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Ressonância Magnética e Tomografia

Computadorizada em Pequenos Animais

Brasília-DF.
Elaboração

André Luiz Veiga Conrado

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 4

ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA..................................................................... 5

INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7

UNIDADE I
IMAGEM POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA EM PEQUENOS ANIMAIS......................................................... 9

CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO E DEFINIÇÕES..................................................................................................... 9

CAPÍTULO 2
RESSONÂNCIA MAGNÉTICA DIAGNÓSTICA.............................................................................. 35

UNIDADE II
TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA EM PEQUENOS ANIMAIS................................................................. 50

CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO E FORMAÇÃO DA IMAGEM TOMOGRÁFICA...................................................... 50

CAPÍTULO 2
EXAME DE TOMOGRAFIA E SEUS DESAFIOS.............................................................................. 58

CAPÍTULO 3
APLICAÇÕES DA TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DIAGNÓSTICA EM PEQUENOS ANIMAIS... 70

REFERÊNCIAS................................................................................................................................... 93
Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da
Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade


dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo


a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

5
Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

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Introdução
A ressonância magnética é hoje um método de diagnóstico por imagem disponível na
medicina veterinária e que está em franco desenvolvimento. Pela sua sensibilidade em
diferenciar tecidos e coletar informações bioquímicas (MAZZOLA, s.d.), abre-se uma
gama enorme para se diagnosticar alterações que antes eram tomadas como raras, bem
como o estudo funcional do encéfalo de pequenos animais (BERNS et al., 2012).

A física da ressonância magnética aplicada à formação de imagens é complexa e


abrangente, uma vez que tópicos como eletromagnetismo, supercondutividade e
processamento de sinais têm de ser abordados em conjunto para o entendimento
desse método (MAZZOLA, s.d.). A física da tomografia computadorizada é baseada em
radiação x, muito semelhante à radiologia convencional e às reconstruções algorítmicas
da ressonância magnética.

Tanto a tomografia computadorizada quanto a ressonância magnética têm grande parte


do seu uso no diagnóstico de neoplasias e suas consequências. No futuro próximo,
é esperado o uso de medicina nuclear na Tomografia por Emissão de Pósitrons
(Positron Emission Tomography – PET) e Tomografia por Emissão de Pósitrons por
Tomografia Computadorizada (PET/CT) no Brasil. Na PET/CT, existe a sobreposição
de imagens metabólicas da tomografia por emissão de pósitrons às imagens da
tomografia computadorizada, originando uma terceira imagem. A tecnologia PET
utiliza radionuclídeos emissores de pósitrons marcados com moléculas biologicamente
importantes, conhecidas por estarem envolvidas na fisiopatologia da doença como
marcadores ou participantes. Na oncologia, o foco principal está atualmente na detecção
e no estadiamento da malignidade, mas, na medida em que essa tecnologia pode ser útil
na avaliação da resposta à terapia, também está sendo explorada (LEBLANC; DANIEL,
2007).

Mesmo assim, a tomografia computadorizada e a ressonância magnética continuarão a


ser procedimentos complexos e caros. Existem diferenças fundamentais entre as duas
tecnologias, e os veterinários são confrontados frequentemente para a escolha entre
elas para o exame diagnóstico de seus pacientes. Uma compreensão clara dos pontos
fortes e fracos de ambas as modalidades permitirá que seja selecionada a modalidade
de imagem ideal (LABRUYÈRE; SCHWARZ, 2013).

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Objetivos
» Esclarecer as bases físicas do funcionamento do equipamento de
ressonância magnética e seus usos em pequenos animais.

» Consolidar o exame de tomografia computadorizada em pequenos


animais como alternativa à radiologia convencional.

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IMAGEM POR
RESSONÂNCIA UNIDADE I
MAGNÉTICA EM
PEQUENOS ANIMAIS

CAPÍTULO 1
Introdução e definições

Introdução
Os primeiros estudos em ressonância magnética foram realizados em 1946 por dois
grupos independentes: Purcell em Harvard, que estudava os sólidos, e Bloch em
Stanford, que estudava os líquidos. Nessas primeiras experiências, a ressonância
magnética era usada para realizar a análise química das estruturas, conhecida
como espectroscopia. No final dos anos 1960, Raymond Damadian demonstrou in
vitro que T1 era maior em tumores do que em tecido normal e começou a trabalhar
no desenvolvimento de um aparelho. Em 1972, Lauterbour, da Universidade de
Illinois, obteve as primeiras imagens com a ressonância magnética, as quais foram
publicadas na Revista Nature. Em 1976, Mansfield, da Universidade de Nottinghan,
produziu as primeiras imagens de uma parte do corpo: um dedo (HAGE; IWASAKI,
2009).

Em 2003, pelos avanços proporcionados pela aplicação da técnica de Imagem por


Ressonância Magnética (IRM), Paul Lauterbour e Peter Mansfield receberam o
prêmio Nobel de Medicina, mas o primeiro exame de IRM na América Latina foi
realizado em 1986 no Brasil, no Hospital Israelita Albert Einstein em 1986, em São
Paulo (HAGE; IWASAKI, 2009).

Definição
A IRM é, resumidamente, o resultado da interação do forte campo magnético produzido
pelo equipamento com os prótons de hidrogênio do tecido humano, criando uma

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UNIDADE I │ IMAGEM POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA EM PEQUENOS ANIMAIS

condição para que possamos enviar um pulso de radiofrequência e, após, coletar a


radiofrequência modificada, por meio de uma bobina ou antena receptora. Esse sinal
coletado é processado e convertido numa imagem ou informação (MAZZOLA, 2009).

As propriedades de ressonância magnética têm origem na interação entre um átomo


em um campo magnético externo; de forma mais precisa, é um fenômeno em que
partículas que contém momento angular e momento magnético exibem um movimento
de precessão quando estão sob ação de um campo magnético (MAZZOLA, 2009).

Os principais átomos que compõem o tecido humano são: hidrogênio, oxigênio, carbono,
fósforo, cálcio, flúor, sódio, potássio e nitrogênio. Esses átomos, exceto o hidrogênio,
possuem no núcleo atômico prótons e nêutrons (MAZZOLA, 2009).

Apesar de outros núcleos possuírem propriedades que permitam a utilização em IMR, o


hidrogênio é o escolhido por três motivos básicos: ele é o mais abundante nos organismos
animais; as características de ressonância magnética nuclear se diferem bastante entre
o hidrogênio presente no tecido normal e no tecido patológico, e o próton do hidrogênio
possui o maior momento magnético e, portanto, a maior sensibilidade a ressonância
magnética (MAZZOLA, 2009).

Spin e movimento magnético

O núcleo mais simples é o do hidrogênio, o qual consiste em um único próton. Os prótons


e os nêutrons têm uma propriedade chamada spin ou momento angular que é uma
rotação similar à rotação da Terra sob o seu próprio eixo. Em adição ao seu spin, o
próton tem também um momento magnético, o que significa que ele se comporta
como um magneto/ímã. As razões pelas quais o próton pode se comportar como
pequeníssimo magneto são duas: o próton tem carga elétrica e ele gira sobre o seu
próprio eixo num movimento chamado spin (Figura 1). Qualquer objeto carregado
eletricamente que se mover circundará a si mesmo com um campo magnético e,
quando o movimento é de spin, o objeto é referido como um dipolo magnético.
Um próton é, portanto, um dipolo magnético. Um dipolo magnético não somente
produz um campo magnético, mas também responde à presença de qualquer campo
magnético de outras fontes. O núcleo do hidrogênio consiste em um único próton,
portanto possui spin e momento magnético. (HAGE; IWASAKI, 2009)

A técnica da IRM fundamenta-se em três etapas: alinhamento, excitação e detecção


de radiofrequência (AMARO NETO; YAMASHITA, 2001).

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IMAGEM POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA EM PEQUENOS ANIMAIS │ UNIDADE I

Figura 1. Próton de hidrogênio visto como uma pequena esfera (1), que possui um movimento de giro, ou spin,

em torno do seu próprio eixo (2); por ser uma partícula carregada positivamente (3), gera um campo magnético

próprio ao seu redor (4), comportando-se como um pequeno dipolo magnético (4) ou como um ímã (5), com

um momento magnético (µ) associado.

N
+ + =
S

1 2 3 4 5

Fonte: Mazzola (2009).

Alinhamento

Quando o paciente é posicionado no interior do magneto e fica sob ação de um campo


magnético de, por exemplo, 1,5 Teslas, os prótons de hidrogênio irão se orientar
de acordo com a direção do campo aplicado, como se fossem pequenas bússolas;
porém, ao contrário das bússolas, que apontariam seu norte marcado na agulha para
o sul magnético, os prótons de hidrogênio apontam tanto paralelamente quanto
antiparalelamente ao campo. As duas orientações representam dois níveis de energia
que o próton pode ocupar: o nível de baixa energia (alinhamento paralelo) e o nível
de maior energia (alinhamento antiparalelo), como mostrado na Figura 2 (MAZZOLA,
2009).

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UNIDADE I │ IMAGEM POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA EM PEQUENOS ANIMAIS

Figura 2. Prótons de hidrogênio sob ação do campo magnético externo aplicado. Os prótons se distribuem em

dois níveis de energia, sendo que um pequeno número maior de prótons se alinha paralelamente.

Pulso de RF

Pulso aplicado Remoção de Pulso

Fonte: Mazzola (2009).

Na tentativa de alinhamento com o campo, e por possuir o spin, surge um segundo


movimento chamado de precessão (Figura 3). A analogia com um pião sob a ação do
campo gravitacional é valida para entendermos esse movimento (MAZZOLA, 2009).

Sob ação de um campo magnético, os prótons de hidrogênio irão precessar a uma


frequência ω determinada pela equação de Larmor:

ω=γBₒ

em que:

» γ: razão giromagnética.

» Bₒ: valor do campo magnético externo aplicado.

Para o hidrogênio, a razão giromagnética é de 42,58 MHz/T. Portanto, se considerarmos


uma campo de 1,5 T, a frequência de precessão será de 63,87 MHz (MAZZOLA, 2009).

Uma regra importante a ser sempre lembrada é que qualquer alteração no valor do
campo magnético irá alterar a frequência de precessão (MAZZOLA, 2009).

Magnetização do tecido

Como nas imagens a menor unidade será o voxel – sendo este da ordem de 1,0 mm3
ou mais –, é o efeito combinado dos prótons de hidrogênio que irá nos interessar.

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IMAGEM POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA EM PEQUENOS ANIMAIS │ UNIDADE I

A magnetização resultante em cada voxel é o resultado da soma vetorial de todos os


spins que resultaram do cancelamento mútuo (MAZZOLA, 2009).

Figura 3. Ilustração esquemática dos mecanismos da IRM. (A) Prótons precessam em um campo magnético

externo Bₒ. (B) Após a introdução do pulso de RF, os prótons são excitados, com relaxação que ocorre depois da

remoção do pulso do RF; representação gráfica da relaxação T1 e T2.

Alinhamento paralelo Menor estado de energia

Alinhamento antiparalelo Maior estado de energia

B0
S

Fonte: Cao et al. (2017).

No equilíbrio, a magnetização resultante possui somente a componente horizontal, ao


longo de Bₒ. É fundamental que, nesse momento, façamos a localização espacial do
vetor magnetização (MAZZOLA, 2009).

Figura 4. Esquerda: spins alinhados paralelamente e antiparalelamente ao campo magnético externo aplicado

(eixo z), realizando movimento de precessão. Direita: vetor magnetização resultante (Mₒ) de um elemento de

volume de tecido.

Z Z

M0

Y Y
X X

Fonte: Mazzola (2009).

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UNIDADE I │ IMAGEM POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA EM PEQUENOS ANIMAIS

Coordenadas no espaço (x, y e z): eixo longitudinal


e plano transversal

A Figura 4 mostra os eixos de coordenadas (x, y e z) e o vetor que representa o momento


magnético de um próton de hidrogênio realizando o movimento de precessão em torno
do eixo z, assim como as mesmas coordenadas num típico magneto supercondutor. O
eixo z, ou longitudinal, representa a direção de aplicação do campo magnético principal
(Bₒ). O plano xy é chamado de plano transversal (MAZZOLA, 2009).

Utilizando o mesmo sistema de coordenadas, podemos imaginar um elemento de


volume de tecido (voxel) contendo 11 spins, como mostra a Figura 4. Os spins irão
se alinhar paralelamente (7 spins) e antiparalelamente (4 spins). Realizando o
cancelamento mútuo do vetor momento magnético dos que estão para cima com os que
estão para baixo (7-4=3 spins), uma componente de magnetização resultante Mₒ irá
surgir alinhada ao eixo longitudinal (MAZZOLA, 2009).

Apesar de todos os momentos magnéticos individuais precessarem em torno de Bₒ a


uma frequência angular igual a ω, não existe coerência de fase entre eles e, portanto,
não existirá componente de magnetização no plano transversal (MAZZOLA, 2009).

Uma bobina posicionada de forma perpendicular ao plano transversal não detectará


nenhum sinal, pois não ocorrerá alteração no fluxo magnético (MAZZOLA, 2009).

Excitação

Aplicação do campo de radiofrequência (B1)

Para que uma corrente elétrica seja induzida em uma bobina posicionada de forma
perpendicular ao plano transversal, é necessário que o vetor magnetização como um
todo, ou parte dele, esteja no plano transversal e possua coerência de fase. Se todos os
momentos magnéticos individuais forem desviados em 90° para o plano transversal e
todos estiverem precessando na mesma posição (mesma fase), teremos o máximo de
sinal induzido nessa bobina (MAZZOLA, 2009).

Para reorientar o vetor magnetização, um segundo campo magnético de curta duração


(pulso) tem que ser aplicado. Esse campo B1 (pulso de radiofrequência, ou RF) deve
ser perpendicular a Bₒ e deve estar em fase com a frequência de precessão (MAZZOLA,
2009).

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IMAGEM POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA EM PEQUENOS ANIMAIS │ UNIDADE I

O efeito no vetor magnetização (vetor M) é o de afastá-lo, por um dado ângulo de desvio


(α), do alinhamento com Bₒ. Um dos pulsos de RF mais utilizados é o que irá resultar
em um ângulo de desvio de 90°, transferindo, assim, todo o vetor M para o plano
transversal. Pulsos de 180°, chamados de pulsos de inversão, também são utilizados
(Figura 5) (MAZZOLA, 2009).

A emissão desse pulso de RF é normalmente feita pela chamada bobina de corpo


(Figura 6), e a detecção do sinal é feita por uma bobina local, como a bobina de
crânio (Figura 7) (MAZZOLA, 2009). As bobinas ou antenas de RF são responsáveis
pela transmissão e pelo recebimento do sinal de ressonância magnética. As bobinas
podem ser transmissoras e receptoras, somente transmissoras ou somente receptoras.
Quando não são utilizadas bobinas locais para transmissão do pulso de RF, essa tarefa é
realizada pela bobina de corpo, a qual está inserida na própria carcaça do equipamento
e vem sendo cada vez mais utilizada como a única bobina transmissora. Para as bobinas
locais, fica somente a tarefa de coletar o fraco sinal de RF que se origina de um corte do
corpo do paciente (MAZZOLA, s.d.).

Figura 5. Pulsos de RF e sua nomenclatura. O pulso de 90° é chamado de pulso de excitação, o de 180° de pulso

de inversão e o pulso α pode assumir qualquer valor.

Z Z Z

Y Y Y
X
X X

Pulso de 90° Pulso de 180°


Pulso α

Fonte: Mazzola (2009).

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UNIDADE I │ IMAGEM POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA EM PEQUENOS ANIMAIS

Figura 6. (A) Ilustração esquemática de um sistema de IRM com seu principais componentes. Observe que o vetor

campo magnético Bₒ é paralelo à mesa. Qualquer objeto metálico próximo da entrada do tubo do magneto

será atraído para o interior do equipamento, podendo causar acidentes graves quando for ejetado pela saída

do tubo. (B) Configuração de uma bobina de gradiente usada para a codificação espacial em todas as três

dimensões. O transceptor (transceiver) indica o sistema de radiofrequência englobando o transmissor, a bobina e

o receptor.

Magneto Bobina Y
principal Bobina Z

Bobina X

Transcepto

Bobina Componentes Paciente


Bobina Bobina eletrônicos da
de de calço de RF
gradiente RF

Fonte: Adaptada de Coyne, 2012 e Sohn et al. (2014).

Como discutido anteriormente, os pulsos de radiofrequência energizam os prótons dos


tecidos que, em seguida, começam a precessar sincronicamente, levando a uma forte
magnetização transversal. Esse processo de “afastar” a magnetização para longe do eixo
z é essencial para medir a sua força. Ao se colocar um fio circular ou em espiral (isto é, a
bobina receptora) ao redor do paciente, em um plano perpendicular ao eixo transversal,
é possível medir a força desse campo magnético transversal, que é proporcional à
corrente elétrica induzida na bobina (D’ANJOU, 2015).

Uma variedade de bobinas foi e continua sendo desenvolvida para permitir não só uma
coleta mais eficiente do sinal, como também para ser utilizada em novas aplicações e
novas metodologias de aquisição do sinal (MAZZOLA, s.d.).

Em resumo, a aplicação do pulso de RF causa dois efeitos:

» transfere energia para o vetor magnetização, desviando-o do alinhamento,


ou jogando-o para o plano transversal, quando for de 90°;

» faz com que os núcleos precessem, momentaneamente, em fase no plano


transversal.

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IMAGEM POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA EM PEQUENOS ANIMAIS │ UNIDADE I

Figura 7. Exemplos de bobinas utilizadas em sistemas de IRM de baixo campo. (a) Bobina de transmissão/

recebimento para campo de 0,6T. (b) Bobina de crânio com quatro elementos para campo de 0,25T.

Fonte: Adaptada de Marques et al. (2019).

Sinal de indução livre

Com aplicação de um pulso de RF de 90°, por exemplo, a magnetização é jogada no


plano transversal e passa a induzir uma tensão elétrica na bobina de frequência ω (sinal
de ressonância magnética nuclear, RMN). Quando encerra a aplicação do pulso de RF,
o sinal gradualmente decai como resultado do processo de relaxação ou de retorno do
vetor magnetização para o equilíbrio, ou seja, para o alinhamento com Bₒ (MAZZOLA,
2009).

O formato do sinal induzido (ou sinal de indução livre, SIL) é o de uma onda sendo
amortecida, como mostra a Figura 8 (MAZZOLA, 2009).

Figura 8. Sinal de Indução Livre (SIL) gerado pelo retorno da magnetização para o alinhamento após a aplicação

de um pulso de RF de 90°.

Bobina
Amplitude

SIL

Tempo
Sinal de RF

Fonte: Mazzola (2009).

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UNIDADE I │ IMAGEM POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA EM PEQUENOS ANIMAIS

Relaxação

Processos de relaxação: longitudinal e transversal

A relaxação dos spins que gera o SIL é causada pelas trocas de energia entre spins e
entre spins e sua vizinhança (rede). Essas interações são chamadas de relaxação spin-
spin e spin-rede e juntas fazem com que o vetor M retorne ao seu estado de equilíbrio
(paralelo a Bₒ), como mostrado na figura 9 (MAZZOLA, 2009). Essa fase ocorre quando
se interrompe ou desliga-se o sinal de radiofrequência dentro do equipamento de RM.

Figura 9. Retorno do vetor magnetização ao equilíbrio.

Fonte: Mazzola (2009).

Duas constantes de tempo foram criadas para caracterizar cada um desses processos:
T1 e T2. A constante T1 está relacionada ao tempo de retorno da magnetização para
o eixo longitudinal e é influenciada pela interação dos spins com a rede (MAZZOLA,
2009). Esse é o tempo necessário para a recuperação de 63,2% da magnetização de M,
resultando em mais spins retornando ao estado de baixa energia, isto é, realinhados a Bₒ
(relaxação T1) (HAGE, IWASAKI, 2009; D’ANJOU, 2015). Ao mesmo tempo, os spins
em fase começam a interagir uns com os outros – interação spin-spin ou dipolo-dipolo,
provocando rapidamente uma defasagem de 63,2%, eliminando, assim, a magnetização
transversal (relaxação T2).

A taxa na qual ocorrem os fenômenos de relaxação T1 e T2 varia entre os tecidos, e


a exploração dessas diferenças é a fonte fundamental da resolução de contraste em
ressonância magnética (MAZZOLA, 2009; D’ANJOU, 2015).

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IMAGEM POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA EM PEQUENOS ANIMAIS │ UNIDADE I

A Figura 9 mostra passo a passo o retorno do vetor magnetização ao equilíbrio após


a aplicação de um pulso de RF de 90º. Em amarelo são mostrados os momentos
magnéticos individuais. É possível perceber que estes vão se defasando e, com isso,
ocorre uma redução rápida na componente de magnetização ainda presente no plano
transversal (MAZZOLA, 2009).

Sequências spin-eco

As imagens de RM são criadas quando os sinais vindos dos tecidos excitados são
detectados como ecos por bobinas receptoras, localizados espacialmente e processados.
Em virtude das diferenças nas características de relaxação entre os tecidos, várias
metodologias técnicas, ou sequências, podem ser utilizadas para excitar e receber sinais
utilizando radiofrequência e pulsos de gradiente, com tempo e duração variáveis. As
sequências são divididas em dois grupos principais – sequências spin-eco e sequências
gradient recalled. A interpretação das imagens é baseada na avaliação de todas as
sequências obtidas em um único exame (D’ANJOU, 2015).

Quando se suspende o pulso de radiofrequência, os spins defasam rapidamente em


virtude das suas interações moleculares (isto é, a relaxação T2). Na realidade, esse
processo é ainda mais rápido pelo fato de o campo magnético não ser perfeitamente
uniforme nos tecidos. Essa heterogeneidade faz os prótons rotacionarem a diferentes
velocidades quando o pulso de radiofrequência é interrompido (isto é, alguns mais
lentamente que a média e alguns mais rápido), levando a uma defasagem muito rápida.
Assim, em vez do decaimento ser de acordo com a relaxação de T2, a magnetização
transversal do tecido decai em uma taxa T2* muito rápida (D’ANJOU, 2015).

As sequências spin-eco foram desenvolvidas especialmente para abordar esse


fenômeno T2*. O raciocínio é simples: pela adição de um pulso de radiofrequência
de 180 graus após o pulso de 90 graus, os prótons rotacionam efetivamente no
sentido oposto. Essa mudança na orientação permite que os prótons lentos – ainda
afetados pela heterogeneidade do ambiente – tornem-se os prótons mais “à frente”.
Pouco tempo depois, todos os prótons se tornam coerentes novamente, aumentando
exponencialmente a magnetização transversal, cujo pico é chamado tempo de eco ou
TE. Portanto, TE significa/representa o tempo entre esse pico de eco e o pulso inicial de
radiofrequência de 90 graus. O tempo que leva para essa sequência ser executada uma
vez é chamado tempo de repetição ou TR (D’ANJOU, 2015).

