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Brasília-DF.
Elaboração
Produção
APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 4
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7
UNIDADE ÚNICA
CONTRATO DE FRANQUIA....................................................................................................................... 9
CAPÍTULO 1
CONCEITOS.............................................................................................................................. 9
CAPÍTULO 2
O QUE É UM CONTRATO DE FRANQUIA E PARA QUE SERVE...................................................... 11
CAPÍTULO 3
CLÁUSULAS QUE DEVEM ESTAR PRESENTES EM UM CONTRATO DE FRANQUIA........................... 15
CAPÍTULO 4
CUIDADOS A SEREM TOMADOS NA ELABORAÇÃO E NA ASSINATURA DE UM CONTRATO DE
FRANQUIAS (SEBRAE)............................................................................................................... 17
CAPÍTULO 5
LEI DE FRANQUIA 8.955/1994................................................................................................. 29
CAPÍTULO 6
RESPONSABILIDADE LEGAL DO FRANQUEADO E DO FRANQUEADOR....................................... 36
CAPÍTULO 7
UM MODELO DE CONTRATO DE FRANQUIA............................................................................. 54
CAPÍTULO 8
ANÁLISE DO CONTRATO DE FRANQUIA REALIZADA PELA SUBCOMISSÃO DE CONTRATOS
EMPRESARIAIS – OAB............................................................................................................... 59
REFERÊNCIAS................................................................................................................................... 78
Apresentação
Caro aluno
Conselho Editorial
4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de
Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Praticando
5
Atenção
Saiba mais
Sintetizando
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).
Avaliação Final
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Introdução
Depois de muita perseverança, a regulamentação do contrato de franquia empresarial
passou a ser uma realidade. Realidade esta proporcionada pela Lei no 8.955, de 15 de
dezembro de 1994.
Após esta breve introdução, esperamos que o conhecimento embutido neste material
seja útil para todas as outras disciplinas relacionadas a esta e esperamos que você venha
a contribuir com sua participação: opiniões, práticas e vivências em diferentes âmbitos
— pessoal e profissional — neste processo de ensino-aprendizagem.
Objetivos
»» Apresentar o que é um contrato de franquia.
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CONTRATO DE UNIDADE ÚNICA
FRANQUIA
CAPÍTULO 1
Conceitos
Todavia, cumpre assinalar que a atual codificação brasileira está baseada, entre outros,
no princípio da operabilidade, que tem um dos seus sentidos expressos na simplicidade
ou facilitação dos institutos civis. Consigne-se que o Código brasileiro conceitua algumas
figuras contratuais típicas, mas não chegou a conceituar o contrato, relegando, mais
uma vez, a tarefa à doutrina.
Em uma visão clássica, tem-se notado a prevalência do conceito do instituto que pode
ser extraído do art. 1.321 do Código Civil Italiano; segundo o qual, o contrato é o acordo
de duas ou mais partes para constituir, regular ou extinguir entre elas uma relação
jurídica de caráter patrimonial. Muitos autores brasileiros seguem essa conceituação,
caso de Orlando Gomes e Álvaro Villaça Azevedo.
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UNIDADE ÚNICA │ CONTRATO DE FRANQUIA
a. agente capaz;
Cumpre anotar que tal feição clássica do contrato limita o seu conteúdo às questões
patrimoniais ou econômicas. Trata-se da ideia de patrimonialidade, tão cara aos italianos.
Sendo assim, o contrato não pode ter uma feição existencial ou extrapatrimonial. A
título de exemplo, pela visão clássica, o contrato não pode ter como conteúdo os direitos
da personalidade, mesmo que indiretamente.
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CAPÍTULO 2
O que é um contrato de franquia e
para que serve
Segundo o doutor Sebastião José Roque (Do Contrato de Franquia Empresarial, 2012),
o contrato de franquia é o acordo pelo qual o detentor de propriedade industrial dá
concessão a uma empresa para produzir e comercializar, diretamente ao público,
determinados produtos de marca já consagrada e vulgarizada.
Características
Segundo Roque, trata-se de um contrato bilateral, consensual, oneroso, empresarial,
de execução continuada, internacional ou nacional, híbrido e complexo, de prestações
recíprocas (comutativo, informal), a saber: Bilateral — a bilateralidade desse contrato
manifesta-se sob diversas formas, a começar pela caracterização positiva das duas
partes, franqueador e franqueado, e pelas obrigações mútuas, em decorrência do
consenso entre as partes. O não cumprimento de obrigações por uma delas poderá
ensejar à outra o apelo ao princípio de exceptio non adimpleti contractus. Poderá dar
ainda à outra o direito à rescisão do contrato.
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UNIDADE ÚNICA │ CONTRATO DE FRANQUIA
Tipo de contrato
Formalmente, o contrato de franquia empresarial é um contrato de adesão. A Lei chama-o
de contrato-padrão. Perante o Direito italiano, o contrato de adesão, conforme previsto
no art. 1.332 do Código Civil italiano, é aquele que tenha que ser registrado e aprovado
pelo Poder Público. Por outro lado, o art. 1.340 do mesmo código registra “o contrato
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CONTRATO DE FRANQUIA │ UNIDADE ÚNICA
O fato de constar “nível de escolaridade” do franqueado significa que pode ser uma
empresa individual, mas suas atividades são mercantis. É contrato consensual por
aperfeiçoar-se a entrega de coisas para sua celebração. Não é contrato de prestação
instantânea, mas continuada; pode ser por tempo indeterminado ou não, mas com
prestações contínuas.
