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DEFINIÇÃO

Aparelhos utilizados em Radiologia Veterinária, tipos de contenção em Radiologia Veterinária,


radioproteção em Radiologia Veterinária.

PROPÓSITO
Apresentar os aparelhos de raios X utilizados na Medicina Veterinária, suas particularidades e
diferenças em relação à Radiologia Humana.

OBJETIVOS

MÓDULO 1
Reconhecer o equipamento e a contenção em Radiologia Veterinária

MÓDULO 2

Identificar os métodos de radioproteção

INTRODUÇÃO
Os animais sofrem acidentes, desenvolvem doenças e são passíveis de serem examinados e
tratados por meio das técnicas radiológicas. A Resolução CONTER nº 6/2009, no Artigo 3º,
enquadra a área de Radiologia Veterinária no setor de Radiodiagnóstico, e a especialidade foi
reconhecida na Resolução nº 1253 de 06 de fevereiro de 2019.

A Radiologia Veterinária é essencial no diagnóstico, tratamento e cura das doenças dos


animais, minimizando, também, o sofrimento do seu tutor, igualmente contribuindo no
diagnóstico e tratamento de patologias em animais de trabalho (caso dos equinos de esporte).

MÓDULO 1

 Reconhecer o equipamento e a contenção


em Radiologia Veterinária

OS APARELHOS DE USO VETERINÁRIO


O técnico e o tecnólogo, que trabalham na veterinária, atuam nas diversas especialidades da
Radiologia que são aplicadas ao setor responsável pela saúde dos animais. A Radiologia
Veterinária, assim como a Radiologia Médica, é uma especialização do Radiodiagnóstico,
tendo sido reconhecida como especialidade pela Associação Brasileira de Radiologia
Veterinária, na Resolução nº 1253, de 06 de fevereiro de 2019.
Em 1896, surgiram os primeiros trabalhos sobre a Radiologia Veterinária no Brasil.

Em 1938, a Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de São Paulo instalou o


primeiro aparelho para uso exclusivamente veterinário.

Em 1961, a cidade de São Paulo possuía quatro clínicas de pequenos animais com
equipamentos portáteis, com capacidade de 15 ou 20mA e até 60Kv.

O profissional da Radiologia deve estar ciente de que lidará com os mais diversos tipos de
pacientes – animais domésticos, exóticos, aves, peixes, ruminantes, equinos, entre outros.

Ao contrário dos seres humanos, os animais não dizem ao médico o que estão sentindo. Por
isso a importância da Radiologia Veterinária. Cabe aos profissionais de Medicina Veterinária
interpretar os sintomas e realizar exames para fechar diagnóstico. Logo, podemos definir a
Radiologia Veterinária como uma facilitadora, que ajuda na prevenção, no diagnóstico e
tratamento de doenças em animais de diferentes espécies.

 VOCÊ SABIA

Os exames na Radiologia Veterinária não são muito diferentes daqueles usados pela
Radiologia Humana. Os aparelhos fixos utilizados em Radiologia Veterinária são os mesmos
usados na Radiologia Humana, embora o mercado já ofereça aparelhos de uso exclusivo da
veterinária.

Um recurso utilizado nos aparelhos fixos de uso veterinário é o disparador de chão, que serve
para auxiliar na maioria das radiografias em que o animal tem que estar em uma posição
diferenciada e contar com o auxílio do operador para seu posicionamento. A mudança ocorre
na abordagem, métodos de contenção e posicionamentos.
Autor: lkcjjang40090 / Fonte: Unsplash

Os equipamentos fixos são os que não podem ser retirados do local onde foram instalados.
Necessitam de uma sala exclusiva para sua utilização, com paredes baritadas e área para o
comando do aparelho. Também é necessário possuir espaço para movimentação da equipe
laboral e dos pacientes.

O equipamento fixo possui várias formas e tamanhos, podendo ser fixo ao chão por um
pedestal ou ser preso ao teto, com uma coluna retrátil. Para clínicas e hospitais, é o
equipamento mais utilizado quando realmente há uma grande demanda de exames diários.

Massa de revestimento das paredes da sala contendo barita, substância utilizada para
isolar a sala de raios X e não permitir que passe radiação para o exterior.
Autor: AlexLMX / Fonte: Shutterstock

Existem também os aparelhos móveis que são usados para a realização de exames no local
em que o paciente se encontra, por exemplo, o centro cirúrgico ou a internação. São utilizados
nos casos de trans ou pós-cirúrgicos imediatos, e em casos em que o paciente tem sua
locomoção comprometida e não pode ser levado até o local do aparelho fixo. É importante
saber que os exames, assim realizados, possuem qualidade inferior aos realizados em
equipamentos fixos, devido ao não uso de grades que servem para minimizar radiações
secundárias. Por isso, esses exames utilizando os aparelhos móveis só acontecem em último
caso.
Autor: Vladimir Mulder / Fonte: Shutterstock

O aparelho portátil é outro tipo utilizado em Radiologia Veterinária e muito usado em campo,
pois pode ser transportado facilmente. Esse tipo de aparelho é ideal para atendimentos em
haras e fazendas, onde a espécie do paciente apresenta dificuldade para ser levado a um
hospital veterinário ou ainda que estejam em locais distantes desses hospitais.

