Você está na página 1de 73

História da Imaginologia

Brasília-DF.
Elaboração

Carla Cristina Lopes

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

APRESENTAÇÃO................................................................................................................................... 4

ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA...................................................................... 5

INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 7

UNIDADE I
RADIOLOGIA........................................................................................................................................ 9

CAPÍTULO 1
A HISTÓRIA DA RADIOLOGIA..................................................................................................... 9

CAPÍTULO 2
A HISTÓRIA DA RADIOLOGIA NO BRASIL.................................................................................. 16

CAPÍTULO 3
OS AVANÇOS NO DIAGNÓSTICO POR IMAGENS MÉDICAS...................................................... 19

UNIDADE II
INSTRUMENTAÇÃO.............................................................................................................................. 45

CAPÍTULO 1
INSTRUMENTAÇÃO EM RAIO-X DIGITAL.................................................................................... 45

CAPÍTULO 2
INSTRUMENTAÇÃO EM MEDICINA NUCLEAR............................................................................ 49

CAPÍTULO 3
INSTRUMENTAÇÃO EM TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA...................................................... 57

CAPÍTULO 4
INSTRUMENTAÇÃO EM RESSONÂNCIA MAGNÉTICA................................................................. 63

PARA (NÃO) FINALIZAR....................................................................................................................... 71

REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 72
Apresentação
Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem
necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela
atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade
de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos
a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma
competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para
vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar
sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a
como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de
forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões
para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao
final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e
pesquisas complementares.

A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos
e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Praticando

Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer


o processo de aprendizagem do aluno.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

5
Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Exercício de fixação

Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).

Avaliação Final

Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso,


que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única
atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber
se pode ou não receber a certificação.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

6
Introdução
Prezados Alunos,

A área de diagnóstico por imagem está em constante crescimento e, com isso, é de suma importância
que os profissionais envolvidos com o assunto se atualizem para fundamentar novos conhecimentos
e tecnologia e para aprimorar os já difundidos.

Há cerca de 119 anos da grande descoberta dos raios-X, por Wilhelm Conrad Röntgen, até a atualidade,
a área da radiologia galgou elevados patamares e ramificou-se surgindo, assim, a área da Imaginologia.

Centros médicos de referência em diagnóstico por imagem são inaugurados ou reestruturados, abrindo
oportunidades de emprego aos profissionais habilitados e com especialização na área de Imaginologia.

A compreensão da história da radiologia/imaginologia, assim como o conhecimento dos pioneiros


e precursores, dos atuais exames e equipamentos voltados ao diagnóstico médico por meio da
radiação eletromagnética (ionizante ou não ionizante), faz-nos mergulhar num universo de pesquisa
científica e permite-nos um embasamento teórico que será utilizado em todas as disciplinas do curso
de especialização em Imaginologia.

Com uma visão focada no que de mais atualizado encontramos em exames de diagnóstico
por imagem, proponho aos senhores, o estudo sobre a história dos raios-X, medicina nuclear,
tomografia computadorizada e ressonância magnética, como também a instrumentação dos
quatro referidos exames.

A unidade sobre instrumentação foi criada criteriosamente visando a uma melhor assimilação, por
parte dos alunos, que poderão visualizar os equipamentos e suas peculiaridades externas e internas
que, muitas vezes, passam despercebidas na rotina prática clínica/hospitalar.

Desejo a todos um excelente e agradável estudo e muito sucesso no âmbito profissional.

Atenciosamente,

Prof. a Carla Cristina Lopes

Objetivos
»» Realizar uma rigorosa fundamentação sobre a história da radiologia e da
imaginologia, permitindo, assim, ao aluno um referencial cronológico de cada
método diagnóstico por imagem.

»» Promover um ensino de excelência na área de instrumentação biomédica, em


que serão detalhados os exames de: raios-X, medicina nuclear, tomografia
computadorizada e ressonância magnética.

7
8
RADIOLOGIA UNIDADE I

CAPÍTULO 1
A História da Radiologia

Radiologia mais de 1 século de história


A história da radiologia refere-se a um assunto de suma importância e de interesse que deve ser
lido e interpretado por todos os que, de alguma forma, se interessam por essa especialidade,
responsável pelas mudanças nos rumos da medicina mundial.

Biografia de Röntgen

Figura 1 – Wilhelm Conrad Röntgen (1845-1923).

Figura disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Radiologia>. Acesso em 22 ago. 2013.

Wilhelm Conrad Röntgen nasceu em 27 de março de 1845, em Lennep, Alemanha. Era filho único
de Friederich Conrad Röntgen, industrial e comerciante de tecidos, e Charlotte Röntgen. Quando
ele tinha três anos sua família se mudou para Apeldoorn na Holanda, próximo de onde moravam os

9
UNIDADE I │ RADIOLOGIA

seus avós maternos. Estudou na escola de Utrecht, de onde, entretanto, foi expulso acusado de ter
produzido uma caricatura de um dos professores. Seu pai o inscreveu num exame particular que lhe
permitiria ingressar na Universidade de Utrecht (FRANCISCO, F. C., 2005).

Röntgen preparou-se para tal exame por um ano e, às vésperas do teste, o examinador que
simpatizava com ele adoeceu e foi substituído por um dos professores que havia votado na sua
expulsão. No dia seguinte, foi reprovado. Como segunda opção, inscreveu-se na Escola Politécnica
de Zurique que aceitava estudantes menos qualificados desde que passassem num rigoroso teste de
admissão. Röntgen começou a estudar em Zurique, em 1865, e dois anos e meio depois recebeu o
diploma de engenheiro mecânico (FRANCISCO, F. C., 2005).

Já formado, passou a ser assistente do professor de física, Dr. August Kundt, nesta mesma instituição
(FRANCISCO, F. C., 2005).

Röntgen e Dr. Kundt reorganizaram o laboratório de física experimental. Kundt foi transferido
inicialmente para a Universidade de Wurzburg e depois, em 1874, para Estrasburgo, levando consigo
Röntgen. Seus trabalhos tratavam de calor específico dos gases, condutividade térmica dos cristais,
modificação dos planos da luz polarizada por influências eletromagnéticas, variações nas funções da
temperatura e da compressibilidade da água e de outros líquidos. Röntgen aceitou o cargo de professor
de matemática e química na Academia Agrícola de Hahenheim, em 1875, mas como não foi possível
realizar suas experiências, retornou a Estrasburgo, agora com o posto de Professor Associado de física
teórica podendo dedicar bastante tempo à investigação (FRANCISCO, F. C., 2005).

Assumiu o cargo de professor e diretor do Instituto de física da Universidade Hessian-Ludwigs, em


Giessen, 1879, e, em 1888, a Universidade de Utrecht, que o havia eliminado como aluno, ofereceu-
lhe a cátedra de física, mas Röntgen não a aceitou (FRANCISCO, F. C., 2005).

Em de outubro de 1888, Röntgen retornou à Universidade de Wurzburg, que dispunha de um


impressionante instituto de física e, em 1894, foi nomeado reitor da Universidade (FRANCISCO,
F. C., 2005).

O Descobrimento dos Raios-X


Em seu laboratório, em Wurzburg, Röntgen estava reproduzindo um trabalho de Lenard sobre raios
catódicos. Röntgen teve a ideia de observar se os raios catódicos se propagavam para fora da ampola
de Crookes. Ele sabia que isso somente seria possível se a ampola fosse envolta por um cartão preto e
se estivesse em um ambiente escuro, devido à sua intensa luminosidade (FRANCISCO, F. C., 2005).

Röntgen, no dia 8 de novembro de 1895, resolveu passar uma corrente elétrica pela ampola de
Crookes, e notou luminescência em uma placa de platinocianureto de bário que estava sobre a sua
mesa muito afastada para ragir aos raios catódicos. Ele repetiu várias vezes o experimento afastando
cada vez mais a placa de platinocianureto do tubo de descarga (ampola) (FRANCISCO, F. C., 2005).

Num segundo momento do experimento, ele colocou vários objetos entre o tubo e a tela, e praticamente
todos os objetos não alteravam a luminescência da tela. Ao segurar esses objetos entre o tubo e a

10
RADIOLOGIA │ UNIDADE I

tela, para testar os “raios novos”, viu os ossos de sua mão. Röntgen ficou entusiasmado e substituiu a
tela fluorescente por uma fotográfica e conseguiu produzir uma imagem. Estava convencido de que
havia descoberto uma nova forma de luz que os olhos eram incapazes de detectar. Pôde perceber
que apenas o chumbo e a platina barravam por completo a luminescência da tela (FRANCISCO, F.
C., 2005).

Por sete semanas trabalhou isolado e em segredo em seu laboratório para determinar a natureza
dos raios. Contou com a ajuda de sua esposa Anna Bertha, que servia as refeições no laboratório.
Inclusive ele chegou a passar esse período morando no laboratório (FRANCISCO, F. C., 2005).

Röntgen sabia que havia descoberto algo importante, mas precisava confirmar a validade de seu
experimento. Conversou com sua esposa e pediu para ela colaborar participando do método. Ele
imobilizou a mão de Anna Bertha entre a ampola (que emitia os raios) e uma placa fotográfica, e
pode observar a imagem das sombras dos ossos da mão e um anel que ela usava em um dos dedos,
cercado pelo contraste escuro das partes moles (músculos), os quais eram mais permeáveis aos
raios. Este foi o primeiro “rontgenograma” (FRANCISCO, F. C., 2005).

Figura 2 – Laboratório de Röntgen Figura 3 – Radiografia da mão de Anna Bertha

Figuras disponíveis em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Radiologia>. Acesso em 22 ago. 2013.

Figura 4 – Experimento de Röntgen.

Figura disponível em: <http://www.fazano.pro.br/port147.html>. Acesso em 22 ago. 2013.

11
UNIDADE I │ RADIOLOGIA

Propriedade dos Raios-X


Röntgen deu o nome de transparência à relação de brilho de uma tela fluorescente colocada
diretamente atrás da estrutura a ser estudada e de raios-X ao agente que emana da parede da ampola
de descarga. Ele mostrou que os “novos raios”, assim como a luz, podiam impressionar chapas,
propagar-se em linha reta, entretanto, não eram refletidos nem refratados. Tinham a capacidade
de atravessar muitos corpos opacos à luz. Observou também que a intensidade dos raios se reduz
proporcionalmente ao quadrado da distância entre a fonte e a tela (FRANCISCO, F. C., 2005).

Notou que os raios atravessavam facilmente um livro com 1.000 páginas e sofriam pouca atenuação
ao passar por uma tábua de madeira com 2 a 3 cm de espessura.

Ao utilizar uma folha de alumínio com poucos milímetros, os raios reduziam de forma importante
seus efeitos, porém não faziam com que a fluorescência desaparecesse totalmente. Eram barrados
por chapas de prata ou cobre com 1,5 mm de espessura (FRANCISCO, F. C., 2005).

Os “novos raios” não eram desviados por um campo magnético. Ao usar um ímã para desviar os raios
catódicos no interior do tubo, observou que os raios-X passavam a ser emitidos de outra região, que
correspondia ao novo ponto de incidência dos raios catódicos (FRANCISCO, F. C., 2005).

Röntgen concluiu que os “novos raios” não eram ultravioletas, pois não eram refratados
ao passarem do ar para outras substâncias, não eram polarizados, nem refletidos de forma
regular e que só a densidade dos materiais era capaz de influenciar sua observação (FRANCISCO,
F. C., 2005).

O Mundo Descobre os Raios-X


No dia 28 de dezembro de 1895, Röntgen entregou seu relatório preliminar ao presidente da
Sociedade de Física Médica de Wurzburg, e também radiografias experimentais da mão de sua
esposa. Enviou aos seus amigos uma carta em que relatava a descoberta dos “raios-X” e descreveu
algumas de suas propriedades.

Referiu também que o platinocianureto de bário não era a única substância que emitia luz quando
exposta aos raios-X e considerou de extrema importância o fato de que uma placa fotográfica
envolta em um papel grosso ou colocada no interior de uma caixa permitia que as imagens fossem
documentadas, inclusive à luz do dia (FRANCISCO, F. C., 2005).

Em primeiro de janeiro de 1896, Röntgen enviou cópias do artigo e de algumas radiografias a vários
físicos de renome e a informação sobre a sensacional descoberta chega a Z. K. Lecher, dono do
Jornal Viena Presse, que, na manhã seguinte, já publicou extensa reportagem sobre o trabalho de
Röntgen (FRANCISCO, F. C., 2005).

A Primeira Radiografia em Público


Na noite de 23 de janeiro de 1896, Röntgen apresentou seu experimento e deu uma palestra sobre
o assunto na Sociedade de Física Médica de Wurzburg, e radiografou a mão do famoso anatomista

12
RADIOLOGIA │ UNIDADE I

Albert Von Kolliker. Nesta reunião foi aprovada por unanimidade que os raios fossem chamados
de raios Röntgen não só por homenagear o seu descobridor como também por ele ter descrito suas
propriedades (FRANCISCO, F. C., 2005).

Os Raios Röntgen
Röntgen foi procurado por muitas pessoas para que suas novas descobertas fossem exploradas
comercialmente, porém, mantinha-se firme na tradição dos professores universitários alemães
que acreditavam que suas descobertas e invenções pertenciam à humanidade e de forma alguma
deveriam ser controladas por patentes e licenças (FRANCISCO, F. C., 2005).

Em fevereiro de 1896, Röntgen enviou ao Britist Medical Journal uma radiografia de um braço
fraturado para provar o extraordinário poder diagnóstico de sua descoberta. O trabalho foi
publicado na edição do mesmo mês e Röntgen aclamado como o descobridor de um milagre médico
(FRANCISCO, F. C., 2005).

Os Raios- X Incorporados à Prática Médica


Os médicos reconheceram imediatamente a importância da descoberta dos raios-X e sua prática
foi implementada rapidamente. A primeira radiografia diagnóstica, com uma fratura de Colles, foi
realizada nos Estados Unidos, em 3 de fevereiro de 1896, sendo creditada ao Dr. Edwin Geada
(1866-1935), (FRANCISCO, F. C., 2005).

Os Poderes Surpreendentes dos Raios


Em 1896, a utilidade dos raios-X para a medicina diagnóstica era inquestionável, e muitos médicos
da época acreditavam também que existisse uma ação curativa destes raios (FRANCISCO, F. C.,
2005).

Parte do equipamento de eletroterapia podia ser usada para gerar raios-X. Assim, pouco
tempo depois do anúncio do trabalho de Röntgen, Emil Grubbe, um eletroterapeuta de
Chicago, iniciou pesquisas sobre a irradiação terapêutica em uma mulher com câncer de
mama (FRANCISCO, F. C., 2005).

0utros pesquisadores encontraram resultados notáveis dos raios-X no tratamento


das lesões de superfície e de problemas da pele, assim como efeito bactericida e até para
depilação estética, possível efeito curativo de doenças como tuberculose e câncer (FRANCISCO,
F. C., 2005).

A possibilidade de curar doenças entusiasmou os médicos e a população da época, até a


descoberta dos efeitos biológicos maléficos causados pela exposição continuada aos raios-X
(FRANCISCO, F. C., 2005).

13
UNIDADE I │ RADIOLOGIA

Os Raios-X entram nos Hospitais


Alguns laboratórios equipados com aparelhos de raios-X se especializaram na radiologia médica e
pacientes começavam a ser encaminhados para estes estabelecimentos para a realização de estudos
por operadores experientes (FRANCISCO, F. C., 2005).

Criaram-se laboratórios dos raios-X dentro dos hospitais. A integração da radiologia na função
diária do hospital seguiria dois trajetos básicos diferentes em torno do mundo. Um deles consistia
na dedicação de médicos especializados e o outro na necessidade de documentação do exame ser
feita por “photographers” do hospital, os precursores dos técnicos de radiologia (FRANCISCO, F.
C., 2005).

Muitos hospitais, em 1905, passaram a ter os chamados Laboratórios de raios-X. As radiografias


eram feitas e interpretadas por médicos com treinamento especializado e muitos anos se passaram
até acontecer a legitimidade da necessidade de formação de médicos e técnicos especializados nesta
área (FRANCISCO, F. C., 2005).

O Terrível Poder dos Raios-X


Em fevereiro de 1896, houve muita relutância por parte dos médicos em acreditar nos efeitos
adversos causados pela exposição prolongada aos raios-X. Entre os sintomas adversos estavam
vermelhidão, depilação, infecção e descamação da pele. Alegava-se que não havia nenhuma razão
para supor que seus efeitos poderiam ser mais ou menos prejudiciais do que aqueles produzidos
pela eletricidade (FRANCISCO, F. C., 2005).

Em 1904, morre Clarence Dally, assistente de Thomas Edison, devido a queimaduras e a uma série de
amputações. Somente então os médicos se convenceram de que os raios poderiam ser fatais. Mesmo
assim, era difícil acreditar em um efeito carcinogênico dos raios-X (FRANCISCO, F. C., 2005).

Com o passar dos anos, os jornais começaram a publicar com certa regularidade notas sobre o
falecimento dos pioneiros da radiologia, associando o fato de que os novos raios assim como
ajudavam poderiam matar. A grande maioria desses pioneiros não acreditava nos efeitos
prejudiciais dos raios-X e, diariamente, expunham-se aos raios para posicionar pacientes,
calibrar aparelhos, calcular a dose necessária para produzir eritema fazendo isso em suas
próprias mãos (FRANCISCO, F. C., 2005).

Röntgen, por sua vez, sempre foi muito cuidadoso quanto à exposição aos raios-X. Ele acreditava
que tais raios não eram inócuos e não se tem relatos que ele teve qualquer lesão pelos raios-X
(FRANCISCO, F. C., 2005).

Prêmios e Homenagens
Em 1901, Röntgen ganhou o primeiro prêmio Nobel de Física. Absteve-se de procurar patentes ou
reivindicações do epônimo de sua descoberta.

