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CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR

PROFESSOR LUIZ EDUARDO

1 Roteiro
a) Introdução – apresentação do curso e do conteúdo da aula.
b) Conceito de Contabilidade – ciência, campo, objeto e método.
c) Histórico – surgimento, evolução e situação atual.
d) Conceito de patrimônio – bens, direitos e obrigações.
e) Funções da Contabilidade – a Contabilidade como um sistema de
informação, seus usuários e seus objetivos.
f) Princípios e convenções contábeis.

2 Introdução
“Decifra-me ou devoro-te”.
Essa antiga frase, da tragédia Grega “Édipo Rei” escrita por Sófocles,
dita pela esfinge a Édipo, parece apoderar-se do estudante quando do
seu primeiro contato com a Contabilidade. De fato, parece um desafio
decifrar essa estranha linguagem, que mistura palavras e matemática,
em linguagem escrita, parece usar palavras soltas de forma telegráfica
e, ainda por cima, parece tratar de forma inversa o credor e o devedor.
Estamos aqui para provar o contrário, para demonstrar que a
Contabilidade está apoiada em poucas e claras premissas que, uma vez
conhecidas, nos permitem entender (de forma lógica, rápida e fácil)
seus detalhes.
Nossa proposta é trabalhar os conceitos contábeis de forma concreta,
(1) com referência à realidade conhecida de todos nós, induzindo o
aluno ao entendimento dos conceitos e não apenas os apresentando
(reduzindo assim – ao máximo – a necessidade de decorar), (2) de
forma lúdica – o aprendizado tem que ser prazeroso – porque a emoção
tem o poder de fixar o conhecimento na memória do estudante (em
outras palavras, o caminho da mente passa pelo coração1) e (3) de
forma completa (que permita resolver problemas).
Seguindo o ensinamento de Aristóteles, estamos convictos que não há
nada no intelecto que não tenha passado pelos sentidos. Dessa forma,
como método, vamos nos valer de várias metáforas, que permitam ao
aluno “sentir o peso do patrimônio nas mãos” e “ver o valor sendo
transferido de um elemento do patrimônio para outro”. É somente

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Veja a etmologia da palavra decorar – saber com o coração (de cor) – no mesmo
sentido o inglês usa to know by heart (saber com o coração).

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dessa forma (concreta), a partir da realidade já conhecida, que o aluno
apreende conceitos novos com facilidade.
Assim, uma vez conhecida, a Contabilidade – Decifrada – não nos
devora. Ao contrário, somos nós que nos deliciamos com ela: “mamão
com açúcar”.
A preparação inclui aulas sobre temas específicos e em grau de
dificuldade crescente, que não somente apresentam os conceitos
atinentes à matéria, de forma clara e direta, mas também apontam os
assuntos de maior relevância, bem como os detalhes geralmente
pedidos nas provas. Ao final de cada aula, com o objetivo de
proporcionar uma preparação completa, são recomendadas leituras, de
normas e obras referenciadas e, finalmente – mas não menos
importante –, são propostas questões de provas anteriores (a maioria
da ESAF, de concursos para AFRF, TRF, TCU, AFC e etc., mas também
de outras bancas), resolvidas e comentadas.
É no processo de resolução de questões de prova que os conceitos
aprendidos serão contextualizados, na interpretação do enunciado, os
detalhes e armadilhas serão detectados e, ainda, os critérios utilizados
pelo examinador serão revelados, tornando-se familiares ao estudante.
Além do medo do desconhecido, já comentado acima, outra dificuldade,
que prejudica o aprendizado da Contabilidade, é a tentativa de utilização
de conceitos, por ela tratados, de forma não-rigorosa. Nesse diapasão,
é normal escutar frases EQUIVOCADAS, de pessoas que pensam
dominar a Contabilidade, como: (1) Se vendas são receitas, compras
são despesas; (2) Uma empresa estava com lucro, mas comprou um
veículo e o lucro foi todo consumido, em compensação houve um
aumento do capital, no valor do veículo; (3) Não houve receita de
venda, pois as mercadorias ainda não foram pagas; (4) Provisões são
antecipações de despesa que somente irá ocorrer no futuro; (5)
despesas são itens negativos do patrimônio, portanto são passivos e
receitas, ao contrário, devem ser ativos; (6) Créditos são conceitos
positivos do patrimônio, portanto os ativos devem ser representados por
créditos, ao contrário, os passivos devem ser representados por débitos;
etc. Todas essas idéias, acima, são corriqueiras, MAS ESTÃO
INCORRETAS, e prejudicam o raciocínio contábil. Assim, nossa proposta
de aprendizado pressupõe que o aluno deixe para traz idéias
preconcebidas e abra sua mente para os conceitos que serão colocados.
Como um ganho paralelo, além da aprovação no concurso – é claro, o
correto entendimento dos fundamentos da Contabilidade permitirá ao
estudante uma melhor visão do mundo que nos cerca. Assim, será mais
fácil ler o jornal, entender as matérias de economia, negócios, mercado
acionário e, ainda, os balanços publicados pelas empresas. Porém, no

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meu entender, o maior ganho paralelo auferido pelo estudante, no
aprendizado da Contabilidade, é a possibilidade de entender com clareza
os detalhes da legislação (tão importante na atividade diária do Auditor-
Fiscal). Afinal de contas, os tributos incidem sobre a renda (lucro, no
caso de pessoas jurídicas), a receita ou o faturamento – que são
conceitos tratados de forma rigorosa pela Contabilidade – e a legislação,
ao referenciá-los, faz alusão a esses conceitos contábeis.
Apresentada nossa proposta didática, passaremos (com alegria e
confiança) ao estudo da matéria.

3 Conceito de Contabilidade
Em vários livros, encontramos a definição da Contabilidade como a
ciência que estuda o patrimônio e que apresenta: (a) a azienda como
seu campo, (b) o patrimônio como seu objeto e (c) as partidas dobradas
como o método por ela eleito.
Nesse sentido, a Resolução n° 774, de 1994, do Conselho Federal de
Contabilidade dispõe, conforme a seguir:
1 – A CONTABILIDADE COMO CONHECIMENTO
1.2– A Contabilidade como ciência social
A Contabilidade possui objeto próprio – o Patrimônio das
Entidades – e consiste em conhecimentos obtidos por
metodologia racional, com as condições de generalidade,
certeza e busca das causas, em nível qualitativo
semelhante às demais ciências sociais. A Resolução
alicerça-se na premissa de que a Contabilidade é uma
Ciência Social com plena fundamentação epistemológica.
Por conseqüência, todas as demais classificações –
método, conjunto de procedimentos, técnica, sistema,
arte, para citarmos as mais correntes – referem-se a
simples facetas ou aspectos da Contabilidade, usualmente
concernentes à sua aplicação prática, na solução de
questões concretas.
No mesmo sentido, o Primeiro Congresso de Contabilistas – ocorrido no
Rio de Janeiro, em 1924 – definiu que “a Contabilidade é a ciência que
estuda e pratica as funções de orientação, de controle e de registro
relativos à administração econômica”.
Nem sempre o leitor fica satisfeito com essa colocação, fica faltando
uma explicitação desses conceitos, para que se possa transmitir uma
idéia útil àqueles que iniciam o estudo na área. A sensação é a de que,
já de início, há palavras para decorar sem que se entenda seu
significado.
Esclareço que, na preparação para concursos públicos, não há nada de
errado na necessidade de que sejam decorados (memorizados) termos e

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conceitos. Gosto de utilizar a seguinte frase, bem humorada, para
ilustrar a questão: não é necessário decorar nada, somente se quiser
passar no concurso. O que está errado é ter que decorar algo que não
se entendeu; essa é uma tarefa incompatível com nossa natureza
humana, curiosa e inconformada com a ignorância. Em nossas vidas,
decoramos idiomas inteiros, números compridos (identidade, CPF,
endereços, telefones, etc.), portanto, memorizar não é exatamente um
problema para nós. O segredo da memorização é, antes de decorar,
entender o significado do que vai – em seguida – ser decorado.

3.1 Conceito de Ciência


Para entender o que está acima colocado, antes de qualquer explicação,
faz-se necessário conhecer o conceito de ciência. Por ciência, entende-
se uma atividade rigorosa de estudo. Não é uma atividade de estudo
qualquer, mas uma atividade rigorosa – em que os resultados e
conclusões alcançados por diversos estudiosos sejam compatíveis entre
si e apontem em uma mesma direção, servindo para resolver problemas
e responder questionamentos. O objetivo de qualquer ciência é
encontrar verdades parciais, que expliquem tão somente aquela parte
da realidade que a ciência se propõe estudar.
Para adentrar ao conceito de ciência, é também importante identificar o
que ela não é, e o que ela não busca:
a ciência não tem por objetivo encontrar uma verdade completa sobre a
realidade e a existência, que tudo explique – isso é um problema da
filosofia, notadamente da metafísica, que escapa ao escopo do nosso
curso;
a ciência não procura uma verdade última, que não possa ser discutida,
desafiada ou derrubada – esse seria o conceito de dogma religioso.
Pois bem, com base no que foi acima colocado, é considerado científico
o conhecimento, rigorosamente alcançado, que explique uma parcela da
realidade e que seja passível de refutação sem ter sido ainda refutado.
É no âmbito do conceito de ciência que a Contabilidade se coloca, como
uma atividade rigorosa de estudo, conforme já visto. Faz-se então
necessário identificar o campo e o objeto de estudo da Contabilidade.

3.2 O Campo e o Objeto de Estudo da Contabilidade


Por campo, entende-se aquela parcela da realidade estudada por uma
ou mais ciências. Metaforicamente, considerando-se a realidade como
um grande território onde se encontra a humanidade, o campo seria um
pequeno terreno a ser conhecido em detalhes por uma ou mais ciências.

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Interessante notar que um mesmo campo pode ser estudado por mais
de uma ciência, diferindo, apenas, o aspecto do campo estudado por
cada uma. Exemplificativamente, as ciências sociais têm seu estudo
direcionado para um mesmo campo: o campo das relações entre seres
humanos. Assim, a Economia estuda as relações entre seres humanos
do ponto de vista das necessidades humanas ilimitadas frente a
recursos escassos, a Política, por outro lado, estuda as relações entre
seres humanos do ponto de vista do poder.
A Contabilidade, portanto, tem como campo a azienda. Por azienda,
entende-se toda entidade organizada passível de ter um patrimônio
(bens, direitos e obrigações). O termo azienda tem o mesmo radical
que “fazenda”, no sentido de tesouro e não no sentido de propriedade
rural – veja que o Ministério da Fazenda é responsável pela
administração do Tesouro Nacional (mas não possui bois nem vacas).
Repare que a utilização do conceito de azienda permite que a
Contabilidade se preocupe com organizações que não apenas as
empresas formalmente constituídas (pessoas jurídicas com fins
lucrativos), alcançando também as empresas informais, as entidades
sem fins lucrativos, empresas públicas, pessoas físicas e etc2. Dessa
forma, enquadram-se, exemplificativamente, no conceito de azienda as
indústrias, as empresas comerciais, as empresas prestadoras de
serviços, os clubes, os templos religiosos, os partidos políticos, as
pessoas físicas e etc.
Visto que a Contabilidade é atividade de estudo sobre as aziendas, resta
identificar seu objeto. Por objeto, entende-se o viés, o ponto de vista, a
preocupação principal que a ciência tem ao observar seu campo de
estudo. No caso, a Contabilidade apresenta como seu objeto o
patrimônio, entendido como o conjunto de bens, direitos e obrigações
referentes à azienda.
Repare que outras ciências podem também se ocupar do estudo de
entidades que se enquadrem no conceito de azienda. Um exemplo claro
disso é a Administração, que se ocupa de entidades (aziendas), porém
sob o ponto de vista (objeto) da organização de bens e pessoas. Assim,
conclui-se que é o objeto que diferencia as ciências.

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Por Pessoa Física, entende-se qualquer ser humano que, tendo personalidade jurídica
(sendo sujeito de direitos e obrigações) pode ser titular de um patrimônio. Por Pessoa
Jurídica, entende-se toda entidade resultante da organização humana de recursos
(humanos e materiais) que, também pode ser titular de um patrimônio. Pessoas
jurídicas podem ser classificadas em Pessoas Jurídicas de fato (que não estão
regularmente constituídas – conforme o Direito) ou de Direito (que estão devidamente
formalizadas pelo registro de seus atos constitutivos – Estatuto, no caso de uma
Sociedade Anônima ou Contrato Social, no caso de uma Limitada – registrados no
órgão próprio).

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Apresentadas as definições acima, não podemos deixar de considerar
que, na prática, a Contabilidade está acompanhada de conceitos
oriundos de outras áreas do conhecimento. Isso porque, ainda que as
ciências sejam didaticamente separadas e classificadas, cabe referenciar
que o conhecimento é único, assim, para aplicação prática de uma
ciência (geração de tecnologia), faz-se necessária uma interação de
seus conhecimentos típicos com outros, o que se entende por
multidisciplinariedade.
Referindo-se, ao mesmo tempo, aos conceitos de campo e objeto
(propriamente dito) da Contabilidade, pelo nome de objeto, temos a já
citada Resolução n° 774, de 1994, do Conselho Federal de
Contabilidade, dispondo conforme a seguir:
1.2 – O Patrimônio objeto da Contabilidade
O objeto delimita o campo de abrangência de uma ciência,
tanto nas ciências formais quanto nas factuais, das quais
fazem parte as ciências sociais. Na Contabilidade, o objeto
é sempre o PATRIMÔNIO de uma Entidade, definido como
um conjunto de bens, direitos e de obrigações para com
terceiros, pertencente a uma pessoa física, a um conjunto
de pessoas, como ocorre nas sociedades informais, ou a
uma sociedade ou instituição de qualquer natureza,
independentemente da sua finalidade, que pode, ou não,
incluir o lucro. O essencial é que o patrimônio disponha de
autonomia em relação aos demais patrimônios existentes,
o que significa que a Entidade dele pode dispor livremente,
claro que nos limite estabelecidos pela ordem jurídica e,
sob certo aspecto, da racionalidade econômica e
administrativa.
O Patrimônio também é objeto de outras ciências sociais –
por exemplo, da Economia, da Administração e do Direito
– que, entretanto, o estudam sob ângulos diversos daquele
da Contabilidade, que o estuda nos seus aspectos
quantitativos e qualitativos. A Contabilidade busca,
primordialmente, apreender, no sentido mais amplo
possível, e entender as mutações sofridas pelo Patrimônio,
tendo em mira, muitas vezes, uma visão prospectiva de
possíveis variações. As mutações tanto podem decorrer da
ação do homem, quanto, embora quase sempre
secundariamente, dos efeitos da natureza sobre o
patrimônio.
Por aspecto qualitativo do patrimônio entende-se a
natureza dos elementos que o compõem como dinheiro,
valores a receber ou a pagar expressos em moeda,
máquinas, estoques de materiais ou de mercadorias, etc. A
delimitação qualitativa desce, em verdade, até o grau de
particularização que permita a perfeita compreensão do
componente patrimonial. Assim, quando falamos em
“máquinas”, ainda estamos a empregar um substantivo

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coletivo, cuja expressão poderá ser de muita utilidade, em
determinadas análises. Mas a Contabilidade, quando
aplicada a um patrimônio particular, não se limitará às
“máquinas” como categoria, mas, dependendo das
necessidades de controle poderá descer a cada máquina
em particular e, mais ainda, aos seus pormenores de
forma que sua caracterização evite a confusão com
quaisquer outras máquinas, mesmo de tipo idêntico.
O atributo quantitativo refere-se à expressão dos
componentes patrimoniais em valores, o que demanda que
a Contabilidade assuma posição sobre o que seja “Valor”,
porquanto os conceitos sobre a matéria são extremamente
variados.
É importantíssimo lembrar que o conceito de patrimônio é juridicamente
tratado e, assim, revela-se uma relação imbricada entre a Contabilidade
e o Direito. Ambos, como ciências sociais, tem seu objeto criado pelo
homem (e, conseqüentemente, por ele modificável). Dessa forma, a
Contabilidade deve estudar o Patrimônio nos termos em que o Direito o
define.

3.3 O Método da Contabilidade


Finalmente, o método da Contabilidade. A palavra método, oriunda do
Grego, significa caminho que leva a um objetivo. Trata-se de uma
composição de duas palavras: metha e odós. Metha (meta) significa
objetivo e odós significa caminho (veja-se a palavra odômetro – que
mede a distância do caminho percorrido por um automóvel e que
apresenta o mesmo radical), assim, método é a meta que se encontra
utilizando um determinado caminho. Muito bem, é o método que dá
rigor à ciência. Caso contrário, os resultados alcançados seriam
aleatórios e incompatíveis – trilhando-se caminhos diversos,
chegaríamos a destinos diferentes. O método se faz necessário para
afastar as conclusões baseadas simplesmente no “bom senso”, pois
duas pessoas usando somente seus “bons sensos” podem alcançar
conclusões completamente diferentes (e, não raro, incompatíveis) sobre
um mesmo objeto. Ilustrando essa afirmação, Descartes afirma que o
bom senso é a matéria mais abundante no Universo (todos acham que
possuem e ainda querem dar um pouco do seu para os outros) e,
entretanto, não resolve o problema.
Na Contabilidade, o método utilizado é o método das partidas dobradas
(que será visto em detalhes adiante em nosso curso). Esse método
consiste em considerar que para todo e qualquer item que ingressa no
patrimônio, há um lugar de onde ele é proveniente. Ou seja, não há
geração espontânea de patrimônio, mas sim uma origem para todo
elemento que se aplica no patrimônio, passando a integrá-lo.

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A partir desse método, são desenvolvidas técnicas, de escrituração e
apuração de demonstrações contábeis, de análise de demonstrações e
de verificação da correção das informações contábeis (auditoria), que
resultam na aplicação prática da ciência e que serão estudadas em
nosso curso. Apenas para fins de esclarecimento, faremos – a seguir –
uma rápida apresentação das técnicas acima referenciadas:
1) Escrituração – consiste na técnica de registro de fatos contábeis
(acontecimentos com relevância na alteração da composição do
patrimônio) em livros próprios (conhecidos como livros de
escrituração);
2) Demonstrações contábeis (Elaboração) – também conhecidas como
demonstrações financeiras, consistem quadros e esquemas
(determinados pela legislação) que têm por objetivo evidenciar a
situação patrimonial, o resultado e sua respectiva destinação, bem
como sua capacidade financeira de curto prazo – são elas3:
a) O Balanço Patrimonial – BP;
b) A Demonstração de Resultados do Exercício – DRE;
c) A Demonstração dos Lucros e Prejuízos Acumulados – DLPA (que
pode ser substituída pela Demonstração das Mutações do
Patrimônio Líquido – DMPL, a que somente as companhias de
capital aberto estão obrigadas), e;
d) A Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos (DOAR).
3) Demonstrações Contábeis (Análise) – também conhecida como
Análise de Balanços, a Análise das Demonstrações Financeiras tem
por objetivo o estudo e avaliação do patrimônio, através da
decomposição e interpretação dos demonstrativos, com vistas à
comparação (tanto do patrimônio quanto do resultado) com os de
outras entidades, e de outros períodos e, assim, permitindo uma
tomada de decisões mais abalizada.
4) Auditoria – é o método de verificação da fidedignidade das
informações do patrimônio, registradas no sistema contábil, a
auditoria pode ser:
a) Interna – quando realizada por um empregado da própria
entidade;

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Além dessas demonstrações contábeis – determinadas por lei – faz-se necessária a
elaboração de Notas Explicativas às demonstrações financeiras, que têm por objetivo
esclarecer alguns detalhes não explicitados diretamente na respectiva demonstração.
Ainda, algumas empresas podem – se desejar – apresentar outras demonstrações não
determinadas em lei, apenas a título de nota explicativa, sendo este o caso da
Demonstração dos Fluxos de Caixa – estudada mais adiante neste curso.

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b) Externa – quando realizada por um terceiro, externo à entidade, e
presumidamente isento – denominado Auditor Independente;
c) Fiscal – Realizada por Servidor Público (Auditor-Fiscal) com o
objetivo de verificação do correto registro dos fatos contábeis que
possam ensejar fato gerador de tributos.

4 Histórico da Contabilidade
4.1 Antiguidade
A idéia de Contabilidade está fortemente ligada à idéia de patrimônio,
não há aquela sem este. Assim, fazendo-se uma análise histórica da
Contabilidade, conclui-se que no período em que o homem era nômade
– vivia da caça e da coleta – a Contabilidade não tinha a menor
importância para o ser humano. Isso porque ter patrimônio, antes de
ser algo desejável, era um estorvo a ser carregado na difícil caminhada
de uma vida nômade (quanto menos fosse carregado, maior as chances
de sucesso e sobrevivência).
Isso muda em um momento histórico da maior importância: no advento
da revolução agrícola. A revolução agrícola ocorreu no momento em
que o homem percebeu que, se deixasse o resto de sua comida
(sementes) na terra, ali surgiria – no futuro – mais alimento (novos
frutos) para seu sustento. Da mesma forma, caso animais fossem
guardados em rudimentares cercados, ali eles dariam crias que, no
futuro, serviriam de alimento e vestuário.
Aí nasceu a idéia de propriedade da terra e, conseqüentemente, de tudo
o que nela estivesse. É nesse contexto que surge a Contabilidade.
Portanto, desde que o homem passou a possuir bens, ele se preocupou
com o controle desses bens.
Como ilustração da Contabilidade, ainda que incipiente, pode ser feita
uma alusão à situação de pastores que, na antiguidade, levavam, pela
manhã, seu rebanho para o pastoreio:
1) no início do dia, quando o rebanho saía do cercado, a cada cabeça
que passasse pela porteira, era colocada uma pequena pedra em um
recipiente (um vaso de cerâmica ou uma sacola de couro, por
exemplo) – repare que no recipiente havia uma REPRESENTAÇÃO do
patrimônio, com uma correspondência biunívoca entre o conjunto de
animais e de pedras guardadas.
2) Ao final do dia, os animais eram recolhidos ao cercado e era feita
uma nova verificação do rebanho, a cada animal que passasse pela
porteira, era retirada uma pedra do recipiente onde elas haviam sido
guardadas pela manhã:

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a) Caso, ao final da entrada do rebanho no cercado, ainda houvesse
pedrinhas no recipiente, concluir-se-ia que houve extravio ou
morte de algum animal (com conseqüente redução do
patrimônio);
b) Caso as pedrinhas do recipiente acabassem sem que todos os
animais tivessem passado pela porteira do cercado, concluir-se-ia
que houve nascimento ou que algum animal se agregou ao
rebanho durante o dia (com conseqüente aumento do patrimônio).
Essa era uma forma ainda muito rudimentar de controle do patrimônio,
porque não conseguia identificar a origem (de onde vieram) os
aumentos patrimoniais ou os destinos (para onde foram) as reduções
patrimoniais. Da mesma forma, não conseguia apresentar de forma
clara uma eventual troca de elementos no patrimônio (uma troca de um
animal por uma lança, por exemplo, durante o dia seria vista como o
desaparecimento de um animal – sem identificação de seu destino – e o
surgimento de um apetrecho – sem identificação de sua origem).

4.2 Renascimento e Grandes Navegações


Dando um pulo gigantesco na história, acompanhando a evolução da
Contabilidade, passamos para o período do Renascimento e das Grandes
Navegações - um período de grandes transformações culturais,
geográficas, políticas e econômicas. Naquele tempo, com o
renascimento das cidades e do comércio, as relações econômicas se
sofisticaram, demandando a criação de mecanismos de controle que as
acompanhassem e facilitassem.
Naquele momento, por exemplo, surgiram idéias que deram origem aos
títulos de crédito, ao papel moeda e ao sistema financeiro.
Com o fortalecimento das cidades, entrou em declínio a idéia de auto-
suficiência dos feudos e, assim, surgiu a necessidade de comércio, que
se organizou na forma de feiras – que ocorriam nas diferentes cidades.
Um comerciante que quisesse comprar e vender suas mercadorias em
outra cidade tinha que enfrentar uma viagem perigosa carregando
dinheiro (moedas de ouro) em estradas nas quais haviam bandidos
(salteadores). A solução era deixar seu ouro em uma casa de custódia e
ficar com um documento lettera cambii que permitia ao comerciante, ao
chegar na outra cidade, procurar a respectiva casa de custódia e, lá,
trocar sua leterra cambii por moedas de ouro, necessárias a sua
atividade de comércio.
Os proprietários das casas de custódia rapidamente perceberam que o
dinheiro nelas depositado ficava lá muito tempo, até que o detentor de
uma lettera cambii requisitasse sua retirada, e, assim, aproveitavam
para – durante aquele período – emprestar o dinheiro a terceiros

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(cobrando juros); essa atividade, hoje típica de bancos, deu origem ao
moderno sistema financeiro. As lettera cambii, por sua vez deram
origem aos atuais títulos de crédito e, posteriormente, ao papel moeda.
Nasceu, também naquele momento histórico, a idéia que deu origem às
modernas seguradoras.
No período das grandes navegações, uma viagem às Índias significava
um enorme investimento e, conseqüentemente, um enorme risco. O
termo empresa (hoje ligado à idéia de pessoa jurídica) tinha o
significado inicial de aventura (daí a idéia de uma pessoa
empreendedora ser aquela que tem capacidade de enfrentar situações
de aventura). No caso de um naufrágio, poder-se-ia perder toda uma
fortuna, amealhada em gerações. Ocorre que nem toda viagem era
objeto de naufrágio, ao contrário, as que retornavam davam aos
empreendedores um lucro imenso. Assim, empreendedores se reuniam
em associações de mercadores, ou hansas, que monopolizavam
determinados trechos de comércio, e guardavam – cada um – um
pequeno valor (relativamente ao investimento necessário para
empreender a navegação) para indenizar aquele que, porventura,
tivesse seu navio naufragado. Essa atividade é, hoje, típica de
seguradoras.
Consolidou-se, ainda, naquele momento, a utilização da pessoa jurídica,
como sujeito central da atividade de geração e circulação econômica de
riquezas.
Conforme visto acima, a empresa é a atividade (a aventura) e,
historicamente até aquele momento, ela foi desempenhada pela pessoa
(física) do mercador – suas economias e seu trabalho eram investidos
na atividade e o resultado era diretamente dele. Ocorre que, com a
sofisticação das relações econômicas, o esforço patrimonial para
empreender uma aventura passou a ser muito grande para uma pessoa
sozinha. Dessa maneira, tornou-se necessário o concurso de várias
pessoas (com vários patrimônios diferentes) que estivessem dispostas a
abrir mão de uma parte de seu próprio patrimônio para colocá-lo na
empresa (atividade-aventura), que, a partir daquele momento passava
a ter existência própria. Essa separação entre o patrimônio dos
empreendedores e do empreendimento é o fulcro da moderna limitação
de responsabilidades das pessoas jurídicas, o que permitiu que as
empresas crescessem e, com elas, a economia.
A necessidade de uma Contabilidade mais refinada ocorreu, portanto,
durante esse período, do Renascimento e das Grandes Navegações, em
que um empreendedor necessitava levantar um financiamento para
organizar uma expedição, efetuar negócios em terras distantes, trazer

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mercadorias de volta para a Europa, vender estas mercadorias, quitar o
seu financiamento e apurar o lucro do empreendimento.
Nesse contexto, fazia-se necessário um controle do patrimônio que
permitisse acompanhar (passo a passo) as transformações ocorridas no
patrimônio: (a) a obrigação, contraída, de pagar um financiamento se
transformava – patrimonialmente – em navios, mercadorias e dinheiro;
(b) parte do dinheiro se transformava – patrimonialmente – na
capacidade de ter homens disponíveis para trabalhar durante a viagem;
(c) outra parte do dinheiro, quando do comércio nas Índias, se
transformava – patrimonialmente – em especiarias; (d) as especiarias,
na volta, eram vendidas na Europa e se transformavam –
patrimonialmente – em dinheiro; (e) o dinheiro, no momento da
quitação do financiamento, se transformava – patrimonialmente – na
extinção da obrigação de pagar o referido financiamento; e (f) o que
restava era considerado lucro do empreendimento (aventura).
Por volta de 1494, um frei italiano chamado Lucca Pacciolli escreveu um
livro chamado Summa Aritmética, um tratado de lógica e matemática
onde também descrevia todos os métodos de contabilização que então
existiam espalhados, seja através de relatos verbais que chegaram ao
seu conhecimento, seja através de livretos que ensinavam como fazer
os registros dos bens e das mercadorias que eram negociadas pelos
mercadores ou outros negociantes da época. Lucca Pacciolli teve o
grande mérito de condensar todo esse conhecimento contábil em um
único livro, por isso, é considerado o Pai da Contabilidade Moderna. Ele
apresentou como método de registro do Patrimônio e de suas mutações,
o denominado “Método das Partidas Dobradas” (débitos e créditos).

