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PROPÓSITO
Compreender os procedimentos técnicos para a realização das incidências radiológicas de
rotina e especiais em pequenos e grandes animais.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
MÓDULO 2
INTRODUÇÃO
O exame radiológico é uma ferramenta utilizada como base para resolução da investigação
clínica e muito solicitada, não apenas na Medicina humana, mas também na Veterinária. Com o
avanço dos novos procedimentos, um mercado especializado surgiu e, com ele, a necessidade
da formação e do conhecimento de médicos veterinários e tecnólogos em Radiologia.
Na execução dos exames, compreender a rotina mínima a ser realizada em cada região e suas
complementações é fundamental para o resultado. O protocolo deve ser seguido conforme o
histórico clínico do paciente, que exige do médico veterinário e tecnólogo a anamnese prévia
realizada com o tutor do paciente.
ANAMNESE
Entrevista realizada com o objetivo de compreender o estado físico do paciente para que
ocorra um correto diagnóstico.
MÓDULO 1
Os planos anatômicos são hipotéticos e usados para dividir o corpo, de modo a descrever a
localização de estruturas ou a direção dos movimentos.
Os planos anatômicos usados na Radiologia veterinária são:
PLANO TRANSVERSO
que divide o corpo em duas partes iguais (cranial e caudal);
INCIDÊNCIAS RADIOLÓGICAS
CRANIAL
Refere-se às faces dos membros, a partir da articulação do carpo e do tarso, voltadas para o
crânio ou plano cranial. As partes designadas são: parte do pescoço, do tronco e da cauda
posicionada em direção ao crânio.
CAUDAL
Face dos membros acima das articulações do carpo e do tarso que se voltam em direção à
cauda. Esse termo é usado na parte da cabeça, do pescoço e do tronco.
VENTRAL
Significa em direção ao ventre ou aos membros. As partes designadas são: região inferior da
cabeça, do pescoço, do tronco e da cauda.
DORSAL
Significa em direção ao dorso ou à coluna vertebral. As partes designadas são: região superior
da cabeça, do pescoço, do tronco e da cauda, e craniais (anteriores) dos membros e das
articulações ântero-braquicarpal (radiocarpal) e tarsocrural distalmente.
ROSTRAL
Descreve as partes da cabeça posicionadas em direção às narinas a partir de determinado
ponto.
PROXIMAL
Refere-se à direção da raiz do membro ou da cauda.
DISTAL
Refere-se à parte mais distal do membro ou da cauda.
PALMAR
Termo usado na região que compreende a parte pós-articulação do carpo (membros torácicos).
PLANTAR
Termo usado na região que compreende a parte pós-articulação do tarso (membros pélvicos).
Outro critério importante para a realização das incidências radiológicas está relacionado ao
bom posicionamento do paciente durante o exame, cujo objetivo é revelar estruturas
anatômicas e patologias. O posicionamento feito de maneira incorreta pode mascarar
patologias e esconder estruturas anatômicas desejadas.
Os critérios para posicionar o paciente, relevantes para uma boa técnica de exame, dependem
da área a ser examinada e das patologias investigadas. Por essa razão, devemos seguir um
protocolo para cada processo investigatório.
FLUOCINÉTICA
A contenção química só deve ser usada em casos especiais, devido a seus riscos e a seu
custo.
Por mais dócil e inofensivo que seja ou pareça ser o paciente, a simples palpação, por
exemplo, de determinada estrutura mais sensível fará com que ele se defenda à manipulação
não habitual, com mordeduras, coices, chifradas ou unhadas.
A recomendação geral para se obter uma boa contenção está diretamente relacionada aos
domínios da técnica para evitar movimentos bruscos. Algumas orientações eficazes para
ganhar a confiança do paciente são:
Acariciá-lo.
Com relação aos cães, muitas vezes, não são necessários elementos de contenção, contudo,
em casos de risco ao profissional, é recomendado usar mordaças e focinheiras.
Nesse caso, o profissional deve usar todos os equipamentos necessários para a contenção,
como máscaras (focinheiras) e luvas, que evitam arranhaduras e mordidas. Entretanto, apesar
de ágil, essa espécie é extremamente frágil, e o uso de força excessiva pode ocasionar-lhe
acidentes.
