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Tratamento de Águas de

Abastecimento e Residuárias

Brasília-DF.
Elaboração

Juliana Nascimento da Costa


Kely Braga Imamura

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 5

ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA..................................................................... 6

INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 8

UNIDADE I
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DO TRATAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES...................................................... 11

CAPÍTULO 1
CONCEITOS BÁSICOS............................................................................................................. 11

CAPÍTULO 2
RECURSOS HÍDRICOS: POLÍTICA NACIONAL............................................................................. 16

CAPÍTULO 3
PADRÕES DE QUALIDADE DA ÁGUA......................................................................................... 18

CAPÍTULO 4
CARACTERÍSTICAS DOS EFLUENTES E PADRÕES DE LANÇAMENTO............................................ 23

CAPÍTULO 5
CLASSIFICAÇÃO DOS NÍVEIS DE TRATAMENTO DE EFLUENTES.................................................... 27

UNIDADE II
CARACTERIZAÇÃO DOS PROCESSOS FÍSICOS, FÍSICO-QUÍMICOS E BIOLÓGICOS DO
TRATAMENTO DE EFLUENTES.................................................................................................................. 28

CAPÍTULO 1
NÍVEIS DE TRATAMENTO........................................................................................................... 28

CAPÍTULO 2
PROCESSOS FÍSICOS E FÍSICO-QUÍMICOS DE TRATAMENTO...................................................... 32

CAPÍTULO 3
PROCESSOS BIOLÓGICOS DE TRATAMENTO............................................................................. 40

CAPÍTULO 4
TANQUE SÉPTICO E REATOR UASB............................................................................................ 50
UNIDADE III
PROCESSOS DE TRATAMENTO EM ESTAÇÕES DE ÁGUA E EFLUENTES...................................................... 52

CAPÍTULO 1
FUNCIONAMENTO DE UMA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA............................................. 52

CAPÍTULO 2
ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE EFLUENTES................................................................................ 57

CAPÍTULO 3
TRATAMENTO DO LODO.......................................................................................................... 58

CAPÍTULO 4
TRATAMENTO DE EFLUENTES INDUSTRIAIS.................................................................................. 65

CAPÍTULO 5
REÚSO DE ÁGUA E EFLUENTES................................................................................................. 69

UNIDADE IV
PLANO DE GERENCIAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES............................................................................. 71

CAPÍTULO 1
PRÁTICAS DE GESTÃO............................................................................................................. 71

CAPÍTULO 2
ETAPAS DO PLANO DE GERENCIAMENTO................................................................................. 73

CAPÍTULO 3
PROGRAMAS DE BOAS PRÁTICAS............................................................................................ 75

CAPÍTULO 4
PLANOS DE SANEAMENTO BÁSICO.......................................................................................... 76

REFERÊNCIAS................................................................................................................................... 84
Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da
Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade


dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo


a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

6
Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

7
Introdução
A adequada gestão das águas e efluentes é fundamental para a sobrevivência humana,
indo de encontro às necessidades diárias, e à eminência da conscientização social
quanto ao consumo e relevância do assunto.

O tema tem grande repercussão global, sendo pauta de diversas conferências e agendas
públicas, além de ser um dos objetivos do desenvolvimento sustentável da Organização
das Nações Unidas, pois trabalha e defende a disponibilidade igualitária da água e do
saneamento básico para todos os cidadãos.

Dessa forma, esta apostila aborda conceitos e exemplos que proporcionam à compreensão
de requisitos de qualidade, os tratamentos, as consequências ao meio ambiente, bem
como os aspectos técnicos, legais técnicos, econômicos e sociais envolvidos na gestão da
água e de efluentes líquidos. Está estruturada por meio de quatro capítulos, conforme
descrição a seguir:

No primeiro capítulo, situando a importância do tema, é apresentado um panorama da


Política Nacional dos Recursos Hídricos (criada pelo Governo Federal no ano de 1997), as
bases teóricas associadas à qualidade da água, frente às suas diferentes utilidades, além
da caracterização dos efluentes quanto aos padrões de lançamento após o tratamento.

O segundo capítulo expõe os processos básicos e os níveis de tratamento dos efluentes,


detalhando as unidades que compõem as estações destinadas a tal.

O terceiro capítulo apresenta a configuração das estações de tratamento de águas e


efluentes, ressaltando diferentes tipologias e especificidades de tratamento, como o
do lodo. Neste contexto são apresentados exemplos para o tratamento de efluentes
das indústrias, além de assuntos relacionados à eficácia e formas de reúso de águas e
efluentes.

O último capítulo contempla práticas de gestão e estratégias de gerenciamento, que


vão desde boas práticas a planos municipais de saneamento básico. Por fim, são
apresentados exemplos nacionais e internacionais de ações bem-sucedidas na área.

8
Objetivos
»» Possibilitar o conhecimento dos processos associados à gestão da água
e efluentes, considerando as características de qualidade, os requisitos
legais, os processos de tratamento e as formas de gerenciamento, frente
às questões ambientais, sociais e econômicas.

9
10
FUNDAMENTOS
TEÓRICOS DO UNIDADE I
TRATAMENTO DE
ÁGUA E EFLUENTES

A água é uma das fontes da vida e atuar na gestão deste bem comum é de fundamental
importância ambiental, social e econômica. O tratamento da água é caracterizado por
análises da sua composição química e características relacionadas ao uso e aos padrões
para o consumo humano. Os efluentes, por sua vez, requerem técnicas de tratamento
relacionadas aos níveis de impurezas e padrões necessários ao lançamento no meio.

Desta forma, este capítulo busca traçar um panorama dos conceitos básicos e técnicas
associadas ao tratamento da água e efluentes, ressaltando as necessidades humanas e o
amparo de requisitos legais.

CAPÍTULO 1
Conceitos básicos

Uma das substâncias mais importantes da Terra é a água, é associada à vida, pois
todos os seres vivos precisam dela para sobreviver. Abrange aproximadamente 71% da
superfície da Terra, contudo apenas 2,5% é de água doce (MARSHALL et al., 2007).
A qualidade e a oferta deste bem natural é uma condição necessária para a saúde e o
bem-estar das pessoas (SILVA, 2017). É indispensável para beber, cozinhar e muitos
outros usos, dentro das várias atividades humanas. Sua utilização para abastecimento
humano passa por um tratamento prévio, objetivando atender as seguintes finalidades:

»» Sanitária: visa prevenção e combate de doenças; a implantação de


hábitos higiênicos (banho, limpeza de instrumentos etc.); facilitar a
limpeza pública; propiciar a práticas desportivas; proporcionar o conforto
e bem-estar.

11
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS TEÓRICOS DO TRATAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES

»» Estética: expandem a correção de parâmetros como cor, turbidez, odor


e sabor.

»» Econômica: colabora com a redução da mortandade; aumenta a


produtividade de um indivíduo; promove a instalação de indústrias,
como também serviços turísticos; facilitar o combate a incêndios.

Para o desenvolvimento socioeconômico e político de um país a água se faz necessária.


Porém a falta de sensibilização da população relacionada ao uso em excesso e
desperdício traz grandes problemas associados à falta d’água para consumo humano.
A industrialização e a urbanização, apesar de contribuírem com o crescimento de uma
cidade, estado ou país, acabam ocasionando um grande aumento da capacidade de águas
residuais e, possivelmente, criando uma grande quantidade de problemas ambientais
associados às mudanças do clima.

Por ser um elemento essencial à vida, a qualidade e oferta da água condicionam a saúde
e o bem-estar das populações. Entretanto, a deterioração da água dos mananciais
representa crescentes aumentos nos custos de uma estação para o tratamento de água.
Porém, é de extrema necessidade, a verificação da qualidade da água utilizada no
abastecimento, assim como o monitoramento da água produzida (SILVA, 2017). A água
é um recurso renovável, porém os impactos ambientais antrópicos e naturais trazem a
necessidade de processos de tratamento visando a potabilidade, o qual pode requerer
um alto investimento.

O uso da água é um processo operacional prioritário na maioria das indústrias, a geração


de águas residuais é inevitável em um amplo espectro (JHANSI; MISHRA, 2013).
Águas residuárias são aquelas originárias do descarte em esgoto e resíduos líquidos de
grandes edificações e indústrias. Estas apresentam grande possibilidade de reutilização
e reúso em vários processos (SILVA; SANTANA, 2014).

É de extrema necessidade analisar qualidade da água utilizada no abastecimento,


pois, diversas doenças podem ser transmitidas por meio de águas contaminadas e
estas podem ser conduzidas de uma pessoa infectada para outra sadia por diferentes
meios, incluindo as excreções humanas. Essas contaminações podem ser ocasionadas
por micro-organismos, podem ser transmitidos via alimentos infectados, os utensílios
domésticos, mãos de manipuladores, o solo ou ser conduzidos por insetos e roedores,
podendo resultar em novas infecções (SILVA, 2017).

A industrialização e a urbanização são o eixo do crescimento e desenvolvimento


econômico global que contribuiu significativamente para o bem-estar humano.
Infelizmente, eles também levaram à descarga cada vez mais incontrolável de águas

12
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DO TRATAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES│ UNIDADE I

residuais e, consequentemente, criaram uma série mudanças climáticas oriundas de


problemas ambientais (JHANSI; MISHRA, 2013).

Ao ser tratado e destinado adequadamente, os esgotos tornam-se importantes, pois


assim protege a população de possíveis danos à saúde, possibilitando condições seguras
de saneamento e impedindo que haja a proliferação de inúmeras doenças ocasionadas
por parasitas e micro-organismos, e consequentemente a degradação dos lençóis
aquáticos.

A reutilização da água é um conceito antigo e é praticado há anos. Na Grécia Antiga foi


mostrado seu exercício, por instalação de saneamento e emprego do fornecimento de
água conhecido como, irrigação. Porém, o aumento da demanda por água, tem feito
com que o tema de reutilização fosse mais comentado e tornou-se de atual importância.
As formas de reúso incluem, por exemplo, a implantação de estações de tratamento de
água de uso de banho e pias assim como descargas de sanitários, lavagens de piso etc.
(CUNHA, 2011).

Normalmente, podemos dividir os efluentes líquidos em doméstico e industrial.


Os efluentes domésticos ou esgotos sanitários são gerados em residências, escolas,
atividades comerciais, escritórios, restaurantes etc.

Os resíduos sanitários (domésticos ou comerciais) são formados pelo agrupamento


de resíduos líquidos dos usos das casas, comércios, restaurantes, bares, lanchonetes,
pizzarias, portos, aeroportos, estações de trem, rodoviárias, hotéis, shopping, hospitais,
farmácias, postos de saúde, redes de ensino, faculdades, universidades, toda e qualquer
repartição pública etc. ou qualquer aparelho de utilização de águas para fins domésticos.
O uso da água e formação dos esgotos é realizado em: vasos sanitários, chuveiros, pias
de banheiros e cozinhas, tanques, máquinas de lavar e sumidouro para captação de
águas.

Fazem parte de um total de esgotos gerados em um município: os despejos industriais,


tratados anteriormente e incorporados aos padrões para lançamento na rede pública às
quantidades de águas procedentes de chuvas e de lençóis subterrâneos que penetram na
rede pública de coleta e a zona de drenagem de esgotos que por muitas vezes impedem a
sua absorção e direcionamento pela rede de esgoto, como tampas entupidas, conexões
entre tubos e ligações não autorizadas, ou ainda, segundo a NBR 9.678, todo despejo
líquido proveniente dos usos da água para higiene e necessidades fisiológicas.

Podem ser classificados os efluentes gerados pelas indústrias de acordo com suas
características físico-químicas em orgânicos e inorgânicos. O sistema de efluentes
inorgânicos recebe efluentes de drenagens de águas contendo sais, ácidos, metais etc., por

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UNIDADE I │ FUNDAMENTOS TEÓRICOS DO TRATAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES

outro lado o sistema orgânico recebe efluentes contaminados com compostos tais como:
benzeno, tolueno, hidrocarbonetos, pesticidas etc. São resíduos com características
físicas, químicas e/ou biológicas com qualidades diferentes dos efluentes domiciliares,
podendo causar danos ou sobrecarga nos equipamentos de recolha e tratamento de
esgotos, representando riscos à integridade física e saúde dos operadores, prejudicar
o meio ambiente ou que estejam em desacordo com a legislação vigente devendo,
portanto, ser objeto de programas específicos.

Os efluentes industriais, dependendo da tipologia da indústria, podem conter em maior


ou menor grau os diversos poluentes, relativos aos constituintes típicos dos esgotos
domésticos (sólidos em suspensão, matéria orgânica biodegradável, nitrogênio, fósforo
e micro-organismos patogênicos) (VON SPERLING, 2005).

A razão fundamental para o tratamento das águas residuais é contornar o efeito da


poluição das águas e proteger a saúde pública por meio da salvaguarda das fontes de
água contra a propagação de doenças. Isto é realizado por uma variedade de sistemas de
tratamento, que podem ser sistemas de tratamento no local ou sistemas de tratamento
externos (RAJASULOCHANA, 2016).

Outra causa para o tratamento de esgotos é a conservação do meio ambiente. Sabe-


se que existem substâncias presentes nos esgotos que desempenham ação danosa nos
corpos aquáticos, isto é, pode haver a redução da concentração de oxigênio dissolvido
devido à matéria orgânica presente, ocasionando a extinção de peixes e outros animais
aquáticos, ou ainda causar alterações na cor da água, tornando-a escura e assim como
formação de odores estranhos; pode haver formação de espumas em locais de maior
turbulência da massa líquida devido à presença de compostos químicos nos esgotos;
produtos agrícolas podem ocasionar o extermínio de peixes e outros animais presentes.
Existe ainda a possibilidade de eutrofização devido à presença de substratos, gerando
um rápido crescimento de algas que conferem odor, sabor e biotoxinas à água. Devido
ao crescente avanço da tecnologia industrial, principalmente nos campos químicos,
farmacêuticos, petroquímicos, de óleo lubrificantes, de solventes, entre outros, tem-se
como resultado o lançamento de milhares de substâncias no meio ambiente. Muitos
dos efluentes não domésticos possuem substâncias perigosas que são transferidas
para a atmosfera, ficam adsorvidas no lodo, causam inibição no processo biológico
de tratamento ou passam ilesos pelas estações de tratamento de esgotos, atingindo os
corpos d’água.

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FUNDAMENTOS TEÓRICOS DO TRATAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES│ UNIDADE I

Entre 1900 e o início dos anos de 1970, os objetivos do tratamento de efluentes


estavam relacionados à: remoção do material suspenso e flutuante; tratamento
de orgânicos biodegradáveis (remoção de DBO); e eliminação de doenças
causadas por micro-organismos patogênicos.

Entre os anos de 1970 até a década de 1990, o tratamento de efluentes


concentrou-se em preocupações estéticas e ambientais. Aumentaram-se os
níveis de eficiência na redução e remoção de DBO, dos sólidos suspensos e
dos micro-organismos causadores de doenças. A retirada de nutrientes como
nitrogênio e fósforo também começou a ser abordada, particularmente em
córregos e lagos. Os avanços no tratamento espalharam-se pelos países, visando
maior eficácia, e atentando-se ao lançamento de efluentes em corpos hídricos.
Novas iniciativas vieram de uma maior compreensão dos efeitos ambientais
causados​pelas descargas de águas residuais e pelo conhecimento sobre os efeitos
adversos em longo prazo causados pela descarga de alguns dos constituintes
específicos encontrados nas águas residuais. Desde 1990, por causa do aumento
do conhecimento científico no assunto e pela base expandida de informações,
o tratamento de efluentes começou a se concentrar nas preocupações com a
saúde relacionadas a substâncias tóxicas e potencialmente tóxicas liberadas no
meio ambiente. (RAJASULOCHANA,2016).

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CAPÍTULO 2
Recursos hídricos: Política Nacional

Uma das primícias da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 6.938/1981) é o


uso racional da água. Regulamentado pela Lei nº 9.433/1997, relacionada à Política
Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), conhecida também como a “Lei das Águas”.
São formadas as atividades sujeitas à outorga pelo Poder Público, tais atividades são: os
lançamentos de todos os tipos de resíduos, que sejam tratados ou não, com o objetivo
de serem dissolvidos, transportados ou dispostos em corpos hídricos, ou ainda em
utilizações que modifiquem o regime, a quantia ou a qualidade da água. Para a definição
do valor da outorga, devem ser observados o método como é lançado e o volume desses
resíduos, sua variação, bem como as características físico-químicas, biológica e tóxica
do resíduo.

A PNRH busca garantir para a geração atual e futuras o indispensável desimpedimento


de água, com padrões de qualidade ajustados aos respectivos usos e a utilização racional
e integrada dos recursos hídricos com vistas ao desenvolvimento sustentável. Em seu
Art. 1º, apresenta os seguintes fundamentos sobre a água (BRASIL, 1997):

I. é um bem de todos;

II. possui um grande valor econômico por ser é um recurso natural limitado;

III. em casos de escassez, o consumo humano e diminuição da sede de


animais é prioridade;

IV. o gerenciamento dos recursos hídricos pode sempre ajustar o uso variado
das águas;

V. a bacia hidrográfica consiste na unidade do território para implementar a


Política Nacional de Recursos Hídricos e agir com o Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos;

VI. o gerenciamento dos recursos hídricos não deve ser centralizado e deve
participar do Poder Público, dos consumidores e da população.

Visando tais elementos, foram definidos os seguintes componentes pela PNRH:

Os Planos de Recursos Hídricos: planos fundamentam e orientam a realização da


política e a coordenação dos recursos hídricos.

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FUNDAMENTOS TEÓRICOS DO TRATAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES│ UNIDADE I

O enquadramento dos corpos d’água em classes, segundo seus usos: aponta garantir
qualidade às águas, compatível com os usos mais exigentes a que forem designadas,
como também reduzir os custos de combate à poluição destas, mediante ações
preventivas permanentes.

A concessão dos direitos de uso de recursos hídricos: o meio original que fornece ao
usuário o direito de utilizar os recursos hídricos, ressaltando que a outorga não garante
a propriedade de água, mas sim o direito de usá-la (SNSA, 2007). As ações referidas à
concessão são: os envios de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, tratados ou não, com
a finalidade de sua diluição, transporte ou disposição final em corpos d’água, além de
outras utilizações que modificam o regime, a quantidade ou a qualidade da água. Para a
fixação do valor da concessão, devem ser observados o envio e o volume desses resíduos,
seu regime de variação, assim como as características biológicas, física e química, e de
toxicidade do afluente.

