Você está na página 1de 414

TERAPIAS ATUAIS em

ORTODONTIA

C0150.indd i 3/29/11 3:49:53 PM


Página deixada intencionalmente em branco

C0125.indd 1 4/6/11 11:53:03 AM


TERAPIAS ATUAIS em
ORTODONTIA
Ravindra Nanda, BDS, MDS, PhD
UConn Orthodontic Alumni Endowed Chair
Professor and Head
Department of Craniofacial Sciences
Chair
Division of Orthodontics
School of Dental Medicine
University of Connecticut Health Center
Farmington, Connecticut

Sunil Kapila, BDS, MS, PhD


Robert W. Browne Endowed Professor and Chair
Department of Orthodontics and Pediatric Dentistry
Program Director of Graduate Orthodontics
School of Dentistry
University of Michigan
Ann Arbor, Michigan

C0150.indd iii 3/29/11 3:49:54 PM


Do original: Current Therapy in Orthodontics.
© 2010 por Mosby, Elsevier Inc.
Tradução autorizada do idioma inglês da edição publicada por Mosby – um selo editorial Elsevier Inc.
ISBN: 978-0-323-05460-7

© 2011 Elsevier Editora Ltda.


Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/1998.
Nenhuma parte deste livro, sem autorização prévia por escrito da editora, poderá ser reproduzida ou transmitida
sejam quais forem os meios empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação ou quaisquer outros.
ISBN: 978-85-352-4175-4

Capa
Interface/Sergio Liuzzi

Editoração Eletrônica
Thomson Digital

Elsevier Editora Ltda.


Conhecimento sem Fronteiras

Rua Sete de Setembro, n° 111 – 16° andar


20050-006 – Centro – Rio de Janeiro – RJ

Rua Quintana, n° 753 – 8° andar


04569-011 – Brooklin – São Paulo – SP

Serviço de Atendimento ao Cliente


0800 026 53 40
sac@elsevier.com.br

Preencha a ficha de cadastro no final deste livro e receba gratuitamente informações sobre os lançamentos e
promoções da Elsevier.
Consulte também nosso catálogo completo, os últimos lançamentos e os serviços exclusivos no site www.elsevier.
com.br

NOTA
O conhecimento médico está em permanente mudança. Os cuidados normais de segurança devem ser
seguidos, mas, como as novas pesquisas e a experiência clínica ampliam nosso conhecimento, alterações no
tratamento e terapia à base de fármacos podem ser necessárias ou apropriadas. Os leitores são aconselhados
a checar informações mais atuais dos produtos, fornecidas pelos fabricantes de cada fármaco a ser adminis-
trado, para verificar a dose recomendada, o método e a duração da administração e as contraindicações. É
responsabilidade do médico, com base na experiência e contando com o conhecimento do paciente, deter-
minar as dosagens e o melhor tratamento para cada um individualmente. Nem o editor nem o autor assumem
qualquer responsabilidade por eventual dano ou perda a pessoas ou a propriedade originada por esta
publicação.

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

N168d

Nanda, Ravindra
Terapias Atuais em Ortodontia / Ravindra Nanda, Sunil Kapila; [tradução Vinicius
Farias Ferreira]. - 1.ed. - Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.
il.

Tradução de: Current therapy in orthodontics


Inclui bibliografia
ISBN 978-85-352-4175-4

1. Ortodontia. 2. Maloclusão. I. Kapila, Sunil. II. Ferreira, Vinicius Farias II. Título.
11-0049. CDD: 617.643
CDU: 616.314-089.23
05.01.11 06.01.11 023722

C0155.indd iv 3/29/11 6:54:36 PM


REVISÃO CIENTÍFICA
E TRADUÇÃO

Revisão Científica
Antonio de Moraes Izquierdo
Professor de Ortodontia da Universidade Iguaçu (UNIG)
Doutorando e Mestre em Odontologia (Ortodontia) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Internato em Ortodontia Preventiva e Interceptativa – Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

Tradução
Alexandre Barboza de Lemos, (Cap. 23)
Coordenador dos Cursos de Especialização em Implantodontia da Odontoclínica Central do Exército (OCEx) e da
Faculdade São Leopoldo Mandic (Campus Laranjeiras - RJ)
Especialista em Periodontia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ)
Mestre em Periodontia pela Universidade Veiga de Almeida (UVA)

Ana Julia Perrotti-Garcia, (Caps. 10 e 28)


Cirurgiã-dentista formada pela Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (USP)
Especialista em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial
Especialista em Tradução pela Faculdade de Filosofia
Letras e Ciências Humanas (FFLCH-USP)

Débora Rodrigues Fonseca, (Caps. 24 e 25)


Cirurgiã Bucomaxilofacial do Hospital Geral do Andaraí – Rio de Janeiro
Especialista em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial pela UFRJ
Subchefe do Serviço de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial do Hospital Estadual Getúlio Vargas – Rio de Janeiro

Eduardo Esberard Favilla, (Caps. 20 e 21)


Professor do Curso de Especialização em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial da Associação Brasileira de
Odontologia (ABO) e Faculdade de Medicina de Petrópolis
Fellow em Dor Orofacial - University of Maryland, Baltimore
Cirurgião Bucomaxilofacial do Hospital Estadual Getúlio Vargas – Rio de Janeiro

Eduardo Franzotti Sant’Anna, (Cap. 19)


Professor Adjunto do Departamento de Ortodontia e Odontopediatria da Faculdade de Odontologia da UFRJ (FO UFRJ)
Mestre e Doutor em Ortodontia pela FO UFRJ
Post Doc Fellow Dpt. of Anatomy/Rush Craniofacial Center Chicago - EUA

Georgiana Seabra Louro, (Cap. 22)


Mestre em Ortodontia (UFRJ),
Graduada em Odontologia pela Universidade Federal Fluminense (UFF)

Hugo Cesar Pinto Marques Caracas, (Caps. 3, 5 a 7)


Mestre e Doutor em Ortodontia pela UFRJ

Marcela Jardim Gomes Elias, (Cap. 11)


Mestre em Farmacologia e Química Medicinal

Maiza Ritomy Ide, (Caps. 13 a 16)


PhD em Reumatologia (Espanha – Universidade da Cantabria)
Doutora em Reumatologia pela USP
Mestre em Ciências pela USP

C0160.indd v 3/29/11 4:18:26 PM


vi Revisão Científica e Tradução

Mariana Alves de Sá Siqueira, (Caps. 17, 18 e Índice)


Doutoranda em Periodontia pela Faculdade de Odontologia da UERJ
Mestre em Ciências – Pós-graduação em Ciências Médicas da UERJ
Especialista em Periodontia pela UVA

Mônica Simões Israel, (Cap. 12)


Especialista em Estomatologia pela UFRJ
Mestre e Doutora em Patologia pela UFF
Professora de Estomatologia (UERJ) e de Patologia (Faculdades São José)

Mônica Tirre de Souza Araujo, (Cap. 26)


Professora Adjunta de Ortodontia da UFRJ
Chefe do Departamento de Odontopediatria e Ortodontia da FO UFRJ
Mestre e Doutora em Ortodontia pela UFRJ
Paula Paiva do Nascimento Izquierdo, (Caps. 8 e 9)
Ortodontista do Quadro de Oficiais Dentistas da Força Aérea Brasileira
Mestre em Odontologia (Ortodontia) pela UFRJ

Rodrigo Melo do Nascimento, (Cap. 27)


Pós-Graduado em Radiologia pela UFRJ
Graduado em Odontologia pela UFRJ (Cum Laude)

Vinicius Farias Ferreira, (Caps. 1, 2 e 4)


Mestre em Clínica Odontológica (Periodontia) pela UFF
Especialista em Prótese Dentária pela PUC-Rio

C0160.indd vi 3/29/11 4:19:54 PM


COLABORADORES

S. Jay Bowman, DMD, MSD Leonard S. Fishman, DDS


Adjunct Associate Professor Clinical Professor and Research Director
Saint Louis University Department of Orthodontics and Temporomandibular
St. Louis, Missouri Joint Disorders
Instructor Eastman Dental Center
University of Michigan University of Rochester
Ann Arbor, Michigan Rochester, New York

Lucia H.S. Cevidanes, DDS, MS, PhD Julia Harfin, DDS, PhD
Assistant Professor Chairman and Professor
Department of Orthodontics Department of Orthodontics
School of Dentistry Maimónides University
University of North Carolina Buenos Aires, Argentina
Chapel Hill, North Carolina
Hong He, DDS, MDS, PhD
William J. Clark, BDS, DDO Chair and Associate Professor
Orthodontist Department of Orthodontics
Fife, Scotland School of Stomatology
Key Laboratory for Oral Biomedical Engineering
R. Scott Conley, DMD Ministry of Education
Clinical Associate Professor Wuhan University
Department of Orthodontics and Pediatric Dentistry Wuhan, Hubei Province, China
University of Michigan
Ann Arbor, Michigan Haluk İs¸ eri, DDS, PhD
Professor and Chair
Tarisai C. Dandajena, DDS, MS, PhD Department of Orthodontics
Assistant Professor School of Dentistry
Department of Orthodontics Ankara University
College of Dentistry Ankara, Turkey
Assistant Professor
Department of Cell Biology Sunil Kapila, BDS, MS, PhD
College of Medicine Robert W. Browne Endowed Professor and Chair
University of Oklahoma Health Sciences Center Department of Orthodontics and Pediatric Dentistry
Oklahoma City, Oklahoma Program Director of Graduate Orthodontics
School of Dentistry
Nejat Erverdi, DDS, PhD University of Michigan
Professor Ann Arbor, Michigan
Faculty of Dentistry
Department of Orthodontics Hiroshi Kawamura, DDS, DDSc
Marmara University Professor and Chairman
Istanbul, Turkey Department of Maxillofacial Surgery
Visiting Professor Graduate School of Dentistry
Department of Orthodontics Tohoku University
School of Dentistry Sendai, Miyagi, Japan
University of Connecticut
Farmington, Connecticut

vii

C0165.indd vii 3/29/11 4:26:56 PM


viii Colaboradores

Jin Y. Kim, DDS Jeremy J. Mao, DDS, PhD


Resident in Orthodontics Professor
Department of Orthodontics Department of Orthodontics
College of Dental Medicine College of Dental Medicine
Columbia University University of Columbia
New York, New York New York, New York

Gregory J. King, DMD, DMSc James A. McNamara, Jr., DDS, MS, PhD
Moore Riedel Professor Thomas M. and Doris Graber Endowed Professor
Department of Orthodontics of Dentistry
School of Dentistry Department of Orthodontics and Pediatric Dentistry
University of Washington School of Dentistry
Seattle, Washington Professor of Cell and Developmental Biology
School of Medicine
Reha Kis¸ nis¸ ci, DDS, PhD University of Michigan
Professor Ann Arbor, Michigan
Department of Oral and Maxillofacial Surgery Research Professor
School of Dentistry Center for Human Growth and Development
Ankara University University of Michigan
Ankara, Turkey Ann Arbor, Michigan

Yukio Kitafusa, DDS, PhD Thomas F. Mulligan, DDS, MSD


Kitafusa Orthodontic Clinic Private Practice
Asahi City, Chiba Prefecture, Japan Phoenix, Arizona

Vincent G. Kokich, DDS, MSD Hiroshi Nagasaka, DDS, DDSc


Professor Clinical Professor
Department of Orthodontics Department of Maxillofacial Surgery
School of Dentistry Tohoku University
University of Washington Sendai, Miyagi, Japan
Seattle, Washington Director
Department of Oral Surgery and Dentistry
Miyagi Children’s Hospital
Gökmen Kurt, DDS, PhD
Sendai, Miyagi, Japan
Assistant Professor
Faculty of Dentistry
Department of Orthodontics Ravindra Nanda, BDS, MDS, PhD
University of Erciyes UConn Orthodontic Alumni Endowed Chair
Kayseri, Turkey Professor and Head
Department of Craniofacial Science
Chair
Harry L. Legan, DDS
Division of Orthodontics
Professor and Director
School of Dental Medicine
Department of Orthodontics
University of Connecticut Health Center
Vanderbilt University Medical Center
Farmington, Connecticut
Nashville, Tennessee

Peter Ngan, DMD


Steven J. Lindauer, DMD, MDSc
Professor and Chair
Norborne Muir Professor and Chair
Department of Orthodontics
Department of Orthodontics
West Virginia University
School of Dentistry
Morgantown, West Virginia
Virginia Commonwealth University
Richmond, Virginia

C0165.indd viii 3/29/11 4:27:21 PM


Colaboradores ix

Hyo-Sang Park, DDS, MSD, PhD Martin Styner, PhD


Department of Orthodontics Assistant Professor
School of Dentistry Departments of Psychiatry and Computer Science
Kyungpook National University University of North Carolina
Daegu, South Korea Chapel Hill, North Carolina

Carol Pilbeam, PhD, MD Junji Sugawara, DDS, DDSc


Professor of Medicine Visiting Clinical Professor
Department of Medicine Division of Orthodontics
University of Connecticut Health Center Department of Craniofacial Science
Farmington, Connecticut School of Dental Medicine
University of Connecticut
Birte Prahl-Andersen, DDS, PhD, FDSRCS (Edin) Farmington, Connecticut
Professor (Emeritus) and Former Chairman of the Director
Orthodontics Department SAS Orthodontic Centre
Department of Orthodontics Ichiban-cho Dental Office
Academic Centre for Dentistry Sendai, Miyagi, Japan
Amsterdam, The Netherlands
Visiting Professor Madhur Upadhyay, BDS, MDS
Faculty of Dentistry Fellow
West China College of Stomatology Division of Orthodontics
Sichuan University Department of Craniofacial Sciences
Chengdu China School of Dental Medicine
Honorary Professor University of Connecticut Health Center
Padjadjaran State University Farmington, Connecticut
Bandung, Indonesia
Flavio Andres Uribe, DDS, MDentSc
William R. Proffit, DDS, PhD Assistant Professor
Kenan Professor Division of Orthodontics
Department of Orthodontics Department of Craniofacial Sciences
School of Dentistry School of Dental Medicine
University of North Carolina University of Connecticut Health Center
Chapel Hill, North Carolina Farmington, Connecticut

Bhavna Shroff, DDS, MDentSc Serdar Üs¸ ümez, DDS, PhD


Professor and Graduate Program Director Associate Professor and Chairman
Department of Orthodontics Faculty of Dentistry
School of Dentistry Department of Orthodontics
Virginia Commonwealth University University of Gaziantep
Richmond, Virginia Gaziantep, Turkey

Pramod K. Sinha, DDS, BDS, MS Sunil Wadhwa, DDS, PhD


Affiliate Professor Charles Burstone Assistant Professor
Department of Orthodontics Department of Craniofacial Sciences
University of Washington School of Dental Medicine
Seattle, Washington University of Connecticut
Chair Farmington, Connecticut
Department of Health
Dental Quality Assurance Commission Kazunori Yamaguchi, DDS, PhD
Tumwater, Washington Professor and Chair
Division of Orofacial Functions and Orthodontics
Anoop Sondhi, DDS, MS Department of Growth and Development of Functions
Sondhi-Biggs Orthodontics Kyushu Dental College
Indianapolis, Indiana Kitakyushu, Fukuoka, Japan

C0165.indd ix 3/29/11 4:27:21 PM


x Colaboradores

Björn U. Zachrisson, DDS, MSD, PhD Candice Zemnick, DMD, MPH, MS


Professor II Director, Predoctoral Prosthodontics
Department of Orthodontics Associate Director, Maxillofacial Prosthetics
University of Oslo Department of Prosthodontics
Oslo, Norway College of Dental Medicine
Columbia University
New York, New York
Associate Fellow, American Academy of Maxillofacial,
Prosthetics

C0165.indd x 3/29/11 4:27:21 PM


DEDICATÓRIA

outros países. Sua habilidade excepcional como líder, combi-


nada com sua visão e trabalho duro, ajudou a fazer do Depar-
tamento de Ortodontia da Universidade de Oklahoma um dos
melhores do País. Por vários anos, o departamento tem atraído
alguns dos melhores alunos e ortodontistas de toda parte do
mundo. Muitos deles se tornaram clínicos de sucesso e muitos
mantêm posições proeminentes na Ortodontia Acadêmica e na
Odontologia. Ram também foi fundamental não só para guiar
nossa carreira, mas como a carreira de nosso irmão caçula,
Surender Nanda.
Ram e sua esposa, Pramod, celebraram o seu 50o aniversário
de casamento em 2007. Eles foram abençoados com 3 filhos,
Ruchi, um ortodontista, Mohit e Sumit, ambos cirurgiões de
retina, e oito netos amados.
Ram é reconhecido por sua contribuição a uma grande
variedade de tópicos em Ortodontia Clínica. Ele apresentou
numerosas palestras científicas tanto em congressos nacionais e
internacionais em tópicos, variando desde crescimento cranio-
facial ao resultado do tratamento ortodôntico e fricção de aces-
sórios ortodônticos. Ele publicou um livro, vários capítulos em
É um imenso prazer para nós dedicar este livro ao Dr. Ram Nanda livros renomados e mais de 150 artigos em periódicos que foram
como pequeno símbolo de nosso amor e gratidão por um dos bem recebidos pelo mundo. Durante seus primeiros dias na
mais eminentes líderes em Ortodontia. Ele tem sido uma fonte Ortodontia, seu trabalho em crescimento humano o levou a
constante de inspiração e um modelo para várias gerações de uma mudança de paradigma nos conceitos relacionados ao
ortodontistas ao redor do mundo. Sua orientação, através de crescimento e desenvolvimento craniofacial. Ele também pro-
ideias provocantes, contribuições na literatura e apresentações porcionou mudanças valorosas na clínica ortodôntica relacio-
científicas em vários níveis, desempenha um papel importante nada à contenção e estabilidade, aplicação de magnetos para
no desenvolvimento da Ortodontia moderna e no estabeleci- movimentação dentária, previsão do crescimento humano e
mento de uma abordagem mais científica e objetiva nesta área biomateriais.
das ciências da saúde. Em reconhecimento e apreciação ao seu trabalho incansável,
Ram se juntou ao Government Dental College em Lahore, Ram tem recebido prêmios e aclamação generalizada de vários
Índia, em 1945. Após a divisão da Índia, ele se mudou para lugares do mundo, incluindo o primeiro Prêmio de Pesquisa
Bombaim (agora Mumbai) e concluiu sua graduação em Edward H Angle; apontado como Professor Dotado no Depar-
Odontologia na Universidade de Bombaim em 1946. Em 1950, tamento de Ortodontia na Universidade de Oklahoma; Prêmio
ele foi para os Estados Unidos como colaborador do Forsyth de Oratória H.D. Merchant pela Sociedade Indiana de Ortodon-
Institute em Boston. Subsequentemente, ele procurou e con- tia; Prêmio Martin Dewey Memorial da Sociedade Sudoeste de
cluiu o doutorado em Crescimento Humano na Universidade Ortodontia; e sua coroação, Homenageado como Pai da Ortodon-
do Colorado em 1955. Ram retornou à Índia em 1955 e atuou tia Edgewise na Índia, pela Sociedade Indiana de Ortodontia.
como professor na Divisão de Ortodontia e Pediatria do Hos- Os vários alunos de Ram, amigos e admiradores o têm des-
pital e Colégio Odontológico de Lucknow, Índia. Mantendo crito sempre como um ilustre educador, clínico, pesquisador,
seus laços com os Estados Unidos, completou a sua especiali- mentor, exemplo e, acima de tudo, como um verdadeiro cava-
zação em Ortodontia na Escola de Odontologia da Universi- lheiro. A dedicatória deste livro em homenagem ao Ram serve
dade de Loyola, de 1959 a 1972. Em 1972, Ram foi recrutado como um pequeno símbolo de gratidão e apreciação de todos
como Diretor da Divisão de Odontologia do Desenvolvimento nós pelas suas contribuições altruístas à nossa profissão.
e Diretor do Departamento de Ortodontia no Colégio de Nossos sinceros agradecimentos a todos os colaboradores
Odontologia da Universidade de Oklahoma. Ele permaneceu envolvidos neste projeto merecedor e que apresentam alguns
nestes cargos até 2006. dos seus melhores trabalhos em homenagem ao Dr. Ram Sarup
De 1955 a 2006, Ram esteve envolvido ativamente ensinando Nanda.
as nuances da Ortodontia para centenas de alunos de graduação Ravi Nanda
e pós-graduação na Índia, nos Estados Unidos e em vários Sunil Kapila

xi

C0170.indd xi 3/29/11 5:04:05 PM


AGRADECIMENTOS
Nosso sincero obrigado a todos os colaboradores pela participação e união em nosso reconhecimento
de Ram Nanda. Sua participação foi imperativa para o sucesso deste projeto.
Nossos agradecimentos ao Dr. Madhur Upadhyay por sua ajuda na edição de vários capítulos.
Nosso obrigado sincero ao Sr. John Dolan, Editor Sênior, que apoiou e encorajou o desenvolvi-
mento deste livro. Este livro não poderia ter sido realizado sem a ajuda da Sra. Courtney Sprehe,
Editora de Desenvolvimento Sênior, que assumiu este livro desde o primeiro dia e o trouxe para a
realização com seu trabalho duro.

xii

C0175.indd xii 3/29/11 5:11:41 PM


PREFÁCIO

Terapias Atuais em Ortodontia é o primeiro livro de seu tipo a para Classe II, um método de tratamento para as maloclusões
buscar a ciência da Ortodontia sempre em evolução e sua Classe II que necessitam apenas de uma fase de tratamento e
relação com a ótima terapia e cuidados com o paciente. Ele é reduzem a necessidade de comprometimento do paciente. O
desenhado para ser uma referência clara e moderna para orto- Capítulo 12 avalia a melhor maneira de reconhecer e tratar a
dontistas e clínicos e para prover acesso a conceitos em Orto- síndrome da deficiência maxilar, enquanto o Capítulo 13
dontia no estado-da-arte. Líderes no campo da Ortodontia se enfoca a prevalência, etiologia, diagnóstico e tratamento da
juntaram para promover a base da Ortodontia contemporânea maloclusão Classe III. Ambos os Capítulos 14 e 15 abordam a
em um livro completo. A cobertura detalhada encaminha o mordida aberta. O Capítulo 14 trata da classificação, mecanis-
leitor através do diagnóstico e plano de tratamento; manejo das mos e implicações clínicas da mordida aberta, incluindo a
discrepâncias transversas, sagitais e verticais; controle tanto dos respiração bucal, e o Capítulo 15 mostra as características do
casos de adultos como dos casos complexos; e aplicação da padrão esqueletofacial vertical excessivo e os diferentes meca-
biomedicina no tratamento ortodôntico. nismos para sua correção. A Parte II finaliza com o Capítulo
Uma área essencial avaliada neste livro é o manejo dos casos 16, que aborda a sobremordida profunda, três opções de trata-
em adultos. Como muitos adultos buscam tratamento ortodôn- mento e a utilização de implantes para a correção da mordida
tico, hoje o ortodontista deve ter um bom entendimento das profunda.
melhores maneiras de tratar o paciente adulto. A Parte III, A Parte III, Manejo de Casos Complexos e em Adultos,
Manejo de Casos Complexos e em Adultos, se concentra no inicia pela visualização de como a condição periodontal pode
tratamento de pacientes adultos e nos seus problemas e questões afetar o tratamento ortodôntico em pacientes adultos no Capí-
específicos. tulo 17. O Capítulo 18 revisa uma abordagem para o trata-
mento projetada pelo autor do capítulo que se destina à
estabilização do fechamento de diastema sem a necessidade de
ORGANIZAÇÃO
contenção permanente. O Capítulo 19 apresenta um panorama
Parte I, Diagnóstico e Tratamento Ortodônticos, começa pela sobre a mecânica contínua e segmentada, introduz o conceito
visualização do impacto que o tratamento ortodôntico pode ter de mecânica seccionada híbrida e utiliza princípios biomecâ-
na qualidade de vida do paciente e no sistema de saúde baseado nicos para discutir os prós e contras de cada uma destas abor-
em valores no Capítulo 1 e continua para apresentar quais dagens. O Capítulo 20 enfoca a apneia do sono, incluindo seu
fatores afetam o comprometimento do paciente com o trata- diagnóstico e vários tratamentos. O Capítulo 21 avalia a
mento e como melhorá-lo no Capítulo 2. O Capítulo 3 analisa importância da estética dentária, apresentando um método
como a morfologia facial e as variações no desenvolvimento sistemático de avaliação da estética dentofacial em uma
podem influenciar o tempo e a metodologia do tratamento. O maneira lógica e interdisciplinar. O Capítulo 22 revisa a utili-
Capítulo 4 revisa o Prescale Occluzer Dentário, enquanto o zação de dispositivos de ancoragem temporária durante a
Capítulo 5 mostra como um sistema totalmente automatizado, rotina do tratamento ortodôntico e o Capítulo 23 estuda o
voxel sensível, com registro rígido na base craniana e métodos desenvolvimento e utilização de microimplantes. O Capítulo
de superposição tridimensional são utilizados para avaliar 24 se destina ao sistema de ancoragem esquelética, que foi
estruturas anatômicas mal posicionadas. Ambos os Capítulos 6 desenvolvido pelos autores do capítulo e envolve a utilização
e 7 apresentam bráquetes, iniciando com o processo de colagem de minimplantes de titânio e parafusos monocorticais para
dos bráquetes (e outros acessórios) no Capítulo 6, seguido pelo ancoragem absoluta. A Parte III finaliza com o Capítulo 25,
impacto que a própria seleção do bráquete e sua colagem podem com uma visão sobre a técnica conhecida como distração
ter no resultado final do tratamento. A Parte I conclui com o dentoalveolar, que é uma técnica relativamente nova que con-
Capítulo 8, que aborda a importância das pesquisas de longo segue um movimento rápido do dente utilizando os princípios
prazo, acompanhamento de pesquisas clínicas e informações da distração osteogênica.
baseadas em experiências sobre terapia ortodôntica e como isso A Parte IV, Biomedicina Aplicada à Ortodontia, conclui o
deve ser incorporado no planejamento dos tratamentos. livro com uma discussão da mecanotransdução no Capítulo 26.
Parte II, Manejo Clínico das Discrepâncias Sagital e Verti- O Capítulo 27 é direcionado à reabsorção radicular ortodôn-
cal, começa com o Capítulo 9, que enfoca a distinção entre tica e, finalmente, o Capítulo 28 enfoca os maiores desafios
Ortodontia e Ortopedia Facial e os diferentes efeitos dessas duas clínicos na reconstrução craniofacial, as abordagens clínicas
abordagens na correção das deformidades dentofaciais. O Capí- para o seu manejo e as abordagens emergentes em engenharia
tulo 10 mostra três tipos de aparelhos funcionais (removível, de tecidos e biologia de células-tronco para a obtenção de
fixo e híbrido) e como eles são utilizados no tratamento da reconstruções dentárias, bucais e de defeitos craniofaciais
maloclusão Classe II. O Capítulo 11 revisa a terapia combinada baseadas na biologia.

xiii

C0180.indd xiii 3/29/11 6:08:51 PM


xiv Prefácio

COLABORADORES NOTA DOS EDITORES


Um livro desta natureza é o produto de numerosos colaborado- Este livro não é para ser um compêndio de todo aspecto da
res, muitos dos quais passaram suas carreiras desenvolvendo Ortodontia. A ideia das terapias atuais é entender como as pes-
maneiras de avançar nossa profissão. A reunião deste grupo quisas de hoje afetam o ótimo tratamento dos pacientes. É nossa
distinto de clínicos e professores de todas as partes do mundo esperança que este livro sirva tanto para o ortodontista como
resultou em um livro abrangente sobre a Ortodontia Contem- para o clínico geral, na atualização sobre os últimos avanços nas
porânea que engloba toda a sua experiência e habilidade. questões atuais neste campo de evolução contínua.
Ravi Nanda
Sunil Kapila

C0180.indd xiv 3/29/11 6:09:13 PM


SUMÁRIO

PARTE I: Diagnóstico e Tratamento Ortodônticos 16. Etiologia, Diagnóstico e Tratamento da


Sobremordida Profunda, 186
1. Qualidade de Vida como Indicação para o Madhur Upadhyay e Ravindra Nanda
Tratamento Ortodôntico, 3
Birte Prahl-Andersen
2. Cooperação do Paciente na Prática Ortodôntica, 9 PARTE III: Manejo de Casos Complexos
Pramod K. Sinha e em Adultos
3. Abordagem Biológica e Cefalomórfica no 17. Tratamento Ortodôntico em Pacientes
Diagnóstico e Tratamento, 15 Adultos com Inserção Periodontal Reduzida, 201
Leonard S. Fishman Julia Harfin
4. Padrões Oclusais em Pacientes Ortodônticos: 18. Diastemas: A Contenção Permanente é Realmente
Utilização do Sistema de Medição da Força Oclusal, 27 Necessária? 215
Yukio Kitafusa Thomas F. Mulligan
5. Superposição Tridimensional para Quantificação 19. Otimizando a Biomecânica em Casos Complexos
dos Resultados do Tratamento, 36 e Comprometidos, 228
Lucia H.S. Cevidanes, Martin Styner Sunil Kapila e R. Scott Conley
e William R. Proffit 20. O Papel da Ortodontia na Apneia Obstrutiva
6. Adesivos e Colagem em Ortodontia, 45 do Sono, 251
Serdar Üşümez e Nejat Erverdi R. Scott Conley e Harry L. Legan
7. O Impacto da Seleção e Posicionamento 21. Otimizando a Estética para o Paciente
do Bráquete na Expressão do Movimento Interdisciplinar, 266
Dentário e dos Detalhes de Finalização, 68 Vincent G. Kokich
Anoop Sondhi 22. Dispositivos de Ancoragem Temporária:
8. Ortodontia de Qualidade: Desafiando as Oportunidades e Desafios Biomêcanicos, 278
Tendências Populares, 78 Bhavna Shroff e Steven J. Lindauer
Björn U. Zachrisson 23. O Uso de Microimplantes na
Ortodontia, 291
PARTE II: Manejo Clínico das Discrepâncias
Hyo-Sang Park
Sagital e Vertical
24. Distalização de Molares com Ancoragem
9. Objetivos do Tratamento Funcional, 87 Esquelética em Pacientes sem Crescimento, 301
William J. Clark Junji Sugawara, Hiroshi Nagasaka,
10. Aparelhos Funcionais Híbridos para o Manejo das Hiroshi Kawamura e Ravindra Nanda
Maloclusões de Classe II, 103 25. Biomecânica do Movimento Dentário Rápido
Tarisai C. Dandajena através da Distração Osteogênica
11. Terapia Combinada para Classe II: Distalização Dentoalveolar, 321
de Molar e Aparelhos Ortopédicos Fixos, 115 Haluk İşeri, Gökmen Kurt e Reha Kişnişci
S. Jay Bowman
12. Síndrome da Deficiência Maxilar, 137
PARTE IV: Biomedicina Aplicada à Ortodontia
James A McNamara Jr.
13. Protração Maxilar Efetiva para Pacientes 26. Mecanotransdução de Forças Ortodônticas, 341
Classe III, 143 Sunil Wadhwa, Ravindra Nanda e Carol Pilbeam
Peter Ngan e Hong He 27. Reabsorção Radicular Ortodôntica, 353
14. Considerações Etiológicas e Terapêuticas Gregory J. King
da Mordida Aberta, 159 28. Restauração dos Defeitos Bucais e Craniofaciais
Kazunori Yamaguchi por Abordagens com Células-Tronco
15. Mecânicas Eficientes e Aparelhos para Corrigir e Bioengenharia, 359
Excesso Vertical e Mordida Aberta, 171 Jin Y. Kin, Candice Zemnick e Jeremy J. Mao
Flavio Andres Uribe e Ravindra Nanda Índice, 371

xv

TOC.indd xv 3/25/11 2:59:57 PM


Página deixada intencionalmente em branco

C0125.indd 1 4/6/11 11:53:03 AM


Diagnóstico e
Tratamento
Ortodônticos
PA R T E

I
Página deixada intencionalmente em branco

C0125.indd 1 4/6/11 11:53:03 AM


C ap í t u lo
1
Qualidade de Vida como
Indicação para o
Tratamento
Ortodôntico
Birte Prahl-Andersen

O
mundo está encarando uma grande demanda pela pre­ Ortodontia Baseada Em Evidências
venção de doenças e cuidados com a saúde. A conse­
quência dessa demanda é a solicitação crescente de Os valores de “evidência” e “custos” podem ser vistos eticamente
financiamento público e privado. Para lidar com este pedido de direcionados para dois objetivos diferentes: a medicina baseada
fundos, somente os casos de necessidades baseadas em evidên­ em evidências refere-se à ética de um individuo (tornando tudo
cias científicas sólidas devem receber financiamento. possível para o paciente), enquanto que a relação custo-benefício
As demandas crescentes e o aumento dos custos requerem alude à ética social (ganho máximo na saúde de uma população
que os profissionais analisem as estratégias de tratamento e a partir de um orçamento finito). Em geral, a respeito da medic­
prevenção para se assegurar de que estas não sejam resultados, ina baseada em evidências e da relação custo-benefício, o senso
apenas, de pressões dos pacientes ou de uma busca pessoal do comum é que a medida dos resultados utilizados em ensaios
ortodontista. É imperativo que as ações tomadas pelos profis­ clínicos deve ser o mais relevante possível para o paciente e
sionais aumentem a qualidade de vida de um paciente específico inclui os efeitos na qualidade de vida. A mensuração da quali­
e tragam benefício à população em geral. dade de vida deve ser baseada nos valores dos consumidores se
Quando o foco de atenção é a qualidade de vida associada à o tratamento ortodôntico estiver presente como parte de siste­
saúde bucal em relação à Ortodontia, é importante perceber mas públicos de saúde.
que, para a maioria da população mundial, o tratamento Sobre os tratamentos ortodônticos com base em evidência
ortodôntico não é uma prioridade; as prioridades são obter as (salvo algumas exceções), novos métodos e materiais são pro­
necessidades básicas da vida, tais como, alimentação, moradia e postos frequentemente sem interesses genuínos nos testes
roupas. Além disso, a pesquisa sobre a demanda por tratamento experimentais por profissionais de Ortodontia ou pelas indús­
de doenças orais, muitas vezes usa um questionário autoadmi­ trias.3,4 Os ortodontistas podem trocar os materiais ou os
nistrado, por isso o paciente deve ser capaz de ler. Portanto, os métodos de tratamento utilizados frequentemente na clínica
únicos dados científicos disponíveis sobre esta questão vêm do diária sem a evidência científica necessária para suportar esta
mundo desenvolvido. mudança. Embora algumas regras estejam disponíveis, nenhuma
Se pacientes com malformações craniofaciais e malo­ medida reguladora consistente foi implementada para moni­
clusões necessitarem de tratamento ortodôntico, a decisão de torar a segurança, o custo e a eficácia do processo primário no
tratar ou não deve ser baseada em valores do consumidor.1,2 tratamento ortodôntico.
Geralmente, em um sistema de saúde com base em valores
financeiros, as decisões devem ser tomadas utilizando-se o
Necessidade De Tratamento Ortodôntico
conhecimento dos resultados de avaliações científicas de pro­
gramas de prevenção e métodos de tratamento. Os principais O interesse atual nas orientações relativas às indicações de trata­
valores a serem abordados são evidência científica, necessi­ mento ortodôntico não é novo. Diferentes métodos para se
dade e custos (Fig. 1-1). avaliar a necessidade de tratamento ortodôntico têm sido

3
4 Parte I   Diagnóstico e Tratamento Ortodônticos

na qualidade de vida de um indivíduo não pode ser observada


como tarefa para o financiamento público. Isso levanta questões
tais como “é legítimo se utilizar de recursos do sistema público
de saúde para [pessoas com um] risco de estresse psicossocial?”12
e “como poderiam ser gerenciados os transtornos dismórficos
corporais em adolescentes e adultos?”.13
Na Dinamarca, o financiamento feito por terceiros é fornecido
pelo serviço ortodôntico comunitário e 29% de todas as crianças
são tratadas ortodonticamente. Na Noruega, com a associação
dos financiamentos público e privado de atendimento ortodôn­
tico, estima-se que 35% das crianças são tratadas.12 Parece que a
função de “porteiro” (profissional envolvido no processo de
seleção) não é um problema na Escandinávia, entretanto, pode
Fig. 1-1 Sistema de saúde com base em valores. Valores envolvi­
dos nas decisões do tratamento. ser em outros países europeus e nos Estados Unidos pelo fato de
este profissional ser também o provedor do serviço em saúde. Esta
descritos nos últimos 50 anos, incluindo Desvios Lábio-linguais é uma situação indesejável porque pode promover a utilização
Incapacitantes (DLI), Índice de Prioridade de Tratamento (IPT), abusiva de recursos financeiros ou até o sobretratamento.
Maloclusões Incapacitantes, Índices Oclusais (IO) e Índice de Na Holanda, um estudo epidemiológico nacional mostrou
Estética Dental (IED). Esses métodos são fundamentados em que um aumento nos tratamentos ortodônticos realizados entre
uma comparação entre maloclusão e oclusão normal ou ideal, 1990 e 1996 não melhorou a saúde bucal de pacientes com
assim como no pressuposto de que “quanto maior o desvio da 20 anos de idade em termos da prevalência de maloclusões, da
norma, maior o risco de problemas”. Solow5 questiona correta­ demanda de tratamento ortodôntico e satisfação com o posi­
mente a validade dessa suposição por causa de os valores limi­ cionamento dentário.14 Esses achados são condizentes com uma
tantes empregados nos índices serem arbitrários. Por exemplo, revisão sistemática da literatura iniciada pelo Swedish Council
seria impossível demonstrar qualquer diferença no risco on Technology Assessment in Health Care (2005).15 Uma solução
envolvido em se ter um transpasse horizontal logo acima ou integral para esses dilemas ainda não foi apresentada.
logo abaixo de qualquer limite específico em milímetros. A validade da “melhoria na qualidade de vida” como uma indi­
O sistema sueco6 tem como base uma graduação de vários cação para o tratamento ortodôntico ainda precisa ser fundamen­
tipos de maloclusão em quatro categorias. Uma criança é clas­ tada. No entanto, poucas ferramentas para a medição da qualidade
sificada na categoria que cobre o desvio mais grave. O Index of de vida relacionada à saúde bucal foram desenvolvidas, especial­
Orthodontic Treatment Need (IOTN),7 o Need for Orthodontic mente considerando crianças. Medidas apropriadas da qualidade de
Treatment Index (NOTI)8 e o Index of Complexity, Outcome, vida relacionada à saúde bucal podem ser utilizadas para a avaliação
and Need (ICON)9 são fundamentados no mesmo princípio do tanto da necessidade quanto do resultado das intervenções da pers­
sistema sueco. Infelizmente, esses sistemas não podem ser uti­ pectiva do indivíduo em questão ou da população estudada.
lizados internacionalmente. Um estudo holandês sobre a confi­
abilidade e validade concluiu que o ICON precisava ser ajustado
Perspectiva Psicológica
para a percepção holandesa específica de necessidade de trata­
mento ortodôntico.10 Este fato provavelmente é verdadeiro para Nos anos 1980 uma vasta quantidade de pesquisas analisou os
outros países e culturas também. significados psicológicos da aparência facial e das maloclusões.16-19
A análise da necessidade de tratamento individual é um pro­ A classe social, raça, idade e gênero não pareciam influenciar a
cesso que varia em diferentes países, dependendo da estrutura percepção da aparência facial e dentária em crianças. Há pouca
do sistema de saúde e do tratamento ortodôntico. Idealmente, evidência disponível sobre as mudanças nas interações sociais e
pacientes, ortodontistas e terceiros devem concordar com um pessoais como resultado do tratamento ortodôntico ou sobre
método para a distribuição dos recursos financeiros. A quantia quanto tempo duram as mudanças na autoimagem e uma pos­
disponível para o tratamento ortodôntico em cada país deve ser sível melhora no relacionamento social após o tratamento.20,21
equilibrada com a demanda da população. A respeito da “estética dos dentes”, a autopercepção nos
Em 1990 o sistema dinamarquês foi introduzido com base adultos que estão ou já estiveram em tratamento ortodôntico,22
nos riscos relacionados com as maloclusões.11 Pela incorporação as diferenças nos resultados entre estudos pode ser atribuída à
explícita de uma análise de riscos à saúde, esta abordagem difere utilização de ferramentas de análise distintas. As maiores
dos outros sistemas de seleção. Esse modelo analisa os seguintes mudanças nos últimos 40 anos no mundo desenvolvido têm
riscos à saúde: influenciado as atitudes na direção da aparência física. Essas
• Risco de danos aos dentes e tecidos adjacentes mudanças incluem o seguinte:23
• Risco de desordens funcionais • Aumento da renda disponível
• Risco de estresse psicossocial • Expansão da mídia e imprensa
• Risco de sequelas tardias • A impressão de que uma aparência jovem e atraente ajuda a
O problema do sistema dinamarquês (em uma sociedade com obtenção de sucesso no ambiente de trabalho (com prêmios
demanda crescente de tratamento ortodôntico) é que a melhoria financeiros associados) e social
Capítulo 1   Qualidade de Vida como Indicação para o Tratamento Ortodôntico 5

• Maior e mais publicidade destinada aos consumidores 1996) foi empregada. A validade, confiabilidade e capacidade de
• A possibilidade de corrigir uma condição permite que interpretação e de resposta foram testadas também. O COHIP
pessoas considerem a condição inaceitável foi adotado na Holanda e nos Estados Unidos.
A “beleza é um sistema monetário e como o padrão ouro, As ferramentas utilizadas para medir a qualidade de vida
merece muito capital. As mulheres ocidentais têm sido contro­ relacionada à saúde bucal devem se concentrar na discrimina­
ladas por ideais e estereótipos, padrões de beleza de propagan­ ção entre os diversos sistemas de saúde e devem fazer a distin­
das sensuais e poderosas manipulações de mercado”.24 Talvez ção entre as pessoas com condições clínicas e bucais diferentes
Strauss23 esteja correto quando sugere que quanto mais se con­ e as pessoas com condições orofaciais iguais, porém com níveis
trola uma variação física, menos ela parece ser tolerada. de gravidade diferentes. As ferramentas devem funcionar como
O conceito de qualidade de vida, dependendo do ponto de vista um instrumento de medida rápido e autoadministrado. A espe­
do paciente sobre aceitação e rejeição de sua aparência, força a rança é que um formato amigável ao usuário facilite a utiliza­
profissão a examinar mais profundamente o processo social e ção destes instrumentos na prática clínica e nas pesquisas
psicológico que forja a autopercepção da aparência. Medidas internacionais. Os seguintes assuntos devem ser analisados no
genéricas ou específicas para doenças desenvolvidas nos anos 1990 questionário:
não são apropriadas para o uso com condições bucais ou orofa­ • Sintomas bucais
ciais e não são apropriadas especificamente para o estudo de cri­ • Bem-estar funcional
anças. Além disso, é importante que tais medidas ou instrumentos • Bem-estar emocional
se adaptem aos conceitos contemporâneos de saúde, assim como • Interação interpessoal
complementem as medidas clínicas tradicionais utilizadas nas pes­ • Impacto familiar e escolar
quisas e na clínica diária. Como a Organização Mundial de Saúde O estudo corporativo internacional para se desenvolver o
(OMS) afirmou em 1959, saúde representa mais que ausência de COHIP incluiu membros da França, Holanda, dos Estados
doença. Os conceitos atuais de saúde reconhecem que existem Unidos, Grã-Bretanha, Canadá, Hong Kong, África do Sul, Nova
aspectos positivos e negativos da saúde e seus efeitos. Tal percepção Zelândia e Argentina.27 O objetivo deste estudo foi examinar
deve ser medida com ferramentas válidas e confiáveis. todos os passos necessários para o desenvolvimento de um
Até a presente data, apenas poucos questionários sobre a questionário que possa ser utilizado em países com culturas
qualidade de vida relacionada às condições bucais em crianças diferentes. As etapas analisadas incluem geração de item, vali­
foram publicados.25 Estes questionários, geralmente, não são dade da face, redução de item e confiança.
aplicáveis em diferentes culturas e a seleção das questões precisa Na Holanda, o estudo avaliou 514 crianças que estão estudando
de adaptação. Os testes de validade e confiabilidade de um ques­ e mostrou que uma frequência média de escores para crianças com
tionário melhorado foram realizados em instituições internacio­ anormalidades craniofaciais (respostas das próprias crianças e dos
nais. Quando se desenvolve e se testa um Child Oral Health responsáveis) foi maior do que aquela para crianças com malo­
Impact Profile (COHIP), a abordagem do impacto em múltiplos clusões e que o impacto da maloclusão na qualidade de vida não foi
estágios (como descrito por Juniper, Guyatt e Jaeschke26 em significativo (Fig. 1-2). Nenhuma diferença cultural foi encontrada.

Fig. 1-2 Resultados de Amsterdã: nacionalidades da amostra. Distribuição das crianças escolares
de acordo com a origem, como relatado no estudo utilizando o Child Oral Health Impact Profile
(COHIP); 23% das crianças eram holandesas “puro sangue” (pai e mãe holandeses).
6 Parte I   Diagnóstico e Tratamento Ortodônticos

­ echnology Assessment in Health Care, apenas o overjet acen­


T
tuado, overbite e erupção ectópica dos caninos são fatores de
risco na saúde bucal pediátrica.15

Custos
Nenhum inventário da relação custo-benefício do tratamento
ortodôntico foi realizado e poucos estudos sobre custo-benefício
foram executados. Uma revisão da literatura para a evidência
científica da relação custo-benefício do tratamento ortodôntico
revela desenho de estudos deficientes, resultados dos tratamen­
tos inconsistentes, amostras de tamanho pequeno e viés de pu­­
blicação (apenas resultados positivos publicados).
Os estudos clínicos randomizados (ECR) prospectivos são o
estado da arte. No entanto, a Ortodontia produziu evidências
científicas apenas superficiais com respeito à relação custo-
benefício dos tratamentos ortodônticos. Uma exceção é o estudo
holandês sobre a relação custo-benefício do tratamento orto-
Fig. 1-3 Gráfico tipo Caixa Suíça dos custos médicos diretos
pédico pré-cirúrgico (TOPC) em pacientes com fenda labial e
para o tratamento das crianças com (vermelho) e sem (azul) trata­
mento ortopédico pré-cirúrgico (TOPC). Dados coletados em três palatina29 (Fig. 1-3). Um inconveniente dos ECR é que a gene­
centros holandeses para o tratamento de fendas. ralização para outros grupos pode ser imprópria devido à pos­
sibilidade de viés de seleção.
Frequentemente, uma situação “ganho-ganho-ganho” deve
Uma diferença importante foi encontrada apenas entre meninos e ser embasada no seguinte:
meninas, com as meninas sendo mais afetadas que os meninos.28 1. Um “ganho” para os pacientes devido à evidência consistente
Os resultados dos Estados Unidos foram baseados nas respos­ dos resultados dos tratamentos, ótima informação, dor
tas de 157 pacientes pediátricos, 152 pacientes ortodônticos, 111 mínima e estrutura financeira acessível.
pacientes craniofaciais e 105 de uma amostra da comunidade. 2. Um “ganho” para os profissionais de saúde devido às recom­
Os resultados deste estudo internacional27 podem ser resu­ pensas pela competência, entrega de um serviço de alto
midos da seguinte maneira: padrão, utilização de novas medidas validadas e preservação
1. COHIP demonstrou valores psicométricos. da profissão.
2. Crianças com malformações craniofaciais apresentaram 3. Um “ganho” para a sociedade devido à responsabilidade
maior impacto negativo na qualidade de vida relacionada à clínica, acesso aumentado, contenção de custos e ligação da
saúde bucal. oferta de tratamento ortodôntico à população necessitada.
3. Entre os pacientes ortodônticos, uma relação inversamente Para garantir que a qualidade do tratamento ortodôntico
proporcional foi encontrada entre a extensão do overjet e a seja acessível para aqueles que necessitam e a querem, um
qualidade de vida. equilíbrio deve ser obtido entre as necessidades reais e os recur­
4. Entre os pacientes pediátricos, as lesões de cárie maiores sos. Este problema tem sido abordado pelo projeto Euro-Qual,
foram associadas a menos qualidade de vida. onde foram desenvolvidos, com o apoio da Comissão Europeia,
Portanto, o COHIP pode ser considerado um instrumento uma política para o tratamento ortodôntico, um manual de
de medida válido e descritivo que pode ser utilizado internacio­ qualidade e um banco de dados30,31 (Fig. 1-4).
nalmente para medir a qualidade de vida em relação às condições Em muitos casos, as demandas para o tratamento são regidas
orais. pelo ambiente dos pacientes. Infelizmente, os valores sociais são
focados fortemente na beleza externa. Como afirmado, pacientes
com malformações craniofaciais têm 100% de necessidade de
Necessidade Versus Demanda
tratamento e os recursos devem estar disponíveis para o trata­
Tradicionalmente, pode ser feita uma distinção entre necessi­ mento destes pacientes. Crianças com malformações craniofa­
dade e demanda, e estas diferenças não podem ser confundi­ ciais raramente podem viver com o “mito da beleza”. A demanda
das. A necessidade de tratamento é a avaliação do ortodontista para o tratamento é ditada pelo desejo dos pais e para que o
de uma necessidade de se realizar um tratamento. Demanda paciente seja capaz de viver uma vida normal sem que os outros
é o desejo do tratamento expresso pelo paciente. Quando o os fiquem olhando. Os pacientes não necessitam vencer um con­
paciente pergunta “Minha mordida vai melhorar?” ou “Meus curso de beleza para serem felizes, basta que pareçam “normais”.
dentes vão durar por mais tempo”, o que ele realmente quer Como afirmado, o tratamento das crianças com malo­
é se apresentar o melhor possível para o mundo. clusões com base no valor deve ser focado no efeito sobre a
A necessidade de tratamento ortodôntico é inquestionável qualidade de vida do paciente. As principais chaves para o
para crianças com deformidades craniofaciais graves ou fendas sucesso são a evidência científica, a necessidade e a relação
labiais e palatinas. De acordo com o Swedish Council on custo-benefício. A “qualidade de vida” é uma noção subjetiva,
Capítulo 1   Qualidade de Vida como Indicação para o Tratamento Ortodôntico 7

REFERÊNCIAS
1. Cunningham SJ, Hunt NP: Quality of life and its importance
in orthodontics, J Orthod 28:152-158, 2001.
2. Vig KWL, Weyant R, O’Brien K, Bennet E: Developing outcome
measures in orthodontics that reflect patient and provider
values, Semin Orthod 5:85-95, 1999.
3. O’Brien K, Wright J, Conboy F et al: Effectiveness of early
orthodontic treatment with the twin-block appliance: a multi-
center, randomized, controlled trial. Part 2. Psychosocial
effects, Am J Orthod Dentofacial Orthop 124:488-494, 2003.
4. Tulloch JFC, Philips C, Proffit WR: Benefi t of early Class II
treatment: progress report of a two-phase randomized clinical
trial, Am J Orthod Dentofacial Orthop 113:62-72, 1998.
Fig. 1-4 Possíveis variações no financiamento do tratamento 5. Solow B: Orthodontic a screening and third party financing
ortodôntico de acordo com os recursos financeiros disponíveis em (guest editorial), Eur J Orthod 17:79-83, 1995.
relação à indicação de tratamento. 6. Socialstyrelsen: Anvisningar for journal foringinom folktand-
vardens tandregleringsvard. Kungl Medicinalstyrelsens cirku-
lar den 21 Februari 1966. Linder-Aronson S. Orthodontics in
com significados diferentes para as pessoas, e muda com o the Swedish public dental services, Trans Eur Orthod Soc, 1974,
passar do tempo. Os esforços dos profissionais em Ortodon­ pp 233-240.
tia devem ser contínuos para manter o passo com as mudan­ 7. Brook P, Shaw WC: The development of an index of orthodon-
tic treatment priority, Eur J Orthod 11:309-320, 1989.
ças nessas questões.
8. Espeland LV, Stenvik A, Medin L: Concern for dental appear-
ance among young adults in a region with non-specialist
Conclusão ­orthodontic treatment, Eur J Orthod 15:17-25, 1993.
9. Daniels CP, Richmond S: The development of an Index of
Idealmente, as indicações ou a necessidade de tratamento Complexity, Outcome, and Need (ICON), J Orthod 27:149-
ortodôntico devem ser ditadas pelo seu impacto na saúde 162, 2000.
bucal e na qualidade de vida do paciente. Maloclusões que 10. Louwerse TJ, Aartman IHA, Kramer GJC, Prahl-Andersen B:
influenciam a saúde bucal são overjet excessivo, erupção The reliability and validity of the Index of Complexity,
ectópica dos caninos e hipodontias graves. Se a indicação Outcome, and Need for determining treatment need in Dutch
para o tratamento ortodôntico utilizado em países desen­ orthodontic practices, Eur J Orthod 28:58-64, 2006.
volvidos é definida pela ideia de que o tratamento representa 11. Sundhedsstyrelsen. Memorandum on orthodontic screening
and indications for orthodontic treatment, Copenhagen,
uma melhoria na qualidade de vida do paciente, ela deve ser
1990, Danish National Board of Health.
mantida. Há pouca evidência científica disponível para 12. Stenvik S, Torbjornson TE: Hvem gjor hva innenfor ortodon-
apoiar a hipótese de que o tratamento ortodôntico melhore tien? Tandlagebladet 111:6-11, 2007.
a qualidade de vida do paciente. Pode ser questionado que, 13. Hepburn S, Cunningham S: Body dysmorphic disorder in
no mundo desenvolvido, muitos pacientes tratados ortodon­ adult orthodontic patients, Am J Orthod 130:569-574, 2006.
ticamente desperdicem recursos financeiros que poderiam 14. Kieft JA, Kalsbeek H, Eijkman MAJ. Patient satisfaction of
ser utilizados mais efetivamente em outras questões de saúde. orthodontic-treated and non-treated persons, abstract 2643,
Utilizando-se a filosofia do “mercado livre”, os pacientes 1998, International Association for Dental Research.
devem ser capazes de receber tratamento se tiverem seguros 15. Bettavvikelser och tandreglering i ett h lsoperspektiv. En sys-
com cobertura, ou em outras palavras, se eles mesmos tematisk litteraturoversikt. Swedish Council on Technology
pagarem pelo tratamento ortodôntico padrão. Assessment in Health Care, 2005, SBU.
16. Kenealy P, Frude N, Shaw W: An evaluation of the psychologi-
cal and social effects of malocclusion: some implications for
Agradecimentos dental policy making, Soc Sci Med 28:583-591, 1989.
17. Jenny J, Cons NC, Kohout FJ, Frazier PJ: Test of a method to
Forças econômicas e sociais estão criando a necessidade de um determine socially acceptable occlusal conditions, Community
sistema de saúde efetivo e eficiente. O objetivo da minha con­ Dent Oral Epidemiol 8:424-433, 1980.
tribuição para este livro é, em primeiro lugar, homenagear um 18. Tesco LA, Albino JE, Cunat JJ et al: A dental-facial attractive-
amigo de longa data. Ram Nanda visitou Nijmegen nos Países ness scale. Part II. Consistency of perception, Am J Orthod
Baixos em 1968 e desde então temos acompanhado a carreira 83:44-46, 1983.
um do outro por meio de nosso interesse mútuo em cresci­ 19. Albino JE, Lawrence SD, Tedesco LA: Psychological and social
mento e desenvolvimento. Tanto Ram como eu experimenta­ effect of orthodontic treatment, J Behav Med 17:81-98,
mos o que significa ser um estrangeiro em outros países, onde 1994.
20. O’Brien K, Kay L, Fox D, Mandall N: Assessing oral health
nós passamos muitos anos de nossas vidas profissionais. Os
outcomes for orthodontics: measuring health status and
Estados Unidos foram abençoados com um professor gentil e quality of life, Community Dent Health 15:22-26, 1998.
um pesquisador dedicado por muitos anos.
8 Parte I   Diagnóstico e Tratamento Ortodônticos

21. De Oliveira CM, Sheiham A: Orthodontic treatment and its B, editor: Quality of life and pharmacoeconomics in clinical
impact on oral health-related quality of life in Brazilian ado- trials, Philadelphia, 1996, Lippincott-Raven, pp. 49-56.
lescents, J Orthod 31:20-27, 2004. 27. Broder HL, Jokovic A, Prahl-Andersen B et al: Developing the
22. Bernabe E, Kresevic VD, Cabrejos SC et al: Dental esthetic Child Oral Health Impact Profile: an international study, J
self-perception in young adults with and without Dent Res 81:433, 2002 (special issue A).
previous orthodontic treatment, Angle Orthod 76:412-416, 28. Calis EM, Prahl-Andersen B, Zentner A. Oral health-related
2006. quality of life and dental aesthetics of schoolchildren in Amster-
23. Strauss R: Surgery, activism and aesthetics: a sociological per- dam, J Dent Children, 2008 (in press).
spective on treating facial disfi gurement. In Lucker GW, 29. Severens JL, Prahl C, Kuijpers-Jagtman AM, Prahl-Andersen
Ribbens KA, McNamara JA, editors: Psychological aspects of B: Short-term cost-effectiveness analysis of presurgical ortho-
facial form, Ann Arbor, Mich, 1980, Center for Human Growth pedic treatment in children with complete unilateral cleft lip
and Development, pp. 210-213. and palate, Cleft Palate Craniofac J 35:222-226, 1998.
24. Wolf N: Beauty myth London, 1990, Vintage, Random 30. Njio BJ, Stenvik A, Ireland RS, Prahl-Andersen B, editors:
House. European orthodontic quality manual, Biomedical and Health
25. Jokovic A, Locker D, Stephens M et al: Validity and reliability Research 31, Amsterdam, 1999, IOS Press.
of a questionnaire for measuring child oral-health-related 31. Njio BJ, Prahl-Andersen B, ter Heege G, et al: editors: Quality
quality of life, J Dent Res 81:459-463, 2002. of orthodontic care: a concept for collaboration and responsi-
26. Juniper EF, Guyatt GH, Jaeschcke R: How to develop and vali- bilities, Biomedical and Health Research, vol 32, Amsterdam,
date a new health-related quality of life instrument. In Spilker 2002, IOS Press.
C ap í t u lo
2
Cooperação do Paciente
na Prática
Ortodôntica
Pramod K. Sinha

A
falta de cooperação do paciente pode limitar a con­ Este capítulo discute os diferentes fatores que influenciam a
versão eficaz dos planejamentos precisos de tratamento cooperação do paciente ortodôntico e apresenta estratégias para
ortodôntico aos resultados excelentes do tratamento. Os melhorar a sua adesão ao tratamento.
fatores relacionados à falta de cooperação são amplamente
variados.1-3 Inicialmente, estes fatores podem estar relacionados
TÉCNICAS DE TRATAMENTO PARA EVITAR
com as experiências pessoais do paciente em consultórios odon­
PROBLEMAS DE COOPERAÇÃO
tológicos ou as percepções do paciente baseadas em relatos da
família ou de parceiros.4 Os pacientes frequentemente evitam os Uma variedade de técnicas para tratamento ortodôntico tem
tratamentos dentários devido à “ansiedade odontológica”.5,6 A sido planejada para superar a barreira da falta de adesão na
ansiedade pode levar ao medo das futuras consultas e dos pro­ tentativa de se obter bons resultados.9,10 Apesar das alegações
cedimentos ortodônticos, causando problemas clínicos para a prévias pelos proponentes destas técnicas, nenhuma é comple­
aplicação de diferentes acessórios e procedimentos ortodônti­ tamente bem-sucedida sem a participação parcial ou completa
cos. A ansiedade clínica pode ser modificada pela boa comuni­ do paciente. Além disso, muitas dessas assim chamadas técnicas
cação e pela educação do paciente a respeito dos procedimentos para falta de adesão foram revertidas, atualmente, para métodos
a serem utilizados.4 Uma vez superada esta ansiedade inicial, o tradicionais de controle de ancoragem, utilizando-se aparelhos
ortodontista e seus auxiliares podem focalizar as atenções na extrabucais e elásticos durante parte do período de trata­
obtenção de cooperação do paciente com a higiene oral e com mento.9
o uso do aparelho. O controle de ancoragem ortodôntica tem evoluído através
O processo de tratamento ortodôntico requer mudanças nas dos anos, e o uso de ancoragem com carga no osso está muito
rotinas individuais estabelecidas e também afeta diferentes ativi­ difundido. Estes dispositivos de ancoragem temporária (DAT)
dades sociais. A modificação de comportamento para acomodar as fornecem soluções para situações difíceis e, em alguns casos,
novas demandas instauradas pelas técnicas ortodônticas e apare­ simplificam as necessidades de cooperação. Além disso, ferra­
lhos pode envolver alterações que variam de simples a extrema­ mentas ortodônticas inovadoras e protocolos de tratamento
mente complexas.1 A diminuição da complexidade da mudança de refinados também têm melhorado a eficiência geral do pro­
comportamento necessária pode conduzir a uma melhor adesão cesso de tratamento ortodôntico. Embora, a abordagem de
ao tratamento.7 Também, devido à maioria dos pacientes estarem questões de quebra de aparelhos, uso dos elásticos e higiene
no grupo de idade dos adolescentes, apresentam um processo bucal sempre necessitem de cooperação e disciplina.
único de mudança partindo de valores dos pais em direção a aceita­
ção dos padrões do grupo de amigos.1 Não é de surpreender que
INFLUÊNCIA DA ESTÉTICA DA FACE
estudos tenham demonstrado uma cooperação maior em pacientes
com menos de 12 anos de idade do que em grupos com mais A percepção da melhora na estética da face ou mudança estética
idade.8,9 Apesar de importante, este fato não pode predizer efetiva­ pode ser a razão principal pela qual os pacientes e seus pais
mente ou melhorar a adesão do paciente ao tratamento. buscam o tratamento ortodôntico.1 Considerações funcionais

9
10 Parte I   Diagnóstico e Tratamento Ortodônticos

não correspondem, necessariamente, aos desejos do paciente pelo ortodontista, paciente ou de seus pais. Neste contexto, também, a
tratamento ortodôntico. Frequentemente, a análise do profis­ “previsão” pode não conduzir necessariamente à prevenção. A
sional difere do julgamento do paciente ou de seus pais sobre a ênfase deve ser dada na prevenção ou melhoria da falta de coopera­
necessidade ou gravidade da maloclusão ou da necessidade de ção e não em fatores demográficos ou previsão de um compor­
tratamento ortodôntico. Estudos epidemiológicos mostraram tamento esperado. Juntamente com outras soluções, este capítulo
que mais de 70% da população pode se beneficiar com a correção discute conceitos diferentes de prevenção e melhoria que podem
ortodôntica das discrepâncias funcionais da oclusão.11 afetar positivamente a adesão do paciente ortodôntico.
Existem diferenças culturais e maturacionais em como o indi­ A mudança do paradigma de um modelo centrado no orto­
víduo associa os aspectos dentais e faciais atraentes à estética geral dontista para o atendimento aos pacientes para uma abordagem
e a autoestima. Entretanto, a maioria dos pacientes vê o tratamento centrada no paciente está ocorrendo em todas as áreas da saúde.
ortodôntico como um meio de melhorar a estética dentofacial.1 Na prática ortodôntica atual, os pacientes e seus pais são mais
Mudanças significativas na autoestima das pessoas são observadas informados sobre suas condições e necessidade de tratamento.
diariamente por meio de correções ortodônticas maiores ou Mais recursos estão disponíveis em vários locais na internet para
menores. Estas mudanças positivas podem ter um impacto impor­ se obter informações sobre o tratamento ortodôntico, assim como
tante na vida das pessoas. Durante a consulta de pré-tratamento o ortodontista. Isto pode ser visto como uma mudança positiva
ortodôntico, os pacientes frequentemente fazem comentários sobre para disseminar informação a respeito da prática ortodôntica e
as inibições para um sorriso natural devido seus dentes desalinha­ do tratamento aos pacientes. O aumento do conhecimento do
dos. Portanto, estas mudanças positivas (ou as mudanças espera­ paciente/responsáveis sobre o tratamento ortodôntico influencia
das) podem ser utilizadas para motivar a cooperação do paciente. o trabalho da ortodontia do dia a dia. O maior envolvimento do
Uma “pérola” clínica para lembrar é utilizar a mudança na paciente tem mudado o modelo tradicional centrado no ortodon­
estética facial para motivar e manter a adesão geral do paciente. tista para uma abordagem centralizada no paciente.

FATORES QUE AFETAM A COOPERAÇÃO DO TRATAMENTO ORTODÔNTICO CENTRADO NO


PACIENTE ORTODÔNTICO PACIENTE
Durante os estágios iniciais do tratamento, a atitude positiva dos Tradicionalmente, o tratamento ortodôntico foi prescrito por um
pais quanto a mudanças perceptíveis permite prever a cooperação ortodontista com base em padrões profissionais definidos, sem se
do paciente.2 Nos estágios finais, a própria percepção do paciente considerar as prioridades e possibilidades do paciente. O entendi­
a respeito do tratamento e seus resultados correlaciona-se direta­ mento deste conceito necessita da avaliação do exame inicial, do
mente com os níveis de cooperação.2 O paciente mostra coopera­ diagnóstico e do processo de planejamento do tratamento.
ção maior quando acredita que suas ações o levam diretamente a Durante a seleção das técnicas de tratamento e aparelhos, o
resultados superiores no tratamento do que quando acredita que plano centrado no profissional utiliza ferramentas para tratar os
não tem controle sobre os resultados do tratamento.2,12 pacientes assumindo que o paciente está comprometido com o
As variáveis pacientes diferentes, responsáveis e ortodontista tratamento. Os pacientes que fracassam em seguir as instruções
têm sido correlacionadas com a adesão do paciente ao trata­ prescritas são frequentemente rotulados de “não comprometidos”,
mento ortodôntico. As variáveis do paciente variam de fatores sem se considerar que o tratamento sugerido possa não ter levado
demográficos diferentes ao tipo de personalidade e desejo pelo em conta as capacidades, motivações e expectativas do indivíduo.
tratamento.1-4,7,12,13 A experiência prévia dos pais pode ter Deste modo, os pacientes toleram os resultados da “não coopera­
influência positiva na cooperação do paciente.14 Se um aumento ção” melhor do que a incapacidade do profissional entender as
nas taxas de falta de cooperação ocorrer durante o tratamento necessidades individuais e fazer planejamentos apropriados.
ortodôntico, a influência dos pais no desempenho pode afetar A abordagem centrada no paciente atribui alguma parte da
a futura adesão. Estudos têm demonstrado que a comunicação responsabilidade da cooperação do paciente bem-sucedido no
entre profissional e paciente pode influenciar significativamente profissional. Neste modelo, o profissional prescreve o plano de
a satisfação e a cooperação.4 tratamento com base nas expectativas e prioridades do indivíduo,
Os fatores que se acreditam estar relacionados com a adesão além de suas capacidades.15
do paciente ao tratamento não mostraram qualquer tendência A repetição da avaliação do progresso do tratamento e a
em particular. Os estudos têm sido amplamente inconclusivos consulta do paciente/responsáveis são o componente principal
ou os seus resultados não têm sido reproduzíveis. Esta incon­ do sucesso no modelo proposto. O planejamento do tratamento
sistência tem forçado os ortodontistas a desenvolver métodos ortodôntico deve enfatizar a educação do paciente, delegação de
diferentes para aumentar a cooperação. Dependendo da prática poder e procedimentos contratuais.
ou do paciente, estes métodos variam de punições por coopera­
ção fraca até recompensas por maior cooperação.
Educação do Paciente
Os resultados de estudos demográficos podem esclarecer
algumas das razões para falta de adesão, porém não oferecem O gerenciamento do paciente funciona melhor quando eles
soluções para melhorar a cooperação porque os ortodontistas entendem a natureza de suas condições e o plano de tratamento
não podem mudar o fator demográfico desses pacientes. Por­ proposto.16,17 A educação do paciente com respeito à sua malo­
tanto, o foco das pesquisas tem sido áreas fora da influência do clusão ou condição e os meios para se obter resultados aceitáveis
Capítulo 2   Cooperação do Paciente na Prática Ortodôntica 11

é uma medida importante na motivação bem-sucedida do Procedimentos Contratuais


paciente que vai receber o tratamento. Em muitos casos, o trata­
Uma vez que a decisão tenha sido alcançada utilizando este
mento é indicado para pacientes com entendimento limitado
processo, o paciente recebe o poder de decisão e seleciona uma
de seus problemas ortodônticos e da necessidade de certos
opção de tratamento com base nas escolhas oferecidas. Este
aparelhos ou mecânicas para se obter um resultado com sucesso.
processo obriga o paciente a concordar com o acordo previa­
Ao mesmo tempo, os responsáveis podem estar com dúvidas mente realizado. Na continuação deste processo, um contrato é
sobre os objetivos e a mecânica do tratamento. Portanto, a feito com o paciente para reafirmar a escolha. Esta abordagem
habilidade de os pais explicarem detalhes da condição e a tem sido bem-sucedida na melhora da cooperação do paciente
necessidade de diferentes aparelhos para seus filhos pode ser com o tratamento em diferentes áreas da ortodontia.18,19
limitada também. O resultado é um paciente que está menos
propenso a ter um resultado do tratamento bem-sucedido
devido a não poder associar causa e efeito. Além disso, em
PERCEPÇÃO DO PACIENTE AO CONTROLE
muitos casos, estratégias alternativas não têm sido discutidas
como opções para os pacientes e seus pais decidirem qual Os pacientes atribuem os eventos em suas vidas (p. ex., progresso
poderia funcionar melhor para o caso específico. do tratamento ortodôntico) às causas internas e externas. As
Um grande esforço para se educar os pacientes em relação a causas externas estão além de seu controle (local externo do con­
sua condição permitirá que os pacientes façam escolhas infor­ trole), enquanto as causas internas estão dentro de seu controle
madas sobre a seleção de aparelhos e as limitações de suas esco­ (local interno do controle). A relação entre o local do controle e a
lhas. Com o progresso do tratamento, o componente de educação cooperação do paciente ortodôntico tem sido estudada.2 El-
precisa ser revisado para assegurar um entendimento completo. Mangoury12 constatou que pacientes ortodônticos que atribuíram
Isto resultará em indivíduos que têm maior responsabilidade os resultados a causas internas foram significativamente mais
por suas ações durante o tratamento ortodôntico. cooperativos. Albino et al.2 mostraram que pacientes que
Diferentes ferramentas para demonstração estão disponíveis atribuíram externamente a responsabilidade de suas maloclusões,
para lidar com o processo de educação. Os registros padrão dos higiene bucal e tratamento tanto ao acaso quanto ao ortodontista
pacientes, tais como modelos de estudo e fotografias, são excelentes demonstraram taxas de cooperação menores que os outros.
ferramentas para se descrever o problema. Uma apresentação per­ Portanto, pacientes que atribuem internamente apresentam
sonalizada para o paciente, utilizando-se de programas de com­ maior adesão ao tratamento que aqueles que atribuem externa-
putador disponíveis comercialmente também é um excelente mente. Pacientes que fazem poucas atribuições externas têm um
método para a explicação da mecânica e dos aparelhos. A utiliza­ senso de responsabilidade e, consequentemente, acreditam que
ção de modelos de demonstração permite que o paciente entenda sua participação e cooperação facilitam o progresso do trata­
os diferentes aparelhos. E também, o ortodontista pode preparar mento. Estes achados podem ser utilizados clinicamente para
um banco de dados de exemplos que podem ser armazenados melhorar a cooperação do paciente pelo desenvolvimento inicial
digitalmente e utilizados para estas apresentações. Outra fonte de de uma relação forte e uma comunicação de alto nível. A boa
informação são os websites de ortodontia, em que as informações comunicação, juntamente com a educação do paciente, pode
podem ser apresentadas para os pacientes e seus responsáveis. dar poder para que o paciente tome decisões informadas sobre
Na prática ortodôntica contemporânea, é importante avaliar o seu papel na melhoria da cooperação, que, em termos, deter­
e explicar o tratamento utilizando-se de literatura baseada em mina o sucesso do tratamento.
evidências. Embora a evidência esteja faltando, de alguma forma,
em algumas áreas, os fundamentos da biologia e do crescimento
APOIO EM CASA E O CONSULTÓRIO
ósseo servem como referência para as técnicas ortodônticas.
ORTODÔNTICO
O apoio da família para que o paciente siga as instruções prescritas
Delegação de Poder ao Paciente
é necessário para a implementação com sucesso deste programa.
A educação dos pacientes sobre suas condições cria ferramentas Além disso, o encorajamento e o feedback contínuo do consultório
essenciais para que eles possam tomar decisões informadas. O ortodôntico criam um ambiente de suporte para o paciente. Os
indivíduo é envolvido no processo de seleção da melhor opção pacientes frequentemente são solicitados a utilizar aparelhos
para a mudança necessária. Em algumas vezes, a decisão do pesados que são difíceis de usar. Se uma tarefa é subitamente
paciente é conflitante com o seu melhor interesse e também introduzida e o paciente necessita fazer muito, um problema de
com os desejos dos pais em relação aos possíveis resultados. falta de cooperação é criado desde o começo da terapia.
Nestas situações, estratégias de tratamento flexíveis precisam ser Considere o paciente que deve utilizar a máscara facial
planejadas para ter êxito; a cooperação pode oferecer a melhor reversa para modificação do crescimento em casos de classe III
solução. Em outras situações, a sugestão de adiar-se o trata­ esquelética. O aparelho extrabucal parece um dispositivo com­
mento ou parar a busca por tratamento pode resolver o conflito. plicado segundo o paciente. Este aparelho deve ser utilizado por
Mais frequentemente, as alternativas estão disponíveis e devem períodos longos para uma correção com sucesso. Frequente­
ser oferecidas após o entendimento das limitações das diferentes mente, um disjuntor palatino rápido é utilizado juntamente
abordagens. Estas discussões devem ser bem-documentadas em com este aparelho, o que cria outros desafios. O paciente deve
registros clínicos e cartas assinadas. receber primeiro o expansor por duas semanas, seguido da
12 Parte I   Diagnóstico e Tratamento Ortodônticos

introdução gradual do aparelho extrabucal. Inicialmente, o


paciente pode utilizar o dispositivo por apenas duas horas, pro­
gredindo até quatro horas em três a quatro semanas. O tempo
deve ser aumentado em incrementos até 12 a 14 horas de uso,
como definido pelo plano de tratamento. Este método de intro­
dução de tarefas ao paciente de forma gradual pode auxiliá-los
na adaptação às tarefas novas e mais difíceis.
Além do feedback verbal para o paciente e seus pais, outros
métodos incluem feedback pelo preenchimento de boletins, re­­
compensando o paciente pelo comportamento compatível,
elogios verbais e consultas paciente-pais regulares. O feedback
visual, em casos de falta de higiene bucal, com a utilização de
evidenciadores de placa também é útil. Além disso, anotações
em forma de quadros, que são muito visíveis para os pacientes, Fig. 2-1 Inter-relações entre comunicação/convívio, satisfação,
podem ser igualmente utilizadas para auxiliar na adesão.20 cooperação e resultados superiores do tratamento ortodôntico.
Uma pesquisa conduzida para avaliar diferentes fatores que
influenciam a cooperação do paciente ortodôntico mostrou o pessoal do consultório e o paciente também é importante.
que os ortodontistas acreditam que o elogio verbal e a edu­ Portanto, é importante trabalhar este aspecto para melhorar o
cação do paciente foram o método mais importante para relacionamento para obter resultados superiores e pacientes,
melhorar a adesão.21 A comunicação entre o ortodontista e o ortodontista e auxiliares satisfeitos.3,4,16,17 Na rotina ocupada de
paciente é o fator principal na implementação com sucesso um ortodontista, muitas vezes é difícil estabelecer um convívio
de qualquer plano de tratamento.4 próximo com o paciente. A melhor comunicação ortodontista/
auxiliar-paciente pode resultar em informações mais precisas do
paciente, deste modo, melhorando a qualidade do atendimento
RECOMPENSAS AO PACIENTE PARA e a cooperação do paciente.
­MELHORAR O COMPORTAMENTO COMPATÍVEL O relacionamento ortodontista/auxiliar-paciente, em orto­
A melhoria da cooperação do paciente na prática diária é um dontia, pode influenciar positivamente os resultados do trata­
desafio e frequentemente um problema complexo. As razões mento por encorajar o paciente a cooperar seguindo as
para a falta de cooperação são difíceis de se diagnosticar e, instruções prescritas, como demonstrado em diferentes pesqui­
portanto, difíceis de se tratar. sas3 (Fig. 2-1). A percepção do paciente de que o ortodontista/
A modificação do comportamento, utilizando um programa auxiliar prestou muita atenção e considerou seriamente as
de recompensas, pode melhorar efetivamente a adesão do informações fornecidas pelo paciente é significativamente asso­
paciente às instruções prescritas. Várias recomendações para o ciada ao relacionamento ortodontista/auxiliar-paciente. Além
estabelecimento de um programa de recompensas para motivar disso, fazer o paciente se sentir bem-vindo é um importante
o paciente e melhorar a cooperação têm sido apresentadas na fator no estabelecimento deste convívio.4
literatura ortodôntica.2,22-27 Um estudo da University of Oklahoma A atenção dispensada às questões comportamentais pode
revelou os seguintes achados em relação ao uso de prêmios como aumentar muito o convívio e pode resultar em experiências e
ferramenta motivacional:28 resultados do tratamento superiores para o paciente (Fig. 2-1).
• O programa de prêmio/recompensa mostrou melhoras nos A melhoria da comunicação ortodontista/auxiliar-paciente/
escores de cooperação dos pacientes nos comprometidos responsáveis é um importante fator para o avanço da coopera­
abaixo da média, refletido nos escores de higiene bucal ção do paciente, como relatado por ortodontistas.21
maiores. A higiene bucal melhorou com o passar do tempo O Quadro 2-1 apresenta um guia prático para ajudar a me­­
quando foram oferecidos incentivos aos pacientes com lhorar e manter a cooperação.
baixos escores iniciais.
• Os comprometidos acima da média permaneceram acima da
CONCLUSÃO
média durante todo o estudo. Os comprometidos abaixo
da média melhoraram com as recompensas, porém nunca A cooperação ou não do paciente depende da duração, frequên­
chegaram aos níveis dos comprometidos acima da média. cia e complexidade dos comportamentos necessários. Devido ao
Portanto, as recompensas podem ser um meio de feedback tratamento ortodôntico durar entre 12 a 36 meses, os níveis de
positivo para pacientes cuja cooperação foi baixa desde o início. cooperação devem ser mantidos neste período. As demandas
Combinado com a educação e a comunicação, as recompensas sobre a cooperação do paciente aumentam ainda mais porque
podem resultar em alguma melhoria. é necessária durante todo o tempo de tratamento. Além disso,
os comportamentos mais complexos solicitados (p. ex., utiliza­
ção de aparelhos) podem ser difíceis de manter por um longo
COMUNICAÇÃO E CONVÍVIO ENTRE período. Portanto, pode ser necessário separar áreas de coopera­
ORTODONTISTA/AUXILIAR E PACIENTE ção diferentes e resolvê-las individualmente com os pacientes e
A prática da ortodontia com sucesso depende em grande parte seus responsáveis para se ter êxito no gerenciamento das questões
da interação entre o ortodontista e o paciente. A interação entre de não cooperação. O apoio contínuo do ortodontista e auxi­
Capítulo 2   Cooperação do Paciente na Prática Ortodôntica 13

liares por meio da comunicação e encorajamento ajuda a mel­


Um programa de “premiação” ou um sistema de “boletim”
horar e manter a cooperação com o tratamento. pode ser efetivo em prover feedback e reforço.
Os resultados das pesquisas anteriores com foco na previsão 6. O reforço da causa e efeito sobre os comportamentos
da cooperação do paciente têm sido amplamente inconclusivos necessários para se obter sucesso deve ser enfatizado.
ou inconsistentes. Os ortodontistas não são capazes de aplicar Deve ser mostrado que as mudanças significativas
estes resultados clinicamente devido à grande natureza demográ­ relacionadas ao tratamento, em termos de tempo e o
fica das variáveis analisadas; na maioria dos casos, estes fatores resultado final, são resultado do controle do paciente.
demográficos não podem ser modificados. Deste modo, o obje­ 7. Finalmente, avaliações e consultas repetidas podem
tivo deve ser mais na prevenção e controle do que na previsão esclarecer os objetivos, os papéis e as responsabilidades
do problema da falta de cooperação. pelo sucesso.

  Quadro 2-1 Orientações para Melhoria e Referências


Manutenção da Cooperação
1. Albino J: Factors influencing adolescent cooperation in orth­
do Paciente odontic treatment, Semin Orthod 6:214-223, 2000.
2. Albino J, Lawrence S, Lopes C, et al: Cooperation of adolescents
1. O primeiro passo para prevenção da falta de cooperação é in orthodontic treatment, J Behav Med 14:53-70, 1991.
entender as necessidades e os desejos do paciente. A 3. Nanda RS, Kierl MJ: Prediction of cooperation in orthodontic
principal preocupação do paciente e as razões para a treatment, Am J Orthod Dentofacial Orthop 102:15-21, 1992.
busca pelo tratamento ortodôntico são importantes. Além 4. Sinha PK, Nanda RS, McNeil DW: Perceived orthodontist
disso, uma vez que o tratamento tenha progredido para behaviors that predict patient satisfaction, orthodontist-patient
um ponto no qual tenham ocorrido mudanças estéticas relationship, and patient adherence in orthodontic treatment,
positivas, deve-se mostrá-las tanto para o paciente como Am J Orthod Dentofacial Orthop 110:370-377, 1996.
para seus pais. Fotografias do progresso do tratamento 5. Heaton LJ, Carlson CR, Smith TA, et al: Predicting anxiety
também podem recrutar e reforçar a adesão. Pacientes during dental treatment using patients’ self-reports: less is
que experimentarem satisfação e melhoras significativas more, J Am Dent Assoc 138:188-195, 2007.
na autoestima após o tratamento ortodôntico, assim 6. Smith TA, Heaton LJ: Fear of dental care: are we making any
como aqueles que estiverem conscientes das mudanças progress? J Am Dent Assoc 134:1101-1108, 2003.
positivas, frequentemente respondem melhor ao futuro 7. Sinha PK, Nanda RS: Improving patient compliance in orth­
tratamento e às necessidades de cooperação. O pessoal odontic practice, Semin Orthod 6:237-241, 2000.
do consultório e o ortodontista podem utilizar esta 8. Weiss J, Eiser HM: Psychological timing of orthodontic treat­
reação como um reforço positivo e melhorar/manter a ment, Am J Orthod 72:198-204, 1977.
cooperação durante o tratamento. 9. Bowman SJ: Class II combination therapy, J Clin Orthod
2. Outro passo inicial necessário no processo envolve a 32: 611-620, 1998.
delegação de poder ao paciente por meio da educação 10. Hilgers JJ: The pendulum appliance for Class II non-compli­
sobre o seu problema ortodôntico, as opções de ance therapy, J Clin Orthod 26:706-714, 1992.
tratamento, o comportamento necessário em cada uma 11. Jago JD: Epidemiology of dental occlusion: a critical approach,
das opções e as limitações de cada abordagem. J Public Health Dent 34:80-93, 1974.
3. A próxima etapa envolve um acordo entre o ortodontista 12. El-Mangoury NH: Orthodontic cooperation, Am J Orthod
e o paciente (e responsáveis) a respeito do plano de 80: 604-622, 1981.
tratamento a ser utilizado. Um entendimento claro do 13. Allan TK, Hodgson EW: The use of personality measures as a
potencial de sucesso e das limitações da abordagem determinant of patient cooperation in an orthodontic practice,
selecionada é necessário. Quando o ortodontista e o Am J Orthod 54:433-440, 1968.
paciente não concordam com os objetivos e com os 14. Sinha PK: Unpublished data, 1994.
comportamentos necessários, uma explicação clara das 15. Rosen DS: Creating the successful adolescent patient: a practi­
limitações deve ser apresentada e documentada antes do cal patient-oriented approach. In McNamara JA Jr, Trotman C,
início do tratamento. editors: Creating the compliant patient: Proceedings of the 23rd
4. O convívio ortodontista-paciente/responsável é Annual Moyers Symposium, Ann Arbor, Mich, 1996, pp 59-72.
fundamental para se estabelecer uma situação de 16. Dougherty HL: Quo vadis? (guest editorial), Am J Orthod
“ganho-ganho” que possibilitará um ambiente favorável 87:345-346, 1985.
(Fig. 2-1). Portanto, os pacientes acreditam que 17. Laskin D: The doctor-patient relationship: a potential com­
participaram nas decisões do tratamento e, por isso, se munication gap, J Oral Surg 37:786, 1979.
sentem responsáveis por atingir os objetivos aceitos 18. Rubin RM: Recognition and empowerment: an effective
mutuamente. approach to enlisting patient cooperation, J Clin Orthod 29:24-
5. Um ambiente de apoio em casa assim como no consultório 26, 1995.
ajuda a cooperação do paciente com os comportamentos 19. Gross AM, Schwartz CL, Kellum GD, Bishop FW: The effect of
necessários. Portanto, é importante fornecer feedback e a contingency contracting procedure on patient compliance
reforçar o sucesso na realização de tarefas necessárias. with removable retention, J Clin Orthod 25:307-310, 1991.
14 Parte I   Diagnóstico e Tratamento Ortodônticos

20. Knierim R: Use of stamped chart notations to enhance patient 25. Gross AM, Bishop W, Reese D et al: Increasing patient compli­
compliance, J Clin Orthod 26:394-395, 1992. ance with appointment keeping, Am J Orthod 92:259-260,
21. Mehra T, Nanda RS, Sinha PK: Orthodontists’ assessment and 1985.
management of patient compliance, Angle Orthod 68:115-122, 26. Sinclair PM: The readers’ corner, J Clin Orthod 23:795-797,
1998. 1989.
22. Gershater MM: The psychologic dimension in orthodontic 27. Southard KA, Tolley EA, Arheart KL, et al: Application of the
diagnosis and treatment, Am J Orthod 54:327-338, 1968. Millon Adolescent Personality Inventory in evaluating orth­
23. Kreit LH, Burstone C, Delman L: Patient cooperation in orth­ odontic compliance, Am J Orthod Dentofacial Orthop 100:553-
odontic treatment, J Am Coll Dent 35:327-332, 1968. 561, 1991.
24. Gross AM, Samson G, Dierkes M: Patient cooperation in treatment 28. Richter DD, Nanda RS, Sinha PK, et al: Effect of behavior
with removable appliances: a model of patient noncompliance modification on patient compliance in orthodontics, Angle
with treatment implications, Am J Orthod 87:392-397, 1985. Orthod 68:123-132, 1998.
C ap í t u lo
3
Abordagem Biológica
e Cefalomórfica
no Diagnóstico
e Tratamento
Leonard S. Fishman

Avaliação Cefalomórfica

T
odo paciente, sem exceção, exibe variações de desenvol­
Da Forma Facial
vimento únicas relativas ao tempo, à taxa e às caracterís­
ticas morfológicas do crescimento craniofacial. Isto é Os indivíduos demonstram grandes variações na morfologia do
particularmente verdadeiro nos pacientes que demonstram esqueleto facial. Muitas análises cefalométricas têm sido desen­
desarmonias no crescimento esquelético. Se o clínico ignorar volvidas com objetivo principal de comparar individualmente
esses fatores de desenvolvimento e basear o tratamento exclusi­ um paciente a valores ditos normais, geralmente derivados de
vamente em considerações dentárias, o tratamento e a estabili­ medidas angulares e lineares. Estas análises fundamentam-se
dade dos resultados podem ser comprometidos. em significativa padronização de valores, o que frequentemente
O clínico precisa correlacionar a informação da morfologia é mal-representada. As medidas com frequência representam
craniofacial com a informação da maturação fisiológica, que é interpretações conflitantes e não traduzem racionalmente
única para o paciente, antes que o diagnóstico e o plano de padrões de crescimento existentes. A geração de números, deri­
tratamento individualizado possam ser estabelecidos (Fig. 3-1). vados manualmente ou de um computador, por si só, não trans­
É irresponsável desconsiderar o fato que todo paciente demons­ forma a cefalometria em uma ciência, e a cefalometria não deve
stra padrões de desenvolvimento únicos, incluindo a cronologia ser necessariamente considerada uma ciência.
do crescimento maxilar e mandibular, variações na taxa e na Um método mais efetivo de determinar o equilíbrio ou dese­
direção de crescimento, aumentos incrementais de crescimento, quilíbrio morfológico entre tecido mole, esquelético e dentário
término cronológico do crescimento esquelético e relações den­ é ver a radiografia craniofacial lateral “cefalomorficamente” e
tárias e dos tecidos moles relacionadas a esse crescimento. Todas não cefalometricamente. Enquanto uma análise cefalométrica é
estas informaçõe são facilmente obtidas de forma sistemática e lida com medidas numéricas, uma análise cefalomórfica pode ser
são pertinentes, independentemente da escolha da mecânica de definida como uma abordagem estritamente não numérica para
tratamento. Uma vez que os indivíduos em geral exibem regu­ avaliação da forma e do equilíbrio craniofacial. Pelas razões já
laridade na manutenção dos padrões básicos de crescimento mencionadas, muitos pesquisadores têm expressado o valor
esquelético e como o crescimento facial está intimamente cor­ negativo de uma abordagem numérica (cefalométrica) para
relacionado com o crescimento esquelético geral, o monitora­ diagnosticar o problema e têm expressado o valor positivo de
mento deve ocorrer durante e após a fase de tratamento ativo até uma análise cefalomórfica (não numérica).3–5
que este tenha resultado em um padrão esquelético estável.1,2
O objetivo principal desse capítulo é demonstrar como as
Análise Centrográfica6-9
variações na morfologia facial e variações no desenvolvimento
maturacional influenciam tanto a época quanto a metodologia O objetivo principal da Análise Centrográfica (ACG) é propor­
do tratamento clínico. Séries de exemplos de pacientes são cionar ao clínico a habilidade de avaliar a forma facial grafica­
usadas para ilustrar muitos desses fatores. mente de maneira individualizada sem a necessidade de padrões

15
16 Parte I   Diagnóstico e Tratamento Ortodônticos

numéricos de referência potencialmente inválidos (Fig. 3-2).


Esta análise gráfica subjetiva é baseada no princípio que relações
craniofaciais similares existem em todos os indivíduos, inde­
pendentemente de gênero, raça ou variação étnica, quando a
morfologia dentária, esquelética e dos tecidos moles está em
estado de equilíbrio e harmonia. As áreas anatômicas seleciona­
das avaliadas pela ACG não foram selecionadas por demonstrar
algum mecanismo inerente ao crescimento. Os valores numéri­
cos não são relevantes porque mesmo subgrupos de indivíduos
não demonstram objetivamente padronização suficiente da
forma facial. Esta análise é concebida baseada no equilíbrio
facial geral e respeita a “variabilidade natural” associada a varia­
ções relativas à idade, etnia, raça e gênero.
Fig. 3-1 Componentes diagnósticos cefalométrico e de maturação
do plano de tratamento.
Geometria centroide e forma facial
Um centroide pode ser definido como o centro de massa ou
gravidade aplicado a um objeto tridimensional ou a uma área
bidimensional. Como visto na Figura 3-2, uma forma de cons­
truir geometricamente o centroide de um triângulo é dividindo
igualmente dois ou três lados de um triângulo e conectando
esses pontos médios aos vértices opostos. O ponto de inter­
secção dos planos é definido como o “centroide” do triângulo.
Como todos os três planos intersectam no mesmo ponto, torna-
se óbvio que a intersecção de apenas dois planos é necessária.
Por esta razão, apenas quatro planos precisam ser desenhados
para que essa análise (S-Na, Na-Ba, Ba-Pt A e Ba-Gn) obtenha
a construção dos centroides necessários: craniano, facial,
­superior e inferior.
O Centroide Craniano (CC) é representado pelo triângulo
definido pelos pontos S (sela), Na (násio) e Ba (básio). O Cen-
troide Facial (CF) é representado pelo triângulo facial total
definido pelos pontos Na, Ba e Gn (gnátio). O Centroide Supe-
rior (CS) é representado pelo triângulo definido pelos pontos
Na, Ba e Pt A (ponto A). O Centroide Inferior (CI) é represen­
tado pelo triângulo definido pelos pontos de intersecção entre
os planos Na-Gn, Ba-Pt A e Ba-Gn.
Enquanto a face aumenta de tamanho com o crescimento,
os centroides demonstram relativa estabilidade mesmo que as
áreas esqueléticas triangulares que eles representam aumentem
significativamente de tamanho. Essa estabilidade de posição
relativa dos centroides é o princípio fundamental no qual a
ACG é baseada. Em uma face bem-equilibrada, após a erupção
dos primeiros molares permanentes, as áreas faciais superior
e inferior demonstram igualdade vertical ou diferenças
mínimas de valores, como demonstrado pela comparação
longitudinal dos ângulos faciais posteriores (Na-Ba-Pt A e Pt
A-Ba-Gn).
A avaliação esquelética vertical do equilíbrio facial é baseada
na relação do CF com o plano Ba-Pt A, que é o limite comum
entre os triângulos faciais superior e inferior. A geometria cen­
troide dita que o centroide representando dois triângulos iguais
será localizado no lado que é comum a ambos os triângulos.
Fig. 3-2 Análise Centrográfica (ACG). Equilíbrio esquelético den­ Em uma face caucasiana bem-equilibrada verticalmente, o CF
tário e de tecidos moles satisfatório. CC, Centroide Craniano; CS, é localizado no plano Ba-Pt A, que é o limite comum com­
Centroide Superior; CI, Centroide Inferior; CF, Centroide Facial; partilhado pelos triângulos faciais superior e inferior, que re­­
S, Superior, I, Inferior. presenta a divisão entre as alturas faciais superior e inferior. Uma
Capítulo 3   Abordagem Biológica e Cefalomórfica no Diagnóstico e Tratamento 17

face inferior verticalmente deficiente é evidenciada pelo CF se


posicionando acima do plano Ba-Pt A. Uma face inferior
­verticalmente excessiva é evidenciada pelo CF se posicionando
abaixo do plano Ba-Pt A. O crescimento mandibular excessiva­
mente vertical também é evidenciado pelo plano mandibular
sendo posicionado mais superiormente na base do crânio em
vez de tangente a ela.
A avaliação esquelética horizontal do equilíbrio facial é
baseada nas relações do CS e CI com o Plano Centroide (PC)
vertical, que é construído perpendicular ao plano Ba-Pt A
através do CF. Em uma face bem-equilibrada horizontalmente,
o CS e/ou o CI estão localizados no PC vertical. O crescimento
esquelético protrusivo maxilar e/ou mandibular é evidenciado
pelo CS e/ou CI se posicionando à frente desse PC vertical. O Fig. 3-3 Sistema de Avaliação da Maturação Esquelética (AME).
crescimento esquelético retrusivo maxilar e/ou mandibular é A, Avançado; D, tardio; IME, Indicador de Maturidade Esquelética.
evidenciado pelo CS e/ou CI se posicionando posteriormente a
esse PC vertical. O crescimento mandibular horizontal excessivo
também é evidenciado pelo plano mandibular passando abaixo
Perfil Da Maturação Do Crescimento
da base do crânio em vez de ser tangente a ela.
Para o propósito de avaliação dentária do equilíbrio e har­ Independentemente da mecânica de tratamento a ser empre­
monia satisfatórios, o longo eixo do incisivo superior é rela­ gada, o clínico deve avaliar de maneira responsável o perfil de
cionado ao ponto orbitário de forma angular. A inclinação maturação do paciente em crescimento. Crianças do mesmo
excessiva do incisivo superior é evidenciada pelo longo eixo se gênero e com mesmas idades cronológicas podem demonstrar
posicionando posteriormente ao orbitário. Incisivos muito quantidades significativamente diferentes de crescimento em
verticalizados são evidenciados pelo seu longo eixo se posicio­ períodos variados do desenvolvimento. Nos problemas relacio­
nando anteriormente ao orbitário. A angulação dos incisivos nados ao crescimento, há pouca justificativa para formular um
inferiores é avaliada pela sua relação com a sínfise, estando plano de tratamento que dependa exclusivamente de considera­
mais bem posicionado quando o longo eixo se aproxima da ções dentárias ou da idade cronológica. O clínico não pode
marca de um terço do plano Ba-Gn que corta a sínfise, for­ ignorar o fato de crianças da mesma idade cronológica poderem
necendo, consequentemente, bom suporte ósseo para esses amadurecer de forma bem diferente.10-12
dentes. Os incisivos inferiores estarão muito inclinados se o O Sistema de Avaliação da Maturação Esquelética (AME)
longo eixo se posicionar muito posteriormente na sínfise e fornece a metodologia necessária para estabelecer um padrão
muito verticalizados se ele se posicionar muito anteriormente de desenvolvimento individualizado para o paciente (Fig. 3-3).
na sínfise. A superfície vestibular do incisivo deve se aproximar Este sistema abrangente desenvolvido por mais de 30 anos é fácil
ou se posicionar levemente à frente do plano Pt A-Pog de aprender e serve para a determinação presente e futura do
(pogônio), dependendo de considerações subjetivas do tecido crescimento maxilofacial, assim como para as inter-relações das
mole como: espessura dos lábios, quantidade desejada de con­ idades cronológica e de maturação do paciente. As informações
vexidade do tecido mole facial e tamanho do nariz e mento. derivadas da radiografia de mão e punho formam a base da
Em uma face bem-equilibrada, a borda incisal do incisivo infe­ AME. Interesse recente focou-se em avaliar o desenvolvimento
rior deve se aproximar do nível do Plano Incisal, uma linha da coluna cervical vista na radiografia cefalométrica de perfil
traçada anteriormente ao Centroide Inferior (CI) paralela ao para determinar o estágio geral de maturação. A informação
plano Ba-Pt A. O incisivo superior deve ter sua posição e obtida é muito limitada do ponto de vista diagnóstico em
angulação apropriadamente relacionadas com a posição do relação à avaliação clínica progressiva e considerações sobre
incisivo inferior de acordo com a sobremordida e sobressa­ predição de crescimento antes, durante e após o período de
liência desejadas. tratamento, incluindo a época de término do crescimento
O equilíbrio do perfil de tecido mole (TM) é mais bem avalia­ esquelético facial.13–14 Assim, a abordagem única do AME na
­do utilizando os planos interno (Pogônio mole-subnasal) e utilização das radiografias de mão e punho fornece ao clínico
externo (Pogônio mole-ponta do nariz) ao mesmo tempo. Isto informação individualizada do paciente que pode ser direta­
fornece graficamente a vista de uma área em forma de V. Os mente aplicada à época e à natureza do tratamento.15
lábios estão geralmente em equilíbrio com o resto da face
quando ambos ocupam aproximadamente metade do espaço
Sistema de Avaliação da Maturação Esquelética16-22
dessa área. Visualizar o perfil de tecido mole ajuda a relacionar
o tecido mole às estruturas esqueléticas subjacentes. Também A identificação da idade de maturação de um paciente depende de
permite uma melhor avaliação do nariz e do queixo. Por dois fatores mutuamente essenciais e importantes: o estágio de
exemplo, se o nariz ou o queixo estão esqueleticamente em maturação e o nível de maturação (Fig. 3-3). Outros sistemas
equilíbrio, mas os lábios não, a posição e o tamanho do nariz e julgam a maturação exclusivamente pelo estágio de desenvolvi­
do queixo precisam ser avaliados. mento como determinado pelo Indicador de Maturidade ­Esquelética
18 Parte I   Diagnóstico e Tratamento Ortodônticos

(IME) identificado na radiografia de mão e punho, cervical ou inclui a aparência e sobreposição dos ossos do carpo, trapézio
outra. Sem avaliar o nível de maturação, o clínico é significativa­ e trapezoide, e o alargamento das epífises (Fig. 3-5). Esse período
mente limitado na sua capacidade de diagnóstico e planejamento de desenvolvimento pré-adolescente está geralmente associado a
do tratamento. O grau em que um indivíduo está avançado, na uma taxa muito baixa de crescimento facial (Fig. 3-4).
média ou atrasado cronologicamente em relação a cada IME Do início da adolescência até a vida adulta, a sequência de está-
representa: (1) intervalos de tempo significativamente diferentes, gios dos eventos de desenvolvimento envolve onze IMEs principais
(2) diferentes porcentagens do crescimento total completas, mais seis IMEs intermediários. Os IMEs principais da adolescência
(3) diferentes quantidades e taxas de crescimento incremental e incluem: o alargamento completo das epífises, aparecimento do
(4) diferenças na época de término do crescimento maxilofacial. adutor sesamoide do polegar, capeamento epifisário bilateral e
fusão bilateral das epífises com as diáfases (Fig. 3-6).
Estágios de maturação O período do desenvolvimento IME 1-3 está associado à
O desenvolvimento da mão e punho segue uma progressão aceleração progressiva da taxa de crescimento. Como visto na
ordenada de eventos esqueléticos. O estágio de maturação se Figura 3-4, o período do desenvolvimento IME 4-7 está asso­
refere à mais alta classificação do IME encontrado na radiogra­ ciado a uma alta taxa de crescimento. O período IME 5-6 está
fia de mão e punho. Os estágios de maturação do final da geralmente associado à época do pico de velocidade. O período
primeira infância (IMEs F-K) representam um período de baixa tardio de desenvolvimento IME 8-11 está associado a uma
velocidade de crescimento facial (Fig. 3-4). desaceleração progressiva do crescimento esquelético facial. O
Durante o desenvolvimento da adolescência, os IMEs 1, 2 e período adulto está geralmente associado à vida adulta, época
3 representam um período de aceleração da taxa de crescimento. de término do crescimento esquelético.
Os IMEs de 4 a 7 representam um período de taxa de cresci­ Os IMEs intermediários têm sido selecionados devido à sua
mento muito alta, incluindo o período de pico de velocidade de forte relevância clínica (Fig. 3-7). Esses estágios transitórios de
crescimento (IMEs 5 e 6). IMEs de 8 a 11 representam um maturação incluem: os processos de capeamento epifisário uni­
período de desaceleração na velocidade de crescimento facial, lateral, fusão na linha média das epífises e diáfases de dois dedos,
resultando no adulto, geralmente associado à época de término fusão na linha média, mais fusão unilateral das epífises e diáfases
do crescimento esquelético. e fusão completa das epífises e diáfases do rádio. Os IMEs são
Durante o período de desenvolvimento do final da primeira rapidamente identificáveis porque são simplesmente identifica­
infância até a segunda infância ocorrem seis eventos de ossifi­ dos como eventos ósseos de transição que ocorrem entre os
cação distintos e progressivos que são associados ao AME. Isso 11 estágios principais da adolescência.

Fig. 3-4 Estágios e níveis de maturação relativos


à velocidade de crescimento.
Capítulo 3   Abordagem Biológica e Cefalomórfica no Diagnóstico e Tratamento 19

Fig. 3-5 Indicadores de Maturidade


Esquelética (IMEs) da infância (seis a oito
anos) à terceira infância.

Fig. 3-6 Principais IMEs da adoles­


cência.

Fig. 3-7 IMEs intermediários da


adolescência.

Esses IMEs intermediários estão associados aos períodos taxa de crescimento maxilar e mandibular é uma época clinica­
imediatamente antes, durante e imediatamente após a época do mente importante, quando as modificações de crescimento do
pico de velocidade de crescimento maxilar e mandibular, e tratamento podem ser efetivas. Como mencionado, a idade
durante o período tardio da adolescência de desaceleração do cronológica não é um indicador confiável para determinar esta
crescimento, quando as porcentagens e a época em que o cresci­ época do desenvolvimento; as mudanças estão ocorrendo rapi­
mento total estará completo podem ser estimadas. Os IMEs 4+, damente neste momento. Os estágios de maturação inter­
5+, 6+ e 7+ ocorrem em torno do período de maior velocidade mediários tardios 10+ e 10 ++ são particularmente importantes
de crescimento. Para muitos pacientes, esse período de pico da de ser identificados quando a cirurgia craniofacial for planejada.
20 Parte I   Diagnóstico e Tratamento Ortodônticos

Com frequência, “amadurecedores tardios (nível D)” continuam atrasado) mostram uma progressão do mesmo padrão. O ama­
a crescer durante este período, em geral significativamente, durecedor avançado (nível A) demonstrou o tempo de desen­
devendo a intervenção cirúrgica ser adiada. “Amadurecedores volvimento na adolescência mais curto e o amadurecedor tardio
avançados (nível A)” exibem crescimento significativamente demonstrou o tempo mais longo de desenvolvimento na ado­
menor durante esse período tardio da adolescência e, conse­ lescência. Em cada subgrupo de nível maturacional, esta mesma
quentemente, a cirurgia pode ser realizada em uma idade progressão de padrão de desenvolvimento existe tal qual quando
cronológica mais precoce. compara-se dois ou mais amadurecedores nível A, que tenham
diferentes idades cronológicas.
Níveis de maturação Com fatores relacionados ao diagnóstico clínico e ao plano
Indivíduos que demonstram o mesmo estágio (IME) de matu­ de tratamento, a importância de avaliar o estágio de maturação
ração visto na radiografia de mão e punho, provavelmente e o nível de maturação juntos não pode ser superenfatizado. O
demonstram níveis diferentes de maturação. Isto é um fator clínico deve saber quando, por quanto tempo e em que magni­
clínico significativo para considerar. Por exemplo, como também tude o crescimento maxilar e mandibular irá ocorrer no futuro
é evidenciado na Figura 3-4, durante a maior parte do processo para o paciente. A época de término do crescimento facial varia
de desenvolvimento, crianças com uma idade cronológica mais consideravelmente em relação ao nível de maturação, mas é
nova que a média em relação a um estágio de desenvolvimento previsível usando o AME.15
(IME) em particular são consideradas “amadurecedores avan­
çados”; elas crescem mais rapidamente que os indivíduos media­
Diagnóstico E Plano De Tratamento
­nos ou atrasados até a época da adolescência tardia (∼IME 8).
Estes indivíduos tendem a ter seu desenvolvimento “queimado” O diagnóstico racional e o plano de tratamento para problemas
e crescem até a maturidade, mas a uma taxa mais baixa, e relacionados ao crescimento dependem da integração de fatores
demonstram alterações esqueléticas incrementais significativa­ que revelam a avaliação morfológica da forma facial e o padrão
mente menores e diferentes taxas de crescimento. “Amadurece­ de maturação do crescimento do paciente (Fig. 3-1).
dores tardios” demonstram o padrão oposto apresentando Por exemplo, como o clínico formula um plano avaliando as
crescimento contínuo por longos períodos. Com os amadure­ características morfológicas da face sem saber como é esperado
cedores tardios, a adolescência tardia tipicamente dura mais em que o paciente se desenvolva em relação à época, taxa e quanti­
relação ao amadurecedores médios ou avançados e tenta alcan­ dade de crescimento durante e após o tratamento? O cresci­
çá-los em termos de quantidade de crescimento incremental. mento estará terminado durante o período de tratamento, ou
Quanto mais avançado ou atrasado o nível de maturação está considerações significativas em relação ao crescimento merecem
em relação aos valores médios, mais evidentes se tornam esses atenção durante os períodos de contenção e pós-contenção? Faz
padrões variáveis.23-25 sentido tratar problemas ortodônticos similares da mesma
A Tabela 3-1 compara quatro crianças (A, B, C e D) em forma se as considerações sobre o crescimento demonstrarem
relação aos diferentes níveis de maturação e suas respectivas diferenças relevantes? Faz sentido julgar a natureza e a época do
idades cronológicas e porcentagem de crescimento mandibular tratamento estritamente pela dentição, quando já foi claramente
completo nos estágios IME 1, 4 e 11 (adulto). O Paciente A, demonstrado que existe pequena correlação entre o desenvolvi­
cronologicamente mais jovem (maturacionalmente avançado), mento dentário e esquelético e a idade cronológica?26
demonstra os mais altos valores de porcentagem de crescimento Em muitos casos, esperar que mais dentes permanentes
mandibular total. O Paciente D, cronologicamente mais velho erupcionem para iniciar o tratamento exclui tratamentos que
(maturacionalmente atrasado), apresentou as menores porcenta­ poderiam ser mais vantajosos durante os períodos com pouco
gens dos valores de crescimento mandibular total. O Paciente B crescimento, como a necessidade de extração de dentes. Por que
(mediano, mas próximo ao maturacionalmente avançado) e o alguns tratamento precoces funcionam bem para uns pacientes
Paciente C (mediano, mas próximo ao maturacionalmente e mal para outros?

Tabela  3-1
Exemplos de Porcentagens e Quantidades de Crescimento Total Completo em Relação
aos Níveis de Maturação
Tempo Total
% Crescimento Total IC % Crescimento Total IC % Crescimento Total IC 1-11
Nível IME 1 IME 8 IME 11
A 88,71 8,484 97,78 11,251 100 13,074 4,590
B 88,26 9,357 97,19 12,261 100 14,291 4,934
C 87,63 11,302 96,47 14,265 100 17,725 6,426
D 86,83 12,375 95,76 15,267 100 19,442 7,067
IC, Idade Cronológica; IME, Indicador de Maturidade Esquelética.
Capítulo 3   Abordagem Biológica e Cefalomórfica no Diagnóstico e Tratamento 21

O princípio mais importante que deve ser lembrado quando relacionadas uma com a outra (Fig. 3-8). A maxila (face supe­
se estiver diagnosticando e formulando o plano de tratamento é rior) está posicionada muito distante anteriormente e a
que todo indivíduo em crescimento demonstra seu padrão mandíbula (face inferior) muito distante posteriormente,
único de maturação independentemente da idade cronológica, resultando em um perfil facial convexo. A face inferior está
gênero, forma facial ou estágio da dentição. deficiente no seu desenvolvimento vertical. Todos os dentes
superiores estão posicionados muito distante anteriormente,
com um excesso resultante de sobremordida e sobressaliência
Exemplos Clínicos
anterior. Os incisivos superiores precisam ser retraídos para um
Para melhor ilustrar o valor dessa abordagem cefalomórfica e melhor relacionamento angular e de posição. Devido à deficiên­
biológica para o diagnóstico e plano de tratamento, os quatro cia vertical no desenvolvimento facial inferior, os incisivos infe­
exemplos de casos a seguir serão apresentados com as opções riores estão posicionados muito superiormente. Os incisivos
selecionadas de diagnóstico e o plano de tratamento relativos às inferiores precisam ser verticalizados para que eles sejam mais
variações na forma craniofacial e à maturação do desenvolvi­ satisfatoriamente suportados pelo osso. Os lábios, superior e
mento esquelético: inferior, estão posicionados muito anteriormente em relação ao
nariz e ao queixo.
Caso A Como visto na Tabela 3-2, em relação ao Caso A, que ilustra
Este indivíduo demonstra um padrão esquelético de Classe II algumas das diferenças de crescimento comparativas da maxila
no qual a maxila e a mandíbula não estão harmoniosamente e mandíbula entre os pacientes cronologicamente avançados
(nível A) e atrasados (nível D) nos quatro diferentes estágios do
IME, se torna evidente que o planejamento clínico deve ser
modificado em relação ao perfil de maturação específico do
paciente. Nesses exemplos, os indivíduos avançados e atrasados
exibem aproximadamente de três a seis anos de diferença na
idade cronológica nos mesmos estágios de maturação, como
identificado nas radiografias de mão e punho. Por exemplo, o
amadurecedor avançado de 11 anos poderia se beneficiar de um
tratamento com extrabucal na maxila aos nove anos, um período
de alta velocidade de crescimento da maxila e mandíbula (IME
3), mas não aos 11 anos de idade (IME 9), um período de rápida
desaceleração na velocidade de crescimento. O amadurecedor
tardio de 13 anos poderia se beneficiar de um tratamento com
extrabucal na maxila dos 12 anos (IME 3) até aproximadamente
os 15 anos (IME 8), um período de alta velocidade de cresci­
mento de maxila e mandíbula.18 As extrações serão provavel­
mente o tratamento de escolha para o amadurecedor avançado.
O perfil é extremamente convexo nesse exemplo. De forma
ótima, o tratamento deve tirar vantagem do maior crescimento
mandibular para baixo e para frente e da restrição da maxila

Tabela  3-2
Caso A: Exemplos de Idade Cronológica
e Porcentagens do Crescimento Maxilar
e Mandibular Total em Relação ao
Estágio/Nível de Maturação
Maxila Mandíbula
% do % do
Idade Crescimento Crescimento
Cronológica Total Total
IME A D A D A D
3 8,955 12,790 94,45 91,43 92,53 87,30
6 9,649 14,261 96,53 94,44 93,49 92,52
9 11,305 16,629 99,19 97,47 98,30 96,72
11 13,074 19,442 100 100 100 100
Fig. 3-8 Avaliação cefalomórfica do caso clínico A.
22 Parte I   Diagnóstico e Tratamento Ortodônticos

alta taxa de crescimento é importante mesmo em casos que


demonstram um padrão de crescimento vertical. A rotação
horária da mandíbula geralmente é considerada desvantajosa
em um padrão de crescimento vertical, mas se acontecer apro­
priadamente em um período de alta velocidade de crescimento,
ela se “autocorrige”. Como visto também na Tabela 3-2, o ama­
durecedor avançado continua a apresentar uma alta porcenta­
gem de crescimento total completo, o que se traduz diretamente
em mais crescimento incremental da maxila e da mandíbula em
estágios progressivos de maturação.

Caso B
Este indivíduo demonstra um padrão esquelético Classe III, no
qual a maxila e a mandíbula não estão relacionadas harmoniosa­
mente uma com a outra (Fig. 3-9). A maxila (face superior) está
posicionada muito longe para posterior e a mandíbula (face
inferior) muito longe para anterior resultando em uma
mandíbula prognata, maxila retruída e um perfil de tecido mole
comparativo. A face inferior demonstra um padrão esquelético
de crescimento horizontal com algum excesso na dimensão ver­
tical. Todos os dentes superiores estão posicionados muito pos­
teriormente, resultando em relacionamentos associados de
sobremordida e sobressaliência negativos graves. Devido ao
desequilíbrio esquelético maxilomandibular, os incisivos estão
extremamente posicionados mais anterior e inferiormente. A
respeito da quantidade suficiente de suporte ósseo alveolar, a
angulação dos incisivos inferiores está satisfatória. O lábio infe­
rior está posicionando muito anteriormente resultando em um
perfil facial côncavo.
Como visto na Tabela 3-3 a respeito do Caso B, neste exemplo
o amadurecedor avançado (nível A) entrou no estágio de alta
velocidade do desenvolvimento esquelético (IME 3) aos nove
anos, enquanto o amadurecedor tardio (nível D) entrou no
mesmo período quase que aos 13 anos de idade. O amadurece­
dor avançado completou a adolescência aos 13 anos, enquanto
o amadurecedor atrasado alcançou a vida adulta depois dos
19 anos. Como este caso requer intervenção cirúrgica para esta­
Fig. 3-9 Avaliação cefalomórfica do caso clínico B. belecer um equilíbrio facial mais harmonioso, se torna evidente
que durante a adolescência tardia (IME 10), o indivíduo tardio
demonstra significativamente menos crescimento mandibular
causada pelo efeito de extrabucal, seja com aparelho extrabucal, total completo que o indivíduo avançado. Neste exemplo, o
Herbst, seja outro aparelho funcional. Como a face inferior amadurecedor avançado se tornou esqueletalmente “queimado”
precisa crescer verticalmente, relacionar o tratamento com uma e exibiu crescimento contínuo maxilar e mandibular mínimos

Tabela  3-3
Caso B: Exemplos de Idade Cronológica e Porcentagens do Crescimento Maxilar e Mandibular
Total em Relação ao Estágio/Nível de Maturação
Maxila Mandíbila
% do % do
Idade Cronológica Crescimento Total Crescimento Total S-Pt A S-Gn
IME A D A D A D A D A D
3 8,955 12,790 94,45 91,43 92,53 87,30 110,0 110,00 123,0 123,0
10 12,260 17,200 99,69 97,53 99,06 97,31 115,76 116,71 131,03 135,31
11 13,074 19,442 100 100 100 100 116,11 119,43 132,19 138,62
Capítulo 3   Abordagem Biológica e Cefalomórfica no Diagnóstico e Tratamento 23

Tabela  3-4
Caso C: Exemplos de Idade Cronológica
e Porcentagens do Crescimento Maxilar
e Mandibular Total em Relação ao
Estágio/Nível de Maturação
Maxila Mandíbula
% do % do
Idade Crescimento Crescimento
Cronológica Total Total
IME A D A D A D
2 8,879 12,564 93,85 91,07 91,88 87,24
6 9,649 14,261 96,53 94,44 93,49 92,52
8 11,251 15,267 98,91 97,46 97,78 96,76
11 13,074 19,442 100 100 100 100

excessiva sobremordida e sobressaliência excessiva. Os incisivos


superiores estão extremamente verticalizados e precisam se tornar
mais protruídos. Mesmo que a maxila esteja posicionada muito
anteriormente, os lábios superior e inferior estão posicionados
muito retrusivamente nos dois planos do perfil, indicando que o
nariz está esteticamente muito grande e proeminente.
Como visto na Tabela 3-4 a respeito do Caso C, as idades
cronológicas e as porcentagens de crescimento total correspon­
dentes aos quatro estágios do IME demonstram claramente que
basear a época de tratamento apenas na idade cronológica não
é racional. Nos exemplos mostrados, o pico da velocidade de
crescimento facial é alcançado aproximadamente aos nove anos
e meio de idade para o amadurecedor avançado (nível A) e
Fig. 3-10 Avaliação cefalomórfica do caso clínico C. depois dos 14 anos de idade para o amadurecedor tardio (nível D).
Arco extrabucal ou outro tratamento relacionado ao cresci­
mento funcionaria bem com o amadurecedor avançado no IME
durante este período tardio, quando comparado com o indivíduo 6, mas não com o amadurecedor tardio no mesmo estágio de
tardiamente maduro, que continuou a crescer esqueleticamente IME 6 de desenvolvimento. Tal tratamento funcionaria bem
tentando “alcançá-lo”. Por este motivo, nos amadurecedores para o amadurecedor tardio aproximadamente aos 14 anos de
avançados, a cirurgia sempre pode ser realizada em uma idade idade, mas não para o amadurecedor avançado, que já terá
cronológica significativamente mais cedo, mesmo antes de atingido a maturidade nessa idade. Tratamentos relacionados ao
atingir a idade adulta. Isto pode fornecer um benefício psi­ crescimento devem ser correlacionados com a maturação. Os
cológico muito necessário em uma idade mais nova. Por estas valores porcentuais do crescimento total refletem essas diferen­
razões, os estágios intermediários do IME são usados para anali­ ças significativas.
sar as projeções mais definitivamente.
Caso D
Caso C A face superior do indivíduo (maxila) demonstra protrusão
Este indivíduo demonstra um padrão esquelético de Classe II no esquelética (Fig. 3-11). A mandíbula demonstra bom equilíbrio
qual a maxila (face superior) e a mandíbula (face inferior) não horizontal em relação à face total. Direção horizontal de cresci­
estão harmoniosamente relacionadas uma com a outra (Fig. 3-10). mento facial inferior é evidente pela referência do plano man­
A maxila está posicionada muito anteriormente. A face inferior dibular em relação à base do crânio. Existe uma relação
(mandíbula) está bem-posicionada horizontal e verticalmente em esquelética vertical equilibrada entre a face superior e a face
relação à face total e ao crânio. Os molares e os incisivos inferiores inferior. Os molares estão em uma relação de Classe II mode­
estão bem-posicionados, entretanto a localização do incisivo infe­ rada. Os incisivos inferiores estão sobre erupcionados em uma
rior seria mais favorável em relação ao perfil se eles fossem posi­ relação de mordida profunda e também estão posicionados
cionados mais para vestibular em relação ao plano Pt A−Pog, excessivamente para lingual em relação ao perfil esquelético. Os
resultando em menor acentuação do nariz. Os incisivos superiores incisivos superiores estão posicionados muito anteriormente
estão posicionados mais ­anteriormente e estão em uma relação de resultando em uma relação de sobremordida e sobressaliência
24 Parte I   Diagnóstico e Tratamento Ortodônticos

Tabela  3-5
Caso D: Exemplos de Idade Cronológica
e Porcentagens do Crescimento Maxilar
e Mandibular Total em Relação
ao Estágio/Nível de Maturação
Maxila Mandíbula
% do % do
Idade Crescimento Crescimento
Cronológica Total Total
IME A D A D A D
3 10,007 14,414 94,45 91,43 92,53 87,30
5 10,641 15,418 95,98 93,67 92,83 91,74
8 13,093 17,202 98,91 97,46 97,78 95,76
11 14,388 20,096 100 100 100 100

mole, permitindo que o lábio superior se mova posteriormente


e o lábio inferior anteriormente.

Monitoramento Do Crescimento
E Do Progresso Do Tratamento
Quando o tratamento de um determinado paciente envolver
significativas considerações sobre o crescimento, o crescimento
facial contínuo e o progresso do tratamento devem ser cuida­
dosamente monitorados. Os padrões esqueléticos exibidos pelo
paciente antes do tratamento, provavelmente irão continuar até
a vida adulta,1-3 sendo quase sempre necessário monitorar o
desenvolvimento até a época de término do crescimento. Assim,
é sempre prudente continuar a modificação do crescimento até
a fase de contenção do tratamento.
Fig. 3-11 Avaliação cefalomórfica do caso clínico D.
Superposições
extremas. Devido ao padrão dos incisivos, o lábio inferior é Para evidenciar os efeitos do tratamento e do crescimento ao
curvado e posicionado lingualmente em relação ao superior. A longo do tempo, a Análise Centrográfica (ACG) fornece uma
relação entre o lábio superior e inferior é desfavorável. forma racional de superposição dos traçados radiográficos da
Como visto na Tabela 3-5 a respeito do Caso D, fatores den­ cabeça. Crescimento para baixo e para frente de maxila e
tários e relacionados ao crescimento contribuem para essa face mandíbula e alterações na base do crânio causadas principal­
desequilibrada. Se a protrusão do esqueleto facial superior for mente pelo crescimento na sutura esfeno-occipital são eviden­
corrigida, o tratamento relacionado ao crescimento será ini­ ciadas. O násio (Na) se move para cima e para frente; o básio
ciado aproximadamente na idade cronológica de 10 anos para (Ba) se move para baixo e para trás.
o amadurecedor avançado (nível A), ou aproximadamente na Como mostrado na Figura 3-12, dois ou mais traçados seriados
idade de 14 anos para os amadurecedores tardios (nível D). são superpostos nos seus respectivos eixos centroides faciais (ECFs)
Dessa forma, a época do tratamento pela maturação significa e registrados no Centroide Craniano (CC). O Eixo Centroide Facial
que este irá correlacionar bem com o período de alta velocidade (ECF) é definido como o plano formado entre o CC e o gnátio
de crescimento facial. Na idade de 14 anos, o amadurecedor (Gn). A experiência tem mostrado que esse método de super­
avançado já terá atingido a idade adulta. Iniciar o tratamento posição é o mais satisfatório para evidenciar as alterações faciais
que não está correlacionado com os padrões específicos de totais relacionadas ao crescimento e aos resultados do tratamento.
maturação do paciente compromete o resultado e, geralmente,
aumenta o tempo de tratamento ativo. Dentariamente, os inci­
Centroimpressos
sivos inferiores precisam ser intruídos e inclinados para vestibu­
lar. Os incisivos superiores precisam ser retraídos e verticalizados. O Centroimpresso mostra diagramaticamente ao clínico como
Isso poderia melhorar significativamente o perfil do tecido o tratamento está progredindo. A Figura 3-13 representa um
Capítulo 3   Abordagem Biológica e Cefalomórfica no Diagnóstico e Tratamento 25

tajosa rotação horária da mandíbula é transitória (não perma­


nente) por causa da autocorreção associada ao período de alta
velocidade de crescimento que está por vir (IME 4-7). O Cen­
troimpresso na Figura 3-13 demonstra o seguinte:
• Crescimento vertical progressivo da face inferior
• Influência esquelética do extrabucal no estabelecimento de
uma relação maxilo-mandibular mais harmônica
• Estabelecimento de relação molar de Classe I
• Redução da sobremordida e da sobressaliência excessivas
• Correções do ângulo e da posição do incisivo e melhora do
perfil de tecido mole
O Centroimpresso é um auxiliar clínico valioso para avaliar
periodicamente o progresso do tratamento ortodôntico.

Conclusão
O diagnóstico e o plano de tratamento requerem uma avaliação
Fig. 3-12 Superposição centrográfica no Eixo do Centroide individualizada de todo paciente ortodôntico. Como todo
Facial (ECF). paciente demonstra seus padrões únicos de desenvolvimento
morfológico e de maturação, o ortodontista é obrigado a reco­
nhecer essas variações e aplicar os fatores de desenvolvimento
diretamente na época e tipo de tratamento clínico. Mesmo indi­
víduos da mesma idade dentária e cronológica, tipicamente
demonstram grandes variações na maturação esquelética e na
morfologia facial. Por essas razões fisiológicas e clínicas, a
Análise Centrográfica (ACG) cefalomórfica e a Avaliação da
Maturação Esquelética (AME) têm sido desenvolvidas e são
aplicadas rotineiramente de forma coordenada para atingir uma
análise racional do caso. Ambas as técnicas diagnósticas pro­
varam ser fáceis de ser aprendidas e aplicadas.

Referências
1. Brodie A: On the growth of the jaws and the eruption of the
teeth, Angle Orthod 12:109-123, 1942.
2. Nanda RS: The rates of growth of several facial components
measured from serial cephalometric roentgenograms, Am J
Orthod 41:658-673, 1975.
Fig. 3-13 Avaliação Centroimpressa da série de alterações do 3. Brodie A: Facial patterns, Angle Orthod 16:75-87, 1946.
crescimento e do tratamento. 4. Moss ML: The dialectics of craniofacial growth research: it is
time for a new synthesis. In McNamara JA, Carlson DS,
Ribbens KA, editors: The effects of surgical intervention on
craniofacial growth, Monograph 12, Craniofacial Growth
Centroimpresso seriado de um paciente Classe II típico exibindo Series, Ann Arbor, 1982, Center for Human Growth and
protrusão esquelética da maxila, relação molar de Classe II, falta Development, University of Michigan.
de desenvolvimento vertical da face inferior, mordida profunda 5. Enlow DH: Craniofacial growth mechanisms: normal and
anterior, sobremordida e sobressaliência excessivas e um perfil disturbed. In McNamara JA, Carlson DS, Ribbens KA, editors:
de tecido mole convexo, com o lábio inferior evertido sob os The effects of surgical intervention on craniofacial growth,
dentes anteriores superiores. A idade de maturação do paciente Monograph 12, Craniofacial Growth Series, Ann Arbor, 1982,
era IME 1-A no início do tratamento, o que representa um Center for Human Growth and Development, University of
período de aceleração da velocidade do crescimento de maxila e Michigan.
6. Fishman LS: Individualized evaluation of facial form, Am J
mandíbula. O tratamento envolveu um extrabucal maxilar com
Orthod Dentofacial Orthop 111:510-517, 1997.
o arco externo ajustado para aumentar o crescimento vertical da
7. Keim RG: Achieving facial harmony through orthodontics,
face inferior e manter os molares superiores em posição enquanto J Cal Dent Soc 30:825-830, 2002.
a mandíbula cresceu para baixo e para frente. O tratamento 8. Dolce C, Schader RE, McGorray SP, Wheeler TT: Centrographic
também incluiu um arco utilidade para intruir os dentes anteri­ analysis of 1-phase versus 1-phase treatment for Class II
ores inferiores e verticalizar os molares inferiores para aumentar malocclusion, Am J Orthod Dentofacial Orthop 121:195-200,
mais a dimensão vertical da face inferior. Neste caso, a desvan­ 2005.
26 Parte I   Diagnóstico e Tratamento Ortodônticos

9. Fishman LS: Misinterpretation of centrographic analysis 19. Flores-Mir C, Nebbe B, Major PW: Use of skeletal maturation
and Class II treatment, Am J Orthod Dentofacial Orthop based on hand-wrist radiographic analysis as a predictor of
122:321-322, 2006. facial growth: a systematic review, Angle Orthod 74:118-124,
10. Nanda RS, Dandajena T: The role of headgear in growth 2004.
modification, Semin Orthod 12:25-33, 2006. 20. Subtelny JD: Early orthodontic treatment, In Fishman LS,
11. Fishman LS: Chronologic versus skeletal age: an evaluation of editor: Maturational development and facial form relative
craniofacial growth, Angle Orthod 49:51-63, 1979. to treatment timing, Carol Stream, Ill, 2000, Quintessence,
12. Houston WJ: Relationships between skeletal maturity esti­ pp. 265-285.
mated from hand-wrist radiographs and the timing of the 21. Fishman LS: Readers forum: can cephalometric x-rays of the
adolescent growth spurt, Eur J Orthod 2:81-93, 1980. cervical column be used instead of hand-wrist x-rays to deter­
13. Grave K, Townsend G: Hand-wrist and cervical vertebral mine a patient’s maturational age? Am J Orthod Dentofacial
maturation indicators: how can these events be used to time Orthop 122:18A-19A, 2002.
Class II treatments?, Aust Orthod 19:33-45, 2003. 22. Revelo B, Fishman LS: Maturational evaluation of ossification
14. Baccetti T, Franchi L, McNamara JA: An improved version of of the midpalatal suture, Am J Orthod Dentofacial Orthop
the cervical vertebral maturation (CVM) method for the assess­ 105:288-292, 1994.
ment of mandibular growth, Angle Orthod 72:316-323, 2002. 23. Burstone CI: Process of maturation and growth prediction,
15. www.GrowthTek.com. Am J Orthod 49:907-919, 1963.
16. Fishman LS: Radiographic evaluation of skeletal maturation, 24. Fishman LS: Discovering the uniqueness of the individual,
a clinically oriented study based on hand-wrist films, Angle Am J Orthod Dentofacial Orthop 99:20A-21A, 1991.
Orthod 52:88-112, 1982. 25. Silveira AM, Fishman LS, Subtelny JD, Kassebaum DK: Facial
17. Fishman LS: Maturational patterns and prediction during growth during adolescence in early, average and late maturers,
adolescence, Angle Orthod 57:178-193, 1987. Angle Orthod 62:185-189, 1992.
18. Kopecki GR, Fishman LS: Timing of cervical headgear treat­ 26. So LL: Skeletal maturation of the hand and wrist and its
ment based on skeletal maturation, Am J Orthod Dentofacial correlation with dental development, Aust Orthod J 15:1-9,
Orthop 104:162-169, 1993. 1997.
C ap í t u lo
4
Padrões Oclusais em
Pacientes Ortodônticos:
Utilização do Sistema
de Medição da Força
Oclusal
Yukio Kitafusa

O
objetivo do tratamento ortodôntico é prevenir e de imagem. O sistema T-scan é um dispositivo de medida oclusal
melhorar a maloclusão funcional para que a função que foi criado por Maness et al.14 em 1987. Sua aplicação primária
mastigatória abrangente e eficaz possa ser estabele­ é a medida de diferenças na resistência elétrica, que é representa­
cida.1 A importância fisiológica do sistema estomatognático é tiva da força oclusal. No entanto, Patyk et al.15 relataram que o
indispensável para a estrutura e para a função normal. Estudos sensor do sistema T-scan era fino e tendia a deslocar a mandíbula
têm demonstrado que os pacientes com maloclusões apresen­ devido à flexibilidade intrínseca do sistema. Além disso, o sistema
tam menos função mastigatória que os pacientes com oclusão T-scan possui uma variação de medida pequena para a força
normal,2,3 resultando na diminuição geral da atividade bucal oclusal, assim como, alteração da sensibilidade de medição em
causada pela desarmonia oclusal, força oclusal e capacidade locais diferentes dentro desta variação. Entretanto, o desenvolvi­
de mastigação menores e outras questões. As razões pelas quais mento recente do Sistema Dental Prescale Occluzer (Fuji Film,
os indivíduos com maloclusões apresentam desempenho Tóquio, Japão) permite medições das áreas e pressões dos contatos
mastigatório pior não são completamente conhecidas. oclusais com facilidade. Este sistema é amplamente utilizado na
Entretanto, três fatores que podem influenciar o desempenho Ortodontia japonesa. Uchiyama et al.16 confirmaram uma alta taxa
mastigatório são (1) o número e a área dos contatos oclusais, de reprodução e confiabilidade nas medidas das áreas de contato
(2) forças oclusais como expressas pela força oclusal máxima tomadas com este sistema. Nagai et al.17 relataram que as folhas
e (3) a quantidade de excursão lateral durante a mastigação. sensíveis à pressão são úteis para o estudo da condição oclusal do
A função mastigatória pode ser melhorada com o tratamento prognatismo mandibular. Além disso, Asano et al.18 obtiveram
ortodôntico. No entanto, é muito difícil de medir o grau de resultados confiáveis utilizando este sistema quando examinavam
melhora. a mudança na força oclusal e as áreas de contato durante a
Para se avaliar melhor a eficácia do tratamento, o foco do diag­ contenção.
nóstico deve ser dado com mais atenção na força oclusal e nos Este capítulo trata da avaliação dos padrões oclusais, espe­
contatos oclusais. A investigação da força oclusal teve início com o cialmente as pressões e áreas de contato em pacientes ortodôn­
medidor de força mandibular de Borelli4 em 1681 e foi seguido por ticos, utilizando o Sistema Dental Prescale Occluzer.
vários outros estudos. Os métodos predominantes para a medida
da força oclusal são (1) cantiléver,5 (2) pressão de óleo, (3) dureza
SiStema Dental Prescale Occluzer
Brinnel,6 (4) eletricidade,7,8 (5) T-scan9 e (6) Prescale.10,11 Dahlberg12
relatou que existem 32 pontos de área de contato (26 na região de O Sistema Dental Prescale Occluzer consiste em folhas sensíveis à
molar). Hellman13 mediu as áreas de contato em oclusão cêntrica pressão (Dental Prescale), uma análise de computador (Occluzer) e
e descreveu 138 pontos de contato em uma oclusão ideal classifi­ um computador para armazenamento dos dados (Macintosh Power
cando (1) pela condição do contato, (2) pelo contato com a cúspide Book) (Figs. 4-1 e 4-2). A densidade da formação da cor nas folhas
e o sulco, (3) pelo contato com a crista marginal e ameia interdental sensíveis à pressão depende do nível de pressão aplicada. As forma­
e (4) o contato com a fissura e a crista marginal. ções das cores nas folhas são lidas pelo Occluzer com um scanner
Uma mudança recente na interpretação das forças oclusais de imagem colorida. A magnitude da pressão oclusal é estimada pelo
resultou do sistema “T-scan” e o seu uso com tecnologia de análise exame dos dados da densidade da cor identificada e da área.19

27
28 Parte I   Diagnóstico e Tratamento Ortodônticos

Desenho da Folha Prescale quando são sujeitas a pressões relativamente baixas, enquanto
as microcápsulas pequenas e espessas somente se rompem
O Dental Prescale incorpora um desenho monofolha. Primeiro quando submetidas a pressões elevadas. O tom de vermelho
uma solução reveladora é coberta sobre uma camada de filme de produzido escurece na proporção do número de cápsulas que
tereftalato de polietileno (PET). Microcápsulas de várias dimen­ se rompem.19
sões que contêm formadores de cor são uniformemente distribuí­
das por esta camada de revelador. Ambos os lados são, então,
Sistema de Medida de Força Oclusal
embalados a vácuo em uma camada ultrafina de filme PET.
Medidas especiais são tomadas durante o processo de fabricação O Occluzer FPD-703 (Fuji Film), um sistema de medida de
para garantir que cada folha de Dental Prescale seja completa­ força oclusal, consiste em um scanner, uma placa de tratamento,
mente estéril. um monitor, uma impressora térmica e um mouse. A medição
Quando a folha de Prescale é sujeita à pressão, as microcáp­ começa quando a imagem do Prescale é digitalizada no com­
sulas se rompem e liberam um líquido incolor corante branco putador. O computador lê a formação da cor (informação for­
claro. Este corante reage com a camada de revelador e se torna necida pelo Prescale) em 100 pontos por polegadas (dpi) e
vermelho. Devido às microcápsulas poderem resistir a várias identifica os dados com a placa de tratamento. O processo é
pressões, dependendo dos seus tamanhos e espessuras, o tom e completado quando a informação é expressa em um formulário
a intensidade do corante varia com a quantidade de pressão analógico dos dados.
aplicada na folha de Prescale; maiores pressões garantem cores O Dental Prescale 50H Tipo R (Fuji Film) utilizado neste
mais profundas. As microcápsulas largas e finas se rompem estudo possui a forma de ferradura de modo a se adaptar ao
arco dental. Existem quatro tamanhos disponíveis: P (pequeno),
M (médio), G (grande) e E (extragrande).
Em estudos prévios foram utilizados compostos de modela­
gem,20 um disco de mordida em goma-laca,21,22 e um bloco de sili­
cone23 para marcar os contatos oclusais. O Dental Prescale é mais
preciso e conveniente que estes métodos. O Tipo R é mais preciso
e mais fino que o tipo W. Além disso, apenas a área de contato
entre os dentes superiores e inferiores é marcada no Tipo R.

Análise
A análise dos resultados do Dental Prescale envolve as seguintes
medidas:
• A área de contato oclusal (“Área”) é a área formada por cor
pelo Prescale. Forças oclusais pequenas não podem ser cal­
culadas sob o alcance de medição do Prescale. As unidades
são dadas em milímetros quadrados (mm2).
• A pressão oclusal média (“Média” [“Ave”]) é a força oclusal
por unidade de área, expressa em megapascal (MPa).
• A força oclusal (“Força”) é calculada pela multiplicação da
pressão oclusal média e da área de contato oclusal. As uni­
dades são dadas em newtons (N); 1N  0,1 quilograma-
força (kgf).
Quando se utiliza o Dental Prescale, o paciente deve estar
sentado no equipo odontológico em uma posição relaxada.
Fig. 4-1 Diagrama do Sistema Dental Prescale Occluzer. Após um “aquecimento”, que consiste em mordidas suaves a

Fig. 4-2 Estrutura da folha sensível à pressão do


Dental Prescale e mecanismo da formação de cor.
PET, Tereftalato de polietileno.
Capítulo 4   Padrões Oclusais em Pacientes Ortodônticos 29

Fig. 4-3 A, Folha sensível à pressão do Dental Prescale.


B, Amostra de dados exibidos no computador de análise.

fortes por duas ou três vezes, o paciente é levado a morder a


Tabela  4-1
folha de Prescale (Fig. 4-3, A) apenas uma vez e manter a
mordida por cinco segundos. A folha de Prescale é então inseri­ Distribuição da oclusão normal e da
­da no Occluzer para analisar os dados (Macintosh Power maloclusão em indivíduos com Dental Prescale
Book5300cs, Power Mac G4), as áreas de contato oclusal (mm2),
a pressão em cada área de contato oclusal (MPa) e todas as Oclusão normal/Maloclusão Número Idade média
forças oclusais (N) (Fig. 4-3, B). Oclusão normal 10 14,10 ± 4,27
Apinhamento 21 12,73 ± 7,12
Protrusão mandibular 19 10,96 ± 4,27
Estudo Clínico Protrusão maxilar (ov) 18 12,79 ± 5,52
Protrusão maxilar (un) 10 14,21 ± 7,63
Pacientes Mordida cruzada lateral 5 13,20 ± 7,10
Mordida aberta 20 12,51 ± 5,25
Neste estudo clínico, pacientes com diferentes maloclusões e total 103 12,93 ± 7,30
vários padrões faciais foram selecionados dentre os pacientes
que chegavam à Clínica de Ortodontia Kitafusa (Asahi, Chiba, ov, overbite maior (“over”) que 5 mm; uv, overbite menor
Japão). Pacientes com oclusão normal foram selecionados entre (“under”) 5 mm.
os funcionários da clínica e seus amigos. Estes pacientes não
apresentavam dentes perdidos ou cariados e não foram sub­
metidos a tratamento ortodôntico ou protético. Os pacientes
com oclusão normal apresentavam relação molar Classe I, como pacientes com oclusão normal, maloclusões e padrões faciais
definido pela classificação de Angle. foram testados com o Stat View J 5.0. A One-way Factorial
Os pacientes com maloclusões e oclusão normal foram dis­ Analysis of Variance (ANOVA), os testes de Comparações Múl­
tribuídos como está apresentado na Tabela 4-1. Os pacientes tiplas e o método Scheffe foram utilizados posteriormente para
com protrusão maxilar foram classificados em dois tipos: determinar diferenças significativas entre os grupos.
aqueles com mais de 5 mm de overbite (tipo “ov” [over]) e
aqueles com menos de 5 mm de overbite (tipo “un” [under]).
Resultados
Análises cefalométricas foram realizadas para todos os pacientes
(Tabela 4-2). Os ângulos faciais medidos foram o eixo facial Os padrões oclusais foram analisados nos pacientes com oclusão
(EF), profundidade facial (PF), plano mandibular (PM) e arco normal e naqueles com maloclusões. A Tabela 4-5 e a Figura 4-4
mandibular (AM). A altura facial inferior (AFI) e a altura facial demonstram o valor médio da área de contato oclusal (“Área”),
total (AFT) também foram medidas. Os padrões faciais foram pressão oclusal média sobre os contatos oclusais (“Média”/“Ave”)
classificados de acordo com o método de Ricketts (Tabela 4-3) e todas as forças oclusais (“Força” = “Ave” × “Área”). Os resul­
e analisados cefalometricamente (Tabela 4-4). tados são os seguintes:
1. Grupo com oclusão normal. Os valores de “Área” e “Força”
foram os maiores quando comparados com cada grupo de
Métodos
maloclusão. Entretanto, a “Média” não foi significativamente
A força de mordida foi registrada para os pacientes com oclusão maior, porém similar aos valores médios.
normal, pacientes com várias maloclusões e pacientes represen­ 2. Grupo de protrusão mandibular. Apesar dos valores de
tantes de sete padrões faciais utilizando-se de folhas sensíveis à “Média” sendo os menores, os de “Área” foram os maiores
pressão (Dental Prescale 50H Tipo R). Os dados obtidos foram no grupo de protrusão mandibular após o grupo de oclusão
classificados para cada grupo e a análise estatística foi realizada normal. A “Força” também foi maior neste grupo após o
utilizando-se o Microsoft Excel 8.0. Os dados de cada grupo de grupo de oclusão normal.
30 Parte I   Diagnóstico e Tratamento Ortodônticos

Tabela  4-2
Dados Cefalométricos dos Ângulos Faciais no Estudo dos Indivíduos com Dental Prescale:
Média ± DP (graus)
Oclusão normal/Maloclusão EF PF PM AFI AM AFT
Oclusão normal 86,52 ± 2,98 84,30 ± 3,43 29,64 ± 3,62 46,44 ± 1,50 31,82 ± 4,81 58,50 ± 2,11
Apinhamento 84,46 ± 4,25 84,41 ± 3,05 32,39 ± 4,66 48,22 ± 4,17 33,30 ± 4,18 61,14 ± 4,56
Protrusão mandibular 89,24 ± 3,23 87,60 ± 4,27 28,39 ± 5,99 44,67 ± 4,08 33,80 ± 6,96 57,32 ± 4,58
Protrusão maxilar (ov) 83,84 ± 2,54 83,46 ± 2,55 31,43 ± 3,10 46,30 ± 3,32 34,88 ± 2,64 58,72 ± 3,49
Protrusão maxilar (un) 85,34 ± 3,75 85,28 ± 2,20 31,66 ± 4,55 45,03 ± 3,80 31,53 ± 4,98 59,93 ± 4,23
Mordida cruzada lateral 83,12 ± 5,49 85,46 ± 2,74 34,54 ± 4,41 49,68 ± 5,06 29,18 ± 6,63 65,20 ± 4,85
Mordida aberta 83,26 ± 5,55 85,45 ± 3,26 33,70 ± 5,87 51,47 ± 5,88 31,00 ± 4,58 64,09 ± 6,04

DP, Desvio-Padrão; EF, ângulo do eixo facial; PF, ângulo da profundidade facial; PM, ângulo do plano mandibular; AFI, altura facial
inferior; AM, ângulo do arco mandibular; AFT, altura facial total.

aberta, apinhamento vs. mordida aberta e protrusão mandibu­


Tabela  4-3 lar vs. mordida aberta apresentaram diferenças significativas.
Distribuição dos Padrões Faciais no Estudo Dentro da pressão média, nenhuma diferença significativa foi
reconhecida. Dentro da força oclusal, oclusão normal vs. pro­
dos Indivíduos com Dental Prescale
trusão maxilar (ov), oclusão normal vs. mordida aberta, api­
Padrão Número Idade média nhamento vs. mordida aberta e protrusão mandibular vs. mordida
Dolicofacial grave 17 13,23 ± 2,77 aberta, foram encontradas diferenças significativas.
Dolicofacial (dolico) 19 12,25 ± 3,70 A Tabela 4-7 e a Figura 4-5 apresentam os valores médios
Mesiofacial com tendência 17 13,37 ± 8,23 para “Área”, “Média” e “Força” entre os diferentes grupos de
ao dolicofacial padrão facial, como se segue:
Mesiofacial (mesio) 19 11,38 ± 6,51
1. Padrão dolicofacial grave (dolico). A “Área” e a “Força”
Mesiofacial com tendência 22 11,33 ± 4,74
foram as menores de todos os grupos. A “Média” foi ligeira­
ao braquifacial
Braquifacial (braqui) 13 12,45 ± 6,99 mente maior que o valor médio.
Braquifacial grave 17 12,44 ± 4,81 2. Padrão dolicofacial (“dolico”). Este tipo de padrão se
total 124 12,35 ± 5,39 mostrou o segundo menor em “Área” e “Força”. “Média”
se mostrou maior que todos os grupos.
3. Padrão mesiofacial com tendência ao dolicofacial (mesio).
“Área” e “Força” mostraram os terceiros menores valores.
3. Grupo de apinhamento. “Área” e “Força” mostraram valores “Média” mostrou-se quase a mesma que o padrão dolicofa­
altos no grupo de maloclusão por apinhamento similares ao cial grave.
grupo de protrusão mandibular. A “Média” foi a menor após 4. Padrão mesiofacial. “Área”, “Média” e “Força” estiveram a
o grupo de protrusão mandibular. meio caminho entre as posições alta e baixa.
4. Grupo de protrusão maxilar. Os grupos de protrusão 5. Padrão mesiofacial com tendência ao braquifacial (braqui).
maxilar (“un”) e protrusão maxilar (“ov”) apresentaram “Área” e “Força” foram os terceiros maiores em todos os
valores significativamente diferentes em “Área” e “Força”. O grupos. “Média” estava próximo dos valores médios.
“un“ estava perto da média de todos os grupos e foi maior 6. Padrão braquifacial (“braqui”). “Área” foi quase a mesma
que “ov” em “Área” e “Força”. Entretanto, a “Média” para “ov” do padrão braqui grave. No entanto, foi o maior valor de
foi perto da média e maior que “un”. todos os grupos. “Média” foi a menor entre os grupos.
5. Grupo de mordida cruzada lateral. A “Média” foi a maior “Força” foi o segundo maior.
após o grupo de oclusão normal. “Área” e “Força” foram os 7. Padrão braquifacial grave. “Força” foi o maior valor entre
segundos menores em valor. os grupos. “Área” foi aproximadamente tão alto quanto o
6. Grupo de mordida aberta. “Área” e “Força” foram os padrão braquifacial. “Média” foi próximo da média.
menores em todos os grupos de pacientes; entretanto, a A Tabela 4-8 apresenta os dados das diferenças significativas
“Média” foi a maior em todos os grupos. entre os grupos de padrão facial.
Para resumir esses resultados, a força diminui na seguinte
ordem: oclusão normal, protrusão mandibular, apinhamento, Dentro da área de contato oclusal
protrusão maxilar (un), mordida cruzada lateral, protrusão Os pacientes dos seguintes padrões faciais apresentaram dife­
maxilar (ov) e mordida aberta. renças significativas dentro da área de contato oclusal (“Área”):
A Tabela 4-6 lista os dados estatísticos para diferenças signi­ • Padrão braqui grave vs. padrão mesio com tendência ao
ficativas entre os grupos de oclusão normal e maloclusões. dolico
Dentro da área de contato oclusal, oclusão normal vs. mordida • Padrão braqui grave vs. padrão dolico
Capítulo 4   Padrões Oclusais em Pacientes Ortodônticos 31

Tabela  4-4
Dados Cefalométricos dos Padrões Faciais no Estudo dos Indivíduos com Dental Prescale:
Média ± DP (graus)
Oclusão normal/Maloclusão EF PF PM AFI AM AFT
Dolicofacial grave 82,64 ± 5,74 84,17 ± 3,03 35,40 ± 5,98 50,60 ± 6,72 30,86 ± 5,47 63,97 ± 7,09
Dolicofacial (dolico) 84,91 ± 3,70 84,09 ± 2,79 33,11 ± 4,54 48,46 ± 4,31 31,41 ± 4,10 60,69 ± 4,31
Mesiofacial com tendência ao 83,22 ± 4,08 83,74 ± 2,82 34,52 ± 4,25 49,08 ± 3,19 31,57 ± 4,80 62,79 ± 4,74
dolicofacial
Mesiofacial (mesio) 83,66 ± 3,22 83,64 ± 2,45 32,88 ± 2,94 47,87 ± 3,93 29,86 ± 4,86 62,64 ± 3,50
Mesiofacial com tendência ao 87,45 ± 2,88 87,26 ± 3,74 29,79 ± 2,99 46,20 ± 1,99 32,11 ± 4,30 59,33 ± 2,78
braquifacial
Braquifacial (braqui) 86,47 ± 2,96 85,58 ± 2,64 29,09 ± 3,13 45,73 ± 3,23 34,37 ± 3,24 58,37 ± 3,11
Braquifacial grave 90,72 ± 3,30 88,67 ± 3,06 24,95 ± 3,49 41,05 ± 2,33 38,74 ± 3,48 53,73 ± 2,38

DP, Desvio-Padrão; EF, ângulo do eixo facial; PF, ângulo da profundidade facial; PM, ângulo do plano mandibular; AFI, altura facial
inferior; AM, ângulo do arco mandibular; AFT, altura facial total.

Tabela  4-5
Valores do Occluzer para os Ângulos Faciais no Estudo dos Indivíduos com Dental Prescale
Área de Contato (mm2) Pressão (MPa) Força Oclusal (N)
Oclusão normal/Maloclusão Média DP Média DP Média DP
Oclusão normal 8,48 2,67 51,09 7,71 423,27 113,92
Protrusão mandibular 7,60 3,80 46,13 6,79 348,91 172,02
Apinhamento 7,49 3,58 46,95 5,39 346,10 154,16
Protrusão maxilar (un) 6,04 3,12 47,22 5,32 281,46 141,22
Mordida cruzada lateral 4,80 1,80 51,12 10,28 245,62 104,22
Protrusão maxilar (ov) 4,70 3,25 50,14 8,80 222,37 146,79
Mordida aberta 3,33 1,36 52,16 6,02 170,92 68,74
média 5,64 2,11 50,03 3,12 273,32 94,97

MPa, Megapascal; N, newton (1 N  0,1 kgf); DP, desvio-padrão.

• Padrão braqui grave vs. padrão dolico grave • Padrão braqui grave vs. padrão mesio com tendência ao
• Padrão braqui vs. padrão mesio com tendência ao dolico dolico
• Padrão braqui vs. padrão dolico • Padrão braqui grave vs. padrão dolico
• Padrão braqui vs. padrão dolico grave • Padrão braqui grave vs. padrão dolico grave
• Padrão mesio com tendência à braqui vs. padrão dolico • Padrão braqui vs. padrão mesio com tendência ao dolico
• Padrão mesio com tendência ao braqui vs. padrão dolico • Padrão braqui vs. padrão dolico
grave • Padrão braqui vs. padrão dolico grave
• Padrão mesio vs. padrão dolico • Padrão mesio com tendência ao braqui vs. padrão dolico
• Padrão mesio vs. padrão dolico grave • Padrão mesio com tendência ao braqui vs. padrão dolico
grave
Dentro da pressão média • Padrão mesio vs. padrão dolico
Os pacientes com os seguintes padrões faciais exibiram diferen­ • Padrão mesio vs. padrão dolico grave
ças significativas dentro da pressão média (“Média”): • Padrão mesio com tendência ao dolico vs. padrão dolico
• Padrão braqui vs. padrão dolico grave
• Padrão mesio com tendência ao braqui vs. padrão dolico
• Padrão mesio vs. padrão dolico
Discussão
Dentro da força oclusal Previamente, Yurkstas e Manly24 mediram o contato oclusal
Os pacientes com os seguintes padrões faciais exibiram diferen­ efetivo utilizando um comparômetro e um reflectômetro
ças significativas dentro da força oclusal (“Força”): Photovolt com registros de cera; a área oclusal efetiva foi de
• Padrão braqui grave vs. padrão mesio com tendência ao 48,4 mm2 para pacientes com dentição completa. Araki
dolico et al.,25 utilizando o Dental Prescale com cinco pacientes com
32 Parte I   Diagnóstico e Tratamento Ortodônticos

Fig. 4-4 Valores do Occluzer para os indivíduos com oclusão normal e grupos com maloclusões.
un, Overbite menor que 5 mm; ov, overbite maior que 5 mm; MPa, megapascal; N, newton.

Fig. 4-5 Valores do Occluzer para os padrões faciais. MPa, megapascal; N, newton.
Capítulo 4   Padrões Oclusais em Pacientes Ortodônticos 33

Tabela  4-6
Resultados da ANOVA e do Método Scheffe para Oclusão Normal e Maloclusões no Estudo dos
Indivíduos com Dental Prescale
Área de Contato Pressão Média Força Oclusal
p p p
Oclusão normal/apinhamento 0,9944 0,8777 0,9123
Oclusão normal/protrusão mandibular 0,9967 0,7227 0,9159
Oclusão normal/protrusão maxilar (ov) 0,1527 >0,9999 0,0450 *
Oclusão normal/protrusão maxilar (un) 0,7239 0,9328 0,4212
Oclusão normal/mordida cruzada lateral 0,5801 >0,9999 0,4921
Oclusão normal/mordida aberta 0,0080 † >0,9999 0,0024 †
Apinhamento/protrusão mandibular >0,9999 >0,9999 >0,9999
Apinhamento/protrusão maxilar (ov) 0,2710 0,9152 0,2863
Apinhamento/protrusão maxilar (un) 0,9354 >0,9999 0,9371
Apinhamento/mordida cruzada lateral 0,8041 0,9610 0,9093
Apinhamento/mordida aberta 0,0093 † 0,4643 0,0197 *
Protrusão mandibular/protrusão maxilar (ov) 0,1811 0,7444 0,2123
Protrusão mandibular/protrusão maxilar (un) 0,8926 0,9998 0,9101
Protrusão mandibular/mordida cruzada lateral 0,7554 0,9018 0,8896
Protrusão mandibular/mordida aberta 0,0036 † 0,2264 0,0099 †
Protrusão maxilar (ov)/protrusão maxilar (un) 0,9597 0,9640 0,9633
Protrusão maxilar (ov)/mordida cruzada lateral >0,9999 >0,9999 >0,9999
Protrusão maxilar (ov)/mordida aberta 0,9307 0,9916 0,9708
Protrusão maxilar (un)/mordida cruzada lateral 0,9963 0,9773 0,9997
Protrusão maxilar (un)/mordida aberta 0,3942 0,6491 0,5206
Mordida cruzada lateral/mordida aberta 0,9886 >0,9999 0,9783

ANOVA, Análise da variância; p, probabilidade.


*Diferença com nível de significância de 5%.

Diferença com nível de significância de 1%.

Tabela  4-7
Valores do Occluzer para os Padrões Faciais no Estudo dos Indivíduos com Dental Prescale
Área de Contato (mm2) Pressão (MPa) Força Oclusal (N)
Padrão Média DP Média DP Média DP
Dolicofacial grave 1,99 1,06 49,26 10,90 34,72 45,70
Dolicofacial 2,92 1,01 56,08 8,25 159,23 50,38
Mesio com tendência ao dolico 4,92 2,03 49,19 5,70 243,29 106,29
Mesiofacial 6,83 2,47 46,28 7,30 314,57 108,65
Mesio com tendência ao braqui 7,76 2,71 47,16 7,45 355,91 114,19
Braquifacial 9,80 5,14 45,58 6,93 423,34 161,74
Braquifacial grave 9,69 3,69 47,57 5,81 457,28 169,04
média 6,27 3,11 48,73 3,52 284,04 149,95

DP, desvio padrão.

oclusão normal, encontraram que a “Área” média era de A variação do “ganho de sensibilidade” nas folhas 30H é 3
12,9 mm2, “Média” 35,0 MPa e “Força” 458 N. Kayukawa a 13 MPa e para a 50H é de 5 a 150 MPa. Ogata et al.26 relata­
et al.,2 também utilizando o Dental Prescale em cinco pacientes ram, sobre a reprodutibilidade do Dental Prescale, que as
com oclusão normal, relataram que a “Área” média foi de folhas 30H possuem um alcance pequeno, não cobrindo toda
42,8 mm2, “Média” 7,42 MPa e “Força” 315,6 N. Estes dados a variação. Kumagaya et al.27 relataram que a precisão da
são diferentes dos resultados do autor por causa do uso das medida do tipo W é significativamente menor que o tipo R.
folhas sensíveis à pressão. Yurkstas e Manly24 utilizaram um Portanto, o autor acreditou que a melhor maneira de se obter
Disco de Cera Rosa: Araki et al.25 e Kayukawa e Kayukawa2 resultados precisos foi com as folhas sensíveis à pressão (Pres­
utilizaram o 30H tipo W. cale) 50H tipo R, utilizadas neste estudo.
34 Parte I   Diagnóstico e Tratamento Ortodônticos

Tabela  4-8
Resultados da ANOVA e do Método Scheffe para Padrões Faciais no Estudo dos Indivíduos com
Dental Prescale
Área de Contato Pressão Média Força Oclusal
p p p
Braqui grave/braqui >0,9999 0,9976 0,9946
Braqui grave/mesio-B 0,5990 >0,9999 0,2747
Braqui grave/mesio 0,1598 0,9997 0,0343 *
Braqui grave/mesio-D 0,0008 † 0,9990 0,0001 †
Braqui grave/dolico <0,0001 † 0,1028 <0,0001 †
Braqui grave/dolico grave <0,0001 † 0,9985 <0,0001 †
Braqui/mesio-B 0,5997 0,9991 0,8053
Braqui/mesio 0,1743 >0,9999 0,2946
Braqui/mesio-D 0,0013 † 0,9460 0,0058 †
Braqui/dolico <0,0001 † 0,0271 * <0,0001 †
Braqui/dolico grave <0,0001 † 0,9334 <0,0001 †
Mesio-B/mesio 0,9789 >0,9999 0,9679
Mesio-B/mesio-D 0,1353 0,9952 0,1611
Braqui/dolico <0,0001 † 0,0423 * 0,0001 †
Braqui/dolico grave <0,0001 † 0,9931 <0,0001 †
Mesio/mesio-D 0,6475 0,9728 0,7385
Mesio/dolico 0,0068 † 0,0238 * 0,0099 †
Mesio/dolico grave 0,0002 † 0,9644 <0,0001 †
Mesio-D/dolico 0,5882 0,3180 0,5571
Mesio-D/dolico grave 0,1359 >0,9999 0,0225 *
Dolico/dolico grave 0,9830 0,2960 0,7968

Mesio-B, padrão mesiofacial com tendência ao braquifacial; mesio-D, padrão mesiofacial com tendência ao dolicofacial.
*Diferença com nível de significância de 5%.

Diferença com nível de significância de 1%.

Padrões oclusais em indivíduos com oclusão normal posteriormente. Portanto, para se obter estabilidade oclusal no
e maloclusão período de contenção, o centro da força oclusal deve ser
O padrão oclusal de indivíduos com oclusão normal apresentou mudado mais anteriormente e deve ter um padrão oclusal
os maiores valores em Área e Força. A Área (formação de cor no melhorado.2
Prescale) é considerada maior na oclusão normal que na malo­
clusão. Como a Área na oclusão normal se alarga, a Força se Padrões oclusais em indivíduos com padrões faciais
torna maior, porque Força = Média × Área. Em maloclusões, Em geral, a forma craniomandibular está relacionada com a
Área, Média e Força diminuem na ordem de protrusão man­ função oral.28 Em seu estudo da relação entre a função masti­
dibular, apinhamento, protrusão maxilar (“un”; overbite <5 mm), gatória e a forma craniomandibular, Proffit, Fields e Nixon3 rela­
mordida cruzada lateral, protrusão maxilar (“ov”; overbite taram que a força oclusal máxima para indivíduos com a face
>5 mm) e mordida aberta. Em Área e Força, alguns indivíduos longa foi menor que a força em indivíduos com comprimento
do grupo de protrusão mandibular e de apinhamento estiveram de face normal. Park29 relatou que indivíduos dolicofaciais apre­
próximos dos dados do grupo de oclusão normal. sentaram menos força que os braquifaciais e mesiofaciais nas
A função oclusal é considerada uma condição fechada; zonas de ciclos dos músculos mastigatórios em EMG.
entretanto, necessita ser mais estudada com a utilização de dis­ A ação muscular é forte no padrão braquifacial e fraco no
positivos eletromiográficos (EMG). O grupo de mordida aberta dolicofacial. O padrão oclusal do padrão braquifacial tende a ser
foi o menor em Área e Força. Acredita-se que a função oclusal forte na área de contato oclusal e na força oclusal, onde o padrão
deficiente está relacionada com a função muscular, especial­ dolicofacial tende a ser fraco. Os resultados deste estudo provam
mente com a função do músculo digástrico.13 Além disso, mais esta hipótese.
estudos sistemáticos avançados são necessários.
O centro da força oclusal e a distribuição foram confirma­
Conclusão
dos; no grupo de oclusão normal, ela foi no centro bilateral­
mente e próximo à área dos primeiros molares direito e O diagnóstico associado aos contatos oclusais é a chave na avalia­
esquerdo anteroposteriormente. No grupo de mordida aberta ­ção da eficácia do tratamento ortodôntico. Este sistema apre­
e protrusão maxilar, foi confirmada sendo posicionada mais senta resultados e dados confiáveis para a medição dos padrões
Capítulo 4   Padrões Oclusais em Pacientes Ortodônticos 35

oclusais. A aplicação do Sistema Dental Prescale Occluzer para 14. Maness WL, Benjamin M, Podoloff R et al: Computerized
observação das mudanças na oclusão de pacientes ortodônticos occlusal analysis: a new technology, Quintessence Int 18:287-
pode ajudar na avaliação da condição da oclusão no exame 292, 1987.
inicial e durante o acompanhamento. O autor recomenda que 15. Patyk A, Lotzmann U, Paula JM et al: Ist das T-scan-system
eine diagnostisch relevante methode zur okklusionskontrolle?
se pondere os diferentes padrões faciais quando se aplicar o
ZWR 98:686-694, 1989.
Dental Prescale para diagnóstico clínico em Ortodontia.
16. Uchiyama N et al: An evaluating method of occlusal contact
areas using measuring system for biting pressure, J Jpn Orthod
Soc 56:92-99, 1997.
Referências 17. Nagai I et al: Use of a pressure-sensitive sheet to evaluate
occlusal status in patients with mandibular prognatism, J Jpn
1. Tweed CH: Clinical orthodontics St Louis, 1966, Mosby. Oral Surg Soc 46:9-15, 2000.
33–34. 18. Asano M et al: The change of occlusal force and occlusal
2. Kayukawa W, Kayukawa H: Occlusal patterns of masticatory contact area during retention, Nihon Univ Dent J 70:581-600,
patients using measuring system of occlusal pressure, J Jpn 1996.
Assoc Adult Orthod 2:61-68, 1955. 19. Dental Prescale Occluzer brochure, Fuji Film.
3. Proffit WR, Fields HW, Nixon WL: Occlusal forces in normal 20. Ochiai M: A study on the occluding contacts of dental arch
and long-face adults, J Dent Res 62:566-571, 1983. and each tooth the various positions of occlusion, Nihon Univ
4. Kawakami M: Masticatory pressures, Koku Byogakkai Zasshi Dent J 38:448-495, 1964.
2: 15-20, 1928. 21. Hiranuma K: A study of occlusal contacts and masticatory
5. Konishi S: Study on occlusal pressure in human normal teeth, effects, Jpn J Prosthod 1:17-36, 1957.
various diseases and prosthodontics, Jpn J Koku 8:427-458, 22. Inagawa E: A study of occlusal contacts in natural dentition,
1959. Shikwa Gakuho 70:69-92, 1970.
6. Wirz J: Der Kaueffect bei Steggelenkprothestragern, Schew 23. Nakao K: Occlusal facets and contacts in normal dentition
Mschr Zhanheiik 74:586-590, 1964. (intercuspal position), Koku Byogakkai Zasshi 14:1-21,
7. Haga M: A prosthodontic occlusal problem, Shikwa Gakuho 1970.
67:841-858, 1967. 24. Yurkstas A, Manly RS: Measurement of occlusal contact area
8. Howell AH, Manly RS: An electronic strain gauge for measur­ effective in mastication, Am J Orthod 35:185-195, 1949.
ing oral forces, J Dent Res 27:705-712, 1948. 25. Araki A et al: Consideration for clinical application of new
9. Tokumura K et al: Study on T-scan system, Jpn J Prosthod occlusal evaluating system using Dental Prescale/Occluzer,
33:1037-1043, 1989. Dent Outlook 84:1007-1019, 1994.
10. Kinoshita S et al: A new measuring method of occlusal contact 26. Ogata T et al: The reproducibility of occlusal contacts in chil­
and occlusal pressure using Prescale, Jpn J Periodontol 21:475- dren with Dental Prescale, Jpn J Pediatr 32:480-487, 1994.
484, 1979. 27. Kumagaya H et al: Occlusal examination with occlusal pat­
11. Nikawa Y et al: Application of Prescale to dental fi eld, Shika terns, Dent Outlook 86:233-240, 1995.
Hyoron 448:92-100, 1980. 28. Enlow EH:Handbook of facial growth Philadelphia, 1971,
12. Dahlberg B. The masticatory effect, Acta Med Scand Suppl, Saunders. 147–185.
Lund: Hakan Ohlssons Boktryckeri, 1942. 29. Park I: A study of the craniomandibular skeletal form and
13. Hellman M: Variations in occlusion, Dent Cosmos 63:608- masticatory muscle electromyogram, Shikwa Gakuho 91:837-
619, 1921. 869, 1991.
36 Parte I   Diagnóstico e Tratamento Ortodônticos

C ap í t u lo
5
Superposição
Tridimensional para
Quantificação dos
Resultados do
Tratamento
Lucia H.S. Cevidanes, Martin Styner
e William R. Proffit

A
superposição de radiografias seriadas em uma estrutura dados normativos e predizer as mudanças, o registro de toda
de referência estável é necessária para avaliar as alterações superfície da base do crânio é o melhor método. Este capítulo
decorrentes do crescimento e do tratamento. A imagem demonstra o uso de um método de registro rígido da base do
tridimensional (3D) obtida por tomografia computadorizada crânio totalmente automatizado, prudente, em voxels, e a aplica­
(TC) de feixe cônico (FC), TC axial, ressonância magnética (RM) ção de métodos de superposição 3D para avaliar as estruturas
ou escâneres de superfície a laser oferecem informação diagnóstica anatômicas deslocadas pelo crescimento, cirurgia ou outro
melhorada e talvez o mais importante seja que fornecem uma tratamento.
melhor maneira de avaliar as alterações resultantes do tratamento
e das respostas adaptativas dos tecidos esquelético e mole para o
METODOLOGIA PARA REGISTRO
tratamento.1-8 A base do crânio é geralmente usada na cefalometria
DA SUPERFÍCIE
bidimensional (2D) para esse propósito porque ela apresenta alte­
rações mínimas depois que o crescimento neural está completo.
Aquisição de Imagem
As representações cefalométricas em 2D das estruturas craniofa­
ciais em 3D não podem responder muitas perguntas a respeito dos O uso de imagens em 3D para o planejamento e acompanha­
mecanismos de resposta ao tratamento e alterações localizadas mento do tratamento levanta a preocupação sobre a dose de
resultantes do crescimento.9,10 Em contrapartida, as técnicas em radiação. O equipamento de TC por feixe cônico (TCFC) espe­
3D fornecem informações substanciais a esse respeito, mas apre­ cializado para imagem maxilofacial agora oferece uma baixa dose
sentam um desafio na escolha das estruturas e pontos usados na de radiação e uma forma conveniente de acompanhar as mudan­
superposição. Embora a localização de pontos em 2D seja dificul­ ças da morfologia facial em três dimensões. Os escaneamentos da
tada pela localização dos tecidos moles e duros nos filmes radiográ­ TCFC dos casos apresentados nesse capítulo foram adquiridos no
ficos devido à superposição de múltiplas estruturas, a localização NewTom 3G (AFP Imaging, Elmsford, N.Y.) com dose de
de pontos 3D nas estruturas curvas complexas é significativa­ aquisição de 36,3 microsievert (mSv) para o escaneamento
mente mais difícil. Como notou Bookstein11-12, não há definições de maxila e mandíbula. Isto é uma grande redução dos 314 mSv de
operacionais adequadas para os pontos craniofaciais nos três uma TC axial convencional. Há um decréscimo na taxa sinal/
planos do espaço: coronal, sagital e axial. ruído com TCFC, mas há completa visualização das estruturas
No contexto das alterações faciais, a superposição não deveria faciais com resolução espacial de 0,36 mm nos voxels isotrópicos.
se basear na identificação de pontos ou em técnicas de melhor O protocolo de imagem usado foi um campo de aquisição de
coincidência entre estruturas que mudam com o crescimento e o 30,48 centímetros para incluir toda a anatomia facial.
tratamento. As alterações maxilo-mandibulares precisam ser
determinadas em relação a estruturas estáveis que não tenham
Análise da Imagem
sido alteradas pelo crescimento ou tratamento. Para melhor
entender as formas faciais dos tecidos duro e mole e as alterações Análise de imagens seriadas de TCFC para avaliar mudanças
com o crescimento e tratamento, assim como para criar bancos de ao longo do tempo é feita em uma sequência de quatro passos:

36
Capítulo 5   Superposição Tridimensional para Quantificação dos Resultados do Tratamento 37

(1) modelo de reconstrução, (2) registro da imagem, (3) sobre­


posição de transparência e (4) medição quantitativa.

Construção de modelos virtuais de superfície 3D


A determinação quantitativa longitudinal do crescimento e cor­
reção cirúrgica requer a construção de modelos de superfície
3D. As ferramentas de análise de imagem para esse propósito
são modificações do programa gratuito de código aberto do U.S.
National Institutes of Health (NIH, Bethesda, Md.).
A segmentação envolve contornar a forma anatômica das estru­
turas visíveis em cortes transversais de um conjunto volumétrico
de dados de imagens de TCFC, realizada com a ferramenta Insight
SNAP (Cognitica, Chapel Hill, N.C.).13 Muitos métodos automa­
tizados de segmentação padronizados falham quando aplicados à
anatomia complexa de pacientes com deformidade facial. Os
métodos descritos por Gerig et al.14 apontam essas dificuldades
técnicas e têm sido adaptados por Cevidanes et al.8 para construir
modelos craniofaciais 3D. Os modelos virtuais em 3D geralmente
são construídos de um conjunto de 300 cortes axiais para cada
imagem com os voxels formatados para uma isotropia de
0,5 × 0,5 × 0,5 mm. Esta resolução é usada porque embora seja pos­
sível resolução espacial maior com menor espessura dos cortes, ela
aumenta o tamanho do arquivo de imagem e requer maior poder
computacional e tempo de interação do usuário sem melhorar
significativamente a qualidade da determinação das mudanças
entre os tempos. Depois da segmentação com a ferramenta Insight
SNAP, estes arquivos de dados volumétricos são convertidos em
superfícies para os procedimentos de análise de forma 3D.

Registro da imagem
O registro da imagem é uma tecnologia central para muitas tarefas
de imagem. Os dois obstáculos para a disseminação do uso clínico
do registro não rígido (elástico e deformável) são o custo com­
putacional e as dificuldades de quantificação à medida que os
Fig. 5-1 Superposições de modelos 3D de uma criança em cresci­
modelos 3D são deformados. O registro não rígido pode ser
mento diferem das de pacientes adultos. A, Imagem pré-tratamento e
necessário para criar uma composição de várias formas diferentes B, Imagem pós-tratamento da superposição de modelos de superfície
de maxila e mandíbula para guiar a construção de um modelo ou 3D de um indivíduo sem crescimento, no qual toda a superfície da
padrão de modelos 3D normais de superfície. Entretanto, para base do crânio foi usada para o registro das imagens. C, Vista superior,
avaliar as alterações longitudinais, o registro rígido é aceitável. e D, vista inferior de modelos de superfície 3D após o tratamento
Ao usar o registro rígido e software de imagem,15 os autores usado para determinação das alterações do crescimento e do trata­
mascaram as estruturas anatômicas deslocadas com o cresci­ mento. Note que para os indivíduos em crescimento a superfície da
mento ou o tratamento e então realizam um registro rígido fossa craniana anterior tem sido usada para registro porque esta área
totalmente automatizado, em voxels na base do crânio. tem seu crescimento completado logo cedo na infância, assim as
Para superposição de aquisições de TCFC de indivíduos nos superposições descrevem o crescimento em relação à base craniana
quais o crescimento da base do crânio está completo, o registro de individual. E, Imagem em tons de cinza contendo apenas a fossa
craniana para o cálculo dos parâmetros de registro. F, Cálculo automa­
modelos virtuais de superfície 3D é feito usando toda a superfície
tizado dos parâmetros de rotação e translação entre as imagens.
da base do crânio (Fig. 5-1, A e B). Para avaliar as mudanças de
crescimento e do tratamento em cada indivíduo, a fossa craniana
anterior e as superfícies do osso etmoide podem ser usadas no do Valmet do NIH) da University of North Carolina (UNC). Esses
procedimento de registro porque o crescimento dessas estruturas pacotes de software permitem a determinação visual e quantitativa
se completa na primeira infância. Dessa forma, a base anterior do da localização e magnitude das alterações ao longo do tempo por
crânio das imagens de TCFC é usada como referência para super­ meio de recobrimentos gráficos e do cálculo das distâncias eucli­
por pontos de tempos diferentes (Fig. 5-1, C e D). Os parâmetros dianas entre as superfícies dos modelos 3D em diferentes tempos.
de rotação e translação são calculados e então usados para registrar
os modelos 3D de antes e depois do tratamento na base do crânio Recobrimento transparente
(Fig. 5-1, E e F). Depois do registro, a sobreposição dos modelos O próximo passo na análise envolve o recobrimento das superfí­
3D é feita usando o software Valmet e MeshValmet (modificações cies do modelo 3D que são registradas no mesmo sistema de
38 Parte I   Diagnóstico e Tratamento Ortodônticos

coordenadas por outra ferramenta, o software CMF (Maurice tificação desses pontos. Andresen et al.17 e Mitteroecker et al.18 pro­
Müller Institute, Bern, Suíça).16 Esta ferramenta permite diferentes puseram o uso de “semipontos”, ou pontos mais vetores e planos
graus de transparência para visualizar os limites das estruturas tangentes que definem sua localização, mas a informação de toda a
maxilo-mandibulares entre modelos superpostos de dois tempos curva e das superfícies também deve ser incluída.
diferentes. Isto identifica claramente a localização, magnitude e Gerig et al.14 propuseram o uso de mapas coloridos gerados
direção dos deslocamentos mandibulares e também permite a das distâncias dos pontos mais próximos entre as superfícies.
quantificação vertical, transversa e anteroposterior do remodela­ Este método mede as menores distâncias, que não correspon­
mento e deslocamentos ósseos que acompanham o crescimento e dem às distâncias entre os pontos anatômicos em duas ou mais
a resposta ao tratamento. imagens longitudinais obtidas. Entretanto, o uso das ferramen­
tas MeshValmet e CMF permite o cálculo de milhares de dis­
Medições quantitativas tâncias em milímetros entre os triângulos das superfícies em
Na avaliação do tratamento cirúrgico, são necessárias medidas dois tempos diferentes, assim a diferença entre as duas superfí­
quantitativas precisas para determinar (1) a colocação dos ossos na cies pode ser quantificada em qualquer localização. Depois de
posição desejada, (2) a posição das osteotomias e das placas e para­ combinar todos os modelos 3D em diferentes tempos, regiões
fusos de fixação em relação às estruturas de risco e (3) a localização específicas de interesse, tais como a superfície anterior da maxila,
e a quantidade de remodelamento do osso após o tratamento. As proeminência do queixo, côndilos e borda posterior do ramo,
medidas baseadas em pontos apresentam erros relacionados à iden­ podem ser selecionadas e analisadas (Fig. 5-2).

Fig. 5-2 A, Imagem pré-tratamento e B, imagem de um ano de acompanhamento de paciente


cirúrgico. C, Visualização das alterações esqueléticas (em branco e vermelho) superpostas na base do
crânio com semitransparência. D, Quantificação das alterações do tecido mole para este paciente
usando mapas de distância coloridos.
Capítulo 5   Superposição Tridimensional para Quantificação dos Resultados do Tratamento 39

As alterações quantitativas são visualizadas utilizando-se do seu eixo longo. Isto requer pequeno remodelamento dos
mapas coloridos que podem ser usados para indicar desloca­ côndilos, mas apenas pequenas alterações são vistas após a cirur­
mentos para dentro (azul) ou para fora (vermelho) entre as ­gia de maxila19 (Fig. 5-6). Quando é feita uma osteotomia no
estruturas recobertas. A ausência de deslocamento é indicada ramo mandibular, os côndilos devem rotacionar transversal­
pela cor verde. Por exemplo, em um avanço mandibular, o deslo­ mente (através do eixo longo) alguns graus quando o segmento
camento anterior deve ser mostrado na cor vermelha na super­ condilar e os que contêm os dentes são reconectados. A rotação
fície anterior do queixo e na cor azul nas superfícies posteriores. do polo medial é para dentro se a mandíbula for avançada
O deslocamento medial dos côndilos e do ramo irá mostrar (Fig. 5-4, A) e para fora se a mandíbula for retruída (Fig. 5-4, B).
superfícies mediais vermelhas e superfícies laterais azuis. O remodelamento começa imediatamente após a cirurgia. As
Nenhuma alteração pós-cirúrgica será mostrada na cor verde. alterações podem ser visualizadas em seis semanas (e provavel­
Este método tem sido validado e utilizado desde 2005. mente antes), mas o remodelamento continua por todo o
primeiro ano. Por exemplo, medidas em 2D podem indicar
aumentos no comprimento esquelético da mandíbula e no
ACHADOS CLÍNICOS DO REGISTRO EM 3D NA ângulo do plano mandibular dois anos após a cirurgia que
SUPERFÍCIE DA BASE DO CRÂNIO anulam os resultados da cirurgia. Entretanto, a análise das
Os autores têm usado imagens longitudinais de TCFC para imagens em 3D pode estabelecer se as alterações observadas em
avaliar as alterações pós-cirúrgicas na posição e nos contornos 2D são realmente causadas pelo remodelamento nas superfícies
da maxila e mandíbula (incluindo alterações na localização e na posteriores dos côndilos mandibulares, acompanhada por uma
forma dos côndilos) em relação ao registro na superfície da base rotação do ramo mandibular unilateral ou bilateralmente, ou
do crânio. Escaneamentos longitudinais de TCFC antes da cirur­ pelo remodelamento no sítio cirúrgico. Atualmente, existe evi­
­gia, imediatamente após a cirurgia, na remoção das goteiras e dência insuficiente para indicar se formas diferentes do ramo e
um ano após a cirurgia permitem a comparação das alterações dos côndilos poderiam ditar abordagens cirúrgicas diferentes.
entre quaisquer dos tempos selecionados (Fig. 5-3 e 5-4).
Rotação do ramo mandibular resulta em alterações a curto
DESAFIOS NA APLICAÇÃO CLÍNICA E PAPEL
prazo e a longo prazo na posição espacial do queixo, que podem
DAS INVESTIGAÇÕES FUTURAS
contribuir ou reduzir a correção cirúrgica (Fig. 5-5). Pequenos
deslocamento condilares e remodelamentos modestos dos côn­ A análise de imagens de TCFC é muito mais complexa que a
dilos (distância média entre as superfícies < 2 mm) são obser­ análise de radiografias cefalométricas 2D. A superposição de
vados na cirurgia mandibular de avanço e na cirurgia de Classe pontos, o método usual para análise cefalométrica, não é satis­
III de maxila e mandíbula, mas casos individuais mostram fatória para analisar imagens em 3D. Os pontos cefalométricos
remodelamento condilar significativo com reabsorção conju­ não podem ser encontrados regularmente à medida que as
gada depois da cirurgia mandibular. imagens são rodadas para longe do plano médio sagital. Com o
Quando apenas a cirurgia mandibular é feita, os côndilos método desenvolvido na UNC, uma superposição na base do
mandibulares mudam sua posição se houver qualquer alteração crânio focada nos contornos da superfície do osso, supera o
vertical (como quase sempre é o caso) rotacionando em torno problema dos pontos. Em essência, em vez de três ou quatro

Fig. 5-3 A a C, Superposição de modelos pré-cirúrgico e pós-cirúrgico de paciente sem cresci­


mento mostrando as distâncias entre as superfícies dos dois modelos. A superfície da base do crânio
foi usada para registro. Mapa de cor da base do crânio é verde (0 mm de distância à superfície)
mostrando a adequada concordância entre os modelos da base do crânio de antes e depois. Note que
a maxila foi trazida para frente como mostrado em vermelho. O recuo da mandíbula manteve pre­
cisamente a posição do ramo, deslizando o corpo mandibular posteriormente com leve rotação
anti-horária para corrigir a tendência à mordida aberta.
40 Parte I   Diagnóstico e Tratamento Ortodônticos

Fig. 5-4 Direção de deslocamento de uma região anatômica específica, nesse paciente o côndilo
mandibular esquerdo é claramente identificado com os métodos descritos. Amostra codificada por
cores do deslocamento mostrando rotação do polo medial para dentro, quando a mandíbula foi
avançada (A), e para fora se a mandíbula for recuada (B).

pontos, a superposição é baseada em milhares de pontos.8 Isto A ênfase recente nos tecidos moles como o fator limitante
permite uma análise detalhada das alterações no contorno da do tratamento e nas relações dos tecidos moles no estabeleci­
superfície da maxila e da mandíbula de qualquer perspectiva. mento dos objetivos do tratamento tem produzido grandes
Uma análise altamente detalhada das mudanças nos côndilos mudanças no diagnóstico e planejamento do tratamento. Isto é
mandibulares também pode ser visualizada usando mapas co­­ uma mudança de paradigma em relação à oclusão dentária e às
loridos, assim todas as áreas na maxila e mandíbula ou nos relações dos tecidos duros, e a análise cefalométrica irá desem­
côndilos que tenham mudado da TC prévia são coloridas para penhar um papel menos importante, enquanto o exame das
distinguir a direção e a quantidade da alteração9 (Fig. 5-1). proporções faciais, um papel mais importante.
Os softwares comerciais disponíveis atualmente não per­ A pesquisa clínica está começando a fornecer dados de análise
mitem a construção de modelos virtuais de superfícies 3D, mas 3D de tecidos moles, mas o valor agregado pelas fotografias 3D
mostram uma renderização 3D que é uma projeção da estrutura ainda precisa ser determinado em estudos cuidadosamente con­
3D da face para propósitos de visualização. A implementação trolados. Embora a metodologia de superposição apresentada
das ferramentas de registro usando a melhor coincidência entre aqui permita a quantificação das alterações na superfície dos
as renderizações 3D não permite a quantificação das mudanças tecidos moles, de qualquer conjunto de dados 3D (Fig. 5-9), sua
locais do tratamento, mas deve permitir a visualização geral aplicação em outras modalidades de imagens, como os escâneres
(Figs. 5-7 e 5-8). a laser e as câmeras 3D, ainda não foi estabelecida.
Os métodos de superposição apresentados nesse capítulo
permitem não apenas a visualização, mas também a localização
CONCLUSÃO
precisa do remodelamento esquelético ou adaptação que ocorreu
na maxila ou mandíbula. Essa abordagem aos métodos de A metodologia apresentada nesse capítulo tem sido progressi­
análise da imagem 3D têm sido continuamente simplificada e vamente aplicada à pesquisa. Atualmente, a superposição de
atualizada com novos métodos de quantificação em colabora­ modelos de superfície 3D ainda consome muito tempo e capaci­
ção com o Maurice Müller Institute, o grupo de análise de dade computacional para que esses métodos sejam aplicados à
imagens médicas do UNC Department of Computer Science, rotina da prática clínica, mas o trabalho atual tem focado na
do UNC Neuroimaging Laboratory e o grupo de modelagem realização de uma análise simplificada disponível em um futuro
estatística do UNC Biomedical Research Imaging Center. próximo.
Capítulo 5   Superposição Tridimensional para Quantificação dos Resultados do Tratamento 41

Fig. 5-5 Modelos tridimensionais de antes da cirurgia, na remoção da goteira cirúrgica e um ano
após a cirurgia de um paciente tratado com avanço maxilar e recuo mandibular. A, Superposição
dos modelos pré-cirúrgico (transparente) e pós-cirúrgico (mapa colorido) na remoção da goteira
mostrando a distância entre as superfícies dos dois modelos. A superfície da base do crânio foi usada
para registro. Note que a maxila foi trazida para frente e para baixo, como mostrado em vermelho.
O recuo mandibular manteve precisamente a posição do ramo, deslizando o corpo mandibular
posteriormente. B, A distância entre as superfícies dos modelos pré-cirurgia (transparente) e um ano
após a cirurgia (mapa colorido) mostra o avanço maxilar e o recuo mandibular. C, Distâncias das
superfícies dos modelos entre a remoção da goteira (transparente) e um ano após a cirurgia (mapa
colorido) mostra a adaptação do ramo e do corpo mandibular depois da cirurgia.
42 Parte I   Diagnóstico e Tratamento Ortodônticos

Fig. 5-6 Vista posterior de modelos 3D do côndilo e ramo mandibular uma semana após a cirur­
gia superpostos com modelos de um ano depois da cirurgia de oito pacientes tratados apenas com
cirurgia da maxila. Note que apenas pequenas alterações são vistas após a cirurgia da maxila.

