Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Brasília-DF.
Elaboração
Márcio Felisberto
Produção
APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 4
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7
UNIDADE I
DO REGISTRO DOS IMÓVEIS................................................................................................................. 11
CAPÍTULO 1
REGISTRO DA PROPRIEDADE IMÓVEL NO BRASIL...................................................................... 11
CAPÍTULO 2
LEGISLAÇÕES REFERENTES AO REGISTRO PÚBLICO.................................................................. 16
CAPÍTULO 3
A GRILAGEM DE TERRA E A QUESTÃO CARTORIAL.................................................................... 24
UNIDADE II
NORMAS GERAIS.................................................................................................................................. 36
CAPÍTULO 1
O ESTATUTO DA TERRA – LEI NO 4.504/1964............................................................................. 36
CAPÍTULO 2
DECLARAÇÃO PARA CADASTRO DE IMÓVEL RURAL JUNTO AO INCRA – LEI NO 4.947/1966 E A
REVISÃO GERAL DO CADASTRO RURAL – LEI NO 5.868/1972.................................................... 44
UNIDADE III
NORMAS ESPECÍFICAS......................................................................................................................... 53
CAPÍTULO 1
3A NORMA TÉCNICA DE GEORREFERENCIAMENTO DE IMÓVEIS RURAIS.................................... 53
REFERENCIAS................................................................................................................................... 57
Apresentação
Caro aluno
Conselho Editorial
4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de
Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Praticando
5
Atenção
Saiba mais
Sintetizando
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).
Avaliação Final
6
Introdução
A estrutura fundiária no Brasil caracteriza-se pela inconsistência dos elementos técnicos
definidores do contorno da unidade territorial, onde não existe nenhum rigor no encaixe
da medição na geometria das propriedades vizinhas, gerando um registro do memorial
descritivo nos Serviços de Registro de Imóveis totalmente frágil, inconsistente e irreal.
Com a evolução da sociedade e de suas relações, foram gerados sistemas para regular
o direito à propriedade, criando assim o que se chama de propriedade regular, a qual
advém do registro de um título hábil na Serventia Registral Imobiliária da situação do
imóvel, conferindo ao proprietário os mais amplos poderes sobre a coisa.
O artigo 5o, inciso XXIII, da Constituição Federal de 1998, dispõe que “a propriedade
atenderá à sua função social” entendendo por isto a produção .
7
De certo modo, ampara-se a propriedade quase tanto como a vida, isto se verifica quando
se oportuniza o exercício da reivindicatória, que é a legítima defesa do proprietário
contra aqueles que atentam contra o seu direito.
Para o registro de um imóvel ou de uma unidade territorial, entendendo por isto lote,
gleba ou parcela, nos registros Públicos exige-se levantamento técnico, onde o contorno
da unidade territorial é descrito por azimutes e distâncias entre dois pontos. Não há
nenhum rigor no encaixe da medição na geometria das propriedades vizinhas.
Como consequência disto, se tem uma total inconsistência das medições com
possibilidades de múltiplas definições de cada ponto limite entre duas propriedades.
A nova lei de Registro Públicos no 10.267 traz consigo grandes avanços na área fundiária
brasileira. Com ela, o Serviço de Registro de Imóveis fica obrigado a repassar ao INCRA
todas as alterações ocorridas nas matrículas imobiliárias.
A exigência da especialidade agora é atendida de uma forma que lhe confere qualidade,
as informações de rumos/azimutes e distâncias não podem mais ser utilizadas para
a descrição imobiliária, agora apenas as coordenadas georreferenciadas bastam para
definir o imóvel.
8
De acordo com Philips (2002), esta simples mudança traz uma série de vantagens:
A nova lei institui o Cadastro Nacional de Imóveis Rurais – CNIR, o qual possui em seu
cerne um código único que identifica o imóvel, sendo este código a chave de uma base
de dados onde estarão todos os imóveis rurais do território nacional.
Esta base de dados única, gerenciada conjuntamente pelo INCRA e pela Receita Federal,
será produzida pelas diversas instituições públicas federais e estaduais produtoras
e usuárias de informações sobre o meio rural e compartilhadas entre as instituições
participantes sendo uma delas os Cartórios de Registros de Imóveis.
De acordo com Philips (2002), o cadastro de bens imobiliários, serve para caracterizar
que o cadastro tem como finalidade a documentação e a segurança legal à integridade
geométrica da propriedade imobiliária, assim sendo, o cadastro complementa o Registro
Imóveis que proporciona segurança jurídica aos direitos de propriedade territorial.
O aspecto legal do cadastro ganha força, pelo menos para os imóveis rurais, com a
aplicação da Lei 10.267. Os serviços notariais são obrigados a mencionar nas escrituras
os seguintes dados do CCIR – Código Cadastral do Imóvel Rural a) Código do Imóvel,
b) Nome do detentor, c) Nacionalidade do detentor, d) denominação do imóvel e e) a
localização do imóvel.
Com esta interligação tem-se pela primeira vez a segurança da identidade do imóvel
entre os dois registros (o cadastro e o registro de imóveis).
9
configurações, além do conhecimento geográfico é fundamental o conhecimento da
situação ocupacional deste território.
Objetivos
»» Compreender o reordenamento da estrutura fundiária nacional.
10
DO REGISTRO DOS UNIDADE I
IMÓVEIS
CAPÍTULO 1
Registro da propriedade imóvel no
Brasil
Essa distribuição de terras pela coroa portuguesa tinha como objetivo estimular
a produção agrícola e econômica. Vale lembrar que essa prática não surgiu aqui
no Brasil, mas já era realizada há muitos anos atrás em Portugal, onde existia
nessa época certa crise por causa da falta de alimentos em toda Europa.
11
UNIDADE I │DO REGISTRO DOS IMÓVEIS
Fonte: <www.multirio.rj.gov.br>
12
DO REGISTRO DOS IMÓVEIS│ UNIDADE I
»» A propriedade Plena.