4.3 Atualidade
Hoje, no Brasil, a Contabilidade está regulada pela Lei da S/A, 6.404/76
que, mantendo o método das partidas dobradas, adequa o registro do
Patrimônio e de suas Mutações à nossa realidade econômica e social. O
artigo 177 da citada Lei das S/A ilustra essa situação, conforme abaixo
reproduzido:
Art. 177. A escrituração da companhia será mantida em
registros permanentes, com obediência aos preceitos da
legislação comercial e desta Lei e aos princípios de
contabilidade geralmente aceitos, devendo observar
métodos ou critérios contábeis uniformes no tempo e
registrar as mutações patrimoniais segundo o regime de
competência.
Conforme determinado pelo próprio artigo 177 da Lei das S/A, a
Contabilidade também deve obedecer os princípios de Contabilidade
geralmente aceitos. Esses princípios de Contabilidade estão

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expressamente definidos na Resolução do Conselho Federal de
Contabilidade - CFC n° 750, de 1993, cujo art. 1o encontra-se a seguir
reproduzido.
Art. 1º Constituem PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DE
CONTABILIDADE (P.F.C.) os enunciados por esta
Resolução.
§ 1º A observância dos Princípios Fundamentais de
Contabilidade é obrigatória no exercício da profissão e
constitui condição de legitimidade das Normas Brasileiras
de Contabilidade (NBC).
§ 2º Na aplicação dos Princípios Fundamentais de
Contabilidade há situações concretas, a essência das
transações deve prevalecer sobre seus aspectos formais.
Ao lado dos princípios de Contabilidade, o CFC determinou a adoção de
várias normas brasileiras de Contabilidade – técnicas e profissionais,
que vinculam o controle do patrimônio das entidades.
Ainda, para empresas que se organizem sob a forma de Sociedade
Anônimas de Capital Aberto, a Lei das S/A determina que a respectiva
Contabilidade deva obedecer, também (e principalmente) as instruções
emanadas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), conforme consta
do § 3o de seu art. 177, abaixo:
§ 3º As demonstrações financeiras das companhias
abertas observarão, ainda, as normas expedidas pela
Comissão de Valores Mobiliários, e serão obrigatoriamente
auditadas por auditores independentes registrados na
mesma comissão.
Para entender essa determinação, é necessário explicar o conceito de
Sociedade Anônima de Capital Aberto (ou, simplesmente, Companhia
Aberta).
Companhias Abertas são aquelas que – para financiar sua atividade –
oferecem títulos ao mercado, notadamente ações (títulos que dão direito
a uma fração do patrimônio e dos lucros da empresa) ou debêntures
(títulos que dão direito a receber um determinado valor pré-
determinado em uma data futura definida e que, por vezes são
conversíveis em ações e/ou dão direito à participação nos lucros). A
população, conforme julgar interessante ou não, pode adquirir esses
títulos e, com essa situação, as Companhias Abertas formam seu
patrimônio a partir da poupança popular.
Sendo a arrecadação da poupança popular uma atividade muito séria,
do ponto de vista social – inclusive com potencial impacto na economia
– faz-se necessário um acompanhamento de perto e muito acurado da
situação dessas Companhias Abertas. Assim, elas devem obedecer,
além do disposto na Lei das S/A, o disposto em instruções da CVM.

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Nem todas as empresas no Brasil estão organizadas juridicamente sob a
forma de Sociedade Anônima. Ao contrário, muitas estão organizadas
como Sociedades Limitadas4, sendo que esses dois tipos societários
representam a virtual totalidade das pessoas jurídicas do país. A
verificação de que existem pessoas jurídicas, conseqüentemente
empresas e, conseqüentemente, aziendas que não estão organizadas
como Sociedades Anônimas, nos faz questionar se elas deveriam, ou
não, obedecer à lei das S/A. O art. 1.179 do Código Civil (Lei n°
10.406, de 2002), determina que sim e, portanto, são subsidiariamente
aplicáveis as regras da Lei das S/A, conforme a seguir:
Lei n° 10.406, de 2002 – Código Civil
Art. 970. A lei assegurará tratamento favorecido,
diferenciado e simplificado ao empresário rural e ao
pequeno empresário, quanto à inscrição e aos efeitos daí
decorrentes.
...
Art. 1.179. O empresário e a sociedade empresária são
obrigados a seguir um sistema de contabilidade,
mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de
seus livros, em correspondência com a documentação
respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial
e o de resultado econômico.
§ 1o Salvo o disposto no art. 1.180, o número e a espécie
de livros ficam a critério dos interessados.
§ 2o É dispensado das exigências deste artigo o pequeno
empresário a que se refere o art. 970.
Art. 1.180. Além dos demais livros exigidos por lei, é
indispensável o Diário, que pode ser substituído por fichas
no caso de escrituração mecanizada ou eletrônica.
Parágrafo único. A adoção de fichas não dispensa o uso de
livro apropriado para o lançamento do balanço patrimonial
e do de resultado econômico.
Mesmo antes da vigência do atual Código Civil, o Regulamento do
Imposto de Renda (Decreto 3.000, de 1999 – RIR/99) já determinava a
adoção da Lei das S/A por pessoas jurídicas que optassem pela
tributação com base no Lucro Real (sistemática que determina, como
base de cálculo do imposto, o lucro contábil ajustado, por adições,

4
A diferença básica entre Sociedades Anônimas e Sociedades Limitadas é que (1)
Sociedades Anônimas – também chamadas simplesmente de Companhias – têm seu
capital (valor colocado pelos sócios na empresa – para formação de seu patrimônio)
dividido em ações – títulos, sendo que não é relevante o titular das ações, que – via de
regra – podem circular e (2) Sociedades Limitadas têm seu capital dividido em cotas
(definidas em contrato – onde são identificados os sócios).

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exclusões e compensações determinadas ou permitidas pela legislação),
conforme art. 251:
Art. 251. A pessoa jurídica sujeita à tributação com base
no lucro real deve manter escrituração com observância
das leis comerciais e fiscais (Decreto-Lei nº 1.598, de
1977, artigo 7º).
Parágrafo único. A escrituração deverá abranger todas as
operações do contribuinte, os resultados apurados em suas
atividades no território nacional, bem como os lucros,
rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior (Lei
nº 2.354, de 29 de novembro de 1954, artigo 2º, e Lei nº
9.249, de 1995, artigo 25).
Ainda, especificamente para algumas atividades econômicas (como, por
exemplo, bancos, seguradoras, concessionárias de serviços públicos,
etc.), órgãos ou entidades da administração pública determinam regras
de contabilização especiais.
De tudo isso, depreende-se que o estudo do patrimônio – hoje –
encontra-se realizado e cristalizado em regras de aplicação mandatória,
conforme será visto a seguir.

5 O Patrimônio
5.1 Definição Tradicional
O Patrimônio é o conjunto de bens, direitos e obrigações de uma
“azienda”. Conforme já visto, a “azienda” pode ser considerada como
um ente qualquer (com personalidade ou não) possuidor de um
patrimônio. A Contabilidade, portanto, tanto pode ser utilizada para o
controle do patrimônio de uma empresa, quanto para o controle do
patrimônio de uma pessoa física ou ainda de uma família ou de um
negócio informal. O patrimônio, definido como o conjunto de bens,
direitos e obrigações, encontra-se apresentado na Resolução CFC n°
774, de 1994, a seguir:
1.2 - …
Do Patrimônio deriva o conceito de Patrimônio Líquido,
mediante a equação considerada como básica na
Contabilidade:
(Bens + Direitos) – (Obrigações) = Patrimônio Líquido
Quando o resultado da equação é negativo, convenciona-
se denominá-lo de “Passivo a Descoberto”.
O Patrimônio Líquido não é uma dívida da Entidade para
com seus sócios ou acionistas, pois estes não emprestam
recursos para que ela possa ter vida própria, mas, sim, os
entregam, para que com eles forme o Patrimônio da
Entidade.

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A diferenciação entre o conceito de bens e de direitos não é objeto de
maiores discussões em livros que tratam da Contabilidade. A razão
disso é que, do ponto de vista quantitativo do patrimônio, um bem e um
direito de mesmo valor são representados da mesma forma.
Apenas para dar uma idéia clara ao aluno que inicia seus estudos na
área, é importante dizer que:
a) não é a idéia de tangibilidade (bem Æ tangível e direito Æ
intangível), comumente aceita no vocabulário desprovido de
precisão técnica, que diferencia bens e direitos, pois a bibliografia
se refere constantemente a bens intangíveis (exemplo, patentes
de invenção);
b) a melhor conceituação/diferenciação para os termos está na idéia
de que os bens são oponíveis a toda sociedade (posso exigir de
todos que não o utilizem), enquanto um direito é oponível apenas
a algum(ns) componente(s) dessa sociedade (tenho o direito de
exigir dele(s) e apenas dele(s) que cumpram o que prometeram).
Obrigações, por sua vez, consistem em prestações que outros podem
exigir de nós.
Dá-se o nome de ATIVO para o conjunto de bens e direitos e o nome de
PASSIVO para o conjunto de obrigações. À diferença entre bens/direitos
e obrigações (que consiste no valor líquido do patrimônio) dá-se o nome
de PATRIMÔNIO LÍQUIDO.
Abaixo, apresentamos esquematicamente, o patrimônio, conforme
descrito acima.

Ativo Passivo

Bens e Direitos Obrigações

------------------- Patrimônio Líquido

Bens e Direitos (-) Obrigações

5.2 Proposta Didática de Apresentação do Patrimônio


Acima, encontra-se a definição, e apresentação, de patrimônio que se
encontra em qualquer bom livro de Contabilidade. Em nosso curso –
porém – apresentamos uma proposta diferente de representação
concreta desses conceitos, que permita sua visualização e,
conseqüentemente, sua aplicação, com maior facilidade, nos próximos
tópicos. Nossa proposta de apresentação do patrimônio, portanto, como

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o conjunto de bens, direitos e obrigações, está apoiada na metáfora da
caixa de areia.
Seja uma caixa de areia, dessas em que nossas crianças brincam – nas
praças públicas – durante o dia, em finais de semana (e que os gatos
utilizam, durante a noite, como banheiro). Considere que a caixa tenha
um formato quadrado e divida essa caixa ao meio, por uma linha
vertical, separando dois lados:
a) o lado esquerdo – representando os bens e direitos componentes
do patrimônio; e
b) o lado direito – representando as obrigações componentes do
patrimônio, bem como a diferença entre bens/direitos e
obrigações.
Ora, considerando que o patrimônio é representado como se fosse uma
caixa de areia e que bens e direitos são itens que aumentam o
patrimônio, quanto mais bens e direitos no patrimônio, maior a
quantidade de areia na caixa. Assim, metaforicamente, um bem (ou um
direito) pode ser encarado, no patrimônio, como um montinho de areia
do lado esquerdo da caixa de areia e, quanto maior for o valor do bem,
maior será o tamanho do referido montinho de areia.
Ainda considerando que o patrimônio seja representado como uma caixa
de areia, pelo contrário, obrigações seriam itens que reduzem o total do
patrimônio. Assim, obrigações reduziriam a quantidade de areia
existente na caixa. Dessa forma, metaforicamente, as obrigações
podem ser vistas, no patrimônio, como buracos feitos na caixinha de
areia (de onde foi retirada areia).
Por fim, o Patrimônio Líquido (que, conforme já visto, não é definido
como uma obrigação), consiste na diferença entre bens/direitos e
obrigações. Porém, observa-se que essa diferença corresponde
exatamente ao valor que ao final da existência da empresa (na extinção
da pessoa jurídica) deverá ser entregue aos sócios. Assim,
metaforicamente, entende-se também o Patrimônio Líquido como uma
“obrigação de longuíssimo prazo e exigibilidade muito pequena”, porém
– como se trata de valor a ser em algum momento entregue a terceiros
(sócios) pode ser visto também como um buraco no patrimônio.
Seguindo nosso modelo de apresentação do patrimônio, temos o
Patrimônio Líquido (PL) também representado por um buraco na areia.
Repare que a quantidade de areia do montinho que representa o ativo
(bens e direitos) é exatamente aquela necessária e suficiente para
preencher os buracos representantes do passivo (obrigações) e do
patrimônio líquido (valor a ser um dia entregue aos sócios). Isso está

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de acordo com a equação fundamental do patrimônio já apresentada
acima: ATIVO (-) PASSIVO (=) PATRIMÔNIO LÍQUIDO.
Abaixo, apresentamos a representação gráfica do (1) Ativo (conjunto de
bens e direitos) como montinhos de areia do lado esquerdo da caixa, do
(2) passivo (obrigações) como buracos na areia do lado direito superior
da caixa e do (3) patrimônio líquido (diferença entre bens/direitos e
obrigações – a ser um dia entregue aos sócios) também como buracos
do lado direito inferior da caixa de areia.

Ativo Passivo

Bens e Direitos Obrigações

----------------------- Patrimônio Líquido

Bens e Direitos (-) Obrigações

5.3 Situações Patrimoniais e Denominação dos Grupos do


Patrimônio
Foi visto que a equação do Patrimônio é A - P = PL, onde:
A = Ativo;
P = Passivo;
PL = Patrimônio Líquido (ou Situação Líquida).
Assim, uma Situação Líquida Superavitária ocorre quando o PL > 0, ou
seja, A > P, conforme apresentado abaixo:

Ativo Passivo
Patrimônio Líquido

Adicionalmente, uma Situação Líquida Nula - ocorre quando o PL = 0, ou


seja, A = P, conforme representado a seguir:

Ativo Passivo

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Finalmente, uma Situação Líquida deficitária – denominada também
passivo a descoberto – ocorre quando o PL < 0, ou seja, A < P, de
acordo com o quadro abaixo.5

Ativo Passivo
Patrimônio líquido

Exemplos de equações do Patrimônio:


Ativo passivo Obs.:
Bens e direitos = Obrigações + P.L. A=P+PL Situação líquida positiva - A > P

Bens e direitos = Obrigações A=P Situação líquida nula (compensada) - PL = 0

Bens e direitos < Obrigações A=P-PL Passivo a descoberto-Situação negativa (deficitária) - A < P

Bens e direitos = P.L. A=PL A empresa não tem passivo exigível - P = 0

Bens e direitos = 0 < Obrigações A=0 Passivo a descoberto-A empresa não tem bens nem direitos

Uma última informação, muito valiosa, para o aprendizado e o


entendimento dos grupos que integram o patrimônio, é a de que o
Ativo, o Passivo e o Patrimônio Líquido (assim como o diabo) são
conhecidos por vários nomes. Essa situação deriva do fato da
Contabilidade, como uma ciência social, ter evoluído ao longo de vários
séculos e acompanhado o vocabulário típico de cada época; assim, com
a evolução da linguagem, foram assimilados pela Contabilidade vários
diferentes vocábulos para designar um mesmo conceito. O valor desse
conhecimento reside no fato de que a leitura de textos sobre a
Contabilidade fica altamente facilitado; mas não é só isso, a resolução
de questões de prova também é facilitada pela possibilidade de uma

5
A demonstração da situação líquida do patrimônio do lado esquerdo
consiste numa definição dada pelo CFC na NBC-T (Norma Brasileira de
Contabilidade – Técnica) de n° 03 – conceito, estrutura e nomenclatura
das demonstrações contábeis. Tal norma, em seu item 3.2.2.13
determina que, no caso de Patrimônio Líquido negativo, seu valor deve
ser demonstrado após o ativo, conforme a seguir transcrito.
3.2.2.13 – No caso do patrimônio líquido ser negativo, será
demonstrado após o Ativo, e seu valor final denominado de
Passivo a Descoberto.
O item 3.2.2.13 foi alterados pela Resolução CFC n° 847,
de 16 de junho de 1999.

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melhor interpretação do respectivo enunciado. Dessa forma, vamos aos
termos:
a) O Ativo.
- O Ativo é definido como o conjunto de bens e direitos.
- Adicionalmente, o Ativo é conhecido pelo nome de
Patrimônio Bruto, isso porque se o Patrimônio Líquido é o
Ativo descontado do Passivo, o Ativo sem o desconto do
Passivo é o Patrimônio Bruto.
- O Ativo também é conhecido como o Total das Aplicações
(ou o Total de Recursos Aplicados no Patrimônio ou,
ainda, simplesmente, Aplicações); isso porque os valores
que a empresa recebe (seja dos sócios na forma de
capital, seja de terceiros na forma de empréstimos e
financiamentos ou, ainda, em função de sua própria
atividade na forma de receitas) são “aplicados” na
aquisição de bens e direitos. Portanto, o Ativo é o total
de bens e direitos aplicado na formação do patrimônio da
empresa.
- O ativo, finalmente, é conhecido também como o Total
dos Investimentos (ou o Total de Recursos Investidos no
Patrimônio ou, ainda, simplesmente, Investimentos6);
isso porque os valores que a empresa recebe (seja dos
sócios na forma de capital, seja de terceiros na forma de
empréstimos e financiamentos ou, ainda, em função de
sua própria atividade na forma de receitas) são
“investidos” na aquisição de bens e direitos. Portanto, o
Ativo é o total de bens e direitos investido no patrimônio
da empresa.
b) O passivo.
- O Passivo é definido como o conjunto de obrigações, que
devem ser adimplidas pela empresa.
- O termo Passivo é também utilizado pela Lei das S/A (art.
178) de forma genérica, identificando o conjunto formado

6
Notar os termos em inglês, que tanto influenciam nosso estudo. Os americanos
utilizam o termo “investment” para designar o ativo (nesse sentido ver, no tópico de
Análise de Balanços, o índice “Return on Investment” – que significa a comparação
entre o lucro da empresa e seu Ativo). Uma última observação é a de que o termo
investimento, entendido como o ativo, não se confunde com a expressão Ativo
Permanente Investimento, constante da Lei 6.404, de 1976 (Lei das S/A), e que
representa um subgrupo do Ativo e que será estudado em tópico específico deste
curso.

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pelo Passivo propriamente dito (Passivo Exigível), pelos
Resultados de Exercícios Futuros (itens do patrimônio que
apresentam características de Passivo Exigível e também
de Patrimônio Líquido e que será estudado em detalhes
em tópico próprio, quando do estudo de lançamentos e
do Balanço Patrimonial – adiante nesse cursos) e pelo
Patrimônio Líquido.7
- O Passivo (Conjunto de Obrigações) também é conhecido
pelo termo Passivo Exigível ou, ainda, simplesmente
Exigibilidades.
- Finalmente, o Passivo pode ser referenciado, ainda, como
Capital de Terceiros, numa referência ao fato de que
representa valor dado à empresa por terceiros (e que,
por via de conseqüência, deverá ser devolvido em algum
momento futuro).
c) O Patrimônio líquido
- o Patrimônio Líquido (definido como a diferença entre o
Ativo e o Passivo) também pode ser referenciado como
Capital Próprio, numa referência ao fato de que
representa valor dado à empresa pelos próprios sócios ou
acionistas ou, ainda, pela própria empresa em
decorrência de suas atividades.
- O Patrimônio Líquido, ainda, pode ser referenciado pelo
termo Situação Líquida do Patrimônio.
- Finalmente, o Patrimônio Líquido, quando tiver seu valor
negativo pode ser referenciado pelo termo Passivo a
Descoberto.
Abaixo, apresentamos quadro esquemático com as possíveis
denominações para os três grandes grupos componentes do patrimônio
(Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido), em consonância com nossa
proposta didática de apresentação dos patrimônio.

7
O fato de um mesmo termo ser utilizado com mais de um sentido não é um problema
desconhecido de nós. Afinal de contas, desde que aprendemos a nos comunicar, nos
deparamos com ele: existe banco de sentar e banco de depositar dinheiro; existe
manga de camisa e manga de comer (fruta). Ora, a distinção dos possíveis sentidos
da palavra depende do contexto em que ela se encontra e da interpretação dada a ele
pelos sujeitos da comunicação (escritor e leitor). Assim, em uma questão de prova, a
interpretação faz parte de sua resolução e, caso seja possível mais de uma
interpretação a um termo do texto do enunciado, é necessário resolver a questão duas
vezes, utilizando ambas as possíveis interpretações, para verificar qual delas resulta
em uma e apenas uma das respostas constantes das cinco alternativas da questão. A
outra possível interpretação, conseqüentemente, deve ser descartada.

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Ativo Passivo
Bens e Direitos Obrigações
Patrimônio Bruto Passivo Exigível Passivo em
Total dos Investimentos Exigibilidades Sentido
Total das Aplicações Capital de Terceiros Amplo
Investimentos --------------------------- Patrimônio Líquido (Conforme a
Aplicações Bens e Direitos (-) Obrigações Lei das S/A -
Capital Próprio art. 178)
Situação líquida do Patrimônio
Passivo a Descoberto (se negativo) *

Obs: * O Passivo a Descoberto (PL negativo) é representado do lado esquerdo do patrimônio (após o ativo)

6 Funções da Contabilidade
6.1 A Contabilidade Como um Sistema de Informações
A Contabilidade é considerada – do ponto de vista de sua finalidade –
como um sistema de informação. Para entender essa assertiva, é
necessário elucidar os conceitos de (1) sistema e de (2) informação.
Nesse sentido, citamos a Pronunciamento do Ibracon (Instituto
Brasileiro de Contadores), aprovado pela CVM (Comissão de Valores
Mobiliários) através da Deliberação n° 29, de 1986, a seguir
reproduzida, em parte:
Anexo à Deliberação nº 29 de 05 de Fevereiro de 1986.
ESTRUTURA CONCEITUAL BÁSICA DA CONTABILIDADE -
OBJETIVOS DA CONTABILIDADE
A Contabilidade é, objetivamente, um sistema de
informação e avaliação destinado a prover seus usuários
com demonstrações e análises de natureza econômica,
financeira, física e de produtividade, com relação à
entidade objeto de contabilização.
Compreende-se por sistema de informação um conjunto
articulado de dados, técnicas de acumulação, ajustes e
editagens de relatórios que permite:
a) tratar as informações de natureza repetitiva com o
máximo possível de relevância e o mínimo de custo;
b) dar condições para, através da utilização de
informações primárias constantes do arquivo básico,
juntamente com técnicas derivadas da própria
Contabilidade e/ou outras disciplinas, fornecer relatórios de
exceção para finalidades específicas, em oportunidades
definidas ou não.

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6.1.1 Conceito de Sistema
Por sistema entende-se um “conjunto de partes relacionadas”. Um
exemplo clássico de sistema é o relógio (conjunto de peças, todas
relacionadas entre si – através de engrenagens, alavancas e roldanas).
Nesse sentido, a Contabilidade também pode ser vista como um
sistema, já que ela é composta por um conjunto de (1) dados (relativos
ao patrimônio), de (2) técnicas de registros de fatos ocorridos no
patrimônio (denominados tecnicamente de lançamentos), de
acumulação e de preparação de demonstrativos e (3) de demonstrações
– todos relacionados entre si.
Os sistemas podem ser de dois tipos: abertos ou fechados. Sistemas
fechados são aqueles que não apresentam trocas com o meio em que se
inserem. O exemplo mais contundente de sistema fechado é o exemplo
do relógio (do antigo relógio de corda), que não necessita de dados
externos para calibrar e direcionar seu funcionamento – uma vez dada
corda, ele funciona de forma independente do meio em que se encontra.
Ao contrário, sistemas abertos são aqueles que têm seu funcionamento
influenciado pelo meio externo e que, também, influenciam o meio onde
se encontram. O exemplo mais claro de sistema aberto é o exemplo do
organismo unicelular (que tanto altera a situação de seu meio de
cultura, quanto é influenciado por modificações nele). Segundo esse
critério, a Contabilidade seria classificada como um sistema aberto,
sofrendo influência de várias outras disciplinas (direito, economia,
administração, matemática financeira, estatística, etc.) e nelas
influenciando.

6.1.2 Conceito de Sistema de Informação


A informação pode ser conceituada como “a matéria prima da tomada
de decisões” ou como o “dado manipulado, para a tomada de decisões”.
Veja que a idéia central no conceito de informação é a preparação para
a tomada de decisões. Um dado qualquer pode não ser considerado
como informação, quando ele não logra permitir ao usuário tomar
decisões a partir dele. Em outro contexto, este dado (geralmente
comparado a outros) alcança o status de informação, quando passa a
influir na tomada de decisão por parte do usuário.
Com base no conceito acima, podemos definir Sistema de Informação,
conjunto de partes relacionadas destinadas a permitir/facilitar a tomada
de decisões, por parte do usuário. Compreende-se, portanto, por
sistema de informação um conjunto articulado de dados, técnicas de
acumulação, ajustes e editagens de relatórios que permite:
a) tratar as informações de natureza repetitiva com o máximo
possível de relevância e o mínimo de custo;

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b) dar condições para, através da utilização de informações primárias
constantes do arquivo básico, juntamente com técnicas derivadas
da própria Contabilidade e/ou outras disciplinas, fornecer
relatórios de exceção para finalidades específicas, em
oportunidades definidas ou não.
Nesse diapasão, a Contabilidade – como um sistema de informação – se
destina a prover seus usuários com demonstrações e análises de
natureza econômica, financeira, física e de produtividade, com relação à
entidade objeto de contabilização.
Finalmente, cabe questionar o tipo de decisão a que a informação
contábil se destina. São, basicamente, dois tipos de decisão: acerca da
composição do patrimônio e acerca de sua modificação (crescimento ou
decréscimo). Isso é importante e já foi questão de prova em concurso!
Assim, as informações geradas pelo sistema contábil devem
desempenhar duas funções: (1) a função administrativa, de controlar o
patrimônio; e (2) a função econômica, de apurar o resultado (rédito).