Fig. 5-7 Superposição com o software Invivo


3.1 (Anatomage, San Jose, Califórnia). Escolha de
pontos 3D em superfícies de renderização 3D para
registrar as imagens A, antes do tratamento e
B, depois do tratamento.
Capítulo 5   Superposição Tridimensional para Quantificação dos Resultados do Tratamento 43

Fig. 5-8 Ajuste manual dos eixos x, y e z para superpor renderizações em 3D com visualização
do avanço maxilar depois do registro manual na base do crânio. Note que a quantificação das alte­
rações apenas podem ser feitas em cortes 2D e que o registro não é adequado em todos os três planos,
como mostrado no corte anteroposterior.
44 Parte I   Diagnóstico e Tratamento Ortodônticos

Fig. 5-9 Visualização das alterações do tecido


mole para modelos virtuais registradas na base do
crânio. A, Registro da superfície de modelos 3D
mostrados com o software CMF apresentando o
mapa colorido de milhares de distâncias de super­
fícies 3D que descrevem as alterações do tecido
mole. B, Registro das renderizações 3D com o soft­
ware Invivo que permite a visualização das altera­
ções do tecido mole com o tratamento.

Referências ular changes after orthognathic surgery, Am J Orthod Dentofa-


cial Orthop 131:44-50, 2007.
1. Baumrind S, Moffitt FH, Curry S: The geometry of three­ 10. Ghafari J, Baumrind S, Efstratiadis SS: Misinterpreting growth
dimensional measurement from paired coplanar x-ray images, and treatment outcome from serial cephalographs, Clin
Am J Orthod 84:313-322, 1983. Orthod Res 1:102-106, 1998.
2. Cevidanes LHS, Franco AA, Gerig G et al: Assessment of man­ 11. Bookstein FL, Schafer K, Prossinger H, et al: Comparing frontal
dibular growth and response to orthopedic treatment with cranial profi les in archaic and modern homo by ­morphometric
3-dimensional magnetic resonance images, Am J Orthod analysis, Anat Rec 257:217-224, 1999.
Dentofacial Orthop 128:16-26, 2005. 12. Bookstein FL: Morphometric tools for landmark data Cam­
3. Cevidanes LHS, Franco AA, Gerig G et al: Comparison of bridge, Mass, 1991, Cambridge University Press. p 435.
relative mandibular growth vectors with high-resolution 3- 13. Yuskevich PA, Piven J, Hazlett HC et al: User-guided 3D active
dimensional imaging, A m J Orthod Dentofacial Orthop contour segmentation of anatomical structures: signifi cantly
127:27-34, 2005. improved effi ciency and reliability, Neuroimage 31:1116-
4. Harrell WE Jr, Hatcher DC, Bolt RL: In search of anatomic 1128, 2006.
truth: 3-dimensional digital modeling and the future, Am J 14. Gerig G, Jomier M, Chakos M: Valmet: a new validation
Orthod Dentofacial Orthop 122:325-330, 2002. tool for assessing and improving 3D object segmentation,
5. Kau CH, Richmond S, Incrapera A et al: Three-dimensional Med Image Comput/Comput Assist Interv 2208:516-528,
surface acquisition systems for the study of facial morphology 2001.
and their application to maxillofacial surgery, Int J Med Robot 15. Rueckert D, Sonoda LI, Denton E et al: Comparison and
3:97-110, 2007. (review). evaluation of rigid and nonrigid registration of breast MR
6. Kau CH, Zhurov A, Richmond S et al: The 3-dimensional images, Proc SPIE Med Imaging 3361:78-88, 1999.
construction of the average 11-year-old child face: a clinical 16. Chapuis J, Rudolph T, Borgesson B et al: 3D surgical planning
evaluation and application, J Oral Maxillofac Surg 64:1086- and navigation for CMF surgery, Proc SPIE Med Imaging
1092, 2006. 5367:403-410, 2004.
7. Togashi K, Kitaura H, Yonetsu K et al: Three-dimensional 17. Andresen R, Bookstein FL, Conradsen K, et al: Surface-bounded
cephalometry using helical computer tomography: measure­ growth modeling applied to human mandibles, IEEE Trans
ment error caused by head inclination, Angle Orthod 72:513- Med Imaging 19:1053-1063, 2000.
520, 2002. 18. Mitteroecker P, Gunz P, Bookstein FL: Semilandmarks in three
8. Cevidanes LHS, Bailey LJ, Tucker GR et al: Superimposition dimensions, E vol Dev 7:244-258, 2005.
of 3D cone-beam CT models of orthognathic surgery patients, 19. Cevidanes LHS, Styner M, Phillips C, et al. 3D morphometric
Dentomaxillofac Radiol 34:369-375, 2005. changes 1 year after jaw surgery biomedical imaging: macro
9. Cevidanes LH, Bailey LJ, Tucker SF, et al: Three-dimensional to nano. In Proceedings of the IEEE International Symposium,
­cone-beam computed tomography for assessment of mandib­ Washington, DC, 2007, pp 1332-1335.
C ap í t u lo
6
Adesivos e Colagem
em Ortodontia

Serdar Üşümez e Nejat Erverdi

A
odontologia de maneira geral e particularmente a Orto­ de novos pacientes. Avanços na colagem direta levaram a novas
dontia baseiam seus avanços na ciência dos materiais. técnicas, como a ortodontia lingual, que não pode ser executada
Entretanto, esses avanços não atraem tanta atenção com bandas circunferenciais.
quanto o dilema da extração/não extração, os efeitos da orto­
dontia na estética facial ou o debate entre o tratamento em uma
O Aparelho Ortodôntico
fase/duas fases. De fato, os materiais frequentemente parecem
ser menos importantes que esses assuntos. Todavia, o desenvol­ No momento, a colagem direta é o método de escolha para fixar
vimento dos materiais provavelmente tenha tido o maior efeito os aparelhos ortodônticos. Entretanto, a maioria das bases dos
único na prática da Ortodontia desde a introdução da Ortodon­ bráquetes não adere quimicamente à superfície do esmalte ou da
tia moderna por Edward H. Angle. As mudanças na prática resina. Para muitas aplicações clínicas, a remoção ou a falha dos
clínica ortodôntica que seguiram a introdução dos arcos super­ bráquetes metálicos colados ocorre na interface metal-resina, mais
elásticos na década de 1980 atestam esse efeito.1 fraca.7-17 A melhora nessa interface macromecânica é de importân­
Outro desenvolvimento importante na ortodontia foi a cia fundamental. Os desenhos das bases dos bráquetes incluem
introdução da colagem direta. Com o desenvolvimento de ­técnicas tramas de fios, perfurações e sulcos para fornecer um engrena­
de colagem à superfície do esmalte confiáveis e reprodutíveis, mento mecânico com as resinas que têm sido desenvolvidas.18
as bandas cimentadas foram substituídas por bráquetes colados Algumas empresas também adicionam retenções micromecânicas
nos incisivos, caninos e pré-molares.2,3 As muitas vantagens dos em menor escala, juntamente com as retenções das tramas, obtidas
bráquetes colados sobre as bandas cimentadas incluem melhora por meio de abrasão, jateamento ou cobertura com spray.1 Muitos
da estética, eliminação do assentamento das bandas e da necessi­ desenhos de bases de bráquetes estão disponíveis para uso
dade de separação dos dentes, assim como a eliminação da espes­ clínico,19,20 tais como a base padrão com trama (Ultraminitrim®,
sura do material da banda, que afetava o comprimento do arco. Dentaurum, Ispringen, Alemanha), base com supertrama (Micro­
A melhora da higiene por meio do acesso mais fácil às áreas arch®, GAC International, Bohemia, N. Y.), base integral (Dyna-
dentárias interproximais ajuda a reduzir o risco de descalcificação Lock®, 3M Unitek, Monrovia, Califórnia e Microloc®, GAC
do esmalte. A acessibilidade à área interproximal também permite International), base microjateada (Miniature Twin®, 3M Unitek)
a detecção precoce de lesões de cárie nesses sítios e a sua restau­ e base estruturada a laser (Discovery, Dentaurum) (Fig. 6-1).
ração, o melhor acesso aos contatos interproximais para desgastes Embora a trama seja mais usada para retenção, a melhora
com motor e a eliminação da necessidade de fechamento de desses outros sistemas tem sido o objetivo de muitos projetos
espaço após o tratamento. A capacidade de colar dentes parcial­ de pesquisa.21-26 Um estudo encontrou que um novo tipo de
mente erupcionados e desalinhados possibilitou a aplicação de retenção na base estruturada a laser resultou no dobro de força
força mais cedo durante o tratamento, o que não era possível de colagem produzida por uma trama laminada sem compro­
anteriormente com os acessórios bandados.4-6 meter as características de descolagem.27 A base estruturada a
A colagem direta de acessórios ortodônticos também tem laser do Discovery® (Dentaurum), a base integral do Microloc®
aumentado a aceitação de aparelhos ortodônticos pelo público (GAC International) e a base microjateada do Miniature Twin®
e popularizado o tratamento ortodôntico, aumentando o número (3M Unitek) se comportaram estatisticamente melhor que os

45
46 Parte I   Diagnóstico e Tratamento Ortodônticos

Fig. 6-1 Vista de microscopia eletrônica de varredura (MEV) de uma base de trama padrão de um
bráquete (Ultraminitrim®, Dentaurum, Ispringen Germany). As bases dos bráquetes apresentam uma
base retentiva para segurar a resina polimerizada. A trama é o sistema mais usado para retenção.

Fig. 6-2 A, OptiView® (Kerr Hawe) é um afastador flexível de lábio e bochecha que pode ser facil­
mente movimentado para ambos os lados (B) quando posicionar-se os bráquetes de pré-molares por
visão direta.

bráquetes baseados em trama com a resina composta foto­ ­ rofilaxia do esmalte antes da colagem tem sido vista como
p
polimezável usada em outro estudo.28 tendo valor limitado quando as superfícies dos dentes estão
livres da precipitação de placa visível e a profilaxia não deve ser
parte integral do processo de preparo porque nem a força de
Preparação Das Superfícies E Colagem colagem, nem o padrão de preparo do esmalte são alterados pela
Dos Bráquetes limpeza do esmalte com profilaxia.29 Embora não seja obrigatória,
A colagem de bráquetes ou outro acessório ortodôntico é um a profilaxia irá ajudar o clínico a atingir resultados ótimos,
estágio crucial no processo de tratamento. Erros pequenos nesse particularmente na colagem de dentes posteriores, que algumas
estágio se refletirão imensamente na fase de tratamento ativo na vezes são difíceis de ser alcançados pela escovação.30
forma de alinhamento inapropriado dos dentes, falha prematu­
­ra dos acessórios, que irá requerer consumo de tempo e Preparando a área de trabalho
custo de reposição, e suscetibilidade aumentada à desminer­­ O controle da umidade é crucial durante a colagem ortodôn­
alização em torno do acessório. Este estágio aparentemente tica porque a contaminação com umidade do esmalte pré-
fácil não deve nunca ser subestimado e deve-se tomar cuidado tratado pode causar falha na colagem ou enfraquecimento da
quando cada acessório for colado. Os princípios de colagem resistência ao cisalhamento. O controle salivar e a manutenção
ideal não são específicos da ortodontia e são bem-definidos de um campo de trabalho seco são essenciais durante o pro­
por outras especialidades da odontologia que usam resinas cedimento de colagem e geralmente é feito com expansores
adesivas. Os princípios básicos para uma colagem bem-suce­ labiais, afastadores de bochecha, sugadores de saliva e rolos de
dida são: (1) limpeza das superfícies de adesão, (2) bom mo­­ algodão. O afastador de bochecha é a forma mais comum
lhamento, (3) adaptação ótima, (4) uso de cada força de adesão de afastador, mas causa dificuldade na colagem dos dentes
possível e (5) boa cura (polimerização). posteriores porque ele é difícil de deslocar para cada um dos
lados. O posicionamento cuidadoso do bráquete é importante
quando o afastador de bochecha é usado. Uma alternativa útil
Preparação para Colagem
aos afastadores metálicos é o OptiView® (Kerr Hawe, Bioggio,
Limpeza Switzerland), que é facilmente movimentado para cada um dos
As superfícies adesivas, vestibular ou lingual, dos dentes devem lados durante o posicionamento dos bráquetes de pré-molares
estar livres de cálculo ou placa para uma colagem eficiente. Isto (Fig. 6-2). Este afastador versátil também está disponível no
é feito usando a profilaxia com pedra-pomes. Entretanto, a tamanho pequeno.
Capítulo 6   Adesivos e Colagem em Ortodontia 47

Agentes antissialagogos perda mineral, pode produzir resistências de colagem similares


Antissialagogos são agentes que inibem qualquer influência que às do ácido fosfórico a 37%.37,40-43 Entretanto, o uso do ácido
promova a salivação. Estes químicos podem fornecer restrição maleico nunca se popularizou. Gottlieb, Nelson e Vogels44 rela­
rápida e excelente ao fluxo salivar.5 Entretanto, um recente taram que 95,6% dos ortodontistas dos Estados Unidos nunca
ensaio clínico randomizado não encontrou nenhum efeito usaram o ácido maleico, 3,9% o usavam ocasionalmente e 0,5%
estatisticamente significativo da medicação prévia com sulfato o usavam rotineiramente.
de atropina nas taxas de falha de colagem.31 A vantagem do Condicionamento a laser. O tratamento a laser do esmalte
sulfato de atropina é questionável e ele deve ser evitado. dentário causa alterações termicamente induzidas no esmalte a
uma profundidade de 10 a 20 mm dependendo do tipo de laser
e da energia aplicada à superfície do esmalte. O condiciona­
Pré-tratamento do Esmalte mento a laser envolve um processo de vaporização contínua e
Os sistemas de adesivos convencionais usam três agentes dife­ microexplosões causadas pela vaporização da água aprisionada
na matriz de hidroxiapatita (Fig. 6-5). O grau de rugosidade
rentes – condicionador de esmalte, solução de primer e resina
superficial depende do sistema usado e do comprimento de onda
adesiva – no processo de colagem de bráquetes ortodônticos ao
do laser.17,45 Os resultados na resistência ao cisalhamento obtida
esmalte. A superfície intocada do esmalte é hidrofóbica e o mo­­
variam e, em geral, os lasers atualmente são incapazes de produzir
lhamento é limitado. Isto torna a colagem à superfície de esmalte
um padrão de condicionamento confiável e de qualidade.17,46,47
um procedimento desafiador. O tratamento prévio do esmalte ou
Jateamento. Outro método de pré-tratamento do esmalte
condicionamento da superfície é necessário para realizar colagens
é a técnica de abrasão a ar (jateamento).48-50 Embora, a perda de
bem-sucedidas, geralmente conseguidas pelo preparo da super­ esmalte resultante do jateamento a baixa pressão e o tempo de
fície com vários ácidos. exposição sejam menores que no condicionamento ácido, a
O agente mais usado é o ácido ortofosfórico a 37%. O ácido resistência de adesão conseguida apenas com o jateamento não
fosfórico é uma substância inorgânica. Muitos autores relatam foi clinicamente aceitável.51-53
alterações nas características de superfície, perda de substância Crescimento dos cristais. Em 1979, Maijer e Smith54 rela­
do esmalte, aparência esbranquiçada da descalcificação e defor­ taram um método de colagem que envolvia o crescimento dos
mação da estrutura cristalina com este ácido.32-36 cristais na superfície do esmalte. Este sistema consiste num
A colagem ao esmalte com o condicionamento ácido tem tratamento com ácido poliacrílico líquido contendo um com­
mudado e facilitado de forma significativa a prática clínica em ponente de sulfato que reage com o cálcio na superfície do
todos os campos da odontologia. As características da superfície esmalte para formar um crescimento denso de pequenos cristais
do esmalte são alteradas pela dissolução com ácido, o que cria em forma de agulha. A construção de cristais no esmalte serve
microporosidades que resultam em uma adesão micromecânica37 como um mecanismo de retenção adicional para a resina que
(Fig. 6-3). cola o acessório ortodôntico aos dentes. O engrenamento
O ácido ortofosfórico é aplicado sobre a superfície do esmalte micromecânico é criado na superfície do esmalte e acredita-se
por 30 segundos depois de isolamento cuidadoso do campo que muitos dos problemas associados ao condicionamento
operatório. O tempo de condicionamento pode variar de 15 a 60 ácido convencional sejam eliminados.54,55
segundos sem comprometimento da resistência ao cisalhamento Embora a descolagem e a limpeza do adesivo sejam facilita­
(RC). A duração do condicionamento menor que 15 segundos das com essa técnica, os valores de RC atingidos permaneceram
ou maior que 60 segundos tem mostrado diminuição da RC. Ao consistentemente abaixo daqueles do condicionamento ácido
término do período de condicionamento, o volume do condicio­ convencional.56-59
nador é limpo dos dentes com um rolo de algodão e os dentes
são enxaguados com água abundante. Os dentes são cuidadosa­
mente secos com um jato de ar livre de óleo ou umidade para
obter a bem conhecida aparência esbranquiçada (Fig. 6-4).
Os dentes que não aparecerem esbranquiçados deverão ser
recondicionados. A contaminação com saliva não requer o
reenxágue, mas a contaminação com sangue tem sido demons­
trada como redutora da RC e dentes contaminados com sangue
devem ser enxaguados e secos.5,38,39 Um líquido protetor de poli­
mento (p. ex., BisCover®, Bisco Inc., Schaumburg, Illinois) pode
ser aplicado à superfície condicionada antes que a contamina­
ção possa ocorrer, para prevenir os efeitos adversos da contami­
nação com sangue.38 Este produto também pode ser benéfico
em áreas de difícil acesso para colagem, tais como dentes par­
cialmente erupcionados ou impactados.
Fig. 6-3 As características da superfície do esmalte são alteradas
Alternativas ao ácido ortofosfórico pela dissolução com ácido, o que cria microporosidades que resultam
Uso de ácidos médios. A pesquisa mostrou que o ácido em adesão micromecânica. Esta irregularidade de superfície é obser­
maleico a 10%, que se acredita que possa por si só diminuir a vada clinicamente como a conhecida aparência esbranquiçada.
48 Parte I   Diagnóstico e Tratamento Ortodônticos

Fig. 6-4 A, Gel de ácido fosfórico é aplicado sobre a superfície do esmalte por 30 segundos. B, Ao
final do período de condicionamento, a camada do condicionador é removida do dente com um rolo
de algodão e os dentes são enxaguados com spray de água abundante. C, Os dentes são então cuida­
dosamente secos com ar para obter-se a aparência esbranquiçada (D).

Fig. 6-5 Irradiação a laser da sonda de safira causa alterações induzidas termicamente no esmalte
a uma profundidade de 10 a 20 mm dependendo do laser e da energia aplicada.
Capítulo 6   Adesivos e Colagem em Ortodontia 49

Selamento e Promoção de Adesão A colagem com o PAC é significativamente mais rápida do


que usando o condicionamento ácido convencional (75,5 contra
A aplicação de uma fina camada de um agente adesivo (selante, 97,7 segundos por bráquete),62,63 estudos recentes indicam que
promotor de adesão) sobre toda a superfície condicionada do os PAC podem fornecer valores de RC e características das falhas
esmalte, é sugerida por todos os fabricantes (Fig. 6-6). Se for similares.16,62,64 Entretanto, pode ser notado que a profilaxia
excessiva, a cobertura pode ser diminuída com um leve jato de antes do uso do PAC é crucial.30
ar. Uma camada espessa pode causar movimentação antes que O condicionamento ácido convencional ainda é o “padrão
a cura seja iniciada, podendo interferir na adaptação precisa da ouro” para a colagem de bráquetes e as observações clínicas
base do bráquete. indicam que o uso de sistemas autocondicionantes intermediários
A cura separada do agente de união não é necessária, mesmo aumentam as taxas de falha na colagem.5
quando são usados produtos fotopolimerizáveis. A camada pode
sofrer cura prévia em áreas de difícil acesso, onde é provável a ocor­
Tipos de Adesivos
rência de contaminação com umidade. Não é necessário reaplicar
a camada de selante quando ocorre contaminação pela saliva, mas Resinas compostas
a área deve ser seca com ar antes da colocação do bráquete. Um grande número de produtos odontológicos compostos tem
aparecido nos últimos 15 anos, todos tendo características simples
Adesivos autocondicionantes em comum. Todos são combinações de partículas inorgânicas
Uma característica única dos novos sistemas adesivos usados na de carga com resina de dimetacrilato, tanto o bisglicidil meta­
odontologia operatória é que eles combinam agentes condicio- crilato (BISGMA), quanto o uretano dimetacrilato (UDMA).
nantes e promotores de adesão em uma única solução ácida para Em alguns casos, uma proporção de monômero de baixo peso
uso simultâneo na dentina e no esmalte (Fig. 6-7). A combina­ molecular como trietilenoglicol dimetacrilato (TEGDMA) é
ção do condicionamento e da promoção de adesão em um único introduzida para abaixar a viscosidade. As partículas de carga
passo de tratamento resulta em mais eficiência na cadeira, menos usadas são o vidro de silicato de bário, quartzo ou silicato de
custo para o clínico e economia de tempo para o paciente.60,61 zircônio, geralmente combinados com 5% a 10% do peso com
Em um promotor de adesão autocondicionante (PAC) o ingre­ partículas microscópicas (0,04 mm) de sílica coloidal. Os mate­
diente ativo é um éster de ácido fosfórico e metacrilato. O ácido riais odontológicos compostos modernos são uma mistura
fosfórico e o grupo metacrilato são combinados em uma molécula de partículas de cerâmica ou vidro dispersas em uma matriz de
que condiciona e promove adesão ao mesmo tempo. O grupo resina orgânica sintética. Os materiais poliméricos são mistura­
fosfato dissolve e remove o cálcio da hidroxiapatita. O cálcio dos com material inorgânico finamente dividido tal como o
removido forma um complexo com o grupo fosfato e é incorpo­ vidro de aluminossilicato de bário ou outra composição de
rado no sistema quando o promotor de adesão polimeriza. A vidro, tendo uma quantidade efetiva de óxido radiopaco que faz
agitação do promotor de adesão na superfície do dente serve para com que o vidro resultante seja radiopaco aos raios X.65-67
assegurar que um promotor fresco seja transportado à superfície Muitos pesquisadores independentes indicam que as resinas
do esmalte. O condicionamento e a penetração de monômero nos de BISGMA com carga têm as melhores propriedades físicas e
prismas de esmalte expostos são simultâneos. Dessa forma, a pro­ são os adesivos mais fortes para os bráquetes metálicos.68-70 A
fundidade de penetração do agente condicionante e a profundi­ taxas relatadas de falhas para os bráquetes metálicos com base
dade de penetração do promotor de adesão são idênticas. de trama colados diretamente com resinas de diacrilato de alta
carga são tão baixas quanto 1% a 4%.70

Fig. 6-6 Uma fina camada de agente de união é aplicada sobre


toda a superfície do esmalte condicionado com um pincel. A cober­
tura deve ser afinada com um leve jato de ar por um a dois segun­
dos. Uma camada espessa pode causar deslocamentos antes que a
polimerização seja iniciada e pode interferir com a adaptação Fig. 6-7 Agente de união Transbond Plus® autocondicionante
precisa da base do bráquete. (3M Unitek).
50 Parte I   Diagnóstico e Tratamento Ortodônticos

Cimentos de ionômero de vidro materiais nos pacientes. Primeiro, a quantidade de resina usada
Os cimentos de ionômero de vidro têm propriedades distintas deve ser mínima e qualquer excesso de resina em torno dos
que os tornam potencialmente úteis na Ortodontia clínica. Em acessórios ortodônticos deve ser removido antes que a resina seja
primeiro lugar, eles aderem tanto ao esmalte quanto ao metal.71 polimerizada. Minimizar o uso do material adesivo pode ser mais
Em segundo lugar, esses cimentos liberam flúor e consequente­ importante na colagem de contenções ortodônticas fixas, porque
mente podem prevenir a descalcificação do esmalte.72 Em terceiro elas são deixadas no meio bucal por um longo tempo e são expos­
lugar, os cimentos de ionômero de vidro podem ser removidos tas à cavidade, ao contrário da resina sob a base do bráquete. A
com muito menos dificuldade que as resinas compostas, após a velocidade da liberação de monômeros é máxima nos primeiros
descolagem,73 porque o cimento remanescente na superfície do 10 a 60 minutos.82 Pode ser aconselhável que os pacientes lavem
dente pode ser dessecado simplesmente secando-o com ar,74 o que a boca logo após a sessão de colagem ou que salivem em um
o torna mais friável.75 recipiente descartável nos primeiros 30 minutos quando a resina
Pesquisa recente também demonstrou que os cimentos de é usada em conjunto com aplicações tópicas de flúor.
ionômero de vidro modificados por resina (CIV-MR) sozinhos
podem aumentar significativamente a desmineralização do
Fontes de Luz em Ortodontia
esmalte quando comparados com as resinas compostas.76 Embora
o aumento da liberação de flúor dos cimentos de ionômero de A introdução de adesivos fotopolimerizáveis não apenas removeu
vidro tenha potencial para diminuir a descalcificação em torno um passo no procedimento de colagem, mas também permitiu
dos bráquetes ortodônticos, a RC do material é relativamente aos clínicos escolher quando iniciar o ciclo de cura após o posi­
baixa quando comparada com as resinas compostas.77 cionamento do bráquete. Os compósitos de resina fotopolime­
É aconselhável limitar o uso do cimento de ionômero de rizáveis foram introduzidos na década de 1970. Nos adesivos
vidro a pacientes ortodônticos de risco para fornecer ações pre­ fotopolimerizáveis, o processo de cura começa quando um foto­
ventivas e potencialmente remineralizar precocemente a desmine­ iniciador é ativado. Muitos sistemas fotoiniciadores odontológi­
­ralização do esmalte.76 cos usam a canforoquinona como absorvedor dicetona, com a
absorção máxima situada na região azul do espectro de luz visível
Citotoxicidade das resinas ortodônticas em um comprimento de onda de 470 nanômetros (nm).71,85
Em relação ao método de polimerização, estudos in vitro têm As resinas fotopolimerizáveis oferecem a vantagem de um
mostrado que a reação de polimerização que produz as ligações tempo de trabalho mais extenso, embora não indefinido. Isto
cruzadas na matriz polimérica do monômero da resina de dime­ fornece a oportunidade para que os assistentes posicionem os
tacrilato nunca é completa: 15% a 50% dos grupos metacrilato bráquetes com o acompanhamento do ortodontista para o posi­
permanecem sem reagir (32,4% a 44,5% para a Transbond LR® e cionamento final. Os adesivos fotopolimerizáveis são particu­
Lightcure LR®, respectivamente).67,78-80 Devido aos esforços da larmente úteis quando uma montagem rápida é necessária,
indústria de materiais, a porcentagem de monômeros não acopla­ como no caso da recolagem de um bráquete perdido ou na
dos tem diminuído na última década, mas o problema permanece. colocação de um acessório em um canino impactado após a
A quantidade de monômeros residuais é menor que um décimo exposição cirúrgica com o risco de sangramento. Adesivos foto­
dos grupos metacrilato remanescentes, avaliada como 1,5% a 5%, polimerizáveis também são vantajosos quando é desejável um
mas suficientes para causar maiores efeitos citotóxicos.67,81 tempo de trabalho extralongo, como quando o difícil posicio­
Os monômeros identificados nos compósitos ortodônticos namento de um bráquete de pré-molar precisa ser checado
(Transbond XT®, Transbond LR®, Reliance Light Bond®, ­Reliance várias vezes com um espelho bucal antes que o posicionamento
FlowTain®, Fuji Orho LC®) por cromatografia líquida incluem o do bráquete seja considerado ótimo.5
bisglicidil-metacrilato (BISGMA), trietilenoglicol-dimetacrilato Os primeiros produtos de resina fotopolimerizáveis eram
(TEGDMA), uretano dimetacrilato (UDMA) e 2-hidroxietil- polimerizados com luz ultravioleta, com versões mais recentes
metacrilato (HEMA) na faixa de 0 a 99,8 mM.82 As resinas e os curadas pela luz visível, que tem um comprimento de onda entre
CIV-MR também liberam íons como flúor, estrôncio e 400 e 500 nm. Uma vantagem de usar a luz visível é maior profun­
alumínio.67 Esses monômeros livres não acoplados parecem ser didade de polimerização em períodos mais curtos.86 A colagem
diretamente responsáveis pela citotoxicidade das resinas com­ completa dos arcos superior e inferior com uma fonte de luz haló­
postas nas células gengivais e pulpares e estão implicados no gena convencional quartzo-tungstênio com 40 segundos por brá­
potencial alérgico do material.80 quete pode necessitar 15 a 20 minutos.87-89 Longos tempos de cura
A liberação de alguns íons também parece estar implicada são inconvenientes para o paciente, pouco práticos com crianças e
nas alterações celulares. A depleção de glutationa, produção de desconfortáveis para o ortodontista, resultando em perda do tempo
espécies reativas de oxigênio e alguns outros mecanismos de cadeira. É necessária uma luz de cura mais eficiente e rápida.90
moleculares têm sido identificados como fatores-chave que
levam à apoptose e à necrose pulpar. Além disso, os monômeros Luzes halógenas convencionais
resinosos estimulam o desenvolvimento de bactérias cariogêni­ Atualmente, o método mais popular de fornecer luz azul são uni­
cas na interface entre o material e as paredes da cavidade.67,83,84 dades fotopolimerizáveis baseadas na luz halógena91 (p. ex.,
Atualmente parece ser impossível evitar esta liberação de íons Ortholux XT®, 3M Unitek; Fig. 6-8). Elas fornecem uma intensidade
e monômeros. Entretanto, algumas precauções simples e básicas de luz de aproximadamente 500 mW/cm2 e uma faixa de compri­
podem ajudar a prevenir ou diminuir os efeitos adversos desses mento de onda de 420 a 500 nm. Bulbos halógenos produzem luz
Capítulo 6   Adesivos e Colagem em Ortodontia 51

Fig. 6-8 Luz halógena convencional de polimerização Ortholux


XT® (3M Unitek).

Tabela  6-1
Fig. 6-9 Luz halógena de polimerização de alta intensidade
Recomendações para a fotopolimerização de (Demetron/Kerr Corp.).
vários adesivos com diferentes fontes de luz
Tempo sugerido de exposição à luz
Luzes halógenas de alta intensidade
(segundos) (“halógenas rápidas”)
As luzes halógenas foram seguidas pelas “halógenas rápidas”
Halógena Luz de com bulbos halógenos de intensidade de luz aumentada e
Halógena Rápida Arco de “pontas turbo” para focar a luz emitida (p. ex., Optilux 501®,
Convencional Optilux Plasma
Demetron/Kerr Corp., Orange, Califórnia; Fig. 6-9). Estas for­
Adesivo Transbond XL® 501® Power Pac®
necem uma intensidade de luz de 800 a 900 mW/cm2 e uma
Transbond XT® (3M 40 10 3 faixa de comprimento de onda de 400 a 505 nm. As halógenas
Unitek) rápidas podem reduzir o tempo de cura pela metade em relação
Light Bond® 40 20 3 ao necessário com as luzes halógenas convencionais.5,90
(Reliance)
Quick Cure® 10 6 3 Unidades de arco de plasma
(Reliance)
Lâmpadas de arco de plasma têm um anodo de tungstênio e um
Transbond LR® (3M 20 10 6
catodo em um tubo de quartzo preenchido com gás xênon. O
Unitek)
Light Cure Retainer® 40 10 15 gás se torna ionizado e forma um plasma que consiste em
(Reliance) partículas carregadas positiva e negativamente e que gera uma
luz branca intensa quando uma corrente elétrica é passada pelo
Dados de Üşümez S, Büyükyilmaz T, Karaman AI: Am J Orthod xênon. As luzes de arco de plasma são contidas em unidades
Dentofacial Orthop 123(6):641-668, 2003; and Hotz P, McLean
base em vez de pistolas por causa da alta voltagem utilizada e
JW, Seed I, Wilson AD: Br Dent J 142: 41-47, 1977.
do calor gerado5,90 (Fig. 6-10). As fontes de luz de arco de plasma
quando a energia elétrica aquece um pequeno filamento de tung­ não emitem frequências distintas, mas sim bandas de frequên­
stênio a altas temperaturas.92 A despeito do seu uso comum na cias contínuas que são muito mais estreitas que as das luzes
odontologia, as lâmpadas halógenas têm muitas desvantagens. O convencionais. Consequentemente, menos radiação é filtrada
princípio básico da conversão da luz por essa técnica é considerado com frequências indesejadas. As luzes de arco de plasma for­
ineficiente porque o poder de saída da luz é menor que 1% da energia necem uma luz de intensidade de 1.200 a 1.500 mW/cm2 e uma
elétrica consumida. As lâmpadas halógenas também têm uma vida faixa de comprimento de onda de 380 a 495 nm. Devido à alta
útil limitada de aproximadamente 100 horas por causa da degradação intensidade da luz, os fabricantes afirmam que um a três segun­
dos componentes do bulbo pelo alto calor gerado.91,93,94 As luzes dos de irradiação de plasma curam muitas resinas compostas a
halógenas podem curar resinas compostas ortodônticas em 20 uma rigidez comparável àquela atingida após 40 segundos de
segundos e CIV-RM em 40 segundos por bráquete.5,95 A Tabela 6-1 luzes de polimerização convencionais.71,96
fornece as recomendações dos autores para a fotopolimerização de A rápida cura da resina com luzes de arco de plasma é clara­
vários adesivos com diferentes fontes de luz.14,71 mente benéfica para o clínico. Entretanto, as luzes de arco de
52 Parte I   Diagnóstico e Tratamento Ortodônticos

Fig. 6-10 Luz polimerizadora de plasma (PowerPac®, American


Medical Technologies, Corpus Christi, Texas). As luzes de arco de
plasma estão contidas em uma unidade base e a energia luminosa Fig. 6-12 Gráfico de distribuição espectral/comprimento de
é entregue à ponta da pistola através de um cabo flexível. onda demonstra que o pico das fontes de luz LED coincide melhor
com o pico de absorção da canforoquinona (CQ). Isto significa que
um fóton emitido por uma fonte LED tem mais chances de ativar
a molécula de canforoquinona.

e, assim, um longo tempo de polimerização que exceda o reco­


mendado pode causar dano biológico aos tecidos bucais.102,103

Diodos emissores de luz


Mills, Jandt e Ashworth91 propuseram a tecnologia do diodo
emissor de luz no estado sólido (LED) para a polimerização de
materiais dentários ativados por luz para superar as desvanta­
gens das unidades de polimerização por luz halógena visível
(Fig. 6-11). Os LEDs usam junções de semicondutores “dopados”
em vez dos filamentos quentes usados nos bulbos halógenos.104
Os LEDs têm uma vida útil de mais de 10.000 horas e sofrem
pouca degradação durante esse tempo.105 Os LEDs não requerem
filtro para produzir luz azul, são resistentes a choques e a vi­­
brações e consomem pouca energia.91 Desenhos iniciais de LED
Fig. 6-11 Luz polimerizadora de LED LEDemetron® (Demetron/
eram insatisfatórios com os bráquetes metálicos, possivelmente
Kerr Corp.). (De Boyd LRB: Dental Instruments: a pocket guide, ed
3, St Louis, 2009, Mosby-Elsevier.) por causa da sua baixa potência de saída.13
As fontes de luz LED atuais combinam alto poder de saída
plasma de alta intensidade podem não ser compatíveis com (quase 1000 mW/cm2) com uma faixa muito estreita de compri­
todo adesivo ortodôntico.14,71 O clínico deve realizar um teste de mento de onda de aproximadamente 465 nm, que se adéqua
compatibilidade básico antes de usar essas fontes de luz com bem com o pico de absorção da canforoquinona (Fig. 6-12).
alguns adesivos ortodônticos. Estas fontes de luz estão atualmente substituindo as halógenas
Outra preocupação com as luzes de arco de plasma é o alto convencionais em todos os campos da odontologia.
calor gerado,97,98 Zach e Cohen99 relataram dano pulpar perma­
nente em primatas quando a temperatura pulpar se elevou Operação segura das luzes polimerizadoras
acima dos 42,5 °C. O aumento da temperatura pulpar em um O espectro de saída normal de uma unidade fotopolimerizadora
preparo restaurador atinge 5,16 °C com a luz de arco de plasma de luz visível (PLV) se estende na faixa do espectro do ultravio­
contra apenas 1,86 °C com a luz halógena convencional.100 Na leta (UV) e do infravermelho (IR). Esta região espectral é fre­
colagem ortodôntica, o esmalte hígido e a camada de dentina quentemente referida como a região de perigo à retina. Filtros
podem fornecer isolamento térmico adicional e assim o uso da baratos de passagem de faixa incorporados às unidades PLV
luz de arco de plasma para a polimerização de adesivos ortodôn­ eliminam a energia luminosa desnecessária, embora luz visível
ticos por cinco a 10 segundos pode ser segura no que diz res­ estranha ainda atinja o olho do operador durante o processo de
peito à temperatura pulpar.5,101 polimerização (Fig. 6-13).
Estudos também têm mostrado que a luz azul gerada por arco Essa energia luminosa é perigosa porque a córnea, o cristalino
de plasma causa algum dano às células, particularmente ao DNA e o humor vítreo do olho são transparentes a esses comprimentos
Capítulo 6   Adesivos e Colagem em Ortodontia 53

Fig. 6-13 Saída espectral normal de uma unidade fotopolimerizadora de luz visível se estendendo
nas faixas ultravioleta e infravermelho (região de dano à retina).

de onda e a energia luminosa é absorvida na retina. O dano à retina


é possível por meio de processos térmicos ou fotoquímicos. O dano
fotoquímico às células fotorreceptoras da retina pode degradar a
sensibilidade à luz ou à cor e os comprimentos de onda de IR
podem causar a formação de catarata no cristalino106 (Fig. 6-14).
O que faz o UVA e a luz azul? Pesquisa mostrou que quando
a luza azul atinge a retina, as ondas luminosas inibem a forma­
ção do citocromo-c oxidase. Este químico é uma parte impor­
tante das células da retina porque ele transporta oxigênio para
Fig. 6-14 A sobrexposição à energia luminosa é prejudicial
o fotorreceptor e outras células da retina. Sem o citocromo-c
porque a córnea, o cristalino e o humor vítreo do olho são trans­
oxidase, as células se tornam privadas de oxigênio e por fim parentes a esses comprimentos de onda e a energia luminosa é
morrem. Quando muitas células morrem, ocorre degeneração absorvida na retina. UVA, Luz ultravioleta do tipo A.
da retina.107-110
Pesquisa semelhante demonstrou que o dano feito à retina
era devido ao comprimento de onda, não à duração e frequência ajuste, do que pacientes que tomaram placebo.113 A pré-medi­
de exposição. Isso significa que mesmo uma curta exposição à cação analgésica pode ser levada em consideração antes de
luz azul pode causar dano à retina se não usada a proteção iniciar o estágio de colagem.
adequada. Frequentemente as lesões causadas por UVA e luz
azul estão espalhadas pela retina. Apenas quando uma quanti­ Procedimento de colagem
dade suficiente delas aparece e coalesce, a perda de visão é per­ Um procedimento de colagem de bráquete bem-sucedido5,9,70
ceptível. Por isso que a perda de visão não é imediata, mas com consiste nos seguintes passos. Primeiro, o bráquete é preso com
frequência leva anos para se manifestar.107-110 pinças de ação reversa e a resina é aplicada na base do bráquete.
Em média, os ortodontistas colam até 20 acessórios por dia. É importante que a resina seja bem-distribuída na base do brá­
Com um tempo de polimerização aceitável de 20 segundos por quete sem deixar falhas entre a resina (Fig. 6-15). A presença de
dente. Eles passam 28 horas por ano segurando a pistola de luz, tal falha pode atuar como um elo fraco na cadeia e levar à falha
mais tempo até que seus colegas restauradores. prematura do acessório. O bráquete é então imediatamente
Indivíduos com histórico de doença na retina deveriam pro­ posicionado no dente.
curar aconselhamento com seu oftalmologista antes de operar Uma cureta ou sonda romba é usada para posicionar o brá­
a unidade. Este grupo de indivíduos deve tomar cuidados extre­ quete na superfície do dente nas direções oclusogengival,
mos e seguir todas as precauções de segurança, incluindo o uso ­mesiodistal e na angulação correta. A visualização direta é limi­
de óculos para filtragem da luz.102,103,111,112 tada na área posterior por causa da distensão dos tecidos pelos
afastadores de bochecha. O posicionamento correto dos dentes
posteriores requer esforço e checagem pela superfície oclusal
Colagem Direta
com um espelho (Fig. 6-16). Alternativamente, esses dentes
Pré-medicação podem ser colados separadamente ou pode-se usar um tipo
A ativação inicial dos acessórios ortodônticos pode causar mais flexível de afastador de bochecha para visualização direta.
desconforto ao paciente. Estudo recente revelou que pacientes A colocação do bráquete ortodôntico é guiada tanto pela locali­
pré-medicados com 550 mg de naproxeno de sódio uma hora zação do centro da coroa clínica quanto pela medição da dis­
antes da colocação do arco têm níveis de dor significativamente tância da borda incisal. É sugerido que a colagem do bráquete
menores com duas horas, seis horas e mais tarde à noite após o guiada pela medição da distância à borda incisal pode resultar
54 Parte I   Diagnóstico e Tratamento Ortodônticos

Qualquer excesso de material em volta do bráquete deve ser


removido com uma cureta antes da presa do material ou que a
luz o polimerize. Os tempos sugeridos de fotopolimerização
podem ser monitorados de acordo com a Tabela 6-1. A remoção
do excesso em torno das margens é importante para manter
higiene oral adequada durante o tratamento. Alguns fabricantes
adicionam um agente corante para ajudar na visualização do
excesso de material adesivo (APC Plus®, 3M Unitek), embora
pesquisa recente tenha revelado que esse método não reduz a
quantidade de excesso de adesivo em torno dos bráquetes
Fig. 6-15 Procedimento de colagem direta. O bráquete é preso
com pinças de ação reversa e o adesivo é aplicado à base do brá­ ortodônticos.116
quete. É importante que o adesivo esteja bem distribuído na base Depois do posicionamento dos bráquetes, a posição de cada
do bráquete sem deixar qualquer falha entre o adesivo. Isto pode bráquete deve ser checada cuidadosamente. Qualquer acessório
ser conseguido com um pequeno instrumento odontológico. que não está na posição apropriada deve ser removido e reco­
lado imediatamente. Recolagens adiadas para consultas seguintes
levam mais tempo para ser realizadas e podem comprometer os
resultados. A motivação de higiene oral e instruções de escova­
ção devem seguir a colagem.117 Pode ser recomendado o uso de
doses de analgésicos após o procedimento para controlar com­
pletamente a dor ortodôntica.118

Colagem a superfícies dentárias artificiais


Com o aumento da popularidade do tratamento ortodôntico e
os avanços na aparência estética dos acessórios, mais adultos
estão visitando as clínicas ortodônticas. A montagem de brá­
quetes nesses pacientes pode frequentemente necessitar de
colagem em coroas e pontes fabricadas em porcelana e metais
preciosos em conjunto com restaurações de amálgama.5,118-120
Esta sessão sintetiza as técnicas correntes com ênfase na pro­
teção das estruturas periodontais circundantes. A colagem a
superfícies artificiais requer o jateamento dessas superfícies
usando partículas de óxido de alumínio com 50 mm ou 90 mm
Fig. 6-16 Procedimento de colagem direta. A visualização direta é de diâmetro em uma pressão de aproximadamente 7 kg/cm2.
limitada na área posterior devido à distensão do tecido como resul­ Coroas cerâmicas. As restaurações cerâmicas devem
tado dos afastadores de bochecha. O posicionamento correto do dente receber a colagem separadamente sob cuidadosas condições de
posterior deve ser checado pela superfície oclusal com um espelho. isolamento. Sugere-se o uso de uma barreira de gel tal qual o
Kool Dam® (Pulpdent Corp., Watertown, Massachussets), uma
em um melhor posicionamento nos dentes anteriores. A dobra vez que existe o risco de que o condicionamento com o ácido
do fio ou o reposicionamento de bráquetes ainda é necessária hidrofluorídrico possa fluir e entrar em contato com a gengiva
para compensar as imprecisões com ambas as técnicas.114 e com os tecidos moles. O procedimento de colagem é o
O acessório é então pressionado na superfície de esmalte seguinte:5
com a cureta ou a sonda. O ajuste da base do bráquete ao con­ 1. Jatear uma área levemente maior que a base do acessório
torno do dente é importante. O ajuste inapropriado da base leva ortodôntico com óxido de alumínio de 50 mm por três
a um movimento dentário indesejado, geralmente na forma de segundos.
rotação. 2. Condicionar a porcelana com ácido fluorídrico a 9,6% por
É importante evitar a colocação de bráquetes muito próxi­ dois minutos.
mos da margem gengival, a menos que isso seja ditado pelos 3. Remover a camada de gel com um rolo de algodão e então
dentes antagonistas, como é o caso algumas vezes no arco infe­ enxaguar usando um sugador de alta potência.
rior. Isso leva a uma expressão incompleta do valor do torque 4. Secar imediatamente com ar e colar o bráquete de forma
embutido no bráquete e a condições de higiene inapropriadas. usual.
Os bráquetes podem entrar em contato com a margem gengival, Amálgama. O procedimento para colagem em amálgama
particularmente após o movimento dentário intrusivo porque depende do tamanho da restauração de amálgama e da incor­
a margem gengival e a junção mucogengival se movem na poração da área de esmalte. Foi sugerida a seguinte técnica
mesma direção que o dente na relação de apenas 79% e 62%, para pequenas restaurações em amálgama circundadas por
respectivamente. Uma diminuição estatisticamente significativa esmalte:5,119,120
do comprimento da coroa clínica também tem sido observada 1. Jatear o amálgama com óxido de alumínio a 50 mm por três
após a intrusão.115 segundos.
Capítulo 6   Adesivos e Colagem em Ortodontia 55

2. Condicionar o esmalte circundante com ácido fosfórico a incorporados e então colados de uma vez usando um adesivo
37% por 15 segundos. intermediário.5,131,143
3. Aplicar o adesivo e colar de forma usual com resina
composta.
Recolagem de Bráquetes Perdidos
Para grandes restaurações de amálgama com mínimas
inclusões de esmalte ou apenas amálgama5 A descolagem acidental de um bráquete ortodôntico causada
1. Jatear o amálgama com óxido de alumínio de 50 mm por três por trauma oclusal ou a remoção de um bráquete para reposição
segundos. é comum na prática ortodôntica.144 Antes de recolar um
2. Aplicar uma camada uniforme de promotor de adesão em acessório ortodôntico, o ortodontista deve considerar o recondi­
metal (p. ex., Reliance Metal Primer®, Reliance Orthodontic cionamento da superfície do esmalte, o uso de novos bráquetes
Products, Itasca Ill.) e esperar por 30 segundos. ou reciclagem, e o sistema de colagem a ser usado. Em geral, a
3. Aplicar o adesivo e colar com resina composta. RC do bráquete recolado tem sido relatada como comparável
Ouro. Estudos in vitro relatam altas forças de colagem com com o original.144,145
o ouro. As novas tecnologias incluem o jateamento, galvanização O bráquete removido deve primeiro ser inspecionado em
eletrolítica com estanho ou galvanização com solução de gálio- busca de deformações da canaleta que possam ter ocorrido
estanho e o uso de tipos diferentes de promotores intermediários, durante a quebra. Os bráquetes que parecerem deformados
assim como novos adesivos que aderem quimicamente aos metais devem ser substituídos por novos. Antes de continuar com a
preciosos (Superbond C&B®, Panavia Ex® e Panavia 21®; Kuraray recolagem, qualquer resina remanescente deve ser removida
America, Nova Iorque, N. Y.). Entretanto, os resultados clínicos com uma broca carbide de tungstênio. O adesivo remanes­
estão longe de ser satisfatórios na colagem a coroas de ouro.5,119,120 cente no bráquete perdido deve ser removido com a broca até
Resina composta. A colagem a velhas restaurações de que todo o material de colagem seja removido da base, sendo
resina geralmente não representa um problemas clínico, desde o jateamento uma opção.144,145 O dente então é condicionado
que a superfície seja removida com um instrumento rotatório com gel de ácido fosfórico por 30 segundos. É aconselhável
e a velha resina composta seja cuidadosamente seca.5,121,122
um condicionamento mais longo. Em contraste com a
colagem inicial a superfície do esmalte pode não aparecer
uniforme porque algumas áreas podem reter resina com­
Colagem Indireta
posta. Depois da aplicação do adesivo, o bráquete é recolado.
A colagem indireta foi primeiro introduzida em detalhe como A resistência de colagem para o bráquete jateado e recolado
um conceito em 1972 por Silverman e Cohen.123 São apontadas é comparável com a RC (e subsequente taxa de sucesso) para
muitas vantagens associadas à colagem indireta,124,125 e ela já foi novos bráquetes.144-146
inclusive proposta como o modo preferencial de posicionamento
de bráquetes, especialmente no caso dos linguais.126 Estudos
Descolagem
clínicos e de laboratório não suportam essa vantagem da colagem
indireta nos casos colados por vestibular, havendo apenas um Ao contrário de outras práticas restauradoras na odontologia,
pequeno ganho na precisão da altura dos bráquetes.127-129 a montagem do sistema adesivo no início do tratamento é
Muitos defensores acreditam que a redução no tempo de desfeita e os bráquetes são removidos ao final da terapia. A
cadeira e a delegação do procedimento para um assistente fase de colagem é tão importante quanto a fase de descolagem
tornam a colagem indireta efetiva quanto ao custo.130 Hodge e não deve ser subestimada. Fazê-lo pode resultar em dano
et al.127 encontraram economia significativa na colagem indireta significante à superfície de esmalte e aumento desnecessário
contra a colagem direta na clínica odontológica de um hospital. do tempo de cadeira para restaurar o brilho original da
Associado ao menor custo, os benefícios adicionais incluem superfície.
melhora no conforto do paciente, eliminação da necessidade de As sessões de descolagem são mais bem-agendadas em um
separadores e bandas, facilidade na recolagem de bráquetes e em dia certo da semana ou do mês, assim tanto o profissional como
sobrecorreções, melhor controle horizontal e vertical, e melhora a equipe estarão concentrados em fornecer o melhor serviço de
da higiene oral por causa dos acessórios geralmente menores.131,132 descolagem ao paciente. Se de metal ou de cerâmica, os brá­
Outros benefícios são o melhor uso da equipe, custos reduzidos quetes devem ser removidos individualmente depois da
de estoque e associados, menos consultas para colocação e remoção dos arcos para evitar transferência de força de um
remoção do aparelho e melhor ergonomia.129 dente ao outro, o que pode aumentar o risco de formação de
Os estudos in vitro de resistência a colagem demonstram trincas no esmalte.
valores comparáveis de RC entre os métodos direto e
indireto.122,133-136 As taxas de fracasso na colagem relatadas por
Remoção do Bráquete
pesquisas in vivo geralmente também ficam entre as faixas acei­
táveis de 1,4% a 6,5%.137-142 Bráquetes metálicos
Muitas técnicas para colagem indireta estão disponíveis. Os Uma técnica de força do tipo descamativa é recomendada por
bráquetes são colados temporariamente aos dentes nos Zachrisson e Büyükyilmaz5 para quebrar a adesão do adesivo sem
modelos de gesso com resina composta, transferidos para a deformar o bráquete, permitindo a reciclagem. A força de desca­
boca com algum tipo de moldeira, na qual os bráquetes são mação é tida com a capaz de criar concentrações ­periféricas de
56 Parte I   Diagnóstico e Tratamento Ortodônticos

estresse que causam a falha dos bráquetes metálicos em baixos após a descolagem dos bráquetes ortodônticos se tornou um
valores de força.147 Este tipo de remoção é desvantajosa porque problema clínico. A remoção dos remanescentes de resina das
é provável ocorrer uma quebra na interface bráquete-adesivo, superfícies dentárias é um procedimento final para restaurar a
deixando remanescentes de resina no esmalte.5 superfície o mais próximo do brilho pré-tratamento sem induzir
dano iatrogênico.164 Se os remanescentes não forem completa­
Bráquetes cerâmicos mente removidos, as superfícies podem descolorir e acumular
A descolagem de bráquetes cerâmicos é mais propensa a causar placa com o tempo.165 Muitos investigadores têm introduzido
fratura do esmalte porque os bráquetes cerâmicos aderem mais várias técnicas de remoção de remanescentes resinosos. Apesar
fortemente à superfície do esmalte e não irão flexionar quando da introdução de novos métodos (p. ex., Nd:YAG laser) para
apertados com as pinças de descolagem.148,149 O risco é menor remover seletivamente resíduos de resina para colagem,166,167 as
com os bráquetes cerâmicos que usam retenções mecânicas do que técnicas mais comuns de remoção usam uma peça de mão de
com aqueles que usam retenção química.148,150-152 Os bráquetes baixa velocidade com uma broca de carbide de tungstênio e
devem ser levantados com aplicação de força periférica, como com uma peça de alta rotação com uma broca diamantada.168-170 O
os bráquetes metálicos para remoção mais fácil e rápida. método preferido usa uma peça de mão de baixa velocidade
Um estudo mostrou que novos desenhos com banda de com uma broca carbide de tungstênio arrredondada.171,172
redução esférica (p. ex., Inspire Ice®, Ormco Corp., Orange, A camada de resina remanescente pode ser removida com
Califórnia) e a canaleta vertical de descolagem (p. ex., Clarity®, brocas diamantadas ou de carbide de tungstênio presas a uma
3M Unitek) reduziram significativamente o risco de fratura do peça de alta rotação. Entretanto, devido aos arranhões conside­
bráquete cerâmico durante a descolagem21 (Fig. 6-17). A força ráveis, elas não devem ser usadas próximo à superfície do
necessária para descolar o bráquete Inspire Ice® foi significati­ esmalte.5,164,165,171,173 Quando se aproxima do esmalte, deve-se usar
vamente menor que para o bráquete Inspire.153 uma broca de carbide de tungstênio presa a uma peça de baixa
Por causa do grande calor gerado, o desgaste dos bráquetes velocidade operando a 30.000 rpm.5 Para essa finalidade, a broca
cerâmicos com uma peça de mão em baixa velocidade, sem refrige­ é movimentada em uma direção enquanto as camadas de resina
­ração a água, pode causar dano permanente ou necrose da polpa. são removidas.164 A refrigeração à água é evitada nesse estágio para
É necessário refrigeração com água nos sítios de desgaste.154 melhorar o contraste entre o adesivo e a superfície do esmalte.5
Outros esforços para facilitar a remoção dos bráquetes cerâmi­ Qualquer recontorno considerado necessário deve ser com­
cos incluem a descolagem térmica150,155-158 e o uso de lasers,159-161 pletado nesse estágio antes do procedimento de polimento.
que são baseados no aquecimento e amolecimento da resina com­
posta. Outro desafio recente é a modificação da resina de metil­
Segurança do Operador Durante a Descolagem
metacrilato para iniciar a autorremoção quando ativada.162,163
Estas aplicações podem ser menos traumáticas, com menos risco Outro fator importante, mas frequentemente ignorado, é a
de dano ao esmalte, mas ainda estão em um estágio introdutório inalação de aerossois produzidos durante a remoção de apare­
com resultados definitivos ainda não relatados. lhos ortodônticos fixos. Pesquisa recente mostrou que as partícu­
­las de aerossol produzidas durante a limpeza do esmalte podem
ser inaladas independentemente da velocidade da peça ou da
Limpeza do Adesivo Residual
presença ou ausência de refrigeração à água. Este aerossol pode
Com as melhoras nas propriedades físicas e mecânicas dos siste­ conter cálcio, fósforo, sílica, alumínio, ferro e lantânio.174 Sangue,
mas adesivos resinosos, a limpeza dos remanescentes de resina antígeno de superfície da hepatite B (HBsAg) e DNA do vírus
da hepatite B (HBV) também foram detectados em grande
quantidade em amostras de fluido de dois pacientes portadores
de hepatite B.175 Embora a maioria das partículas provavelmente
fique depositada nas vias aéreas e nos brônquios terminais,
algumas podem se depositar nos alvéolos terminais dos pulmões
e serem limpas apenas depois de semanas ou meses.174
Estudos indicam que os ortodontistas são expostos a altos
níveis de geração e contaminação de aerossois durante o pro­
cedimento de descolagem, e o bochecho antes do procedimento
com gluconato de clorexidina parece ser ineficaz em diminuir a
exposição a agentes infecciosos. Equipamentos de barreira devem
ser usados para prevenir a contaminação com aerossol.174,176

Detalhamento e Polimento
Fig. 6-17 A canaleta de descolagem vertical no bráquete Clarity®
reduz significativamente o risco de fratura do bráquete cerâmico Depois da remoção do adesivo, a superfície do esmalte pode ser
durante a descolagem. As duas metades do bráquete colapsam adicionalmente polida usando vários discos de lixa, taças de
quando as asas são espremidas. (Cortesia 3M Unitek, Monrovia, borracha e pastas.164,177 Alguns autores veem esse estágio como
Califórnia.) opcional, considerando-se o desgaste normal do esmalte.5
Capítulo 6   Adesivos e Colagem em Ortodontia 57

Prevenção E Tratamento Das Manchas


Brancas Durante A Terapia Com
Aparelho Fixo E Depois Da Descolagem
Medidas Preventivas
A lesão de mancha branca (LMB) de desmineralização é um
problema significativo durante o tratamento ortodôntico. A
principal medida para prevenir a LMB é a manutenção da
higiene oral máxima com escovação efetiva e limpeza de toda a
dentição durante o tratamento ortodôntico. Deve ser dada
atenção especial e feito monitoramento do paciente na visita
inicial, na sessão de colagem e durante todo o tratamento
quando necessário. Os pais também devem ser informados
sobre as consequências da escovação inadequada. Um estudo de
coorte encontrou que 50% dos indivíduos em tratamento
ortodôntico têm LMB não relacionadas com o desenvolvimento
comparado com 25% dos pertencentes ao grupo controle.178
Outro estudo encontrou que, mesmo cinco anos após o trata­
mento, os pacientes ortodônticos têm uma incidência de LMB Fig. 6-18 O musse dental GC® (GC America) é um creme
significativamente mais alta do que os pacientes do grupo con­ baseado em água, livre de açúcar contendo Recaldent CPP-ACP
trole que não fizeram tratamento ortodôntico.179 Este grau (fosfopeptídeo de caseína-fosfato de cálcio amorfo). Quando o
óbvio de dano iatrogênico sugere a necessidade de programas CPP-ACP é aplicado às superfícies do dente, ele se liga ao biofilme,
preventivos usando flúor durante o tratamento ortodôntico bactéria, hidroxiapatita e tecido mole circundante, localizando o
com aparelhos fixos.5,180 cálcio e o fosfato biodisponível.
Os métodos para aplicar flúor nos dentes durante o trata­
mento ortodôntico (em adição aos dentifrícios fluoretados)
incluem os seguintes:180 assegurar uma fonte renovada de flúor a cada visita.197,199 Infeliz­
1. Flúor tópico (p. ex., bochechos, gel, verniz, dentifrício, musse mente, devido à sua fraca performance mecânica e à dilatação
dental). como consequência da absorção de água, os elastômeros fluoreta­
2. Materiais que liberam flúor (p. ex., materiais de colagem, dos não têm fornecido uma solução aceitável para o problema.192
elásticos). O uso de cimentos de ionômero de vidro para a colagem de
É recomendando o uso de solução diluída de fluoreto de bráquetes também reduz a prevalência e severidade das manchas
sódio (0,05%) durante o tratamento e a contenção, em conjunto brancas, mas a evidência é fraca comparada com o uso das resinas
com o uso regular de dentifrício fluoretado como procedimento compostas.181-188,192 Embora a liberação aumentada de flúor por
de rotina para todos os pacientes ortodônticos.117 Evidência parte dos ionômeros de vidro tenha potencial para diminuir a
mostra que o uso diário de bochecho com fluoreto de sódio descalcificação em torno dos bráquetes ortodônticos, a RC de
reduz a gravidade do enfraquecimento do esmalte em volta de alguns cimentos de ionômero de vidro é relativamente baixa.84
um bráquete fixo.180-188 A cooperação do paciente é fundamental Se for usado o cimento de ionômero de vidro em um paciente
para que os métodos de autoadministração de flúor (p. ex., de alto risco, o Fuji Ortho LC® (GC America) e o Fuji Ortho Band
dentifrícios fluoretados e bochechos) sejam efetivos.178,189,190 Paste Pak® (GC America) podem ser considerados os materiais
Taxas de cooperação baixas, como 13%, têm sido relatadas para de escolha, porque esses adesivos citados liberam mais flúor do
pacientes que foram solicitados a usar diariamente bochecho que outros materiais disponíveis comercialmente.201
com flúor para reduzir seu risco de cárie.191,192 Pacientes que se submetem ao tratamento ortodôntico têm
Os métodos profissionais de aplicação de flúor têm incluído alterações no seu meio bucal, tais como baixo pH, mais sítios
agentes de colagem que liberam flúor, ligaduras elásticas fluo­ retentivos para S. mutans e retenção aumentada de partículas de
retadas, verniz fluoretado e fosfopeptídeo de caseína-fosfato de alimento, o que pode levar a aumento nas proporções e nos
cálcio amorfo a 10% (CPP-ACP; GC Tooth Mousse®, GC America, números absolutos de S. mutans na saliva.202-207 Estas alterações
Alsip. Illinois)83,187,193-199 (Fig. 6-18). Também é sugeri­­da aplicação podem ser responsáveis pela descalcificação pós-tratamento em
profissional de gel de colágeno de clorexidina a 1% para control­ certos casos.178,208 Øgaard et al.209 indicaram que a alta prevalência
­ar os níveis de Streptococcus mutans em pacientes ortodônticos de cárie pode ser causada pelo ambiente altamente cariogênico
com alto risco de cárie.200 O uso de uma cobertura de polímero em torno dos dispositivos ortodônticos. Fica mais difícil manter
na superfície do dente em torno dos bráquetes quase não mostrou a higiene oral adequada e níveis de pH menores que 4,5 têm sido
efeito inibidor da desmineralização.182 mensurados na placa em torno das bandas e bráquetes durante
Módulos elastoméricos fluoretados foram considerados a o tratamento ortodôntico.209 Em um pH tão baixo, a fase de
solução ideal para suplementação de flúor em torno dos bráquetes remineralização é dificultada e mais flúor não irá necessariamente
porque eles não interferem com a rotina da prática clínica e podem fornecer um efeito cariostático melhor.210 Consequentemente,
58 Parte I   Diagnóstico e Tratamento Ortodônticos

Øgaard e Rølla210 sugeriram que os agentes fluoretados poderiam primeiro descreveram a técnica para uso da contenção fixa colada
ser mais bem-aproveitados com a adição de agentes antibacteria­ com fio multifilamentar, de canino a canino. Nessa contenção, o
nos. Portanto, a aplicação de verniz Cervitec® induziu uma fio foi colado apenas ao canino. Em 1983, Zachrisson228 relatou
redução significativa de S. mutans na saliva durante um mês211 e o uso do fio multifilamentar em uma contenção fixa na qual o
uma redução de S. mutans na placa adjacente aos bráquetes sem fio foi colado a todos os dentes em um segmento vestibular.229
afetar negativamente a RC.212 Não foram encontradas diferenças Esses aparelhos mostraram-se bem-sucedidos e a contenção
clínicas na incidência de desmineralização incipiente do esmalte a longo prazo do alinhamento dos incisivos inferiores é aceitável
em torno das bases dos bráquetes. As diferenças diminuíram ao com as contenções fixas, mesmo após 20 anos na maioria dos
longo do tempo, se tornando estatisticamente insignificantes pacientes.230,231 Também foram relatados alguns pacientes que
durante o terceiro mês.213 necessitavam de retratamento a despeito do sucesso das conten­
Outro novo método de lutar contra as descalcificações é usar ções linguais fixas.232
produtos nutricionais probióticos ou alimentos funcionais. Um Outro assunto em relação ao uso das contenções linguais fixas
probiótico é um suplemento alimentar que é um organismo vivo é a saúde periodontal. Alguns consideram as contenções com­
e que afeta beneficamente o hospedeiro melhorando o equilíbrio patíveis com a saúde periodontal, mesmo a longo prazo,233
dos micro-organismos intestinais. Estes micro-organismos enquanto outros questionam a adequação das contenções lin­
benéficos podem habitar o biofilme e proteger o tecido bucal da guais fixas em um plano padrão de contenção para todos os
doença. Um mecanismo pelo qual esses biofilmes afastam os pacientes independente da sua atitude em relação à higiene
patógenos é ocupando um espaço que de outra forma seria bucal.234 Consequentemente, a seleção de um protocolo de con­
ocupado por um patógeno.214 Um estudo in vivo sugere que o tenção e do tipo de contenção fixa deve se basear em parâmetros
Lactobacillus rhamnosus da cepa GG pode inibir a colonização específicos para cada caso, tais como a anatomia dentária e gen­
por estreptococos cariogênicos, reduzindo assim a incidência de gival e a condição de higiene oral. Independente da seleção, o
cárie em crianças.215 Um recente estudo randomizado duplo paciente deve receber instrução de higiene detalhada para preser­
cego mostrou que o consumo diário de Bifidobacterium DN-173 vação saudável da contenção fixa lingual.
010 contido em 200 g de iogurte sabor de frutas foi capaz de
diminuir significativamente os níveis salivares de S. mutans.216
Resinas Usadas para a Colagem
da Contenção Lingual
Tratamento Após a Remoção dos Bráquetes
Resinas com carga
Quando as LMBs são vistas na descolagem, o ortodontista deve As contenções fixas coladas são presas ao dente com resina
permitir dois a três meses de boa higiene oral sem suplementação composta. As resinas usadas com as contenções linguais per­
de flúor. Acredita-se que mais fluoreto aplicado nesse estágio inicial manecem expostas à cavidade bucal, assim elas necessitam ter
precipita o fosfato de cálcio na superfície do esmalte e bloqueia os certas propriedades físicas e manipulação adequada antes do
poros superficiais, o que limita a remineralização à parte superficial processo de cura. As resinas compostas descritas para esta
da lesão e a aparência óptica de mancha branca não se reduz.5,217 técnica incluem tanto materiais para colagem ortodôntica
Quando a capacidade de remineralização dos fluidos orais é quanto restauradores. A diluição do compósito era previamente
exaurida e as LMBs estão estabilizadas, a microabrasão, como recomendada para obter melhores características de manipula­
descrita por Gelgör e Büyükyilmaz,218 é uma forma efetiva de ção, mas permanecia alguma dificuldade na aplicação. Poste­
remover as opacidades superficiais do esmalte. Essa técnica pode riormente, várias empresas desenvolveram resinas para colagem
eliminar manchas no esmalte com perda mínima do esmalte. das contenções linguais, anunciando aplicação mais fácil e me­­
Um gel abrasivo (ácido hidroclorídrico a 18%, pedra-pomes lhores características de manipulação, para permitir ao clínico
fina e glicerina) é aplicado por escova elétrica por três a cinco conformar e acabar a resina em torno da contenção lingual para
minutos. A repetição mensal do procedimento por dois ou três o máximo conforto do paciente. Estas pastas de resina foto­
meses pode ser necessária, dependendo da gravidade das lesões, polimerizável de alta carga são a melhor escolha quando são
até que as manchas desapareçam.218 necessárias longevidade e durabilidade.5,14 Resinas compostas
fotopolimerizáveis devem ter essas propriedades.
Estudos têm testado a dureza14 e a taxa de conversão71 de
Colando Contenções Linguais Fixas difere­ntes adesivos para contenções linguais. O Transbond LR®
Muitos tipos de aparelhos têm sido usados para a contenção das (3M Unitek) forneceu dureza de superfície significativamente
posições dentárias após o tratamento. Os primeiros aparelhos maior que o Concise® (3M Unitek) e o Ligh Cure Retainer®
foram baseados em aparelhos fixos bandados,219 seguidos por (Reliance ­Orthodontic Products), com o Concise® apresentando
contenções removíveis.220 Mais recentemente, as contenções dureza significativamente maior do que o Ligh Cure Retainer®.
fixas coladas têm sido introduzidas consistindo em um pedaço A diluição da resina Concise® diminuiu a dureza de superfície,
de fio ortodôntico colado aos dentes com uma resina composta o que por sua vez pode diminuir sua resistência clínica à abrasão
colada com ataque ácido.221 e sua longevidade.5,14,71
Contenções fixas coladas podem ser feitas com fios ortodôn­ Em relação aos tempos de cura sugeridos com diferentes
ticos planos, redondos ou retangulares,222-226 mas Zachrisson221 fontes de luz, de acordo com um estudo de conversão do
propôs os uso de um fio multifilamentar. Årtun e Zachrisson227 monômero, um grau similar ou mais alto de conversão que os
Capítulo 6   Adesivos e Colagem em Ortodontia 59

valores controle pode ser atingido em 10 a 15 segundos pela 8. Aplicar o adesivo escolhido para a contenção lingual aos
fotopolimerização halógena rápida, em 20 segundos pela foto­ caninos direito e esquerdo. Conformar a camada de resina
polimerização com LED e apenas seis a nove segundos com a com o pincel da margem gengival em direção à borda
fotopolimerização com arco de plasma.71 Luzes polimerizadoras incisal. Evitar a criação de qualquer contorno que possa
de alta intensidade têm mostrado causar significativamente mais reter biofilme.
microinfiltração na interface fio-adesivo, o que por sua vez pode 9. Fotopolimerizar a resina de acordo com as instruções para
diminuir o tempo de vida clínica da contenção lingual fixa.235 a fonte de luz usada.
10. Desgastar a margem gengival e conformar a camada de
Resinas fluidas resina com uma broca de carbide de tungstênio, se
As resinas fluidas têm sido preparadas com uma variedade de necessário.
fórmulas e viscosidades para diferentes usos.236-241 Recente­ 11. Instruir o paciente quanto à higiene oral e ao uso do fio
mente, o uso de compósitos fluidos originalmente criados para dental ou Superfloss® (Oral-B, Boston, Massachussets) sob
a odontologia restauradora (pelo aumento do conteúdo de o fio da contenção e ao longo das áreas de contato mesiais
resina nos tradicionais compósitos de micropartículas) tem sido de ambos os caninos. Instruir o paciente a usar o fio dental
sugerido para a colagem de contenções linguais.242-244 Estes com­ pelo menos uma vez ao dia para prevenir o acúmulo de
pósitos têm vantagens sobre outras resinas porque (1) não há cálculo e de biofilme.
necessidade de mistura, (2) seringas com pontas em forma
de agulha permitem colocação direta e precisa do compósito, Colando fio de contenção 3-3 (Fig. 6-20)
(3) o compósito não é viscoso e flui em direção ao corpo do 1. Dobrar a contenção de fio de aço 0,0215 polegada Penta
material em vez de para longe dele, (4) não há necessidade de One®, contatando precisamente a superfície lingual de todos
desgastes ou polimento e (5) o tempo de cadeira é reduzido.242 os incisivos inferiores.
Relatos anteriores demonstraram que os compósitos fluidos 2. Aplicar pedra-pomes profilática nas superfícies a serem
têm valores de RC significativamente menores quando usados coladas e condicionar com gel de ácido fosfórico por
para colar bráquetes ortodônticos metálicos.245 Isto levanta a 30 segundos.
questão se eles poderiam servir tão bem quando usados para a 3. Estabilizar o fio de contenção em posição antes de colar
colagem da contenção lingual. Um estudo recente dos autores usando duas ligaduras metálicas.248
demonstrou que os compósitos fluidos apresentam valores de 4. Isolar a área de trabalho.
resistência ao cisalhamento e à tração comparáveis aos de uma 5. Aplicar a resina de escolha para colar a contenção lingual em
resina ortodôntica padrão e podem ser utilizados alternativa­ cada dente. Conformar a camada de resina com pincel da
mente para a colagem direta de contenções linguais.246 margem gengival para a ponta incisal. Fornecer espessura de
Altas taxas de microinfiltração e a resistência ao desgaste resina suficiente sobre o fio para resistir à abrasão. Evitar a
incerta tornam questionável o uso das resinas compostas fluidas.247 criação de qualquer contorno que possa reter biofilme.
É melhor que essas resinas tenham seu uso evitado na colagem 6. Fotopolimerizar a resina de acordo com as instruções para a
de contenções linguais fixas até que estudos clínicos de longo fonte de luz usada.
prazo provem sua segurança. 7. Desgastar a margem gengival e conformar a camada de resina
com uma broca de carbide de tungstênio, se necessário.
8. Instruir o paciente quanto à higiene oral e ao uso do fio
Procedimentos Clínicos
dental ou Superfloss® (Oral-B) sob o fio da contenção e ao
Colagem de barra de contenção 3-3 (Fig. 6-19) longo das áreas de contato mesiais de ambos os caninos.
1. Dobrar a barra da contenção de um fio plano ou redondo de Instruir o paciente a usar o fio dental pelo menos uma vez
aço ou folheado a ouro com 0,030 a 0,032 polegada de diâmetro ao dia para prevenir o acúmulo de cálculo e de biofilme.
contatando precisamente a superfície lingual de todos os inci­
sivos inferiores.
Conclusão
2. Jatear ambas as extremidades com óxido de alumínio de
50 mm de diâmetro por aproximadamente cinco segundos A introdução das resinas adesivas e da colagem direta abriu uma
usando o Microetcher. nova era na prática da Ortodontia. Todo ortodontista, estudante
3. Aplicar pedra-pomes profilática à superfície lingual de e clínico, deve saber a importância dos adesivos e da ciência dos
ambos os caninos. materiais na sua profissão e esse assunto deve ser uma parte
4. Checar a posição do fio na boca e prender as duas extremi­ integral dos programas de treinamento. O ortodontista moderno
dades com ligaduras de aço em voltas das asas dos brá­ deveria ter um conhecimento apurado dos materiais disponíveis
quetes dos incisivos quando a posição estiver satisfatória. para escolher o melhor produto para as necessidades de um
5. Isolar a área de trabalho. paciente em particular e atingir o melhor resultado. As resinas
6. Condicionar a superfície lingual dos caninos com gel de compostas e as unidades de fotopolimerização são uma parte
ácido fosfórico por 30 segundos com a contenção em importante do armamentário do ortodontista devido à colagem
posição. Lavar e secar. direta e aos avanços na ciência dos materiais. Assim como
7. Aplicar uma fina camada de adesivo nas extremidades qualquer material, as resinas compostas têm prós e contras em
jateadas da contenção e no esmalte atacado. particular. Permanecem dúvidas sobre os aspectos biológicos
60 Parte I   Diagnóstico e Tratamento Ortodônticos

Fig. 6-19 Fabricação da barra de contenção 3-3. O fio é adaptado cuidadosamente e sua posição
é checada antes que as superfícies linguais sofram profilaxia. O fio é preso temporariamente
usando ligaduras de aço e os caninos são condicionados. As duas extremidades da barra são coladas
usando resina composta fotopolimerizável com espessura adequada e desgastada se necessário.
Capítulo 6   Adesivos e Colagem em Ortodontia 61

Fig. 6-20 Fabricação do fio contensor flexível


3-3. Similar à fabricação da barra 3-3 (Fig. 6-19)
exceto que os dentes são condicionados sem a
contenção em posição.

dos monômeros livres desprendidos pelas resinas compostas e current principles and techniques, St Louis, 2005, Elsevier
Health Sciences, pp. 579-659.
os efeitos adversos das luzes azuis de fotopolimerização na visão
6. Howells D, Jones P: In vitro evaluation of a cyanoacrylate
do operador. Esses materiais e dispositivos devem ser manipu­
bonding agent, Br J Orthod 16:75-78, 1989.
lados com o máximo de cuidado, mantendo a segurança dos 7. Willems G, Carels CEL, Verbeke G:In vitro peel/shear bond
pacientes como a principal prioridade. evaluation of orthodontic bracket base design, J Dent 25:271-
278, 1997.
8. Willems G, Carels CEL, Verbeke G: In vitro peel/shear bond
strength of orthodontic adhesive, J Dent 25: 263-270, 1997.
9. Zachrisson BU: Post-treatment evaluation of direct bonding
Referências in orthodontics, Am J Orthod 75:173-189, 1977.
10. Tavas MA, Watts DC: An in vitro study, Br J Orthod 6:207-208,
1. Jenkins TS: Adhesives in orthodontics: are we pushing the 1979.
­envelope in the right direction? Semin Orthod 11:76-85, 2005. 11. Greenlaw R, Way DC, Galil KA: An in vitro evaluation of a
2. Buonocore MG: The use of adhesives in dentistry, Springfield, visible light-cured resin as an alternative to conventional resin
I11, 1975, Charles C Thomas. bonding systems, Am J Orthod Dentofacial Orthop 96:214-220,
3. Buonocore M: A simple method of increasing the adhesion of 1989.
acrylic filling materials to enamel surface, J Dent Res 34:849, 12. Millett DT, Gordon PH: A 5-year clinical review of bond
1955. ­failures with a no-mix adhesive, Eur J Orthod 16:203-211,
4. Reynolds IR: A review of direct orthodontic bonding, Br J 1994.
Orthod 6:171-178, 1979. 13. Üşümez S, Büyükyilmaz T, Karaman AI: Effect of light-­
5. Zachrisson BU, Büyükyilmaz T: Bonding in orthodontics. In emitting diode on bond strength of orthodontic brackets,
Graber TM, Vanarsdall RL, Vig KW, editors: Orthodontics: Angle Orthod 74:259-263, 2004.
62 Parte I   Diagnóstico e Tratamento Ortodônticos

14. Üşümez S, Büyükyilmaz T, Karaman AI: Effects of fast halogen by scanning electron microscopy and fl uoride incorporation,
and plasma arc curing lights on the surface hardness of orth­ J Dent Res 54:304-309, 1975.
odontic adhesives for lingual retainers, Am J Orthod Dentofa- 33. Fitzpatrick DA, Way DC: The effects of wear, acid etching and
cial Orthop 123:641-668, 2003. band removal on human enamel, Am J Orthod 72:671-681,
15. Uysal T, Basciftci FA, Üşümez S et al: Can previously bleached 1977.
teeth be bonded safely? Am J Orthod Dentofacial Orthop 34. Brown CRL, Way DC: Enamel loss during orthodontic
123: 628-632, 2003. bonding and subsequent loss during removal of filled and
16. Büyükyilmaz T, Üşümez S, Karaman AI: Effect of self-etching unfilled adhesives, Am J Orthod 74: 663-671, 1978.
primers on bond strength: are they reliable? Angle Orthod 35. Lehman R, Davidson CL, Duijster PPE: In vitro studies on
73:64-70, 2003. susceptibility of enamel to caries attack after orthodontic
17. Üşümez S, Orhan M, Üşümez A: Laser etching of enamel for bonding procedures, Am J Orthod Dentofacial Orthop 80:61-
direct bonding with an Er,Cr:YSGG hydrokinetic laser system, 72, 1981.
Am J Orthod Dentofacial Orthop 122: 649-656, 2002. 36. Shey Z, Brandt S: Enamel loss due to acid treatment for
18. Reynolds IR, von Fraunhofer JA: Direct bonding of orth­ bonding, J Clin Orthod 16:338-340, 1982.
odontic attachments to teeth: the relation of adhesive bond 37. Bas-Kalkan A, Orhan M, Üşümez S. The effect of enamel
strength to gauze mesh size, Br J Orthod 3: 91-95, 1976. etching with different acids on the bond strength of metallic
19. Maijer R, Smith DC: Variables influencing the bond strength brackets, Turk J Orthod 20, 2007.
of metal orthodontic bracket bases, Am J Orthod 79:20-34, 38. Sayinsu K, Isik F, Sezen S, Aydemir B: Effect of blood and
1981. saliva contamination on bond strength of brackets bonded
20. Sharma-Sayal SK, Rossouw PE, Kulkarni GV, Titley KC: The with a protective liquid polish and a light-cured adhesive, Am
infl uence of orthodontic bracket base design on shear bond J Orthod Dentofacial Orthop 131: 391-394, 2007.
strength, Am J Orthod Dentofacial Orthop 124: 74-82, 2003. 39. Faltermeier A, Behr M, Rosentritt M et al: An in vitro com­
21. Bishara SE, Olsen M, VonWald L: Comparisons of shear bond parative assessment of different enamel contaminants during
strength of precoated and uncoated brackets, Am J Orthod bracket bonding, Eur J Orthod 29: 559-563, 2007.
Dentofacial Orthop 112:617-621, 1997. 40. Olsen ME, Bishara SE, Damon P, Jakobsen JR: Evaluation of
22. Ødegaard J, Segener D: Shear bond strength of metal brackets Scotchbond multipurpose and maleic acid as alternative
compared with a new ceramic bracket, Am J Orthod Dentofa- methods of bonding orthodontic brackets, Am J Orthod
cial Orthop 94: 201-206, 1988. Dentofacial Orthop 111: 498-501, 1997.
23. Millett D, McCabe JF, Gordon PH: The role of sandblasting 41. Hermsen RJ, Vrijhoef MMA: Loss of enamel due to etching
on the retention of metallic brackets applied with glass with phosphoric or maleic acid, Dent Mater 9: 332-336, 1993.
ionomer cement, Br J Orthod 20: 117-122, 1993. 42. Baratieri LN, Monteiro S: Influence of acid type (phosphoric
24. Regan D, LeMasney B, Van-Noort R: The tensile bond strength or maleic) on the retention of pit and fissure sealant: an in
of new and rebonded stainless steel orthodontic brackets, Eur vivo study, Quintessence Int 25:749-755, 1994.
J Orthod 15:125-135, 1993. 43. Goes MF, Sinhoreti MAC, Consani S, Silva MAP: Morphologi­
25. Wang WN, Meng CL, Tarng TH: Bond strength: a comparison cal effect of the type, concentration and etching time of acid
between chemical coated and mechanical interlock bases of solution on enamel and dentin surface, Braz Dent J 9: 3-10,
ceramic and metal brackets, Am J Orthod Dentofacial Orthop 1998.
11: 374-381, 1997. 44. Gottlieb EL, Nelson AH, Vogels DS:1996 JCO Study of orth­
26. MacColl GA, Rossouw PE, Titley KC, Yamin C: The relation­ odontic diagnosis and treatment procedures. Part 1. Results
ship between bond strength and orthodontic bracket base and trends, J Clin Orthod 30:615-630, 1996.
surface area with conventional and microetched foil-mesh 45. Von Fraunhofer JA, Allen DJ, Orbell GM: Laser etching of
bases, Am J Orthod Dentofacial Orthop 113: 276-281, 1998. enamel for direct bonding, Angle Orthod 63:73-76, 1993.
27. Sernetz F, Binder F: Improvement of bond strength of orth­ 46. Basaran G, Ozer T, Berk N, Hamamci O: Etching enamel
odontic titanium brackets and tubes by laser structuring. In for orthodontics with an erbium, chromium:yttrium-­scandium-
Proceedings of the 5th International Conference on Joining gallium-garnet laser system, Angle Orthod 77:117-123, 2007.
Ceramics, Glass and Metal, Jena, Germany; DVS Berichte Band 47. Berk N, Başaran G, Ozer T: Comparison of sandblasting, laser
184: 82-85, 1997. irradiation, and conventional acid etching for orthodontic
28. Basciftci FA, Üşümez S, Malkoc S, Orhan M. Effect of orth­ bonding of molar tubes, Eur J Orthod 30:183-189, 2008. Epub
odontic bracket base structure on shear bond strength, Turk Feb 8, 2008.
J Orthod 19, 2006. 48. Canay S, Kocadereli İ, Akça E: The effect of enamel air abra­
29. Ireland AJ, Sherriff M: The effect of pumicing on the in vivo sion on the retention of bonded metallic orthodontic brack­
use of a resin modified glass poly (alkenoate) cement and a ets, Am J Orthod Dentofacial Orthop 117:15-19, 2000.
conventional no-mix composite for bonding orthodontic 49. Katora ME, Jubach T, Polimus MM: Air-abrasive etching of
brackets, J Orthod 29:217-220, 2002. the enamel surface, Quintessence Int 9: 967-968, 1981.
30. Burgess AM, Sherriff M, Ireland AJ: Self-etching primers: is 50. Goldstein RE, Parkins FM: Using air-abrasive technology to
prophylactic pumicing necessary? A randomized clinical trial, diagnose and restore pit and fissure caries, J Am Dent Assoc
Angle Orthod 76:114-118, 2006. 126:761-766, 1995.
31. Ponduri S, Turnbull N, Birnie D, et al: Does atropine sulphate 51. Hogervorst WW, Feilzer AJ, Prahl-Andersen B: The air-abra­
improve orthodontic bond survival? A randomized clinical sion technique versus the conventional acid-etching tech­
trial, Am J Orthod Dentofacial Orthop 132:663-670, 2007. nique: a quantification of surface enamel loss and a comparison
32. Kochavi D, Gedalia I, Anaise J: Effect of conditioning with of shear bond strength, Am J Orthod Dentofacial Orthop
fluoride and phosphoric acid on enamel surfaces as evaluated 117:20-26, 2000.
Capítulo 6   Adesivos e Colagem em Ortodontia 63

52. Olsen ME, Bishara SE, Damon P, Jakobsen JR: Compari­ 73. Norevall LI, Marcusson A, Persson MA: Clinical evaluation of
son of shear bond strength and surface structure between glass ionomer cement for bonding, Eur J Orthod 17:449, 1995.
conventional acid etching and air-abrasion of human (abstract).
enamel, Am J Orthod Dentofacial Orthop 112:502-503, 74. White LW: Glass ionomer cement, J Clin Orthod 20:387-391,
1997. 1986.
53. Reisner KR, Levitt HL, Mante F: Enamel preparation between 75. Millett DT, McCabe JF: Orthodontic bonding with glass
the use of a sandblaster and current techniques, Am J Orthod ionomer cement: a review, Eur J Orthod 18:385-399, 1996.
Dentofacial Orthop 111: 366-373, 1997. 76. Sudjalim TR, Woods MG, Manton DJ, Reynolds EC: Pre­
54. Maijer R, Smith DC: A new surface treatment for bonding, vention of demineralization around orthodontic brackets
J Biomed Mater Res 13:975-985, 1979. in vitro, Am J Orthod Dentofacial Orthop 131:705.e1-e9,
55. Maijer R, Smith DC: Crystal growth on the outer enamel 2007
surface: an alternative to acid etching, Am J Orthod 89:183- 77. Bishara SE, Soliman M, Laffoon JF, Warren J: Shear bond
193, 1986. strength of a new high fl uoride release glass ionomer adhe­
56. Artun J, Bergland S: Clinical trials with crystal growth condi­ sive, Angle Orthod 78:125-128, 2008.
tioning as an alternative to acid-etch enamel pretreatment, 78. Üşümez S, Büyükyilmaz T, Karaman AI, Gündüz B:
Am J Orthod 85:333-340, 1984. Degree of conversion of two lingual retainer adhesives
57. Jones ML, Pizarro KA: A comparative study of the shear bond cured with different light sources, Eur J Orthod 27:173-179,
strengths of four different crystal growth solutions, Br J 2005.
Orthod 21: 133-137, 1994. 79. Ozturk N, Üşümez A, Üşümez S, Ozturk B: Degree of conver­
58. Knox J, Jones ML: Crystal bonding: an adhesive system with sion and surface hardness of resin cement cured with different
a future? Br J Orthod 22: 309-317, 1995. curing units, Quintessence Int 36:771-777, 2005.
59. Jones SP, Gledhill JR, Davies EH: The crystal growth tech­ 80. Ferracane JL: Elution of leachable components from compos­
nique: a laboratory evaluation of bond strengths, Eur J Orthod ites, J Oral Rehabil 21:441-452, 1994.
21: 89-93, 1999. 81. Stanislawski L, Daniau X, Lauti A, Goldberg M: Factors
60. Chigira H, Koike T, Hasegawa T, et al: Effect of the self etching responsible for pulp cell cytotoxicity induced by resin-modified
dentin primers on the bonding efficacy of dentine adhesive, glass ionomer cements, J Biomed Mater Res 48:277-288,
Dent Mater 8:86-92, 1989. 1999.
61. Nishida K, Yamauchi J, Wada T, Hosoda H:Development of a 82. Agha MO, Üşümez S. Evaluation of leaching of three different
new bonding system, J Dent Res 72:137, 1993. (abstract). orthodontic bonding resins, Marmara University Health Sci­
62. Banks P, Thiruvenkatachari B: Long-term clinical evaluation ences Institute, 2007 (submitted MS dissertation).
of bracket failure with a self-etching primer: a randomized 83. Lefeuvre M, Amjaad W, Goldberg M, Stanislawski L: TEGDMA
controlled trial, J Orthod 34:243-251, 2007. induces mitochondrial damage and oxidative stress in human
63. Elekdag-Turk S, Isci D, Turk T, Cakmak F: Six-month bracket gingival fibroblasts, Biomaterials 26:5130-5137, 2005.
failure rate: evaluation of a self-etching primer, Eur J Orthod 84. Noda M, Wataha JC, Kaga M, et al: Components of dentinal
30:211-216, 2008. Epub Jan 23, 2008. adhesives modulate heat shock protein 72 expression in heat-
64. Turk T, Elekdag-Turk S, Isci D: Effects of self-etching primer stressed THP-1 human monocytes at sublethal concentra­
on shear bond strength of orthodontic brackets at different tions, J Dent Res 81:265-269, 2002.
debond times, Angle Orthod 77:108-112, 2007. 85. Althoff O, Hartung M: Advances in light curing, Am J Dent
65. Jones DW: Dental composite biomaterials, J Can Dent Assoc 13:77D-81D, 2000.
64: 732-734, 1998. 86. Tirtha R, Fan LP, Dennison JB, Powers JM: In vitro depth
66. Tabrizi S, Üşümez S: A comparative evaluation of flowable of cure of photo-activated composites, J Dent Res 61:1184,
composites for lingual retainer bonding in orthodontics, 1982.
Marmara University Health Sciences Institute, 2007 (submit­ 87. Oesterle LJ, Messersmith ML, Devine SM, Ness CF: Light and
ted MS dissertation). setting times of visible-light-cured orthodontic adhesives,
67. Goldberg M: In vitro and in vivo studies on the toxicity of J Clin Orthod 29: 31-36, 1995.
dental resin components: a review, Clin Oral Invest 12:1-8, 88. Weinberger SJ, McConnell RJ, Wright GZ: Bond strengths of
2008. two ceramic brackets using argon laser, light, and chemically
68. Buzitta VAJ, Hallgren SE, Powers JM: Bond strength of orth­ cured resin systems, Angle Orthod 67: 173-178, 1997.
odontic direct-bonding cement-bracket systems as studied in 89. Kurchak M, DeSantos B, Powers J, Turner D: Argon laser for
vitro, Am J Orthod 81:87-92, 1982. light-cured adhesives, J Clin Orthod 31: 371-374, 1997.
69. Jost-Brinkman PG, Schiffer A, Miethke RR: The effect of 90. Büyükyılmaz T, Üşümez S: Die Oberflächenhärte von Kunst-
adhesive layer thickness on bond strength, J Clin Orthod 26: stoffen für die Befestigung von lingualen Drahtretainern im
718-720, 1992. Laborversuch und im klinischen Einsatz, Inform Orthod Kief-
70. Zachrisson BU, Brobakken BO: Clinical comparison of direct erorthop 3: 205-212, 2003.
versus indirect bonding with different bracket types and 91. Mills RW, Jandt KD, Ashworth SH: Dental composite depth
adhesives, Am J Orthod 74: 62-78, 1978. of cure with halogen and blue light-emitting diode technol­
71. Hotz P, McLean JW, Seed I, Wilson AD: The bonding of glass ogy, Br Dent J 186: 388-391, 1999.
ionomer cements to metal and tooth substrates, Br Dent J 142: 92. Dunn WJ, Taloumis LJ: Polymerization of orthodontic resin
41-47, 1977. cement with light-emitting diode curing units, Am J Orthod
72. Hallgren A, Oliveby A, Twetman S: L(+)-lactic acid produc­ Dentofacial Orthop 122: 236-241, 2002.
tion in plaque from orthodontic appliances retained with 93. Jandt KD, Mills RW, Blackwell GB, Ashworth SH: Depth of
glass ionomer cement, Br J Orthod 21: 23-26, 1994. cure and compressive strength of dental composites cured
64 Parte I   Diagnóstico e Tratamento Ortodônticos

with blue light-emitting diodes (LEDs), Dent Mater J 16:41- 113. Polat O, Karaman AI, Durmus E: Effects of preoperative ibu­
47, 2000. profen and naproxen sodium on orthodontic pain, Angle
94. Stahl F, Ashworth SH, Jandt KD, Mills RW: Light-emitting Orthod 75:791-796, 2005.
diode (LED) polymerization of dental composites: flexural 114. Armstrong D, Shen G, Petocz P, Darendeliler MA: A compari­
properties and polymerization potential, Biomaterials 21: son of accuracy in bracket positioning between two tech­
1379-1385, 2000. niques: localizing the centre of the clinical crown and
95. Sfondrini MF, Cacciafesta V, Pistorio A, et al: Effects of measuring the distance from the incisal edge, Eur J Orthod 29:
conventional and high-intensity light curing on enamel 430-436, 2007.
shear bond strength of composite resin and resin-modified 115. Erkan M, Pikdoken L, Üşümez S: Gingival response to man-
glass ionomer, Am J Orthod Dentofacial Orthop 119: 30-35, dibular incisor intrusion, Am J Orthod Dentofacial Orthop
2001. 132:2007. 143, e9-e13.
96. Hofmann N, Hugo B, Schubert K, Klaiber B: Comparison 116. Armstrong D, Shen G, Petocz P, Darendeliler MA: Excess
between a plasma arc light source and conventional halogen adhesive flash upon bracket placement: a typodont study
curing units regarding flexural strength, modulus, and hard­ comparing APC PLUS and Transbond XT, Angle Orthod 77:
ness of photoactivated resin composites, J Clin Oral Invest 1101-1108, 2007.
4:140-147, 2000. 117. Zachrisson BU: Fluoride application procedures in orth­
97. Miyazaki M, Hattori T, Ichiishi Y, et al: Evaluation of curing odontic practice: current concepts, Angle Orthod 44:72-81,
units used in private dental offices, Oper Dent 23: 50-54, 1975.
1998. 118. Zachrisson BU: Orthodontic bonding to artificial tooth sur­
98. Pilo R, Oelgiesser D, Cardash HS: A survey of output intensity faces: clinical versus laboratory findings, Am J Orthod Dento-
and potential for depth of cure among light-curing units in facial Orthop 117: 592-594, 2000.
clinical use, J Dent 27: 235-241, 1999. 119. Zachrisson BU, Büyükyilmaz T: Recent advances in
99. Zach L, Cohen G: Pulp response to externally applied heat, bonding to gold, amalgam, and porcelain, J Clin Orthod
Oral Surg Oral Med Oral Pathol 19:515-530, 1965. 27:661, 1993.
100. Ozturk B, Üşümez A, Üşümez S, et al: Temperature rise during 120. Zachrisson BU, Büyükyilmaz T, Zachrisson YØ: Improving
adhesive and resin composite polymerization with various orthodontic bonding to silver amalgam, Angle Orthod 65: 35,
light curing sources, Oper Dent 29: 325-332, 2004. 1995.
101. Oesterle LJ, Newman SM, Shellhart WC: Rapid curing of 121. Jost-Brinkmann PG, Can S, Drost C: In vitro study of the
composite with a xenon plasma arc light, Am J Orthod Den- adhesive strengths of brackets on metals, ceramic and com­
tofacial Orthop 119: 610-616, 2001. posite. 2. Bonding to porcelain and composite resin, J Orofac
102. Hwang IY, Son YO, Kim JH et al: Plasma-arc generated light Orthop (Fortschr Kieferorthop) 57:132-141, 1996.
inhibits proliferation and induces apoptosis of human gingi­ 122. Klocke A, Shi J, Kahl-Nieke B, Ulrich B: Bond strength with
val fibroblasts in a dose-dependent manner, Dent Mater 24: custom base indirect bonding technique, Angle Orthod 73:
1-36, 2007. 2008 1042, Epub Dec 31. 176-180, 2003.
103. Taoufik K, Mavrogonatou E, Eliades T, et al: Effect of blue 123. Silverman E, Cohen M: A universal direct bonding system for
light on the proliferation of human gingival fibroblasts, Dent both metal and plastic brackets, Am J Orthod 62:236-244,
Mater 24:895-900, 2008. Epub March 4, 2008. 1972.
104. Nakamura S, Mukai T, Senoh M: Candela-class high bright­ 124. Brandt S: JCO interviews Dr Elliott Silverman, Dr Morton
ness InGaN/AlGaN double heterostructure blue-light- Cohen, and Dr AJ Gwinnett on bonding, J Clin Orthod 4:
­emitting diodes, Appl Physics Lett 64:1687-1689, 1994. 236-251, 1979.
105. Haitz RH, Craford MG, Wiessman RH: 2, New York, 1995, 125. Rossouw PE, Bruwer HC, Stander IA: The rationale behind a
McGraw-Hill, Handbook of optics. 12.1–12.9. viable alternative to direct bonding of orthodontic attach­
106. http://www.microscopyu.com/articles/fluorescence/­ ments: indirect bonding, Ont Dent 5:19-25, 1999.
lasersafety.html. Accessed Feb 12, 2008. 126. Scholz RP, Schwarz ML: Lingual orthodontics: a status report.
107. Chen E: Inhibition of cytochrome oxidase and blue-light Part 3. Indirect bonding: laboratory and clinical procedures,
damage in rat retina, Graefes Arch Clin Exp Ophthalmol 231: J Clin Orthod 12:812-820, 1982.
416-423, 1993. 127. Hodge TM, Dhopatkar AA, Rock WP, Spary DJ: The Burton
108. Chen E: Inhibition of enzymes by short-wave optical radia­ approach to indirect bonding, J Orthod 28: 267-270,
tion and its effect on the retina, Acta Ophthalmol Suppl 208: 2001.
1-50, 1993. 128. Koo BC, Chung C, Vanarsdall RL: Comparison of the accu­
109. Chen E, Söderberg PG, Lindström B: Cytochrome oxidase racy of bracket placement between direct and indirect
activity in rat retina after exposure to 404 nm blue light, Curr bonding techniques, Am J Orthod Dentofacial Orthop 3:346-
Eye Res 11:825-831, 1992. 351, 1999.
110. Ham WT Jr: Ocular hazards of light sources: review of current 129. Kalange JT, Thomas RG: Indirect bonding: a comprehensive
knowledge, J Occup Med 25: 101-103, 1983. review of the literature, Semin Orthod 13:3-10, 2007.
111. Üşümez S, Goyenc Y, Gunduz K, Uysal T: Are blue curing 130. Sheridan JJ: The readers’ corner, J Clin Orthod 10:543-546,
lights safe for orthodontists? Eur J Orthod 28:e177-e178, 2004.
2006. 131. Thomas RG: Indirect bonding: simplicity in action, J Clin
112. Bruzell Roll EM, Jacobsen N, Hensten-Pettersen A: Health Orthod 13: 93-104, 1979.
hazards associated with curing light in the dental clinic, Clin 132. Kalange JT: Indirect bonding: a comprehensive review of the
Oral Invest 8:113-117, 2004. advantages, World J Orthod 4:301-307, 2004.
Capítulo 6   Adesivos e Colagem em Ortodontia 65

133. Hocevar RA, Vincent HF: Indirect versus direct bonding: 155. Crooks M, Hood J, Harkness M: Thermal debonding of
bond strength and failure location, Am J Orthod Dentofacial ceramic brackets: an in vitro study, Am J Orthod Dentofacial
Orthop 5:367-371, 1988. Orthop 111: 163-172, 1997.
134. Milne JW, Andreasen GF, Jakobsen MA: Bond strength com­ 156. Jost-Brinkman PG, Stein H, Miethke RR, et al: Histologic
parison: a simplified indirect technique versus direct place­ investigation of the human pulp after thermodebonding of
ment of brackets, Am J Orthod Dentofacial Orthop 96:8-15, metal and ceramic brackets, Am J Orthod Dentofacial Orthop
1989. 102:410-417, 1992.
135. Yi GK, Dunn WJ, Taloumis LJ: Shear bond strength compari­ 157. Rueggeberg FA, Lockwood P: Thermal debracketing of orth­
son between direct and indirect bonded orthodontic brackets, odontic resins, Am J Orthod Dentofacial Orthop 98:56-65, 1990.
Am J Orthod Dentofacial Orthop 5:577-581, 2003. 158. Stratmann U, Schaarschmidt K, Wegener H et al: The extent
136. Deahl ST, Salome N, Hatch JP, Rugh JD: Practice-based com­ of enamel surface fractures: a quantitative comparison of
parison of direct and indirect bonding, Am J Orthod Dento- thermally debonded ceramic and mechanically debonded
facial Orthop 132:738-742, 2007. metal brackets by energy dispersive micro- and image-analy­
137. Thompson MA, Drummond JL, BeGole EA: Bond strength sis, Eur J Orthod 18:655-662, 1996.
analysis of custom base variables in indirect bonding techniques, 159. Ma T, Marangoni RD, Flint W: In vitro comparison of debond­
Am J Orthod Dentofacial Orthop 133, 9.e15-e20, 2008. ing force and intrapulpal temperature changes during ceramic
138. Cooper RB, Sorenson NA: Indirect bonding with adhesive orthodontic bracket removal using a carbon dioxide laser, Am
precoated brackets, J Clin Orthod 27: 164-166, 1993. J Orthod Dentofacial Orthop 111: 203-210, 1997.
139. Read MJF, O’Brien KD: A clinical trial of an indirect bonding 160. Rickabaugh JL, Marangoni RD, McCaffrey KK: Ceramic
technique with a visible light-cured adhesive, Am J Orthod bracket debonding with the carbon dioxide laser, Am J Orthod
Dentofacial Orthop 98: 259-262, 1990. Dentofacial Orthop 110:388-393, 1996.
140. Aguirre MJ, King GJ, Waldron JM: Assessment of bracket place­ 161. Tocchio RM, Williams PT, Mayer FJ et al: Laser debonding of
ment and bond strength when comparing direct bonding to ceramic orthodontic brackets, Am J Orthod Dentofacial Orthop
indirect bonding techniques, Am J Orthod 82:269-276, 1982. 103: 155-162, 1993.
141. Krug AY, Conley RS: Shear bond strengths using an indirect 162. Kawabata R, Hayakawa T, Kasai K: Modification of 4-META/
technique with different light sources, J Clin Orthod 8:485- MMA-TBB resin for safe debonding of orthodontic brackets:
487, 2005. infl uence of the addition of degradable additives or fl uoride
142. Scholz RP: Indirect bonding revisited, J Clin Orthod 8:529- compound, Dent Mater J 25: 524-532, 2006.
536, 1983. 163. Tsuruoka T, Namura Y, Shimizu N: Development of an easy-
143. Sondhi A: Efficient and effective indirect bonding, Am J debonding orthodontic adhesive using thermal heating, Dent
Orthod Dentofacial Orthop 115:352-359, 1999. Mater J 26: 78-83, 2007.
144. Mui B, Rossouw PE, Kulkarni GV: Optimization of a proce­ 164. Campbell PM: Enamel surfaces after orthodontic bracket
dure for rebonding dislodged orthodontic brackets, Angle debonding, Angle Orthod 65:103-110, 1995.
Orthod 69: 276-281, 1999. 165. Hong YH, Lew KKK: Quantitative and qualitative assessment
145. Tavares SW, Consani S, Nouer DF, et al: Shear bond strength of enamel surface following five composite removal methods
of new and recycled brackets to enamel, Braz Dent J 17:44-48, after bracket debonding, Eur J Orthod 17: 121-128, 1995.
2006. 166. Thomas BW, Hook CR, Draughn RA: Laser-aided degrada­
146. Sonis AL: Air abrasion of failed bonded metal brackets: a tion of composite resin, Angle Orthod 66: 281-286, 1996.
study of shear bond strength and surface characteristics as 167. Alexander R, Xie J, Fried D: Selective removal of residual
determined by scanning electron microscopy, Am J Orthod composite from dental enamel surfaces using the third har­
Dentofacial Orthop 110:96-98, 1996. monic of a Q-switched Nd:YAG laser, Lasers Surg Med 30:
147. Øilo G: Bond strength testing: what does it mean? Int Dent J 240-245, 2002.
43:492-498, 1993. 168. Krell KV, Courey JM, Bishara SE: Orthodontic bracket removal
148. Redd TB, Shivapuja PK: Debonding ceramic brackets: effects using conventional and ultrasonic debonding techniques:
on enamel, J Clin Orthod 25: 475-481, 1991. enamel loss and time requirements, Am J Orthod Den-tofacial
149. Årtun J: A post-treatment evaluation of multibonded ceramic Orthop 103:258-266, 1993.
brackets in orthodontics, Eur J Orthod 19: 219-228, 1997. 169. Oliver RG, Griffiths J: Different techniques of residual com­
150. Bishara SE, Fehr DE: Ceramic brackets: something old, some­ posite removal following debonding: time taken and surface
thing new: review, Semin Orthod 3: 178-188, 1997. enamel appearance, Br J Orthod 19:131-137, 1992.
151. Viazis AD, Cavanaugh G, Bevis RR: Bond strength of ceramic 170. Retief DH, Denys FR: Finishing of enamel surfaces after debond­
brackets under shear stress: an in vitro report, Am J Orthod ing of orthodontic attachments, Am J Orthod 49: 1-10, 1979.
Dentofacial Orthop 98:214-221, 1990. 171. Zachrisson BU, Årtun J: Enamel surface appearance after various
152. Winchester LJ: Bond strength of five different ceramic brack­ debonding techniques, Am J Orthod 75:121-137, 1979.
ets: an in vitro study, Eur J Orthod 92:293-305, 1991. 172. Kim SS, Park WK, Son WS, et al: Enamel surface evaluation
153. Chen HY, Su MZ, Chang HF et al: Effects of different debond­ after removal of orthodontic composite remnants by intraoral
ing techniques on the debonding forces and failure modes of sandblasting: a 3-dimensional surface profilometry study, Am
ceramic brackets in simulated clinical set-ups, Am J Orthod J Orthod Dentofacial Orthop 132:71-76, 2007.
Dentofacial Orthop 132: 680-686, 2007. 173. Gwinnett AJ, Gorelick L: Microscopic evaluation of enamel
154. Vukovich ME, Wood DP, Daley TD: Heat generated by grind­ after debonding, Am J Orthod 71:651-655, 1977.
ing during removal of ceramic brackets, Am J Orthod Dento- 174. Day CJ, Price R, Sandy JR, Ireland AJ: Inhalation of aerosols
facial Orthop 99:505-512, 1991. produced during the removal of fixed orthodontic appliances:
66 Parte I   Diagnóstico e Tratamento Ortodônticos

a comparison of 4 enamel cleanup methods, Am J Orthod 192. Li S, Hobson RS, Bai Y, et al: A method for producing con­
Dentofacial Orthop 133:11-17, 2008. trolled fluoride release from an orthodontic bracket, Eur J
175. Toroglu MS, Bayramoglu O, Yarkin F, Tuli A: Possibility of Orthod 29: 550-554, 2007.
blood and hepatitis B contamination through aerosols gener­ 193. Sonis AL, Snell W: An evaluation of a fluoride-releasing
ated during debonding procedures, Angle Orthod 73: 571-578, visible light-activated bonding system for orthodontic
2003. bracket placement, Am J Orthod Dentofacial Orthop 95: 306-
176. Toroglu MS, Haytaç MC, Köksal F: Evaluation of aerosol con­ 311, 1989.
tamination during debonding procedures, Angle Orthod 71: 194. Øgaard B, Rezk-Lega F, Ruben J, Arends J: Cariostatic effect
299-306, 2001. of fluoride release from a visible light-curing adhesive for
177. Osorio R, Toledano M, García-Godoy F: Enamel surface mor­ bonding of orthodontic brackets, Am J Orthod Dentofacial
phology after bracket debonding, ASDC J Dent Child 65: 313- Orthop 101: 303-307, 1992.
317, 354, 1998. 195. Frazier MC, Southard TC, Doster PM: Prevention of enamel
178. Gorelick L, Geiger AM, Gwinnett AJ: Incidence of white spot demineralization during orthodontic treatment: an in vitro
formation after bonding and banding, Am J Orthod 81:93-98, study using pit and fissure sealants, Am J Orthod Dentofacial
1982. Orthop 110: 459-465, 1996.
179. Øgaard B: Prevalence of white spot lesions in 19-year-olds: a 196. Todd MA, Staley RN, Kanellis MJ, et al: Effect of a fl uoride
study on untreated and orthodontically treated persons 5 varnish on demineralization adjacent to orthodontic treat­
years after treatment, Am J Orthod Dentofacial Orthop 96: ment, Am J Orthod Dentofacial Orthop 116: 159-167, 1999.
423-427, 1989. 197. Wiltshire WA: In vitro and in vivo fl uoride release from
180. Benson PE, Shah AA, Millett DT, et al: Fluorides, orthodontics orthodontic elastomeric ligatureties, Am J Orthod Dentofacial
and demineralization: a systematic review, J Orthod 32: 102- Orthop 115: 288-292, 1999.
114, 2005. 198. Gillgrass TJ, Creanor SL, Foye RH, Millett DT: Varnish or
181. Benson PE, Parkin N, Millett DT, et al: Fluorides for the pre­ polymeric coating for the prevention of demineralization? An
vention of white spots on teeth during fixed brace treatment, ex vivo study, J Orthod 28: 291-295, 2001.
Cochrane Database Syst Rev 3: CD003809, 2004. 199. Mattick CR, Mitchell L, Chadwick SM, Wright J: Fluoride-
182. Derks A, Katsaros C, Frencken JE, et al: Caries-inhibiting releasing elastomeric modules reduce decalcification: a ran­
effect of preventive measures during orthodontic treatment domized controlled trial, J Orthod 28: 217-219, 2001.
with fixed appliances: a systematic review, Caries Res 38: 413- 200. Alves PV, Alviano WS, Bolognese AM, Nojima LI: Treatment
420, 2004. protocol to control Streptococcus mutans level in an orthodon­
183. Twetman S, McWilliam JS, Hallgren A, Oliveby A: Cariostatic tic patient with high caries risk, Am J Orthod Dentofacial
effect of glass ionomer retained orthodontic appliances: an in Orthop 133: 91-94, 2008.
vivo study, Swed Dent J 21:169-175, 1997. 201. Cacciafesta V, Sfondrini MF, Tagliani P, Klersy C: In vitro fl
184. Marcusson A, Norevall LI, Persson M: White spot reduction uoride release rates from 9 orthodontic bonding adhesives,
when using glass ionomer cement for bonding in orthodon­ Am J Orthod Dentofacial Orthop 132: 656-662, 2007.
tics: a longitudinal and comparative study, Eur J Orthod 19: 202. Balenseifen JW, Madonia JV: Study of dental plaque in orth­
233-242, 1997. odontic patients, J Dent Res 49: 320-324, 1970.
185. Chung CK, Millett DT, Creanor SL, et al: Fluoride release and 203. Chatterjee R, Kleinberg I: Effect of orthodontic band place­
cariostatic ability of a compomer and a resin-modified glass ment on the chemical composition of human incisor tooth
ionomer cement used for orthodontic bonding, J Dent 26: plaque, Arch Oral Biol 24: 97-100, 1979.
533-538, 1998. 204. Corbett JA, Brown LR, Keene HJ, Horton IM: Comparison
186. Gorton J, Featherstone JD: In vivo inhibition of demineraliza­ of Streptococcus mutans concentrations in non-banded and
tion around orthodontic brackets, Am J Orthod Dentofacial banded orthodontic patients, J Dent Res 60: 1936-1942,
Orthop 123:10-14, 2003. 1981.
187. Pascotto RC, Navarro MF, Capelozza Filho L, Cury JA: In vivo 205. Mattingly JA, Sauer GJ, Yancey JM, Arnold RR: Enhancement
effect of a resin-modified glass ionomer cement on enamel of Streptococcus mutans colonization by direct bonded orth­
demineralization around orthodontic brackets, Am J Orthod odontic appliances, J Dent Res 62:1209-1211, 1983.
Dentofacial Orthop 125: 36-41, 2004. 206. Scheie AA, Arnesberg P, Krogstad O: Effects of orthodontic
188. Czochrowska E, Øgaard B, Duschner H, et al: Cariostatic treatment on prevalence of Streptococcus mutans in plaque
effect of a light-cured, resin-reinforced glass ionomer for and saliva, Scand J Dent Res 92:211-217, 1984.
bonding orthodontic brackets in vivo: a combined study 207. Vierrou AM, Manwell MA, Zameck RL et al: Control of
using microradiography and confocal laser scanning micros­ Streptococcus mutans with topical fluorides in patients
copy, J Orofac Orthop 59: 265-273, 1998. under-going orthodontic treatment, J Am Dent Assoc 113:
189. Geiger AM, Gorelick L, Gwinnett AJ, Griswold PG: The effect 644-646, 1986.
of a fluoride program on white spot formation during orth­ 208. Stratemann MW, Shannon IL: Control of decalcification in
odontic treatment, Am J Orthod Dentofacial Orthop 93: 29-37, orthodontic patients by daily self-administered application
1988. of a water-free 0.4% SnF2 gel, Am J Orthod 66: 273-279,
190. Jordan C: Prevention of white spot enamel formation during 1974.
orthodontic treatment, Gen Dent 46: 498-502, 1998. 209. Øgaard B, Larsson E, Henriksson T, et al: Effects of combined
191. Geiger A, Gorelick L, Gwinnett AJ, Benson BJ: Reducing white application of antimicrobial and fl uoride varnishes in orth­
spot lesions in orthodontic populations with fluoride rinsing, odontic patients, Am J Orthod Dentofacial Orthop 120: 28-35,
Am J Orthod Dentofacial Orthop 101: 403-407, 1992. 2001.
Capítulo 6   Adesivos e Colagem em Ortodontia 67

210. Øgaard B, Rølla G: Cariological aspects of treatment with 230. Dahl EH, Zachrisson BU: Long-term experience with direct-
fixed orthodontic appliances. Part II. New concept on cario- bonded lingual retainer, J Clin Orthod 25:619-632, 1991.
static mechanism of topical fluoride, Kieferorthop Mitterlung 231. Booth FA, Edelman JM, Proffit WR: Twenty-year follow-up of
6: 45-51, 1993. patients with permanently bonded mandibular canine-to-canine
211. Eronat C, Alpöz AR: Effect of Cervitec varnish on the salivary retainers, Am J Orthod Dentofacial Orthop 133:70-76, 2008.
Streptococcus mutans levels in the patients with fixed orth­ 232. Katsaros C, Livas C, Renkema AM: Unexpected complications
odontic appliances, J Dent Res 73(suppl), 1994 (abstract 425). of bonded mandibular lingual retainers, Am J Orthod Dento-
212. Karaman AI, Uysal T: Effectiveness of a hydrophilic primer facial Orthop 132:838-841, 2007.
when different antimicrobial agents are mixed, Angle Orthod 233. Pandis N, Vlahopoulos K, Madianos P, Eliades T: Long-term
74: 414-419, 2004. periodontal status of patients with mandibular lingual fixed
213. Twetman S, Hallgren A, Petersson LG: Effect of antibacterial retention, Eur J Orthod 29:471-476, 2007.
varnish on mutans streptococci in plaque from enamel adja­ 234. Zachrisson BU: Third-generation mandibular bonded lingual
cent to orthodontic appliances, Caries Res 29: 188-191, 1995. 3-3 retainer, J Clin Orthod 29: 39-48, 1995.
214. Caglar E, Sandalli N: Probiotics and their effect on dental 235. Baysal A, Uysal T, Ulker M, Üşümez S: Effects of high-inten­
health, Turk J Orthod 18: 287-292, 2005. sity curing lights on microleakage under bonded lingual
215. Meurman JH, Antila H, Korhonen A, Salminen S: Effect of retainers, Angle Orthod 78: 1084-1088, 2008.
Lactobacillus rhamnosus strain GG (ATCC 53103) on the 236. Attar N, Tam LE, McComb D: Flow, strength, stiffness and
growth of Streptococcus sobrinus in vitro, Eur J Oral Sci 103: radiopacity of flowable resin composites, J Can Dent Assoc 69:
253-258, 1995. 516-521, 2003.
216. Germeç D, Çağlar E, Kavaloğlu-Çıldir S, et al: Effect of pro- 237. Bayne SC, Thompson JY, Swift EJ Jr et al: A characterization
biotics on mutans streptococci and lactobacilli levels of orth­ of first-generation flowable composites, J Am Dent Assoc 129:
odontic patients .Presented at 10th Symposium of Turkish 567-577, 1998.
Orthodontic Society, Ankara, 2007, p 51. 238. Behle C: Flowable composites: properties and applications,
217. Øgaard B, Rølla G, Arends J et al: Orthodontic appliances and Pract Periodont Aesthet Dent 10: 347-350, 1998.
enamel demineralization. 2. Prevention and treatment of 239. Bonilla ED, Yashar M, Caputo AA: Fracture toughness: nine
lesions, Am J Orthod Dentofacial Orthop 94:123-128, 1988. flowable resin composites, J Prosthet Dent 89: 261-267, 2003.
218. Gelgör IE, Büyükyilmaz T: A practical approach to white spot 240. Labela R, Lambrechts P, Van Meerbeek B, Vanherle G: Polym­
lesion removal, World J Orthod 4: 152-156, 2003. erization shrinkage and elasticity of fl owable composites and
219. Angle EA. Treatment of malocclusion of the teeth, ed 7, Phila­ filled adhesives, Dent Mater 15: 128-137, 1999.
delphia, 1907, SS White Manufacturing. In Blake M, Bibby K, 241. Moon PC, Tabassian MS, Culbreath TE: Flow characteristics
Retention and stability: a review of the literature, Am J Orthod and film thickness of flowable resin composites, Oper Dent
Dentofacial Orthop 114: 299-306, 1998. 27: 248-253, 2002.
220. Hawley CA. A removable retainer, Int J Orthod 2, 291-298, 242. Elaut J, Asscherickx K, Vande Vannet B, Wehrbein H: Flow-
1919 .In Bearn DR, Bonded orthodontic retainers: a review, able composites for bonding lingual retainers, J Clin Orthod
Am J Orthod Dentofacial Orthop 108, 207-213, 1995. 36: 597-598, 2002.
221. Zachrisson BU: Clinical experience with direct-bonded orth­ 243. Geserick M, Wichelhaus A: A color-reactivated flowable com­
odontic retainers, Am J Orthod 71: 440-448, 1977. posite for bonding lingual retainers, J Clin Orthod 38: 165-
222. Knierim RW: Invisible lower cuspid to cuspid retainer, Angle 166, 2004.
Orthod 43:218-219, 1973. 244. Geserick M, Ball J, Wichelhaus A: Bonding fiber-reinforced
223. Rubenstein BM: A direct bond maxillary retainer, J Clin lingual retainers with color-reactivating flowable composite,
Orthod 10:43, 1976. J Clin Orthod 38: 560-562, 2004.
224. Carter RN: Simplified direct-bonded retainer, J Clin Orthod 245. Uysal T, Sari Z, Demir A: Are the fl owable composites suitable
12: 221, 1978. for orthodontic bracket bonding? Angle Orthod 74: 697-702,
225. Lubit EC: The bonded lingual retainer, J Clin Orthod 13: 311- 2003.
313, 1979. 246. Tabrizi S, Salamis E, Üşümez S. Flowable composites for
226. Lee RT: The lower incisor bonded retainer in clinical practice: bonding orthodontic retainers, Angle Orthod, 2008 (in
a three year study, Br J Orthod 8: 15-18, 1981. press).
227. Årtun J, Zachrisson BU: Improving the handling properties 247. Uysal T, Ulker M, Baysal A, Üşümez S: Different lingual
of a composite resin for direct bonding, Am J Orthod 81:269- retainer composites and the microleakage between enamel-
276, 1982. composite and wire-composite interfaces, Angle Orthod 78:
228. Zachrisson BU: The bonded lingual retainer and multiple 941-946, 2008.
spacing of anterior teeth, J Clin Orthod 17:838-844, 1983. 248. Al-Emran S, Barakati R: A method for stabilizing a lingual
229. Bearn DR: Bonded orthodontic retainers: a review, Am J fixed retainer in place prior to bonding, J Contemp Dent Pract
Orthod Dentofacial Orthop 108:207-213, 1995. 8: 108-113, 2007.
68 Parte I   Diagnóstico e Tratamento Ortodônticos

C ap í t u lo
7
O Impacto da Seleção e
Posicionamento do
Bráquete na Expressão do
Movimento Dentário e dos
Detalhes de Finalização
Anoop Sondhi

N
a condução do tratamento ortodôntico de um paciente, ser que o espaço estivesse especificamente planejado para a
frequentemente o demônio está nos detalhes. Ao reconstrução de um dente com uma restauração. A presença ou
término do tratamento ortodôntico de um paciente, ausência de espaços podem ser quantificadas.
salvo qualquer complicação imposta por discrepâncias esquelé­ Uma gama de outras variáveis envolve um alto nível de sub­
ticas, ausências de dentes ou outras condições, o clínico pode jetividade, parte por causa de preferências pessoais dos pacientes
dispender tanto tempo nos detalhes finais quanto fazendo cor­ e clínicos, e em parte por causa da dificuldade de quantificação,
reções maiores relacionadas a apinhamentos e fechamentos de isto é, de obtenção de medidas objetivas. Por exemplo, o grau
espaço. Em geral, o paciente se sente impaciente com este pro­ das inclinações mesiodistais dos dentes maxilares anteriores
cesso, particularmente quando o restante do tratamento envolve podem variar em algum grau, com algumas diferenças no resul­
alterações de segunda ou terceira ordens na dentição posterior, tado estético. Na verdade, uma faixa de possíveis inclinações
onde elas não podem ser vistas. axiais dos dentes superiores anteriores podem resultar em uma
Embora os ajustes necessários para mostrar estes detalhes aparência estética que poderia agradar ao paciente ou ao clínico,
possam não se tornar evidentes até um certo estágio no trata­ sem impacto significativo na estabilidade da saúde e função
mento, vários destes podem ser previstos no diagnóstico inicial dentária do paciente a longo prazo. De maneira similar, os clíni­
e no planejamento, assim como durante a seleção e colocação cos têm pontos de vista diferentes na inclinação axial desejada
do bráquete. Apesar de vários autores já terem escrito extensa­ para os dentes posteriores no plano transverso de espaço. Muitos
mente sobre os detalhes de finalização no tratamento ortodôn­ pacientes não dão a isso muita importância, mas o resultado
tico, não tem sido dada a atenção adequada ao potencial impacto funcional para o paciente pode claramente ser diferente. Agora
da seleção e posicionamento apropriado de bráquetes nos deta­ adicione, por exemplo, a dificuldade de medição da real incli­
lhes finais do tratamento. nação vestíbulo-lingual de um molar, sem falar das dificuldades
em se chegar a um consenso de um plano de referência para
realizar estas medições.
Avaliação Objetiva Versus Subjetiva O ponto é simples: alguns fatores na finalização de um caso
Apenas alguns dos detalhes de finalização discutidos aqui ortodôntico afetarão fundamentalmente a estética do resultado
envolvem variáveis que são quantificáveis e, portanto, podem ser final, enquanto outros fatores afetarão a saúde e função den­
medidas de forma objetiva. Por exemplo, a sobremordida dese­ tárias do paciente a longo prazo e ainda outro conjunto de
jável ao fim do tratamento pode ser identificada tanto como variáveis afetará ambos os aspectos. Alguns fatores são quanti­
2 mm quanto como 3 mm, podendo-se citar razões para cada ficáveis e, consequentemente, mensuráveis. Outros detalhes
preferência. Ao final do tratamento também deveria ser possível clínicos são mais subjetivos e podem ser difíceis ou impossíveis
medir (quantificar) esta variável. Ao final do tratamento também de quantificar. Ademais, existe uma gama de opiniões na orto­
não deveriam haver espaços abertos nos arcos dentários, a não dontia referente tanto à aparência quanto à função do resultado

68
Capítulo 7   O Impacto da Seleção e Posicionamento do Bráquete na Expressão do Movimento Dentário 69

Fig. 7-1 Dentição inferior construída digitalmente com algumas das múltiplas medições que
documentam a colocação do aparelho.

do tratamento, como evidenciado pelas diferentes opiniões


entre os praticantes da filosofia de “Tweed” e os praticantes da
filosofia da escola de pensamento “Bioprogressiva”. Os valores
do torque anterior variam significativamente entre estes dois
praticantes, com diferença identificável na estética e na função
do resultado do tratamento.
Andrews1 estava entre os primeiros a apresentar uma avalia­
ção estruturada do resultado do tratamento. Sua definição das
“seis chaves para a oclusão normal” constitui o primeiro esforço
real em tabular variáveis específicas que pudessem ser mensu­
radas no resultado ortodôntico final. Na verdade, este foi o
fundamento do então nascente processo de desenvolvimento de
aparelhos pré-torqueados e pré-angulados. Antes dessa época,
torque, inclinação e deslocamento vestíbulo-lingual não eram Fig. 7-2 Vista anterolateral de um arco dentário superior com o
mensurados, apenas avaliados visualmente. primeiro pré-molar superior direito isolado para avaliar e modifi­
car sua inclinação axial.

Análise Gráfica Tridimensional também permite a comparação objetiva dos efeitos de diferentes
Vários sistemas de aparelhos pré-torqueados e pré-angulados torques, angulações e prescrições.
estão disponíveis atualmente para o ortodontista. Essas pres­ O propósito desse processo foi simples. Em vez de extrapolar
crições são baseadas em fundamentos de princípios clínicos, os resultados do tratamento influenciados pela colaboração dos
assim como preferências pessoais e filosóficas de cada clínico pacientes, variações morfológicas e outros fatores não contro­
individualmente. Entretanto, documentação objetiva da eficácia láveis, o impacto dos desenhos de aparelhos poderia ser avaliado
destas várias prescrições é escassa na literatura e a maior parte das pela criação de uma dentição virtual padronizada livre destas
evidências presentes parece anedótica. Ademais, um clínico que­ influências. Aparelhos virtuais padronizados foram então apli­
rendo testar uma prescrição específica deve tratar uma amostra cados a esta dentição para estudar o resultado do posiciona­
de pacientes durante no mínimo dois ou três anos para observar mento específico de bráquetes, aplicação de torque e inclinação,
os detalhes clínicos – uma abordagem bem complicada. variando um fator de cada vez. Por exemplo, com o restante da
Consequentemente, o objetivo do autor foi construir uma dentição e o aparelho mantidos constantes, um único dente
dentição virtual (Fig. 7-1), progresso para o desenvolvimento seria identificado para variação do torque selecionado no brá­
de uma oclusão virtual, e então testar a eficácia do desenho do quete (Fig. 7-2), permitindo a mensuração do impacto da
aparelho na dentição virtual antes de aplicá-lo no paciente. Isto variável modificada na posição final do dente. Em contrapartida,
70 Parte I   Diagnóstico e Tratamento Ortodônticos

para estudar o impacto de uma prescrição ortodôntica especí­ distal (Fig. 7-3, D e E), porque isto parece levar ao resultado
fica em todo o arco dentário, a dentição poderia ser mantida desejável, estabelecendo a relação de contato apropriada entre
como padrão e o sistema inteiro do aparelho modificado, assim, o primeiro e o segundo molar inferior.
o impacto das inclinações axiais combinadas em todos os três Diversas variações precisam ser consideradas na condução
planos de espaço poderia ser estudado pela rotação do modelo do tratamento ortodôntico, isto simplesmente ilustra como a
em cada plano. escolha dos tubos dos molares poderia influenciar os resultados
As opiniões ainda diferem quanto à avaliação da função de finalização do tratamento e ajustes subsequentes no arco.
oclusal e quanto aos aspectos funcionais da oclusão. Entretanto, A decisão levando em consideração os efeitos da seleção dos
é amplamente aceito que “interferências em balanceio” são tubos na rotação dos primeiros molares inferiores deve reco­
indesejadas durante os movimentos laterais, tanto por razões nhecer que a morfologia da superfície vestibular do primeiro
periodontais, quanto a respeito do impacto na função tempo­ molar inferior dita que a posição mesiodistal do tubo (ou brá­
romandibular. Alguns autores identificaram o impacto da dis­ quete) irá influenciar a posição final do tubo. Contudo, a habili­
função oclusal associada a desvios laterais significativos da dade de afetar a posição mesiodistal do tubo é limitada, ainda
mandíbula.2 Estes aspectos funcionais da oclusão são geral­ mais usando bandas, porque a maior parte dos ortodontistas
mente vistos como quantificáveis mas nem sempre fáceis de agora utiliza bandas pré-formadas com bráquetes e tubos pré-
mensurar. soldados. Bandas pré-formadas inibem fortemente a habilidade
em mudar a posição mesiodistal do molar. A colagem direta
pode resultar numa leve melhora na flexibilidade, apesar de o
Seleção De Bráquetes E Tubos formato pré-determinado da base do bráquete geralmente
Embora os clínicos geralmente aceitem que a escolha dos brá­ limitar as modificações possíveis (Fig. 7-4). Com a colagem
quetes e do sistema de bráquetes influenciem no resultado do indireta, particularmente se for criada uma base de resina indi­
tratamento, o impacto da escolha e da colocação do bráquete vidualizada, um pouco mais de flexibilidade pode ser obtida
em detalhes de finalização específicos tem sido discutido inade­ pelo clínico.
quadamente. Este ponto pode ser ilustrado pelo estudo de um
detalhe simples de finalização que requer frequentemente um
Seleção De Bráquetes E Efeito Nos
tempo de tratamento significativo e pode ocasionalmente ator­
Movimentos De Terceira Ordem
mentar o clínico.
Tem se tornado cada vez mais evidente nos últimos 20 anos Desde o advento dos bráquetes pré-angulados e pré-torqueados,
que os segundos molares inferiores deveriam ser alinhados os ortodontistas têm tido um amplo espectro de escolha de
apropriadamente no arco dentário na complementação do torques e angulações. Muitos sistemas de aparelhos pré-angula­
tratamento ortodôntico. Embora os pacientes não reconheçam dos e pré-torqueados estão disponíveis e cada prescrição é
nem estejam preocupados com o alinhamento dos segundos baseada em fundamentos de princípios clínicos, assim como
molares, os clínicos certamente estão informados quanto às preferências filosóficas do clínico. Por exemplo, existem varia­
consequências a longo prazo para a saúde periodontal e dentária ções consideráveis na prescrição dos torques e angulações entre
do posicionamento e inclinação deficientes dos segundos as prescrições de Hilgers e Alexander, e mais diferenças na
molares. mecânica são introduzidas usando canaleta de 0,018 ou a de
Considere então que o clínico tenha escolha sobre os tubos 0,022 polegada. Um ortodontista tratando uma população de
que podem ser selecionados para o aparelho específico a ser pacientes pode usar uma prescrição de Alexander com +14 graus
usado no paciente. Alguns clínicos podem realizar a colocação de torque nos incisivos centrais superiores, +7 graus de torque
de um tubo no primeiro molar inferior com maior espessura nos incisivos laterais e −3 graus de torque nos caninos. Outro
vestíbulo-lingual na distal, promovendo uma rotação da mesial ortodontista tratando uma população similar de pacientes pode
do molar para fora, presumivelmente melhorando o alinha­ usar uma prescrição de Hilgers com +22 graus de torque nos
mento do arco dentário. Isto remonta ao tempo em que as incisivos centrais, +14 graus de torque nos incisivos laterais e +7
dobras vestíbulo-linguais de molares tinham que ser rotineira­ graus de torque nos caninos. Estas diferenças são substanciais,
mente feitos nos arcos porque os aparelhos não pré-ajustados mas as diferenças tornam-se aplicáveis somente quando arcos
não previam a variação da morfologia. retangulares espessos são utilizados, um evento relativamente
Contudo, se usarmos um tubo mandibular no primeiro incomum. E mais, a escolha das prescrições pode ser norteada
molar com o offset distal e então estudar o impacto no ponto pela filosofia do ortodontista em relação à função oclusal e seu
de contato entre o primeiro e o segundo molar, se torna rapi­ potencial impacto nas desordens temporomandibulares.3
damente aparente (Fig. 7-3, A e B) que será expressa uma Contudo, quase todas as metodologias de tratamento exis­
rotação distolingual indesejável do primeiro molar inferior. tentes recomendam que os torques no primeiro e no segundo
Clinicamente, isso em geral requer compensação colocando-se molar superior sejam idênticos. Isto é de certa forma surpreen­
uma dobra vestíbulo-lingual no arco (Fig. 7-3, C). O resultado dente dada a diferença morfológica entre estes dois dentes e o
em cadeia é que um ajuste no arco se tornou necessário para aumento gradual em direção à superfície oclusal quando visu­
desfazer o movimento expresso pela construção da maior espes­ alizamos a superfície vestibular dos segundos molares superi­
sura vestíbulo-lingual na distal dos tubos. Isto portanto poderia ores. Consequentemente, como mostrado na Figura 7-5, A, a
requerer um tubo de molar que não tenha maior espessura na colocação do mesmo grau de torque no tubo do segundo molar
Capítulo 7   O Impacto da Seleção e Posicionamento do Bráquete na Expressão do Movimento Dentário 71

Fig. 7-3 A, Efeito do aumento de espessura vestibulolingual na distal do tubo no arco inferior.
Note a rotação linguodistal resultante do primeiro molar e a quebra resultante do ponto de contato.
B, Exemplo clínico do movimento exemplificado graficamente na Figura 7-2. C, Ajuste no fio para
corrigir a rotação distolingual imposta pela seleção de um tubo com mais espessura vestibulolingual
na distal. D, Ponto de contato entre o primeiro e o segundo molar inferior se for usado um tubo de
primeiro molar sem maior espessura vestibulolingual na distal. E, Ilustração clínica da relação
de contato entre o primeiro e o segundo molar inferior conseguida pelo uso de um tubo de molar
sem aumento de espessura vestibulolingual na distal.

superior ao colocado no tubo do primeiro molar superior resul­ vamente baixo das cúspides linguais criando, desta forma, pos­
tará em uma menor expressão do torque no segundo molar. A síveis interferências em balanceio e talvez resultando em um
consequência indesejável disso seria um posicionamento relati­ arranjo inadequado da oclusão posterior. O autor acredita que
em média o torque deveria ser maior para o segundo molar do
que para o primeiro molar, porque muitos segundos molares
erupcionam com uma inclinação vestibular da coroa e, conse­
quentemente, um torque lingual de raiz.
Para estudar o grau de torque necessário no tubo molar para
alcançar torque radicular vestibular adequado, o autor estudou o
problema com a análise gráfica tridimensional (3D) já descrita.
A Figura 7-5, A mostra uma vista oclusal do arco superior com
um sistema de aparelho que possui 10 graus de torque no primeiro
molar superior e 10 graus de torque no segundo molar superior.
A Figura 7-5, B é uma vista vestibular do mesmo arco dentário
com o tubo do segundo molar desenhado para expressar 10 graus
de torque lingual de coroa. É evidente que o segundo molar não
está adequadamente torqueado, com consequente e indesejável
extensão das cúspides linguais no plano oclusal. A Figura 7-5,
Fig. 7-4 A íntima adaptação da base de colagem do molar limita C e D, são vistas oclusais mostrando a diferença de quando o
significativamente a capacidade de variar a posição mesiodistal do
torque é aumentado de 10 graus para 17 graus no segundo molar.
tubo com a colagem direta. Uma leve melhora na flexibilidade pode
Uma vez que não será usado um arco retangular espesso de finali­
ser obtida com a colagem indireta porque uma base de resina indi­
vidualizada é formada. zação, a quantidade de torque no tubo do segundo molar foi
72 Parte I   Diagnóstico e Tratamento Ortodônticos

Fig. 7-5 A, Vista lateral do arco superior demonstrando interferências de balanceio das cúspides
linguais do segundo molar superior. B, Vista oclusal do arco superior demonstrando a melhora no
torque do segundo molar superior. C, Vista lateral do mesmo arco dentário com um tubo de segundo
molar que entrega 10 graus de torque lingual de coroa. D, Diferença no torque lingual de coroa
expresso entre o primeiro e o segundo molar superior quando é usado um tubo com 10 graus de
torque lingual de coroa no primeiro molar superior e no segundo molar superior. É evidente o torque
lingual de coroa inadequado no segundo molar superior.

e­ stabelecida em 19 graus. O autor concluiu que a diferença no tamente aparente que o grau de convexidade da superfície ves­
torque entre o primeiro e o segundo molares superiores se reflete tibular tem um profundo impacto nesta variável.
com mais exatidão com uma diferença de 5 graus e por este O incisivo central superior tem uma superfície vestibular
motivo o torque nos primeiros molares tem sido aumentado para com um grau médio de convexidade (Fig. 7-6, A). Consequente­
14 graus. Recentemente McLaughlin, Bennett e Trevisi4 também mente, quando o nível do bráquete é modificado (Fig. 7-6, B e
recomendaram que o torque no segundo molar superior seja 5 C), o dente mudará sua posição vertical relativa ao arco mas
graus maior que o torque do primeiro molar. somente uma leve mudança ocorrerá na expressão do torque.
Em contraste com os incisivos centrais, quando mudanças
similares na posição vertical dos bráquetes são feitas no canino
Impacto Do Posicionamento Vertical superior (Fig. 7-6, D), o dente não muda apenas sua posição
Na Expressão Do Torque vertical em relação ao arco. Um impacto mais profundo na
Ao avaliar o impacto da escolha de um aparelho, é importante expressão do torque fica imediatamente aparente (Fig. 7-6, E e
lembrar que não é o torque no bráquete que conta e sim o torque F) por causa do efeito da convexidade na superfície vestibular
expresso pelo dente. Afinal, os dentes estão sendo posicionados, desse dente. Isto é precisamente o porquê é aconselhável a
não os bráquetes. Além disso, o clínico deve se lembrar que com escolha de um valor de torque específico para os incisivos supe­
os novos arcos altamente resilientes, a força diminui quando a riores e para os caninos superiores de forma diferente. A posição
ativação atinge seus estágios finais. A diminuição da força pode vertical dos bráquetes pode ser modificada para mordidas pro­
ser significativa o bastante para se considerar o quanto 17 graus fundas e mordidas abertas sem provocar comprometimento
de torque no bráquete serão mais bem expressos com um arco de significativo na expressão do torque desejado pelo clínico.
aço do que com um arco termoativado de Nitinol. Este assunto Como resultado, a escolha do torque no bráquete é somente
ainda não foi adequadamente investigado. significativa quando identificada em conjunto com o posicio­
É importante discernir as diferenças introduzidas pelas modi­ namento vertical específico do bráquete no dente.
ficações verticais da posição do bráquete no torque expresso por A Figura 7-7, A é uma vista anterior do arco dentário supe­
diferentes dentes. Ao definir a distinção entre dois dentes, o rior com as posições dos bráquetes selecionadas pelo autor.
canino superior e o incisivo central superior, torna-se imedia­ Note a posição vertical do canino superior e a angulação da
Capítulo 7   O Impacto da Seleção e Posicionamento do Bráquete na Expressão do Movimento Dentário 73

raiz no plano vestíbulo-lingual. Na Figura 7-7, B a posição


vertical do bráquete do canino foi modificada em 1 mm,
enquanto outras variáveis no arco dentário e a configuração
do aparelho foram mantidas constantes. É evidente não só que
o canino foi extruído, mas também uma notável mudança
ocorreu na inclinação vestíbulo-lingual daquele dente. Na
Figura 7-7, C a posição vertical do bráquete do canino foi
modificada em 2 mm e rapidamente tornou-se aparente que o
dente não apenas extrui, mas também mostra uma mudança
bem significativa na inclinação vestíbulo-lingual. A Figura 7-7,
D é uma vista oclusal com o posicionamento original do brá­
quete e a Figura 7-7, E é uma vista oclusal na qual o bráquete
foi movimentado para cervical em 2 mm. O impacto da altera­
ção na inclinação axial sem mudar o torque no bráquete ou
no fio é perceptível. A Figura 7-7, F é uma representação da
dificuldade clínica que isto irá representar se opondo efetiva­
mente à capacidade de estabelecer contato entre os incisivos
superiores e inferiores. Isto muitas vezes é frustrante para o
clínico, que não consegue entender porque a oclusão “não se
encaixa”.
Para entender o impacto desta informação no dia a dia do
tratamento ortodôntico dos pacientes, deve-se observar que Fig. 7-6 Variação do torque pelo posicionamento do bráquete.
A a C, Variando as posições verticais do bráquete no incisivo central
uma diferença de 2 mm entre as posições verticais selecionadas
superior com subsequente mudança na posição vertical do dente
e as reais ocorre mais do que se imagina. Por exemplo, se um em relação ao arco. Note que a mudança no torque lingual é
bráquete será posicionado a uma altura de 4,5 mm da ponta da mínima. D a F, Em contraste, uma mudança na posição vertical do
cúspide e o paciente apresenta bruxismo o suficiente para des­ bráquete do canino resulta em uma alteração razoavelmente pro­
gastar a ponta da cúspide em 2 mm, o hábito de colocar o funda no torque lingual expressado.
bráquete em 4,5 mm irá criar interferência do canino na
oclusão. O desgaste de 2 mm da ponta da cúspide do canino
não é incomum e o impacto desta informação deve ser cuida­ A Figura 7-8 mostra uma representação esquemática do
dosamente avaliado no estabelecimento dos detalhes de finali­ impacto da posição inicial do dente no resultado do trata­
zação durante o tratamento. Um esforço para superar esse mento. A inclinação lingual acentuada da coroa do incisivo
sobre torque deliberado ou essa “saída” do dente provavel­ superior é intencional para refletir a posição inicial em uma
mente não criará um resultado favorável. Nestes pacientes o maloclusão de Classe II, 2ª divisão significativa (Fig. 7-8, A).
clínico deve considerar o remodelamento da superfície lingual A Figura 7-8, B mostra a posição final deste dente se um arco
do canino superior. de 0,016 × 0,022 polegada for usado em uma canaleta de
0,018 × 0,025 polegada. A Figura 7-8, C e D, mostra a posição
final e inicial do mesmo dente se for utilizado um arco de
Impacto Da Posição Inicial Do Dente 0,018 × 0,025 polegada e fica claro que será expressado um
No Resultado Final maior torque lingual de raiz. A Figura 7-8, E e F, mostra o
Um dos aspectos menos compreendidos do tratamento com efeito da utilização do mesmo bráquete e um arco de 0,016 ×
aparelhos pré-ajustados é a suposição de que um grau fixo de 0,022 polegada em um incisivo inclinado para vestibular
ajustes de segunda ordem e terceira ordem embutidos no brá­ assim como visto na maloclusão de Classe II, 1ª divisão. Como
quete serão expressos uniformemente no tratamento ortodôn­ evidenciado na Figura 7-8, G e H, a posição final será a mesma
tico. Se um bráquete tiver 17 graus de torque, por exemplo, se um arco de 0,018 × 0,025 polegada for usado. Contudo, a
supõe-se que este torque irá resultar em uma resposta uniforme, posição final será ligeiramente diferente se um arco de 0,016
sem considerar a posição inicial do dente. Isto é sustentável × 0,022 polegada for usado, porque o arco não irá agir na
somente se supor-se que o tratamento será completado com arco terceira ordem até que o dente seja retraído para um certo
espesso, que é um arco de 0,022 × 0,028 polegada em uma grau. Isto poderia suportar o uso de um bráquete com alto
canaleta de 0,022 × 0,028 polegada, ou um arco 0,018 × 0,025 torque no incisivo central contra um bráquete com baixo
polegada em uma canaleta de 0,018 × 0,025 polegada. Este rara­ torque lingual de raiz. É importante lembrar que um torque
mente é o caso. A maior parte dos ortodontistas que usam maior nos dentes anteriores superiores também é desejável
canaleta de 0,022 × 0,028 polegada tem indicado que os arcos de para evitar os efeitos adversos de uma interferência anterior
finalização são raramente mais espessos que 0,021 × 0,025 pol­ na oclusão.3 Um bráquete com 12 graus de torque, por
egada e que os arcos de 0,019 × 0,025 polegada são mais usados. exemplo, provavelmente não terá uma ativação de modo a
A grande maioria dos clínicos que usam canaleta 0,018 × 0,025 permitir um resultado adequado para a média dos casos de
polegada usa arco de finalização de 0,016 × 0,022 polegada. Classe II, 2ª divisão.
74 Parte I   Diagnóstico e Tratamento Ortodônticos

Fig. 7-7 A, Vista anterior do arco dentário superior demonstrando a posição vertical e a inclinação
axial do canino, com as posições preferidas de bráquetes escolhidas pelo autor. B, Efeito da mudança
da posição do bráquete em 1 mm. Note que o dente extruiu e que foi realizado um torque vestibular
de raiz notável. C, Vista anterior do mesmo arco dentário com o bráquete reposicionado 2 mm mais
para cervical. Note que o dente não apenas extrui, mas também mostra um aumento significativo
no torque vestibular de raiz. D, Vista oclusal do arco dentário superior com o bráquete do canino
posicionado no mesmo nível vertical que em A. E, Vista oclusal do mesmo arco dentário com brá­
quete reposicionado cervicalmente em 2 mm. Note o grau de torque lingual de coroa introduzido
como resultado da alteração vertical com a consequente interferência do canino na oclusão. F, Exemplo
clínico com um desgaste moderado na ponta de cúspide e a interferência na oclusão resultante. Note
o torque vestibular de coroa compensatório que foi colocado no dente. O recontorno do canino é
recomendado para estabelecer a oclusão e prevenir o torque de coroa excessivo no dente.

Esses tipos de fatores devem ser levados em consideração na generalizações não são aconselháveis. Contudo, claramente as
escolha dos bráquetes e sistemas de bráquete quando for reali­ várias “prescrições” desenvolvidas e promovidas ao longo dos
zado o planejamento dos tratamento dos pacientes (por causa anos devem ser desafiadas na luz do entendimento e da tecno­
do profundo impacto destas variáveis nos detalhes de finaliza­ logia atuais.
ção e no resultado do tratamento).5 Por exemplo, o alinhamento dos incisivos superiores se apre­
senta em duas versões clássicas para a maioria das maloclusões
de Classe II, 2ª divisão. O primeiro tipo geralmente tem incisi­
Módulos De Prescrição Variáveis vos centrais superiores retroinclinados e incisivos laterais supe­
E Autoligáveis riores vestibularizados (Fig. 7-9, A,), enquanto que o segundo
Com o advento e aparentemente inexorável crescimento dos tipo apresenta inclinação lingual significativa de todos os quatro
autoligáveis na prática clínica, é importante para o clínico co­ incisivos superiores (Fig. 7-9, B). No segundo tipo, podem ser
nhecer as implicações da seleção do bráquete e da sua colocação colocados bráquetes com valores de torque relativamente altos
na expressão dos movimentos de primeira, segunda e terceira para promover torque lingual de raiz para todos os quatro inci­
ordens com um aparelho autoligável. Dada a ausência de liga­ sivos (Fig. 7-9, C). Entretanto, se o mesmo bráquete de incisivo
duras, é evidente que inserir um arco com torque adicionado lateral fosse usado no primeiro tipo, com incisivos laterais supe­
em um bráquete autoligável representa um desafio adicional riores inclinados para vestibular (Fig. 7-9, A), o torque expresso
que vai variar entre os sistemas de bráquetes “ativos” e seria obviamente maior por causa das diferentes posições inici­
“passivos”. ais do dente, com um resultado indesejável (Fig. 7-9, D).
Devido ao desejo de reduzir a sobrecarga clínica adicional Dada a vasta diferença das posições iniciais dos incisivos
imposta pela inserção de arcos com ativação de torque signifi­ laterais nestas duas apresentações, é apropriado questionar se o
cativa, a seleção de prescrições precisamente construídas parece mesmo bráquete de incisivo lateral poderia ser usado em ambos
ser valiosa na condução do tratamento de um paciente. Existem os casos, simplesmente porque este é o valor que um clínico em
variações significativas entre as populações de pacientes e as particular selecionou no desenvolvimento da prescrição ­original.
Capítulo 7   O Impacto da Seleção e Posicionamento do Bráquete na Expressão do Movimento Dentário 75

Com referência à informação prévia, sobre o impacto que a


posição inicial do dente terá no torque expressado, seria conve­
niente um clínico consciente reconhecer que bráquetes com
diferentes inclinações e torques deveriam ser utilizados nestes
dois incisivos laterais diferentes.
O autor acredita que o primeiro passo para aceitar o conceito
de módulos de prescrição variáveis, utilizados para aprimorar a
efetividade e eficiência dos aparelhos ortodônticos pré-ajusta­
dos, é reconhecer e aceitar os extremos que o clínico pode
encontrar na prática clínica. Ao longo dos anos os problemas
clínicos têm sido classificados em diferentes categorias como
dolicocéfalos, braquicéfalos e mesocéfalos. Outros processos de
classificação levam em consideração a classificação de Angle em
conjunto com outras categorias de discrepâncias transversais e
verticais. Desconsiderando a classificação no processo de tomada
de decisão, muitos clínicos diferenciam os pacientes naqueles
que poderão requerer altos níveis de torque contra aqueles que
requerem menores níveis de torque na expressão de movimen­
tos de terceira ordem, com um espectro de posições finais entres
esses extremos.
Consequentemente, o trabalho do autor com gráficos digi­
tais tem sido expandido para reconhecer as várias prescrições
que seriam necessárias na implementação de um aparelho de
alto torque, como no tratamento de maloclusões de Classe II,
2ª divisão, e de um aparelho de baixo torque, como no trata­
mento de maloclusões de Classe II, 1ª divisão. A Figura 7-10
mostra os extremos para estas prescrições: A mostra a expressão
de uma prescrição de alto torque, B uma prescrição de médio
torque e C uma prescrição de baixo torque. Para reconhecer os
extremos de ambos os lados do espectro, a análise gráfica
presume a utilização de um arco espesso. Como já visto, este é
um evento raríssimo na prática clínica e quase inexistente no
tratamento com aparelhos autoligáveis. Consequentemente, o
clínico deveria definir o aparelho de escolha para um dado caso
e variar as prescrições conforme necessário.
A extensão lógica dos módulos de prescrição variáveis é a
incorporação do que poderia ser descrito como “uma gama” de
bráquetes com diferentes inclinações e torques. Por exemplo, no
paciente Classe II, 2ª divisão com quatro incisivos superiores
retroclinados, o clínico poderia escolher bráquetes de alto torque
para todos os quatro incisivos. Contudo, para a maloclusão de
Classe II, 2ª divisão, com incisivos laterais superiores inclinados
vestibularmente, o clínico pode escolher combinar um bráquete
de incisivo central de alto torque com um bráquete de incisivo

Fig. 7-8 A, Incisivo superior inclinado para lingual como visto


na maloclusão de Classe II 2ª divisão. B, Posição final do dente de A
com arco 0,016 × 0,022 (16 × 22) polegada em uma canaleta de
0,018 × 0,025 polegada. C e D, Posições inicial e final do mesmo
dente com fio 0,018 × 0,025 (18 × 25) polegada em uma canaleta
de 0,018 × 0,025 polegada. E e F, Incisivo inclinado para vestibular
usando o mesmo bráquete e um fio de 0,016 × 0,022 polegada. Uma
vez que o arco não irá bloquear a inclinação lingual durante a
retração, os 22 graus de torque não serão expressados completa­
mente. G e H, Diferença na posição final do dente se um arco 0,018
× 0,025 polegada for usado.
76 Parte I   Diagnóstico e Tratamento Ortodônticos

Fig. 7-9 A, Aparência clássica de uma maloclusão Classe II 2ª divisão com incisivos centrais
superiores retroinclinados e incisivos laterais superiores vestibularizados. B, Outro tipo de malo­
clusão de Classe II 2ª divisão, com inclinação lingual de todos os quatro incisivos superiores. C, Cor­
reção da maloclusão de Classe II 2ª divisão do tipo mostrado na Figura 7-8, G e H. Este diagrama
ilustra o aparelho autoligável SmartClip® com bráquetes pré-torqueados. D, Resultado do tratamento
finalizado com o mesmo bráquete de incisivo lateral pré-torqueado usado na maloclusão represen­
tada na Figura 7-8, G e H. O torque lingual excessivo da raiz é mostrado.

Fig. 7-10 Representações gráficas do movimento dentário com o aparelho autoligável SmartClip®.
A, Movimento dentário expressado com aparelho de alto torque presumindo um arco de finalização
espesso. B, Posições dentárias expressadas com prescrição de médio torque. C, Movimento dentário
expressado com prescrição de baixo torque.
Capítulo 7   O Impacto da Seleção e Posicionamento do Bráquete na Expressão do Movimento Dentário 77

lateral de baixo torque. Isto é compatível com a expressão como orientações de posicionamento de bráquetes sem um
variável do torque na ausência de arcos espessos, por esta razão, entendimento dos efeitos implicados na expressão dos movi­
uma gama de prescrições variáveis está descrita e disponível mentos de primeira, segunda e terceira ordens.
para o clínico, para serem individualizadas com o máximo de Apesar de ser um “trabalho em andamento”, o autor acredita
vantagem no tratamento de um caso específico. Como mencio­ que a aproximação virtual e variável descrita aqui continuará a
nado com a indesejável inserção de arcos torqueados em canale­ ganhar aceitação na profissão ortodôntica, com a melhora geral
tas de bráquetes autoligáveis, isto irá diminuir mais a necessidade no grau de efetividade e eficiência no tratamento dos pacientes
de fazer ajustes significativos aos arcos de finalização no deta­ ortodônticos.
lhamento de um caso.

Conclusão Referências
Diversas variáveis diferentes nos três planos de espaço possuem 1. Andrews L: Six keys to normal occlusion, Am J Orthod 62:296-
impacto no resultado final do tratamento ortodôntico e o 309, 1972.
impacto dependerá das especificidades do problema clínico. 2. McNamara JA, Seligman DA, Okeson JP: The relationship of
A análise gráfica tridimensional pode influenciar os detalhes occlusal factors and orthodontic treatment to temporoman­
de finalização e a escolha dos bráquetes, sistemas de bráquetes dibular disorders, Temporomandibular disorders and related
e prescrições ortodônticas específicas. A escolha de uma pres­ pain conditions. Progress in pain research and management 4,
Seattle, 1995, IASP Press.
crição não é a única decisão que determina o resultado
3. Sondhi A: Anterior interferences: their impact on anterior incli­
clínico. Diferenças significativas são introduzidas por varia­
nation and orthodontic finishing procedures, Semin Orthod
ções na posição mesiodistal e vertical dos bráquetes. Os clíni­ 9:204-215, 2003.
cos devem, portanto, reconhecer a necessidade de analisar em 4. McLaughlin RP, Bennett JC, Trevisi HJ: Systemized orthodontic
conjunto o posicionamento dos bráquetes e a escolha da pres­ treatment mechanics St Louis, 2001, Mosby.
crição. Uma prescrição oferecida sem orientações específicas 5. Sondhi A: The implications of bracket selection and bracket
de posicionamento dos bráquetes tem valor limitado, assim placement on finishing details, Semin Orthod 9:155-164, 2003.
78 Parte I   Diagnóstico e Tratamento Ortodônticos

C ap í t u lo
8
Ortodontia de Qualidade:
Desafiando as Tendências
Populares
Björn U. Zachrisson

A
s tendências modernas e populares na ortodontia, con­
forme apregoadas por empresas da área, inventores de
A NECESSIDADE DO PLANEJAMENTO
aparelhos, e autointitulados especialistas, parecem ter
COM BASE EM EVIDÊNCIAS
reduzido a prática ortodôntica ao uso de bráquetes autoligados, Há um motivo para a posição exata de cada dente na cavidade
aos arcos de alta tecnologia que não incorporam dobras e à oral. Até mesmo numa maloclusão existe equilíbrio entre as
contenção permanente com dispositivos colados.1 forças internas e externas à dentição.2-4 Caso a meta do ortodontista
Diversos palestrantes influentes no circuito internacional seja a mudança significativa na posição dos dentes, o problema
demonstram uma abordagem estritamente mecanizada do trata­ clínico será estimar o quanto de mudança permanecerá estável
mento ortodôntico, desconsiderando os aspectos de diagnóstico, ao longo do tempo.
planejamento e objetivos do tratamento. Mesmo em casos de A maloclusão dentária é causada pela interação de fatores
apinhamento acentuado, incisivos inferiores protruídos, ou genéticos inatos e fatores externos ambientais. Edward Angle
de extrusão dos seis elementos anteriores inferiores com invasão do acreditava que o tratamento ortodôntico poderia modificar o
plano oclusal funcional, estes “especialistas” realizam a montagem ambiente, gerar osso novo, e que seria possível produzir
total do aparelho ortodôntico e optam pelo tratamento sem ex­ oclusões ideais estáveis sem extrações dentárias. Entretanto,
trações. Arcos superelásticos redondos ou retangulares, sem sabemos hoje que o osso cede perante forças funcionais, e que
dobras, são utilizados para alinhar e nivelar os arcos dentários. a extração de pré-molares é necessária em alguns casos.4 O
Isto necessariamente leva à expansão lateral dos caninos e pré- percentual de casos tratados com extração reflete um julgamento
molares inferiores e acentua a protrusão dos incisivos inferiores, sobre quanto o equilíbrio das forças ambiente relacionadas à
conforme evidenciado pelas radiografias e traçados cefalométri­ dentição pode ser alterado de forma permanente. Há ampla
cos realizados nestes indivíduos. Após a remoção do aparelho, é evidência na literatura da instabilidade resultante da expansão
recomendada a contenção permanente dos dentes com dispositi­ no arco inferior, especialmente na região dos caninos, com
vos fixos colados, de primeiro pré-molar a primeiro pré-molar. pouca ou nenhuma evidência contrária.4,5 A expansão
O objetivo deste capítulo é enfatizar a importância das pes­ transversal dos caninos quase nunca é mantida, provavel­
quisas clínicas longitudinais da fase de pós-tratamento, bem mente devido às pressões labiais nos cantos da boca.4
como do conhecimento com base na experiência, para a ade­ Portanto, é importante que se evite um aumento na distância
quada conduta ortodôntica que beneficia os pacientes e garante intercaninos normal (25-26 mm) durante o tratamento
tratamento otimizado e resultados estáveis. Serão abordadas as ortodôntico.6-11 Alguns excelentes estudos clínicos longitudinais
seguintes necessidades: demonstraram que não apenas a distância intercaninos inferior,
• Planejamento com base em evidências mas também a forma do arco mandibular prévia ao tratamento
• Realização de dobras nos arcos ortodôntico devem constituir um guia para a forma do
• Intrusão dos incisivos inferiores em vez dos superiores arco.11-13
• Utilização de arcos transpalatinos como suplemento aos A posição espacial do incisivo inferior também é controlada
arcos vestibulares pelo equilíbrio de forças musculares, que pode estar localizado
• Contenção prolongada em vez de contenção permanente numa estreita zona de estabilidade.2,3 A projeção maior que

78
Capítulo 8   Ortodontia de Qualidade: Desafiando as Tendências Populares 79

2 mm dos incisivos inferiores representa um problema para a aparelhos pré-ajustados totalmente programados” utilizada por
estabilidade, provavelmente devido ao forte aumento da pressão um ortodontista, sem dobras nos arcos, é capaz de posicionar
labial neste ponto.4 É preciso um maior número de pesquisas cada dente corretamente nos três planos do espaço.5
para o estabelecimento dos limites de proclinação dos incisivos
inferiores com base em evidências científicas.
A NECESSIDADE DE INTRUSÃO DOS INCISIVOS
INFERIORES EM VEZ DOS SUPERIORES
A NECESSIDADE DE REALIZAÇÃO Em consonância com os recentes conceitos de planejamento em
DE DOBRAS NOS ARCOS odontologia geral e estética,17,18 a intrusão mecânica dos incisi­
As dobras individualizadas nos arcos devem ser utilizadas para vos superiores no tratamento ortodôntico deve ser realizada
assegurar a correção precoce e completa de todas as giroversões com o máximo de cautela para evitar “esconder” estes dentes
presentes na maloclusão original. O motivo principal é que atrás do lábio superior. Na maioria dos casos de mordida pro­
qualquer ponto de contato desalinhado (Fig. 8-1, A) tanto em funda, deve-se realizar a intrusão dos elementos inferiores.
casos não tratados quanto em casos tratados, são pontos de partida
previsíveis para recidiva e posterior piora do apinhamento.14
Arco de Intrusão Superior Versus Placa de Mordida
Não é fácil detectar clinicamente sutis subcorreções de dentes
previamente girovertidos. A magnitude da dobra no arco Lindauer, Lewis e Shroff19 realizaram recentemente uma
necessária à completa correção da giroversão é muitas vezes análise comparativa clínica e cefalométrica dos efeitos de dois
muito grande (Fig. 8-1, B). Isto resulta da folga entre a canaleta procedimentos comuns para a redução de sobremordida pro­
do bráquete e o fio. Detalhes sutis devem ser checados próximo funda em 40 pacientes: intrusão de incisivos superiores com
ao término do tratamento por meio de cuidadosa comparação arco de intrusão e irrupção dos dentes posteriores com placa
com os modelos de gesso iniciais. No arco superior, um espelho de mordida anterior. Tanto o arco de intrusão quanto a placa
oclusal é utilizado para checar a região dos incisivos.14 Um caso de mordida obtiveram sucesso na correção da sobremordida
subcorrigido pode parecer bom ou mesmo excelente no exame profunda em um período relativamente curto, apesar das
clínico realizado pelo ortodontista, caso estes passos não sejam diferenças nos modos de atuação. Os incisivos superiores do
seguidos. grupo da intrusão foram intruídos de forma significativa
Pequenas e meticulosas dobras nos arcos podem contribuir para durante o tratamento, com correspondente redução na
assegurar que as áreas de contato distais dos incisivos laterais infe­ medida lábio-incisivo superior, em média de 5,4 mm (DP
riores sejam posicionadas um pouco vestibular aos pontos de 2,0 mm) a 3,0 mm (DP 1,4 mm), aferida com os lábios em
contato mesiais dos caninos inferiores, e que os dentes sejam con­ repouso. A correção da sobremordida profunda no grupo da
tidos nestas posições (Fig. 8-1, C). Isto é de especial importância placa de mordida foi alcançada pela combinação da intrusão
quando a porção distal de um ou ambos incisivos laterais está dos incisivos inferiores, projeção significativa dos incisivos
deslocada para lingual no início do tratamento. O apinhamento inferiores, e pequena abertura por rotação do plano mandibular,
exagerado e a recidiva após o tratamento ocorrem mais comumente secundária à irrupção dos dentes posteriores. A medida clínica
na região anterior inferior. Um apinhamento moderado pode ser da distância lábio-incisivo superior foi reduzida em 1 mm no
mascarado caso os incisivos sejam posicionados em bloco por ves­ grupo da placa de mordida.
tibular aos pontos de contato mesiais dos caninos inferiores.15 A redução significativa em torno de 2,5 mm na exposição dos
Dobras cuidadosas nos arcos são também necessárias para incisivos superiores com os lábios em repouso no grupo do arco
produzir inclinações axiais desejáveis e simétricas (torque de de intrusão19 é um dado alarmante no tratamento ortodôntico de
coroa) nos caninos e pré-molares superiores e inferiores antes pacientes com sobremordida profunda e exposição mínima
da remoção do aparelho, o que resulta em um sorriso pleno e de incisivos. Qualquer intrusão de incisivos superiores deve ser
radiante16 (Fig. 8-2). Nenhuma abordagem de arco reto ou “de realizada levando-se em consideração (1) a exposição inicial dos

Fig. 8-1 Correção total do apinhamento no incisivo central inferior direito (A) foi realizada
com uso extensivo de dobras do arco (B). C, A redução mesiodistal do esmalte (stripping) foi
realizada para evitar a projeção, ampliando os pontos de contato a pequenas áreas de contato. As
áreas de contato distais dos incisivos laterais foram intencionalmente posicionadas por vestibular
aos pontos de contato mesiais dos caninos, e contidas nestas posições.
80 Parte I   Diagnóstico e Tratamento Ortodônticos

Fig. 8-2 Paciente adulta com inclinação


lingual pronunciada de todos os dentes superi­
ores e inferiores (A) e sorriso constrito com
excessiva exposição gengival no lado direito (B).
C, Dobras de terceira ordem realizadas em fios
de aço inoxidável imprimiram torque lingual às
raízes. Foi realizado recontorno gengival por
bisturi elétrico, do segundo pré-molar ao inci­
sivo lateral esquerdo. D, O radiante sorriso pós-
tratamento com exposição gengival simétrica.

Fig. 8-3 A, Jovem paciente do sexo feminino


com maloclusão Classe II, 1ª Divisão e sobre­
mordida profunda. Há exposição mínima dos
incisivos superiores com os lábios em repouso.
Durante o tratamento os incisivos superiores
foram extruídos e a mordida profunda foi cor­
rigida por intrusão dos incisivos inferiores (Fig.
8-4, A e B). B, A melhora na exposição dos dentes
anteriores superiores com os lábios em repouso
é de importância estética durante a fala.

dentes com os lábios em repouso, (2) a exposição dos incisivos Via de regra, é prejudicial fazer o paciente ortodôntico
superiores durante a fala, e (3) a idade e o sexo do paciente. parecer mais velho do que realmente é. Em alguns casos de
Portanto, a intrusão de incisivos superiores é raramente indi­ sobremordida profunda, quando a exposição do incisivo supe­
cada para a média dos pacientes com sobremordida profunda rior é pequena para o padrão da faixa etária no início do trata­
anterior.20,21 Os valores normativos de exposição de incisivos mento (Fig. 8-3, A), os mesmos podem ser intencionalmente
superiores, com lábios em repouso e na fala, já estão disponíveis extruídos durante o tratamento (Fig. 8-3, B), melhorando a
para todos os grupos etários.22-24 estética facial após a remoção do aparelho.21 Do mesmo modo,
Capítulo 8   Ortodontia de Qualidade: Desafiando as Tendências Populares 81

Fig. 8-4 Intrusão de incisivos inferiores em pacientes com sobremordida profunda, utilizando
CNA® (beta III titânio) sobreposto ao arco base e inserido em tubos duplos colados aos primeiros
molares inferiores. A taxa de intrusão dos incisivos inferiores pode ser acompanhada por meio de
registro do bordo do incisivo central em relação ao arco e bráquetes dos dentes inferiores (A e B).
C, Intrusão concluída e aparelho removido.

se a finalização do caso previr o recontorno do bordo incisal dos apenas com arcos vestibulares, devido à falta de força em suas
incisivos superiores com finalidade estética, é vantajoso realizar porções terminais.
maior extrusão do que preconizada para a faixa etária do A superioridade da barra transpalatina (TP) no controle
paciente antes da realização da ameloplastia. adequado dos molares é evidente33 (Fig. 8-5, B e C; Fig. 8-6, B).
A intrusão dos incisivos inferiores pode ser realizada com A razão para tal é que a solidez da barra TP pesada (0,036 pole­
arcos utilidade,25 arcos de intrusão segmentados,26-28 e arcos gada) domina os sistemas de força do arco vestibular. Até
sobrepostos20,29 (Fig. 8-4). A taxa de intrusão pode ser con­ mesmo a sobrecorreção do giro dos molares pode ser alcançada
trolada pelo registro da posição do bordo do incisivo central clinicamente pela inclusão de dobras para ajuste na barra TP.33
superior em relação a pontos fixos no aparelho inferior21 A barra TP individualizada34-36 (Fig. 8-5, B) é fundamental
(Fig. 8-4, A e B). A taxa de intrusão do incisivo inferior com na técnica utilizada pelo autor e foi utilizada na quase totalidade
a utilização de arcos sobrepostos é em torno de 0,5 mm ao dos pacientes tratados pelo mesmo nos últimos 10 anos. É eficaz
mês. Cabe ressaltar que não é possível intruir de maneira para (1) correção de giro do molar superior, (2) controle da
eficaz os incisivos inferiores com arco contínuo, conforme largura do arco superior e expansão lateral, (3) impressão de
preconiza a técnica do arco reto. Quando comparada ao arco torque vestibular de raiz aos primeiros molares superiores,
contínuo, a mecânica segmentada produzirá maior intrusão (4) reforço na ancoragem posterior, (5) controle vertical da
dos incisivos e menor extrusão dos molares.25,30 Arcos contí­ irrupção do molar superior, (6) assegurar e manter a forma do
nuos de nivelamento provocam menor intrusão real dos inci­ arco superior durante o tratamento, e (7) correção de assime­
sivos inferiores, maior extrusão dos pré-molares, e maior trias mesiodistais.34
projeção dos incisivos.25,30 Tal projeção dos incisivos inferi­ A principal diferença entre o desenho da barra TP pre­
ores pode estar relacionada à recidiva da sobremordida em conizada pelo autor e a barra tradicional TP tipo Goshgarian
longo prazo.31 está na quantidade e forma do fio da mola palatina. A mola
central é mais larga e comprida do que a mola única tipo Coffin
da barra de Goshgarian. Juntas, a grande mola anterior e as duas
A NECESSIDADE DO USO DE BARRAS molas menores posteriores da barra TP individualizada agem
TRANSPALATINAS SUPLEMENTARES AOS de forma similar ao botão acrílico incluído na barra TP, conhe­
ARCOS VESTIBULARES cida como “aparelho de controle vertical” (ACV) de Nanda.37
Quando comparamos a relação molar de Classe II por inspeção Quando o ACV é utilizado por um ou dois anos, a língua gera
visual de modelos de gesso pelos lados vestibular e palatino, as um efeito significativo no movimento vertical dos primeiros
condições de Classe II são geralmente mais pronunciadas molares (efeito médio de até 1 mm de intrusão).37 O efeito da
quando a oclusão é observada na vista vestibular.32 Isso ocorre língua é provavelmente maior na barra TP individualizada do
pela rotação mesial dos molares. Devido à forma trapezoidal da que na barra de Goshgarian convencional,38 cuja mola tipo
superfície oclusal do primeiro molar permanente, mais espaço Coffin é bem menor. Entretanto, mesmo na barra palatina de
mesiodistal é ocupado dentro da arcada dentária quando o Goshgarian, foi comprovado o efeito da função da língua no
mesmo se encontra girado no sentido mesial, com eixo na raiz controle vertical dos molares superiores.38-41
palatina. Isto implica a necessidade da devida correção do giro O maior comprimento do fio aumenta o efeito de mola e a
dos primeiros molares superiores, como parte de um planeja­ extensão, diminui a taxa de tensão-deflexão, e torna as forças mais
mento confiável para a maioria dos casos Classe II. A correção constantes e precisas.35 Comparado com a barra tipo Goshgarian,
completa e controlada do giro dos molares superiores em todos o desenho do autor produz momentos de força menores e mais
os casos Classe I e II é difícil, se não impossível, com o uso constantes para a correção de giroversões.35 As duas molas
estrito de arcos vestibulares. Mesmo se os tubos vestibulares menores na direção distal acrescentam flexibilidade ao arco,
apresentarem um offset acentuado para distal, é difícil corrigir facilitando o encaixe nos dispositivos e minimizando a perda na
adequadamente a rotação dos primeiros molares superiores ativação. A correção do giro dos molares é realizada em menos
82 Parte I   Diagnóstico e Tratamento Ortodônticos

a barra TP individualizada exercem efeito intrusivo nos molares e


no complexo maxilar. O controle vertical é um ingrediente impor­
tante no tratamento das discrepâncias sagitais.39,43 Isto se dá, pois
a inibição mecânica do crescimento vertical da maxila aumenta o
componente anterior de crescimento mandibular disponível.44
Além disso, a correção efetiva com a barra TP dos molares girados,
somada à puxada direcionada para distal do aparelho extrabucal,
contribui de forma significativa para a correção da Classe II.

