Você está na página 1de 118

Patologias das Instalações Elétricas,

Hidráulicas, Sanitárias e
Combate a Incêndio

Brasília-DF.
Elaboração

Anderson Donizete Alves da Rosa

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 4

ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA..................................................................... 5

INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7

UNIDADE I
CONSTRUÇÃO CIVIL............................................................................................................................... 9

CAPÍTULO 1
A CONSTRUÇÃO CIVIL.............................................................................................................. 9

CAPÍTULO 2
INTRODUÇÃO ÀS PATOLOGIAS DA CONSTRUÇÃO CIVIL .......................................................... 18

UNIDADE II
ELÉTRICA.............................................................................................................................................. 28

CAPÍTULO 1
SISTEMAS ELÉTRICOS............................................................................................................... 28

UNIDADE III
MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ELÉTRICAS........................................................................................... 35

CAPÍTULO 1
SISTEMAS E CIRCUITOS ELÉTRICOS........................................................................................... 35

CAPÍTULO 2
PREVISÃO DE CARGAS............................................................................................................ 40

CAPÍTULO 3
DIMENSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS.................................................................... 43

CAPÍTULO 4
DIMENSIONAMENTO – PRESCRIÇÕES...................................................................................... 52

CAPÍTULO 5
MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS.............................................................................................. 54

CAPÍTULO 6
SISTEMAS DE PROTEÇÃO......................................................................................................... 68
UNIDADE IV
MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS........................................................... 95

CAPÍTULO 1
SISTEMAS DE INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS E HIDROSSANITÁRIAS..................................................... 95

UNIDADE V
INCÊNDIO............................................................................................................................................ 99

CAPÍTULO 1
SISTEMAS DE INCÊNDIO.......................................................................................................... 99

CAPÍTULO 2
SISTEMAS DE INCÊNDIO: LÍQUIDOS........................................................................................ 102

REFERÊNCIAS ................................................................................................................................ 115


Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da
Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade


dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo


a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

6
Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

7
Introdução
Este trabalho tem por finalidade introduzir ao caro leitor, estudante e
entusiasta o assunto sobre Patologias da Construção Civil, enfatizando as
áreas da elétrica, hidráulica hidrossanitária e combate a incêndio, sendo
apresentada de forma gradativa e cuidadosa, abordando conceitos iniciais,
passando por situações já estudadas e catalogadas e com possibilidades de
habilitar futuros profissionais da área ou entusiastas sobre o assunto no
diagnóstico, tratamento e prevenção das manifestações patológicas. Ele foi
desenvolvido especialmente pra abordar os conceitos iniciais e um primeiro
contato do leitor com uma disciplina que é parte integrante da Engenharia
Civil e de outras engenharias, permitindo permear para outras áreas do
conhecimento.

É importante salientar que a interação com o assunto e a busca por novos


conhecimentos abre caminhos para novas fontes e alternativas. Cabe a cada um
dos leitores e estudantes aprimorar e buscar o conhecimento nessas fontes, de
acordo com sua necessidade.

Objetivos
» Apresentar, de forma gradativa e continuada, o que são as
manifestações patológicas na construção civil, suas origens, causas
e consequências nos sistemas aos quais estão inter-relacionadas.

» Analisar as patologias mais recorrentes em edifícios residenciais,


diagnosticando, citando possíveis causas e, na medida do possível,
elencar soluções para reparo destas.

» Entender o mecanismo de início, propagação das patologias e


como preveni-las, tratá-las e garantir vida útil do sistema conforme
projetada.

» Conhecer algumas normas da ABNT sobre as instalações elétricas.

» Conhecer as manifestações patológicas nos sistemas elétricos,


hidráulicos, hidrossanitários, suas causas e prevenção.

» Apresentar os sistemas de proteção para uma edificação e combate


a incêndio.

8
CONSTRUÇÃO CIVIL UNIDADE I

CAPÍTULO 1
A construção civil

A construção civil: uma breve apresentação

Para iniciarmos, gostaria que você fizesse uma pequena pausa e observasse
ao seu redor.

Após essa pausa, pode-se deduzir que você se deparou com algumas “coisas”
(além da tela do seu computador ou outro dispositivo), tais como: uma ou mais
paredes ao seu redor; lâmpadas ou luminárias, um “teto” e possivelmente um
“chão”. Essas “coisas” fazem parte de um sistema e isoladamente podem receber
nomes específicos, como a parede, que é denominada tecnicamente de elemento
monolítico.

A parede, citada como elemento monolítico e supostamente construída


por alvenaria tradicional, tem em sua composição materiais distintos, com
propriedades únicas, que, ao se juntarem com outros materiais, dão origem a
novos materiais e novos sistemas construtivos.

Assim sendo, é fato que, desde o início das civilizações, o homem utiliza diversos
materiais, ora isoladamente, ora em conjunto. Tem-se então a prática da construção,
e com o passar do tempo, desenvolvimento de métodos e materiais, assim como
novas técnicas e aprimoramento das existentes, com inovações constantes.

Nesse cenário, ressaltamos que o setor que mais se utiliza de recursos


naturais é a construção civil. Por onde se olha, praticamente tudo sobre o
que temos conhecimento sobre uma edificação ou estrutura está interligado
com a construção civil. Os materiais de construção são indispensáveis para

9
UNIDADE I │ CONSTRUÇÃO CIVIL

a realização de qualquer elemento construtivo, seja ele de forma individual,


com uma função específica, ou em conjunto, com outros materiais, formando
novos sistemas.

No entanto, por mais que haja aprimoramento de técnicas e conhecimento, avanço,


inovação nas tecnologias e desenvolvimento de novos materiais, há limitações
na utilização desses elementos construtivos ou materiais. Essa limitação está
relacionada com a vida útil desse sistema e com as propriedades dos materiais.

Em muitos casos, os parâmetros utilizados estão relacionados principalmente às


propriedades mecânicas em um projeto de edificação, e, por outro lado, diminui-se
a atenção quanto à sua interação com o ambiente. Pode-se definir que conhecer um
material e suas propriedades alinhadas com seu comportamento em uso é importante,
desde a concepção em projeto de construção até a inutilização, desuso ou demolição.

Na sequência, podemos verificar as diversas fases da vida útil de uma construção


ou elemento construtivo.

Figura 1. Fases da vida útil de uma construção e a relação com o material utilizado.

Escolha do material
Projeto Definições dos parâmetros de projeto
Especificações

Construção Controles de qualidade

Programa da
Inspeção
manutenção
Monitoramento
Tempo

Características dos materiais originais


Diagnóstico das causas de degradação
Avaliação do desempenho residual
Recuperação Materiais e procedimentos para a
recuperação
Controles de qualidade

Destino dos materiais (reutilização,


Demolição reciclagem, recuperação, eliminação)

Fonte: autoria própria.

10
CONSTRUÇÃO CIVIL │ UNIDADE I

Analisando a figura acima, nota-se que na fase do projeto é determinado o


tipo de material adequado a ser empregado de forma a atender às funções
que lhes são solicitadas. Após a escolha do material, determinam-se os
parâmetros do projeto que exprimam suas propriedades, como resistência
mecânica ou comportamento relacionado ao ambiente que terá interação
durante sua vida útil.

Durante a fase da construção, controles de qualidade devem ser implementados.


Eles permitem verificar adequação dos materiais, bem como sua utilização
(manuseio, montagem, mistura etc.).

Vida útil e durabilidade


Qualquer que seja o material ou elemento construtivo de um sistema, ele sofre
com o contato com o ambiente. Ao longo do tempo, há perda de propriedades e
consecutivamente de seu desempenho.

A norma de desempenho – ABNT NBR 15575 – acabou por agregar normas que já
existiam, de forma a unificar em uma só base.

Com essa unificação, é importante salientar que se faz necessária aos usuários da
norma a quebra de paradigmas. É preciso entender que as normas estipuladas e
atualizadas devem ser seguidas de forma a aprimorar a especificação e elaboração
de projetos, e estes precedem o conhecimento e comportamento em uso dos
inúmeros materiais disponíveis, variedade de componentes, diversidade de
elementos e sistemas construtivos que compõem a edificação.

Vida útil

Neste tópico, vamos esclarecer alguns conceitos. De acordo com a ABNT NBR
15.575 – Parte 1 – Requisitos Gerais:

Vida Útil (VU)


Definição
“Período de tempo em que um edifício e/ou seus sistemas, elementos e componentes servem às funcionalidades para às quais foram projetados e
construídos considerando:

1. o atendimento dos níveis de desempenho previstos na NBR 15.575, e


2. a periodicidade e a correta execução dos processos de manutenção especificados no respectivo Manual de Uso, Operação e
Manutenção”.
Fonte: autoria própria.

11
UNIDADE I │ CONSTRUÇÃO CIVIL

Vida Útil: início

A Vida Útil se inicia com:


» a emissão do Habite-se ou Auto de Conclusão da Obra
Fonte: autoria própria.

Há, em alguns países europeus, normas que estabelecem em projeto que se considere a
evolução da degradação dos materiais ao longo do tempo e seu desempenho em uso.

Podemos, dessa forma, definir:

Vida útil: período de determinado material ou sistema que possa garantir


estabilidade e desempenho de suas funções.

Durabilidade

Durabilidade: está associada à vida útil (prevista em projeto), sendo que só pode
ser considerada durável se sua vida útil for pelo menos igual à vida útil requerida
na fase do projeto.

Para a NBR 6118 (2003):

» Definição de durabilidade
» Consiste na capacidade de uma estrutura de resistir às influências ambientais previstas e definidas pelo autor do projeto estrutural e o contratante,
no início dos trabalhos de elaboração do projeto.

Fonte: autoria própria.

Podemos definir vida útil de um material da seguinte forma: período em que


determinado material ou sistema tem suas propriedades inalteradas, permanecendo
acima dos limites mínimos especificados. Conhecer a vida útil e a curva de
deterioração de cada material ou sistema é de fundamental importância para a
realização de orçamentos reais, tanto para orçamentos iniciais na fase de projeto de
uma edificação, assim como de manutenções previstas.

A figura a seguir nos mostra o desempenho em relação à vida útil.

12
CONSTRUÇÃO CIVIL │ UNIDADE I

Figura 2. Desempenho X Vida útil.

Despassivação Mínimo de projeto

Manchas
Desempenho

Fissuras Mínimo de serviço

Destacamentos

Redução de seção
Mínimo
de ruptura
Perda de aderência

Vida útil de projeto

Vida útil de serviço 1

Vida útil de serviço 2

Vida última ou total

Vida útil residual

Vida útil residual

Fonte: adaptado (https://www.nucleodoconhecimento.com.br/wp-content/uploads/2017/12/f1-desempenho-x-tempo.png).

Tipos de manutenção – NBR 5462-1994


A manutenção é uma prática que envolve ações técnicas e administrativas
que, juntas, manterão ou devolverão a um item a capacidade de desempenhar
determinada função. Existem, entretanto, diversos tipos e níveis de manutenção.

Num panorama geral, as intervenções em determinado sistema, planejadas ou


não, podem acontecer durante a vida útil de um sistema na construção civil. A
essa intervenção pode-se dar o nome de manutenção. Independentemente de
qualquer caso, as intervenções devem ser previstas, pois os materiais apresentam
comportamentos que, em determinadas condições, delimitam suas funções em
determinado tempo.

13
UNIDADE I │ CONSTRUÇÃO CIVIL

De forma breve e objetiva, a manutenção pode ser dividida em:

Preditiva

Manutenção preditiva
» É o acompanhamento periódico de equipamentos, máquinas, sistemas, por meio de dados coletados por meio de monitoração ou inspeções.
Objetivo:
» prever possíveis falhas nos sistemas, parindo do seu comportamento e desempenho;
» programar a manutenção;
» direcionar os procedimentos de manutenção preventiva.

Fonte: autoria própria.

Preventiva

Manutenção preventiva
É a atividade prevista ou ação programada em um dado sistema antes que necessite de algum de reparo.
Requisitos
» Exige programação
» Deve seguir critérios técnicos determinados pelo fornecedor ou fabricante dos produtos responsáveis na construção da edificação
» Todas as atividades executadas devem ser registradas adequadamente com todas as informações pertinentes
Fonte: autoria própria.

Corretiva

Manutenção corretiva
É a atividade e ação que visa à retificação ou à restauração de falhas, seja ela planejada ou não.
Requisito
» Há a parada do funcionamento do sistema (total ou parcial).
» Tem alto custo na execução.

Fonte: autoria própria.

Detectiva

Manutenção detectiva
É a atividade que visa identificar as causas de falhas e auxilia nos planos de manutenção.
Objetivo
» Ir de encontro à origem do problema.

Fonte: autoria própria.

Com a correta aplicação da manutenção preventiva e em acordo com o especificado


em projeto, é possível prolongar a vida útil do sistema em questão. Isso viabiliza o
custo-benefício do objeto de estudo (empreendimento).

14
CONSTRUÇÃO CIVIL │ UNIDADE I

Degradação e prevenção
A degradação de um material é causada pela interação físico-química entre o material
e o ambiente em que estão inseridos. Essa interação terá maior ou menor efeito na
degradação do material quanto mais agressivo for o ambiente de acondicionamento
ou contato e de suas características, como um material poroso, o qual terá maior
suscetibilidade à degradação em comparação com materiais não porosos. Outros
fatores também influenciam diretamente nessa degradação, como a exposição à
temperatura.

A prevenção só surte efeito a partir do momento em que se conhecem os mecanismos


de degradação. Nesse caso, compreende-se o comportamento do material em
condições normais e em condições de trabalho, com o objetivo de verificar um
comportamento anômalo e, dessa forma, especificar intervenções para evitar a
degradação.

A seguir, veremos uma ilustração relacionando custo com o tempo para uma
intervenção (manutenção) na vida útil referente à escolha de material.

Figura 3. Relação entre custo e material utilizado com a sua durabilidade e manutenção

Cenário A

C0 = $ 10.000
C10 = $ 3.000 C20 = $ 3.000

0 5 10 15 20 25

Tempo em anos

Cenário B

C0 = $ 12.000
C15 = $ 1.000

0 5 10 15 20 25

Tempo em anos

Fonte: autoria própria.

15
UNIDADE I │ CONSTRUÇÃO CIVIL

Na ilustração acima, mostram-se dois cenários para determinado sistema


construtivo no qual se pretende garantir uma vida útil de 25 anos. Assim,
analisemos os cenários:

Cenário A

O cenário A

Tipo de material empregado:


mais econômico

Custo inicial: $ 10.000

2 intervenções (manutenção):
1ª intervenção: 10 anos
2ª intervenção: 20 anos
Fonte: autoria própria.

Cenário B

O cenário B

Tipo de material empregado:


mais caro

Custo inicial: $ 12.000

1 intervenção (manutenção):
1ª intervenção: 15 anos
Detalhe: garantia do avanço mais lento da degradação
Fonte: autoria própria.

Nos dois casos podem ser garantidos os 25 anos de durabilidade do sistema em


questão. Destaca-se que, no cenário B, é suficiente uma intervenção modesta de
custo $1.000 para o mesmo tempo de vida útil depois de 15 anos.

16
CONSTRUÇÃO CIVIL │ UNIDADE I

Ressaltamos que os dois cenários podem ser escolhidos com base nos critérios
econômicos. Entretanto, esses custos ocorrem em tempos diferentes e não
podem ser simplesmente somados. Eles devem ser atualizados e convertidos
em valores comparáveis. Para isso, podemos calcular esses valores de acordo
com a equação a seguir (com base no método “valor presente do investimento”;
net present value: NPV):
n
Ck
NPV = ∑ Equação 1
(1 + i )
k
k =1

Em que:

NPV = Net Present Value

n = número de anos correspondente à vida útil requerida

i = taxa de juros anual (não variável)

C = custo ($)

k = tempo em anos

Conclusão
Cenário A:
NPV = $ 10.000 + $ 3.000 / (1+0,05)10 + $ 3.000 / (1+0,05)20 = $ 12.972
Cenário B:
NPV = $ 12.000 + $ 1.000 / (1+0,05)15 = $ 12.481
A solução com o cenário B, com base nesses cálculos, é a mais conveniente.
Fonte: autoria própria.

Fazendo o exercício, nesse caso como exemplo, consideraremos a taxa de juros de


5%. Dessa forma, com o exemplo ilustrado, pode-se ainda concluir que:

» a escolha de um método de proteção ou de prevenção não pode


prescindir de avaliações levando-se em conta apenas o custo;

» as avaliações econômicas não são confiáveis sem que sejam


consideradas as escolhas adequadas de ponto de vista técnico, uma
vez que cada cenário nos traz uma intervenção diferente;

» avaliações econômicas podem ser complexas: como exemplo, a taxa


de juros que pode variar;

» o modelo descrito acima é uma estimativa do tipo determinístico,


pois “prevê” ou se dá por “probabilidade”.

17
CAPÍTULO 2
Introdução às patologias da construção
civil

Algumas considerações: Código de Defesa do


Consumidor

De acordo com o Código de Defesa do Consumidor (CDC), para qualquer


projeto ou execução de obras civis, é obrigatório o respeito às normas técnicas
brasileiras elaboradas pela ABNT, e sua desobediência corresponde a uma
infração legal, ensejando as sanções cabíveis.

Eventos de patologias nas edificações se traduzem na perda de confiança na


empresa responsável pela construção fora os custos indesejados adicionais,
ações jurídicas etc. Aproximadamente 5% do custo total da obra é o valor que a
empresa desembolsa para reparar obras entregues aos clientes.

Patologia: introdução e definição

A partir de agora, trataremos sobre o tópico “patologia”.

O termo patologia vem do grego:

» pathos = doença;

» logos = estudo.

Dessa forma, podemos definir patologia como “uma ciência que estuda a origem, os
sintomas e a natureza das doenças”.

É um termo que vem da medicina e que tem como significado: estado patológico,
doentio, de anormalidade, em que falta saúde ou que não está saudável e, de alguma
forma, tem um agente causador.

O termo patologia, apesar de ter suas raízes na medicina, é empregado também na


construção civil.

18
CONSTRUÇÃO CIVIL │ UNIDADE I

Patologia na construção civil


A população brasileira está em crescimento, e hoje já somos mais de 210 milhões
de habitantes em 5570 municípios do Brasil (fonte: Diário Oficial da União –
Publicado em 28/8/2019 | Edição 166 | Seção 1 | página 374).

Outro dado importante é que, dos 5570 municípios do país, temos:

» metade (49,6%) apresenta taxa de crescimento da população com


variação entre zero e 1%;

» 4,8% ou 266 cidades apresentaram crescimento igual ou superior


a 2%;

» a população brasileira total cresceu 0,79% entre 2018 e 2019;

» entre 2017 e 2018, havia crescido 0,82%.

Analisando esses dados, podemos verificar que, por menor que seja, o crescimento da
população é ascendente.

Outro fator é que essa população está cada vez mais concentrada nas cidades, seja
ela pequena, seja ela um grande conglomerado, como nas grandes metrópoles. Com
isso, os números de edifícios crescem, ao passo que aumentam as reclamações de
moradores sobre problemas patológicos encontrados em edifícios recém-construídos.

Com o tempo de uso, a edificação pode perder a função para a qual se supõe que foi
projetada, devido a uma utilização não apropriada e em não conformidade com o
projeto. Esse fato leva à incidência de patologias que, se não forem diagnosticadas
e tratadas adequadamente, podem acarretar o comprometimento de toda a
estrutura da construção.

O estudo das patologias da construção civil é muito recente no Brasil. No campo da


elétrica e hidráulica, existem poucas pesquisas sobre as causas e ocorrências dessas
manifestações que causam transtornos aos usuários, bem como geram custos com
manutenções.

As instalações elétricas e hidráulicas nas edificações apresentam uma grande


variedade na composição de seus elementos: natureza dos materiais empregados,
diversos tipos de componentes e diferentes equipamentos. Por esse motivo, as
instalações elétrica e hidráulica podem ser consideradas sistemas complexos.

19
UNIDADE I │ CONSTRUÇÃO CIVIL

Junto a esse fator, ao relacionarmos com os outros sistemas prediais (estrutural,


refrigeração, paisagismo, entre outros), verificamos que há poucos trabalhos e
estudos publicados com relação às manifestações patológicas.

Patologia na construção civil é basicamente o estudo de determinada situação de problema aparente em um sistema, isolado ou em conjunto, o qual
aparecerá em determinado momento de sua vida útil, o que pode ser postergado ou acelerado e que está intimamente ligado às propriedades dos
materiais e às condições do ambiente impostas sobre o material ou sistema.
Fonte: autoria própria.