A diferenciação de contraste entre dois tecidos adjacentes (por exemplo, entre um tumor
cerebral e substância branca normal) depende das diferenças entre as densidades de
prótons, os T1 e T2 dos dois tecidos. A chamada conspicuidade (sinal da lesão versus

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UNIDADE I │ IMAGEM POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA EM PEQUENOS ANIMAIS

sinal do tecido adjacente) pode ainda ser maximizada pela manipulação adequada
dos parâmetros selecionáveis pelo operador. Sequências de pulso inadequadas podem
diminuir a diferença entre a lesão e o tecido circundante, tornando difícil a detecção
das lesões. Os parâmetros que podem afetar o contraste das imagens e que estão sob
o controle do operador incluem a escolha da sequência de pulso, ângulo de excitação
do pulso de RF (flip angle), espessura do corte, campo de visão, tamanho da matriz e
uso de agentes de contraste exógeno. A sequência de pulso mais comumente utilizada
em RM é a spin-eco. Nessa sequência, simplesmente variando TR e TE é possível obter
uma imagem que seja predominantemente ponderada em T1, T2 ou na densidade
de prótons (HAGE; IWASAKI, 2009). Essas manipulações resultam na variação de
níveis de intensidade (ou brilho de pixel) para o mesmo tecido. Embora alguns tecidos
possam parecer semelhantes em uma dada sequência, podem tornar-se distintos em
outra. Os protocolos-padrão dos exames incluem múltiplas sequências para destacar
essas diferenças entre os tecidos, mas novas sequências são desenvolvidas a cada dia
para melhorar a capacidade de identificação de diferenças ainda mais sutis (D’ANJOU,
2015).

Localização do sinal na ressonância


magnética
Até aqui consideramos que o campo magnético produzido pelo magneto possui um
valor único e uniforme. Dessa forma, se todo um volume de tecido, como o cérebro,
for posicionado nesse campo e um pulso de RF for enviado com valor de frequência
exatamente igual a frequência de precessão dos prótons de hidrogênio, todo o volume
será excitado. Os prótons de hidrogênio do volume como um todo receberão energia do
pulso de RF e retornarão sinal para a bobina. Esse sinal contém informação de todo o
tecido cerebral, mas não possibilita que saibamos de que parte do cérebro ele provém
(MAZZOLA, s.d.).

Como o objetivo é mapear uma imagem bidimensional (2D), é preciso estabelecer um


método que possibilite a seleção de um corte do corpo e, dentro desse corte, possamos
ter uma matriz de pontos organizada em linhas e colunas. Para cada elemento dessa
matriz (pixel), deve ser obtido o valor de intensidade de sinal, para que, por meio de
uma escala de tons de cinza ou cores, possamos visualizar a imagem final (MAZZOLA,
s.d.).

Com a introdução dos chamados gradientes de campo magnético, poderemos variar


linearmente, em uma dada direção, a intensidade do campo magnético, como mostra a
equação abaixo:

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IMAGEM POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA EM PEQUENOS ANIMAIS │ UNIDADE I

Bz (z) = B0 + z.Gz

em que Gz é a intensidade do gradiente aplicado (miliT/m) na direção z, e Bz(z) será o


novo valor de campo magnético numa dada posição z. O novo campo criado localmente
com o acionamento do gradiente irá fazer com que a frequência de precessão mude,
ou seja, cada posição do tecido na direção de aplicação do gradiente precessa em uma
frequência diferente. A Figura 10 exemplifica o acionamento do gradiente. A frequência
poderá ser usada agora para localizar espacialmente o sinal (MAZZOLA, s.d.).

O acionamento de um gradiente de campo também altera a fase dos spins. Essa


alteração é proporcional ao tempo em que o gradiente fica ligado e à amplitude do
gradiente. Juntas, fase e frequência poderão fornecer informações espaciais do sinal,
como veremos a seguir (MAZZOLA, s.d.).

Figura 10. Efeito de aplicação de um gradiente de campo magnético na direção do eixo z com amplitude de

45 miliT/m. As alterações na frequência de precessão dentro do volume de interesse se modificam de acordo

com a posição ao longo do eixo z.

Sem aplicação do gradiente


B0=1,5T
63.855.000 Hz
63.855.000 Hz
63.855.000 Hz

63.855.000 Hz

Com aplicação do gradiente

B0 + Gz = 1,5 T + 45 mT/m
63.663.435 Hz
64.238.130 Hz
63.471.870 Hz
Hz

63.855.000 Hz

Fonte: Mazzola (2009).

São necessárias três etapas para a codificação do sinal de forma a obter uma imagem
de RM: seleção de corte, codificação de fase e codificação de frequência. Cada etapa
representa o acionamento de gradientes em uma dada direção (MAZZOLA, s.d.).

O gradiente de seleção de corte (Gss) causa uma variação linear da intensidade do


campo magnético ao longo do eixo de Bₒ, em um segmento específico do tecido que

21
UNIDADE I │ IMAGEM POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA EM PEQUENOS ANIMAIS

pode ser magnetizado ajustando-se a frequência de pulsos de radiofrequência para a


frequência de Larmor dos seus prótons. Apenas os prótons desse segmento sofrerão
desvio de seus eixos para a posição transversal (ou seja, com capacidade de emitir
sinal). Uma vez que um segmento individual é excitado, o próximo passo é determinar
a origem do voxel de cada sinal detectado. Isso é realizado utilizando os gradientes de
codificação de fase e de codificação de frequências. O gradiente de codificação de fase
(Gpe) é ligado logo após o pulso de 90 graus de radiofrequência, fazendo com que cada
linha de prótons naquele segmento tenha uma fase diferente. Em seguida, o gradiente
de codificação de frequência (Gfe) é ligado durante o eco para alterar as frequências
de Larmor para cada coluna dentro do segmento. Como consequência, os prótons em
cada um dos voxels individuais, que constituem a matriz do corte a ser transformado
em imagem, precessam com uma frequência e fase específicas, permitindo que sejam
distinguidos (D’ANJOU, 2015).

O sinal coletado de cada corte está mapeado em fase e frequência, ou seja, um sinal
que varia no tempo, contendo diversas fases e diversas frequências, carrega informação
sobre todo o tecido contido no corte. Por volta de 1807, o matemático francês Jean
Baptiste Joseph Fourier desenvolveu ferramentas analíticas para decompor uma função
contínua em suas componentes oscilatórias e amplitudes, processo hoje conhecido
como transformada de Fourier. Uma versão dessa metodologia é usada atualmente
para determinar as amplitudes e frequências (e, portanto, as posições) encontradas
no sinal de RM (eco) coletado pelas bobinas. Todos esses cálculos são realizados pelo
reconstrutor de imagens, que transforma um sinal elétrico e imagem (MAZZOLA, s.d.).
Por fim, a avaliação por RM está resumida na Figura 11 abaixo.

22
IMAGEM POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA EM PEQUENOS ANIMAIS │ UNIDADE I

Figura 11. Funcionamento de um equipamento de ressonância magnética de alto campo.

Como funciona a ressonância


magnética de 7 tesla

Bobinas de gradiente

O gradiente é 3 tesla 7 tesla


responsável por codificar
espacialmente o sinal A quantidade de prótons do
para identificar a tecido humano que
informação em cada contribuem para gerar
região imagens aumenta conforme
a intensidade do campo
magnético. Por isso, o 7
Tesla tem maior
detalhamento para medidas
estruturais do organismo dos
pacientes.
Túnel de exames com 3,2m

Emissão de ondas Coleta da informação Processamento e


geração das imagens
Bobinas transmissoras Os átomos de
são responsáveis por hidrogênio absorvem O sinal é processado
emitir ondas de energia e a matematicamente e
radiofrequência de 300 reemitem. A bobina as imagens enviadas
MHz que excitam os receptora detecta o para os computadores
átomos de hidrogênio sinal e envia para da sala de comando
do tecido do paciente computadores na
sala técnica

Fonte: Marques (2015).

Seleção de sequências spin-eco

As sequências ponderadas em T1 e T2 (Tabela 1) são adquiridas na maioria dos pacientes


pelo método convencional ou pela aplicação de pulsos adicionais de reorientação de
180 graus, após um pulso de radiofrequência único de 900 graus durante o mesmo
tempo de repetição TR. Isso permite que mais sinais sejam localizados ao mesmo
tempo e, dessa forma, acelera o processo de aquisição. Essas sequências fast spin-
eco ou turbo spin-eco (o nome varia entre as marcar de aparelhos) substituíram as
sequências spin-eco convencionais na maioria dos sistemas (D’ANJOU, 2015).

As sequências de inversão-recuperação são utilizadas para anular o sinal proveniente de


tecidos ou de substâncias específicas, o que pode ajudar a confirmar a presença de tais
componentes ou melhorar a conspicuidade dos tecidos adjacentes com características
de sinal similares (D’ANJOU, 2015).

23
UNIDADE I │ IMAGEM POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA EM PEQUENOS ANIMAIS

Sequências de inversão recuperação: pulso preparatório de 180o graus – relaxamento


em T1 – sequência spin-eco pulso de 90o graus quando o tecido a ser suprimido cruza o
zero do eixo, esse tecido não gerará sinal no tempo de eco (D’ANJOU, 2015).

Assim, o atraso entre o pulso de inversão e pulso de 90o graus da radiofrequência, ou o


tempo de inversão (TI), depende do tempo de relaxamento T1 do tecido a ser anulado.
Para a gordura, que tem um tempo de relaxamento T1 muito curto, o TI deve ser curto
(D’ANJOU, 2015).

Uma sequência inversão-recuperação de TI curto (STIR –short TI Recovery) é utilizada


em várias circunstâncias para suprimir o sinal da gordura e, como essa sequência é
ponderada em T2, aumenta a conspicuidade das lesões dos tecidos moles, a maioria das
quais tem tempo de relaxamento T2 mais longos. As sequências STIR não são afetadas
pelas heterogeneidades do campo magnético e, portanto, resultam em uma supressão
mais uniforme da gordura (D’ANJOU, 2015).

Tabela 1. Características teciduais em IRM.

Tecido/material Ponderação T1 Ponderação T2


Ar Preto Preto
Osso cortical Preto Preto
Fluido Escuro Brilhante
Gordura Muito brilhante Muito brilhante
Cérebro Substância branca mais brilhante que Substância cinzenta mais brilhante que
substância cinza substância branca

Fonte: Adaptada de Labruyère; Schwarz (2013).

A inversão-recuperação também pode ser utilizada para anular o sinal de fluidos,


como o líquido cefalorraquidiano. Tal sequência, de inversão-recuperação atenuante
de fluido (FLAIR – Fluid Attenuated Inversion Recovery), ajuda a diferenciar lesões
parenquimatosas cerebrais do LCR. A sequência Flair também auxilia na confirmação
de componentes císticos e na natureza do fluido presente. As sequências FLAIR são
normalmente utilizadas para o cérebro e podem ser ponderadas em T2 ou T1 (Figura
12) (D’ANJOU, 2015).

24
IMAGEM POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA EM PEQUENOS ANIMAIS │ UNIDADE I

Figura 12. Imagens transversais de IRM do cérebro de um cão com oligodendroma. O brilho do tumor e

o contraste para o tecido cerebral vizinho varia entre a imagem ponderada em T2 (a), FLAIR (b), imagem

ponderada em T1 (c) e imagem ponderada em T1 pós-contraste. O uso de múltiplas sequências em IRM ajuda a

localizar a lesão no lobo frontal esquerdo e caracteriza a natureza do seu fluido.

a b

c d

Fonte: Labruyère; Schwarz (2013).

Sequências gradient recalled

Ao contrário das sequências spin-eco, as sequências gradiente-eco utilizam ângulos


de inversão menores (ou seja, menos de 90o graus) para iniciar e não apresentam
pulsos de radiofrequência de reorientação a 180o graus. Em vez disso, os gradientes são
utilizados para tirar de fase (gradiente negativo) e recolocar em fase (gradiente positivo)
a magnetização transversal, para gerar ecos em tecidos. As sequências gradiente-eco
utilizam um tempo de repetição TR mais curto juntamente com menores ângulos de
inversão (isto é, pulsos de radiofrequência curtos), permitindo que sejam realizados
estudos rápidos, com pouco artefato de movimento, algo conveniente para alguns
procedimentos, como a angiografia. As sequências gradiente-eco também são
tipicamente utilizadas para a orientação anatômica inicial no começo de um exame,
sendo chamadas de imagens localizadoras (D’ANJOU, 2015).

Não há compensação da heterogeneidade do campo, e as sequências de gradiente


com longos TE (tempo de eco) são ponderadas em T2* ao invés de T2, como as
sequências spin-eco. A susceptibilidade magnética é a propriedade que descreve
o grau de magnetização de um tecido quando exposto a um campo magnético. As
substâncias podem aumentar ou diminuir a intensidade do campo magnético local
e, assim, exercer efeito sobre os prótons giratórios vizinhos. Os prótons dos tecidos
afetados pela heterogeneidade do campo local saem de fase mais rapidamente, causando
25
UNIDADE I │ IMAGEM POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA EM PEQUENOS ANIMAIS

a perda do sinal e/ou erro de registro do sinal. Esse conceito é utilizado na detecção de
hemorragias. As sequências ponderadas em T2* são, portanto, sensíveis para detecção
de hemorragia, como observado na figura 13 (D’ANJOU, 2015).

Outras sequências gradiente-eco: spoiled gradient recalled echo (SPGR) para cartilagem
articular; steady state free precession, para nervos cranianos. Sequências têm nomes
específicos que mudam entre os fornecedores de sistemas de imagem (D’ANJOU, 2015).

Todas as partes moles podem ser visibilizadas na ressonância magnética. Entretanto,


a cortical óssea e o ar não produzem sinal nas imagens por causa da inabilidade dos
prótons relaxarem na matriz óssea densa e da relativa falta de núcleos de hidrogênio
no ar. Por possuírem baixa densidade de prótons móveis, as lentes não apresentam
sinal em nenhuma sequência utilizada. Todas as outras estruturas são visibilizadas em
vários graus de cinza ao branco por causa das variações da intensidade do sinal (HAGE;
IWASAKI, 2009).

Figura 13. Imagens transversais do encéfalo ponderadas em T2 (A), em Flair (B), e em T2* (C) no nível da medula

em uma fêmea Labrador Retriever de 2 anos de idade, com hemorragia cerebelar e meningeal superaguda

causada por coagulopatia. A hemorragia peraguda é isointensa em relação ao líquido cerebroespinhal em

sequências de spin-eco, mas é claramente vista em imagens ponderadas em T2* (seta branca).

A B C

Fonte: Adaptada de Hodshon et al. (2014).

Meio de contraste
Assim como na tomografia computadorizada, meios de contraste podem ser injetados
por via intravenosa na ressonância magnética para avaliar a rede vascular e a perfusão
tecidual. Os meios de contraste utilizados na ressonância magnética exercem um efeito
paramagnético, efeito forte que diminui os tempos de relaxação T2 e T1 dos prótons ao
redor da molécula do meio de contraste. Em baixas concentrações, como nas utilizadas
na prática clínica, o efeito predominante é o encurtamento de T1. Assim, os tecidos

26
IMAGEM POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA EM PEQUENOS ANIMAIS │ UNIDADE I

que acumulam essa substância geram um sinal maior – realçam ao contraste – em


sequências de pulsos ponderadas em T1 (D’ANJOU, 2015).

O gadolínio (Gd) tem um forte momento magnético e é um agente de contraste favorável


para ressonância magnética. É quelatado ao ácido dietilenotriaminopentaacético
(DTPA), formando Gd-DTPA, o que neutraliza a toxicidade do íon. O agente pode
atravessar barreiras cerebrais sanguíneas danificadas ou anormais e lesões internas
de maneira semelhante ao meio de contraste iodado utilizado na tomografia
computadorizada. Uma dose de 0,1 mmol/kg delineia efetivamente a maioria das
lesões em seres humanos e animais, embora até 0,2 mmol/kg possa ser usado a fim
de se aumentar o rendimento do diagnóstico (THOMSOM et al., 1993).

Equipamentos e sala de exames


Os primeiros magnetos supercondutores de alto campo eram grandes e desajeitados,
exigindo um resfriamento criogênico duplo de hélio líquido para manter o magneto
frio e um revestimento de nitrogênio líquido para ajudar a manter o hélio líquido frio
(Figura 14). Os refinamentos tecnológicos levaram à eliminação do nitrogênio líquido.
Da mesma forma, o volume de hélio líquido necessário e a frequência do reabastecimento
de hélio líquido foram drasticamente reduzidos, o que ajuda a minimizar os custos
de funcionamento. Esses avanços vieram após o aumento da força do gradiente (que
melhora a resolução espacial no plano), maior alcance e qualidade das bobinas de
superfície e tecnologia de processamento de imagens mais sofisticadas e exibição
(GAVIN, 2011).

Os aparelhos de alto campo são geralmente considerados padrão para ressonância


magnética clínica de humanos e, até em grande medida, aplica-se à medicina veterinária.
A maioria das escolas veterinárias americanas opera scanners de 1 a 1,5 T, embora
haja interesse em forças de campo mais altas, tanto para clínica quanto para pesquisa
(GAVIN, 2011).

Equipamentos com menor intensidade de campo são mais baratos para a aquisição,
instalação e manutenção do que aparelhos de alto campo, o que é uma vantagem
significativa para práticas privadas (GAVIN, 2011). A razão sinal-ruído (quantidade de
prótons que formam cada voxel) limitada desses sistemas de baixo campo está associada
ao tempo de exame mais longo e à resolução espacial menor. Além disso, o campo de
visão é limitado, o que exige que o paciente tenha que ser movimentado no aparelho
para uma completa cobertura anatômica. Fatores positivos são o menor artefato de
susceptibilidade (objetos metálicos que aparecem com distorções nas imagens), e seu
design possibilita fácil acesso ao paciente, além de se evitar mais facilmente acidentes

27
UNIDADE I │ IMAGEM POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA EM PEQUENOS ANIMAIS

pela atração ou migração de objetos ferromagnéticos localizados no interior ou exterior


do paciente. Além disso, no aparelho de baixo campo a hipertermia do paciente é
também um problema menos provável do que em aparelhos de alto campo (D’ANJOU,
2015).

Além do próprio equipamento de ressonância magnética, o reconstrutor de imagens


é o responsável pelo processamento do sinal digital bruto (também chamado de raw
data), que deverá passar pela chamada transformada de Fourier para ser convertido
em imagem (MAZZOLA, s.d.).

O computador de controle ou operação constitui-se como a interface entre o operador


e restante do sistema de RM. Permitirá múltiplas tarefas que vão desde a prescrição
dos protocolos até o controle da impressão ou arquivamento das imagens geradas ou
distribuição para elaboração do laudo pelos radiologistas. Investimentos crescentes
dos fabricantes vêm permitindo uma simplificação na operação dos equipamentos
(MAZZOLA, s.d.).

A chamada cabine atenuadora de radiofrequência ou gaiola de Faraday é constituída por


placas metálicas de alumínio ou cobre posicionadas umas ao lado da outra e em contato
entre elas nas paredes, piso e teto, de forma a compor uma caixa fechada que atenuará
a radiofrequência que entra na sala do magneto. Um visor de vidro pode ser utilizado,
porém deve possuir uma malha metálica em contato com o restante da cabine. A porta
da sala também é especialmente construída para dar continuidade a essa blindagem
quando fechada, sendo os contatos da porta de especial atenção da equipe técnica, pois
problemas decorrentes da entrada de RF para dentro da sala podem ter origem em
defeitos desses contatos (MAZZOLA, s.d.).

28
IMAGEM POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA EM PEQUENOS ANIMAIS │ UNIDADE I

Figura 14. Sala de exames para equipamento de alto campo instalado na Faculdade de

Medicina da USP, São Paulo/SP.


Tubo de quench

A sala do Magnetom Serve de escape do gás


hélio, em caso de
7T MRI emergência

O equipamento foi
Blindagens
instalado numa sala
com blindagem de
Teto, piso e paredes
cobre e aço silício
da sala são revestidos
de placas de cobre,
que bloqueiam a
interferência de ondas
de rádio vindas do
ambiente externo.
Atrás do equipamento
Mesa
a parede tem proteção
extra de aço silício
Move-se com baixa
velocidade para não Bobinas
danificar a eletrônica e Projeção de imagens
reduzir efeitos de São responsáveis por
vertigem nos pacientes emitir e receber sinais de Utilizada para estudos de
radiofrequência dos ressonância magnética
tecidos funcional com pacientes
vivos

Fonte: Marques (2015).

Segurança na sala de ressonância magnética

Campos magnéticos em um conjunto de


ressonância magnética

Existem três campos magnéticos principais em um conjunto de ressonância magnética


que apresentam riscos potenciais à segurança:

1. O campo magnético estático Bₒ dos scanners de ressonância magnética


clínicos que varia de 0,2T a 3T. B0 é uma ordem de grandezas maiores
que o campo magnético da Terra e pode girar, atrair e acelerar objetos
ferromagnéticos na direção da abertura do tubo de ressonância magnética.
Bₒ também pode interferir com dispositivos implantados, como marca-
passos (SAMMET, 2016).

2. O campo B1 de radiofrequência (RF), da ordem de μT, é produzido


por bobinas de RF; pode causar aquecimento potencial do organismo,
principalmente quando há implantes (SAMMET, 2016).

3. Os gradientes do campo magnético têm amplitudes da ordem de 100


mT/m e taxas de variação de até 200 mT/m/ms. Os campos gradientes
de comutação rápida são aplicados para codificação espacial do sinal de

29
UNIDADE I │ IMAGEM POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA EM PEQUENOS ANIMAIS

ressonância magnética e podem causar estimulação de nervos periféricos


e aquecimento de implantes. Eles também são responsáveis ​​pelo ruído na
sala de ressonância magnética, que pode atingir níveis de 100 dB ou mais
e potencialmente causar danos à audição (SAMMET, 2016).

Zonas de ressonância magnética

No documento de orientação do Colégio Americano de Radiologia (ACR) sobre práticas


seguras em Ressonância Magnética (KANAL et al., 2013), quatro zonas diferentes são
sugeridas em torno do equipamento de ressonância magnética. O acesso a essas zonas
é restrito, e os limites de cada zona nesse sistema de segurança de quatro zonas são
definidos por sua finalidade e distância do equipamento de ressonância magnética.
Algumas zonas podem se estender para outras áreas ou pisos da instalação devido à
extensão tridimensional do campo magnético (SAMMET, 2016).

