Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
PROPÓSITO
Apresentar os aparelhos de raios X utilizados na Medicina Veterinária, suas particularidades e
diferenças em relação à Radiologia Humana.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Reconhecer o equipamento e a contenção em Radiologia Veterinária
MÓDULO 2
INTRODUÇÃO
Os animais sofrem acidentes, desenvolvem doenças e são passíveis de serem examinados e
tratados por meio das técnicas radiológicas. A Resolução CONTER nº 6/2009, no Artigo 3º,
enquadra a área de Radiologia Veterinária no setor de Radiodiagnóstico, e a especialidade foi
reconhecida na Resolução nº 1253 de 06 de fevereiro de 2019.
MÓDULO 1
Em 1961, a cidade de São Paulo possuía quatro clínicas de pequenos animais com
equipamentos portáteis, com capacidade de 15 ou 20mA e até 60Kv.
O profissional da Radiologia deve estar ciente de que lidará com os mais diversos tipos de
pacientes – animais domésticos, exóticos, aves, peixes, ruminantes, equinos, entre outros.
Ao contrário dos seres humanos, os animais não dizem ao médico o que estão sentindo. Por
isso a importância da Radiologia Veterinária. Cabe aos profissionais de Medicina Veterinária
interpretar os sintomas e realizar exames para fechar diagnóstico. Logo, podemos definir a
Radiologia Veterinária como uma facilitadora, que ajuda na prevenção, no diagnóstico e
tratamento de doenças em animais de diferentes espécies.
VOCÊ SABIA
Os exames na Radiologia Veterinária não são muito diferentes daqueles usados pela
Radiologia Humana. Os aparelhos fixos utilizados em Radiologia Veterinária são os mesmos
usados na Radiologia Humana, embora o mercado já ofereça aparelhos de uso exclusivo da
veterinária.
Um recurso utilizado nos aparelhos fixos de uso veterinário é o disparador de chão, que serve
para auxiliar na maioria das radiografias em que o animal tem que estar em uma posição
diferenciada e contar com o auxílio do operador para seu posicionamento. A mudança ocorre
na abordagem, métodos de contenção e posicionamentos.
Autor: lkcjjang40090 / Fonte: Unsplash
Os equipamentos fixos são os que não podem ser retirados do local onde foram instalados.
Necessitam de uma sala exclusiva para sua utilização, com paredes baritadas e área para o
comando do aparelho. Também é necessário possuir espaço para movimentação da equipe
laboral e dos pacientes.
O equipamento fixo possui várias formas e tamanhos, podendo ser fixo ao chão por um
pedestal ou ser preso ao teto, com uma coluna retrátil. Para clínicas e hospitais, é o
equipamento mais utilizado quando realmente há uma grande demanda de exames diários.
Massa de revestimento das paredes da sala contendo barita, substância utilizada para
isolar a sala de raios X e não permitir que passe radiação para o exterior.
Autor: AlexLMX / Fonte: Shutterstock
Existem também os aparelhos móveis que são usados para a realização de exames no local
em que o paciente se encontra, por exemplo, o centro cirúrgico ou a internação. São utilizados
nos casos de trans ou pós-cirúrgicos imediatos, e em casos em que o paciente tem sua
locomoção comprometida e não pode ser levado até o local do aparelho fixo. É importante
saber que os exames, assim realizados, possuem qualidade inferior aos realizados em
equipamentos fixos, devido ao não uso de grades que servem para minimizar radiações
secundárias. Por isso, esses exames utilizando os aparelhos móveis só acontecem em último
caso.
Autor: Vladimir Mulder / Fonte: Shutterstock
O aparelho portátil é outro tipo utilizado em Radiologia Veterinária e muito usado em campo,
pois pode ser transportado facilmente. Esse tipo de aparelho é ideal para atendimentos em
haras e fazendas, onde a espécie do paciente apresenta dificuldade para ser levado a um
hospital veterinário ou ainda que estejam em locais distantes desses hospitais.
