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Brasília-DF.
Elaboração
Produção
APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 4
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7
UNIDADE I
VISÃO GERAL DO DIREITO: CONCEITOS BÁSICOS.................................................................................... 9
CAPÍTULO 1
CONCEITO, FONTES E RAMOS DO DIREITO................................................................................ 9
CAPÍTULO 2
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA.................................................................... 20
CAPÍTULO 3
NOÇÕES DE PROCESSO JUDICIAL.......................................................................................... 28
UNIDADE II
FONOAUDIOLOGIA FORENSE............................................................................................................... 35
CAPÍTULO 1
NOÇÕES DE PERÍCIA.............................................................................................................. 35
CAPÍTULO 2
NOÇÕES PROCEDIMENTAIS PARA A ATUAÇÃO EM PERÍCIA...................................................... 39
CAPÍTULO 3
FONOAUDIOLOGIA E PERÍCIA................................................................................................. 46
UNIDADE III
INTRODUÇÃO À ÉTICA E BIOÉTICA........................................................................................................ 49
CAPÍTULO 1
NOÇÕES SOBRE ÉTICA............................................................................................................ 49
CAPÍTULO 2
ÉTICA E PRÁTICA PROFISSIONAL............................................................................................... 54
CAPÍTULO 3
CONCEITOS E PRINCÍPIOS DA BIOÉTICA.................................................................................. 61
REFERÊNCIAS................................................................................................................................... 70
Apresentação
Caro aluno
Conselho Editorial
4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de
Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Praticando
5
Atenção
Saiba mais
Sintetizando
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).
Avaliação Final
6
Introdução
O presente estudo visa contemplar noções jurídicas gerais importantes aos profissionais
das mais diversas áreas, que porventura venham a trabalhar em processos judiciais ou
extrajudiciais.
Desta forma, o profissional poderá refletir para o Direito enquanto um sistema, dotado
de múltiplas fontes, mas que convergem com o intuito de se alcançar o bem comum e
manter a ordem jurídica.
Por fim, na última unidade, propusemos uma análise sobre ética e bioética. Verificamos
que tais conceitos devem ter campo de estudo e reflexão, inclusive aos profissionais da
área de saúde e área pericial.
Objetivos
»» Obter bases teóricas sobre a ciência do Direito.
7
VISÃO GERAL
DO DIREITO: UNIDADE I
CONCEITOS
BÁSICOS
CAPÍTULO 1
Conceito, fontes e ramos do Direito
Hannah Arendt.
“Mas a Justiça continuou e continua a morrer todos os dias. Agora mesmo, neste
instante em que vos falo, longe ou aqui ao lado, à porta da nossa casa, alguém
a está matando. De cada vez que morre, é como se afinal nunca tivesse existido
para aqueles que nela tinham confiado, para aqueles que dela esperavam o que
da Justiça todos temos o direito de esperar: justiça, simplesmente justiça. Não
a que se envolve em túnicas de teatro e nos confunde com flores de vã retórica
judicialista, não a que permitiu que lhe vendassem os olhos e viciassem os pesos
da balança, não a da espada que sempre corta mais para um lado que para o outro,
mas uma justiça pedestre, uma justiça companheira quotidiana dos homens,
uma justiça para quem o justo seria o mais exato e rigoroso sinônimo do ético,
uma justiça que chegasse a ser tão indispensável à felicidade do espírito como
indispensável à vida é o alimento do corpo. Uma justiça exercida pelos tribunais,
sem dúvida, sempre que a isso os determinasse a lei, mas também, e sobretudo,
uma justiça que fosse a emanação espontânea da própria sociedade em ação,
uma justiça em que se manifestasse, como um iniludível imperativo moral, o
respeito pelo direito a ser que a cada ser humano assiste”. (José Saramago).
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UNIDADE I │ VISÃO GERAL DO DIREITO: CONCEITOS BÁSICOS
Conceito de Direito
Para adentrarmos o ramo da ciência jurídica, devemos inicialmente analisar os
principais conceitos de Direito vigentes.
Cabe esclarecer que não há um conceito unívoco do Direito. Porém, juristas, filósofos e
cientistas sociais buscam trazer definições que tentam compreender o Direito e todos
os seus fenômenos, seu objeto e seus reflexos perante a sociedade.
Lyra Filho (1982), alerta que lei é a palavra mais frequentemente associada a Direito,
inclusive na língua inglesa, em que law designa as duas coisas. Entretanto, em várias
outras línguas, Direito e lei são indicados por termos distintos, a exemplo de: lus e lex
(latim), Derecho e léy (espanhol), Diritto e legge (italiano), Droit e loí (francês), Recht
e gesetz (alemão), Pravo e zakon (russo), Jog e tõrveny (húngaro) e assim por diante.
Informações adicionais: FILHO, Roberto Lyra. O Que é Direito. 11. ed. São Paulo:
Brasiliense, 1982.
Entretanto, o conceito de Direito ultrapassa a simples noção de lei, tendo em vista que
existem outros aspectos que abrangem sua concepção.
Dentre os conceitos consagrados pelos juristas pátrios, está o do professor Miguel Reale,
que trabalha a Teoria Tridimensional do Direito. Na visão do autor, o Direito apresenta
múltiplas formas e em função de múltiplos campos de interesse.
Segundo ele, o Direito é uma “ordenação bilateral atributiva das relações sociais, na busca
do bem comum”. Explica o autor que, o Direito estabelece relações de exigibilidade, com
o objetivo de realizar uma convivência ordenada, isto é, uma composição harmônica do
bem de cada um com o bem de todos. (REALE, 2004)
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VISÃO GERAL DO DIREITO: CONCEITOS BÁSICOS │ UNIDADE I
Valor
Fato Norma
Fonte: Autor.
Para Vicente Ráo (1997), o Direito é tido como um sistema social fundado na natureza
humana que, estabelece na relação entre os homens uma proporção de reciprocidade
nos poderes e deveres que lhes atribui, regula as condições existenciais e evolucionais
dos indivíduos e dos grupos sociais e, em consequência, da sociedade, por meio de
normas coercitivamente impostas pelo poder público.
Na visão de Tércio Sampaio Ferraz Júnior, a Ciência do Direito tem por objeto central
o próprio ser humano que, pelo seu comportamento, entra em conflito, cria normas
para solucioná-lo, decide-o, renega suas decisões etc. Já a norma, diz respeito a uma
proposição (proposição jurídica), mas uma proposição de natureza prática, isto é, uma
orientação para a ação humana, sendo, portanto, uma regra, conforme a qual devemos
nos guiar. (FERRAZ JUNIOR, 1980).
Fontes do direito
Para José Cretella Júnior (2005), fonte significa “o vocábulo que designa concretamente
o lugar onde brota alguma coisa, como fontes d’agua ou nascente, a expressão fontes do
direto significa o lugar de onde provem a norma jurídica, donde nascem regras jurídicas
ainda não existentes na sociedade humana, retornar a fonte do direito é buscar a origem
de seus enunciados”.
Na ótica de Miguel Reale (2004), as fontes do Direito são os fatos jurídicos de que
resultam normas, não sendo objetivamente a origem da norma, mas o canal no qual
ela se torna relevante. Segundo ele, as fontes do Direito seriam os modos de formação e
revelação das normas jurídicas, isto é, o ponto de partida para a busca da norma.