A NECESSIDADE DE CONTENÇÃO PROLONGADA


EM VEZ DE CONTENÇÃO PERMANENTE
Os diferentes aparelhos de contenção fixos geralmente apresen­
tam excelentes resultados ao longo de pelo menos 10 a 15 anos,
quando as dobras nos fios e a técnica de colagem são realizadas
com cautela.45 A aceitação por parte do paciente é também
satisfatória.45,46 O paciente adulto, em especial, aprecia que a
estabilidade dos resultados do tratamento fique assegurada, sem
necessidade de sua cooperação ativa.
Há um risco no uso ininterrupto de aparelhos de contenção
quando a colagem é feita em todos os seis ou oito elementos den­
tários de um mesmo segmento, pois o paciente pode não perceber
se houver descolagem de um (ou mais) após certo período. Muitos
pacientes apresentam dificuldade na manutenção da limpeza na
área da contenção, apesar de instruídos sobre a higiene local. Isto
praticamente gera um modelo de cárie experimental que pode
culminar na necessidade de tratamento endodôntico.
Conforme discutido na literatura,45,47 existem várias vanta­
gens na escolha de uma abordagem mais seletiva à contenção
ortodôntica na qual barras 3-3 de fios espessos (0,030 a 0,036
polegada) em aço inoxidável ou folheados a ouro são coladas
apenas aos caninos inferiores (Fig. 8-6, A), aparelhos de conten­
ção de quatro unidades (Fig. 8-6, B; Fig. 8-5, C), retentores
curtos por vestibular (Fig. 8-6, C), e diferentes formas de exten­
sões de fios sobre as fissuras oclusais de pré-molares,45,47 são
utilizados por tempos prolongados. Períodos de contenção de
até 10 anos são preconizados pela maioria dos clínicos.14,47-50 Os
longos períodos de contenção são desejáveis em vários pacientes
enquanto se aguarda a irrupção dos terceiros molares; a conten­
ção prolongada faz frente aos efeitos do crescimento pós-puberal
Fig. 8-5 A, Paciente adolescente do sexo feminino com malo­ e de ajustes maxilo-mandibulares, que podem avançar pela
clusão Classe II, 1ª Divisão com caso típico de primeiros molares
segunda década de vida ou mais.48,51,52
superiores mesiovertidos. A paciente também apresentava o canino
Especialmente em pacientes jovens e adolescentes, a barra de
superior direito impactado e incisivos centrais apinhados. B, A cor­
reção do giro dos primeiros molares em relação correta de molares contenção rígida 3-3 (Fig. 8-6, A) é mais higiênica e segura do que
em Classe I foi alcançada com a barra transpalatina individualizada, os aparelhos colados a todos os seis dentes anteriores.45,47 Todo
confeccionada com fio Elgiloy® azul 0,036 polegada. C, No ato de paciente perceberá imediatamente a descolagem da contenção
remoção do aparelho, instalação de contenção de quatro unidades caso fixada apenas aos caninos. O paciente pode então agendar
por palatina dos incisivos corrigidos. uma consulta para recolagem ou removê-la com seus próprios
dedos. Além de ser a mais simples e segura forma de contenção
tempo com este desenho do que com a barra tradicional de fixa, a barra 3-3 é útil em muitos pacientes adultos cujos casos
Goshgarian.36,37,42 iniciais eram de apinhamento suave ou espaçamento dentário.
O uso isolado de arcos vestibulares torna a correção da Classe O autor acredita que o uso da contenção permanente deve
II em pacientes jovens mais difícil do que a aplicação conjunta do ser restrito ao paciente ortodôntico que realmente a necessite.
aparelho extrabucal de puxada alta associado à barra TP. Esta é Esta categoria pode incluir adultos com destruição periodon­
utilizada para imprimir torque vestibular de raiz aos primeiros tal avançada dos tecidos, nos quais a contenção fixa serve ao
molares, corrigir suas giroversões, e expandir a distância intermo­ duplo propósito de prevenir movimentos dentários indeseja­
lar conforme necessário. O aparelho extrabucal de puxada alta e dos e atuar como uma contenção periodontal. A estabilização
Capítulo 8   Ortodontia de Qualidade: Desafiando as Tendências Populares 83

REFERÊNCIAS

1. Zachrisson BU: Use of self-ligating brackets, superelastic wires,


expansion/proclination, and permanent retention: a word of
caution, World J Orthod 7:198-206, 2006.
2. Weinstein S, Haack DC, Morris LY, et al.: On an equilibrium
theory of tooth position, Angle Orthod 33:1-26, 1963.
3. Proffit WR: Equilibrium theory revisited: factors influencing
position of the teeth, Angle Orthod 48:175-186, 1978.
4. Proffit WR, Fields HW: Orthodontic treatment planning, limi­
tations, controversies, and special problems. In Proffit WR,
Fields HW Jr, editors: Contemporary orthodontics, ed 3, St
Louis, 2000, Mosby, pp 240-293.
5. McLaughlin RP, Bennett JC: Finishing with the preadjusted
orthodontic appliance, Semin Orthod 9:165-183, 2003.
6. Riedel RA: Post-pubertal occlusal changes. In McNamara JA,
editor: The biology of occlusal development, monograph 7, Cranio­
facial Growth Series, Ann Arbor, 1977, Center for Human Growth
and Development, University of Michigan, pp 113-140.
7. Riedel RA: A post-retention assessment of relapse, recidivism,
adjustment, change, and stability. In Moorrees CFA, van der
Linden FPGM, editors: Orthodontics: evaluation and future, The
Netherlands, 1988, University of Nymegen, pp 281-306.
8. Gorman JC: The effects of premolar extractions on the long­
term stability of the mandibular incisors. In Burstone CJ,
Nanda R, editors: Retention and stability in orthodontics, Phila­
delphia, 1993, Saunders, pp 81-95.
9. Sadowsky C, Schneider BJ, BeGole EA, Tahir E: Long-term
stability after orthodontic treatment: nonextraction with pro­
longed retention, Am J Orthod Dentofacial Orthop 106:243-249,
1994.
10. Paquette DE, Beattie JR, Johnston LE: A long-term comparison
of nonextraction and premolar extraction edgewise therapy in
“borderline” Class II patients, Am J Orthod Dentofacial Orthop
102:1-14, 1992.
11. Franklin GS: A longitudinal study of dental and skeletal param­
Fig. 8-6 Diferentes tipos de aparelhos de contenção fixos: A, Fio
eters associated with stability of orthodontic treatment, 1995,
espesso folheado a ouro 0,030 polegada colado apenas aos caninos
University of Toronto (thesis).
de uma jovem paciente. B, Contenção de quatro unidades confec­
12. Felton JM, Sinclair PM, Jones DL, Alexander RG: A computer­
cionada com fio trançado flexível folheado a ouro, de espessura
ized analysis of the shape and stability of mandibular arch
0,0215 polegada. C, Segmento curto de fio colado por vestibular de
form, Am J Orthod Dentofacial Orthop 92: 478–483, 1987.
canino a pré-molar para impedir a reabertura do espaço da extra­
13. De La Cruz A, Sampson P, Little RM, et al: Long-term changes
ção do primeiro pré-molar em paciente adulto.
in arch form after orthodontic treatment and retention, Am J
Orthod Dentofacial Orthop 107:518–530, 1995.
14. Zachrisson BU: Important aspects of long-term stability, J Clin
permanente dos resultados de tratamento pode ser necessária Orthod 31:562-583, 1997.
em pacientes com diastemas interincisais acentuados e em 15. Hopkins JB, Murphy J: Variations in good occlusions, Angle
adultos com apinhamento anterior severo. Em alguns casos, Orthod 41:64-68, 1971.
pode ser vantajoso utilizar a contenção fixa por um período 16. Zachrisson BU: Buccal uprighting of canines and premolars for
prolongado, e então substituí-la por um aparelho de contenção improved smile esthetics and stability, World J Orthod 7: 406-
removível para uso noturno em longo prazo ou em regime 412, 2006.
permanente.45 17. Spear FM, Kokich VG, Mathews DP: Interdisciplinary manage­
ment of anterior dental esthetics, J Am Dent Assoc 137: 160-169,
2006.
CONCLUSÃO 18. Rationale for lower anterior veneers, CRA Foundation Newslett
30(issue 6):1, 2006.
O clínico deve questionar as novas e populares tendências na 19. Lindauer SJ, Lewis SM, Shroff B: Overbite correction and smile
ortodontia. A qualidade do tratamento ortodôntico depende aesthetics, Semin Orthod 11:62-66, 2005.
do planejamento cuidadoso e do uso de mecânicas variadas 20. Zachrisson BU: Esthetic factors involved in anterior tooth
e individualizadas. O prevalecente mito de que a ortodontia display and the smile: vertical dimension, J Clin Orthod 32:
praticada por aparelhos representa o progresso foi rejeitado. 432-445, 1998.
84 Parte I   Diagnóstico e Tratamento Ortodônticos

21. Zachrisson BU: Facial esthetics: guide to tooth positioning and 38. Wise JB, Magness WB, Powers JM: Maxillary molar vertical
maxillary incisor display, World J Orthod 8:308-314, 2007. control with the use of transpalatal arches, Am J Orthod Dento-
22. Vig RG, Brundo GC: The kinetics of anterior tooth display, J facial Orthop 106:403-408, 1994.
Prosthet Dent 39:502-504, 1978. 39. Hata M: Effect on the dentofacial complex of Macaca irus of
23. Dong JK, Jin TH, Cho HW, Oh SC: The esthetics of the smile: functional tongue forces imparted on a palatal bar, J Osaka
a review of some recent studies, Int J Prosthdont 12:9-19, Dent Univ 27:51-66, 1993.
1999. 40. Yamawaki H, Kawamoto T: Effect of palatal bar on maxillary
24. Peck S, Peck L, Kataya M: Some vertical lineaments of lip posi­ molars during swallowing, Shika Igaku J Osaka Odontol Soc
tion, Am J Orthod Dentofacial Orthop 101:519-524, 1992. 59:53-63, 1996.
25. Al Qabandi A, Sadowsky C, Sellke T: A comparison of continu­ 41. Chiba Y, Motoyoshi M, Namura S: Tongue pressure on loop of
ous archwire and utility archwires for leveling the curve of transpalatal arch during deglutition, Am J Orthod Dentofacial
Spee, World J Orthod 3:159-165, 2002. Orthop 123:29-34, 2003.
26. Burstone CJ: Lip posture and its signifi cance in treatment 42. Dahlquist A, Gebauer U, Ingervall B: The effect of a transpalatal
planning, Am J Orthod 53:262-284, 1967. arch for the correction of fi rst molar rotation, E ur J Orthod
27. Burstone CJ, Nanda R: JCO interviews Charles J. Burstone, 18:257-267, 1996.
DDS, MS. Part 1. Facial esthetics, J Clin Orthod 41:79-87, 43. Fotis V, Melsen B, Williams S, Droschl H: Vertical control as an
2007. important ingredient in the treatment of severe sagittal dis­
28. Shroff B, Yoon WM, Lindauer SJ, Burstone CJ: Simultaneous crepancies, Am J Orthod 86:224-232, 1984.
intrusion and retraction using a three-piece base arch, Angle 44. Sinclair PM, Little RM: Dentofacial maturation of untreated
Orthod 67:455-462, 1997. normals, Am J Orthod 88:146-156, 1985.
29. Zachrisson BU: Mechanical intrusion of maxillary incisors: a 45. Zachrisson BU, Büyükyilmaz T: Bonding in orthodontics. In
treatment strategy to be abandoned? W orld J Orthod 3:358- Graber TM, Vanarsdall RL Jr, Vig KWL, editors: O rthodontics:
364, 2002. current principles and techniques, ed 4, St Louis, 2005, Elsevier,
30. Weiland FJ, Bantleon HP, Droschl H: Evaluation of continuous pp 579-659.
arch and segmented arch leveling techniques in adult patients: 46. Wong P, Freer TJ: Patients ’ attitudes towards compliance with
a clinical study, Am J Orthod Dentofacial Orthop 110:647-652, retainer wear, A ust Orthod J 21:45-53, 2005.
1996. 47. Zachrisson BU: Differential retention with bonded retainers,
31. Simons ME, Joondeph DR: Change in overbite: a ten-year World J Orthod 8:190-196, 2007.
postretention study, Am J Orthod 64:349-367, 1973. 48. Behrents RG: The consequences of adult craniofacial growth,
32. Zachrisson BU: Clinical use of custom-made transpalatal monograph 22, Craniofacial Growth Series, Ann Arbor, 1989,
arches: why and how, World J Orthod 5:260-267, 2004. Center for Human Growth and Development, University of
33. Liu D, Melsen B: Reappraisal of Class II molar relationships Michigan.
diagnosed from the lingual aspect, Eur J Orthod 23:457, 2001. 49. Gorman JC, Smith RJ: Comparison of treatment effects with
34. Ten Hoeve A: Palatal bar and lip bumper in nonextraction labial and lingual fixed appliances, Am J Orthod Dentofacial
treatment, J Clin Orthod 19:272-291, 1985. Orthop 99:202-209, 1991.
35. Gündüz E, Zachrisson BU, Hönigl KD, et al: An improved 50. Sadowsky C, Schneider BJ, BeGole EA, et al: Long-term stability
transpalatal bar design. Part I. Comparison of moments and after orthodontic treatment: nonextraction with prolonged reten­
forces delivered by two bar designs for symmetrical molar tion, Am J Orthod Dentofacial Orthop 106:243-249, 1994.
derotation, Angle Orthod 73:239-243, 2003. 51. Iseri H, Solow B: Continued eruption of maxillary incisors and
36. Gündüz E, Crismani AG, Zachrisson BU, et al: An improved first molars in girls from 9 to 25 years studied by the implant
transpalatal bar design. Part II. Clinical upper molar derota­ method, Eur J Orthod 18:245-256, 1996.
tion: case report, Angle Orthod 73:244-248, 2003. 52. Tallgren A: Changes in adult face height due to ageing, wear
37. DeBerardinis M, Stretesky T, Sinha P, Nanda RS: Evaluation of and loss of teeth and prosthetic treatment: a roentgen cepha­
the vertical holding appliance in treatment of highangle lometric study mainly on Finnish women, thesis, Finland, 1957,
patients, Am J Orthod Dentofacial Orthop 117:700-705, 2000. University of Helsinki.
Manejo Clínico
das Discrepâncias
Sagital e Vertical
PA R T E

II
Página deixada intencionalmente em branco

C0125.indd 1 4/6/11 11:53:03 AM


C ap í t u lo
9
Objetivos do
Tratamento Funcional
William J. Clark

A
velocidade dos avanços tecnológicos na sociedade con­ mais ampla de ortopedia dentofacial denota o sentido de que
temporânea é acelerada, e a ortodontia não poderia o tratamento não busca apenas a melhora nas relações den­
estar isenta deste processo. Após um século de evidên­ tária e ortopédica dentro do sistema estomatognático, mas
cias inconclusivas, o questionamento sobre a capacidade das também o equilíbrio facial. A adoção de uma definição mais
técnicas ortopédicas funcionais de modificarem o crescimento ampla tem a vantagem de expandir os horizontes da profis­
craniofacial permanece sem resposta. O novo paradigma do são, bem como educar o público para que aprecie os benefí­
tratamento bem-sucedido apresenta um desafio filosófico: com­ cios do tratamento dentofacial em termos estéticos mais
binar os benefícios das técnicas ortodôntica e ortopédica no abrangentes.
tratamento de maloclusões que requeiram correções dentária e O desenvolvimento musculoesqueletal anormal é causa fre­
esquelética. quente da maloclusão dentária. O objetivo do tratamento pro­
posto na fase de crescimento de uma criança com discrepância
esquelética difere na abordagem ortodôntica, que objetiva a cor­
Ortodontia E Ortopedia Dentofacial reção da irregularidade dentária, da abordagem ortopédica, na
Quais são as futuras ambições dos ortodontistas? Estariam eles qual o objetivo é a correção da anomalia esquelética subjacente.
satisfeitos em produzir apenas o “alinhamento dentário”, con­ Esta diferença reflete a existência de duas escolas de pensamento
forme sugere o significado da palavra “ortodontia”, dentro da distintas na avaliação e ênfase dos objetivos do tratamento
estrita perspectiva do paradigma genético? Há margem para ortodôntico e ortopédico dentário.
avanços significativos nas técnicas ortodônticas convencionais, Após um século de investigações sobre as técnicas de orto­
ou estaria exaurido este aspecto do desenvolvimento ortodôn­ pedia funcional, as opiniões ainda divergem sobre sua eficácia
tico? Técnicas de precisão para aparelhos fixos convencionais na promoção ou modificação do crescimento e desenvolvi­
simplificaram a correção ortodôntica, que é frequentemente dele­ mento dentofacial. A localização geográfica foi um fator deter­
gada aos auxiliares sob supervisão. Se os objetivos do tratamento minante na evolução da técnica ortodôntica. Técnicas
estão confinados à ortodontia, os especialistas ainda serão ortopédicas funcionais foram desenvolvidas principalmente na
necessários? Europa durante o século XX, e no passado, os europeus tinham
Há uma distinção clara entre os termos ortodontia e orto- mais experiência com estas técnicas do que seus colegas ao redor
pedia dentária, que diferem fundamentalmente em suas do mundo. Em diversos países, as técnicas de aparelhagem fixa
abordagens à correção de anomalias dentofaciais. O trata­ constituíram a base dos programas de treinamento em ortodon­
mento “ortodôntico” objetiva por definição a correção das tia, muitas vezes com exposição limitada aos ensinamentos e
irregularidades dentárias. O termo alternativo “ortopedia prática da ortopedia, dependendo da filosofia de tratamento
dentária” foi sugerido por Sir Norman Bennett, e apesar de prevalecente.
mais abrangente do que “ortodontia”, ainda não transmite a A resposta ortopédica à terapia funcional tem sido questionada
ideia de melhorar o desenvolvimento facial. A definição com frequência, com base nos resultados publicados na literatura.

87
88 Parte II   Manejo Clínico das Discrepâncias Sagital e Vertical

dentição em desenvolvimento na direção de um padrão de


desenvolvimento ótimo (Fig. 9-1).

Revisão dos Objetivos de Tratamento


Pesquisas recentes têm produzido evidências convincentes que sus­
tentam o valor das técnicas ortopédicas que utilizam aparelhos em
tempo integral, na influência do ambiente funcional da dentição em
desenvolvimento e na produção de melhora significativa no padrão
de crescimento facial e desenvolvimento da arcada dentária.
O novo desafio dentro da especialidade é melhorar a técnica
ortopédica para tratamento de discrepâncias esqueléticas e fun­
cionais, relacionando-o aos objetivos do tratamento funcional
holístico. É indispensável reconhecer a importância do uso das
técnicas ortopédicas para alcançar o equilíbrio e a harmonia
facial e para levar os objetivos estéticos e funcionais além da
oclusão funcional balanceada.
A distração osteogênica ilustra o potencial para a alteração do
crescimento ósseo, e técnicas funcionais fixas oferecem uma
nova oportunidade para o estímulo osteogênico não invasivo.
O próximo passo na evolução da técnica ortopédica é a solução
de qualquer dúvida remanescente quanto à eficácia da abordagem
ortopédica e a melhora da técnica, para que sejam combinados
os benefícios do tratamento ortodôntico e ortopédico.
Fig. 9-1 A, Fotografias pré-tratamento e, B, pós-tratamento
mostram a importante mudança facial que pode ser alcançada após
seis meses de tratamento com aparelho funcional. Tratamento da Pesquisas Recentes sobre Modificação do
maloclusão Classe II grave é muito mais eficaz com um aparelho Crescimento
funcional adequado do que com o aparelho fixo convencional.
Aparelhos funcionais podem produzir crescimento mandibular
suplementar? Esta pergunta atravessou o século passado sem
A maioria dos estudos realizados no século XX relata o uso de resposta.
aparelhos funcionais em regime de tempo parcial. Inevitavelmente, A remodelação do côndilo e da fossa na articulação têmporo­
há um lapso temporal entre o desenvolvimento de novas técnicas mandibular (ATM) foi investigada originalmente em experimentos
clínicas e sua aceitação por investigação científica. A pesquisa baseada com animais1 (Fig. 9-2). Em primatas não humanos, já se estabele­
em evidências depende muito da análise estatística das técnicas ceu o potencial de crescimento condilar e de neoformação óssea na
existentes, não levando em conta os desenvolvimentos futuros. fossa glenoide, alterando a direção de crescimento da fossa para
Entretanto, isto não deveria limitar a habilidade de se explorar novos anterior. A remodelagem anterior e inferior da fossa glenoide apre­
horizontes na ortodontia e na ortopedia dentofacial. sentou direção inversa quando comparada com o grupo controle.2,3
O título do American Journal of Orthodontics foi revisado em Um estudo do tratamento com aparelho de Herbst em macacos
1985 para incluir a ortopedia dentofacial, o que representa um jovens (Macaca fascicularis) concluiu o seguinte:
avanço importante. Seu título atual é American Journal of Ortho- • O aumento no crescimento condilar pode ser demonstrado
dontics and Dentofacial Orthopedics (AJODO). A American com radiografias cefalométricas associadas ao método de
Dental Association (ADA) adotou o novo nome e definição para implante de Björk, e confirmado histologicamente.
a especialidade de “ortodontia e ortopedia dentofacial” em abril • “O potencial de crescimento condilar em primatas jovens
de 2003. Estas mudanças visionárias podem ser atribuídas prin­ não humanos na fase de dentição mista como indutor do
cipalmente aos esforços de Thomas M. Graber (mentor e ex- aumento no crescimento mandibular parece ser grande.”
editor do AJODO) para o reconhecimento da importância da • A análise histomorfométrica mostra que o aumento na quan­
ortopedia dentofacial na correção de discrepâncias muscu­ tidade e área de formação óssea na fossa glenoide foi estatis­
loesqueléticas utilizando técnicas ortopédicas funcionais. Isto ticamente significativo quando comparado com o grupo
representa o primeiro reconhecimento oficial dentro da espe­ controle. Esta deposição parece aumentar com o tempo.
cialidade, e na Odontologia de forma geral, da importância da
ortopedia no campo da ortodontia.
Estudos Clínicos
Estudos clínicos paralelos utilizando imagens obtidas por res­
Conceito De Terapia Funcional sonância magnética (RM) vieram confirmar, primeiro no trata­
O desafio da terapia funcional é maximizar o potencial genético mento com Herbst4 e mais tarde no tratamento com Twin
de crescimento do indivíduo e guiar a face em crescimento e a Block,5,6 que mudanças de crescimento clínicas semelhantes
Capítulo 9   Objetivos do Tratamento Funcional 89

Fig. 9-2 Proliferação da cartilagem condilar e remodelação óssea


da fossa articular em animais do grupo experimento A, compara­
dos com animais do grupo controle B. (De Clark WJ: Twin block
functional therapy: applications in dentofacial orthopaedics, ed 2,
Edinburgh, 2002, Mosby Ltd.)

ocorrem em resposta à propulsão mandibular com o uso de


aparelhos funcionais em regime integral. Estudos compararam
o crescimento durante e após o tratamento com o aparelho
Twin Block com grupos controle do Burlington Growth Centre
e concluíram o seguinte:7,8
• O comprimento mandibular aumentou quase três vezes
mais em pacientes tratados com aparelho Twin Block do que
no grupo controle.
• Aproximadamente dois terços deste aumento podem ser
atribuídos ao aumento na altura do ramo da mandíbula. Fig. 9-3 A, Tratamento com Twin Block. B, Grupo controle. Trata-
• Grande parte da melhora esquelética está relacionada ao mento: T1 = 9 anos, 1 mês; T2 = 10 anos, 3 meses; T3 = 13 anos,
1 mês. Controle: T1 = 9 anos, 1 mês; T2 = 10 anos, 2 meses; T3= 12
aumento no comprimento mandibular, e na maioria dos
anos, 11 meses. Isto ilustra uma diferença importante na resposta
casos estas mudanças encontram-se estáveis três anos após
do tratamento com o aparelho Twin Block e do grupo controle.
o tratamento (Fig. 9-3). Além do aumento no comprimento, a amostra experimental
Observa-se com frequência um padrão interessante de aumento demonstra claramente o crescimento distal do côndilo, comparado
no ângulo goníaco durante o estágio de tratamento com o aparelho ao crescimento vertical no grupo controle. Uma mudança na
Twin Block, seguido pelo aumento no comprimento do corpo direção do crescimento condilar contribui para o posicionamento
mandibular no período de pós-tratamento. Isto pode ser interpre­ anterior da mandíbula na correção da retrusão mandibular. (De
tado como uma mudança na direção do crescimento condilar para Clark WJ: Twin block functional therapy: applications in dentofacial
uma direção mais distal durante a propulsão mandibular ativa, orthopaedics, ed 2, Edinburgh, 2002, Mosby Ltd.)
seguida por remodelagem do ramo mandibular após o tratamento
para reestabelecer a forma original da mandíbula.
Esse padrão de crescimento distal do côndilo é confirmado
pela análise por elementos finitos9 que determina a localização
90 Parte II   Manejo Clínico das Discrepâncias Sagital e Vertical

das mudanças mandibulares em pacientes tratados pelo autor mento funcional. Isto explica a variação na resposta de cresci­
com o aparelho Twin Block. Nas fases pré e pós-puberal, em mento em pacientes tratados em diferentes estágios do ciclo de
todos os quatro grupos de meninos e meninas, a porção distal crescimento.
do pescoço do côndilo apresentou as alterações de crescimento
mais importantes. Isto pode ser interpretado como uma remode­
Época do Tratamento
lagem resultante do alongamento ou do crescimento distal do
côndilo. A melhor resposta de crescimento mandibular ocorre quando
Um estudo prospectivo da terapia com aparelho Twin Block o paciente é tratado durante ou logo após o início do surto de
utilizando-se a RM na University of Adelaide,6 confirmou o crescimento puberal. O momento ótimo para se obter vantagem
seguinte: é durante o período de crescimento acelerado. A época do trata­
• Côndilos posicionados na crista da eminência no início do mento é importante, especialmente nos casos de Classe II com
tratamento foram reposicionados na fossa glenoide após seis discrepância esquelética grave onde o objetivo é maximizar a
meses. resposta de crescimento mandibular utilizando o estímulo fun­
A implicação clínica desse achado é que a terapia funcional cional proprioceptivo da protrusão mandibular.
ativa gerada pela propulsão mandibular deve perdurar por no Estudos sobre a melhor época para tratamento com o
mínimo seis meses, ou preferencialmente nove meses. Isto irá aparelho Twin Block12 concluíram que a fase de dentição mista
assegurar que a duração do tratamento foi suficiente para per­ tardia ou o início da fase de dentição permanente representam
mitir que as adaptações no crescimento esquelético ocorram, e os períodos mais favoráveis para obtenção de alguns efeitos, tais
que tais mudanças foram reforçadas antes da remoção do como:
aparelho. Além disso, o autor aconselha que a terapia funcional • Maior contribuição esquelética para a correção da relação
seja seguida de um período de contenção funcional, com a molar
mandíbula apoiada numa posição avançada, possivelmente • Maiores incrementos no comprimento mandibular e na
com um aparelho funcional de uso noturno. Este protocolo altura do ramo
apresenta sucesso na prevenção da “recidiva mandibular”, que • Maior crescimento condilar na direção posterior
já foi observada após o tratamento funcional de avanço da Seguindo as pesquisas anteriores nesta área, recomenda-se
mandíbula. uma avaliação da maturação esquelética baseando-se nos está­
gios de desenvolvimento das vértebras cervicais para a determi­
nação da melhor época para iniciar o tratamento13–15 (Fig. 9-4).
Pesquisa Biológica
A pesquisa biológica tem obtido progresso na identificação dos
Diagnóstico E Plano De Tratamento
fatores que controlam a modificação do crescimento. O artigo
intitulado “Terapia com aparelho funcional acelera e aumenta o
Registros Fotográficos
crescimento condilar”10 representa um marco, e isto não é apenas
uma avaliação otimista de um clínico entusiasmado. Ele repre­ Durante o planejamento do tratamento ortopédico para cor­
senta a revolução científica nas técnicas de pesquisa em nível reção de retrusão mandibular, as fotografias extra e intrabucais
celular e molecular, para o exame e definição dos fatores quími­ são de valor inestimável como ferramenta de diagnóstico para
cos e biológicos envolvidos na modificação do crescimento. estabelecer os objetivos do tratamento e monitorar o progresso.
Células mesenquimais em proliferação foram observadas no Fotografias são utilizadas na predição das mudanças na aparên­
côndilo e na fossa glenoide durante o posicionamento anterior cia facial que resultarão do tratamento. Fotografias da face
da mandíbula.11 O estudo científico confirma a importância do inteira e de perfil com a mandíbula na posição retrusiva mostram
fator de controle genético. Pacientes com alta contagem de a aparência pré-tratamento, e são repetidas com a mandíbula
células mesenquimais responderiam bem ao avanço mandibu­ avançada para mostrar a melhora projetada na aparência facial
lar funcional, enquanto uma baixa contagem celular produziria (Fig. 9-5).
uma resposta de crescimento mandibular fraca. Um novo conjunto de fotografias melhora a motivação, pois
No futuro, a contagem de células mesenquimais obtidas dá ao paciente uma ideia do resultado final. O paciente pode
numa coleta de sangue poderá definir o potencial de resposta observar a rápida melhora na aparência durante os primeiros
do paciente ao avanço mandibular funcional. Os ortodontistas meses de tratamento.
poderão predizer a resposta individual do paciente ao trata­
mento funcional com base nas informações obtidas pelo exame
Exame Clínico
de sangue ou por esfregraço de saliva. A pesquisa biológica pode
solucionar as questões que os estudos estatísticos não con­ O exame clínico fornece um guia simples para a seleção de
seguiram responder. casos de maloclusão Classe II para tratamento funcional. A
mandíbula retruída pode ser detectada por exame do perfil e
contorno facial com os dentes em oclusão. O paciente é
Resposta Ao Tratamento Funcional instruído a protruir a mandíbula até uma relação normal de
Os fatores genéticos são universalmente aceitos como de grande incisivos, com os lábios levemente cerrados. A mudança na
importância na determinação da resposta individual ao trata­ aparência facial é uma prévia do resultado esperado do trata­
Capítulo 9   Objetivos do Tratamento Funcional 91

Fig. 9-4 Estágios de desenvolvimento das vértebras cervicais. A, Estágios pré-puberais 1 e 2. 1, As


bordas inferiores dos corpos de todas as vértebras cervicais são retas. As bordas superiores são afiladas
de posterior para anterior. 2, Uma concavidade se desenvolve na borda inferior da segunda vértebra.
A altura vertical anterior dos corpos aumenta. B, Estágios de pico de crescimento puberal 3 e 4. 3,
Uma concavidade se desenvolve na borda inferior da terceira vértebra. 4, Uma concavidade se desen­
volve na borda inferior da quarta vértebra. Inicia-se a formação de concavidades nas bordas inferiores
da quinta e sexta vértebras. Os corpos de todas as vértebras cervicais têm o formato retangular. C,
Estágios de pico pós-puberal 5 e 6. 5, As concavidades são bem-definidas nas bordas inferiores de todas
as seis vértebras cervicais. Seus corpos são quase quadrados, e os espaços entre os corpos são reduzidos.
6, Todas as concavidades estão aprofundadas. Os corpos são agora mais altos do que largos. D, Programa
de Software de Desenvolvimento das Vértebras Cervicais Nemoceph®. As vértebras cervicais são digi­
talizadas para determinação do estágio de desenvolvimento relativo à idade. (A a C modificado de
Franchi L, Baccetti T, McNamara JA Jr: Am J Orthod Dentofacial Orthop 18:335, 2000.)

mento funcional. Se há melhora no perfil com a mandíbula O que você vê é o que você tem
avançada, isto serve como indicação clara de que o avanço O diagnóstico clínico tem a vantagem de oferecer uma predição
funcional da mandíbula é o tratamento de escolha. Se o perfil precisa da alteração tridimensional dos contornos faciais que
não melhora com a postura avançada da mandíbula e cerra­ resultará do avanço mandibular, sendo mais importante do que
mento dos lábios, isto representa uma contraindicação ao linhas e ângulos desenhados sobre uma radiografia cefalométrica.
avanço mandibular (Fig. 9-5). Isto não exclui ou diminui o valor da análise cefalométrica, ao
92 Parte II   Manejo Clínico das Discrepâncias Sagital e Vertical

Fig. 9-5 O exame clínico estabelece o guia fundamental para a seleção de casos de tratamento
funcional. A retrusão mandibular pode ser detectada no exame do perfil e dos contornos faciais com
os dentes em oclusão. O paciente então protrui a mandíbula com os lábios cerrados a uma relação
anteroposterior normal de incisivos. A, Perfil da esquerda mostra o paciente (14 anos e dois meses
de idade) com retrusão mandibular antes do tratamento. Perfil do meio (também antes do trata­
mento) com a mandíbula protruída até uma relação anteroposterior normal de incisivos, oferece
uma prévia da resposta esperada após o avanço funcional da mandíbula. Perfil da direita (15 anos e
um mês de idade) confirma que a aparência após o tratamento é muito parecida com o resultado
previsto. B e C, Vistas da face e D, oclusão antes do tratamento. E e F, Aparência facial, e G, oclusão,
após o tratamento, mostrando a mudança na aparência. (De Clark WJ: Twin block functional therapy:
applications in dentofacial orthopaedics, ed 2, Edinburgh, 2002, Mosby Ltd.)

contrário, agrega a visão tridimensional à confirmação do também utilizado no planejamento do tratamento ortodôn­
diagnóstico. tico. De maneira similar, o objetivo de tratamento cirúrgico
(OTC) oferece informações úteis aos procedimentos cirúr­
gicos maxilofaciais; nenhum programa do gênero está
Objetivo Do Tratamento Funcional disponível para o planejamento de tratamentos funcionais.
Os registros fotográficos e cefalométricos são utilizados Em colaboração com a Nemotec, o autor desenvolveu um
para preparar um objetivo de tratamento funcional (OTF) novo programa de software para o preparo de um OTF indi­
menos influenciado pela média de crescimento incremental vidualizado de predição do resultado de tratamento da malo­
da população. O objetivo de tratamento visualizado (OTV) é clusão Classe II por avanço mandibular funcional.
Capítulo 9   Objetivos do Tratamento Funcional 93

ores, oferecendo suporte vertical. A abordagem combinada


Método ortopédica-ortodôntica resulta no avanço da mandíbula e sim­
Fotografias de perfil são realizadas antes do tratamento, primeiro plifica a fase de finalização com o aparelho fixo.
com a mandíbula retruída, depois com a mandíbula avançada cor­ Foram alcançadas excelente estabilidade e melhora na esté­
rigindo a sobressaliência, e com os lábios cerrados. As fotografias tica facial; registros finais mostram a posição após a contenção
do pré-tratamento fornecem uma amostra precisa da mudança na aos 18 anos e um mês (três anos após o tratamento). A extensão
aparência facial esperada ao término do tratamento funcional. e o crescimento distal do côndilo melhoraram a aparência facial e
Registros fotográficos e cefalométricos podem ser utilizados para resultaram na correção oclusal estável.
estimar a resposta antecipada ao avanço funcional da mandíbula. A Tempo de tratamento
técnica é semelhante àquela utilizada no preparo do OTC com uso Twin Block 11 meses
de morphing. O OTF oferece uma predição individual baseada na Placa de mordida 3 meses
posição postural do paciente, em vez de se basear inteiramente no Aparelho fixo 10 meses
morphing ou em valores médios de crescimento da população. total 2 anos, seguidos de contenção
Um traçado é preparado sobre o cefalograma do pré-trata­
mento com a mandíbula ocluída na posição de retrusão. O
traçado é superposto, primeiro sobre a fotografia de perfil com Caso 2 (Fig. 9-7)
a mandíbula retruída, depois sobre a fotografia do perfil em Paciente do sexo feminino com 11 anos e cinco meses de idade
protrusão. O contorno de tecido mole da posição avançada é apresenta maloclusão grave tratada na fase precoce de dentição
utilizado como modelo para a determinação da mudança de permanente (quando a cirurgia poderia ter sido considerada
posição da mandíbula, utilizando-se a espessura do tecido mole como possível solução). As angulações alteradas dos incisivos
como guia à estimativa da correta posição mandibular. Além contribuem para a sobressaliência de 15 mm e a sobremordida
disso, a relação de incisivos e a correção da sobressaliência são exagerada, com os incisivos inferiores posicionados 4 mm por
levadas em consideração para antecipar a mudança na posição lingual da linha A-Po. A grande sobressaliência pode ser parcial­
da mandíbula. O movimento dentário pode ser considerado, mente atribuída à postura desfavorável de lábio, que quando
como é feito no preparo do OTV. aprisionado agrava este problema.
O período de tratamento com aparelhos funcionais em regime O padrão de crescimento braquicéfalo e a convexidade de 8 mm
integral normalmente é de seis a nove meses para correção da resultam principalmente da retrusão mandibular, e nesta idade a
disto-oclusão. A necessidade de se referir aos valores médios correção utilizando o potencial de crescimento é favorável. A con­
de crescimento fica reduzida quando se chega a uma estimativa vexidade foi reduzida a 3 mm após a correção total da oclusão, e a
da posição mandibular corrigida após o tratamento funcional. melhora foi mantida três anos após o término do tratamento.
A melhora na aparência facial desta paciente é resultado do
significativo aumento condilar e mudança na direção de seu
Relatos de Casos
crescimento, resultando no posicionamento anterior da
Os relatos de casos a seguir ilustram a resposta típica do tratamento mandíbula. O ângulo goníaco aumenta durante a fase do
funcional com o aparelho Twin Block em regime integral, seguido aparelho Twin Block devido à aceleração no crescimento distal
de tratamento com aparelho fixo para refinar a oclusão. Os pacientes do côndilo, e o comprimento do corpo da mandíbula aumenta
dos casos 1 a 4 foram tratados pelo Dr. Forbes Leishman em sua no período de pós-tratamento.
clínica ortodôntica em Aukland, Nova Zelândia. Antes de se esta­ Tempo de tratamento
belecer na Nova Zelândia, o Dr. Leishman frequentou o primeiro Twin block 9 meses
curso sobre o aparelho Twin Block oferecido pelo autor em seu Placa de mordida 5 meses
consultório na Escócia em 1979. Prático experiente no tratamento Aparelho fixo 12 meses
com Twin Block, o protocolo de Leishman para maloclusões graves total 2 anos e 2 meses, seguidos de contenção
de Classe II, 1ª Divisão é de primeiro corrigir a relação esquelé­
tica de Classe II com o aparelho funcional para então finalizar o caso
com aparelho fixo. Os casos 5, 6 e 7 foram tratados pelo autor. Caso 3 (Fig. 9-8)
Esta paciente do sexo feminino com 14 anos e nove meses de
Caso 1 (Fig. 9-6) idade foi uma “iniciante tardia” quando o aparelho Twin Block
Paciente do sexo masculino com 12 anos e 8 meses de idade fora adaptado. (Um ortodontista poderia considerar a cirurgia
apresenta maloclusão grave de Classe II com oclusão vestibular para auxiliar na correção desta paciente que ultrapassou o surto
de todos os pré-molares superiores, além da sobressaliência de de crescimento puberal, e cujo crescimento praticamente já se
12 mm e sobremordida exagerada. Houve colapso vertical desta completou, especialmente quando o perfil prévio ao tratamento
maloclusão devido à mordida cruzada dos pré-molares. Apesar é ruim.) A convexidade de 5 mm resulta da protrusão maxilar,
de a convexidade de 2 mm estar situada dentro da faixa de pois a mandíbula está bem desenvolvida e exibe padrão de cresci­
“normalidade”, esta maloclusão requer manejo cuidadoso tendo mento tipicamente braquicéfalo. Isto denota uma aparência de
em vista o seu grau de gravidade. sobreoclusão, devido à diminuição na altura facial inferior. Os
O controle vertical é importante no incentivo ao crescimento incisivos superiores estão gravemente protruídos, e o lábio infe­
da altura do ramo da mandíbula e irrupção dos dentes posteri­ rior aprisionado numa sobressaliência de 13 mm. Os incisivos
94 Parte II   Manejo Clínico das Discrepâncias Sagital e Vertical

Fig. 9-6 Caso 1. A, Progresso do tratamento de maloclusão Classe II grave com oclusão vestibular
dos pré-molares superiores, sobressaliência de 12 mm, e sobremordida exagerada. Perfis nas idades
de 12 anos e oito meses (antes do tratamento); 14 anos e oito meses (após o tratamento); e 16 anos
e seis meses (após a contenção). B e C, Oclusão antes do tratamento. D a F, Oclusão após o trata­
mento. G e H, Superposições da mandíbula. O paciente apresentou excelente resposta mandibular,
com alongamento e crescimento distal do côndilo. (Cortesia do Dr. Forbes Leishman, Aukland, Nova
Zelândia. De Clark WJ: Twin block functional therapy: applications in dentofacial orthopaedics, ed 2,
Edinburgh, 2002, Mosby Ltd.)

inferiores estão retroinclinados, ocluindo no palato devido à que permite o desenvolvimento vertical dos molares inferiores.
sobremordida exagerada, e posicionados 3 mm por lingual da A fase ortodôntica final reposiciona os incisivos inferiores cor­
linha A-Po como resultado da retrusão alveolar inferior. retamente em relação ao limite anterior da base esquelética
Nesse tipo de maloclusão a correção vertical é tão impor­ (entre +1 e +3 da linha A-Po) para melhorar o contorno do
tante quanto a correção sagital. O perfil melhora com o reposi­ lábio inferior. Os registros finais mostram a posição após con­
cionamento anterior da mandíbula e com o ajuste nos blocos, tenção, aos 20 anos e 2 meses de idade.
Capítulo 9   Objetivos do Tratamento Funcional 95

Fig. 9-7 Caso 2. A, Progresso do tratamento de maloclusão grave tratada no início da dentição
permanente. Perfis nas idades 11 anos e cinco meses (antes do tratamento); 13 anos e nove meses
(após o tratamento); e 17 anos (após a contenção). B e C, Oclusão antes do tratamento. D a F, Oclusão
após contenção. G e H, Superposições da mandíbula. O paciente apresentou excelente resposta
mandibular, com alongamento e crescimento distal do côndilo. (Cortesia do Dr. Forbes Leishman,
Aukland, Nova Zelândia. De Clark WJ: Twin block functional therapy: applications in dentofacial
orthopaedics, ed 2, Edinburgh, 2002, Mosby Ltd.)

A resposta mandibular nesse caso se parece com o espera­ condilar. A superposição cefalométrica da mandíbula eviden­
do para um paciente que ultrapassou o surto de crescimento cia o crescimento condilar no sentido distal. Isto pode ser
puberal. Este é um exemplo de posicionamento anterior da confirmado pelo aumento no ângulo goníaco, e neste caso
mandíbula causado pela alteração no ângulo de crescimento este padrão se manteve após o término da contenção.
96 Parte II   Manejo Clínico das Discrepâncias Sagital e Vertical

Fig. 9-8 Caso 3. A, Progresso do tratamento “de início tardio” de uma paciente. Perfis nas idades
14 anos e nove meses (antes do tratamento) e 20 anos e dois meses (após a contenção). Aparência
facial antes (B) e após (C) o tratamento. D e E, Superposições da mandíbula. A paciente foi tratada
tardiamente, após o surto de crescimento puberal, quando o crescimento em meninas é lento. A
melhora na aparência facial é resultado do crescimento significativo do côndilo para distal, confir­
mado pelo aumento no ângulo goníaco, sem alongamento condilar significativo. Este caso demonstra
que a mudança na direção do crescimento condilar pode contribuir para a correção da retrusão
mandibular pelo reposicionamento anterior da mandíbula. (Cortesia do Dr. Forbes Leishman,
Aukland, Nova Zelândia. De Clark WJ: Twin block functional therapy: applications in dentofacial
orthopaedics, ed 2, Edinburgh, 2002, Mosby Ltd.)

É importante notar que a aparência facial pode melhorar namento anterior no tratamento funcional da protrusão
consideravelmente sem que haja aumento significativo no mandibular.
comprimento mandibular. O crescimento distal do côndilo Tempo de tratamento
aumenta o comprimento efetivo da mandíbula e a posiciona Twin Block 15 meses
anteriormente, apesar de o comprimento do corpo mandibu­ Placa de mordida 3 meses
lar não sofrer alteração significativa. O comprimento da Aparelho fixo 12 meses
mandíbula não é o único fator responsável pelo seu posicio­ total 2 anos e 6 meses, seguidos de contenção
Capítulo 9   Objetivos do Tratamento Funcional 97

Fig. 9-9 Caso 4. A, Progresso do tratamento de paciente com protrusão maxilar grave. Perfis nas
idades 11 anos (antes do tratamento); 13 anos e 10 meses (após o tratamento); e 16 anos e seis meses
(após a contenção). B e C, Superposições da mandíbula. O paciente apresentou excelente resposta
mandibular, com extensão e crescimento distal do côndilo. (Cortesia do Dr. Forbes Leishman, Aukland,
Nova Zelândia. De Clark WJ: Twin block functional therapy: applications in dentofacial orthopaedics,
ed 2, Edinburgh, 2002, Mosby Ltd.)

Caso 4 (Fig. 9-9) A melhora na aparência facial desta paciente é resultado da


Paciente do sexo feminino com 11 anos de idade apresenta extensão condilar significativa e mudança na direção do crescimento
protrusão maxilar grave (principal fator etiológico neste caso) condilar. O ângulo goníaco aumenta durante a fase de tratamento
e padrão braquicefálico, com uma mandíbula normal e sobres­ com Twin Block devido à aceleração no crescimento do côndilo para
saliência excessiva de 14 mm. A convexidade de 6 mm resulta distal. Conforme esperado, há aumento no comprimento do corpo
exclusivamente da protrusão maxilar, o que pode ser confir­ da mandíbula no período após o tratamento.
mado pelo ângulo SNA de 90 graus. Tempo de tratamento
Esse caso demonstra que a protrusão maxilar pode ser Twin Block 6 meses
tratada de forma efetiva pelo avanço mandibular, produzindo Ativador de Harvold como 5 meses
um excelente perfil equilibrado e boa estética facial. É impor­ contenção
tante confirmar isto antes do início do tratamento pelo exame Aparelho fixo 21 meses
do perfil com a mandíbula protruída até uma relação molar de total 2 anos e 8 meses, seguidos de
Classe I. Esta regra simples serve como prévia do resultado final contenção
e ajuda a confirmar o diagnóstico.
A correção é obtida pelo avanço da mandíbula até a posição
da maxila em protrusão. Isto gera um perfil reto com suave Caso 5 (Fig. 9-10)
prognatismo, bom equilíbrio facial e resultado estético agradável. Paciente do sexo feminino com 11 anos e quatro meses de idade
A convexidade facial foi reduzida de 6 a 2 mm em um ano de apresenta maloclusão desfigurante de Classe II, 1ª Divisão, com
tratamento, e a excelente estabilidade foi mantida três anos após sobressaliência de 17 mm e sobremordida exagerada. A combina­
o término do tratamento, com convexidade de 1 mm. ção da protrusão maxilar e da retrusão mandibular resultou numa
98 Parte II   Manejo Clínico das Discrepâncias Sagital e Vertical

Fig. 9-10 Caso 5. A, Progresso do tratamento de paciente com maloclusão desfigurante Classe II,
1a Divisão com sobressaliência de 17 mm e sobremordida exagerada. Perfis nas idades 11 anos e
quatro meses (antes do tratamento); 11 anos e sete meses (três meses após o tratamento); 12 anos e
três meses (11 meses após o tratamento); e 18 anos e quatro meses. As vistas da aparência facial (B)
e da oclusão (C e D) evidenciam uma fisionomia apática, sobremordida exagerada e grande sobres­
saliência. E, Aparência facial aos 11 anos e oito meses mostra uma mudança drástica. F, Aparência
facial aos 12 anos e três meses. G, Oclusão aos 18 anos e sete meses. H, Superposição do básio
demonstra mudanças antes e depois do aparelho Twin Block. I, Mudanças consolidadas após o
tratamento. Este caso mostra a correção da maloclusão grave com resultado superior ao que seria
alcançado com uso da técnica convencional fixa. As rápidas mudanças observadas na face não podem
ser realizadas pelo tratamento fixo sem a propulsão mandibular. (De Clark WJ: Twin block functional
therapy: applications in dentofacial orthopaedics, ed 2, Edinburgh, 2002, Mosby Ltd.)
Capítulo 9   Objetivos do Tratamento Funcional 99

disto-oclusão acentuada e numa igualmente grave discrepância cial neste tipo de maloclusão para o posicionamento do incisivo
transversal, com oclusão vestibular dos pré-molares e oclusão superior em segurança sob a proteção do lábio. A retrusão man­
traumática dos incisivos inferiores no palato. A maloclusão é ainda dibular é responsável pela convexidade de 9 mm, evidenciada no
mais agravada pela ausência congênita do segundo pré-molar infe­ perfil. A maxila é tipicamente estreita, com disto-oclusão de
rior do lado esquerdo, que causa desvio na linha média inferior uma cúspide completa. O espaço aéreo faríngeo está gravemente
para a esquerda. As mudanças drásticas ocorridas na face e nos constrito devido à retrusão mandibular, com 7 mm de largura.
dentes desta paciente ilustram os benefícios do tratamento utili­ A correção ortopédica para uma oclusão Classe I após o uso
zando a ortopedia funcional ao invés da ortodontia convencional. do aparelho Twin Block foi seguida de contenção no período de
Antes do tratamento, essa paciente apresentava a aparência transição para a dentição permanente antes da segunda fase do
típica de pessoas com maloclusão grave de Classe II, 1ª Divisão. tratamento ortodôntico com aparelho fixo para detalhar a
Isto foi descrito como “facies adenoideano” e fica evidenciado oclusão. O espaço aéreo faríngeo superior foi aumentado de 7
pela aparência apagada dos olhos e do tom de pele. A disto- para 11 mm após um ano de tratamento, para 14 mm dois anos
oclusão com grande sobressaliência está frequentemente asso­ depois, e finalmente para 21 mm após seis anos.
ciada à retrusão lingual e ao estreitamento das vias aéreas. Esses Esse caso é um exemplo de tratamento em duas fases, com
pacientes não conseguem respirar de forma adequada e, como correção funcional na dentição mista, seguida de aparelho fixo
resultado, estão sujeitos a alergias e problemas no trato respi­ na dentição permanente para o detalhamento da oclusão.
ratório superior decorrentes da ineficiência nesta função. Tempo de tratamento
Após três meses de tratamento houve uma mudança signifi­ Fase ativa, Twin Blocks 14 meses
cativa na aparência facial da paciente que excede os parâmetros Fase de apoio 9 meses de uso em tempo integral
do tratamento ortodôntico para um mesmo período. A paciente Contenção funcional 2 anos
parece estar mais alerta, e há uma melhora marcante nos olhos transicional
e no aspecto facial. Esta é uma mudança fisiológica fundamental, Fase ortodôntica 12 meses
que ultrapassa o limitado objetivo da “correção da maloclusão”. total 4 anos e 11 meses
O espaço aéreo faríngeo aumentou de 5 mm antes do tratamento
para 20 mm após o tratamento. O aumento na via aérea gera um
benefício de vital importância, a melhora na função respiratória, Caso 7 (Fig. 9-12)
e pode exercer ainda efeito secundário sobre o metabolismo Paciente do sexo feminino de 11 anos e dois meses de idade
basal. O aumento no espaço aéreo faríngeo é um achado com­ apresenta maloclusão de Classe II, 1ª Divisão grave agravada por
patível com os casos de avanço mandibular tratados com aparelho apinhamento no arco inferior. Os incisivos inferiores estão posi­
funcional em tempo integral. Este é o efeito funcional mais sig­ cionados 4 mm por lingual da linha A-Po, compensando o apin­
nificativo da opção pelo avanço mandibular, ao invés da retração hamento na arcada inferior. O padrão facial é braquicefálico e
da maxila, no tratamento da maloclusão de Classe II. retrognata por retrusão mandibular. A relação dentária é de
O aparelho fixo convencional com bráquetes não é capaz de Classe II grave com disto-oclusão de uma cúspide completa,
produzir mudanças fisiológicas análogas, no tratamento de sobressaliência de 13 mm e sobremordida exagerada. O canino
pacientes com maloclusões graves. Uma abordagem funcional inferior esquerdo está posicionado fora do arco por vestibular,
gera uma rápida melhora na aparência facial e pode ser seguida causando desvio de linha média inferior para a esquerda.
por uma fase de tratamento ortodôntico simplificada, apenas A sobressaliência de 10 mm e a disto-oclusão completa de uma
para o detalhamento da oclusão. cúspide permanecem após o desenvolvimento da arcada e são
As fotografias extra e intrabucais mostram o progresso do corrigidas com o aparelho Twin Block. As fotografias de perfil
tratamento após 11 meses. Uma montagem das fotografias de demonstram a mudança radical no equilíbrio facial, evidente após
perfil evidencia as mudanças na aparência facial após três meses, apenas oito semanas de tratamento com o aparelho Twin Block.
11 meses e cinco anos (Fig. 9-10). Após a rápida resposta, o resultado ficou estável por 18 meses após
Tempo de tratamento a fase de contenção, idade cronológica de 14 anos e 9 meses.
Fase ativa, Twin Block 7 meses Essa paciente foi primeiro tratada pelo desenvolvimento da
Fase de suporte 6 meses de uso em tempo integral arcada para resolver o apinhamento antes de completar o trata­
Aparelho fixo 12 meses mento com o Twin Block. A montagem das fotografias de perfil
total 2 anos e um mês mostra o progresso desde o início do tratamento, após oito
semanas, e os resultados após dois anos. Isto confirma as rápidas
mudanças faciais observadas nos estágios iniciais do tratamento.
Caso 6 (Fig. 9-11) Esse caso demonstra o desenvolvimento da arcada prévio ao
Paciente do sexo masculino com oito anos e nove meses de tratamento funcional, e uma combinação de tratamento fixo e
idade, apresenta maloclusão desfigurante na fase de início de funcional.
dentição mista, com os incisivos superiores extremamente vul­ Tempo de tratamento
neráveis ao trauma, ocluindo externamente ao lábio inferior. O Desenvolvimento da arcada 11 meses
mesmo se encontra aprisionado numa sobressaliência de 15 mm. Twin Block 7 meses
Os incisivos inferiores ocluem na mucosa palatina, 5 mm por Contenção 7 meses
lingual aos incisivos superiores. O tratamento precoce é essen­ total 2 anos e um mês
100 Parte II   Manejo Clínico das Discrepâncias Sagital e Vertical

Fig. 9-11 Caso 6. A, Progresso no tratamento de paciente com maloclusão desfigurante no início
da fase de dentição mista, com os incisivos superiores vulneráveis ao trauma. Perfis nas idades de
oito anos e nove meses (antes do tratamento); 10 anos e um mês (após o tratamento); e 14 anos e
11 meses (após a contenção). Aparência facial antes (B) e após (C) o tratamento. D a F, Oclusão
antes do tratamento. G e H, O aparelho Twin Block foi utilizado por 14 meses. Oclusão após oito
meses de tratamento. I a K, Oclusão um ano após a contenção. L, Superposição do básio do antes e
depois do tratamento com o aparelho Twin Block, nas idades de oito anos e nove meses, e 10 anos
e um mês. M, Superposição do básio após o tratamento, aos 11 anos e 11 meses de idade. Este caso
é um exemplo de tratamento em duas etapas com correção funcional na dentição mista, seguida por
aparelho fixo na dentição permanente para detalhar a oclusão. A correção do perfil ocorre durante
a etapa funcional, com excelente resposta do crescimento mandibular. (De Clark WJ: Twin block
functional therapy: applications in dentofacial orthopaedics, ed 2, Edinburgh, 2002, Mosby Ltd.)
Capítulo 9   Objetivos do Tratamento Funcional 101

Fig. 9-12 Caso 7. A, Progresso no tratamento de paciente com maloclusão grave de Classe II, 1a Divisão
agravada por apinhamento na arcada inferior. Perfis nas idades de 11 anos e 11 meses (antes do trata­
mento com Twin Block, mandíbula retruída); 12 anos e 2 meses (após 8 semanas de tratamento com
Twin Block) e 14 anos e 7 meses (18 meses após a contenção). Os resultados de melhora são rápidos
em função da adaptação muscular precoce como resposta ao avanço mandibular funcional em tempo
integral. Perfil corrigido após o tratamento está próximo do resultado previsto. B a D, Oclusão antes
do tratamento. E a G, Oclusão 18 meses após a contenção. H, Superposição do básio mostrando as
mudanças no crescimento ocorridas durante 8 meses de tratamento com Twin Block. Há evidência de
crescimento condilar distal significativo que resulta no posicionamento anterior da mandíbula, confir­
mado pelo aumento no ângulo goníaco. Linha preta, 11 anos e 11 meses; linha vermelha, 12 anos e 7
meses. I, Mudanças positivas observadas durante a fase de tratamento com o aparelho Twin Block estão
consolidadas após 2 anos. Houve crescimento condilar significante na direção distal. Linha preta, 11
anos e 11 meses; linha azul, 14 anos e 7 meses. (A a G, De Clark WJ: Twin block functional therapy:
applications in dentofacial orthopaedics, ed 2, Edinburgh, 2002, Mosby Ltd.).

fatores ambientais têm papel fundamental na perpetuação de


Conclusão uma maloclusão de Classe II grave. A disto-oclusão exerce forças
Os aparelhos funcionais têm sido alvo de crítica devido aos oclusais restritivas sobre os dentes inferiores, e a arcada superior
resultados imprevisíveis e pela falta de influência em longo prazo fica estreita como resultado deste posicionamento distal da
sobre o crescimento. Apesar de ser impossível estimular o cresci­ arcada oposta. Estes fatores podem impedir que o crescimento
mento mandibular além do potencial genético do indivíduo, os mandibular exerça todo seu potencial de crescimento genético.
102 Parte II   Manejo Clínico das Discrepâncias Sagital e Vertical

Nas maloclusões graves de Classe II a língua fica posicionada 3. Voudouris JC, Woodside DG, Altuna G. et al: Condyle fossa
posteriormente na garganta, contida pela arcada dentária infe­ modifi cations and muscle interactions during Herbst treat­
rior retruída. Este padrão tem efeitos deletérios na saúde e no ment. Part 2. Results and conclusions, Am J Orthod Dentofa-
metabolismo destes pacientes. cial Orthop 124:13-29, 2003.
4. Ruf S, Pancherz H: Temporomandibular joint remodeling in
A expansão da maxila e o avanço da mandíbula destravam a
adolescents and young adults during Herbst treatment: a pro­
maloclusão. Em termos funcionais, o avanço mandibular posiciona
spective longitudinal magnetic resonance imaging and cepha-
a língua anteriormente, com aumento na via aérea confirmado por lometric radiographic investigation, Am J Orthod Dentofacial
registros cefalométricos. Esta é uma mudança fisiológica funda­ Orthop 115:607-618, 1999.
mental cujos efeitos benéficos podem ser sentidos após dois ou três 5. Chintakanon K, Turker KS, Sampson W. et al: Effects of twin-
meses do início do tratamento. Nas mãos de um ortodontista block therapy on protrusive muscle functions, Am J Orthod
experiente, os aparelhos funcionais utilizados em regime de tempo Dentofacial Orthop 118:392-396, 2000.
integral são mais eficientes na correção da maloclusão de Classe II 6. Chintakanon K, Turker KS, Sampson W. et al: A prospective
grave do que as técnicas que utilizam aparelhos fixos convencionais study of twin-block appliance therapy assessed by magnetic
sem propulsão mandibular. Isto é mais evidente quando a época resonance imaging, Am J Orthod Dentofac Orthop 118:494-
do tratamento coincide com o surto de crescimento puberal, mas 504, 2000.
7. Mills CM, McCulloch KJ: Treatment effects of the twin block
também é eficaz nos casos de tratamento precoce.
appliance: a cephalometric study, Am J Orthod Dentofacial
O objetivo do tratamento funcional é instigar uma resposta
Orthop 114:15-24, 1998.
proprioceptiva dos músculos e ligamentos, e como resposta 8. Mills CM, McCulloch KJ: Post treatment changes following
secundária, influenciar o padrão de crescimento ósseo para successful correction of Class II malocclusions with the twin
adequá-lo ao novo ambiente funcional da dentição em desen­ block appliance, Am J Orthod Dentofacial Orthop 118:24-33,
volvimento. Os melhores resultados são obtidos pela combina­ 2000.
ção das técnicas ortodôntica e ortopédica, e o futuro da 9. Singh GD, Clark WJ: Localization of mandibular changes in
especialidade ortodôntica está no avanço das técnicas ortopédi­ patients with Class II Division 1 malocclusion treated with
cas na direção da abordagem holística, que visa à redução nas twin block appliances: fi nite element scaling analysis, Am J
discrepâncias esqueléticas e à restauração da função normal, Orthod Dentofacial Orthop 119:419-425, 2001.
para promover o crescimento e desenvolvimento adequados. 10. Rabie ABM, et al: Functional appliance therapy accelerates
and enhances condylar growth, Am J Orthod Dentofacial
Uma descrição completa da técnica do aparelho Twin Block
Orthop 123:40-48, 2003.
pode ser vista no livro do autor intitulado Twin block functional
11. Rabie ABM, et al: Replicating mesenchymal cells in the
therapy: applications in dentofacial orthopaedics (ed 2, Edin­ condyle and the glenoid fossa during mandibular forward
burgh, 2002, Mosby Ltd.), com informações sobre o manejo posturing, Am J Orthod Dentofacial Orthop 123:4-57,
clínico para o uso eficiente da técnica. 2003.
12. Baccetti T, Franchi L, McNamara JA Jr: Treatment timing for
twin block therapy, Am J Orthod Dentofacial Orthop 118:159-
170, 2000.
Referências 13. O’Reilly M, Yanniello GJ: Mandibular growth changes and
maturation of the cervical vertebrae: a longitudinal cephalo-
1. McNamara JA Jr, Bryan FA. Long-term mandibular adapta­ metric study, Angle Orthod 58:179-184, 1988.
tions to protrusive function: an experimental study in Macaca 14. Hassel B, Farman A: Skeletal maturation evaluation using
mulatta, Am J Orthod Dentofacial Orthop 92:98-108, 1987. cervical vertebrae, Am J Orthod Dentofacial Orthop 107:58-66,
2. Voudouris JC, Woodside DG, Altuna G. et al: Condyle fossa 1995.
modifi cations and muscle interactions during Herbst treat­ 15. Franchi L, Baccetti T, McNamara JA Jr: Mandibular growth
ment. Part 1 New technological methods, Am J Orthod Dento- and cervical vertebrae maturation and body height, Am J
facial Orthop 123:604-613, 2003. Orthod Dentofacial Orthop 118:335-340, 2000.
C ap í t u lo
10
Aparelhos Funcionais
Híbridos para o Manejo
das Maloclusões de
Classe II
Tarisai C. Dandajena

A Outros Aparelhos Ortopédicos Não Fixos


maloclusão de Classe II pode ser tratada de três modos
diferentes: com exodontia; sem exodontia, mas com
movimentação distal dos dentes superiores em Classe I; Embora o dispositivo extrabucal possa ser usado universal­
e por meio de cirurgias ortognáticas, que podem ser combinadas mente, outros aparelhos ortopédicos não fixos podem não ter
com ou sem a extração de dentes. Os fatores que podem influ­ essa vantagem. Certos critérios devem ser satisfeitos para um
enciar as opções de tratamento incluem a gravidade da malo­ paciente ser tratado com aparelhos ortopédicos removíveis.
clusão de Classe II e a idade do paciente. Para o paciente em Esses critérios incluem um plano mandibular baixo para o
crescimento, a não extração com modificação do crescimento plano horizontal de Frankfurt (FMA não superior a 30 graus),
pode ser o tratamento de escolha. A modificação do crescimento incisivos inferiores verticalizados e potencial de crescimento. O
é geralmente feita por aparelhos ortopédicos (mecânicos ou FMA baixo é o aspecto mais preferível, por causa do efeito de
funcionais), tanto fixos quanto removíveis. abertura da mordida dos aparelhos ortopédicos durante a cor­
reção das maloclusões de Classe II. Os aparelhos ortopédicos
são geralmente contraindicados para pacientes com ângulo alto,
APARELHOS ORTOPÉDICOS TRADICIONAIS pois esses aparelhos tendem a abrir a mordida.4 Além disso,
Uma variedade de aparelhos ortopédicos removíveis tem his­ como eles se posicionam contra os incisivos inferiores, esses
toricamente sido utilizada no manejo da maloclusão de Classe aparelhos podem resultar em sua protrusão e, assim, são con­
II em pacientes em crescimento. traindicados em incisivos protruídos e salientes também.

Dispositivo Extrabucal Aparelhos Ortopédicos Fixos


De todos os aparelhos ortopédicos, o dispositivo extrabucal é o Os aparelhos ortopédicos fixos podem ser classificados em três
mais comum. Seu uso data do século XIX.1,2 O dispositivo grupos: rígidos fixos, flexíveis fixos e híbridos fixos.5 O mais
extrabucal restringe o crescimento maxilar e também a movi­ usado e historicamente importante dos aparelhos ortopédicos
mentação mesial dos primeiros molares superiores aos quais as rígidos fixos é o de Herbst.
forças do dispositivo são aplicadas. As forças do extrabucal
podem ser controladas com eficiência, o que o torna um Aparelho de Herbst
aparelho versátil. O sucesso com o dispositivo extrabucal O aparelho de Herbst (Dentauram, Ispringen, Alemanha) foi
depende principalmente da cooperação do paciente. Embora o introduzido primeiro no início do século XX e ganhou popu­
paciente pré-adolescente seja em geral muito colaborativo, os laridade nos anos 1980, após o trabalho de Pancherz. Debates
pacientes adolescentes têm uma menor probabilidade de usar consideráveis procuram abordar como a correção da maloclusão
com eficiência um dispositivo extrabucal, devido à pressão de de Classe II é alcançada durante o uso do aparelho de Herbst.
seus colegas. Além disso, o dispositivo extrabucal deveria ser Os usuários do aparelho têm se posicionado favoravelmente à
usado com cautela, devido ao risco de possível impacção dos modificação do crescimento. As pesquisas demonstraram que o
segundos molares superiores não erupcionados.3 aparelho de Herbst, assim como outros aparelhos ortopédicos,

103
104 Parte II   Manejo Clínico das Discrepâncias Sagital e Vertical

não faz as mandíbulas “crescerem”, mas produz um “efeito de


dispositivo extrabucal” por distalização dos molares superiores
e por restringir o crescimento maxilar. Não há evidências que
dêem respaldo à melhora do crescimento mandibular pelo uso
de Herbst. Os resultados obtidos com o uso do aparelho podem
não ser diferentes dos obtidos com os elásticos de Classe II.
A interpretação desses estudos requer cautela. A ferramenta
básica usada para avaliar as alterações na maioria dos estudos é
o cefalograma em norma lateral, que tem aplicação limitada na
detecção de alterações condilares, sendo mais adequado à inter­
pretação de alterações grosseiras e volumosas. Os exames com
tomografia computadorizada (TC) seriam mais adequados para
tal avaliação, mas seu preço é mais elevado.
O aparelho de Herbst foi inicialmente desenvolvido para o
paciente em crescimento. Entretanto, suas aplicações para corrigir
a maloclusão de Classe II foram ampliadas para pacientes adultos.
Outros aparelhos da mesma categoria que o Herbst incluem o
aparelho de reposicionamento anterior mandibular (MARA) (AOA
Orthodontic Appliances, Sturtevant, Wis.) e o Twin Block fixo.
Dos aparelhos ortopédicos fixos flexíveis, o mais estudado é o
Jasper Jumper (American Orthodontics, Sheboygan, Wis.).

APARELHOS ORTOPÉDICOS HÍBRIDOS


Fig. 10-1 Universal Spring2 (SUS2). A, Uma haste telescópica é
Recentemente, um novo grupo de aparelhos ortopédicos híbri­ adaptada a um tubo guia. B, A mola dentro do tubo guia pode ser
dos surgiu no arsenal ortodôntico. Diferentemente dos apare­ ajustada para fornecer diferentes níveis de força. A pesquisa abordada
lhos ortopédicos fixos rígidos que têm falta de flexibilidade, os neste capítulo foi realizada usando-se a versão original da Sabbagh
híbridos têm as características tanto dos aparelhos rígidos Universal Spring. (Cortesia Dentaurum, Ispringen, Alemanha.)
quanto dos flexíveis. Eles possuem carga por mola, o que permite
maior flexibilidade da mandíbula. Dois desses aparelhos incluem versidade de Oklahoma demonstraram que o aparelho pode ser
o Sabbagh Universal Spring (Dentaurum) e o Forsus Spring usado tanto em adultos quanto em pacientes jovens, para corrigir
(3M Unitek, Monrovia, Califórnia). as discrepâncias de Classe II. O tratamento do paciente adulto
é fundamentado na compreensão de que o manejo da maloclusão de
Classe II usando o protocolo de não extração não depende da
Sabbagh Universal Spring
restrição do crescimento da maxila ou de modificações no
Desenvolvido pelo Dr. Sabbagh na Alemanha, o Sabbagh Uni­ crescimento mandibular. Ao invés disso, ele é principalmente
versal Spring (SUS) é um dispositivo telescópico similar exter­ dentoalveolar.6
namente ao aparelho de Herbst, mas com um modo diferente O SUS pode ser usado em pacientes com FMA alto ou baixo,
de ativação. O SUS consiste em uma haste telescópica adaptada pois o aparelho provoca intrusão dos segmentos vestibulares na
a um tubo guia (Fig. 10-1 A). Dentro do tubo guia existe uma arcada maxilar. Em pacientes cujos segundos molares tenham
mola que pode ser ajustada para fornecer diferentes níveis de erupcionado, recomenda-se que o arco seja estendido para
força, dependendo da gravidade da maloclusão de classe II incluir os segundos molares superiores. O SUS fornece uma
(Fig. 10-1, B). Sua alça em U foi idealizada para encaixar-se nos força intrusiva para os primeiros molares superiores, e o fra­
primeiros molares superiores, enquanto a extremidade inferior casso ao incorporar os segundos molares superiores no arco
é fixada ao arco entre o primeiro pré-molar e o canino, ou pode resultar em uma grave discrepância de segunda ordem
mesmo entre o canino e o incisivo lateral. entre os primeiros e segundos molares, após o primeiro molar
Diferentemente do Forsus, o SUS é uma mola universal ver­ ter se movimentado distalmente e intruído.
dadeira, uma vez que não tem lado esquerdo ou direito. As A Figura 10-2 demonstra um paciente com uma oclusão de
molas externas podem ser adicionadas ao aparelho para aumen­ Classe II bilateral que foi tratado com um SUS. Inicialmente, os
tar sua capacidade de mola. A empresa Dentaurum fornece segundos molares não foram incluídos nos arcos como demons­
molas para tal propósito, mas qualquer mola que se encaixe na trado pela discrepância vertical entre os primeiros e os segundos
haste telescópica pode ser utilizada. molares. Isso poderia ser evitado se os segundos molares tives­
sem sido ou fixados ou bandados e incluídos nos arcos iniciais
Indicações usados para uma movimentação distal da arcada maxilar.
O SUS pode tratar com eficiência uma variedade de maloclusões Como na arcada maxilar, os segundos molares inferiores
de Classe II. Atualmente, informações limitadas estão disponíveis também precisam ser incluídos nos arcos mandibulares, para
na literatura sobre o uso do SUS. Os estudos conduzidos na Uni­ aumentar a ancoragem na arcada. Embora não seja necessário
Capítulo 10   Aparelhos Funcionais Híbridos para o Manejo das Maloclusões de Classe II 105

Fig. 10-2 Extrusão dos segundos molares, quando esses dentes não são incluídos nos arcos.
As fotografias do pré-tratamento facial (A-C) e intra-bucal (D-H) mostram uma maloclusão de
Classe II com curva de Spee profunda e canino direito impactado. I e J, Extrusão do segundo molar.

(Continua)

usar um arco de tamanho total na arcada maxilar, um arco Uma contraindicação dos aparelhos funcionais é a vestibu­
rígido de tamanho total é recomendado na arcada mandibular larização dos incisivos inferiores, que pode ocorrer durante o
para evitar a vestibularização dos incisivos inferiores. O autor uso do aparelho. Após o aparelho ser removido e durante o
também recomenda uma alça ômega mesial ao primeiro molar período de recuperação, os incisivos inferiores retornam a seu
inferior ou aos segundos molares para fazer a amarração distal posicionamento prévio antes da colocação do SUS. O mesmo é
(tie back) de toda a arcada mandibular. Caso isso não seja feito, verdade para o aparelho de Forsus.
o paciente provavelmente irá desenvolver espaçamento entre os A Tabela 10-1 resume as medidas cefalométricas dos pacientes
primeiros pré-molares e os caninos, se a porção mesial do SUS tratados com SUS. O tempo médio necessário para corrigir as
estiver situada entre esses dois dentes. maloclusões de classe II é de 3-4 meses. Dependendo do espaço
106 Parte II   Manejo Clínico das Discrepâncias Sagital e Vertical

Fig. 10-2 (Continuação) Fotografias finais, faciais (K-M) e intrabucais (N-R).

disponível na arcada superior, não mais de seis meses são A Figura 10-3 mostra um paciente com uma maloclusão de
necessários após a correção da condição de Classe II para acertar Classe II que foi tratada com SUS. A arcada superior apresentou-
alguns detalhes e concluir o tratamento. Assim, em média, uma se com apinhamento (caninos impactados). O tratamento inicial
maloclusão de Classe II total é tratada em 15 meses. envolveu o alinhamento da arcada inferior. O SUS foi aplicado
Os incisivos inferiores são vestibularizados enquanto se enquanto o arco inferior foi feito com um fio de aço inoxidável
utiliza esse aparelho, uma observação similar àquela documen­ de 17 × 25. Não foram feitas tentativas de expandir a arcada
tada por Wieslander7 com o Herbst. Não houve alteração sig­ superior para criar espaço para os caninos impactados. Um arco
nificativa no FMA, conforme também foi relatado por Ruf e superior (16 × 22 TMA) estendeu-se do segundo molar de um
Pancherz8 com seu aparelho. Eles também relataram uma lado ao outro, excluindo os caninos. Como os molares superi­
redução contínua no FMA, anos após a remoção do aparelho ores foram movimentados distalmente, o espaço foi criado
de Herbst. primeiro entre os primeiros molares e os segundos pré-molares,
Outra característica importante do SUS é que, naqueles e então entre os pré-molares e caninos. O SUS foi mantido em
pacientes que apresentam-se com apinhamento na arcada supe­ posição até que os pré-molares fossem distalizados.
rior (p. ex., caninos impactados), o clínico não precisa criar Uma vantagem evidente do SUS é a melhora do perfil. A
espaço para os dentes impactados antes da colocação do SUS. Figura 10-4 mostra um paciente que havia recebido um plane­
O espaço para os dentes impactados é criado durante a movi­ jamento para cirurgia, mas foi tratado com eficiência com SUS.
mentação molar distal dos dentes posteriores aos caninos. Além O paciente apresentou inicialmente com uma Classe II total,
disso, o arco completo não é necessário na arcada superior para mordida profunda com sorriso gengival e certo apinhamento
iniciar a distalização dos molares superiores; isto pode ser feito anterior inferior. A arcada superior foi distalizada e também
até mesmo com fios de níquel-titânio (Ni-Ti). Entretanto, os fios intruída com o controle eficiente da dimensão vertical. Seu
de aço inoxidável são recomendados para a arcada inferior. FMA aumentou 1 grau, de 26 para 27 graus. Uma mudança
Capítulo 10   Aparelhos Funcionais Híbridos para o Manejo das Maloclusões de Classe II 107

Tabela  10-1
Estatística para o Grupo de Pacientes Tratados com Sabbagh Universal Spring (SUS)*
T1 (N = 7) T2 (N = 6) T3 (N = 7)
Variável Média DP LCL UCL Média DP LCL UCL Média DP LCL UCL
SNA 81,97 4,87 77,46 86,48 82,53 4,55 77,76 87,31 80,84 4,59 76,6 85,09
SNB 76,97 3,55 73,69 80,25 77,08 2,96 73,97 80,19 76,47 3,16 73,54 79,4
ANB 5 2,83 2,38 7,62 5,45 2,7 2,61 8,29 4,37 2,37 2,18 6,56
FMA 21,56 3,58 18,25 24,87 22,62 3,94 18,48 26,75 22,06 4,42 17,97 26,15
Ângulo facial 89,09 3,66 85,7 92,47 89,12 4,33 84,57 93,66 89,74 4,03 86,01 93,47
PPMP 24,26 2,88 21,6 26,92 25,32 3,19 21,97 28,66 23,86 3,21 20,89 26,83
ConvAng 8,1 6,58 2,01 14,19 8,92 5,97 2,65 15,18 6,33 5,89 0,88 11,78
U1NA (mm) 5,36 3,27 2,33 8,38 3,02 2,88 0 6,04 4,34 2,27 2,24 6,44
L1NB (mm) 5,81 2,3 3,69 7,94 7,27 1,81 5,37 9,17 7,1 1,67 5,56 8,64
L1APog (mm) 0,13 2,78 −2,44 2,7 2,22 2,47 −0,37 4,81 2,2 1,36 0,94 3,46
PogNB (mm) 2,26 1,29 1,06 3,45 2,1 1,37 0,66 3,54 2,74 1,76 1,11 4,37
A0B0 (mm) 3,79 2,41 1,56 6,01 1,9 1,18 0,66 3,14 1,19 1,2 0,07 2,3
MePP (mm) 65,86 4,45 61,74 69,98 69,03 4,58 64,23 73,83 70,53 4,34 66,51 74,54
IMPA 90,94 4,97 86,34 95,54 98 5,95 91,75 104,25 94,06 4,59 89,81 98,31
ULE (mm) −2,07 3,3 −5,12 0,98 −3 2,23 −5,34 −0,66 −4,36 2,75 −6,9 −1,81
LLE (mm) −0,56 2,89 −3,23 2,12 −0,02 1,48 −1,57 1,54 −1,46 1,62 −2,96 0,04
DiffZ 1,64 2,75 −0,9 4,19 4,38 0,91 3,43 5,33 2,8 2,28 0,69 4,91
MdLth (mm) 110,71 3,69 107,3 114,13 113,72 5,65 107,79 119,65 115,7 4,46 111,57 119,83
MxLth (mm) 93,9 5,13 89,15 98,65 93,62 4,82 88,56 98,67 95,7 5,23 90,86 100,54
*A menos que seja estabelecido de outro modo, todas as medidas estão em graus.
DP, Desviopadrão; nível de confiança de 95% superior (UCL) e inferior (LCL) da média em T1, T2 e T3.
MdLth, Comprimento mandibular do ponto condílio (Co) até o gnácio; MxLth, comprimento maxilar do ponto Co até o ponto A; DiffZ,
diferença entre os ângulos Z do lábio superior e do lábio inferior; um número positivo indica que o lábio superior estava mais protruído,
quando comparado com o lábio inferior; ULE, lábio superior até a linha-E; LLE, lábio inferior até a linha-E.

notável nesse paciente foi o perfil do tecido mole; o ângulo Z bialveolar.12 O tratamento requereu exodontia dos primeiros
melhorou de 63,5 graus para uma angulação ideal de 72 graus. pré-molares superiores e segundos pré-molares inferiores, com
De acordo com Merrifield,9 o ângulo Z ideal deveria ficar entre retração máxima dos segmentos anteriores da maxila (ancora­
72 e 80 graus. Uma avaliação de pacientes tratados com e sem gem do Grupo A) e protração do segmento anterior inferior
exodontia também demonstrou que o ângulo Z é um impor­ (ancoragem do Grupo C). Para melhorar o perfil, o clínico
tante fator diferenciador entre a exodontia e a não extração, lançou mão de uma maneira eficiente para minimizar a movi­
sendo um bom parâmetro para avaliar o perfil de tecidos mentação dos segmentos de ancoragem.
moles.10 Os dentes em ambas as arcadas foram alinhados usando-se
O SUS também pode ser usado adequadamente no manejo fios de cobre níquel-titânio 0,018 (CNT) e um CNT 16 × 22. Os
de maloclusões de Classe II unilaterais. Tal uso é mais adequado fios de trabalho em ambas as arcadas foram aço inoxidável
quando existem discrepâncias de linha média ou apinhamento. 18 × 25. Braços potentes foram soldados nos arcos metálicos
Embora seja possível usar o aparelho unilateralmente em tais distais aos caninos em ambas as arcadas. Os dispositivos SUS
casos, o autor recomenda a colocação de um aparelho passivo foram então posicionados em ambos os lados da arcada, e uma
no lado contralateral. retração em massa da arcada superior foi iniciada usando molas
retratoras (GAC International, Bohemia, N.Y). A protração dos
Controle da ancoragem em casos de exodontia molares inferiores foi feita do mesmo modo. A Figura 10-5, I a
A ortodontia encontrou o “santo graal” do fechamento dos K, demonstra o instrumental para uma retração em massa
espaços pós-exodontia nos dispositivos de ancoragem temporária usando-se o SUS.
(DATs).11 O SUS pode ser usado com eficiência em casos que O paciente foi agendado para voltar a cada seis semanas. Em
requerem a ancoragem de Grupo A na arcada superior e ancora­ uma ocasião, o paciente saiu de férias por três meses e retornou
gem do Grupo C na arcada inferior. com todos os espaços fechados, mas uma relação de Classe III.
A Figura 10-5, de A a H, ilustra um paciente que se apresen­ A Figura 10-5, L, mostra a radiografia cefalométrica daquele
tou com maloclusão de Classe II e também com protrusão paciente na referida sessão; M e N demonstram a evolução dos
108 Parte II   Manejo Clínico das Discrepâncias Sagital e Vertical

Fig. 10-3 Maloclusão Classe II com apinhamento dos dentes superiores. Fotografias pré-trata­
mento, faciais (A-C) e intrabucais (D-H). O espaço para o canino impactado foi criado por distaliza­
ção dos primeiros molares superiores.

cefalogramas finais. O SUS e as molas de retração foram removi­ idealizada apenas ou para lado direito ou esquerdo. O clínico
dos, e deixou-se que ocorresse uma certa recidiva. A Figura 10-5, deve selecionar o comprimento correto da haste de pressão que
de O a V, mostra as imagens finais desse paciente, com uma pode ser usada para o paciente. Sua ativação é feita por meio de
relação de Classe I aceitavelmente boa. cunhas posicionadas sobre a haste de pressão.
Quando o SUS é usado para o controle da ancoragem, os Pesquisas mínimas estão disponíveis sobre o Forsus, mas ele
pacientes precisam ser monitorados cuidadosamente, pois apresenta as mesmas vantagens do SUS. As pesquisas conduzidas
podem desenvolver oclusão de Classe III de uma relação de na Universidade de Oklahoma13 compararam o Forsus a um
Classe II. O mesmo é verdadeiro quando o SUS é usado para a grupo não tratado de indivíduos durante o período de seis
correção da maloclusão de Classe II para Classe I durante o meses. A pesquisa também comparou duas modalidades de
tratamento sem exodontia. tratamento com o Forsus. Um grupo de pacientes foi tratado
com retração em massa da arcada superior enquanto usando
uma placa labial na arcada inferior para ancorar os molares
Dispositivo Fadiga-Resistente Forsus
inferiores e também evitar a vestibularização dos incisivos infe­
O dispositivo fadiga-resistente Forsus (Forsus Spring) foi ideali­ riores. No segundo grupo, os molares superiores foram primeiro
zado de modo similar ao SUS (Fig. 10-5). Diferentemente do distalizados, com sobrecorreção para Classe I, e nesse ponto o
SUS, entretanto, o Forsus consiste em uma haste de pressão Forsus foi removido.
Capítulo 10   Aparelhos Funcionais Híbridos para o Manejo das Maloclusões de Classe II 109

Fig. 10-3 (Continuação) Fotografias finais, faciais (I-K) e intrabucais (L-P).

Os resultados não demonstraram diferenças significativas no repouso dos dentes mesiais aos primeiros molares. Caso os
posicionamento dos incisivos inferiores ou na inclinação dos segundos molares superiores estejam erupcionados, o autor
molares inferiores entre os grupos tratados usando placa labial recomenda que sejam bandados ou fixados e incluídos nos arcos
com ancoragem e o grupo sem essa placa. A correção para a iniciais. Como discutido previamente, os segundos molares
Classe I foi mais rápida no grupo para o qual a meta inicial era superiores irão sofrer extrusão, se não forem incluídos nos
distalizar somente os molares superiores. Os incisivos superi­ arcos. A extrusão dos segundos molares irá tornar mais demo­
ores também estavam menos inclinados após a primeira fase do rado o tratamento, quando um arco de tamanho menor for
tratamento no grupo com os primeiros molares distalizados usado novamente para alinhar os segundos molares.
primeiro. Quando ocorre apinhamento na arcada superior e o trata­
mento de não extração é planejado, o autor recomenda movi­
mentação distal dos molares, para criar espaço para os dentes
CONCLUSÃO que estão impactados. O uso de elementos auxiliares tais como
O autor observou uma maior tendência para a recidiva nos a placa labial para melhorar a ancoragem na arcada inferior
pacientes tratados com correção em massa para a oclusão de pode não ser necessária. É recomendado que se aplique um
Classe I. Tal resposta não foi observada em pacientes que tinham torque lingual de coroa para os dentes anteriores inferiores,
os molares superiores distalizados primeiro, seguido pelo mesmo em bráquetes indicados por prescrição.
110 Parte II   Manejo Clínico das Discrepâncias Sagital e Vertical

Fig. 10-4 Maloclusão Classe II Divisão 1 total, com mordida profunda e apinhamento dos dentes
superiores, tratada com o SUS. Fotografias pré-tratamento, faciais (A-C) e intrabucais (D-H).
Capítulo 10   Aparelhos Funcionais Híbridos para o Manejo das Maloclusões de Classe II 111

Fig. 10-4 (Continuação) Fotografias finais, faciais (I-K) e intrabucais (L-P).


112 Parte II   Manejo Clínico das Discrepâncias Sagital e Vertical

Fig. 10-5 Maloclusão Classe II, Divisão 1 que necessitou de ancoragem Grupo A e Grupo C na
arcada mandibular. Fotografias pré-tratamento, faciais (A-C) e intrabucais (D-H). I a K, Setup para
retração em massa usando SUS para ancoragem máxima.
Capítulo 10   Aparelhos Funcionais Híbridos para o Manejo das Maloclusões de Classe II 113

Fig. 10-5 (Continuação) L a N, Cefalogramas do paciente. O SUS foi usado para fazer a retração
em massa do segmento anterior superior bem como para protrair o segmento posterior inferior.
Cefalogramas pré-tratamento (L) e de acompanhamento da evolução (M). O paciente atualmente
apresenta-se com oclusão de Classe III. As molas foram removidas e a oclusão foi mantida. N, Cefa­
lograma mostrando a fase final do tratamento. Fotografias finais, faciais (O-Q) e intrabucais (R-V).
O paciente concluiu o tratamento satisfatoriamente em oclusão Classe I.

Referências 4. Barton S, Cook PA: Predicting functional appliance treatment


in Class II malocclusions— a review, A m J Orthod Dentofacial
1. Kingsley NW: Treatise on oral deformities New York, 1880, Orthop 112:282-286, 1997.
Appleton. 5. Ritto AK: Fixed functional appliances: trends for the next
2. Angle EH: Treatment of malocclusion of the teeth Philadelphia, century, Functional Orthodontist 16:122-135, 1999.
1907, SS White Dental Manufacturing. 6. Almeida M, Henriques FFC, Almeida RR, et al: Short-term
3. Nanda RS, Dandajena TC, Nanda R: Biomechanical strategies treatment effects produced by the Herbst appliance in the
for nonextraction Class II malocclusions. In Nanda R, editor: mixed dentition, Angle Orthod 75:476-483, 2005.
Biomechanics and esthetic strategies in clinical orthodontics, 7. Wieslander L: Long-term effect of treatment with the
Philadelphia, 2005, Saunders, pp. 156-176. headgear-Herbst appliance in the early mixed dentition:
114 Parte II   Manejo Clínico das Discrepâncias Sagital e Vertical

stability or relapse? A m J Orthod Dentofacial Orthop 104:319- 11. Graber TM: Have we fi nally found the Holy Grail of Ortho­
329, 1993. dontics? W orld J Orthod 3:107, 2002.
8. Ruf S, Pancherz H: The effect of Herbst appliance treatment 12. Dandajena TC: Nanda RS: Bialveolar protrusion in a Zimba­
on the mandibular plane angle: a cephalometric roentgeno­ bwean sample, A m J Orthod Dentofacial Orthop 123:133-137,
graphic study, A m J Orthod Dentofacial Orthop 110:225-229, 2003.
1996. 13. Bedard A Assessment of Class II correction with Forsus spring,
9. Merrifi eld LL: The profi le line as an aid in critically evaluat­ thesis, Oklahoma City, Health Sciences Center, 2006, Univer­
ing facial esthetics, Am J Orthod 52:804-822, 1966. sity of Oklahoma.
10. Erdinc AE, Nanda RS, Dandajena TC: Profi le changes of
patients treated with and without premolar extractions, Am J
Orthod Dentofacial Orthop 132:324-331, 2007.
C ap í t u lo
11
Terapia Combinada para
Classe II: Distalização
de Molar e Aparelhos
Ortopédicos Fixos
S. Jay Bowman

com a melhora da eficácia e da eficiência do seu tratamento; no


Cooperação Do Paciente Na Ortodontia
entanto, a qualidade do tratamento, a estabilidade e o conforto
Algum grau de cooperação é necessário para o sucesso de do paciente não podem ser comprometidos nessa busca.
qualquer curso do tratamento ortodôntico. Infelizmente, a
cooperação do paciente tem diminuído em todos os aspectos da
Encerramento no Prazo
assistência médica,1 e a ortodontia não é exceção.2
Maloclusões apresentando discrepâncias esqueléticas (Classe Tratar mecânicas menos dependentes do comprometimento
II e III) são as mais afetadas por lapsos de cooperação, pois se pode reduzir “casos além do estimado”. Os benefícios de me­
requer, tradicionalmente, que pacientes se comprometam a usar lhorar as porcentagens do “encerramento no prazo” na prática
aparelhos móveis, elásticos intermaxilares e tração extrabucal na clínica incluem limitação da sobrecarga prática e aumento da
tentativa de se atingir dentição e relação esquelética Classe I. A boa vontade dos pais e juízes. Reduzir o tempo do tratamento
educação do paciente e técnicas motivacionais são as mais tem­ prolongado também limita o “tempo de exposição” para efeitos
porariamente bem-sucedidas no comprometimento com essas iatrogênicos, potencialmente diminuindo taxas de reabsorção
tradicionais biomecânicas ortodônticas. O ortodontista agora, pela raiz, cicatrizes de descalcificação do esmalte, preocupações
aparentemente, necessita de carisma e habilidades interpessoais periodônticas, e a incidência de sintomas de distúrbios tem­
além da correção dentária.3 poromandibulares (DTM). Ortondontistas podem, então, focar
Behrents4 sugere que o comprometimento seja “o fator mais a atenção em outros comprometimentos do paciente, tais como
importante na determinação do sucesso”. Repetindo, infeliz­ higiene oral, reduzindo a formação de cicatriz, ruptura do
mente, o comprometimento do paciente tem diminuído.1,2 aparelho e consultas perdidas.
Identificar pacientes que serão cooperativos e depois medir seu Além disso, a terapia sem necessidade de cooperação não é
nível de comprometimento requer tanto sorte quanto acertar somente para pacientes não comprometidos, muitos pacientes
na loteria.5-7 É também desconcertante que a reação dose-efeito podem se beneficiar da melhora da eficiência de técnicas tradi­
entre o uso do aparelho e resultado seja mal-correlacionada na cionais.17 Selecionar métodos para conclusão consistente e no
ortodontia.8 Como resultado, “terapias de pacientes não com­ tempo do caso é o objetivo lógico para todos os pacientes, espe­
prometidos” se tornaram um tópico popular na educação cialmente quando a identificação de um paciente não compro­
ortodôntica continuada, na literatura e no mercado. metido parece ser imprevisível antes do envolvimento do
paciente no tratamento atual.
Desenvolvendo A Filosofia
Do Tratamento Tratamento de Uma Fase Versus de Duas Fases
Este capítulo revê um método de tratamento para maloclusões Maloclusões de Classe II têm sido descritas como “um dos pro­
Classe II que requer somente uma única fase de mecânica e reduz blemas mais frequentes tratados na prática ortodôntica”, com
a confiança na cooperação do paciente para conclusão consis­ uma frequência de 37% em pacientes pré-adolescentes. O
tente e previsível do caso.9-15 Ortodontistas têm se preocupado desenvolvimento de Classe II parece ser promovido e mantido

115
116 Parte II   Manejo Clínico das Discrepâncias Sagital e Vertical

pelo crescimento da face e pela erupção dental. Uma mandíbula ortopédicos que são basicamente os mesmos que aqueles alcan­
deficiente tem sido descrita como a razão mais comum, com çados pelos aparelhos ortopédicos.20
menos de 30% de pacientes Classe II num grupo de crianças de Alguns podem se surpreender que resultados ortodônticos
8 a 10 anos de idade mostrando protrusão da maxila.18 Apesar dramáticos e bem-sucedidos tenham sido produzidos antes da
de uma amostra de pacientes mais velhos poder apresentar preponderância em curso do tratamento em duas fases que
poucas retrusões mandibulares, devido aos efeitos de continuar muitas vezes apresenta “expansão bimaxilar” de rotina com
o crescimento facial, as reais porcentagens podem ser conside­ parafusos articulados e aparelhos de “crescimento da ������mandí­
radas acadêmicas, a menos que você trate mais tarde. bula”. Estas mecânicas “modernas” podem ser mais uma função
Pareceria razoável, então, esperar que seriam preferidos de desejo do que de necessidade.
tratamentos desenhados para promover o crescimento man­ Para pelo menos 75% dos casos Classe II, o tratamento em
dibular (p. ex., aparelhos ortopédicos) em vez de restringir o duas fases funcional/edgewise rende resultados indistinguíveis,
desenvolvimento maxilar (p. ex., extrabucal). Consequente­ em termos de fatores faciais, esqueléticos e oclusivos, de terapias
mente, a ortopedia dos maxilares (OFM) se desenvolveu como edgewise mais curtas e eficientemente aplicadas de uma fase.20
o “crescimento da indústria dos anos 1980”, com prevalência do Assim, a maioria dos tratamentos em dois estágios não demons­
tratamento de duas fases, aumentando para aproximadamente tra benefícios superiores comparado a tratamentos tradicion­
25% de todos os pacientes,19 ou um terço de todas as crianças ais, especialmente para pacientes com menos de 7 a 10 mm de
iniciando um tratamento ortodôntico no seu auge de populari­ trespasse horizontal.8,25 Isso sugere que a seleção do tratamento
dade. A forte crença na OFM estimulou a ressurreição e a funcional em duas fases pode muito bem ser uma decisão da
criação de muitos aparelhos ortodônticos, muitos dos quais gestão prática, em vez de uma baseada na biologia.20,26-29
eram removíveis e requeriam excelente comprometimento do
paciente.
Escolhendo uma Modalidade de Tratamento
Infelizmente, o tratamento em duas fases, desenhado para
da Classe II
estimular o crescimento mandibular extra (i.e., aparelhos orto­
pédicos ou dispositivos de desenvolvimento do arco de “expan­ De fato, se os resultados finais de vários métodos de correção
são bimaxilar”), tem pouco suporte na literatura.8,20-22 As da Classe II utilizados no milênio passado da ortodontia foram
preocupações com a maioria dos sistemas de duas fases incluem “criados iguais”, seria mais sensato considerar os potenciais
o tratamento prolongado com longos períodos de transição efeitos da cooperação limitada do paciente quando selecionar
(geralmente exigindo aparelhos adicionais ou uma “contenção um aparelho apropriado. Pacientes têm um “comprometimento”
ortopédica” para prevenir recidiva imediata), estabilidade limitado, que pode não ser expresso durante a pré-adolescência
reduzida, aumento dos efeitos iatrogênicos e aumento do fardo (talvez comprometendo estratégias de fase dual prolongadas e
financeiro. Assim, uma análise custo/benefício é justificada: os suas duas fases de contenção prolongadas inerentemente).29
benefícios de uma intervenção precoce justificam o custo de um Como a seleção de um paciente cooperativo não poder ser
tratamento em duas fases?20-22 garantida, é importante perguntar se o método do tratamento
Gianelly21 argumentou que “pelo menos 90% de todos os escolhido é simples, confortável e fácil de se comprometer (i.e.,
pacientes em crescimento podem ser tratados de maneira bem- o princípio torne isso simples, estúpido – do inglês, “Keep-It-
sucedida em apenas uma fase ao iniciar o tratamento na fase de Simple-Stupid” [KISS]). Pode ser benéfico incluir os pacientes
desenvolvimento da dentição mista tardia; identificada pela esfo­ nos processos de decisão e deixá-los escolher o próprio aparelho.
liação de todos os dentes decíduos exceto pelos segundos molares “Se a correção por vários mecanismos for quase a mesma, o que
temporários”. Em 1947, Hays Nance23 compartilhou uma filoso­ você escolheria ‘usar’ (Fränkel, Bionator, Bio-boc, Twin Block,
fia similar: “Tratamento ativo no período de dentição mista é Herbst, expansores com parafusos articulados, extrabucais), e
desejável somente em casos Classe III, mordidas cruzadas e casos você preferiria uma ou duas fases de tratamento?”
Classe II onde a aparência facial é altamente afetada.” A menos Alguns podem opinar que “você não pode desenvolver uma
que suspendamos a descrença, há pouco, se algum, benefício filosofia prática baseada na literatura científica”.30 No ambiente
específico a longo prazo para muitos dos que passam por um atual, porém, com abordagens baseadas em evidências, o autor
tratamento precoce hoje.22 Portanto, os planos de tratamento argumentaria ser necessário consultar a literatura ao selecionar
com uma única fase de tratamento podem ser preferíveis para a modalidades de tratamento desenhadas para serem mais efeti­
maioria dos pacientes apresentados a uma prática ortodôntica. vas, eficientes, previsíveis e confortáveis para nossos pacientes.

Correção Da Classe Ii Distalização Molar Contemporânea


Contribuições de ambos os fatores ortopédicos e ortodônticos Um tipo de correção Classe II envolve a colocação de molares
são comuns à resolução das maloclusões Classe II.24 Alguns superiores Classe II “posicionados mesialmente” e girados em
efeitos dos tratamentos envolvem o movimento da dentição, e posição de Classe I. Dispositivos para “distalizar” molares supe­
outros envolvem mudanças no osso (ajustes suturais e cresci­ riores foram desenvolvidos e incluem alça bulbosa comprimida,
mento). Para a consternação dos entusiastas da OFM, o trata­ cursores, molas, ímãs, arcos transpalatais e extrabucais. Um
mento tradicional edgewise (geralmente envolvendo tração método foi até patenteado para “desenvolver” uma “sutura pré-
extrabucal e elásticos intermaxilares) tem demonstrado efeitos maxilar” não existente.31
Capítulo 11   Terapia Combinada para Classe II 117

Apesar de o termo distalização ser um neologismo, tem se protrusão bimaxilar, ângulo mandibular obtuso e mordida
tornado um descritor comum para a biomecânica envolvida na aberta.10
movimentação dos primeiros e segundos molares superiores dis­
talmente e na relação molar Classe I.32 Técnicas de distalização
Análise Comparativa de Distalizadores de Molares
molar mais recentes têm incluído o uso de ímãs repelentes,33 arcos
superelásticos com alças bulbosas34 e dispositivos patenteados tais O design do Distal Jet, as aplicações clínicas e instruções de uso
como o Pendulum35 (incluindo variações como Pendex, T-Rex, foram descritos em detalhes.10,15,37–45 Os efeitos clínicos do dis­
Pendulum K, AOA Orthodontic Appliances, Sturtevant, Wis.)36 positivo também já foram rigorosamente documentados. Os
Jones Jig (American Orthodontics, Sheboygan, Wis.)36 (i.e., Lokar, Quadros 11-1 e 11-2 descrevem as vantagens do Distal Jet e as
Ormco Corp., Orange, Calif.) e Distal Jet (AOA Orthodontic recomendações baseadas em evidências.
Appliances)37 (i.e., Keles Slider, Great Lakes Orthodontics, New
York, N. Y.). Outros são meros meios alternativos para a aplicação Distalização do molar e inclinação
de força elástica intermaxilar Classe II (i.e., Bimetric Maxillary Durante os cinco a sete meses da distalização do molar, o Distal
Distalizing Arch, Ormco Corp. ou Carrière Distalizer, Clínica Car­ Jet demonstrou produzir uma média de 3,2 mm de movimen­
rière, Barcelona, Espanha) e, como tais, requerem cooperação abso­ tação distal da coroa do primeiro molar superior.15 A corres­
luta do paciente e podem estressar a ancoragem da mandíbula. pondente inclinação distal da coroa do molar parece variar
A maioria desses aparelhos de “força contínua” não é depen­ entre 3 a 7 graus. A magnitude da inclinação, no entanto, é
dente de cooperação, pode incorporar um suporte Nance modi­ geralmente menor do que outros dispositivos populares de
ficado ou uma conexão transpalatal para algum suporte da distalização (p. ex., Pendulum: 8 a 16 graus; Jones Jig: 7-8;
ancoragem, e pode fornecer a distalização molar de 1 a 2 mm GMD: 7; Técnica Modular de Wilson: 8; extrabucal cervical/
por mês, convertendo, assim, a maloclusão Classe II em um aparelho sagital: 13; ímãs repelentes: 7 graus).15,43 A razão é que
problema de espaçamento mais facilmente resolvível de Classe as forças do Distal Jet são aplicadas mais apicalmente, através
I em cinco a nove meses.17 Como parece não haver nenhuma de um arco de baioneta duplo, mais próximo ao centro de
vantagem substancial para iniciar métodos de distalização molar resistência dos molares (Fig. 11-1).
antes da dentição mista tardia, estas técnicas se opõem a um
esquema em duas fases.10,17,21,32
Contraindicações típicas à distalização têm sido pacientes
com um ou mais dos seguintes itens: apinhamento significativo,
QUADRO 11-2   Recomendações baseadas em
evidências para o Distal Jet
QUADRO 11-1  Vantagens do Distal Jet
1. Média de idade de iniciação: 12 a 13 anos.
• Estética 2. Erupção do segundo molar: leve vantagem.15,58
• Inserção e ativação simples 3. Uso de molas de hélice aberta de níquel-titânio 240 g.58
• Conversão intrabucal em um arco de Nance 4. Construir o aparelho dos primeiros pré-molares, e permitir
modificado15,37,38,45 que os segundos pré-molares flutuem distalmente devido
• Um aparelho que serve a dois propósitos: distalizador e ao efeito das fibras periodontais transeptais.42
arco de suporte38 5. Dobra de fio duplo posterior, inserida no tubo lingual para
• Menor inclinação molar42 rodar os molares distalmente em volta da raiz palatal.38
• Inclinação distal pré-molar favorável42 6. Checagem do paralelismo da construção ao plano oclusal
• Efeitos verticais mínimos42 e dentição bucal para produzir ou reduzir a expansão e
• Não requer plano de mordida, nem parafuso articulado abertura da mordida.42
• Não requer cooperação 7. Nivela e alinha apenas a dentição mandibular com
• Autolimitante bráquetes durante a distalização molar maxilar.43,44,47

Fig. 11-1 A, Distal Jet tende a produzir


menor inclinação distal dos molares superi­
ores já que as forças são aplicadas mais apical­
mente, através de uma dupla, mais próxima do
centro de resistência. B, Deslizar os braços
do Pendulum produz constrição da distância
intermolar (a menos que acompanhado de
expansão maxilar) e maior inclinação distal
dos molares.
118 Parte II   Manejo Clínico das Discrepâncias Sagital e Vertical

Perda de ancoragem Criação de espaço


À medida que os molares são empurrados para trás, os espaços O espaço total criado durante o processo de distalização molar
tendem a abrir entre os molares e os pré-molares. Alguns dos com o Distal Jet varia amplamente entre 4,6 e 13,4 mm em cada
espaços resultam da movimentação distal dos molares, mas lado da arcada dentária.42 Em média, o espaço foi um pouco
alguns são resultado da perda de ancoragem mesial causada inferior ao espaço produzido pelo Pendulum (10-15 mm),48-55
pelas forças recíprocas aplicadas aos pré-molares (dentes incluí­ apesar de esse dispositivo render substancialmente mais incli­
dos na construção da armação do aparelho de Distal Jet). A nação molar.
perda de ancoragem com esse aparelho varia tipicamente entre Apesar de os pré-molares superiores terem sido movidos
15% a 55% (medido nos pré-molares).40,41 Na verdade, mais mesialmente com todos os distalizadores, eles curiosamente
perda de ancoragem foi notada quando o Distal Jet foi combi­ inclinam distalmente com Distal Jet,15 um achado que foi dife­
nado com mecânicas maxilares de bráquetes pré-ajustados46,47 rente dos outros aparelhos populares. Inicialmente, esse efeito
(Fig. 11-2). pareceu fazer pouco sentido até que a biomecânica do aparelho
Especificamente, uma média de aumento de 10 graus na foi examinada. Devido ao fato de as forças serem aplicadas
angulação dos incisivos foi notada quando mecânicas de nive­ próximas ao centro de resistência (através de um par) dos
lamento, usando bráquetes superiores (aparelhos pré-ajusta­ molares e pré-molares (i.e., mais apicalmente), houve mais
dos), foram executadas concomitantemente com a distalização probabilidade de movimentação corporal mesial dos pré-
molar.46,47 Apesar de a angulação normal dos incisivos ter sido molares. As forças foram aplicadas ao botão de acrílico Nance
conseguida pela conclusão do tratamento40 (Fig. 11-2, H-M), na região pré-maxilar do palato de tal forma que houve uma
parece não haver vantagem na colocação dos bráquetes maxi­ tendência a migrar oclusalmente, o que as levou a girarem leve­
lares antes de completar o movimento distal do molar.44,46,47 mente para baixo do palato (Fig. 11-3). Isso, por sua vez,

Fig. 11-2 A a C, Tratamento iniciado para paciente com 13 anos de idade com caninos superiores
deslocados labialmente. O arco lingual fixo preserva o comprimento da arcada mandibular, impe­
dindo a expansão mandibular ou estratégias de extração. D e E, Distal Jet original foi usado durante
nivelamento e alinhamento concomitante com aparelho Roth pré-ajustado, resultando em projeção
dos incisivos e aumento do trespasse horizontal. Apesar de a angulação ideal do incisivo ter sido
alcançada pela conclusão do tratamento, não parece haver vantagem de ancoragem em colocar brá­
quetes nos dentes maxilares até a conclusão da distalização. F e G, Após distalizar os molares supe­
riores em uma “super” Classe I sobrecorrigida em sete meses, Jasper Jumpers foram adicionados para
ajudar a preservar as novas posições dos molares durante seis meses de retração dos dentes maxilares
remanescentes.
Capítulo 11   Terapia Combinada para Classe II 119

­ roduziu um suave, mas favorável, desvio distal dos pré-mo­


p nhado pode produzir efeitos adversos. Em contraste, o Distal Jet
lares, contrastando fortemente com um ocasional alargamento não produz aumento significativo na dimensão vertical (sem
mesial drástico dos pré-molares, encontrado em outros disposi­ extrusão molar, sem mudança nos ângulos dos planos man­
tivos (p. ex., GMD, Jones Jig, Pendulum).15,43,51,53-56 Inclinação dibular e oclusal, sem mudança indesejável na altura facial ante­
distal excessiva dos molares e inclinação mesial dos pré-molares, rior inferior), até para pacientes que inicialmente apresentaram
geralmente vistas com alternativas ao Distal Jet, são clinica­ ângulos do plano mandibular mais obtusos.42
mente importantes pelas seguintes razões:
• Mais inclinação molar produz mudanças verticais (p. ex., Época do tratamento
aumentos no plano mandibular e na altura da face anterior A maioria das recomendações para a época de distalização tem
inferior). sido para tratar “mais cedo”, antes da erupção dos segundos
• Mais “espaço” parece ser criado (da inclinação dos molares molares.51,5,57 Na dentição mista, se produz menos perda de
e pré-molares), mas, na verdade, a mesma quantidade de ancoragem pois há apenas os dois molares permanentes para
espaço utilizável (ou distalização) é produzida. empurrar distalmente.
• Verticalização ou paralelização subsequente das raízes do A resposta oposta foi encontrada para o Distal Jet; isto é, que
molar e pré-molar inclinados promovem perda da ancora­ a espera para o tratamento de até pelo menos erupção parcial
gem e é redundante (i.e., uma “ida e volta”). dos segundos molares tenha acontecido é uma leve vantagem.15,58
Quando os efeitos da inclinação adversa do molar e pré- Não pareceu ocorrer nenhuma perda maior de ancoragem, e
molar são contabilizados no cálculo do espaço criado durante houve menos inclinação adversa do primeiro molar, pois o
a distalização molar, o Distal Jet e o Pendulum parecem ser centro de resistência do molar foi movido oclusalmente quando
equivalentes na quantidade de distalização “utilizável”.42 Infeliz­ foi “reforçado” contra a erupção do segundo molar (Fig. 11-4).
mente, a verticalização tardia dos molares e pré-molares deve Graber59 relatou o mesmo efeito quando usando o extrabucal
ser acompanhada do Pendulum, e houve também mais poten­ cervical para distalização.
cial para efeitos verticais adversos causados pela inclinação Se a contribuição de grandes quantidades de inclinação
molar.42 Infelizmente, a ação do Pendulum também não é molar (quando os segundos molares não estão em erupção) for
autolimitante, diferente do aparelho Distal Jet, e desacompa­ incluída nos cálculos de eficiência nos estudos examinando

Fig. 11-2, Continuação H a M, Fotografias faciais (H-J) e intrabucais (K-M) finais. Tempo total
do tratamento foi de 25 meses.
120 Parte II   Manejo Clínico das Discrepâncias Sagital e Vertical

Fig. 11-4 A, Quando os segundos molares não foram irrompi­


dos (tratamento precoce com Distal Jet), há uma tendência de
maior inclinação molar. O primeiro molar “viaja” sobre o segundo
molar não irrompido à medida que o centro de resistência é movido
apicalmente. Apesar de aparentar produzir mais espaço (impli­
Fig. 11-3 A e B, Em contraste a outros distalizadores molares, cando distalização mais efetiva), se requer verticalização subse­
Distal Jet tende a produzir inclinação distal dos primeiros pré- quente dos molares. B, Há movimentação similar distal molar e
molares superiores devido a forças empurrando o botão de acrílico perda de ancoragem quando os segundos molares são parcial ou
para cima do declive da pré-maxila; girando os pré-molares totalmente irrompidos. O primeiro molar é “prensado” contra o
distalmente. segundo molar, movendo o centro de resistência mais inferior­
mente, produzindo, assim, menos inclinação molar.
outros dispositivos de distalização, conclusões similares (p. ex.,
iniciando o tratamento mais tarde) podem ter sido atribuídas a concomitante. Também, a maioria das prescrições de aparelhos
esses dispositivos também.55 pré-ajustados tem algum grau de correção de rotação molar
construído neles da mesma maneira.
Rotação e expansão molares Algum grau de expansão maxilar reportada é requerida para
Lemons e Holmes60 reportaram que a maioria dos pacientes correção de maloclusões Classe II.17,35 Infelizmente, isso implica
com maloclusões Classe II exibem primeiros molares superiores que algum tipo de expansão palatal ativa é necessária no trata­
rotacionados mesialmente ao redor da raiz palatal. Em outras mento de Classe II, quando na ausência de mordida cruzada
palavras, a raiz palatal pode estar normal, em posição Classe I posterior, separar a sutura palatina mediana não é um pré-requi­
apesar da aparência clínica de Classe II quando o segundo molar sito.27 Apesar de o Pendulum requerer um parafuso articulado
é visto da superfície vestibular. A implicação é que, em alguns para neutralizar a constrição adversa que produz nos molares, o
casos, simplesmente produzindo uma rotação distal do molar Distal Jet rende uma média de 3 a 4 mm de expansão (através dos
irá produzir uma relação molar Classe I para muitos molares sem um parafuso articulado) simplesmente por causa da
pacientes. natureza divergente de sua construção15,41-43 (Fig. 11-6).
Os aparelhos de distalização molar que produzem força na
superfície palatina dos molares superiores (Distal Jet, Pendu­
Aparelhos Ortopédicos Fixos
lum, GMD)43 podem produzir rotação mesial adicional inapro­
priada. Uma solução preventiva simples foi descrita para o Mudanças ortopédicas, na maioria das vezes atribuídas somente
Distal Jet.15,38 Antes de instalar o aparelho, um alicate de utili­ a aparelhos ortopédicos, são um fator inegavelmente importante
dade é usado para torcer o fio dobrado (inserido na bainha da correção de Classe II para o paciente em crescimento. Pro­
lingual na banda do primeiro molar superior) para produzir tração ou avanço mandibular é a característica comum a todos
uma contrarrotação molar distal (Fig. 11-5), similar à dobra os aparelhos ortopédicos. Johnston62 descreveu esse avanço da
descrita por McNamara e Brudon61 para ajustar os arcos trans­ mandíbula como “tirando uma parcela do empréstimo” contra
palatais. Desta forma, o Distal Jet pode produzir alguma cor­ o crescimento futuro. Segurar a mandíbula para frente é a
reção da rotação molar antes ou durante a distalização molar suposição deste empréstimo, enquanto o crescimento condilar
Capítulo 11   Terapia Combinada para Classe II 121

Fig. 11-5 Antes de instalar o Distal Jet, a porção dupla terminal do seu fio baioneta (A) (inserida
no tubo lingual da banda do primeiro molar) pode ser dobrado com um alicate de utilidade (B) (dobra
para dentro – toe-in) para neutralizar a rotação mesial do molar maxilar durante a distalização (C).

e remodelação eventual “paga” esse empréstimo ao longo do Lamentavelmente, todos os dispositivos fixos ortopédicos
tempo. Aparelhos ortopédicos fixos, tais como o Herbst (Den­ também tendem a produzir projeção vestibular dos incisivos
taurum, Ispringen, Alemanha)63 ou Jasper Jumpers (American inferiores.77,78 Isso pode resultar num efeito prejudicial de
Orthodontics, Sheboygan, Wis.),64 são capazes de fornecer pro­ eversão do lábio inferior ou enchimento do perfil, redução no
tração mandibular independentemente do comprometimento avanço mandibular possível e instabilidade inerente. Apesar de
do paciente. ambos Herbst e Jasper Jumpers estarem sujeitos a quebras, o
Variações do Herbst têm surgido, assim como sua populari­ reparo do Jasper Jumpers é um procedimento clínico conciso
dade, como o aparelho ortopédico de escolha por um número que não requer procedimentos laboratoriais e é, portanto, mais
crescente de especialistas. Isto uma vez estimulou a recomenda­ semelhante a “trocar um pneu furado” do que uma “revisão do
ção de que “100% dos ortodontistas devem pensar em usar o sistema de transmissão”, comum aos reparos de Herbst.
Herbst”,65 apesar de preocupações sobre problemas clínicos sig­
nificantes (desconforto, restrição de função, ruptura, reparos
Comparando Distalizadores Molares
laboratoriais).66
Com Aparelhos Ortopédicos Fixos
Efeitos do tratamento do tipo Herbst, incluindo ambos os
benefícios e vantagens, foram minuciosamente relatados (p. ex., Quando os efeitos de empurrar os molares superiores para trás
Herbst,63,67–72 Jasper Jumper28,73–75). Parece que mecânicas orto­ foram comparados com tratamentos que avançam a mandíbula,
pédicas fixas são menos ideais quando usadas anteriormente à os resultados foram surpreendentemente similares.79 Em outras
dentição mista tardia por causa de um significativo potencial de palavras, métodos para efetuar a mudança em um maxilar (dis­
recidiva.63 Até na dentição permanente, o aparelho Herbst infe­ talizando molares superiores) tenderam a produzir os mesmos
lizmente requer igualmente um sistema em duas fases ou, na resultados finais que os métodos destinados a avançar a
melhor das hipóteses, um comprometimento com mecânicas mandíbula (aparelho Herbst). No entanto, alguns podem dizer,
edgewise durante a sua aplicação.17,76 “Você está tratando o maxilar errado”, com dispositivos aplica­
Aparelhos auxiliares, desenhados para simular o Herbst, têm dos à maxila (extrabucais cervicais, distalizadores, elásticos
a versatilidade de ser adicionados a mecânicas edgewise tradi­ intermaxilares de Classe II). Eles podem insistir que algum tipo
cionais (p. ex., Adjustable Bite Corrector [Ortho Plus Inc., Santa de dispositivo de mudança do crescimento ou OFM é necessário
Rosa, Calif.], Twin Force Bite Corrector [Ortho Organizers, para resolver o problema de “mandíbula pequena”.
Carlsbad, Calif.], Eureka Spring [Eureka Spring Inc., San Luis Quando amostras de pacientes tratados com distalização
Obispo, Calif.], MALU [Saga Dental Supply AIS, Kongsvinger, de molar ou aparelhos ortopédicos fixos foram comparadas,
Norway], Forsus [3M Unitek, Monrovia, Calif.], Jasper Jumpers, o crescimento mandibular que contribui para a correção da
Millennium Distal Mover [American Orthodontics GmbH, discrepância da Classe II encontrada foi o mesmo.79 Apesar
Lemgo, Germany]). Consequentemente, pode ser preferível adi­ de o crescimento e a movimentação dental serem importantes
cionar um auxiliar fixo ortopédico para aumentar uma única aspectos da correção, a interrupção da compensação dentoal­
fase de mecanoterapia de aparelhos tradicionais. veolar pode ser a real chave para a resolução da Classe II, ao
122 Parte II   Manejo Clínico das Discrepâncias Sagital e Vertical

Fig. 11-6 Tratamento foi iniciado para uma menina de 11 anos de idade com maloclusão Classe II
com mordida posterior cruzada. Fotografias faciais (A-C) e intrabucais (D-F) do pré-tratamento. G a I,
Distalização molar com Modificação de Bowman foi conseguida em seis meses enquanto os dentes
inferiores também foram nivelados e alinhados. As mordidas cruzadas foram resolvidas devido à expan­
são molar inerente à natureza divergente do design do aparelho. Não foi necessária expansão palatal.
Aparelhos maxilares pré-ajustados (Butterfly System97) foram adicionados após a Modificação de
Bowman ter sido convertida em um arco de suporte de Nance modificado. Jasper Jumpers suportaram
quatro meses de fechamento dos espaços anteriores.

menos para pacientes em crescimento. Portanto, se os molares período pelo dispositivo; é liberada (ou contida com algum tipo
superiores são movidos distalmente, parece que há alguma de “contenção de mordida”); e, então, a intercuspidação sólida
interrupção desse mecanismo compensatório, em que o (acentuada com elásticos intermaxilares) é mantida até que o
crescimento mandibular pode também contribuir para a cor­ crescimento condilar “ocorra”.62 Esse tipo de preocupação levou
reção da diferença esquelética, similar à produzida pela diretamente ao uso combinado de ambos os mecanismos (dis­
manutenção da mandíbula para frente com um dispositivo de talização e funcional) para alguns pacientes.
bite-jumping. Infelizmente, tanto a distalização molar quanto os aparelhos
Watson80 notou corretamente que, para distalização, muito ortopédicos fixos têm efeitos colaterais de perda de ancoragem,
da real “correção da Classe II veio durante a fase final ou terapia movimento mesial recíproco dos superiores anteriores (distali­
com aparelho fixo com extrabucal, aparelhos de reposição man­ zadores) ou projeção mesial dos inferiores anteriores (orto­
dibular e elásticos de Classe II”. Isso também é verdade quando pédicos fixos). O advento recente de dispositivos de ancoragem
aparelhos ortopédicos fixos são utilizados como dispositivo de temporária (DATs) ou mini-implantes podem ajudar a limitar
correção primária; a mandíbula é mantida para frente por um essas preocupações.15,81-86
Capítulo 11   Terapia Combinada para Classe II 123

Fig. 11-6 (Continuação) J a O, Comprometimento limitado (diversas consultas perdidas com


longo período de inatividade) estenderam o tratamento para 34 meses. Note as mudanças faciais
favoráveis (J-L). O defeito mucogengival anterior necessitará enxerto periodontal.

fuso é independente da construção do aparelho, sua retenção


Adicionando Ancoragem pode ser facilmente avaliada, e o parafuso pode ser removido e
De Miniparafusos recolocado sem fabricação de novo aparelho.
A melhora do suporte de ancoragem tanto para a distalização Inserir mini-implantes no espaço inter-radicular entre o
molar quanto para o avanço mandibular pode ajudar na redução primeiro molar e o segundo pré-molar superiores ou entre os
de efeitos iatrogênicos de cada um. A inclusão de DATs – mini­ dois pré-molares, ou na superfície vestibular ou na lingual
parafusos inseridos no osso alveolar e anexados aos sistemas (Fig. 11-7, D) do alvéolo, é outra opção.15,81,82,84 Os DATs são
existentes de força – parece ser uma maneira relativamente então conectados aos acessórios nos primeiros pré-molares para
simples de melhorar a previsibilidade dessas mecânicas.15,81–86 impedir a perda de ancoragem das forças recíprocas do aparelho
Tentativas iniciais de usar miniparafusos com o Distal Jet Distal Jet. Infelizmente, após a conclusão do movimento distal
focaram na colocação dos implantes no palato anterior como do molar, os miniparafusos geralmente precisam ser removidos
parte da construção do dispositivo83 (Fig. 11-7). Infelizmente, o e possivelmente colocados em outra posição (p. ex., entre o
osso adjacente à sutura sagital medial não é ideal (especialmente primeiro e o segundo molar ou apenas mesial ao primeiro
para adolescentes), apesar de não existirem raízes para lidar, as molar distalizado) para evitar interferência do miniparafuso
forças intermitentes, persistentes da língua, consistentemente com as raízes do segundo pré-molar durante a retração dos
“preocupando” o implante, podem contribuir para falhas mais dentes maxilares remanescentes.
frequentes do miniparafuso. E também, quando miniparafusos Outra alternativa é colocar os DATs na crista infrazigomática,
são desenhados para ser integrados à construção de qualquer apical às raízes vestibulares do primeiro molar superior. Apesar
dispositivo, é uma preocupação. Falhas (i.e., perda causada por de o acesso vestibular fornecer uma visualização mais direta
inflamação peri-implantar) podem não ser facilmente discerni­ para a inserção do miniparafuso, o posicionamento preciso para
das quando o implante é parte do aparelho. Se o miniparafuso evitar os ápices das raízes pode ser necessário. Além disso, o
tem de ser removido, geralmente um novo aparelho distalizador miniparafuso irá frequentemente precisar ser inserido na
deve ser fabricado; provavelmente não é desejável colocar outro mucosa bucal em vez de na borda da gengiva inserida. Isso pode,
miniparafuso imediatamente no mesmo sítio enfraquecido. ocasionalmente, exigir uma incisão da mucosa (para evitar
Para ajudar a evitar essas preocupações, o DAT pode ser colo­ tecido retorcido em volta da rosca do parafuso) e a possibilidade
cado posteriormente ao aparelho e preso a ele com um fio de de mais irritação ao tecido, desconforto e supercrescimento da
ligadura de aço inoxidável (Fig. 11-7, C). Nesse arranjo, o para­ mucosa adjacente ao parafuso no vestíbulo bucal. Nesse caso,
124 Parte II   Manejo Clínico das Discrepâncias Sagital e Vertical

Fig. 11-7 A, Distal Jet modificado apoiou-se em dois dispositivos temporários de ancoragem
(DAT) miniparafusos inseridos adjacente à sutura palatina mediana. Adesivos fotopolimerizáveis
podem ser aplicados nas cabeças dos parafusos e no fio para estabilidade. B, Modificação de Bowman
com dois DATs inseridos entre os caninos e os primeiros pré-molares. C, Modificação de Bowman com
DAT inserido adjacentes à sutura palatina mediana. DAT é preso com ligaduras de aço inoxidável ao
aparelho para suporte de ancoragem. D, Sítio alternativo para colocação de DAT no osso alveolar
palatal entre o primeiro e o segundo pré-molares maxilares. (A cortesia do Dr. Gero Kinzinger;
D cortesia do Dr. Stefano Velo.)

exposição cirúrgica poderia ser necessária para remoção poste­ • A raiz do segundo pré-molar tem maior probabilidade de
rior do parafuso. perder o miniparafuso posicionado lingualmente durante
Anka87 sugere que um ponto de inserção mais favorável do seu movimento distal espontâneo (pelos efeitos das fibras
DAT pode ser o lado palatal da borda alveolar, entre o primeiro transeptais) e retração subsequente.
molar e o segundo pré-molar superiores. Se o parafuso é angu­ Em outras palavras, o parafuso pode não precisar ser removi­
lado oclusalmente (30 a 45 graus da perpendicular) para a super­ do após distalização dos molares, os pré-molares podem se mover
fície inclinada do alvéolo (Fig. 11-8), espessura suficiente de osso posteriormente por si só, e os dentes remanescentes então retraem
cortical foi encontrada: de 1,7 ± 0,5 mm a 2,2 ± 0,4 mm para usando suporte dos mesmos parafusos originais.
adultos.88 Num exame anedótico de uma série de pacientes ado­ A gengiva inserida no alvéolo lingual é também mais favorável
lescentes que receberão avaliação tomográfica, Sonis89 também do que a da superfície vestibular, e as peças do Distal Jet ajudam
notou uma quantidade similar de osso cortical (∼1,7 mm) pre­ a proteger ou bloquear os DATs das forças intermitentes da
sente no grupo de pacientes adolescentes, que frequentemente língua, apesar de a preocupação com a higiene oral ainda ser de
mais se beneficiaria desse método de tratamento de Classe II. fundamental importância. Note que essa versão do aparelho
A raiz do segundo pré-molar superior é mais angulada ves­ Distal Jet (Horseshoe Jet) depende totalmente dos DATs para
tibularmente, e o primeiro molar tem apenas uma raiz palatina ancoragem (i.e., não há fios de suporte para o pré-molar ou
(posicionada mais distalmente), resultando no seguinte (Fig. botão de acrílico). Portanto, se um DAT falha, ele deve ser subs­
11-8, B-D): tituído, ou não ocorrerá distalização. Devido ao fato de haver
• Há menos potencial para dano iatrogênico para a inserção mais osso/gengiva inserida favoráveis e menor probabilidade de
do parafuso porque existe espaço substancial entre as raízes tocar uma raiz nesse ponto de inserção, isso pode resultar numa
desses dois dentes. menor incidência de falha do DAT também.
• Um miniparafuso pode ser inserido mais distalmente, próximo Em termos de anestesia, somente uma anestesia tópica pro­
à raiz palatina (mais longe da raiz do segundo pré-molar). funda (p. ex., 20% TAC alternado ou EMLA), e em alguns
Capítulo 11   Terapia Combinada para Classe II 125

pacientes a infiltração com um anestésico dental típico, é


necessária para inserção dos parafusos. Isto está em contraste
com a frequente dor da injeção do forâmen incisivo necessária
para colocação dos DATs palatais anteriores ou o acesso mais
difícil quando coloca-se os parafusos no palato médio ou palato
anterior.
O Horseshoe Jet elimina o botão de Nance de acrílico por
atar os DATs de ancoragem aos ganchos do fio em forma de
ferradura usando fios de ligadura de aço inoxidável (Fig. 11-8, A).
Dessa maneira, a ancoragem sustentada por DAT do Horseshoe
Jet está disponível tanto durante a distalização do molar quanto
durante a retração subsequente dos dentes maxilares remanes­
centes. Simplesmente travar o fecho distal no fio de curso
­interrompe o processo ativo de distalização (a mola de espiral
aberta não é removida). A retração da dentição maxilar
­remanescente é, então, mantida por ancoragem indireta
(primeiros molares) do fio do Horseshoe Jet sustentado por
DAT. Um aparelho ancorado por parafuso serve para ambos os
propósitos.

Terapia Combinada De Classe Ii


O conceito de terapia combinada de Classe II10 incorpora
mecânicas que requerem menor cooperação do paciente com o
intuito de melhorar a previsibilidade no encerramento do trata­
mento de Classe II. A técnica combina efeitos ortodônticos e
ortopédicos, realizados numa única fase de terapia com aparelho
fixo.9–15
A terapia combinada de Classe II começa com a distalização
do molar superior (p. ex., Distal Jet), ocasionalmente seguida
por aparelhos ortopédicos fixos auxiliares (p. ex., Jasper Jumpers)
e/ou elásticos Classe II. Após os molares superiores serem
movidos distalmente, um arco de Nance de suporte é instalado
(ou simplesmente convertido do Distal Jet)38 dos primeiros
molares e apoiado contra o palato anterior. Jasper Jumpers ou
outros auxiliares ortopédicos fixos são ocasionalmente empre­
gados para suporte de ancoragem adicional aos primeiros Fig. 11-8 A, Horseshoe Jet é apoiado por dois DATs inseridos
molares superiores durante retração subsequente da dentição no declive lingual do alvéolo maxilar, amarrado com ligaduras de
remanescente, enquanto quaisquer benefícios ortopédicos aço inoxidável a ganchos no fio de curso. B, Os miniparafusos são
potenciais são obtidos também. inseridos angulados ao alvéolo. C e D, Como a raiz do segundo
pré-molar é angulada bucalmente e o primeiro molar só tem uma
raiz palatal, há menos preocupação com danos iatrogênicos às
Estágio I raízes quando se insere os implantes e durante a retração subse­
O gerenciamento do espaço conservativo na dentição mista quente do segundo pré-molar. E, Durante distalização, o dispositivo
de travamento mesial pode ser girado bucalmente e apoiado na
tardia estabelece o estágio. Um arco lingual mandibular pode
distal do DAT ou pode simplesmente ser preso com ligadura de aço
ser necessário para manter a posição do primeiro molar inferior.
inoxidável ou elásticos. Uma vez que a distalização molar está com­
Em pelo menos 75% dos casos de pacientes com apinhamento pleta, a chave sextavada distal é travada e agora o dispositivo serve
na dentição mista (com perfis faciais favoráveis), o espaço como um suporte de ancoragem DAT para retração dos dentes
disponível (leeway) ou espaço transicional “E” pode ser usado superiores remanescentes.
para resolver o apinhamento mandibular anterior de 3 a 4 mm,90
com estabilidade favorável91 e sem instabilidade inerente ao
desenvolvimento ou expansão do arco92,93 (Fig. 11-9). helicoides das molas superelásticas, e então fechados para
Aparelhos fixos completos são colocados na arcada inferior manter essa ativação. Esse processo é repetido por cinco a seis
para iniciar essa assistência integral em uma fase. Um disposi­ semanas até uma “super” Classe I ou até que se alcance uma
tivo de distalização molar (p. ex., Distal Jet) é fabricado e insta­ relação molar sobrecorrigida.17,57 O nivelamento e alinhamento
lado na arcada superior.38,45 Os dispositivos de ativação do Distal mandibular são feitos concomitantemente durante o processo
Jet são destravados, movidos distalmente para comprimir os de distalização do molar maxilar para que um arco de dimensão
Fig. 11-9 Tratamento foi iniciado para um paciente de 12 anos de idade cujo comprometimento, especialmente com higiene oral, foi
uma preocupação. Fotografias faciais (A e B) e intrabucais (C-E) do pré-tratamento. F a H, Aparelho pré-ajustado foi colocado durante a
distalização usando Distal Jet. I a K, Após sobrecorreção em uma relação molar “super” Classe I em sete meses (note o espaço produzido
entre os molares e os pré-molares), Distal Jet foi convertido em um arco de suporte de Nance modifcado. L e M, Para assegurar a manutenção
da nova posição do molar superior, aparelhos ortopédicos fixos (Jasper Jumpers) foram instalados em um arco retangular mandibular espesso.
N a Q, Mecânicas de deslizamento foram usadas para fechar os espaços maxilares remanescentes.
Capítulo 11   Terapia Combinada para Classe II 127

Fig. 11-9 (Continuação) R a V, Fotografias faciais (R e S) e intrabucais (T-V) de pós-trata­


mento. Tratamento foi encerrado em 30 meses.

integral esteja colocado no momento em que tanto os elásticos Estágio III


de Classe II ou Jasper Jumpers possam ser usados para ajudar a
manter a nova posição distal dos molares superiores. Se necessário, aparelhos ortopédicos fixos auxiliares (p. ex.,
Como uma opção, de modo conciso, elásticos intermaxilares Jasper Jumpers) são adicionados10,94,95 para ajudar a manter a
de Classe II podem ser adicionados aos bráquetes ou botões posição do molar superior durante a retração subsequente dos
colados nos primeiros pré-molares superiores para ajudar a dentes maxilares remanescentes (usando mecânicas seccionais,96
reduzir a perda de ancoragem. Efeitos adversos devem ser con­ de deslizamento, ou de alça fechada9,10-12,15) e pode fornecer um
siderados nesse arranjo (extrusão dos pré-molares superiores e efeito ortopédico (Fig. 11-12). Tipicamente, aparelhos ortopédi­
molares inferiores, perda de ancoragem mandibular ou pro­ cos fixos podem ser necessários somente se a distalização foi
jeção de incisivo), e os resultados são dependentes da coopera­ incompleta (p. ex., distalizador quebrado), se houve aumento
ção (Fig. 11-10). substancial de trespasse horizontal (controle de ancoragem
ruim), se for desejada correção molar adicional, ou pouco com­
prometimento do paciente com o uso de elásticos intermaxi­
Estágio II
lares é previsto.
A nova posição distal dos molares superiores é mantida com o Uma ou mais das seguintes opções podem ajudar na preven­
arco de suporte de Nance, construído dos molares ao palato ante­ ção da potencial inclinação vestibular iatrogênica dos incisivos
rior.10,15,38 Uma vantagem do aparelho Distal Jet é que esse dis­ inferiores, inerente aos aparelhos ortopédicos fixos:77,78
positivo pode também ser convertido em um Nance modificado • Um arco lingual mandibular e/ou um arco retangular pesado
intrabucalmente (i.e., um dispositivo que serve para dois propósi­ com torque lingual de coroa para os dentes anteriores.57
tos).45 Uma vez que os molares foram movidos distalmente, as • De 5 a 10 graus de torque lingual de coroa incorporado em
molas superelásticas são removidas usando alicates Weingardt. Os uma prescrição para os bráquetes anteriores (p. ex., Butterfly
dispositivos de ativação são deslizados distalmente ao “stop” do System97).
fio de baioneta e travados no local para ajudar a prevenir a mi­ • Um auxiliar de torque, com uma mola de verticalização adi­
gração mesial dos molares. Os fios de suporte do botão palatal de cionada ao slot vertical do bráquete do canino para empurrar
acrílico até os pré-molares são então seccionados usando uma as coroas distalmente.
broca em um motor de alta rotação (Fig. 11-11). • Preparo de ancoragem (Tweed) prévio.
128 Parte II   Manejo Clínico das Discrepâncias Sagital e Vertical

Fig. 11-10 A e B, Suporte opcional de elásticos Classe II intermaxilares podem ser adicionados
para reduzir a perda de ancoragem durante a distalização com Distal Jet. Elásticos são usados dos
bráquetes ou botões colados aos primeiros pré-molares superiores.

Fig. 11-11 A, Após a distalização molar estar completa, o colar de ativação no Distal Jet é destra­
vado e movido mesialmente. B e C, A mola de hélices superelásticas é removida. D, O colar é então
movido para trás para parar o fio baioneta, e a chave sextavada é travada no tubo. E, Os fios de
suporte do pré-molar são seccionados adjacentes ao botão de acrílico palatal usando uma broca
carbide em alta rotação. F, Conversão completa em um arco de Nance modificado.

• Aparelho extrabucal de gancho “J” aplicado à mandíbula. Aproximadamente quatro a seis meses são necessários para
• Lip Bumper (p. ex., Bumper Jumper10) ou DATs (mini- alcançar o fechamento completo do espaço maxilar e para
implantes) colocados para suporte no alvéolo mandibular. prover qualquer benefício ortopédico antes que os Jasper
À medida que a posição do molar maxilar é mantida, os pré- Jumpers e/ou os elásticos de Classe II sejam completamente
molares podem “flutuar” distalmente pelos efeitos das fibras descontinuados. É importante que uma sólida intercuspidação
transeptais,32 ou são ativamente retraídos,10,96 usando mecânicas seja mantida (p. ex., elásticos intermaxilares em delta ou trian­
seccionais96 ou de deslizamento da arcada completa12 ou até gulares) para manter a oclusão Classe I e evitar recidiva durante
ignorada a retração dos caninos e pré-molares com um arco a finalização do tratamento. Os segundos molares são subse­
utilidade10 (“flutuando de volta”17). Isso é seguido de uma alça quentemente colados, seguidos pela intercuspidação, dobras de
fechada ou mecânicas de deslize para fechar o espaço anterior finalização e reposicionamento dos bráquetes, e outros procedi­
remanescente.10 Infelizmente, a fricção e o “empurro” das mentos de acabamento.
extremidades terminais do fio (que cria emergências de pacientes Os tempos de tratamento para pacientes recebendo terapia
com dor) podem importunar a mecânica de deslize. combinada de Classe II têm sido relatados com uma média
Capítulo 11   Terapia Combinada para Classe II 129

Fig. 11-12 O tratamento foi iniciado para uma menina de 12 anos de idade que foi tratada com a versão original do Distal Jet e aparelhos
pré-ajustados. Fotografias faciais (A e B) e intrabucais (C) do pré-tratamento. D e E, Distalização molar foi completada em cinco meses e o
dispositivo foi convertido em um arco de Nance modificado. F a J, Retração subsequente dos dentes superiores remanescentes foi alcançada
em seis meses (suportada por Jasper Jumpers). O tratamento foi completado em 19 meses.

(Continua)

de 26 meses,40 mais curtos (aproximadamente quatro meses) Butterfly System do autor97 (N = 323, 25 meses; N = 295, 25
do que para pacientes tratados com aparelhos Herbst ou meses).102
Pendulum79 num tratamento típico de duas fases.98 Esses Talvez com a adição de mini-implantes de ancoragem (DATs),
tempos de tratamento são também comparáveis ao de uma a terapia combinada de Classe II possa ser realizada com
amostra de pacientes tratados com extração/não extração (1) menos perda de ancoragem durante a distalização molar,
com bráquetes autoligados Damon, examinados na Univer­ (2) mais previsibilidade para o tratamento de alguns pacientes
sidade de Temple (25 meses),99 àqueles tratados com brá­ adultos, (3) menos necessidade de um aparelho ortopédico fixo
quetes ligados tradicionais (23 meses100; 23 meses101), e duas para manutenção de ancoragem pós-distalização, e (4) menores
amostras de pacientes tratados consecutivamente usando o tempos de tratamento.103
130 Parte II   Manejo Clínico das Discrepâncias Sagital e Vertical

Fig. 11-12 (Continuação) K a O, Fotografias faciais (K e L) e intrabucais (M-O) mostram os


resultados seis anos após fim do tratamento.

Modificação de Bowman
Uma modificação de laboratório alternativa do Distal Jet, a
modificação de Bowman (Fig. 11-13), simplifica a construção,
inserção e eventual conversão do aparelho para um arco de
suporte de Nance modificado. A porção do tubo/pistão do
design original do Distal Jet é substituída por um fio mais
rígido e sólido. A baioneta de fio duplo é soldada a laser em
um acessório de ativação secundária, com o parafuso de trava
angulado para a cúspide lingual do primeiro molar para per­
mitir fácil acesso intrabucal para a chave sextavada. Os apoios
oclusais podem ser colados com resina composta fotopolime­
rizável de baixa viscosidade nos primeiros pré-molares, em vez
de usar os braços de suporte típicos que são soldados às bandas
dos primeiros pré-molares. Esses apoios oclusais colados
também fornecem alguma abertura na mordida para facilitar
a distalização inicial.
Para ativar a Modificação de Bowman, a chave sextavada
Fig. 11-13 Modificação de Bowman é uma modificação labo­ distal (localizada no colar, soldada a laser ao fio da baioneta, que
ratorial do Distal Jet. O tubo e o pistão do design original são
é inserido na bainha lingual da banda do primeiro molar) é
substituídos com um fio de curso sólido. Suporte de ancoragem do
botão de acrílico palatal e braços de suporte transpalatal são solda­ afrouxada em um quarto de volta (sentido anti-horário) para
dos às bandas ou construídos para repouso oclusal, colados com permitir translação distal do molar. O colar de ativação mesial
resina fotopolimerizável, nos primeiros pré-molares. A construção é então movido para trás para comprimir a mola superelástica
simplificada e mais rígida é mais fácil de instalar, e o dispositivo é de hélice aberta, e então a chave sextavada é travada no fio de
autolimitante. curso para manter essa ativação (Figs. 11-14 e 11-15).
Capítulo 11   Terapia Combinada para Classe II 131

Fig. 11-14 A, Para iniciar o movimento molar distal com a Modificação de Bowman, a chave sexta­
vada posterior é afrouxada um quarto de volta, no sentido anti-horário. O colar de ativação anterior é
empurrado para trás para comprimir a mola de hélice superelástica e a chave sextavada travada no fio
de curso. B, Apenas depois de alcançada a relação molar Classe I, a chave sextavada posterior é travada
no fio de curso. Chaves sextavadas duplas previnem o movimento do molar. C, Os fios de suporte do
pré-molar são seccionados adjacentes ao botão de acrílico palatal. Note que as molas de hélice superelás­
tica não são removidas. O arco de suporte resultante é mais rígido porque não há tubo/pistão.

Fig. 11-15 A, Modificação de Bowman usada com aparelhos fixos inferiores (Butterfly System97)
para um paciente de 13 anos de idade com maloclusão Classe II. Note que o apoio oclusal colado
funciona como um plano de mordida. B a E, Pouca perda de ancoragem notada quando a distalização
molar é alcançada em oito meses sem bráquetes superiores. A dentição inferior é nivelada e alinhada
pelo encerramento da distalização.
132 Parte II   Manejo Clínico das Discrepâncias Sagital e Vertical

Fig. 11-16 Um menino de 12 anos de idade com uma relação molar Classe II moderada, discrepância maxilar significativa e perfil facial
favorável. Fotografias faciais (A) e intrabucais (B-D) do pré-tratamento. O tratamento foi iniciado com Modificação de Bowman e aparelhos
mandibulares pré-ajustados. E a I, No encerramento da distalização molar, as chaves sextavadas foram travadas e os fios de suporte pré-molar
seccionados no botão de acrílico. Os bráquetes maxilares foram colocados e a consolidação do espaço foi atingida. J a M, Fotografias faciais
(J) e intrabucais (K-M) do pré-tratamento. O tratamento total foi completado em 24 meses. A extração dos primeiros pré-molares superiores
poderia ser considerada um tratamento alternativo viável para esse tipo de situação.
Capítulo 11   Terapia Combinada para Classe II 133

Somente quando a distalização molar suficiente é alcançada, a


chave sextavada distal é travada no fio de curso. Depois, os braços
Conclusão
de suporte dos primeiros pré-molares são seccionados, no botão de A terapia combinada de Classe II é um complemento aos apare­
acrílico, com uma broca carbide em caneta de alta rotação com lhos fixos tradicionais numa tentativa de reduzir a dependência
refrigeração de spray de água. Os bráquetes maxilares pré-ajusta­ imprevisível de cooperação do paciente e para encerrar o trata­
dos podem agora ser colocados (Figs. 11-13, 11-16 e 11-17). mento de maneira consistente e a tempo.
Em contraste ao Distal Jet padrão, a construção da Modifi­
cação de Bowman tem as seguintes vantagens:
• Mais rígida
Agradecimentos
• Não sujeita à separação nas partes de tubo/pistão do aparelho
original Este capítulo é dedicado ao Dr. Aldo Carano, um dos criadores
• Trancado duplamente para manter a nova posição molar do aparelho Distal Jet. Ele foi um amigo, colega e colaborador
• Desenhado para que a mola não tenha que ser removida e fará enorme falta.

Fig. 11-17 A, Foto intrabucal de um paciente com 13 anos de idade que foi tratado no momento
de esfoliação dos segundos molares decíduos inferiores. B, Distalização molar adequada foi alcançada
em sete meses usando Modificação de Bowman. Nivelamento e alinhamento concomitantes dos
dentes inferiores foi atingida com um aparelho pré-ajustado. C, O dispositivo foi então convertido
em um arco de Nance modificado simplesmente pelo travamento da chave sextavada distal e sec­
cionamento dos fios de suporte pré-molar. A retração dos dentes maxilares remanescentes foi con­
seguida usando mecânicas de deslizamento, suportada com elásticos intermaxilares (não foram
usados aparelhos ortopédicos). D, Tratamento foi completado em 26 meses.
134 Parte II   Manejo Clínico das Discrepâncias Sagital e Vertical

Referências 20. Liveratos FA, Johnston LE Jr: A comparison of one-stage and


two-stage nonextraction alternatives in matched Class II
samples, Am J Orthod Dentofacial Orthop 108:118-131,
1. Koltun A, Stone GC: Past and current trends in patient non­
1995.
compliance research: focus on diseases, regimes-programs,
21. Gianelly AA: One- versus two-phase treatment, Am J Orthod
and provider-disciplines, J Compl Health Care 1:21-32,
Dentofacial Orthop 108:556-559, 1995.
1986.
22. Bowman SJ: One-stage versus two-stage treatment: are two
2. Sahm G, Bartsch A, Witt E: Reliability of patient reports on
really necessary? Am J Orthod Dentofacial Orthop 113:111-
compliance, Eur J Orthod 12:438-446, 1990.
116, 1998.
3. Sinha PK, Nanda RS, McNeil DW: Perceived orthodontist
23. Nance HN: The limitations of orthodontic treatment. I. Mixed
behaviors that predict patient satisfaction, orthodontist-
dentition: diagnosis and treatment, Am J Orthod 33:177-233,
patient relationship, and patient adherence in orthodontic
1947.
treatment, Am J Orthod Dentofacial Orthop 110:370-377,
24. Johnston LE Jr: A comparative analysis of Class II treatment
1996.
methods. In McNamara JA Jr, Carlson DS, Vig PS, Ribbens
4. Behrents RG: Iatrogenic problems associated with the clinical
KA, editors: Science and clinical judgment in orthodontics,
practice of orthodontics. In McNamara JA Jr, Trotman C,
Monograph 19, Craniofacial Growth Series, Ann Arbor, 1986,
editors: Orthodontic treatment: the management of unfavorable
University of Michigan, pp 103-148.
sequelae, Monograph 31, Craniofacial Growth Series, Ann
25. Barton S, Cook PA: Predicting functional appliance treatment
Arbor, 1996, Center for Human Growth and Development,
outcome in Class II malocclusions: a review, Am J Orthod
University of Michigan, pp 1-28.
Dentofacial Orthop 112:282-286, 1997.
5. Nanda RS, Kieri MJ: Prediction of cooperation in orthodontic
treatment, Am J Orthod Dentofacial Orthop 102:15-21, 26. McNamara JA Jr: Long-term adaptations to changes in trans­
1992. verse dimension in juveniles and adolescents. When to treat?
6. Cureton SL, Regennitter FJ, Yancy JM: Clinical versus quanti­ Making decisions: a symposium on early treatment, American
tative assessment of headgear compliance, Am J Orthod Association of Orthodontists Early Treatment Symposium,
Dentofacial Orthop 104:277-284, 1993. Las Vegas, January 2005.
7. Sahm G, Bartsch A, Witt E: Micro-electronic monitoring of 27. Gianelly AA: Rapid palatal expansion in the absence of cross­
functional appliance wear, Eur J Orthod 12:297-301, 1990. bites: added value? Am J Orthod Dentofacial Orthop 124:362-
8. Tulloch JFC, Proffit WR, Phillips C: Influence on the outcome 365, 2003.
of early treatment for Class II malocclusion, Am J Orthod 28. Weiland FJ, Ingervall B, Bantleon HP, Droschl H: Initial effects
Dentofacial Orthop 111:533-542, 1997. of treatment of Class II malocclusion with the Herren activa­
9. Bowman SJ: Class II correction and orthodontics for the non- tor, activator-headgear combination, and Jasper Jumper, Am
compliant patient, Gutta Percha Clarion, Kalamazoo Valley J Orthod Dentofacial Orthop 112:19-27, 1997.
District Dental Society Newsletter, Spring 1993, pp 13-17. 29. Keeling SD, King GJ, Wheeler TT, McGorry S: Timing of Class
10. Bowman SJ: Class II combination therapy: molar distaliza­ II treatment: rationale, methods, and early results of an
tion and fixed functionals to reduce reliance upon compli­ ongoing randomized clinical trial. In Trotman C, McNamara
ance for predictable case completion, J Clin Orthod 32: JA Jr, editors: Orthodontic treatment outcome and effectiveness,
611-620, 1998. Monograph 30, Craniofacial Growth Series, Ann Arbor, 1995,
11. Bowman SJ: Class II combination therapy: a case report, University of Michigan, pp 81-112.
J Orthod 27:213-218, 2000. 30. Roth R: Personal communication.
12. Bowman SJ: Alternatives after molar distalization, Am Orthod 31. Witzig JW, Spahl TJ. In The clinical management of basic max-
Good Pract 1:2-3, 2000. illofacial orthopedic appliances. Vol I. Mechanics Littleton,
13. Bowman SJ: The Distal Jet appliance: Class II correction by Mass, 1987, PSG Publishing, pp 236-238.
maxillary molar distalization, Belgisch Tijdschrift Orthod 3: 32. Cetlin NM, Ten Hoeve A: Nonextraction treatment, J Clin
65-72, 2002. Orthod 17:396-413, 1996.
14. Bowman SJ: Distalizacion molar y aparatos fijos funcionales: 33. Gianelly AA, Vaitas AS, Thomas WM: The use of magnets to
combinación de terapia de Clase II, Colegio Cirujanos Dent 1: move molars distally, Am J Orthod Dentofacial Orthop 96:
36-39, 2004. 161-167, 1989.
15. Carano A, Bowman S: Non-compliance Class II treatment 34. Locatelli R, Bednar J, Deitz VS, Gianelly AA: Molar distaliza­
with the Distal Jet. In Papadopoulos MA, editor: Orthodontic tion with superelastics NiTi wire, J Clin Orthod 26:277-279,
treatment for the Class II noncompliant patient: current prin- 1992.
ciples and techniques, Edinburgh, 2006, Elsevier, pp 265-289. 35. Hilgers JJ: The Pendulum appliance for Class II non-compli­
16. Bowman SJ: Scar tactic: fluoride varnishes to reduce decalci­ ance therapy, J Clin Orthod 26:700-713, 1992.
fication stains in orthodontic patients, Orthod Prod, March 36. Jones R, White J: Rapid Class II molar correction with an
2002, pp 32-35. open-coil jig, J Clin Orthod 26:661-664, 1992.
17. Hilgers JJ: The era of hyper-efficient orthodontics, Ann Arbor, 37. Carano A, Testa M: The Distal Jet for upper molar distaliza­
September 1997, University of Michigan (seminar). tion, J Clin Orthod 30:374-380, 1996.
18. McNamara JA Jr: Components of Class II malocclusion in 38. Bowman SJ: Modifications of the Distal Jet, J Clin Orthod 32:
children 8-10 years of age, Angle Orthod 51:177-202, 1981. 549-556, 1998.
19. Gottlieb EL, Nelson AH, Vogels II:1990 study of orthodontic 39. Patel AN. Analysis of the Distal Jet appliance for maxillary
diagnosis and treatment procedures. Part 2, J Clin Orthod 25: molar distalization, Oklahoma City, 1999, University of Okla­
223-230, 1991. homa (master’s thesis).
Capítulo 11   Terapia Combinada para Classe II 135

40. Ngantung V, Nanda R, Bowman S: Post-treatment evaluation 60. Lemons FF, Holmes CW: The problem of the rotated maxil­
of the Distal Jet appliance, Am J Orthod Dentofacial Orthop lary first permanent molar, Am J Orthod 47:246-272, 1961.
120:178-185, 2001. 61. McNamara JA Jr, Brudon WL: Transpalatal arch. In Orthodon-
41. Huerter G: A retrospective evaluation of maxillary molar dis­ tics and dentofacial orthopedics, Ann Arbor, Mich, 2001,
talization with the Distal Jet appliance, St Louis, 2000, Center Needham Press, pp 199-209.
for Advanced Dental Education, Saint Louis University (mas­ 62. Johnston LE Jr: Functional appliances: a mortgage on man­
ter’s thesis). dibular position, Aust Orthod J 14:154-156, 1996.
42. Bolla E, Muratore F, Carano A, Bowman S: Evaluation of 63. Pancherz H: The effects, limitations, and long-term dentofa­
maxillary molar distalization with the Distal Jet, Angle Orthod cial adaptations to treatment with the Herbst appliance, Semin
72:481-494, 2002. Orthod 3:232-243, 1997.
43. Ferguson DJ, Carano A, Bowman SJ, et al: A comparison of 64. Jasper JJ: Jasper Jumper: a fixed functional appliance, Am
two maxillary molar distalizing appliances with the Distal Jet, Orthod, December 1987.
World J Orthod 6:382-390, 2005. 65. McNamara JA Jr: Orthodontics at Michigan Seminar, Ann
44. Chiu PP, McNamara JA Jr, Franchi L: A comparison of two Arbor, November 1995, University of Michigan.
intraoral molar distalization appliances: Distal Jet versus Pen­ 66. Sanden E, Pancherz H, Hansen K: Complications during
dulum, Am J Orthod Dentofacial Orthop 128:353-365, 2005. Herbst appliance treatment, J Clin Orthod 38:130-133,
45. Carano A, Testa M, Bowman S: The Distal Jet: simplified and 2004.
updated, J Clin Orthod 36:586-590, 2002. 67. Franchi L, Baccetti T: Prediction of individual mandibular
46. Guiterrez VME: Treatment effects of the Distal Jet appliance changes induced by functional jaw orthopedics followed by
with and without edgewise therapy, St Louis, 2001, Center for fixed appliances in Class II patients, Angle Orthod 76:950-954,
Advanced Dental Education, Saint Louis University (master’s 2006.
thesis). 68. Popowich K, Nebbe B, Heo G, et al: Predictors for Class II
47. Bowman CJ: Molar distalization: what method produces the treatment duration, Am J Orthod Dentofacial Orthop 127:293-
least amount of flaring of the front teeth? Kalamazoo, Mich, 300, 2005.
2003, Kalamazoo Academy (sixth-grade science project). 69. Wieslander L: Long-term effect of treatment with the head­
48. Ghosh J, Nanda RS: Evaluation of an intraoral maxillary gear-Herbst appliance in the early mixed dentition: stability
molar distalization technique, Am J Orthod Dentofacial Orthop or relapse? Am J Orthod Dentofacial Orthop 104:319-329,
110:639-646, 1996. 1993.
49. Chaqués-Asensi J, Kalra V: Effects of the Pendulum appliance 70. Pancherz H, Fäckel U: The skeletofacial growth pattern pre-
on the dentofacial complex, J Clin Orthop 35:254-257, 2001. and post-dentofacial orthopedics: a long-term study of Class
50. Byloff FK, Darendeliler MA: Distal molar movement using II malocclusions treated with the Herbst appliance, Eur J
the Pendulum appliance. Part I. Clinical and radiological Orthod 12:209-218, 1990.
evaluation, Angle Orthod 67:249-260, 1997. 71. Pancherz H: The nature of Class II relapse after Herbst appli­
51. Bussick TJ, McNamara JA Jr: Dentoalveolar and skeletal ance treatment: a cephalometric long-term investigation, Am
changes associated with the Pendulum appliance, Am J Orthod J Orthod Dentofacial Orthop 100:220-233, 1991.
Dentofacial Orthop 177:333-343, 2000. 72. Hansen K, Koutsonas TG, Pancherz H: Long-term effects of
52. Kinzinger G, Wehrbein H, Diedrich P: Molar distalization Herbst treatment on the mandibular incisor segment: a
with a modified Pendulum appliance: in vitro analysis of the cephalometric and biometric investigation, Am J Orthod
force systems and an in vivo study in children and adolescents, Dentofacial Orthop 112:92-103, 1997.
Angle Orthod 75:484-493, 2005. 73. Nalbantgil D, Arun T, Sayinsu K, Isik F: Skeletal, dental and
53. Runge ME, Martin JT, Bukai F: Analysis of rapid maxillary soft-tissue changes induced by the Jasper Jumper appliance in
molar distal movement without patient cooperation, Am J late adolescence, Angle Orthod 75:426-436, 2005.
Orthod Dentofacial Orthop 115:153-157, 1999. 74. Jasper JJ, McNamara JA Jr: The correction on interarch mal­
54. Brickman CD, Sinha PK, Nanda RS: Evaluation of the Jones occlusions using a fixed force module, Am J Orthod Dentofa-
Jig appliance for distal molar movement, Am J Orthod Dento- cial Orthop 108:641-650, 1995.
facial Orthop 118:526-534, 2000. 75. May TW, Chada J, Ledoux W, et al: Skeletal and dental changes
55. Kinzinger GSM, Fritz UB, Sander FG, Diedrich RP: Efficiency using a Jasper Jumper, J Dent Res (IADR Suppl), 1992.
of a Pendulum appliance for molar distalization with a Pen­ 76. Dischinger T: Edgewise Herbst appliance, J Clin Orthod 29:
dulum appliance, Am J Orthod Dentofacial Orthop 125:8-23, 738-742, 1995.
2004. 77. Rothenberg J, Campbell ES, Nanda R: Class II correction with
56. Papadopoulos MA, Mavropoulos A, Karamouzos A: Cepha­ the twin force bite corrector, J Clin Orthod 38:232-240,
lometric changes following simultaneous first and second 2004.
molar distalization using a non-compliance intraoral appli­ 78. Ruf S, Hansen K, Pancherz H: Does orthodontic proclination
ance, J Orofac Orthop 65:123-136, 2004. of lower incisors in children and adolescents cause gingival
57. Gianelly AA: Bidimensional technique: theory and practice recession? Am J Orthod Dentofacial Orthop 114:100-106,
Islandia, NY, 2000, GAC International. 1998.
58. Maginnis JJ: Treatment effects of the Distal Jet with 180 gram 79. Burkhardt DR, McNamara JA Jr, Baccetti T: Maxillary molar
and 240 gram springs, St Louis, 2002, Center for Advanced distalization or mandibular enhancement: a cephalometric
Dental Education, Saint Louis University (master’s thesis). comparison of comprehensive orthodontic treatment includ­
59. Graber TM: Extraoral force-fact and fallacies, Am J Orthod ing the Pendulum and the Herbst appliances, Am J Orthod
41:490, 1955. Dentofacial Orthop 123:108-116, 2003.
136 Parte II   Manejo Clínico das Discrepâncias Sagital e Vertical

80. Watson WG: Distal Jet versus Pendulum appliance, Am J bility and relapse, Am J Orthod Dentofacial Orthop 97:393-
Orthod Dentofacial Orthop 129:3, 2006 (letter). 404, 1990.
81. Velo S, Rotunno E, Cozzani M: The implant Distal Jet, J Clin 93. O’Grady PW, McNamara JA Jr: A long-term evaluation of the
Orthod 41:88-93, 2007. mandibular Schwartz appliance and the acrylic splint expander
82. Carano A, Velo S: The miniscrew anchorage system. In Cope in early mixed dentition patients, Ann Arbor, 2003, University
J, editor: OrthoTADs: the clinical guide and atlas, Dallas, 2007, of Michigan (master’s thesis).
Under Dog Media, pp 231-243. 94. Blackwood HO: Clinical management of the Jasper Jumper, J
83. Kinzinger GSM, Diedrich PR, Bowman SJ: Upper molar dis­ Clin Orthod 15:755-760, 1991.
talization with a miniscrew-supported Distal Jet, J Clin Orthod 95. Schwindling F: Jasper Jumper color atlas, Waldstrasse, Germany,
40:672-678, 2006. 1997, Edition Schwindling-Zahnarzicher Fachverlag.
84. Bowman SJ: A spike in the ice: altering the extraction decision 96. Bolla E, Doldo T, Giorgetti R: Distal movement of maxillary
with mini-screws. 106th American Association of Orthodon­ canines and premolars with sectional mechanics following
tists Annual Session, Las Vegas, 2006. Distal Jet application to molars, Prog Orthod 5:72-89, 2004.
85. Kinzinger G, Wehrbein H, Byloff FK, et al: Innovative anchor­ 97. Bowman SJ, Carano A: The Butterfly System, J Clin Orthod
age alternatives for molar distalization: an overview, J Orofac 38:274-287, 2004.
Orthop 66:397-413, 2005. 98. Angelieri F, de Almedia RR, Almeida MR, Fuziy A: Dentoal­
86. Chang H, Hsiao H, Tsai C, Roberts WE: Bone-screw anchor­ veolar and skeletal changes associated with the Pendulum
age for Pendulum appliances and other fixed mechanics, appliance followed by fixed orthodontic treatment, Am J
Semin Orthod 12:284-293, 2006. Orthod Dentofacial Orthop 129:520-527, 2006.
87. Anka G: Personal communication, 2007. 99. Eberting JJ, Straja SR, Tuncay CR: Treatment time, outcome,
88. Deguchi T, Nasu M, Murakami K, et al: Quantitative evalua­ and patient satisfaction comparisons of Damon and conven­
tion of cortical bone thickness with computed tomographic tional brackets, Clin Orthod Res 4:228-234, 2001.
scanning for orthodontic implants, Am J Orthod Dentofacial 100. Fink DF, Smith RJ: The duration of orthodontic treatment,
Orthop 129:721.e7-e12, 2006. Am J Orthod Dentofacial Orthop 102:45-51, 1992.
89. Sonis AL: Unpublished data, 2007. 101. Skidmore KJ, Brook KJ, Thomason WM, Harding WJ: Factors
90. Gianelly AA: Leeway space and the resolution of crowding in influencing treatment time in orthodontic patients, Am J
the mixed dentition, Semin Orthod 1:118-194, 1995. Orthod Dentofacial Orthop 129:230-238, 2006.
91. Dugoni SA, Lee JS, Varela J, Dugoni AA: Early mixed dentition 102. Bowman SJ: Unpublished data, 2002, 2005.
treatment: postretention evaluation of stability and relapse, 103. Bowman SJ: Thinking outside the box with mini-screws. In
Angle Orthod 65:311-320, 1995. McNamara JA Jr, Ribbens KA, editors: Microimplants as tem-
92. Little RM, Reidel RA, Stein A: Mandibular arch length increase porary anchorage in orthodontics, Monograph 34, Craniofacial
during the mixed dentition: Postretention evaluation of sta­ Growth Series, Ann Arbor, 2008, University of Michigan.
C ap í t u lo
12
Síndrome da
Deficiência Maxilar
James A. McNamara Jr.

U
m dos principais conceitos que surgiu durante os mais Desequilíbrios Esqueléticos Transversos
de 40 anos de prática clínica em ortodontia do autor
refere-se ao diagnóstico e tratamento do que pode ser A utilização da expansão rápida da maxila (ERM) antes apenas
denominado síndrome da deficiência maxilar.1 De fato, a deficiên­ usada na correção da mordida cruzada posterior é hoje também
cia maxilar transversa e/ou sagital pode ser um dos problemas realizada em pacientes sem mordida cruzada, o que representa
esqueléticos mais críticos na região craniofacial, especialmente um enorme salto conceitual. Os ortodontistas vêm usando tradi­
em pacientes com ancestrais europeus. Muitas das características cionalmente a ERM na correção de mordidas cruzadas posteri­
ou sintomas dos pacientes com esta condição foram reconheci­ ores, e quase só para isso. Ao contrário de técnicas agressivas
das na ortodontia, mas raramente são combinadas conceitual­ geralmente usadas no tratamento de distúrbios esqueléticos
mente. No entanto, talvez seja possível alcançar um resultado anteroposteriores e verticais,4-8 vários ortodontistas têm se
terapêutico melhor nas estruturas do complexo maxilar do que mostrado relutantes em mudar as dimensões transversas do arco.
na mandíbula, particularmente no que se refere ao manejo da No entanto, a dimensão transversal da maxila pode ser a mais
dimensão transversa. adaptável de todas as regiões do complexo craniofacial. Muitos,
se não a maioria, dos desequilíbrios esqueléticos transversos na
maxila são ignorados ou simplesmente não são reconhecidos, e
Manifestações Da Deficiência então as opções de tratamento para tais pacientes são necessari­
Maxilar Transversal amente mais limitadas do que naqueles nos quais os dese­
As manifestações da deficiência maxilar transversal são encon­ quilíbrios são considerados.
tradas pelos ortodontistas diariamente, porém, em geral, não
são quantificadas. Como parte inicial da avaliação de um
Apinhamento e Protrusão
paciente, recomenda-se que a distância entre os pontos mais
próximos dos primeiros molares superiores (i.e., largura trans­ Além da mordida cruzada, dois dos problemas mais encontrados
palatina) seja mensurada2 (Fig. 12-1). Tipicamente, o arco pelos ortodontistas são o apinhamento (Fig. 12-2, A) e a pro­
superior com uma largura transpalatina de 35 a 39 mm pode trusão (Fig. 12-2, B) dentária, sendo que ambos resultam de dis­
acomodar uma dentição de tamanho médio sem apinhamento crepâncias entre o tamanho dos dentes e das arcadas. Howe et al.3
ou diastemas. Entretanto, arcos maxilares menores do que demonstraram que o apinhamento dentário parece estar mais
31 mm na largura transpalatina podem apresentar apinha­ relacionado com a deficiência no perímetro da arcada do que com
mento, necessitando, portanto, de expansão ortopédica em dentes largos demais. Um fator primário no apinhamento den­
pacientes que estejam na fase de crescimento ou de expansão tário frequentemente é a deficiência transversal e/ou sagital
assistida cirurgicamente em adultos.3 Outros fatores que devem maxilar. Se a posição dos dentes superiores reflete a discrepância
ser considerados quando se opta pela decisão de extração/ esquelética, resulta em mordida cruzada; por sua vez, se a atresia
expansão incluem o tipo facial, o padrão de tecidos moles e o maxilar é camuflada pelos dentes, e ambos os arcos são atrésicos,
nível de tônus muscular. o apinhamento dentário sem mordida cruzada é observado.

137
138 Parte II   Manejo Clínico das Discrepâncias Sagital e Vertical

Sabe-se que um dos fatores limitantes nos problemas rela­ da “descompensação” da posição dos dentes inferiores (Figs.
cionados ao tamanho do dente/tamanho da arcada é o espaço 12-5 e 12-6).
disponível na arcada inferior. Infelizmente, a expansão orto­
pédica real da mandíbula não é possível, a não ser que as
Outros Sinais Clínicos da Deficiência Maxilar
técnicas de distração osteogênica recentemente desenvolvidas
sejam utilizadas. De forma curiosa, uma observação do autor A mordida cruzada e o apinhamento dentário são dois sinais
é que a posição dos dentes inferiores pode ser mais influen­ clínicos facilmente identificáveis que podem ser oriundos da
ciada pela morfologia esquelética da maxila do que pelo deficiência maxilar. Outras consequências da deficiência maxilar,
tamanho ou formato da mandíbula.9 Por exemplo, após a entretanto, podem não ser tão facilmente identificáveis e, muitas
ERM na dentição mista, ocorre não só a expansão da maxila vezes, não são detectadas. Por exemplo, dentes posteriores supe­
com o expansor acrílico (Fig. 12-3), como também a amplia­ riores lateralmente inclinados (Fig. 12-7) podem camuflar uma
ção espontânea subsequente da arcada inferior em alguns deficiência transversal maxilar. Esses pacientes têm o que parece
pacientes. Nos outros pacientes com falta de espaço na ser uma oclusão posterior normal, embora em uma inspeção
mandíbula e apinhamento dentário dos incisivos, o autor mais minuciosa perceba-se que a maxila é estreita (p. ex., com
geralmente utiliza para expandir um aparelho removível infe­ distância intermolares < 31 mm), e que a curva de Wilson é
rior de Schwarz (Fig. 12-4) para verticalizar os dentes poste­ acentuada. As cúspides linguais dos dentes posteriores superi­
riores inferiores que erupcionaram em um ângulo mais ores estendem-se além do plano oclusal, levando muitas vezes
lingual devido à maxila atrésica. O alargamento do arco man­ a interferências de equilíbrio durante a função. Embora não
dibular ortodonticamente antes da expansão da maxila ortope- exista mordida cruzada, tais pacientes são candidatos à ERM
dicamente permite uma maior ampliação da maxila por meio prévia a um tratamento pela técnica de edgewise.
Outras manifestações clínicas da deficiência maxilar são
espaços escuros nos cantos da boca (Fig. 12-8). Vanarsdall10
utilizou o termo “espaço negativo” para se referir às sombras
que aparecem nos cantos da boca durante o sorriso em alguns
pacientes que têm uma maxila estreita e cônica e um padrão
esquelético braquifacial ou mesofacial. Independentemente da
decisão pela extração ou manutenção dos dentes, a maxila pode
ser ampliada por meio da ERM, aumentando a largura transpala­
tina e eliminando ou reduzindo os espaços escuros no “corredor
bucal”. Este tipo de intervenção ortopédica resulta no que
muitos consideram uma aparência facial frontal mais agradável.
A utilização da ERM com finalidades estéticas (p. ex., “ampli­
ando o sorriso”) irá se tornar a cada dia mais uma indicação
para a ERM nos pacientes com arcos dentários estreitos.

Maloclusões Classe Iii


Fig. 12-1 A largura transpalatina é medida partindo dos pontos Não surpreende dizer que alguns tipos específicos de maloclusão
mais próximos da face palatina dos primeiros molares. A distância sagital também estejam associados à deficiência maxilar. Um dos
transpalatina normal é de 35 a 39 mm nos dentes permanentes e de principais componentes da maloclusão Classe III é a retrusão
33 a 35 mm na dentição mista. maxilar esquelética, uma condição que ocorre em quase metade de

Fig. 12-2 A, O apinhamento é um achado comum em pacientes com dentição mista. Este paciente
apresentava apinhamento dos incisivos inferiores e inclusão do dente 12. B, A protrusão dos dentes
superiores é evidente neste paciente.
Capítulo 12   Síndrome da Deficiência Maxilar 139

todos os pacientes Classe III.11 O tratamento mais eficiente e mais dos dentes posteriores geralmente tem uma discrepância trans­
eficaz para os problemas causados pela maloclusão Classe III no versa de 3 a 5 mm entre a maxila e a mandíbula.
começo da dentição mista parece ser a ERM (Fig. 12-9) combinada Parece que a maioria das maloclusões Classe II nos pacientes
com a máscara facial ortopédica (Fig. 12-10), embora a utilização com dentição mista está associada à atresia maxilar. Quando um
recente de placas de ancoragem e tração ortopédica intermaxilar clínico está começando o tratamento na dentição mista, o
por DeClerck12 tenha se tornado uma promessa importante nos primeiro passo do tratamento da maloclusão Classe II sutil ou
pacientes Classe III com problemas anteroposteriores graves. moderada, caracterizada pelo menos em parte pela retrusão
Em alguns pacientes com dentição mista que apresentem esquelética mandibular suave e maxila atrésica (p. ex., distância
apenas desequilíbrios esqueléticos sutis, entretanto, o simples intermolar ≤ 30 mm no começo da dentição mista), deveria ser
fato de ampliar a maxila sem iniciar o tratamento com a máscara a expansão ortopédica da maxila. Os dentes posteriores superi­
facial pode levar à correção espontânea da mordida cruzada ores podem ser deixados em uma posição sobre-expandida,
anterior, e à resolução da relação molar Classe III.13 Nos pacientes com o contato sendo ainda mantido entre as cúspides palatinas
com problemas mais graves, um pequeno avanço esquelético da e as cúspides vestibulares dos dentes posteriores inferiores.2 A
maxila combinado com uma quantidade semelhante de avanço oclusão é subsequentemente estabilizada pela utilização de uma
dentoalveolar superior pode ser induzida pelo tratamento com­ placa palatina removível na dentição mista ou, de forma
binado da ERM com a máscara facial.14-16 O tratamento cirúr­
gico mais comum para esta condição no paciente adulto, no
momento, é a osteotomia Lefort I, um procedimento no qual a
maxila pode ser tanto avançada, quanto ampliada, ao invés de
depender de técnicas cirúrgicas que envolvam a mandíbula.

Maloclusões Classe Ii
Ao contrário do que se possa esperar intuitivamente, algumas
maloclusões Classe II também podem estar associadas à defi­
ciência maxilar. De uma perspectiva sagital, a protrusão esquelé-
tica maxilar ocorre em apenas 5% a 10% dos pacientes Classe
II descendentes de europeus, enquanto que cerca de 30% dos
pacientes Classe II podem ter retrusão esquelética maxilar,
muitas vezes associada a um ângulo nasolabial obtuso e ao
ângulo do plano mandibular acentuado.16 Além disso, várias
maloclusões Classe II, quando avaliadas clinicamente, não apre­
sentam constrição transversa da maxila óbvia. Quando os Fig. 12-3 Um expansor acrílico que é cimentado aos dentes
modelos dos pacientes são “manipulados” para uma relação de posteriores superiores é o aparelho de escolha em pacientes com
canino Classe I, entretanto, surge uma mordida cruzada uni ou dentição mista apresentando uma maxila atrésica. (Modificado de
bilateral. De fato, Tollaro et al.17 mostraram que um paciente McNamara JA Jr, Brudon WL: Orthodontics and dentofacial ortho-
Classe II com o que parece ser uma relação bucolingual normal pedics, Ann Arbor, Mich, 2001, Needham Press.)

Fig. 12-4 Aparelho removível inferior de Schwarz. A, Após a colocação inicial. B, Após cinco
meses de tratamento ativo. Os dentes posteriores inferiores foram verticalizados e uma pequena
quantidade de espaço no arco foi obtida na região anterior inferior. (De McNamara JA Jr, Brudon
WL: Orthodontics and dentofacial orthopedics, Ann Arbor, Mich, 2001, Needham Press.)
140 Parte II   Manejo Clínico das Discrepâncias Sagital e Vertical

Fig. 12-7 A atresia maxilar pode levar a uma curva de Wilson


(CW) acentuada. Quando ocorre tal condição, as cúspides linguais
se inclinam levando a interferências no equilíbrio. Um plano
oclusal (PO) reto geralmente é um dos objetivos do tratamento. (De
Fig. 12-5 Constrição lateral bialveolar. Visão frontal de um McNamara JA Jr, Brudon WL: Orthodontics and dentofacial ortho-
paciente com maxila atrésica, na qual os molares inferiores ao invés pedics, Ann Arbor, Mich, 2001, Needham Press.)
de erupcionarem em uma relação de mordida cruzada posterior
(linhas pontilhadas), erupcionaram lingualmente. A oclusão pela
vestibular parece normal e a mordida cruzada não é evidente. (De
McNamara JA Jr, Brudon WL: Orthodontics and dentofacial ortho-
pedics, Ann Arbor, Mich, 2001, Needham Press.)

Fig. 12-8 A atresia maxilar pode ser evidenciada pelos espaços


escuros que aparecem no canto da boca durante o sorriso. (De
McNamara JA Jr, Brudon WL: Orthodontics and dentofacial ortho-
pedics, Ann Arbor, Mich, 2001, Needham Press.)

Fig. 12-6 Um aparelho inferior de Schwarz pode ser usado para tipicamente caracterizados clinicamente como tendo tanto
verticalizar os dentes inferiores, levando a uma tendência à mordida
retrusão mandibular esquelética suave a moderada ou um perfil
cruzada posterior. A maxila subsequentemente poderá ser mais
expandida devido ao fato de a arcada inferior ter sido inicialmente facial ortognático. No momento da remoção do expansor, estes
ampliada. (De McNamara JA Jr, Brudon WL: Orthodontics and pacientes apresentavam uma forte tendência para a mordida
dentofacial orthopedics, Ann Arbor, Mich, 2001, Needham Press.) cruzada vestibular com somente as cúspides palatinas dos dentes
posteriores tendo contato com as cúspides vestibulares dos
dentes posteriores inferiores. Após a remoção do expansor, uma
alternativa, aparelho ortodôntico completo combinado com placa de manutenção superior foi utilizada para a estabilização.
um arco transpalatino nos dentes permanentes. Várias consultas depois, a tendência para a mordida cruzada
vestibular costuma desaparecer e alguns dos pacientes apresen­
tam agora uma sólida relação oclusal Classe I.
Correção Espontânea da Maloclusão Classe II
Deve-se ressaltar que a mudança na relação molar nestes
Uma observação interessante (e de alguma forma surpreen­ pacientes ocorreu antes da transição dos segundos molares
dente) após os esforços iniciais para expandir os pacientes decíduos inferiores para os segundos pré-molares, o ponto no
Classe II no começo da dentição mista é a ocorrência de uma qual uma melhoria na classificação de Angle ocorre algumas
correção espontânea da maloclusão Classe II durante o período vezes em pacientes não tratados devido ao movimento anterior
de contenção. Tais pacientes tinham tanto uma relação de molar dos primeiros molares inferiores para o espaço livre de Nance.
Classe II topo a topo ou completa. Geralmente, estes pacientes Um grande estudo clínico prospectivo18 de pacientes da
não apresentavam desequilíbrios esqueléticos graves, mas eram clínica particular do autor com relação molar de Classe II com­
Capítulo 12   Síndrome da Deficiência Maxilar 141

pleta e topo a topo tratados com expansão ortopédica precoce


da maxila está sendo atualmente realizado. A análise inicial de
cefalogramas laterais destes pacientes indica que uma melhora
espontânea na relação molar Classe II é um achado comum.
Essa correção espontânea nos forçou a repensar nossa
técnica de tratamento utilizada para correção da Classe II.
Tradicionalmente, os clínicos têm visto a maloclusão Classe II
como um problema sobretudo sagital e vertical. A experiência
com a correção pós-ERM do problema da Classe II nos
pacientes em crescimento indica que várias maloclusões Classe
II apresentam um forte componente transverso. A sobrexpan­
são da maxila, a qual é subsequentemente estabilizada com
uma placa palatina removível, desfaz a oclusão. O paciente
aparentemente se torna mais inclinado a posicionar a mandíbula
ligeiramente para frente,19 eliminando assim a tendência para
uma mordida cruzada vestibular e ao mesmo tempo melho­ Fig. 12-9 O gancho para a máscara facial foi conectado ao
expansor em acrílico para permitir a colocação dos elásticos. (De
rando a relação oclusal sagital. Presumivelmente, o cresci­
McNamara JA Jr, Brudon WL: Orthodontics and dentofacial ortho-
mento subsequente e a remodelagem das estruturas da
pedics, Ann Arbor, Mich, 2001, Needham Press.)
articulação temporomandibular fazem com que esta postura
inicial mude permanentemente.
A correção espontânea da Classe II, se for ocorrer, geral­
mente acontece durante os primeiros seis a 12 meses do
período de pós-ERM. A correção da Classe II pode ser melho­
rada adicionalmente no final do período da dentição mista por
meio do arco transpalatino que não só mantém o espaço livre
de Nance superior, mas também pode ser ativado sequencial­
mente para produzir a rotação do molar e sua verticalização.2
Neste momento, se a oclusão ainda tiver um componente
Classe II, técnicas adicionais de tratamento podem estar indi­
cadas (p. ex., ortopedia funcional dos maxilares, Forsus e elás­
ticos Classe II).
O fenômeno de correção espontânea após o tratamento de
ERM combinado com o uso rotineiro de um arco transpalatino
faz parte agora do nosso protocolo de tratamento na dentição
mista. Percebemos que a necessidade subsequente da ortopedia
funcional dos maxilares diminuiu muito na nossa prática clínica
durante a última década.

Conclusão
Fig. 12-10 A máscara ortopédica facial de Petit é comumente
Os vários problemas ortodônticos discutidos neste capítulo usada em pacientes com maloclusão Classe III. (De McNamara JA
estão todos ligados à deficiência maxilar na dimensão transversa Jr, Brudon WL: Orthodontics and dentofacial orthopedics, Ann
ou sagital, ou nas duas. Os sinais da deficiência maxilar incluem Arbor, Mich, 2001, Needham Press.)
muito mais do que a mordida cruzada anteroposterior e api­
nhamento dos dentes superiores. Os sinais da deficiência maxilar
costumam aparecer juntos na síndrome da deficiência maxilar. presumivelmente será incorporado no futuro aos protocolos de
Comprovadamente, um aparelho ortopédico, o expansor rápido tratamento ortodôntico com uma frequência cada vez maior.
da maxila, pode ser facilmente incorporado aos planos de trata­
mento em uma variedade de condições ortodônticas. A ERM é
Agradecimentos
útil tanto na correção dos distúrbios Classe II e Classe III, como
na resolução de discrepâncias suaves a moderadas no tamanho Este capítulo é escrito em homenagem ao Dr. Ram S. Nanda,
do dente/perímetro do arco. Além disso, a ERM pode ser usada Professor Emérito e ex-chefe do Departamento de Ortodontia
para “ampliar o sorriso” enquanto melhora a passagem aérea na Universidade de Oklahoma. A família Nanda fez con­
nasal em alguns pacientes.20 Muitos, ou até mesmo a maioria, tribuições importantes para a ortodontia, com seus irmãos Dr.
destes sinais aparecem no mesmo paciente com deficiência Ravindra Nanda, Chefe da Ortodontia na University of Con­
maxilar, estando a expansão rápida maxilar disponível como um necticut, e o falecido Dr. Surender K. Nanda, colega de faculdade
adjunto no tratamento ortodôntico fixo, um procedimento que e membro por muitos anos da University of Michigan. Para
142 Parte II   Manejo Clínico das Discrepâncias Sagital e Vertical

mim é um prazer escrever este capítulo em homenagem às Growth Series, Ann Arbor, 1999, Center for Human Growth
importantes contribuições de uma vida feitas pelo Dr. Ram and Development, University of Michigan.
Nanda à nossa especialidade. 10. Vanarsdall RL Jr: Personal communication, 1992.
11. Guyer EC, Ellis E, McNamara JA Jr, Behrents RG: Compo­
nents of Class III malocclusion in juveniles and adolescents,
Angle Orthod 56:7-30, 1986.
Referências 12. DeClerck H: Unpublished data, 2007.
13. McNamara JA Jr: An orthopedic approach to the treatment
1. McNamara JA Jr: Maxillary transverse defi ciency, Am J Orthod of Class III malocclusion in young patients, J Clin Orthod 21:
Dentofacial Orthop 117:567-570, 2000. 598-608, 1987.
2. McNamara JA Jr, Brudon WL: Orthodontics and dentofacial 14. McGill JS, McNamara JA Jr: Treatment and post-treatment
orthopedics, Ann Arbor, Mich, 2001, Needham Press. effects of rapid maxillary expansion and facial mask therapy.
3. Howe RP, McNamara JA Jr, O’Connor KA: An examination In McNamara JA Jr, editor. Growth modifi cation: what works,
of dental crowding and its relationship to tooth size and arch what doesn’t and why, Monograph 36, Craniofacial Growth
dimension, Am J Orthod 83:363-373, 1983. Series, Center for Human Growth and Development, Ann
4. Toth LR, McNamara JA Jr: Treatment effects produced by the Arbor, 1999, University of Michigan.
twin block appliance and the FR-2 appliance of Fränkel com­ 15. Westwood PV, McNamara JA Jr, Baccetti T, et al: Long-term
pared to an untreated Class II sample, Am J Orthod Dentofa- effects of early Class III treatment with rapid maxillary expan­
cial Orthop 116:597-609, 1999. sion and facial mask therapy, Am J Orthod Dentofacial Orthop
5. Burkhardt DR, McNamara JA Jr, Baccetti T: Maxillary molar 123:306-320, 2003.
distalization or mandibular enhancement: a cephalometric 16. McNamara JA Jr: Components of Class II malocclusion in
comparison of the Pendulum and Herbst appliances, Am J children 8-10 years of age, Angle Orthod 51:177-202, 1981.
Orthod Dentofacial Orthop 123:108-116, 2003. 17. Tollaro I, Baccetti T, Franchi L, Tanasescu CD: Role of poste­
6. Freeman DC, McNamara JA Jr, Baccetti T, Franchi L: Long- rior transverse interarch discrepancy in Class II, Division 1
term treatment effects of the FR-2 appliance of Fränkel, Am J malocclusion during the mixed dentition phase, Am J Orthod
Orthod Dentofacial Orthop (in press). Dentofacial Orthop 110:417-422, 1996.
7. Freeman CS, McNamara JA Jr, Baccetti T, Franchi L: Treatment 18. Guest SS, McNamara JA Jr, Baccetti T, Franchi L: Improving
effects of the Bionator and high-pull facebow combination fol­ Class II malocclusion as a “side-effect” of rapid maxillary expan­
lowed by fixed appliances in patients with increased vertical sion: a prospective clinical study, Submitted for publication,
dimension, Am J Orthod Dentofacial Orthop 131:184-195, 2007. 2008.
8. Schulz SO, McNamara JA Jr, Baccetti T, Franchi L: Treatment 19. Wendling LK, McNamara JA Jr, Franchi L, Baccetti T: Short-
effects of bonded RME and vertical pull chin cup followed by term skeletal and dental effects of the acrylic splint rapid
fi xed appliances in patients with increased vertical dimen­ maxillary expansion appliance, Angle Orthod 75:7–14, 2005.
sion, Am J Orthod Dentofacial Orthop 128:326-336, 2005. 20. Hartgerink DV, Vig PS, Abbott DW: The effect of rapid maxil­
9. McNamara JA Jr: The role of the transverse dimension in orth- lary expansion on nasal airway resistance, Am J Orthod Dento-
odontic diagnosis and treatment, Monograph 36, Craniofacial facial Orthop 92:381–389, 1987.
C ap í t u lo
13
Protração Maxilar
Efetiva para Pacientes
Classe III
Peter Ngan e Hong He

estudo com crianças chinesas com idades entre nove e 15 anos,


Maloclusão Classe Iii divididas em indivíduos com “pseudo” ou “verdadeira” maloclu­
são Classe III, encontrou uma prevalência muito menor desses
Definição transtornos: 2,3 % e 1,7 %, respectivamente.10
Angle publicou pela primeira vez a classificação de maloclusão Na população afro-americana, a incidência de maloclusão
em 1899, que foi baseada unicamente na relação dos arcos den­ Classe III é de 6,3 %.11 As maloclusões Classe III são mais pre­
tários usando um modelo de estudo.1 A oclusão Classe I ocorre valentes em hispânicos do que em caucasianos ou africanos. A
quando a cúspide mesiovestibular do primeiro molar superior prevalência de maloclusão Classe III em latino-americanos é de
permanente oclui-se no sulco vestibular do primeiro molar cerca de 9,1%, similar à prevalência encontrada nos norte-
inferior. A maloclusão Classe III ocorre quando os dentes infe­ americanos de origem mexicana (8,3%), conforme a pesquisa
riores ocluem mesialmente na largura de um pré-molar ou dis­ NHANES.12
tâncias ainda maiores em casos mais extremos. Quanto aos componentes da maloclusão Classe III, um
O advento da radiologia cefalométrica, em 1931, permitiu estudo envolvendo pacientes com maloclusão Classe III cirúr­
aos profissionais discernirem o padrão esquelético subjacente gicos demonstrou que a combinação de maxila subdesenvolvida
da maloclusão Classe III.2 Tweed3 dividiu as maloclusões Classe e mandíbula sobredesenvolvida ocorreu em 30,1% dos casos; os
III em (1) maloclusão pseudoClasse III, com mandíbula de indivíduos com uma maxila normal e uma mandíbula sobrede­
formato normal e maxila subdesenvolvida e (2) maloclusão senvolvida representaram 19,2% da amostra.13 Entretanto, a
Classe III esquelética, com grandes mandíbulas. Moyers4 dividiu maioria dos pacientes coreanos apresentava uma maxila normal
as mésio-oclusões Classe III em três tipos distintos: ósseas, mus­ e uma mandíbula sobredesenvolvida (47,7%), com poucos
culares e dentais. A primeira condição é um padrão de cresci­ pacientes apresentando uma maxila subdesenvolvida e uma
mento ósseo anormal, a segunda é um padrão muscular reflexo mandíbula sobredesenvolvida (13,5%).14
adquirido de fechamento mandibular e a terceira é um pro­
blema no posicionamento dental.
Etiologia
O crescimento esquelético Classe III apresenta uma base multi­
Prevalência
fatorial, que é influenciada por genética, função, deformidades,
A maloclusão Classe III é um problema observado com menor tamanho e posição dos ossos. De acordo com Enlow,15 os ossos
frequência na prática clínica que a maloclusão Classe II ou Classe faciais que contribuem para um padrão esquelético Classe III
I, ocorrendo em menos de 5% da população norte-americana.5,6 incluem a base anterior e posterior do crânio, o complexo naso­
A prevalência é maior nas populações asiáticas. A incidência esti­ maxilar e o ramo e corpo da mandíbula. Somente alguns tipos
mada da maloclusão Classe III entre os coreanos, japoneses e de maloclusão Classe III são causados por interferências espe­
chineses é de 4% a 14%, devido à grande percentagem de pacien­ cíficas do crescimento. Estas interferências podem ser causadas
tes com deficiência maxilar nestas populações.7–9 No entanto, um por hábitos ou estar relacionadas a padrões de crescimento.