A arrecadação pela utilização de recursos hídricos: consiste no reconhecimento da


água como um bem econômico e proporcionam ao usuário uma indicação de seu real
valor; motivar a racionalização do uso da água; adquirir recursos financeiros para o
financiamento dos programas e ingerências referenciadas nos planos de recursos
hídricos.

O conjunto de conhecimentos sobre recursos hídricos: sistema de coleta, tratamento,


armazenamento e recuperação de informações sobre recursos hídricos e fatores
divergentes em sua coordenação.

De acordo com a Resolução nº 237, de 19 de dezembro de 1997, do Conselho Nacional


de Meio Ambiente (CONAMA), a inserção de conjuntos de tratamento de água e o
caminho a ser seguido de seus resíduos estão sujeitos a um licenciamento prévio do
órgão ambiental responsável, sem prejudicar outras licenças legalmente exigíveis.
Estes tipos de empreendimentos são divididos como serviços de utilidade, causando
impactos ambientais nada positivos quando existem resíduos oriundos de decantadores
e da água de lavagem de filtros lançados incorretamente em corpos d’água.

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CAPÍTULO 3
Padrões de qualidade da água

São definidos vários critérios para identificar a qualidade de uma água, estes demonstram
em não conformidades quando atingem resultados maiores aos estipulados para
determinado uso. O Ministério da Saúde (MS) é o órgão responsável por definir os
parâmetros de qualidade para água potável. A Portaria no 2.914, de 12 de dezembro
de 2011, dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da
água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. Traz também conceitos
importantes sobre a água:

Água para consumo humano: água potável que se destina à ingestão, preparação e
produção de alimentos e também a higiene pessoal, independentemente da sua origem.

Água potável: água que esteja de acordo com o padrão de potabilidade estabelecido na
Portaria nº 2.914/2011 do MS e que não cause riscos à saúde humana.

Água tratada: água que passou por processos físicos e/ou químicos, com o objetivo de
alcançar o padrão de potabilidade.

Conjunto de abastecimento de água para consumo humano: A implantação deve compor


um sistema de obras civis, materiais e equipamentos, desde a área de captação até as
ligações prediais, destinada à elaboração e ao fornecimento coletivo de água potável,
por rede de distribuição.

Controle da qualidade de água para o consumo humano: consiste em um sistema


de ações de abastecimento de água, encaminhado para verificação da água potável
fornecida à população, de modo a garantir à manutenção desta condição. No quadro 1
segue alguns parâmetros de referência para a potabilidade da água.

A necessidade da caracterização da qualidade da água é essencial para determinar a


situação do manancial de abastecimento e, consequentemente, a tecnologia adequada
ao tratamento. Em sistemas já implantados de tratamento de água, o acompanhamento
sanitário periódico para amostragem e caracterização é essencial para a detecção de
alterações na qualidade da água bruta, bem como para a avaliação da eficiência do
tratamento (HELLER; PÁDUA, 2010).

A qualidade da água é caracterizada de acordo com indicadores que verificam a


conformidade dos parâmetros frente aos requisitos normativos. As Resoluções
Conama nos 396/2008 e 430/2011, mostram a classificação e condutas ambientais

18
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DO TRATAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES│ UNIDADE I

para a disposição das águas subterrâneas e superficiais e estabelecem as categorias e


padronização de lançamento de efluentes.

A Resolução Conama no 357/2005, determina as categorias de qualidade para as águas


doces (salinidade inferior a 0,5%), salobras (salinidade superior a 0,5 e inferior a 30)
e salinas (salinidade igual ou superior a 30%). As águas de categoria especial devem
apresentar condição natural, não sendo aceito o lançamento de efluentes, mesmo que
tratados. Para as demais categorias, são admitidos níveis crescentes de poluição, sendo
a categoria 1 com os menores níveis e as categorias 4 (para águas-doces) e 3 (para águas
salobras e salinas) as com maiores níveis de poluição (ANA, 2018).

Quadro 1. Padrões de potabilidade definidos pela portaria MS no 2.914/2011 para água obtida de manancial

superficial e tratamento tipo filtração rápida.

Parâmetro Valores de referência


Máximo permitido - 5,0 mg/L

Máximo 2,0 mg/L ‒ Recomendado em qualquer ponto do sistema de


Cloro residual livre abastecimento.
Mínimo 0,2 mg/L – Manutenção obrigatória em toda extensão do sistema
de distribuição ( reservatório e rede).
Máximo 15 uH
Cor aparente
Máximo 1,5 mg/L
Fluoreto 0,6 a 0,8 mg/L

Ph 6,0 a 9,5

Turbidez da água filtrada (pós-filtração ou pré desinfecção) ≤ 0,5 uT em 95% das amostras
≤1,0 uT no restante das amostras

Fonte: (SILVA, 2017).

Assim, para cada nível de poluição, existem usos determinados para a fonte hídrica.
Como exemplo, a Figura 1 apresenta uma relação entre as classes de enquadramento e
os usos respectivos referentes às águas-doces.

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UNIDADE I │ FUNDAMENTOS TEÓRICOS DO TRATAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES

Figura 1. Categorias de enquadramento das águas-doces para diversos usos.

Classes de enquadramento
Usos das águas
Especial 1 2 3 4
doces

Categoria mandatória em
Preservação do equilíbrio
Unidades de Conservação
natural dos grupos aquáticos
de Proteção Integral

Proteção das comunidades Categoria mandatória em


aquáticas terras indígenas

Recreação de contato
primário

Aquicultura

Após tratamento
Abastecimento para Após tratamento
Após desinfecção Após tratamento simplificado convencional ou
consumo humano convencional
avançado

Recreação de contato
secundário

Pesca

Verduras consumidas cruas


Hortaliças, frutíferas,
e frutas que se desenvolvam Culturas arbóreas,
parques, jardins,
Irrigação rentes ao solo e que sejam cerealíferas e
campos de esporte
ingeridas cruas sem remoção forrageiras
e lazer
de película

Dessedentação de animais

Navegação

Harmonia paisagística

Fonte: Adaptado de ANA (2018).

A caracterização da água abrange os aspectos físicos, químicos e biológicos,


caracterizados pelos parâmetros elencados:

»» Físicos: temperatura, ao sabor, ao odor, a cor, a turbidez, a presença de


sólidos, e a condutividade elétrica.

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FUNDAMENTOS TEÓRICOS DO TRATAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES│ UNIDADE I

»» Químicos: pH (potencial hidrogeniônico), alcalinidade, dureza, fósforo,


nitrogênio, ferro, manganês, cloretos, fluoretos, matéria orgânica,
oxigênio dissolvido, demanda bioquímica e química de oxigênio, e
componentes inorgânicos e orgânicos.

»» Biológicos: coliformes fecais e de algas.

Por meio das Resoluções Conama nos357/2005, 396/2008 e 430/2011 e da Portaria


MS no 2914/2011, busque aprofundar os conhecimentos quanto ao significado
e os valores limites de cada parâmetro descrito nos aspectos físicos, químicos e
biológicos de qualidade da água.

Métodos gerais de tratamento de águas


Seu principal objetivo final nos conjuntos de abastecimento de água é disponibilizar
água potável aos usuários, de forma ininterrupta e em quantidade e pressão adequada.

Inicialmente os métodos de tratamento de águas residuais foram desenvolvidos em


resposta às condições adversas causadas pela descarga de águas residuais no meio
ambiente e à preocupação com a saúde pública. Além disso, à medida que as cidades se
tornaram maiores, terras limitadas estavam disponíveis para tratamento e disposição
de águas residuais, principalmente por irrigação e filtração intermitente. Além disso,
à medida que as populações cresciam, a quantidade de águas residuais geradas
aumentava rapidamente e a deterioração da qualidade dessa enorme quantidade de
águas residuais excedia a capacidade de autopurificação dos córregos e corpos fluviais
(RAJASULOCHANA, 2016).

Portanto, outros métodos de tratamento foram desenvolvidos para acelerar as forças


da natureza sob condições controladas em instalações de tratamento de tamanho
comparativamente menor. Embora a limpeza seja necessária para evitar qualquer
descarga adicional de resíduos contaminados no meio ambiente, uma tecnologia
econômica precisa ser desenvolvida para uso do setor. Tradicionalmente, os métodos
empregados para a remediação de efluentes consistem na remoção de metais por
filtração, floculação, carvão ativado e resinas de troca iônica (KARTHIKEYAN;
RAJGOPAL; MIRANDA, 2005).

Em geral, entre 1900 e o início dos anos de 1970, os objetivos do tratamento diziam
respeito a: (I) remoção de material suspenso e flutuante das águas residuais, (II)
tratamento de orgânicos biodegradáveis remoção de DBO) e (III) eliminação de doenças
-causando micro-organismos patogênicos. Do início da década de 1970 até a década de

21
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS TEÓRICOS DO TRATAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES

1990, o tratamento de efluentes concentrou-se em preocupações estéticas e ambientais.


As tarefas anteriores de redução e remoção de DBO, sólidos suspensos e micro-
organismos patogênicos foram continuadas, mas em níveis maiores. Retirada de N2 e P
também começaram a ser abordados, primordialmente em alguns córregos, rios e lagos.
As principais iniciativas foram tomadas em todo o mundo, para alcançar um tratamento
mais eficaz e generalizado das águas residuais para melhorar a qualidade das águas
superficiais. Este esforço deveu-se a (I) uma maior compreensão dos efeitos ambientais
causados pelas descargas de águas residuais e (II) um conhecimento sobre os efeitos
adversos em longo prazo causados pela descarga de alguns dos constituintes específicos
encontrados nas águas residuais. Desde 1990, por causa do aumento do conhecimento
científico e de uma base expandida de informações, o tratamento de efluentes começou
a se concentrar nas preocupações com a saúde relacionadas a substâncias tóxicas e
potencialmente tóxicas liberadas no meio ambiente (RAJASULOCHANA, 2016).

Os métodos convencionais de remoção de metais estão se tornando inadequados para


atender aos atuais limites estritos de efluentes regulatórios ou estão aumentando
em custo. Consequentemente, muitas tecnologias alternativas vêm sendo utilizadas.
Técnicas convencionais para remoção de metais pesados dissolvidos incluem
precipitação química, adsorção de carbono, troca iônica, evaporação e processos de
membrana (WANG; CHEN, 2009).

A seleção de uma técnica de tratamento particular depende principalmente de uma


variedade de fatores, e tipo e concentração de resíduos, heterogeneidade do efluente,
nível de limpeza necessário, bem como fatores econômicos. O uso de materiais
biológicos, incluindo micro-organismos vivos e não vivos, para remover e recuperar
metais tóxicos ou preciosos das águas residuais industriais ganhou popularidade ao
longo dos anos devido ao aumento do desempenho, disponibilidade e baixo custo das
matérias-primas (AHLUWALIA; GOYAL, 2007).

Todos os processos de tratamento biológico aproveitam a capacidade dos micro-


organismos em sintetizar uma gama de nutrientes produzindo subprodutos
interessantíssimos, que podem também ser aproveitados. O metabolismo microbiano
decompõe matérias-primas e subprodutos (RAJASULOCHANA, 2016).

22
CAPÍTULO 4
Características dos efluentes e padrões
de lançamento

Os conjuntos de abastecimento de água apresentam como finalidade o fornecimento de


água potável aos usuários, de maneira constante e em volume e pressão considerável.
Os métodos de tratamento de águas residuais foram inicialmente desenvolvidos em
resposta às condições adversas causadas pela descarga de águas residuais no meio
ambiente e à preocupação com a saúde pública. Além disso, à medida que as cidades se
tornaram maiores, terras limitadas estavam disponíveis para tratamento e disposição
de águas residuais, principalmente por irrigação e filtração intermitente. Além disso,
à medida que as populações cresciam, a quantidade de águas residuais geradas
aumentava rapidamente e a deterioração da qualidade dessa enorme quantidade de
águas residuais excedia a capacidade de autopurificação dos córregos e corpos fluviais
(RAJASULOCHANA, 2016).

Portanto, outros métodos de tratamento foram desenvolvidos para acelerar as forças


da natureza sob condições controladas em instalações de tratamento de tamanho
comparativamente menor. Embora a limpeza seja necessária para evitar qualquer
descarga adicional de resíduos contaminados no meio ambiente, uma tecnologia
econômica precisa ser desenvolvida para uso do setor. Tradicionalmente, os métodos
empregados para a remediação de efluentes consistem na remoção de metais por
filtração, floculação, carvão ativado e resinas de troca iônica (KARTHIKEYAN;
RAJGOPAL; MIRANDA, 2005).

Em geral, entre 1900 e o início dos anos de 1970, os objetivos do tratamento diziam
respeito a: (I) remoção de material suspenso e flutuante das águas residuais, (II)
tratamento de orgânicos biodegradáveis (remoção de DBO) e (III) eliminação de
doenças -causando micro-organismos patogênicos. Do início da década de 1970 até a
década de 1990, o tratamento de efluentes concentrou-se em preocupações estéticas e
ambientais. As tarefas anteriores de redução e remoção de DBO, sólidos suspensos e
micro-organismos patogênicos foram continuados, mas em níveis maiores. Retirada
de N2 e P também começaram a ser utilizadas, primordialmente em alguns córregos,
rios e lagos. Estas iniciativas alternativas apontam ao redor de todos os continentes
mundiais para alcançar um tratamento mais eficaz e generalizado das águas residuais
para melhorar a qualidade das águas superficiais. Este esforço deveu-se a (I) uma maior
compreensão dos efeitos ambientais causados pelas descargas de águas residuais e (II)
um conhecimento sobre os efeitos adversos em longo prazo causados pela descarga

23
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS TEÓRICOS DO TRATAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES

de alguns dos constituintes específicos encontrados nas águas residuais. Desde


1990, por causa do aumento do conhecimento científico e de uma base expandida de
informações, o tratamento de efluentes começou a se concentrar nas preocupações com
a saúde relacionadas as substâncias tóxicas e potencialmente tóxicas liberadas no meio
ambiente (RAJASULOCHANA, 2016).

Os métodos convencionais de remoção de metais estão se tornando inadequados para


atender aos atuais limites estritos de efluentes regulatórios ou estão aumentando
sobremaneira os seus custos, como discutido anteriormente (WANG; CHEN, 2009).

A seleção de uma técnica de tratamento particular depende principalmente de uma


variedade de fatores, e tipo e concentração de resíduos, heterogeneidade do efluente,
nível de limpeza necessário, bem como fatores econômicos. O uso de materiais
biológicos, incluindo micro-organismos vivos e não vivos, para remover e recuperar
metais tóxicos ou preciosos das águas residuais industriais ganhou popularidade ao
longo dos anos devido ao aumento do desempenho, disponibilidade e baixo custo das
matérias-primas (AHLUWALIA; GOYAL, 2007).

A razão fundamental para o tratamento das águas residuais é contornar o efeito da


poluição das fontes de água e proteger a saúde pública por meio da salvaguarda das
fontes de água contra a propagação de doenças. Isto é realizado por uma variedade de
sistemas de tratamento, que podem ser sistemas de tratamento no local ou sistemas de
tratamento externos (RAJASULOCHANA, 2016).

Os critérios para o despejo de efluentes são determinados na esfera federal pela


Resolução Conama n° 430/2011, alguns Estados com regulamentação própria
apresentam requisitos mais restritivos, que, no caso, devem ser considerados.

Os efluentes podem ser classificados conforme a origem, sendo domésticos ou industriais,


o que determina sua composição e a complexidade do tratamento. Em geral, os esgotos
domésticos contêm 99,9% de água e 0,1% de sólidos. São caracterizados em função
dos seguintes parâmetros: sólidos sedimentáveis, sólidos em suspensão, Demanda
Química de Oxigênio (DQO) e Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), coliformes,
óleos e graxas, nitrogênio, fósforo e surfactantes.

Os efluentes gerados pelas indústrias podem ser orgânicos ou inorgânicos. O sistema


de efluentes inorgânicos recebe efluentes de drenagens de águas contendo sais, ácidos,
metais etc., enquanto o sistema de efluentes orgânicos recebe efluentes contaminados
com compostos como benzeno, tolueno, hidrocarbonetos, pesticidas etc. (SENAI,
2013). Os fatores essenciais de qualidade envolvidos aos sólidos presentes nos esgotos

24
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DO TRATAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES│ UNIDADE I

são usados para medir a quantidade da matéria orgânica, os nutrientes o os organismos


patogênicos (SNSA, 2007):

»» Matéria orgânica: atua como problema principal de poluição


dos corpos d’água, devido a apresentar-se como alimento dos
micro-organismos que usam Oxigênio Dissolvido (OD) para
decompô-la, diminuindo a concentração. O restabelecimento da
concentração de OD está envolvida com à efetividade de autodepuração
das águas. A matéria orgânica é medida quantitativamente por meio da
realização de análises laboratoriais da DBO e da DQO, critérios usados
na Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) para o suprimento das
condições legais de lançamento, além da avaliação e monitoramento do
comportamento das unidades.

»» Nutrientes: o nitrogênio (N) e o fósforo (P), principais constituintes


do esgoto doméstico, são fundamentais para o desenvolvimento dos
micro-organismos responsáveis pelo tratamento biológico e o excesso do
desenvolvimento exagerado de algas e outras plantas aquáticas, podendo
ocasionar a eutrofização de lagos e represas. Apresentam-se nos esgotos
domésticos, fezes de animais e fertilizantes usados na agricultura.

»» Organismos patogênicos: organismos responsáveis por proporcionar


doenças nos humanos, onde os grupos mais importantes são: os vírus, os
protozoários, as bactérias e os helmintos.

Um dos cartões postais de Belo Horizonte/MG, a Lagoa da Pampulha, classificada


como Categoria 3, por vários anos vem sofrendo com a descarga de efluentes
dos bairros de entorno, trazendo problemas como o forte odor, a limitação de
atividades antrópicas e processo de eutrofização.

A partir de 2016, os órgãos gestores locais passaram a investir em trabalhos


de recuperação da qualidade da água da Lagoa. Na realização das pesquisas
foram usados dois remediadores. Um deles tem como objetivo decompor a
exorbitância de matéria orgânica (DBO) e diminuir a presença de coliformes
fecais (Escherichia coli). O outro remediador é responsável por diminuir o fósforo
e controlar a floração de algas.

Além disso, a limpeza do espelho d’água da Lagoa passou a ser realizada de


forma diária. A quantidade de objetos inadequados retirados diariamente é
de aproximadamente 10 toneladas conforme o tempo de estiagem e de 20
toneladas no período chuvoso. Há vários objetivos de aumento da cobertura

25
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS TEÓRICOS DO TRATAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES

do conjunto de esgotamento sanitário na bacia hidrográfica de contribuição à


Lagoa, inclusive com investimentos em manutenção preventiva e corretiva, de
maneira a diminuir acontecimentos de vazamentos que venham a elevar a carga
poluidora de afluente.