14
RADIOLOGIA │ UNIDADE I

Em 1995, no centenário da descoberta dos raios-X, foi acatada a solicitação da Sociedade


de Física Médica de Wurzburg, que fosse impresso um selo comemorativo em homenagem a
Röntgen (FRANCISCO, F. C., 2005).

Últimos Anos de Röntgen


Röntgen aposentou-se em 1920, um ano após o falecimento de sua esposa, Anna Bertha. Em sua
solidão, Röntgen lia notícias de jornal para o retrado da esposa falecida (FRANCISCO, F. C., 2005).

Em 10 de fevereiro de 1923, o descobridor dos raios-X faleceu em Munique. Seu funeral reuniu
cientistas de toda a Alemanha e dos países vizinhos. Em seguida, conforme as instruções que deixou,
seu corpo foi cremado e seus papéis e correspondência pessoal, lançados às chamas (FRANCISCO,
F. C., 2005).

15
CAPÍTULO 2
A história da radiologia no Brasil

Radiologia no Brasil
Em 5 de novembro de 1896, a primeira tese sobre radiologia foi apresentada por Adolpho Carlos
Lindenberg, na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Este foi o primeiro relato deste porte feito
por um médico brasileiro sobre os raios-X e sua utilidade na medicina (CARVALHO, A. C. P., 2001).

Primeiro Aparelho de Raios-X do Brasil


Em 1897, o médico José Carlos Ferreira Pires compra o primeiro aparelho de raio-X, elaborado com
a supervisão de Röntgen. Este aparelho foi instalado na cidade de Formiga, Minas Gerais. Como
a cidade não dispunha de energia elétrica, inicialmente tentou-se a utilização de baterias e pilhas
de 0,75HP. Frustrado com os resultados, Dr. Ferreira Pires comprou um gerador de eletricidade a
partir de um motor a gasolina (FRANCISCO, F. C., 2006).

Em 1898, ele realizou a primeira radiografia para demonstração de um corpo estranho na mão
do então ministro Lauro Müller. O tempo para a realização de uma radiografia do tórax era
aproximadamente 30 minutos e do crânio, em torno de 45 minutos (FRANCISCO, F. C., 2006).

Primeira Aula de Radiologia no Brasil


Em 1903, o professor João Américo Garcez Fróes ministrou a primeira aula de radiologia para os
alunos do terceiro ano de medicina da Faculdade de Medicina da Bahia (FRANCISCO, F. C., 2006).

A Evolução da Radiologia no Brasil


O professor Roberto Duque Estrada fundou, em 1916, o primeiro curso de radiologia do Brasil. O
curso era constituído de 30 aulas teórico-práticas, ilustradas com material selecionado do arquivo
da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro. Em 1930, o radiologista Nicola Caminha, passou
a ser assistente do professor Duque Estrada (FRANCISCO, F. C., 2006).

Dr. Manoel Dias de Abreu, na Faculdade de Ciências Médicas, criou um exame por ele chamado de
Roentgenfotografia, apresentado à Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro em julho
de 1936. O exame tinha por princípio a fotografia do “écran” ou tela fluorescente. A documentação
era feita através de filme comum de 35 mm ou 70 mm. No ano de 1939, no I Congresso Nacional de
Tuberculose no Rio de Janeiro, a designação Abreugrafia foi aceita por unanimidade. A importância
de sua obra também levou à criação da Sociedade Brasileira de Abreugrafia, em 1957, e à publicação
da Revista Brasileira de Abreugrafia (FRANCISCO, F. C., 2006).

16
RADIOLOGIA │ UNIDADE I

Na década de 1940, Nicola Caminha já era conhecido pelo curso de especialização que
ministrava semanalmente em seu consultório, e o Dr. Emílio Amorim montava o seu primeiro
consultório, recebendo diversos colegas para troca de ideias sobre laudos (FRANCISCO, F.
C., 2006).

Dr. Amorim, em 1950, cria um estágio em radiologia em seu novo consultório, o seu primeiro
aluno foi Dirceu Rodrigues do Paraná, que frequentou sua clínica em 1950 e 1951. Nessa época,
os médicos clínicos criaram o hábito de frequentar os consultórios de Emílio Amorim e Nicola
Caminha para pedir opinião, esclarecer dúvidas e discutir casos clínicos (FRANCISCO, F.
C., 2006).

O primeiro programa de residência médica em radiologia no Brasil foi inaugurado em 1952 no


Hospital dos Servidores do Estado, pelo Dr. Nicola Caminha, auxiliado por Waldir Maymone e
tendo como alunos Alberto Álvares da Silva e Geraldo Uchoa (FRANCISCO, F. C., 2006).

A partir dos anos 1950, o ensino da radiologia dividia-se entre os grupos dos Drs. Emílio Amorim
e Nicola Caminha. O primeiro curso de radiologia pós-graduação do país a ser reconhecido pelo
Ministério da Educação foi o do Dr. Nicola Caminha.

Abércio Arantes Pereira consagrou-se como um dos principais radiologistas da área de ensino
dirigindo o Instituto Estadual de Radiologia Manoel de Abreu e depois o Serviço de Radiologia do
Hospital Universitário Clementino Fraga Filho. A Universidade Federal do Rio de Janeiro teve seu
Departamento de Radiologia oficialmente inaugurado em junho de 1972, tendo como seu primeiro
chefe o professor Nicola Casal Caminha (FRANCISCO, F. C., 2006).

Sociedade Brasileira de Radiologia


No dia 12 de dezembro de 1929, foi fundada a primeira sociedade de médicos radiologistas do Brasil
na sede da Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro e foi chamada “Sociedade Brasileira
de Radiologia e Eletrologia” (FRANCISCO, F. C., 2006).

No dia 2 de janeiro de 1930, foi eleita sua primeira diretoria, que tinha como presidente o Dr. Manoel
de Abreu, vice-presidente Roberto Duque Estrada, Adalto Botelho e o secretário-geral Alkindar
Monteiro Junqueira (FRANCISCO, F. C., 2006).

Em 25 de novembro de 1932, com um pequeno número de sócios e com grande carga de encargos e
impostos, a Sociedade foi fechada. No dia 17 de setembro de 1943, um novo grupo de radiologistas
liderados por Nicola Caminha reuniram-se com o propósito de reorganizar a antiga Sociedade
Brasileira de Radiologia e Eletrologia, sob o nome de “Sociedade Brasileira de Radiologia Médica”
(SBRM), também sediada no Rio de Janeira (FRANCISCO, F. C., 2006).

A nova sociedade teve como presidente o Dr. Manoel de Abreu e tinha como finalidades: promover
o progresso no domínio da radiologia como ciência e como prática profissional; estimular o estudo
dos problemas econômicos da prática da Radiologia; promover o consagramento, o estímulo, a
união e a leal cooperação entre os radiologistas (FRANCISCO, F. C., 2006).

17
UNIDADE I │ RADIOLOGIA

Em 8 de novembro de 1895, Röntgen descobre os raios-X e que tais raios


impressionavam chapas fotográficas, o que lhe permitiu fazer as primeiras
radiografias de partes do corpo humano.

Em 28 de dezembro de1895, Röntgen apresentou o primeiro relato de sua descoberta


à sociedade Físico-Médica de Würzburg (Alemanha) um relato detalhado de sua
descoberta apresentando uma radiografia da mão de sua esposa.

Em 1897, logo após a descoberta dos raios-X, a radiologia brasileira e sul-americana


teve início com o médico mineiro José Carlos Ferreira Pires, que trouxe para Formiga
– MG, o primeiro aparelho de raios-X da América do Sul.

Em 1937, Manuel Dias de Abreu (1892-1962) nascido em São Paulo desenvolveu


a Abreugrafia, um método rápido de cadastramento de pacientes para fazer
radiografias do tórax, tendo sido reconhecida mundialmente.

Em 15 de setembro de 1948, foi fundado em São Paulo, durante a realização da


primeira Jornada Brasileira de Radiologia, o Colégio Brasileiro de Radiologia.

A Radiologia é a parte da ciência que estuda órgãos e/ou estruturas por meio
da utilização dos raios-X, envolvendo um processo de revelação. No Brasil,
o Conselho Federal de Medicina reconhece a especialidade pelo nome de
“Radiologia e Diagnóstico por imagem’’ (FRANCISCO, F. C., 2006).

Por volta de 1970, por meio dos cateteres para angiografia, foi feita a oclusão de
vasos tumorais, surgindo, assim, a Radiologia Intervencionista e Terapêutica.

Atualmente, são utilizados cateteres que dilatam e desobstruem artérias coronárias


simplesmente passando-os pela artéria femoral do paciente com anestesia local,
evitando, assim, cirurgias extracorpóreas para desobstrução de artérias (famosas
pontes de safena).

Também na década de 1970, o engenheiro inglês, John Hounsfield desenvolveu


a Tomografia Computadorizada, um método de diagnóstico que gera imagens
transversais do corpo humano acoplando os raios-X a um computador (SANTOS,
Edvaldo S.; NACF, Marcelo S., 2009; LOPES,C. C., 2013).

Por volta de 1980, foi colocada em prática a Ressonância Magnética, ela obtém
imagens do nosso corpo similar à tomografia computadorizada, só que com várias
vantagens: Não utiliza radiação ionizante (GE, 2009).

18
CAPÍTULO 3
Os avanços no diagnóstico por
imagens médicas

A Radiologia Digital
O advento do computador e o rápido avanço da tecnologia digital provocaram uma verdadeira
revolução na área de diagnóstico por imagem, possibilitando a incorporação de diversas inovações,
que garantem exames com melhor qualidade de imagem, maior precisão de resultados e mais
conforto para os pacientes (DOMENICIS Jr., 2008).

Um dos muitos benefícios desse novo conceito é a possibilidade de se capturar, armazenar e


disponibilizar imagens digitalmente por meio de um sistema de banco de dados denominado PACS
(Picture Archiving and Comunication System).

Com isso, ganha-se maior velocidade na transmissão de dados, uma vez que médicos, hospitais,
clínicas ou centros de laudos podem ter acesso imediato aos exames dos pacientes por meio da
internet ou de sistemas de compartilhamento, o que agiliza o diagnóstico e a escolha do melhor
tratamento. Além disso, graças à maior sensibilidade dos detectores de imagens presentes nos
equipamentos hoje utilizados, temos exames cada vez mais rápidos e menor exposição do paciente
à radiação (DOMENICIS Jr., 2008).

O advento da radiologia digital permitiu também a manipulação das imagens pelo computador.
Dessa forma, é possível melhorar a qualidade do material por manipulação digital, evitando
a repetição do exame e a exposição do paciente à nova dose de radiação (DOMENICIS
Jr., 2008).

Outra vantagem dessa tecnologia é o armazenamento seguro e duradouro dos exames, que podem
ser arquivados em mídias digitais (CD ou DVD) ou mesmo em servidores específicos (datacenters),
eliminando-se a necessidade de grandes áreas físicas para a guarda dessa documentação. Com isso,
podemos também consultar exames anteriores do paciente quase que instantaneamente, criando-
se um histórico mais completo desse indivíduo, o que facilitará o diagnóstico e o acompanhamento
evolutivo de doenças (DOMENICIS Jr., 2008).

Histórico da Tomografia
Godfrey N. Housfield (1919-2004), em 1967 na Inglaterra, iniciou suas investigações sobre o
reconhecimento de imagens e técnicas de armazenamento de dados em um computador, tendo
como objetivo avaliar as medidas de transmissão de raios-X através de um corpo. Ainda em 1967,

19
UNIDADE I │ RADIOLOGIA

na Inglaterra, junto com o Dr. Ambrose, realizou um estudo de um cérebro humano, conseguindo
visualizar um tumor cerebral. O sistema empregado para a obtenção das imagens foi por eles
denominado como Tomografia Computadorizada. Em setembro de 1971, em Londres, Dr. Ambrose
realizou o primeiro exame de crânio (SOARES, F. A.; LOPES, H. B., 2000).

O método de diagnóstico por imagem obteve grande repercussão, particularmente pelas suas
propriedades de avaliação de tecidos moles como os músculos, as vísceras e o parênquima
cerebral, até então difíceis de serem demonstrados. Em 1974, a técnica tomográfica foi ampliada
e passou também a ser utilizada nos demais sistemas e órgãos do corpo humano (NOBREGA,
A., 2005).

Hounsfield, diante do recebimento de inúmeros prêmios de entidades físicas, médicas e sociais,


chegou ao prêmio Nobel em medicina no ano de 1979, compartilhando o prêmio junto ao Dr.
Comark, que também desenvolveu este projeto. A medicina pôde assim contar com um método
pouco invasivo para confirmar hipóteses diagnósticas de afecções das diversas partes do corpo e
indicar o tratamento com maior segurança (SOARES, F. A.; LOPES, H. B., 2000).

Desde o início da década de 1970, com a realização dos primeiros exames


de tomografia em Londres com um tomógrafo de primeira geração e a
comercialização de tomógrafos de terceira geração no Brasil, no final da década
de 1980, este método de diagnóstico sofreu um grandioso avanço tecnológico
o que permite hoje a realização de exames com máxima qualidade de imagens
diagnósticas.

A Evolução dos Tomógrafos

Primeira Geração de Tomógrafos

Exposto à sociedade científica em 1972 por, Godfrey N. Housfield pela EMI Ltda., empresa a qual ele
pertencia, o tomógrafo de primeira geração apresentava uma ampola de anodo fixo com feixe linear
de RX e um detector. Utilizava um sistema de rotação-translação do conjunto ampola-detector. O
padrão de varredura destes tomógrafos consistia numa translação de tubo de raios-X e do detector
em conjunto, seguida de uma pequena rotação. O procedimento era repetido até completar 180º.
Uma radiação X de feixe muito estreito (feixe linear ou em lápis) varria o corpo do paciente em meia
volta (180º) com passo de 1º (LOPES, C. C., 2013).

O tempo de aquisição de um único corte tomográfico era geralmente de 5 minutos, e um estudo


completo do crânio (20 cortes) frequentemente durava mais de uma hora e meia (LOPES, C.
C., 2013).

20
RADIOLOGIA │ UNIDADE I

Figura 4 – Sistema de detecção rotação-translação simples.

Ampola de
raios x

Detector de
Raios-X
raios x

Figura adaptada e disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/22717323/ Material-Didatico-Tomografia-Cefet>. Acesso em 26 ago. 2013.

Segunda Geração de Tomógrafos


Os equipamentos de segunda geração começaram a ser fabricados por algumas empresas em 1974.
Possuíam ampola de anodo rotatório, com feixe de RX em leque com ângulo de abertura de 10º e
cerca de 30 detectores. Ao invés de um detector (como os tomógrafos da primeira geração), tinham
um conjunto de detectores (30) posicionados estrategicamente do outro lado do tubo de raios-X, de
maneira que um feixe de raios-X formava um leque e não mais uma linha única (feixe linear ou em lápis)
de aquisição de dados. Mantiveram ainda as dificuldades dos movimentos mecânicos de translação e
limitações de velocidade (tempo de varredura de cada corte 20 segundos) (LOPES, C. C., 2013).

Porém, ainda assim, somente de maneira precária se conseguia fazer estudos de abdome e tórax,
pois era impossível o paciente conseguir fazer uma apneia durante o scaneamento de todos os cortes
de um exame de tórax ou abdome. Estudo limitado a exames de crânio, coluna e musculoesquelético
(LOPES, C. C., 2013).

Figura 5. Sistema de rotação-translação com múltiplos detectores

Detectores
de raios x

Figura adaptada e disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/22717323/ Material-Didatico-Tomografia-Cefet>. Acesso em 26 ago. 2013.

21
UNIDADE I │ RADIOLOGIA

Terceira Geração de Tomógrafos


Os tomógrafos da terceira geração surgiram entre 1975-1977. Nestes tomógrafos, o movimento
de translação foi eliminado, mantendo-se apenas o movimento de rotação e o feixe de raios-X
foi ampliado em leque mais largo envolvendo toda a circunferência do paciente. Graças às novas
tecnologias do tubo de raios-X e o grande aumento no número de detectores (200 a 1.000),
mudando-se completamente a geometria de varredura (LOPES, C. C., 2013).

Os detectores eram dispostos em oposição ao tubo de raios-X e rodavam em conjunto ao redor do


paciente em um ciclo de 360° completo gerando um corte. Reduziu-se o tempo de varredura de um
corte para em média 4 segundos, e houve uma melhora na qualidade da imagem (LOPES, C. C., 2013).

Figura 6 – Sistema de rotação com detectores móveis.

Detectores
de raios x

Figura adaptada e disponível em:<http://pt.scribd.com/doc/22717323/ Material-Didatico-Tomografia-Cefet>. Acesso em 26 ago. 2013.

Quarta Geração de Tomógrafos


Em abril de 1976, a firma AS&E introduziu o conceito de tomógrafo de quarta geração, que consistia
em um tubo de raios-X, com movimento de rotação dentro de um conjunto fixo de detectores
3.000 a 4.800 detectores circundando completamente o paciente. Estes tomógrafos, contudo,
devido a problemas de tecnologia dos computadores e dos detectores, matemática de reconstrução,
processamento dos sinais e tubos de raios-X, só puderam entrar efetivamente em uso por volta de
1981 (LOPES C. C., 2013).

Nas máquinas de quarta geração, durante o exame, o gantry descreve uma volta completa de 360º
em torno do paciente, com a ampola emitindo raios-X que, após atravessarem o corpo do paciente,
são captados na outra extremidade pelos detectores (LOPES, C. C., 2013).

Esses dados são, então, processados pelo computador, que analisa as variações de absorção ao
longo de secção observada, e reconstrói esses dados sob a forma de uma imagem. A mesa de exame
avança então mais um pouco, repetindo-se o processo para a obtenção de uma nova imagem, alguns
milímetros ou centímetros mais abaixo (LOPES, C. C., 2013).