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UNIDADE I │ VISÃO GERAL DO DIREITO: CONCEITOS BÁSICOS
Leis
As leis são tidas como as principais fontes do Direito. A Lei em sentido amplo traz a
ideia de uma regra que institucionaliza a entrada de uma norma no sistema, dentro do
qual ela será reconhecida como legal ou lei no sentido estrito.
Observação: É preciso evitar ainda a confusão entre lei e norma. A norma é uma
prescrição. A lei é a forma de que se reveste a norma ou um conjunto de normas dentro
do ordenamento. Desta forma, a lei é fonte do direito, isto é, o revestimento estrutural
da norma que lhe dá a condição de norma jurídica. As normas, por exemplo, podem ter
cunho moral jurídico ou de trato social.
Conforme Ferraz Júnior (2003), a legislação é fonte de inúmeras normas que requerem
procedimentos regulados por outras normas que, por sua vez, são também produto
de atos competentes. Neste âmbito, a primeira competência é estabelecida conforme
normas primeiras, quais sejam, as normas constitucionais.
Fonte: <www.petiçãopublica.com.br>.
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VISÃO GERAL DO DIREITO: CONCEITOS BÁSICOS │ UNIDADE I
I – emendas à Constituição;
II – leis complementares;
IV – leis delegadas;
V – medidas provisórias;
VI – decretos legislativos;
VII – resoluções.
Todos os atos ali presentes são infraconstitucionais, com exceção das emendas, tendo
em vista que após serem promulgadas se incorporam ao texto constitucional e possuirão
o mesmo status da constituição.
Hans Kelsen (1998), importante jurista e filósofo austríaco, organizou uma estrutura
normativa escalonada, pois acreditava que a norma que regula a produção é a norma
superior e a norma produzida segundo as determinações daquela é a norma inferior.
Segundo ele, a ordem jurídica não é um sistema de normas jurídicas ordenadas no
mesmo plano, situadas umas ao lado das outras, mas é uma construção escalonada de
diferentes camadas ou níveis de normas jurídicas.
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UNIDADE I │ VISÃO GERAL DO DIREITO: CONCEITOS BÁSICOS
Figura 3. Nesse âmbito, podemos visualizar as espécies normativas por meio de uma pirâmide hierárquica, que
CF
Emendas Constitucionais
Leis complementares
Leis ordinárias
Leis delegadas
Medidas Provisórias
Decretos Legislativos
Resoluções
Atos Infralegais:
Portarias
Decretos
Regulamentos
Fonte: Autor.
Por sua vez, os atos infralegais são as normas inferiores às normas infraconstitucionais/
legais. Representam um comando geral do Poder Executivo visando à correta aplicação
da lei, detalhando o que diz a norma infraconstitucional. São exemplos os decretos,
regulamentos, portarias etc.
Costumes
Os costumes também representam importante fonte do Direito. Difere da lei, pois esta é
certa e determinada, além de ser revestida de segurança e certeza. Já o costume não tem
origem certa, nem se localiza ou é suscetível de localizar-se de maneira determinada.
Isto porque, geralmente não sabemos de onde veio determinado hábito ou uso social
que, aos poucos, se converte em uso jurídico. (REALE, 2004)
O costume enquanto fonte do direito é considerado uma norma aceita como obrigatória
pela consciência social, sem que o Poder Público a tenha estabelecido. Na ótica de
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VISÃO GERAL DO DIREITO: CONCEITOS BÁSICOS │ UNIDADE I
Silvio Venosa (2014) explica que, em que pese à prevalência da lei no nosso sistema, o
costume desempenha papel importante, principalmente porque a lei não tem condições
de predeterminar todas as condutas e todos os fenômenos. O autor explica que o uso
reiterado de uma conduta ou atividade ganha status de costume. Transforma-se,
portanto, em costume quando a prática reiterada torna-se obrigatória na consciência
social. Isso indica que nem todo uso é costume, posto que este nasça da consciência
coletiva, de um grupo social mais ou menos amplo. Tem por característica a amplitude,
isto é, que seja largamente disseminada no meio social.
O Código Civil brasileiro de 2002 faz várias referências aos usos, que se colocam na
base dos costumes. Essa legislação também indica a utilização do costume como fonte
subsidiária de interpretação em vários dispositivos (arts. 569, II, 596, 599, 615, 965, I,
1.297, § 1o). O costume pode servir como um instrumento precioso para o preenchimento
de lacunas no Direito escrito, ou seja, quando a lei não oferece resposta.
CC/2002: Art. 599. Não havendo prazo estipulado, nem se podendo inferir da natureza
do contrato, ou do costume do lugar, qualquer das partes, a seu arbítrio, mediante
prévio aviso, pode resolver o contrato.
Jurisprudência
Ainda no âmbito das fontes do direito, cabe analisarmos a jurisprudência, dada a sua
importância para o ramo jurídico.
Miguel Reale (2004) nos ensina que a palavra “jurisprudência”, em sentido estrito, traz
a noção de “revelação do direito que se processa através do exercício da jurisdição, em
virtude de uma sucessão harmônica de decisões dos tribunais”. No âmbito do Poder
Judiciário, os juízes são chamados a aplicar o Direito aos casos concretos, a dirimir
conflitos que surgem entre indivíduos e grupos. Para aplicar o Direito, o juiz deve,
evidentemente, realizar um trabalho prévio de interpretação das normas jurídicas, que
nem sempre são suscetíveis de uma única apreensão intelectual, já que a fundamentação
de cada caso concreto poderá variar.
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UNIDADE I │ VISÃO GERAL DO DIREITO: CONCEITOS BÁSICOS
Para o autor, esta é a razão pela qual o Direito jurisprudencial não se forma mediante
a uma ou três sentenças, mas exige uma série de julgados que guardem, entre si, uma
linha essencial de continuidade e coerência. Desta forma, para que se possa falar em
jurisprudência de um Tribunal, é necessário certo número de decisões que coincidam
quanto à substância das questões objeto de seu pronunciamento, isto é, uma quantidade
significativa de decisões com o mesmo ponto de vista.
O jurista observa, ainda, que a Jurisprudência muitas vezes inova a matéria jurídica,
estabelecendo normas que não se contém estritamente na lei, mas resultam de
uma construção obtida graças à conexão de dispositivos, até então considerados
separadamente, ou, ao contrário, mediante a separação de preceitos por largo tempo
unidos entre si.
Os princípios gerais do direito eram utilizados apenas como técnica de integração das
lacunas. Para Dworkin (1978), os princípios são todos aqueles padrões morais e políticos
a que as decisões jurídicas recorrem para decidir os casos que não são suficientemente
solucionados pelas regras do direito positivo (a exemplo das leis).
Simioni (2012) esclarece que os princípios são muito diferentes das regras em vários
aspectos. Explica que: “Princípios não estabelecem as condições prévias de sua
aplicação, tal como fazem as regras. E por isso os princípios não são questões de tudo
ou nada. O seu cumprimento não é uma questão de correção, mas de adequação, de
coerência. Os princípios não são válidos ou inválidos, mas, sim, questões de peso, de
importância, questões de fundamento, de justificação adequada. Para Dworkin (1978),
os princípios enunciam razões que conduzem a interpretação e a argumentação jurídica
para certa direção”.