O trabalho tem proporcionado à Lagoa da Pampulha uma boa capacidade de


recuperação e resiliência. A eficácia de autodepuração está significativamente
elevada em função da ação dos remediadores instalados durante a primeira
etapa dos serviços.

26
CAPÍTULO 5
Classificação dos níveis de tratamento
de efluentes

Os métodos de tratamento de águas residuais foram inicialmente desenvolvidos em


resposta às condições adversas causadas pela descarga de efluentes no meio ambiente e
à preocupação com a saúde pública. Além disso, à medida que as populações cresciam,
a quantidade de águas residuais geradas aumentava rapidamente e a deterioração da
qualidade dessa enorme quantidade de excedia a capacidade de autopurificação dos
córregos e corpos fluviais (RAJASULOCHANA, 2016).

A remoção dos poluentes, de forma a adequar o lançamento a uma qualidade desejada


ou padrão de qualidade vigente está associada aos conceitos de nível de tratamento e
eficiência do tratamento.

O tratamento de efluentes é usualmente classificado por níveis:

»» Preliminar: destina-se a remoção de sólidos grosseiros em suspensão,


como a areia, e também gordura.

»» Primário: o tratamento primário além dos sólidos sedimentáveis


remove também uma pequena parte da matéria orgânica.

»» Secundário: o tratamento secundário remove grande parte da matéria


orgânica, podendo remover parcela dos nutrientes como nitrogênio e
fósforo.

»» Terciário (eventualmente): o tratamento terciário tem como finalidade


a remoção complementar da matéria orgânica, dos nutrientes, de
poluentes específicos e a desinfecção dos esgotos tratados.

A seleção de uma técnica de tratamento particular depende de uma variedade de fatores,


como o tipo e a concentração do residual, a heterogeneidade do efluente, o nível de
limpeza necessário, além da viabilidade econômica.

27
CARACTERIZAÇÃO
DOS PROCESSOS
FÍSICOS, FÍSICO-
QUÍMICOS E UNIDADE II
BIOLÓGICOS DO
TRATAMENTO DE
EFLUENTES

As formas requeridas para o tratamento de efluentes variam conforme a complexidade


da composição e os padrões condizentes com o lançamento. Os processos podem fazer
uso de técnicas físicas, químicas e biológicas, ou mesmo a associação entre elas.

Neste capítulo são detalhados os níveis e tipos de tratamento, com a caracterização dos
respectivos processos relacionados à eliminação de impurezas dos efluentes.

CAPÍTULO 1
Níveis de tratamento

No tratamento preliminar são utilizados apenas mecanismos físicos, composto


basicamente por unidades de gradeamento, desarenadores e medidores de vazão. A etapa
preliminar protege as ETAs e ETEs, pois objetos grosseiros e principalmente a areia pode
danificar as tubulações. Nas primeiras etapas do tratamento dos efluentes as partículas
grosseiras são removidas fisicamente. Podem-se adotar também vertedores (retangulares
ou triangulares) e mecanismos para a medição em tubulações fechadas, embora estes
últimos sejam mais infrequentes no caso do esgoto bruto (VON SPERLING, 2005).

Os objetivos primordiais da remoção dos sólidos grosseiros são:

»» proteger os instrumentos de transporte dos esgotos (bombas e tubulações);

»» proteger os estabelecimentos de tratamento consecutivos;

»» proteger os corpos receptores.

28
CARACTERIZAÇÃO DOS PROCESSOS FÍSICOS, FÍSICO-QUÍMICOS E BIOLÓGICOS DO TRATAMENTO DE EFLUENTES │ UNIDADE II

A remoção de sólidos grosseiros é feita por meio de grades, mas podem-se usar também
peneiras rotativas, estáticas ou trituradores. No gradeamento, o objeto de tamanhos
superiores ao espaço das barras é retido. A retirada do objeto preso pode ser realizada
manualmente ou mecanicamente.

Finalidade de remoção da areia:

»» diminuir a abrasão nos equipamentos e tubulações;

»» diminuir a obstrução em tubulações, tanques e sifões;

»» auxiliar o transporte de líquido, incluindo a transferência do lodo, longo


das etapas de tratamento.

Para retirar a areia, basta proceder à sedimentação do lodo, uma vez que, os grãos de
areia possuem maior dimensão e densidade, acumulando-se no fundo dos recipientes e
os sólidos solúveis, e o restante da matéria orgânica permanece em suspensão, seguido
para as unidades de jusante. O líquido sobrenadante torna-se clarificado, enquanto
as partículas no fundo formam uma camada de lodo, e são removidas conjuntamente
com ele. A sedimentação é uma operação unitária de grande importância em diversos
sistemas de tratamento de esgotos.

O tratamento preliminar deve existir em todas as estações de tratamento de esgotos


sanitários em nível primário, secundário ou terciário. O tratamento primário, além
dos sólidos sedimentáveis, remove também uma pequena parte da matéria orgânica,
utilizando-se de mecanismos físicos como método de tratamento.

Após passar pelas unidades de tratamento preliminar o efluente ainda contém sólidos
em suspensão não grosseiros e carga orgânica, sendo encaminhados a um tratamento
primário que pode fazer uso de unidades de sedimentação, como decantadores e
tanques sépticos. Uma porção desses sólidos em suspensão é feita de matéria orgânica,
e deste modo, a sua remoção é necessária e simplificada pelo processo de sedimentação
com tempos mais prolongados. Esta remoção, consequentemente diminui a DBO,
facilitando o tratamento secundário. A eficiência do tratamento primário na remoção de
sedimentáveis é importantíssima para diminuição do tempo e dos custos do tratamento
secundário, por isso geralmente utilizamos coagulantes, como sulfato de alumínio
e cloreto férrico, na fase primária, e quando isto acontece, chamamos o tratamento
primário de “Tratamento primário avançado”.

O tratamento secundário, por sua vez, objetiva a remoção de nutrientes (nitrogênio e


fósforo) e da matéria orgânica, presente nos tanques de tratamento (VON SPERLING,
2005). Na maioria das vezes, o tratamento secundário constitui-se de um reator
biológico, por isso é mais caro quando comparado ao tratamento primário. Estes

29
UNIDADE II │ CARACTERIZAÇÃO DOS PROCESSOS FÍSICOS, FÍSICO-QUÍMICOS E BIOLÓGICOS DO TRATAMENTO DE EFLUENTES

reatores tem a capacidade de reproduzirem uma estabilização na matéria orgânica,


semelhante à que deveria ocorrer os corpos receptores.

Enquanto nos tratamentos anteriores predominam mecanismos físicos, no tratamento


secundário a remoção de matéria orgânica acontece principalmente por utilização de
reações bioquímicas, protagonizadas por micro-organismos. Em certas situações, o
tratamento secundário, dependendo das características do efluente, pode ser realizado
imediatamente após o tratamento preliminar. A essência do tratamento secundário
de esgotos domésticos é a inclusão de uma etapa biológica. O tratamento secundário
pode ou não vir imediatamente após o tratamento preliminar. Para tanto, a base
deste processo é o contato entre a matéria orgânica e as bactérias, fungos, leveduras,
algas, para que este possa ser utilizado como alimentos por estes organismos (VON
SPERLING, 2005).

O tratamento terciário, nem sempre presente, é geralmente constituído de unidades


de tratamento físico-químico destinadas a remover compostos não biodegradáveis ou
tóxicos.

No quadro 2 são apresentadas as características e as taxas de remoção dos parâmetros


dos efluentes nos níveis preliminar, primário e secundário do tratamento de esgotos,
presentes na maioria das ETEs. O quadro 3 mostra a da eficiência de cada tratamento
esperada nos diversos níveis de tratamento incorporados em uma ETE.

Quadro 2. Características dos principais níveis de tratamento dos esgotos.


(1)
Nível de tratamento
Item
Preliminar Primário Secundário
Sólidos não sedimentáveis
DBO em suspensão fina
Sólidos sedimentáveis (SS)
Poluentes removidos Sólidos grosseiros DBO solúvel
DBO em suspensão
Eventuais nutrientes
Eventuais patógenos
SS: 60 a 70% DBO: 60 a 99%
Eficiência de remoção - DBO: 25 a 35% (3)
Coliformes: 60 a 99%
Coliformes: 30 a 40% (3)
Nutrientes: 10 a 50%
Mecanismo de tratamento
Físico Físico Biológico
predominante
Cumpre padrões de
(2)
Não Não Usualmente sim
lançamento usuais?
Montante de elevatória Tratamento parcial Tratamento mais completo para
Aplicação Etapa inicial de todos os processos Etapa intermediária de tratamento matéria orgânica e sólidos em
de tratamento. mais completo. suspensão.

Notas:
(1) Uma ETE a nível secundário usualmente tem tratamento preliminar, mas pode ou não ter tratamento primário (depende do
processo).
(2) Padrão de lançamento, de acordo com o estabelecido pela legislação vigente.
(3) A eficiência de remoção poderá ser superior, caso exista alguma etapa de remoção específica.
Fonte: Von Sperling, (2005).

30
CARACTERIZAÇÃO DOS PROCESSOS FÍSICOS, FÍSICO-QUÍMICOS E BIOLÓGICOS DO TRATAMENTO DE EFLUENTES │ UNIDADE II

Quadro 3. Estimativa da eficiência esperada nos diversos níveis de tratamento incorporados em uma ETE.

Tipo de tratamento Matéria orgânica Sólidos em Nutrientes Bactérias (%


(% remoção de suspensão (% (% remoção remoção)
DBO) remoção SS) nutrientes)
Preliminar 5 – 10 5 –20 Não remove 10 – 20
Primário 25 –50 40 –70 Não remove 25 –75
Secundário 80 –95 65 –95 Pode remover 70 – 99
Terciário 40 - 99 80 – 99 Até 99 Até 99,999

Fonte: Cetesb (2018).

31
CAPÍTULO 2
Processos físicos e físico-químicos de
tratamento

Equalização/Gradeamento/Peneiramento/
Desarenação
Os processos físicos de tratamento de efluentes estão presentes nos níveis preliminares
e primários. Geralmente a primeira unidade em uma ETE é o tanque de equalização, no
qual irá ocorrer a homogeneização de temperatura e da concentração de contaminantes
do efluente.

Nestes tanques, pode haver aeradores e/ou misturados para auxiliar no processo de
equalização. A sua implantação se justifica por diversas razões:

»» minimização de problemas operacionais causados pela variação das


características do efluente;

»» melhora no tratamento biológico;

»» minimização de choques causados por sobrecargas no sistema;

»» diluição de substâncias inibidoras;

»» estabilização do pH;

»» melhora da qualidade final do efluente tratado.

Após a equalização, os efluentes podem passar pelos processos de peneiramento e


gradeamento, visando à remoção de sólidos grosseiros e flutuantes no efluente (sólidos
visíveis a olho nu), ou seja, trata-se de barreiras físicas que os sólidos são retidos. Se
os sólidos grosseiros e/ou de maior dimensão não forem removidos no tratamento
preliminar, poderão ocorrer erosão e obstrução nos equipamentos da ETE, tais como
bombas.

Como discutido anteriormente, as águas pluviais são capazes de arrastar para os corpos
receptores partículas grandes como terra e areia, e obviamente estas partículas grosseiras
precisam ser removidas no tratamento primário, facilitando as etapas seguintes, por
diminuir os custos no tratamento secundário e impedir que tais partículas possam

32
CARACTERIZAÇÃO DOS PROCESSOS FÍSICOS, FÍSICO-QUÍMICOS E BIOLÓGICOS DO TRATAMENTO DE EFLUENTES │ UNIDADE II

entupir tubulações. Dessa forma, após a etapa de gradeamento o efluente passa por um
desarenador, facilitando a sedimentação destas partículas no seu interior.

Os tipos de peneiras mais comuns utilizadas nos processos de peneiramento são as


estáticas, vibratórias e as rotativas (SENAI, 2013). Nas peneiras estáticas, o efluente
entra por uma parte superior, e passa pela tela da qual ficam retidos os sólidos. As
vibratórias constituem de telas horizontais e ou em plano inclinado, com um sistema de
vibração. Nas rotativas, o efluente é alimentado sob uma peneira tubular em constante
rotação, sendo os sólidos removidos por uma espécie de pá (NUNES, 2004).

Na etapa de gradeamento, as partículas mais grosseiras são facilmente retidas (figura


3). As grades são projetadas utilizando ferro ou aço, isto dependerá das características
químicas do efluente que será tratado e geralmente estas grades possuem um
espaçamento que varia entre 0,5 e 2 cm. Entre os 2 tipos de grades mais comuns, estão
as grades simples e as grades mecanizadas.

»» Grades simples: são usadas quando a quantidade de sólidos a ser


removida não grande e a limpeza é manual.

»» Grades mecanizadas: são usadas quando a quantidade de sólidos a


ser removida é maior e os detritos são removidos por meio de um rastelo,
e a limpeza é mecânica.

Em seguida, o processo de desarenação ocorre via unidades destinadas a reter a areia


por meio do processo de sedimentação. Os grãos de maiores dimensões e densidade
vão para o leito do tanque, enquanto a matéria orgânica, com sedimentação mais
lenta, permanece em suspensão, seguindo para as unidades seguintes. A retirada do
material acumulado pode ser manual ou mecânica. A remoção de areia é realizada com
as seguintes motivações: diminuir a abrasividade dos equipamentos, bem como das
tubulações, reduzindo, consequentemente, a obstrução em tubulações, tanques, sifões
etc.; e facilitar o transporte de líquido, principalmente a transferência de lodo (VON
SPERLING, 2005).

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UNIDADE II │ CARACTERIZAÇÃO DOS PROCESSOS FÍSICOS, FÍSICO-QUÍMICOS E BIOLÓGICOS DO TRATAMENTO DE EFLUENTES

Figura 2. Fases do tratamento preliminar.

Calha Parshall
Medição de vazão

Desarenador
Remoção de areia
Grade de Barras
Remoção de sólidos
grosseiros
Fonte: SANTOS (2012).

O medidor de vazão presente no tratamento preliminar tem o objetivo de quantificar


a vazão afluente à ETE. Geralmente utiliza-se a Calha Parshall, que apresenta uma
pequena perda de carga e serve para medir fluidos com sólidos em suspensão.

Decantação/Caixa separadora água e óleo


Nas ETEs, quando a água bruta apresenta alta concentração de partículas em suspensão
ou de sólidos dissolvidos, é necessária a construção de unidades de que removam parte
destas impurezas. A decantação é uma técnica antiga e simples de clarificação da água
e resulta da ação da força de gravidade sobre as impurezas, facilitando a sedimentação
delas no fundo da unidade, e resultando na clarificação do sobrenadante.

O processo de decantação primária ocorre em um tanque, geralmente em formato


retangular ou circular, as partículas mais pesadas se sedimentam a partir de determinado
período de tempo após a adição de coagulantes.

Figura 3. Decantadores (a) e decantador em manutenção (b).

Fonte: Gomes (2012).

34
CARACTERIZAÇÃO DOS PROCESSOS FÍSICOS, FÍSICO-QUÍMICOS E BIOLÓGICOS DO TRATAMENTO DE EFLUENTES │ UNIDADE II

Dependendo da origem, o tratamento do efluente também pode contar com uma


caixa separadora de água e óleo. O sistema é obrigatório, por exemplo, em postos de
combustíveis, com a função de reter óleos, graxas e detergentes. O funcionamento,
consiste na redução da velocidade do efluente oleoso, permitindo a separação da água
por meio da diferença de densidade, de modo que o óleo possa ser removido por um
coletor na parte superior.

Cerca de metade da população brasileira não tem acesso à sistemas de


esgotamento sanitário, condição que faz com que cerca de 100 milhões de
pessoas utilizem medidas alternativas para tratamento dos dejetos ou mesmo o
lançamento direto em recursos hídricos superficiais.

Diante deste cenário, surge alternativas econômicas e criativas voltadas a


redução de fontes poluidoras, como é o caso do trabalho “Alternativa de baixo
custo para minimização de poluição difusa gerada por efluentes oleosos em
oficinas mecânicas”, apresentado na Mostra de Tecnologias Sustentáveis 2010,
promovida pelo Instituto Ethos.

O projeto propõe uma alternativa econômica para a remoção de óleos residuais


em parceria entre a ONG COATI e as oficinas mecânicas. Este projeto é realizado
na cidade de Jundiaí-SP, e é interessantíssimo do ponto de vista ambiental, uma
vez que se todas as indústrias participarem serão lançados 17m3/mês menos de
óleos lubrificantes nos esgotos.

O modelo proposto apresenta um sistema montado com peças recicladas e


materiais hidráulicos, apresentando, dessa forma, um custo reduzido. O sistema,
como mostra a figura 4 é constituído por três galões reciclados. O primeiro
galão recebe o efluente bruto e tem a finalidade de (1) decantar os sólidos em
suspensão presentes neste efluente. O segundo galão recebe o efluente que
contém óleo na superfície e este efluente é (2) decantado em uma canaleta
localizada no nível da lâmina d’água (3) e coletado em outro galão (4) depois
este efluente semi-tratado é encaminhado o terceiro galão, do qual recebe a
parte do efluente sem óleo residual, tratado para ser descartado na rede coletora
de esgoto (6).

35
UNIDADE II │ CARACTERIZAÇÃO DOS PROCESSOS FÍSICOS, FÍSICO-QUÍMICOS E BIOLÓGICOS DO TRATAMENTO DE EFLUENTES

Figura 4. Sistema de tratamento de esgoto reciclável.

Fonte: COATI (2018) Disponível em: <http://www.coati.org.br/separador-de-agua-e-oleo/>. Acesso em: 4 outubro 2018.

Assim como o sistema apresentado, existem diversos projetos e ideias voltados


ao tratamento de efluentes a baixo custo, inclusive em áreas rurais. Pesquise
outros exemplos!

Coagulação/Floculação/Flotação/Precipitação
A água bruta contém uma variedade de impurezas, destacando-se as partículas
coloidais, substâncias húmicas e micro-organismos em geral. Parâmetros tais como a
cor verdadeira, turbidez, sabor, odor e diversos tipos de contaminantes orgânicos e
inorgânicos presentes na água estão, geralmente, associados às partículas suspensas ou
dissolvidas (HELLER; PÁDUA, 2010).

Quando falamos em coagulação, pensamos em agentes coagulantes, correto? Sim,


neste caso, a coagulação nada mais é do que adicionar coagulantes ao efluente para
que ocorra desestabilização das partículas coloidais e suspensas. Nesta fase o efluente
vai em direção à uma câmara de carga, antes da divisão da vazão, que são introduzidos
o coagulante e auxiliares. Dependendo do espaço das ETEs ou ETAs, podem existir
apenas uma câmara de carga ou várias câmaras (SILVA, 2017).