A Zona I inclui todas as áreas acessíveis gratuitamente ao público em geral, em que o


campo magnético não apresenta riscos, como a entrada nas instalações do equipamento.
A Zona II está localizada entre a Zona I e a Zona III mais restritiva. Na Zona II, os
pacientes estão sob supervisão geral do pessoal do setor de ressonância magnética. A
Zona II geralmente inclui a área de recepção, vestiários e salas de ressonância magnética.
A zona III tem acesso restrito por barreiras físicas, como portas com acesso codificado.
Dentro da Zona III, somente pessoal do setor e pacientes submetidos a triagem são
permitidos. A sala de controle do equipamento de ressonância magnética está na Zona
III. A Zona IV é a sala onde o magneto está localizado. O acesso à Zona IV só deve ser
possível passando pela Zona III. A Zona IV foi projetada para que as paredes da sala do
ímã contenham as cinco linhas de 0,5 mT (ou 5 Gauss) do campo marginal do magneto
(SAMMET, 2016).

A linha de 5 Gauss de um conjunto de ressonância magnética define uma borda para


uma área na qual o campo magnético pode afetar dispositivos implantados, como
marca-passos. Sinais de alerta especiais sobre o forte campo magnético e seus riscos
associados precisam ser configurados nas instalações de ressonância magnética. Um
programa de segurança para a ressonância magnética deve ser estabelecido para
treinar funcionários sobre os perigos dos campos magnéticos na suíte de ressonância
magnética e para alertar sobre possíveis interferências do campo de franja magnética
nos dispositivos implantados (SAMMET, 2016).

30
IMAGEM POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA EM PEQUENOS ANIMAIS │ UNIDADE I

Forças atrativas e torque em objetos


ferromagnéticos pelo campo magnético estático Bₒ

O campo magnético estático Bₒ de uma máquina de ressonância magnética atrai objetos


ferromagnéticos e os acelera em direção ao centro da entrada do magneto. Objetos
ferromagnéticos como moedas, grampos de cabelo, torpedos de oxigênio ou tesouras de
aço podem ser acelerados ou pressionados por Bₒ e se tornarem projéteis perigosos. O
programa de segurança por ressonância magnética da instalação precisa alertar sobre
o equívoco de que objetos maiores resistirão à atração pelo campo e deve enfatizar a
relação entre tamanho do objeto, componentes do material e o risco de sua projeção.
O treinamento insuficiente de segurança por ressonância magnética do pessoal médico
auxiliar levou a acidentes fatais quando o equipamento médico e outros foram acelerados
na entrada do magneto (SAMMET, 2016).

Efeitos térmicos induzidos pelo campo de


radiofrequência B1

Todos os operadores de um equipamento de ressonância magnética precisam estar


cientes dos efeitos biológicos dos campos de radiofrequência, porque os campos de
RF podem causar aquecimento do corpo. A taxa de absorção específica (SAR) é uma
medida da potência de RF absorvida por massa de tecido e possui as unidades de watts
por quilograma (W/kg). A energia de RF absorvida é transformada em calor no corpo, e
os pacientes podem experimentar um aumento na temperatura central do corpo devido
ao aquecimento induzido por RF durante o exame (SAMMET, 2016).

É necessária uma preparação adequada de cada paciente antes de um exame de


ressonância magnética para evitar queimaduras, mesmo para pacientes sem implantes
(SAMMET, 2016). As diretrizes para evitar excesso de aquecimento e queimaduras
associadas aos procedimentos de ressonância magnética recomendam (KANAL et al.,
2013):

» remover objetos metálicos que entrem em contato com a pele do paciente


(por exemplo, correias e coleiras);

» usar material de isolamento de 1 cm ou mais para impedir o contato pele


a pele e impedir que membros justapostos toquem o corpo do paciente;

» permitir apenas dispositivos, equipamentos, acessórios (por exemplo,


condutores de eletrocardiograma, eletrodos) e materiais que tenham sido
exaustivamente testados e determinados como seguros para ressonância
magnética.

31
UNIDADE I │ IMAGEM POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA EM PEQUENOS ANIMAIS

Estimulação do nervo periférico e danos à audição


causados pelo sistema gradiente

Os campos magnéticos do gradiente de comutação rápida com variação no tempo podem


estimular nervos ou músculos nos pacientes ao induzir campos elétricos. Existem vários
fatores que influenciam as interações dos campos do gradiente com os tecidos biológicos
e eles dependem da frequência do campo do gradiente, das densidades máxima e média
do fluxo, da presença de frequências harmônicas, das características da forma da onda
do sinal, da polaridade do sinal, da distribuição atual no corpo, das propriedades
elétricas e da sensibilidade da membrana celular. O ruído acústico durante um exame de
ressonância magnética também é causado pelo sistema gradiente (SAMMET, 2016). Na
medicina veterinária, também é interessante a proteção do sistema auditivo utilizando-
se protetores auriculares ou algodão impermeável durante um exame de ressonância
magnética.

Procedimentos de triagem por ressonância


magnética

A triagem por ressonância magnética antes de qualquer exame é indispensável e


avalia as propriedades geométricas e magnéticas de implantes ou corpos estranhos e
suas possíveis interações com os campos magnéticos em um sistema de ressonância
magnética. Antes que alguém possa entrar no conjunto de ressonância magnética, é
essencial remover todos os objetos que possam interagir com os campos magnéticos
(SAMMET, 2016).

Dispositivos implantados

É essencial que todos que operam o magneto saibam onde encontrar detalhes sobre a
segurança e a compatibilidade de ressonância magnética de implantes e dispositivos
médicos. Frank Shellock e sua equipe oferecem gratuitamente um catálogo on-line
pesquisável que lista dispositivos e implantes seguros para ressonância magnética com
suas forças de campo magnético permitidas e limitações de gradiente (http://www.
mrisafety.com/TMDL_list.php). Quando um paciente com implantes é agendado para
um exame de ressonância magnética, é vital entender que o risco de lesão aumenta
com a proximidade dos implantes às estruturas vitais dos vasos, neurais ou tecidos
moles. Interações desses objetos com os campos magnéticos podem causar artefatos
e aquecimentos graves. Mesmo implantes não ferromagnéticos podem causar
aquecimento devido a correntes de Foucault que se propagam em metais expostos a
campos magnéticos oscilantes. Implantes especialmente ortopédicos, como sistemas

32
IMAGEM POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA EM PEQUENOS ANIMAIS │ UNIDADE I

de fixação externos, podem causar aquecimento em um equipamento de ressonância


magnética (SAMMET, 2016).

Ressonância magnética durante a gravidez/


prenhez

As diretrizes práticas do ACR não recomendam considerações especiais para mulheres


em nenhum trimestre da gravidez, uma vez que não há evidências na literatura atual
para efeitos deletérios da ressonância magnética a 1,5 T no feto em desenvolvimento
(SAMMET, 2016). Na medicina veterinária, não há evidências para contraindicar esse
exame em fêmeas prenhes. As pacientes podem ser submetidas a uma ressonância
magnética em qualquer estágio da gravidez/prenhez, e as seguintes declarações devem
ser adicionadas ao relatório de radiologia ou ao prontuário médico da paciente:

» As informações solicitadas no estudo de ressonância magnética não


podem ser adquiridas por ultrassonografia.

» Os dados são necessários para afetar potencialmente os cuidados da


paciente ou do feto durante a gravidez/prenhez.

» O médico/médico veterinário responsável pela consulta não considera


prudente esperar até que a paciente não esteja mais grávida/prenhe para
obter esses dados.

O Manual do ACR sobre meios de contraste recomenda que cada caso seja analisado
cuidadosamente por membros da equipe clínica e de radiologia, e os agentes de
contraste à base de gadolínio devem ser administrados somente quando houver um
benefício potencial significativo para o paciente ou feto que supere o risco possível, mas
desconhecido da exposição fetal a íons livres de gadolínio (SAMMET, 2016).

Agentes de contraste MR

Os agentes de contraste para ressonância magnética aprovados pela FDA são quelatos
de gadolínio com estabilidade, viscosidade e osmolaridade diferentes (SAMMET, 2016).

Médicos veterinários radiologistas devem estar cientes dos efeitos adversos dos agentes
de contraste à base de gadolínio. Os quelatos de gadolínio são geralmente bem tolerados,
e as reações adversas agudas são observadas com uma frequência mais baixa do que
após a administração de meios de contraste iodados. As frequências relatadas de todos
os eventos adversos agudos após uma injeção de 0,1 ou 0,2 mmol/kg de quelato de
gadolínio variam de 0,07% a 2,4% (SAMMET, 2016).

33
UNIDADE I │ IMAGEM POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA EM PEQUENOS ANIMAIS

No entanto, é importante saber que os quelatos de gadolínio administrados a pacientes


com insuficiência renal aguda ou doença renal crônica grave podem resultar em uma
síndrome de fibrose sistêmica nefrogênica (SAMMET, 2016).

Treinamento de segurança de ressonância


magnética e procedimentos de emergência em
um conjunto de ressonância magnética

Todo o pessoal que trabalha no ambiente de ressonância magnética precisa ser treinado
com um curso abrangente. Para novos funcionários que trabalharão nesse ambiente,
esse curso deve ser incluído no programa de orientação a funcionários e repetido
anualmente. O treinamento de segurança de ressonância magnética deve incluir a
apresentação de antecedentes técnicos e médicos de segurança de ressonância magnética.
Demonstrações práticas de efeitos de mísseis de objetos ferromagnéticos podem ajudar
a entender e experimentar melhor os perigos de um conjunto de ressonância magnética
(SAMMET, 2016).

Um tópico importante a ser discutido em um curso de segurança da ressonância


magnética são as queimaduras graves que foram experimentadas pelos pacientes
quando os membros ou outras partes do corpo dos pacientes estavam em contato
direto com as bobinas de radiofrequência de transmissão dos sistemas de ressonância
magnética ou quando os pontos de contato pele a pele eram responsáveis por essas
lesões (SAMMET, 2016).

O curso de segurança precisa alertar sobre os altos níveis de ruído acústico do sistema
gradiente durante uma ressonância magnética e a possível redução de ruído com
tampões para evitar possíveis danos à audição (SAMMET, 2016).

34
CAPÍTULO 2
Ressonância magnética diagnóstica

Indicação da ressonância magnética em


pequenos animais
A ressonância magnética pode ser utilizada para a avaliação das seguintes regiões do
corpo dos animais:

» Sistema Nervoso Central: a ressonância magnética revela o cérebro com


maior clareza e diagnóstico antemortem de condições neurológicas, e
o diagnóstico de doenças como neoplasia intracraniana tornou-se cada
vez mais comum (GAVIN, 2011). Vários sinais na ressonância magnética
podem ser usados ​​ para distinguir entre doenças neoplásicas e não
neoplásicas, como o formato da lesão, contato com a dura-máter, sinal
da cauda dural, aprimoramento do contraste e invasão do osso adjacente
(LEBLANC; DANIEL, 2007). Uma revisão da anatomia encefálica de cães
por ressonância magnética pode ser acessada em Colaço et al. (2003).

No caso de lesões traumáticas cerebrais, a ressonância magnética se mostrou importante


na predição de prognóstico de cães, nos quais desfechos ruins foram significativamente
associados à herniação cerebral, fraturas do crânio e tamanho elevado das lesões
intraparenquimatosas (BELTRAN et al., 2014). Tais lesões também devem ser avaliadas
em cães com epilepsia (VIITMAA et al., 2006).

Com base na imagem de ressonância magnética, tumores espontâneos podem ser


utilizados para estudos de novas terapias. A ressonância magnética também permite o
diagnóstico e o monitoramento subsequente dos efeitos da terapia, incluindo a resposta
do tumor e a tolerância dos tecidos normais adjacentes. Outro exemplo notável do
impacto da ressonância magnética é o infarto cerebral e cerebelar, que era uma
condição rara a inexistente nos cães, de acordo com a maioria dos livros publicados na
década de 1980, mas agora é reconhecido em 5% a 10% dos cães com doença aguda no
Sistema Nervoso Central (GAVIN, 2011). Para tal prevalência, o cerebelo é avaliado em
casos de acidentes cerebrovasculares de base isquêmica ou hemorrágica utilizando T2*
gradient-eco e Flair (MCCONNELL et al., 2005), e, no caso de hemorragias cerebrais,
é extremamente oportuno o uso de T2* para que todas as lesões sejam detectadas
(HODSHON et al., 2014).

35
UNIDADE I │ IMAGEM POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA EM PEQUENOS ANIMAIS

Contudo, o diagnóstico da hidrocefalia em cães e gatos é grandemente confirmado pela


ressonância magnética. No encéfalo, o volume de líquido cefalorraquidiano depende
de um equilíbrio entre a taxa de formação e a taxa de absorção. A taxa de formação
do líquido cefalorraquidiano é considerada constante e é independente da pressão
intracraniana. Hidrocefalia se desenvolve quando há resistência ao fluxo que causa um
gradiente de pressão entre o líquido cefalorraquidiano proximal e distal à obstrução
(Figura 15). A classificação atual divide a hidrocefalia em obstruções intraventriculares e
extraventriculares. Na hidrocefalia obstrutiva intraventricular, a obstrução é em algum
lugar dentro do sistema ventricular. Hidrocefalia obstrutiva extraventricular envolve
obstrução no nível do espaço subaracnóideo ou vilosidades aracnoides.

Figura 15. Hidrocefalia grave. RM transversal ponderada em T2. Os ventrículos laterais são severamente

aumentados com perda do septo pelúcido, resultando em um único ventrículo grande. Note o pequeno

tamanho do diencéfalo ventral em forma de borboleta em relação ao ventrículo.

Fonte: Thomas (2010).

Na coluna vertebral, a ressonância magnética revela condições anteriormente difíceis


de diagnosticar ante mortem e podem facilitar o estudo de sua fisiopatologia. Exemplos
incluem a siringohidromielia associada à malformação Chiari-like no Spaniel Cavalier
King Charles e a embolia fibrocartilaginosa, as quais, em muitos casos clinicamente
suspeitos, podem ser provadas pela imagem por ressonância magnética por apresentar
a extrusão de disco em alta velocidade/baixo volume (GAVIN, 2011). Alterações da
medula óssea e discos intervertebrais como a discoespondilite (CARRERA et al., 2010)
(Figura 16) e a espondilomielopatia cervical ou “síndrome de wobbler” (LIPSITZ et al.,
2001) também podem ser acessadas pela ressonância magnética.

Para tumores da coluna vertebral e medula espinhal, a ressonância magnética também


foi útil na localização de lesões e na avaliação da infiltração óssea. No estudo de Kippenes
et al. (1999), imagens sagitais ponderadas em T2 foram mais úteis na localização

36
IMAGEM POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA EM PEQUENOS ANIMAIS │ UNIDADE I

anatômica, enquanto imagens transversais ponderadas em T1 com e sem administração


de contraste foram mais úteis na localização e determinação da invasividade tumoral.

Figura 16. Imagens sagitais da coluna lombossacra ponderada em T1 (A), sagital ponderada em T2 (B) e

recuperação de inversão tau curta (STIR) (C) de um cão com discoespondilite em T11 – T12 adquirido em 1,5 T.

Observe a hipointensidade em T1 e T2 das placas terminais e dos corpos vertebrais em (A) e (B), enquanto na

imagem STIR (C) essas regiões têm alta intensidade de sinal. Observe a destruição das placas terminais (A) e a

distorção e alta intensidade do sinal do disco intervertebral (B e C).

A B C

Fonte: Carrera et al. (2010).

Em muitas instituições veterinárias, a ressonância magnética substituiu em grande


parte a mielografia, porque é não invasiva e fornece detalhes anatômicos superiores
para orientação cirúrgica. No entanto, apesar desses benefícios percebidos, pode ser
difícil demonstrar melhores resultados para os pacientes (GAVIN, 2011).

Resumidamente, a ressonância magnética permite o diagnóstico de neoplasias


(meningioma, astrocitoma, oligodendroglioma, tumores do plexo coroide, tumores
pituitários), infartos (isquêmicos e hemorrágicos), inflamação do parênquima
(encefalites) e das meninges (meningites) com edema cerebral e lesões periventriculares
sutis e avaliação da medula espinhal (mineralização de disco intervertebral e lesões
intraparenquimatosas) (LABRUYÈRE; SCHWARZ, 2013).

Crânio e região cervical

Embora a maior parte da literatura veterinária sobre ressonância magnética se refira à


neuroimagem, essa modalidade está sendo cada vez mais utilizada para o diagnóstico
ou estadiamento de tumores de cabeça e pescoço. De interesse à endocrinologia de
cães e gatos, a tireoide tem dimensões anatômicas diminutas, o que não impede que
seja examinada pela ressonância magnética (Figura 17) (TAEYMANS et al., 2008).
A capacidade de obter imagens transversais multiplanares, evitando a sobreposição
de estruturas ósseas, juntamente com um contraste superior dos tecidos moles, faz
37
UNIDADE I │ IMAGEM POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA EM PEQUENOS ANIMAIS

da ressonância magnética uma modalidade atraente nesse cenário. A ressonância


magnética fornece informações mais precisas sobre o tamanho do tumor, a invasão de
estruturas adjacentes e o delineamento do envolvimento ósseo em cães com tumores
intraorais e nasais. A imagem por ressonância magnética também é útil na determinação
da extensão do envolvimento do cérebro e dos tecidos moles ao planejar a ressecção
cirúrgica de tumores ósseos cranianos, tumores da órbita, espaço retrobulbar e orelha
média. A disponibilidade e o custo ainda tornam a tomografia computadorizada uma
escolha mais comum para imagens transversais de tumores de cabeça e pescoço que
não sejam do SNC (LEBLANC; DANIEL, 2007).

Figura 17. Imagem axial ponderada em T1 com contraste do pescoço de um cão com carcinoma de tireoide. A

massa apresenta margens bem definidas e aumento uniforme (asterisco). Os linfonodos mandibulares ipsilaterais

são adjacentes e laterais à massa.

Fonte: Wisner e Pollard (2004).

Para casos de odontologia veterinária como disfagia, maloclusão ou em que cães e


gatos apresentam dores na mandíbula, a avaliação da articulação temporomandibular
pela ressonância magnética é a mais indicada, por favorecer a avaliação de tecidos
moles, tais como os discos articulares. Nessa avaliação, podem ser encontrados cistos
ósseos (Figura 18) e esclerose subcondral nos côndilos mandibulares (MACREADY
et al., 2010). Outras áreas do crânio também podem ser avaliadas, tais como as
cavidades nasais e os seios paranasais (DE RYCKE et al., 2003). Próximas aos seios,
a bula timpânica e a orelha média podem ser avaliadas em casos de otite média em
cães (DVIR et al., 2000).

38
IMAGEM POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA EM PEQUENOS ANIMAIS │ UNIDADE I

Figura 18. Imagem transversal de boca fechada ponderada em T1 da articulação temporomandibular em um

cão clinicamente normal com uma lesão presuntiva tipo cisto ósseo do côndilo mandibular. Existe uma estrutura

circular hipointensa que se estende da superfície articular do processo condilar esquerdo da mandíbula, com

uma área focal central de hiperintensidade (seta).

Fonte: Macready et al. (2010).

Em suma, a ressonância magnética é útil na avaliação de estruturas oculares e nervo


óptico (neurites ópticas e neoplasia orbital), no diagnóstico de lesões da cavidade nasal,
de lesões dentárias e da articulação temporomandibular, avaliação da bula timpânica e
conduto auditivo (LABRUYÈRE; SCHWARZ, 2013);

Membros

Os métodos de ressonância magnética para imagens das articulações do ombro,


do cotovelo e do joelho em cães compõem-se nas seguintes sequências padrão: alta
resolução, ponderada em T1, T2, STIR e densidade de prótons com supressão de
gordura. Outras sequências aplicadas para diagnosticar as articulações acima incluem
GE (sequência gradient-eco) e 3D HYCE. É necessária uma combinação apropriada de
parâmetros, incluindo tempo de eco ou tempo de repetição, para que uma imagem de
ressonância magnética seja útil (ADAMIAK et al., 2011).

A espessura do corte é outra consideração importante. Em um exame de ressonância


magnética da articulação do cotovelo usando a sequência ponderada em T1 ou T2,
a espessura do corte necessária é de no mínimo 2 mm. Nas raças de cães grandes,
a espessura sugerida de um corte axial é de 4 mm, e cortes dorsais e sagitais
com 3 mm. É necessária uma espessura de corte de 0,7 mm nas sequências 3D.

39
UNIDADE I │ IMAGEM POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA EM PEQUENOS ANIMAIS

Na técnica de ressonância magnética, as articulações do ombro, cotovelo e joelho são


visualizadas no plano sagital, axial e dorsal (ADAMIAK et al., 2011).

Articulação do ombro

A região da articulação do ombro deve estar adequadamente posicionada para permitir


um diagnóstico correto. Os planos sagital e longitudinal auxiliam na imagem do tendão
do bíceps braquial, do infraespinhal, do supraespinhal e do músculo redondo menor.
O plano dorsal e o plano axial são utilizados nos exames do subescapular, cápsulas
articulares e estruturas intra-articulares. As técnicas artrográficas que envolvem a
injeção de material de contraste em uma articulação posicionada anatomicamente
fornecem informações valiosas para exames de ressonância magnética de estruturas
intra-articulares. Um alto número de sequências suporta a seleção das imagens mais
úteis para o diagnóstico. Sequências padrão são o ponto importante para cada exame.
Nos exames de ressonância magnética da articulação do ombro, a sequência gradient-
eco é uma sequência útil para a imagiologia de estruturas e tendões ligamentares. As
sequências de densidade de prótons suprimidas por gordura facilitam a geração de
imagens do acúmulo de líquido na cavidade articular e na bainha do tendão (ADAMIAK
et al., 2011).

Segundo Stadie et al. (2004), a seleção de sequências adequadas nos exames de


ressonância magnética das articulações do ombro apoia o diagnóstico de osteocondrite
dissecante em 100%, neoplasias do ombro em 100%, mineralização do tendão
supraespinhal em 50%, inflamações de bainha do tendão do bíceps braquial em 100%.
A ressonância magnética também é uma técnica altamente útil para diagnosticar
alterações patológicas no tecido mole da área da articulação do ombro e no plexo
braquial (STADIE et al., 2004; MURPHY et al. 2008).

Articulação do cotovelo

A ressonância magnética fornece informações adicionais no diagnóstico de displasia


da articulação do cotovelo e suporta imagens de alterações patológicas nos músculos e
tendões da região do cotovelo (ADAMIAK et al., 2011). Baeumlin et al. (2010) forneceram
detalhes para as posições ideais dos ombros e ângulos de flexão e observações para
imagens apropriadas do ligamento colateral lateral, partes do ligamento colateral medial,
músculo tríceps, músculo pronador redondo, flexores e extensores pré-braquiais.