22
RADIOLOGIA │ UNIDADE I

A tomografia realizada com aparelhos de quarta geração também é conhecida por tomografia
computadorizada, tomografia convencional e principalmente por tomografia axial (LOPES, C. C., 2013).

Rotineiramente o plano de estudo é axial, podendo ser feito corte coronal nas extremidades e no crânio,
porém é necessário, para fazer os cortes coronais puros (sem reconstrução pós-aquisição da imagem
axial), reposicionar-se o paciente na mesa de exame. Nestes aparelhos de quarta geração, quando
necessário se fazer reconstruções coronais, as mesmas eram grosseiras e com baixa resolução espacial
e pouca definição. Geralmente se evitava fazer reconstruções nestes aparelhos e optava-se por alterar a
posição do paciente na mesa de exame para conseguir o plano coronal ou o sagital (LOPES, C. C., 2013).

A espessura do corte é dada pela abertura do colimador podendo variar dependendo da região do
corpo e da estrutura a ser estudada. Para um exame de tórax, usava-se fazer cortes de 10 mm com 10
mm ou 5 mm com 7. Contudo, grandes volumes corporais, como tórax e abdome, podiam somente ser
examinados através de cortes individuais (tomogramas) e, dependendo da quantidade de imagens,
os pacientes permaneciam durante muito tempo na mesa de exame, sendo aproximadamente 30
minutos para um estudo completo de abdome (LOPES, C. C., 2013).

Se o deslocamento da mesa de exame que determina se vai ocorrer intervalo entre


os cortes, superposição de cortes ou se os cortes serão contíguos (sem intervalo),
é muito importante compreender que: Se optarmos por usar cortes de 10 mm de
espessura e deslocarmos o paciente 10 mm, os cortes serão contíguos. Se definirmos
que os cortes sejam com a espessura de 10 mm e deslocarmos a mesa de exame 15
mm, teremos um intervalo de 5 mm entre um corte e outro e ainda se utilizarmos
cortes com a espessura de 5 mm e deslocarmos a mesa de exame com o paciente 3
mm teremos superposição de cortes (LOPES, C. C., 2013).

Na rotina, geralmente, eram feitos os cortes contíguos, mas eram usados intervalos
nos longos exames de triagem de neoplasia, com estudo combinado de tórax
e abdome. A superposição era usada quando se precisava de alto detalhe em
reconstruções nos planos sagital ou coronal (LOPES, C. C., 2013).

Figura 7 – Sistema de rotação com detectores fixos.


Detectores
de raios x

Figura adaptada e disponível em:<http://pt.scribd.com/doc/22717323/ Material-Didatico-Tomografia-Cefet>. Acesso em 26 ago. 2013.

23
UNIDADE I │ RADIOLOGIA

Quinta Geração de Tomógrafos


Os tomógrafos da quinta geração também são conhecidos por tomógrafos espirais ou helicoidais.
Foram elaborados no início da década de 1990 e os primeiros aparelhos começaram a ser instalados
em hospitais e clínicas no Brasil, em substituição aos aparelhos de quarta geração a partir de 1998,
principalmente nos grandes centros de referência médica (LOPES, C. C., 2013).

Com esse sistema helicoidal, o paciente deitado na mesa de exame é movido de forma contínua e
lenta através da abertura do gantry, durante o movimento circular de 360° do tubo de raios-X e dos
detectores, criando um tipo de obtenção de dados helicoidal ou espiral. Dessa forma, um volume
de tecido é examinado e dados são coletados em vez de cortes individuais como em outros sistemas
(LOPES, C. C., 2013).

A ampola de raio-X apresenta um giro continuo, a mesa faz movimentos de translação com aquisições
de imagens simultâneas. Os tubos são mais resistentes e dependentes de um poderoso suprimento de
alta voltagem. Os detectores são de cristais de cintilação ou de câmaras de ionização e possui maior
capacidade para a captação de fótons de raios-X. É capaz de adquirir dados de grandes volumes, até
mesmo um metro de extensão corporal em apenas 32 segundos para obtenção de aproximadamente
100 imagens (LOPES, C. C., 2013).

Na tomografia helicoidal ou de quinta geração, além do tubo de raios-X e dos


detectores girarem, a mesa também é deslocada e a trajetória do feixe de raios-X
ao redor do corpo é em hélice ou espiral. A hélice é possível porque a mesa do
paciente, em vez de ficar parada durante a aquisição, durante o corte, como ocorre
na tomografia convencional (quarta geração), avança continuamente durante
a realização dos cortes. Na tomografia convencional, a mesa anda, e a cada novo
corte. Na helicoidal, ela avança continuamente enquanto os cortes são realizados
(LOPES, C. C. 2013).

Pelo fato da mesa de exame se mover ao mesmo tempo em que a ampola de raios-X
emite os raios-X, a imagem obtida parte de uma espiral, ao invés de um círculo (como
a quarta geração). A apresentação da imagem não muda, entretanto, continuamos
a fotografar uma fatia circular. O que ocorre é que o computador interpola parte da
imagem de uma espiral com parte da seguinte, formando uma imagem como a do
corte circular (LOPES, C. C., 2013).

O que muda com a técnica helicoidal é o ganho de velocidade na varredura de um


exame. Essa velocidade de aquisição de imagens, por meio de uma série de cortes,
permite que o paciente faça uma apneia de, por exemplo, 30 segundos, enquanto
todo o seu tórax é scaneado sem interferência de movimentos respiratórios. Não
havendo movimento respiratório, a reconstrução das imagens axiais nos planos
coronal e sagital é muito melhor (sem degraus ou desalinhamento entre os cortes)
(LOPES, C. C., 2013).

Outras vantagens deste método helicoidal: A dose de contraste endovenoso, utilizado em alguns
exames, pode ser reduzida devido ao curto tempo de realização do exame (LOPES, C. C., 2013).

24
RADIOLOGIA │ UNIDADE I

Permite avaliar diferentes fases da passagem do contraste pelas vísceras, é muito importante
que essa rapidez permita a realização da fase arterial e portal do contraste nas artérias. Com os
tomógrafos de quarta geração, a fase arterial não era possível e algumas vezes nem a fase portal
restando apenas o contraste na fase de homogeneização. Não há espaçamento entre os cortes
aumentando a capacidade de diagnosticar pequenas lesões (LOPES, C. C., 2013).

Figura 8 – Rotação do tubo de raio-X na TC helicoidal.

Detectores de
raios-X x
Tubo de raios-X x

Figura adaptada e disponível em:<http://pt.scribd.com/doc/22717323/ Material-Didatico-Tomografia-Cefet>. Acesso em 26 ago. 2013.

»» Tomógrafos da primeira geração: sistema de detecção rotação-translação


simples.

»» Tomógrafos da segunda geração: sistema de rotação-translação com


múltiplos detectores.

»» Tomógrafos de terceira geração: sistema de rotação com detectores móveis.

»» Tomógrafos de quarta geração: sistema de rotação com detectores fixos.

»» Tomógrafos de quinta geração: rotação do tubo de raios-X com movimento


simultâneo da mesa de exame.

Sexta Geração (Tomógrafo Multislice)


Em 1998, iniciou-se a comercialização dos equipamentos de tomografia computadorizada
denominados dual slice que após um disparo da ampola de raios-X fornece duas imagens.
Posteriormente surgiram os aparelhos de múltiplos detectores, ou mais popularmente conhecidos
por tomografia multislice ou apenas, multislice. O primeiro desta categoria foi o tomógrafo multislice
de quatro canais, capaz de obter imagens de quatro cortes simultaneamente. Esses tomógrafos
começaram a ser adquiridos pelos principais hospitais de referência em São Paulo e no Brasil no
ano de 2000 (LOPES, C. C., 2013).

25
UNIDADE I │ RADIOLOGIA

Esses aparelhos ou scanners de sexta geração possuem a mesma capacidade helicoidal e com quatro
bancos ou fileiras paralelos de detectores, capazes de obter quatro cortes de TC em uma rotação do
tubo de raios-X (LOPES, C. C., 2013).

A sexta geração de tomógrafos inicia com aparelhos multislice com quatro conjuntos de detectores
de raios-X, ou seja, a cada corte realizado se adquiria quatro imagens ao invés de uma única imagem
conseguida pelos aparelhos espirais de quinta geração (LOPES, C. C., 2013).

Estes aparelhos multislice com quatro detectores começaram revolucionar a técnica de aquisição
de imagens no início dos anos 2000, sendo na época, objeto de constantes pesquisas voltadas
principalmente para a redução nos tempos dos exames, alta qualidade nas resoluções das imagens,
redução à exposição do paciente à radiação. Outra modificação importante introduzida nos
tomógrafos de múltiplos detectores (multislice), diz respeito à velocidade de rotação do gantry
muito superior aos aparelhos de gerações anteriores (LOPES, C. C., 2013).

Os aparelhos single slice helicoidais (uma imagem por corte), de uma forma geral, têm tempo de
rotação do gantry de 1 segundo, enquanto alguns aparelhos com múltiplos detectores multislice
oferecem um tempo de rotação de até 0,5 s gerando quatro cortes a cada rotação com a metade do
tempo de corte, tornando-se até oito vezes mais rápidos em comparação aos tomógrafos helicoidais
(LOPES, C. C., 2013).

Ainda no início da década de 2000 (entre os anos de 2001 e 2004), os tomógrafos multislice foram
disparando em avanço tecnológico e foram lançados aparelhos multislice com oito conjuntos de
detectores de raio-X capazes de, a cada corte, gerar oito imagens; aparelhos com 16 conjuntos de
detectores de raios-X capazes de, a cada corte, gerar 16 imagens e aparelhos com 32 conjuntos,
fileiras ou anéis de detectores de raios-X capazes de, a cada corte, gerar 32 imagens (LOPES, C.
C., 2013).

Figura 9 – Representação dos detectores de RX de tomógrafos: (A) Detector de tomógrafo de quinta geração
(helicoidal); (B) detector de raios X de tomógrafo multislice com um conjunto de quatro canais; (C) detector de
tomógrafo multislice com um conjunto de 8 canais e (D) detector de tomógrafo multislice com um conjunto
de 16 canais

A B C D
Figura adaptada e disponível em: <http://www.acbo.org.br/revista/biblioteca/tomografia/>. Acesso em: 26 ago. 2013.

26
RADIOLOGIA │ UNIDADE I

Bases Físicas da Tomografia Computadorizada. Disponível em: <http://www.siemens.


co.ao/pool/about_us/radiology/bases.pdf>. Multislice Tomografia Computadorizada.
3. ed. São Paulo: Revinter, 2011.

Em meados de 2005, surge o primeiro aparelho multislice com 64 canais de detectores de


raio-X capazes de a cada corte gerar 64 imagens. É muito importante ressaltar que a partir do
aparelho multislice 64 houve um imensurável avanço na qualidade das imagens por tomografia
computadorizada pelo fato da redução do tempo de aquisição das imagens. Foi a partir deste
aparelho chamado informalmente na época apenas por 64 que houve a possibilidade de ser obter
imagens cardíacas de alta qualidade, sem a interferência de artefatos de movimentos dos músculos
cardíacos, servindo como um método alternativo da angiografia coronariana convencional com
aquisições sincronizadas com o eletrocardiograma (LOPES, C. C., 2013).

Uma segunda vantagem relacionada à velocidade de obtenção de imagens é a capacidade de adquirir


um grande número de cortes finos rapidamente. Essa velocidade, por exemplo, torna possível a
angiografia por TC com doses menores do contraste exigido; ou um exame de abdome completo
por TC é possível com cortes muito finos de 2 a 3 mm, em um tempo de exame razoavelmente curto
(LOPES, C. C., 2013).

Com a implementação dos tomógrafos multislice, o tempo de exame diminuiu muito, mas a
quantidade de imagem gerada era muito grande para cada exame. Essas imagens precisavam ser
processadas, ou seja, após o exame era feito o pós- processamento de imagem para as mesmas serem
fotografadas em filmes com 12, 16, 20, 24 ou outras configurações dependendo da região do corpo a
ser estudada e gravada em CD-Room para serem entregues ao paciente (LOPES, C. C., 2013).

As estações de trabalho, workstations, não são mais consideradas como um console acessório, e
sim um instrumento fundamental na transformação da imagem axial para a imagem volumétrica,
que pode ser apresentada com reconstruções multiplanares (coronais, sagitais e oblíquos).
Tridimensionais, como o “volume rendering”, o MIP (maximum intensity projection) e o MinIP
(minimum intensity projection). As reconstruções em qualquer plano de corte podem chegar a uma
resolução igual à do plano axial (LOPES, C. C., 2013).

A chamada resolução isotrópica está associada com a situação em que se obtêm reconstruções
multiplanares com uma resolução espacial semelhante à do corte original, utilizando-se cortes
ultrafinos de 0,5 mm para o estudo de pequenas partes do corpo. As imagens podem ser reconstruídas
em qualquer plano de corte, podendo chegar a uma resolução igual à do plano axial, nos demais
planos (LOPES, C. C., 2013).

A Tomografia Computadorizada Multislice representa uma grande evolução em relação à Tomografia


Computadorizada Convencional. Seu grande diferencial consiste na aquisição de imagens com
espessuras submilimétricas no plano axial e a reconstrução dessas imagens nos outros planos:
sagital, coronal ou 3D (LOPES, C. C., 2013).

Com este aparelho é possível obter imagens com cortes finíssimos de apenas 0,5 mm, proporcionando
diagnósticos mais seguros. As reconstruções podem ser feitas em 3D e em 4D (3D em forma de
vídeo) coloridas, o que melhora na avaliação dos volumes (LOPES, C. C., 2013).

27
UNIDADE I │ RADIOLOGIA

A partir do ano de 2007, as três empresas mais importantes na área de equipamentos médicos-
diagnósticos em imagem (Siemens, GE e Philips) disponibilizam primeiramente para comercialização
o aparelho multislice com 128 canais e na sequência os aparelhos com 256 canais (LOPES, C. C., 2013).

No ano de 2010, é lançado para comercialização no Brasil o aparelho de tomografia computadorizada


multislice com 320 canais. Este aparelho é considerado até hoje (2013) o que existe de mais alta
tecnologia em tomografia computadorizada no mundo representando maior agilidade na execução
do exame diagnóstico (LOPES, C. C., 2013).

Há 15 anos, quando o primeiro tomógrafo multislice de quatro detectores, começou a ser


comercializado, houve um vasto avanço desta tecnologia até a chegada em 2010 dos tomógrafos de
320 detectores (LOPES, C. C., 2013).

Os tomógrafos de 320 detectores combinam maior rapidez na obtenção de imagens com níveis
menores de radiação. O equipamento, torna possível o procedimento 3 vezes mais rápido que os
similares e, por isso, proporciona mais conforto e segurança para os pacientes (LOPES, C. C., 2013).

Ideal para exames cardiológicos e oncológicos. Este aparelho possibilita examinar todo o tórax e
as artérias coronárias em menos de 1 segundo,  com baixa dose de radiação. Este fato permite a
realização do exame, por exemplo, em crianças sem sedação ou anestesia. A exclusiva tecnologia
4D Spiral permite aquisições dinâmicas de até 48 cm de cobertura do corpo e um sistema inovador
garante a redução do ruído durante o procedimento. Para evitar a exposição desnecessária de
órgãos sensíveis à radiação, foi desenvolvido o sistema X-CARE que inibe em até 40% a emissão
de raios-X sobre órgãos sensíveis como: mamas, tireoide e cristalinos, mantendo a qualidade da
imagem. Para exames de tórax e abdome essa redução pode chegar de 50% a 60%, dependendo do
paciente (LOPES, C. C., 2013).

O novo equipamento, além da baixa radiação e pequena quantidade de contraste venoso, é ideal
para avaliar a anatomia e o grau de comprometimento das artérias coronárias, permitindo ao
cardiologista um melhor diagnóstico e controle da doença coronária obstrutiva (LOPES, C. C., 2013).

Existe também um modelo de tomógrafo multislice com 128 canais, que conta com duas ampolas
raio-X (dual source) e dois detectores de 64 canais cada (LOPES, C. C., 2013).

Os estudos e as pesquisas na área de diagnóstico por imagem em tomografia avançam continuamente


e muito possivelmente novos aparelhos mais aprimorados surgirão nos próximos anos (LOPES, C.
C., 2013).

Tomógrafos Especializados

Cone Beam

A tomografia computadorizada de feixe cônico, também conhecida como Cone Beam, foi criada
para uso odontológico. Foi utilizada de maneira mais frequente pela odontologia a partir do final da
década de 1990 pelos cirurgiões bucomaxilos faciais e pelos implantodontistas (HATCHER, D. C.;
ABOUDARA, C. L., 2004).

28
RADIOLOGIA │ UNIDADE I

A TC Cone Beam utiliza raio-X e permite obter a reprodução do complexo maxilomandibular em


qualquer um dos três planos do espaço (HATCHER, D. C.; ABOUDARA, C. L., 2004).

Atualmente os recursos deste exame (imagem volumétrica, largura e profundidade) são utilizados
por todas as especialidades da odontologia trazendo para próximo do cirurgião dentista a
possibilidade de visualizar mais do que uma periapical ou radiografia panorâmica pode lhe
oferecer. Hoje, fraturas, perfurações endodônticas, perdas ósseas, patologias do complexo
maxilomandibular, localização de terceiros molares e supranumerários e cortes nos três planos
para cefalometria são facilmente identificadas pelo equipamento (SCARFE, W. C.; FARMAN, A.
G.; SUKOVIC, P., 2006).

A vantagem da Tomografia Computadorizada Cone Beam é a imagem volumétrica, sendo o feixe de


raio-X em forma de cone, daí o nome Cone Beam. Enquanto na tomografia médica ou Fan Beam,
a aquisição é por planos, na Cone Beam a aquisição é feita em um único volume que depois será
processado na workstation, que fará as reconstruções conforme seja solicitado pelo radiologista.
Isto faz com que a dose de exposição ao paciente seja bem menor, similar a do exame periapical da
boca toda (HATCHER, D. C.; ABOUDARA, C. L., 2004).