Com relação à potência, há uma grande variedade de aparelhos no mercado, desde os de


100mA até 500mA, basicamente dependendo da disponibilidade financeira do comprador e da
intenção da utilização, seja de maneira fixa numa clínica veterinária ou para se utilizar a
campo.
VEJA AS PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE
OS APARELHOS FIXOS, MÓVEIS E
PORTÁTEIS NO VÍDEO A SEGUIR.

MÉTODOS DE ABORDAGEM E
CONTENÇÃO
Na Radiologia Humana, o paciente é orientado a se posicionar adequadamente e existe uma
interação total com ele. Na Radiologia Veterinária, o processo é completamente diferente, pois
o cão, por exemplo, não ajuda na realização do exame. Isso ocorre porque o animal está com
medo, estressado e fora do seu ambiente familiar. Dessa maneira, são fundamentais a
abordagem e os métodos de contenção utilizados.

Autor: Nestor Rizhniak / Shutterstock

Deve-se viabilizar a socialização do pet, pois a abordagem errada pode desencadear


comportamentos agressivos, prejudicando o paciente e o examinador (risco de acidentes).
Autor: Susan Schmitz / Shutterstock

O tecnólogo ou veterinário deve chamar o animal pelo nome e ser delicado para ganhar a sua
confiança.

Autor: Kzenon / Shutterstock

Manter uma relação amigável e confiável antes da realização de qualquer procedimento evita
acidentes.
Autor: Reshetnikov_art / Shutterstock

Deve-se proporcionar um ambiente tranquilo, prestando atenção à iluminação, evitando o


trânsito de pessoas e a ocorrência de ruídos.

Autor: Ermolaev Alexander / Shutterstock

Além disso, pode-se lançar mão de contenção física ou contenção química para a realização
do exame.
CONTENÇÃO FÍSICA
É o uso de técnicas e/ou instrumentos a fim de conter o animal durante o posicionamento e
evitar acidentes durante o exame. A contenção física pode ser conseguida com o uso de
acessórios diversos, tais como focinheiras, faixas de compressão, calhas, máscaras e até
mesmo cordas e esparadrapos, sendo muito usada na rotina quando o animal não colabora e é
agressivo.

O conhecimento destes materiais é muito importante, justamente para que haja uma utilização
correta, usufruindo de todos os benefícios que eles podem oferecer, tanto para o tecnólogo em
Radiologia Veterinária como para o Médico Veterinário e para o paciente.

Todas as técnicas de posicionamento e de imobilização são pensadas levando em


consideração a natureza dos pacientes. No caso de animais silvestres, tais como aves, a
contenção física desempenha um papel considerável com relação aos riscos envolvidos.

Veja qual o tipo de contenção correto para cada animal.

 Cordas e calha acrílica contendo papagaio com ajuda do técnico | Fonte: SILVERMAN, S.,
TELL, L. A. Radiology of Rodents, Rabbits, and Ferrets:
         An Atlas. of Normal Anatomy and Positioning; Elsevier, 2005.
AVES

As aves são animais extremamente agitados e assustados e, dessa forma, os métodos de


contenção devem ser os mais suaves possíveis, sempre manejando com extremo cuidado para
minimizar o estresse desses animais. Deve-se utilizar calhas acrílicas, esparadrapos, cordas e
máscaras, de maneira que as aves fiquem bem contidas e seguras. Além disso, devemos
também nos ater à segurança do pessoal envolvido no exame para evitar acidentes laborais.

Autor: Motortion Films / Fonte: Shutterstock

PEQUENOS MAMÍFEROS

As contenções, assim como os posicionamentos de pequenos mamíferos, tais como coelhos,


hamsters e porquinhos da índia, que fazem parte da rotina da Radiologia Veterinária, são os
mesmos usados em cães e gatos.
 Jabuti contido com esparadrapo | Fonte: SILVERMAN, S., TELL, L. A. Radiology of
Rodents, Rabbits, and Ferrets: An Atlas of Normal Anatomy
          and Positioning; Elsevier, 2005.