A seguir, o efluente passa pelos tanques de floculação, do qual são formados flocos mais
densos. A floculação se baseia na ocorrência de choque entre as partículas formadas
anteriormente, de modo a produzir outras de maior volume e densidade, ou seja, os
flocos a serem removidos (VON SPERLING, 2005).

Segundo a NBR 12216/92, floculadores são unidades utilizadas para promover a


agregação das partículas formadas na unidade de mistura rápida em um processo

36
CARACTERIZAÇÃO DOS PROCESSOS FÍSICOS, FÍSICO-QUÍMICOS E BIOLÓGICOS DO TRATAMENTO DE EFLUENTES │ UNIDADE II

chamado floculação. Para obter-se a floculação, empregam-se agentes coagulantes


químicos, sais de alumínio e ferro e agentes auxiliares de coagulação poliméricos,
os quais reagem com a alcalinidade presente no efluente e/ou adicionada, formando
hidróxidos que desestabilizam os coloides e as partículas em suspensão, pela redução
do seu potencial zeta a valores próximos de zero, denominados pontos isoelétricos
(BERNARDO; ÂNGELA, 2005).

Figura 5. Tanque de floculação.

Fonte: Echo Water, (2018).

As fases de coagulação e floculação da água bruta podem gerar flocos com pouca
velocidade de sedimentação e quando isso acontece é necessário à adição de
decantadores para facilitar o processo. Nem sempre está solução é viável, pois para que
funcionem adequadamente esses decantadores precisam ser grandes e por isso ocupam
um espaço considerável, por isso muitas vezes esses decantadores são substituídos
por flotadores, uma vez que ocupam um espaço menor. O processo de flotação
emprega-se agentes coagulantes objetivando formar flocos grandes e leves, que flotem
e sejam removidos do efluente na superfície por meio de raspadores em tanques
retangulares ou circulares (SENAI, 2013). Enquanto na sedimentação a força da
gravidade auxilia a deposição de partículas, na flotação, há uma grande produção de
bolhas que grudam nos flocos não sedimentados, auxiliando flotação dos mesmos
para a superfície. Os melhores flotadores são aqueles que produzem bolhas pequenas,
pois elas são capazes de deslocar uma menor quantidade de líquido da superfície das
partículas, aderindo-se melhor às partículas.

O princípio de flotação também leva em consideração as reações químicas que acontecem


na mistura destas partículas, essa mistura de forma rápida ajuda a aglomeração das
partículas de impurezas grudem nas bolhas formadas, gerando flocos. Nesta etapa não
ocorre à retirada das partículas flotadas. Após a flotação estas partículas+água são

37
UNIDADE II │ CARACTERIZAÇÃO DOS PROCESSOS FÍSICOS, FÍSICO-QUÍMICOS E BIOLÓGICOS DO TRATAMENTO DE EFLUENTES

encaminhadas para um decantador, que se utilizado após a etapa de flotação, pode ser
menor.

Geralmente, nas ETAs, a floculação é realizada de forma mecânica ou hidráulica. A


forma mais utilizada é a mecânica, pois seu manuseio e flexibilidade são maiores, e
devemos levar em consideração as variedades químicas, físicas e biológicas das águas
que chegam às ETAs dependendo da época do ano ou da região (HELLER; PÁDUA,
2010).

No caso do efluente demandar um tratamento mais complexo, principalmente


relacionado a eliminação de metais dissolvidos (tais como Fe, Zn, Al, Ni, Cr e Cu), são
utilizados processos de precipitação, consistindo na adição de agentes químicos, como
hidróxido de cálcio, até obter-se valores de pH que formam-se precipitados insolúveis
no meio líquido (SENAI, 2013).

Uma alternativa para tratamento de águas é a substituição dos decantadores por


flotadores, como acabamos de discutir.

A flotação é uma tecnologia aplicável para a separação entre componentes


sólido-líquido ou líquido-líquido, o qual se deseja remover partículas de baixa
densidade como sólidos em suspensão e micro-organismos. No processo de
flotação, empregam-se agentes coagulantes com o objetivo de formar flocos
grandes e leves, que flotem e sejam removidos do efluente na superfície por
meio de raspadores em tanques retangulares ou circulares.

As unidades que possuem flotadores também precisam ser bem equipadas, e exigem
operadores qualificados para o manuseio dos flotadores, geralmente são unidades com
cobertura, e a escolha do equipamento gerador de bolhas conta muito, e dependendo
do parelho escolhido o aumento do consumo de energia nas ETAs são enormes. Entre
as vantagens dos flotadores, encontramos:

»» são unidades compactas;

»» geram lodos com mais sólidos;

»» reduzem a utilização de coagulantes primários;

»» reduzem o tempo de floculação;

»» diminuem o volume de água descartada.

38
CARACTERIZAÇÃO DOS PROCESSOS FÍSICOS, FÍSICO-QUÍMICOS E BIOLÓGICOS DO TRATAMENTO DE EFLUENTES │ UNIDADE II

Figura 6. Fluxograma de uma estação de tratamento de água residuária.

Cloração e
fluoretação
Decantação

Coagulação e Filtração
Água Bruta floculação com areia e seixos Reservatório Residências
sulfato de alumínio

ETA- Estação de Tratamento de Água

Fonte disponível em: <http://server.pelotas.com.br/sanep/dev/img/tratamento-agua.gif>. Acesso em: 4 out. 2018.

39
CAPÍTULO 3
Processos biológicos de tratamento

As principais técnicas utilizadas na descontaminação de efluentes e águas residuárias


nas ETAs e ETEs são os processos biológicos, que incluem principalmente as lagoas
aeróbicas e lagoas de zona tripla, bem como os lodos ativados. Assim, as unidades do
tratamento biológico removem a maior parte dos poluentes orgânicos (DBO e DQO)
(RAJASULOCHANA, 2016).

O tratamento pode ser tanto aeróbio como anaeróbio, tem como base o potencial de
transformação da matéria orgânica pelo metabolismo bacteriano. No primeiro, os
micro-organismos degradam as substâncias orgânicas, em forma de alimento e fonte de
energia, tendo por bases processos na presença de oxigênio. No tratamento anaeróbio o
processo acontece na ausência de oxigênio, por meio de bactérias degradam a matéria
orgânica por meio da fermentação. Há, portanto, geração de biomassa, que dá origem
ao lodo biológico, formado por frações orgânicas e inorgânicas.

Nos processos aeróbios, o oxigênio funciona como aceptor de elétrons e o rendimento


energético é maior o que se reflete na grande biomassa produzida. Já nos sistemas
anaeróbios, aproximadamente 90% da DQO tratada é convertida em gás metano
com produto final, sendo que esta energia equivalente não é disponível para a síntese
microbiana. Como resultado genérico, os sistemas anaeróbios produzem bem menos
lodo excedente, quando comparados com os processos aeróbios.

Os responsáveis pela degradação da matéria orgânica são as bactérias, já que são mais
hábeis em degradar matéria orgânica e são formadoras de flocos. As bactérias mais
frequentes são as dos gêneros: Pseudomonas, Bacillus, Zooglora, Schromobacter,
Flavobacterium, Nocardia, Bdellovibrio, Mycobacterium, Klebscella e bactérias
nitrificantes como Nitrossomas e Nitrobacter. Cada espécie tem uma função específica,
por exemplo, as do gênero Zooglora são formadoras de flocos e as do gênero Bacillus
são degradadoras de proteínas. O sistema para ser eficiente depende do equilíbrio entre
espécies, assim, se as bactérias formadoras de flocos (que produzem filamentos que as
demais bactérias ficam aderidas) crescerem demasiadamente, ocorre o intumescimento
filamentoso (bulking), deixando os flocos leves, o que prejudica a sedimentação do
mesmo, impedindo a clarificação do efluente, já que a eficiência do processo depende
da fase de separação da biomassa floculada do efluente tratado (SENAI, 2013).

Entre exemplos de sistemas aeróbios podem ser citados: lagoas aeradas; lodos ativados;
e filtros biológicos. Já para o tratamento anaeróbio, temos: lagoas anaeróbias; tanques

40
CARACTERIZAÇÃO DOS PROCESSOS FÍSICOS, FÍSICO-QUÍMICOS E BIOLÓGICOS DO TRATAMENTO DE EFLUENTES │ UNIDADE II

sépticos; filtros anaeróbios; e reatores de alta taxa. A seguir, são apresentados os


mecanismos de funcionamento de algumas destas unidades de tratamento.

Lodos ativados
Os sistemas de tratamento de esgotos por lodos ativados apresentam alta eficiência
frente à pequena área de implantação necessária. O processo tem por base a oxidação
bioquímica dos compostos orgânicos e inorgânicos encontrados nos diversos tipos de
efluentes utilizando, claro, micro-organismos (BENTO et al., 2005).

Garantindo toda remoção da matéria orgânica presente nos efluentes, além da utilização
de micro-organismos anaeróbios, utilizamos também micro-organismos aeróbios, por
isso usualmente, optamos pela utilização de lodos ativados.

O processo é dividido em três componentes básicos: um reator que os micro-


organismos responsáveis pelo tratamento são postos em suspensão e aerados; um
tanque de sedimentação (decantador secundário), cuja função é separar a fase líquida
da sólida; e um sistema de recirculação do lodo removido no tanque de sedimentação
para o reator (TCHOBANOGLOUS; BURTON; STENSEL, 2003). Os micro-organismos
são compostos por bactérias, protozoários, fungos e micrometazoários que oxidam os
compostos orgânicos e inorgânicos presentes nos efluentes (AMMAN; GLOCKNER;
NEEF, 1997; BENTO et al., 2005).

Os micro-organismos auxiliam a degradação da matéria orgânica que estão no interior


dos reatores. A sedimentação dos flocos produzidos geralmente por flotadores são
decantados em decantadores posteriormente originando o que nós conhecemos
como lodo. Parte do lodo formado retorna ao reator, na etapa de retroalimentação,
melhorando a eficácia do processo. A parte que não retroalimenta vai para as etapas de
tratamento e condicionamento dos lodos (VON SPERLING, 2012).

Essa etapa é realizada em tanques concretados, diferente das lagoas de estabilização,


pois o processo é aeróbio e a aeração garante o O2 e a homogeneização necessárias para
que o processo microbiano aconteça, dessa forma a matéria orgânica é decomposta
por micro-organismos, geralmente bactérias aeróbias, no final do processo as bactérias
(ou biomassa bacteriana, devido a sua alta multiplicação nessa etapa do processo)
sedimentam-se no decantador secundário, permitindo que o efluente não carregue
bactérias ao ir para os corpos receptores. Parte do lodo sedimentado junto com a
biomassa bacteriana retorna ao tanque de aeração, por bombeamento, aumentando
a eficiência do sistema. Este lodo decantado é chamado de lodo ativado e quando ele
retorna, a eficiência do sistema é aumentada, pois utilizamos os micro-organismos

41
UNIDADE II │ CARACTERIZAÇÃO DOS PROCESSOS FÍSICOS, FÍSICO-QUÍMICOS E BIOLÓGICOS DO TRATAMENTO DE EFLUENTES

presentes neste lodo ativado para uma nova decomposição da matéria orgânica presente
no efluente bruto.

O sistema baseia-se no processo aeróbio em um tanque, aeração garante o suprimento


de oxigênio e a homogeneização da massa líquida. A matéria orgânica é removida por
bactérias que crescem dispersas no tanque. A biomassa (bactérias) sedimenta em um
decantador secundário, permitindo que o efluente seja lançado clarificado para o corpo
receptor. Parte do lodo sedimentado no fundo do decantador secundário volta, por
bombeamento, ao tanque de aeração, aumentando a eficiência do sistema (Figura 7).

Figura 7. Processo de lodos ativados.

Tanque de aeração
Decantador
Afluente Efluente

Retorno de lodo

Excesso
de lodo
Fonte: Revista TAE (2014).

O sistema de lodos ativados pode ser composto apenas por bactérias ou pode representar
uma complexa associação entre muitos tipos microbianos além das bactérias, como
protozoários, fungos e micrometazoários. Estes micro-organismos oxidam os compostos
orgânicos e inorgânicos presentes nos efluentes. Cada tipo de efluente requer um tipo
diferente de tratamento biológico, dessa forma é importantíssima a melhor escolha do
micro-organismos ou micro-organismos que irão compor este tratamento, uma vez que
ambos são dinâmicos (AMMAN; GLOCKNER; NEEF, 1997; BENTO et al., 2005).

A aeração proporciona O2 aos micro-organismos, que são na maioria aeróbios ou


facultativos, além de também evitar a deposição da biomassa bacteriana no fundo do
reator antes do tempo certo e de homogeneizar o efluente. O O2 geralmente é introduzido
por meio de um sistema de aeração mecânica, utilizando ar comprimido (SILVEIRA,
2010).

42
CARACTERIZAÇÃO DOS PROCESSOS FÍSICOS, FÍSICO-QUÍMICOS E BIOLÓGICOS DO TRATAMENTO DE EFLUENTES │ UNIDADE II

Figura 8. Lodo Ativado Aeração Prolongada.

Fonte: Meio Ambiente DJC (2018).

As ETAs geram, no final do tratamento das águas residuárias, subprodutos sólidos,


além da água tratada, entre eles estão os materiais grosseiros removidos na etapa de
gradeamento. Entretanto, o subproduto principal do tratamento é o lodo. O lodo final,
precisa ser retirado do sistema e tratado para que o mesmo possa ser disposto nas ETEs
ou em aterros sanitários. Muitas ETAs armazenam temporariamente este lodo residual
em caçambas cobertas com cal.

Lagoas de estabilização
As lagoas de estabilização constituem um processo, em geral aplicado para tratamento
de esgotos domésticos, que aproveita fenômenos naturais, como incidência de radiação
solar e degradação biológica no tratamento do efluente. Estas funcionam bem na
remoção do nitrogênio, pois promovem a desnitrificação (perda de nitrogênio para a
atmosfera). O fósforo é removido pelo processo de precipitação, e os micro-organismos,
como os coliformes, ovos de helmintos e cistos de protozoários, são sedimentados
no fundo da lagoa (BERTONCINI, 2008). As lagoas de estabilização são unidades
que retêm os efluentes por um período suficiente para estabilizar a matéria orgânica
por meio de processos biológicos, principalmente devido à ação de algas e bactérias.
Requerem uma maior disponibilidade de área, e os aspectos construtivos demandam
basicamente a limpeza do terreno (retirada da vegetação), escavação, construção de
diques, preparação do fundo e instalação dos dispositivos de entrada e saída. Muitas
etapas de operação e manutenção precisam ser realizadas para que tudo ocorra bem,
pois sem estas etapas, haverá, consequentemente, redução na eficiência do tratamento.

43
UNIDADE II │ CARACTERIZAÇÃO DOS PROCESSOS FÍSICOS, FÍSICO-QUÍMICOS E BIOLÓGICOS DO TRATAMENTO DE EFLUENTES

São unidades que retêm os esgotos por um período suficiente para que seja estabilizada
a matéria orgânica por processos biológicos, portanto naturais, principalmente pela
ação de algas e bactérias. As lagoas de estabilização podem ser facultativas, anaeróbias,
aeróbias ou de maturação. É muito comum a utilização de vários modelos de lagoas ou
ainda a utilização de lagos como pós-tratamento dos lodos.

De maneira geral, as lagoas de estabilização são bastante indicadas para regiões de


clima quente e países em desenvolvimento, pelos seguintes aspectos:

»» suficiente disponibilidade de área em um grande número de localidades;

»» clima favorável (temperatura e insolação elevada);

»» operação simples;

»» necessidade de pouco ou nenhum equipamento;

»» custos de implantação e operação adequados.

Existem diversos tipos de lagoas de estabilização, como as facultativas, anaeróbias,


aeróbias ou de maturação. Tais unidades podem ser associadas ou mesmo serem
utilizadas como pós-tratamento de outros sistemas, sendo uma eficiente alternativa na
redução de carga orgânica do efluente (VON SPERLING, 2005):

Lagoa facultativa
A utilização de lagoas facultativas também é bastante interessante uma vez que assim
como as lagoas de estabilização, estas constituem de um processo natural. Estas lagoas
funcionam a partir da retenção dos esgotos por um tempo longo para que os micro-
organismos possam estabilizar naturalmente toda a matéria orgânica presente naquela
água residuária ou esgoto. Estes processos geralmente ocorrem em três zonas desta
lagoa:

»» zona anaeróbia;

»» zona aeróbia;

»» zona facultativa.

Entre as vantagens, encontramos a simplicidade e confiabilidade da operação, uma vez


que os processos naturais são seguros, e dentre as desvantagens, podemos citar, os
períodos longos até que toda a matéria orgânica seja estabilizada.

44
CARACTERIZAÇÃO DOS PROCESSOS FÍSICOS, FÍSICO-QUÍMICOS E BIOLÓGICOS DO TRATAMENTO DE EFLUENTES │ UNIDADE II

As lagoas facultativas podem ser classificadas em:

»» lagoas primárias;

»» lagoas secundárias.

As lagoas primárias são as lagoas que recebem o esgoto bruto e as lagoas secundárias
são aquelas lagoas que recebem o efluente já pré-tratado de outras estações.

O esgoto afluente entra continuamente em uma extremidade da lagoa e sai na


extremidade oposta. Ao longo desse percurso, que duram muitos dias, os micro-
organismos fazem uma série de transformações neste esgoto. A DBO é estabilizada
aerobiamente por bactérias na zona aeróbia da lagoa e depois no fundo da lagoa
esta DBO é estabilizada por bactérias anaeróbias e este lodo é convertido em CO2 e
metano, principalmente. Somente a fração considerada inerte, ou seja, aquela que
não é biodegradável permanece na camada de fundo sem, obviamente, ser degrada
pelas bactérias. Nestes sistemas, o O2 necessário para as bactérias aeróbias é fornecido
pelas algas por meio de processos fotossintéticos. Para que a fotossíntese acontece de
forma eficiente, estas lagoas precisam ser dimensionadamente com grandes áreas de
exposição, pois as algas necessitam de energia solar para fotossintetizar e gerar O2. Para
tanto, a total eficiência desse tipo de sistema de tratamento depende da disponibilidade
de grandes áreas para que a exposição à luz solar seja adequada.