Figura 10 –Tomógrafo Cone Beam.

Figura disponível em: <http://www.kavo.com.br/PT/Produtos/Linha-de-Imagem/Tom% C3%B3grafos/i-CAT.aspx>. Acesso em: 26 ago. 2013.

Ultra-fast CT

Os aparelhos Ultrafast CT ou Electron Beam Computed Tomography (EBCT) Score de Cálcio


Coronário são utilizados para detectarem o risco do infarto e morte súbita. O aparelho identifica
a existência de cálcio numa placa obstrutiva de aterosclerose em pessoas aparentemente saudáveis,
a partir de 30% de oclusão. Este exame é feito em cerca de 15 minutos e não é invasivo, ou seja, não
exige procedimento cirúrgico. O número deste aparelho é muito pequeno no Brasil em relação aos
tomógrafos multislice (LOPES, C. C., 2013).

29
UNIDADE I │ RADIOLOGIA

História da Ressonância Magnética


A história da ressonância magnética inicia-se por volta de 1937 quando o físico russo Isidor I.
Rabi, trabalhando nos Estados Unidos da América, descobriu um fenômeno importante, em que
denominou de ressonância magnética nuclear. Naquela época já era conhecido que os prótons
contidos nos núcleos de átomos tinham um movimento em torno do próprio eixo, denominado
de spin. Como os prótons e os elétrons em suas órbitas ao redor do núcleo de átomos formam um
dipolo elétrico, e estes dipolos estão em constante movimento, gera-se também um dipolo magnético
(PHILIPS, 2007).

Rabi descobriu que submetendo uma substância, como, por exemplo, o hidrogênio a um forte
campo magnético externo, os dipolos magnéticos nucleares alinhavam-se todos às linhas desse
campo (precessão) e podiam absorver energia rádio magnética externa proporcional à intensidade
do campo magnético. O que ele chamou de fenômeno da ressonância (PHILIPS, 2007).

Rabi observou, também, que quando cessado o campo magnético aplicado, os dipolos retornavam
ao seu movimento aleatório e durante esse relaxamento devolviam a energia absorvida na forma
de ondas eletromagnéticas cuja frequência era típica de cada tipo de átomo. Ao analisar o espectro
dessas frequências, Rabi era capaz de medir a quantidade de cada átomo na amostra, criando um
novo método de análise molecular que foi chamado de espectroscopia de ressonância magnética
nuclear (PHILIPS, 2007).

O método utiliza a emissão de sinais de rádio de baixa intensidade quando átomos sofrem a ação
de um campo magnético muito forte. Este processo foi demonstrado pela primeira vez, em 1946, de
maneira independente, pelos físicos Felix Bloch (1905-1983), e Edward Mills Purcell (1912-1997), os
quais receberam o Prêmio Nobel de Física, em 1972, pela descoberta (TUOTO, E. A., 2006).

Figura 11 – Precursores da Ressonância Magnética.

Isidor Isaac Edward Mills Purcell Felix Bloch

Figura disponível em: <https://sites.google.com/site/radiologiaminhameta/home/ressonncia-magntica>. Acesso em 24 ago. 2013.

Durante as décadas de 1950 e 1960, a RM foi utilizada simplesmente como ferramenta analítica
para os químicos e os físicos no estudo da estrutura, configuração e processos de reação química
(PHILIPS, 2007).

Em 1970, o método médico estadunidense Raymond Vahan Damadian descobriu que a


ressonância magnética podia ser usada como ferramenta diagnóstica por meio de estudos com

30
RADIOLOGIA │ UNIDADE I

tecidos cancerosos, os quais exibem sinais mais longos do que os de tecidos sadios. Damadian
concluiu que diferentes enfermidades afetam a duração dos sinais de maneiras diversas (TUOTO,
E. A., 2006).

O químico americano Paul Christian Lauterbur aperfeiçoou a descoberta de Damadian em 1971,


criando a técnica dos gradientes que está em uso até hoje. (TUOTO, E. A., 2006).

Mais tarde, o físico britânico Sir Peter Mansfield demostrou como os sinais da ressonância magnética
poderiam ser processados matematicamente para a geração de uma imagem tridimensional
(TUOTO, E. A., 2006).

Figura 12 – Precursores da Ressonância Magnética.

Paul Lauterbur Sir Peter Mansfield Raymond Damadian

Figura disponível em: <https://sites.google.com/site/radiologiaminhameta/home/ressonncia-magntica>. Acesso em: 24 ago. 2013.

Em 1973, Paul Lauterbur apresentou ao mundo a primeira imagem por ressonância magnética
de um organismo vivo, um molusco encontrado por sua filha em uma praia em Nova York, EUA
(TUOTO, E. A., 2006).

Em 1976, Peter Mansfield e seus colegas, em Nottinghan, criaram as primeiras imagens de uma
parte do corpo: uma imagem de corte transversal de um dedo da mão. Foram chamadas de imagens
por ressonância magnética, ao invés de ressonância nuclear magnética. A diferença seria que
a ressonância nuclear magnética ocorre quando um núcleo é colocado no campo magnético e é
varrido por uma radiofrequência o que leva o núcleo a defletir sua magnetização. Já a imagem
por ressonância magnética é muito similar, porém mais complexa na sua aplicação. Nela, a origem
geométrica das ressonâncias emitidas por estes núcleos transformados é detectada e calculada por
uma análise de transformação de Fourrier (PHILIPS, 2007).

Em 1977, foi mostrada por Peter Mansfield imagens de RM de tórax, de cabeça e de abdome em 1978
(PHILIPS, 2007).

Raymond Damadian concluiu a construção da primeira máquina de ressonância magnética de


corpo inteiro da história em 1977. Realizou, em 3 de julho de 1977, o primeiro exame de ressonância
magnética do corpo humano (em um paciente portador de câncer). Esta foi a primeira imagem de
ressonância magnética do corpo humano da história (PHILIPS, 2007).

31
UNIDADE I │ RADIOLOGIA

A imagem original da primeira RM de corpo inteiro da história foi doada à Smithsonian Institution
e, atualmente, encontra-se em exposição no National Inventors Hall of Fame, em Ohio EUA
(PHILIPS, 2007).

Damadian foi o primeiro a reconhecer a utilização da ressonância magnética no diagnóstico médico,


enquanto Lauterbur e Mansfield foram os responsáveis pelo aperfeiçoamento funcional do método
(PHILIPS, 2007).

Damadian fundou uma empresa chamada Fonar que, em 1980, lançou a primeira máquina
a ser comercializada no mundo. Seu protótipo foi parar num museu de História Americana em
Washington nos Estados Unidos (PHILIPS, 2007).

Após a construção do primeiro equipamento de RM de corpo inteiro com magneto supercondutor,


foi rapidamente reconhecida sua melhor qualidade na geração de imagens de tecidos moles com
contraste superior ao obtido por outras técnicas. Por volta de 1983, os contínuos desenvolvimentos
em hardware e software resultaram na confecção de sistemas de geração de imagens de corpo
inteiro por RM, capazes de produzir imagens de alto contraste (PHILIPS, 2007).

No ano de 1990, dois pesquisadores americanos, Seiji Ogawa e John W. Belliveau conseguiram
demonstrar que o nível de oxigenação do sangue funcionava como agente de contraste em imagens
de RM. Conseguiram formar imagens da microvasculatura cerebral sofrendo alterações de fluxo
induzidos por anestésicos, hipoglicemia que alteravam o fluxo cerebral. Com essa técnica, começou-se
a desenvolver a ressonância magnética funcional (PHILIPS, 2007).

Por volta de 1992, o grupo de Ogawa e Belliveau conseguiu demonstrar que a RM poderia ser
usada para estudar a ativação cerebral de indivíduos. No método usado, inicialmente se fazia uma
imagem de RM do cérebro de um indivíduo em repouso e depois eram repetidas estas imagens
após estímulos, constatava-se que para cada estímulo era ativado uma região diferente do cérebro.
A partir daí muitos cientistas e pesquisadores tem se empenhado a tentar estudar as funções do
cérebro com o uso da RM (PHILIPS, 2007).

O Prêmio Nobel em Fisiologia ou Medicina de 2003 foi concedido somente a Paul Lauterbur e a
Sir Peter Mansfield pelas descobertas que levaram ao desenvolvimento do método de imagem por
ressonância magnética (PHILIPS, 2007).

Raymond Damadian sentiu-se extremamente injustiçado pela Assembleia do Prêmio Nobel,


Damadian é citado na bibliografia mundial como o inventor ou um dos inventores da imagem por
RM (PHILIPS, 2007).

Damadian recebeu a National Medal of Technology, em 1988, em conjunto com Lauterbur,


concedida pelo presidente dos Estados Unidos. Também ganhou um lugar no National Inventors
Hall of Fame (EUA) em 1989 (PHILIPS, 2007).

A Evolução da Ressonância Magnética no Brasil


No Brasil, o primeiro equipamento de RM foi instalado no em 1986, no Hospital Israelita Albert
Einstein, em São Paulo. Era um equipamento de 0.5 Tesla (T) da marca Philips (LOPES, C. C., 2012).

32
RADIOLOGIA │ UNIDADE I

Foi Inaugurado, em 1990, o primeiro centro de ressonância magnética em hospital público do Brasil,
levando o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP)
à condição de hospital da rede pública mais bem equipado do País (LOPES, C. C., 2012).

No final do ano de 1991, foi inaugurado o setor de ressonância magnética do Hospital Sírio Libanês,
em São Paulo onde, na época, funcionava um Magneton Siemens de 0.5T (LOPES, C. C. 2012).

Existem três tipos de aparelhos de ressonância magnética disponíveis para comercialização. São eles:
Aparelhos de Alto Campo, podendo apresentar potência de 1,0; 1,5; 2,0 (pouquíssimo comercializados)
ou 3,0 T; Aparelho de Campo Aberto ou Céu Aberto com potência geralmente inferior a 0,3T (existindo
modelos com potência de 1,5T) e Aparelhos Dedicados, direcionados a exames principalmente de
musculoesquelético geralmente apresentam imagem de qualidade inferior e com menor definição,
por isso pouco aceito e difundido entre os radiologistas (LOPES, C. C., 2012).

Os aparelhos com potência de 0,5T eram considerados como aparelhos de alto campo até final da
década de 1990 (LOPES, C. C., 2012).

Os aparelhos de ressonância magnética de 3,0T começam a ser adquiridos primeiramente pelos


hospitais de referência médica aqui no Brasil no final de 2005 e principalmente 2006 e o número
de aparelhos com essa potência instalados em hospitais e clínicas médicas no país até o ano de
2010 era extremamente pequeno em relação ao número de aparelhos com 1,0T e 1,5T de potência
(LOPES, C. C., 2012).

Atualmente, encontramos em hospitais e clínicas médicas aparelhos de ressonância magnética com


potência de campo de 1,5T e, em bem menor número, devido ao alto custo, o aparelho de 3,0 T
(LOPES, C. C., 2012).

São poucas as instituições de saúde que ainda possuem em uso aparelhos de 0,5T (antigamente
considerados de alto campo) e hoje de uso clínico e extremamente limitados. Ainda encontramos
em bom número os aparelhos de 1,0T (por muitos radiologistas, não mais considerado de alto
campo). Esses aparelhos também apresentam grandes limitações por não permitirem aquisições
de sequências funcionais não fazerem alguns tipos de exames mais complexos e detalhados por não
terem bobinas e uma tecnologia apropriada como os equipamentos de maior potência de campo
magnético (1,5 e 3,0T) (LOPES, C. C., 2012).

Também encontramos, em menor proporção, os aparelhos de campo aberto que são reservados
principalmente aos pacientes claustrofóbicos. Contamos também com alguns modelos de aparelhos
de ressonância magnética de alto campo (1,5T) com diâmetro de gantry mais amplo podendo
acomodar melhor os pacientes com sobrepeso e obesidade (LOPES, C. C., 2012).

A ressonância magnética de 3,0T tem um campo magnético mais alto em relação aos equipamentos
equivalentes utilizados até então no Brasil, fornecendo em torno de 40% mais sinal que os aparelhos
de 1,5T, levando ao maior detalhamento e resolução da imagem de lesões cada vez menores. A
partir dos equipamentos de 1,5T e principalmente com os de 3,0T foi possível o estudo funcional
por ressonância magnética além de exames como espectroscopia, ângios, exames cardiológicos,
sequências de perfusão e difusão, estudo dinâmico de fluxo, exames de mama, próstata entre outros
(LOPES, C. C., 2012).

33
UNIDADE I │ RADIOLOGIA

Em alguns hospitais universitários dos Estados Unidos, já existem equipamentos de 7 tesla


funcionando apenas para pesquisa (LOPES, C. C., 2012).

Em 2005, começaram estudos para projeto de um aparelho de ressonância magnética de 7,0T. Em


2012, o primeiro aparelho de 7.0T foi instalado na faculdade de medicina da Universidade de São
Paulo (FMUSP) apenas para uso experimental. (LOPES, C. C., 2012).

A imagem por ressonância magnética é hoje um método de diagnóstico estabelecido na prática


clínica e em crescente desenvolvimento. Grandes avanços continuam sendo feitos, seja em análise
estrutural cerebral com refinamento progressivo da resolução espacial ou em imagens de mama,
coração, abdome, sistema musculoesquelético, vasos sanguíneos entre outros. A RM funcional
destaca-se como uma das técnicas que vem permitindo explorar funções cerebrais como memória,
linguagem e controle da motricidade (MAZZOLA, ALESSANDRO, A. 2009).

A angiografia por ressonância magnética ganha precisão progressiva e a espectroscopia por


ressonância magnética é usada para diagnosticar tumores, demências, além de algumas desordens
metabólicas. As sequências de difusão, que estuda a diminuição de movimentos brownianos em
lesões agudas, e as sequências de imagens difusão-tensoras, que permitem reconstruir tratos
de substância branca intracerebrais e acompanhar sua integridade ou degeneração secundária,
são muito utilizadas para o diagnóstico em neuroimagem (MAZZOLA, ALESSANDRO,
A., 2009).

Na década de 1980 surgiram os primeiros aparelhos de RM só que as aquisições das imagens eram
demoradas e os exames se resumiam a observação da morfologia/ patologia musculoesquelética,
crânio e coluna vertebral. Os exames de abdome e pelve eram prejudicados pelos artefatos de
movimento do paciente devido ao lento tempo de cada sequência. No final da década de 1990,
foi possível fazer exames de abdome com apneia e com aquisições mais rápidas (SZENFELD,
DENIS, 2006).

Os exames de RM de coração começaram a ser feitos no início da década de 2000 (pesquisa de


tumor cardíaco e mediastinal), porém eram captadas imagens estáticas do órgão que não permitiam
a análise da função (contratilidade) do miocárdio (SZENFELD, DENIS, 2006).

A partir de 2006, com os aparelhos de 3,0T, começaram a ser feitas sequências ultrarrápidas
(sequências dinâmicas) que permitiam a visão do coração em movimento. Estas sequências
adquirem múltiplas imagens nas diferentes fases do ciclo cardíaco. O monitor (trigger) colocado
no paciente permite que o aparelho agrupe as imagens de maneira adequada e monte um clipe
dinâmico mostrando a contração cardíaca (SZENFELD, DENIS, 2006).

A RM cardíaca permite a visualização da viabilidade do miocárdio e permite a identificação de


focos de fibrose ou necrose, com sequência de realce tardio com resolução espacial superior à da
cintilografia (SZENFELD, DENIS, 2006).

A avaliação da perfusão do miocárdio por RM permite diagnosticar: miocardiopatias (isquêmica,


dilatada e hipertrófica), doenças de depósito e infiltrativas, malformações congênitas e tumores
(SZENFELD, DENIS, 2006).

34
RADIOLOGIA │ UNIDADE I

Aparelhos de Ressonância Magnética Especiais

Magneton Espree

Até hoje existiam aparelhos de campo aberto e os mais fechados (com uma circunferência de tubo
menor). Os abertos (baixo campo) traziam muito conforto para o paciente, mas como o campo
magnético era baixo, as imagens eram de baixa qualidade e muitos exames mais sofisticados não
podiam ser feitos. Os aparelhos fechados (alto campo) tinham o túnel estreito e longo (modelos
mais antigos) trazendo um pouco de desconforto e aos pacientes com claustrofobia, sensação de
aperto durante o exame (LOPES, C. C., 2012).

O Magneton Espree com resolução de 1,5T é um aparelho de alto campo que tem um design
inovador com o túnel largo com vão de 75 cm de largura e mais curto (125 cm de comprimento) que
os modelos tradicionais (SIEMENS, SPREE, 2010).

Desta forma a sensação de desconforto e aperto é muito reduzida entre os pacientes. Na maioria
dos exames o paciente fica com a cabeça e as pernas para fora do aparelho. Evidentemente, nos
exames de cabeça e do pescoço, a cabeça fica dentro do magneto, mas o amplo espaço diminui
muito o desconforto. Além de ser muito espaçoso e confortável, o Espree veio equipado com todos
os softwares e bobinas disponíveis (SIEMENS, SPREE, 2010).

Este aparelho é indicado para realização de exames em pacientes claustrofóbicos e obesos (suporta
até 220 Kg sendo que os tradicionais suportam até 120-130 Kg com limitação de uso de algumas
bobinas) (SIEMENS, SPREE, 2010).

Figura 13 – Magneton Espree.

Figura disponível em: <http://www.src-poa.com.br/site/index.php?option=com_content&task=view&id=43>. Acesso em: 21 de ago. 2013.

Magneton Achieva

A Achieva-X Series Ramp é uma plataforma flexível que permite a um hospital comprar um
equipamento de 1.5T (Tesla) com possibilidade de fazer uma transição econômica para 3.0T
(PHILIPS, ACHIEVA, 2010).