As sequências padrão nos exames de ressonância magnética da articulação do cotovelo


são T1, T2 e gradient-eco. A intensidade do sinal na camada subcondral do osso foi
considerada mais fraca em T1 e T2 do que em gradient-eco. Os planos sagital e dorsal

40
IMAGEM POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA EM PEQUENOS ANIMAIS │ UNIDADE I

suportam imagens precisas da superfície articular do processo coronoide medial. O


plano sagital também facilita o diagnóstico do côndilo medial, da incisura troclear
e do processo anconeal. Nas três sequências, a cartilagem articular saudável mostra
intensidade de sinal iso, enquanto ligamentos e cápsulas articulares saudáveis ​​são
caracterizados por intensidade de sinal baixo. Sequências 3D são particularmente
úteis no diagnóstico por ressonância magnética, pois produzem alto contraste tecidual
e fornecem dados altamente precisos e sensíveis para exames de tecido ósseo, tecido
cartilaginoso e fluido articular, principalmente em raças de cães de médio e grande
porte (ADAMIAK et al., 2011). As técnicas de ressonância magnética promovem
imagens precisas do tecido muscular e são usadas para diagnosticar a distrofia muscular
em Golden Retrievers como uma raça modelo para investigar a distrofia muscular de
Duchenne em humanos (THIBAUD et al. 2007).

Articulação do joelho

As sequências padrão usadas nos exames da articulação do joelho canino são SE,
FSE e STIR. A espessura da fatia é determinada pelo tamanho da raça do cão e varia
de 3 a 4 mm. Embora as técnicas de ressonância magnética para imagiologia das
articulações dos membros caninos estejam se tornando cada vez mais disponíveis, os
exames radiológicos e artroscópicos ainda são os métodos predominantes utilizados
no diagnóstico de alterações patológicas que afetam a articulação do joelho canino
(ADAMIAK et al., 2011).

A ressonância magnética suporta imagens efetivas de ligamentos cruzados cranial


e caudal, meniscos, ligamentos laterais, volume de líquido intra-articular, placas de
gordura infrapatelares e superfície articular dos ossos articulares (SOLER et al.,
2007; PUJOL et al., 2011). A ressonância magnética facilita o diagnóstico de lesão
do ligamento cruzado, ruptura da cartilagem do menisco, inflamações articulares,
alterações articulares degenerativas, cistos subcondrais e lesões musculares (ADAMIAK
et al., 2011). Stahl et al. (2010) descreveram a eficácia da ressonância magnética na
musculotendinopatia gastrocnêmica em cães (Figura 19). A ressonância magnética
também é uma técnica eficaz para imagiologia de tumores neoplásicos na área da
articulação do joelho e da cápsula articular.

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UNIDADE I │ IMAGEM POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA EM PEQUENOS ANIMAIS

Figura 19. Imagem pré- (A) e pós-contraste (B) do joelho de cão, em corte sagital ponderada em T1. É visível uma

captação extensiva de contraste no aspecto proximal do músculo gastrocnêmio (setas).

A B

Fonte: Kaiser et al. (2016).

Na medicina veterinária, os métodos de ressonância magnética estão se tornando parte


da prática comum no diagnóstico de distúrbios nas articulações caninas (ADAMIAK
et al., 2011). As técnicas de ressonância magnética suportam imagens de todas as
articulações dos membros caninos; por exemplo, as informações recentes sobre a
anatomia da articulação do tarso foram publicadas por Deruddere et al. (2014).

Imagem completa do animal

Os estudos de triagem por ressonância magnética de corpo inteiro em humanos


tornaram-se populares como um meio de detectar doenças em desenvolvimento
que podem ser diagnosticadas e tratadas mais cedo, com resultados potencialmente
melhores. No entanto, essa abordagem é controversa porque pode levar facilmente
a diagnósticos incorretos e a procedimentos invasivos desnecessários, que não
são do interesse dos pacientes. A triagem por ressonância magnética em pacientes
veterinários foi considerada para condições com base genética, como siringomielia,
e condições adquiridas como histiocitose maligna. Nas raças afetadas por essas
condições, o diagnóstico precoce pode permitir o aprimoramento genético por meio de
melhoramento controlado ou pode levar a melhores tratamentos e resultados clínicos,
mas isso não está comprovado. A experiência prévia de radiografia para diagnóstico
precoce de osteossarcoma em cães sugere que ele teve um efeito mínimo nos resultados
dos pacientes (GAVIN, 2011).

A triagem por ressonância magnética de todo o corpo para condições generalizadas,


como linfoma, é realizada em alguns centros veterinários nos EUA. O uso da ressonância

42
IMAGEM POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA EM PEQUENOS ANIMAIS │ UNIDADE I

magnética para visualizar mais completamente a extensão grosseira das condições


neoplásicas facilita o estadiamento e o planejamento adequado do tratamento, mas resta
saber se a melhor visualização das lesões pela ressonância magnética leva a resultados
clínicos melhores ou mais previsíveis que justificam o aumento do custo do exame de
imagem e da anestesia (GAVIN, 2011).

Lesões causadas por neoformações, presença de infiltrado pulmonar, a linfadenomegalia


e lesões do esqueleto apendicular podem ser detectadas utilizando-se a imagem
completa do corpo do animal (LABRUYÈRE; SCHWARZ, 2013).

Abdome

Alguns órgãos se destacam na avaliação do abdome, tais como o fígado, a vesícula biliar,
o pâncreas e os rins. Muitas vezes, utiliza-se a angiografia por ressonância magnética.

A anatomia normal do fígado, vesícula biliar e pâncreas podem ser acessadas em


Marolf (2016). A aparência normal do fígado em ressonância magnética é hipointenso
uniforme em relação ao baço em sequências de ponderação T1 e T2 com realce de
contraste homogêneo. A vesícula biliar e o duto biliar comum são homogeneamente
hiperintensos em imagens ponderadas em T2 e hipointensos em imagens ponderadas
em T1 por causa do armazenamento da bile dentro da vesícula biliar e seu percurso no
duto biliar comum. Além disso, as margens do fígado e o tamanho subjetivo devem ser
avaliados. As margens normais do fígado são lisas (MAROLF, 2016). A ressonância
magnética das massas hepáticas e do fígado é executada igualmente nos cães e nos
gatos. A ressonância magnética de lesões hepáticas usando gadolínio mostrou a boa
sensibilidade e a especificidade para diferenciar lesões malignas das benignas. As
lesões malignas tendem a ser mais heterogêneas e têm padrões de realce diferentes
do que o fígado normal circunvizinho ou lesões benignas (MAROLF, 2016). A
colangiografia por ressonância magnética destaca o líquido dentro dos ductos biliares
e pancreáticos a fim de se diagnosticar inflamação ou a obstrução intrahepática dos
ductos biliares, estruturas repletas por fluidos, ou inflamação do pâncreas (MAROLF,
2016). A ressonância magnética tem sido usada para avaliar o fígado e a inflamação
biliar em gatos. As alterações do parênquima hepático são inespecíficas; no entanto,
as mudanças biliares do trato, tais como conteúdo intraluminal biliar hiperintenso da
vesícula biliar, aumento e espessamento da parede biliar são indicadores de inflamação
do trato e da vesícula biliar (MAROLF, 2016). A angiografia com contraste à base de
gadolínio e ponderação em T1 com sequência FLASH auxilia no diagnóstico de shunt
portossistêmico, portoázigos e portofrênico em cães (BRUEHSCHWEIN et al., 2010).

43
UNIDADE I │ IMAGEM POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA EM PEQUENOS ANIMAIS

Pâncreas

É hiperintenso uniforme em relação ao fígado em imagens ponderadas em T1 e


isointenso a hipointenso em imagens T2 saturadas em gordura. O pâncreas deve ser
um órgão fino e plano, por isso também são avaliadas alterações de forma e tamanho.
Todo o pâncreas pode ser avaliado no plano dorsal e sagital de diferentes sequências,
pois o corpo e o lobo direito pancreáticos seguem o duodeno, o corpo está próximo
da veia esplênica em direção à veia porta, e o lobo esquerdo está próximo ao baço. O
duto pancreático não é visualizado bem em gatos normais por causa de seu tamanho
pequeno (MAROLF, 2016). Na pancreatite, avaliação das mudanças de intensidade
no pâncreas em sequências ponderadas em T1 e T2, contraste realçado, dilatação do
duto pancreático e tecidos circundantes são usados para avaliar o órgão. A ressonância
magnética e a colangiografia foram usadas na avaliação de gatos com pancreatite. Esses
animais tiveram mudanças em seu pâncreas, incluindo T1 hipointenso e parênquima
hiperintensa em T2 (o pâncreas normal é hiperintenso em T1 e isointenso ao hipointenso
em T2), ampliação, dilatação do duto pancreático e realce do contraste. As mudanças de
intensidade nas imagens em T1 e T2 indicaram edema dentro do pâncreas secundário à
inflamação (MAROLF, 2016).

Rins

Na medicina veterinária, a angiografia por tomografia computadorizada com contraste é


uma das modalidades usadas na imagem vascular abdominal. É a técnica recomendada
para avaliar vasos renais na triagem pré-operatória de possíveis doadores de transplante
renal felino. Embora a ultrassonografia ainda seja frequentemente usada como uma
ferramenta de triagem para estenose da artéria renal, a angiografia por ressonância
magnética é mais precisa, tridimensional, menos dependente do operador, possui
um campo de visão maior e uma resolução de contraste superior. A angiografia por
ressonância magnética pode ser realizada com três sequências: tempo de voo (TOF-
MRA), contraste de fase (PC-MRA) e contraste aprimorado (CE-MRA). O TOF-
MRA e o PC-MRA não usam meio de contraste e realçam spins em movimento e/ou
suprimem spins estacionários. Várias técnicas sem contraste foram especificamente
desenvolvidas e aplicadas a imagem. O CE-MRA, por outro lado, utiliza um mecanismo
paramagnético, o gadolínio que aumenta o sinal sanguíneo, e o sinal sanguíneo local
depende diretamente da concentração de gadolínio, e é relativamente independente
da dinâmica do fluxo. Os problemas associados aos efeitos de saturação observados na
angiografia por ressonância magnética sem contraste são consideravelmente reduzidos.
Portanto, o CE-MRA pode ser usado para obter grandes angiogramas 3D de campo de
visão sem o problema de saturação do spin (CAVRENNE; MAI, 2009).

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IMAGEM POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA EM PEQUENOS ANIMAIS │ UNIDADE I

A imagem vascular renal tem várias aplicações na medicina veterinária, que incluem a
triagem de potenciais doadores renais em programas de transplante renal ou avaliação
pré-tratamento de animais com tumor renal, em que são contempladas cirurgias
ou embolizações, e o conhecimento da anatomia vascular é primordial. Potenciais
aplicações adicionais incluem a avaliação de pacientes com hematúria renal para
descartar malformações vasculares renais, como fístula arteriovenosa congênita ou
adquirida (CAVRENNE; MAI, 2009).

Atualmente, a ressonância magnética é utilizada como modalidade complementar


para a tomografia computadorizada para o exame renal em humanos. A ressonância
magnética é particularmente útil na avaliação de neoplasia renal, trombos vasculares,
e em pacientes que não podem tolerar meios de contraste iodados. Nas imagens
ponderadas em T1, o córtex renal humano tem uma intensidade de sinal claramente
mais alta que a medula renal, e o córtex renal direito é isointenso ao lobo caudado
do fígado. Nas imagens ponderadas em T2 em humanos, o parênquima renal possui
uma intensidade de sinal mais alta que a maioria dos órgãos. O aparecimento dos rins
após administração de gadolínio é semelhante às fases de um urograma excretor; fase
vascular, fase tubular, fase ductal e fase excretora são reconhecidas. Anormalidades
comuns observadas com a ressonância magnética em humanos incluem perda de
distinção corticomedular (pacientes desidratados, glomerulonefrite, síndrome
nefrótica), intensidade do sinal cortical aumentada (necrose cortical aguda) e lesões
focais (neoplasia, hematomas, cistos). A aparência da ressonância magnética dos gatos
nas imagens ponderadas em T1 é semelhante aos humanos, com o fígado e córtex renal
com uma intensidade de sinal semelhante. Após a administração do meio de contraste,
o córtex e o tecido medular apresentaram realce acentuado, com a intensidade do sinal
do tecido medular superior à do córtex. Essa aparência indica acúmulo de meio de
contraste dentro dos túbulos renais e sistema coletor durante primeiros minutos após
a administração (NEWELL et al., 2000).

A aparência do abdome craniano felino após a administração do meio de contraste é


semelhante ao visto em humanos, com acentuado realce do baço e dos rins, aumento
moderado do pâncreas e fígado e menos realce da musculatura esquelética e gordura.
Nos seres humanos, a diminuição do realce foi associada a numerosas doenças,
incluindo fibrose pancreática ou hepática ou neoplasia com celularidade densa e limitada
vascularização. Nos seres humanos e nos gatos, a gordura peritoneal abundante é útil
à medida que os órgãos são dispersos em todo o abdome e bem delineado pela alta
intensidade do sinal de gordura (NEWELL et al., 2000).

Em cães, assim como em humanos, a nefrografia por ressonância magnética utilizando


gadolínio pode ser dividida em três fases: vascular, parenquimatosa e excretora. A

45
UNIDADE I │ IMAGEM POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA EM PEQUENOS ANIMAIS

fase vascular do renograma mostra o realce se iniciando na borda externa do córtex


renal (Figura 20). Na fase parenquimatosa, o contraste continua a se difundir de
forma constante através do córtex renal e da medula, resultando em parênquima renal
homogeneamente realçado. Na fase excretora, observam-se os cálices renais, ureteres
e bexiga realçados pelo agente de contraste (TEH et al., 2003; FONSECA-MATHEUS
et al., 2011).

Figura 20. Imagem composta de projeções de intensidade máxima (PIm) do subvolume dorsal das veias renais

em cães 1–6. Em todas as imagens, a direita está à esquerda, e a craniana está no topo.

Cão 1 Cão 2

Cão 3 Cão 4

Cão 5 Cão 6

Fonte: Cavrenne e Mai (2009).

Tórax

A anatomia do tórax de cães por meio de ressonância magnética foi explorada por
Vilar et al. (2003), e os vasos descritos pela angiografia por ressonância magnética por
Contreras et al. (2008).

Uso da ressonância magnética na cardiologia


veterinária

Na avaliação do coração, as sequências de spin-eco são escolhidas para avaliação da


morfologia. O sangue que flui parece preto, resultando em melhor contraste entre o
sangue e os tecidos moles (brilhantes); as imagens resultantes são conhecidas como
“imagens de sangue preto”. O tecido que não flui (todo o tecido que não seja sangue)
aparece em vários tons de brilho, pois recebe o pulso de RF excitatório de 90 graus e

46
IMAGEM POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA EM PEQUENOS ANIMAIS │ UNIDADE I

o pulso de RF de 180 graus, gerando um sinal de eco. O sangue parece preto, pois não
recebe o pulso de excitação ou o pulso de 180o graus como consequência do fluxo. No
gradient-eco, o gradiente de refase reorienta as rotações fluidas, resultando em sinal alto.
Essas “imagens de sangue brilhante” são particularmente adequadas para a avaliação
do fluxo sanguíneo interrompido; o sangue turbulento aparece preto enquanto o fluxo
laminar parece brilhante (Figura 21). Nesse momento, há uma troca de contraste, pois
há menos contraste entre o sangue e os tecidos moles. Imagens de sangue brilhante são
usadas na avaliação de estenoses valvares e regurgitação e fluxo sanguíneo turbulento
em torno das lesões, de modo a explorar o padrão de fluxo em shunts e vasos e na
avaliação do movimento da parede ventricular. Imagens de sangue brilhante também
podem ser produzidas pelo uso de agentes de contraste intravasculares. A imagem
cardíaca por ressonância magnética pode ser usada para quantificar o fluxo sanguíneo
por meio de mapas de velocidade de codificação de fase. Volumes de fluxo e velocidade
de fluxo podem então ser quantificados através de válvulas ou shunts (GILBERT et al.,
2010).

Figura 21. Sangue preto e sangue brilhante. A e B, sangue preto em ressonância em um coração de cão normal

em cortes transversais do eixo longo (A) e o eixo curto (B), ambas em sístole. C e D Inferior: sangue claro de um

coração de porco normal, em diástole. As linhas brancas em C mostram os eixos cardíacos longo e curto, e em

D o epicárdio dos ventrículos esquerdo e direito e o endocárdio do ventrículo esquerdo.

A B

C D

Fonte: Adaptada de Gilbert et al. (2010).

47
UNIDADE I │ IMAGEM POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA EM PEQUENOS ANIMAIS

Bloqueio cardíaco
O bloqueio cardíaco é um método usado para minimizar o artefato de movimento
causado pelo movimento do coração durante todo o ciclo cardíaco. Isso é essencial
no estudo da morfologia. O bloqueio é mais comumente realizado por meio do
eletrocardiograma (bloqueio do ECG), mas o pulso periférico (bloqueio periférico)
também pode ser usado. No ECG prospectivo (acionado), o tempo de repetição entre
pulsos de RF é controlado com base no intervalo R-R do ECG. A ponderação da imagem
(ponderação T1 e T2) depende, portanto, da frequência cardíaca do paciente. Os cortes
de ressonância magnética são obtidos durante tempos sucessivos de repetição do
pulso, e o bloqueio visa garantir que cada corte seja adquirido quando o coração está na
mesma fase do ciclo cardíaco. Os artefatos ocorrem nas disritmias quando a aquisição
da imagem sincronizada pode falhar. No ECG retrospectivo, os dados são adquiridos
continuamente ao longo do ciclo cardíaco a partir de cada posição do corte. No pós-
processamento, os dados são reconstruídos a partir de um ECG gravado ao lado dos
dados da imagem (GILBERT et al., 2010).

Imagem Ciné/multifásica
As sequências de imagens Ciné são imagens de séries temporais adquiridas com um
bloqueio de ECG prospectivo ou retrospectivo e, mais comumente, sequências de
gradient-eco. Os dados da imagem reconstruída são exibidos como um filme para que
cada varredura demonstre o ciclo cardíaco. As imagens são geralmente vistas como
cortes de tempo bidimensionais (2D) + em vez de volumes de tempo 3D +. A geração de
imagens multifásicas é um método alternativo de gravação de dados de filmes, no qual
o bloqueio prospectivo é usado para controlar sequências de pulsos de eco de rotação,
permitindo a aquisição de imagens a partir de estágios precisos do ciclo cardíaco, seja
para cortes simples ou para uma série de cortes (GILBERT et al., 2010).

Exame de ressonância magnética do coração


Na ressonância magnética do coração em medicina veterinária, a anestesia é
frequentemente mantida com infusão intravenosa de propofol com ventilação com
pressão positiva aplicada. Eletrodos de ECG compatíveis com o equipamento de
ressonância magnética são colocados, e a bobina de superfície apropriada é posicionada
no tórax ao nível do coração. O exame começa com imagens de localizador de três
planos, usadas para encontrar os planos apropriados para as vistas cardíacas padrão.

48
IMAGEM POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA EM PEQUENOS ANIMAIS │ UNIDADE I

Em indivíduos veterinários, a imagem pode ser realizada durante a apneia após a


hiperventilação (GILBERT et al., 2010).

A metodologia está em franco desenvolvimento para uso clínico na avaliação morfológica


em cães (MAI et al., 2010), avaliação do ventrículo esquerdo em gatos (MACDONALD
et al., 2005), função cardíaca e detecção de alterações miocárdicas em cães (BASSO et
al., 2004) e gatos (MACDONALD et al., 2006).

Semelhante ao seu uso para avaliação de outras regiões do corpo de cães e gatos, a
angiografia por ressonância magnética auxilia o diagnóstico da persistência do quarto
arco aórtico direito em cães (HECHT et al., 2012) e tumores atriais em cães (MAI et al.,
2010).

Confira o curso on-line gratuito sobre ressonância magnética (em inglês) no


endereço: <https://www.imaios.com/en/e-Courses/e-MRI>.

49
TOMOGRAFIA
COMPUTADORIZADA UNIDADE II
EM PEQUENOS
ANIMAIS

CAPÍTULO 1
Introdução e formação da imagem
tomográfica

Introdução
Os avanços tecnológicos na área da radiologia possibilitaram o desenvolvimento de
novas técnicas de diagnóstico por imagem, como é a tomografia computadorizada.
Atualmente, a tomografia computadorizada é um componente importante do
diagnóstico por imagem nos centros de referência de medicina veterinária (MARTINEZ
et al., 2010).

Após décadas da hegemonia da radiologia, o físico inglês Godfrey N. Hounsfield e o


matemático sul-africano Allan M. Cormack criaram, em 1972, o primeiro tomógrafo
axial computadorizado composto por uma ampola de raios-x giratória e detectores
diametralmente posicionados (MARTINEZ et al., 2010).

Os primeiros tomógrafos que apareceram foram denominados de primeira geração.


Com o passar do tempo, novas tecnologias forma incorporadas, abrindo o caminho
a tomógrafos mais modernos de segunda, terceira e quarta geração. A partir de 1980
apareceram os tomógrafos helicoidais ou espirais, sendo que os primeiros desta classe
apresentavam uma fileira de detectores, razão pela qual foram denominados tomógrafos
espirais singleslice (MARTINEZ et al., 2010).

Já em 1998, apareceria o primeiro aparelho de tomografia computadorizada espiral


multislice (com duas ou mais fileiras de detectores), que permitiu obter grande
quantidade de imagens reconstruídas de uma extensa área de tecido a partir de uma
única exposição, reduzindo consideravelmente o tempo da anestesia e a exposição dos

50
TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA EM PEQUENOS ANIMAIS │ UNIDADE II

raios-x, diferentemente dos tomógrafos das primeiras gerações, que precisavam de


uma exposição para produzir uma única imagem transversal (MARTINEZ et al., 2010).

Formação da imagem tomográfica


A tomografia computadorizada emprega os raios-x para formar uma imagem num
computador. Essa imagem corresponde a um corte, que pode ser realizado em diferentes
planos de um objeto sem sobreposição das suas estruturas interna; essas fatias podem
ter diferentes espessuras (1, 2, 5 e 10 mm). A tomografia computadorizada pode captar
diferenças da ordem de 0,05% entre os tecidos de diversas densidades, sendo que as
radiografias captam diferenças de 0,5%, essa característica melhora a resolução da
imagem, permitindo assim detectar alterações nos tecidos que não apareceriam nas
radiografias (MARTINEZ et al., 2010).