Por delinear a lei seus requisitos básicos, é um contrato formal. O formalismo previsto
pela lei implica que seja por escrito e na presença de duas testemunhas. A adoção legal
do contrato-padrão é um formalismo que o aproxima muito de um contrato de adesão.
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UNIDADE ÚNICA │ CONTRATO DE FRANQUIA
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CAPÍTULO 3
Cláusulas que devem estar presentes
em um contrato de franquia
b. o objeto da franquia;
h. a duração do contrato;
l. a não concorrência;
n. a confidencialidade e sigilo;
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UNIDADE ÚNICA │ CONTRATO DE FRANQUIA
p. a cláusula de rescisão;
Esses são os pontos indispensáveis e destacam outros valores dos contratos, dentre eles
a necessidade de ser consensual e harmonizar os interesses; trata-se de um contrato de
execução contínua, tem todo o projeto de assistência do franqueador. Caracteriza-se
também por ser um contrato de adesão.
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CAPÍTULO 4
Cuidados a serem tomados na
elaboração e na assinatura de um
contrato de franquias (SEBRAE)
Para escolha de uma franquia, devem ser avaliados em conjunto todos os aspectos
técnicos do Plano de Negócio, a maturidade e força da marca, a ética e respeito de
padronização da rede, o potencial do negócio frente ao mercado; a adaptação à cultura
local e regional; o nível de rentabilidade comparativo, e, principalmente, a confiabilidade
entre as partes.
Inteligência Emocional
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UNIDADE ÚNICA │ CONTRATO DE FRANQUIA
Franquia
»» marca, nome;
»» tecnologia;
»» consultoria operacional;
»» produtos ou serviços.
Negócio Independente
»» marca, nome;
»» tecnologia;
»» consultoria operacional;
»» produtos ou serviços.
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CONTRATO DE FRANQUIA │ UNIDADE ÚNICA
»» produto ou serviço;
»» localização;mercado;
»» tecnologia/metodologia;
»» administração de pessoal;
»» a identificação de perfis,
Franqueador
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UNIDADE ÚNICA │ CONTRATO DE FRANQUIA
Franqueado
O fato de optar por uma franquia não significa que o negócio terá sucesso total.
Na realidade, cada franquia exige um perfil diferenciado, como diz o velho ditado:
“Existe uma franquia certa para o franqueado correto”.
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CONTRATO DE FRANQUIA │ UNIDADE ÚNICA
»» Não escolha apenas pelo produto, ou serviço, mas pelo composto geral da
franquia — marca, tecnologia, consultoria operacional.
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UNIDADE ÚNICA │ CONTRATO DE FRANQUIA
Após receber o material das franquias, comece sua classificação e avaliação sobre o
estágio da franquia.
A avaliação do tipo ou estágio da franquia envolve o seguinte aspecto: faça uma ficha
para cada franquia, anotando suas características, a seguir:
Tipo de Concessão:
»» Marca?
»» Produto ou serviço?
»» Há contrato?
»» Investimentos do franqueador:
»» Tipo de assistência/consultoria:
»» Experiências-piloto:
Pilotos:
Atuais:
Desistentes:
Tendência de mercado:
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CONTRATO DE FRANQUIA │ UNIDADE ÚNICA
Grau de risco:
Analisando a modalidade do negócio, faça uma ficha para cada franquia. Classifique
cada franquia pela modalidade de negócio adotada: franquia individual, franquia de
conversão, franquia combinada, franquia shop in shop ou franquia de miniunidades.
»» Taxa de Franquia.
»» Taxa de Royalties.
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UNIDADE ÚNICA │ CONTRATO DE FRANQUIA
Analisando a taxa de franquia, faça uma ficha para cada franquia. Classifique cada
franquia pela taxa inicial adotada.
Analisando a taxa de royalties, classifique cada franquia pela taxa de royalties adotada.
»» Custo de campanhas;
»» Taxa de rateio.
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CONTRATO DE FRANQUIA │ UNIDADE ÚNICA
Uma decisão pela melhor franquia envolve uma série de fatores básicos, que podem ser
aglutinados na fórmula do 5WH.
Essa fórmula, famosa em todo o mundo, racionaliza as questões para toda e qualquer
decisão, empresarial ou pessoal.
O 5WH — WHAT? HOW? WHEN? WHERE? HOW MUCH? — o quê? como? quando?
onde? quanto? — podem ser aplicados, oferecendo um resumo comparativo entre as
franquias, para facilitar a decisão.
Para o franqueador, todas as informações serão avaliadas, por meio de pesquisas junto
ao universo do franqueado. Pode ser exigido um termo de confidencialidade, para evitar
o vazamento de dados aos concorrentes.
O franqueado deve considerar o que o franqueador vai lhe oferecer e verificar a garantia
deste apoio.
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UNIDADE ÚNICA │ CONTRATO DE FRANQUIA
É importante:
Características do Pré-Contrato:
›› treinamento.
›› garantia da localização;
›› decoração.
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CONTRATO DE FRANQUIA │ UNIDADE ÚNICA
Este é um passo decisório para o empresário, após analisar todos os aspectos que
envolvem os passos anteriores. Inclui, sobretudo, a decisão de não assumir a franquia.
»» as partes críticas;
»» auditorias;
»» prestação de contas.
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CAPÍTULO 5
Lei de Franquia 8.955/1994
Por outro lado, pessoas mais experientes deparavam com informações insuficientes
para tomar a decisão de adquirir, ou não, uma franquia. Essas pessoas, muitas vezes,
deixavam de fechar negócios muito bons por não se sentirem confortáveis com a
situação.
