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Abastecimento e Residuárias
Brasília-DF.
Elaboração
Produção
APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 5
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 8
UNIDADE I
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DO TRATAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES...................................................... 11
CAPÍTULO 1
CONCEITOS BÁSICOS............................................................................................................. 11
CAPÍTULO 2
RECURSOS HÍDRICOS: POLÍTICA NACIONAL............................................................................. 16
CAPÍTULO 3
PADRÕES DE QUALIDADE DA ÁGUA......................................................................................... 18
CAPÍTULO 4
CARACTERÍSTICAS DOS EFLUENTES E PADRÕES DE LANÇAMENTO............................................ 23
CAPÍTULO 5
CLASSIFICAÇÃO DOS NÍVEIS DE TRATAMENTO DE EFLUENTES.................................................... 27
UNIDADE II
CARACTERIZAÇÃO DOS PROCESSOS FÍSICOS, FÍSICO-QUÍMICOS E BIOLÓGICOS DO
TRATAMENTO DE EFLUENTES.................................................................................................................. 28
CAPÍTULO 1
NÍVEIS DE TRATAMENTO........................................................................................................... 28
CAPÍTULO 2
PROCESSOS FÍSICOS E FÍSICO-QUÍMICOS DE TRATAMENTO...................................................... 32
CAPÍTULO 3
PROCESSOS BIOLÓGICOS DE TRATAMENTO............................................................................. 40
CAPÍTULO 4
TANQUE SÉPTICO E REATOR UASB............................................................................................ 50
UNIDADE III
PROCESSOS DE TRATAMENTO EM ESTAÇÕES DE ÁGUA E EFLUENTES...................................................... 52
CAPÍTULO 1
FUNCIONAMENTO DE UMA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA............................................. 52
CAPÍTULO 2
ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE EFLUENTES................................................................................ 57
CAPÍTULO 3
TRATAMENTO DO LODO.......................................................................................................... 58
CAPÍTULO 4
TRATAMENTO DE EFLUENTES INDUSTRIAIS.................................................................................. 65
CAPÍTULO 5
REÚSO DE ÁGUA E EFLUENTES................................................................................................. 69
UNIDADE IV
PLANO DE GERENCIAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES............................................................................. 71
CAPÍTULO 1
PRÁTICAS DE GESTÃO............................................................................................................. 71
CAPÍTULO 2
ETAPAS DO PLANO DE GERENCIAMENTO................................................................................. 73
CAPÍTULO 3
PROGRAMAS DE BOAS PRÁTICAS............................................................................................ 75
CAPÍTULO 4
PLANOS DE SANEAMENTO BÁSICO.......................................................................................... 76
REFERÊNCIAS................................................................................................................................... 84
Apresentação
Caro aluno
Conselho Editorial
5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Atenção
6
Saiba mais
Sintetizando
7
Introdução
A adequada gestão das águas e efluentes é fundamental para a sobrevivência humana,
indo de encontro às necessidades diárias, e à eminência da conscientização social
quanto ao consumo e relevância do assunto.
O tema tem grande repercussão global, sendo pauta de diversas conferências e agendas
públicas, além de ser um dos objetivos do desenvolvimento sustentável da Organização
das Nações Unidas, pois trabalha e defende a disponibilidade igualitária da água e do
saneamento básico para todos os cidadãos.
Dessa forma, esta apostila aborda conceitos e exemplos que proporcionam à compreensão
de requisitos de qualidade, os tratamentos, as consequências ao meio ambiente, bem
como os aspectos técnicos, legais técnicos, econômicos e sociais envolvidos na gestão da
água e de efluentes líquidos. Está estruturada por meio de quatro capítulos, conforme
descrição a seguir:
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Objetivos
»» Possibilitar o conhecimento dos processos associados à gestão da água
e efluentes, considerando as características de qualidade, os requisitos
legais, os processos de tratamento e as formas de gerenciamento, frente
às questões ambientais, sociais e econômicas.
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FUNDAMENTOS
TEÓRICOS DO UNIDADE I
TRATAMENTO DE
ÁGUA E EFLUENTES
A água é uma das fontes da vida e atuar na gestão deste bem comum é de fundamental
importância ambiental, social e econômica. O tratamento da água é caracterizado por
análises da sua composição química e características relacionadas ao uso e aos padrões
para o consumo humano. Os efluentes, por sua vez, requerem técnicas de tratamento
relacionadas aos níveis de impurezas e padrões necessários ao lançamento no meio.
Desta forma, este capítulo busca traçar um panorama dos conceitos básicos e técnicas
associadas ao tratamento da água e efluentes, ressaltando as necessidades humanas e o
amparo de requisitos legais.
CAPÍTULO 1
Conceitos básicos
Uma das substâncias mais importantes da Terra é a água, é associada à vida, pois
todos os seres vivos precisam dela para sobreviver. Abrange aproximadamente 71% da
superfície da Terra, contudo apenas 2,5% é de água doce (MARSHALL et al., 2007).
A qualidade e a oferta deste bem natural é uma condição necessária para a saúde e o
bem-estar das pessoas (SILVA, 2017). É indispensável para beber, cozinhar e muitos
outros usos, dentro das várias atividades humanas. Sua utilização para abastecimento
humano passa por um tratamento prévio, objetivando atender as seguintes finalidades:
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UNIDADE I │ FUNDAMENTOS TEÓRICOS DO TRATAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES
Por ser um elemento essencial à vida, a qualidade e oferta da água condicionam a saúde
e o bem-estar das populações. Entretanto, a deterioração da água dos mananciais
representa crescentes aumentos nos custos de uma estação para o tratamento de água.
Porém, é de extrema necessidade, a verificação da qualidade da água utilizada no
abastecimento, assim como o monitoramento da água produzida (SILVA, 2017). A água
é um recurso renovável, porém os impactos ambientais antrópicos e naturais trazem a
necessidade de processos de tratamento visando a potabilidade, o qual pode requerer
um alto investimento.
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FUNDAMENTOS TEÓRICOS DO TRATAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES│ UNIDADE I
Podem ser classificados os efluentes gerados pelas indústrias de acordo com suas
características físico-químicas em orgânicos e inorgânicos. O sistema de efluentes
inorgânicos recebe efluentes de drenagens de águas contendo sais, ácidos, metais etc., por
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UNIDADE I │ FUNDAMENTOS TEÓRICOS DO TRATAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES
outro lado o sistema orgânico recebe efluentes contaminados com compostos tais como:
benzeno, tolueno, hidrocarbonetos, pesticidas etc. São resíduos com características
físicas, químicas e/ou biológicas com qualidades diferentes dos efluentes domiciliares,
podendo causar danos ou sobrecarga nos equipamentos de recolha e tratamento de
esgotos, representando riscos à integridade física e saúde dos operadores, prejudicar
o meio ambiente ou que estejam em desacordo com a legislação vigente devendo,
portanto, ser objeto de programas específicos.