»» A propriedade Restrita.
»» A propriedade Perpétua.
»» A propriedade Resolúvel.
A propriedade Resolúvel ocorre quando em seu próprio título está contido um dispositivo
ou cláusula resolutiva ou revogável.
13
UNIDADE I │DO REGISTRO DOS IMÓVEIS
Sem sair desse viés, é importante apontarmos na linha do tempo a criação do Registro
Geral no ano de 1864, a partir da lei no 1.237, que nesse período foi algo que trouxe
avanços significativos e marcantes até os dias atuais, haja vista ter sido o norte para as
transformações futuras.
Em 1916, com a criação do Código Civil da época, além de preencher algumas lacunas
da lei anterior (1.237), também substituiu o nome Registro Geral para Registro de
Imóveis. Dentre algumas lacunas preenchidas, podemos citar:
Mesmo com tantas mudanças significativas, o autor Carvalho (1998) aponta que no
Código Civil de 1916 ficaram ainda algumas lacunas referentes a uma confusão de termos
e a omissão de um importante princípio. A primeira refere-se aos termos transcrição,
inscrição e averbação, onde seu entendimento ficou bastante confuso na norma. O
segundo refere-se à omissão do princípio da fé pública.
Em dezembro de 1973 foi editada a lei no 6.015, conhecida como a Lei de Registros
Públicos – LRP, a qual conforme o nome já sugere, é responsável por regular os registros
públicos e que em especial traz no seu título V a temática imobiliária. Essa lei é a norma
vigente que regula todos os registros públicos atuais.
Porém vale frisar que no registro de imóvel público, o estado o registra com caráter
declaratório, para declarar que o referido imóvel é de seu domínio. O registro de
imóvel privado, de forma contrária, visa garantir o direito e a segurança jurídica de
propriedade privada a um determinado cidadão ou pessoa jurídica de direito privado.
Porém, independente se o bem é público ou privado, ambos são levados ao sistema
registral brasileiro.
14
DO REGISTRO DOS IMÓVEIS│ UNIDADE I
Como vimos, a propriedade imóvel no Brasil ao longo de muitos anos tem sido tema
de muitas discussões. Sobretudo, é importante que saibamos pontuar qual a diferença
entre um imóvel urbano e rural.
Existem várias definições para imóvel rural e urbano a partir de diferentes critérios
estipulados por diferentes normas. O INCRA, por exemplo, diferencia um imóvel do
outro a partir da sua localização. Considerando imóvel rural aquele que não esteja
situado na área do município onde é qualificado como urbano. Ou seja, para qualificar
uma área como sendo urbana, é necessário que esta se enquadre em pelo menos dois de
vários quesitos pré-estabelecidos. Esses quesitos são escola pública, hospital, sistema
de esgoto, pavimentação entre outros.
15
CAPÍTULO 2
Legislações referentes ao Registro
Público
Essa lei foi regulamentada pelo Decreto 4.449 de 2002 e posteriormente este foi
modificado pelo Decreto 5.570 de 2005.
»» Desmembramento.
»» Parcelamento.
»» Remembramento.
Para isso, existem diversos prazos para o devido cumprimento da exigência acima
mencionada, sendo eles:
»» Noventa dias para os imóveis com área superior a cinco mil hectares.
»» Um ano para os imóveis com área de mil até menos que cinco mil hectares.
»» Cinco anos para os imóveis com área de quinhentos até menos que mil
hectares.
»» Dez anos para os imóveis com área de duzentos e cinquenta até menos
que quinhentos hectares.
16
DO REGISTRO DOS IMÓVEIS│ UNIDADE I
»» Treze anos para os imóveis com área de cem até menos que duzentos e
cinquenta hectares.
»» Dezesseis anos para os imóveis com área de vinte e cinco até menos que
cem hectares.
»» Vinte anos para os imóveis com área inferior a vinte e cinco hectares.
»» Etc.
É certo que a medida imposta pela lei não será implementada de uma hora para a outra, e
que diversas novas questões advirão até que o tema esteja pacificamente compreendido
por todos os envolvidos e pela sociedade em geral.
Observa-se que agregar esforços para que o novo sistema se concretize o mais brevemente
possível é lutar pela evolução da segurança jurídica na questão fundiária do nosso país,
que é tão controvertida, principalmente em face das dimensões continentais do Brasil e
da desigualdade social que aqui faz morada.
17
UNIDADE I │DO REGISTRO DOS IMÓVEIS
O novo Código Civil foi instituído com a entrada em vigor da Lei no 10.406/2002, o qual
reordenou as normas anteriores bem como acresceu outras novas.
Segundo a Lei no 8.245 de 1991, considera-se imóvel urbano aquele que se destina para
fins de ocupação residencial e/ou comercial e considera-se imóvel rural aquele que se
destina para fins agrícolas ou de pecuária.
A primeira com edição da Lei no 8.022, de 12 de abril de 1990, que altera o sistema
de administração das receitas federais transferindo para a Secretaria da Receita
Federal a administração das receitas até então arrecadadas pelo INCRA.
18
DO REGISTRO DOS IMÓVEIS│ UNIDADE I
II. não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as
explore o proprietário que não possua outro imóvel;
19
UNIDADE I │DO REGISTRO DOS IMÓVEIS
Boa alternativa é valorar o imóvel levando em conta qual o preço que conseguiria
por ele, se colocado à venda. Normalmente o preço de venda revela o valor de
mercado, deste montante se subtrai o valor das benfeitorias, melhoramentos,
edificações, culturas permanentes e temporárias, pastagens cultivadas ou
melhoradas e florestas plantadas, o resultado é o Valor da Terra Nua do Imóvel.