RÉPTEIS

Outras espécies de animais que também se apresentam diariamente na radiologia veterinária


são os répteis, tais como quelônios, serpentes e lagartos. Os quelônios (tartarugas e jabutis)
são mais fáceis de manejar e conter, devido a seu comportamento biológico. Com relação às
serpentes e lagartos (iguanas), é preciso ter atenção para evitar acidentes. Os métodos de
contenção são fundamentais para tal, podendo-se utilizar caixas plásticas para conter esses
animais ou mesmo contenção química.
Autor: Annie Spratt / Fonte: Unsplash

CÃES E GATOS

Animais como cães e gatos, que sejam agressivos ou assustados, devem ser manejados com
cuidado e delicadeza, utilizando também focinheiras, toalhas e calhas acrílicas. Animais
politraumatizados, com hemorragias e dispneia devem ser estabilizados antes de qualquer
modalidade de exame para minimizar risco de vida ou agravamento da condição clínica.

CONTENÇÃO QUÍMICA
É o uso de fármacos a fim de conter o animal durante o posicionamento e evitar acidentes.
Nem sempre pode-se utilizar, em função do estado clínico do paciente, custos extras e da
indisponibilidade de profissional capacitado (anestesista veterinário).

 ATENÇÃO
O procedimento de contenção química sempre deve ser executado por médico veterinário
habilitado para tal.

Existem alguns exames específicos que apresentam exigência de contenção química para
serem realizados. Esse é o caso de avaliação radiográfica de uma doença genética chamada
displasia coxofemoral.

O animal deve ser contido quimicamente e posicionado em decúbito dorsal numa calha acrílica
com os membros posteriores estendidos de forma que fiquem o mais paralelo possível em
relação aos chassis ou cassete radiográfico. Para a execução desse posicionamento, que é
estressante e pode causar dor, é necessária a contenção química, além de outros fatores
inerentes à doença em si.

Fonte: Autor
 Animal posicionado e contido quimicamente para exame de displasia.

As vantagens em se utilizar métodos corretos de contenção, referem-se à aquisição de


imagens radiográficas com ótimo detalhamento, proporcionando diagnósticos mais fidedignos e
reduzindo a quantidade de exposições radiográficas aos pacientes e ao pessoal laboral,
contribuindo com a radioproteção.

APARELHOS FIXOS E PORTÁTEIS


Uma particularidade da Medicina Veterinária é o uso de aparelhos portáteis para o atendimento
a grandes animais. A diferença básica entre os aparelhos fixos e portáteis se refere a duas
características: peso e flexibilidade para a realização de exames. No caso dos portáteis, seu
peso e tamanho são compatíveis para se carregar através de alças ou maletas por apenas
uma pessoa. Dessa forma, como dito anteriormente, pode-se utilizá-lo em fazendas, haras ou
até mesmo em centros cirúrgicos. Com relação à potência do aparelho, não há muitas
diferenças.

Atualmente, o aparelho de uso veterinário é muito utilizado no trabalho de exames a campo e


exames feitos em locais diversos, como home care, no caso de animais de difícil locomoção.
Existe uma variedade de modelos de aparelhos de raios X de uso veterinário com diferentes
pesos, com e sem baterias de diferentes potências e qualidade. O mais comum é se trabalhar
com potência de até 100mA.

Autor: artemis_lady / Fonte:Shutterstock

Os veterinários que mais utilizam esse tipo de aparelho são os que trabalham com equinos e
grandes animais. Devido à dificuldade de locomoção, seja pelo porte ou pela distância aos
centros, acentua-se a necessidade de ir a campo, porém muitos veterinários que atuam com
pequenos animais estão utilizando esse tipo de equipamento e os móveis, a fim de
proporcionar a possibilidade de exames externos (home care) ou nos centros cirúrgicos, no
trans ou pós-cirúrgico imediato.

Pode-se utilizar o equipamento dentro da clínica, sem a necessidade de baritagem da sala


onde são feitos os exames, já que em sua maioria esses aparelhos veterinários não
ultrapassam os 100mA e dificilmente haverá vazamento de radiação para fora da sala. No
entanto, obviamente, deve-se sempre atentar para a necessidade de utilização dos
equipamentos de radioproteção.

Autor: Osetrik / Fonte:Shutterstock

A RADIOGRAFIA DIGITAL E A
RADIOGRAFIA COMPUTADORIZADA
Da mesma maneira que na Medicina Humana, a tecnologia digital chegou à Medicina
Veterinária, mudando o paradigma na aquisição de imagens radiológicas. A melhoria na
tecnologia da computação levou a uma tendência para a geração de imagens digitais, e os
exames tradicionais de raios X podem agora ser adquiridos e processados pelo computador. A
aquisição e análise de imagens digitais de raios X formam a base do campo chamado
Radiologia Digital.