Os felinos possuem características territoriais e são mais sujeitos ao estresse causado pela
mudança de ambiente, principalmente, em setores de radiologia em que se atende outros
animais.
Nos casos em que o paciente não for colaborativo (cavalos sanguíneos), dependendo da
incidência e do local do exame, pode ser necessário o uso de:
Cordas;
Cachimbo ou pito – laçado de corda ou corrente com cabo para conter os lábios.
O cachimbo ou pito somente deve ser usado em último caso, quando, mesmo contido, o animal
apresente reações agressivas. Afinal, esses elementos provocam estímulos dolorosos e podem
causar um trauma que dificulte futuros procedimentos de exames.
Caso o equino apresente um comportamento social aceitável, usamos algodão para tapar as
orelhas a fim de diminuir ruídos que possam assustá-lo. Se possível, devemos apresentar o
equipamento radiológico ao animal antes do procedimento.
CONTENÇÃO EM BOVINOS
Os bovinos são animais mais rústicos, com pouca habilidade de receber comando, se
comparados aos cavalos. Por isso, as escolhas mais recomendadas são o derrubamento e a
contenção por cordas.
DERRUBAMENTO
PROTEÇÃO RADIOLÓGICA
Os conhecimentos sobre as regras de proteção radiológica são fundamentais para a execução
de exames na Radiologia veterinária. Afinal, diante da necessidade de contenção física,
perdemos um dos princípios básicos de proteção: a distância da fonte.
Por isso, os profissionais da área devem exercer suas funções com exigência máxima de
proteção radiológica e uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), tais como: óculos,
protetor de tireoide, avental e luvas plumbíferas.
LUVAS PLUMBÍFERAS
ATENÇÃO
Os EPIs devem estar dentro dos padrões exigidos por lei, e seu uso é obrigatório na hora da
realização do exame, principalmente, para quem vai conter o paciente.
Caso os exames sejam feitos em locais não controlados, como fazendas, por exemplo, a área
precisa ser isolada, assim como os animais e pessoas devem ser retirados. Importante frisar
que todos os profissionais que realizam exames radiológicos em áreas controladas ou não
(área externa) devem ser monitorados com dosímetro pessoal.
ESTAÇÃO
Um dos requisitos médicos para solicitação do exame é o entendimento das incidências e sua
contribuição diagnóstica. Por isso, elas são divididas em:
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 2
Descrever as incidências de rotina e exames especiais na radiologia de pequenos e
grandes animais domésticos
INCIDÊNCIAS RADIOLÓGICAS DE
PEQUENOS E GRANDES ANIMAIS
Para que você possa entender as descrições das incidências radiológicas, elaboramos tabelas
separadas por áreas anatômicas, com o objetivo de apresentar as incidências de rotina para
cada região. Em seguida, descrevemos, de maneira simplificada e com suas respectivas
particularidades, os posicionamentos radiológicos.
Você também verá tabelas cujo intuito é simplificar os objetivos dos exames radiográficos
especiais e apresentar suas principais indicações clínicas.
Os fatores técnicos, como tensão (kV) e intensidade de corrente elétrica (mAs), dependerão da
espessura da região anatômica estudada e do equipamento utilizado.
Para todos os exames realizados, é utilizada a distância foco filme de 100 cm.
Caudocranial -
Escápula Ponto médio da escápula
Mediolateral
Caudocranial -
Ombro Articulação do ombro
Mediolateral
Caudocranial -
Úmero Ponto médio do úmero
Mediolateral
Craniocaudal -
Cotovelo Articulação do cotovelo
Mediolateral
Craniocaudal -
Rádio e ulna Ponto médio do rádio e ulna
Mediolateral
Dorsopalmar -
Carpo Articulação do carpo
Mediolateral
Dorsopalmar -
Falanges Terço médio da falange
Mediolateral
Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Quando a região a ser examinada estiver mais proximal, será necessário conter o membro
examinado na região mais distal. Quando for nas regiões mais distais, será preciso conter a
região do cotovelo.