Lembrando que muitos municípios, principalmente aqueles que celebraram
convênio com a União para administrar o ITR, já estabeleceram um valor médio,
por hectare, para as terras rurais, balizando o Valor da Terra Nua para fins de
apuração do Imposto, a exemplo do que é feito na administração do Imposto
Predial e Territorial Urbano - IPTU.
Além da localização, todo o imóvel rural, além de sua condição nata, deve também estar
cadastrado junto aos registros do INCRA. Lembrando que o referido instituto criou o
CCIR - Cadastro de Contribuinte de Imóvel Rural.
Esse cadastro surgiu como grande valia haja vista a possibilidade de estabelecer o regime
jurídico próprio e diferenciado ao proprietário rural, seja ele um grande ou pequeno
proprietário. O regime jurídico diferenciado justifica-se primeiramente pela forma de
proteção que surge a partir do registro do titulo aquisitivo, o qual comprova a aquisição.
»» Escritura pública.
20
DO REGISTRO DOS IMÓVEIS│ UNIDADE I
Quando foi instituído aqui no Brasil, o registro Torrens era utilizado para registrar
imóveis tanto urbanos como rurais. Porém, hoje só se admite o registro Torrens,
para os imóveis rurais.
3. Do memorial descritivo.
A grande vantagem é que esse sistema de registro é o único que traz como
benefício a presunção absoluta quanto à qualidade de dono. Essa presunção é
absoluta e que não admite prova em contrario.
21
UNIDADE I │DO REGISTRO DOS IMÓVEIS
A planta na qual nos referimos acima e que está mencionada no artigo 942 do CPC, deve
ser devidamente elaborada e assinada por um profissional habilitado para o referido
trabalho.
O doutrinador José Carlos de Moraes Salles (1997) aponta em seu texto o seu
posicionamento referente à questão da não necessidade de elaboração da planta por
um profissional habilitado:
22
DO REGISTRO DOS IMÓVEIS│ UNIDADE I
Vale lembrar que é prática costumeira dos juízes de primeira instância acolher o parecer
do Ministério Público, o qual exige que o documento apresentado seja assinado por
um profissional habilitado, ou seja, um simples croqui elaborado pela própria parte
passa a não ter tanto reconhecimento assim. O documento a que se refere o parecer do
Ministério Público trata-se do memorial descritivo e do levantamento topográfico.
Por fim, a corrente jurisprudencial que defende a não eficácia de um simples croqui,
recomenda que sejam acostados desde o início da ação, o memorial descritivo e o
levantamento topográfico do imóvel, ambos realizados devidamente por profissional
habilitado.
23
CAPÍTULO 3
A grilagem de terra e a questão
cartorial
O exemplo acima, naturalmente, faz parte de uma tradição ingênua há muito superada
por artifícios mais sofisticados desenvolvidos quase sempre às margens do poder
econômico. A história do grilo, no entanto, serve para demonstrar que a grilagem
ocorre a partir de falsificações documentais, muitas vezes com a conivência de órgãos
responsáveis pela gestão do patrimônio público.
Genericamente, toda a ação ilegal que objetiva a transferência de terras públicas para
o patrimônio de terceiros constitui uma grilagem ou grilo, que tem seu início em
escritórios e se consolida no campo mediante a imissão na posse de terras.
24
DO REGISTRO DOS IMÓVEIS│ UNIDADE I
A fraude foi historicamente facilitada por algumas brechas institucionais como, por
exemplo, a inexistência de um cadastro único. Os órgãos fundiários, nos três níveis
(federal, estadual e municipal), não são articulados entre si.
Ao contrário do que ocorre em outros países, no Brasil não existem registros especiais
específicos para grandes áreas. Os dados dos cadastros federais e estaduais não
estão cruzados e o cadastro federal, pela atual legislação, é declaratório. A correição
(fiscalização) sobre os cartórios deixa a desejar.
Meras posses de terras concedidas pela União ou pelos Estados, com área
constitucionalmente limitada a 2.500 hectares, e pequenas glebas obtidas por usucapião
subitamente transformam-se em grandes latifúndios titulados por meio de fraude.
Tabela 1. Quantidade de áreas que tiveram seus cadastros cancelados pelo INCRA.
25
UNIDADE I │DO REGISTRO DOS IMÓVEIS
20 RR 9 219,864
21 RS 10 113,183
22 SC 1 10,664
23 SP 40 2.114,539
24 TO 117 2.865,005
TOTAL 3.065 93.520,587
Fonte: INCRA.gov.br
O Estado do Amazonas, com sua enorme extensão territorial e uma população muito
rarefeita, oferece o ambiente ideal para a grilagem de terras. Grandes áreas são
subtraídas da União e do Estado com a certeza da impunidade por parte do grileiro, já
que os riscos de contestação por terceiros são pequenos.
Casos concretos
Muito se fala a respeito das práticas de grilagem de terra, porém dificilmente tomamos
conhecimento de casos concretos onde grileiros foram descobertos e penalizados. No
caminho dessa lacuna, visando trazer luz a alguns casos concretos, iremos colocar a
seguir algumas medidas tomadas pelo INCRA e pela Justiça Federal referentes à
grilagem de terras ocorridas nos municípios de Novo Aripuanã, Borba, Boca do Acre
e Lábrea. Ambos disponibilizados pelo INCRA, mas vale lembrar que os casos abaixo
colocados são referentes apenas a alguns municípios do Estado do Amazonas e que a
nível nacional ainda existem diversos outros casos semelhantes.
26
DO REGISTRO DOS IMÓVEIS│ UNIDADE I
seguida, para 50 mil hectares e depois para 85.624 hectares, sem a existência de título
que, nas sucessivas transmissões, tenha alterado a medida inicial.
Mesmo tendo o então Tribunal Federal de Recursos cancelado o registro dos imóveis,
estes continuaram a ser repassados a terceiros. Procuradores do INCRA tentam reverter
integralmente a propriedade para o patrimônio da União.