Assim, conforme a Figura 9, na parte mais próxima à superfície da lagoa, há penetração


de luz e ocorrem mecanismos de oxigenação natural por ação dos ventos, predominam
as condições aeróbias, ou seja, a degradação biológica aeróbica da matéria orgânica,
já que o oxigênio é fornecido pelas algas e consumido pelas bactérias no processo de
degradação. Cabe ressaltar a profundidade da zona aeróbia pode variar durante o dia e
meses do ano (em período chuvoso, por exemplo, a profundidade desta zona diminui).
Na parte um pouco mais profunda tem-se a zona anóxica (condição de escassez de
oxigênio), predominam as bactérias facultativas, que podem realizar degradação
aeróbia quando há oxigênio disponível ou processo fermentativo anaeróbio, na falta
deste. Já na parte mais próxima ao sedimento, fundo da lagoa, tem-se a zona anaeróbia,
os micro-organismos atuam na degradação de matéria orgânica por fermentação e,
neste processo, liberam o biogás (CH4, CO2 e H2S).

45
UNIDADE II │ CARACTERIZAÇÃO DOS PROCESSOS FÍSICOS, FÍSICO-QUÍMICOS E BIOLÓGICOS DO TRATAMENTO DE EFLUENTES

Figura 9. Esquema simplificado de uma lagoa facultativa.

CO2

Bactérias Algas Zona aeróbia

O2 Zona facultativa

Zona anaeróbia

Fonte adaptada e disponível em: <http://adcon.rn.gov.br/ACERVO/caern/IMG/IMG000000000017776.JPG>. Acesso em: 4


outubro 2018.

Lagoa anaeróbia associada à lagoa


facultativa
Sabe-se que, como uma forma alternativa de tratamento, são constituídas as lagoas
anaeróbias, sendo fundamental e essencial as suas condições anaeróbicas. Essa
perspectiva é alcançada pelo lançamento de uma carga DBO por unidade de volume
da lagoa, isso faz com que a taxa de consumo de oxigênio seja por diversas vezes
superior à taxa de produção. No saldo do oxigênio, produzido pela fotossíntese e pela
reaeração atmosférica são desprezíveis, neste caso. Nas lagoas anaeróbias, acontece
a sedimentação da matéria orgânica presente na forma de sólidos sedimentares. Nos
aspectos bioquímicos, as bactérias anaeróbias encerram uma taxa metabólica e de
reprodução mais lenta do que as bactérias aeróbias.

As lagoas anaeróbias apresentam profundidade entre 4 a 5 metros, caracterizando-se


como profundas. Essa profundidade tem o intuito de evitar que o oxigênio produzido
pela camada superficial seja transmitido às camadas inferiores. Para sejam garantidas
essas condições de anaerobiose é lançada uma notável quantidade de efluente por
unidade de volume da lagoa. Dessa forma, o consumo de oxigênio deverá ser superior
ao reposto pelas camadas superficiais. Assim, o oxigênio produzido pelas algas e o
proveniente da reaeração atmosférica são considerados desprezíveis, pelo fato de que
a superfície da lagoa ser pequena em relação a sua profundidade. A decomposição da
matéria orgânica, no processo anaeróbico, proporciona subprodutos de eficiente poder
energético (biogás) e que, por isso, a disponibilidade de energia para a reprodução e
metabolismo das bactérias é menor que no processo aeróbio. As lagoas não demandam
nenhum equipamento específico e, além disso, apresentam um baixo e, praticamente,
desprezível consumo de energia. A DBO é em torno de 50 % estabilizada na lagoa

46
CARACTERIZAÇÃO DOS PROCESSOS FÍSICOS, FÍSICO-QUÍMICOS E BIOLÓGICOS DO TRATAMENTO DE EFLUENTES │ UNIDADE II

anaeróbia (mais profunda e com menor volume), enquanto a DBO restante é retirada na
lagoa facultativa. O sistema ocupa uma área menor ao de uma lagoa facultativa única.

Lagoa aerada facultativa


Empregada quando se almeja ter um sistema predominantemente aeróbio, a lagoa
aerada facultativa apresenta dimensões menores que as lagoas facultativas ou o sistema
de lagoas anaeróbias seguidas por lagoas facultativas. A diferença principal é relacionada
à forma como o oxigênio é suprido. Enquanto na lagoa facultativa o oxigênio se origina
da fotossíntese, na lagoa aerada facultativa ele é obtido sobretudo por aeradores. Os
mecanismos de remoção da DBO são semelhantes aos de uma lagoa facultativa. Como
a lagoa também é facultativa, uma parte significativa de sólidos do esgoto, bem como da
biomassa sedimentada são decompostos nas profundezas anaerobiamente.

A lagoa é caracterizada como facultativa devido ao nível de energia, introduzido pelos


aeradores, ser suficiente somente para a oxigenação, não sendo satisfatórios para a
manutenção dos sólidos dispersos (biomassa e sólidos em suspensão do esgoto bruto)
em massa líquida. Assim, esses sólidos tendem a sedimentar e a compor uma camada
de lodo de fundo, podendo ser decomposta de forma anaeróbica. Somente a DBO
solúvel e a DBO, representada pelos sólidos de dimensões menores, conservam-se na
massa líquida e sofrem decomposição aeróbia. Portanto, em termos da distribuição da
biomassa heterotrófica, a lagoa se comporta como lagoa facultativa convencional.

Quando a disponibilidade de área é insuficiente para a instalação de uma lagoa facultativa


convencional ou quando se deseja um sistema predominantemente aeróbio, a lagoa
aerada pode ser utilizada. Ela também pode ser uma solução para lagoas facultativas
que não possuem área suficiente para sua ampliação ou que operam de forma saturada.
Além disso, a complexidade e manutenção operacional do sistema é aumentada devido
à introdução de equipamentos eletromecânicos, bem como da necessidade de consumo
de energia elétrica.

47
UNIDADE II │ CARACTERIZAÇÃO DOS PROCESSOS FÍSICOS, FÍSICO-QUÍMICOS E BIOLÓGICOS DO TRATAMENTO DE EFLUENTES

Figura 10. Fluxograma do sistema de lagoa aerada facultativa.

Corpo
Caixa de Lagoa aerada facultativa receptor
Grade Medição de
areia vazão

Fase sólida
Fase sólida

Fonte disponível em: <http://www.naturaltec.com.br/aeracao-por-difusores/>.Acesso em: 4 outubro 2018.

Lagoa aerada de mistura completa associada à


lagoa decantação

São essencialmente aeróbias as lagoas aeradas de mistura completa. Os aeradores são


necessários para a garantia da oxigenação do meio, além da manutenção dos sólidos em
suspensão (biomassa) dispersos no meio líquido. O período de 2 a 4 dias é o tempo de
tensão típico em uma lagoa aerada de mistura completa.

Figura 11. Lagoa aerada em estação de tratamento de esgoto.

Fonte disponível em: <https://s4.static.brasilescola.uol.com.br/img/2014/09/lagoa-aerada.jpg> Acesso em: 4 outubro 2018.

Os sólidos, primordialmente a biomassa microbiana, ficam dispersos no meio, sendo


assim, quanto maior for a concentração microbiana neste sistema melhor ele funcionará,
principalmente na diminuição da DBO. Mas, a biomassa microbiana precisa ser
removida da água tratada antes que a mesma seja despejada nos corpos receptores,
normalmente para tal, utilizamos uma lagoa de decantação que podemos remover a

48
CARACTERIZAÇÃO DOS PROCESSOS FÍSICOS, FÍSICO-QUÍMICOS E BIOLÓGICOS DO TRATAMENTO DE EFLUENTES │ UNIDADE II

biomassa e reintroduzi-la novamente ao processo. A energia produzida naturalmente


é capaz de manter o O2 na lagoa e de movimentar os sólidos em suspensão, bem como
a biomassa.

Lagoa de maturação

Como principal objetivo da lagoa de maturação, pode-se destacar a remoção


de patogênicos e não a remoção adicional de DBO. As lagoas de maturação são
interessantíssimas, uma vez que elas possibilitam um “pós-tratamento” do efluente
tratado proveniente de ETEs ou ETAs, de lagoas de estabilização ou de outros sistemas
de tratamentos. Nestas lagoas os micro-organismos não são muito bem-vindos, pois
há: elevado pH, Oxigênio dissolvido, falta de matéria orgânica, luz ultravioleta e
temperaturas em torno de 20ºC, por isso podemos utilizar estas lagoas para remoção
de micro-organismos patógenos, dependendo das caracterizastes do efluente, a lagoa
de maturação é excelente para diminuição de bactérias do grupo coliformes.

De forma geral, lagoas de estabilização funcionam bem na remoção do nitrogênio,


pois promovem a desnitrificação (perda de nitrogênio para a atmosfera). O fósforo é
removido pelo processo de precipitação, e os micro-organismos, como os coliformes,
ovos de helmintos e cistos de protozoários, são sedimentados no fundo da lagoa
(BERTONCINI, 2008).

As lagoas de maturação devem, e podem atingir elevadíssimas eficiências na remoção


de coliformes ‒ como indicadores de remoção correspondente de bactérias e vírus
(99,99%) para que possam ser cumpridos padrões ou recomendações usuais para
utilização direta do efluente para irrigação, ou para a manutenção de diversos usos no
corpo receptor.

Figura 12. ETE Tambaú/SP – Lagoas aerada aeróbia e de decantação.

Fonte: Infraestrutura Urbana (2018).

49
CAPÍTULO 4
Tanque séptico e Reator UASB

O tanque séptico consiste em um reservatório fechado que são realizadas a digestão


anaeróbia, a sedimentação e o adensamento de lodo. Existe uma considerável
remoção de sólidos sedimentáveis, contudo, o efluente ainda apresenta DBO elevada
e patogênicas. Normalmente, são unidades para até 50 casas ou para edifícios como
escolas e hospitais.

O sistema extrai a maior parte dos sólidos suspensos, os quais sofrem o processo de
digestão anaeróbia no fundo do tanque e se sedimentam. O tanque séptico pode ser
comparado a um filtro anaeróbio de fluxo ascendente, onde a DBO é convertida por
meio do processo anaeróbico por bactérias aderidas a um meio suporte (normalmente
pedras) no reator.

Outro sistema que pode contar com o filtro anaeróbio para a complementação do
tratamento é o reator anaeróbio de fluxo ascendente – UASB (a sigla vem do inglês
Upflow Anaerobic Sludge Blanket). A sigla UASB vem do Upflow Anaerobic Sludge
Blanket. A associação de reatores anaeróbios, tipo UASB, a lagoas de polimento rasas
se constitui em um sistema de tratamento de esgotos que integra processos anaeróbios
e aeróbios, representando de extraordinária aplicabilidade face à elevada eficiência do
sistema, conjugada a uma substancial redução nos custos, comparado às alternativas
mais tradicionais.

No processo com reator UASB, no fundo do reator, o esgoto é difundido e no alto da


unidade, o efluente é coletado. Por meio da passagem do esgoto pela biomassa, gerando
mais lodo biológico e gás, ocorre a estabilização da matéria orgânica. A biomassa
crescente no sistema forma o lodo biológico, cujo excesso é direcionado para um leito
de secagem e rejeitado periodicamente do reator. O separador trifásico (gás, sólido e
líquido), na parte superior da unidade, permite o retorno do lodo ao sistema e a saída
do efluente clarificado. Assim, o gás coletado pode ser reaproveitado para a obtenção de
energia do metano (SNSA, 2007). Esse reator possibilita que, devido as características
hidráulicas de escoamento e também pela natureza do lodo, uma grande quantidade
desse lodo biológico fique retida no seu interior. O UASB possui na parte superior um
dispositivo que possibilita a sedimentação de sólidos e a separação das fases sólida-
líquida-gasosa, não apresentando, assim, nenhum tipo de material suporte. Esse
dispositivo é fundamental, pois é responsável pelo retorno de lodo e consequentemente
pela garantia do alto tempo de detenção celular do processo (LIMA, 2006).

50
CARACTERIZAÇÃO DOS PROCESSOS FÍSICOS, FÍSICO-QUÍMICOS E BIOLÓGICOS DO TRATAMENTO DE EFLUENTES │ UNIDADE II

Assim, caracteriza-se a biodigestão anaeróbia nesse tipo de tratamento, consistindo, em


cenários de ausência de oxigênio, na fermentação de resíduos com matéria orgânica,
transformando-os em biogás, que é composto por, aproximadamente, 60% de metano
(CH4) e 40% de gás carbônico (CO2) e em compostos mais simples e degradáveis pelas
bactérias (SILVEIRA, 2010).

Existem outras formas para o tratamento secundário dos efluentes, como os


sistemas aeróbios com biofilmes ou mesmo as técnicas de disposição no solo.
Para conhecer tais recursos e também aprofundar os estudos quanto aos tópicos
abordados neste capítulo, leia o capítulo 4 do livro “Introdução à Qualidade das
Águas e ao Tratamento de Esgotos”, de Marcos Von Sperling (2005).

51
PROCESSOS DE
TRATAMENTO EM UNIDADE III
ESTAÇÕES DE
ÁGUA E EFLUENTES

Este capítulo apresenta as estruturas e a combinação de processos relacionados as


estações de tratamento de águas e efluentes. Também são apresentadas considerações
sobre a eficiência relativa ao tratamento e as formas de reúso.

Muitas indústrias adotam métodos que permitem um reúso do efluente tratado no


próprio processo de produção ou mesmo para usos menos ilustres, como a lavagem
de pátios. Assim, o tratamento adequado dos efluentes, além de atender os requisitos
ambientais, também podem trazer benefícios econômicos para uma dada atividade
industrial.

CAPÍTULO 1
Funcionamento de uma estação de
tratamento de água

Por meio das etapas a seguir (BRAGA et al., 2005; SABESP, 2018) são descritos os
procedimentos que compõe um sistema convencional de abastecimento de água
público, abrangendo os processos referentes à estação de tratamento de água (ETA)
nas etapas de 3 a 7.

1. Primeiro passo para o tratamento da água passa pela escolha adequada


do manancial de retirada (rio, lagoa, represa, lençol freático), buscando
condições de qualidade e disponibilidade adequadas para a demanda
requerida.

2. Um sistema de captação deve ser instalado para a retirada da água do


manancial, para que, por meio de tubulações possa ser aduzida até a
estação de tratamento. A adução da água pode ser realizada por meio de

52
PROCESSOS DE TRATAMENTO EM ESTAÇÕES DE ÁGUA E EFLUENTES │ UNIDADE III

bombeamento, ou, preferencialmente por gravidade, para a contenção de


gastos.

3. Esta etapa é composta por três fases: a pré-cloração visa a adição de cloro
para facilitar a retirada de matéria orgânica e metais; a pré-alcalinização
objetiva a adição de cal ou soda à água para o ajuste do pH; e a coagulação
conta com a adição de agentes coagulantes como sulfato de alumínio,
cloreto férrico, sulfato ferroso clorado, sulfato férrico e cloreto de
polialumínio, seguido de uma agitação da água para a desestabilização
elétrica das partículas a serem eliminadas.

4. No tanque de floculação a velocidade do fluxo de água é controlada de


modo a formar flocos resultantes da mistura da água com o coagulante.

5. Na etapa de decantação, sem a agitação da água, os flocos passam


a se sedimentar no fundo do tanque e formar um lodo que deverá ser
removido, estabilizado e disposto.

Figura 13. Sistema de tratamento de água.

11

10

01
02
09

04 03
05
06

08

07

Fonte: SABESP (2018).

6. A água passa por camadas filtrantes (geralmente areia, cascalho ou carvão


ativado) para que os sólidos não removidos nas etapas anteriores possam
ficar retidos.

53
UNIDADE III │ PROCESSOS DE TRATAMENTO EM ESTAÇÕES DE ÁGUA E EFLUENTES

7. Por meio da adição de cloro é realizada a desinfecção para a destruição


de organismos patogênicos. É também realizada uma etapa adicional de
fluoretação, com a aplicação do flúor para prevenir a perda de minerais
do esmalte dos dentes, e, consequentemente, a cárie.

8. Após a passagem pela estação de tratamento, a água segue para


reservatórios de distribuição, conforme a configuração dos bairros. Visa
atender as variações do consumo horário e também as demandas de
emergência (incêndio, ruptura de rede etc.).

9. Do reservatório a água segue para tubulações maiores (adutoras) e em


seguida para as redes de distribuição.

10. As redes de distribuição levam a água para os diferentes pontos tanto


para o consumo humano como das indústrias.

11. Exemplos de locais de abastecimento na cidade.

Sistemas de filtração
Nas tecnologias de tratamento de água é a filtração, é uma etapa primordial, visto que é
nesta etapa que são removidas a maior parte das partículas coloidais suspensas e micro-
organismos em geral, de forma a tornar o processo de desinfecção eficiente. Os sistemas
de filtração para tratamento de água se classificam em: filtração direta descendente,
filtração direta ascendente, dupla filtração e filtração em múltiplas etapas. A tecnologia
da dupla filtração se mostrou vantajosa quando a água a ser tratada possui altos
valores de densidade de algas, cor verdadeira, turbidez e coliformes (DI BERNARDO;
SABOGAL PAZ, 2008).

Entre as tecnologias de tratamento para abastecimento público utilizado, a filtração


direta é a que oferece menor custo de implantação, tendo a necessidade de se levar em
consideração que somente é eficiente para o tratamento de águas brutas com um limite
da quantidade de matéria em suspensão e substancias dissolvida. Se as características
físico-químicas e bacteriológicas da água bruta não permitirem assegurar sua
potabilidade por filtração direta, faz-se necessário o emprego do tratamento em ciclo
completo, e às vezes, tratamentos complementares. Assim, a escolha da tecnologia de
tratamento depende basicamente da qualidade da água bruta e da qualidade desejada
para o efluente final. Além da tecnologia apropriada, a ETA precisa ser projetada,
construída e, principalmente, operada corretamente (SAMPAIO, 2014).

A filtração é um processo físico em que a água é filtrada. Para tal, esta água passa por um
filtro composto por areia branca, ou uma mistura de areia e carvão retendo as partículas

54
PROCESSOS DE TRATAMENTO EM ESTAÇÕES DE ÁGUA E EFLUENTES │ UNIDADE III

em suspensão. Algumas ETAs utilizam a dupla filtração que consiste em refiltrar a água
previamente filtrada, para isso a água filtrada passa por canais de pressão até chegar
aos filtros ascendentes. Mas, nós também temos a filtração direta descendente, o
efluente entra pela parte superior, passa pelos filtros, geralmente compostos de areia ou
antracito, e sai pela parte inferior. Geralmente este método é utilizado no tratamento de
águas com baixa turbidez substituindo as etapas de coagulação, floculação e decantação
(SAMPAIO, 2014).

»» Filtração direta ascendente: o efluente entra pela parte inferior e sai


pela parte superior, após passar pelo meio filtrante constituído por uma
camada de pedregulho, seguida de areia.