Assim, muitos franqueados desistiram de franquias por motivos dos mais variados e, ao
saírem, não raro, pediram indenizações dos franqueadores alegando terem comprado
‘gato por lebre’. Nesses casos, coube aos franqueadores o ônus da prova.
O Texto da Lei
LEI No 8.955, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1994.
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UNIDADE ÚNICA │ CONTRATO DE FRANQUIA
VIII — informações claras quanto a taxas periódicas e outros valores a serem pagos pelo
franqueado ao franqueador ou a terceiros por este indicados, detalhando as respectivas
bases de cálculo e o que as mesmas remuneram ou o fim a que se destinam, indicando,
especificamente, o seguinte:
d) seguro mínimo; e
a) supervisão de rede;
e) manuais de franquia;
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CONTRATO DE FRANQUIA │ UNIDADE ÚNICA
a) know how ou segredo de indústria a que venha a ter acesso em função da franquia; e
Art. 5o (VETADO).
Art. 7o A sanção prevista no parágrafo único do art. 4o desta lei aplica-se, também, ao
franqueador que veicular informações falsas na sua circular de oferta de franquia, sem
prejuízo das sanções penais cabíveis.
Art. 8o O disposto nesta lei aplica-se aos sistemas de franquia instalados e operados no
território nacional.
Art. 9o Para os fins desta lei, o termo franqueador, quando utilizado em qualquer de
seus dispositivos, serve também para designar o subfranqueador, da mesma forma que
as disposições que se refiram ao franqueado aplicam-se ao subfranqueado.
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UNIDADE ÚNICA │ CONTRATO DE FRANQUIA
Art. 10. Esta lei entra em vigor 60 (sessenta) dias após sua publicação.
ITAMAR FRANCO
Mensagem no 1.154
Razão do veto
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CONTRATO DE FRANQUIA │ UNIDADE ÚNICA
Como se observa, a matéria de que trata o art. 5o do projeto de lei já se encontra albergada
pela legislação do imposto de renda, sendo ele, portanto, desnecessário, razão pela qual
se impõe o seu veto.
O referido artigo aponta que o franqueador “cede”, mas na verdade “licencia”. Não há
uma transferência definitiva de direitos, mas sim temporária. A lei não se afasta das
práticas mercantis internacionais, mas é interessante apresentar alguns vieses das
disposições legais.
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UNIDADE ÚNICA │ CONTRATO DE FRANQUIA
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CAPÍTULO 6
Responsabilidade legal do franqueado
e do franqueador
O ponto da relação legal entre franqueador x franqueado define-se como: uma relação
jurídica contratual, com base na lei de franquia e também nas demais previsões
aplicáveis baseadas no Código Civil. Há direitos e obrigações para ambas as partes,
como qualquer outro contrato, atendidas as disposições mínimas e específicas da Lei no
8.955/1994. Geralmente, nele é previsto que as partes são pessoas jurídicas autônomas
e distintas, sem vínculo trabalhista ou de cunho societário.
Sob o prisma trabalhista, a própria lei de franquia deixa muito claro que inexiste vínculo
de emprego entre o franqueador e franqueado. A distinção das pessoas jurídicas, sua
independência e trabalho sob a forma de franquia deixam bem patente a situação jurídica
trabalhista entre as partes: empregados do franqueado são de sua responsabilidade, não
havendo o que se perquerir sob responsabilidade solidária ou subsidiária. A questão da
supervisão e fiscalização do franqueador se traduz aos limites de controle e gerência
de sua marca e métodos, monitorando se o franqueado está cumprindo com seu dever
contratual e seguindo os padrões da franquia, nada mais. Sendo a realidade fática de
um contrato de franquia genuíno, nenhuma responsabilidade poderá ser imposta ao
franqueador.
Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade
jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra,
constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade
econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente
responsáveis a empresa principal e cada uma das subordinadas,
No campo civil e consumerista, a franquia, como inerente a qualquer outro negócio, está
sujeita a possíveis problemas oriundos da relação com seus clientes, em situações em
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UNIDADE ÚNICA │ CONTRATO DE FRANQUIA
que tenham se sentido lesados pela falta de atendimento ou má prestação dos serviços.
Nestes casos, em uma eventual disputa judicial, poderão acionar além do franqueado
também o franqueador para ser corresponsável em uma ação judicial. Novamente,
cremos na isenção do franqueador, já que o franqueado será o único responsável com a
relação havida entre ele e seus clientes, não podendo o franqueador ser responsabilizado
por atos de que não participe e que não tenha nenhuma relação jurídica ou gerência
direta, devendo ser observada a distinção clara e separação de personalidades jurídicas
a que alude a lei de franquia.
No entanto, o tema pode evoluir para outras situações mais complexas, podendo ocorrer,
por exemplo, a má informação de um serviço ou produto em que o franqueador tenha
desenvolvido e posto na franquia, repassando ao franqueado para operacionalização.
Nesse caso, nos parece correta a responsabilidação solidária inscrita no art. 12 e
seguintes do Código de Defesa do Consumidor (CDC), sendo uma situação totalmente
distinta do parágrafo anterior.
Deste modo, nos parece que a lei de franquia está apta a realizar toda a operação
jurídica contratual entre o franqueador e franqueado, encerrando entre eles deveres
e obrigações muito bem delimitados. A par disso, há a operacionalização da franquia
pelos franqueados, assumindo seus negócios e riscos inerentes, como qualquer outra
empreitada, possuindo total e distinta relação com o franqueador de cunho trabalhista,
societário, civil e consumerista.
