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Prática Jurídica Civil

e Empresarial II
Introdução à Prática Recursal e Recurso de Apelação

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Me. Wellington Ferreira de Amorim

Revisão Textual:
Prof.ª Esp. Adrielly Camila de Oliveira Rodrigues Vital

Revisor Técnico:
Prof. Dr. Reinaldo Zychan
Introdução à Prática Recursal
e Recurso de Apelação

• Introdução às Peças Recursais;


• Recursos.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Propiciar a condição de identificar a peça recursal adequada a cada decisão judicial, inter-
pretando os enunciados dos problemas que trarão situações que exijam o uso da legislação,
da jurisprudência e da doutrina.
UNIDADE Introdução à Prática Recursal e Recurso de Apelação

Introdução às Peças Recursais


Recursos, para que servem? Quando interpor? O juiz se sente ofendido com um recurso?
A prática recursal visa à manifestação do inconformismo de uma parte em um processo
judicial, devendo ser interposto sempre que uma decisão judicial gerar um inconformismo
e acarretar um prejuízo à parte. Na vida real, os juízes entendem que a interposição dos
recursos é a manifestação do direito que a parte tem em ver o seu processo reexaminado
por um colegiado (Tribunal).

Figura 1 – Atuação de uma advogada no Tribunal


Fonte: Getty Images

Eu sei que você está ansioso para iniciar as suas peças recursais e eu também
estou para tratar do assunto com você, mas vamos com calma, pois construiremos
aqui um suporte técnico de sustentação da sua autonomia escrita. Você deve estar se
perguntando: “Como assim?”. Não seja incrédulo, eu confio em você!

Mas, seria o motivo para essa conversa logo na minha primeira aula de Prática
Jurídica Civil e Empresarial II? Já tive prática I. Certo, é que a minha experiência
como docente em disciplinas de prática jurídica me revela alguns pontos apresentados
pelos alunos nas primeiras aulas e que iremos apontá-los aqui e, com a conseguinte
exposição de alternativas. Que pontos seriam esses? Anota aí:
• “Não sei por onde começar”;
• “Não sei fazer peça jurídica”;
• “Eu copio modelos de colegas ou da internet”;
• “Não consigo pegar uma folha em branco e desenvolver a minha peça”;
• “Sem modelo não sai nada”;
• “Não consigo identificar a peça”;
• “Eu até identifico a peça, mas não sei exatamente o que eu devo escrever ou
onde escrever”.

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Creio que seja melhor parar por aqui.
Se você se identificou em algum dos pontos acima mencionados, que são frases
que eu já escutei de muitos alunos, saiba que você não é um caso perdido. O seu
problema tem solução. Mas, para que a solução produza efeitos na sua escrita, basta
que você desenvolva as estratégias que vamos estudar.
Analisando as queixas em geral, podemos mapear as dificuldades e colocá-las
em grupos distintos de alternativas para o desenvolvimento de sua escrita com
autonomia. Existem dificuldades técnico-jurídicas, que podem estar relacionadas
ao direito material, ao direito processual ou a ambos; redacionais, que estão rela-
cionadas à escrita; e as dificuldades argumentativas.
Eu tenho o hábito de afirmar que os nossos alunos não possuem dificuldades
técnico-jurídicas. E o que seria isso? Seria a dificuldade em fundamentar corre-
tamente uma peça processual. Se você está chegando a pensar que tem alguma
dificuldade nesta seara, posso lhe afirmar que este é um problema solucionável.
As dificuldades redacionais estão relacionadas a uma espécie de obstáculo criado
pelo aluno no sentido de que não sabe escrever, que a sua linguagem não é jurídica,
que não consegue desenvolver o texto, etc.
Já a dificuldade argumentativa diz respeito à concatenação das ideias, à organi-
zação lógica e coerente dos argumentos, com uma conclusão que conduza ao con-
vencimento de quem esteja lendo o seu texto, a sua peça processual.
Para você que pensa sofrer da primeira modalidade de dificuldade, a que deno-
mino técnico-jurídica, esclareço que você vencerá e superará este obstáculo com
a mudança de um hábito muito constante no tempo em que estamos vivendo, o
tempo da facilidade da informação na palma da mão. É comum vermos alunos que
não levam a legislação codificada impressa para as aulas, já que temos a facilidade
de instalar aplicativos em nossos celulares e demais equipamentos eletrônicos, o que
torna tudo muito mais prático.
Pois é. O problema é que você não poderá se utilizar de equipamentos eletrônicos
durante um Exame de Ordem, durante um concurso público ou de uma avaliação do
Enade, por exemplo, ao menos até este momento.
O que está faltando a você é criar o hábito de buscar, percorrer, perquirir no ín-
dice alfabético remissivo. Já ouviu falar nisto? Índice o quê? Alfabético remissivo.
Comece a partir de agora a fazer pesquisas sobre assuntos diversos do direito no
índice alfabético remissivo que, geralmente, fica na parte final das codificações, de
acordo com a organização feita por cada editora.
Eu tenho a certeza de que o conhecimento você tem. Afinal, você chegou ao
oitavo semestre do curso de Direito e muito estudou para chegar até aqui. Você
recebeu muitas informações valiosas e que estão armazenadas no seu processador
(cérebro). Agora, você precisa exercitar. A busca no índice é um exercício excelente
para conhecer mais sobre o Direito e assuntos de seu interesse, aprimorando cada
vez mais o seu conhecimento.

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UNIDADE Introdução à Prática Recursal e Recurso de Apelação

Aliás, a leitura constante da legislação é tarefa indispensável para todo estudante


de Direito. Você sabia que grande parte das questões da primeira fase da OAB é
extraída do texto legal? Pois é. Se você estiver habituado a ler a legislação (Código
Civil, Constituição Federal, Código de Processo Civil, Código Penal, etc), certamente,
você terá mais facilidade para superar a primeira fase do Exame de Ordem e, por
consequência, a segunda também.

A questão da redação passa pelo aprimoramento do estudo da língua portuguesa.


Sabemos que muitas vezes carregamos dificuldades do ensino de base. O mais impor-
tante é ter a humildade para assimilá-las e buscar um aprimoramento, ainda mais com
a facilidade que temos hoje com a quantidade de aulas e cursos gratuitos de qualidade
disponíveis na internet. Outrossim, é sempre bom valer-se de uma boa obra de gra-
mática para aprimorar a escrita.

Escreve bem quem lê bem. O que isto significa? Ler bem seria ler bastante?
Não necessariamente. A leitura faz parte do processo de aprendizado e requer a
utilização de estratégias. Existem várias estratégias de leitura que auxiliam a com-
preensão e retenção da informação e não estou falando aqui da famosa “decoreba”.
Você deve identificar o gênero textual, ou seja, identificar o tipo de texto que está
lendo para que o seu cérebro se projete para esperar aquele tipo de informação
transmitida por aquele texto; mapear as palavras-chave do texto; buscar as ideias
centrais; formular perguntas sobre o texto lido, de modo que as respostas sejam o
suporte para uma compreensão mais ampla, ainda que isto exija que você busque
outra fonte de pesquisa para sanar as dúvidas.

O gênero textual é de suma importância para a sua boa escrita, por exemplo: se
a sua peça processual pertence ao gênero textual “petição inicial”, espera-se que, ao
final da peça, você requeira a procedência do pedido e não a improcedência, que
seria o requerimento final da peça pertencente ao gênero textual “contestação”.

No desenvolvimento da escrita, podemos dizer que o texto jurídico é produzido


por uma sequência de parágrafos na articulação dos fatos, na fundamentação e na
pretensão (conclusão). São sequências mesmo. À luz da linguística textual, podemos
identificar a presença das sequências narrativas e argumentativas no texto jurí-
dico processual.

Ademais, para que o texto jurídico esteja em uma linguagem aceitável pelo meio
jurídico, é imprescindível que, além do viés argumentativo, tenha um viés descritivo.
Podemos exemplificar com a petição inicial, que pode ser considerada “inepta” quando
da narração dos fatos não decorrer logicamente à conclusão.

As sequências descritivas correspondem à narração cronológica e organizada dos


fatos na petição, enquanto que as sequências argumentativas correspondem à exposição
da fundamentação, com a articulação de premissas que relacionam os fatos anteriores
com o Direito e que servirão de base para a conclusão (pedido final da peça).

Para que o escrito jurídico se apresente adequado, necessário se faz, como em


qualquer outro texto, o desenvolvimento de um plano de texto, conforme se verifica
nas lições de Marquesi (2014), que enfatiza tal importância como um dos pontos

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mais importantes para unificar a estrutura composicional, ocupando papel funda-
mental na composição macrotextual do sentido.

Partindo para a questão das dificuldades argumentativas, podemos afirmar que


argumentar implica a intenção em fazer com que o interlocutor, por meio de um
discurso falado ou escrito, aceite, compactue, acredite na ideia do locutor. No caso
de uma petição, queremos conduzir o seu destinatário, o juiz, a chegar à mesma
conclusão ali constante. É preciso esforço argumentativo e retórico.

Adam (2011) explica que a sequência argumentativa tem o mérito de pôr em evi-
dência dois momentos: demonstrar-justificar uma tese e refutar certos argumentos
de uma tese adversa.

Aliás, o esquema 21 de Adam (2011) é muito oportuno para o esclarecimento dos


procedimentos argumentativos que se intercalam entre as premissas e que servirão
de base para a construção da sequência argumentativa.

Dados Asserção
(Premissas) Conclusiva
Fato(s) (C)

Apoio

Figura 2 – Esquema 21 de Adam


Fonte: Adaptado de ADAM, 2011

No esquema acima de Adam é possível aplicarmos como na estrutura do nosso


plano de texto para a elaboração de qualquer peça processual, passando da descrição
dos fatos à argumentação que servirá de apoio à conclusão, visando a criação de uma
argumentação persuasiva.

Adam (2019) explica a sequência argumentativa


fazendo menção ao pensamento lógico estrutura-
do de Aristóteles, no caso, o silogismo, para de-
monstrar que a falta de uma das premissas podem
retirar o caráter argumentativo de uma sequência
textual, tornando-a meramente descritiva, já que
um discurso argumentativo visa intervir sobre as
opiniões, atitudes ou comportamentos de um in-
terlocutor, no seu caso, do examinador da OAB e,
em breve, do juiz.

Ainda nessa toada lógica que deve compor um


texto argumentativo, especialmente um escrito jurí-
dico, é perceptível que o modelo estrutural de uma
peça processual exige a presença dos três elemen-
tos que compõem um silogismo: a premissa maior, Figura 3 – Aristóteles
a premissa menor e a conclusão. Fonte: Wikimedia Commons

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Podemos afirmar que os elementos mínimos estruturais do texto jurídico estão


para o silogismo da seguinte forma: premissa maior (lei); premissa menor (fato espe-
cífico) e a conclusão (que é o resultado da subsunção entre as duas). Assim, podemos
exemplificar da seguinte maneira:

Tabela 1 – Esquema dos Três Pilares das Peças Processuais


Gênero Alementos constitutivos do texto jurídico
Textual Premissa Menor Premissa Maior Conclusão
Sentença Relatório Fundamentação Dispositivo
Acordão Relatório Fundamentação Dispositivo
Pedido
Petição inicial Fatos (antítese) Fundamentações legais
(requerimento/pretensão)
Conclusão (pretensão
Contestação Fatos (antítese) Fundamentações legais
de rejeição do pedido)
Razões para a Pedido de reforma
Fundamentos de
Recurso reforma ou anulação ou anulação da
fato e de direito
da decisão judicial decisão judicial

Marquesi (2014) analisa os elementos que compõem uma sentença explicando


que em cada uma dessas partes, as sequências descritivas têm papel fundamental,
contribuindo essencialmente para a construção da decisão do juiz, entendimento
esse aplicável e extensível aos demais gêneros textuais dos escritos jurídicos. Na ela-
boração de um recurso, utilizaremos do mesmo processo para sustentar o pedido de
reforma ou de anulação da decisão.

Na elaboração de todas as peças processuais temos a incidência importante


das sequências descritivas que, com maior frequência, ficam situadas na premissa
menor, de acordo com cada gênero, com a aplicação de uma sequência argumenta-
tiva na premissa maior e na conclusão, já que a conclusão é parte integrante de uma
sequência argumentativa.

Um recurso importante é a simplicidade na escrita. Aquele velho provérbio é


adequado à redação de peças: “o menos é mais”. Não queira dizer, diga. Uma peça
processual é o instrumento de comunicação entre o jurisdicionado e o juiz; e não
um conto, um drama, uma fábula, um suspense, etc. Seja claro e objetivo. O uso da
linguagem direta é o melhor caminho para o seu desenvolvimento.

E as palavras difíceis? Sofisticadas? Como eu já disse, o menos é mais. O seu


vocabulário deve estar sempre aberto à introdução de novas palavras e o seu texto
reproduzirá naturalmente tais novidades. A redação deve ser sutil, natural e compre-
ensível por qualquer pessoa, não só pelo juiz, que é o destinatário da peça. Se uma
pessoa que saiba ler razoavelmente e que não seja da área do Direito compreender
o seu texto e a sua peça, podemos afirmar que o seu texto atinge a finalidade para
a qual foi criado.

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Em Síntese
Vamos trabalhar firme para superarmos as dificuldades, criando o hábito de realizar
constantes pesquisas nos índices alfabéticos remissivos das legislações, mapeando o
texto lido, buscando as ideais centrais, palavras-chave e levantamento de questões,
além de desenvolver a sua redação de forma simplificada, ordenada, com começo, meio
e fim, guardando a coerência lógica argumentativa na elaboração da sua peça processu-
al recursal, o que trará maior poder persuasivo, clareza e coerência ao texto.