»» Dupla filtração: a dupla filtração surgiu com o intuito de reduzir as


limitações das tecnologias de filtração direta quando relacionadas ao
tratamento de águas com contaminação relativamente elevada. Tem-
se a associação da filtração direta ascendente com a filtração rápida
descendente (SILVA, 2017). Há uma agregação da unidade de filtração
direta ascendente com a unidade descendente. A tecnologia da dupla
filtração se mostrou vantajosa quando a água a ser tratada possui altos
valores de densidade de algas, cor verdadeira, turbidez e coliformes
(DI BERNARDO; SABOGAL PAZ, 2008). Esta possibilita o tratamento
de água bruta de pior qualidade, com maior quantidade de material
dissolvido e em suspensão, devido à ação dos dois filtros.

»» Filtração em múltiplas etapas: consiste em várias unidades a uma


maior taxa de filtração frente aos métodos convencionais. Pode fazer uso
do carvão ativado granular que, após a filtração em filtros subsequentes
de areia, remove matéria orgânica dissolvida.

Figura 14. Ilustração dos sistemas de filtração ascendente e descendente.

Filtração Ascendente Filtração Descendente

Lavagem
Entrada
Saída

Entrada Saída

Dreno Lavagem
lavagem

Fonte: (SENAI, 2013).

55
UNIDADE III │ PROCESSOS DE TRATAMENTO EM ESTAÇÕES DE ÁGUA E EFLUENTES

A ETA deve ser configurada de modo a possuir unidades em paralelo que permitam
processos de manutenção e limpeza. Havendo indícios de alta variação da qualidade
da água bruta durante os períodos de seca e precipitação a estação deve possibilitar o
direcionamento do tanque de floculação para as unidades de filtração (SENAI, 2013).

Qualquer água, do ponto vista técnico, pode ser tratada, com finalidades higiênicas,
estáticas ou econômicas. Contudo, o conjunto de técnicas mais adequadas para tratar
a água está diretamente relacionada à qualidade da água bruta e a viabilidade dos
custos de implantação e de operação do sistema (SNSA, 2007). No setor industrial, por
exemplo, o nível da qualidade da água está relacionado ao tipo de produto e processo
de fabricação.

Leia o artigo 1. “Água na indústria de alimentos”, com estudo de caso para a


indústria de laticínios. Disponível em: <https://www.portaleducacao.com.br/
conteudo/artigos/marketing/agua-na-industria-de-alimentos/57760>. Acesso
em: 5 outubro 2018.

56
CAPÍTULO 2
Estação de tratamento de efluentes

A Figura 15 apresenta, por meio de etapas, um exemplo de configuração de um sistema


de tratamento de efluentes, com o esgoto percorrendo algumas das unidades estudadas
no Capítulo 2. O tratamento preliminar é composto pelas grades grosseiras e médias,
além da caixa de areia. Em seguida, o efluente passa pelos decantadores primários, que
segue para os tanques de aeração e decantadores secundários. Por fim, há a saída do
efluente clarificado para o rio e o sistema de lodos ativados.

Figura 15. Sistema de tratamento de esgoto.


Tratamento Secundário
Tratamento
Tratamento Preliminar ETA
Primário

Tanque
Elevatória de Decantador Decantador
aeração
esgoto bruto primário secundário
RIO
Esgoto Bruto Grades Caixa Esgoto
médias areia tratado
Grades Compressores
Grosseiras
Elevatória de
Adensadores Flotadores Elevatória lodo primário recirculação do
lodo

Condicionamento
Elevatória de
químico do lodo
lodo excedente
Filtros prensa

Sobrenadante Secador
térmico
Filtrado

Fonte disponível em: <http://www.sabesp.com.br/CalandraWeb/


CalandraRedirect/?temp=2&proj=sabesp&pub=T&nome=TratamentoDeEsgoto>. Acesso em: 4 outubro 2018.

A recirculação do lodo do decantador secundário para o tanque de aeração, visa


proporcionar uma quantidade suficiente de micro-organismos no tanque, além de
manter uma relação alimento/micro-organismo que seja capaz de decompor material
orgânico, com maior eficiência.

Cabe ressaltar que as estruturas presentes em diferentes estações de tratamento variam


de acordo com fatores como: área disponível para a implantação; custos de investimento
e operacionais; eficiência requerida; complexidade do processo; logística; exigências
ambientais; clima; proximidade de residências, entre outros.

A Figura 15 também apresenta um estágio de tratamento do lodo, referente à fase


sólida do tratamento de efluentes e que é apresentada por meio das seguintes etapas
apresentadas no capítulo, a seguir.

57
CAPÍTULO 3
Tratamento do lodo

Adensamento do Lodo
Esta etapa ocorre nos adensadores de densidade e nos flotadores. O adensamento é o
processo para aumentar o teor de sólidos no lodo e, consequentemente, reduzir o volume,
visto a alta quantidade de água, facilitando as etapas subsequentes de tratamento do
lodo. É mais utilizado nos processos de tratamento primário, lodos ativados e filtros
biológicos percoladores, tendo importante implicações no dimensionamento e na
operação dos digestores.

Desta forma, as unidades posteriores, tais como a digestão, desidratação e secagem,


beneficiam-se desta redução. Dentre os métodos mais comuns, temos o adensamento
por gravidade e por flotação. Quando é por gravidade, sedimentação por zona, de modo
que o lodo adensado possa ser retirado. Já no adensamento por flotação, utilizamos
uma câmara de alta pressão para colocar ar na solução, após a despressurização, o ar
forma bolhas que ajudam a levar os flocos de lodo para o alto. Por isso é comum ter em
ETE, e ETA, os adensadores, geralmente por gravidade e os flotadores.

Os adensadores por gravidade possuem uma estrutura similar ao de decantadores.


Usualmente o formato é circular, a alimentação central, a saída do lodo pelo fundo, e
a saída do sobrenadantes pela periferia. O lodo adensado segue para a etapa seguinte
(normalmente digestão), ao passo que os sobrenadantes são retornados à entrada da
ETE. Unidade que visa aumentar a concentração de lodo pelo processo de sedimentação
da matéria em suspensão, utilizando-se apenas mecanismos físicos.

No processo de flotação por ar dissolvido, introduz-se ar em uma solução mantida


em elevada pressão. Nessas condições, o ar encontra-se dissolvido. Quando há uma
despressurização, o ar dissolvido é liberado na forma de pequenas bolhas. Estas bolhas,
em movimento ascensional, tendem a carrear as partículas de lodo para a superfície, de
onde são removidas.

Digestão anaeróbia

É realizada com os objetivos de: eliminar ou diminuir os micro-organismos que causam


doenças; consolidar as substâncias instáveis e matéria orgânica presentes no lodo fresco;
restringir a quantidade do lodo por meio dos fenômenos de liquefação, gaseificação

58
PROCESSOS DE TRATAMENTO EM ESTAÇÕES DE ÁGUA E EFLUENTES │ UNIDADE III

e adensamento; atribuir o lodo características benéficas à redução de umidade;


permitir a sua reutilização. As bactérias acidogênicas os danificam, proteínas, lipídios
e carboidratos transformando-os em ácidos voláteis, e as bactérias metanogênicas
transformam grande parte desses ácidos em gases, predominando a formação de gás
metano. A consolidação de substâncias instáveis e da matéria orgânica presente no lodo
fresco também pode ser realizada por meio da adição de produtos químicos.

Condicionamento químico

O Condicionamento do lodo é uma etapa prévia ao desaguamento e influencia


diretamente a eficiência dos processos mecanizados. O condicionamento pode ser
realizado por utilização de produtos químicos inorgânicos, aproveitados nos casos em
que o desaguamento é realizado por filtração a vácuo ou pressão, de produtos químicos
orgânicos ou de tratamento térmico. Este processo visa modificar o tamanho e a
distribuição das partículas, as cargas de superfícies e a interação das partículas no lodo.
Quanto maior a superfície específica das partículas, maior serão o grau de hidratação, a
demanda de produtos químicos e a resistência ao desaguamento.

Resulta na liberação da água adsorvida e na coagulação de sólidos. Tal processo é


utilizado antes dos sistemas de desidratação mecânica, tais como filtração, centrifugação
etc. Dos mais usados produtos químicos destacam-se cloreto férrico, cal, sulfato de
alumínio e polímeros orgânicos.

O principal objetivo do condicionamento é aumentar o tamanho das partículas no lodo,


envolvendo as pequenas partículas em agregados de partículas maiores. Isto é realizado
por meio de uma etapa de coagulação seguida de outra de floculação. A coagulação diminui
a intensidade das forças eletrostática de repulsão entre as partículas, desestabilizando-
as. A compressão da dupla camada elétrica que envolve superficialmente cada partícula
é o mecanismo que facilita sua aproximação. A floculação permite a aglomeração dos
coloides e dos sólidos finos por meio de baixos gradientes de agitação.

Desaguamento do lodo

A capacidade de desaguamento varia de acordo com o tipo de lodo. Lodos ativados, por
exemplo, são mais difíceis de serem desaguados do que os lodos primários digeridos
anaerobiamente. Esta variação na capacidade de desaguamento está diretamente
relacionada com o tipo de sólidos e com a forma que a água está ligada às partículas
do lodo. O desaguamento, realizado com o lodo digerido, tem impacto importante nos
custos de transporte e destino final do lodo. As principais razões para se realizar o
desaguamento são:

59
UNIDADE III │ PROCESSOS DE TRATAMENTO EM ESTAÇÕES DE ÁGUA E EFLUENTES

»» redução do custo de transporte para o local de disposição final;

»» melhoria nas condições de manejo do lodo, já que o lodo desaguado é


mais facilmente transportado;

»» aumento do poder calorífico do lodo, por redução da umidade com vistas


à preparação para incineração.

»» diminuição das produções de lixiviados quanto sua disposição em aterros


sanitários.

O desaguamento dos lodos pode ser realizado através de meios naturais ou mecânicos.
Os processos naturais utilizam a evaporação e a percolação como principais mecanismos
de remoção de água, o que demanda tempo de exposição do lodo às condições que
resultam no desaguamento. Embora sejam operacionalmente mais simples e baratos
tais processos demandam maiores áreas e volumes para instalação. Em contrapartida,
os processos mecanizados baseiam-se em mecanismos, tais como filtração, compactação
ou centrifugação para acelerar o desaguamento, resultando em unidades compactas
e bem sofisticadas, sob ponto de vista de operação e manutenção. Os fatores que
influenciam no desaguamento são:

»» proporções de lodos primários e lodo secundário no lodo a ser desaguado;

»» tipo de lodo secundário; condicionamento do lodo;

»» tipo de idade do processo de desaguamento;

»» projeto e operação e descargas industriais.

Os principais processos utilizados para o desaguamento de lodos são: leitos de secagem,


lagoas de secagem de lodos, centrífugas, filtros a vácuo, filtros prensa.

Leitos de secagem
Este tipo de processo de desaguamento é indicado para comunidades de pequeno e
médio porte, com ETEs tratando uma população equivalente de até cerca de 20.000
habitantes, localizadas em áreas afastadas da zona urbana. São umas das técnicas mais
antigas utilizadas na separação sólido-líquido do lodo, tendo custo de implantação
bastante reduzido.

60
PROCESSOS DE TRATAMENTO EM ESTAÇÕES DE ÁGUA E EFLUENTES │ UNIDADE III

Quadro 4. Vantagens e desvantagens dos leitos de secagem.

Vantagens Desvantagens
Baixo valor de investimento. Elevada área requerida.
Simplicidade operacional. Necessidade de estabilização prévia do lodo.
Baixo nível de atenção exigido. Influência significativa do clima no desempenho operacional do processo.
Necessidade de operador com baixo nível de qualificação. Lenta remoção da torta seca.
Baixo ou inexistente consumo de energia elétrica. Necessidade de elevada mão de obra para a retirada de torta seca.
Baixo ou inexistente consumo de produto químico. Elevado risco de liberação de odores desagradáveis e de proliferação de
moscas.
Baixa sensibilidade as variações nas características do lodo. Risco de contaminação de lençol freático, caso o fundo dos leitos e o
sistema de drenagem não sejam bem executados.
Torta com alto teor de sólidos.

Fonte: (ANDREOLI; PINTO, 2001).

Os digestores enviam o lodo para os leitos de secagem que geralmente são tanques
grandes e retangulares e podem estar em locais abertos ou fechados, geralmente em
países quentes, eles são projetados ao ar livre, uma vez que não há necessidade de serem
cobertos para manter o calor. Os leitos de secagem podem ser divididos em:

»» tanques de armazenamento;

»» camada drenante;

»» cobertura.

Lagoas de secagem

Em lagos de secagem, a secagem pode ser obtida ela:

»» ação dos ventos;

»» temperaturas altas;

»» insolação direta.

Visto que a ação dos ventos é extremamente importante para esta secagem, e
temperaturas elevadas ajudam a acelerar o processo de secagem. Mas, a insolação direta,
também é muito utilizada uma vez que também favorecem o aumento da temperatura
e os raios solares ainda auxiliam na degradação dos lodos e na redução dos micro-
organismos presentes.

Lagoas de secagem de lodo são utilizadas para adensamento, digestão complementar,


desaguamento e até mesmo para disposição final do lodo de esgotos. Embora se trate de
um processo de baixo custo, operacionalmente simples, lagoas de secagem são pouco
utilizadas no Brasil. Podem ser classificadas como temporárias ou permanentes. A
61
UNIDADE III │ PROCESSOS DE TRATAMENTO EM ESTAÇÕES DE ÁGUA E EFLUENTES

secagem do lodo nestas lagoas ocorre de forma lenta, e como já discutimos, a zona
anaeróbia fica na parte inferior da lagoa e comumente a parte superior é composto por
algas e micro-organismos aeróbios. São geralmente escavadas no solo, ou posicionadas
em depressões naturais do terreno, ou dotadas de diques, o lodo de descarte da ETE é
acumulado por períodos de tempo prolongados (de 3 a 5 anos). Durante esse período,
o lodo é adensado por ação da gravidade, digerida pelos próprios micro-organismos
presentes no lodo e desaguada por drenagem da água livre, de evaporação e de
escoamento superficial. Suas vantagens são: consumo de energia reduzido; ausência
de produtos químicos, mão de obra pouco especializada; baixo custo de implantação
nos casos que há terreno a custo reduzido; serve como unidade de reserva de ETEs com
problemas operacionais no desaguamento de lodos.

As lagoas de lodo não devem ser construídas em regiões densamente urbanizadas


ou nas proximidades de residências ou edificações. Embora o lançamento de lodos
bem digeridos seja uma garantia de minimização de problemas de emissão de
compostos odorantes, problemas operacionais na ETE, assim como o impacto visual
do empreendimento, podem resultar em uma convivência difícil entre operadores de
estação de tratamento e a população. Lagoas pequenas podem ser cobertas e dotadas de
um sistema de coleta e disposição adequado das emissões gasosas (queima de biogás).
Em qualquer situação, o acesso de pessoas estranhas e animais à lagoa deve ser vedado.
A possibilidade de contaminação do lençol freático também existe nos casos que o
solo da região da qual a lagoa foi implantada é muito permeável. Nestes casos, uma
impermeabilização eficiente do fundo e dos taludes da lagoa deve ser providenciada,
podendo ser utilizados materiais sintéticos, concreto ou argila de boa qualidade,
associados a um sistema de drenagem eficiente no fundo da lagoa.

Figura 16. Processo de secagem do lodo.

Fonte disponível em: <http://www.ima.al.gov.br/wp-content/uploads/2015/11/Lodo-em-Arapiraca.jpg>.


Acesso em 5 outubro 2018.

62
PROCESSOS DE TRATAMENTO EM ESTAÇÕES DE ÁGUA E EFLUENTES │ UNIDADE III

Filtro prensa de placas

Estes filtros também são utilizados industrialmente, mas foram adaptados e hoje
nós utilizamos na etapa de desidratação do lodo, que ocorre ao prensar o lodo nestes
filtros e podem operar com diferentes pressões de água Este processo configura uma
ótima concentração dos sólidos, proporcionando uma baixa turbidez final. Estes
equipamentos funcionam em batelada, ou seja, é necessário que existam operadores.
Por ser um processo descontínuo e a cada prensa, o lodo deve ser removido para que
ocorra a próxima prensa.

Secagem térmica

A secagem térmica tem por objetivo, a evaporação da água para a redução da umidade
dos lodos. Esta secagem térmica ocorre por processos térmicos, obviamente e é
importantíssima, pois diminui muito o volume do lodo final. É uma das mais eficientes
técnicas aplicadas na secagem dos lodos. Geralmente é utilizado após o desaguamento
mecânico, para que o volume da umidade inicial seja menor. A secagem térmica é
realizada em ambiente hermeticamente fechado e o lodo sai do secador térmico na
forma de “paletts”. A água evaporada é condensada e retornada à entrada da ETE para
tratamento. Este lodo seco pode ser utilizado na agricultura posteriormente.

O lodo desidratado (torta) é armazenado e encaminhado para a disposição em aterro


sanitário. Outras formas de destinação comumente adotadas para resíduo são a
incineração e o reaproveitamento fins agrícolas. O biogás gerado durante a fase de
digestão anaeróbia, composto principalmente por metano e dióxido carbônico, também
tem sido utilizado na geração de energia elétrica.

Figura 17. Fluxograma de tratamento de esgoto.

ETA

Desarenador
Esgoto Bruto
Decantadores Tanque de Esgoto tratado
primários aeração

RIO
Compressores Decantadores
Gradeamento
Compressores secundários
Elevatória de
reticulação
Elevatória de lado Secador térmico
primário Silos lado seco

Filtros prensa

Adensadores de gravidade
Biogás
Digestores
Gás natural Agricultura ou
Aterro sanitário

Fonte adaptada de: < http://www.etallcorp.xpg.com.br/esgoto.htm>. Acesso em: 29 fevereiro 2018.

63
UNIDADE III │ PROCESSOS DE TRATAMENTO EM ESTAÇÕES DE ÁGUA E EFLUENTES

Centrifugação
A centrifugação é um processo de separação sólido/líquido forçada pela ação de uma
força centrífuga. Em uma primeira etapa de clarificação, as partículas sólidas que
compõem o lodo sedimentam a uma velocidade muito superior ao que ocorreria sob
ação da gravidade. Em uma segunda etapa, ocorre a compactação, quando o lodo perde
parte da água capilar sob ação prolongada da centrifugação. A torta é removida do
processo após esta última etapa do desaguamento. É um processo de sedimentação
decorrente da diferença de densidade entre uma partícula e o líquido que a circunda.
Os principais tipos de centrífugas utilizadas para a desidratação de lodos são
centrífugas de eixo vertical e as de eixo horizontal. O decanter-centrifuga pressupõe
também o condicionamento do lodo sendo necessária a adição de polieletrólito para
desestabilização dos coloides e a formação de grumos. Os teores de sólidos no lodo seco
variam na faixa de 15 a 30%. Ao fim de cada ciclo de operação o decanter-centrífuga
deve ser lavado.