Independentemente da geração do tomógrafo, todos utilizam três sistemas para formar


uma imagem na tela do computador. O primeiro deles é o sistema de aquisição de dados.
Esse componente, o mais importante do tomógrafo, contém a ampola de raios-x e os
detectores sensíveis à radiação. O segundo sistema é o de reconstrução, encarregado de
processar matematicamente a informação obtida pelo sistema de aquisição, e o resultado
desse processo são os sinais digitais. Finalmente, o sistema de exibição transforma os
sinais digitais em sinais elétricos, utilizados para formar a imagem (MARTINEZ et al.,
2010).

Um tomógrafo é composto pela entrada do aparelho (gantry ou portal), a mesa, um


console de controle e uma estação de trabalho (Figura 1). O gantry é o dispositivo em
forma de anel que contém a ampola dos raios-x e os detectores sensíveis à radiação
(Figura 2). Uma das diferenças entre os tomógrafos de primeira geração e os mais
atuais é que os últimos têm incorporado maior número de detectores mais sensíveis
à radiação, o que tem permitido melhorar a qualidade da imagem (MARTINEZ et al.,
2010).

Durante a aquisição de dados, a ampola de raios-x gira a 180° ou 360° (dependendo


da geração do tomógrafo) em plano perpendicular em relação ao corpo estudado
numa área específica, gerando uma radiação constante que atinge a área estudada em
diferentes projeções. A radiação que atinge o corpo é atenuada diferentemente pelos
tecidos, dependendo de sua respectiva densidade (número atômico). Após interagir
com o objeto, os raios-x atenuados são captados pelos detectores eletrônicos alinhados
do lado oposto da ampola de raios-x (MARTINEZ et al., 2010).

51
UNIDADE II │ TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA EM PEQUENOS ANIMAIS

Até os tomógrafos de terceira geração, os detectores giravam juntos com a ampola de


raios-x. A partir do desenvolvimento dos tomógrafos de quarta geração, os receptores
foram dispostos de maneira fixa em toda a circunferência do gantry, sendo o tubo de
raios-x a única parte que gira ao redor do paciente (MARTINEZ et al., 2010).

Para se obter uma imagem nos tomógrafos de primeira geração, o tubo de raios-x
gira uma vez ao redor do paciente, e a mesa se desloca dentro do gantry a intervalos
previamente estabelecidos pelo operador, de 1, 2, 5 e 10mm ou mais, dependendo das
necessidades do exame (Figura 3A). Já nos tomógrafos helicoidais, o tubo de raios-x
gira constantemente, enquanto a mesa atravessa o gantry a uma velocidade constante
(Figura 3B) (MARTINEZ et al., 2010).

O tomógrafo helicoidal multislice é o mais recente avanço na tecnologia da tomografia


computadorizada (Figura 3C). As vantagens desse tomógrafo em relação às gerações
anteriores podem ser resumidas por três melhorias fundamentais: (1) maior velocidade;
(2) maior cobertura e (3) seções mais finas. No entanto, o verdadeiro avanço com esses
tomógrafos mais novos vem não só da capacidade de obter seções mais finas mais
rapidamente, mas movendo-se de um “modo de seção por seção” para um “modo de
volume”. O tomógrafo helicoidal multislice transformou a tomografia computadorizada
de uma técnica transaxial transversal em uma modalidade de imagem verdadeiramente
tridimensional. Usando estações de trabalho apropriadas, os conjuntos de dados
dos scanners tomógrafo helicoidal multislice podem ser visualizados em um modo
tridimensional e processado em volume (BERTOLINI; PROKOP, 2011).

Figura 22. Componentes de um sistema típico de tomografia computadorizada.

Scanner Computador

Workstation
remota
Mesa Monitor

Painel de
controle
Fonte: Whatmough; Lamb (2006).

52
TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA EM PEQUENOS ANIMAIS │ UNIDADE II

Figura 23. Ilustração de um aparelho de tomografia computadorizada com seus principais

componentes: a mesa e o gantry.

Tubo de raios x

y Feixe de raios
x colimados

z
Portal

Mesa
Detectores

Fonte: Bertolini e Prokop (2011).

Assim, a radiação forma uma cortina em espiral em volta do paciente, que, após
ultrapassar os tecidos e ser atenuada por eles, é captada pelos detectores e transmitida
ao console, no qual são reconstruídos cortes de espessura milimétrica ou submilimétrica
(Figura 2). Em outras palavras, podem-se reconstruir muitos cortes a partir de uma
única exposição (MARTINEZ et al., 2010). As imagens de tomografia computadorizada
são geralmente adquiridas no plano transversal. Imagens em outros planos (por
exemplo, sagital, dorsal, oblíqua) podem ser reconstruídas com uso de software; no
entanto, a resolução da imagem é inferior às imagens transversais originais, a menos
que essas tenham sido adquiridas com cortes de largura de frações de milímetro (Figura
4) (LABRUYÈRE; SCHWARZ, 2013).

Na tela do monitor, a imagem é formada por pixels, que são a representação digital
de uma unidade de volume, o voxel – que, além da largura e da altura, representa
a espessura do corte (Figura 5). Cada pixel da imagem é representado por um valor
específico de densidade, medido em unidades Hounsfield dentro da escala de atenuação
exponencial (escala de Hounsfield), que representa a densidade média do voxel.
Essa escala recebe valores unitários que variam desde -1.000UH (ar), 0UH (água)
até 3.000UH (metal). Na imagem, os valores negativos aparecem mais escuros e são
denominados hipoatenuantes, e os valores positivos aparecem mais brancos, sendo
denominados hiperatenuantes (Quadro 1) (MARTINEZ et al., 2010).

53
UNIDADE II │ TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA EM PEQUENOS ANIMAIS

A tomografia computadorizada utiliza uma ampla gama de cinzas para determinar as


diferentes densidades dos tecidos. Essa escala vai desde a cor branca (hiperatenuante
ou hiperdensa) dos tecidos mais densos, como o tecido ósseo, passando para cinza,
que corresponde a tecidos mais moles (musculatura, linfonodos), até a cor preta
(hipoatenuante ou hipodensa), própria de estruturas que contêm ar, como os pulmões
e a cavidade nasal (MARTINEZ et al., 2010).

Figura 24. Representação esquemática de vários sistemas de tomografia computadorizada.

a b c
3ª geração Helicoidal Helicoidal multislice

Legenda: (a) Tomógrafo de terceira geração. As setas indicam a rotação – modalidade rotativa de sistemas de detector de
tubos que não usam um anel de deslizamento necessário para rotação contínua. A mesa do paciente não se move durante
as varreduras, mas é avançada entre varreduras, tendo por resultado uma aquisição de dados do tipo “avança e registra”.
(b) Tomografia Computadorizada helicoidal single-slice. O sistema do tubo-detector gira continuamente em torno do corpo
quando a mesa se move através do portal durante a varredura (veja a seta). Os tempos de rotação típicos estão na faixa
de 0,7-1 s. (c) Tomógrafo helicoidal multislice. O detector consiste em várias linhas de detectores paralelos. Os tomógrafos
helicoidais multislice recentes têm milhares de elementos detectores e fornecem resolução isotrópica. O tempo de rotação
é de 0,5-0,27 s, dependendo do tipo de tomógrafo. A velocidade da mesa pode exceder 20 cm/s com os tomógrafos mais
recentes.

Fonte: Bertolini e Prokop (2011).

Figura 25. Reconstrução multiplanar é a técnica de computador que permite que as imagens sejam

reformatadas em qualquer plano. (a) Sagital, (b) transversal e (c) dorsal.

b c

Fonte: Labruyère e Schwarz (2013).

54
TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA EM PEQUENOS ANIMAIS │ UNIDADE II

Já a imagem apresentada no monitor pode ser manipulada pelo operador com o objetivo
de apresentar as imagens de diferentes formas. Isso é realizado com a ajuda de filtros
específicos (janelas e níveis), ferramentas que permitem escolher determinada escala
de tons de cinza para avaliar melhor cada tipo de tecido (Figura 6). As janelas utilizadas
rotineiramente para visibilizar e avaliar as diferentes estruturas anatômicas são: janela
para tecidos moles, janela para tecido ósseo e janela para tecidos que contêm ar, como
os pulmões e a cavidade nasal (MARTINEZ et al., 2010). Sugestões para valores de
lanelas e níveis são apresentados no quadro 2.

Figura 26. Representação esquemática do efeito da espessura da fatia.

y
A

z x
Espessura do corte Voxel anisotrópico

Pixel

Voxel isotrópico
B

Legenda: O volume da varredura é composto dos milhares de elementos do volume (voxels). Cada voxel se assemelha a um
palito de fósforo (A) se a espessura da fatia for substancialmente maior do que o tamanho de cada elemento de imagem
(pixel). Esse é geralmente o caso de tomografia computadorizada de fatia única. Para a tomografia helicoidal multislice, a
espessura do corte pode ser escolhida para ser 1 mm ou menos, resultando em voxels que se assemelham a um cubo e
fornece resolução isotrópica (B). Tais dados isotrópicos permitem a reconstrução de imagens em qualquer plano arbitrário
sem perda de qualidade de imagem.

Fonte: Bertolini e Prokop (2011).

55
UNIDADE II │ TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA EM PEQUENOS ANIMAIS

Quadro 1. A escala Hounsfield. As duas densidades definidas nessa escala são a água (0 HU) e o ar (-1000 HU). De

outros tecidos e materiais são mais variáveis. O alcance da escala Hounsfield é determinada pela sensibilidade

dos detectores e a capacidade de armazenamento de bits do sistema de computação.

Tipo de tecido Valor padrão (UH)


Osso compacto > 250
Osso esponjoso 50 - 300
Sangue coagulado 70 - 90
Glândula tireoide 60 - 80
Fígado 50 - 70
Sangue 50 - 60
Substância cinzenta do cérebro 37 - 41
Músculo 35 - 50
Pâncreas 30 - 50
Rim 20 - 40
Substância branca do cérebro 20 - 34
Plasma 27 ± 2
Exsudato (> 30g de proteína/L) >18 ± 2
Transudato (< 30g de proteína/L) <18 ± 2
Solução de Ringer 12 ± 2
Líquido cefalorraquidiano 5 - 10
Gordura - 80 a - 100
Pulmão - 950 a - 550

Fonte: Adaptada de Ohlerth e Scharf (2007).

Como muitos dados são obtidos em uma tomografia computadorizada, o


radiologista seleciona o nível da janela (WL) centralizado na densidade do tecido
de interesse e uma largura da janela (WW) suficientemente larga para incluir as
densidades dos tecidos de interesse. Por exemplo, as configurações da janela
para observar o pulmão são diferentes das dos tecidos moles e ossos. Os valores
numéricos são dados em unidades Hounsfield.

56
TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA EM PEQUENOS ANIMAIS │ UNIDADE II

Figura 27. Efeito do janelamento e nivelamento na interpretação da

imagem da tomografia computadorizada.

Fonte: Labruyère e Schwarz (2013).

Quadro 2. Sugestões de nível da janela (WL) e largura da janela (WW) para a aplicação da tomografia

computadorizada em pequenos animais.

Janela WL (UH) WW (UH)


Osso 400 – 500 >1500
Tecido mole 40 – 50 400 - 500
Cérebro Aprox. 35 150
Hipófise 80 250
Mediastino - 50 400
Pulmões - 500 1500

Fonte: Adaptada de Ohlerth e Scharf (2007).

57
CAPÍTULO 2
Exame de tomografia e seus desafios

O exame de tomografia computadorizada e o


uso de meios de contraste
Assim como com a radiografia convencional, o posicionamento adequado do paciente
é importante na obtenção de imagens de tomografia computadorizada. Por exemplo,
o posicionamento oblíquo pode complicar a interpretação das imagens de tomografia
computadorizada, tal como acontece na radiografia (WHATMOUGH; LAMB, 2006).

Embora o tempo de exposição para a tomografia computadorizada de uma região corporal


como o tórax possa ser tão pouco quanto 30 segundos, o paciente deve permanecer
perfeitamente imóvel para uma imagem inicial “piloto” ou escanograma (usada para
selecionar a posição das imagens de tomografia computadorizada), a varredura e, às
vezes, uma varredura repetida após a injeção intravenosa do contraste. Portanto, as
tomografias geralmente levam vários minutos, e os pacientes geralmente são sedados
ou anestesiados. Para a maioria dos exames, prefere-se posicionar os pacientes em
decúbito esternal (WHATMOUGH; LAMB, 2006).

Os animais anestesiados são geralmente monitorados de fora da sala, enquanto a


tomografia computadorizada é conduzida. Os animais não são contidos manualmente
para o exame; no entanto, para os criticamente doentes que necessitam de monitoramento
constante, pode ser necessário que uma pessoa (vestindo um avental de chumbo e
protetor de tireoide) permaneça na sala durante a varredura (WHATMOUGH; LAMB,
2006).

A dose de radiação para o paciente é consideravelmente maior na tomografia


computadorizada do que na radiografia convencional; no entanto, a quantidade de
dispersão é relativamente baixa porque o feixe de raios-X primário é um feixe em leque
altamente colimado e estreito e está contido dentro do portal (gantry). A varredura
do tórax requer alguma manipulação da respiração (por exemplo, inflação pulmonar
máxima), o que pode exigir que o anestesista esteja na sala. Como alternativa, um
curto período de hiperventilação de animais anestesiados pode induzir apneia por até
1 minuto, o que é tempo suficiente para completar a varredura enquanto o pessoal está
fora da sala (WHATMOUGH; LAMB, 2006).

58
TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA EM PEQUENOS ANIMAIS │ UNIDADE II

Estudos de contraste, como urografia intravenosa, miografia e portografia, podem


ser combinados com a tomografia computadorizada. Meios de contraste intravenoso
tendem a se acumular em lesões vasculares, hemorrágicas ou edematosas, o que auxilia
em sua identificação. O acúmulo de contraste pode igualmente permitir que as margens
da lesão sejam definidas mais precisamente (WHATMOUGH; LAMB, 2006).

Para a escolha do meio de contraste iodado, devem-se considerar principalmente


duas características desses agentes: a ionicidade e a osmolalidade. A ionicidade é
uma importante característica relacionada à capacidade de dissociação, sendo os MCI
classificados em iônicos e não iônicos. O contraste iodado iônico é aquele que, quando
em solução, dissocia-se em partículas com carga negativa e positiva, enquanto os não
iônicos não se dissociam e não liberam partículas com carga elétrica (JUCHEM et al.,
2004). Tanto a osmolalidade quanto a osmolaridade referem-se à concentração de
partículas de uma solução. No entanto, a osmolalidade relaciona-se com o número
de miliosmoles por quilo de água (mOsm/kg H2O), e a osmolaridade ao número de
miliosmoles por litro de solução (mOsm/litro) (SANTOS et al., 2009).

A primeira geração dos agentes de contraste é constituída pelos monômeros iônicos de


alta osmolaridade. Esses contrastes apresentam osmolalidade cinco a oito vezes maior
que a do sangue, isto é, sua osmolalidade em solução varia de 600-2100 mOsm/kg,
em comparação a 290 mOsm/kg do plasma humano. Alguns desses agentes, como o
ioxitalamato, iotalamato e diatrizoato, ainda são utilizados em procedimentos urológicos
retrógrados e que envolvem o trato gastrintestinal devido à excelente opacidade e ao
baixo custo. Os que ainda são comercializados são os ânions (MARTÍN et al., 2014).
A segunda geração de contrastes é composta por monômeros não iônicos de eleição,
pois, devido à natureza não iônica e à baixa osmolalidade, são potencialmente menos
quimiotóxicos que os monômeros iônicos de primeira geração (SANTOS et al., 2009).
Os monômeros não iônicos de segunda geração comercializados são: iopramide,
iobitridol, iohexol, iopamidol e ioversol (SANTOS et al., 2009). Atualmente, o MCI de
terceira geração comercializado e mais utilizado é o iodixanol, um dímero não iônico
que consiste na junção de dois monômeros não iônicos. Essas substâncias contêm seis
átomos de iodo por cada partícula em solução (6:1), e numa certa concentração de iodo
tem a osmolalidade mais baixa de todos os meios de contraste, sendo considerados
isosmolares em relação ao plasma (SANTOS et al., 2009).

Reações adversas foram relatadas após a administração de iotalamato em cães e gatos.


Os animais apresentaram alterações marcantes na frequência cardíaca e na pressão
arterial sanguínea imediatamente após ou durante a infusão do meio de contraste.
O primeiro cão desenvolveu hipertensão, bradicardia, broncoespasmo e diarreia de
aspecto sanguinolento; já o segundo desenvolveu hipotensão e taquicardia, além de

59
UNIDADE II │ TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA EM PEQUENOS ANIMAIS

eritema na região ventral do abdômen e membros pélvicos, edema periocular e diarreia


(POLLARD; PASCOE, 2008). Outro estudo avaliou dois grupos de felinos anestesiados,
que receberam contraste iônico de alta osmolaridade (iotalamato) e não iônico isosmolar
(iopamidol), constatando-se que, entre os 60 felinos que receberam o agente iônico, 7%
demonstraram alterações na pressão arterial sistêmica (hipo ou hipertensão) e apenas
um desenvolveu taquicardia; já no grupo de 12 felinos que recebeu o meio não iônico,
2,5% dos animais apresentaram alterações na pressão arterial sistêmica (hipo ou
hipertensão) (POLLARD et al., 2008). Em relação à nefropatia induzida por contraste,
foram encontrados na literatura somente relatos em dois cães (IHLE; KOSTOLICH,
1991; DALEY et al., 1994) e em um gato (CARR et al., 1994), nos quais foi administrado
diatrizoato.

Artefatos em tomografia computadorizada


Comparado à radiografia convencional, o processo da tomografia computadorizada
é mais propício a gerar artefatos. Uma imagem de tomografia computadorizada é
formada a partir de centenas de projeções, cada uma delas com centenas de medidas
independentes. Esse fato, somado à natureza do processo de retroprojeção, no qual
um único ponto na projeção é mapeado sobre toda uma linha na imagem, faz com que
a probabilidade de se produzir artefatos em imagens de tomografia computadorizada
seja muito maior (ARAÚJO, 2008).

Os artefatos podem degradar seriamente a qualidade das imagens tomográficas, às


vezes a ponto de torná-las diagnosticamente inutilizáveis. Para otimizar a qualidade
da imagem, é necessário entender por que os artefatos ocorrem e como eles podem
ser evitados ou suprimidos. Artefatos em tomografia computadorizada originam de
uma variedade de fontes. Artefatos de origem física resultam dos processos físicos
envolvidos na aquisição de dados de tomografia computadorizada. Artefatos causados
pelos pacientes são resultantes do movimento do paciente ou a presença de materiais
metálicos dentro ou no paciente. Artefatos de varredura ocorrem pelas imperfeições
na função do tomógrafo. Artefatos de técnica helicoidal e multislice são produzidos
pelo processo de reconstrução de imagem. As características de design incorporadas
em tomógrafos modernos minimizam alguns tipos de artefatos, e alguns podem
parcialmente ser corrigidos pelo software do varredor. No entanto, em muitos casos, o
posicionamento cuidadoso do paciente e a seleção ideal de parâmetros de digitalização
são os fatores mais importantes para evitar artefatos na tomografia computadorizada
(BARRETT; KEAT, 2004).

60
TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA EM PEQUENOS ANIMAIS │ UNIDADE II

Artefatos de origem física

Ruído

O ruído de Poisson é devido ao erro estatístico de baixas contagens de fótons e resulta em


listras finas aleatórias brilhantes e escuras que aparecem preferencialmente na direção
de maior atenuação. Com o aumento do ruído, objetos de alto contraste, como osso,
ainda podem ser visíveis, mas os limites dos tecidos moles de baixo contraste podem ser
obscurecidos. O ruído de Poisson pode ser diminuído aumentando o mAs. Tomógrafos
modernos podem realizar modulação de corrente do tubo, aumentando seletivamente
a dose ao adquirir uma projeção com alta atenuação. Eles também normalmente usam
filtros bowtie (“gravata borboleta”), que fornecem uma dose maior para o centro do
campo de visão em comparação com a periferia. Há uma via de mão dupla entre o
ruído e a resolução, uma vez que o ruído também pode ser reduzido pelo aumento da
espessura da fatia utilizando-se de um grão de reconstrução mais suave (grão de tecido
mole), ou também pelo borramento da imagem (BOAS; FLEISHMANN, 2012).

Artefatos do efeito de endurecimento dos feixes de raios-x


(beam hardening artifact) e a dispersão do feixe

O endurecimento e a dispersão do feixe são mecanismos diferentes que produzem


estrias escuras entre dois objetos elevados da atenuação, tais como o metal, o osso, o
contraste iodado ou o bário. Eles também podem produzir estrias escuras ao longo do
longo eixo de um único objeto de atenuação alta. Listras brilhantes são vistas ao lado das
estrias escuras (Figura 7). Esses artefatos são um problema particular na fossa craniana
posterior e com implantes metálicos (BOAS; FLEISHMANN, 2012). O endurecimento
do feixe é visto com fontes de raios-x policromáticos. Como os raios-x passam através
do corpo, fótons de raios-x de baixa energia são atenuados mais facilmente, e os fótons
de alta energia restantes não são atenuados tão facilmente. Assim, a transmissão do
feixe não segue a deterioração exponencial simples vista com raios-x monocromáticos.
Esse é um problema particular com materiais de alto número atômico, como osso,
iodo ou metal. Em comparação com materiais de baixo número atômico, como água,
esses materiais de alto número atômico aumentaram dramaticamente a atenuação em
energias mais baixas (BOAS; FLEISHMANN, 2012). A dispersão de Compton faz com
que os fótons dos raios-x mudem o sentido (e a energia), e terminem acima, em um
detector diferente. Isso cria o maior erro quando os fótons espalhados acabam em um
detector que, de outra forma, teria muito poucos fótons. Em particular, se um implante
metálico bloqueia todos os fótons, então o elemento detector correspondente só irá
detectar fótons espalhados. A dispersão igualmente torna-se mais significativa com
um número aumentado de fileiras do detector, porque um volume maior de tecido

61
UNIDADE II │ TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA EM PEQUENOS ANIMAIS

é irradiado (BOAS; FLEISHMANN, 2012). Assim, para feixes de raios-x altamente


atenuados, o endurecimento do feixe e a dispersão de ambos fazem com que mais
fótons sejam detectados do que o esperado, resultando em estrias escuras ao longo das
linhas de maior atenuação. A digitalização em um kV alto resulta em um feixe de raios-x
mais duro e, portanto, menos artefatos de endurecimento do feixe. Além disso, o metal
é mais “transparente” para fótons de maior energia, tornando-o menos propenso a
bloquear todos os fótons, reduzindo, assim, os artefatos de dispersão. No entanto, a
compensação é que há menos contraste de tecido em kV alto (BOAS; FLEISHMANN,
2012);

Figura 28. Artefato de endurecimento dos feixes observado durante a portografia transesplênica

em um cão por injeção de iohexol na dose de 175 mg I/mL. RL, lobo direito do fígado.