Recursos
Este material é destinado ao estudo da prática jurídica, baseado na experiência
forense, na doutrina e na jurisprudência.
Continuaremos o estudo da prática iniciado no semestre passado, ocasião em que
você estudou peças práticas destinadas ao processo de conhecimento.
Nesta disciplina, conforme consta do plano de ensino, estudaremos as peças pro-
cessuais recursais, de forma simples, direta e prática. É sabido que você já estudou o
direito processual civil e o objetivo aqui não é o de repetirmos o conteúdo já estudado.
Todavia, estrategicamente, pontuaremos alguns conceitos como uma espécie de reto-
mada, que servirão de alicerce ao estudo prático.
Iniciamos, assim, definindo recurso como a peça processual pela qual a parte
demonstra seu inconformismo contra determinada decisão judicial, visando a sua
modificação, que poderá se dar pela anulação (error in procedendo) ou pela reforma
(error in iudicando).
Dizemos que a decisão judicial padece de error in procedendo quando existem
vícios ou erros formais, que estão ligados a questões de natureza processual, como
a violação ao direito constitucional à ampla defesa, por exemplo, o que gera uma
nulidade. Assim, o error in procedendo diz respeito ao procedimento (forma) ado-
tado na decisão recorrida.
Por outro lado, o chamado error in iudicando se verifica quando a decisão recorrida
não deu a melhor interpretação à legislação, ou até violou alguma norma jurídica.
Por este motivo é que o erro está no julgamento, na decisão material.
Espero que as retomadas anteriores já comecem a despertar o universo que envolve
a teoria geral dos recursos e os recursos em espécie que você já estudou.
Vamos em frente, ainda em caráter de retomada, de acordo com o artigo 203 do
Código de Processo Civil. É importante relembrarmos que o juiz pode praticar os
seguintes atos: sentenças, decisões interlocutórias e despachos. Contra despachos
não cabe recursos, conforme artigo 1001 do CPC.

Assim, sabendo que contra despachos não cabe recurso, a preocupação fica con-
centrada nos outros dois atos praticados pelos juízes.

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UNIDADE Introdução à Prática Recursal e Recurso de Apelação

Você se lembra dos princípios que norteiam os recursos? Se não se lembra, retomaremos
brevemente, são eles:
• taxatividade: os recursos estão previstos em um rol taxativo no artigo 994 do CPC;
• unirrecorribilidade: cada decisão judicial desafia um tipo de recurso, exceto no caso
dos recursos especial e extraordinário, que devem ser interpostos simultaneamente,
conforme verificaremos na unidade III;
• proibição do “reformatio in pejus”: o resultado decorrente do julgamento do recurso
não poderá piorar a situação do recorrente, exceto em caso de matéria de ordem pública,
que pode ser conhecida de ofício (independentemente de provocação) pelo Tribunal;
• fungibilidade: é o princípio que autoriza o recebimento de um recurso por outro,
quando houver dúvida razoável, ou seja, só se admite um recurso no lugar de outro se
não houver erro grosseiro ou má-fé.

Para a interposição de recursos é importante que sejam observados os pressupostos


de admissibilidade. Os pressupostos são denominados: subjetivos e objetivos. Os subje-
tivos estão relacionados à pessoa do recorrente, já os objetivos estão ligados ao recurso.
Os pressupostos subjetivos são dois:
• Legitimidade: de acordo com o artigo 996 do Código de Processo Civil, tem
legitimidade para recorrer as partes, o Ministério Público, o terceiro interveniente
e o terceiro prejudicado;
• Interesse: tem interesse para recorrer a parte sucumbente, ou seja, o vencido,
ainda que de forma parcial.

Uma forma simplificada para que você memorize esses pressupostos subjetivos
é atrelando o prefixo da “sub” (subjetivo) ao sujeito, o que lhe remeterá à ideia de
legitimidade e interesse, que são inerentes ao sujeito.

Já os pressupostos objetivos são:


• Tempestividade: os recursos devem ser interpostos no prazo legal. Em regra, o
prazo dos recursos no processo civil é de 15 dias, conforme o Artigo 1003 do
CPC, exceto os embargos de declaração, cujo prazo para oposição é de 5 dias
(Art. 1023, CPC);
• Cabimento (adequação ou singularidade): de acordo com o princípio da unir-
recorribilidade das decisões, cada decisão desafia apenas um tipo de recurso,
lembrando da exceção em relação aos recursos especial e extraordinário, que é
feita simultaneamente, mas o julgamento é feito, em primeiro lugar, do Recurso
Especial e, caso seja negado provimento, será julgado o Recurso Extraordinário;
• Preparo: trata-se do pagamento efetuado pelo vencido a título de despesas pro-
cessuais para que o Tribunal processe o recurso. Nos embargos de declaração e no
agravo retido não há preparo. O preparo é regulado por lei estadual. No Estado de
São Paulo, o valor do preparo na apelação corresponde a 4% do valor da causa atu-
alizado; do agravo de instrumento corresponde a 10 UFESPs. Nos recursos inter-
postos pelo Ministério Público, Fazenda Nacional, Estadual ou Municipal, autarquias
e beneficiários da assistência judiciária, não se exige preparo, conforme prevê o

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artigo 1007, § 1º, do Código de Processo. O preparo é dividido entre despesas e
custas com o traslado do processo, essas denominadas porte de remessa e de retor-
no (apelação) e apenas porte de retorno (no agravo de instrumento – apenas para
os Tribunais cujo processamento do agravo é feito de forma física).

Recurso Adesivo
Essa modalidade recursal é cabível quando as duas partes forem sucumbentes.
Não se lembra mais? Vamos citar um exemplo que, certamente, fará você recordar.
Se o autor teve a procedência parcial do seu pedido e decidiu não recorrer, mas, em
razão de recurso interposto pelo réu, poderá apresentar contrarrazões e também o
recurso adesivo para que sejam processados simultaneamente e julgados conjunta-
mente. Quer dizer, já que vou precisar esperar pelo julgamento do recurso do réu,
então vou recorrer também, assim, fico esperando por um julgamento que poderá
melhorar a minha situação no processo.
O recurso adesivo é acessório, logo, segue o recurso principal. Caso haja desis-
tência ou não conhecimento do recurso principal, o recurso adesivo não será conhe-
cido, conforme preconiza o Artigo 997 do Código de Processo Civil.

Recurso de Apelação
O recurso de apelação é aquele recurso por natureza, é o meio pelo qual se recorre
contra uma sentença.
Para sistematizar de forma mais clara, apresentamos a tabela abaixo:
Tabela 2 – Fundamentos da apelação
Apelação
Cabimento Sentenças – Artigo 1.009, CPC
Requisitos do recurso Observar o rol – Artigo 1.010, CPC
Endereçamento Juízo que proferiu a sentença – Artigo 1.010, CPC, caput, CPC
Formatação da peça Peça de interposição (Juiz) e peça de razões (Tribunal)
Efeitos Duplo efeito – regra geral – Artigo 1.012, CPC

Conforme podemos observar da tabela acima, o recurso de apelação é cabível


apenas contra sentenças, conforme estabelece o Artigo 1.009 do Código de Processo
Civil, com a observância dos requisitos previstos no Artigo 1.010, do mesmo código.
Aquela dúvida que aparece quando você vai endereçar a sua peça fica superada
com uma simples análise do texto legal, pois o caput do Artigo 1.010 do Código de
Processo Civil determina que o recurso deva ser endereçado ao juízo que proferiu a
sentença, que você passará a chamá-lo de Juízo “a quo” em suas razões recursais.
Ora, mas o recurso não é destinado ao Tribunal? Devo endereçá-lo mesmo ao
Juízo? Juízo ou Juiz?
Vamos por partes. A interposição é feita em 1ª Instância, portanto, para o Juízo que
proferiu a sentença. Mas, Juízo ou Juiz? Aprenda desde já que devemos agir com impes-
soalidade em nossos escritos jurídicos, especialmente aqueles que vão para o processo.

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Primeiramente, nunca perca de vista que o recurso é contra a decisão e não contra
quem a proferiu. Em segundo lugar, a pessoa física do juiz ou da juíza que tenha exer-
cido o trabalho de aplicar o direito em um processo não o vincula pessoalmente, já
que eles exercem uma função pública, representando o Poder Judiciário. Ademais, é
muito provável que aquele(a) juiz(a) não esteja naquela mesma atribuição, ou seja, na
mesma Vara Judicial, por ocasião do julgamento do recurso de apelação, dependendo
da Comarca em que foi proferida a decisão.
Assim, pouco importa quem é o juiz ou a juíza que esteja lotado naquela respectiva
Vara, uma vez que a decisão que será proferida pelo Tribunal substituirá a anterior e
prevalecerá sobre a sentença, devendo ser cumprida por qualquer juiz ou juíza que
esteja atuando naquela Vara.
Então, Juízo. Juízo “a quo”, melhor dizendo. “A quo”, você deve estar se pergun-
tando ou me perguntando. Sim.
Conforme ensina o Silvio Teixeira Moreira, conforme coluna publicada no infor-
mativo “Migalhas”, em 2012:
Ao pé da letra, a quo significa “do qual”, “desde o qual”, sabido que “a” é
uma preposição que rege o “ablativo” e significa “de”, “desde”, “a partir de”.
Semelhante ao “from” da língua inglesa. E quo é o ablativo (masculino
ou neutro) dos pronomes relativos qui (masc.) e quod (neutro), com o
significado de “o qual” (masculino e neutro), cujo feminino é quae = “a
qual” [...]. (MOREIRA, 2012)

Pois é, “a quo” é o juízo anterior. Aliás, por se referir ao anterior ou inicial, empre-
gamos a expressão “a quo” sempre que indicamos ao inicial ou anterior, como o termo
(prazo): termo “a quo”, prazo inicial.
Mas muito bem, você deve estar ansioso para começar a redigir a sua peça pro-
cessual, eu tenho certeza. Mas as etapas pelas quais estamos passando lhes dará
subsídio para o momento da escrita.
Bom, como já falamos antes, para o oferecimento do recurso de apelação você de-
verá elaborar duas peças: a de interposição e a das razões. Na peça de interposição, o
endereçamento será feito ao juízo que proferiu a sentença (Juízo “a quo”), contendo a
qualificação completa das partes (art. 1010, I, CPC), com requerimento da juntada das
razões do recurso de apelação, da juntada do preparo, bem como do recebimento do
recurso nos efeitos legais (art. 1012, CPC). Por outro lado, as razões de apelação são
endereçadas ao Tribunal “ad quem” (Tribunal de Justiça/Tribunal Regional Federal).

Importante!
O Artigo 1.012 do Código de Processo Civil prevê como regra o recebimento da apelação no du-
plo efeito, ou seja, devolutivo e suspensivo. No efeito devolutivo, temos a devolução da maté-
ria recorrida ao Tribunal, ou seja, via de regra, o Tribunal conhecerá apenas das matérias objeto
do inconformismo (Art. 1013, CPC). Excepcionalmente, poderá o Tribunal conhecer de ofício
de matérias não suscitadas nas razões de apelação que versarem sobre questões preliminares
e as de ordem pública, conforme Artigos 485, § 3º e 337, ambos do Código de Processo Civil.

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Em Síntese
O efeito suspensivo é aquele que suspende a eficácia imediata da decisão recorrida, ou
seja, da sentença.
Como regra, a apelação sempre será recebida no duplo efeito, devolutivo e suspensivo,
nos termos do caput do Artigo 1012 do Código de Processo Civil.
Existem exceções ao efeito suspensivo? Sim, existem exceções previstas em lei,
por exemplo: os incisos do Artigo 1.012 CPC e alguns dispositivos de leis especiais,
como o Artigo 58, V, da Lei 8245/91 (Lei de Locações); o Artigo 14 da Lei 7347/85 –
ACP; Artigo 3º, § 5º, do Dec.-Lei 911/69, dentre muitas outras hipóteses previstas
em outras leis).

Juízo de retratação, o que é?


Juízo de retratação é a possibilidade que o juízo que proferiu a decisão tem de modificá-la,
ou seja, o mesmo juízo “volta atrás” da decisão que proferiu e a modifica, mas é algo
excepcional. No caso da sentença, uma vez proferida, o juiz só poderá modificá-la para
corrigir erros de cálculo, inexatidões materiais ou por meio de embargos de declaração,
conforme dispõe o Artigo 494 do Código de Processo Civil.

No caso da apelação, o juízo de retratação poderá ocorrer na hipótese de sua


interposição contra sentença que julgou improcedente liminarmente o pedido, con-
forme autoriza o Artigo 332, § 3º, do Código de Processo Civil.

Na peça de interposição, você deve requerer a intimação da parte contrária para,


querendo, apresentar suas contrarrazões ao recurso de apelação. Assim, como o
recurso é interposto em 1ª Instância, a resposta também deve ser ofertada perante
o mesmo Juízo “a quo”.

Ainda na peça de interposição, não se esqueça de requerer a juntada das guias de


preparo, porte de remessa e de retorno. Lembrando que, para os processos digitais,
não se cobra mais o porte de remessa e de retorno, já que o envio dos autos proces-
suais é feito por transmissão eletrônica.

Não é demais lembrá-los de que o prazo para a interposição do recurso de ape-


lação é de 15 (quinze) dias, pois você poderá ser cobrado por este conhecimento por
ocasião da elaboração de uma peça processual. Existem casos hipotéticos, inclusive
aplicados no Exame da OAB, que informam a data da disponibilização da sentença
e pedem para que o candidato informe a data final (termo “ad quem”) do prazo para
a sua interposição. Neste caso, é só contar os 15 (quinze) dias.

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UNIDADE Introdução à Prática Recursal e Recurso de Apelação

Importante!
Lembre-se das seguintes regras para a contagem do prazo:
• os prazos são contados a partir da data da publicação e não da disponibilização1;
• exclua o dia do início (a data da publicação) e comece a contar a partir do dia útil
seguinte, por exemplo: a sentença foi publicada no dia 01, uma segunda-feira.
Começarei a contar a partir do dia 02, terça-feira (se for dia útil);
• os prazos são contados apenas em dias úteis;
• o dia do termo final é considerado como “prazo fatal”.