Para que se consiga uma análise perfeita da escápula, o profissional deve rodar 30° o esterno
do paciente para o lado oposto ao examinado. Com esse posicionamento, a escápula fica
lateralizada; e a articulação do ombro, sem sobreposição.
IIncidência caudocranial do ombro.
ESCÁPULA
O outro examinador estende pela extremidade mais distal o membro a ser examinado e
direciona lateralmente o membro que não será examinado, afastando-o para evitar
superposição.
Incidência craniocaudal dos ossos ulna e rádio.
O outro examinador segura o membro que não será examinado em sua extremidade distal para
o lado oposto da região a ser examinada, evitando sobreposição.
Região Incidências
Objetivo da incidência
anatômica especiais
Craniocaudal -
Carpo Ponto médio do rádio e ulna
Mediolateral
Região
Incidências de rotina Ponto de entrada do raio central
anatômica
Craniocaudal -
Fêmur Ponto médio do fêmur
mediolateral
Caudocranial -
Joelho Articulação do joelho
mediolateral
Caudocranial -
Tíbia e fíbula Ponto médio da tíbia e fíbula
mediolateral
Com o objetivo de não sobrepor a imagem com o corpo do paciente, este deve ser retirado da
frente do membro em estudo.
Região Incidências
Objetivo da incidência
anatômica especiais
Ventrodorsal fletida
Pelve (frog leg ou pata de Avaliação das articulações acetabulares
rã)
COMPLEXIDADE DA INCIDÊNCIA
Critério técnico, pois as variações e formas dos crânios podem exigir compensações de KV e
mAs. Cães braquicefálicos, por exemplo, possuem maior quantidade de ossos por unidade de
espessura, comparados com a média de densidades do crânio das outras raças.
BRAQUICEFÁLICOS
A tabela a seguir tem o objetivo de facilitar a compreensão da rotina mínima a ser realizada no
crânio:
Região Incidências de
Ponto de entrada do raio central
anatômica rotina
DICA
Reclinar sobre o abdome é mais confortável para o paciente do que colocá-lo sobre o dorso,
com algumas exceções. Essa posição não requer sedação.
Processos inflamatórios em
Rostral-dorsocaudal
Cavidade nasal cavidade nasal e fossa
com boca aberta
etmoidal
Patologias odontológicas de
Dentes Rostral-ventrocaudal incisivos e caninos do
maxilar
Caudas de 20 a 23 vértebras
Incidências da coluna lombar e sacral devem ser realizadas após limpeza intestinal nos casos
de pacientes ambulatoriais para evitar sobreposição dos conteúdos intestinais (fezes e gases)
sobre a região examinada.
A tabela a seguir tem o objetivo de facilitar a compreensão da rotina mínima a ser realizada
para cada área de interesse da coluna vertebral:
Região Ponto de entrada do raio
Incidências de rotina
anatômica central
Laterolateral -
Cervical Entre c3 e c4
ventrodorsal
Laterolateral -
Torácica Entre t6 e t7
ventrodorsal
Laterolateral -
Lombar Entre l3 e l4
ventrodorsal
Laterolateral -
Sacro Ponto médio do sacro
ventrodorsal
Região Incidências
Objetivo da incidência
anatômica especiais
As radiografias de rotina para o estudo dessa área devem ser realizadas em pico inspiratório
máximo. Devido à falta de entendimento de comando dos pacientes, é necessário reduzir o
tempo de exposição para evitar borramento da imagem, realizando o disparo quando
observado esse pico inspiratório. Tal fator inspiratório máximo proporciona uma visualização
adequada das estruturas do interior do tórax.
A tabela a seguir tem o objetivo de facilitar a compreensão da rotina mínima a ser realizada
para cada área de interesse:
Borda caudal da
Costelas Ventrodorsal e laterolateral
escápula
O profissional precisa se certificar de que o paciente mantém o plano sagital coincidindo com a
linha central da mesa, de modo que o esterno fique paralelo às vértebras torácicas.
Região
Incidências especiais Objetivo da incidência
anatômica
O paciente deve ficar 12 horas sem alimentos sólidos para diminuir o volume de fezes.