143
144 Parte II   Manejo Clínico das Discrepâncias Sagital e Vertical

Assim, indivíduos com hábitos posturais da mandíbula e respi­ força a mandíbula em protração. Esses pacientes tendem a apre­
ração bucal podem apresentar uma maloclusão de tipo Classe sentar um padrão esquelético Classe I, perfil facial normal e
III.16 Esta pesquisa também demonstrou que interferências na relação molar Classe I em relação cêntrica, mas um padrão
função oclusal, tais como a sobressaliência reversa, podem esquelético e dentário Classe III em oclusão cêntrica. A correção
alterar a direção e a forma da mandíbula. precoce desta “pseudo” condição Classe III pode proporcionar
Os casos mais graves de maloclusão Classe III são causados por um ambiente mais favorável para o crescimento futuro.
uma combinação de características hereditárias, agravadas Terceiro, a radiografia cefalométrica lateral é necessária para
por fatores ambientais.17 De acordo com Park e Baik,18 a etiologia completar o diagnóstico e auxiliar o odontologista no planeja­
da maloclusão Classe III pode ser classificada em três tipos, com mento do tratamento. A análise cefalométrica é necessária para
base na posição da maxila em relação ao esqueleto craniofacial. registrar quantitativamente a gravidade da maloclusão Classe
Os indivíduos do tipo A têm uma maxila normal e uma mandí­ III e para determinar a causa da deformidade. As medidas cefa­
bula aumentada, que é classificada como prognatismo mandibu­ lométricas que relacionam a maxila com a mandíbula (p. ex., o
lar verdadeiro. Os indivíduos do tipo B têm tanto a maxila quanto ANB, Wits e as medidas lineares de diferença entre o côndilo ao
a mandíbula aumentadas, sendo que a mandíbula é maior do que ponto A e côndilo ao gnátio) são particularmente úteis na quan­
a maxila; eles apresentam um ângulo nasolabial agudo e um ponto tificação da gravidade da maloclusão (Tabela 13-1).
A posicionado anteriormente. Os indivíduos tipo C têm hipopla­ A análise discriminante demonstrou que a avaliação Wits é
sia da maxila; seu perfil facial é côncavo, com um ângulo nasola­ mais decisiva na distinção do tratamento de camuflagem do
bial excessivamente grande, que é frequentemente camuflado pela tratamento cirúrgico.23 A média de Wits para o tratamento de
compensação dentoalveolar. camuflagem foi de −4,6 ± 1,7 mm e para o tratamento cirúrgico
Os pacientes com maloclusão Classe III podem apresentar foi de −12,1 ± 4,3 mm. Assim, com base na avaliação Wits, a
diversas combinações de outros padrões esqueléticos e dentários gravidade dos pacientes com maloclusão esquelética Classe III
anormais. As características esqueléticas mais comuns incluem pode ser agrupada nas categorias vermelho, verde e amarelo.24
uma base craniana anterior reduzida, ângulo goníaco mais obtuso, Os pacientes com a avaliação Wits superior a 12 mm são cha­
uma fossa mandibular posicionada anteriormente, uma diminui­ mados de “vermelhos” e podem, por fim, exigir uma cirurgia
ção da flexura da base do crânio, uma discrepância sagital da ortognática para correção da deformidade óssea. Pacientes com
maxila e/ou mandíbula e aumento da altura facial anteroinferior. avaliação Wits menor que 4 mm são chamados de “verdes” e,
Os achados dentais geralmente incluem molares e caninos Classe provavelmente, podem ser camuflados pela movimentação
III de Angle, incisivos inferiores retroinclinados, incisivos supe­ ortodôntica dos dentes. Os pacientes com a avaliação Wits entre
riores proclinados e uma relação topo-a-topo dos incisivos ou 4 e 12 mm são chamados de “amarelos” e necessitam de uma
sobressaliência negativa. análise mais aprofundada, como radiografias seriadas
e uma análise GTRV (vetor de crescimento em resposta ao
tratamento)25 antes de se decidir por camuflar a maloclusão ou
Diagnóstico Diferencial
aguardar a conclusão do crescimento antes de realizar um tra­
O diagnóstico diferencial nas maloclusões Classe III esqueléticas tamento cirúrgico.
desempenha um papel importante no sucesso dos resultados do Quarto, uma avaliação clínica minuciosa pode ser o exame
tratamento. O momento do tratamento ortodôntico tem sido mais importante para o diagnóstico quando o objetivo do pla­
sempre um tanto quanto controverso,19 e o prognóstico é sempre nejamento do tratamento é aperfeiçoar a estética facial.26 A
cauteloso até o término do crescimento. As variações na mag­ relação esquelética anteroposterior e as proporções verticais
nitude e expressão da maloclusão Classe III podem levar a faciais devem ser avaliadas com o paciente sentado ereto, com
algumas dificuldades durante o diagnóstico. Conforme mencio­ a cabeça na posição natural. Deve ser registrada qualquer desar­
nado, um paciente pode apresentar uma combinação de uma monia no perfil. De modo similar, deve-se avaliar neste momento
ou mais deformidades dentofaciais, tais como prognatismo as dimensões transversais, juntamente com qualquer assimetria
mandibular verdadeiro ou retrognatismo maxilar. Para diferen­
ciar as causas subjacentes de uma maloclusão Classe III, tem
sido sugerido um método simplificado de avaliação de
pacientes.20–22 TABELA 13-1
Primeiro, é importante questionar o paciente e os pais a
Variáveis Cefalométricas e Padrões para
respeito da existência de uma mandíbula grande ou uma
mordida cruzada anterior entre os membros da família. Se um
Pacientes Classe III
parente próximo necessitou de cirurgia ortognática, o paciente Variáveis cefalométricas Padrão (Idade
em exame também pode apresentar uma discrepância esquelé­ intermaxilares seis a 18 anos)
tica grave. Análise Wits 0 mm
Segundo, é importante avaliar a presença de um desvio fun­ Diferença maxilo-mandibular 23 mm (12 anos)
cional. Deve ser avaliada a relação entre a maxila e a mandíbula Ângulo ANB 2 graus
para determinar se existe uma discrepância entre a relação cên­ Meridiano zero
trica e a oclusão cêntrica. O reposicionamento anterior da man­ Maxila +2,3 mm
Pogônio 0 mm
díbula pode ser causado pelo contato anormal dos dentes, que
Capítulo 13   Protração Maxilar Efetiva para Pacientes Classe III 145

facial e dentária. Também devem ser examinadas as articulações zigomático-maxilar, pterigopalatina, intermaxilar, etmomaxi­
temporomandibulares, musculatura associada e mucosa oral. lar e lacrimomaxilar (Fig. 13-1).
A discussão a seguir destaca diversas abordagens para a uti­ Estudos em animais demonstraram que o complexo maxilar
lização de tração reversa da maxila no tratamento da maloclu­ pode estar deslocado anteriormente, levando a mudanças signifi­
são Classe III. cativas nas suturas faciais.36–38 No entanto, a protração maxilar
nem sempre resulta em movimentação para a frente da maxila.
Com a mesma linha de força, diferentes ossos mediofaciais são
Protração Da Maxila deslocados em direções diferentes, dependendo dos momentos de
Pacientes com maloclusão Classe III em desenvolvimento podem força gerados na suturas.39 O centro de resistência da maxila está
ser tratados com mentoneiras, máscaras faciais, aparelhos funcio­ localizado nos contatos distais dos primeiros molares superiores,
nais removíveis ou aparelhos fixos.27–30 As máscaras faciais de a meia distância entre o plano oclusal funcional e a borda inferior
protração têm sido utilizadas no tratamento de pacientes com da órbita.40 A protração da maxila abaixo do centro da resistência
maloclusão Classe III e deficiência maxilar.28,31–33 A máscara facial leva a uma rotação anti-horária da maxila, que pode ser desfavo­
tem um fio ajustável anterior que pode acomodar uma tração rável para pacientes com tendência à mordida aberta.41
para baixo e para a frente da maxila com elásticos. Para minimizar
a inclinação do plano palatal, os elásticos de protração são ligados
Correção da Mordida Cruzada e da Sobressaliência/
próximos aos caninos superiores, com uma tração para baixo e
Sobremordida
para a frente de 30 graus em relação ao plano oclusal.34 A protra­
ção maxilar geralmente requer 300 a 600 g de força de cada lado, Clinicamente, a mordida cruzada anterior pode ser corrigida
dependendo da idade do paciente. Os pacientes são instruídos a com três a quatro meses de expansão e protração maxilar,
usar o aparelho durante 12 horas por dia. dependendo da gravidade da maloclusão. Pode-se esperar
Na dentição mista, um aparelho de expansão bandado ou melhora na sobremordida e na relação molar com um trata­
colado pode ser fabricado como ancoragem para a tração mento adicional de quatro a seis meses.
maxilar. Os pacientes com um aumento na altura facial inferior Um ensaio clínico prospectivo concluiu que a correção da
podem se beneficiar do uso de um aparelho de expansão colado, sobressaliência foi decorrente do movimento para a frente da
que proporciona um efeito temporário de plano de mordida maxila (31%), movimento para trás da mandíbula (21%),
superior. Além disso, pode ser usado um aparelho maxilar movimento vestibular dos incisivos superiores (28%) e movi­
colado em pacientes com sobremordida profunda e sobreoclu­ mento lingual dos incisivos inferiores (20%).42 A sobrecorreção
são mandibular para facilitar o salto da mordida cruzada ante­ da relação sobressaliência e molar foi altamente recomendada
rior.35 O aparelho de expansão é ativado duas vezes por dia para antecipar um crescimento mandibular desfavorável. A
(0,25 mm por ativação) pelo paciente ou seus pais, por 7 a sobremordida melhorou com a erupção dos dentes posteriores.
10 dias. Em pacientes com maxila mais constrita, a ativação do A altura total da face foi aumentada pelo movimento inferior
aparelho é realizada por duas semanas ou mais. da maxila e rotação para baixo e para trás da mandíbula.
De acordo com vários estudos clínicos, o avanço médio da
maxila é de cerca de 1 a 3 mm, em seis a oito meses de protra­
Suturas Faciais
ção maxilar.28,31,32,43,44 Uma meta-análise a respeito da eficácia
Diversas suturas faciais desempenham um papel importante do tratamento com máscara facial de protração constatou que
no desenvolvimento do complexo nasomaxilar, incluindo as a variação média na avaliação Wits foi de 4 a 6 mm e o movi­
suturas frontomaxilar, nasomaxilar, zigomático-temporal, mento horizontal médio do ponto A foi de 1 a 3 mm.45

Fig. 13-1 Suturas faciais que desempenham um papel importante no desenvolvimento do com­
plexo nasomaxilar. A, Vista anterior. B, Vista lateral.
146 Parte II   Manejo Clínico das Discrepâncias Sagital e Vertical

Momento do Tratamento Uso De Onplants Para Melhorar


A Ancoragem
Uma questão crítica para a protração maxilar diz respeito ao
melhor momento para iniciar o tratamento com a máscara A ancoragem ortodôntica é definida como a resistência ao
facial. O objetivo principal do tratamento precoce com a máscara movimento dentário indesejável. Muitos meios convencionais
é reforçar o deslocamento anterior da maxila pelo crescimento para melhorar a ancoragem ortodôntica são inferiores ao ideal
das suturas. Estudos histológicos demonstraram que a sutura porque dependem de estruturas que são potencialmente móveis
palatina mediana é ampla e suave durante a “infância” (8 a 10 (dentes) ou da colaboração dos pacientes em usar aparelhos
anos) e que se torna mais escamosa e justaposta no estágio extraorais ou elásticos. Além disso, estes meios convencionais
“juvenil” (10 a 13 anos).46–47 Biologicamente, as suturas circum- de ancoragem normalmente não são suficientes para suportar
maxilares são suaves e amplas antes dos oito anos e se tornam as intensas forças, como as usadas em ortopedia.
mais fortemente interdigitadas próximo da puberdade.48 Por sua vez, os implantes e onplants no palato têm demonstrado
Esses resultados referem-se a observações de estudos clínicos sucesso como dispositivos de ancoragem temporária (DATs), já que
mostrando que a tração reversa da maxila é eficaz nas dentições eles oferecem ancoragem máxima em virtude da integração óssea
decídua, mista e também permanente jovem. Vários estudos e podem ser removidos após a conclusão do tratamento ortodôn­
sugerem que um maior grau de deslocamento anterior da tico.51–55 Os implantes e onplants no palato podem ser conectados
maxila pode ser encontrado quando o tratamento é iniciado na por arcos transpalatais para movimentar os segmentos de dentes
dentição decídua ou mista precoce.31,32 ou utilizados em pacientes com ancoragem dentária insuficiente,
O momento ideal de intervir em uma maloclusão Classe III devido à perda de dentes ou doença periodontal.
é durante a erupção inicial dos incisivos superiores. Uma sobre­ O uso de onplants para ancoragem ortodôntica ou ortopé­
mordida/sobressaliência positiva ao final do tratamento com a dica é uma área relativamente nova da pesquisa e as investiga­
máscara facial parece manter a oclusão anterior. ções são limitadas. Em 1995, Block e Hoffman51 relataram o uso
Outra questão importante é saber se os resultados da protra­ bem-sucedido de um onplant (um disco subperiosteal) como
ção precoce podem ser sustentados quando ocorre o subsequente ancoragem ortodôntica em um estudo experimental em cães e
crescimento mandibular durante o estirão da puberdade. Em um macacos. Trata-se de um acessório relativamente plano, em
ensaio clínico prospectivo, o tratamento com a máscara de pro­ forma de disco de 7,7 mm (Nobel Biocare, Gotemburgo, Suécia),
tração iniciado na fase de dentição mista manteve-se estável por com uma superfície texturizada coberta com hidroxiapatita
dois anos após a remoção dos aparelhos.42 Isto provavelmente para a integração com o osso.
resultou da sobrecorreção e do uso de um aparelho funcional Ao contrário dos implantes, os onplants exigem apenas um
como contenção por um ano. Quando estes pacientes foram procedimento cirúrgico simples para inserir e retirar, o que os
seguidos por mais dois anos, 15 dos 20 pacientes mantiveram torna mais versáteis como unidades de ancoragem em ortodon­
uma sobressaliência positiva.42 Em pacientes que recidivaram tia. Também ao contrário dos implantes, que são colocados em
para uma sobressaliência negativa, a mandíbula cresceu mais que bases ósseas recém-preparadas no osso alveolar, os onplants são
a maxila no sentido horizontal. Quando estes pacientes foram integrados ao osso em superfícies ósseas relativamente inativas.
acompanhados por mais quatro anos (oito anos após o trata­ Eles podem ser colocados em pacientes em diversos estágios de
mento, até cerca de 17,5 anos de idade), 14 dos 20 pacientes erupção dentária. Os onplants são colocados cirurgicamente na
(67%) mantiveram uma sobressaliência positiva.49 Para os parte plana do osso palatino, próximo da região molar. O pilar
pacientes que recidivaram para uma sobressaliência inversa, a é feito de tal forma que ele pode ser conectado a uma barra
mandíbula cresceu quatro vezes mais que a maxila, em compa­ transpalatina para movimentação dentária ou ancoragem.
ração com a relação de duas vezes que foi encontrada no grupo O sucesso do uso de onplants como ancoragem ortodôntica
estável. depende clinicamente da quantidade de força que ele pode
Esses resultados sugerem que em um ensaio clínico aleatório em suportar. Estudos piloto em macacos e cães demonstraram que
que os pacientes são seguidos até ao término do crescimento os onplants podem ser usados como ancoragem estável para
puberal, dois em cada três pacientes (67%) terá um desfecho favo­ mover os dentes e podem atuar como pilares para a distração
rável. Cerca de um terço dos pacientes pode ser candidato à osteogênica da mandíbula.1 Nestes experimentos, os onplants
cirurgia ortognática quando tiverem mais idade, devido ao forneceram 3,06 newtons (N) de força contínua e 711 N de força
padrão de crescimento desfavorável. Os pacientes tratados com de cisalhamento.51 Clinicamente, os onplants têm sido aplicados
máscara de protração na dentição mista precoce ou mista tardia com sucesso para fechar espaços ortodonticamente,56 ajudar a
e permanente foram acompanhados após uma segunda fase de mover molares distalmente,57 irromper dentes oclusalmente58 e
tratamento com aparelho fixo, observou-se a manutenção das fornecer ancoragem para protração da maxila.59
melhorias apenas naqueles tratados com máscara na denti­
ção mista precoce.50 Especificamente, foi observado um
Procedimento Clínico
movimento adicional em protração da maxila de 1,8 mm no
grupo tratado precocemente em comparação aos controles. Após a anestesia local do palato, é realizada uma incisão para­
No grupo de dentição mista tardia não foi observada dife­ marginal na mucosa palatal da área pré-molar em direção a
rença significativa no movimento de protração da maxila linha média (Fig. 13-2, A-C). O tecido é tunelizado para baixo,
após a puberdade, em comparação com os controles. em toda a sua espessura, além da linha média, até o eventual
Capítulo 13   Protração Maxilar Efetiva para Pacientes Classe III 147

Fig. 13-2 Procedimento para a ancoragem do onplant na protração maxilar. A a C, Colocação


cirúrgica do onplant. A, Superfície de hidroxiapatita (HA) do onplant. B, Onplant é inserido no túnel
com a superfície de HA diretamente na superfície óssea. C, Onplant é deslizado em direção à linha
média do palato e sutura dos tecidos. D a G, Fabricação do stent Vacuform. D, Vacuform. E, Colocação
da massa no local onde está o onplant. F, Stent finalizado. G, Inserção do stent. H a K, Exposição do
onplant após a integração óssea. H, Tecido perfurado. I e J, Remoção dos tecidos sobre o onplant.
K, Remoção da cobertura do onplant. L a O, Inserção do pilar transmucoso e cicatrizador. L, Chave
de fenda para inserir o pilar transmucoso.
148 Parte II   Manejo Clínico das Discrepâncias Sagital e Vertical

Fig. 13-2 (Continuação) M, Pilar posicionado. N, Inserção do cicatrizador. O, Cicatrizador


posicionado. P a S, Transferência da posição do pilar para o modelo de gesso. P, Inserção do trans­
ferente de moldagem. Q, Transferente de moldagem posicionado. R, Moldagem para transferir a
posição do pilar. S, Implante simulado é usado para verter o modelo de trabalho. T e U, Fabricação
da contenção de prata. T, Contenção de prata no modelo de gesso. U, Vista lateral da contenção de
prata no modelo de gesso. V a X, Conexão da contenção de prata ao onplant com a barra transpa­
latina. V, Moldagem com bandas nos molares posteriores. W, Soldando a barra transpalatina à
contenção de prata no modelo de gesso. X, Unindo o aparelho ao onplant no paciente.
Capítulo 13   Protração Maxilar Efetiva para Pacientes Classe III 149

local de implantação. O onplant é então inserido no túnel e suturas craniofaciais são tecidos osteogênicos entre ossos mem­
deslizado para a posição, com a superfície de hidroxiapatita branosos opostos. A separação experimental colocando forças
diretamente no osso, próximo da linha média do palato. Um de tração nas suturas craniofaciais em animais se assemelha às
stent Vacuform é usado pelo paciente 24 horas por dia, durante atividades suturais observadas durante o crescimento normal,
10 dias, para colocar pressão sobre o onplant (Fig. 13-2, D-G). embora de modo mais agudo. A resposta à tração mecânica
Esta etapa é fundamental para minimizar o movimento do inclui um alargamento das suturas, mudanças na orientação dos
onplant durante a integração óssea, que leva de três a quatro feixes de fibras, aumento no número de osteoblastos e deposição
meses. de osteoide em ambas as superfícies do osso sutural.
Uma vez que a integração é alcançada, é colocado um pilar Clinicamente, a expansão da maxila pode desarticulá-la para
transmucoso ao expor o onplant utilizando um perfurador de permitir que ela seja protraída de modo mais favorável. Acre­
tecido (Fig. 13-2, H-K). O parafuso de tampa é removido e é dita-se que uma maxila bem-desarticulada seja essencial quando
colocado um pilar de parafuso com cicatrizador (Fig. 13-2, L- são utilizados aparelhos dentários com efeitos ortopédicos. Um
O). Para transferir a posição do pilar para um modelo de gesso, protocolo semanal alterna uma rápida expansão e constrição da
é realizada uma moldagem direta com moldeira aberta pela maxila para desarticulá-la sem expandir além do que foi pro­
exposição do onplant, retirando seu parafuso de tampa e garan­ posto anteriormente.64–66 Em geral, são necessárias sete a nove
tindo o transferente de moldagem (Fig. 13-2, P-R). Uma simu­ semanas para liberar o maxilar. Quando utilizado este método,
lação de implante é usada para o modelo de trabalho (Fig. 13-2, foi observada uma protração média da maxila de 5,8 mm no
S). Um arco transpalatal é anexado ao onplant e soldado à con­ ponto A.65
tenção de prata (Fig. 13-2, T e U), que conecta todos os dentes
superiores (Fig. 13-2, V-X).
Estudo de Caso
A Figura 13-8 mostra um menino de oito anos, tratado com
Estudo de Caso
um aparelho expansor com dobradiça dupla (U.S. Patent no.
A Figura 13-3 mostra uma menina de oito anos que apresentava 6334771 B1) e uma máscara de protração (A-F). Este apare­
um perfil facial côncavo, apinhamento dos dentes anteriores e lho expansor com dobradiça dupla foi projetado para ampliar
uma mordida cruzada anterior (A-G). A radiografia cefalomé­ e rotacionar cada metade do maxilar para fora, a fim de
trica mostrou uma maloclusão Classe III e uma maxila defi­ proporcionar um maior deslocamento anterior, com menor
ciente (H). A radiografia panorâmica revelou um canino risco de reabsorção óssea posteriormente às tuberosidades
superior esquerdo impactado (I). maxilares (G-K).
A paciente foi tratada com uma máscara de protração A maxila foi expandida 1 mm por dia (quatro ativações),
maxilar, usando um onplant como ancoragem (Fig. 13-4). A durante uma semana. Na semana seguinte, a maxila foi subme­
máscara facial de Petit (Ormco Corporation, Orange, Califór­ tida à constrição de 1 mm por dia. Este processo se repetiu por
nia) foi equipada com elásticos que aplicavam cerca de 400 g de sete semanas, até que foi alcançada uma desarticulação sufi­
força em cada lado. A força foi dirigida da área do canino, 30 ciente. A máscara facial foi então ajustada com uma força de
graus em relação ao plano oclusal, para se contrapor a rotação protração de 400 g em cada extremidade, liberada por um elás­
anti-horária do plano palatal. A paciente foi orientada a usar a tico (3/8 polegada, 14 onças) inserido entre o gancho do apare­
máscara durante 12 horas por dia. lho de expansão até o gancho da máscara facial. O paciente foi
A tração foi mantida por 12 meses, até que foi realizado o orientado a usar a máscara 12 horas por dia, durante seis
movimento clínico suficiente da maxila, para melhorar a esté­ meses.
tica do terço médio da face (Fig. 13-5). No final do período de A mobilidade da maxila foi observada clinicamente no final
protração, o onplant foi removido por meio de um elevador do protocolo de expansão. A mordida cruzada anterior foi
cirúrgico (Fig. 13-6). corrigida dentro de dois a três meses de protração maxilar.
Todos os procedimentos cirúrgicos foram realizados sob Continuou-se a realizar a sobrecorreção da maxila até obter
anestesia local. O tecido mole ao redor do onplant cicatrizou-se uma sobressaliência de 3 a 4 mm, prevendo o possível cresci­
em duas semanas, sem intercorrências. A aceitação do paciente mento excessivo da mandíbula durante a fase de contenção
perante os resultados cirúrgicos foi positiva, dor e desconforto (Fig. 13-8, L-Q).
pós-operatório foram insignificantes.
A fase II do abrangente tratamento ortodôntico foi realizada
Conclusão
ao final do período de crescimento puberal da paciente. A Figura
13-7 mostra a melhora substancial nas relações esquelética e O tratamento ortodôntico utilizando protração maxilar em
dentária após a conclusão do tratamento ortodôntico. pacientes com maloclusão Classe III pode ser eficaz com o
auxílio de dispositivos de ancoragem temporária, tais como
implantes palatais ou onplants. A distração das suturas da
Distração Sutural Para Desarticulação maxila em pacientes jovens permite uma protração mais efi­
Da Maxila ciente da maxila. Um futuro método inovador de tração maxilar
A expansão e protração das suturas induzem a um novo cresci­ pode incluir o uso de microplacas e DATs menos invasivos,
mento ósseo por estiramento mecânico da suturas.60–63 As como microparafusos.
150 Parte II   Manejo Clínico das Discrepâncias Sagital e Vertical

Fig. 13-3 Protração maxilar em uma menina de oito anos com maloclusão Classe III. A a G, Foto­
grafias pré-tratamento, intra e extrabucais. A, Vista frontal da face. B, Perfil lateral da face. C, Vista
frontal intrabucal. D, Vista lateral direita intrabucal. E, Vista lateral esquerda intrabucal. F, Vista
oclusal maxilar. G, Vista oclusal mandibular. H e I, Radiografias pré-tratamento. H, Cefalograma
lateral. I, Radiografia panorâmica.
Capítulo 13   Protração Maxilar Efetiva para Pacientes Classe III 151

Fig. 13-4 Mesma paciente da Figura 13-3. A e B, Colocação do onplant e conexão da contenção de
prata com a barra transpalatina. A, Vista bucal esquerda. B, Vista oclusal maxilar. C e D, Mudanças
faciais na paciente após a protração maxilar. C, Vista anterior, após o tratamento com máscara facial.
D, Vista anterior, com máscara facial.
152 Parte II   Manejo Clínico das Discrepâncias Sagital e Vertical

Fig. 13-5 Mesma paciente das Figuras 13-3 e 13-4. A,


Perfil lateral com máscara facial. B, Perfil lateral após o
tratamento com máscara facial. C, Radiografia cefalomé­
trica lateral, mostrando a posição do onplant após a pro­
tração maxilar.
Capítulo 13   Protração Maxilar Efetiva para Pacientes Classe III 153

Fig. 13-6 Remoção do onplant após tratamento com máscara facial, na mesma paciente. A,
Remoção do onplant. B, Superfície do onplant que se integra ao osso.
154 Parte II   Manejo Clínico das Discrepâncias Sagital e Vertical

Fig. 13-7 Mesma paciente das Figuras 13-3 a 13-6 após o tratamento. A a I, Fotografias pós-
tratamento, intra e extrabucais. A, Perfil lateral. B, Perfil anterior. C, Perfil anterior, sorrindo. D, Vista
anterior, sorrindo. E, Vista anterior. F, Vista lateral direita. G, Vista lateral esquerda. H, Vista oclusal
maxilar. I, Vista oclusal mandibular.
Capítulo 13   Protração Maxilar Efetiva para Pacientes Classe III 155

Fig. 13-7 (Continuação) J e K, Radiografias pós-tratamento. J, Cefalograma lateral. K,


Radiografia panorâmica.
Fig. 13-8 Uso de aparelho expansor com dobradiça dupla e máscara facial de protração em um
menino de oito anos com maloclusão Classe III. A a F, Fotografias pré-tratamento, intra e extrabucais.
G a K, Fotografias intrabucais do progresso. L a Q, Fotografias pós-tratamento, intra e extrabu­
cais. (Paciente tratado por Dr. Thuy Do-Delatour).
Capítulo 13   Protração Maxilar Efetiva para Pacientes Classe III 157

referências 23. Stellzig-Eisenhauer A, Lux CJ, Schuster G: Treatment decision


in adult patients with Class III malocclusion: orthodontic
1. Angle EH: Classification of malocclusion, Dent Cosmos 41: therapy or orthognathic surgery? Am J Orthod Dentofacial
248, 1899. Orthop 122:27-38, 2002.
2. Broadbent BH: A new X-ray technique and its application to 24. Musich D. Severity of Class III malocclusion using the WITS
orthodontia, Angle Orthod 1:45-46, 1931. appraisal, 2007 (personal communication).
3. Tweed CH: Clinical orthodontics vol 2, St Louis, 1966, 25. Ngan P, Wei SHY: Early treatment of Class III patients to
Mosby. improve facial aesthetics and predict future growth, Hong
4. Moyers R: Handbook of orthodontics, ed 3, Chicago, 1997, Year Kong Dent J 1:24-30, 2004.
Book Medical Publishers, pp 564–570. 26. Ngan P: Treatment of Class III malocclusion in the primary
5. Hill IN, Blayney IR, Wolf W: The Evanston Dental Caries and mixed dentitions. In Bishara SE, editor: Textbook of ortho-
Study. XIX. Prevalence of malocclusion of children in a dontics, Philadelphia, 2001, Saunders, pp. 375-411.
fluoridated and control area, J Dent Res 38:782-794, 1959. 27. Mitani H, Fukazawa H: Effects of chin cup force on the timing
6. Proffit WR, Fields HW Jr, Moray LJ: Prevalence of malocclu­ and amount of mandibular growth associated with anterior
sion and orthodontic treatment need in the United States: reverse occlusion (Class III malocclusion) during puberty, Am
estimates from the NHANES III survey, Int J Adult Orthod J Orthod Dentofacial Orthop 9:454-463, 1986.
Orthog Surg 13: 97-106, 1998. 28. Petit H. Adaptations following accelerated facial mask therapy
7. Baik HS, Kim KH, Park Y: Distribution and trend in maloc­ in clinical alteration of the growing face. In McNamara JA Jr,
clusion patients, Kor J Orthod 25: 87-100, 1995. Ribbens KA, Howe RP, editors: Monograph 14, Craniofacial
8. Ishii H, Morita S, Takeuchi Y, et al: Treatment effect of com­ Growth Series, Ann Arbor, 1983, Center for Human Growth
bined maxillary protraction and chincap appliance in severe and Development, University of Michigan.
skeletal Class III cases, Am J Orthod Dentofacial Orthop 92: 29. Ulgen M, Firatli S: The effects of Frankel’s function regulator
304-312, 1987. on the Class III malocclusion, Am J Orthod 105:561-567,
9. Allwright WC, Burndred WH: A survey of handicapping den- 1994.
tofacial anomalies among Chinese in Hong Kong, Int Dent J 30. Hagg U, Tse A, Bendeus M, Rabie AB: A follow-up study of
14:505-519, 1964. early treatment of pseudo Class III malocclusion, Angle
10. Lin JJ: Prevalence of malocclusion in Chinese children age Orthod 74:465-472, 2004.
9-15, Clin Dent Chin 5:57-65, 1985. 31. Nartallo-Turley PE, Turley P: Cephalometric effects of com­
11. Garner LD, Butt MH: Malocclusion in black American and bined palatal expansion and facemask therapy on Class III
Nyeri Kenyanes, Angle Orthod 55:139-149, 1985. malocclusion, Angle Orthod 68:217-224, 1998.
12. Silva RG, Kang DS: Prevalence of malocclusion among Latino 32. Baccetti T, McGill JS, Franchi L, et al: Skeletal effects of early
adolescents, Am J Orthod Dentofacial Orthop 119:313-315, treatment of Class III malocclusion with maxillary expansion
2001. and facemask therapy, Am J Orthod Dentofacial Orthop
13. Ellis E, McNamara JA: Components of adult Class III maloc­ 113:333-343, 1998.
clusion, J Oral Maxillofac Surg 42:295-305, 1984. 33. Delaire J: Maxillary development revisited: relevance to the
14. Baik HS, Han HK, Kim DJ, Proffit WR: Cephalometric cha­ orthopaedic treatment of Class III malocclusions, Eur J Orthod
racteristics of Korean Class III surgical patients and their rela­ 19:289-311, 1997.
tionship to plans for surgical treatment, Int Adult Orthod 34. Ngan P, Hagg U, Yiu C, Wei SHY: Treatment response and
Orthog Surg 15: 119-128, 2000. long-term dentofacial adaptations to maxillary expansion and
15. Enlow DH: Handbook of facial growth, ed 2, Philadelphia, protraction, Semin Orthod 3:255-264, 1997.
1982, Saunders. 35. Ngan P, Cheung E, Wei S: Comparison of protraction face­
16. Rakosi T, Schilli W: Class III anomalies: a coordinated appro­ mask response using banded and bonded expansion applian­
ach to skeletal, dental, and soft tissue problems, J Oral Surg ces as anchorage, Semin Orthod 13:175-185, 2007.
39:860-870, 1981. 36. Kambara T: Dentofacial changes produced by extraoral
17. Proffit WR, Fields HW Jr: Contemporary orthodontics, ed 3, St forward force in Macaca irus, Am J Orthod 71:249-277, 1977.
Louis, 2000, Mosby, pp 134–141. 37. Nanda R: Protraction of maxilla in rhesus monkeys by con­
18. Park JU, Baik SH: Classification of Angle Class III malocclu­ trolled extraoral forces, Am J Orthod 74:121-141, 1978.
sion and its treatment modalities, Int J Adult Orthod Orthog 38. Jackson GW, Kokich VG, Shapiro PA: Experimental and pos­
Surg 16:19-29, 2001. texperimental response to anteriorly directed extraoral force
19. Franchi L, Baccetti T, McNamara JA: Postpubertal assessment in young Macaca nemestrina, Am J Orthod 75:318-333, 1979.
of treatment timing for maxillary expansion and protraction 39. Staggers JA, Germane N, Legan HL: Clinical considerations in
therapy followed by fixed appliances, Am J Orthod Dentofacial the use of protraction headgear, J Clin Orthod 26:87-91,
Orthop 126:555-568, 2004. 1992.
20. Turley PK: Treatment of Class III malocclusion with maxillary 40. Lee KG, Ryu YK, Park YC, Rudolph DJ: A study of holographic
expansion and protraction, Semin Orthod 13: 143-157, 2007. inferometry on the initial reaction of the maxillofacial
21. Battagel JM: The aetiological factors in Class III malocclusion, complex during protraction, Am J Orthod Dentofacial Orthop
Br J Orthod 15:347-370, 1993. 111:623-632, 1997.
22. Ngan P, Hu AM, Fields HW: Treatment of Class III problems 41. Hata S, Itoh T, Nakagawa M, et al: Biomechanical effects of
begins with differential diagnosis of anterior crossbites, maxillary protraction on the craniofacial complex, Am
Pediatr Dent 19:386-395, 1997. J Orthod Dentofacial Orthop 91:305-311, 1987.
158 Parte II   Manejo Clínico das Discrepâncias Sagital e Vertical

42. Ngan P, Yiu C, Hu A, et al: Cephalometric and occlusal changes 54. Nojima K, Komatsu K, Isshiki Y, et al: The use of an osseoin-
following maxillary expansion and protraction, Eur J Orthod tegrated implant for orthodontic anchorage to a Class II Div
20:237-254, 1998. 1 mal occlusion, Bull Tokyo Dent Coll 42:177-183, 2001.
43. Baik HS: Clinical results of the maxillary protraction in 55. Giancotti A, Greco M, Docimo R, Arcuri C: Extraction treat­
Korean children, Am J Orthod Dentofacial Orthop 108:583- ment using a palatal implant for anchorage, Aust Orthod J 19:
592, 1995. 87-90, 2003.
44. Da Silva Filho OG, Magro AC, Capoiozza Filho L: Early tre­ 56. Armbruster PC, Block MS: Onplant-supported orthodontic
atment of the Class III malocclusion with rapid maxillary anchorage, Atlas Oral Maxillofac Surg Clin North Am 1:53-74,
expansion and maxillary protraction, Am J Orthod Dentofa- 2001.
cial Orthop 113:196-203, 1998. 57. Bondemark L, Feldmann I, Feldmann F: Distal molar move­
45. Kim JH, Viana MA, Graber TM, et al: The effectiveness of ment with an intra-arch device provided with the onplant
protraction face mask therapy: a meta-analysis, Am J Orthod system for absolute anchorage, World J Orthod 3:117-124,
Dentofacial Orthop 119:675-685, 1999. 2002.
46. Melsen B, Melsen F: The postnatal development of the palato- 58. Janssens F, Swennen G, Dujardin T, et al: Use of an onplant
maxillary region studied on human autopsy material, Am J as orthodontic anchorage, Am J Orthod Dentofacial Orthop
Orthod 82:329-342, 1982. 122: 566-570, 2002.
47. Melsen B: Palatal growth studied on human autopsy material: 59. He H, Ngan P, Han GL, et al: Use of onplants as stable ancho­
a histologic microradiographic study, Am J Orthod 68:42-54, rage for facemask treatment: a case report, Angle Orthod 75:
1975. 453-460, 2005.
48. Fields HW Jr, Proffit WR: Skeletal problems. In Proffit WR, 60. Droshl H: The effect of heavy orthopedic forces on the sutures
Fields HW Jr: Contemporary orthodontics, ed 3, St Louis, 2000, of the facial bones, Angle Orthod 45:26-33, 1975.
Mosby, pp 511–512. 61. Engstrom C, Thilander B: Premature facial synostosis: the
49. Hagg U, Tse A, Bendeus M, Rabie AB: Long-term follow-up influence of biomechanical factors in normal and hypocalce­
of early treatment with reverse headgear, Eur J Orthod 25: mic young rats, Eur J Orthod 78:35-47, 1985.
95-102, 2003. 62. Line L: Tissue reactions incident to widening of facial sutures:
50. Westwood PV, McNamara JA Jr, Baccetti T, et al: Long-term an experimental study in the Macaca mulatta, Trans Eur
effects of Class III treatment with rapid maxillary expansion Orthod Soc 48:487-497, 1972.
and facemask therapy followed by fixed appliances, Am J 63. Braun S, Bottrel JA, Lee KG, et al: The biomechanics of rapid
Orthod Dentofacial Orthop 123:306-320, 2003. maxillary sutural expansion, Am J Orthod Dentofacial Orthop
51. Block MS, Hoffman DR: A new device for absolute anchorage 118:257-261, 2000.
for orthodontics, Am J Orthod Dentofacial Orthop 107:251- 64. Liou EJW: Effective maxillary orthopedic protraction for
258, 1995. growing Class III patients: a clinical application simulates
52. Gray JB, Steen ME, King CJ, et al: Studies on the efficacy of distraction osteogenesis, Prog Orthod 6:36-53, 2005.
implants as orthodontic anchorage, Am J Orthod 83:311-317, 65. Liou EJW, Tsai WC: A new protocol for maxillary protraction
1983. in cleft patients: repetitive weekly protocol of alternate rapid
53. Fritz U, Ehmer A, Diedrich P: Clinical suitability of titanium maxillary expansions and constrictions, Cleft Palate Craniofac
micro-screws for orthodontic anchorage: preliminary expe­ J 42:121-127, 2005.
riences, J Orofac Orthop 65:410-418, 2004. 66. Liou EJW: Toothborne orthopedic maxillary protraction in
Class III patients, J Clin Orthod 39:68-75, 2005.
C ap í t u lo
14
Considerações
Etiológicas e
Terapêuticas da
Mordida Aberta
Kazunori Yamaguchi

O
s pacientes com mordida aberta muitas vezes se queixam extrusão dos dentes posteriores resultará em uma rotação da
de distúrbios funcionais, tais como dificuldades em cortar mandíbula no sentido horário (Fig. 14-2).
e mastigar alimentos com os incisivos superiores e inferi­
ores (Fig. 14-1), bem como dificuldades na fala. Os odontólogos
MASTIGAÇÃO E POSIÇÃO VERTICAL DOS
precisam entender os fatores que causam este problema dentofacial
DENTES POSTERIORES
esquelético e estabelecer soluções terapêuticas adequadas.
A magnitude e duração da aplicação da força são fatores importantes
para a estabilidade da posição do dente. O contato oclusal e o movi­
CLASSIFICAÇÃO DA MORDIDA ABERTA mento eruptivo ou extrusivo do dente determinam a posição vertical
Existem três tipos de mordida aberta (Fig. 14-2). O hábito de dos dentes posteriores. A magnitude da força de contato do dente
sucção de dedo durante a infância impede a erupção normal dos nos dentes posteriores depende da intensidade da atividade muscu­
dentes anteriores e o crescimento alveolar, induzindo a uma lar. A duração do contato diário do dente varia entre uma e três horas,
mordida aberta dentoalveolar. A prevenção de hábitos deletérios é dependendo da duração da mastigação, deglutição e dormir.6-8
de grande utilidade para melhorar este tipo de mordida aberta. A A menos que a magnitude e duração da força de contato
mordida aberta esquelética associada a um padrão dolicofacial oclusal sejam suficientes para evitar a extrusão dos dentes pos­
pode ser dividida em dois tipos. O primeiro, causado pela rotação teriores, eles vão extruir, resultando em mordida aberta. Por
no sentido horário da mandíbula; o segundo, pela deformação do exemplo, as características dos alimentos ou hábitos alimentares
esqueleto, tais como angulação da maxila e desvio do ângulo de jovens (como o consumo de dieta mole em um curto período
goníaco da mandíbula. e refeições irregulares) podem resultar em redução no contato
A mordida aberta está sempre acompanhada de um hábito dentário dos dentes posteriores e subsequente desenvolvimento
de deglutição atípica. Os indivíduos com um padrão dolicofa­ de problemas oclusais verticais.
cial parecem apresentar menor contração dos músculos eleva­ A pesquisa do autor foi baseada em um questionário para
dores da mandíbula, menor atividade eletromiográfica (EMG) estudantes de odontologia com idades entre 18 e 26 anos.
dos músculos durante o apertamento voluntário máximo e Encontrou-se que 55% dos estudantes do sexo masculino e 81%
menor força oclusal que os valores correspondentes em indi­ do feminino realizam regularmente três refeições por dia. Os
víduos com um padrão braquifacial.1-5 estudantes do sexo masculino relataram gastar 48,1 minutos
para ingerir as três refeições, enquanto no sexo feminino este
tempo foi de 60 minutos (Tabela 14-1).
Mecanismos da Mordida Aberta Esquelética
Considerando estes resultados, hipotetiza-se que intensificar
O principal mecanismo responsável pela mordida aberta o efeito vertical nos dentes posteriores ao aumentar o grau e a
esquelética é uma diferença proporcional entre as alturas faciais duração do contato oclusal é uma estratégia útil para (1) pro­
anterior e posterior. A altura vertical do complexo nasomaxilar, mover o desenvolvimento saudável da oclusão em crianças em
a altura do ramo e os dentes posteriores são importantes fatores fase de crescimento e (2) obter um resultado estável após o
que determinam a posição mandibular vertical. Qualquer tratamento ortodôntico ou ortognático.
159
160 Parte II   Manejo Clínico das Discrepâncias Sagital e Vertical

Fig. 14-1 Fatores etiológicos e características morfológicas da mordida aberta.

Fig. 14-2 Classificação da mordida aberta. A, Tipo 1: Mordida aberta dentoalveolar. Hábito de
sucção de dedo impede a erupção normal dos dentes anteriores e o crescimento alveolar. A correção
dos hábitos deletérios deve melhorar este tipo de mordida aberta. B, Tipo 2: Mordida aberta esquelé­
tica com um padrão dolicofacial, causada pela rotação da mandíbula no sentido horário. C, Tipo
3: Mordida aberta esquelética causada por deformação do esqueleto, tais como angulação da maxila
e desvio do ângulo goníaco da mandíbula.

TABELA 14-1 relatado por vários pesquisadores, o apertamento isométrico


aumenta a força de contração do músculo elevador da
Resultados do Questionário: Duração das mandíbula e a força de mordida dos dentes posteriores.13-16
Refeições de Estudantes de Odontologia Alguns estudos examinaram apenas a atividade muscular e a
Café da Tempo força da mordida.17-20 O exercício muscular foi utilizado para
manhã Almoço Jantar Total intensificar o efeito vertical sobre os dentes, aumentando a
[-] (minutos) (minutos) (minutos) (minutos) magnitude e a duração do contato oclusal.21-29
Homens 7,6 18,8 21,8 48,1
(n = 49)
Mulheres 11,5 21,2 27,3 60,00
Exercício de Apertamento Utilizando um Bite
(n = 49) Block Macio
MÉDIA 8,8 19,3 23,2 51,4 Em um estudo, 24 voluntários adultos saudáveis realizaram
(n = 76) apertamento isométrico em contração voluntária máxima contra
um Bite Block macio durante três segundos, com cinco segundos
de descanso, em uma sessão de 15 minutos. Foram realizadas ao
Diversos estudos têm descrito métodos para intensificar a menos duas sessões por dia, durante oito semanas (Fig. 14-3).30
atividade muscular com exercícios isométricos.9-12 Conforme A área de contato oclusal e a pressão foram registradas utilizando
Capítulo 14   Considerações Etiológicas e Terapêuticas da Mordida Aberta 161

Fig. 14-3 Placa de mordida macia para o exercício de apertamento. O Bite Block macio da arcada
superior foi ajustado para estar em total contato com os dentes inferiores. (De Uchida M, Yamaguchi
K, Nagano S, Ichida T: Orthod Waves 64:29-37, 2005.)
162 Parte II   Manejo Clínico das Discrepâncias Sagital e Vertical

um filme Dental Prescale e analisadas pelo Occluzer (FPD 703, repetido três vezes, com intervalos de três minutos e repetido ao
Fuji Film, Tóquio, Japão). O Bite Block macio da arcada superior longo de cinco dias no grupo controle e a cada semana durante
foi ajustado para estar em total contato com os dentes inferiores as oito semanas no grupo que realizou exercícios. Este protocolo
em posição mandibular livre, para evitar um reflexo negativo aumentou a área de contato oclusal total, anterior e posterior
causado pela possível interferência de um único dente. em 135,8%, 219,8% e 129,6%, respectivamente, em relação aos
Os indivíduos que se queixaram de desconforto na dentição e valores da avaliação inicial, após oito semanas de exercício (Fig.
articulação temporomandibular durante o treinamento muscular 14-4, A). Além disso, aumentou significativamente o equilíbrio
foram excluídos do estudo. Presume-se que a pressão de contato
durante o apertamento do Bite Block na contração voluntária foi
equivalente à pressão exercida na mordida em uma folha de
Dental Prescale. Embora os parâmetros oclusais, incluindo a área
de contato oclusal e a força oclusal, tenham sido maiores nos
homens do que nas mulheres, a força de contato total foi de
1.122 ± 398 newtons (N) e a média de pressão de contato foi de
35,9 ± 4,7 megapascais (MPa)/mm2 na avaliação inicial (Tabela
14-2).30 Assim, o grau de força de contato oclusal nos dentes
posteriores durante o apertamento no Bite Block foi maior do
que a força ideal para movimentação dentária. A força vertical
sobre os dentes posteriores não era contínua, mas intermitente.
No que diz respeito à duração do programa de treinamento
muscular, Petrofsky e Laymon31 relataram a eficácia de um pro­
tocolo de treinamento que envolveu a estimulação elétrica do
músculo quadríceps. Neste protocolo, o treinamento foi reali­
zado por 15 ou 30 minutos por dia. Thompson et al.14 afirmaram
que o apertamento isométrico contra uma placa de mordida
macia por cinco sessões diárias de um minuto cada, durante um
período de seis semanas, aumenta a força máxima de mordida.
Tzakis et al.15 estudaram a influência de 30 minutos de mastiga­
ção intensa durante cinco dias na função mastigatória. Mostra­
ram que este protocolo apresentava efeitos variáveis a curto
prazo na função mastigatória. Kihara8 relatou que a média de
tempo de contato diário no primeiro molar foi de 67 minutos;
relatou ainda que a média da frequência de contato diário dos
dentes foi de cerca de 4.270 vezes em homens adultos normais.
O apertamento isométrico em uma placa de mordida por 30
minutos por dia, durante oito semanas, parece prolongar o
tempo de contato dos dentes e intensificar o efeito vertical na
dentição. Em um estudo preliminar, um grupo do qual o autor
faz parte descobriu que era muito difícil para os indivíduos
cerrar os dentes constantemente durante 30 minutos todos os
dias durante uma semana. Em vez disso, os pacientes foram
convidados a realizar apertamento isométrico em contração vo­
luntária máxima contra um Bite Block macio por três segundos,
intercalados com cinco segundos de descanso, em uma sessão
de 15 minutos. Foram realizadas ao menos duas sessões por dia,
durante oito semanas. O registro dos parâmetros oclusais foi

TABELA 14-2
Parâmetros Oclusais: Valores-padrão em
Voluntários Adultos Saudáveis Fig. 14-4 Mudanças na área de contato durante o apertamento
Força Área de Contato Pressão Oclusal voluntário: A, área de contato oclusal total; B, proporção da área
[-] oclusal (N) Oclusal (mm2) (MPa/mm2) de contato anteroposterior (AP); C, proporção da área de contato
Homens 1.223,7 35,2 35,8 mediolateral (ML). Os valores médios da área de contato oclusal
Mulheres 895,8 26,99 36 total e a área de contato anteroposterior aumentaram progressiva­
TOTAL 1.122,2 32,6 35,9 mente durante o período de treinamento muscular. (De Uchida M,
Yamaguchi K, Nagano S, Ichida T: Orthod Waves 64:29-37, 2005.)
Capítulo 14   Considerações Etiológicas e Terapêuticas da Mordida Aberta 163

Fig. 14-5 Mudanças em A, força de contato e B, pressão média de contato. A força de contato
oclusal aumentou progressivamente durante o período de treinamento muscular. Não houve mudança
significativa na pressão média de contato oclusal. (De Uchida M, Yamaguchi K, Nagano S, Ichida T:
Orthod Waves 64:29-37, 2005.)

anteroposterior da área de contato oclusal (Fig. 14-4, B).30 Este


protocolo de exercício de oito semanas não modificou o
equilíbrio mesiolateral da área de contato oclusal (Fig. 14-4, C)
nem a pressão de contato (Fig. 14-5).

Exercício com Goma de Mascar


Os resultados do trabalho indicaram que o exercício muscular
isométrico por oito semanas aumentou a área de contato oclusal
e melhorou o equilíbrio da área de contato oclusal. O questioná­
rio utilizado no estudo que promovia o exercício muscular
utilizando uma placa de mordida macia indicou que era muito
difícil para os indivíduos continuarem a realizar o exercício de
apertamento usando a placa de mordida macia por oito semanas.
Assim, era necessário encontrar um protocolo de exercício mais
confortável e eficaz.
O hábito de mascar chicletes é popular em muitos países,
especialmente depois da introdução de goma de mascar sem Fig. 14-6 Resultados de um questionário a respeito das finali­
açúcar. A resposta mais frequente à pergunta “Qual você acredita dades da goma de mascar. Os propósitos mais frequentemente
ser o propósito de mascar um chiclete?” foi que mascar chicletes citados da goma de mascar foram a refrescância, melhora da con­
centração e relaxamento.
era refrescante, melhorava a concentração e diminuía o estresse32
(Fig. 14-6). Estes resultados indicam que a goma de mascar não
é estressante, mas sim um hábito de liberação do estresse.
Considerando que é mais provável que um protocolo de treina­
mento mais confortável seja continuado por mais tempo, foi ide­
alizado o “exercício com goma de mascar”. Este programa utilizou
goma de mascar por 30 a 45 minutos por dia, durante quatro
semanas. Foram incluídos neste estudo 50 alunos de odontologia.
Os parâmetros oclusais foram mensurados após a realização dos
exercícios e um mês depois da interrupção dos exercícios. Ao final
do programa de exercício com goma de mascar, a força oclusal
total aumentou em 140% (Fig. 14-7) e a área de contato total
aumentou em 125%, embora a pressão oclusal tenha permane­
cido a mesma em relação aos valores basais (pré-exercício). Um Fig. 14-7 Alterações na força oclusal durante e após o exercício
mês após o final dos exercícios, a força oclusal e a área de contato de mastigação. A força de contato oclusal aumentou progressiva­
oclusal que tinham aumentado diminuíram para 105% e 103% mente durante as quatro semanas de exercícios de mastigação, mas
dos valores basais, respectivamente.33 diminuiu um mês depois. N, newtons; S: semanas; M, meses.
164 Parte II   Manejo Clínico das Discrepâncias Sagital e Vertical

Esses resultados sugerem que o exercício com goma de Quando a resistência nasal aumenta acima de um determinado
mascar é efetivo em aumentar o contato oclusal e a força oclusal. nível, os vedamentos anterior e posterior são rompidos e a respira­
Além disso, ao final do protocolo, a maioria dos entrevistados ção nasal é convertida em respiração bucal40,41 (Fig. 14-8). A alta
respondeu “sim” à pergunta “Você acha que o exercício masti­ resistência nasal é geralmente encontrada em pacientes com resfria­
gatório utilizando uma goma de mascar é confortável para dar dos comuns, rinite crônica, hipertrofia das amígdalas ou adenoides
continuidade ao programa de exercícios?” ou em casos de estreitamento das vias aéreas na nasofaringe.
Para romper o vedamento oral posterior, o palato mole é
elevado em direção à parede posterior da faringe e a língua
Preservando o Efeito Vertical em Dentes Posteriores
afunda posteriormente. O palato mole desempenha um papel
Após a Correção da Mordida Aberta
importante na regulação do fluxo de ar através do nariz e da
No tratamento da mordida aberta ou mordida topo a topo, boca, embora a função de vedação posterior do palato mole
geralmente obtém-se a intrusão dos dentes posteriores ou a varie entre os pacientes.
manutenção da altura da oclusão posterior, por meio do aumento Novamente, os lábios em geral estabelecem um leve contato,
do efeito vertical em dentes posteriores utilizando aparelho sem contração excessiva do lábio inferior. O vedamento pode ser
extrabucal tração alta, Bite Block ou implante metálico.34-38 A rompido por (1) um lábio incompetente, causado pelo relacio­
menos que a magnitude e a duração da força de contato oclusal namento anteroposterior entre os incisivos superiores e os infe­
seja suficiente para impedir a extrusão dos dentes posteriores riores e a dimensão vertical do complexo dentofacial42-44 e pela
após o tratamento ativo, os dentes posteriores se extruirão nova­ (2) respiração bucal. Para que ocorra a respiração bucal, tanto o
mente e resultarão em recidiva da mordida aberta. Isto torna vedamento anterior quanto o posterior devem ser rompidos.
imperativo preservar o efeito vertical nos dentes posteriores após
o tratamento ativo ortodôntico e ortocirúrgico da mordida
Estudo Epidemiológico
aberta. O exercício com goma de mascar é um método que pode
garantir a estabilidade a longo prazo nestes pacientes. Ao estudar os efeitos da respiração bucal no crescimento dento­
facial em seres humanos, muitos pesquisadores focaram os
fatores etiológicos e sintomas da respiração bucal e analisaram
RESPIRAÇÃO BUCAL o fluxo de ar através do nariz usando os testes do espelho e do
Nos últimos anos, tem sido dada maior atenção à respiração bucal algodão. Em um estudo preliminar, estudantes da escola do autor
não somente na ortodontia, mas também no campo da odontolo­ foram convidados a responder 17 questões a respeito dos fatores
gia geral, como parte integrante da promoção da saúde oral. Respi­ etiológicos e sintomas da respiração bucal. Dois estudos mostra­
rar pelo nariz oferece muitos benefícios, como o aquecimento e a ram que a incidência de respiradores bucais entre os 500 pacientes
umidificação do ar inspirado, antes que ele seja entregue à faringe, foi de 19%, sendo que 6% deles apresentavam rinite alérgica.45,46
laringe, brônquios e pulmões.39 Além disso, o ar quente protege a Em nosso estudo, 34% dos alunos queixavam-se de nariz con­
mucosa oral, ao contrário do que ocorre com o ar frio ou seco. gestionado, 28% tinha conhecimento de que roncavam durante
o sono e 30% apresentava rinite alérgica (Fig. 14-9).
Os indivíduos com nariz congestionado são suscetíveis a
Perda do Vedamento Posterior e Anterior
abrir os lábios em repouso ou durante o sono (Fig. 14-10). Os
Na respiração nasal, o palato mole estabelece um contato forte com indivíduos com lábios entreabertos em repouso parecem
a língua para fechar o istmo da orofaringe; os lábios costumam
realizar um leve contato, sem contração excessiva do lábio inferior.

Fig. 14-9 Aspectos respiratórios relacionados aos problemas


nasais. No estudo do autor, 34% dos estudantes reclamaram de
nariz congestionado, 28% tinha conhecimento de roncar e 30%
Fig. 14-8 Etiologia e efeito da respiração bucal. tinha rinite alérgica.
Capítulo 14   Considerações Etiológicas e Terapêuticas da Mordida Aberta 165

queixar-se de obstrução nasal, roncos e rinite alérgica. Os resul­


tados do questionário indicaram que o nariz congestionado,
ronco e alergias nasais são os principais mecanismos associados
à obstrução das vias aéreas nasais. Muitos indivíduos com o
nariz congestionado que relatam roncos e alergias nasais tendem
a abrir voluntariamente os lábios em repouso.
Deve-se ressaltar que as pesquisas clínicas utilizando ques­
tionários podem conduzir a resultados enganosos, especial­
mente quando incluem apenas uma breve entrevista com o
paciente ou seus pais. Observa-se a necessidade de que seja
estabelecido um diagnóstico objetivo da respiração bucal.47

Características Funcionais da Respiração Bucal


e suas Relações com a Maloclusão
As mudanças sistemáticas nos tecidos moles das vias aéreas
oronasais que permitem a respiração bucal devem ser os prin­
cipais fatores que afetam o crescimento normal das estruturas
dentofaciais (Fig. 14-11). Em estudos experimentais, a mudança
de respiração nasal para bucal muitas vezes resulta em oclusão
invertida anterior e/ou mordida aberta.48-52
O autor realizou um estudo experimental em que a respira­
ção bucal era decorrente da obstrução nasal. Quando a respira­
ção bucal era induzida em animais jovens com dentição decídua,
durante o período de troca dos incisivos superiores e inferiores,
rapidamente ocorria uma oclusão invertida anterior ou mordida
Fig. 14-10 Aspectos relacionados aos sintomas nasais e vedação
aberta anterior (Fig. 14-12). Em comparação, em indivíduos labial. Em indivíduos com nariz congestionado, a porcentagem de
adultos, esta oclusão invertida anterior ocorria somente 18 indivíduos com lábios entreabertos era significativamente maior do
meses após a alteração para a respiração bucal.52 Em macacos que naqueles sem obstrução nasal. O resultado indica que indi­
jovens, o complexo nasomaxilar apresentou crescimento para víduos com queixas de nariz congestionado são suscetíveis a apre­
baixo e a mandíbula mostrou rotação no sentido horário (Fig. sentar lábios entreabertos em repouso ou durante a noite.
14-13).52 A rotação do complexo nasomaxilar e mandíbula no
sentido horário parece induzir a uma mordida aberta.
de mastigação e o tempo relativo de contração durante a mas­
tigação foi significativamente maior para a mastigação de
Ritmo de Mastigação Desordenado e Vedamento
cenoura do que para gomas de mascar não adesivas. Papar­
Labial
gyriou et al.59 relataram que a duração do ciclo mastigatório,
O autor concluiu que a duração da goma de mascar dependia tempo de abertura e tempo oclusal do ciclo de mastigação
do vedamento labial; a duração era menor quando o mascar era aumentaram com o desenvolvimento do indivíduo.
realizado com os lábios unidos do que com os lábios separados Durante a mastigação, os lábios têm a função de vedar a boca
(Fig. 14-14).53 Embora o gerador de padrão no tronco encefálico para evitar a fuga de alimentos da cavidade oral. O ato de mas­
regule a contração muscular relacionada à mastigação, muitos tigar com os lábios unidos é involuntário; e mastigar com os
fatores podem alterar o padrão e o ciclo mastigatório. lábios separados é um movimento voluntário em indivíduos
Throckmorton et al.54 estudaram as mudanças no ciclo mas­ com lábios competentes ou incompetentes. Acredita-se que
tigatório antes e depois do tratamento da mordida cruzada manter os lábios abertos durante a mastigação afete os movi­
posterior unilateral. Descobriram que um ciclo de mastigação mentos de mastigação. Acredita-se ainda que o ciclo de mastiga­
mais longo era abreviado até tornar-se semelhante aos valores ção seja abreviado durante a fase não ativa do músculo masseter.
controle após o tratamento. Miyawaki et al.55 detectaram que a Ao mastigar alimentos com os lábios separados, é difícil realizar
duração média do ciclo de mastigação diminuía após o trata­ a tarefa de mastigar sem a cooperação da língua, bochechas e
mento ortodôntico cirúrgico. Sohn et al.56 relataram que o dentição; neste tipo de mastigação, deve ainda haver profunda
período de atividade muscular e a incidência de períodos de atividade da língua e pouco movimento mandibular.53
silêncio do músculo masseter durante a mastigação diminuíram
significativamente após o tratamento. Em um estudo experi­
Mastigação e Respiração pela Boca
mental com coelhos, Matsuka et al.57 relataram que os animais
apresentaram um ciclo de mastigação prolongado após a colo­ O respirador bucal tem outra desvantagem na mastigação. Ele
cação de placas para levantamento da mordida. Karkazis e Kos­ deve manter uma via aérea oral patente em repouso e durante a
sioni58 indicaram que a duração do ciclo mastigatório, frequência mastigação dos alimentos, além de abrir os lábios em repouso e
166 Parte II   Manejo Clínico das Discrepâncias Sagital e Vertical

Fig. 14-11 Estudo experimental da respiração bucal em macacos. A e B, Respiração nasal. C e D,


Respiração bucal. A respiração bucal é controlada pelo pesquisador. A vedação oral anterior e pos­
terior está rompida e a respiração bucal é induzida por obstrução nasal. (De Yamaguchi K: Nippon
Kyosei Shika Gakkai Zasshi 39:24-45, 1980).

Implicações Clínicas
durante a mastigação dos alimentos. Em indivíduos com lábios
competentes, a respiração nasal ocorre quando os lábios estão Considerados como um todo, esses resultados sugerem que a
em leve contato durante a atividade regular e constante de mas­ duração da mastigação diminui e que a possibilidade de contato
tigação, sem interromper o ritmo de mastigação (Fig. 14-15). Em dos dentes na região posterior está reduzida em respiradores bucais.
respiradores bucais com obstrução nasal, a vedação anterior é Consequentemente, a diminuição do contato dos dentes pode
interrompida, a mandíbula é rebaixada e a língua se move pos­ reduzir o efeito vertical nos dentes posteriores. O hábito de respirar
teriormente em repouso para manter uma via aérea oral patente. pela boca fará com que se desenvolva uma mordida aberta ou se
Por esta razão, esses indivíduos interrompem a atividade de mas­ inicie uma oclusão vertical anormal. A respiração bucal é induzida
tigação durante a respiração pela boca. A duração da mastigação por alterações respiratórias do espaço aéreo nasofaríngeo (p. ex.,
é abreviada na respiração bucal, induzida pela obstrução nasal. hipertrofia de adenoide e inflamação da mucosa nasal). Os orto­
A frequência respiratória em adultos é de 16 a 18 ciclos por dontistas e odontopediatras devem identificar a presença de respi­
minuto, mas mais rápida em indivíduos mais jovens (20 a ração bucal em crianças nas fases iniciais de crescimento e avaliar
30 ciclos por minuto). os efeitos deletérios da respiração bucal na estrutura orofacial. É
O autor detectou que a duração de 10 mastigações com o importante diagnosticar a respiração bucal, fornecer informação
nariz obstruído variou de seis a sete segundos. A cada 10 masti­ adequada a respeito de possíveis tratamentos e submeter o indi­
gações, os adultos respiram ao menos uma ou duas vezes. Con­ víduo a avaliação dos ouvidos, nariz e garganta (ONG).
forme mostrado na Figura 14-15, os indivíduos devem
interromper o movimento de mastigação por um tempo muito
CONCLUSÃO
curto para a inspiração ou expiração e, portanto, perder uma ou
duas respirações. A duração da mastigação com o nariz fechado Os profissionais devem considerar os fatores causais ao oferecer
foi significativamente menor quando comparada à mastigação estratégias terapêuticas efetivas (p. ex., goma de mascar, respiração
com lábios unidos em indivíduos com lábios incompetentes. bucal) aos distúrbios funcionais associados à mordida aberta.
Capítulo 14   Considerações Etiológicas e Terapêuticas da Mordida Aberta 167

Fig. 14-12 Ocorrência de maloclusão em macacos jovens e adultos. A, Dentição decídua. B,


Dentição permanente. A respiração bucal levou rapidamente à oclusão invertida anterior quando a
maloclusão era induzida em animais jovens com dentição decídua, durante o período de troca dos
incisivos superiores e inferiores. Em comparação, em indivíduos adultos, a oclusão invertida anterior
foi observada 18 meses após a alteração de respiração nasal para bucal. (De Yamaguchi K: Nippon
Kyosei Shika Gakkai Zasshi 39:24-45, 1980.)

Fig. 14-13 Mudanças na direção do crescimento do complexo nasomaxilar em macacos. A, Respi­


ração nasal. B, Respirador bucal. Em macacos jovens, o complexo maxilar e a mandíbula apresentaram
rotação no sentido horário. A rotação no sentido horário do complexo nasomaxilar e mandíbula pode
explicar a mordida aberta. (De Yamaguchi K: Nippon Kyosei Shika Gakkai Zasshi 39:24-45, 1980.)
168 Parte II   Manejo Clínico das Discrepâncias Sagital e Vertical

Fig. 14-14 Duração de 15 movimentos de mastigação com os lábios em contato e separa­


dos. (Modificado de Tomiyama N, Ichida T, Yamaguchi K: Angle Orthod 74:31-36, 2004.)

Fig. 14-15 Ritmo de mastigação em diferentes modos de respiração. A, Respiração nasal. B,


Respiração bucal.
Capítulo 14   Considerações Etiológicas e Terapêuticas da Mordida Aberta 169

Referências 20. Garcia-Morales P, Buschang PH, Throckmorton GS, English


JD: Maximum bite force, muscle efficiency and mechanical
advantage in children with vertical growth patterns, Eur J
1. Bakke M, Michler L: Temporalis and masseter muscle activity Orthod 25:265-272, 2003.
in patients with anterior open bite and craniomandibular 21. Ohkura K, Harada K, Morishita S, Enomoto S: Changes in
disorders, Scand J Dent Res 99:219-228, 1991. bite force and occlusal contact area after orthognathic surgery
2. Proffi t WR, Fields HW: Occlusal forces in normal- and long­ for correction of mandibular prognathism, Oral Surg Oral
face children, J Dent Res 62:571-574, 1983. Med Oral Pathol 91:141-145, 2001.
3. Throckmorton GS, Finn RA, Bell WH: Biomechanics of dif­ 22. Shinogaya T, Kimura M, Matsumoto M: Effects of occlusal
ferences in lower facial height, Am J Orthod 77:410-420, contact on the level of mandibular elevator muscle activity
1980. during maximal clenching in lateral positions, J Med Dent Sci
4. Serrao G, Sforza C: Relation between vertical facial morphol­ 44:105-112, 1997.
ogy and jaw muscle activity in healthy young men, Prog 23. Kikuchi M, Korioth TW, Hannam AG: The association among
Orthod 4:45-51, 2003. occlusal contacts, clenching effort, and bite force distribution
5. Kasai K: Soft tissue adaptability to hard tissues in facial pro­ in man, J Dent Res 76:1316-1325, 1997.
files, Am J Orthod Dentofacial Orthop 113:674-684, 1998. 24. Shinogaya T, Sodeyama A, Matsumoto M: Bite force and
6. Sheppard IM, Marcus N: Total time of tooth contact during occlusal load distribution in normal complete dentitions of
mastication, J Prosthet Dent 12:460-463, 1962. young adults, Eur J Prosthod Restor Dent 7:65-70, 1999.
7. Powell RN, Zander HA: The frequency and distribution of 25. Kumagai H, Suzuki T, Hamada T, et al: Occlusal force distri­
tooth contact, J Dent Res 44:713-717, 1965. bution on the dental arch during various levels of clenching,
8. Kihara M: A study on factors related to stability of vertical J Oral Rehabil 26:932-935, 1999.
position of the teeth, J Kyushu Dent Soc 28:511-528, 1975. 26. Gabriel DA, Basford JR, An KN: Neural adaptations to fatigue:
9. Hakkinen K, Komi PV, Alen M: Effect of explosive-type implications for muscle strength and training, Med Sci Sports
strength training on isometric force and relaxation time: elec­ Exerc 33:1354-1360, 2001.
tromyographic and muscle fi bre characteristics of leg exten­ 27. Makofsky HW, Sexton TR, Diamond DZ, Sexton MT: The
sor muscles, Acta Physiol Scand 125:587-600, 1985. effect of head posture on muscle contact position using the
10. Hakkinen K, Alen M, Komi PV: Changes in isometric force T-Scan system of occlusal analysis, Cranio 9:316-321, 1991.
and relaxation time: electromyographic and muscle fibre 28. Chapman RJ, Maness WL, Osorio J: Occlusal contact varia­
characteristics of human skeletal muscle during strength tion with changes in head position, Int J Prosthod 4:377-381,
training and detraining, Acta Physiol Scand 125:573-585, 1991.
1985. 29. Sodeyama A, Shinogaya T, Matsumoto M: Reproducibility of
11. Pavone E, Moffat M: Isometric torque of the quadriceps maximal bite force distribution over dentition, Kokubyo
femoris after concentric, eccentric and isometric training, Gakkai Zasshi 65:339-343, 1998.
Arch Physiol Med Rehabil 66:168-170, 1985. 30. Uchida M, Yamaguchi K, Nagano S, Ichida T: Daily clenching
12. McDonagh MJ, Hayward CM, Davies CT: Isometric training exercise enhances the occlusal contact, Orthod Waves 64:29-
in human elbow flexor muscles: the effects on voluntary 37, 2005.
and electrically evoked forces, J Bone Joint Surg 65:355-358, 31. Petrofsky JS, Laymon M: The effect of aging in spinal cord -
1983. injured humans on the blood pressure and heart rate responses
13. Kiliaridis S, Tzakis MG, Carlsson GE: Effects of fatigue and during fatiguing isometric exercise, Eur J Appl Physiol 86:479-
chewing training on maximal bite force and endurance, Am J 486, 2002.
Orthod Dentofacial Orthop 107:372-378, 1995. 32. Masumoto N, Yamaguchi K, Fujimoto S: Is chewing exercise
14. Thompson DJ, Throckmorton GS, Buschang PH: The effects improving occlusal contact? Questionnaire on manner of
of isometric exercise on maximum voluntary bite forces and food taking. Presented at 66th Congress of Japanese Orth­
jaw muscle strength and endurance, J Oral Rehabil 28:909- odontic Society, 2007.
917, 2001. 33. Masumoto N, Yamaguchi K, Uchida M, Fujimoto S: Chewing
15. Tzakis MG, Kiliaridis S, Carlsson GE: Effect of a fatigue test exercise is improving occlusal contact: increasing chance of
and chewing training on masticatory muscles, J Oral Rehabil occlusal contact by daily chewing gum. Presented at 66th
21:33-45, 1994. Congress of Japanese Orthodontic Society, 2007.
16. Christensen LV, Mohamed SE, Rugh JD: Isometric endurance 34. Throckmorton GS, Ellis E 3rd: The relationship between sur­
of the human masseter muscle during consecutive bouts of gical changes in dentofacial morphology and changes in
tooth clenching, J Oral Rehabil 12:509-514, 1985. maximum bite force, J Oral Maxillofac Surg 59:620-627,
17. Raadsheer MC, Van Eijden TM, Van Ginkel FC, Prahl-Andersen 2001.
B: Contribution of jaw muscle size and craniofacial mor­ 35. Athanasiou AE: Number and intensity of occlusal contacts
phology to human bite force magnitude, J Dent Res 78:31-42, following surgical correction of mandibular prognathism, J
1999. Oral Rehabil 19:145-150, 1992.
18. Van Spronsen PH, Koolstra JH, Van Ginkel FC, et al: Relation­ 36. Hoppenreijs TJ, Van der Linden FP, Freihofer HP, et al:
ships between the orientation and moment arms of the Occlusal and functional conditions after surgical correction
human jaw muscles and normal craniofacial morphology, Eur of anterior open bite deformities, Int J Adult Orthod Orthog
J Orthod 19:313-328, 1997. Surg 11:29-39, 1996.
19. Van Eijden TM: Jaw muscle activity in relation to the direction 37. Umemori M, Sugawara J, Mitani H, et al: Skeletal anchorage
and point of application of bite force, J Dent Res 69:901-905, system for open-bite correction, A m J Orthod Dentofacial
1990. Orthop 115:166-174, 1999.
170 Parte II   Manejo Clínico das Discrepâncias Sagital e Vertical

38. Erverdi N, Keles A, Nanda R: The use of skeletal anchorage in 50. McNamara JA: Influence of respiratory pattern on craniofa­
open bite treatment: a cephalometric evaluation, Angle Orthod cial growth, A ngle Orthod 51:269-300, 1981.
74:381-390, 2004. 51. Harvold EP, Tomer BS, Vargervik K, Chierici G: Primate
39. Tanaka Y, Morikawa T, Honda Y: An assessment of nasal functions experiments on oral respiration, Am J Orthod 79:359-372,
in control of breathing, J Appl Physiol 65:1520-1524, 1988. 1981.
40. Rodenstein DO, Stanescu DC: Soft palate and oronasal breath­ 52. Yamaguchi K: Effects of experimental mouth breathing on
ing in humans, J Appl Physiol 57:651-657, 1984. dento-facial growth, N ippon Kyosei Shika Gakkai Zasshi 39:
41. Stanescu DC, Rodenstein DO: The role of the soft palate in 24-45, 1980.
respiration, Rev Mal Respir 5:21-29, 1988. 53. Tomiyama N, Ichida T, Yamaguchi K: Electromyographic
42. Yamaguchi K, Nanda RS, Ghosh J, Tanne K: Morphological activity of lower lip muscles during chewing with the lips in
differences in individuals with lip competence and incompe­ contact and apart, Angle Orthod 74:31-36, 2004.
tence based on electromyographic diagnosis, J Oral Rehabil 54. Throckmorton GS, Buschang PH, Hayasaki H, Pinto AS:
27:893-901, 2000. Changes in the masticatory cycle following treatment of pos­
43. Iwahashi F, Yamaguchi K, Nokita T, et al: Activity of the lips terior unilateral crossbite in children, Am J Orthod Dentofacial
associated with simulated upper incisors position, Orthod Orthop 120:521-529, 2001.
Waves 63:7-14, 2004. (English edition). 55. Miyawaki S, Yasuda Y, Yashiro K, Takada K: Changes in mas­
44. Nokita T, Yamaguchi K, Tamura H, Imamura F: The lip sealing ticatory jaw movement and muscle activity following surgical
function correlates with increased facial height, Orthod Waves orthodontic treatment of adult skeletal Class III case, Clin
64:8-15, 2005. Orthod Res 4:119-123, 2001.
45. Corruccini RS, Flander LB, Kaul SS: Mouth breathing, occlu­ 56. Sohn BW, Miyawaki S, Noguchi H, Takada K: Changes in jaw
sion, and modernization in a North Indian population: an movement and muscle activity after orthodontic correction
epidemiologic study, Angle Orthod 55:190-196, 1985. of incisor crossbite, Am J Orthod Dentofacial Orthop 112: 403-
46. Samolinski B, Szczesnowicz-Dabrowska P: Relationship 409, 1997.
between inflammation of upper and lower respiratory airways, 57. Matsuka Y, Kitada Y, Mitoh Y, et al: Effect of a bite-raising
Otolaryngol Pol 56:49-55, 2002. splint on the duration of the chewing cycle and the EMG
47. Fujimoto S, Yamaguchi K, Gunjikake K: Mouth breathing: activities of masticatory muscles during chewing in freely
objective and subjective estimation. Presented at Second moving rabbits, J Oral Rehabil 25:159-165, 1998.
Meeting of Kyushu Orthodontic Society, 2007. 58. Karkazis HC, Kossioni AE: Re-examination of surface EMG
48. Harvold EP, Vargervik K, Chierici G: Primate experiments on activity of the masseter muscle in young adults during chewing
oral sensation and dental malocclusions, Am J Orthod 63: of two test foods, J Oral Rehabil 24:216-223, 1997.
494-508, 1973. 59. Papargyriou G, Kjellberg H, Kiliaridis S: Changes in mastica­
49. Tomer BS, Harvold EP: Primate experiments on mandibular tory mandibular movements in growing individuals: a six-year
growth direction, Am J Orthod 82:114-119, 1982. follow-up, Acta Odontol Scand 58:129-134, 2000.
C ap í t u lo
15
Mecânicas Eficientes e
Aparelhos para Corrigir
Excesso Vertical e
Mordida Aberta
Flavio Andres Uribe e Ravindra Nanda

N
o século passado da história da ortodontia, o diagnós­ disso, há diferentes graus de excesso vertical e alguns pacientes
tico e plano de tratamento eram centrados principal­ podem não apresentar um tipo extremo de padrão vertical, mas
mente na dimensão facial anteroposterior (AP). Como uma tendência leve ou moderada em direção a um dos dois
era de se esperar, o atual sistema de classificação das maloclusões extremos.
permanece conforme descrito por Edward Angle, que em essên­ O objetivo deste capítulo é descrever as características do
cia não fornece qualquer informação a respeito da dimensão padrão esquelético facial vertical excessivo e delinear os dife­
vertical ou transversal. rentes mecanismos para a sua correção. Além disso, são discutidas
Foram necessárias décadas para que a importância da dimen­ as características dos tecidos moles, esqueléticos e dentários do
são vertical da face tivesse destaque. Sassouni e S. Nanda1 padrão vertical, bem como sua influência no resultado da forma
estavam entre os primeiros a descrever a proporção vertical da facial vertical. São apresentadas diferentes alternativas de trata­
face e as características ósseas associadas à mordida aberta e à mento, cada uma abordando o problema de uma perspectiva
mordida profunda. Mais tarde, Nanda2 descobriu que o padrão diferente. Além disso, é enfatizada a importância do momento
vertical da face era determinado precocemente e mantido ao do tratamento, já que as decisões a este respeito diferem signifi­
longo do crescimento. Este achado implicava então que para cativamente entre pacientes em crescimento ou não.
afetar o padrão de crescimento vertical, era necessário realizar
uma intervenção terapêutica.
ETIOLOGIA DO PADRÃO DOLICOFACIAL
Embora a dimensão vertical preste-se ao controle mecânico,
a alteração do padrão vertical da face é difícil; é esperada que O padrão dolicofacial pode ser atribuído principalmente a
haja instabilidade com o tratamento.1,3,4 Muitos têm afirmado fatores genéticos, embora os fatores ambientais também sejam
que o controle adequado da dimensão vertical é fundamental considerados importantes para o estabelecimento desse
para uma correção AP bem-sucedida.5-8 Observa-se uma clara padrão.10,11 A transmissão genética da altura facial foi estudada
reciprocidade entre as dimensões. em gêmeos monozigóticos e dizigóticos, nos quais a altura facial
Há dois extremos no padrão facial vertical: (1) crescimento verti­ inferior parece estar sob forte influência genética.12 Pesquisas
cal excessivo e (2) deficiência na dimensão vertical da face. Diversos que avaliaram as causas ambientais do padrão dolicofacial
termos têm sido utilizados para descrever a altura facial excessiva, atribuíram uma função anormal (como respiração bucal,
incluindo hiperdivergência, ângulo alto, padrão dolicofacial e padrão deglutição atípica e postura de língua) como fatores etiológicos
leptoprosopo. Da mesma forma, os termos usados para descrever a primários.10,11,13 Entretanto, o conceito de que as causas ambi­
altura facial reduzida incluíram hipodivergência, ângulo baixo, entais são o único fator etiológico responsável pelo estabeleci­
padrão braquifacial e padrão euriprosopo. O padrão dolicofacial é mento do padrão dolicofacial é fortemente controverso.14,15
frequentemente associado a uma maloclusão de mordida aberta e o A influência dos tecidos moles no padrão dolicofacial é evi­
padrão braquifacial a uma maloclusão de mordida profunda. dente, por meio da arquitetura muscular. Na verdade, tem sido
É importante estar ciente de que a relação oclusal nem sugerido que os músculos mastigatórios de indivíduos com
sempre segue o padrão facial, já que as compensações dentárias excesso vertical exercem uma força oclusal diminuída em com­
normalmente são encontradas em ambos os extremos.9 Além paração com indivíduos com um padrão normofacial ou

171
172 Parte II   Manejo Clínico das Discrepâncias Sagital e Vertical

braquifacial.16 Boyd et al.17 encontraram que os músculos deve corresponder a aproximadamente 60% da altura facial
masseteres destes indivíduos apresentavam uma maior porcenta­ anterior.20
gem de fibras musculares do tipo II (rápidas). Por sua vez, Uma das medidas cefalométricas mais utilizadas para clas­
Rowlerson17a encontrou uma maior porcentagem de fibras do sificar um paciente como “hiperdivergente” é a inclinação do
tipo II em uma amostra de pacientes com padrão braquifacial. plano mandibular. Em geral, um ângulo com medida acima
Korfage et al.18 observaram que a diferença destes achados pode de 36 graus no plano sela-násio é um importante indicador de
ter sido causada pela grande variabilidade intra e interindivi­ excesso facial vertical. Conforme descrito por Björk,21 outras
dual. A análise e identificação do tipo de fibra muscular podem características sugestivas deste padrão são os indicadores de
ser importantes no tratamento destes pacientes, mas também crescimento que antecipam o desenvolvimento de um excesso
pode ter implicações na estabilidade do tratamento a longo facial extremo. O autor acreditava que esses recursos atuavam
prazo. como características preditivas do que tem sido descrito
como “crescimento retrógrado”, que por fim evolui para um
padrão dolicofacial.
CARACTERÍSTICAS DO EXCESSO VERTICAL Por fim, no cefalograma lateral, as características verticais
O excesso vertical tem características específicas no esqueleto, dentárias podem ser mensuradas e comparadas com dados nor­
dentes e tecidos moles. As características dos tecidos moles mativos. As alturas dentoalveolares da maxila e da mandíbula
podem ser avaliadas clinicamente, antropométrica e cefalome­ são mensuradas em relação ao plano palatino e plano mandibu­
tricamente. É possível analisar a dimensão vertical de uma vista lar, respectivamente. Normalmente, a oclusal do primeiro molar
frontal e de perfil. As medidas absolutas do comprimento das a estas linhas de referência é excessiva nesses pacientes, especial­
distâncias verticais entre os marcos anatômicos não são tão mente o molar maxilar ao plano palatino. Anteriormente, a
importantes quanto as proporções do rosto. Para avaliar estas distância neste plano de referência também pode ser excessiva,
proporções, o rosto é inicialmente dividido em três partes iguais, ou seja, do plano palatino ao incisivo central maxilar. Neste
com o terço médio e inferior sendo as partes mais importantes, caso, embora seja evidente um padrão vertical de face, pode não
já que contêm a maioria das estruturas faciais. Mais especifica­ ser encontrada anteriormente uma mordida aberta, já que os
mente, o terço inferior é de extrema importância, uma vez que incisivos podem ter supraeruptado, compensando o excesso
esta é a área facial que pode ser significativamente alterada com vertical posterior. É importante observar que, embora um
o tratamento ortodôntico.6 paciente possa apresentar um padrão dolicofacial, apenas uma
O terço inferior da face pode ser dividido em três partes: os pequena porcentagem desses pacientes tem uma mordida aberta
dois terços inferiores do estômio ao mento e o terço superior anterior correspondente.9,15
do subnasal ao estômio. As desproporções existentes podem ser A diferenciação entre uma mordida aberta esquelética e den­
avaliadas por meio da análise dessas medições, mas uma das cara­ tária é controversa.15,22 Conforme descrito, as principais cara­
cterísticas clinicamente mais importantes do excesso vertical cterísticas de uma mordida aberta esquelética são determinadas
de face é encontrada no terço inferior da face: uma grande “lacuna por meio de mensurações cefalométricas. Em geral, uma mordida
interlabial” em repouso. A presença de uma grande lacuna inter­ aberta dentária está relacionada a um hábito que inibe o desen­
labial pode ser confirmada quando o paciente fecha os lábios volvimento vertical dos incisivos.22 A mordida aberta também
suavemente e é observada uma tensão do músculo mentual.6 pode ser iniciada ou perpetuada por uma interposição lingual.
Outra característica clínica associada a uma grande distância Uma característica que pode ser indicativa de uma mordida
interlabial em pacientes com excesso vertical de face é uma exces­ aberta dentoalveolar são planos oclusais divergentes anteriores
siva exposição da gengiva durante o sorriso. Considere que uma aos pré-molares. Esta característica clínica e cefalométrica é
grande lacuna interlabial e uma exposição excessiva da gengiva geralmente causada por um hábito de sucção de dedo. Por sua
podem não resultar exclusivamente do excesso vertical de face, vez, as mordidas abertas esqueléticas geralmente apresentam
mas podem ser causadas parcial ou totalmente por um lábio dois planos oclusais que começam divergindo mais posterior­
superior curto.19 A comparação do comprimento do lábio de um mente ao primeiro pré-molar, geralmente partindo do segundo
paciente com dados de referência pode ajudar a determinar even­ pré-molar ou primeiro molar (Fig. 15-1).
tuais anormalidades. Em geral, não é clara a distinção entre os dois tipos. Muitas
A radiografia cefalométrica lateral é o método mais utilizado vezes, alguns indivíduos com excesso vertical de face podem ter
para avaliar, quantificar e classificar um paciente com excesso um hábito (p. ex., de sugar o dedo) e, portanto, apresentar cara­
vertical da face. Estes achados radiográficos podem estar cor­ cterísticas de ambas as mordidas abertas, esquelética e dentária
relacionados com a análise clínica e antropométrica. Outras (Fig. 15-2).
medidas e relações esqueleto-faciais úteis podem ser obtidas por
um cefalograma lateral; por exemplo, podem ser determinadas
EXCESSO VERTICAL E ESTÉTICA DO SORRISO
as alturas faciais dos tecidos duros superior e inferior. De modo
ideal, a face deve ser dividida anteriormente em duas metades, A estética do sorriso sempre foi um objetivo comum entre todas
sendo que a metade superior é ligeiramente menor que a metade as especialidades da odontologia. Antigamente, a ortodontia
inferior (45:55). Utilizando o cefalograma lateral, também pode enfatizava a obtenção de boa oclusão como o objetivo principal
ser avaliada a relação entre a altura facial anterior e posterior. e o alinhamento das arcadas dentárias era o fator mais impor­
Em média, a altura facial posterior, medida da sela ao gônio, tante na estética.
Capítulo 15   Mecânicas Eficientes e Aparelhos para Corrigir Excesso Vertical e Mordida Aberta 173

Recentemente, mais características são utilizadas para descrever


um sorriso estético.23 Uma destas características relacionadas à
dimensão vertical é a exposição dos incisivos ou exposição do tecido
gengival em repouso e durante o sorriso. Esta característica pode
ser classificada como excessiva, normal ou deficiente. A exposição
excessiva pode ser causada por excesso de altura vertical da maxila,
supraerupção dos incisivos superiores, lábio superior curto ou
uma combinação de todos estes fatores.19 O diagnóstico clínico
do excesso vertical é avaliado no sorriso posado; assim, é necessário
um diagnóstico diferencial por meio da avaliação da mobilidade
labial. Um lábio hipermóvel levará a uma aparência de excesso
vertical maxilar, já que uma quantidade significativa de tecido
gengival será exposta no sorriso, mesmo que a quantidade de
exposição dos incisivos em repouso seja normal. Assim, um
paciente pode ter excesso de exposição gengival no sorriso sem,
contudo, apresentar excesso vertical de face (Fig. 15-3).
Ao avaliar a exposição gengival no sorriso, outro diagnóstico
diferencial do excesso vertical maxilar é a alteração da erupção
passiva. Nesta situação, as coroas dos incisivos parecem ser
curtas na altura, por causa da migração apical inadequada do
complexo dentogengival, resultando em mais tecido gengival
aparente durante o sorriso. Mais uma vez, a análise clínica do
sorriso deve ser correlacionada com dados cefalométricos e
antropométricos para que se realize um diagnóstico completo.

ESTRATÉGIAS DE TRATAMENTO
Depois de analisar todas as múltiplas etiologias para o perfil
facial hiperdivergente, as estratégias de tratamento devem
incluir a avaliação dos tecidos moles, dentários e esqueléticos.
A dimensão vertical pode ser facilmente alterada através do
controle dos dentes posteriores.6,24 Nesses pacientes, o objetivo
final é intruir ou manter a posição vertical dos molares.15
Os métodos disponíveis para atingir o controle vertical dos
molares variam dependendo da idade do paciente. O objetivo
específico do tratamento no paciente em crescimento é manter
a posição vertical dos molares, enquanto ocorre o crescimento Fig. 15-1 A a C, Mordida aberta anterior significativa, com os
vertical maxilar e mandibular normal. Normalmente, os dife­ planos oclusais divergindo anteriormente do segundo e terceiro
molares. Em geral, esta característica clínica sugere uma mordida
rentes aparelhos ortodônticos para o controle vertical são dire­
aberta esquelética em vez de uma mordida aberta dentária.
cionados para os molares superiores, embora também tenha
sido descrito o controle vertical dos molares inferiores.5,6
obtido pelo ajuste da altura e do comprimento do arco externo.
A crista zigomático-maxilar pode ser utilizada como um marco
Aparelhos
anatômico para estimar o centro de resistência do molar supe­
Diferentes aparelhos têm sido utilizados para restringir o cresci­ rior. Qualquer vetor de força que não atravesse o centro de
mento vertical maxilar e o deslocamento inferior dos molares. resistência do molar irá gerar uma rotação do molar no sentido
Estes aparelhos aplicam a força direta ou indiretamente nos horário ou anti-horário (Fig. 15-4). Este movimento de angu­
primeiros molares. O aparelho extrabucal é o exemplo clássico lação do molar pode ser usado favoravelmente em determinadas
de um aparelho que aplica uma força diretamente ao molar em relações oclusais sagitais (i.e., molar de Classe II).
direção intrusiva. Os aparelhos extrabucais occipitais e com Outro aparelho que auxilia no controle da dimensão vertical
tração alta têm sido recomendados, já que ambos apresentam foi proposto por Pearson5 e envolve a aplicação de um aparelho
um componente de força vertical. Embora o tipo occipital não extrabucal mandibular. Este formato controla a erupção dos
forneça uma força puramente vertical, seu componente de força molares inferiores, especialmente quando são utilizados elásti­
direcionado distalmente pode ser indicado para pacientes com cos de Classe II.5,25 Ao inibir a erupção do molar inferior, a
excesso vertical maxilar e perfil convexo. Para oferecer esse tipo dimensão vertical é, teoricamente, mais facilmente controlada.
de vetor de força, a força de tração do aparelho extrabucal deve Conforme relatado, a altura alveolar inferior aumenta mais que
se aproximar do centro de resistência do molar superior. Isto é a altura molar maxilar durante o tratamento ortodôntico,
174 Parte II   Manejo Clínico das Discrepâncias Sagital e Vertical

Fig. 15-2 Paciente com histórico de hábito de sucção do polegar, evidenciando características combi­
nadas de uma mordida aberta esquelética e dentária. A, Paciente mostrando um sorriso inverso, com
uma mordida aberta anterior. B, Cefalograma lateral, mostrando diversas características de uma mordida
aberta esquelética. C a E, Os planos oclusais divergem anteriormente dos primeiros pré-molares, o que
geralmente está associado a uma mordida aberta dentária causada por um hábito de sucção do dedo.

Fig. 15-3 A e B, Padrão braquifacial com uma exposição gengival excessiva não característica durante o sorriso
(C). O diagnóstico diferencial é necessário: excesso maxilar, lábio superior curto, lábio hipermóvel ou supraerupção
dos incisivos superiores. A correção cirúrgica do excesso de exposição gengival durante o sorriso por meio da
impactação da maxila em um paciente com este padrão vertical de face pode ser prejudicial às proporções verticais
da face, devido ao fato de que a altura facial, que já é pequena, provavelmente seria ainda mais reduzida.
Capítulo 15   Mecânicas Eficientes e Aparelhos para Corrigir Excesso Vertical e Mordida Aberta 175

Fig. 15-4 A, O vetor de força do aparelho extrabucal é definido pela alça que liga o casquete ao
arco externo. A relação desse vetor de força ao molar define o tipo de movimento do dente. A crista
infra-zigomática é um bom marco anatômico para calcular o centro de resistência do primeiro molar
superior. B, O vetor de força verde irá gerar um deslocamento molar intrusivo e distal, em conjunto
com a rotação horária. O vetor de força azul irá gerar um movimento intrusivo e distal, com uma
rotação anti-horária do molar.

situação na qual o aparelho extrabucal mandibular torna-se


particularmente atraente.5 A única desvantagem deste aparelho
é que ele não possibilita realizar uma força puramente vertical;
um componente de força distal está sempre presente. Este com­
ponente distal de força pode ser reduzido pelo alongamento do
arco externo (Fig. 15-5). No entanto, esse ajuste também tende
a aumentar o efeito de angulação distal no molar, devido ao
momento da força. O aparelho extrabucal mandibular certa­
mente poderia ser uma opção de tratamento para o controle
vertical, mas não é uma modalidade popular.

Transmissão Indireta de Força


Fig. 15-5 Quanto mais distante estiver o arco externo do
Os molares superiores e inferiores também podem ser controla­ aparelho extrabucal mandibular, mais vertical será o componente
dos verticalmente no paciente em crescimento, por meio da de força gerado. No entanto, o momento de força também é
transmissão indireta de força. Isso pode ser realizado através de aumentado.
176 Parte II   Manejo Clínico das Discrepâncias Sagital e Vertical

diferentes músculos na função normal. Os dois principais grupos Efeito de Cunha


musculares envolvidos nestas formas indiretas de transmissão de
força são os músculos da mastigação e os músculos da língua. A dimensão vertical também pode ser alterada pelo “efeito de
Durante a função normal, os músculos mastigatórios trans­ cunha”, que mostra a relação entre as dimensões vertical e antero­
ferem suas forças de contração para a superfície oclusal dos dentes posterior. Em essência, a “cunha” ou extremidade pontiaguda do
posteriores. Embora presentes em condições normais, essas forças triângulo delimitada pelos dentes molares maxilar e mandibular
não necessariamente inibem a erupção vertical dos molares. A é reduzida por meio da extração dos primeiros molares. O resul­
atividade muscular precisa ser concentrada e redirecionada para tado é uma diminuição correspondente na dimensão vertical. A
atingir um efeito inibitório. Foi proposto que os exercícios isomé­ cunha é removida por extração dos primeiros molares e trans­
tricos dos músculos mastigatórios podem fazer com que isso lação dos segundos molares em direção anterior. Os primeiros
ocorra. Depois de realizar exercícios musculares específicos, a molares são escolhidos, porque, conforme observado clinica­
erupção vertical dos molares pode ser inibida.24 Por exemplo, o mente, não há redução na dimensão vertical com a extração de
controle da dimensão vertical foi conseguido com algum grau de primeiro pré-molar.36 No entanto, as extrações tanto do segundo
sucesso em crianças em crescimento quando foi solicitado a elas pré-molar quanto do primeiro molar levam a uma redução no
que cerrassem os dentes em intervalos regulares diariamente.26 ângulo do plano mandibular.37
O tônus da musculatura mastigatória pode ser reforçado por
interferir no “espaço funcional livre” por meio da colocação de
Tratamento para o Paciente em Crescimento
um Bite Block (de aproximadamente 3 a 4 mm de espessura)
entre os dentes posteriores. O efeito sobre os molares é pro­ As modalidades de tratamento utilizadas para controlar a posição
duzido através de uma força constante em repouso e durante a vertical dos molares em um paciente em crescimento podem ser
função. Os exercícios musculares também podem ser prescritos empregadas isoladamente ou em conjunto. Conforme mencio­
com um Bite Block para alcançar um efeito sinérgico. Além nado, por exemplo, um Bite Block é frequentemente utilizado em
disso, o efeito inibitório pode ser melhorado através de forças combinação com uma MTV ou aparelho extrabucal de tração
iguais de sentidos opostos, aplicadas com o auxílio de ímãs vertical32,33,38 (Fig. 15-6). Em um estudo retrospectivo de duas
intermaxilares na superfície oclusal dos Bite Blocks.27-29 Utili­ fases, Schulz et al.38 compararam a eficiência da MTV e do expan-
zando esta técnica, Woods e Nanda30 demonstraram efeitos ver­ sor palatal rápido (EPR) colado. Um EPR colado foi utilizado em
ticais positivos em primatas não humanos em crescimento.30 pacientes com aumento na dimensão vertical. Esses pacientes
Embora um controle vertical positivo tenha sido relatado em também foram submetidos a uma segunda fase de tratamento
crianças em crescimento, foram encontrados dois tipos de pro­ com aparelho fixo. Um segundo grupo foi submetido aos mesmos
blemas: (1) o tecido gengival acima dos segundos molares em procedimentos, além de receber uma MTV ao longo das duas
erupção impedia qualquer redução significativa na dimensão fases do tratamento. O grupo que utilizou a MTV apresentou um
vertical e (2) a transmissão descontrolada das forças do ímã aumento ligeiramente menor nas medidas verticais esqueléticas.
gerou mordidas cruzadas em algumas crianças.27,31 Curiosamente, esta redução foi mais evidente durante a primeira
O efeito indireto da tração mastigatória também pode ser do que na segunda fase do tratamento. Entretanto, este estudo foi
melhorado de outra maneira. Tem sido colocado que uma men- limitado pela ausência de um grupo controle. Assim, são
toneira de tração vertical (MTV) inibe o crescimento vertical da necessários ensaios clínicos randomizados prospectivos para
face.25 Esse efeito é obtido predominantemente durante a ativi­ medir a eficiência de diferentes combinações destes aparelhos no
dade muscular postural, com a mentoneira sendo normalmente controle da dimensão vertical.39,40
utilizada em conjunto com um Bite Block intermaxilar.32,33
A língua contém outro grupo de músculos que pode afetar
Tratamento para Pacientes Fora da Fase de
indiretamente a posição vertical dos molares. A postura da
Crescimento (Adultos)
língua pode ser afetada de forma semelhante ao descrito para
os músculos da mastigação, por interferir no espaço postural e Em pacientes fora da fase de crescimento, podem ser utilizadas
pela deglutição e mastigação regulares. Em condições normais, todas estas modalidades de tratamento para o controle vertical dos
a língua permanece apoiada no palato. Ao colocar uma barra molares. No entanto, o objetivo do tratamento nestes casos é intruir
no palato, as forças posturais e funcionais da língua são trans­ os molares, em vez de tentar conter seu crescimento. Embora os
mitidas aos molares superiores. Este efeito foi relatado em um aparelhos extrabucais possam ser utilizados com este objetivo,
estudo clínico em que um arco palatal foi colocado em dife­ os pacientes adultos muitas vezes não são receptivos a esta opção
rentes distâncias do palato.34 Os resultados mostraram que um de tratamento. Infelizmente, as intervenções alternativas (p. ex., os
arco transpalatal colocado a 6 mm do palato transmite, em aparelhos intrabucais) também apresentam limitações. Muitas
média, cerca de 200 g/cm2 de força para os segundos molares; vezes, prejudicam a fala e são antiestéticos. Destes aparelhos, o
essa força foi significativamente maior do que a obtida de uma menos visível é o botão palatal; porém, o uso isolado deste aparelho
barra colocada a 2 mm de distância do palato. Numa variação provavelmente tem efeito intrusivo mínimo no molar superior.
deste trabalho, a colocação de um “aparelho mantenedor da Portanto, em um paciente adulto, a melhor opção é transmitir
dimensão vertical” (um botão de acrílico grosso) no palato pro­ diretamente a força intrusiva aos molares para corrigir a dimen­
duziu uma inibição de menos de 1 mm no desenvolvimento são vertical. Para que se atinja uma intrusão significativa, relata-se
vertical do molar superior em um período de dois anos.35 que esta força deve ter magnitude de cerca de 200 g.41,42 Para
Capítulo 15   Mecânicas Eficientes e Aparelhos para Corrigir Excesso Vertical e Mordida Aberta 177

Fig. 15-6 A e B, Paciente utilizando uma mentoneira de tração vertical, em conjunto com uma placa de
mordida (C-E) para controlar a erupção dos segmentos posteriores e inibir a erupção dos molares. Um efeito
sinérgico é obtido com o uso em conjunto destes dois aparelhos.

transmitir essa força ortodôntica, os dispositivos de ancoragem


temporária (DATs) são uma boa alternativa, capazes de transmitir
esta magnitude de força diretamente aos molares do adulto
(paciente fora da fase de crescimento) sem a necessidade de
aparelhos volumosos e antiestéticos. Como era de se esperar, a
popularidade destes aparelhos tem aumentado significativamente
nos últimos anos. Antes que estivessem disponíveis, a única alter­
nativa de tratamento para estes pacientes era a cirurgia, caso fosse
necessário um deslocamento intrusivo significativo.43
Mecanicamente, a intrusão molar usando ancoragem esquelé­
tica tem sido realizada com todos os diferentes tipos de DAT. A
seleção deve ser determinada de um ponto de vista biomecânico.
Antes de escolher o tipo de DAT a ser utilizado, deve ser definida
a linha de força necessária para produzir a intrusão molar. Assim,
os DATs são planejados de uma análise biomecânica e não com
Fig. 15-7 Microimplantes e microplacas permitem uma livre movi­
base na disponibilidade anatômica do osso alveolar. Somente
mentação dental nos três planos do espaço. Para transmitir a força
quando a linha desejada de força é definida pode ser identificada desses dispositivos de fixação temporária, são estendidos longos
a região anatômica para colocação do DAT. braços para uma área próxima ao terço gengival dos dentes.
O DAT mais simples é o microparafuso. Seu uso tem sido
difundido devido à facilidade de colocação e baixo custo. A tante das estruturas dentárias e permitem uma maior latitude de
principal desvantagem desse sistema é que ele se encaixa justo movimento. Ambos dependem de um braço que pode prolongar-
entre as raízes dos dentes adjacentes e, portanto, limita a direção se do local fixo da placa ou implante, permitindo qualquer linha
e a quantidade de movimento do dente. Para compensar esta de força desejada, dependendo da direção escolhida do braço de
limitação, alguns clínicos têm proposto que o microparafuso extensão (Fig. 15-7). Em geral, embora versátil, as microplacas se
seja colocado na crista infrazigomática do osso maxilar44 ou em limitam ao aspecto facial dos ossos maxilar e mandibular,
uma posição palatal próxima da rafe palatina mediana, longe enquanto o implante palatal é geralmente colocado no palato.
das raízes dos dentes superiores.41 A Figura 15-8 mostra uma abordagem interessante para
As outras opções de ancoragem esquelética, tais como reduzir a dimensão vertical utilizando a ancoragem esquelética
microplacas e implantes palatais, asseguram uma colocação dis­ e o conceito do “efeito de cunha”. Neste paciente, a ancoragem
178 Parte II   Manejo Clínico das Discrepâncias Sagital e Vertical

Fig. 15-8 Paciente com uma mordida aberta significativa (fotos intrabucais iniciais na Fig. 15-1).
Foram colocados microparafusos e microplacas para intruir os segundos molares inferiores. A a C,
Os terceiros molares só entraram em contato após a intrusão inicial do segundo molar inferior. D
a F, Os terceiros molares mandibulares foram extraídos, removendo a cunha. Foi imediatamente
obtido um fechamento da mordida aberta anterior de cerca de 3 mm.

esquelética foi utilizada para intruir os segundo molares inferi­ mais utilizado para alcançar uma redução do excesso vertical de
ores, responsáveis pela cunha posterior e mordida aberta sig­ face.43 Nestes pacientes, a maxila pode ser impactada uniforme­
nificativa. Os terceiros molares também contribuíram para a mente (anterior e posterior) ou de modo desigual, dependendo
cunha. Após cerca de 2 mm de intrusão dos segundo molares da sobremordida e da quantidade final desejada de exposição do
inferiores, os terceiros molares inferiores foram extraídos. Uma incisivo. Se a posição do incisivo do paciente tiver que ser mantida
vez que os terceiros molares foram os únicos dentes a manter a verticalmente enquanto o plano oclusal diverge anteriormente do
dimensão vertical, foi observada uma redução imediata na primeiro molar ou pré-molar, pode ser indicada uma impactação
mordida aberta. A magnitude da mordida aberta foi bastante maxilar de três componentes. Este procedimento implicaria um
reduzida, em conjunto com a dimensão vertical. A partir deste movimento superior dos segmentos maxilares posteriores, con­
ponto, a correção total da mordida aberta pode ser obtida pela sequentemente promovendo a rotação da mandíbula. Desta
extrusão suave dos incisivos e continuação da intrusão do seg­ forma, seria alcançada a desejada redução simultânea na altura
mento posterior mandibular. facial e no ângulo do plano mandibular; se necessário, o excesso
Um aspecto importante a ser considerado é a alegada “erupção vertical pode ser reduzido ainda mais pela realização de uma
compensatória” dos molares antagonistas com a intrusão molar.45 mentoplastia de avanço. Este procedimento adicional é indicado
Como os molares são intruídos, é criado espaço entre os arcos. quando também é encontrado um perfil convexo dos tecidos
Pode-se esperar uma supraerupção da dentição oposta no espaço moles; como o queixo desliza para cima, a altura vertical é reduzi­
recém-criado. Para compensar esta tendência, a oclusão oposta da e é obtida uma projeção mais anterior do queixo.
deve ser mantida sob controle. Embora sejam necessárias mais
evidências para comprovar este ponto de vista, a colocação de
MORDIDA ABERTA ANTERIOR E DIMENSÃO
dispositivos de ancoragem esquelética em todos os quadrantes,
VERTICAL
enquanto os molares maxilares ou mandibulares são ativamente
intruídos, deve contrapor esta tendência e permitir um ganho Para complicar o tratamento do excesso vertical, cerca de um
líquido na dimensão vertical.46 sexto dos pacientes com excesso vertical também apresenta uma
Juntamente com a ancoragem esquelética para corrigir o mordida aberta anterior significativa.15 Conforme mencionado,
excesso vertical, Erverdi et al.47 propuseram o uso de três com­ a correção do excesso vertical depende do controle vertical dos
ponentes que trabalham em conjunto para reduzir o excesso molares. Ao abordar o controle vertical dos molares e reduzir o
vertical: placas de titânio (Ti), um Bite Block cimentado e um excesso vertical, pode ser alcançada uma concomitante redução
arco transpalatino (ATP) baixo.47 Das placas de titânio, uma da mordida aberta.
força de ancoragem direta pode ser aplicada ao segmento pos­ Nesses pacientes, a mordida aberta precisa ser tratada sepa­
terior, que é então esplintado por um Bite Block de acrílico; por radamente em determinadas situações clínicas específicas (Fig.
sua vez, este Bite Block aumenta as forças intrusivas sobre os 15-9). Nesses casos, muitas vezes é necessária a extrusão dos
molares superiores por meio da oclusão. Por fim, um ATP baixo incisivos, com manutenção diligente (não a redução) da dimen­
transfere as forças verticais intrusivas para os segmentos poste­ são vertical dos molares. Por exemplo, a extrusão dos incisivos
riores pela utilização das forças produzidas pela língua. é uma opção viável em pacientes com mordida aberta anterior
Uma opção final para reduzir o excesso vertical no adulto é a e a falta de exposição dos incisivos. Nesses pacientes, muitas
intervenção cirúrgica. A impactação de LeFort I é o procedimento vezes a etiologia é um hábito prévio. Embora também possa
Capítulo 15   Mecânicas Eficientes e Aparelhos para Corrigir Excesso Vertical e Mordida Aberta 179

Fig. 15-9 A e B, Paciente com mordida aberta anterior e deficiência na exposição dos incisivos durante o
sorriso. C e D, A extrusão dos incisivos com o tratamento ortodôntico aumentou significativamente a esté­
tica do sorriso e resolveu o problema oclusal.

haver a presença de um padrão vertical excessivo, a maloclusão uma força distal ao centro de resistência deste segmento.
e a estética exigem o fechamento da mordida aberta por extrusão Outro método envolve colocar um segmento de um fio entre
dos incisivos. Dependendo da gravidade da mordida aberta, um sistema de ancoragem esquelética e um segmento vestibu­
alguns fechamentos podem ser realizados com uma combinação lar rígido. Esta configuração incentiva duplamente a rotação
de intrusão do molar e extrusão do incisivo. Entretanto, o con­ do plano oclusal, que vai rodar o segmento em torno do centro
trole vertical do molar pode ser mais fácil de alcançar em um de resistência (Fig. 15-10).
paciente em crescimento. No paciente adulto, o componente de Um conceito similar é utilizado para girar os planos oclusais,
intrusão molar só pode ser alcançado com ancoragem esquelé­ mas sem ancoragem esquelética. O paciente da Figura 15-11 apre­
tica ou intervenção cirúrgica. Por fim, um fator importante a senta terceiros molares que se pretendia extrair ao final do trata­
considerar quando se corrige uma mordida aberta anterior é mento. Os terceiros molares são utilizados como unidades de
a estabilidade da correção. Esta área é mais controversa e será ancoragem para obter o movimento desejado. O sistema inclui
discutida posteriormente. um momento de força e uma força extrusiva colocadas entre o
Uma técnica que tem ganhado aceitação para a correção da canino e o pré-molar (Fig. 15-12). O momento de força tem
mordida aberta é a técnica MEAW (multiloop edgewise archwire). sentido horário, fechando a mordida. A força auxiliar extrusiva
As pesquisas iniciais sugerem que durante o tratamento, o plano ajudou a corrigir os planos oclusais divergentes. Embora o uso de
oclusal maxilar gira em sentido horário, enquanto o plano oclusal dispositivos de ancoragem esquelética seja uma opção em
mandibular gira em sentido anti-horário.48 Os trabalhos relatam pacientes com erupção total dos terceiros molares, a adição de
que a intrusão molar está associada à correção. No entanto, os DATs seria claramente redundante e desnecessária, pois a ancora­
dados publicados mostram que a correção é obtida principalmente gem existente utilizando os terceiros molares é suficiente.
através da erupção dos incisivos.49 A rotação do plano oclusal pode O tratamento envolvendo extração é outra modalidade
contribuir para uma melhor estabilidade; entretanto, não existem terapêutica que permite o fechamento da mordida aberta ante­
dados científicos disponíveis para apoiar esta afirmação. rior. Conforme já mencionado, nos casos que envolvem o excesso
A ancoragem esquelética pode facilitar a rotação do plano vertical, a dimensão vertical é reduzida pela extração do primeiro
de oclusão e pode ser realizada de diferentes maneiras. Por molar ou segundo pré-molar. Esta teoria também é aplicável em
exemplo, um método envolve colocar um fio segmentado casos de mordida aberta. Após a extração do segundo pré-molar, o
rígido no segmento posterior da maxila; em seguida, coloca-se molar se moverá anteriormente, reduzindo a mordida aberta
180 Parte II   Manejo Clínico das Discrepâncias Sagital e Vertical

É importante para avaliar a etiologia da mordida aberta.


Alguns pacientes podem apresentar uma mordida aberta ante­
rior causada não somente por um hábito, mas também por um
excesso vertical esquelético. Na verdade, os efeitos colaterais do
hábito podem mascarar um excesso de origem esquelética. Os
incisivos superiores podem estar em uma posição vertical ade­
quada, conforme refletido por uma exposição adequada dos
incisivos, mas uma vez que o hábito é removido, será claramente
observado o excesso vertical (Fig. 15-14). Nesta paciente, embora
o hábito deva ser interrompido, é crucial que haja controle
molar vertical para nivelar os planos oclusais através da intrusão
relativa dos molares.

ESTABILIDADE
A estabilidade de qualquer tipo de tratamento corretivo conta
principalmente com a eliminação da etiologia. No paciente com
excesso vertical, isso presume que a principal etiologia seja a
genética; as influências ambientais secundárias, como a respira­
ção bucal causada por obstrução nasal, podem contribuir para
o padrão facial. Conforme descrito anteriormente, a correção
do excesso vertical nesses indivíduos depende principalmente
da intrusão molar. Como o tratamento varia entre pacientes em
fase de crescimento ou não, a estabilidade deve ser descrita
separadamente para estes grupos.
Os ensaios clínicos envolvendo pacientes em crescimento e
o controle da posição vertical dos molares tem se mostrado
promissores, sobretudo os de curto prazo e utilizando os apare­
lhos descritos anteriormente.50 Contudo, são necessários estudos
a longo prazo para verificar se essas mudanças de curto prazo
são mantidas. Apenas a análise de longo prazo justificará a
necessidade de tratamento precoce nestes pacientes.
A avaliação longitudinal da estabilidade da redução cirúrgica
Fig. 15-10 Rotação do plano oclusal alcançada por meio de um do excesso vertical em pacientes fora da fase de crescimento
sistema duplo de microplacas. Os momentos de força iguais e opostos mostrou-se adequada. Dados da Universidade da Carolina do
geram uma rotação do plano oclusal maxilar no sentido horário. Norte (UCN) revelaram que a estabilidade a longo prazo da
redução do excesso vertical é relativamente bem-sucedida quando
através de um efeito de cunha. A porção restante do espaço de é realizada a impactação da maxila.51 A cirurgia combinada da
extração é fechada mediante a retração dos incisivos. Como os maxila e mandíbula também apresenta estabilidade, desde que a
incisivos são retraídos, a mordida se aprofunda, já que uma força rotação anti-horária da mandíbula não seja realizada à custa do
de retração é aplicada à coroa, resultando na extrusão da extremi­ aumento do feixe tendinoso entre os músculos pterigoideo medial
dade incisal decorrente do momento de força (Fig. 15-13). A e masseter. Esta conclusão da UCN contradiz as conclusões de
retração do incisivo também tem um efeito positivo sobre a con­ um estudo anterior que encontrou uma quantidade bastante
formação dos tecidos moles; os lábios se fecham em resposta à elevada de recidiva esquelética após a correção vertical.52 A dis­
retração dos incisivos. Os lábios não somente se movem para trás crepância entre esses dois estudos pode ser parcialmente atribuída
como se inferiorizam, reduzindo assim o espaço interlabial. ao tipo de aparelho de fixação esquelética utilizado.
Por fim, se um determinado hábito for responsável pelo Tal como referido anteriormente, a outra alternativa para o
desenvolvimento de uma mordida aberta anterior, o primeiro controle molar no paciente adulto é a ancoragem esquelética.
objetivo é encontrar um método de convencer o paciente a inter­ Uma vez que o uso dos DATs é relativamente recente, estudos de
rompê-lo. Normalmente, isso envolve a administração de um longo prazo ainda são escassos. A intrusão molar com aparelhos
aparelho impedidor de hábito. O aparelho impedidor de hábito ortodônticos ainda é muito recente, mas os resultados de curto
tem especial influência nos incisivos; tão logo cesse o hábito, a prazo têm mostrado uma recidiva de cerca de 30% na posição
correção é obtida pela extrusão natural dos incisivos. Em outras vertical dos molares.46 São necessários resultados de mais longo
palavras, a maioria dos hábitos como sugar o dedo impõe uma prazo para avaliar a estabilidade da correção da posição dos
força que inibe a extrusão natural dos incisivos. Uma vez que este molares e do padrão esquelético vertical com o uso dos DATs.
hábito é eliminado, os incisivos respondem naturalmente, A estabilidade da mordida aberta anterior é de difícil avaliação;
movendo-se para o espaço que de outra forma teriam ocupado. os critérios utilizados para definir uma correção estável da mordida
Capítulo 15   Mecânicas Eficientes e Aparelhos para Corrigir Excesso Vertical e Mordida Aberta 181

Fig. 15-11 A a C, Conceito semelhante ao utilizado na Figura 15-10 para a rotação do plano oclusal. Neste paciente, em
vez de utilizar um dispositivo de ancoragem temporária (DAT), foram utilizados os terceiros molares maxilares como
unidades de ancoragem para transmitir as forças desejadas. Um arco de extrusão foi colocado dos molares superiores aos
incisivos, utilizando a mecânica segmentar. D a F, São utilizados elásticos de intercuspidação para controlar o efeito colateral
sobre o segmento posterior do arco de extrusão. G a I, Um fio segmentado com dobra em V fora do centro de resistência
é colocado partindo do terceiro molar superior aos segmentos posteriores para criar uma rotação no sentido horário
favorável a estes segmentos, para corrigir a mordida aberta posterior. Os efeitos colaterais sobre os terceiros molares não
são relevantes, já que estes dentes serão extraídos ao final do tratamento ortodôntico. A mecânica é reforçada por elásticos
de intercuspidação. J a L, Resultados desta abordagem mecânica nos segmentos maxilares posteriores.

Fig. 15-12 Descrição do sistema de força utilizado no paciente da Fig. 15-13 O componente distal da força aplicada aos dentes
Figura 15-11. Um sistema duplo foi utilizado para realizar a rotação durante o fechamento do espaço anterior, após a extração do
no sentido horário dos segmentos maxilares posteriores. Uma força segundo pré-molar, auxilia no fechamento da mordida aberta ante­
extrusiva no segmento anterior também é gerada com esta geometria rior. A extração dos segundos pré-molares em pacientes com
com dobra em V de Classe V. Os efeitos secundários sobre os terceiros mordida aberta anterior também pode ajudar na correção desta
molares superiores envolvem a angulação distal e uma leve intrusão. maloclusão, por meio de um “efeito de cunha”.
182 Parte II   Manejo Clínico das Discrepâncias Sagital e Vertical

Fig. 15-14 A, Paciente com mordida aberta


anterior e uma exibição adequada dos incisivos
durante o sorriso. B, Um aparelho impedidor
de hábito foi utilizado para corrigir a mordida
aberta. C e D, A extrusão resultante dos incisi­
vos nivelou o plano oclusal maxilar, às custas
da maior exibição gengival anterior.

aberta anterior são vagos. Estudos avaliando a estabilidade da Uma solução sugerida durante a fase de contenção é o uso de
mordida aberta utilizaram diferentes critérios e planos de referên­ posicionadores. Este tratamento envolve a aplicação de pressão
cia.53 Analisadas agrupadamente, as evidências indicam que a cor­ isométrica aos molares através de exercícios de mastigação inter­
reção cirúrgica e a abordagem não cirúrgica resultam em uma mitentes diários.54,55 Uma abordagem similar envolve o uso regular
quantidade similar de recidiva. Entretanto, avaliar os resultados é da goma de mascar e uma força vertical agressiva.56 Outro método
difícil, uma vez que os estudos apresentavam diferentes objetivos alternativo é o uso contínuo de aparelhos ativos para controlar a
na realização de correção. Antes da ancoragem esquelética, a cor­ posição dos molares durante a contenção. Em outras palavras, isso
reção ortodôntica da mordida aberta se baseava principalmente envolveria o uso contínuo de aparelho extrabucal durante o período
na extrusão dos incisivos, ao passo que a correção cirúrgica desti­ de contenção, uma opção claramente fora da realidade.
nava-se principalmente à reposição molar superior através da Por sua vez, com a ancoragem esquelética, a estabilidade da
impactação maxilar. Independentemente do meio utilizado para contenção pode ser assegurada de duas maneiras. Em primeiro
obter a correção, parece estar presente uma instabilidade inerente lugar, a correção vertical dos molares pode ser atingida no início
em casos de mordida aberta. Presumivelmente, os tecidos moles, do tratamento e mantida por meio de fios de ligadura unidos
incluindo a língua, podem ser importantes fatores contribuintes aos DATs durante a fase de finalização, de modo a permitir a
para a tendência de recidiva em alguns pacientes. remodelação das fibras periodontais. Em segundo lugar, após
Só quando a etiologia for mais precisamente diagnosticada será a remoção do aparelho, os DATs podem ser mantidos para con­
possível que o tratamento correspondente seja aplicado, de modo trolar qualquer tendência de recidiva, caso elas ocorram, por
que a estabilidade dos resultados possa melhorar. Infelizmente, os meio da mecânica seccional.
tecidos duros estão sujeitos ao caráter dinâmico dos tecidos moles; A posição vertical dos incisivos pode ser mantida utilizando
até que estas influências dos tecidos moles possam ser previsivel­ retentores Essix® com pequenos acessórios colados. A Figura 15-15
mente alteradas, a melhora na estabilidade a longo prazo da cor­ mostra um paciente que necessitou de tratamento para a recidiva
reção de mordida aberta continuará a ser um desafio. vertical e colocou novos aparelhos para fechar outra vez a mordida.
Em geral, a contenção da correção vertical no paciente A relação vertical foi mantida após o novo tratamento com o auxílio
dolicofacial depende do controle molar. No entanto, a conten­ de um retentor Vacuform® e a correção foi mantida.
ção da relação oclusal em um paciente com maloclusão de
mordida aberta depende da manutenção não apenas do con­
CONCLUSÃO
trole vertical dos molares, mas também do controle vertical dos
incisivos. O controle da dimensão vertical claramente requer O excesso na dimensão vertical é um problema onipresente visto sob
uma comunicação entre as arcadas; poucos aparelhos apresen­ diversas formas no consultório ortodôntico. Se os principais objeti­
tam essa capacidade. Portanto, a instabilidade da correção da vos do tratamento ortodôntico são um perfil estético e uma oclusão
mordida aberta pode estar relacionada a uma deficiência na funcional, a alteração vertical deve ser corrigida. Os pacientes com
eficácia dos aparelhos de contenção. excesso vertical e mordida aberta seguramente necessitam de
Capítulo 15   Mecânicas Eficientes e Aparelhos para Corrigir Excesso Vertical e Mordida Aberta 183

Fig. 15-15 A e B, O paciente foi tratado inicialmente por uma mordida aberta lateral, que
recidivou. C e D, O paciente foi novamente tratado e a contenção vertical do segmento posterior
esquerdo foi mantida com uma contenção Vacuform, que empregou batentes verticais na face
palatina do canino e pré-molares. E, A correção vertical foi mantida.

tratamento ortodôntico, tendo em vista as suas influências clara­ dade de estabelecer uma estabilidade adequada permanece
mente negativas nas proporções faciais. A etiologia é multifatorial, obscura. Estudos futuros a respeito destes novos dispositivos
mas com uma forte influência genética. O controle vertical dos possibilitarão que se determine se foi encontrada a tão alme­
molares é o fator crítico para a correção do padrão dolicofacial. Os jada estabilidade.
aparelhos extrabucais, Bite Blocks e mentoneiras de tração vertical
têm sido utilizados com algum sucesso na manutenção da posição
AGRADECIMENTOS
vertical dos molares durante o crescimento. No paciente fora da fase
de crescimento, o excesso vertical dentoalveolar tem sido corrigido Um agradecimento especial à Dra. Brett Holliday por sua con­
primeiro por meio de intervenção cirúrgica. tribuição na preparação deste manuscrito.
Recentemente, a ancoragem esquelética tornou-se um
complemento terapêutico promissor para a correção
ortodôntica deste padrão facial. No entanto, os resultados Referências
envolvem apenas uma mudança transitória, de modo que é
esperada uma mínima estabilidade a longo prazo na maioria 1. Sassouni V, Nanda SK: Analysis of dentofacial vertical propor­
dos pacientes. A estabilidade é a eterna questão, particular­ tions, Am J Orthod 50:801-823, 1964.
mente em pacientes com mordida aberta, nos quais a chave 2. Nanda SK. Patterns of vertical growth in the face, Am J Orthod
do sucesso não é possibilidade de alteração do padrão verti­ Dentofacial Orthop 93:103-116, 1988.
cal, mas sim a manutenção da correção. Algumas alternativas 3. Nemeth RB, Isaacson RJ: Vertical anterior relapse, Am J
de tratamento são inovadoras e promissoras, mas a capaci­ Orthod 65:565-585, 1974.
184 Parte II   Manejo Clínico das Discrepâncias Sagital e Vertical

4. Engel G, Cornforth G, Damerell JM, et al: Treatment of deep­ 23. Sarver DM, Ackerman MB: Dynamic smile visualization and
bite cases, Am J Orthod 77:1-13, 1980. quantifi cation. Part 2. Smile analysis and treatment strategies,
5. Pearson, LE: Vertical control through use of mandibular pos­ Am J Orthod Dentofacial Orthop 124:116-127, 2003.
terior intrusive forces, Angle Orthod 43:194-200, 1973. 24. English JD: Early treatment of skeletal open bite malocclu­
6. Kuhn RJ: Control of anterior vertical dimension and proper sions, Am J Orthod Dentofacial Orthop 121:563-565, 2002.
selection of extraoral anchorage, Angle Orthod 38:340-349, 25. Pearson LE: Vertical control in treatment of patients having
1968. backward-rotational growth tendencies, A ngle Orthod 48:
7. Schudy F: Vertical growth versus anteroposterior growth as 132-140, 1978.
related to function and treatment, Angle Orthod 34:75-93, 26. Ingervall B, Bitsanis E: A pilot study of the effect of mastica­
1964. tory muscle training on facial growth in long-face children,
8. Fotis V, Melsen B, Williams S, Droschl H: Vertical control as Eur J Orthod 9:15-23, 1987.
an important ingredient in the treatment of severe sagittal 27. Kalra V, Burstone CJ, Nanda R: Effects of a fixed magnetic
discrepancies, Am J Orthod 86:224-232, 1984. appliance on the dentofacial complex, Am J Orthod Dentofa-
9. Dung DJ, Smith RJ: Cephalometric and clinical diagnoses of cial Orthop 95:467-478, 1989.
open bite tendency, Am J Orthod Dentofacial Orthop 94:484- 28. Kuster R, Ingervall B: The effect of treatment of skeletal open
490, 1988. bite with two types of bite-blocks, Eur J Orthod 14:489-499,
10. Trask GM, Shapiro GG, Shapiro PA: The effects of perennial 1992.
allergic rhinitis on dental and skeletal development: a com­ 29. Dellinger EL, Dellinger EL: Active vertical corrector treat­
parison of sibling pairs, Am J Orthod Dentofacial Orthop ment: long-term follow-up of anterior open bite treated by
92:286-293, 1987. the intrusion of posterior teeth, Am J Orthod Dentofacial
11. Linder-Aronson S: Adenoids: their effect on mode of breath­ Orthop 110:145-154, 1996.
ing and nasal airflow and their relationship to characteristics 30. Woods MG, Nanda, RS: Intrusion of posterior teeth with
of the facial skeleton and the dentition—a biometric, rhino­ magnets: an experiment in growing baboons, Angle Orthod
manometric and cephalometro-radiographic study on chil­ 58:136-150, 1988.
dren with and without adenoids, Acta Otolaryngol Suppl 31. Kiliaridis S, Egermark I, Thilander B: Anterior open bite treat­
265:1-132, 1970. ment with magnets, Eur J Orthod 12:447-457, 1990.
12. Hartsfield, JK: Development of the vertical dimension: nature 32. Iscan HN, Akkaya S, Koralp, E: The effects of the spring-
and nurture, Semin Orthod 8:113-119, 2002. loaded posterior bite-block on the maxillo-facial morphology,
13. Harvold EP, Tomer BS, Vargervik K, Chierici G: Primate Eur J Orthod 14:54-60, 1992.
experiments on oral respiration, Am J Orthod 79:359-372, 33. Sankey WL, Buschang PH, English J, Owen AH 3rd: Early
1981. treatment of vertical skeletal dysplasia: the hyperdivergent
14. Vig KW: Nasal obstruction and facial growth: the strength of phenotype, Am J Orthod Dentofacial Orthop 118:317-327,
evidence for clinical assumptions, Am J Orthod Dentofacial 2000.
Orthop 113:603-611, 1998. 34. Chiba Y, Motoyoshi M, Namura S: Tongue pressure on loop
15. Proffit WR, White RP, Sarver DM: Long face problems. In of transpalatal arch during deglutition, Am J Orthod Dentofa-
Proffit WR, White RP, Sarver DM, editors: Contemporary cial Orthop 123:29-34, 2003.
treatment of dentofacial deformity, St Louis, 2003, Mosby, pp 35. Deberardinis M, Stretesky T, Sinha P, Nanda, RS: Evaluation
464-506. of the vertical holding appliance in treatment of high-angle
16. Ingervall B, Thilander B: Relation between facial morphology patients, Am J Orthod Dentofacial Orthop 117:700-705, 2000.
and activity of the masticatory muscles, J Oral Rehabil 36. Staggers JA: Vertical changes following first premolar extrac­
1:131-147, 1974. tions, Am J Orthod Dentofacial Orthop 105:19-24, 1994.
17. Boyd SB, Gonyea WJ, Finn RA, et al: Histochemical study of 37. Aras A: Vertical changes following orthodontic extraction
the masseter muscle in patients with vertical maxillary excess, treatment in skeletal open bite subjects, Eur J Orthod 24: 407-
J Oral Maxillofac Surg 42:75-83, 1984. 416, 2002.
17a. Rowlerson A, Raoul, G, Daniel Y, et al: Fiber-type differences 38. Schulz SO, McNamara JA Jr, Baccetti T, Franchi L: Treatment
in masseter muscle associated with different facial morpholo­ effects of bonded RME and vertical-pull chincup followed by
gies, Am J Orthod Dentofacial Orthop 127:37-46, 2005. fixed appliance in patients with increased vertical dimension,
18. Korfage JA, Koolstra JH, Langenbach GE, van Eijden TM: Am J Orthod Dentofacial Orthop 128:326-336, 2005.
Fiber-type composition of the human jaw muscles. Part 2. 39. Torres F, Almeida RR, de Almeida MR, et al: Anterior open
Role of hybrid fibers and factors responsible for inter-individual bite treated with a palatal crib and high-pull chin cup therapy:
variation, J Dent Res 84:784-793, 2005. a prospective randomized study, Eur J Orthod 28:610-617,
19. Sarver DM: Facial analysis and the facial esthetic problem list. 2006.
In Sarver DM, editor: Esthetic orthodontics and orthognathic 40. Pedrin F, Almeida MR, Almeida RR, et al: A prospective study
surgery, St Louis, 1998, Mosby, pp 2-55. of the treatment effects of a removable appliance with palatal
20. Siriwat PP, Jarabak JR: Malocclusion and facial morphology: crib combined with high-pull chincup therapy in anterior
is there a relationship? An epidemiologic study, Angle Orthod open-bite patients, Am J Orthod Dentofacial Orthop 129:418-
55:127-138, 1985. 423, 2006.
21. Björk A: Prediction of mandibular growth rotation, Am J 41. Lee JS, Kim DH, Park YC, et al: The efficient use of midpalatal
Orthod 55:585-599, 1969. miniscrew implants, Angle Orthod 74:711-714, 2004.
22. Cangialosi TJ: Skeletal morphologic features of anterior open 42. Yao CC, Wu CB, Wu HY, et al: Intrusion of the overerupted
bite, Am J Orthod 85:28-36, 1984. upper left first and second molars by mini-implants with
Capítulo 15   Mecânicas Eficientes e Aparelhos para Corrigir Excesso Vertical e Mordida Aberta 185

partial-fixed orthodontic appliances: a case report, Angle therapy: a cephalometric follow-up study, Am J Orthod Dento-
Orthod 74: 550-557, 2004. facial Orthop 118:43-54, 2000.
43. Bailey, LJ, Proffit WR, Blakey GH, Sarver DM: Surgical modi­ 50. Cozza P, Mucedero M, Baccetti T, Franchi L: Early orthodontic
fication of long-face problems, Semin Orthod 8:173-183, treatment of skeletal open-bite malocclusion: a systematic
2002. review, Angle Orthod 75:707-713, 2005.
44. Liou EJ, Chen PH, Wang YC, Lin JC: A computed tomo­ 51. Proffit WR, Bailey LJ, Phillips C, Turvey TA: Long-term stabil­
graphic image study on the thickness of the infrazygomatic ity of surgical open-bite correction by Le Fort I osteotomy,
crest of the maxilla and its clinical implications for miniscrew Angle Orthod 70:112-117, 2000.
insertion, Am J Orthod Dentofacial Orthop 131:352-356, 52. Denison TF, Kokich VG, Shapiro PA: Stability of maxillary
2007. surgery in openbite versus nonopenbite malocclusions, Angle
45. Kuroda S, Katayama A, Takano-Yamamoto T: Severe anterior Orthod 59:5-10, 1989.
open-bite case treated using titanium screw anchorage, Angle 53. Huang GJ: Long-term stability of anterior open-bite therapy:
Orthod 74:558-567, 2004. a review, Semin Orthod 8:162-172, 2002.
46. Sugawara J, Baik UB, Umemori M, et al: Treatment and post­ 54. Nolan PJ, West KS: Finishing and retention. In McNamara JA
treatment dentoalveolar changes following intrusion of man­ Jr, editor: Orthodontics and dentofacial orthopedics, Ann Arbor,
dibular molars with application of a skeletal anchorage system Mich, 2002, Needham Press, pp 453-474.
(SAS) for open bite correction, Int J Adult Orthod Orthog Surg 55. Proffit WR: The third stage of comprehensive treatment: fin­
17:243-253, 2002. ishing. In Proffit WR, editor: Contemporary orthodontics, St
47. Erverdi N, Usumez S, Solak A: New generation open-bite Louis, 1993, Mosby, pp 516-533.
treatment with zygomatic anchorage, Angle Orthod 76:519- 56. Kondo E, Aoba, TJ: Nonsurgical and nonextraction treatment
526, 2006. of skeletal Class III open bite: its long-term stability, Am J
48. Kim YH: Anterior openbite and its treatment with multiloop Orthod Dentofacial Orthop 117:267-287, 2000.
edgewise archwire, Angle Orthod 57:290-321, 1987.
49. Kim YH, Han UK, Lim DD, Serraon ML: Stability of anterior
openbite correction with multiloop edgewise archwire
186 Parte II   Manejo Clínico das Discrepâncias Sagital e Vertical

C ap í t u lo
16
Etiologia, Diagnóstico
e Tratamento da
Sobremordida
Profunda
Madhur Upadhyay e Ravindra Nanda

A
sobremordida profunda talvez seja uma das ­maloclusões foi registrada pela primeira vez em 1912 na literatura alemã,
mais comuns e difíceis de tratar com sucesso. A sobre­ como Deckbiss.7 A mordida coberta é caracterizada por cober­
posição do incisivo varia muito e é essencialmente uma tura completa (ocultação) das coroas dos incisivos inferiores,
manifestação da maloclusão dentária.1 Para que se realize qualquer resultante da sobremordida excessiva e retroinclinação dos inci­
discussão a respeito da maloclusão de mordida profunda, é sivos superiores. Outro termo utilizado para designar uma
imperativo que se compreenda o conceito de sobremordida. Em forma grave de mordida profunda é mordida fechada8 (Fig. 16-2,
1950, Strang2 definiu a sobremordida como “a sobreposição dos D-F). A mordida fechada é encontrada principalmente em
dentes anteriores superiores sobre os inferiores, no plano vertical”. adultos e é rara em crianças. É caracterizada por uma sobremor­
No entanto, o comprimento da coroa dos incisivos superiores e dida excessiva, decorrente da perda dos dentes posteriores.
inferiores varia de forma significativa nos indivíduos. Assim, uma
definição de sobremordida que inclua “valores percentuais” é
ETIOLOGIA
mais útil e ilustrativa. Deste modo, seria mais oportuno redefinir
a sobremordida como “a quantidade e percentagem de sobre­ O desenvolvimento de uma sobremordida esquelética ou den­
posição dos incisivos inferiores pelos incisivos superiores”. tária é causado por fatores genéticos ou ambientais ou uma
A sobremordida ideal em uma oclusão normal pode variar de combinação de ambos. As mordidas profundas esqueléticas cos­
2 a 4 mm ou, mais apropriadamente, de 5% a 25% (sobreposição tumam apresentar um padrão de crescimento horizontal e são
dos incisivos inferiores pelos incisivos superiores) (Fig. 16-1). De caracterizadas por (1) discrepância de crescimento dos ossos
acordo com Nanda,3 uma sobreposição variando entre 25% e maxilar e mandibular, (2) rotação convergente das bases maxi­
40%, sem problemas funcionais associados durante os diversos lares e/ou (3) deficiência na altura do ramo mandibular. Nesses
movimentos da articulação temporomandibular (ATM), pode ser pacientes, a altura anterior da face é muitas vezes pequena,
considerada “normal”. No entanto, uma sobreposição superior a principalmente no terço inferior da face. Por sua vez, as mordi­
40% deve ser considerada “excessiva” (mordida profunda), devido das profundas dentárias evidenciam uma supraoclusão (supere­
aos efeitos potencialmente deletérios na saúde geral das estruturas rupção) dos incisivos,2,9 infraoclusão (infraerupção) dos
periodontais circunjacentes e da ATM. Entre os cinco e seis anos molares2,5,9,10 ou uma combinação de ambos. Outros fatores que
de idade, o percentual de sobremordida varia entre 36,5% e podem afetar a mordida profunda são as alterações na morfo­
39,2%.4 Dos nove aos 12 anos, a sobremordida geralmente logia dos dentes, perda prematura dos dentes permanentes que
aumenta, enquanto diminui dos 12 anos até a idade adulta.5 resulta em colapso lingual dos dentes anteriores maxilares ou
Posteriormente, a sobremordida permanece praticamente inal­ mandibulares, largura mesiodistal dos dentes anteriores e apro­
terada, variando entre 37,9% e 40,7%, a menos que seja afetada fundamento natural da mordida relacionado à idade.
por outros fatores, tais como desgaste ou perda de dentes, que As mordidas profundas causadas primariamente por fatores
pode reduzir potencialmente a dimensão vertical. ambientais também podem ser classificadas como mordidas pro­
A expressão severa para a sobremordida excessiva é a mordida fundas adquiridas. É sabido que existe um equilíbrio dinâmico
coberta6 (Fig. 16-2, A-C). A mordida coberta está associada prin­ entre as estruturas em torno dos dentes (língua; músculos bucina­
cipalmente à maloclusão de Classe II, divisão 2. Esta condição dor, mentual e orbicular da boca) e as forças oclusais, que

186
Capítulo 16   Etiologia, Diagnóstico e Tratamento da Sobremordida Profunda 187

Fig. 16-1 Graduações de sobremordida. Uma sobremordida entre 5% e 25% é considerada normal
(amarelo), de 25% a 40% é considerada aumentada (laranja) e acima de 40% representa uma
sobremordida excessiva (profunda) (vermelho). A, Vista frontal, B, Vista lateral.

Fig. 16-2 A a C, Exemplo de maloclusão de mordida coberta. Observe como os incisivos inferiores
estão completamente escondidos pelos incisivos superiores. D a F, Exemplo de maloclusão de mordida
fechada.
188 Parte II   Manejo Clínico das Discrepâncias Sagital e Vertical

contribuem para o desenvolvimento equilibrado e manutenção da tos posteriores e inibida nos segmentos anteriores, uma vez que o
oclusão. Qualquer condição ambiental que perturbe essa harmonia crescimento condilar permite o crescimento dentoalveolar.
dinâmica pode conduzir a uma maloclusão, como as seguintes: Em adultos, no entanto, tal movimento é contrabalançado
• Uma interposição lingual lateral ou postura anormal da pela oclusão posterior, especialmente naqueles com um padrão
língua, causando uma infraoclusão dos dentes posteriores esquelético hipodivergente. Caso seja realizado, a estabilidade do
• Desgaste da superfície oclusal ou abrasão dentária movimento do dente é altamente questionável, pois leva a alte­
• Angulação anterior dos dentes posteriores nos locais de extração rações na fisiologia muscular, aumentando o risco de recidiva.
• Hábito de sucção do polegar prolongado Nestas maloclusões e em outras em que a estimulação do cresci­
A etiologia da mordida profunda deve ser analisada em deta­ mento não é mais possível, são necessários aparelhos fixos ou
lhes para que se elabore um diagnóstico global e um plano de removíveis para atingir os resultados ideais de tratamento. Alguns
tratamento para cada paciente, de modo que possam ser atingi­ pacientes podem requerer um procedimento cirúrgico. Por
dos melhores resultados esqueléticos, dentários e estéticos. exemplo, em pacientes com excesso vertical da maxila, pode ser
necessária uma osteotomia LeFort I com impactação maxilar
para que se obtenha melhor estética dentofacial. Uma discussão
DIAGNÓSTICO detalhada a respeito deste assunto está além do escopo deste
A sobremordida profunda pode ser corrigida pela extrusão dos dentes capítulo e pode ser encontrada na literatura.13
posteriores ou por inibição e intrusão real dos dentes anteriores ou
por uma combinação de ambos (Fig. 16-3). A escolha do tratamento
Avaliação da Dimensão Vertical
baseia-se, em parte, na etiologia da mordida profunda, crescimento
esperado, dimensão vertical, relação dos dentes com as estruturas de Schudy14 defendia a correção de mordida profunda com a erupção
tecidos moles adjacentes e posição desejada do plano oclusal. dos pré-molares e molares como o tratamento de escolha,
enquanto outros preferiam a intrusão dos incisivos para tratar a
maioria de seus pacientes.3,15 Além das informações, que são
Considerações a Respeito do Crescimento
essencialmente anedóticas, é importante considerar cuidadosa­
É amplamente aceito que a correção da mordida profunda é mais mente a influência da mecânica extrusiva ou intrusiva na altura
fácil de obter e mais estável quando realizada em pacientes em vertical da face de um paciente, que, por sua vez, pode afetar a
crescimento do que quando tentada em pacientes que não apre­ relação anteroposterior da maxila e mandíbula.
sentem um crescimento estimado considerável.11,12 Uma vez que o Em geral, a mecânica eruptiva não deve ocupar o “espaço
crescimento tende a aumentar a distância vertical entre a maxila e funcional livre”8 ou o espaço interoclusal, definido como a dis­
a mandíbula, provavelmente é útil tratar estes pacientes durante o tância entre as superfícies oclusais ou incisais dos dentes supe­
período de crescimento mandibular ativo. Durante o período de riores e inferiores quando a mandíbula está em posição de
crescimento, a erupção do dente pode ser estimulada nos segmen­ repouso fisiológico. A média do espaço interoclusal é de 2 a
4 mm. Ele é menor para os dentes posteriores e maior para os
anteriores. Quando há um espaço oclusal livre maior do que o
normal, existem maiores oportunidades para a correção ao se
orientar o desenvolvimento alveolar vertical. Por exemplo, nos
pacientes com maloclusão de Classe II, divisão 2, com um
padrão facial hipodivergente, lábios redundantes e um ângulo
do plano mandibular achatado, a mordida profunda pode ser
corrigida e a estética facial melhorada através do aumento da
altura facial inferior ou convexidade facial. Entretanto, na
maioria das outras maloclusões de Classe II, nem sempre é
desejável aumentar a dimensão vertical, porque tenderia a acen­
tuar a discrepância entre o ponto A e o ponto B e também
aumentar uma face inferior já anormalmente grande.

Avaliação dos Tecidos Moles


As relações dos tecidos moles constituem uma importante fer­
ramenta de diagnóstico para a correção da mordida profunda.
O profissional deve sempre considerar a posição dos incisivos
superiores com relação à posição dos lábios para determinar
quando se deve manter, intruir ou extruir os incisivos superiores
com relação ao lábio superior. Com a crescente ênfase na ­estética
e aspecto do sorriso, o uso da “análise dinâmica do sorriso” é
Fig. 16-3 A maloclusão de mordida profunda pode ser tratada tanto complementada por fotografias estáticas no diagnóstico de
pela intrusão dos incisivos quanto pela extrusão dos dentes posteriores. maloclusões e elaboração do plano de tratamento adequado.16
Capítulo 16   Etiologia, Diagnóstico e Tratamento da Sobremordida Profunda 189

A exposição incisal deve ser considerada em três diferentes também relatam que nos sorrisos mais “agradáveis” de homens,
situações clínicas durante o exame inicial: com os lábios relaxa­ o lábio superior não expõe a gengiva; nas mulheres, pode haver
dos, durante o sorriso e durante a fala. Em uma posição com os uma exposição gengival de 1 a 2 mm. Se esta condição estiver
lábios relaxados, é considerada aceitável uma exposição labial dos preenchida e uma mordida profunda ainda estiver presente, o
incisivos de 2 a 4 mm, incluindo as bordas incisais. Durante o plano de tratamento deve focar tanto na extrusão posterior (se os
sorriso, a exposição média dos incisivos é de quase dois terços dos parâmetros verticais permitirem) quanto na intrusão dos incisi­
incisivos superiores, de acordo com Maulik e Nanda.16 Os autores vos inferiores (Fig. 16-4). Em contrapartida, um plano oclusal

Fig. 16-4 A a D, A principal queixa desta paciente adolescente, do sexo feminino, era a sobremordida
excessiva. A análise cuidadosa revelou que a exposição dos incisivos superiores era adequada, tanto em
repouso quanto durante o sorriso. E a G, O tratamento escolhido foi somente intruir os incisivos infe­
riores, de modo que a maloclusão de mordida profunda pudesse ser resolvida sem afetar significativa­
mente a estética do sorriso da paciente. A intrusão segmentar dos incisivos inferiores foi realizada com
um sobrearco de intrusão. H a K, Resultados do tratamento, demonstrando uma melhora considerável
na sobremordida.
190 Parte II   Manejo Clínico das Discrepâncias Sagital e Vertical

Fig. 16-5 A a D, Paciente com exposição


excessiva da gengiva e sobremordida profunda.
E a G, Foram utilizadas forças extremamente
leves, transmitidas por um CTA (arco de
intrusão de Connecticut) para intruir seletiva­
mente apenas os incisivos centrais superiores.
H a K, Os resultados do tratamento mostram
melhoria significativa na exposição gengival e
no sorriso, juntamente com a correção da sobre­
mordida profunda.

“significativamente” abaixo do ideal pode mostrar um excesso de minimizar o risco de reabsorção radicular, recessão gengival e deis­
gengiva e então requerer a intrusão seletiva dos incisivos superio­ cência óssea, especialmente em casos de sínfise estreita, com largura
res (Fig. 16-5). A exposição dos incisivos durante a fala pode vestibulolingual questionável do osso alveolar.17 Outra contraindi­
também fornecer informações adicionais, uma vez que diferentes cação pode ser a estética facial inadequada.
músculos faciais estão envolvidos.
Outro fator importante a considerar é o espaço interlabial. Em
TRATAMENTO
pacientes que apresentam um espaço interlabial excessivo, a rea­
lização da extrusão mecânica posterior pode ser contraindicada, já A mecânica do tratamento para a correção da mordida pro­
que isso poderia agravar ainda mais o aspecto estético pelo aumento funda depende não apenas das variáveis etiológicas associadas,
do espaço interlabial. Na verdade, o aumento do espaço interlabial mas também do plano de tratamento elaborado para a malo­
pode causar diversos problemas, tais como a incapacidade de fechar clusão. No entanto, conforme mencionado, existem três manei­
a boca sem esforço e problemas funcionais associados. No entanto, ras de tratar as maloclusões de mordida profunda:
em indivíduos com lábios superior e inferior redundantes ou sem 1. Intrusão dos incisivos superiores e inferiores
espaço interlabial, mas que apresentem uma sobremordida exces­ 2. Extrusão dos dentes posteriores superiores e inferiores
siva, pode ser indicada a extrusão mecânica posterior. 3. Uma combinação de intrusão/extrusão
A protrusão (proclinação) dos incisivos é outra opção que, no
entanto, essencialmente camufla as mordidas profundas. No entanto,
Intrusão dos Incisivos Superiores/Inferiores
é útil na primeira consulta de pacientes com incisivos retroinclina­
dos (p. ex, casos de maloclusão de Classe II, divisão 2). Assim, a A intrusão dos incisivos é geralmente indicada em um paciente com
rápida angulação dos incisivos inferiores deve ser evitada para excesso vertical maxilar, grande espaço interlabial, grande altura
Capítulo 16   Etiologia, Diagnóstico e Tratamento da Sobremordida Profunda 191

facial inferior ou um plano mandibular anguloso. O principal obje­ camente determinante”; ou seja, as várias forças e momentos de
tivo dos aparelhos é alcançar uma “real intrusão dos incisivos”.18 força desta configuração podem ser quantificadas com um
elevado grau de precisão. O arco de intrusão também pode ser
Arco de intrusão amarrado para trás ou apertado para evitar a protrusão dos inci­
Um arco de intrusão (Ortho Organizers) pode ser feito com sivos, caso a força intrusiva esteja sendo aplicada anteriormente
arcos CNA® de 0,016 × 0,022 ou 0,017 × 0,025 polegada. Alter­ ao centro de resistência (Cres) dos incisivos. A ação recíproca do
nativamente, também podem ser utilizados arcos de intrusão arco de intrusão sobre os molares ou segmentos bucais é a
pré-formados; o arco de intrusão de Connecticut (CTA; Ulti­ extrusão e uma inclinação distal das coroas e movimento mesial
mate Wireforms, Bristol, Connecticut), fabricado em liga de das raízes (Fig. 16-6, B). Isto pode ser muito útil em pacientes
níquel-titânio, oferece a vantagem de memória de forma, mola com maloclusão de Classe II, divisão 1, que necessitem de cor­
de retorno e distribuição de força leve e contínua19 (Fig. 16-6, reção da relação molar para Classe I. Nestes pacientes, muitas
A). A configuração do aparelho inclui duas unidades passivas vezes não é necessário um segmento vestibular, já que ele pode
posteriores (estabilização) e uma unidade anterior ativa (o arco impedir a inclinação distal (tip back) dos molares. Entretanto, na
de intrusão). As unidades passivas consistem em fios segmenta­ maloclusão de Classe I com mordida profunda, a inclinação (tip
dos duros ou rígidos (0,017 × 0,025 polegada ou fios de aço back) pode causar uma angulação do plano oclusal. Uma forma de
inoxidável maiores) nos molares e pré-molares, bilateralmente. minimizar tais efeitos secundários é aumentar o número de dentes
A inclusão de tantos dentes quando possível no segmento pos­ da unidade de ancoragem. Outro método é a utilização de
terior minimiza os efeitos colaterais. O segmento anterior, que forças relativamente pequenas, de cerca de 40 g para os quatro inci­
inclui dois ou quatro incisivos, é fabricado com fios seme­ sivos superiores e 30 g para os incisivos inferiores.
lhantes. Lembre-se de que quanto maior a dimensão dos fios de Como recomendação geral, o uso de 10 g a 15 g de força por
aço inoxidável, mais previsível é o movimento do dente. incisivo é aceitável para evitar efeitos colaterais posteriores. Evidên­
O arco de intrusão é ativado pela colocação de uma dobra gen­ cias recentes mostram que as forças intrusivas podem ser aplicadas
gival de 30 graus, 2 a 3 mm mesial aos tubos molares, de modo que de modo tão leve que as forças reativas no dente de ancoragem
o fio permaneça passivamente no sulco vestibular. A ativação continuam bem abaixo dos níveis de força necessários para a
é realizada ao trazer o arco de intrusão oclusalmente e amarrá-lo extrusão e angulação.22 Portanto, o uso do aparelho extrabucal para
ao segmento anterior, de modo que seja feito apenas um ponto de evitar efeitos colaterais é completamente evitável. Além disso, as
contato, ao contrário de sua colocação direta nas ranhuras do brá­ pequenas forças ajudam a minimizar a reabsorção radicular. Em
quete, conforme feito com o arco utilitário.20,21 O arco de intrusão média, após o período de ativação inicial de três a quatro semanas,
utiliza um duplo sistema de forças, que torna o aparelho “estati­ o arco base deve intruir 0,4 a 0,6 mm por mês.23
Outra aplicação clínica útil do arco de intrusão é a possibilidade
de evitar os efeitos colaterais decorrentes da retração dos caninos.
Um método popular de retração de caninos é a “mecânica de
fricção” com um sistema de arcos contínuos. As vantagens deste
sistema (superiores à mecânica sem fricção) são a redução no risco
de movimentos indesejados dos caninos (p. ex., rotação, protrusão,
extrusão) e mínima curvatura do fio. No entanto, quando é uti­
lizado um arco com uma baixa taxa carga/deflexão, ele tende a
deformar-se, levando a efeitos colaterais indesejáveis sobre os dentes
anteriores, incluindo a extrusão dos incisivos e o aprofundamento
da mordida.24 Este tipo de mordida profunda pode, também, ser
iatrogênica, que, neste contexto, indica mordida profunda induzida
inadvertidamente pelo ortodontista (Fig. 16-7). Com arcos maiores
ou mais rígidos, o sistema pode desenvolver atrito excessivo, levando
a atrasos na movimentação dentária, perda de ancoragem ou até

Fig. 16-6 A, CTA superior e inferior pré-formado, feito de liga de Fig. 16-7 Desenvolvimento da mordida profunda (iatrogênica)
níquel-titânio. B, Ilustração biomecânica da intrusão dos incisivos durante a retração dos caninos (mecânica de deslizamento) por
inferiores com o CTA. deflexão oclusal do arco.
192 Parte II   Manejo Clínico das Discrepâncias Sagital e Vertical

Fig. 16-8 Aplicação de CTA para evitar o aprofundamento da mordida e, simultaneamente, aumen­
tar a ancoragem durante a retração dos caninos. A, Sistema de forças biomecânicas envolvidas. B,
Ilustrações clínicas.

mesmo a cessação da retração dos caninos. Portanto, é recomendado


o uso de um CTA® de 0,016 × 0,022 polegada como um sobrearco para
otimizar o sistema biomecânico de retração dos caninos (Fig. 16-8).
O momento de força anti-horário (se a amarração for realizada ante­
riormente ao centro de resistência dos dentes anteriores) e a força
intrusiva nos incisivos asseguram a estabilidade dos incisivos, mediante
a neutralização das forças iatrogênicas geradas pela retração dos
caninos. Além disso, a ancoragem molar é reforçada pelo momento de
força de inclinação (tip back) no segmento posterior.

Arco utilidade
Fig. 16-9 Representação biomecânica da intrusão dos incisivos
O arco utilidade tem aspecto similar ao do CTA. É dobrado apical­
inferiores com um arco utilidade de Ricketts.
mente nos molares, atravessa o vestíbulo bucal e é dobrado em
direção oclusal nos incisivos para evitar a distorção pelas forças
oclusais (Fig. 16-9). A diferença com relação ao CTA é que para a da borda incisal. Da mesma forma, na retração extensa dos
intrusão, o arco utilidade é amarrado nos bráquetes incisivos, o que incisivos, é comum o desenvolvimento de uma mordida pro­
cria um sistema de forças duplo, cujo momento tende a inclinar as funda (iatrogênica), por causa da verticalização dos incisivos
coroas dos incisivos labialmente e os molares distalmente. Embora (Fig. 16-10). Assim, é importante que se controle a inclinação
a angulação labial dos incisivos possa ser evitada ao apertar ou lábio-lingual dos dentes anteriores, já que eles estão intruídos e
amarrar para trás o arco utilidade de intrusão, qualquer força que retraídos, especialmente se estiverem inicialmente protruídos.
tenda a trazer os dentes de ancoragem mesialmente é indesejável. Um arco de intrusão de três peças27 utiliza uma mecânica
Outra forma de controlar esta tendência dos incisivos de inclina­ segmentar para intruir e retrair simultaneamente os dentes inci­
rem para vestibular é incorporar uma “torção” ou “dobra de sivos, de um modo altamente previsível. Com algumas modifi­
torque” no segmento incisivo; porém, isso irá aumentar a força cações, as unidades passivas são construídas da mesma forma
intrusiva no segmento incisivo e a força extrusiva no molar. É conforme descrito para o arco de intrusão (Fig. 16-11). As uni­
sabido que forças mais intensas não aumentam a quantidade ou a dades ativas consistem de duas molas segmentadas, feitas a
taxa de intrusão.25,26 Outro problema é que, ao contrário do CTA, partir de arcos CNA® de 0,016 × 0,022 ou 0,017 × 0,025 polegada,
o arco utilidade é um sistema de forças duplo; assim, é impossível com fios ativados através da colocação de uma dobra gengival
determinar com precisão a magnitude das forças reativas (“estati­ de 30 graus, 2 a 3 mm mesial ao tubo molar. A dobra gengival
camente indeterminadas”), o que, por sua vez, torna impossível que pode ser aumentada ou diminuída, com base na quantidade de
se ajuste o arco para evitar efeitos colaterais. força intrusiva desejada. As unidades são ligadas às extensões
Portanto, em sua prática clínica, os autores rotineiramente distais do segmento de fio anterior, em um ponto próximo do
preferem o CTA. Além disso, é economizado um considerável centro de resistência estimado dos incisivos. A aplicação de uma
tempo de atendimento, já que o CTA não envolve nenhuma força distal leve, transmitida por um elástico de Classe I ou em
dobra de fio e as necessidades de ajuste são mínimas. cadeia potente para o segmento anterior, contribui para alterar
a direção da força intrusiva no segmento anterior, de modo que
Arco de intrusão de três peças as forças são dirigidas para cima e para trás, por meio do centro
A angulação labial dos incisivos dá a impressão clínica de cor­ de resistência dos dentes anteriores ou conforme necessário
reção da mordida profunda, já que influencia a posição vertical para o paciente (Fig. 16-12).
Capítulo 16   Etiologia, Diagnóstico e Tratamento da Sobremordida Profunda 193

Extrusão dos Dentes Posteriores Superiores/Inferiores Podem ser utilizados dois tipos de placa de mordida:
removíveis ou fixas. As placas de mordida removíveis são com­
Placas de mordida postas por uma plataforma de acrílico ancorada na dentição
Atualmente, as placas de mordida são os aparelhos mais popu­ maxilar com grampos ponta de flecha, de Adams, bola ou crib.
lares para a correção da mordida profunda (Fig. 16-13). Estes Anteriormente, um arco vestibular ajuda a estabilizar a placa de
aparelhos deslocam os incisivos por meio de um efeito intru­ mordida e o contato dos dentes no terço incisal. Atuando como
sivo, mas deixam os dentes posteriores livre para erupcionarem, um ponto incisal prematuro, geralmente dentro dos limites do
possibilitando assim o nivelamento da curva de Spee, principal­ espaço interoclusal, o bloco força os dentes posteriores
mente pela extrusão posterior. Ao estudar as alterações verticais do contato oclusal e permite que eles eruptem. É aconselhável
dos molares e incisivos tratados com a placa de mordida, não desocluir os dentes posteriores mais de 2 mm; isto permite
­Sleichter28 detectou um aumento na altura alveolar na região uma supervisão rigorosa do período de acompanhamento e dos
molar, com alteração mínima na área incisal. O efeito intrusivo progressos do tratamento, prevenindo qualquer mudança súbita
sobre os incisivos é, na melhor das hipóteses, mínimo. na ATM ou miofuncional.
Placas de mordida fixas, ou coladas, são blocos de resina com­
posta ou de cimento de ionômero de vidro, que podem ser colados
na superfície lingual dos incisivos superiores para desocluir os
dentes posteriores. As vantagens sobre as placas de mordida
removíveis são a integração com a mecanoterapia do aparelho fixo,
nenhum problema de adesão do paciente e um aparelho menos
volumoso.

Fig. 16-10 A verticalização (ou retração) dos incisivos proclina­ Fig. 16-11 Aspectos biomecânicos envolvidos no uso do arco de
dos durante o tratamento ortodôntico pode levar ao desenvolvi­ intrusão de três peças, para a simultânea intrusão e retração dos
mento de mordida profunda (iatrogênica). incisivos superiores.

Fig. 16-12 A a C, Paciente adulto com mordida profunda grave, causada por supraerupção dos incisivos.
D a F, Arcos de intrusão de três peças, colocados nos arcos superiores e inferiores para a correção da mordida
profunda. G a I, Ao final do tratamento, foram alcançadas uma sobremordida e sobressaliência ótimas.
194 Parte II   Manejo Clínico das Discrepâncias Sagital e Vertical

Aparelhos ortopédicos ou quebrados enquanto estão fora da boca. Muitos destes pro­
Os aparelhos ortopédicos também podem ser usados para pos­ blemas podem ser superados utilizando-se aparelhos ­ortopédicos
sibilitar uma extrusão posterior para corrigir mordidas profun­ fixos, como o Twin Force® (Fig. 16-14).
das, especialmente em casos de maloclusão de Classe II com
ângulos baixos. Os aparelhos ortopédicos ajudam no posiciona­
Combinação de Intrusão e Extrusão
mento da mandíbula para frente, em uma relação de topo a
topo, desocluindo, assim, os dentes posteriores, que ficam livres Ao posicionar os bráquetes anteriores oclusalmente e os posterio­
para eruptar. A erupção pode ser estimulada utilizando-se elás­ res gengivalmente ou usando arcos de curva reversa, pode ser
ticos durante a mecanoterapia do aparelho fixo. No entanto, obtida a concomitante intrusão dos dentes anteriores e extrusão
para que o tratamento tenha sucesso, o aparelho deve ser usado dos dentes posteriores (Fig. 16-15). No entanto, não há controle
quase em tempo integral. Infelizmente, um número significativo definitivo sobre esta mecânica. Inconvenientes que precisam ser
de pacientes não cumpre este pré-requisito; frequentemente, os abordados incluem mudanças na inclinação axial dos dentes
aparelhos são usados apenas em parte do tempo e são perdidos bucais e protrusão dos incisivos, causados por uma força intrusiva
anterior ao centro de resistência. Além disso, como a extrusão é
mais facilmente conseguida do que a intrusão, um fio com “curva
de Spee” reversa irá extrusar os dentes posteriores, enquanto se
obtém uma mínima, se houver alguma, intrusão anterior.29

IMPLANTES PARA CORREÇÃO DA MORDIDA


PROFUNDA
Se a abertura de mordida precisar ser alcançada por meio de
uma intrusão real dos dentes anteriores, é fundamental que haja
o controle da ancoragem, especialmente na dimensão vertical.
Além disso, se for desejada a intrusão de todos os seis dentes
anteriores (incluindo os caninos), em vez de apenas quatro
incisivos, como em uma maloclusão de mordida coberta, os
aparelhos extrabucais se tornam um pré-requisito para suportar
o encargo adicional de ancoragem. De acordo com Burstone,15
não é possível intruir todos os seis dentes anteriores de uma só
vez sem produzir uma indesejável inclinação axial no segmento
posterior. Uma força adicional de 20 g a 30 g em cada lado seria
Fig. 16-13 Mecanismo de ação da placa de mordida anterior. necessária para intruir o canino, considerando o tamanho da

Fig. 16-14 A a C, Fotografias de caso clínico de pacientes com maloclusão de Classe II, divisão 1 e mordida
profunda grave. D a F, o paciente foi tratado com o corretor de mordida Twin Force® (aparelho ortopédico
fixo). Observe como o posicionamento anterior dos dentes inferiores, em uma relação oclusal de topo a
topo com os dentes superiores, desocluem os dentes posteriores, que são liberados para eruptar. Alternati­
vamente, também podem ser usados elásticos para facilitar a erupção. G a I, Resultados finais do tratamento,
mostrando uma relação de Classe I entre molares e caninos, com sobremordida normal.
Capítulo 16   Etiologia, Diagnóstico e Tratamento da Sobremordida Profunda 195

raiz e a densidade do osso ao redor. Embora eficientes, os apare­


lhos extrabucais exigem uma extensa colaboração por parte do
paciente. Um estudo recente mostrou ainda que as chances de
que ocorra uma reabsorção radicular aumentam com estes
aparelhos, possivelmente pelo “efeito pendular”.30 Também
devem ser analisadas a estética e as questões sociais.
Na última década, os sistemas de ancoragem esquelética como
microplacas, implantes palatais, microimplantes e microparafu­
sos revolucionaram a ancoragem ortodôntica e biomecânica,
tornando a ancoragem mais estável.31-35 Os microimplantes
podem ser efetivamente utilizados para provocar a intrusão em
massa dos dentes anteriores36 (Fig. 16-16).
Os fatores que devem ser considerados na colocação de microim­
plantes para a intrusão de dentes anteriores incluem a disponibili­
dade de suficiente quantidade de osso interdental, menor irritação
dos tecidos moles e um maior segmento anterior (se estiverem incluí­
dos todos os seis dentes anteriores), o que requer um maior controle.
Na experiência dos autores, o osso interdental entre as raízes dos
caninos e incisivos laterais (bilateralmente) é um local apropriado
para a colocação de microimplantes. A escolha do ponto de aplicação
da força intrusiva, no que diz respeito ao centro de resistência do
segmento anterior, é igualmente importante na colocação dos
implantes, de modo que a movimentação dentária pode ser prevista
com maior precisão. Estima-se que o centro de resistência dos seis
dentes anteriores está a meio caminho entre o centro de resistência
dos quatro incisivos e caninos.36 A intrusão real, sem alteração na
inclinação axial, pode ser obtida apenas dirigindo-se a força intrusiva
através do centro de resistência dos dentes anteriores. No paciente
mostrado na Figura 16-16, uma leve força distal foi transmitida por
um elástico em cadeia ao segmento anterior para alterar a direção da
força intrusiva, de modo que a intrusão real dos dentes anteriores
Fig. 16-15 A, A concomitante intrusão dos dentes anteriores e extrusão
pudesse ser alcançada em seus eixos longos (Fig. 16-17). A força distal dos dentes posteriores pode ser realizada através do posicionamento
utilizada foi de magnitude muito baixa, com a função principal de oclusal dos bráquetes anteriores em relação aos posteriores. B, A utiliza­
redirecionar a linha de ação da força intrusiva. ção de arcos de curva reversa produz um efeito semelhante.

tende a aumentar a distância vertical entre as bases maxilares, a


CONTENÇÃO E ESTABILIDADE realização do tratamento durante esse período é mais vantajosa.
Conforme discutido anteriormente, a correção da maloclusão de
mordida profunda pode ser alcançada com uma variedade
Tipo Facial
de métodos, com resultados bastante previsíveis. O verdadeiro
desafio, no entanto, é manter a sobremordida com o passar do Determinados tipos faciais têm maior potencial para a correção
tempo. Os resultados da maioria dos estudos a respeito da esta­ permanente do que outros. Os tipos faciais hiperdivergentes
bilidade da correção da sobremordida sugerem uma diminuição geralmente apresentam uma reação mais favorável à correção
da sobremordida durante o tratamento, seguida pelo seu da sobremordida do que os tipos hipodivergentes. Isso pode ser
aumento após a remoção do aparelho, embora este aumento atribuído à taxa de crescimento no sentido vertical, que é maior
possa não ser clinicamente significativo.37 Os fatores que devem e tem uma duração mais longa em pacientes com ângulo alto.
ser considerados no planejamento da contenção da correção da
sobremordida profunda incluem a idade do paciente, tipo facial,
Extrusão dos Molares/Intrusão dos Incisivos
extrusão molar/intrusão incisiva e o ângulo interincisivo.
A extrusão molar de pacientes em crescimento é um procedi­
mento bastante estável se o espaço interoclusal não estiver violado.
Idade
Qualquer movimento eruptivo além do espaço interoclusal pode
A correção da mordida profunda é geralmente obtida pela concomi­ não ser estável, por causa da forte oclusão posterior ou alonga­
tante intrusão dos incisivos e extrusão dos dentes posteriores. Os mento muscular, especialmente em indivíduos com ângulo baixo.
pacientes em crescimento se beneficiam mais com esta abordagem, Pela mesma razão, em adultos, a intrusão dos incisivos é consi­
pois o crescimento vertical ativo durante a correção da mordida derada mais estável. Outros fatores que podem levar à recidiva de
profunda garante maior estabilidade. Uma vez que o crescimento intrusão dos incisivos são a erupção continuada dos incisivos
196 Parte II   Manejo Clínico das Discrepâncias Sagital e Vertical

Fig. 16-16 A a C, Paciente do sexo masculino, de 16 anos, pós-puberal. Apresenta maloclusão grave,
de Classe II, divisão 2, com 100% de mordida profunda. D e E, Primeira fase do tratamento. Foi
utilizado um aparelho “Jones Jig” para distalizar os molares superiores em mais de 6 mm, para alcan­
çar uma relação molar de Classe I. F a I, Segunda fase do tratamento. Foram inseridos microim­
plantes entre as raízes do incisivo lateral e canino (F e G) para intruir todos os dentes anteriores
superiores em massa, de uma única vez. Foi conseguido mais de 4 mm de intrusão, sem extrusão dos
dentes posteriores. Os implantes se mantiveram estáveis durante o tratamento. Na arcada inferior,
os incisivos foram vestibularizados para aliviar o apinhamento grave. J a L, Foram alcançadas boa
sobressaliência e sobremordida após a conclusão do tratamento ortodôntico ativo.

inferiores, inclinação do plano oclusal, nivelamento incompleto para manter a correção da sobremordida. O ângulo interincisivo
da curva de Spee e rotação anterior da mandíbula. pode ser maior para os padrões dolicofaciais e menor para os
padrões braquifaciais. Entretanto, em geral, um ângulo entre
125 e 135 graus garante uma boa estabilidade para a correção
Ângulo Interincisivo
da mordida profunda.
Reidel38 sugere que um ângulo interincisivo grande ao final do
tratamento está associado à recidiva da sobremordida profunda,
CONCLUSÃO
possivelmente porque um ângulo interincisivo grande tende a
forçar as coroas dos incisivos inferiores em sentido lingual e o A sobremordida profunda é um componente de maloclusão
ápice dos incisivos superiores em direção labial.12 Burzin e comum em adultos e crianças. A importância do diagnóstico
Nanda37 mostraram que a inclinação axial dos incisivos não se preciso, que implica a identificação precisa dos fatores etiológi­
altera significativamente após um período de dois anos de cos, não pode ser subestimada, uma vez que o tratamento eficaz
acompanhamento pós-tratamento. Estes autores sugerem que a da mordida profunda e a contenção a longo prazo dependem
inclinação axial ideal dos incisivos ao final do tratamento dele. Além disso, considerações estéticas, como a relação entre
poderia ser um fator de estabilidade da sobremordida. Assim, a os incisivos superiores e o lábio e a exposição gengival durante
manutenção de um ângulo interincisal ótimo, apoio incisal e o sorriso, também são características diagnósticas importantes
orientação entre os incisivos superiores e inferiores é essencial que devem ser consideradas no plano de tratamento.
Capítulo 16   Etiologia, Diagnóstico e Tratamento da Sobremordida Profunda 197

12. Simons M, Joondeph D: Change in overbite: a ten-year post­


retention study, A m J Orthod 64: 349-367, 1973.
13. Proffi t WR, White RP, Sarver DM: Long face problems. In
Proffit WR, White RP Jr, Sarver DM, editors: Contemporary
treatment of dentofacial deformity, St Louis, 2003, Mosby, pp
464-506.
14. Schudy FF: The control of vertical overbite in clinical ortho­
dontics, Angle Orthod 38:19-38, 1968.
15. Burstone CR: Deep overbite correction by intrusion, Am J
Orthod 72:1-22, 1977.
16. Maulik C, Nanda R: Dynamic smile analysis in young adults,
Am J Orthod Dentofacial Orthop 132: 307-315, 2007.
17. Wehrbein H, Bauer W, Diedrich P: Mandibular incisors, alve­
olar bone, and symphysis after orthodontic treatment: a ret­
rospective study, Am J Orthod Dentofacial Orthop 110: 239-246,
1996.
18. Ng J, Major PW, Heo G, Flore-Mir C: True incisor intrusion
attained during orthodontic treatment: a systematic review
and meta-analysis, Am J Orthod Dentofacial Orthop 128:212-
219, 2005.
19. Nanda R, Marzban R, Kulhberg A: The Connecticut intrusion
arch, J Clin Orthod 32: 708-715, 1998.
20. Ricketts RM: Bioprogressive therapy as an answer to
orthodontic needs. Part I, Am J Orthod 70:241-248,
Fig. 16-17 Esquema biomecânico da intrusão em massa dos 1976.
dentes anteriores superiores: i, força intrusiva; r, força distal; F, 21. Ricketts RM: Bioprogressive therapy as an answer to orth­
força resultante; Cres, centro de resistência dos dentes anteriores. odontic needs. Part II, Am J Orthod 70: 359-397, 1976.
22. Steevenbergen EV, Burstone CJ, Prahl-Andersen B, Aartman
IHA: The influence of force magnitude on intrusion of the
maxillary segment, Angle Orthod 75: 723-729, 2005.
Referências 23. Faber ZT: The relationship of tooth movement to measured
force systems: a prospective analysis of the treatment effects
1. Goldstein MS, Stanton FL: Various types of occlusion and of orthodontic intrusion arches, 1994, Division of Orthodon­
amounts of overbite in normal and abnormal occlusion tics, University of Connecticut (master’ s thesis).
between two and twelve years, Int J Orthod Oral Surg 24. Nanda RS, Ghosh J: Biomechanical considerations ion
22:549-569, 1936. sliding mechanics. In Nanda R, editor: editor: Biomechanics
2. Strang RHW: A textbook of orthodontia Philadelphia, 1950, in clinical orthodontics, Philadelphia, 1997, Saunders, pp
Lea & Febiger. 188-217.
3. Nanda R: The differential diagnosis and treatment of excessive 25. Dellinger EL: A histologic and cephalometric investigation of
overbite, Dent Clin North Am 25:69-84, 1981. premolar intrusion in the Macaca speciosa monkey, Am J
4. Dermaut LR, Pauw GD: Biomechanical aspects of Class II Orthod 53:325-355, 1967.
mechanics with special emphasis on deep bite correction as a 26. Reitan K: Initial tissue behavior during apical root resorption,
part of the treatment goal. In Nanda R, editor: Biomechanics Angle Orthod 44:68-82, 1974.
in clinical orthodontics, Philadelphia, 1997, Saunders, pp 86- 27. Shroff B, Nanda R: Biomechanics of class II correction. In
98. Nanda R, editor: Biomechanics in clinical orthodontics, Phila­
5. Flemming HB: Investigation of the vertical overbite during delphia, 1997, Saunders, pp 143-155.
the eruption of the permanent dentition, Angle Orthod 31: 28. Sleichter CG: Effects of maxillary bite plane therapy in ortho­
53-62, 1961. dontics, Am J Orthod 40:850-870, 1954.
6. Peck S, Peck L, Kataja M: Class II Division 2 malocclusion: a 29. Woods MG: The mechanics of lower incisor intrusion: exper­
heritable pattern of small teeth in well-developed jaws, Angle iments in non-growing baboons, Am J Orthod 93:186-195,
Orthod 68:9-17, 1998. 1988.
7. Mayrhofer B: Lehrbuch der Zahnkrankheiten, Jena, Germany, 30. Deguchi T, Murakami T, Kuroda S, et al: Comparison of the
1912, G Fischer, pp 60-62. intrusion effects on the maxillary incisors between implant
8. Moyers RE: Handbook of orthodontics, Chicago, ed 4,1988, anchorage and J-hook headgear, Am J Orthod Dentofacial
Year Book Medical Publishers, pp 422-424. Orthop 133: 654-660, 2008.
9. Prakash P, Margolis HI: Dento-cranofacial relations in varying 31. Nanda R, Uribe FA: Temporary anchorage devices in orthodon-
degrees of overbite, Am J Orthod 38:657-673, 1952. tics St Louis, 2008, Mosby-Elsevier.
10. Wylie WL: The relationship between ramus height, dental 32. Upadhyay M, Yadav S, Nagaraj K, Patil S: Treatment effects of
height and overbite, Am J Orthod Oral Surg 32:57-67, 1946. mini-implants for en-masse retraction of anterior teeth in
11. Bell W, Jacobs J, Legan H: Treatment of Class II deep bite by bialveolar dental protrusion patients: a randomized con­
orthodontic and surgical means, Am J Orthod 85:1-19, 1984. trolled trial, Am J Orthod Dentofacial Orthop 134:18-29,
2008.
198 Parte II   Manejo Clínico das Discrepâncias Sagital e Vertical

33. Nagaraj K, Upadhyay M, Yadav S: Mini-implant anchorage for 36. Melsen B, Fotish V, Burstone CJ: Vertical force considerations
a skeletal Class II malocclusion with missing mandibular inci­ in differential space closure, J Clin Orthod 24:678-683, 1990.
sors: a case report, World J Orthod 9:155-166, 2008. 37. Burzin J, Nanda R: The stability of deep overbite correction.
34. Upadhyay M, Yadav S: Mini-implants for retraction, intrusion In Nanda R, Burstone CJ, editors: Retention and stability in
and protraction in a Class II Division 1 patient, J Orthod orthodontics, Philadelphia, 1993, Saunders, pp 61-79.
34:158-167, 2007. 38. Riedel RA: A review of the retention problem, Angle Orthod
35. Upadhyay M, Nagaraj K, Yadav S, Saxena R: Mini-implants 30:179-194, 1960.
for en masse intrusion of maxillary anterior teeth in a
severe Class II Division 2 malocclusion, J Orthod 35:79-89,
2008.
Manejo de Casos
Complexos e em
Adultos
PA R T E

III
Página deixada intencionalmente em branco

C0125.indd 1 4/6/11 11:53:03 AM


C ap í t u lo
17
Tratamento Ortodôntico
em Pacientes Adultos com
Inserção Periodontal
Reduzida
Julia Harfin

A
estética e a conservação dos traços joviais são impor­ cronológica.6-10 É importante lembrar que o centro de resistência
tantes para muitas pessoas. A ortodontia desempenha está relacionado à quantidade de inserção periodontal e indica
um papel essencial não apenas na manutenção dos a quantidade e a direção da força que deve ser aplicada.
dentes, mas também na melhora do sorriso do paciente. Essa é Outro fator a ser considerado com pacientes adultos é seus
uma das principais razões pelas quais os pacientes procuram o tratamentos médicos anteriores, especialmente aqueles que fazem
tratamento ortodôntico: para melhorar o seu sorriso apesar da ou fizeram uso de diferentes medicamentos. Isso pode ter um efeito
idade. Essa tendência tem aumentado ao longo do tempo e hoje importante no turnover ósseo, especialmente em mulheres na
existe aceitação geral dos efeitos benéficos do tratamento menopausa. No tratamento de mulheres de meia-idade, é impor­
ortodôntico em adultos. tante considerar se elas estão na menopausa e se estão fazendo uso
de algum fármaco para reposição hormonal ou sendo tratadas com
bifosfonados. Os fármacos antidepressivos e anti-hipertensivos
CONSIDERAÇÕES ESPECIAIS EM PACIENTES podem causar efeitos colaterais como ressecamento da mucosa e
ADULTOS ulceração. Esses pacientes requerem o uso de aparelhos com con­
Antes de discutir o tratamento em adultos mais adiante, é tornos arredondados para evitar lesões afetando a mucosa.11
necessário considerar as diferenças importantes entre o trata­ O período de ativação deveria ser mais longo e menos fre­
mento de crianças e adultos: quente (6-8 semanas) para proporcionar tempo para o osso do
• Em crianças, a quantidade e a direção do crescimento deter­ paciente se recuperar. A perda de 2 mm do comprimento radi­
minam o plano de tratamento. Em adultos, não existe cular em um paciente com 80% a 90% de inserção periodontal
nenhum crescimento residual para aproveitar e as suturas não é a mesma em um paciente com apenas 20% de inserção.
são mais intimamente interdigitadas. Por exemplo, no paciente mostrado na Figura 17-8, a longevi­
• Os adultos geralmente iniciam o tratamento com menos dentes dade do dente poderia estar comprometida.12
que adolescentes, especialmente na região posterior e, portanto, Novos avanços médicos têm reduzido os riscos do trata­
considerações sobre ancoragem tornam-se mais importantes. mento de maloclusões em pacientes com síndrome da imuno­
• A gengivite está normalmente presente nas crianças, enquanto deficiência adquirida (AIDS), osteoporose, ou distúrbios
diferentes graus de periodontite estão presentes nos adultos.1-5 endocrinológicos, bem como em pacientes que fazem uso pro­
• Frequentemente, os adultos são mais preocupados com a longado de corticoides ou imunossupressores.13-19
estética e mais exigentes com relação a isso do que as crianças
e os adolescentes.
TRATAMENTO USANDO MINIPARAFUSOS
• Alguns adultos têm síndromes temporomandibulares que
podem fazer com que os objetivos do tratamento sejam mais Em certos casos, os protesistas necessitam verticalizar ou intruir
difíceis de ser alcançados. molares para normalizar a curva de Spee e o plano oclusal. Os
É impossível tratar todos os pacientes com a mesma aborda­ miniparafusos são frequentemente usados no tratamento
gem, especialmente quando se está lidando com perda de inser­ ortodôntico como um dispositivo para ancoragem esquelética
ção periodontal. Essa questão é mais fundamental que a idade quando necessário.