Agora que você já sabe o que deve conter na petição de interposição do recurso
de apelação (endereçamento ao juízo que proferiu a sentença; número do processo;
qualificação das partes; indicação da ação; requerimento de juntada das razões anexas;
requerimento de intimação da parte contrária para resposta; requerimento de juntada do
preparo, porte de remessa e de retorno; requerimento de recebimento nos efeitos legais;
requerimento de remessa dos autos ao Tribunal competente), passaremos a analisar a
segunda peça, que acompanha a peça de interposição: a peça das razões de apelação.

Razões da Apelação
A sua peça deve se enquadrar no padrão estético usual no meio jurídico, para que
você consiga preencher os requisitos esperados por seu examinador e para que a sua
peça cause um impacto positivo.
Geralmente, é feito um introito, uma espécie de cabeçalho, mas não precisa dizer
como está o tempo (“o dia está nublado”). Brincadeiras à parte, já que superamos
essa etapa gostosa da vida, mas sempre que falamos em cabeçalho é impossível não
se lembrar disso, voltemos ao introito.
É costumeiro intitular a peça de forma destacada denominando-a como “Razões
de Apelação”, seguindo com as seguintes informações sobre o processo: Tribunal “ad
quem”; Juízo “a quo”; nome do apelante; nome do apelado; número do processo.
Após o introito, é usual o emprego de homenagens ao Tribunal, à Câmara julga-
dora e aos Desembargadores que farão parte do julgamento.
Se eu não fizer, está errado? Veja bem, isto não consta do Código de Processo
Civil como requisito, mas, por outro lado, consta da praxe jurídica, demonstrando
urbanidade e simpatia para com os membros do Poder Judiciário.
Então, se eu não fizer as tais homenagens eu posso não ganhar o meu recurso quando
estiver advogando? Não foi isso o que eu disse. Mas, urbanidade e simpatia sempre
caem bem. Pois o inverso é verdadeiro. Você pode render as homenagens e perder o
seu recurso. Se isto garantisse o resultado, a maioria dos recursos teria o empate como
desfecho, já que tanto o recorrente, quanto o recorrido se utilizam desta prática.

1
Disponibilização é uma antecipação da publicação. Imagine que o cartório judicial disponibiliza no DJE-Diário de Jus-
tiça Eletrônico o que será publicado no dia seguinte. Assim, a disponibilização de hoje deverá ser considerada como
publicada no dia útil seguinte. Se amanhã não for feriado, sábado ou domingo, considero como data da publicação a
de amanhã. Por outro lado, se amanhã não for dia útil, considero como data da publicação o do primeiro dia útil.

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Pensando no seu momento enquanto aluno e, em breve, candidato ao Exame de
Ordem, saiba que estética da peça processual conta, podendo causar empatia ou
antipatia pelo examinador. Ainda bem que eu falei sobre isso, me recordei de men-
cionar que a letra legível é outro fator determinante ao seu sucesso. Não pense que
o examinador se esforçará para entender a sua letra, porque isto não vai acontecer.
Muito bem, ultrapassamos a fase do introito e das homenagens e agora vamos
analisar a estrutura das razões de apelação.
Vou lhe contar um segredo: no seu Código de Processo Civil tem os tópicos que
devem ser criados e desenvolvidos em sua peça recursal de apelação. Não acredita?
Eu vou lhe provar.
Dê uma olhada no Artigo 1.010 do Código de Processo Civil e você verá a estru-
tura da sua peça das razões de apelação, conforme transcrevo:
Art. 1.010. A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo de pri-
meiro grau, conterá:
I – os nomes e a qualificação das partes;
II – a exposição do fato e do direito;
III – as razões do pedido de reforma ou de decretação de nulidade;
IV – o pedido de nova decisão.

Você viu que eu não estava brincando. O caput e o inciso I, do Artigo 1.010 do Código
de Processo Civil são utilizados na peça de interposição, conforme já mencionamos.
Legal! Sobraram três incisos que irão guiá-lo para elaboração da sua peça. Na verdade,
são os tópicos que você utilizará para desenvolver a peça.

Criando o tópico (o título) a ser desenvolvido, a sequência se torna natural.


Posso afirmar que este esquema de estruturar a peça está presente em nosso
Código de Processo Civil para praticamente todas as peças. Quer ver?
• Petição inicial: nos incisos do Artigo 319 do Código de Processo Civil;
• Contestação: Artigo 336 e nos incisos do Artigo 337, ambos do Código de
Processo Civil;
• Apelação: nos incisos do Artigo 1.010 do Código de Processo Civil;
• Agravo de Instrumento: nos incisos do Artigo 1.015 do Código de Processo Civil;
• Embargos de Declaração: Artigo 1.023 do Código de Processo Civil e
seus parágrafos;
• Recursos Especial e Extraordinário: incisos do Artigo 1.029 do Código de
Processo Civil.
Talvez, colocados assim dessa maneira ainda pareça algo distante de uma ideia de
aplicabilidade prática, mas eu tenho a certeza de que até o final desta unidade você
vai passar a enxergar tais dispositivos sob a ótica da prática jurídica.
Então, vamos ao Tribunal!

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UNIDADE Introdução à Prática Recursal e Recurso de Apelação

Figura 4 – Imagem alusiva ao Tribunal (Suprema Corte Americana)


Fonte: Getty Images

Agora que você já sabe que a estrutura básica da peça de apelação é composta pelo
introito, homenagens e os três tópicos que serão os alicerces da sua escrita, podemos
incluir mais uma situação. Quando houver questões de ordem pública ou questões preli-
minares a serem reiteradas, abra um tópico específico para as preliminares.
Preliminarmente, suscitar decisões interlocutórias que não foram agravadas por
não constar expressamente do rol do artigo 1015 do Código de Processo Civil, se o
problema assim o exigir.
Você deve estar pensando: “Legal, professor, está tudo muito bom, está tudo
muito bem. Mas como é que eu escrevo tudo isso na peça? Eu quero ação! Então,
tudo bem. Vamos lá!
No tópico destinado à exposição do fato e do direito, você deve narrar um breve
resumo da lide. Na realidade, o que você vai fazer é simplesmente reproduzir o pro-
blema proposto, o caso hipotético. “Professor, é sério? É só copiar?”. Sim, mas é
claro que você terá apenas o trabalho de organizar os parágrafos com as informações
existentes no problema. Não invente nada, ou seja, você não pode acrescentar nada
que não esteja descrito no problema. Até aqui está fácil.
No próximo tópico, o que trata das razões do pedido de reforma ou de decretação
de nulidade, você deverá atacar somente a decisão recorrida e não o juiz ou juízo,
apresentando o fundamento legal para o inconformismo. Abordarei mais no esque-
leto uma proposta para a peça que você verá na sequência.
Por fim, em relação ao pedido de nova decisão (pedido de reforma), este é o encer-
ramento, é a conclusão de todo o raciocínio da sua peça. Deverá descrever o que você
pretende com o recurso.
Já que estamos falando de uma apelação, você deverá requerer a reforma ou a
anulação da sentença. Quando é que eu requeiro a anulação e quando é o caso de
reforma? Veja bem, o pedido de reforma será feito sempre que no seu recurso você
argumentar que a decisão de mérito não está correta (a procedência ou a impro-
cedência), de acordo com a parte que você estiver representando. Por outro lado,
quando você estiver argumentando em sua apelação que há nulidade absoluta em
atos processuais, ou até na sentença, cerceamento ao direito à ampla defesa, enfim,
questões de ordem pública, você requererá a anulação da sentença.

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Como estamos chegando ao fim da unidade, faço aqui as minhas últimas obser-
vações antes da exposição da estrutura da apelação:
• Sempre que você estiver se referindo à sentença recorrida, é de boa prática que
coloque o adjetivo “respeitável”, ficando assim: “respeitável sentença”;
• Não abrevie nada;
• Não invente informações que não existem no processo;
Não fornecerei um modelo, mas sim uma estrutura, por entendermos que modelo
serve para engessar o aluno. Se o caso que você estiver estudando não se adequar ao mo-
delo, acaba-se criando uma “peça Frankenstein”, toda remendada, sem pé e nem cabeça.
Veja a seguir a nossa estrutura de apelação para orientá-lo na elaboração das suas
peças. Bons estudos!

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA __ª VARA


CÍVEL DO FORO __ DA COMARCA DE __
Obs.: o número da Vara, o nome do Foro e da Comarca devem ser extraídos do pro-
blema, você não pode inventar. E se o problema não trouxer essa informação? Deixe
genérico, da forma que eu fiz acima.
PROCESSO N.º __
Obs.: o número do processo também deve ser extraído do problema, você não pode
inventar. E se o problema não trouxer essa informação? Você também deixará a
informação de forma genérica, da forma que eu fiz acima.

NOME DO(A) APELANTE, nacionalidade, estado civil, profissão,


portador da cédula de identidade n. __, inscrito no Cadastro de Pessoas Físicas do
Ministério da Fazenda sob n. __, endereço eletrônico __, residente e domiciliado
à Rua ________________, n. __, Bairro, Cidade – UF, CEP ____-__ a qua-
lificação é obrigatória na apelação, se o problema não indicar os dados, faça
a qualificação genérica, conforme sugestão, nos autos da AÇÃO DE .... indicar o
nome da ação constante do problema que lhe move NOME DO(A) APELADO, nacio-
nalidade, estado civil, profissão, portador da cédula de identidade n. ________,
inscrito no Cadastro de Pessoas Físicas do Ministério da Fazenda sob n. __, ende-
reço eletrônico ..., residente e domiciliado à Rua ..., n. __, Bairro, Cidade – UF, CEP
____-__ a qualificação é obrigatória na apelação para as duas partes, reitero
as orientações anteriores, por seu advogado que esta subscreve, vem, respeitosa-
mente, à presença de Vossa Excelência, inconformado(a) com a respeitável sentença
de fls. ..., com fundamento no Artigo 1009 do Código de Processo Civil, interpor o
presente RECURSO DE APELAÇÃO, cujas razões seguem anexas.

Outrossim, requer-se o recebimento do presente recurso nos efeitos


devolutivo e suspensivo, com a devida intimação da parte contrária para, querendo,
apresentar suas contrarrazões.
A parte apelante esclarece que foi intimada da respeitável decisão
recorrida via Diário de Justiça Eletrônico (ou em audiência, conforme o problema)
em __/__/____, demonstrando que o presente recurso é tempestivo, já que in-
terposto dentro dos 15 dias.

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UNIDADE Introdução à Prática Recursal e Recurso de Apelação

Por fim, requer a juntada das guias destinadas ao preparo, porte de


remessa e de retorno, devidamente recolhidas, bem como a remessa dos autos ao
Egrégio Tribunal de Justiça (se o processo for da Justiça Federal, ao Egrégio Tri-
bunal Regional Federal da 00º Região).

Nestes Termos, Pede Deferimento.


Local e data.
(só coloque a data se o problema solicitar
que você indique o dia do prazo)|
NOME DO ADVOGADO(A)
OAB/UF Nº __

Essa é a peça de interposição. Nenhum segredo. Todas as informações que existem


no problema. Até agora, você não precisou pensar muito para escrever.
Vamos seguir com a análise das razões de apelação.

RAZÕES DE RECURSO DE APELAÇÃO

TRIBUNAL “AD QUEM”: EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE ...


MM. JUÍZO “A QUO” : JUÍZO DA ...ª VARA CÍVEL DO FORO ... DA COMARCA DE ... (repete
o endereçamento feito na peça de interposição)
PROCESSO ORIGEM N.º ...
Apelante: NOME DO(A) APELANTE
Apelado(a): NOME DO(A) APELADO(A)

EGRÉGIO TRIBUNAL!

COLENDA CÂMARA,
NOBRES JULGADORES!

I– A EXPOSIÇÃO DO FATO E DO DIREITO


O que é que você deve escrever aqui?
• Copiar o problema proposto, sem inventar nada sobre os fatos;
• Procure separar os assuntos e organizar os parágrafos;
• Parágrafos mais curtos diminuem as chances de erros e demonstram objetividade.

II – PRELIMINARMENTE
Lembrando de que este tópico só deve ser aberto se for o caso de se alegar alguma
questão preliminar ou de ordem pública, ou seja, nem sempre precisará abri-lo.
Acrescentar as preliminares que forem necessárias, de acordo com o problema:
• Decisões interlocutórias não sujeitas a agravo (Artigo 1009, § 1º, CPC);
• Questões prejudiciais ao mérito (art. 337, CPC).