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FUNDAMENTOS TEÓRICOS DO TRATAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES│ UNIDADE I
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CAPÍTULO 2
Recursos hídricos: Política Nacional
I. é um bem de todos;
II. possui um grande valor econômico por ser é um recurso natural limitado;
IV. o gerenciamento dos recursos hídricos pode sempre ajustar o uso variado
das águas;
VI. o gerenciamento dos recursos hídricos não deve ser centralizado e deve
participar do Poder Público, dos consumidores e da população.
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FUNDAMENTOS TEÓRICOS DO TRATAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES│ UNIDADE I
O enquadramento dos corpos d’água em classes, segundo seus usos: aponta garantir
qualidade às águas, compatível com os usos mais exigentes a que forem designadas,
como também reduzir os custos de combate à poluição destas, mediante ações
preventivas permanentes.
A concessão dos direitos de uso de recursos hídricos: o meio original que fornece ao
usuário o direito de utilizar os recursos hídricos, ressaltando que a outorga não garante
a propriedade de água, mas sim o direito de usá-la (SNSA, 2007). As ações referidas à
concessão são: os envios de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, tratados ou não, com
a finalidade de sua diluição, transporte ou disposição final em corpos d’água, além de
outras utilizações que modificam o regime, a quantidade ou a qualidade da água. Para a
fixação do valor da concessão, devem ser observados o envio e o volume desses resíduos,
seu regime de variação, assim como as características biológicas, física e química, e de
toxicidade do afluente.
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CAPÍTULO 3
Padrões de qualidade da água
São definidos vários critérios para identificar a qualidade de uma água, estes demonstram
em não conformidades quando atingem resultados maiores aos estipulados para
determinado uso. O Ministério da Saúde (MS) é o órgão responsável por definir os
parâmetros de qualidade para água potável. A Portaria no 2.914, de 12 de dezembro
de 2011, dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da
água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. Traz também conceitos
importantes sobre a água:
Água para consumo humano: água potável que se destina à ingestão, preparação e
produção de alimentos e também a higiene pessoal, independentemente da sua origem.
Água potável: água que esteja de acordo com o padrão de potabilidade estabelecido na
Portaria nº 2.914/2011 do MS e que não cause riscos à saúde humana.
Água tratada: água que passou por processos físicos e/ou químicos, com o objetivo de
alcançar o padrão de potabilidade.
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FUNDAMENTOS TEÓRICOS DO TRATAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES│ UNIDADE I
Quadro 1. Padrões de potabilidade definidos pela portaria MS no 2.914/2011 para água obtida de manancial
Ph 6,0 a 9,5
Turbidez da água filtrada (pós-filtração ou pré desinfecção) ≤ 0,5 uT em 95% das amostras
≤1,0 uT no restante das amostras
Assim, para cada nível de poluição, existem usos determinados para a fonte hídrica.
Como exemplo, a Figura 1 apresenta uma relação entre as classes de enquadramento e
os usos respectivos referentes às águas-doces.
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UNIDADE I │ FUNDAMENTOS TEÓRICOS DO TRATAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES
Classes de enquadramento
Usos das águas
Especial 1 2 3 4
doces
Categoria mandatória em
Preservação do equilíbrio
Unidades de Conservação
natural dos grupos aquáticos
de Proteção Integral
Recreação de contato
primário
Aquicultura
Após tratamento
Abastecimento para Após tratamento
Após desinfecção Após tratamento simplificado convencional ou
consumo humano convencional
avançado
Recreação de contato
secundário
Pesca
Dessedentação de animais
Navegação
Harmonia paisagística
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FUNDAMENTOS TEÓRICOS DO TRATAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES│ UNIDADE I
Em geral, entre 1900 e o início dos anos de 1970, os objetivos do tratamento diziam
respeito a: (I) remoção de material suspenso e flutuante das águas residuais, (II)
tratamento de orgânicos biodegradáveis remoção de DBO) e (III) eliminação de doenças
-causando micro-organismos patogênicos. Do início da década de 1970 até a década de
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UNIDADE I │ FUNDAMENTOS TEÓRICOS DO TRATAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES
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CAPÍTULO 4
Características dos efluentes e padrões
de lançamento
Em geral, entre 1900 e o início dos anos de 1970, os objetivos do tratamento diziam
respeito a: (I) remoção de material suspenso e flutuante das águas residuais, (II)
tratamento de orgânicos biodegradáveis (remoção de DBO) e (III) eliminação de
doenças -causando micro-organismos patogênicos. Do início da década de 1970 até a
década de 1990, o tratamento de efluentes concentrou-se em preocupações estéticas e
ambientais. As tarefas anteriores de redução e remoção de DBO, sólidos suspensos e
micro-organismos patogênicos foram continuados, mas em níveis maiores. Retirada
de N2 e P também começaram a ser utilizadas, primordialmente em alguns córregos,
rios e lagos. Estas iniciativas alternativas apontam ao redor de todos os continentes
mundiais para alcançar um tratamento mais eficaz e generalizado das águas residuais
para melhorar a qualidade das águas superficiais. Este esforço deveu-se a (I) uma maior
compreensão dos efeitos ambientais causados pelas descargas de águas residuais e (II)
um conhecimento sobre os efeitos adversos em longo prazo causados pela descarga
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UNIDADE I │ FUNDAMENTOS TEÓRICOS DO TRATAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES
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FUNDAMENTOS TEÓRICOS DO TRATAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES│ UNIDADE I
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UNIDADE I │ FUNDAMENTOS TEÓRICOS DO TRATAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES
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CAPÍTULO 5
Classificação dos níveis de tratamento
de efluentes
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CARACTERIZAÇÃO
DOS PROCESSOS
FÍSICOS, FÍSICO-
QUÍMICOS E UNIDADE II
BIOLÓGICOS DO
TRATAMENTO DE
EFLUENTES
Neste capítulo são detalhados os níveis e tipos de tratamento, com a caracterização dos
respectivos processos relacionados à eliminação de impurezas dos efluentes.
CAPÍTULO 1
Níveis de tratamento
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CARACTERIZAÇÃO DOS PROCESSOS FÍSICOS, FÍSICO-QUÍMICOS E BIOLÓGICOS DO TRATAMENTO DE EFLUENTES │ UNIDADE II
A remoção de sólidos grosseiros é feita por meio de grades, mas podem-se usar também
peneiras rotativas, estáticas ou trituradores. No gradeamento, o objeto de tamanhos
superiores ao espaço das barras é retido. A retirada do objeto preso pode ser realizada
manualmente ou mecanicamente.