201
202 Parte III    Manejo de Casos Complexos e em Adultos

A Figura 17-1 mostra um paciente de 39 anos de idade que pro­ tos cirúrgicos. No final do tratamento, o espaço oclusal foi sufi­
curou tratamento para corrigir a posição do segundo molar inferior ciente para restabelecer a oclusão posterior pelo uso de
esquerdo. Foi decidido utilizar um miniparafuso para ajudar na cor­ implantes.21
reção da sua posição, e esse caso é um bom exemplo de como verti­ Em determinadas situações, o ortodontista deve trabalhar
calizar um molar com o uso de ancoragem de miniimplante.5 como um “engenheiro tecidual”, movendo o dente para criar
Um miniparafuso também pode ser eficientemente usado na osso para futuros implantes.
extrusão de molares maxilares causada pela perda do dente
antagonista, que pode criar interferências oclusais. A sua cor­
TRATAMENTO DE DIASTEMAS
reção é uma etapa essencial antes de iniciar os procedimentos
protéticos. A intrusão dos molares superiores é uma situação Um dos problemas clínicos mais comuns observados em
desafiante para o protesista. Embora a redução protética com pacientes adultos consiste no fechamento de diastemas superio­
procedimento endodôntico e restauração da coroa seja uma res e inferiores. Por muitos anos, a recuperação total da papila
opção, o autor prefere resolver o problema com microimplantes, dental após fechamento do diastema anterior era considerada
como demonstrado na Figura 17-2.20 Após o tratamento, a um resultado casual. Em 1992, entretanto, Tarnow et al.22 mostra­
vitalidade pulpar foi mantida e a saúde periodontal melhorada. ram que a recuperação da papila é determinada pela distância
A discrepância do plano oclusal foi corrigida sem procedimen­ entre o ponto de contato incisal e o nível da crista óssea. Os

Fig. 17-1 Radiografias do segundo molar mésio inclinado em um Fig. 17-2 A, Significativa extrusão do primeiro molar superior
paciente de 39 anos. A e B, Após um miniparafuso de 9 mm ser direito em um paciente de 43 anos. B, Um microimplante de
instalado 5 mm distalmente, um amarrilho metálico foi colocado 9 mm é instalado mesialmente ao primeiro molar e ativado a cada
20 dias após entre os botões vestibular e lingual e o miniparafuso, 20 dias através de um amarrilho metálico. C, Resultados após oito
e ativado a cada 20 dias. C, Resultados após cinco meses de trata­ meses de tratamento. A intrusão do primeiro molar está clara­
mento. O molar está totalmente verticalizado. mente visível.
Capítulo 17   Tratamento Ortodôntico em Pacientes Adultos com Inserção Periodontal Reduzida 203

ortodontistas podem mover previsivelmente o ponto de contato É bem estabelecido que resultados similares podem ser
dental para alcançar os resultados desejados. obtidos quando os dentes são tratados endodonticamente, eles
Entretanto, para executar isso, é necessário determinar podem ser menos suscetíveis à reabsorção apical que dentes
primeiro a causa do diastema. A eliminação da etiologia subja­ vitais. Em ambos os casos, boa recuperação da papila é obtida.
cente junto com o fechamento do diastema assegura melhor A correção do plano oclusal, sobressaliência e sobremordida
estabilidade e diminui a chance de recidiva. As maloclusões nas com guia de canino e incisal normais é um pré-requisito para
quais os diastemas podem ser observados podem ser divididas se alcançar estabilidade a longo prazo. A Figura 17-3 mostra o
nos quatro grupos principais seguintes: fechamento de um diastema grande quando um dos dentes foi
1. Distúrbios oclusais ocasionados por contatos prematuros na tratado endodonticamente.
região posterior, que podem fazer com que a mandíbula se desvie
durante a trajetória de fechamento. Como uma consequência,
Diastemas Resultantes da Projeção da Língua
mudanças nos pontos de contato normais na região anterior
produzem forças excêntricas, resultando em diastemas. A presença de diastema na região anterior está associada fre­
2. Perda de dentes na região posterior, causando movimenta­ quentemente à projeção da língua. É difícil determinar se a
ção dos dentes anteriores distalmente. posição anterior da língua é responsável pelo diastema, uma
3. Falta de nivelamento do plano oclusal. consequência do mesmo ou uma combinação de ambos.
4. Problemas periodontais. Entretanto, quando um diastema é fechado com sucesso, o
É essencial saber a verdadeira causa para formação ou aumento paciente deve ser encaminhado para o fonoaudiólogo para cor­
do diastema. Caso contrário, a recidiva é altamente provável. rigir a função da língua.26-28
Além disso, a terapia periodontal antes, durante e depois do trata­ A Figura 17-4 mostra um homem de 49 anos que queria uma
mento ortodôntico é essencial para alcançar resultados bons e segunda opinião a respeito da presença de um diastema entre
estáveis. É impossível manter o diastema fechado quando um os incisivos centrais superiores. Seu dentista sugeriu aumentar
problema periodontal ativo está presente.23-25 a largura das coroas dos incisivos centrais para fechar o diastema.

Fig. 17-3 Radiografia de um diastema significante em


um paciente de 73 anos. A, Incisivo central superior
direito mostra tratamento endodôntico e apenas 20% da
inserção periodontal. B, Bráquetes estéticos foram insta­
lados em conjunto com um fio de aço inoxidável 0,014
polegada. Após o alinhamento ser completado, o espaço
foi fechado com amarrilhos metálicos e ativado a cada
quatro semanas. C, Resultados após 14 meses de trata­
mento. O diastema está totalmente fechado e um impor­
tante reparo ósseo foi alcançado.
204 Parte III    Manejo de Casos Complexos e em Adultos

Fig. 17-4 A, Diastemas superiores e inferiores e ausência de papila interdental em um homem de


49 anos. B e C, Extrusão e inclinação dos incisivos superiores e inferiores perceptível em vista lateral;
primeiro molar superior direito e primeiro molar inferior esquerdo ausentes. D e E, Fotografias das
arcadas superior e inferior confirmaram os diastemas e a ausência de papilas interdentais. F a H,
Bráquetes estéticos com slot em metal foram indicados. Após completar o alinhamento e o nivelamento
das arcadas, os diastemas foram fechados, com ativações mensais dos fios de amarrilho. I e J, Arcadas
superior e inferior após completar a primeira fase do tratamento. K, Resultados finais. Todos os diaste­
mas foram fechados e as papilas totalmente recuperadas. L e M, Classes I de caninos direita e esquerda
foram alcançadas. Um pouco de gengivite estava presente, mais evidente no lado direito.
Capítulo 17   Tratamento Ortodôntico em Pacientes Adultos com Inserção Periodontal Reduzida 205

Fig. 17-4 (Continuação) Radiografias panorâmicas. N, pré-tratamento e O, pós-tratamento.

Seu histórico odontológico indicou que os diastemas superiores A Figura 17-5 mostra que resultados similares podem ser
e inferiores aumentaram nos últimos dois anos, após a extração alcançados também pelo uso de bráquetes linguais. Fotografias
dos molares superiores e inferiores. A ausência da papila inter­ anteriores ao tratamento mostram um paciente com 32 anos
dental era a principal preocupação desse paciente, conforme com diastemas graves nos arcos superior e inferior (Fig. 17-5
evidenciado pela fotografia frontal (Fig. 17-4, A). A-E). Como evidenciado nas fotos, a papila interdental está
A extrusão e um aumento da inclinação dos incisivos eram ausente. Bráquetes linguais foram colados (G7 da Ormco, Orange,
evidentes e foram piorados pelo hábito de projetar a língua. Calif.) com um arco 0,016 polegada de titânio-molibdênio
Como em todos os planos de tratamento, o tratamento perio­ (TMA). Os diastemas foram fechados com amarrilho metálico
dontal foi a primeira etapa. É impossível movimentar dentes (Fig. 17-5, F e G). Elásticos verticais com bráquetes linguais
na presença de placa bacteriana ou com bolsas periodontais foram usados para melhorar a oclusão (Fig. 17-5, H). Após 15
ativas. Em tais casos, o acompanhamento periodontal a cada meses de tratamento, os diastemas superiores e inferiores foram
dois e três meses é altamente recomendado.29,30 fechados, e a papila foi completamente recuperada (Fig. 17-5,
Bráquetes estéticos com slot metálico foram usados para I-K). Contenções fixas inferior e superior foram recomendadas
diminuir o atrito. É aconselhável iniciar com arcos de baixa para evitar qualquer forma de recidiva.31,32
carga/deflexão (aço inoxidável 0,012 × 0,014 polegada Ni-Ti-
Cu) para obter alinhamento e nivelamento dos arcos (Fig.
TRATAMENTO DE PACIENTES COM PROBLEMAS
17-4, F-J). Os espaços no arco inferior devem ser fechados
PERIODONTAIS IMPORTANTES
primeiro, de modo a ter espaço para fechar o distema no arco
superior. Para alcançar um bom resultado, é recomendado
ativar os fios a cada quatro semanas. É importante lembrar que
Perda do Incisivo Central Superior
a forma do arco de cada paciente requer dobras específicas.
Por exemplo, a mesma forma de arco usada em um paciente A Figura 17-6 apresenta uma paciente de 39 anos cujo incisivo
extremamente dolicocefálico de 12 anos nunca pode ser usada lateral superior esquerdo foi perdido por problemas periodon­
em um paciente de 60 anos com um biotipo braquicefálico tais poucos meses antes. Ela foi ao consultório da autora para
grave e poucos dentes. As diferenças são muito grandes de um uma segunda opinião, indicada pelo Department of Periodon­
paciente para outro para se ter arcos pré-formados para todo tology at Maimonides University. A queixa principal da paciente
paciente. era a reposição do incisivo lateral superior esquerdo. Seu
Os diastemas foram fechados nos arcos superior e inferior histórico médico não era relevante.9,33-38 As radiografias anterio­
(Fig. 17-4, K-M). As papilas interdentais recuperaram sua forma res ao tratamento clínico mostram claramente os problemas
e tamanho normais. A linha média estava coincidente e relações periodontais da paciente, especialmente na e ao redor da região
Classe I de molar e canino foram obtidas. O plano oclusal dos incisivos (Fig. 17-6, A-E). Migração patológica importante
também foi corrigido. A reposição imediata dos molares perdi­ dos dentes anteriores estava presente. Radiografias periapicais
dos foi extremamente recomendada. dos incisivos superiores e inferiores confirmaram a perda de
Contenção permanente fixa foi indicada para ambos os arcos inserção periodontal (Fig. 17-6, F e G).
superior e inferior. Uma placa de Hawley não é indicada porque Os incisivos inferiores da paciente foram esplintados com
o acrílico no palato reduz o espaço para a língua, que poderia compósito para diminuir sua mobilidade. As seguintes questões
levar à projeção da língua, causando a reabertura dos espaços surgiram antes de o plano de tratamento final ser determinado:
anteriores. Como mencionado, tratamento com fonoaudiólogo • Existe alguma prescrição de bráquetes específica que possa
também é necessário para corrigir o posicionamento da língua. ser usada no tratamento dessa paciente?
A recuperação total da papila é apenas alcançada quando os • O espaço do incisivo lateral superior esquerdo deveria ser mantido
tecidos periodontais estão saudáveis. para posterior instalação de implante ou deveria ser fechado?
206 Parte III    Manejo de Casos Complexos e em Adultos

Fig. 17-5 A, Múltiplos diastemas em um paciente com 32 anos; nenhuma papila está presente. B e
C, Incisivos inferiores mais inclinados vestibularmente que os incisivos superiores, Classes I de
molares direita e esquerda estão presentes. D e E, Fotografias das arcadas superior e inferior confir­
mam os diastemas. F e G, Todos os diastemas foram fechados usando bráquetes linguais e fio de
TMA de 0,016 polegada. H, Elásticos verticais foram usados para melhorar o sobressaliência e o
sobremordida. I, Resultados após completar o tratamento. Todos os diastemas estão fechados e a
linha média está corrigida. Sobressaliência e sobremordida estão quase normais. J e K, Contenção
fixa superior e inferior foram recomendadas por cinco a sete anos.

• Qual seria a melhor decisão considerando o incisivo lateral 7. Estabelecimento de sobremordida e sobressaliência normais
superior direito e os incisivos inferiores? 8. Realização de contenção fixa superior e inferior
Após análise do caso com o periodontista, o seguinte plano Bráquetes pré-programados foram usados (Fig. 17-6, H-L).
de tratamento foi determinado: Após sete meses de tratamento, o espaço do incisivo lateral
1. Tratamento periodontal superior esquerdo foi fechado. O espaço do incisivo central
2. Avaliação periodontal a cada três meses inferior direito foi fechado com fio de aço inoxidável e amar­
3. Alinhamento e nivelamento dos arcos rilho metálico ativado a cada seis a oito semanas para controlar
4. Fechamento do espaço do incisivo lateral superior esquerdo o paralelismo das raízes.35,36,39-42
5. Extração do incisivo central inferior direito A Figura 17-6, M e N, compara os incisivos inferiores
6. Acompanhamento periodontal a cada quatro a oito semanas antes do tratamento e após 12 meses de tratamento. Não
durante o tratamento ocorreu nenhuma progressão do problema periodontal
Fig. 17-6 A, Visão frontal de mulher com 39 anos com problemas periodontais graves. Os dentes anteriores superiores e inferiores estavam
em piores condições que os dentes posteriores. B e C, Visão de uma fotografia lateral confirmou ausência do incisivo lateral superior esquerdo.
O incisivo lateral direito estava totalmente deslocado labialmente. D e E, Fotografias das arcadas superior e inferior confirmaram a presença
de apinhamento grave. F, As radiografias superior e G, inferior claramente mostram significativa perda da inserção periodontal. O incisivo
central inferior direito estava completamente perdido. H, Bráquetes metálicos pré-programados com slot 0,022 polegada foram usados. O
incisivo central inferior direito foi extraído. Arco trançado (0,017 × 0,025 polegada) foi recomendado para alinhar e nivelar os arcos. I e J,
Em um paciente com problemas periodontais, é preferível usar tubos em vez de bandas nos primeiros molares. O espaço do incisivo lateral
superior esquerdo foi fechado. K e L, Arcadas superior e inferior nesse estágio do tratamento.
(Continua)
Fig. 17-6 (Continuação) Radiografias M, Pré-tratamento, e N, um ano pós-tratamento, mostram que o incisivo inferior com inserção
periodontal muito reduzida poderia ser movido. O, O tratamento aos seis meses mostra que quase todos os espaços foram fechados. Uma
vez que a paciente tinha problemas periodontais graves, fio de TMA foi recomendado na arcada superior e arco trançado na arcada inferior.
P e Q, Correções do plano oclusal e da linha gengival foram alcançadas. R e S, Arcadas superior e inferior nesse estágio do tratamento. T,
Resultados finais. Todos os espaços dos incisivos perdidos foram fechados. U e V, Visão fotográfica lateral quando o tratamento estava con­
cluído. W e X, Arcadas superior e inferior mostrando os resultados no final do tratamento.
Capítulo 17   Tratamento Ortodôntico em Pacientes Adultos com Inserção Periodontal Reduzida 209

Fig. 17-6 (Continuação) Y, Imagens radiográficas


pré-tratamento; Z e AA, durante o tratamento; e BB,
pós-tratamento.

durante a movimentação ortodôntica. O espaço estava quase da área adjacente. Um pouco de mobilidade dos incisivos infe­
fechado e o sobressaliência e sobremordida tinham melho­ riores também estava presente.
rado (Fig. 17-6, O-S). Após instrução de higiene oral e raspagem e alisamento radicu­
No final do tratamento, os resultados objetivados no início lar na área anterior inferior, o tratamento ortodôntico foi ini­
do tratamento foram alcançados (Fig. 17-6, T-X). O incisivo ciado. Bráquetes estéticos edgewise foram usados no paciente. O
lateral superior direito ocupou seu espaço correto, o espaço do espaço foi fechado usando fio de aço inoxidável redondo com
incisivo lateral superior esquerdo foi fechado, o apinhamento dos amarrilho de metal, com ativação a cada seis semanas (Fig. 17-7, B).
incisivos inferiores foi corrigido e os tecidos periodontais clara­ É importante evitar ligaduras de borracha para melhor controle
mente demonstraram melhora. A comparação das radiografias de placa em tais pacientes.
periapicais antes (Fig. 17-6, Y), durante (Z e AA) e após (BB) No final do tratamento, o espaço do incisivo central inferior
o tratamento confirma a hipótese de que é possível movimentar estava completamente fechado (Fig. 17-7, C). Os tecidos perio­
dentes com inserção periodontal reduzida quando a doença dontais estavam saudáveis. Acompanhamento periodontal em
periodontal está sob controle. A melhora com o reparo ósseo intervalos regulares (seis a oito semanas) foi realizado durante
está evidente.43-50 os dois primeiros anos e depois a cada três meses.51,52 A Figura
17-7, D, mostra o controle nove anos após o tratamento. Os
tecidos periodontais parecem muito melhor do que se espera­
va.38,53-57 É interessante notar a extensa destruição óssea no
Perda do Incisivo Mandibular
início do tratamento (Fig. 17-7, E) versus o reparo ósseo no final
A Figura 17-7, A, mostra um paciente de 59 anos examinado do tratamento (F) e nove anos após o tratamento (G). Signifi­
após a perda espontânea do incisivo central mandibular cativa melhora na higiene oral durante e após o tratamento
esquerdo. Foram observadas alterações nos tecidos periodontais ortodôntico desempenhou um importante papel.
210 Parte III    Manejo de Casos Complexos e em Adultos

Fig. 17-7 Perda espontânea do incisivo central inferior esquerdo em um paciente de 59 anos de
idade. A, Fotografias pré-tratamento. B, Bráquetes estéticos de 0,018 polegada foram usados com fio
de aço inoxidável 0,014 polegada. C, Imagens fotográficas pós-tratamento, e D, nove anos pós-
tratamento. E, Imagens radiográficas pré-tratamento; F, pós-tratamento; e G, nove anos pós-
tratamento.

Uma compreensão clara do processo biológico é necessária dontal estava presente nas regiões posteriores de ambas as
para alcançar um resultado positivo. Bolsas ativas devem ser arcadas57,65-69 (Fig. 17-8, B-D). Isso causou problemas para a
eliminadas antes de a movimentação ortodôntica ser iniciada, paciente e foi a razão para a consulta. Previamente, outro
para prevenir destruição óssea futura durante o tratamento.58-62 dentista havia tentado fixar os incisivos centrais inferiores
A Figura 17-7 é um bom exemplo do importante papel da orto­ com fio para reduzir a sua mobilidade (Fig. 17-8, E), mas
dontia no tratamento de tais pacientes desafiantes. A recupera­ eles estavam totalmente perdidos.
ção óssea foi mantida por nove anos após o tratamento As seguintes questões surgiram quando da determinação do
ortodôntico. O segredo para se obter tal reparo ósseo significa­ plano de tratamento para essa paciente:
tivo é a combinação do controle periodontal contínuo, forças • É possível mover os incisivos laterais inferiores para fechar
muito leves e contenção por longo período. É importante o espaço numa paciente de 83 anos com tais defeitos ósseos
lembrar que os pacientes ortodônticos com doença periodontal significativos?
moderada ou avançada requerem um plano de tratamento e de • Se a resposta é sim, qual poderia ser o melhor procedimento
contenção individualizados.26,28,63,64 biomecânico?
Depois de discutir o caso da paciente com o dentista da
família dela e o periodontista, o seguinte plano de tratamento
Apinhamento, Mobilidade e Dano Periodontal
individualizado foi concebido, levando em consideração a idade
A Figura 17-8, A, mostra uma mulher de 83 anos indicada da paciente e o grave problema peridontal:23,24,34,70
para tratamento por sua filha (uma colega da autora) após 1. Tratamento periodontal
a filha assistir a uma conferência sobre odontogeriatria. Sur­ 2. Extração dos incisivos centrais inferiores
preendentemente, nenhum dente foi perdido apesar da 3. Fechamento do espaço
idade avançada da paciente. Ela apresentava significativo 4. Acompanhamento periodontal mensal durante o tratamento
apinhamento nas arcadas superior e inferior e dano perio­ 5. Instalação de contenção fixa
Capítulo 17   Tratamento Ortodôntico em Pacientes Adultos com Inserção Periodontal Reduzida 211

Fig. 17-8 A e B, Fotografias facial e intrabucal pré-tratamento de uma mulher de 83 anos mostram
significativo apinhamento dentário. C e D, Imagens fotográficas laterais mostrando problemas perio­
dontais graves. E, Incisivos centrais inferiores completamente perdidos. F, Bráquetes estéticos de
0,022 polegada foram instalados. Os espaços foram fechados com amarrilho metálico. G e H, Resul­
tados finais. Contenção fixa por longo período foi indicada. I, Radiografias pré-tratamento e J, pós-
tratamento. Um importante reparo ósseo foi alcançado.
212 Parte III    Manejo de Casos Complexos e em Adultos

Após o tratamento periodontal, os bráquetes foram instala­ são o único caminho para tratamento ortodôntico, perio­dontal
dos na arcada inferior para fechar o espaço e desfazer o apinha­ e restaurador serem planejados com o resultado final em mente.
mento (Fig. 17-8, F). O arco inicial foi o fio de aço inoxidável Um período de contenção longo ou até mesmo permanente é
de 0,014 polegada, usado para nivelar e alinhar os dentes infe­ frequentemente indicado e fortemente recomendado.10,80-86
riores. O espaço foi fechado com fio de amarrilho ativado a
cada seis a oito semanas. É recomendado que uma força con­
trolada seja usada de acordo com a quantidade de inserção
periodontal presente. Como certa gengivite estava presente Referências
nesse momento, a paciente foi avaliada pelo periodontista a
cada duas semanas. 1. Axelsson P, Lindhe J, Nystom B: On the prevention of caries
A Figura 17-8, G e H, mostra os resultados no final dos 18 and periodontal disease: results of a 15-year longitudinal
meses de tratamento. Os tecidos periodontais foram corrigidos, study in adults, J Clin Periodontol 4:278-293, 1977.
tornando mais fácil a manutenção de uma boa higiene oral pela 2. Axelsoon P, Lindhe J: Effect of controlled oral hygiene proce­
paciente.22,71-73 Os objetivos do tratamento foram alcançados, e dures on caries and periodontal disease in adults: results after
a condição periodontal permaneceu sob controle. A contenção 6 years, J Clin Periodontol 5:133-151, 1978.
fixa foi indicada no final do tratamento. 3. Bolin A, Eklund G, Frithiof L, Lavstedt S: The effect of changed
Um tratamento endodôntico havia sido realizado meses smoking habits on marginal alveolar bone loss: a longitudinal
study, Swed Dent J 17:211-216, 1993.
antes no incisivo lateral inferior direito e os resultados foram
4. Boyd RL: Mucogingival considerations and their relationship
significativamente melhores que o esperado. Um importante
to orthodontics, J Periodontol 49:67-76, 1978.
reparo ósseo estava presente (Fig. 17-8, I e J), como demons­ 5. Brown S: The effect of orthodontic therapy on certain types
trado anteriormente.74-76 of periodontal defects, J Periodontol 44:742, 1973.
Esses resultados confirmaram os estudos experimentais os 6. Artun J, Urbye KS: The effect of the orthodontic treatment
quais haviam mostrado que, com tratamento periodontal ade­ on periodontal bone support in patients with advanced loss
quado e terapia periodontal de suporte exaustiva, dentes com of marginal periodontium, Am J Orthod Dentofacial Orthop
inserção reduzida, mas saudável, podem não experimentar 93:143-148, 1988.
perda adicional de suporte ósseo durante a movimentação 7. Atherthon JD: The gingival response to orthodontic tooth
ortodôntica. Infelizmente, não existe qualquer receita para movement, Am J Orthod 58:179-186, 1979.
todos os pacientes. O melhor método para movimentar o dente 8. Axelsoon P, Lindhe J: The significance of maintenance care in
the treatment of periodontal disease, J Clin Periodontol
deve ser determinado para cada paciente de acordo com a quan­
8:281-294, 1981.
tidade de inserção periodontal presente.68,77,78
9. Bakdash B: Oral hygiene and compliance as risk factors in
periodontitis, J Periodontol 65:539-544, 1994.
CONCLUSÃO 10. Zachrisson BU: The bonded lingual retainer, J Clin Orthod
17:838-884, 1983.
O tratamento ortodôntico em pacientes adultos com perio­ 11. Grossi SG, Skrepinsky FB, DeCaro T, et al: Response to peri­
donto reduzido, mas saudável, deveria ser realizado por uma odontal therapy in diabetics and smokers, J Periodontol
equipe multidisciplinar cujos esforços combinados possam 67:1094-1102, 1996.
transformar pacientes com uma dentição antiestética em pessoas 12. Musich DR, Crossetti H: Assessment and description of the
com sorriso esteticamente agradável. Nenhuma norma cefalo­ treatment need of adult patients for orthodontic therapy. III.
métrica padroniza o trabalho para todos os pacientes e nenhum Characteristics of the multiple provider group, Int J Adult
Orthod Orthog Surg 1:251-274, 1986.
roteiro específico se adéqua a todos os pacientes.10,31,32,77,79-81
13. Darveau RP, Tanner A, Page RC: The microbial challenge in
A condição periodontal deve ser a consideração primária
periodontitis, Periodont 2000 14: 12-32, 1997.
antes de se iniciar o tratamento ortodôntico e deve ser cons­ 14. Dennison DK, Gottsegen R, Rose LF: Diabetes and periodon­
tantemente monitorada durante os períodos de tratamento e tal diseases, J Periodontol 67:166-176, 1996.
de contenção. Pacientes com tecidos periodontais sem saúde 15. Emrich LJ, Schlossman M, Genco RJ: Periodontal disease in
podem sofrer a experiência de dano adicional e perda dentária non-insulin-dependent diabetes mellitus, J Periodontol
durante o tratamento ortodôntico. Um protocolo de tratamento 62:123-131, 1991.
cuidadoso e um monitoramento periodontal regular são essen­ 16. Genco R, Zambon J, Christersson L: The origin of periodontal
ciais para se obter bons resultados. Em alguns pacientes, pode infections, Adv Dent Res 2:245-259, 1988.
ser obtido reparo ósseo, melhorando desta forma o prognóstico 17. Grossi S, Genco R, Machtei E, et al: Assessment of risk of
geral da dentição em longo prazo. periodontal disease: risk indicators for attachment loss, J
Periodontol 65:23-29, 1994.
O tratamento ortodôntico em pacientes com grande destrui­
18. Jenkins WM, Kinane DF: The “high risk” group in periodon­
ção periodontal é um desafio para os dentistas. Entretanto,
titis, Br Dent J 167:168-171, 1989.
quando todas as bases biológicas da movimentação dentária e 19. Oliver RC, Tervonen T: Periodontitis and tooth loss: compar­
suas limitações são levadas em consideração, resultados estéti­ ing diabetes with general population, J Am Dent Assoc 1
cos e funcionais excelentes podem ser alcançados. Sem objetivos 24:71-76, 1993.
de tratamento específicos e individualizados, o sucesso do tra­ 20. Yao CC, Wu CB, Wu HY, et al: Intrusion of the overerupted
tamento não pode ser medido ou obtido. Objetivos específicos upper left first and second molars by mini-implants with
Capítulo 17   Tratamento Ortodôntico em Pacientes Adultos com Inserção Periodontal Reduzida 213

partial-fixed orthodontic appliances: a case report, Angle 41. Ericsson J, Lindhe J: Effect of longstanding jiggling on experi­
Orthod 74:550-557, 2004. mental marginal periodontitis in the beagle dog, J Clin Perio-
21. Page R: Frontiers in periodontics, Pac Coast Soc Orthod Bull dontol 9:497-503, 1982.
63:39-41, 1991. 42. Lindhe J, Ericsson J: The infl uence of trauma from occlusion
22. Tarnow DP, Magner AW, Fletcher P: The effect of the distance on reduced but healthy periodontal tissues in dogs, J Clin
from the contact point to the crest of the bone on the presence Periodontol 3:110-122, 1976.
or absence of the interproximal dental papillae, J Periodontol 43. Sjolien T, Zachrisson BU: Periodontal bone support and tooth
63:119-125, 1992. length in orthodontically treated and untreated persons, Am
23. Brown LJ, Loe H: Prevalence, extent, severity and progression J Orthod 64:28-37, 1973.
of periodontal disease, Periodont 2000 2:57-71, 1993. 44. Socransky SS, Haffajee AD, Goodson JM, et al: New concepts
24. Caffese RG, Sweeney PL, Smith BA: Scaling and root planing of destructive periodontal disease, J Clin Periodontol 11:21-32,
with and without periodontal flap surgery, J Clin Periodontol 1984.
13: 205-210, 1986. 45. Socransky SS, Hafjee AD: The bacterial etiology of destructive
25. Chasens A: Periodontal disease, pathologic tooth migration periodontal diagnosis, J Clin Periodontol 13:175-181, 1986.
and adult orthodontics, N Y J Dent 49:40-43, 1979. 46. Thilander B, Nyman S, Karring T, Magnusson I: Bone regen­
26. Kokich VG: Enhancing restorative, esthetic and periodontal eration in alveolar bone dehiscences related to orthodontic
results with orthodontic therapy. In Schlunger S, Youdelis R, tooth movements, Eur J Orthod 5: 105-114, 1983.
Page R, Johnson R, editors: Periodontal therapy, Philadelphia, 47. Wagenberg BD, Eskow J: Orthodontics: a solution for the
1990, Lea & Febiger, pp. 433-460. advanced periodontal or restorative problem: the interim
27. Kokich VG: Anterior dental esthetics: an orthodontic perspec­ tooth movement into infrabony defects, J Periodontol 55:197-
tive, J Esthet Dent 5:174-178, 1993. 202, 1984.
28. Kokich VG: The role of orthodontics as an adjunct to peri­ 48. Wennstrom J, Lindskog-Stokand B, Nyman S, et al: Periodon­
odontal therapy. In Newman MG, Carranza FA, Takei H, tal tissue response to orthodontic movement of teeth with
editors: Carranza’s clinical periodontology, ed 9 Philadelphia, infrabony pockets, Am J Orthod Dentofacial Orthop 103: 313-
2002, Saunders, pp. 423-452. 319, 1993.
29. Geiger AM: Mucogingival problems and the movement of the 49. Wehrbein H, Furhamann RAW, Diedrich PR: Periodontal con­
mandibular incisors: a clinical review, Am J Orthod 78: 511- ditions after facial root tipping and palatal root torque of inci­
527, 1980. sors, Am J Orthod Dentofacial Orthop 106: 455-462, 1994.
30. Kessler M: Interrelatioships between orthodontics and perio­ 50. Wilson TG Jr: Supportive periodontal treatment introduc­
dontics, Am J Orthod 70: 154-172, 1976. tion: definition, extent of need, therapeutic objectives, fre­
31. Zachrisson BU, Alnaes L: Periodontal condition in orthodon­ quency and efficacy, Periodontol 2000 12:11-15, 1996.
tically treated and untreated individuals. II. Alveolar bone 51. Polson AM, Meitner SW, Zander HA: Trauma and progres­
loss: radiographic findings, Angle Orthod 43: 402-411, 1974. sion of marginal periodontitis in squirrel monkeys. III. Adap­
32. Zachrisson BU: Periodontal changes during orthodontic tation of interproximal alveolar bone to repetitive injury, J
treatment. In McNamara JA Jr, Ribbens KA, editors: Periodontol Res 11:279-289, 1976.
O rthodontic treatment and the periodontium, Monograph 15, 52. Polson A, Caton J, Polson AP, et al: Periodontal response after
Craniofacial Growth Series, Center for Human Growth and tooth movement into infrabony defects, J Periodontol 55: 197-
Development, Ann Arbor, 1984, University of Michigan, 202, 1984.
pp 43-62. 53. Kurth J, Kokich VG: Open gingival embrasures after orth­
33. Beck J: Methods of assessing risk for periodontitis and devel­ odontic treatment in adults: prevalence and etiology, Am J
oping multifactorial models, J Periodontol 65: 468-478, 1994. Orthod Dentofacial Orthop 120: 116-123, 2001.
34. Boyd RL, Leggott PJ, Quinn RS, et al: Periodontal implications 54. Lindhe J, Haffajee AD, Socransky SS: Progression of peri­
of orthodontic treatment in adults with reduced or normal odontal disease in adult subjects in the absence of periodontal
periodontal tissues versus those in adolescents, Am J Orthod therapy, J Clin Periodontol 10:433-442, 1983.
Dentofacial Orthop 96:191-199, 1989. 55. Lindhe J, Nyman S: Long term maintenance of patients treated
35. Eliasson LA, Hugoson A, Kurol J, et al: The effects of orth­ for advanced periodontal disease, J Clin Periodontol 11: 504-
odontic treatment on periodontal tissues in patients with 505, 1984.
reduced periodontal support, Eur J Orthod 4:1-9, 1982. 56. Lindhe J, Nyman S: Scaling and granulation tissue removal in
36. Gazit E, Lieberman M: Occlusal and orthodontic consider­ periodontal therapy, J Clin Periodontol 12: 374-388, 1985.
ations in the periodontally involved dentition, Angle Orthod 57. Loe H, Theilade E, Jensen S: Experimental gingivitis in man,
50: 346-349, 1980. J Periodontol 36:177-187, 1965.
37. Kokich VG, Spear F: Guidelines for managing the orthodon­ 58. Machtei E, Dunford R, Haussman E, et al: Longitudinal study
ticrestorative patient, Semin Orthod 3:3-20, 1997. of prognostic factors in established periodontitis patients, J
38. Kokich VG: Esthetics: the orthodontic-periodontic-restorative Clin Periodontol 24:102-109, 1997.
connection, Semin Orthod 2:21-30, 1996. 59. Marks M, Corn H: Periodontics and orthodontics: coordinat­
39. Ericsson I, Thilander B, Lindhe J, et al: The effect of orthodon­ ing the disciplines for optimal treatment planning, Alpha
tic tilting movements on the periodontal tissue on infected Omega 76, , Fall 1983.
and non-infected dentitions in the dog, J Clin Periodontol 60. Martinez-Canut P, Lorca A, Magan R: Smoking and periodon­
4:115-127, 1977. tal disease severity, J Clin Periodontol 22:743-749, 1996.
40. Ericsson I, Thilander B, Lindhe J: Periodontal condition after 61. Melsen B: Limitations in adult orthodontics. In Melsen B,
orthodontic tooth movement in the dog, Angle Orthod editor: Current controversies in orthodontics, Chicago, 1991,
48:210-218, 1978. Quintessence, pp. 147-180.
214 Parte III    Manejo de Casos Complexos e em Adultos

62. Melsen B, Agerbark N, Markenstam G: Intrusion of incisors 74. Musich DR: Assessment and description of the treatment
in adult patients with marginal bone loss, Am J Orthod Dento- need of adult patients for orthodontic therapy. I. Character­
facial Orthop 96:232-241, 1989. istics of the solo provider group, Int J Adult Orthod Orthog
63. Karring T, Nyman S, Thilander B, Magnusson B: Bone regen­ Surg 1:55-67, 1986.
eration in orthodontically alveolar bone dehiscences, J Perio- 75. Newman GU, Wagenberg BD: Treatment of compromised
dont Res 17:309-315, 1982. teeth: a multidisciplinary approach, Am J Orthod 76:530-537,
64. Krampf J: Multidisciplinary treatment: ortho-perio-restor­ 1979.
ative dentistry, Dent Clin North Am, July 1972. 76. Pihlstrom BL, Anderson KA, Aeppli D, et al: Association
65. Lang NP, Loe H: The relationship between the width of the between signs of trauma from occlusion and periodontitis, J
attached gingiva and gingival health, J Periodontol 43: 623, Periodontol 57:1-6, 1986.
1972. 77. Harfin J: Tratamiento ortodóntico en el adulto, ed 2 Buenos
66. Levitt H: Orthodontic treatment for the adult periodontal Aires, 2005, Editorial Médica Panamericana.
patient, J Can Dent Assoc 57:787-789, 1991. 78. Moore PA, Weyant RJ, Mongelluzzo MB, et al: Type I diabetes
67. Lindhe J, Okamoto H, Yoneyama T, et al: Periodontal loser mellitus and oral health: assessment of periodontal disease, J
sites in untreated adult subjects, J Clin Periodontol 16:671-678, Periodontol 70:409-417, 1999.
1989. 79. Harfin J: Tratamiento ortodóntico en el adulto, Buenos Aires,
68. Musich DR: Assessment and description of the treatment 1999, Editorial Médica Panamericana.
need of adult patients for orthodontic therapy. II. Character­ 80. Wilson TG Jr: Compliance and its role in periodontal therapy,
istics of the dual provider group, Int J Adult Orthod Orthog Periodontol 2000 12:16-23, 1996.
Surg 1:101-117, 1986. 81. Zachrisson BU: A histological study of experimental gingivitis
69. Park YC, Lee SY, Kim DH, et al: Intrusion of posterior teeth in man, J Periodont Res 3:293-298, 1968.
using mini screw implants, Am J Orthod Dentofacial Orthop 82. Tonetti MS: Cigarette smoking and periodontal diseases: eti­
123: 690-694, 2003. ology and management of disease, Ann Periodontol 3: 88-101,
70. Goldman MJ, Ross IF, Goteiner D: Effect of periodontal 1998.
therapy on patients maintained for 15 years or longer, J Perio- 83. Vanarsdall RL: Complications of orthodontic treatment, Curr
dontol 57:347-353, 1986. Opin Dent 1:622-633, 1991.
71. Salama M, Salama H: An interdisciplinary approach to the 84. Vanarsdall RL: Correction of periodontal problems through
management of the adult mutilated dentition: a case report, orthodontic treatment. In Hosl E, Zachisson BU, Baldauf A:
Compend Contin Educ Dent 13:328-338, 1992. Orthodontics and periodontics, Chicago, 1985, Quintessence,
72. Sadowsky C, BeGole EA: Long tem effects on orthodontic pp. 127-167.
treatment on periodontal health, Am J Orthod 80: 156-172, 85. Zachrisson BU: Adult retention: a new approach. In Graber
1981. LW, editor: Orthodontics: state of art, essence of the science, St
73. Sherman PR, Hutchens LH Jr, Jewson LG: The effectiveness Louis, 1986, Mosby, pp. 310-327.
of subgingival scaling and root planing. II. Clinical responses 86. Zachrisson BU: Clinical implications of recent ortho-perio
related to residual calculus, J Periodontol 61:9-15, 1990. research findings, Semin Orthod 2:4-12, 1996.
C ap í t u lo
18
Diastemas: A Contenção
Permanente é
Realmente Necessária?
Thomas F. Mulligan

A
instabilidade após movimentação ortodôntica tem sido perder alguma movimentação alcançada. É por esta mesma
um problema recorrente para o ortodontista. Muitos razão, entretanto, que os arcos são removidos. Os dentes recidi­
  profissionais de odontologia que observam tais pacientes vam por vários motivos,5 mas, em qualquer caso, tentarão entrar
posteriormente consideram insucesso do tratamento ortodôntico. em equilíbrio funcional e com os músculos. A cefalometria pode
O tratamento de diastemas é comum após fechamento de apoiar o posicionamento dos dentes em determinadas posições
espaço1-3 (Fig. 18-1). Muitos ortodontistas veem a contenção anteroposteriores, bem como transversas. No entanto, os núme­
permanente como a única abordagem realística para manter o ros e os ângulos envolvidos não se aplicam a cada paciente
espaço fechado (Fig. 18-2). Aparelhos removíveis usados para tratado, mas sim a um grupo de tais pacientes.
contenção criam um movimento de vai e vem como um resul­ Médias podem ser enganadoras quando individualizam o
tado da sua inserção e remoção (Fig. 18-3). Embora muitos movimento dentário para o paciente. Se um estoque de roupa
ortodontistas lancem mão da frenectomia e da fibrotomia cir­ é realizado apenas com calças com a média para o tamanho dos
cunferencial,4 o resultado nesses casos é frequentemente frus­ homens, teoricamente pode não existir um único par de calças
trante uma vez que os efeitos colaterais indesejáveis ainda que seja adequado a qualquer um deles. Embora improvável,
ocorrem.5 Assim, mesmo com procedimentos cirúrgicos,6 isso ilustra que o melhor “ajuste” para o paciente é aquele que
alguma forma de contenção é frequentemente necessária. tenha sido feito “sob medida” para o indivíduo em questão. Isso
significa reconhecer que a posição do dente é determinada pelos
músculos, função e hábitos, junto com a duração e fatores
REMOÇÃO DO ARCO E PREOCUPAÇÕES relacionados.
CLÍNICAS Mas como tudo isso pode ser alcançado? Deve existir uma
Este capítulo aborda uma técnica usada pelo autor por muitos forma melhor que a abordagem tradicional, associada ao grau
anos na qual todos os arcos são removidos durante o tratamento tão elevado de fracasso na ausência da contenção permanente.
como uma fase obrigatória da movimentação ortodôntica.7 Essa Todos os ortodontistas estão cientes das relações causa-
técnica tem uma taxa de sucesso maior que 90%. Tais fios são efeito. Entretanto, nem todos os ortodontistas necessariamente
removidos por pelo menos seis semanas, mas frequentemente perguntam, “Por quê?” quando observam resultados indese­
maior de acordo com a necessidade de cada situação (p. ex., jáveis e, em vez disso, recorrem a algum aparelho, laboratório
férias de verão). Isso não significa, entretanto, que os arcos ou de maneira diferente, para resolver o problema. Em outras
tenham que ser removidos para todos os tipos de instabilidade,8 palavras, o tratamento frequentemente envolve o tratamento do
tais como mordida cruzada, mordida aberta, sobremordida e “efeito” ao invés da causa.
rotações. Essas diferentes áreas podem ser avaliadas no que se
refere à estabilidade e instabilidade ao mesmo tempo. O senso
EXPERIÊNCIAS “GEDANKEN”
comum prevalece a esse respeito; o tempo do tratamento não
deveria ser estendido devido à remoção do arco. Na tentativa de resolver o problema de estabilizar o fechamento do
Os ortodontistas tradicionais resistem à remoção dos arcos diastema sem a contenção permanente, o autor decidiu usar a
durante o tratamento ortodôntico por causa da possibilidade de mesma abordagem que Einstein utilizou com sucesso quando

215
216 Parte III   Manejo de Casos Complexos e em Adultos

chegou a vários fatos científicos ainda válidos. Einstein foi criticado uma distância perpendicular maior dos centros de resistência
por criar experimentos em sua mente sem realmente realizá-los; nesses dentes, criando assim os chamados momentos funcio­
ele tornou-se famoso por suas experiências Gedanken (“de pen­ nais. Além disso, se os incisivos centrais forem observados com
samento”).9 Isso frustrou seus colegas cientistas, os quais acredita­ o mesmo deslocamento angular como mostrado no canino e no
vam que a validade dos resultados requeria experimentos reais. pré-molar, as forças incisais poderiam produzir os mesmos
Usando um “experimento gedanken” para tentar e resolver o “momentos funcionais” aumentados, pela mesma razão. Embora
problema do diastema, o autor precisou primeiro perguntar a com os incisivos centrais o deslocamento angular pudesse re­­
seguinte questão: “Conhecemos quaisquer outras situações na querer principalmente deslocamento radicular, é a separação
movimentação dentária ortodôntica que resultam na criação de aumentada dos centros de resistência que resulta nesses momen­
espaço seguindo o fechamento de espaço?” Uma resposta tos funcionais.
poderia ser a abertura do espaço frequentemente observada Embora a divergência das raízes dessa medida nunca pudesse
pelo ortodontista em casos de extração dos quatro primeiro ser considerada, nessa experiência de pensamento pode-se con­
pré-molares para adultos (Fig. 18-4). Com uma experiência de cluir razoavelmente que a estabilidade situa-se em algum lugar
“pensamento” apenas, pode-se perguntar visualmente se um entre esses dois extremos. Essa experiência mental produz o
espaço reabriu facilmente após pôr as raízes paralelas, o que conhecimento de que em “algum lugar” existe estabilidade
pode acontecer se as coroas estivessem gravemente inclinadas quando os centros de resistência foram suficientemente deslo­
uma em direção à outra, ao invés de as raízes paralelas? Obvia­ cados durante tal inclinação dentária exagerada. Ainda deve ser
mente, isso poderia criar problemas periodontais sérios e não esclarecido se tal mudança na inclinação permanece dentro dos
poderia ser considerada uma solução, mas apenas uma experiên­ limites aceitáveis para o paciente.
cia mental. Entretanto, poder-se-ia ainda concluir (sem real­ No caso de um diastema, as coroas dos incisivos centrais
mente fazer) que quanto maior é a inclinação, maior é a podem apenas ser movidas juntas até o contato ser feito,
probabilidade de aumentar a estabilidade após o fechamento. momento no qual o movimento remanescente consiste apenas
A questão lógica poderia então ser, “Por quê?”. no movimento distal das raízes dos incisivos centrais. A qualquer
Como pode ser observado na Figura 18-5, as forças oclusais instante, o momento é aplicado aos dentes — sempre que o
agindo no canino e no pré-molar poderiam ocorrer através de movimento da coroa é restringido em uma direção — o movi­
mento da raiz ocorre na direção oposta. Isso é demonstrado
várias vezes conforme essa experiência progride.

CONSIDERAÇÕES SOBRE ESTABILIDADE


Quanto tempo levará para que os movimentos necessários
ocorram para que se atinja a estabilidade? A resposta depende
do paciente e pode ser determinada apenas pela remoção do
Fig. 18-1 Imagem intrabucal do diastema. arco. Os seguintes fatores estão envolvidos no tempo para se

Fig. 18-2 Uso de contenção permanente para tratar o diastema. A, Fotografia da face antes
do tratamento. B, Diastema fechado e C, Contenção permanente no lugar.
Capítulo 18   Diastemas: A Contenção Permanente é Realmente Necessária? 217

alcançar estabilidade em cada paciente após o fechamento do


diastema:
1. A relação de paralelismo entre as coroas e raízes dos
incisivos
2. A divergência coronária e convergência apical
Embora sendo um fator, a idade do paciente não é crucial
para essa discussão.
Após fechamento do espaço, se o paciente apresenta ápices
convergentes (Fig. 18-6, A), mais movimento será necessário e,
portanto, tempo adicional. Na Figura 18-6, B, ápices divergentes Fig. 18-3 Contenção removível.
resultarão em menor tempo para movimentação, pois as raízes já

Fig. 18-4 Uso de uma experiência


“gedanken” (de pensamento) para resolver o
problema do diastema. A abertura do espaço
apareceu após o fechamento do mesmo.
A, As raízes estão paralelas. B, O espaço
reabriu após as raízes se tornarem paralelas.
C, As coroas estão gravemente inclinadas
uma em direção à outra, o que pode causar
problemas periodontais. D, Maior inclina­
ção resulta em maior probabilidade de
aumentar a estabilidade após fechamento
do espaço.

Fig. 18-5 Comparação das forças oclusais


agindo nos A, canino/pré-molar, e B, incisivos.
218 Parte III   Manejo de Casos Complexos e em Adultos

Fig. 18-6 A, Ápices convergentes. B, Ápices divergentes. C, Relação normal das raízes acompa­
nhada pelo fechamento do espaço.

tiveram o movimento iniciado. A Figura 18-6, C, mostra a relação • Espaços generalizados resultantes de incisivos laterais
mais comum das raízes após o fechamento do diastema. pequenos
Quando se avalia a estabilidade desses movimentos, não se • Relação topo a topo anterior
pode descartar o fio utilizado; ele pode ser novamente inserido • Dente anterior em leve Classe III
no bráquete para movimentos adicionais, caso exista evidência O tratamento pode envolver o uso de arcos contínuos, de
de abertura do espaço. Se a estabilidade final é alcançada, brá­ segmentos anteriores com uma dobra central, ou de seg­
quetes angulados estarão agora presentes como um resultado da mento desviado apicalmente com dobras nas extremidades
mudança da inclinação do dente. Apenas, então, o fio deveria (Fig. 18-9). Os dois últimos são frequentemente usados em
ser removido e as bordas incisais, agora inclinadas, ser remod­ combinação.
eladas com disco de diamante (Fig. 18-7). Os bráquetes podem
ser removidos e recolados com alinhamento apropriado para
Exemplos Clínicos
continuar o tratamento, se necessário.
As Figuras 18-10 e 18-11 retratam duas irmãs que foram
tratadas simultaneamente. Embora ambas pudessem parecer
DIVERGÊNCIA RADICULAR possuir problemas idênticos, uma precisou de remoção do
Na Figura 18-8, se as larguras das coroas são normais e propor­ arco várias vezes, enquanto sua irmã necessitou de remoção
cionais às dos outros dentes do segmento anterior, a divergência do arco apenas uma vez. Claramente, não existe nenhum
das raízes irá resultar em certa sobressaliência. Após o fecha­ número previsível de vezes para remoção do arco para alcan­
mento do diastema, a sobressaliência produzida pode ser usada çar estabilidade. A experiência irá mostrar, entretanto, que a
efetivamente para resolver outros problemas potenciais, tais variação é de uma a três vezes e varia com o paciente. A
como os seguintes: primeira irmã (Fig. 18-10) foi tratada apenas com bráquetes
• Diastemas nos quatro incisivos e um segmento de fio,7 que foi removido
• Incisivos laterais pequenos quatro vezes (inicialmente no processo de aprendizado).
• O “triângulo negro” Nenhuma contenção foi usada e a paciente é mostrada quatro
Fig. 18-7 A, Quando a estabilidade final é alcançada, os bráquetes ficam angulados por causa da
inclinação do dente. Apenas, então, o arco deveria ser removido. B, Os bordos incisais agora incli­
nados são remodelados com disco de diamante.

Fig. 18-9 Nesse arco, as duas dobras nas extremidades (two off-
center bends) são iguais à dobra central (center bend).

Fig. 18-8 A, Resultado da divergência das raízes dos incisivos,


mostrando B, aumento na sobressaliência que pode ser resultante.

Fig. 18-10 A e B, Fotografias pré-tratamento intrabucal e facial. C e D, Fotografias intrabucal e


facial quatro anos após o tratamento. Nenhuma contenção foi utilizada. O arco da paciente foi
removido quatro vezes.
220 Parte III   Manejo de Casos Complexos e em Adultos

Fig. 18-11 Irmã da paciente da Figura 18-10. A e B, Fotografias intrabucal e facial pré-trata­
mento. C e D, Fotografias intrabucal e facial quatro anos após o tratamento. Nenhuma contenção
foi usada. O arco da paciente foi removido apenas uma vez.

anos após. Sua irmã (Fig. 18-11) foi tratada exatamente da As raízes são divergentes por inúmeros motivos. O paciente
mesma maneira que a irmã e é mostrada quatro anos após na Figura 18-15 teve contato ocorrendo em todo o comprimento
sem nenhuma forma de contenção. da coroa após fechamento do espaço. Uma suave divergência
O paciente na Figura 18-12 demonstra óbvia convergência permite que o ponto de contato seja movido um pouco para os
das raízes. Devido ao atraso na erupção dos caninos, essa foi bordos incisais, melhorando a estética para o paciente.
uma excelente oportunidade para avaliar estabilidade sem
depender do contato interproximal com caninos completa­
ESPAÇOS GENERALIZADOS
mente erupcionados para suporte. Um fio contínuo foi usado
porque o tratamento envolveu mais que o fechamento do Dentro dos limites, o espaço resultante de um incisivo lateral
diastema. A Figura 18-12, D a F, mostra que não existiu nenhuma estreito pode ser eliminado e restaurações estéticas evitadas pela
abertura de espaço anterior durante vários meses para erupção divergência das raízes dos incisivos laterais em adição àquelas
dos caninos em posição. envolvendo os incisivos centrais. A avaliação dos diâmetros
A Figura 18-13 mostra um paciente cujas raízes são paralelas mesiodistais dos dentes do segmento anterior (Fig. 18-16, A)
seguindo a convergência original (A e B). O movimento continua mostra os requisitos adicionais que surgem quando tais raízes
seguindo a relação paralela (C). Em algum momento, o ortodon­ são divergidas (Fig. 18-16, B). Isso requer mecânica especial
tista deve remover o arco quando as raízes são divergentes; a porque um fio contínuo não irá produzir os quatro momentos
experiência irá determinar um momento adequado. O aparelho iguais requeridos por esses dentes.7 Quando divergência sufi­
foi removido, com completa estabilidade presente (D). ciente é obtida e os espaços são fechados, os bráquetes estarão
A Figura 18-14 ilustra um paciente no qual convergência e inclinados como um resultado desse movimento (Fig. 18-16, C).
giroversão estavam presentes com o diastema (A). O incisivo Os bordos incisais podem ser remodelados nesse momento
girovertido foi sobrecorrigido e as raízes dos incisivos divergi­ (Fig. 18-16, D) e os bráquetes então podem ser recolados e
ram (B e C). Dois anos após o tratamento, completa estabilidade posicionados apropriadamente para tratamento adicional, se
está presente (D). necessário.
Capítulo 18   Diastemas: A Contenção Permanente é Realmente Necessária? 221

Fig. 18-12 Paciente com óbvia convergência das raízes. Pequenos diastemas podem exigir maior
tempo de tratamento quando as raízes estão convergentes porque mais movimento é necessário para
estabilidade. A e B, Fotografias intrabucal e facial antes do tratamento. C, Dobra central foi colocada
após as raízes se tornarem paralelas. D a F, Nenhuma abertura de espaço anterior ocorreu durante
o período da erupção dos caninos até a sua posição.

Fig. 18-13 Paciente cujas raízes foram posicio­


nadas paralelamente após convergência original. A,
Fotografia facial pré-tratamento. B, Dobra central
foi colocada após as raízes se tornarem paralelas. C,
Quando se tornou aparente que as raízes estavam
divergentes, o arco foi removido e o fechamento
avaliado quanto à estabilidade. D, A divergência
radicular provou ser suficiente para a estabilidade.
Essa determinação poderia ser feita apenas com a
remoção do arco.
222 Parte III   Manejo de Casos Complexos e em Adultos

Fig. 18-14 Paciente no qual convergência e giroversão estavam presentes com um diastema. A,
Fotografia intrabucal pré-tratamento. B, Correção da giroversão e divergência das raízes puderam
ser avaliadas pela remoção do arco. C, Foto intrabucal após remoção do aparelho. D, Foto intrabucal
dois anos após o tratamento.

Fig. 18-15 Paciente com contato ocorrendo em todo o comprimento da coroa após fechamento
de espaço. A, Fotografia da face pré-tratamento. B, Suave divergência permite que o ponto de contato
se mova suavemente para os bordos incisais. C e D, A estética foi melhorada.
Capítulo 18   Diastemas: A Contenção Permanente é Realmente Necessária? 223

Fig. 18-16 Abordagem conservadora para solucionar o problema de espaços generalizados (p.
ex., incisivos estreitos). A, Divergência das raízes pode ajudar o paciente com espaços generalizados.
B, A largura mesiodistal é aumentada. C, O aumento da largura mesiodistal resulta em inclinação
dos bordos incisais. D, Os bordos incisais podem agora ser remodelados.

A Figura 18-19 mostra um paciente de oito anos após


MECÂNICA MODIFICADA
eliminação do diastema. Nenhuma contenção nunca foi
Uma vez que um arco contínuo inserido em todos os bráquetes usada. Ele fez parte de um grupo experimental originalmente
não pode produzir movimentos puros nos bráquetes dos quatro tratado antes da erupção dos caninos. Alguns pacientes apre­
incisivos, dois segmentos individuais podem ser usados. Um seg­ sentavam ausência dos incisivos laterais; nenhum deles tinha
mento é referido como uma dobra central (center bend) e produz os caninos erupcionados. O tratamento precoce foi realizado
movimentos iguais e opostos. O outro segmento envolve duas com o conhecimento de que a estabilidade produzida em tal
dobras nas extremidades (two off-center bends) e realiza exatamente idade poderia ser adicionalmente aumentada com a erupção
as mesmas funções do center bend. Isso permite a divergência das dos dentes. As radiografias foram cuidadosamente estudadas
raízes de todos os incisivos ao mesmo tempo (Fig. 18-17). para assegurar nenhum dano às raízes dos incisivos em
Como nos casos prévios, após a remoção do arco e verifica­ desenvolvimento. Essa preocupação não é necessária para a
ção da estabilidade, os bordos incisais devem ser remodelados movimentação ortodôntica usual, entretanto, tais pacientes
e os bráquetes reposicionados para toda a continuação do trata­ não poderiam ser tratados dessa forma enquanto o desenvol­
mento (Fig. 18-18). vimento radicular não estivesse completo.
224 Parte III   Manejo de Casos Complexos e em Adultos

Fig. 18-17 Center bend com um fio de secção circular e seg­


mento bypass com fio retangular de 0,019 × 0,025 polegada. Fig. 18-18 Após a remoção do arco e verificação da estabilidade,
os bráquetes podem ser reposicionados para qualquer continuação
do tratamento e os bordos incisais podem ser recontornados.

Fig. 18-19 Paciente que fez parte de um grupo experimental tratado antes da erupção dos
caninos. A, Fotografia intrabucal pré-tratamento. B, Fotografia facial oito anos após o tratamento
para eliminar o diastema.

TRIÂNGULO NEGRO interproximal dos incisivos centrais deveria ser realizada antes
Todos os clínicos estão familiarizados com o “triângulo negro”. do fechamento completo do diastema, para prevenir o movi­
Conforme explicado, as raízes divergentes dos incisivos resul­ mento da raiz para distal em vez da movimentação da coroa
tam em algum grau de sobressaliência se os dentes estão normais para mesial.
em suas dimensões mesiodistais. Além disso, tudo o que previne Nos casos citados, a redução interproximal foi realizada após
a movimentação da coroa numa direção também resulta na a divergência e o segmento dos incisivos retraídos para corrigir
movimentação da raiz na direção oposta. Portanto, a redução a sobressaliência. Entretanto, com o triângulo negro, tal redução
Capítulo 18   Diastemas: A Contenção Permanente é Realmente Necessária? 225

interproxinal deve ser realizada antes do completo fechamento, afirmando que o dentista da família dela considerava que ela
de modo a permitir que as coroas dos incisivos se movam mesia­ teria melhor condição de vida com o problema que ela apresen­
lmente a uma distância maior que a demonstrada nos casos tava do que se tivesse o mesmo tratado por um ortodontista
anteriores. Em outras palavras, em se tratando do triângulo (Fig. 18-21, A-F).
negro, deve existir maior movimento mesial da coroas dos inci­ O fechamento de espaço para essa paciente foi realizado
sivos e menos movimento distal das raízes, embora a mudança com quatro bráquetes anteriores e elástico em cadeia. O espaço
da inclinação seja a mesma. nunca foi eliminado, mas simplesmente dividido em duas
Na Figura 18-20, A, a sobressaliência é criada junto com a metades, cada uma localizada distalmente aos incisivos late­
divergência das raízes. A sobreposição que deveria ocorrer sem rais. Claramente, a divergência radicular não estava presente
a redução interproximal é demonstrada na Figura 18-20, B, (Fig. 18-21, G-I). Ela recebeu um aparelho removível e estava
simplesmente para ilustrar quanto desgaste interproximal pode emocionada com o resultado (Fig. 18-21, J e K).
ser alcançado. Finalmente, após a remoção do arco para verificar Entretanto, a paciente continuou usando a contenção? Ela
a estabilidade, os bráquetes são recolados em posição apropria­ perdeu a contenção? O espaço recidivou? Ela perdeu a confiança
da (Fig. 18-20, C). no tratamento ortodôntico? Se eu pudesse retratar essa jovem
hoje, poderia colar quatro bráquetes, usando os dois segmentos
anteriores previamente discutidos: o center bend e o two off-
CONCLUSÃO center bends.
Antes de o autor tratar os diastemas conforme discutido neste Esse tipo de tratamento é tão simples e recompensador
capítulo, uma jovem desanimada visitou o consultório dele, para o paciente e para o ortodontista que parece que a

Fig. 18-20 A, Sobressaliência criada após divergência das raízes. B, Quantidade de redução
interproximal com disco de 0,003 polegada. C, Os bráquetes estão prontos para serem recolados para
o alinhamento.
226 Parte III   Manejo de Casos Complexos e em Adultos

Fig. 18-21 Paciente tratada antes de o autor adotar o método de tratamento discutido. A e B,
Fotografias faciais e C e D, intrabucais antes do tratamento. E e F, O espaço não foi eliminado, mas
dividido em duas metades, cada uma localizada na distal dos incisivos laterais. G a I, A divergência
das raízes não está presente. J e K, Fotografias faciais após o tratamento. A estética foi melhorada,
mas foi mantida?
Capítulo 18   Diastemas: A Contenção Permanente é Realmente Necessária? 227

remoção do arco deveria se tornar um procedimento 3. Bishara SE: Management of diastemas in orthodontics, Am J
obrigatório na ortodontia. Acredito que, no futuro, todos os Orthod 61:55-63, 1972.
ortodontistas que procuraram estabilidade ao invés de con­ 4. Edwards JG: The diastema, the frenum, the frenectomy: a clinical
tenção permanente começarão a remover os arcos durante o study, Am J Orthod 71:489-507, 1977.
5. Edwards JG: Diastema relapse, Dent Clin North Am 37:212-225,
tratamento.
1993.
6. Bell WH: Surgical-orthodontic treatment of interincisal diaste­
mas, Am J Orthod 57:158-163, 1970.
7. Mulligan TF: Common sense mechanics in everyday orthodontics,
Referências Phoenix, Ariz, 1998, CSM, pp. 106. 171, 254.
8. Campbell PM, Moore JW, Matthew JL: Orthodontically cor­
1. West EE: Diastema, a cause for concern, Dent Clin North Am rected midline diastemas, Am J Orthod 67:139-158, 1975.
8:86-95, 1968. 9. Hey T, Walters P: Einstein’s mirror, Cambridge, England, 1997,
2. Baum AT: The midline diastema, J Oral Med 21:30-39, 1966. Cambridge University Press, pp. 271.
228 Parte III   Manejo de Casos Complexos e em Adultos

C ap í t u lo
19
Otimizando a
Biomecânica em Casos
Complexos e
Comprometidos
Sunil Kapila e R. Scott Conley

T
odo paciente ortodôntico apresenta um conjunto único da mecânica de arco contínuo e da mecânica de arco segmentado
de discrepâncias dental, oclusal e esquelética que requer em uma abordagem chamada de mecânica seccional híbrida.
abordagens de tratamento individualizadas assim como Este capítulo fornece uma visão geral de mecânicas contínuas
biomecânicas específicas para colocar os dentes na posição mais e segmentadas, introduz o conceito de mecânica seccional híbrida
ideal e estável. Apesar de abordagens biomecânicas, distintamente e utiliza os princípios biomecânicos para discutir os prós e contras
diferentes, poderem ser utilizadas para realizar movimentos den­ de cada uma destas abordagens. E também descreve o uso seletivo
tários, alguns métodos são mais efetivos e eficientes em fornecer das mecânica contínua, segmentada e híbrida para casos distintos
as forças e posicionar os dentes e suas raízes o mais próximo da e arcos para alcançar resultados de tratamentos ótimo e eficiente,
posição desejada enquanto minimiza efeitos colaterais indese­ particularmente em casos complexos e comprometidos.
jáveis. Uma base sólida em princípios biomecânicos fornece aos
ortodontistas conhecimento para elaborar planos biomecânicos
RECONHECENDO COMPLEXIDADES PARA
criativos e eficientes e para desenhar aparelhos apropriados que,
EVITAR ARMADILHAS
ao contrário da crença popular, podem ser amigáveis tanto para
o paciente como para o ortodontista e sua equipe. Antes de se iniciar o tratamento, o ortodontista deve fazer um
Atualmente, as mecânicas com arco contínuo permanecem diagnóstico preciso e apropriado, determinar os objetivos do
como as mais utilizadas e populares formas de mecânicas. Apesar tratamento, avaliar criticamente as várias opções de tratamento
de esta abordagem mecânica apresentar várias ­vantagens, e selecionar um ótimo plano de tratamento para o paciente. Os
­incluindo facilidade de uso, conforto para o paciente, tempo de princípios do diagnóstico ortodôntico e planejamento de trata­
cadeira reduzido para o ortodontista e possibilidade de delegar mento estão fora do alcance deste capítulo e portanto não serão
para os assistentes, ela também apresenta uma série de limita­ discutidos aqui. Entretanto, dentro do contexto de planeja­
ções. Portanto, em algumas situações clínicas, a mecânica com mento do tratamento, é importante entender que, além das
arco contínuo pode ser inapropriada ou ineficiente para fornecer decisões importantes sobre a abordagem do tratamento como
o tipo de movimento ortodôntico desejado. extrair ou não, que dente extrair, incorporar cirurgia, o clínico
Em contraste, segmentar o arco possibilita a implementação deve ser igualmente diligente em planejar a biomecânica,
de muitos sistemas de forças novos e eficientes projetados para aparelhos e sequência de arcos. Em outras palavras, o plano de
tratar melhor o paciente e otimizar os resultados do tratamento. tratamento abrangente incorpora decisões como extrações,
Entretanto, mecânicas com arcos segmentados apresentam várias cirurgia, assim como biomecânica otimizada e customizada.
desvantagens, incluindo dificuldade em potencial para planejar Um dos componentes mais desafiadores no desenvolvimento
aplicações de molas feitas sob medida, ativação cuidadosa para do planejamento individualizado do tratamento biomecânico
obter movimentos dentários controlados, algum nível de descon­ para o paciente é determinar ou predizer as dificuldades em
forto para o paciente, e menor possibilidade para delegar para os potencial ou movimentos dentários adversos que podem ocorrer
assistentes. Alternativamente, muitas situações clínicas são condi­ durante o tratamento. No geral, é mais eficiente reconhecer estas
zentes para possibilitar o ortodontista de combinar as vantagens mecânicas ou as complexidades do tratamento antes do seu

228
Capítulo 19   Otimizando a Biomecânica em Casos Complexos e Comprometidos 229

início. O reconhecimento precoce de problemas em potencial ções clínicas onde abordagens biomecânicas alternativas como
capacita o ortodontista a planejar estratégias para evitar dificul­ arco segmentado ou mecânica seccional híbrida podem ser
dades ou movimentos dentários adversos durante o tratamento. benéficas. Dependendo do perfil da clínica, aproximadamente
Benefícios adicionais desta abordagem tão proativa ao planeja­ 40% a 70% dos pacientes se encaixarão no critério para o uso de
mento biomecânico inclui melhor resultado de tratamento mecânica rotineira com arco contínuo para fornecer os sistemas
(como será discutido posteriormente) e melhora na eficiência de forças necessários para produzir resultados desejáveis.
resultando em aumento da produtividade na clínica ortodôn­ Apesar de ser principalmente indicada para casos relativa­
tica, no lucro e na diminuição do estresse. mente rotineiros, a mecânica de arco contínuo pode ser benéfica
até mesmo para um seleto número de casos que são muito
complexos em que nenhuma das contraindicações listadas na
MECÂNICA DE ARCO CONTÍNUO Tabela 19-1 está presente, como o caso a seguir.
Indicações
Estruturas dentoalveolares deformadas
Para aumentar o fluxo na clínica, o ortodontista frequentemente e espaços generalizados
utiliza abordagens de tratamento padrão que incorpora mecânica A Figura 19-1 mostra um paciente que recentemente recuperou-
com arco contínuo com a mesma ou similar sequência de fios, se de um coma de seis meses onde se encontrava com entubação
retração e consolidação de espaço, detalhamento e finalização para oral. Ele apresentava arcos dentais amplos, estruturas dentoal­
todos os pacientes. Apesar de esta “mecânica piloto automático” veolares deformadas, incisivos superiores e inferiores grave­
ter o benefício de os assistentes entenderem e anteciparem a mente projetados, molares maxilares sobre-erupcionados e
próxima dimensão do fio ou o próximo passo do tratamento e espaços generalizados (Fig. 19-1, A-H). Os espaços generaliza­
possivelmente diminuir o tempo do atendimento para os orto­ dos resultaram da entubação, de vários dentes ausentes, da
dontistas e assistentes e, provavelmente, aumentar a eficiência e a ma­croglossia e da paralisia parcial da língua. Tanto os incisivos
produtividade na maioria dos casos rotineiros, as vantagens desta projetados como os molares bucalmente inclinados apresenta­
abordagem podem não ser aplicáveis para vários casos complexos vam comprometimento periodontal.
e com comprometimento dental e periodontal. De fato, as com­ Avaliação periodontal, tratamento e terapia de manutenção
plicações introduzidas pelo uso de mecânicas rotineiras, nestes foram realizados antes de iniciar o tratamento ortodôntico. Em
casos, provavelmente irão levar ao aumento no tempo de trata­ associação, uma consulta para cirurgia ortognática para avaliação
mento, diminuição da produtividade e resultados estéticos e ou das discrepâncias esqueletais subjacente e uma glossectomia de
funcionais comprometidos. Portanto, como regra geral, mecânica redução foram executadas. O plano de tratamento abrangente
padrão com arco contínuo pode ser mais bem-utilizada nos casos incluiu controle periodontal, glossectomia de redução seguido de
mais simples sem extração, casos com espaços e casos com extra­ tratamento ortodôntico com mecânica de arco contínuo para con­
ção no qual haverá o mínimo de movimento de vai e vem dos solidar e redistribuir espaços e remover as compensações da melhor
dentes ou quando descompensamos para casos cirúrgicos. maneira possível. Durante a progressão da consolidação e redis­
A Tabela 19-1 fornece uma lista de indicações específicas para tribuição dos espaços, a determinação final dos espaços necessários
o uso de mecânica com arco contínuo e serve de guia para situa­ para restaurações e obtenção de ótimos resultados oclusais foram

Tabela  19-1
Indicações para Mecânica de Arco Contínuo, Segmentado e Seccional Híbrida
Arco Arco Seccional
Contínuo Segmentado Híbrida
Espaços generalizados +++
Apinhamento moderado (sem extração) +++
Apinhamento (tratamento com extração; pouco movimento de vai e vem antecipado) +++
Descompensações desejadas +++
Apinhamento moderado a grave (tratamento com extração; movimento de vai e vem — +++ +++
antecipado)
Ancoragem diferenciada desejada — +++ ++
Angulação grave das raízes do canino e pré-molar — +++* +
Casos assimétricos — +++ +
Perdas múltiplas de dentes — ++ +++
Saúde periodontal comprometida — ++ +++
Preservação das compensações dentárias — +* +++
Desejo de realizar estágios múltiplos de tratamento simultaneamente — + +++

Grau de indicação: +++, forte; ++, moderado; +, fraco; nenhum símbolo indica que mecânica segmentada e híbrida podem ser utilizadas
mas não são necessárias; — contraindicação.
*Inicia com mecânica segmentada e é seguida por mecânica seccional híbrida, se necessária.
230 Parte III   Manejo de Casos Complexos e em Adultos

Fig. 19-1 A a H, Fotografias faciais e intrabucais pré-tratamento de um paciente com espaços


generalizados e estrutura dentoalveolar distorcida. Devido à ausência de movimentos de vai e vem
e movimentos dentários adversos mínimos antecipados em mecânica de arco contínuo, esta mecânica
pode ser utilizada neste paciente. I a M, Fotografias pré-cirúrgicas mostrando coordenação dos arcos
assim como retração dos incisivos e redistribuição de espaços após a glossectomia de redução e orto­
dontia pré-cirúrgica. Os espaços serão mais refinados após a cirurgia.
Capítulo 19   Otimizando a Biomecânica em Casos Complexos e Comprometidos 231

Fig. 19-1 (Continuação) N a U, Um acabamento excelente foi obtido utilizando mecânica com
arco contínuo. Equilibro facial (N-P) e oclusão estável (Q-U) foram estabelecidos.

feitas com participação de um protesista. O estágio final do trata­ disponíveis, teriam sidos utilizados para intruir os molares
mento requereu cirurgia ortognática para alcançar melhor oclusão maxilares e manterem as posições anteroposteriores dos mesmos
e resultados estéticos possíveis. Uma vez que o tratamento ortodôn­ durante a consolidação dos espaços.
tico foi completado, os dentes ausentes seriam substituídos com A decisão sobre ótima distribuição dos espaços e restaurações
uma combinação de implantes e dentaduras parciais removíveis. foi finalizada enquanto os espaços eram fechados. Os registros
Antes que o tratamento ortodôntico começasse, o paciente foi pré-cirúrgicos demonstraram a consolidação dos espaços e a
submetido a uma glossectomia de redução para permitir a retração quantidade significativa de retração dos incisivos nos dois arcos
da dentição. Decidiu-se aguardar por vários meses para permitir (Fig. 19-1, I-M). Pequenos espaços foram preservados na região
qualquer autocorreção dos incisivos resultante da redução do anterior maxilar devido à discrepância de Bolton presente neste
volume e da pressão da língua que pudessem alterar o equilíbrio arco. Após a cirurgia, os espaços foram refinados para possibilitar
dos dentes1 e, possivelmente, levar os incisivos a moverem-se o protesista de fabricar restaurações dos incisivos centrais e late­
ligualmente. Entretanto, após um ano, apenas uma verticalização rais com tamanho apropriado. Os resultados pós-ortodôntico,
mínima dos incisivos foi observada. O tratamento foi então iniciado pós-cirúrgico e pré-restaurativo demonstraram que, em alguns
com mecânica de arco contínuo devido aos espaços e da expectativa casos complexos, resultados de alta qualidade são possíveis com
de movimentos dentários adversos mínimos, incluindo vai e vem, mecânica convencional com arcos contínuos (Fig.19-1, N-U).
que poderiam resultar desta mecânica. Uma sequência rotineira de
arcos, incluindo arcos de níquel titânio (Ni-Ti) para alinhamento e
Contraindicações
fios de aço inoxidável associados a cadeias elastoméricas, foi uti­
lizada para o fechamento dos espaços. Um arco transpalatal (ATP) Diferentemente do caso complexo da Figura 19-1, outros casos
com o fio mais afastado do palato foi também colocado para intruir podem apresentar discrepâncias oclusais que não são apropria­
ou prevenir a extrusão dos molares superiores.2 das para mecânica com arco contínuo. Estes casos incluem
Este paciente foi tratado antes da introdução dos dispositivos pacientes com perdas dentárias múltiplas, saúde periodontal
de ancoragem temporária (DATs). Se os DATs estivessem comprometida, maloclusões assimétricas e apinhamento dentário
232 Parte III   Manejo de Casos Complexos e em Adultos

Fig. 19-2 A, Correção de caninos gravemente inclinados com mecânica de arco contínuo contribuirá para muitos movimentos dentários
adversos. B, Colocar um arco contínuo em um canino com a coroa inclinada para mesial e a raiz para distal gera o momento desejável no canino
(setas amarelas) mas forças intrusivas nos incisivos mandibulares que produzem projeção dos mesmos uma vez que a força intrusiva é labial ao
centro de resistência dos incisivos. O fio que sai pela distal do canino gravemente inclinado também produz extrusão dos dentes inferiores
posteriores. Em associação às forças intrusivas e extrusivas indesejáveis, momentos também são gerados nos dentes adjacentes ao canino (setas
pretas). Estes momentos podem resultar em inclinação indesejável dos dentes de “ancoragem” e, no final, inclinação de todo o plano oclusal.
C, A projeção dos incisivos pode ser exacerbada em situações onde os caninos são posicionados mais vestibularmente que os incisivos.

­ oderado a grave, nos quais movimentos de vai e vem são


m Dentes gravemente angulados
indesejáveis, assim como em casos nos quais compensações Uma menina de 12 anos apresenta protrusão bimaxilar, lábios
dentárias devem ser mantidas (Tabela 19-1). incompetentes devido ao excesso vertical maxilar e lábio superior
Exemplos adicionais desses tipos de casos incluem pacientes curto, exposição gengival acentuada ao sorrir e relação de molares
que apresentam angulações graves do canino, que ocorre mais do Classe I com apinhamento grave mandibular (Fig. 19-3, A-H).
que imaginamos, particularmente no arco mandibular (Fig. 19-2, Múltiplas opções viáveis de tratamento, de cirurgia ortogná­tica
A). Se o canino apresentar uma inclinação grave da coroa para a uma variedade de protocolos de extração, poderiam ser utiliza­
mesial e da raiz para distal, o arco contínuo gerará forças intru­ das neste caso. Devido ao desejo dos pais de não submetê-la a
sivas e protrusivas significativas nos incisivos. A intrusão pode ser cirurgia e, uma vez que a colaboração da paciente foi considerada
desejável mas, uma vez que as forças de intrusão são aplicadas questionável, o ortodontista planejou a abordagem de tratamento
labialmente ao centro de resistência dos incisivos inferiores, pro­ mais curta possível. Isto incluiu a extração dos primeiros pré-
trusão ou abertura de espaços entre os incisivos poderão ocorrer3-5 molares superiores e dos caninos inferiores, combinado com
(Fig. 19-2, B). Finalmente, uma vez que as coroas destes caninos mecânica rotineira com arco contínuo.
estão, frequentemente, mais labial que os incisivos, os mesmos Infelizmente, ao escolher esta biomecânica, nenhuma conside­
tenderão a mover os incisivos labialmente (Fig. 19-2, C). ração séria foi dada aos efeitos negativos que resultariam de se
De igual preocupação é o sistema de força gerado na porção colocar o fio dentro do bráquete do pré-molar inferior esquerdo
posterior do arco resultante dos arcos contínuos. Uma vez que o que se encontrava gravemente inclinado com a coroa para a mesial
arco contínuo sai da porção distal dos bráquetes dos caninos, o e a raiz para distal (Fig. 19-3, I). A colocação de uma série inicial
mesmo gera forças extrusivas nos primeiros e segundos pré- de arcos contínuos Ni-Ti, para alinhamento, gerou o momento
molares, assim como nos primeiros e segundos molares (Fig. desejado para verticalizar o pré-molar, mas isto introduziu também
19-2, B). Pode ser presumido que dentes largos e com raízes sistemas de forças para intruir e projetar os incisivos mandibu­
múltiplas tenham ancoragem suficiente para resistir a estas lares, extruir os dentes posteriores do lado esquerdo e produzir
forças extrusivas mas este não é sempre o caso.6 Forças extrusivas momentos de rotação nos incisivos e pré-molares (Fig. 19-3, J e
nos dentes posteriores, particularmente em pacientes com faces K). Estes movimentos adversos ocorreram de forma amplamente
longas e fraca musculatura facial, podem resultar em erupção assimétrica, no lado em que se encontrava o pré-molar mesial­
indesejada levando ao desenvolvimento iatrogênico de mordida mente inclinado, resultando em inclinação do plano oclusal ante­
aberta.7,8 Em adição a estas forças indesejáveis, geradas pelo arco, rior e posterior, mordida aberta assimétrica anterior e lateral e
os dentes vizinhos ao canino também sofrem com momentos aumento vertical da face causado por extrusão posterior.
que fazem os dentes inclinarem adversamente (Fig. 19-2, B). Uma vez que arcos em aço inoxidável mais rígidos foram
As consequências de tais momentos e forças na contribuição inseridos e deixados trabalhar, até se tornarem passivos, produzi­
para movimentos dentários adversos e indesejáveis estão evi­ ram os achados clínicos demonstrados na Figura 19-3, L e M,
dentes no caso a seguir e que é seguido com a descrição do que poderiam ser previstos com uma análise mecânica ­detalhada
método de escolha dos autores para distalizar coroas ou raízes pré-tratamento. Devido à erupção indesejável e iatrogênica dos
de dentes gravemente angulados. dentes posteriores e à criação de mordida aberta lateral e anterior,
Capítulo 19   Otimizando a Biomecânica em Casos Complexos e Comprometidos 233

Fig. 19-3 A a H, Fotografias faciais e intrabucais pré-tratamento de uma paciente com protrusão
bimaxilar, excesso de exposição dos incisivos e gengiva, apinhamento grave, inclinação mesial grave
do primeiro pré-molar mandibular esquerdo e caninos inferiores bloqueados. I, Radiografia pano­
râmica mostrando a inclinação grave do primeiro pré-molar mandibular esquerdo e caninos infe­
riores impactados.
(Continua)
234 Parte III   Manejo de Casos Complexos e em Adultos

Fig. 19-3 (Continuação) J e K, O sistema complexo de forças resultante do primeiro pré-molar


mandibular esquerdo gravemente angulado, mesmo com um arco contínuo leve de NiTi, é demons­
trado clinicamente pelas mudanças adversas na posição dos dentes. Estes movimentos resultaram do
mesmo sistema de forças intrusivo/extrusivo e momentos associados descritos na Figura 19-2. L e M,
A mordida aberta lateral e o plano oclusal inclinado são mantidos com um arco contínuo pesado de
aço inoxidável devido à distribuição, pelo mesmo, de momentos e forças adversas aos dentes adjacentes
ao primeiro pré-molar mandibular esquerdo. N a S, Após a correção da mordida aberta lateral e do
plano oclusal inclinado com elásticos intermaxilares, uma oclusão razoável foi estabelecida. Infeliz­
mente, comparado com o resultado final em potencial que poderia ser alcançado, se fosse utilizada a
mecânica apropriada, o aumento substancial da exposição gengival resultou em uma estética empo­
brecida e o aumento no tempo de tratamento contribuiu para uma diminuição da eficiência clínica.
Capítulo 19   Otimizando a Biomecânica em Casos Complexos e Comprometidos 235

tempo de tratamento adicional e complexidade foram acrescenta­ o quadrante direito até o incisivo lateral esquerdo (Fig. 19-4, A
dos ao caso que agora necessita de mecânicas complicadas para a e B). Alternativamente, estas partes adicionais para aumentar a
sua resolução. Apesar de não ser um método ótimo para resolver ancoragem podem ser substituídas por um DAT posicionado
estas consequências indesejáveis, elásticos anteriores foram utiliza­ gengival e distalmente ao molar esquerdo e simplesmente amar­
dos para compensar a mordida aberta. A oclusão pré-remoção do rado ao molar para prevenir movimento adverso vertical e
aparelho, apesar de não estar ótima, é aceitável quando comparada mesial do molar (Fig. 19-4, C). Uma vez que o pré-molar foi
a oclusão muito pobre durante o tratamento (Fig. 19-3, N-S). totalmente verticalizado, o caso pode ser finalizado de forma
Entretanto, a extrusão dos dentes anteriores, devido ao uso exten­ rotineira através de mecânica com arco contínuo.
sivo de elásticos, resultou em estética substancialmente reduzida
devido à exposição gengival acentuada não somente quando sor­
Movimentos de Vai e Vem
rindo mas também em repouso.
A ruim escolha da mecânica inicial resultou em mudanças Um outro problema clínico difícil de ser evitado com mecânica
faciais negativas e substancialmente aumentou o tempo de de arco contínuo é o movimento de vai e vem. Quando o
tratamento para quatro anos. Estas consequências são altamente alinhamento inicial é feito em um arco dentário sem espaço,
indesejáveis tanto sob a perspectiva do paciente como do utilizando-se arcos contínuos, o ortodontista tenta alinhar
ortodontista. dentes apinhados aumentando, em toda extensão, o compri­
Este caso representa várias discrepâncias oclusais que con­ mento do arco. Isto geralmente pode ser traduzido em expan­
traindicam o uso de mecânica com arco contínuo (Tabela 19-1). são dos incisivos, comumente referido como “proclinação”.
Isto inclui a inclinação grave do pré-molar e assimetria entre a Isto ocorrerá em arcos apinhados mesmo que dentes já tenham
angulação dos pré-molares direito e esquerdo (Fig. 19-3, A-I) sido extraídos (Fig. 19-5, A e B). Subsequentemente, após a
que, quando corrigidas com mecânica de arco contínuo, é trans­ retração dos caninos, os incisivos também são retraídos
ferida para outras partes do arco (Fig. 19-3, J-M). (Fig. 19-5, C). A projeção inicial dos incisivos, seguida por sua
Uma abordagem alternativa e ótima para corrigir esta malo­ re­tração, é frequentemente denominada “movimento vai e
clusão seria focar estrategicamente na correção da angulação do vem” (Fig. 19-5, D).
pré-molar com uma mecânica segmentada como demonstrado A posição final dos dentes, após a “retração”, pode não ser
na Figura 19-4. Qualquer tipo de mola segmentada que intro­ significativamente diferente da posição inicial mas o caminho
duza um momento que movimente as raízes dos pré-molares percorrido pelo dente é extenso. Além disso, se os incisivos são
mesialmente pode ser desenhada e encaixada nos bráquetes dos projetados excessivamente, durante o alinhamento inicial, em
pré-molares e molares. Utilizando os princípios da biomecânica, um paciente com o osso alveolar de suporte delgado, poderá ser
é evidente que o momento desejado no sentido horário gerado acompanhado por destruição tecidual com colapso gengival ou
por esta mola resulta em uma força extrusiva indesejada no perda de altura da crista alveolar9-11 como descrito na Figura
molar (Fig. 19-4, A). A extrusão do molar resultante desta força 19-6. Outra consequência potencialmente negativa do movi­
extrusiva pode ser minimizada aumentando a ancoragem neste mento de vai e vem pode ser a reabsorção radicular resultante
dente (1) incorporando um arco segmentado ao segundo pré- da projeção desnecessária dos incisivos colocando suas raízes
molar e aos dois molares, (2) adicionando um arco lingual aos em contato com a cortical lingual ou palatal12 ou devido ao
molares, e (3) se necessário, reforçando ainda mais a ancoragem aumento da magnitude do movimento dentário13 e também
no molar contralateral colocando um arco segmentado que une decorrente do aumento do tempo de tratamento.14

Fig. 19-4 A, Mola segmentada para verticalização pode ser fabricada, para minimizar efeitos na
porção anterior do arco, durante a correção da angulação do pré-molar. Efeitos resultantes das forças
extrusivas no molar podem ser minimizados reforçando a ancoragem com um arco segmentado nos
segundos pré-molares e molares. B, Isto pode ser também combinado com um arco lingual com ou
sem arco segmentado estendendo dos molares contralaterais até o incisivo lateral inferior esquerdo.
C, Alternativamente, um dispositivo de ancoragem temporária (DAT) pode ser colocado e ligado ao
primeiro molar para minimizar sua extrusão e movimento mesial. As setas vermelhas e amarelas nos
molares representam a magnitude da extrusão sem e com ancoragem reforçada, respectivamente.
236 Parte III   Manejo de Casos Complexos e em Adultos

Fig. 19-5 Movimentos de vai e vém de incisivos apinhados com


mecânica de arcos contínuos. A inserção de arcos contínuos em
arcos com apinhamento moderado ou grave (A) resulta em
aumento da circunferência do arco (B) causado pela projeção dos
incisivos (seta vermelha) mesmo quando extrações foram executa­
das. Isto pode ocasionar alguma perda de ancoragem (cabeça de
seta verde) e contribuir para danos teciduais. C, Após a retração de
caninos e incisivos, os incisivos estão posicionados próximos da
sua posição original inicial (linha amarela). A retração dos caninos
e também dos incisivos, de suas posições projetadas, resulta em
perda de ancoragem adicional (seta verde). D, Diagrama da pro­
jeção dos incisivos e sua retração demonstrando movimentos vai
e vem (setas vermelhas) e perda de ancoragem dos molares (seta
verde), em um caso com apinhamento moderado dos incisivos,
tratados com mecânica de arco contínuo.

Fig. 19-6 A e B, Fotografias pré-tratamento intrabucais frontais e oclusal inferior demonstrando


apinhamento e gengiva inserida delgada. A colocação de arcos contínuos irá resultar em forças labiais
nos incisivos com a projeção resultante dos mesmos (B). C e D, Em pacientes cujos dentes estão
alojados em processo alveolar delgado e com pouca gengiva inserida, este tipo de mecânica resultará
em recessão gengival.

Outro efeito adverso em potencial do movimento de vai e consequências negativas. Neste sentido, situações que apresentam
vem é a acentuada perda de ancoragem e suas consequências apinhamento de incisivos ou projeção dos incisivos são de par­
negativas na posição final dos incisivos e na proeminência dos ticular interesse porque a colocação de um arco contínuo levará
lábios. A perda de ancoragem não apenas ocorre durante o a mais projeção. Pacientes que também possuem características
alinhamento inicial (isto é, migração anterior dos dentes poste­ de periodonto delgado apresentam aumento no risco de mudan­
riores durante a projeção dos incisivos), mas também durante ças adversas. O periodonto delgado é identificado quando a sonda
a retração dos incisivos de uma posição mais anterior do que periodontal, inserida dentro do sulco gengival, é visível através
durante o início do tratamento (Fig. 19-5, B-D). Isto resulta em dos tecidos translúcidos do paciente15 e também ao observar
menor espaço para retração. Se o objetivo do tratamento é fazer raízes proeminentes na superfície labial dos alvéolos.
uma retração significativa dos incisivos para melhorar a posição Outro recurso diagnóstico para acessar a capacidade do perio­
dos mesmos, a estética e competência labial, os objetivos faciais donto de suporte em adaptar-se a projeção ou movimentos vai e
desejados podem não ser alcançados. vem dos incisivos é a espessura do processo alveolar, que pode ser
O exame dos registros do pré-tratamento, particularmente os prontamente observada nas radiografias cefalométricas laterais,16,17
modelos e cefalogramas laterais, pode ajudar a identificar situa­ como será demonstrado posteriormente. Em alguns pacientes em
ções nas quais o movimento de vai e vem dos incisivos pode ter que o processo alveolar, ao redor das raízes dos incisivos, é relati­
Capítulo 19   Otimizando a Biomecânica em Casos Complexos e Comprometidos 237

vamente fino, movimentos significativos labial ou mesmo lingual uso do “gancho extrabucal em J” diretamente sobre os caninos
podem contribuir para danos teciduais e perda de suporte peri­ ou na porção anterior dos arcos maxilares e mandibulares. A
odontal. No futuro, tomografia computadorizada tridimensional principal limitação do aparelho extrabucal é a necessidade de
de feixe cônico (TCFC), provavelmente, fornecerá informações colaboração do paciente.
diagnósticas adicionais que serão importantes para determinar os A introdução dos DATs provavelmente diminuirá a necessi­
limites para o qual movimentos de vai e vem ou de projeção dos dade de muitas destas abordagens para a preservação da ancora­
incisivos possam ser executados, enquanto se mantém a integri­ gem. Entretanto, como em outros aspectos do tratamento
dade das estruturas ósseas que abrigam os dentes. ortodôntico, DATs devem ser utilizados racionalmente e com
atenção cuidadosa para os detalhes no planejamento e otimiza­
ção da biomecânica empregada.
Considerações de Ancoragem
Um problema adicional da mecânica de arco contínuo é o desafio
INDIVIDUALIZANDO OS OBJETIVOS DO
de controlar adequadamente a ancoragem em suas extremidades.
TRATAMENTO E A BIOMECÂNICA
Os dois extremos de ancoragem são comumente descritos como
ancoragem máxima (ou ancoragem “A”) ou ancoragem mínima Como já descrito, cada paciente se apresenta, no consultório de
(ou ancoragem “C”).18 Alças ativadas simetricamente, molas e ortodontia, com suas necessidades únicas de tratamento. Isto
cadeias elastoméricas produzem fechamento de espaço recíproco requer que um ótimo plano e objetivos de tratamento sejam desen­
porque esta mecânica é incapaz de produzir, na razão direta, volvidos para cada paciente. Em associação aos objetivos de trata­
momento/força diferenciados nas regiões anterior e posterior.19 mento universalmente aceitos e que são genericamente aplicáveis
O fechamento de espaço diferenciado com esta mecânica é fre­ na maioria dos pacientes (p. ex., alcançar boa estética facial com
quentemente alcançado através de elásticos intermaxilares, que proporções faciais equilibradas, posicionar a dentição adequada­
podem fornecer algum auxílio ao fechamento diferenciado mas mente em suas bases ósseas, desenvolver oclusão funcional e estável
com desvantagens. Elásticos de Classe II irão extruir os dentes e preservar a saúde dos dentes e do periodonto), objetivos específi­
mandibulares posteriores e extruir e retroinclinar os dentes cos para o paciente devem também ser definidos. Estes objetivos
maxilares anteriores e potencialmente resultar em exposição de tratamento específicos e genéricos em conjunto são essenciais
incisal acentuada. A extrusão mandibular posterior contribuirá para originar plano biomecânico ótimo para cada paciente e arco.
para anomalias posteriores do plano oclusal, aumento vertical Entretanto, apesar de a literatura estar repleta de objetivos de trata­
da face e resultará em interferências oclusais. Os elásticos de mento individualizados, frequentemente faltam análises mecânicas
Classe III terão efeitos similares mas na direção oposta. individualizadas e plano biomecânico necessário para alcançar os
Os ortodontistas sempre procuram utilizar outros dispositi­ objetivos determinados.
vos de ancoragem para auxiliar em casos de ancoragem acen­ Para alcançar os objetivos específicos para o paciente e adequa­
tuada, mas, às vezes, estas abordagens são colocadas “aos poucos” damente preparar o plano biomecânico, é importante determinar
e ao acaso ou implementadas uma vez que o problema já é tanto a magnitude como a direção do movimento dentário
observado. Duas abordagens deste tipo são a utilização do arco necessário para alcançar cada um destes objetivos. Ferramentas úteis
de Nance e o uso de arco transpalatino (ATP). O arco de Nance, que ajudam a estabelecer os objetivos específicos de tratamento para
originalmente proposto por Hayes Nance em 1947, utiliza fio de o paciente incluem as análises cefalométricas do ortodontista e as
aço inoxidável 0,036 polegada dobrado seguindo o contorno do análises do comprimento do arco e faciais de escolha. Outra ferra­
arco maxilar para conectar os primeiros molares maxilares. Uma menta é o oclusograma, que possibilita que o ortodontista realize o
vez contornado e soldado aos molares maxilares, acrílico auto­ tratamento primeiro em um traçado em acetato para determinar a
polimerizável é aplicado à porção anterior do fio para estabelecer possibilidade de execução do tratamento proposto.21-23 Avanços
um descanso na mucosa palatina. É esperado que a pressão exer­ recentes possibilitaram que oclusogramas tridimensionais (3D)
cida pela mecânica contínua de fechamento de espaço sobre a possam ser utilizados.24 Uma vez que os objetivos do tratamento e
mucosa palatina e osso palatal subjacente possa ser suficiente as mecânicas devem ser idealmente planejadas simultaneamente
para resistir à perda de ancoragem. Infelizmente, de acordo com nos três planos de espaço, para tratar a maloclusão de forma ade­
alguns relatos, esta e outras formas de ancoragem podem ter quada e completa, os oclusogramas em 3D e outras imagens auxi­
menos valor para ancoragem do que previamente pensado. liares em 3D possivelmente se tornarão ferramentas cada vez mais
O ATP também é utilizado como ancoragem auxiliar. importantes no diagnóstico e no plano de tratamento.
Entretanto, controvérsias existem com respeito ao valor da anco­ Quando os objetivos específicos ou individualizados do trata­
ragem do ATP tradicional, como demonstram relatos recentes, mento, incluindo os requisitos de ancoragem e os números precisos
sugerindo perdas similares de ancoragem com ou sem ATP pas­ de milímetros e graus de correção requeridos, forem estabelecidos,
sivos.20 Os ortodontistas que utilizam o ATP para ancoragem o ortodontista pode determinar a biomecânica e a sequência
sugerem que parte da resistência de ancoragem resulta da utiliza­ biomecânica necessária para alcançar os objetivos de tratamento
ção de um ATP ativo ao invés do passivo. estabelecidos. Ao estabelecer objetivos de tratamento específicos do
Outra abordagem para aumentar a ancoragem inclui a uti­ caso, antes de iniciar o tratamento, o ortodontista deve avaliar o caso
lização de extrabucl. Isto pode incluir a utilização de aparelho mais criticamente e depois definir o plano biomecânico individua­
extrabucal de Klöehn, puxada alta, puxada cervical ou puxada lizado. Desta maneira, o ortodontista pode avaliar movimentos den­
combinada. Outras disciplinas de tratamento recomendam o tários adversos em potencial e programar estratégias para ­prevenir
238 Parte III   Manejo de Casos Complexos e em Adultos

a sua ocorrência e melhor planejar e sequenciar todo o tratamento Outra diferença importante entre mecânica de arco contínuo e
para aumentar a eficácia do mesmo. Estratégias para prevenir movi­ segmentado é a sequência na qual o tratamento é executado. Deste
mentos dentários adversos incluem o uso de auxiliares de ancora­ modo, diferentemente da sequência de nivelamento e alinhamento
gem (p. ex., botão de Nance, ATP, aparelho extrabucal e DATs) que com mecânica de arco contínuo, que é seguida pela retração de
devem ser planejados e implementados proativamente e não colo­ caninos e posteriormente de incisivos, a mecânica segmentada
cados de forma casual durante o tratamento ou quando movimen­ envolve primeiro a retração de caninos, seguida da retração de
tos dentários adversos já são observados. incisivos e depois o nivelamento e alinhamento (Tabela 19-2). A
Devido às falhas que existem na mecânica de arco contínuo, fase final tanto na mecânica contínua como na segmentada é o
em casos específicos onde o seu uso é contraindicado (Tabela detalhamento e a finalização.
19-1), o uso de biomecânicas alternativas não é apenas uma opção, Apesar de a mecânica segmentada ser muito desejável na
mas é altamente recomendado para alcançar resultados ótimos. maioria dos casos complexos e de compromisso, existem desvan­
Felizmente, o repertório de biomecânicas disponíveis para o tagens específicas desta mecânica quando comparadas com a
clínico é mais amplo do que o de mecânica de arco contínuo que mecânica de arco contínuo. Isto inclui a complexidade do desenho
é tradicionalmente utilizada pela maioria dos ortodontistas. Duas dos aparelhos e ativação, dificuldade para coordenação dos arcos,
abordagem alternativas são as mecânicas segmentadas (e suas aumento em potencial do tempo de cadeira, principalmente na fase
várias modificações) e a mecânica seccional híbrida, que incorpora de montagem do aparelho, diminuição da possibilidade de delegar
as vantagens da mecânica segmentada e de arco contínuo. Estas trabalhos na cadeira para os atendentes, desconforto do paciente
abordagens alternativas são descritas abaixo com grande detalhe e devido a alças e molas, e dificuldade em potencial para manter a
devem ser utilizadas em casos específicos quando indicadas. higiene oral27 (Tabela 19-3). Entretanto, muitas destas desvantagens
são amplamente anuladas pelos benefícios destas mecânicas. Por
exemplo, as desvantagens do tempo maior de cadeira durante a
Mecânica Segmentada
montagem do aparelho, colocação e ativações subsequentes são
A mais comum abordagem de mecânica alternativa é a mecânica de amplamente superadas pelo aumento do tempo de cadeira e
arco segmentado como originalmente proposto por Dr. Charles aumento no tempo de tratamento que resultaria do uso inapro­
­Burstone e suas subsequentes modificações e repetições. De um modo priado da mecânica com arco contínuo em casos complexos em
geral, a proposta da mecânica segmentada original era quebrar o arco que esta é contraindicada (Fig. 19-3).
em três segmentos de dentes que poderiam ser considerados como A dificuldade em manter a coordenação do arco com a mecânica
três largos dentes multirradiculares. Isto consiste em um segmento de arco segmentado permanece a principal limitação. Esta limita­
anterior mesial aos caninos e dois segmentos posteriores tipicamente ção é geralmente superada utilizando um ATP, que também pos­
constituídos pelos segundos pré-molares até o segundo molar. Ao sibilita a manutenção transversal do arco.28-30 Falhas no entendimento
apenas inserir três dentes no segmento posterior, um sistema de força das forças envolvidas na ativação do ATP podem levar a rápida
preciso e resolvível é criado. Isto simplifica a derivação de momentos deterioração da coordenação dos arcos e maloclusão iatrogênica.
e forças gerados por um aparelho qualquer em cada segmento indi­ Com mecânica segmentada, com exceção do uso do ATP, poucas
vidual, o que possibilita ao ortodontista programar estratégias conexões entre segmentos são feitas. Por exemplo, durante o nive­
mecânicas adicionais para contrapor movimentos dentários indese­ lamento do arco, a única conexão entre os dois segmentos posterio­
jáveis. E, também, sistemas de forças específicos, determinados pelo res e o segmento anterior é o arco base de intrusão ou extrusão.
operador, podem ser criados e implementados.4,25,26 Isto consiste em duas a quatro conexões desde o arco de intrusão
Esta abordagem contrasta com a mecânica de arco contínuo, ao arco segmentado anterior, onde ligaduras de aço inoxidável
na qual as forças e os momentos gerados são infinitamente com­ amarram os dois arcos juntos (Fig. 19-7, A e B), ou onde o canti­
plexos ou indeterminados, e, portanto, estratégias para neutralizar lever de intrusão se encaixa sobre a extensão distal do arco segmen­
os movimentos dentários indesejáveis são difíceis ou impossíveis tado anterior (Fig. 19-7, C e D). Durante o fechamento de espaço,
de deduzir ou implementar. Desta forma, em casos complexos, as conexões entre o segmento posterior e anterior ocorrem somente
mecânica com arco contínuo é mais propensa a levar mudanças através das alças auxiliares para fechamento de espaço em liga de
oclusais e resultados de tratamentos negativos (Figs. 19-3 e 19-6). titânio molibdênio (TMA) que conectam o segmento posterior, do

Tabela  19-2
Sequência Típica de Tratamento nas Mecânicas de Arco Contínuo, Segmentada e Mecânica
Seccional Híbrida
Passos Arco Contínuo Segmentado Seccional Híbrido
1 Nivelamento e alinhamento Retração de caninos Retração de caninos, alinhamento dos
incisivos e nivelamento
2 Retração de caninos Retração de incisivos (e intrusão quando Retração de incisivos (e intrusão quando
indicado) necessário)
3 Retração de incisivos Alinhamento (e nivelamento quando indicado) Coordenação, detalhamento e finalização
4 Coordenação, detalhamento e Coordenação, detalhamento e finalização —
finalização
Capítulo 19   Otimizando a Biomecânica em Casos Complexos e Comprometidos 239

Tabela  19-3
Comparação dos Prós e Contras das Mecânicas de Arco Contínuo, Segmentada e Seccional Híbrida
Arco Contínuo Segmentada Seccional Híbrida
Prós Contras Prós Contras Prós Contras
Aparelho mais Sistemas de forças Sistemas de forças Diminuição na Aparelho mais Desconforto para o
simples indeterminados determinados capacidade de simples paciente (alças)
delegar
Coordenação mais Incapaz de evitar Fabricação precisa Dificuldade na Facilidade na Utilização de pequenos
fácil dos arcos movimentos das molas coordenação coordenação do segmentos de fios
dentários adversos dos arcos arco caros
Tempo de cadeira Causa projeção dos Minimiza movimentos Aumento no Tempo de cadeira
menor incisivos e movimentos dentários adversos tempo de menor
de vai e vem cadeira
Capacidade Desconforto do Capacidade para
aumentada paciente delegar
para delegar (alças)
Poucas ou Dificuldade para a Minimiza movimentos
nenhuma alças manutenção da dentários adversos
higienização
Facilidade para Facilidade para
manutenção da manutenção da
higienização higienização

Fig. 19-7 Três situações clínicas demons­


trando aspectos da mecânica de arcos segmenta­
dos. A e B, Intrusão dos incisivos superiores em
que o arco de intrusão é amarrado ao arco seg­
mentado incisal com duas ligaduras. Uma vez que
as forças intrusivas são anteriores ao centro de
resistência dos incisivos, estes dentes irão projetar
um pouco durante a intrusão. C e D, Intrusão dos
incisivos inferiores utilizando cantilevers direito e
esquerdo no qual as forças intrusivas são coloca­
das no mesmo plano que o centro de resistência
dos incisivos e deve resultar de intrusão pura. E e
F, Fechamento de espaço utilizando alças para
fechamento em liga titânio molibidênio (TMA).
Esta mecânica requer a estabilização transversal
do arco com arco transpalatino (ATP).

tubo auxiliar do primeiro molar ao canino, que possui um bráquete cadas a uma distância do centro de resistência do segmento
especial com tubos verticais ou horizontais (Fig. 19-7, E e F). posterior, estes segmentos irão se submeter a uma rotação mesial
Se o ATP não é utilizado ou usado com ativação imprecisa ou no plano sagital e rotação palatal no plano transversal. O seg­
incorreta, aberrações na forma do arco e alinhamento ruim do mento anterior não irá se submeter a movimentos adversos
segmento resultarão em vários planos de espaço. Portanto, por porque forças de retração semelhantes são aplicadas em ambos
exemplo, uma vez que forças de fechamento de espaço são apli­ os lados direito e esquerdo deste segmento.
240 Parte III   Manejo de Casos Complexos e em Adultos

Mecânica Seccional Híbrida

Mecânica seccional híbrida tenta combinar a simplicidade e


outras vantagens da mecânica de arco contínuo com a precisão e
controle das técnicas de arcos segmentados. Esta abordagem
utiliza bráquetes geminados tradicionais que são utilizados em
qualquer prática e, portanto, oferecem a versatilidade de se uti­
lizar tanto mecânica de arco contínuo ou mecânica seccional
híbrida, ou sequencialmente utilizar ambas as mecânicas, como
requerido pelo caso ou estágio do tratamento. O ortodontista
também não necessita ter prescrições múltiplas de bráquetes ou
inventários de bráquetes especializados, diminuindo as dificul­
dades para controlar o inventário e minimizando as confusões da
equipe e do ortodontista. Em lugar disso, são as mecânicas que
são modificadas para atender as necessidades de cada paciente.
Assim como na mecânica segmentada, se sistemas de forças
complexos ou negativos são antecipados, a mecânica seccional
híbrida deverá ser incorporada desde o início como a mecânica Fig. 19-8 Passo 1 da mecânica híbrida seccional é realizado se os
individualizada de escolha para o paciente. Isto aumenta a eficiên­ caninos ou dentes posteriores não estão bem alinhados. A e B, Uso
cia do tratamento ao não mover dentes para posições adversas de um arco NiTi contínuo 0,018 × 0,018 ou 0,018 × 0,025 polegada
nos bráquetes dos dentes posteriores e dos caninos que contorna os
antes de levá-los para a posição desejada. Em outros casos, quando
incisivos. C e D, Uso de um arco segmentado com mola de retração
problemas surgirem durante o tratamento em que se utiliza
ou verticalização de TMA 0,017 × 0,025 polegada combinado com
mecânica de arco contínuo, a mecânica seccional híbrida pode ser arcos segmentados de NiTi nos bráquetes dos dentes posteriores.
implementada sem modificar quaisquer bráquetes.
O princípio fundamental da mecânica seccional híbrida inclui indesejáveis (Tabela 19-1). A sequência das mecânicas e dos fios
a simplificação do tratamento ao “segmentar” a região posterior com esta abordagem está resumida na Tabela 19-4. Após as extra­
e anterior do arco. Entretanto, ao invés de empregar verdadeiros ções dos pré-molares, os primeiros e segundos molares são ban­
segmentos, um arco contínuo único é posicionado nos bráquetes dados ou colados e os caninos e pré-molares são colados. Se os
do segundo molar aos caninos contornando os incisivos (Fig. dentes posteriores estiverem mal-alinhados, alinhamento inicial é
19-8, A e B). A razão principal desta segmentação é que ela geralmente feito com fios 0,018 × 0,018 polegada ou 0,018 × 0,025
elimina a inserção precoce dos incisivos no arco e movimentos polegada de NiTi em uma canaleta de 0,022 polegada, ou fios
de vai e vem dos mesmos, potencialmente eliminando ou mini­ menores em uma canaleta de 0,018 polegada (Fig. 19-8, A e B).
mizando suas consequências adversas (Figs. 19-3 e 19-6). Também, Em pacientes em que a raiz do canino apresenta inclinação
uma vez que os dentes anteriores são mais frequentemente mal- mesial grave ou moderada, um arco segmentado 0,017 × 0,025
-alinhados enquanto os dentes posteriores são mais ­razoavelmente polegada de TMA com alça em T para retração deve ser utilizado
bem-posicionados, não inserir o segmento dos incisivos e ter um para distalizar a raiz para o alinhamento correto para evitar as
intervalo longo de fio livre na região anterior, permite que o consequências adversas de se corrigir com arco contínuo, como
tratamento seja iniciado com fios mais pesados possibilitando a discutido (Fig. 19-8, C e D). A alça em T é encaixada no tubo
retração de caninos muito precocemente durante tratamento. auxiliar do molar e no bráquete do canino e ativada com 30 a 40
A técnica da mecânica seccional híbrida é também compatível graus (perna em alfa) para fornecer um momento para a verticali­
com arcos de tamanhos e materiais diferentes, em diferentes seg­ zação do canino. O segmento é então amarrado com firmeza
mentos do arco, como uma variação dos princípios de Burstone tanto anterior como posteriormente para fornecer uma força que
de “ortodontia em módulo variável”.31 Esta combinação estratégica restrinja o movimento mesial da coroa do canino e permita maior
de fios e mecânicas possibilita tipos diferentes de movimentos movimento distal da raiz. O efeito da força extrusiva resultante
dentários, como a retração de caninos, alinhamento dos incisivos, nos molares pode ser minimizado ao associar um arco segmen­
intrusão dos incisivos a serem executados concomitantemente, tado nos bráquetes dos pré-molares e molares, como descrito (Fig.
como resumido na Tabela 19-4. Desta forma, será reduzido o 19-4). Uma vez que a correção de segunda ordem do canino for
tempo total de tratamento do paciente quando relativamente com­ obtida, a alça com sua respectiva angulação no canino pode ser
parado à mecânica de arco contínuo (Tabela 19-5). A sequência de reativada para continuar a retração com translação dos caninos,
tratamento com a mecânica seccional híbrida é semelhante àquela ou o caso pode ser convertido para mecânica seccional híbrida.
da mecânica de arco segmentado exceto que o alinhamento e Mecânica com arco contínuo é também contraindicada em
nivelamento são feitos concomitantemente com a retração de inci­ casos em que o canino apresenta inclinação distal moderada a grave
sivos e caninos, de forma que, assim que estes estágios são comple­ da raiz ou inclinação mesial da coroa, como descrito (Fig. 19-3).
tados, o detalhamento e a finalização podem ser implementados. Apesar de as angulações mesiais suaves das coroas dos caninos
A mecânica seccional híbrida é muito indicada em pacientes poderem ser conduzidas através de mecânica seccional híbrida com
com apinhamento dentário moderado ou grave em que extrações o bráquete do canino amarrado para trás, caninos com angulações
serão executadas e onde movimentos de vai e vem dos dentes são moderada ou grave requerem arcos segmentados com alças para
Capítulo 19   Otimizando a Biomecânica em Casos Complexos e Comprometidos 241

Tabela  19-4
Sequência dos procedimentos e fios na mecânica seccional clássica*
Passos Estágios Apresentação Clínica Materiais e Mecânicas
1 Alinhamento inicial dos Raízes dos caninos mesialmente Inclinação distal da raiz com 0,017 × 0,025 polegada
caninos e segmento inclinadas. Alça em T de TMA
posterior Alinhamento ruim dos dentes Fios de NiTi 0,018 × 0,018 ou 0,018 × 0,025–polegada
posteriores contornando os incisivos.
2A Retração de caninos e Caninos corrigidos no passo 1 ou Arco de AI de 0,016 × 0,022 ou 0,018 × 0,025 polegadas
regularização dos caninos minimamente mal- com dobras em degrau para baixo na região anterior;
incisivos ­-alinhados retrair caninos com molas de NiTi ou cadeias
elastoméricas.
2B Retração de caninos e Regularização dos incisivos Retração dos caninos como acima.
alinhamento dos Colar 2-2 e colocar arco de NiTi; aumentar para arco AI
incisivos até 0,016 × 0,022 ou 0,018 × 0,025 polegada
2C Retração de caninos e Incisivos alinhados Continuar a retração de caninos como acima.
intrusão de incisivos Intruir incisivos, quando necessário, amarrando o segmento
dos incisivos ao arco principal com degrau para baixo
3 Retração dos incisivos Mínima < 2 mm Colocar arco contínuo de AI 0,018 × 0,025 polegada e
consolidar com molas de NiTi ou cadeias
elastoméricas
Moderada > 2 mm Utilizar alça em T 0,019 × 0,025 polegada de TMA para
fechamento de espaço.
4 Detalhamento e Detalhamento mínimo Arco em AI de 0,019 × 0,025 ou 0,021 × 0,025 polegada
finalização dependendo do torque desejável.
Detalhamento substancial Arco em TMA de 0,019 × 0,025 ou 0,021 × 0,025 polegada
dependendo do torque desejável.

*Utilizando bráquetes com encaixe de 0,022 polegada. As dimensões dos fios podem ser ajustadas para baixo quando utilizado bráquetes
com encaixe 0,018 polegada.
NiTi, Níquel-titanio; AI, aço inoxidável; TMA, liga de titânio-molibdênio.

Tabela  19-5
Tempo Aproximado de Tratamento: Arco Contínuo x Seccional Híbrido
Arco Contínuo Seccional Híbrido
Passos Duração Passos Duração
Nivelamento e alinhamento 3-5 meses Retração de caninos, incisivos, e 0-3 meses ou 5-7 meses
nivelamento
Retração de canino 5-7 meses Retração dos incisivos e, se necessário, 3-5 meses
nivelamento
Retração dos incisivos 4-6 meses Coordenação, detalhamento e finalização 3-5 meses
Coordenação, detalhamento 3-5 meses —
e finalização
Total 15-23 meses Total 11-20 meses

verticalização com auxiliares incorporados ao sistema para prevenir para alinhamento moderado e para iniciar a retração dos caninos
movimentos dentários indesejáveis (Fig. 19-4 e Fig. 19-8, C e D). (Fig. 19-9, A e B). Para prevenir o movimento mesial da coroa do
Uma vez que o alinhamento inicial é alcançado, o paciente canino em situações em que a raiz do canino esta moderada­
estará então preparado para iniciar o próximo passo da retração mente inclinada mesialmente, o canino deverá ser amarrado
de caninos utilizando métodos similares a aqueles utilizados para firmemente ao molar com ligadura em aço inoxidável. Para o
casos em que os caninos e os dentes posteriores estão inicialmente conforto do paciente, tubo plástico poderá ser colocado ao redor
bem-alinhados. Nestes últimos casos, o primeiro passo envol­ da região anterior do fio de Ni-Ti inicial (se utilizado no primeiro
vendo o alinhamento do segmento posterior ou a correção dos estágio) ou na porção do fio de aço inoxidável que contorna a
caninos poderá ser eliminado. Em seu lugar, um arco em aço área dos incisivos. Devido à distância muito longa interbráquetes
inoxidável com rigidez moderada 0,016 × 0,022 polegada ou na região anterior, o ortodontista deve amarrar firmemente estes
0,018 × 0,025 polegada, com dobras anteriores em degrau para arcos iniciais para prevenir que os mesmos se desloquem dos
baixo de aproximadamente 5 mm de altura, poderá ser utilizado tubos dos molares causando desconforto para o paciente.
242 Parte III   Manejo de Casos Complexos e em Adultos

Fig. 19-10 Passo 3 da mecânica híbrida seccional. A e B,


Pequenos espaços residuais (< 2 mm) podem ser fechados com
molas de NiTi posicionadas em ganchos no arco ou cadeia elasto­
mérica amarrada às asas distais dos incisivos laterais, com todos os
incisivos amarrados unidos. C e D, Consolidação de espaços
maiores (> 2 mm) pode ser feita com alças para fechamento em T
de TMA 0,019 × 0,025 polegada.

Quando o alinhamento inicial dos dentes anteriores ocorreu, um


segmento em aço inoxidável mais rígido, usualmente de 0,016 × 0,022
ou 0,018 × 0,025 polegada, é posicionado na porção anterior do arco
(Fig. 19-9, E e F). Se há sobremordida profunda e a intrusão dos
incisivos é indicada, este segmento de fio é ligado ao degrau gengival
do arco principal de aço inoxidável (Fig. 19-9, G e H). Apesar de
estas forças intrusivas serem colocadas vestibularmente ao centro de
resistência dos incisivos e contribuir para alguma projeção mod­
Fig. 19-9 Passo 2 da mecânica seccional híbrida. A e B, Se os erada dos incisivos, estes dentes geralmente já estarão bem-vertical­
caninos e os dentes posteriores estão relativamente bem-alinhados izados neste estágio da mecânica seccional híbrida, e as suas projeções
ou já foram submetidos ao alinhamento inicial (como descrito na são frequentemente desejáveis. As retrações dos caninos podem con­
Fig. 19-8), arcos em aço inoxidável 0,016 × 0,022 ou 0,018 × 0,025 tinuar durante as fases de alinhamento e intrusão dos incisivos.
polegada são colocados com um degrau anterior de 5 mm no Quando os caninos são completamente retraídos e o alinha­
sentido gengival, e a retração de caninos é iniciada. C e D, Quando
mento e nivelamento dos incisivos ocorreram, o terceiro estágio
os incisivos começam a se regularizar e espaço suficiente para o seu
da mecânica seccional híbrida, que envolve fechamento de espaço
alinhamento é evidente, os incisivos são colados e alinhados com
fios de NiTi enquanto a retração de caninos continua. E e F, Após residual, é iniciado. Uma vez que no estágio anterior, o arco seg­
o alinhamento dos incisivos, arco segmentado de aço inoxidável de mentado foi aumentado em espessura e rigidez para a mesma ou
0,016 × 0,022 ou 0,018 × 0,025 polegada é posicionado nestes dentes. similar espessura do arco principal com o degrau para baixo, os
G e H, Se alguma intrusão de incisivo é indicada, o segmento ante­ arcos neste estágio estão frequentemente bem-alinhados e nive­
rior é amarrado firmemente ao degrau gengival no arco principal lados o suficiente para colocar um arco contínuo relativamente
enquanto a retração do canino procede. rígido. Portanto, com poucas exceções, como quando compensa­
ções dentais necessitam ser mantidas, neste estágio, o caso poderá
A retração dos caninos é feita tanto com cadeia elastomérica ser continuado com mecânicas rotineiras de arco contínuo.
como molas de NiTi. Isto resulta em regularização e alinhamento Nos casos de apinhamento grave, pouco espaço residual ficará
dos incisivos uma vez que espaços aparecem durante a retração dos após a retração dos caninos e da regularização dos incisivos.
caninos. Uma vez que os incisivos se regularizaram adequadamente, Quando 2 mm ou menos de espaço residual está presente, o
havendo pouca ou nenhuma sobreposição, estes são colados e ali­ fechamento de espaço pode ser executado com um arco contínuo
nhados sem projetar (Fig. 19-9, C e D). Alinhamento inicial do de aço inoxidável (geralmente 0,018 × 0,025 polegada) de várias
seg­mento anterior pode ser alcançado com o segmento anterior de maneiras. Um método envolve particularmente retrair os incisi­
um arco NiTi de 0,016 ou 0,018 × 0,018 polegada. Um segmento do vos com molas fechadas de NiTi encaixadas ao gancho do molar
arco do paciente, utilizado na primeira fase de alinhamento dos e a um gancho no arco, localizado na distal dos incisivos (Fig.
caninos e dentes posteriores, pode ser reutilizado no segmento 19-10, A e B). Se é necessário manter o torque dos incisivos, uma
­anterior neste estágio, reduzindo, desta forma, o custo material. Curva de Spee reversa poderá ser confeccionada no arco. Alter­
Capítulo 19   Otimizando a Biomecânica em Casos Complexos e Comprometidos 243

nativamente, técnicas padrão edgewise, em que se insere torque detalhamento é requerido, arcos em TMA são benéficos para
anterior no fio, poderão ser utilizadas para manter o torque dos permitir ativações sem gerar nível de força elevado. Se detalha­
incisivos. mento mínimo é requerido, arcos em aço inoxidável podem ser
Em casos com apinhamento menos grave, mais espaços utilizados.
poderão existir no final da retração dos caninos e no estágio de Exemplos do uso da mecânica híbrida seccional são apresen­
alinhamento dos incisivos. Quando a quantidade de fechamento tados nos próximos três casos.
de espaço exceder 2 mm, a retração dos incisivos é feita com
arcos contínuos de TMA com alças em T 0,019 × 0,025 polegada Mecânica seccional híbrida em
(Fig. 19-10, C e D), utilizando uma Curva de Spee reversa caso com apinhamento moderado
mo­derada ou acentuada para manter o torque incisal. Se o Um paciente adulto do sexo masculino se apresentou para trata­
ortodon­tista quiser voltar a utilizar sua mecânica preferida de mento ortodôntico com relação de molar Classe I bilateral,
arco contínuo para fechamento de espaço, incluindo alças com relação de caninos direitos em topo e um canino decíduo supe­
formatos diferentes, poderá fazer nesta fase do tratamento. rior retido no lado esquerdo em relação Classe I (Fig. 19-11,
A fase final do tratamento envolve detalhamento da oclusão A-H). O canino superior direito está posicionado vestibular­
e finalização. Duas considerações clínicas chaves, nesta fase, para mente com rotação distal acentuada e o primeiro pré-molar
a seleção da dimensão e da constituição do arco, são o grau de superior direito está distalmente rotacionado. O canino supe­
torque a ser expressado e a magnitude do detalhamento rior esquerdo está impactado no palato. O segundo pré-molar
requerido. Casos que necessitam de torque elevado são fre­ superior direito está extremamente cariado com apenas as raízes
quente finalizados com fios 0,021 × 0,025 polegada enquanto ainda presentes. O arco mandibular apresenta apinhamento
aqueles que necessitam pouca expressão de torque são finaliza­ moderado a grave com o canino direito vestibularizado e mesial­
dos com fios 0,019 × 0,025 polegada. Além disso, quando grande mente girado.

Fig. 19-11 A a H, Fotografias intrabucais e faciais pré-tratamento do paciente com padrão de extração
não convencional, rotações assimétricas dos dentes, apinhamento moderado. O canino superior esquerdo
estava impactado no palato, o segundo pré-molar superior direito estava condenado e o canino superior
direito estava gravemente rotacionado fazendo com que o caso fosse ideal para mecânica seccional híbrida.
(Continua)
244 Parte III   Manejo de Casos Complexos e em Adultos

Fig. 19-11 (Continuação) I e J, Alinhamento inicial no arco superior foi executado com arco
de NiTi. Uma vez que os segmentos dos dentes posteriores estavam relativamente bem-alinhados, o
tratamento que incluía a retração dos caninos com molas NiTi foi iniciado com um arco de aço
inoxidável com degrau anterior para baixo. K, Uma vez que os incisivos maxilares se regularizavam,
estes dentes foram inicialmente alinhados com um segmento de NiTi. Os incisivos inferiores con­
tinuaram a se regularizar durante a retração dos caninos. L e M, Uma vez que os incisivos foram
adequadamente alinhados, um arco segmentado de aço inoxidável foi inserido e forças intrusivas
foram aplicadas ao amarrar o segmento ao arco principal com degrau anterior. Os incisivos inferiores
continuaram a se alinhar deixando poucos espaços para serem fechados. N, Finalmente, com a
diminuição da sobremordida, uma alça helicoidal para fechamento de espaço foi fabricada para
retrair, dar torque e intruir os dentes anteriores da maxila. O tratamento final deverá envolver o uso
de arcos contínuos para fechar espaços residuais e detalhamento do arco superior e inferior.

Se o canino superior esquerdo não estivesse impactado e o Para melhor ilustrar a necessidade de mecânicas especializa­
segundo pré-molar direito não estivesse condenado, este caso das neste paciente, cada quadrante foi examinado individual­
seria comumente tratado com extrações de quatro primeiros mente para comparar o sistema de força que seria gerado com
pré-molares. Entretanto, devido ao desejo do paciente de mecânica de arco contínuo com as que seriam criadas com
tornar o tratamento o mais rápido possível, e o prognóstico mecânica seccional híbrida. Colocar um arco contínuo em todos
questionável do canino superior esquerdo impactado, este os dentes do quadrante maxilar direito resultaria em uma
dente, o segundo pré-molar superior direito e os primeiros tendência significante de projeção dos incisivos maxilares. Estas
pré-molares inferiores foram extraídos, para corrigir a dis­ forças de projeção são produzidas de duas formas: (1) rotação
crepância entre tamanho dos dentes e comprimento do arco. distal do canino superior direito que faz com que o fio saia da
Isto resultou na implementação de mecânica assimétrica para porção mesial do bráquete do canino vestibularmente, e (2) a
o tratamento. Devido ao apinhamento, às limitações teciduais inclinação distal severa da raiz do canino, que poderia levar a
e à necessidade de ancoragem, foi decidido tratar este paciente intrusão e projeção dos incisivos com um arco contínuo. Amarrar
com mecânica seccional híbrida ao invés de mecânicas com este arco firmemente na região posterior poderia diminuir um
arcos contínuos. pouco as forças de projeção, entretanto, levaria também a um
Capítulo 19   Otimizando a Biomecânica em Casos Complexos e Comprometidos 245

aumento da perda de ancoragem. A intrusão e projeção combi­ raiz (N). Após a retração dos incisivos, o caso foi finalizado com
nada, provavelmente, resultariam em uma mordida aberta uni­ arcos contínuos como discutido.
lateral iatrogênica como observado em caso prévio (Fig. 19-3).
O quadrante esquerdo maxilar, ao ser analisado superficial­ Mantendo compensações utilizando
mente, não parece apresentar qualquer armadilha em poten­ mecânica seccional híbrida
cial. Entretanto, as mudanças no padrão das extrações também Uma situação clínica diferente na qual a mecânica seccional híbrida
modificam as necessidades de ancoragem. Ao se extrair mais pode ser também benéfica é no grupo de pacientes que apresentam
anteriormente no quadrante maxilar esquerdo do que no compensações dentárias causadas por discrepâncias esqueléticas
quadrante mandibular esquerdo resultará em necessidade de subjacentes. Como parte da consulta, o ortodontista dever educar
ancoragem diferente ou assimétrica em ambos os arcos. Além o paciente no que diz respeito à(s) causa(s) da maloclusão e as
disso, uma vez que o primeiro pré-molar superior esquerdo opções de tratamento. Alguns pacientes irão optar por cirurgia
necessita funcionar como canino e está atualtemente em uma enquanto outros requisitarão, quando possível, uma abordagem
relação Classe III de “canino”, a ancoragem deverá ser cuida­ de tratamento não cirúrgica. Geralmente, quando tratamento
dosamente dosada neste quadrante. O canino mandibular orto­dôntico de camuflagem é executado nestes pacientes, em vez
esquerdo necessita se movimentar distalmente através de todo de se remover as compensações dentárias, as compensações pré-­
o espaço da extração, ou o quadrante maxilar esquerdo neces­ tratamento deverão ser mantidas ou até potencialmente aumenta­
sita movimentar para frente ou alguma combinação de ambos, das. Manter as compensações com mecânica de arco contínuo
para permitir que o primeiro pré-molar funcione na posição pode ser difícil, particularmente quanto se tenta minimizar a pro­
do canino. jeção dos incisivos em um ou ambos os arcos. A utilização de
Os 6 mm de apinhamento no arco mandibular somados à mecânica seccional híbrida, em um paciente que necessita manter
necessidade de manter uma relação de molares em Classe I as compensações dentais, é demonstrada no caso a seguir.
ditam a necessidade de ancoragem moderada ou máxima. Se Uma jovem pós-adolescente se apresentou com a face e o
mecânicas com arco contínuo fossem utilizadas, seria difícil sorriso bem-equilibrados na vista frontal (Fig. 19-12, A-H). Ela
atingir esta alta necessidade de ancoragem. Em associação, a exibia um perfil moderadamente côncavo, em grande parte
colocação de arco inferior contínuo resultará em projeção dos devido a um moderado decréscimo na projeção da face média,
incisivos inferiores com efeitos adversos em potencial na inte­ assim como uma projeção mandibular levemente aumentada
gridade periodontal e tratamento ineficiente resultante de mov­ com a medida Wits de 6 mm. Na visão intrabucal apresentava
imentos vai e vem. relação de Classe III de molares e caninos, sobremordida
O caso foi tratado utilizando mecânica seccional híbrida mínima, pequena discrepância de linha média de aproximada­
(Fig. 19-11, I-N). O alinhamento dos segmentos posteriores mente 1,5 mm, e mordida cruzada anterior dos quatro dentes.
maxilares foi executado com arco de NiTi 0,018 × 0,025 pole­ Os caninos inferiores também estavam posicionados vestibular­
gada amarrado firmemente (I). Os caninos inferiores foram mente de tal maneira que a colocação do arco contínuo resul­
alinhados e retraídos com molas NiTi em um arco em aço taria em projeção dos incisivos e, desta forma, agravaria a
inoxidável de 0,016 × 0,022 polegada com um pequeno degrau mordida cruzada. Cefalometricamente, os incisivos inferiores
gengival na região dos incisivos (I e J). Seguindo o alinhamento estavam retroinclinados (Fig. 19-12, I).
dos segmentos maxilares posteriores, a retração dos caninos Após uma consulta com cirurgiões bucomaxilofaciais, foi
superiores foi executada com arco de aço inoxidável 0,016 × 0,022 determinado que tanto o tratamento cirúrgico como o não
polegada com degrau na região anterior utilizando molas NiTi. cirúrgico era possível. Devido à existência de perfil e estética do
Uma vez que a retração dos caninos progredia, espaços sufi­ sorriso favorável, não levar em consideração a Classe III subja­
cientes foram criados na região anterior maxilar para iniciar o cente pareceu uma opção não cirúrgica viável. Entretanto,
alinhamento com arco segmentado de NiTi (K). Os incisivos quando se corrige uma maloclusão esquelética como esta,
inferiores foram regularizando naturalmente, devido às ações apenas utilizando abordagem ortodôntica, é importante conside­
das fibras transeptais, durante a retração dos caninos. Poste­ rar a magnitude do movimento ortodôntico necessário para
riormente, o segmento dos incisivos superiores foi substituído corrigir a maloclusão e, se será viável fazê-lo, antes de se iniciar
por um arco de aço inoxidável mais rígido de 0,016 × 0,022 o tratamento. Nesta paciente, devido ao nível de apinhamento
polegada (L). Uma força intrusiva moderada foi aplicada nos mandibular, da relação molar Classe III e compensações den­
incisivos ao serem amarrados ao degrau gengival do arco prin­ tárias, foi determinado que a abordagem somente ortodôntica,
cipal (M). Isto resultou em uma diminuição de 5 mm para com extração de pré-molares inferiores, seria viável desde que
2 mm da sobremordida em dois meses (M e N). Durante este mantidas as compensações dos incisivos. Após a apresentação
período, os caninos inferiores foram retraídos completamente do tratamento cirúrgico e não cirúrgico à paciente, ela optou
e os incisivos inferiores continuaram a regularizar, deixando em prosseguir com o tratamento ortodôntico apenas.
espaços mínimos para serem fechados. Estes incisivos foram Após a extração dos primeiros pré-molares inferiores,
colados e alinhados (N), e os espaços foram então consolidados mecânica seccional hibrida foi utilizada no arco inferior, em vez
com molas NiTi em um arco contínuo de aço inoxidável como de mecânicas de arco contínuo, para minimizar a probabilidade
descrito (Fig. 19-10, A e B). Um arco contínuo com alças heli­ de se remover as compensações dentárias, evitar movimentos
coidais para fechamento de espaços foi instalado na maxila de vai e vem e seu potencial para causar danos teciduais e
para retrair e para fornecer torque labial de coroa/palatal de aumentar a eficiência do tratamento. Além dos efeitos negativos
246 Parte III   Manejo de Casos Complexos e em Adultos

Fig. 19-12 A a H, Fotografias facial e intrabucal pré-tratamento de uma paciente com uma malo­
clusão Class III dentária e esquelética. Apenas tratamento ortodôntico foi executado porque a maloclusão
esqueletal era suave e a paciente preferiu tratamento não cirúrgico. Para ajudar a manter a compensação
dos incisivos e manter estes dentes dentro do alvéolo delgado (veja em I), mecânica seccional híbrida foi
utilizada no arco inferior do inicio ao fim do tratamento. I, Cefalograma pré-tratamento mostrando
incisivos inferiores retroinclinados que estão posicionados dentro do alvéolo delgado.

do movimento vai e vem no controle da ancoragem, esta As fotografias do progresso do tratamento demonstram a
paciente apresentava estrutura alveolar delgada (Fig. 19-12, I) retração dos caninos inferiores e alinhamento do segmento
ao redor das raízes dos incisivos inferiores, que provavelmente dos incisivos inferiores enquanto mantém boa ancoragem e
seria acompanhado de perda óssea periodontal, se os dentes compensação dos incisivos inferiores (Fig. 19-12, J e K). Se
fossem projetados. Para manter a compensação dos incisivos, mecânica de arco contínuo tivesse sido utilizada, mesmo com
através de todo o tratamento, mecânica híbrida seccional foi extrações, os incisivos inferiores seriam primeiro projetados
mantida até o final do tratamento. Na maxila, devido ao api­ de forma que uma completa mordida cruzada seria estabele­
nhamento mínimo e o desejo de projetar moderadamente os cida. Isto teria também aumentado o potencial para perda de
incisivos superiores, mecânica de arco contínuo foi utilizada. ancoragem no arco inferior para uma relação de Classe III
Capítulo 19   Otimizando a Biomecânica em Casos Complexos e Comprometidos 247

Fig. 19-12 (Continuação) J e K, Fotografias do progresso do tratamento demonstrando excelente


alinhamento maxilar e mandibular e preservação das compensações dos incisivos mandibulares resul­
tado da utilização de mecânica híbrida seccional no arco inferior. L a S, O tratamento da paciente,
que durou 18 meses, foi executado inteiramente com mecânica seccional hibrida no arco mandibular
para manter as compensações dos incisivos. Fotografias pós-tratamento mostram uma Classe I de
caninos bem-estabelecida após o tratamento com extrações dos primeiros pré-molares inferiores.

maior que uma cúspide. Ao trazer apenas os caninos inferiores, Modificações da mecânica seccional híbrida
contra o restante do arco inferior, a ancoragem foi preservada. A mecânica seccional híbrida pode ser também utilizada em outras
A utilização de mecânica seccional hibrida preveniu o vai e formas não tradicionais como demonstrado no caso a seguir.
vem dos incisivos. Um paciente adulto do sexo masculino apresentava face
O resultado do pós-tratamento demonstrou que a estética longa e estreita e assimetria mandibular para o lado esquerdo
facial foi mantida ou mesmo melhorada, as compensações den­ (Fig. 19-13, A-H). Apresentava, intrabucalmente, mordida aberta
tárias mantidas, linhas médias corrigidas e sobremordida e significativa de 5 mm e deficiência maxilar transversal, com
overjet ideais alcançadas em apenas 18 meses (Fig. 19-12, L-S). mordida cruzada bilateral, mas com um arco mandibular razo­
Também é importante notar a ausência de destruição tecidual. avelmente alinhado. O seu tratamento ortodôntico prévio,
248 Parte III   Manejo de Casos Complexos e em Adultos

Fig. 19-13 A a H, Fotografias faciais e intrabucais de um paciente previamente tratado com


extrações de quatro primeiros pré-molares e expansão maxilar quando adolescente. Note as compli­
cações periodontais resultante de condição periodontal, ausência de incisivo maxilar e mordida
aberta. Estes fatores complicantes não permitiram a utilização de ortodontia tradicional de longo
prazo. I e J, Fotografias pré-cirúrgicas mostrando que os pré-molares e molares não foram incorpo­
rados ao aparelho no início do tratamento, para evitar expansão dentária e mais perda periodontal.
Estes dentes foram colados um pouco antes da cirurgia, e um arco passivo em aço inoxidável foi
colocado para minimizar a expansão indesejável do arco.

quando adolescente, incluiu extrações de quatro primeiros pré- Antes de iniciar o tratamento, o paciente foi enviado para
-molares e expansão maxilar que recidivou. Em associação aos avaliação periodontal. Uma discussão franca sobre as conse­
problemas ortodônticos, ele apresentava retração gengival sig­ quências em potencial de mais um tratamento ortodôntico foi
nificante e perda de suporte ósseo alveolar nos primeiros necessária devido ao fato de vários dentes correrem o risco de
molares maxilares direito e esquerdo e segundos pré-molares. ser perdidos por reabsorção radicular ou perda de suporte perio­
Em associação, os incisivos maxilares apresentavam reabsorção dontal. Após consulta com um periodontista e raspagem, o
radicular moderada. plano incluiu a remoção do pôntico do incisivo e a colocação
Capítulo 19   Otimizando a Biomecânica em Casos Complexos e Comprometidos 249

Fig. 19-13 (Continuação) K a R, Ao planejar cuidadosamente a mecânica e fazer a maior parte


dos movimentos na maxila cirurgicamente, um resultado excelente foi obtido neste paciente, que
tradicionalmente seria contraindicado para tratamento.

de aparelhagem ortodôntica total no arco mandibular e apare­ neamente para se encaixar ao arco padrão mandibular. Adicio­
lhagem superior pré-cirúrgica limitada a alguns dentes para nalmente, cirurgia mandibular foi executada para corrigir a
minimizar expansão dental. O seu tratamento cirúrgico incluiria assimetria mandibular.
cirurgia ortognática na maxila e mandíbula para impactar e Após a cirurgia, pouco tratamento ortodôntico foi necessário.
expandir a maxila enquanto simultaneamente corrigia a assime­ Um espaço foi mantido para a colocação de um implante no
tria mandibular. incisivo central maxilar. Apesar de este tratamento representar
O arco mandibular foi tratado com mecânica de arco con­ uma abordagem não tradicional, um resultado excelente foi alcan­
tínuo para realinhar e nivelar o arco. O arco mandibular foi çado (Fig. 19-13, K-R). A modificação da mecânica seccional
utilizado como padrão para determinar a quantidade necessária híbrida, com atenção especial a não expansão dos segmentos
de expansão cirúrgica segmentada da maxila. No arco maxilar, posteriores maxilares, permitiu que um caso gravemente com­
os bráquetes foram posicionados em todos os dentes com prometido fosse tratado com risco mínimo para a dentição.
exceção dos segundos pré-molares e primeiros molares para
evitar mais expansão ortodôntica e perda adicional de osso pré-
CONCLUSÃO
-cirurgicamente. Isto essencialmente resultou numa abordagem
segmentada para o tratamento. Imediatamente antes da cirurgia A mecânica de arco contínuo apresenta inúmeras vantagens;
(Fig. 19-13, I e J), bráquetes foram fixados nos dentes maxilares pode ser utilizada em um número relativamente grande de casos
que não foram previamente colados e um arco contínuo passivo e oferece abordagem simplificada e passível de ser parcialmente
foi colocado em todos os bráquetes. Durante a cirurgia, a maxila delegada aos assistentes. Infelizmente, a mecânica de arco
foi segmentada distal aos caninos bilateralmente. Através de contínuo apresenta também inúmeras limitações. Isto inclui a
uma combinação de posicionamento inferior da região anterior sua capacidade limitada para produzir ancoragem diferenciada,
maxilar e posicionamento superior dos segmentos posteriores movimentos dentários ótimos, ou controle para respostas adver­
direito e esquerdo, a maxila foi nivelada e expandida simulta­ sas em casos complexos, assim como a sua capacidade de causar
250 Parte III   Manejo de Casos Complexos e em Adultos

movimento de vai e vem dos dentes, com efeitos adversos em 11. Trentini CM, Moriarty JD, Phillips C, Tulloch JF: Evaluation
potencial sobre a ancoragem e integridade dos tecidos. Com base of the use of orthodontic records to measure the width of
sólida nos princípios biomecânicos, o clínico pode utilizar keratinized tissue, J Periodontol 66:438-442, 1995.
mecânicas alternativas, incluindo mecânica segmentada e sec­ 12. Kaley J, Phillips C: Factors related to root resorption in edge­
wise practice, Angle Orthod 61:125-132, 1991.
cional híbrida, como opções viáveis e desejáveis em casos com­
13. Hollender L, Ronnerman A, Thilander B: Root resorption,
plexos e de compromisso. A mecânica segmentada oferece
marginal bone support and clinical crown length in orthodon­
excelente controle mas capacidade limitada para ser delegada aos tically treated patients, Eur J Orthod 2:197-205, 1980.
assistentes e dificuldade em potencial para coordenação dos 14. Reitan K: Initial tissue behavior during apical root resorption,
arcos e segmentos. A mecânica seccional híbrida fornece a facili­ Angle Orthod 44:68-82, 1974.
dade de ser utilizada semelhante à mecânica de arco contínuo 15. Melsen B, Allais D: Factors of importance for the development
com a versatilidade e controle dos movimentos dentários asso­ of dehiscences during labial movement of mandibular inci­
ciados à mecânica segmentada. sors: a retrospective study of adult orthodontic patients, Am
Para se obter tratamento ótimo e eficiente, o clínico deve J Orthod Dentofacial Orthop 127:552-561, 2005.
selecionar a abordagem mecânica ideal para cada paciente e 16. Wehrbein H, Bauer W, Diedrich P: Mandibular incisors, alve­
arco. Uma seleção bem criteriosa de biomecânicas ótimas, cui­ olar bone, and symphysis after orthodontic treatment: a ret­
rospective study, Am J Orthod Dentofacial Orthop 110:239-246,
dadoso desenho do aparelho e implementação de estratégias
1996.
para minimizar movimentos dentários adversos possivelmente
17. Handelman CS: The anterior alveolus: its importance in limit­
produzirão os resultados mais desejáveis e eficientes em qualquer ing orthodontic treatment and its influence on the occurrence
paciente ortodôntico. of iatrogenic sequelae, Angle Orthod 66:95-110, 1996.
18. Burstone CJ: The segmented arch approach to space closure,
Am J Orthod 82:361-378, 1982.
Referências 19. Braun S, Sjursen RC Jr, Legan HL: On the management of
extraction sites, Am J Orthod Dentofacial Orthop 112:645-655,
1. Proffit WR: Equilibrium theory revisited: factors influencing 1997.
position of the teeth, Angle Orthod 48:175-186, 1978. 20. Zablocki HL, McNamara JA Jr, Franchi L, Baccetti T: Effect of
2. Deberardinis M, Stretesky T, Sinha P, Nanda RS: Evaluation the transpalatal arch during extraction treatment, Am J Orthod
of the vertical holding appliance in treatment of high-angle Dentofacial Orthop 133:852-860, 2008.
patients, Am J Orthod Dentofacial Orthop 117:700-705, 21. Faber RD: Occlusograms in orthodontic treatment planning,
2000. J Clin Orthod 26:396-401, 1992.
3. Christiansen RL, Burstone CJ: Centers of rotation within the 22. White LW: The clinical use of occlusograms, J Clin Orthod
periodontal space, Am J Orthod 55:353-369, 1969. 16:92-103, 1982.
4. Burstone CJ, Koenig HA: Force systems from an ideal arch, 23. Marcotte MR: The use of the occlusogram in planning ortho­
Am J Orthod 65:270-289, 1974. dontic treatment, Am J Orthod 69:655-667, 1976.
5. Koenig HA, Vanderby R, Solonche DJ, Burstone CJ: Force 24. Fiorelli G, Melsen B: The “3-D occlusogram” software, Am J
systems from orthodontic appliances: an analytical and experi­ Orthod Dentofacial Orthop 116:363-368, 1999.
mental comparison, J Biomech Eng 102:294-300, 1980. 25. Burstone CJ: The mechanics of the segmented arch tech­
6. Ricketts RM, Bench RW, Gugino CF, et al: Bioprogressive niques, Angle Orthod 36:99-120, 1966.
therapy, Denver, 1979, Rocky Mountain Orthodontics. 26. Burstone CJ: Rationale of the segmented arch, Am J Orthod
7. Garcia-Morales P, Buschang PH, Throckmorton GS, English 48:805-822, 1962.
JD: Maximum bite force, muscle efficiency and mechanical 27. Marcotte MR: Biomechanics in orthodontics, St Louis, 1990,
advantage in children with vertical growth patterns, Eur J Mosby.
Orthod 25:265-272, 2003. 28. Burstone CJ: Precision lingual arches: active applications, J
8. Throckmorton GS, Finn RA, Bell WH: Biomechanics of dif­ Clin Orthod 23:101-109, 1989.
ferences in lower facial height, Am J Orthod 77:410-420, 29. Burstone CJ, Koenig HA: Precision adjustment of the trans­
1980. palatal lingual arch: computer arch form predetermination,
9. Alstad S, Zachrisson BU: Longitudinal study of periodontal Am J Orthod 79:115-133, 1981.
condition associated with orthodontic treatment in adoles­ 30. Burstone CJ, Manhartsberger C: Precision lingual arches:
cents, Am J Orthod 76:277-286, 1979. passive applications, J Clin Orthod 22:444-451, 1988.
10. Dorfman HS: Mucogingival changes resulting from mandibu­ 31. Burstone CJ: Variable-modulus orthodontics, Am J Orthod 80:
lar incisor tooth movement, Am J Orthod 74:286-297, 1978. 1-16, 1981.
C ap í t u lo
20
O Papel da Ortodontia
na Apneia Obstrutiva
do Sono
R. Scott Conley e Harry L. Legan

D
ependendo da progressão da doença, a síndrome da miografia (EMG), frequência respiratória, volume corrente,
apneia obstrutiva do sono crônica (SAOS) pode ser uma volume expiratório/inspiratório, bem como o número e gravidade
desordem gravemente debilitante. Pessoas de difere­ de apneias e hipopneias. Uma apneia é definida como qualquer
ntes idades podem ser afetadas, mas homens adultos de meia-­ interrupção na respiração por 10 segundos ou mais com uma
­-idade que estejam com sobrepeso moderado a grave apresentam dessaturação arterial de oxigênio de 2% a 4%.16 Uma hipopneia
a maior prevalência de SAOS.1 As mulheres podem ser afetadas, é definida como uma diminuição de 50% no fluxo de ar por 10
mas em menor grau.2 Recentemente, a SAOS tem sido cada vez segundos ou mais com uma queda concomitante na saturação de
mais encontrada nas populações pediátricas e de adolescentes.3 oxigênio.16 A magnitude exata da dessaturação na hipopneia varia
Alguns destes pacientes podem desconhecer a condição e podem na literatura. A apneia central também deve ser diferenciada da
não se consultar rotineiramente com seu médico.4 apneia obstrutiva.17 Os pacientes com apneia obstrutiva tipica­
Com conhecimento específico sobre crescimento e desenvolvi­ mente apresentam um esforço respiratório sem conseguir ventilar
mento facial bem como anomalias dentofaciais e craniofaciais, os adequadamente. Os pacientes com apneia central apresentam um
profissionais da ortodontia devem estar preparados para fornecer esforço respiratório diminuído. A distinção entre apneia central e
tratamento para o paciente com SAOS. Existem várias modali­ obstrutiva é essencial para a determinação do tratamento mais
dades de tratamento para melhorar o padrão de sono do paciente.5–9 apropriado para cada paciente individualmente; alguns tratamen­
Um tratamento de sucesso irá melhorar a avaliação subjetiva bem tos são efetivos apenas para apneia obstrutiva.
como objetiva do paciente de sua vigília diurna.10–13 A polissonografia tipicamente fornece uma pontuação do
paciente que reflete o número de apneias e hipopneias, denomi­
nado índice de apneia/hipopneia (IAH). Ele também pode ser for­
Diagnóstico E Classificação necido como índice de distúrbio respiratório (IDR). O IAH e IDR
A ortodontia em adultos tem se tornado mais comum nos são um pouco diferentes, mas essencialmente intercambiáveis.
últimos anos, e consequentemente pacientes com SAOS tem Pacientes com sono normal possuem um IDR de 5 ou menos.
aparecido mais no consultório de ortodontia para exame e avalia­ Pacientes com apneia do sono leve apresentam um IDR de 5 a 15,
­ção. O sintoma clássico da SAOS é sonolência diurna excessiva. com apneia do sono moderada tipicamente de 15 a 30 eventos e
A Epworth Sleepiness Scale é uma ferramenta de avaliação apneia grave 30 ou mais eventos por hora.16 Para ilustrar o signifi­
simples e barata.14 Uma série de perguntas são feitas aos pacientes cado clínico desta escala, um paciente com um IDR de 60 para de
para avaliar sua “saúde do sono”. Entretanto, este teste não diferen­ respirar ou tem uma dessaturação de oxigênio significante por
­cia a SAOS dos diferentes outros tipos de desordens do sono pelo menos 10 segundos a cada minuto. Dependendo da duração
(p. ex., síndrome das pernas inquietas). da apneia/hipopneia pode ocorrer uma significante redução de
O diagnóstico correto da SAOS necessita de um exame de perfusão de oxigênio, levando a um risco aumentado de derrame,
polissonografia noturna.15 Clinicas do sono independentes ou infarto do miocárdio e outras condições cardíacas.
hospitais com clínicas do sono podem fazer o exame. A polis- Os critérios utilizados para determinar o sucesso do trata­
sonografia combina diversos testes, incluindo eletroencefalografia mento da SAOS variam amplamente. Para os resultados de maior
(EEG), eletrocardiografia (ECG), eletrooculografia (EOG), eletro­ sucesso, os clínicos esforçam-se em obter pelo menos 50% de

251
252 Parte III   Manejo de Casos Complexos e em Adultos

redução no IDR, ou um IDR de menos de 20. Critérios mais


estritos para o sucesso envolvem obter um IDR pós-tratamento
de menos de 10. Um estudo recente relata que pacientes tratados
com sucesso não apresentam aumento na morbidade ou mortali­
dade.18 Indivíduos não tratados apresentam mortalidade e mor­
bidade 37% maior em um período de cinco anos.13 Estas estatísticas
resultam da maior incidência de acidentes automobilísticos,
ataque cardíaco, derrame, arritmia e hipertensão. Um estudo con­
cluiu que a incidência de acidentes automobilísticos em pacientes
com SAOS pode ser comparada com a de dirigir embriagado, o
que significa um grande risco de saúde pública.19,20

Tratamento Não Dentário Ou Não


Ortodôntico
Uma vez o paciente diagnosticado com apneia obstrutiva do sono,
o tratamento mais apropriado é determinado. Como a maioria
dos pacientes com SAOS apresenta sobrepeso, uma opção de
tratamento inclui a perda de peso. Os relatos variam, mas alguns Fig. 20-1 Máquina de pressão positiva contínua (CPAP) pode
estudos demonstraram que uma perda de peso significativa pode ser usada à noite para manter a patência da via aérea. O ar é pres­
reduzir o IDR de uma pessoa em até 50%.5 Em pacientes que são sionado pela máquina através de um tipo dos diferentes disponíveis
obesos (>120% do peso corporal ideal, ou índice de massa cor­ tipos de máscara. Os modelos variam; alguns umidificam e aquecem
poral [IMC] >30) ou obesos mórbidos (>200% do peso ideal, o ar para minimizar o desconforto do paciente e aumentam a
ou IMC >40) a perda de peso pode também melhorar o estado adesão ao tratamento.
de saúde geral. Pacientes com sobrepeso que perdem uma quan­
tidade significativa de peso podem reduzir ou eliminar muito
problemas como hipertensão, diabetes tipo 2, condições orto­ é feita uma segunda polissonografia, ou a segunda metade da
pédicas e risco cardíaco e de derrame. polissonografia de diagnóstico é feita com o CPAP no lugar. A
Outros hábitos que podem reduzir os sintomas e a gravidade máscara é ajustada ao paciente e o paciente é liberado para
da apneia do sono incluem suspender o consumo de álcool três voltar a dormir. Uma vez iniciadas as apneias e hipopneias, o
horas antes de dormir.6 O álcool funciona como um depressor fluxo e a pressão de ar podem ser ajustados até levar o IDR até
respiratório. Estudos demonstram que SAOS leve a moderada os valores normais. O objetivo é deixar o paciente com o menor
pode se tornar uma franca apneia obstrutiva do sono após o fluxo e pressão possíveis para garantir uma via área patente. Isto
paciente ter ingerido 90 ml de álcool a 80%. Tanto a duração e permite um aumento da regulagem caso a via aérea do paciente
a profundidade do sono são amplamente reduzidas, assim como se acomode com o tempo e comece a colabar.
a quantidade de tempo em sono com movimento rápido dos
olhos (REM).
Tratamento Dentário E Ortodôntico
A posição de dormir também pode afetar drasticamente a
quantidade e qualidade do sono.21 Pacientes que dormem na Aparelhos orais têm sido repetidamente demonstrados como
posição supina irão notar que a lassidão no tecido mole com­ sendo uma forma efetiva de tratamento para SAOS leve a mode­
binada com a gravidade geralmente aumentam o número e a rada.22,23 Se um paciente com apneia do sono grave (IDR >30)
gravidade das apneias e hipopneias. Acessórios de posiciona­ não consegue tolerar o CPAP e não é um candidato a cirurgia
mento para auxiliar o paciente a manter uma posição de decúbi­ ou recusa a correção cirúrgica, um aparelho oral pode ser a
­to lateral podem melhorar significativamente o IDR. forma de tratamento mais aceita. Na verdade, recentes estudos
da Colaboração Cochrane têm demonstrado maior eficácia com
aparelhos orais do que com uvulopalatofaringoplastia ou outras
Pressão de Ar Positiva Contínua
formas de cirurgia de tecido mole.24
Modalidade de tratamento comum para SAOS é a pressão
­positiva contínua (CPAP)7 (Fig. 20-1).
Aparelhos Orais
Caso o paciente tenha sido diagnosticado com apneia central
ou obstrutiva, o CPAP pode reduzir com sucesso os sintomas. Existem vários desenhos de aparelhos, tanto personalizados
Além disso, o CPAP pode, efetivamente, tratar os casos mais como pré-fabricados. Antes de selecionar um aparelho dentário
leves até os mais graves de apneia do sono. O CPAP funciona em particular, o paciente deve passar pela mesma polissonogra­
forçando o ar para dentro da nasofaringe e orofaringe para fia para determinar o tipo, gravidade e localização da obstrução.
manter a patência da via aérea. Se o local da obstrução for a via aérea superior (cavidade nasal
Após o diagnóstico, o clínico fornece a prescrição para a ou região retropalatina) a eficácia dos aparelhos de protrusão
máquina de CPAP. Para testar a eficácia e regular a calibragem, mandibular e dos dispositivos de retenção da língua pode ser
Capítulo 20   O Papel da Ortodontia na Apneia Obstrutiva do Sono 253

limitada. Em pacientes com tonsilas hipertróficas e adenoides pode ser selecionado individualmente para o paciente utili­
bem como obstrução lingual a eficácia do aparelho oral pode zando diversos fatores, incluindo custo, conveniência, durabili­
ser melhorada pela amigdalectomia e adenoidectomia. dade, capacidade de ajuste e conforto do paciente. Devido ao
fato de os aparelhos de reposicionamento anterior funcionarem
Aparelhos de posicionamento lingual de maneira similar, o paciente e o clínico podem escolher o
Na posição supina, todos os tecidos que dependem da gravi­ aparelho mais confortável e apropriado. A aceitação é funda­
dade, incluindo a língua, tenderão a cair posteriormente a não mental; tanto quanto para o CPAP, se o aparelho não for usado,
ser que sejam suportados de outra maneira. A base da língua é nenhuma melhora é observada.
mantida anteriormente pelos tubérculos Geni. Se este suporte Almeida, Lowe et al.25,26 estudaram os efeitos colaterais poten­
é ineficiente, um aparelho de retenção da língua pode ser usado. ciais ou alterações da mordida resultantes do uso por longos perío­
Para adaptar um aparelho de língua, um pedaço de fio dental é dos de um aparelho do sono dentário. Eles observaram grandes
gentilmente enrolado ao redor da língua, removido e medido variações, de movimentos dentários mínimos a movimentos den­
(Fig. 20-2, A). tários maiores e aparentemente esqueléticos da mandíbula. Muitos
O aparelho vem em três tamanhos: pequeno, médio e grande. pacientes com alterações dentárias e esqueléticas mais marcantes
Se a língua for entre dois tamanhos, o fabricante recomenda tiveram uma mudança oclusal positiva com melhora da malo­
utilizar o maior dos dois tamanhos. Este aparelho também vem clusão tipo Classe II. Em alguns pacientes, foi obtida uma relação
em dois estilos: um aparelho intrabucal para pacientes com a de Classe I. Alguns pacientes Classe I tornaram-se levemente
dentição completa e um aparelho extrabucal para pacientes com Classe III. Como a função primária do aparelho era de curar a
múltiplas perdas dentárias. O bulbo do aparelho é umedecido apneia do sono, as mudanças oclusais geralmente não foram trata­
e comprimido, e a língua é inserida dentro do bulbo. Tanto a das. Não está claro se as mudanças oclusais iriam persistir se o uso
sucção e a adesão da fina camada de saliva no plástico mantém do aparelho fosse descontinuado.
a língua em uma posição mais anterior, abrindo a via área oro­ Para fabricar estes aparelhos, geralmente, são obtidos
faríngea. Esta classe de aparelho é raramente utilizada, pois a modelos das arcadas superior e inferior. É medida a amplitude
maioria dos pacientes o acha desconfortável e preferem não de movimento, incluindo a abertura máxima, lateralidade
utilizá-lo por um longo prazo. esquerda e direita e protrusão máxima. O aparelho é construído
Em casos raros, a língua pode ser cirurgicamente amarrada em uma posição aproximadamente da metade a dois terços da
aos tubérculos Geni, criando uma anquiloglossia (“freio protrusão máxima do paciente e com alguns milímetros de
lingual”). Devido aos defeitos na fala associados ao procedi­ abertura. São obtidos registros oclusais personalizados em
mento ele não é frequentemente feito. relação cêntrica e na posição definida para fabricação do
aparelho. Um aparelho para registro em protrusão convencio­
Aparelhos de posicionamento mandibular nalmente denominado George Gauge pode auxiliar a estabili­
Uma segunda classe de aparelhos está disponível para protruir zar o paciente na relação oclusal de fabricação do aparelho
a mandíbula e auxiliar em manter esta posição anterior durante (mordida construtiva). Os modelos e os registros oclusais
o sono (Fig. 20-2, B). Os aparelhos são removíveis, permitindo podem ser enviados para um laboratório comercial para a fa­­
que o paciente utilize o aparelho a cada noite. Por ser menor bricação do aparelho, ou o aparelho pode ser feito no con­
do que uma máquina de CPAP, este aparelho é mais móvel e sultório. Aparelhos fabricados no consultório podem ser feitos
pode ser levado em viagens. O aparelho de protrusão específico mais rapidamente e apresentam uma relação custo-benefício

Fig. 20-2 A, Aparelho posicionador de língua pode


ser usado para manter a língua em uma posição mais
anterior (Great Lakes Orthodontics, Tonawanda, N.Y.).
Estão disponíveis dois tipos para pacientes edentados e
com dentes. B, Aparelho Kleerway® atua protruindo a
mandíbula durante o sono (Great Lakes Orthodontics).
C, Um aparelho para posicionamento mandibular per­
sonalizado pode ser facilmente fabricado no consultório
para diminuir os custos do paciente. Cada aparelho
deve ser avaliado com um estudo do sono de controle
e verificado após a adaptação do paciente, para analisar
o nível de melhora. Se for detectada uma correção
incompleta, pode ser indicada uma terapia alternativa.
254 Parte III   Manejo de Casos Complexos e em Adultos

substanciada pelo teste do sono. Se uma melhora objetiva não


for observada, devem ser oferecidas ao paciente opções alterna­
tivas de tratamento para melhorar a apneia do sono em termos
mensuráveis.

Opções Ortocirúrgicas
Embora os aparelhos dentários frequentemente funcionem
bem no paciente com SAOS leve a moderada, estes aparelhos
não são universalmente eficazes e podem não ser apropriados
para os casos mais graves. Para pacientes com apneia do sono
grave que não querem utilizar por longo período o CPAP, a
cirurgia é uma alternativa de tratamento viável. A cirurgia pode
ser confinada ao local da obstrução, tal qual na uvulopalatofa­
ringoplastia (UPFP), ou ser utilizada como auxiliar na perda de
Fig. 20-3 A mesma genioplastia de avanço utilizada para indi­ peso como a cirurgia bariátrica. Estudos recentes demonstram
cações estéticas pode ser feita para o paciente com apneia do sono. apenas 40% de sucesso a longo prazo com a UPFP, entretanto
Os tubérculos Geni devem ser incluídos no “segmento genial” para e, por conseguinte, formas alternativas de intervenção estão
que os músculos genioglosso e genio-hióideo sejam estirados. Este sendo exploradas.
estiramento aumenta o tônus tecidual e reduz a tendência à
obstrução da via aérea causada pela queda da língua para a região Genioplastia
posterior da garganta. Uma terapia alternativa de primeira escolha para SAOS é genio­
plastia para avanço.27 Os melhores candidatos apresentam uma
oclusão funcional com um correto posicionamento esquelético
melhor para o paciente. Após a entrega, o paciente retorna para maxilomandibular, porém apresentam uma projeção de queixo
a avaliação da adaptação do aparelho, do conforto e das poten­ deficiente denominada retrogenia ou microgenia. A retrogenia
ciais alterações oclusais. deve ser diferenciada do retrognatismo. No retrognatismo a
Uma máquina termoformadora de pressão positiva (p. ex., mandíbula é pequena e em posição sagital deficiente, mas
BioStar®, Great Lakes Orthodontics, Tonawanda, N.Y.) pode a projeção óssea do queixo pode ser normal.
ser utilizada para confeccionar um aparelho posicionador Em alguns pacientes é feito uma genioplastia padrão, com
mandibular relativamente barato porém eficaz (Fig. 20-2, C). cuidado para manter os tubérculos Geni no fragmento que está
Uma placa de material termoformado de 2 mm de espessura sendo avançado (Fig. 20-3). Outros desenhos de osteotomia
pode ser modelada sobre o modelo maxilar. Acrílico auto­ incluem avançar uma área de espessura total da sínfise man­
polimerizável pode, então, ser adicionado para confeccionar dibular contendo os tubérculos Geni. Uma vez que a cortical
um flange que se estende inferiormente e palatinamente para lingual deste fragmento ósseo esteja à frente da cortical vestibu­
se apoiar gentilmente na mucosa lingual da mandíbula na lar do corpo da mandíbula, o fragmento é rotacionado em 90°
posição protruída. O flange pode ser alterado colocando-se ou para manter a posição avançada.
removendo o acrílico para avançar ou retruir a mandíbula para Existem diversas pequenas variações no desenho da osteoto­
conforto do paciente e alivio adicional do sintoma. Um mia, baseadas nas restrições anatômicas ou na preferência do
aparelho dentário também tem a vantagem de ser relativa­ cirurgião. Se for obtida apenas uma resolução parcial dos sintomas
mente barato e inteiramente reversível. Se o paciente não através da genioplastia, uma segunda fase cirúrgica do tratamento
obtiver a melhora desejada e necessária, nenhuma mudança com o avanço da maxila e da mandíbula pode ser feita.
permanente terá ocorrido e outras opções de tratamento
podem ser exploradas. Avanço maxilomandibular
Para medir o efeito do aparelho, uma radiografia cefalomé­ Alguns pacientes com SAOS irão, rapidamente, decidir seguir
trica lateral obtida em relação cêntrica fornece uma base para em frente com o avanço maxilomandibular (AMM) por quere­
avaliar mais tarde as alterações oclusais e determinar a abertura rem seus sintomas resolvidos o quanto antes (Fig. 20-4).
da via aérea. Após a entrega do aparelho e a confirmação do Devido ao fato de não permitir o tratamento ortodôntico pré-
conforto do paciente, uma segunda radiografia pode ser obtida -cirúrgico, os riscos conhecidos associados ao AMM incluem a
para avaliar as alterações bidimensionais na via aérea. Os maloclusão pós-operatória. A conduta ideal deve abordar a
avanços recentes das imagens tridimensionais com a tomografia maloclusão pré-operatória utilizando uma terapia ortodôntica
computadorizada de feixe cônico podem ser úteis no futuro pré-cirúrgica para preparar os arcos dentários. O CPAP ou
para examinar estas alterações da via aérea com maior detalhe outras formas alternativas de tratamento para a SAOS podem
e precisão. ser utilizados para aliviar a sonolência diurna excessiva e os
Finalmente, é importante obter um estudo do sono de con­ efeitos negativos da SAOS durante a fase de ortodontia pré-
trole com o aparelho no lugar para documentar objetivamente ­-cirúrgica. Uma vez que os arcos dentários estejam coordena­
o nível de melhora. Alguns pacientes irão relatar uma alteração dos, tanto uma via aérea aprimorada quanto uma oclusão
subjetiva significativa com o aparelho, a qual pode ser ou não corrigida podem ser obtidas simultaneamente.
Capítulo 20   O Papel da Ortodontia na Apneia Obstrutiva do Sono 255

Fig. 20-4 Avanço maxilomandibular (AMM), um


dos tratamentos com maior índice de sucesso disponível
para pacientes com SAOS. Radiografias cefalométricas
A, pré-tratamento e B, pós-tratamento demonstrando
a magnitude do aumento da via aérea resultante do
AMM. C, Representação esquemática da cirurgia e da
quantidade de avanço. (C Cortesia de Vanderbilt Uni­
versity Medical Arts Group, com apoio científico de
Scott B. Boyd, DDS, PhD.)