Os problemas patológicos têm suas origens motivadas por falhas que ocorrem
durante a realização de uma ou mais atividades inerentes às etapas ou processos
na construção civil. O processo pode ser dividido em três etapas básicas:

» concepção, que engloba o planejamento, o projeto e materiais;

» execução;

» e a utilização (usuário final).

Os problemas aparentes podem se apresentar como defeitos ou falhas que


comprometem uma ou mais funções em um sistema e que precisam ser
identificadas, diagnosticadas e tratadas.

Identificado o problema, o reparo a ser efetuado nessa patologia visará recuperar as


funções do sistema.

Conhecendo o tipo de patologia, sua origem, as formas como se manifesta, as


consequências e mecanismos das falhas, é possível fazer a recuperação. O estudo
da patologia é de extrema importância, pois interfere diretamente na qualidade de
uma obra, visto que o seu estudo busca evitar ou minimizar os problemas que se
apresentaram.

Todo e qualquer tipo de patologia deve receber sua devida atenção. Depois de
identificada e diagnosticada, ela deve ser tratada e resolvida por completo,
evitando uma sequência de eventos indesejados, os quais podem dar início a novos
problemas ou propagar e agravar os já existentes.

No campo da construção civil, as patologias estão presentes há muito tempo. Elas


podem se apresentar como problemas simples e comuns, de fácil resolução, e
como problemas mais complexos e incomuns, que envolvem mais recursos para
uma resolução e mais tempo.

É importante frisar que o estudo das patologias da construção civil envolve


conhecimentos de outras áreas, de diferentes campos de atuação e engenharia.

20
CONSTRUÇÃO CIVIL │ UNIDADE I

Vale ressaltar que, ao descobrir a origem da patologia, há possibilidade de


se identificar o responsável, em qual etapa ou fase ela foi cometida. Sob a
responsabilidade de quem cometeu o erro, é passível de ações de fins judiciais.
Em outras palavras, em casos de danos inerentes às patologias, alguém terá que
ser responsabilizado por tal fato.

Com base no parágrafo anterior, podemos relacionar algumas falhas às suas origens:

» se o problema teve sua origem na fase de projeto, muito provavelmente


o projetista não foi bem-sucedido e cometeu então uma falha;

» se origem está no emprego de um material de má qualidade, muito


provavelmente o fabricante não foi bem-sucedido e cometeu então uma
falha;

» se o problema foi identificado na etapa de execução, trata-se de falha


de mão de obra, do empreiteiro ou da fiscalização, que pode estar
relacionada a métodos e procedimentos que podem não ter sido
respeitados por negligência ou ignorância;

» se o problema foi identificado na etapa de uso, a falha é da operação


e manutenção, porém deve-se atentar sobre as recomendações de
utilização da edificação ao usuário final.

Deve-se salientar que o problema existente em uma edificação tem várias origens.
Não se permite, dessa forma, relacionar uma manifestação patológica a uma causa
única.

Patologia: origem das falhas


A seguir, verificaremos que o maior número de manifestações patológicas tem
suas origens na primeira fase de uma edificação, que é o projeto. Um projeto bem
elaborado é sinônimo de um bom desenvolvimento e desempenho da edificação
ao longo de sua usabilidade. As falhas ou mal desempenho de um sistema
estão geralmente relacionadas à qualidade dos materiais e junto dos métodos
construtivos.

As principais causas de patologias de origem endógena, ou seja, originadas por


fatores inerentes à própria edificação durante a ocupação, são em ordem decrescente:
40% projeto, 28% execução, 18% materiais, 10% uso e 4% planejamento.

21
UNIDADE I │ CONSTRUÇÃO CIVIL

Figura 4. Origem das manifestações patológicas em relação às etapas de processo nas obras civis.

Fonte: autoria própria.

Patologia: estudo de caso

No estudo de caso a seguir, que foi apresentado no VII Workshop Brasileiro de


Gestão do Processo de Projeto na Construção de Edifícios (Curitiba, 2007), foram
realizadas diversas perícias em instalações hidráulicas, e foram selecionados 24
edifícios residenciais novos e antigos, cujos laudos técnicos apresentaram certas
patologias recorrentes. Uma grande parte dessas patologias poderá ser evitada
em edifícios a serem projetados e construídos, sob a presunção da experiência
acumulada.

Esses estudos foram feitos pelos engenheiros Sérgio Frederico Gnipper e Jorge
Mikaldo Jr., na cidade de Curitiba-PR.

O quadro a seguir apresenta a frequência de incidência qualitativa de não


conformidades presentes e patologias manifestas nesses edifícios, subdividas em:

» água fria (AF);

» água quente (AQ);

» combate a incêndio (INC);

22
CONSTRUÇÃO CIVIL │ UNIDADE I

» gás liquefeito de petróleo (GÁS);

» esgoto sanitário (ESG); e

» águas pluviais (AP).

Na coluna “outro”, estão apontadas patologias e não conformidades relevantes


que não estão relacionadas diretamente com esses subsistemas, entretanto
estão associadas às tubulações no geral.

Incidência qualitativa de patologias nos edifícios.

Nº de itens , patologias / não conformidades existentes


apartamentos
Anos em uso
até a perícia

pavimentos
ocupação
Ano da

Edifícios
Nº de

Nº de

periciados AF AQ INC GÁS ESG AP Outro Total

Edifício 1 1965 38 6 24 15 2 3 2 2 2 3 29
Edifício 2 1984 17 23 18 13 2 1 3 4 - 4 27
Edifício 3 1985 17 24 18 10 4 - 4 19 7 4 48
Edifício 4 1986 14 17 14 12 5 1 4 20 3 3 48
Edifício 5 1989 16 9 10 22 5 - 8 20 9 2 66
Edifício 6 1992 9 21 32 8 1 - - 7 2 2 20
Edifício 7 1995 8 16 78 20 - 2 2 13 9 3 49
Edifício 8 1995 8 18 54 30 - 2 - 19 11 3 65
Edifício 9 1996 8 20 56 14 6 - 9 11 6 3 49
Edifício 10 1997 5 7 8 21 10 - 6 20 12 3 72
Edifício 11 1997 4 22 64 10 - - 1 12 1 - 24
Edifício 12 1998 4 22 72 27 1 1 8 18 8 4 67
Edifício 13 1998 6 25 42 13 7 - 8 16 7 3 54
Edifício 14 1999 5 21 60 17 1 1 7 12 1 3 42
Edifício 15 2000 2 11 16 21 5 - 2 17 14 4 63
Edifício 16 2000 4 11 14 20 4 1 7 22 13 4 71
Edifício 17 2001 4 28 144 22 12 - 8 27 13 6 88
Edifício 18 2001 2 6 24 20 8 3 10 10 6 1 58
Edifício 19 2001 5 27 22 27 11 1 5 24 16 6 90
Edifício 20 2003 3 13 45 23 17 1 6 23 10 7 87
Edifício 21 2003 4 27 21 39 22 2 10 24 12 5 114
Edifício 22 2003 4 18 112 40 - 1 10 29 22 7 109
Edifício 23 2203 2 12 24 14 4 - 10 16 6 3 53
Edifício 24 2004 1 27 27 28 10 2 3 24 8 4 79
Fonte: adaptado (GNIPPER).

O quadro a seguir nos mostra o detalhamento das origens dos problemas


patológicos.

23
UNIDADE I │ CONSTRUÇÃO CIVIL

Detalhe das origens patológicas nas edificações.

Falhas de compatibilização entre os diversos projetos da obra


Baixa qualidade dos materiais especificados ou especificação inadequada dos materiais
Especificação inadequada dos materiais
Detalhamento insuficiente, omitido ou errado
Falhas específicas de
Falhas de projetos Detalhe construtivo inexequível
projetos
Falta de clareza da informação
Falta de padronização nas representações gráficas
Erro de dimensionamento
Falta de procedimento de trabalho
Falta de treinamento de mão de obra
Falhas de gerenciamento
Processo deficiente de aquisição de materiais e serviços
e execução
Processo de controle de qualidade insuficiente ou inexistente
Falhas ou falta de planejamento
Desgastes naturais dos mecanismos de vedação dos componentes das instalações hidráulico-prediais
Deterioração natural do
Desgastes devido ao uso
sistema
Deterioração dos materiais
Fonte: autoria própria.

Patologia e manifestação patológica

Muitos ainda cometem o equívoco no emprego da palavra patologia, tanto entre


leigos como no meio técnico. Ouve-se repetidamente a palavra patologia sendo
empregada para definir o que na verdade pode ser chamado de manifestação
patológica.

Pode-se classificar, dessa forma:

» manifestação patológica: expressão resultante de um mecanismo de


degradação;

» patologia é uma ciência formada por um conjunto de teorias que serve


para explicar o mecanismo e a causa da ocorrência de determinada
manifestação patológica.

A partir dessa ótica, fica claro que a patologia é um termo de maior amplitude do que
manifestação patológica, uma vez que ela é a ciência que estuda e tenta explicar a
ocorrência de tudo o que se relaciona com a degradação de uma edificação.

Desse modo, uma fissura não é considerada uma patologia: ela é apenas um
reflexo ou sintoma cujo mecanismo de degradação (doença) poderia ser, entre
diversas origens, a corrosão de armaduras, a deformação excessiva da estrutura

24
CONSTRUÇÃO CIVIL │ UNIDADE I

ou a reação álcali-agregado, cuja terapia (o que fazer para restabelecer a


estrutura) deve levar em conta as causas da doença.

Patologia: como se apresenta?


A apresentação das patologias na construção civil pode se dar nas mais diversas
formas:

» trincas;

» fissuras;

» panes em circuitos elétricos;

» vazamentos;

» falhas na impermeabilização;

» destacamento de pisos;

» entre outras.

Podemos destacar ainda que as manifestações patológicas podem se apresentar


apenas com apelo estético (por exemplo, com uma simples pintura em uma parede)
e caminhar para manifestações patológicas mais graves de alto grau de atenção,
como um reparo em estrutura de uma edificação.

A figura a seguir nos mostra uma patologia da construção civil: uma trinca em estágio
inicial em uma parede.

Figura 5. Trinca em parede.

Fonte: https://cohenconsultoria.wordpress.com/2016/02/03/fissuras-trincas-e-rachaduras-em-paredes/.

25
UNIDADE I │ CONSTRUÇÃO CIVIL

Figura 6. Curto circuito.

Fonte: https://www.eletricista.srv.br/o-que-fazer-depois-de-um-curto-circuito/.

Nota-se que o assunto sobre manifestações patológicas vai um pouco além do que
descobrir a simples causa e uma simples tratativa. É necessário entender seus
mecanismos de ação para que sejam tratadas adequadamente de forma a evitar
ou minimizar os seus impactos negativos em qualquer parte da construção civil.

A seguir, serão apresentados alguns termos utilizados em patologia e seus significados.

Terapia
Ciência que estuda a escolha e administração dos meios de curar as doenças e da
natureza dos remédios.

Therapeia = método de curar, tratar.

Profilaxia
Ciência que estuda as medidas necessárias à prevenção das enfermidades.

Prophylaxis = prevenção.

Sintoma
Manifestação patológica detectável por uma série de métodos e análises.

Falha
Descuido ou erro, uma atividade imprevista ou acidental que se traduz em um
defeito ou dano.

26
CONSTRUÇÃO CIVIL │ UNIDADE I

Origem

Etapa do processo construtivo planejamento/concepção, projeto, fabricação de


materiais etc.) em que ocorreu o problema.

Diagnóstico

Entendimento do problema (sintoma, mecanismo, causa e origem).

Correção

Metodologia para a eliminação dos defeitos causados pelos problemas patológicos.

Recuperação

Correção dos problemas patológicos.

Reforço

Aumento da capacidade de resistência de um elemento ou sistema em relação ao


projeto original, ocasionado pela alteração na utilização, perda de propriedade
ou falha que reduziu ou não atendeu a sua especificação inicial.

Reconstrução

É o ato de fazer novamente um elemento ou sistema. Mesmo que tivesse


recebido uma ação corretiva, não atenderia ao desempenho mínimo aceitável
ou um custo, dado que a intervenção corretiva fosse maior que o custo de sua
reconstrução.

27
ELÉTRICA UNIDADE II

CAPÍTULO 1
Sistemas Elétricos

Sistema Elétrico Brasileiro


Neste tópico, apresentaremos um panorama de como a energia produzida no Brasil
chega aos consumidores finais (indústrias e casas), quais as fontes geradoras e de
que forma é transportada.

Processos pertinentes da energia elétrica.

A indústria de energia elétrica

Geração ou produção

Transmissão

Distribuição

Comercialização/consumo
sendo que esta última engloba a medição e faturamento dos consumidores.
Fonte: autoria própria.

Em muitos casos, como o fornecimento de energia elétrica para as residências,


a atividade de comercialização é realizada juntamente com a de distribuição.
Existe um longo caminho pelo qual a energia elétrica é transportada, desde sua
produção até o seu destino final, que é o consumo. Esse caminho é composto
pelas redes de transmissão e de distribuição. Entre as redes de transmissão e de

28
ELÉTRICA │ UNIDADE II

distribuição, existe, em muitas situações, outra rede com a função de repartir


a energia. Essa rede intermediária é chamada de “rede de subtransmissão ou
subestação”.

Ao conjunto das instalações e equipamentos que se prestam à geração


(conversão de dada forma de energia em energia elétrica) e transmissão de
grandes blocos de energia dá-se o nome de sistema elétrico de potência.

Apresentaremos a seguir um esquema da geração de energia até o consumidor,


de forma resumida e objetiva.

Resumo do sistema de geração de energia até a sua utilização final.

Gerador Estação Estação


(usina) elevadora rebaixadora
1 2

3
Hidrelétrica
Alta tensão Alta tensão
Termoelétrica
Eólica
Nuclear Subestação
Grandes consumidores
Outros

Distribuição
Alta tensão da energia

Geração da
1 energia Pequenos consumidores
elétrica
Transmissão
da energia
elétrica
Transformador
Distribuição
da energia Baixa tensão
3
elétrica

Fonte: autoria própria.

Obtenção da energia elétrica e capacidade


de produção
Há vários sistemas para se gerar, produzir e obter energia elétrica:

» hidrelétricas;

» termoelétricas;

29
UNIDADE II │ ELÉTRICA

» eólicas;

» solar;

» geotécnicas;

» termonucleares;

» maremotriz;

» biomassas etc.

De forma geral, as fontes de geração de energia elétrica consideradas convencionais


são as usinas hidrelétricas de grande porte. A capacidade de produção nas usinas
hidrelétricas se encontra geralmente acima dos 30 Megawatts (MW).

Fontes alternativas de energia elétrica: energia solar fotovoltaica, usinas eólicas,


usinas utilizando-se da queima da biomassa (madeira e cana de açúcar, por exemplo),
pequenas centrais hidrelétricas e outras fontes menos usuais, como as que utilizam a
força das marés.

A maior parte da energia elétrica gerada no Brasil é proveniente de usinas


hidroelétricas. O Brasil apresenta um grande potencial hidráulico para a geração de
energia elétrica. Uma parte desse potencial se encontra aproveitada. Há atualmente
mais de 110 usinas hidrelétricas em funcionamento. Por outro lado, há muitos
locais nos quais essa modalidade de energia primária ainda pode ser explorada,
principalmente na Amazônia.

Em usinas geradoras de energia, os níveis de tensão na saída dos geradores são


normalmente na faixa de 6 a 25 kV.

É possível acompanhar a produção de energia produzida no Brasil em tempo real


pelo link http://www.ons.org.br/paginas/energia-agora/carga-e-geracao. Esse link
é da ONS – Operador Nacional do Sistema Elétrico –, e é possível acessar outras
informações como produção de anos e fazer análises comparativas.

SIN – Sistema Interligado Nacional


O sistema de produção e transmissão de energia elétrica do Brasil tem predominância
de usinas hidrelétricas e conta com múltiplos proprietários. Entretanto, vale ressaltar
que outros sistemas são empregados para abastecer os consumidores: o sistema
termoeólico.

30
ELÉTRICA │ UNIDADE II

Constituição do SIN: subsistemas

O Sistema Interligado Nacional é constituído por quatro subsistemas:

» Sul;

» Sudeste/Centro-Oeste;

» Nordeste;

» e a maior parte da região Norte.

Conexões entre os subsistemas

A interconexão dos sistemas elétricos é feita por meio da malha de transmissão. Ela
propicia a transferência de energia entre subsistemas, permite a obtenção de ganhos
sinérgicos e explora a diversidade entre os regimes hidrológicos das bacias.

Essa integração dos recursos de geração e transmissão permite o atendimento ao


mercado com segurança e economicidade.

Capacidade instalação

A capacidade instalada de geração do SIN é composta, principalmente, por:

» usinas hidrelétricas distribuídas em dezesseis bacias hidrográficas nas


diferentes regiões do país;

» usinas eólicas, cuja instalação, nos últimos anos, principalmente nas


regiões Nordeste e Sul, apresentou um forte crescimento, aumentando a
importância dessa geração para o atendimento do mercado;

» usinas térmicas, em geral localizadas nas proximidades dos principais


centros de carga, desempenhando papel estratégico relevante, pois
contribuem para a segurança do SIN.

Veremos a seguir as informações em tempo real da produção de energia elétrica.

31
UNIDADE II │ ELÉTRICA

Figura 7. Gráfico de produção de energia elétrica (SIN).

Fonte: http://www.ons.org.br/paginas/energia-agora/carga-e-geracao.

Figura 8. Acesso em tempo real (às 18h do dia 6/1/2020).

Fonte: http://www.ons.org.br/paginas/energia-agora/carga-e-geracao.

Figura 9. Acompanhamento da carga gerada.

Fonte: http://www.ons.org.br/paginas/energia-agora/carga-e-geracao.

32
ELÉTRICA │ UNIDADE II

Figura 10. Gráfico – produção (%).

Fonte: adaptado (http://www.ons.org.br/paginas/energia-agora/carga-e-geracao).

Obs.: dados obtidos em 6/1/2020, às 20h18. Os valores se alteram a todo momento.

O cálculo do valor da energia elétrica entregue para nós consumidores


(principalmente de baixa tensão) compreende:

» os custos de implantação da usina;

» os custos de operação e de manutenção (O&M);

» e os custos do sistema de transmissão, que incluem os investimentos,


O&M e as perdas de potência.

Operação dos sistemas elétricos


Desde os grandes motores industriais até os equipamentos de médio e
pequeno porte, como os eletrodomésticos, são projetados e construídos de
forma a trabalhar dentro de faixas especificadas de tensão e frequência. Caso
esses equipamentos não sigam essas especificações de trabalho, eles podem
apresentar funcionamento insatisfatório ou até mesmo se danificar, gerando
manutenções ou perdas e inutilização dos equipamentos.

33
UNIDADE II │ ELÉTRICA

Essas exigências básicas impõem à operação dos sistemas elétricos um adequado


controle da tensão e da frequência na rede, a qual está sujeita às mais variadas
solicitações de carga.

Essas solicitações apresentam mudanças periódicas, as quais podem ser anuais,


mensais ou até mesmo diárias. Nas variações diárias, a variação mais crítica se
concentra nos horários de pico, que, dependendo da região ou do estado, podem
ser específicos, porém, como regra geral, tem início às 17h e seu término às 21h.

Verifica-se que a demanda de energia requerida no sistema no horário de pico é


bem maior do que durante a madrugada.

É importante salientar que não é possível armazenar energia elétrica


comercialmente. Ela é produzida a cada instante, na medida em que a demanda é
requerida.

A frequência é controlada automaticamente nos próprios geradores pelos


reguladores de velocidade, equipamentos que injetam mais ou menos água (ou
vapor ou gás) nas turbinas que acionam os geradores, dependendo do aumento ou
da diminuição da demanda.

O controle da tensão pode ser feito de duas formas remotamente nas usinas:

» por reguladores automáticos de tensão;

» e em nível de transmissão, de subtransmissão e/ou de distribuição.

Para finalizar este tópico, é interessante ter uma ideia da situação atual de nossos
recursos hídricos localizados nos principais reservatórios do país para geração
de energia elétrica. Para isso basta acessar o link descrito abaixo. As informações
também são atualizadas a todo momento: http://www.ons.org.br/paginas/energia-
agora/reservatorios.

