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Titrimétricos e Eletroquímicos
Brasília-DF.
Elaboração
Produção
APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 5
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 8
UNIDADE I
REVISÃO CONCEITUAL.......................................................................................................................... 11
CAPÍTULO 1
ESTRUTURA DA MATÉRIA........................................................................................................... 12
CAPÍTULO 2
REAÇÃO QUÍMICA E ESTEQUIOMETRIA..................................................................................... 18
UNIDADE II
MÉTODOS TITULOMÉTRICOS.................................................................................................................. 31
CAPÍTULO 1
GRAVIMETRIA E TITULOMETRIA.................................................................................................. 31
CAPÍTULO 2
OUTROS TIPOS DE TITULAÇÃO E USO DE INDICADORES............................................................ 48
UNIDADE III
FUNDAMENTOS DE ESPECTROSCOPIA................................................................................................... 55
CAPÍTULO 1
PRINCÍPIOS DA RADIAÇÃO ELETROMAGNÉTICA....................................................................... 55
CAPÍTULO 2
ESPECTROSCOPIA NO INFRAVERMELHO E ULTRAVIOLETA VISÍVEL.............................................. 62
UNIDADE IV
TÉCNICAS ESPECTROSCÓPICAS........................................................................................................... 69
CAPÍTULO 1
TÉCNICAS ESPECTROSCÓPICAS DE INFRAVERMELHO.............................................................. 69
CAPÍTULO 2
ESPECTROSCOPIA DO ULTRAVIOLETA VISÍVEL (UV/VIS)................................................................ 78
CAPÍTULO 3
ESPECTROSCOPIA DE ABSORÇÃO ATÔMICA E RAIO X............................................................. 88
UNIDADE V
FUNDAMENTOS DE ELETROANALÍTICA................................................................................................... 98
CAPÍTULO 1
OS PRINCÍPIOS DOS MÉTODOS ELETROANALÍTICOS................................................................. 98
CAPÍTULO 2
A CONDUTOMETRIA COMO TÉCNICA ELETROANALÍTICA........................................................ 108
Caro aluno
Conselho Editorial
5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Atenção
6
Saiba mais
Sintetizando
7
Introdução
Nas últimas décadas, uma série de detectores foram desenvolvidos para analisar a
composição de substâncias químicas diversas. A cor apresentada pelas soluções, de
início observada visualmente em procedimentos titulométricos, hoje pode ser medida
precisamente por meio de instrumentos dedicados, como a Espectroscopia. As
análises espectroscópicas são, contudo, muito mais abrangentes do que a análise de
cores visíveis, isso porque permitem a quantificação da interação de materiais com luz e
radiação de diversas características e o exame de diferentes propriedades das moléculas
de interesse.
Espera-se, neste momento, que o aluno possua conhecimentos de Química Geral para
acompanhar o curso ministrado. Contudo, os conceitos essenciais e aspectos mais
fundamentais serão explicitados ao longo do texto.
8
Objetivos
» Compreender os princípios físico-químicos envolvidos nos métodos
apresentados.
9
REVISÃO CONCEITUAL UNIDADE I
11
CAPÍTULO 1
Estrutura da matéria
Os átomos eram tidos como as menores partículas constituintes da matéria até o final
do século XIX, quando experimentos utilizando fortes campos elétricos foram capazes
de separar componentes internos dos átomos.
12
REVISÃO CONCEITUAL │ UNIDADE I
Próton
Nêutron
Elétron
Cada átomo em estado fundamental possui carga nula. Dessa forma, eles apresentam o
mesmo número de prótons e de elétrons. Entretanto, em algumas condições, os átomos
podem “perder” elétrons, tornando-se positivos, ou “ganhar” elétrons, tornando-se
negativos. Por quais motivos um átomo pode querer mudar sua carga, visto que isso
provoca uma desigualdade no balanço de carga?
13
UNIDADE I │ REVISÃO CONCEITUAL
14
REVISÃO CONCEITUAL │ UNIDADE I
LEE, J. D. Química Inorgânica não tão concisa. 5. ed. São Paulo: Editora Blucher,
1999.
Além de seu número atômico, o meio no qual o átomo se encontra é muito importante
na formação de íons. Em alguns casos, moléculas de solvente do meio possuem
capacidade de estabilização de cargas mediante a solvatação, um composto pode se
dissociar doando elétrons para uma espécie e prótons para outra.
Eixo rotacional
Elétron
15
UNIDADE I │ REVISÃO CONCEITUAL
Definida como capacidade de realizar trabalho, a energia é uma entidade que pode
assumir diversas formas, de acordo com o sistema em que se encontra. Por exemplo,
um corpo em movimento realiza trabalho relativo ao deslocamento de sua massa, e uma
energia é atribuída a esse movimento. Em outra situação, um corpo afastado a certa
altura do chão, se não está preso a nada, inicia um movimento acelerado em função da
gravidade. Uma energia é atribuída também a essa capacidade de realizar tal trabalho
de aceleração dessa massa, mesmo que o objeto ainda esteja em repouso.
Ainda em relação ao exemplo mecânico: vamos considerar que o corpo se mova para
cima, em direção oposta ao campo gravitacional (ou seja, para cima). A gravidade
realiza uma força sobre o corpo, e ele se desacelera à medida que sobe. A energia em
relação ao movimento (cinética) diminui, no entanto ele incorpora a energia potencial
em relação à altura na qual ele se encontra. O mesmo raciocínio pode ser realizado para
o objeto solto de uma certa altura: ele começa a ganhar velocidade e energia cinética,
mas diminui sua energia potencial.
Assim como na analogia mecânica, alguns eventos atômicos e moleculares podem ter
energias associadas, e a mudança entre dois estados pode provocar a interconversão
dessa energia. Os eventos podem ser bastante variados, assim como as formas que a
energia se manifesta, conforme pode ser visto no quadro a seguir.
Nas técnicas de análise estudadas nesta apostila, veremos diversas formas nas quais a
energia pode se apresentar. Algumas reações químicas promovem esse fluxo, como será
visto na próxima seção. Em alguns casos, a energia pode ser fornecida para promover
16
REVISÃO CONCEITUAL │ UNIDADE I
perturbações no sistema. Cada uma dessas situações será discutida ao longo desta
apostila.
Uma das formas de energia que mais comumente se usa para estudar a matéria é a
energia eletromagnética. Essa forma de energia pode assumir uma ampla gama de
intensidades, e pode ser utilizada para acessar características bastante diversas da
matéria. A esse tipo de estudo se dá o nome de espectroscopia, assunto que será tratado
nas unidades III e IV.
A matéria formada por partículas carregadas também pode reagir a campos elétricos.
Tais campos podem induzir um comportamento no sistema sem perturbar a sua
composição em alguns casos, mas pode também provocar reações químicas dependendo
de sua intensidade. As técnicas eletroquímicas, que estudam as interações da matéria
com o campo elétrico, serão estudadas nas unidades V e VI desta apostila.
17
CAPÍTULO 2
Reação química e estequiometria
As reações químicas podem ser vistas como o rearranjo de átomos para a formação de
diferentes moléculas, gerando diferentes compostos. Tomemos como exemplo a reação
entre o nitrato de prata e o ácido clorídrico, apresentada na figura.
Fonte: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/b8/Silver_chloride_%28AgCl%29.jpg>.
Acesso em: 8 mai. 2018.
Nessa figura, podemos ver uma pluma branca se formando em meio a uma solução
incolor. Essa pluma, formada no momento em que a solução límpida contendo nitrato
de prata entrou em contato com a solução igualmente límpida contendo cloreto, pode
ser explicada por esta reação esquematizada:
AgNO 3(s) + HCl (aq) →
← AgCl ↓ (s) + HNO 3 (aq)
Note que entre os reagentes e os produtos são representadas duas setas, para cada um
dos lados, indicando um movimento mútuo. Apesar do nome comumente utilizado,
na realidade as reações químicas não ocorrem apenas em uma direção; na maioria
dos casos, formam-se, simultaneamente, produtos a partir dos reagentes e reagentes a
partir dos produtos. Assim, dizemos que ocorre um equilíbrio químico entre essas
espécies, e as proporções entre produtos e reagentes variam de acordo com a reação
estudada. Esse tópico, abordado na apostila QF2, não será explicitado neste momento.
Podemos ver, ainda, indicações do estado físico dos reagentes, em parênteses subscritos
ao lado direito das espécies de reação. Por exemplo, vemos que tanto o ácido clorídrico
quanto o nitrato de prata e o ácido nítrico estão em meio aquoso (solubilizados em
18
REVISÃO CONCEITUAL │ UNIDADE I
água, indicados pela inscrição “(aq)”), enquanto o cloreto de prata está em estado sólido
(indicado pela inscrição “(s)”, frequentemente acompanhado de uma seta para baixo).
NOTA: Como podemos ver, essa reação corresponde à formação de um sólido por meio de
uma reação específica, tratando-se de uma reação de precipitação. Essa reação permite
a identificação de cloreto, conforme demonstrado, ou de prata, no uso de cloreto como
reagente em amostra contendo prata. O sólido obtido ao final da reação pode ser filtrado
e quantificado por gravimetria, conforme descrito no módulo QF2; no entanto, outras
formas de se utilizar essa reação para quantificação serão apresentadas adiante.
É interessante notar que a soma das massas dos reagentes é igual à soma da massa dos
produtos, logo a massa em um processo físico ou químico se mantém constante. Essa
lei é conhecida como lei de conservação das massas ou Lei de Lavoisier, ela é
válida para qualquer transformação em sistema fechado.
O exercício a seguir exemplifica como utilizar essa lei nos cálculos de reações químicas:
RESPOSTA:
Pela Lei de Lavoisier, temos que a massa total dos produtos é igual à massa total dos
reagentes. Desse modo, temos:
73 + 58 = x + 36
X = 95 g
19
UNIDADE I │ REVISÃO CONCEITUAL
Em sistema aberto, parte dos componentes pode ser perdida para o meio
externo ou mesmo adicionada a partir dele. Ainda assim, é possível considerar o
sistema contendo o meio externo como um único sistema, mais abrangente, no
qual a lei da conservação das massas é válida.