O aparelho de raios X digital não utiliza filmes nem produtos químicos para revelação,
contribuindo, assim, para a preservação do ambiente. Ele opera com uma placa de fósforo em
processo semelhante ao scanner fotográfico. Assim que se dispara os raios X, a placa grava a
imagem que será visualizada no monitor. Rapidamente, teremos na tela do computador a
radiografia, com alta qualidade de imagem, contraste e definição de detalhes impensáveis na
radiografia comum.

Autor: Tyler Olson / Shutterstock

Na radiografia digital ou DR (do inglês: Digital Radiology), as imagens adquiridas por aparelhos
de raios X, ao invés de utilizar filmes radiográficos, possuem uma placa de circuitos sensíveis
aos raios X que gera uma imagem digital e a envia diretamente para o computador na forma de
sinais elétricos. No sistema DR, o receptor é utilizado em substituição ao chassi eletrônico. O
detector é capacitado a transmitir a um tipo específico de software, gerando, portanto, a
imagem. Uma das principais características desse tipo de receptor é que ele substitui
totalmente o sistema de revelação escaneada ou química.


Autor: artemis_lady / Shutterstock

Na radiografia computadorizada ou CR (do inglês Computerized Radiology), utilizam-se os


aparelhos de radiologia convencional (os mesmos utilizados para produzir filmes radiográficos),
porém substituem-se os chassis com filmes radiológicos em seu interior por chassis com
placas de fósforo. No sistema CR, os filmes radiográficos são substituídos por cassetes com
placas de fósforo, nas quais a revelação é feita através de escaneamento.

Os dois sistemas de aquisição já são amplamente utilizados; porém, fatores limitantes são o
alto custo exigido para a digitalização do serviço e o lento retorno do investimento, devido às
limitações de número de clientes atendidos em comparação com a Medicina Humana.

AS VANTAGENS DA RADIOLOGIA DIGITAL


EM RELAÇÃO À ANALÓGICA

RADIOLOGIA ANALÓGICA

Os sistemas de imagem radiográfica convencionais registram e mostram seus dados numa


forma analógica. Têm frequentemente exigências de exposição muito rígidas devido à gama
estreita de profundidade de brilho dos filmes e hipóteses muito reduzidas de processamento de
imagem. No sistema de aquisição convencional, as imprecisões em termos de exposição
provocam normalmente o aparecimento de radiografias escuras demais, claras demais ou com
pouco contraste; essas imprecisões são facilmente melhoradas com técnicas digitais de
processamento e exibição de imagem.

Fonte: Autor
 Imagem adquirida por tecnologia CR.

RADIOLOGIA DIGITAL

Os sistemas de radiografias digitais oferecem a possibilidade de obtenção de imagens com


exigências de exposição muito menos rigorosas do que os sistemas analógicos. O
equipamento digital e suas tecnologias de aquisição de imagens digitais impactam diretamente
nos custeios da operação e ainda apresentam vantagens sobre o sistema convencional. O
primeiro parâmetro de economia vem com a velocidade de execução dos exames em relação
ao sistema antigo. Na tecnologia CR, de forma comparativa, são realizados três exames contra
um único no sistema tradicional, e na tecnologia DR são seis exames contra um só exame
tradicional.
Fonte: Autor
 Imagem adquirida por tecnologia DR.

Com o aumento da velocidade da realização dos exames, a digitalização permite um ganho


real de produtividade e uma redução dos custos fixos. Um aparelho digital dispensa a utilização
de impressão em películas e papel.

 VOCÊ SABIA

No Brasil, existe um hábito de se digitalizar o serviço e manter a impressão de película. Este


procedimento está equivocado, porque a digitalização pressupõe a não impressão em nenhum
tipo de meio físico, o que acarreta uma redução na qualidade da imagem.

Veja algumas vantagens de não imprimir uma radiografia digital:


e papéis.
Diminuição de custo - já que há a necessidade de aquisição de impressoras
 Preservação ambiental – diminuição do excesso de papéis e seu descarte
posterior, que impactam sobremaneira o meio ambiente.

 Flexibilidade na emissão de laudos - O arquivo pode ser rapidamente


transmitido via internet a qualquer lugar do planeta e ser visto e observado quase que
imediatamente após a realização do exame, resultando em maior agilidade nos
diagnósticos e tratamentos.

Outro fator importante se relaciona com a qualidade da imagem radiográfica. A tecnologia


digital propicia imagens com muito mais detalhes radiográficos, e estruturas que porventura
poderiam ser negligenciadas na tecnologia analógica, agora podem ser visualizadas,
resultando em diagnósticos mais precisos.