6.1.3 O Usuário do Sistema Contábil de Informação


Conceitua-se como usuário toda pessoa (física ou jurídica, não importa)
que tenha interesse na avaliação da situação (controle do patrimônio) e
do progresso (apuração do rédito) de determinada entidade, seja tal
entidade empresa, ente de finalidades não lucrativas, ou mesmo
patrimônio familiar.
Os usuários classificam-se em dois tipos básicos: o usuário interno e o
usuário externo. O usuário interno é aquele que tem acesso (inclusive
físico) detalhado à entidade (azienda) e, assim, pode avaliar seu
patrimônio (também) diretamente. Um exemplo de usuário interno
seria o próprio administrador da entidade. O usuário externo, por sua
vez, é aquele que, sem acesso direto à entidade, tem interesse em
conhecer e acompanhar a evolução de seu patrimônio. Como exemplos
de usuário externos temos investidores, credores, clientes, governo, etc.
O usuário interno tem interesse na informação contábil para tomar
decisões como, por exemplo, admitir ou demitir pessoal, aumentar ou
não salários, incrementar (ou reduzir) a produção de determinada
mercadoria, investir (ou não) na construção de mais uma planta,
adquirir (ou não) mais uma máquina, contratar (ou não) um serviço.
O usuário externo tem interesse na informação contábil por vários
motivos:
a) o investidor, que precisa ter uma visão clara do patrimônio de
uma empresa para decidir se deve utilizar suas economias para
adquirir direitos (ações ou cotas de capital) sobre o patrimônio e,

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conseqüentemente, sobre o lucro de uma empresa – ou, ainda,
se, ao contrário, deve desfazer-se dessas ações/cotas;
b) o credor Æ que precisa verificar a capacidade de pagamento da
empresa para, calculando o risco de inadimplência, poder estipular
a taxa de juros;8
c) os fornecedores Æ que – da mesma forma que os credores em
geral – precisam verificar a capacidade da empresa de pagar pelos
bens adquiridos;
d) os clientes Æ que precisam verificar – a partir do patrimônio de
uma empresa – sua capacidade de honrar a entrega dos bens
adquiridos;
e) o Estado Æ que, a partir dos dados contábeis das empresas,
consegue:
a. avaliar a necessidade de fomento de uma ou outra
atividade;
b. consegue identificar os aumentos patrimoniais, que ensejam
fatos geradores de tributos.
Ora, ainda que a Contabilidade (como sistema de informações) seja uma
valiosa ferramenta para o usuário interno, ela é muito mais valiosa para
o usuário externo, que necessita conhecer o patrimônio de uma
entidade (azienda) sem acesso direto a ela, restando o sistema contábil
de informação como sua “janela para conhecimento do patrimônio da
entidade”. Por esse motivo, fica eleito o usuário externo como usuário
preferencial da Contabilidade. Por via de conseqüência, são
considerados usuários secundários os administradores (de todos os
níveis) da entidade.

6.1.4 A Natureza Física e Econômica/Financeira da Informação


Contábil
A Contabilidade, como um sistema de informações, para cumprir seu
objetivo, deve municiar o usuário de informações não somente sobre o
valor do patrimônio, mas também sobre a qualidade física desse
patrimônio. Somente com a visão completa, é possível a tomada de
decisões.
Informação de natureza econômica deve ser sempre entendida, em
largos traços, como a informação relativa ao patrimônio como um todo.

8
Ao contrário do que pode se pensar, hoje ninguém vai para a cadeia por não pagar
uma dívida. Assim, o que garante o pagamento da dívida é a existência de patrimônio
(por parte do devedor) para saldar a obrigação. Ora, na inexistência de patrimônio, o
credor fica prejudicado.

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Assim, fluxos de receitas e despesas (demonstração do resultado, por
exemplo), bem como o capital e o patrimônio, em geral, são dimensões
econômicas da Contabilidade.
Por outro lado, a dimensão financeira da Contabilidade representa uma
pequena parte do patrimônio (representada por moeda). Assim, os
fluxos de caixa, de capital de giro, por exemplo, caracterizam a
dimensão financeira.
Ainda, a informação de natureza física constitui um importante
desdobramento dentro da evolução da teoria dos sistemas contábeis,
pois as mais recentes pesquisas sobre evolução de empreendimentos
têm revelado que um bom sistema de informação e avaliação não pode
repousar apenas em valores monetários, mas deverá incluir, na medida
do possível, mensurações de natureza física tais como: quantidades
geradas de produtos ou de serviços, número de depositantes em
estabelecimentos bancários, e outras que possam permitir melhor
inferência da evolução do empreendimento por parte do usuário.
Finalmente, a informação de natureza de produtividade compreende a
utilização mista de conceitos valorativos (financeiros no sentido restrito)
e quantitativos (físicos no sentido restrito) como, por exemplo: receita
bruta per capita, depósitos por clientes, lucro por produto produzido,
gasto por empregado, etc.
Em que pese a importância crescente das informações físicas (e,
conseqüentemente, de produtividade), as informações de natureza
econômica e financeira é que constituem o núcleo central da
Contabilidade. O sistema de informação, todavia, deveria ser capaz de,
com mínimo custo, suprir as dimensões físicas e de produtividade. Na
evidenciação principal (demonstrações contábeis publicadas), todavia,
as dimensões físicas e de produtividade consideram-se acessórias.

6.1.5 A Interação entre a Contabilidade e Outras Disciplinas,


Necessária ao Alcance de seus Objetivos
O objetivo principal da Contabilidade, portanto, é o de permitir, a cada
grupo principal de usuários, a avaliação da situação econômica e
financeira da entidade, num sentido estático, bem como fazer
inferências sobre suas tendências futuras. Em ambas as avaliações,
todavia, as demonstrações contábeis constituirão elemento necessário,
mas não suficiente. Sob o ponto de vista do usuário externo, quanto
mais a utilização das demonstrações contábeis se referir à exploração de
tendências futuras, mais tenderá a diminuir o grau de segurança das
estimativas. Quanto mais a análise se detiver na constatação do
passado e do presente, mais acrescerá e avolumará a importância da
demonstração contábil.

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Isto não quer dizer que as demonstrações contábeis não se adaptam às
finalidades provisionais, mas apenas que avaliar tendências pode
implicar divisar ou admitir configurações econômicas, sociais e
institucionais novas, para o futuro, em que não se permite estimar com
razoável acurácia os resultados das operações, pois a previsão das
próprias operações é insegura. A Contabilidade pode, sim, ajudar a
avaliação de tendências se:
a) as conjunturas do passado se repetirem, mesmo que numa
perspectiva monetária diferente (inflação ou deflação, sem
alteração profunda do mercado); ou
b) o agente (usuário) conseguir transformar o modelo informativo
contábil num modelo preditivo, o que somente será possível
dentro do esquema mental de conhecimento e da sensibilidade do
previsor. O modelo informativo-contábil e o modelo preditivo são
duas peças componentes, não mutuamente exclusivas do processo
decisório.
Os objetivos da Contabilidade, pois, devem ser aderentes, de alguma
forma explícita ou implícita, àquilo que o usuário considera como
elementos importantes para seu processo decisório. Não tem sentido ou
razão de ser a Contabilidade como uma disciplina "neutra", que se
contenta em perseguir esterilmente uma "sua" verdade ou beleza. A
verdade da Contabilidade reside em ser instrumento útil para a tomada
de decisões pelo usuário, tendo em vista a entidade.
Há algumas décadas, notadamente a partir da virada dos anos 60 para
os anos 70 do século passado, o estudo da Contabilidade foi fortemente
influenciado por conceitos de outras disciplinas, a saber:
a) Estatística, permitindo o tratamento de séries de informações
contábeis – no tempo – relacionando-as e gerando informações de
inferência do comportamento do patrimônio no futuro;
b) Micro-Economia, notadamente a Teoria da Firma, trazendo novas
abordagens para os problemas de fixação de preço, determinação
da quantidade a ser produzida, etc.;
c) Administração, no que tange a decisões sobre viabilidade de
investimentos, etc.;
d) Matemática Financeira, trabalhando o valor do dinheiro no tempo.
Isso não retirou a identidade da Contabilidade, mas permitiu que ela
alcançasse seus objetivos de forma mais adequada.

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6.1.6 Evidenciação e Prevalência da Essência Sobre a Forma
Para a consecução desse objetivo da Contabilidade, e dentro
principalmente do contexto companhia aberta/usuário externo, dois
pontos importantíssimos se destacam:
1º) As empresas precisam dar ênfase à evidenciação de todas as
informações que permitem a avaliação da sua situação patrimonial e das
mutações desse seu patrimônio e, além disso, que possibilitem a
realização de inferências perante o futuro.
- As informações não passíveis de apresentação explícita
nas demonstrações propriamente ditas devem, ao lado
das que representam detalhamentos de valores
sintetizados nessas mesmas demonstrações, estar
contidas em notas explicativas ou em quadros
complementares.

- Essa evidenciação é vital para se alcançar os objetivos


da Contabilidade, havendo hoje exigências no sentido
de se detalharem mais ainda as informações (por
segmento econômico, região geográfica etc.). Também
informações de natureza social passam cada vez mais
a ser requisitadas e supridas.

2º) A Contabilidade possui um grande relacionamento com os aspectos


jurídicos que cercam o patrimônio, mas, não raro, a forma jurídica pode
deixar de retratar a essência econômica. Nessas situações, deve a
Contabilidade guiar-se pelos seus objetivos de bem informar, seguindo,
se for necessário para tanto, a essência ao invés da forma.
- Por exemplo, a empresa efetua a cessão de créditos a
terceiros, mas fica contratado que a cedente poderá vir
a ressarcir a cessionária pelas perdas decorrentes de
eventuais não pagamentos por parte dos devedores.
Ora, juridicamente não há ainda dívida alguma na
cedente, mas ela deverá atentar para a essência do

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fato e registrar a provisão para atentar a tais possíveis
desembolsos.

- Ou, ainda, uma empresa vende um ativo, mas assume


o compromisso de recomprá-lo por um valor já
determinado em certa data. Essa formalidade deve
ensejar a contabilização de uma operação de
financiamento (essência) e não de compra e venda
(forma).

- Noutro exemplo, um contrato pode, juridicamente,


estar dando a forma de arrendamento a uma
transação, mas a análise da realidade evidencia tratar-
se, na prática, de uma operação de compra e venda
financiada. Assim, consciente do conflito
essência/forma, a Contabilidade fica com a primeira.

Essas características de evidenciação ou de divulgação (disclosure) e de


prevalência da essência sobre a forma cada vez mais se firmam como
próprias da Contabilidade, dados seus objetivos específicos.

7 Princípios e Convenções Contábeis


Já foi visto o que é a Contabilidade (ciência que se ocupa do estudo do
patrimônio). Foi visto também o conceito de patrimônio (e sua
representação gráfica). Foram vistos, ainda, os objetivos da
Contabilidade. Em suma, até agora nos preocupamos em definir o que
e para que – falta, então, definir COMO. Este é o objeto do presente
tópico da matéria: iniciar o aluno na maneira como a Contabilidade
estuda o patrimônio, e como ela cumpre seus objetivos, de controle do
patrimônio e de apuração do resultado.
Isso é realizado a partir dos Princípios Fundamentais de Contabilidade e
das Convenções Contábeis.
Importante notar que, mais do que uma questão certa em prova, o
conhecimento dos Princípios Fundamentais de Contabilidade (e sua
correta aplicação), permite que o pensamento flua, de maneira lógica,
fazendo com que o estudante conclua – por si – várias determinações

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específicas da Contabilidade, evitando a necessidade de memorização
(“decoreba”). Assim, devemos ter o maior cuidado no estudo desse
tema, pois o assunto aqui tratado será referenciado ao longo de todo
nosso curso.

7.1 Princípios Fundamentais de Contabilidade


O conceito clássico de princípio é o de algo que aponta para uma
situação desejada.
Por exemplo, se eu digo: “Por princípio, eu procuro fazer as refeições
em casa”, isso significa que a situação por mim desejada é a de que eu
tenha uma vida que me permita fazer as refeições em casa. Ocorre que
nada impede que, em um dia especial, de trabalho intenso – por
exemplo – eu venha a fazer as refeições em um restaurante ou, ainda,
em um final de semana, eu almoce em uma churrascaria com amigos e
a família.
Vejam que um princípio pode deixar de ser aplicado em sua plenitude,
quando se choca com outro princípio. Nos exemplos acima, eu posso
eventualmente deixar de fazer refeições em casa porque também tenho
“por princípio” não chegar atrasado no trabalho após o horário de
almoço ou, ainda, porque eu também tenho “por princípio” manter uma
vida social agradável.
Assim, um princípio (em sua concepção clássica) não é de aplicação
integral, mas preferencial e parcial, de maneira a contemporizar a
aplicação de outros princípios.
Ora, a idéia de princípio difere da idéia de regra. Regra é algo que
sempre deve ser aplicado, quando ocorre a situação a que ela se refere.
Por exemplo, é proibido instituir ou majorar tributo sem lei anterior que
o defina (com exceção do II, do IE, do IPI, do IOF, dos impostos
extraordinários de guerra e do empréstimo compulsório motivado por
guerra externa ou sua iminência). Repare que não é possível deixar de
cumprir essa regra, porque é proibido.
Aqui, entra a idéia de princípio contábil: Os princípios fundamentais de
Contabilidade são apresentados como o entendimento predominante
acerca da essência da teoria da Contabilidade. Os Princípios
Fundamentais de Contabilidade se enquadram muito melhor no conceito
de regras, pois sua observação é obrigatória, conforme se depreende do
art. 1o da Resolução CFC n° 753, de 1993, abaixo:
RESOLUÇÃO CFC N.º 750/93
Dispõe sobre os Princípios Fundamentais de Contabilidade
(P.F.C.)

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O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no
exercício de suas atribuições legais e regimentais,
CONSIDERANDO que a evolução da última década na
área da Ciência Contábil reclama a atualização substantiva
e adjetiva dos Princípios Fundamentais de Contabilidade a
que se refere a Resolução CFC 530/81.
RESOLVE:
CAPÍTULO I
DOS PRINCÍPIOS E DE SUA OBSERVÂNCIA
Art. 1º Constituem PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DE
CONTABILIDADE (P.F.C.) os enunciados por esta
Resolução.
§ 1º A observância dos Princípios Fundamentais de
Contabilidade é obrigatória no exercício da profissão
e constitui condição de legitimidade das Normas
Brasileiras de Contabilidade (NBC). (grifos na
transcrição).
Assim, vê-se que os Princípios Fundamentais de Contabilidade são de
observância obrigatória. A característica principal dos princípios
fundamentais de Contabilidade é a obrigatoriedade de sua observância.
Adicionalmente, frisa-se que, na aplicação dos princípios, a essência
deve prevalecer sobre a forma. Cuidado, isso foi questão de prova
também!
Os princípios fundamentais de Contabilidade, portanto, apresentados
como o entendimento predominante acerca da essência da teoria da
Contabilidade, são enumerados conforme art. 3o da Resolução CFC n°
750, de 1993, abaixo:
CAPÍTULO II
DA CONCEITUAÇÃO, DA AMPLITUDE E DA
ENUMERAÇÃO
Art. 2º Os Princípios Fundamentais de Contabilidade
representam a essência das doutrinas e teorias relativas à
Ciência da Contabilidade, consoante o entendimento
predominante nos universos científico e profissional de
nosso País. Concernem, pois, à Contabilidade no seu
sentido mais amplo de ciência social, cujo objeto é o
Patrimônio das Entidades.
Art. 3º São Princípios Fundamentais de Contabilidade:
1) o da ENTIDADE;
2) o da CONTINUIDADE;
3) o da OPORTUNIDADE;
4) o do REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL;
5) o da ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA;

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6) o da COMPETÊNCIA e
7) o da PRUDÊNCIA.
Importante, na absoluta maioria dos concursos da ESAF dos últimos dez
anos, na prova de Contabilidade, pelo menos uma questão versava
sobre princípios contábeis. Assim, além de entender seu significado,
para resolver a questão é necessário memorizar quais são os princípios9
(evitando sempre memorizar o que não se entende, porém
memorizando os conceitos – já entendidos – e cuja memorização se faz
necessária). Uma idéia, por nós proposta para este curso, é a de se
utilizar mnemônicos (pequenas siglas – simples e, na maioria das vezes,
bem humorada) que nos ajudem a memorizar conceitos complexos.
No caso dos Princípios Fundamentais de Contabilidade, para sua
memorização, imaginem a situação de um casal de namorados que
briga porque ela descobriu que ele havia feito algo de errado. Após um
período de separação, ela propõe uma reconciliação. Mas o rapaz, que
sabe que a namorada é ciumenta e vingativa, tem medo da
reconciliação; deseja voltar, mas tem medo. Então, ele diz: Eco!
Reato com prudência!
E C O Re Atu Com Prudência é um mnemônico que referencia o nome
dos Princípios Fundamentais de Contabilidade:
Entidade
Continuidade
Oportunidade
Registro pelo valor original
Atualização monetária
Competência
Prudência
Passemos, então, a seguir, ao estudo de cada um dos princípios acima
relacionados.

7.1.1 O Princípio da Entidade


Pelo princípio da entidade, o patrimônio dos sócios não se confunde com
o patrimônio da empresa.
Cabe precisar o alcance do termo “empresa”, utilizado acima. A
personalidade está umbilicalmente ligada à aptidão para ter patrimônio

9
Conforme já foi dito, não é necessário decorar, somente se quiser passar na prova,
senão, a solução é tentar o próximo concurso (imaginem sempre que a prova deverá
ser feita COM CONSULTA - consulta à memória).

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(nos termos de nossa legislação, personalidade é a capacidade de
contrair obrigações e exercer direitos – inerente às pessoas físicas e
jurídicas – ao tempo que Patrimônio é o conjunto de bens, direitos e
obrigações de uma pessoa). Assim, as pessoas jurídicas adquirem
personalidade quando podem ter patrimônio (e vice-versa). Ora, uma
pessoa jurídica nada mais é do que o veículo jurídico de uma atividade
(aventura – empresa). Assim, em nosso curso, utilizaremos o nome
“empresa” para referenciar qualquer azienda que tenha sua
contabilidade regrada pela Lei das S/A e, portanto, obedeça aos
princípios fundamentais de contabilidade quando do registro de seu
patrimônio.
O princípio da entidade determina que se reconheça o patrimônio como
objeto da Contabilidade e afirma a necessidade de diferenciação de um
patrimônio particular no universo de patrimônios existentes. Logo, o
patrimônio de uma entidade não se confunde com o de seus sócios ou
proprietários. O Princípio da Entidade é determinado pelo art. 4o da
Resolução CFC n° 750, de 1993, abaixo:
“Art. 4º O Princípio da ENTIDADE reconhece o Patrimônio
como objeto da Contabilidade e afirma a autonomia
patrimonial, a necessidade da diferenciação de um
Patrimônio particular no universo dos patrimônios
existentes, independentemente de pertencer a uma
pessoa, um conjunto de pessoas, uma sociedade ou
instituição de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem
fins lucrativos. Por conseqüência, nesta acepção, o
Patrimônio não se confunde com aqueles dos seus sócios
ou proprietários, no caso de sociedade ou instituição.
Parágrafo único – O PATRIMÔNIO pertence à ENTIDADE,
mas a recíproca não é verdadeira. A soma ou agregação
contábil de patrimônios autônomos não resulta em nova
ENTIDADE, mas numa unidade de natureza econômico-
contábil.”

7.1.1.1 Autonomia patrimonial


A autonomia patrimonial é uma idéia absolutamente necessária para o
desenvolvimento de nossa economia – que está baseado na empresa,
como figura central da produção e circulação de bens. Ora, com a
procura dos ganhos de escala (menor custo e, conseqüentemente, maior
lucro quando se produz e vende grandes quantidades), tornou-se
interessante fazer grandes investimentos e, assim, ficou quase
impossível alcançar o nível de investimento desejado com a participação
de apenas uma pessoa. Ao contrário, a conjugação de esforços
patrimoniais de várias pessoas é que permitiram o nível de
investimento, produção e circulação de bens típico da empresa em
nossa atualidade. Sendo a empresa o resultado de uma conjugação de

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esforços patrimoniais de várias pessoas, seus bens, direitos e obrigações
não podem pertencer diretamente a nenhum de seus proprietários
(sócios ou acionistas), mas a todos. Assim, pela idéia de autonomia
patrimonial, os bens, direitos e obrigações colocados na empresa a ela
pertencem. Por via de conseqüência, os proprietários (sócios ou
acionistas), que não são diretamente titulares dos bens, direitos e
obrigações (patrimônio) da empresa, têm direito a uma fração ideal
desse patrimônio, representada por ações ou quotas.
O patrimônio deve revestir-se do atributo de autonomia em relação a
todos os outros Patrimônios existentes, pertencendo a uma Entidade, no
sentido de sujeito suscetível à aquisição de direitos e obrigações. Por
conseqüência, a Entidade poderá ser desde uma pessoa física, ou
qualquer tipo de sociedade, instituição ou mesmo conjuntos de pessoas,
tais como famílias; empresas; governos, nas diferentes esferas do
poder; sociedades beneficentes, religiosa, culturais, esportivas, de lazer,
técnicas; sociedades cooperativas; fundos de investimento e outras
modalidades afins.
Na prática, nem sempre é fácil separar o patrimônio da empresa
(afetado à atividade) daquele de seus sócios. Para ilustrar uma situação
em que essa dificuldade é evidente, citamos o exemplo de um mini-
mercado, que vende verduras e hortaliças, e em cujo segundo andar (no
sobrado), há a residência do casal de proprietários. Imagine que, na
cozinha do sobrado haja verduras e hortaliças sendo preparadas para o
almoço e que, no térreo, haja verduras e hortaliças idênticas à venda.
O sistema contábil de informações tem que ter critérios seguros para
separar (do ponto de vista patrimonial) o valor desses duas
verduras/hortaliças (aquela que está no térreo, à venda, e que pertence
à empresa, daquela que está no sobrado e pertence aos sócios).
Isso não quer dizer que não seja possível que um sócio/acionista tome o
dinheiro que estiver no caixa da empresa para, por exemplo, pagar o
almoço no restaurante da esquina. O que o princípio da entidade
determina é que caso isso aconteça, o sistema contábil de informações,
deve manter em seus registros relativos ao patrimônio da empresa: (1)
a saída de dinheiro do caixa e (2) o surgimento do direito de exigir que
o sócio/acionista devolva este dinheiro à empresa.
No caso de sociedades, a Contabilidade não se importa que sejam
sociedades de fato ou que estejam revestidas de forma jurídica, embora
esta última circunstância seja a mais usual.

7.1.1.2 O caráter jurídico do patrimônio


O Patrimônio, na sua condição de objeto da Contabilidade, é, no
mínimo, aquele juridicamente formalizado como pertencente à Entidade.

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A garantia jurídica da propriedade é indissociável desse princípio, pois é
a única forma de caracterização do direito ao exercício de poder sobre o
mesmo Patrimônio, válida perante terceiros. Sem autonomia
patrimonial fundada na propriedade, os demais Princípios Fundamentais
perdem o seu sentido, pois passariam a referir-se a um universo de
limites imprecisos.
O patrimônio é único (visto como um conjunto de itens de uma
entidade), embora possa ser decomposto para fins de apresentação.
Patrimônio e personalidade da entidade são conceitos que estão
vinculados – inexiste patrimônio pertencente a um órgão ou a um
departamento. A divisão somente é aceita a título de controle
(especialmente nas áreas de custos e de orçamento, onde trabalha-se,
muitas vezes, com controles divisionais, que podem ser
extraordinariamente úteis, porém não significam a criação de novas
Entidades, precisamente pela ausência de autonomia patrimonial).

7.1.1.3 A soma ou agregação de patrimônios não resulta


em nova entidade
Entidades sob um único controle, ou grupos econômicos, em que pese
apresentem demonstrações financeiras consolidadas, não são um novo
patrimônio – pelo fato de que não consistem em um sujeito de direitos e
obrigações.
As demonstrações contábeis consolidadas, apresentando a posição
patrimonial e financeira, resultado das operações, as origens e
aplicações de recursos ou os fluxos financeiros de um conjunto de
Entidades sob controle único, são peças contábeis de grande valor
informativo para determinados usuários, embora isso não signifique a
existência de uma nova “entidade” consolidada.
Cuidado, este simples conceito também já foi questão de prova!

7.1.2 O Princípio da Continuidade


O princípio da continuidade determina que, na Contabilidade, deve ser
considerada a continuidade ou não da entidade, bem como sua vida
definida ou provável quando da classificação e avaliação das mutações
patrimoniais, quantitativas e qualitativas.
Uma vez iniciada a vida da empresa, espera-se que ela continue
indefinidamente, todavia, a continuidade influencia o valor econômico
dos bens e direitos e, em muitos casos, o valor ou o vencimento das
obrigações, especialmente quando a extinção da Entidade tem prazo
determinado, previsto ou previsível.

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Em palavras simples, e exemplificando, a empresa deve ser entendida
como uma bicicleta, que somente fica em pé se estiver funcionando (em
movimento). Assim, o patrimônio da empresa deve ser registrado
segundo a seguinte idéia: tudo aquilo que se adquire (e passa a fazer
parte do patrimônio) vale o quanto foi pago; isso porque esse valor
deve ser comparado com aquele auferido quando da venda para
terceiros e, com isso apurado o eventual lucro ou prejuízo. Agora, se
temos a informação clara de que a empresa está para terminar suas
atividades: (1) o critério antes apresentado não tem valor e os
elementos que entraram no patrimônio não devem mais ser registrados
pelo valor por eles pago, mas sim por aquele que pode ser auferido
numa venda (pois tudo deverá ser vendido, para pagamento das
dívidas) e (2) as obrigações que tiverem data futura de exigibilidade
deverão ser registradas como devidas até – no máximo – a data que
espera ser aquela em que a empresa terminará suas atividades.
O Princípio da Continuidade é determinado pelo art. 5o da Resolução CFC
n° 750, de 1993, abaixo:
“Art. 5º A CONTINUIDADE ou não da ENTIDADE, bem
como sua vida definida ou provável, devem ser
consideradas quando da classificação e avaliação das
mutações patrimoniais, quantitativas e qualitativas.
§ 1º A CONTINUIDADE influencia o valor econômico dos
ativos e, em muitos casos, o valor ou o vencimento dos
passivos, especialmente quando a extinção da ENTIDADE
tem prazo determinado, previsto ou previsível.
§ 2º A observância do Princípio da CONTINUIDADE é
indispensável à correta aplicação do Princípio da
COMPETÊNCIA, por efeito de se relacionar diretamente à
quantificação dos componentes patrimoniais e à formação
do resultado, e de constituir dado importante para aferir a
capacidade futura de geração de resultado.”

7.1.2.1 Efeitos da quebra da continuidade no patrimônio


O patrimônio da Entidade, na sua composição qualitativa e quantitativa,
depende das condições em que provavelmente se desenvolverão as
operações da Entidade. A suspensão de suas atividades pode provocar
efeitos na utilidade de determinados ativos, com perda, até mesmo
integral, de seu valor. A queda no nível de ocupação pode, também,
provocar efeitos semelhantes.
A situação-limite na aplicação do Princípio da CONTINUIDADE é aquela
em que há a completa cessação das atividades da Entidade. Nessa
situação, determinados ativos, como, por exemplo, os valores diferidos,

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deixarão de ostentar tal condição, passando à condição de despesas10,
em face da impossibilidade de sua recuperação mediante as atividades
operacionais usualmente dirigidas à geração de receitas. Mas até
mesmo ativos materiais, como estoques, ferramentas ou máquinas,
podem ter seu valor modificado substancialmente. As causas da
limitação da vida da Entidade não influenciam o conceito da
continuidade; entretanto, como constituem informação de interesse
para muitos usuários, quase sempre são de divulgação obrigatória,
segundo norma específica. No caso de provável cessação da vida da
Entidade, também o passivo é afetado, pois, além do registro das
exigibilidades, com fundamentação jurídica, também devem ser
contemplados os prováveis desembolsos futuros, advindos da extinção
em si.
Na condição de Princípio, em que avulta o atributo da universalidade, a
continuidade aplica-se não somente à situação de cessação integral das
atividades da Entidade, classificada como situação-limite no parágrafo
anterior, mas também àqueles casos em que há modificação no volume
de operações, de forma a afetar o valor de alguns componentes
patrimoniais, obrigando ao ajuste destes, de maneira a ficarem
registrados por valores líquidos de realização.
O Princípio da Continuidade, à semelhança do da Prudência, está
intimamente ligado com o da Competência, formando-se uma espécie
de trilogia. A razão é simples: a continuidade, como já vimos, diz
respeito diretamente ao valor econômico dos bens, ou seja, ao fato de
um ativo manter-se nesta condição ou transformar-se, total ou
parcialmente quando há previsão de encerramento das atividades da
Entidade, com o vencimento antecipado ou o surgimento de
exigibilidades. Nesta última circunstância, sua ligação será com o
Princípio da Oportunidade.