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CONTRATO DE FRANQUIA │ UNIDADE ÚNICA
como operar seu negócio, pois acabariam sendo incompatíveis e descumprindo algum
dos contratos ou algumas das exigências postas por alguns dos franqueadores.
Visualiza-se um último aspecto dessa lei, que merece um pouco mais de atenção, e que
estabelece que não haverá vínculo empregatício entre franqueado e franqueador, o que
nos parece por demais cristalino: por se tratar de duas empresas; portanto, não pode
ser empregada a empresa franqueada, por ser pessoa jurídica.
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UNIDADE ÚNICA │ CONTRATO DE FRANQUIA
Assim, resta realmente esclarecido que pelo texto da lei não há vínculo empregatício
na relação entre franqueado e franqueador, a menos que esse último imponha suas
regras de tal forma que reste visível a relação de subordinação do franqueado como
se um empregado fosse, caracterizando o contrato avençado, uma fraude à legislação
trabalhista, e esse é o único meio de se caracterizar um contrato de trabalho entre
franqueado e franqueador.
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CONTRATO DE FRANQUIA │ UNIDADE ÚNICA
Nessa linha, faz-se mister que se analise o que seria um contrato de trabalho nas palavras
de Martinez (2011, p.124):
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UNIDADE ÚNICA │ CONTRATO DE FRANQUIA
Da mesma forma, convém ressaltar para o nosso estudo que a legislação portuguesa não
criou formalidade ao contrato de trabalho, não exigindo, portanto, que seja realizado
apenas de forma expressa, escrita.
Em ambos os países, pode-se afirmar que o contrato de trabalho poderá se dar de forma
casual, ao ponto em que se poderá configurar uma relação empregatícia mesmo com
quem não se tenha firmado o contrato de trabalho.
Significa, então, que o contrato laboral, mesmo que não tenha sido avençado de maneira
escrita, formal, poderá ser declarado como configurado, o que gerará o respectivo
pagamento de débitos porventura existentes, especialmente, quando analisado pelo
Poder Judiciário, em um julgamento de uma reclamação trabalhista.
Assim sendo, e diante dessa possibilidade, veremos, então, como pode o franqueador
responder por débitos trabalhistas dos empregados da franquia, mesmo diante da não
realização do contrato por sua parte.
O mesmo artigo ainda explana em seu § 2o que quando uma ou mais empresas, ainda
que tenham personalidade jurídica própria, se estiverem sob a direção, controle ou
administração de outra, constituirão grupo industrial, comercial ou de qualquer
outra atividade econômica, e serão, todas, para os efeitos da relação de emprego,
solidariamente responsáveis.
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CONTRATO DE FRANQUIA │ UNIDADE ÚNICA
A doutrina portuguesa colabora com o mesmo entendimento, nas palavras de João Leal
Amado (2011, p. 29):
O que se constata diante do artigo e doutrinas aqui citados é que ainda que o
contrato de trabalho tenha sido celebrado entre empresa franqueada e empregado,
há a possibilidade de a empresa franqueadora ser responsável, na mesma proporção,
pelo referido contrato e consequências, pois será equiparada a empregador, porque
configurado grupo econômico, por força da aplicação da legislação apontada.
Por se tratar de uma franchising, é óbvio que todos os acertos do contrato de trabalho
celebrado deverão estar de acordo com a finalidade do instituto da franquia, ou seja,
dar lucro, obtendo êxito no negócio, mas, também, fortalecendo a marca.
Isso tudo acaba levando sempre ao estrito cumprimento das diretrizes passadas pela
empresa franqueadora, mas que deverá ser por via de consequência, e nunca de forma
direta. No contrato de trabalho, não deverá ter a intervenção de forma imediata pelo
franqueador, visto que a esse não compete a ingerência da empresa franqueada, mas
somente a assessoria da gestão no que diz respeito à padronização dos procedimentos.
A franqueadora poderá até requerer a jornada de trabalho de “x” horas semanais, por
exemplo, mas jamais poderá punir o empregado que não a esteja cumprindo, pois
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UNIDADE ÚNICA │ CONTRATO DE FRANQUIA
essa função é da empresa empregadora, que deverá exigir o devido cumprimento dos
horários e, em caso de desobediência, deverá aplicar as penas de advertência oral ou
escrita, suspensão ou demissão, exercendo, assim, seu poder de gestão.
Martinez deixa claro que (2011, p.198) “para fins trabalhistas, a coligação de duas ou
mais empresas beneficiárias de um mesmo contrato de emprego produz para todas elas
uma situação de responsabilidade solidária”.
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CONTRATO DE FRANQUIA │ UNIDADE ÚNICA
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UNIDADE ÚNICA │ CONTRATO DE FRANQUIA
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CONTRATO DE FRANQUIA │ UNIDADE ÚNICA
Sobre a Súmula no 331, VI, do TST, Ives Gandra Martins Filho diz:
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UNIDADE ÚNICA │ CONTRATO DE FRANQUIA
Aqueles que entendem que o contrato de franquia deverá ser considerado como uma
terceirização alegam que o franqueador elege o franqueado, escolhe-o para ser seu
representante na franquia e, para isso, deverá realizar uma seleção bastante criteriosa.
A partir desse momento, com sua escolha, é como se tivesse elegido seu preposto, seu
representante e, portanto, na falta dele, responderá por dívidas.