Como se pode ver na combustão do octano (Figura 5), cada molécula apresenta uma
composição específica de átomos e índices correspondentes à quantidade dessas
moléculas envolvidas na reação. Muitas vezes, podemos estimar ou sabemos por alguma
fonte de informação os produtos de uma determinada reação, e precisamos estimar
a quantidade de moléculas envolvidas (consumidas e geradas) no processo. O acerto
desses coeficientes é chamado balanceamento da equação ou cálculo estequiométrico.
2H2 + O2 → 2 H2O
Fonte: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/53/Balancing_chemical_equation_-_formation_of_water.png>.
Acesso em: 8 mai. 2018 (com adaptações).
20
REVISÃO CONCEITUAL │ UNIDADE I
Realizada essa etapa, vamos comparar a quantidade de átomos em cada lado da reação.
Os átomos que possuírem quantidades diferentes em cada lado devem ser multiplicados
de forma a igualar os dois lados da equação. Por exemplo, para cada molécula de butano
são geradas quatro moléculas de gás carbônico (equilibrando o número de átomos de
carbono) e cinco moléculas de água (igualando o número de átomos de hidrogênio).
Seguindo o mesmo raciocínio, ajuste o índice para o átomo de oxigênio. Realizadas
essas etapas, chegamos à equação balanceada:
C 4H10 + 6,5 O2 =4CO2 + 5H2 O
Em reações como a descrita acima, é mais difícil prever as proporções de cada um dos
produtos, dependendo da condição inicial de reação, assim são conhecidas como não
estequiométricas. Por seu turno, na precipitação do cloreto de prata (Figura 4), há
mais previsibilidade, portanto reações com proporções definidas são conhecidas como
estequiométricas.
Outro fenômeno que frequentemente ocorre em uma reação química é a troca de calor
com o ambiente. No caso da queima, é bastante aparente que a formação dos gases
também aumenta muito a temperatura do entorno. Dizemos que processos deste
tipo são exotérmicos. Já os processos que diminuem a temperatura do entorno,
absorvendo energia do meio, são chamados de endotérmicos.
A + B → C + D + ENERGIA
(reações exotérmicas – liberam energia para o ambiente ao formar os produtos)
A + B + ENERGIA → C + D
(reações endotérmicas – absorvem energia do ambiente ao formar os produtos)
Em muitos casos, não apenas ocorre o rearranjo dos átomos em diferentes moléculas
e/ou a transferência de calor entre espécies químicas, mas existe também o trânsito de
elétrons entre diferentes átomos. Esse tipo de reação é denominado oxirredução. Nas
21
UNIDADE I │ REVISÃO CONCEITUAL
reações de oxirredução, uma espécie transfere algum(ns) de seus elétrons para outra,
formando espécies químicas diferentes.
Nas reações de oxirredução, sempre existe pelo menos uma espécie que doa elétrons
e ao menos uma que recebe elétrons. Dizemos que a espécie que doa elétrons sofre
oxidação, enquanto a espécie que recebe elétrons sofre redução. Em uma reação
química, dizemos que a espécie que sofre oxidação é redutora, pois, para doar elétrons,
precisa reduzir outra espécie. Em raciocínio análogo, dizemos que uma espécie que sofre
redução é oxidante. O exemplo mais intuitivo de oxidação é o processo de queima.
Contudo, como podemos saber quando uma espécie está sofrendo oxidação ou redução?
Para tanto, precisamos calcular seu estado de oxidação. O número de oxidação (Nox)
consiste na proporção entre elétrons e prótons que um átomo apresenta em uma
substância. Ou seja, caso ele não receba nem doe prótons a nenhum outro átomo, seu
número de oxidação será zero, situação que ocorre em substâncias puras.
Quando falamos de íons atômicos, por exemplo Fe3+, Zn2+, Ag+, Cl-, O2-, o número
de oxidação é a carga do íon. Nesse caso, são, respectivamente, +3, +2, +1, -1 e -2.
Oxidação
(perde elétron)
Ferroso Férrico
Redução
(ganha elétron)
Agentes Redutores
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REVISÃO CONCEITUAL │ UNIDADE I
Vale lembrar que alguns elementos apresentam um estado mais comum de oxidação.
Destacamos aqui a família dos metais alcalinos (grupo I da tabela periódica), que
apresentam carga +1; a família dos metais alcalinos terrosos (grupo II da tabela
periódica), que apresentam carga +2; e os halogênios (grupo XVII da tabela periódica),
que apresentam carga -1. O oxigênio, exceto quando ligado ao flúor, possui Nox -2. O
hidrogênio possui Nox +1 quando ligado a ânions e compostos orgânicos, e -1 quando
ligado a metais.
Vamos considerar, por exemplo, a molécula de Fe2O3. Sendo uma molécula neutra, a
soma dos números de oxidação dos dois átomos de ferro deve ser o oposto (igual em
magnitude e de sinal contrário) da soma dos números de oxidação dos três átomos
de oxigênio. Dessa forma, considerando que o estado de oxidação do oxigênio é -2,
podemos resolver a equação:
2N Fe + 3N O =
0
2N Fe + 3 ( −2 ) =
0
N Fe = + 3
2N Cr + 7N O =
−2
2N Cr + 7 ( −2 ) =−2
N Cr = + 6
23
UNIDADE I │ REVISÃO CONCEITUAL
Já o cálculo do Nox de uma espécie orgânica costuma ser mais difícil pela complexidade
das ligações que estas geralmente apresentam, mas a forma de se calcular é similar.
Para tanto, precisamos considerar a estrutura do composto.
4N C + 10N H =
0
4N C = − 10
N C = − 2,5
O número fracionário de Nox para o átomo de carbono pode parecer estranho, pois
não podemos transferir meia carga em uma ligação. O cálculo, a rigor, no entanto, deve
considerar cada átomo de carbono isoladamente e, a partir dele, contabilizar a quantos
átomos de hidrogênio e de carbono ele se liga. Desse modo, podemos ver que o Nox dos
carbonos centrais (2 e 3) da molécula de butano (com 2 ligações em H e 2 em C) tem
Nox -2, enquanto os das extremidades da molécula (com 3 ligações em H e 1 em C) tem
Nox 3.
N C + 2N O =
0
NC = +4
Dessa maneira, a oxidação do butano pode ser comprovada pela mudança do Nox do
carbono na reação, indo de -2 ou -3 (sendo -2,5 na média) para +4. E, como falamos
anteriormente, para uma espécie se oxidar, outra precisa se reduzir.
24
REVISÃO CONCEITUAL │ UNIDADE I
espécie molecular, como o oxigênio se liga a ele mesmo, os elétrons ficam igualmente
distribuídos, logo seu Nox é zero.
O cálculo do Nox, com base nos reagentes e produtos de uma reação química, nos permite
saber qual espécie sofre oxidação e qual espécie sofre redução em uma reação química.
Em algumas situações, no entanto, não sabemos de antemão qual reação química pode
ocorrer entre duas espécies que sofrem processo oxirredutivo. Para diferentes pares,
como saber qual espécie se reduz e qual espécie se oxida?
Reação E0 a 25ºC, V
Cl2 (g) + 2e- = 2Cl- +1,359
O2(g) + 4H+ + 4e- = 2H2O +1,229
Fe+3 + e- = Fe+2 +0,771
2H + 2e = H2(g)
+ -
0,000
Pb + 2e = Pb(s)
+2 -
-0,350
Cd + 2e = Cd(s)
+2 -
-0,403
Zn+2 + 2e- = Zn(s) -0,763
Essa tabela apresenta semirreações de redução para diversas espécies. Cada uma delas
possui um potencial de redução, de forma que uma semirreação com maior potencial
tende a ser mais espontânea.
25
UNIDADE I │ REVISÃO CONCEITUAL
Note que as semirreações são apresentadas no sentido das reduções. Para descobrirmos
os potenciais das oxidações, basta invertemos a ordem apresentada da reação, invertendo
o sinal de potencial apresentado.
Para entendermos como calcular o potencial de uma reação e como ela interfere no
sentido de formação de espécies químicas, vamos considerar dois pares redox da tabela
e vamos calcular seu potencial de reação e, consequentemente, a direção de sua reação.
Cu Zn
ZnSO4 CuSO4
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REVISÃO CONCEITUAL │ UNIDADE I
Na segunda situação (à direita), uma chapa de cobre é imersa em uma solução de zinco
(II), podendo ocorrer oxidação do zinco, que se dissolveria na solução, formando cobre
(II), e a redução do zinco, formando zinco metálico depositado sobre a chapa.
Vamos observar agora os potenciais das reações envolvidas. A redução do cobre possui
potencial padrão E = +0,337 V, enquanto a reação de redução do zinco possui potencial
padrão E = -,763 V. Para quantificarmos o potencial de reação de redução do cobre
pelo zinco, somamos a reação de redução do zinco com a reação de redução do cobre,
somando o potencial de redução do zinco com o inverso do potencial de redução do
cobre, conforme vemos abaixo:
Vamos agora realizar o processo oposto: somemos a redução do cobre com a oxidação
do zinco, invertendo as reações e os potenciais de acordo com a reação buscada:
27
UNIDADE I │ REVISÃO CONCEITUAL
3. Balanceie todos os elementos nas duas semirreações (não faça nada com
o oxigênio nem com o hidrogênio);
Ao adicionar ..... OH- ..... → .... H2O ..... você adiciona um átomo de H do
lado direito.
Ao adicionar ..... H2O .... → ..... OH- .... você adiciona um átomo de H do
lado esquerdo.