O Achieva-X Series Ramp oferece todas as funcionalidades avançadas de um equipamento 1.5T


high-end, incluindo exames de todo o corpo, espectroscopia, ressonância funcional, tratografia,
exames cardiológicos e imagens dinâmicas. O equipamento foi desenvolvido com base no Achieva

35
UNIDADE I │ RADIOLOGIA

3.0T X Series. Por isso, quando a hospital julgar necessário, pode aumentar a capacidade do magneto
e fazer mudanças no sistema para obter o que há de mais avançado em ressonância magnética
(PHILIPS, ACHIEVA, 2010).

O-Scan e S-Scan

A Esaote Healthcare do Brasil fabricante mundial de sistemas e aparelhos de diagnóstico médico por
Imagem, apresentou durante a Hospitalar 2010 o O-Scan e o S-Scan, equipamentos de Ressonância
Magnética dedicada a extremidades que garantem uma alternativa aos pacientes que sofrem da
claustrofobia (ESAOTE, 2011).

O O-Scan: Ressonância Magnética dedicada com design exclusivo para extremidades possui um
magneto compacto, uma cadeira confortável e abrange articulações como joelho, tornozelo, pé,
mão, punho e cotovelo. O S-Scan: Ressonância Magnética dedicada para análise musculoesquelética
abrange as aplicações: pés, ombros e coluna (ESAOTE, 2011).

Figura 14 – RM de pórtico aberto ou magneto compacto O-Scan.

Figura disponível em: <http://www.tecnoimagen.com.ar/oscan.html >. Acesso em: 21 de ago. 2013.

Figura 15 – RM S-Scan.

Figura disponível em: <http://www.hotfrog.com.br/Empresas/Esaote-Healthcare-do-Brasil/S-scan-242416>. Acesso em: 21 de ago. 2013.

36
RADIOLOGIA │ UNIDADE I

Magneton Campo Aberto 3 Lados

Figura 16 Magneton de campo aberto 3 lados 0,35T.

Figura disponível em: <http://www.cdip.com.br/exames7.aspx>. Acesso em: 21 de ago. 2013.

Medicina Nuclear

Conceito
A Organização Mundial da Saúde assim define a Medicina Nuclear: É a especialidade que se ocupa
do diagnóstico, tratamento e investigação médica mediante o uso de radioisótopos como fontes
radioativas abertas (SAPIENZA, M. T; BUCHPIHGUEL, C. A; HIRONAKA, F. H., 2008).

A Sociedade Brasileira de Biologia, Medicina Nuclear e Imagem Molecular a define como a


especialidade médica que emprega fontes abertas de radionuclídeos com finalidade de diagnóstico
e de terapia (SAPIENZA M. T; BUCHPIHGUEL, C. A; HIRONAKA, F. H., 2008).

Trata-se de uma especialidade médica (que é ramo da radiologia) que se fundamenta na utilização
da energia nuclear para fins médicos de diagnóstico e de terapia mediante o uso de substâncias
conhecidas na física como isótopos radioativos porque emitem radiações (SAPIENZA M. T;
BUCHPIHGUEL, C. A; HIRONAKA, F. H., 2008).

Histórico da Medicina Nuclear

Período de 1896-1927

Em 1896, Henri Becquerel (1852-1908) descobre o Urânio primeiro isótopo natural. Os isótopos
radioativos que existem na natureza são chamados de isótopos naturais.

Ele recebeu o Prêmio Nobel de Física de 1903 (SAPIENZA, M. T; BUCHPIHGUEL, C. A; HIRONAKA,


F. H. 2008).

37
UNIDADE I │ RADIOLOGIA

Figura 17– Henri Becquerel.

Figura disponível em: <http://www.explicatorium.com/Antoine-Becquerel.php>. Acesso em 25 de ago. 2013.

Em 1898, dois anos depois da descoberta de Becquerel, Marie Curie e Pierre Curie descobrem os
elementos radioativos naturais. Marie Curie recebeu um Prêmio Nobel de Física, em 1903, e outro
Prêmio Nobel de Química, em 1911, (CASTRO Amauri Jr.; ROSSI, Guilherme; DIMENSTEIN,
Renato, 2004).

Hoje, com a evolução da física e das técnicas nucleares, são fabricados isótopos radioativos artificiais
em equipamentos especiais, os reatores atômicos e os ciclotrons (SAPIENZA, M. T; BUCHPIHGUEL,
C. A; HIRONAKA, F. H. 2008).

As substâncias radioativas utilizadas em Medicina Nuclear são chamadas de traçadores porque sua
passagem pelo corpo humano pode ser acompanhada externamente por meio de equipamentos
especiais (SAPIENZAM. T.; BUCHPIHGUEL, C. A; HIRONAKA, F. H. 2008).

Figura 18 – Marie Curie.

Figura disponível em: <http://www.explicatorium.com/Marie-Curie.php>. Acesso em: 25 de ago. 2013.

38
RADIOLOGIA │ UNIDADE I

Em 1913, o químico húngaro George de Hevesy propõem o Princípio do Traçador, forneceu o


fundamento biológico para a especialidade de Medicina Nuclear. Ele confirmou o princípio por
meio de experiências com nitrato de chumbo marcado com o núcleo radioativo 210Pb, mostrando
sua absorção e seu movimento em plantas.

Por esse feito, Hevesy recebeu o Prêmio Nobel de Química, em 1943. (CASTRO, Amauri, Jr.; ROSSI,
Guilherme; DIMENSTEIN, Renato, 2004).

Figura 19 – George de Hevesy.

Figura disponível em: <http://profmokeur.ca/quimicap/ptnobp.htm>. Acesso em: 25 de ago. 2013.

Herrmann L. Blumgart e Soma Weiss realizaram, em 1927, a primeira medida da velocidade


sanguínea, mediante a injeção de uma solução de radônio em um braço e a subsequente
verificação, com uma câmara de Wilson, de sua chegada no outro braço. Um avanço significativo na
quantificação de substâncias como os hormônios no sangue foi alcançado com a técnica de ensaios
radioimunológicos, desenvolvida por Solomon A. Berson e Rosalyn S. Yalow. (CASTRO, Amauri Jr.;
ROSSI, Guilherme; DIMENSTEIN, Renato, 2004).

Década de 1930 e 1940

Em 1932, a invenção e a construção do ciclotron por Ernest O. Lawrence e M. Stanley


Livingstone, possibilitaram a produção de radionuclídeos artificiais por bombardeamento de
núcleos-alvos por partículas positivas aceleradas (CASTRO, Amauri Jr.; ROSSI, Guilherme;
DIMENSTEIN, Renato, 2004).

Em 1936, John H. Lawrence, irmão de Ernest, fez a primeira aplicação terapêutica clínica de um
radionuclídeo artificial quando usou 32P para tratar leucemia. (CASTRO, Amauri Jr.; ROSSI,
Guilherme; DIMENSTEIN, Renato, 2004). Entretanto, a produção de quantidades suficientes de
radionuclídeos para uso médico só se iniciou com o advento dos reatores nucleares, desenvolvidos
durante a Segunda Guerra Mundial (THRALL, J.H.; ZIESSMAN, Harvey, 2001).

39
UNIDADE I │ RADIOLOGIA

O reator de Oak Ridge (EUA) começou sua produção em escala comercial, em 1946, e o de Harwell
(Reino Unido) em 1947. Inicialmente, havia poucos radionuclídeos adequados para as aplicações
médicas e grande parte dos estudos clínicos enfocava a avaliação da glândula tireoide e suas disfunções,
com o uso do 131I na forma de iodeto. O principal detector usado era o contador Geiger-Müller, que
indicava e media a presença do radiofármaco (THRALL, J. H.; ZIESSMAN, Harvey, 2001).

Fred Fairbrothere Gleen Seaborg descobre, em 1937, o 59F e no ano seguinte, o 131I e o 60Co
(CASTRO, Amauri Jr.; ROSSI, Guilherme; DIMENSTEIN, Renato, 2004).

No ano de 1939, Emilio Segree e Gleen Seaborg produzem o 99mTc (CASTRO, Amauri Jr.; ROSSI,
Guilherme; DIMENSTEIN, Renato, 2004).

Em 1946, Samuel M. Seidim e Leo D. Marinellie Eleanor Ostry utilizam o que chamaram na época
de coquetel atômico com 131I para tratar um paciente com câncer de tireoide (CASTRO, Amauri Jr.;
ROSSI, Guilherme; DIMENSTEIN, Renato, 2004).

No ano de 1947, Benedict Cassen usa 131I para determinar se um nódulo de tireoide acumulava
iodo, ajudando a diferenciar nódulos benignos de malignos. Já em 1948, é iniciada a distribuição
comercial de radioisótopos pelos laboratórios Abbott. No ano de 1949, o primeiro laboratório de
Isótopos da América Latina, foi fundado na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
(CASTRO, Amauri Jr.; ROSSI, Guilherme; DIMENSTEIN, Renato, 2004).

Década de 1950

Em 1950, K. R. Crispelle e John P. Storasil usam albumina de soro humano, marcada com 131I
para visualizar o sangue circulante no coração. No mesmo ano o primeiro mapeador retilíneo foi
construído por Benedict Cassen e, posteriormente, modificado por David Kuhl, em 1952, (CASTRO,
Amauri Jr.; ROSSI, Guilherme; DIMENSTEIN, Renato, 2004).

Benedict Cassen, em 1951, ao inventar e construir o mapeador linear (scanner com cristal de iodeto
de sódio ou cristal de cintilação), daí o nome cintilografia para as imagens utilizadas em Medicina
Nuclear, deu início à era de diagnóstico por imagens radionuclídicas. Em 1952, o termo Medicina
Nuclear substituiu a denominação de Medicina Atômica, que fora o primeiro nome da especialidade
(MORAES, Anderson Fernandes, 2007).

Na história da Medicina Nuclear, três cronologias de eventos devem ser examinadas:


desenvolvimento dos equipamentos, geração de isótopos utilizáveis em diagnóstico
e terapia e investigações laboratoriais com traçadores.

No ano de 1954, começaram as primeiras aplicações de iodo radioativo nas glândulas tireoides,
sendo montada uma Clínica de Medicina Nuclear no Serviço de Radioterapia do Hospital das
Clínicas (MORAES, Anderson Fernandes, 2007).

A fase laboratorial de Medicina Nuclear tomou impulso a partir do ano de 1956 quando começou a
evolução dos processos de análises de fluídos orgânicos mediante a utilização de traçadores, técnica
conhecida como radioimunoanálise (MORAES, Anderson Fernandes, 2007).

40
RADIOLOGIA │ UNIDADE I

Hal Anger, em 1958, desenvolveu a câmara de cintilação. Um sistema de formação de imagens que
o detector fosse movimentado e que apresentava maior resolução geométrica, além da possibilidade
de se obter projeções diferentes de uma mesma distribuição de radiofármaco (SAPIENZA, M.T.;
BUCHPIHGUEL, C. A; HIRONAKA, F. H., 2008).

As informações adquiridas pela câmara de cintilação eram transformadas em imagens e exibidas por
um tubo de raios catódicos, de modo que podiam ser registradas em filmes ou chapas fotográficas. As
modernas câmaras usadas hoje são derivadas da câmara Anger (SAPIENZA, M. T.; BUCHPIHGUEL,
C. A; HIRONAKA, F. H., 2008).

O grande poder diagnóstico da medicina nuclear firmou-se quando Paul Harper e sua equipe
introduziram o radionuclídeo 99mTc como marcador. O radionuclídeo 99mTc possui meia vida de
6 horas, energia 140 keV, é continuamente produzido pela desintegração do 99Mo e sua extração
periódica possibilita um fornecimento constante na forma de gerador nos próprios centros de
medicina nuclear. O 99mTc pode marcar um número muito grande de fármacos, o que o torna
aplicável em estudos de quase todos os órgãos e sistemas do corpo humano (SAPIENZA, M. T.;
BUCHPIHGUEL, C. A.; HIRONAKA, F. H., 2008).

Década de 1960

Na década de 1960, uma série de diferentes versões de câmaras de cintilação foram propostas.
Com o desenvolvimento dos computadores foi possível adquirir, armazenar e processar as imagens
obtidas com as câmaras de cintilação e corrigir distorções associadas ao processo de formação de
imagens assim como evidenciar estruturas de interesse (MORAES, Anderson Fernandes, 2007).

O ano de 1963 registrou novo avanço tecnológico com o aparecimento da câmara de cintilação
inventada por Anger equipamento que além de dar qualidade às imagens cintilográficas foi o ponto
de partida para os aparelhos atuais de tomografia cintilográfica conhecidos como SPECT (acrônimo
composto das letras inicias das palavras inglesas Single-Photon Emisson Computed Tomography)
e o PET (Positron Emisson Tomography) (MORAES, Anderson Fernandes, 2007).

Década de 1970 e 1980

O refinamento e a sofisticação da Medicina Nuclear começaram nos anos 1970, com a utilização de
cristais com diâmetros maiores e com a técnica de emissão tomográfica proposta por Dave Khull,
em 1971, (MORAES, Anderson Fernandes, 2007).

Na década de 1970, novos avanços em computação e principalmente no desenvolvimento e na


implementação de métodos de reconstrução permitiram a realização do SPECT que foi feito por
David E. Kuhl e sua equipe na Universidade da Pensilvânia; PET (Pósitron Emission Tomography),
por Gordon L. Brownell e colaboradores no Hospital Geral de Massachusetts e por Michael E. Phelps
e colegas na Universidade da Califórnia em Los Angeles (MORAES, Anderson Fernandes, Manual
de Medicina Nuclear, 2007).

A contribuição de David Chesler ao propor e reconstruir cortes tomográficos de emissão e transmissão


pelo método da retroprojeção, em 1971, (MORAES, Anderson Fernandes, 2007).

41
UNIDADE I │ RADIOLOGIA

Desde a sua introdução em aplicações clínicas, as técnicas de tomografia por emissão SPECT e PET
vêm suprindo a comunidade médica com informações biológicas distribuídas no espaço e no tempo.
Entretanto, devido à meia vida física extremamente curta dos emissores de pósitron viáveis e ao alto
custo de implantação e execução, só nos anos 1990 a tecnologia PET se fixou definitivamente, mesmo
nos países desenvolvidos, na rotina de grande parte das clínicas nucleares com o uso da 18F associado
à glicose (fluordeoxiglicose-FDG), marcado inicialmente com 14C por Louis Sokoloff e equipe e,
posteriormente, com 18F por Tatuo Ido e colaboradores (MORAES, Anderson Fernandes, 2007).

Entre 1990-2004

A proliferação de centros produtores de radioisótopos com cíclotron, acelerador de partículas, só


foi acontecer em meados da década de 1990 nos Estados Unidos e em boa parte do mundo. No caso
do Brasil, a produção de radioisótopos ainda acontece em poucos lugares: Instituto de Engenharia
Nuclear (IEN) no Rio de Janeiro e no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), em
São Paulo. (Sociedade Brasileira de Biologia, Medicina Nuclear e Imagem Molecular) (LOPES, C.
C., 2011).

Em 1998, foi introduzida primeira câmara de PET e a primeira câmara de SPECT no Serviço de
Radioisótopos do Instituto do Coração (Incor) do HCFMUSP e, em 2004, os primeiros aparelhos
de SPECT/CT e PET/CT foram adquiridos pelos hospitais de referência no Brasil para uso clínico
(LOPES, C. C., 2011).

2005- Atualidade

A SPECT/CT (Single photon emission computed tomography) e a A PET (do inglês Positron
Emission Tomography, começam a fazer parte da rotina de exames de medicina nuclear no Brasil,
nos principais centros médicos e se difundem depois de 2009), (LOPES, C. C., 2011).

A SPECT/CT é um equipamento de última geração que permite realizar os exames tradicionais de


Medicina Nuclear com o acréscimo da localização precisa do foco de interesse com um alto nível de
resolução. Como seu nome sugere, ela é uma combinação entre a tecnologia de Medicina Nuclear
(proporcionada pela câmara de cintilação tomográfica) e da tomografia computadorizada multislice,
que produz imagens anatômicas (LOPES, C. C., 2011).

A SPECT é utilizada quando se necessitam de imagens tomográficas de partes do corpo estudadas


com radiofármacos emissores de raios-gama, podendo ser realizada em quase todas as cintilografias
de rotina (LOPES, C. C., 2011).

A SPECT/CT é uma técnica similar à PET, mas as substâncias radioativas usadas na SPECT
(xenônio-133, tecnécio-99, iodo-123) possuem tempos de decaimento mais longos, e emitem
raios-gama simples ao invés de duplos. A SPECT pode fornecer informações acerca da circulação
sanguínea e da distribuição de substâncias radioativas no organismo. Suas imagens são menos
sensíveis e detalhadas, mas a técnica de SPECT é menos cara que a PET. Além disso, os centros com
SPECT são mais acessíveis, porque não necessitam estar próximos a um acelerador de partículas
(LOPES, C. C., 2011).

42
RADIOLOGIA │ UNIDADE I

Figura 20 – SPECT/CT.

Figura disponível em: <http://www.biij.org/2007/3/e49/fig3.jpg>. Acesso em: 27 de ago. 2013.

A PET/CT é um equipamento de última geração que une as imagens metabólicas (PET) às imagens
anatômicas da tomografia computadorizada multislice produzindo um terceiro tipo de imagem
(PET/CT) com a qual é possível localizar precisamente uma lesão. No Brasil, os primeiros aparelhos
de PET/CT foram adquiridos pelos grandes centros de referência médica a partir do ano de 2004.
Entre 2004 e 2010, o número de aparelhos de PET/CT instalados era muito pequeno e, mesmo
depois de 2010, esse número continua ser pequeno. O valor do aparelho é muito elevado e o valor
do exame também (LOPES, C. C., 2011).