Depois do cancelamento do registro, uma área mínima de mil hectares será revertida
ao patrimônio da União, caso seja comprovada a autenticidade do título definitivo
expedido pelo Governo do Estado. Negada a autenticidade, a reversão será integral.
27
UNIDADE I │DO REGISTRO DOS IMÓVEIS
O mesmo ocorreu com os imóveis Santa Clemência, com 238,17 hectares e Dois de Julho
I, Dois de Julho II e Dois de Julho III, os três somando 1.576,45 hectares (totalizando
1.814,62 hectares), que tiveram suas áreas aumentadas para 650 mil hectares.
Com os imóveis Andirá, Novo Axioma, Papiri, Novo Natal ou Natal e outros, que tinham
áreas não definidas, ocorreu o mesmo. Ou seja, sentença em ação de usucapião serviu
de título para registrar o aumento das áreas, totalizando 155.906 hectares. O extinto
Tribunal Federal de Recursos mandou suspender os efeitos da referida sentença. No
entanto, não foi possível o cancelamento dos registros por não terem sido encontrados
os autos da avocatória nem na Comarca de Boca do Mato nem nos arquivos da Justiça
Federal.
Mesmo tendo o então Tribunal Federal de Recursos cancelado o registro dos imóveis,
estes continuaram a ser repassados a terceiros. Procuradores do INCRA tentam reverter
integralmente a propriedade para o patrimônio da União.
Sentença do juiz da Comarca de Boca do Acre, em ação de usucapião, serviu de título para
registrar um conjunto de terras denominado Seringal Maracaju. Do primeiro registro
do imóvel constavam 2.500 hectares; com a sentença, esta área foi irregularmente
aumentada para 14.747 hectares. O imóvel, ao lado de outros, num total de 57.450
hectares, é objeto de uma Ação Discriminatória Judicial, por meio da qual o INCRA
pretende recuperar a propriedade para a União.
Mais uma sentença em ação de usucapião serviu de título para transferir, a particular,
o domínio de uma área pública medindo 5.400 hectares, compreendendo os imóveis
rurais Igarapé Grande, João Ceará e Iquirema. Os imóveis estão localizados em faixa
de fronteira e, no decorrer de diversas transmissões, tiveram sua área aumentada para
pouco mais de seis mil hectares. Já foi averbada a anulação da sentença de usucapião e
o cancelamento do respectivo processo, restando o cancelamento de registro para que
os imóveis sejam reincorporados ao patrimônio da União.
Os imóveis Alto do Bode e Ponte Grande, totalizando 23.100 hectares, foram reunidos
em uma área indefinida denominada Boa Esperança, e cedidos por sentença judicial em
ação de usucapião. A decisão não foi averbada, em decorrência do que a Procuradoria
do INCRA solicitou ao juiz de Direito da Comarca de Boca do Acre a averbação da
decisão do extinto Tribunal Federal de Recursos determinando a suspensão de qualquer
atividade nos respectivos registros, até decisão final do juízo competente.
28
DO REGISTRO DOS IMÓVEIS│ UNIDADE I
100 “estradas de seringa”, foi ampliada para 351.633 hectares. O imóvel está localizado
em área de fronteira e suas matrículas e demais registros foram cancelados por uma
sentença da Justiça Federal. Ele foi, no entanto, fracionado e vendido, encontrando-se
grande parte dos lotes sob domínio de particulares. Todos os lotes estão acobertados
por novas matrículas e à disposição dos “pro-prietários”.
O Seringal Europa, matriculado como sendo parte desmembrada dos lotes de terra
denominados Santana, São Joaquim e Acaramutaba, com área definida em “estradas
de seringa”, foi registrado, quando do desmembramento, com área de 55.159 ha. Na
verdade, pelo que consta nas diversas cadeias dominiais, o Europa é originário do
Seringal Santana, titulado pelo governo do Amazonas com área de 966,06 hectares.
A Gleba Inauini (Floresta Nacional) era inicialmente composta pelos seringais São
Francisco e Arama, sem área definida. Posteriormente foi acrescida com o Seringal São
Domingos que, juntamente esses outros seringais, constituíram a Gleba Inauini, com
área total de 311.783,52 hectares, transferida para Maria Luíza Hidalgo Lima Barros
por meio de Certidão de Partilha quando da dissolução e liquidação da firma Inauini.
O Seringal Santana, com área de 966,09 hectares, teve título definitivo expedido pelo
Governo do Estado, em nome de Antônio Pereira de Santana ─ título este não registrado
em cartório. A situação do imóvel encontra-se sub judice, pois a Procuradoria Geral do
INCRA no Amazonas propôs ação de discriminação judicial. O exame das certidões
constatou desmembramentos e ampliação da área para 80 mil hectares.
A área original do Seringal Praia do Inferno era de 750 hectares. Após fracionamento e
diversas transmissões, foi registrada como tendo uma área de 61.785 hectares.
A posse de terras Aracoiaba foi registrada com área de 500 hectares, em 1941. Quando
de sua venda, registrou-se, na mesma matrícula, uma área de 29.657,48 hectares.
29
UNIDADE I │DO REGISTRO DOS IMÓVEIS
Matriculado com área de 300 “estradas de seringa”, o Seringal Rampado teve sua
área expandida para 264.269 hectares. Cento e sete mil hectares era a área original do
Seringal São Miguel. Hoje, constata-se que sua área foi elevada para 210.821 hectares.
O extinto TFR anulou os atos decisórios e remeteu os autos da ação demarcatória para a
Justiça Federal do Amazonas. O acórdão foi averbado e cancelado o registro, totalizando
aproximadamente 161.112 hectares que foram reincorporados ao patrimônio público.
Os imóveis Anory (sem área original definida), São Miguel e Santo Elias (com áreas
somando 15.100 hectares) passaram a ter, por força de sentença em ação de usucapião,
20 mil hectares e 80 mil hectares, respectivamente. O TFR anulou sentença do juiz da
comarca e 100 mil hectares foram reincorporados ao patrimônio público.