Janelamento de 650 UH e nivelamento de 50 UH.

RL

Fonte: Echandi et al. (2007).

Realce falso

O realce falso de cistos renais refere-se ao fato de que cistos renais simples têm suas
unidades Hounsfield aumentadas de forma irreal após a administração de contraste
intravenoso. Isso é causado pelo endurecimento e dispersão do feixe, mesmo que não
tenha as estrias que estão mais classicamente associadas ao endurecimento do feixe. O
mesmo mecanismo é responsável pelo aumento da densidade visto apenas dentro do
crânio na tomografia computadorizada. Áreas que são cercadas por um anel de material
de alta densidade tornam-se mais brilhantes devido ao endurecimento do feixe e
dispersão. O realce falso diminui, distanciando-se do tecido renal realçado. Assim, há
mais realce falso em cistos menores, e as mensurações das unidades Hounsfield devem
ser executadas longe do tecido renal realçado sempre que possível. Na tomografia
computadorizada convencional, o realce falso pode atingir até 28 HU. Isso pode ser
diminuído com tomografia computadorizada de dupla energia. No entanto, não é

62
TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA EM PEQUENOS ANIMAIS │ UNIDADE II

eliminado, porque esse tipo de tomografia só dá imagens monoenergéticas aproximadas


e não é correta para dispersão (BOAS; FLEISHMANN, 2012);

Volume parcial

Artefatos de volume parcial ocorrem quando estruturas de atenuação relativamente


alta se estendem apenas parcialmente no corte examinado. Como cada elemento do
detector inevitavelmente indica a média das intensidades de radiação que o atinge, não
há como detectar que a projeção de tal estrutura não esteja distribuída sobre toda a
espessura do corte (ARAÚJO, 2008). Os artefatos causados por projeções incompletas
geram estrias ou sombras, e efeitos semelhantes a isso podem ser causados por objetos
densos. Para evitar esse tipo de artefato, é essencial o adequado posicionamento do
paciente, de forma que nenhuma das estruturas escaneadas encontrem-se fora da área
de digitalização (BARRETT; KEAT, 2004).

Photon starvation

Uma fonte potencial de artefatos graves de estrias é o photon starvation, que pode
ocorrer em áreas altamente atenuantes. Quando o feixe de raios-x está viajando
horizontalmente, a atenuação é maior, e fótons em número insuficiente chegam aos
detectores (Figura 8). O resultado é que projeções com muito ruído são produzidas
nessas angulações dos tubos. O processo de reconstrução tem o efeito de ampliar
muito o ruído, resultando em estrias horizontais na imagem. Se a corrente do tubo for
aumentada durante a varredura, o problema de photon starvation será superado, mas
o paciente receberá uma dose desnecessária quando o feixe estiver passando através
das peças menos atenuantes. Portanto, os fabricantes desenvolveram técnicas para
minimizar o photon starvation (BARRETT; KEAT, 2004);

Figura 29. Photon starvation na tomografia pélvica de um cão.

Fonte: Adaptada de Samii et al. (2011).

63
UNIDADE II │ TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA EM PEQUENOS ANIMAIS

Artefatos relacionados ao paciente

Artefatos metálicos

A presença de objetos metálicos no campo da varredura pode levar a artefatos e graves


estrias. Eles ocorrem porque a densidade do metal está além da faixa normal que pode
ser manuseada pelo computador, resultando em perfis de atenuação incompletos.
Artefatos adicionais devido ao endurecimento do feixe, volume parcial e alisamento
são susceptíveis de agravar o problema ao digitalizar objetos muito densos (BARRETT;
KEAT, 2004). Artefatos metálicos são particularmente pronunciados com metais de
alto número atômico, como ferro ou platina, e menos pronunciada com metais de baixo
número atômico, como titânio (BOAS; FLEISHMANN, 2012). Implantes metálicos
intensificam os efeitos de endurecimento do feixe e volume parcial devido a sua alta
atenuação relativa e pode extinguir todo o conteúdo da imagem nas vizinhanças do
objeto metálico, produzindo artefatos em toda a imagem. Artefatos devidos a implantes
metálicos são amenizados com a utilização de valores mais altos de tensão no tubo de
raios-x, diminuindo a espessura dos cortes reconstruídos, mas nunca são completamente
eliminados (ARAÚJO, 2008).

Artefatos criados pelo tomógrafo

Artefato de anel

Um elemento detector descalibrado ou defeituoso cria um anel brilhante ou escuro no


centro da rotação. Isso às vezes pode simular uma alteração patológica. Normalmente,
recalibrar o detector é suficiente para corrigir esse artefato, embora ocasionalmente o
próprio detector precise ser substituído (BOAS; FLEISHMANN, 2012). Selecionar o
campo de visão correto da varredura pode reduzir o artefato usando dados de calibração
que se encaixam mais próximo da anatomia do paciente. Todos os scanners modernos
usam detectores de estado sólido, mas seu potencial para artefatos de anel é reduzido
por um software que caracteriza e corrige as variações do detector (BARRETT; KEAT,
2004).

Artefatos relacionados ao design do sistema

Na tomografia computadorizada, as imagens são reconstruídas a partir do conjunto de


projeções coletadas, também chamado de Raw Data. Portanto, para garantir que as
imagens reconstruídas apresentem o mínimo possível de artefatos, resolução espacial
e contraste necessários, é de grande importância garantir a qualidade do Raw Data e

64
TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA EM PEQUENOS ANIMAIS │ UNIDADE II

a fidelidade com que representa as projeções reais do objeto. O problema mais típico
encontrado nas projeções é o ruído inerente ao processo de medição. Ele é consequência
da radiação espalhada e da densidade não uniforme e variável de fótons do feixe,
sem contar com o ruído eletrônico típico presente nos detectores. Essa flutuação nos
valores de intensidade registrados em cada elemento do detector, por menor que seja,
gera inconsistência no Raw Data, produzindo artefatos na imagem. Esses artefatos
são visualizados como linhas retas claras e escuras, espalhadas por toda a imagem
(ARAÚJO, 2008).

Outro problema, inerente ao processo de aquisição das projeções, é o de sobreposição


espectral ou aliasing, que se deve a subamostragem do sinal original da distribuição de
intensidades dos raios-x que atravessam o paciente. O sinal original é discretizado no
processo de detecção. Cada linha de elementos do detector envia um conjunto de sinais,
que representam uma projeção do paciente. De acordo com a teoria de amostragem
(Nyquist-Shannon), para evitar a sobreposição espectral, as projeções devem ser
amostradas a uma taxa de, no mínimo, o dobro da frequência espacial contida no
sinal original. Em outras palavras, o intervalo entre as amostras do sinal discretizado
deve ser de no máximo a metade da resolução máxima permitida pelo sistema de
aquisição de imagens. Em equipamentos de Tomografia Computadorizada da primeira
à terceira geração, isso se torna um problema grave, uma vez que o intervalo mínimo
de amostragem está limitado ao tamanho dos canais do detector, que definem um
limite máximo para a resolução do sistema de aquisição de imagens. Assumindo que
a frequência máxima contida no sinal amostrado seja 1/d, em que d é o tamanho do
canal do detector, a distância entre o centro de cada canal deve ser menor que d/2 para
evitar aliasing. Esse problema não existe nos tomógrafos de quarta geração, que estão
atualmente obsoletos por outras razões (ARAÚJO, 2008).

Há duas técnicas para solucionar o problema de aliasing nos tomógrafos de


terceira geração: uma conhecida como quarter-quarter offset, que é basicamente
o deslocamento do centro do detector em ¼ da largura, d, dos canais do detector, e
outra conhecida como focal spot wobble (flutuação do ponto focal), em que o feixe de
elétrons do tubo de raios-x é constantemente desviado por um campo eletromagnético
de modo a atingir, alternadamente, dois pontos focais do tubo e, dessa maneira, dobrar
a amostragem, reduzindo o problema de aliasing. A combinação dessas duas técnicas
elimina quase que completamente os artefatos de aliasing das imagens de Tomografia
Computadorizada (ARAÚJO, 2008).

65
UNIDADE II │ TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA EM PEQUENOS ANIMAIS

Artefatos de feixe cônico (multislice) e do tipo


“moinho de vento” (tomógrafo helicoidal)

A tomografia computadorizada helicoidal tem alguns artefatos adicionais que não


são vistos em tomógrafos com linha única de detectores. Por outro lado, o tempo de
digitalização significativamente reduzido reduz o artefato de movimento (BOAS;
FLEISHMANN, 2012).

Na tomografia computadorizada helicoidal, a mesa é continuamente avançada à medida


que o tubo de raios-x gira em torno do paciente. À medida que as linhas do detector
passam pelo plano axial de interesse, a reconstrução oscila entre a tomada de medições
de uma única linha de detector, e interpolando entre duas linhas de detector. Se houver
uma borda de alto contraste entre as duas linhas de detector, então o valor interpolado
pode não ser preciso. Isso cria listras periódicas delgadas escuras e claras provenientes
de bordas de alto contraste, que são chamadas de artefatos de moinho de vento. Estes
são mais proeminentes em fatias finas, e as pás do moinho de vento giram enquanto uma
rola através das fatias axiais. Um mecanismo semelhante é responsável por artefatos de
degraus (denteações/chanfraduras em reconstruções coronais ou sagitais) e artefatos
de zebra (listras periódicas de mais ou menos ruído na periferia da imagem vista em
reconstruções coronais ou sagitais) (BOAS; FLEISHMANN, 2012).

No tomógrafo multislice, os planos de projeção (definidos pela fonte de raios-X e a


linha do detector) não são exatamente paralelos ao plano axial (exceto para a linha
do detector central). Na mais simples reconstrução 2D em retroprojeções filtradas
convencionais, os planos de projeção para cada linha de detectores são atribuídos ao
plano axial mais próximo com base em onde eles cruzam o centro de rotação. Se houver
uma borda de alto contraste na direção z entre o plano axial e o plano de projeção, isso
cria estrias, bem como artefatos de degrau. Esses efeitos são piores com um aumento do
número de linhas de detector. Esses artefatos podem ser reduzidos com a Reconstrução
Múltipla de Plano Adaptável (AMPR), que usa planos inclinados para reconstrução.
Reconstruções de feixe de cone, que reconstroem todo o volume 3D ao mesmo tempo
usando a geometria correta da linha multidetector, também reduzem esse artefato, mas
são muito mais lentas (BOAS; FLEISHMANN, 2012).

Técnicas de pós-processamento das imagens


em tomografia computadorizada
Com sistemas de tomografia helicoidal multislice, o volume de interesse digitalizado
pode ser exibido não apenas como uma sequência de seções transversais, mas como
um volume verdadeiro. Os conjuntos de dados obtidos a partir de tomografia helicoidal

66
TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA EM PEQUENOS ANIMAIS │ UNIDADE II

multislice de 16 canais normalmente consistem em centenas a milhares de imagens por


exame. O grande tamanho desses dados dificulta a extração de todas as informações
usando apenas planos transaxiais padrão. Novas abordagens são necessárias, e a avaliação
transversal interativa do conjunto de dados adquirido ou técnicas tridimensionais de
renderização são as técnicas mais usadas (BERTOLINI; PROKOP, 2011).

A avaliação transversal iterativa usa planos cortados que são ajustados em tempo real
pelo usuário. Isso é semelhante no conceito de ultrassom em tempo real, exceto que
não é realizado no paciente real, mas no volume de dados transversais adquiridos. As
técnicas tridimensionais da renderização permitem vários tipos de exposição 3D da
imagem. Uma estação de trabalho separada é essencial para interpretar casos usando
técnicas de pós-processamento e também permite consultas e revisão de resultados
com cirurgiões ou outros colegas de referência. A maioria das reconstruções 3D são
agora iterativas em tempo real, e as técnicas de processamento mais complexas, como a
remoção automática de ossos, levam apenas alguns segundos ou talvez alguns minutos
para serem concluídas (BERTOLINI; PROKOP, 2011).

Há um número quase ilimitado de maneiras de reconstruir e visualizar conjuntos de


dados da tomografia helicoidal multislice, mas nenhuma está exclusivamente correta.
As imagens transversais de tomografia computadorizada permanecem importantes,
mas são apenas uma ferramenta entre muitas para revisão de casos. À medida que
os radiologistas se tornam mais confortáveis com dados, eles dependem menos de
qualquer plano de imagem ou algoritmo de reconstrução. A escolha da técnica 3D é
impulsionada pelo tipo de informação clínica que os radiologistas estão buscando, e as
preferências frequentemente mudam e evoluem à medida que os indivíduos ganham
experiência com imagens volumétricas (BERTOLINI; PROKOP, 2011).

As seções a seguir dão uma visão geral resumida das técnicas de pós-processamento
mais usadas com suas vantagens e compensações:

» Reconstruções multiplanares: reconstrução ou reformulação multiplanar


(MPR) é uma técnica bidimensional (2D) que calcula uma seção
transversal por meio do volume de imagem (pilha de fatias transaxiais)
com uma orientação que pode ser escolhida arbitrariamente pelo usuário:
o conjunto de dados transversais original é reformulado em planos
adicionais – na maioria das vezes, coronal e sagital, mas também oblíquo
e curvo. A principal vantagem do MPR é a simplicidade e a eficiência da
técnica. Em vez de ver individualmente centenas ou milhares de fatias
transversais, MPRs permitem que o radiologista possa interagir com os
dados como um volume. A qualidade das reconstruções multiplanares

67
UNIDADE II │ TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA EM PEQUENOS ANIMAIS

está diretamente relacionada à espessura da fatia de imagem. Quando os


voxels são isotrópicos (x = y = z), a qualidade de uma imagem reconstruída
em qualquer plano é praticamente idêntica à imagem transversal original.
A MPR melhora o desempenho diagnóstico em muitos casos clínicos e
deve ser parte da revisão de imagem de rotina para quase todos os tipos
de exame (BERTOLINI; PROKOP, 2011).

» Projeção de intensidade máxima: a projeção de intensidade máxima


(MIP) é criada usando um algoritmo de computador que avalia cada voxel
ao longo de linhas paralelas por meio do volume de imagem e seleciona
o voxel com o número máximo de tomografia computadorizada (ou
unidades Hounsfield) como o valor de saída. Como a MIP exibe apenas
os voxels com os números de tomografia computadorizada mais altos,
ele usa apenas uma parcela muito pequena do conjunto de dados. Para
reduzir a informação em menor grau, a MIP utilizando o corte espesso
único (thick-slab MIP) (LOUREIRO et al., 2008) foi introduzida para
que o algoritmo MIP seja executado perpendicularmente a um corte de
espessura arbitrária. Na prática clínica, um thick-slab MIP de 10-20 mm
de espessura é excelente para a representação de estruturas repletas
de material de contraste. As aplicações clínicas do slab-MIP incluem a
angiografia, a urografia e a detecção de nódulos pulmonares pequenos
pela tomografia computadorizada. No entanto, quando outras estruturas
de alta densidade, como osso ou calcificações, estão presentes dentro do
volume e superprojetadas sobre os vasos sanguíneos, os vasos podem
ser obscurecidos, dificultando sua avaliação. As técnicas de remoção
óssea são, portanto, essenciais antes de criar imagens vasculares de
MIP. Como o número máximo de tomografia computadorizada é exibido
pelo MIP, faltam pistas visuais que permitam a percepção das relações
de profundidade, e a valorização das relações 3D entre as estruturas
permanece limitada (BERTOLINI; PROKOP, 2011).

» Projeção de intensidade mínima: as imagens de projeção de intensidade


mínima (MinIP) são a contrapartida das imagens do MIP: em vez
de projetar o número máximo de tomografia computadorizada no
plano de visualização, elas exibem o número mínimo de tomografia
computadorizada. As MinIPs pode ser usada para gerar imagens de vias
aéreas centrais ou áreas de captura de ar dentro do pulmão. As MinIPs
também foram sugeridas para a imagem pancreática e ductos biliares
(BERTOLINI; PROKOP, 2011).

68
TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA EM PEQUENOS ANIMAIS │ UNIDADE II

» Renderização de volume: a renderização de volume (RV) é atualmente a


ferramenta de visualização 3D mais flexível. Em contraste com o MIP, em
que apenas o voxel com o maior número de tomografia computadorizada é
usado, na RV cada voxel é usado para calcular a imagem final. As imagens
resultantes, portanto, contêm mais informações e são potencialmente
mais úteis. A imagem é gerada atribuindo a cada voxel no volume
examinado um valor de opacidade (de 0% a 100%, transparência total à
opacidade total) com base em seu valor de atenuação. A RV combina o uso
de valores de opacidade e efeitos de iluminação para permitir a apreciação
das relações espaciais entre as estruturas. A cor pode ser aplicada para
aumentar a discriminação entre os tecidos, selecionando predefinições
de imagem ou alterando parâmetros de forma interativa até que o efeito
desejado seja alcançado. Os volumes podem ser manipulados de muitas
maneiras diferentes para demonstrar a anatomia desejada. No entanto,
se as configurações forem adaptadas de forma interativa, a RV se torna
vulnerável à variabilidade interobservadores, e os resultados dependerão
da habilidade do usuário para aperfeiçoar os parâmetros de renderização.
Um usuário não qualificado pode inadvertidamente introduzir erros
significativos na imagem de RV (BERTOLINI; PROKOP, 2011).

» Imagem de endoluminal: a visualização endoluminal (“endoscopia


virtual”) é uma técnica de perspectiva RV que permite aos usuários
visualizar o lúmen de estruturas anatômicas ou patológicas. Exige
diferenças nos números de tomografia computadorizada entre o lúmen
e seus arredores. A endoscopia virtual é mais bem-sucedida para exibir
estruturas contendo ar, como os tratos gastrointestinal e respiratório.
A endoscopia virtual também pode ser aplicada a estruturas de alta
densidade, como vasos sanguíneos aprimorados ou bexigas cheias de
contraste (BERTOLINI; PROKOP, 2011).

69
CAPÍTULO 3
Aplicações da tomografia
computadorizada diagnóstica em
pequenos animais

Indicações da tomografia computadorizada


Quando corretamente utilizada, a tomografia computadorizada complementa outras
técnicas de diagnóstico por imagem como a radiografia e o ultrassom, mas não as
substitui, e, em todos os casos, é essencial que seja precedida por esses exames. Assim,
a tomografia computadorizada vem sendo indicada na avaliação de diversas condições
clínicas, tanto no seu diagnóstico quanto na determinação do prognóstico. Além de
auxiliar na avaliação pré-cirúrgica e pós-cirúrgica dessas condições, também permite
guiar a coleta de material para estudo citológico ou histológico (MARTINEZ et al.,
2010).

Aplicações da tomografia computadorizada em


lesões intracranianas

A tomografia computadorizada pode ser usada para diagnosticar doenças neoplásticas,


doenças de desenvolvimento, inflamatórias, degenerativas ou vasculares do cérebro e
tem sido defendida como a modalidade padrão para o planejamento de irradiação de
tumores intracranianos (OHLERTH; SCHARF, 2007). A descrição de crânio de cães
mesaticefálicos está disponível (GEORGE; SMALLWOOD, 1992).

O uso de meio de contraste iodado intravenoso (600 - 900 mg de iodo/kg) deve ser
padrão para a avaliação de lesões intracranianas, pois tem sido relatado que lesões
intracranianas malignas versus não malignas podem ser diferenciadas por suas
características de captação e clareamento (washout) de contraste. A base para o
comportamento diferente do realce do contraste de lesões intracranianas é a quebra
da barreira hematoencefálica. O tecido cerebral normal pode ser medido com um
número de tomografia computadorizada entre 26 e 44 UH, com uma ligeira diferença
na atenuação entre a substância branca (20-34 UH) e cinzenta (37-41 UH). A atenuação
do tecido cerebral normal aumenta após a aplicação média de contraste intravenoso
apenas por cerca de 4 UH, enquanto as lesões que causam uma interrupção da barreira
hematoencefálica aumentam em 20-40 UH (OHLERTH; SCHARF, 2007).

70
TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA EM PEQUENOS ANIMAIS │ UNIDADE II

A neoplasia intracraniana pode ser distinguida pelo número de lesões, origem, local
anatômico, forma, margem, atenuação, aprimoramento de contrastes e doença
associada. Os tumores cerebrais primários podem ser de origem intra ou extra-axial.
Meningiomas são os tumores mais comuns em cães e gatos; gliomas como astrocitomas
e oligodendrogliomas são comuns em cães, mas raros em gatos. Os tumores cerebrais
primários menos comuns incluem tumores de plexo coroide e ependimários,
enquanto tumores neuronais, tumores microgliais e meduloblastomas cerebelares são
considerados raros tanto no cão como no gato (OHLERTH; SCHARF, 2007).

As características da imagem de meningiomas incluem uma base ampla, fixação


extra-axial, uma margem distinta e realce uniforme. No entanto, eles geralmente
são hiperatenuantes e, portanto, também visíveis em imagens de tomografia
computadorizada não contrastantes. Eles tendem a deslocar ao invés de invadir o tecido,
por isso pode mostrar um efeito de massa com desvio da fissura cerebral longitudinal
e pode ser calcificado ou cístico. Além disso, pode haver hiperostose especialmente
em gatos, ou osteólise do osso adjacente. Meningiomas pode ser múltiplo em gatos e
meningiomas que surgem a partir da fissura cerebral longitudinal ou o plexo coroide
parecem intra-axial (OHLERTH; SCHARF, 2007).

A maioria dos outros tumores primários são isodensos (isoatenuantes) para o tecido
cerebral restante em imagens sem contraste. Os gliomas são mais expansíveis na
natureza com falta de margens distintas devido a seu comportamento invasor. O
realce do contraste é frequentemente pobre e não uniforme, e o artefato em anel (ring
enhancement) pode ser visto. No entanto, o realce das margens é uma característica
não específica que também pode ser vista em doenças não neoplásticas, infarto,
granuloma, abscesso e resolução de hematomas. Os papilomas do plexo coroide são
associados com o sistema ventricular, são delineados distintamente e frequentemente
esféricos e lobulados. Eles mostram forte realce e causam a compressão dos ventrículos.
Neuroblastomas olfativos estão situados ventralmente dentro do lobo frontal e se
estendem através da placa cribriforme na cavidade nasal e, portanto, são difíceis de
diferenciar de extensões de tumores nasais (OHLERTH; SCHARF, 2007).