No entanto, para Norberto Bobbio (1993), os princípios gerais de direito são, de fato,
normas fundamentais ou generalíssimas do sistema.
Na definição de Robert Alexy (1997), os princípios são normas que ordenam que algo
seja realizado na maior medida possível, dentro das possibilidades reais e jurídicas
existentes, na forma de mandados de otimização. Já as regras ou são cumpridas ou não.
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VISÃO GERAL DO DIREITO: CONCEITOS BÁSICOS │ UNIDADE I
Doutrina
Ferraz (2003) salienta que posições doutrinárias dominantes (doutrina dominante) não
chegam, no sistema romanístico, a serem fontes do direito. Entretanto, sua autoridade
como base de orientação para a interpretação do direito, é irrecusável.
Ainda acerca da doutrina, Reale (2004) assevera que não se trata de fonte do Direito,
mas nem por isso deixa de ser uma das molas propulsoras, e mais racional das forças
diretoras, do ordenamento jurídico.
»» Caráter Criador
»» Atividade Crítica
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UNIDADE I │ VISÃO GERAL DO DIREITO: CONCEITOS BÁSICOS
defeitos, para que, desse modo, ocorra o conflito de ideias para se chegar a
uma concepção realística da sociedade.
Analogia
Alguns autores indicam a analogia enquanto fonte do direito, outros apenas como um
método de integração de normas.
Sabe-se que a lei nunca é suficiente para regular todos os fenômenos que podem ocorrer
na vida em sociedade. Neste momento, então, revela-se o papel da analogia no sistema
jurídico. Não o de fonte formal do Direito, mas de método de integração das normas no
caso concreto.
Ramos do direito
Desde o Direito Romano existe uma classificação básica entre os ramos do Direito
em Direito Público e Direito Privado. Passamos agora, a saber, um pouco sobre as
características de cada ramo e as subáreas do direito que fazem parte de cada ramo.
Direito Público
Este ramo do Direito é voltado para as relações públicas, isto é, entre o Estado e seus
administrados.
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VISÃO GERAL DO DIREITO: CONCEITOS BÁSICOS │ UNIDADE I
Direito Privado
Para melhor visualizarmos os ramos do direito, bem como as suas subáreas divididas
por disciplinas jurídicas, observem a seguinte ilustração:
Direito
Direito Civil
Constitucional
Direito
Direito Comercial
Administrativo
Direito Tributário
Direito Financeiro
Fonte: Autor.
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CAPÍTULO 2
Noções de legislação social e
trabalhista
“Todo o Homem que trabalha tem direito a uma remuneração justa e satisfatória,
que lhe assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a
dignidade humana, e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios de
proteção social”.
A criação da CLT
Dia 1o de maio de 2013 a Consolidação das Leis do Trabalho completaram
70 anos. A CLT foi criada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, e
sancionada pelo presidente Getúlio Vargas, durante o período do Estado Novo.
A Consolidação foi assinada pelo então presidente no Estádio de São Januário
(Club de Regatas Vasco da Gama), que estava lotado para comemorar o feito. Dois
anos antes, em 1941, Getúlio havia assinado a criação da Justiça do Trabalho, no
mesmo local e mesmo dia do ano.
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VISÃO GERAL DO DIREITO: CONCEITOS BÁSICOS │ UNIDADE I
Entre as fontes materiais da CLT, podem ser citadas três. Em primeiro lugar, as
conclusões do 1o Congresso Brasileiro de Direito Social, realizado em maio de
1941, em São Paulo, para festejar o cinquentenário da Encíclica Rerum Novarum,
organizado pelo professor Cesarino Júnior e pelo advogado e professor Rui de
Azevedo Sodré. A segunda fora às convenções internacionais do trabalho. A
terceira, a própria Encíclica Rerum Novarum (em português, “Das Coisas Novas”),
o documento pontifício escrito pelo Papa Leão XIII a 15 de Maio de 1891, como
uma carta aberta a todos os bispos sobre as condições das classes trabalhadoras.
Dois fatores tornaram a CLT um código de vanguarda para a época em que foi
instituída: a ebulição dos movimentos sindicais dos operários na cidade de São
Paulo, inspirados pelos imigrantes anarquistas vindos da Itália, e o fato do Brasil
ser, à época, um país predominantemente agrário. De acordo com especialistas,
o código foi visionário, ao antecipar a urbanização do país.
Fonte: <www.tst.jus.br>
É uma matéria de extrema importância para todos os profissionais das mais diversas
áreas, levando em consideração que muitos possuem relação empregatícia, tanto como
empregado quanto empregador. Os direitos trabalhistas são essenciais para a garantia
da dignidade do trabalhador no dia a dia do seu labor, o que contribui, portanto, para
uma sociedade mais justa e equânime.
Para o autor trabalhista Maurício Goldinho Delgado (2008), o Direito do Trabalho tem
por sua categoria fundamental a relação empregatícia e possui duas subcategorias:
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UNIDADE I │ VISÃO GERAL DO DIREITO: CONCEITOS BÁSICOS
Este princípio reflete a orientação do Direito do Trabalho de que, cabe ao juiz, quando
se deparar com a pluriexistência de sentidos da norma, interpretar a norma em favor
da parte mais fraca na relação jurídica trabalhista, isto é, o empregado. Isto se dá
em razão da hipossuficiência do trabalhador, que geralmente detêm menos recursos
quando comparado ao aparato de uma grande empresa, por exemplo, no âmbito de um
processo trabalhista.
Esta diretriz indica que, na existência de duas ou mais normas versando sobre o mesmo
assunto, deve-se aplicar a que melhor servir para o empregado. Da mesma forma, isto se
dá levando em conta sua posição hipossuficiente na relação de emprego. O princípio da
proteção do trabalhador resulta das normas imperativas, e, portanto, de ordem pública,
que caracterizam a intervenção básica do Estado nas relações de trabalho, objetivando
opor obstáculos à autonomia da vontade.
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VISÃO GERAL DO DIREITO: CONCEITOS BÁSICOS │ UNIDADE I
Este princípio reflete o comando constitucional inserido no art. 5o, XXXVI, direito este
já alcançado pelo trabalhador pela Carta Magna. Consiste em assegurar uma série de
garantias absorvidas com seu trabalho. Dessa forma, para a ordem justrabalhista não é
valida a renúncia ou transação de direitos que importe em prejuízo ao trabalhador. Por
trás do princípio, está a tentativa de equilibrar a relação socioeconômica de emprego.
Informa tal princípio que a realidade de fato (fática, presenciada somente em virtude
dos fatos da vida real) deve ter prioridade em relação às cláusulas pactuadas entre
seus signatários. Isto porque, pode ocorrer das partes compactuem de uma forma e a
prática demonstrar outra realidade. Ou seja, o princípio se comunica com o princípio
da verdade real. O Direito do Trabalho deve pesquisar, preferencialmente, a prática
concreta efetivada ao longo da prestação de serviços.