34
MANIFESTAÇÕES
PATOLÓGICAS UNIDADE III
ELÉTRICAS

CAPÍTULO 1
Sistemas e Circuitos Elétricos

Apresentação de alguns problemas


recorrentes em edificações
A quantidade e a complexidade dos equipamentos utilizados em instalações prediais
vêm crescendo muito nos últimos anos. Podemos mencionar, por exemplo, as
instalações elétricas, de água, esgoto e pluvial. É possível listar uma série de itens
que até pouco tempo não faziam parte do escopo básico dos edifícios residenciais:

» condutores elétricos;

» caixas de energia;

» conectores;

» disjuntores;

» estações de tratamento;

» sistemas de medição individualizada de água;

» aparelhos de aquecimento solar;

» equipamentos de reúso de águas pluviais, entre outros.

O grande e maior desafio para os profissionais (projetistas de instalações) é


organizar tudo isso em um espaço físico restrito e cada vez mais limitado pelo
projeto arquitetônico. Dessa forma, com novas técnicas, novos materiais e
equipamentos com novos métodos de execução, obriga todos os profissionais
à atualização constante.

35
UNIDADE III │ MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ELÉTRICAS

Faz-se necessária a compatibilização entre os projetos, pois é fundamental


de forma a racionalizar a instalação e garantir a facilidade de manutenção. O
problema é que nem sempre isso ocorre, e o resultado dessa incompatibilidade
pode se manifestar de diversas formas. Entre elas, podemos citar a ausência de
espaço para a instalação dos hidrômetros de medição individualizada, exigida por
lei em alguns municípios, ou da caixa especificada para cada tipo de instalação
elétrica exigida.

Outros exemplos são: insuficiência de espaço na casa de bombas e ruídos que


podem ser provocados, entre outros motivos, por bombas centrífugas instaladas
indevidamente em subsolos de prédios, sem qualquer tipo de tratamento acústico.

As instalações elétricas
É imprescindível que o projetista saiba onde se situa a sua instalação dentro de um
sistema elétrico mais complexo, a partir do gerador, até os pontos de utilização em
baixa tensão.

Figura 11. Sistema elétrico desde a fonte geradora até consumidor.

Produção 2 Transmissão Distribuição

LT DP

13,2 kV
13,8 kV T1 138/230/400/500 kV T2
T3 T4

DS DS

220/127V 380/220V
Fonte: autoria própria.

As instalações elétricas: o que são?


Definição para instalações elétricas: é a implementação física dos componentes
das ligações elétricas, associados e com características coordenadas entre
si, com conexão entre a fonte geradora de energia elétrica e as cargas. Em
instalações em baixa tensão, a fonte geradora vem da concessionária, e as cargas
são os eletrodomésticos e eletroeletrônicos que são conectados às tomadas de
residências e escritórios.

36
MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ELÉTRICAS │ UNIDADE III

As instalações elétricas são fundamentais para o bem-estar e o uso de objetos no


dia a dia e estão presentes em ambientes mais diversificados. Portanto, não é difícil
entender a importância de um sistema elétrico, pois praticamente tudo está ligado à
eletricidade atualmente.

Vale lembrar que esses sistemas, por mais que pareçam simples, são dotados
de componentes e mecanismos bastante complexos e contam com uma
série de fatores para garantir (principalmente) a segurança do imóvel e,
consecutivamente, a do usuário. Portanto, além de sua importância no uso
cotidiano, ressaltamos o quanto ela – eletricidade – é perigosa e pode vir a
causar vários acidentes e danos.

Instalações elétricas: projeto


Projeto é a previsão e descrição escrita de um empreendimento a ser realizado,
confeccionado, e, no caso, uma instalação. O projeto deve conter todos os seus
detalhes, localização dos pontos de utilização da energia elétrica, comandos, trajeto
dos condutores, divisão em circuitos, seção dos condutores, dispositivos de manobra,
carga de cada circuito, carga total etc. Ou seja, projetar uma instalação elétrica de
uma edificação ou empreendimento consiste basicamente em:

» quantificação dos itens: localização dos pontos e tipos de utilização de


energia elétrica;

» dimensionamento dos componentes elétricos: envolve o tipo de


condutor a ser utilizado e o percurso a ser feito; o tipo e a localização
dos dispositivos de proteção, de comando, de medição de energia
elétrica e outros materiais e acessórios.

O objetivo de um projeto de instalações elétricas é garantir a transferência de


energia desde uma fonte, em geral a rede de distribuição da concessionária ou
geradores particulares, até os pontos de utilização (pontos de luz, tomadas,
motores etc.). Para que isso seja feito de maneira segura e eficaz, é preciso que o
projeto seja elaborado observando as normas técnicas aplicáveis e vigentes.

O projeto de instalações elétricas, para melhor entendimento, deve ser dividido em


categorias distintas:

a. industrial;

b. comercial;

c. e residencial (unifamiliar, multifamiliar e coletivo).

37
UNIDADE III │ MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ELÉTRICAS

Instalações elétricas: componentes de um projeto

A base da representação escrita de um projeto de uma instalação elétrica está


associada em documentos e desenhos. Listamos alguns desses documentos:

» especificações técnicas vigentes, atualizadas;

» plantas (planta de situação, planta de pavimentos e detalhamentos


quando houver em projeto e execução);

» carta da concessionária permitindo a instalação;

» memorial descritivo;

» memorial de cálculo (cálculo da demanda, dimensionamento dos


condutores, dimensionamento dos condutos, dimensionamento das
proteções);

» lista de materiais a serem utilizados;

» ART;

» prumadas;

» quadros (diagramas multifilares ou unifilares, quadros de distribuição


de cargas);

» detalhes (entrada de serviço, caixa seccionadora, centros de medição,


caixas de passagem, aterramentos, outros).

Documentação da instalação
A instalação deve ser executada a partir de projeto específico, que deve conter, no
mínimo:

a. plantas dos pavimentos da edificação;

b. esquemas unifilares e outros, quando aplicáveis;

c. detalhamento da montagem da instalação ou equipamento, quando


necessários;

d. memorial descritivo da instalação;

38
MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ELÉTRICAS │ UNIDADE III

e. especificação dos componentes com descrição do produto,


características nominais e normas que devem atender;

f. parâmetros de projeto especificados como: correntes de curto-circuito,


queda de tensão, fatores de demanda considerados, temperatura
ambiente, entre outros.

Um bom projeto de instalações elétricas deve obedecer a alguns requisitos


mínimos e estar de acordo com norma vigente. A seguir, veremos um resumo
desses requisitos.

Figura 12. Um bom projeto de instalações elétricas.

Bem elaborado e corretamente dimensionado


+
Materiais de qualidade comprovada
+
Integrados de forma racional com projetos técnicos complementares
=
Resulta em economia:
Na aquisição de materiais
Facilita execução das instalações
Outros benefícios
Evita o superdimensionamento ou subdimensionamento de circuitos;
Evita disjuntores desarmados;
Evita que haja falta de segurança nas instalações
Previne e evita incêndios, perda de equipamentos, choques elétricos
e dificuldade para a execução das instalações desconformes com as normas vigentes
Fonte: autoria própria.

39
CAPÍTULO 2
Previsão de cargas

Previsão de Cargas da Instalação Elétrica


Conforme a NBR-5410/1997
Objetivo: a Norma Brasileira NBR-5410/1997 estabelece as condições mínimas
que devem ser adotadas para a quantificação, localização e determinação das
potências dos pontos de iluminação e tomadas em habitações (casas, apartamentos,
acomodações de hotéis, motéis ou similares).

Para cada aparelho a ser conectado e utilizado na rede elétrica, como lâmpadas,
aparelhos de aquecimento d’água, aparelhos eletrodomésticos, motores para
máquinas diversas, será requerida determinada potência dessa rede elétrica.

Previsão de cargas
O objetivo da previsão de cargas é a determinação – quantificação e qualificação –
de todos os pontos de utilização de energia elétrica (pontos de consumo ou cargas)
que farão parte da instalação elétrica. Ao final da previsão de cargas, estarão
definidas a potência, a quantidade e a localização de todos os pontos de consumo
de energia elétrica da instalação.

Previsão da Carga de Iluminação – NBR 5410


Os principais requisitos para o cálculo da iluminação são com a quantidade e a
qualidade da iluminação de determinada área, quer seja de trabalho, lazer ou simples
circulação.

Existem vários métodos para o cálculo da iluminação:

1. pela carga mínima exigida pela norma NBR – 5410/1997;

2. pelo método dos lumens;

3. pelo método das cavidades zonais;

4. pelo método do ponto por ponto;

5. pelos métodos dos fabricantes: PHILIPS, GE etc.

40
MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ELÉTRICAS │ UNIDADE III

Correntes de curto-circuito
As correntes de curto-circuito são provenientes de falhas ou defeitos graves da
instalação, como:

» falha, defeito ou rompimento da isolação entre fase e neutro;

» falha, defeito ou rompimento da isolação entre fase e terra;

» falha, defeito ou rompimento da isolação entre fases distintas.

Como consequência, as correntes de curto-circuito produzem correntes


extremamente elevadas na ordem de 1000% a 10000% do valor da corrente
nominal. A corrente de curto-circuito é o pior tipo de defeito da qualidade de
energia elétrica, pois está geralmente associada a acidentes e riscos de incêndios.

Efeitos das correntes de curto-circuito:

» dependem de intensidade e duração;

» manifestam-se brusca, dinâmica e termicamente em todos os


componentes da instalação elétrica.

A corrente de curto-circuito é a responsável pelo aparecimento do efeito térmico,


causador de incêndios.

Proteções
Sistemas de potência apresentam vários defeitos. Os defeitos geram interrupções
no fornecimento de energia e podem causar danos nos equipamentos, como:

» curto-circuito;

» sobrecargas;

» sobretensões.

Para se fazer o levantamento das potências, é preciso elaborar uma previsão


das potências (cargas) mínimas de iluminação e tomadas a serem instaladas.
Dessa forma, será possível determinar com maior exatidão a potência total
prevista para a instalação elétrica residencial.

41
UNIDADE III │ MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ELÉTRICAS

Verificação da instalação
Todos os tipos de instalações elétricas devem ser inspecionados e testados.
Esse procedimento deve preceder o seu funcionamento e ser aplicado tanto em
uma reforma ou edificação nova, visando assegurar que as instalações elétricas
foram executadas de acordo com essa norma.

Qualificação profissional
O projeto, a execução, a verificação e a manutenção das instalações elétricas
devem ser confiados somente a pessoas qualificadas a conceber e executar os
trabalhos em conformidade com a NBR 5410.

Determinação de potência de alimentação


Na concepção econômica e de segurança de uma instalação, é essencial que se
determine a potência de alimentação. Deve-se obrigatoriamente obedecer aos
limites adequados de elevação de temperatura e de queda de tensão.

Na determinação da potência de alimentação de uma instalação ou de parte de


uma instalação, devem ser computados os equipamentos de utilização a serem
alimentados, com suas respectivas potências nominais. Na sequência, devem
ser consideradas algumas possibilidades que vão desde a utilização simultânea
do funcionamento dos equipamentos até a capacidade de reserva para novas
ampliações, caso seja necessário futuramente.

42
CAPÍTULO 3
Dimensionamento de instalações
elétricas

Dimensionamento de rede elétrica de baixa


tensão
O dimensionamento da instalação elétrica engloba várias etapas:

» previsão de cargas (iluminação e tomadas);

» cálculo da demanda e tipo de fornecimento;

» divisão da instalação em circuitos;

» dimensionamento dos condutores (seção mínima, corrente máxima e


queda de tensão);

» proteções (sobrecorrente, sobrecarga e curto-circuito);

» disjuntores e fusíveis;

» proteção contra choques elétricos – DRs e dos eletrodutos.

Ressaltamos que a previsão de cargas é a primeira etapa na elaboração do projeto


elétrico.

Energia elétrica

O primeiro ponto a destacar é que a eletricidade é invisível. Nós, na verdade, só


percebemos os efeitos que ela causa, como:

» luz;

» calor;

» choque elétrico;

» movimento de um motor elétrico;

» entre outros exemplos.

43
UNIDADE III │ MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ELÉTRICAS

Esses efeitos são possíveis devido:

» à corrente elétrica (I);

» à tensão elétrica (U);

» e à potência elétrica (P).

Em primeiro lugar, sem se aprofundar muito e não fugir do tema principal, foco
dos nossos estudos, faz-se necessário dizer que:

» todo material tem como menor parte os átomos;

» todo átomo é constituído por três partes, sendo o núcleo composto


por prótons (partículas positivas) e nêutrons (partículas sem
carga ou neutras), e, ao redor desse núcleo, algumas camadas
(chamada de eletrosfera) compostas por elétrons (partículas
negativas);

» dependendo da situação, estão livres, movimentando-se, de um lado


para outro, até que encontrem o ponto de equilíbrio e se estabilizem.

Tensão elétrica e corrente elétrica


Posto isso, ao pegarmos um fio metálico (cobre, por exemplo) e analisarmos a
corrente elétrica, teremos:

» nos fios, partículas invisíveis – elétrons livres –, que estarão em


movimento desordenado. Para terem movimento ordenado, é
necessário aplicar uma força para que sejam “empurrados” ou
conduzidos de um ponto A para o ponto B. A essa força aplicada é
dado o nome de tensão elétrica (U);

» já o movimento ordenado desses elétrons, oriundo da tensão


aplicada anteriormente, forma uma espécie de corrente ou fluxo
de elétrons. Dessa forma, o movimento desses elétrons livres e
ordenados recebe o nome de corrente elétrica (I).

Resumindo:

» tensão elétrica: é a força que impulsiona os elétrons livres nos fios –


unidade Volts (V);

» corrente elétrica: é o movimento ou fluxo ordenado dos elétrons


livres no fio, e sua unidade em ampere (A).

44
MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ELÉTRICAS │ UNIDADE III

Potência elétrica

A tensão elétrica faz com os elétrons livres se movimentem ordenadamente,


gerando a corrente elétrica. Com o fluxo ou corrente de elétrons em movimento,
ela faz com que uma luz se acenda, e esta, ao acender, aquece-se a determinada
intensidade. Temos aqui a transformação de energias: elétrica para luminosa e
térmica. A partir dessa intensidade de luz e calor, percebida por nós, temos a
potência elétrica.

A potência elétrica é o produto da tensão elétrica pela corrente elétrica.

P=VxA

A unidade é dada em volt-ampere (VA).

Vale ressaltar que, até este ponto, a potência elétrica referida é a potência aparente.

Potência ativa e potência reativa

A potência aparente é uma composição da:

» potência ativa; e

» potência reativa.

A potência ativa é a parcela efetivamente transformada em:

» potência mecânica: acionamento e funcionamento de equipamentos


diversos, como eletrodomésticos, motores elétricos etc.;

» potência térmica: acionamento e funcionamento de chuveiros, fornos


elétricos, produtos com resistores térmicos etc.;

» potência luminosa: acionamento e funcionamento de lâmpadas.

A unidade de medida para a potência ativa é o watt (W).

A potência reativa é a parcela transformada em campo eletromagnético para o


funcionamento de motores, transformadores, reatores etc.

A unidade de medida para a potência reativa é o volt-ampere reativo (VAr).

45
UNIDADE III │ MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ELÉTRICAS

Fator de potência
Potência ativa é uma parcela da potência aparente, e, dessa forma, pode-se dizer que
ela representa uma porcentagem da potência aparente transformada nas potências
mecânica, térmica e luminosa. A essa porcentagem dá-se o nome de fator de potência.

Aos projetos elétricos residenciais, aplicam-se os seguintes fatores de potência:

» iluminação: fator de potência 1,0;

» tomadas de uso geral (TUG): fator de potência 0,8.

Exemplificando:

» potência de iluminação aparente = 600 VA;

» fator de potência a ser aplicado = 1;

» potência ativa de iluminação (W) = 1 x 660 VA = 660 W;

» potência de tomada de uso geral = 7300 VA;

» fator de potência a ser aplicado = 0,8;

» potência de tomada de uso geral = 0,8 x 7300 VA = 5840 W.

Dimensionando um sistema elétrico


residencial: exemplo
Para dimensionarmos um sistema elétrico residencial, temos que seguir os
requisitos mínimos estabelecidos pela NBR 5410-2004, a qual fornece todas as
orientações para esse tipo de instalação.

Iniciando o dimensionamento, é necessário fazer o levantamento das potências


feitas mediante cargas mínimas. Essas cargas mínimas são os pontos de luz e
tomadas a serem instalados. Dessa forma, será possível determinar a potência
total para a instalação elétrica projetada.

Estabelecendo ponto de luz


A norma NBR5410 estabelece um mínimo de ponto de luz distribuído da seguinte
forma:

» prever pelo menos um ponto de luz no teto, comandado por um


interruptor de parede;

46
MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ELÉTRICAS │ UNIDADE III

» arandelas no banheiro devem estar distantes, no mínimo, 60 cm do


limite do boxe.

Estabelecendo potência mínima de


iluminação
A carga de iluminação é feita em função da área do cômodo da residência.

Área igual ou inferior a 6m² → atribui-se o mínimo de 100 VA.

Área superior a 6m² → atribui-se o mínimo de 100 VA para os primeiros 6m²; acresce-
se 60 VA para cada aumento de 4m² inteiros.

Estabelecendo ponto de tomadas


A norma NBR5410 estabelece um mínimo de ponto de tomadas de uso geral (TUG).

Cômodos com área igual ou inferior a 6m2 → atribui-se no mínimo uma tomada.

Cômodos com área superior a 6m2 → atribui-se no mínimo uma tomada para cada 5
metros ou fração de perímetro, espaçadas uniformemente.

Cozinhas, copas, copas-cozinhas → atribui-se no mínimo uma tomada para cada 3,5
metros ou fração de perímetro, independente da área.

Subsolos, varandas, garagens ou sótãos → atribui-se no mínimo uma tomada.

Banheiros → atribui-se no mínimo uma tomada junto ao lavatório com distância


mínima de 60 cm do boxe.

Obs.: em diversas aplicações, recomenda-se prever uma quantidade de tomadas


de uso geral maior do que o mínimo calculado. Dessa forma, evita-se o emprego
de benjamins ou extensões, os quais desperdiçam energia e comprometem a
segurança da instalação elétrica.

TUG: definição
As tomadas de uso geral – TUG – são tomadas às quais são conectados aparelhos
ou equipamentos móveis ou portáteis, como os eletrodomésticos em geral,
ferramentas como furadeira, secador de cabelo, aspirador de pó, liquidificador,
entre outros.

47
UNIDADE III │ MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ELÉTRICAS

Condições para potência mínima de tomadas de uso geral – TUG:

» em banheiros, cozinhas, copas, copas-cozinhas, áreas de serviço,


lavanderias e locais análogos, no mínimo 600 VA por ponto de
tomada, até três pontos, e 100 VA por ponto para os excedentes,
considerando-se cada um desses ambientes separadamente;

» nos demais cômodos ou dependências, no mínimo 100 VA por ponto


de tomada.

TUE: definição
As tomadas de uso específico – TUE – são tomadas às quais são conectados
aparelhos ou equipamentos fixos e estacionários, como:

» chuveiro;

» torneira elétrica;

» micro-ondas;

» máquina de secar;

» máquina de lavar (roupa e louças);

» secadora de roupas.

Deve-se ressaltar que:

» esses equipamentos estarão dispostos em determinada localidade do


cômodo ou ambiente projetado;

» o termo “tomada” de uso específico não significa que o equipamento


será dotado de um plug o qual se conectará aos furos de uma tomada.
A conexão em alguns casos pode se dar por uma emenda entre os fios
ou condutores, como na instalação de um chuveiro elétrico, em que a
conexão entre o equipamento e a tomada é feita por uma emenda dos
fios;

» aquecimento elétrico de água: a conexão do aquecedor elétrico de


água ao ponto de utilização deve ser direta, sem uso de tomada de
corrente;

» todo ponto de utilização previsto para alimentar, de modo exclusivo


ou virtualmente dedicado, equipamento com corrente nominal
superior a 10 A deve constituir um circuito independente.

48
MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ELÉTRICAS │ UNIDADE III

Exemplo de dimensionamento: caso prático


Tomaremos como exemplo uma planta residencial que deve receber um projeto elétrico.

Figura 13. Planta baixa de uma residência.

3,25 1,80 3,15 1,75


3,40
WC
Dormitório 1 Dormitório 2 Área de
Serviço

2,30

3,40

3,40
Sala Copa Cozinha
3,05

3,05
3,05

3,25 3,10 3,75

Fonte: autoria própria.

Para dimensionar, teremos então:

Figura 14. Planilha de levantamento de cargas.