 ATENÇÃO

O profissional envolvido com essa atividade deve ser cauteloso ao avaliar essas imagens, para
não considerar achados normais como patológicos em função do alto detalhamento delas, que
possam demonstrar estruturas normalmente não visualizadas ao exame analógico.

A grande dificuldade na implementação da tecnologia digital na Medicina Veterinária é


definitivamente o custo dos equipamentos e o retorno que eventualmente poderia resultar. O
investimento na aquisição dessa tecnologia é alto, assim como nas instalações, equipamentos
de proteção e mesmo na legalização perante os órgãos de fiscalização.

O retorno não é imediato e muitas vezes ocorre dentro de anos. Isso porque nem sempre o
proprietário de um animal está disposto a desembolsar uma quantia para um exame
complementar de diagnóstico. Muitas vezes, o tutor ou proprietário considera desnecessário ou
dispendioso demais arcar com esses custos para um animal.

O oposto também acontece e o investimento realizado no serviço e a constante melhoria com


capacitação de todo o pessoal envolvido com o setor de Radiodiagnóstico se justificam por
esse motivo. Existem proprietários extremamente preocupados com a sanidade dos seus
animais, pois, muitas vezes, os consideram como membros da família e, com isso, são
capazes de dispendiar recursos para diagnosticar, prevenir e tratar as doenças que porventura
os animais venham a apresentar.

 EXEMPLO

Animais de esporte, — cavalos, por exemplo —, demandam atenção por parte de seus
proprietários, pois há cifras altíssimas envolvidas, já que necessitam de diagnóstico, tratamento
e prevenção para desenvolver suas atividades de forma satisfatória.

VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. VÁRIOS SÃO OS TIPOS DE APARELHOS UTILIZADOS EM MEDICINA


VETERINÁRIA DE ACORDO COM O LOCAL DE INSTALAÇÃO, O
PROPÓSITO E A UTILIZAÇÃO. QUAIS SÃO OS TIPOS EXISTENTES E
SEUS LOCAIS DE UTILIZAÇÃO?

A) Fixos em hospitais, únicos em canis e móveis em haras.

B) Fixos em hospitais, móveis em clínicas nas internações e portáteis nas fazendas.

C) Móveis em hospitais, únicos nos haras e portáteis nas internações.

D) Portáteis nas clínicas, móveis nos haras e simples nas fazendas.

2. A UTILIZAÇÃO DE CONTENÇÃO QUÍMICA PARA EXAMES


RADIOGRÁFICOS É EXIGIDA EM ALGUMAS SITUAÇÕES EM MEDICINA
VETERINÁRIA. EM QUAL HIPÓTESE NÃO É INDICADO UTILIZAR ESSA
MODALIDADE DE CONTENÇÃO?
A) Animais saudáveis e irascíveis.

B) Posicionamentos que possam causar desconforto e dor.

C) Animais politraumatizados sem maiores complicações.

D) Animais dispneicos e com insuficiência respiratória grave.

GABARITO

1. Vários são os tipos de aparelhos utilizados em Medicina Veterinária de acordo com o


local de instalação, o propósito e a utilização. Quais são os tipos existentes e seus
locais de utilização?

A alternativa "B " está correta.

Os aparelhos utilizados são os fixos nas clínicas e hospitais veterinários que se localizam em
salas próprias para seu uso. Os móveis também são utilizados em clínicas e hospitais, porém
com possibilidade de serem levados até o paciente no caso de internação ou mesmo canis e
gatis. Os aparelhos portáteis são utilizados a campo, em haras e fazendas ou até mesmo em
zoológicos.

2. A utilização de contenção química para exames radiográficos é exigida em algumas


situações em Medicina Veterinária. Em qual hipótese não é indicado utilizar essa
modalidade de contenção?

A alternativa "D " está correta.

Animais instáveis (dispneicos e ou insuficientes) não devem ser submetidos à contenção


química devido aos possíveis efeitos deletérios que as substâncias possam causar e piorar o
quadro clínico do paciente.

MÓDULO 2

 Identificar os métodos de radioproteção


NORMAS E MEDIDAS DE RADIOPROTEÇÃO
Embora as normas e medidas de radioproteção sejam designadas somente para os seres
humanos, os fundamentos e elementos de proteção radiológica contidos nas normas da
NCRP- 148 são também aplicáveis às práticas de Radiologia na área de Medicina Veterinária.

“A ANÁLISE DE DOSES EM DIAGNÓSTICO POR


IMAGEM EM NÃO HUMANOS É UM SETOR DA
PROTEÇÃO RADIOLÓGICA POUCO EXPLORADO PELA
COMUNIDADE CIENTÍFICA NACIONAL E
INTERNACIONAL COMO, POR EXEMPLO, OS EFEITOS
BIOLÓGICOS CAUSADOS POR TAIS
PROCEDIMENTOS”.