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UNIDADE I │ VISÃO GERAL DO DIREITO: CONCEITOS BÁSICOS
preceito fora resguardado no art. 5o, XXXVI, da CF/1988, bem como na Consolidação
das Leis do Trabalho nos arts. 10 e 448.
O presente princípio trata da inalterabilidade contratual lesiva. Reza que é nula, sem
gerar efeitos jurídicos, qualquer disposição contratual sem a prévia concordância das
partes envolvidas no certame, sendo que a alteração in pejus (para piorar) não gera
efeitos de órbita jurídica, pois produz danos diretos e indiretos ao empregado. Desta
forma, qualquer mudança contratual que piore a relação de emprego, com escopo de
prejudicar o empregado, não produz efeitos jurídicos e é vedada pelo ordenamento
jurídico trabalhista. Tal princípio encontra-se disposto na letra do art. 468 da CLT.
Acerca dos princípios do Direito Coletivo do Trabalho saiba mais em: Princípios
do Direito do Coletivo do Trabalho, por Amauri Mascaro Nascimento. Disponível
em: <http://www.tst.jus.br/documents/1295387/1334373/3.+Princ%C3%ADpio
s+do+Direito+Coletivo+do+Trabalho>
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UNIDADE I │ VISÃO GERAL DO DIREITO: CONCEITOS BÁSICOS
Contrato de trabalho
Características
Pessoalidade
Não eventualidade
Para que exista a relação empregatícia é necessário que o trabalho prestado tenha caráter
de permanência, ainda que por um curto período determinado, não se classificando
como um trabalho eventual ou esporádico.
Onerosidade
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VISÃO GERAL DO DIREITO: CONCEITOS BÁSICOS │ UNIDADE I
Subordinação
Empregador
Empregado
O empregado, na letra do art. 3 da CLT, é a pessoa física que prestar serviços de natureza
não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário.
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CAPÍTULO 3
Noções de processo judicial
A ideia de acesso à justiça não mais se limita ao mero acesso aos tribunais. Nas
palavras lapidares de Kasuo Watanabe, não se trata apenas de possibilitar o
acesso à justiça enquanto instituição estatal, e sim de viabilizar o acesso à ordem
jurídica justa. E, segundo o mesmo autor, são dados elementares desse direito: o
direito à informação; o direito à adequação entre a ordem jurídica e a realidade
sócio econômica do país; o direito de acesso à uma justiça adequadamente
organizada e formada por juízes inseridos na realidade social e comprometidos
com o objetivo de realização da ordem jurídica justa; o direito a pré-ordenação
dos instrumentos processuais capazes de promover a objetiva tutela dos direitos;
o direito à remoção dos obstáculos que se anteponham ao acesso efetivo à
justiça com tais características. (ADA PELLEGRINI GRINOVER)
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VISÃO GERAL DO DIREITO: CONCEITOS BÁSICOS │ UNIDADE I
Jurisdição
Ação
A ação é uma posição jurídica capaz de permitir a qualquer pessoa a prática de atos
tendentes a provocar o exercício, pelo Estado, da função jurisdicional, existindo ainda
que inexista o direito material afirmado. Em linhas gerais, trata-se do poder de exercer
posições jurídicas ativas no processo jurisdicional, preparando o exercício, pelo Estado,
da função jurisdicional.
Processo
Visto isso, passamos agora a explorar algumas noções específicas do Processo Civil e
posteriormente do Processo Penal.
Processo Civil
Sujeitos do processo
Juiz
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UNIDADE I │ VISÃO GERAL DO DIREITO: CONCEITOS BÁSICOS
reprimir qualquer ato contrário à dignidade da Justiça; bem como, tentar, a qualquer
tempo, conciliar as partes.
Dada a importância de sua função, a Constituição Federal reservou aos juízes as seguintes
garantias: vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de
exercício, dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a
que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial transitada em
julgado; inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público; irredutibilidade de
vencimentos; assim como a irredutibilidade de subsídio.
O juiz conta com os auxiliares do juízo para o cumprimento de seu ofício. São eles: o
escrivão, o oficial de justiça, o perito, o depositário, o administrador e o intérprete.
O CPC dispõe ainda que, nas localidades que não houver profissionais qualificados que
preencham os requisitos dos parágrafos anteriores, a indicação dos peritos será de livre
escolha do juiz.
O perito tem o dever de cumprir o ofício no prazo que Ihe assina a lei, empregando
toda a sua diligência. Pode, todavia, escusar-se do encargo alegando motivo legítimo,
apresentando a escusa dentro de 5 (cinco) dias, contados da intimação ou do
impedimento superveniente, sob pena de se reputar renunciado o direito a alegá-la.
A legislação determina ainda que o perito que, por dolo ou culpa, prestar informações
inverídicas, responderá pelos prejuízos que causar à parte, ficará inabilitado, por 2 (dois)
anos, a funcionar em outras perícias e incorrerá na sanção que a lei penal estabelecer.
Além do perito, o art. 421, I, do CPC, permite que as partes nomeiem um assistente
técnico para atuar no processo, que também deve ser um profissional detentor de
conhecimentos técnicos para diligenciar durante a perícia, garantindo que ocorra
com imparcialidade na defesa das partes, apresentando, inclusive, um parecer sobre o
procedimento.
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VISÃO GERAL DO DIREITO: CONCEITOS BÁSICOS │ UNIDADE I
Partes
As partes são aqueles que pleiteiam e em face de quem se pleiteia a tutela jurisdicional
do Estado, mas conhecidos como autor (polo ativo) e réu (polo passivo).
Advogado
Dispõe o art. 36 do CPC que a parte será representada em juízo por advogado legalmente
habilitado. Ser-lhe-á lícito, no entanto, postular em causa própria, quando tiver
habilitação legal ou, não a tendo, no caso de falta de advogado no lugar ou recusa ou
impedimento dos que houver.
Objeto do processo
Processo Penal
Sujeitos do processo
Juiz
Segundo o art. 251 do CPP, ao juiz incumbirá prover à regularidade do processo e manter
a ordem no curso dos respectivos atos, podendo, para tal fim, requisitar a força pública.
É disposto ainda que o juiz não possa exercer jurisdição no processo em que:
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UNIDADE I │ VISÃO GERAL DO DIREITO: CONCEITOS BÁSICOS
Ressalte-se que os juízes que atuam na área penal possuem as mesmas garantias do
magistrado civilista.
Na prática penal, existem dois peritos: um oficial do órgão e outro nomeado pelo
magistrado, de sua confiança, que não faz parte dos quadros públicos.
No âmbito do processo penal o perito, ainda quando não oficial, estará sujeito à
disciplina judiciária. Ainda fora determinado pela lei penal que as partes não intervirão
na nomeação do perito.
O perito nomeado pela autoridade será obrigado a aceitar o encargo, sob pena de multa
de cem a quinhentos mil-réis, salvo escusa atendível. Incorrerá na mesma multa o
perito que, sem justa causa, provada imediatamente:
c. Não der o laudo, ou concorrer para que a perícia não seja feita, nos prazos
estabelecidos.
Ainda dispõe a lei que no caso de não comparecimento do perito, sem justa causa, a
autoridade poderá determinar a sua condução.