Dimensões Potência de TUG TUE


Dependência Área Perímetro iluminação Potência Potência
(VA) Quantidade Discriminação
(m2) (m) (VA) (W)
Sala 9,91 12,6 100 4 400 - -
Copa 9,45 12,3 100 4 1900 - -
5000;
Cozinha 11,43 13,6 160 4 1900 Torneira; geladeira
500
Dormitório 1 11,05 13,3 160 4 400 - -
Dormitório 2 10,71 13,1 160 4 400 - -
Banho 4,14 - 100 1 600 Chuveiro 6500
Área de serv. 5,95 - 100 2 1200 Máquina de lavar 1000
Hall 1,80 - 100 1 100 - -
Área externa - - 100 - - - -
Total - - 1080 VA - 6900 VA - 13000 W
Fonte: autoria própria.

49
UNIDADE III │ MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ELÉTRICAS

Potência aparente: 1080 VA e 6900 VA.

Potência ativa: 13000 W.

Obs.: optou-se por instalar uma quantidade de TUG maior do que a quantidade
mínima requerida pela norma.

Para calcular os valores de potência ativa de iluminação e tomadas, teremos:

Potência de iluminação 1080 VA x fator de potência 1,0.:


1080 x 1,0 = 1080 W
Potência de TUG 6900 VA x fator de potência 0,8.:
6900 x 0,8 = 5520 W
E o cálculo da potência ativa total, teremos:
» Potência ativa de iluminação 1080 W
» Potência ativa de TUG: 5520 W
» Potência ativa TUE: 13000 W
Somando-se os três resultados, teremos uma potência ativa total de:
» 19600 W
Fonte: autoria própria.

Feito isso e com base nesses resultados da potência ativa total projetada,
determinaremos, para essa residência:

» o tipo de fornecimento;

» a tensão de alimentação; e

» o padrão de entrada.

O tipo de fornecimento e tensão

Nesse caso, a fornecedora de energia terá estipulado os valores da potência e o tipo


de fornecimento.

Podemos hipoteticamente ilustrar, de acordo com a companhia de energia, as


seguintes relações:

» até 12000 W, o fornecimento é feito por dois condutores – fornecimento


monofásico –, sendo uma fase e outro neutro, com tensão de 127 V;

» entre 12000 e 25000 W, o fornecimento é feito por três condutores –


fornecimento bifásico –, sendo duas fases e um neutro, com tensões de
127 e 220 V;

50
MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ELÉTRICAS │ UNIDADE III

» e, entre 25000 W e 75000 W, o fornecimento é feito por quatro


condutores – fornecimento trifásico –, sendo três fases e um neutro,
com tensões de 127 e 220 V.

» Portanto, temos:

» potência ativa total do empreendimento de 19600 W, que foi


calculada; o mesmo se enquadrará na segunda situação, de
fornecimento bifásico – 12000 a 25000 W –, com as tensões de
127 e 220 V.

Determinado o tipo de fornecimento, determina-se o padrão de entrada, o qual, nesse


caso, é um padrão de entrada que atenda o fornecimento bifásico.

Padrão de entrada é constituído pelo poste com isolador, roldana, bengala, caixa de
medição e haste de terra, os quais devem estar instalados e atendendo às normas
técnicas vigentes.

O passo seguinte é fazer a inspeção da instalação, e, caso esteja conforme, a


concessionária instala o medidor e ramal de serviço. Desse ponto em diante, a
energia entregue está pronta para ser utilizada.

O próximo passo é levar a energia do medidor para o quadro de distribuição, que


concentrará toda a distribuição da energia pela instalação elétrica da residência.

É no quadro de distribuição que se encontram os dispositivos de proteção


e os circuitos elétricos projetados. Deve estar em lugar de fácil acesso e o
mais próximo possível do medidor. O objetivo é minimizar os custos, pois os
condutores entre o medidor e a caixa de distribuição são mais grossos e mais
caros.

51
CAPÍTULO 4
Dimensionamento – Prescrições

Prescrições gerais para evitar não


conformidades em instalações elétricas
Qualquer instalação nova, ampliação ou reforma de instalação existente deve ser
inspecionada e ensaiada, durante a execução e/ou quando concluída, antes de ser
colocada em serviço pelo usuário, de forma a se verificar a conformidade com as
prescrições dessa Norma.

A documentação da instalação requerida deve ser fornecida ao pessoal encarregado


da verificação. Essa documentação, como especificado em 6.1.8.2 da NBR 5410, deve
refletir a instalação “como construída” (“as built”).

É importante salientar sempre que, durante a realização das inspeções e dos ensaios,
devem ser tomadas precauções que garantam a segurança das pessoas e evitem danos
à propriedade e aos equipamentos instalados.

Em caso de ampliação ou reforma, deve ser verificado também se ela não


compromete a segurança da instalação existente.

As verificações devem ser realizadas por profissionais minimamente qualificados,


com experiência e competência em inspeções. As verificações e seus resultados
também devem ser documentados em um relatório.

Inspeção visual
A inspeção visual deve preceder os ensaios e ser efetuada normalmente com
a instalação desenergizada. É destinada a verificar se os componentes que
constituem a instalação fixa permanente:

a. são conforme as normas aplicáveis – obs.: isso pode ser verificado por
marca de conformidade, certificação ou informação declarada pelo
fornecedor;

b. foram corretamente selecionados e instalados de acordo com a Norma;

c. não apresentam danos aparentes que possam comprometer seu


funcionamento adequado e a segurança.
52
MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ELÉTRICAS │ UNIDADE III

Inspeção visual: inspeção dos pontos

A inspeção visual deve incluir no mínimo a verificação dos seguintes pontos:

a. medidas de proteção contra choques elétricos;

b. medidas de proteção contra efeitos térmicos;

c. seleção e instalação das linhas elétricas;

d. seleção, ajuste e localização dos dispositivos de proteção;

e. presença dos dispositivos de seccionamento e comando, sua adequação e


localização;

f. adequação dos componentes e das medidas de proteção às condições


de influências externas existentes;

g. identificações dos componentes, conforme;

h. presença das instruções, sinalizações e advertências requeridas;

i. execução das conexões;

j. acessibilidade.

53
CAPÍTULO 5
Manifestações patológicas

Manifestações patológicas em instalações


elétricas
Algumas manifestações em instalações elétricas correspondem a: defeito em
acabamento (entre 46 a 50%), cabos soltos (entre 18 a 22%), falta de espelho (entre
18 a 22%), erro no fechamento de circuitos (pouco menos de 1%).

Podemos destacar como falhas gerais em instalações elétricas:

» a má descrição ou falta de identificação de circuitos, localizados nas


caixas de alimentação ou distribuição;

» disposição de caixas de tomadas ou interruptores em cotas fora do


padrão ou desobedecendo à norma;

» caixas e eletrodutos muito reentrantes ou muito salientes nas paredes


e tetos;

» eletrodutos com curvas de pequeno raio e/ou introduzidos sobtensão


em rasgos ou aberturas.

Na NBR 5410 (ABNT, 2004), é recomendado que as instalações elétricas sejam


ensaiadas durante o processo de execução.

Para isso, recorre-se a alguns testes básicos, como a verificação do isolamento do


cabeamento, continuidade das conexões, verificação da resistência do eletrodo
terra, verificação do funcionamento dos dispositivos de proteção e manobra.

O choque elétrico, como dano físico a uma pessoa, é, sem dúvida, o problema mais
grave que pode ocorrer numa instalação elétrica. Podemos mencionar como origem
diversas causas, tais como:

» em componentes de quadros de alimentação ou distribuição (quadros


sem qualquer barreira protetiva);

» em partes vivas expostas (emendas mal isoladas, fios deteriorados);

» em bases de lâmpadas (interrupção do fio neutro no interruptor,


situação em que não há diferenciação nas cores dos fios);

54
MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ELÉTRICAS │ UNIDADE III

» em aparelhos elétricos (ausência ou falha no aterramento, falha na


isolação elétrica do equipamento);

» em postes metálicos (infiltração de umidade no abrigo do medidor,


corrente de fuga);

» em caixas de passagem embutidas no piso (infiltração de umidade, ação


de roedores).

Existem diferentes problemas que podem causar alguma interferência na rede


elétrica de uma residência e também de outros locais, como prédios comerciais e
industriais.

Os problemas podem acontecer por diversos motivos e apresentar sintomas,


como a idade da rede elétrica, que pode estar desatualizada, deteriorada ou
com problemas de instalação, que pode se apresentar mal instalada ou mal
dimensionada.

Outro causador muito comum é a não atualização da rede elétrica quando se tem
novos equipamentos eletrônicos.

A rede elétrica é projetada para suportar até determinado tipo de tensão. Quando é
instalado um novo equipamento do tipo fixo, como um chuveiro, é muito provável
que este exigirá mais energia do sistema do que a rede elétrica seja capaz de suportar.

Curto-circuito
De uma forma bem simples, vamos explicar curto-circuito: circuito, sendo o
caminho, e curto, breve, pequeno. Nesse caso, um curto-circuito se caracteriza
pela passagem da corrente elétrica através de um condutor (fio, cabo), e uma
corrente elétrica trafega de um ponto A para um ponto B. Para configurar e
caracterizar um curto-circuito, a corrente elétrica pode se deparar com um
caminho que apresente resistência e, ao se deparar com esse obstáculo, procura
uma caminho mais fácil e mais curto possível. Nesse exato momento, você pode
ter problemas caso seja o caminho mais fácil e mais curto para a passagem de
corrente elétrica: você recebe a descarga elétrica, ou seja, toma um choque,
que pode ser letal. Temos aqui então configurado um curto-circuito, que tem
como outra característica causar um superaquecimento no sistema, podendo
acarretar perdas inestimáveis.

Resumindo: a corrente elétrica procura o caminho mais curto e mais fácil em um


circuito elétrico.

55
UNIDADE III │ MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ELÉTRICAS

Esse caminho é entre os dois terminais de uma fonte de tensão. A figura as seguir
nos mostra como é um circuito elétrico.

Figura 15. Esquema de um circuito elétrico.

V
R2
i1 R1
i2

Fonte: autoria própria.

Composição de um circuito elétrico

Geralmente, o circuito elétrico tem como componentes:

» uma fonte geradora de eletricidade; e

» resistências elétricas. Quando há passagem da corrente elétrica (ou


circuito fechado), estabelece-se uma corrente elétrica que atravessará
todo o circuito, indo de terminal para terminal.

Como acontece o curto-circuito

Analisando a figura, verifica-se que há duas resistências ligadas em paralelo. Dessa


forma, a diferença de potencial em cada resistor é igual à tensão da fonte (V). No
caso da corrente elétrica, ela é proporcional à resistência em cada resistor.

Temos aqui duas situações:

» se as duas resistências tiverem valores de resistência iguais, então


a corrente elétrica será igual nos dois resistores. Por outro lado, ao
diminuirmos o valor da resistência em R1, haverá um aumento na

56
MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ELÉTRICAS │ UNIDADE III

corrente elétrica que atravessa por ele e também na corrente elétrica


fornecida pela fonte. Até esse momento, tudo bem;

» agora, se adotarmos uma situação extrema, em que o valor de R1 é


bem próximo da resistência do condutor do circuito, veremos que a
corrente elétrica que passará pelo resistor será muito elevada, bem
como a corrente que entrará no circuito. Por outro lado, a corrente
elétrica no outro resistor, R2, será praticamente nula. Dessa forma,
nessas condições impostas hipoteticamente, teremos provavelmente
uma manifestação patológica de curto-circuito.

Em resumo, podemos dizer que um curto-circuito ocorre quando a resistência


elétrica em um circuito é baixa, e a corrente elétrica que o atravessa os condutores
atinge intensidade, causando aquecimento.

Lei de Ohm

O aumento do fluxo da corrente elétrica tem como efeito uma grande liberação de
energia. Essa energia liberada se transforma em calor e, consequentemente, ocasiona
um superaquecimento dos condutores.

Essa liberação de calor pode ser obtida matematicamente utilizando a Lei de Ohm:

V
i= Equação 2
R
Em que:

i = corrente (A)

U = tensão elétrica (V)

R = resistência (Ohm - Ω)

Dessa forma, calculamos a potência dissipada no resistor, a qual representa a


quantidade de energia transformada em calor por efeito Joule:

P = V . i Equação 3

Substituindo i, temos:
V2
P= Equação 4
R

57
UNIDADE III │ MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ELÉTRICAS

Em que:

P = potência (W)

U2 = tensão elétrica (V2)

R = resistência (Ohms - Ω)

Analisando a equação obtida, conclui-se:

» que a potência dissipada é inversamente proporcional ao valor da


resistência;

» quanto menor a resistência, maior é a dissipação de energia elétrica no


condutor.

Obs.: R tende a zero (R→0), P tende ao infinito (P→∞).

Potência
Relacionando corrente de um circuito e a sua voltagem, temos a potência. Assim, a
potência é o produto da multiplicação dos volts pelos amperes.

P = V . i Equação 5

Em que:

P = potência em Watts - (W)

U2 = tensão elétrica em volts – (V)

I = corrente elétrica em ampere – (A)

Obs.: ao dizermos a expressão “este aparelho tem tantos Watts de potência”, estamos
intrinsecamente relacionando a tensão e a corrente que esse aparelho consome de
energia para executar um trabalho.

Curto-circuito: energia dissipada


Em um curto-circuito, além do superaquecimento do sistema, há a dissipação
instantânea de energia. Essa dissipação instantânea que ocorre no curto-circuito
pode ser evidenciada ao gerar faíscas e explosões. Essas explosões são as grandes
causadoras de vários danos aos circuitos elétricos. Ressalta-se ainda que, em uma

58
MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ELÉTRICAS │ UNIDADE III

situação mais crítica, podem ser o causador principal de incêndios devastadores


em residências e indústrias, prédios, barracões, entre outros.

Em obras civis, como construções, reformas e ampliações, o fogo é causado quase


sempre por:

» curto-circuito ou sobrecarga em fios;

» cabos ou equipamentos elétricos:

› mal dimensionados;

› mal conservados; ou

› mal operados.

Sistemas de proteção contra curto-circuito:


disjuntores e fusíveis
Uma das formas de evitar um curto-circuito é utilizar disjuntores e fusíveis.
Esses dispositivos são responsáveis por detectar a alteração da corrente elétrica e
interrompem sua passagem de forma automática.

No caso dos disjuntores termomagnéticos, eles oferecem:

» proteção aos condutores do circuito;

» manutenção de forma fácil;

» religamento quando desliga ou “desarma”.

Os fusíveis, nesse caso, precisam ser trocados, pois perdem sua função de proteção.

Como identificar um curto-circuito


O curto-circuito pode ser imediato, causar faíscas e propiciar um incêndio em
diversos componentes do circuito elétrico, como tomadas, equipamentos,
disjuntores e interruptores. Entretanto, os casos mais graves são os que nossos
olhos não conseguem ver: os pontos do circuito elétrico que estão embutidos em
paredes ou outro ponto de difícil acesso.

Um curto pode acontecer sem que saibamos de sua existência por vários dias.
E vagarosamente acaba por prejudicar a parte estrutural da rede elétrica da

59
UNIDADE III │ MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ELÉTRICAS

residência ou os equipamentos ligados a essa rede. É necessário saber


identificar os sintomas de um curto-circuito, do mais evidente até os mais
escondido.

Os principais sinais de um curto-circuito são:

» cheiro de queimado: é um dos primeiros indícios de que algo não


está certo em uma instalação ou ponto elétrico (tomada, luz ou
equipamento, por exemplo). É um sinal perceptível, pois as partes
poliméricas ou plásticas que protegem a fiação metálica geram o
odor característico;

» tomadas com manchas distintas: o plástico queimado gera fumaça


de cor preta que tende a manchar as estruturas da tomada, assim
como os espelhos das tomadas, o que é também indício de mau
funcionamento;

» lâmpadas e equipamentos com tempo de vida útil reduzido ou


determinado: equipamentos param de funcionar por tempo
determinado caso haja sobrecarga elétrica. Nesse caso, é bom observar
se há lâmpadas queimando muito rápido ou se há equipamentos
eletrônicos que estragam com frequência;

» quedas de energia constantes: provavelmente há um curto-circuito


na instalação elétrica. Um inconveniente é identificar o ponto da
instalação com o problema. É importante salientar que, em muito
dos casos, a queda de energia é causada pelo desarme do disjuntor.
O disjuntor sempre desarma quando há superaquecimento e este é
causado por curtos em diferentes pontos da rede elétrica.

Identificado o curto-circuito, o que fazer?

Premissa 1: eletricidade = perigo. Portanto, nesse caso, chame ajuda profissional se


você não tem conhecimento sobre o assunto.

Premissa 2: caso identificado um curto-circuito, desligue ou desconecte (se


possível) e deixe de usar o sistema que está apresentando os sinais ou problemas
de curto-circuito. Após isso, chame um responsável ou profissional habilitado.

60
MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ELÉTRICAS │ UNIDADE III

Outros exemplos de curto-circuito


Existem diferentes problemas que podem causar um curto-circuito: um
simples parafuso mal apertado ou mal posicionado, ou uma emenda de fio mal
executada ou defeituosa é suficiente para fazer um disjuntor superaquecer ou
até fazer um chuveiro parar de funcionar.

Condutores ou fios desencapados ou soltos também são os grandes


responsáveis por curtos-circuitos, pois, ao encostarem um no outro, fecham
o circuito, liberando a passagem de corrente, a qual pode causar faíscas,
superaquecimento, início de incêndio e até mesmo acidentes com vítimas
fatais.

Causas de incêndios por instalações elétricas


Apresentamos agora algumas das principais causas de incêndios relacionadas às
instalações elétricas.

Seguem as causas dos incêndios em instalações elétricas e as formas de prevenção.

Causas Prevenções
» Contratar profissionais qualificados.
» Utilizar materiais de boa qualidade conforme projeto elétrico.
Dimensionamento incorreto da rede elétrica.
» Utilizar os materiais conforme especificações de projeto, norma e
fabricante.
» Utilizar disjuntores e fiação indicados no projeto elétrico.
Troca de disjuntores ou fiação em desconformidade com o projeto
elétrico e com as recomendações dos fabricantes. » Realizar avaliação periódica com emissão de laudo e manutenção
preventiva da instalação elétrica.
» Realizar a avaliação periódica da instalação com emissão de laudo e
Fios expostos, desencapados, danificados ou realização de emendas manutenção preventiva da fiação interna e externa quando indicado.
improvisadas e junções malfeitas.
» Manter fios isolados adequadamente e com sua isolação íntegra.
» Realizar a troca de materiais danificados.
Sobrecarga de rede, ligando muitos aparelhos elétricos de uma só vez, » Não fazer uso de extensões improvisadas, benjamins e o uso
utilizando “Tês” ou benjamins. excessivo de “Tês”.
» Contratar profissionais qualificados a fim de realizar as melhorias e
trocas necessárias na rede elétrica.
Rede elétrica muito antiga, desatualizada.
» Utilizar materiais de boa qualidade.
» Realizar manutenção preventiva.
» Contratação de profissionais qualificados.
» Desligar temporariamente a rede elétrica.
Reformas, ampliações e construções (andaimes, ligações improvisadas
ou malfeitas, defeitos de aparelhos, toque de materiais que conduzem » Isolar ou proteger cabos e fios.
eletricidade na rede elétrica).
» operar e manter adequadamente os equipamentos elétricos da obra.
» Seguir as determinações do projeto elétrico.
Fonte: autoria própria.

61
UNIDADE III │ MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ELÉTRICAS

É importante ressaltar que essas são as principais causas de curtos-circuitos e


ocasionam as perdas de equipamentos, incêndios entre outros problemas, com
perdas inestimáveis.

Fuga de corrente
Para iniciarmos este tópico, já colocamos aqui a diferença entre curto-circuito
e fuga de corrente: no curto-circuito, há a dissipação instantânea de energia
gerando faíscas e explosões; a fuga de corrente elétrica é caracterizada por uma
corrente elétrica que flui para além do circuito original, sendo escoada para
outras massas e possuindo diferença de potencial elétrico, como o aterramento.
Portanto, faz-se necessário dizer que curtos-circuitos e fuga de corrente são
duas coisas distintas.

Figura 17. Exemplo de fuga de corrente.

Carga

Fonte

Ponto de fuga da corrente


para o aterramento

Fonte: autoria própria.

Em uma corrente elétrica, um circuito monofásico passa entre fase-neutro ou


fase-fase. Se ela flui para outro caminho, passamos ali a ter uma fuga de corrente.

Para quais caminhos a fuga de corrente pode fluir?


Qual é o risco?

No exemplo da ilustração acima, a fuga de corrente foi direcionada para o


ponto de aterramento. Entretanto, ressalta-se que os caminhos que a corrente
elétrica pode seguir são os mais variados até o aterramento: pode migrar para
uma carcaça de algum equipamento devido a um fio rompido, e a carcaça pode
ficar energizada, e, em contato com essa carcaça, pode haver choque elétrico.

