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Apresentação da disciplina
O primeiro desafio para os alunos de direito no início dos seus estudos reside na
dificuldade de “entrar no mundo jurídico” – aqui é preciso ter curiosidade
intelectual e ter a vontade de estudar com gosto – e aprender e compreender a
sua linguagem específica com os seus conceitos abstractos e suas estruturas
organizadoras, os métodos e instrumentos que o caracterizam e lhe são próprios
para poder raciocinar e argumentar de acordo com todos eles. O direito
apreende-se com a língua. Deste modo, a terminologia jurídica é o ponto de
partida para o pensamento jurídico. É preciso estudar as matérias com o objectivo
de alcançar adquirir um entendimento e um uso correcto e transparente da
linguagem jurídica. De resto, como é óbvio, o uso da linguagem jurídica adquirida
assim como o uso da língua em geral deve ser honesto e não enviesado porque
apenas deste modo se cria confiança mútua.
Por outro lado, é preciso adquirir, possuir e cultivar uma sensibilidade jurídica,
ter uma intuição jurídica, para antecipar se o resultado de um raciocínio jurídico
ou de uma decisão a respeito dos factos em causa é justo, adequado, sensato e
correcto: o jurista deve possuir “mentalidade jurídica”, deve ter “ Judiz”, como
dizem os alemães, quer dizer, a premonição, a sensibilidade ou intuição para
encontrar a solução juridicamente justa e adequada. É o que chama Ángel Latorre
a “arte do jurista”. Para o efeito o jurista deve ponderar os argumentos em que
fundamenta as suas decisões e também os resultados que decorrem da aplicação
da lei e suas normas (o símbolo da balança nas mãos da Justitia lembra esta
qualidade). É a primazia do juiz e da lei que continuam a ser as ideias-chave na
configuração da mentalidade do jurista (Ángel Latorre).
João Baptista Machado, Iniciação ao mundo do direito, em: Obra Dispersa, Vol.
II, Braga 1993, pp. 475 a 545, e Tutela da Confiança e «venire contra factum
proprium» em: Obra Dispersa, Vol. I, pp. 345, 346 a 354;
Karl Engisch, Introdução ao Pensamento Jurídico, Tradução e Prefácio [muito
importante] de João Baptista Machado, Lisboa, edição da Fundação Calouste
Gulbenkian;
Para quem souber ler bem o inglês é de grande interesse a obra, publicada em
três volumes (1973, 1976, 1979) de Friedrich A. Hayek, Law, Legislation and
Liberty.
No que respeita às leis que devem ser utilizadas no essencial há apenas duas: o
Código Civil e a Constituição da República.