Uma vez que tenha sido feito o AMM e os sintomas tenham Classe I como parte do AMM, o paciente pode passar a ter, então,
sido resolvidos pode-se suspender o CPAP.28–30 Interessante res­ um transpasse transverso exagerado.
saltar que os pacientes que passam por uma cirurgia ortognática Embora um excesso transverso da maxila possa ser facilmente
geralmente perdem cinco quilos ou mais, perda esta que, se controlado por uma barra lingual de aço termoativado 0,036
mantida, pode ser uma fonte adicional de melhora da saúde e polegada para contrair o arco, a situação deve ser cuidadosamente
de resolução dos sintomas. avaliada antes de diminuir a dimensão do arco em um paciente
Assim como todos os pacientes ortodônticos cirúrgicos, a com SAOS. Arcos menores deixam menos espaço pra a língua, o
terapia ortodôntica pré-cirúrgica para o AMM deve avaliar que pode exacerbar a apneia do sono. A contração ortodôntica
todos os três planos do espaço. As relações transversa, sagital e planejada pode diminuir a eficácia do AMM. A relação não está
vertical dos dentes e dos maxilares devem ser avaliadas. O plano clara até o momento, mas uma regra geral com relação à SAOS
de tratamento deve incluir onde os dentes irão ser posicionados deve ser de obter mais espaço e não menos. Em vez de contrair o
em cada arcada e onde cada arcada irá ser posicionada com arco maxilar, o clínico deve considerar aumentar a dimensão do
relação à base do crânio. Deve-se dispensar uma atenção espe­ osso basal mandibular através de uma distração osteogênica
cial com relação à largura do arco, forma do arco, nivelamento transversa da sínfise mandibular, conforme discutido a seguir.
e deficiência de comprimento do arco. Cada aspecto é avaliado Uma ferramenta importante para auxiliar o diagnóstico de
separadamente aqui para facilitar a discussão, mas devem ser problemas transversos é o oclusograma que permite ao clínico
considerados em conjunto e de maneira coordenada. fazer uma simulação do tratamento no filme de acetato31–33
Dimensão transversa e forma do arco. A relação transversa (Fig. 20-5). Para construir um oclusograma todos os dentes são
interarcos é especialmente importante no AMM. Sem adequada traçados no acetato. São feitas marcas de orientação para esta­
atenção a esta medida, a posição final da mandíbula com relação belecer a posição anteroposterior (AP) atual da mandíbula em
à maxila pode ser, de forma adversa, afetada. Para maximizar a relação à maxila. Alterações AP da mandíbula (com relação à
melhora, quando obtivermos os modelos diagnósticos, o orto­ maxila) são feitas deslizando o acetato para frente para simular o
dontista e o cirurgião bucomaxilofacial devem avaliar a dimen­ avanço da mandíbula ou deslizando o acetato mandibular para
são transversa em duas posições: a posição da mordida atual e a trás para simular um avanço de maxila. Então, as dimensões ideais
posição final antecipada da mordida. Isto é particularmente do arco mandibular são transferidas para o arco maxilar para
importante em maloclusões de Classe II ou Classe III signifi­ estabelecer o tamanho e a forma ideais para o arco maxilar.
cantes. Por exemplo, um paciente Classe II pode não ter uma Recentes avanços dos sistemas de modelos digitais podem permitir
mordida cruzada clássica na oclusão atual; entretanto, conforme que estas simulações sejam atualmente feitas eletronicamente.
a mandíbula é avançada para Classe I, pode ser observada desde Pequenas deficiências transversas podem ser tratadas com
uma relação de topo posterior até uma verdadeira mordida terapia ortodôntica e leve expansão (1-2 mm) do arco e do fio
cruzada. Se não for corretamente diagnosticado, ou o paciente auxiliar. Em pacientes de cirurgia ortognática com planejamento
terá uma mordida cruzada no pós-operatório ou a mandíbula de pequeno movimento AP da maxila, as deficiências transversas
não será avançada para Classe I. Em ambos os casos o paciente moderadas (5-7 mm) podem ser tratadas através da segmentação
ficará com uma maloclusão. Inversamente, pacientes Classe III da maxila (Fig. 20-6, A e B). Isto permite que sejam corrigidas
podem apresentar uma mordida cruzada durante o exame inicial, ambas as dimensões AP e transversa ao mesmo tempo através de
porém quando a maxila é avançada em relação a mandíbula para um procedimento único de osteotomia LeFort I segmentar.34
256 Parte III   Manejo de Casos Complexos e em Adultos

a mecânica ortodôntica e o tipo de movimento cirúrgico mais


apropriados podem ser planejados para se obter o objetivo dese­
jado. Uma consideração importante para se coordenar é o quanto
de correção vertical será feita pelo ortodontista e o quanto será
feita pelo cirurgião bucomaxilofacial. Tanto o método de nive­
lamento quanto o momento do nivelamento serão determinados
pelo nivelamento necessário. Os vários padrões faciais e oclusais
irão ditar o momento mais apropriado e mais eficiente para
nivelar os arcos dentários.
Alguns planos de tratamento ortodônticos determinam
“instalar aparelhos ortodônticos fixos completos para nivelar e
alinhar os arcos dentários”. Embora teremos arcos nivelados na
cirurgia, este plano ortodôntico não é bastante específico; é
importante saber quando, como e onde o nivelamento será
obtido. Se possível uma face longa não deve ser desnecessaria­
mente alongada com extrusão posterior. Da mesma forma, um
paciente com uma face curta não deve ser forçado a esperar um
ano pela cirurgia para obter arcos nivelados se os dentes podem
ser extruídos mais eficientemente após a cirurgia.
O paciente com SAOS de face curta e mordida profunda
pode ser visto de maneira similar a do tratamento do paciente
Classe II de face curta de avanço mandibular. Devido à tensa
musculatura orofacial, se a mordida puder ser aberta durante a
cirurgia, o nivelamento da mandíbula pode ser feito de maneira
mais eficiente no pós-operatório. Como o arco mandibular não
está nivelado na cirurgia, o splint interoclusal vai ser mais
espesso, principalmente no meio do arco. Durante o período de
bloqueio intermaxilar o splint será mantido no lugar. Uma vez
removido o bloqueio intermaxilar, pode-se utilizar um fio
pesado para o arco maxilar e um fio relativamente mais leve para
o arco mandibular. Elásticos intermaxilares são utilizados pelo
paciente para extruir os dentes mandibulares na direção do
espaço interoclusal (Fig. 20-7). Isto é muito eficiente, pois o
impedimento da carga oclusal foi removido. Além disso, durante
Fig. 20-5 Oclusograma para auxiliar no planejamento do trata­ este período pós-operatório imediato é observado um fenômeno
mento. Todos os movimentos antecipados podem ser feitos no acelerador regional.35 É especialmente importante certificar-se
acetato antes da colocação das bandas e bráquetes. Isto pode ser que todos os bráquetes e bandas estão firmemente fixados no
considerado um setup ortodôntico feito no acetato. lugar neste momento. Se um bráquete ou banda estiver solto (ou
um gancho se tornar inutilizável), o dente ou o grupo de dentes
Com a frequência elevada de avanços de maxila maiores podem ficar em infraoclusão enquanto os dentes adjacentes
(10-12 mm) como parte do tratamento da SAOS, muitos cirur­ extruem. Esta discrepância vertical pode ocorrer rápida e dras­
giões hesitam em segmentar o arco maxilar ao mesmo tempo ticamente. É aconselhável avaliar o paciente mais frequente­
do avanço. Se a deficiência transversa da maxila for grave mente durante a fase pós-operatória imediata do tratamento.
(>7 mm) é necessária como uma primeira fase da cirurgia uma Uma alternativa é o nivelamento pré-cirúrgico. Da mesma
distração osteogênica transversa maxilar (anteriormente conhe­ forma, sem cuidados especiais e técnicas especiais, o nivela­
cida como “expansão rápida da maxila assistida cirurgica­ mento pré-cirúrgico pode ser ineficiente devido à presença de
mente”) (Fig. 20-6, C-E). Após a expansão, um registro oclusal pesadas forças musculares e oclusais. Para aumentar a eficiência
é indicado para avaliar corretamente a magnitude da expansão monta-se o aparelho maxilar com fios contínuos até alinhar a
obtida. É importante certificar-se que a expansão adequada foi arcada superior. Após a obtenção desta arcada modelo, um
obtida nesta fase enquanto uma expansão adicional pode ainda molde maxilar pode ser obtido. Deste, fabrica-se um guia intero­
ser conseguida. Recomenda-se sobrecorrigir levemente para clusal com os incisivos mandibulares ocluindo no acrílico do
acomodar a recidiva pós-operatória (com cuidado de manter os guia criando um espaço interoclusal na região posterior. Com
dentes dentro do alvéolo). um arco maxilar rígido e o guia interoclusal, os dentes mandibu­
Dimensão vertical e nivelamento. Existem vários métodos lares podem ser extruídos da mesma maneira como descrito
ortodônticos e cirúrgicos para se obter um nivelamento do arco. anteriormente para o nivelamento pós-cirúrgico. As desvanta­
Alguns podem produzir o efeito desejado, enquanto outros não. gens desta segunda técnica são o tempo necessário para permitir
Após determinar a posição vertical desejada dos dentes na face, a instalação do arco pesado maxilar e a concordância do paciente
Capítulo 20   O Papel da Ortodontia na Apneia Obstrutiva do Sono 257

Fig. 20-6 A dimensão transversa é frequentemente ignorada, mas existem vários métodos de
avaliar e expandir a maxila. A e B, Osteotomia segmentar da maxila para expansão. C e D, Expansão
rápida da maxila assistida cirurgicamente. E, Distrator transverso da maxila (KLS Martin Group,
Tuttlingen, Alemanha.).

com o guia interoclusal. No paciente pré-cirúrgico sem o guia


interoclusal (i.e., paciente que não aceita o guia), as pesadas
forças oclusais ainda estão presentes, e será observada apenas
uma extrusão limitada. Além disso, perde-se a vantagem do
fenômeno acelerativo regional. Os seis a nove meses necessários
para se chegar ao arco maxilar rígido sem nenhum arco man­
dibular instalado atrasa ainda mais a cirurgia ortognática. Os
pacientes com apneia do sono necessitam da cirurgia o mais
rápido possível, com este método isto não é possível.
Uma alternativa ao guia interoclusal de acrílico é a colocação
de resina composta nas superfícies linguais dos incisivos supe­
riores. Infelizmente, podem soltar-se ou fraturar com facilidade
e são difíceis de ser limpas, e muitos pacientes adultos se queixam
e se opõem a sua utilização. Entretanto, se o paciente não que­
brá-las frequentemente, estes batentes propiciam ao clínico
montar o aparelho mandibular na mesma visita da montagem
do aparelho maxilar levando a uma perda de tempo menor no
tratamento ortodôntico pré-cirúrgico.
Em alguns casos, não é a curva de Spee mandibular que
necessita de nivelamento, mas a curva de Spee reversa da maxila
que é mais observada nos pacientes Classe II, divisão 2. Nesta
maloclusão, tipicamente, os incisivos superiores erupcionaram
além do plano oclusal funcional maxilar e encontram-se verti­
calizados. Isto impede que o avanço mandibular ocorra se o
transpasse vertical exagerado não for corrigido antes da cirur­
gia. Uma forma muito eficaz de melhorar a posição vertical
dos incisivos maxilares é a utilização de um arco segmentado
Fig. 20-7 Nivelamento cirúrgico no paciente face curta pode ser
para intrusão.40 Na preparação para a colocação do arco seg­ mais eficiente em alguns casos quando feito após a cirurgia. A e B,
mentado para intrusão, coloca-se os bráquetes no arco superior. Quando for utilizada fixação rígida, pode-se utilizar elásticos
Segmentos de arco são colocados do segundo molar superior pesados entre do arco mandibular (que possui um arco mais leve)
até o canino ou primeiro pré-molar e do incisivo lateral ao para o arco maxilar. Os dentes estão extruindo para o espaço intero­
incisivo lateral. Um arco de aço auxiliar de 0,017 × 0,025 pole­ clusal em vez de extruirem contra forças oclusais pesadas que
gada pode então ser colocado com um helicoide duplo. O arco estavam presentes antes da cirurgia.
258 Parte III   Manejo de Casos Complexos e em Adultos

Fig. 20-9 Arcos-base para extrusão são utilizados quando for necessária a extrusão de um incisivo.

base de intrusão é então ativado com uma força de aproxima­ a “quebra” é na região dos incisivos a segmentação é feita entre
damente 20 a 25 g de força por dente (se for planejado intrusão o canino e o incisivo lateral maxilar. Isto deve ser planejado em
de incisivos) ou forças maiores (200 g ou mais, se for planejado concordância com as considerações transversas mencionadas
extrusão dos posteriores). Estas forças podem ser medidas com neste capítulo. Da mesma forma, na mandíbula, a região ante­
um tensiômetro apropriado. O helicoide do arco base de rior do arco dentário pode ser reposicionada cirurgicamente
intrusão aumenta o comprimento do fio e melhora o potencial para auxiliar o nivelamento. A osteotomia subapical anterior
da carga de deflexão, o que cria um sistema de força muito mais pode ser feita para posicionar o segmento inferiormente em
consistente e duradouro. pacientes com uma grande mordida profunda (Fig. 20-8).
O mesmo tipo de sistema de força pode ser obtido com um Com os movimentos sagitais de 10 a 12 mm feitos nas cirur­
fio de beta-titânio. Alternativamente, encontram-se disponíveis gias de apneia do sono, muitos cirurgiões não ficam confor­
comercialmente arcos de níquel-titânio (NiTi) que foram con­ táveis em segmentar a maxila, como descrito e ainda avançar
feccionados pelo fabricante com uma dobra em V na região tanto a maxila segmentada. A preocupação cirúrgica principal
posterior do fio. é com o estiramento significante do pedículo que fornece o
É importante notar que independentemente do material do suporte vascular com o avanço da maxila. Um estiramento adi­
fio (aço inoxidável, beta-titânio, ou níquel-titânio) o arco de cional do pedículo pela segmentação do arco aumenta o risco
intrusão não deve ser colocado nos slots dos bráquetes dos de dobra do pedículo. Qualquer dobra do pedículo diminui o
dentes a serem intruídos. Como o fio é retangular, ele pode suprimento vascular e aumenta o risco de necrose do(s)
fornecer torque além da força de intrusão. Dependendo da orien­ segmento(s) afetado(s) na maxila. Em vez disto, apesar da esta­
­tação do fio e do bráquete, o torque pode ser aditivo (i.e., bilidade da extrusão dos incisivos ser menor do que a estabili­
­presença de intrusão adicional no sistema de força), ou pode até dade da reposição cirúrgica do segmento anterior, o cirurgião
anular o sistema de força de intrusão se existir uma grande pode preferir extruir os incisivos para permiti-lo fazer a osteoto­
quantidade de torque vestibular da coroa. É impossível saber mia Le Fort I em uma peça única.
que situação está presente. Como resultado forma-se um sistema Devido a potencial restrição a segmentação cirúrgica em
de força indeterminado ou desconhecido (e potencialmente pacientes com SAOS, um arco base de extrusão pode ser uti­
indesejável). Para prevenir isto, o arco de intrusão dever ser
posicionado cervicalmente ao bráquete.
Pacientes com face longa podem ter um transpasse vertical
excessivo, moderado ou mordida aberta. Além disso, eles podem
ter um plano oclusal único ou em múltiplos planos. O paciente
face longa, com mordida aberta anterior, com plano oclusal em
diferentes níveis e apneia do sono representa um desafio adicio­
nal. Tipicamente, o plano de tratamento de um paciente com
mordida aberta inclui impactação maxilar, com ou sem cirurgia
mandibular dependendo da quantidade de mudança do plano
oclusal. Quando o plano oclusal maxilar encontra-se em um
único e consistente plano, geralmente é planejado para o
paciente uma osteotomia Le Fort I sem segmentação. Quando
o plano oclusal maxilar encontra-se em vários níveis, o paciente
Fig. 20-8 O nivelamento cirúrgico pode também ser obtido
através de osteotomias segmentares subapicais da maxila e da
que não apresenta SAOS é mais bem-tratado com uma osteoto­
mandíbula. Deve-se ter cuidado para evitar danos as raízes quando
mia Le Fort I em três segmentos para auxiliar no nivelamento for feita a osteotomia interdental, ocasionalmente deve-se divergir
do arco maxilar. Neste planejamento, o local da segmentação é as raízes antes da cirurgia. A osteotomia horizontal é feita pelo
basicamente determinado pela localização dos diferentes planos menos 5 mm apical aos ápices radiculares para minimizar o risco
oclusais. Se a “quebra” do plano oclusal ocorrer na região do de desvitalizar os dentes. Embora seja um procedimento excelente,
canino a maxila é segmentada na distal do canino. Se, entretanto, ele não é feito rotineiramente.
Capítulo 20   O Papel da Ortodontia na Apneia Obstrutiva do Sono 259

lizado para extruir os incisivos maxilares para nivelar o plano ortodôntico. Muitos pacientes, entretanto, não apresentam este
oclusal maxilar. Um arco segmentado similar pode ser utilizado, tipo de oclusão.
com o local da segmentação determinado pela localização dos Mais frequentemente, os pacientes apresentarão algum grau
diferentes planos da arcada. Uma vez segmentado, pode ser de relação de molar, de canino ou esquelética de Classe II. Neste
confeccionado o mesmo arco de aço de 0,017 × 0,025 polegada caso, tanto a classificação de molar quanto qualquer discrepân­
com helicoide duplo. A diferença é que este fio vai ser posicio­ cia de modelo devem ser consideradas em conjunto para deter­
nado oclusalmente aos bráquetes dos incisivos em vez de cervi­ minar o plano de tratamento cirúrgico. Uma regra geral para os
calmente (Fig. 20-9). O arco base de extrusão vai ser então pacientes com SAOS é de manter ou aumentar e não diminuir
fixado oclusalmente aos bráquetes dos incisivos maxilares (e as dimensões do arco dentário. Para apneia obstrutiva do sono
talvez caninos). Isto pode ser melhorado com elástico interarcos debilitante ou que represente risco de vida, embora importante,
se desejado, porém deve-se ter cuidado para não transmitir uma a oclusão pós-operatória é um objetivo secundário. O fator mais
força de extrusão muito grande, levando a uma extrusão exces­ importante é a resolução da apneia do sono. Com arcos den­
siva dos dentes. Assim que os dentes estiverem todos no mesmo tários menores há menos espaço para a língua. É preferível um
nível, um arco contínuo de aço inoxidável pode ser colocado tratamento ortodôntico sem extração (quando possível) se o
para manter o nível do plano oclusal. Se não for estabilizado, o paciente tiver boa saúde periodontal com pequena a moderada
osteoide apical às raízes dos incisivos pode não calcificar. Como discrepância de modelo e se o dente puder ser mantido sobre o
resultado, sem um arco mais rígido, os dentes recém-extruídos osso basal. Entretanto, se a discrepância de modelo for signifi­
podem recidivar rapidamente. cante a ponto de ser impensável obter alinhamento dos dentes
Uma vez que os dentes maxilares tenham sido nivelados sobre o osso basal, as exodontias devem ser consideradas.
ortodonticamente, a posição da dentição maxilar mandibular Se as extrações forem consideradas indicadas, uma segunda
deve ser considerada. Se a exposição do incisivo é indesejada, consideração é a necessidade de ancoragem para o controle do
mas a posição da maxila posterior é considerada adequada, a espaço da extração. A discrepância de modelo, a relação oclusal
região anterior da maxila pode ser impactada ao ser avançada sagital e a relação esquelética devem guiar o clínico. Como o
(i.e., rotação anti-horária da maxila). Se toda a maxila está posi­ objetivo é um avanço significativo de 10 a 12 mm do AMM, as
cionada inferiormente, ela toda pode ser impactada paralela­ necessidades de ancoragem geralmente serão diferentes das
mente. Se a exposição do incisivo não é indesejada, mas o necessidades em casos não cirúrgicos. Um paciente Classe II com
paciente possui uma face longa, a maxila posterior pode ser uma relação da base apical Classe II (AB-PO −6 ou mais), uma
impactada com o avanço (i.e., rotação horária da maxila). apresentação facial Classe II e 7 mm ou mais de discrepância de
Quando for feita uma impactação assimétrica ou rotacional da modelo negativa que não apresenta apneia do sono e que não irá
maxila, o clínico deve também avaliar o efeito potencial na passar por cirurgia necessita de uma ancoragem “máxima” na
projeção do queixo. Apesar de a mandíbula estar sendo avan­ maxila e uma ancoragem “mínima” na mandíbula. O movimento
çada, a inclinação do plano oclusal (rotação horária da maxila) diferenciado e o fechamento dos espaços proporcionam a cor­
tende a tornar a face mais convexa, pois a mandíbula deve rota­ reção da Classe II. No mesmo paciente que irá passar por cirurgia
cionar no sentido horário também. Isto pode demandar uma para apneia do sono, a necessidade de ancoragem é quase exata­
genioplastia para redução vertical ou uma genioplastia para mente o contrário. Com cirurgia, o objetivo na maxila é de
avanço com redução vertical para compensar. posicionar os dentes anteriores na base óssea com, pelo menos,
O tempo e futuros estudos irão determinar se o nivelamento a manutenção da relação de Classe II e, em alguns casos, até
pré-cirúrgico no paciente com SAOS e mordida aberta é mais, piorar a relação dentária de Classe II. Isto permite que seja feito
menos ou tão estável quanto o nivelamento através das osteoto­ o maior avanço mandibular possível. Se a relação de Classe II for
mias segmentares. Uma técnica cirúrgica para minimizar o corrigida ortodonticamente, ambas as arcadas serão avançadas,
comprometimento do pedículo é sempre importante. A quan­ entretanto a mandíbula será avançada apenas a mesma quanti­
tidade de movimento pode ou não realmente representar uma dade da maxila, o que não irá resolver a discrepância da base
razão para segmentar a arcada. Até que novos estudos sejam apical subjacente. Esta potencial diminuição no avanço da
feitos é improvável que muitos cirurgiões arrisquem segmentar mandíbula pode também diminuir a melhora no IDR e levar a
a maxila em pacientes com apneia do sono. um tratamento cirúrgico fracassado para apneia do sono.
Relação sagital: classificação de molares e comprimento do Uma maneira de obter a posição dentária desejada quando
arco. A relação sagital pré-tratamento irá auxiliar na determi­ são necessárias extrações incluí a uma montagem para retração
nação da quantidade de movimento diferencial necessário para em segmentos. São confeccionados um arco palatino de aço
o paciente de AMM. Os pacientes são tipicamente planejados inoxidável termoativado de 0,036 polegada e um arco lingual
para um avanço maxilar de pelo menos 10 mm.28 Se o paciente inferior. Então, são criados segmentos posteriores incluindo o
apresenta uma relação de molar e de canino de Classe I com segundo molar, primeiro molar e segundo pré-molar. Os incisi­
pouca deficiência de comprimento do arco (discrepância de vos não são colados inicialmente para evitar a inclinação destes
modelo), a mandíbula deve ser avançada a mesma quantidade dentes. Um arco de beta-titânio com alça em “T” auxiliar de
da maxila. Os objetivos do avanço devem ser a resolução da 0,017 × 0,025 polegada pode ser colocado do tubo auxiliar do
apneia do sono e a manutenção da oclusão pré-tratamento. Este primeiro molar maxilar ao tubo auxiliar do canino ou direta­
tipo de paciente pode potencialmente ir para a cirurgia com mente no bráquete do canino. Ativações precisas podem ser posi­
barras para odontossíntese e nem necessitar de tratamento cionadas para permitir ao clínico no momento desejado controlar
260 Parte III   Manejo de Casos Complexos e em Adultos

a força para o fechamento do espaço máximo, mínimo ou se for necessário. A manipulação do calo é mais facilmente obtida
recíproco. Tipicamente, os caninos são retraídos apenas o sufi­ com osteossíntese a fio de aço, embora isto seja raramente uti­
ciente para corrigir o apinhamento dos incisivos e nada mais. lizado hoje em dia e seja quase nunca utilizado nos casos de
Neste ponto a mola de retração é removida, são colados brá­ grandes movimentos maxilares indicados na correção da apneia
quetes nos incisivos e um fio ortodôntico contínuo é colocado. obstrutiva do sono. Entretanto, mesmo com a fixação interna
Neste momento, qualquer espaço remanescente pode ser fechado rígida, existe uma pequena mobilidade dos maxilares que o cirur­
com uma ancoragem mínima ou “C”. Isto tem no conjunto um gião e o ortodontista podem utilizar a seu favor. Deve ser enfa­
efeito de manter os dentes os mais anteriores possíveis (dentro tizado que quando a goteira é removida se a oclusão não for o
do osso alveolar) e depois avançar o osso basal e alveolar com o que era esperado, uma cuidadosa avaliação deve ser feita tanto
movimento cirúrgico. Embora alguém possa questionar que a pelo cirurgião quanto pelo ortodontista. Existe um limite para a
dimensão total do arco dentário (perímetro do arco, profundi­ manipulação pós-cirúrgica com elásticos intermaxilares. Se a
dade do arco e comprimento do arco) seja a mesma que um arco oclusão estiver fora deste envelope, é melhor voltar para o centro
com extração com uma ancoragem máxima ou “A”, a diferença é cirúrgico do que tentar controlar esta inesperada maloclusão
que os dentes estão mais anteriores na maxila e na mandíbula. com elásticos. O que o cirurgião pode conseguir em poucas horas
Finalização pós-cirúrgica. Conseguir os objetivos ortodôn­ pode levar meses ou anos para o ortodontista, se possível for, com
ticos auxilia o cirurgião a obter os objetivos cirúrgicos e em a utilização criativa de elásticos. A concordância pelo paciente da
consequência a finalização pós-cirúrgica da oclusão. Quando o utilização do padrão de elástico prescrito é essencial durante esta
cirurgião consegue obter uma boa relação de molar e de canino fase; o uso incorreto ou a falta da utilização pode levar a correção
de Classe I na cirurgia, a finalização é igual a qualquer outro incompleta da maloclusão e um resultado menos favorável.
caso ortodôntico-cirúrgico. Os principais objetivos são a Por último, ao final da ortodontia pós-cirúrgica, a oclusão
coordenação da forma final do arco, a intercuspidação dos do paciente deve ser cuidadosamente avaliada. Fios leves de
dentes posteriores e a utilização de elásticos pós-operatórios finalização podem ser utilizados por duas a quatro semanas com
para sustentar o movimento cirúrgico. elásticos intermaxilares de finalização individuais para se obter
A coordenação dos arcos em situações de discrepâncias trans­ a intercuspidação final que cada paciente necessita.
versas extremas pode ser difícil de ser obtida completamente A remoção dos bráquetes e contenção podem ser feitas.
antes da cirurgia, pois a relação sagital pode causar interferências Dependendo da quantidade de intercuspidação, o ortodontista
oclusais. Se puder ser obtida uma coordenação próxima da ideal pode escolher um posicionador, uma placa de Hawley para
antes da cirurgia, o reposicionamento sagital final da arcada irá contenção ou uma contenção Essix®. O posicionador e a placa
facilitar a coordenação final dos arcos. Com a relação pré-opera­ de Hawley permitem ajustes ativos e passivos respectivamente,
tória de Classe II típica do paciente com apneia do sono, a enquanto a contenção Essix frequentemente se adapta tão justa­
maxila é moderadamente atrésica. Isto pode ser ajustado facil­ mente aos dentes que as pequenas alterações desejadas não
mente com um arco transpalatino (ATP) ativado para uma podem ocorrer. A decisão de contenção deve ser feita de maneira
expansão moderada e torque vestibular de raiz. Se necessário, individualizada com o objetivo de maximizar os resultados do
podem ser usados elásticos intermaxilares cruzados em conjunto tratamento e a aceitação do paciente.
com o ATP. Se tiver havido um primeiro passo cirúrgico com
distração osteogênica transversa da maxila, uma sobrecorreção Distração transversa maxilar e mandibular
moderada da maxila é preferida a uma subcorreção. É tipica­ Os relatos são conflitantes em relação ao tamanho, formato e
mente mais fácil fechar um arco expandido do que expandir forma dos arcos dentários e do padrão facial de um paciente
dentariamente um arco com insuficiente expansão cirúrgica. típico da SAOS. Evidências anedóticas de séries de casos sugerem
Deve ser enfatizado que qualquer sobrecorreção transversa deve um componente de deficiência transversa em ambas as arcadas.
ser moderada e não excessiva. Além disso, a coordenação final A magnitude da deficiência transversa varia com alguns pacientes
dos arcos pode ser avaliada e obtida mais eficientemente uma exibindo uma extrema atresia de ambas as arcadas. Alguns
vez que a oclusão final possa ser visualizada. relatos sobre pacientes pediátricos e adolescentes teorizam que
Após a remoção da goteira final, se houver um excesso trans­ a expansão dos arcos dentários com expansão rápida da maxila
verso da maxila moderado, um arco circular de aço contínuo pode aliviar a SAOS em crianças.
pode ser colocado, mantendo um arco retangular na mandíbula. Até o início dos anos 1990, a distração osteogênica como
Elásticos verticais podem ser utilizados para auxiliar na inter­ descrita por Ilizarov36 era confinada aos ossos longos. Um dos
cuspidação final. Isto ocorre em geral em paciente Classe III ou relatos mais antigos de distração craniofacial utilizou uma dis­
paciente Classe II com leve sobrecorreção. tração osteogênica transversa da sínfise mandibular com uma
Quando movimentos cirúrgicos sagitais diferentes tiverem expansão rápida da maxila.37 Antes do desenvolvimento da dis­
sido feitos (i.e., a mandíbula foi mais avançada que a maxila ou tração osteogênica transversa mandibular, a expansão maxilar
vice-versa), uma tração elástica por alguns meses após a cirurgia era limitada pelo tamanho, forma e posição da mandíbula. Se
é recomendada para auxiliar na estabilização dos maxilares na uma mordida cruzada não estivesse presente, a maxila não podia
posição pós-operatória enquanto a cicatrização e remodelação ser expandida, pois não havia uma maneira estável de se expandir
óssea ocorrem. Além disso, isto também permite uma manipu­ a mandíbula. Devido aos resultados encorajadores da expansão
lação mínima do calo ósseo durante a fase de cicatrização de rápida da maxila em crianças com SAOS, acredita-se que a dis­
maneira que pequenas alterações esqueléticas podem ser obtidas tração osteogênica transversa da maxila e mandíbula apresentem
Capítulo 20   O Papel da Ortodontia na Apneia Obstrutiva do Sono 261

resultados similares na população adulta.38 Um relato de caso uma semana depois, devem ser adaptadas as bandas nos
recente ilustra o sucesso da incorporação da distração osteogênica primeiros molares e primeiros pré-molares maxilar e mandibu­
transversa em combinação com o AMM em um homem adulto lar. São fabricados aparelhos personalizados para expansão
com uma grave SAOS.39 O IDR pré-tratamento de 60 foi reduzi­ rápida maxilar e mandibular. Na mandíbula o parafuso de
­do para 4 após o tratamento. Infelizmente não foi feito nenhum expansão deve estar posicionado na lingual dos incisivos inferio­
estudo do sono no intervalo entre os procedimentos. Como res e orientado a 45° com o plano oclusal. Isto permite uma
resultado, pode-se apenas especular em relação ao quanto da fácil ativação do aparelho. Se houver espaço interdental sufi­
correção foi obtida pela distração osteogênica e o quanto foi ciente entre os incisivos centrais superiores e inferiores será
obtida pelo AMM. necessário pouco movimento pré-distração. Mesmo que não seja
Quando for considerada a distração osteogênica bimaxilar, o necessário divergir as raízes, é interessante ter bráquetes em
clínico deve primeiro determinar o quanto atrésica são as arcadas todos os dentes possíveis com o objetivo de manter os incisivos
e o quanto elas podem ser expandidas (Fig. 20-10). Uma prática no lugar durante os períodos de distração e inicial de consolida­
regra clínica é que a mandíbula não pode ser expandida mais do ção. O movimento precoce dos dentes para o espaço da distração
que em torno de 10 mm. Como resultado, se o paciente apresen­ pode levar à perda do ligamento periodontal. Mais tarde no
tar uma maxila atrésica e uma mandíbula atrésica, mas sem período de consolidação os bráquetes podem proporcionar a
mordida cruzada, não deve ser planejado mais do que 10 mm de colocação de um fio ortodôntico para servir como trilho para o
expansão para ambas as arcadas. Isto pode ser avaliado através movimento mesial do dente. O aumento na dimensão transversa
de modelos diagnósticos, oclusograma e radiografia cefalomé­ irá proporcionar um perímetro adicional ao arco, o que pode
trica posteroanterior (PA). Além disso, um grupo de medidas em auxiliar no alinhamento inicial. O mesmo espaço pode, também,
norma pode ser usado para ajudar a determinar o tamanho apro­ aumentar a possibilidade de se optar por um tratamento
priado da maxila e da mandíbula. Estes dados devem servir como ortodôntico sem extrações quando apropriado.
um guia clínico que pode ser modificado baseado na experiência A distração osteogênica transversa não deve ser considerada
clínica e em fortes princípios diagnósticos e biomecânicos. uma panaceia para as deficiências de modelos.
Uma vez que tenha sido indicada a distração osteogênica para Os progressos obtidos com a distração osteogênica trans­
o paciente e obtido o consentimento esclarecido, os molares versa irão proporcionar resultados adicionais. Um novo proto­
maxilar e mandibular devem ser separados. Aproximadamente colo de teste deve ser iniciado com um estudo do sono antes do

Fig. 20-10 A dimensão transversa frequentemente é negligenciada. Para pacientes com constrição
grave do arco, pode ser feita uma distração osteogênica transversa da maxila e da mandíbula. São
necessários estudos do sono de controle para determinar o efeito no controle total da SAOS. A e B,
A expansão da arcada é possível utilizando um distrator transverso da maxila. C e D, A expansão da
arcada é obtida utilizando distração osteogênica da sínfise mandibular.
262 Parte III   Manejo de Casos Complexos e em Adultos

tratamento, após a distração osteogênica e após o AMM. Tal ções, as crianças tem se tornado cada vez mais sedentárias, com
protocolo irá propiciar um melhor entendimento da quanti­ sobrepeso e obesidade variando de um em quatro a um em três
dade de correção da SAOS obtida pela distração osteogênica crianças.42 Com este problema de peso precoce, as crianças estão
transversa e pelo AMM. apresentando SAOS mais precocemente, levando a uma vida de
tratamento com um risco muito aumentando de se tornarem
adultos com sobrepeso ou obesidade. Consequentemente, mesmo
Diagnóstico E Tratamento que não tenham SAOS agora, elas apresentam uma chance maior
Em Adolescentes de apresentar sinais e sintomas da SAOS quando adultos. Além
disso, o sobrepeso pode ser um fator a mais em outras doenças,
Opções de Tratamento Não Ortodôntico como hipertensão, diabetes e infarto do miocárdio.
Tipicamente a causa mais comum de SAOS em pacientes
pediátricos e adolescentes é a hipertrofia de tonsilas (amígdalas)
O Papel do Ortodontista
e adenoides.40 Os otorrinolaringologistas desenvolveram escalas
para avaliar o tamanho relativo destes tecidos linfoides. Como os ortodontistas frequentemente atendem pacientes
A escala tonsilar varia do tipo I ao IV.41 Com o tipo I as jovens, eles conseguem criar uma relação e uma empatia com
amígdalas são praticamente não visíveis nos pilares faríngeos. seus pacientes. Esta empatia permite ao ortodontista motivar
Tipo II as amígdalas são visíveis, mas o tecido continua confi­ seus pacientes jovens e encorajar a adesão ao uso de arco extrabu­
nado à cripta. Com o tipo III o tecido tonsilar é grandemente cal, à escovação dentária e a outros cuidados relacionados ao
aumentado e estende-se além das margens dos músculos palato­ tratamento. Com o aprofundamento da relação com o paciente,
glosso e palatofaríngeo que formam os pilares amigdalianos. o ortodontista e o pessoal auxiliar podem também auxiliar a
Com o tipo IV os tecidos tonsilares do lado direito e esquerdo instuir a criança com sobrepeso com aconselhamento nutricional
quase se tocam na linha média. A hipertrofia das amígdalas e modificação da dieta. Isto é necessário não apenas para mini­
pode ser visualizada na radiografia cefalométrica de perfil e no mizar a descalcificação e desenvolvimento de cáries durante o
exame clínico ortodôntico padrão. O tecido tonsilar pode enco­ tratamento, mas também para auxiliar a criança manter uma
lher após os seis anos de vida, e se a apneia/hipopneia não for dieta saudável por toda a vida – um benefício ainda maior do
grave, a SAOS pode melhorar com o tempo sem tratamento. que a melhora na autoestima, estética e função obtida com o
O tecido linfoide das adenoides também pode ser hipertrófico, tratamento ortodôntico. O ortodontista pode também demons­
mas diferentemente das amígdalas, este tecido não pode ser visua­ trar visualmente um estilo de vida saudável participando dos
lizado através do exame da cavidade oral. Elas podem ser vistas eventos da comunidade em sua cidade.
na radiografia cefalométrica de perfil como uma massa modera­ Algumas anomalias craniofaciais são outros fatores de
damente radiopaca acima do palato mole. Dependendo da gravi­ risco para a apneia do sono pediátrica. Em crianças gravemente
dade da apneia, os pais podem ter dificuldade em achar um afetadas, tem sido indicado o CPAP. Na população adulta, os
otorrinolaringologista que remova as amígdalas e as adenoides. efeitos colaterais craniofaciais do CPAP não foram observados ou
Assim como com o debate da extração/não extração, a retirada não foram relatados. Existe uma preocupação de que o uso por
das amígdalas e adenoides tem sido controversa. Nos anos 1950 longos períodos do CPAP na população pediátrica e adolescente
e 1960 as amígdalas e adenoides eram rotineiramente retiradas, possa levar a alterações do crescimento. Alguns clínicos têm insti­
mesmo quando assintomáticas ou apenas com sintomas leves. tuído o uso de tração reversa de maxila para se contrapor à pressão
Nos anos 1970 até 1990, entretanto, mesmo amígdalas sintomáti­ feita na maxila pela máscara com o uso noturno do CPAP.
cas eram controladas clinicamente com antibióticos, e não com Essas preocupações apresentam alguma validade biomecânica.
cirurgia. Hoje, as amígdalas levemente sintomáticas e aumenta­ A tira de elástico que mantém a posição da máscara de CPAP
das são controladas com antibióticos, e as amígdalas mais grave­ realmente aplica uma força inibitória ao desenvolvimento ante­
mente afetadas e aumentadas removidas com cirurgia. rior maxilomandibular. Isto é similar ao efeito que um arco
Uma preocupação com a amigdalectomia e adenoidectomia extrabucal com tração alta ou puxada cervical ou que um Cas­
é o grande suprimento vascular das criptas tonsilares. A cirurgia quete de Interlandi tem no crescimento maxilar de uma criança
pode lesar uma artéria maior, levando a hemorragia aguda e com Classe II. Entretanto, quando um arco extrabucal é uti­
morte durante o procedimento. Além disso, perda sanguínea lizado, a força e a direção da tração são medidas, permitindo a
lenta no período pós-operatório imediato pode levar a edema manipulação precisa do sistema de forças em todos os três
faríngeo e potencial obstrução da via aérea. Esta é uma preocu­ planos do espaço. Com o CPAP, a tira de elástico é ajustada para
pação particularmente séria se a criança for liberada do hospital manter a posição da máscara, mas a tensão na tira é avaliada
antes da observação da inflamação tardia. Finalmente, o período como adequada ou inadequada. “Adequada” significa que a
de recuperação pode ser difícil tanto para a criança quanto para máscara não é deslocada durante a noite e que uma vedação é
os pais devido ao significativo desconforto pós-operatório. obtida. “Inadequada” significa algum grau de deslocamento ou
Quando corretamente feita e controlada, entretanto, os riscos perda da vedação de ar, diminuindo a eficiência da máquina.
da cirurgia são relatados como pequenos (em geral com um Até o momento não está claro se a deficiência de terço médio
único dígito), mas não zero. observada em crianças que usam CPAP é causada pelo CPAP ou
Historicamente, as crianças são mais ativas do que adultos e pela a anomalia craniofacial de base. Para responder a esta
com menos tendência a obesidade. Entretanto, nas últimas gera­ questão, é necessário um experimento clínico randomizado
Capítulo 20   O Papel da Ortodontia na Apneia Obstrutiva do Sono 263

­ rospectivo para determinar o efeito do CPAP na face em desen­


p e nos desejos do paciente, estética e saúde do sono deve cor­
volvimento. Se um efeito negativo for medido, o clínico deve avaliar roborar a decisão individualizada de extrair ou não extrair.
se a potencial alteração do crescimento causada pelo CPAP é mais Outra consideração é a evolução do diagnóstico e do trata­
danosa do que o efeito da SAOS não tratada. Isto indica a necessi­ mento para pacientes Classe III, particularmente pacientes
dade de um plano individualizado para cada criança afetada. Classe III pré-cirúrgicos no final da adolescência. A maloclusão
Além das modificações na dieta e um estilo de vida saudável, tipo Classe III já foi considerada primario como o resultado de
é possível para o ortodontista, durante o tratamento no período um crescimento excessivo da mandíbula, e o único tratamento
da adolescência, prevenir ou minimizar o risco de desenvolvi­ ortodôntico cirúrgico disponível era cirurgia mandibular para
mento da SAOS no futuro? Um estudo recente sobre o beneficio recuo da mandíbula. Com a evolução das técnicas cirúrgicas e
da expansão rápida da maxila (ERM) em crianças com SAOS a possibilidade da cirurgia da maxila, a etiologia da Classe III
apresenta algumas limitações (p. ex., tamanho da amostra mudou. Muitos atualmente crêem que a maloclusão Classe III
pequeno, baixo IDR), mas também algumas implicações clíni­ é mais um resultado de um crescimento deficiente da maxila,
cas potencialmente importantes.38 Se o osso basal puder ser mas que também possui algum componente de crescimento
expandido na maxila o espaço na via aérea orofaríngea pode excessivo da mandíbula.43 Cada caso deve ser diagnosticado
aumentar. Com uma via aérea orofaríngea aumentada, o fluxo individualmente, mas como uma regra geral, se houver dúvidas
de ar deve melhorar. Se o fluxo de ar melhorar, menos hipop­ em relação à via aérea, é recomendado avançar cirurgicamente
neias e apneias devem ocorrer. Com menos episódios obstruti­ a maxila em vez de recuar a mandíbula. Vários estudos sobre
vos, a condição é minimizada ou potencialmente resolvida, pacientes Classe III que avaliaram as alterações a curto prazo
levando a um aumento da vigília diurna e uma diminuição da da via aérea após cirurgia para recuo mandibular demonstra­
morbidade da SAOS. ram uma diminuição no tamanho da via aérea.44,45 A maioria
Os mecanismos precisos para a diminuição dos eventos dos pacientes se adapta a estas alterações ao longo do tempo,
obstrutivos não são completamente entendidos até o momento. mas de maneira geral estes pacientes não eram pacientes de alto
A melhora pode resultar de se tratar múltiplas causas e múlti­ risco para SAOS. Um estudo relatou uma amostra de apenas
plos locais. Um local é a maxila propriamente dita. Com a 10 pacientes, todas mulheres jovens com o peso normal.
expansão da maxila o palato e o assoalho da fossa nasal expan­ Por último, durante o diagnóstico em pacientes que podem
dem, aumentando o volume da cavidade nasal. Além disso, a ser limítrofes para SAOS, um estudo do sono deve ser feito
dentição maxilar é expandida na mesma proporção, obtendo durante o processo de planejamento do tratamento. Embora
uma boa expansão esquelética com o aparelho de ERM. A isto possa encarecer o tratamento do paciente, se ajudar a evitar
maxila proporciona um espaço maior para a língua, o que pode uma SAOS iatrogênica, o custo adicional do diagnóstico justi­
permitir um posicionamento mais anterior da língua. Por fica de longe os custos, inclusive financeiros, de fazer uma cirur­
último, a expansão do osso basal da maxila tem um efeito gia de recuo mandibular e transformar um paciente limítrofe
importante no véu palatino, nos músculos constritores da para SAOS em um paciente com uma SAOS verdadeira.
faringe superior e na musculatura orofacial adjacente. A con­ Se o paciente for mais velho do que 18 anos, um teste extra
tribuição combinada destes componentes aparentemente é é o “desafio do sono”.6 Estudos têm demonstrado que o consumo
clinicamente significativa e muito benéfica para o paciente nas de cerca de 90 mL de álcool nas três horas antes de ir dormir
amostras estudas até o momento. pode transformar um paciente com uma arquitetura do sono
Em pacientes sem mordida cruzada, a expansão rápida da normal em um paciente com SAOS. Outros medicamentos
maxila pode não ser indicada. Uma análise compreensiva e indi­ podem ser utilizados, alternativamente, em pacientes menores
vidualizada da massa dentária e do comprimento do arco deve de idade ou naqueles que não ingerem bebidas alcoólicas. Um
ser feita. Terapia ortodôntica com extração ou sem extração são resultado limítrofe do teste pode indicar a necessidade de rever
formas de tratamento excelentes quando indicadas, mas igual­ o plano de tratamento.
mente ruim quando feitas de maneira inapropriada. A apneia
obstrutiva do sono não deve automaticamente colocar o paciente
Conclusão
em um modelo de tratamento sem extração, e uma terapia com
extração não deve ser automaticamente interpretada como Mais e mais pessoas estão sendo diagnosticadas com apneia
tendo um efeito negativo na arquitetura do sono. obstrutiva do sono. A comunidade odontológica em geral e a
Para um paciente adolescente corpulento limítrofe entre ex­­ comunidade de ortodontia em especial necessitam estar cons­
tração/não extração, um tratamento sem extração obtido de cientes dos fatores de risco e das ramificações de um diagnós­­
maneira estável pode proporcionar ao paciente a maior dimen­ tico de SAOS. Um histórico de saúde focado ajuda o clínico a
são de arco razoavelmente possível. Dentes devem ser extraídos começar a entender o potencial para o paciente ter SAOS. Um
se isso não for possível devido a um extremo apinhamento ou se diagnóstico preciso e completo só pode ser feito através de uma
for gerar relações estéticas desfavoráveis como uma protrusão polissonografia feita em um centro respeitado em diagnóstico
dentoalveolar bimaxilar. do sono por uma equipe médica. Após o diagnóstico, as poten­
Da mesma forma, o ortodontista não deve considerar a ciais opções de tratamento variam de modificação de compor­
SAOS ou risco presumido de desenvolvê-la como uma indica­ tamento/dieta e CPAP a cirurgia de tecido mole, aparelhos
ção para um tratamento sem extração em todos os pacientes. ortodônticos/odontológicos e cirurgia de AMM, conduzidos
Um julgamento clínico fundamentado baseado na biomecânica por dentistas, ortodontistas e cirurgiões bucomaxilofaciais.
264 Parte III   Manejo de Casos Complexos e em Adultos

Um especialista em ortodontia deve estar apto a fabricar apare­ the report of an American Academy of Sleep Medicine task
lhos dentários para o sono, fornecer tratamento ortodôntico e force, Sleep 22:667-689, 1999.
tratamento combinado cirúrgico-ortodôntico, de maneira mais 17. Abad VC, Guilleminault C: Neurological perspective on
apropriada para cada paciente. Além disso, quando estiver obstructive and nonobstructive sleep apnea, Semin Neurol
24:261-269, 2004.
tratando de adolescentes, o clínico deve não só focar na oclusão
18. Veale D, Chailleux E, Hoorelbeke-Ramon A, et al: Mortality of
e estética ideais, mas também deve considerar a saúde da via
sleep apnoea patients treated by nasal continuous positive
aérea a longo prazo e a prevenção da SAOS. A prevenção é airway pressure registered in the ANTADIR observatory. Asso­
frequentemente a melhor forma de tratamento e a que apre­ ciation Nationale pour le Traitement a Domicile de Insuffisance
senta melhor custo-benefício. Respiratoire Chronique, Eur Respir J 15:326-331, 2000.
19. Horne JA, Reyner LA: Sleep related vehicle accidents, BMJ
310:565-567, 1995.
20. George CFP: Reduction in motor vehicle collisions following
Referências treatment of sleep apnoea with nasal CPAP, Thorax 56:508-512,
2001.
1. Young T, Palta M, Dempsey J, et al: The occurrence of sleep- 21. Phillips BA, Okeson J, Paesani D, Gilmore R: Effect of sleep
disordered breathing among middle-aged adults, N Engl J Med position on sleep apnea and parafunctional activity, Chest
328:1230-1235, 1993. 90:424-429, 1986.
2. Strollo PJ, Rogers RM: Obstructive sleep apnea, N Engl J Med 22. Ferguson K, Ono T, Lowe A: A randomized cross-over study of
334:99-104, 1996. an oral appliance vs. nasal CPAP in the treatment of mild-
3. Marcus CL: Sleep-disordered breathing in children, Am J Respir moderate OSA, Chest 190:1269-1275, 1996.
Crit Care Med 164:1598-1603, 2001. 23. Cohen R: Obstructive sleep apnea: oral appliance therapy and
4. Smith R, Ronald J, Delaive K, et al: What are obstructive sleep severity of condition, Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral
apnea patients being treated for prior to this diagnosis? Chest Radiol Endod 85:388-392, 1998.
121:164-172, 2002. 24. Lim J, Lasserson TJ, Fleetham J, Wright J: Oral appliances for
5. Smith PL, Gold AR, Meyers DA, et al: Weight loss in mildly to obstructive sleep apnoea, Cochrane Database Syst Rev Jan 25(1):
moderately obese patients with obstructive sleep apnea, Ann CD004435, 2006. 10.1002/14651858.CD004435.pub3.
Intern Med 103:850-855, 1985. 25. Almeida FR, Lowe AA, Sung JO, et al: Long-term sequelae of
6. Scrima L, Broody M, Nay KN, Cohn MA: Increased severity of oral appliance therapy in obstructive sleep apnea patients. Part
obstructive sleep apnea after bedtime alcohol ingestion: diag­ 1. Cephalometric analysis, Am J Orthod Dentofacial Orthop
nosis and potential and proposed mechanisms of action, Sleep 129:195-204, 2006.
5:318-328, 1982. 26. Almeida FR, Lowe AA, Otsuka R, et al: Long-term sequelae of
7. Sanders MH, Moore SE, Eveslace J: CPAP via nasal mask: a oral appliance therapy in obstructive sleep apnea patients. Part
treatment for obstructive sleep apnea, Chest 83:144-145, 2. Study-model analysis, Am J Orthod Dentofacial Orthop
1983. 129:205-213, 2006.
8. Coleman JA Jr: Laser-assisted uvulopalatoplasty: long-term 27. Riley RW, Powell NB, Guilleminault C: Obstructive sleep apnea
results with a treatment for snoring, Ear Nose Throat J 77:22- syndrome: a review of 306 consecutively treated surgical
34, 1998. patients, Otolaryngol Head Neck Surg 108:117-125, 1993.
9. Prinsell JR: Maxillomandibular advancement surgery for 28. Hochban W, Brandenburg U, Peter JH: Surgical treatment of
obstructive sleep apnea syndrome, J Am Dent Assoc 133:1489- obstructive sleep apnea by maxillomandibular advancement,
1497, 2002. Sleep 17:624-629, 1994.
10. Campos-Rodriguez F, Pena-Grinan N, Reyes-Nunez N, et al: 29. Waite PD, Shettar SM: Maxillomandibular advancement: a cure
Mortality in obstructive sleep apnea/hypopnea patients treated for obstructive sleep apnea, Oral Maxillofac Surg Clin North Am
with positive airway pressure, Chest 128:624-633, 2005. 7:327, 1995.
11. Lavie P, Lavie L, Herer P: All-cause mortality in males with 30. Prinsell JR: Maxillomandibular advancement surgery for
sleep apnea syndrome: declining mortality rates with age, Eur obstructive sleep apnea syndrome, J Am Dent Assoc 133:1489-
Respir J 25:514-520, 2005. 1497, 2002.
12. Milleron O, Pillière R, Foucher A, et al: Benefits of obstructive 31. Marcotte MR: The use of the occlusogram in planning orth­
sleep apnea treatment in coronary artery disease: a long-term odontic treatment, Am J Orthod 69:655-667, 1976.
follow-up study, Eur Heart J 25:728-734, 2004. 32. White LW: The clinical use of occlusograms, J Clin Orthod
13. Marti S, Sampol G, Mu ñ oz X, et al: Mortality in severe sleep 16:92-103, 1982.
apnoea/hypopnoea syndrome patients: impact of treatment, 33. Faber RD: Occlusograms in orthodontic treatment planning, J
Eur Respir J 20:1511-1518, 2002. Clin Orthod 26:389-401, 1992.
14. Johns MW: A new method for measuring daytime sleepiness: 34. Jacobs JD, Bell WH, Williams CE, Kennedy JW: Control of the
the Epworth Sleepiness Scale, Sleep 14(6): 540-545, 1991. transverse dimension with surgery and orthodontics, Am J
15. Practice parameters for the indications for polysomnography Orthod 77:284-306, 1980.
and related procedures. Polysomnography Task Force, Ameri­ 35. Frost HM: The biology of fracture healing: an overview for
can Sleep Disorders Association Standards of Practice Com­ clinicians. Part I, Clin Orthop Relat Res(248): 283-293,
mittee, Sleep 206, 406-422, 1997. 1989.
16. Flemmons WW, Buysse D, Redline S, et al: Sleep-related breath­ 36. Ilizarov GA: Basic principles of transosseous compression and
ing disorders in adults: recommendations for syndrome distraction osteosynthesis, Ortop Travmatol Protex 32:7-15,
definition and measurement techniques in clinical research — 1971.
Capítulo 20   O Papel da Ortodontia na Apneia Obstrutiva do Sono 265

37. Guerrero C: Rapid mandibular expansion, Rev Venez Ortod 42. Ogden CL, et al: Prevalence of overweight and obesity in
1:48, 1990. the United States, 1999 – 2004, JAMA 295:1549-1555,
38. Villa MP, Malagola C, Pagani J, et al: Rapid maxillary expansion 2006.
in children with obstructive sleep apnea syndrome: 12-month 43. Proffit WR, White RP Jr, Sarver DM: Contemporary treatment
follow-up, Sleep 8:128-134, 2007. of dentofacial deformity St Louis, 2003, Mosby.
39. Conley RS, Legan HL: Correction of severe obstructive sleep 44. Saitoh K: Long-term changes in pharyngeal airway morphol­
apnea with bimaxillary transverse distraction osteogenesis and ogy after mandibular setback surgery, Am J Orthod Dentofacial
maxillomandibular advancement, Am J Orthod Dentofacial Orthop 125:556-561, 2004.
Orthop 129:283-292, 2006. 45. Kawamata A, Fujishita M, Ariji Y, Ariji EL: Three-dimensional
40. Potsic WP, Wetmore RF: Sleep disorders and airway obstruc­ computed tomographic evaluation of morphologic airway
tion in children, Otolaryngol Clin North Am 23:651-663, 1990. changes after mandibular setback osteotomy for prognathism,
41. Friedman M, Tanyeri H, La Rosa M, et al: Clinical predictors Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod 89:278-287,
of obstructive sleep apnea, Laryngoscope 109:1901-1907, 1999. 2000.
266 Parte III   Manejo de Casos Complexos e em Adultos

C ap í t u lo
21
Otimizando a Estética
para o Paciente
Interdisciplinar
Vincent G. Kokich

O
foco na odontologia vem gradualmente mudando nos um dentista clínico geral desde 1984. O grupo tem se encontrado
últimos 25 anos. Os dentistas antigamente atuavam mensalmente para instruir os membros sobre os avanços em suas
como “consertadores”. O tratamento odontológico de respectivas áreas da odontologia e para planejar tratamentos
rotina envolvia remover a cárie dental e preencher os defeitos interdisciplinares para os casos odontológicos mais complexos e
do esmalte e dentina com amálgama. Cavidades maiores podiam desafiadores.1 Uma destas áreas interdisciplinar é a estética. O
necessitar de restaurações mais duráveis, mas o foco era o propósito deste capítulo é fornecer um método sistemático para
mesmo: reparar os efeitos da doença cárie. avaliar a estética dentofacial de maneira lógica e interdisciplinar.
Entretanto, com o advento dos fluoretos e selantes, além de
um melhor entendimento do papel das bactérias na etiologia
Sequenciando O Processo
tanto da cárie quanto da doença periodontal, as necessidades
De Planejamento
dos pacientes têm mudado. Muitos adultos jovens, que são oriun­
­dos da geração selante, têm pouca ou nenhuma cárie ou têm Historicamente, o processo de planejamento do tratamento em
poucas restaurações. Ao mesmo tempo, a imagem do valor dos odontologia em geral tem início com uma avaliação da biologia
dentes na sociedade ocidental também mudou. O público ainda ou dos aspectos biológicos do problema odontológico do
considera os dentes como importantes na mastigação, mas o paciente. Isto pode incluir a suscetibilidade à cárie, a saúde
foco de muitos adultos tem mudado em direção à estética. Eles periodontal, as necessidades endodônticas e a saúde oral geral
perguntam, “Como meus dentes podem ficar mais bonitos?” do paciente. Uma vez que a saúde oral tenha sido restabelecida
Consequentemente, as especialidades, antes independentes, de através da remoção de cárie, modificação do osso e da gengiva,
ortodontia, periodontia, dentística restauradora e cirurgia terapia endodôntica ou remoção de dente, a restauração dos
bucomaxilofacial devem, comumente, se unir para satisfazer defeitos resultantes seria baseada nas considerações estruturais.
este desejo de “ficar mais bonito”. Se os dentes tiverem que ser restaurados ou reposicionados, a
A percepção aumentada da estética tem desafiado a odontolo­ função dos dentes e a função dos côndilos seriam preponde­
gia a examinar a estética dentária de uma maneira mais sistemática, rantes em ditar a forma oclusal e as relações oclusais, respectiva­
para assegurar que a saúde dos pacientes e de seus dentes continue mente. Por último, a estética seria abordada para fornecer uma
sendo o objetivo mais importante. Alguns sorrisos existentes sim­ aparência agradável aos dentes.
plesmente não podem ser restaurados para ter uma aparência mais Entretanto, se a sequência do plano de tratamento procede
estética sem o auxílio de diversas especialidades odontológicas. da biologia para estrutura, para função e finalmente para esté­
Atualmente cada clínico deve possuir um entendimento tica, o resultado estético eventual pode ser comprometido. O
abrangente do papel destas diferentes especialidades na produção autor procede na direção oposta, iniciando com a estética e
de uma “maquiagem estética”, utilizando o plano de tratamento caminhando para função, estrutura e finalmente biologia.
interdisciplinar mais conservador e biológico possível. Nenhum dos parâmetros importantes é deixado de lado; o pro­
Como ortodontista, o autor tem trabalhado com um grupo cesso de planejamento é meramente sequenciado, de uma pers­
de estudo interdisciplinar de nove especialistas em odontologia e pectiva diferente. Esta sequencia é escolhida, pois a decisão

266
Capítulo 21   Otimizando a Estética para o Paciente Interdisciplinar 267

tomada em cada categoria, especialmente na estética, irá afetar tempo provavelmente está relacionada com a resiliência e o tônus
diretamente as categorias subsequentes. do lábio superior, que tende a diminuir com a idade.
Se a exposição da incisal é inadequada (Fig. 21-2), um obje­
tivo fundamental do tratamento interdisciplinar pode ser
Iniciando Com A Estética alongar as incisais dos incisivos superiores. Este objetivo pode
Incisivo Central Maxilar com Relação ao Lábio ser conseguido com dentística restauradora,4 extrusão ortodôn­
Superior tica,5 ou cirurgia ortognática6–8 (Fig. 21-2). A escolha do pro­
cedimento correto dependerá das proporções faciais do paciente,
Quando começamos com a estética, o primeiro passo é uma do comprimento da coroa existente e da relação oclusal. Se a
avaliação da posição do incisivo central maxilar com relação ao exposição do incisivo for excessiva, um objetivo do tratamento
lábio superior (Fig. 21-1). Esta avaliação é feita com o lábio supe­ pode ser mover os incisivos maxilares apicalmente através de
rior do paciente em repouso. Usando uma régua milimetrada ou desgaste dentário,9 restauração,10 ortodontia11,12 ou cirurgia
sonda periodontal, o clínico determina a posição da borda incisal ortognática.13 A decisão do tratamento dependerá da relação
do incisivo central maxilar em relação ao lábio superior. A posição oclusal anterior existente e das proporções faciais do paciente.
do incisivo central superior pode ser aceitável ou inaceitável. Uma
quantidade aceitável de exposição da borda incisal depende da
Linha Média Dentária Maxilar
idade do paciente. Estudos prévios têm demonstrado que, com o
avanço da idade, a quantidade de exposição do incisivo diminui O segundo aspecto do posicionamento estético do dentes a ser
proporcionalmente.2,3 Por exemplo, em um paciente com 30 anos, avaliado é a linha média dentária maxilar. Estudos recentes têm
3 mm de exposição de incisivo em repouso é apropriado, enquanto demonstrado que pessoas leigas não reparam em desvios de
em um paciente de 60 anos, a exposição de incisivo pode ser de linha média de até 3 ou 4 mm se os longos eixos dos dentes
1 mm ou menos. A mudança da exposição do incisivo com o estiverem paralelos com o longo eixo da face.14,15 Consequente­

Fig. 21-1 Esta mulher de 35 anos apresentava ausência dos incisivos maxilares. A borda incisal
da sua prótese superior apresentava 2 mm de exposição em relação ao lábio superior em repouso
(A), e a margem gengival dos dentes protéticos estava no nível do lábio superior no sorriso (B). Ela
tinha uma relação de molar Classe III de Angle (C) e retrognatismo maxilar (D). Ela possuía um
desgaste grave dos dentes posteriores e o nível dos dentes posteriores maxilares estava muito coronal
(B e C). Antes da cirurgia de Le Fort, foram confeccionados provisórios para todos os seus dentes.
O espaço interoclusal posterior maxilar foi aberto (E) para fornecer espaço para as restaurações (F).
A colagem de bráquetes ortodônticos facilitou o refinamento da oclusão (G). Utilizando o posicio­
namento dos incisivos maxilares e o plano oclusal posterior como guia não apenas melhorou a
oclusão (H), como também resultou em uma estética do sorriso ideal após a reabilitação (I).
268 Parte III   Manejo de Casos Complexos e em Adultos

Fig. 21-2 A queixa principal desta mulher de 61 anos era que ela não mostrava seus dentes quando
falava e sorria. Ela possuía o terço inferior da face curto (A), e as bordas incisais dos dentes superiores
de sua prótese fixa antiga estavam 2 mm acima do nível do lábio superior em repouso (B). Como
resultado, ela expunha muito pouco dos incisivos superiores no sorriso (C). As osteotomias maxilar e
mandibular foram utilizadas para rotacionar a maxila e mandíbula para baixo na região anterior para
aumentar a altura do terço inferior da face (D e E) e produzir um sorriso muito mais estético (F). A
altura facial posterior não foi aumentada com objetivo de manter sua dimensão vertical de oclusão.

mente, a relação mais importante a ser avaliada pode ser a oclusal (Fig. 21-4). Esta relação permite uma reflexão de luz
inclinação mediolateral dos incisivos centrais maxilares. Se os direta máxima da superfície vestibular dos incisivos superiores,
incisivos estiverem inclinados 2 mm para a direita ou esquerda o que aumenta a aparência estética destes dentes.20 Se os dentes
(Fig. 21-3), as pessoas consideradas leigas consideram esta dis­ estiverem palatinizados (Fig. 21-5) ou vestibularizados (Fig.
crepância como “antiestética”.15,16 Uma linha média inclinada 21-6) a correção pode requerer ou ortodontia ou restaurações
pode ser corrigida com ortodontia17 ou dentística restaura­ extensas e possivelmente endodontia para estabelecer uma incli­
dora.18 Geralmente a decisão depende se os incisivos maxilares nação vestibulolingual mais ideal.18
irão necessitar de restauração. O próximo passo é avaliar o plano oclusal posterior em
relação à posição ideal da borda incisal maxilar. A borda incisal
maxilar estará nivelada com o plano oclusal posterior (Fig.
Inclinação do Incisivo Maxilar e Plano Oclusal
21-4), coronal ao plano oclusal posterior (Fig. 21-1) ou apical
Posterior
ao plano oclusal posterior (Fig. 21-2). Para corrigir o plano
Uma vez estabelecidas a correta posição da borda incisal e a oclusal posterior será necessário cirurgia ortognática21,22 (Figs.
relação da linha média dos incisivos maxilares, o próximo passo 21-1 e 21-2) e/ou odontologia restauradora.18 A quantidade de
é avaliar a inclinação vestibulolingual dos dentes anteriores desgaste dentário, as proporções faciais do paciente e a posição
superiores. Ela é aceitável, vestibularizada ou palatinizada? do osso alveolar irão ajudar a determinar a solução correta para
Quando os ortodontistas avaliam a inclinação vestibulolingual, as discrepâncias do plano oclusal posterior.
eles se baseiam na radiografia cefalométrica para determinar a Após a determinação do posicionamento das bordas incisais
inclinação dentária.19 Entretanto, os clínicos gerais não utilizam dos incisivos centrais maxilares, as bordas incisais dos incisivos
a cefalometria. Outro método de avaliar a inclinação dos dentes laterais maxilares e caninos, bem como as cúspides vestibulares
anteriores maxilares é avaliar a superfície vestibular dos incisi­ dos pré-molares e molares maxilares podem ser posicionadas
vos centrais superiores em relação ao plano oclusal posterior (Figs. 21-4 e 21-7). Os níveis destes dentes geralmente são deter­
maxilar do paciente. Geralmente, as superfícies vestibulares dos minados pela relação estética destes com o lábio inferior quando
incisivos centrais maxilares devem ser perpendiculares ao plano o paciente sorri.23,24 Se o paciente tiver um lábio inferior assi­
Capítulo 21   Otimizando a Estética para o Paciente Interdisciplinar 269

Fig. 21-3 Esta mulher adulta estava insatisfeita com seu sorriso. Os seus incisivos centrais supe­
riores eram inclinados para esquerda (A), e as bordas incisais tinham sofrido abrasão, produzindo
uma borda incisal retificada (B). Para alterar a inclinação dentária, os bráquetes maxilares foram
colados angulados com relação às bordas incisais desgastadas, mas perpendiculares ao longo eixos dos
dentes (C). Conforme as raízes verticalizaram, as bordas incisais desgastadas se tornaram mais apa­
rentes (D). Seu dentista clínico acrescentou resina composta nas bordas incisais durante o tratamento
ortodôntico (E) para restaurar as proporções e medidas corretas dos dentes (F).

Fig. 21-4 O posicionamento estético das bordas incisais maxilares neste homem de 52 anos era
ideal com relação ao lábio superior (A). Ele possuía uma maloclusão grave com mordida cruzada
anterior (B) e uma relação posterior Classe III de Angle em relação cêntrica (C). Com os côndilos
corretamente posicionados na cavidade glenoide, seus incisivos superiores e inferiores estavam em
uma relação de topo. A arcada maxilar e a posição do plano oclusal posterior maxilar eram ideais
(D). Seu problema principal era a vestibularização dos incisivos inferiores com relação aos incisivos
superiores corretamente posicionados (E). Seu tratamento envolveu ortodontia não cirúrgica para
retrair os incisivos mandibulares e corrigir a mordida cruzada (F). Por ter sido mantida a relação
correta dos dentes maxilares durante a ortodontia (G), não só foi obtida uma oclusão satisfatória
(H), como a posição das bordas incisais e a estética do sorriso estão ideais (I).
270 Parte III   Manejo de Casos Complexos e em Adultos

Fig. 21-5 Este homem de 54 anos tinha uma mordida profunda anterior (A) e incisivos maxilares
palatinizados (B). Sua oclusão era Classe I de Angle, mas esqueleticamente ele possuía retrusão
bimaxilar (C). A posição os incisivos maxilares estava no nível do lábio superior (C), o que é normal
para sua idade. O problema de mordida profunda foi causado por extrusão dos incisivos mandibu­
lares que também tinham sofrido uma severa atrição (D). Inicialmente, estes dentes foram recons­
truídos com resina composta (E) para que os bráquetes pudessem ser colados nestes dentes (F) para
intrusão (G). Isto possibilitou ao dentista clínico que restaurasse estes dentes (H), após a correção
da mordida profunda (I).

métrico, pode ser apropriado utilizar a linha interpupilar como (Fig. 21-9). Este ajuste pode ser obtido através de cirurgia óssea
um guia no estabelecimento do plano oclusal posterior.25 ou gengival (Fig. 21-9),29,30 intrusão ortodôntica,11 ou extrusão
ortodôntica e restauração31–33 (Figs. 21-6 e 21-9). Os fatores-
­-chave para determinar o método de correção mais apropriado
Níveis Gengivais
são a profundidade do sulco, a localização da junção ameloce­
O próximo passo no processo de determinar a relação estética mentária em relação ao nível ósseo, a estrutura dentária exis­
dos dentes anteriores maxilares é estabelecer os níveis gengi­ tente, a relação coroa/raiz e o formato da raiz.34 Em alguns
vais. Os níveis gengivais existentes devem ser avaliados com casos, o aumento de coroa dos incisivos maxilares (Fig. 21-9)
relação à posição planejada da borda incisal. A chave para é mais apropriado para estabelecer os níveis gengivais corre­
determinar os níveis gengivais corretos é determinar o tos.10 Em outros casos, a intrusão ortodôntica (Fig. 21-6) e
tamanho dentário desejado em relação à posição planejada da restauração das bordas incisais são mais apropriadas.34
borda incisal (Fig. 21-8). Lembre-se, a borda incisal não é O próximo passo no processo de estabelecer a posição
posicionada para criar o tamanho do dente correto com relação estética correta dos dentes anteriores maxilares é avaliar a
aos níveis da margem gengival. Utilizar a gengiva como refe­ altura das papilas com relação ao comprimento coronário dos
rência para o posicionamento das bordas incisais é um risco, incisivos centrais superiores. As pesquisas têm demonstrado
pois a gengiva pode se mover com a extrusão ou recessão. que a razão média é de cerca de 50% de contato e 50% de
Portanto os níveis ideais da gengiva são determinados através papila.35 Se o contato for significativamente mais curto que
do estabelecimento da correta razão largura/comprimento a papila, em geral indica abrasão incisal de moderada a
dos dentes anteriores da maxila,26–28 a quantidade desejada de grave, que tende a encurtar as coroas e, consequentemente,
exposição gengival15 e a simetria entre os lados direito e o contato entre os incisivos centrais.30 Se o contato é signifi­
esquerdo do arco dentário maxilar.18 cativamente mais comprido do que a papila, o contorno ou
Se os níveis gengivais existentes irão proporcionar um dente recorte gengival sobre os incisivos centrais pode estar plano,
que seja muito curto com relação à posição projetada da borda o que pode ser causado por erupção passiva alterada ou ativa
incisal, as margens gengivais devem ser movidas apicalmente alterada dos dentes.35 Cirurgia gengival ou óssea10 ou
Capítulo 21   Otimizando a Estética para o Paciente Interdisciplinar 271

Fig. 21-6 Esta mulher de 52 anos apresentava os incisivos maxilares curtos em relação de topo
com os incisivos mandibulares (A). Como resultado estes dentes se apresentavam significativamente
desgastados (B) Seu dentista não podia restaurar estes dentes devido à sua falta de transpasse hori­
zontal e porque sua borda incisal maxilar estava no mesmo nível do lábio superior (C). A exposição
normal dos incisivos em sua idade é de 1 a 2 mm abaixo do lábio superior. Um enceramento diag­
nóstico (D) demonstrou que um incisivo inferior poderia ser extraído para criar o transpasse hori­
zontal necessário. Os incisivos maxilares foram intruídos para se obter espaço para restauração e
corrigir as proporções dentárias (E e F) durante a ortodontia. Este espaço permitiu ao dentista res­
taurar o correto comprimento e as corretas proporções dos dentes anteriores da maxila (G), criando,
ainda, o correto transpasse vertical (H) e melhorando a relação das bordas incisais superiores com
o lábio superior após o tratamento restaurador (I).

intrusão13 ou extrusão34 ortodôntica (Fig. 21-10) podem ser necessitarão de tratamento, e mais abrangente se tornará o
necessárias para corrigir o nível das papilas entre os dentes plano de tratamento. Um bom guia para o planejamento de
anteriores superiores.36 um tratamento estético é determinar o ponto final ideal do
tratamento e então compará-lo com a condição atual do
paciente. O tratamento é indicado quando o ponto final dese­
Posicionamento, Contorno E Cor Dos jado e a condição atual não são condizentes. O método real
Dentes Maxilares de tratamento pode então ser escolhido baseado na magni­
Quando a posição da borda incisal, linha média, inclinação tude da diferença.
axial, margens gengivais e níveis das papilas dos dentes anterio­
res tiverem sido estabelecidos, o próximo passo é determinar se
Planejamento Estético Para Os Dentes
o correto posicionamento dos dentes anteriores da maxila
Mandibulares
pode ser obtido através de procedimentos restauradores. Se
não for possível, o paciente pode necessitar de ortodontia para Após ter sido estabelecida a relação estética dos incisivos maxi­
facilitar a restauração destes dentes. Se o clínico estiver em lares, os incisivos mandibulares devem se relacionar com a
dúvida deve ser feito um enceramento diagnóstico (Figs. 21-1, posição dos dentes maxilares. Primeiro, avalie o nível das
21-6 e 21-8) para determinar se é possível obter o correto bordas incisais dos dentes inferiores em relação à face. A
posicionamento.18,34,37 exposição deles é aceitável, excessiva ou eles não são visíveis?
Além disso, devem ser analisados o contorno e a cor dos Se eles tiverem uma exposição excessiva, desgaste dentário,
dentes anteriores. O paciente tem alguma solicitação especial restaurações ou intrusão ortodôntica podem resolver o pro­
com relação à forma e à cor dos dentes? Lembre-se, quanto blema.34 Se eles não forem visíveis, poderá ser necessário ou
mais alterações forem feitas nestes parâmetros, mais os dentes extrusão ortodôntica ou restauração.38,39
272 Parte III   Manejo de Casos Complexos e em Adultos

Fig. 21-7 Este homem de 61 anos estava insatisfeito com a aparência estética dos seus dentes. Ele
apresentava uma maloclusão tipo Classe II de Angle com uma mordida profunda anterior (A) e retrusão
mandibular (B). Suas bordas incisais maxilares eram corretamente posicionadas com relação ao lábio
superior em repouso, para sua idade (B), e o plano oclusal posterior estava em um nível correto em
relação aos dentes anteriores (C). A sobremordida exagerada anterior era causada pela posição dos
incisivos mandibulares (D). Ele apresentava um desgaste significativo dos dentes posteriores (E), que
precisou de restauração antes da ortodontia para que o aparelho pudesse ser montado nestes dentes.
Um enceramento diagnóstico (F) forneceu um guia para o dentista que iria fazer as restaurações antes
do tratamento e permitiu a restauração ideal destes dentes (G) após a ortodontia e o avanço mandibular
para reposicionar os incisivos mandibulares em relação ao arco maxilar. Esta mudança proporcionou
um transpasse vertical e horizontal ideais (H) com uma estética do sorriso excelente (I).

Em seguida, determine a relação entre os incisivos mandibu­ escolhida para intruir (Fig. 21-5) ou extruir os dentes, as
lares e o plano oclusal posterior. Os incisivos estão nivelados margens gengivais irão se mover com os dentes.40 Entretanto, se
com o plano oclusal posterior? Se não, eles estão ou coronal ou o ajuste oclusal ou restauração forem necessários para nivelar o
apical ao plano oclusal posterior. A correção de qualquer uma plano oclusal mandibular, poderá ser necessário reposicionar os
destas relações pode necessitar de restauração, ajuste oclusal, níveis gengivais com cirurgia óssea.10
ortodontia ou cirurgia ortognática (Fig. 21-7). Neste ponto, baseado na determinação estética das posições
Por último, a inclinação vestibulolingual dos incisivos man­ previstas dos dentes maxilares e mandibulares, o clínico deve
dibulares deve ser avaliada. Esta relação é parcialmente deter­ ser capaz de determinar quais dentes irão necessitar de restau­
minada pela posição prevista dos incisivos maxilares. Se eles ração:41 dente anterior maxilar, posterior maxilar, anterior man­
estiverem vestibularizados (Fig. 21-4) ou lingualizados (Fig. dibular e/ou posterior mandibular. Uma vez estabelecidos os
21-5), a ortodontia pode ser um útil auxiliar na correção da planos oclusais maxilar e mandibular através dos parâmetros
posição vestibulolingual dos incisivos inferiores.34 A posição estéticos, o clínico deve então determinar como criar uma
final da borda incisal dos dentes mandibulares é geralmente relação oclusal aceitável entre os arcos.
determinada durante as fases funcional e estrutural do planeja­
mento do tratamento (Figs. 21-6 e 21-8).
Integrando Função E Estética
Pode ser necessário alterar os níveis gengivais dos dentes da
mandíbula quando forem consideradas as diferentes opções de O primeiro passo para integrar o plano estético com a oclusão
nivelamento do plano oclusal mandibular. Se a ortodontia for funcional é avaliar as articulações temporomandibulares e os
Capítulo 21   Otimizando a Estética para o Paciente Interdisciplinar 273

Fig. 21-8 Este médico de 62 anos estava insatisfeito com a estética do seu sorriso e não mostrava
as bordas incisais dos incisivos em repouso (A) devido ao desgaste significativo dos incisivos maxi­
lares (B). O desgaste dentário foi resultado de uma relação de topo entre os incisivos maxilares e
mandibulares (B). Estes dentes necessitavam ser restaurados (C e D), mas os incisivos mandibulares
não permitiam. Um enceramento diagnóstico (E) demonstrou que a extração de um incisivo man­
dibular iria produzir o transpasse horizontal suficiente (F), de forma que os incisivos maxilares
pudessem ser alongados (G) e não só produzir uma oclusão anterior satisfatória (H), mas também
melhorar a estética do sorriso do paciente (I).

músculos.42 O paciente apresenta algum sintoma articular ou planos oclusais. O nivelamento dos planos oclusais irá criar uma
muscular? Um passo-chave no processo é obter um registro em relação dentária anterior aceitável? Se a resposta é “sim” e o
oclusão cêntrica e montar os modelos em articulador. A nivelamento envolve apenas os incisivos mandibulares, a dimen­
definição do autor para relação cêntrica é a posição dos côndilos são vertical do paciente atual pode ser mantida. Se a resposta é
onde os músculos pterigoideos laterais estão relaxados e o “não”, ou o nivelamento envolve os dentes posteriores da
contato dos músculos elevadores com o disco está corretamente mandíbula, pode ser necessário alterar a dimensão vertical exis­
alinhado.42 O clínico deve determinar se as alterações estéticas tente. O clínico deve determinar se a alteração da dimensão
desejadas podem ser feitas sem alterar a oclusão. Se não for vertical irá criar uma relação anterior e forma dentária acei­
possível, podem ser necessárias ortodontia e cirurgia ortog­ táveis. Não existe a possibilidade de dispensar a montagem dos
nática para corrigir a posição dentária para facilitar o posicio­ modelos em articulador e o enceramento diagnóstico quando
namento estético dos dentes. Para determinar o impacto do estas questões fundamentais estão sendo analisadas.
planejamento estético na função ou oclusão, as alterações esté­
ticas no posicionamento dos dentes maxilares devem ser trans­
Determinar Se Existe Estrutura
feridas para o modelo maxilar.42 Isto é feito com a combinação
ADEQUADA Para Restaurar Os Dentes
de enceramento e ajuste dos modelos de gesso (Fig. 21-1).
Conforme o plano de tratamento estético proposto é trans­ Uma vez que tenha sido estabelecido o plano de tratamento
ferido para os modelos articulados, o clínico será capaz de deter­ estético, verificada a posição planejada dos dentes no encera­
minar se apenas as restaurações serão capazes de obter a oclusão mento diagnóstico e avaliada a relação funcional dos modelos
desejada, ou se será necessário uma alteração da relação oclusal articulados, o clínico deve determinar se existe estrutura den­
através de ortodontia e cirurgia ortognática. Isto é especial­ tária adequada para restaurar os dentes. Se não existir, como o
mente verdadeiro quando o clínico está planejando nivelar os clínico conseguirá estrutura adequada? Quais os tipos de res­
274 Parte III   Manejo de Casos Complexos e em Adultos

Fig. 21-9 Esta mulher de 35 anos estava desconfortável com o comprimento assimétrico dos
dentes anteriores da maxila (A). Para determinar a solução, a sonda periodontal foi utilizada para
sondar o sulco gengival dos incisivos lateral (B) e central (C) direitos. Isto demonstrou que a junção
amelocementária destes dentes estava no mesmo nível do osso (erupção ativa alterada). Esta relação
foi confirmada quando um retalho gengival foi elevado (D). O osso foi removido até 2 mm da junção
amelocementária (E). Após a cicatrização ainda havia uma discrepância entre os comprimentos das
coroas dos incisivos direito e esquerdo (F). Esta diferença era causada pelo desgaste assimétrico das
bordas incisais e foi corrigida com a intrusão dos dentes anteriores maxilares do lado direito (G)
para permitir a restauração das bordas incisais (H), o que completou a correção da assimetria de
comprimento de seus dentes anteriores superiores (I).

taurações que serão feitas? Como elas serão retidas? Como serão adesiva. Cada situação clínica deve ser cuidadosamente avaliada
repostos os dentes perdidos? para determinar a solução estrutural apropriada.
Com base na avaliação do clínico da estrutura dentária rema­
­nescente,41 as opções para restaurar os dentes anteriores podem
Considerações Biológicas
incluir resina composta, facetas de porcelana, coroas de cerâmica
pura adesivas, coroa de cerâmica pura cimentadas ou coroas O plano estético já foi estabelecido. O enceramento diagnóstico
metalocerâmicas (Figs. 21-1 e 21-3 a 21-10). As restaurações confirma que os dentes terão uma função correta. O planeja­
posteriores podem incluir restaurações diretas, inlay, onlay ou mento das restaurações levou em consideração a estrutura den­
coroas. Dentes perdidos serão repostos com implantes, próteses tária remanescente. Agora é o momento de adicionar os aspectos
parciais fixas ou próteses parciais removíveis. biológicos do plano de tratamento. Estes incluem endodontia,
Os critérios utilizados para determinar quais restaurações são periodontia e cirurgia ortognática.
apropriadas incluem (1) o comprimento da coroa clínica exis­ O objetivo principal do planejamento do tratamento
tente; (2) o comprimento da coroa após qualquer alteração gen­ biológico é estabelecer um ambiente oral saudável com os
gival feita para estética; (3) quantidade de dentina remanescente;40 tecidos na região desejada. Para conseguir isto, pode ser
(4) se existe espaço suficiente para aumento da altura da coroa; necessário tratamento endodôntico para dentes que possam ser
e (5) como o aumento de coroa devido a questões estruturais irá recuperados do ponto de vista periodontal e estrutural. Nestes
alterar a estética. Os métodos para aumentar a retenção das pacientes, a terapia endodôntica deve ser terminada primeiro,
restaurações incluem preenchimento coronário, aumento de antes de se iniciar a fase reabilitadora. A terapia periodontal
coroa cirúrgico,10 erupção ortodôntica forçada33,40 e cimentação definitiva deve ser estabelecida para criar um periodonto sau­
Capítulo 21   Otimizando a Estética para o Paciente Interdisciplinar 275

Fig. 21-10 Esta mulher de 42 anos estava descontente com a aparência estética de seus dentes
anteriores maxilares. Ela tinha perdido seu incisivo lateral esquerdo (A), e os três incisivos remanes­
centes haviam sido restaurados com coroas totais. Estes dentes apresentavam raízes curtas e haviam
sido tratados endodonticamente (B). Os incisivos maxilares estavam perpendiculares ao plano oclusal
(C) e, portanto, em uma inclinação ideal para se fazer uma extração controlada destas raízes (D)
movendo o osso (E) e o tecido em direção incisal. Após a exodontia de todos os três incisivos (F), dois
implantes imediatos foram instalados nos alvéolos dos incisivos centrais (G). Após a osseointegração
dos implantes o tecido mole foi manipulado com coroas provisórias (H), para que as restaurações
definitivas (I) produzissem as relações ideais dos níveis gengivais e das proporções dentárias.

dável baseado na estética e, nas necessidades funcionais e esté­ ciplinar, ele lista os passos no plano de tratamento baseados na
ticas das restaurações. Qualquer periodontia eletiva deve ser opinião coletiva antes de se iniciar o tratamento.34,37 Cada
terminada a seguir, em conjunto com o plano das restaurações. membro da equipe recebe uma cópia da sequência de trata­
Por último, se qualquer anormalidade esquelética necessitar de mento. Esta etapa assegura que cada membro será capaz de
correção através de cirurgia ortognática, isto deve ser feito antes acompanhar as fases da reabilitação estética, funcional, estru­
da fase do tratamento das restaurações definitivas. tural e biológica do paciente odontológico em comum.
A questão econômica do plano de tratamento estético inter­
disciplinar é de grande importância. Os pacientes no consultório
Sequenciando A Terapia odontológico atual têm sido divididos em quatro grupos.43
O plano está completo. Ele começou com a estética, foi correla­ Pacientes tipos I e II geralmente não necessitam de reabilitação
cionado com a função, levou em consideração a estrutura den­ estética significativa. Tipos III e IV tipicamente irão necessitar
tária remanescente e foi facilitado pelo reconhecimento das do tipo de avaliação estética descrita neste capítulo.
necessidades biológicas do paciente. Sobram apenas duas per­ O paciente tipo III é um adulto saudável sem desordem oclusal,
guntas: como deve ser sequenciado este plano de tratamento? sem problemas periodontais, mas com o desejo de uma mudança
E, o paciente pode pagar este tratamento? estética (Figs. 21-2, 21-3, 21-6, 21-8 e 21-9). O paciente tipo III
A sequência de qualquer plano de tratamento deve sempre pode ser descrito como um “paciente cosmético” que é do ponto
se iniciar pelo controle ou alívio dos problemas agudos. O res­ de vista dentário saudável, mas que quer uma mudança na aparên­
tante do plano de tratamento pode ser sequenciado de maneira cia. O ponto-chave em tratar o verdadeiro paciente cosmético é a
que seja o mais lógico e que facilite a próxima fase do trata­ necessidade de tempo por parte do dentista. O dentista deve ter
mento, se o resultado puder ser claramente identificado, infor­ consciência deste compromisso e cobrar uma taxa proporcional.
mado e obtido na fase pertinente. Quando o grupo do autor A situação mais desafiadora é o paciente tipo IV (Figs. 21-1,
estabelece a sequência do tratamento para o paciente interdis­ 21-4, 21-5, 21-7 e 21-10), como descrito neste capítulo. Este
276 Parte III   Manejo de Casos Complexos e em Adultos

paciente é um adulto cuja dentição está desmoronando e que 12. Nanda R: Correction of deep overbite in adults, Dent Clin
pode ter desarmonia oclusal, doença periodontal, múltiplas North Am 41:67-87, 1997.
necessidades restauradoras e dentes ausentes. O paciente tipo 13. Kokich VG, Spear FM, Kokich VO. Maximizing anterior esthet­
IV é o paciente de reabilitação oral complexa em qualquer con­ ics: an interdisciplinary approach. In McNamara JA Jr, editor:
Frontiers in dental and facial esthetics, Craniofacial Growth
sultório de odontologia. O ponto-chave deste paciente são as
Series, Center for Human Growth and Development, Univer­
diversas consultas durante meses ou até anos, dependendo das
sity of Michigan, Ann Arbor, 2001, Needham Press.
necessidades ortodônticas, periodontais, endodônticas, cirúrgi­ 14. Beyer JW, Lindauer SJ: Evaluation of dental midline position,
cas e restauradoras do paciente. Devido ao grande número de Semin Orthod 4:146-152, 1998.
consultas e taxas de laboratório, o clínico deve ajustar os valores 15. Kokich VO, Kiyak HA, Shapiro PA: Comparing the perception
para compensar o comprometimento de tempo.43 of dentists and laypeople to altered dental esthetics, J Esthet
Dent 11:311-324, 1999.
16.Thomas JL, Hayes C, Zawaideh S: The effect of axial midline
Conclusão angulation on dental esthetics, Angle Orthod 73:359-364, 2003.
A “estética” tem se tornado um termo respeitável em odontolo­ 17. Kokich VG: Anterior dental esthetics: an orthodontic perspec­
gia. No passado, a importância da estética era descontada em tive. III. Mediolateral relationships, J Esthet Dent 5:200-207,
1993.
favor da função, estrutura e biologia. Entretanto, se um plano
18. Spear FM: The esthetic correction of anterior dental malalign-
de tratamento não se iniciar com uma visão clara do seu impacto
ment: conventional vs. instant (restorative) orthodontics, J
estético no paciente, o resultado pode ser desastroso. No mundo Calif Dent Assoc 32:133-141, 2004.
odontológico interdisciplinar atual, o plano de tratamento deve 19. Littlefield K: A review of the literature of selected cephalometric
se iniciar com objetivos estéticos bem-definidos. Ao se iniciar analyses St Louis, 1992, St Louis University Press.
com a estética e considerando o impacto na função, estrutura e 20. Rufenacht C: Fundamentals of esthetics Carol Stream, Ill, 1990,
biologia, o clínico pode utilizar as várias especialidades odon­ Quintessence.
tológicas para proporcionar o mais alto nível de cuidado odon­ 21. Denison TF, Kokich VG, Shapiro PA: Stability of maxillary
tológico para cada paciente. Este processo de odontologia surgery in openbite versus nonopenbite malocclusions, Angle
estética interdisciplinar favorece o paciente. Orthod 59:5-10, 1989.
22. Proffit WR, Bailey LJ, Phillips C, Turvey TA: Long-term stability
of surgical open-bite correction by Le Fort I osteotomy, Angle
Orthod 70:112-117, 2000.
Referências 23. Naylor CK: Esthetic treatment planning: the grid analysis
system, J Esthet Restor Dent 14:76-84, 2002.
1. Spear F: My growing involvement in dental study groups, J Am 24. Van der Geld PA, van Waas MA: The smile line: a literature
Coll Dent 69:22-24, 2002. search, Ned Tijdschr Tandheelkd 110:350-354, 2003.
2. Vig RG, Brundo GC: The kinetics of anterior tooth display, J 25. Chiche G, Kokich V, Caudill R: Diagnosis and treatment plan­
Prosthet Dent 39:502-504, 1978. ning of esthetic problems. In Pinault A, Chiche G, editors:
3. Ackerman MB, Brensinger C, Landis JR: An evaluation of Esthetics in fixed prosthodontics, Carol Stream, Ill, 1994, Quin­
dynamic lip-tooth characteristics during speech and smile in tessence, pp. 33-52.
adolescents, Angle Orthod 74:43-50, 2004. 26. Gillen RJ, Schwartz RS, Hilton TJ, Evans DB: An analysis of
4. Spear F, Kokich VG, Mathews D: An interdisciplinary case selected normative tooth proportions, Int J Prosthod 7:410-417,
report, Esthet Interdisc Dent 1:12-18, 2005. 1994.
5. Lopez-Gavito G, Wallen TR, Little RM, Joondeph DR: Open- 27. Sterrett JD, Oliver T, Robinson F, et al: Width/length ratios of
bite malocclusion: a longitudinal 10-year post-retention evalu­ normal clinical crowns of the maxillary anterior dentition in
ation of orthodontically treated patients, Am J Orthod man, J Clin Periodontol 26:153-157, 1999.
87:175-186, 1985. 28. Wolfart S, Thormann H, Freitag S, Kern M: Assessment of
6. De Mol van Otterloo JJ, Tuinzing DB, Kostense P: Inferior dental appearance following changes in incisor proportions,
positioning of the maxilla by a Le Fort I osteotomy: a review Eur J Oral Sci 113:159-165, 2005.
of 25 patients with vertical maxillary deficiency, J Craniomaxil- 29. Kokich VG: Esthetics: the ortho-perio-restorative connection,
lofac Surg 24:69-77, 1996. Semin Orthod Dentofacial Orthop 2:21-30, 1996.
7. Major PW, Phillippson GE, Glover KE, Grace MG: Stability of 30. Kokich VG, Kokich VO: Orthodontic therapy for the periodon­
maxilla downgrafting after rigid or wire fixation, J Oral Maxil- tal-restorative patient. In Rose L, Mealey B, Genco R, Cohen D,
lofac Surg 54:1287-1291, 1996. editors: Periodontics: medicine, surgery, and implants, St Louis,
8. Costa F, Robiony M, Zerman N, et al: Bone biological plate for 2004, Mosby-Elsevier, pp. 718-744.
stabilization of maxillary inferior repositioning, Minerva Stom- 31. Kokich VG: Anterior dental esthetics: an orthodontic perspec­
atol 54:227-236, 2005. tive. I. Crown length, J Esthet Dent 5:19-23, 1993.
9. Kokich VG: Maxillary lateral incisor implants: planning with the 32. Kokich VG: Esthetics and vertical tooth position: the orthodon­
aid of orthodontics, J Oral Maxillofac Surg 62:48-56, 2004. tic possibilities, Compend Contin Educ Dent 18:1225-1231,
10. Spear F. Construction and use of a surgical guide for anterior 1997.
periodontal surgery, Contemp Esthet Restor Pract, April 1999, 33. Kokich VG: Managing orthodontic-restorative treatment for
pp 12–20. the adolescent patient. In McNamara JA Jr, editor: Orthodontics
11. Kokich VG: Anterior dental esthetics: an orthodontic perspec­ and dentofacial orthopedics, Ann Arbor, Mich, 2001, Needham
tive. II. Vertical relationships, J Esthet Dent 5:174-178, 1993. Press, pp. 395-422.
Capítulo 21   Otimizando a Estética para o Paciente Interdisciplinar 277

34. Kokich VG, Kokich VO: Interrelationship of orthodontics with 39. Koyuturk AE, Malkoc S: Orthodontic extrusion of subgingi-
periodontics and restorative dentistry. In Nanda R, editor: Bio- vally fractured incisor before restoration — a case report:
mechanics and esthetic strategies in clinical orthodontics, St 3-year follow-up, Dent Traumatol 21:174-178, 2005.
Louis, 2005, Mosby-Elsevier, pp. 348-373. 40. Spear F. When to restore and when to remove the tooth, In-sight
35. Kurth J, Kokich VG: Open gingival embrasures after orthodon­ and Innovation: http://www.seattleinstitute.com/content/
tic treatment in adults: prevalence and etiology, Am J Orthod articles/B%26WWhentoRestoreWhentoRemove.pdf
Dentofacial Orthop 120:116-123, 2001. 41. Spear F. A conversation with Dr. Frank Spear, Dent Pract Rep
36. Spear F: Maintenance of the interdental papilla following anterior March: 42-48, 2002.
tooth removal, Pract Periodont Aesthet Dent 11:21-28, 1999. 42. Spear F: Occlusion in the new millennium: the controversy
37. Kokich VG, Spear F: Guidelines for treating the orthodontic-restor­ continues, Signature 7:18-21, 2002.
ative patient, Semin Orthod Dentofacial Orthop 3:3-20, 1999. 43. Spear F. Implementing the plan: the economics of restorative
38. Emerich-Poplatek K, Sawicki L, Bodal M, Adamowicz-Klepal- dentistry, Insight and Innovation: www.seattleinstitute.com/
ska B: Forced eruption after crown/root fracture with a simple content/articles/ImplementingthePlanTheEconomicsofRestor­
and aesthetic method using the fractured crown, Dent Trau- ativeDentistry.pdf
matol 21:165-169, 2005.
278 Parte III   Manejo de Casos Complexos e em Adultos

C ap í t u lo
22
Dispositivos de
Ancoragem Temporária:
Oportunidades e
Desafios Biomêcanicos
Bhavna Shroff e Steven J. Lindauer

D
ispositivos de ancoragem temporária (DATs) utilizados como ancoragem são corriqueiramente afetados pelos efeitos
para aumentar a ancoragem durante o tratamento adversos das mecânicas utilizadas.
ortodôntico rotineiro tornaram-se populares nos A introdução dos implantes na odontologia por Branemark6
últimos cinco anos. Entre as razões para o aumento do interesse em 1969 levou ao desenvolvimento de sistemas de ancoragem
no uso de tais dispositivos pode-se citar que eles são hoje eco­ que poderiam ser usados durante o tratamento ortodôntico e
nomicamente viáveis, de fácil instalação, sem necessidade de que se mantém fixos devido a ósseo integração.6–8 Linkow8 foi
colaboração do paciente durante sua utilização, e a possibilidade o primeiro autor a publicar a respeito da utilização de implantes
de se conseguir melhor controle de ancoragem durante a em conjunto com tratamento ortodôntico. Ele preconizava o
mecanoterapia.1–5 Este capítulo discute o uso dos DATs em uso de implantes laminados intraósseos como mantenedores de
situações específicas do tratamento ortodôntico, apresenta pos­ espaço para evitar a inclinação de dentes e como ancoragem na
síveis biomecânicas a serem utilizadas e analisa o sistema de região posterior em pacientes edêntulos. Ele também relatou o
força preconizado. Estão incluídos nesse capítulo recomenda­ primeiro caso clínico com implantes mandibulares auxiliando
ções no intuito de aperfeiçoar a inserção dos DATs e assim obter na correção da Classe II através do uso de elásticos Classe II.
melhor controle do sistema de forças gerado por esses disposi­ Creekmore e Eklund7 utilizaram os parafusos como ancoragem
tivos, melhorando o curso do tratamento ortodôntico. esquelética instalados na espinha nasal anterior de pacientes
com indicação de intrusão e controle de torque nos incisivos
superiores.7 Kanomi9 relatou a utilização de mini-implante
Ancoragem Ortodôntica desenhado especificamente para ser utilizado como ancoragem
Durante a terapia ortodôntica, a movimentação de um dente durante tratamento ortodôntico. Costa et al.10 introduziram o
ocorre através de aplicação de força nos dentes e pela transfor­ primeiro miniparafuso que poderia ser usado como ancoragem
mação desses sinais mecânicos em resposta biológica. À medida direta ou indireta devido à incorporação de bráquete no desenho
que forças ortodônticas são aplicadas no intuito de movimentar da cabeça do miniparafuso.9,10
dentes, é necessária ancoragem dos dentes do mesmo arco ou Desde essas primeiras publicações do uso de ancoragem
do arco oposto para se atingir a movimentação desejada. Pode-se esquelética no auxílio do tratamento ortodôntico, vários autores
obter a ancoragem necessária através dos dentes adjacentes ou descreveram o uso de tais dispositivos de ancoragem no palato
de um grupo de dentes que funcionem como uma unidade. duro, na região de molares superiores, região retromolar man­
Ancoragem necessária para conseguir diferentes tipos de movi­ dibular e tuberosidade maxilar para viabilizar um grande
mento dentário também poderá ser obtida através de aparelhos número de movimentos, incluindo intrusão, distalização, verti­
extrabucais (occipital, cervical e combinado) e necessita de con­ calização, fechamento de espaços com controle de torque.11–17 O
siderável colaboração dos pacientes. Dentes que funcionam uso de implantes dentários intraósseos, miniplacas e minipara­
como unidade de ancoragem devem idealmente permanecer fusos tem sido descrito desde o início dos anos 1980, com os
fixos; eles não devem manifestar a aplicação de força ou miniparafusos ganhando popularidade pela facilidade de insta­
momento advindos da aplicação de força para conseguir o lação pelo ortodontista com um mínimo de invasão nos tecidos.
movimento desejado. Na realidade, porém, dentes utilizados A utilização de miniplacas, porém, se tornou mais limitada, pois

278
Capítulo 22   Dispositivos de Ancoragem Temporária: Oportunidades e Desafios Biomêcanicos 279

esta requer a instalação com o cirurgião oral, além de ser pro­ necessária para movimentar um dente ou grupo de dentes está
cedimento cirúrgico mais invasivo. no arco antagônico. Uma variação do conceito de ancoragem
Vários termos têm sido utilizados para denominar os “dis­ intermaxilar é conhecida como “ancoragem de Baker” intro­
positivos de ancoragem esquelética”, sendo o mais comum dis- duzida inicialmente por H.A. Baker. Nessa situação, os dentes
positivos de ancoragem temporária. Outros termos utilizados são de todo arco são movidos como uma unidade com relação ao
implantes, miniimplantes, miniparafusos, parafusos, miniplacas arco oposto no sentido anteroposterior no intuito de corrigir
e placas. Implantes e miniimplantes comumente requerem a maloclusão Classe II ou Classe III, como descrito por Tweed
osseointegração para ter estabilidade, enquanto parafusos, mini- (1966). A ancoragem de Baker corresponde ao que é chamado
parafusos e microparafusos em geral podem receber força ime­ atualmente de mecânica de Classe II ou Classe III.
diatamente após sua instalação e a estabilidade é alcançada por • Ancoragem occipital foi o último tipo de ancoragem descrita
fatores mecânicos. As placas são fixadas ao osso através de pro­ por Angle e corresponde à ancoragem extrabucal com apoio
cedimento cirúrgico que necessita rebatimento de retalho gen­ occipital. A ancoragem necessária nessa situação é obtida
gival. A parte da miniplaca que fica exposta na cavidade oral é utilizando-se uma tala na região occipital, porção posterior
utilizada como ponto de aplicação da força. De acordo com e superior da cabeça do paciente. Quando se tem colabora­
Melsen,2 esses dispositivos devem ser classificados como ção adequada, esse tipo de ancoragem é particularmente
osseointegráveis e não osseointegráveis. Outros autores conside­ vantajoso sem que movimentos indesejáveis ocorram no
ram que todos esses dispositivos que utilizam ancoragem óssea arco ou no arco antagônico.
podem ser considerados como dispositivos de ancoragem. O controle de ancoragem adequado durante o movimento
dentário é de suma importância para assegurar sucesso do trata­
mento ortodôntico.24
Definição de Ancoragem
Burstone25,26 desenvolveu a técnica do arco segmentado no
O conceito de ancoragem em ortodontia corresponde à resistên­ início dos anos 1960 e introduziu uma classificação de ancora­
cia (ou ausência dela) que um dente ou um grupo de dentes gem baseada no movimento diferencial dos segmentos de arco
oferece quando submetido à aplicação de forças. Clinicamente, anteriores e posteriores quando um sistema de força é aplicado
controle de ancoragem é decisivo para se atingir oclusão ideal, à dentição. A técnica do arco segmentado foi desenvolvida de
sobressaliência e sobremordida ideais. A ausência de dentes na forma que a configuração do aparelho gerasse um sistema de
região posterior poderá colocar em risco os bons resultados que força desejável a um dente que necessitasse de movimentação.
se pode alcançar durante a movimentação dentária a não ser Esta técnica introduziu uma sistematização na análise do sistema
que o dentista possa dispor de ancoragem alternativa, tais como de forças aplicados em um dente tornando mais eficiente o
a utilização de DATs, durante a elaboração do plano de trata­ controle de forças indesejadas. Este sistema resultou em movi­
mento. Alguns tipos de movimentação ortodôntica (p. ex., mentos dentários mais previsíveis e controlados. A segmentação
intrusão molar, distalização de molar inferior) são imprevisíveis do arco foi a medida central para a diferenciação na aplicação
quando se utiliza ortodontia convencional, devido ao efeito das de forças nos segmentos posteriores e anteriores.
forças indesejáveis no arco. Tais movimentos podem ser alcan­ Uma das vantagens no advento deste tipo de mecanoterapia
çados com aplicação de um sistema simples de força sem efeitos foi a possibilidade de determinação do sistema de forças que age
colaterais indesejáveis quando DATs são incorporados ao plano nos segmentos anterior e posterior dos arcos, identificando
de tratamento.14,15,18–20 forças e momentos de força desejáveis assim como as forças
O conceito de ancoragem foi introduzido pela primeira vez indesejáveis que um aparelho pode gerar. Tal característica é
por E. H. Angle,21 e sua classificação reconhece a existência de mais difícil de ser alcançada com mecânica de arco reto (straight-
vários tipos de ancoragem, tais como a ancoragem simples, wire), pois utilizando sistema de força gerado por arco contínuo
estática, recíproca, intermaxilar e occipital. Angle21–23 diferencia é mais difícil de ser determinado do que quando se estuda
os vários tipos de ancoragem de acordo com o objetivo na apenas dois dentes. O sistema de forças proveniente do arco
movimentação dentária, como descrito a seguir: contínuo é, de certa forma, “indeterminado”, e a vantagem do
• Ancoragem simples corresponde àquela em que um dente de arco segmentado é a liberação de forças previsíveis e
estrutura semelhante ou maior é utilizado como ancoragem. reprodutíveis.27 A técnica do arco segmentado permite bom
• Ancoragem estática é aquela que ocorre quando vários dentes controle de forças e de magnitude do momento de forças gerado
são amarrados em conjunto de forma rígida. Nessa situação nos diferentes segmentos do arco.28,29 Utiliza-se fios de dife­
clínica, esses dentes não sofrem inclinação quando submeti­ rentes secções, espessuras, configurações e diferentes materiais
dos à força devido à rigidez da ligação entre eles, porém para associar alta e baixa taxa de deflexão dentro do arco, per­
poderão transladar lentamente dependendo da resistência mitindo maior controle de ancoragem da unidade.28 A técnica
oferecida pelo osso. O conceito de ancoragem estática foi do arco segmentado introduziu uma nova forma de controle de
inicialmente baseado na rigidez da unidade de ancoragem. ancoragem dividindo o sistema de ancoragem em três: grupo A
• Ancoragem recíproca corresponde à situação de ancoragem (ancoragem máxima), grupo B, (ancoragem recíproca), grupo C
na qual dois dentes são movidos para a posição correta no (protração posterior em massa).
arco e funcionaram um como ancoragem do outro. A utilização dos princípios da técnica do arco segmentado e o
• Ancoragem intermaxilar, descrita inicialmente por Angle em profundo entendimento de biomecânica permitiram o controle
1890, foi definida como a situação na qual a ancoragem para liberação de sistema de força desejado, melhor controle de
280 Parte III   Manejo de Casos Complexos e em Adultos

ancoragem através da identificação de forças indesejáveis e dessa mecânica ao osso e não através de osseointegração. Não
forma o desenvolvimento de aparelhos mais eficientes.30 haverá estabilidade absoluta caso o DAT de alguma forma
O DAT introduziu uma nova forma de incorporar os falhar, e deve-se dar atenção especial a esse ponto. Estudos
princípios do arco segmentado no sistema de arco reto. Uma em cães com intuito de verificar a força necessária para
vez que o DAT oferece um sistema de ancoragem fixo e remover um parafuso mostrou que essa força é significati­
absoluto, torna-se possível ao ortodontista aplicar o sistema vamente menor na porção anterior da mandíbula que na
de força desejado utilizando o DAT como ancoragem sem porção posterior. A correlação entre a espessura do osso
ter como resultado efeitos indesejados nos demais dentes. cortical e a força necessária para remoção do parafuso foi
Nesse caso, a ancoragem pode ser feita diretamente no DAT significativa porém fraca.31
(ancoragem direta) ou indiretamente, conectando os dentes A estabilidade dos DATs também foi estudada quando esses
ao DAT e dessa forma este segmento de dentes será quase estão localizados no arco zigomático como ancoragem direta.32
fixo (ancoragem indireta). Miniparafusos se mostraram estáveisporém não se mantiveram
Da mesma forma, o DAT tornou-se alternativa atraente dessa forma quando submetidos a força ortodôntica. Os para­
quando comparada à ancoragem tradicional, que estará fusos mostraram 0,4 mm de inclinação para mesial no nível da
sempre sujeita aos efeitos colaterais inerentes a este sistema, cabeça do parafuso e sinais de extrusão associado à inclinação.
além de depender da colaboração do paciente. Situação Os autores sugerem que o movimento dos parafusos é com­
clínica na qual para retração dos dentes anteriores é patível com o nível de força aplicado e recomendam a colocação
necessária ancoragem máxima (grupo A de ancoragem, dos parafusos em áreas afastadas das raízes dos dentes, permi­
segundo Burstone), o DAT oferecerá grandes vantagens, tindo o afastamento seguro de 2 mm entre o parafuso e a raiz
mantendo os princípios básicos da biomecânica e simplifi­ dos dentes.
cando a arquitetura do aparelho. Dessa forma, o ortodon­ Buchter et al.33 avaliaram as forças transversas aplicadas aos
tista poderá retrair os dentes anteriores com forças leves e parafusos e concluíram que a perda dos mesmos está direta­
de forma simples em vez de utilizar alças e molas mais mente relacionada ao momento de força aplicado. O momento
elaboradas que necessitam de grande controle de torque de força deve ser menor que 900 centinewtons por milímetro
tanto nos dentes anteriores quanto nos dentes posteriores. (cN/mm) quando se aplica carga imediata aos parafusos.
A utilização de aparelho extrabucal oferece bom controle de A estabilidade dos miniparafusos também está relacionada
ancoragem posterior, porém depende diretamente da colabo­ com o local de sua inserção no osso. Ishii et al.34 mediram as
ração do paciente além de ser socialmente impopular. O distâncias bucolinguais e mesiodistais e as áreas seccionadas do
aparelho de Nance, que não necessita da colaboração do septo intraalveolar de ossos maxilares escolhidas aleatoria­­
paciente, também oferece ancoragem posterior, porém pode mente utilizando tomografia microcomputadorizada (micro-CT).
ser desconfortável para o paciente além de irritar a mucosa Concluíram que a posição mais segura para inserção é o septo
do palato. Mesmo com a utilização dos aparelhos extrabu­ intra alveolar, entre o primeiro molar superior e o segundo pré
cais e do aparelho de Nance, dentes utilizados como ancora­ molar, de 6 a 8 mm apicalmente à crista alveolar no lado
gem ainda estarão sujeitos a forcas secundárias e não estarão palatino.
totalmente livres dessas forças. Os DATs oferecem a possi­ Poggio et al.35 repetiram o estudo utilizando 25 maxilas e
bilidade de ancoragem diferenciada, pois estes substituem 25 mandíbulas de dados de pacientes (informações foram
os dentes como unidade de ancoragem. Isso permite que coletadas com NewTon [DVT9000] Scanner Volumétrico,
forças indesejáveis incidam sobre os DATs e não sobre os QRsr1,Verona, Itália). Eles confirmaram que o local mais
dentes. seguro para a inserção de DATs na maxila é no lado palatino
Um dos segredos para o sucesso na ortodontia é a análise e entre o primeiro molar permanente o os segundos pré-molares
o entendimento do sistema de forcas utilizado nos dentes para A menor quantidade de osso encontrado na maxila foi na
prever e minimizar os efeitos colaterais. A mudança que ocorre tuberosidade. A maior espessura de osso medido, no sentido
quando se utiliza o DAT e se deixa de estar sujeita aos efeitos vestíbulo palatal, foi na região entre primeiro e segundo
colaterais clássicos aumentará o índice de sucesso nos casos molar. Na mandíbula, a menor espessura de osso foi entre
tratados e efetividade nos tratamentos. Mais uma vez, depen­ primeiro pré-molar e canino enquanto a maior espessura
dendo da situação, o DAT poderá oferecer ancoragem direta ou encontrada foi entre primeiro e segundo molar. Os autores
indiretamente que não afetará a posição dos dentes (ancoragem recomendam algumas áreas como as mais seguras para insta­
direta) ou poderá estabilizar a posição do grupo de dentes uti­ lação dos minimplantes. Estão entre estas áreas a porção
lizados como ancoragem (ancoragem indireta). posterior da maxila no sentido vestibular e lingual e em geral
quanto mais mesial a área do mini-implante mais apical será
o minimplante. No arco mandibular, as áreas mais seguras
Considerações Gerais Para Uso para instalação do DAT estão na porção posterior, e o implante
A estabilidade dos DATs logo após sua colocação e durante deve estar a pelo menos 11 mm da crista alveolar quando
o tratamento, além de sua localização, tem papel decisivo instalado na região de pré-molar e caninos.35
para que se obtenha um sistema de força apropriado. Os Wilmes et al.36 publicaram a respeito de fatores primários
DATs são basicamente utilizados como ancoragem fixa ou que podem influenciar na estabilidade primária dos minim­
absoluta. DATs obtêm estabilidade através de retenção plantes ortodônticos e concluíram que a espessura do osso
Capítulo 22   Dispositivos de Ancoragem Temporária: Oportunidades e Desafios Biomêcanicos 281

compacto, o desenho do implante e o preparo do sítio que equilíbrio ajuda o leitor a obter um melhor entendimento da
recebe o implante são fundamentais para a estabilidade do estratégia de utilização dos DATs e do design resultante dos
implante. aparelhos.
A localização do implante é decisiva para a estabilidade e
para a liberação de um sistema de forças adequado. Durante a
Biomecânica Aplicada Em Ortodontia
formulação do plano de tratamento, o ortodontista deve deter­
minar o sistema de forças adequado e o equilíbrio do sistema A utilização de dispositivos de ancoragem temporária em orto­
para identificar as forças que irão agir sobre os dentes que dontia oferece excelente oportunidade de se atingir resultados
devem ser movimentados e as forças de efeito colateral que irão que não eram possíveis com a mecânica convencional. Como os
agir sobre os dentes que atuam como ancoragem. Isso irá deter­ DATs não se movem de maneira significativa, os efeitos cola­
minar o local ideal para colocação dos DATs e assegurar a ação terais indesejáveis em vários tipos de sistemas de força durante
das forças de forma ideal e segura. o tratamento ortodôntico podem ser eliminados, e o movi­
Os ortodontistas devem estar cientes das limitações anatômi­ mento dentário pode ser planejado partindo-se do princípio de
cas para instalação dos DATs. Tais limitações têm papel funda­ que se tem situação de ancoragem absoluta.
mental na elaboração do sistema de forças que irá atuar sobre A utilização de DATs como ancoragem apresenta, entretanto,
os dentes (p. ex., ponto de aplicação da força, direção e momento novos desafios biológicos. Existem limitações, pois o local
gerado). O sistema de força gerado sobre os DATs deve também disponível para a colocação dos DATs afeta a direção da força
ser cuidadosamente avaliado para que o momento gerado não aplicada aos dentes, o que, por sua vez, poderá ou não afetar a
leve à remoção dos parafusos utilizados e assim evitar a perda movimentação dentária desejada. Além disso, o desenho da
dos miniparafusos. Caso a aplicação de tais momentos venha a maioria dos DATs disponíveis não viabiliza o uso de mecânicas
ser inevitável, faz-se necessário o uso de ancoragem indireta complexas. Em geral, forças diretas entre os DATs e o dente que
para minimizar os efeitos colaterais indesejáveis durante a apli­ se deseja movimentar são geradas através da ativação de elásti­
cação das forças.2 cos em cadeia ou molas no intuito de mover o dente na direção
do DAT. Dessa forma, quando se utiliza o DAT como ancoragem
direta, é vantajoso posicionar o DAT na linha de força da movi­
Indicações mentação desejada. Nessa situação, a força aplicada entre o DAT
A disponibilidade dos DATs em várias empresas tornou esses e o dente irá levar à movimentação assim como planejada. Caso
dispositivos acessíveis no dia a dia na clínica ortodôntica. Ini­ o DAT não possa ser instalado em posição favorável para o
cialmente, os DATs eram utilizados apenas em casos em que os sistema de força desejado, configurações alternativas no sistema
dentes posteriores estavam ausentes e ancoragem posterior era de forças devem ser empregadas ou surgirão efeitos colaterais
necessária.1,2,8 Desde que o uso dos DATs tornou-se popular, eles indesejáveis.
são utilizados para facilitar a movimentação dentária em inúme­
ros casos, inclusive os seguintes: intrusão dos dentes da
Intrusão
maxila,11,15,37,38 distalização,19 retração de caninos e para mecânica
de retração com intrusão simultânea,13,39 correção de mordida Exemplo de situação favorável para a utilização dos DATs é
aberta anterior,14,15,17,18,40,41 correção de sobremordida,42 correção intrusão de dentes posteriores sobre erupcionados.3,45,47 Intrusão
de Classe III combinada com cirurgia,12 correção de plano de dentes posteriores é considerada um dos tipos de movimentos
oclusal inclinado.43 Os DATs estão disponíveis em grande mais difíceis de ser alcançados quando se utiliza mecânica tradi­
número de formatos, o que inclui sofisticadas formas de desenho cional. Bite Blocks, magnetos repelentes e outros exemplos de
de cabeça dos parafusos que oferece várias opções quanto à dispositivos interarcos foram apresentados e utilizados com dife­
decisão no ponto de aplicação da força. rentes graus de sucesso no passado.48–50 A Figura 22-1 mostra
Em geral, os DATs simplificaram os desenhos dos aparelhos como o DAT (miniplaca ou miniparafuso) pode ser instalado na
por permitir a aplicação de força exatamente no local desejado região vestibular e apical dos molares superiores para serem uti­
e por ter melhorado drasticamente o controle de ancoragem. lizados como ancoragem para a intrusão dos molares. A análise
Em algumas situações clínicas, o uso de DATs permitiu o trata­ do sistema de forças aplicadas em visão vestibular (Fig. 22-1, A)
mento ortodôntico e a restauração dos dentes que antes não mostra sistema de forças favorável para intrusão, com força efi­
eram possíveis (p. ex., intrusão de molar, distalização de molares ciente intrusiva passando pelo centro de resistência do segmento
inferiores).15,18–20 Alguns trabalhos clínicos relatam fechamento dos molares. Em vista frontal (Fig. 22-1, B), entretanto, fica visível
de mordida aberta anterior com sucesso utilizando vários tipos que a força passa vestibularmente ao centro de resistência o que
de mecânicas incorporando DATs para intrusão dos dentes pos­ iria resultar em inclinação vestibular dos molares (Fig. 22-1, C).
teriores e redirecionando a inclinação do plano oclusal.14,15,17,18,41 Análise tridimensional do sistema de forças criado é sempre
Outros tipos de mecânicas têm sido preconizadas e se mostra­ necessária, para que se possa prever com segurança o movimento
ram também razoavelmente eficientes.16,38,44 dentário que irá ocorrer.
A próxima secção descreve e analisa o desenho dos apare­ A Figura 22-2 ilustra a bem-sucedida intrusão controlada de
lhos e a biomecânica de várias situações clínicas, dentre elas um molar sobre erupcionado. Para esse paciente (Fig. 22-2, A),
intrusão de molares, extrusão e fechamento de espaço. Em somado à força intrusiva vestibular (B), também foi instalado
cada caso clínico, a análise do sistema de forças e do seu um DAT no lado palatino para aplicar uma força intrusiva
282 Parte III   Manejo de Casos Complexos e em Adultos

Fig. 22-1 Diagrama representando intrusão de molar superior utilizando dispositivo de ancora­
gem ortodôntica (DAT) posicionado no lado vestibular. A, Vista vestibular. Força intrusiva passa pelo
centro de resistência do molar (círculo preto). B, Vista frontal. Força passa vestibular ao centro de
resistência. C, Sistema de força resultante causa concomitantemente intrusão e inclinação vestibular
do molar.

palatal (C). O acessório vestibular foi uma miniplaca instalada intrusão dos incisivos. De forma alternativa, DATs podem ser
no zigomático, e o TAD palatino foi um microparafuso. Apli­ instalados na região anterior e utilizados para aplicação direta
cando forças intrusivas em ambos os lados, vestibular e palatino de forças intrusivas nos incisivos. A Figura 22-5 mostra incisivos
(D), a resultante, força intrusiva efetiva foi redirecionada através inferiores sendo intruídos utilizando-se DATs instalados distal­
do centro de resistência do molar (E) para obter intrusão do mente às raízes dos caninos em paciente com várias perdas
molar sobre erupcionado sem inclinação (F e G). dentárias na região posterior (A). No entanto, o ponto de apli­
Caso dentes posteriores devam ser intruídos bilateralmente, cação da força teria sido mais favorável caso os DATs pudessem
então um arco transpalatino (ATP) pode ser usado para evitar ser instalados mais próximos da linha mediana neste paciente,
inclinação dos molares.41,51 A Figura 22-3 mostra paciente com a instalação do DAT ficou limitada devido à anatomia óssea e à
mordida aberta anterior (A), e o plano de intruir molares para falta de espaço na região mais anterior (B).
se alcançar o fechamento da mordida através da autorrotação
da mandíbula. Nesse caso, DATs (miniparafusos) são instalados
Extrusão
apicalmente aos molares em ambos os lados do arco (B e C).
Um ATP foi instalada para neutralizar a tendência à inclinação Da mesma forma que o arco pode ser utilizado para intruir
dos molares no sentido vestibular enquanto ocorre intrusão dentes anteriores através da mecânica convencional, o arco com
(D). Caso alguma inclinação vestibular ocorra durante a intrusão forças extrusivas pode ser utilizado para extruir dentes anterio­
será necessário ativar o ATP para produzir força igual e oposta res.55,56 Se um paciente tem mordida aberta anterior e o diag­
no sentido vestibular de raiz-palatino de coroa52 (E). O ATP nóstico permite o tratamento do caso apenas com movimento
deve ser instalado de forma que fique afastado do palato e possa dentário, pode-se obter extrusão através de tratamento conven­
movimentar-se apicalmente enquanto os molares intruem. cional (Fig. 22-6). A ativação do arco de extrusão resulta em
Intrusão dos dentes anteriores pode ser alcançada de forma inclinação mesial e de força intrusiva no molar, durante a
satisfatória utilizando-se mecânica convencional. A Figura 22-4 extrusão anterior55,56 (Fig. 26-6, A). Deve-se tomar medidas pre­
mostra intrusão dos dentes através da aplicação de força direta ventivas no intuito de evitar o aparecimento de mordida aberta
sobre os incisivos em conjunto com forças extrusivas e tip-back anterior lateral enquanto o molar inclina no sentido mesial, se
dos molares.53–55 Em um paciente Classe II (Fig. 22-4, A), os arco contínuo for utilizado.56 Se a força extrusiva for aplicada
efeitos colaterais podem acarretar tip-back favorável dos molares unilateralmente, poderá ser utilizada para correção da inclina­
superiores, permitindo movimentação da coroa no sentido de ção anterior do plano oclusal (Fig. 22-6, B). Nesse paciente, o
alcançar a Classe I de molar durante o processo de intrusão incisivo esquerdo foi extruído para corrigir a mordida aberta e
(B).55 Após o estabelecimento da Classe I molar (C), os pré- o plano oclusal através da aplicação da força na extremidade
-molares podem migrar distalmente ou serem retraídos para (Fig. 22-6, C). Em tais situações, DATs podem ser utilizados para
relação de Classe I (D). estabilização e assim evitar movimentos indesejados.
Caso a intrusão dos incisivos seja necessária e os efeitos Aplicar forcas extrusivas diretamente nos dentes utilizando
colaterais da mecânica convencional não forem desejáveis, DATs DAT pode ser desafiador. A Figura 22-7 mostra paciente porta­
podem ser utilizados para estabilizar os molares durante a dor de anquilose de incisivo central superior que foi utilizado
Capítulo 22   Dispositivos de Ancoragem Temporária: Oportunidades e Desafios Biomêcanicos 283

Fig. 22-2 Intrusão bem-sucedida de molares sobre-erupcionados. A, Radiografia panorâmica


mostrando primeiro e segundo molares direitos sobre-erupcionados. B, Vista vestibular mostrando
elástico em cadeia usado para aplicação de força intrusiva no molar através do DAT vestibular. C,
Vista oclusal mostrando elástico em cadeia usado para aplicação de força intrusiva no molar através
do DAT palatino. D, Sistema de força aplicado nos dispositivos dos molares pela palatina e vestibular.
E, Resultante do sistema de forças empregado mostra que o sistema é efetivo e passa pelo centro de
resistência dos dente, resultando em movimento de intrusão puro do molar (F e G).

como DAT57 para fechamento de mordida aberta anterior (A). ancoragem indireta.51 Nessa alternativa, a utilização do DAT evitará
Uma mola foi instalada de forma a aplicar forca extrusiva no movimentos indesejáveis enquanto a mecânica convencional é
incisivo lateral adjacente quando esta fosse ativada (B). Quando utilizada para o fechamento de espaço. Na Figura 22-8, por
o incisivo lateral chegou à posição desejada, um fio rígido foi exemplo, um miniparafuso foi utilizado para evitar o movimento
utilizado para manter o dente na posição enquanto o resto do posterior dos dentes anteriores, enquanto o elástico em cadeia é
arco foi alinhado (C). Nesse caso o incisivo anquilosado foi utilizado para colocação do primeiro molar no local do segundo
utilizado como ancoragem estável, de forma semelhante a como pré-molar perdido (A). Para prevenir a movimentação dos dentes
o DAT poderia ter sido utilizado caso o dente anquilosado não anteriores, a extensão que vai do DAT para o arco foi ativada
estivesse disponível para tal. paulatinamente para aplicação de forca no sentido anterior. Essa
ativação leva a um giro no sentido horário no DAT, aumentando
a estabilidade do dispositivo (B). O giro no sentido anti-horário,
Fechamento de Espaço
de forma contrária, pode levar à perda do parafuso. Nesse paciente
A utilização dos DATs para alcançar ancoragem absoluta durante o DAT possibilita perda de ancoragem dos dentes posteriores com
o fechamento de espaço pode ser mais difícil do que aparenta à pouca ou nenhuma colaboração do paciente (C).
primeira vista. Para retração de dentes anteriores e perda de ancora­ Caso se utilize ancoragem direta para aplicação de forca com
­­gem dos dentes posteriores, pode ser mais fácil utilizar técnica de objetivo fechamento de espaço, a direção e o ponto de aplicação
284 Parte III   Manejo de Casos Complexos e em Adultos

Fig. 22-3 Intrusão molar para correção de mordida aberta anterior. A, Vista frontal mostrando
o paciente com mordida aberta anterior e os DATs instalados no lado vestibular bilateralmente para
liberar força intrusiva nos molares. B, Vista vestibular direita. C, Vista vestibular esquerda. D, Vista
oclusal mostrando arco transpalatina (ATP) utilizado para prevenir inclinação vestibular dos molares
enquanto estes intruem. E, Vista frontal em desenho esquemático mostrando sistema de forças libe­
rado do elástico em cadeia apoiado no DAT e do ATP.

Fig. 22-4 Intrusão convencional para corrigir a sobremordida e melhorar intercuspidacão molar.
A, Sistema de força liberado do arco de intrusão. B, Vista vestibular direita de paciente com arco de
intrusão demonstrando intrusão de incisivos e inclinação distal do molar para estabelecimento de
relação Classe I. C, Vista vestibular direita depois da colagem dos pré-molares e da intrusão estar
completa. D, Vista vestibular direita ao final do tratamento.
Capítulo 22   Dispositivos de Ancoragem Temporária: Oportunidades e Desafios Biomêcanicos 285

da forca serão de grande importância. A Figura 22-9 mostra


paciente que necessitava ancoragem posterior absoluta durante
o fechamento de espaço. DAT foi instalado mesial à raiz dos
molares, e foi utilizado elástico em cadeia para aplicar a força
nos bráquetes anteriores (A). A força foi aplicada na direção
distal e apical passando bem abaixo do centro de resistência dos
dentes anteriores (B), resultando em significativa e indesejada
verticalização desses dentes (C). Outro tipo de mecânica, tal
como mecânica segmentada,25 poderia ser utilizado para redi­
recionar a força para o ponto de aplicação mais favorável. A
extensão distal para o segmento anterior, inclinada apicalmente
de forma que a linha de força fique próxima do centro de
resistência dos dentes anteriores (Fig. 22-9, D),58 permite que o
fechamento de espaço ocorra com movimento mais próximo de
translação e minimizando possível inclinação (E).
Para se alcançar certa sequência de movimentação de
dentes, poderá ser necessária a remoção do DAT e recoloca­
ção deste em outro local, caso o DAT fisicamente impeça a
progressão do tratamento. A Figura 22-10 mostra paciente
no qual o plano de tratamento era movimentação do molar
inferior direito para o local do primeiro molar perdido.
Fig. 22-5 Intrusão de incisivos utilizando ancoragem com DAT. Porém, o primeiro passo do plano de tratamento foi movi­
A, Vista frontal mostrando DATs utilizados como ancoragem para mentar o canino inferior direito e pré-molares anterior­
intrusão dos dentes anteriores inferiores em paciente com várias mente, pois estes inclinaram distalmente depois da extração
perdas de dentes posteriores. B, Radiografia panorâmica mostrando do primeiro molar. O DAT foi instalado entre as raízes do
localização dos DATs. primeiro e segundo pré-molares e amarrado ao segundo

Fig. 22-6 Arco de extrusão convencional para fechamento de mordida aberta e/ou correção de plano oclusal inclinado. A, Sistema de
força de arco de extrusão. B, Vista frontal mostrando paciente com plano oclusal anterior inclinado e arco de extrusão amarrado apenas no
lado esquerdo para liberação de força assimétrica no intuito de corrigir a inclinação. C, Vista frontal do paciente após correção do plano
oclusal.
286 Parte III   Manejo de Casos Complexos e em Adultos

Conclusão
A utilização de dispositivos de ancoragem temporária cresceu
em popularidade nos últimos anos, e os DATs revolucionaram
a forma de planejamento do tratamento ortodôntico e da
mecânica utilizada. Apesar de inicialmente os DAT serem pre­
conizados como coadjuvantes durante a mecanoterapia, agora
eles são feitos sob medida para algumas situações clinicas que
são grandemente beneficiadas pelo uso do DAT. O grande
número de casos clínicos publicados também demonstra que os
ortodontistas se tornaram mais experientes e sofisticados na
utilização dos DATs. Os estudos citados também demonstram
que algumas aplicações dos DATs são consistentemente bem-
sucedidas e resultam em tratamentos excelentes enquanto outras
aplicações não apresentam a reprodutividade e previsibilidade
desejada. Como ortodontia e odontologia de forma geral se
tornaram mais baseadas em evidência cientifica,59 técnicas de
tratamentos baseadas em pesquisa ganharam popularidade na
ultima década, e o uso de DATs não escapa dessa tendência.
Ortodontistas também se tornaram mais aptos a otimizar o uso
dos DATs no intuito de simplificar a mecânica utilizada em seus
tratamentos, baseados no bom entendimento dos princípios
biomecânicos, como demonstrado nos exemplos clínicos desse
capitulo.
O uso dos DATs é novo e empolgante e a maioria dos orto­
dontistas no mercado não utilizarou esses dispositivos durante
sua pós-graduação em ortodontia. Apesar desse fato, o uso do
DAT na clínica diária tem aumentado em grande parte devido
ao tratamento multidisciplinar preconizado atualmente, devido
à expansão do alcance dos resultados que os ortodontistas ofere­
Fig. 22-7 Extrusão de dentes utilizando DAT como ancoragem. cem como especialistas e também devido ao fato de que situa­
A, Vista frontal do paciente com incisivo central direito superior ções antes tratadas com intervenções cirúrgicas convencionais
com anquilose e mordida aberta anterior. B, Mola utilizada para são agora tratadas com alternativas de tratamento ortodôntico.
liberar força extrusiva utilizando o dente anquilosado como ancora­ Poucos cursos de pós-graduação incorporaram rotineiramente
gem. C, Fio rígido partindo do dente anquilosado e utilizado para o uso de DATs em suas clinicas, fazendo com que estes se tornem
manutenção da posição vertical do dente que foi extruído enquanto disponíveis para a população e para a futura geração de orto­
o arco foi alinhado. dontistas. À medida que mais pesquisa a respeito da segurança
e eficácia desses dispositivos se torna disponível, é esperado que
mais programas de pós-graduação incorporem essa nova área
da terapia ortodôntica. Da mesma forma que o Projeto do
Genoma Humano teve impacto significativo na transição de
pesquisa na área de ciências básicas para aplicações clínicas
molar no intuito de prevenir movimento distal do molar relevantes,60 a utilização dos DATs tem tido um profundo
enquanto o canino e primeiro pré-molar são movimentados impacto na forma como a maloclusão é vista e tem oferecido
anteriormente (Fig. 22-10, A). Em fase mais adiantada de modalidades de tratamento que são alternativas àquelas que
tratamento, entretanto, quando o DAT é utilizado como correspondem ao tratamento ortodôntico convencional.
ancoragem para migração mesial do molar, este passou a Maiores refinamentos no desenho dos DATs e melhor enten­
impedir o movimento desses dentes e teve de ser removido dimento em como otimizar o uso dos DATs através da análise
(Fig. 22-10, B). Outro DAT foi instalado em posição mais biomecânica do sistema de forças produzido por vários tipos de
anterior, entre canino e primeiro pré-molar, e utilizado para aparelhos irá fazer com que os DATs continuem a ser alternativa
migração do segundo molar medialmente (Fig. 22-10, C). atraente quando comparados à técnica de ancoragem tradicio­
Em alguns pacientes, plano de tratamento cuidadoso pode nal. Devido ao fato de o nível de cooperação dos pacientes estar
ajudar a prevenir situações onde o DAT será necessariamente diminuindo, a utilização de DATs continuará a aumentar, tra­
trocado de posição no decorrer do tratamento. Em outros casos, zendo mais pacientes com desejo de tratamento ortodôntico.
será sempre melhor prever a necessidade de trocar o DAT de DATs não são apenas um tipo de novo aparelho que está na
posição em dado momento de forma que o paciente possa estar moda atualmente, ele está se tornando uma melhora e sofisti­
ciente e prevenido para tal situação. cação na terapêutica ortodôntica que proporcionará melhores
Capítulo 22   Dispositivos de Ancoragem Temporária: Oportunidades e Desafios Biomêcanicos 287

Fig. 22-8 Utilização do DAT como ancoragem indireta durante o fechamento de espaço. A,


Extensão de fio partindo do DAT até gancho preso ao arco base para evitar movimentação posterior
dos dentes anteriores durante o fechamento de espaço por protração do molar. B, Diagrama ilus­
trando o momento gerado pelo fio preso ao DAT, no DAT e no arco. Da força para distal do arco,
devolvida com a mesma intensidade, porém com sentido oposto pela ancoragem absoluta e causando
um giro no sentido horário, e dessa forma apertando levemente o parafuso. C, Vista vestibular do
paciente ao final do tratamento mostrando que o molar caminhou mesialmente para o local do pré-
-molar ausente.
288 Parte III   Manejo de Casos Complexos e em Adultos

Fig. 22-9 Utilização de DAT para ancoragem direta durante fechamento de espaço. A, Vista ves­
tibular de paciente com elástico em cadeia ativo do DAT até o canino para retração dos dentes
anteriores. B, Diagrama do momento de força ilustrando que a força distal que tem origem no elás­
tico em cadeia passa abaixo do centro de resistência dos dentes anteriores (círculo preto). C, Força
distal leva os dentes anteriores a movimentar distalmente e a intruir assim como a verticalizar as
coroas. D, Vista vestibular mostrando DAT sendo utilizado para gerar força distal ao segmento ante­
rior através de dobra no sentido apical da extensão distal. E, Força distal passando perto do centro
de resistência dos dentes anteriores.
Capítulo 22   Dispositivos de Ancoragem Temporária: Oportunidades e Desafios Biomêcanicos 289

Referências
1. Huang LH, Shotwell JL, Wang HL: Dental implants for orth­
odontic anchorage, Am J Orthod Dentofacial Orthop 127:713-
722, 2005.
2. Melsen B: Mini-implants: where are we? J Clin Orthod 39:539-
547, 2005.
3. Mizrahi E, Mizrahi B: Mini-screw implants (temporary
anchorage devices): orthodontic and pre-prosthetic applica­
tions, J Orthod 34:80-94, 2007.
4. Celenza F: Implant-enhanced tooth movement: indirect
absolute anchorage, Int J Periodont Restor Dent 23:533-541,
2003.
5. Chen CH, Chang CS, Hsieh CH, et al: The use of microim-
plants in orthodontic anchorage, J Oral Maxillofac Surg
64:1209-1213, 2006.
6. Branemark PI, Adell R, Breine U, et al: Intra-osseous anchor­
age of dental prostheses. I. Experimental studies, Scand J Plast
Reconstr Surg 3:81-100, 1969.
7. Creekmore TD, Eklund MK: The possibility of skeletal anchor­
age, J Clin Orthod 17:266-269, 1983.
8. Linkow LI: Implanto-orthodontics, J Clin Orthod 4:685-690,
1970.
9. Kanomi R: Mini-implant for orthodontic anchorage, J Clin
Orthod 31:763-767, 1997.
10. Costa A, Raffainl M, Melsen B: Miniscrews as orthodontic
anchorage: a preliminary report, Int J Adult Orthod Orthog
Surg 13:201-209, 1998.
11. Kravitz ND, Kusnoto B, Tsay TP, Hohlt WF: The use of tem­
porary anchorage devices for molar intrusion, J Am Dent
Assoc 138:56-64, 2007.
12. Kuroda S, Sugawara Y, Yamashita K, et al: Skeletal Class III
oligodontia patient treated with titanium screw anchorage
and orthognathic surgery, Am J Orthod Dentofacial Orthop
127:730-738, 2005.
Fig. 22-10 O posicionamento do DAT pode impedir movimen­ 13. Park HS, Bae SM, Kyung HM, Sung JH: Simultaneous incisor
tação dentária. A, Nesse paciente o DAT foi inicialmente instalado retraction and distal molar movement with microimplant
distalmente ao segundo pré-molar inferior e foi utilizado para pre­ anchorage, World J Orthod 5:164-171, 2004.
venir movimento distal do molar enquanto os dentes anteriores 14. Sugawara J, Daimaruya T, Umemori M, et al: Distal move­
estão migrando mesialmente. B, Radiografia panorâmica mos­ ment of mandibular molars in adult patients with the skeletal
trando que, ao longo do tratamento, o DAT impediu a progressão anchorage system, Am J Orthod Dentofacial Orthop 125:130-
anterior dos dentes posteriores para fechamento do espaço. C, DAT 138, 2004.
original foi removido. Novo DAT foi instalado mesial ao primeiro 15. Park YC, Lee SY, Kim DH, Jee SH: Intrusion of posterior teeth
pré-molar e usado como ancoragem indireta para completar a pro­ using mini-screw implants, Am J Orthod Dentofacial Orthop
tração mesial dos dentes posteriores. 123:690-694, 2003.
16. Hong RK, Heo JM, Ha YK: Lever-arm and mini-implant
system for anterior torque control during retraction in lingual
orthodontic treatment, Angle Orthod 75:129-141, 2005.
17. Umemori M, Sugawara J, Mitani H, et al: Skeletal anchorage
system for open-bite correction, Am J Orthod Dentofacial
Orthop 115:166-174, 1999.
resultados através de mecânicas mais simples. Os dispositivos 18. Sugawara J, Baik UB, Umemori M, et al: Treatment and post-
de ancoragem temporária chegaram para ficar. treatment dentoalveolar changes following intrusion of man-
dibular molars with application of a skeletal anchorage system
(SAS) for open bite correction, Int J Adult Orthod Orthog Surg
AGRADECIMENTOS 17:243-253, 2002.
Gostaríamos de estender nossos agradecimentos a Dra. Erica W. 19. Park HS, Lee SK, Kwon OW: Group distal movement of teeth
Reed e Dr. Robert E. Patterson pela sua atenção com o manus­ using microscrew implant anchorage, Angle Orthod 75:602-
609, 2005.
crito desse trabalho. Também agradecemos o Dr. Jason T.
20. Park HS, Jang BK, Kyung HM: Maxillary molar intrusion with
Gladwell, que foi a inspiração para que nos aprofundássemos micro-implant anchorage (MIA), Aust Orthod J 21:129-135,
nessa nova e empolgante alternativa de tratamento. 2005.
290 Parte III   Manejo de Casos Complexos e em Adultos

21. Angle EH: Treatment of malocclusion of teeth: Angle’s system, 41. Park HS, Kwon OW, Sung JH: Nonextraction treatment of an
ed 7, Philadelphia, 1907, SS White Dental Manufacturing. open bite with microscrew implant anchorage, Am J Orthod
22. Angle EH: The latest and the best in orthodontic mechanism, Dentofacial Orthop 130:391-402, 2006.
Dent Cosmos 70:1143, 1928. 42. Ohnishi H, Yagi T, Yasuda Y, Takada K: A mini-implant for
23. Angle EH: The latest and the best in orthodontic mechanism, orthodontic anchorage in a deep overbite case, Angle Orthod
Dent Cosmos 71:164, 260, 409, 1929. 75:444-452, 2005.
24. Strang RH: Orthodontic anchorage, Angle Orthod 11:173, 1941. 43. Jeon YJ, Kim YH, Son WS, Hans MG: Correction of a canted
25. Burstone CJ: Rationale of the segmented arch, Am J Orthod occlusal plane with miniscrews in a patient with facial
48:805-822, 1962. asymmetry, Am J Orthod Dentofacial Orthop 130:244-252,
26. Burstone CJ: The mechanics of the segmented arch tech­ 2006.
niques, Angle Orthod 36:99-120, 1966. 44. Gibbons AJ, Cousley RR: Use of mini-implants in orthog­
27. Burstone CJ, Koenig HA: Force systems from an ideal arch, nathic surgery, Br J Oral Maxillofac Surg 45:406-407,
Am J Orthod 65:270-289, 1974. 2007.
28. Burstone CJ: Variable-modulus orthodontics, Am J Orthod 45. Herman R, Cope JB: Miniscrew implants: IMTEC mini ortho
80:1-16, 1981. implants, Semin Orthod 11:32-39, 2005.
29. Burstone CJ, Koenig HA: Optimizing anterior and canine 46. Kravitz ND, Kusnoto B: Posterior impaction with orthodontic
retraction, Am J Orthod 70:1-19, 1976. miniscrews for openbite closure and improvement of facial
30. Burstone CJ: The segmented arch approach to space closure, profile, World J Orthod 8:157-166, 2007.
Am J Orthod 82:361-378, 1982. 47. Sugawara J, Nishimura M: Minibone plates: the skeletal
31. Huja SS, Litsky AS, Beck FM, et al: Pull-out strength of mono- anchorage system, Semin Orthod 11:47-56, 2005.
cortical screws placed in the maxillae and mandibles of dogs, 48. Cinsar A, Alagha AR, Akyalcin S: Skeletal open bite correction
Am J Orthod Dentofacial Orthop 127:307-313, 2005. with rapid molar intruder appliance in growing individuals,
32. Liou EJ, Pai BC, Lin JC: Do miniscrews remain stationary Angle Orthod 77:632-639, 2007.
under orthodontic forces? Am J Orthod Dentofacial Orthop 49. Darendeliler MA, Darendeliler A, Mandurino M: Clinical
126:42-47, 2004. application of magnets in orthodontics and biological impli­
33. Buchter A, Wiechmann D, Koerdt S, et al: Load-related cations: a review, Eur J Orthod 19:431-442, 1997.
implant reaction of mini-implants used for orthodontic 50. Dellinger EL: A clinical assessment of the Active Vertical Cor­
anchorage, Clin Oral Implants Res 16:473-479, 2005. rector: a nonsurgical alternative for skeletal open bite treat­
34. Ishii T, Nojima K, Nishii Y, et al: Evaluation of the implanta­ ment, Am J Orthod 89:428-436, 1986.
tion position of mini-screws for orthodontic treatment in the 51. Maino GB, Mura P, Bednar J: Miniscrew implants: the Spider
maxillary molar area by a micro CT, Bull Tokyo Dent Coll Screw Anchorage System, Semin Orthod 11:40-46, 2005.
45:165-172, 2004. 52. Rebellato J: Two-couple orthodontic appliance systems: trans­
35. Poggio PM, Incorvati C, Velo S, Carano A: “Safe zones”: a palatal arches, Semin Orthod 1:44-54, 1995.
guide for miniscrew positioning in the maxillary and man­ 53. Burstone CR: Deep overbite correction by intrusion, Am J
dibu-lar arch, Angle Orthod 76:191-197, 2006. Orthod 72:1-22, 1977.
36. Wilmes B, Rademacher C, Olthoff G, Drescher D: Parameters 54. Burtsone CJ: Biomechanics of deep overbite correction, Semin
affecting primary stability of orthodontic mini-implants, J Orthod 7:26-33, 2001.
Orofac Orthop 67:162-174, 2006. 55. Lindauer SJ, Isaacson RJ: One-couple orthodontic appliance
37. Yao CC, Lee JJ, Chen HY, et al: Maxillary molar intrusion with systems, Semin Orthod 1:12-24, 1995.
fixed appliances and mini-implant anchorage studied in three 56. Isaacson RJ, Lindauer SJ: Closing anterior open bites: the
dimensions, Angle Orthod 75:754-760, 2005. extrusion arch, Semin Orthod 7:34-41, 2001.
38. Yao CC, Wu CB, Wu HY, et al: Intrusion of the overerupted 57. Cope JB: Temporary anchorage devices in orthodontics: a
upper left first and second molars by mini-implants with paradigm shift, Semin Orthod 11:3-9, 2005.
partial-fixed orthodontic appliances: a case report, Angle 58. Burstone CJ, Pryputniewicz RJ: Holographic determination
Orthod 74:550-557, 2004. of centers of rotation produced by orthodontic forces, Am J
39. Park HS, Kwon OW, Sung JH: Microscrew implant anchorage Orthod 77:396-409, 1980.
sliding mechanics, World J Orthod 6:265-274, 2005. 59. Richards D, Lawrence A: Evidence based dentistry, Br Dent J
40. Park HS, Kwon TG, Kwon OW: Treatment of open bite with 179:270-273, 1995.
microscrew implant anchorage, Am J Orthod Dentofacial 60. Slavkin HC: Toward molecular based diagnostics for the oral
Orthop 126:627-636, 2004. cavity, J Am Dent Assoc 129:1138-1143, 1998.
C ap í t u lo
23
O Uso de
Microimplantes
na Ortodontia
Hyo-Sang Park

N
umerosas tentativas foram feitas no passado, para se de alguma superestrutura na cabeça para fixar elásticos. Para
desenvolver fontes confiáveis de ancoragem ortodôn­ contornar este problema, fio de ligadura era fixado no pescoço
tica. Recentemente, sistemas de fixação óssea, tais (abaixo da cabeça do parafuso) e então curvado para cima para
como implantes dentários restauradores,1 implantes minipara­ fazer um gancho. Este gancho causava inflamação persistente ao
fusos2,3 ou microparafusos4–6 e minimplantes,7 têm sido utiliza­ redor dos microparafusos de implantes.
dos eficazmente para se obter ancoragem. Entretanto, devido ao Os implantes atuais têm um gancho, um botão ou um brá­
seu tamanho volumoso, o período de espera para osseointegra­ quete na cabeça para fixação dos materiais elásticos, os quais
ção e seu alto custo, os implantes dentários não têm sido ampla­ minimizam a inflamação.8,11 O formato cônico do tronco sobre
mente utilizados. O procedimento cirúrgico extenso e o alto a cabeça empurra o material elástico para longe do tecido mole
custo ofuscam o uso de ancoragem tipo placa, apesar de sua e previne o trauma do tecido mole, especialmente ao redor da
elevada taxa de sucesso. Na década passada, implantes mini­ protuberância do canino (Fig. 23-2). Para simplificar a instala­
parafusos ou microparafusos tiveram maior aceitação porque ção dos implantes, também foram desenvolvidos microimplan­
ambos são de fácil e conveniente utilização. A aplicação da tes autoperfurantes.
ancoragem óssea levou a uma mudança de paradigma no trata­
mento ortodôntico de movimentação de um único dente para
Tamanho dos Microimplantes
movimentação de um grupo de dentes.
Este capítulo aborda o desenvolvimento dos microimplantes, Os microimplantes variam de 1,2 a 1,6 mm em diâmetro, são
os procedimentos cirúrgicos envolvidos na sua instalação e a pequenos o bastante para ser colocados na maioria dos sítios
conduta nas complicações associadas. anatômicos na boca, incluindo o palato, mento, área retromolar
e espaços inter-radiculares.8,12 Depois da instalação pelo menos
6 mm do comprimento total do microimplante deverá estar
Desenvolvimento Dos Microimplantes inserido no osso na maxila e 4 mm na mandíbula. O autor
Durante os estágios iniciais do desenvolvimento dos microim­ particularmente prefere usar microimplantes de 7 a 8 mm de
plantes, o autor usou microparafuso cirúrgico para ancoragem comprimento no osso maxilar alveolar vestibular e de 5 a 6 mm
ortodôntica, especificamente os implantes de Leibinger (agora de comprimento no lado vestibular mandibular. No osso maxilar
Stryker Osteosynthesis, uma divisão de Stryker, Freiburgo, alveolar palatino, é necessário a instalação de microimplates de
Germany) e OsteoMed (Addison, Texas) (Fig. 23-1).8 Estes para­ 10 a 12 mm de comprimento para compensar a espessura do
fusos eram de 1,2 mm de diâmetro e de 5 a 10 mm de compri­ tecido mole e para manter 6 mm do microimplante inserido no
mento. A média de sucesso destes implantes cirúrgicos variava osso. O diâmetro mais comum de microimplante é de 1,3 mm
de 80% a 90% dependendo do local de instalação.9-10 Um dos na maxila e 1,4 mm na mandíbula e 1,5 ou 1,6 mm na área do
principais inconvenientes destes parafusos cirúrgicos era a falta palato médio onde não há dentes.

291
292 Parte III   Manejo de Casos Complexos e em Adultos

Fig. 23-1 A, Microparafuso usado como ancoragem


ortodôntica. B, Gancho de fio de ligadura ao redor do
pescoço do microparafuso.

Procedimentos Cirúrgicos
Para Instalação De Implantes

Anestesia

Anestesia Local
A anestesia local inclui um quarto da ampola para injeção ou
aplicação de emplasto anestésico ou anestésico tópico. Uma
anestesia superficial suave da mucosa oral mantém a sensibili­
dade das fibras nervosas do ligamento periodontal de modo que
o paciente esteja alerta o suficiente para saber caso a broca piloto
encoste no ligamento periodontal. Entretanto, nem sempre é
verdade que a broca piloto tenha encostado no ligamento perio­
dontal, especialmente na área dos dentes inferiores posteriores.
Ocasionalmente, existe dor apesar de não haver contato micro­
implante-raiz.
Fig. 23-2 Microimplantes recém-desenvolvidos (Absoanchor):
Anestesia tópica A, Cabeça pequena (SH); B, sem cabeça (NH); C, cabeça longa
A anestesia tópica também pode ser usada para este procedi­ (LH); D, cabeça circular (CH); E, cabeça de fixação (FH); F, cabeça
mento. Após a secagem do tecido mole sobrejacente, solução de de bráquete (BH). (Cortesia de Dentos Inc., Daegu, South Korea.)
anestésico tópico ou emplastos podem ser aplicados (Fig. 23-3).
Um tempo de espera de dez minutos é necessário para se obter
uma anestesia adequada. pode ser omitida caso a instalação seja em gengiva inserida. Esta
incisão previne que o tecido mole enrole em torno da broca.
Anestesia infiltrativa Devido ao pequeno tamanho da incisão, não é necessário
Um terço ou um quarto da ampola de solução anestésica pode sutura.
ser injetado na mucosa (Fig. 23-4). Novamente, injetando quan­
tias relativamente pequenas de solução anestésica, o clínico
Método de Perfuração
pode manter as fibras nervosas do ligamento periodontal com
sensibilidade. Se o microimplante tocar as raízes, o paciente Existem dois diferentes métodos de instalação de microimplan­
pode mostrar a dor. Neste momento, a broca deve, necessaria­ tes: autorrosqueável ou autoperfurante. O método autorros­
mente, ser redirecionada. Ocasionalmente, o paciente pode ter queante necessita de um orifício previamente perfurado antes
dor mesmo que o microimplante não toque na raiz, especial­ da colocação do microimplante. Para instalação dos microim­
mente no maxilar inferior. A avaliação da posição dos microim­ plantes na área dos dentes posteriores da mandíbula e na área
plantes em relação às raízes é essencial. O melhor é avaliar isto palatina da maxila (para grupos de todas as idades) e no osso
pela tomada de radiografias periapicais. alveolar vestibular da maxila (para pacientes adultos), o método
de autorrosqueável é uma opção melhor do que o método de
autoperfurante. O método de autoperfurante pode ser usado
Incisão
para instalar microimplantes no osso alveolar vestibular man­
A instalação dos microimplantes através da mucosa oral requer dibular de pacientes jovens e na área de dentes anteriores da
uma incisão de 3 mm de comprimento (Fig. 23-5). Esta incisão mandíbula em grupos de todas as idades.
Capítulo 23   O Uso de Microimplantes na Ortodontia 293

Fig. 23-3 Anestesia com solução tópica (A) ou um emplasto (B) podem ser aplicados no tecido
mole após secagem.

Fig. 23-4 Anestesia por infiltração de solução anestésica. Fig. 23-5 Uma pequena incisão vertical na mucosa oral é feita
para a instalação do microimplante.

Método autorrosqueável do osso cortical. Deve haver uma cuidadosa atenção para manter
Após a administração da anestesia local, uma broca piloto é o eixo da broca estável, de modo a não alargar a abertura
usada para fazer uma perfuração no osso cortical, e o microim­ inadvertidamente.
plante é introduzido através desta perfuração e rosqueado
com uma chave manual (Fig. 23-6). Quando a instalação do Método autoperfurante
microimplante é na gengiva inserida, a incisão pode ser O autoperfurante é um método mais simples para instalação de
omitida, mas quando a instalação é na mucosa oral, uma microimplantes do que a autopressão. O microimplante é insta­
pequena incisão vertical é necessária (Fig. 23-5). Quando se lado no osso através da gengiva inserida sem perfuração
instala o microimplante sem uma incisão há sempre uma pos­ (Fig. 23-7). O microimplante é introduzido em um ângulo de
sibilidade do tecido mole enroscar entrando na perfuração o 90 graus em relação à superfície óssea e rosqueado com a chave
que pode comprometer a estabilidade do microimplante. Uma manual. A instalação em um determinado ângulo requer que
incisão pode também produzir maior dor e edema pós- uma pequena mossa seja feita para prevenir desvio do microim­
-operatório.13 plante. A instalação angulada do microimplante com o
O diâmetro da broca piloto deve ser ligeiramente menor do método de autoperfuração pode danificar o osso cortical onde
que o diâmetro interno (ou núcleo) do microimplante porque ele for denso e espesso. Se o microimplante tiver que ser insta­
isto proporciona um bom contato com o osso.14 Durante a lado com certa angulação o método de autopressão é sempre a
perfuração, o clínico deve irrigar abundantemente com refrige­ melhor opção.
ração para reduzir geração de calor.15 A velocidade preferencial Após a instalação é importante que o operador cheque a
da broca é de aproximadamente 600 rpm. Para minimizar a relação tridimensional do microimplante com as raízes. O
geração de calor, o clínico precisa mover a broca para dentro e contato com a raiz pode ser percebido ou sentido durante o
para fora da perfuração piloto, quando perfurando em osso procedimento de instalação porque há uma forte resistência
cortical denso. A geração de calor é proporcional à pressão quando o implante encontra a raiz. Os microimplantes devem
aplicada;16 portanto o clínico não deve aplicar muita pressão ser verificados quanto à firmeza imediatamente após a instala­
durante a perfuração. A perfuração deve ser feita toda através ção. Se qualquer mobilidade for detectada, o implante deve ser
294 Parte III   Manejo de Casos Complexos e em Adultos

Fig. 23-6 Instalação do microimplante com o método autorrosqueável (método com broca).
A, Uma perfuração é feita com uma broca-piloto. B, O microimplante é inserido e parafusado no
osso cortical. C, O microimplante após a instalação.

Fig. 23-7 Instalação do microimplante com o método autoperfurante (método sem broca). A, O microim­
plante é parafusado ao osso alveolar sem prévia perfuração. B, O microimplante após a instalação.

removido e substituído por um implante de maior diâmetro Novamente, no osso cortical denso é melhor a instalação dos
para que se obtenha maior firmeza. microimplantes com o método de autorrosqueável.

Ângulo de Instalação Exposição da Cabeça


Em relação ao longo eixo dos dentes, os microimplantes As cabeças dos microimplantes podem ficar expostas quando
podem ser instalados em um ângulo de 30 a 40 graus para estes são instalados na gengiva inserida, e o elástico ou espirais
o maxilar superior (Fig. 23-8, A) e 20 a 60 graus para a da mola de níquel titânio (Ni-Ti) podem ser ligados diretamente
mandíbula (Fig. 23-8, B). Esta angulação para instalação às cabeças (Fig. 23-10). As cabeças dos microimplantes, quando
reduz a possibilidade de contato com a raiz pelo posiciona­ instalados no fundo vestibular ou na região retromolar, podem
mento dos ápices dos microimplantes em direção à porção ser encobertas pelo crescimento excessivo do tecido mole circun­
apical das raízes, onde existe relativamente mais espaço.6,8,12,17 jacente. Os microimplantes do tipo sem cabeça (NH) são os mais
As vantagens da angulação dos microimplantes durante a propensos a esta situação. Para aplicação de força, pode ser uti­
inserção são o aumento da superfície de contato do osso lizada uma extensão com fio de ligadura amarrada ao redor do
cortical com o microimplante e a menor chance de contato pescoço (Fig. 23-11). O microimplantes Absoanchor (Dentos,
com a raiz ou possibilidade de danos à raiz (caso haja algum Daegu, South Korea) tem um pequeno orifício no pescoço que
dano) se o implante tocar a raiz. A angulação também pode proporcionar um acessório para acoplar fios de ligadura.
fornece ao operador a opção da instalação de microimplan­
tes mais compridos, os quais podem melhorar ainda mais a
Procedimentos Pós-operatórios
sua estabilidade. A instalação perpendicular também pode
ser feita, mas somente após exame cuidadoso do espaço A maioria dos pacientes não relata desconforto ou infecção após a
entre as raízes. instalação e remoção dos microimplantes. É necessário prescrever
A instalação com angulação no osso cortical denso através antibióticos e anti-infamatórios para minimizar desconfortos pós-
do método autoperfurante pode produzir mais fraturas do -operatórios. Os pacientes devem ser instruídos a ter uma boa
osso cortical do que a instalação perpendicular (Fig. 23-9). higiene oral através de irrigação com água com um Water Pik®
Capítulo 23   O Uso de Microimplantes na Ortodontia 295

Fig. 23-8 A, Ângulo de instalação (30-40 graus) na área dos dentes posteriores superiores para prevenir
contato com a raiz. B, Ângulo de instalação (20-60 graus) na área dos dentes posteriores inferiores.

Fig. 23-9 Instalação com angulação na superfície óssea produzindo fraturas na área de osso corti­
cal denso (A), enquanto que nenhum dano ocorreu na área de osso cortical fino (B).

(Fig. 23-12). Deve ser evitada, a aplicação intencional ou acidental


de força excessiva nos microimplantes durante a mastigação.

Colocando a Carga (Aplicação da Força)


Miyawaki et al.13 não encontraram diferenças significativas entre
aplicar a carga em um a dois ou a três meses após a instalação.
Melsen e Costa18 não encontraram diferenças significativas entre
carga imediata ou carga tardia em cortes histológicos. O autor
prefere colocar a carga nos microimplantes imediatamente após a
instalação e manter uma força mínima (<70 g) até dois meses após
a instalação. Após os dois meses a força pode ser aumentada para
150 g a 200 g. Em pacientes jovens, em crescimento a força máxima
que pode ser usada é de 200 g para retração de todos os dentes
anteriores ou da arcada inteira. Em adultos a força para retração Fig. 23-10 A cabeça do microimplante pode ser mantida exposta
dos dentes anteriores não deve exceder a 200 g. Para retração da quando este é instalado através da gengiva inserida, de modo que os
arcada inteira, a força pode ser elevada para o máximo de 400 g. espirais da mola de níquel titânio possam ser conectados diretamente.
296 Parte III   Manejo de Casos Complexos e em Adultos

Fig. 23-11 Os microimplantes instalados no fundo vestibular (A) e na região retromolar (B) não
permitem que a cabeça fique exposta e uma extensão com fio de ligadura é necessária para aplicação
da força.

Fig. 23-12 Os microimplantes precisam ser cuidadosamente limpos com um Water Pik para mini­
mizar a inflamação. A, Impactação alimentar. B, O sangramento pode ser resultado da inflamação.

Remoção dos Microimplantes Inflamação


A remoção dos microimplantes é facilmente realizada girando- A peri-implantite é considerada uma das maiores complicações
os na direção oposta da instalação. Se a cabeça do microim­ que pode levar à perda do implante. Isto pode ser facilmente
plante estiver coberta por tecido mole sobrejacente, este interpretado pela observação de que microimplantes instalados
deverá ser incisado e rebatido para expor a cabeça do implante. na grossa e firme mucosa palatina tem maior taxa de sucesso,
A sombra da cabeça pode sempre ser vista sob o tecido mole quase 100%,10,19 do que aqueles em outras áreas. A mucosa
que a recobre. Para eliminar qualquer chance de fratura do palatina mastigatória é relativamente mais resistente à inflama­
microimplante, o operador deve aplicar uma força leve e ção, já a mucosa oral livre, não inserida, é considerada fator de
suave até que a interface entre o microimplante e o osso se risco para falhas dos implantes.20 Os microimplantes instalados
quebre. O operador precisa saber o grau do torque que pode em gengiva inserida ou na mucosa palatina mastigatória tem
fraturar o microimplante. Se o torque para remoção atingir o menos inflamação (Fig. 23-13). Os microimplantes instalados
torque de fratura, o clínico deve esperar de uma a duas na mucosa oral, fundo do vestíbulo ou próximos ao freio podem
semanas, quando o microimplante poderá ser removido com apresentar inflamação persistente19,20 (Fig. 23-14).
uma força menor. Do ponto de vista biomecânico, algumas situações exigem a
instalação dos microimplantes na mucosa oral livre. Pela
experiência do autor, os microimplantes instalados 1 mm abaixo
Complicações da junção mucogengival não produzem inflamação grave (Fig.
As complicações esperadas com os microimplantes incluem 23-13, D).
dano às estruturas anatômicas adjacentes durante a instalação Para prevenir a inflamação, os microimplantes precisam ser
do implante, inflamação ao redor dos microimplantes, lesões limpos cuidadosamente. O autor recomenda spray de água sob
nos tecidos moles, irritação da língua ou da bochecha e fratura pressão com um Water Pik®. A escova de dente não é uma boa opção
dos microimplantes. porque o paciente pode inadvertidamente aplicar muita força aos
Capítulo 23   O Uso de Microimplantes na Ortodontia 297

Fig. 23-13 Os microimplantes instalados


no lado vestibular da gengiva inserida (A e B)
e no palato (C) não produzem inflamação.
Também, os microimplantes próximos à
junção mucogengival, mesmo na área de
mucosa, não induzem inflamação grave (D).

Fig. 23-14 Os microimplantes instalados próxi­


mos ao freio bucal (A) produzem inflamação (B).
Os microimplantes instalados no fundo vestibular
(C) e (D) também resultam em inflamação.

microimplantes durante a escovação ou pode acidentalmente deslo­


car a mola espiral de Ni-Ti ou o material elástico presos a eles.

Lesão no tecido mole


Quando está retraindo dentes anteriores, o autor frequentemente
usa arco com gancho e espiral entre os incisivos laterais e caninos
e aplica uma força distal do microimplante instalado entre as
raízes dos dentes posteriores. Ocasionalmente a mola de NiTi
pode lesionar a gengiva ao redor da eminência do canino e da
mucosa bucal dos primeiros molares. A lesão ao redor da eminên­
cia do canino pode, por sua vez, causar inflamação e recessão
gengival (Fig. 23-15). Para prevenir isto, primeiro o clínico deve
usar o osso interradicular entre os segundos pré-molares superio­
res e primeiros molares como sítio do implante em vez da locali­ Fig. 23-15 A mola espiral de níquel-titânio lesionando o tecido
zação entre primeiros e segundos molares. Segundo, os ganchos mole ao redor da eminência do canino.
298 Parte III   Manejo de Casos Complexos e em Adultos

presos ao arco entre os incisivos laterais e os caninos devem ser microimplantes de 6 mm de comprimento são instalados na
dobrados para fora e curvados para mover o ponto de aplicação mandíbula com uma angulação de 20 a 30 graus com relação ao
da força para fora. Os microimplantes novos (p. ex., Absoanchor) longo eixo dos dentes. Devido à instalação dos microimplantes
têm pescoço cônico que empurram a mola espiral de Ni-Ti para obliquamente, a profundidade horizontal de inserção é menor do
cima e para fora afastando do tecido mole. que 3 mm.17 Não há quase nenhuma possibilidade de contato
considerando que a espessura do osso cortical na área dos dentes
posteriores da mandíbula chega a 3 mm (Fig. 23-8, B).23 Os
Irritação da Língua e Bochecha
microimplantes de 7 a 8 mm de comprimento são instalados no
Ao contrário do que as pessoas acreditam, os microimplantes osso interdental do maxilar entre o segundo pré-molar e o
instalados no osso alveolar vestibular não causam irritação na primeiro molar em uma angulação de 30 a 40 graus com relação
bochecha, embora os microimplantes instalados na área palatina ao longo eixo dos dentes (Fig. 23-8, A). É sempre uma boa ideia
possam causar irritação na língua. Uma colagem de resina ou instalar os microimplantes ligeiramente para mesial com relação
um curativo com cimento periodontal podem ser aplicados ao ponto de contato dos dentes, porque a distância da superfície
para minimizar o desconforto (Fig. 23-16). óssea externa à superfície vestibular das raízes dos dentes é maior
nos segundos pré-molares do que nos primeiros molares.17
Para minimizar o contato com as raízes durante a instalação,
Dano às Estruturas Adjacentes
os clínicos precisam avaliar a distância entre as raízes através de
O nervo alveolar inferior segue pela lingual e inferiormente às radiografias periapicais. Se o espaço for insuficiente, o alinha­
raízes dos molares e se direciona para vestibular na área dos pré- mento dos dentes deve ser realizado para ampliar o espaço inter­
-molares. Quando instalados, os microimplantes permanecem con­ dental antes da instalação. Além disso, um guia cirúrgico pode ser
finados no interior do espaço do osso alveolar e não causam danos utilizado para orientar a broca piloto ou os microimplantes para
ao nervo alveolar inferior. Até mesmo os microimplantes instalados a posição e direção adequadas. Um fio de aço ligado entre os
no fundo vestibular estão muito acima do nervo alveolar inferior. dentes pode ser usado como um guia. Os clínicos podem não
Os microimplantes instalados no osso alveolar palatino notar o contato com as raízes se eles instalarem os microimplantes
podem atingir a artéria alveolar palatina maior e o nervo. O com a peça de mão. A resistência do osso cortical é mais forte, mas
operador experiente, entretanto, instala o microimplante obli­ após a penetração no osso cortical, a resistência é mínima até o
quamente ao osso alveolar, próximo ao ápice das raízes dos final. Se alguma resistência mais forte for sentida, pode ser a super­
molares superiores, ficando livre do nervo e da artéria palatino fície radicular, neste ponto, o clínico deve remover o implante e
maior, que passam mais acima. O risco de danos é mínino. mudar a angulação para desviar de qualquer superfície radicular.
Se a pressão não diminui, mesmo após encontrar forte resistência,
pode resultar na fratura do microimplante ou em dano a raiz.
Danos às Raízes
Apesar de todas as precauções, o que acontece se o microim­
Os danos nas raízes pela broca ou pelo microimplante não são plante tocar a raiz? As conclusões podem ser tiradas de diversos
comuns. Em um estudo, dentre 232 miniparafusos (2,0 mm de estudos. De acordo com Andreasen,24 uma lesão menor do que
diâmetro) instalados em 55 pacientes, 37 miniparafusos (15,9%) 4 mm2 ao ligamento periodontal é reparada em até oito semanas
apresentaram pequeno contato com a raiz, do quais 26 mini­ após anquilose passageira, enquanto que uma dano maior do
parafusos (11,2%) não tiveram complicações sérias, e somente que 4 mm2 produz anquilose. O autor tipicamente utiliza
seis parafusos produziram necrose pulpar.21 Em outro estudo, implantes de 1,2 a 1,5 mm de diâmetro, os quais não podem
dentre 2.300 parafusos cirúrgicos em 387 pacientes, somente 13 produzir um dano maior do que 4 mm2. Bae25 mostrou que o
(0,47%) tiveram contato com as raízes mas não resultaram em dano periodontal por microimplantes não produz sérias conse­
complicações sérias.22 A proporção de contato com raízes entre quências. Asscherickx et al.26 relataram que se o dano ocorrer, o
mandíbula e maxila é de 10:3. tempo de reparo é relativamente rápido. Os microparafusos que
A instalação angulada dos microimplantes em relação à super­ são de 1,6 mm ou mais em diâmetro com a ponta afiada podem
fície do osso minimiza o contato com as raízes. Tipicamente, os produzir perfuração radicular.

Fig. 23-16 Prevenção da irritação da língua. A, Colagem de resina recobrindo a cabeça. B, Cura­
tivo periodontal (C) aplicado na cabeça para reduzir a irritação na língua.
Capítulo 23   O Uso de Microimplantes na Ortodontia 299

Fratura dos Microimplantes brando parcialmente a interface osso-implante, e deixando o


parafuso por uma ou duas semanas. Subsequentemente, o
O autor tem encontrado menos fraturas nos microimplanres de microimplante pode ser completamente removido através da
maior diâmetro do que nos de menor diâmetro. Na verdade, o aplicação de uma mínima pressão.
diâmetro do núcleo (interior) dos microimplantes tem maior
efeito nas fraturas do que o diâmetro externo. O material dos micro­
Perguntas Mais Frequentes
implantes também é importante. Embora os implantes de puro
titânio tenham melhor biocompatibilidade do que os de liga de Como deve ser avaliada mobilidade dos microimplantes
titânio sua menor resistência os torna mais propensos a fraturas. após a instalação?
As fraturas são mais vistas durante a última volta, durante a Um ou dois meses após a instalação, os microimplantes devem
instalação do microimplante e na primeira volta durante a mostrar uma discreta mobilidade. Se esta for evidente, o clínico
remoção. Para minimizar as fraturas dos microimplantes, o precisa apertar o microimplante e deixar por mais um ou dois
clínico precisa aplicar a força de forma lenta e suave. Se a meses sem carga, ou se necessário, a carga deve ser feita com
resistência de inserção atinge a resistência à fratura do implante, mínina força (Fig. 23-17). O microimplante deve estar firme
é melhor esperar de 1 a 2 minutos para aliviar o estresse interno após o aperto. De acordo com Ivanoff et al.,27 implantes dentais
acumulado no microimplante e no osso adjacente. não infectados podem reintegrar após aperto. Um implante aci­
O nível de resistência à fratura diminui quando se aperta o dentalmente avulsionado por um toque pode ficar firme após o
microimplante com um movimento rotatório rápido. Os clíni­ reimplante e ter carga imediata.28 Na experiência do autor, mais
cos precisam aplicar a força com um movimento rotatório lento de um terço de todos os microimplantes com mobilidade podem
com a peça manual e somente com a pressão digital, não com ser recuperados através de um aperto.
a pressão do punho. Através da aplicação da força com pressão
digital, é mais fácil manter o eixo rotacional da peça de mão Como devem ser manuseados os microimplantes
estável e evitar qualquer movimento oscilatório. incorretamente posicionados com contato radicular?
Os microimplantes instalados na mandíbula toleram maior Os clínicos podem se deparar com o problema de microimplan­
torque de remoção do que aqueles instalados na maxila (dados tes em contato com as raízes dentais. Em tal cenário, o dente terá
não publicados). Além disso, o torque para remoção aumenta sua movimentação interrompida. Ocasionalmente, os microim­
com o aumento da duração do microimplante no osso e com o plantes podem, também, começar a ter certa mobilidade. Para
aumento da idade do paciente. Para remover tais parafusos, o continuar com a movimentação dentária planejada, os microim­
operador deve aplicar uma pressão suave para desenroscar o plantes devem ser removidos e instalados em uma localização
parafuso, ou aplicar a vibração do ultrassom na cabeça, que­ afastada (Fig. 23-18).

Fig. 23-17 Após checar a mobilidade (A),


o microimplante pode ser apertado (B) quando
esta mobilidade é discreta. Ele pode se fixar em
um a dois meses.

Fig. 23-18 Quando o microimplante interfere na movimentação dentária, outro microimplante


pode ser instalado 2 mm para distal do sítio original (A e B), e o tratamento pode continuar (C).
300 Parte III   Manejo de Casos Complexos e em Adultos

Qual o índice de sucesso que deve ser esperado? 7. Umemori M, Sugawara J, Mitani H, et al: Skeletal anchorage
O índice de sucesso aumenta com o tempo. Uma vez que os system for open bite correction. Am J Orthod Dentofacial
clínicos se acostumam ao uso dos microimplantes, eles podem Orthop 115:166-174, 1999.
alcançar maiores índices de sucesso; o índice de sucesso acom­ 8. Park HS: The use of micro-implant as orthodontic anchorage,
Seoul, South Korea, 2001, Narae.
panha a “curva do aprendizado”. O autor tinha um índice de
9. Park HS, Kim JB: The use of titanium microscrew implant as
sucesso de 82% em 1999,9 que aumentou para 93% em 2003.10
orthodontic anchorage, Keimyung Med J 18:509-515, 1999.
Um estudo do autor em 2003 mostrou que o índice de 10. Park HS: Clinical study on success rate of microscrew implants
sucesso de 180 microimplantes foi de 93,3%, com um período for orthodontic anchorage, Kor J Orthod 33:151-156, 2003.
de observação médio de 15,76 meses.10 Os microimplantes 11. Kyung HM, Park HS, Bae SM, et al: Development of orth­
instalados no osso alveolar vestibular superior e no osso alveolar odontic micro-implants for intraoral anchorage. J Clin Orthod
palatino tiveram índices de sucesso de 94,6% e 100%, respec­ 37:321-328, 2003.
tivamente. Os implantes instalados no osso alveolar vestibular 12. Sung JH, Kyung HM, Bae SM, et al: Microimplants in ortho-
inferior próximo aos segundos molares tiveram 73,7% de dontics, Seoul, South Korea, 2006, Dentos.
sucesso. O índice de sucesso mais baixo no maxilar inferior 13. Miyawaki S, Koyama I, Inoue, M, et al: Factors associated with
provavelmente foi causado por inflamação resultante de um the stability of titanium screws placed in the posterior region
for orthodontic anchorage, Am J Orthod Dentofacial Orthop
vestíbulo raso e da mucosa oral livre ao redor dos microinplan­
124:373-378, 2003.
tes. Isto deixa o microimplante mais vulnerável à inflamação e
14. Oktenoğlu, BT, Ferrara LA, Andalkar N, et al: Effects of hole
a um mínimo trauma durante a mastigação. Cinquenta por preparation on screw pullout resistance and insertional torque:
cento das falhas ocorreram em até dois meses após a instalação a biomechanical study, J Neurosurg 94(Suppl 1):91-96, 2001.
e 75% das falhas em até seis meses; todos os demais implantes 15. Yacker MJ, Klein M: The effect of irrigation on osteotomy
que falharam ocorreram em até 10 meses após inserção. Por­ depth and bur diameter, Int J Oral Maxillofac Implants 11:
tanto procedimentos cirúrgicos apropriados são de máxima 634-638, 1996.
importância para o sucesso. 16. Matthews LS, Hirsch C: Temperatures measured in human corti­
Cheng et al.20 descobriram que a região posterior da cal bone when drilling, J Bone Joint Surg Am 54:297-308, 1972.
mandíbula e a gengiva livre foram fatores de risco potenciais 17. Park HS. An anatomical study using CT images for the
para falhas. É melhor instalar os microimplantes através da implantation of micro-implants, Kor J Orthod 32:435-441,
2002.
gengiva inserida do que da mucosa oral, se aceitável do ponto
18. Melsen B, Costa A: Immediate loading of implants used for
de vista biomecânico.
orthodontic anchorage, Clin Orthod Res 3:23-28, 2000.
19. Park HS, Jeong SH, Kwon OW: Factors affecting the clinical
Conclusão success of screw implants used as orthodontic anchorage, Am
J Orthod Dentofacial Orthop 130:18-25, 2006.
O uso de microimplantes ampliou o espectro do tratamento 20. Cheng SJ, Tseng IY, Lee JJ, Kok SH: A prospective study of
ortodôntico. Para se ter um uso mais compatível e de maior the risk factors associated with failure of mini-implants used
sucesso dos microimplantes, os clínicos precisam entender a for orthodontic anchorage, Int J Oral Maxillofac Implants
resposta biológica básica do osso adjacente ao microimplante 19:100-106, 2004.
após a instalação, durante o uso ativo e na remoção. Além disto, 21. Fabbroni G, Aabed S, Mizen K, Starr D.G: Transalveolar
medidas adequadas devem ser tomadas para minimizar o screws and the incidence of a dental damage: a prospective
study, Int J Oral Maxillofac Surg 33:442-446, 2004.
trauma cirúrgico e possíveis complicações.
22. Borah GL, Ashmead D: The fate of teeth transfixed by osteo-
synthesis screws, Plast Reconstr Surg 97:726-729, 1996.
23. Champy M, Pape H, Gerlach KL, Lodde JP: Mandibular frac­
Referências ture. In Kruger E, Schilli W, editors: Oral and maxillofacial
traumatology, vol 2, Chicago, 1986, Quintessence, pp. 19-43.
1. Roberts WE, Nelsen CL, Goodacre, CJ: Rigid implant anchor­ 24. Andreasen JO: A time related study of periodontal healing
age to close a mandibular first molar extraction site. J Clin and root resorption activity after replantation of mature per­
Orthod 28:693-704, 1994. manent incisors in monkeys, Swed Dent J 4:101-110, 1980.
2. Creekmore TD, Eklund MK: The possibility of skeletal anchor­ 25. Bae SM: Repair of pulp and periodontal tissue after intentional
age. J Clin Orthod 17:266-269, 1983. damage in adult dogs, 2003, Kyungpook National University
3. Costa A, Raffainl M, Melsen B: Miniscrews as orthodontic (thesis).
anchorage; a preliminary report. Int J Adult Orthod Orthog 26. Asscherickx K, Vannet BV, Wehrbein H, Sabzevar MM: Root
Surg 13:201-209, 1998. repair after injury from mini-screw, Clin Oral Implants Res 16:
4. Kanomi R: Mini-implant for orthodontic anchorage, J Clin 575-578, 2005.
Orthod 31:763–767, 1997. 27. Ivanoff, CJ, Sennerby L, Lekholm U: Reintegration of mobi­
5. Park HS: The skeletal cortical anchorage using titanium lized titanium implants: an experimental study in rabbit tibia,
microscrew implants. Kor J Orthod 29:699-706, 1999. Int J Oral Maxillofac Surg 26:310-315, 1997.
6. Park HS, Bae SM, Kyung HM, Sung JH: Micro-implant 28. Ogunsalu C: Reimplantation and immediate loading of an
anchorage for treatment of skeletal Class I bialveolar protru­ accidentally avulsed beaded implant: case report, Implant
sion. J Clin Orthod 35:417-422, 2001. Dent 13:54-57, 2004.
C ap í t u lo
24
Distalização de Molares
com Ancoragem
Esquelética em Pacientes
sem Crescimento
J unji Sugawara, Hiroshi Nagasaka,
Hiroshi Kawamura e Ravindra Nanda

N
a ortodontia do adulto, é dificílimo corrigir as malo­ absoluta na ortodontia de adultos.39-45 O SAE tem sido usado
clusões, tais como apinhamento dos incisivos, protrusão como uma modalidade de múltiplos objetivos em combinação
maxilar, mordida cruzada anterior e protrusão bimaxilar com a colocação de vários bráquetes, o que torna possível movi­
sem extração de pré-molares. A principal razão para esta dificul­ mentar distalmente os molares superiores e inferiores simulta­
dade é que no paciente adulto, os segundos molares já estão erup­ neamente. Embora uma pequena cirurgia para a implantação e
cionados e qualquer abordagem de distalização envolverá o remoção das miniplacas seja sempre necessária e raramente
movimento distal de ambos o primeiro e segundo molares. O ocorra infecção (<10%), o SAE possui a distinta vantagem de
aparelho extrabucal com apoio de cabeça tem sido um “distaliza­ possibilitar a distalização dos molares, de modo previsível, em
dor” representativo na ortodontia tradicional e é frequentemente pacientes adultos. O SAE tem sido aceito como uma modalidade
usado para distalizar os primeiros molares superiores nos pacientes efetiva na ortodontia de adultos e ele está expandindo o enve­
adultos. Contudo, esta é raramente uma opção para pacientes lope de modalidades de tratamento sem extração.
adultos, devido ao possível impacto na estética e na aceitação.1-3 Recentemente, os autores conduziram um estudo para veri­
Para resolver estes problemas, vários dispositivos intrabucais ficar a eficiência do SAE. O propósito deste estudo foi investigar
“aceitáveis” para distalização dos molares superiores foram intro­ o seguinte:
duzidos e avaliados desde os anos 1980.4-35 Embora seja possível • Quantidade de movimento distal dos primeiros molares
distalizar os molares superiores com estes dispositivos, dois efeitos superiores e inferiores
colaterais foram relatados: (1) perda de ancoragem dos pré-molares • Tipo de movimento
superiores e projeção dos incisivos em resposta à distalização do • Diferença entre distalização prevista e quantidade real
molar e (2) recidiva considerável, pois os mol­ares distalizados • Relação entre a quantidade de distalização e idade do
devem ser usados como parte de ancoragem durante a retração dos paciente
pré-molares e dos dentes anteriores.33 Além disso, muitos disposi­ Três pacientes que se submeteram à distalização dos dentes
tivos utilizados para distalização dos molares são restritos à maxila; posteriores superiores e inferiores, ao mesmo tempo, utilizando
poucos distalizadores efetivos de aceitação foram reportados para a biomecânica do SAE serão apresentados posteriormente neste
os molares inferiores.36-38 A distalização simultânea dos molares capítulo.
superiores e inferiores em adultos tem sido quase impossível.
MATERIAL E MÉTODOS
SISTEMA DE ANCORAGEM ESQUELÉTICA Distalização dos Molares Superiores
Para solucionar os problemas dos aparelhos prévios que não
demandam cooperação, os autores desenvolveram um sistema Vinte e cinco pacientes adultos (22 mulheres, 3 homens) que se
de ancoragem esquelética (SAE) consistindo em miniplacas de submeteram ao tratamento de SAE para distalização dos molares
titânio e parafusos monocorticais colocados tanto na mandíbula superiores foram selecionados para o estudo. Todos os indi­
quanto na maxila (ou em ambas) como unidades de ancoragem víduos tinham os seguintes critérios para seleção do caso:

301
302 Parte III   Manejo de Casos Complexos e em Adultos

1. Confirmação da interrupção do crescimento mandibular (12,5 mm) — para compensar as diferenças morfológicas indi­
ativo através de análise de cefalometrias seriadas viduais (Fig. 24-1, A). A porção do corpo fica posicionada
2. Espaço suficiente atrás do primeiro molar para o segundo subperiostealmente.
ou terceiro molares após a distalização Os sítios de implantação das miniplacas necessitam de espes­
3. Objetivos do tratamento individualizado acessíveis baseados ­sura óssea cortical suficiente, pelo menos 2 a 3 mm, para per­
nas previsões cefalométricas e oclusais mitir a fixação das miniplacas com miniparafusos monocorticais.
4. Tratamento executado através de mecânica de distalização Os parafusos eram feitos de titânio puro. Cada parafuso possuía
simétrica uma cabeça com um quadrado afunilado no seu interior e
A queixa principal mais comum destes pacientes foi o apinha­ autorrosqueante. O diâmetro do parafuso era de 2 mm e o
mento dos incisivos superiores. A média de idade ao início do comprimento disponível era de 5 mm. As miniplacas foram
tratamento foi de 23 anos e 11 meses (variação: 15 anos e dois meses colocadas nos pilares zigomáticos para distalizar os dentes pos­
a 45 anos e cinco meses). Os terceiros molares foram extraídos teriores superiores (Fig. 24-1, B). Embora a parede lateral da
bilateralmente em 12 pacientes e bilateralmente ausentes em cinco maxila fosse muito fina para segurar os parafusos das minipla­
pacientes. Os segundos molares foram extraídos bilateralmente em cas, o osso do pilar zigomático era suficientemente espesso.
seis pacientes devido à dificuldade antecipada da extração dos ter­ A cirurgia foi executada sob anestesia local por cirurgiões
ceiros molares. O tempo médio do tratamento ortodôntico usando orais. Primeiro, uma incisão mucoperiosteal foi realizada no
o SAE foi de 19 meses (variação: 8-36 meses). vestíbulo bucal do sítio da implantação. Um retalho mucope­
A Figura 24-1, A, mostra as miniplacas do tipo Y (Ortho­ riosteal foi elevado após o deslocamento subperiosteal, e uma
anchor SMAP, Dentsply-Sankin, Tóquio, Japão) que foram superfície de osso cortical na área da implantação foi exposta.
desenvolvidas e utilizadas para distalização e intrusão dos A miniplaca foi selecionada de acordo com a distância entre o
dentes posteriores superiores.42-45 As placas eram feitas de sítio da implantação e a dentição, como mostrado na radiografia
titânio puro e adequadas para osseointegração e integração panorâmica ou na tomografia computadorizada cone-beam
tecidual. Além disso, elas eram suficientemente fortes para resis­ tiradas antes da cirurgia. A placa selecionada foi contornada
­tir às forças ortodônticas habituais, assim como à força do para se adaptar à superfície óssea. Um furo guia foi, então, per­
aparelho extrabucal com apoio de cabeça. As miniplacas furado e um parafuso monocortical autorrosqueante inserido.
podiam ser dobradas com facilidade para se adaptarem ao con­ Após a colocação dos parafusos remanescentes, a miniplaca
torno ósseo do sítio de implantação. A Figura 24-1, B, mostra estava firmemente aderida à superfície do osso. A ferida foi
a porção inferior exposta intrabucalmente e posicionada fora fechada e suturada com fios absorvíveis. A cirurgia levou 10 a
da dentição, de forma a nunca perturbar a distalização dos 15 minutos para cada miniplaca.
molares superiores. Cada porção inferior possui três ganchos A força ortodôntica foi aplicada aproximadamente três
contínuos para fácil aplicação dos vetores de força ortodôntica. semanas após a cirurgia de implantação, após a cicatrização do
A porção superior fica transmucosa e possui três comprimen­ tecido mole ao redor das miniplacas. Foi desnecessário esperar
tos graduados — curto (6,5 mm), médio (9,5 mm) e longo pela osseointegração dos parafusos e miniplacas de titânio.

Fig. 24-1 A, Miniplacas do tipo Y. B, Implantação das miniplacas no pilar zigomático e C,


biomecânica do sistema de ancoragem esquelética (SAE) para o movimento distal dos dentes poste­
riores superiores.
Capítulo 24   Distalização de Molares com Ancoragem Esquelética em Pacientes sem Crescimento 303

Todas as miniplacas foram removidas imediatamente após a plano oclusal maxilar inicial, definido pelo primeiro molar e
remoção dos bráquetes. incisivo central superiores, serviu como o eixo x, e o eixo y foi
A maioria dos pacientes que se submeteu à colocação de uma linha perpendicular desenhada da fissura pterigomaxilar.
miniplacas teve edema facial suave a moderado por diversos C1 e C2 foram os pontos mais distais da coroa do primeiro
dias após a cirurgia. A infecção ocorreu ocasionalmente durante molar superior antes do tratamento e após a retirada dos brá­
o tratamento ortodôntico (<10% dos pacientes). As infecções quetes, respectivamente. De maneira similar, R1 e R2 foram os
leves foram controladas utilizando enxaguatórios antissépticos pontos mais distais da raiz do primeiro molar superior antes do
e técnicas cuidadosas de escovação. Nos casos mais graves, os tratamento e após a retirada dos bráquetes, respectivamente. O
antibióticos foram necessários. eixo x de cada marco foi mensurado com compassos de precisão
A Figura 24-1, C, mostra a mecânica representativa do SAE de 0,1 mm. A quantidade de deslocamento posterior na coroa
para a distalização em massa dos dentes posteriores superiores. Em (C1-C2) e na raiz (R1-R2) foi calculada, e o tipo de movimento
todos os pacientes foram colocados aparelhos com múltiplos brá­ dentário foi avaliado pela proporção do movimento coroa/raiz.
quetes pré-ajustados com encaixes de 0,022 polegada. Fios Elgiloy® A diferença da quantidade prevista da distalização da coroa
(Rocky Mountain Orthodontics, Denver, Colo.) de 0,018 × 0,025 (objetivos do tratamento) foi, então, determinada. Além disso,
polegada com tratamento térmico foram usados como fios de arco a relação entre a quantidade de deslocamento posterior da coroa
principais. As forças ortodônticas foram de aproximadamente 400 e a idade dos pacientes (antes do tratamento) foi avaliada.
a 500 gf (grama-força) para a distalização em massa dos dentes O teste de coeficiente de correlação de Pearson foi aplicado
posteriores. As forças ortodônticas foram, na maioria, fornecidas para avaliar as relações entre a quantidade de deslocamento
por molas de tubo aberto (Tomy International, Tóquio, Japão) ou posterior da coroa e os níveis radiculares e a diferença da quan­
módulos de cadeia elástica (Pro-Chain, Dentsply, Tóquio, Japão). tidade prevista de movimento coronário.
Radiografias cefalométricas laterais com boca na abertura
máxima foram usadas neste estudo para identificar os formatos
Distalização dos Molares Inferiores
das coroas dos primeiros molares superiores sem serem obstruí­
das pelos dentes opostos (Fig. 24-2). As radiografias foram Vinte e nove pacientes (24 mulheres, cinco homens) que se
tiradas antes do tratamento e imediatamente após a retirada dos queixavam sobre apinhamento anterior inferior ou mordida
bráquetes em todos os pacientes. Cefalogramas foram realizados cruzada anterior antes do tratamento ortodôntico também
e traçados craniomaxilares foram cuidadosamente superpostos foram selecionados para o estudo. Os dentes posteriores inferio­
usando estruturas anatômicas estáveis, tais como o crânio, a base res foram simetricamente distalizados com o SAE baseado nos
craniana anterior e estruturas delgadas na maxila. Os traçados objetivos individualizados do tratamento em todos os indi­
dos primeiros molares esquerdo e direito foram proporcionais. víduos. Os critérios para a seleção do caso foram os mesmos dos
A Figura 24-2, A, mostra os planos de referências e os marcos molares superiores. A média de idade ao início do tratamento
para determinar o movimento distal dos primeiros molares. O foi de 23 anos e 10 meses (variação: 15 anos e seis meses a

Fig. 24-2 A, Planos e marcos usados para determinar o movimento distal do primeiro molar
superior (Mo). C1-C2, Distalização da coroa; POF, plano oclusal funcional; Ptm, fissura pterigomaxi­
lar; R1-R2, distalização da raiz. B, Radiografia cefalométrica lateral com abertura máxima de boca.
304 Parte III   Manejo de Casos Complexos e em Adultos

46 anos e três meses). Os terceiros molares inferiores foram mandíbula são praticamente os mesmos dos da maxila.
extraídos bilateralmente em 21 pacientes e estavam ausentes A Figura 24-4 mostra os planos de referência e os marcos para
bilateralmente em oito pacientes antes do tratamento avaliação da distalização dos primeiros molares inferiores. Os
ortodôntico. traçados cefalométricos mandibulares foram cuidadosamente
A Figura 24-3 mostra as miniplacas do tipo T que são apli­ superpostos usando estruturas anatômicas delgadas da maxila.
cadas na mandíbula e a biomecânica para a distalização em Os traçados dos primeiros molares esquerdo e direito foram
massa dos dentes posteriores inferiores.42-45 Geralmente, as proporcionais. O plano oclusal funcional inicial na mandíbula
miniplacas do tipo T são utilizadas cortando-se um dos elos do serviu como o eixo x. O eixo y foi uma linha perpendicular
T, as quais são então colocadas subperiostealmente no corpo desenhada do ponto de interseção da borda anterior do ramo
mandibular entre o primeiro e segundo molares. Os procedi­ com o plano oclusal. C1 e C2 foram os pontos mais distais da
mentos cirúrgicos para a implantação das miniplacas na coroa do primeiro molar inferior antes do tratamento e após a

Fig. 24-3 A, Miniplacas do tipo T. B, Implantação das miniplacas no corpo da mandíbula e C,


Biomecânica do SAE para o movimento distal dos dentes posteriores inferiores.

Fig. 24-4 A, Planos e marcos para determinação do movimento distal do primeiro molar inferior.
B, Radiografia cefalométrica lateral com abertura máxima de boca.
Capítulo 24   Distalização de Molares com Ancoragem Esquelética em Pacientes sem Crescimento 305

remoção dos bráquetes, respectivamente. Da mesma forma, R1 Embora os movimentos coronários e radiculares tenham
e R2 foram os pontos mais distais da raiz do primeiro molar sido significativamente correlatos na distalização dos molares
inferior antes do tratamento e após a retirada dos bráquetes, inferiores, o molar inferior tendeu a mostrar mais inclinação
respectivamente. O eixo x de cada marco e a quantidade de distal do que o molar superior.
deslocamento posterior da coroa (C1-C2) e da raiz (R1-R2)
foram mensurados. Os tipos de distalização dos molares inferio­
Previsibilidade da Distalização do Molar
res foram avaliados seguindo os mesmos métodos usados para
os molares superiores. A distalização dos molares superiores e inferiores em todos os
Novamente, o teste de coeficiente de correlação de Pearson indivíduos foi realizada em concordância com os objetivos indi­
foi aplicado para avaliar as relações entre a quantidade de movi­ vidualizados do tratamento estabelecidos antes do tratamento
mento distal aos níveis coronários e radiculares e a diferença da com o SAE. Em outras palavras, a quantidade de distalização
quantidade prevista de movimento da coroa. dos molares superiores e inferiores foi prevista com base nos
objetivos do tratamento de cada paciente.
RESULTADOS A Figura 24-7 mostra a relação entre a quantidade prevista
de distalização da coroa e a quantidade real de distalização da
Quantidade e Tipo de Distalização do Molar coroa do primeiro molar superior. A quantidade média da dis­
A Figura 24-5 é um diagrama de dispersão do movimento distal talização prevista da coroa e a distalização real da coroa foi de
das coroas e raízes dos primeiros molares superiores de todos 3,6 mm e 3,8 mm, respectivamente. O coeficiente de correlação
os pacientes estudados. Ele mostra a relação entre o desloca­ foi de 0,72 e estatisticamente significativo.
mento posterior das coroas e raízes dos primeiros molares supe­ A Figura 24-8 mostra a diferença entre as quantidades prevista
riores individualmente. A quantidade média de distalização aos e real de distalização da coroa dos primeiros molares inferiores.
níveis coronários e radiculares foi de 3,8 mm e 3,2 mm, respec­ A quantidade média do objetivo do tratamento e a distalização
tivamente. O coeficiente de correlação entre a distalização da real da coroa foi de 3,2 mm e 3,4 mm, respectivamente. O coefi­
coroa e raiz foi de 0,78 mm indicando que os movimentos coro­ ciente de correlação foi de 0,64, também significativo.
nários e radiculares foram significativamente correlatos. O De maneira geral, a distalização do primeiro molar superior
molar superior tendeu a mostrar praticamente translação do foi mais previsível do que a do primeiro molar inferior.
corpo, com leve inclinação distal.
A Figura 24-6 mostra um diagrama de dispersão da distaliza­
Relação entre Idade do Paciente e Distalização
ção das coroas e raízes dos primeiros molares inferiores. A quan­
dos Molares
tidade média de distalização aos níveis coronários e radiculares foi
de 3,4 mm e 1,8 mm, respectivamente. O coeficiente de correlação A média de idade dos pacientes ao início do tratamento para os
entre a distalização da coroa e raiz também foi significativo. molares superiores e inferiores foi de 23 anos e 11 meses e 23 anos

Fig. 24-5 Razão de distalização coroa/raiz do


primeiro molar superior. r, Coeficiente de correlação.
306 Parte III   Manejo de Casos Complexos e em Adultos

Fig. 24-6 Razão de distalização coroa/raiz do


primeiro molar inferior. r, Coeficiente de correlação.

Fig. 24-7 Diferença entre a distalização da


coroa prevista e real do primeiro molar superior. r,
Coeficiente de correlação.

e 10 meses, respectivamente. Portanto, os pacientes foram sim­ A Figura 24-9 mostra a relação entre a quantidade de
plesmente divididos em dois grupos de faixa etária: aqueles mais movimento distal das coroas dos primeiros molares superio­
jovens que 24 anos (“grupo mais jovem”) e aqueles mais velhos res e a idade dos indivíduos. A quantidade média de distali­
que 24 anos (“grupo mais velho”). zação no primeiro molar superior foi de 4,1 mm no grupo
Capítulo 24   Distalização de Molares com Ancoragem Esquelética em Pacientes sem Crescimento 307

Fig. 24-8 Diferença entre a distalização da


coroa prevista e real do primeiro molar inferior.
r, Coeficiente de correlação.