62
MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ELÉTRICAS │ UNIDADE III

O maior risco à saúde humana quando temos uma fuga de corrente é o choque
elétrico, pois o seu corpo (qualquer parte), ao encostar num ponto de fuga de
corrente, serve de acesso à corrente elétrica para um ponto de aterramento
qualquer nesse caso.

Outra situação é que, por haver perda de energia, o consumo desta aumenta na
conta de energia.

Causas da fuga de corrente

Aqui estão listadas as principais causas da fuga de corrente:

» baixa ou nenhuma isolação dos condutores;

» condutores com revestimento inapropriados (ex.: capa plástica mais


fina);

» condutores desencapados;

» condutores rompidos, deteriorados;

» condutores com mau contato;

» defeitos em componentes em um circuito elétrico ou de um aparelho


eletrônico;

» utilização de vários componentes eletrônicos em uma extensão ou


emprego dos benjamins.

Como identificar a fuga de corrente?

Lembramos que temos duas formas de fuga de corrente: ou por equipamento ou por
instalação elétrica. Partindo desse ponto, basicamente, temos dois métodos para
identificar a fuga de corrente:

» desligando a chave geral da instalação elétrica: a partir daí,


observa-se se o disco medidor de consumo de energia continua
girando, e, se sim, há fuga de corrente. Nesse momento, a parte
um pouco mais difícil é verificar qual é o ponto exato da fuga
de corrente, pois ela pode estar localizada em algum ponto da
instalação ou em algum equipamento. Recomenda-se verificar
equipamento por equipamento ou instalação por instalação (luz,

63
UNIDADE III │ MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ELÉTRICAS

por exemplo). Se detectar na instalação, chame um profissional


qualificado;

» o outro método é utilização de DR (diferencial residual) na


instalação elétrica. Esse dispositivo fica acoplado à instalação e é
uma espécie de “dedo duro” identificando a fuga de corrente. Se
tiver um DR para cada circuito, ficará facilitada a detecção da fuga
de corrente.

O DR se desliga ao detectar correntes elétricas de pequena intensidade que,


por menores que sejam, podem levar a óbito caso o contato seja estabelecido.

Aterramento
Aterramento significa colocar instalações de estruturas metálicas e
equipamentos elétricos no mesmo potencial ou estabelecer um referencial.
Dessa forma, a diferença de potencial entre a terra e o equipamento (ou a
estrutura) chega a zero, evitando algumas manifestações patológicas em um
circuito elétrico. Outra razão para um aterramento é equalizar os potenciais
das descidas nos sistemas de proteção (descargas atmosféricas, correntes
de fuga etc.) e os do solo, preocupando-se com os locais de frequência de
pessoas, a fim de minimizar as tensões de passo (termotécnica).

Resistência do aterramento
Um sistema de aterramento adequado é caracterizado por um caminho pelo
qual a corrente elétrica flua ou percorra e que ofereça baixa resistência à
condutividade, dissipando assim a energia recebida por meio da terra. Em
outras palavras, a corrente elétrica passará com facilidade por esse caminho até
chegar à terra. Isso evita desde choques elétricos até queima de equipamentos,
caso haja correntes elétricas indesejadas em um circuito ou rede elétrica.

Para que uma instalação elétrica de um empreendimento opere normalmente


e dentro das normas vigentes, sem interrupções e continuidade de serviço,
com um desempenho seguro do sistema de proteção, e, ainda, para garantir os
limites (dos níveis) de segurança pessoal, é imprescindível que o aterramento
tenha atenção redobrada. É, portanto, por meio de um projeto bem elaborado
em que seja possível verificar todas a condições a que essa instalação possa
estar sujeita quando em operação.

64
MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ELÉTRICAS │ UNIDADE III

Podemos elencar resumidamente dois pontos que interferem na resistência ao


aterramento:

» resistividade do solo, assim como arredores nos eletrodos do sistema


de aterramento;

» geometria dos eletrodos (dimensões, formas, quantidade e distribuição).

A NBR 5410:2004, item 6.4.1.1.1, determina que o aterramento é uma


infraestrutura e faz parte da integridade da edificação, denominada de “eletrodo
de aterramento”.

Os objetivos do aterramento

Listamos abaixo os principais objetivos do aterramento:

» manter os potenciais de energia produzidos pelas correntes de falta


dentro de limites de segurança de 30mA de modo a não causar a
fibrilação cardíaca;

» fazer com que equipamentos de proteção sejam mais sensibilizados


e isolem rapidamente as falhas à terra;

» proporcionar um caminho de escoamento para terra de descargas


atmosféricas;

» escoar as cargas estáticas geradas nas carcaças dos equipamentos


mais diversos;

» promover a mais baixa possível resistência de aterramento para


correntes de falta à terra.

Figura 18. Resistência do aterramento mediante o local.

Local Resistência (Ω)


Residências ou sistemas sem para-raios 25
Sistema com para-raios 10
Sistema de computação 1
Fonte: autoria própria.

65
UNIDADE III │ MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ELÉTRICAS

Resistividade do solo
Para a elaboração do projeto de aterramento, é importantíssimo conhecer as
características do solo, sobretudo de sua resistividade elétrica.

Os parâmetros a serem analisados referentes à resistência do solo vão


desde composição (presença de materiais, sais etc.), camadas subsequentes
(estratificação), umidade, compacidade, granulometria e temperatura.

Funções do aterramento
O aterramento elétrico tem três funções principais:

» proteger o usuário do equipamento das descargas atmosféricas por


meio da viabilização de um caminho alternativo para a terra;

» “descarregar” cargas estáticas acumuladas nas carcaças das máquinas


ou equipamentos para a terra;

» facilitar o funcionamento dos dispositivos de proteção (fusíveis,


disjuntores etc.), por meio da corrente desviada para a terra.

Componentes de um sistema de aterramento


Primeiro, faz-se necessário conceituar o sistema de aterramento: um aterramento
elétrico é composto por uma ligação elétrica de um sistema físico (eletrônico ou
corpos metálicos) ao solo.

Posto isso, apresentamos os componentes de um sistema de aterramento:

» conexões elétricas: são responsáveis por fazer a ligação de um ponto


do sistema aos eletrodos de aterramento;

» eletrodos de aterramento: constituem qualquer material ou corpo


metálico disposto no solo;

» solo: terra que é responsável por envolver os eletrodos metálicos e


por dissipar a energia recebida.

Forma e disponibilidade dos eletrodos para


aterramento elétrico
Há diversas formas de sistema de aterramento elétrico. Envolvem desde uma
simples haste metálica, podendo ser compostas de placas de formas e tamanhos
diversos, até as mais complexas de configurações de cabos enterrados no solo.

66
MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ELÉTRICAS │ UNIDADE III

Os eletrodos de aterramento podem ter configuração diversificada. Entretanto,


ele se resume a qualquer corpo metálico enterrado no solo. Quanto à disposição
e à forma dos eletrodos desses elementos no solo, são as mais variadas, e essa
configuração dependerá do tipo de projeto a ser elaborado.

Seguem abaixo outros tipos de formas e disponibilidade de aterramento:

» haste simples, aterrada no solo;

» hastes alinhadas;

» hastes em forma de triângulo, quadrado, círculos;

» placas de material condutor enterradas no solo;

» fios ou cabos enterrados no solo, formando variadas


configurações: estendido em vala, em cruz; em estrela; em
quadriculados formando uma malha.

A confecção das hastes de aterramento geralmente é de aço com revestimento


em cobre, com dimensões entre 1,5 a 4,0 metros de comprimento. Hastes de
2,5m de comprimento diminuem o risco de danos em dutos subterrâneos.
Dependendo da composição do solo, o valor para um bom aterramento deve ser
menor que 5W.

67
CAPÍTULO 6
Sistemas de proteção

No século XIII, um destemido homem realizou um conjunto de experiências,


entre as quais uma de grande audácia para a época: captar um raio de uma
descarga atmosférica! Resumidamente, o experimento (simples e objetivo)
consistia em colocar uma haste metálica sob uma nuvem de tempestade.
Dessa forma, ele conseguiria estabelecer o contato com um corpo ligado ao
solo e, dessa forma, permitir descarregamento da carga elétrica recebida.
O experimento foi um sucesso! Esse homem era nada mais nada menos que
Benjamin Franklin.

Esse experimento marcou época e permanece até os tempos de hoje. Não


era para menos: Benjamin Franklin, com seu experimento, conseguiu não só
estabelecer um conceito como tornar viável a vida em segurança com a criação
do dos para-raios. Juntamente com essa criação, ele conseguiu também iniciar
os estudos e trabalhos sob o princípio de funcionamento de um sistema de
proteção contra descargas atmosféricas.

E, com essa apresentação, faremos uma breve introdução sobre a NBR 5419 e
nos aprofundaremos um pouco mais nos sistemas de proteção SPDA.

NBR 5419-2015 – atualização

A NBR 5419-2015 foi reformulada de forma a atender e se alinhar à IEC62305.


O objetivo principal da atualização foi padronizar conceitos e procedimentos,
visando, dessa forma, aumentar a segurança e minimizar risco de danos e
perdas em:

» pessoas;

» equipamentos;

» instalações;

» estruturas.

68
MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ELÉTRICAS │ UNIDADE III

No quadro a seguir, é possível ver um breve resumo sobre a NBR 5419-2015.


Tópicos – 1 a 4 –
Proteção contra Descargas Atmosféricas

Possui 380 páginas divididas em quatros partes

Parte 1 - Princípios gerais

Parte 2 -Gerenciamento de risco

Parte 3 -Danos físicos a estruturas e perigos à vida

Parte 4 -Sistemas elétricos e eletrônicos internos na estrutura

Texto base: IEC 62305, ed2 –1 a 4: Protection against lightning

Fonte: autoria própria.

As conexões entre as partes da ABNT NBR 5419 são ilustradas na figura a seguir:

Figura 19. Conexões NBR 5419 – fluxograma.

Ameaça de descarga atmosférica ABNT NBR 5419-1

Riscos associados à descarga ABNT NBR 5419-2

Proteção contra descarga atmosférica PDA

SPDA MPS

Proteção contra descarga atmosférica


ABNT NBR 5419-3 ABNT NBR 5419-4

Fonte: adaptado – NBR 5419-2015.

69
UNIDADE III │ MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ELÉTRICAS

Veja, a seguir, o sistema de proteção contra descargas atmosféricas referido e


tratado pela norma NBR 5419-2015 e suas subdivisões.

NBR 5419-2015 atualizada com referência ao sistema de proteção contra descargas atmosféricas.

PDA – Proteção de Descargas Atmosféricas

Divide-se em SPDA e MPS

SPDA – Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas


Dividida em externa e interna, está compreendida em subsistemas de captação,
descida, aterramento e conexões para evitar centelhamentos perigosos,
respectivamente.
SPDA externo

» subsistema de captação;

» subsistema de descida;

» subsistema de aterramento;

» materiais.

SPDA interno (minimizar centelhamentos)

» ligação equipotencial para descargas atmosféricas;

» isolação elétrica → distância de segurança (s)

MPS – Medidas de Proteção contra Surtos

É a proteção das instalações elétricas de energia e de sinal, equipamentos e pessoas,


constituída por Dispositivos de Proteção contra Surtos (DPS), equipotencialização,
roteamento de cabos, minimização dos laços (loops), blindagens espaciais, malhas de
referência etc.

Essas medidas podem ser adotadas separadamente ou em conjunto, conforme


gerenciamento de risco da parte 2 da norma.

Fonte: autoria própria.

70
MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ELÉTRICAS │ UNIDADE III

Portanto, temos:

“PDA = SPDA + MPS”

Para identificar se determinado empreendimento ou edificação necessita


de um SPDA, é necessária a compreensão da norma NBR 5419-2015, pois,
sem esse conhecimento, torna-se impossível implementá-lo. Nesse caso,
salientamos que, nessa nova atualização da norma, é necessário aplicar o item
2, que se refere à análise de risco. Sem o seu conhecimento, não é possível
dimensionar, especificar o tipo ou o nível de SPDA a ser utilizado.

Outra informação valiosa é sobre a utilização de softwares sobre análise de


risco. Eles auxiliam no mapeamento e identificação do sistema mais adequado
de SPDA para o empreendimento ou edificação.

Os clientes em potencial são os que precisam atualizar suas instalações,


como condomínios, lojas, escolas, supermercados, postos de combustível,
pequenos shoppings, entre outras edificações. O SPDA está vinculado ao
AVCB (atualização anual ou bianual), em que, ao atualizar esse documento, o
SPDA também deve ser verificado e, se estiver em desacordo ou desatualizado,
deverá ser atualizado.

Obs.: quanto maior for a sinergia e a coordenação entre os projetos e execuções


das estruturas a serem protegidas e do SPDA, melhores serão as soluções
adotadas, possibilitando otimizar custo dentro da melhor solução técnica
possível. Preferencialmente, o próprio projeto da estrutura deve viabilizar a
utilização das partes metálicas desta como componentes naturais do SPDA.

A documentação do projeto do SPDA deve conter toda a informação necessária


para assegurar uma correta e completa instalação.

Termos técnicos NBR 5419-2015


Para melhor entendimento e familiaridade com o assunto, postaremos
alguns termos técnicos que são de extrema importância do ponto de vista de
conhecimento e interação com os assuntos abordados neste tópico.

» Descarga atmosférica para terra (lightning flash to earth)

Descarga elétrica de origem atmosférica entre nuvem e terra,


consistindo de um ou mais componentes da descarga atmosférica.

71
UNIDADE III │ MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ELÉTRICAS

» Descarga atmosférica descendente (downward flash)

Descarga atmosférica iniciada por um líder descendente de uma nuvem


para a terra.

» Descarga atmosférica ascendente (upward flash)

Descarga atmosférica iniciada por um líder ascendente de uma


estrutura aterrada para uma nuvem.

» Componente da descarga atmosférica (lightning stroke)

Descarga elétrica singela de uma descarga atmosférica para a terra.

» Componente curta da descarga atmosférica

Parte de uma descarga atmosférica para a terra que corresponde a um


impulso de corrente.

» Componente longa da descarga atmosférica (long stroke)

Parte de uma descarga atmosférica para a terra que corresponde a


componente da corrente de continuidade.

» Múltiplos componentes da descarga atmosférica (multiple


strokes)

Descarga atmosférica para a terra que consiste em média de três a


quatro componentes, com um intervalo de tempo típico entre eles de
cerca de 50 ms.

» Ponto de impacto (point of strike)

Ponto em que uma descarga atmosférica atinge a terra ou um objeto


elevado (por exemplo, estrutura, SPDA, serviços, árvore etc.).

» Corrente da descarga atmosférica (lightning current)

Corrente que flui no ponto de impacto 3.10, valor de pico da corrente,


máximo valor da corrente de descarga atmosférica.

» Estrutura a ser protegida

Estrutura para qual a proteção contra os efeitos das descargas


atmosféricas é necessária, de acordo com essa Parte da ABNT NBR
5419.

72
MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ELÉTRICAS │ UNIDADE III

» Linha

Linha de energia ou linha de sinal conectada à estrutura a ser protegida.

» Linhas de sinal (telecommunication lines)

Linhas utilizadas para comunicação entre equipamentos que podem


ser instalados em estruturas separadas, como as linhas telefônicas e
as linhas de dados.

» Linhas de energia (power lines)

Linhas que fornecem energia elétrica para dentro de uma estrutura


aos equipamentos eletrônicos e elétricos de potência localizados
nesta, como as linhas de alimentação em baixa tensão (BT) ou alta
tensão (AT).

» Descarga atmosférica na estrutura (lightning flash to a


structure)

Descarga atmosférica em uma estrutura a ser protegida.

» Descarga atmosférica perto de uma estrutura (lightning flash


near a structure)

Descarga atmosférica que ocorre perto o suficiente de uma estrutura


a ser protegida e que pode causar sobretensões perigosas.

» Sistema elétrico

Sistema que incorpora componentes de alimentação em baixa tensão.

» Sistema eletrônico

Sistema que incorpora os componentes de uma instalação elétrica de


sinal, por exemplo, equipamentos eletrônicos de telecomunicações,
controladores microprocessados, sistemas de instrumentação,
sistemas de rádio.

» Sistemas internos

Sistemas elétricos e eletrônicos dentro de uma estrutura.

73
UNIDADE III │ MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ELÉTRICAS

» Danos físicos

Danos a uma estrutura (ou a seu conteúdo) ou a uma linha devido


aos efeitos mecânicos, térmicos, químicos ou explosivos da descarga
atmosférica.

» Ferimentos a seres vivos

Ferimentos, incluindo perda da vida, em pessoas ou animais devido


a tensões de toque e de passo causadas pelas descargas atmosféricas.

» Falha de sistemas eletroeletrônicos

Danos permanentes de sistemas eletroeletrônicos devido aos LEMP.

» Pulso eletromagnético devido às descargas atmosféricas


(lightning e/ectromagnectic impulse) LEMP

Todos os efeitos eletromagnéticos causados pela corrente das descargas


atmosféricas por meio de acoplamento resistivo, indutivo e capacitivo,
que criam surtos e campos eletromagnéticos radiados.

» Surto

Efeitos transitórios causados por LEMP que aparecem na forma de


sobretensão e/ou sobrecorrente.

» Zona de proteção contra descarga atmosférica “raio” (lightning


protection zone – LPZ) ZPR

Zona onde o ambiente eletromagnético causado pelo raio é definido.

» Risco – R

Valor da perda média anual provável (pessoas e bens) devido à


descarga atmosférica em relação ao valor total (pessoas e bens) da
estrutura a ser protegida.

» Risco tolerável – Rr

Valor máximo do risco que pode ser tolerável para a estrutura a ser
protegida.

74
MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ELÉTRICAS │ UNIDADE III

» Nível de proteção contra descargas atmosféricas (lightning


protection leve/ –– LPL) NP

Número associado a um conjunto de parâmetros da corrente elétrica


para garantir que os valores especificados em projeto não estão
superdimensionados ou subdimensionados quando da ocorrência de
uma descarga atmosférica.

» Medidas de proteção

Medidas a serem adotadas na estrutura a ser protegida, com o objetivo


de reduzir os riscos.

» Proteção contra descargas atmosféricas (lightning protection


– LP) PDA

Sistema completo para proteção de estruturas contra as descargas


atmosféricas, incluindo seus sistemas internos e conteúdo, assim
como as pessoas, em geral consistindo em SPDA e MPS.

» Sistema de proteção contra descargas atmosféricas (lightning


protection system – LPS) SPDA

Sistema utilizado para reduzir danos físicos devido às descargas


atmosféricas em uma estrutura NOTA.

» SPDA externo (external lightning protection system)

Parte do SPDA composto pelos subsistemas de captação, descida e


aterramento.

» SPDA interno (internal lightning protection system)

Parte do SPDA consistindo em ligações equipotenciais e/ou isolação


elétrica do SPDA externo.

» Subsistema de captação (air-termination system)

Parte de um SPDA externo usando elementos metálicos como


hastes, condutores em malha ou cabos em catenária, projetados e
posicionados para interceptarem descargas atmosféricas.

75
UNIDADE III │ MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ELÉTRICAS

» Subsistema de descida (down-conductor system)

Parte de um SPDA externo que tem como objetivo conduzir a


descarga atmosférica do subsistema de captação ao subsistema de
aterramento.

» Subsistema de aterramento (earth-termination system)

Parte de um SPDA externo que tem como objetivo conduzir e dispersar


a descarga atmosférica no solo.

» Partes condutoras externas

Elementos metálicos que penetram ou saem da estrutura a ser


protegida que podem se tornar um caminho para parte da corrente
da descarga atmosférica, como tubulações, linhas metálicas, dutos
metálicos etc.

» Ligação equipotencial para descargas atmosféricas (lightning


equipotential bonding) EB

Ligação ao SPDA de partes metálicas separadas por conexões


condutoras diretas ou por meio de dispositivos de proteção contra
surtos, para reduzir diferenças de potenciais causadas pelas
correntes das descargas atmosféricas.

» Impedância convencional de aterramento (conventional


earthing impedance)

Relação entre os valores de pico da tensão e da corrente do eletrodo


de aterramento, os quais, em geral, não acontecem simultaneamente.

» Medidas de proteção contra surtos causados por LEMP (LEMP


protection measures) MPS

Conjunto de medidas tomadas para proteger os sistemas internos


contra os efeitos causados por LEMP.

» Blindagem magnética

Tela metálica, em forma de malha ou contínua, que envolve a


estrutura a ser protegida, ou parte dela, utilizada para reduzir
falhas dos sistemas eletroeletrônicos.