Os tumores cerebrais secundários incluem tumores metastáticos, como carcinoma


(mamário, prostático ou pulmonar), hemangiossarcoma, melanoma maligno ou
linfossarcoma. Extensões locais dos tumores dos nervos cranianos, em particular
tumores trigeminais do nervo ou da bainha do nervo ótico, assim como tumores
hipofisários ou extensão local de adenocarcinomas nasais, podem igualmente ser vistos.
Múltiplas massas intra-axiais que realçam as margens são fortemente suspeitas de
tumor metastático, mas especialmente o carcinoma metastático também pode aparecer
como lesões cerebrais solitárias, bem circunscritas. Os linfossarcomas são muitas vezes

71
UNIDADE II │ TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA EM PEQUENOS ANIMAIS

vistos como múltiplas massas, mas invasão meningeal extensa ou massas semelhantes
aos meningiomas também podem existir. Adenocarcinomas nasais estão localizados
no bulbo olfatório, estendendo-se do nariz através da placa cribriforme, e exibem um
padrão invasivo, geralmente causando edema extenso e um forte realce não uniforme.
Os tumores do nervo óptico podem surgir a partir de seus tecidos adjacentes, como
mixossarcomas ou schwannomas (OHLERTH; SCHARF, 2007).

Os tumores hipofisários estão situados dentro da fossa hipofisária. Macroadenomas


se estendem além da sela túrcica, e microadenomas estão contidos dentro da hipófise
(OHLERTH; SCHARF, 2007). As hipófises aumentadas podem ser distinguidas das
hipófises não aumentadas calculando-se a relação altura da hipófise/área cerebral de
um corte transversal contrastado através do centro da hipófise. Tumores hipofisários
grandes com extensão suprasselar são prontamente diagnosticados em imagens
tomográficas. Contudo, em quase 40% dos cães com hiperadrenocorticismo hipofisário-
dependente (Figura 9), a doença é causada por um microadenoma que não altera o
tamanho e a forma da hipófise. Microadenomas e pequenos macroadenomas geralmente
não podem ser localizados em imagens tomográficas de rotina com contraste, devido à
isoatenuação. Uma série de exames transversais através do centro da hipófise durante
e após a rápida administração intravenosa de meio de contraste (TC dinâmica) revelará
uma diferença de realce entre a neuro-hipófise e adenohipófise causada pela diferença
na oferta de sangue: o precoce e forte da central neuro-hipófise (“liberação da hipófise”)
e um realce menor e tardio da periferia da adenohipófise. Em cães com adenoma de
hipófise, o deslocamento ou distorção do sistema neuro-hipofisário pode revelar o local
do adenoma (VAN DER VLUGT-MEIJER et al., 2002). Adenomas tendem a mostrar
realce uniforme leve a forte, enquanto os carcinomas têm realce não uniforme, mas
forte (OHLERTH; SCHARF, 2007).

72
TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA EM PEQUENOS ANIMAIS │ UNIDADE II

Figura 30. Imagem de tomografia computadorizada em corte coronal de uma glândula hipófise (P) aumentada

em um cão de sete anos de idade com hiperadrenocorticismo hipofisário-dependente.

Fonte: Van der Vlugt-Meijer et al. (2002).

Tumores locais, como osteocondrossarcomas multilobulares, outros tumores da calota


craniana ou tumores de tecidos moles podem se estender para o cérebro. Todos os
tumores cerebrais secundários são acompanhados por sintomas clínicos típicos, sendo
justificada uma maior investigação. Em particular, a biópsia das lesões, seja à mão livre
ou com o auxílio de um instrumento estereostático, pode ser extremamente valiosa
para um diagnóstico definitivo (OHLERTH; SCHARF, 2007).

Uma das condições patológicas de desenvolvimento mais comuns no cérebro é a


hidrocefalia. Ocorre mais comumente em raças toy e braquicefálicas, como doença
congênita, e é menos comum em gatos, embora siameses possam ser afetados. Na
hidrocefalia, há acúmulo anormal de líquido cefalorraquidiano dentro do crânio.
Pode ser interno, se envolve o sistema ventricular, e externo, se envolve o espaço
subaracnoide. A hidrocefalia obstrutiva é considerada comunicante se a obstrução
estiver no espaço subaracnoide e não comunicante se a obstrução for proximal à
abertura lateral do quarto ventrículo. A hidrocefalia também pode ser secundária não
obstrutiva à diminuição do volume de parênquima cerebral, por exemplo, em casos de
necrose ou infarto, quando é referido como ex vacuo. O tamanho ventricular, a base
para o diagnóstico de hidrocefalia interna, pode ser avaliado com precisão usando
tomografia computadorizada. O líquido cefalorraquidiano hipodenso que geralmente
pode ser facilmente detectado dentro do sistema ventricular pode ser visto nos sulcos
corticais e no espaço subaracnoide ampliados no caso da hidrocefalia externa. Atrofia
cortical e lesões focais causando hidrocefalia obstrutiva podem estar presentes. O
edema periventricular pode ser detectado em alguns pacientes particularmente com
hidrocefalia aguda, caracterizada por margens ventriculares turvas borradas e tecido
cerebral hipodenso ao redor dos ventrículos (OHLERTH; SCHARF, 2007).

73
UNIDADE II │ TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA EM PEQUENOS ANIMAIS

A doença intracraniana inflamatória pode ser focal, multifocal ou generalizada. Os


resultados da imagem latente na meningoencefalite não definem se a infecção é de base
bacteriana, fúngica, viral ou parasítica, são frequentemente não específicas e exigem
a avaliação do líquido cefalorraquidiano. Cães com meningoencefalite granulomatosa
podem ter estudos de tomografia computadorizada realçados no uso de contraste
normal ou revelar lesões de massa solitárias ou multifocais, ou áreas disseminadas mal
definidas de contraste realçado. As características da meningoencefalite necrosante
em cães malteses, yorkshire terrier e pug foram descritas e podem revelar tamanho
ventricular assimétrico, tecido cerebral hipodenso e realce focal. Infecção bacteriana
focal do cérebro é incomum em pequenos animais, mas pode levar à formação de
abscessos dentro de 2-3 semanas a partir da encefalite (OHLERTH; SCHARF, 2007).
Casos raros como a meningoencefalite piogranulomatosa fúngica também são relatados
na literatura (SAITO et al., 2002).

Na encefalite bacteriana, uma área mal definida de hipoatenuação com um efeito de


massa leve pode ser o principal achado. Contrariamente, um abscesso maduro pode ser
detectado pela presença de uma cápsula que é isodensa ao tecido cerebral e é evidente
em estudos de tomografia computadorizada realçado com contraste como um realce
suave e distinto das margens, dependendo da idade do abscesso. Simultaneamente,
o tecido cerebral circundante pode ser hipodenso representando edema, e o centro
pode consistir em uma área hipodensa representando necrose. Tanto as encefalites
como a formação dos abscessos ocorrem principalmente secundárias a infecções do
olho, orelhas, cavidades nasais ou meninges ou podem se espalhar por via hematógena
(OHLERTH; SCHARF, 2007).

A aparência na tomografia computadorizada das doenças degenerativas do cérebro


em pequenos animais, como a doença de armazenamento ceroide lipofuscinose ou
leucoencefalopatia subcortical em filhotes, foi descrita, e tais doenças geralmente
exigem avaliação histopatológica do cérebro (OHLERTH; SCHARF, 2007).

A tomografia computadorizada é muito sensível para identificar hemorragia aguda. Há


uma relação linear entre atenuação na tomografia computadorizada, conteúdo proteico
(principalmente hemoglobina) e hematócrito, uma vez que a atenuação do feixe de
raios-X é determinada pela densidade de elétrons dos tecidos. A atenuação do sangue
total com um hematócrito de 46% é aproximadamente 56 UH. Uma vez que existe a
atenuação aumentada comparada ao tecido cerebral restante, o exame de tomografia
computadorizada com realce pelo contraste não é necessário, pois obscureceria
mudanças sutis na atenuação. Dentro das primeiras 72h após a hemorragia, há um
rápido aumento de atenuação até 60-80 UH, que é atribuível à formação de uma malha
fibrina-globina, e uma fase “soro” hipodensa em hematomas particularmente grandes.

74
TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA EM PEQUENOS ANIMAIS │ UNIDADE II

Após um aumento adicional na densidade nos primeiros dias, a densidade diminui em


média de 0,7-1,5 UH por dia. Após cerca de um mês, o hematoma pode ser isodenso
com um padrão de realce das margens que persiste por 2-6 semanas. Hemorragias
sutis de lesão cerebral de contragolpe podem ser difíceis de avaliar com tomografia
computadorizada, uma vez que podem ser muito periféricas. Em pacientes com trauma,
a identificação de hemorragia e fraturas dos ossos é uma aplicação importante para a
tomografia computadorizada (OHLERTH; SCHARF, 2007).

Outras doenças vasculares que foram diagnosticadas com esse tipo de exame são
malformações arteriovenosas (SAKURAI et al., 2011), malformações capilares,
aneurismas (BERTOLINI, 2013), malformações cavernosas, infarto hemorrágico e
infarto não hemorrágico. Entretanto, a imagem latente da ressonância magnética é
geralmente mais sensível para o diagnóstico dessas doenças, desde que a hemorragia
subdural e as mudanças no parênquima sejam detectadas mais facilmente (OHLERTH;
SCHARF, 2007).

Aplicações da tomografia computadorizada em


lesões extracraniais

A tomografia computadorizada realçada por contraste também é usada para a imagem


de qualquer tipo de lesões extracerebrais, por exemplo, doenças dos seios nasais, de
orelhas e órbitas. Características anatômicas, fraturas e deformações do crânio podem
ser visualizadas com o uso de técnicas de renderização 3D (OHLERTH; SCHARF, 2007).

As lesões das cavidades nasais e paranasais, a destruição óssea associada e a


extensão através da placa cribriforme são facilmente avaliadas usando tomografia
computadorizada (SEILER et al., 2007). Em comparação com a radiografia, há maior
precisão e valor preditivo positivo com tomografia computadorizada na detecção
de neoplasia nasal, aspergilose e rinite, enquanto a rinite parece ser mais difícil de
diagnosticar se nenhum corpo estranho pode ser visto (Figura 10) (SAUNDERS et al.,
2003). A aparência tomográfica da doença nasal maligna foi descrita para o cão e o
gato. As características básicas de tumores agressivos, como carcinomas e sarcomas,
são uma massa majoritariamente unilateral com destruição dos ossos turbinados, ossos
paranasais, septo, seios frontais e placa cribriforme e/ou extensão na nasofaringe,
órbita ou nos tecidos moles nasais dorsais (THRALL et al., 1989; OHLERTH; SCHARF,
2007). Em gatos, isso tem sido associado a adenocarcinomas e linfomas. No entanto, a
destruição dos ossos turbinados é menos pronunciada em linfomas. Infelizmente, não
há nenhuma característica patognomônica das diferentes circunstâncias neoplásticas,
e a biópsia é exigida determinar o tipo celular do tumor (OHLERTH; SCHARF, 2007).

75
UNIDADE II │ TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA EM PEQUENOS ANIMAIS

Frequentemente, no momento do diagnóstico, a doença está avançada com


agressividade local marcada, assim a radioterapia e/ou a cirurgia são usadas geralmente
para o tratamento. A perfusão do tumor desempenha um papel importante no grau de
radiossensibilidade tumoral. A angiografia por tomografia computadorizada pode ser
usada para determinar a perfusão do tumor (OHLERTH; SCHARF, 2007).

Figura 31. Imagens transversais tomográficas das cavidades nasais de quatro cães.

A B

C D

Legendas: Classificação do processo como tipo massa para neoplasia nasal (A), tipo cavitado para aspergilose nasal (B), não
destrutiva para rinite inespecífica (C) e, quando um corpo estranho pode ser visualizado como rinite de corpo estranho (D),
permitiu o diagnóstico correto em 93-95% dos cães. (A) Bobtail de onze anos com adenocarcinoma nasal (janelamento (WW)
= 3500, nivelamento (WL) = 500). Ambas as cavidades nasais são completamente preenchidas com uma densidade de
tecidos moles. Alguns cornetos deformados são visíveis (pontas de seta). Há também lise do osso palatino (seta). (B) Golden
Retriever de cinco anos com aspergilose nasal (WW = 3500, WL = 500). A destruição severa de cornetos cria um espaço
aéreo aumentado na cavidade nasal esquerda (asterisco). Há também espessamento da mucosa (pontas de seta). (C) Pastor
Alemão de quatro anos com diagnóstico de rinite inespecífica (WW = 3500, WL = 500). Há um grave edema bilateral líquido/
epitelial (seta). A integridade dos cornetos é conservada. (D) Poodle de oito anos com rinite por corpo estranho (WW = 150,
WL = 50). O corpo estranho (seta) era um pedaço de grama.

Fonte: Saunders et al., 2003.

A orelha média pode ser avaliada pelo uso de radiografia, ultrassonografia, tomografia
computadorizada e ressonância magnética. A tomografia computadorizada é
recomendada para avaliação da parte óssea da orelha média, enquanto a orelha interna
e seu conteúdo fluido são avaliados pela ressonância magnética. No entanto, a anatomia
da orelha média e interna pode ser avaliada com a tomografia computadorizada.
O aparecimento de otite média, pólipos inflamatórios e otólise são descritos. Uma
característica importante da otite média crônica é a presença de fluido e o espessamento
da parede da bula timpânica, que deve ser cuidadosamente avaliado, uma vez que o
artefato de volume parcial também pode simular o espessamento da parede da bula.
Um estudo ideal requer imagens transversais adquiridas com espessura de fatia

76
TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA EM PEQUENOS ANIMAIS │ UNIDADE II

pequena (1-3 mm) contíguas ou sobrepostas, com um pequeno campo de visão e mAs
alto (OHLERTH; SCHARF, 2007). Neoplasias na orelha média são descritas, como o
colesteatoma (TRAVETTI et al., 2010).

Aparência do tomograma de tipos diferentes de neoplasia orbital, extensão da


aspergilose nasal (SAUNDERS et al., 2002), malformações vasculares, doença fúngica
e inflamatória e corpos estranhos de madeira foram descritos. O diagnóstico definitivo
requer biópsia da lesão guiada por tomografia computadorizada. Os componentes
ósseos da articulação temporomandibular podem ser facilmente examinados com
o uso de imagens de tomografia computadorizada de alta resolução, cortes finos e
transversais juntamente com algoritmos de pós-processamento apropriados, como
reconstrução 3D e multiplanar, particularmente nos planos sagital e dorsal (Figura 11)
(EUBANKS, 2013; VILLAMIZAR-MARTINEZ et al. 2016). Alterações ósseas, como
displasia articular temporomandibular, luxação ou subluxação, fraturas e anquilose,
doença articular degenerativa e infecção articular, bem como neoplasia podem ser
facilmente diagnosticadas (BEAM et al., 2007; ARZI et al., 2013). A tomografia realçada
por contraste é recomendada para avaliar a extensão da neoplasia suspeita ou de
outras lesões maciças, da presença da miosite mastigatória, ou da possível participação
cerebral. Também o grau de envolvimento comum temporomandibular na osteopatia
craniomandibular, visto principalmente em West Highland White (HUDSON et al.,
1994), Scottish e Cairn terriers, é facilmente avaliado com tomografia computadorizada.
No entanto, para a imagem das estruturas internas de tecidos moles da articulação
temporomandibular, incluindo cartilagem, disco, cápsula articular e ligamentos, a
ressonância magnética tem sido defendida como modalidade de imagem de escolha em
seres humanos e, portanto, pode ser útil também em pequenos animais (OHLERTH;
SCHARF, 2007).

Figura 32. Imagem tomográfica transversal da articulação temporomandibular de um cão.

Fonte: Eubanks (2013).

77
UNIDADE II │ TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA EM PEQUENOS ANIMAIS

A cavidade oral de cães e gatos comumente é avaliada utilizando-se radiografias


laterolaterais, oblíquas e intraorais sob anestesia. A Tomografia computadorizada de
feixe cônico (cone beam computed tomography) permite a avaliação de anormalidades
dentárias em cães e gatos de forma rápida e segura (Figura 12) (ROZA et al., 2011).
Detalhes da técnica podem ser encontrados em Van Thielen et al. (2012).

Figura 33. Gato posicionado dentro do Tomógrafo de Feixe Cônico utilizando-se um dispositivo de plástico PVC e

tomografia cônica do crânio de um gato após trauma. A visão panorâmica (reconstrução bidimensional) mostra

fratura mandibular (setas verdes) e dental (seta amarela).

Fonte: Adaptada de Roza et al. (2011).

Aplicações da tomografia computadorizada na


coluna vertebral

As tomografias computadorizadas da coluna vertebral são particularmente úteis na


detecção de discopatias mineralizadas ou não mineralizadas, tumores espinhais e
espondilomielopatias cervicais (OHLERTH; SCHARF, 2007; DA COSTA et al., 2012).

A aplicação subaracnoide do contraste iodado em um quarto da dose normal para estudos


radiográficos convencionais pode ser usada para mielografia computadorizada. Essa
técnica é extremamente útil para o diagnóstico de extrusões de disco não mineralizada
(NEWCOMB et al., 2012). A extensão craniana e caudal da coluna de contraste adjacente
ao disco extrusado é claramente visível, o que é importante para o planejamento da
cirurgia. O fenômeno da hemorragia ou do vácuo subdural e epidural podem igualmente

78
TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA EM PEQUENOS ANIMAIS │ UNIDADE II

ser vistos. Fraturas cervicais, luxações e extensão da espondilose são facilmente


demonstradas devido à excelente resolução espacial da tomografia computadorizada e à
capacidade de aplicar técnicas de reconstrução, incluindo reconstruções multiplanares
e renderização 3D. Cortes com pequena espessura permitem uma definição mais exata
de espículas ósseas e calcificação do tecido mole, bem como a determinação do contorno
exato das vértebras e dos processos articulares. A aplicação intravenosa de meio de
contraste pode ser útil para detectar inflamação, por exemplo, no tecido comprimido
(OHLERTH; SCHARF, 2007).

Outras condições descritas na literatura incluem osteocondromatose cervical, caudal,


tumores dos corpos vertebrais e medula espinhal, discoespondilite e cistos aracnoides
espinhais (OHLERTH; SCHARF, 2007). A angiografia por tomografia computadorizada
tem sido usada para descrever o plexo venoso cervical cranial (GÓMEZ et al., 2004).

A articulação atlanto-axial pode ser afetada pela ossificação incompleta do atlas, levando
aos quadros de luxação e subluxação atlanto-axial (PARRY et al., 2010). A articulação
atlanto-occipital é avaliada durante o exame tomográfico para diagnóstico de luxações
(STEFFEN et al., 2003) (Figura 13) e subluxações atlanto-occipitais (RYLANDER;
ROBLES, 2007).

Figura 34. Reconstrução das imagens tomográficas mostrando a luxação da articulação atlanto-occipital

esquerda. Não há a presença de fraturas nessa região.

Fonte: Steffen et al. (2003).

Uma região de atenção no estudo da coluna vertebral é a região de transição da coluna


torácica para a coluna lombar. A região toracolombar se destaca por ser o local para o
diagnóstico da mielopatia degenerativa em cães de grande porte. Nesses pacientes, são

79
UNIDADE II │ TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA EM PEQUENOS ANIMAIS

observadas estenose medular, protrusão de disco, atenuação do espaço subaracnóideo,


deformidade da medula espinhal, medula espinhal pequena e atrofia da musculatura
paraespinhal. Calcificação do ligamento longitudinal dorsal e osteoartrite no processo
articular também podem ser detectadas na mielopatia degenerativa (JONES et al.,
2005). Essa região também é afetada pela hérnia de disco (protrusão e extrusão de
disco intervertebral) em raças de cães condrodistróficas (HECHT et al., 2009) e não
condrodistróficas (ISRAEL et al., 2009).

A região lombossacral foi descrita anatomicamente utilizando a imagens tomográficas


por Axlund e Hudson (2003) e Jones et al. (1995). Nessa região, observam-se casos
de osteocondrose sacral (MATHIS et al., 2009) e estenose lombossacral degenerativa
(SEILER et al., 2002).

Aplicações da tomografia computadorizada no


esqueleto apendicular

Uma das indicações mais comuns para tomografia computadorizada no esqueleto


apendicular em cães é a suspeita de doença de desenvolvimento do cotovelo ou displasia
do cotovelo, em particular se as radiografias são inconclusivas (OHLERTH; SCHARF,
2007).

A tomografia computadorizada fornece uma avaliação detalhada da articulação


escapuloumeral (LANDE et al., 2014); da articulação umerorradioulnar (Figura
14), além do processo coronoide medial (Figura 15), da incisura radial, do processo
ancôneo, da incisura troclear da ulna, do côndilo humeral (De RYCKE et al., 2002;
SAMII et al., 2002), e do grau de osteoartrose. A tomografia é mais precisa para
identificar o processo coronoide medial fragmentado em comparação com radiografia,
tomografia linear e artrografia contrastada. Além disso, é a única para a avaliação da
incongruência radioulnar em cães, que podem estar associadas à doença congênita
do cotovelo ou displasia do cotovelo (REICHLE et al., 2000; ROVESTI et al., 2002).
As causas e consequências da claudicação de membros torácicos podem ser avaliadas
por tomografia computadorizada, como a mineralização de tecido mole periarticular,
como a mineralização do tendão/músculo supraespinhoso e a osteocondrose da cabeça
humeral em cães com osteoartrite (MADDOX et al., 2013).

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TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA EM PEQUENOS ANIMAIS │ UNIDADE II

Figura 35. Tomograma sagital reconstruído da articulação umerorradioulnar.

Legenda: Note a radiolucência (flechas pretas) no úmero (H), rádio (R) e ulna (U) e não união do processo ancôneo (A). Há
também o alargamento da articulação umeroulnar (cabeças de seta pretas), compatível com incongruência do espaço
articular.

Fonte: Reichle et al. (2000).

Figura 36. Corte tomográfico transversal mostrando a aparência típica da fragmentação do

processo coronoide medial direito.

M 1 cm

Legenda: Note que o fragmento (cabeça de seta) está entre o processo coronoide medial da ulna e a cabeça do rádio,
fazendo com que o diagnóstico radiográfico não seja possível. M = medial, L = lateral.

Fonte: Rovesti et al. (2002).

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UNIDADE II │ TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA EM PEQUENOS ANIMAIS

A tomografia computadorizada permite o estudo da anatomia normal do joelho de cães


(SAMII; DYCE, 2004; SOLER et al., 2007) e pode confirmar a presença de fraturas
de avulsão que não são claramente identificáveis radiograficamente. Pode igualmente
fornecer uma informação mais precisa para a avaliação do tratamento da luxação patelar
medial (TOWLE et al., 2005) e da ruptura do ligamento cruzado cranial (SAMII et al.,
2009). De forma semelhante, propicia o estudo da anatomia normal da articulação do
tarso (DERUDDERE et al., 2014) e do diagnóstico da osteocondrose no tarso (GIELEN
et al., 2002). No início da patogênese da displasia coxofemoral, a frouxidão acetabular
desempenha um papel crucial. A subluxação dorsolateral da articulação do acetábulo foi
determinada com sucesso usando tomografia computadorizada. Além disso, os ângulos
acetabulares e ângulos de borda acetabular dorsal podem ser adquiridos com sucesso
com imagens de tomografia computadorizada para auxiliar a resposta do paciente
antes e após determinado tratamento para displasia coxofemoral (FUJIKI et al., 2004),
incluindo cirurgia de sinfisiodese púbica juvenil (OHLERTH; SCHARF, 2007).