Se ao franqueador coube a escolha de seu franqueado, deveria tê-lo feito com base em
critérios bastante objetivos, entre eles o patrimônio firme e suficientemente abastado,
capaz de sanar todas as dívidas da franquia. Se não o fez, deverá responder pelos
prejuízos advindos de sua negligência.
Da mesma forma, deveria ter vigiado o seu franqueado o suficiente para que esse não
realizasse dívidas sem que pudesse pagá-las. A culpa in vigilando traduz-se no dever
do franqueador estar sempre alerta e, como consequência por ter deixado de conferir as
atividades do franqueado, deverá quitar suas dívidas laborais.
Acresçam-se esses dois institutos ao fato de que a Constituição Federal brasileira elevou
a princípio fundamental a dignidade da pessoa humana, em seu art. 1o, III, e os valores
sociais do trabalho, também no art. 1o, mas inciso IV, ao ainda princípio da proteção,
que é norteador do direito do trabalho, e teremos que o trabalhador não poderá ficar
sem a devida quitação das verbas e débitos laborais atinentes ao contrato de trabalho
realizado.
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CONTRATO DE FRANQUIA │ UNIDADE ÚNICA
Assim, sendo tal controle parte do contrato civil de franchising ajustado, não poderá
ser considerado como contrato de prestação de serviços e, portanto, o franqueador não
deverá responder por quaisquer danos ou prejuízos do franqueado, sendo esse último,
o único responsável por suas dívidas contraídas.
Veja-se:
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UNIDADE ÚNICA │ CONTRATO DE FRANQUIA
Entretanto, deverá ser analisado caso a caso, uma vez que havendo a subordinação
direta do empregado ao franqueador ou mesmo a intervenção direta do franqueador na
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CONTRATO DE FRANQUIA │ UNIDADE ÚNICA
Inicialmente, após trazermos algumas definições desse tipo de contrato, traçados pela
doutrina, foi possível verificar que a Lei no 8.955/1994 também traz o seu conceito e
neste prevê que não há vínculo empregatício entre franqueado e franqueador porque
não preenchidos os requisitos do vínculo empregatício, dentre eles que o empregado
deverá ser pessoa física e na relação da franquia ambos são pessoas jurídicas.
Restou claro, então, que mesmo diante da não realização do contrato de trabalho
entre franqueador e empregado/trabalhador, essa relação poderia gerar um liame
empregatício, bastando que se verificasse a subordinação entre ambos, até pelo próprio
princípio da informalidade que norteia o direito do trabalho.
O art. 2o, § 2o, da CLT prevê a possibilidade de formação de grupo econômico quando
duas ou mais empresas, ainda que tenham personalidade jurídica própria, estiverem
sob a direção, controle ou administração de outra, sendo, assim, todas, para os efeitos
da relação de emprego, solidariamente responsáveis.
Isso significa que ainda que a empresa-mãe esteja ligada à franqueada pelo contrato
de franquia, lhe permitindo uma assessoria técnica e exigência de padronização de
procedimentos, não poderá extrapolar na condução dessa relação, atuando diretamente
na gestão da empresa franqueada, sob pena de se ver obrigada ao pagamento solidário,
ou seja, juntamente com a franqueada, dos débitos trabalhistas dos empregados da
franquia, entre outras dívidas.
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UNIDADE ÚNICA │ CONTRATO DE FRANQUIA
É claro que o contrato de franquia lhe permitirá realizar treinamentos dos empregados
da franqueada, assessorar a franqueada inicialmente na gestão de assuntos tais como
logística, compra e venda de produtos e outros, mas jamais poderá gerir diretamente
a empresa franqueada, pois estará configurado o art. 2o, § 2o, da CLT, e, portanto,
responderá o franqueador por tais débitos.
Há parte da doutrina brasileira, mas bem minoritária, que entende que, pelo
simples avençamento do contrato de franchising, já haverá a necessária intervenção
da franqueadora na gestão da franquia, tornando, assim, o contrato de franquia
incompatível com a responsabilidade solidária ou subsidiária da empresa-mãe e não
havendo vínculo direto ou mesmo terceirização da franqueadora e não respondendo
pelos contratos de trabalho realizados pela franqueada para com seus empregados.
Sem previsão na legislação brasileira que verse sobre o assunto, a Súmula 331 do TST
é a única norteadora da matéria, fundamentando que a terceirização ocorrerá quando
houver uma relação entre o trabalhador, uma empresa tomadora de serviços e outra que
figurará de intermediária, agindo como real empregadora do trabalhador, enquanto ele
presta serviços à tomadora.
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CONTRATO DE FRANQUIA │ UNIDADE ÚNICA
Essa mesma corrente entende que a obrigação da franqueadora não finda na escolha
de um bom franqueado, mas que, por força do contrato de franquia realizado, a
franqueadora deverá sempre estar preocupada com o bom andamento da franquia,
fiscalizando a saúde financeira da empresa, incluindo-se nisso os débitos realizados
com os empregados e, portanto, tendo que responder de maneira subsidiária pela culpa
in vigilando.
Por fim, ainda se diz que, caso a empresa franqueada não quite seus débitos laborais e
não seja caracterizada a terceirização, os trabalhadores restarão sem seus pagamentos
realizados, o que ferirá, frontalmente, o princípio da proteção, mola mestra do Direito
do Trabalho e o princípio fundamental dos valores sociais.