76
MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ELÉTRICAS │ UNIDADE III

» Dispositivo de proteção contra surtos (surge protective


device – SPD) DPS

Dispositivo destinado a limitar as sobretensões e desviar correntes de


surto. Contém pelo menos um componente não linear.

» Coordenação de DPS

DPS adequadamente selecionados, coordenados e instalados para


formar um conjunto que visa reduzir falhas dos sistemas internos.

» Nível de tensão nominal suportável de impulso (rated impulse


withstand voltage level) Uw

Tensão suportável de impulso definida pelo fabricante de um


equipamento, ou de uma parte dele, caracterizando a suportabilidade
específica da sua isolação contra sobretensões.

» Interfaces isolantes

Dispositivos que são capazes de reduzir surtos conduzidos nas linhas


que adentram as zonas de proteção contra os raios (ZPR).

» Plano de referência

Superfície, geralmente plana, sobre a qual se faz a projeção do volume


de proteção de elementos do subsistema de captação ou sobre a qual
se movimenta a esfera rolante na aplicação dos cálculos dos métodos
de proteção. Vários planos de referência em diferentes níveis podem
ser considerados na região dos componentes do subsistema de
captação sob análise.

» Equipotencialização

Conjunto de medidas que visa à redução das tensões nas instalações


causadas pelas descargas atmosféricas a níveis suportáveis para essas
instalações e equipamentos por elas servidos, além de reduzir riscos
de choque elétrico. Tais medidas consistem tipicamente em ligações
entre partes metálicas das instalações e destas ao SPDA, direta ou
indiretamente (por meio de DPS), envolvendo massas metálicas
de equipamentos, condutores de proteção, malhas de condutores
instaladas sob ou sobre equipamentos sensíveis, blindagens de cabos
e condutos metálicos, elementos metálicos estruturais, tubulações
metálicas entre outros.

77
UNIDADE III │ MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ELÉTRICAS

SPDA

A sigla – SPDA – é:

Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas.

É regulada pela ABNT NBR 5419-2015 – Proteção contra descargas atmosféricas.

Existem 2 tipos de SPDA: externo e interno.

O SPDA externo é composto por subsistemas de captação, descida e aterramento,


discriminados a seguir:

» subsistema de captação que tem a função de captar e interceptar uma


descarga atmosférica por meio de elementos como hastes metálicas,
condutores em malha ou cabos em catenária para a estrutura, devendo
estar devidamente projetados e posicionados para exercer com
eficiência tal função;

» subsistema de descida que tem a função de conduzir a corrente da


descarga atmosférica para a terra de forma segura; e

» subsistema de aterramento que tem a função de dispersar a corrente da


descarga atmosférica no solo.

O SPDA interno é destinado a reduzir os riscos com centelhamentos perigosos


dentro do volume de proteção criado pelo SPDA externo utilizando ligações
equipotenciais ou distância de segurança (isolação elétrica) entre os componentes
do SPDA externo e outros elementos eletricamente condutores internos à estrutura.
As principais medidas de proteção contra os riscos devido às tensões de passo e de
toque para os seres vivos consistem em:  

» reduzir a corrente elétrica que flui por meio dos seres vivos por meio
de isolação de partes condutoras expostas e/ou por meio de um
aumento da resistividade superficial do solo;

» reduzir a ocorrência de tensões perigosas de toque e passo por meio


de barreiras físicas e/ou avisos de advertência.

78
MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ELÉTRICAS │ UNIDADE III

No Brasil, é estimado que cerca de 130 pessoas morrem por ano atingidas por
raios, e cerca de 500 ficam feridas. Segundo o Inpe, cerca de 300 brasileiros
morrem por ano em decorrência de descargas elétricas naturais. O Brasil é líder
mundial em registros de raios, com uma média de 77,8 milhões de raios por ano.

De 2000 a 2017, data mais recente analisada pelo grupo, 2.044 pessoas morreram
no País em decorrência de descargas elétricas naturais. O número resulta em
cerca de 300 mortes desse tipo por ano. O estudo do Elat concluiu ainda que 43%
das mortes acontecem durante o verão, e que duas a cada três mortes ocorrem ao
ar livre. Recomenda-se evitar praias durante tempestades, pois o risco de raio é
maior.

A intensidade da corrente elétrica nos raios pode variar de:

» 0,1% que excede os 200.000 a;

» 0,6% que excede os 100.000 a;

» 6,0% que excede os 60.000 a;

» 50% que excede os 15.000 a.

Um disjuntor comum em um empreendimento de pequeno porte suporta


uma descarga de mais ou menos 1.500 a, ou seja, se faz necessária uma
implementação de um sistema de proteção contra descargas atmosféricas.
Outro detalhe é que o tempo de passagem dessa descarga é 1 microssegundo.

Conceitos básicos e diferenciações entre raio,


relâmpago e trovoada
Para efeitos de conhecimento e interação com o assunto, é importante saber o real
significado de alguns fenômenos conhecidos, porém com traduções equivocadas
por alguns: a diferença entre raio, relâmpago e trovoada. Seguem as definições:

» raio: faísca elétrica de grandes proporções que é dissipada rapidamente


sobre a terra e que tem por consequência efeitos danosos;

» relâmpagos: luz gerada pelo arco elétrico gerado a partir do raio;

» trovoada: ruído gerado (alguns de grandes proporções) pelo


deslocamento do ar devido ao súbito aquecimento causado pela
descarga do raio.

79
UNIDADE III │ MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ELÉTRICAS

Principais danos e prejuízos causados por


descargas elétricas atmosféricas (raios)
Neste tópico, apresentamos os principais danos causados pelos raios. São eles:

» incêndios, podendo ser em lugares potenciais, como florestas e campos;


prédios e edificações diversas;

» destruição total ou parcial em estruturas diversas e em árvores;

» colapso na rede elétrica;

» interferência nos sistemas de radiotransmissão de comunicação;

» acidentes na aviação e embarcação marítima;

» acidentes nas torres de poços e plataformas marítimas de petróleo;

» mortes em seres humanos e animais.

Objetivo do SPDA
O SPDA tem por objetivo proteger prédios, antenas, instalações industriais, casas,
tanques, tubulações e principalmente pessoas e animais contra as descargas
atmosféricas (raios) e de seus efeitos (e consequências). Além da proteção desses
elementos citados, outro objetivo é que, ao protegê-los, ele evita que dispositivos,
equipamentos ou estruturas sejam danificados pela corrente elétrica atmosférica.

Função do SPDA
O SPDA é projetado com a função de:

» em primeiro lugar, interceptar e captar as descargas atmosféricas; e

» em segundo lugar, dissipar essa corrente elétrica por meio dos seus
componentes por um caminho mais seguro possível, direcionando para
a terra.

Dessa forma, pode-se ter o mínimo de garantia de que a descarga elétrica seja
minimizada ou até mesmo anulada.

Uma propriedade que o material empregado como condutor no SPDA deve


ter: baixa resistividade elétrica. Dessa forma, com o mínimo de resistividade
elétrica, é possível garantir o máximo de eficiência do sistema.

80
MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ELÉTRICAS │ UNIDADE III

Métodos dos sistemas de proteção


Atualmente, são três os métodos de SPDA:

» Método de Franklin (limitado em função da altura e limite de proteção);

» Método gaiola de Faraday;

» Método da esfera rolante ou Esfera fictícia.

Método de Franklin

O método Franklin utiliza-se do tradicional para-raios. Os captores são instalados


para proteger determinado volume que se apresenta em forma de um cone. O
captor fica localizado na extremidade superior (alto das edificações), no vértice
do “cone” e ângulo entre a geratriz e o centro do cone, e possui variação de acordo
com o nível de proteção e a altura da edificação.

Seu emprego e utilização é limitado pela norma e, por esse motivo, vem sendo
utilizado cada vez menos em edificações maiores. Por outro lado, em edificações
de pequeno porte, com o devido estudo e mapeamento de risco atendido, esse tipo
de sistema pode ser utilizado. O dimensionamento que esse método atende é: a
altura máxima de 45 metros ou 15 andares, tendo uma flecha de proteção de cerca
de 25º.

Figura 20. Esquema de abrangência do sistema de para-raios tipo Franklin e sua área de proteção.

A
Legenda
A  captor (topo)
B  solo
OC raio da base do cone de proteção
h1  altura da instalação
α
(altura da edificação + altura do mastro)
α  ângulo de proteção conforme
h1

O C
B

Fonte: adaptado NBR 5419-2015.

81
UNIDADE III │ MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ELÉTRICAS

A figura a seguir exemplifica o que a norma nos trouxe.

Figura 21. Exemplificação esquemática sobre o volume a ser protegido pelo sistema de para-raios tipo Franklin.

Limite de alcance da
proteção do SPDA
60m

Edificação vizinha
fora da proteção

26m
Alcance da proteção de um para-raios instalado a 60m de altura

Fonte: adaptado NBR 5419-2015.

Método gaiola de Faraday

Esse método se baseia na planta de cobertura da edificação, sendo que o sistema


de captores fica disposto por condutores horizontalmente e interligados, os quais
envolvem toda a estrutura por malhas e cabos de descida, aterrados e espalhados
por toda a estrutura de acordo com o espaçamento prescrito pelo nível de proteção.
Quanto menor for a distância entre os condutores da malha, melhor será a proteção
obtida.

Onde é utilizado?

Esse método é largamente utilizado em edificações de grandes áreas de cobertura,


como na indústria, para a proteção de galpões e edifícios. Nesse sistema, a disposição
dos cabos na estrutura se torna o próprio receptor da descarga atmosférica.

O uso desse tipo de SPDA é baseado na teoria de Faraday: o campo elétrico no


interior de uma gaiola é nulo, mesmo quando passa por seus condutores uma
corrente de valor elevado; mas, para que isso seja possível, é necessário que a
corrente seja distribuída uniformemente por toda a superfície.

82
MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ELÉTRICAS │ UNIDADE III

Figura 22. Método Faraday.

Fonte: https://i0.wp.com/www.aeroin.net/wp-content/uploads/2019/01/Gaiola-de-Faraday.jpg?w=500&ssl=1.

Figura 23. Esquema da gaiola de Faraday em um empreendimento.

2 3

1 4

1 – captores (verticais)
2 – condutores horizontais (cobre)
3 – malha de condutores
4 – descidas
5 – aterramento

Fonte: autoria própria.

No método de proteção por Gaiola de Faraday, o sistema captor de descargas


atmosféricas é composto por captores verticais e por um sistema de condutores
horizontais.

Os condutores dispostos na horizontal são interligados, formando uma espécie de


rede, ou seja, uma malha de condutor.

Ressalta-se que é na fase do projeto que se dimensiona uma malha, atentando-se


ao detalhe do grau de proteção requerido (pela análise de riscos) para a edificação.
O correto dimensionamento, por exemplo, determina o número de condutores,
bitolas e distanciamento entre os condutores horizontais da malha.

83
UNIDADE III │ MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ELÉTRICAS

Método da esfera rolante ou fictícia ou


eletrogeométrico
É o método mais recente e consiste em fazer rolar uma esfera fictícia por toda
a edificação. Essa esfera terá um raio definido em função do nível de proteção
requerida em acordo com o projeto e seguindo a norma. Seu surgimento
inicialmente foi em atendimento às linhas de transmissão e posteriormente
migrou com um subsistema simplificado para aplicação em estruturas.

Figura 24. Esquematização do método da esfera rolante ou fictícia ou eletrogeométrico.

R = raio da esfera rolante


Há variação em função do nível de proteção
h = altura do captor

R
h

Solo Volume protegido

Fonte: autoria própria.

O método da esfera rolante do projeto é considerado o mais completo para


proteção de estruturas. Ele tem seus fundamentos de elaboração em métodos
científicos de observação (fotografias) e medição dos parâmetros dos raios,
ensaios de laboratórios que realizam ensaios de descargas elétricas de alta tensão
e o emprego de simulação de modelos matemáticos.

No modelo eletromagnético, considera-se que o um dos tipos de raios – líder


descendente – que caminha na direção vertical em direção à terra em degraus,
dentro de uma esfera cujo raio depende da carga da nuvem ou da corrente do raio,
e será desviado da trajetória original por algum objeto aterrado.

Em termos técnicos, o raio da esfera é denominado distância de atração ou


distância de disrupção. Para aplicação às estruturas, são consideradas algumas
hipóteses:

» somente são consideradas as descargas negativas iniciadas nas nuvens;

» o líder descendente é vertical e sem ramificações;

» as descargas se dão em uma esfera de raio igual à distância de atração;

» a descarga final se dá para o objeto aterrado mais próximo,


independentemente da sua massa ou de condições de aterramento;

84
MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ELÉTRICAS │ UNIDADE III

» as hastes verticais e os condutores horizontais têm o mesmo poder de


atração;

» a probabilidade de ser atingida a terra ou uma estrutura aterrada é a


mesma.

Embora essas hipóteses se afastem um pouco da realidade, o modelo continua


válido, se seguidas as orientações da norma.

A NBR 5419/2015 fixa as dimensões com valores máximos dos raios da esfera
rolante, tamanho da malha e ângulo de proteção correspondentes à classe do
SPDA. Veremos na tabela a seguir:

Figura 25. Dimensões máximas permitidas.

Máximo afastamento dos Ângulo de proteção α0


Classe SPDA Raio da esfera rolante – R (m)
condutores da malha (m)
I 20 5x5 Ver figura 24 abaixo
II 30 10 x 10
II 45 15 x 15
IV 60 20 x 20
Fonte: adaptado – NBR 5419-2015.

Figura 26. Ângulo de proteção correspondente à classe de SPDA.

Fonte: adaptado – NBR 5419-2015.

Observações:

» para valores de H (m) acima dos valores finais de cada curva (classes I a
IV), são aplicáveis apenas os métodos da esfera rolante e das malhas;

» H é a altura do captor acima do plano de referência da área a ser protegida;

» o ângulo não será alterado para valores de H abaixo de 2 m.

85
UNIDADE III │ MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ELÉTRICAS

Para o dimensionamento da malha dos condutores horizontais, uma premissa


é válida e importante: quanto mais fechada for a malha, ou seja, menor o
distanciamento entre os condutores horizontais, melhor será a proteção fornecida
para a edificação.

Componentes do SPDA
O SPDA possui basicamente três elementos:

» o elemento captor ou sistema de captação;

» os condutores de baixada ou sistema de descidas; e

» o sistema de aterramento.

Esses três elementos são subsistemas do SPDA e devem estar devidamente


dimensionados e em acordo com os requisitos da NBR 5419-15.

Figura 27. Sistema de captação: captor.

Captor

Fonte: https://www.shutterstock.com/image-photo/lightning-protection-componentslightning-rod-system-prevent-1365358628.

Todos os tipos de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA) necessitam de


malha de aterramento com hastes e condutores interligados para dissipação da
corrente elétrica.

A quantidade de hastes fixadas no solo será dependente de três fatores:

» resistividade do solo;

» altura da estrutura a ser protegida;

» área construída. Aqui vale ressaltar que quanto maior a área construída,
será necessário utilizar um número maior de hastes de aterramento.

86
MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ELÉTRICAS │ UNIDADE III

Danos à estrutura
A descarga atmosférica que atinge uma estrutura pode causar danos:

» à própria estrutura;

» aos seus ocupantes;

» ao conteúdo e bens que nela estiverem, incluídas falhas dos sistemas


internos.

Vale ressaltar que os danos e falhas podem se estender para outras áreas ou
elementos e atingir as estruturas vizinhas. As características das estruturas e
descarga atmosférica definirão a extensão dos danos e falhas na vizinhança.

Fontes e tipos de danos a uma estrutura


A corrente da descarga atmosférica é a fonte de danos. As seguintes situações
devem ser levadas em consideração em função da posição do ponto de impacto
relativo à estrutura considerada:

a. S1: descargas atmosféricas na estrutura;

b. S2: descargas atmosféricas próximas à estrutura;

c. S3: descargas atmosféricas sobre as linhas elétricas e tubulações


metálicas que entram na estrutura;

d. S4: descargas atmosféricas próximas às linhas elétricas e tubulações


metálicas que entram na estrutura.

Descargas atmosféricas próximas a linhas


elétricas e tubulações metálicas que entram
na estrutura
Podem causar falha ou mau funcionamento de sistemas internos devido a
sobretensões induzidas nas linhas que entram na estrutura. Em consequência, as
descargas atmosféricas podem causar três tipos básicos de danos:

a. D1: danos às pessoas devido a choque elétrico;

b. D2: danos físicos (fogo, explosão, destruição mecânica, liberação


de produtos químicos) por efeitos das correntes das descargas
atmosféricas, inclusive centelhamento;

c. D3: falhas de sistemas internos devido a LEMP.

87
UNIDADE III │ MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ELÉTRICAS

Tipos de perdas

Cada tipo de dano relevante para a estrutura a ser protegida, sozinho ou em


combinações com outros, pode, em consequência, produzir diferentes perdas. O tipo
de perda que pode ocorrer depende das características do próprio objeto.

Para efeitos da ABNT NBR 5419, são considerados os seguintes tipos de perdas,
os quais podem aparecer como consequência de danos relevantes à estrutura:

a. L1: perda de vida humana (incluindo-se danos permanentes);

b. L2: perda de serviço ao público;

c. L3: perda de patrimônio cultural;

d. L4: perda de valor econômico (estrutura, conteúdo e interrupções de


atividades).

Necessidade da proteção contra descargas


atmosféricas

A necessidade de um objeto ser protegido contra descargas atmosféricas deve ser


avaliada de modo a reduzir as perdas de valor social L1, L2 e L3.

Para se avaliar quando uma proteção contra descargas atmosféricas é necessária ou


não, deve ser feita uma avaliação do risco de acordo com os procedimentos contidos
na ABNT NBR 5419-2.

Os seguintes riscos devem ser levados em conta, em correspondência com os tipos de


perdas relacionadas em 5.2:

a. R1: risco de perdas ou danos permanentes em vidas humanas;

b. R2: risco de perdas de serviços ao público;

c. R3: risco de perdas do patrimônio cultural.

A seguir, veremos um esquema ilustrando os pontos de impacto, danos e perdas


decorrentes de uma descarga atmosférica.

88
MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ELÉTRICAS │ UNIDADE III

Figura 29. Pontos de impacto, danos e perdas – descargas atmosféricas.

Ponto de impacto Fonte Tipo


Tipo de perda
de dano de dano

D1 L1, L4a
Estrutura S1 D2 L1, L2, L3, L4
D3 L1b, L2, L4

Nas proximidades b
S2 D3 L1 , L2, L4
de uma estrutura

Nas linhas elétricas a


D1 L1, L4
ou tubulações metálicas S3 D2 L1, L2, L3, L4
conectadas à estrutura D3 b
L1 , L2, L4

Proximidades de b
uma linha elétrica ou S4 D3 L1 ,L2, L4
tubulações metálicas

a Somente para propriedades onde pode haver perdas de animais.


b Somente para estruturas com risco de explosão, hospitais ou outras estruturas nas
quais falhas em sistemas internos colocam a vida humana diretamente em perigo.

Fonte: adaptado – NBR 5419-2015.

Tipos de perdas resultantes dos tipos de danos e os riscos correspondentes estão


relacionados na figura a seguir.

Figura 30. Perdas e riscos correspondentes que resultam de diferentes tipos de danos.

Risco Risco Risco Risco


R1 R2 R3 R4

Tipo Perda Perda de Perda de Perda


de vida Serviço ao Patrimônio de valor
de perda humana público cultural econômico

Tipo Dano aos


Dano Falhas de
Dano Falhas de Dano Danob
Dano
a
Falha de
seres vivos sistemas sistemas aos seres
de por choque físico internos físico internos
físico
vivos por físico Sistemas
dano elétrico choque internos
elétrico

a  Somente para hospitais ou outras estruturas nas quais falhas em sistemas internos
colocam a vida humana diretamente em perigo.
b  Somente para propriedades onde pode haver perdas de animais.

Fonte: adaptado – NBR 5419-2015.

89
UNIDADE III │ MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ELÉTRICAS

Na próxima ilustração, será exemplificado o assunto com os tópicos vistos sobre SPDA.

Figura 31. Exemplo básico de diferentes fontes de danos a uma estrutura e de distribuição da corrente da

descarga atmosférica dentro de um sistema.

Fontes de danos:
S3
S1 - Descarga atmosférica na estrutura
S2 - Descarga atmosférica próxima à estrutura S1
S3 - Descarga atmosférica nas linhas que
adentram a estrutura
S4 - Descarga atmosférica próxima à linha /total
que adentra a estrutura L1
L2
L3
PEN

S2
Equipamento S4

D D
P Serviços
P
S ex.: água
S

/sinal /energia

Linhas elétricas de Linhas elétricas de


sinal (de dados) energia BT
aterramento

Fonte: adaptado – NBR5419-2015.