Em revisão recente, Ballegeer (2016) trouxe à tona o uso da tomografia computadorizada


na avaliação musculoesquelética diante de neoplasias.

Ao revisar as características dos tumores ósseos primários, as características do


osteossarcoma na tomografia computadorizada não variam significativamente daqueles
observados na radiografia. São observadas tanto a lise quanto as regiões medulares
hiperatenuantes, bem como as lesões periosteais em paliçada (perpendicular ao longo
eixo do osso), margens indistintas, lise cortical e longas zonas de transição do status
de doente para o normal. Outros sarcomas dentro da cavidade óssea (condrossarcoma,
fibrossarcoma, hemangiossarcoma) não diferem significativamente do osteossarcoma.
A tomografia computadorizada torna-se especialmente útil nos casos de osteossarcoma
parosteal, nos quais as regiões sutis de lise cortical adjacente a um tumor podem
ajudar a aumentar a suspeita de malignidade, em oposição a tumores justacorticais
benignos, como os osteocondromas, ou em sua forma multifocal, múltiplas exostoses
cartilaginosas, geralmente observadas em animais jovens em crescimento. Essas
neoplasias têm a capacidade de se transformarem em malignas no decorrer da vida,
mas mais comumente no gato do que no cão. Margens bem definidas são a marca
radiográfica de lesões mais benignas. No entanto, doenças malignas que podem ter
essa aparência, como mieloma múltiplo ou linfoma ou outros tumores benignos, não
são especificamente descritas pela aparência tomográfica (BALLEGEER, 2016).

Os lipomas infiltrativos também foram caracterizados pela tomografia computadorizada


(Figura 16). É difícil determinar a extensão total da doença nas radiografias devido à
somatória das densidades, o que pode ser removido na tomografia computadorizada,
e foi determinado para identificar adequadamente as margens para a radioterapia.

82
TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA EM PEQUENOS ANIMAIS │ UNIDADE II

Descrevendo especificamente as características desses tumores, a maioria não tem realce


do contraste, possui margens bem definidas, com um número menor com margens mal
definidas, apresentam evidências de infiltração muscular e muitas estruturas ósseas de
contato, que não as afetam (BALLEGEER, 2016).

Tumores de origem nervosa, tais como o Schwannoma, sarcoma, mixossarcoma e


neurofibrossarcoma, podem ser detectados no plexo braquial de cães (RUDICH et al.,
2004).

Figura 37. Imagem tomográfica de cão em decúbito dorsal com um grande lipoma infiltrativo na parede

torácica. Existem estrias finas de tecido delgado em todo o tumor. O tumor é bem definido em regiões

adjacentes ao músculo, mas é difícil diferenciar da gordura subcutânea normal. Janelamento = 750 UH,

nivelamento = +71UH.

Fonte: McEntee e Thrall (2001).

Tomografia computadorizada na avaliação de


doenças torácicas

As imagens de tomografia computadorizada do tórax são mais utilizadas para melhorar


a detecção de lesões pulmonares sutis (ARMBRUST et al., 2012), para diferenciar
as massas torácicas (Figura 17) dos acúmulos de fluido mediastinal ou pleural, para
avaliar o mediastino ou a parede torácica e avaliar a presença de corpos estranhos. A
tomografia computadorizada foi usada igualmente com sucesso para guiar aspirações
por agulha fina e biópsias do tecido-núcleo de lesões intratorácicas. As indicações
incluem lesões próximas a estruturas vasculares, lesões não bem identificadas em

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UNIDADE II │ TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA EM PEQUENOS ANIMAIS

radiografias ou fluoroscopia e lesões circundadas por ar que não seriam identificadas


com ultrassonografia (OHLERTH; SCHARF, 2007).

Figura 38. Tomograma transverse do tórax de um cão com osteossarcoma. Um nódulo parenquimático,

redondo, sólido com diâmetro de 5 mm é observado no lobo pulmonar caudal esquerdo. R –

lado direito do cão, L – lado esquerdo do cão.

R L

Fonte: Armbrust et al. (2012).

A crescente disponibilidade de tecnologias mais recentes na tomografia


computadorizada, como a helicoidal e de alta resolução, em medicina veterinária
tem promovido a sua utilização para a avaliação da doença pulmonar em cães e
gatos. A tomografia convencional é realizada com colimação espessa (espessura de
fatia), e, portanto, a resolução espacial é diminuída, os tempos de exame são longos,
inevitavelmente associados ao movimento respiratório. A vantagem da tomografia
computadorizada helicoidal é que as imagens contíguas são obtidas sem atraso entre
a aquisição dos cortes prevenindo o registro não fidedigno de dados anatômicos.
O tempo de exame é drasticamente reduzido, e a resolução espacial é melhorada
acentuadamente. Além disso, a tomografia computadorizada de alta resolução permite
uma espessura de fatia de 1-2 mm no pulmão com resolução espacial maximizada
usando um feixe de raios-X bem colimado, kVp alto e mA, um campo de visão
diminuído e algoritmos especiais de reconstrução (OHLERTH; SCHARF, 2007).

Em contraste com o pulmão humano, em que os septos interlobulares demarcam o


lóbulo secundário, o pulmão canino carece de septos interlobulares. Consequentemente,
um sistema de classificação novo para resultados da tomografia computadorizada
de alta resolução no cão foi introduzido com adaptações do sistema usado no
homem. O pulmão foi dividido em três zonas específicas, que foram inspecionadas

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TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA EM PEQUENOS ANIMAIS │ UNIDADE II

individualmente para anomalias: a zona 1 é a região pleural, definida como uma zona
de 1 mm na periferia de cada lóbulo pulmonar; a Zona 2 é a região subpleural medindo
em diâmetro 5% da largura lobar máxima; a zona 3 é a região peribroncovascular,
definida como o restante do parênquima pulmonar (OHLERTH; SCHARF, 2007). A
anatomia tomográfica do tórax de cães (RIVERO et al., 2005) e gatos (SAMII et al.,
1998) está publicada.

As anormalidades foram divididas em quatro grupos: opacidades lineares e reticulares,


nódulos e opacidades nodulares, aumento da opacidade pulmonar e diminuição
da opacidade pulmonar. Dentro desses grupos, termos descritivos precisos foram
usados para cada alteração específica identificada. A opacidade pulmonar também foi
avaliada objetivamente comparando os valores de UH com os números obtidos para
os pulmões normais do cão (OHLERTH; SCHARF, 2007).

Neoplasias pulmonares primárias em cães podem ser carcinomas primários


(bronquioloalveolares e papilares, acinares, adenoescamosos e escamosos) e
sarcomas primários (fibrossarcoma). Na avaliação tomográfica, são majoritariamente
solitários, com volume variável (sólido, com atenuação heterogênea, com cavitações
e mineralizações) e margens bem definidas. Com o uso de contraste, muitos deles
têm realce heterogêneo de médio a moderado. Essas neoplasias são broncocêntricas
localizadas nas regiões centrais e periféricas do brônquio em seu trajeto através
do parênquima ou podem ser hílares, com todos eles apresentando broncogramas
aéreos internos estreitos, deslocados ou obstruídos pelos neoplasmas. Também são
detectadas linfadenopatia traqueobrônquica e hilar (MAROLF et al., 2011).

Efusão pericárdica em cães pode ocorrer em consequência à neoplasia cardíaca


e pericardite idiopática e, menos comumente, em alterações congênitas, trauma
ou infecções. Os neoplasmas mais comuns em cães com efusão pleural são o
hemangiossarcoma, quimodectoma e mesotelioma localizados no átrio direito e na
base do coração. Outros neoplasmas são reportados, como o carcinoma ectópico de
tireoide, linfossarcoma e mixossarcoma. Na avaliação cardíaca tomográfica, achados
adicionais aos neoplasmas são a linfadenopatia esternal e mediastinal cranial, além
de lesões hemorrágicas (SCOLLAN et al., 2015).

A vascularização arterial e venosa pulmonar normal nos cães pode ser avaliada
pela angiografia por tomografia computadorizada helicoidal (Figura 18) (HABING
et al., 2011). Na injeção do meio do contraste usando uma bomba de infusão,
o momento ao realce máximo varia para diferentes vasos e entre os indivíduos,
sendo recomendado, portanto, o teste de injeção em bolus de contraste. A
angiografia por tomografia computadorizada helicoidal permite a digitalização

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UNIDADE II │ TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA EM PEQUENOS ANIMAIS

durante a opacificação média de contraste ideal, eliminando, assim, a necessidade


de cateterismo seletivo (OHLERTH; SCHARF, 2007). Essa técnica é utilizada
para o diagnóstico de tromboembolismo pulmonar (GOGGS et al., 2014), de
estenose pulmonar (LABORDA-VIDAL et al., 2016), de lesões aórticas em cães
espirocercose (KIRBERGER et al., 2013).

Figura 39. Projeção dorsal de máxima intensidade no nível do tronco pulmonar principal.

Legenda: (a) tronco pulmonar principal; (b) artéria pulmonar principal direita; (c) artéria pulmonar principal esquerda; (d)
origem da artéria para o lobo pulmonar cranial direito; (e) origem da artéria para o lobo pulmonar medial direito; (f) artéria
pulmonar caudal direita; (g) veia pulmonar caudal direita; (h) veia pulmonar caudal esquerda; (i) veia cava cranial; (j) artéria
para o segmento cranial do lobo pulmonar cranial esquerdo.

Fonte: Habing et al. (2011).

As câmaras cardíacas (HOSTNIK et al., 2017) e as artérias coronárias (DREES et al., 2011)
de cães podem ser avaliadas por meio da angiografia por tomografia computadorizada.
A descrição completa dessa técnica pode ser encontrada em Drees et al. (2014). Com
essa técnica, é possível diagnosticar cães com ducto arterioso patente (HENJES et

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TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA EM PEQUENOS ANIMAIS │ UNIDADE II

al., 2011) e a persistência de arcos aórticos, como o quarto arco aórtico (POWNDER;
SCRIVANI, 2008).

Tomografia computadorizada na avaliação de


doenças abdominais

Na medicina veterinária, alguns estudos promissores têm sido realizados durante os


últimos anos para avaliar o fígado, baço, pâncreas, glândula adrenal e trato urinário em
pequenos animais (OHLERTH; SCHARF, 2007). A anatomia tomográfica helicoidal
normal do abdome de cães foi explorada e publicada por Teixeira et al. (2007), e a
angiografia abdominal por De Rycke et al. (2014).

Tomografia computadorizada do fígado

A anatomia normal do fígado foi revisada por Marolf (2016). Na imagem tomográfica,
o fígado normal é isoatenuante ao baço com uma vesícula biliar hipoatenuante
por causa do armazenamento de bile. O parênquima hepático apresenta realce de
contraste uniforme. O duto biliar comum não pode ser visto por causa de seu pequeno
tamanho e falta de realce. No entanto, a espessura da parede da vesícula biliar e o
conteúdo biliar intraluminal podem ser avaliados. A bile deve ser hipoatenuante, sem
evidência de conteúdo, tais como debris ou cálculos. A tomografia computadorizada
foi usada para a avaliação das massas do fígado vistas com equinococose alveolares.
Para o diagnóstico de desvios portossistêmicos únicos intra ou extra-hepáticos;
dos desvios extra-hepáticos múltiplos (NELSON; NELSON, 2011), e da circulação
colateral (BERTOLINI, 2010), a angiografia helicoidal de fase única e de fase
dupla foi usada com sucesso e favoravelmente comparada a outros métodos. A
terminação dos desvios foi determinada mais frequentemente pela tomografia
computadorizada do que por cirurgia ou ultrassom (OHLERTH; SCHARF, 2007).
Para avaliar especificamente as artérias hepáticas e as veias portais, a angiografia
por tomografia computadorizada deve ser executada, pela injeção do contraste
intravenoso em bolus seguido por varreduras especificamente cronometradas para
capturar as fases arteriais, venosas e tardia da passagem do contraste através do
órgão. Quando todas as três fases são capturadas, isso é denominado um angiograma
de três fases (MAROLF, 2016). As vantagens são que a angiografia por tomografia
computadorizada helicoidal não é invasiva, mais fácil de executar e interpretar
do que a ultrassonografia Doppler ou a angiografia convencional, a variabilidade
do operador é minimizada, e a aquisição volumétrica rápida dos dados é possível.
No entanto, o fluxo e a pressão portais não podem ser medidos, e artefatos de
movimento podem ocorrer. Outras limitações incluem a incapacidade de resolver

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UNIDADE II │ TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA EM PEQUENOS ANIMAIS

dois vasos com origens muito próximas entre si e a identificação de vasos com trajetos
paralelos ao plano da imagem axial (OHLERTH; SCHARF, 2007). Alterações como
a lipidose hepática, hepatite aguda e crônica e colangiohepatite também podem
ser detectadas pela tomografia computadorizada (MAROLF, 2016). Em relação
às massas hepáticas, Jones et al. (2016), em estudo retrospectivo, relataram que,
de 24 tumores, 14 eram malignos (nove carcinomas, três hemangiossarcomas
esplênicos metastáticos, um carcinoma de células fusiformes esplênico metastático,
um hemangiossarcoma) e 10 eram não malignos (seis adenomas, três hiperplasias
nodulares, uma hiperplasia de ductos biliares). Para os tumores malignos, foram
registrados valores médios para atenuação pré-contraste de 46 UH e pós-contraste
de 83 UH; já para os não malignos, os valores registrados foram de 60 e 95 UH,
respectivamente. Caracterizações adicionais de tumores hepáticos, estadiamento e
de planejamento cirúrgico são razões para adquirir as imagens latentes transversais
por tomografia computadorizada ou ressonância magnética para suspeita de tumores
hepáticos baseada nos exames ultrassonográfico e radiográfico (MAROLF, 2016).

Tomografia computadorizada do baço

A tomografia computadorizada mostra-se igualmente útil como modalidade diagnóstica


para o baço canino. As massas esplênicas malignas apresentam valores de atenuação
significativamente mais baixos do que as massas esplênicas não malignas, tanto em
imagens pré quanto pós-contraste; um valor de 55 UH foi sugerido como o melhor
valor inicial. Em imagens pós-contraste, a hiperplasia nodular apresenta o maior UH
(90,3), os hematomas têm valores intermediários de UH (62,5), e as massas esplênicas
malignas têm os valores mais baixos de UH (40,1) (OHLERTH; SCHARF, 2007).
Em estudo retrospectivo, Jones et al. (2016) relataram que, de 31 massas esplênicas
detectadas na tomografia computadorizada, 18 eram malignas (13 hemangiossarcomas,
três sarcomas, um sarcoma histiocítico, um nefroblastoma renal metastático) e 13 não
malignas (oito hematomas, cinco hiperplasias nodulares) (Figura 19). Os tumores
malignos apresentaram valores médios de atenuação pré-contraste de 43 UH e pós-
contraste de 63 UH, contudo os valores para tumores não malignos foram de 49 UH
para a atenuação pré-contraste e de 73 UH para a atenuação pós-contraste. A tomografia
computadorizada também é útil em casos de diagnóstico da torção esplênica em cães em
que a radiografia abdominal e a ultrassonografia são inconclusivas (PATSIKAS et al.,
2001). Testes para a injeção de contraste via transesplênica como método alternativo a
portografia mostraram-se úteis nos cães (ECHANDI et al., 2007).

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TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA EM PEQUENOS ANIMAIS │ UNIDADE II

Figura 40. (A) Hemangiossarcoma; (B) hematoma; e (C) hiperplasia nodular detectados no baço de cães pela

Tomografia Computadorizada. Janelamento em 350 UH e nivelamento em 50 UH.

Fonte: Adaptada de Jones et al. (2016).

Tomografia computadorizada do pâncreas

O pâncreas é isoatenuante a hipoatenuante em relação ao baço e ao fígado com realce


de contraste uniforme. Além disso, o tamanho e a forma do pâncreas e a aparência do
mesentério circunvizinho também são avaliados (CÁCERES et al., 2006; MAROLF,
2016). A avaliação do pâncreas por tomografia computadorizada e angiografia por
tomografia computadorizada em cães é útil para o diagnóstico e acompanhamento
da pancreatite necrosante aguda (ADRIAN et al., 2015) e para gatos com pancreatite
(OHLERTH; SCHARF, 2007). Em relação às neoplasias pancreáticas, a neoplasia
pancreática exócrina e endócrina é rara em cães e gatos. O adenocarcinoma é o tumor
exócrino mais comum, enquanto o insulinoma é o tumor endócrino mais comum nessas
espécies. Com a tomografia computadorizada e a ressonância magnética, as diferenças

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UNIDADE II │ TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA EM PEQUENOS ANIMAIS

no padrão de realce angiográfico em tumores pancreáticos exócrinos ou endócrinos


ajudam no diagnóstico não invasivo. A angiografia por tomografia computadorizada
é utilizada para diagnosticar insulinomas em cães (MAI; CÁCERES, 2008). As
características angiográficas do insulinoma canino incluem o realce arterial (Figura 20)
(ISERI et al., 2007). Os adenocarcinomas pancreáticos tendem a realçar fracamente
na fase arterial, com realce aumentado na fase tardia. As vantagens adicionais da
tomografia computadorizada ou da ressonância magnética de massas pancreáticas
nos cães e nos gatos incluem a avaliação do fígado e dos linfonodos adjacentes para
a metástase (MAROLF, 2016). Na angiografia por tomografia computadorizada, cães
com pancreatite têm aumento de suas dimensões, contraste realçado homogêneo
a heterogêneo e margens mal definidas. Cães com contraste realçado heterogêneo
podem ter áreas de necrose com fluxo sanguíneo fraco no pâncreas. Com a tomografia
computadorizada e ressonância magnética, a parcela extra-hepática do ducto biliar
comum pode ser avaliada para a evidência da obstrução e da dilatação secundárias à
inflamação pancreática. Os tecidos peripancreáticos circunvizinhos podem mostrar
a evidência da inflamação e hiperatenuantes na tomografia computadorizada e
hiperintenso em T2 na ressonância magnética. Estes geralmente representam
esteatite regional ou peritonite. Abscessos, cistos e pseudocistos são avaliados tanto
pela tomografia computadorizada quanto pela ressonância magnética. Pseudocistos
são considerados uma sequela da pancreatite aguda e apresentam coleção de fluido
focal que desenvolve cápsula fibrótica ao longo do tempo. Todas essas estruturas
têm fluido hipoatenuante internamente com diferentes graus de espessamento de
paredes e contraste realçado em imagens de tomografia computadorizada. Com
ressonância magnética, estruturas repletas de líquido são tipicamente hiperintensas
em T2, T1 hipointensas em T1 com diferentes graus de espessamento das paredes
com reforço de contraste. Estruturas cheias de líquidos com paredes mais espessas e
dependendo do seu conteúdo interno podem ser infectadas; no entanto, a aspiração e
a análise do fluido são necessárias para o diagnóstico definitivo. Tromboses venosas
são diagnosticadas com angiografia por tomografia computadorizada e ressonância
magnética e podem ser sequelas de pancreatite. Isso pode ser causado por lesão da
túnica íntima e por mediadores inflamatórios associados à pancreatite (MAROLF,
2016).

90
TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA EM PEQUENOS ANIMAIS │ UNIDADE II

Figura 41. Imagens tomográficas de um cão com insulinoma (nivelamento +35 UH, janelamento 400UH).

R L

A B

C D

Legenda: (A) antes da injeção de contraste. (B) fase arterial (14s após a injeção do contraste). (C) fase pancreática (T = 28s).
(D) fase de equilíbrio (T = 90s). O pâncreas normal (seta) e o tumor (seta curva) são claramente delineados na fase arterial. A
aorta está indicada pela cabeça de seta.

Fonte: Iseri et al. (2007).

Tomografia computadorizada da glândula adrenal

A tomografia computadorizada foi superior à radiografia e ultrassonografia para


diagnosticar neoplasias em cães como o feocromocitoma (OHLERTH; SCHARF, 2007).
Em estudo retrospectivo de 17 casos de tumores nas adrenais, Gregori et al. (2015)
relataram que o adrenocarcinoma adrenocortical foi o mais predominante (53%) e com
números de tomografia computadorizada entre 36,7±11,8 UH e 83,9±52,7 UH pré- e
pós-contraste recente, seguido do feocromocitoma (29%) com números de tomografia
computadorizada entre 52,3±5,0 UH e 103±21,7 UH pré- e pós-contraste recente e do
adenoma adrenocortical (18%) com números de tomografia computadorizada entre
40,8±14,3 UH e 66,7±8,3 UH pré- e pós-contraste recente. Em geral, estas neoplasias
são bem demarcados e apresentam formato de arredondado a irregular e padrão de
realce variável, com áreas de necrose e hemorragia (Figura 21), com invasão vascular
pelo feocromocitoma.

91
UNIDADE II │ TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA EM PEQUENOS ANIMAIS

Figura 42. (A) Imagens tomográficas pré- (esquerda) e pós-contraste (direita) de uma grande massa na adrenal

esquerda. A lesão tem atenuação fracamente heterogênea na imagem pós-contraste. Diversas realçadas

sem o uso de contraste representam áreas de hemorragia (H) dentro do tumor tornam-se evidentes após a

administração de contraste. (B) Corte histológico correspondente da mesma massa mostra áreas irregulares de

hemorragia (H) dentro do tumor (T).

A B

T
H H H

Fonte: Gregori et al., 2015.

Tomografia computadorizada do trato urinário

Diferentes enfermidades podem ser diagnosticadas pela tomografia computadorizada,


as quais incluem a detecção precoce de cistadenocarcinomas e a diferenciação de
regiões tumorais de regiões não tumorais em várias neoplasias renais. A tomografia
computadorizada usando administração de iohexol IV é útil para a determinação da
taxa de filtragem glomerular total (OHLERTH; SCHARF, 2007), avaliação dos ureteres
e a junção ureterovesical (ROZEAR; TIDWELL, 2003) e a detecção de ureteres ectópicos
(SAMII et al., 2004) de shunts colaterais em cães com obstrução de veia cava caudal
(SPECCHI et al., 2014). Características anatômicas normais da região abdominal caudal
e pélvica e da próstata foram publicadas por Smallwood e George (1992) e por Dimitrov
et al. (2010), respectivamente.

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