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VISÃO GERAL DO DIREITO: CONCEITOS BÁSICOS │ UNIDADE I
Partes Processuais
Acusador
Ofendido
Finalidade do processo
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UNIDADE I │ VISÃO GERAL DO DIREITO: CONCEITOS BÁSICOS
(Adaptado de <http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Caso_dos_Exploradores_de_Caverna>).
Aponte os fundamentos para a sua decisão, com base nas suas percepções
jurídicas iniciais, bem como de acordo com sua vivência social.
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FONOAUDIOLOGIA UNIDADE II
FORENSE
CAPÍTULO 1
Noções de perícia
A mesa trouxe dois fonoaudiólogos que atuam na área: Jovani Steffani, professor
da Universidade do Peste de Santa Catarina, e Mariene Hidaka, docente da
Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas. Ambos relataram como é
desenvolvido o trabalho do perito e do assistente técnico.
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UNIDADE II │ FONOAUDIOLOGIA FORENSE
Como é o trabalho?
O trabalho dos assistentes técnicos continua. Eles vão acompanhar, durante todo
o processo, o trabalho do perito para se certificarem da isenção e idoneidade da
avaliação. No entanto, o juiz é livre para tomar qualquer posição, independente
do teor da perícia.
Disponível em:<http://www.fonoaudiologia.org.br/cffa/index.php/2012/11/palestrantes-
explicam-o-trabalho-do-fonoaudiologo-perito/>
36
FONOAUDIOLOGIA FORENSE │ UNIDADE II
Assim como relata Gorski (2013), a Fonoaudiologia é a ciência da saúde responsável pela
promoção, diagnóstico, orientação, tratamento, monitoramento e aperfeiçoamento de
questões relacionadas à comunicação humana, tais como audição periférica e central,
função vestibular, linguagem oral e escrita, articulação da fala, voz, fluência, deglutição
e sistema miofuncional orofacial e cervical.
Trata-se de uma ciência ainda nova se comparada a outras profissões da saúde, mas
com uma possibilidade de atuação bem ampla. Está presente em diversos segmentos
sociais, inclusive na justiça.
Gorski (2013) explica que, “o Fonoaudiólogo é um profissional que está apto a realizar
perícia que se relaciona ao seu campo de conhecimento, direito este não apenas
assegurados pelo CPC, como também pelo Código de Ética do Profissional Fonoaudiólogo
que prevê em seu art. 25: “Qualquer Fonoaudiólogo, no exercício de sua profissão, pode
ser nomeado perito para esclarecer a Justiça em assuntos de sua competência”. E não
obstante o Conselho Federal de Fonoaudiologia editou a Resolução no 214/1998 que
delibera: “É permitido ao Fonoaudiólogo atuar judicial ou extrajudicialmente como
perito em assuntos de sua competência”.
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UNIDADE II │ FONOAUDIOLOGIA FORENSE
Segundo o perito Márcio Opliger Pinto, o exame pericial que mais abarca os conhecimentos
da Fonoaudiologia é a Verificação de Locutor, em que se busca determinar a autoria da
fala registrada em alguma mídia. Esse exame é realizado a partir da comparação da
fala de um suspeito, usualmente gravado em um procedimento chamado de Coleta de
Padrão de Voz, com a fala presente em uma gravação objeto do Inquérito (fase policial)
ou do Processo (fase judicial). (PINTO, 2012)
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CAPÍTULO 2
Noções procedimentais para a
atuação em perícia
(DENISE B).
Conforme Tourinho Filho (2008), no Brasil vigora o princípio liberatório quanto ao juiz
ficar vinculado à perícia para seu julgamento. A realização da perícia fica a critério do
magistrado e, quanto à sua avaliação, o Juiz não fica adstrito ao laudo, podendo aceitá-
lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte.
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UNIDADE II │ FONOAUDIOLOGIA FORENSE
O Código de Processo Penal diferencia três profissionais que poderão atuar na perícia:
»» Perito oficial.
»» Assistente técnico.
Explica ainda o autor que, na redação anterior do art. 159 do Código de Processo Penal
Brasileiro preconizava que a perícia deveria ser realizada por dois peritos oficiais, do
qual na falta destes, por duas pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior
e com habilitação técnica relacionada à natureza do exame pericial necessário.
Outra novidade diz respeito ao assistente técnico acima mencionado. A Lei no 11.690/2008
disponibilizou as partes, ao Ministério Público, ao querelante, ao assistente de acusação, e,
também ao acusado a prerrogativa de elaborarem quesitos e indicarem assistente técnico,
que passará a atuar a partir de sua admissão pelo juiz, e, somente após a conclusão dos
exames e elaboração do laudo pelo perito oficial, com intimação das partes.
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FONOAUDIOLOGIA FORENSE │ UNIDADE II
Dias (2010) ressalta que todas as provas devem ser submetidas ao contraditório,
devendo também ser produzidas diante do juiz, na instrução. Porém, em algumas
ocasiões se faz necessária a imediata produção da prova pericial, antes do encerramento
da fase de investigação, a fim de comprovar-se cabalmente a materialidade do delito e
identificação de sua autoria. Desta forma, quando da realização das provas de natureza
cautelar não será possível à participação da defesa, sob o risco de ser inviabilizada a
persecução penal.
Desta forma, para fazer valer o seu direito de ouvir o perito, a parte interessada nos
esclarecimentos deve enviar as perguntas ao juiz na forma de quesitos, com o intuito
de permitir que o perito possa se preparar adequadamente para esclarecer as questões.
A intimação deve ser feita em um prazo de 10 (dez) dias da audiência de instrução,
que as questões já deverão ser recebidas. As partes, portanto, devem envia-las com
a antecedência mínima necessária, sob pena de não estar obrigado a prestar os
esclarecimentos.
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UNIDADE II │ FONOAUDIOLOGIA FORENSE
Observação 1: O analfabeto não pode ser perito em razão do disposto no art. 279,III do
CPP.
Observação 2: As partes não podem indicar o perito no Direito Penal, na ótica do art.
276 do CPP, somente podendo ser indicado pela Autoridade Judiciária.
Sendo a produção de prova pericial deferida, será nomeado o perito e será fixado prazo
para a entrega do laudo.
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FONOAUDIOLOGIA FORENSE │ UNIDADE II
Ainda conforme Marinoni (2007), a perícia só tem início com a intimação prévia das
partes e da dará e do local em que os trabalhos serão iniciados (art. 431-A CPC) Este
dispositivo objetiva permitir a adequada participação das partes e de seus assistentes
técnicos no desenvolvimento da prova pericial.
Segundo nos ensina Marinoni (2007), a produção de prova pericial pode ser
absolutamente informal quando a natureza do fato o permitir, podendo consistir apenas
na inquirição pelo juiz do perito e dos assistentes técnicos a respeito do que foi avaliado
ou examinado informalmente.
Vale ressaltar que, a perícia judicial pode ser demandada nas instâncias federal e
estadual. Na federal, a perícia visa à produção de prova para auxiliar na resolução de
conflitos entre a União ou suas entidades vinculadas e os cidadãos e demais entidades
privadas. (MORAIS, 2000).