OBS.: é importante salientar que a NBR 5419- 2015 foi atualizada em 2015 e
segue requisitos da norma europeia IEC-2813/2010, que foi atualizada em 2010.
Infelizmente as normas brasileiras demoram um pouco mais nas atualizações.
Os impactos desse atraso são o fato de que empresas que têm intenção de
desenvolver novos empreendimentos no Brasil solicitam que sejam seguidas
outras normas internacionais por estarem mais atualizadas.

Dimensionamento da malha de aterramento


Sem dúvida, o sistema de aterramento é um dos subsistemas do PDA que mais
geram preocupações e assuntos entre os responsáveis da parte da engenharia e
dos projetistas. Isso se deve à situação em que cada projeto é individual, pois leva
em conta algumas especificações, como:

» localização;

» concentração de pessoas;

» o tipo da estrutura.

90
MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ELÉTRICAS │ UNIDADE III

Deve-se obter a menor resistência de aterramento possível, compatível com o


arranjo do eletrodo, a topologia e a resistividade do solo no local.

A malha de aterramento tem como função principal canalizar e direcionar as


cargas elétricas recebidas na edificação para serem dissipadas no solo. Para
isso, faz-se necessário um estudo de resistividade do solo de forma a estratificar
o solo (pôr em camadas de espessuras distintas), permitindo o correto emprego
e dimensionamento dos eletrodos de aterramento.

Figura 32. Esquema de solo real (a) e estratificado.

Fonte: autoria própria.

Sem o correto dimensionamento, não será possível que o subsistema de


aterramento cumpra a função para a qual foi projetado, acarretando prejuízos
à edificação em função das descargas elétricas recebidas. Esses prejuízos, em
alguns casos, são irreversíveis ou causadores de grandes danos. Para minimizar
ao máximo esses prejuízos, podemos mencionar alguns pontos importantes na
concepção desses sistemas:

» com relação ao projeto: a edificação deve ser projetada por


empresa responsável, confiável e idônea. Ela deve ter profundo
conhecimento nas normas vigentes – NBR5419/2015. Dessa forma,
é provável que verifique e selecione o melhor tipo de sistema
de proteção, alinhado com a disponibilidade e disposição física,
otimizando recursos e impactando positivamente na implantação;

» com relação à execução, ela deve ser executada por empresa


especializada, ter mão de obra qualificada, utilizando
materiais e técnicas dispostas pelo projeto. Para reforçar
esses quesitos, deve-se seguir às normas estipuladas, e não
devem ser permitidas, sob qualquer hipótese, instalações de
materiais fora de especificação ou comerciais, conexões fora de
conformidade, entre outros;
91
UNIDADE III │ MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ELÉTRICAS

» com relação à fiscalização: por meio dela será possível auditar e


avaliar se o executado está em conformidade com o projeto e a
instalação. Podemos citar aqui a correta utilização dos materiais –
normatizados –,que garantem instalações em conformidade e sucesso
do empreendimento.

ABNT: NBR 5410


De forma mais simplificada, apresentamos, no quadro a seguir, um resumo com a
definição sobre ABNT e a NBR 5410.

Simplificação esquemática ABNT e NBR 5410.


Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT):
é o Fórum Nacional de Normalização

As Normas Brasileiras e seu conteúdo estão sob responsabilidade dos:


» Comitês Brasileiros (ABNT/CB);
» Organismos de Normalização Setorial (ABNT/ONS);
» Comissões de Estudo Especiais Temporárias (ABNT/CEET).

Elaboradas por:
Comissões de Estudo (CE),
formadas por representantes dos setores envolvidos
(produtores, consumidores e neutros, tais como universidades, laboratórios e outros).

ABNT NBR 5410


Elaborada no Comitê Brasileiro de Eletricidade (ABNT/CB-03);
pela Comissão de Estudo de Instalações Elétricas de Baixa Tensão (CE–03:064.01).

O Projeto circulou em Consulta Pública


Edital no 9, de 30/9. 2003, com o número Projeto NBR 5410.

A partir de 31 de março de 2005,


a Norma cancelou e substituiu a edição anterior (ABNT NBR 5410:1997), a qual foi
tecnicamente revisada.
Fonte: adaptado – ABNT NBR 5410.

92
MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ELÉTRICAS │ UNIDADE III

Objetivo da NBR 5410

A NBR 5410 estabelece as condições a que devem satisfazer as instalações elétricas


de baixa tensão, a fim de garantir a segurança de pessoas e animais, o funcionamento
adequado da instalação e a conservação dos bens.

Aplicação da NBR 5410

Essa Norma se aplica principalmente às instalações elétricas de edificações, qualquer


que seja seu uso:

» residencial;

» comercial;

» público;

» industrial;

» de serviços;

» agropecuário;

» hortigranjeiro etc. (incluindo as pré-fabricadas).

Outras aplicações NBR 5410

Além dos sistemas já citados anteriormente, a NBR 5410 aplica-se também às


instalações elétricas:

» em áreas descobertas das propriedades, externas às edificações;

» de reboques de acampamento (trailers);

» locais de acampamento (campings);

» marinas e instalações análogas;

» e de canteiros de obra, feiras, exposições e outras instalações temporárias.

93
UNIDADE III │ MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ELÉTRICAS

Sistema de circuitos elétricos: NBR 5410


A NBR 5410 abrange os seguintes sistemas de:

» circuitos elétricos alimentados sob tensão nominal igual ou inferior a


1.000 V em corrente alternada, com frequências inferiores a 400 Hz, ou
a 1 500 V em corrente contínua;

» circuitos elétricos, que não os internos aos equipamentos,


funcionando sob uma tensão superior a 1.000 V e alimentados
por uma instalação de tensão igual ou inferior a 1.000 V em
corrente alternada (por exemplo, circuitos de lâmpadas a descarga,
precipitadores eletrostáticos etc.);

» toda fiação e toda linha elétrica que não sejam cobertas pelas normas
relativas aos equipamentos de utilização; e

» as linhas elétricas fixas de sinal (exceto os circuitos internos dos


equipamentos).

» e não menos importante, a NBR 5410 aplica-se às instalações novas


e a reformas em instalações existentes.

94
MANIFESTAÇÕES
PATOLÓGICAS UNIDADE IV
EM INSTALAÇÕES
HIDRÁULICAS

CAPÍTULO 1
Sistemas de Instalações Hidráulicas e
Hidrossanitárias

Instalações hidráulicas e hidrossanitárias


Antes de tratar as manifestações patológicas nas instalações hidráulicas no
geral, faz-se necessário definir as normas e sobre qual parte das instalações
hidráulicas elas conferem os requisitos. As normas para instalações hidráulicas
são basicamente três:

» NBR 5626/1996 – Sistema de Instalação Predial de Água Fria: é


um sistema composto por tubos, reservatórios, peças de utilização,
equipamentos e outros componentes, destinado a conduzir água fria
da fonte de abastecimento aos pontos de utilização;

» NBR 7198/1993 – Projeto e Execução de Instalações Prediais de Água


Quente;

» NBR 8160 – Sistemas Prediais de Esgoto Sanitário: tem por funções


básicas coletar e conduzir os despejos provenientes do uso adequado
dos aparelhos sanitários a um destino apropriado.

Essas normas definem os requisitos para garantir bom desempenho nas redes de
tubulação, segurança sanitária e potabilidade de água, quando aplicável.

Não entraremos em detalhes nessas normas, pois o foco é nas manifestações


patológicas sobre instalações hidráulicas. E, para este material didático,
abordaremos o tema “manifestações patológicas em instalações hidráulicas” no

95
UNIDADE IV │ MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS

geral, ou seja, direcionando manifestações patológicas para instalações de água


fria, quente, de chuva e esgoto.

Manifestações patológicas nas instalações


hidráulicas prediais
Os sistemas de instalações hidráulicas prediais é um dos principais causadores
de manifestações patológicas numa edificação: representa 75% das patologias.
Elas podem se manifestar em:

» tubos;

» conexões;

» registros;

» válvulas;

» acessórios;

» reservatórios;

» bombas;

» tanques;

» dispositivos de controle;

» dispositivos de medição etc.

A forma de manifestação pode se apresentar em falhas frequentes em certos


equipamentos ou componentes, até flutuações de pressões, vazões e temperaturas,
decorrentes de falha de concepção sistêmica no projeto.

Ela é mais evidente no período da pós-ocupação, ou seja, quando se começa a utilizar e


usufruir do imóvel pelo usuário.

Principais problemas
Entre os principais problemas encontrados, estão:

» os relacionados às falhas de execução: vazamentos, entupimentos, mau


cheiro, retorno de espuma ou fluxo;

» os relacionados às falhas de projeto;

96
MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS │ UNIDADE IV

» os relacionados às falhas de uso: por falta de informações do usuário final;

» os relacionados às falhas provenientes dos materiais.

Há ainda patologias ocultas: como a contaminação da água potável em reservatórios


ou redes, entre outras.

Por que as manifestações patológicas em


instalações hidráulicas ocorrem?
Essa pergunta pode ser respondida baseada em algumas premissas:

» devido à sua localização: como geralmente uma instalação hidráulica


fica oculta, em muitos casos elas não recebem a atenção que merecem;

» obras cuja execução não acompanham um projeto de instalações


hidráulicas;

» uso de materiais não adequados ou qualidade inferior;

» especificações inadequadas;

» execução da instalação hidráulica com improvisações diversas;

» mão de obra pouco qualificada ou sem qualificação;

» projeto deficiente.

Como se pode notar, são vários os pontos a serem considerados quando se tem uma
patologia se manifestando nas instalações hidráulicas.

Principais manifestações patológicas em


instalações hidráulicas
Listaremos algumas manifestações patológicas nas instalações hidráulicas entre as
várias existentes:

» tensionamento: o tensionamento excessivo pode levar ao rompimento


das conexões entre os terminais ou tubos. Pode se apresentar por
excesso de aperto ou por esforço mecânico externo;

» tensionamento radial: nas conexões de redução, quando se empregam


as buchas de redução;

» vedação: se não feita corretamente, pode causar problemas com


vazamentos;

97
UNIDADE IV │ MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS

» desalinhamento: presente nas tubulações e nas conexões em que estas,


ao estarem desalinhadas, podem apresentar folga e posterior vazamento
ou infiltrações;

» rompimentos: podem se localizar em registros, uniões ou em qualquer


outra parte de uma instalação hidráulica e pode ter sua raiz no
tensionamento mecânico (por ferramentas), impacto, distanciamento
entre peças ou folga, desalinhamento e vibração;

» ataque químico: produtos quimicamente agressivos, como solventes,


podem atacar os componentes, fragilizando-os e posteriormente
rompendo-os;

» união de conexões por adesivos: a utilização de adesivos (cola) em


uniões nas conexões, se for excessiva, pode causar estrangulamento
da seção do tubo, aumentando a pressão ou simplesmente
obstruindo a passagem; se for por escassez na aplicação, pode
causar vazamentos ou infiltrações;

» traçado de rede: está relacionado com a falta de projeto ou falta de


conhecimento do profissional que está executando;

» mau cheiro: relaciona-se com as instalações de esgoto e tem sua raiz


na ausência de caixa sifonada ou sifões e de plug no interior da caixa
sifonada, vedação inadequada do vaso sanitário; ausência de sistema
de ventilação;

» entupimento de ramal de esgoto: por algumas vezes, as instalações de


esgoto, por estarem enterradas, necessitam que a parte de maior extensão
da tubulação esteja bem apoiada e em superfície que não ceda, para
que, dessa forma, evite que a tubulação se encurve, podendo obstruir a
passagem de esgoto e até romper a tubulação;

» conexões: é necessário utilizar os materiais adequados e seguir


as normas, por exemplo, evitando o aquecimento para encaixe de
conexões em tubos ou não respeitando a mudança de direção conforme
especifica a norma;

» dimensionamento das tubulações: geralmente está associado à falta


de um projeto e pode trazer prejuízos incalculáveis, além de muito
aborrecimento ao usuário.

98
INCÊNDIO UNIDADE V

CAPÍTULO 1
Sistemas de incêndio

Combate a Incêndio

O Brasil, em um curto espaço de tempo, passou de um país rural para uma sociedade
urbana, industrial e de serviços. Com essa virada, o aumento dos riscos de incêndio,
entre tantos outros que enfrentamos, também foi considerável.

O Brasil, em 1872, no primeiro censo oficial, contabilizava uma população de:

» oito milhões e quatrocentas mil pessoas livres;

» um milhão e meio de escravos;

» um total de nove milhões e novecentos mil habitantes.

O estado de São Paulo, na mesma época, contabilizava:

» seiscentos e oitenta mil pessoas livres;

» cento e cinquenta e seis mil escravos.

Cidade de São Paulo contabilizava:

» trinta mil habitantes (10ª cidade brasileira em número de habitantes).

É notório o rápido crescimento da população brasileira: de 10 milhões para 210


milhões em pouco mais de 45 anos   . Essa população era distribuída em cento e
vinte milhões morando nas cidades. Na tabela a seguir, podemos ter uma ideia
desse crescimento entre 1872 a 2019.”

99
UNIDADE V │ INCÊNDIO

Figura 33. Crescimento da população brasileira.

Ano População absoluta


1872 9.930.478
1890 14.333.915
1920 30.653.605
1950 51.941.767
1970 93.139.037
1995 161.400.000
2019 210.147.125
Fonte: autoria própria.

É importante lembrar que as ocorrências de incêndios são maiores em regiões mais


densamente povoadas.

Nas edificações em que estão localizadas, há incidências mais frequentes de


incêndios, sendo esse incêndio pequeno ou de grande proporção.

Para o acontecimento de um incêndio, é preciso ter um início. Os exemplos de início


de ignição mais comuns são:

» vazamento de gás de bujões, que pode ser acrescido de explosões;

» curtos-circuitos em instalações elétricas ocasionados por carga elétrica


excessiva na rede que superaquece fios e cabos;

» manuseio de explosivos e outros produtos perigosos em locais não


adequados;

» ferro de passar roupa ligado;

» fogões e eletrodomésticos (em geral) energizados ou ligados, entre outros.

É importante ressaltar que todo incêndio se inicia com pequenas falhas, seja ela em
instalações, circuitos, equipamentos, ou falha humana ao manusear um equipamento.

Seguem abaixo algumas normas que devem ser pesquisadas referentes a combate a
incêndio para melhor aprofundar no assunto:

» NBR – 9441: sistema de detecção e alarme automáticos de incêndio;

» NBR – 10898: sistema de iluminação de emergência;

» NBR – 13434: sinalização de segurança contra incêndio e pânico;

» NBR – 9441: sistema de alarme manual de incêndio (botoeiras);

100
INCÊNDIO │ UNIDADE V

» NBR – 10897: sistemas de extinção automática de incêndio (chuveiros


automáticos – sprinklers, e outros sistemas especiais de água ou gases);

» NBR – 5667: sistema de hidrantes;

» NBR – 12693: sistemas de proteção por extintores de incêndio;

» NBR – 11742: portas corta-fogo para saída de emergência;

» NBR – 9077: rotas de fuga;

» NBR – 5419: sistema de proteção contra descargas atmosféricas


(para-raios);

» NBR – 11715: extintores de incêndio com carga de água;

» NBR – 11861: mangueira de incêndio – Requisitos e métodos de ensaio;

» NBR – 12779: mangueira de incêndio – Inspeção, manutenção e cuidados;

» NBR–13714: Sistemas de hidrantes e de mangotinhos para combate a


incêndio;

» NBR – 14276: Brigada de incêndio.

101
CAPÍTULO 2
Sistemas de incêndio: líquidos

Sistema de combate a incêndios: água


A água é o mais completo dos agentes extintores. Ela pode não levar à extinção
completa do incêndio, porém auxilia no isolamento de riscos, o que facilita a
aproximação dos bombeiros ao fogo para o emprego de outros agentes extintores.

Atualmente, a água é mais utilizada em sistemas de proteção contra incêndio junto


dos outros componentes:

» hidrantes e mangotinhos;

» sistema de chuveiros automáticos;

» sistema de água nebulizada.

A água é o agente extintor que proporciona a melhor absorção de calor, sendo que
o efeito extintor pode ser aumentado ou diminuído, conforme o estado em que é
dirigida sobre o fogo.

Método de extinção do fogo


Pode agir quanto ao método de extinção por:

» resfriamento;

» abafamento;

» emulsificação.

Pode ser aplicada de três formas básicas:

» jato compacto;

» neblina;

» vapor.

102
INCÊNDIO │ UNIDADE V

Jato compacto: caracterizado por uma projeção forte de água, produzida sob alta
pressão e alta velocidade. Esse jato passa através de esguicho com orifício (requinte)
de descarga circular. A água terá a função de extinguir as chamas do incêndio por
contato e resfriamento. A operação de extinção das chamas só será eficaz se houver a
vaporização da água nas proximidades do local ou objeto em chamas.

Proteção passiva contra incêndio


A proteção incorporada à edificação contra incêndio é denominada proteção
passiva. Esse tipo de proteção é constituído e caracterizado por mecanismos que não
requerem nenhum tipo de acionamento para o seu funcionamento em situação de
incêndio. Eles conseguem atender às necessidades dos usuários em situação normal
de funcionamento do edifício, retardando a propagação das chamas e postergando
o crescimento do incêndio. Também impedem a emissão de fumaça e, dessa forma,
auxiliam na evacuação dos ocupantes do prédio com o mínimo de segurança. São
exemplos de proteção passiva de incêndio:
» o controle de materiais de acabamento e revestimento;

» proteção das rotas de fuga;

» compartimentação;

» isolamento de risco.

Sistema de hidrantes e de mangotinhos


O sistema de hidrantes e de mangotinhos se caracteriza por ser um sistema
estático ou fixo de combate a incêndio. Seu funcionamento se dá por um
comando que libera água sobre o foco de incêndio em vazão compatível com o
risco do local a ser protegido e tende a extinguir ou controlar um incêndio em
seu estágio inicial, auxiliando os ocupantes até a chegada dos bombeiros.
Os sistemas urbanos apresentam pontos de tomada de água providos de
dispositivos de manobra (registros) e uniões de engate rápido. Eles estão
conectados à rede pública de abastecimento de água e podem ser:
» emergente (de coluna); ou

» subterrâneo (de piso).

» Os sistemas prediais de hidrantes e de mangotinhos apresentam


pontos de tomada.

103
UNIDADE V │ INCÊNDIO

Classificação dos sistemas


Os sistemas de hidrantes e de mangotinhos, quanto à sua classificação, dependerão:

» do tipo de esguicho (compacto ou regulável);

» do diâmetro da mangueira;

» do comprimento máximo da mangueira;

» do número de saídas;

» da vazão no hidrante ou mangotinho mais desfavorável.

Em função da ocupação e do uso da edificação, será definido um tipo específico de


sistema, variando de acordo com a norma técnica.

Os sistemas poderão, ainda, ser diferenciados quanto:

» ao tipo de sistema de reservação: elevado, nível do solo, semienterrados ou


enterrado;

» ao tipo de sistema de comando: manual (botoeira) e automático (chave de


fluxo ou pressostatos);

» à fonte de energia: ligação independente ou por gerador automatizado;

» aos tipos de bombas empregadas: bomba principal, bomba auxiliar,


bomba de reforço e bomba de escorva;

» ao material da tubulação: aço, cobre e termoplásticos;

» às características do sistema de distribuição: interno ou externo à


edificação;

» às características do reservatório: concreto armado, fibra, metálico,


utilização de piscinas ou reservas naturais;

» ao tipo de rede de tubulação: rede aberta (sistema ramificado), rede


fechada (sistema em malha) e rede mista (sistema ramificado e em
malha).

A aplicação ou escolha do sistema a ser instalado deve atender as normas técnicas e:

» a viabilidade de instalação;

» o custo;

104
INCÊNDIO │ UNIDADE V

» a eficácia do sistema;

» a facilidade de operação e manutenção.

A NBR 13714 (2000) apresenta três tipos de sistemas que variam em função da
vazão mínima no hidrante mais desfavorável, do diâmetro e do comprimento
da mangueira, do diâmetro mínimo da tubulação, do número de saídas que são
aplicadas em função da ocupação e uso do edifício.

Para reservar esse volume de água, teremos dois sistemas de reserva de água para
incêndio: reservatório inferior e reservatório superior. Eles serão apresentados a
seguir.