Para retirar a areia, basta proceder à sedimentação do lodo, uma vez que, os grãos de
areia possuem maior dimensão e densidade, acumulando-se no fundo dos recipientes e
os sólidos solúveis, e o restante da matéria orgânica permanece em suspensão, seguido
para as unidades de jusante. O líquido sobrenadante torna-se clarificado, enquanto
as partículas no fundo formam uma camada de lodo, e são removidas conjuntamente
com ele. A sedimentação é uma operação unitária de grande importância em diversos
sistemas de tratamento de esgotos.
Após passar pelas unidades de tratamento preliminar o efluente ainda contém sólidos
em suspensão não grosseiros e carga orgânica, sendo encaminhados a um tratamento
primário que pode fazer uso de unidades de sedimentação, como decantadores e
tanques sépticos. Uma porção desses sólidos em suspensão é feita de matéria orgânica,
e deste modo, a sua remoção é necessária e simplificada pelo processo de sedimentação
com tempos mais prolongados. Esta remoção, consequentemente diminui a DBO,
facilitando o tratamento secundário. A eficiência do tratamento primário na remoção de
sedimentáveis é importantíssima para diminuição do tempo e dos custos do tratamento
secundário, por isso geralmente utilizamos coagulantes, como sulfato de alumínio
e cloreto férrico, na fase primária, e quando isto acontece, chamamos o tratamento
primário de “Tratamento primário avançado”.
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UNIDADE II │ CARACTERIZAÇÃO DOS PROCESSOS FÍSICOS, FÍSICO-QUÍMICOS E BIOLÓGICOS DO TRATAMENTO DE EFLUENTES
Notas:
(1) Uma ETE a nível secundário usualmente tem tratamento preliminar, mas pode ou não ter tratamento primário (depende do
processo).
(2) Padrão de lançamento, de acordo com o estabelecido pela legislação vigente.
(3) A eficiência de remoção poderá ser superior, caso exista alguma etapa de remoção específica.
Fonte: Von Sperling, (2005).
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CARACTERIZAÇÃO DOS PROCESSOS FÍSICOS, FÍSICO-QUÍMICOS E BIOLÓGICOS DO TRATAMENTO DE EFLUENTES │ UNIDADE II
Quadro 3. Estimativa da eficiência esperada nos diversos níveis de tratamento incorporados em uma ETE.
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CAPÍTULO 2
Processos físicos e físico-químicos de
tratamento
Equalização/Gradeamento/Peneiramento/
Desarenação
Os processos físicos de tratamento de efluentes estão presentes nos níveis preliminares
e primários. Geralmente a primeira unidade em uma ETE é o tanque de equalização, no
qual irá ocorrer a homogeneização de temperatura e da concentração de contaminantes
do efluente.
Nestes tanques, pode haver aeradores e/ou misturados para auxiliar no processo de
equalização. A sua implantação se justifica por diversas razões:
»» estabilização do pH;
Como discutido anteriormente, as águas pluviais são capazes de arrastar para os corpos
receptores partículas grandes como terra e areia, e obviamente estas partículas grosseiras
precisam ser removidas no tratamento primário, facilitando as etapas seguintes, por
diminuir os custos no tratamento secundário e impedir que tais partículas possam
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CARACTERIZAÇÃO DOS PROCESSOS FÍSICOS, FÍSICO-QUÍMICOS E BIOLÓGICOS DO TRATAMENTO DE EFLUENTES │ UNIDADE II
entupir tubulações. Dessa forma, após a etapa de gradeamento o efluente passa por um
desarenador, facilitando a sedimentação destas partículas no seu interior.
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UNIDADE II │ CARACTERIZAÇÃO DOS PROCESSOS FÍSICOS, FÍSICO-QUÍMICOS E BIOLÓGICOS DO TRATAMENTO DE EFLUENTES
Calha Parshall
Medição de vazão
Desarenador
Remoção de areia
Grade de Barras
Remoção de sólidos
grosseiros
Fonte: SANTOS (2012).
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CARACTERIZAÇÃO DOS PROCESSOS FÍSICOS, FÍSICO-QUÍMICOS E BIOLÓGICOS DO TRATAMENTO DE EFLUENTES │ UNIDADE II
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UNIDADE II │ CARACTERIZAÇÃO DOS PROCESSOS FÍSICOS, FÍSICO-QUÍMICOS E BIOLÓGICOS DO TRATAMENTO DE EFLUENTES
Fonte: COATI (2018) Disponível em: <http://www.coati.org.br/separador-de-agua-e-oleo/>. Acesso em: 4 outubro 2018.
Coagulação/Floculação/Flotação/Precipitação
A água bruta contém uma variedade de impurezas, destacando-se as partículas
coloidais, substâncias húmicas e micro-organismos em geral. Parâmetros tais como a
cor verdadeira, turbidez, sabor, odor e diversos tipos de contaminantes orgânicos e
inorgânicos presentes na água estão, geralmente, associados às partículas suspensas ou
dissolvidas (HELLER; PÁDUA, 2010).
A seguir, o efluente passa pelos tanques de floculação, do qual são formados flocos mais
densos. A floculação se baseia na ocorrência de choque entre as partículas formadas
anteriormente, de modo a produzir outras de maior volume e densidade, ou seja, os
flocos a serem removidos (VON SPERLING, 2005).
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CARACTERIZAÇÃO DOS PROCESSOS FÍSICOS, FÍSICO-QUÍMICOS E BIOLÓGICOS DO TRATAMENTO DE EFLUENTES │ UNIDADE II
As fases de coagulação e floculação da água bruta podem gerar flocos com pouca
velocidade de sedimentação e quando isso acontece é necessário à adição de
decantadores para facilitar o processo. Nem sempre está solução é viável, pois para que
funcionem adequadamente esses decantadores precisam ser grandes e por isso ocupam
um espaço considerável, por isso muitas vezes esses decantadores são substituídos
por flotadores, uma vez que ocupam um espaço menor. O processo de flotação
emprega-se agentes coagulantes objetivando formar flocos grandes e leves, que flotem
e sejam removidos do efluente na superfície por meio de raspadores em tanques
retangulares ou circulares (SENAI, 2013). Enquanto na sedimentação a força da
gravidade auxilia a deposição de partículas, na flotação, há uma grande produção de
bolhas que grudam nos flocos não sedimentados, auxiliando flotação dos mesmos
para a superfície. Os melhores flotadores são aqueles que produzem bolhas pequenas,
pois elas são capazes de deslocar uma menor quantidade de líquido da superfície das
partículas, aderindo-se melhor às partículas.