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UNIDADE II │ FONOAUDIOLOGIA FORENSE
No entanto, cabe destacar que, nos termos do art. 195 da CLT, a perícia é obrigatória
quando for arguida em juízo insalubridade ou periculosidade.
Segundo Schiavi (2015), a perícia no processo do trabalho pode ser realizada tanto
na fase de conhecimento como de execução. Na fase de conhecimento são típicas as
perícias de insalubridade, periculosidade, médica, grafotécnica e contábil. Já na fase de
execução, são comuns as perícias contábeis e de arbitramento.
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FONOAUDIOLOGIA FORENSE │ UNIDADE II
Ainda na lição de Schiavi (2015), nesta situação o juiz trabalhista poderá reconhecer
condição insalubre ou periculosa, por exemplo, se for constatado no local de trabalho
que há agente nocivo diverso do apontado na inicial, não configurando julgamento
extra petita (fora do pedido), pois o requerido foi o adicional de periculosidade ou
insalubridade, independente do agente causador.
Estudo de caso
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CAPÍTULO 3
Fonoaudiologia e perícia
(Leslie Palma Gorski; Suleny Gomes Lopes; Etienne Barbosa da Silva - Perícia fonoaudiológica:
conhecimento e atuação dos profissionais da fonoaudiologia de dois estados do Brasil)
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FONOAUDIOLOGIA FORENSE │ UNIDADE II
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UNIDADE II │ FONOAUDIOLOGIA FORENSE
Por fim, com relação ao Laudo Técnico (Laudo/Parecer do Assistente Técnico), o Perito
em Voz, Fala e Linguagem precisa atentar para:
a. o registro/identificação do Processo;
b. os dados do requerente/solicitante;
c. o local de tramitação;
d. o objetivo da Perícia;
f. o método/metodologia utilizado;
g. os equipamentos obrigatórios/necessários;
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INTRODUÇÃO À UNIDADE III
ÉTICA E BIOÉTICA
CAPÍTULO 1
Noções sobre ética
“Princípios são dominantes nas ações. As pessoas podem duvidar do que você
diz, mas elas acreditarão no que você faz.”
A ética visa garantir que nossas disposições ofereçam benefícios de forma geral
ao ambiente do qual vivemos e às pessoas com quem convivemos. À medida
que nos tornamos capazes de acatar o ponto de vista do outro, certamente
estaremos contribuindo com o propósito maior com o propósito maior de
construir relações interpessoais que sejam saudáveis e que produzam bons
resultados para os envolvidos. Cultivar uma conduta ética na vida pessoal e
profissional vai muito além de uma mera questão de opção, é uma obrigação.
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UNIDADE III │ INTRODUÇÃO À ÉTICA E BIOÉTICA
alianças é o caminho que nos libertará dos preconceitos e nos permitirá ter uma
vida consistente com o que acreditamos ser decente.
Uma pessoa torna-se exemplo e é seguida ao ser ética, acima de tudo, consigo
mesma. Quando, com seu caráter, consegue melhores meios de conviver, ser
transparente e até se permitir mudar de opinião, rever conceitos ou condutas.
Se queremos ser éticos, jamais podemos adotar a omissão como atitude. Essa é
uma questão de caráter pessoal e, como diz a cultura popular: “Caráter é aquilo
que mostramos quando ninguém está olhando”.
Sidnei Oliveira
A ética
Ao adentrarmos a importante temática da bioética, é necessário que antes façamos uma
reflexão sobre o significado da ética, a fim de que possamos ter maior suporte teórico
para analisarmos os aspectos morais que envolvem a ética e a prática profissional nas
mais diversas áreas.
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INTRODUÇÃO À ÉTICA E BIOÉTICA │ UNIDADE III
Pedro (2014) nos explica que esta confusão é recorrente e se dá em razão de que a ética
e a axiologia têm o mesmo significado, não estabelecendo quaisquer fronteiras e limites
entre cada uma delas.
Segundo a autora, uma das razões para tal acontecer reside no fato de existirem duas
palavras para mencionar o domínio valorativo da ética e da moral por meio da sua
origem grega e latina, de raiz etimológica distinta: “assim, o termo ética deriva do grego
ethos, que pode apresentar duas grafias – êthos – evocando o lugar onde se guardavam
os animais, tendo evoluído para «o lugar onde brotam os actos, isto é, a interioridade
dos homens» (RENAUD, 1994, p. 10), tendo, mais tarde passado a significar, com
Heidegger, a habitação do ser, e – éthos – que significa comportamento, costumes,
hábito, caráter, modo de ser de uma pessoa, enquanto a palavra moral, que deriva do
latim mos, (plural mores), se refere a costumes, normas e leis, tal como Weil (2012) e
Tughendhat (1999) referem”.
Para Neves (2007), a ética é considerada uma ciência por ter objeto próprio, ou seja,
leis e método próprios, sendo seu objeto a moral. O objeto da ciência é a moralidade
positiva, tida por Maynez como um “conjunto de regras de comportamento e formas de
vida através das quais tende o homem a realizar o valor do bem”.
Nesse sentido, para os autores os conceitos não se confundem, pois a ética é a ciência
dos costumes, já a moral não é uma ciência e sim o objeto da ciência. Portanto, cabe
a ética retirar dos fatos morais os princípios gerais a serem aplicados. Assim, a ética é
desconstrutora e fundadora, enunciadora de princípios ou de fundamentos.
Para Barroco (2009), a ação ética só tem sentido se o indivíduo sair de sua singularidade
voltada exclusivamente pra seu ‘eu’ para se relacionar com o outro; é condição para tal.
O ato moral supõe a elevação acima das necessidades, desejos e paixões singulares,
porque ele exige pensar no outro e sair da condição do indivíduo egoísta, voltado para
si mesmo.
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UNIDADE III │ INTRODUÇÃO À ÉTICA E BIOÉTICA
Figura 5. Segundo os autores, tanto a Moral como o Direito baseiam-se em regras que visam estabelecer certa
• Estabelece regras que são assumidas pela pessoa, como uma forma de garantir o seu bem-viver.
• Independe das fronteiras geográficas e garante uma identidade entre pessoas que sequer se conhecem, mas
Moral
utilizam este mesmo referencial moral comum.
Direito
população ou seus delegados vivem.
• É o estudo geral do que é bom ou mau, correto ou incorreto, justo ou injusto, adequado ou inadequado.
• Um dos objetivos da Ética é a busca de justificativas para as regras propostas pela Moral e pelo Direito.
• Ela é diferente de ambos ─ Moral e Direito ─ pois não estabelece regras. Esta reflexão sobre a ação humana
Passadas as noções iniciais sobre ética, moral e Direito, passamos a estudar alguns
fundamentos sobre ética, formação de valores e responsabilidade social. Leonardo Boff
(2003) explora alguns destes fundamentos, que relatamos a seguir.
Ética do cuidado
Para Boff, o afeto profundo que se revela na dimensão humana do cuidado é fundamental.
Para o autor, o cuidado é uma atitude amorosa para com a vida, protege a vida, quer
expandir a vida, e, toda vida precisa de cuidado. Se não cuidarmos da vida de uma
criança que nasce, ela acabará morrendo.