Fig. 24-9 Relação entre a quantidade de distalização da coroa do primeiro molar superior e idade
dos pacientes. NS, Não significativo.
308 Parte III   Manejo de Casos Complexos e em Adultos

mais jovem e 3,4 mm no grupo mais velho. Não houve diferen­


­ça estatística entre os grupos mais jovem e o mais velho.
RELATOS DE CASO: DISTALIZAÇÃO SUPERIOR
A Figura 24-10 mostra a relação entre a quantidade de
E INFERIOR COM SISTEMA DE ANCORAGEM
movimento distal das coroas dos primeiros molares inferio­
ESQUELÉTICA
res e a idade dos indivíduos. Nenhuma diferença estatística É difícil corrigir o apinhamento anterior em pacientes adultos
foi encontrada na quantidade de movimento distal dos sem a extração dos pré-molares na ortodontia tradicional, espe­
primeiros molares inferiores entre os grupos mais jovem e cialmente nos pacientes com apinhamento anterior em ambas
mais velho. arcadas superior e inferior. No entanto, após o desenvolvimento
Independentemente das variações de idade e sítio de extra­ do sistema de ancoragem esquelética, tornou-se possível movi­
ção, os primeiros molares superiores e inferiores puderam ser mentar distalmente os molares superiores e inferiores ao mesmo
distalizados em concordância com os objetivos individualizados tempo. Três pacientes que se submeteram à distalização simul­
do tratamento com a biomecânica do SAE. tânea dos dentes posteriores superiores e inferiores com a apli­
cação do SAE são descritos a seguir.
Razão do Objetivo Atingido entre os Grupos mais
Jovem e mais Velho Caso 1
A Figura 24-11 mostra a relação entre a razão do objetivo Uma mulher de 22 anos de idade apresentou-se na consulta
atingido da distalização da coroa do primeiro molar superior e inicial com queixas de apinhamento anterior nas arcadas
idade dos pacientes. A razão atingida nos grupos mais jovem superior e inferior (Fig. 24-13, A-F). Embora ela não tivesse
e mais velho foi de 77,7% e 80,3%, respectivamente. Não houve problemas esqueléticos, alguns problemas dentários foram
diferença estatística entre os dois grupos. observados, incluindo apinhamento anterior moderado, re­­
A Figura 24-12 mostra os resultados para a quantidade de troinclinação dos incisivos superiores e inferiores, linguo­
distalização dos primeiros molares inferiores. A razão do obje­ versão do dente 12 e um desvio da linha média dentária.
tivo atingido nos grupos mais jovem e mais velho foi de 71,6% De acordo com os objetivos do tratamento, traçado cefalo­
e 77,9%, respectivamente. Nenhuma diferença significativa foi métrico predictivo e enceramento progressivo, era necessário
observada entre os grupos mais jovem e mais velho. distalizar os molares superiores e inferiores cerca de 4,0 mm

Fig. 24-10 Relação entre a quantidade de distalização da coroa do primeiro molar inferior e idade
dos pacientes. NS, Não significativo.
Capítulo 24   Distalização de Molares com Ancoragem Esquelética em Pacientes sem Crescimento 309

Fig. 24-11 Relação entre a razão obtida do objetivo de distalização da coroa do primeiro molar
superior e idade dos pacientes. NS, Não significativo.

Fig. 24-12 Relação entre a razão obtida do objetivo de distalização da coroa do primeiro molar
inferior e idade dos pacientes. NS, Não significativo.
310 Parte III   Manejo de Casos Complexos e em Adultos

Fig. 24-13 Caso 1. Tratamento sem extração de apinhamento anterior bimaxilar com o SAE.
A a F, Fotografias faciais iniciais (A e B), radiografia cefalométrica (C) e fotografias intrabucaiss (D-
F). G a J, Objetivo do tratamento (G) e biomecânica do SAE em posição (H-J).
Capítulo 24   Distalização de Molares com Ancoragem Esquelética em Pacientes sem Crescimento 311

Fig. 24-13 (Continuação) K a N, Progresso do tratamento: início do tratamento (K), cinco


meses (L), sete meses (M) e 12 meses (N). O a T, Fotografias faciais após a retirada dos bráquetes
(O e P), radiografia cefalométrica (Q) e fotografias intrabucaiss (R-T).
Continua
312 Parte III   Manejo de Casos Complexos e em Adultos

oclusão cêntrica-relação cêntrica (OC-RC), oclusão dentária


classe II, apinhamento anterior moderado, linha média dentária
desviada e tendência à mordida aberta (Fig. 24-14, A-F). De
acordo com o objetivo individualizado do tratamento, a quan­
tidade prevista de distalização do molar era de 4,5 mm na maxila
e 3,0 mm na mandíbula bilateralmente (Fig. 24-14, G).
Como resultado, todos os terceiros molares foram extraídos
antes do tratamento ortodôntico para obtenção de espaço para
distalização dos molares. Subsequentemente, quatro miniplacas
foram implantadas nos pilares zigomáticos e corpo da mandíbula
(Fig. 24-14, H-J). Usando a mecânica de distalização do SAE, a
maioria dos problemas ortodônticos foi significativamente cor­
rigida em cerca de 15 meses sem extração dos pré-molares (Fig.
24-14, K-N). Os objetivos do tratamento foram previsivelmente
atingidos e a maioria dos seus problemas ortodônticos com­
plexos foi corrigida com sucesso com a aplicação da biomecânica
do SAE (Fig. 24-14, O-T). De acordo com as superposições
cefalométricas, ambos os molares superiores e inferiores mostr­
aram translação (Fig. 24-14, U).

Caso 3
Uma mulher de 24 anos de idade foi inicialmente consultada com
queixa de apinhamento anterior. Os seguintes problemas com­
plexos foram observados ao exame inicial: relação esquelética dos
maxilares Classe II, altura facial inferior excessiva, distúrbios da
ATM (suspeita de osteoartrite), oclusão dentária Classe II, api­
nhamento anterior grave e linha média dentária superior desvi­
ada (Fig. 24-15, A-F). A análise das arcadas dentárias revelou uma
deficiência de espaço de 12,0 mm e 8,0 mm nas arcadas superior
Fig. 24-13 (Continuação) U, Superposições cefalométricas.
e inferiores, respectivamente (Fig. 24-15, G).
Em outras palavras, a distalização de 6 mm na maxila e 4 mm
na mandíbula era necessária para uma abordagem de trata­
e 3,0 mm, respectivamente, para obter uma relação interin­ mento sem extração. Do ponto de vista anatômico, parecia
cisal adequada sem extração dos pré-molares (Fig. 24-13, provável atingir os objetivos do tratamento com a distalização
G). dos molares superiores e inferiores para os espaços da extração
Após obtenção de espaços para distalização dos molares dos terceiros molares. No entanto, os autores ofereceram à
superiores e inferiores através da extração dos terceiros molares, paciente duas opções de tratamento: a extração tradicional dos
o tratamento ortodôntico através da colagem de sistema de quatro pré-molares ou a distalização dos dentes posteriores
múltiplos bráquetes e SAE foi iniciado. Duas miniplacas do superiores e inferiores; ela escolheu a última. Como mostrado
tipo Y e duas miniplacas do tipo L foram temporariamente nos casos anteriores, quatro miniplacas foram temporariamente
fixadas nos pilares zigomáticos e no corpo mandibular, respec­ implantadas e usadas como ancoragem absoluta para a distali­
tivamente (Fig. 24-13, H-J). Com a aplicação do SAE, os pro­ zação simultânea dos molares (Fig. 24-15, H-J).
blemas dentários foram resolvidos com sucesso em cerca de 12 A Figura 24-15, K a N, mostra o progresso do seu tratamento.
meses (tempo total do tratamento) (Fig. 24-13, K-N). De Seus problemas ortodônticos complexos foram significativa­
acordo com as superposições cefalométricas, ambos os molares mente melhorados após cerca de 23 meses de tratamento (Fig.
superiores e inferiores mostraram movimento de corpo e os 24-15, O-T). A Figura 24-15, U, mostra as alterações cefalomé­
objetivos do tratamento foram alcançados com precisão tricas durante o tratamento com o SAE. Com a aplicação da
(Fig. 24-13, O-U). distalização e a biomecânica da intrusão, seu objetivo do trata­
mento foi atingido com sucesso sem projeção dos incisivos ou
aumento da altura facial inferior.
Caso 2
Uma mulher de 21 anos de idade apresentou-se, primeiro, com
INDICAÇÕES PARA DISTALIZAÇÃO DOS
dor na articulação temporomandibular (ATM) e apinhamento
MOLARES
anterior nas arcadas superiores e inferiores. Seus problemas
ortodônticos era um perfil esquelético suave de Classe II, Numerosas modalidades mecânicas extrabucais e intrabucais
­distúrbios da ATM (desarranjo interno), uma discrepância de foram propostas para distalização dos molares superiores.
Capítulo 24   Distalização de Molares com Ancoragem Esquelética em Pacientes sem Crescimento 313

Fig. 24-14 Caso 2. Tratamento sem extração de apinhamento anterior bimaxilar com o SAE.
A a F, Fotografias faciais iniciais (A e B), radiografia cefalométrica (C) e fotografias intrabucais (D-
F). G a J, Objetivo do tratamento (G) e biomecânica do SAE em posição (H-J). Continua
314 Parte III   Manejo de Casos Complexos e em Adultos

Fig. 24-14 (Continuação) K a N, Progresso do tratamento: início do tratamento (K), três


meses (L), seis meses (M) e nove meses (N). O a T, Fotografias faciais após a retirada dos bráquetes
(O e P), radiografia cefalométrica (Q) e fotografias intrabucais (R-T).
Capítulo 24   Distalização de Molares com Ancoragem Esquelética em Pacientes sem Crescimento 315

MOMENTO DA DISTALIZAÇÃO DOS MOLARES


Os principais candidatos para os dispositivos de distalização
intrabucais previamente relatados eram pacientes adolescentes
em crescimento, pois se acreditava que o movimento distal dos
primeiros molares era mais fácil de ser atingido antes da erupção
dos segundos molares. Todavia, tal abordagem ocasionalmente
resulta no apinhamento posterior, finalmente causando um dis­
túrbio no estabelecimento do suporte posterior nos segundos
molares, erupção ectópica dos terceiros molares e reabsorção
radicular dos segundos molares seguida da erupção dos ter­
ceiros molares. Portanto, o SAE tem sido utilizado nos pacientes
adultos, levando em consideração a localização e espaço dos
terceiros molares.
Usualmente, se recomenda a extração dos terceiros molares
imediatamente antes da distalização dos primeiros molares com
o SAE. Contudo, para pacientes com outros problemas den­
tários nos segundos molares, tais como cáries, problemas
endodônticos/protéticos, erupção ectópica (erupção em uma
posição incomum) ou extração muito difícil do terceiro molar,
os segundos molares são extraídos ao invés dos terceiros molares.
Além disso, embora a idade dos indivíduos neste estudo variou
de 15 a 46 anos, os objetivos individualizados do tratamento
foram alcançados na maioria dos pacientes independente da
idade. Portanto, a mecânica de distalização dos molares superio­
res e inferiores com o SAE pode ser usada em uma ampla faixa
etária, incluindo adultos.

VANTAGENS BIOMECÂNICAS DA
Fig. 24-14 (Continuação) U, Superposições cefalométricas. DISTALIZAÇÃO DOS MOLARES COM SISTEMA
DE ANCORAGEM ESQUELÉTICA
Um método de dois estágios foi tipicamente usado para dis­
talizar os molares com dispositivos de distalização intrabucais,
como relatado, especialmente na maxila. Os primeiros molares
Contudo, somente poucos dispositivos foram relatados para os foram movimentados distalmente no primeiro estágio. Contudo,
molares inferiores, os quais são mais difíceis de distalizar do a perda de ancoragem — movimento mesial dos pré-molares e
que os superiores. No entanto, como mostrado nos relatos de projeção dos incisivos — geralmente ocorreu como efeito colate­
caso, o SAE permitiu que os autores distalizassem os molares ­ral durante a distalização dos molares, embora um suporte de
superiores e inferiores simultaneamente. Por essa razão, a ancoragem suficiente tenha sido fornecido pelos segundos pré-
terapia da não extração usando a biomecânica de distalização -molares. No segundo estágio, pré-molares, caninos e incisivos
do SAE pode resolver vários tipos de maloclusão, incluindo foram sequencialmente retraídos após o reforço da ancoragem
maloclusões de Classe II ou Classe III com ou sem dentição dos molares previamente distalizados no primeiro estágio.
assimétrica e qua­lquer maloclusão caracterizada por apinha­ Embora seja importante determinar a quantidade de distali­
mento na dentição. zação dos primeiros molares e perda de ancoragem no primeiro
A mordida aberta era uma contraindicação para os disposi­ estágio, uma preocupação mais importante é a perda de ancora­
tivos prévios de distalização intrabucal devido à tendência em gem dos molares distalizados durante o segundo estágio. Infeliz­
aumentar a altura facial inferior e agravar a mordida aberta após mente, este problema não foi discutido com seriedade nos
a distalização dos molares. Em contraste, a mordida aberta pode relatos prévios. O progresso da distalização dos molares com o
não ser uma contraindicação para o tratamento com o SAE, pois SAE é completamente diferente dos métodos prévios. Os molares
agora é possível intruir os molares simultaneamente durante a distalizados não são nunca necessários como parte de ancora­
distalização dos molares.39-45 Além disso, 11 dos 54 indivíduos gem durante a retração dos pré-molares e dos dentes anteriores,
no estudo eram pacientes com mordida aberta anterior. Além pois a força ortodôntica pode ser diretamente aplicada a partir
disso, pacientes cirúrgicos que necessitavam de descompensa­ das miniplacas. Por essa razão, usando a biomecânica do SAE,
ção dos incisivos superiores ou inferiores também eram candi­ é possível realizar o movimento em massa dos dentes posterio­
datos para distalização dos molares com a biomecânica do res e da dentição anterior em conjunto, ao invés de uma abor­
SAE. dagem em dois estágios. Isto ajuda a economizar um tempo
316 Parte III   Manejo de Casos Complexos e em Adultos

Fig. 24-15 Caso 2. Tratamento sem extração de apinhamento anterior bimaxilar com o SAE.
A a F, Fotografias faciais iniciais (A e B), radiografia cefalométrica (C) e fotografias intrabucais (D-
F). G a J, Objetivo do tratamento (G) e biomecânica do SAE em posição (H-J).
Capítulo 24   Distalização de Molares com Ancoragem Esquelética em Pacientes sem Crescimento 317

Fig. 24-15 (Continuação) K a N, Progresso do tratamento: início do tratamento (K), seis meses
(L), nove meses (M) e 15 meses (N). O a T, Fotografias faciais após a retirada dos bráquetes (O e P),
radiografia cefalométrica (Q) e fotografias intrabucais (R-T).
Continua
318 Parte III   Manejo de Casos Complexos e em Adultos

Por exemplo, a localização dos terceiros molares inferiores deve


ser um indicador útil no julgamento do limite posterior do osso
alveolar nas dentições superiores e inferiores. Atualmente, a
tomografia computadorizada cone-beam tornou-se uma fer­
ramenta útil para determinar os limites posteriores do osso
alveolar.

Tipo de Distalização dos Molares


O tipo de distalização dos molares com o SAE pode ser tanto
ou um movimento translatório ou de inclinação. Os resultados
deste estudo mostram diferenças entre o tipo de distalização
nos molares superiores e inferiores. O molar superior apresen­
tou praticamente uma translação distal, enquanto que o molar
inferior tendeu a mostrar inclinação durante o movimento
distal. Os autores acreditam que como o percentual de malo­
clusão Classe III é relativamente alto nos indivíduos que neces­
sitam de distalização dos molares inferiores, o plano oclusal
mandibular deve ser rotacionado numa direção anti-horária.
Consequentemente, os molares inferiores podem mostrar um
movimento distal com inclinação.
Não foi fácil prevenir a inclinação distal completamente
com o tratamento com o SAE, mas foi mais fácil remover a
inclinação distal dos molares durante o tratamento com múl­
tiplos bráquetes, considerando a localização do centro de
resistência. De maneira geral, em concordância com os objeti­
vos individualizados do tratamento, é possível controlar o tipo
de distalização dos molares com a aplicação da biomecânica
apropriada do SAE.

Fig. 24-15 (Continuação) U, Superposições cefalométricas. Previsibilidade da Distalização dos Molares


Embora estratégias orientadas pelos objetivos sejam essenciais
na ortodontia contemporânea,46,47 nenhum relato prévio men­
considerável de tratamento e é, portanto, uma vantagem dis­ cionou os objetivos do tratamento para distalização dos molares
tinta da biomecânica do SAE quando comparada aos métodos superiores e inferiores. Neste estudo, os objetivos individualiza­
e técnicas prévios. dos do tratamento para distalização dos molares, posições dos
incisivos e perfis de tecido mole foram estabelecidos em todos
os indivíduos antes do tratamento com o SAE. Além disso, o
Quantidade de Distalização dos Molares
tratamento com o SAE foi iniciado após uma avaliação cuida­
Como os resultados deste estudo mostraram, a média de distali­ dosa dos objetivos tridimensionais do tratamento usando ence­
zação dos molares superiores e inferiores foi de 3,8 mm e ramento progressivo. Consequentemente, a quantidade prevista
3,4 mm, respectivamente. Isto sugere que pode ser possível cor­ da distalização da coroa do primeiro molar superior e inferior
rigir uma deficiência de espaço no arco de aproximadamente foi de 3,6 mm e 3,2 mm, respectivamente, e foi significativa­
7 mm sem a necessidade de extração dos pré-molares. Em outras mente correlacionada com a quantidade real de distalização.
palavras, a biomecânica do SAE expandiu significativamente a Portanto, a biomecânica do tratamento com o SAE para distali­
amplitude de tratamento sem extração. zação dos molares superiores e inferiores parece ser um tanto
Ao mesmo tempo, é importante compreender que a “quan­ previsível.
tidade” da distalização dos molares não necessariamente sig­
nifica a quantidade máxima de distalização dos molares em cada
CONCLUSÃO
indivíduo. Questões sobre a extensão da distalização dos molares
superiores e inferiores com a biomecânica do SAE não possuem O sistema de ancoragem esquelética é uma modalidade viável
uma resposta “correta”, em parte porque sempre que a para distalização dos molares superiores e inferiores, pois
biomecânica do SAE é considerada, os objetivos individualiza­ utiliza unidades de ancoragem estáveis e confiáveis. Ele permite
dos do tratamento devem ser estabelecidos em primeiro lugar. não somente a distalização única do molar, mas também o
É essencial determinar os limites posteriores do osso alveolar movimento em massa dos dentes posteriores superiores e infe­
de um ponto de vista ortodôntico, anatômico ou periodontal. riores, necessitando apenas de uma pequena cirurgia para
Capítulo 24   Distalização de Molares com Ancoragem Esquelética em Pacientes sem Crescimento 319

colocar as miniplacas no pilar zigomático ou corpo da man­ 20. Byloff FK, Darendeliler MA, Clar E, Darendeliler A: Distal
díbula. Portanto, esta nova técnica não cooperadora para molar movement using the Pendulum appliance. Part 2. The
adultos é particularmente útil para corrigir as maloclusões effects of maxillary molar root uprighting bends, Angle Orthod
Classe II e Classe III com ou sem dentição assimétrica, descom­ 67:261-270, 1997.
21. Erverdi N, Koyuturk O, Kucukkeles N: Nickel-titanium coil
pensação para pacientes cirúrgicos e outras maloclusões carac­
springs and repelling magnets: a comparison of two different
terizadas por apinhamento anterior. A biomecânica do SAE
intra-molar distalization techniques, Br J Orthod 24:47-53,
deve ser avaliada como uma modalidade indispensável na orto­ 1997.
dontia contemporânea adulta. 22. Pieringer M, Droschl H, Permann R: Distalisation with a Nance
appliance and coil spring, J Clin Orthod 31:321-326, 1997.
23. Gianelly AA: Distal movement of maxillary molars, Am J
Referências Orthod Dentofacial Orthop 114:66-72, 1998.
24. Gulati S, Kharbanda OP, Parkash H: Dental and skeletal changes
1. Kloehn SJ: Evaluation of cervical traction of the maxilla and after intraoral molar distalization with sectional jig assembly,
maxillary first permanent molar, Angle Orthod 31:91-104, Am J Orthod Dentofacial Orthop 114:319-327, 1998.
1961. 25. Bondemark L, Kurol J: Class II correction with magnets and
2. Wieslander L: The effect of force on craniofacial development, superelastic coils followed by straight-wire mechanotherapy,
Am J Orthod 65:531-538, 1974. J Orofac Orthop 59:127-138, 1998.
3. Baumrind S, Korn EL, Isaacson RJ, et al: Quantitative analysis 26. Runge ME, Martin JT, Bukai F: Analysis of rapid maxillary
of the orthodontic and orthopedic effects of maxillary trac­ molar distal movement without patient cooperation, Am J
tion, Am J Orthod 84:384-393, 1983. Orthod Dentofacial Orthop 115:153-157, 1999.
4. Cetlin NM, Ten Hoeve A: Nonextraction treatment, J Clin 27. Scuzzo G, Pisani F, Takemoto K: Maxillary molar distalization
Orthod 17:396-403, 1983. with a modified Pendulum appliance, J Clin Orthod 33:645-
5. Gianelly AA, Vaitas AS, Thomas WM, Berger DG: The use of 650, 1999.
magnets to move molars distally, Am J Orthod Dentofacial 28. Fortini A, Lupoli M, Parri M: The first class appliance for
Orthop 96:161-167, 1989. rapid molar distalization, J Clin Orthod 33:322-328, 1999.
6. Itoh T, Tokuda T, Kiyosue S, et al: Molar distalisation with 29. Bussick T, McNamara JA Jr: Dentoalveolar and skeletal
repelling magnets, J Clin Orthod 25:611-617, 1991. changes associated with the Pendulum appliance, Am J Orthod
7. Jackel N, Rakosi T: Molar distalisation by intraoral force Dentofacial Orthop 117:333-343, 2000.
application, Eur J Orthod 13:43-45, 1991. 30. Brickman CD, Sinha PK, Nanda RS: Evaluation of the Jones
8. Gianelly AA, Bednar J, Dietz VS: Japanese NiTi coils used to Jig appliance for distal molar movement, Am J Orthod Dento-
move molars distally, Am J Orthod Dentofacial Orthop 99:564- facial Orthop 118:526-534, 2000.
566, 1991. 31. Keles A, Sayinsu K: A new approach in maxillary molar dis­
9. Jones RD, White JM: Rapid Class II molar correction using an talization: intraoral bodily molar distalizer, Am J Orthod
open coil jig, J Clin Orthod 26:661-664, 1992. Dentofacial Orthop 117:39-48, 2000.
10. Bondemark L, Kurol J: Distalization of maxillary first and 32. Quick AN, Harris AMP: Molar distalization with a modified
second molars simultaneously with repelling magnets, Eur J distal jet appliance, J Clin Orthod 34:419-423, 2000.
Orthod 14:264-272, 1992. 33. Ngantung V, Nanda RS, Bowman SJ: Posttreatment evalua­
11. Hilgers JJ: The Pendulum appliance for Class II noncompli­ tion of the distal jet appliance, Am J Orthod Dentofacial
ance therapy, J Clin Orthod 26:706-714, 1992. Orthop 120:178-185, 2001.
12. Locatelli R, Bednar J, Dietz VS, Gianelly AA: Molar distalization 34. Champagne M: The NiTi distalizer: a non-compliance maxil­
with superelastic NiTi wire, J Clin Orthod 26:277-279, 1992. lary molar distalizer, Int J Orthod Milwaukee 13:21-24, 2002.
13. Muse DS, Fillman MJ, Emmerson WJ, Mitchell RD: Molar and 35. Keles A, Pamukcu B, Tokmak EC: Bilateral maxillary molar
incisor changes with Wilson rapid molar distalization, Am J distalization with sliding mechanics: Keles slider, World J
Orthod Dentofacial Orthop 104:556-565, 1993. Orthod 3:57-66, 2002.
14. Bondemark L, Kurol J, Bernhold M: Repelling magnets versus 36. Sakuda M, Taki S, Hayashi I, et al: An idea for distal movement
superelastic NiTi simultaneous distal movement of maxillary of molar teeth: a distal extension lingual arch, Nippon Kyosei
first and second molars, Angle Orthod 64:189-198, 1994. Shika Gakkai Zasshi 33:195-201, 1974.
15. Steger ER, Blechman AM: Case reports: molar distalization 37. Uner O, Haydar S: Mandibular molar distalization with the
with static repelling magnets. Part I, Am J Orthod Dentofacial Jones Jig appliance, Kieferorthop 9:169-174, 1995.
Orthop 108:547-555, 1995. 38. Byloff F, Darendeliler MA, Stoff F: Mandibular molar distal­
16. Carano A, Testa M: The distal jet for upper molar distaliza­ ization with the Franzulum appliance, J Clin Orthod 34:518-
tion, J Clin Orthod 30:374-380, 1996. 523, 2000.
17. Ghosh J, Nanda RS: Evaluation of an intraoral maxillary 39. Sugawara J: Dr. Junji Sugawara on the skeletal anchorage
molar distalization technique, Am J Orthod Dentofacial Orthop system, J Clin Orthod 33:689-696, 1999.
110:639-646, 1996. 40. Umemori M, Sugawara J, Mitani H, et al: Skeletal anchorage
18. Basdra EK, Huber H, Komposch G: A clinical report for distal­ system for open-bite correction, Am J Orthod Dentofacial
izing maxillary molars by using super-elastic wires, J Orofac Orthop 115:166-174, 1999.
Orthop 57:118-123, 1996. 41. Sugawara J, Daimaruya T, Umemori M, et al: Distal move­
19. Byloff FK, Darendeliler MA: Distal molar movement using ment of mandibular molars in adult patients with the skeletal
the Pendulum appliance. Part 1. Clinical and radiological anchorage system, Am J Orthod Dentofacial Orthop 125:130-
evaluation, Angle Orthod 67:249-260, 1997. 138, 2004.
320 Parte III   Manejo de Casos Complexos e em Adultos

42. Sugawara J, Nishimura M: Minibone plates: the Skeletal 45. Sugawara J, et al: Skeletal anchorage system using orthodontic
Anchorage System, Semin Orthod 11:47-56, 2005. miniplates. In Nanda R, Uribe F, editors: Temporary anchorage
43. Sugawara J: A bioeffi cient skeletal anchorage system. In devices in orthodontics, St Louis, 2008, Mosby-Elsevier,
Nanda R, editor: Biomechanics and strategies in clinical ortho- pp. 317-341.
dontics, St Louis, 2005, Saunders-Elsevier, pp. 295-309. 46. Burstone CJ, Marcotte MR: Problem solving in orthodontics
44. Sugawara J, et al: The Skeletal Anchorage System. In Cope J, Chicago, 2000, Quintessence.
editor: OrthoTADs: the clinical guide and atlas, Dallas, 2007, 47. Nanda R, editor: Biomechanics and strategies in clinical ortho-
Under Dog Media, pp. 449-461. dontics, St Louis, 2005, Saunders-Elsevier.
C ap í t u lo
25
Biomecânica do
Movimento Dentário
Rápido através da
Distração Osteogênica
Dentoalveolar
Haluk İşeri, Gökmen Kurt e Reha Kişnişci

A
maioria dos casos ortodônticos apresenta uma falta de dados sobre os efeitos da DDA nas estruturas dentofaciais, e
espaço e algum apinhamento. Embora o tratamento os relatos de casos.
sem extração tenha se tornado popular na última
década, muitos pacientes ainda necessitam de terapia baseada
Princípios Biológicos Da
na extração dentária.
Distração Osteogênica
A primeira fase do tratamento nos casos de extração de pré-
-molar é a distalização dos caninos. Usando técnicas ortodônticas Distração osteogênica (DO) é um processo biológico envolvendo
convencionais, o movimento dentário biológico pode ser obtido a formação de novo osso entre as superfícies dos segmentos
numa taxa limitada.1,2 A fase de retração do canino usualmente ósseos que são gradualmente separadas por um aumento na
dura cerca de seis a oito meses. Além disso, mecanismos de tração. A tração gera tensão que estimula a formação de osso
ancoragem extrabucal ou intrabucal são necessários para manter paralela ao vetor da distração. Especificamente, este processo é
o espaço obtido seguro durante a distalização do canino, espe­ iniciado quando as forças da distração são aplicadas ao calo
cialmente quando é necessária ancoragem máxima ou mo­derada. tecidual que conecta os segmentos ósseos divididos e continua
Portanto, sob condições normais, o tratamento convencional enquanto estes tecidos são estirados. A DO inicia com o desen­
com dispositivos fixos é provável de durar cerca de 20 a 24 meses. volvimento de um calo reparador. O calo é colocado sob tensão
Infelizmente, a duração do tratamento ortodôntico é a principal por estiramento, o que gera novo osso. A DO consiste nos
queixa dos pacientes, espacialmente dos adultos e dos adultos seguintes quatro períodos sequenciais:
jovens. 1. Osteotomia (ou “corticotomia”) significa fraturar o osso em
Muitas tentativas foram realizadas para encurtar o tempo do dois segmentos. Ela deve ser perpendicular à direção da
movimento dentário ortodôntico e do tratamento ortodôntico distração.
total. Em 1959, Köle3 relatou uma técnica que combinava orto­ 2. Latência é o período desde a divisão óssea até o início da
dontia com cirurgia de “corticotomia” para aumentar a taxa do tração (usualmente 5-7 dias) e é o tempo necessário para a
movimento dentário ortodôntico.4-7 Em 1980, Davidovitch et formação do calo.
al.8,9 estudaram como a taxa do movimento dentário e dos 3. Distração é o período quando a tração gradual é aplicada e
níveis de nucleotídeos cíclicos periodontais poderiam ser novo osso, ou distração regenerada, é formado. A DO possui
aumentados pela combinação de força e correntes elétricas. Em o benefício de simultaneamente aumentar o comprimento
1998, Liou e Huang10 introduziram a técnica da distração do ósseo e o volume dos tecidos moles circunjacentes.
ligamento periodontal para o movimento dentário rápido. 4. Consolidação é o período que permite a cicatrização e matu­
Em 1999, İşeri e Kişnişci introduziram uma técnica denomi­ ração e a corticalização do regenerado após as forças de
nada distração dentoalveolar (DDA), a qual obtém um rápido tração serem descontinuadas.
movimento dentário usando os princípios da distração Em 1988, Ilizarov15 introduziu dois princípios biológicos da
osteogênica.11-14 Este capítulo apresenta os princípios biológi­ distração osteogênica, conhecidos como os efeitos de Ilizarov:
cos associados, a descrição detalhada da técnica da DDA, os (1) o efeito do estresse de tensão na gênese e crescimento dos

321
322 Parte III   Manejo de Casos Complexos e em Adultos

tecidos e (2) a influência do suprimento sanguíneo e da carga retrusão mandibular excessiva. Guerrero19 (1990) e McCarthy
na forma dos ossos e articulações. et al.20 (1992) utilizaram a DO em mandíbula humana. Em 1999,
O primeiro princípio de Ilizarov postula que a tração gradual a distração dentoalveolar (DDA) para o rápido movimento den­
cria um estresse que pode estimular e manter a regeneração dos tário foi descrita e usada por İşeri et al..11-13 Desde então, a DO
tecidos vivos. O osso recém-formado rapidamente se remodela tem sido aplicada a vários ossos do esqueleto craniofacial.
para obedecer a estrutura natural do osso.
O segundo princípio de Ilizarov teoriza que a forma e a
Rápido Movimento Dentário Através Da
massa dos ossos e articulações dependem da interação entre
Distração Osteogênica Dentoalveolar
a carga mecânica e o suprimento sanguíneo. O suprimento san­
guíneo e a carga mecânica possuem uma influência significativa
Desenho do Aparelho
na forma e na massa do osso resultante. Se o suprimento san­
guíneo for inadequado para suportar a carga mecânica normal Um dispositivo de distração intrabucal customizado, rígido e
e aumentada, o osso pode não responder favoravelmente, dento-suportado foi confeccionado e usado nos pacientes de
levando a alterações degenerativas. Em contraste, se o supri­ DDA (Fig. 25-1). O dispositivo é feito de aço inoxidável com um
mento sanguíneo for adequado para sustentar o aumento da parafuso de distração, duas barras-guia e um aparato especial
carga mecânica, o osso demonstrará alterações hipertróficas para ativar o distrator, através do giro horário do parafuso.
compensatórias. Os caninos e os primeiros molares são bandados com uma
Os princípios da DO são os seguintes: banda de 0,06 × 1,80 polegada (0,15 × 4,55 mm) e é realizada
1. Preservação dos tecidos osteogênicos. Isto é necessário durante uma moldagem com as bandas colocadas nos dentes (Fig. 25-2,
a osteotomia, e o periósteo, osso medular e a artéria nutrien­ A e B). O distrator é, então, soldado ao canino e ao primeiro
te são igualmente importantes para a formação do novo molar no modelo de gesso. A localização bucal e angulação do
osso. distrator são ajustadas de acordo com a posição do canino (Fig.
2. Direção da distração. O regenerado dentro do espaço da dis­ 25-2, C). Para minimizar a inclinação, o distrator é posicionado
tração sempre é formado ao longo do eixo da tração o mais alto possível bucalmente (Fig. 25-2, D).
aplicada.
3. Taxa e ritmo. A distração bem-sucedida depende da taxa e
Técnica Cirúrgica
do ritmo da força de distração aplicada. A taxa ótima de
distração é de 1 mm por dia. Ritmos mais frequentes A cirurgia é realizada em ambiente ambulatorial, com o paciente
de distração levam a uma formação regenerativa mais sob anestesia local, algumas vezes, complementada com sedação
favorável e causa menos problemas nos tecidos moles. Se a com óxido nitroso. Uma incisão mucosa horizontal de 2 a 2,5 cm
taxa de distração for menor que 0,5 mm por dia, o osso pode de comprimento é feita paralela à margem gengival do canino
consolidar-se prematuramente. Se a taxa de distração for e do pré-molar além da profundidade do vestíbulo (Fig. 25-3).
maior que 1,5 mm por dia, pode ocorrer isquemia local na No aspecto medial do dente canino que sofrerá distração
interzona, ossificação atrasada ou pseudoartrose. posteriormente, múltiplos furos corticais são feitos no osso
A distração osteogênica foi usada desde 1905 por Codivilla16 alveolar entre o canino e o incisivo lateral com uma broca
e, posteriormente, popularizada pelos estudos clínicos e de pes­
quisa de Ilizarov15 na Rússia. A DO tem sido usada principal­
mente no campo da ortodontia. De fato, o conceito de Ilizarov
de alongamento dos ossos longos pela DO e sua aplicação ao
esqueleto craniofacial abriu um novo capítulo no tratamento
das anomalias craniofaciais e várias maloclusões.
O primeiro relato demonstrando a aplicação dos princípios
de Ilizarov à mandíbula de um cão foi publicado por Snyder
et al.17 em 1973. Neste estudo experimental, o dispositivo foi
ativado numa taxa de 1 mm por dia durante 14 dias após um
período de latência de sete dias. O restabelecimento do córtex
mandibular e do canal medular no espaço da distração foi
observado após seis semanas de fixação. Em 1977, Michieli e
Miotti18 demonstraram a aplicação do alongamento mandibu­
lar intrabucal utilizando os princípios de Ilizarov e o protocolo
de distração sem dano à mandíbula. O alongamento do corpo
Fig. 25-1 Dispositivo (distrator) de distração dentoalveolar
mandibular em dois cães foi obtido com uma técnica que
(DDA). Este dispositivo intrabucal customizado, rígido e dento-
envolvia osteotomias e o uso de um aparelho ortodôntico con­ suportado é confeccionado para DDA e para o rápido movimento
vencional sem qualquer dano ao nervo mandibular e sem alte­ dentário. Este dispositivo de aço inoxidável possui um parafuso de
rações distintas às fibras nervosas. distração e duas barras-guia. O paciente ou responsável gira o para­
Portanto, a técnica da DO é proposta para uso de correção de fuso no sentido horário com um aparato especial para o rápido
grandes discrepâncias de comprimento em pacientes com movimento dentário.
Capítulo 25   Biomecânica do Movimento Dentário Rápido 323

Fig. 25-2 Fabricação do dispositivo de DDA. A e B, Vistas intrabucais das bandas fabricadas do
molar e do canino. C, Distrator customizado é posicionado usando os princípios biomecânicos do
movimento dentário e, então, soldado às bandas no modelo de gesso. D, Distrator é cimentado no
canino e no primeiro molar imediatamente após a cirurgia.

Fig. 25-3 A e B, Procedimento de dis­


tração dentoalveolar. O primeiro pré-molar
foi extraído. As interferências ósseas no
alvéolo da extração foram eliminadas.
Osteótomos foram usados para mobilizar
completamente o segmento alveolar, incluin­
do o dente (C, canino; Ext, extração).

carbide pequena e redonda (Fig. 25-4, A e B). O mesmo pro­ mobilizar completamente o segmento alveolar, incluindo o
cedimento é executado no aspecto distal do canino, próximo à canino, através da fratura do osso esponjoso ao redor da sua
área de extração. Subsequentemente, os furos ao redor da raiz raiz da cortical lingual ou palatina (Fig. 25-3). O osso bucal e
do canino são conectados por uma broca fina de fissura cilín­ apical através do alvéolo da extração e interferências ósseas no
drica (Fig. 25-4, C). aspecto bucal que possam ser encontradas durante o processo
A osteotomia curva-se apicalmente numa distância de de distração são eliminados ou desgastados entre o canino e o
3-5 mm do ápice. Os osteótomos finos são, então, avançados em segundo pré-molar, preservando as lâminas corticais palatinas
direção coronal. O primeiro pré-molar é extraído neste estágio, ou linguais. Embora a lâmina palatina seja preservada, o osso
e o osso vestibular é removido entre o corte ósseo contornado apical próximo à parede sinusal é removido, deixando a mem­
na região distal do canino anteriormente e o segundo pré-molar brana do seio intacta para evitar interferências durante o pro­
posteriormente utilizando uma broca redonda grande. Osteó­ cesso ativo da distração (Fig. 25-4, C). Então, osteótomos ao
tomos grandes de tamanhos apropriados são, então, usados para longo do aspecto anterior do canino são usados para dividir o
324 Parte III   Manejo de Casos Complexos e em Adultos

Fig. 25-4 A, Vista intrabucal do sítio


cirúrgico da DDA. B, Múltiplos furos cor­
ticais são feitos no osso alveolar com uma
broca carbide pequena e redonda. C, Vista da
osteotomia do osso cortical e do alvéolo da
extração do primeiro pré-molar. D, Distrator
é cimentado imediatamente após a cirurgia
e o segmento dentoalveolar, incluindo o
dente, é usado como disco de transporte para
carregar o canino superior posteriormente.

osso circunjacente ao redor da sua raiz da cortical palatina ou


lingual e dos dentes adjacentes. O segmento dentoalveolar
transalveolar que inclui o canino também inclui a cortical bucal
e palatina e o osso esponjoso subjacente que envelopa a raiz do
canino, deixando uma lâmina cortical lingual ou palatina intacta
e o osso ao redor do ápice do canino (Fig. 25-4, C).
Finalmente, o dispositivo da DDA é cimentado ao canino e
ao primeiro molar (Fig. 25-4, D). Para certificar que o segmento
de transporte foi completamente mobilizado, o segmento alveo­
lar que carrega o canino deve ter sido completamente mobili­
zado no transoperatório, e o dispositivo ativado diversos
milímetros e retornado a sua posição original. A incisão é
fechada com fio absorvível e antibiótico e antiinflamatório não
esteroidal são prescritos por um período de cinco dias.
O procedimento cirúrgico dura aproximadamente 30 min­u­
tos para cada canino. Os pacientes são instruídos para inter­
romper a escovação dentária para evitar trauma ao redor do Fig. 25-5 A a D, Movimento rápido do canino usando os princí­
sítio cirúrgico por um período de três dias. Um enxaguatório pios da distração osteogênica (DO), através do movimento gradual
de gluconato de clorexidina a 0,2% (Klorhex®, Drogsan, Ankara, do segmento ósseo vascularizado (disco de transporte) previamente
Turquia) é prescrito duas vezes ao dia durante o período da separado do segmento ósseo residual (osteossíntese bifocal). O seg­
mento dentoalveolar transportado, incluindo o canino, também
distração.12,13
inclui a cortical bucal e o osso esponjoso subjacente que envelopa
a raiz do canino, deixando a lâmina cortical palatina ou lingual
Protocolo da Distração intactas e o osso ao redor do ápice do canino.

A distração é iniciada três dias após a cirurgia. O distrator é A distração dentoalveolar é descontinuada quando o canino
ativado duas vezes ao dia, de manhã e à noite, num total de é movimentado posteriormente para a posição desejada ou fica
0,8 mm por dia. A DDA é baseada no movimento do osso em contato com o segundo pré-molar, se necessário. O disposi­
alveolar como um “disco de transporte” que inclui o dente tivo (distrator) da DDA é, então, removido e o tratamento
canino (Fig. 25-5). Este tipo de distração é denominado como ortodôntico com aparelho fixo é imediatamente iniciado pelo
uma modificação da osteossíntese bifocal e consiste de um movi­ nivelamento de ambos os arcos dentários, especialmente para
mento gradual de um segmento ósseo vascularizado (disco de se beneficiar da câmara de distração não calcificada para resolver
transporte) previamente separado do segmento ósseo residual o apinhamento anterior e também para obter a retração dos
(Fig. 25-6). Novo osso é formado durante o movimento do incisivos, se necessária. Ligaduras são colocadas sob o fio do
disco de transporte no sítio da distração com fechamento arco entre o local da distração do canino e do primeiro molar
simultâneo do defeito ósseo. Nos casos do autor, o osso alveolar e mantido por, pelo menos, três meses após o procedimento da
foi incluído com o canino. DDA para evitar o movimento mesial do canino.
Capítulo 25   Biomecânica do Movimento Dentário Rápido 325

Fig. 25-6 Vistas periapicais do movimento rápido dos caninos superiores em 11 dias usando a
distração dentoalveolar (DDA). As setas pretas representam o movimento do canino no seu osso alveo­
lar circunjacente como um disco de transporte ósseo alveolar, de acordo com os princípios da DO.
326 Parte III   Manejo de Casos Complexos e em Adultos

Todos os pacientes seguem um programa meticuloso de


higiene oral, iniciado antes e após o procedimento da DDA e
reforçado mensalmente durante a terapia ortodôntica fixa, jun­
tamente com a escovação dentária profissional.

Movimento Dentário Ortodôntico


O movimento dentário ortodôntico é um processo no qual a
aplicação de uma força induz a reabsorção óssea no lado pres­
sionado e aposição óssea no lado da tensão.1,2 Portanto, o movi­
mento dentário convencional resulta de uma cascata biológica
de reabsorção e aposição causada por forças mecânicas. O termo
movimento dentário fisiológico refere-se, em primeiro lugar, à
inclinação do dente no seu alvéolo e, em segundo lugar, a alte­
rações na posição dentária que ocorrem durante e após a
erupção dentária.21
Basicamente, nenhuma diferença significativa existe entre as
reações teciduais observadas no movimento dentário fisiológico
e ortodôntico. Contudo, como os dentes são movimentados
mais rapidamente durante o tratamento, as mudanças teciduais
provocadas pelas forças ortodônticas são mais marcadas e
extensas. Classicamente, a taxa típica do movimento dentário
ortodôntico depende da magnitude e duração da força apli­
cada,1 número e formato das raízes, qualidade da trabécula
óssea, resposta individual e queixa do paciente. Presumivel­
mente, a aplicação da força resultará em hialinização de ambos
fatores anatômico e mecânico.22
O período de hialinização dura geralmente duas a três
semanas.21 A taxa do movimento dentário biológico com força
mecânica ótima é cerca de 1,0 a 1,5 mm em quatro a cinco
semanas.23 Portanto, nos casos de ancoragem máxima com ex­
tração de pré-molar, a fase de distalização do canino usualmente
leva cerca de seis a nove meses, com um tempo médio total de
tratamento de dois anos.

Movimento Dentário Rápido


Fig. 25-7 Vistas oclusais do rápido movimento dos caninos
O movimento dentário rápido usando os princípios da DO superiores pela DDA. A distração completa dos caninos finalizada
é realizado para encurtar a duração do tratamento ortodôn­ em 11 dias.
tico. Em 2005, I˙şeri et al..13 publicaram a duração da retra­
ção do canino e os efeitos da DDA nas estruturas dentofaciais.
A amostra estudada consistiu em 20 caninos superiores em Manutenção da Ancoragem Posterior
10 indivíduos adultos ou em crescimento (média de idade,
16,53 anos; variando de 13,08-25,67 anos). Os caninos Nenhuma perda de ancoragem posterior é observada em
foram movimentados rapidamente para dentro dos alvéolos nenhum dos casos da DDA. Em 2005, İşeri et al.13 relataram a
dos primeiros pré-molares extraídos em concordância com perda média de ancoragem sagital e vertical nos dentes molares
os princípios da DO. O procedimento de distração é com­ como sendo 0,19 ± 0,31 mm e 0,51 ± 0,93 mm, respectivamente,
pletado em oito a 14 dias, com uma taxa de volta do para­ durante 10 dias de distração rápida dos caninos, a qual foi
fuso de 0,8 mm/dia (Fig. 25-7). As retrações totais dos estatisticamente insignificante (Tabela 25-2).
caninos são obtidas em 10,05 (±2,01) dias (Tabela 25-1). Durante o movimento dentário ortodôntico, o tecido
Isto foi o movimento dentário ortodôntico mais rápido hialinizado vizinho ao dente no lado movimentado deve ser
demonstrado comparado com estudos prévios.10,23 O deslo­ enfraquecido com reabsorção indireta. Este período geral­
camento distal dos caninos é principalmente uma combina­ mente dura duas a três semanas;21 novamente, a retração rápida
ção de inclinação e translação, com uma alteração média na do canino com a DDA foi obtida em oito a 14 dias, um curto
inclinação do canino de 13,15 (±4,65) graus no final do período para os molares moverem-se mesialmente (Figs. 25-6
período da distração.13 e 25-7).
Capítulo 25   Biomecânica do Movimento Dentário Rápido 327

Reabsorção Radicular Todos os dentes submetidos aos testes de vitalidade pulpar


(caninos, incisivos, segundos pré-molares, primeiros molares)
As radiografias periapicais dos caninos e primeiros molares e foram limpos e testados nas superfícies bucais.
as radiografias panorâmicas foram tiradas no início e no final Antes do início do tratamento, a vitalidade pulpar foi testada
do procedimento da distração para avaliar as estruturas com um aparelho eletrônico de teste pulpar. Todos os dentes
radiculares. Os escores da reabsorção radicular foram detecta­ reagiram positivamente, exceto por um incisivo central superior
dos de acordo com a escala modificada de Sharpe et al.,24
como se segue:
• S0 = Nenhuma reabsorção radicular
• S1 = Alargamento do espaço do ligamento periodontal (LP) TABELA 25-1
no ápice radicular
• S2 = Apagamento moderado do ápice radicular acima do um
Estudo da Idade e Duração da Distração
terço do comprimento da raiz Dentoalveolar*
• S3 = Apagamento grave do ápice radicular abaixo do um Média DP Mínimo Máximo
terço do comprimento da raiz Idade, início da 16,53 3,76 13,08 25,67
Nenhuma evidência clínica ou radiográfica de complicações distração (anos)
(p. ex., fratura radicular, reabsorção radicular, anquilose, deis­ Duração da 10,05 2,01 8,0 14
cência de tecido mole) foi observada nos pacientes da DDA distração (anos)
(Fig. 25-8).13 Taxa de ativação do 0,8 mm/dia
parafuso

Vitalidade Dentária Extraído de İşeri H, Kişnişci R, Bzeizi N, Tüz H: Am J Orthod


Dentofac Orthop 127:533-541, 2005.
A vitalidade pulpar foi avaliada e registrada com um aparelho *20 caninos em 10 indivíduos.
eletrônico de teste pulpar digital e de teste pulpar térmico.13 DP, Desvio padrão.

TABELA 25-2
Alterações Dentoesqueléticas com Distração Dentoalveolar dos Caninos
Início da Distração (média ± DP) Término da Distração (média ± DP) Diferença (Teste T) (média ± DP)
Medidas Maxilares (graus)
s n ss 77,58 ± 4,08 77,60 ± 4,11 0,05 ± 0,54
NSL/NL 8,90 ± 3,11 9,38 ± 2,45 0,49 ± 1,28
Medidas Mandibulares (graus)
s n sm 73,57 ± 2,31 73,29 ± 2,41 −0,29 ± 0,63
NSL/ML 37,94 ± 5,84 38,61 ± 5,91 0,67 ± 0,80*
Medidas Maxilomandibulares
ss n sm° 4,10 ± 2,43 4,65 ± 2,73 0,54 ± 0,97
n me (mm) 127,00 ± 8,12 128,00 ± 8,15 0,99 ± 0,57†
Sobremordida (mm) 3,19 ± 2,06 2,71 ± 1,64 −0,48 ± 1,20
Sobressaliência (mm) 5,83 ± 4,16 5,50 ± 4,08 −0,34 ± 0,44*
Medidas Dentoalveolares
NSL/ can inc (graus) 93,85 ± 9,82 84,20 ± 5,92 13,15 ± 4,65†
NSL-is (mm) 84,39 ± 3,86 84,68 ± 4,08 0,29 ± 0,62
NSL-ms (mm) 72,63 ± 3,62 73,14 ± 3,77 0,51 ± 0,93
NSLv-is (mm) 101,31 ± 5,40 101,31 ± 5,41 −0,01 ± 1,01
NSLv-ms (mm) 63,01 ± 7,93 62,82 ± 7,91 0,19 ± 0,31

Extraído de İşeri H, Kişnişci R, Bzeizi N, Tüz H: Am J Orthod Dentofac Orthop 127:533-541, 2005.
*p < 0,05.
*p < 0,01.
Pontos e planos de referência: s, sela; n, násio; ss, ponto A; is, margem incisal do incisivo central superior; ms, ponto mais anteroinferior
do primeiro molar superior; sm, ponto B; me, mento; can inc, inclinação do canino, linha desde ponto mais inferior do tubérculo do
canino superior ao ápice radicular do canino superior; NSL, s-n linha que representa a base craniana anterior como um plano de
referência horizontal; NSL-v, plano de referência vertical perpendicular a NSL em s; NL, plano nasal; ML, plano mandibular.
328 Parte III   Manejo de Casos Complexos e em Adultos

Fig. 25-8 Aparência radiográfica do canino superior em avaliação. As alterações no osso alveolar
no lado proximal foram a perda (setas pretas) e ganho (setas brancas) na mineralização. Existe uma
imagem clara de lâmina dura no lado proximal do canino em avaliação com seis e 12 meses (M).
Não existe evidência radiográfica de fratura radicular, reabsorção radicular ou anquilose. (Extraído
de Gürgan C, İşeri H, Kişnişci R: Eur J Orthod 27:324-332, 2005.)

direito de um paciente com terapia endodôntica prévia. Ao Tratamento com Aparelho Fixo nos Casos de DDA
término do procedimento da DDA e durante o tratamento com
aparelho ortodôntico fixo, nenhuma reação confiável ao teste Os estágios do tratamento ortodôntico com aparelho fixo para
pulpar foi obtida nos indivíduos estudados. Contudo, todos os os pacientes de DDA, foram os seguintes:
dentes reagiram positivamente na avaliação de seis meses após 1. Término da DDA
o tratamento. 2. Colocação de um fio de ligadura de 0,010 polegada entre o
canino e o primeiro molar antes da remoção do distrator
(Figs. 25-6 e 25-7, 11 dias)
Estado Periodontal
3. Início do tratamento com aparelho fixo nos arcos dentários
Em 2005, Gürgan et al.14 avaliaram as alterações que ocorreram superior e inferior.
nas dimensões gengivais dos dentes caninos após a DDA durante 4. Remoção do fio de ligadura de 0,010 polegadae colocação de
um período de controle de 12 meses. Antes da cirurgia (pré-­ um novo fio de ligadura de 0,008 polegada entre o tubo do
-DDA), imediatamente após a remoção do dispositivo (pós- primeiro molar e o bráquete do canino
DDA) e, em um, seis e 12 meses pós-DDA, o índice de placa 5. Colocação de um arco de níquel-titânio (NiTi) de 0,014
(IP), o índice gengival (IG), a profundidade de bolsa (PB), e polegada para nivelamento (3-6 semanas)
largura da gengiva queratinizada foram registrados e a largura 6. Colocação de um arco de NiTi de 0,016 polegada para nive­
da gengiva inserida foi calculada (Fig. 25-9). lamento (se necessário, por três semanas)
Existiram diferenças significativas entre pré-DDA e pós-DDA 7. Colocação de um arco de 0,016 × 0,016 polegada com alças
das medidas de PB em todos os sítios, com a maior no aspecto fechadas reversas para retração do canino e controle do
distal. Da mesma forma, as áreas palatinas mostraram diferen­ torque (3-4 meses)
ças significativas com um, seis e 12 meses de controle compa­ 8. Colocação de um arco de finalização de 0,017 × 0,025 ou de
rado com o período pós-DDA. Os lados vestibulares não 0,018 × 0,025 polegada (três meses)
mostraram alterações significativas em nenhum momento. A 9. Término do tratamento ortodôntico (9-12 meses)
largura da gengiva queratinizada também não mostrou dife­
rença significativa durante o período de controle; a largura da
Caso 1
gengiva inserida foi significativa somente entre os períodos de
pré-DDA e pós-DDA (p < 0,01). O estado periodontal foi Paciente gênero masculino de 14 anos e seis meses de idade,
normal em todos os casos ao término do primeiro ano do trata­ Classe II, Divisão 2, apresentou-se com queixa principal de
mento ortodôntico após a DDA. Os valores de IP e IG estavam apinhamento anterior no arco dentário superior e aparência
aumentados após a cirurgia e, então, gradualmente diminuíram dentária antiestética no sorriso (Fig. 25-10). Ele tinha uma
entre os períodos de um, seis e 12 meses. As medidas da PB em relação de molar e canino Classe II com um sobressaliência de
três sítios, outros além do sítio vestibular, estavam aumentadas 6 mm e 1 mm de acordo com o incisivo central superior direito
pela DDA, mas diminuíram significativamente durante o e esquerdo, respectivamente. Seu perfil era ligeiramente convexo.
período de controle. Ao início do tratamento, ele tinha um sobremordida de 4 mm,
Portanto, a técnica da DDA foi considerada um método ino­ e 8 mm e 2,5 mm de apinhamento na maxila e mandíbula,
vador viável para reduzir o tempo de tratamento ortodôntico respectivamente. Seu incisivo lateral superior direito estava
sem efeitos desfavoráveis a longo prazo nos tecidos gengivais. localizado palatinamente e escondido, enquanto que o incisivo
Capítulo 25   Biomecânica do Movimento Dentário Rápido 329

TABELA 25-3
Valores Cefalométricos para o Caso 1
Pré-DDA Pós-DDA Fim do Tratamento
Medidas Maxilares (graus)
s n ss 82,75 83,41 81,76
NSL/NL 11,24 10,53 12,57
Medidas Mandibulares (graus)
s n sm 76,83 77,62 75,95
NSL/ML 34,95 36,35 35,83
Medidas Maxilomandibulares
ss n sm (graus) 5,92 5,79 5,81
NL/ML (graus) 23,71 21,61 23,27
Sobremordida (mm) 2,75 2,93 1,80
Sobressaliência (mm) 6,07 5,88 2,45
Medidas Dentoalveolares
NL/ILs (graus) 113,93 114,83 108,69
NL/can inc (graus) 119,50 103,81 102,77
NL/MLs (graus) 100,78 100,70 101,11
NLv-is (mm) 1,82 1,86 5,60
NLv-uc (mm) 1,45 8,03 9,93
NLv-ms (mm) 25,17 25,37 25,66
NL-is (mm) 30,83 30,29 33,16
NL-uc (mm) 27,62 32,98 32,99
NL-ms (mm) 27,18 25,38 28,52
Fig. 25-9 Mensurações da profundidade de bolsa (A) mesial,
bucal, distal e palatina e da largura da gengiva queratinizada e inse­ DDA, Distração dentoalveolar; Fim do Tratamento, fim do
rida (B) em cada sítio durante o tratamento e na avaliação. A média tratamento ortodôntico; ILs, inclinação do incisivo central
e o desvio-padrão (DP) estão apresentados na Tabela 25-2. DDA, superior; MLs, inclinação do molar superior; NLv, plano de
Distração dentoalveolar. A, 1, p < 0,05, entre pré-DDA e pós-DDA referência vertical paralelo à NL; uc, ponto mais inferior do
para os sítios mesiais; 2, p < 0,05, entre pós-DDA e um mês para os tubérculo do canino superior.
sítios mesiais; 3, p < 0,001, entre pré-DDA e pós-DDA para os sítios
distais; 4, p < 0,01, entre pós-DDA e seis meses para os sítios distais;
5, p < 0,001, entre pré-DDA e pós-DDA para os sítios palatinos; 6, eliminar o apinhamento e a sobressaliência aumentada, através
p <0,05, entre pós-DDA e um mês para os sítios palatinos; 7, p < da retração do canino e incisivo.
0,001, entre pós-DDA e seis meses para os sítios palatinos; 8, p < O paciente preferiu o tratamento ortodôntico rápido de um
0,001, entre pós-DDA e 12 meses para os sítios palatinos; T, DP. B, ano de duração, sem o uso dos aparelhos de ancoragem
p < 0,01, entre pré-DDA e pós-DDA; T, DP. (Redesenhado de extrabucal. A cirurgia de DDA, protocolo de DO, e os procedi­
Gürgan C, İşeri H, Kişnişci R: Eur J Orthod 27:324-332, 2005.) mentos ortodônticos foram descritos em detalhe, e um termo
de consentimento informado foi assinado pelo paciente e por
seu pai. O plano de tratamento foi, portanto, a extração bila­
teral do primeiro pré-molar superior, seguida pela retração
lateral superior esquerdo estava posicionado labialmente. A rápida do canino com DDA, então, o tratamento com aparelho
avaliação intrabucal mostrou que a linha média maxilar estava ortodôntico fixo, sem dispositivos de ancoragem extrabucal ou
desviada 1 mm para o lado direito e a linha média mandibular intrabucal.
estava desviada 1 mm para o lado esquerdo. Seu primeiro molar
inferior esquerdo estava ausente. A Tabela 25-3 fornece os
Progresso do Tratamento
valores cefalométricos iniciais do paciente.
A cirurgia de distração dentoalveolar foi executada e o distrator
cimentado no canino e no primeiro molar imediatamente após
Plano de Tratamento
a cirurgia. A distração foi iniciada dentro de três dias após a
A extração bilateral do pré-molar superior foi considerada cirurgia. O distrator foi ativado duas vezes ao dia, pela manhã
devido ao apinhamento severo na maxila e a sobressaliência e à noite, para um total de 0,8 mm/dia. O movimento rápido do
aumentada. As opções de tratamento convencionais e rápidas canino utilizando os princípios da DO foi finalizado em 10 dias
foram explicadas ao paciente e seus responsáveis, incluindo o e os distratores foram removidos quando os dentes caninos
aparelho extrabucal cervical para máxima ancoragem para entraram em contato com os segundos pré-molares.
Fig. 25-10 Caso 1. Distração dentoalveolar dos caninos superiores, desde o início ao término da
distração. A distração total dos caninos foi finalizada em 10 dias. A a E, Vistas oclusais. F a J, Vistas
frontais do início da DDA ao término do tratamento ortodôntico, o qual foi finalizado em nove
meses. A DDA foi completada em 10 dias, e uma ligadura foi colocada entre o canino e o primeiro
molar antes da remoção do distrator. Aparelhos fixos foram imediatamente colocados após a remoção
do distrator e as ligaduras foram, então, colocadas sob arco entre os bráquetes do canino que sofreu
distração e os tubos do primeiro molar e mantida no local por três meses. K a O, Vistas intrabucais
do lado esquerdo.
Capítulo 25   Biomecânica do Movimento Dentário Rápido 331

Fig. 25-10 (Continuação) P a T, Vistas intrabucais do lado direito. Continua

Edema suave foi observado após a cirurgia de DDA, mas ragem extrabucal ou intrabucal tenha sido usado durante a DDA
nenhuma alteração significativa de tecido mole foi observada ao e o tratamento ortodôntico com aparelho fixo.
final dos 10 dias. A análise radiográfica dos caninos superiores antes e após a
Após a remoção dos distratores, o tratamento ortodôntico DDA e após o tratamento ortodôntico (nove meses) não indicou
com aparelho fixo foi imediatamente iniciado. Primeiro, um evidência de complicações tais como reabsorção radicular,
arco de NiTi de 0,014 polegada e depois de 0,016 polegada fratura radicular ou anquilose (Fig. 25-12).
foram colocados nos arcos dentários superior e inferior para
nivelamento. Na consulta seguinte, um arco de aço inoxidável
Caso 2
de 0,016 × 0,016 polegada com alça fechada reversa foi usado
para fechar o pequeno espaço da extração no lado superior Paciente do gênero feminino de 16 anos e nove meses de idade,
esquerdo. Após o fechamento do espaço da extração, arcos de apresentou-se com a queixa principal de sobressaliência
aço inoxidável de 0,017 × 0,025 polegada foram usados para aumentada (Fig. 25-13). Seu perfil era convexo e ela tinha uma
manutenção do torque adequado em ambos arcos dentários. distância interlabial aumentada causada pela protrusão dos
Elástico de Classe II do segundo molar inferior esquerdo foram incisivos superiores. A paciente exibia uma sobressaliência de
usados para fechar o espaço do primeiro molar inferior esquerdo 10 mm, uma relação Classe II de molar e canino, e um arco
ausente, assim como para corrigir a linha média desviada. dentário maxilar estreito ao início do tratamento. Ela tinha
uma sobremordida de 4 mm e um apinhamento de 3 mm e
0,5 mm na maxila e mandíbula, respectivamente. A linha média
Resultados do Tratamento
mandibular estava desviada 4 mm para o lado esquerdo. Havia
A relação Classe I de canino e Classe II de molar foi obtida ao uma restauração de amálgama no primeiro molar inferior
término do tratamento ortodôntico. Os valores cefalométricos esquerdo. A Tabela 25-4 fornece as medidas cefalométricas ini­
do paciente após a DDA e ao término do tratamento ortodôn­ ciais da paciente.
tico estão na Tabela 25-3. A medida cefalométrica e a super­
posição não mostraram perda de ancoragem sagital ou vertical
Plano de Tratamento
na região do primeiro molar superior durante a DDA e o trata­
mento com aparelho fixo. Os dentes caninos movimentaram-se Explicação detalhada sobre as opções de tratamento convencio­
6,6 mm posteriormente, 5,4 mm verticalmente, e inclinaram nal e rápido foi dada à paciente e aos seus responsáveis. Devido
15,7 graus (canino superior direito) durante a DDA (10 dias). à sobressaliência de 10 mm, a paciente foi informada sobre o
A relação de Classe I de canino e Classe II de molar e uma possível uso do aparelho extrabucal cervical por razões de
sobremordida e sobressaliência ideais foram obtidas após o máxima ancoragem relacionada a distalização do canino supe­
tratamento ortodôntico em nove meses. rior e retração do incisivo. A extração dos primeiros pré-molares
A superposição cefalométrica nas estruturas maxilares indicou superiores e o uso de aparelhos de ancoragem extrabucal para
a distalização total dos caninos, assim como uma retração acen­ retração dos caninos e incisivos superiores para eliminar a
tuada dos incisivos (Fig. 25-11). Nenhuma perda de ancoragem sobressaliência foram apresentados como a modalidade de
posterior foi observada, mesmo que nenhum aparelho de anco­ tratamento convencional. Diferentes opções foram oferecidas
332 Parte III   Manejo de Casos Complexos e em Adultos

Fig. 25-11 Superposição maxilar para o Caso 1 indica a retra­


ção total dos caninos e eliminação do apinhamento grave sem
nenhuma perda de ancoragem posterior durante a DDA e o trata­
mento ortodôntico com aparelho fixo. Linha preta, Antes da DDA;
linha azul, após DDA (10 dias); linha vermelha, término do trata­
mento ortodôntico (nove meses).

TABELA 25-4
Valores Cefalométricos para o Caso 2
Pré-DDA Pós-DDA Fim do Tratamento
Medidas Maxilares (graus)
s n ss 73,74 73,60 73,42
NSL/NL 12,13 11,50 10,96
Medidas Mandibulares (graus)
s n sm 70,84 70,47 69,26
NSL/ML 40,23 40,26 42,41
Medidas Maxilomandibulares
ss n sm (graus) 2,90 3,13 4,16
NL/ML (graus) 28,10 28,76 31,45
Sobremordida (mm) 4,23 4,31 1,54
Sobressaliência (mm) 9,73 9,61 3,20
Fig. 25-10 (Continuação) U a Z, Fotografias faciais do início Medidas Dentoalveolares
da DDA (U e V), do término da DDA (W e X) e do término do
NL/ILs (graus) 118,07 118,02 100,73
tratamento ortodôntico (Y e Z). Nenhuma alteração significativa de
NL/can inc (graus) 105,63 93,40 94,81
tecido mole (edema) foi observada após a cirurgia.
NL/MLs (graus) 88,48 90,05 90,88
NLv-is (mm) 1,65 1,46 7,68
NLv-uc (mm) 5,71 13,39 13,70
para manter a ancoragem posterior adequada durante a retra­ NLv-ms (mm) 30,74 30,58 29,22
ção do canino e incisivo, incluindo mecanismos extraorais NL-is (mm) 31,08 30,04 30,39
NL-uc (mm) 29,75 27,86 27,77
(aparelho cervical) e intrabucais (mini-implantes ou implantes
NL-ms (mm) 118,07 118,02 100,73
zigomáticos).
O paciente preferiu o tratamento ortodôntico rápido de um
ano de duração sem o uso de dispositivos de ancoragem extrabu­
cais ou intrabucais. Informação sobre a cirurgia de DDA, pro­ portanto, a extração bilateral do primeiro pré-molar superior,
tocolo de DO e procedimentos ortodônticos foram, então, seguida pela retração rápida do canino com DDA e, então, o
fornecidos e um termo de consentimento informado foi assi­ tratamento com aparelho ortodôntico fixo, sem dispositivos de
nado pela paciente e seu responsável. O plano de tratamento foi, ancoragem extra ou intrabucal.
Capítulo 25   Biomecânica do Movimento Dentário Rápido 333

Progresso do Tratamento

A cirurgia de distração dentoalveolar foi executada e o distrator


cimentado no canino e no primeiro molar imediatamente após a
cirurgia. A distração foi iniciada dentro de três dias após a cirur­
gia. O distrator foi ativado duas vezes ao dia, pela manhã e à noite,
para um total de 0,8 mm/dia. Quando os dentes caninos entraram
em contato com os segundos pré-molares, os distratores foram
removidos. A fase de distração continuou por 13 dias.
Edema suave foi observado após a cirurgia de DDA, mas
nenhuma alteração significativa de tecido mole foi observada ao
final dos 13 dias.
O tratamento ortodôntico com aparelho fixo foi imediata­
mente iniciado após a remoção dos distratores, e arcos de NiTi de
0,016 polegada foram colocados em ambos os arcos. Ao nível do
estágio de nivelamento (dois meses após a DDA), um arco de aço
inoxidável de 0,016 × 0,022 polegada com alça fechada reversa foi
usado para retração dos dentes anteriores superiores. Ao término
da retração dos incisivos superiores, arcos de aço inoxidável de
0,017 × 0,025 polegada foram colocados em ambos os arcos para
a fase de finalização. O tratamento ortodôntico total durou 10
meses. A Tabela 25-4 fornece os valores cefalométricos da paciente
após a DDA e ao término do tratamento ortodôntico.

Resultados do Tratamento
A sobressaliência foi eliminada e uma relação de Classe I de canino
e Classe II de molar foram obtidas ao término do tratamento
ortodôntico. De acordo com a análise cefalométrica, os caninos
movimentaram-se 7,7 mm posteriormente, 1,9 mm verticalmente
e inclinaram 12,2 graus com a DDA em 13 dias. Os primeiros
molares superiores não exibiram alterações significativas mesial,
vertical ou angular durante ou após a DDA. A superposição cefa­
lométrica indicou distalização acentuada do canino superior e
retração dos incisivos (Tabela 25-4). Não houve perda de ancora­
gem posterior sagital ou vertical durante a DDA e durante o Fig. 25-12 Aparência radiográfica dos caninos superiores no
tratamento ortodôntico com aparelho fixo (Fig. 25-14). Caso 1 antes e após a DDA e após o tratamento ortodôntico com
A análise radiográfica dos caninos superiores antes e após a nove meses. A, Início do tratamento; B, 10 dias de tratamento (fim
DDA e após o tratamento ortodôntico (10 meses) não indicou da DDA); C, dois anos após o tratamento. Não houve evidência
evidência de complicações, tais como reabsorção radicular, radiográfica de reabsorção radicular, fratura radicular ou anquilose.
fratura radicular ou anquilose (Fig. 25-15).

Indicações Da Dda Conclusão


Os seguintes pacientes seriam bons candidatos para o movi­ A distração dentoalveolar (DDA) para o movimento dentário
mento dentário rápido usando a DDA: ortodôntico rápido é baseada nos princípios da distração
1. Pacientes com problemas de aceitação (por razões sociais e osteogênica (DO). A DDA encurta o tempo total do tratamento
profissionais) ortodôntico nos casos de extração. A retração rápida do canino
2. Adolescentes velhos e pacientes adultos com apinhamento pela DDA é baseada em quatro períodos sequenciais da DO:
moderado ou grave osteotomia, latência curta, distração e consolidação incluindo o
3. Pacientes adultos Classe II, Divisão 1 tratamento ortodôntico ativo, particularmente para se benefi­
4. Pacientes com biprotrusão ciar da câmara de distração não calcificada para resolver o api­
5. Pacientes de cirurgia ortognática necessitando de descom­ nhamento anterior e a protrusão dos incisivos, se necessária. Após
pensação dentária a cirurgia de DDA, a distração é iniciada dentro de três dias. O
6. Pacientes com malformações na forma radicular, raízes distrator é ativado duas vezes ao dia, pela manhã e à noite, para
curtas e problemas periodontais um total de 0,8 mm/dia. O canino é movimentado no seu osso
7. Pacientes com dentes anquilosados alveolar circunjacente como um “disco de transporte” ósseo
334 Parte III   Manejo de Casos Complexos e em Adultos

Fig. 25-13 Caso 2. Distração dentoalveolar dos caninos superiores, desde o início ao término da
distração. A distração total dos caninos foi finalizada em 13 dias. A a E, Vistas oclusais. F a J, Vistas
frontais do início da DDA ao término do tratamento ortodôntico, o qual foi finalizado em nove
meses. A DDA foi completada em 13 dias. Aparelhos fixos foram imediatamente colocados após a
remoção do distrator e as ligaduras foram mantidas entre os bráquetes do canino que sofreu distração
e os tubos do primeiro molar por três meses.
Capítulo 25   Biomecânica do Movimento Dentário Rápido 335

Fig. 25-13 (Continuaçào) K a O, Vistas intrabucais do lado esquerdo. P a T, Vistas intrabucais


do lado direito.  Continua
336 Parte III   Manejo de Casos Complexos e em Adultos

Fig. 25-13 Continuaçào U a Z, Fotografias faciais do início da


DDA (U e V), do término da DDA (W e X) e do término do trata­
mento ortodôntico (Y e Z). Edema suave foi observado após a
cirurgia.

Fig. 25-14 Superposição maxilar para o Caso 2 mostra a retração


total dos caninos sem nenhuma perda de ancoragem posterior durante Fig. 25-15 Aparência radiográfica dos caninos superiores no
a DDA e o tratamento ortodôntico com aparelho fixo. Retração sig­ Caso 2 em diferentes estágios do tratamento ortodôntico. A, Início
nificativa dos incisivos superiores também foi obtida sem nenhuma do tratamento; B, 10 meses de tratamento (fim do tratamento
perda de ancoragem posterior durante o tratamento ortodôntico. ortodôntico com aparelho fixo); C, dois anos após o trata­
Linha preta, Antes da DDA; linha azul, após DDA (13 dias); linha mento. Não houve evidência radiográfica de reabsorção radicular,
vermelha, término do tratamento ortodôntico (10 meses). fratura radicular ou anquilose.
Capítulo 25   Biomecânica do Movimento Dentário Rápido 337

alveolar. Os caninos podem ser completamente retraídos para o nucleotide levels by combined force and electric currents, Am
espaço da extração dos pré-molares em oito a 14 dias. J Orthod 77:33-47, 1980.
Com a técnica da DDA, os dentes ancorados podem suportar 10. Liou EJW, Huang CS: Rapid canine retraction through distrac­
as forças de retração sem perda de ancoragem, e os dentes tion of the periodontal ligament, Am J Orthod Dentofac Orthop
114:372-381, 1998.
podem ser movimentados rapidamente sem complicações
11. İ şeri H, Bzeizi N, Kişnişci R: Rapid canine retraction using
(reabsorção radicular, fratura radicular, anquilose, problemas
dentoalveolar distraction osteogenesis, Eur J Orthod 23:453,
periodontais e de tecido mole). A DDA reduz o tempo total do
2001. (abstract).
tratamento ortodôntico em cerca de 50%; a duração é de nove 12. Kişnişci R, I˙şeri H, Tüz H, Altuğ A: Dentoalveolar distraction
a 12 meses nos casos de maloclusão moderada a grave, sem osteogenesis for rapid orthodontic canine retraction, J Oral
efeitos desfavoráveis em longo prazo nos tecidos duros e moles Maxillofac Surg 60:389-394, 2002.
(gengivais) circunjacentes. Utilizando a DDA, não há necessi­ 13. I˙şeri H, Kişnişci R, Bzeizi N, Tüz H: Rapid canine retraction
dade de mecanismos de ancoragem extrabucal ou intrabucal, and orthodontic treatment with dentoalveolar distraction
mesmo nos casos de ancoragem máxima. osteogenesis, Am J Orthod Dentofacial Orthop 127:533-541,
2005.
14. Gürgan C, I˙şeri H, Kişnişci R: Alterations of gingival dimen­
sions following rapid canine retraction using dentoalveolar
Referências distraction osteogenesis, Eur J Orthod 27:324-332, 2005.
15. Ilizarov GA: The principles of Ilizarov method, Bull Hosp Joint
1. Reitan K: Clinical and histological observations on tooth move­ Dis Orthop Inst 48:1-11, 1988.
ment during and after orthodontic treatment, Am J Orthod 53: 16. Codivilla A: On THA means of lengthening in THA lower
721-745, 1967. limbs, THA muscles and tissues which are shortened through
2. Rygh P: Elimination of hyalinized periodontal tissues associ­ deformity, Am J Orthop Surg 2:353-369, 1905.
ated with orthodontic tooth movement, Scand J Dent Res 80: 17. Snyder CC, Levine GA, Swanson HM, Browne EZ Jr: Man-
57-73, 1974. dibular lengthening by gradual distraction, Plast Reconstr Surg
3. Köle H: Surgical operations of the alveolar ridge to correct 51:506-508, 1973.
occlusal abnormalities, Oral Surg Oral Med Oral Pathol 12: 18. Michieli S, Miotti B: Lengthening of mandibular body by
515-529, 1959. gradual surgical-orthodontic distraction, J Oral Surg 35:187-
4. Anholm M, Crites D, Hoff R, Rathbun E: Corticotomy-facili­ 192, 1977.
tated orthodontics, Calif Dent Assoc J 7:8-11, 1986. 19. Guerrero C: Expansion mandibular quirurgica, Rev Venez
5. Gantes B, Rathburn E, Anholm M: Effects on the periodon- Ortod 1–2:48-50, 1990.
tium following corticotomy-facilitated orthodontics: case 20. McCarthy JG, Schreiber JS, Karp NS et al: Lengthening the
reports, J Periodontol 61:234-238, 1990. human mandible by gradual distraction, Plast Reconstr Surg 89:
6. Suya H: Corticotomy in orthodontics. In Hösl E, Baldauf A, 1-10, 1992.
editors: Mechanical and biological basics in orthodontic therapy, 21. Reitan K: Initial tissue behaviour during apical root resorption,
Heidelberg, Germany, 1991, Hütlig Buch, pp. 207-226. Angle Orthod 44:68-82, 1974.
7. Wilcko WM, Wilcko T, Bouquot JE, Ferguson DJ: Rapid ortho­ 22. Reitan K: Biomechanical principles and reactions. In Graber
dontics with alveolar reshaping: two case reports of decrowd­ TM, Swain BF, editors: Current principles and techniques, St
ing, Int J Periodont Restor Dent 21:9-19, 2001. Louis, 1985, Mosby, pp. 108-123.
8. Davidovitch Z, Finkelson MD, Steigman S et al: Electric cur­ 23. Pilon JJGM, Kuijpersa-Jagtman AM, Maltha JC: Magnitude of
rents, bone remodeling and orthodontic tooth movement. I. orthodontic forces and rate of bodily tooth movement, an
The effect of electric currents on periodontal cyclic nucleotides, experimental study in beagle dogs, Am J Orthod Dentofac
Am J Orthod 77:14-32, 1980. Orthop 110:16-23, 1996.
9. Davidovitch Z, Finkelson MD, Steigman S et al: Electric cur­ 24. Sharpe W, Reed B, Subtelny JD, Polson A: Orthodontic relapse,
rents, bone remodeling and orthodontic tooth movement. II. apical root resorption, and crestal alveolar bone level, Am J
Increase in rate of tooth movement and periodontal cyclic Orthod Dentofac Orthop 91:252-258, 1987.
Página deixada intencionalmente em branco

C0125.indd 1 4/6/11 11:53:03 AM


Biomedicina
Aplicada à
Ortodontia
PA R T E

IV
Página deixada intencionalmente em branco

C0125.indd 1 4/6/11 11:53:03 AM


C ap í t u lo
26
Mecanotransdução de
Forças Ortodônticas
SunilWadhwa, Ravindra Nanda, and
Carol Pilbeam

A
carga mecânica aplicada ao osso é essencial para manuten­ 2. O ligamento periodontal e o osso alveolar devem possuir
ção de sua massa e integridade. Conceitualmente, o osso células com habilidade de detectar sinais de carga mecânica
se adapta a tensões mecânicas naturais (peso, traciona­ induzida (células mecanossensitivas).
mento muscular) e terapêuticas (forças ortodônticas), desta 3. Células mecanossensitivas devem possuir um mecanismo
maneira um melhor equilíbrio entre a tensão mecânica e a capaci­ sensível ao sinal (mecanorreceptores).
dade de suportar carga do tecido ósseo é alcançado.1,2 Por exemplo, 4. Mecanorreceptores devem fazer a transdução da informação
aumento de carga, como acontece no braço de tenistas, resulta de carga para sinais intracelulares.
em aumento na formação óssea.3 Em contraste, a diminuição de 5. Sinais intracelulares, dentro de células mecanossensitivas, levam
aplicação de carga, como a que ocorre durante imobilizações4 ou à produção e liberação de mediadores celulares que transmitem
em voos espaciais,5 pode diminuir a formação óssea e aumentar a informação de carga mecânica para outras células.
a reabsorção, resultando em perda óssea. As principais respostas dos ossos mecanossensitivos e das
Quando uma força externa é aplicada ao osso, o resultado é células do ligamento periodontal à carga mecânica incluem
o deslocamento de partículas de suas posições originais. O ativação dos caminhos de sinalização e transcrição de novos
deslocamento difere de uma partícula para outra resultando em genes, levando à produção de mediadores celulares, tal como
modificação do contorno ou do volume ósseo. Esta modificação óxido nítrico (ON) e prostaglandina E2 (PGE2), acredita-se que
é chamada de deformação. Em um sistema simples, linear e uni- estes mediadores desempenham um importante papel na regu­
dimensional, como estiramento uniforme de um fio, a deforma- lação local da formação óssea e reabsorção observada no movi­
ção é definida como mudança fracionária do comprimento, mento dentário ortodôntico.
ε = (variação no comprimento)/(comprimento original). Apesar
de a deformação ser adimensional, é comum medi-la em
microdeformação (mε), ou 10−6. Por exemplo, uma deformação MECANOTRANSDUÇÃO
de 0,01 equivale a 10.000 mε, ou 1%, que seria considerada uma
Mecanismos de Transdução
grande deformação óssea. Estes deslocamentos geram tensões,
que equivalem à força por unidade de área (σ), nas superfícies Quando uma força ortodôntica é aplicada aos dentes, ela deve
internas dentro do osso. Para sólidos elásticos lineares, tensão e ser transformada em um sinal detectável por células mecanos­
deformação são proporcionais, σ = (constante) × (ε). sensitivas. Três possíveis mecanismos de transdução têm sido
Para o tecido ósseo alveolar submetido à carga mecânica, as propostos (Fig. 26-1). Primeiro, a carga sobre o ligamento perio­
forças ortodônticas devem ser convertidas em sinais intracelu­ dontal e osso causa deformação da matriz. A mecanossensibili­
lares nas células não mecanossensitivas. Esta informação deve dade das células do ligamento periodontal, dos osteoblastos e
então ser transmitida a outras células mecanossensitivas pro­ osteócitos está relacionada à quantidade de deformação ou
duzindo uma resposta coordenada. Para que isso aconteça, os tensão que elas vivenciam.
seguintes eventos devem ocorrer: Segundo, tem sido proposto que as células, por si só, não
1. Forças ortodônticas externas devem ser convertidas em sofrem deformação significante, porém, respondem ao fluido da
sinais detectáveis pelas células (mecanismo de transdução). tensão de cisalhamento gerado pela deformação da matriz. O

341
342 Parte IV   Biomedicina Aplicada à Ortodontia

ósseas. Em um estudo, células osteoblásticas foram incubadas em


uma membrana de poliestireno e submetidas a uma tensão linear
unidirecional pelo estiramento da membrana em uma extensão de
500 a 5.000 mε. Após a aplicação de carga, não ocorreu aumento na
produção dos dois fatores que acreditava-se serem importantes na
mediação dos efeitos de aplicação de carga no osso, ON e PGE2.
Contrastando, pesquisadores encontraram que exposição de células
osteoblásticas ao fluxo aumentado do fluido induziu a produção
de ambos, PGE2 e ON.14 Outro estudo utilizou uma técnica que
produz níveis uniformes de deformação e de tensão de cisalha­
mento do fluido, e isto permitiu que ambos, tensão de cisalhamento
e deformação, variassem de maneira independente.15 A expressão do
ácido ribonucleico mensageiro (ARNm) da osteopontina (OPN), um
Fig. 26-1 Força mecânica no meio celular. Carregamento marcador de diferenciação osteoblástica, foi utilizada para avaliar a
esquelético gera deformação do tecido duro, causando tensão por resposta anabólica de células osteoblásticas MC3T3-E1. Quando a
toda a superfície celular e escoamento do fluido através da rede de força dos fluidos era baixa, nem a magnitude tampouco a taxa de
canalículos e lacunas, fazendo com que as forças de cisalhamento deformação se correlacionaram com a expressão da OPN. Magni­
se arrastem sobre as células, que campos elétricos dinâmicos se tudes maiores da tensão de cisalhamento do fluido, entretanto,
formem à medida que ocorre o escoamento do fluido intersticial aumentaram significativamente os níveis de mensagem de OPN,
carregado de cristais ósseos. (Redesenhado de Rubin J, Rubin C,
independentemente da magnitude ou da taxa de deformação. O
Jacobs CR: Molecular pathways mediating mechanical signaling in
estudo sugeriu que a tensão de cisalhamento do fluido desempenha
bone, Gene 15:367:1-16, 2006.)
um papel mais importante do que a deformação, na resposta do osso,
quando submetido à carga mecânica.
osso foi descrito como uma “esponja embebida em água”, de Mais evidências de que a deformação sozinha não é mecano­
maneira que uma força compressiva de um lado, direciona o transdutora vem da comparação de dados in vivo com dados in
fluido intersticial para o outro lado. A velocidade na qual o vitro. In vivo, geralmente, a deformação em todo osso ocorre
fluido escoa, está relacionada com o ritmo pelo qual a força é tipicamente em uma faixa de 0,04 a 0,3% (400-3.000 mε), para
aplicada. Este fluido escoa através de uma rede de canalículos e locomoção de seres humanos e animais, mas raramente excede
lacunas criando uma tensão de cisalhamento na superfície dos 0,1% (1.000 mε).16,17 Presumindo-se que o estiramento da membrana
osteócitos e nas células ósseas superficiais. celular resulta diretamente da deformação do tecido vizinho,
Terceiro, foi proposto que o potencial da tensão gerada é a deformação na membrana dos osteócitos/osteoblastos deve ser
responsável pelos efeitos da carga mecânica sobre o osso. Os comparável à deformação do tecido ósseo. Entretanto, estudos in
fluidos ósseos contêm vários íons. O movimento iônico causado vitro mostram que para induzir qualquer resposta celular por
pela carga mecânica gera tensão e foi mostrado que as células deformação mecânica direta de células ósseas, esta deve ser de uma
ósseas são sensíveis aos campos elétricos. A presente pesquisa ordem de magnitude uma ou duas vezes maior do que a deforma­
indica, entretanto, que modificações presentes em diferenças de ção experimentada, normalmente, pelo osso, in vivo.18 Deformações
potencial produzidas pelo fluxo, são pequenas quando compara­ maiores, necessárias para estimular osteócitos/osteoblastos, não
das a diferenças de potenciais elétrico induzidas por contrações podem ser procedentes diretamente de deformações da matriz
musculares.6 A diferença do potencial elétrico dos músculos porque, desta maneira, causariam fratura óssea.19
prevalece completamente sobre a diferença de potencial na Um recente modelo de Weinbaum sugeriu que a quantidade
superfície óssea. O estimulo da remodelação óssea por carga, de deformação que as células osteoblásticas vivenciam, in vivo,
geralmente, está associado à atividade muscular, por este motivo, pode ser ampliada pela ação do fluxo do fluido na matriz perice­
o efeito do potencial de fluxo demonstra ser menos importante lular e de seu acoplamento ao citoesqueleto de actina intracelular.
na sinalização celular no osso, induzida por carga mecânica.7,8 Este modelo previu que os níveis fisiológicos da tensão de cisalha­
Ainda é desconhecido se o mecanismo de transdução é prin­ mento do fluido podem produzir níveis de deformações celulares
cipalmente causado pelo fluxo do fluido ou pela deformação no osso até 100 vezes maior que os níveis normais nos tecidos
efetiva da célula, por força ortodôntica. No ligamento periodon­ (0,04%-0,3%, ou 400-3.000 mε). Weinbaum concluiu que o pro­
tal, a carga mecânica gerada por aplicação de compressão ou cesso de deformação na membrana celular causado por carga,
tensão tem demonstrado ser a responsável pela regulação de pode equiparar-se à deformação in vitro medida em estudos de
uma variedade de genes.9-11 Complementando, a tensão de cisa­ cultura celular, onde respostas bioquímicas intracelulares foram
lhamento do fluido pulsante de 0,6 MPa tem demonstrado observadas nas células em substratos elásticos distendidos.19
causar a regulação da expressão gênica da interleucina-8 (IL
-8),12 ON13 e da produção de prostaglandina,13 porém é dis­
Células Mecanossensitivas
cutível se o movimento dentário ortodôntico produz este nível
de tensão de cisalhamento do fluido. O ligamento periodontal e o osso contêm uma variedade de
Experimentos in vitro comprovaram que a deformação por si tipos celulares, discute-se quais células são mecanossensitivas. Os
só não é responsável pelo mecanismo mecanotransdutor das células osteoblastos se diferenciam terminalmente em osteócitos, e são
Capítulo 26   Mecanotransdução de Forças Ortodônticas 343

circundados em lacunas mineralizadas e comunicam-se com Mecanorreceptores


outros osteócitos pelos seus prolongamentos, através de estreitos
canalículos, considera-se que eles formam o maior sistema As células do osso e ligamento periodontal devem ter a habili­
mecanossensitivo no osso.21 Um modelo teórico para a tensão de dade de converter sinais externos, tensão de cisalhamento do
cisalhamento gerada pelo fluxo nos espaços caniculares e lacu­ fluido e deformação, em sinais intracelulares. Para isto aconte­
nares desenvolvido por Weinbaum et al.22 prevê uma variação de cer, as células do ligamento periodontal e do osso devem possuir
8 a 30 dina/cm2 para a tensão de cisalhamento induzida fisiologi­ um mecanismo sensível a forças externas, o mecanismo
camente pelo fluido, composto por proteoglicanos e disposto mecanossensitivo proposto inclui a matriz estrutural do ci­­
como anéis em torno dos prolongamentos dos osteócitos. toesqueleto da integrina nuclear, vias dependentes de proteínaG,
Geralmente supõe-se que a medula sinusoide que circunda canais iônicos ativados por estiramento dentro da membrana
os osteoblastos é muito larga para gerar níveis significativos de celular e ruptura plasmática. Comprovações recentes sugerem
tensão de cisalhamento durante a carga fisiológica. Entretanto, que toda a célula é um sensor mecânico e vários caminhos
estudos recentes indicaram que níveis muito baixos de tensão diferentes encontram-se disponíveis para a transdução de um
de cisalhamento são capazes de induzir a expressão gênica da sinal mecânico.27
principal enzima necessária para a produção de PGE2, ciclo-
oxigenase–2 (COX-2), em células osteoblásticas,23 sugerindo Integrinas e o modelo baseado no equilíbrio entre
que as células osteoblásticas desempenham um papel na tensão e compressão
detecção de forças mecânicas. Quando ratos foram submetidos As integrinas compõem a principal família de receptores de
novamente à carga, após duas semanas suspensos pela cauda, superfície celular que mediam a adesão à matriz extracelular
ocorreu um aumento transitório na expressão de c-Fos nas (MEC). São compostas de subunidades transmembranosas alpha
células periostais e um aumento na expressão de COX-2 nos (a) e beta (b). Atualmente existem 16 subunidades a e oito b
osteócitos no fêmur, sugerindo que ambos, osteoblastos e conhecidas, que se dimerizam de maneira heterogênea, para pro­
osteocitos, são mecanossensitivos.24 duzir 20 receptores diferentes. A maioria das integrinas une
Interessantemente, células pré-osteoclásticas e osteoclastos ligantes que são componentes da matriz extracelular (p. ex.,
na medula óssea podem ser também mecanossensitivos, 25,26 colágeno, fibronectina, vitronectina). Estes ligantes formam liga­
apesar de ainda permanecerem obscuros os significados fisi­ ções cruzadas ou se agrupam a integrinas por união a moléculas de
ológicos destes efeitos. Pensa-se atualmente que todas ou a integrinas adjacentes na superfície celular.28 Os locais nos quais os
maioria das células são mecanossensitivas, e o seu contexto in grupos de receptores de integrina se agregam são chamados de
vivo determina a importância fisiológica de suas respostas à adesões focais. Adesões focais formam complexos que contêm
carga mecânica. proteínas associadas à actina, tais como talina, vinculina, paxilina

Fig. 26-2 Proteínas do complexo de adesão focal fisicamente interconectam a matriz extracelular
com o citoesqueleto de actina pelos encaixes ativados da integrina. Esta interconexão estrutural não
apenas serve como ancoragem, mas também media a sensibilidade mecânica. PRA, proteínas rela­
cionadas à actina. (Redesenhado de Girard PP, Cavalcanti-Adam EA, Kemkemer, et al: Cellular,
chemomechanics at interfaces: sensing, integration and response, Soft Matter 3:307-326,2007. Repro­
duzido com permissão da The Royal Society of Chemistry.)
344 Parte IV   Biomedicina Aplicada à Ortodontia

e a-actinina. Proteínas que constituem o complexo de adesão recentes mostraram que a tensão de cisalhamento do fluido
focal e interagem com porções citoplasmáticas de integrinas e aumenta a fluidez da membrana celular.39 Há a hipótese de que o
interconectam fisicamente a MEC com o citoesqueleto de aumento na fluidez da membrana é responsável pelo aumento da
actina.29 Estas interconexões estruturais não apenas servem dinâmica intramolecular e da difusividade das enzimas ligadas à
como ancoragem, mas também há a hipótese que mediam a membrana, tais como as proteínas G, levando a sua ativação. Em
sensibilidade mecânica30 (Fig. 26-2). Associados também a estes um estudo desenhado para testar este modelo, proteínas G depura­
complexos têm-se as quinases, que podem ser alvos ou iniciado­ das foram reconstituídas em vesículas fosfolipídicas de composição
ras de várias vias de sinalização. definida.40 As vesículas reconstituídas foram então preenchidas
De acordo com o modelo de equilíbrio, forças mecânicas na com TPG identificadas e submetidas à tensão de cisalhamento
célula estão equilibradas entre filamentos de actina extensíveis, utilizando um viscosímetro cone/plate. Encontrou-se que a tensão
arcabouços microtubulares e ancoragem de suporte da MEC.31 de cisalhamento ativou a hidrólise da TPG pela proteína G, loca­
As integrinas são responsáveis pela manutenção da estabilidade lizada dentro da vesícula. Complementando, a ativação da hidrólise
deste equilíbrio. Quando forças externas são aplicadas na célula, da TPG pela tensão de cisalhamento foi modulada pela com­
a tensão celular interna modifica para compensar as forças posição da membrana lipídica. Quanto mais fluida a dupla camada
externas, de maneira coordenada com mudanças na estrutura da membrana, maior é a hidrólise do TPG quando exposta à
actínica.30 Exposição prolongada das células a um fluxo de tensão de cisalhamento. Esses resultados sugerem que a tensão de
fluido estável resulta em seu realinhamento em direção ao cisalhamento do fluido pode diminuir a viscosidade da camada
fluxo, um processo conduzido pelo rearranjo do citoesqueleto. dupla de lipídeos. Esta diminuição na viscosidade altera as pro­
O citoesqueleto de actina de células expostas ao fluxo modifica- priedades físicas da membrana de dupla camada, modificando as
se de um padrão de bandas desorganizadas para fibras quase funções das proteínas da membrana, permitindo a união mem­
paralelas (fibras tensionadas) alinhadas na direção do fluxo.32,33 branaproteina G na ausência de um ligante.
Acredita-se que modificações no citoesqueleto de actina desen­ Outro estudo mostrou que a ativação da proteína G e a
cadeiam cascatas de fosforilação de proteínas nos contatos produção de ON pela tensão de cisalhamento do fluido não
focais. Tensão de cisalhamento aplicada à superfície luminal de requer citoesqueleto celular intacto nas células endoteliais,
células endoteliais resulta em remodelação direcional de locais porém é dependente da fluidez da membrana.41
de adesão focal abluminal34 e causa ativação da sinalização Essas observações indicam que a transmembrana da pro­
celular.35 O início da sinalização celular envolve uma tirosina teína G pode ser ativada pela tensão de cisalhamento do fluido
quinase não receptora denominada quinase de adesão focal independentemente do ligante e de um citoesqueleto intacto,
(QAF). QAF é tirosina fosforilada e localiza a adesão focal após sugerindo possivelmente um papel mecanorreceptor da trans­
exposição à tensão de cisalhamento do fluido.35 A ativação do membrana da proteína G. Além disso, tem sido mostrado que a
QAF por forças mecânicas leva à ativação da proteína ativada indução da produção da prostaglandina nas células osteoblásti­
mitogenicamente (PAM), via de sinalização de quinase.35,36 Da cas pela tensão de cisalhamento do fluido depende de uma
mesma forma, as integrinas estão envolvidas na indução pela proteína G sensível à toxina pertussis.42 No entanto, permanece
tensão de cisalhamento do fluido de novas expressões gênicas desconhecido se todas transmembranas das proteínas G são
nas células osteoblásticas.33,37 mecanossensitivas, ou se são os receptores da transmembrana
de outras proteínas que são mecanossensitivos. Interessante­
Vias receptoras da transmembrana proteína G mente, um receptor da não proteína G, um receptor tirosina
Outra via mecanossensorial proposta dentro da célula é através quinase ligado à membrana, pode ser ativado sem um ligante
dos receptores da transmembrana da proteína G. Os receptores pela tensão de cisalhamento do fluido nas células endoteliais.43
da proteína G contêm sete transmembranas hidrofóbicas asso­
ciadas a subunidades a, b ou gama (g), e cada subunidade é Canais iônicos sensíveis ao estiramento
codificada por linhagens genéticas separadas. A linhagem que Outra via mecanossensitiva proposta dentro das células ósseas
codifica a subunidade a é especialmente diversa. No estado de é através dos canais iônicos sensíveis ao estiramento. Canais
repouso, o difosfato guanina (DPG) é associado à subunidade iônicos existem na membrana celular que é sensível à tensão
a. No processo de união do elemento conector, o DPG é li­­ mecânica.44 A existência desses canais foi constatada utilizando-
berado e o trifosfato guanina (TPG) é então incorporado. Isto se procedimentos de pinçamento de membrana em uma varie­
causa uma mudança conformacional e a dissociação da subuni­ dade de organismos, de bactérias a mamíferos. Recentemente,
dade a-TPG das subunidades b e g. As subunidades regulam um canal iônico ativado por estiramento foi identificado em
desta forma as vias metabólicas, resultando na ativação de vários células osteoblásticas.45 Este estudo encontrou que células
mensageiros secundários, enzimas e canais iônicos. A inativação osteoblásticas expressam a subunidade alfa do canal epitelial
é causada pela hidrólise do TPG o que leva a uma nova associa­ sódico (a-ENaC), que tem se mostrado intimamente relacio­
ção da subunidade a com o DPG e com as subunidades b e g. nado a conhecidos canais iônicos ativados por estiramento em
Tem sido proposto que os receptores da transmembrana pro­ Caenorhabditis elegans. Além disso, este mesmo estudo clonou
teína G são ativados pelo fluxo do fluido. Neste modelo, a trans­ e transfeccionou a-ENaC osteoblástica dentro de uma célula da
dução da tensão de cisalhamento ocorre via camada dupla de linhagem fibroblástica, que não possuía atividade catiônica
lipídeos da membrana celular, para ativar as proteínas G na citosol ativada pelo estiramento. O a-ENaC osteoblástico reconstituído
da membrana plasmática na ausência de um ligante.38,39 Estudos causou atividade catiônica ativada por estiramento, na linha­
Capítulo 26   Mecanotransdução de Forças Ortodônticas 345

gem celular fibroblástica. Entretanto, o papel fisiológico deste envolvido a via de sinalização da fosfolipase C (FLC) na resposta
canal nos osteoblastos não foi relatado. a carga mecânica nas células osteoblasticas52,58 e a via de sinali­
Comprovações adicionais do envolvimento dos canais ativa­ zação da quinase rho na resposta a carga mecânica nas células
dos por estiramento, na resposta dos osteoblastos à carga do ligamento periodontal.59
mecânica, vêm de experimentos utilizando gadolínio, que é um As proteínas quinases mitogenicamente ativadas (PQMAs)
suposto inibidor especifico de canal iônico ativado por estira­ compõem uma família das proteínas quinases serina/treonina
mento. Gadolínio inibe a expressão do c-fos induzida por defor­ organizadas em cascatas hierárquicas. PQMAs são fosforiladas
mação46 e a expressão do fator de crescimento beta-1 induzida e ativadas por PQMA quinases (PQMAQs), as quais, por sua vez,
pela tensão do fluido de cisalhamento47 nas células osteoblásti­ são ativadas por PQMAQ quinases (PQMAQQs). PQMAQQs
cas. Tem sido relatado que gadolínio não é específico para canais são ativadas por uma variedade de interações com pequenas
iônicos ativados por estiramento e comprovou-se que causa guaninas trifosfatases e outras proteínas quinases, as quais
bloqueio de canais iônicos de cálcio (Ca++) dependente de volta­ podem interconectar esta via com outras vias de sinalização. As
gem, tornando sua utilização como inibidor específico de canais três maiores PQMAs são quinases reguladas extracelularmente
ativados por estiramento discutível.48 (QRE), quinases proteínas ativadas por tensão (JNQ/QPAT) e
Assim, o papel fisiológico e a existência de canais ativados quinase p38. Pensa-se que os fatores de crescimento e as proteí­
pelo estiramento nas células ósseas são discutíveis. nas G ativam a QRE e estas mediam a proliferação e diferencia­
ção. Por sua vez, pensa-se que JNQ e p38 são ativadas por tensão
Ruptura plasmática fisiológica e medeiam apoptose.60 Demonstrou-se que o carre­
Outro mecanismo mecanorreceptor em potencial no ligamento gamento mecânico ativa as vias QRE61,62 e JNQ63 nas células do
periodontal durante o movimento dentário é a ruptura ligamento periodontal e nas vias QRE,64 JNQ65 e p3866,67 nas
plasmática subletal. In vivo, quando a tensão mecânica é aplicada células osteoblásticas (Fig. 26-3).
em vários tecidos, uma ruptura transitória da membrana Verificou-se que a carga mecânica aplicada no osso e liga­
plasmática é criada, chamada de ruptura plasmática subletal. mento periodontal causa transcrição de novo gene. Vários
Para verificar se isto ocorre durante o movimento dentário fatores de transcrição foram implicados neste processo. Um dos
ortodôntico, pesquisadores aplicaram força ortodôntica de 50 g fatores-chave da transcrição que regulam a diferenciação do
por cinco minutos em molar de rato e encontraram aumento odontoblasto é Runx2/Cbfa1. Demonstrou-se que a deformação
significativo na ruptura plasmática subletal no ligamento perio­ mecânica das células osteoblásticas regulam a expressão e a
dontal no lado de tensão. Os autores levantaram a hipótese que atividade agregadora da Cbfa1.68
a ruptura da membrana plasmática possibilita a liberação de Além disso, mostrou-se que o movimento ortodôntico den­
fatores de crescimento e citocinas que não possuem uma tário em ratos causa uma regulação da expressão da proteína
sequência peptídica ordenada, tais como interleucina-1 beta Cbfa1 no ligamento periodontal no lado de tensão.61 Experi­
(IL-1b) e o fator de crescimento fibroblástico básico (FGF-2), mentos in vitro mostraram que a deformação mecânica causa
de dentro da célula para a matriz extracelular.49,50 ativação do fator de transcrição da proteína ativadora-1 (PA-1)
em células osteoblásticas e do ligamento periodontal.69 O fator
de transcrição da PA-1 é composto de dímeros de c-Fos e c-Jun.
Vias de Sinalização Intracelular
Comprovou-se também que a deformação mecânica causa a
Para células responderem a forças mecânicas, a ativação de regulação das expressões de c-Fos e c-Jun nas células osteoblás­
mecanorreceptores deve levar à ativação de segundos mensagei­ ticas e do ligamento periodontal.70 O local de ligação do PA-1 é
ros intracelulares e/ou proteínas quinases. As vias de sinalização importante na indução do fluido de cisalhamento do Cox-2 nas
podem, então, levar à ativação de fatores de transcrição e da células osteoblásticas.23 O carregamento mecânico do osso
transcrição de um novo gene. Algumas partes das vias de sinali­ estimula outros fatores de transcrição, incluindo Egr-1,71,72
zação para a transcrição de um novo gene foram identificadas. p57kip2 (inibidor de quinase dependente de ciclina) 73 e fator
Foi relatado que a aplicação de carga mecânica nas células nuclear kappa B (NF-kB).71
osteoblásticas e do ligamento periodontal causa ativação de vários
segundos mensageiros. Aplicação de carga mecânica in vitro causa
Resposta Coordenada
aumento da concentração de íons cálcio (Ca++) intracelular no
ligamento periodontal51 e nas células osteoblásticas.52 Além disto, Para o osso responder à carga externa, células sensíveis à carga
aplicação de carga mecânica causa aumento dos níveis de adeno­ mecânica, tais como células do ligamento periodontal, osteóci­
sina monofosfato cíclica (AMFc) e da produção de ON no liga­ tos e osteoblastos, devem possuir a capacidade de transmitir
mento periodontal13,53 e células osteoblásticas.54,55 informações sobre o meio externo a células não mecanossensi­
A ativação por aplicação de carga de várias proteínas qui­ tivas e não estimuladas, tais como osteoclastos. Esta transmissão
nases foi verificada no ligamento periodontal e nas células deve ocorrer através de interação direta célula-célula ou através
osteoblásticas. Relatou-se que as vias de sinalização da proteína de mediadores solúveis.
quinase C (PQC) são ativadas por carga mecânica nas células Uma maneira pela qual as células ósseas e do ligamento
osteoblásticas.56 Também tem sido relatado o envolvimento das periodontal respondem à carga mecânica é aumentando os
vias da PQC por carga mecânica nas células osteoblásticas.57,58 canais que conectam às células adjacentes. Canais de proteínas
Além disso, estudos utilizando inibidores específicos têm transmembranosas promovem junções gap, possibilitando que
346 Parte IV   Biomedicina Aplicada à Ortodontia

Fig. 26-3 Proteína ativada mitogenicamente (PAM) via de sinalização de quinase. (Redesenhado
de Dhillon AS, Hagan S, Rath O, Kolch W: MAP kinase signaling pathways in cancer, Oncogene
26:3279-3290, 2007.)
do ligamento periodontal.77 Interessantemente, relatos recentes
mostraram que a indução dos hemicanais de conexina-43 na
linhagem de células osteocíticas são responsáveis pela liberação
da adenosina trifosfato (ATP)78 e da prostaglandina (PG)79 em
resposta à carga mecânica.
Foi mostrado que a carga mecânica no osso causa aumento
de ON80-82 e da PG,83-85 e propôs-se que ambos agiriam como
mediadores solúveis dos efeitos do carregamento (Fig. 26-4).
Sua indução é sobretudo importante no movimento dentário
ortodôntico devido aos inibidores específicos de ON86-88 que
causam diminuição significativa na taxa de movimento den­
tário. Além disso, inibidores de PG diminuíram ambos: a quan­
tidade total de movimento dentário ortodôntico e o número de
osteoclastos no lado de compressão.89-93 Outros estudos mostra­
Fig. 26-4 Carga mecânica no osso causando sinais que podem ram que administração de PGE1 localmente causa aumento da
regular a diferenciação de ambos: osteoblastos e osteoclastos. absorção óssea ortodôntica94 e do movimento dentário.95-97
Através de secreção de prostaglandina e oxido nítrico, acredita-se
que os osteócitos mediam a resposta da carga mecânica no osso.
ALTERAÇÕES POR CARGA MECÂNICA
Resposta do Osso à Carga Mecânica Externa
as células vizinhas se unam fisicamente. As conexinas, um tipo
de junção gap, são formadas pela colocação emparelhada de A adaptação do osso a forças mecânicas já é reconhecida por mais
hemicanais de conexina posicionados nas células vizinhas.74 A de 100 anos. Em 1892, Wolff, o primeiro a relatar a associação da
formação das uniões por conexinas permite a rápida difusão de biologia óssea e forças mecânicas, afirmou em sua lei de remode­
pequenas moléculas e íons, facilitando, deste modo, a comuni­ lação óssea: “Toda modificação na forma e função dos ossos ou
cação de células vizinhas.75 Em modelos experimentais de movi­ de sua função apenas é seguida por certas modificações defini­
mento dentário, forças ortodônticas causaram aumento na tivas na sua arquitetura interna, e igualmente alterações defini­
expressão da conexina-43 mRNA nos osteoblastos e da expressão tivas em sua conformação externa”.98 Nos últimos anos, muitas
da proteína conexina-43 em osteócitos,76 assim como nas células comprovações experimentais sobre a adaptação do osso a forças
Capítulo 26   Mecanotransdução de Forças Ortodônticas 347

mecânicas foram reunidas, e alguns tópicos comuns emergiram. dades, tais como ficar de pé, ocorriam milhares de vezes ao dia.16
Por exemplo, Turner99 acredita que (1) adaptação óssea é guiada Vários estudos têm demonstrado que grandes deformações apli­
preferencialmente por carga dinâmica em vez de estática; (2) cadas ao osso com baixa frequência causam mais formação óssea
apenas uma curta duração de carga mecânica é necessária para do que menores deformações aplicadas mais frequentemen­
iniciar uma resposta adaptativa; e (3) células ósseas se acomodam ­te.104,111 Da mesma forma, meninas que têm um número maior
a cargas mecânicas usuais do meio, fazendo com que elas sejam de episódios de grandes deformações por serem ativas em
menos sensíveis aos sinais de carga rotineiros. esportes que produzem impacto (ginástica, voleibol) possuem
Frost100 gerou a hipótese de que a remodelação óssea mecani­ maior densidade óssea mineral quando comparadas a meninas
camente induzida era dependente da deformação, não da tensão, ativas em esportes monoimpactantes (natação).112-114
ou, mais especificamente, de uma deformação efetiva mínima Isto não significa que pequenas deformações não tenham
(DEM). Evidências experimentais sugeriram que a faixa de influência nos ossos. Contrações musculares advindas de ativi­
DEM é de aproximadamente 0,0008 a 0,002 unidades de defor­ dades, tais como levantar e falar, geram pequenas deformações
mação de superfície óssea, e a deformação abaixo da DEM não ósseas relevantes. Essas deformações ocorrem milhares de vezes
causa remodelação óssea.100 Em 1971, Liskova e Hert101 mostra­ por dia. Recentemente, foi mostrado o papel destas deformações
ram que deformações estáticas e não dinâmicas causaram na manutenção da estrutura esquelética. Um estudo em fêmur de
aumento na formação óssea em coelhos. Desde então, vários carneiros encontrou que deformações de magnitude muito baixa
estudos têem mostrado que os efeitos anabólicos da carga em vibrações de alta frequência, aplicadas apenas 20 minutos por
mecânica sobre o osso são mais prováveis de ser resultados de dia, causaram aumento da densidade do trabeculagem óssea em
deformações dinâmicas do que estáticas.102-105 Na verdade, a 34%, quando comparados ao grupo controle, também formado
carga estática pode, na realidade, suprimir ambas formações por carneiros.115 É importante ressaltar que a deformação (5 mε)
ósseas: aposicional e longitudinal.106 aplicada aos animais, através das vibrações de alta frequência, foi
Aumento no tempo de aplicação da carga não leva a aumento 20 vezes maior de que normalmente ocorre nas atividades roti­
na formação óssea. Vários estudos mostram, até mesmo, que neiras tal como levantar-se. Entretanto, apesar de o estímulo ser
com o aumento da duração de aplicação de carga, a formação de apenas 20 minutos, mesmo assim, ele representa, nessa
óssea tende a saturar. Em um estudo sobre os efeitos de treina­ frequência, um aumento de ordem de grandeza no total de
mentos com pulo, foram investigadas propriedades mecânicas energia de deformação induzida, quando comparada com ativi­
e morfológicas em ossos de ratos imaturos.107 Os ratos foram dades rotineiras, um período maior do que 12 horas.115
divididos em grupo controle e em grupos de acordo com o
número de pulos por dia, sendo 5, 10, 20, 40 ou 100. Encontrou-
Alterações nas Forças Ortodônticas
se que o grupo com 5 pulos/dia gerou a mesma quantidade de
formação de osso novo que os grupos com mais pulos por dia. Quando uma força mesial é aplicada sobre um dente, esta
Outro estudo investigou os efeitos do número de ciclos de apli­ promove a movimentação deste dente nesta direção. Para que
cação de carga, por dia, na formação de osso novo, em osso de isto aconteça, o osso deverá ser absorvido na superfície mesial
ave, isolado e preparado, no qual carga externa foi aplicada, in (lado de compressão) e aposto na superfície distal (lado de
vivo.108 Nem extensão ou características de modificações ósseas tensão). Melsen116 descreveu dois tipos de movimento dentário
induzidas mecanicamente foram afetadas por aumentos adicio­ ortodôntico: movimento dentário através do osso e movimento
nais no número de ciclos de carga, em uma faixa de 36 a 1.800 dentário com o osso. Forças ortodônticas geram compressão
ciclos. sobre o espaço de ligamento periodontal no lado da direção do
Essas observações levaram a crer na hipótese de que células movimento dentário e tensão do ligamento periodontal no
ósseas possuem a habilidade de sentir e responder a forças outro lado. Se esta força ortodôntica for grande, ela gera
mecânicas, porém sua mecanossensibilidade declina logo após a isquemia dentro do ligamento periodontal no lado de com­
aplicação da força. Entretanto, sob estimulação contínua, o osso pressão e hialinização no espaço periodontal. Neste caso, o dente
se torna insensível a estímulos mecânicos. Suportando esta hipó­ está movimentando-se através do osso, e a absorção óssea inicia-
tese, mostrou-se que se for dado ao osso período suficiente de se fora do espaço periodontal hialinizado. Se a força ortodôntica
recuperação entre o regime de aplicação de carga (oito horas), não for excessiva, ela não gera hialinização no espaço do liga­
ele se torna apto a recuperar sua mecanossensibilidade.109 mento periodontal, no lado de compressão, e a absorção inicia-
Atividades que produzem grandes deformações ósseas se dentro do espaço periodontal. Neste caso, o dente se
parecem causar uma resposta anabólica maior, do que atividades movimentará com o osso. Em ambos os tipos de movimento
que produzem menores deformações. Uma hipótese atual é que dentário, novo osso é depositado no lado de tensão.
a resposta adaptativa do osso resulta predominantemente de Pesquisa recente indicou que fatores que aumentam a absor­
menos ciclos, espaçados, de deformações relativamente “grandes” ção óssea aumentam a taxa do movimento dentário, e fatores
produzidas durante situações de aplicação de carga não usuais, que inibem absorção retardam o movimento dentário.117,118 A
e não de numerosos ciclos de “pequenas” deformações durante formação de osteoclastos, de precursores hematopoiéticos, que
atividades rotineiras.110 Um estudo encontrou que em uma varie­ absorvem osso maduro, requer interação célula-célula com
­dade de animais, durante atividades diárias, grandes deforma­ células da linhagem osteoblástica119 (Fig. 26-5). Entretanto, é dito
ções (>1.000 mε), ocorriam relativamente poucas vezes ao dia, que as células osteoblásticas são necessárias para a formação de
enquanto pequenas deformações (<10 mε) resultantes de ativi­ osteoclastos. A molécula que media esta interação é um ligante,
348 Parte IV   Biomedicina Aplicada à Ortodontia

Fig. 26-5 Remodelação óssea engloba quatro passos — ativação, reabsorção, reversão e formação
— que envolve células de ambas linhagens hematopoiética (osteoclastos) e mesenquimal (osteoblastos).

cionada de forma exógena diminui a taxa de movimento dentário


ortodôntico,124,125 e que ARNKL adicionada exogenamente
aumenta a taxa de movimento dentário ortodôntico.126
A expressão de ARNKL e OPG no ligamento periodontal
parece depender do tipo de carga mecânica (p. ex., compressão
versus tensão) e não da duração ou magnitude da força. Forças
compressivas nas células do ligamento periodontal causam a
indução da expressão de ARNKL,127,128 com pequenas modifica­
ções na expressão de OPG.129 Em contraste, forças de tensão nas
células do ligamento periodontal causam a regulação da
expressão de ambas OPG130 e ARNKL.131 Estas diferenças expli­
cam porque o lado de compressão do movimento dentário
ortodôntico esta associado ao aumento da reabsorção óssea.
A carga mecânica no osso com ações anabólicas age de
Fig. 26-6 Osteoclastogênese. Expressão do estroma de células maneiras opostas, estudos mostram que forças ortodônticas
osteoblásticas ligante ARNK (ARNKL), que se une ou ao receptor contínuas aumentam a taxa de movimento dentário comparado
ativador do fator nuclear kappa B (ARNK) nos precursores de a forças ortodônticas não contínuas.132-136 É interessante que a
osteoclastos, promovendo a osteoclastogênese, ou a osteoprote­ carga contínua não causa aumento na expressão de ARNKL no
gerina (OPG) que previne a união do ARNKL ao ARNK. M-CSF, ligamento periodontal127 ou nas células osteoblásticas137 com­
fator estimulante de colonização de macrófagos; IL-1, inter­ paradas à pequena carga ou à carga intermitente. Além disso,
leucina-1; PGE2, prostaglandina E2.
apesar da diferença na quantidade de movimento dentário, o
número de osteoclastos não era diferente, visto em um modelo
ativador de receptor NF-kB (ARNK), ou ARNKL.120 Células experimental de rato, comparando forças ortodônticas contí­
osteoblásticas expressam ARNKL como um fator associado à nuas com forças intermitentes.133 Esses resultados sugeriram
membrana, e a expressão de ARNKL é induzida por múltiplos que forças intermitentes versus forças contínuas no movimento
estimuladores de reabsorção, incluindo PGE2.121 Precursores de dentário ortodôntico poderão efetuar ativação dos osteoclastos
osteoclastos expressam ARNK, o receptor para ARNKL. ARNKL em vez de formá-los. Além disso, magnitudes aumentadas de
é também um ligante para osteoprotegerina (OPG).122 OPG, que força compressiva não leva ao aumento da expressão de ARNKL
é produzida por células osteoblásticas, atua como um receptor nas células do ligamento periodontal.127 Entretanto, não é sur­
chamariz para ARNKL, prevenindo, desta maneira, a ligação presa que a magnitude das forças ortodônticas desempenha um
ARNKL-ARNK (Fig. 26-6). A expressão da OPG pode, entretanto, papel pequeno na taxa de movimento dentário ortodôntico,
suprimir a formação de osteoclastos.123 Não surpreendente­ com uma ampla gama de forças ortodônticas levando à taxa
mente, experimentos in vivo recentes mostraram que OPG adi­ máxima de movimento dentário.138,139
Capítulo 26   Mecanotransdução de Forças Ortodônticas 349

mechanical strain, Am J Physiol 273(3 Pt 1): C810-C815,


CONCLUSÃO 1997.
O movimento dentário ortodôntico requer uma complicada 16. Fritton SP, McLeod KJ, Rubin CT: Quantifying the strain
cascata de eventos celulares e moleculares para acontecer, con­ history of bone: spatial uniformity and self-similarity of low­
magnitude strains, J Biomech 33:317-325, 2000.
vertendo forças ortodônticas em formação e reabsorção óssea
17. Burr DB, Milgrom C, Fyhrie D, et al: In vivo measurement of
alveolar. Durante os últimos dez anos, vários caminhos têm sido
human tibial strains during vigorous activity, Bone 18:405-
elucidados, e em breve algumas destas novas informações 410, 1996.
biológicas devem ser aplicadas no cenário clínico. 18. You J, Yellowley CE, Donahue HJ, et al: Substrate deformation
levels associated with routine physical activity are less stimu­
latory to bone cells relative to loading-induced oscillatory
Referências fluid flow, J Biomech Eng 122:387-393, 2000.
19. You L, Cowin SC, Schaffl er MB, et al: A model for strain
1. Turner CH, Woltman TA, Belongia DA: Structural changes in amplification in the actin cytoskeleton of osteocytes due to
rat bone subjected to long-term, in vivo mechanical loading, fluid drag on pericellular matrix, J Biomech 34:1375-1386,
Bone 13:417-422, 1992. 2001.
2. Rubin CT, Gross TS, McLeod KJ, et al: Morphologic stages in 20. Han Y, Cowin SC, Schaffl er MB, et al: Mechanotransduction
lamellar bone formation stimulated by a potent mechanical and strain amplification in osteocyte cell processes, Proc Natl
stimulus, J Bone Miner Res 10:488-495, 1995. Acad Sci USA 101:16689-16694, 2004.
3. Jones HH, Priest JD, Hayes WC, et al: Humeral hypertrophy 21. Klein-Nulend J, Van der Plas A, Semeins CM, et al: Sensitivity
in response to exercise, J Bone Joint Surg Am 59:204-208, of osteocytes to biomechanical stress in vitro, Faseb J 9:441-
1977. 445, 1995.
4. Leblanc AD, Schneider VS, Evans HJ, et al: Bone mineral loss 22. Weinbaum S, Cowin SC, Zeng Y: A model for the excitation
and recovery after 17 weeks of bed rest, J Bone Miner Res of osteocytes by mechanical loading-induced bone fluid shear
5:843-850, 1990. stresses, J Biomech 27:339-360, 1994.
5. Collet P, Uebelhart D, Vico L, et al: Effects of 1- and 6-month 23. Ogasawara A, Arakawa T, Kaneda T, et al: Fluid shear stress­
spaceflight on bone mass and biochemistry in two humans, induced cyclooxygenase-2 expression is mediated by C/EBP
Bone 20:547-551, 1997. beta, cAMP-response element-binding protein, and AP-1 in
6. McDonald F, Houston WJ: An in vivo assessment of muscular osteoblastic MC3T3-E1 cells, J Biol Chem 276:7048-7054,
activity and the importance of electrical phenomena in bone 2000.
remodeling, J Anat 172:165-175, 1990. 24. Matsumoto T, Nakayama K, Kodama Y, et al: Effect of
7. McDonald F: Electrical effects at the bone surface, Eur J mechanical unloading and reloading on periosteal bone for­
Orthod 15:175-183, 1993. mation and gene expression in tail-suspended rapidly growing
8. Hung CT, Allen FD, Pollack SR, et al: What is the role of the rats, Bone 22(Suppl 5): 89S-93S, 1998.
convective current density in the real-time calcium response 25. Kim CH, You L, Yellowley CE, et al: Oscillatory fluid flowin­
of cultured bone cells to fluid flow? J Biomech 29:1403-1409, duced shear stress decreases osteoclastogenesis through
1996. RANKL and OPG signaling, Bone 39:1043-1047, 2006.
9. Yamashiro K, Myokai F, Hiratsuka K, et al: Oligonucleotide 26. McAllister TN, Du T, Frangos JA: Fluid shear stress stimulates
array analysis of cyclic tension-responsive genes in human prostaglandin and nitric oxide release in bone marrowderived
periodontal ligament fibroblasts, Int J Biochem Cell Biol preosteoclast-like cells, Biochem Biophys Res Commun
39:910-921, 2007. 270:643-648, 2000.
10. Lee YH, Nahm DS, Jung YK, et al: Differential gene expression 27. Duncan RL, Turner CH: Mechanotransduction and the func­
of periodontal ligament cells after loading of static compres­ tional response of bone to mechanical strain, Calcif Tissue Int
sive force, J Periodontol 78:446-452, 2007. 57:344-358, 1995.
11. De Araujo RM, Oba Y, Moriyama K: Identification of genes 28. Clark EA, Brugge JS: Integrins and signal transduction path­
related to mechanical stress in human periodontal ligament ways: the road taken, Science 268:233-239, 1995.
cells using microarray analysis, J Periodont Res 42:15-22, 29. Plopper G, Ingber DE: Rapid induction and isolation of focal
2007. adhesion complexes, Biochem Biophys Res Commun 193:571-
12. Maeda A, Soejima K, Bandow K, et al: Force-induced IL-8 578, 1993.
from periodontal ligament cells requires IL-1b, J Dent Res 30. Ingber D: Integrins as mechanochemical transducers, Curr
86:629-634, 2007. Opin Cell Biol 3:841-848, 1991.
13. Van der Pauw MT, Klein-Nulend J, Van den Bos T, et al: 31. Stamenovic´ D, Fredberg JJ, Wang N, et al: A microstructural
Response of periodontal ligament fibroblasts and gingival approach to cytoskeletal mechanics based on tensegrity, J
fibroblasts to pulsating fluid flow: nitric oxide and prosta­ Theor Biol 181:125-136, 1996.
glandin E2 release and expression of tissue non-specific 32. Davies PF: Flow-mediated endothelial mechanotransduction,
alkaline phosphatase activity, J Periodont Res 35:335-343, Physiol Rev 75:519-560, 1995.
2000. 33. Pavalko FM, Chen NX, Turner CH, et al: Fluid shear-induced
14. Smalt R, et al: Induction of NO and prostaglandin E2 in osteo­ mechanical signaling in MC3T3-E1 osteoblasts requires
blasts by wall-shear stress but not mechanical strain, Am J cytoskeleton-integrin interactions, Am J Physiol 275(6 Pt 1):
Physiol 273(4 Pt 1): E751-E758, 1997. C1591-C1601, 1998.
15. Owan I, Burr DB, Turner CH, et al: Mechanotransduction in 34. Davies PF, Robotewskyj A, Griem ML: Quantitative studies of
bone: osteoblasts are more responsive to fluid forces than endothelial cell adhesion: directional remodeling of focal
350 Parte IV   Biomedicina Aplicada à Ortodontia

adhesion sites in response to flow forces, J Clin Invest 93:2031- 52. Chen NX, Ryder KD, Pavalko FM, et al: Ca(2+) regulates fluid
2038, 1994. shear-induced cytoskeletal reorganization and gene expres­
35. Li S, Kim M, Hu YL, et al: Fluid shear stress activation of focal sion in osteoblasts, Am J Physiol Cell Physiol 278:C989-C997,
adhesion kinase: linking to mitogen-activated protein kinases, 2000.
J Biol Chem 272:30455-30462, 1997. 53. Santos de Araujo RM, Oba Y, Moriyama K: Role of regulator
36. Pommerenke H, Schmidt C, Durr F, et al: The mode of of G-protein signaling 2 (RGS2) in periodontal ligament cells
mechanical integrin stressing controls intracellular signaling under mechanical stress, Cell Biochem Funct 25:753-758,
in osteoblasts, J Bone Miner Res 17:603-611, 2002. 2007.
37. Carvalho RS, Schaffer JL, Gerstenfeld LC: Osteoblasts induce 54. Reich KM, Gay CV, Frangos JA: Fluid shear stress as a media­
osteopontin expression in response to attachment on fibronec­ tor of osteoblast cyclic adenosine monophosphate produc­
tin: demonstration of a common role for integrin receptors tion, J Cell Physiol 143:100-104, 1990.
in the signal transduction processes of cell attachment and 55. McAllister TN, Frangos JA: Steady and transient fl uid shear
mechanical stimulation, J Cell Biochem 70:376-390, 1998. stress stimulate NO release in osteoblasts through distinct
38. Butler PJ, Norwich G, Weinbaum S, Chien S: Shear stress biochemical pathways, J Bone Miner Res 14:930-936, 1999.
induces a time- and position-dependent increase in endothe 56. Geng WD, Boskovic G, Fultz ME, et al: Regulation of expres­
lial cell membrane fluidity, Am J Physiol Cell Physiol 280:C962- sion and activity of four PKC isozymes in confl uent and
C969, 2001. mechanically stimulated UMR-108 osteoblastic cells, J Cell
39. Haidekker MA, L’Heureux N, Frangos JA: Fluid shear stress Physiol 189:216-228, 2001.
increases membrane fluidity in endothelial cells: a study with 57. Reich KM, Frangos JA: Protein kinase C mediates flowinduced
DCVJ fluorescence, Am J Physiol Heart Circ Physiol 278:H1401- prostaglandin E2 production in osteoblasts, Calcif Tissue Int
H1406, 2000. 52:62-66, 1993.
40. Gudi S, Nolan JP, Frangos JA: Modulation of GTPase activity 58. Ajubi NE, Klein-Nulend J, Alblas MJ, et al: Signal transduction
of G proteins by fluid shear stress and phospholipid composi­ pathways involved in fluid flow-induced PGE2 production by
tion, Proc Natl Acad Sci USA 95:2515-2519, 1998. cultured osteocytes, Am J Physiol 276(1 Pt 1): E171-E178,
41. Knudsen HL, Frangos JA: Role of cytoskeleton in shear stress­ 1999.
induced endothelial nitric oxide production, Am J Physiol 59. Wongkhantee S, Yongchaitrakul T, Pavasant P: Mechanical
273(1 Pt 2): H347-H355, 1997. stress induces osteopontin expression in human periodontal
42. Reich KM, McAllister TN, Gudi SRP, Frangos JA: Activation ligament cells through rho kinase, J Periodontol 78:1113-1119,
of G proteins mediates flow-induced prostaglandin E2 pro­ 2007.
duction in osteoblasts, Endocrinology 138:1014-1018, 1997. 60. Hipskind RA, Bilbe G: MAP kinase signaling cascades and gene
43. Chen KD, Li YS, Kim M, et al: Mechanotransduction in expression in osteoblasts, F ront Biosci 3:D804-D816, 1998.
response to shear stress: roles of receptor tyrosine kinases, 61. Kawarizadeh A, Bourauel C, Gotz W, Jager A: Early responses
integrins, and Shc, J Biol Chem 274:18393-18400, 1999. of periodontal ligament cells to mechanical stimulus in vivo,
44. Sackin H: Stretch-activated ion channels, Kidney Int 48:1134- J Dent Res 84:902-906, 2005.
1147, 1995. 62. Danciu TE, Gagari E, Adam RM, et al: Mechanical strain
45. Kizer N, Guo XL, Hruska K: Reconstitution of stretchacti­ delivers anti-apoptotic and proliferative signals to gingival
vated cation channels by expression of the alpha-subunit of fibroblasts, J Dent Res 83:596-601, 2004.
the epithelial sodium channel cloned from osteoblasts, Proc 63. Matsuda N, Morita N, Matsuda K, Watanabe M: Proliferation
Natl Acad Sci USA 94:1013-1018, 1997. and differentiation of human osteoblastic cells associated
46. Peake MA, Cooling LM, Magnay JL, et al: Selected contribu­ with differential activation of MAP kinases in response to
tion: regulatory pathways involved in mechanical induction epidermal growth factor, hypoxia, and mechanical stress in
of c-fos gene expression in bone cells, J Appl Physiol 89:2498- vitro, Biochem Biophys Res Commun 249:350-354, 1998.
2507, 2000. 64. Wadhwa S, Godwin SL, Peterson DR, et al: Fluid flow induc­
47. Sakai K, Mohtai M, Iwamoto Y: Fluid shear stress increases tion of cyclo-oxygenase 2 gene expression in osteoblasts is
transforming growth factor beta 1 expression in human dependent on an extracellular signal-regulated kinase signal­
osteoblast-like cells: modulation by cation channel blockades, ing pathway, J Bone Miner Res 17:266-274, 2002.
Calcif Tissue Int 63:515-520, 1998. 65. Wu CC, Li YS, Haga JH, et al: Roles of MAP kinases in the regu­
48. Lacampagne A, Gannier F, Argibay J, et al: The stretch-acti­ lation of bone matrix gene expressions in human osteoblasts
vated ion channel blocker gadolinium also blocks L-type by oscillatory fluid flow, J Cell Biochem 98:632-641, 2006.
calcium channels in isolated ventricular myocytes of the 66. You J, Reilly GC, Zhen X, et al: Osteopontin gene regulation
guinea-pig, Biochim Biophys Acta 1191:205-208, 1994. by oscillatory fluid flow via intracellular calcium mobilization
49. Orellana MF, Smith AK, Waller JL, et al: Plasma membrane and activation of mitogen-activated protein kinase in MC3T3-
disruption in orthodontic tooth movement in rats, J Dent Res E1 osteoblasts, J Biol Chem 276:13365-13371, 2001.
81:43-47, 2002. 67. Kusumi A, Sakaki H, Kusumi T, et al: Regulation of synthesis
50. Orellana-Lezcano MF, Major PW, McNeil PL, Borke JL: Tem­ of osteoprotegerin and soluble receptor activator of nuclear
porary loss of plasma membrane integrity in orthodontic factor-kappa B ligand in normal human osteoblasts via the
tooth movement, Orthod Craniofac Res 8:106-113, 2005. p38 mitogen-activated protein kinase pathway by the applica­
51. Nakago-Matsuo C, Matsuo T, Nakago T: Intracellular calcium tion of cyclic tensile strain, J Bone Miner Metab 23:373-381,
response to hydraulic pressure in human periodontal liga­ 2005.
ment fibroblasts, Am J Orthod Dentofacial Orthop 109:244- 68. Ziros PG, Gil APR, Georgakopoulos T, et al: The bone-specific
248, 1996. transcriptional regulator Cbfa1 is a target of mechanical
Capítulo 26   Mecanotransdução de Forças Ortodônticas 351

signals in osteoblastic cells, J Biol Chem 277:23934-23941, 86. Akin E, Gurton AU, Olmez H: Effects of nitric oxide in orth­
2002. odontic tooth movement in rats, Am J Orthod Dentofacial
69. Peverali FA, Basdra EK, Papavassiliou AG: Stretch-mediated Orthop 126:608-614, 2004.
activation of selective MAPK subtypes and potentiation of AP-1 87. Hayashi K, Igarashi K, Miyoshi K, et al: Involvement of nitric
binding in human osteoblastic cells, Mol Med 7:68-78, 2001. oxide in orthodontic tooth movement in rats, Am J Orthod
70. Kletsas D, Basdra EK, Papavassiliou AG: Effect of protein Dentofacial Orthop 122:306-309, 2002.
kinase inhibitors on the stretch-elicited c-Fos and c-Jun up- 88. Shirazi M, Nilforoushan D, Alghasi H, et al: The role of nitric
regulation in human PDL osteoblast-like cells, J Cell Physiol oxide in orthodontic tooth movement in rats, Angle Orthod
190:313-321, 2002. 72:211-215, 2002.
71. Granet C, Vico AGL, Alexandre C, Lafage-Proust MH: MAPK 89. Zhou D, Hughes B, King GJ: Histomorphometric and bio­
and SRC-kinases control EGR-1 and NF- kB inductions by chemical study of osteoclasts at orthodontic compression sites
changes in mechanical environment in osteoblasts, B iochem in the rat during indomethacin inhibition, Arch Oral Biol
Biophys Res Commun 284:622-631, 2001. 42:717-726, 1997.
72. Ogata T: Fluid flow induces enhancement of the Egr-1 mRNA 90. Sandy JR, Harris M: Prostaglandins and tooth movement, Eur
level in osteoblast-like cells: involvement of tyrosine kinase J Orthod 6:175-182, 1984.
and serum, J Cell Physiol 170:27-34, 1997. 91. Kehoe MJ, Cohen SM, Zarrinnia K, et al: The effect of acet­
73. Billotte WG, Dumas K, Hofmann MC: Transcriptional path­ aminophen, ibuprofen, and misoprostol on prostaglandin E2
ways induced by fluid shear stress in mouse preosteoblast synthesis and the degree and rate of orthodontic tooth move­
cells, Biomed Sci Instrum 37:1-6, 2001. ment, Angle Orthod 66:339-349, 1996.
74. Evans WH, de Vuyst E, Leybaert L: The gap junction cellular 92. Chumbley AB, Tuncay OC: The effect of indomethacin (an
internet: connexin hemichannels enter the signalling lime­ aspirin-like drug) on the rate of orthodontic tooth move­
light, Biochem J 397:1-14, 2006. ment, Am J Orthod 89:312-314, 1986.
75. Saunders MM, You J, Trosko JE: Gap junctions and fluid flow 93. Giunta D, Keller J, Nielsen FF, Melsen B: Influence of indo­
response in MC3T3-E1 cells, Am J Physiol Cell Physiol methacin on bone turnover related to orthodontic tooth
281:C1917-C1925, 2001. movement in miniature pigs, Am J Orthod Dentofacial Orthop
76. Gluhak-Heinrich J, Gu S, Pavlin D, Jiang JX: Mechanical 108:361-366, 1995.
loading stimulates expression of connexin 43 in alveolar bone 94. Lee WC: Experimental study of the effect of prostaglandin
cells in the tooth movement model, Cell Commun Adhes administration on tooth movement: with particular emphasis
13:115-125, 2006. on the relationship to the method of PGE1 administration,
77. Su M, et al: Expression of connexin 43 in rat mandibular bone Am J Orthod Dentofacial Orthop 98:231-241, 1990.
and periodontal ligament (PDL) cells during experimental 95. Leiker BJ, Nanda RS, Currier GF, et al: The effects of exoge­
tooth movement, J Dent Res 76:1357-1366, 1997. nous prostaglandins on orthodontic tooth movement in rats,
78. Genetos DC, Kephart CJ, Zhang Y, et al: Oscillating fluid flow Am J Orthod Dentofacial Orthop 108:380-388, 1995.
activation of gap junction hemichannels induces ATP release 96. Yamasaki K, Shibata Y, Fukuhara T: The effect of prostaglan­
from MLO-Y4 osteocytes, J Cell Physiol 212:207-214, 2007. dins on experimental tooth movement in monkeys (Macaca
79. Cherian PP, Siller-Jackson AJ, Gu S, et al: Mechanical strain fuscata), J Dent Res 61:1444-1446, 1982.
opens connexin 43 hemichannels in osteocytes: a novel mech­ 97. Yamasaki K, Shibata Y, Imai S, et al: Clinical application of
anism for the release of prostaglandin, Mol Biol Cell 16:3100- prostaglandin E1 (PGE1) upon orthodontic tooth movement,
3106, 2005. Am J Orthod 85:508-518, 1984.
80. Pitsillides AA, Rawlinson SC, Suswillo RF, et al: Mechanical 98. Wolff J: The law of bone remodeling New York, 1986, Springer-
strain-induced NO production by bone cells: a possible role Verlag.
in adaptive bone (re)modeling? FASEB J9:1614-1622, 1995. 99. Turner CH: Three rules for bone adaptation to mechanical
81. Klein-Nulend J, Semeins CM, Ajubi NE, et al: Pulsating fluid stimuli, Bone 23:399-407, 1998.
flow increases nitric oxide (NO) synthesis by osteocytes but 100. Frost HM: A determinant of bone architecture: the minimum
not periosteal fibroblasts: correlation with prostaglandin effective strain, Clin Orthop 175:286-292, 1983.
upregulation, Biochem Biophys Res Commun 217:640-648, 101. Liskova M, Hert J: Reaction of bone to mechanical stimuli. 2.
1995. Periosteal and endosteal reaction of tibial diaphysis in rabbit to
82. Johnson DL, McAllister TN, Frangos JA: Fluid flow stimulates intermittent loading, Folia Morphol Praha 19:301-317, 1971.
rapid and continuous release of nitric oxide in osteoblasts, Am 102. Forwood MR, Turner CH: Skeletal adaptations to mechanical
J Physiol 271(1 Pt 1): E205-E208, 1996. usage: results from tibial loading studies in rats, Bone 17(Suppl
83. Reich KM, Frangos JA: Effect of flow on prostaglandin E2 and 4): 197S-205S, 1995.
inositol trisphosphate levels in osteoblasts, Am J Physiol 261(3 103. Hsieh YF, Turner CH: Effects of loading frequency on mechanically
Pt 1): C428-C432, 1991. induced bone formation, J Bone Miner Res 16:918-924, 2001.
84. Smalt R, Mitchell FT, Howard RL, et al: Mechanotransduction 104. Rubin CT, Lanyon LE: Regulation of bone formation by applied
in bone cells: induction of nitric oxide and prostaglandin dynamic loads, J Bone Joint Surg Am 66:397-402, 1984.
synthesis by fl uid shear stress, but not by mechanical strain, 105. Gross TS, Srinivasan S, Liu CC, et al: Noninvasive loading of
Adv Exp Med Biol 433:311-314, 1997. the murine tibia: an in vivo model for the study of mechan­
85. Klein-Nulend J, Semeins CM, Ajubi NE, et al: Pulsating fluid otransduction, J Bone Miner Res 17:493-501, 2002.
flow stimulates prostaglandin release and inducible prosta­ 106. Robling AG, Duijvelaar KM, Geevers JV, et al: Modulation of
glandin G/H synthase mRNA expression in primary mouse appositional and longitudinal bone growth in the rat ulna by
bone cells, J Bone Miner Res 12:45-51, 1997. applied static and dynamic force, Bone 29:105-113, 2001.
352 Parte IV   Biomedicina Aplicada à Ortodontia

107. Umemura Y, Ishiko T, Yamauchi T, et al: Five jumps per day 124. Dunn MD, Park CH, Kostenuik PJ, et al: Local delivery of
increase bone mass and breaking force in rats, J Bone Miner osteoprotegerin inhibits mechanically mediated bone mod­
Res 12:1480-1485, 1997. eling in orthodontic tooth movement, Bone 41:446-455,
108. Lanyon LE: Functional strain as a determinant for bone 2007.
remodeling, Calcif Tissue Int 36(S uppl 1): 56-61, 1984. 125. Kanzaki H, Chiba M, Takahashi I, et al: Local OPG gene
109. Robling AG, Burr DB, Turner CH: Recovery periods restore transfer to periodontal tissue inhibits orthodontic tooth
mechanosensitivity to dynamically loaded bone, J Exp Biol movement, J Dent Res 83:920-925, 2004.
204(Pt 19): 3389-3899, 2001. 126. Kanzaki H, Chiba M, Arai K, et al: Local RANKL gene transfer
110. Lanyon LE: The success and failure of the adaptive response to the periodontal tissue accelerates orthodontic tooth move­
to functional load-bearing in averting bone fracture, Bone ment, Gene Ther 13:678-685, 2006.
13(Suppl 2): 17-21, 1992. 127. Nakao K, Goto T, Gunjigake KK, et al: Intermittent force
111. Cullen DM, Smith RT, Akhter MP: Bone-loading response induces high RANKL expression in human periodontal liga­
varies with strain magnitude and cycle number, J Appl Physiol ment cells, J Dent Res 86:623-628, 2007.
91:1971-1976, 2001. 128. Kim T, Handa A, Iida J, Yoshida S: RANKL expression in rat
112. Grimston SK, Willows ND, Hanley DA: Mechanical loading periodontal ligament subjected to a continuous orthodontic
regime and its relationship to bone mineral density in chil­ force, Arch Oral Biol 52:244-250, 2007.
dren, Med Sci Sports Exerc 25:1203-1210, 1993. 129. Kanzaki H, Chiba M, Shimizu Y, et al: Periodontal ligament
113. Fehling PC, Alekel L, Clasey J, et al: A comparison of bone cells under mechanical stress induce osteoclastogenesis by
mineral densities among female athletes in impact loading receptor activator of nuclear factor kappa B ligand up-regu­
and active loading sports, Bone 17:205-210, 1995. lation via prostaglandin E2 synthesis, J Bone Miner Res 17:210-
114. Courteix D, Lespessailles E, Peres SL, et al: Effect of physical 220, 2002.
training on bone mineral density in prepubertal girls: a com­ 130. Tsuji K, Uno K, Zhang GX, Tamura M: Periodontal liga­
parative study between impact-loading and non-impactload­ ment cells under intermittent tensile stress regulate mRNA
ing sports, Osteoporos Int 8:152-158, 1998. expression of osteoprotegerin and tissue inhibitor of
115. Rubin C, Turner S, Mallinckrodt C, et al: Mechanical strain, matrix metalloprotease-1 and -2, J Bone Miner Metab
induced noninvasively in the high-frequency domain, is ana­ 22:94-103, 2004.
bolic to cancellous bone, but not cortical bone, Bone 30:445- 131. Kanzaki H, Chiba M, Sato A, et al: Cyclical tensile force on
452, 2002. periodontal ligament cells inhibits osteoclastogenesis through
116. Melsen B: Biological reaction of alveolar bone to orthodontic OPG induction, J Dent Res 85:457-462, 2006.
tooth movement, Angle Orthod 69:151-158, 1999. 132. Hayashi H, Konoo T, Yamaguchi K: Intermittent 8-hour acti­
117. Keles A, Grunes B, DiFuria C, et al: Inhibition of tooth move­ vation in orthodontic molar movement, Am J Orthod Dento-
ment by osteoprotegerin vs. pamidronate under conditions of facial Orthop 125:302-309, 2004.
constant orthodontic force, Eur J Oral Sci 115:131-136, 133. Konoo T, Kim YJ, Gu GM, King GJ: Intermittent force in
2007. orthodontic tooth movement, J Dent Res 80:457-460,
118. Liu L, Igarashi K, Haruyama N, et al: Effects of local admin­ 2001.
istration of clodronate on orthodontic tooth movement and 134. Owman-Moll P, Kurol J, Lundgren D: Continuous versus
root resorption in rats, Eur J Orthod 26:469-473, 2004. interrupted continuous orthodontic force related to early
119. Suda T, Takahashi N, Udagawa N, et al: Modulation of osteo­ tooth movement and root resorption, A ngle Orthod 65:395-
clast differentiation and function by the new members of the 401, 1995. (discussion, 401-402).
tumor necrosis factor receptor and ligand families, Endocr Rev 135. Van Leeuwen EJ, Maltha JC, Kuijpers-Jagtman AM: Tooth
20:345-357, 1999. movement with light continuous and discontinuous forces in
120. Anderson DM, Maraskovsky E, Billingsley WL, et al: A homo­ beagle dogs, Eur J Oral Sci 107:468-474, 1999.
logue of the TNF receptor and its ligand enhance T-cell growth 136. Kameyama T, Matsumoto Y, Warita H, Soma K: Inactivated
and dendritic-cell function, Nature 390:175-179, 1997. periods of constant orthodontic forces related to desirable
121. Tsukii K, Shima N, Mochizuki S, et al: Osteoclast differentia­ tooth movement in rats, J Orthod 30:31-37, 2003. (discussion,
tion factor mediates an essential signal for bone resorption 21-22),.
induced by 1-alpha,25-dihydroxyvitamin D3, prostaglandin 137. Mehrotra M, Saegusa M, Wadhwa S, et al: Fluid fl ow induces
E2, or parathyroid hormone in the microenvironment of RANKL expression in primary murine calvarial osteoblasts, J
bone, Biochem Biophys Res Commun 246:337-341, 1998. Cell Biochem 98:1271-1283, 2006.
122. Yasuda H, Shima N, Nakagawa N, et al: Osteoclast differentia­ 138. Ren Y, Maltha JC, Kuijpers-Jagtman AM: Optimum force
tion factor is a ligand for osteoprotegerin/osteoclastogenesis­ magnitude for orthodontic tooth movement: a systematic lit­
inhibitory factor and is identical to TRANCE/RANKL, Proc erature review, Angle Orthod 73:86-92, 2003.
Natl Acad Sci USA 95:3597-3602, 1998. 139. Ren Y, Maltha JC, Van’t Hof MA, Kuipers-Jagtman AM:
123. Suda T, Kobayashi K, Jimi E, et al: The molecular basis of Optimum force magnitude for orthodontic tooth movement:
osteoclast differentiation and activation, Novartis Found Symp a mathematic model, Am J Orthod Dentofacial Orthop 125:71-
232:235-247, 2001. (discussion, 247-250). 77, 2004.
C ap í t u lo
27
Reabsorção Radicular
Ortodôntica
Gregory J. King

A
reabsorção radicular é um problema comum associado dontal (LPD) e os cementoblastos possuem o LRANK, sugerindo
ao tratamento ortodôntico. Quantidades reduzidas e que elas também sejam capazes de controlar a odontoclastogênese
clinicamente insignificantes de reabsorção radicular e a reabsorção radicular em resposta ao estímulo pela proteína
ocorrem frequentemente. Em alguns casos raros, todavia, a relacionada ao hormônio paratireóideo (prHPT).2,3 Alguns pes­
extensão da reabsorção radicular ortodonticamente associada quisadores têm sugerido que os fatores antirreabsorção possam
pode ser grave o suficiente para pôr em risco o prognóstico dos residir tanto no LPD quanto na polpa e, se estes forem afetados
dentes envolvidos (Fig. 27-1). Este capítulo discute os seguintes por lesão, a reabsorção radicular pode ocorrer.1 Evidências atuais
tópicos relacionados à reabsorção radicular ortodôntica: (1) sugerem que tal mecanismo possa existir na forma de OPG, mas
base clínica e biológica; (2) epidemiologia; (3) fatores de risco; que o controle derradeiro da reabsorção radicular possa residir
e (4) predição, detecção precoce e tratamento. em uma combinação tanto da inibição quanto da estimulação dos
odontoclastos. A observação clínica de que dentes tratados endo­
donticamente são mais resistentes à reabsorção radicular ortodôn­
Base Clínica E Biológica tica sugere que as células pulpares também possam desempenhar
Da Reabsorção Radicular um papel neste controle.4
Quer ocorra na câmara pulpar, quer na superfície radicular, a A classificação mais comum da reabsorção radicular externa
reabsorção radicular está quase sempre associada a uma res­ categoriza os sítios em ordem crescente de severidade do trauma
posta cicatrizante de algum tipo de insulto. O tecido lesionado associado.1 A forma mais suave, a reabsorção radicular superficial,
é removido na preparação para a fase reparadora da cicatrização é caracterizada por crateras cementárias que podem se estender
da ferida.1 O mecanismo que controla este processo de repara­ para o interior da dentina. Estes sítios situam-se usualmente adja­
ção não é atualmente bem-compreendido, mas evidências mais centes a lesões focais no LPD, sendo as mais comuns as lesões
recentes sugerem que o mecanismo pode ser similar àquele que hialinizantes, que ocorrem em sítios de compressão durante a
controla a remodelação óssea. movimentação dentária ortodôntica. A reabsorção radicular infla-
Na remodelação óssea, o ligante (LRANK) do receptor ativador matória é a próxima categoria de gravidade. Os sítios envolvidos
do fator nuclear kappa B (NF-kB), encontrado nas células estro­ situam-se adjacentes às lesões inflamatórias e podem estar relacio­
mais osteoblásticas, liga-se ao RANK, localizado nas células pre­ nados à movimentação dentária ortodôntica, mas usualmente
cursoras osteoclásticas, para estimular os quantitativos e as estes estão relacionados a lesões mais extensas de origem traumática
atividades dos osteoclastos. A osteoprotegerina (OPG) é uma ou endodôntica. A resposta aos tipos mais graves de lesões, incluin­
molécula circulante que atua como um receptor atraidor que se do deslocamento dentário, avulsão e reimplantação, manifesta-
liga ao LRANK, evitando assim a formação de osteoclastos. A se como uma reabsorção por substituição. A imagem radiográfica
concentração relativa do estimulador e do inibidor é um meca­ da reabsorção por substituição é caracterizada por uma reabsorção
nismo sinalizador comum que controla os osteoclastos e a remo­ radicular, com a cratera sendo reparada por osso. Este tipo de
delação óssea em resposta à maior parte dos estimuladores. Assim reabsorção é frequentemente progressivo e, em função de o espaço
como as outras células estromais, as células do ligamento perio­ do LPD estar perdido, resulta na anquilose do dente.5

353
354 Parte IV   Biomedicina Aplicada à Ortodontia

Fig. 27-1 Radiografia pós-tratamento de um


paciente extremamente suscetível à reabsorção radi­
cular apical externa (RRAE).

Fig. 27-2 Necrose do ligamento periodontal (LPD) (“hialiniza­


ção”), mostrando a reabsorção periférica, especialmente na super­
fície radicular (setas).
Fig. 27-3 Micrografia eletrônica de varredura da reabsorção radicu­
lar ortodôntica adjacente à necrose do ligamento periodontal.

A patogênese da reabsorção radicular ortodôntica tem sido que necessitam de movimentações radiculares significativas têm o
descrita por meio de modelos animais e se inicia em sítios de com­ risco de lesões de reabsorção radicular mais extensas; muito
pressão.6 Dispositivos ortodônticos produzem uma pressão contí­ provavelmente, estes tipos de tratamentos requerem mais ativações
nua que excede a pressão nas arteríolas do LPD. Isto resulta em sua do aparelho, com maior risco de necroses focais no LPD.10,11
oclusão e na necrose do LPD suprido por elas. Estas lesões necróti­ Há apenas um potencial limitado de cicatrização assim que uma
cas, conhecidas como “hialinizações” devido a sua semelhança his­ lesão de reabsorção radicular tenha sido criada. A maior parte das
tológica com a cartilagem hialina, têm sido bem descritas e consistem crateras cementárias podem reparar-se completamente com
em células com núcleos picnóticos, bem como fibras do LPD frag­ cemento secundário,12 mas a perda de comprimento de raiz ou
mentadas. As arteríolas adjacentes, tornando-se obstruídas de forma alterações grosseiras na morfologia radicular não se reparam com­
compensatória, e as lesões são removidas na periferia por várias pletamente. Em vez disso, a restauração destas lesões maiores não
células reabsorvedoras, incluindo macrófagos, osteoclastos e cemen­ prossegue além de torná-las revestidas por cemento secundário.
toblastos.7 A reabsorção radicular superficial resulta desta remoção A imagem radiográfica mais comum da reabsorção radicular
periférica na superfície dentária8,9 (Figs. 27-2 e 27-3). ortodôntica é a perda de comprimento de raiz a partir do ápice.
Este processo é gradual, até que as lesões necróticas são removi­ Devido à prevalência deste aspecto clínico, o termo descritivo
das, permitindo, finalmente, que o dente se movimente. Presumivel­ reabsorção radicular apical externa (RRAE) começou a aparecer na
mente, se novas lesões necróticas do LPD fossem geradas no mesmo literatura sobre a reabsorção radicular. Se as evidências histológi­
sítio após a movimentação ou a reativação do aparelho, a pro­ cas relacionam a reabsorção radicular ortodôntica a sítios de com­
gressão da reabsorção radicular continuaria. Isto é compatível com pressão, pode-se questionar: “Por que a reabsorção radicular apical
a impressão clínica de que, na ausência de outras lesões infla­ é tão comum?”. Há várias explicações possíveis. Primeira, os ápices
matórias, a progressão da reabsorção radicular ortodôntica cessa radiculares são sítios comuns de compressão nas modernas abor­
quando o tratamento ortodôntico cessa. Isto também pode explicar dagens mecânicas ortodônticas, incluindo inclinação, torque e
por que pacientes com longas durações de tratamento ou aqueles intrusão. Segunda, a estrutura dentária é mínima no ápice radicu­
Capítulo 27   Reabsorção Radicular Ortodôntica 355

lar, o que significa que estes sítios têm maior tendência à alteração LPD associados ao tratamento ortodôntico causado por fatores
morfológica com menos perda de tecido. Terceira, as radiografias- relacionados ao hospedeiro, não ambientais.
padrão mostram facilmente o ápice radicular, mas não a perda de
raiz da superfície lateral radicular, pois em grande parte não é
Fatores De Risco
visível. Todavia, as seções de autópsia de pacientes ortodônticos e
as seções preparadas de pré-molares extraídos com tratamento A reabsorção radicular ortodôntica é uma condição multifatorial
ortodôntico claramente demonstram que os sítios de reabsorção com ampla variação na ocorrência e na gravidade.20 A lista de
não são encontrados exclusivamente no ápice.13 fatores de risco para a RRAE é, portanto, extensa. Para a clareza
As sequelas da reabsorção radicular ortodôntica variam de da discussão, estes podem ser amplamente categorizados como
clinicamente insignificantes ou reduzidas a graves o suficiente fatores “ambientais” e fatores “do hospedeiro” (p. ex., odon­
para pôr em risco a longevidade da dentição. Casos de perda tológicos, genéticos, dietéticos/hormonais, imunológicos).
radicular menor (<2 mm) são comuns e não possuem conse­
quências clínicas. Contudo, a mobilidade dentária persistente é
Fatores Ambientais
um risco em dentes que perderam um comprimento significa­
tivo de raiz.14 Portanto, um íntimo acompanhamento destes Todos os fatores ambientais estão associados ao trauma do LPD.
dentes é indicado para evitar a perda de altura da crista óssea O trauma pode ser grave, como nos acidentes que resultam no
alveolar. Não há dados seguros sobre a prevalência da perda deslocamento do dente ou na avulsão com reimplantação. O
dentária efetiva como resultado da reabsorção radicular transplante dentário, também com uma elevada prevalência de
ortodôntica grave, mas relatos clínicos concisos sugerem que reabsorção radicular, pode ser considerado nesta categoria de
este resultado é raríssimo. trauma grave.1 Um trauma mais leve do LPD pode resultar de
interferências oclusais durante a mastigação, mas, aparente­
mente, este risco não tem sido avaliado.
Epidemiologia O tratamento ortodôntico também pode ser visualizado
A prevalência da RRAE varia entre os diferentes tipos de dentes. como um tipo limitado de trauma do LPD. Todos os fatores de
Os incisivos centrais maxilares são mais afetados.10,11 As razões para risco ambientais associados a aspectos do tratamento ortodôn­
este achado não são bem-compreendidas. É possível que a com­ tico parecem representar abordagens que aumentam a proba­
posição morfológica ou biológica destes dentes torne-os altamente bilidade de trauma aumentado do LPD, incluindo a duração do
propensos à perda de raiz ou que eles mais comumente requeiram tratamento, a amplitude de movimentação da raiz, o tratamento
uma mecânica ortodôntica que os põe em risco. Certamente, esta com extrações e a magnitude da força.
causa é mais provável, considerando que as maloclusões de Classes Curiosamente, o gênero, um fator sem uma relação óbvia
II e III representam problemas significativos que demandam trata­ com o trauma aumentado do LPD, parece não estar associado
mento ortodôntico, geralmente com movimentações maiores de a um risco aumentado de RRAE.10,11,17
raiz e forças de torque mais intensas para corrigir as sobressaliên­
cias. Os incisivos maxilares também podem ser propensos às forças
Fatores do Hospedeiro
laterais traumáticas da mastigação, colocando-os em risco para a
perda radicular antes e durante o tratamento ortodôntico. Os fatores do hospedeiro que colocam pacientes em risco para
A prevalência da RRAE em pacientes não ortodônticos é a RRAE têm sido examinados extensivamente em função de as
baixa (1%-2%)15,16 e está provavelmente relacionada a lesões evidências epidemiológicas sugerirem que uma pequena per­
traumáticas menores ou a interferências oclusais. Em contraste, centagem de pessoas que experimentam perda severa de raiz são
a prevalência em pacientes ortodônticos tem sido relatada como incomumente suscetíveis ao trauma menor do LPD que acom­
sendo de 70%,17 sugerindo fortemente que o trauma menor ao panha o tratamento ortodôntico de rotina. Anomalias dentárias
ligamento periodontal associado ao tratamento ortodôntico é têm recebido a maior atenção.
um fator contributivo significativo. A maior parte dos pacientes
ortodônticos experimenta uma RRAE insignificante (<2 mm). Anomalias dentárias
Todavia, 2% a 5% experimentam mais de 5 mm de perda no Tem-se sugerido que pacientes com anomalias dentárias gene­
comprimento de raiz.18,19 ralizadas, incluindo erupção ectópica, impactações, anomalias de
Portanto, a maior parte dos pacientes ortodônticos que forma de coroa e agenesia, são mais propensos à RRAE.21 Outros
experimentam o encurtamento de raiz não possui sequelas clini­ não relataram quaisquer diferenças na reabsorção radicular
camente significativas. A subpopulação importante de pacientes média entre pacientes com e sem anomalias dentárias e nenhuma
ortodônticos são os 2% a 5% que realmente experimentam uma das anomalias individuais parece ser um fator de risco.22,23
perda de raiz suficiente para constituir um problema clínico. Em Certos tipos de morfologia radicular incomum parecem ser
função de os dispositivos e abordagens ortodônticos modernos significativas para a RRAE, mas as raízes estreitas e pontudas
serem similares, é difícil perceber como estes pacientes estejam possuem um risco maior e as raízes rombudas são, de alguma
experimentando tratamentos ortodônticos incomuns que isola­ forma, resistentes.24,25
damente estejam causando uma perda maior de raiz. Conside­ A erupção ectópica é um fator de risco para a RRAE, com a
rando ser este o caso, segue-se que os pacientes que experimentam proximidade do folículo dentário sendo a razão principal (Fig.
uma RRAE grave são mais suscetíveis aos traumas menores ao 27-4, A). A reabsorção dos dentes permanentes vizinhos durante
356 Parte IV   Biomedicina Aplicada à Ortodontia

Fig. 27-4 A, Reabsorção radicular grave dos inci­


sivos laterais maxilares, causada pela proximidade dos
folículos dentários dos caninos em erupção. B, Após
o tratamento ortodôntico.

a erupção é mais provavelmente um efeito do contato físico entre é sustentado pela observação de que certos grupos étnicos
o dente em erupção e o dente adjacente, bem como da atividade possuem um risco mais alto de RRAE que outros. Os asiáticos
celular característica dos tecidos nos pontos de contato.26 Evi­ possuem um risco baixo, seguidos pelos caucasianos, com os
dências biológicas atuais indicam que o folículo dentário adja­ hispânicos experimentando a maior reabsorção radicular.10
cente à coroa do dente em erupção atrai os pré-osteoclastos com Novamente, se a principal fonte da RRAE fosse o trauma asso­
CSF1 e ativa-os por meio do mecanismo RANK/LRANK/OPG ciado à mecânica ortodôntica, não se esperariam diferenças
previamente descrito.27 Este mecanismo é presumidamente o étnicas, com poucas razões para se postularem diferentes
meio pelo qual os dentes permanentes em erupção removem o métodos de tratamento de acordo com as etnias.
osso alveolar e a raiz decídua durante o processo de erupção Apesar de não estar bem-compreendido, o mecanismo gené­
normal. Há grande probabilidade de que o potencial de reabsor­ tico que controla a RRAE pode envolver heterogeneidades dos
ção do folículo dentário, e não a pressão, cause o tipo de reab­ genes que controlam a reabsorção óssea, tais como a inter­
sorção radicular associado à erupção ectópica. leucina-1 beta (IL-1b) e o fator de necrose tumoral alfa (TNF-
Tem-se muitas vezes sugerido que o começo do tratamento a).30–32 Estudos parecem sugerir uma relação inversa entre a
ortodôntico antes da conclusão da formação radicular aumenta reabsorção óssea e a reabsorção radicular, com a movimentação
a probabilidade de encurtamento da raiz. Surpreendentemente, ortodôntica através de osso menos denso prevenindo a reabsor­
os estudos têm demonstrado que as raízes tratadas antes da con­ ção radicular.
clusão da formação radicular ficam mais longas até o final do
tratamento, enquanto aquelas mais próximas à conclusão radicu­ Mecanismos dietéticos e hormonais
lar no início do tratamento ficam mais curtas.28 Este achado Alguns relacionaram a dieta e os hormônios com a prevalência
sugere que o tratamento ortodôntico de rotina possui pouco ou da RRAE. Os hormônios calciotróficos — hormônio parati­
nenhum efeito sobre a conclusão da formação radicular. reoidiano (PTH), calcitonina e vitamina D — bem como o cálcio
na dieta, parecem exercer algum impacto sobre a reabsorção
Fatores genéticos radicular, sugerindo que os mecanismos hormonais que
A genética parece ser um potente fator de risco do hospedeiro reduzem a densidade óssea alveolar possam ser protetores.33
para a RRAE, com as estimativas da hereditariedade em torno Outros concluíram que a estimulação da reabsorção óssea pode
de 50%, significativamente mais altas em alguns dentes.29,30 Isto levar à maior reabsorção radicular.34 Claramente, é necessária
Capítulo 27   Reabsorção Radicular Ortodôntica 357

melhor compreensão sobre a relação entre a atividade remod­ O desenvolvimento de abordagens bioquímicas também
eladora óssea e a reabsorção radicular. Isto poderia produzir oferece a promessa de um monitoramento preciso e não inva­
estudos focados nas terapias e abordagens necessárias para o sivo do estado das raízes durante o tratamento. Uma vez que
prognóstico daqueles com risco de RRAE. moléculas marcadoras que sejam específicas para a raiz dentária
Um segundo mecanismo hormonal relacionado à reabsor­ ou para o processo da reabsorção radicular tenham sido iden­
ção radicular envolve o hormônio tireoidiano (TH). Tem-se tificadas, meios para monitorar sua presença na circulação ou
sugerido que o TH possa ser protetor e que a administração de no fluido gengival crevicular devem tornar esta abordagem
baixas doses de TH possa proteger a superfície radicular durante viável.43
o tratamento ortodôntico.35 Abordagens de tratamento para a RRAE enquadram-se em
duas categorias: alteração no tratamento e administração de
Estados de imunodeficiência medicamentos. Aquela é muito mais factível atualmente, mas
Os mecanismos imunológicos podem desempenhar um papel esta deve tornar-se cada vez mais comum. A alteração nas estra­
no processo de reabsorção radicular. Pacientes com alergias tégias pode incluir a decisão de não tratar o paciente ou certos
possuem uma prevalência levemente mais elevada de reabsor­ dentes, limitando a exposição de certos dentes à força ou lim­
ção radicular, mas isto não é estatisticamente significativo.36,37 itando os objetivos do tratamento.
Demonstrou-se que a reabsorção traumática acentuada em A maioria das abordagens farmacológicas possui valor limi­
um modelo de camundongo coincide com um declínio nos tado durante o tratamento ortodôntico porque também inibe a
níveis séricos de anticorpos existentes naturalmente para a movimentação dentária. O tratamento com bisfosfonato
dentina, sugerindo que os estados de imunodeficiência podem mostrou-se útil após o tratamento ortodôntico em função de
apresentar riscos para a RRAE.38 Esta ideia ganha sustentação possuir efeitos diretos sobre os osteoclastos,44 embora possa
das observações de que gatos infectados com o vírus da imuno­ aumentar o risco de osteonecrose dos maxilares. A calcitonina
deficiência felina experimentam níveis mais elevados de reab­ e a administração de TH também têm demonstrado suprimir a
sorção radicular espontânea39 e que pacientes com a imuno­ reabsorção radicular em animais.34,35
deficiência rara conhecida como síndrome de hiper-IgE possuem
uma prevalência muito alta (quase 72% em uma amostra) da
Conclusão
característica previamente não reconhecida de falha ou atraso
na esfoliação dos dentes primários, causada pela falta de reab­ A relação inversa entre a densidade óssea alveolar e a reabsorção
sorção radicular.40 radicular necessita ser esclarecida, pois poderá ser usada para
desassociar a taxa de movimentação dentária do risco de reab­
sorção radicular.
Predição, Detecção Precoce E
Tratamento
A predição de pacientes que estejam em risco de reabsorção radicu­ Referências
lar grave deve ser o foco inicial de qualquer metodologia de triagem.
Uma vez que de 2% a 5% da população com alta suscetibilidade 1. Andreasen JO, Andreasen FM: Root resorption following
pode ser fácil e confiavelmente identificada, os ortodontistas podem traumatic dental injuries, Proc Finn Dent Soc 88(Suppl 1):
aconselhá-los e planejar o tratamento adequadamente. Estimativas 95-114, 1992.
futuras da suscetibilidade da RRAE provavelmente envolverão 2. Boabaid F, Berry JE, Koh AJ, et al: The role of parathyroid
hormone – related protein in the regulation of osteoclasto­
alguma forma de análise genética. Com a disponibilidade do
gen-esis by cementoblasts, J Periodontol 75:1247-1254, 2004.
genoma humano; de métodos moleculares poderosos para moni­
3. Fukushima H, Jimi E, Kajiya H, et al: Parathyroid-hormone-
torar simultaneamente as atividades relativas de milhares de genes; related protein induces expression of receptor activator of
e de cepas inatas de animais com genes específicos “eliminados” ou NF-kB ligand in human periodontal ligament cells via a
amplificados, a triagem genética parece ser iminente e pode ser cAMP/protein kinase A – independent pathway, J Dent Res 84:
uma realidade dentro de uma década. 329-334, 2005.
A detecção precoce da reabsorção radicular para aqueles em 4. Mirabella AD, Artun J: Risk factors for apical root resorption
risco é essencial. A antecipação em relação à reabsorção radicu­ of maxillary anterior teeth in adult orthodontic patients, Am
lar após o trauma oral ou durante o tratamento ortodôntico J Orthod Dentofacial Orthop 108:48-55, 1995.
envolvia o monitoramento radiográfico. Os clínicos exploravam 5. Majorana A, Bardellini E, Conti G et al: Root resorption in
indícios radiográficos sutis para detectar o desenvolvimento dental trauma: 45 cases followed for 5 years, Dent Traumatol
19:262-265, 2003.
precoce da RRAE,41 mas estes demandam frequentes exposições
6. Brudvik P, Rygh P: The initial phase of orthodontic root
e não são inteiramente confiáveis.42 Avanços nas tecnologias de
resorption incident to local compression of the periodontal
imagens fornecerão oportunidades para que se façam maiores ligament, Eur J Orthod 15:249-263, 1993.
progressos nesta área. Abordagens com a tomografia computa­ 7. Brudvik P, Rygh P: The repair of orthodontic root resorption:
dorizada (TC) tridimensional e a imagem por ressonância mag­ an ultrastructural study, Eur J Orthod 17:189-198, 1995.
nética (RM) estão agora comumente disponíveis. Estas devem 8. Brudvik P, Rygh P: Multi-nucleated cells remove the main
permitir aos clínicos monitorar mais confiavelmente as raízes hyalinized tissue and start resorption of adjacent root sur­
dentárias em pacientes suscetíveis com uma maior precisão. faces, Eur J Orthod 16:265-273, 1994.
358 Parte IV   Biomedicina Aplicada à Ortodontia

9. Brudvik P, Rygh P: Root resorption beneath the main hyalin- 28. Mavragani M, Boe OE, Wisth PJ, Selvig KA: Changes in root
ized zone, Eur J Orthod 16:249-263, 1994. length during orthodontic treatment: advantages for imma­
10. Sameshima GT, Sinclair PM: Predicting and preventing root ture teeth, Eur J Orthod 24:91-97, 2002.
resorption. Part I. Diagnostic factors, Am J Orthod Dentofacial 29. Harris EF, Kineret SE, Tolley EA: A heritable component for
Orthop 119:505-510, 2001. external apical root resorption in patients treated orthodonti­
11. Sameshima GT, Sinclair PM: Predicting and preventing root cally, Am J Orthod Dentofacial Orthop 111:301-309, 1997.
resorption. Part II. Treatment factors, Am J Orthod Dentofacial 30. Hartsfield JK Jr, Everett ET, Al-Qawasmi RA: Genetic factors
Orthop 119:511-515, 2001. in external apical root resorption and orthodontic treatment,
12. Owman-Moll P, Kurol J: The early reparative process of Crit Rev Oral Biol Med 15:115-122, 2004.
orthodontically induced root resorption in adolescents: loca­ 31. Al-Qawasmi RA, Hartsfield JK, Hartsfield JK Jr, et al: Root
tion and type of tissue, Eur J Orthod 20:727-732, 1998. resorption associated with orthodontic force in IL-1b
13. Casa MA, Faltin RM, Faltin K, et al: Root resorptions in upper knockout mouse, J Musculoskelet Neuronal Interact 4:383-
first premolars after application of continuous torque 385, 2004.
moment: intra-individual study, J Orofac Orthop 62:285-295, 32. Al-Qawasmi RA, Hartsfield JK Jr, Everett ET, et al: Genetic
2001. predisposition to external apical root resorption in orthodon­
14. Levander E, Malmgren O: Long-term follow-up of maxillary tic patients: linkage of chromosome-18 marker, J Dent Res 82:
incisors with severe apical root resorption, Eur J Orthod 22: 356-360, 2003.
85-92, 2000. 33. Goldie RS, King GJ: Root resorption and tooth movement in
15. Harris EF, Kineret SE, Tolley EA: A heritable component for orthodontically treated, calcium-deficient, and lactating rats,
external apical root resorption in patients treated orthodonti- Am J Orthod 85:424-430, 1984.
cally, Am J Orthod Dentofacial Orthop 111:301-309, 1997. 34. Takada K, Kajiya H, Fukushima H et al: Calcitonin in human
16. Lupi JE, Handelman CS, Sadowsky C: Prevalence and severity odontoclasts regulates root resorption activity via protein
of apical root resorption and alveolar bone loss in orthodonti- kinase A, J Bone Miner Metab 22:12-18, 2004.
cally treated adults, Am J Orthod Dentofacial Orthop 109: 35. Vazquez-Landaverde LA, Rojas-Huidobro R, Alonso Gallegos-
28-37, 1996. Corona M, Aceves C: Periodontal 59 -deiodination on forced-
17. Brin I, Tulloch JF, Koroluk L, Philips C: External apical root induced root resorption: the protective effect of thyroid
resorption in Class II malocclusion: a retrospective review of hormone administration, Eur J Orthod 24:363-369, 2002.
1- versus 2-phase treatment, Am J Orthod Dentofacial Orthop 36. Owman-Moll P, Kurol J: Root resorption after orthodontic
124:151-156, 2003. treatment in high- and low-risk patients: analysis of
18. Killiany DM: Root resorption caused by orthodontic treat­ allergy as a possible predisposing factor, Eur J Orthod 22:
ment: an evidence-based review of literature, Semin Orthod 5: 657-663, 2000.
128-133, 1999. 37. McNab S, Battistutta D, Taverne A, Symons AL: External
19. Taithongchai R, Sookkorn K, Killiany DM: Facial and dento- apical root resorption of posterior teeth in asthmatics after
alveolar structure and the prediction of apical root shorten­ orthodontic treatment, Am J Orthod Dentofacial Orthop 116:
ing, Am J Orthod Dentofacial Orthop 110:296-302, 1996. 545-551, 1999.
20. Vlaskalic V, Boyd RL, Baumrind S: Etiology and sequelae of 38. Wheeler TT, Stroup SE: Traumatic root resorption in dentine-
root resorption, Semin Orthod 4:124-131, 1998. immunized mice, Am J Orthod Dentofacial Orthop 103:352-
21. Kjaer I: Morphological characteristics of dentitions develop­ 357, 1993.
ing excessive root resorption during orthodontic treatment, 39. Hofmann-Lehmann R, Berger M, Sigrist B et al: Feline immu-
Eur J Orthod 17:25-34, 1995. nodeficiency virus (FIV) infection leads to increased inci­
22. Lee RY, Artun J, Alonzo TA: Are dental anomalies risk factors dence of feline odontoclastic resorptive lesions (FORL), Vet
for apical root resorption in orthodontic patients? Am J Immunol Immunopathol 65:299-308, 1998.
Orthod Dentofacial Orthop 116:187-195, 1999. 40. Grimbacher B, Holland SM, Gallin JI et al: Hyper-IgE syn­
23. Kook YA, Park S, Sameshima GT: Peg-shaped and small lateral drome with recurrent infections: an autosomal dominant
incisors not at higher risk for root resorption, Am J Orthod mul-tisystem disorder, N Engl J Med 340:692-702, 1999.
Dentofacial Orthop 123:253-258, 2003. 41. Cohen S, Blanco L, Berman LH: Early radiographic diagnosis
24. Sameshima GT, Sinclair PM: Characteristics of patients with of inflammatory root resorption, Gen Dent 51:235-240, 2003.
severe root resorption, Orthod Craniofac Res 7:108-114, 2004. 42. Levander E, Bajka R, Malmgren O: Early radiographic diag­
25. Mirabella AD, Artun J: Risk factors for apical root resorption nosis of apical root resorption during orthodontic treatment:
of maxillary anterior teeth in adult orthodontic patients, Am a study of maxillary incisors, Eur J Orthod 20:57-63, 1998.
J Orthod Dentofacial Orthop 108:48-55, 1995. 43. Mah J, Prasad N: Dentine phosphoproteins in gingival crev­
26. Ericson S, Bjerklin K, Falahat B: Does the canine dental follicle icu-lar fluid during root resorption, Eur J Orthod 26:25-30,
cause resorption of permanent incisor roots? A computed 2004.
tomographic study of erupting maxillary canines, Angle 44. Igarashi K, Adachi H, Mitani H, Shinoda H: Inhibitory effect
Orthod 72:95-104, 2002. of the topical administration of a bisphosphonate (rise­
27. Marks SC Jr, Schroeder HE: Tooth eruption: theories and dronate) on root resorption incident to orthodontic tooth
facts, Anat Rec 245:374-393, 1996. movement in rats, J Dent Res 75:1644-1649, 1996.
C ap í t u lo
28
Restauração dos Defeitos
Bucais e Craniofaciais
por Abordagens com
Células-tronco
e Bioengenharia
Jin Y. Kim, Candice Zemnick e Jeremy J. Mao

A
face distingue um ser humano do outro. Através da dos defeitos dentários, bucais e craniofaciais. Dado o espaço limi­
evolução, a face humana é altamente individualizada em tado, somente serão discutidos alguns tópicos selecionados sobre as
comparação com a maioria das espécies. Os tecidos faciais doenças bucais e craniofaciais e a reconstrução de base biológica. O
e os órgãos são considerados os mais complexos no corpo humano, leitor é encaminhado para vários textos reflexivos e revisões mais
acomodando múltiplas funções de visão, audição, olfato, paladar, especializadas que foram publicados recentemente.1-8
tato, mastigação, deglutição e respiração. A face é um portal para
o “interior”, uma fonte de autorreconhecimento e atração.
NECESSIDADES CLÍNICAS PARA
A face é considerada harmoniosa, se houver um alto grau de
A RECONSTRUÇÃO DE TECIDOS MOLES
simetria entre os lados direito e esquerdo. Quando ocorre des­
E ÓSSEOS CRANIOFACIAIS
figuração da face por traumas, tumores, doenças crônicas ou
deformidades congênitas, os efeitos físicos e psicossociais podem
Traumas/Lesões
ser extremamente prejudiciais. Em 2000, o U.S. Surgeon Gen­
eral’s Report on Oral Health afirmou que uma grave desfigura­ De acordo com os Centers for Disease Control and Prevention
ção facial e bucal “pode comprometer a autoimagem e a (CDC), mais de cinco milhões de indivíduos foram admitidos
autoestima, desencorajar a interação social normal e levar a um no pronto socorro por traumas faciais em 2005 nos Estados
estresse crônico e à depressão, além de incorrer em grandes Unidos.9 O trauma facial é considerado como sendo qualquer
custos financeiros”. Além disso, a desfiguração facial e bucal lesão da face, incluindo lacerações cutâneas, lesões de tecidos
“pode interferir com as funções vitais, tais como respiração, ali­ moles, obstrução da cavidade nasal ou dos seios paranasais, lesão
mentação, deglutição e fala. A carga da doença restringe as ativi­ da órbita e do globo ocular e fratura dos maxilares e dentes.
dades escolares, profissionais e domésticas e, frequentemente, Uma das causas mais comuns de trauma bucal e craniofacial
diminui significativamente a qualidade de vida”. em crianças são as lesões relacionadas aos parques de diversão
Várias especialidades médicas e odontológicas, incluindo (Tabela 28-1). Os prontos-socorros nos Estados Unidos tratam
dentística, ortodontia, prótese maxilofacial, prótese dentária, mais de 200.000 lesões ocorridas em parques infantis a cada ano
cirurgia plástica e reconstrutiva, cirurgia de ouvidos, nariz e para crianças com idade abaixo de 14 anos.10 O custo total do
garganta e cirurgia bucomaxilofacial, são devotadas à recons­ tratamento dessas lesões é estimado em 1,2 bilhão de dólares.11
trução da desfiguração facial. Algumas vezes, a complexidade Entre a população mais velha, as quedas são a principal causa
e a diversidade dos fenótipos dos tecidos envolvidos dos defeitos de mortes por lesão e a causa mais comum de lesões e internações
dentários, bucais e transfaciais requerem uma abordagem mul­ hospitalares por trauma (Tabela 28-1). Nos Estados Unidos, uma
tidisciplinar para sua reconstrução. em cada três pessoas com idade igual ou superior a 65 anos sofre
Este capítulo discute os principais desafios clínicos na recons­ uma queda a cada ano. O custo total para tratar todas as lesões
trução craniofacial, delineia as abordagens atuais para o manejo por queda para esse grupo etário em 1994 foi 27 bilhões de dólares.
clínico e identifica as abordagens emergentes em engenharia tecidual Em 2002, quase 13.000 pessoas com idade igual ou superior a 65
e biologia de células-tronco para uma reconstrução de base biológica anos morreram de lesões relacionadas a quedas. Como o número

359
360 Parte IV   Biomedicina Aplicada à Ortodontia

TABELA 28-1 TABELA 28-2


Trauma Facial em Populações Jovens e Idosas, Número de Cirurgias Reconstrutivas para
Estados Unidos (Anual) Defeitos Craniofaciais Congênitos, Estados
Incidência Custo (bilhões Unidos, 2005
Idade Causas (milhões) de dólares) Cirurgia Número
14 anos ou Lesões em 0,2 1,2 Reconstrução de defeitos congênitos 32.000
menos parques de Cirurgias fenda labial/palatina 19.000
diversão
65 anos ou mais Quedas 1 27 Dados de American Society of Plastic Surgeons, 2005.