7.1.2.2 O princípio da continuidade X o conceito de


“entidade em marcha”
A denominação “Princípio da Continuidade”, como também a de
“entidade em marcha”, ou “going concern”, é encontrada em muitos
sistemas de normas no exterior e também na literatura contábil
estrangeira, embora o Princípio da Continuidade também parta do
pressuposto de que a Entidade deva concretizar seus objetivos
continuamente – o que nem sempre significa a geração de riqueza no
sentido material –, não se fundamenta na idéia de Entidade em
movimento.

10
Essa idéia será detalhadamente estudada no tópico relativo a Ativo Permanente.

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O motivo é extremamente singelo, pois uma Entidade com suas
atividades reduzidas ou suspensas temporariamente continuará a ser
objeto da Contabilidade enquanto dispuser de patrimônio. Isso
permanece verdade no caso de a Entidade suspender definitivamente
suas atividades. O que haverá, tão-somente, é a reapreciação dos
componentes patrimoniais, quantitativa e qualitativamente,
precisamente em razão dos ditames do Princípio da Continuidade. A
normalidade ou não das operações, bem como a vida limitada ou
indeterminada, não alcançam o objeto da Contabilidade, o patrimônio,
mas, tão-somente, sua composição e valor, isto é, a delimitação
quantitativa e qualitativa dos bens, direitos e obrigações.
O próprio uso da receita11 como parâmetro na formação de juízo sobre a
situação de normalidade da Entidade, embora válido na maioria das
Entidades, não pode ser universal, pois, em muitas delas, a razão de ser
não é a receita, tampouco o resultado, como é o caso das entidades
sem fins lucrativos.

7.1.3 O Princípio da Oportunidade


Pelo princípio da oportunidade, os acontecimentos relevantes para o
patrimônio devem ser registrados por completo e no momento em que
ocorrem. Trata-se de um princípio cujo efeito é o de controle do
raciocínio contábil, que demanda a identificação de todos os fatos que
afetam o patrimônio, bem como de seus itens componentes
(quantitativos, qualitativos e temporais).
O princípio da Oportunidade refere-se, simultaneamente, à integridade e
à tempestividade dos registros das mutações patrimoniais:
• a integridade diz respeito à necessidade das variações serem
reconhecidas em sua totalidade, sem qualquer falta ou excesso;
• a tempestividade12 obriga a que as variações sejam registradas no
momento de sua ocorrência, mesmo na hipótese de alguma
incerteza.
Assim, caso ocorra “compra a prazo de um veículo”, pelo princípio da
oportunidade (especificamente no tocante à tempestividade) não se
pode aguardar o momento do pagamento do veículo para, somente
então, registrar a compra do bem, na Contabilidade. Ao contrário, já no
momento da compra devem ser registrados (1) a entrada do veículo no
patrimônio e (2) o surgimento da obrigação de pagar por ele. No

11
O conceito de Receita será está mais bem trabalhado na apresentação do princípio
da competência: Æ Receita (=) aumento do patrimônio.
12
Tempestividade diz respeito ao tempo e não ao temperamento de uma pessoa.

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momento do pagamento, então, pela aplicação do mesmo princípio,
devem ser registrados (1) a saída do dinheiro, do patrimônio, e (2) a
extinção da obrigação de pagar pelo veículo.
Outro exemplo, caso ocorra “compra de um veículo com pagamento de
50% do valo à vista e o restante a prazo”, pelo princípio da
oportunidade (especificamente no tocante à integridade) não se pode
registra somente a aquisição de 50% do veículo no momento da
compra. Ao contrário, já no momento da compra devem ser registrados
(1) a entrada do veículo no patrimônio e (2) saída de dinheiro, do
patrimônio, no valor de metade da compra do veículo efetuada e (3) o
surgimento da obrigação de pagar pela outra metade do valor do veículo
adquirido. No momento do pagamento, então, pela aplicação do mesmo
princípio, devem ser registrados (1) a saída do dinheiro, do patrimônio,
e (2) a extinção da obrigação de pagar pelo veículo.
O princípio da oportunidade é determinado pelo art. 6o da Resolução
CFC n° 750, de 1993, abaixo:
Art. 6º O Princípio da OPORTUNIDADE refere-se,
simultaneamente, à tempestividade e à integridade do
registro do patrimônio e das suas mutações, determinando
que este seja feito de imediato e com a extensão correta,
independentemente das causas que as originaram.
Parágrafo único – Como resultado da observância do
Princípio da OPORTUNIDADE:
I – desde que tecnicamente estimável, o registro das
variações patrimoniais deve ser feito mesmo na hipótese
de somente existir razoável certeza de sua ocorrência;
II – o registro compreende os elementos quantitativos e
qualitativos, contemplando os aspectos físicos e
monetários;
III – o registro deve ensejar o reconhecimento universal
das variações ocorridas no patrimônio da ENTIDADE, em
um período de tempo determinado, base necessária para
gerar informações úteis ao processo decisório da gestão.

7.1.3.1 O princípio da oportunidade e a fidedignidade das


informações
O Princípio da OPORTUNIDADE exige a apreensão, o registro e o relato
de todas as variações sofridas pelo patrimônio de uma Entidade, no
momento em que elas ocorrerem. Cumprido tal preceito, chega-se ao
acervo máximo de dados primários sobre o patrimônio, fonte de todos
os relatos, demonstrações e análises posteriores, ou seja, o Princípio da
Oportunidade é a base indispensável à fidedignidade das informações
sobre o patrimônio da Entidade, relativas a um determinado período e
com o emprego de quaisquer procedimentos técnicos. É o fundamento

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daquilo que muitos sistemas de normas denominam de “representação
fiel” pela informação, ou seja, que esta espelhe com precisão e
objetividade as transações e eventos a que concerne. Tal atributo é,
outrossim, exigível em qualquer circunstância, a começar sempre nos
registros contábeis, embora as normas tendem a enfatizá-lo nas
demonstrações contábeis.

7.1.3.2 Alcance da aplicação do princípio da oportunidade


O Princípio da Oportunidade deve ser observado, como já foi dito,
sempre que haja variação patrimonial, cujas origens principais são, de
forma geral, as seguintes:
• transações realizadas com outras Entidades, formalizadas
mediante acordo de vontades, independentemente da forma ou da
documentação de suporte, como compra ou venda de bens e
serviços;
• eventos de origem externa, de ocorrência alheia à vontade da
administração, mas com efeitos sobre o Patrimônio, como
modificações nas taxas de câmbio, quebras de clientes, efeitos de
catástrofes naturais, etc.;
• movimentos internos que modificam predominantemente a
estrutura qualitativa do Patrimônio, como a transformação de
materiais em produtos semifabricados ou destes em produtos
prontos, mas também a estrutura quantitativo-qualitativa, como
no sucateamento de bens inservíveis.

7.1.3.3 O princípio da oportunidade x o princípio da


competência
O Princípio da OPORTUNIDADE abarca dois aspectos distintos, mas
complementares: a integridade e a tempestividade, razão pela qual
muitos autores preferem denominá-los de Princípio da
UNIVERSALIDADE.
O Princípio da OPORTUNIDADE tem sido confundido algumas vezes, com
o da COMPETÊNCIA, embora os dois apresentem conteúdos
manifestamente diversos. Na oportunidade, o objetivo está na
apreensão, de forma completa, das variações, do seu oportuno
conhecimento. Na competência, por outro lado, o fulcro está na
qualificação das variações diante do Patrimônio Líquido, isto é, na
decisão sobre se estas o alteram ou não. Em síntese, no primeiro caso,
temos o conhecimento da variação, e, na competência, a determinação
de sua natureza.

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7.1.3.4 Integridade
A integridade diz respeito à necessidade de as variações serem
reconhecidas na sua totalidade, isto é, sem qualquer falta ou excesso.
Concerne, pois, à completeza da apreensão, que não admite a exclusão
de quaisquer variações monetariamente quantificáveis. Como as
variações incluem elementos quantitativos e qualitativos, bem como os
aspectos físicos pertinentes, e ainda que a avaliação é regida por
princípios próprios, a integridade diz respeito fundamentalmente às
variações em si. Tal fato não elimina a necessidade do reconhecimento
destas, mesmo nos casos em que não há certeza definitiva da sua
ocorrência, mas somente alto grau de possibilidade. Bons exemplos
neste sentido fornecem as depreciações, pois a vida útil de um bem será
sempre uma hipótese, mais ou menos fundada tecnicamente, porquanto
dependente de diversos fatores de ocorrência aleatória. Naturalmente,
pressupõe-se que, na hipótese do uso de estimativas, estas tenham
fundamentação estatística e econômica suficientes.

7.1.3.5 Tempestividade
A tempestividade obriga a que as variações sejam registradas no
momento em que ocorrerem, mesmo na hipótese de alguma incerteza,
na forma relatada no item anterior. Sem o registro no momento da
ocorrência, ficarão incompletos os registros sobre o patrimônio até
aquele momento, e, em decorrência, insuficientes quaisquer
demonstrações ou relatos, e falseadas as conclusões, diagnósticos e
prognósticos.

7.1.4 O Princípio do Registro pelo Valor Original


O entendimento do Princípio do Registro pelo Valor Original é de
extrema importância para o aprendizado da Contabilidade. Isso porque
ele quebra – um pouco – a idéia de valor do patrimônio comumente
utilizada, de forma não rigorosa.
É do senso comum encarar o patrimônio (e nós constantemente nos
comportamos assim) da seguinte maneira: “meu patrimônio é composto
por um imóvel que deve valer uns cem mil reais, um automóvel que
deve valer uns quarenta mil reais e um vinte mil depositados no banco”.
Entretanto, não é assim que a Contabilidade encara o valor dos itens
componentes do patrimônio: no sistema contábil, os itens patrimoniais
não estão (via de regra) registrados pelo valor de avaliação no mercado,
mas sim pelo valor pelo qual eles foram adquiridos, ou melhor, pelo
valor transacionado com terceiros.
O Princípio do Registro Pelo Valor Original, portanto, determina que os
componentes do patrimônio sejam registrados pelos valores originais

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das transações havidas com o mundo exterior à entidade, expressos a
valor presente, na moeda do país, conforme expressamente disposto no
art. 7o da Resolução CFC n° 750, de 1993, abaixo:
Art. 7º Os componentes do patrimônio devem ser
registrados pelos valores originais das transações com o
mundo exterior, expressos a valor presente na moeda do
País, que serão mantidos na avaliação das variações
patrimoniais posteriores, inclusive quando configurarem
agregações ou decomposições no interior da ENTIDADE.
Parágrafo único – Do Princípio do REGISTRO PELO
VALOR ORIGINAL resulta:
I – a avaliação dos componentes patrimoniais deve ser
feita com base nos valores de entrada, considerando-se
como tais os resultantes do consenso com os agentes
externos ou da imposição destes;
II – uma vez integrado no patrimônio, o bem, direito ou
obrigação não poderão ter alterados seus valores
intrínsecos, admitindo-se, tão-somente, sua decomposição
em elementos e/ou sua agregação, parcial ou integral, a
outros elementos patrimoniais;
III – o valor original será mantido enquanto o componente
permanecer como parte do patrimônio, inclusive quando
da saída deste;
IV – Os Princípios da ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA e do
REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL são compatíveis entre si
e complementares, dado que o primeiro apenas atualiza e
mantém atualizado o valor de entrada;
V – o uso da moeda do País na tradução do valor dos
componentes patrimoniais constitui imperativo de
homogeneização quantitativa dos mesmos.
Não se trata de mera convenção, mas isso tem uma razão de ser, qual
seja, com a aplicação do princípio do Registro pelo Valor Original, a
informação gerada pela Contabilidade permite determinar a relação do
custo dos elementos adquiridos pela empresa e o lucro gerado na sua
utilização. Conforme já visto, tudo aquilo que se adquire (e passa a
fazer parte do patrimônio) vale o quanto foi pago; isso porque esse
valor (que corresponde ao sacrifício patrimonial para o empreendimento
da “aventura”) deve ser comparado com aquele auferido quando da
venda de bens para terceiros (possibilitada, justamente, pela aquisição
anterior de bens) e, com isso, possa ser apurado o eventual lucro ou
prejuízo.

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7.1.4.1 O princípio como viga mestra da avaliação
patrimonial
O Princípio do REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL ordena que os
componentes do patrimônio tenham seu registro inicial efetuado pelos
valores ocorridos na data das transações havidas com o mundo exterior
à Entidade, estabelecendo, pois, a viga-mestra da avaliação patrimonial:
a determinação do critério de atribuição de um valor monetário a
um componente do patrimônio.
Pressupõe-se que o valor de troca, aquele decorrente da transação,
configure o valor econômico dos ativos no momento da sua ocorrência.
Naturalmente, se, com o passar do tempo, houver a modificação do
valor em causa, seja por qualquer razão, ajustes deverão ser realizados,
mas ao abrigo do Princípio da Competência (que será visto adiante).

7.1.4.2 Conseqüência da correta aplicação do Princípio –


unificação de metodologia e comparabilidade de
dados
A rigorosa observância do princípio em comentário é do mais alto
interesse da sociedade como todo e, especificamente, do mercado de
capitais, por resultar na unificação da metodologia de avaliação, fator
essencial na comparabilidade dos dados, relatos e demonstrações
contábeis e, conseqüentemente, na qualidade da informação gerada,
impossibilitando critérios alternativos de avaliação.
No caso de doações recebidas pela Entidade, também existe a transação
com o mundo exterior e, mais ainda, com efeito quantitativo e
qualitativo sobre o patrimônio. Como a doação resulta em inegável
aumento do Patrimônio Líquido, cabe o registro pelo valor efetivo da
coisa recebida, no momento do recebimento, segundo o valor de
mercado. Mantém-se, no caso, intocado o princípio em exame, com a
única diferença em relação às situações usuais: uma das partes
envolvidas – caso daquela representativa do mundo externo – abre mão
da contraprestação, que se transforma em aumento do Patrimônio
Líquido da Entidade recebedora da doação. Acessoriamente, pode-se
lembrar que o fato de o ativo ter-se originado de doação, não repercute
na sua capacidade futura de contribuir à realização dos objetivos da
Entidade.
Para ilustrar a importância da aplicação do Princípio do Registro pelo
Valor Original, referenciamos – a seguir – um desafio publicado no
jornal Zero Hora (que circula em Porto Alegre / RS) em 20 de fevereiro
de 2006:
DESAFIO

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Uma pessoa comprou uma mercadoria por R$ 10,00 e
vendeu-a por R$ 11,00. Em seguida, recomprou-a por R$
12,00 e vendeu-a por R$ 13,00.
Nesse negócio, essa pessoa empatou seu dinheiro, teve
lucro ou teve prejuízo? E de quanto?
Em caso de dúvida, consulte a resposta nesta página.
(Colaboração do professor Carlos A. V. Heredia, de Porto Alegre).

Repare que uma situação desse tipo pode ensejar dúvidas em uma
pessoa leiga. A dúvida é decorrente de uma idéia (disseminada em
nosso senso comum) de que quando se recompra por R$ 12,00 algo que
havia sido vendido por R$ 11,00 ocorre um prejuízo – MAS ISSO NÃO É
VERDADE! Com efeito, a compra, por R$ 12,00, da mercadoria em
questão, significa apenas que a mercadoria ingressa no patrimônio
do comprador por R$ 12,00 – e mais nada (não há o que se falar em
lucro ou prejuízo na compra).
Analisando o fato sob o prisma do Registro pelo Valor Original, a
situação se torna clara:
a) inicialmente há uma compra de uma mercadoria por R$ 10,00 –
assim, ela ingressa no patrimônio por esse valor (de R$ 10,00);
b) após a compra, essa mercadoria é vendida por R$ 11,00 – é nesse
momento que se apura o lucro ou prejuízo (comparando o esforço
patrimonial – de R$ 10,00 –, para aquisição da mercadoria, com o
resultado que essa mercadoria traz para o patrimônio – de R$
11,00), assim, o lucro é de R$ 11,00 (-) R$ 10,00 (=) R$ 1,00;
c) imediatamente depois, a mesma mercadoria é recomprada por R$
12,00 – assim, ela ingressa novamente no patrimônio, não mais
por R$ 10,00, mas por esse novo valor de R$ 12,00, repare que
não há o que se falar em lucro ou prejuízo nessa operação, mas
apenas em aquisição de um bem pelo valor de R$ 12,00;13
d) finalmente, essa mercadoria é novamente vendida, por R$ 13,00
– nesse momento, novamente, se apura mais um lucro ou
prejuízo (comparando o esforço patrimonial – de R$ 12,00 – para
aquisição da mercadoria com o resultado que essa mercadoria traz
para o patrimônio – de R$ 13,00), assim, o lucro é de R$ 13,00
(-) R$ 12,00 (=) R$ 1,00.
Ora, somando-se os ganhos auferidos nas duas vendas, temos um lucro
composto por R$ 1,00 (+) R$ 1,00 (=) R$ 2,00. Assim, conclui-se que
essa pessoa teve um lucro de R$ 2,00.

13
Note que o fato de ser a mesma mercadoria, ou outra qualquer, é irrelevante. O
importante é que um bem ingressa no patrimônio pelo valor de R$ 12,00.

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7.1.4.3 O registro pelo valor original e as transações em
moeda estrangeira
A expressão do valor dos componentes patrimoniais em moeda nacional
decorre da necessidade de homogeneização quantitativa do registro do
patrimônio e das suas mutações, a fim de se obter a necessária
comparabilidade e se possibilitarem agrupamentos de valores. Ademais,
este aspecto particular, no âmbito do Princípio do REGISTRO PELO
VALOR ORIGINAL, visa a afirmar a prevalência da moeda do País e,
conseqüentemente, o registro somente nela. O corolário é o de que
quaisquer transações em moeda estrangeira devem ser transformadas
em moeda nacional, para seu registro no sistema contábil de
informações.

7.1.4.4 A manutenção dos valores originais nas variações


internas
O Princípio em análise, como não poderia ser diferente, em termos
lógicos, mantém-se plenamente nas variações patrimoniais que ocorrem
no interior da Entidade, quando acontece a agregação ou a
decomposição de valores. Os agregados de valores – cuja expressão
mais usual são os estoques de produtos semifabricados e prontos, os
serviços em andamento ou terminados, as culturas em formação, etc. –
representam, quantitativamente, o somatório de inúmeras variações
patrimoniais qualitativas, formando conjuntos de valores constituídos
com base em valores atinentes a insumos de materiais, depreciações,
mão-de-obra, encargos sociais, energia, serviços de terceiros, tributos,
e outros, classes de insumos que, em verdade, representam a
consumpção de ativos, como estoques, equipamentos ou, diretamente,
recursos pecuniários. Os agregados são, pois, ativos resultantes da
transformação de outros ativos, e, em alguns casos, deixam logo tal
condição, como aqueles referentes a funções como as de administração
geral, comercialização no País, exportação e outras.
A formação dos agregados implica o uso de decomposições, como
acontece no caso das depreciações geradas por uma máquina e
particular: a transação com o mundo exterior resultou na ativação da
máquina, mas a consumpção desta dar-se-á gradativamente, ao longo
do tempo, mediante as depreciações. Todavia estas, mesmo quando
relativas a um espaço curto de tempo – um mês, por hipótese –,
normalmente são alocadas a diversos componentes do patrimônio,
como, por exemplo, a diferentes peças de fabricação.
Os fatos mencionados comprovam a importância do princípio em exame
na Contabilidade aplicada à área de custos, por constituir-se na diretiva
principal de avaliação das variações que ocorrem no ciclo operacional

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interno das Entidades, em que não existe propriamente a criação de
valores, mas a simples redistribuição de valores originais.
Finalmente, cabe ressaltar que os valores originais devem ser ajustados,
segundo a sua perda de valor econômico. Porém, mesmo tal ajuste não
implica, em essência, modificação do valor original.

7.1.5 O Princípio da Atualização Monetária


O Princípio da Atualização Monetária determina que, para que a
avaliação dos componentes patrimoniais possa manter seus valores
originais, é necessário atualizar sua expressão formal em moeda
nacional, mediante aplicação de indexadores que traduzam a variação
do poder aquisitivo da moeda, em dado período. Nesse sentido, dispõe
o art. 8o da Resolução CFC n° 750, de 1993, abaixo:
O PRINCÍPIO DA ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA
Art. 8º Os efeitos da alteração do poder aquisitivo da
moeda nacional devem ser reconhecidos nos registros
contábeis através do ajustamento da expressão formal dos
valores dos componentes patrimoniais.
Parágrafo único – São resultantes da adoção do Princípio
da ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA:
I – a moeda, embora aceita universalmente como medida
de valor, não representa unidade constante em termos do
poder aquisitivo;
II – para que a avaliação do patrimônio possa manter os
valores das transações originais (art. 7º), é necessário
atualizar sua expressão formal em moeda nacional, a fim
de que permaneçam substantivamente corretos os valores
dos componentes patrimoniais e, por conseqüência, o do
patrimônio líquido;
III – a atualização monetária não representa nova
avaliação, mas, tão-somente, o ajustamento dos valores
originais para determinada data, mediante a aplicação de
indexadores, ou outros elementos aptos a traduzir a
variação do poder aquisitivo da moeda nacional em um
dado período.
A partir do ano de 1996, foi proibida – pela Lei 9.249/95 – a utilização
de correção monetária para fins societários ou fiscais.
Art. 4º Fica revogada a correção monetária das
demonstrações financeiras de que tratam a Lei nº 7.799, de
10 de julho de 1989, e o art. 1º da Lei nº 8.200, de 28 de junho de
1991.
Parágrafo único. Fica vedada a utilização de qualquer
sistema de correção monetária de demonstrações
financeiras, inclusive para fins societários.

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Adicionalmente, ainda sobre o assunto, o CFC editou a Resolução n°
900, de 2001, determinando a aplicação da Atualização Monetária
quando a inflação acumulada no triênio ultrapassar 100% - porém, em
obediência à lei (Lei 9.259, de 1995) explicita que a aplicação de tal
atualização monetária deverá ser realizada com o único propósito
informativo (em notas explicativas), sem valor societário ou fiscal. A
seguir, para fins de clareza, encontra-se reproduzida – em parte – a
citada Resolução n° 900, de 2001:
Art. 1º A aplicação do “Princípio da Atualização Monetária”
é compulsória quando a inflação acumulada no triênio for
de 100% ou mais;
Parágrafo único – A inflação acumulada será calculada
com base no Índice Geral de Preços do Mercado (IGPM),
apurado mensalmente pela Fundação Getúlio Vargas, por
sua aceitação geral e reconhecimento por organismos
nacionais e internacionais;
Art. 2º A aplicação compulsória do “Princípio da
Atualização Monetária” deverá ser amplamente divulgada
nas notas explicativas às demonstrações contábeis;
Art. 3º Quando a taxa inflacionária acumulada no triênio
for inferior a 100%, a aplicação do Princípio da Atualização
Monetária somente poderá ocorrer em demonstrações
contábeis de natureza complementar às demonstrações de
natureza corrente, derivadas da escrituração contábil
regular.
§ 1º No caso da existência das ditas demonstrações
complementares, a atualização deverá ser evidenciada nas
respectivas notas explicativas, incluindo a indicação da
taxa inflacionária empregada.
§ 2º A Atualização Monetária, neste caso, não originará
nenhum registro contábil.
A aplicação desse princípio era regrada de forma a obrigar que as
empresas atualizassem o valor original de parte do patrimônio (daquela
parte que não fosse rapidamente utilizada) de modo que seu valor
original não perdesse sua função informativa, com o advento da
inflação. Por exemplo, um automóvel que fosse adquirido por
determinada quantidade de cruzeiros no início de um ano não teria mais
esse mesmo valor representando seu valor original (não porque o
automóvel tivesse mudado, mas porque os cruzeiros mudaram sua
representatividade de riqueza – seu valor – no tempo).

7.1.5.1 Fundamento do princípio


O Princípio da ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA existe em função do fato de
que a moeda – embora universalmente aceita como medida de valor –
não representa unidade constante de poder aquisitivo no tempo,

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mormente em economias inflacionárias. Por conseqüência, sua
expressão formal deve ser ajustada, a fim de que permaneçam
substantivamente corretos – isto é, segundo as transações originais – os
valores dos componentes patrimoniais e, via de decorrência, o
Patrimônio Líquido. Como se observa, o Princípio em causa constitui
seguimento lógico daquele do REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL, pois
preceitua o ajuste formal dos valores fixados segundo este, buscando a
manutenção da substância original, sem que isso implique qualquer
modalidade de reavaliação.

7.1.5.2 Atualização x correção monetária


Em diversas oportunidades no passado, o princípio foi denominado de
“correção monetária”, expressão inadequada, pois ele não estabelece
qualquer “correção” de valor (visto que o valor inicial não é um valor
errado), mas apenas atualiza o que, em tese, não deveria ter variado: o
poder aquisitivo da moeda. Esta é, aliás, a razão pela qual o princípio,
quando aplicado à prática, se manifesta por meio de índice que expressa
a modificação da capacidade geral de compra da moeda, e não da
variação particular do preço de um bem determinado.

7.1.5.3 Âmbito de aplicação do princípio


O princípio diz respeito, dada sua condição de universalidade, a todos os
componentes patrimoniais e suas mutações, e não somente às
demonstrações contábeis, que representam apenas uma das
modalidades de expressão concreta da Contabilidade, aplicada a uma
entidade em particular. Mas, como as demonstrações contábeis são, em
geral, a forma mais usual de comunicação entre a Entidade e o usuário,
as normas contábeis alicerçadas no princípio em exame contêm sempre
ordenamentos sobre como deve ser realizado o ajuste, o indexador a ser
utilizado e a periodicidade de aplicação do método.
Em que pesem todas as considerações acima colocadas, acerca do
princípio da Atualização Monetária, o fato é que ele não tem sido
aplicado desde 1996.

7.1.6 O Princípio da Competência


O Princípio da Competência é de máxima importância. Esse princípio
determina que as receitas e despesas devam ser incluídas na apuração
do resultado do período em que ocorrerem, sempre simultaneamente
quando se correlacionarem, independentemente do recebimento ou do
pagamento.
É de fundamental importância compreender a diferença entre o regime
de competência e o regime de caixa.