Avalia o autor que o mundo é atravessado por uma grande falta de cuidado em todos
os aspectos. Segundo ele “cidades abandonadas, crianças e jovens desassistidos, a
economia devastada por processos especulativos, ecossistemas descuidados, o planeta
entregue à própria sorte. É preciso elaborar uma ética do cuidado, que funciona como
um consenso mínimo a partir do qual todos possamos nos amparar e desenvolver uma
atitude cuidadosa, protetora e amorosa para com a realidade”.
Ética da solidariedade
Segundo o professor, junto com a ética do cuidado impõe-se uma ética da solidariedade.
Relata que o salto da animalidade para a humanidade ocorreu no momento em que
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INTRODUÇÃO À ÉTICA E BIOÉTICA │ UNIDADE III
nossos ancestrais começaram a levar o que caçavam para o grupo, de modo a dividir o
alimento fraternalmente entre si.
Ética da responsabilidade
Ainda segundo Boff, responsabilidade é dar-se conta das consequências que advêm de
nossos atos. Impõe-se uma ética da responsabilidade, da justa medida, da cautela e
da prevenção. Para o autor, essa ética diz o seguinte: “Aja de tal maneira que sua ação
não seja destrutiva. Aja de tal maneira que sua ação seja benevolente. Ajude a vida a se
conservar, a se expandir, a irradiar”.
»» A ética é considerada uma ciência por ter objeto próprio, ou seja, leis e
método próprios, sendo seu objeto a moral.
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CAPÍTULO 2
Ética e prática profissional
Ou seja, a pesquisa revela que a grande maioria, 80%, pode faltar com ética no
ambiente de trabalho, enquanto apenas 20% seguem o código de conduta à risca,
em qualquer situação. Confira os sete dilemas apresentados aos participantes da
pesquisa e como a maioria deles agiria em cada um dos casos:
Quando a falta de ética vive na baia ao lado, 56% dos profissionais disseram que
somente denunciariam os colegas se fossem incentivados pela empresa.
Na divisão por gênero e hierarquia, a pesquisa mostra que mais da metade das
mulheres (61%) e dos funcionários (60%) de níveis operacionais hesitariam em
delatar o colega antiético.
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INTRODUÇÃO À ÉTICA E BIOÉTICA │ UNIDADE III
Pouco mais da metade dos participantes da pesquisa disse não ter restrições
à convivência com a falta de ética na empresa. O índice sobe para 55% e 59%
quando trata-se de profissionais sem curso superior que recebem até R$ 3 mil e
de funcionários operacionais, respectivamente.
4 – Furto
Homens (24%) e não graduados (25%) são mais propensos a furtar valores ou
bens materiais consideráveis das organizações. Mas no geral, apenas 18% dos
entrevistados admitiram que fariam isso.
5 –Aceitar suborno
6 – Receber presentes
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UNIDADE III │ INTRODUÇÃO À ÉTICA E BIOÉTICA
Ética profissional
Na visão de Glock (2003), a fase de formação profissional, o aprendizado das
competências e habilidades referentes à prática específica em uma determinada
área, deve incluir a reflexão, desde antes do início dos estágios práticos. Para ele, ao
completar a formação em nível superior, a pessoa faz um juramento, que significa sua
adesão e comprometimento com a categoria profissional que formalmente ingressa. Isto
caracteriza o aspecto moral da chamada Ética Profissional, esta adesão voluntária a um
conjunto de regras estabelecidas como sendo as mais adequadas para o seu exercício.
Pondera que é fundamental ter sempre em mente que há uma série de atitudes que
não estão descritas nos códigos de todas as profissões, mas que são comuns a todas as
atividades que uma pessoa pode exercer. São atitudes de generosidade e cooperação
no trabalho em equipe, mesmo quando a atividade é exercida de forma isolada, ela faz
parte de um conjunto maior de atividades que dependem do bom desempenho desta.
Ainda, uma postura proativa, ou seja, não ficar restrito apenas às tarefas que foram
dadas a você, mas contribuir para o engrandecimento do trabalho, mesmo que ele seja
temporário.
Corroborando com esta visão, Santiago (2002) acredita que a universidade teria que
contemplar, em sua atividade formadora e de investigação, a incorporação de conteúdos
éticos próprios para cada profissão, de forma que o futuro profissional, além de lograr
ser um expert em sua matéria, estivesse em condições de atuar com base em critérios
éticos.
Nesse sentido, aduz que a formação do futuro graduado ou profissional não poderia
reduzir-se a incrementar seu conhecimento deontológico, mas sim deveria incorporar
aprendizagens que permitissem o seu desenvolvimento ético e moral como pessoa,
tanto na dimensão individual como social.
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INTRODUÇÃO À ÉTICA E BIOÉTICA │ UNIDADE III
Segundo Arruda (2002), estas são algumas virtudes importantes para um bom
desenvolvimento ético no trabalho/negócio:
b. Ter coragem para assumir as decisões: mesmo que seja preciso ir contra
a opinião da maioria.
d. Ser íntegro: significa agir de acordo com os seus princípios, mesmo nos
momentos mais críticos.
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UNIDADE III │ INTRODUÇÃO À ÉTICA E BIOÉTICA
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INTRODUÇÃO À ÉTICA E BIOÉTICA │ UNIDADE III
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UNIDADE III │ INTRODUÇÃO À ÉTICA E BIOÉTICA
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CAPÍTULO 3
Conceitos e princípios da bioética
Claudio Cohen
Esta revolução cultural pode ser notada por meio da análise bibliométrica,
realizada entre 1974 e 2004, na qual se observa que foram publicados em
revistas indexadas ao Medline 101.153 trabalhos a respeito de ética médica ou
Bioética, sem contar os livros ou debates a respeito do assunto. Outra evidência
da importância da Bioética pode ser notada na promulgação da Declaração
Universal sobre Bioética e Direitos Humanos pela UNESCO, em 2005.
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UNIDADE III │ INTRODUÇÃO À ÉTICA E BIOÉTICA
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INTRODUÇÃO À ÉTICA E BIOÉTICA │ UNIDADE III
muito grande de publicações a respeito do aborto induzido, mas nem por isso
podemos dizer que as questões éticas estejam resolvidas. No entanto, houve um
aumento enorme das publicações a respeito de Bioética e Conflito de Interesse
dos anos de 1970 para 2004. Isto nos permite pensar que nos anos de 1970 o
Conflito de Interesse era pouco valorizado ou existia dificuldade em observá-
lo, por exemplo, a indústria farmacêutica ou na pesquisa clínica. Uma terceira
observação surge quando verificamos que as publicações referentes ao ensino
da Ética Médica ou Bioética têm se mantido constantes no tempo, mostrando
quão importantes elas são independentes do momento político, econômico,
jurídico ou religioso.
Outra forma de pensar a Bioética é por meio da Bioética Clínica, que na prática
é a discussão realizada nas comissões institucionais de Bioética e tem a ver com
a reflexão para encontrar a melhor solução possível para o exercício ético do
profissional. Esta ponderação se dá pela identificação, avaliação e resolução das
questões éticas e morais que podem surgir frente ao cuidado singular de um
indivíduo que adoeceu.