Dados do Office of Technology Assessment, US Congress: Risks to lábio e do palato não são raras. Outras fendas faciais também
students in school, Washington, DC, 1995, US Government podem ocorrer, mas muito menos frequente, envolvendo as
Printing Office; e Englander F, Hodson TJ, Terregrossa RA: órbitas, o zigoma e as comissuras das fendas labiais.13
J Forensic Sci 41:733-746, 1996. As metas da terapia das fendas labiais/palatinas são a restau­
ração da função e a melhora da estética. Estas tarefas difíceis
de pessoas acima de 65 anos crescerá de 31 milhões em 1990 para requerem intervenções múltiplas e a coordenação cuidadosa
68 milhões até 2040 nos Estados Unidos, espera-se que o custo das entre as diferentes especialidades. Uma equipe craniofacial
lesões relacionadas à queda cresça para 44 bilhões (em dólares na geralmente consiste em um cirurgião bucomaxilofacial, um
cotação atual).12 Embora a frequência de lesões faciais por queda cirurgião plástico, um fonoaudiólogo, um pediatra, um odon­
não seja alta, mesmo uma pequena fração das lesões faciais rela­ topediatra, um ortodontista, um otorrinolaringologista e um
cionadas à queda pode trazer consigo um custo significativo. protesista maxilofacial. Outros membros importantes geral­
De acordo com o relatório de 2005 da American Society of mente incluem enfermeiras, especialistas em nutrição, psicólo­
Plastic Surgeons, as cirurgias reconstrutivas realizadas para gos, geneticistas e assistentes sociais.
lesões relacionadas ao trauma (p. ex., mordidas de animais, A American Society of Plastic Surgeons relata que um total de
cuidados em casos de queimaduras, reparação de lacerações, 32.000 cirurgias de reconstrução de defeitos congênitos foi reali­
cirurgia maxilofacial, revisão de cicatriz) compõem 13% de zado em 2005, quase 19.000 das quais eram cirurgias para fenda
todas as cirurgias reconstrutivas realizadas nos Estados Unidos. labial/palatina (Tabela 28-2). Uma das diretrizes cirúrgicas é a
Muito embora esse relatório não forneça as estatísticas para a “regra dos dez” antes da reparação labial. O lactente deve pesar
reconstrução de trauma facial, as consequências econômicas pelo menos dez libras (equivalente a 5 kg), ter 10 mg/dl de hemo­
dos traumatismos na face são significativas, pois a reconstrução globina e ter pelo menos dez semanas de vida. A regra dos dez
facial frequentemente requer cirurgias múltiplas. reduz o risco de complicações anestésicas, ao mesmo tempo que
permite que os médicos realizem testes adicionais para avaliar a
presença de anormalidades cardíacas, pulmonares ou renais. A
Deformações Congênitas
reparação palatina é geralmente realizada em uma etapa única,
Fenda Labial/Palatina do nono ao 18° mês de vida, para promover um desenvolvimento
De acordo com o National Center on Birth Defects and Develop­ adequado da fala. Procedimentos cirúrgicos e odontológicos adi­
mental Disabilities dos EUA, uma divisão do CDC, a fenda labial/ cionais (cirurgia ortognática, enxertos ósseos, tratamento
palatina ocorre em um em cada 700 a 1.000 nascidos vivos e é ortodôntico, odontopediátrico e tratamento protético) e terapias
das malformações congênitas mais comuns na região de cabeça não odontológicas (revisão adicional de cirurgia plástica, fonote­
e pescoço. Uma fenda resulta da falha de fusão de partes do lábio rapia e terapia da deglutição) são algumas vezes necessários para
e/ou palato durante os primeiros meses do desenvolvimento pré- abordar preocupações estéticas e funcionais específicas.
-natal. A etiologia da fenda labial/palatina é multifatorial, incluin­
do defeitos genéticos, deficiências nutricionais, hipóxia materna, Craniossinostose
ingestão de bebidas alcoólicas e uso de drogas ilícitas. Certas A craniossinostose, a fusão prematura das suturas cranianas, é
medicações utilizadas durante o primeiro trimestre de gravidez outro defeito congênito craniofacial comum que ocorre em um
podem contribuir para o desenvolvimento de fendas.13 em cada 2.500 nascidos vivos.18,19 A fusão prematura de uma ou
A fenda labial unilateral, com ou sem fenda palatina, é um dos mais suturas cranianas impede o crescimento craniano subse­
defeitos congênitos mais comuns em seres humanos e é geneti­ quente das áreas que circundam as suturas cranianas fundidas, ao
camente distinta da fenda palatina isolada.14,15 Relativamente, mesmo tempo que induz um crescimento excessivo nas suturas
poucos genes candidatos foram ligados a fendas labiais/palatinas patentes. O resultado final é a deformidade craniofacial. A cranios­
não sindrômicas,16 embora a contribuição genética para as fendas sinostose leva a anormalidades de pressão intracraniana elevada,
bucofaciais não sindrômicas tenha sido estimada em 20% a comprometimento do fluxo sanguíneo cerebral, obstrução das
50%.17 Uma fenda labial e palatina unilateral ocorre mais em vias aéreas, comprometimento da visão e da audição, dificuldade
homens e mais no lado esquerdo. Os pacientes com fenda labial de aprendizado e efeitos psicológicos adversos.20 A intervenção
isolada podem também ter uma fenda na parte anterior do pro­ cirúrgica é atualmente a única maneira de aliviar a pressão intra­
cesso alveolar maxilar. As fendas bilaterais e as fendas isoladas do craniana e remodelar os ossos cranianos desfigurados.
Capítulo 28   Restauração dos Defeitos Bucais e Craniofaciais por Abordagens com Células-Tronco 361

lares, em algum momento da vida. Os custos totais diretos e indiretos


TABELA 28-3
das disfunções relacionadas à ATM não estão claros, mas os CDCs
Estimativas dos Novos Casos de Câncer relatam que o custo total da artrite e de outras condições reumáticas
e Óbitos decorrentes de Câncer Orofaríngeo, nos Estados Unidos em 1997 foi 86,2 bilhões de dólares.25 As dis­
Estados Unidos funções da ATM incluem doenças articulares degenerativas, que
englobam uma variedade de sintomas incluindo dor na região da
Novos Casos Óbitos ATM, “ruído articular” e a limitação da mobilidade mandibular.26
Cavidade Bucal e Faringe Estimados Estimados Os pacientes com comprometimento grave frequentemente apre­
Língua 9.040 1.780 sentam dor intensa durante as atividades diárias, tais como a ali­
Boca 10.230 1.870 mentação, o bocejo e a fala. Em muitos pacientes, os sintomas
Faringe 8.950 2.110
podem ser aliviados por uma combinação de medicação de controle
Outros sítios da cavidade bucal 2.770 1.670
da dor, repouso maxilar, adoção de uma dieta branda e aplicação
TOTAL 30.990 7.430
Homens 20.180 de calor sobre a musculatura. Caso essas técnicas conservadoras não
Mulheres 10.810 sejam efetivas, o clínico pode ter que considerar a possibilidade de
procedimentos mais invasivos, que envolvam a substituição de articu­
Dados de American Cancer Society: Cancer facts and figures, 2006. lações maxilares por implantes artificiais.

Tumores: Cânceres Bucais e da Cabeça e Pescoço ABORDAGENS CLÍNICAS ATUAIS NA


RECONSTRUÇÃO DOS DEFEITOS
A cada ano, nos Estados Unidos, aproximadamente 30.000 pessoas
CRANIOFACIAIS
são recém-diagnosticadas com câncer bucal e faríngeo21 (Tabela
28-3). Em todo o mundo, aproximadamente 350.000 a 400.000 Uma ampla variedade de abordagens técnicas é usada para recons­
casos de câncer bucal são relatados a cada ano, entretanto esses truir as estruturas dentárias, bucais e craniofaciais desfiguradas,
indubitavelmente representam apenas uma fração de todos os incluindo enxertos de tecidos moles e enxertos ósseos, através de
casos de câncer bucal. Embora o câncer bucal somente seja respon­ autoenxertos, aloenxertos e xenoenxertos.27-29 Apesar dos vários
sável por 2% a 4% de todos os cânceres diagnosticados anualmente níveis de sucesso clínico, esses procedimentos são limitados por
nos Estados Unidos, as taxas de sobrevida dos cânceres bucais estão morbidade do sítio doador, limitação do suprimento tecidual,
entre as mais baixas dos principais cânceres, de acordo com os rejeição imunitária e potencial para a transmissão de patóge­
CDCs. Somente metade dos indivíduos diagnosticados com câncer nos.30-32 As técnicas reconstrutivas cirúrgicas melhoradas incluem
bucal sobrevive cinco anos após o diagnóstico. Em contraste com os retalhos pediculados e as transferências de tecidos livres micro­
outros cânceres, tais como mama, colorretal e próstata, a taxa de vasculares, de retalhos compostos, que podem ser planejados para
sobrevida global nos EUA por câncer bucofaríngeo não melhorou compensar tanto as deficiências de tecidos duros quanto moles.
nos últimos 16 anos.22 O câncer bucal é duas vezes mais comum Esses métodos melhorados ainda estão relacionados com uma
em homens do que em mulheres, que é muito diferente da taxa de morbidade significativa, entretanto, e a obtenção de um formato
5:1 homens/mulheres de cerca de 40 anos atrás. O uso crescente e função reais ainda é comprometida.
de tabaco entre as mulheres é a principal razão para as elevações nas Os cientistas e os clínicos também já exploraram o campo
taxas de câncer bucal. A idade também é um fator relacionado: 95% da terapia dos fatores de crescimento para tratar pacientes com
dos cânceres bucais ocorrem entre pessoas com mais de 40 anos, defeitos ósseos.33 Entretanto, as limitações da terapia com fatores
com a idade de 60 anos sendo a idade média ao diagnóstico.23 de crescimento incluem a desnaturação rápida e a difusão do
A ressecção do câncer bucal frequentemente resulta em des­ fator de crescimento, o alto custo e a toxicidade potencial.
figuração grave. A reconstrução dos tecidos duros e moles das Em 2005, cirurgiões franceses realizaram o primeiro trans­
estruturas faciais e bucais é geralmente uma tarefa bastante com­ plante de face para uma paciente do sexo feminino cuja face estava
plexa. Uma das principais dificuldades na cirurgia de recons­ desfigurada por um ataque sofrido por mordida de cachorro. Os
trução do câncer bucal é a escassez de tecidos. O carcinoma de riscos de imunossupressão crônica, doenças malignas e infecção
células escamosas é a doença maligna mais comum na cavidade são os principais pontos fracos desse procedimento arriscado.34 O
bucal, mas os tumores de glândulas salivares menores, os tumores transplante de face também é eticamente controvertido.35
ósseos primários e os tumores de origem dentária também As próteses maxilofaciais são usadas para restaurar os defeitos
ocorrem, com margens superiores a 1 cm sendo necessárias para extrabucais e intrabucais e frequentemente representam uma abor­
que se alcance o controle da doença e margens livres e amplas.24 dagem menos invasiva. Atualmente, uma variedade de próteses
maxilofaciais é usada em pacientes com defeitos resultantes de
câncer, trauma ou anomalias congênitas. Entretanto, a retenção e a
Doenças Crônicas: Disfunção da Articulação
estabilidade de próteses volumosas podem ser difíceis. Os dispositi­
­Temporo­mandibular
vos protéticos podem ser combinados e podem complementar uma
O National Institute of Dental ans Craniofacial Research (NIDCR) reconstrução a retalho. Os retalhos livres microvasculares têm vários
dos National Institutes of Health (NIH) afirma que mais de 10 benefícios e também contraindicações. A radioterapia prévia, a cirur­
milhões de pessoas nos Estados Unidos terão disfunções na articu­ gia de pescoço prévia, a ligadura da artéria facial e outros fatores
lação temporomandibular (ATM), ou problemas articulares maxi­ prejudiciais reduzem a possibilidade de sobrevida do retalho.
362 Parte IV   Biomedicina Aplicada à Ortodontia

­ ificuldades em preservar as artérias e ductos salivares reorientados


D com vascularização confiável.40,41 A taxa de sucesso global é relatada
ou reimplantados precisam ser abordadas. A morbidade do sítio como sendo de 97%.42 O tecido volar fornece pedículos grandes,
doador está relacionada com a confiabilidade do retalho, o risco de com anastomose nervosa. O fechamento do sítio doador é con­
paralisia nervosa, as deficiências ou intolerâncias sensitivas, a seguido usando-se um enxerto cutâneo de espessura dividida. O
fraqueza motora, a acessibilidade, o comprometimento funcional e potencial para morbidade do sítio doador, a extensão do tempo
os aspectos estéticos.36-38 A profissão do paciente pode impedir o uso operatório e a experiência técnica necessária na reconstrução de
de certos sítios doadores. Os tecidos que estão com saúde abalada, tecidos livres devem ser ponderados durante a avaliação.
que possuem pelos, ou que se localizam em zonas estéticas limitam
o potencial para a seleção do sítio e sua evolução. O tecido doador Reconstrução da base da língua e defeitos por
não pode ser coletado de locais onde isso possa agravar a assimetria glossectomia total
facial e distorcer ou comprometer a dinâmica facial global. Em quase 70% dos cânceres orofaríngeos, a base da língua é
envolvida.43 As taxas de sobrevida em cinco anos para a doença em
estágio 1 e 2 permanece em torno de 80%.44 Os tumores em estágio
Reconstrução dos Defeitos da Língua
precoce são tratados por cirurgia ou irradiação. A reconstrução é
A língua desempenha um papel fundamental na fala, deglutição difícil devido ao tecido inerentemente comprometido. O índice para
e na mastigação e está intimamente relacionada com a mandíbula, o controle local com o tratamento com modalidades combinadas é
dentição, pescoço e laringe. A maioria dos defeitos linguais resulta mais alto, em torno de 60%. Os defeitos pequenos ou parciais da base
de ressecção cirúrgica de carcinomas, embora os defeitos traumáti­ da língua podem envolver do fechamento primário até um retalho
cos não sejam raros após os ferimentos por arma de fogo. pediculado fasciocutâneo (radial, ulnar ou da porção lateral do
braço) ou miocutâneo (peitoral maior). Defeitos por glossectomia
Reconstrução da glossectomia parcial subtotal ou total podem ser abordados com uma variedade desses
Os procedimentos comuns e os retalhos para a reconstrução lingual retalhos, incluindo aqueles provenientes do músculo latíssimo do
anterior incluem o fechamento primário e a reepitelização secun­ dorso, da porção anterolateral da coxa e de áreas escapulares.
dária para defeitos menores. Os defeitos maiores são restaurados A ressecção de qualquer parte da língua afeta a deglutição
por aloenxertos, autoenxertos e retalhos miocutâneos regionais. (função de deglutição), a articulação (inteligibilidade da fala) e a
Para defeitos mais substanciais, as transferências fasciocutâneas de aspiração (proteção das vias aéreas) e compromete a função
tecidos livres da região radial do antebraço, da região lateral do motora e sensitiva. A reconstrução lingual funcional permaneceu
braço e da coxa e escápula, além de retalhos livres abdominais são um desafio devido à função motora complexa envolvida na
usadas para as glossectomias parciais a quase totais. O tratamento deglutição normal e na articulação da fala. Embora algumas téc­
protético para as glossectomias parciais é necessário somente nicas de reconstrução atuais empreguem a inervação motora,
quando o paciente apresenta dificuldade de falar ou manejar o bolo pouca, se alguma, função muscular coordenada resulta desses
alimentar. Podem ser confeccionadas tanto as próteses palatinas métodos. A morbidade do sítio doador, as cirurgias prolongadas
quanto as próteses de aumento mandibular. A função da prótese e os recursos colaborativos limitados podem tornar impossível o
de aumento é preencher a deficiência de volume entre a parte tratamento preferencial com retalhos livres microvasculares. Os
remanescente da língua e a mandíbula e o palato. retalhos linguais atuais podem comprometer gravemente a mobi­
lidade da língua e, assim, comprometer a fala e a deglutição.
Reconstrução da parte ventral da língua e do
assoalho da boca
Defeitos da Mucosa Jugal e dos Ductos Salivares
O assoalho da boca é a segunda localização mais comum de
defeito bucal após a língua. O tamanho do tumor e suas carac­ As opções de reconstrução para a mucosa jugal e os ductos sali­
terísticas irão determinar a extensão da ressecção e tipo de vares geralmente envolvem o uso de enxertos cutâneos de espes­
modalidade de reconstrução. Podem ser usados enxertos de espes­ sura dividida. Esses enxertos têm baixa morbidade do sítio doador
sura total de áreas de tecido redundante e os enxertos de espes­ e do paciente, mas podem apresentar uma contração significativa
sura dividida de áreas tais como a porção lateral da coxa. A do enxerto e a formação de bandas cicatriciais na junção mucosa.
sobrevida do enxerto depende da neovascularização e, portanto, O uso de matriz de colágeno humana acelular (Alloderm®, Lifecell
do leito receptor e os enxertos devem estar em boas condições e Corporation, Branchburg, N.J.) também foi descrito para a
tornarem-se imóveis para promover a neogênese capilar. O reconstrução dos defeitos da mucosa.45 Preservar a elasticidade da
tecido irradiado representa um leito receptor inadequado e os mucosa jugal é medida vantajosa, pois as bandas cicatriciais
enxertos são contraindicados ou têm probabilidade de fracasso. volumosas podem comprometer significativamente a abertura
O enxerto miocutâneo de platisma também pode ser usado prin­ bucal, a mastigação e a mobilização do bolo alimentar.
cipalmente se o defeito for contínuo com o pescoço.39 O método reconstrutivo mais comum para a mucosa jugal é
Para a reconstrução extensa de tecidos moles na cavidade bucal, o chamado RFFF, com uma taxa de sucesso de até 95%.46
o enxerto livre da porção radial do antebraço tornou-se imensa­ Entretanto, as deficiências do RFFF incluem o tempo de recupe­
mente popular, pois pode ser delineado para aproximar a maioria ração prolongado, a necessidade de reabilitação do antebraço e
dos defeitos e contém um suprimento vascular saudável com um a alta demanda para a experiência profissional com procedimen­
fluxo nervoso. O enxerto livre da porção radial do antebraço (RFFF) tos microvasculares. Outras transferências de tecidos livres são
fornece tecido delgado, dobrável e predominantemente sem pelos, possíveis usando-se retalhos da porção lateral do braço, do
Capítulo 28   Restauração dos Defeitos Bucais e Craniofaciais por Abordagens com Células-Tronco 363

l­atíssimo do dorso, do reto abdominal e da porção lateral da coxa, transferência de tecido livre microvascular oferece quantidade
para preencher os defeitos jugais que possam surgir da ressecção suficiente de estrutura de osso e tecido mole que pode ser trans­
do músculo bucinador e da bola adiposa, que levam ao socava­ ferido em um procedimento único. Várias transferências de
mento do terço médio da face, se deixados sem reconstrução. tecido livre, inclusive retalhos miocutâneos, miofasciais e
osseocutâneos, podem ser usadas para a reconstrução do palato
e do terço médio da face. A porção radial do antebraço, o latís­
Reconstrução do Palato Duro
simo do dorso, o reto abdominal, escapular, fibular e retalhos
O palato duro é essencial para separar a cavidade bucal da cavi­ da crista ilíaca são mais utilizados.49
dade nasal e dos seios paranasais, permitindo assim uma fonação As características do tecido delgado e dobrável do RFFF per­
adequada e a articulação das palavras, e também a respiração e mitem que o palato seja selado e sirva como uma superfície poten­
a mastigação. Os defeitos do palato duro fazem com que a cavi­ cial para a colocação de próteses dentárias. Além disso, o osso radial
dade bucal, os seios maxilares e a cavidade nasal tornem-se uma pode ser usado para recriar a arcada maxilar e pode dar suporte
câmara confluente. As próteses maxilofaciais têm um papel para implantes osseointegrados.50 O osso radial pode reconstruir a
primário na reconstrução dos defeitos palatinos, por obturarem área pré-maxilar e, assim, ajudar a dar suporte para o lábio superior
a cavidade, selarem o palato e reconstruírem a dentição. A inter­ e a base do nariz. O retalho osseocutâneo escapular tem a vantagem
venção protética, quando desejada, deveria ocorrer no momento de possuir um componente de tecido mole, que pode ser girado ao
da cirurgia e a melhora cirúrgica pode maximizar o desfecho redor de um osso com vascularização adequada e pode dar suporte
protético e a aceitação da situação pelo paciente. para implantes. Isso é especialmente vantajoso em pacientes sem
Para maximizar a retenção e a estabilidade da prótese, devem ser dentes que precisam de uma prótese dentária. Foi demonstrado
incluídos na prótese a maior parte possível do palato duro e os que a transferência de tecidos pelo retalho livre fibular e pelo
dentes, quando possível. A região pré-maxilar melhora a estabili­ retalho livre da crista ilíaca tem uma coluna de osso suficiente para
dade e o suporte e esse é um momento importante para minimizar dar suporte para os implantes osseointegrados.51-53
o fulcro da prótese para dentro do defeito e, se preservado, reduzir A reconstrução cirúrgica de defeitos maiores pode não ser capaz
o colapso do contorno facial e a contração pós-operatória. A margem de reproduzir o contorno palatino, o que afeta adversamente o
medial do defeito deve ser coberta com mucosa palatina para controle do bolo alimentar e da fala. Além disso, os retalhos volu­
aumentar a tolerância e a estabilidade. De maneira similar, um mosos podem impedir a colocação de uma prótese intrabucal.
enxerto cutâneo de espessura facial é recomendado para recobrir as
superfícies desnudas das bochechas, para reduzir o tempo de repa­
Reconstrução das Fendas Labiais/Palatinas
ração, prevenir a migração do epitélio respiratório e permitir que se
forme uma superfície de suporte da prótese queratinizada. A banda Deformidades congênitas complexas, tais como as fendas labiais
cicatricial lateral irá ocorrer na junção do enxerto cutâneo com a e palatinas, têm efeitos físicos e psicológicos significativos e
mucosa jugal remanescente, o que ajuda a fornecer retenção através requerem um manejo multidisciplinar. A cronologia da repara­
de um recorte anatômico. Um enxerto cutâneo com espessura ção e das opções reconstrutivas depende da gravidade e da exten­
parcial pode, também, ser aplicado nas paredes sinusais, fornecendo são da deformidade, considerações do desenvolvimento da fala,
assim uma área adicional para retenção e reduzindo a produção de crescimento facial, efeitos psicológicos e segurança da anestesia.
muco. Em defeitos maiores, a remoção da concha inferior também Várias abordagens de palatoplastia foram descritas, incluindo a
é recomendada, para permitir que a parede medial do bulbo obtura­ palatoplastia com dois retalhos para as fendas bilaterais ou uni­
dor estenda-se para o interior da cavidade basal.47,48 A altura adicio­ laterais complexas, a palatoplastia com três retalhos para fendas
nal contra-ataca a rotação da prótese durante a função. incompletas e a zetaplastia com dupla reversão para as fendas
Um obturador cirúrgico deve ser preparado imediatamente submucosas e as fendas palatinas secundárias incompletas.
após a ressecção, para agir como uma matriz para um curativo Embora a cirurgia plástica tenha feito grandes avanços na área
cirúrgico e permitir a fonação e a deglutição no pós-operatório, da cirurgia das fendas faciais, a reparação cirúrgica não pode resolver
frequentemente eliminando a necessidade de uma sonda sozinha os múltiplos problemas encontrados com as deformidades
nasogástrica. Além disso, o obturador previne a contaminação que resultam da fenda labial e palatina. A criação de uma columela
bucal do sítio cirúrgico, ao mesmo tempo que ajuda psicologica­ esteticamente aceitável e o manejo da deformidade das cartilagens
mente o paciente, por restaurar os contornos palatinos normais. nasais são aspectos especialmente difíceis. A intervenção protética
Parafusos, suturas ou ligaduras metálicas podem ser usados ini­ com um dispositivo de moldagem nasoalveolar pré-cirúrgico (PNAM)
cialmente para manter a prótese em posição. Um obturador pro­ aborda esses problemas usando uma placa intrabucal e a extensão
visório é instalado uma semana mais tarde e pode ser customizado nasal que reposiciona dinamicamente as cartilagens nasais deforma­
para melhorar a estabilidade, a retenção e a estética. Após a área das e os processos alveolares, ao mesmo tempo que alonga a
ressecada ter se estabilizado (6-12 meses mais tarde), uma prótese columela deficiente.54,55 Modificações contínuas desse aparelho me­
obturadora final deve ser confeccionada. lhoram a deformidade da fenda nasal inicial e podem eliminar a
Vários tecidos autógenos pediculados têm sido descritos necessidade de correção cirúrgica da columela, ao mesmo tempo
para a correção dos defeitos palatinos, mas podem ser limitados que minimizam a extensão das cicatrizes do complexo buconasal.
pela falta de estrutura tecidual, comprimento do pedículo vas­ As possíveis desvantagens do PNAM incluem uma perda da con­
cular e pela necessidade de estágios múltiplos de reconstrução tinuidade do tecido mole quando as forças excedem as tolerâncias
para que se alcance um resultado final. Alternativamente, a teciduais. O sucesso do aparelho é baseado na colaboração dos pais
364 Parte IV   Biomedicina Aplicada à Ortodontia

e no uso dedicado, constante e adequado do dispositivo pelo pa­ tenas de células de massa interna dos blastócitos. As células-tronco
ciente. Quando usado em associação de uma abordagem cirúrgica embrionárias se diferenciam em células da crista neural que, por
modificada, o PNAM permite que um procedimento cirúrgico sua vez, migram para formar os processos faciais.61,62
inicial único possa abordar o complexo labionasoalveolar e suas Qual é a diferença entre as células mesenquimais e as células-
deformidades e reduz o número de cirurgias corretivas futuras. -tronco mesenquimais (MSCs)? Embora não exista uma resposta
Para os pacientes com fenda palatina que não tenham sido definitiva, a seguinte conjectura é fornecida com base em evidên­
tratados cirurgicamente, a comunicação nasal anterior é abor­ cias experimentais fragmentadas. A MSC é provavelmente o
dada usando-se um obturador, como descrito. Frequentemente, produto de uma divisão assimétrica das células mesenquimais.
um paciente com uma fenda palatina não restaurada apresenta- Enquanto uma linhagem celular filha diferencia-se para uma célula
se com aspectos de oclusão complicada, incluindo uma relação de estágio terminal, a outra célula replica formando uma célula
maxilomandibular indesejada. Os dentes adjacentes ao defeito mesenquimal filha. Ao término da morfogênese, as células filhas
podem ser comprometidos devido à má qualidade óssea e residuais das células mesenquimais provavelmente continuam a
devem ser submetidos à colocação de amarrias para preserva­ residir nos vários tecidos craniofaciais e mantêm sua condição
ção. O paciente requer a confecção de uma prótese parcial como célula-tronco capazes de autorrenovação e diferenciação
removível ou uma prótese dentária total que irá reparar simul­ para progenias múltiplas. Em adultos, as MSCs mantêm o turnover
taneamente o defeito, restaurar a continuidade com a pré-maxi­ tecidual fisiologicamente necessário e, com as lesões ou as doenças,
la, assegurar a função oclusal e criar uma aparência estética. diferenciam-se para permitir a regeneração tecidual.3,4
As células-tronco mesenquimais se diferenciaram em condi­
ções experimentais quase em todas as linhagens de tecidos
ABORDAGENS EMERGENTES: CÉLULAS-TRONCO mesenquimais e conjuntivos.3,58-60 Em muitos casos, as MSCs
E ENGENHARIA TECIDUAL também foram usadas para gerar estruturas craniofaciais in vivo
Os defeitos bucais e craniofaciais têm uma alta demanda por fenó­ que seus predecessores pré-natais, as células mesenquimais, são
tipos teciduais múltiplos e frequentemente apresentam-se com capazes de gerar durante o desenvolvimento. A Figura 28-1
muitos aspectos complexos para reconstrução. As abordagens atuais fornece um exemplo para demonstrar que as MSCs humanas
para a reconstrução facial são limitadas por várias deficiências podem se diferenciar em condrócitos, osteoblastos e adipócitos,
intrínsecas. Por exemplo, os enxertos de tecidos autólogos estão rela­ três linhagens celulares que formam a estrutura dos fenótipos de
cionados com uma morbidade do sítio doador; as prótese não tecidos craniofaciais. Para produzir uma estrutura biológica fun­
integram com os tecidos hospedeiros; e os enxertos alogênicos e cional, as células devem ser instruídas a diferenciarem-se e a
outros estão associados a incompatibilidade imunológica e poten­ sintetizarem as moléculas da matriz extracelular adequadas, em
cial para transmissão de patógenos. Os clínicos e os cientistas têm um formato global e nas dimensões dos órgãos ou tecidos
tentado restaurar os defeitos faciais com as células-tronco do próprio ausentes ou doentes.2 As estruturas biomiméticas são frequente­
paciente, em abordagens que minimizam as deficiências atuais, tais mente necessárias para permitir o crescimento e a diferenciação
como a morbidade do sítio doador, a imunorrejeição, a transmissão celular em um ambiente previamente não familiar aos biólogos
de patógenos e a reparação abaixo da ideal. Estudos recentes demons­ ou engenheiros. As estruturas craniofaciais oferecem desafios
traram a comprovação do princípio de uso das células-tronco na complexos e, em muitos casos, únicos, quando são produzidas.
reconstrução de defeitos dentários, bucais e craniofaciais.2,4
A pesquisa em larga escala em engenharia tecidual, nas áreas
Reposição por Bioengenharia da Articulação
craniofaciais e outras, começou no início dos anos 1990, após a
­Temporomandibular
descoberta das células-tronco que não apenas tinham autorrenova­
ção, mas também eram capazes de diferenciarem-se em múltiplas Como muitas pessoas têm doenças articulares, tais como osteoar­
linhagens celulares. Até o momento, avanços substanciais foram trite e artrite reumatoide, esforços consideráveis têm sido feitos
feitos na engenharia tecidual, devido à evolução em disciplinas para regenerar as estruturas da ATM (Fig. 28-2). A regeneração
aparentemente não relacionadas, que incluem a biologia celular e do côndilo mandibular representa um desafio substancial, pois
molecular, a química dos polímeros, a genética molecular, a ciência a articulação mandibular, assim como de outras articulações,
dos materiais, a robótica e a engenharia mecânica, convergindo consiste em camadas estratificadas de cartilagem e osso. Houve
para um campo de automobilização da engenharia tecidual.56-57 progresso a fim de que se pudesse regenerar um côndilo man­
dibular de tamanho humano usando MSCs1,3,63,64 (Fig. 28-3).
Para regenerar o côndilo mandibular, MSCs de ratos ou de seres
Células-tronco
humanos foram primeiro isoladas da medula óssea, sendo expostas
A forma tridimensional complexa da face surge do crescimento separadamente a meios de culturas condrogênicos e osteogênicos
da fusão de vários processos embrionários. As regiões média e suplementados.1,30 O polietileno glicol diacrilato (PEGDA) foi dis­
superior da face são derivadas do processo frontonasal, as boche­ solvido em solução salina tamponada com fosfato (PBS) com um
chas e a porção superior da maxila dos processos maxilares fotoiniciador ultravioleta biocompatível. As células derivadas de
pareados e as porções inferiores da mandíbula dos processos man­ MSC foram encapsuladas em hidrogel PEGDA em uma forma nega­
dibulares. Esses processos são povoados por células mesenquimais tiva de um côndilo mandibular de cadáver humano adulto, em duas
que são multipotentes e capazes de se diferenciar para osteoblastos, camadas estratificadas, mas integradas. Esse construto foi implan­
condrócitos, adipócitos e fibroblastos.3,58-60 As células mesenqui­ tado no dorso de um camundongo imunodeficiente por até 12
mais são derivadas de células-tronco embrionárias, algumas cen­ semanas. Quando 20 × 106 células/mL foram usadas, os côndilos da
Capítulo 28   Restauração dos Defeitos Bucais e Craniofaciais por Abordagens com Células-Tronco 365

Fig. 28-1 A, Células-tronco mesenquimais humanas (MSCs) isoladas de um doador anônimo de


medula óssea humana adulta após a expansão em cultura corada com hematoxilina e eosina (HE).
Um enriquecimento adicional das MSCs pode ser obtido por seleção positiva usando marcadores
superficiais celulares, incluindo STRO-1, CD 133 (prominina, AC133), p75LNGFR (p75, receptor do
fator de crescimento nervoso de baixa atividade), CD29, CD44, CD90, CD105, c-kit, SH2 (CD105),
SH3, SH4 (CD73), CD71, CD106, CD120a, CD124 e HLA-DR ou por seleção negativa. B, Os con­
drócitos derivados de MSCs humanas demonstrando coloração positiva para o azul alciano. C, Osteo­
blastos derivados de MSCs humanas demonstrando coloração von Kossa positiva para depósitos de
cálcio (preto) e enzima fosfatase alcalina ativa (vermelho). D, Adipócitos derivados de MSCs humanas
mostrando coloração positiva Óleo Vermelho-O para lipídeos intracelulares. Marcadores moleculares
e genéticos adicionais podem ser usados para caracterizar ainda mais os condrócitos, osteoblastos e
adipócitos derivados de MSC.  (De Marion NW, Mao JJ: Methods Enzymol 420:339-361, 2006.)

articulação mandibular produzidos por engenharia tecidual man­ periodontal (LPD).65-68 Após confirmar que as células-tronco da
tiveram o formato e as dimensões do côndilo mandibular do cadáver. polpa dentária (DPSCs) se diferenciam em linhagens múltiplas,
As porções condrogênicas e osteogênicas permaneceram em suas sua capacidade para formar estruturas dentiniformes foi estu­
camadas respectivas.63 A camada condrogênica foi corada positiva­ dada após a implantação in vivo.69 As células-tronco de dentes
mente por um marcador condrogênico, safranina O, e continha decíduos esfoliados humanos (SHED) também foram diferencia­
colágeno tipo II. Na camada profunda, próxima da interface entre as das para células semelhantes a odontoblastos, que, por sua vez,
camadas cartilaginosas e ósseas, condrócitos hipertróficos foram carac­ produziram estruturas dentinoides pequenas.68
terizados por expressão do colágeno tipo X. Em contraste, somente As células-tronco isoladas de LPD humano demonstraram
os marcadores osteogênicos, tais como a osteopontina e osteonectina, regenerar as estruturas semelhantes a cemento/LPD que lembra um
coraram a camada óssea. Mais importante ainda, houve uma infil­ LPD nativo como uma delgada camada de cemento e uma interface
tração mútua dos componentes cartilaginosos e ósseos em cada um de fibras colágenas densas, similar às fibras de Sharpey.70 O potencial
dos outros territórios que lembravam um côndilo mandibular. para reconstruir defeitos de tecido periodontal8,71 e estruturas de
fixação periodontal in vivo72-76 foi estudado usando-se células-tronco
periodontais transplantadas. Os cementoblastos têm uma capaci­
Engenharia Tecidual Dentária: Regeneração
dade acentuada para induzir a mineralização em um modelo ex
da Dentina e do Ligamento Periodontal
vivo77 e in vivo com feridas periodontais.78 As MSCs derivadas de
Células com propriedades de células-tronco adultas foram iso­ medula óssea transplantadas para defeitos ósseos periodontais são
ladas da polpa dentária, dentes decíduos esfoliados e ligamento capazes de regenerar o tecido periodontal em defeitos de furca.79
366 Parte IV   Biomedicina Aplicada à Ortodontia

Fig. 28-2 Terapia de engenharia tecidual com


base em MSC autológa para a artroplastia total. As
células progenitoras como MSCs são isoladas da
medula óssea ou de outras fontes de tecido con­
juntivo (p. ex., tecido adiposo), expandidas por
cultura e/ou diferenciadas ex vivo para condróci­
tos e osteoblastos. As células são semeadas em
materiais biocompatíveis, com formato das estru­
turas anatômicas do côndilo da articulação
sinovial, e são implantadas in vivo. Estudos de
prova de conceito preliminares foram relatados.
(Redesenhado de Marion NW, Mao JJ: Methods
Enzymol 420:339-361, 2006.)

A regeneração do periodonto não apenas é significativa no (PLGA) e implantadas em defeitos de calvária de tamanho
campo da periodontia, mas também tem implicações na orto­ crítico, criados cirurgicamente. Tais células induziram a neofor­
dontia, cirurgia bucal e prótese. Por reparação dos defeitos perio­ mação óssea similar a MSCs derivadas de medula óssea ou de
dontais, ortodontistas e cirurgiões bucais podem colocar osteoblastos.86
dispositivos de ancoragem temporária e implantes dentários A radioterapia é um procedimento comum para os
para melhorar a ancoragem para a movimentação ortodôntica pacientes com câncer bucal. A irradiação afeta gravemente o
e restaurar dentes ausentes, respectivamente. Além disso, a estroma da medula óssea, a remodelação e a reparação de
melhora dos defeitos ósseos da boca irá permitir aos ortodon­ fraturas.92,93 Um outro efeito adverso da radioterapia é o
tistas posicionar os dentes em locais onde antes seria impossível aumento da apoptose e o comprometimento da vasculariza­
sem a terapia regeneradora. ção, que complicam as cirurgias reconstrutivas.94,95 Para pro­
mover a formação óssea nos sítios irradiados, discos de
hidroxiapatita tratados com proteína morfogenética óssea
Engenharia Óssea Craniofacial
humana recombinante 2 (BMP-2) foram efetivos na regenera­
As abordagens cirúrgicas mais comuns para as reconstruções ção óssea, embora a reparação fosse incompleta.96 Uma com­
dos defeitos ósseos craniofaciais incluem o uso de osso autógeno, binação de retalho muscular pediculado com tratamento com
materiais alogênicos e compostos protéticos, tais como metal e BMP-3 foi efetiva na regeneração óssea nos sítios irradiados,
plástico.80-86 Apesar de certos níveis de sucesso clínico, cada uma sugerindo a necessidade de um leito receptor bem-vasculari­
dessas estratégias tem limitações importantes, tais como a mor­ zado e uma população adequada de células osteogênicas
bidade no sítio doador, rejeição, infecção e fracasso do respondedoras.97 A formação óssea por células estromais de
dispositivo. medula óssea transplantada é melhorada pela administração
As estratégias fundamentadas em células-tronco para a concomitante de doses anabólicas do paratormônio.98 Um
reconstrução do osso craniofacial podem superar essas deficiên­ outro efeito colateral da radioterapia para pacientes com
cias. As células mesenquimais derivadas de tecido adiposo (AMCs) câncer maligno de cabeça e pescoço é a xerostomia, ou boca
são multipotentes e capazes de diferenciarem-se em células seca. Resultados preliminares sobre a regeneração de glându­
musculares, ósseas e cartilaginosas.86-90 As AMCs foram isoladas las salivares foram relatados usando-se células salivares
através de lipoaspirado.89-91 As AMCs foram semeadas em estru­ humanas primárias para formar estruturas glandulares acina­
turas de ácido co-glicólico poliláctico revestidos de apatita res que expressam amilase.99,100
Capítulo 28   Restauração dos Defeitos Bucais e Craniofaciais por Abordagens com Células-Tronco 367

Fig. 28-3 Neogênese do côndilo mandibular de formato humano produzida por MSCs. A, Cons­
truto osteocondral semeado manteve o formato e a dimensão do côndilo mandibular humano de
cadáver após a implantação in vivo. Barra de escala: 5 mm. B, Corte corado por von Kossa mostrando
a interface entre as camadas ósseas e condrais estratificadas. Os múltiplos nódulos de mineralização
estão presentes na camada óssea (metade inferior da fotomicrografia), mas ausentes na camada
condral. C, Coloração positiva para safranina O da camada condrogênica indica a síntese de gli­
cosaminoglicanos abundantes. D, Corte corado por HE da camada osteogênica demonstrando uma
estrutura de ilhotas ósseas representativas, consistindo em células similares a osteoblastos de MSC
diferenciadas na superfície e no centro. (mm = micron.).  (De Mao JJ, Giannobile WV, Helms JA, et al:
J Dent Res 85:966-979, 2006.)

devem ser abordados para o campo continuar a se movimen­


CONCLUSÃO
tar adiante.
Os defeitos da face são comuns e especialmente nocivos para • Quais são as fontes ideais de células para a regeneração
o bem-estar psicossocial dos pacientes. As abordagens terapêu­ craniofacial?
ticas atuais utilizaram os tecidos próprios do paciente, enxer­ • Essas fontes são derivadas de medula óssea, tecido adiposo,
tos alogênicos ou implantes sintéticos. Como uma mudança dentes ou outros sítios?
do paradigma, a engenharia dos tecidos craniofaciais tem por • Como idealizamos e confeccionamos estruturas que acomo­
objetivo substituir os defeitos com células capazes de desen­ dem os fenótipos teciduais, frequentemente múltiplos e
volverem-se para tecidos importantes. Um número crescente complexos, das estruturas dentárias, bucais e craniofaciais?
de estudos de prova de conceito, incluindo aqueles descritos Para o campo da ortodontia, possíveis alterações podem
neste capítulo, identificou a exequibilidade dos tecidos e órgãos incluir um periodonto derivado biologicamente, incluindo
craniofaciais “crescentes” in vivo. Este esforço de reconstrução elementos dentários únicos ou múltiplos, tais como LPD,
craniofacial com base celular representa uma abordagem sem cemento/osso alveolar, ATM por engenharia tecidual e enxertos
precedentes na pesquisa biomédica, requerendo uma síntese ósseos de base celular para anomalias congênitas, tais como as
de engenharia, biologia e genética. Por definição, a recons­ fendas palatinas. Além disso, os estudantes da especialidade de
trução craniofacial requer abordagens multidisciplinares e ortodontia devem tornar-se envolvidos em abordagens baseadas
interdisciplinares. Apesar do progresso acentuado na engenha­ nas células de regeneração dentária, bucal e craniofacial. Espera-
ria dos tecidos craniofaciais dentro de menos de dez anos se que o impacto da reconstrução craniofacial com base celular
desde seu surgimento, os aspectos importantes a seguir ainda seja substancial na prática da ortodontia.
368 Parte IV   Biomedicina Aplicada à Ortodontia

20. Wilkie AOM, Morriss-Kay GM, Jones EY, Heath JK: Functions
Agradecimentos of fibroblasts growth factors and their receptors, Curr Biol 5:
Este capítulo é dedicado ao Dr. Ram Nanda, pelo seu compro­ 500-507, 1995.
metimento com a pesquisa e instrução em ortodontia. Gostaría­ 21. Greenlee RT, Hill-Harmon MB, Murray T, Thun M: Cancer
statistics, 2001, CA Cancer J Clin 51:15-36, 2001.
mos de agradecer ao Dr. Ravi Nanda e ao Dr. Sunil Kapila por
22. Mashberg A, Samit A: Early diagnosis of asymptomatic oral
fornecerem a oportunidade de participar nesse esforço alta­
and oropharyngeal squamous cancers, CA Cancer J Clin 45:
mente repleto de méritos. Agradecemos à Sarah Kennedy pela 328-351, 1995.
ajuda técnica. Agradecemos à assistência administrativa de 23. Silverman S Jr: Oral cancer, ed 4, Hamilton, Ontario, 1998,
Richard Abbott e Janina Acloque. Essa pesquisa foi realizada American Cancer Society.
com o apoio das bolsas NIH DE15391 e EB006261 para J.J.M. 24. Palme CE, Gullane PJ: Principles and history of oral cavity
reconstruction. In Day TA, Girod DA, editors: Oral cavity recon-
struction, New York, 2006, Taylor and Francis Group, p 2.
25. Yelin E, Cisternas MG, Pasta DJ, et al: Medical care expendi­
Referências tures and earnings losses of persons with arthritis and other
rheumatic conditions in the United States in 1997: total and
1. Alhadlaq A, Mao JJ: Tissue-engineered neogenesis of human­ incremental estimates, Arthritis Rheum 50:2317-2326, 2004.
shaped mandibular condyle from rat mesenchymal stem cells, 26. Okeson JP: Management of temporomandibular disorders and
J Dent Res 82:951-956, 2003. occlusion, ed 4, St. Louis, 1996, Mosby-Year Book.
2. Rahaman MN, Mao JJ: Stem cell – based composite tissue 27. Bugbee WD: Fresh osteochondral allografts, J Knee Surg 15:
constructs for regenerative medicine, Biotechnol Bioeng 91: 191-195, 2002.
261-284, 2005. 28. Jakob RP, Franz T, Gautier E, Manil-Verlet P: Autologous
3. Marion NW, Mao JJ: Mesenchymal stem cells and tissue engi­ osteochondral grafting in the knee: indication, results, and
neering, Methods Enzymol 420:339-361, 2006. reflections, Clin Orthop 401:170-184, 2002.
4. Mao JJ, Giannobile WV, Helms JA, et al: Craniofacial tissue 29. Tom JA, Rodeo SA: Soft tissue allografts for knee reconstruc­
engineering by stem cells, J Dent Res 85:966-979, 2006. tion in sports medicine, Clin Orthop 402:135-136, 2002.
5. Garcia-Godoy F, Murray PE: Status and potential commercial 30. Alhadlaq A, Elisseeff JH, Hong L, et al: Adult stem cell driven
impact of stem cell–based treatments on dental and craniofa­ genesis of human-shaped articular condyle, Ann Biomed Eng
cial regeneration, Stem Cells Dev 15:881-887, 2006. 32:911-923, 2004.
6. Robey PG, Bianco P: The use of adult stem cells in rebuilding 31. Buckwalter JA: Articular cartilage injuries, Clin Orthop 402:
the human face, J Am Dent Assoc 137:961-972, 2006. 21-37, 2002.
7. Yen AH, Sharpe PT: Regeneration of teeth using stem cell­ 32. Hagody L, Feczko P, Bartha L, et al: Mosaicplasty for the treat­
based tissue engineering, Expert Opin Biol Ther 6:9-16, 2006. ment of articular defects of the knee and ankle, Clin Orthop
8. Risbud MV, Shapiro IM: Stem cells in craniofacial and dental 391(Suppl): S328-S336, 2002.
tissue engineering, Orthod Craniofac Res 8:54-59, 2005. 33. Bruder SP, Jaiswal N, Ricalton NS, et al: Mesenchymal stem
9. Centers for Disease Control and Prevention, Atlanta, 2006, cells in osteobiology and applied bone regeneration, Clin
CDC. Orthop 355:S247-S256, 1998.
10. Tinsworth D, McDonald J: Injuries and deaths associated with 34. Robertson JA: Face transplants: enriching the debate, Am J
children’ s playground equipment (special study) Washington, Bioeth 4:32-33, 2004.
DC, 2001, US Consumer Product Safety Commission. 35. Preminger BA, Fins JJ: Face transplantation: an extraordinary
11. Office of Technology Assessment, US Congress : Risks to stu­ case with lessons for ordinary practice, Plast Reconstr Surg
dents in school, Washington, DC, 1995, US Government 118:1073-1074, 2006.
Printing Office. 36. Richardson D, Fischer SE, Vaughan ED, Brown JS: Radial
12. Englander F, Hodson TJ, Terregrossa RA: Economic dimen­ forearm flap donor-site complications and morbidity: a pro­
sions of slip and fall injuries, J Forensic Sci 41:733-746, spective study, Plast Reconstr Surg 99:109-115, 1997.
1996. 37. Schoeller T, Otto A, Wechselberger G, Lille S: Radial forearm
13. Management of the child with cleft lip and palate, A AOMS flap donor-site complications and morbidity, Plast Reconstr
Surg Update 20(1), 2006. Surg 101:874-875, 1998.
14. Bear JC: A genetic study of facial clefting in Northern England, 38. Skoner JM, Bascom DA, Cohen JI, et al: Short-term functional
Clin Genet 9:277-284, 1976. donor morbidity after radial forearm fasciocutaneous free
15. Fraser FC: Animal models for craniofacial disorders, Prog Clin flap harvest, Laryngoscope 113:2091-2094, 2003.
Biol Res 46:1-23, 1980. 39. Futrell JW, Johns ME, Edgerton, MT et al: Platysma myocu­
16. Schutte BC, Murray JC: The many faces and factors of orofa­ taneous flap for intraoral reconstruction, Am J Surg 136:504-
cial clefts, Hum Mol Genet 8:1853-1859, 1999. 507, 1978.
17. Wyszynsky DF et al: Genetics of nonsyndromic oral clefts 40. Yang GF, Chen PJ, Gao YZ, et al: Forearm free skin flap transplan­
revisited, Cleft Palate Craniofac J 33:406-417, 1996. tation: a report of 56 cases, Br J Plast Surg 50:162-165, 1997.
18. Hunter AGW, Rudd NL: Craniosynostosis. I. Sagittal synosto­ 41. Soutar DS, Scheker LR, Tanner NS, McGregor IA: The radial
sis: its genetics and associated clinical findings in 214 patients forearm flap: a versatile method for intra-oral reconstruction,
who lacked involvement of the coronal suture(s), Teratology Br J Plast Surg 36:1-8, 1983.
14:185-194, 1976. 42. Evans GR, Schusterman MA, Kroll SS, et al: The radial forearm
19. Lajeune E, Le Merrer M, Bonaiti-Pellie C, et al: Genetic study free flap for head and neck reconstruction: a review, Am J Surg
of scaphonephaly, Am J Med Genet 62:282-285, 1996. 168:446-450, 1994.
Capítulo 28   Restauração dos Defeitos Bucais e Craniofaciais por Abordagens com Células-Tronco 369

43. Wax MK, Smith DS: Reconstruction of the base of tongue and 64. Troken A, Mao JJ: Cell density in TMJ tissue engineering.
total glossectomy defects. In Day TA, Girod DA, editors: Oral Articular cartilage tissue engineering (special issue), J Eng
cavity reconstruction, New York, 2006, Taylor and Francis Med, , 2007. (in press).
Group, pp. 223. 65. Gronthos S, Mankani M, Brahim J, et al: Postnatal human
44. Prince S, Bailey BM: Squamous carcinoma of the tongue: dental pulp stem cells (DPSCs) in vitro and in vivo, Proc Natl
review, Br J Oral Maxillofac Surg 37:164-174, 1999. Acad Sci USA 97:13625-13630, 2000.
45. Rhee PH, Friedman CD, Ridge JA, Kusiak J: The use of pro­ 66. Shi S, Robey PG, Gronthos S: Comparison of human dental
cessed allograft dermal matrix for intraoral resurfacing: an pulp and bone marrow stromal stem cells by cDNA microar­
alternative to split-thickness skin grafts, Arch Otolaryngol ray analysis, Bone 29:532-539, 2001.
Head Neck Surg 124:1201-1204, 1998. 67. Batouli S, Miura M, Brahim J, et al: Comparison of stem-
46. Haughey BH, Wilson E, Kluwe L, et al: Free flap reconstruc­ cellmediated osteogenesis and dentinogenesis, J Dent Res 82:
tion of the head and neck: analysis of 241 cases, Otolaryngol 976-981, 2003.
Head Neck Surg 125:10-17, 2001. 68. Miura M, Gronthos S, Zhao M, et al: SHED: stem cells from
47. Curtis TA, Beumer J 3rd: Restoration of acquired hard palate human exfoliated deciduous teeth, Proc Natl Acad Sci USA
defects. In Beumer J 3rd, Curtis TA, Marunick MT, editors: 100:5807-5812, 2003.
Maxillofacial rehabilitation: prosthodontic and surgical consid- 69. Shi S, Gronthos S: Perivascular niche of postnatal mesenchy­
erations, St Louis, 1996, Ishiyaku EuroAmerica, pp 233-237. mal stem cells in human bone marrow and dental pulp, J Bone
48. Jacob RF: Clinical management of the edentulous maxillec­ Miner Res 18:696-704, 2003.
tomy patient. In Taylor TD, editor: C linical maxillofacial pros- 70. Seo BM, Miura M, Gronthos S, et al: Investigation of multi­
thetics, Chicago, 2000, Quintessence, pp 85-87. potent postnatal stem cells from human periodontal liga­
49. Wadsworth JT, Futran N: Hard palate reconstruction. In Day ment, Lancet 364:149-155, 2004.
TA, Girod DA, editors: Oral cavity reconstruction, New York, 71. Thesleff I, Tummers M: Stem cells and tissue engineering:
2006, Taylor and Francis Group, p 255. prospects for regenerating tissues in dental practice, Med
50. Cordiero PG, Bacilious N, Schantz S, Spiro R: The radial Princ Pract 12(Suppl 1):43-50, 2003.
forearm osteocutaneous “sandwich” free flap for reconstruc­ 72. Lekic PC, Rajshankar D, Chen H, et al: Transplantation of
tion of the bilateral subtotal maxillectomy defect, Ann Plast labeled periodontal ligament cells promotes regeneration of
Surg 40:397-402, 1998. alveolar bone, Anat Rec 262:193-202, 2001.
51. Sadove RC, Powell LA: Simultaneous maxillary and mandibu­ 73. Dogan A, Ozdemir A, Kubar A, Oygur T: Healing of artificial
lar reconstruction with one free osteocutaneous flap, Plast fenestration defects by seeding of fibroblast-like cells derived
Reconstr Surg 92:141-146, 1993. from regenerated periodontal ligament in a god: a prelimi­
52. Nakayama B, Matsuura H, Ishihara O, et al: Functional recon­ nary study, T issue Eng 9:1189-1196, 2003.
struction of a bilateral maxillectomy defect using a fibular 74. Nakahara T, Nakamura T, Tobayashi E, et al: In situ tissue
osteocutaneous flap with osseointegrated implants, Plast engineering of periodontal tissues by seeding with periodon­
Reconstr Surg 96:1201-1204, 1993. tal ligament – derived cells, Tissue Eng 10:537-544, 2004.
53. Anthony JP, Foster RD, Sharma AB, et al: Reconstruction of a 75. Akizuki T, Oda S, Komaki M, et al: Application of periodontal
complex midfacial defect with the folded fibular free flap and ligament cell sheet for periodontal regeneration: a pilot study
osseointegrated implants, A nn Plast Surg 37:204-210, 1996. in beagle dogs, J Periodont Res 40:245-251, 2005.
54. Grayson BH, Santiago PE, Brecht LE, Cutting CB: Presurgical 76. Hasegawa M, Yamato M, Kikushi A, et al: Human peri­
nasoalveolar molding in infants with cleft lip and palate, Cleft odontal ligament cell sheets can regenerate periodontal
Palate Craniofac J 36:486-498, 1999. ligament tissue in an athymic rat model, Tissue Eng 11:
55. Bennun RD, Figueroa AA: Dynamic presurgical nasal remod­ 469-478, 2005.
eling in patients with unilateral and bilateral cleft lip and 77. Jin QM, Anusaksathien O, Webb SA, et al: Gene therapy of
palate: modifi cation of the original technique, Cleft Palate bone morphogenetic protein for periodontal tissue engineer­
Craniofac J 43:639-648, 2006. ing, J Periodontol 74:202-213, 2003.
56. Nerem RM: Cellular engineering, Ann Biomed Eng 19:529- 78. Zhao M, Jin Q, Berry JE, et al: Cementoblast delivery for peri­
545, 1991. odontal tissue engineering, J Periodontol 75:154-161, 2004.
57. Langer R, Vacanti P: Tissue engineering, Science 260:920-926, 1993. 79. Kawaguchi H, Hirachi A, Hasegawa N, et al: Enhancement of
58. Caplan AI: Mesenchymal stem cells, J Orthop Res 9:641-650, 1991. periodontal tissue regeneration by transplantation of bone
59. Pittenger MF, Mackay AM, Beck SC, et al: Multi-lineage poten­ marrow mesenchymal stem cells, J Periodontol 75:1281-1287,
tial of adult human mesenchymal stem cells, Science 284:143- 2004.
147, 1999. 80. Marchac D: Split-rib grafts in craniofacial surgery, Plast
60. Alhadlaq A, Mao JJ: Mesenchymal stem cells: isolation and Reconstr Surg 69:566-567, 1982.
therapeutics, Stem Cells Dev 13:436-448, 2004. 81. Shenaq SM: Reconstruction of complex cranial and craniofa­
61. Noden DM: The role of the neural crest in patterning of avian cial defects utilizing iliac crest – internal oblique microsurgi­
cranial skeletal, connective, and muscle tissues, Dev Biol 96(1): cal free flap, Microsurgery 9:154-158, 1998.
144-165, 1983. 82. Goodrich JT, Argamaso R, Hall CD: Split-thickness bone graft
62. Couly GF, Coltey PM, Le Douarin NM: The triple origin of in complex craniofacial reconstructions, Pediatr Neurosurg 18:
skull in higher vertebrates: a study in quail-chick chimeras, 195-201, 1992.
Development 117:409-429, 1993. 83. Nicholson JW: Glass-ionomers in medicine and dentistry,
63. Alhadlaq A, Mao JJ: Tissue engineered osteochondral con­ Proc Inst Mech Eng H 212:121-126, 1998.
structs in the shape of an articular condyle, J Bone Joint Surg 84. Rah DK: Art of replacing craniofacial bone defects, Yonsei
Am 87:936-944, 2005. Med J 41:756-765, 2000.
370 Parte IV   Biomedicina Aplicada à Ortodontia

85. Bruens ML, Pieterman H, de Wijn JR, Vaandrager JM: Porous 93. Spear MA, Dupuy DE, Park JJ, et al: Tolerance of autologous
polymethylmethacrylate as bone substitute in the craniofacial and allogeneic bone grafts to therapeutic radiation in humans,
area, J Cranofac Surg 14:63-68, 2003. Int J Radiat Oncol Biol Phys 45:1275-1280, 1999.
86. Cowan CM, Shi YY, Aalami OO, et al: Adipose-derived adult 94. Okunieff P, Mester M, Wang J, et al: In vivo radioprotective
stromal cells heal critical-size mouse calvarial defects, Nat effects of angiogenic growth factors on the small bowel of
Biotechnol 22:560-567, 2004. C3H mice, Radiat Res 150:204-211, 1998.
87. Gimble JM, Builak F: Differentiation potential of adiposed­ 95. Okunieff P, Wang X, Rubin P, et al: Radiation-induced changes
erived adult stem (ADAS) cells, Curr Top Dev Biol 58:137-160, in bone perfusion and angiogenesis, I nt J Radiat Oncol Biol
2003. Phys 42:885-889, 1998.
88. Hicok KC, Du Laney TV, Zhou YS, et al: Human adiposed­ 96. Wurzler KK, DeWeese TL, Sebald W, Reddi AH: Radiationin­
erived adult stem cells produce osteoid in vivo, Tissue Eng 10: duced impairment of bone healing can be overcome by
371-380, 2004. recombinant human bone morphogenetic protein-2, J Cran-
89. Zuk PA, Zhu M, Mizuno H et al: Multilineage cells from iofac Surg 9:131-137, 1998.
human adipose tissue: implications for cell-based therapies, 97. Khouri RK, Brown DM, Koudsi B, et al: Repair of calvarial defects
Tissue Eng 7:211-228, 2001. with flap tissue: role of bone morphogenetic proteins and com­
90. Zuk PA, Zhu M, Ashjian P, et al: Human adipose tissue is a petent responding tissues, Plast Reconstr Surg 98:103-109, 1996.
source of multipotent stem cells, Mol Biol Cell 13:4279-4295, 98. Schneider A, Taboas JM, McCauley LK, Krebsbach PH: Skel­
2002. etal homeostasis in tissue-engineered bone, J Orthop Res 21:
91. De Ugarte DA, Morizono K, Elbarbary A, et al: Compari­ 859-864, 2003.
son of multi-lineage cells from human adipose tissue and 99. Bücheler M, Wirz C, Schütz A, et al: Tissue engineering of human
bone marrow, Cells Tissues Organs 174:101-109, 2003. salivary gland organoids, A cta Otolaryngol 122:541-545, 2002.
92. Mitchell MJ, Logan PM: Radiation-induced changes in bone, 100. Joraku A, Sullivan CA, Yoo JJ et al: Tissue engineering of func­
Radiographics 18:1125-1136, 1998. tional salivary gland tissue, Laryngoscope 115:244-248, 2005.
Índice  371
371

ÍNDICE

A AHI. Ver Índice de Apneia/ Ancoragem


Abertura interlabial, consideração, hipoapneia. auxiliares, uso, 237-238
190 AINS. Ver Fármaco anti-inflamatório conceitos, introdução, 279
Abordagem centrada no paciente, não esteroidal. considerações. Ver Mecânica de
mudança do paradigma, 10 AJODO. Ver American Journal of arcos contínuos.
Acabamento. Ver Descolagem. Orthodontics and Dentofacial controle
ACG. Ver Análise cefalográfica. Orthopedics. SUS, uso, 108
Ácido hidrofluorídrico em gel, uso, 54 Ajuste isométrico, 160 vai e vem, efeitos negativos,
Ácido maleico, uso, 47 Alinhamento mandibular, fotografias, 245-246
Ácido ortofosfórico 246f-247f definição, 279-280
aplicação, 47 Alinhamento maxilar, fotografias, manejo ótimo, 279
condicionamento, alternativas, 47 246f-247f melhora, onplants (uso), 146-149
uso, 47 Alongamento cirúrgico da coroa, 274 sistemas, desenvolvimento, 278
Acompanhamento periodontal, Altura facial inferior (AFI), tipos, 279
frequência, 206 mensuração, 29 uso, Ver Ortodontia.
Acrílico com polimerização a frio, Altura facial inferior curta, 268f Ancoragem absoluta, DAT (uso), 283
aplicação, 237 Altura facial total (AFT), mensuração, Ancoragem de Baker, 279
Adenoides, tecido linfoide 29 Ancoragem direta, uso, 285
(características hipertróficas), 262 Altura facial vertical, deficiência, 171 Ancoragem esquelética
Adesão do compósito, 274 Altura oclusal posterior, manutenção, popularidade, elevada, 183
Adesivos 164 uso, 278. Ver também Molares;
remoção total, facilitação, 47 Alvéolo lingual, gengiva (inserção), 124 Excesso vertical.
remoção. Ver Remoção do adesivo AM. Ver Arco mandibular. Ancoragem estacionária, 279
residual. Amálgama presença, 279
tipos, 49-50 liga, jateamento, 54 Ancoragem grupo A, 279
Adesivos fotopolimerizados, uso, 50 restauração, 55 Ancoragem grupo B, 279
Adesivos para retenção lingual, dureza união, 55 Ancoragem intermaxilar, 279
de superfície/taxa de conversão procedimento, 55 descrição, 279
(estudos), 58 Ambiente celular, força mecânica, 342f Ancoragem máxima, 237
Adesões locais, 343 Ambiente oral, mudanças, 57-58 Ancoragem mínima, 237
proteínas do complexo, AMCs. Ver Células mesenquimais Ancoragem occipital, 279
interconexão, 343f derivadas de tecido adiposo. descrição, 279
Adolescentes American Journal of Orthodontics and Ancoragem ortodôntica
desenvolvimento, representação do Dentofacial Orthopedics fontes, segurança desenvolvida, 291
IME, 18 (AJODO), mudança de nome, 88 Ancoragem ortodôntica segundo
diagnóstico/tratamento, 262-263 American Journal of Orthodontics, Tweed, uso, 127
IMEs, 19f revisão, 88 Ancoragem ortodôntica, onplants
Aerossóis, inalação, 56 AMM. Ver Avanço maxilomandibular. (uso), 146
AFI. Ver Altura facial inferior. AMPc. Ver Monofosfato de adenosina sucesso, 146
AFT. Ver Altura Facial Total. cíclica. Ancoragem ortopédica, onplants
Agentes antissialogogos, 47 Análise 3D do tecido mole, dados (uso), 146
impacto. Ver saliva. (providos), 40 Ancoragem recíproca, 279
Agentes condicionadores, primers Análise cefalométrica, execução, 29 correspondência, 279
(combinação), 49 Análise centrográfica (ACG), 15-17 Ancoragem simples, 279
Agentes de fluoreto, melhora, 57-58 diagrama, 16f correspondência, 279
Agentes de união liberadores de objetivo, 15-16 Ancoragem tipo C, 279
fluoreto, 57 Análise da imagem, 36-39 Ancoragem tipo-placa, uso, 291
Agentes, combinação. Ver Agentes de Análise dinâmica do sorriso, uso, 188 Anestesia
condicionamento. Análise gráfica 3D, 69-70 injeção, 293f
AgHBs. Ver Antígeno de superfície da processo, propósito, 69 solução tópica, inclusão, 293f
hepatite B. Análise histomorfométrica, 89 uso, 292

371
372
372 Indice

Anestesia infiltrativa, 292 Aparelhos de reposicionamento Aparência facial


componentes, 292 anterior da mandibular (MARA), avaliação, 95-96
Anestesia local 104 melhora, 97
administração, 293 Aparelhos de torque elevado, uso, 76f mudança, 98f, 99
componentes, 292 Aparelhos fixos perspectiva psicológica, 4-6
uso, 292 bráquetes, uso, 99 pós-tratamento, 100f
Anestesia tópica, 292 terapia Ápices divergentes, 218f
aplicação, 292 casquete uso, 122 Ápices. Ver Convergência dos ápices;
Angle, Edward H., 45 manchas brancas, prevenção/ Divergência dos ápices.
conceito de ancoragem, 279 tratamento, 57-58 Apinhamento anterior inferior,
Angulação do pré-molar tratamento ortodôntico reclamação, 303-304
correção, 235f estágios, 328 Apinhamento anterior superior
fabricação, 325f início, 331 e inferior
Angulações incisais, alteração, 93 tratamento, 328 fotografias intraorais, 310f-318f
Ângulo do plano mandibular- Aparelhos fixos totais, instalação do radiografia cefalométrica, 310f-318f
Frankfurt, 103 arco inferior, 125-127 superposições em radiografia
Ângulo goníaco, aumento, 93 Aparelhos funcionais fixos, 103-104, cefalométrica, 310f-318f
estágio Twin Block, impacto, 90 120-121 tratamento sem extrações, SAS
Ângulo interincisal, quantidade impacto. Ver Incisivos (uso), 310f-318f
(impacto), 260 mandibulares. Apinhamento anterior, nível
Ângulos faciais, mensuração, 29 pacientes, amostragem, 121-122 moderado, 308-312
Anomalias dentárias, 355-356 perda de ancoragem, efeitos Apinhamento dental, sinais clínicos,
Anormalidades craniofaciais, impacto. colaterais, 122 138
Ver Apneia do sono pediátrica. Aparelhos funcionais híbridos, Apinhamento mandibular, 232
Anquiloglossia (língua presa), 253 104-109 Apinhamento. Ver pacientes adultos;
Anquiloses, complicação, 327 Aparelhos funcionais Apinhamento dentário.
Anteriores inferiores, inclinação removíveis, 103 fotografias facial/intraoral
mesial, 122 Aparelhos funcionais usados em pré-tratamento, 211f
Anteriores superiores, movimento tempo integral, período de fotografias oclusal inferior e frontal
mesial recíproco, 122 tratamento, 93 intraoral pré-tratamento, 236f
Antígeno de superfície da hepatite B Aparelhos funcionais, 103-104, 194. grupo de indivíduos, 30
(AgHBs), detecção, 56 Ver também Aparelhos funcionais problema, 137
AP-1. Ver Ativador da proteína-1. fixos; Aparelhos funcionais Aplicação de fluoretos, meios
Aparelho autoligante SmartClip, uso, híbridos; Aparelhos funcionais profissionais, 57
76f removíveis. Apneia central, diagnóstico, 252
Aparelho de ancoragem superior), 81 contraindicação, 105 Apneia do sono
impacto da inibição, 176 uso, 194 cirurgia
Aparelho de contenção superior. Aparelhos orais, 252-254 movimentos sagitais, realização,
Aparelho de expansão, efeito, mensuração, 254 258
fabricação, 145 efetividade. Ver Apneia do sono uso, 259
Aparelho de Herbst, 103-104 obstrutiva. pacientes, cirurgia (necessidade), 256
desenvolvimento, 104 Aparelhos ortodônticos fixos totais, Apneia do sono em pediatria,
tratamento, 128-129 instalação, 256 anomalias craniofaciais
variações, 121 Aparelhos ortopédicos funcionais, (impacto), 262
Aparelho ortodôntico, 45 benefícios, 97-99 Apneia do sono obstrutiva (ASO), 251
design (simplificação), DAT Aparelhos para distalização de aparelhos dentais, uso, 254
(impacto), 281 molares, 120 classificação, 251-252
Aparelho Pêndulo, tratamento, Aparelhos para expansão com bandas, consideração do tratamento sem
128-129 fabricação, 145 extração, 263
Aparelho posicionador de língua, 253f Aparelhos para expansão, fabricação. diagnóstico, 251-252
Aparelho Schwarz inferior, uso, 140f Ver Aparelho para expansão exigências, 251
Aparelho Schwarz removível inferior, bandado; Expansor fixo. diagnóstico/tratamento de
139f Aparelhos para posicionamento adolescentes, 262-263
Aparelhos de ancoragem extraoral, uso lingual, 253 melhora, 262
(ausência), 329 Aparelhos pré-ajustados com fio nivelamento pré-cirúrgico, 259
Aparelhos de Nance, uso, 280 espesso, tratamento, 129f-130f ortodontistas, papel, 262-263
Aparelhos de posicionamento Aparelhos Twin Block pacientes. Ver Pacientes com ASO
mandibular, 253-254 relatos de caso, 93 com mordida profunda e face
design personalizado, 253f terapia, estudo, 90 curta.
Índice  373
373

Apneia do sono obstrutiva (ASO) (cont.) Arco para intrusão de três peças, 192 Arranjo maxilar, 271
AMM, uso, 254 biomecânica, envolvimento, 193f Articulação temporomandibular
restrições da segmentação mecânica segmentada, uso, 192 (ATM)
cirúrgica, 258-259 Arco para intrusão maxilar, plano de alça auxiliar de fechamento, 238-239
risco, 263 mordida (contraste), 79-81 Alça T
sinais/sintomas, 262 Arco segmentado realização, 273
tratamento indicações, 229t arcos, benefícios, 243
aparelhos orais, efetividade, 252 mecânica, 228 avaliação, 273
diretrizes, 251-252 Arco superior, alinhamento, 245 desordens, 361
modalidade, CPAP (uso), 252 Arco TP individualizado, 81 relatos, 361
validade biomecânica, Arco transpalatino (TPA) mola de retração segmentada, uso,
preocupações, 262 ativação, 260 240-241
Apneia obstrutiva auxílio de ancoragem, 237 remodelamento da fossa condilar,
diagnóstico, 252 localização. Ver Arco transpalatino investigação, 88-89
esforço respiratório, 251 apoio baixo reposição por bioengenharia, 364
Apneias, número, 251 superioridade, 81 sintomas, incidência, 115
Apresentação facial da Classe II, 259 uso, 237 uso, ausência, 239-240
Aquisição da imagem, 36 Ver também Inclinação vestibular. Articulação, impacto, 362
Arco contínuo em aço inoxidável, uso, necessidade, 81-82 Articulações
233f-234f Arco utilidade de Rickett, uso, 192f forma, suprimento/carga sanguíneo
Arco de estabilização de Nance, uso, Arco utilidade, 192 (impacto), 321-322
237 CTA, similaridade, 192 ruídos, 361
Arco de finalização espesso, desuso, 71 uso. Ver Arco utilidade de Rickett. ASO. Ver Apneia do sono obstrutiva.
Arco de intrusão Connecticut (CTA), Arcos Aspecto bucal, inserção do DAT, 282f
191. Ver também CTA superior e comprimento, 259-260 Aspiração, impacto, 362
inferior pré-formado. constrição, 261f Assimetria mandibular, 247-248
aplicação, 192f coordenação, manutenção Ataque a laser, uso, 47
seleção, 192 (dificuldade), 238-239 Ativação da proteína G, 344
similaridade. Ver Arco utilidade. deficiência de comprimento, 259 Ativador da proteína-1 (AP-1)
Arco de intrusão, 191-192. Ver também forma. Ver Avanço fator de transcrição, ativação, 345
Arco de intrusão de três peças. maxilomandibular. Atividade eletromiográfica (EMG),
ativação, 191 coordenação, 260 redução, 159
construção, 191 porção posterior, sistema de forças, ATP de puxada baixa, instalação, 231
mecânica, uso. Ver Molares; 232 ATP. Ver Adenosina trifosfato.
Correção de sobremordida. região posterior/anterior, Autoligação, 74-77
Arco de intrusão, inserção, 239f segmentando, 240 Auxiliares funcionais fixos, adição, 127
Arco dental mandibular, ortodontia Arcos base de extrusão, uso, 258f Avaliação cefalomórfica. Ver Forma
Widening, 138 Arcos contínuos facial.
Arco dental maxilar indicações, 229t casos clínicos, 21f-24f
visão anterior, 74f prós/contras, comparação, 239t Avaliação subjetiva, contraste. Ver
visão anterolateral, 69f Arcos de aço inoxidável retangulares, Avaliação objetiva.
visão oclusal, 74f dobras de terceira ordem, 80f Avaliação/tratamento/terapia de
Arco dental maxilar superior, Arcos dentários manutenção periodontal, 229-231
apinhamento anterior, 328-329 manutenção/aumento, 259 Avaliações objetivas, avaliações
Arco em aço inoxidável, 210f preparo, 254 subjetivas (contraste), 68-69
Arco lingual mandibular, uso, 127 retrusão bimaxilar, 270f Avanço mandibular, contraindicação,
Arco mandibular Arcos labiais 90-91
ancoragem classe A/C, exigências, arcos TP, uso 81-82 Avanço maxilar, representação 3D
112f-113f uso, 82 (superposição), 43f
apinhamento, 245 Área de contato (mudanças), Avanço maxilomandibular (AMM),
tratamento, 249 apertamento voluntário 254-260
tubo no primeiro molar, offset distal (impacto), 163f cefalogramas pré/pós-tratamento,
(impacto), 70f Área de trabalho, preparo, 46 255f
Arco mandibular (AM), mensuração, Área pré-maxilar (reconstrução), osso dimensão transversal, 255-256
29 radial (uso), 363 dimensão vertical, 256-259
Arco maxilar Área retromolar, dispositivos de forma do arco, 255-256
apinhamento, 106 ancoragem (uso), 278 nivelamento, 256-259
ocorrência, 109 Área retromolar, instalação do realização, 254
expansão, anulação, 106 microimplante, 296f relação transversa interarcadas, 255
374
374 Indice

Avanço maxilomandibular (AMM) Bordos incisais dos incisivos centrais Broca-guia


(cont.) maxilares (determinação), diâmetro, 293
terapia ortodôntica pré-cirúrgica, 268-270 orientação, guia cirúrgico (uso), 298
254-255 Bordos incisais maxilares uso, 293
uso. Ver Apneia do sono obstrutiva. posição estética, 269f Bulbo para posicionamento lingual,
relação. Ver Lábio superior. uso, 253f
B Botão de Nance (eliminação), Bulbo posicionador de língua para
Baker, H. A., 279 Horseshoe Jet (impacto), 125 edêntulos, 253f
Bandas cimentadas, bráquetes colados Bráquete Clarity, descolagem vertical, Bumper Jumper, uso, 128
(contraste), 45 56f Bumper labial, uso, 128
Bandas pré-formadas, impacto. Ver Bráquete Inspire Ice, Buracos na cortical. Ver Osso
Posição mesiodistal. descolagem, 56 alveolar.
Barra para contenção 3-3 Bráquetes angulados, presença, 219f Burstone, Charles, 238
colagem, 59 Bráquetes autoligados de Damon, ancoragem grupo A, 280
fabricação, 60f tratamento, 128-129 Butão palatino, visibilidade, 176
Barra transpalatina (TP), uso, 117 Bráquetes autoligados, uso, 78
Base com trama, uso, 45 Bráquetes cerâmicos, 56 C
Base de cera, uso, 31-33 descolagem, 56 Caenorhabditis elegans, canais iônicos
Base do crânio Bráquetes de torque elevado, seleção, ativado por estiramento, 344
modelos virtuais 3D, 44f 75-77 Calo, localização, 321
registro manual, 43f Bráquetes estéticos, slot metálico Câmara pulpar, reabsorção radicular,
superfície, registro 3D (achados (inclusão), 205 353
clínicos), 39 Bráquetes fixos, vantagens, 45 Canais iônicos ativados por
Base estruturada a laser, uso clínico, 45 Bráquetes metálicos com base estiramento, 344
Base jateada, uso clínico, 45 tramada, taxas de Canais iônicos sensíveis ao
Base supertrama, uso clínico, 45 insucesso, 49 estiramento, 344
Beleza Bráquetes metálicos, 55-56 Câncer. Ver Cânceres de cabeça;
mito, 6 descolagem, 56 Cânceres de pescoço; Cânceres
sistema monetário, 4-5 Bráquetes ortodônticos, desinstalação, orais. Casos/mortes, câncer de
Bem-estar funcional, domínio 55 orofaringe (impacto), 361t
(avaliação), 5 Bráquetes pré-regulados, uso, 71 Cânceres de cabeça, 360-361
Bem-estar emocional, domínio Bráquetes pré-torqueados, uso, 71 Cânceres no pescoço, 360-361
(exame), 5 Bráquetes soltos, recolagem, 55 Cânceres orais, 360-361
Bifidobacterium DN-173 010, Bráquetes. Ver Bráquetes cerâmicos; casos, relatos mundiais, 360-361
utilidade, 58 bráquetes metálicos. radioterapia, uso, 366
Biomecânica bases, designer (disponibilidade), ressecção, impacto, 361
complexidades, identificação, 228-229 45 Canforoquinona (pico de absorção),
compreensão, 279-280 impacto. Ver Movimentos de fontes de luz de LED
individualização, 237-249 terceira ordem. (compatibilidade), 52
princípios, aplicação, 280 instalação Canino
seleção, 232 cuidados, 54 erupção, 224f
BioStar, uso, 253-254 dentes, posição inicial (impacto), atraso, 220
Bisglicidil de metacrilato (BISGMA), 49 73-74 Canino maxilar esquerdo, impactação,
resinas, vantagens, 49 variação do torque, 73f 244f-245f
Bloco de mordida macio, uso. Ver posição Canino, forças oclusais
Exercício de apertamento. mudança, impacto, 74f comparação, 217f
BMP-2. Ver Proteína morfogenética mudanças verticais, impacto, 216
óssea-2. diferenças, 72 Caninos
Boca recolagem, 225f. Ver Bráquetes alinhamento, problemas, 240f
assoalho, reconstrução, 362 colados. angulação, 232-235
mastigação/respiração, 165-166 remoção, 56 ocorrência, 232
respiradores, desvantagens, 165-166 tratamento, 58 aspecto medial, distração posterior,
Bolsas palatinas, mensuração, 329f seleção, 70-71. Ver também 322-323
Bordos incisais Movimentos de terceira ordem. bandagem, 322
abrasão, 269f dentes, posição inicial (impacto), bráquete, posição vertical
contorno, 224f 73-74 (modificação), 73
exposição, inadequada, 267 Bráquetes/tubos pré-soldados, correção, mecânica do arco
posição, estabelecimento, 266, 271 uso, 71 contínuo (uso). Ver Caninos
recontorno, 219f Broca tungstênio carbide, uso, 55-56 tipped.
Índice  375
375

Caninos (cont.) CC, Ver Centroide do crânio. Centroide (cont.)


DAD, mudanças dento-esqueléticas, Cefalograma pré-tratamento, traçado estabilidade, demonstração, 16
327t (preparação), 93 geometria, forma facial (relação),
desgaste da ponta da cúspide, Cefalometria bidimensional (2D), uso, 16-17
exemplo clínico, 74f 36 Centroimpressos, 24-25
deslocamento distal, 326 Células do estroma osteoblástico, avaliação. Ver Crescimento serial;
distração total, completa, 330f-332f expressão de RANKL, 348f Tratamento.
inclinação axial, 74f Células do ligamento periodontal demonstração, 24-25
posição vertical, 74f (LPD) exibição. Ver tratamento.
retração total, 332f carga mecânica, 345 Child Oral Health Impact Profile
superposição maxilar, 336f resposta, 345 (COHIP), 5
retração, 191f mecanossensibilidade, 341 demonstração. Ver Valor
alinhamento, 241 tipos, 342-343 psicométrico.
apinhamento, relação, 242-243 Células mecanossensitivas, 342-343 desenvolvimento, 5
mecânica, 281 mecanismo de sensibilização, 341 estudo internacional, resultados, 6
realização, 241-242 sinalização intracelular, impacto, 341 instrumento de mensuração,
Caninos inclusos Células mesenquimais validade, 6
apinhamento, 106 contagem, uso, 90 Ciclo mastigatório, mudanças, 165
Caninos inferiores impactados, replicação, 90 Cimento de ionômero de vidro
inclinação mesial, 233f-234f Células mesenquimais derivadas de modificados por resina (CIV-
Caninos inferiores inclusos, 233f-234f tecido adiposo (AMCs), uso, 366 MR), 50
Caninos inferiores, retração, 246-247 Células ósseas Cimento Fuji Ortho, 57
Caninos maxilares localizados canais ativados por voltagem, Cimentos de ionômero de vidro, 50
labialmente, tratamento, 118f-119f existência, 344 SBS, 57
Caninos maxilares, mecanotransdutoras, linhagem uso. Ver colagem de bráquetes.
análise radiográfica, 331, 333 (impacto), 342 limitação, 50
aspecto radiográfico, 333f, 336f tipos, 342-343 utilidade, 50
avaliação, aspecto radiográfico, 328f Células osteoblásticas Cirurgia de corticotomia, uso, 321
DAD, 330f-332f, 334f-336f canal iônico ativado por Cirurgia gengival, uso, 270
Caninos maxilares, movimentação estiramento, identificação, 344 Cirurgia mandibular, resultados, 39
rápida carga mecânica, 345 Cirurgia maxilar
imagens oclusais, 326f deformação in vivo, amplificação, realização, 39
imagens periapicais, 325f 342 tratamento, 42f
Características dentárias verticais Células osteoblásticas MC3T3-E1, Cirurgia ortognática, exigência, 268,
(mensuração), cefalograma lateral resposta, 342 272-273
(usos), 172 Células osteoclásticas, Cirurgias ósseas, uso, 270
Carga. Ver Carga mecânica. mecanossensitividade, 343 Cirurgias para reconstrução de
momento. Ver Microimplantes. Células-tronco da polpa dental defeitos congênitos, relato da
Carga mecânica. Ver Osso; Ligamento (DPSCs), diferenciação, 365 Sociedade Americana de
periodontal. Células-tronco de dentes decíduos Cirurgiões Plásticos, 360
alterações, 346-348 humanos esfoliados (SHED), 365 Citoesqueleto de actina
duração, aumento, 347 Células-tronco, 364 exposição de mudança
Carga mecânica externa, resposta uso, 364-366 conformacional, 343-344
óssea, 346-347 Cementoblastos, RANKL (presença), proteína do complexo de adesão
Cartilagem condilar, proliferação, 89f 353 local, conexão, 343f
Casa Centro de resistência (Cres), 191. CIV-MR. Ver Cimento de ionômero
ambiente de suporte, 13 Ver também Incisivos. de vidro modificado por resina.
suporte da família, 11-12 inserção periodontal, relação, 201 Classe II, Divisão 2, apinhamento
Casquete de puxada alta, uso, 82 Centroide da face (FC), 16 anterior, 328-329
Casquete maxilar, uso, 23 plano A Ba-Pt, relação, 16-17 Clínica Ortodôntica Kitafusa, 29
Causa/efeito Centroide do crânio (CC), 16 CNT. Ver Nanotubos de carbono.
reforço, 13 gnátio, plano (formação), 24 Coeficiente psicométrico,
relações, preocupações do traçados seriados, registro, 24 demonstração de COHIP, 6
ortodontista, 215 Centroide inferior (LC), 16 COHIP. Ver Child Oral Health Impact
Causas externas, 11 Centroide superior (UC), 16 Profile.
Causas internas, 11 Centroide. Ver Centroide do crânio; Colaboração do paciente
Cavidade nasal, 252 Centroide da face; Centroide fatores, 9. Ver Adesão ao tratamento
CBCT. Ver Tomografia inferior; Centroide superior. ortodôntico.
computadorizada de feixe cônico. definição, 16 correção, 10
376
376 Indice

Colaboração do paciente (cont.) Condicionamento ácido, padrão. Controle, percepção do paciente, 11


manutenção, diretrizes, 13b Ver Colagem de bráquetes. Convergência apical, 217
melhora, 12 Côndilo mandibular Convergência de ápices, 218f
diretrizes, 13b modelos 3D, visão posterior, 42f Cooperação. Ver Pacientes não
responsabilidade do profissional, 10 MSCs, regeneração, 364 colaboradores.
Colaboração do paciente ortodôntico Côndilo mandibular, identificação comportamento (melhora),
fatores, 10 (clara), 40f recompensa do paciente (uso),
avaliação, 12 Côndilos 12
variáveis paciente/pais/profissional, centralizados. Ver Fossa glenoide. questões, técnicas de tratamento, 9
10 padrão de crescimento distal, Coroa
Colagem de bráquetes, 46-55 confirmação, 90 contatos, abertura de espaço, 222f
ataque ácido, padrão, 49 Côndilos mandibulares na forma do distalização radicular, coeficiente de
cimentos de ionômero de vidro, côndilo humano, neogênese da correlação, 305
uso, 57 engenharia, 267f distalização, quantidade prevista
procedimento, sucesso, 53 Conexão médico-paciente-pais, (relação), 305
Colagem direta, 53-55 importância, 13 divergência, 217
pré-medicação, 53 Conjunto de dados volumétricos, 37 fotografia facial pré-tratamento,
procedimento, 53-54 Considerações biológicas, 274 222f
fotografia, 54f Consolidação, definição, 321 Coroas cerâmicas, cimentação, 54
Colagem do pré-molar, 284f Constrição bialveolar lateral, 140f Coroas dos incisivos centrais,
Colagem indireta, 55 Constrição maxilar movimento, 216
introdução, 55 evidência, espaços negros, 140f Coroas metalocerâmicas, 274
relação custo-benefício, 55 impacto, 140f Correção cirúrgica, avaliações
Colagem ortodôntica, controle da Consultório de ortodontia, suporte da quantitativas longitudinais, 37
umidade (importância), 46 família, 11-12 Correção da Classe II, 116
Colagem. Ver Colagem de bráquetes; Contatos oclusais Correção da inclinação, 285f
Colagem direta; Colagem área, 28 Correção da sobremordida, 145
indireta. resultados, 30-31 mecânica do arco de intrusão, 284f
agente aumento, exercício de mastigar Correção espontânea da Classe II,
aplicação, 49, 49f chiclete (impacto), 163 ocorrência, 141
polimerização, 49 diagnóstico, 35 Correção ortodôntica da mordida
preparo, 46-47 Contenção a longo prazo diferenciada, aberta, 180-182
procedimentos clínicos, 59 necessidade, 82-83 Correção vertical, contenção. Ver
procedimentos, 53-54 Contenção a longo prazo, necessidade. Paciente Dolicocefálico.
selante/prime, 49 Ver Contenção a longo prazo Correções do posicionamento/ângulo
SEP, uso, 49 diferenciada. incisal, 25
Coloração de Von Kossa, 367f Contenção colada folhada a ouro, 83f Corretor de mordida ajustável, 121
Começo tardio Contenção fixa por longos períodos, Corretor de Mordida Twin Force, 121
progresso do tratamento, 96f recomendações, 211f CP. Ver Plano centroide.
Twin Blocks, instalação (relato de Contenção mandibular 3-3, vantagens, CPAP. Ver Pressão de ar positiva
caso), 93-94 82 contínua.
Complexo nasomaxilar Contenção ortodôntica, abordagem CPP-ACP. Ver Fosfopeptídeo de
impacto, 143-144 seletiva (vantagens), 82 caseína de fosfato de cálcio
suturas faciais, importância, 145f Contenção permanente amorfo (CPP-ACP).
Componentes do diagnóstico de contenções fixas, uso, 205 Craniossinostose, 360
maturação, 16f necessidade, 82-83 Cres. Ver centro de resistência.
Compósitos dentários, aparência, 49 restrição, 82-83 Crescimento
Compósitos flow, valores de SBS, 59 uso. Ver Diastemas. avaliação quantitativa longitudinal,
Compósitos ortodônticos, monômeros Contenção, preferência, 260 37
(identificação), 50 Contenções fixas, adesão. Ver Dentes. considerações. Ver Tratamento.
Compressão lateral, 347 Contenções fixas, tipos, 83f efeitos, representação, 24
Comprimento coronário do incisivo Contenções linguais fixas impacto. Ver tratamento.
direito, comprimento coronário adesão, 58-59 modificação
do incisivo esquerdo procedimentos clínicos, 59 fatores de controle, pesquisa
(discrepância, correção), 274f Contenções removíveis, 217f biológica, 90
Comunicação, conexão (inter- Contenções. Ver Contenções removíveis. pesquisa, 88-89
relações), 12f uso, risco, 82 monitoramento, 24-25
Comunicação/conexão médico/ Contorno, considerações, 271. velocidade, estágios/níveis de
equipe-paciente, 12 Ver também Dentes anteriores. maturação (relação), 18f
Índice  377
377

Crescimento condilar distal, Defeitos craniofaciais congênitos, Dentes maxilares posteriores


impacto, 96f cirurgias de reconstrução distalização em massa, mecânica do
Crescimento condilar, potencial, 89 (número), 360t SAS, 303
Crescimento da crista, 47 Defeitos orais, abordagens emergentes, movimento para distal, biomecânica
Crescimento dentofacial, respiração 364-366 do SAS, 302f
bucal (impacto), 164 Deficiência maxilar Dentes posteriores
Crescimento mandibular ativo, espaços negros, 138 alinhamento, problemas, 240f
término (confirmação), 302 maloclusão sagital, associação, efeito vertical, preservação (impacto
Crescimento mandibular total 138-139 da correção da mordida
conclusão, 20 sinais clínicos, 138 aberta), 164
valor, percentagens, 20 Deficiência maxilar transversa, extrusão, 188
Crescimento mandibular, aumentado, manifestações, 137-138 acompanhamento, 195f
103-104 quantificação, ausência, 137 inclinação anterior, 188
Crescimento maxilar/mandibular Deficiência no meio da face, intrusão, 164
esquelético retrusivo, posição observação, 262-263 mastigação, 159-164
CS/CI, 17 Deficiências mandibulares transversas, movimento anterior, impedindo,
Crescimento serial, mudanças 255 289f
(avaliação Centroimpresso, 25f Deformações congênitas, 360 posição vertical, 159-164
Crescimento vertical, excesso, 172 efeitos físicos/psicológicos, 363 Dentes posteriores extruídos
Crescimento/desenvolvimento facial, Deglutição, impacto, 362 (intrusão), uso do DAT
conhecimento, 251 Dente anterior (adequação), 281
Crianças força (componente distal), Dentes posteriores inferiores, extrusão,
maloclusões, problemas, 6 aplicação, 181f 193-194
mito da beleza, problemas, 6 intrusão, 194-195 Dentes posteriores mandibulares
tratamento baseado em valores, intrusão, realização, 195f envolvimento, 273
6-7 mecânica, uso, 282 movimento para distal, biomecânica
modelos 3D, superposição, 37f movimento posterior, prevenção, do SAS, 304f
Crista infrazigomática, instalação do 287f Dentes posteriores superiores
DAT, 123 movimento, prevenção, 283 ângulo de posicionamento, 295f
CTA pré-formado superior/inferior, resistência, 285 extrusão, 193-194
191f retração, arco (uso), 297-298 Dentes. Ver Dentes posteriores.
CTA. Ver Arco de intrusão Dentes anteriores em abrasão, desgaste, 188
Connecticut. Classe III, 218 aparência estética, insatisfatória,
Cuidados de saúde baseados em Dentes anteriores maxilares direito, 272f
valores, 4f intrusão, 274f aparência, estética (problemas),
Cuidados ortodônticos Dentes anteriores, contorno/matiz 328-329
custo-benefício, registro (consideração), 271 condicionamento, ácido fosfórico
(ausência), 6 Dentes girados, subcorreção em gel (uso), 55
financiamento, variações, 7f (detecção), 79 contato, magnitude, 159
qualidade, garantia, 6 Dentes mandibulares contenções fixas adesivas, fixação,
Custos com material, redução, determinação estética, 272 58
241-242 inclinação lingual, 80f dano, risco, 4
Custos, 6-7 planejamento de estética, 271-271 distalização, 281
situação de ganho-ganho-ganho, 6 Dentes maxilares erupção, 223-234
valor, 3 determinação estética, 272 exposição, ausência, 268f
inclinação lingual, 80f extrusão, uso de ancoragem com
D intrusão, 281 DAT, 286f
DAD. Ver Distração dentoalveolar. posição, incisivos mandibulares fluoreto, aplicação, 57
Dano à retina, comprimento de onda (relação), 272-272 força extrusiva, aplicação, 282-283
(impacto), 53 Dentes maxilares anteriores inclinação, mudança, 269f
Dano periodontal, 210-212. Ver aparência estética, insatisfatória, maloclusão, 78
também Pacientes adultos. 275f movimento. Ver Movimentos
presença, 210 exposição, melhora, 80f dentários ortodônticos;
DATs. Ver Dispositivos de ancoragem intrusão em massa, design da Movimentos dentários
temporária. biomecânica, 197f fisiológicos; Movimentação
Defeitos craniofaciais níveis papilares, determinação, 270 dentária rápida.
abordagens em surgimento, 364-366 posição estética, estabelecimento, interferência, microinplantes
reconstrução, abordagens clínicas, 270-271 (impacto), 299f
361-363 relação estética, determinação, 270 médias, problemas, 215
378
378 Indice

Dentes (cont.) Desenvolvimento tardio na infância, Diferenças comparativas de


obtenção, 278 eventos de ossificação crescimento maxilar, 21-22
representações gráficas, aparelhos (ocorrência), 18 Diferenças no crescimento
autoligados SmartClip (uso), Desenvolvimento, padrão de comparativo mandibular, 21-22
76f maturação (importância), 21 Dimensão sagital, 259-260
sequências, obtenção, 285-286 Desequilíbrios esqueléticos Dimensão transversal, 255-256
perda, região posterior, 203 transversos, 137 ignorando, 257f
posição final, 75f Desgaste da ponta de cúspide. Ver representação, 261f
relação do longo eixo, instalação do Caninos. Dimensão vertical, 256-259. Ver
microimplante, 294 similaridade, 73 também Mordida aberta anterior.
superfície adesiva labial/lingual, 46 Design do arco TP tipo Goshgarian, Dimensões esquelético-faciais
força ortodôntica, localização, 341 diferenças, 81 anteroposteriores (AP), foco, 171
sobretorque, 73 Deslocamento, direção, 40f Dinamarca
posições Desordens funcionais, risco, 4 financiamento por terceiros,
razões, 78 Destes protéticos, margens gengivais provisão, 4
recomendação do torque médio, (nível), 267f sistema
76f Desvio padrão (SD), apresentação, introdução, 4
retração, impacto, 235-236 329f problema, 4
recolagem, razões, 215 Desvios Lábio-linguais Incapacitantes Diodos emissores de luz (LEDs), 52
recondicionamento, 47 (DLI), 4 fontes de luz
remoção, 266 Diagnóstico cefalométrico, compatibilidade. Ver
restauração, adequação da estrutura componentes, 16f Canforoquinona.
(determinação), 273-274 Diagnóstico. Ver Problemas pico, distribuição do espectro/
posição inicial, impacto, 73-74 relacionados ao crescimento. gráfico de comprimento de
correção insuficiente, detecção. Ver exemplos clínicos, 21-24 onda (demonstração), 52f
Dentes com giroversão. uso, 20-24 Direção bucal da raiz e palatina da
vitalidade, 327-328 Diagrama do momento de força, 288f coroa, 282
Dentição inferior, verticalização, 140f Diastemas Discos de hidroxiapatita tratados com
Dentição mandibular causa, determinação, 203 BMP-2 recombinante humana,
construção digital, 69f convergência, presença, 222f efetividade, 366
níveis gengivais, 272 eliminação, 223-224 Discrepância vertical, ocorrência, 256
Dentição mandibular posterior, 237 estabilidade Discrepâncias esqueléticas, tratamento,
Dentição maxilar, nivelamento alcance, 219f 88
ortodôntico, 259 considerações, 216-218 Discrepâncias funcionais, tratamento,
Dentição mista precoce fechamento, 205, 216-217 88
problemas Classe III, tratamento, fotografias faciais, 219f-220f Discrepâncias oclusais
138-139 fotografias intraorais pré- gravidade, 232-235
relatos de caso, 99 tratamento, 219-220f representação, 235
Dentição permanente precoce, mecânica modificada, 223-224 Dispositivo de moldagem nasoalveolar
maloclusão (progressão do papila interdental, ausência. Ver pré-cirúrgica (PNAM), 363
tratamento), 95f Diastemas na arcada inferior; Dispositivo resistente à fadiga por
Dentição virtual, construção, 69 Diastemas na arcada superior. forsus, 108-109, 121
Dentição, retração, 231 papila, ausência. Ver Diastemas pesquisa, 108
Dentina remanescente, quantidade, 274 múltiplos. SUS, similaridade, 108
Desafio do sono, 263 projeção lingual, impacto, 203-205 Dispositivos de ancoragem temporária
Descolagem, 55-57 radiografias, 203f (DATs), 9
acabamento/polimento, 57 resolução do problema, experiência alternativa, atratividade, 280
manchas brancas, prevenção/ do pensamento (uso), 217f ancoragem direta, uso. Ver Espaço.
tratamento, 57-58 rotação, presença, 222f ancoragem indireta. Ver Espaço.
preferência, 260 tratamento, 202-205 ancoragem, uso. Ver Incisivos;
segurança do operador, 56 contenção permanente, uso, 216f Dentes.
sessões, agendamento, 55 similaridades, 215 dente-alvo, força direta, 281
simplificação, 47 visão intraoral, 216f design do aparelho ortodôntico,
Desenvolvimento maturacional Diastemas inferiores, papila simplificação, 281
avaliação, importância, 20 interdental (ausência), 204f-205f design, 281
perfil, 17-20 Diastemas múltiplos, papila disponibilidade, 281
Desenvolvimento nos meados da (ausência), 206f estabilidade, 280
infância, eventos de ossificação Diastemas superiores, papila estudo, 280
(ocorrência), 18 interdental (ausência), 204-205f extrusão, 282-283
Índice  379
379

Dispositivos de ancoragem temporária Distalização do molar (cont.) Distração dentoalveolar (cont.)


(DATs) (cont.) perda da ancoragem, efeitos plano de tratamento, 329, 331-332
fechamento de espaço, 283-286 colaterais, 122 pós-DAD, 328
impacto, 122. Ver também preditibilidade, 305, 318 pré-DAD, 328
Aparelhos ortodônticos; quantidade máxima, 318 pré-DAD/pós-DAD, diferenças, 328
Técnica do arco segmentado. quantidade, 305, 318 pré-formado, 333
implantação, limitações anatômicas, realização, 128f procedimento, 323f
281 relatos de caso, 308-312 progressão do tratamento, 329-331,
inclusão 123, 278-279 resultados, 305-308 333
incorporação, 279 tipo, 305, 318 resultados do tratamento, 331, 333
indicações, 281 SAS, envolvimento, 318 técnica cirúrgica, 322-324
inserção, 282f vantagens biomecânicas, SAS (uso), técnica, viabilidade, 328
ponto, 124 315-318 uso, visão periapical, 325f
insucesso, 280 Distalização mandibular, relatos de valores cefalométricos, 329t, 332t
introdução, 231, 237 caso, 308-312 Distração mandibular transversa,
localização bucal, 284f Distalização maxilar, relatos de caso, 260-262
localização mesial, 285 308-312 osteogênese, 261f
localização, 128, 235. Ver também Distalização. Ver Distalização de Distração maxilar transversa, 260-262
Crista infrazigomática. molar. osteogênese, 261f
adequação, 281 aparelhos pré-ajustados, instalação, Distração osteogênica (DO), 88
radiografia panorâmica, 285f 126f-127f desenvolvimento, 260-261
posicionamento, 289f correção da Classe II, 122 princípios biológicos, 321-322
situações clínicas, 281 momento, 119 princípios, 322
suporte, 125f neologismo, 116-117 uso. Ver Movimentação rápida do
uso da ancoragem, 281 relato de caso, 308-312 canino; Movimentação
uso, 177. Ver também Ancoragem tratamento dentária rápida.
absoluta; Fechamento de progresso, 310f-312f técnica, proposta, 322
espaço após extração; Distalizador Millennium, 121 uso, 322
Ortodontia. Distalizadores de molar Distrator individualizado, 323f
adequação. Ver Dentes análises comparativas, 117-120 Distrator, 322f. Ver também
posteriores extruídos. aparelhos funcionais fixos, individualizado distrator.
considerações, 280-281 comparação, 121-122 ativação, 329-331
desafio, 282-283 Distração cimentação, 323f-324f
impacto, 278 definição, 321 remoção, 331
oportunidade, 281, 286 design do aparelho, 322 Distúrbios oclusais, contatos
visão bucal, 288f direção, 322 prematuros (impacto), 203
Dispositivos de força contínua, 117 procedimento, 322-328 Divergência radicular, 218-220
Dispositivos para contenção da língua, protocolo, 324-326 ausência, 226f
252 taxa/ritmo, impacto, 322 criação de sobressaliência, 225f
Distal jet técnica cirúrgica, 322-324 exame, 222f
aparelho, estrutura, 118 Distração dentoalveolar (DAD), 321 exemplos clínicos, 218-220
ativação de colar, destravamento, 128f aparelho, 322f razões, 220
combinação. Ver Miniparafusos. cimentação, 324 suficiente, 221f
movimento distal, 117 fabricação, 323f utilidade. Ver Espaçamento
recomendações baseadas em remoção, 324-326 generalizado.
evidência, 117b casos, 328-333 DO. Ver Distração osteogênica.
tratamento, 129f-130f cirurgia Dobra central, comparação. Ver dobra
vai e vem distal, produção. Ver edema, observação, 331 na extremidade.
Molares superiores. realização, 329-331 Dobra central
vantagens, 117b descontinuação, 324-326 colocação, 221f
Distal Jet modificado, instalação, 124f desenho do aparelho, 322 fio redondo/desviado, inclusão, 224f
Distalização do molar, 116-120 idade/duração, pesquisa, 327t uso, 223
inclinação, relação, 117 indicações clínicas, 333 Dobras nas extremidades
indicações, 312-315 local da cirurgia, visão intraoral, dobra no centro, comparação, 219f
material/métodos, 301-305 324f envolvimento, 223
momento, 315 mudanças dentoesqueléticas. Ver Doenças crônicas, 361
paciente Caninos. Domínios transmembrana
amostragem, 121-122 perda de ancoragem posterior, hidrofóbicos, 344
idade, relação, 306-308 ausente, 332f DPSCs. Ver Células da polpa dental.
380
380 Indice

Ductos salivares, 362 Erupção compensatória. Ver molares. Estado periodontal, 28


Duração de mastigação de chiclete, Erupção ectópica, fator de risco. Ver Estados Unidos, resultado do COHIP,
165 Reabsorção radicular apical 6
Dureza Brinnel, 27 externa. Estágio maturacional, avaliação
Erupção ortodôntica forçada, 274 (importância), 20
E Erupção passiva alterada, 173 Éster de ácido fosfórico de metacrilato,
ECFs. Ver Eixo centroide facial. Escala de Sonolência de Epworth, 251 uso 49
ECG. Ver Eletrocardiograma. Escala tonsilar, variações, 262 Estética
Educação do paciente, 10-11 Escandinávia, função de porteiro preocupações, 266
ferramentas de demonstração, (problema, ausência), 4 início, 267
disponibilidade, 11 Escola de pensamento biopressivo, 68 integração. Ver Função.
esforço, 11 Escores de microescoamento. Ver terapia, sequência, 275-276
realizando decisão informada, 11 Interface fio-adesivo. posicionamento dentário, aspectos,
EEG. Ver eletroencefalograma. Esmalte 267-268
EF. Ver Eixo facial. adesão, ataque ácido (uso), 47 compreensão, 267-271
Efeito cariostático, 57-58 condicionadores, 47 Estética dental, autopercepção
Efeito de cunha, 176 descalcificação, risco (redução), 45 (impacto), 4
conceito, 177-178 pré-tratamento, 47 Estética do sorriso
Efeito do movimento, 194-195 circunjacente, ácido fosfórico (uso), insatisfatório, 273f
Efeitos de Ilizarov, 321-322 55 objetivo, 172
aplicação, relato, 322 mudanças induzidas termicamente, relação. Ver Excesso vertical.
postulado, 322 48f Estética da face, influência, 9-10
teoria, 322 Espaçamento. Ver Espaçamento Estética labial, melhora, 236
Efeitos do tratamento tipo Herbst, 121 generalizado. Estresse psicossocial, risco, 4
Eixo facial (EF), mensuração, 29 Espaço Estrutura, adequação (determinação).
Eixos centroides faciais (FCAs) ausência, 282 Ver Dentes.
superposição centrográfica, 25f fechamento, 181f, 218f, 222f. Ver Estruturas dentoalveolares
traçados seriados, superposição, 24 também Dispositivos de destorcidas, fotografias facial/
Elásticos de Classe II, extrusão, 237 ancoragem temporária. intraoral pré-tratamento,
Elásticos intermaxilares Classe II, DAT, ancoragem direta, 288f 230f-231f
suporte, 128f DAT, ancoragem indireta, 287f Estruturas dentoalveolares. Ver
Eletrocardiograma (ECG), 251 criação, 118-119 Estruturas dentoalveolares
Eletroencefalograma (EEG), uso, 251 aparência, 119 destorcidas.
Eletromiografia (EMG), 251 distribuição/restaurações, decisões, deformação, 229
Eletro-oculografia (EOG), 251 231 Estruturas maxilares, superposição
Elgioly (tratado a calor), 303 eliminação, 226f cefalométrica, 331
EMG. Ver Eletromiografia. posição do incisivo inferior, 78-79 Estruturas periodontais de suporte,
EMLA, 125 planos, variáveis (impacto), 77 avaliação, 236-237
EMR. Ver Expansão Maxilar Rápida. preservação. Ver Região maxilar Estudantes de odontologia, duração da
Encaixe transmucoso, localização, 149 anterior. refeição (resultados do
Energia da luz, exposição excessiva quantidade total, criação, 118 questionário), 160t
(perigo), 53f Espaço interoclusal, não invasão, 188 Estudo do sono, acompanhamento
Engenharia do tecido dental, 365-366 Espaço inter-radicular, implantes de (obtenção), 254
Ensaios clínicos randomizados (RCTs), miniparafusos (inserção), 123 Estudos demográficos, resultados. Ver
6 Espaço livre não colaboração.
ENT. Ver ouvido nariz e garganta invasão, ausência, 188 Eventos de desenvolvimento,
Entubação oral, prolongada, 229-231 impacto, 176 sequência dos estágios, 18
EOG. Ver Eletrooculografia. Espaço restaurador, fornecendo, 271f Eventos obstrutivos, diminuição
Equilíbrio facial Espaços generalizados, 220 (mecanismos), 263
avaliação esquelética horizontal, 17 fotografias facial/intraoral, 230f- Evidência, valores, 3
avaliação esquelética vertical, 16-17 231f Exame clínico. Ver Terapia funcional.
Equilíbrio, avaliação dentária, 17 problema, divergência radicular diretrizes fundamentais, 92f
Equilíbrio, exigências, 272 (utilidade), 223f Excesso facial vertical
Equilíbrio/desequilíbrio morfológico problema, solução, 223f avaliação, radiografia cefalométrica
dentário, demonstração, 15 Espaços residuais, fechamento, 242f lateral (uso), 172
Equilíbrio/desequilíbrio morfológico Especialista ouvido-nariz-garganta, redução, 178
esquelético, demonstração, 15 262 Excesso maxilar transverso, 255
ERK. Ver Quinase regulada Estabilidade, 180-182 Excesso maxilar vertical, aparência,
extracelularmente. verificação, 224f 172-173
Índice  381
381

Excesso vertical Extração Ferramentas para demonstração,


aparelhos, 173-175 controle da ancoragem, 107-108 disponibilidade. Ver Educação do
características, 172 padrão, fotografias facial/intraoral paciente.
correção, ancoragem esquelética pré-tratamento, 244f-245f Ferramentas para reposicionamento
(uso), 178 alvéolo, interferências ósseas anterior, 253
redução (eliminação), 323f Filme de polietileno de tereftalato
abordagem cirúrgica, 178 espaço, ancoragem requerida, 259 (PET), uso, 28
estabilidade a longo prazo, 180 fechamento de espaço, DATs (uso), Filme dentário Prescale, 162f
estética do sorriso, relação, 172-173 107 Filme radiográfico panorâmico, uso,
características do tecido mole, 172 terapia, uso, 179-180 302
tratamento Extração de pré-molar Filosofia de Tweed, 68
complicação, 178 pré-tratamento, fotografias facial/ Finalização em tempo, 115
estratégias, 173-178 intraoral, 248f-249f Finalização pós-cirúrgica, 260
Exercício de mastigação de chiclete, tratamento, primeira fase, 321 Fio 3-3 para contenção
163 Extração de pré-molar maxilar colagem, 59
modelo, 163 bilateral, consideração, 329 fabricação, 61f
impacto. Ver Contato oclusal; Força Extração de pré-molares, 318 Fio de beta-titânio, distribuição, 257
oclusal. Extrusão, 282-283 Fio de contenção espiral flexível
forças oclusais, mudanças, 164f arco, uso, 285f folheado a ouro, 83f
objetivo, questionário, 163f inclinação para vestibular, Fio retrator, alternativa, 46
Exercício muscular combinação, 280 Fios
desconforto dentição/ATM, 162 ajustes, 70f
duração, protocolo, 162 F comprimento, aumentado
Expansão mandibular transversa, Face (impacto), 81-82
260-261 desequilíbrio, fatores relacionados dobras
Expansão maxilar ao crescimento/dentais, 23-24 necessidade, 79f
fotografias facial/intraoral, 248f-249f desfiguração, ocorrência, 359 requisito,79
exigências, 120 forma tridimensional, origem, 364 uso, 79
Expansão maxilar rápida (EMR), 137 tamanho, aumentado, 16 dobras, necessidade, 79
uso, 149 terços, divisão, 172 inserção, problemas, 74
Expansor associado ao splint. transplante, realização, 361 remoção, 224f
Ver Expansor associado ao splint Face inferior, desenvolvimento vertical conceitos clínicos, 215
em acrílico. progressivo, 25 resistência dos ortodontistas, 215
Expansor em acrílico dividido, 139f Facetas de porcelana, uso, 274 uso, 73-74, 78
Expansor maxilar com dobradiça FAK. Ver Quinase de adesão local. Fios de aço inoxidável, inserção, 235
dupla, uso, 156f Fármaco anti-inflamatório não Fios de contenção superior/inferior
Expansor palatino rápido (RPE), esteroidal (AINS), prescrição, 324 fixas, 206
eficiência, 176 Fator de crescimento fibroblástico Fissuras submucosas, Z-plastia reversa
Experiência de pensamento, 215-216 (FGF-2), 345 dupla (uso), 363
uso, 216 Fatores de transcrição, impacto, 345 Fixação do retentor lingual, adesivos
impacto. Ver Diastemas. FC. Ver Centroide facial. (uso), 58-59
Exposição do tecido gengival, 172-173 Fechamento de autorrotação, Fixação ortodôntica
Exposição gengival obtenção, 282 colagem direta, 45
quantidade, 270 FEM. Ver Força efetiva mínima. colagem, 46
padrão braquicefálico, 174f Fenda labial unilateral, defeito escolha, 78
avaliação, 173 congênito (similaridade), 360 Fluido intersticial, movimento,
Exposição gengival simétrica, 80f Fenda labial/palatina, 360 341-342
Exposição incisal, consideração, ocorrência, 360 Fluidos orais, capacidade de
189-190 reconstrução, 363 remineralização (exaustão), 58
Expressão da proteína Cbfa terapia, objetivos, 360 Fluoretos tópicos, uso, 57
(upregulation), movimentação Fendas palatinas secundárias Fluoretos, uso, 266
dentária ortodôntica (impacto), incompletas, zetaplastia dupla Fluxo do tratamento, aumentado, 229
345 reversa (uso), 363 FMA, nível baixo (preferência), 103
Expressão do c-fos induzida por Fenômeno de aceleração regional, uso, Folha Prescale
coloração, inibição, 344 256 design, 28
Expressão do RNA mensageiro da Ferramenta Insight SNAP, uso, 37 pressão, 28
osteopontina (OPN), uso, 242 Ferramentas auxiliares, versatilidade, 121 Fontes de luz, uso. Ver Ortodontia.
Extrabucal mandibular, arco externo Ferramentas do CMF, uso, 38 Força direcionada apicalmente,
(comprimento), 175f Ferramentas MeshValmet, uso, 38 aplicação. Ver Incisivos.
382
382 Indice

Força distal Função de porteiro/triagem, Hialinização, 354f


impacto, 288f problema, 4 período, momento, 326
manutenção, 287f ausência. Ver Escandinávia. Higiene oral
Força do guia Função oclusal instrução, 209
distribuição avaliação, 70 questão, 126f-127f
distribuição indireta, 175-176 condições estritas, 34 Hipertrofia tonsilar, radiografia
resistência, 302 Função oral (diminuída), desarmonia cefalométrica lateral, 262
vetor, definição, 175f oclusal (impacto), 27 Hipopneias, número, 251
Força efetiva mínima (FEM), 346-347 HLD. Ver Desvio Lábiolingual muito
Força oclusal G Grave.
aumento, exercício de mastigar Gadolínio, uso, 344 Holanda, estudo de COHIP, 5-6
chiclete (impacto), 203 Ganchos para máscara facial, 141f Hormônio paratireóideo (PTH),
cálculo, 28 Ganho sensível, variação, 33-34 impacto, 356-357
centro, 34 GDP. Ver Guanina difosfato. Hormônio tireóideo (TH), 357
comparação. Ver Pré-molar; Gel de ácido fosfórico, aplicação, 48f relação. Ver Reabsorção radicular.
Canino. Gengiva Horseshoe Jet
interpretação, mudança, 27 excesso, 190f impacto. Ver Botão de Nance.
resultados, 31 lado bucal, microimplante suporte DAT, 125f
sistema de mensuração, 28 (instalação), 297f
sistema T-scan, variação da modificação, 266 I
mensuração, 27 Gengiva queratinizada, largura, 328 IAD. Ver Índice de Anestesia Dentária.
Força. Ver Força do aparelho Gengivite, presença, 201 ICON. Ver Índice de Complexidade,
extraoral. Genioplastia de avanço, uso, 254f Resultado e Necessidade.
aplicação, 326. Ver também Genioplastia, 254 IL-1β, Ver lnterleucina-1 beta.
Microimplantes. descolagem/retenção, preferência, Imagem de microscopia eletrônica de
magnitude/duração, 159 260 varredura (MEV). Ver Trama da
componente distal, 181f dimensão sagital, 259-260 base do Bráquete.
direção, 285 finalização pós-cirúrgica, 260 Imagem de ressonância magnética
força de remoção, estudo, 280 realização, 254 (IRM), uso, 36
Forças mecânicas, adaptação óssea, uso. Ver Genioplastia de avanço. estudos clínicos paralelos, 88
346 razões estéticas, 254f Imagem pré-tratamento, 38f
Forças ortodônticas Giro anti-horário, uso, 283 Imagem tridimensional (3D), 36
alteração, 347-348 Graber, Thomas M., 88 Imagens 3D de CBCT, complexidade
aplicação, 302-303 Grupos de idosos, taxa de alcance do da análise, 39-40
resistência, 302 objetivo. Ver Grupos de jovens. Imagens digitais, uso, 75
Forças ortodônticas externas, Grupos de jovens, grupos de idosos Imagens longitudinais de CBCT, uso,
conversão, 341 (relação de alcance de objetivo), 39
Forças tipo-peeling, recomendação, 56 308 Imagens seriadas de CBCT, análise, 36
Forma facial GTP. Ver Guanosina trifosfato. IMC. Ver Índice de massa corporal.
avaliação cefalomórfica, 15-17 GTRV. Ver Vetor de crescimento em IME. Ver Indicador de maturação
relação. Ver Centroide. resposta ao tratamento. esquelética.
Formação da cor, mecanismos, 28f Guanosina difosfato (GDP), 344 IMEs de adolescentes intermediário,
Fosfopeptídeo de caseína de fosfato de Guanosina trifosfato (GTP), 344 19f
cálcio amorfo (CPP-ACP), uso, hidrólise, ativação, 344 IMEs de infância tardia, 19f
57 Guia, 103 IMEs de meados da infância, 19f
Fosforilação, 343-344 efeito, produção,103-104 IMEs intermediários,
Fossa glenoide, côndilos influência esquelética, 25 crescimento maxilar/mandibular,
(centralização), 269f similaridades, 103 associação, 19-20
Fotografias de perfil, uso, 90 uso, 280 seleção, 18
Fotopolimerização, recomendações, Impactação LeFort I, uso, 178
51t H Impactação maxilar em três
Freio bucal, instalação do H&E. Ver Hematoxilina e eosina. segmentos, indicação, 178
microimplante (inflamação), Hábito de mastigar chiclete, 163 Impacto da escola/família, domínio
297f Halógenos rápidos. Ver Lâmpadas (avaliação), 5
Frequência respiratória, 251 halógenas de elevada intensidade. Implante dentário restaurador, 291
FSW, contenção, 58 Harmonia, avaliação dentária, 17 Implantes endósseos em forma de
Função HBV. Ver Vírus da hepatite B. lâmina, uso (apoio), 278
correlação, 275 Hematoxilina e eosina (H&E) Implantes mandibulares, aplicação
estética, integração, 273 marcação, uso, 365f clínica, 278
Índice  383
383

Implantes palatinos Incisivos (cont.) Incisivos maxilares (cont.)


impacto, 195 supraerupção, impacto. Ver ausência, exemplo, 267f
sucesso do DAT, 146 Mordidas profundas. coroa, inclinação lingual, 73-74
uso, 177 vai e vem, 236f inclinação, 268-270
Implantes. Ver mini-implantes. Incisivos anteriores, inclinação intrusão, necessidade, 79-81
anestesia local, uso, 292 (aumento), 205 perda, 205-209
anestesia tópica, 292 Incisivos centrais maxilares posição
anestesia, uso, 292 inclinação para esquerda, 269f guia, 267f
incisão, 292 posição, avaliação, 267 relação anteroposterior topo a
infiltração da anestesia, 292 relação Ver Lábio superior. topo, 269f, 271f
instalação, procedimentos superfície vestibular, convexidade, relação da linha média,
cirúrgicos, 292-296 72 estabelecimento, 268
introdução, 278 Incisivos centrais maxilares retroinclinação, 270f
método de perfuração, 292-294 retroinclinados, 76f Incisivos maxilares inclinados
osteointegração, 278-279 Incisivos inclinados labialmente, 75f lingualmente, 75f
Incisão vertical. Ver Microimplantes. Incisivos inferiores Incisivos proclinados, verticalização/
Incisivo central anquilosado, dente gengiva, 236f retração, 193f
(relação), 282-283 intrusão, 190-192 Incisivos superiores e inferiores,
Incisivo central inferior direito, desenho biomecânico, 192f retroinclinação, 308-312
extração, 206 movimento para frente, problema, Incisivos superiores, intrusão, 190-192
Incisivo central inferior esquerdo, 78-79 arco para intrusão, ligação, 239f
perda espontânea, 209 segmento, alinhamento, 246-247 Incisivos, supraerupção (impacto),
fotografias, 210f splinting, compósito (uso), 205-206 193f
Incisivo central inferior, fechamento, Incisivos laterais maloclusão, 171
209 asa distal, amarração, 242f tratamento, 188f
Incisivo central mandibular direito, espaço, resultado, 220 Inclinação axial. Ver Caninos.
correção, 79f posições iniciais, diferença, 74-75 estabelecimento, 271
Incisivo lateral esquerdo maxilar, Incisivos laterais mandibulares, áreas Inclinação mesial pareada, uso, 282
ausência, 275f de contato distal (localização), 79 Inclinação vestibular (recomendações),
Incisivo lateral superior esquerdo Incisivos laterais maxilares TPA (uso), 282
fechamento, 206 bordos incisais, determinação, Inclinação vestibulolingual
perda, 205 268-270 avaliação. Ver Incisivos
Incisivos reabsorção radicular, 356f mandibulares.
apinhamento Incisivos laterais maxilares mudança, 73
mecanismos seccionais híbridos, proclinados, 76f Inclinação. Ver Incisivos; Molares;
indicação, 240 Incisivos mandibulares Dentes posteriores.
relação, 242-243 alinhamento, contenção a longo aumentada, 217f
bráquetes de torque elevado, prazo, 58 relação. Ver Distalização de molares.
seleção, 75-77 compensações, 246f-247f Indicação do torque médio, 76f
coroas/raízes, relação extração, 273f Indicador de maturação esquelética
paralela, 217 inclinação labial, aparelhos (IME). Ver Adolescentes; IMEs
Cres, 191 funcionais fixos (impacto), 121 intermediário de adolescentes;
representação inclinação vestibulolingual, IMEs intermediários; IMEs de
exposição, 172-173 avaliação, 272 infância tardia; IMEs de meados
fechamento, 92f instrução. Ver mordida profunda. da infância.
força direcionada apicalmente, 282 acabamento, arcos utilidade representação. Ver Desenvolvimento
inclinação labial mandibular (uso), 81 de adolescente.
intrusão necessidade, 79-81 seleção. Ver IMEs intermediários.
DAT, uso da ancoragem, 285f nivelamento, envolvimento, 273 uso, 17-18
impacto, 195 perda, 201-202 Índice de Estética Dental (IAD), 4
planejamento, 282 processo biológico, compreensão, Índice de apneia/hipoapneia (AHI),
posição vertical, manutenção, 182 210 251
posição, melhorada, 236 proclinação, 106 Índice de Complexidade, Resultado e
proclinação, 236f Projeção, 232 Necessidade (ICON), 4
proclinado, 190 relação anteroposterior topo a topo, Índice de distúrbio respiratório (RDI),
projeção, 190 269f 251
resultado, 118f-119f Incisivos maxilares melhora, 251-252
retração, 236f alinhamento, 74 pré-tratamento, 260-261
realização, 236 apinhamento, 302 redução, 252
384
384 Indice

Índice de massa corporal (IMC), 252 J Ligamento periodontal (LPD) (cont.)


Índice de Necessidade de Tratamento Jasper Jumpers, 121 hialinização, 347
Ortodôntico (IOTN), 4 adição, 127 necrose, 354f
Índice de placa (IP), 328 fratura, 121 RANKL, presença, 353
Índice de prioridade de tratamento Jateamento regeneração, 365-366
(IPT), 3-4 óxido de alumínio, uso, 54-55 sinais induzidos por carga
Índice gengival (IG), 328 uso, 47 mecânica, detecção, 341
Índice Ortodôntico de Tratamento e JNK. Ver Quinase Jun N-terminal. trauma, tratamento ortodôntico, 355
Necessidade (IOTN), 4 Junção mucogengival, localização do Língua
Indivíduos Dental Prescale microimplante, 297f defeitos, reconstrução, 362
ângulos faciais, valores de occluzer, irritação por microimplante, 298
31t K irritação, prevenção, 298f
distribuição oclusão/maloclusão, Key ridge, finalidade, 173 músculos, impacto. Ver Molares.
29t Kool-Dam, uso, 54 postura, problema,188
oclusão normal/maloclusão projeção, impacto. Ver Diastemas.
ANOVA, resultados, 33t L ressecção, impacto, 362
método de Scheffe, 33t Lábio superior Língua presa. Ver Anquiloglossia.
padrões faciais bordos incisais maxilares, relação, Linha média dentária maxilar, 267-268
método de Scheffe, 34t 272f Linha média dentária, desvio, 308-312
resultados da ANOVA, 34t incisivo central maxilar, relação, 267 Linha média, estabelecimento, 271
valores de occluzer, 33t Lábios com hipermobilidade, Linhagens de células mesenquimais
Indivíduos do estudo Dental Prescale aparência, 172-173, 174f (MSCs)
ângulos faciais dados Lactobacillus rhamnosus linhagem GG, células mesenquimais, diferença, 364
cefalométricos, 30t utilidade, 58 diferenciação, 364
padrões faciais Lado de tensão, 347 regeneração, 364
dados cefalométricos, 31t Lâmina dura, lado lateral, 328f LMB. Ver Lesão de mancha branca.
distribuição, 30t Lâmpada do arco de plasma LPD humano, isolamento de células-
Informação morfológica craniofacial, confinamento, 52f tronco, 365
informação de maturação uso. Ver Polimerização dos LPD. Ver Ligamento periodontal.
fisiológica (correlação clínica), 15 compósitos. Luz azul, perigos, 53
Inibidor quinase dependente de Lâmpada polimerizadora convencional Luz para polimerização. Ver Luz de
ciclina, 345 Ortholux XT, 51f plasma para polimerização.
Injúrias, reconstrução (necessidades Lâmpada polimerizadora halógena de energia da luz, perigo, 52-53
clínicas), 359-360 elevada intensidade Optilux 501, manipulação segura, 52-53
Inserção vestibular, mini-implante 51f Luz polimerizadora LED LEDemetron,
(colocação), 281-282 Lâmpadas de polimerização de plasma 52f
Instalação das bandas, eliminação, 45 (LPP), 52f
Integrinas, modelo de integridade Lâmpadas do arco de plasma, uso, 51 M
tensional (relação), 343-344 Lâmpadas halógenas de elevada Macacos
Interação de pares, domínio (exame), intensidade (halógenas rápidas), 51 complexo nasomaxilar, direção de
5 Lâmpadas halógenas, uso, 50-51 crescimento (mudanças), 168f
Interfaces ósseas, eliminação. Largura transpalatina (TP), 137 maloclusão, ocorrência, 167f
Ver Extração. mensuração, 138f respiração bucal experimental, 167f
Interleucina-1 Beta (IL-1β), 345 Laser Nd: YAG, uso, 56 Macacos Macaca fascicularis,
Intrusão de molares, uso. Ver Mordida Latência, definição, 321 tratamento de Herbst (resultados
aberta anterior. LC. Ver Centroide inferior. do estudo), 88-89
Intrusão ortodôntica, 270 LEDs. Ver Diodos emissores de luz. Macroglossia, 229
Intrusão verdadeira do incisivo, Lesão de mancha branca (LMB), Malformações craniofaciais de criança,
obtenção, 190-191 desmineralização, problema, 57 impacto negativo. Ver Qualidade
Intrusão/extrusão, combinação, 194 Lesões necróticas, remoção, 354 relacionada à saúde bucal.
Intubação, impacto, 229 Liberação de adenosina trifosfato Malformações craniofaciais/
IO. Ver Maloclusões muito Graves, (ATP), 345 maloclusões, tratamento
Índice Oclusal. Liberação de prostaglandina (PG), 345 ortodôntico (decisão), 3
Íons, lixiviação, 50 Ligaduras, uso, 239f Maloclusão Classe II bilateral,
IOTN. Ver Índice de Necessidade de Ligamento periodontal (LPD) tratamento com SUS, 104
Tratamento Ortodôntico. carga mecânica, 345 Maloclusão Classe II dentária, relato
IP. Ver Índice de placa. compreensão, criação, 347 de caso, 93
Irritação a laser, sonda de safira (uso), estresse de cisalhamento de fluido, Maloclusão Classe II unilateral
48f 342 (manejo), SUS, (uso), 107
Índice  385
385

Maloclusão Classe II, 139-141 Maloclusões (cont.) Mandíbula


correção espontânea, 140-141 dentição mista precoce J-hook puxada alta, 127
correção, 103-104 progressão do tratamento, 100f avanço, 97
expansão maxilar, exigência, 120 relato de caso, 99 desenvolvimento, 93-94
curva de Spee, 105f-106f discrepâncias esqueléticas, 115 microimplantes
gravidade, impacto, 104 gravidade, relato de caso, 93 dano, 298
mordida cruzada posterior, nível, significância, 269f instalação, 299
tratamento, 122f-123f perspectiva psicossocial, 4-6 posição/contorno, pós-cirúrgico, 39
primeiros molares maxilares, progresso do tratamento, 95f. Ver protrusão, 92f
exibição, 120 também Dentição permanente Manipulação ortodôntica, mínimo
problema, frequência, 115-116 precoce. (requerido), 249
progressão do tratamento, 94f respiração bucal, relação, 165 Manutenção da ancoragem posterior,
protrusão bialveolar, inclusão, 107 riscos à saúde, relação, 4 326-327
tratamento com SUS, 106 tipos, gradação, 4 Mãos, desenvolvimento (eventos
Maloclusão Classe II, Divisão 1, 83f tratamento baseado em valores. Ver esqueléticos), 18
ancoragem de classe A/C, Crianças. MAP. Ver Proteína ativada por
exigências, 112f-113f valores de occluzer, 32f mitógeno.
complicações do apinhamento Maloclusões Classe I, mordida Mapas cromáticos, uso, 38. Ver
progressão do tratamento, 101f profunda (inclusão), 191 também Mudanças quantitativas.
relato de caso, 99 Maloclusões Classe II completa, MAPK. Ver Proteína quinase ativada
mordida profunda, aparência, 194f 108f-109f por mitógeno.
progressão do tratamento, 98f Maloclusões Classe III verdadeiras, 143 Máquina de termoformagem por
relato de caso, 97-99 Maloclusões de Classe III, 138-139, pressão positiva, uso, 253-254
Maloclusão Classe II, Divisão 1, 143-145 MARA. Ver Aparelho para
completa, mordida profunda/ categorias, 144 reposicionamento mandibular
apinhamento maxilar, 110f- causas, 144 anterior.
111f definição, 143 Margens gengivais
Maloclusão Classe II, Divisão 2 diagnóstico diferencial, 144-145 estabelecimento, 270
mordida coberta, associação, 186 diagnóstico, radiografia impacto, 270
mordida profunda, gravidade, 196f cefalométrica lateral (uso), 144 Margens gengivais
Maloclusão Classe II, Divisão 2, etiologia, 143-144 estabelecimento, 271
aparência excesso de crescimento mandibular, nível. Ver Dentes protéticos.
incisivo central maxilar impacto, 263 Máscara facial de protração, uso, 145,
retroinclinado/incisivo lateral movimento funcional, avaliação, 144 149
maxilar vestibularizado, 76f pacientes cirúrgicos, estudo, 143 exemplo, 156f
incisivos maxilares pacientes, padrões/variáveis Máscara facial ortopédica de Petit,
inclinação lingual, 76f cefalométricas, 144t 141f
lábios em repouso, inclusão, 80f padrões dentais/esqueléticos, Massa radiopaca, presença, 262
Maloclusão Classe III dentária, anormalidades, 144 Mastigação
fotografias facial/intraoral, percentual, elevado nível, 318 acidente vascular cerebral, duração,
246f-247f prevalência, 143 165
Maloclusão Classe III esquelética, protrusão maxilar, 150f implicações clínicas, 166
fotografias facial/intraoral divisão metálica, conexão, 151f lábios, movimentação/ação, 165
pré-tratamento, 246f-247f onplant, instalação, 151f ritmo, modos de respiração, 168f
Maloclusão de Classe II de Angle, pós-tratamento, efeitos, 154f-155f Materiais liberadores de fluoreto, uso,
overbite anterior profundo tratamento com máscara facial, 57
(presença), 272f 152f Materiais odontológicos ativados por
Maloclusão dentária, desenvolvimento tipos, 144 luz, polimerização, 52
musculoesquelético (impacto), Maloclusões muito graves, Índice Matiz, consideração, 271. Ver também
87 Oclusal (IO), 3-4 Dente anterior.
Maloclusão normal, padrão oclusal, 34 Maloclusões pseudo Classe III, 143-144 Matriz de colágeno humano acelular,
Maloclusões Maloclusões sagitais, associações. Ver uso, 362
Classificações de Angle, 143 Deficiência maxilar. Matriz extracelular (ECM)
correção sagital, importância, 94 MALU,121 proteína do complexo de adesão
correção vertical, importância, 94 Manchas brancas local, conexão, 343f
correção, 99 Interface adesivo-fio, escores de união, mediação, 343
abordagens, alternativa/ótima, microinfiltração, 59 Maturação
235 medidas preventivas, 57-58 estágios dos meados da infância
dificuldade, 301 prevenção/tratamento, 57-58 (IMEs F-K), 18
386
386 Indice

Maturação (cont.) Mecânica do arco segmentado, Método da eletricidade, 27


estágios, 18-20 alternativa, 238 Método de Cantilever, 27
impacto, 17-18 Mecânica do arco segmentado, Método de pressão do óleo, 27
relação. Ver Velocidade de situações clínicas, 239f Método pré-escala, 27
crescimento. Mecânica modificada, 223-224. Ver Microimplante com cabeça circular,
mesmo estágio IME, demonstração, também diastemas. 292f
20 Mecânica seccional híbrida, 228, Microimplante com cabeça de
nível, 20 240-249 bráquete, 292f
impacto, 17-18 combinação, 240 Microimplante de cabeça longa, 292
relação. Ver Velocidade de espaços residuais, fechamento, 242f Microimplante fixados pela cabeça,
crescimento. etapas, 242f 292f
Maturação atrasada, crescimento, indicações, 229t. Ver também Microimplantes
19-20 Incisivos. carga, momento, 295
continuação, 20 princípios, 240 cobertura da cabeça, união de
Maturidade avançada procedimentos/fios, sequência, 241t resina (uso), 298f
desenvolvimento de adolescentes, prós/contras, comparação, 239t coloção
20 técnica, compatibilidade, 240 ângulo, 294
desenvolvimento esquelético, tratamento demanda. Ver Mucosa oral.
estágio de velocidade elevada, sequência, 238t desconforto/infecção, ausência,
22-23 tempo, 241t 294
Maxila uso não tradicional, 247 método automacheante, uso,
avaliação/expansão, 257f uso, 240f 294f
desarticulação da mandíbula, impacto, 245 método autoperfurante, uso, 294f
impacto, 149 Mecânica segmentada, 238-240 métodos, 292
distração da sutura, 149 desejo, 238 complicações, 296-299
expansão maxilar, impacto, 149 prós/contras, comparação, 239t dano à estrutura, 298
distalização, 312 tratamento, sequência, 238t dano à raiz, 298
expansão ortopédica, 138 uso, 240 dano ao nervo, 298
expansão, 149 Mecânica. Ver Biomecânica; Mecânica desenvolvimento, 291
mandíbula, relação, 23 segmentada. exemplos, 292f
mobilidade, 149 seleção, 235 exposição da cabeça, 294
movimento de avanço mandibular Mecanismos de distalização simétrica, exemplo, 295f
médio, 145 tratamento (execução), 302 força, aplicação, 295
posição/contornos (mudanças Mecanismos de transdução, 341-342 fratura, 299
pós-cirúrgicas), imagens de Mecanorreceptores, 343-345 nível de força, aumento, 299
CBCT longitudinal (uso), 39 carga de informação, transdução, 341 ocorrência, 299
protração, 145-146 Mecanoterapia ortodôntica, vantagens, gancho/botão/bráquete, materiais
tratamento, momento, 146 279 elásticos acessórios, 291
rotação no sentido horário, 259 Mecanotransdução, 341-346 incisão vertical, 293f
MEAW. Ver Multiloop edgewise Média da força oclusal, 28 inflamação
archwire. Medicação de Wits, 144, 244-245 complicação, 296-297
MEC. Ver Matriz extracelular. Melhora do perfil, SUS (impacto), prevenção, 296-297
Mecânica de intrusão-retração, 281 106-107 irritação. Ver Bochecha; Língua.
Mecânica do arco contínuo, 229-237 Melhora esquelética, aumento do limpeza, perfeição, 296f
considerações sobre ancoragem, 237 comprimento mandibular manejo pós-operatório, 294
contraindicações, 231-235, 241 (impacto), 89 método autoperfurante, 292-294
contraste, 238 Mensuração ouvido-nariz-garganta método de macheante, 292-293
deficiências, 238 (ENT), 166 mobilidade
indicações, 229-231 Mensurações quantitativas, 38-39 checando/apertando, 299f
lista, 229 Mentoneira com puxada vertical manejo, 299
mecânica seccional híbrida, (MPV), 176 orientação, guia cirúrgico (uso),
combinação, 240 eficiência, 176 298
prós/contras, comparação, 239t plano de mordida, combinação, posição, problemas (tratamento),
tratamento 177f 299
sequência, 238t Método automacheante. Ver QPFs, 299-300
tempo, 241t Microimplantes. relação tridimensional, avaliação
uso, 228 Método autoperfurante. Ver (importância), 293-294
equilíbrio facial, 230f-231f Microimplantes. remoção, 296
vai e vem, 236f simplicidade, 293 realização, 296
Índice  387
387

Microimplantes (cont.) Modelo de integridade tensional, Molares (cont.)


tamanho, 291 343-344 posição vertical, paciente em
variação, 291 relação. Ver Integrinas. crescimento (modalidades de
taxa de sucesso, expectativa, 300 Modelos 3D, pré-cirurgia, 41f tratamento), 176
Microimplantes Absoanchor®, 294 Modelos de superfície virtual 3D, rotação/expansão, 120
Microimplantes autoperfurantes, construção, 40f Molares mandibulares
desenvolvimento, 291 problemas, software (uso), 40 controle, 175-176
Microimplantes com cabeça pequena, Modelos montados, plano de distalização, 303-305
292f tratamento estético erupção lingual, 140f
Microimplantes de diâmetro maior, (transferência), 273 idade do paciente, 306
fratura (redução), 299 Modelos pós-cirúrgicos, superposição. Molares maxilares
Microimplantes de menor diâmetro, Ver Pacientes sem crescimento. controle, 175-176
fratura (aumento), 299 Modelos pré-cirúrgicos, superposição. distalização, 125, 301-303, 305
Microimplantes sem cabeça (NH), 292f Ver Pacientes sem crescimento. aparelhos não comprometidos
Microparafusos Modificação de Bowman, 130-133 intraorais, uso, 301
ancoragem ortodôntica, 292f ativação, 130 materiais e métodos, 301-305
carga, 278-279 inserção DAT, 124f extrusão, miniparafusos (uso), 202
gancho de ligadura, uso, 292f tubo/pistão, substituição, 130f idade do paciente, 306
implantes, 291 uso. Ver movimento do molar para intrusão, representação
Mini-implantes distal. diagramática, 282f
impacto, 195 aparelhos fixados na arcada objetivos do tratamento, predições
osteointegração, necessidade, inferior, 131f por oclusograma/
278-279 vantagem, 130 cefalométricas, 302
uso. Ver Movimento dentário livre. Modificações comportamentais, problemas de recidiva, 301
Mini-implantes ortodônticos, programa de recompensa (uso), produção de inclinação para distal,
estabilidade, 280-281 12 Distal Jet (uso), 117f
Miniparafusos Módulo elastomérico fluoretado, uso, região, dispositivos de ancoragem
ancoragem, adição, 123-125, 57 (uso), 278
129-130 Módulo variável em ortodontia, Molares maxilares Classe II em
carga transversa, 280 princípios de Burstone, 240 giroversão, posição Classe I, 116
carga, 278-279 Módulos de prescrição de variáveis, Molares maxilares, inclinação distal
Distal Jet, combinação, 123 74-77 (produção), 282
impacto, 195 extensão, 75-77 Molares maxilares posicionados
implantes, 291 Módulos de prescrição de variáveis, mesialmente, posição de Classe I,
inserção. Ver Espaço inter- conceito (aceitação), 75 116
radicular. Módulos elastoméricos fluoretado, Molas de níquel-titânio (Ni-Ti), 294
inserção distal, 124 consideração, 57 impacto. Ver Tecido mole.
inserção, dano iatrogênico Mola Eureka, 121 Molas de retração, uso, 107
(redução), 124 Mola segmentada para verticalização, Moldagem da arcada superior,
localização, 177 uso, 235f obtenção, 253
uso, 201-202 Molar extruído, intrusão Moldagens dos dentes inferiores,
Miniplacas controle, 281-281 obtenção, 253
aplicação. Ver Miniplacas tipo T. sucesso, 284f Momento, valor, 280
impacto, 195 Molar/pré-molar inclinado, Monofosfato de adenosina cíclica
instalação, edema/infecção facial, verticalização/paralelismo, 119 (AMPc), 345
303 Molares Montagem ortodôntica, facilitação, 267f
locais de instalação, 302 altura alveolar, aumento, 193 Mordida aberta. Ver Mordida aberta
uso, 177, 278. Ver também base de colagem, exata adaptação, dentoalveolar; mordida aberta
Movimento dentário livre; 71f esquelética.
Miniplacas tipo T. classificação, 259-260 aparelhos, 173-175
Miniplacas em forma de L, 304 melhora, mecânica para intrusão características morfológicas, 160f
Miniplacas tipo T, 302 do arco (uso), 284f classificação, 159
exemplos, 302f erupção compensatória, 178 contraindicação, 315
Miniplacas tipo T, aplicação, 304f extrusão, impacto, 195 correção, impacto. Ver Dentes
Mobilidade. Ver Pacientes adultos. inclinação, 119 posteriores.
Modalidade de tratamento de Classe infraoclusão, 186 fatores etiológicos, 160f
II, seleção, 116 intrusão, ancoragem esquelética fechamento, mecânica do arco de
Modelo centrado no profissional, (uso), 177 extrusão (uso), 285f
mudança de paradigma, 10 língua, músculos (impacto), 176 maloclusões, 171
388
388 Indice

Mordida aberta (cont.) Mordida profunda iatrogênica, Movimentos ortodônticos


miniparafusos/miniplacas, 191-192 dentários (cont.)
instalação, 178f Mordida profunda, incisivos reações teciduais, 326
projeção lingual, acompanhamento, mandibulares (intrusão), 81f ritmo, aumentado, 321
159 Mordida topo a topo, tratamento, 164 tecido hialinizado, eliminação (uso
tratamento, 164 Mordidas profundas. Ver Mordida da reabsorção indireta),
estratégias, 173-178 profunda adquirida; Mordida 326-327
Mordida aberta anterior profunda dentária; Mordida Movimentos sagitais, realização. Ver
correção, 281 profunda esquelética. Apneia do sono.
intrusão de molar, uso, 284f correção MP. Ver Plano mandibular.
dimensão vertical, 178-180 dentes posteriores, extrusão, 195 MSCs. Ver Células-tronco
estabilidade, avaliação (dificuldade), incisor, intrusão, 195 mesenquimais.
180-182 correção, implantes, 194-195 MSCs derivadas da medula óssea,
exposição do incisivo inferior desenvolvimento, retração dos transplante, 365
deficiente, 179f caninos, 191f MSCs humanas
exposição do incisivo, 182f etiologia, consideração, 188 marcação com H&E, 365f
planos oclusais, divergência, 173f fatores ambientais, 186-188 osteoblastos, derivação, 365f
visão frontal, 182f Mordidas profundas adquiridas, Mucosa jugal
Mordida aberta dentoalveolar, 159 186-188 defeitos, 362
Mordida aberta esquelética, 159 Mordidas profundas dentárias, método de reconstrução, 362
mecanismos, 159 supraoclusão, 186 Mucosa jugal, irritação por
mordida aberta dentária Mordidas profundas esqueléticas, microimplantes, 298
combinação, características, 174f padrão de crescimento Mucosa oral
diferenciação, 172 horizontal, 186 incisão vertical, 293f
Mordida aberta lateral Morfologia esquelético-facial, instalação de microimplante
correção, 233f-234f variações, 15 demanda, 296
tratamento, 183f Morfologia facial, variações, 15 Mucosa palatina, incisão
Mordida aberta, grupo de indivíduos, 30 Movimentação do molar para distal paramarginal, 146-149
estudo, 34 (início), Mudança ortopédica, 120-121
Mordida cruzada modificação de Bowman (uso), 131f Mudanças da mordida, efeitos
ausência, 137, 261 Movimento da coroa do canino para colaterais, 253
expansão palatina, desuso, 263 mesial, 241 Mudanças quantitativas (visualização),
correção, 145 Movimento de grupo de dentes, 291 escalas de cores (uso), 38-39
sinais clínicos, 138 Movimento dental livre, mini- Multiloop edgewise archwire (MEAW),
Mordida cruzada anterior implantes/miniplacas (uso), 177f 179
presença, 269f Movimento dentário diferencial, Músculos mastigatórios
queixas, 303-304 alcance, 278 força de contração, transferência,
Mordida cruzada lateral, grupo de Movimento dentário fisiológico, 326 176
indivíduos, 30 reações teciduais, 326 tônus, aumentado, 176
Mordida profunda Movimento dentário rápido, 326 zona do circuito EMG, 34
ângulo interincisal, 196 princípios da DO, uso, 326 Musse dental, 57f
avaliação do tecido mole, 188-190 Movimento dentário realizado,
contenção/estabilidade, 195-196 aparelho com torque elevado N
correção (uso), 76f Nacionalidades de Amsterdã
extrusão do molar/intrusão do Movimento dentário isolado, 291 (resultados da comunidade),
incisivo, impacto, 195 Movimento mandibular, limitação, COHIP (uso), 5f
idade, impacto, 195 361 Nance modificado
tipo facial, 195 Movimento mastigatório, efeito conversão, 127
crescimento, considerações, 188 indireto, 176 fixação do arco, uso, 117
diagnóstico, 188-190 Movimento rápido do canino, Nanotubos de carbono (CNT), uso,
dimensão vertical, avaliação, 188 princípios da DO (uso), 324f 107
etiologia, 186-188 Movimentos de terceira ordem, Não colaboração. Ver Pacientes.
excesso, 190f seleção/impacto dos bráquetes, 71 barreiras, superação, 9
exemplo, 187f Movimentos funcionais, aumento, 216 estudos demográficos, resultados, 10
extrusão/intrusão, combinação, 194 Movimentos ortodônticos dentários, terapia, 115
maloclusão, similaridades, 186 279, 326 Não colaboração no uso de aparelhos
presença. Ver pacientes com a face impacto. Ver Expressão da proteína intraorais
longa. Cbfa1. problemas de recidiva, 301
tratamento, 190-194 processo, 326 uso. Ver Molares maxilares.
Índice  389
389

Necessidade, demanda (contraste), 6 Onplants (cont.) Osso (cont.)


Nervo alveolar, dano do estudo de caso, 149 esponja embebida em água,
microimplante, 298 exigências, 146 descrição, 341-342
NewTom 3G, uso, 36 procedimento clínico, 146-149 força externa, aplicação, 341
NewTom Volume ScannerQRsr1 remoção, 153f forma, suprimento/carga sanguíneo
Verona, 280 sucesso do DAT, 146 (impacto), 321-322
Níveis gengivais, 270-271. Ver também uso. Ver Ancoragem; Ancoragem modificação, 266
Dentição mandibular. ortodôntica; Ancoragem parafusos, ancoragem esquelética,
estabelecimento, 270 ortopédica. 278
impacto, 270 Opções ortocirúrgicas, 254-262 pressões, atividades (impacto), 347
Níveis maturacionais OPG. Ver Osteoprotegerina. reabsorção
crescimento maxilar/mandibular, OPN. Ver Osteopontina. aumento, fatores, 347
idade/percentuais cronológicos OptiView superfície mesial, 347
(exemplos), 21t-24t retrator de lábio/bochecha, 46f remodelação
crescimento total, percentuais/ uso, 46 etapas, 348f
quantidades, 20t Orthoanchor SMAP, 302 RANKL, ligação, 353
Níveis papilares, determinação. Ver Ortodontia resposta coordenada, 345-346
Dentes maxilares anteriores. ancoragem, uso, 278-280 resposta. Ver Carga mecânica
Nivelamento cirúrgico, obtenção, 258f aplicação biomecânica, 281-286 externa.
Nivelamento pré-cirúrgico, alternativa, colaboração do paciente, 115 sinalização celular induzida por
256 DATs, uso, 281 carga mecânica, 342
desenvolvimento, 45 superfície, disposição angular, 295f
O estratégias orientadas por objetivos, Osso alveolar
Objetivo do tratamento cirúrgico 318 alterações, lado proximal, 328f
(OTC), 92 fontes de luz, uso, 50-53 cavidades corticais, 324f
Objetivo do tratamento funcional ortopedia dentofacial, relação, limites posteriores, determinação,
(OTF), 92-99 87-88 318
Objetivo do tratamento visual (OTV), prática, sucesso, 12 microimplantes, aparafusar, 294f
90, relações médico/equipe-paciente, 12 miniparafusos, inserção, 123
preparo, 93 requisito, 272-273 sinais induzidos por carga
Objetivos específicos do paciente, termo, distinção, 87 mecânica, 341
encontro, 237 Ortodontia baseada em evidência, 3 tecido, carga mecânica, 341
Obturador cirúrgico, uso, 363 Ortodontia em adultos, similaridades, Osso alveolar do palato, instalação do
Occluzer, exemplo, 162f 251 microimplante (dano neural),
Occluzer FPD-703, 28 Ortodontia em fase única, uso, 116 298
Oclusão Ortodontia tradicional a longo prazo, Osso compacto, espessura, 280-281
aspectos funcionais, avaliação, 70 uso, 248f-249f Osso cortical
Classe I de Angle, 270f Ortodontistas áreas, fraturas, produção, 295f
estabilidade, estabelecimento, geração de aerossóis/contaminação, broca guia, uso, 293
230f-231f exposição, 56 disposição angular, método
pré-tratamento, 101f pacientes, concordância, 13 autoperfurante (uso), 294
Oclusão Classe I, correção ortopédica, papel. Ver Apneia do sono espessura, requisitos, 302
99 obstrutiva. osteotomia, 324f
Oclusão distal com Classe II completa, Ortopedia dentária, termo (distinção), Osso craniofacial
99 87 engenharia, 366
Oclusão normal Ortopedia dentofacial, relação. Ver estratégias baseadas nas células-
grupo de indivíduos, 29 Ortodontia. tronco, 366
padrão oclusal, 34 Ortopedia Funcional dos Maxilares reconstrução
Oclusão posterior, 188 (OFM), desenvolvimento, 116 necessidades clínicas, 359-361
Oclusão posterior, alcance, 279 Osseointegração, 291 Osteoblastos
Oclusograma, uso, 256f Osso derivação, 365f
Oclusogramas computadorizados carga mecânica, 341, 345 sinusoides medulares, delimitação,
tridimensionais (3D), realização, impacto, ilustração, 346f 343
237 potenciais gerados por estresse, 342 Osteócitos, estimulação, 342
OFM. Ver Ortopedia funcional dos resposta, 345 Osteoclastogênese, 348f
maxilares. contrações musculares, impacto, Osteogênese por distração transversa
Onplants 347 adequação, 261
ancoragem, procedimento. Ver depositar, superfície distal, 347 consideração, ausência, 261
Protração maxilar. espessura, mensuração, 280 progresso, 261-262
390
390 Indice

Osteogênese por distração transversa Pacientes (cont.) Parafusos


da maxila, 255-256 não colaboração, 9 carga, 278-279
Osteogênese por distração transversa necessidades/desejos, compreensão, superestrutura, ausência. Ver
da sínfise mandibular, 260-261 13 Parafusos cirúrgicos.
Osteomed, 291 problema dental, aspectos Parafusos (Leibinger), 291
Osteoprotegerina (OPG), 348 biológicos (avaliação), 266 Parafusos cirúrgicos, superestrutura
expressão, dependência, 347-348 tratamento ortodôntico, atitudes (ausência), 291
receptor de decodificação, 353 (impacto), 10 Parafusos Leibinger, 291
Osteossíntese de Styker, 291 visão bucal, 287f Paralisia lingual parcial, 229
Osteotomia elástico em cadeia, uso, 288f Parâmetros oclusais, 162t
curvatura apical, 323-324 Pacientes adultos Parede do seio, osso apical (remoção),
definição, 321 apinhamento, 210-212 323-324
design, variações, 254 considerações especiais, 201 Participantes abaixo da média, escores
Osteotomia Le Fort I em três controle e modalidades de de adesão, 12
segmentos, 258 tratamento da verticalização de Participantes acima da média, estudo, 12
Osteotomia subápica maxilar/ molares, 176-178 PBS. Ver Tampão salina fosfato.
mandibular segmentada, 258f diastemas, problemas, 202-203 PEGSA. Ver Polietileno glicol
Osteotomias mandibulares, uso, 268f miniparafusos, uso, 201-202 diacrilato.
Osteotomias maxilares, uso, 268f mobilidade, 210-212 Perda de ancoragem, 118
OTC. Ver Objetivo do tratamento problemas periodontais, 210-212 efeitos colaterais, 122
cirúrgico. tratamentos médicos, consideração, impacto. Ver vai e vem
OTF. Ver Objetivos do tratamento 201 redução, 128f
funcional. Pacientes com ASO com mordida Perfil côncavo, 245
Ouro, união, 55 profunda e face curta, 256 Peri-implantite, complicação do
Pacientes com dentição mista microimplante, 296
P apinhamento, 138f Periodonto, regeneração, 365-366
P57kip2 (inibidor da quinase maloclusões de Classe II, 139-140 Perspectiva psicossocial. Ver Aparência
dependente de ciclina), 345 Pacientes com face longa, mordida facial; Maloclusões.
Paciente adolescente limítrofe entre profunda (presença), 258 Pesquisa de engenharia tecidual de
tratamento com/sem extração, Pacientes não ortodônticos, RRE grande escala, 364
tratamento sem extração (uso), (prevalência), 355 Pesquisas biológicas, progresso, 90
263 Pacientes sem ASO, tratamento, 258 PET. Ver Polietileno tereftalato.
Paciente cirúrgico, imagem de Pacientes sem crescimento PF. Ver Profundidade facial.
acompanhamento, 38f modelos pré e pós-cirurgia, PG. Prostaglandina.
Paciente Classe II, efeitos colaterais, 282 superposições, 39f Pilar zigomático, 302f
Paciente com face curta, nivelamento molares, controle da posição miniplacas, localização, 302
cirúrgico, 257f vertical (modalidades de Pilares tonsilares, suprimento vascular,
Paciente em desenvolvimento, tratamento), 176-178 262
modalidades de tratamento. Ver Padrão braquicefálico, 30 PKC. Ver Proteína quinase C.
Molares. Padrão braquicefálico grave, 30 Placas de mordida, fabricação, 256
Paciente tipo III, descrição, 275 Padrão dolicocefálico grave, 30 Placas, fixação, 278-279
Paciente tipo IV, desafio, 275-276 Padrão dolicofacial, 30 Planejamento. Ver Tratamento.
Pacientes correção vertical, contenção, 182 processo, sequência, 266
atribuição interna, atribuição etiologia, 171-172 Planejamento do tratamento
externa (contraste), 11 tecidos moles, impacto, 171-172 biológico, objetivo, 274
autorização, 11 Padrão esquelético Classe II, 23 Plano A Ba-Pt, relação. Ver Centroide
necessidade, 13 Padrão esquelético de Classe III, 22 facial.
colaboração. Ver Ortodontia. ossos faciais, impacto, 143-144 Plano base do nariz-Pog ST, uso,17
importância, 115 Padrão facial vertical, extremos, 171 Plano centrado no profissional,
mínimo, 283 Padrão mesiofacial, 30 ferramentas (uso), 10
questão, tratamento (início), tendência, 30 Plano centroide (PC), construção, 17
126f-127f Padrões faciais Plano de mordida
cooperação, garantia (ausência), 116 indivíduos, padrões oclusais, 34-35 apertamento isométrico, 162
feedback verbal, 12 valores occluzer, 32f combinação. Ver Mentoneira com
idade de maturação, identificação, Pais, feedback verbal, 12 puxada vertical.
17-18 Palato duro contraste. Ver Arco de intrusão
idade, relação. Ver Distalização do aparelhos de ancoragem, uso, 278 maxilar.
molar. reconstrução, 363 Plano de mordida anterior,
manejo, melhora, 10-11 Palato mole, elevação, 164 mecanismo de ação, 194f
Índice  391
391

Plano de mordida envernizado, uso, 28 Pontos de referência anatômicos, Primeiro molar mandibular (cont.)
Plano de tratamento biomecânico, distâncias verticais, 172 segundo molar
determinação, 228-229 Porção superior da face, protrusão ponto de contato, 70f
Plano de tratamento estético esquelética (demonstração), 23 relação de contato, ilustração
interdisciplinar, economia, 275 Posição dentária pré-tratamento, clínica, 70f
Plano de tratamento estético, impacto, 73-74 tubo, offset distal (uso), 70-71
transferência. Ver Modelos Posição mesiodistal, banda pré- Primeiro molar maxilar
montados. formada (impacto), 71 coeficiente de correlação, 305f
Plano externo, uso, 17 Posição para dormir, impacto, 252 coroa, relação da idade do
Plano interno, uso, 17 Posição relaxada do lábio, exposição indivíduo/movimento para
Plano mandibular (PM), mensuração, incisal (consideração), 189-190 distal, 306-308
29 Posicionadores, uso, 182 determinação do movimento para
Plano oclusal anterior, nível de PowerBook 5300cs (Mac), uso, 28-29 distal, planos/pontos de
inclinação, 285f Prática do apertamento, placa de referência, 303
Plano oclusal maxilar posterior, mordida macia (uso), 160-162 exemplos, 303f
avaliação, 268 exemplo, 161f distalização coronária real/predita,
Plano oclusal maxilar, rotação horária, Pré-medicação. Ver Colagem direta. diferença, 306f
259 Pré-molar inclinado mesialmente, 232 distalização da coroa
Plano oclusal posterior, 268-270 Pré-molares maxilares idade do paciente, relação, 307f
guia, 267f cúspide vestibular, estabelecimento, proporção de alcance dos
incisivos mandibulares, relação, 272 268-270 objetivos, idade do paciente
Plano ponta do nariz-Pog ST, uso, 17 movimento labial, 118-119 (relação), 309f
Plano sela-násio mensuração do perda de ancoragem, 301 distalização, previsibilidade, 305
ângulo, 172 Pré-molares superiores, oclusão protração, 287f
Planos de mordida, 193 posterior, 94f razão de distalização coroa/raiz, 305f
efeito, proporcionando, 145 Pré-molares, forças oclusais Primeiro molar superior direito,
popularidade, 193 comparação, 217f extrusão, 202f
tipos, uso, 193 impacto, 216 Primeiro pré-molar inferior esquerdo,
Planos de mordida fixos, 193 Pré-osteoclastos derivados da medula inclinação mesial, 233f-234f
uso, 193 óssea, mecanossensibilidade, 343 Primeiro/segundo molar maxilar
Planos de mordida removíveis, 193 Preparo da superfície, 46-55 direito extruído, radiografia
Planos oclusais Prescrições de Alexander, torques/ panorâmica, 283f
divergência anterior, 174f angulações (variação) prescritas, Primeiro/segundo molar maxilar
divergência. Ver mordida aberta 71 torque da coroa para lingual,
anterior. Prescrições de Hilgers, torques/ diferença, 72f
inclinado, redirecionamento, 281 angulações prescritas (variação), torque, diferencial, 71
nivelamento, ausência, 203 71 Primeiros molares. Ver Primeiros
quebra, ocorrência, 258 Pressão de ar positiva contínua molares com mesioversão.
rotação, 179, 181f (CPAP), 252 bandagem, 322
alcance, sistema dois casais (uso), máquina, 252f correção da giroversão, 82f
180f recomendação, 252 espaço, suficiente, 302
ancoragem esquelética, uso, 179 suporte, 262 espessura óssea, 280
PLC. Ver Fosfolipase C. uso. Ver Apneia do sono obstrutiva. segundos molares não
PLGA. Ver Ácido polilático co- Pressão/meios, expansão (impacto), 4 erupcionados, relação,120f
glicólico. Primeiro molar mandibular Primeiros molares com rotação para
PNAM. Ver Molde nasoalveolar avaliação da distalização, planos/ mesial, 82f
pré-cirúrgico. pontos de referência, 304-305 Primeiros pré-molares inferiores,
Polietileno glicol diacrilato (PEGDA), coroa, pontos distais, 304-305 extração, 245-246
uso, 364 distalização da coroa Primeiros pré-molares maxilares,
Polimento. Ver Descolagem. idade do paciente, relação, 308f produção de inclinação para
Polimerização do compósito, luz de quantidades, 305 distal (uso do Distal Jet), 120f
arco de plasma (uso), 51 taxa de alcance do objetivo, idade Primer autocondicionante Transbond
Polissonografia do paciente (relação), 309f Plus, 49f
combinações, 251 distalização da coroa real/predita, Primers autocondicionantes (SEPs), 49
submeter-se, 252 diferença, 307f componente ativo, 49
Ponte anterior, bordo incisal maxilar movimento dista planos/pontos de uso. Ver Colagem.
(nível), 268f referência, 304f Priming, 49
Ponto de contato dental, movimento, relação de distalização coroa/raiz, Primorida, impacto, 364
202-203 306f Pró-biótico, definição, 58
392
392 Indice

Problema dentário, aspectos biológicos Prótese maxilar, bordo incisal, 267f Raízes (cont.)
(avaliação), 266 Prótese maxilofacial, uso, 361-362 dano, brocas (impacto), 298
Problemas da relação tamanho do Prótese, retenção/estabilidade dano, microimplantes
dente/tamanho da arcada, (maximização), 363 impacto, 298
manejo (fatores limitantes), 138 Protração maxilar. Ver Maloclusões raridade, 298
Problemas dentários, observação, Classe III formação, tratamento ortodôntico
308-312 ancoragem onplant, procedimento, (impacto), 356
Problemas na articulação mandibular, 147f-148f fratura, complicação, 327
relatos, 361 Protrusão esquelética, demonstração. paralelismo, 220
Problemas nasais, questões, 165f Ver Face superior. exemplo, 221f
Problemas periodontais, Protrusão mandibular relação, 218f
tratamento, 205-212 aparelhos, eficácia, 252 superfície da raiz, reabsorção, 353
visão frontal, 207f-209f grupo de indivíduos, 29-30 Raízes dos incisivos divergentes, 219f
Problemas relacionados, diagnóstico/ Protrusão maxilar Ramo, modelos 3D (visão posterior),
plano de tratamento, 20 grupo de indivíduos, 30 42f
Problemas transversos nas arcadas progressão do tratamento, 97f RANK. Ver Receptor ativador do
superior e inferior relato de caso, 96 NF-κB.
osteogênese, considerações, 261 Protrusão superior e inferior, 232 RANKL. Ver Ligante do receptor
Problemas transversos, diagnóstico fotografias faciais e orais pré- ativador do NF-κB.
(auxílio), 255 tratamento, 233f-234f Raspador, uso, 53-54
Procedimentos contratuais 11 Protrusão, problema, 137 RCTs. Ver Ensaios Clínicos
Proclinação, 235 PTH. Ver Hormônio paratireóideo. Randomizados.
Proclinação. Ver Incisivos. Punho, desenvolvimento (eventos RDI. Ver Índice do distúrbio
Produtos resinosos fotopolimerizáveis, esqueléticos), 18 respiratório.
polimerização (uso da UV), 50 Reabsorção. Ver Reabsorção radicular.
Profilaxia com pedra pomes, Q Reabsorção da superfície radicular, 353
utilidade, 46 Quadrante esquerdo maxilar, Reabsorção indireta, uso, 326-327
Profissionais de saúde, competência problemas (aparência), 245 Reabsorção radicular, 327. Ver também
(recompensas), 6 Quadrante maxilar direito, resultado, Reabsorção radicular traumática
Profundidade de bolsa (PB), 328 244 aumentada; Reabsorção radicular
mensurações, diferenças, 328 Qualidade de vida. Ver Vida. inflamatória; Reabsorção da
Profundidade de bolsa distal, Qualidade relacionada à saúde oral superfície radicular.
mensurações, 329f foco, 3 aumento, 194-195
Profundidade de bolsa mesial, malformações craniofaciais em calcitonina, impacto, 356-357
mensurações, 329f crianças, impacto negativo, 6 classificação. Ver Reabsorção
Profundidade de bolsa vestibular, mensuração, ferramentas (uso), 5 radicular externa.
mensurações, 329f Quinase de adesão local (FAK), complicação, 327
Profundidade facial (PF), mensuração, 29 343-344 conhecimento clínico/biológico,
Programa de prêmio/recompensa, uso, Quinase Jun N-terminal (JNK), 345 353-355
12 Quinase p38, 345 estados de imunodeficiência, 357
Progressão da idade, exposição incisal Quinase regulada extracelularmente lesões, criação (lidando com a
(diminuição), 267 (ERK), 345 limitação), 354
Projeção. Ver Incisivos. problema, similaridades, 353
Projeção da língua para lateral, 188 R PTH, impacto, 356-357
Projeção do queixo, impacto, 259 Radiografia cefalométrica, uso, 143 TH, relação, 357
Projeto Euro-Qual, 6 Radiografias cefalométricas laterais vitamina D, impacto, 356-357
Proteína ativada por mitógeno (MAP), (inclusão de boca toda aberta), Reabsorção radicular apical externa
via de sinalização da quinase, uso, 303 (RRE)
343-344 base estruturada a laser, 303f-304f abordagens de tratamento, 357
ilustração, 346f Radiografias seriadas, superposição, anormalidades dentárias, 355-356
Proteína morfogenética óssea-2 36 erupção ectópica, fator de risco,
(BMP-2), 366 Radioterapia, uso. Ver Cânceres orais. 355-356
Proteína quinase ativada por estresse Raiz do segundo pré-molar, fatores genéticos, 356
(SAPK), 345 miniparafusos (relação), 124 mecanismos dietéticos, 356-357
Proteínas quinases mitogenicamente Raízes mecanismos hormonais, 356-357
ativadas (PQMAs), 345 Proteínas contato prevalência, 355
G, transmembrana (ativação), mineralização, 298 suscetibilidade, radiografia pós-
estresse por cisalhamento do prevenção, 295f tratamento, 354f
fluido (impacto), 344 convergência, 221f uso, aparência, 354-355
Índice  393
393

Reabsorção radicular externa, Relação cêntrica, definição, 273 Resposta mandibular, 94-95
classificação, 353 Relação de Classe I de caninos, Restaurações
Reabsorção radicular inflamatória, 353 obtenção, 331 critérios de seleção, determinação,
Reabsorção radicular ortodôntica Relação de Classe III cúspide 274
condição multifatorial, 355 completa, 246-247 exigência, 272
diagnóstico precoce, 357 Relação de molar Classe I, 232 Restaurações cerâmicas, colagem
epidemiologia, 355 estabelecimento, 25 separada, 54
fatores ambientais, 355 tratamento ortodôntico, 243 Restaurações em compósito, adesão,
fatores de risco, 355-357 Relação de molar Classe II 55
fatores do hospedeiro, 355-357 comparação, modelos de gesso Retalho, elevação, 278-279
imagem radiográfica, 354-355 (uso), 81 Retalho livre radial do antebraço
micrografia escaneada do elétron, obtenção, 331 (RLRA), uso, 362
354f tratamento, 132f características, 363
patogênese, 354 Relação esquelética Classe III, Retalho microvascular livre, benefícios,
predição, 357 discutindo, 245 361-362
sequela, 355 Relação sagital, 259 Retentor fotopolimerizável, 58
tratamento, 357 Relação transversa interarcadas, Retentores fixos instalados
Reabsorção radicular traumática importância. Ver Avanço maxilo- precocemente, 58
aumentada, 357 mandibular. Retrogenia, 254
Reação de polimerização, estudos Relação. Ver Dentes mandibulares; Retrognatia, 254
in vitro, 50 plano oclusal posterior. Retrognatismo maxilar, 267f
Recaldent CPP-ACP, 57f Relações craniofaciais, existência, 15-16 Retrusão mandibular, detecção, 92f
Receptor ativador do ligante NF-κB Relações de topo anteriores, 218 Retrusão mandibular, presença, 272f
(RANKL), 347 REM. Ver Movimento rápido dos Retrusão maxilar esquelética, 139
expressão. Ver osteoclastogênese. olhos. Ritmo de mastigação desordenado, 165
dependência, 347-348 Remoção de cáries, 266 Ritmo de mastigação. Ver Ritmo de
ligação RANKL-RANK, prevenção, Remoção do adesivo residual, 56 mastigação desordenado.
347 Remoção do splint cirúrgico, 41f RLRA. Ver Retalho livre radial do
presença. Ver Cementoblastos; Remodelação da fossa condilar, antebraço.
Ligamento periodontal. investigação. Ver articulação Rotação excessiva, avaliação, 222f
Receptor ativador do NF-κB (RANK), temporomandibular. Rotações dentárias assimétricas,
347 Rendimento disponível, aumento 243f-244f
Recolagem de bráquetes, SBS, 55 (impacto), 4 RPE. Ver Expansor palatino rápido.
Reconstrução de glossectomia parcial, Resina adesiva, uso, 47 RRE. Ver Reabsorção radicular apical
362 Resinas com elevado conteúdo de externa.
Reconstrução do soalho de boca. Ver carga, uso, 58-59 Ruptura do plasma, 345
Boca. Resinas compostas, 49 Ruptura subletal do plasma, impacto,
Reconstrução do ventre da língua, 362 Resinas flow, 59 345
Reconstrução lingual oral anterior, compósitos, 59
procedimentos, 362 Resinas fotopolimerizáveis, vantagens, S
Redução da glossectomia, 231 50 Sabbagh Universal Spring (SUS),
Redução interproximal, Resinas ortodônticas 104-108
exemplo, 225f citotoxicidade, 50 haste telescópica, ajuste, 104f
realização, 225 cuidados, 50 impacto. Ver Melhora do perfil.
Redução mesiodistal do esmalte, uso, Resistência ao cisalhamento (SBS), 47 indicações, 104-107
79f diminuição, 47 mensurações cefalométricas,
Regeneração da dentina, 365-366 impacto, 57-58 105-106
Região anterior da maxila, espaço resultados, variação, 47 tratamento do paciente, estatística,
(preservação), 231 valores, estudos in vitro sobre 107t
Região danificada da retina, 52 resistência de união, 55 uso, 104. Ver também Ancoragem;
Região retropalatina, 252 Respiração bucal, 164-166 Maloclusão Classe II unilateral.
Registro da imagem, 37 característica funcional, 165 vantagem, 106
núcleo de tecnologia, 37 estudo epidemiológico, 164-165 Saliva
Registro da superfície, metodologia, estudos. Ver Macacos. agentes antissialogogos, impacto, 47
36-39 etiologia/efeito, 164f contaminação, 47
Registros cefalométricos, uso, 93 impacto. Ver Crescimento SAPK. Ver Proteína quinase ativada
Registros fotográficos. Ver Terapia dentofacial. por estresse.
funcional. questões, 165f SAS. Ver Sistema de ancoragem
uso, 93 Respirador nasal, 167f esquelética.
394
394 Indice

Satisfação, colaboração (inter-relação), Sistema de ancoragem esquelética Sobressaliência


12f (SAS) (cont.) aumento, 118f-119f
Saúde, representação (confirmação da biomecânica, 310f-312f. correção, 145
OMS), 5 Ver também dentes resultado, 145
SBS. Ver Resistência ao cisalhamento. posteriores mandibulares. criação, 225. Ver também
SD. Ver Desvio padrão. uso, 315-318 Divergência radicular.
Segmentação, envolvimento, 37 Sistema de avaliação da maturação eliminação, 333
Segmento anterior, extensão distal, esquelética (SMA), 17-20 nível, 271f
285 fluxograma, 17f Sobressaliência/sobremordida dental
Segmento de arco labial, uso, 83f metodologia, 17 aumentado, redução, 25
Segmentos maxilares posteriores, Sistema de borboleta, 131f Sociedade, responsabilidade clínica, 6
243-244 Sistema de força. Ver Arcos. Software CMF, uso, 37-38
Segundo molar inclinado biomecânica, 278 Software de imagem, 37
mesialmente, radiografias, 202f compreensão, 280 Software de registro rígido, uso, 37
Segundo molar inferior esquerdo, demonstração, 284f Software de Valmet, 37
posição (correção), 202 descrição, 181f Software in vivo, uso. Ver
Segundo pré-molar maxilar direito, geração, 279 Superposições.
impactação, 243 Sistema Dental Prescale Occluzer, Software MeshValmet, 37
Segundo pré-molar maxilar, raiz 27-29 Solução de fluoreto de sódio,
(ângulo bucal), 124 análise, 28-29 enxaguante, 57
Segundos molares desenvolvimento, 27 Solução do primer, uso, 47
erupção, 315 diagrama, 28f Sonda redonda, uso, 53-54
ausência, 120f discussão, 31-35 Sono com movimento rápido dos
espessura óssea, 280 estudo clínico, 29-35 olhos (REM), 252
extrusão, 105f-106f folhas sensíveis à pressão Sono saudável, 251
Segundos molares mandibulares Sorriso insatisfatório, 269f
estrutura, 28f
Splint, remoção, 260
decíduos, esfoliação (foto fotografia, 29f
Substituição total da articulação,
intraoral), 133f folhas sensíveis à pressão, uso,
terapia de engenharia tecidual
Segundos molares mandibulares, 27-28
baseada em MSC autólogas, 366f
tratamento do arco mandibular, indivíduos, 29
Subunidades transmembranosas
104-105 métodos, 29
alpha, 343
Segundos pré-molares mandibulares, resultados, 29-31 Subunidades transmembranosas
DAT (localização distal), 289f uso, 28-29 beta, 343
Selamento, 49 Sistema resinosos adesivos, melhora, 56 Sucção do polegar
Selamento anterior, ruptura, 164 Sistema sueco, base, 4 hábito, aparência, 174f
Selamento labial Sistema T-scan, 27 prolongação, 188
função, problemas, 165 variação de mensuração. Ver Força Sucesso do local de trabalho,
questões, 166f oclusal. impressões (impacto), 4
Selamento oral posterior, ruptura, 164 Sistema two-couple, uso, 181f Sulfato de atropina, vantagem, 47
Selamento posterior, ruptura, 164 Sistemas adesivos, agentes (uso), 47 Superfície do esmalte
Selantes, uso, 266 Sistemas de aparelho pré-torqueados, agente de união, aplicação. Ver
SEPs. Ver Primers autocondicionantes. disponibilidade, 69 Superfície do esmalte
Sequela tardia, risco, 4 Sistemas de aparelhos pré-regulados, condicionado.
SHED. Ver Células-tronco de dentes disponibilidade, 69 características, alteração, 47f
decíduos humanos esfoliados. Sistemas de bráquetes ativos, inserção gel de ácido fosfórico, aplicação, 48f
Silano, uso (opção), 54 do fio, 74 Superfície do esmalte condicionado,
Silicone preto, uso, 28 Sistemas de bráquetes passivos, agente de união (aplicação), 49f
Síndrome de deficiência maxilar, 137 inserção do arco, 74 Superfície escaneada a laser, uso, 36
Sintomas nasais, questões, 166f SMA. Ver Avaliação da maturação Superfície oclusal, desgaste, 188
Sintomas orais, domínio (exame), 5 esquelética. Superfície queratinizada de apoio da
impacto, 195 Sobremordida, 186 prótese, tolerância, 363
mecânica. Ver também dentes associação. Ver Maloclusão Classe Superfícies dentárias artificiais, união,
posteriores maxilares. II, Divisão 2. 54-55
modalidade multiuso, 301 maloclusão, exemplo, 187f Superposição do básio, 98f
relatos de caso, 308-312 Sobremordida anterior, 270f Superposição mandibular, 96f-97f
tratamento, contraindicação, 315 presença. Ver Maloclusão Classe II Superposições, 24
Sistema de ancoragem esquelética de Angle. identificação dos pontos de
(SAS), 301 Sobremordida excessiva, queixa, 189f referência, confiança
aplicação, 312 Sobreposição de transparência, 37-38 (ausência), 36
Índice  395
395

Superposições (cont.) Terapia combinada de Classe II, TOPC. Ver Tratamento ortopédico
In vivo software, uso, 42f 125-133 pré-cirúrgico.
métodos, utilidade, 40 conceito, 125 Torque da raiz para lingual, aumento,
Suporte de ácido polilático co- estágio I, 125-127 80f
glicólico (PLGA), uso, 366 estágio II, 127 Torque lingual da coroa, diferença. Ver
Suprimento vascular, diminuição, 258 estágio III, 127-130 Primeiro/segundo molares
SUS. Ver Sabbagh Universal Spring. introdução, 125 maxilares.
Suturas cranianas, fusão prematura, tempo de tratamento, 128-129 Torque realizado, inserção vertical
360 Terapia de engenharia tecidual baseada (impacto), 72-73
Suturas faciais, 145 em MSC autólogas, uso. Ver Torqueamento auxiliar, uso, 127
importância. Ver Complexo Substituição articular total. TP. Ver Transpalatino.
nasomaxilar. Terapia de fatores de crescimento, 361 TPA. Ver Arco transpalatino.
Terapia endodôntica, 266 Traçado cefalométrico mandibular,
T Terapia funcional superposição, 304-305
TAC Alternate, 125 conceito, 88-90 Traçado, preparo. Ver Cefalograma
Tampão salina fosfato (PBS), uso, 364 desafio, 88 pré-tratamento.
Taxa de alcance dos objetivos. Ver diagnóstico clínico, vantagem, 91-92 Traçados seriados
Grupos mais jovens. diagnóstico, 90-92 registro. Ver Centroide do crânio.
Taxa de carga/deflexão, uso, 191-192 estudos clínicos, 88-90 superposição. Ver Eixos do
TC axial, uso, 36 exame clínico, 90-92 centroide facial.
Tecido mole (TM) diretrizes fundamentais, 92f Tração reversa com máscara facial,
avaliação. Ver Mordida profunda. pesquisas biológicas, 90 uso, 11
choque, microimplante (impacto), registros fotográficos, 90 Traduções 3D (superposição), eixos
297-298 resposta ortopédica, 87-88 (ajuste manual), 43f
deiscência, complicação, 327 resposta, 90 Trama da base do Bráquete, imagens
equilíbrio/desequilíbrio tratamento de MEV, 46f
morfológico, demonstração, 15 momento, 90 Transbond LR, 58
fator limitante, ênfase, 40 objetivos, revisão, 88 Tratamento. Ver Tratamento
impacto da mola de Ni-Ti, 297f planejamento, 90-92 ortodôntico; Tratamento
mudanças, visualização, 44f Terapia funcional de tempo integral, cirúrgico.
perfil relatos de caso, 93 considerações sobre crescimento, 24
balanço, avaliação, 17 Terapia ortodôntica, uso, 57-58 contraste, valores (envolvimento), 4f
melhora, 25 Terapia ortopédica pré-cirúrgica, uso, demanda, 6
reconstrução, necessidades clínicas, 254 efeitos, representação, 24
359-361 Terceiros molares efetividade, avaliação, 27
relações, ferramenta diagnóstica extração bilateral, 302 filosofia, desenvolvimento, 115-116
(importância), 188 extração, recomendação, 315 modalidades, seleção. Ver
Tecidos Teste de coeficiente de correlação de Modalidade de tratamento
engenharia, 364-366 Pearson, 303 Classe II.
gênese/crescimento, efeito do aplicação, 305 momento. Ver Distalização.
estresse por tensão, 321-322 Teste pulpar digital, uso, 327-328 mudanças, avaliação com
Tecidos autógenos pediculados, usos, Teste pulpar elétrico, uso, 327-328 CentroPrint, 25f
363 TH. Ver Hormônio tireóideo. necessidades, processo de avaliação, 4
Tecidos gengivoperiodontais, melhora, T-loop. Ver Articulação objetivos. Ver Objetivo do
209 temporomandibular. tratamento funcional; Objetivo
Tecidos osteogênicos, preservação, 322 TM. Ver Tecido mole. do tratamento cirúrgico;
Técnica de abrasão a ar, 47 Tomografia computadorizada de feixe Objetivo do tratamento visual.
Técnica do arco segmentado cônico (CBCT) individualização, 237-249
desenvolvimento, 279 aplicações clínicas, desafios, 39-40 revisão, 88
princípios, utilização, 279-280 escanear, 302 opções, seleção do paciente, 11
DAT, impacto, 280 superposição, 37 planejamento, 20-24. Ver também
vantagem, 279 imagens Problemas relacionados ao
Técnicas melhor ajustadas, uso, 36 análise, complexidade. Ver crescimento.
Técnicas ortodônticas, melhoras, 87 Imagens de CBCT 3D assistência, 256f
Técnicas ortopédicas funcionais, uso. Ver Imagens de CBCT componentes do diagnóstico
investigação, 87 longitudinais. cefalométrico/maturacional,
Técnicas ortopédicas, melhora, 88 informação diagnóstica, 236-237 16f
TEGDMA. Ver Trietilenoglicol investigações futuras, papel, 39-40 exame clínico, 21-24
dimetacrilato. uso, 36 processo, 266
396
396 Indice

Tratamento. Ver Tratamento Tratamento ortodôntico rápido Vai e vem (cont.)


ortodôntico; Tratamento DAD, base, 333-337 impacto, perda da ancoragem
cirúrgico (cont.) preferência, 329, 332 (impacto), 236
plano Tratamento ortodôntico sem realização, 235
crescimento, impacto, 201 extrações, 259 registros pré-tratamento, exame,
sequência, 275 Tratamento ortopédico pré-cirúrgico 236
progresso (TOPC), 6 Valores de occluzer, 32f
display do CentroPrint, 24-25 Tratamento periodontal, bráquetes Variabilidade natural, 15-16
monitoramento, 24-25 (instalação), 212 Variação do torque, 73f
resultados Tratamento relacionado ao Variáveis, subjetividade, 68
influência, 12 crescimento, uso, 23 Vértebra cervical, estágios de
posição do dente pré-tratamento, Tratamentos de edgewise, efeitos desenvolvimento, 91f
impacto, 73-74 ortopédicos, 116 Vestíbulo bucal, instalação DAT, 281
técnicas/aparelhos, seleção, 10 Tratamentos em duas fases, problemas, Vestíbulo, localização do
Tratamento baseado em evidência 116 microimplante, 296f
planejamento, necessidade, 78-79 Trauma. Ver Trauma facial. inflamação, 297f
resultados, 6 reconstrução, necessidades clínicas, Vetor de crescimento em resposta ao
Tratamento baseado em valores. Ver 359-360 tratamento (GTRV), 144
Crianças. Trauma facial, 360t Via de sinalização da fosfolipase C
Tratamento cirúrgico, avaliação, 38 Triângulo negro, 224-225 (PLC), 345
Tratamento com ácido poliacrílico, 47 familiaridade, 224-225 Via de sinalização da proteína quinase
Tratamento com camuflagem, média Trietilenoglicol dimetacrilato C (PKC), 345
de Wits, 144 (TEGDMA), 49 Vias de receptores transmembrana
Tratamento com Twin Block, 89f Tubérculos genianos, 253 acoplados à proteína G, 344
Tratamento das lesões periodontais, 298f Tuberosidade maxilar, dispositivos de Vias de sinalização intracelular, 345
Tratamento dentário, 252-262 ancoragem (uso), 278 Vias do receptor da proteína G. Ver
Tratamento em duas fases, contraste. Tubos de molares Vias de receptores
Ver Tratamento em fase única. seleção, 70 transmembrana da proteína G.
Tratamento em uma única fase, torque, grau (exigência), 71 Vida, qualidade
tratamento em duas fases Tubos, seleção, 70-71. Ver também conceito, dependência, 5
(contraste), 115-116 Tubos de molares. melhora, validade, 4
Tratamento endodôntico, realização, impacto, 71 Viscosímetro de cone e prata, uso, 344
212 Tumores, 360-361 Visualização, superposição (impacto),
Tratamento funcional 40
método, 93 U Vitalidade pulpar
relatos de caso, 93-99 UC.Ver Centroide superior. avaliação/registro, 327-328
Tratamento na infância, custos UDMA. Ver Uretano dimetacrilato. teste, 328
médicos diretos (gráfico), 6f Ultravioleta A (UVA), perigo, 53 VLC. Ver Polimerização por luz
Tratamento não dentário, 252 Unidade de comprimento mandibular, visível.
Tratamento não ortodôntico, 252 aumento, 89 Volume de inspiração/expiração, 251
opções, 262 Unidades de fotopolimerização de Volume periódico, 251
Tratamento ortodôntico, 252-262 fonte halógena, 50-51 VPPC. Ver Mentoneira de puxada
abordagem mecanicista, 78 Unidades do arco de plasma, 51-52 vertical.
indicações, 3-4, 7 Unidades polimerizadoras de luz
manejo, variáveis, 71 visível (UPLV), Espectro de W
necessidade, 3-4 saída, 53f WPLs, estabelecimento, 58
planos, conversão (limitações), 9 UPP. Ver Uvulopalatofaringoplastia.
popularidade, aumento, 54 Uretano dimetacrilato (UDMA), 49 Z
processo, mudanças, 9 UVA. Ver Ultravioleta A. Zona de sobremordida, 187f
propósitos, 27 Uvulopalatofaringoplastia Zona do ciclo eletromiográfico
resultados, inter-relações, 12f (UPP), 254 (EMG). Ver músculos
técnicas, uso, 9 mastigatórios.
Tratamento ortodôntico baseado em V Z-plastia reversa dupla, uso. Ver
evidência, 3 Vai e vem, 235-237. Ver também Fendas palatinas secundárias
Tratamento ortodôntico centrado no Incisivos. incompletas; Fendas
paciente, 10-11 consequência, 235-236 submucosas.

Você também pode gostar