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III– DAS RAZÕES DO PEDIDO DE REFORMA (OU DE DECRETAÇÃO DE NULIDADE)
Aqui você irá trabalhar as questões de mérito do recurso, que justificam o seu incon-
formismo e pedido de reforma da sentença.
A fundamentação sobre o mérito deve ser procurada no direito material (direito civil
e legislação extravagante).
Citar a legislação aplicável ao caso e, preferencialmente, evitar transcrições, pois o
seu trabalho é o de utilizar do fundamento legal, criando um raciocínio com o pro-
blema que está tratando. O direito servirá para fundamentar o seu argumento.
Para o desenvolvimento deste tópico, você deverá identificar:
• O ponto da sentença que é prejudicial ao seu cliente;
• O fundamento legal que justifica a reforma ou anulação da decisão (o motivo
pelo qual você afirmará que a decisão está errada);
• A conclusão deste raciocínio. Por exemplo:
A respeitável sentença recorrida julgou improcedente o pedido do apelante no
sentido de obrigar a parte apelada a cumprir obrigação de não concorrer em
razão do contrato de trespasse.
De acordo com o artigo 1147 do Código Civil, o alienante está proibido de concorrer com
o adquirente do estabelecimento empresarial, exceto se houver autorização expressa.
Assim, como não há autorização, é de rigor o cumprimento da obrigação de não
fazer, eis que está mais do que clara a prática da concorrência desleal.
O exemplo acima mostra uma situação em que supostamente eu coloquei uma
informação de um problema (a fundamentação da sentença), a previsão legal e a
conclusão. Não há necessidade de longas reproduções do texto legal, mas sim da
parte necessária à sua argumentação.
Havendo mais de um ponto a ser alegado, repita o processo. Onde eu encontro o
fundamento legal? No índice alfabético remissivo. Faça o teste agora. Procure em
seu Código as seguintes palavras: estabelecimento empresarial; trespasse; concor-
rência. Creio que encontrará o fundamento legal.
IV – DO PEDIDO DE NOVA DECISÃO
Conclusão do recurso
Pedir o recebimento ou o conhecimento do recurso (expressões sinônimas), que se re-
fere à análise formal dos pressupostos subjetivos e objetivos do recurso. Após o recebi-
mento (conhecimento) do recurso, você deverá requerer o provimento do recurso para
a finalidade de acolher a preliminar (se tiver) ou reformar a sentença, conforme o caso.
ANTE O EXPOSTO, requer a Vossas Excelências, o conhecimento do
presente Recurso de Apelação, bem como o seu provimento para o acolhimento
da(s) preliminar(es) (se houver) e, no mérito, caso superada(s) a(s) preliminar(es),
requer a reforma (ou anulação – conforme o caso) da respeitável sentença, para se
julgar totalmente (im)procedente o(s) pedido(s) (ou, para anulá-la) ..., com a inver-
são do ônus sucumbencial, como medida de JUSTIÇA!
Nestes Termos, Pede Deferimento.
Local e data.
NOME DO ADVOGADO(A)
OAB/UF Nº __

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UNIDADE Introdução à Prática Recursal e Recurso de Apelação

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Livros
Col. Prática Forense: Prática empresarial
ARAUJO, B. D. J. M. A. Col. Prática Forense: Prática empresarial. Vol 4. São
Paulo: Editora Saraiva, 2019.
Código de Processo Civil Comentado
NERY JR., N.; NERY, R. M. de A. Código de processo civil comentado. 17. ed.
São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2018.
Curso de Direito Processual Civil
HUMBERTO, T. J. Curso de direito processual civil. Vol. III. 52. ed. São Paulo:
Grupo GEN.

Vídeos
Redação Jurídica – Destravando a Escrita – Introdução
https://youtu.be/eXFk15-_t0E

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Referências
ADAM, J. M. A linguística textual: introdução à análise textual dos discursos. São
Paulo: Cortez, 2011.

_________. Textos: tipos e protótipos. São Paulo: Contexto, 2019.

BRASIL. Lei n. 10.406, 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário


Oficial da União, Brasília, DF, 11 jan. 2002. Disponível em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acesso em: 19/06/2020.

_________. Lei n. 13.105, 16 de março de 2015. Institui o Código de Processo


Civil. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 11 jan. 2002. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em:
19/06/2020.

BUENO, C. S. Novo código de processo civil anotado. São Paulo: Ed. Saraiva, 2016.

DONIZETTI, E. Novo código de processo civil comparado. São Paulo: Ed.


Atlas, 2015.

FREIRE, R. da C. L. Novo Código de Processo Civil – CPC para concursos:


doutrina, jurisprudência e questões de concurso. Coordenação Ricardo Didier. 6. ed.
versão ampliada e atualizada. Salvador: Juspodivm, 2016.

MOREIRA, S. T. Juiz a quo – juiz ad quem. Instância, como fica?. Disponível em:
<https://www.migalhas.com.br/coluna/latinorio/159769/juiz-a-quo-juiz-ad-quem-
-instancia-como-fica>. Acesso em: 18/06/2020.

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25
Prática Jurídica Civil
e Empresarial II
Embargos de Declaração e Agravo de Instrumento

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Me. Wellington Ferreira de Amorim

Revisão Textual:
Prof.ª Esp. Adrielly Camila de Oliveira Rodrigues Vital

Revisão Técnica:
Prof. Dr. Reinaldo Zychan
Embargos de Declaração
e Agravo de Instrumento

• Introdução ao Agravo de Instrumento;


• Embargos de Declaração.

OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Propiciar a condição de elaborar as peças processuais recursais de agravo de instrumento
e embargos de declaração, partindo da interpretação dos enunciados dos problemas, me-
diante o uso da legislação, da jurisprudência e da doutrina;
• Reforçar a importância de se criar estratégias para melhorar a escrita e obter segurança e
autonomia nesta atividade.
UNIDADE Embargos de Declaração e Agravo de Instrumento

Introdução ao Agravo de Instrumento


Espero que você esteja gostando desta disciplina prática e esteja aproveitando as
indicações feitas anteriormente para o desenvolvimento de sua autonomia escrita.
Não deixe de conferir o material complementar, que traz reforços importantes
sobre as informações que transmitimos no material escrito e no vídeo.
Agora que você está bom no recurso de apelação, vamos estudar as seguintes
peças processuais recursais: agravo de instrumento e embargos de declaração.
Abordaremos a técnica do contraditório neste material, que serve para qualquer
recurso, não só para os recursos que examinaremos nesta unidade.
Então, vamos lá!
Em termos de estrutura não há diferenças na estrutura da peça de interposição de
um recurso em relação à peça de resposta ao recurso. A diferença aparece em razão
do interesse que cada parte possui em relação ao recurso. O recorrente pretende mo-
dificar ou anular uma decisão, enquanto que o recorrido tem interesse que a decisão
seja mantida, logo, a sequência argumentativa e a conclusão serão distintas, respec-
tivamente, provimento e desprovimento.
Perceba que eu não mencionei nada a respeito da sequência descritiva. Isto se deu
em razão de sua utilização e incidência ocorrerem com maior frequência na parte
que relata os fatos, ou seja, na peça recursal, na exposição do fato e do direito.
Assim, nesta introdução, pensando na construção da contra-argumentação, mais
uma vez, nos socorreremos das lições de Adam (2011), que demonstra com clareza o
processo de construção argumentativa, ou melhor, contra-argumentativa, conforme
figura a seguir:

Tese + Dados Conclusão (C)


Anterior Fatos (F) Portanto, provavelmente (nova) tese
P. arg 0 P. arg 1 P. arg 3

Sustentação A menos que


P. arg 2 Restrição (R)
(Princípios Base) P. arg 4

Figura 1 – Esquema 22 de Adam


Fonte: Adaptado de ADAM, 2011, p. 256

Podemos explicá-lo da seguinte forma:


• Tese Anterior (P. arg 0): seriam os argumentos de fato e de direito expostos
pela parte recorrente, acompanhada do pedido. (representado por “P. arg 0” –
que significa premissa argumentativa);
• Dados – Fatos (F) (P. arg 1): seria a versão dos fatos pela parte recorrida,
exposta no item que trata da exposição do fato e do direito nas contrarrazões
(resposta ao recurso);

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• Sustentação (P. arg 2 – princípios base) e Restrição (R – P. arg 4): corres-
ponde ao desenvolvimento das razões do pedido de manutenção da decisão
recorrida, ou seja, a parte em que o aluno expõe a sua análise dos fundamentos
legais em relação aos fatos. Veja que não se trata de uma mera transcrição ou
reprodução dos dispositivos legais, mas sim do entrelaçamento entre a lei e os
fatos, na visão do recorrido, com a voz do recorrido;
A ideia de restrição (provavelmente) seria uma forma de solidificar a argumenta-
ção aventando uma hipótese além daquelas existentes nos autos, por exemplo:
Mário me processou requerendo uma indenização de R$1.000.000,00, alegando
que o chamei de “sem noção” em uma conversa entre amigos (isto seria a tese
anterior – P. arg 0). Na defesa, eu trago a minha versão dos fatos (F – P. arg 1)
dizendo, por exemplo, que eu não falei. Como sustentação (P arg 2), poderia ar-
gumentar que ainda que fosse verdade, isto não daria o direito de pedir qualquer
indenização, muito menos o valor pretendido, por não haver dano na conduta. A
restrição, “a menos que” (R – P. arg 4), entraria na composição da minha argu-
mentação levantando uma hipótese que não ocorreu, mas servindo apenas para
argumentação. Neste caso, poderia dizer que o pedido de indenização poderia
ocorrer se houvesse exposto o autor a alguma situação constrangedora ou com a
utilização de palavras ou atitudes que causassem abalo emocional, ou ainda, que
a situação ocorresse de forma pública, perante alguma comunidade ou evento so-
cial. Perceba que as hipóteses levantadas estão fora do caso hipotético, mas são
utilizadas na construção de uma antítese (contra-argumentação), como um meio
retórico de enfatizar suas premissas e convencer o destinatário (interlocutor).
• Conclusão (C – nova tese – P. arg 3): aqui, seria o desfecho do raciocínio, ou
seja, o pedido final. No caso da resposta a um recurso, o seu pedido será o de
não provimento e, dependendo da situação, de não conhecimento do recurso.
Essa questão do não conhecimento abordaremos mais adiante.

Figura 2 – Trabalho em equipe


Fonte: Getty Images

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UNIDADE Embargos de Declaração e Agravo de Instrumento

Enfim, perceba que a linguística textual assume uma função importante na re-
dação de uma peça processual, fazendo com que o aluno tenha um plano de texto.
Você precisa de um plano para todas as atividades que irá desenvolver e com a reda-
ção das peças processuais não é diferente.

Importante!
Deixo aqui o registro reiterado da orientação de que você não deve inventar nenhum
fato em um problema (caso hipotético – graduação, OAB), devendo tomar esse cuidado.

Feita essa introdução teórica, que entendemos ser importante no processo de desen-
volvimento da sua escrita, passamos a enfrentar as peças propostas para esta unidade.

Agravo de Instrumento

Você Sabia?
Agravo de instrumento é o recurso cabível contra as decisões interlocutórias espe-
cificadas no rol do artigo 1015, do Código de Processo Civil. A ressalva acerca do rol
de decisões demonstra que não são todas as decisões interlocutórias que podem ser
recorridas imediatamente por meio desse recurso, como ocorria antes da reforma do
Código de Processo Civil.

De acordo com o artigo 1.015, do Código de Processo Civil, é cabível o recurso


de agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que tratarem dos seguin-
tes assuntos: I – tutelas provisórias; II – mérito do processo; III – rejeição da alegação
de convenção de arbitragem; IV – incidente de desconsideração da personalidade
jurídica; V – rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido
de sua revogação; VI – exibição ou posse de documento ou coisa; VII – exclusão de
litisconsorte; VIII – rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio; IX – admissão
ou inadmissão de intervenção de terceiros; X – concessão, modificação ou revogação
do efeito suspensivo aos embargos à execução; XI – redistribuição do ônus da prova
nos termos do art. 373, § 1º do CPC; XII – outros casos expressamente referidos
em lei; e também contra decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de
sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de execução e no processo
de inventário.

Verificamos um rol de possibilidades, com a ressalva de que no item XII o legis-


lador permitiu a utilização do agravo de instrumento em outros casos previstos em
lei. Mas que casos seriam esses? Até para não nos alongarmos muito no assunto,
podemos citar como exemplo o próprio Código de Processo Civil, que prevê a pos-
sibilidade de interposição do referido recurso em outros dispositivos, ou seja, fora do
artigo 1.015, como ocorre com o artigo 354, parágrafo único, do mesmo diploma
processual, que trata da extinção parcial do processo sem a resolução do mérito.

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Quando estudamos a apelação na unidade I, tivemos a oportunidade de revisitar
o conceito de juízo de retratação, além de verificarmos a sua possibilidade de utiliza-
ção pelo juízo que proferiu a sentença. Pois bem, no agravo de instrumento também
temos a previsão em relação a essa faculdade outorgada ao juiz, conforme consta do
artigo 1.018, § 1º, do Código de Processo Civil.

Você Sabia?
Formação do Instrumento
O agravo de instrumento recebe este nome em razão da necessidade de se formar um
instrumento, que seria a formação de novos autos processuais com cópias extraídas do
processo de origem, algumas obrigatórias, outras facultativas. Atualmente, com o pro-
cesso digital, temos a formação dos autos virtuais, que é facultativa.

Figura 3 – Preparação do agravo de instrumento


Fonte: Getty Images

O artigo 1.017, do Código de Processo Civil, estabelece nos incisos de I a III as


regras sobre a formação do instrumento, as peças obrigatórias (petição inicial, con-
testação, petição que causa a decisão agravada, da decisão agravada, da certidão da
respectiva intimação ou outro documento equivalente e das procurações outorgadas
aos advogados do agravante e do agravado) e facultativamente, com outras peças
que o agravante reputar úteis.
O § 5º, do artigo 1.017, do Código de Processo Civil, preconiza que, se os autos
do processo de origem forem eletrônicos, ficam dispensadas as peças obrigatórias,
facultando-se ao agravante juntar qualquer documento que entender pertinente para
sustentar o seu recurso.

Preparo
É a taxa que deve ser paga para o processamento do recurso, ou seja, as custas
processuais para processar o recurso, conforme estabelece o artigo 1.017, § 1o do

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UNIDADE Embargos de Declaração e Agravo de Instrumento

Código de Processo Civil. O porte de retorno é a cobrança feita pelo traslado (envio)
do processo, da 2ª Instância para a 1ª Instância. Não se exige o porte de remessa,
pois o Tribunal não remete da 1ª Instância para a 2ª, já que o recurso é interposto
diretamente no Tribunal. No agravo de instrumento o Código de Processo Civil prevê
o pagamento das custas e do porte de retorno.

Defeito na Formação do Instrumento


Se ocorrer defeito na formação do instrumento, o relator deverá conceder o prazo
de 5 (cinco) dias ao agravante para sanar o vício ou complementar a documentação
exigível, sob pena de não conhecimento, conforme estabelece o § 3º, do artigo 1.017,
do Código de Processo Civil.