MÉTODOS DE ABORDAGEM E
CONTENÇÃO
Na Radiologia Humana, o paciente é orientado a se posicionar adequadamente e existe uma
interação total com ele. Na Radiologia Veterinária, o processo é completamente diferente, pois
o cão, por exemplo, não ajuda na realização do exame. Isso ocorre porque o animal está com
medo, estressado e fora do seu ambiente familiar. Dessa maneira, são fundamentais a
abordagem e os métodos de contenção utilizados.
O tecnólogo ou veterinário deve chamar o animal pelo nome e ser delicado para ganhar a sua
confiança.
Manter uma relação amigável e confiável antes da realização de qualquer procedimento evita
acidentes.
Autor: Reshetnikov_art / Shutterstock
Além disso, pode-se lançar mão de contenção física ou contenção química para a realização
do exame.
CONTENÇÃO FÍSICA
É o uso de técnicas e/ou instrumentos a fim de conter o animal durante o posicionamento e
evitar acidentes durante o exame. A contenção física pode ser conseguida com o uso de
acessórios diversos, tais como focinheiras, faixas de compressão, calhas, máscaras e até
mesmo cordas e esparadrapos, sendo muito usada na rotina quando o animal não colabora e é
agressivo.
O conhecimento destes materiais é muito importante, justamente para que haja uma utilização
correta, usufruindo de todos os benefícios que eles podem oferecer, tanto para o tecnólogo em
Radiologia Veterinária como para o Médico Veterinário e para o paciente.
Cordas e calha acrílica contendo papagaio com ajuda do técnico | Fonte: SILVERMAN, S.,
TELL, L. A. Radiology of Rodents, Rabbits, and Ferrets:
An Atlas. of Normal Anatomy and Positioning; Elsevier, 2005.
AVES
PEQUENOS MAMÍFEROS
RÉPTEIS
CÃES E GATOS
Animais como cães e gatos, que sejam agressivos ou assustados, devem ser manejados com
cuidado e delicadeza, utilizando também focinheiras, toalhas e calhas acrílicas. Animais
politraumatizados, com hemorragias e dispneia devem ser estabilizados antes de qualquer
modalidade de exame para minimizar risco de vida ou agravamento da condição clínica.
CONTENÇÃO QUÍMICA
É o uso de fármacos a fim de conter o animal durante o posicionamento e evitar acidentes.
Nem sempre pode-se utilizar, em função do estado clínico do paciente, custos extras e da
indisponibilidade de profissional capacitado (anestesista veterinário).
ATENÇÃO
O procedimento de contenção química sempre deve ser executado por médico veterinário
habilitado para tal.
Existem alguns exames específicos que apresentam exigência de contenção química para
serem realizados. Esse é o caso de avaliação radiográfica de uma doença genética chamada
displasia coxofemoral.
O animal deve ser contido quimicamente e posicionado em decúbito dorsal numa calha acrílica
com os membros posteriores estendidos de forma que fiquem o mais paralelo possível em
relação aos chassis ou cassete radiográfico. Para a execução desse posicionamento, que é
estressante e pode causar dor, é necessária a contenção química, além de outros fatores
inerentes à doença em si.
Fonte: Autor
Animal posicionado e contido quimicamente para exame de displasia.
Os veterinários que mais utilizam esse tipo de aparelho são os que trabalham com equinos e
grandes animais. Devido à dificuldade de locomoção, seja pelo porte ou pela distância aos
centros, acentua-se a necessidade de ir a campo, porém muitos veterinários que atuam com
pequenos animais estão utilizando esse tipo de equipamento e os móveis, a fim de
proporcionar a possibilidade de exames externos (home care) ou nos centros cirúrgicos, no
trans ou pós-cirúrgico imediato.