(VENEZIANI, 2012)

Embora a realização de exames radiográficos na Medicina Veterinária tenha se tornado


extremamente comum.

O OBJETIVO DA RADIOLOGIA MÉDICA É OBTER O MÁXIMO DE INFORMAÇÕES COM


MÍNIMA EXPOSIÇÃO.

Em 1931, as primeiras recomendações limitadoras de dose foram feitas para proteger os


trabalhadores e o público da radiação, já que desde o advento da Radiologia não havia
nenhuma normatização quanto à radioproteção.

Pouco se conhecia a respeito dos efeitos deletérios da exposição continuada à radiação e


todas as normatizações foram efetuadas a partir do reconhecimento de alterações no pessoal
laboral, sendo o paciente número 1 o Sr. Clarence Dally, que trabalhava nas pesquisas a
respeito dessa nova modalidade de energia recém-descoberta. Ele começou a apresentar
sintomas, como tumores em seus braços, os quais foram amputados.
 VOCÊ SABIA

Este senhor foi considerado a primeira vítima laboral da Radiologia, e, a partir disso, foram
instituídas todas as normas de proteção individual.

Essas normatizações foram efetuadas nos EUA por meio de um coletivo informal de cientistas
que busca fornecer informações precisas e recomendações apropriadas para a proteção contra
a radiação.

Esse coletivo se chama National Council on Radiation Protection and Measurements ou NCRP:
órgão que revisa todos os anos os limites de doses recebidas por todas as pessoas envolvidas
com Radiologia, sejam pacientes ou o pessoal laboral.

 SAIBA MAIS

O NCRP tem como missão ajudar a disseminar dados de informação e pesquisa sobre a
exposição à radiação e determinar medidas de proteção ao público interessado (Mission is to
help disseminate information and research data about radiation exposure and protection
guidelines in the public interest).

No Brasil, o Instituto de Radioproteção e Dosimetria (IRD) é um instituto da Comissão


Nacional de Energia Nuclear (CNEN), responsável pela proteção radiológica e dosimetria
da radiação ionizante, além de realizar inspeções de uso radioativo na indústria, usinas e
outras áreas.

É uma autarquia federal vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e


Comunicações (MCTIC), criada em 1956 e estruturada pela Lei 4.118, de 27 de agosto de
1962, para desenvolver a política nacional de energia nuclear. Órgão superior de
planejamento, orientação, supervisão e fiscalização, a CNEN estabelece normas e
regulamentos em radioproteção e é responsável por regular, licenciar e fiscalizar a
produção e o uso da energia nuclear no Brasil.
 SAIBA MAIS

A CNEN investe também em pesquisa e desenvolvimento, buscando um uso cada vez mais
amplo e seguro das técnicas do setor nuclear, e seu foco é garantir os benefícios da energia
nuclear a um número cada vez maior de brasileiros, sempre com segurança na operação dos
materiais e equipamentos radioativos.

A estrutura da CNEN também reflete a amplitude de seu escopo de atuação, estando,


atualmente, suas atividades finalísticas distribuídas entre duas grandes áreas: Pesquisa e
Desenvolvimento e Radioproteção e Segurança, cujas atividades e responsabilidades estão
desdobradas em várias unidades situadas em diferentes pontos do País.

ALARA
A utilização de equipamentos de proteção individual (EPIs) é de suma importância no setor de
Radiologia. Quando se considera a radioproteção, há necessidade de praticar o conceito
ALARA (do inglês As Low As Reasonably Achievable ou tão baixo quanto razoavelmente
possível).

Esse conceito reúne as boas práticas em radioproteção que podem ser elencadas dessa
forma:
Autor: Anchalee Wiangkao / Fonte: Shutterstock

TABELA DE TÉCNICAS PARA MINIMIZAR AS EXPOSIÇÕES REPETIDAS

Ao se utilizar uma tabela de técnicas para minimizar as exposições repetidas, evita-se a


realização de exposições desnecessárias, à medida que as técnicas utilizadas para o exame
de cada região específica já estão predeterminadas.

Autor: Burdun Iliya / Fonte: Shutterstock

TORNAR-SE PROFICIENTE NO POSICIONAMENTO DO PACIENTE


Deve-se conhecer as anatomias e todas as particularidades da espécie do paciente, a fim de
se posicionar corretamente e evitar exposições repetidas e desnecessárias devido a erros por
desconhecimento da anatomia e de posicionamentos radiográficos.