Comunicação ao Juízo “a quo” Sobre o Agravo


O artigo 1.018, do Código de Processo Civil, estabelece a possibilidade de o agra-
vante requerer a juntada no processo de origem, de cópia da petição do agravo de
instrumento, do comprovante de sua interposição e da relação dos documentos que
instruíram o recurso. O objetivo desta comunicação é o de atualizar a informação
no processo de origem de que existe recurso pendente contra decisão ali proferida,
bem como para se requerer ao juízo “a quo” a reconsideração da decisão recorrida.
Agora, se o processo for físico, a comprovação da interposição do recurso no pro-
cesso de origem e a juntada das cópias acima mencionadas é obrigatória, no prazo
de 3 (três) dias, sob pena de não conhecimento do recurso.

Composição Estrutural do Agravo de Instrumento

Seguindo a nossa forma de exposição e diálogo, vamos iniciar a análise da estrutura da


peça do agravo de instrumento. É composto de apenas uma peça? Tem peça de interposição
separada? Quais são os tópicos? Como faço o pedido?

Passemos agora a dirimir essas dúvidas naturais a quem está iniciando a redação
de um recurso de agravo de instrumento.

O artigo 1.016 do Código de Processo nos fornece o gabarito ou modelo estrutural


do nosso agravo de instrumento. Começamos pelo endereçamento que, no agravo
de instrumento, deve ser feito para o Tribunal competente (ad quem). Em respeito
ao princípio do juiz natural, assim como na petição inicial, você não pode escolher
o juízo, no Tribunal você também não poderá escolher a Câmara que julgará o seu
recurso. O agravo passa pela distribuição.

Assim, a redação do endereçamento deve ser destinada ao Presidente do respec-


tivo Tribunal (de Justiça – na justiça estadual; Regional Federal – na justiça federal).

A composição estrutural do agravo de instrumento é formada pela peça de inter-


posição e da minuta do agravo de instrumento.

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Minuta ou razões? Alguns usam a expressão razões de agravo de instrumento, outros minuta
de agravo de instrumento. O mais usual é minuta, ao menos em São Paulo. A escolha de uma
opção ou de outra não te prejudicará ou comprometerá a sua peça, pois ambas são corretas

Na peça de interposição não há exigência legal de se qualificar as partes, mas


é comum na prática jurídica qualificar. Não estaria errado? Não. A questão é a
seguinte: como o agravo de instrumento é um recurso que inicia uma autuação nova
no Tribunal, recebendo numeração própria e distinta daquela dos autos de origem, a
boa prática recomenda a utilização da qualificação. Aliás, esse requisito está previsto
no artigo 1.016, I, do Código de Processo Civil.

Na peça de interposição, além do endereçamento e da qualificação das partes,


você deve inserir: o nome do recurso; pedido de liminar ou de tutela antecipada
recursal, se a situação o exigir; juntada das peças obrigatórias (se o problema
informar que o processo de origem é digital, não há necessidade de formação do
instrumento, mas aí você esclarecerá que deixa de juntar as peças em razão de ser
digital o feito originário); juntada do preparo e do porte de retorno (não há porte
de remessa no agravo, pois a interposição já é feita diretamente no Tribunal); os
nomes e os endereços completos dos advogados constantes do processo, confor-
me verificaremos a seguir na estrutura do agravo de instrumento que estamos
propondo a você.

Na minuta do agravo, também chamada de razões, mas adotaremos a denomi-


nação minuta, por questão de preferência, deveremos trabalhar os tópicos previstos
no artigo 1.016, II e III, do Código de Processo Civil, já que os incisos I e IV foram
cumpridos na peça de interposição.

Como ocorre com a apelação, no agravo de instrumento também faremos o in-


troito e as homenagens. Está lembrado? No introito conterá: o título da peça (Minuta
de Agravo de Instrumento); Tribunal “ad quem”; Juízo “a quo”; número do processo;
nome da parte agravante e o nome da parte agravada.

As homenagens são redigidas no formato padrão, variando no adjetivo que muitos


adotam aos julgadores. Vou colocar alguns exemplos para aumentar o seu repertório:
Egrégio Tribunal e Colenda Câmara não mudam; Nobres, Ínclitos, Eminentes, etc.
(você escolhe o que mais lhe agrada).

Após as homenagens, você iniciará a redação dos seguintes tópicos:


• a exposição do fato e do direito;
• as razões do pedido de reforma ou de invalidação da decisão;
• o pedido de reforma ou de invalidação da decisão.

Passaremos a discorrer sobre cada um dos tópicos na estrutura do agravo de


instrumento a seguir:

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UNIDADE Embargos de Declaração e Agravo de Instrumento

ESTRUTURA DO AGRAVO DE INSTRUMENTO


EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRI-
BUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE ... (OU – DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDE-
RAL DA ... REGIÃO – SE A COMPETÊNCIA FOR DA JUSTIÇA FEDERAL).
NOME COMPLETO DO AGRAVANTE, nacionalidade, estado civil, profissão, portador
da cédula de identidade n. ----, inscrito no Cadastro de Pessoas Físicas do Ministério
da Fazenda sob n. ....., endereço eletrônico, residente e domiciliado à Rua ...., n. ...,
Bairro, Cidade – UF, CEP ....1, por seu advogado que esta subscreve, vem, respei-
tosamente, à presença de Vossa Excelência, com fundamento nos artigos 1.015 e
seguintes úteis do Código de Processo Civil, interpor o presente
AGRAVO DE INSTRUMENTO COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA
RECURSAL OU EFEITO SUSPENSIVO (opcional – VERIFICAR O CASO)
contra a respeitável decisão proferida pelo Meritíssimo Juízo de Direito da ... Vara
Cível do Foro ..., que (indeferiu, deferiu – enfim, contar o mal causado de forma abso-
lutamente sucinta), nos autos da AÇÃO DE ... movida (por ou em face de) NOME COM-
PLETO DO AGRAVADO, nacionalidade, estado civil, profissão, portador da cédula de
identidade n. ----, inscrito no Cadastro de Pessoas Físicas do Ministério da Fazenda
sob n. ....., endereço eletrônico, residente e domiciliado à Rua ...., n. ..., Bairro, Cidade
– UF, CEP..., processo n.º ..., o que acarretou no inconformismo do(s) agravante(s),
pelos motivos de fato e de direito aduzidos na minuta anexa.
Requer-se, portanto, o regular processamento do presente Agravo, que
se encontra devidamente instruído com as cópias obrigatórias do feito originário (dis-
pensável se o processo for digital), juntando as guias destinadas ao preparo e ao porte
de retorno.
Por fim, em cumprimento ao disposto no artigo 1016, IV, do Código
de Processo Civil, a parte agravante informa abaixo os nomes e endereços dos advo-
gados constantes do processo:
ADVOGADO DA(O) AGRAVANTE:
NOME DO ADVOGADO DO AGRAVANTE
Endereço do advogado do(s) Agravante(s):
Logradouro, n.º ..., Bairro ..., Cidade ..., UF, CEP. ..., endereço eletrônico...

ADVOGADO DA(O) AGRAVADA(O):


NOME DO ADVOGADO DA AGRAVADA
Endereço do advogado do(s) Agravante(s):
Logradouro, n.º ..., Bairro ..., Cidade ..., UF, CEP. ..., endereço eletrônico...
Termos em que,
Pede deferimento.
Local e data.
Nome do Advogado
OAB/UF n.º ...

1
OBSERVAÇÃO SOBRE A QUALIFICAÇÃO: A qualificação não é exigida no Código de Processo Civil, porém,
não só pelo fato de ser costumeira na prática jurídica, mas também pelo fato de que se trata de uma peça recursal
inicial, é importante a qualificação, já que o recurso é interposto diretamente perante o Tribunal.

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MINUTA DE AGRAVO DE INSTRUMENTO
Juízo “a quo”: Juízo da ... Cível
Tribunal “ad quem”: Egrégio Tribunal ...
Processo nº: ....
Agravante: NOME DO AGRAVANTE
Agravada: NOME DA AGRAVADA
Egrégio Tribunal,
Colenda Câmara,
Ínclitos Julgadores.
I – DA EXPOSIÇÃO DO FATO E DO DIREITO
Trata-se de decisão interlocutória proferida nos autos de AÇÃO ... movida contra o
agravante pelo agravado.
Copiar o problema proposto, sem inventar nada sobre os fatos.
Procure separar os assuntos e organizar os parágrafos.
Parágrafos mais curtos diminuem as chances de erros e demonstram objetividade.
II – DAS RAZÕES DO PEDIDO DE REFORMA
Aqui você irá trabalhar as questões de mérito do recurso, que justificam o seu in-
conformismo e conduzem à sustentação do pedido de reforma da decisão interlocutória.
A fundamentação sobre o mérito deve ser procurada no direito material (direito civil
e legislação extravagante).
Citar a legislação aplicável ao caso e, preferencialmente, evitar muitas transcrições.
Como descobrir os argumentos? Preciso analisar a decisão recorrida, o nosso recurso
será interposto contra a decisão interlocutória, portanto, preciso lançar os argumentos do
recurso buscando a reforma ou a decretação da nulidade da decisão interlocutória. Assim,
você vai separar os pontos ruins da decisão para o seu cliente no problema proposto. Fecha-
da a questão dos pontos que necessitam de reforma, você passa a buscar a fundamentação.
Com base em qual artigo, por qual motivo eu pretendo a modificação? A resposta você vai
encontrar seguramente no seu Código. É preciso pesquisar com muita calma no índice re-
missivo, procurando de diversas formas, não desistindo na primeira tentativa. Procure no
índice algum dispositivo legal mais específico possível sobre o assunto do seu problema.
Enfim, ao encontrar algum artigo interessante você não deve se contentar de imediato,
verifique as notas remissivas logo abaixo daquele dispositivo. As notas podem trazer indi-
cações de outros dispositivos e até de súmulas que complementam a sua fundamentação.
Encontrou os fundamentos legais? Parabéns!
E agora, como escrever?
Se o título é “das razões do pedido de reforma ou de decretação de nulidade”, sugiro
que comece dizendo qual é o objetivo do seu recurso: se pretende uma modificação no mé-
rito, a reforma da decisão interlocutória, no caso, comece de forma simples, por exemplo:
A respeitável decisão interlocutória merece ser reformada, conforme será de-
monstrado no presente recurso.
Após destacar o ponto da decisão interlocutória que merece reforma (o ponto
que está no problema), coloque-o diretamente no parágrafo seguinte.
Na sequência, você deverá indicar a fundamentação legal que ampara o seu in-
conformismo e a razão para a pretensão da reforma.

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15
UNIDADE Embargos de Declaração e Agravo de Instrumento

Exemplo:
O inconformismo do agravante refere-se ao recebimento à exclusão
de um litisconsorte (este é um exemplo, você vai preencher conforme o caso do seu
problema), sendo o caso de se reformar a respeitável decisão recorrida, tendo em
vista que a hipótese versa sobre litisconsórcio necessário, conforme será demons-
trado ao longo desta minuta.
Não se esqueça, você vai enfrentar a decisão agravada, utilizando o di-
reito material e processual a ser invocado ou que, eventualmente, tenha sido violado.
III – DA ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA RECURSAL OU DO EFEITO SUSPEN-
SIVO (VERIFICAR NECESSIDADE)
Excelências, está evidente a presença do periculum in mora e o fumus boni iuris, ...
(especificar o problema).

Importante!
Efeito suspensivo e tutela antecipada recursal. Quando devo pedir uma coisa ou outra?
O pedido de efeito suspensivo é para obstar os efeitos de uma decisão interlocutória con-
cedida em desfavor do meu cliente (quando o juiz defere um pedido da parte contrária
– uma liminar de despejo, por exemplo), enquanto que a tutela antecipada recursal é a
pretensão de antecipação do mérito do recurso pelo preenchimento dos requisitos legais.
Isto se dá quando a decisão agravada indeferiu o meu pedido, portanto, pretendo que
seja revista e antecipada. Imagine o seguinte exemplo: se você pediu uma liminar para a
internação do seu cliente que precisa de uma cirurgia grave e o juiz indefere. Você agrava,
mas se pedir o efeito suspensivo, a consequência é a mera suspensão, sem o efeito ativo,
ou seja, de reverter o resultado. Portanto, este é um caso em que eu pediria a antecipação
dos efeitos da tutela recursal. Por outro lado, se o juiz deferiu a liminar requerida pela
parte contrária em desfavor do meu cliente, seja em uma reintegração de posse, seja em
despejo, obrigação de fazer, entre outros, contra tal decisão devemos interpor o agravo
de instrumento com pedido de efeito suspensivo, eis que a nossa pretensão é a de obstar
imediatamente os efeitos daquela decisão que causa um prejuízo ao meu cliente.

Assim, com fundamento no artigo 1019, I, do Código de Processo


Civil, requer-se a Vossa Excelência a concessão da antecipação dos efeitos da tutela
recursal (ou do efeito suspensivo), a fim de que seja deferido.
IV – DO PEDIDO DE REFORMA
ANTE O EXPOSTO, requer-se o conhecimento e o provimento do
presente Agravo de Instrumento, para o fim de se reformar a respeitável decisão
interlocutória para ... (preencher de acordo com a pretensão).
Local e data.
Nome do Advogado
OAB/UF n.º ...

Agora, passaremos a estudar os embargos de declaração.

16
Embargos de Declaração
É a modalidade de recurso que pode ser interposta contra acórdão, decisão interlo-
cutória ou sentença para o mesmo órgão (juiz, desembargador ou colegiado) do Poder
Judiciário, nos mesmos autos, desde que observe os seus requisitos de admissibilidade.