28
REVISÃO CONCEITUAL │ UNIDADE I
2. A equação – base:
29
UNIDADE I │ REVISÃO CONCEITUAL
› 2MnO4- (aq) + Br- (aq) + H2O (l) → 2MnO2(s) + BrO3- (aq) + 2 OH- (aq)
Essa revisão conceitual e os conceitos aprendidos no curso QF2 dão base à compreensão
dos fenômenos analíticos a serem estudados.
30
MÉTODOS UNIDADE II
TITULOMÉTRICOS
Os métodos titulométricos, os quais utilizam o volume de uma solução como sinal
analítico, têm seu primeiro registro como um método analítico no início do século
XVIII. Em seu início, eles não foram bem recebidos pelos químicos analíticos daquela
época, porque sua precisão e sua exatidão não eram compatíveis com as dos métodos
gravimétricos. Não surpreendentemente, poucos textos de referência da época incluem
métodos de análise titrimétricos.
CAPÍTULO 1
Gravimetria e titulometria
A gravimetria por precipitação foi desenvolvida primeiro como um método analítico sem
uma teoria geral de precipitação. Uma relação empírica entre a massa de um precipitado
e a massa de analito em uma amostra – o que os químicos analíticos chamam de fator
gravimétrico – foi determinada experimentalmente tomando uma massa conhecida de
analito através do procedimento.
O íon cálcio é precipitado na forma do sal orgânico oxalato de cálcio (pouco solúvel)
com ácido oxálico H2C2O4. O precipitado CaC2O4 é coletado em papel de filtro (este será
convertido em CO2 (gás) e H2O (vapor) pela ação oxidante do O2 atmosférico, sendo
estes então eliminados), seco e aquecido até o rubro (calcinação). O processo converte
o precipitado quantitativamente para óxido de cálcio (cal). O precipitado depois
de calcinado é resfriado em dessecador e pesado. Usa-se um cadinho previamente
aquecido, resfriado e pesado para a ignição do precipitado.
31
UNIDADE II │ MÉTODOS TITULOMÉTRICOS
CaO → Ca+2
1 x PM CaO → 1 x PM Ca+2
mCaO → mCa
mCa g → 200 ml
x g → 100 ml
x g = 0,081 x 100/200
32
MÉTODOS TITULOMÉTRICOS │ UNIDADE II
Infelizmente, para a maioria das reações de titulação, não há sinais óbvios quando
atingimos o ponto de equivalência. Em vez disso, paramos de adicionar o titulante em
um ponto final de nossa escolha. Muitas vezes, esse ponto final é uma mudança na
cor de uma substância, chamada de indicador, que adicionamos à solução do titulado.
A diferença entre o volume do ponto final e o volume do ponto de equivalência é um
erro de titulação determinado. Se o ponto final e os volumes do ponto de equivalência
coincidirem de perto, esse erro será insignificante e ignorado com segurança.
Claramente, selecionar um ponto final apropriado é de importância crítica.
Quase qualquer reação química pode servir como um método de titulação desde que
atenda às quatro condições a seguir. A primeira condição é que devemos conhecer a
estequiometria entre o titulante e o titulado. Se esse não for o caso, então não podemos
converter as moles de titulante usadas para alcançar o ponto final para as toupeiras de
titulação em nossa amostra. Em segundo lugar, a reação de titulação deve ser concluída,
isto é, a mistura estequiométrica do titulante e do titulado deve resultar em sua reação
completa. Terceiro, a reação de titulação deve ocorrer rapidamente. Se adicionarmos
o titulante mais rápido do que ele pode reagir com o titulado, então o ponto final e o
ponto de equivalência serão significativamente diferentes. Finalmente, devemos ter um
33
UNIDADE II │ MÉTODOS TITULOMÉTRICOS
método adequado para determinar com precisão o ponto final. Essas são limitações
significativas e, por esse motivo, existem várias estratégias comuns de titulação.
Um exemplo simples de uma titulação é uma análise para Ag+ usando tiocianato, SCN–,
como titulante.
Essa reação ocorre rapidamente e com uma estequiometria conhecida, o que satisfaz
duas das nossas exigências. Para indicar o ponto final da titulação, adicionamos uma
pequena quantidade de Fe3+ à solução do analito antes de começarmos a titulação.
Quando a reação entre Ag+ e SCN– é completa, a formação do complexo Fe(SCN)2+
vermelho-colorido sinaliza o ponto final. Esse é um exemplo de uma titulação direta,
uma vez que o titulante reage diretamente com o analito.
Infelizmente, para a maioria das amostras, essa titulação não tem um indicador útil.
Em vez disso, reagimos o Ca2+ com um excesso de MgY2–, liberando uma quantidade
de Mg2+ equivalente à quantidade de Ca2+ na amostra. Como a titulação de Mg2+ com
EDTA possui um ponto final adequado, podemos concluir a análise. A quantidade
de EDTA usada na titulação fornece uma medida indireta da quantidade de Ca2+ na
amostra original. Como as espécies que estamos titulando foram substituídas pelo
analito, chamamos isso de titulação de deslocamento.
Se não houver uma reação adequada com o analito, pode ser possível gerar uma espécie
que possamos titular. Por exemplo, podemos determinar o teor de enxofre do carvão
usando uma reação de combustão para converter o enxofre em dióxido de enxofre
e depois converter o SO2 em ácido sulfúrico, H2SO4, borbulhando-o através de uma
34
MÉTODOS TITULOMÉTRICOS │ UNIDADE II
Como pode ser visto brevemente na apresentação do texto acima, existem uma grande
variedade de reações e sistemas químicos que podem ser utilizados para determinações
titulométricas. As reações a serem utilizadas podem ser encontradas em literatura
de referência, contudo as reações podem ser classificadas em alguns grupos a serem
descritos ao longo deste texto, bem como algumas peculiaridades frequentes e algumas
estratégias.
Nas titulações ácido-base, uma amostra com característica alcalina pode ser
determinada pela adição de um composto ácido, ou uma amostra ácida pode ser
determinada utilizando-se um composto alcalino.
RESPOSTA:
Dados:
CNH3 = 9,5 g/L;
VNH3 = 5,0 ml;
MHCl =0,100 mol/L;
VHCl = 25 ml;
MNH3 = ? mol/L
Olhando os dados da tabela, calculamos que a massa molar (MM) da amônia é igual a
17 g/mol. Assim, segundo os dados do rótulo, a concentração da amônia seria:
C NH3
MNH3 =
MN NH3
35
UNIDADE II │ MÉTODOS TITULOMÉTRICOS
9,5 g L
MNH3 =
17 g mol
MNCl ⋅ VNCl
MNH3 =
VNH3
0,1 mol L ⋅ 25 ml
MNH3 =
5,0 ml
Bureta com o
titulante
Erlenmeyer com o
titulado + indicador
ácido/base
Fonte: <http://ebah.com.br/content/ABAAAgm3EAA/relatorio-quimica-analitica-refrigerante>.
Acesso em: 15 mai. 2018.
Como já visto na apostila QF2, a reação envolvida nesse tipo de titulação é a combinação
do íon hidroxila com o próton, formando uma molécula de água, conforme esta equação:
Como também visto na apostila anterior, diferentes ácidos e bases possuem diferentes
comportamentos em solução, de acordo com seu grau de dissociação. Ácidos e bases
fortes, como ácido clorídrico e hidróxido de sódio, respectivamente, podem ser
36
MÉTODOS TITULOMÉTRICOS │ UNIDADE II
Vamos calcular o pH de uma titulação de um ácido forte por uma base forte, de acordo
com cada adição realizada. Para tanto, consideremos que uma amostra contendo 10
ml de ácido clorídrico (HCl), 0,1 mol.L-1, seja titulada com uma solução 0,1 mol.L-1 de
hidróxido de sódio (NaOH).
pH = -log([H+])
pH = -log(0,1)
pH = -(-1) = 1
Assim, vemos que a solução inicia com pH bastante baixo. O que acontece quando
adicionamos 1 ml de solução de NaOH 0,1 mol.L-1? Podemos considerar que todos
os íons hidroxila adicionados à amostra reagem com parte dos prótons presentes
em solução. Precisamos calcular, então, quantos prótons restam em solução após a
referida adição.
Vamos calcular o que ocorre, passo a passo. Inicialmente, quantos íons H+ estão
presentes nos 10 ml de solução? Pela definição, a concentração é a quantidade de íons
presentes em um dado volume de solução, podemos calcular a quantidade de íons em
solução com base na concentração e no volume:
C = Q/V
0,1 = Q/0,01
Q= 1,0 . 10-3 mol
37
UNIDADE II │ MÉTODOS TITULOMÉTRICOS
C = Q/V
0,1 = Q/0,001
Q = 1,0.10-4 mol
Considerando que todos os íons hidroxila adicionados foram consumidos pelos prótons
presentes em solução, a quantidade de prótons restantes é:
QH = 1,0.10-3 - 1,0.10-4
QH = 9,0.10-4 mol
Vtotal = 11 ml
[H+] = QH/Vtotal
[H+] = 9.10-4/0,011
E o pH da solução:
pH = -log([H+])
pH = -log(8,2.10-2)
pH = 1,1
38
MÉTODOS TITULOMÉTRICOS │ UNIDADE II
Vemos que a mudança de pH foi bastante discreta na adição de uma pequena quantidade
de titulante. Podemos, da mesma forma, calcular o pH para cada um dos volumes
adicionados, mas daremos atenção a três volumes em especial.