Em ação relativa aos imóveis Camarú I, Camarú II, Camarú III, Humaitá, Canto da
Fortuna, Alto da Firmeza, Monte Vidéu, Enseada do Futuro e Sagrado Coração (posse),
parte do Seringal Ermida (contendo as colocações, sem áreas definidas, Samuará, Bela
Rosa, São Lourenço e Clarin ou Cuarin), que tiveram a soma de suas áreas elevada a
15.098 hectares, o TFR anulou a sentença do juiz da comarca e determinou a remessa
dos autos da ação demarcatória para a Justiça Federal.
Mesmo averbada essa decisão, a firma Madeireira Moss S.A. continua na posse ilegal
das referidas propriedades, por ter assinado contrato de compra e venda com a firma
Manasa ─ Madeireira Nacional S.A.
Numa ação de usucapião, os imóveis Colosso, Cecy, República, Santa Haydee, Santa
Cecília, Aracy, Amparo, Europa, Paládio, Caviana, Rio Branco I, Rio Branco II, Xingu,
Boca do Maoco I, Boca do Maoco II, Jarecatiá I e São Joaquim tiveram, respectivamente,
suas áreas aumentadas da seguinte forma: de 8.364 hectares para 23.500 hectares; de
4.360 hectares para 10.550 hectares; 8.706 hectares para 31.560 hectares; de 33.416
hectares, para 150.400 hectares; 20.416 hectares para 89.500 hectares; de 10.119
30
DO REGISTRO DOS IMÓVEIS│ UNIDADE I
hectares para 10.600 hectares; de 10.105 para 16.500 hectares; de 7.379 hectares para
37.850.
O Seringal São Romão, no município de Piauiní, teve sua área aumentada de 265,06
hectares para 127.842,25 hectares em sentença do juiz da Comarca de Lábrea em ação
de usucapião. O TFR anulou a sentença e cancelou os registros dela decorrentes.
Com isso, os 127.842,25 hectares voltaram para o patrimônio público. Embora não
conste seu tamanho original em certidão expedida pelo cartório de Registro de Imóveis
de Lábrea, nem tenham sido localizados os autos judiciais de ação demarcatória, nem
no cartório nem na Justiça Federal/AM, após ação demarcatória, os lotes de terras
denominados Castanhal Grande, Santa Fé e Porto de Cima passaram a se denominar
Gleba Castanhal Grande, com uma área total de 356.436,51 hectares.
O TFR anulou o processo e determinou a remessa para a Justiça Federal dos autos
da ação usucapião dos imóveis Boca do Acatuquini, Boa Vista, Aurora (desapropriado
para fins de reforma agrária), Aurora I, Aurora II, Aurora III, Aurora IV, Aurora V,
Extrema, Salva Vidas, Tocatins e Ponta (os dois últimos também desapropriados)
- todos no município de Pauini e pertencentes a Mustaf Said. Mediam, inicialmente,
17.560 hectares que, posteriormente, passaram para 281 mil hectares.
Os seringais Fortaleza, Caçaduá, Santo Antônio, São Sebastião I, São Sebastião II, São
Miguel, São Francisco, Maçanã (posse), Mixiry (posse), Seruiny (posse) Guajarrahã,
São Jorge (posse) e Maçanã II (posse), originalmente tinham 872.827 hectares. Ao
serem transferidas por Nasser Abrahim Nasser para a Fazenda Manasa, o número de
hectares foi aumentado para 1.512.416,65.
31
UNIDADE I │DO REGISTRO DOS IMÓVEIS
O TFR anulou o processo e determinou a remessa dos autos à Justiça Federal em ação
de usucapião movida por Mustaf Said em relação aos seringais Jupyra, Liz e Miry,
localizados no município de Pauini e com área de 124.500 ha. Por ordem do Corregedor
Geral, foi cancelado o registro e os 124.500 hectares retornaram ao patrimônio público.
Os imóveis, originalmente, possuíam 1.442,5655 hectares, área essa que, por força da
sentença do juiz de Direito da referida comarca, passou para 485.000 hectares. Embora
anulada a sentença, conforme averbação no próprio registro imobiliário, Mustaf Said
matriculou os mesmos imóveis com a mesma área de 465.000 hectares na comarca de
Pauini.
Foi encontrado o registro de uma ação demarcatória dos imóveis rurais denominados
Bom Fim, Santo Antônio do Acimã, Canecury, Meteripuá, Anajás e Acurtiry, localizados
no município de Lábrea, em nome de Omar Tupã Borges.
Em verdade, não há qualquer referência nas certidões resumidas expedidas pelo Cartório
de Registro de Imóveis da referida Comarca sobre o tamanho original desses imóveis.
No entanto, consta tratar-se de área contínua e que, por sentença do Juiz de Direito da
Comarca, foi registrada como tendo 934.000 hectares. Foi anulada a transcrição por
decisão do extinto Tribunal Federal de Recursos. Com isso, retornou ao patrimônio
público a área de 934.000 hectares.
A posse de terras João Bento, tem área registrada de 170.000 hectares. Depois de várias
transmissões, consta na última averbação uma área remanescente de aproximadamente
908.9286 hectares. De acordo com a certidão de registro expedida pelo Cartório de
Lábrea, encontra-se a área sobreposta ao imóvel rural denominado República. A área
está sub judice.