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No regime de caixa, as receitas e despesas são reconhecidas no
momento de seu recebimento ou pagamento. Este regime é intuitivo
freqüentemente utilizado por nós no controle pessoal dos gastos.
No regime de competência, as receitas e despesas devem ser
reconhecidas na apuração do resultado do período a que pertencerem e,
de forma simultânea, quando se correlacionam. As despesas devem ser
reconhecidas independentemente de seu pagamento e as receitas
somente quando de sua realização. Em outras palavras, no regime de
competência:
• uma despesa com o salário de um empregado é considerada a
partir do momento que este empregado efetua o serviço (ou, em
outras palavras, quando ele coloca à disposição do patrão sua
força de trabalho por um mês inteiro – que é a prestação que ele
prometeu cumprir), independentemente do pagamento desta
despesa somente ocorrer no mês seguinte;
• uma receita de venda de mercadorias é considerada a partir do
momento em que ocorre a venda independentemente do
pagamento acontecer em várias prestações.
OBS: existe, ainda, o regime misto de escrituração. Este regime
somente é utilizado na Contabilidade Pública e nele as RECEITAS são
registradas pelo regime de Caixa enquanto as DESPESAS são
registradas pelo regime de Competência.
O Princípio da Competência está determinado pelo art. 9o da Resolução
CFC n° 750, de 1993, abaixo:
Art. 9º As receitas e as despesas devem ser incluídas na
apuração do resultado do período em que ocorrerem,
sempre simultaneamente quando se correlacionarem,
independentemente de recebimento ou pagamento.
§ 1º O Princípio da COMPETÊNCIA determina quando as
alterações no ativo ou no passivo resultam em aumento ou
diminuição no patrimônio líquido, estabelecendo diretrizes
para classificação das mutações patrimoniais, resultantes
da observância do Princípio da OPORTUNIDADE.
§ 2º O reconhecimento simultâneo das receitas e
despesas, quando correlatas, é conseqüência natural do
respeito ao período em que ocorrer sua geração.
§ 3º As receitas consideram-se realizadas:
I – nas transações com terceiros, quando estes efetuarem
o pagamento ou assumirem compromisso firme de efetivá-
lo, quer pela investidura na propriedade de bens
anteriormente pertencentes à ENTIDADE, quer pela fruição
de serviços por esta prestados;

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II – quando da extinção, parcial ou total, de um passivo,
qualquer que seja o motivo, sem o desaparecimento
concomitante de um ativo de valor igual ou maior;
III – pela geração natural de novos ativos
independentemente da intervenção de terceiros;
IV – no recebimento efetivo de doações e subvenções.
§ 4º Consideram-se incorridas as despesas:
I – quando deixar de existir o correspondente valor ativo,
por transferência de sua propriedade para terceiro;
II – pela diminuição ou extinção do valor econômico de um
ativo;
III – pelo surgimento de um passivo, sem o
correspondente ativo.
Essa é a apresentação normal do princípio, encontrada em qualquer
bom livro de Contabilidade. Entretanto, entendemos que essa
apresentação é insuficiente para provocar um entendimento claro no
estudante e, sendo tal conceito de importância crucial para o
entendimento da Contabilidade, deve ser claramente colocado (sob pena
de prejudicar o aprendizado dos demais pontos da matéria. Portanto,
aqui propomos um aprofundamento dos conceitos atinentes ao Princípio
da Competência, inclusive com a apresentação de exemplos (sempre na
busca de uma melhor didática).
Visto que o Princípio da Competência trata do critério para definição do
momento em que se consideram ocorridas receitas e despesas, antes de
mais nada, conceituaremos receitas e despesas – para, depois, aplicar o
princípio a tais conceitos.

7.1.6.1 Definição – receitas e despesas

7.1.6.1.1 Receitas
Por receitas entende-se o aumento bruto do patrimônio. Ora, se o
patrimônio é composto de bens, direitos e obrigações, ocorre uma
receita no momento da ocorrência de um fato que enseje (conjunta ou
alternativamente) aumento de bens e direitos e/ou redução de
obrigações.
Veja que esse conceito de receitas – apesar de perfeitamente lógico e de
acordo com tudo o que foi visto até aqui – não é o que nós normalmente
pensamos. Tendemos a pensar – de forma errada – que a receita
somente ocorre quando nós recebemos o dinheiro e que enquanto não o
recebemos nada aconteceu ainda. Para resolver essa questão, vamos
aprofundar a análise da situação, apresentando critérios que permitam

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ver modificações no patrimônio independentemente de pagamento ou
recebimento em dinheiro.
Para afastar esse pensamento errado (de que somente há receita no
recebimento) compare dois patrimônios idênticos – de duas pessoas (ou
empresas) que tenham mil reais – sendo que a primeira, além dos mil
reais tem o direito de receber, no final do mês, a quantia de duzentos
reais. Agora eu pergunto: qual dos dois patrimônios é maior? Sem
dúvida o primeiro (que além dos mil reais em dinheiro, possui um direito
avaliado em duzentos reais). Assim, conclui-se que a visão do
patrimônio é muito mais acurada quando se considera a receita
independente do recebimento.
Pelo regime de caixa, considera-se ocorrida (ou, tecnicamente, auferida)
a receita somente no momento de seu recebimento. Ao contrário, no
regime de competência, a receita é considerada auferida no momento
em que ocorre um fato que enseja o aumento do patrimônio,
independentemente de recebimento de dinheiro.
O que falta é ter uma visão clara de quais são os fatos que podem vir a
ensejar aumento do patrimônio e, com isso, ter condições de identificar
o momento em que a Contabilidade (pelo regime de Competência) deve
registrar a receita.
Alguns casos são auto-explicativos como, por exemplo, uma doação: no
momento em que eu recebo uma doação meu patrimônio aumenta,
justamente pela inclusão – nele – de um novo elemento (recebido em
doação). No momento em que há o perdão de uma dívida meu
patrimônio também aumenta, pelo desaparecimento de uma obrigação.
Em situações especiais, alguém pode prometer algo a outro e, com isso,
criar um direito para esse outro, que terá seu patrimônio majorado pela
aparição do direito. Essas são situações que, pela leitura do caso, pode
se identificar o momento em que ocorre o aumento patrimonial
(receita). Mas o que queremos aqui é definir uma diretriz, que possa
guiar o pensamento do estudante na hora de decidir se houve ou não
receita.
Nossa proposta de identificação do momento em que a receita ocorre
(para o caso geral de negócios entre partes que estejam interessadas
em vendas ou prestações de serviço) é a seguinte: haverá receita no
momento em que houver o cumprimento do que havia sido
combinado (a entrega de um bem – exceto dinheiro – ou a
efetivação de um comportamento como, por exemplo, a
prestação de um serviço), pois:
a) se a outra parte ainda não tiver pago pelo que foi cumprido, nasce
– no patrimônio de quem cumpriu o que havia sido prometido – o

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direito de exigir o pagamento (tal direito resulta em aumento do
patrimônio);
b) se a outra parte paga imediatamente pelo que foi cumprido, nasce
– no patrimônio de quem cumpriu o que havia prometido – um
bem, ou seja, o dinheiro, (o que também aumenta o patrimônio);
c) se a outra parte já havia entregue (em antecipação) o pagamento
pelo que foi cumprido, desaparece – do patrimônio de quem
cumpriu o que havia prometido – uma obrigação, ou seja, a
obrigação de devolver o que havia recebido em antecipação, (o
que também aumenta o patrimônio).
Este é o fulcro do pensamento Contábil, no que diz respeito ao regime
de competência, e que está de acordo com nosso sistema jurídico, que
estabelece a exceção do contrato não cumprido, conforme disposto no
Código Civil (Lei n° 10.406, de 2002), art. 476:
Seção III
Da Exceção de Contrato não Cumprido
Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos
contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode
exigir o implemento da do outro.
Com a colocação dessas idéias iniciais acerca do princípio da
Competência, passamos a analisar casos e identificar, neles, a o
momento em que se aufere receita. Para isso, sugiro considerar a
situação abaixo descrita.
Imaginem que a leitura desse texto tenha sido tão instigante e
elucidativa que um grupo de dez leitores resolveu procurar o autor,
numa segunda-feira, e combinar com ele uma aula de Contabilidade,
para o final de semana, por R$ 1,00 (um real). Nesse caso, podem
ocorrer diferentes situações acerca do pagamento, conforme a seguir:
a) o grupo pode resolver entregar o dinheiro, R$ 10,00 (dez reais),
imediatamente (já na segunda-feira) para o professor, por conta
da aula a ser dada somente no final de semana;
b) ainda, o grupo pode resolver entregar o dinheiro, R$ 10,00 (dez
reais), para o professor, imediatamente no momento em que for
ministrada a aula, no final de semana;
c) finalmente, o grupo pode resolver entregar o dinheiro, R$10,00
(dez reais), para o professor, somente no final do mês, ou seja,
após o momento em que foi ministrada a aula do final de semana.
No primeiro caso, em que o grupo entrega o dinheiro, R$ 10,00 (dez
reais), imediatamente (já na segunda-feira) para o professor, por conta
da aula a ser dada somente no final de semana; no patrimônio do
professor aparece (já na segunda-feira) um elemento novo – o dinheiro

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recebido. Entretanto, tal situação não enseja um efetivo aumento de
patrimônio, porque – ao mesmo tempo – nasce, no patrimônio do
professor, uma obrigação (de dar a aula ou devolver o dinheiro) que
tem o mesmo valor que o dinheiro recebido e, assim, vê-se que, no
momento do recebimento do dinheiro, não houve aumento do
patrimônio. O efetivo aumento do patrimônio somente se dará no final
de semana, ao final da aula, pois, como o professor cumpriu o que havia
combinado fazer, desaparece, de seu patrimônio, uma obrigação (de dar
a aula ou devolver o dinheiro), o que enseja – sem dúvida – um
aumento do patrimônio. Assim, pelo regime de competência, temos a
receita auferida no final de semana, no momento em que a aula foi
ministrada, independentemente do recebimento de dinheiro antecipado.
No segundo caso, em que o grupo entrega o dinheiro, R$ 10,00 (dez
reais), para o professor, imediatamente no momento em que é
ministrada a aula, no final de semana; no patrimônio do professor
ocorre um aumento, no final de semana, ao final da aula, pois, como o
professor cumpriu o que havia combinado fazer, surge, em seu
patrimônio, um elemento novo – o dinheiro, sem que surja qualquer
obrigação (de dar a aula ou devolver o dinheiro), isso porque já está
cumprido o que foi combinado – dar a aula. Assim, pelo regime de
competência, temos a receita auferida no final de semana, no momento
em que a aula foi ministrada, pelo fato da aula ter sido dada, e não pelo
fato do pagamento ter ocorrido (também) naquele momento.
No terceiro caso, em que o grupo entrega o dinheiro, R$10,00 (dez
reais), para o professor, somente no final do mês, ou seja, após o
momento em que foi ministrada a aula do final de semana, já no
momento em que a aula é ministrada há um aumento do patrimônio do
professor, pois, como o professor cumpriu o que havia combinado fazer,
mesmo sem o recebimento do dinheiro, já aparece em seu patrimônio
um direito (de receber os R$ 10,00 a que faz jus). Assim, pelo regime
de competência, temos a receita auferida no final de semana, no
momento em que a aula foi ministrada, independentemente do fato de
não ter ocorrido o pagamento até aquele momento (o que somente
ocorrerá ao final do mês).
A receita é considerada realizada no momento em que há a venda de
bens e direitos da Entidade – entendida a palavra “bem” em sentido
amplo, incluindo toda sorte de mercadorias, produtos, serviços, inclusive
equipamentos e imóveis –, com a transferência da sua propriedade para
terceiros, efetuando estes o pagamento em dinheiro ou assumindo
compromisso firme de fazê-lo num prazo qualquer. Normalmente, a
transação é formalizada mediante a emissão de nota fiscal ou
documento equivalente, em que consta a quantificação e a formalização

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do valor de venda, pressupostamente o valor de mercado da coisa ou do
serviço.
Embora esta seja a forma mais usual de geração de receita, também há
uma segunda possibilidade, conforme visto acima, materializada na
extinção parcial ou total de uma exigibilidade, como no caso do perdão
de multa fiscal, da anistia total ou parcial de uma dívida, da eliminação
de passivo pelo desaparecimento do credor, pelo ganho de causa em
ação em que se discutia uma dívida ou o seu montante, já devidamente
provisionado, ou outras circunstâncias semelhantes.
Finalmente, há ainda uma terceira possibilidade, também já
apresentada: a de geração de novos ativos sem a interveniência de
terceiros, como ocorre correntemente no setor pecuário, quando do
nascimento de novos animais. A última possibilidade está representada
na geração de receitas por doações recebidas, já comentada
anteriormente.
Como observação importante, temos que, entretanto, as diversas fontes
de receitas citadas acima representam a negativa do reconhecimento da
formação destas por valorização dos ativos, porque, na sua essência, o
conceito de receita está indissoluvelmente ligado à existência de
transação com terceiros, exceção feita à situação referida no final do
parágrafo anterior, na qual ela existe, mas de forma indireta. Ademais,
aceitar-se, por exemplo, a valorização de estoques significaria o
reconhecimento de aumento do Patrimônio Líquido, quando sequer há
certeza de que a venda a realizar-se e, mais ainda, por valor
consentâneo àquele da reavaliação, configurando-se manifesta afronta
ao Princípio da Prudência. Aliás, as valorizações internas trariam no seu
bojo sempre um convite à especulação e, conseqüentemente, ao
desrespeito a esse princípio.
A receita de serviços deve ser reconhecida de forma proporcional aos
serviços efetivamente prestados. Em alguns casos, os princípios
contratados prevêem cláusulas normativas sobre o reconhecimento
oficial dos serviços prestados e da receita correspondente. Exemplo
neste sentido oferecem as empresas de consultoria, nas quais a
cobrança dos serviços é feita segundo as horas-homens de serviços
prestados, durante, por exemplo, um mês, embora os trabalhos possam
prolongar-se por muitos meses ou até ser por prazo indeterminado. O
importante, nestes casos, é a existência de unidade homogênea de
medição formalizada contratualmente, além, evidentemente, da
medição propriamente dita. As unidades físicas mais comuns estão
relacionadas com tempo – principalmente tempo-homem e tempo-
máquina –, embora possa ser qualquer outra, como metros cúbicos por

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tipo de material escavado, metros lineares de avanço na perfuração de
poços artesianos, e outros.
Nas Entidades em que a produção demanda largo espaço de tempo,
deve ocorrer o reconhecimento gradativo da receita, proporcionalmente
ao avanço da obra, quando ocorre a satisfação concomitante dos
seguintes requisitos:
• preço do produto é estabelecido mediante contrato, inclusive
quanto à correção dos preços, quando houver;
• não há riscos maiores de descumprimento do contrato, tanto de
parte do vendedor, quanto do comprador;
• existe estimativa, tecnicamente sustentada, dos custos a serem
incorridos.
Assim, no caso de obras de engenharia, em que usualmente estão
presentes os três requisitos nos contratos de fornecimento, o
reconhecimento da receita não deve ser postergado até o momento da
entrega da obra, pois o procedimento redundaria num quadro irreal da
formação do resultado, em termos cronológicos. O caminho correto está
na proporcionalização da receita aos esforços despendidos, usualmente
expressos por custos – reais ou estimados – ou etapas vencidas.

7.1.6.1.2 Despesas
As despesas, ao contrário das receitas, podem ser conceituadas com
reduções brutas do patrimônio. Ora, se o patrimônio é composto de
bens, direitos e obrigações, ocorre uma despesa no momento da
ocorrência de um fato que enseje (conjunta ou alternativamente)
redução de bens e direitos e/ou aumento de obrigações.
Veja que esse conceito de despesa – apesar de perfeitamente lógico e
de acordo com tudo o que foi visto até aqui – não é o que nós
normalmente pensamos. Tendemos a pensar – de forma errada – que a
despesa somente ocorre (tecnicamente, utiliza-se o termo incorre)
quando há pagamento de dinheiro e que, enquanto não se efetua o
pagamento, nada ainda aconteceu.
Para afastar esse pensamento errado (de que somente há despesa no
momento do pagamento) compare dois patrimônios idênticos – de duas
pessoas (ou empresas) que tenham mil reais – sendo que a primeira,
além dos mil reais tem a obrigação de pagar, ao final do mês, a quantia
de duzentos reais. Agora eu pergunto: qual dos dois patrimônios é

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menor? Sem dúvida o primeiro (que reduzindo os mil reais em dinheiro,
apresenta uma obrigação avaliada em duzentos reais). Assim, conclui-
se que a visão do patrimônio é muito mais acurada quando se considera
a despesa independente do pagamento.
Pelo regime de caixa, considera-se ocorrida (ou, tecnicamente,
incorrida) a despesa somente no momento de seu pagamento. Ao
contrário, no regime de competência, a despesa é considerada incorrida
no momento em que ocorre um fato que enseja a redução do
patrimônio, independentemente de pagamento de dinheiro.
O que falta é ter uma visão clara de quais são os fatos que podem vir a
ensejar tal redução de patrimônio e, com isso, ter condições de
identificar o momento em que a Contabilidade (pelo regime de
Competência) deve registrar a despesa.
Alguns casos são auto-explicativos como, por exemplo, uma doação: no
momento em que eu realizo uma doação meu patrimônio é reduzido,
justamente pela saída – dele – de um elemento (o bem doado). No
momento em que perdoa-se uma dívida o patrimônio também diminui,
pelo desaparecimento do direito de exigir que a dívida seja paga. Essas
são situações que, pela leitura do caso, pode se identificar o momento
em que ocorre a redução patrimonial (despesa). Mas o que queremos
aqui é definir uma diretriz, que possa guiar o pensamento do estudante
na hora de decidir se houve ou não despesa.
Nossa proposta de identificação do momento em que a despesa ocorre
(para o caso geral de negócios entre partes que estejam interessadas
em vendas ou prestações de serviço) é a seguinte: haverá despesa no
momento em que houver o cumprimento, pela outra parte, do
que havia sido combinado.
Este é o fulcro do pensamento Contábil, no que diz respeito ao regime
de competência e, em especial, às despesas.
Com a colocação dessas idéias iniciais acerca do princípio da
Competência, passamos a analisar casos e identificar, neles, a o
momento em que se a despesa é considerada incorrida. Para isso,
sugiro considerar a situação abaixo descrita.
Imaginem que a leitura deste texto tenha sido tão instigante e
elucidativa que um grupo de dez leitores resolveu procurar o autor,
numa segunda-feira, e combinar com ele uma aula de Contabilidade,
para o final de semana, por R$ 1,00 (um real). Nesse caso, podem
ocorrer diferentes situações acerca do pagamento, conforme a seguir:
a) o grupo pode resolver entregar o dinheiro, R$ 10,00 (dez reais),
imediatamente (já na segunda-feira) para o professor, por conta
da aula a ser dada somente no final de semana;

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b) ainda, o grupo pode resolver entregar o dinheiro, R$ 10,00 (dez
reais), para o professor, imediatamente no momento em que for
ministrada a aula, no final de semana;
c) finalmente, o grupo pode resolver entregar o dinheiro, R$10,00
(dez reais), para o professor, somente no final do mês, ou seja,
após o momento em que foi ministrada a aula do final de semana.
No primeiro caso, em que o grupo entrega o dinheiro, R$ 10,00 (dez
reais), imediatamente (já na segunda-feira) para o professor, por conta
da aula a ser dada somente no final de semana; no patrimônio dos
alunos, em que pese ter havido a saída de dinheiro, não há uma efetiva
redução do patrimônio, porque – ao mesmo tempo – nasce, no
patrimônio dos alunos, um direito (de receber a aula ou ter seu dinheiro
devolvido) que tem o mesmo valor que o dinheiro pago e, assim, vê-se
que, no momento do pagamento do dinheiro (segunda-feira), não houve
redução no patrimônio dos alunos. A efetiva redução do patrimônio
somente se dará no final de semana, ao final da aula, pois, como o
professor cumpriu o que havia combinado fazer, desaparece, do
patrimônio dos alunos, o direito (de receber a aula ou ter seu dinheiro
devolvido), o que enseja – sem dúvida – uma redução dos patrimônios
dos alunos. Assim, pelo regime de competência, temos a despesa
incorrida no final de semana, no momento em que a aula foi ministrada,
independentemente do pagamento do dinheiro ter sido realizado
antecipadamente, na segunda-feira.
No segundo caso, em que o grupo entrega o dinheiro, R$ 10,00 (dez
reais), para o professor, imediatamente no momento em que é
ministrada a aula, no final de semana; nos patrimônios dos alunos
ocorre uma redução, no final de semana, ao final da aula, pois, como o
professor cumpriu o que havia combinado fazer, desaparece, do
patrimônio dos alunos, um elemento – o dinheiro, sem que surja
qualquer direito (de receber a aula ou ter seu dinheiro devolvido), isso
porque já está cumprido – pelo professor – o que foi combinado – dar a
aula. Assim, pelo regime de competência, temos a despesa incorrida no
final de semana, no momento em que a aula foi ministrada, pelo fato da
aula ter sido dada, e não pelo fato do pagamento ter ocorrido (também)
naquele momento.
No terceiro caso, em que o grupo entrega o dinheiro, R$10,00 (dez
reais), para o professor, somente no final do mês, ou seja, após o
momento em que foi ministrada a aula do final de semana, já no
momento em que a aula é ministrada há uma redução nos patrimônios
dos alunos, pois, como o professor cumpriu o que havia combinado
fazer, mesmo sem o pagamento do dinheiro, já aparece – nos
patrimônios dos alunos uma obrigação (de pagar os R$ 10,00 a que o

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professor faz jus). Assim, pelo regime de competência, temos a
despesa incorrida no final de semana, no momento em que a aula foi
ministrada, independentemente do fato de não ter ocorrido o
pagamento até aquele momento (o que somente ocorrerá ao final do
mês).
Assim, conforme visto, as despesas, na maioria das vezes, representam
consumpção de ativos, que tanto podem ter sido pagos em períodos
passados, no próprio período, ou ainda virem a ser pagos no futuro. De
outra parte, não é necessário que o desaparecimento do ativo seja
integral, pois muitas vezes a consumpção é somente parcial, como no
caso das depreciações14 ou nas perdas de parte do valor de um
componente patrimonial do ativo, por aplicação do Princípio da
PRUDÊNCIA à prática, de que nenhum pode permanecer avaliado por
valor superior ao de sua recuperação por alienação ou utilização nas
operações em caráter corrente. Mas a despesa também pode decorrer
do surgimento de uma exigibilidade sem a concomitante geração de um
bem ou de um direito, como acontece, por exemplo, nos juros
moratórios e nas multas de qualquer natureza.
Entre as despesas do tipo em referência localizam-se também as que se
contrapõem a determinada receita, como é o caso dos custos diretos
com vendas, nos quais se incluem comissões, impostos e taxas e até
“royalties”. A aplicação correta da competência exige mesmo que se
provisionem, com base em fundamentação estatística, certas despesas
por ocorrer, mas indiscutivelmente ligadas à venda em análise, como as
despesas futuras com garantias assumidas em relação a produtos.
Nos casos de Entidades em períodos pré-operacionais, no seu todo ou
em algum setor, os custos incorridos são ativados, para se
transformarem posteriormente em despesas, quando da geração das
receitas, mediante depreciação ou amortização. Tal circunstância está
igualmente presente em projetos de pesquisa e desenvolvimento de
produtos – muito freqüentes nas indústrias químicas e farmacêuticas,
bem como naquelas que empregam alta tecnologia – em que a
amortização dos custos ativados é usualmente feita segundo a vida
mercadológica estimada dos produtos ligados às citadas pesquisas e
projetos.15

14
Depreciações são consideradas perdas do valor de um bem por (1) uso, (2) desgaste
ou (3) obsolescência. Esse conceito será apresentado, e minuciosamente analisado,
adiante neste curso.
15
Esse conceito será minuciosamente analisado no tópico que trata do Ativo
Permanente Diferido.

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7.1.6.2 Receitas e despesas x recebimentos e pagamentos
A competência, portanto, é o princípio que estabelece quando um
determinado componente deixa de integrar o patrimônio, para
transformar-se em elemento modificador do Patrimônio Líquido. Da
confrontação entre o valor final dos aumentos do Patrimônio Líquido –
usualmente denominados “receitas” – e das suas diminuições –
normalmente chamadas de “despesas”–, emerge o conceito de
“resultado do período”: positivo, se as receitas forem maiores do que as
despesas; ou negativo, quando ocorrer o contrário.
Observa-se que o Princípio da Competência não está relacionado com
recebimentos ou pagamentos, mas com o reconhecimento das receitas
geradas e das despesas incorridas no período. Mesmo com
desvinculação temporal das receitas e despesas, respectivamente do
recebimento e do desembolso, a longo prazo ocorre a equalização entre
os valores do resultado contábil e o fluxo de caixa derivado das receitas
e despesas, em razão dos princípios referentes à avaliação dos
componentes patrimoniais.
Quando existem receitas e despesas pertencentes a um exercício
anterior, que nele deixarem de ser consideradas por qualquer razão, os
componentes ajustes devem ser realizados no exercício em que se
evidenciou a omissão.
O Princípio da Competência é aplicado a situações concretas altamente
variadas, pois são muito diferenciadas as transações que ocorrem nas
Entidades, em função dos objetivos destas. Por esta razão é a
competência o princípio que tende a suscitar o maior número de dúvidas
na atividade profissional dos contabilistas. Cabe, entretanto, sublinhar
que tal fato não resulta em posição de supremacia hierárquica em
relação aos demais princípios, pois o status de todos é o mesmo,
precisamente pela sua condição científica.

7.1.7 O Princípio da Prudência


O princípio da prudência determina a adoção do menor valor para os
componentes do Ativo e do maior para os componentes do Passivo,
sempre que se apresentem duas alternativas igualmente válidas para a
quantificação das mutações do patrimônio.
Em outras palavras, pelo princípio da prudência, o patrimônio não pode
ser apresentado mais bonito do que ele é, para não causar uma
surpresa desagradável para terceiros. De forma bem humorada,
podemos dizer que a informação contábil deve ser exatamente o
contrário do que se diz pela INTERNET. Na INTERNET, as pessoas
podem se descrever mais bonitas do que são. Ao contrário, pelo

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princípio da prudência, na dúvida, a Contabilidade deve descrever o
patrimônio da forma mais feia possível.
O Princípio da Prudência está definido no art. 10 da Resolução CFC n°
750, de 1993, abaixo:
Art. 10. O Princípio da PRUDÊNCIA determina a adoção do
menor valor para os componentes do ATIVO e do maior
para os do PASSIVO, sempre que se apresentem
alternativas igualmente válidas para a quantificação das
mutações patrimoniais que alterem o patrimônio líquido.
§ 1º O Princípio da PRUDÊNCIA impõe a escolha da
hipótese de que resulte menor patrimônio líquido, quando
se apresentarem opções igualmente aceitáveis diante dos
demais Princípios Fundamentais de Contabilidade.
§ 2º Observado o disposto no art. 7º, o Princípio da
PRUDÊNCIA somente se aplica às mutações posteriores,
constituindo-se ordenamento indispensável à correta
aplicação do Princípio da COMPETÊNCIA.
§ 3º A aplicação do Princípio da PRUDÊNCIA ganha ênfase
quando, para definição dos valores relativos às variações
patrimoniais, devem ser feitas estimativas que envolvem
incertezas de grau variável.

