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SUMÁRIOS

22/23-09-2022 – Aulas teóricas

Apresentação da disciplina

A – Cumprimentos de boas vindas; felicitações aos alunos por terem escolhido o


curso de Direito e a Universidade Portucalense; apresentação da equipa docente
(Professores Doutores Maria Emília Teixeira, Renato Lovato Neto, Heinrich Ewald
Hörster [regente]) bem como da disciplina em geral; indicação da bibliografia e
principal material de estudo; exposição cuidadosa do regime de avaliação.

B – Objectivo de ensino e aprendizagem

O período de leccionação está limitado a um só Semestre – o primeiro semestre


com que os alunos iniciam os seus estudos de direito. Assim, a matéria a leccionar
concentra-se no essencialmente necessário. Limita-se a oferecer uma orientação
básica quanto às regras fundamentais do direito positivo em vigor. Deste modo,
o objectivo é que o aluno interiorize a ideia geral do direito, isto é, o fim supremo
das normas jurídicas estabelecidas em ordem da realização da justiça (O. Gierke),
conheça a ordem jurídica com a sua linguagem e suas normas, valorize as fontes
do direito (e aqui conheça bem as regras no que respeite à vigência,
interpretação e aplicação das leis), saiba quem são os sujeitos de direito e seus
direitos subjectivos e os modos de actuação da protecção coactiva do sistema
jurídico. A matéria que vai ser leccionada tem graus de dificuldade diferentes que
vão aumentar sucessiva, mas não excessivamente ao longo do período da
leccionação.

C – Referências a algumas dificuldades específicas:

O primeiro desafio para os alunos de direito no início dos seus estudos reside na
dificuldade de “entrar no mundo jurídico” – aqui é preciso ter curiosidade
intelectual e ter a vontade de estudar com gosto – e aprender e compreender a
sua linguagem específica com os seus conceitos abstractos e suas estruturas
organizadoras, os métodos e instrumentos que o caracterizam e lhe são próprios
para poder raciocinar e argumentar de acordo com todos eles. O direito
apreende-se com a língua. Deste modo, a terminologia jurídica é o ponto de
partida para o pensamento jurídico. É preciso estudar as matérias com o objectivo
de alcançar adquirir um entendimento e um uso correcto e transparente da
linguagem jurídica. De resto, como é óbvio, o uso da linguagem jurídica adquirida
assim como o uso da língua em geral deve ser honesto e não enviesado porque
apenas deste modo se cria confiança mútua.
Por outro lado, é preciso adquirir, possuir e cultivar uma sensibilidade jurídica,
ter uma intuição jurídica, para antecipar se o resultado de um raciocínio jurídico
ou de uma decisão a respeito dos factos em causa é justo, adequado, sensato e
correcto: o jurista deve possuir “mentalidade jurídica”, deve ter “ Judiz”, como
dizem os alemães, quer dizer, a premonição, a sensibilidade ou intuição para
encontrar a solução juridicamente justa e adequada. É o que chama Ángel Latorre
a “arte do jurista”. Para o efeito o jurista deve ponderar os argumentos em que
fundamenta as suas decisões e também os resultados que decorrem da aplicação
da lei e suas normas (o símbolo da balança nas mãos da Justitia lembra esta
qualidade). É a primazia do juiz e da lei que continuam a ser as ideias-chave na
configuração da mentalidade do jurista (Ángel Latorre).

Isto respeitado, é essencial preservar sempre o pensamento e o juízo natural (a


natürliche Urteilskraft no dizer de Kant), o senso comum, ao par das deduções
ponderadas resultantes da aplicação da lei (e que são de natureza diferentes da
objectividade impessoal com que se fazem as deduções matemáticas ou se
aplicam algoritmos).

Finalmente, o jurista deve ter ética profissional e a consciência da sua


responsabilidade social ao serviço do direito; ele deve ter, passe a ênfase, uma
certa paixão com o fim de realizar o Direito. Não deve pretender contentar-se
com uma aplicação tecnocrática do direito da lei, mas cultivar a consciência de
que atrás de cada decisão que toma está um homem com as suas dificuldades
perante a realidade da sua vida (e daí a necessidade de o jurista ter o “ human
touch”).
D – Ao fim das aulas segue-se o período de avaliação de conhecimentos que se
destina a avaliar o que o aluno sabe (e não para apurar que o aluno não sabe).
A avaliação obedece às regras enunciadas na Ficha da Unidade Curricular
“Introdução ao Direito”. As notas são aplicadas com rigor. A este respeito convém
lembrar que não é decisivo como os alunos lidam com os seus êxitos, mas como
conseguem superar eventuais insucessos e não desistem. Neste contexto deve
ser dito que é condenável recorrer a práticas fraudulentas. Por um lado, fica
destruída a relação de confiança mútua entre professores e alunos e, por outro
lado, o que é pior, trata-se de uma deslealdade enorme em relação aos alunos
honestos como quase todos são.

E – Para acompanhar a leccionação são disponibilizados semanalmente aos


alunos “Sumários desenvolvidos” que – para além dos sumários publicados no
SIUPT – serão colocados na plataforma de apoio ao ensino “moodle”. Estes
“Sumários” podem ser acompanhados, pontualmente, com alguns elementos de
estudo adicionais. Os Sumários desenvolvidos destinam-se para relembrar o que
foi leccionado nas aulas teóricas e para fazer a ligação com a bibliografia que os
alunos devem estudar. Aqui temos em primeiro lugar o livro de João Baptista
Machado, Introdução ao Direito e ao Discurso Legitimador, que nos serve de
referência e orientação ao longo das aulas embora a sua sistemática não seja
inteiramente seguida.

Efectivamente, para a aquisição dos conhecimentos é preciso consultar alguma


Bibliografia destinada a acompanhar e aprofundar a matéria leccionada nas aulas
(teóricas e práticas) e que deve ser utilizada seguindo as indicações precisas dos
docentes no fim de cada um dos Sumários desenvolvidos (ler: …).

Para o efeito, as obras principais, inclusive o livro já referido, são:

João Baptista Machado, Introdução ao Direito e ao Discurso Legitimador,


Coimbra, 1983 (há mais do que 20 reimpressões);

Ángel Latorre, Introdução ao Direito, Coimbra, reimpressão (sobretudo para


acompanhar as primeiras aulas).

Outras obras relevantes são:

João Baptista Machado, Iniciação ao mundo do direito, em: Obra Dispersa, Vol.
II, Braga 1993, pp. 475 a 545, e Tutela da Confiança e «venire contra factum
proprium» em: Obra Dispersa, Vol. I, pp. 345, 346 a 354;
Karl Engisch, Introdução ao Pensamento Jurídico, Tradução e Prefácio [muito
importante] de João Baptista Machado, Lisboa, edição da Fundação Calouste
Gulbenkian;

Para quem souber ler bem o inglês é de grande interesse a obra, publicada em
três volumes (1973, 1976, 1979) de Friedrich A. Hayek, Law, Legislation and
Liberty.
No que respeita às leis que devem ser utilizadas no essencial há apenas duas: o
Código Civil e a Constituição da República.

Ler: Ángel Latorre, Prefácio


e, como leitura facultativa, o pequeno texto que segue em Anexo a este Sumário
"João Baptista Machado: o Homem e o Civilista”, Scientia Iuridica, 2003, pp. 215-
224.

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