mm.
Componentes:
- arco vestibular;
-fio 0,8mm;
- resina acrílica de autopolimerização;
- grampo auxiliar na distai dos Incisivos laterais, fio 0,6mm.
Muitas vezes a instabilidade na cavidade bucal fica comprometida, devido ao aumento do com-
primento do arco circunferencial que se estende até a face clistal dos segundos molares perma-
nentes. Nesses casos, deve-se acrescentar dois grampos auxiliares constnúdos com fio de aço
inoxidável de 0,6nun de diâmetro passando na distai dos incisivos laterais (Fig. 12.7M , 12.7N).
lfj:t•SfJ:I•! A) Vista frontal, com a posição correta do arco vestibular. B) Vista oclusal evidenciando o recorte da resina acrílica, 2!3 na
região posterior e, na região anterior, até o cíngulo de canino a canino. Note o arco de Hawley soldado na barra horizontal do grampo de
Adams. C, O) Vistas laterais direita e esquerda, com a adaptação do grampo de Adams nos primeiros molares permanentes.
ifj;J:IIfJ:!i E) Vista frontal, com a posição correta do arco vestibular. F) Vista oclusal evidenciando o recorte da resina acrílica. 2!3 na
região posterior e, na região anterior, até o cíngulo de canino a canino.
ifj:Jifj:l! I) Vista frontal, com a posição correta do arco vestibular Wraparound. J) Vista oclusal evidenciando o recorte da resina
acrílica, 2/3 na região posterior e, na região anterior, até o cíngulo de canino a canino; e o arco contínuo contornando a face vestibular dos
dentes posteriores, passando na distai do segundo molar permanente. K, L) Vistas laterais direita e esquerda, com a adaptação do arco
circunferencial contornando a face vestibular dos dentes posteriores e anteriores até o segundo molar permanente.
Essa modificação pode ser utilizada como excelente recurso para as finalizações ortodôn-
ticas nas quais os caninos não se encontram bem posicionados no sentido vestibulolingual.
As Figuras 12. 9A, 12. 9B e 12. 9C mostram a adaptação do arco d e H awley, com extensão
para os caninos, soldado na barra horizontal do grampo de Adam s. As ativações serão rea-
lizadas nas extensões do arco vestibular, pressionando-as para lingual.
12.9A, 12.96, 12.9C. Vistas intrabucais lateral direita, frontal e lateral esquerda do arco vestibular modtficado.
CASO CLÍNICO 6
12.10A,12.10B,12.10C. Vistas intrabucais lateral direita, frontal e lateral esquerda ao final do tratamento ortodôntico.
m lo ou ' •h J d ?
Após 6 meses do uso intensivo da placa de Hawley com o arco vestibular modificado,
notou-se uma evidente melhora no posicionamento dos caninos superiores. A mesma placa
continuou como contenção passiva por mais 2 anos.
As Figuras 12.10G, 12.10H e 12.101 mostram o resultado fmal 2 anos após o tratamento.
Note a melhora na posição dos caninos após o uso do arco de Hawley modificado.
12.10D,12.10E,12.10F. Vistas intrabucais lateral direita, frontal e lateral esquerda do arco vestibular modificado.
12.10G,12.10H,12.101. Vístas intrabucais lateral direita, frontal e lateral esquerda (controle), com a melhora do posicionamento dos
caninos dois anos pós-tratamento.
CASO CLÍNICO 7
Paciente com 9 anos e 9 meses de idade, não satisfeita com a estética do sorriso, procurou a
cllnica ortodôntica para a resolução do problema. Porém, os pais n ão queriam a instalação
de aparelhos fixos nessa fase da dentadura mista.
Objetivou-se com esse tratamento intcrceptador, por meio da placa de H awley modificada,
corrigir a forma do arco superior, a giroversão dos incisivos centrais superiores e a inclina-
ção axial desses dentes.
Sequência de tratamento
Em vista da não aceitação do aparelho fixo, foi proposto à paciente um protocolo de trata-
mento em duas fases: interceptara e corretiva. A fase interceptara constou de um aparelho
removível tipo H awley, modificado com ganchos soldados no arco vestibular, mola dupla
por palatino, para a realização de um movimento binário, e colagem de um botão na face
lingual dos incisivos, como suporte para o uso de elásticos (Fig. 12.11C, 12.11D).
mlll'!l Vista frontal, com gancho soldado no arco vestibular. mJi! Vista oclusal, com mola dupla e elásticos intrabucais para
giroversão.
IEIIJI Vista frontal intermediária evidenciando a melhora na IEIJD Vista intrabucal frontal com extrusão do 11.
inclinação axial dos incisivos superiores (11 e 21 ).