O paciente deve usar simeticona para eliminar os gases.
Em alguns casos, podem ser realizados enemas salinos isotônicos.
A tabela a seguir tem o objetivo de facilitar a compreensão da rotina mínima a ser realizada:
Outra limitação é o equipamento com potência suficiente para produzir raios capazes de
atravessar as regiões anatômicas, pois é normal usar aparelhos transportáveis de baixa
capacidade de KV e mAs.
ATENÇÃO
É necessário que o examinador possua habilidades com relação aos animais de grande porte,
pois os exames realizados em área externa se limitam aos membros torácicos e pélvicos.
Na figura, podemos ver o procedimento radiológico com a contenção de um bovino por meio de
cordas.
As avaliações dos cascos dos bovinos são de extrema importância, pois as patologias
relacionadas a essa área podem levar à queda da produção e até ao risco de óbito. Por isso, a
radiografia é um método considerável na investigação das principais doenças das
extremidades em bovinos. As principais patologias referentes ao casco são: Laminate,
Osteítes e Osteomielites.
As imagens radiológicas nos bovinos esclarecem as patologias podais e os articulares dos
membros torácicos e pélvicos, bem como direcionam uma tomada de decisão para a conduta
de melhoria do ambiente.
Dorsopalmar;
Dorsoplantar;
Laterolateral;
Outro acessório usado para proteger o examinador da radiação primária é o suporte para
receptor de imagem com cabo longo, que lhe permite se afastar do raio primário e posicionar o
receptor em vários ângulos.
Para todas as incidências de rotina, o equino vai estar em estação, e o examinador deve
direcionar o receptor de imagem para a área em oposição do raio central. Nas incidências mais
distais, o receptor de imagem pode ser colocado paralelo à área de exame, com o bloco de
posicionamento como base para segurá-lo.
Os exames especiais são variados para tais regiões. Nesses casos, para uma análise efetiva
das articulações, o receptor de imagem pode ser direcionado obliquamente aos planos
anatômicos.
DICA
É possível que haja necessidade de conter o paciente nas incidências que exigem flexão do
membro, como, por exemplo, na lateromedial fletida e na proximodistal do carpo, onde o
examinador realiza uma flexão do membro a ser examinado, usando a técnica de “mão
amiga”.
INCIDÊNCIA DORSOPALMAR
Nos equinos, o uso da radiologia é muito importante para a análise das regiões mais distais,
como os carpos, os tarsos e as falanges, em casos de investigações de laminites, osteítes e
síndrome do navicular.
INCIDÊNCIA LATEROLATERAL
Para as regiões mais proximais, a radiologia com equipamentos transportáveis está cada vez
menos sendo empregada, devido à dificuldade de se avaliar traumas articulares com precisão.
Por isso, novos métodos, como a tomografia computadorizada, vêm sendo aplicados nos
grandes centros de tratamento e diagnóstico para grandes animais domésticos.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A atuação em Radiologia veterinária exige que o profissional seja capaz de realizar exames
radiológicos, compreendendo a maneira correta de contenção para cada espécie examinada.
As técnicas devem ser executadas com segurança para o profissional, a equipe, o cliente e o
paciente.
As técnicas empregadas nos exames também são diferenciadas. Por essa razão, é importante
o profissional envolvido nas práticas conhecer as incidências de rotina e complementares de
pequenos e grandes animais, a fim de executar suas funções com excelência e eficácia.
PODCAST
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
CUBAS, Z. S.; SILVA, J. C. R.; CATÃO-DIAS, J. L. Tratado de animais selvagens. 2. ed. São
Paulo: Roca, 2017. v. II.
KÖNIG, H. E.; HANS-GEORG, L. Anatomia dos animais domésticos: texto e atlas colorido. 6.
ed. Porto Alegre: ArtMed, 2016.
EXPLORE+
Para obter mais informações acerca dos assuntos aqui explorados, sugerimos a leitura dos
seguintes artigos sobre técnicas radiológicas na Medicina Veterinária:
CONTEUDISTA
Jorge Antonio da Conceição Loureiro Junior
CURRÍCULO LATTES