Figura 4 – Advogado habilidoso


Fonte: Getty Images

Os embargos de declaração estão previstos no Código de Processo Civil, do artigo


1.022 ao artigo 1.026.
Então, para dinamizarmos o assunto, vamos fazer uma tabela rápida de perguntas
e respostas sobre os embargos de declaração:
• Cabimento: é cabível contra qualquer decisão judicial para:
» esclarecer obscuridade ou eliminar contradição;
» suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de
ofício ou a requerimento;
» corrigir erro material.

Figura 5 – Interrupção do prazo para o oferecimento de outros recursos


Fonte: Getty Images

17
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UNIDADE Embargos de Declaração e Agravo de Instrumento

O que é uma decisão omissa? O legislador de 2015 destacou como omissa a


decisão que:
• deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos repetitivos
ou em incidente de assunção de competência aplicável ao caso sob julgamento;
• incorra em qualquer das condutas descritas no art. 489, § 1º, do CPC.

Importante!
Você deve entender como omissão a ausência de pronunciamento judicial acerca de
questão relevante deduzida nos autos do processo, por qualquer das partes, seja nos
fatos, seja nos fundamentos, seja no pedido. A omissão em qualquer um dos tópicos
pode ocasionar a modificação da decisão judicial.
A contradição deve estar presente na decisão, na ausência de desfecho lógico entre a
fundamentação e o dispositivo, apresentando sentidos antagônicos (na fundamentação
o juiz indica que o pedido é improcedente e no dispositivo julga improcedente). Dizemos
isto, pois existem pessoas que oferecem embargos alegando que a decisão foi contra-
ditória com a petição inicial. Ora, neste caso, não se trata de contradição, mas sim de
rejeição da pretensão da parte, que deve ser atacada por meio de apelação.
No caso da obscuridade, tal alegação deve ser oposta em embargos de declaração quan-
do a decisão for teratológica, ou, em outras palavras, “sem pé nem cabeça”, sem qual-
quer coerência lógica entre os fatos, a fundamentação e o dispositivo.

• Prazo: o prazo para a oposição dos embargos de declaração é de 5 (cinco) dias,


em petição dirigida ao juiz, desembargador ou colegiado (Câmara/Turma) apon-
tando o erro, a obscuridade, a contradição ou a omissão;
• Preparo: de acordo com o artigo 1.023, caput, do Código de Processo Civil, os
embargos de declaração não estão sujeitos ao preparo;
• Contraditório: situação que não era prevista no CPC/73, passou a ser con-
templada no §2º, do artigo 1.023, do Código de Processo Civil atual, devendo
o juiz intimar a parte embargada para, querendo, manifestar-se, no prazo de
5 (cinco) dias, sobre os embargos opostos, caso seu eventual acolhimento impli-
que a modificação da decisão embargada;
• Embargos com fim de pré-questionamento: o pré-questionamento é um re-
quisito para a interposição dos recursos aos Tribunais Superiores (Recurso Es-
pecial e Recurso Extraordinário). É comum na prática jurídica a oposição dos
embargos de declaração contra acórdão proferido por Tribunais (TJs ou TRFs)
para prequestionar matéria de direito e, às vezes, o Tribunal que proferiu o acór-
dão o mantém sem enfrentar os pontos de prequestionamento arguidos nos em-
bargos. Assim, o legislador inseriu no artigo 1.025 do Código de Processo Civil:
Consideram-se incluídos no acórdão os elementos que o embargante sus-
citou, para fins de pré-questionamento, ainda que os embargos de decla-
ração sejam inadmitidos ou rejeitados, caso o tribunal superior considere
existentes erro, omissão, contradição ou obscuridade.

18
• Efeitos dos embargos: o artigo 1.026 do Código de Processo Civil estabelece
que os embargos de declaração não possuem efeito suspensivo e interrompem o
prazo para a interposição de recurso, reiniciando a contagem após o julgamento
dos embargos de declaração do início.

Você Sabia?
Devemos separar a interrupção da suspensão. Você já sabe que, na contagem de prazos
processuais, interrupção é diferente de suspensão. Na suspensão, o lapso temporal já
transcorrido é retomado após a cessação da causa de suspensão, por exemplo: se eu
devo cumprir um prazo de 10 (dez) dias e ocorre a suspensão do prazo após o decurso de
05 (cinco) dias, após a cessação da causa da suspensão (recesso judiciário, por exemplo),
eu retomo a contagem de onde parei, seguindo com os próximos 05 (cinco) dias. Já a
interrupção é diferente, ela zera a contagem do prazo. No mesmo exemplo anterior, se
já houvesse transcorrido o prazo de 05 (cinco) dias, findada a causa interruptiva, o prazo
é reiniciado. Pois bem, como tudo isso fica no caso dos embargos, que não suspendem,
mas interrompem? Simples. Leia atentamente que a interrupção do prazo decorrente da
oposição dos embargos está restrita à interposição de qualquer outro recurso, mas não
suspende o prazo para que a parte embargante cumpra uma determinação. “Professor,
ainda não entendi, dá para dar um exemplo?”. “Claro que sim”. Imagine que em um pro-
cesso de conhecimento, o juiz profira uma decisão saneadora omissa em relação ao pedi-
do de gratuidade da justiça feito pelo réu e deferindo a prova testemunhal, concedendo
um prazo de 05 dias para que as partes apresentem os róis de testemunhas. Este réu tem
interesse em embargar, a fim de que a omissão seja suprida, todavia, os embargos não
suspendem o prazo para o oferecimento do rol de testemunhas, cuja providência deverá
ser tomada pelo réu, no prazo determinado. Ele não poderia agravar direto acerca da
gratuidade de justiça? Não, os Tribunais servem para reexaminar questões já decididas
em matéria de recursos. Se houve omissão, não se deve agravar, mas sim, provocar a
manifestação do juiz. Caso ele se manifeste e negue o pedido, aí a parte estará com
interesse recursal para o agravo. Resumindo, neste caso, o prazo para apresentar o rol
não foi suspenso, mas, após a apreciação dos embargos, suprida a omissão e negado o
pedido, a parte terá o prazo integral restituído para agravar, não se computando os cinco
dias transcorridos por ocasião do oferecimento dos embargos, ante o efeito interruptivo.

• Embargos protelatórios: como os embargos interrompem o prazo para a in-


terposição de outro recurso, é possível que uma das partes os oponha com o in-
tuito de protelar, procrastinar ou, no português popular, “ganhar tempo”. Mas,
essa manobra é uma conduta de deslealdade processual, que pode ser punida
pelo juiz ou tribunal, sempre que se verificar que a oposição é manifestamente
protelatória, nos termos do 1.026, § 2º, do Código de Processo Civil, podendo
condenar o embargante a pagar à parte embargada uma multa de até 2% sobre
o valor atualizado da causa e, em caso de reiteração, a multa poderá ser fixada
em até 10% sobre a mesma base de cálculo. A parte embargante condenada à
multa não poderá recorrer se não efetuar o depósito prévio do valor da multa.
É sabido que, uma vez embargada uma decisão, se o motivo persistir (a omissão,
contradição, obscuridade ou erro material), novos embargos podem ser opostos,
os chamados “embargos dos embargos”. Porém, caso a parte já tenha oposto

19
19
UNIDADE Embargos de Declaração e Agravo de Instrumento

dois embargos que foram considerados protelatórios, não se admitirá a oposi-


ção de novos embargos, conforme prevê o § 4º, do artigo 1.026, do Código de
Processo Civil.
• Peça dos embargos de declaração: como fazer?
A peça é a mais simples, comparada às demais peças recursais.
• Endereçamento: juiz ou tribunal que proferiu a decisão embargada;
• Número do processo: número informado no problema. Caso não tenha nenhuma
informação, deixar a informação genérica, por exemplo: Processo nº 000000000;
• Nome do embargante e do embargado: não há necessidade de qualificar
as partes;
• Fundamento legal: indicar o artigo 1.022 do Código de Processo Civil e o
inciso específico sobre o vício que padece a decisão;
• Tópicos da peça: abrir um tópico sobre o vício que padece a decisão (omissão,
obscuridade, contradição ou erro material);
Neste tópico, você transcreverá a parte do problema que relata a decisão a
ser embargada e destacará o ponto de omissão, obscuridade, contradição ou
erro material.
• Pedido: como em todos os demais recursos, você deve iniciar requerendo o
conhecimento do recurso, ou seja, o seu recebimento como consequência do
preenchimento dos requisitos recursais.

Na sequência, você deve requerer:


• a intimação da parte contrária, para dar oportunidade ao contraditório;
• a atribuição do efeito interruptivo;
• o provimento dos embargos de declaração para: esclarecer obscuridade; elimi-
nar contradição; suprir omissão; ou, corrigir erro material.
Neste pedido, você deve redigir de forma mais específica possível, deixando
claro o que se pretende com o provimento dos embargos.

Veja a nossa estrutura de sugestão da peça de embargos de declaração na sequência:

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA ..ª VARA CÍVEL


FORO DA COMARCA DE XXXXXXXX.
PROCESSO N° 00000000

NOME DO EMBARGANTE, já qualificada(o), nos autos da AÇÃO…


ajuizada em face de NOME DO EMBARGADO, também já qualificada(o), diante da
existência de omissão na r. sentença de fls., com fundamento no inciso (I, II ou III
– indicar o inciso específico), do artigo 1.022 do Código de Processo Civil, opor EM-
BARGOS DE DECLARACÃO pelos motivos a seguir deduzidos:

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I – DA OMISSÃO
Trata-se de embargos opostos contra a respeitável (decisão interlo-
cutória, sentença ou venerando acórdão) de fls., que ... (descrever o mal causado
pela decisão embargada).
Descrever o ponto da omissão.

II — DO PEDIDO
Desta maneira, é a presente para requerer a Vossa Excelência:
• o conhecimento dos presentes embargos, eis que presentes os pressupostos
legais à sua admissibilidade;
• seja aberto o contraditório para a parte embargada;
• seja atribuído o efeito interruptivo ao recurso.
• sejam providos os presentes embargos para suprir a omissão acerca da ques-
tão ... (especificar o ponto omisso), a fim de que ... (especificar o resultado
final pretendido).

Termos em que,
P. e E. deferimento.
Local e data

NOME DO ADVOGADO
OAB/ UF

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UNIDADE Embargos de Declaração e Agravo de Instrumento

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Livros
Coleção prática: prática empresarial
CAMPITELLI, P. P. R. B. R. N. Coleção prática: prática empresarial. 4. ed. São
Paulo: Grupo GEN. Disponível em “minha biblioteca” na sua área do aluno.
Prática Jurídica – Empresarial
ELISABETE, V. Prática Jurídica – Empresarial. Editora Saraiva, 2020. Disponível em
“minha biblioteca” na sua área do aluno.
Curso de Direito Processual Civil – Vol. II
HUMBERTO, T. J. Curso de Direito Processual Civil – Vol. II, 52ª edição.
Grupo GEN, 2018. Disponível em “minha biblioteca” na sua área do aluno.

Vídeos
Redação jurídica – Destravando a escrita
https://youtu.be/eXFk15-_t0E

22
Referências
ADAM, J. M. A linguística textual: introdução à análise textual dos discursos. São
Paulo: Cortez, 2011.

________. Textos: tipos e protótipos. São Paulo: Contexto, 2019.

BRASIL. Lei n. 10.406, 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Ofi-
cial da União, Brasília, DF, 11 jan. 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acesso em: 19/06/2020.

________. Lei n. 13.105, 16 de março de 2015. Institui o Código de Processo


Civil. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 11 jan. 2002. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em:
19/06/2020.

BUENO, C. S. Novo Código de Processo Civil Anotado. São Paulo: Ed. Saraiva, 2016.

GONÇALVES, M. V. Direito Processual Civil Esquematizado. 7. ed. São Paulo:


Saraiva, 2016.

MARQUESI, S. C. Planos e sequências textuais em sentenças judiciais de processo-


-crime. In: Ángel Marcos de Dios. (Org.). La Lengua Portuguesa: Estudios sobre
Literatura y Cultura de Expresión Portuguesa. 1.ed. Salamanca – Espanha: Ediciones
Universidad de Salamanca, 2014.

MOREIRA, S. T. Juiz a quo – juiz ad quem. Instância, como fica?. Disponível em:
<https://www.migalhas.com.br/coluna/latinorio/159769/juiz-a-quo-juiz-ad-quem-
-instancia-como-fica>. Acesso em: 18/06/2020.

23
23
Prática Jurídica Civil
e Empresarial II
Requisitos Básicos Estruturais: Desenvolvimento
dos Recursos Especial e Extraordinário

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Me. Wellington Ferreira de Amorim

Revisão Textual:
Prof.ª Esp. Adrielly Camila de Oliveira Rodrigues Vital

Revisão Técnica:
Prof. Dr. Reinaldo Zychan
Requisitos Básicos Estruturais:
Desenvolvimento dos Recursos
Especial e Extraordinário

• Recurso Especial;
• Recurso Extraordinário e Recurso Especial Repetitivos.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Preparar o aluno para atuar nos Tribunais Superiores, exercendo atuação técnico-jurídica
não só perante as Instâncias Ordinárias, mas para o enfretamento de decisões proferidas
nos Tribunais.
UNIDADE Requisitos Básicos Estruturais: Desenvolvimento
dos Recursos Especial e Extraordinário

Recurso Especial
“Vou recorrer até Brasília!”. Você já ouviu alguém fazendo esse tipo de afirmação? Pois é,
sabemos que em Brasília, Capital do nosso país, temos os Tribunais Superiores (STJ, TST, TSE,
STM e STF). Para fazer o seu recurso chegar até Brasília existem técnicas jurídicas que preci-
sam ser observadas, as quais procuraremos explorá-las aqui nesta unidade. Então, vamos lá!

Nesta terceira unidade iniciaremos o nosso estudo prático com mais uma análise
de estratégias destinadas à sustentação da sua escrita.

Este material é destinado ao estudo da prática jurídica, baseado na experiência


forense, na doutrina e na jurisprudência.