A paciente colaborou com o uso do aparelho e dos elásticos, e o resultado pode ser visto
na Figuras 12.11E c 12.11F: o incisivo superior direito verticalizado c com extru são,
em função do uso dos elásticos, e o esquerdo com pequena intrusão, inclinação c gi-
roversão. Com a continuidade do uso do aparelho e dos elásticos, houve uma melhora
no posicionamento do incisivo central esquerdo. Nesse momento, deu-se início aos
procedimentos para intrusão do jncisivo central direito.
INTRUSÃO
1) Para movimentos de intrusão, o arco vestibular é ativado para cima do botão
colado na face vestibular do incisivo em questão.
2) Passando o arco já. ativado por baixo do botão, ele irá exercer uma força inter-
mitente para cima, ou seja, de intrusão (Fig. 12.12A, 12.12B).
rEif1l Arco vestibular ativado. lf.IED Arco vestibular em posição para intrusão.
Para se realizar o movimento de intrusão do incisivo direito, foi construído novo apa-
rel ho de Hawley sem modificação, e realizou-se a colagem de um botão na face vesti-
bular do incisivo central direito (Fig. 12.13A, 12 .13B). Com o arco vestibular ativado
de acordo com essa prescrição descrita, evidencia- se a correção da inclinação axial, do
alinhamento das bordas incisais c das girovcrsões dos incisivos. Isso favoreceu o melhor
desenvolvimento da oclusão, a postura da musculatura labial com a autóclise mecânica
e a estética facial (Fig. 12.13C, 12.13D).
-
mJm Vista intrabucal frontal, com o arco vestibular ativado. mim Vista intrabucal frontal, com o arco vestibular na posição
de intrusão.
IEim!J Vista intrabucal frontal inicial. lflmJ Vista intrabucal frontal final.
1f11m1 Vista intrabucal oclusal inicial, evidenciado os incisivos ml&i Vista intrabucal oclusal final, evidenciando a melhora na
centrais em giroversão e as inclinações axiais incorretas. forma do arco dentário e o alinhamento dos incisivos superiores.
com inclinações axiais corretas.
-
A fase corretiva não foi efetuad a, uma vez que o tratamento ortodôntico intercepta-
dor realizado atingiu plenamente os objetivos desejados pela paciente.
EXTRUSÃO
mlm'J Vista frontal do arco vestibular ativado. l:flll]!! Vista frontal do arco vestibular em posição para extrusão.
CASO CLÍNICO 8
Na Figura 12.15A, note o arco vestibular já ativado, passando por cima do botão colado na
vestibular do incisivo central direito, exercendo uma força intermitente para baixo (extrusão).
Nas Figuras 12.15B c 12.15C, o mesmo procedimento foi repetido para o incisivo lateraL A
Figura 12.15D mostra o resultado fmaJ, com o alinhamento da borda incisa] dos incisivos.
IE!m Vista intrabucal frontal, com arco vestibular para extruir mllmJ Vista intrabucal frontal, com arco vestibular para extruir o
o dente 11 . dente 12.
I:EIEl!l Vista intrabucal lateral, com arco vestibular para extruir o 1f1mD Vista intrabucallrontal final.
dente 12.
CASO CLÍNICO 9
12.16A, 12.168, 12.16C. Fotografias intrabucais finais, com os respectivos espaços para posteriores implantes e próteses.
12.160, 12.16E, 12.16F. Placa de Hawley como mantenedor de espaço, devolvendo à paciente a estética e a função.
ifJWMfJfj:! WJial Fotografias intrabucais evidenciando a interposição lingual, placa de Haw1ey com grade palatina e o desgaste da
resina acrílica na região lingual dos incisivos.
PLACA DE HAWLEY COM ORIFÍCIO NO PALATO
RECORDATÓRIA (Fig. 12.18A, 12.188, 12.18C)
CASO CLÍNICO 1O
Paciente na fase da dentadura mista período intertransitório, com diastemas interincisivos acen-
tuados. Devido à inclinação axial incorreta dos incisivos centrais, o espaço para os incisivos laterais
foi reduzido. Após o exame completo da documentação ortodôntica, optou-se pela indicação de
uma placa de Hawley com molas digitais construídas com fio de aço de 0,6mm de diâmetro, com
o fim precípuo de recuperar os espaços para a erupção dos incisivos laterais (Fig. 12.19A, 12.19B).
Imediatamente após o fechamento dos diastemas, os incisivos laterais iniciaram a sua erup-
ção na cavidade bu cal e, aproximadamente após 6 meses de interceptação, os incisivos su-
periores se mantiveram estáveis (Fig. 12.19C, 12.19D).