A PET/CT é uma tomografia obtida em um aparelho que detecta raios-gama como sinal para a
formação das imagens (LOPES, C. C., 2011).

Os raios-gama são resultados da aniquilação de pósitrons emitidos pelos isótopos radioativos


injetados no paciente. Pósitrons são partículas com massa igual à dos elétrons, porém com carga
elétrica positiva. Ao colidirem com elétrons em seu caminho, aniquilam-se dando origem a raios-
gama de mesma energia que caminham na mesma direção em sentidos opostos. Atravessam o corpo
do paciente e são detectados pelo aparelho, formando as imagens. Os emissores de pósitrons mais
utilizados são o Carbono-11, Flúor-18, Nitrogênio-13 e Oxigênio-15 (LOPES, C. C., 2011).

A PET/CT é um exame complementar ao exame de TC e ou RM, sendo solicitado em conjunto. Em


alguns casos podem substituir ambos os exames (LOPES, C. C., 2011).

As imagens PET são adquiridas após a injeção de glicose radioativa (glicose marcada com o
radioisótopo flúor-18) (LOPES, C. C., 2011).

O PET/CT é indicado para o estudo de cânceres no estado inicial, na avaliação terapêutica e na


pesquisa de recidivas. As principais patologias neurológicas avaliadas pela PET/CT são as demências,
em especial a doença de Alzheimer, as epilepsias, doença de Parkinson e sequelas de abuso de drogas.
A PET/CT determina, com bastante precisão, a localização de focos epileptogênicos, possibilitando
tratamento cirúrgico em casos refratários. As doenças coronarianas podem ser estudadas por meio
da avaliação de fluxo sanguíneo e metabolismo celular (LOPES, C. C., 2011).

Devido à melhor resolução espacial do sistema, a qualidade da imagem é melhor na PET do que na
SPECT. Entretanto, as funções estudadas dos órgãos e sistemas são diferentes para cada método
(LOPES, C. C., 2011).

43
UNIDADE I │ RADIOLOGIA

Figura 21– PET/CT Biograph mCT.

Figura disponível em: <http://www.hc.unicamp.br/?q=node/340>. Acesso em: 27 de ago. 2013.

Com o exame de PET e SPECT tem sido possível traçar mapas cerebrais. Esses
mapas de cores mostram as regiões do cérebro ativas, mostram as regiões onde
existem células trabalhando mais do que em seu estado de repouso com um
metabolismo mais ativo dependendo das cores exibidas. Portanto, esses exames
não mostram apenas a anatomia cerebral, mas também mostram, principalmente,
o funcionamento cerebral. Por isso, são chamados exames funcionais (BALLONE, G.
J., 2005).

Os tomógrafos, tanto de PET quanto de SPECT, mostram o grau de atividade


cerebral na forma de uma escala com diversos tons de cor, como um arco-íris. As
regiões amarelas e vermelhas são as chamadas áreas mais quentes, ou seja, indicam
atividades celulares maiores. Regiões azuis e pretas mostram atividade menor ou
ausente (BALLONE, G. J, 2005).

No mapeamento cerebral, a cor preta significa atividade nula ou de contagem


zero, enquanto o branco significa o nível mais alto de atividade. Os equipamentos
modernos convertem as várias tonalidades do cinza em tons de cores do arco-íris,
sendo o vermelho representando a contagem mais alta, depois vindo o amarelo,
depois o verde, e assim por diante. Azul, violeta e preto representam os níveis mais
baixos de atividade (BALLONE, G. J., 2005).

Os mapas funcionais do PET e SPECT correspondem fielmente à função do


cérebro, com a vantagem de ser possível obter imagens em tempo real, ou seja,
simultaneamente à função cerebral. Isso significa ser possível fazer o exame e ver as
alterações que acontecem durante alguma atividade mental (BALLONE, G. J., 2005).

Atualmente o PET e o SPECT estão sendo usadas para colher informações valiosas
sobre muitas doenças neurológicas e psiquiátricas notadamente em relação à
esquizofrenia, depressão, transtorno obsessivo-compulsivo e outras desordens
(BALLONE, G. J., 2005).

44
INSTRUMENTAÇÃO UNIDADE II

CAPÍTULO 1
Instrumentação em Raio-X Digital

Radiologia Digital
O equipamento responsável pela geração de raios-X é constituído por: transformador (gerador) de
alta tensão com retificadores de corrente, mesa de comando; sistema emissor de raios-X (tubo de
raios-X inserido na cúpula); cabos elétricos que ligam a mesa de comando ao gerador e cabos de alta
tensão que ligam o gerador ao tubo de raios-X (SANTOS, E. S.; NACIF, M. S., 2009).

Figura 21– Conjunto Radiológico Fixo Multix B – Siemens.

Fonte: Manual de funcionamento do Conjunto Radiológico Fixo Multix B – Siemens Ltda., 2004.

Quadro 1– Componentes do Aparelho de RX

1 Estativa porta tubo


2 Emissor de raios-x
3 Diafragma ou colimador
4 Mesa de exame
5 Mural Bucky
6 Console de comando do gerador

Fonte: Adaptada do Manual de funcionamento do Conjunto Radiológico Fixo Multix B – Siemens Ltda., 2004.

45
UNIDADE II │ INSTRUMENTAÇÃO

Figura 22 – Detalhes da estativa porta tubo, colimador e caixa de comando

Fonte: Manual de funcionamento do Conjunto Radiológico Fixo Multix B – Siemens Ltda., 2004.

Quadro 2 – Partes de interesse da estativa, porta tubo e colimador

1 Chave de liberação do movimento e caixa de comando


2 Chave de liberação
3 Indicador de ângulo do emissor de raios x
4 Caixa de comando da estativa
5 Chave de movimento vertical do emissor de raios x
6 Emissor de raios x
7 Botões de ajuste do tamanho do campo iluminado/ irradiado
8 Botão para ligar a lâmpada do colimador
9 Diafragma ou colimador

Fonte: Adaptada do Manual de funcionamento do Conjunto Radiológico Fixo Multix B – Siemens Ltda., 2004.

Figura 23 – Visão lateral do braço da estativa.

Fonte: Manual de funcionamento do Conjunto Radiológico Fixo Multix B – Siemens Ltda., 2004.

46
INSTRUMENTAÇÃO │ UNIDADE II

Quadro 3 – Componentes do braço da estativa


1 Emissor de raios-x
2 Braço de sustentação do emissor
Fonte: Adaptada do Manual de funcionamento do Conjunto Radiológico Fixo Multix B – Siemens Ltda., 2004.

Figura 24 – Teclas do painel de descrição de funcionamento do Conjunto Radiológico.

Fonte: Manual de funcionamento do Conjunto Radiológico Fixo Multix B – Siemens Ltda., 2004.

Quadro 4 – Componentes do painel do Conjunto Radiológico

1 Automatismo de dose
2 Seleção de KV
3 Seleção de MA
4 Seleção de MAs
5 Preparo
6 Disparo
7 Seleção de dispositivo
8 Indicação de foco utilizado
9 Liga/desliga
10 Compensação de dose

Fonte: Adaptada do Manual de funcionamento do Conjunto Radiológico Fixo Multix B – Siemens Ltda., 2004.

Figura 25 – Vista interna do gerador de raios-X

Fonte: Manual de funcionamento do Conjunto Radiológico Fixo Multix B – Siemens Ltda., 2004.

47
UNIDADE II │ INSTRUMENTAÇÃO

Quadro 5 – Componentes do Aparelho de RX

1 Placa de controle de filamento


2 Placa de arranque
3 Placa de comunicação e controle
4 Placa de fonte de alimentação
5 Transformador T1
6 Placa de controle de KV
7 Inversor principal – função: placa do circuito impresso
8 Inversor principal – função: transistor IGBT
9 Inversor principal – função: Ponte retificadora trifásica
10 Chave contatora
11 Fusível
12 Transformador T2
13 Transformador T3

Fonte: Adaptada do Manual de funcionamento do Conjunto Radiológico Fixo Multix B – Siemens Ltda., 2004

48
CAPÍTULO 2
Instrumentação em Medicina Nuclear

Estrutura do Gantry de uma Gama Câmara

Figura 26 – Estrutura interna do gantry de uma gama câmara.

Pulso ( PHS )

CPD

Amplificador

Pré-amplificador

Tubos fotomultiplicadores

Cristal

Colimador

Raios-gama

Corpo do Paciente

Figura adaptada e disponível em:<http://dafis.ct.utfpr.edu.br/~charlie/docs/PPGEB/IMEDNUC/MedNuc_Aula_06.pdf >. Acesso em: 28


de ago. 2013.

Componentes do Sistema de detecção de


uma Gama Câmara

Gantry
O gantry ou cabeça da câmara é o componente que contém o sistema de detecção da radiação
acoplado a eletrônica necessária para esta detecção. O sistema de detecção da radiação utiliza
cintiladores, em geral NaI(Tl), tendo acoplados nestes cristais vários tubos fotomultiplicadores
(MORAES, 2007).

As gama-câmaras têm sistemas de movimentação que envolvem os movimentos do gantry e da


mesa de exames. O gantry precisa movimentar-se em diferentes ângulos para que se possa realizar
imagens em diferentes planos de uma mesma região anatômica (MORAES, 2007).

49
UNIDADE II │ INSTRUMENTAÇÃO

Além dos movimentos comuns de posicionamento do gantry ele deve rotacionar em torno de um
eixo fixo para a realização do exame (MORAES, 2007).

A mesa movimenta-se para acomodar o paciente na realização do exame, como, por exemplo, o
movimento de subida e descida. Para a realização de certos tipos de exames, como a varredura
óssea, é necessário que a mesa se desloque em quanto os dados para aquisição da imagem são
obtidos. Em alguns tipos de gama-câmara e o gantry que se desloca neste exame (MORAES, 2007).

Colimador
Os raios-gama (provenientes do paciente) não estão unicamente se dirigindo em direção à
máquina. Por isso, o colimador é usado para permitir que apenas aqueles raios que viajem numa
certa direção, atinjam o detector. Existem três principais tipos de furos de colimador: de furos
paralelos, de furos divergentes e o de furos convergentes (THRALL, James H.; ZIESSMAN,
Harvey, 2003).

Funciona como uma lente usada em uma câmera fotográfica, mas esta analogia não está completamente
correta porque é mais difícil focalizar os raios-gama. De uma maneira bem simples, seu objetivo é
barrar todos os raios-gama que estão se dirigindo para o cristal exceto aqueles que estão viajando em
ângulos retos ao plano do cristal (THRALL, James H.; ZIESSMAN, Harvey, 2003).

Se o colimador não existisse, os raios-gama não perpendiculares ao cristal borrariam as imagens


produzidas pela gama-câmara. Em outras palavras, a imagem não seria muito nítida. A maioria das
gama-câmaras tem diferentes tipos de colimadores que podem ser trocados dependendo do exame
(THRALL, James H.; ZIESSMAN, Harvey, 2003).

Colimador de septos convergentes

Os colimadores de septos convergentes são utilizados para fazer imagens de pequenas estruturas
corpóreas.

Figura 27 – Colimador de septos convergentes.

Figura disponível em: <http://dafis.ct.utfpr.edu.br/~charlie/docs/PPGEB/IMEDNUC/MedNuc_Aula_ 06.pdf>. Acesso em: 28 de ago. 2013.

2.1.2 Colimador de septos Paralelos

Os colimadores de septos paralelos são utilizados para fazer imagens de órgãos ou estruturas com
tamanho semelhante ao tamanho do diâmetro do cristal.

50
INSTRUMENTAÇÃO │ UNIDADE II

Figura 28 – Colimador de septos paralelos.

Figura disponível em: <http://dafis.ct.utfpr.edu.br/~charlie/docs/PPGEB/IMEDNUC/MedNuc_Aula_ 06.pdf >. Acesso em: 28 de ago. 2013.

Colimador de septos Divergentes

O colimador de septos divergentes é utilizado para fazer imagens de estruturas maiores que o
diâmetro do cristal. Ele tem forma de leque.

Figura 29 – Colimador de septos divergentes.

Figura disponível em: <http://dafis.ct.utfpr.edu.br/~charlie/docs/PPGEB/IMEDNUC/MedNuc_Aula_ 06.pdf >. Acesso em: 28 de ago. 2013.

Colimador de septos Pin-hole

São usados para fazer imagens de estruturas extremamente pequenas como as paratireoides.

Figura 30 – Colimador Pin-hole.

Figura disponível em: <http://dafis.ct.utfpr.edu.br/~charlie/docs/PPGEB/IMEDNUC/MedNuc_Aula_06.pdf >. Acesso em: 28 de ago. 2013.

Cristal
É o receptor da radiação. A radiação, depois de colimada, atinge o cristal e interage com ele (THRALL,
James H.; ZIESSMAN, Harvey, 2003).

51
UNIDADE II │ INSTRUMENTAÇÃO

O formato do cristal também pode variar, mas atualmente é mais comum os cristais terem forma
de paralelepípedos. É possível encontrar câmaras mais antigas com cristais em forma de disco ou
hexágono (THRALL, James H.; ZIESSMAN, Harvey, 2003).

O tamanho do cristal varia de acordo com as utilizações da câmara de cintilação podendo variar de 25
até 60 cm de diâmetro a até 2,5 cm de espessura (THRALL, James, H.; ZIESSMAN, Harvey, 2003).

Tubos Fotomultiplicadores
Os tubos fotomultiplicadores multiplicam o sinal produzido pela luz incidente mais ou menos 100
milhões de vezes. Possibilitam um único fóton ser detectado quando a luz incidente é fraca.
Amplificam o sinal e transformam em energia elétrica para ser processada pelo computador
(THRALL, James H; ZIESSMAN, Harvey, 2003).

O sinal ampliado pelos fotomultiplicadores é enviado a um circuito de posicionamento. Quando a


energia chega a esse circuito, ele envia a informação ao computador da posição dela nos eixos X e Y.
O valor da energia no posicionamento (X e Y) indicará a tonalidade do pixel para a formação final
da imagem (THRALL, James H.; ZIESSMAN, Harvey, 2003).

A quantidade de tubos fotomultiplicadores também depende do formato e do tamanho do cristal.


Nas câmaras atuais, esta quantidade pode variar de 30 a 190 tubos que irão converter as cintilações
ocasionadas pela radiação no cristal em pulsos elétricos. As tensões geradas nas saídas destes tubos
alimentam o circuito de posicionamento que tem por função encontrar a posição no cristal onde
ocorreu a cintilação. Estes tubos também têm sua intensidade analisada por um analisador de altura
de um circuito chamado Pulso (PHS) ou Analisador multicanal (THRALL, James H.; ZIESSMAN,
Harvey, 2003).

Pré-amplificador
O pré-amplificador tem como objetivo não deixar que a impedância do circuito atenue o sinal
proveniente dos tubos fotomultiplicadores (THRALL, James H.; ZIESSMAN, Harvey, 2003).

Acertada a impedância do circuito, o sinal de voltagem é amplificado, para facilitar a leitura


dos demais circuitos como o de posicionamento e o de análise de altura de pulso.
Estes dados e a altura de pulso (proporcional à energia da radiação) e a posição da cintilação
são enviados a um computador que construirá as imagens. (THRALL, James H.; ZIESSMAN,
Harvey, 2003).

2.6 Computadores
Os computadores não só têm apenas a função de armazenar os dados coletados e mostrar a
imagem em um monitor. Com eles é possível utilizar ferramentas digitais capazes de auxiliar o
médico a diagnosticar de maneira mais eficiente as patologias. (THRALL, James H.; ZIESSMAN,
Harvey, 2003).

52
INSTRUMENTAÇÃO │ UNIDADE II

Os dados enviados pelo gantry ao computador são armazenados na forma de matrizes e cada
unidade desta matriz corresponderá a um pixel mostrado na tela do computador (THRALL, James
H; ZIESSMAN, Harvey, 2003).

SPECT
A tomografia computadorizada por emissão de fóton único mais conhecida pelo acrônimo
SPECT é uma técnica tomográfica de imagem médica da medicina nuclear que utiliza a
radiação ionizante de raios-gama. É muito semelhante à imagem planar da medicina nuclear
convencional pelo fato de usar uma gama-câmara. Contudo, ela é capaz de fornecer verdadeiro
dado biotopológico em 3D. Esta informação é tipicamente apresentada como cortes transversais do
paciente, mas a potente elaboração da imagem computadorizada pode facilmente ser reformatada
em cortes sagitais ou manipulada quando necessário (HIRONAKA, Fausto Haruti et. al., 2012).

Esta técnica usa uma gama-câmara que adquire múltiplas imagens do paciente em uma série de
ângulos. O exame de SPECT diferencia-se da cintilografia por possuir câmaras móveis que podem
rodar em um círculo. (CASTRO, Amauri Jr.; ROSSI, Guilherme; DIMENSTEIN, Renato, 2004).

Essas imagens são processadas matematicamente por um computador para produzir um modelo
tridimensional que permite a visualização de cortes transversais. (CASTRO, Amauri Jr.; ROSSI,
Guilherme; DIMENSTEIN, Renato, 2004).

O SPECT de apenas uma câmara só precisa rodar 360º para adquirir a imagem tridimensional. Um
SPECT com duas câmaras opostas, precisa rodar apenas 180º e um com três câmaras apenas 120º
(CASTRO, Amauri Jr.; ROSSI, Guilherme; DIMENSTEIN, Renato, 2004).

No total são adquiridas 64 ou 128 projeções. Essas projeções são processadas por um computador
que posiciona os pontos de detecção em um espaço tridimensional, formando um objeto 3D que
pode ser seccionado de várias maneiras diferentes. (CASTRO, Amauri Jr.; ROSSI, Guilherme;
DIMENSTEIN, Renato, 2004).