Reforça sua teoria no fato de que a franqueada não presta serviços à franqueadora, mas,
ao contrário, por força do próprio contrato de franquia, é a franqueadora quem lhe dá
assessoria técnica em um primeiro momento, passando-lhe o conhecimento técnico
e expertise adquiridos ao longo dos anos, tanto na produção do produto ou serviço
franqueado, como na melhor forma de comercializá-lo.
Aceitar esse argumento seria penalizar aquele que não incorreu em qualquer instante
para a realização do débito, no pagamento deste, somente pelo fato de que o empregado
deverá receber seus valores, independentemente de quem seja o eleito a quitá-los. É
inadmissível que um trabalhador se doe e não receba a contraprestação pelo seu
trabalho, mas também o é, que se atribua esse pagamento ao franqueador se a esse
não coube reger a relação empregatícia, não aplicando as sanções disciplinares, por
exemplo, quando coubessem, no decorrer do contrato de trabalho.
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UNIDADE ÚNICA │ CONTRATO DE FRANQUIA
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CAPÍTULO 7
Um modelo de Contrato de Franquia
Contrato de Franquia
PARTES CONTRATANTES
FRANQUEADOR:
FRANQUEADO:
COMES & BEBES LTDA, sociedade brasileira estabelecida em Manaus, na Rua Padre
Manso 182 – CEP 82573-265, inscrita no CNPJ sob o número 057.642.667-20 e I*E.
7.564.832, por representante legal, Vinicius Torres, brasileiro, casado, empresário,
residente à Rua Mal Miguel Salazar, 4572 – CEP. 825220-322, portador do RG.
07456.368.3.
Têm entre si, justo e celebrado este CONTRATO DE FRANQUIA, que se regerá pelas
condições abaixo transcritas.
OBJETO DO CONTRATO
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UNIDADE ÚNICA │ CONTRATO DE FRANQUIA
3. Faz parte dessa cessão o nome do franqueador, a marca, o logotipo e os demais sinais
identificadores da franquia, o nome dos produtos, manuais de operação, técnicas de
trabalho, desenhos, uniformes dos funcionários e demais elementos de propriedade
intelectual pertinentes à franquia.
OBRIGAÇÕES DO FRANQUEADO
10. Manter sua empresa sempre em situação legal, registrando-se nos órgãos públicos
obrigatórios e averbando neles, devidamente, todas as modificações societárias e
estatutárias do contrato social.
11. Manter seguro obrigatório de suas instalações, estoques e contra riscos das atividades,
sempre em vigor.
OBRIGAÇÕES DO FRANQUEADOR
16. Realizar, sempre que necessário ou nos prazos previstos, orientação e controle das
atividades do franqueado, corrigindo as falhas e distorções que forem constatadas.
Para tanto, deverá entregar ao franqueado, na celebração do contrato, os manuais de
operação e atualizá-los.
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PRAZO DO CONTRATO
19. Este contrato terá validade pelo prazo de 60 (sessenta) meses, iniciando-se na data
de sua celebração e terminando em 31/3/2019. Poderá ser reformado por igual período,
por acordo comum entre as partes.
REMUNERAÇÃO DA FRANQUIA
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UNIDADE ÚNICA │ CONTRATO DE FRANQUIA
R$25.000,00 (vinte cinco mil reais). Haverá tolerância de 5 (cinco) dias úteis além do
vencimento, findo a qual o franqueado será colocado em mora.
TRANSFERÊNCIA DO CONTRATO
RESOLUÇÃO DE CONTROVÉRSIAS
24. Franqueador e franqueado serão empresas sem subordinação entre elas, não
podendo haver participação no capital de um pelo outro ou sócio e representante
legal comum entre elas. As relações entre franqueador e franqueado somente serão as
decorrentes do contrato de franquia.
RESCISÃO DO CONTRATO
25. Este contrato poderá ser resilido por mútuo consentimento entre as partes,
formalizando-se a resilição por instrumento particular a ser registrado em cartório
público.
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CONTRATO DE FRANQUIA │ UNIDADE ÚNICA
Poderá ser rescindido se houver grave lesão de uma das partes às obrigações contratuais.
A parte faltosa poderá, no caso de lesão, responder por perdas e danos causados, ou
lucros cessantes da outra parte.
Será considerada grave lesão ao contrato, ensejando sua rescisão o atraso de mais de
trinta dias de pagamento.
FRANQUEADOR FRANQUEADO
________________ _________________
Testemunhas
________________ _________________
RG: RG:
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CAPÍTULO 8
Análise do Contrato de Franquia
realizada pela Subcomissão de
Contratos Empresariais – OAB
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OU
DO OBJETO
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OU
REFERÊNCIA JURISPRUDENCIAL
“Em primeiro lugar, a alegada EXCLUSIVIDADE territorial não restou provada nos
autos. O CONTRATO firmado pelas partes não estabeleceu esse direito à fraqueada
e, especificamente em relação aos dealers, bem de ver que o CONTRATO em tela foi
firmado em 31/5/1999 (f.111/130), e o dos dealers foi em 20/4/1999 (conforme laudo
pericial à f. 412). Assim, não vislumbro a alegada concorrência desleal nem qualquer
omissão lesiva aos negócios da apelante, haja vista que a apelada não se colocou
impedida de encetar outros negócios em razão do CONTRATO de dealers, ainda que
a atuação destes se desse na mesma região.” (Relator Luciano Pinto; Apelação Civil no
1.0024.01.586811-0/001; TJMG; data do julgamento: 23/3/2006; data da publicação:
20/4/2006).