7.1.7.1 Aspectos do princípio da prudência


A aplicação do Princípio da PRUDÊNCIA – de forma a obter-se o menor
Patrimônio Líquido, dentre aqueles possíveis diante de procedimentos
alternativos de avaliação – está restrita às variações patrimoniais
posteriores às transações originais com o mundo exterior, uma vez que
estas deverão decorrer de consenso com os agentes econômicos
externos ou da imposição destes. Esta é a razão pela qual a aplicação do
Princípio da Prudência ocorrerá concomitantemente com a do Princípio
da COMPETÊNCIA, conforme assinalado no parágrafo 2º, quando
resultará, sempre, variação patrimonial quantitativa negativa, isto é,
redutora do Patrimônio Líquido.
A prudência deve ser observada quando, existindo um ativo ou um
passivo já escriturados por determinados valores, segundo os Princípios
do REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL e da ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA,
surge dúvida sobre a ainda correção deles. Havendo formas alternativas
de se calcularem os novos valores, deve-se optar sempre pelo que for
menor do que o inicial, no caso de ativos, e maior, no caso de
componentes patrimoniais integrantes do passivo. Naturalmente, é
necessário que as alternativas mencionadas configurem, pelo menos à
primeira vista, hipóteses igualmente razoáveis. A provisão para créditos
de liquidação duvidosa constitui exemplo da aplicação do Princípio da
PRUDÊNCIA, pois sua constituição determina o ajuste, para menos, de

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valor decorrente de transações com o mundo exterior, das duplicatas ou
de contas a receber. A escolha não está no reconhecimento ou não da
provisão, indispensável sempre que houver risco de não-recebimento de
alguma parcela, mas, sim, no cálculo do seu montante.
Cabe observar que o atributo da incerteza, à vista no exemplo referido
no parágrafo anterior, está presente, com grande freqüência, nas
situações concretas que demandam a observância do Princípio da
PRUDÊNCIA. Em procedimentos institucionalizados, por exemplo, em
relação aos “métodos” de avaliação de estoques, o Princípio da
PRUDÊNCIA, raramente, encontra aplicação.
No reconhecimento de exigibilidades, o Princípio da PRUDÊNCIA envolve
sempre o elemento incerteza em algum grau, pois, havendo certeza,
cabe, simplesmente, o reconhecimento delas, segundo o Princípio da
OPORTUNIDADE.
Para melhor entendimento da aplicação do Princípio da PRUDÊNCIA
cumpre lembrar que:
• os custos ativados devem ser considerados como despesa no
período em que ficar caracterizada a impossibilidade de eles
contribuírem para a realização dos objetivos operacionais da
Entidade;
• todos os custos relacionados à venda, inclusive aqueles de
publicidade, mesmo que institucional, devem ser classificados
como despesas;
• os encargos financeiros decorrentes do financiamento de ativos de
longa maturação devem ser ativados no período pré-operacional a
partir do momento em que o ativo entrar em operação.

7.1.7.2 Limites à aplicação do princípio da prudência


A aplicação do Princípio da PRUDÊNCIA não deve levar a excessos, a
situações classificáveis como manipulações do resultado, com a
conseqüente criação de reservas ocultas. Pelo contrário, deve constituir
garantia de inexistência de valores artificiais, de interesse de
determinadas pessoas, especialmente administradores e controladores,
aspecto muito importante nas Entidades integrantes do mercado de
capitais.
O comentário inserido no parágrafo anterior ressalta a grande
importância das normas concernentes à aplicação da PRUDÊNCIA, com
vista a impedir-se a prevalência de juízos puramente pessoais ou por
outros interesses.

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7.1.8 Conseqüências da inobservância dos princípios
A inobservância dos princípios pode vir a ser punida com sanções
administrativas.
Art. 11. A inobservância dos Princípios Fundamentais de
Contabilidade constitui infração nas alíneas “c”, “d” e “e”
do art. 27 do Decreto-Lei n.º 9.295, de 27 de maio de
1946 e, quando aplicável, ao Código de Ética Profissional
do Contabilista.

7.2 Convenções
Os princípios devem ser rigorosamente seguidos pelos contadores e são
complementados por convenções, que definem mais precisamente os
métodos e critérios contábeis. Tais convenções são, entretanto, apenas
indicativas e terão menor peso que os princípios. Assim, do ponto de
vista prático, uma convenção pode deixar de ser aplicada, desde que o
fato esteja devidamente identificado em notas explicativas.

7.2.1 Consistência (Uniformidade)


Adotado determinado procedimento contábil, entre outros possíveis,
este não deverá ser mudado freqüentemente, sob pena de prejudicar a
comparação de séries históricas de registros. Para que usuários das
demonstrações contábeis tenham a capacidade de comparar dados de
vários exercícios, delinear tendências e projetar situações futuras com
um grau de precisão aceitável, deve ser – preferencialmente – utilizado
o mesmo método de apuração e registro de valores ao longo do tempo.
Exemplificando:
Seja uma empresa denominada Tamancos & Tamancos S/A, que tenha
por objeto comprar tamancos em Novo Hamburgo (pólo calçadista, no
Rio Grande do Sul) e vendê-los em Porto Alegre (Capital do Rio Grande
do Sul), na Praça dos Açorianos, para a colônia de origem lusitana.
Imagine que fora realizada uma compra de 100 pares de tamancos a R$
10,00 cada – no valor total de R$ 1.000,00 e que, no dia seguinte, a
empresa resolve comprar mais 100 pares. Ocorre que o fornecedor
informou que o preço havia subido (para R$ 12,00) e nossa empresa
decide comprar os 100 pares adicionais assim mesmo.
Repare que, o estoque de tamancos ficou formado por tamancos
adquiridos ao preço unitário de R$ 10,00 (100 pares) e ao preço unitário
de R$ 12,00 (100 pares). Considere ainda que, na semana seguinte, a
empresa Tamancos & Tamancos consiga vender por R$ 15,00 o primeiro
par de tamancos. Observe que não há qualquer marca nos tamancos
em estoque que permita identificar o valor que foi pago em sua
aquisição; assim, o par de tamancos entregue na primeira venda pode

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tanto ter sido um adquirido por R$ 10,00 quanto por R$ 12,00 ou,
ainda, pode se tratar de um pé de cada (que, na média, resultaria em
tamanco adquirido por R$ 11,00).
Pois bem, em vista do problema descrito no parágrafo acima, a
legislação permite a utilização de dois critérios diferentes:
a) considerar que o primeiro tamanco adquirido foi o tamanco
vendido – que resultaria em um custo de R$ 10,00;
b) considerar que o tamanco vendido é uma média de todos os
tamancos adquiridos até o momento da venda – que resultaria em
um custo de R$ 11,00.
Veja que, uma vez escolhido o critério, ele deve ser mantido ao longo do
tempo. Facilitando a comparação dos custos de tamanco ao longo do
tempo.
Finalmente, como as convenções não são de obediência mandatória, no
caso de alteração do contexto da entidade, não é proibida a mudança de
critério, desde que – conforme já dito – a mudança esteja explicitada
nas Notas Explicativas às demonstrações.

7.2.2 Materialidade (Relevância)


Visando evitar desperdício de tempo e dinheiro na aplicação do sistema
contábil, os fatos devem ser registrados quando relevantes em relação
ao patrimônio e na ocasião oportuna. Um exemplo de aplicação dessa
convenção está em se considerar como imediatamente gastos os bens
adquiridos que sejam de pequeno valor e tenham previsão de utilização
em pouco tempo. Tal situação é aquela do material de consumo em
escritório (lápis, borracha, papel e caneta). É óbvio que no momento de
sua aquisição eles não estão ainda gastos (por não terem ainda sido
utilizados), porém o custo (administrativo) de controlar o momento e a
quantidade de seu uso, frente a seu valor, não justifica esse controle.

7.2.3 Objetividade
Entre um critério subjetivo de valor, mesmo que confiável, e outro
objetivo, a Contabilidade deverá adotar sempre o mais objetivo,
entendido como aquele que possa ser comprovado por documentos.
Somente depois devem ser considerados critérios pessoais e opiniões de
peritos.
Como, por exemplo, no caso de para uma mesma operação haver a
opinião de um perito e um documento, vale, para registro, o valor
constante do documento.

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8 Resumo
a) Conceito de Contabilidade (Ciência / Campo, objeto,
método/técnicas)
Contabilidade é a ciência (atividade rigorosa de estudo) que tem por
campo a azienda (qualquer ente que possa vir a ter patrimônio), por
objeto o patrimônio e por método o das partidas dobradas – o que
resulta na elaboração de técnicas de registro, elaboração de
demonstrações, análise de demonstrações e auditoria.
b) Histórico (Antiguidade, Renascimento, Atualidade)
A Contabilidade existe desde que o homem descobriu a idéia de
propriedade, mas sua sistematização e a transformação da feição que
ela hoje apresenta teve origem na época do renascimento e das grandes
navegações, sendo o Frei Lucca Pacciolli responsável pela condensação
das técnicas então utilizadas em seu livro Summa Aritmética;
introduzindo o método das partidas dobradas, passou a ser conhecido
como o pai da Contabilidade. Na atualidade, a Contabilidade – no Brasil
– está regida pelas disposições da Lei das S/A (Lei 6.404, de 1976).
c) Patrimônio (itens, significado, denominações)
O patrimônio é composto por bens, direitos e obrigações. Os bens e
direitos compõem o grupo do patrimônio denominado Ativo, as
obrigações compõem o grupo denominado passivo. A diferença entre
Ativo e Passivo é denominada Patrimônio Líquido. Estes três grupos são
conhecidos por outros nomes também, conforme abaixo:
• Ativo – patrimônio bruto, total das aplicações, total dos
investimentos;
• Passivo – passivo exigível, exigibilidades, capital de
terceiros;
• Patrimônio Líquido – capital próprio, situação líquida do
patrimônio e passivo a descoberto (somente no caso dele
ser negativo).
d) Funções da Contabilidade (Sistema de Informação / usuários /
funções: administrativa e econômica / evidenciação e forma x
essência)
A Contabilidade é um sistema de informações, para usuários internos e
externos (principalmente para estes). A informação gerada pelo
sistema contábil tem duas funções: (1) administrativa – o controle do
patrimônio e (2) econômica – apuração do resultado (ou redito). Na
apresentação da informação contábil, dois objetivos são perseguidos:
(1) a evidenciação – mostrar tudo o que realmente está acontecendo no

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patrimônio e (2) a apresentação da essência (às vezes, em detrimento
da forma) dos fatos ocorridos.
e) Princípios (Entidade / Continuidade / Oportunidade:
tempestividade, integridade / Registro pelo Valor Original /
Atualização Monetária / Competência / Prudência)
• Entidade – o patrimônio dos sócios não se confunde com o
patrimônio da empresa.
• Continuidade – a empresa deve ter seu patrimônio registrado a
partir da premissa de que sua atividade é eterna; ao contrário,
quando houver clara informação de quebra de continuidade da
empresa, o registro do patrimônio pode e deve ser alterado
(ativos podem ser registrados pelo seu valor de realização –
alienação – prazos do passivo devem ser alterados para estarem
de acordo com a data de interrupção das atividades da empresa).
• Oportunidade – o princípio da oportunidade se desdobra em duas
idéias principais, a saber: (1) a tempestividade – o que ocorre no
patrimônio deve ser registrado no momento de sua ocorrência
(nem antes, nem depois) e (2) integridade – o que ocorre no
patrimônio deve ser registrado por completo (não se aceita o
registro apenas parcial de um acontecimento).
• Registro pelo valor original – os elementos constantes do
patrimônio devem ser, nele, registrados pelo valor de
transacionado com terceiros (para a entrada do referido elemento
no patrimônio).
• Atualização monetária – proibida pela Lei 9.249, de 1995.
• Competência – as receitas devem ser registradas quando
auferidas, independentemente de seu recebimento, e as despesas
devem ser registradas quando incorridas, independentemente de
seu pagamento.
• Prudência – frente a duas opções igualmente corretas, a
Contabilidade deve preferir (para registro de fatos e informações
no patrimônio) aquele que: (1) para ativos representem o menor
valor e (2) para passivos representem o maior valor.
f) Convenções (Uniformidade / Materialidade / Objetividade)
Pela convenção da Uniformidade, uma vez escolhido um critério de
registro do patrimônio, esse critério deve PREFERENCIALMENTE, ser
mantido ao longo do tempo (facilitando a comparação de séries
temporais). Pela convenção da Materialidade, o registro do patrimônio
deve se referir a itens materialmente importantes (sendo os demais
passíveis de registro em conjunto). Pela convenção da objetividade,

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entre um suporte documental e a opinião subjetiva de alguém, o
registro contábil deve ser realizado com base no suporte documental
(objetivo).

9 Exercícios de Fixação (Questões de concurso elaborado pela


ESAF – resolvidas e comentadas)

9.1 Definição, Objeto e Função da Contabilidade

9.1.1 TTN (Técnico do Tesouro Nacional, antiga denominação do atual


cargo de TRF – Técnico da Receita Federal) 1992
Enunciado
O Primeiro Congresso Brasileiro de Contabilidade, realizado na cidade do
Rio de Janeiro, de 17 a 27 de agosto de 1924, formulou um conceito
oficial de CONTABILIDADE. Assinale a opção que indica esse conceito
oficial.
a) Contabilidade é a ciência que estuda o patrimônio do ponto de
vista econômico e financeiro, observando seus aspectos
quantitativo e específico e as variações por ele sofridas.
b) Contabilidade é a ciência que estuda e pratica as funções de
orientação, de controle e de registro relativas a Administração
Econômica.
c) Contabilidade é a metodologia especial concebida para captar,
registrar, reunir e interpretar os fenômenos que afetam as
situações patrimoniais, financeiras e econômicas de qualquer
ente.
d) Contabilidade é a arte de registrar todas as transações de uma
companhia, que possam ser expressas em termos monetários,
e de informar os reflexos dessas transações na situação
econômico-financeira dessa companhia.
e) Contabilidade é a ciência que estuda e controla o patrimônio
das entidades, mediante registro, demonstração expositiva,
confirmação, análise e interpretação dos fatos nele ocorridos.
Resolução e comentários
Trata-se de uma questão teórica, cuja resolução não demandou muito
raciocínio do aluno – ao contrário, pela lógica, várias das alternativas se
enquadrariam em um conceito razoável de Contabilidade. Entretanto, o
que foi pedido foi o conceito oficialmente resultante do Primeiro
Congresso Brasileiro de Contabilidade, realizado na cidade do Rio de

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Janeiro, de 17 a 27 de agosto de 1924. Assim, abaixo, transcrevemos o
conceito já apresentado na parte teórica acima:
“A Contabilidade é a ciência que estuda e pratica as
funções de orientação, de controle e de registro relativos à
administração econômica”.
Assim, percebe-se que a alternativa correta é a de letra B, que traz
EXATAMENTE essas palavras.
Gabarito
B

9.1.2 TTN (Técnico do Tesouro Nacional, antiga denominação do atual


cargo de TRF – Técnico da Receita Federal) 1994
Enunciado
“... o patrimônio, que a Contabilidade estuda e controla, registrando
todas as ocorrências nele verificadas.”
“... estudar e controlar o patrimônio, para fornecer informações sobre
sua composição e variações, bem como sobre o resultado econômico
decorrente da gestão da riqueza patrimonial.”
As proposições indicam, respectivamente:
a) o objeto e a finalidade da Contabilidade;
b) a finalidade e o conceito da Contabilidade;
c) o campo de aplicação e o objeto da Contabilidade;
d) o campo de aplicação e o conceito de Contabilidade;
e) a finalidade e as técnicas contábeis de Contabilidade.
Resolução e comentários
Vamos iniciar a resolução pela interpretação das duas proposições:
I - “... o patrimônio, que a Contabilidade estuda e controla, registrando
todas as ocorrências nele verificadas.”. Repare que a palavra chave da
proposição é PATRIMÔNIO. Ora, o patrimônio é o objeto da
Contabilidade, conforme visto na parte teórica deste tópico e definido
pela Resolução n° 774, de 1994, do Conselho Federal de Contabilidade,
a seguir transcrita em parte:
1.2 – O Patrimônio objeto da Contabilidade
O objeto delimita o campo de abrangência de uma ciência,
tanto nas ciências formais quanto nas factuais, das quais
fazem parte as ciências sociais. Na Contabilidade, o objeto
é sempre o PATRIMÔNIO de uma Entidade, definido como
um conjunto de bens, direitos e de obrigações para com
terceiros, pertencente a uma pessoa física, a um conjunto

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de pessoas, como ocorre nas sociedades informais, ou a
uma sociedade ou instituição de qualquer natureza,
independentemente da sua finalidade, que pode, ou não,
incluir o lucro.
“... estudar e controlar o patrimônio, para fornecer informações sobre
sua composição e variações, bem como sobre o resultado econômico
decorrente da gestão da riqueza patrimonial.”. Repare que a expressão
chave da proposição é a expressão PARA FORNECER INFORMAÇÕES
SOBRE. Ora, fornecer informações é a finalidade da Contabilidade,
conforme visto na parte teórica deste tópico explicitamente referenciado
no Pronunciamento do Ibracon (Instituto Brasileiro de Contadores),
aprovado pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) através da
Deliberação n° 29, de 1986, a seguir reproduzida, em parte:
Anexo à Deliberação nº 29 de 05 de Fevereiro de 1986.
ESTRUTURA CONCEITUAL BÁSICA DA CONTABILIDADE -
OBJETIVOS DA CONTABILIDADE
A Contabilidade é, objetivamente, um sistema de
informação e avaliação destinado a prover seus usuários
com demonstrações e análises de natureza econômica,
financeira, física e de produtividade, com relação à
entidade objeto de contabilização.
Com essa análise, conclui-se que a resposta certa é a assertiva de letra
A. Apenas para fins de esclarecimento, a seguir, analisaremos cada
uma das assertivas da questão:
a) o objeto e a finalidade da Contabilidade;
Certo, o objeto da Contabilidade é o Patrimônio e sua finalidade é prover
o usuário de informações.
b) a finalidade e o conceito da Contabilidade;
A finalidade da Contabilidade é prover o usuário de informações e o
conceito da Contabilidade é a Ciência que estuda o Patrimônio.
c) o campo de aplicação e o objeto da Contabilidade;
O campo de aplicação da Contabilidade é a Azienda e o objeto da
Contabilidade é o Patrimônio.
d) o campo de aplicação e o conceito de Contabilidade;
O campo de aplicação da Contabilidade é a Azienda e o conceito da
Contabilidade é a Ciência que estuda o Patrimônio.
e) a finalidade e as técnicas contábeis de Contabilidade.
A finalidade da Contabilidade é prover o usuário de informações e as
técnicas contábeis são o registro, a elaboração de demonstrações, a
análise e a auditoria.

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Gabarito
A

9.1.3 TFC (Técnico de Finanças e Controles) 1996


Enunciado
Decomposição, comparação e interpretação dos demonstrativos do
estado patrimonial e do resultado econômico de uma entidade é:
a) função econômica da Contabilidade;
b) objeto da Contabilidade;
c) técnica contábil chamada Análise de Balanços;
d) finalidade da Contabilidade;
e) função administrativa da Contabilidade.
Resolução e comentários
Para resolver esta questão, é necessário conhecer o conceito de Análise
de Demonstrações Financeiras, conforme apresentado na parte teórica
desse tópico da matéria:
Demonstrações Contábeis (Análise) – também conhecida
como Análise de Balanços, a Análise das Demonstrações
Financeiras tem por objetivo o estudo e avaliação do
patrimônio, através da decomposição e interpretação dos
demonstrativos, com vistas à comparação (tanto do
patrimônio quanto do resultado) com os de outras
entidades, e de outros períodos e, assim, permitindo uma
tomada de decisões mais abalizada.
Com esse conceito, conclui-se que a assertiva correta é a de letra C.
Apenas com finalidades didáticas, passaremos a analisar cada uma das
assertivas apresentadas no enunciado da questão.
a) função econômica da Contabilidade;
A função econômica da Contabilidade é apurar o resultado.
b) objeto da Contabilidade;
O objeto da Contabilidade é o patrimônio.
c) técnica contábil chamada Análise de Balanços;
A técnica contábil de Análise de Balanços consiste em decompor,
interpretar e comparar o patrimônio e o resultado de entidades.
d) finalidade da Contabilidade;
A finalidade da Contabilidade é prover o usuário de informações.
e) função administrativa da Contabilidade.
A função administrativa da Contabilidade é controlar o patrimônio.

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Gabarito
C

9.1.4 Técnico da Receita Federal


Enunciado
A palavra Azienda é comumente usada em Contabilidade como sinônimo
de fazenda, na acepção de:
a) conjunto de bens e direitos;
b) mercadorias
c) finanças públicas;
d) grande propriedade rural;
e) patrimônio, considerado juntamente com a pessoa que tem
sobre ele poderes de administração e disponibilidade.
Resolução e comentários
A azienda foi apresentada, na parte teórica deste tópico do curso, como
o campo de interesse de estudo da Contabilidade, nos seguintes termos:
A Contabilidade, portanto, tem como campo a azienda.
Por azienda, entende-se toda entidade organizada passível
de ter um patrimônio (bens, direitos e obrigações). O
termo azienda tem do mesmo radical que “fazenda”, no
sentido de tesouro e não no sentido de propriedade rural –
veja que o Ministério da Fazenda é responsável pela
administração do Tesouro Nacional (mas não possui bois
nem vacas). Repare que a utilização do conceito de
azienda permite que a Contabilidade se preocupe com
organizações que não apenas as empresas formalmente
constituídas (pessoas jurídicas com fins lucrativos),
alcançando também as empresas informais, as entidades
sem fins lucrativos, empresas públicas, pessoas físicas e
etc16.
Assim, já se pode concluir que a alternativa correta é a assertiva de
letra E. apenas para fins didáticos, analisaremos cada uma das
alternativas do enunciado da questão, a seguir:

16
Por Pessoa Física, entende-se qualquer ser humano que, tendo personalidade
jurídica (sendo sujeito de direitos e obrigações) pode ser titular de um patrimônio. Por
Pessoa Jurídica, entende-se toda entidade resultante da organização humana de
recursos (humanos e materiais) que, também pode ser titular de um patrimônio.
Pessoas jurídicas podem ser classificadas em Pessoas Jurídicas de fato (que não estão
regularmente constituídas – conforme o Direito) ou de Direito (que estão devidamente
formalizadas pelo registro de seus atos constitutivos – Estatuto, no caso de uma
Sociedade Anônima ou Contrato Social, no caso de uma Limitada – registrados no
órgão próprio).

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a) conjunto de bens e direitos;
O conjunto de bens e direitos consiste no Ativo.
b) mercadorias
Mercadorias são bens e, portanto, um dos elementos componentes do
Ativo.
c) finanças públicas;
Finanças públicas são o objeto de interesse de outras disciplinas (Direito
Financeiro e Contabilidade Pública) – cujo estudo está fora do escopo
deste curso.
d) grande propriedade rural;
Uma grande propriedade rural seria uma fazenda, porém não com o
sentido dado à azienda pela Contabilidade.
e) patrimônio, considerado juntamente com a pessoa que tem sobre ele
poderes de administração e disponibilidade.
Certo, este é o sentido de azienda dado pela Contabilidade.
Gabarito
E

9.1.5 Técnico da Receita Federal


Enunciado
É função econômica da Contabilidade:
a) apurar lucro ou prejuízo;
b) controlar o patrimônio;
c) evitar erros ou fraudes;
d) efetuar o registro dos fatos contábeis;
e) verificar a autenticidade das operações.
Resolução e comentários
As funções administrativa e econômica da Contabilidade foram objeto de
explanação na parte teórica deste tópico, conforme a seguir:
Finalmente, cabe questionar o tipo de decisão a que a
informação contábil se destina. São, basicamente, dois
tipos de decisão: acerca da composição do patrimônio e
acerca de sua modificação (crescimento ou decréscimo).
Isso é importante e já foi questão de prova em concurso!
Assim, as informações geradas pelo sistema contábil
devem desempenhar duas funções: (1) a função
administrativa, de controlar o patrimônio; e (2) a função
econômica, de apurar o resultado (rédito).

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A partir deste conceito, verifica-se que a resposta certa corresponde à
assertiva de letra A, pois apurar o resultado corresponde a apurar lucro
ou prejuízo (conforme o caso).
Gabarito
A

9.2 Patrimônio

9.2.1 AFTN (Auditor Fiscal do Tesouro Nacional, antiga denominação


do cargo de AFRF – Auditor Fiscal da Receita Federal) 199817.
Enunciado
03- A Cia. Eira & Eira foi constituída com capital de R$ 750.000,00, por
três sócios, que integralizaram suas ações como segue:
• Adão Macieira R$ 300.000,00
• Bené Pereira R$ 150.000,00
• Carlos Parreira R$ 300.000,00
Após determinado período, a empresa verificou que nas suas operações
normais lograra obter lucros de R$ 600.000,00, dos quais R$
150.000,00 foram distribuídos e pagos aos sócios. Os restantes R$
450.000,00 foram reinvestidos na empresa na conta Reserva para
Aumento de Capital, nada mais havendo em seu Patrimônio Líquido.
Sabendo-se que esta empresa não tem resultados de exercícios futuros
e que suas dívidas representam 20% dos recursos aplicados atualmente
no patrimônio, podemos afirmar que o valor total de seus ativos é de
a) R$ 1.200.000,00
b) R$ 750.000,00
c) R$ 600.000,00
d) R$ 1.350.000,00
e) R$ 1.500.000,00
Resolução e Comentários

17
Questão tratada no livro “Contabilidade: Resoluções e comentários de Questões da
ESAF”, do mesmo autor, em que os conceitos apresentados neste curso são utilizados,
de forma prática, na solução de questões de concurso. Após o estudo desse curso,
teórico, a leitura do referido livro é fortemente recomendada, para consolidação do
aprendizado.

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Essa é uma questão que demanda muito pouco conhecimento de
conceitos contábeis, porém uma boa capacidade de interpretação e
alguma capacidade de realização de cálculos.
Os conceitos contábeis necessários à resolução da questão são quatro, a
saber:
• o patrimônio líquido é a diferença entre o ativo e o passivo;
• o total de dívidas corresponde ao passivo
• o total de recursos aplicados no patrimônio corresponde ao ativo;
• o valor do capital inicialmente integralizado pelos sócios, somado
aos lucros auferidos pela empresa, nos vários períodos de sua
existência, e reduzido dos respectivos dividendos pagos, também
corresponde ao valor do Patrimônio líquido.
Vistos os conceitos, vamos aplicá-los à resolução da questão:
1) valor do PL da empresa = capital inicial (+) lucros (-) dividendos
750.000+600.000-150.000=1.200.000
2) valor do passivo (=) 20% dos recursos aplicados no patrimônio
P = 0,2 * A
3) PL (=) ativo (-) passivo
PL = A – 0,2 * A
4) ocorre que o PL já foi calculado 1.200.000,00, logo, o ativo pode ser
calculado por substituição desse valor na equação expressa no item
anterior
1.200.000 = A – 0,2 * A
0,8 * A = 1.200.000
A = 1.200.000/0,8 Î A = 1.500.000,00
Gabarito
E

9.2.2 AFTN 199818


Enunciado

18
Questão tratada no livro “Contabilidade: Resoluções e comentários de Questões da
ESAF”, do mesmo autor, em que os conceitos apresentados neste curso são utilizados,
de forma prática, na solução de questões de concurso. Após o estudo desse curso,
teórico, a leitura do referido livro é fortemente recomendada, para consolidação do
aprendizado.