C = Q/V
0,1 = Q/0,0099
Q = 9,9.10-4 mol
QH = 1,0.10-3 - 9,9.10-4
QH = 1,0.10-5 mol.L-1
E o volume de solução:
Vtotal = 19,9 ml
[H+] = QH/Vtotal
[H+] = 1.10-5/0,0199
E o pH da solução:
pH = -log([H+])
pH = -log(5,0.10-4)
pH = 3,3
39
UNIDADE II │ MÉTODOS TITULOMÉTRICOS
Como podemos imaginar, os íons Na+ e Cl- presentes em solução não terão interação
com os íons H+ e OH- eventualmente disponíveis em solução. A molécula de água,
contudo, apresenta uma reação de dissociação (conforme apresentado na apostila
QF2), descrita pela equação:
Quando as concentrações dos íons H+ e OH- são iguais em solução aquosa, podemos
calcular o pH da solução utilizando a equação acima:
[H+][OH-] = 10-14
x.x = 10-14
x=10-7 mol/L-1
E o pH da solução é:
pH = -log([H+])
pH = 7
40
MÉTODOS TITULOMÉTRICOS │ UNIDADE II
Para termos uma noção maior da variação, vamos considerar agora o que ocorre no
momento da adição de 10,1 ml de titulante. Nesse caso, todos os íons H+ da solução
são consumidos, de forma que a solução final apresenta excesso de íons OH-. Vamos
calcular a quantidade de íons OH- adicionada:
C = Q/V
0,1 = Q/0,0101
Q = 1,01.10-3 mol.L-1
Vtotal = 20,1 ml
[OH-] = QOH/Vtotal
[OH-] = 1.10-5/0,0201
[H+][OH-] = 10-14
pH = -log([H+])
pH = 10,7
41
UNIDADE II │ MÉTODOS TITULOMÉTRICOS
Parece que, de maneira ainda mais impressionante, a adição de apenas 0,1 ml na solução
anterior sobe o pH novamente mais de três unidades! De novo, esse resultado é bem
mais fácil de ser entendido e visualizado quando acompanhado pelos cálculos.
Vtit/mL 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
pH 1,0 1,1 1,2 1,3 1,4 1,5 1,6 1,8 2,0 2,3 7,0 12,3 12,6 12,8 13,0 13,1 13,2 13,3 13,4
Gráfico 1 - Titulação de ácido clorídrico com hidróxido de sódio calculada pelo freeware CurTiPot.
6,0
4,0
2,0
0,0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0
Volume de titulante (mL)
Tomemos como exemplo, agora, a titulação do ácido acético por hidróxido de sódio,
considerando as mesmas concentrações do exemplo anterior. Como será a curva de
titulação apresentada? Será semelhante à curva apresentada anteriormente? Quais as
diferenças, se houver?
42
MÉTODOS TITULOMÉTRICOS │ UNIDADE II
espécie, o ácido acético, enquanto ácido fraco, apresentará dissociação parcial e apenas
parte de suas moléculas liberarão prótons para o meio. Desse modo, a curva de titulação
começa com um pH mais alto da amostra.
O valor de pH de uma solução de ácido fraco, tal como o acético 0,1 mol.L-1 (pH =
2,9), pode ser calculado por meio da lei da ação das massas, utilizando a constante de
dissociação do ácido acético.
-9
K = 10
a
-7
Ka = 10
pH
pH
-5
K = 10
a
-3
Ka = 10
43
UNIDADE II │ MÉTODOS TITULOMÉTRICOS
14,0 Titulação do ácido fosfórico (20 ml, 0,05 mol/L, com NaOH 0,1 mol/L)
12,0
10,0
8,0
pH
6,0
4,0
2,0
0,0
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0
Volume de titulante (mL)
Gráfico 5 - Titulação de mistura de ácido forte e fraco calculada pelo freeware CurTiPot.
10,0
8,0
pH
6,0
4,0
2,0
0,0
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0
Volume de titulante (mL)
Perceba que, apesar de a titulação acima começar com um ácido forte e uma base forte,
sua inflexão é muito menos aparente do que quando ele se encontra puro no meio. Esse
comportamento, que ocorre devido à presença do ácido fraco ao final da titulação do
44
MÉTODOS TITULOMÉTRICOS │ UNIDADE II
ácido forte, faz com que o ponto de inflexão da curva seja menos abrupto, diferindo
também a alteração do pH.
O cálculo do pH nestas diversas situações pode ser realizado com base da lei da ação
das massas (apresentada na apostila QF2) e nos cálculos apresentados nessa unidade.
Contudo, a consideração de sistemas complexos envolve avaliação simultânea de
diversas equações e pode se tornar bastante complexo.
Logo ao abrir a planilha, a aba inicial mostra a capa do programa e uma descrição
de suas funcionalidades e seu desenvolvimento. É interessante notar que a
planilha não necessita de instalação para ser utilizada, bastando abrir o arquivo
pelo Microsoft Excel.
Abaixo da capa, podemos ver que há diversas abas para utilização da planilha. Não se
pretende, aqui, ensinar todas as funcionalidades desse extenso programa, de forma que
explicaremos o uso de algumas abas selecionadas.
Na primeira aba à direita da capa (pH), podemos ver uma tabela com os nomes de
algumas espécies químicas e alguns campos a serem preenchidos. O cálculo de pH
de uma mistura complexa de ácidos pode ser realizado simplesmente colocando a
concentração de cada um dos ácidos e procedendo o comando “Calcular pH e demais
45
UNIDADE II │ MÉTODOS TITULOMÉTRICOS
parâmetros”. A planilha apresenta um grande número de dados, mas vamos nos atentar
à concentração das espécies simuladas (Células A1 até I17) e pH final da solução (B23).
A tabela de compostos em solução apresenta diversas células para cada espécie descrita.
Cada campo dela pode ser entendido como uma das formas dissociadas dos compostos
simulados. Por exemplo, o ácido fosfórico pode sofrer três dissociações, conforme
equações:
As quatro entradas da tabela ([H3B], [H2B], [HB] e [B], correspondem, nesse caso,
respectivamente, ao ácido fosfórico (H3PO4), ao hidrogenofosfato (H2PO4-), ao
dihidrogenofosfato (HPO42-) e ao íon fosfato (PO43-), que podem ser adicionados à
solução na forma de sais.
A planilha usa a mesma notação para compostos alcalinos, a forma mais protonada
(que pode ser entendida como a “base titulada”) é aquela que apresenta maior número
de “Hs” na fórmula. Por exemplo, para o hidróxido de sódio,
a planilha entende que [b] seja a forma NaOH, enquanto [HB] seja o sódio puro em
solução (considere como se houvesse sido adicionado ácido a uma solução de NaOH,
consumindo os íons hidroxila).
Conceitualmente, os íons adicionados devem ter, no total, carga nula. Para tanto, é
necessário adicionar, na linha 15 da planilha, a concentração dos contraíons adicionados.
46
MÉTODOS TITULOMÉTRICOS │ UNIDADE II
Uma vez preenchida a planilha, basta proceder o cálculo com o botão da célula B19 e o
valor de pH da solução se apresenta calculado.
O programa possui uma ampla gama de ácidos e bases cadastrados, e a tabela pode ser
alterada de acordo com a amostra a ser utilizada. Para trocar algum dos compostos da
tabela, basta selecionar outros ácidos na linha 2 da tabela “pKa dos ácidos e bases em
solução” (presentes nas células J1 até Q12), e selecionar o botão “Carregar pKas dos
HiB”, na célula J1. Se o composto a ser titulado não aparecer na tabela, seu nome, a carga
de seu íon não protonado e seus valores de pKa podem ser adicionados manualmente
nas linhas 3 a 10 da mesma tabela.
De maneira similar, a curva de titulação completa pode ser simulada utilizando esta
planilha. Para tanto, utiliza-se a guia “Simulador”, de forma relativamente similar a
guia “pH”. Após preencher a concentração dos ácidos, da mesma forma que descrito
para a outra função da planilha, coloca-se a concentração do titulante, o volume de
amostra inicial e o volume utilizado durante a titulação (tabela A14 a H20). A curva é
gerada quando algum dos botões “Titular” (A27 para incrementos de pH constantes ou
A30 para incrementos de volume constantes).
Para fins didáticos, a planilha também permite que a titulação propriamente dita
seja simulada, com adições incrementais de volume. Seu uso é similar ao da aba de
“Simulação”, de modo que sua utilização não será explicada neste texto.
47
CAPÍTULO 2
Outros tipos de titulação e uso de
indicadores
Em alguns casos, um agente oxidante pode ser adicionado a uma amostra, sendo sua
concentração determinada pela estequiometria de sua oxidação. Nesse caso, dizemos
que se realiza uma titulação por oxirredução.
Vamos imaginar a seguinte situação: uma amostra, contendo um analito com capacidade
oxirredutora, apresenta um potencial de reação dependente da natureza do analito e da
proporção entre formas oxidadas e redutoras, de acordo com a equação de Nernst:
RT [Pr odutos]
=
E E0 − In
nF [Re agentes]
Um dado titulante, que irá reagir com a amostra, também possui características
similares de oxirredução. Quando a essa amostra é adicionada solução capaz de oxidar
ou reduzir o analito em questão, as proporções entre espécies oxidada e reduzida
mudam, mudando o potencial do meio.
Para facilitar nossos cálculos, podemos considerar o potencial do meio como o referente
à espécie titulada antes do ponto de equilíbrio, e à espécie titulante após. O gráfico de
48
MÉTODOS TITULOMÉTRICOS │ UNIDADE II
Note que, tanto no caso da volumetria redox quanto no caso da titulação ácido-base, a
variação de concentração do titulante e do titulado é linear, enquanto o sinal medido
(potencial ou pH) está em escala logarítmica. O grande salto ocorre quando a variação
do titulante deixa de ser zero e a adição aumenta a concentração em um grande número
de ordens de grandeza na viragem.
Figura 11 - Ácido etilenodiamino tetra-acético (EDTA), sem realizar complexação (à esquerda) e realizando
complexação (à direita).
Além das formas anteriormente citadas, também é possível proceder à titulação por
precipitação. Nela, o agente titulante forma um sal insolúvel com a amostra, sendo o
ponto estequiométrico o final da reação de precipitação.
Veja este exercício de titulação por precipitação: 40,00 ml de uma mistura contendo
0,0502 KI e 0,0500 M de KCl foram titulados com AgNO3 0,0845 M.