O seringal denominado Natal ou Novo Natal, com área de 155.906 hectares, originalmente
integrava a matrícula no 352 do Cartório de Registro de Imóveis da Comarca de Boca do
Acre, por ter sido objeto de ação de usucapião. Em que pese o juiz de Direito da comarca
de Boca do Acre ter determinado o cumprimento de decisão do TRF anulando a ação
de usucapião, a anulação foi revogada por nova ordem judicial. Não consta na certidão
da matrícula fornecida pelo Cartório de Registro de Imóveis de Lábrea a averbação da
32
DO REGISTRO DOS IMÓVEIS│ UNIDADE I
Borba
Decisão do extinto TRF cancelou a sentença do juiz de Direito da comarca que deu
origem ao título. Posteriormente à decisão do Acórdão, uma área de 162.124.8010
hectares foi desmembrada dessa propriedade, tendo como base uma certidão fornecida
pelo Instituto Fundiário do Amazonas, em 06/08/97. Toda a área deverá ser reintegrada
ao patrimônio público.
Novo Aripuanã
A dimensão do imóvel foi contestada pelo Oficial de Registro de Imóveis que afirmou
que a referida área foi expandida para aproximadamente 1,9 milhão de hectares e que
tal situação vinha ocorrendo ao longo das diversas transmissões de seu domínio. O
cartório sofreu um incêndio, resultando na destruição dos livros do Registro de Imóveis,
inclusive aqueles que tratavam da referida gleba.
33
UNIDADE I │DO REGISTRO DOS IMÓVEIS
Outra inovação que merece ser introduzida na legislação federal consiste na reformulação
da Lei de Registros Públicos como forma de evitar a ocorrência de fraudes e falsificações
de títulos da propriedade.
34
DO REGISTRO DOS IMÓVEIS│ UNIDADE I
35
NORMAS GERAIS UNIDADE II
CAPÍTULO 1
O Estatuto da Terra – Lei no 4.504/1964
Quanto à reforma agrária, a lei aponta que esta deverá ser realizada com prioridade em
terras particulares onde ocorrem tensão social.
A lei tem como principal objetivo a garantia da perfeita ordenação do sistema agrário
no país, conforme os princípios da justiça social, conciliando a livre iniciativa com a
valorização do trabalho. O texto da lei nos evidencia o seu espírito democrático e social
em face das desigualdades sociais e má distribuição de terras.
Você sabia que a Lei do Estatuto da Terra foi criada durante o regime militar, e
que este tinha dois principais objetivos centrais?
Pois bem, é exatamente isso. A lei foi criada durante a vigência do regime
ditatorial, o qual objetivava uma estratégia militar e outra econômica.
36
NORMAS GERAIS│UNIDADE II
A Lei Federal no 4.504, denominada Estatuto da terra, é a mais importante lei agrária
brasileira. Tal dispositivo legal disciplina como deve ser usado o solo rural em nosso
país, e juntamente com o Decreto 59.566/1966 regulamenta os contratos típicos, ou
seja, o arrendamento e as parcerias rurais.
Uma das mudanças trazidas pela nova lei foi no inciso IV do artigo 95, o qual prevê
a notificação feita pelo proprietário do imóvel ao arrendatário seis meses antes do
término do contrato, sobre eventuais propostas de arrendamento recebidas. A nova
lei manteve o texto original, no entanto, passa a determinar que tal notificação seja
feita extrajudicialmente. O não cumprimento do previsto nesse artigo dentro do prazo
determinado enseja a prorrogação automática do contrato originário, impedindo
o proprietário de arrendar a terceiros ou de retomar o imóvel, seja para explorá-lo
diretamente ou por intermédio de descendente seu. Caso seja a intenção do proprietário
não renovar o contrato de arrendamento, a referida notificação também tem que ser
feita dentro do mesmo prazo.
Foram também substituídos alguns termos, como “preço” por “remuneração” e “aluguel”
por “arrendamento”. Apesar de tais modificações não acarretarem grandes mudanças,
cabe ressaltar com relação à remuneração do arrendamento, que segundo estabelece
o Estatuto da Terra, o valor deste não poderá ser superior a 15% do valor do imóvel
declarado no ITR, incluídas as benfeitorias que entrarem na composição do contrato,
quando o arrendamento for sobre a área total do imóvel ou a 30% quando o arrendamento
for parcial e recair sobre glebas selecionadas para fins de exploração intensiva de alta
rentabilidade. Apesar de esta não ser uma cláusula nova, a mesma é, em muitos casos,
ignorada na elaboração dos contratos e posteriores declarações de ITR.
37
UNIDADE II │NORMAS GERAIS
A partir do artigo 96, que regula as parcerias rurais, uma das principais mudanças
trazidas pela lei é a alteração nas cotas de participação dos proprietários nos frutos das
parcerias, aumentando de até 10% para até 20% quando concorrer apenas com a terra
nua, para até 25% quando concorrer com a terra preparada, de máximo 20% para até
30% quando concorrer com terra preparada e moradia e de até 30% para até 40%, caso
concorra com o conjunto básico de benfeitorias. Os demais percentuais continuam os
mesmos, podendo chegar à alíquota máxima de 75%.
Não se deve confundir a reforma agrária com política agrária, entendida esta como
conjunto de providências de amparo à propriedade da terra que se destinem a orientar,
no interesse da economia rural, as atividades agropecuárias, seja no sentido de garantir-
lhes o pleno emprego, seja no de harmonizá-las com o processo de industrialização do
país (Estatuto da Terra, art. 1o, § 2o, e 47; e o Decreto no 55.891/1965).
Essa utilização justa e equilibrada das propriedades rurais virá naturalmente diminuir
a tensão agrária e contribuirá para solução do problema agrário, muito embora, tal
aproveitamento e distribuição, por si mesmos, não sejam os únicos processos a serem
adotados.
»» Propriedade.
»» Minifúndio.
»» Latifúndio.
disciplina as disposições relativas à reforma agrária previstas no capítulo III, Título VII,
da Constituição federal de 1988, conceituando, assim a pequena e média propriedade
(artigo 4º, II e III), além da propriedade produtiva (art. 6), que é aquela que,
explorada econômica e racionalmente, atinge, simultaneamente, graus de utilização
da terra e de eficiência na exploração, segundo índices fixados pelo órgão federal
competente (INCRA).