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UNIDADE II │ CARACTERIZAÇÃO DOS PROCESSOS FÍSICOS, FÍSICO-QUÍMICOS E BIOLÓGICOS DO TRATAMENTO DE EFLUENTES
encaminhadas para um decantador, que se utilizado após a etapa de flotação, pode ser
menor.
As unidades que possuem flotadores também precisam ser bem equipadas, e exigem
operadores qualificados para o manuseio dos flotadores, geralmente são unidades com
cobertura, e a escolha do equipamento gerador de bolhas conta muito, e dependendo
do parelho escolhido o aumento do consumo de energia nas ETAs são enormes. Entre
as vantagens dos flotadores, encontramos:
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CARACTERIZAÇÃO DOS PROCESSOS FÍSICOS, FÍSICO-QUÍMICOS E BIOLÓGICOS DO TRATAMENTO DE EFLUENTES │ UNIDADE II
Cloração e
fluoretação
Decantação
Coagulação e Filtração
Água Bruta floculação com areia e seixos Reservatório Residências
sulfato de alumínio
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CAPÍTULO 3
Processos biológicos de tratamento
O tratamento pode ser tanto aeróbio como anaeróbio, tem como base o potencial de
transformação da matéria orgânica pelo metabolismo bacteriano. No primeiro, os
micro-organismos degradam as substâncias orgânicas, em forma de alimento e fonte de
energia, tendo por bases processos na presença de oxigênio. No tratamento anaeróbio o
processo acontece na ausência de oxigênio, por meio de bactérias degradam a matéria
orgânica por meio da fermentação. Há, portanto, geração de biomassa, que dá origem
ao lodo biológico, formado por frações orgânicas e inorgânicas.
Os responsáveis pela degradação da matéria orgânica são as bactérias, já que são mais
hábeis em degradar matéria orgânica e são formadoras de flocos. As bactérias mais
frequentes são as dos gêneros: Pseudomonas, Bacillus, Zooglora, Schromobacter,
Flavobacterium, Nocardia, Bdellovibrio, Mycobacterium, Klebscella e bactérias
nitrificantes como Nitrossomas e Nitrobacter. Cada espécie tem uma função específica,
por exemplo, as do gênero Zooglora são formadoras de flocos e as do gênero Bacillus
são degradadoras de proteínas. O sistema para ser eficiente depende do equilíbrio entre
espécies, assim, se as bactérias formadoras de flocos (que produzem filamentos que as
demais bactérias ficam aderidas) crescerem demasiadamente, ocorre o intumescimento
filamentoso (bulking), deixando os flocos leves, o que prejudica a sedimentação do
mesmo, impedindo a clarificação do efluente, já que a eficiência do processo depende
da fase de separação da biomassa floculada do efluente tratado (SENAI, 2013).
Entre exemplos de sistemas aeróbios podem ser citados: lagoas aeradas; lodos ativados;
e filtros biológicos. Já para o tratamento anaeróbio, temos: lagoas anaeróbias; tanques
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CARACTERIZAÇÃO DOS PROCESSOS FÍSICOS, FÍSICO-QUÍMICOS E BIOLÓGICOS DO TRATAMENTO DE EFLUENTES │ UNIDADE II
Lodos ativados
Os sistemas de tratamento de esgotos por lodos ativados apresentam alta eficiência
frente à pequena área de implantação necessária. O processo tem por base a oxidação
bioquímica dos compostos orgânicos e inorgânicos encontrados nos diversos tipos de
efluentes utilizando, claro, micro-organismos (BENTO et al., 2005).
Garantindo toda remoção da matéria orgânica presente nos efluentes, além da utilização
de micro-organismos anaeróbios, utilizamos também micro-organismos aeróbios, por
isso usualmente, optamos pela utilização de lodos ativados.
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UNIDADE II │ CARACTERIZAÇÃO DOS PROCESSOS FÍSICOS, FÍSICO-QUÍMICOS E BIOLÓGICOS DO TRATAMENTO DE EFLUENTES
presentes neste lodo ativado para uma nova decomposição da matéria orgânica presente
no efluente bruto.
Tanque de aeração
Decantador
Afluente Efluente
Retorno de lodo
Excesso
de lodo
Fonte: Revista TAE (2014).
O sistema de lodos ativados pode ser composto apenas por bactérias ou pode representar
uma complexa associação entre muitos tipos microbianos além das bactérias, como
protozoários, fungos e micrometazoários. Estes micro-organismos oxidam os compostos
orgânicos e inorgânicos presentes nos efluentes. Cada tipo de efluente requer um tipo
diferente de tratamento biológico, dessa forma é importantíssima a melhor escolha do
micro-organismos ou micro-organismos que irão compor este tratamento, uma vez que
ambos são dinâmicos (AMMAN; GLOCKNER; NEEF, 1997; BENTO et al., 2005).
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CARACTERIZAÇÃO DOS PROCESSOS FÍSICOS, FÍSICO-QUÍMICOS E BIOLÓGICOS DO TRATAMENTO DE EFLUENTES │ UNIDADE II
Lagoas de estabilização
As lagoas de estabilização constituem um processo, em geral aplicado para tratamento
de esgotos domésticos, que aproveita fenômenos naturais, como incidência de radiação
solar e degradação biológica no tratamento do efluente. Estas funcionam bem na
remoção do nitrogênio, pois promovem a desnitrificação (perda de nitrogênio para a
atmosfera). O fósforo é removido pelo processo de precipitação, e os micro-organismos,
como os coliformes, ovos de helmintos e cistos de protozoários, são sedimentados
no fundo da lagoa (BERTONCINI, 2008). As lagoas de estabilização são unidades
que retêm os efluentes por um período suficiente para estabilizar a matéria orgânica
por meio de processos biológicos, principalmente devido à ação de algas e bactérias.
Requerem uma maior disponibilidade de área, e os aspectos construtivos demandam
basicamente a limpeza do terreno (retirada da vegetação), escavação, construção de
diques, preparação do fundo e instalação dos dispositivos de entrada e saída. Muitas
etapas de operação e manutenção precisam ser realizadas para que tudo ocorra bem,
pois sem estas etapas, haverá, consequentemente, redução na eficiência do tratamento.
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UNIDADE II │ CARACTERIZAÇÃO DOS PROCESSOS FÍSICOS, FÍSICO-QUÍMICOS E BIOLÓGICOS DO TRATAMENTO DE EFLUENTES
São unidades que retêm os esgotos por um período suficiente para que seja estabilizada
a matéria orgânica por processos biológicos, portanto naturais, principalmente pela
ação de algas e bactérias. As lagoas de estabilização podem ser facultativas, anaeróbias,
aeróbias ou de maturação. É muito comum a utilização de vários modelos de lagoas ou
ainda a utilização de lagos como pós-tratamento dos lodos.