A RADIOGRAFIA DIGITAL E A
RADIOGRAFIA COMPUTADORIZADA
Da mesma maneira que na Medicina Humana, a tecnologia digital chegou à Medicina
Veterinária, mudando o paradigma na aquisição de imagens radiológicas. A melhoria na
tecnologia da computação levou a uma tendência para a geração de imagens digitais, e os
exames tradicionais de raios X podem agora ser adquiridos e processados pelo computador. A
aquisição e análise de imagens digitais de raios X formam a base do campo chamado
Radiologia Digital.
O aparelho de raios X digital não utiliza filmes nem produtos químicos para revelação,
contribuindo, assim, para a preservação do ambiente. Ele opera com uma placa de fósforo em
processo semelhante ao scanner fotográfico. Assim que se dispara os raios X, a placa grava a
imagem que será visualizada no monitor. Rapidamente, teremos na tela do computador a
radiografia, com alta qualidade de imagem, contraste e definição de detalhes impensáveis na
radiografia comum.
Na radiografia digital ou DR (do inglês: Digital Radiology), as imagens adquiridas por aparelhos
de raios X, ao invés de utilizar filmes radiográficos, possuem uma placa de circuitos sensíveis
aos raios X que gera uma imagem digital e a envia diretamente para o computador na forma de
sinais elétricos. No sistema DR, o receptor é utilizado em substituição ao chassi eletrônico. O
detector é capacitado a transmitir a um tipo específico de software, gerando, portanto, a
imagem. Uma das principais características desse tipo de receptor é que ele substitui
totalmente o sistema de revelação escaneada ou química.
Autor: artemis_lady / Shutterstock
Os dois sistemas de aquisição já são amplamente utilizados; porém, fatores limitantes são o
alto custo exigido para a digitalização do serviço e o lento retorno do investimento, devido às
limitações de número de clientes atendidos em comparação com a Medicina Humana.
RADIOLOGIA ANALÓGICA
Fonte: Autor
Imagem adquirida por tecnologia CR.
RADIOLOGIA DIGITAL
VOCÊ SABIA
e papéis.
Diminuição de custo - já que há a necessidade de aquisição de impressoras
Preservação ambiental – diminuição do excesso de papéis e seu descarte
posterior, que impactam sobremaneira o meio ambiente.
ATENÇÃO
O profissional envolvido com essa atividade deve ser cauteloso ao avaliar essas imagens, para
não considerar achados normais como patológicos em função do alto detalhamento delas, que
possam demonstrar estruturas normalmente não visualizadas ao exame analógico.
O retorno não é imediato e muitas vezes ocorre dentro de anos. Isso porque nem sempre o
proprietário de um animal está disposto a desembolsar uma quantia para um exame
complementar de diagnóstico. Muitas vezes, o tutor ou proprietário considera desnecessário ou
dispendioso demais arcar com esses custos para um animal.
EXEMPLO
Animais de esporte, — cavalos, por exemplo —, demandam atenção por parte de seus
proprietários, pois há cifras altíssimas envolvidas, já que necessitam de diagnóstico, tratamento
e prevenção para desenvolver suas atividades de forma satisfatória.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
GABARITO
Os aparelhos utilizados são os fixos nas clínicas e hospitais veterinários que se localizam em
salas próprias para seu uso. Os móveis também são utilizados em clínicas e hospitais, porém
com possibilidade de serem levados até o paciente no caso de internação ou mesmo canis e
gatis. Os aparelhos portáteis são utilizados a campo, em haras e fazendas ou até mesmo em
zoológicos.
MÓDULO 2
(VENEZIANI, 2012)
Este senhor foi considerado a primeira vítima laboral da Radiologia, e, a partir disso, foram
instituídas todas as normas de proteção individual.
Essas normatizações foram efetuadas nos EUA por meio de um coletivo informal de cientistas
que busca fornecer informações precisas e recomendações apropriadas para a proteção contra
a radiação.
Esse coletivo se chama National Council on Radiation Protection and Measurements ou NCRP:
órgão que revisa todos os anos os limites de doses recebidas por todas as pessoas envolvidas
com Radiologia, sejam pacientes ou o pessoal laboral.