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CONTRATO DE FRANQUIA │ UNIDADE ÚNICA
Restou incontroverso, tanto que nem a Ré nega tais fatos, que, mesmo havendo contrato
com as autoras, ultimou por concretizar vendas porta a porta, além de autorizar a
negociação de seus produtos pelas cadeias de loja Sloper.
Em momento algum, ficou comprovado nos autos que havia para tanto uma autorização
expressa das franqueadoras e/ou eventual mudança no sistema contratual e cediço que
tais procedimentos a franqueadora poderia agir em desconformidade com as cláusulas
contratuais, o que foi preponderante para encerramento das atividades da autora.
Aplicável, assim, o art. 1092, Parágrafo único do CC, que autoriza a condenação nas
perdas e danos e, per viam cosequentiae, não há como se admitir a reconvenção com
cobrança de multa contratual quando a inadimplência e da Ré Reconvinde.
COMENTÁRIOS
Tal registro, em regra, não configurará prática restritiva à ordem econômica, desde
que não produza qualquer dos efeitos do caput do artigo 36 da Lei no 12.529/2011.
Até porque, mormente, “[...] a exclusividade territorial é de profundo interesse do
franqueado porque delimitará o campo de sua ação e limitará o acesso de outros
integrantes da rede à zona concedida. Protege-se, desta forma, a possibilidade de uma
concorrência danosa sobre o franqueado e racionaliza o processo distributivo, evitando-
se a saturação de pontos de mercado, quando bem aplicada”.
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DO USO DA MARCA
Cláusula 4a. A marca, logotipo e demais sinais distintivos poderão ser usufruídos pela
FRANQUEADA em caráter de licença temporária, podendo ser rescindido o presente
contrato caso a FRANQUEADORA se sinta prejudicada em relação ao mau uso de seu
nome, fazendo que os consumidores deixem de reconhecê-la como fonte dos produtos/
serviços.
DO PRAZO
OU
Cláusula 5a. O presente contrato terá validade pelo prazo de XX (XX) meses/anos, a
contar da data de assinatura, podendo, ao final, ser renovado se assim for a vontade das
partes, sem ônus para FRANQUEADOR ou FRANQUEADO, desde que cumpridas
as demais cláusulas e exigências contratuais.
Cláusula 6a. Durante a validade do contrato, bem como nos XX (XX) anos subsequentes
a sua rescisão (ou no prazo previsto no art. 1.147, do Código Civil), a FRANQUEADA,
seus titulares e representantes legais, se comprometem a não explorar nenhuma
atividade que, direta ou indiretamente, seja considerada concorrente ao ramo de
atividade, objeto da franquia ora concedida.
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REFERÊNCIA JURISPRUDENCIAL
I – Em certos casos, ainda que no regime anterior à alteração dos artigos 273 e 461 do
Código de Processo Civil pela Lei no 8.953/1994, é de ser reconhecida a possibilidade de
as obrigações de fazer e não fazer serem reforçadas pela imposição de multa (astreintes)
visando forçar o cumprimento da ordem. E o próprio artigo 798 outorga ao juiz o poder
geral de cautela, de forma suficientemente ampla, a conferir-lhe a faculdade de impor
esse tipo de sanção tendente à implementação e cumprimento de suas ordens.
II – Havendo obrigação sem sanção por seu descumprimento, sem o poder de coerção
do destinatário do provimento judicial, o que resta é uma obrigação natural, inexigível
judicialmente, com a possibilidade de malferimento de princípios, como do acesso à
justiça e da utilidade das decisões. E, na hipótese em análise, é de se ter presente que,
mesmo após ser intimada para suspender imediatamente suas atividades, a empresa
ré permaneceu atuando ilegalmente no ramo de alimentação por alguns meses, por
certo, auferindo lucros. Logo, a entender-se pela ilegalidade da imposição da multa,
estaremos, em última análise, endossando um injustificável enriquecimento ilícito por
parte da recorrente, situação que deve ser sempre repelida pelo direito.
COMENTÁRIOS
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UNIDADE ÚNICA │ CONTRATO DE FRANQUIA
O descumprimento de disposição contratual, por si só, não enseja reparação por dano
moral, entretanto caso fique comprovado nos autos que a exploração pela franqueada
atinja a imagem da franqueadora junto aos seus consumidores, colocando em cheque
a qualidade de seus produtos, serviços e atendimento, é totalmente plausível a
indenização extrapatrimonial já que esta ataca a saúde financeira da pessoa jurídica
que repassou mediante contrato comercial seu sistema e demais materiais inerentes ao
desenvolvimento da atividade empresarial. Neste esteio já decidiu o Superior Tribunal
de Justiça (REsp 818799-SP – Min. CASTRO FILHO – TERCEIRA TURMA).
Cláusula 7a. A cessão ou transferência dos direitos relativos a este contrato, assim
como as mudanças e alterações no quadro societário, ou qualquer outra alteração no
Contrato Social da FRANQUEADA, somente poderá se efetivar após prévio e expresso
consentimento da FRANQUEADORA.
REFERÊNCIA JURISPRUDENCIAL
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COMENTÁRIOS
Sugere-se a discriminação precisa dos royalties e demais taxas para que aufira liquidez
ao título executivo que será formado com a assinatura do instrumento por duas
testemunhas.
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REFERÊNCIA JURISPRUDENCIAL
“No caso concreto, sem dúvida está comprovada conduta reprovável do franqueado, a
comprometer o valor da marca XXX.