49
UNIDADE II │ MÉTODOS TITULOMÉTRICOS
[Ag+]=1,2*10-8 M
No ponto de equivalência,
nAg+=nI-
civi=cfvf
cf = 0,0314 M
Nesse momento, o quociente da reação será [Ag+][Cl-] = 1,2*10-8 *0,0314 = 3,76*10-10 >
Kps(AgCl). Logo ocorre precipitação de Cl-.
mesmo que as variações sejam bruscas. Nesses casos, é importante utilizar alguma
estratégia de detecção que possibilite observar esses pontos.
Uma das estratégias utilizadas há mais tempo é o uso dos chamados indicadores
visuais. Os indicadores são espécies químicas, muitas vezes orgânicas, que apresentam
variação de cor de acordo com o pH no qual se encontram. Um dos indicadores mais
utilizados para titulações ácido-base, por exemplo, é a fenolftaleína.
51
UNIDADE II │ MÉTODOS TITULOMÉTRICOS
Outro aspecto muito importante é o momento no qual a titulação deve ser considerada
encerrada. Apesar de haver grande diferença de cores entre as duas formas do indicador,
é necessário que o ponto final seja determinado pelo momento em que se iniciou a
primeira mudança fixa de cor do sistema. Caso a cor não seja visualizada no momento
correto, a análise realizada pode subestimar o valor a ser determinado, por adicionar
mais titulante do que o necessário. Como podemos ver na a seguir, a mudança sutil de
cor indica o ponto final da titulação (à esquerda), enquanto a coloração mais intensa (à
direita) indica adição de volume maior do que o necessário.
Existe uma grande variedade de indicadores para titulações ácido-base, e eles variam de
acordo com a cor que apresentam e a faixa de pH a qual respondem. A recomendação de
seu uso pode variar de acordo com o sistema estudado. Uma tabela com os indicadores
mais comuns, suas cores e o pH no qual operam se encontra na tabela a seguir.
Não apenas as titulações ácido-base possuem indicadores visuais que podem ser
colocados para indicar o ponto de equivalência de uma dada titulação. Uma série
de compostos é usualmente utilizada como indicadores nos mais diversos tipos de
titulação. Quais as propriedades que procuramos em indicadores visuais?
a. Fenolftaleína
52
MÉTODOS TITULOMÉTRICOS │ UNIDADE II
b. Tornassol azul
Meio ácido Meio básico Meio neutro
c. Azul de bromotimol
pH ácido
pH neutro
pH básico
53
UNIDADE II │ MÉTODOS TITULOMÉTRICOS
É interessante notar que a detecção visual também pode ser realizada instrumentalmente,
utilizando detecção espectroscópica, de forma que o processo pode ser completamente
automatizado. O funcionamento dos equipamentos de espectroscopia será discutido
posteriormente na apostila.
Os indicadores visuais, contudo, não são a única alternativa para a detecção do ponto
estequiométrico em titulações modernas. Outras propriedades da solução além da
mudança de cor são bastante utilizadas, conforme veremos ao longo desta apostila.
Outra propriedade que pode ser medida é a condutividade da solução, que varia de
acordo com a geração e o consumo de diversos íons durante o processo de titulação.
Esse assunto será retomado em momento oportuno, quando das explicações sobre
condutividade.
54
FUNDAMENTOS DE UNIDADE III
ESPECTROSCOPIA
CAPÍTULO 1
Princípios da radiação eletromagnética
55
UNIDADE III │ FUNDAMENTOS DE ESPECTROSCOPIA
f = c/ λ
A velocidade da luz pode variar de acordo com o meio no qual ela se propaga. Como
a velocidade de propagação da luz no ar em pressão ambiente é muito próxima da
velocidade de propagação da luz no vácuo, consideramos o último valor nos nossos
cálculos.
56
FUNDAMENTOS DE ESPECTROSCOPIA │ UNIDADE III
Luz visível
700 - 400nm
Infravermelho
Ultravioleta
Rádio
Raio X
Baixas
Ondas
Gama
Raios
Micro-
ondas
Fonte: <http://labcisco.blogspot.com/2013/03/o-espectro-eletromagnetico-na-natureza.html>.
Acesso em: 2 jun. 2018.
Mesmo que não haja um relógio para contar, esses fenômenos descritos são bastante
intuitivos. Não se espera que seja possível balançar uma criança se a empurramos sem
57
UNIDADE III │ FUNDAMENTOS DE ESPECTROSCOPIA
Fonte: <http://images.mentalfloss.com/sites/default/files/styles/mf_image_16x9/public/75875487978.png?itok=kPDb6stJ&resize
=1100x619>. Acesso em: 2 jun. 2018.
Uma série de exemplos pode ser citada, e alguns processos ainda serão mais bem
explorados; entretanto, uma vez compreendido o fenômeno de ressonância, vamos
retomar a interação da radiação eletromagnética com a matéria.
Essa radiação, conforme podemos ver na Figura 18, pode se apresentar em uma grande
variedade de frequências, cada faixa de frequências interage com uma propriedade da
matéria. Essa figura mostra a grande variedade que a espectroscopia pode apresentar.
Cada tipo de interação ilustrada para cada faixa de frequências é examinado em uma
técnica espectroscópica diferente, e cada uma fornece informações bastante distintas
sobre materiais diversos.
58
FUNDAMENTOS DE ESPECTROSCOPIA │ UNIDADE III
E Níveis de Níveis de
energia energia
rotacional vibracional
Cada técnica será abordada brevemente na sequência, dando-se maior atenção àquelas
que apresentam maior interesse analítico.
59
UNIDADE III │ FUNDAMENTOS DE ESPECTROSCOPIA
- 10 8 Número de
10 1 10 10 10 -1
2 0 4
6 onda, cm
Compriment
10m 100cm 1 cm 100um 1000 nm 10 nm 100pm o de onda
Frequência,
6 8 10 12 14 16 18 Hz
3 x 10 3 x 10 3 x 10 3 x 10 3 x 10 3 x 10 3 x 10
-3 -1 3 5 7 9 Energi
10 10 10 10 10 10 10
a,
=‘
J mol
Tipo de RM RS Micro- Infravermelho Visível e Raios Raios
espectroscopia N E onda Ultravioleta X gama
Apesar de ser uma técnica bastante poderosa em seu contexto, as aplicações analíticas
da RMN não contemplam análises forenses, de modo que não a discutiremos com
maiores detalhes aqui.
Em faixas de energia um pouco mais altas, a radiação já interage com o spin eletrônico
dos átomos. A espectrosocopia por ressonância de spin eletrônico (RSE) é
utilizada para medida de espécies paramagnéticas, em especial radicais livres. É uma
técnica extremamente importante para estudos mecanísticos, de reações químicas, mas
não é especialmente relevante para análises forenses.
Subindo-se a faixa de energia, chega-se à faixa dos micro-ondas, com as quais se realizam
as espectroscopias rotacionais. Também é uma modalidade bastante utilizada em
estudos físico-químicos, mas geralmente não é utilizada para fins analíticos.
60
FUNDAMENTOS DE ESPECTROSCOPIA │ UNIDADE III
técnicas extremamente relevantes para fins analíticos. Cada uma delas será apresentada
em maiores detalhes ao longo do texto, mostrando seus efeitos e potencialidades. A
espectroscopia por raios X também é relevante para fins analíticos e, por isso, será
apresentada aqui.
61
CAPÍTULO 2
Espectroscopia no infravermelho e
ultravioleta visível
Vibrações
Cada um dos movimentos pode gerar uma diferença local no momento dipolar da
molécula. Cada modo de vibração que gere essa diferença pode ser associado a uma
energia e interagirá diretamente com a radiação no infravermelho.
62
FUNDAMENTOS DE ESPECTROSCOPIA │ UNIDADE III
(a) Vapor
(b) Solução
de Hexano
Absorbância
(c) Solução
aquosa
Comprimento de onda, nm
63
UNIDADE III │ FUNDAMENTOS DE ESPECTROSCOPIA
Espectroscopia UV-Vis
A espectroscopia das radiações eletromagnéticas visíveis e o ultravioleta interagem
com os elétrons das camadas externas das moléculas. É essa estrutura responsável pela
cor das substâncias conforme as vemos. É importante entendermos a forma que vemos
essas cores, pois tais conceitos são válidos para todos os tipos de espectroscopia.
O físico Isaac Newton, em 1665, demonstrou que a luz solar é composta de diferentes
comprimentos de onda. Ao passar essa luz por um prisma de vidro, os comprimentos
de ondas são separados e observamos então as diferentes cores do espectro do visível.
Fonte: <https://integrandoconhecimento.com/single-post/2016/03/03/Como-funciona-um-prisma>.
Acesso em: 2 jun. 2018.
Luz branca
Luz branca
Luz vermelha
Luz
branca/
Luz violeta
Fonte: <https://integrandoconhecimento.com/single-post/2016/03/03/Como-funciona-um-prisma>.
Acesso em: 2 jun. 2018.
64
FUNDAMENTOS DE ESPECTROSCOPIA │ UNIDADE III
Quando ela incide sobre um objeto, essa luz pode sofrer diferentes fenômenos,
dependendo do objeto. Ela pode ser transmitida, absorvida, refletida ou dispersa pelo
objeto.
ABSORÇÃO
REFLEXÃO
DISPERSÃO
65
UNIDADE III │ FUNDAMENTOS DE ESPECTROSCOPIA
Um material que não interaja, de forma alguma, com a luz, é dito transparente. Por
exemplo, vemos a luz branca passando pelo ar sem ter qualquer tipo de alteração,
portanto o ar é transparente.
Alguns materiais permitem que apenas uma parte da luz passe por si, retendo parte
da luz incidida. Entre os inúmeros exemplos existentes, podemos citar vidro âmbar ou
papel celofane colorido, pelo qual podemos ver parte da luz sendo transmitida através
do material, mas com uma cor diferente da cor original. Alguns materiais similares,
como polímeros e/ou placas de vidro que absorvem parte da luz, podem ser utilizados
como filtros de luz, seu uso será abordado posteriormente.