Para capturar a imagem de SPECT, a gama-câmara é rotacionada em volta do paciente. São


capturadas múltiplas imagens bidimensionais (2D) do corpo do paciente. A radiação é captada em
pontos definidos durante a rotação, normalmente a cada 3-6º. Na maioria dos casos é dada uma
rotação com a gama-câmara de 360º para conseguir a otimização na reconstrução. O tempo de
captação, em cada ponto é variável, mas é normalmente de 15 a 20 segundos. O que dá um tempo
total de exame entre 15 e 20 minutos (HIRONAKA, Fausto Haruti et al., 2012).

As máquinas mais modernas têm mais de uma cabeça (parte da máquina que contém todo o
sistema de detecção). Quanto mais cabeças a máquina tiver, uma maior área ela captará a radiação
simultaneamente. O que resultará num menor tempo total de exame (HIRONAKA, Fausto Haruti
et al., 2012).

As imagens podem ser preto e branco ou coloridas dependendo do exame. As imagens coloridas são
mais comuns em exames que mostram o cérebro e o coração.

53
UNIDADE II │ INSTRUMENTAÇÃO

A resolução pode ser de 64x64 ou 128x128 pixels, cada pixel representando uma parte de 3-6
milímetros do corpo do paciente (HIRONAKA, Fausto Haruti et al., 2012).

Câmaras SPECT

SPECT com 1 detector

Figura 31– Aparelho de SPECT com 1 detector.

Detector

http://www.biij.org/2007/3/e49/fig.asp?p=115&o=251. Acesso em: 28 de ago. 2013.

Equipamento SPECT com 2 detectores a 180º

Figura 32 – Aparelho de SPECT com 2 detectores.

Dois detectores

Figura disponível em: <http://www.jira-net.or.jp/radiology_japan/rj_064/04.html>. Acesso em: 28 de ago. 2013.

54
INSTRUMENTAÇÃO │ UNIDADE II

Equipamento SPECT/CT com 2 detectores com


ângulo variável
Figura 33 – Aparelho de SPECT com 2 detectores/ângulo variável.

Dois detectores com


ângulo variado

Figura disponível em: < http://www3.gehealthcare.com/en/Products/Categories/Nuclear_Medicine/SPECT-CT_Cameras>. Acesso em:


28 de ago. 2013

Equipamento SPECT/CT com 2 detectores


Figura 34 – SPECT/CT.

Detectores

Fonte: MORAES, Anderson Fernandes, 2007.

PET
Na tomografia por emissão de pósitrons (PET), uma substância radioativa é injetada no paciente,
e este é colocado sobre uma mesa plana que se move gradualmente por meio de uma cobertura em
forma de anel. Esta cobertura contém um arranjo circular de detectores de raios-gama, que possui
uma série de cristais de cintilação, cada um conectado a um tubo fotomultiplicador (HIRONAKA,
Fausto Haruti et al., 2012).

Os cristais convertem os raios-gama emitidos do paciente em fótons de luz, e os tubos


fotomultiplicadores convertem os fótons em sinais elétricos e os amplificam.

Estes sinais elétricos são, então, processados pelo computador para gerar imagens. A mesa é então
movida, e o processo é repetido, resultando em uma série de imagens de finas fatias do corpo na região
de interesse. Essas imagens de fatias podem ser montadas em uma representação tridimensional do
corpo do paciente (HIRONAKA, Fausto Haruti et al., 2012).

55
UNIDADE II │ INSTRUMENTAÇÃO

Detectores circulares PET


Figura 35 – Disposição dos detectores em um aparelho de PET.

Figura disponível em: < http://saude.hsw.uol.com.br/medicina-nuclear2.htm>. Acesso em: 29 de ago. 2013.

Detectores circulares PET


Figura 36 – Visualização interna de um aparelho de PET.

Tubo de Detectores de
raios-X raios gama

Detectores de
raios-X

Figura disponível em: <http://imxgam.in2p3.fr/x-gamma.php>. Acesso em: 29 de ago. 2013.

Equipamento PET/ CT
Figura 37 – Equipamento de PET/CT.

Figura disponível em: <http://www.perspectivesimaging.com/petct.htm>. Acesso em: 29 de ago. 2013.

56
CAPÍTULO 3
Instrumentação em Tomografia
Computadorizada

Principais Componentes do Equipamento de


Tomografia Computadorizada
Principais Componentes Externos do Aparelho de TC
Figura 38 – Sala de exames: Gantry, Mesa, Sala de comandos: Console de comandos, eletrônica.

Figura disponível em: <http://www.acbo.org.br/revista/biblioteca/tomografia/>. Acesso em: 21 de ago. de 2013.

Gantry ou Pórtico

No interior de um tomógrafo, encontram-se, principalmente, o tubo de raios-X, os detectores e os


sistemas de aquisição de dados (DAS), que giram 360º em torno do paciente (SANTOS, Edvaldo S.;
NACIF, Marcelo S., 2009).

Tem inclinação regulável de zero a trinta graus para trás (positiva) e de zero a trinta graus (negativa).
Alguns aparelhos permitem maior inclinação. (MAIERHOFER, Lúcia; GUERRINI, Roberto M., 2001).

Figura 39 – Anel do Gantry (setas) correspondendo ao local de saída do feixe de Raios-X em leque e onde os
sensores estão localizados.

Figura disponível em: < Fonte: http://www.acbo.org.br/revista/biblioteca/tomografia/>. Acesso em: 21 de ago. de 2013.

57
UNIDADE II │ INSTRUMENTAÇÃO

Mesa de Exame

É onde se posiciona o paciente para realizar o exame. A parte da mesa em que o paciente é colocado
chama-se berço e move-se deslizando para dentro e para fora do pórtico (gantry) (MAIERHOFER,
Lúcia; GUERRINI, Roberto M., 2001).

Figura 40 – Anel do Gantry mostrando rotação dos feixes em leque dos Raios-X.

Figura disponível em: <Fonte: http://www.acbo.org.br/revista/biblioteca/tomografia/>.


Acesso em: 23 de ago.de 2013.

Central de processamento de dados (CPU)

A função da unidade de controle CPU é controlar o tráfego de multitarefas que direciona um sistema
de computadores (SANTOS, Edvaldo S.; NACIF, Marcelo S. 2009).

Console de operação

Está localizado fora da sala de exame, de onde o operador observa o paciente, seja diretamente
através do vidro plumbífero ou por circuito de sistema interno de televisão. O operador pode
ainda comandar o andamento do exame por meio do teclado e do mouse. O console de operação
é o conjunto de teclas alfanuméricas e teclas de comando que permitem ao operador controlar as
funções do sistema (SANTOS, Edvaldo, S.; NACIF, Marcelo S. 2009).

Monitor

Dispositivo em que as imagens adquiridas pelo sistema são expostas, capacitando, ao operador, a
análise e o trabalho destas. (SANTOS, Edvaldo S.; NACIF, Marcelo S., 2009 ).

58
INSTRUMENTAÇÃO │ UNIDADE II

Figura 41 – Console de comandos e monitores.

Figura disponível em: <Fonte: http://www.acbo.org.br/revista/biblioteca/tomografia/>. Acesso em: 23 de ago. 2013.

Gerador

Acessórios acoplados ao sistema de tomografia

Câmara Laser Multiformato (Impressora)

Acoplada ao equipamento de tomografia computadorizada, essa câmara permite a impressão


em filmes radiográficos das imagens adquiridas pelo tomógrafo. É semelhante a uma máquina
fotográfica gravando no filme um registro definitivo da imagem selecionada no monitor. O filme
já exposto é transferido para o magazine, que é levado à processadora para revelação. Há vários
modelos de câmara laser inclusive com sistema de revelação a seco (dry) (MAIERHOFER, Lúcia;
GUERRINI, Roberto M., 2001).

As Drys, câmaras com revelação a seco, começaram a ser comercializadas e adquiridas pelos
hospitais em 2001. Os filmes para tal impressora vinham em caixas dentro de uma embalagem
(envelope preto) que precisava ser aberto no escuro para não velar os filmes. Estes eram colocados
em uma maleta da impressora dispensando químicos. Posteriormente os filmes eram adquiridos
dentro de bandejas prontas para serem colocadas na impressora. Cada bandeja tinha um chip, (um
dispositivo) que controla o processamento de cada película até o seu término (geralmente 120 filmes
em cada bandeja) quando, então, a processadora emite um sinal sonoro indicando a reposição de
caixa ou bandeja de filmes por outra cheia. Esse tipo de filme dispensa a utilização de câmara escura
e químicos para sua revelação (LOPES, C. C., 2013 ).

59
UNIDADE II │ INSTRUMENTAÇÃO

Laser Cam (câmara laser)

Proporciona a impressão do exame de tomografia computadorizada em papel fotográfico (LOPES,


C. C., 2013).

Work Station (estação de trabalho)

Constituída por um sistema computadorizado ligado em rede ao tomógrafo que mediante softwares
diversos permite ao radiologista, em sua sala de laudo, obter reconstruções, estudos volumétricos
e quantitativos, que fornecerão dados adicionais a partir das imagens adquiridas no estudo em
questão. A operação da estação de trabalho é independente da operação do console do tomógrafo,
deixando este último livre para a realização de novos exames (MAIERHOFER, Lúcia; GUERRINI,
Roberto M., 2001).

Principais Componentes Internos do Aparelho de TC


No interior do gantry,  encontramos o tubo de raio-X com ânodo giratório refrigerado
a óleo ou água, filamento que pode ser simples ou duplo (dual); filtros e colimadores,
sistema de aquisição de dados, motores e sistemas mecânicos que permitem angulação
e posicionamento (laser) (MAIERHOFER, Lúcia; GUERRINI, Roberto M., 2001).

Sistema Emissor de Raios-X

Denominado também de cabeçote é constituído pelo tubo (ampola) de raios-X e pela cúpula (carcaça)
que o envolve. O tubo (ampola) de raios-X é composto por um envoltório, geralmente constituído
de vidro, resistente ao calor, lacrado e com vácuo formado no seu interior, onde são encontrados
o catódio (polo negativo) e o anódio (polo positivo), posicionados a determinada distância um do
outro e soldados no corpo do tubo em posição axial oposta (SANTOS, Edvaldo S.; NACIF, Marcelo
S., 2009).

Figura 42 – Esquema de um tubo de raios-X com anódio giratório dentro da cúpula.

Fonte: (SANTOS, E. S. ; NACIF M. S., 2009).

60
INSTRUMENTAÇÃO │ UNIDADE II

Detectores de Raios-X

Os detectores de Raios-X são dispostos em oposição ao tubo ou como nos tomógrafos


mais modernos, em toda a circunferência do portal, podendo ser móveis ou estáticos.
Junto aos detectores encontram-se placas e circuitos eletrônicos responsáveis pela
transdução da informação sobre a quantidade de absorção do feixe de RX pelo corpo
do paciente, em sinal eletrônico analógico. A seguir, essa informação é digitalizada e
será transmitida ao computador que fará os cálculos matemáticos necessários para a
formação da imagem (SANTOS, Edvaldo S.; NACIF, Marcelo S., 2009).

Colimadores

Os colimadores tornam possível o processo de paralelos e com maior precisão possível as trajetórias
dos raios-X emitidos pela ampola. Os erros de colimação podem induzir erros de diagnóstico, daí
a necessidade da maior precisão possível no paralelismo do feixe de raios-X (SANTOS, Edvaldo S.;
NACF, Marcelo S., 2009).

Figura 43 – Demonstração interna de um tomógrafo.

Fonte: SANTOS, Edvaldo S.; NACF, Marcelo S., 2009).

Figura 44 – Visualização interna de um tomógrafo.

Figura disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Ct-internals.jpg>. Acesso em: 29 de ago. de 2013.

61
UNIDADE II │ INSTRUMENTAÇÃO

Quadro 6 – Componentes internos do Aparelho de TC

A Ánado
C Cátodo
D Detectores de raio-X
R Rotação do Gantry
T Tudo de raio-X
X Feixe de raios-X

Fonte: A autora, 2013.

62
CAPÍTULO 4
Instrumentação em
Ressonância Magnética

Eletromagnetos
Tipos de Eletromagnetos
Siemens’ latest high-end scanner, which takes our unmatched Dual Source technology to a whole
new level, is the SOMATOM Definition Flash a scanner that will change your perceptions of radiation
dose.Existem três tipos distintos de magnetos, os resistivos, os permanentes e os supercondutores
(MENDONÇA, R. A. 1996).

Nos magnetos resistivos o campo magnético é produzido por um eletromagneto clássico e chega até
cerca de 0,4 T, também chamado baixo campo, sendo que a maioria é planejada para operar entre
0,15 e 0,25T (MENDONÇA, R. A. 1996).

Estes tipos de eletromagnetos consistem de bobinas percorridas por intensas correntes elétricas,
que, por sua vez, produzem campos magnéticos. No entanto, a combinação de intensos campos
magnéticos e alta homogeneidade de campo é muito difícil de se obter com estes magnetos
(MENDONÇA, R. A. 1996).

Os magnetos permanentes não necessitam de fontes de alimentação para criar campo magnético,
mas eles são utilizados somente para geração de campos magnéticos com intensidade máxima de
0,3T. Estes sistemas são estáveis somente quando sua temperatura é bem controlada. Além disso,
os magnetos permanentes são muito pesados, com seu peso aumentando com a intensidade do
campo. O campo magnético é produzido por materiais constituídos por cerâmica ferromagnética,
previamente carregados por um eletromagneto (LUFKIN, R. B. 1999).

Para a geração de altas intensidades de potência de campo magnético, são utilizados magnetos
supercondutores, os utilizados para uso clínico desde o final da década de 1980 e na atualidade.
Estes magnetos possuem bobinas compostas de fios de material obtido por meio de uma liga de
nióbio e titânio que se torna supercondutora abaixo de aproximadamente 4 Kelvin (WESTBROOK,
Catherine; KAUT, C., 2000).

Estas bobinas são submersas em fluídos criogênicos (hélio líquido) e normalmente, os reservatórios
de hélio estão, por sua vez, envolvidos por nitrogênio líquido (WESTBROOK, Catherine; KAUT,
C. 2000).

A corrente, inicialmente, passa pelos rolos de fios da bobina e cria o campo magnético ou eleva
o campo até a potência (rampa). Os fios são então super-resfriados por substâncias designadas
como criogênios (geralmente hélio líquido à temperatura de 269ºC) para eliminar resistência. Isto
é denominado banho criogênico, que circunda efetivamente os rolos de fio e fica alojado no sistema
entre vácuos isolados (WESTBROOK, Catherine; KAUT, C., 2000).

63
UNIDADE II │ INSTRUMENTAÇÃO

Visualização Externa dos Componentes de um Magneton

Figura 45 – Visualização externa de um magnetom 3.0T GE.

1 7 2
Figura disponível em: <http://epocanegocios.globo.com/Revista/Common/0,ERT97265-16380,00.html>.
Acesso em: 29 de ago. 2013.

Quadro 7 – Componentes externos do Aparelho de RM.

1 Maca para o posicionamento do paciente no interior do magneto


2 Triger ciclo respiratório/cardíaco e equipamentos para medidas fisiológicas
3 Blindagem de RF para proteger o sistema de interferências de RF externas
4 Blindagem magnética para minimizar os efeitos das linhas de campo magnético nas vizinhanças do equipamento de RM
5 Console de operação e visualização para mostrar as imagens e permitir a entrada dos parâmetros de controle fornecidos pelo operador
6 Sistema de processamento e armazenamento de dados
7 Gantry
8 Painel de comandos

Fonte: Manual GE, 2009.

Para a produção de imagens de ressonância magnética são necessários vários processos que incluem
alinhamento nuclear, excitação por radiofrequência, codificação espacial e formação de imagens
(MENDONÇA, R. A., 1996).

Os componentes de equipamento de ressonância magnética necessários para completar esses


processos são: um magneto, uma fonte de radiofrequência, um processador de imagens, e um
sistema de computadores (WESTBROOK, Catherine; KAUT, C., 2000).

Componentes Internos de um Sistema de RM

O Magneto Principal (Eletromagneto Supercondutor)


O magneto principal usado constitui-se em um campo magnético muito forte e uniforme suficientemente
poderoso para induzir magnetização tissular mensurável (MENDONÇA, R. A., 1996).

64
INSTRUMENTAÇÃO │ UNIDADE II

Magnetos ou ímãs são comercialmente disponíveis para o uso clínico com potência de intensidade
de campo variando de 0,23 a 3 Tesla (T) (LOPES, C. C., 2012).

Para uma comparação entre a potência de um magneton de 3,0 T e a intensidade


do campo magnético da Terra observem: A intensidade do campo magnético
na superfície da Terra é de 0,3 Gauss ou 30 Microtelas (1 Gauss= 0,0001T ou 1T=
10.000 Gauss).

A homogeneidade de campo, a medida da uniformidade de campo na região de utilização do


magneto é um parâmetro importante do sistema. A máxima homogeneidade de campo é crucial
para a geração de imagens livres de distorções e com maior relação sinal-ruído possível. A
homogeneidade de campo deve ser obtida sobre um volume substancial. Na prática é comum
especificar a homogeneidade de campo da ordem de 2ppm sobre um volume esférico com diâmetro
de 25 cm localizado em torno do isocentro do magneto ou aproximadamente 5 ppm sobre as
partes do corpo humano (PHILIPS, 2007).

A utilização de um campo magnético mais intenso resulta em magnetizações líquidas


maiores e, consequentemente, sinais de RM mais intensos. A frequência de ressonância e,
geralmente, a absorção de radiofrequência (RF) aumenta com o aumento da intensidade
do campo. Como resultado, a melhora na relação sinal-ruído produzida com o aumento da
intensidade de campo é compensada pelas perdas relacionadas à atenuação de RF pelo corpo
(PHILIPS, 2007).

Para a geração de altas intensidades de campo magnético, são utilizados magnetos


supercondutores, os quais possuem bobinas submersas em fluidos criogênicos (hélio líquido).
Normalmente, os reservatórios de hélio estão, por sua vez, envolvidos por nitrogênio líquido
(PHILIPS, 2007).