SAIBA MAIS
O NCRP tem como missão ajudar a disseminar dados de informação e pesquisa sobre a
exposição à radiação e determinar medidas de proteção ao público interessado (Mission is to
help disseminate information and research data about radiation exposure and protection
guidelines in the public interest).
A CNEN investe também em pesquisa e desenvolvimento, buscando um uso cada vez mais
amplo e seguro das técnicas do setor nuclear, e seu foco é garantir os benefícios da energia
nuclear a um número cada vez maior de brasileiros, sempre com segurança na operação dos
materiais e equipamentos radioativos.
ALARA
A utilização de equipamentos de proteção individual (EPIs) é de suma importância no setor de
Radiologia. Quando se considera a radioproteção, há necessidade de praticar o conceito
ALARA (do inglês As Low As Reasonably Achievable ou tão baixo quanto razoavelmente
possível).
Esse conceito reúne as boas práticas em radioproteção que podem ser elencadas dessa
forma:
Autor: Anchalee Wiangkao / Fonte: Shutterstock
Conforme já visto no módulo anterior, a contenção química pode ser utilizada em Radiologia
Veterinária. No caso de pacientes irascíveis ou agitados, é imperativo utilizar esse método de
contenção, porém deve ser realizada por médico veterinário habilitado.
Fonte: Autor
A distância entre o técnico e o tubo de raios X deve ser a maior possível a fim de evitar
exposições ao feixe primário, reduzindo a possibilidade de efeitos deletérios. Dobrar a distância
reduz a exposição. Em Radiologia Veterinária, nem sempre é possível, pois em algumas
ocasiões há necessidade de contenção física e essa distância não é respeitada. Dessa forma,
fica clara a necessidade de se utilizar as roupas de chumbo e se tornar proficiente nos
posicionamentos, além da utilização da tabela de técnicas.
TEMPO
Quando minimizamos o tempo de exposição direta ocorre a redução da dose de radiação
absorvida;
DISTÂNCIA
Quanto maior a distância da fonte geradora de radiação, menor será a dose recebida;
BLINDAGEM
Recorrendo a materiais de absorção como o chumbo, podem reduzir-se significativamente as
doses de radiação.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
B) Ser proficiente nos diversos posicionamentos exigidos para o diagnóstico das enfermidades.
GABARITO
O conceito ALARA foi desenvolvido para orientar boas práticas de radioproteção. Ele utiliza
várias normatizações para a radioproteção que devem ser seguidas por todos que exerçam
atividades no Radiodiagnóstico.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Radiologia Veterinária surgiu como modalidade de imagem necessária na prática da
Medicina Veterinária, na medida em que os animais sofrem de doenças que causam dor e
improdutividade, além de sofrimento para os tutores. Assim sendo, utiliza-se a mesma
aparelhagem de uso na Medicina Humana para a realização dos exames radiográficos, com a
finalidade de diagnosticar e tratar os animais.
Vimos que a mudança em relação à Medicina Humana advém dos métodos de contenção e
abordagem às diferentes espécies de pacientes. Quanto aos aparelhos utilizados na Radiologia
Veterinária, estes podem ser fixos, móveis e portáteis. Os métodos de contenção podem ser os
físicos, com uso de acessórios específicos, e os químicos, com o uso de fármacos para
anestesiar os pacientes.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
COMISSÃO NACIONAL DE ENERGIA NUCLEAR. Quem somos. In: CNEN. Consultado em
meio eletrônico em: 9 jul. 2020.
NATIONAL Council on Radiation Protection and Measurements. In: NCRP. Consultado em meio
eletrônico em: 9 jul. 2020.
NCRP Report nº 148, Proteção Radiológica em Medicina Veterinária. In: NCRP. Consultado em
meio eletrônico em: 9 jul. 2020.
EXPLORE+
Para saber mais sobre os assuntos tratados neste tema, leia:
CONTEUDISTA
Alexandre Martins Ferreira
CURRÍCULO LATTES