Figura 1 – Superior Tribunal da Justiça


Fonte: site.serjusming.org.br

Você Sabia?
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) tem competência para julgamento do Recurso Especial,
enquanto que o Supremo Tribunal Federal (STF) tem competência para processamento e
julgamento do Recurso Extraordinário.

O Recurso Especial, assim como o Recurso Extraordinário, é um recurso estrita-


mente técnico, que visa o reexame em razão de violação de direito ou divergência
jurisprudencial, não se admitindo a rediscussão de matéria de fato ou de provas.

Os recursos especial e extraordinário podem ser interpostos no prazo de 15 dias,


simultaneamente, em peças separadas.

A doutrina costuma frisar que os recursos interpostos até o segundo grau são
recursos com natureza ordinária, pois são dirigidos às instâncias ordinárias, primeira
e segunda instâncias. Já os recursos interpostos aos Tribunais Superiores são os
recursos de natureza extraordinária, pois só podem ser admitidos e julgados em situ-

8
ações extraordinárias, ou seja, que fogem do tradicional, que versem sobre questões
exclusivamente de direito.

O Recurso Especial tem previsão constitucional, conforme se verifica no artigo 105,


III e suas alíneas, da Constituição Federal pátria.

De acordo com o preceito constitucional acima destacado, é da competência do STJ:


[...] julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou últi-
ma instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos
Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida:
a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência; b) julgar válido
ato de governo local contestado em face de lei federal; c) der a lei federal
interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.

O Código de Processo Civil também se dedicou a legislar sobre os Recursos Es-


pecial e Extraordinário, conforme artigos 1.029 a 1.041.

Conceito
O Recurso Especial (REsp) é uma modalidade recursal com previsão constitucio-
nal de competência do Superior Tribunal de Justiça, que tem no escopo, como se
verá adiante, manter a hegemonia e a autoridade das leis Federais (art. 105, III, “a”,
“b” e “c” da CF) ou, nos dizeres de Elpídio Donizete, “os recursos extraordinários,
portanto, não se prestam à correção da injustiça da decisão, mas à unificação da
aplicação do direito positivo”, quando tratou dos recursos especial e extraordinário.

Da Admissibilidade
No Inciso III do Artigo 105 da Constituição Federal, vemos os pressupostos de
admissão do Recurso:
• a existência de uma causa decidida em única ou última instância, ou
seja, em que estejam esgotadas as instâncias inferiores;

• que o órgão prolator do mencionado decisório seja Tribunal Regional


Federal, Tribunal de Estado, do Distrito Federal ou de Território;

• prequestionamento, ainda que ficto, (art. 1025, CPC; Súmula 356


do STF). A doutrina se posiciona no sentido de que a Súmula 211 do
STJ é incompatível com o Novo CPC;

• que o acórdão verse sobre questão federal (infraconstitucional).

A fundamentação também pode ser encontrada no Código de Processo Civil: do


artigo 1029 ao 1035.

Analisando os requisitos acima, é possível afirmarmos que não cabe recurso es-
pecial contra decisão monocrática proferida em 2ª Instância, tampouco contra deci-
sões proferidas pelos Colégios Recursais dos Juizados Especiais, pois a Constituição
Federal (art. 105, III, caput), é textual ao afirmar o cabimento deste recurso contra

9
9
UNIDADE Requisitos Básicos Estruturais: Desenvolvimento
dos Recursos Especial e Extraordinário

decisões proferidas pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Esta-
dos, do Distrito Federal e Territórios.

Se você não se recorda o que vem a ser uma decisão monocrática, vamos lá: decisão mono-
crática é aquela proferida pelo Desembargador Relator de um processo ou de um recurso,
de forma isolada, ou seja, escrita apenas por ele, sem submetê-la ao colegiado. Assim, a
decisão monocrática é diferente de um acórdão, que é aquela decisão proferida por um
colegiado (turma de magistrados), enquanto que a decisão monocrática é proferida por
apenas um deles. Por meio de uma decisão monocrática, um recurso pode ser julgado,
como ocorre com a apelação, nos termos do artigo 1.011, I, do Código de Processo Civil; po-
derá o Relator atribuir efeito suspensivo ou deferir a antecipação da tutela recursal em um
agravo de instrumento, nos termos do artigo 1.019, I, do Código de Processo Civil; dentre
outras possibilidades.

Súmulas que Norteiam o Recurso Especial


Além dos dispositivos legais previstos no Código de Processo Civil e na Constitui-
ção Federal, é importante que você tenha em mente as inúmeras súmulas que tratam
do recurso especial e que são importantes na hora de elaborar a sua peça.

Vou detalhá-las a seguir:


• Súmula 5, STJ: “A simples interpretação de cláusula contratual não enseja
Recurso Especial”;
• Súmula 7, STJ: “A pretensão de simples reexame de prova não enseja Recurso
Especial”. Este é um dos pontos mais citados, pois sabemos que esta súmula é
utilizada com um entrave para evitar o recebimento do recurso especial;
• Súmula 126, STJ: “É inadmissível Recurso Especial, quando o acórdão recorri-
do assenta em fundamentos constitucional e infraconstitucional, qualquer deles
suficiente, por si só, para mantê-lo, e a parte vencida não manifesta Recurso
Extraordinário”;
• Súmula 207, STJ: “É inadmissível Recurso Especial quando cabíveis embargos
infringentes contra o acórdão proferido no tribunal de origem”. Os embargos
infringentes foram suprimidos do nosso ordenamento jurídico pelo atual Código
de Processo Civil. Na verdade, temos o artigo 942 do Código de Processo Civil,
que determina a convocação de outros Desembargadores da Turma/Câmara
quando o julgamento da apelação não for unânime;
• Súmula 211, STJ: “Inadmissível recurso especial quanto à questão que, a des-
peito da oposição de embargos declaratórios, não foi apreciada pelo Tribunal
a quo”. Como dito anteriormente, existe hoje um entendimento no sentido de
que esta súmula perdeu a sua força com o novo CPC, pois o artigo 1.025, do
Código de Processo Civil, estabelece que “consideram-se incluídos no acórdão
os elementos que o embargante suscitou, para fins de pré-questionamento, ain-

10
da que os embargos de declaração sejam inadmitidos ou rejeitados, caso o tri-
bunal superior considere existentes erro, omissão, contradição ou obscuridade”;
• Súmula 320, STJ: “A questão federal somente ventilada no voto vencido não
atende ao requisito do prequestionamento”. Voto vencido ocorre quando a de-
cisão colegiada é proferida por maioria de votos, por exemplo, 02 Desembar-
gadores deram provimento e 01 negou. Este que negou ficou vencido e poderá
declarar o seu voto, que fará parte do acórdão. Assim, o acórdão será composto
pelo voto vencedor (condutor) e pelo voto vencido, com a proclamação do resul-
tado na certidão do julgamento e na ementa.

Recurso Extraordinário
Você Sabia?
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) é composto por 33 (trinta e três) Ministros, enquanto
que o Supremo Tribunal Federal (STF) é composto por 11 (onze) Ministros, julgam recur-
sos de todo o nosso território nacional, além de processarem e julgarem as causas de
competência originária.

Figura 2
Fonte: Wikimedia Commons

O Recurso Extraordinário é definido por Humberto Theodoro Júnior nos seguin-


tes termos:
Trata-se de um recurso excepcional, admissível apenas em hipóteses res-
tritas, previstas na Constituição com o fito específico de tutelar a autori-
dade e aplicação da Carta Magna. Dessas características é que adveio a
denominação de ‘recurso extraordinário’, adotada inicialmente no Regi-
mento Interno do Supremo Tribunal Federal, e, posteriormente, consa-
grada pelas diversas Constituições da República, a partir de 1934.

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UNIDADE Requisitos Básicos Estruturais: Desenvolvimento
dos Recursos Especial e Extraordinário

O Recurso Extraordinário também tem previsão constitucional, conforme se veri-


fica no artigo 102, III e suas alíneas, da Constituição Federal pátria, valendo lembrar
que a Emenda Constitucional 45/2004 inseriu a repercussão geral como mais um
dos requisitos para a sua admissibilidade.
As hipóteses de cabimento previstas nas alíneas “a” a “c”, do artigo 102, III, da
Constituição Federal são as seguintes:
• decisão recorrida que contrariar dispositivo constitucional;
• decisão recorrida que declarar a inconstitucionalidade de tratado ou de lei federal;
• decisão recorrida que julgar válida lei ou ato do governo local contestado em
face da Constituição Federal;
• decisão recorrida que julgar válida lei local contestada em face de lei federal.
Quando o recurso extraordinário tiver por fundamento a disposto na alínea “a”,
cabe a você apontar expressamente a norma constitucional que está sendo violada
pela decisão, apresentando o ponto ou trecho da decisão que você entende estar
afrontando a carta magna, pois a mera menção ao dispositivo constitucional sem
desenvolver um raciocínio que confronta o fundamento da decisão e o texto consti-
tucional poderá ocasionar o não conhecimento do recurso. No caso da alínea “b”, da
mesma forma, no recurso deverá conter a argumentação que demonstre a incorre-
ção na interpretação da inconstitucionalidade da lei ou do tratado federal. Na alínea
“c”, você deverá demonstrar que a decisão está incorreta ao afastar a incidência da
Constituição Federal e aplicar a lei ou o ato do governo contestados (deverá argu-
mentar à luz da Constituição Federal). Por fim, em relação à alínea “d”, estamos
diante de uma questão eminentemente de natureza constitucional, na medida em
que a competência legislativa é determinada pela Constituição Federal, logo, não ca-
beria ao Estado ou ao Município legislar de forma a afrontar a Constituição Federal.
O argumento não é o de que a decisão está violando lei federal, mas sim a própria
constituição, por violação aos critérios constitucionais de competência legislativa.

Repercussão Geral
A Emenda Constitucional 45/2004 trouxe algumas mudanças significativas em
nossa Constituição, especialmente no que diz respeito ao Recurso Extraordinário,
tendo a exigibilidade da demonstração da repercussão geral das questões constitucio-
nais como requisito de admissibilidade mais uma barreira para impedir ou dificultar
a análise de um recurso extraordinário.

No § 3º, do artigo 102, da Constituição Federal, temos a seguinte redação:


no recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercus-
são geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos termos
da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente
podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus membros.
(grifo nosso)

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A demonstração da repercussão geral visa o conhecimento de recursos extraordiná-
rios cujo objeto transcenda os interesses das partes que litigam naquele processo, mas
que repercuta em relações jurídicas de igual natureza em todo o território nacional.

Cabe exclusivamente ao STF o reconhecimento ou não da repercussão geral, nos


termos do artigo 1.035, § 2º, do Código de Processo Civil.

Recurso Extraordinário e
Recurso Especial Repetitivos
Quando existirem demandas repetitivas, com recursos que versem sobre a mesma
questão jurídica, pendentes de julgamento, poderá o Presidente de Tribunal de Justi-
ça ou de Tribunal Regional Federal, ou seja, de Tribunais de segunda instância, sele-
cionarem no mínimo dois recursos que representam a discussão e os encaminharem
para julgamento pelo STF ou STJ, de acordo com a competência recursal definida
pela matéria objeto dos recursos.

Os recursos julgados servirão de modelo para os demais que versarem sobre o


mesmo assunto.

É importante frisar que, embora os Presidentes dos Tribunais de segunda instância


façam a seleção dos recursos representativos da controvérsia, poderá o Tribunal Supe-
rior (STJ/STF) selecionar outros recursos, conforme estabelece o artigo 1.036, § 4º,
do Código de Processo Civil.

Os recursos que não forem selecionados e versarem sobre o mesmo tema fica-
rão com o julgamento/andamento sobrestado (suspenso) até que ocorra o julgamento
final dos recursos representativos da controvérsia.

Súmulas que Norteiam o Recurso Extraordinário


Além dos dispositivos legais previstos no Código de Processo Civil e na Constitui-
ção Federal, citaremos aqui as principais súmulas que tratam do recurso extraordinário
e que são importantes conhecer na hora de elaborar a sua peça, a saber:

Existem as seguintes súmulas sobre o assunto:


• Súmula 282 do STF: “É inadmissível o Recurso Extraordinário, quando não
ventilada, na decisão recorrida, a questão federal suscitada”;
• Súmula 356 do STF: “O ponto omisso da decisão, sobre o qual não foram
opostos embargos declaratórios, não pode ser objeto de recurso extraordinário,
por faltar o requisito do prequestionamento”.

Encontrei um interessante esquema proposto por Elpídio Donizete, sintetizando os


pontos principais acerca dos recursos especial e extraordinário, que transcrevo a você:

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UNIDADE Requisitos Básicos Estruturais: Desenvolvimento
dos Recursos Especial e Extraordinário

Figura 3 – Recurso extraordinário e recurso especial


Fonte: DONIZETTI, 2020

Desenvolvimento de Peça do Recurso Especial


Como destacamos anteriormente, trata-se de um recurso técnico, que visa re-
parar questões de direito, contudo, você vai perceber que não é nenhum bicho de
sete cabeças.
• Você redigirá uma peça com o formato de peça de interposição, mais peça das
razões do recurso, como fez no recurso de apelação.
• Os requisitos estão previstos no artigo 1.029 do Código de Processo Civil e são
os seguintes:
» endereçamento ao Presidente ou Vice-Presidente do tribunal recorrido (caput);
» a exposição do fato e do direito (I);
» a demonstração do cabimento do recurso interposto (II);
» as razões do pedido de reforma ou de invalidação da decisão recorrida (III);
» se o recurso tiver por fundamento o dissídio jurisprudencial, caberá ao recorrente
comprovar a divergência com a apresentação da cópia do acórdão divergente.

Bom, vamos analisar a proposta de esqueleto da peça de recurso especial para


que você tenha uma noção melhor de como deverá redigir o seu recurso.

ESTRUTURA DO RECURSO ESPECIAL


EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE XXXX
(OU TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA Xª REGIÃO).