Visando princípios sustentáveis, especificamente quanto aos aspectos


econômicos e ambientais, diversas ETEs têm buscado alternativas focadas em
menores gastos operacionais e energéticos, além de tecnologias voltadas ao
reaproveitamento de resíduos sólidos, efluentes líquidos e emissões atmosféricas.

Um dos exemplos é uma parceria entre a Companhia de Saneamento do Estado


do Paraná e o grupo Catallini Bioenergia para o projeto da usina CS Bioenergia,
voltada a geração de energia a partir de resíduos orgânicos e lodo. O processo,
conhecido como biodigestão, tem início com o recebimento do lodo de esgoto
da estação de tratamento e seu armazenamento em um tanque. Paralelamente,
também são recebidos resíduos sólidos urbanos que passam por um mecanismo
de separação, retirando, por exemplo, os plásticos. Em seguida, a fração orgânica
é limpa e o material resultante é enviado ao tanque de biodigestão, que vai ser
adicionado ao lodo.

Ao todo, 1000m3 de lodo de esgoto e 300 toneladas de resíduos orgânicos, que


eram descartados diariamente no meio ambiente, serão aproveitados na usina.
Além do biogás, com o que sobra dos resíduos orgânicos serão produzidos
biofertilizantes. O plástico que chega à indústria junto com o lixo será reciclado
para a produção de sacolas.

Fonte disponível em:< http://agenciabrasil.ebc.com.br/pesquisa-e-inovacao/noticia/2018-02/


usina-passa-produzir-biogas-partir-de-residuos-organicos-e-lodo>. Acesso em: 3 outubro 2018.

64
CAPÍTULO 4
Tratamento de efluentes industriais

O tratamento de efluentes industrias varia conforme as características da atividade


produtiva e os padrões requeridos para lançamento, o que muitas vezes requer a
associação de vários níveis.

A seguir são exemplificados os principais locais de geração de efluentes relacionados ao


processo produtivo, as principais características destes, e os processos mais indicados
para tratamento, tendo em vista a tipologia comum correspondente às indústrias
brasileiras. São considerados os ramos de bebidas (refrigerantes), abatedouro de aves,
farmacêutico e petroquímico, conforme descrito por Giordano (2004):

Bebidas (refrigerantes)
Principais locais de geração dos efluentes: são gerados nas lavagens das salas da
xaroparia, linhas de enchimento de latas e garrafas, pisos, descartes de produtos
retornados do mercado.

Características dos efluentes: os efluentes das indústrias de bebidas são ricos em CHO,
corantes. Partículas de carvão oriundas da xaroparia e óleos minerais de vazamentos
das máquinas de processo e das oficinas de manutenção. No caso da utilização de
soda cáustica para a lavagem de embalagens retornáveis, o efluente tem pH básico, e
a DQO é no máximo de 1000 mgO2/L. Em se tratando da produção com embalagens
descartáveis só são gerados os efluentes das bebidas diluídas, com pH ácido e a DQO
pode ser de até 5500 mgO2/L.

Processo usual de tratamento: preliminar para a remoção de areia, separação de água e


óleo e peneiramento; primário para a correção de pH; secundário com reator anaeróbio
seguido de lodos ativados.

Abatedouro de aves
Principais locais de geração dos efluentes: são gerados nas lavagens de pisos e das
instalações na (o): área de recebimentos das aves; lavagens das caixas utilizadas no
transporte; sala de abate; sala de sangria; escaldamento; depenagem mecanizada;
evisceramento; resfriamento com gelo; embalagem; congelamento; expedição. No caso

65
UNIDADE III │ PROCESSOS DE TRATAMENTO EM ESTAÇÕES DE ÁGUA E EFLUENTES

de haver fabricação de farinhas de aves, também são gerados efluentes nas lavagens de
gases.

Características dos efluentes: a concentração de matéria orgânica nos efluentes varia


de 1000 a 3700 mgO2/ L em função da quantidade de água utilizada no processo em
relação ao número e peso dos frangos abatidos. Se o sangue é retirado antes da lavagem
da sala de sangria, há uma redução na carga orgânica da indústria.

Processo usual de tratamento: preliminar, com peneiramento para remoção de penas


e vísceras, separação de gorduras; secundário por meio das lagoas de estabilização ‒
série de lagoas anaeróbia, facultativa e também a utilização de aguapés para contribuir
remoção dos poluentes orgânicos. No caso de não haver disponibilidade de espaço
para a implantação de lagoas, o processo preliminar é complementado com o tanque
de equalização, seguido de clarificação físico-química (flotação) e tratamento biológico
por lodos ativados.

Farmacêuticas
Principais locais de geração dos efluentes: são gerados em indústrias de síntese ou de
misturas.

Características dos efluentes: os efluentes de síntese apresentam altas concentrações


de matéria orgânica, sais e toxicidade, além da presença de compostos aromáticos ou
cíclicos, nitrogenados e que apresentam cor residual. A indústria de misturas produz
efluentes semelhantes aos seus produtos diluídos, originados nas lavagens de pisos das
áreas de produção, equipamentos e tanques de processo. Os processos de tratamento
estão relacionados a correção de pH, a remoção da carga orgânica, e eventualmente
a redução de cor. Alguns efluentes contendo antibióticos também necessitam serem
desativados antes do processo biológico de tratamento.

Processo usual de tratamento: primário para a correção de pH; Secundário por lodos
ativados.

Petroquímicas
Principais locais de geração dos efluentes: são compostos de resíduos de petróleo,
derivados e produtos químicos utilizados no processamento de refino ou beneficiamento.

Características dos efluentes: presença de poluentes originados do próprio petróleo,


como fenóis, metais pesados e hidrocarbonetos, ou originados no transporte, como sais

66
PROCESSOS DE TRATAMENTO EM ESTAÇÕES DE ÁGUA E EFLUENTES │ UNIDADE III

das águas de lastro. Os processos de tratamento buscam a redução da carga orgânica,


da toxicidade inerente, da carga oleosa incluindo óleos emulsionados, da presença de
compostos nitrogenados etc.

Processo usual de tratamento: preliminar na remoção de areia e separação de água


e óleo; secundário via lagoas aeradas ou lodos ativados. Pode se fazer necessária a
introdução de um tratamento de nível primário para a clarificação físico-química dos
efluentes, como a remoção de óleos emulsionados, metais pesados, sulfetos e compostos
orgânicos tóxicos. Para tal podem ser utilizados flotadores por ar dissolvido ou ejetado.

Celulose
Principais locais de geração dos efluentes: quando falamos das indústrias de celulose as
etapas que mais geram efluentes são as etapas de cozimento e o branqueamento.

Características dos efluentes: gerando, principalmente na etapa de cozimento, águas


residuárias com grandes quantidades de sólidos suspensos, altas concentrações de DBO,
cor e turbidez e baixas concentrações de O2 dissolvido. Já na etapa de branqueamento a
indústria celulósica gera um efluente com altas concentrações de fenóis clorados.

Processo usual de tratamento: nas indústrias celulósicas, os efluentes passam por uma
etapa de tratamento semelhante às outras indústrias geradoras de efluentes com estas
características (altas concentrações de sólidos suspensos, DBO, cor e turbidez e baixas
concentrações de O2 dissolvido). (I) remoção dos sólidos grosseiros por gradeamento
II) ajustes de pH, entre 6 e 9, (III) remoção dos sólidos suspensos remanescentes,
(IV) tratamento secundário (V) adensamento (VI) reatorização do tipo “Unox”, (VII)
decantador secundário (VIII) tratamento terciário (IX) adensamento (X) transporte do
lodo tratado para empresa terceirizada, com o intuito de transformar o lodo tratado em
subproduto para o solo.

Eficiência do tratamento de água e efluentes

A eficiência do tratamento de água ou efluentes é avaliada em função da concentração


dos parâmetros na entrada e na saída das estações. O grau de eficiência é dado pela
seguinte fórmula:

C0 – CE
E= x100
C0

67
UNIDADE III │ PROCESSOS DE TRATAMENTO EM ESTAÇÕES DE ÁGUA E EFLUENTES

Onde:

E = Eficiência de remoção (%);

C0 = Concentração do poluente na entrada da estação (mg/l);

CE = Concentração do poluente na saída da estação (mg/l);

Exemplo: um efluente industrial monitorado na entrada da ETE apresenta uma


concentração de DBO de 480 mg/L, e após o tratamento, na saída da ETE a
concentração de DBO é 48 mg/L. Assim, a eficiência da estação na remoção de DBO é
de aproximadamente 90%, conforme o cálculo:

C 0 – C E x 100 480 – 48
=E = = x 100 90 %
C0 480

Desta forma, também podem ser calculados os percentuais de remoção de parâmetros


como: nitrogênio, fósforo, metais, turbidez etc.

Figura 18. Fluxograma do Tratamento de Efluentes da Indústria de Celulose e de Papel.

Decantador
Efluente Decantador terciário
secundário
Decantador
primário NaO
Lagoa de Reator
Neutralização
homogeneização
Lodo
terciário
Recido Lodo
secundário
Efluente
neutralizado Lodo primário

Transbordo dos Adensadores Lodos misturados


Adensadores

Lagoa de
polimento
Lodo
Prensas

Desague das prensas Silo

Fonte: (VIEGAS, SANTOS; ARNDT, 2010).

68
CAPÍTULO 5
Reúso de água e efluentes

O reúso da água e efluentes tratados vem sendo praticado em todo o mundo há vários anos.
Com o avanço das tecnologias e técnicas de tratamento, aumentam-se as possibilidades
e as taxas de reutilização, mas, por outro lado, o crescimento populacional também faz
crescer a demanda. Assim, cabe ressaltar que antes de pensarmos em formas de reúso,
é importante refletirmos e buscarmos ações voltadas à diminuição do consumo.

O reúso de águas e efluentes, pode ocorrer direta ou indiretamente, nas seguintes


formas (CARVALHO et al., 2014; CETESB, 2018):

»» Reúso indireto não planejado da água: a água utilizada é


descarregada no meio ambiente e novamente aproveitada, em sua forma
diluída, de maneira não intencional e não controlada.

»» Reúso indireto planejado da água: processo que descarrega


os efluentes de forma planejada nos corpos de águas superficiais ou
subterrâneos, sendo utilizada de maneira controlada no atendimento de
alguma necessidade específica.

»» Reúso direto planejado das águas: os efluentes serem tratados, são


encaminhados diretamente de seu ponto de descarga até o local do reúso.
É o método praticado por algumas indústrias e irrigações.

»» Reciclagem de água: reúso interno da água, antes da descarga em um


sistema geral de tratamento ou demais locais de disposição. É uma fonte
suplementar de abastecimento do uso original. A reciclagem da água é
um caso particular do reúso direto planejado.

Conforme o tipo de reúso e a qualidade requerida diversas são as formas de aplicação


das águas e efluentes tratados, como: irrigação paisagística; irrigação de campos para
cultivos; usos industriais; recarga de aquíferos; usos urbanos não potáveis; finalidades
ambientais; entre outros.

O fluxograma a seguir apresenta alguns tipos de reúso para efluentes domésticos e


industriais.

69
UNIDADE III │ PROCESSOS DE TRATAMENTO EM ESTAÇÕES DE ÁGUA E EFLUENTES

Figura 19. Tipos de reúso para efluentes.

Efluentes domésticos Efluentes industriais

Urbanos Recreação Recarga de Aquicultura Agricultura Industrial


aquíferos

Não Potável Processos Outros


potável

Natação Esportes Pesca


aquáticos

Dessedentação Pomares Forragens, Culturas Culturas


de animais e vinhas fibras e ingeridas após ingeridas
culturas com processamento cruas
sementes

Fonte: Hespanhol (2002).

No Brasil, apesar de iniciativas difusas, ainda não há uma legislação federal


específica que trate do reúso de águas e efluentes, contemplando as
especificidades de conceitos, parâmetros e restrições.

Os Estados Unidos e diversos países na Europa possuem legislações bem rígidas


voltadas ao reúso. Nacionalmente, o principal instrumento utilizado para a
prática é a Norma Brasileira - NBR no 13.969/1997, que apresenta um item que faz
referência ao “Reúso Local”. Em 2005, o Conselho Nacional de Recursos Hídricos
– CNHR implementou a Resolução CNRH nº 54/2005, definindo as modalidades
de reúso, porém, sem apresentar parâmetros de qualidade de água (ARAÚJO;
SANTOS; SOUZA, 2017).

Destacam-se também algumas leis específicas aos estados e municípios,


como a Lei n° 16.174/2015 do município de São Paulo (SÃO PAULO, 2015), a
qual: ”Estabelece regramento e medidas para fomento ao reúso de água para
aplicações não potáveis, oriundas do polimento do efluente final do tratamento
de esgoto, de recuperação de água de chuva, da drenagem de recintos
subterrâneos e de rebaixamento de lençol freático”.

70
PLANO DE
GERENCIAMENTO UNIDADE IV
DE ÁGUA E
EFLUENTES

As técnicas de gestão que visam um planejamento dos processos relacionados à


implantação e operacionalização do tratamento de água e efluentes são de grande
importância nas rotinas de trabalho e no atendimento das necessidades locais.

Este capítulo apresenta etapas para um plano de gerenciamento voltado ao uso eficiente
da água, a redução da geração de efluentes e a otimização dos processos de tratamento.
Neste contexto, são elencados alguns casos de sucesso como estímulo à uma forma de
gestão proativa e organizada.

CAPÍTULO 1
Práticas de gestão

A estruturação de práticas de gestão proporciona às empresas e concessionárias


responsáveis pelas ETAS e ETES um maior controle sobre seus recursos humanos, físicos
e financeiros, o que gera efeitos locais positivos para a sociedade e o meio ambiente.

O Art. 27 da Resolução Conama n° 430/2011 ressalta que as fontes que sejam potencial
ou efetivamente poluidoras dos recursos hídricos deverão buscar práticas de gestão
de efluentes visando o uso eficiente da água, à aplicação de técnicas para redução da
geração e melhoria da qualidade de efluentes, e, dentro da possibilidade, buscar a
reutilização (BRASIL, 2011).

As práticas de gestão cabem a cada organização conforme modelo a ser considerado,


mas é essencial o comprometimento de todos os colaboradores da empresa, em todos
os níveis, do operacional ao gerencial.

Como documento integrante do sistema de gestão ambiental das empresas, as práticas


de gestão devem constituir um Plano de Gerenciamento de Águas e Efluentes (PGAE),

71
UNIDADE IV │ PLANO DE GERENCIAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES

focado na redução de custos e aumento do desempenho ambiental da organização


(SENAI, 2013).

Uma das ferramentas que tem grande aplicabilidade em sistemas como gestão
ambiental, da qualidade, e saúde e segurança do trabalho é o PDCA – Plan, Do, Check,
Act (do inglês: planejamento, execução, verificação e ação), voltado à atividades que
necessitem otimizar processos visando à melhoria contínua.

Assim como outros sistemas de gestão, um PGAE tem sua estrutura similar ao PDCA.
Os principais eixos de um plano de gerenciamento de águas e efluentes contemplam as
fases de: inventário; diagnóstico; plano de ação, e programas a serem implementados
(SENAI, 2013).

Figura 20. Ciclo PDCA.

Identificação do Problema
Padronização
Análise do fenômeno

Ação Análise de Processo

Plano de ação

Verificação Execução

Fonte: ENF Concursos.

72
CAPÍTULO 2
Etapas do plano de gerenciamento

Mierzwa e Hespanhol (2000) propõem um programa para gerenciamento de águas


e efluentes nas indústrias, com foco no uso racional e na reutilização. Para isso,
apresentam as 13 etapas a seguir:

1. Avaliação da quantidade e qualidade de água a ser consumida pela


indústria;

2. Conhecimento das normas ambientais referentes à captação de água e


controle de efluentes;

3. Análise dos processos desenvolvidos pela instalação, com a identificação


dos pontos de consumo de água e geração de efluentes;

4. Otimização dos processos que ocorram elevados consumos de água ou


geração de efluentes;

5. Definição das tecnologias a serem adotadas para a produção de água para


consumo, na quantidade e qualidade necessárias;

6. Verificação da possibilidade de reutilização de água em cascata, sem a


necessidade de tratamento prévio;

7. Caracterização das correntes de efluentes remanescentes, verificando-se


a possibilidade de reutilização dentro do processo, ou então, recuperação
de algum composto, componente ou subproduto de interesse;

8. Definição de procedimentos para a coleta dos efluentes ainda existentes,


buscando-se o agrupamento das correntes com características similares,
segregando-se aquelas com alta concentração de contaminantes e
pequenos volumes das correntes mais diluídas;

9. Identificação de tecnologias de tratamento, adequadas para as correntes


de efluente identificadas;

10. Definição de um sistema de tratamento de efluentes, considerando-se as


tecnologias de tratamento mais adequadas;

11. Identificação de oportunidades para reutilização do efluente tratado;

73
UNIDADE IV │ PLANO DE GERENCIAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES

12. Estabelecer critérios e procedimentos para controle e monitoração


dos efluentes a serem liberados para o meio ambiente, com o objetivo
de garantir que sejam atendidos todos os requisitos estabelecidos nas
normas ambientais vigentes;

13. Promover uma avaliação contínua de todos os procedimentos utilizados


no programa de gerenciamento, visando a sua atualização e identificação
e correção de falhas, para que o mesmo possa ser aperfeiçoado.

‒ O mundo enfrentará uma lacuna de 40% no abastecimento de água até 2030.

‒ O acesso inadequado a água e saneamento custa US$ 323 bilhões anuais à


economia global.

‒ Quase dois terços dos maiores aquíferos do mundo estão sendo exauridos.

‒ A demanda mundial para a produção agrícola e energética deverá crescer 60%


e 80%, respectivamente, até 2025.

‒ A agricultura usa 70% da água disponível globalmente. Mais de dois bilhões de


pessoas não têm acesso à água potável.

‒ Os desafios da água se traduzem diretamente nos negócios. Crises hídricas


locais têm efeitos na economia global – uma seca no Brasil pode impactar os
preços dos alimentos na Europa.

Tais dados, publicados em um guia elaborado pelo World Business Council


for Sustainable Development, fórum mundial de empresas que reúne
aproximadamente 200 grandes grupos, mostram que o desafio global da
questão da água requer ações urgentes de gestão e conscientização.