»» operação simples;
Lagoa facultativa
A utilização de lagoas facultativas também é bastante interessante uma vez que assim
como as lagoas de estabilização, estas constituem de um processo natural. Estas lagoas
funcionam a partir da retenção dos esgotos por um tempo longo para que os micro-
organismos possam estabilizar naturalmente toda a matéria orgânica presente naquela
água residuária ou esgoto. Estes processos geralmente ocorrem em três zonas desta
lagoa:
»» zona anaeróbia;
»» zona aeróbia;
»» zona facultativa.
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CARACTERIZAÇÃO DOS PROCESSOS FÍSICOS, FÍSICO-QUÍMICOS E BIOLÓGICOS DO TRATAMENTO DE EFLUENTES │ UNIDADE II
»» lagoas primárias;
»» lagoas secundárias.
As lagoas primárias são as lagoas que recebem o esgoto bruto e as lagoas secundárias
são aquelas lagoas que recebem o efluente já pré-tratado de outras estações.
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UNIDADE II │ CARACTERIZAÇÃO DOS PROCESSOS FÍSICOS, FÍSICO-QUÍMICOS E BIOLÓGICOS DO TRATAMENTO DE EFLUENTES
CO2
O2 Zona facultativa
Zona anaeróbia
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CARACTERIZAÇÃO DOS PROCESSOS FÍSICOS, FÍSICO-QUÍMICOS E BIOLÓGICOS DO TRATAMENTO DE EFLUENTES │ UNIDADE II
anaeróbia (mais profunda e com menor volume), enquanto a DBO restante é retirada na
lagoa facultativa. O sistema ocupa uma área menor ao de uma lagoa facultativa única.
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UNIDADE II │ CARACTERIZAÇÃO DOS PROCESSOS FÍSICOS, FÍSICO-QUÍMICOS E BIOLÓGICOS DO TRATAMENTO DE EFLUENTES
Corpo
Caixa de Lagoa aerada facultativa receptor
Grade Medição de
areia vazão
Fase sólida
Fase sólida
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CARACTERIZAÇÃO DOS PROCESSOS FÍSICOS, FÍSICO-QUÍMICOS E BIOLÓGICOS DO TRATAMENTO DE EFLUENTES │ UNIDADE II
Lagoa de maturação
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CAPÍTULO 4
Tanque séptico e Reator UASB
O sistema extrai a maior parte dos sólidos suspensos, os quais sofrem o processo de
digestão anaeróbia no fundo do tanque e se sedimentam. O tanque séptico pode ser
comparado a um filtro anaeróbio de fluxo ascendente, onde a DBO é convertida por
meio do processo anaeróbico por bactérias aderidas a um meio suporte (normalmente
pedras) no reator.
Outro sistema que pode contar com o filtro anaeróbio para a complementação do
tratamento é o reator anaeróbio de fluxo ascendente – UASB (a sigla vem do inglês
Upflow Anaerobic Sludge Blanket). A sigla UASB vem do Upflow Anaerobic Sludge
Blanket. A associação de reatores anaeróbios, tipo UASB, a lagoas de polimento rasas
se constitui em um sistema de tratamento de esgotos que integra processos anaeróbios
e aeróbios, representando de extraordinária aplicabilidade face à elevada eficiência do
sistema, conjugada a uma substancial redução nos custos, comparado às alternativas
mais tradicionais.
50
CARACTERIZAÇÃO DOS PROCESSOS FÍSICOS, FÍSICO-QUÍMICOS E BIOLÓGICOS DO TRATAMENTO DE EFLUENTES │ UNIDADE II
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PROCESSOS DE
TRATAMENTO EM UNIDADE III
ESTAÇÕES DE
ÁGUA E EFLUENTES
CAPÍTULO 1
Funcionamento de uma estação de
tratamento de água
Por meio das etapas a seguir (BRAGA et al., 2005; SABESP, 2018) são descritos os
procedimentos que compõe um sistema convencional de abastecimento de água
público, abrangendo os processos referentes à estação de tratamento de água (ETA)
nas etapas de 3 a 7.
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PROCESSOS DE TRATAMENTO EM ESTAÇÕES DE ÁGUA E EFLUENTES │ UNIDADE III
3. Esta etapa é composta por três fases: a pré-cloração visa a adição de cloro
para facilitar a retirada de matéria orgânica e metais; a pré-alcalinização
objetiva a adição de cal ou soda à água para o ajuste do pH; e a coagulação
conta com a adição de agentes coagulantes como sulfato de alumínio,
cloreto férrico, sulfato ferroso clorado, sulfato férrico e cloreto de
polialumínio, seguido de uma agitação da água para a desestabilização
elétrica das partículas a serem eliminadas.
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UNIDADE III │ PROCESSOS DE TRATAMENTO EM ESTAÇÕES DE ÁGUA E EFLUENTES
Sistemas de filtração
Nas tecnologias de tratamento de água é a filtração, é uma etapa primordial, visto que é
nesta etapa que são removidas a maior parte das partículas coloidais suspensas e micro-
organismos em geral, de forma a tornar o processo de desinfecção eficiente. Os sistemas
de filtração para tratamento de água se classificam em: filtração direta descendente,
filtração direta ascendente, dupla filtração e filtração em múltiplas etapas. A tecnologia
da dupla filtração se mostrou vantajosa quando a água a ser tratada possui altos
valores de densidade de algas, cor verdadeira, turbidez e coliformes (DI BERNARDO;
SABOGAL PAZ, 2008).
A filtração é um processo físico em que a água é filtrada. Para tal, esta água passa por um
filtro composto por areia branca, ou uma mistura de areia e carvão retendo as partículas
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PROCESSOS DE TRATAMENTO EM ESTAÇÕES DE ÁGUA E EFLUENTES │ UNIDADE III
em suspensão. Algumas ETAs utilizam a dupla filtração que consiste em refiltrar a água
previamente filtrada, para isso a água filtrada passa por canais de pressão até chegar
aos filtros ascendentes. Mas, nós também temos a filtração direta descendente, o
efluente entra pela parte superior, passa pelos filtros, geralmente compostos de areia ou
antracito, e sai pela parte inferior. Geralmente este método é utilizado no tratamento de
águas com baixa turbidez substituindo as etapas de coagulação, floculação e decantação
(SAMPAIO, 2014).
Lavagem
Entrada
Saída
Entrada Saída
Dreno Lavagem
lavagem
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UNIDADE III │ PROCESSOS DE TRATAMENTO EM ESTAÇÕES DE ÁGUA E EFLUENTES
A ETA deve ser configurada de modo a possuir unidades em paralelo que permitam
processos de manutenção e limpeza. Havendo indícios de alta variação da qualidade
da água bruta durante os períodos de seca e precipitação a estação deve possibilitar o
direcionamento do tanque de floculação para as unidades de filtração (SENAI, 2013).