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04- No mês de julho, a firma Papoulas Ltda. foi registrada e captou
recursos totais de R$ 7.540,00, sendo R$ 7.000,00 dos sócios, como
capital registrado e R$ 540,00 de terceiros, sendo 2/3 como
empréstimos obtidos e 1/3 como receitas ganhas. Os referidos recursos
foram todos aplicados no mesmo mês, sendo R$ 540,00 em
mercadorias; R$ 216,00 em poupança bancária; R$ 288,00 na
concessão de empréstimos; e o restante em despesas normais.
Após realizados esses atos de gestão, pode-se afirmar que a empresa
ainda tem um patrimônio bruto e um patrimônio líquido,
respectivamente, de
a) R$ 1.044,00 e R$ 864,00
b) R$ 1.044,00 e R$ 684,00
c) R$ 1.044,00 e R$ 504,00
d) R$ 1.584,00 e R$ 1.044,00
e) R$ 7.540,00 e R$ 7.000,00
Resolução e Comentários
1) Para resolver essa questão, temos que conhecer três conceitos
básicos da Contabilidade:
• patrimônio bruto = ativo (bens e direitos)
• patrimônio líquido = ativo – passivo
• capital de terceiros = passivo (obrigações – no caso, empréstimos
obtidos).
2) De acordo com os dados da questão:
Ativo ( bens e direitos ) = mercadorias + poupança bancária +
empréstimos concedidos.
Ativo = 540,00 + 216,00 + 288,00 = 1.044,00
Passivo = empréstimos obtidos
Passivo = 540,00 (*) 2/3 = 360,00
Patrimônio Líquido = Ativo (-) Passivo
Patrimônio Líquido = 1.044,00 – 360,00 = 684,00
Gabarito
B

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9.2.3 AFRF 2002 – 1a prova (março)19
Enunciado
03- Da leitura atenta dos balanços gerais da Cia. Emile, levantados em
31.12.01 para publicação, e dos relatórios que os acompanham,
podemos observar informações corretas que indicam a existência de:
Capital de Giro no valor de R$ 2.000,00
Capital Social no valor de R$ 5.000,00
Capital Fixo no valor de R$ 6.000,00
Capital Alheio no valor de R$ 5.000,00
Capital Autorizado no valor de R$ 5.500,00
Capital a Realizar no valor de R$ 1.500,00
Capital Investido no valor de R$ 8.000,00
Capital Integralizado no valor de R$ 3.500,00
Lucros Acumulados no valor de R$ 500,00
Prejuízo Líquido do Exercício no valor de R$ 1.000,00
A partir das observações acima, podemos dizer que o valor do Capital
Próprio da Cia. Emile é de
a) R$ 5.500,00
b) R$ 5.000,00
c) R$ 4.000,00
d) R$ 3.500,00
e) R$ 3.000,00
Resolução e Comentários
O que se pede para calcular, nessa questão, é o valor do capital próprio.
Por capital próprio entende-se o patrimônio líquido (diferença entre
ativo e passivo Æ PL = A – P). O enunciado, por sua vez, apresenta
valores de saldos de vários grupos patrimoniais, identificados por nomes
diferentes daqueles usualmente utilizados. Assim, para a resolução da
questão, faz-se necessário o auxílio de um pequeno glossário.

19
Questão tratada no livro “Contabilidade: Resoluções e comentários de Questões da
ESAF”, do mesmo autor, em que os conceitos apresentados neste curso são utilizados,
de forma prática, na solução de questões de concurso. Após o estudo desse curso,
teórico, a leitura do referido livro é fortemente recomendada, para consolidação do
aprendizado.

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Expressão significado
Capital de Giro ativo circulante
Capital Social capital social
Capital Fixo ativo permanente
Capital Alheio passivo exigível
valor máximo do capital social por decisão da diretoria (sem a necessidade de assembléia
Capital Autorizado geral que autorize o aumento).
Capital a Realizar capital a realizar
Capital Investido ativo
Capital Integralizado capital integralizado
Lucros Acumulados lucro acumulados
Prejuízo Líquido do Exercício lucro líquido (quando negativo)

Repare que, após a leitura do glossário acima, conclui-se que são


desnecessários, para a resolução da questão, todos os dados
apresentados, exceto os seguintes:
o Capital Investido (Investimento) Î Ativo = 8.000,00; e
o Capital Alheio (Capital de Terceiros) Î Passivo = 5.000,00.
A partir dos dados acima, calcula-se o valor do Capital Próprio =
Patrimônio Líquido Î Ativo – Passivo = 8.000,00 – 5.000,00 = 3.000,00
(conforme alternativa E).
Gabarito
E

9.3 Princípios e Convenções Contábeis

9.3.1 AFRF 2002 – 1a prova (março)20


Enunciado
01- Abaixo estão cinco assertivas relacionadas com os Princípios
Fundamentais de Contabilidade. Assinale a opção que expressa uma
afirmação verdadeira.
a) A observância dos Princípios Fundamentais de Contabilidade é
obrigatória no exercício da profissão, mas não constitui condição de
legitimidade das Normas Brasileiras de Contabilidade.
b) O Princípio da Entidade reconhece o Patrimônio como objeto da
Contabilidade e afirma a autonomia patrimonial, exceto no caso de

20
Questão tratada no livro “Contabilidade: Resoluções e comentários de Questões da
ESAF”, do mesmo autor, em que os conceitos apresentados neste curso são utilizados,
de forma prática, na solução de questões de concurso. Após o estudo desse curso,
teórico, a leitura do referido livro é fortemente recomendada, para consolidação do
aprendizado.

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sociedade ou instituição, cujo patrimônio pode confundir-se com o dos
sócios ou proprietários.
c) Da observância do Princípio da Oportunidade resulta que o registro
deve ensejar o reconhecimento universal das variações ocorridas no
patrimônio da Entidade, em um período de tempo determinado.
d) A apropriação antecipada das prováveis perdas futuras, antes
conhecida como Convenção do Conservadorismo, hoje é determinada
pelo Princípio da Competência.
e) A observância do Princípio da Continuidade não influencia a aplicação
do Princípio da Competência, pois o valor econômico dos ativos e dos
passivos já contabilizados não se altera em função do tempo.
Resolução e Comentários
Analisando cada uma das alternativas apresentadas no enunciado,
temos:
a) A observância dos Princípios Fundamentais de Contabilidade é
obrigatória no exercício da profissão, mas não constitui condição de
legitimidade das Normas Brasileiras de Contabilidade.
A observância dos princípios é condição de legitimidade das Normas
Brasileiras de Contabilidade, visto que eles são de aplicação obrigatória,
de acordo com o que dispõe a Resolução CFC n° 750, de 1993, que
estabelece os princípios de Contabilidade:

“Art. 1º Constituem PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DE


CONTABILIDADE (P.F.C.) os enunciados por esta
Resolução.
§ 1º A observância dos Princípios Fundamentais de
Contabilidade é obrigatória no exercício da profissão e
constitui condição de legitimidade das Normas
Brasileiras de Contabilidade (NBC).”
b) O Princípio da Entidade reconhece o Patrimônio como objeto da
Contabilidade e afirma a autonomia patrimonial, exceto no caso de
sociedade ou instituição, cujo patrimônio pode confundir-se com o dos
sócios ou proprietários.

Não existe exceção sociedade cujo patrimônio possa confundir-se com o


dos sócios, conforme Resolução CFC n° 750, de 1993:

“Art. 4º O Princípio da ENTIDADE reconhece o Patrimônio


como objeto da Contabilidade e afirma a autonomia

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patrimonial, a necessidade da diferenciação de um
Patrimônio particular no universo dos patrimônios
existentes, independentemente de pertencer a uma
pessoa, um conjunto de pessoas, uma sociedade ou
instituição de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem
fins lucrativos. Por conseqüência, nesta acepção, o
Patrimônio não se confunde com aqueles dos seus sócios
ou proprietários, no caso de sociedade ou instituição.
Parágrafo único – O PATRIMÔNIO pertence à ENTIDADE,
mas a recíproca não é verdadeira. A soma ou agregação
contábil de patrimônios autônomos não resulta em nova
ENTIDADE, mas numa unidade de natureza econômico-
contábil.”
c) Da observância do Princípio da Oportunidade resulta que o registro
deve ensejar o reconhecimento universal das variações ocorridas no
patrimônio da Entidade, em um período de tempo determinado.
CORRETO, nos termos da Resolução CFC n° 750, de 1993:

Art. 6º O Princípio da OPORTUNIDADE refere-se,


simultaneamente, à tempestividade e à integridade do
registro do patrimônio e das suas mutações, determinando
que este seja feito de imediato e com a extensão correta,
independentemente das causas que as originaram.
Parágrafo único – Como resultado da observância do
Princípio da OPORTUNIDADE:
...
III – o registro deve ensejar o reconhecimento universal
das variações ocorridas no patrimônio da ENTIDADE, em
um período de tempo determinado, base necessária para
gerar informações úteis ao processo decisório da gestão.
d) A apropriação antecipada das prováveis perdas futuras, antes
conhecida como Convenção do Conservadorismo, hoje é determinada
pelo Princípio da Competência.
Este é o princípio da prudência, conforme Resolução CFC n° 750, de
1993:

Art. 10. O Princípio da PRUDÊNCIA determina a adoção do


menor valor para os componentes do ATIVO e do maior
para os do PASSIVO, sempre que se apresentem
alternativas igualmente válidas para a quantificação das
mutações patrimoniais que alterem o patrimônio líquido.
...
§ 3º A aplicação do Princípio da PRUDÊNCIA ganha ênfase
quando, para definição dos valores relativos às variações
patrimoniais, devem ser feitas estimativas que envolvem
incertezas de grau variável.

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e) A observância do Princípio da Continuidade não influencia a aplicação
do Princípio da Competência, pois o valor econômico dos ativos e dos
passivos já contabilizados não se altera em função do tempo.
A observação do princípio da continuidade pode alterar valores de ativos
e passivos em função do tempo, conforme Resolução CFC n° 750, de
1993:

Art. 5º A CONTINUIDADE ou não da ENTIDADE, bem como


sua vida definida ou provável, devem ser consideradas
quando da classificação e avaliação das mutações
patrimoniais, quantitativas e qualitativas.
§ 1º A CONTINUIDADE influencia o valor econômico dos
ativos e, em muitos casos, o valor ou o vencimento dos
passivos, especialmente quando a extinção da ENTIDADE
tem prazo determinado, previsto ou previsível.
Gabarito
C

9.3.2 Prova Técnico da Receita Federal – 200321


Enunciado
01- Com relação aos Princípios Fundamentais de Contabilidade, assinale
a opção incorreta.
a) O Princípio da PRUDÊNCIA determina a adoção do menor valor para
os componentes do ATIVO e do maior, para os do PASSIVO, sempre que
se apresentem alternativas igualmente válidas para a quantificação das
mutações patrimoniais que alterem o Patrimônio Líquido.
b) O Princípio da PRUDÊNCIA impõe a escolha da hipótese de que
resulte menor Patrimônio Líquido, quando se apresentarem opções
igualmente aceitáveis diante dos demais Princípios Fundamentais de
Contabilidade.
c) O Princípio da PRUDÊNCIA somente se aplica às mutações
posteriores, constituindo-se ordenamento indispensável à correta
aplicação do Princípio da COMPETÊNCIA.

21
Questão tratada no livro “Contabilidade: Resoluções e comentários de Questões da
ESAF”, do mesmo autor, em que os conceitos apresentados neste curso são utilizados,
de forma prática, na solução de questões de concurso. Após o estudo desse curso,
teórico, a leitura do referido livro é fortemente recomendada, para consolidação do
aprendizado.

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d) A aplicação do Princípio da PRUDÊNCIA ganha ênfase quando, para
definição dos valores relativos às variações patrimoniais, devem ser
feitas estimativas que envolvem incertezas de grau variável.
e) O Princípio da PRUDÊNCIA refere-se, simultaneamente, à
tempestividade e à integridade do registro do patrimônio e das suas
mutações, determinando que este seja feito de imediato e com a
extensão correta, independentemente das causas que originaram o
registro.
Resolução e Comentários
Os princípios de Contabilidade são: entidade, continuidade,
oportunidade, registro pelo valor original, competência e prudência.
Para a resolução da questão, somente é necessário conhecer os
princípios da prudência e da oportunidade.
Pelo princípio da oportunidade, os acontecimentos relevantes para o
patrimônio devem ser registrados por completo e no momento em que
ocorrem.
O princípio da Oportunidade refere-se, simultaneamente, à integridade e
à tempestividade dos registros das mutações patrimoniais:
• a integridade diz respeito à necessidade das variações serem
reconhecidas em sua totalidade, sem qualquer falta ou excesso;
• a tempestividade obriga a que as variações sejam registradas no
momento de sua ocorrência, mesmo na hipótese de alguma
incerteza.
Art. 6º O Princípio da OPORTUNIDADE refere-se,
simultaneamente, à tempestividade e à integridade do
registro do patrimônio e das suas mutações, determinando
que este seja feito de imediato e com a extensão correta,
independentemente das causas que as originaram.
Parágrafo único – Como resultado da observância do
Princípio da OPORTUNIDADE:
I – desde que tecnicamente estimável, o registro das
variações patrimoniais deve ser feito mesmo na hipótese
de somente existir razoável certeza de sua ocorrência;
II – o registro compreende os elementos quantitativos e
qualitativos, contemplando os aspectos físicos e
monetários;
III – o registro deve ensejar o reconhecimento universal
das variações ocorridas no patrimônio da ENTIDADE, em
um período de tempo determinado, base necessária para
gerar informações úteis ao processo decisório da gestão.
O princípio da prudência determina a adoção do menor valor para os
componentes do Ativo e do maior para os componentes do Passivo,

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sempre que se apresentem duas alternativas igualmente válidas para a
quantificação das mutações do patrimônio.
Art. 10. O Princípio da PRUDÊNCIA determina a adoção do
menor valor para os componentes do ATIVO e do maior
para os do PASSIVO, sempre que se apresentem
alternativas igualmente válidas para a quantificação das
mutações patrimoniais que alterem o patrimônio líquido.
A partir dos conceitos acima, analisaremos cada uma das assertivas
constantes do enunciado:
a) O Princípio da PRUDÊNCIA determina a adoção do menor valor para
os componentes do ATIVO e do maior, para os do PASSIVO, sempre que
se apresentem alternativas igualmente válidas para a quantificação das
mutações patrimoniais que alterem o Patrimônio Líquido.
Correto.

b) O Princípio da PRUDÊNCIA impõe a escolha da hipótese de que


resulte menor Patrimônio Líquido, quando se apresentarem opções
igualmente aceitáveis diante dos demais Princípios Fundamentais de
Contabilidade.
Correto.

c) O Princípio da PRUDÊNCIA somente se aplica às mutações


posteriores, constituindo-se ordenamento indispensável à correta
aplicação do Princípio da COMPETÊNCIA.
Correto, este é o conceito de provisão e, encontra-se de acordo com o
parágrafo 2o da resolução CFC 750/93:

§ 2º Observado o disposto no art. 7º, o Princípio da


PRUDÊNCIA somente se aplica às mutações posteriores,
constituindo-se ordenamento indispensável à correta
aplicação do Princípio da COMPETÊNCIA.
d) A aplicação do Princípio da PRUDÊNCIA ganha ênfase quando, para
definição dos valores relativos às variações patrimoniais, devem ser
feitas estimativas que envolvem incertezas de grau variável.
Correto.

e) O Princípio da PRUDÊNCIA refere-se, simultaneamente, à


tempestividade e à integridade do registro do patrimônio e das suas
mutações, determinando que este seja feito de imediato e com a
extensão correta, independentemente das causas que originaram o
registro.

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Errada. Inequívoca a confusão, constante na letra E, acerca dos
princípios da prudência e da oportunidade, conforme Resolução CFC
750/93.

Art. 6º O Princípio da OPORTUNIDADE refere-se,


simultaneamente, à tempestividade e à integridade do
registro do patrimônio e das suas mutações, determinando
que este seja feito de imediato e com a extensão correta,
independentemente das causas que as originaram.
Art. 10. O Princípio da PRUDÊNCIA determina a adoção do
menor valor para os componentes do ATIVO e do maior
para os do PASSIVO, sempre que se apresentem
alternativas igualmente válidas para a quantificação das
mutações patrimoniais que alterem o patrimônio líquido.
Gabarito
E

10 Bibliografia e Fontes de Pesquisa Referenciadas


10.1 Leis
Lei 6.404, de 1976 – Lei das S/A.
Lei 9.249, de 1995.
Lei n° 10.406, de 2002 – Código Civil.

10.2 Atos Administrativos Normativos


RESOLUÇÃO CFC N.º 750/93 - Dispõe sobre os Princípios Fundamentais
de Contabilidade (P.F.C.)
RESOLUÇÃO CFC N.º 751/93 - Dispõe sobre as Normas Brasileiras de
Contabilidade.
RESOLUÇÃO CFC N.º 774/94 - Aprova o Apêndice à Resolução sobre os

Princípios Fundamentais de Contabilidade.

DELIBERAÇÃO CVM N 29-1986 - objetivos da Contabilidade.


Decreto 3.000, de 1999 – Regulamento do Imposto de Renda.

10.3 Livros
Iudícibus, Sérgio de; Martins, Eliseu e Gelbke, Ernesto Rubens Gelbcke.
Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações – FIPECAFI. Ed.
Atlas. São Paulo – 4a edição – 1995.

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Neves, Silvério das e Viceconti, Paulo E. V. Contabilidade Básica. Ed.
Frase. São Paulo – 5a edição – 1996.
Neves, Silvério das e Viceconti, Paulo E. V. Contabilidade Avançada. Ed.
Frase. São Paulo – 5a edição – 1996.
Gonçalves, Eugênio Celso e Baptista, Antônio Eustáquio. Contabilidade
Geral. Ed. Atlas. São Paulo – 2a edição – 1994.
Silva, Benedito Gonçalves da. Contabilidade Geral. Ed. Meta – 2a edição
– 1994.
Ferrari, Ed Luiz, Contabilidade Geral: teoria e 950 questões – Rio de
Janeiro: Elsevier 2006.
Velter, Francisco e Missagia, Luiz R. Manual de Contabilidade – Rio de
Janeiro: Impetus, 2003.
Santos, Luiz Eduardo. Contabilidade: Resoluções e comentários de
Questões da ESAF. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.

10.4 Internet
www.planalto.gov.br
www.cfc.org.br
www.receita.fazenda.gov.br

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1 Roteiro
a) Atos e Fatos Contábeis.
a. Atos
b. Fatos Contábeis
i. Fatos Contábeis Permutativos
ii. Fatos Contábeis Modificativos aumentativos
iii. Fatos Contábeis Modificativos diminutivos
iv. Fatos Contábeis Mistos aumentativos
v. Fatos Contábeis Mistos diminutivos

2 Introdução
Nesta segunda aula do nosso curso, daremos mais um passo em direção
ao conhecimento da Contabilidade, ao domínio de sua lógica e à
utilização de sua linguagem. O objetivo é analisar de modo didático e
claro, porém preciso e rigoroso, os acontecimentos que têm influência
no Patrimônio, introduzindo as bases do pensamento necessário para o
domínio da técnica do lançamento contábil.
Nosso objetivo é que o aluno, ao final da aula, mais do que classificar os
fatos contábeis, tenha adquirido a capacidade de visualizá-los no
contexto do patrimônio.

3 Atos e Fatos Contábeis


3.1 Atos
Atos Administrativos (também denominados Atos Contábeis) são
eventos – acontecimentos –, ocorridos na empresa (na azienda), que
têm por característica NÃO ALTERAR o patrimônio da empresa (da
azienda). São exemplos de Atos Contábeis as garantias, consignações,
custódias e cobranças de títulos de terceiros.
Exemplificando, imaginem a seguinte situação (pela qual eu já passei):
chegando a Porto Alegre (vindo do Rio de Janeiro, para participar do
curso de formação – 2a fase do concurso para Auditor-Fiscal da Receita
Federal – em Porto Alegre-RS), precisei alugar um apartamento, para
morar com minha família, mas não tinha fiador1. Então, fui procurar

1
A fiança é um contrato – que tem por objeto a estipulação de uma garantia pessoal
para o adimplemento de um outro contrato. O exemplo mais conhecido de fiança é a
fiança locatícia, que consiste na oferta, pelo locatário, de uma garantia pessoal (da

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meu cunhado (sempre o cunhado!), para que ele fosse meu fiador e ele
aceitou (para minha felicidade e preocupação dele).
Agora, vamos analisar, a seguir, a situação descrita no parágrafo acima,
do ponto de vista patrimonial.
(1) Quando meu cunhado assinou o contrato de locação, como fiador,
aconteceu algo em seu patrimônio (surgiu ou desapareceu algum bem,
direito ou obrigação ou, ainda, foram trocados valores entre bens,
direitos e obrigações)? Não, naquele momento não aconteceu nada
disso.
(2) Então, o que aconteceu? Aconteceu que, simplesmente, se
ocorresse o evento (futuro e incerto) – de que eu não pagasse o aluguel
– meu cunhado passaria a ter a obrigação de pagá-lo. Veja que, no
momento da assinatura do contrato de locação, não nasceu qualquer
obrigação para meu cunhado, mas uma eventual obrigação somente
nasceria sob uma condição (condição é definida como evento futuro e
incerto), a condição de que eu não pagasse o aluguel.
(3) E, então, quando aconteceu o evento que – efetivamente – teve
efeitos no patrimônio de meu cunhado? Felizmente nunca, pois eu
sempre paguei o aluguel religiosamente em dia, até o momento em que
eu entreguei o imóvel de volta a seu proprietário, no final do prazo da
locação.2
(4) E, se não houve nenhum efeito no patrimônio do meu cunhado, o
que aconteceu? Aconteceu um Ato Contábil (também denominado Ato
Administrativo), que consiste em um evento (ninguém duvida que
aconteceu a fiança) que ocorre sem efeito no patrimônio (essa fiança
não modificou em nada o patrimônio do meu cunhado).

3.2 Fatos
Fatos contábeis são ocorrências que têm por efeito a alteração do
Patrimônio, seja ela qualitativa (troca de valores entre elementos do
patrimônio – bens, direitos ou obrigações) ou quantitativa (alteração do
valor global do patrimônio – aumento ou redução do valor dos [bens
(+) direitos (-) obrigações] ).
Os Fatos Contábeis, acontecimentos que ALTERAM o patrimônio da
empresa, se classificam em:

pessoa do fiador) para o adimplemento (pagamento) da obrigação oriunda da locação


(o aluguel).
2
Pela aplicação do Princípio da Oportunidade (tempestividade), visto na aula anterior
deste curso, somente no momento em que eu me tornasse um inadimplente, é que
poderia nascer – no patrimônio de meu cunhado – uma obrigação. Nunca antes disso!

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a) permutativos (qualitativos) ⇒ são Fatos que somente alteram
bens, direitos e obrigações como, por exemplo, a compra de
mercadorias;
b) modificativos (quantitativos) ⇒ são Fatos que alteram o
Patrimônio Líquido:
b.1) aumentativos (positivos) ⇒ são Fatos modificativos que
aumentam o Patrimônio Líquido como, por exemplo, uma receita
de aluguel;
b.2) diminutivos (negativos) ⇒ são Fatos Modificativos que
diminuem o Patrimônio Líquido como, por exemplo, as despesas;
c) mistos ⇒ Fatos que, ao mesmo tempo, são
permutativos e modificativos, ou seja, há troca de elemento patrimonial
com lucro ou prejuízo:
c.1) aumentativos (positivos) ⇒ venda com lucro, por exemplo;
c.2) diminutivos (negativos) ⇒ venda com prejuízo, por exemplo.
Fatos Permutativos são aqueles que, conforme o próprio nome diz,
representam eventos do tipo em que acontece uma “troca” de valores
entre elementos patrimoniais sem modificação do tamanho do
patrimônio (sem alteração do valor da diferença entre bens/direitos e
obrigações). Para ilustrar o conceito, faço uma alusão à situação de
uma tia minha, que fez operação plástica: ela retirou gordura da barriga
e a enxertou nas bochechas, nos lábios, nas nádegas e nas pernas.
Repare que o “patrimônio” dela ficou do mesmo tamanho, mudando
apenas sua configuração. Esse também é o caso dos fatos permutativos
– há troca de valores entre os bens, os direitos e as obrigações, sem
alteração do valor do Patrimônio Líquido.
Fatos Modificativos são aqueles em que, não havendo troca de valores
entre elementos do patrimônio, há surgimento ou desaparecimento de
um elemento que enseja o aumento ou a diminuição do patrimônio
(alteração do valor do Patrimônio Líquido). Para didaticamente ilustrar
o conceito, comparo o Fato Modificativo Aumentativo com a operação
plástica em que uma atriz (modelo e manequim) coloca silicone nos
seios – repare que, nesse caso, não há troca de valores entre elementos
do “patrimônio”, mas há entrada de um elemento novo no “patrimônio”
da atriz, aumentando-o. Ainda, com fins meramente didáticos, para
ilustrar a idéia de Fato Modificativo Diminutivo, lanço mão da idéia da
lipoaspiração. Com a lipoaspiração, há diminuição do “patrimônio”, pela
saída da gordura que é jogada fora, no lixo.
Finalmente, Fatos Mistos são aqueles que se enquadram (ao mesmo
tempo) no conceito de fato permutativo e modificativo. Nos Fatos
Mistos há – concomitantemente – uma troca de valores entre elementos

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do patrimônio e sua redução ou majoração por entrada ou saída de um
elemento novo.

3.3 Exemplos de Atos e Fatos Contábeis


Vistas as definições de atos e fatos, bem como apresentada sua
classificação, vamos – neste item – analisar vários eventos (sempre do
ponto de vista patrimonial) e aprender a classificá-los nos termos acima
apresentados. A correta identificação dos efeitos patrimoniais de cada
evento ocorrido com influência no patrimônio é de extrema valia para o
entendimento dos lançamentos (matéria a ser vista em seguida – neste
curso).

3.3.1 Apresentação de Atos e Fatos Contábeis


Sejam os acontecimentos abaixo referenciados:
- Compra de móveis a prazo;
- Depósito em banco;
- Saque de cheque;
- Despesa de aluguel;
- Receita de comissão;
- Pagamento do aluguel devido;
- Venda pelo custo – à vista;
- Venda com lucro – à vista;
- Venda com prejuízo – à vista;
- Pagamento de duplicata com abatimento;
- Recebimento de duplicata com juros;
- Recebimento de duplicata com abatimento;
- Aval dado a 3o;
- Hipoteca dada ou recebida.
A seguir, analisaremos (do ponto de vista patrimonial) cada um deles.

3.3.2 Análise e Comentários

3.3.2.1 Compra de móveis a prazo


Para analisar o evento compra de móveis a prazo partiremos de um
patrimônio inicial que tenha apenas dinheiro (R$ 50.000,00 em dinheiro
colocado pelos sócios). A seguir, encontra-se representado,
esquematicamente, o citado patrimônio:

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Ativo Passivo
Dinheiro 50.000,00 Obrigações -

--------------------------- Patrimônio Líquido


Diferença (A-P) 50.000,00

Repare que essa situação inicial foi proposta apenas para que tenhamos
um exemplo de patrimônio onde representar o evento descrito3, poderia
ter sido outra configuração patrimonial qualquer; escolhemos esta por
entendermos que, sendo uma situação patrimonial inicial simples, o
entendimento fica facilitado. Na situação inicial proposta, portanto, a
quantidade de “areia” (entre bens, direitos e obrigações) é de
“cinqüenta mil grãos de areia”, representados por:
(1) um montinho de R$ 50.000,00 – em dinheiro  Ativo,
(2) um buraco tapado de R$ 0,00 – nenhuma obrigação  Passivo.
Para manter o conceito de patrimônio visto na aula anterior, o
Patrimônio Líquido (diferença entre Ativo e Passivo) deve ser
representado por um buraco de R$ 50.000,00 – onde deve caber a
quantidade de areia representada por bens e direitos, deduzidos das
obrigações, a ser entregue aos sócios quando da liquidação da empresa.
Visto o patrimônio inicial proposto, analisaremos o efeito, no patrimônio,
do evento compra de móveis a prazo (no valor de dez mil reais):
a) Irá aparecer, nesse patrimônio, um elemento que antes não existia –
um bem  representando os móveis adquiridos.
b) Irá aparecer, nesse patrimônio, também, uma obrigação que antes
não existia  a obrigação de pagar o fornecedor pelos móveis
adquiridos.
Assim, o patrimônio, imediatamente após a ocorrência do fato descrito,
irá ter a seguinte configuração:

3
Ao longo desse curso, sempre que tivermos que representar algo, partiremos de um
patrimônio inicial existente. Proposto aleatoriamente como “uma licença poética”, pelo
autor, e que deverá ser aceito pelo aluno, para que se possa prosseguir no
pensamento a ser exposto.