Os dois fluídos criogênicos evaporam lentamente e devem ser repostos regularmente. À temperatura
de hélio líquido as bobinas confeccionadas com material especial tornam-se supercondutoras de
modo que uma vez estabelecida a corrente nas bobinas, o sistema pode ser desconectado da fonte
de alimentação sendo mantidos constantes tanto a corrente quanto o campo magnético produzido.
(PHILIPS 2007).

Este tipo de magneto provê excelente estabilidade e homogeneidade de campo. Após sua
fabricação, o magneto deve passar por um processo adicional de homogeneização de campo
passiva (passive shimming) com a fixação de pedaços de ferro no seu espaço útil interior (bore)
para otimizar a homogeneidade de campo. Os novos sistemas de RM incorporam também
software, tal como field-of-vew shimming, o qual permite o ajuste da homogeneidade de campo
por meio do ajuste das bobinas de gradiente com o paciente situado no interior do magneto e na
região a ser analisada identificada. Isto permite o ajuste otimizado da homogeneidade, operação
muito útil desde que a introdução do paciente no ímã sempre causa distorções no campo magnético
(PHILIPS, 2007).

65
UNIDADE II │ INSTRUMENTAÇÃO

Figura 46 – Líquidos Criogênicos do Magneto.

Vácuo

Hidrogênio líquido

Hélio líquido

Bobina de Gradiente

Figura adaptada e disponível em: <http://novastecnologiassaude.blogspot.com.br/2008/05/apare lho-de-ressonncia-magntica.html>.


Acesso em: 26 de ago. 2013.

Bobinas de Gradiente
Os campos magnéticos secundários são constituídos pelas bobinas de radiofrequência dos tipos
transmissoras e receptoras, bobinas homogeneizadoras e bobinas de gradiente (MENDONÇA, R.
A., 1996).

São bobinas eletromagnéticas com potências de apenas uma pequena fração do campo magnético
principal. São utilizadas para variar o campo magnético no centro do magneto principal de forma
deliberada, previsível ao longo das três direções perpendiculares, X, Y e Z (LUFKIN, R. B., 1999).

As bobinas de gradiente são ligadas e desligadas durante a aquisição das imagens e sua principal
função é localizar o sinal espacialmente (PHILIPS, 2007).

A RM utiliza gradientes de campo magnético para produzir a diferenciação espacial dos sinais
emitidos de regiões de interesse no paciente. Um gradiente de campo magnético é um campo
magnético fraco que muda linearmente com a posição e é superposto ao campo magnético principal.
Os gradientes de campo magnético nas direções x, y e z requeridos para a geração de imagens, são
produzidos por três conjuntos de bobinas (PHILIPS, 2007).

Figura 47 – Arranjo típico de bobinas de gradiente em um aparelho de RM.

4
5

Figura disponível em: <http://www.fsc.ufsc.br/~canzian/imagem/dezembro-07-bobinas-mri.html>. Acesso em: 21 de ago. 2013.

66
INSTRUMENTAÇÃO │ UNIDADE II

Quadro 8 – Especificação das Bobinas internas do aparelho de RM.

1 Magneto ou ímã (campo magnético principal)

2 Bobinas de gradiente Z ou bobinas de Helmholtz (criam um campo magnético adicional que varia ao longo da direção z – pés-cabeça).

3 Bobinas de gradiente X, os pares de retângulos laterais, (produzem campos adicionais que variam ao longo das direções direita/esquerda).

4 Bobinas de gradiente Y, os pares de retângulos superior e inferior, (produzem campos adicionais que variam ao longo das direções em cima e em baixo).

5 Bobina de campo magnético estático (grupos de filamentos)

Fonte: (PHILIPS, 2007).

Sinais de radiofrequência são produzidos por bobinas para excitar os prótons do hidrogênio do
corpo que após a excitação, relaxam até a sua condição inicial. Neste processo, emitem sinais
de radiofrequência durante um intervalo de tempo que depende dos tecidos de onde proveem
(PHILIPS, 2007).

A frequência de excitação (ressonância) é proporcional ao valor do campo local bem como a


frequência emitida pelo próton relaxando. Como cada ponto do espaço tem um valor único de
campo é possível identificar de onde vêm os sinais e reconstruir a imagem (PHILIPS, 2007).

Cada conjunto de bobinas está conectado a uma fonte de alimentação independente. Além disso, por
meio de geração combinada de gradientes ao longo das direções x, y ou z a partir de suas fontes de
alimentação, é possível produzir gradientes de campo em qualquer direção. Os gradientes gerados
por estas bobinas devem ser lineares sobre o volume da imagem e devem ser estáveis durante a
aplicação dos mesmos. (PHILIPS, 2007).

As correntes que circulam pelas bobinas de gradiente são da ordem de várias centenas de Amperes.
Consequentemente, forças intensas agem sobre as partes mecânicas de modo que elas começam a
oscilar durante o chaveamento dos gradientes, por esta razão surge um ruído acústico característico
durante o exame de RM (PHILIPS, 2007).

Bobinas de Radiofrequência
As bobinas de RF transmissoras são utilizadas para excitar os núcleos de um determinado corte
específico com pulsos de RF aplicados em intervalos de tempo precisamente determinados. As
bobinas receptoras de RF medem o sinal emitido pelos tecidos e variam desde grandes bobinas de
corpo até pequenas bobinas de superfície que são colocadas mais próximas possíveis da região de
interesse a ser estudada (MENDONÇA, R. A., 1996).

Em comparação com as bobinas de corpo, as bobinas de superfície apresentam uma relação


vantajosa, podendo obter imagens detalhadas de uma área anatômica localizada (MENDONÇA, R.
A.,1996).

As bobinas de RF em um sistema de geração de imagens são usadas para a excitação dos núcleos
e ou a detecção do sinal produzido por eles. As bobinas devem ser capazes de produzir um campo
uniforme (ou bem definido) ao longo da região a ser analisada. Bobinas distintas podem ser utilizadas
para os diferentes propósitos, excitação e detecção ou apenas uma pode ser empregada para os dois

67
UNIDADE II │ INSTRUMENTAÇÃO

fins. Em qualquer um dos casos, as bobinas devem apresentar alta sensibilidade. As bobinas devem
ser sintonizadas na frequência do núcleo a ser observado (PHILIPS, 2007).

Para uma eficiente detecção do sinal, o objeto a ser analisado deve preencher o maior espaço interno
da bobina de detecção. Tipicamente, um fator de preenchimento da bobina (filling fator) da ordem
de 70% ou mais é desejado.

Portanto, bobinas de superfície (surfasse coils) produzem uma melhor relação sinal-ruído do que as
bobinas de corpo-inteiro tradicionais (PHILIPS, 2007).

Fatores de intensificação na relação sinal-ruído da ordem de 3 a 5 podem ser obtidos com a utilização
de bobinas de superfície. As bobinas de superfície flexíveis permitem o máximo de liberdade para o
posicionamento e garantem o melhor conforto do paciente. Para a obtenção de imagens de cabeça
ou extremidades, bobinas menores mais adequadas são colocadas envolvendo a região de interesse
(PHILIPS, 2007).

A utilização de bobinas em quadratura fornece uma adicional melhora na relação sinal-ruído. A


bobina de transmissão em quadratura reduz a potência de RF requerida e atenua a dissipação
de energia sobre o paciente. A bobina em quadratura é constituída por duas bobinas cujos eixos
são perpendiculares entre si. Enquanto as duas bobinas captam sinais idênticos os ruídos nelas
induzidos são quase independentes. Por meio de uma combinação adequada dos sinais de saída,
um aumento na relação sinal-ruído de um fator de no máximo pode ser obtido (PHILIPS, 2007).

Embora a homogeneidade de RF no volume útil de uma bobina em quadratura seja melhor do


que a apresentada por uma wrap around coil, o fator de preenchimento de uma bobina flexível
é frequentemente maior, especialmente para imagens de pequeno campo de visão (field of view),
resultando algumas vezes em uma maior relação sinal-ruído com a utilização de bobinas de superfície
flexíveis (PHILIPS, 2007).

O conceito de bobinas de sinergia (synergy coils ou phased array coils) explora as vantagens de
relação sinal-ruído de pequenas bobinas e o princípio de detecção em quadratura, mas as torna
aplicáveis apenas para as imagens de grande campo de visão. A synergy coil é constituída de um
arranjo de pares de bobinas em quadratura destinadas à recepção simultânea de diferentes sinais
de RM, sem, no entanto, aumentar o tempo de aquisição (PHILIPS, 2007).

Cada par de bobinas em quadratura cobre uma diferente região, por exemplo: da coluna e após
a aquisição do sinal, as imagens de todos os elementos individuais da synergy coil podem ser
combinados para a formação de uma única imagem de grande campo de visão, por exemplo, de 45
cm. Nesta imagem, a relação sinal-ruído é cerca de 50% melhor do que as imagens obtidas por meio
de bobinas superficiais flexíveis do tamanho de um elemento da synergy coil (PHILIPS, 2007).

Bobinas Homogeneizadoras
São bobinas eletromagnéticas menores, utilizadas para fazer a sintonia fina do magneto principal
tornando-o mais homogêneo possível no seu centro, aonde as imagens são adquiridas (LUFKIN, R.
B., 1999).

68
INSTRUMENTAÇÃO │ UNIDADE II

O Sistema de Aquisição de Controle


O subsistema de aquisição e controle está localizado entre o computador principal (host computer),
o sistema de processamento de dados (reconstructor) e o painel (front-end: equipamento de RF,
gradiente e medidas fisiológicas). Este subsistema efetua a programação e execução das sequências
de RM, aquisição e demodulação dos sinais de RM e a transferência dos mesmos para o processador
de arranjos de aquisição e processamento de sinais fisiológicos para sincronizar o experimento de
RM com o estado fisiológico do paciente controle automático do front-end para a desejada aquisição
(scan) calibração e testes do equipamento (PHILIPS, 2007).

O Sistema de Processamento de Dados


O conjunto de sinais medidos é processado para a reconstrução das imagens e as mesmas são
apresentadas em monitores gráficos. Em muitos tipos de experimentos, para a formação de imagens
a dimensão do conjunto de dados torna-se o maior problema, por exemplo, na geração de imagens
3D ou com maiores matrizes de dados (PHILIPS, 2007).

O Computador Central, Visualização,


Armazenamento e Impressão
O conjunto de dados sobre o paciente, o controle do experimento, o monitor de sinal, o
processamento, apresentação, impressão e armazenamento das imagens, são acessíveis a partir
do console do operador. Todas as operações podem ser efetuadas em paralelo. Um monitor
de cristal líquido (liquid crystal display-LCD) localizado na face da cobertura do magneto
pode ser utilizado para mostrar imagens e monitorar os sinais. As imagens reconstruídas
são inicialmente acumuladas no sistema de armazenamento do computador principal. Para
o armazenamento de longo prazo, as imagens são normalmente gravadas em sistema PACS
(PHILIPS, 2007).

A Blindagem Magnética
A blindagem magnética é requerida para proteger a vizinhança mais próxima do magneto
dos efeitos das linhas de campo. Relógios, fitas, cartões magnéticos, celulares etc. podem ser
danificados pelo campo magnético. Uma das grandes preocupações clínicas está associada aos
efeitos do campo magnético sobre instrumentos médicos tal como os marca-passos cardíacos
(PHILIPS, 2007).

Para evitar acidentes inesperados, é necessário isolar o magneto em uma área onde indivíduos
não autorizados não estejam sujeitos aos potenciais perigos produzidos pelo campo magnético e
construir blindagens magnéticas para limitar a extensão das linhas de campo (PHILIPS, 2007).

Para manter a homogeneidade de campo magnético, a blindagem é necessária para evitar efeitos
de distorção de campo provenientes da vizinhança, tais como carros, metrô ou elevadores
(PHILIPS, 2007).

69
UNIDADE II │ INSTRUMENTAÇÃO

A Blindagem de RF
O sinal de RM é relativamente fraco, consequentemente pequenas interferências de RF podem
degradar sensivelmente a qualidade das imagens. Por esta razão, os sistemas de RM geralmente
requerem que a sala onde se localizam seja blindada de fontes externas de energia de RF
(PHILIPS, 2007).

Para a maioria dos sistemas, esta exigência envolve a construção de blindagens nas paredes, no chão
e no teto onde está localizado o equipamento de RM. A blindagem de RF também previne que os
sinais de RF produzidos durante as medidas para a geração de imagens perturbe os sinais de rádio
utilizados para outros fins fora da sala de operação do equipamento de RM (PHILIPS, 2007).

70
Para (não) finalizar

Pós-graduandos,

Para um adequado aprendizado, é necessário ter o impulso científico investigativo que nos pede
sempre mais conhecimentos e, com isso, minuciosidades sobre os temas que buscamos.

A leitura e a organização de horários sistemáticos ao estudar fazem-se fundamentais para a


solidificação do conteúdo a ser assimilado parcialmente.

Bons estudos!

Prof.a Carla Cristina Lopes

71
Referências
BALLONE, G. J. Exames em Psiquiatria. Psiqweb, 2005. Disponivel em : < http:// www.psiqweb.
med.br >. Acesso em: 27 de ago. 2013.

CARVALHO, A. C. P. O Pioneirismo da Radiologia na Medicina do Brasil. Revista de Imagem. V.


23, p. 283-91, 2001.

CASTRO, Amauri Jr.; ROSSI, Guilherme.; DIMENSTEIN, Renato. Guia Prático em Medicina
Nuclear – A Instrumentação. 2. ed. São Paulo: Senac, 2004.

DOMENICIS, Osvaldo Jr. O Avanço da Tecnologia Digital. Cura Imagem e Diagnóstico.


Disponível em: < http://www.cura.com.br/artigosmedicos-radiologiadigital.html > Acesso em: 29
de ago. 2013.

ESAOTE. Manual de Funcionamento dos Equipamentos O-Scan e S-Scan, 2011.

FRANCISCO, F. C. et al. História da Radiologia no Brasil. Revista de Imagem. v 28, n 1, p. 63-66,


2006.

_______. 110 Anos de História. Revista de Imagem. v. 27, p. 281-286, 2005.

HATCHER, D. C.; ABOUDARA, C. L. Diagnosis goes digital. Am J Orthod Dentofacial Orthop.


v. 125, no. 4, p. 512-515. Apr., 2004.

HIRONAKA, Fausto Haruti et al. Medicina Nuclear: Princípios e Aplicações. São Paulo:
Atheneu, 2012.

LOPES, C. C. Apostila de Física e Instrumentação: Ressonância Magnética, s/l, 2012.

______. Apostila de Fundamentos e Instrumentação em Tomografia Computadorizada,


2013.

______. Apostila de Medicina Nuclear: Instrumentação e Abordagens Técnicas do


Exame, 2011.

LUFKIN, R. B. Manual de Ressonância Magnética. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,


1999.

MAIERHOFER, Lúcia.; GUERRINI, Roberto M. Guia Prático de Tomografia Computadorizada.


2. ed. São Paulo: Roca, p.33-39, 2001.

PHILIPS. Manual de Princípios Básicos de Imagens por RM, 2007.

GE. Manual de Principios de Física Aplicada a Ressonância Magnética, 2009.

PHILIPS, Achieva. Manual de Funcionamento do Equipamento Achieva, 2010.

72
REFERÊNCIAS

MAZZOLA, Alessandro A. Ressonância Magnética: Princípios de Formação da Imagem e Aplicações


em Imagem Funcional. Revista Brasileira de Física Médica. V.3, n°.1, p117-129. 2009.
Disponível em: < http://www.abfm.org.br/rbfm/publicado/rbfm_v3n1_117-9.pdf >. Acesso em :
22 de ago. de 2013.

MENDONÇA, R. A. Fundamentos da Ressonância Magnética. São Paulo: UNIFESP/EPM,


1996.

MORAES, Anderson Fernandes. Manual de Medicina Nuclear, 2007.

NOBREGA, Almir Inácio. Manual de Tomografia Computadorizada. São Paulo: Atheneu,


p.102, 2005.

SANTOS, Edvaldo S.; NACF, Marcelo S. Manual de Técnicas em Tomografia


Computadorizada. 2. ed. Rio de Janeiro: Rubio, p.59-65, 2009.

SAPIENZA, M. T.; BUCHPIHGUEL, C. A.; HIRONAKA, F. H. Medicina Nuclear em Oncologia.


São Paulo: Atheneu, 2008.

SCARFE, W. C.; FARMAN, A. G.; SUKOVIC, P. Clinical Applications of Cone-Beam Computed


Tomography in Dental Practice. J Can Dent Assoc, Ottawa, v. 72, n.1, p. 75-80, Feb. 2006.

SIEMENS. Manual de Funcionamento do Conjunto Radiológico Fixo Multix B, 2004.

SIEMENS, Spree. Manual de Funcionamento do Equipamento Spree, 2010.

SOARES, F. A.; LOPES, H. B.Tomografia Computadorizada. CEFET/SC, Florianópolis . 2000.

SZENFELD, Denis. Ressonancia Magnética Cardíaca: Morfologia, Função, Perfusão e Viabilidade.


InRad News. no 41, 2006. Disponível em : <http://www.medplan.com.br/materias/19/1602.
html>. Acesso em: 25 de ago. de 2013.

THRALL, J. H.; ZIESSMAN, Harvey. Medicina Nuclear. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2003. 426p.

TUOTO, E. A. História da Ressonância Magnética. Disponível em: <http://historyofmedicine.


blogspot.com/2006/03/ressonancia-magnetica-prmio-nobel-2003.html>. Acesso em: 28 de ago.
2013.

WESTBROOK, Catherine; KAUT, C.; Ressonância Magnética Prática. Rio de Janeiro:


Guanabara Koogan, 2000.

73

Você também pode gostar