Qualquer água, do ponto vista técnico, pode ser tratada, com finalidades higiênicas,
estáticas ou econômicas. Contudo, o conjunto de técnicas mais adequadas para tratar
a água está diretamente relacionada à qualidade da água bruta e a viabilidade dos
custos de implantação e de operação do sistema (SNSA, 2007). No setor industrial, por
exemplo, o nível da qualidade da água está relacionado ao tipo de produto e processo
de fabricação.
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CAPÍTULO 2
Estação de tratamento de efluentes
Tanque
Elevatória de Decantador Decantador
aeração
esgoto bruto primário secundário
RIO
Esgoto Bruto Grades Caixa Esgoto
médias areia tratado
Grades Compressores
Grosseiras
Elevatória de
Adensadores Flotadores Elevatória lodo primário recirculação do
lodo
Condicionamento
Elevatória de
químico do lodo
lodo excedente
Filtros prensa
Sobrenadante Secador
térmico
Filtrado
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CAPÍTULO 3
Tratamento do lodo
Adensamento do Lodo
Esta etapa ocorre nos adensadores de densidade e nos flotadores. O adensamento é o
processo para aumentar o teor de sólidos no lodo e, consequentemente, reduzir o volume,
visto a alta quantidade de água, facilitando as etapas subsequentes de tratamento do
lodo. É mais utilizado nos processos de tratamento primário, lodos ativados e filtros
biológicos percoladores, tendo importante implicações no dimensionamento e na
operação dos digestores.
Digestão anaeróbia
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PROCESSOS DE TRATAMENTO EM ESTAÇÕES DE ÁGUA E EFLUENTES │ UNIDADE III
Condicionamento químico
Desaguamento do lodo
A capacidade de desaguamento varia de acordo com o tipo de lodo. Lodos ativados, por
exemplo, são mais difíceis de serem desaguados do que os lodos primários digeridos
anaerobiamente. Esta variação na capacidade de desaguamento está diretamente
relacionada com o tipo de sólidos e com a forma que a água está ligada às partículas
do lodo. O desaguamento, realizado com o lodo digerido, tem impacto importante nos
custos de transporte e destino final do lodo. As principais razões para se realizar o
desaguamento são:
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UNIDADE III │ PROCESSOS DE TRATAMENTO EM ESTAÇÕES DE ÁGUA E EFLUENTES
O desaguamento dos lodos pode ser realizado através de meios naturais ou mecânicos.
Os processos naturais utilizam a evaporação e a percolação como principais mecanismos
de remoção de água, o que demanda tempo de exposição do lodo às condições que
resultam no desaguamento. Embora sejam operacionalmente mais simples e baratos
tais processos demandam maiores áreas e volumes para instalação. Em contrapartida,
os processos mecanizados baseiam-se em mecanismos, tais como filtração, compactação
ou centrifugação para acelerar o desaguamento, resultando em unidades compactas
e bem sofisticadas, sob ponto de vista de operação e manutenção. Os fatores que
influenciam no desaguamento são:
Leitos de secagem
Este tipo de processo de desaguamento é indicado para comunidades de pequeno e
médio porte, com ETEs tratando uma população equivalente de até cerca de 20.000
habitantes, localizadas em áreas afastadas da zona urbana. São umas das técnicas mais
antigas utilizadas na separação sólido-líquido do lodo, tendo custo de implantação
bastante reduzido.
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PROCESSOS DE TRATAMENTO EM ESTAÇÕES DE ÁGUA E EFLUENTES │ UNIDADE III
Vantagens Desvantagens
Baixo valor de investimento. Elevada área requerida.
Simplicidade operacional. Necessidade de estabilização prévia do lodo.
Baixo nível de atenção exigido. Influência significativa do clima no desempenho operacional do processo.
Necessidade de operador com baixo nível de qualificação. Lenta remoção da torta seca.
Baixo ou inexistente consumo de energia elétrica. Necessidade de elevada mão de obra para a retirada de torta seca.
Baixo ou inexistente consumo de produto químico. Elevado risco de liberação de odores desagradáveis e de proliferação de
moscas.
Baixa sensibilidade as variações nas características do lodo. Risco de contaminação de lençol freático, caso o fundo dos leitos e o
sistema de drenagem não sejam bem executados.
Torta com alto teor de sólidos.
Os digestores enviam o lodo para os leitos de secagem que geralmente são tanques
grandes e retangulares e podem estar em locais abertos ou fechados, geralmente em
países quentes, eles são projetados ao ar livre, uma vez que não há necessidade de serem
cobertos para manter o calor. Os leitos de secagem podem ser divididos em:
»» tanques de armazenamento;
»» camada drenante;
»» cobertura.
Lagoas de secagem
»» temperaturas altas;
»» insolação direta.
Visto que a ação dos ventos é extremamente importante para esta secagem, e
temperaturas elevadas ajudam a acelerar o processo de secagem. Mas, a insolação direta,
também é muito utilizada uma vez que também favorecem o aumento da temperatura
e os raios solares ainda auxiliam na degradação dos lodos e na redução dos micro-
organismos presentes.
secagem do lodo nestas lagoas ocorre de forma lenta, e como já discutimos, a zona
anaeróbia fica na parte inferior da lagoa e comumente a parte superior é composto por
algas e micro-organismos aeróbios. São geralmente escavadas no solo, ou posicionadas
em depressões naturais do terreno, ou dotadas de diques, o lodo de descarte da ETE é
acumulado por períodos de tempo prolongados (de 3 a 5 anos). Durante esse período,
o lodo é adensado por ação da gravidade, digerida pelos próprios micro-organismos
presentes no lodo e desaguada por drenagem da água livre, de evaporação e de
escoamento superficial. Suas vantagens são: consumo de energia reduzido; ausência
de produtos químicos, mão de obra pouco especializada; baixo custo de implantação
nos casos que há terreno a custo reduzido; serve como unidade de reserva de ETEs com
problemas operacionais no desaguamento de lodos.
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PROCESSOS DE TRATAMENTO EM ESTAÇÕES DE ÁGUA E EFLUENTES │ UNIDADE III
Estes filtros também são utilizados industrialmente, mas foram adaptados e hoje
nós utilizamos na etapa de desidratação do lodo, que ocorre ao prensar o lodo nestes
filtros e podem operar com diferentes pressões de água Este processo configura uma
ótima concentração dos sólidos, proporcionando uma baixa turbidez final. Estes
equipamentos funcionam em batelada, ou seja, é necessário que existam operadores.