NOTA: O papel celofane como filtro para luz, alterando a cor da luz branca, é
utilizado frequentemente em refletores de fachadas de prédios, resultando em
uma iluminação colorida. Um exemplo dessa prática se dá ainda hoje no Palácio
do Planalto, em Brasília, que altera as cores de sua fachada em função de datas
comemorativas. A partir deste ano, há um projeto que estuda a substituição das
lâmpadas atuais e filtros com papel de celofane por lâmpadas de LED, visando à
economia de material.
Materiais que absorvem toda a luz que lhes é incidida são considerados materiais
opacos. As cores dos objetos opacos que observamos ocorrem pela reflexão e pelo
espalhamento de parte da luz que lhes é incidida.
66
FUNDAMENTOS DE ESPECTROSCOPIA │ UNIDADE III
Figura 26 - Faixas de absorção no infravermelho de cada ligação molecular. As marcas em preto indicam
C=C C–C
C C e C N
N–H N–H
C–H C–H
O–H
Comprimento de onda/micrômetros
Amarelo
Cor
Amarelo Verde Principal
ouro Limão
Laranja Verde
Abóbora Turquesa
Vermelho Azul
Lilás Anil
Cor
Complementar
Violeta
67
UNIDADE III │ FUNDAMENTOS DE ESPECTROSCOPIA
Outra técnica que pode ser citada aqui, a título de curiosidade, é a espectroscopia de
ressonância acústica. Ela examina a interação da matéria com diversas frequências
de oscilação mecânica (que, em uma faixa de frequências, é percebida pelo ser humano
como som). Utilizada para caracterizar processos e materiais, não é relevante para
análises forenses e não será aprofundada neste estudo.
68
TÉCNICAS UNIDADE IV
ESPECTROSCÓPICAS
CAPÍTULO 1
Técnicas espectroscópicas de
infravermelho
69
UNIDADE IV │ TÉCNICAS ESPECTROSCÓPICAS
Vênus
Terra
Temperatura de
brilho, K
Marte
70
TÉCNICAS ESPECTROSCÓPICAS │ UNIDADE IV
Na curva espectral, é possível observar picos referentes às ligações C-H (forte absorção
em 2925 e 2855 cm−1) e às ligações C-C (absorção em 1462 cm−1).
-1
Número de onda (cm )
2300-2050 Estiramento C C
2300-2200 Estiramento C N
1830-1650 Estiramento C = O
1650 Estiramento C = C
1500-650 Zona de “impressão digital”
(os picos característicos aparecem nesta zona)
Os materiais naturais, tais como óleos, ceras, carboidratos, proteínas e resinas, também
apresentam picos ou bandas em números de onda característicos. Alguns conhecidos
estão apresentados na Tabela 3.
71
UNIDADE IV │ TÉCNICAS ESPECTROSCÓPICAS
72
TÉCNICAS ESPECTROSCÓPICAS │ UNIDADE IV
Essa técnica tem como resultado um interferograma, produzido por uma interferência
da radiação entre dois feixes. A combinação de múltiplas frequências é possível de se
obter com a transformada de Fourier. A conversão do interferograma para uma curva
espectral é o resultado do tratamento matemático com transformadas de Fourier.
73
UNIDADE IV │ TÉCNICAS ESPECTROSCÓPICAS
Figura 31 - Esquema dos componentes de um instrumento de infravermelho com transformada de Fourier (FTIR).
interferograma
74
TÉCNICAS ESPECTROSCÓPICAS │ UNIDADE IV
Os espectrômetros não dispersivos FTIR são mais vantajosos quando comparados aos
espectrômetros dispersivos convencionais. Fiorini (2000) compara os pontos principais
das duas técnicas no Quadro 3.
Espectroscopia Raman
A espectroscopia Raman é uma técnica que usa uma fonte monocromática de luz (laser),
que, ao atingir a amostra, é espalhada em vários feixes dessa luz em diferentes direções.
Alguns feixes têm a mesma energia do feixe incidente (espalhamento elástico), porém
outros possuem energia diferente do feixe incidente (espalhamento inelástico) e são de
grande importância, uma vez que a diferença de energia provém da amostra incidida.
Chandrasekhara Venkata Raman observou esse fenômeno em 1928 na Índia, por isso
essa técnica leva seu sobrenome (FARIA, 2011).
75
UNIDADE IV │ TÉCNICAS ESPECTROSCÓPICAS
Figura 32 - Espectro Raman atual e equipamento utilizado pelo próprio Raman na década de 1920.
(a)
(b)
(c)
-1
Número de onda (cm )
76
TÉCNICAS ESPECTROSCÓPICAS │ UNIDADE IV
Figura 34 - Comparação de resultados obtidos por espectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier
Intensidade Raman
Transmitância IV
FTIR
Raman
-1
Número de onda (cm )
Fonte: <https://www.sigmaaldrich.com/technical-documents/articles/biology/identification-of-cell-culture-media-with-raman-
spectroscopy.html>. Acesso em: 2 jun. 2018.
77
CAPÍTULO 2
Espectroscopia do Ultravioleta Visível
(UV/VIS)
Essa técnica baseia-se na medição da absorção de luz pelas moléculas de uma amostra
(destacamos a palavra molécula, pois mais adiante veremos a técnica de absorção
atômica, que se difere desta). É uma ferramenta útil para caracterizar moléculas de
diferentes tamanhos, porquanto os comprimentos de onda absorvidos têm relação com
a estrutura da molécula. Também é utilizada para a quantificação de substâncias, uma
vez que a quantidade de energia absorvida está relacionada à concentração do analito
em uma solução.
Figura 35 - Apresentação dos níveis eletrônicos no estado fundamental (I) e níveis eletrônicos mais altos (II).
No estado de excitação, os elétrons “pulam” do estado menos energético para o mais energético.
Fonte: <https://www.researchgate.net/publication/267222966_ESPECTROSCOPIA_MOLECULAR>.
Acesso em: 20 mai. 2018.
78
TÉCNICAS ESPECTROSCÓPICAS │ UNIDADE IV
h = constante de Planck;
c = velocidade da luz.
Algumas definições:
» Luz incidida: é a luz emitida pela fonte de luz, que atinge a amostra.
É representada por I0.
79
UNIDADE IV │ TÉCNICAS ESPECTROSCÓPICAS
Em que:
c = concentração da solução;
80
TÉCNICAS ESPECTROSCÓPICAS │ UNIDADE IV
A = log (I0 / I)
T = 31,19%
4. um detector de luz;
81
UNIDADE IV │ TÉCNICAS ESPECTROSCÓPICAS
Figura 37 - Esquema de um espectrofotômetro de feixe simples, mostrando a luz que passa através da cubeta de
Fonte
Grade
Fenda
Amostra
Detector
Figura 38 - Esquema de um espectrofotômetro de feixe duplo, que possibilita a análise da amostra e a referência
82
TÉCNICAS ESPECTROSCÓPICAS │ UNIDADE IV
Absorbância
Comprimento de onda, nm
Fonte: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAgc6MAJ/aula-03-determinacao-espectro-absorcao-corantes-construcao-
curva-padrao>. Acesso em: 28 mai. 2018.
83
UNIDADE IV │ TÉCNICAS ESPECTROSCÓPICAS
Fonte: <http://willianmiguel.yolasite.com/resources/RESOLU%C3%87%C3%83O%20LISTA%20
DE%20EXERCICIO%20AN%C3%81LISE%20INSTRUMENTAL.pdf>. Acesso em: 28 mai. 2018. (com
adaptações)
-1
Concentração (mol L )
Fonte: <http://willianmiguel.yolasite.com/resources/RESOLU%C3%87%C3%83O%20LISTA%20
DE%20EXERCICIO%20AN%C3%81LISE%20INSTRUMENTAL.pdf>. Acesso em: 28 mai. 2018. (com
adaptações)
Pela análise da curva, observa-se que foi possível criar uma reta entre os pontos
com coeficiente de correlação linear (R) muito próximo a 1. Esse valor mostra que
existe uma linearidade entre a absorbância e a concentração. Sendo assim, a lei de
Beer-Lambert pode ser aplicada para cálculos de concentrações desconhecidas
desse analito, a partir da equação da reta determinada neste gráfico.
84
TÉCNICAS ESPECTROSCÓPICAS │ UNIDADE IV
Espectroscopia de fluorescência
85
UNIDADE IV │ TÉCNICAS ESPECTROSCÓPICAS
Atenuador de Filtro ou
feixe monocromador de
emissão
Fotomultiplicadora
de referência
Fotomultiplicadora
da amostra
Amplificador
diferencial
Dispositivo de
leitura
86
TÉCNICAS ESPECTROSCÓPICAS │ UNIDADE IV
87
CAPÍTULO 3
Espectroscopia de absorção atômica
e raio X
Também conhecida pela sigla AAS (ou, em inglês, Atomic Absorption Spectroscopy),
essa técnica de análise é usada para determinar a presença e a quantidade de mais de
60 elementos, na sua maioria metais. O princípio básico consiste em fornecer energia
aos átomos dos metais, que, ao absorverem-na, entram no estado excitado, isto é,
os seus elétrons passam para um nível eletrônico mais alto. Essa energia é liberada
na forma de luz, quando os elétrons excitados voltam ao seu estado fundamental. A
energia liberada é então mensurada e correlacionada com o elemento e sua quantidade
na amostra (SKOOG; HOLLER; NIEMAN, 2002).
Existem variações para essa técnica, entre elas está a espectroscopia de absorção
atômica de chama, descrita a seguir.
88
TÉCNICAS ESPECTROSCÓPICAS │ UNIDADE IV
0,345
Fonte de radiação
Oxidante
Nebulisador Conjunto monocromador
Atomização
Combustível
com chama
Amostra
Dreno
Uma certa espécie atômica neutra e no estado fundamental é capaz de absorver radiações
com comprimento de onda (λ) igual ao da emissão. Sendo assim, ao liberar a energia
absorvida, o espectrômetro de absorção atômica irá registrar um pico de comprimento
de onda correspondente à energia incidida.