Sistemas reservatório inferior


Esses sistemas tem seu funcionamento pelo acionamento de bomba, e a água
é pressurizada para tanques de pressão, ou são alimentados por bombas de
incêndio com bomba do tipo jockey. Esses sistemas podem ser utilizados em
edificações verticais, horizontais, industriais, entre outras.

Figura 34. Hidrantes alimentados por bomba de incêndio e pressurizados com tanque de pressão.

Registro de pressão

Consumo

Reserva de
incêndio
Bomba de Tanque de
Reservatório incêndio pressão
inferior inferior inferior

Fonte: adaptado (GONÇALVES – 1993).

Sistemas com reserva de água para incêndio em


reservatório superior

Esses sistemas são operados por gravidade, conforme apresentado na figura


anterior, ou por gravidade em conjunto com bomba de incêndio, conforme
ilustrado na figura a seguir, e podem ser utilizados em edifícios verticais, edifícios
industriais ou outros.

105
UNIDADE V │ INCÊNDIO

Figura 35. Sistemas com reserva de água para incêndio em reservatório superior.
Reservatório superior Reservatório superior

Consumo Consumo
Reserva de incêndio Reserva de incêndio

Bomba de
incêndio
Recalque Recalque
Chave de
fluxo

Registro Registro
de passeio de passeio

Consumo Consumo

Bombas de Reservatório inferior Bombas de Reservatório inferior


recalque recalque
Sistema de hidrantes Sistema de hidrantes por gravidade e
por gravidade bomba de incêndio

Fonte: adaptado (GONÇALVES - 1993).

Elementos e componentes do sistema


O sistema de hidrantes e de mangotinhos apresentam os elementos e componentes
descritos a seguir e organizados em três subsistemas: reservação, pressurização e
comando, conforme ilustra a figura abaixo.

Figura 36. Elementos e componentes do sistema de hidrantes.

Sistema de
reservação

Tubulação Esguicho
Sistema de
pressurização
Sistema de Jato Fogo
comando

Fonte: autoria própria.

Sistema de reservação

O sistema de reservação é composto por um reservatório, que pode ser:

» do tipo elevado;

» no nível do solo;

106
INCÊNDIO │ UNIDADE V

» semienterrado ou enterrado.

» Têm como função reservar um volume de água destinado exclusivamente


ao combate de incêndio (primeiro combate por um período).

O reservatório de água pode ser construído, na edificação ou área de risco, em


concreto armado, metal apropriado ou qualquer outro material que apresente
resistência mecânica às intempéries e ao fogo.

As águas provenientes de fontes naturais para utilização no sistema de hidrantes


e de mangotinhos são aceitas, porém devem ser observadas as exigências quanto
às características construtivas de captação da água para os sistemas conforme
recomendações da NBR 13714.

Sistema de pressurização

O sistema de pressurização pode operar de três formas:

» por gravidade;

» por bombas;

» por tanque de pressão.

A função é fornecer energia para o transporte da água com o objetivo de atingir


o material em combustão a uma determinada distância, com vazão e pressão
adequada à extinção do fogo.

Sistema de comando

No sistema de hidrantes e de mangotinhos, o acionamento pode ser manual, por


meio de botoeira (liga e desliga), ou automático, pelo deslocamento de água na
tubulação, pela abertura de um hidrante, e com a presença de um pressostato
acionando (ativado por uma variação de pressão hidráulica na tubulação).

Sistema de distribuição

É composto pela tubulação, hidrantes e mangotinhos. A tubulação é


constituída por tubos, conexões, entre outros componentes hidráulicos, como
válvulas de manobra e fechamento com a função de conduzir a água, a partir
do reservatório até aos pontos de hidrantes ou de mangotinhos.

107
UNIDADE V │ INCÊNDIO

Os requisitos para esses sistemas de incêndio são:

» resistir aos efeitos do calor;

» manter o seu funcionamento normal, garantindo a estanqueidade


e a estabilidade mecânica da junta (sem ter queda de desempenho)
entre o meio de ligação entre os tubos, conexões e outros
componentes.

As válvulas dos hidrantes têm como função controlar e bloquear o fluxo de água
no interior da tubulação e devem ter conexões iguais às adotadas pelo corpo de
bombeiros, ou seja, tipo engate rápido.

A mangueira é um componente de seção transversal cilíndrica, extensa e flexível,


composta por outros elementos de união do tipo engate, fabricado com materiais
em forma de fios naturais ou artificiais, utilizado para conduzir a água (através da
sua parede interna) no trecho compreendido entre a válvula angular e o esguicho.

O esguicho é um componente metálico adaptado na extremidade da mangueira com


a função de dar forma ao jato de água, direcionando-a e controlando-a para o alvo
a ser atingido. Pode ser o jato compacto ou regulável (compacto ou neblina). Os
esguichos do tipo agulheta, com diâmetro nominal de 13, 16, 19 e 25, e o esguicho
regulável, com diâmetros nominais de 40 e 65, são os mais utilizados para hidrantes
em edifícios.

Abrigo
É um local em forma de compartimento de dimensões que podem variar e que tem
como função armazenar carretéis, mangueiras, chaves de mangueiras, esguichos
e outros equipamentos de combate a incêndio. Estão dispostos na cor vermelha,
embutidos na parede ou aparentes, com porta em locais de fácil visualização e acesso
e com sinalização de acordo com normas. Outra função desse compartimento é
proteger todos os elementos constituintes de combate a incêndio de intempéries e
outros danos.

Chave de mangueira
A chave de mangueira está disposta por uma haste metálica de ramo curvo e
tem como função acoplar e desacoplar as juntas de união das mangueiras com o
esguicho e a válvula angular no sistema de hidrante.

108
INCÊNDIO │ UNIDADE V

Registro de recalque
O registro de recalque de água é parte do sistema de hidrante e de mangotinhos.
Ele consiste no prolongamento da tubulação até a entrada da edificação ou área
de risco. Os outros componentes, como os engates, devem ser compatíveis com os
utilizados pelo corpo de bombeiros. Sua função é permitir a introdução de água
proveniente de fontes externas no sistema predial de combate a incêndio.

Critérios de projeto
O Regulamento de Segurança Contra Incêndio das Edificações e Áreas de Risco do
Estado de São Paulo, o IT 22 (2004) e a NBR 13714 (2000) fazem menção para os
seguintes critérios de projeto:

» edificações especificadas com área construída superior a 750 m²


ou altura superior a 12 m devem ser protegidas por sistemas de
mangotinhos ou de hidrantes.

O posicionamento dos pontos de tomada de água deve seguir tais requisitos:

» estar dispostos nas proximidades das portas externas, escadas e/ou


acesso principal a ser protegido, com distância máxima de 5 metros;

» estar localizados em posições centrais, nas áreas protegidas e


obrigatoriamente nas proximidades das portas externas, escadas e/ou
acesso principal a ser protegido, com distância máxima de 5 metros;

» estar fora das antecâmaras de fumaça ou escadas;

» estar entre 1,0 m a 1,5 m do piso.

Utilizando hidrantes externos, os projetos deverão atender ao afastamento mínimo


de 1 ½ a altura da parede externa da edificação que receberá a proteção.

Critérios de dimensionamento
O dimensionamento do sistema segundo o Regulamento de Segurança Contra
Incêndio das Edificações e Áreas de Risco do Estado de São Paulo, o IT 22 (2004) e
a NBR 13714 (2000) deve atender aos critérios descritos a seguir:

» considerar o uso simultâneo de dois jatos de água;

» no caso de edificações com mais de um tipo de ocupação, os sistemas devem


ser dimensionados para cada tipo individualmente, considerando-se o de
maior risco;

109
UNIDADE V │ INCÊNDIO

» a pressão máxima de trabalho no sistema não deve ultrapassar 1.000 kPa;

» a velocidade da água na tubulação de sucção das bombas de incêndio


devem ser iguais ou inferiores a 2 m/s (sucção negativa) ou 3 m/s (sucção
positiva);

» a velocidade máxima da água na tubulação não deve ser inferior a 5 m/s.

Dimensionamento do sistema

O dimensionamento hidráulico do sistema deve ser realizado utilizando-se a equação


abaixo, de Darcy-Weisbach.
L ⋅ v2 v2
hf =
f⋅ + k. Equação 6
D ⋅ 2g 2g
Em que:

hf = perda de carga, em mca;

f = fator de atrito;

L = comprimento virtual da tubulação (tubos e conexões) em m;

d = diâmetro interno em m;

v = velocidade do fluido em m/s;

g = aceleração da gravidade em m/s2;

k = somatória dos coeficientes de perda de carga das singularidades (conexões).

Ou fórmula universal ou as equações 2 e 3, de Hazen-Williams:


Q1,85
605 ⋅ 1,85 4,87 ⋅10 Equação 7
J=
C ⋅D
h f = J. L t Equação 8

Em que:

hf = perda de carga em kPa;

Lt = comprimento total, sendo a soma dos comprimentos da tubulação e dos


comprimentos equivalentes das conexões;

J = perda de carga unitária em kPa/m;

q = vazão em L/min;

110
INCÊNDIO │ UNIDADE V

c = fator de Hazen-Williams (depende do material da tubulação);

d = diâmetro interno em mm.

Sistema de chuveiros automáticos


É caracterizado por entrar em operação automaticamente: detectado algum foco
(rapidez da detecção da chama) de incêndio, o chuveiro é acionado e libera água em
quantidade e fluxo adequado, com o objetivo de extinguir ou controlar as chamas em
seu estágio inicial.

Classificação dos sistemas


Conforme a NBR 10897 (1990), os sistemas de chuveiros automáticos classificam-se em:

» sistema de tubo seco (rede de tubulação fixa contendo ar comprimido ou


nitrogênio sob pressão);

» sistema de tubo molhado (contendo água sob pressão);

» sistema dilúvio (rede de tubulação seca em cujos ramais estão instalados


os chuveiros automáticos abertos, ou seja, não possuem elementos
termossensíveis nem algum tipo de obstrução);

» sistema de ação prévia (contendo ar, que pode estar ou não sob pressão);

» sistema combinado de tubo seco e ação prévia (rede de tubo seco


contendo ar comprimido, em cujos ramais estão instalados os chuveiros
automáticos, e de um sistema suplementar de detecção de incêndio de
operação muito mais sensível que os chuveiros automáticos).

Controle de fumaça
O sistema de combate a incêndio pelo controle de fumaça veio a partir de um grande
incêndio (agosto de 1953) que destruiu complemente a fábrica de Livonia da General
Motors, em Michigan, com prejuízos de mais de US$ 55 milhões.

A razão inicial para se instalar um sistema de controle de fumaça com base no incêndio
acima (entre outros) foi a proteção de propriedade. O sistema tem como funções:

» auxiliar e permitir acesso dos bombeiros ao centro do fogo;

» permitindo o trabalho de extinção das chamas;

111
UNIDADE V │ INCÊNDIO

» evitar, ao mesmo tempo, que os bombeiros sejam envolvidos pelo fogo;

» ventilar o calor, evitando assim que a estrutura fique protegida do colapso.

Shoppings: importância para o


desenvolvimento do combate a incêndio
Pela natureza do projeto de shoppings, as estratégias de controle de fumaça
necessitam ter desempenho baseado nessa situação até hoje. De forma simples, as
razões para sistemas de controle de fumaça são:

» proteção da propriedade;

» segurança da vida dos empregados;

» segurança da vida dos bombeiros;

» segurança do negócio;

» segurança pública.

O controle de fumaça e seus benefícios


É importante salientar que o exaustor de fumaça é parte importante no sistema
de controle de fumaça. Os exaustores devem trabalhar com outros sistemas para
proporcionar o melhor resultado. Esses sistemas são:

» sprinklers e sistemas de supressão;

» detectores de fumaça e calor;

» cortinas de contenção de fumaça;

» sistemas de insuflação de ar.

Corretamente integrado e utilizado, um sistema de controle de fumaça trará os


seguintes benefícios:

» ventilação prévia, reduzindo assim a temperatura interna, protegendo de


estragos e colapso estrutural;

» bom meio de escape, com visibilidade da rota de fuga;

» mantém a atmosfera limpa;

112
INCÊNDIO │ UNIDADE V

» limita a temperatura, impedindo ignição espontânea;

» previne estrago desnecessário por fumaça;

» previne estrago desnecessário por água;

» reduz o tempo de limpeza;

» proporciona uma visão clara do fogo;

» ajuda a extinguir o fogo no seu início;

» reduz os custos do incêndio.

A seguir, ilustraremos como o fogo se inicia e se propaga em uma área como um


galpão ou fábrica.

Figura 37. Esquematização do início e propagação do fogo em um incêndio.

1- Nas etapas iniciais do incêndio,


a fumaça sobe rapidamente para
o espaço do teto.

2- A fumaça se propaga
lateralmente pela parte inferior
do telhado, longe da sua fonte.

3- A fumaça pode se acumular


completamente nas edificações
maiores em questão de minutos.

Fonte: autoria própria.

113
UNIDADE V │ INCÊNDIO

Ventilação natural de extração


Como seu nome mostra, ventilação natural é baseada na movimentação do ar
por forças naturais, particularmente na movimentação do ar pelo interior da
construção.

Figura 38. Esquematização de ventilação natural.

Fonte: autoria própria.

Sistemas de sprinkler
O sistema de sprinklers age de forma a controlar o tamanho do incêndio, reduzindo
a quantidade de fumaça gerada. Utilizado em lojas de shoppings e corredores
em geral para favorecer o esfriamento excessivo da fumaça, porém impõe-se aos
riscos de uma superfície molhada, deixando o chão escorregadio nas saídas de
emergência.

Meios de fuga
É necessário primeiramente que a rota de fuga esteja protegida e bem
identificada, pois, dessa forma, quando as pessoas tomarem consciência do
incêndio, supõe-se que serão capazes de abandonar a área de forma segura. Os
meios de fuga então são auxiliados pelo sistema de controle de fumaça, pois
permite que elas retirem a fumaça, auxiliando na visibilidade das indicações
dos meios de fuga.

114
Referências

AMORIM, S. V. Metodologia para estruturação de Sistemas de Informação


para projeto dos Sistemas Hidráulicos Prediais. São Paulo, 1997. (Tese de
Doutorado) – Escola Politécnica, Departamento de Engenharia da Construção Civil,
Universidade de São Paulo.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 5410.


Instalações Elétricas de Baixa Tensão. Rio de Janeiro, 2008.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 14037.


Diretrizes para elaboração de manuais de uso, operação e manutenção das edificações
— Requisitos para elaboração e apresentação dos conteúdos. Rio de Janeiro, 2011.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 15571-1:


Ensaios não destrutivos – Estanqueidade – Detecção de vazamentos, 2013.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 15575.


Edificações Habitacionais – Desempenho (parte 6). Rio de Janeiro, 2013.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 5626.


Instalação predial de água fria. Rio de Janeiro, 1998.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 5674.


Manutenção de Edificações – Requisitos para o sistema de gestão e manutenção.
Rio de Janeiro, 2012.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 6118. Projeto


de estruturas de concreto — Procedimento, 2003.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 5419.


Sistemas de proteção contra descargas atmosféricas.

BERNARDES, C.; ARKIE, A.; FALCÃO, C. M.; KNUDSEN, F.; VANOSSI, G.;
BERNARDES, M.; YAOKITI, T. U. Qualidade e custo das não conformidades
em obras de construção civil. 1. ed. São Paulo: Pini, 1998.

CARVALHO JÚNIOR, Roberto de. Patologias em sistemas prediais


hidráulico-sanitários / Roberto de Carvalho Júnior. São Paulo: Blucher, 2013.

115
REFERÊNCIAS

CERVELIN, Severino. Curso técnico em eletrotécnica. Módulo 1, livro 5:


instalações elétricas prediais: teoria & prática / Severino Cervelin, Geraldo Cavalin.
Curitiba: Base Livros Didáticos, 2008.

CREDER, Hélio. Instalações Elétricas. 15. ed. Rio de Janeiro, 2007.

CREDER, Hélio. Instalações Hidráulicas e Sanitárias. 6. ed. Rio de Janeiro, 2006.

GNIPPER, S. F. Patologias mais frequentes em sistemas hidráulico-


sanitários e de gás combustível de edifícios residenciais em Curitiba.
2007. In: X Simpósio Nacional de Sistemas Prediais. Anais, 29-30 agosto de 2007,
São Carlos.

GNIPPER, S. F. Patologias mais frequentes em sistemas hidráulico-


sanitários e de gás combustível de edifícios residenciais em Curitiba.
2007. In: X Simpósio Nacional de Sistemas Prediais. Anais, 29-30 agosto de 2007,
São Carlos.

GOMES, Ary Gonçalves. Sistema de prevenção contra incêndios: sistemas


hidráulicos, sistemas sob comando, rede de hidrantes e sistema automáticos. Rio de
Janeiro: Interciência, 1998.

HELENE, P. R. L. Manual para reparo, e reforço de estruturas de concreto.


2ª ed. São Paulo: Pini, 1997.

HELENE, P. R.; FIGUEIREDO, E. P. Manual de Reabilitação de Estruturas de


Concreto. Reparo, Reforço e Proteção. São Paulo, 2003.

HELENE, Paulo. A Nova NBR 6118 e a Vida Útil das Estruturas de Concreto. In: II
Seminário de Patologia das Construções, 2004, Porto Alegre.

IOSHIMOTO, E. Incidência de Manifestações Patológicas em Edificações


Habitacionais. São Paulo, 1988.

JÂCOME, Carlos da Cruz; MARTINS, João Guerra. Identificação e Tratamento


de patologias em edifícios: Série Reabilitação. 2015. 119 f. Monografia
(Especialização) – Curso de Engenharia Civil, UFP, Fernando Pessoa, 2015.

JOHN, Vanderley M. Construção e Meio Ambiente. Coletânea HABITARE, Vol. 7


(Cap. 2 – Durabilidade de Componentes da Construção). Porto Alegre, 2006.

LEITE, D. M.; LEITE, C. M. Proteção Contra Descargas Atmosféricas. 5. ed.


Oficina de Mydia, 2001. 306p.

116
REFERÊNCIAS

LICHTENSTEIN, Norberto B. Boletim técnico 6/1986: Patologia das Construções.


São Paulo: Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, 1986.

LOTTERMANN, Fabrício Nunes da. Patologias em estruturas de concreto:


estudo de caso. 2013. Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em Engenharia
Civil apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Engenheiro Civil
da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, Ijuí, 2013.

MELHADO, Silvio B. Coordenação de Projetos de Edificações. São Paulo. Ed.


O Nome da Rosa, 2005.

MICHAELIS: Moderno Dicionário da Língua Portuguesa. São Paulo: Companhia


Melhoramentos, 1998.

SOUZA, Vicente Custódio Moreira de; RIPPER, Thomaz. Patologia, Recuperação


e Reforço de Estruturas de Concreto. São Paulo: Pini, 2009.

Sites
http://www.forumdaconstrucao.com.br/conteudo.php?a=17&Cod=1620.

http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-n-3-de-26-de-agosto-
de-2019-212912380.

http://www.inicepg.univap.br/cd/INIC_2007/trabalhos/engenharias/inic/
INICG00949_01C.pdf.

https://cohenconsultoria.wordpress.com/2016/02/03/fissuras-trincas-e-rachaduras-
em-paredes/.

https://g1.globo.com/economia/noticia/2019/08/28/brasil-atinge-210-milhoes-de-
habitantes-diz-ibge.ghtml.

https://portalincendio.com.br/leis-e-normas-brasileiras-sobre-prevencao-de-
incendios-artigos-tecnicos.

https://portalincendio.com.br/nao-existe-fogo-acidental-todos-sao-resultado-de-
falhas-artigos-tecnicos.

https://www.editora2b.com.br/blog/saiba-tudo-sobre-patologia-especialidade-da-
engenharia-civil.

117
REFERÊNCIAS

https://www.editora2b.com.br/blog/saiba-tudo-sobre-patologia-especialidade-da-
engenharia-civil.

https://www.eletricista.srv.br/o-que-fazer-depois-de-um-curto-circuito/.

https://www.nucleodoconhecimento.com.br/engenharia-civil/patologicas-nas-
construcoes.

https://www.opovo.com.br/noticias/2019/03/27/brasil-tem-maior-incidencia-de-
raios-do-mundo--praias-e-lugares-abertos-durante-tempestades-aumentam-riscos.
html.

https://www.shutterstock.com/image-photo/lightning-protection-
componentslightning-rod-system-prevent-1365358628.

https://www.sonataengenharia.com.br/incendio-em-edificacao-causado-por-
instalacoes-eletricas-curto-circuito/.

118

Você também pode gostar