[…]
[…]
Ante o exposto, forte no art. 557, § 1o -A, do CPC, de plano dou provimento ao recurso,
para deferir antecipação de tutela requerida na inicial, a fim de que, de imediato, pena
pecuniária, a ré deixe de utilizar a marca franqueada XXX e suas variações ou outras
que com ela se possam confundir, assim como cesse imediatamente a utilização de
quaisquer elementos identificadores da marca e da rede XXX, como luminosos internos
e externos, cardápios e fotografias, devendo, ainda, nos termos do parágrafo quinto da
cláusula vinte e dois, do instrumento de contrato de fls., proceder à descaracterização
da loja, no prazo de trinta (30) dias, tudo sob pena de multa diária de R$ 3.000,00 (três
mil reais).” Agravo Interno no 70024878258/2008, Décima Oitava Câmara
Cível, Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul.
COMENTÁRIOS
atendimento aos clientes, e outras inúmeras práticas irregulares, pode ensejar a rescisão
do contrato de franquia, conforme ilustra o trecho do julgado acima transcrito.
III – que respeitam e continuarão a respeitar a legislação ambiental, bem com obtêm
(ou obterão) todas as licenças exigidas para a atividade atinente ao presente contrato;
Cláusula 14a. As partes devem manter práticas de compliance, para fazer cumprir as
normas legais e regulamentares, as políticas e as diretrizes estabelecidas para o negócio
e para as atividades da instituição ou empresa, bem como evitar, detectar e tratar
qualquer desvio ou inconformidade que possa ocorrer.
Cláusula 15a. A parte que desrespeitar os incisos acima e vier a ser responsabilizada
pelas autoridades arcará sozinha com as penalidades decorrentes do ato praticado.
Caso uma das partes venha a ser condenada por ato praticado pela outra, terá o direito
de ser ressarcida das perdas, danos e prejuízos sofridos.
REFERÊNCIA JURISPRUDENCIAL
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COMENTÁRIOS
Apesar do disposto no caput da Cláusula 15ª em comento, a situação jurídica ali trazida
tem relevância apenas para as partes contratantes do sistema de franquia, ou seja,
traduz obrigação inter partes.
Conforme têm decidido os Tribunais Pátrios, não se opõem aos consumidores os termos
da contratação entre franqueador e franqueado, em relação à responsabilidade por atos
praticados por este em face daqueles.
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CONTRATO DE FRANQUIA │ UNIDADE ÚNICA
V – a suspensão das compras e/ou das vendas (ou prestação de serviços), sem
autorização da FRANQUEADORA;
Cláusula 17a. O presente contrato poderá ser rescindido por comum acordo entre as
partes, mediante distrato, assegurando a FRANQUEADA o direito aos royalties e
demais taxas, que fizer jus até a data.
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UNIDADE ÚNICA │ CONTRATO DE FRANQUIA
Cláusula 22a. A tolerância, por qualquer uma das Partes, quanto ao inadimplemento
das obrigações contratuais não implica novação ou modificação das cláusulas aqui
ajustadas, constituindo mera liberalidade.
Cláusula 23a. O presente contrato poderá ser alterado por comum acordo entre as
partes, sendo feito por meio de aditivo.
Cláusula 24a. A FRANQUEADORA poderá ceder este contrato a terceiros, desde que
aos mesmos sejam transferidos os direitos de licença de uso da marca, de distribuição
dos produtos e do sistema de metodologia objeto deste contrato.
COMENTÁRIOS
(I) com essa averbação, pode se fazer dedução fiscal dos royalties do lucro líquido
sem que haja o risco de, por conta do não registro, sofrer algum tipo de processo de
fiscalização da Receita Federal;
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CONTRATO DE FRANQUIA │ UNIDADE ÚNICA
Para estudo das normas relativas a esse registro, vide ATO NORMATIVO INPI
N o 135/1997.
DOS ANEXOS
Cláusula 26a. Constituem anexos, que passam a fazer parte integrante e indissociável
do presente instrumento, a serem rubricados pelas partes:
______________________ ____________________
FRANQUEADORA FRANQUEADA
ou
Cláusula 27ª. As partes elegem o foro da Comarca de (Nome da Cidade – Estado XX),
para dirimir eventuais dúvidas oriundas do presente contrato, com renúncia expressa
de qualquer outro por mais privilegiado que seja.
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REFERÊNCIA JURISPRUDENCIAL
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4. Como o agravo interno não trouxe nenhum argumento novo capaz de modificar a
conclusão proposta, a decisão atacada deve ser mantida por seus próprios fundamentos.
Agravo interno desprovido.
COMENTÁRIOS
Importante saber a competência para a ação que visa à reparação de danos, fundada
em responsabilidade advinda do descumprimento parcial ou total do contrato. O STJ
possui precedentes no sentido de que a regra do local do dano é especial em relação à
regra do local do domicílio do réu, razão pela qual deve prevalecer a competência do
foro do local do dano.
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Assim, por estarem as partes, justas e acordadas em tudo quanto consta, assinam o
presente contrato em 2 (duas) vias de igual teor e forma, para um só efeito, na presença
de 2 (duas) testemunhas, que terá validade independentemente de ser levado a registro
perante cartório ou órgão público, nos termos do art. 6o da Lei no 8.955/1994.
CNPJ 00.000.000/0001-00
Nome do Representante
CPF 000.000.000-00
FRANQUEADORA
TESTEMUNHAS
_____________________ ______________________
Nome: Nome:
RG: RG:
CPF: CPF:
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Referências
ROQUE, Sebastião José. Do Contrato de Franquia. São Paulo: Ícone Editora, 2012.
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