A expressão “módulo rural”, por sua vez, é usada em nosso direito agrário desde o
Estatuto da Terra (lei no 4504/1964). Módulo rural é a quantidade mínima de terras
prevista no imóvel rural para que não se transforme em minifúndio; é a unidade
fundamental da terra. Área inferior ao módulo chama-se minifúndio; a área superior
é chamada de latifúndio.
39
UNIDADE II │NORMAS GERAIS
O módulo rural é destarte uma unidade agrária familiar para cada região do País e
para cada forma de exploração. Como bem definiu César Cantanhede (Missão Fao, RJ,
IBRA, 1968): “É uma unidade de medida variável em função da região em que se situe
o imóvel e o tipo de exploração predominante”.
5. implica um mínimo de renda, que deve ser identificada pelo menos com
um salário mínimo;
A propriedade familiar está bem definida no Estatuto da Terra (art.4º, II c/c o art. 6º,
I) e no Decreto 55.891/1965 (arts. 11 a 23):
40
NORMAS GERAIS│UNIDADE II
Outro requisito da propriedade familiar é que sua área tenha o tamanho do módulo,
porém variável conforme determinados fatores, como a situação geográfica, o clima, as
condições de aproveitamento da terra etc.
a. exploração hortigranjeira;
b. lavoura permanente;
c. lavoura temporária;
e. exploração florestal.
Já o minifúndio é uma área rural menor que a da propriedade familiar e é tido como
nocivo à função social da terra. É “um imóvel rural de área e possibilidade inferiores às
da propriedade familiar” (Estatuto da Terra, art. 4o, IV).
41
UNIDADE II │NORMAS GERAIS
Há dois tipos de latifúndio: o latifúndio por extensão e o latifúndio por exploração, falta
de exploração ou exploração incorreta.
Nos países do Mercosul, o Uruguai e o Paraguai têm seus Códigos Rurais com jurisdição
nacional. A Argentina, por sua vez, adota o sistema de Códigos Rurais provinciais.
»» desenvolvimento da agricultura.
“Três décadas depois, podemos constatar que a primeira meta ficou apenas no papel,
enquanto a segunda recebeu grande atenção do governo, principalmente no que diz
respeito ao desenvolvimento capitalista ou empresarial da agricultura.” Marcos A.
Coelho – “Geografia do Brasil”.
Hoje a realidade não é diferente, já no século XXI, havendo uma grande evolução no
agro negócio, inclusive dando enorme substrato às exportações.
I – Disposições Preliminares;
II – Da Reforma Agrária;
42
NORMAS GERAIS│UNIDADE II
social da propriedade (Art. 2º, caput e § 1º, e arts.12 e 13) e Justiça Social (Art.1º, § 1º) e
por apresentar definições dos principais institutos do Direito Agrário (Reforma Agrária,
Política Agrícola, Imóvel Rural, Propriedade Familiar, Módulo Rural, Minifúndio,
Latifúndio, Empresa Rural, Parceleiro, Cooperativa Integral de Reforma Agrária e
Colonização).
O Título II (Da Reforma Agrária) engloba toda a temática relativa ao assunto em apreço,
cuja essência permanece em vigor, mas está bastante ampliado por legislação esparsa
posterior, notamente, após a promulgação da Constituição de 1988.
O Título III (Da Política de Desenvolvimento Rural) é formado por quatro grandes
Capítulos: I Tributação da terra; II Colonização; III Assistência e Proteção à Economia
Rural e IV Do Uso ou da Posse Temporária da Terra, todos ampliados atualmente por
legislação posterior, inclusive regulamentadora.
O Título IV (Das disposições Gerais e Transitórias) tem como destaques o artigo 103
que ressalta o principal objetivo do Estatuto: A aplicação da presente Lei deverá
objetivar, antes e acima de tudo, a perfeita ordenação do sistema agrário do País,
de acordo com os princípios da justiça social, conciliando a liberdade de iniciativa
com a valorização do trabalho humano” e o Artigo 107 do Estatuto, que refere-se a
ritos processuais aplicáveis aos litígios entre proprietários e arrendatários rurais
e os relativos ao trabalho rural: “Art. 107. Os litígios judiciais entre proprietários e
arrendatários rurais obedecerão ao rito processual previsto pelo Art. 685, do Código
de Processo Civil. (alterado pelo novo Código de Processo Civil, através do artigo 275 –
Do Procedimento Sumário)
Assim determina o Artigo 275 do atual Código de Processo Civil - CPC: “Observar-se-á
o procedimento sumário: II – nas causas, qualquer que seja o valor: de arrendamento
rural e de parceria agrícola”.
43
CAPÍTULO 2
Declaração para cadastro de imóvel
rural junto ao Incra – lei no 4.947/1966 e
a revisão geral do cadastro rural – LEI no
5.868/1972
O Sistema Nacional de Cadastro Rural (SNCR) foi criado com o objetivo de promover a
integração e sistematização da coleta, pesquisa e tratamentos dos dados e informações
sobre o uso e a posse da terra, e para que se possa conhecer, de fato, a estrutura fundiária
das diversas regiões do País.
44
NORMAS GERAIS│UNIDADE II
a) o código do imóvel,
Por sua vez, o Incra enviará ao Registro de Imóveis, nos casos de formação de um novo
imóvel rural, o código do cadastro do imóvel no SNCR, para fins de averbação (§ 8o do
artigo 22 da Lei no 4.947/1966).
Para fins do cadastro do Incra, aplica-se, portanto, o conceito agrário de imóvel rural,
podendo este ser constituído por uma ou mais matrículas. Nesse sentido, dispõe o §
3o do artigo 46 do Estatuto da Terra (Lei no 4.504, de 30/11/1964), que “Os cadastros
terão em vista a possibilidade de garantir a classificação, a identificação e o grupamento
dos vários imóveis rurais que pertençam a um único proprietário, ainda que situados
em municípios distintos, sendo fornecido ao proprietário o certificado do cadastro na
forma indicada na regulamentação desta Lei”.