Figura 44 - Comprimentos de ondas absorvidas (quando os elétrons são excitados) e emitidas (quando os elétrons
89
UNIDADE IV │ TÉCNICAS ESPECTROSCÓPICAS
Janela de quartzo
Ânodo ou pyrex
Cátodo
A zona de combustão primária é pouco utilizada para vaporizar amostras, pois nessa
região normalmente não se alcança o equilíbrio térmico.
Na zona de combustão secundária, são formados óxidos estáveis dos elementos, que se
dispersam por toda a área.
Zona de combustão
secundária
Região interzonal
Zona de combustão
primária
Mistura
combustível-oxidante
90
TÉCNICAS ESPECTROSCÓPICAS │ UNIDADE IV
TIPOS DE CHAMAS
Gás Combustível Gás oxidante Temperatura
(ºC)
Gás Natural Ar 1700-1900
Gás Natural Oxigênio 2700-2800
Hidrogênio Ar 2000-2100
Hidrogênio Oxigênio 2550-2700
Acetileno Ar 2100-2400
Acetileno Oxigênio 3050-3150
Acetileno Óxido nitroso 2600-2800
91
UNIDADE IV │ TÉCNICAS ESPECTROSCÓPICAS
Tabela 7 - Comparação entre os limites de detecção dos métodos espectroscópicos de absorção atômica por
92
TÉCNICAS ESPECTROSCÓPICAS │ UNIDADE IV
Figura 49 - Etapas de atomização usando forno de grafite, sendo: (1) secagem da amostra (temperatura entre
50 ºC a 200 ºC), (2) calcinação (queima da amostra, temperatura entre 200 ºC e 800 ºC) e (3) atomização
Figura 50 - Exemplo de resultado de absorbância de chumbo em uma amostra de suco de laranja enlatada
Pirólise
Absorbância
Padrões (ug/mL)
0,2
Atomização
Secagem
0,1
0,05
Padrões Amostra
93
UNIDADE IV │ TÉCNICAS ESPECTROSCÓPICAS
Uma boa prática é a injeção de padrões do analito para checar os picos que devem ser
analisados (SEIXAS, 2008).
94
TÉCNICAS ESPECTROSCÓPICAS │ UNIDADE IV
Para maiores detalhes de como funciona essa técnica de vapor a frio, acesse o
link <https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/12974/12974_4.PDF>.
95
UNIDADE IV │ TÉCNICAS ESPECTROSCÓPICAS
Assim como em outras técnicas, com o uso de uma curva de calibração, a energia da
fluorescência identifica o elemento, e a intensidade do sinal analítico nos permite medir
sua concentração.
Essa técnica possui uma limitação intrínseca ao tipo de energia de irradiação utilizada.
A baixa penetração dos raios X de florescência nos materiais limita o uso desse método
de análise a camadas superficiais do material estudado.
Quadro 4 - Comparação entre técnicas, usos, aplicações e tempo de análise de alguns métodos analíticos
estudados.
96
TÉCNICAS ESPECTROSCÓPICAS │ UNIDADE IV
Absorção atômica (atômica: Determinação Análise quantitativa de elementos Sólida, líquida Diluição, dissolução, 10 seg - 2 min
transições eletrônicas) quantitativa. metálicos para fins ambientais e de e gasosa. filtração, e digestão
controle de qualidade. ácida ou em micro-
ondas.
Fluorescência atômica (atômica: Determinação Análise metais e semimetais para Sólida, líquida Compactação, Minutos - 24h
Transições eletrônicas) quantitativa. fins ambientais e de controle de e gasosa. dissolução, absorção.
produto. Análise elementar.
Difração de raio X (atômica: Determinação Análise estrutural de compostos Sólida. Pulverização Minutos - dias
transições eletrônicas) qualitativa. orgânicos e inorgânicos.
* sem levar em conta o tempo de preparo da amostra.
97
FUNDAMENTOS DE UNIDADE V
ELETROANALÍTICA
CAPÍTULO 1
Os princípios dos métodos
eletroanalíticos
Muitos dos conceitos a serem explorados pelas técnicas eletroquímicas podem ser
desenvolvidos a partir do experimento da pilha de Daniell, apresentado na apostila
QF2. Vamos retomar esse exemplo, agora esmiuçando maiores detalhes e considerando
diferentes situações que nos permitam entender os conceitos relevantes.
98
FUNDAMENTOS DE ELETROANALÍTICA │ UNIDADE V
Vamos definir cada uma das partes do sistema, para que possamos descrevê-las e
comentá-las de forma mais fluida e direta:
» Eletrodo: material condutor (neste caso, metálico) que participa do
processo eletroquímico. No caso da pilha de Daniel, temos dois eletrodos
no sistema, sendo um de zinco e o outro de cobre.
» Eletrólito: solução na qual os eletrodos estão imersos. Nessa pilha,
há dois eletrólitos de composições diferentes (um em cada eletrodo).
Esse eletrólito tipicamente contém íons que participam dos processos
eletroquímicos.
» Semicélula: nome dado ao sistema eletrodo/eletrólito.
» Ponte salina: neste caso, existe uma solução que realiza a conexão entre
os dois eletrólitos por meio de um tubo com junção porosa. A solução
presente na ponte salina não se mistura com as soluções dos eletrólitos
devido à junção porosa, mas permite a troca de alguns íons nessa interface
para equilíbrio do sistema.
condutor
Ponte
salina
Eletrodo Eletrodo
(Zn) (Cu)
Eletrólito Eletrólito
(ZnSO4) (CuSO4)
99
UNIDADE V │ FUNDAMENTOS DE ELETROANALÍTICA
Utilizando esse sistema na sua forma original, e realizando algumas alterações, pode-se
estudar e compreender grande parte dos fenômenos eletroquímicos, mesmo que apenas
em uma esfera conceitual. Mais importante do que os cálculos ou o equacionamento de
cada fenômeno do sistema, é importante entendermos cada conceito e cada variável
que será apresentado.
Quais são os processos que podemos observar no funcionamento dessa pilha? E como
funciona cada uma das partes que a compõe?
Podemos ver, nos eletrodos e nos eletrólitos, reações de oxidação e de redução. Nessas
reações, percebemos transformações químicas que, em alguns casos, podem ser nosso
objeto de estudo. Em diferentes sistemas, podemos entender quais as reações que estão
ocorrendo e de que forma elas ocorrem.
Outro ponto de vista é entender qual fenômeno que leva a essas reações de oxirredução
ocorrerem quando o sistema possui essa montagem. Qual característica química do
sistema ocasiona esse fenômeno? Há alguma forma de medir essa “capacidade” de reagir?
Ainda olhando para a semicélula, quais são os fenômenos que ocorrem nos eletrodos?
Será que ocorre apenas reações de oxirredução? Será que existem outros fenômenos
associados a campo elétrico? Como será que as espécies se movem no sistema (e o
quanto isso é importante)? E se a solução do eletrólito for diferente?
Entre os dois eletrodos, vemos a existência de uma corrente elétrica passando pelo
condutor. A magnitude dessa corrente ao longo do tempo muitas vezes é um dado
analítico no qual nos baseamos para estudar sistemas químicos.
Fora tais componentes, ainda existe uma ponte salina ligando as semicélulas. Qual a
função dela no sistema? O que ocorre se ela não for montada no sistema? O que ocorre
dentro dela?
100
FUNDAMENTOS DE ELETROANALÍTICA │ UNIDADE V
Como vimos na primeira unidade desta apostila, uma reação de oxirredução envolve a
transferência de elétrons entre diferentes espécies. Vimos, em um primeiro momento,
que se pode realizar uma reação entre duas espécies em meio homogêneo e uma transfere
elétrons diretamente a outra. No caso da pilha, contudo, uma espécie transfere os
elétrons a outra por meio de um condutor, de forma que as reações podem ocorrer em
lugares distintos, desde que haja algumas condições que possibilitem isso, conforme
veremos adiante.
Voltemos à montagem do sistema. Cada eletrodo se encontra em contato com uma solução
de eletrólito cujo cátion é a forma oxidada do eletrodo. É um sistema heterogêneo, no
qual os íons e as moléculas do solvente do eletrólito podem interagir com a superfície
do eletrodo. Nesse caso, a presença de apenas um par de oxirredução em cada lado
implica na inexistência de reações em cada semicélula isoladamente. Cada semicélula,
contudo, apresenta um par redox, que tem um potencial definido.
101
UNIDADE V │ FUNDAMENTOS DE ELETROANALÍTICA
enquanto haverá desgaste do eletrodo da outra semicélula, que, ao ceder seus elétrons,
transforma átomos do metal da superfície em íons positivos que se dissolvem na solução.
A reação que ocorre nesse sistema é: Zn + Cu2+ = Cu + Zn2+, em que o zinco cede seus
elétrons para o cobre. Nesse caso, dizemos que o zinco sofre oxidação, e o cobre,
redução. Em todo sistema eletroquímico, denomina-se cátodo o eletrodo no qual ocorre
a redução (nesse caso, o cobre) e ânodo o eletrodo no qual ocorre a oxidação (nesse caso,
o zinco). Nesse sistema, em que a reação ocorre espontaneamente, cargas negativas são
formadas na superfície do zinco, que se torna o eletrodo negativo, enquanto o cobre é
considerado eletrodo positivo por atrair as cargas negativas.
No caso da pilha de Daniell, sabemos bem qual elemento é oxidado e qual elemento
é reduzido. Mas será que existe alguma forma de se saber, antes de se realizar
experimentos, qual o sentido da corrente e as reações que ocorrem em semicélulas
formadas por elementos diferentes?
Conforme vimos na Unidade I, a tendência que uma espécie tem de se reduzir pode
ser, em muitos casos, encontrada em tabelas de potenciais de redução. O potencial da
pilha de Daniell, por exemplo, pode ser calculado consultando a tabela e somando as
equações. Contudo, não é apenas nos casos espontâneos que essa tabela possui utilidade,
assunto que será discutido mais adiante.