Diante de tal cenário, como parte das ações no Brasil, o Conselho Empresarial
Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) , que conta com 60
grandes empresas no Brasil, elaborou o “Compromisso Empresarial Brasileiro
para a Segurança Hídrica” procurando colocar a gestão mais eficiente da água na
estratégia de negócios, incluir o tema na análise de riscos das empresas e medir
os resultados. Outra meta é incentivar projetos compartilhados de reúso ou
proteção de mananciais, promover o engajamento da cadeia e ajudar pequenas
e médias indústrias com novas tecnologias.

Fonte: Paraná Cooperativo (2018)

74
CAPÍTULO 3
Programas de boas práticas

Uma gestão eficiente dos sistemas de tratamento de água e efluentes, baseada na


melhoria contínua, requer a implantação de programas que possibilitem desde ações
voltadas à captação de pesquisa e novas tecnologias à conscientização de colaboradores
e comunidades.

As ETEs e ETAs devem se atentar ao planejamento e monitoramento dos sistemas,


passando pela adequada operação e manutenção de estações elevatórias e redes
coletoras de esgotos e de abastecimento de água, além das especificidades de todas as
unidades que pertencem aos processos de tratamento.

No tratamento de esgotos, as iniciativas sustentáveis podem ser centradas na reutilização


dos residuais, como o aproveitamento do gás metano e a destinação adequado do lodo
como fonte de fertilizante. No tratamento de água, as pesquisas têm avançado em fontes
que aumentem eficiência de remoção de impurezas, aumentando os níveis de qualidade
e aumentando as alternativas de fontes de abastecimento.

Ações de educação ambiental, saúde, organização e segurança do trabalho refletem no


bem-estar dos colaboradores e na rotina da empresa. Programas de inovação, produção
mais limpa, avaliação de desempenho, desenvolvimento de parcerias, aprendizado
organizacional e certificações são alguns dos exemplos que estimulam boas práticas.

A população pode contribuir por meio de diversas ações voltadas ao uso consciente
da água, que, além da economia quanto ao consumo direto, também abrange atitudes
como: checar vazamentos e comunicar problemas à empresa concessionária; utilizar
águas de reaproveitamento para usos menos nobres como lavar de pátios; regar jardins
e dar descarga; captar da água da chuva.

Quanto à geração de efluentes, também cabem ações relacionadas à conscientização


e atitudes preventivas, como: reduzir o uso e descarte de produtos agressivos como
detergentes e óleos; não jogar materiais sólidos nos vasos sanitários; utilizar proteção
nos ralos; buscar a adequação das instalações da casa quanto a rede coletora de esgotos.

75
CAPÍTULO 4
Planos de saneamento básico

A Lei nº 11.445/2007 estabelece diretrizes para o saneamento básico, que abrange


o conjunto de serviços, infraestruturas e instalações de abastecimento de água,
esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, e a drenagem de
águas pluviais urbanas.

Previsto pela Lei supracitada, o Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab),


resulta de um processo planejado e coordenado pelo Ministério das Cidades que
por diagnóstico do saneamento básico no Brasil, busca uma visão estratégica para a
melhoria das condições sanitárias no país.

O Plansab estabelece diretrizes, metas e ações de saneamento básico para o Brasil até
2033, determinando que, para ter acesso aos recursos, os 5.564 municípios deveriam
elaborar seus Planos Municipais de Saneamento Básico (PMSB) até dezembro de
2015. Contudo, devido a diversas contestações dos municípios houveram prorrogações
até que o Decreto no9.254/2017 definiu a data limite de dezembro de 2019, condição
para a continuidade do recebimento de recursos após o prazo estipulado.

Por meio de um planejamento integrado, com um horizonte de 20 anos (revisto a cada


4 anos), toda a área do município deve ser contemplada, contando também com a
participação efetiva da sociedade durante as fases de elaboração do PMSB.

O documento deve estabelecer mecanismos de regulação e fiscalização dos serviços de


saneamento básico; utilizar indicadores no planejamento, implementação e avaliação
da eficácia das ações em saneamento; promover a organização, o planejamento e o
desenvolvimento do setor de saneamento, com ênfase na capacitação gerencial e na
formação de recursos humanos.

Na estruturação do PMSB, os municípios devem avaliar o estado de salubridade


ambiental, inclusive da prestação dos serviços públicos, apresentando uma programação
das ações e dos investimentos necessários em saneamento básico, que apresenta
variáveis que permitem caracterizar os atendimentos de abastecimento de água e
esgotamento sanitário como precários ou adequados.

Tal avaliação contribui para a gestão de águas e efluentes, avaliada nos planos de
saneamento. As situações que caracterizam o atendimento precário são vistas como
déficit, pois mesmo não impedindo o acesso ao serviço, esse é ofertado em condições
insatisfatórias ou mesmo provisórias, podendo comprometer a saúde humana e a

76
PLANO DE GERENCIAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES │ UNIDADE IV

qualidade do ambiente domiciliar e do seu entorno (MINISTÉRIO DAS CIDADES,


2014).

Quadro 5. Caracterização do atendimento ao abastecimento de água e esgotamento sanitário conforme o

Plansab.

Componente Atendimento precário Atendimento adequado

Dentre o conjunto com fornecimento de água


por rede e poço ou nascente, a parcela de
domicílios que:
– não possui canalização interna;
– recebe água fora dos padrões de
potabilidade;
Abastecimento de água
– tem intermitência prolongada ou – Fornecimento de água potável por rede
racionamentos. de distribuição ou por poço, nascente ou
cisterna, com canalização interna, em qualquer
Uso de cisterna para água de chuva, que
caso sem intermitências (paralisações ou
forneça água sem segurança sanitária e, ou,
interrupções).
em quantidade insuficiente para a proteção à
saúde.
Uso de reservatório abastecido por carro pipa.
Coleta de esgotos, não seguida de tratamento. Coleta de esgotos, seguida de tratamento.
Esgotamento sanitário
Uso de fossa rudimentar. Uso de fossa séptica.

Fonte: Adaptado de MINISTÉRIO DAS CIDADES (2014).

Diversas cidades já elaboraram o PMSB. Procure saber se a sua já possui! Como


exemplo, consulte o documento elaborado pela cidade de Petrópolis, no Rio de
Janeiro: Disponível em: <http://www.petropolis.rj.gov.br/e-gov/spe/home_ftp/
secplan/PMSB.pdf>. Acesso em: 20 outubro 2018.

Casos de sucesso no gerenciamento de águas


e efluentes
Nos tópicos a seguir, são apresentados casos de sucesso relacionados a gestão eficiente
de águas e efluentes, que tiveram reconhecimento nacional, como os Projetos do Rio
Grande do Norte premiados pela Agência Nacional de Águas (ANA) e o reconhecimento
da excelência em gestão da Sabesp premiado pela Associação Brasileira de Engenharia
Sanitária e Ambiental (ABES). Internacionalmente, também são elencados alguns
exemplos.

77
UNIDADE IV │ PLANO DE GERENCIAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES

Projetos de gestão da água

Promovida pela Agência Nacional de Águas (ANA), o Prêmio ANA 2017 representa
a maior premiação do Brasil sobre o tema água. A premiação possui nove categorias
destinadas a reconhecer o mérito de iniciativas que contribuam para a gestão e o uso
sustentável dos recursos hídricos no Brasil, promovendo o combate à poluição e ao
desperdício. Dois dos projetos vencedores foram do Rio Grande do Norte, nas categorias
“Governo” e “Pesquisa e inovação tecnológica” (ANA, 2018):

1. Projeto - Palmas para Santana

»» Categoria: Governo.

»» Instituição: Prefeitura Municipal de Santana do Seridó.

»» Cidade: Seridó (RN).

»» Duração: 12/6/2014 a 31/12/2018.

»» Público-alvo: produtores rurais do município de Santana do Seridó/RN.

»» Descrição: este projeto tem como objetivo o reúso dos efluentes


provenientes das ETEs em plantações, primordialmente na plantação
de palma de forrageira, variedade orelha de elefante. A vantagem é a
garantia do alimento para o gado nas regiões semiáridas do Nordeste.
Esta alternativa está diminuindo a mortalidade dos gados desta região,
principalmente nos períodos de grande seca. Esse projeto aborda
muitas técnicas, entre elas: o famigerado tratamento do esgoto para esta
finalidade, o plantio da palma, bem como o seu manejo e aborda também
o melhoramento genético do gado.

»» Objetivo da ETE: o principal objetivo ambiental foi findar com o


lançamento do esgoto nos corpos de água da região, solucionando
também um problema ambiental.

»» Resultados: um reúso de aproximadamente 30% do efluente produzido


em Santana do Seridó. Além disso, é esperada a renovação de parcerias
com órgãos de pesquisa, bem como a formalização de novas, com agências
de fomento.

78
PLANO DE GERENCIAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES │ UNIDADE IV

2. Projeto ‒ Produção Agrícola Familiar Utilizando Rejeito da


Dessalinização da Água Salobra como Suporte Hídrico

»» Categoria: Pesquisa e inovação tecnológica.

»» Instituição: Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA).

»» Cidade: Mossoró (RN).

»» Duração: 1/6/2014 a 1/6/2017.

»» Público-alvo: Agricultores familiares.

»» Descrição: na região nordeste a seca predomina quase o ano todo, e


por isso é importantíssimo a criação de projetos para o reúso da água,
dessa forma, o “Programa Água Boa” do Governo Federal e outros
programas governamentais instalaram, nas áreas rurais com problemas
de escassez, ETA que funcionam por osmose reversa. Interessantemente
estes projetos são capazes de obter água por processos de dessalinização
das águas salinas e salobra dos poços artesianos, e o melhor de tudo, é o
reúso da água residuária gerada após esta dessalinização na Comunidade
Serra Mossoró e no Projeto de Assentamento Santa Elza, localizados no
município de Mossoró (RN).

»» Objetivo: verificar a possibilidade de reutilização da água residuária


proveniente da dessalinização da água para consumo humano, em
agrícola, em horta comunitária e no cultivo de tilápias. Sensibilizando as
comunidades locais da importância da reutilização e da preservação da
água.

»» Resultados: a criação de tilápias em viveiros, utilizando água de reúso,


fez com que algumas propriedades com escassez de água, se tornassem
extremamente produtivas, aumentando a qualidade de vida populacional.
A horta comunitária, utilizando esta água de reúso, mostrou resultados
excelentes, evidenciando a possibilidade da utilização de águas antes
salobras.

Excelência em gestão

A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP) gerencia o


fornecimento de água, coleta e tratamento de esgotos de 368 municípios do Estado.
Presta serviços para clientes residenciais, comerciais, públicos e industriais; além

79
UNIDADE IV │ PLANO DE GERENCIAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES

de fornecer água por atacado para cinco municípios da Região Metropolitana de São
Paulo, sendo quatro deles também beneficiados pelo serviço de tratamento de esgoto. É
considerada a quarta maior empresa de saneamento do mundo em população atendida,
com 27,9 milhões de pessoas abastecidas com água e 21,6 milhões de pessoas com coleta
de esgoto (SABESP, 2018).

No ano de 2017, a Companhia conquistou cinco prêmios, entre eles o de grau máximo,
no Prêmio Nacional de Qualidade em Saneamento (PNQS) promovido pela ABES e que
tem o objetivo de reconhecer e estimular a aplicação de boas práticas gerenciais nas
empresas de saneamento em todo o Brasil.

Entre a diversidade de ações de gestão, são destacadas pela diretoria da Sabesp no


Relatório de Sustentabilidade ‒ 2017 (SABESP, 2018):

»» processo contínuo de modernização da gestão, com a operacionalização


de um Sistema Integrado de Informações;

»» melhoria da performance e agilidade em processos;

»» padronização dos dados, além de maior segurança e confiabilidade das


informações empresariais para tomada de decisão.

»» engajamento e comprometimento das equipes frente às mudanças


necessárias em tempos de crise;

»» esforços para a adaptação às exigências da Lei das Estatais e de


aperfeiçoamento dos processos de compliance e gestão de riscos.

Implantação do Modelo de Excelência da Gestão (MEG), permitindo a difusão das


melhores práticas e tecnologias na Companhia. Como exemplo, pode ser citado o
programa para hierarquização de investimentos em acordo com as prioridades do
atendimento, a começar pela qualidade da água e segurança hídrica, seguido do combate
às perdas e a expansão da coleta e tratamento do esgoto.

»» melhorias processuais e tecnológicas;

»» disseminação de avanços direcionado à eficiência das operações com a


automação e a autossuficiência energética das estações.

»» busca por iniciativas que contribuam para a redução de custos, eficiência


e aperfeiçoamento dos serviços, considerando os eixos ambiental, social
e econômico.

80
PLANO DE GERENCIAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES │ UNIDADE IV

Para um maior detalhamento e abrangência das ações da Sabesp, leia o “Relatório


de Sustentabilidade – 2017” da companhia, Disponível em: <http://site.sabesp.
com.br/site/uploads/file/asabesp_doctos/relatorio_sustentabilidade_2017.
pdf>.Acesso em: 6 outubro 2018.

Exemplos internacionais

Conforme o Relatório Mundial das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento dos


Recursos Hídricos 2017, apesar de eminência global por ações voltadas à melhor gestão
de água e efluentes, existem bons exemplos a serem destacados internacionalmente.

A utilização de água de reúso proveniente de centros domésticos é realizada em muitas


partes do mundo, incluindo, e principalmente o Oriente Médio, o Norte da África e o
Mediterrâneo, assim como a Austrália, a China, o México e os EUA. E diferentemente,
do que acontece nos países subdesenvolvidos, o nível de acesso ao saneamento básico
na Europa e na América do Norte gira em torno de 95%, isso mesmo, 95% (UNESCO,
2018).

Outros exemplos internacionais na gestão de águas e efluentes, são (PORTAL FATOR


BRASIL, 2014):

»» Namíbia e Cingapura: Investimento no reúso de efluentes tratados como


fonte de água como potável.

»» Israel: Situado em uma região de pouca água, foram desenvolvidas


técnicas de irrigação agrícola mais eficientes, como o gotejamento. Os
índices de tratamento de efluentes ficam entre 80% a 90%, sendo que
em seguida há a reutilização. Implantação de usinas de dessalinização e
programas de educação ambiental infantil sobre o uso da água.

»» Austrália: Investimento em dessalinização, reciclagem da água e reúso.

»» Japão: larga escala de utilização de água de reúso em indústrias;


implantação de sistemas de encanamento duplo, um com água de reúso
e outro com água potável; em Tóquio, nos prédios maiores de 10 mil m2
é obrigatória a existência de um sistema de tratamento e reúso da água.

81
UNIDADE IV │ PLANO DE GERENCIAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES

Necessidades, alternativas e tendências no


tratamento de água e efluentes
Os sistemas de gestão e tratamento de água vêm se aprimorando e ganhando
cada vez mais importância ao longo dos anos. Apesar de manter técnicas
antigas, como a filtração, o problema global de escassez de água, em meio ao
crescimento populacional, traz a necessidade de tecnologias mais eficientes,
novas formas de exploração do recurso, além de maior forma de conscientização
quanto ao consumo consciente.

Somado a isso, o tratamento de efluentes, que em geral apresenta maiores


custos de investimento e complexidade de obras, também vem evoluindo
gradativamente no objetivo de evitar problemas de saúde e impactos
ambientais negativos. Contudo, devido a diferenças sociais e econômicas,
diversas comunidades não possuem condições sanitárias básicas, lançando o
esgoto diretamente no meio e ficando propensas às consequências disso.

Diante de políticas e investimentos públicos precários, uma alternativa é buscar


soluções locais mais sustentáveis, como tecnologias sociais e ecológicas em
comunidades que não contam com serviços sanitários, de forma a promover a
melhoria da qualidade de vida e a inclusão social. No abastecimento hídrico, os
projetos e ações sociais podem ter base na preservação de nascentes, captação
da água de chuva, construção de cisternas e barragens, entre outros. Quanto
ao tratamento de efluentes, cabem tecnologias que se baseiem em prevenir a
contaminação, converter e possibilitar o reúso da matéria orgânica, a exemplo
da utilização de fossas sépticas biodigestoras.

Em se tratando das indústrias e companhias de saneamento, as novas


tendências comerciais e tecnológicas estão focadas em ações para otimizar e
aumentar a eficiência do tratamento, a exemplo da utilização de diversos tipos
de membranas de filtração e de processos oxidativos avançados. As pesquisas e
soluções devem ser planejadas conforme a complexidade, as caraterísticas e os
níveis de tratamento requeridos.

As técnicas relacionadas ao reúso de águas também vem se consolidando


globalmente, possibilitando formas de adoção em larga escala. Muitas vezes está
associado a modelos de baixo custo de implementação, por meio de projetos
menores, como em edificações. Também é realizado de forma mais abrangente,
contando com a integração de diversas partes interessadas, como em grandes

82
PLANO DE GERENCIAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES │ UNIDADE IV

centros urbanos, ou mesmo contemplando parcerias de empresas, a exemplo


dos ecoparques industriais.

O cenário traz a necessidade de profissionais capacitados e em constante


atualização para trabalhar em centros de pesquisa, companhias de saneamento,
indústrias, órgãos públicos e demais setores relacionados à gestão de águas
e efluentes. Neste meio, são valorizadas habilidades como: visão sistêmica do
processo; domínio de técnicas físicas, químicas e biológicas de tratamento;
construção e dimensionamento de redes; elaboração de projetos; conhecimento
em sustentabilidade social e econômica; avaliação de impactos ambientais;
segurança do trabalho, entre outros.

83
Referências

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 13969. Tanques sépticos


‒ Unidades de tratamento complementar e disposição final dos efluentes líquidos ‒
Projeto, construção e operação. Esta Norma tem por objetivo oferecer alternativas
de procedimentos técnicos para o projeto, construção e operação de unidades de
tratamento complementar e disposição final dos efluentes líquidos de tanque séptico,
dentro do sistema de tanque séptico para o tratamento local de esgotos. set., 1997.

AGÊNCIA BRASIL. Usina passa a produzir biogás a partir de resíduos


orgânicos e lodo de esgoto. Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.
br/pesquisa-e-inovacao/noticia/2018-02/usina-passa-produzir-biogas-partir-de-
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ANDREOLI, C.V.; PINTO, M. A. T. (2001). “Processamento de lodos de estações de


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Saneamento: Processamento, Reciclagem e Disposição Final. Rio de Janeiro: ABES,
1-2, 2001.

ARAÚJO, B. M.; SANTOS, A. S. P.; SOUZA, F. P. Comparativo econômico entre o


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