Por ser um processo descontínuo e a cada prensa, o lodo deve ser removido para que
ocorra a próxima prensa.
Secagem térmica
A secagem térmica tem por objetivo, a evaporação da água para a redução da umidade
dos lodos. Esta secagem térmica ocorre por processos térmicos, obviamente e é
importantíssima, pois diminui muito o volume do lodo final. É uma das mais eficientes
técnicas aplicadas na secagem dos lodos. Geralmente é utilizado após o desaguamento
mecânico, para que o volume da umidade inicial seja menor. A secagem térmica é
realizada em ambiente hermeticamente fechado e o lodo sai do secador térmico na
forma de “paletts”. A água evaporada é condensada e retornada à entrada da ETE para
tratamento. Este lodo seco pode ser utilizado na agricultura posteriormente.
ETA
Desarenador
Esgoto Bruto
Decantadores Tanque de Esgoto tratado
primários aeração
RIO
Compressores Decantadores
Gradeamento
Compressores secundários
Elevatória de
reticulação
Elevatória de lado Secador térmico
primário Silos lado seco
Filtros prensa
Adensadores de gravidade
Biogás
Digestores
Gás natural Agricultura ou
Aterro sanitário
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UNIDADE III │ PROCESSOS DE TRATAMENTO EM ESTAÇÕES DE ÁGUA E EFLUENTES
Centrifugação
A centrifugação é um processo de separação sólido/líquido forçada pela ação de uma
força centrífuga. Em uma primeira etapa de clarificação, as partículas sólidas que
compõem o lodo sedimentam a uma velocidade muito superior ao que ocorreria sob
ação da gravidade. Em uma segunda etapa, ocorre a compactação, quando o lodo perde
parte da água capilar sob ação prolongada da centrifugação. A torta é removida do
processo após esta última etapa do desaguamento. É um processo de sedimentação
decorrente da diferença de densidade entre uma partícula e o líquido que a circunda.
Os principais tipos de centrífugas utilizadas para a desidratação de lodos são
centrífugas de eixo vertical e as de eixo horizontal. O decanter-centrifuga pressupõe
também o condicionamento do lodo sendo necessária a adição de polieletrólito para
desestabilização dos coloides e a formação de grumos. Os teores de sólidos no lodo seco
variam na faixa de 15 a 30%. Ao fim de cada ciclo de operação o decanter-centrífuga
deve ser lavado.
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CAPÍTULO 4
Tratamento de efluentes industriais
Bebidas (refrigerantes)
Principais locais de geração dos efluentes: são gerados nas lavagens das salas da
xaroparia, linhas de enchimento de latas e garrafas, pisos, descartes de produtos
retornados do mercado.
Características dos efluentes: os efluentes das indústrias de bebidas são ricos em CHO,
corantes. Partículas de carvão oriundas da xaroparia e óleos minerais de vazamentos
das máquinas de processo e das oficinas de manutenção. No caso da utilização de
soda cáustica para a lavagem de embalagens retornáveis, o efluente tem pH básico, e
a DQO é no máximo de 1000 mgO2/L. Em se tratando da produção com embalagens
descartáveis só são gerados os efluentes das bebidas diluídas, com pH ácido e a DQO
pode ser de até 5500 mgO2/L.
Abatedouro de aves
Principais locais de geração dos efluentes: são gerados nas lavagens de pisos e das
instalações na (o): área de recebimentos das aves; lavagens das caixas utilizadas no
transporte; sala de abate; sala de sangria; escaldamento; depenagem mecanizada;
evisceramento; resfriamento com gelo; embalagem; congelamento; expedição. No caso
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UNIDADE III │ PROCESSOS DE TRATAMENTO EM ESTAÇÕES DE ÁGUA E EFLUENTES
de haver fabricação de farinhas de aves, também são gerados efluentes nas lavagens de
gases.
Farmacêuticas
Principais locais de geração dos efluentes: são gerados em indústrias de síntese ou de
misturas.
Processo usual de tratamento: primário para a correção de pH; Secundário por lodos
ativados.
Petroquímicas
Principais locais de geração dos efluentes: são compostos de resíduos de petróleo,
derivados e produtos químicos utilizados no processamento de refino ou beneficiamento.
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PROCESSOS DE TRATAMENTO EM ESTAÇÕES DE ÁGUA E EFLUENTES │ UNIDADE III
Celulose
Principais locais de geração dos efluentes: quando falamos das indústrias de celulose as
etapas que mais geram efluentes são as etapas de cozimento e o branqueamento.
Processo usual de tratamento: nas indústrias celulósicas, os efluentes passam por uma
etapa de tratamento semelhante às outras indústrias geradoras de efluentes com estas
características (altas concentrações de sólidos suspensos, DBO, cor e turbidez e baixas
concentrações de O2 dissolvido). (I) remoção dos sólidos grosseiros por gradeamento
II) ajustes de pH, entre 6 e 9, (III) remoção dos sólidos suspensos remanescentes,
(IV) tratamento secundário (V) adensamento (VI) reatorização do tipo “Unox”, (VII)
decantador secundário (VIII) tratamento terciário (IX) adensamento (X) transporte do
lodo tratado para empresa terceirizada, com o intuito de transformar o lodo tratado em
subproduto para o solo.
C0 – CE
E= x100
C0
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UNIDADE III │ PROCESSOS DE TRATAMENTO EM ESTAÇÕES DE ÁGUA E EFLUENTES
Onde:
C 0 – C E x 100 480 – 48
=E = = x 100 90 %
C0 480
Decantador
Efluente Decantador terciário
secundário
Decantador
primário NaO
Lagoa de Reator
Neutralização
homogeneização
Lodo
terciário
Recido Lodo
secundário
Efluente
neutralizado Lodo primário
Lagoa de
polimento
Lodo
Prensas
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CAPÍTULO 5
Reúso de água e efluentes
O reúso da água e efluentes tratados vem sendo praticado em todo o mundo há vários anos.
Com o avanço das tecnologias e técnicas de tratamento, aumentam-se as possibilidades
e as taxas de reutilização, mas, por outro lado, o crescimento populacional também faz
crescer a demanda. Assim, cabe ressaltar que antes de pensarmos em formas de reúso,
é importante refletirmos e buscarmos ações voltadas à diminuição do consumo.
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UNIDADE III │ PROCESSOS DE TRATAMENTO EM ESTAÇÕES DE ÁGUA E EFLUENTES
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PLANO DE
GERENCIAMENTO UNIDADE IV
DE ÁGUA E
EFLUENTES
Este capítulo apresenta etapas para um plano de gerenciamento voltado ao uso eficiente
da água, a redução da geração de efluentes e a otimização dos processos de tratamento.