Nós, seres humanos, somos diferentes uns dos outros, o que nos dá a nossa
própria identidade, porém podemos observar que quando inseridos em um
determinado grupo ou família, estes têm os seus próprios valores que os irá
identificar. Esta é a razão pela qual as pessoas poderão questionar um fato ou
uma situação, tomando uma decisão que poderá ser ética, segundo o próprio
indivíduo, ou moral, dependendo da tradição de valores vinculada ao grupo que
julgar esse conflito.
Fonte: Por que pensar a bioética?. Rev. Assoc. Med. Bras. [online]. 2008, vol.54, n.6, pp. 473-474.
ISSN 0104-4230. <http://dx.doi.org/10.1590/S0104-42302008000600002>.
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UNIDADE III │ INTRODUÇÃO À ÉTICA E BIOÉTICA
Facco (2010) descreve que o termo “Bioética” surgiu na década de 1970 quando o
biólogo e oncologista Van Rensselaer Potter publicou: Bioethics: The Science of Survival
e Bioethics: Bridge to the Future. Suas obras procuraram mostrar que os valores éticos
não podem estar separados dos fatos biológicos. Relata o autor que com o decorrer
avanço da medicina, especialmente da tecnologia biomédica, novos problemas foram
colocados frente ao homem, e Potter foi à defesa de que a necessidade de que uma ética
da vida teria que se fazer presente para além das universidades, tendo que estar mais
próxima das conquistas da ciência que afetavam a vida humana.
Para isso, seria importante desenvolver a ciência da sobrevivência, e ela deve começar
com um novo tipo de ética, que seria “a bioética”.
Princípios da Bioética
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INTRODUÇÃO À ÉTICA E BIOÉTICA │ UNIDADE III
Este princípio alerta o profissional de saúde para o dever de, intencionalmente, não
causar mal e/ou danos a seu paciente. Tal princípio é tido por muitos como o princípio
fundamental da tradição hipocrática da ética médica, tendo suas raízes em na ideia de
que: “socorrer (ajudar) ou, ao menos, não causar danos”.
Esta diretriz, mais conhecida em sua versão para o latim primum non nocere, é utilizada
frequentemente como uma exigência moral da profissão médica. Trata-se, portanto, de
um mínimo ético, um dever profissional, que, se não cumprido, coloca o profissional de
saúde numa situação de má-prática ou prática negligente.
Princípio da beneficência
b. Para fazer o bem, entendido aqui como a saúde física, emocional e mental.
Ressalta o autor que, além disso, é preciso avaliar a utilidade do ato, pesando benefícios
versus riscos e/ou custos. Exemplifica, citando “se um pesquisador submete um
protocolo de investigação ao Comitê de Ética em Pesquisa de uma Instituição: se espera
que o investigador esclareça quais são os riscos para os sujeitos pesquisados e quais
são os benefícios esperados com o estudo, tanto para os participantes como para a
sociedade em geral, e, então, argumente porque os possíveis benefícios sobrepujam os
riscos, pois só neste caso a pesquisa é considerada eticamente correta ou adequada”.
A Autonomia é tida como a capacidade de uma pessoa para decidir fazer ou buscar
aquilo que ela julga ser o melhor para si mesma. Para o autor, para que a pessoa possa
exercer esta autodeterminação são necessárias duas condições fundamentais:
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UNIDADE III │ INTRODUÇÃO À ÉTICA E BIOÉTICA
Princípio da Justiça
Desta forma, percebe-se que para todo e qualquer profissional é importante estar em
sintonia com os valores éticos e bioéticos, levando em consideração que desta forma
estará garantindo o compromisso social do qual a profissão se dispõe, nas mais diversas
áreas e segmentos sociais.
Assim como destaca Arakawa (2009), o ensino da disciplina de bioética nos cursos de
graduação é um tema emergente cuja discussão é imperativa, especialmente na área
de ciências da saúde, a exemplo da profissão de Fonoaudiologia, que é a área da saúde
que atende o ser humano nos problemas relativos à comunicação como um todo, uma
vez que a comunicação influencia na qualidade de vida do paciente. Esta área merece
especial atenção, uma vez que a profissão envolve, não somente questões relativas às
pesquisas cientificas, mas também aspectos referentes ao atendimento de pacientes,
e por esse motivo apresenta muitas áreas de interesse bioético. Para os autores, o
fonoaudiólogo recebe em sua formação conhecimentos globais, incluindo aspectos
culturais, emocionais, físicos, ambientais e econômicos, a fim de formar um profissional
generalista, humanista, crítico e reflexivo.
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INTRODUÇÃO À ÉTICA E BIOÉTICA │ UNIDADE III
Algumas questões para reflexão são levantadas por Goldim (2003). Dentre elas:
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Para (não) Finalizar
Elias Abdalla-Filho
Sempre e logo que uma autoridade policial, judiciária, militar ou administrativa tiver
conhecimento da prática de uma infração penal, deve solicitar as perícias cabíveis que,
por sua vez, têm a finalidade de instruir o devido processo, a fim de que o juiz forme sua
convicção pela livre apreciação da prova.
Por conseguinte, não se pode permitir ao perito uma ação irresponsável, ilícita ou
eticamente condenável. A aceitação, por parte de um indivíduo, de toda e qualquer
medida policial, representando o Estado, sem nenhuma justificativa ou consentimento
da sociedade, vem sendo paulatinamente substituída pela exigência do conhecimento
por aquele que vai ser examinado pelo perito das razões e do intuito do que se faz.
Essa nova postura inclui até mesmo o direito e a motivação de que o periciado cobre
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PARA (NÃO) FINALIZAR
Nesse contexto, é plenamente possível considerar que o perito criminal trabalha todo o
tempo, sem qualquer exceção, com pessoas vulneráveis, pelo simples fato de lidar tão
somente com indivíduos em estado de privação ou, no mínimo, de sofrimento. Por esta
razão, observa-se uma relação de desigualdade, sobretudo do ponto de vista emocional.
Além disso, sendo ele um policial, pode despertar temor na população, na dependência
do imaginário de cada um – o que só aumenta a sua responsabilidade no sentido do
cuidado ao lidar com essas pessoas. Ele pode agravar ou minorar o sofrimento delas,
dependendo de seu comportamento ético. O perito criminal tem do ponto de vista
técnico, um compromisso com a investigação policial. No entanto, o seu compromisso
social é fundamental para que se possa considerá-lo um verdadeiro profissional do
ponto de vista ético.
<http://asbac-ba.org/publicacoes/Diretrizes_eticas_na_pratica_pericial_criminal.pdf>.
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Referências
ARAKAWA, A.M.; SANTOS, C. C.; Carleto, N. G.; SITTA, E. I.; PERES, A. S.; SALES
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Negócio Editora, 2002.
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de Janeiro: Lumem Juris, 2006.
DELGADO, Godinho Maurício. Curso de Direito do Trabalho. 7 ed. São Paulo: LTr,
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estados do Brasil. Rev. CEFAC, São Paulo , v. 15, no 5, Oct. 2013 . Disponível em: <http://
www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516 18462013000500031&lng=e
n&nrm=iso>. Acesso em: 11 fev.. 2015.
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REALE, Miguel. Lições preliminares de direito. 27. ed. São Paulo: Saraiva, 2004.
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REFERÊNCIAS
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br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=8193>. Acesso em fev
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