Autor: David Herraez Calzada / Fonte: Shutterstock

USAR ROUPAS DE CHUMBO APROPRIADAS

O uso de roupas de chumbo apropriadas é fundamental na radioproteção. Os equipamentos


são os mesmos utilizados na Radiologia Humana, tais como aventais plumbíferos (avental de
chumbo), protetores de tireoide, luvas plumbíferas (luvas de chumbo), óculos plumbíferos e
dosímetros individuais.
Autor: thka / Fonte: Shutterstock

USAR RESTRIÇÃO QUÍMICA QUANDO POSSÍVEL

Conforme já visto no módulo anterior, a contenção química pode ser utilizada em Radiologia
Veterinária. No caso de pacientes irascíveis ou agitados, é imperativo utilizar esse método de
contenção, porém deve ser realizada por médico veterinário habilitado.

Fonte: Autor

 Calha para posicionamento. Fonte: Autor.


USAR PARA O POSICIONAMENTO E CONTENÇÃO
A contenção física pode ser utilizada rotineiramente e deve-se utilizar equipamentos como
calhas, fita adesiva, blocos de espuma etc., para a correta restrição do paciente e
consequentemente, o correto posicionamento do animal. A correta contenção determina uma
imagem com mais detalhe radiográfico, implicando avaliações mais precisas.

Autor: WiP-Studio / Fonte: Shutterstock

A DISTÂNCIA ENTRE O TÉCNICO E O TUBO DE RAIOS X DEVE SER


MAXIMIZADA

A distância entre o técnico e o tubo de raios X deve ser a maior possível a fim de evitar
exposições ao feixe primário, reduzindo a possibilidade de efeitos deletérios. Dobrar a distância
reduz a exposição. Em Radiologia Veterinária, nem sempre é possível, pois em algumas
ocasiões há necessidade de contenção física e essa distância não é respeitada. Dessa forma,
fica clara a necessidade de se utilizar as roupas de chumbo e se tornar proficiente nos
posicionamentos, além da utilização da tabela de técnicas.

Neste sentido, o Princípio ALARA na radioproteção baseia-se na identificação, avaliação,


análise e implementação de medidas de controle da radiação. Os três grandes princípios para
a redução das exposições às radiações externas e manutenção de doses no Princípio ALARA
são:

TEMPO
Quando minimizamos o tempo de exposição direta ocorre a redução da dose de radiação
absorvida;
DISTÂNCIA
Quanto maior a distância da fonte geradora de radiação, menor será a dose recebida;

BLINDAGEM
Recorrendo a materiais de absorção como o chumbo, podem reduzir-se significativamente as
doses de radiação.

Para a implementação do Princípio ALARA, deve-se promover um estudo detalhado com a


finalidade de se identificar todas as variáveis ambientais, como: análise das doses ambientais,
fontes geradoras, geometria dos espaços, quantidade de trabalhadores e utilização de
dosímetro, rotinas de trabalho, sistemas de proteção coletiva e individual, entre outros.

O layout das instalações também é semelhante ao da Medicina Humana, com biombos de


chumbo, paredes revestidas com barita e portas com placas de chumbo.

O tecnólogo e o médico veterinário devem estar familiarizados com as boas práticas de


radioproteção, evitando, assim, exposições desnecessárias que poderiam causar efeitos
deletérios, tanto aos pacientes como nos profissionais envolvidos.

VEJA, NO VÍDEO ABAIXO, AS BOAS


PRÁTICAS QUE TODO PROFISSIONAL DA
RADIOLOGIA DEVERIA SEGUIR:

VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. O CONCEITO ALARA É UTILIZADO COMO BASE PARA MÉTODOS DE


RADIOPROTEÇÃO. ASSIM, MARQUE A ALTERNATIVA QUE NÃO
CONSTITUI UM ELEMENTO PRESENTE NESSE CONCEITO:

A) Tabela de técnicas utilizadas para minimizar exposições.

B) Ser proficiente nos diversos posicionamentos exigidos para o diagnóstico das enfermidades.

C) Não utilizar EPIs durante as exposições.

D) Manter distância adequada entre a fonte primária e o técnico durante a exposição


radiográfica.

2. SEGUNDO AS NORMAS DA PROTEÇÃO RADIOLÓGICA, OS


TRABALHADORES EM RADIOLOGIA DEVEM TER RESPONSABILIDADES
BÁSICAS NO SERVIÇO. A RESPEITO DO TEMA, ASSINALE A
ALTERNATIVA QUE INDICA A(S) RESPONSABILIDADE(S) DESSES
PROFISSIONAIS:
A) Elaborar e revisar as tabelas de exposição (técnicas de exames) para cada equipamento de
raios X.

B) Atuar no programa de garantia de qualidade, nas avaliações de doses em pacientes.

C) Coordenar o programa de treinamento periódico da equipe sobre os aspectos de proteção


radiológica.

D) Elaborar o Plano de Radioproteção.