Assim, nada impede que, por meio de ato normativo próprio, o Incra possa exigir do
proprietário o cadastramento de todas as áreas rurais que lhe pertençam e que sejam
45
UNIDADE II │NORMAS GERAIS
contíguas umas as outras, a fim de constituir um único cadastro dessas áreas, aplicando-
se o conceito agrário para classificá-las como sendo um único imóvel rural, atribuindo-
lhe um código no SNCR.
Nessa hipótese, também nada impede que por meio de suas normas internas, o Incra
exija o georreferenciamento do conjunto dessas áreas no momento do cadastramento
ou da atualização cadastral.
Primeira barreira a ser vencida, seja na lavratura de uma escritura, seja num registro em
Matrícula existente ou na abertura de nova, ou mesmo numa averbação, a apresentação
obrigatória do Certificado de Cadastro do Imóvel Rural – CCIR.
Os dados constantes do CCIR são unicamente cadastrais, não fazem prova de propriedade
ou de direitos a ela relativos. (lei 5.868/1972 –artigo 3o )
Exigência legal:
Para que o CCIR seja emitido, o cadastro do imóvel rural deverá estar atualizado.
46
NORMAS GERAIS│UNIDADE II
União Federal foi a “Semana da Terra” ao final de 1965, que deu origem às primeiras
Unidades Municipais de Cadastramento – UMC. Tivemos recadastramentos gerais em
1972 e 1978, posteriormente, o que se denominou ATUALIZAÇÃO em 1982 – DA/82, e
o último recadastramento geral em 1992.
Em 1999, diante das inconsistências apuradas em relação à origem e sequência dos títulos
de propriedade e à dimensão dos imóveis, adveio a Portaria 558, de 15 de dezembro
de 1999, cancelando do SNCR todos os imóveis submetidos ao chamamento de 1997,
tornando insubsistentes os Certificados de Cadastro de Imóvel Rural, respectivos.
Em 2002, foram aprovados novos atos normativos sobre a coleta e o processamento dos
dados relativos à Declaração para Cadastro de Imóvel Rural que compõem o Sistema. O
antigo formulário, mais conhecido como DP passou a contemplar de forma autônoma:
»» Dados sobre a Estrutura e Dados sobre o Uso, sendo este último exigível
somente para os imóveis com área superior a 04(quatro) Módulos Fiscais
do Município em que se localiza o imóvel.
Módulo Fiscal - MF
O Módulo Fiscal -MF é dimensionado em hectares definido por Município, cuja tabela
está anexa à Instrução Especial INCRA no 20, de 1980. Os municípios que foram criados
após 1980 tiveram a dimensão do seu módulo fiscal fixado por outros atos normativos
na medida de sua criação.
Módulo Rural - MR
O Módulo Rural ou Módulo Regional é a área máxima de um imóvel fixada para cada
região e tipo de exploração, como a dimensão ideal do imóvel rural de forma que garanta
a subsistência e o progresso econômico social do agricultor e sua família, absorvendo a
força de trabalho familiar podendo eventualmente contar com a ajuda de terceiros, nos
termos do Estatuto da Terra.
Estatuto da Terra -ET- Lei no 4.504, de 30 de Novembro de 1964: Art. 4º Para os efeitos
desta Lei, definem-se:
Essa unidade de medida é fixada com base nos critérios determinados pelo artigo 11 do
Decreto no 55.891, de 31 de março de 1965:
O Módulo Rural tem como variantes não só a localização do imóvel, mas também o tipo
predominante de exploração desenvolvido na região (cultura temporária, permanente,
florestal, pecuária, hortigranjeira).
48
NORMAS GERAIS│UNIDADE II
A questão divisibilidade do imóvel rural foi regrada inicialmente pelo artigo 8o da Lei no
5. 868, DE 12 DE DEZEMBRO DE 1972.
49
UNIDADE II │NORMAS GERAIS
50
NORMAS GERAIS│UNIDADE II
Portanto, para alienação a qualquer título de parte de um imóvel rural, tanto a parte
alienada como a remanescente, deverá ter, no mínimo, a área da FMP. Para alienações
abaixo da Fração Mínima de Parcelamento, no caso de destinação diversa da atividade
rural a matéria está regulamentada pelo Decreto 62.504/1968 e necessita da autorização
expressa do INCRA a partir de procedimento administrativo formal. Lembrando que a
autorização do INCRA deverá constar do texto da Escritura Pública.
»» Desmembramentos
Reiterando a posição do Dr. Hélio Lobo Junior, temos outro Parecer mais recente de
outro Juiz Auxiliar da Corregedoria – Dr. Vicente de Abreu Amadei com a seguinte
ementa:
51
UNIDADE II │NORMAS GERAIS
52
NORMAS UNIDADE III
ESPECÍFICAS
CAPÍTULO 1
3a Norma Técnica de
Georreferenciamento de imóveis rurais
53
UNIDADE III │NORMAS ESPECÍFICAS
»» Posicionamento relativo.
»» NAVSTAR-GPS
»» GLONASS
»» GALILEU COMPAS/BEIDOU
54
NORMAS ESPECÍFICAS│ UNIDADE III
A 3a edição da NTGIR define alguns padrões de precisão com os tipos de limites, são
eles:
55
Para (não) Finalizar
56
Referencias
57
REFERÊNCIAS
GOMES, Orlando. Direitos reais. 19. ed. Atualizada por Luiz Edson Fachin. Rio de
Janeiro: Forense, 2007.
LEICK, A. GPS Satellite Surveying. 3. ed., New York: John Wiley & Sons, Inc, 2004.
58
REFERÊNCIAS
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil: direitos reais. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
59