Vamos pensar no processo que ocorre quando se liga uma pilha eletroquímica
como a descrita por Daniell. Quais processos devem ocorrer em solução durante o
funcionamento da pilha?
Primeiramente, quando uma pilha é ligada, cada semicélula apresenta uma tendência
de doar ou de receber elétrons. Caso as duas semicélulas sejam conectadas entre si
102
FUNDAMENTOS DE ELETROANALÍTICA │ UNIDADE V
não com um condutor, mas, sim, com um voltímetro (medidor de tensão elétrica), não
passará corrente pelo sistema, e o potencial lido será o mesmo potencial da pilha.
E se, em vez de medir um potencial, utilizarmos um sistema capaz de forçar uma tensão
elétrica externa sobre o sistema? Podemos mudar o nível de corrente do sistema e,
em alguns casos, até mesmo inverter a direção da corrente. Esse tipo de abordagem é
extremamente útil em análises eletroquímicas.
Uma característica importante que deve ser ressaltada quando se realiza essa abordagem
é que a polaridade dos eletrodos, antes ditada pelas semicélulas, agora é ditada pela
fonte externa. Dessa forma, o eletrodo negativo não será aquele que receberá os
elétrons da solução, mas, sim, aquele que fornecerá elétrons para a redução. Assim, os
polos positivos e negativos são inversos na pilha e na bateria, mas vale ressaltar que, no
cátodo, sempre ocorre a redução e, no ânodo, sempre ocorre a oxidação.
Vamos pensar agora nos ânions da solução. Quando o eletrodo ficar positivo, os ânions
vão se transportar à superfície do eletrodo, por se atraírem à sua carga. Nesse momento,
forma-se uma estrutura com uma camada de íons negativos, de modo a neutralizar
localmente as cargas localizadas, e uma segunda camada estabilizando a primeira. Essa
formação é denominada dupla camada elétrica, apresentada na figura a seguir.
103
UNIDADE V │ FUNDAMENTOS DE ELETROANALÍTICA
(1)
(2)
Figura 57 - Processo elétrico em capacitor, comparando com formação de dupla camada elétrica.
Carga
+Q -Q
Campo
elétrico E
Dielétrico
Moléculas Polarizadas
104
FUNDAMENTOS DE ELETROANALÍTICA │ UNIDADE V
Vamos entender isso melhor por meio de um sistema simples: um resistor em paralelo
com um capacitor, conforme figura a seguir. O que deve acontecer ao sistema quando
aplico tensão nas duas extremidades do circuito apresentado?
Sobre o capacitor, vamos nos lembrar que é um componente que, ao ser submetido
a uma tensão constante, carrega uma placa com uma determinada carga, e induz a
carga oposta a outra placa, separada a primeira por um dielétrico. Se a tensão aplicada
é constante, haverá corrente no sistema até carregar o capacitor, e a manutenção da
tensão sobre os terminais do capacitor o manterá carregado, sem passagem de corrente
pelo sistema.
C=Q/V Capacitor
105
UNIDADE V │ FUNDAMENTOS DE ELETROANALÍTICA
O que acontece se for aplicada uma tensão oscilante em um capacitor? Ele será carregado
em uma parte do ciclo e descarregado em outra. Se a frequência for muito alta, não
haverá tempo de carregar e descarregar completamente o capacitor, de forma que ele
permite a passagem fluida de corrente pelo sistema. Por conta do processo de carga e
descarga do capacitor, existe também uma defasagem entre a corrente e o potencial
aplicado.
Voltagem
C b
V 0
a c d a Tempo
Corrente
a I b I=0 c I d I=0
NOTA: Todo capacitor possui associado a si uma resistência interna, de forma que a
situação apresentada não pode ser encontrada na realidade.
106
FUNDAMENTOS DE ELETROANALÍTICA │ UNIDADE V
Podemos medir, em vez da carga do sistema, a corrente que passa por ele. Se realizado
o mesmo experimento descrito acima, a denominação para essa variação será
amperometria.
Contudo, em vez de aplicar uma tensão constante, pode-se aplicar uma variação de
tensão em função do tempo, realizando a medida de corrente. Quando o sinal de
excitação não é periódico, esse tipo de técnica é chamada de voltametria. Existem
diversas modalidades de voltametria, sendo algumas mais indicadas para estudos de
mecanismos de reações, outras oferecem melhor relação sinal-ruído para determinações
mais sensíveis.
107
CAPÍTULO 2
A condutometria como técnica
eletroanalítica
A condutância de soluções iônicas pode ser medida pela técnica conhecida por
condutometria. As soluções iônicas conduzem eletricidade devido à natureza elétrica e
à migração de seus íons positivos (cátions) e negativos (ânions), quando uma diferença
de potencial é aplicada.
Considerando uma solução, podemos dizer que a sua condutância é a soma das
condutâncias individuais das espécies iônicas nela dissolvida. A condutância de uma
solução depende:
» do número de íons presentes;
» das cargas dos íons;
» das mobilidades dos íons.
Condutometria direta
Nessa técnica, a condutância é medida e relacionada à concentração de um eletrólito,
porém é uma técnica muito limitada, pois não é específica aos eletrólitos em solução,
não possibilitando qualificar os íons existentes.
108
FUNDAMENTOS DE ELETROANALÍTICA │ UNIDADE V
Titulação condutométrica
Essa técnica, por sua vez, tem um amplo campo de aplicação, pois é possível relacionar
o aumento ou o decréscimo da condutância com a variação das concentrações de íons
de uma certa reação em análise.
Lembra-se da titrimetria estudada no início desta apostila? Combinando essa técnica com
a condutometria, pode-se acompanhar a condutância da solução durante uma titulação e,
com isso, obter-se informações do ponto final da titulação (ocorre uma descontinuidade
na curva de condutância). No entanto, somente podemos combinar a condutometria com
as técnicas de titulação ácido-base, de precipitação e de complexação. Não é possível
aplicar às titulações que envolvem reações de óxidorredução (JULIANO, 2012).
» na titulação ácido-base;
109
UNIDADE V │ FUNDAMENTOS DE ELETROANALÍTICA
Bequer
Solução
Imagine uma solução de HCl que deva ser titulada com uma solução de NaOH.
Ao seguirmos com a titulação, a quantidade de água (H2O) e de íons Na+ irá aumentar
enquanto a quantidade dos íons H+ livre irá diminuir. Os íons Cl- continuarão sempre
na mesma concentração, pois não participam da reação. Podemos dizer então que
os íons H+ serão substituídos pelos íons Na+ durante a titulação. Essa substituição
tem uma condutância que é medida pelo condutivímetro durante toda a titulação,
com variação de valores de condutância contínua, já que os mesmos íons Na+ estão
sendo adicionados. No ponto de equilíbrio ou ponto estequiométrico, podemos dizer
que praticamente não há mais íons H livres em solução e somente os íons Na+ e Cl-
são responsáveis pela medida de condutividade. Contudo, a próxima gota da solução
titulante de NaOH adicionará um excesso de íons OH- na solução, que tem mobilidade
condutância equivalente iônica diferente do Na+, faz com que o valor de condutância
medido seja bem mais alto, mostrando, assim, que o fim da titulação foi alcançado.
110
FUNDAMENTOS DE ELETROANALÍTICA │ UNIDADE V
A curva condutométrica para essa titulação de ácido clorídrico com o hidróxido de sódio
seria como representado na figura a seguir. Isso porque a condutância equivalente dos
íons H+ é 349,8 S.cm2, dos íons Na+ é 50,1 S.cm2 e do íon OH- é 199,1 S.cm2. O íon Cl-
tem condutância equivalente igual a 76,35 S.cm2, porém, como sabemos, ele é constante
em toda a reação de titulação, não interferindo na variação da condutividade durante a
titulação (OHLWEILER, 1981).
Figura 62 - Aspecto da curva variação condutométrica da titulação do ácido clorídrico com o hidróxido de sódio.
Condutância
mL de NaOH
Conforme apresentado acima, todas as curvas de titulação de ácido forte com base forte
terão esse formato. Entretanto, outras curvas podem ser obtidas, dependendo da força
do conjunto ácido/base utilizado na titulação condutométrica. Veja outros exemplos:
Titulação de ácido fraco com uma base forte, como, por exemplo: ácido acético e
hidróxido de sódio. Inicialmente, a condutância é baixa, pois o ácido acético está
fracamente ionizado. Com a adição de base, existe uma queda na condutância, não
apenas pela substituição de íons H+ por Na+, mas, também, porque a formação de
acetato de sódio suprime a ionização do ácido acético devido ao efeito do íon comum.
111
UNIDADE V │ FUNDAMENTOS DE ELETROANALÍTICA
Em seguida, a condutância começa a subir, pois o NaOH neutraliza o ácido acético que
não está dissociado, formando acetato de sódio, que é um eletrólito forte. Esse aumento
na condutância continua até o ponto de equivalência. Após o ponto de equivalência, a
condutância continua a subir, só que agora mais rapidamente, devido ao íon OH-.
Figura 63 - Aspecto da curva variação condutométrica da titulação de um ácido fraco (ácido acético) com uma
0,1M
Condutância
0,01M
0,001M
mL de NaOH
Veja agora como seria o resultado da titulação de ácido forte com uma base fraca.
Inicialmente a condutância é alta e então diminui, devido à substituição do H+. Após
o ponto de equivalência, o gráfico se torna quase horizontal, uma vez que o excesso de
amônia não se ioniza na presença de sulfato de amônio.
Figura 64 - Aspecto da curva variação condutométrica da titulação de um ácido forte com uma base fraca (por
exemplo, NH3).
condutância
mL de NH3
112
FUNDAMENTOS DE ELETROANALÍTICA │ UNIDADE V
VANTAGENS
DESVANTAGENS
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Referências
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REFERÊNCIAS
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REFERÊNCIAS
______. Análise química quantitativa. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC Editora, 2002.
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