GABARITO

1. O conceito ALARA é utilizado como base para métodos de radioproteção. Assim,


marque a alternativa que não constitui um elemento presente nesse conceito:

A alternativa "C " está correta.

O conceito ALARA foi desenvolvido para orientar boas práticas de radioproteção. Ele utiliza
várias normatizações para a radioproteção que devem ser seguidas por todos que exerçam
atividades no Radiodiagnóstico.

2. Segundo as normas da proteção radiológica, os trabalhadores em Radiologia devem


ter responsabilidades básicas no serviço. A respeito do tema, assinale a alternativa que
indica a(s) responsabilidade(s) desses profissionais:

A alternativa "A " está correta.

Os profissionais de Radiologia devem elaborar a tabela de técnicas dos diferentes exames,


pois são eles que trabalham efetivamente com o equipamento. Os demais itens se referem às
obrigações tanto dos médicos, quanto dos administradores do serviço.

CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Radiologia Veterinária surgiu como modalidade de imagem necessária na prática da
Medicina Veterinária, na medida em que os animais sofrem de doenças que causam dor e
improdutividade, além de sofrimento para os tutores. Assim sendo, utiliza-se a mesma
aparelhagem de uso na Medicina Humana para a realização dos exames radiográficos, com a
finalidade de diagnosticar e tratar os animais.

Vimos que a mudança em relação à Medicina Humana advém dos métodos de contenção e
abordagem às diferentes espécies de pacientes. Quanto aos aparelhos utilizados na Radiologia
Veterinária, estes podem ser fixos, móveis e portáteis. Os métodos de contenção podem ser os
físicos, com uso de acessórios específicos, e os químicos, com o uso de fármacos para
anestesiar os pacientes.

Outro detalhe referente à Radiologia Veterinária é a utilização de tecnologia digital, embora o


alto custo da implementação dessa tecnologia seja um fator impeditivo e inibidor à maioria das
clínicas veterinárias. No entanto, o avanço da tecnologia é primordial para o correto diagnóstico
e a escolha do melhor tratamento das doenças dos animais, fazendo com que o investimento
se justifique.

AVALIAÇÃO DO TEMA:

REFERÊNCIAS
COMISSÃO NACIONAL DE ENERGIA NUCLEAR. Quem somos. In: CNEN. Consultado em
meio eletrônico em: 9 jul. 2020.

NATIONAL Council on Radiation Protection and Measurements. In: NCRP. Consultado em meio
eletrônico em: 9 jul. 2020.

NCRP Report nº 148, Proteção Radiológica em Medicina Veterinária. In: NCRP. Consultado em
meio eletrônico em: 9 jul. 2020.

PRINCÍPIO ALARA. In: CEER. Consultado em meio eletrônico em 9 jul. 2020.

RESOLUÇÃO nº 6 de 28/05/2009/ CONTER — Conselho Nacional de Técnicos em Radiologia


(D.O.U. 22/06/2009). In: CONTER. Consultado em meio eletrônico em: 9 jul. 2020.

RESOLUÇÃO nº 1253, de 6 de fevereiro de 2019 — Habilita a Associação Brasileira de


Radiologia Veterinária (ABRV) para concessão de título de especialista em Diagnóstico por
Imagem na Medicina Veterinária. In: CFMV. Consultado em meio eletrônico em: 15 jul. 2020.

VENEZIANI, G. R. Avaliação das Doses Resultantes de Procedimentos Radiodiagnósticos


Realizados em Medicina Veterinária e Avaliação das Doses Secundárias de Radiação
Espalhada no Corpo Clínico e Nos Proprietários dos Animais. 2012. Dissertação (Mestrado em
Tecnologia Nuclear) ‒ Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, Universidade de São
Paulo, São Paulo, 2012.

EXPLORE+
Para saber mais sobre os assuntos tratados neste tema, leia:

Capítulos 1 e 2 de Textbook Of Veterinary Diagnostic Radiology.


THRALL, D. E. Textbook of Veterinary Diagnostic Radiology, Fifth Edition. North
Carolina: Saunders Elsevier, 2007.

Capítulos 1 e 2 de Clinical Radiology of the Horse.


BUTTLER, J. A. et al. Clinical Radiology of the Horse. 4. ed. West Sussex: Wiley
Blackwell, 2017.

Capítulos 2, 3 e 4 de Radiology of Rodents, Rabbits, and Ferrets: An Atlas of Normal


Anatomy and Positioning.
SILVERMAN, S.; TELL, L. A. Radiology of Rodents, Rabbits, and Ferrets: An Atlas of
Normal Anatomy and Positioning. Amsterdam: Elsevier, 2005.

CONTEUDISTA
Alexandre Martins Ferreira

 CURRÍCULO LATTES

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