As figuras 12.19E e 12.19F mostram, por meio das vistas oclusais, a evolução da interceptação.
ifjpt;)lfjpJ:I Vista frontal inicial e placa de Hawley com molas digitais ativadas. A ativação deve ser realizada a cada 21 dias e não deve
u~rapassar a metade da coroa dos incisivos, o que corresponde a aproximadamente 30g (note o esquema de ativação em vermelho).
CASO CLÍNICO 11
Paciente do sexo feminino, com 16 anos de idade, procurou a clínica de Ortodontia não satis-
feita com a posição do canino superior esquerdo, em mordida cruzada com os dentes inferiores.
Durante a anamnese, concluiu-se que a posição incorreta desse dente foi devida à permanência
prolongada do canino decíduo. Após a avaliação da docwnentação ortodôntica, notou-se bom
padrão facial , relação molar normal em ambos os lados, caracterizando a má oclusão de Classe
I, com mordida cruzada do canino superior esquerdo (Fig. 12.20A a 12.20F).
Objetivos do tratamento
ea1 de?
Sequência de tratamento
Após cinco meses de uso contínuo do aparelho, o canino esquerdo já estava descruzado, em
posição normal e apresentando sobrccorreção suficiente para impedir a recidiva. As Figuras
12.201 a 12.201 evidenciam o resultado final, devolvendo à paciente a estética do sorriso.
O tratamento ortodôntico precoce, ainda na f:1se da dentadura mista, inicia-se com um bom
planejamento do caso, tendo como fator primordialmna moldagem em alginato que reproduza
com fidelidade as caracteósticas anatômicas bucais do paciente, para a obtenção de um excelente
modelo de trabalho, sobre o qual será construído o aparelho.
Utiliza-se, para esse fim, moldeiras tipo Vernes, selecionadas para o tamanho do arco dentário
do paciente e individualizadas com a adição de um rolete de cera utilidade em suas bordas, para
melhor se adaptar à anatomia da cavidade bucal do paciente. A adição de cera compensa a falta de
profundidade da moldeira, afastando os lábios e bochechas. Além disso, ajuda na retenção do ma-
terial de moldagem, fàcilita a remoção do modelo de gesso após a presa final e reduz o desconforto
da estrutura da moldeira contra os tecidos moles.
A moldeira selecionada deverá ser um pouco maior que o arco dentário do paciente, tanto no
sentido anteroposterior quanto lateral, de modo que fique afastada pelo menos 3mm do rebordo
alveolar. O vazamento da moldagem deve ser realizado com gesso-pedra imediatamente após a
obtenção da moldagem, esse procedimento é de capital importância porque evita o ressecarnento
do alginato, o que pode alterar a fidelidade do modelo.
PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS
Atualmente, em sua maioria, os aparelhos ortodônticos removíveis são construídos com resi-
na acrílica de rápida polimerização, ativada quimicamente (RAAQ), cujos procedimentos são
mais rápidos e fáceis de serem realizados, em comparação à resina acrílica ativada termicamente
(RAAT). Porém, apresenta uma maior porosidade, tornando-se mais frágil. Uma vez em con-
tato com os fluidos bucais, absorve a umidade e, depois de alguns dias de uso contínuo, deve ser
Na instalação do aparelho, ajustam-se os grampos de retenção c o arco vestibular, que deve tocar
passivamente a face vestibular dos dentes anteriores. Deve-se informar o paciente de que, nos
primeiros dias, haverá sensibilidade, maior salivação e alguma dificuldade com a dicção, alte-
rações que serão normalizadas com o uso. Esse aparelho removível, mesmo sendo frágil, não
quebra com facilidade, e a sua indicação depende de cada caso e m particular. A sua remoção
da cavidade bucal deve seguir o princípio básico de utilizar os dedos indicadores apoiados nos
grampos de retenção, sem tracioná-lo para baixo pelo arco vestibular. O processo de higieni-
zação requer cuidados especiais e deve ser realizado com o aparelho fora da cavidade bucal,
utilizando- se creme e escova dental. Devem ser tomados os devidos cuidados para não alterar a
forma e a posição dos grampos de retenção, arco vestibular e outros componentes. Em hipótese
alguma devem ser utilizadas substâncias químicas ou água quente para a limpeza do aparelho.
Ainda hoje, a placa de H awley tem sido amplamente utilizada na Ortodontia, mas muitas mo-
dificações foram introduzidas para transformá-la num aparelho ativo. E sse aparelho tem a finali-
dade de manter a estabilidade do tratamento, porém, pode servir também de suporte para a adi-
ção de componentes ativos - como molas, entre outros-, prop orcionando a movimentação
dentária. As desarmonias do sistem a estomatognático podem se normalizar com o uso desses
aparelhos, quando bem diagnosticados, tendo conhecimento de suas potencialidades mecânicas
e do controle de sua utilização, além do conhecimento de suas limitações.
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