Neste contexto, são elencados alguns casos de sucesso como estímulo à uma forma de
gestão proativa e organizada.
CAPÍTULO 1
Práticas de gestão
O Art. 27 da Resolução Conama n° 430/2011 ressalta que as fontes que sejam potencial
ou efetivamente poluidoras dos recursos hídricos deverão buscar práticas de gestão
de efluentes visando o uso eficiente da água, à aplicação de técnicas para redução da
geração e melhoria da qualidade de efluentes, e, dentro da possibilidade, buscar a
reutilização (BRASIL, 2011).
71
UNIDADE IV │ PLANO DE GERENCIAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES
Uma das ferramentas que tem grande aplicabilidade em sistemas como gestão
ambiental, da qualidade, e saúde e segurança do trabalho é o PDCA – Plan, Do, Check,
Act (do inglês: planejamento, execução, verificação e ação), voltado à atividades que
necessitem otimizar processos visando à melhoria contínua.
Assim como outros sistemas de gestão, um PGAE tem sua estrutura similar ao PDCA.
Os principais eixos de um plano de gerenciamento de águas e efluentes contemplam as
fases de: inventário; diagnóstico; plano de ação, e programas a serem implementados
(SENAI, 2013).
Identificação do Problema
Padronização
Análise do fenômeno
Plano de ação
Verificação Execução
72
CAPÍTULO 2
Etapas do plano de gerenciamento
73
UNIDADE IV │ PLANO DE GERENCIAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES
‒ Quase dois terços dos maiores aquíferos do mundo estão sendo exauridos.
Diante de tal cenário, como parte das ações no Brasil, o Conselho Empresarial
Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) , que conta com 60
grandes empresas no Brasil, elaborou o “Compromisso Empresarial Brasileiro
para a Segurança Hídrica” procurando colocar a gestão mais eficiente da água na
estratégia de negócios, incluir o tema na análise de riscos das empresas e medir
os resultados. Outra meta é incentivar projetos compartilhados de reúso ou
proteção de mananciais, promover o engajamento da cadeia e ajudar pequenas
e médias indústrias com novas tecnologias.
74
CAPÍTULO 3
Programas de boas práticas
A população pode contribuir por meio de diversas ações voltadas ao uso consciente
da água, que, além da economia quanto ao consumo direto, também abrange atitudes
como: checar vazamentos e comunicar problemas à empresa concessionária; utilizar
águas de reaproveitamento para usos menos nobres como lavar de pátios; regar jardins
e dar descarga; captar da água da chuva.
75
CAPÍTULO 4
Planos de saneamento básico
O Plansab estabelece diretrizes, metas e ações de saneamento básico para o Brasil até
2033, determinando que, para ter acesso aos recursos, os 5.564 municípios deveriam
elaborar seus Planos Municipais de Saneamento Básico (PMSB) até dezembro de
2015. Contudo, devido a diversas contestações dos municípios houveram prorrogações
até que o Decreto no9.254/2017 definiu a data limite de dezembro de 2019, condição
para a continuidade do recebimento de recursos após o prazo estipulado.
Tal avaliação contribui para a gestão de águas e efluentes, avaliada nos planos de
saneamento. As situações que caracterizam o atendimento precário são vistas como
déficit, pois mesmo não impedindo o acesso ao serviço, esse é ofertado em condições
insatisfatórias ou mesmo provisórias, podendo comprometer a saúde humana e a
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PLANO DE GERENCIAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES │ UNIDADE IV
Plansab.
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UNIDADE IV │ PLANO DE GERENCIAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES
Promovida pela Agência Nacional de Águas (ANA), o Prêmio ANA 2017 representa
a maior premiação do Brasil sobre o tema água. A premiação possui nove categorias
destinadas a reconhecer o mérito de iniciativas que contribuam para a gestão e o uso
sustentável dos recursos hídricos no Brasil, promovendo o combate à poluição e ao
desperdício. Dois dos projetos vencedores foram do Rio Grande do Norte, nas categorias
“Governo” e “Pesquisa e inovação tecnológica” (ANA, 2018):
»» Categoria: Governo.
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PLANO DE GERENCIAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES │ UNIDADE IV
Excelência em gestão
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UNIDADE IV │ PLANO DE GERENCIAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES
de fornecer água por atacado para cinco municípios da Região Metropolitana de São
Paulo, sendo quatro deles também beneficiados pelo serviço de tratamento de esgoto. É
considerada a quarta maior empresa de saneamento do mundo em população atendida,
com 27,9 milhões de pessoas abastecidas com água e 21,6 milhões de pessoas com coleta
de esgoto (SABESP, 2018).
No ano de 2017, a Companhia conquistou cinco prêmios, entre eles o de grau máximo,
no Prêmio Nacional de Qualidade em Saneamento (PNQS) promovido pela ABES e que
tem o objetivo de reconhecer e estimular a aplicação de boas práticas gerenciais nas
empresas de saneamento em todo o Brasil.
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PLANO DE GERENCIAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES │ UNIDADE IV
Exemplos internacionais
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UNIDADE IV │ PLANO DE GERENCIAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES
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PLANO DE GERENCIAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES │ UNIDADE IV
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Referências
AHLUWALIA, S.S.; GOYAL, D. Microbial and plant derived biomass for removal of
heavy metals from wastewater. Bioresource Technology, v. 98 pp. 2243-2257, 2007.
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REFERÊNCIAS
85
REFERÊNCIAS
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REFERÊNCIAS
FIGURA 10. Fluxograma do sistema de lagoa aerada facultativa. Disponível em: <http://
www.naturaltec.com.br/aeracao-por-difusores/>. Acesso em: 4 outubro2018.
FIGURA 11. Lagoa aerada em estação de tratamento de esgoto. Disponível em: <https://
s4.static.brasilescola.uol.com.br/img/2014/09/lagoa-aerada.jpg>. Acesso em: 4
outubro 2018.
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REFERÊNCIAS
MARSHALL, F. M.; HOLDEN, J., GHOSE, C., CHISALA, B., KAPUNGWE, E., VOLK,
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urban poor: appropriate measures for monitoring and control from field research in
India and Zambia. Inception Report DFID Enkar R8160, SPRU, University of Sussex,
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REFERÊNCIAS
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REFERÊNCIAS
UNESCO. Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura. Águas
residuais: o recurso inexplorado. Resumo executivo. Relatório Mundial das Nações
Unidas sobre Desenvolvimento dos Recursos Hídricos, 2018, p.12.
WANG, J., CHEN, C. Biosorbents for heavy metals removal and their future.
Biotechnology Advances, v. 27 pp. 195-226, 2009.
90