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TIPO DO RECURSO (APELAÇÃO/EMBARGOS/AGRAVO)
N.º 00000000-00.2013.8.26.0000
NOME DO RECORRENTE, já qualificado, nos autos dos EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO (exemplo – ver o tipo do recurso) opostos contra o V. Acórdão proferi-
do em apelação tirada de sentença proferida nos autos da AÇÃO DE XXXXXXXX que
lhe move NOME DO RECORRIDO, também já qualificado, por seu advogado que esta
subscreve, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fundamento
no artigo 105, III, “a” da Constituição Federal, combinado com o artigo 1.029 do Có-
digo de Processo Civil, tempestivamente, interpor o presente RECURSO ESPECIAL
ao v. acórdão proferido pela XXª Câmara de Direito Privado do Egrégio Tribunal
de Justiça do Estado de XXXXXX, que deu/negou provimento aos Embargos de De-
claração, violando dispositivo de lei federal, motivo pelo qual requer o recebimento,
processamento e a posterior remessa dos autos ao Superior Tribunal de Justiça, pe-
los fatos e fundamentos expostos nas razões anexa.
Requer a juntada do preparo, taxas e porte de remessa e retor-
no, devidamente recolhidos, bem como a intimação da parte recorrida para
oferecer as contrarrazões.
Nestes Termos,
Pede Deferimento.
Local e data.
NOME E ASSINATURA DO ADVOGADO
OAB/UF N.º

RAZÕES DE RECURSO ESPECIAL


Recorrente: NOME DO RECORRENTE
Recorrido: NOME DO RECORRIDO
Tribunal “ad quem”: TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE XXXX
Tribunal “a quo”: COLENDO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
RECURSO N.º 00000000-00.2013.8.26.0000
Colendo Superior Tribunal de Justiça,
Emérita Turma,
Ínclitos Ministros.
I – DOS FUNDAMENTOS DE FATO E DE DIREITO
Copiar o problema proposto, sem inventar nada sobre os fatos.
Procure separar os assuntos e organizar os parágrafos.
Parágrafos mais curtos diminuem as chances de erros e demonstram objetividade.
Sugestão de texto:
Trata-se de Recurso Especial interposto contra V. Acórdão que re-
formou decisão de primeira instância que havia deferido/indeferido pedido de
xxxxxxxxx.
O Tribunal “a quo” deu/negou provimento ao recurso e determinou
xxxxxxxxxxx.

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UNIDADE Requisitos Básicos Estruturais: Desenvolvimento
dos Recursos Especial e Extraordinário

Claro está que o V. Acórdão recorrido viola de forma direta e literal di-
reitos da parte recorrente, conforme será demonstrado ao longo desta peça recursal.
.
II – DA DEMONSTRAÇÃO DO CABIMENTO DO PRESENTE RECURSO
II.1 – DO PREQUESTIONAMENTO
A matéria foi prequestionada amplamente no processo, conforme se
verifica das peças direcionadas às instâncias anteriores, em cumprimento ao disposto
no artigo 1025 do Código de Processo Civil.
II.2 – DA NÃO VIOLAÇÃO À SÚMULA 7ª DO COLENDO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
O presente recurso está em plena conformidade com as Súmulas 05
e 07 desta Colenda Corte, já que não tem a finalidade de discutir questões de fato ou
de prova, mas tão somente as questões de violação a direito.
II.3 – DA LEI FEDERAL CONTRARIADA OU DE VIGÊNCIA NEGADA
Os recorrentes entendem que foi contrariado o dispositivo legal abaixo
(artigo 105, III, “a”, da Constituição Federal):
– especificar artigos violados – de acordo com o seu caso
II.4 – DA TEMPESTIVIDADE
O presente recurso é tempestivo, na medida em que o V. Acórdão
recorrido foi publicado no dia 00/00/0000.
III – DAS RAZÕES DO PEDIDO DE REFORMA
Tratar especificamente de cada dispositivo de lei federal violado, conforme exemplo
abaixo:
III.1 – DA VIOLAÇÃO AO ARTIGO XXXXX DO CÓDIGO XXXX
No V. Acórdão recorrido, o Tribunal “ad quem” violou o disposto no
artigo XXXX do Código XXXX, ao entender que ... (copiar trecho da decisão – proble-
ma que violou o dispositivo legal).
Esclarecer a interpretação correta da norma que justifica o pedido de re-
forma da decisão. Em outras palavras, demonstrar o erro cometido na decisão recorrida.
Desta maneira, requer o conhecimento e o provimento do presente
recurso, a fim de que seja reformado o V. Acórdão recorrido para .... (Especificar a
finalidade da reforma; a consequência pretendida).
Se houver mais de um dispositivo violado, repetir essa estrutura
de tópico.
IV – DO PEDIDO DE REFORMA
DIANTE DO EXPOSTO, requer a Vossas Excelências o conhecimento e
o provimento do presente Recurso Especial, a fim de que seja reformado o V. Acór-
dão para .... (Especificar a finalidade da reforma; a consequência pretendida), como
medida de Justiça.
Por fim, requer a inversão do ônus da sucumbência e a sua majoração recursal, pre-
vista no artigo 85, § 11, do Código de Processo Civil.
Nestes termos,
Pede Deferimento.

16
Local e data.
NOME E ASSINATURA DO ADVOGADO
OAB/UF N.º

Desenvolvimento de Peça do Recurso Extraordinário


A redação do recurso extraordinário não difere muito da redação do recurso espe-
cial, tendo como fator diferencial a questão da demonstração da repercussão geral.

No recurso extraordinário você também redigirá uma peça com o formato de


peça de interposição, mais peça das razões do recurso, como fez no recurso especial.

Os requisitos estão previstos no artigo 1.029 do Código de Processo Civil, con-


forme já examinamos anteriormente.

Assim, sem mais delongas vamos analisar a proposta de esqueleto da peça de


recurso extraordinário.

ESTRUTURA DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO


EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉ-
GIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA (OU TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL) DO ESTADO DE
XXXXXXXXXX.
TIPO DO RECURSO (APELAÇÃO/EMBARGOS/AGRAVO)
N.º 00000000-00.2013.8.26.0000
NOME DO RECORRENTE, já qualificado, nos autos dos EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO (exemplo – ver o tipo do recurso) opostos contra o V. Acórdão pro-
ferido em apelação tirada de sentença proferida nos autos da AÇÃO DE XXXXXXXX
que lhe move NOME DO RECORRIDO, também já qualificado, por seu advogado
que esta subscreve, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com
fundamento no artigo 102, III, “a” da Constituição Federal, combinado com o artigo
1.029 do Código de Processo Civil, tempestivamente, interpor o presente RECURSO
EXTRAORDINÁRIO ao v. acórdão proferido pela Xª Câmara de Direito Privado do
Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de XXXXXX, que deu/negou provimento
aos Embargos de Declaração, violando dispositivo de lei federal, motivo pelo qual,
requer o recebimento, processamento e a posterior remessa dos autos ao Superior
Tribunal de Justiça, pelos fatos e fundamentos expostos nas razões anexa.
Requer a juntada do preparo, taxas e porte de remessa e retor-
no, devidamente recolhidos, bem como a intimação da parte recorrida para
oferecer as contrarrazões.
Nestes Termos,
Pede Deferimento.
Local e data.
NOME E ASSINATURA DO ADVOGADO
OAB/UF N.º

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UNIDADE Requisitos Básicos Estruturais: Desenvolvimento
dos Recursos Especial e Extraordinário

RAZÕES DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO


Recorrente: NOME DO RECORRENTE
Recorrido: NOME DO RECORRIDO
Tribunal “ad quem”: TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE XXXX
Tribunal “a quo”: COLENDO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
RECURSO N.º 00000000-00.2013.8.26.0000
Colendo Supremo Tribunal Federal,
Emérita Turma,
Ínclitos Ministros.
I – DA EXPOSIÇÃO DO FATO E DO DIREITO
Copiar o problema proposto, sem inventar nada sobre os fatos.
Procure separar os assuntos e organizar os parágrafos.
Parágrafos mais curtos diminuem as chances de erros e demons-
tram objetividade.
Sugestão de texto:
Trata-se de Recurso Especial interposto contra V. Acórdão que re-
formou decisão de primeira instância que havia deferido/indeferido pedido de
xxxxxxxxx.
O Tribunal “a quo” deu/negou provimento ao recurso e determinou
xxxxxxxxxxx.
Claro está que o V. Acórdão recorrido viola de forma direta e literal di-
reitos da parte recorrente, conforme será demonstrado ao longo desta peça recursal.
II – DA DEMONSTRAÇÃO DO CABIMENTO DO PRESENTE RECURSO
II.1 – DA REPERCUSSÃO GERAL DA QUESTÃO CONSTITUCIONAL
Inicialmente, em cumprimento ao disposto no § 2º, do artigo 1.035,
do Código de Processo Civil, demonstra a parte recorrente a repercussão geral da
questão constitucional.
No caso dos autos, a decisão recorrida afrontou diretamente o dis-
posto no artigo 00, da Constituição Federal.
Assim, verifica-se que há repercussão do ponto de vista econômico,
político, social ou jurídico (especificar qual ponto de vista e atrelar com a situação),
nos termos do artigo 1.035, § 1º, do Código de Processo Civil, transcendendo os in-
teresses subjetivos do processo, justificando o conhecimento do presente recurso.
II.2 – DO PREQUESTIONAMENTO
A matéria foi prequestionada amplamente no processo, conforme se
verifica das peças direcionadas às instâncias anteriores, em cumprimento ao disposto
no artigo 1025 do Código de Processo Civil e de acordo com as súmulas 279 e 282
deste Colendo Supremo Tribunal Federal.
II.3 – DO DISPOSITIVO CONSTITUCIONAL CONTRARIADO
Com fundamento no artigo 102, III, “a”, da Constituição Federal, os
recorrentes esclarecem que foi contrariado o dispositivo Constituição Federal abaixo:
– especificar os artigos da Constituição violados – de acordo com o seu caso

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II.4 – DA TEMPESTIVIDADE
O presente recurso é tempestivo, na medida em que o V. Acórdão
recorrido foi publicado no dia 00/00/0000.
III – DAS RAZÕES DO PEDIDO DE REFORMA
Tratar especificamente de cada dispositivo de lei federal violado, conforme exem-
plo abaixo:
III.1 – DA VIOLAÇÃO AO ARTIGO XXXXX DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL
No V. Acórdão recorrido, o Tribunal “ad quem” violou o disposto no
artigo XXXX do Código XXXX, ao entender que ... (copiar trecho da decisão – proble-
ma que violou o dispositivo legal).
Esclarecer a interpretação correta da norma que justifica o pedido de re-
forma da decisão. Em outras palavras, demonstrar o erro cometido na decisão recorrida.
Desta maneira, requer o conhecimento e o provimento do presente
recurso, a fim de que seja reformado o V. Acórdão recorrido para .... (Especificar a
finalidade da reforma; a consequência pretendida).
Se houver mais de um dispositivo violado, repetir essa estrutura
de tópico.
IV – DO PEDIDO DE REFORMA
DIANTE DO EXPOSTO, requer a Vossas Excelências o conhecimento e o provimento
do presente Recurso Extraordinário, a fim de que seja reformado o V. Acórdão para
.... (Especificar a finalidade da reforma; a consequência pretendida), como medida
de Justiça.
Por fim, requer a inversão do ônus da sucumbência e a sua majoração recursal, pre-
vista no artigo 85, § 11, do Código de Processo Civil.
Nestes termos,
Pede Deferimento.
Local e data.
NOME E ASSINATURA DO ADVOGADO
OAB/UF N.º

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dos Recursos Especial e Extraordinário

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Livros
Prática Forense: Prática empresarial
ARAÚJO, B. D. J. M. A. Col. Prática Forense: Prática empresarial – Vol 4. São
Paulo: Editora Saraiva, 2019. Disponível em sua biblioteca na área do aluno.
Curso de Direito Processual Civil
HUMBERTO, T. J. Curso de Direito Processual Civil. Vol. III. 52. ed. São Paulo:
Grupo GEN. Disponível em sua biblioteca na área do aluno.
Código de Processo Civil Comentado
NERY JUNIOR, N.; NERY, R. M. de A. Código de Processo Civil Comentado.
17. ed. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2018.

Vídeos
Redação jurídica – Destravando a escrita
https://youtu.be/eXFk15-_t0E

20
Referências
ARAUJO, B. D. J. M. A. Col. Prática Forense: prática empresarial. Vol. 4. São
Paulo: Editora Saraiva, 2019. Disponível em: <https://integrada.minhabiblioteca.
com.br/#/books/9788553612680/>. Acesso em: 19/06/2020.

BRASIL. Lei n. 10.406, 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário


Oficial da União, Brasília, DF, 11 jan. 2002. Disponível em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acesso em: 19/06/2020.

________. Lei n. 13.105, 16 de março de 2015. Institui o Código de Processo


Civil. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 11 jan. 2002. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso em:
19/06/2020.

BUENO, C. S., Novo Código de Processo Civil Anotado. São Paulo: Ed. Saraiva,
2016.

DONIZETTI, E. Novo Código de Processo Civil Comparado. São Paulo: Ed.


Atlas, 2015.

________. Curso Direito Processual Civil. São Paulo: Grupo GEN, 2020.

FREIRE, R. da C. L. Novo Código de Processo Civil – CPC para Concursos:


doutrina, jurisprudência e questões de concurso. Coordenação Ricardo Didier. 6. ed.
Salvador: Juspodivm, 2016.

HUMBERTO, T. J. Curso de Direito Processual Civil – Vol. III. 52. ed. São Paulo:
Grupo GEN, 12/2018. Disponível em: <https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/
books/9788530983680/>. Acesso em: 19/06/2020.

NERY JUNIOR, N.; NERY, R. M. de A. Código de Processo Civil Comentado.


17. ed. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2018.

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