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Ativo Passivo
Dinheiro 50.000,00 Obrigações com fornecedores 10.000,00

Móveis 10.000,00
------------------------------------------- Patrimônio Líquido
Diferença (A-P) 50.000,00
50.000+10.000-10.000

Veja que se, por um lado, o Ativo aumentou em R$ 10.000,00, por


outro lado, o Passivo também aumentou em R$ 10.000,00. Portanto, o
Patrimônio Líquido (que é a diferença entre Ativo e Passivo) ficou
constante. Utilizando a metáfora da caixa de areia, repare que a
quantidade de areia existente entre bens, direitos e obrigações ficou
constante: foi tirado do patrimônio o equivalente a “dez mil grãos de
areia” (cavando-se um buraco do Passivo – que representa a obrigação
de pagar fornecedores) e essa areia foi colocada no Ativo (bens –
móveis) representado pelo montinho de “dez mil grãos de areia”. É
como se areia tivesse sido tirada do Passivo e colocada no Ativo, o que é
irrelevante para o Patrimônio Líquido (pois a quantidade de areia
existente continua a ser a mesma – tendo apenas mudado de lugar).
Ora, se a quantidade de areia ficou constante, o Patrimônio Líquido não
foi alterado, mas a areia mudou de lugar, conclui-se que houve troca de
valor entre elementos do patrimônio sem alteração do valor do
Patrimônio Líquido. Essa situação enseja a ocorrência de um FATO
PERMUTATIVO.

3.3.2.2 Depósito em banco


Para a análise dos efeitos patrimoniais do evento depósito em banco,
partiremos do mesmo patrimônio inicial proposto para o evento inicial,
contendo apenas dinheiro (R$ 50.000,00 em dinheiro colocado pelos
sócios). A seguir, encontra-se representado, esquematicamente, o
citado patrimônio inicial:
Ativo Passivo
Dinheiro 50.000,00 Obrigações -

--------------------------- Patrimônio Líquido


Diferença (A-P) 50.000,00

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Nessa situação inicial, a quantidade de “areia” (entre bens, direitos e
obrigações) é de “cinqüenta mil grãos de areia”, representados por:
(1) um montinho de R$ 50.000,00 – em dinheiro  Ativo,
(2) um buraco tapado de R$ 0,00 – nenhuma obrigação  Passivo.
Para manter o conceito de patrimônio visto na aula anterior, o
Patrimônio Líquido (diferença entre Ativo e Passivo) deve ser
representado por um buraco de R$ 50.000,00 – onde deve caber a
quantidade de areia representada por bens, direitos e obrigações, a ser
entregue aos sócios quando da liquidação da empresa.
Pois bem, considere o seguinte acontecimento: dez mil reais, do
dinheiro existente, foram colocados no banco. Assim, (1) dos cinqüenta
mil reais inicialmente existentes, passa a haver apenas quarenta mil
reais e (2), por outro lado, surge no patrimônio um direito que antes
inexistia (o direito de sacar dez mil reais no banco).
Assim, o patrimônio, imediatamente após a ocorrência do fato descrito,
irá ter a seguinte configuração:
Ativo Passivo
Dinheiro 40.000,00 Obrigações -
Depósito Bancário 10.000,00

--------------------------- Patrimônio Líquido


Diferença (A-P) 50.000,00

Veja que, no Ativo, houve concomitantemente aumento e redução: (1) a


quantidade de dinheiro foi reduzida em R$ 10.000,00 (de cinqüenta mil
reais para quarenta mil reais), (2) por outro lado, nesse mesmo ativo,
houve um aumento, de R$ 10.000,00, pelo surgimento do direito
denominado depósito bancário (que representa o direito da empresa de
sacar esse valor no banco, quando quiser). Assim, o Ativo aumentou e
diminuiu em R$ 10.000,00, permanecendo seu total constante.
Adicionalmente, percebe-se que o Passivo não sofreu qualquer
alteração, portanto, o Patrimônio Líquido (que é a diferença entre Ativo
e Passivo) ficou constante.
Utilizando a metáfora da caixa de areia, repare que a quantidade de
areia existente entre bens, direitos e obrigações ficou constante: foi
tirado do patrimônio o equivalente a “dez mil grãos de areia”, tirados do
Ativo, do montinho que representa a quantidade de dinheiro existente,
restando nele o equivalente a “quarenta mil grãos de areia”, e essa
areia foi colocada no mesmo Ativo, mas em outro de seus elementos

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(no montinho de areia que representa o direito depósito bancário, no
valor equivalente a “dez mil grãos de areia”. É como se a areia tivesse
sido tirada de um montinho do Ativo e colocada em outro montinho
desse mesmo Ativo, o que é irrelevante para o Patrimônio Líquido (pois
a quantidade de areia existente continua a ser a mesma – tendo apenas
mudado de lugar).
Ora, se a quantidade de areia ficou constante, o Patrimônio Líquido não
foi alterado, mas a areia mudou de lugar, conclui-se que houve troca de
valor entre elementos do patrimônio sem alteração do valor do
Patrimônio Líquido. Essa situação enseja a ocorrência de um FATO
PERMUTATIVO.

3.3.2.3 Saque de cheque


Para a análise dos efeitos, no patrimônio, do evento denominado saque
de cheque (no valor de R$ 6.000,00), partiremos de um patrimônio
inicial proposto, contendo dinheiro (R$ 40.000,00 em dinheiro) e,
também, depósito bancário (R$ 10.000,00 em depósitos bancários). A
seguir, encontra-se representado, esquematicamente, o citado
patrimônio inicial:
Ativo Passivo
Dinheiro 40.000,00 Obrigações -
Depósito Bancário 10.000,00

--------------------------- Patrimônio Líquido


Diferença (A-P) 50.000,00

Nessa situação inicial, a quantidade de “areia” (entre bens, direitos e


obrigações) existente no patrimônio é de “cinqüenta mil grãos de areia”,
representados por:
(1) total do Ativo, equivalente a R$ 50.000,00, apresentando a seguinte
configuração:
(1.a) um montinho de R$ 40.000,00 – em dinheiro  Ativo;
(1.b) um montinho de R$ 10.000,00 – em depósitos bancários 
Ativo.
(2) um buraco tapado de R$ 0,00 – nenhuma obrigação  Passivo.
Para manter o conceito de patrimônio – visto na aula anterior –, o
Patrimônio Líquido (diferença entre Ativo e Passivo) deve ser
representado por um buraco de R$ 50.000,00 – onde deve caber a

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quantidade de areia representada por bens, direitos e obrigações, a ser
entregue aos sócios quando da liquidação da empresa.
Pois bem, considere o seguinte acontecimento: seis mil reais, dos dez
mil reais existentes em depósitos bancários, são retirados do banco,
mediante o saque de um cheque, e guardados no caixa. Assim, (1) dos
dez mil reais inicialmente existentes em depósitos bancários, passam a
existir apenas quatro mil reais e (2), por outro lado, no patrimônio,
ocorre um aumento da quantidade de dinheiro em caixa (de quarenta
mil reais iniciais, para quarenta e seis mil reais).
Assim, o patrimônio, imediatamente após a ocorrência do fato descrito,
irá ter a seguinte configuração:
Ativo Passivo
Dinheiro 46.000,00 Obrigações -
Depósito Bancário 4.000,00

--------------------------- Patrimônio Líquido


Diferença (A-P) 50.000,00

Veja que, no Ativo, o valor dos depósitos bancários foi reduzido em R$


6.000,00, por outro lado, nesse mesmo ativo, houve um aumento da
quantidade de dinheiro existente (de R$ 40.000,00 para R$ 46.000,00).
Assim, o Ativo aumentou e diminuiu em R$ 6.000,00, permanecendo
seu total constante. O Passivo, por outro lado, não sofreu qualquer
alteração, portanto, o Patrimônio Líquido (que é a diferença entre Ativo
e Passivo) ficou constante.
Utilizando a metáfora da caixa de areia, repare que a quantidade de
areia existente entre bens, direitos e obrigações ficou constante: foi
tirado do patrimônio o equivalente a “seis mil grãos de areia”, tirados do
Ativo, do montinho que representa o direito denominado depósito
bancário, existente, restando nele o equivalente a “quatro mil grãos de
areia”, e essa areia foi colocada no mesmo Ativo, mas em outro de seus
elementos, no montinho de areia que representa a quantidade de
dinheiro existente em caixa (quantidade essa que foi majorada, de
quarenta mil reais para quarenta e seis mil reais). É como se areia
tivesse sido tirada de um montinho do Ativo e colocada em outro
montinho desse mesmo Ativo, o que é irrelevante para o Patrimônio
Líquido (pois a quantidade de areia existente continua a ser a mesma –
tendo apenas mudado de lugar).
Ora, se a quantidade de areia ficou constante, o Patrimônio Líquido não
foi alterado, mas a areia mudou de lugar, conclui-se que houve troca de

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valor entre elementos do patrimônio sem alteração do valor do
Patrimônio Líquido. Essa situação enseja a ocorrência de um FATO
PERMUTATIVO.

3.3.2.4 Despesa de aluguel


Antes de iniciar a análise do evento denominado despesa de aluguel (no
valor de R$ 1.000,00), cabe uma breve referência ao que foi
apresentado na aula anterior (quando da análise do Princípio da
Competência): por despesa entende-se uma redução do patrimônio.
Assim, quando se fala em despesa de aluguel, subentende-se: (1) que
houve a contratação de um aluguel (locação)4, (2) que nossa empresa é
locatária e usou o imóvel por um mês, (3) o locador (proprietário)
cumpriu sua parte no combinado, ou seja, permitiu que o locatário
utilizasse o imóvel por um mês.
Para a análise dos efeitos, no patrimônio, desse evento, denominado
despesa de aluguel, (no valor de R$ 1.000,00), partiremos de um
patrimônio inicial, proposto, contendo dinheiro (R$ 50.000,00 em
dinheiro – em caixa), conforme abaixo:
Ativo Passivo
Dinheiro 50.000,00 Obrigações -

--------------------------- Patrimônio Líquido


Diferença (A-P) 50.000,00

Na situação inicial proposta, portanto, a quantidade de “areia” (entre


bens, direitos e obrigações) é de “cinqüenta mil grãos de areia”,
representados por:
(1) um montinho de R$ 50.000,00 – em dinheiro  Ativo,
(2) um buraco tapado de R$ 0,00 – nenhuma obrigação  Passivo.
Para manter o conceito de patrimônio visto na aula anterior, o
Patrimônio Líquido (diferença entre Ativo e Passivo) deve ser
representado por um buraco de R$ 50.000,00 – onde deve caber a
quantidade de areia representada por bens, direitos e obrigações, a ser
entregue aos sócios quando da liquidação da empresa.

4
Por contrato, entende-se uma manifestação bilateral de vontades, ou seja, um
acordo. Observe-se que é desnecessária a presença de um instrumento escrito (basta
o acordo das partes, que pode até ser verbal), mas – geralmente – há contratação por
escrito – veja convenção da objetividade na aula anterior.

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Visto o patrimônio inicial proposto, analisaremos o efeito, no patrimônio,
do evento despesa de aluguel (no valor de mil reais):
a) Irá aparecer, nesse patrimônio, uma obrigação que antes não existia
 a obrigação de pagar o aluguel (denominada aluguéis a pagar, no
valor de R$ 1.000,00).
b) O aparecimento dessa obrigação reduz o valor do patrimônio  de
cinqüenta mil reais, para quarenta e nove mil reais.
Assim, o patrimônio, imediatamente após a ocorrência do fato descrito,
irá ter a seguinte configuração:
Ativo Passivo
Dinheiro 50.000,00 Aluguéis a pagar 1.000,00

--------------------------- Patrimônio Líquido


Diferença (A-P) 49.000,00

Veja que, no Ativo não houve qualquer alteração, permanecendo os


mesmos cinqüenta mil reais em dinheiro. Por outro lado, no Passivo
houve um aumento, pelo surgimento da obrigação de pagar o aluguel
(Aluguéis a pagar no valor de R$ 1.000,00). Assim, o Ativo ficou
constante em R$ 50.000,00 e o Passivo foi majorado em R$ 1.000,00,
portanto, o Patrimônio Líquido (que é a diferença entre Ativo e Passivo)
ficou reduzido em R$ 1.000,00 (de R$ 50.000,00 para R$ 49.000,00).
Utilizando a metáfora da caixa de areia, repare que a quantidade de
areia existente entre bens, direitos e obrigações foi reduzida: foi tirado
do patrimônio o equivalente a “mil grãos de areia”, cavados do Passivo,
para gerar o buraco de “mil grãos de areia”, representando a obrigação
aluguéis a pagar e essa areia “foi jogada para fora do patrimônio”,
reduzindo o seu tamanho. Entre bens, direitos e obrigações, o
patrimônio que tinha o equivalente a “cinqüenta mil grãos de areia”,
passa a ter o equivalente a “quarenta e nove mil grãos de areia”.
Ora, se a quantidade de areia existente entre os montinhos (bens e
direitos) e os buracos (obrigações) ficou reduzida (de 50.000,00 para
49.000,00), o Patrimônio Líquido foi alterado. Mas, por outro lado, não
houve troca de valor entre elementos do patrimônio. Essa situação
enseja a ocorrência de um FATO MODIFICATIVO DIMINUTIVO.
Obs.: Neste ponto da matéria pode surgir uma dúvida, típica de alunos
que já tiveram contato com a Contabilidade, a seguir reproduzida. No
momento da ocorrência do fato em questão (fato modificativo

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diminutivo) a redução do patrimônio é registrada diretamente no
Patrimônio Líquido (conforme acima representado) ou é registrada em
uma conta especial (conta de resultado), ficando o Patrimônio Líquido
constante até o final do exercício?
Passo a analisar a dúvida acima referenciada porque, apesar de ser
irrelevante para a classificação do evento ora em questão, trata-se de
uma dúvida recorrente – em sala de aula – neste ponto da matéria.
Faz-se mister esclarecer que, no momento, estamos analisando (do
ponto de vista dos respectivos efeitos patrimoniais) os fatos contábeis,
sem qualquer preocupação com o modelo de registro do fato no sistema
de informações contábil – a técnica do registro dos fatos contábeis
(lançamento) será vista adiante nesta aula, após a introdução do
conceito de conta contábil, de livros contábeis e da apresentação das
teorias das contas. Assim, por enquanto, apenas a título de
esclarecimento, basta saber que: (1) no momento, já há redução do
patrimônio, (2) essa redução não é diretamente registrada no
patrimônio líquido de imediato, (3) essa redução fica registrada em uma
conta denominada “de resultado” durante um período denominado
exercício e, ao seu final, a informação é transferida para o Patrimônio
Líquido.
Porém, mantendo nosso objetivo, de apresentação didática da
Contabilidade, não levaremos em conta as formalidades de lançamento
e de contas, para concentrarmos a atenção no entendimento do efeito
dos eventos no patrimônio (que permite a correta classificação dos fatos
contábeis e que facilitará sobremaneira o ulterior aprendizado de seus
registros – lançamentos).

3.3.2.5 Receita de comissão


Antes de iniciar a análise do evento denominado receita de comissão (no
valor de R$ 3.000,00), cabe uma breve referência ao que foi
apresentado na aula anterior (quando da análise do Princípio da
Competência): por receita entende-se um aumento do patrimônio.
Assim, quando se fala em receita de comissão, subentende-se: (1)
houve uma intermediação de negócios realizada por nossa empresa, (2)
que nossa empresa, logrando sucesso na intermediação do negócio,
cumpriu sua parte no que havia sido combinado, (3) nasce para nossa
empresa um direito – o de recebimento da comissão, pela intermediação
realizada (denominado comissões a receber).
Para a análise dos efeitos, no patrimônio, desse evento, receita de
comissão, (no valor de R$ 3.000,00), partiremos de um patrimônio
inicial, proposto, contendo apenas dinheiro (R$ 50.000,00 em dinheiro –
em caixa).

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Ativo Passivo
Dinheiro 50.000,00 Obrigações -

--------------------------- Patrimônio Líquido


Diferença (A-P) 50.000,00

Na situação inicial proposta, portanto, a quantidade de “areia” (entre


bens, direitos e obrigações) é de “cinqüenta mil grãos de areia”,
representados por:
(1) um montinho de R$ 50.000,00 – em dinheiro  Ativo,
(2) um buraco tapado de R$ 0,00 – nenhuma obrigação  Passivo.
Para manter o conceito de patrimônio visto na aula anterior, o
Patrimônio Líquido (diferença entre Ativo e Passivo) deve ser
representado por um buraco de R$ 50.000,00 – onde deve caber a
quantidade de areia representada por bens, direitos e obrigações, a ser
entregue aos sócios quando da liquidação da empresa.
Visto o patrimônio inicial proposto, analisaremos o efeito, no patrimônio,
do evento receita de comissão (no valor de três mil reais):
Irá aparecer, nesse patrimônio, um direito que antes não existia  o
direito de receber a comissão pela intermediação de negócios realizada
(denominado comissões a receber, no valor de R$ 3.000,00).
O aparecimento desse direito aumenta o valor do patrimônio  de
cinqüenta mil reais, para cinqüenta e três mil reais.
Assim, o patrimônio, imediatamente após a ocorrência do fato descrito,
irá ter a seguinte configuração.
Ativo Passivo
Dinheiro 50.000,00 Obrigações -

Comissões a receber 3.000,00

--------------------------- Patrimônio Líquido


Diferença (A-P) 53.000,00

Veja que, no Ativo houve um aumento, de cinqüenta mil reais para


cinqüenta e três mil reais, pela entrada de um direito no valor de R$
3.000,00. Por outro lado, no Passivo não houve qualquer modificação.
Assim, se o Ativo foi majorado em R$ 3.000,00 e o Passivo ficou

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constante, o Patrimônio Líquido (que é a diferença entre Ativo e Passivo)
foi majorado em 3.000,00 (de 50.000,00 para 53.000,00).
Utilizando a metáfora da caixa de areia, repare que a quantidade de
areia existente entre bens, direitos e obrigações foi majorada: foi
colocado no patrimônio o equivalente a “três mil grãos de areia”, no
Ativo, para gerar um montinho de “três mil grãos de areia”,
representando o direito comissões a receber e essa areia “caiu de pára-
quedas no patrimônio” aumentando o seu tamanho. Entre bens, direitos
e obrigações, o patrimônio que tinha o equivalente a “cinqüenta mil
grãos de areia”, passa a ter o equivalente a “cinqüenta e três mil grãos
de areia”.
Ora, se a quantidade de areia existente entre os montinhos (bens e
direitos) e os buracos (obrigações) foi majorada (de R$ 50.000,00 para
R$ 53.000,00), o Patrimônio Líquido foi alterado. Mas, por outro lado,
não houve troca de valor entre elementos do patrimônio. Essa situação
enseja a ocorrência de um FATO MODIFICATIVO DIMINUTIVO.
Obs.: Conforme comentado no exemplo anterior, neste ponto da
matéria também pode surgir a mesma dúvida, típica de alunos que já
tiveram contato com a Contabilidade: No momento da ocorrência do
fato em questão (fato modificativo aumentativo) o aumento do
patrimônio é registrado diretamente no Patrimônio Líquido (conforme
acima representado) ou é registrado em uma conta especial (conta de
resultado), ficando o Patrimônio Líquido constante até o final do
exercício?
Analiso, aqui, esta a dúvida porque, apesar de irrelevante para a correta
classificação do evento em tela como fato modificativo diminutivo, trata-
se de uma dúvida recorrente em sala de aula – neste ponto da matéria.
Faz-se mister esclarecer que, no momento, estamos analisando (do
ponto de vista dos respectivos efeitos patrimoniais) os fatos contábeis,
sem qualquer preocupação com o modelo de registro do fato no sistema
de informações contábil – a técnica do registro dos fatos contábeis
(lançamento) será vista adiante nesta aula, após a introdução do
conceito de conta contábil, de livros contábeis e da apresentação das
teorias das contas. Assim, por enquanto, basta saber que: (1) no
momento já há aumento do patrimônio, (2) mas esse aumento não é
diretamente registrado no patrimônio líquido de imediato, (3) então
esse aumento fica registrado em uma conta denominada “de resultado”
durante um período denominado exercício e, ao seu final, a informação
é transferida para o Patrimônio Líquido.
Porém, mantendo nosso objetivo, de apresentação didática da
Contabilidade, não levaremos em conta as formalidades de lançamento
e de contas, para concentrarmos a atenção no entendimento do efeito

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dos eventos no patrimônio (que permite a correta classificação dos
eventos apresentados e que facilitará sobremaneira o ulterior
aprendizado dos registros – lançamentos).

3.3.2.6 Pagamento do aluguel devido


Para facilitar a análise dos efeitos patrimoniais do evento denominado
pagamento do aluguel devido (no valor de R$ 1.000,00), cabe
referenciar que, quando se fala em pagamento do aluguel devido,
subentende-se: (1) que há um contrato de aluguel, (2) que nossa
empresa é locatária e usou o imóvel por um mês, (3) o locador
(proprietário) cumpriu sua parte no combinado, ou seja, permitiu que o
locatário utilizasse o imóvel por um mês, (4) que ocorreu uma despesa
de aluguel, reduzindo o patrimônio e fazendo surgir uma obrigação de
pagar o aluguel e (5) agora, a empresa vai utilizar o dinheiro que tem
em caixa para pagar o aluguel (o que geralmente acontece até o dia 10
do mês subseqüente ao do aluguel).
Para a análise dos efeitos, no patrimônio, desse evento, denominado
pagamento do aluguel devido, (no valor de R$ 1.000,00), partiremos de
um patrimônio inicial, proposto, contendo dinheiro (R$ 50.000,00 em
dinheiro – em caixa) e uma obrigação (de pagar o aluguel – denominada
aluguéis a pagar, no valor de R$ 1.000,00), resultando em um
patrimônio de R$ 49.000,00. A seguir, encontra-se representado o
citado patrimônio:
Ativo Passivo
Dinheiro 50.000,00 Aluguéis a pagar 1.000,00

--------------------------- Patrimônio Líquido


Diferença (A-P) 49.000,00

Na situação inicial proposta, portanto, a quantidade de “areia” (entre


bens, direitos e obrigações) é de “quarenta e nove mil grãos de areia”,
representados por:
(1) um montinho de R$ 50.000,00 – em dinheiro  Ativo,
(2) um buraco de R$ 1.000,00 – obrigação aluguéis a pagar  Passivo.
Para manter o conceito de patrimônio visto na aula anterior, o
Patrimônio Líquido (diferença entre Ativo e Passivo) deve ser
representado por um buraco de R$ 49.000,00 – onde deve caber a
quantidade de areia representada por bens e direitos deduzidos das

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obrigações; valor esse a ser entregue aos sócios quando da liquidação
da empresa.
Visto o patrimônio inicial proposto, analisaremos o efeito, no patrimônio,
do evento denominado pagamento do aluguel devido (no valor de mil
reais):
a) Será reduzido o valor em dinheiro existente nesse patrimônio, pela
saída do dinheiro no valor de R$ 1.000,00.
b) Ocorrerá, por outro lado, o desaparecimento da obrigação de pagar o
aluguel, no valor de mil reais também.
Assim, o patrimônio, imediatamente após a ocorrência do fato descrito,
irá ter a seguinte configuração:
Ativo Passivo
Dinheiro 49.000,00 Aluguéis a pagar -

--------------------------- Patrimônio Líquido


Diferença (A-P) 49.000,00

Veja que, no Ativo, houve uma redução de valores, de cinqüenta mil


reais para quarenta e nove mil reais em dinheiro. Por outro lado, no
Passivo houve também uma redução de valores, pelo desaparecimento
da obrigação de pagar o aluguel (Aluguéis a pagar no valor de
R$1.000,00). Assim, o Ativo foi reduzido de R$ 50.000,00 para R$
49.000,00 e o Passivo também foi reduzido em R$ 1.000,00 (de R$
1.000,00 para zero). Portanto, o Patrimônio Líquido (que é a diferença
entre Ativo e Passivo) ficou constante, no valor de R$ 49.000,00.
Utilizando a metáfora da caixa de areia, repare que a quantidade de
areia existente entre bens, direitos e obrigações foi reduzida: foi tirado
do patrimônio o equivalente a “mil grãos de areia”, do montinho que
representa dinheiro, no Ativo, e essa areia foi “utilizada para tapar um
buraco existente no Passivo” (reduzindo, portanto, o tamanho do
Passivo). Entre bens, direitos e obrigações, o patrimônio que tinha o
equivalente a “quarenta e nove mil grãos de areia”, continua tendo
exatamente esse tamanho – equivalente a “quarenta e nove mil grãos
de areia”.
Ora, se a quantidade de areia existente entre os montinhos (bens e
direitos) e os buracos (obrigações) permaneceu constante (em R$
49.000,00), o Patrimônio Líquido não foi alterado. Mas, por outro lado,
houve troca de valor entre elementos do patrimônio (dinheiro e

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obrigação). Essa situação enseja a ocorrência de um FATO
PERMUTATIVO.
Obs.: Repare que, apesar de ter havido pagamento, não há despesa no
momento em que o dinheiro sai do patrimônio. Isso está de acordo com
os conceitos, vistos na aula anterior, relativos ao princípio da
competência.

3.3.2.7 Venda pelo custo – à vista


Na Contabilidade, o momento da venda é um momento mágico. Isso
porque, pelo princípio de competência, é nesse momento que o
vendedor cumpre o que havia combinado (entregar um bem para
terceiros – no caso, o comprador). Assim, nesse momento é que ocorre
um fato que pode vir a ensejar o aumento ou mesmo a redução de seu
patrimônio, independentemente do recebimento de valores – por conta
da venda – ocorrer antes, no momento ou posteriormente à venda.
Para a análise dos efeitos, no patrimônio, desse evento, venda pelo
custo – à vista, (no valor de R$ 15.000,00), partiremos de um
patrimônio inicial, proposto, contendo dinheiro (R$ 35.000,00 em
dinheiro colocado pelos sócios), um estoque de mercadorias para venda
(bens denominados estoque de mercadorias, no valor de R$ 15.000,00)
e nenhuma obrigação, resultando em um Patrimônio Líquido de R$
50.000,00. A seguir, encontra-se representado o citado patrimônio:
Ativo Passivo
Dinheiro 35.000,00 Obrigações -

Estoque de mercad. 15.000,00

--------------------------- Patrimônio Líquido


Diferença (A-P) 50.000,00

Na situação inicial proposta, portanto, a quantidade de “areia” (entre


bens, direitos e obrigações) é de “cinqüenta mil grãos de areia”,
representados por:
(1) um montinho de R$ 35.000,00 – em dinheiro  Ativo,
(2) um montinho de R$ 15.000,00 – estoque de mercadorias  Ativo.
(3) um buraco tapado, no valor de R$ 0,00 – representando nenhuma
obrigação a pagar.
Para manter o conceito de patrimônio visto na aula anterior, o
Patrimônio Líquido (diferença entre Ativo e Passivo) deve ser
representado por um buraco de R$ 50.000,00 – onde deve caber a

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quantidade de areia representada por bens e direitos deduzidos das
obrigações; valor esse a ser entregue aos sócios quando da liquidação
da empresa.
Visto o patrimônio inicial proposto, analisaremos o efeito, no patrimônio,
do evento venda pelo custo (no valor de quinze mil reais):
a) Será aumentado o valor em dinheiro existente nesse patrimônio, pela
entrada de R$ 15.000,00, entregues pelo cliente.
b) Ocorrerá, por outro lado, o desaparecimento de estoque de
mercadorias, no valor dos mesmos quinze mil reais.
Assim, o patrimônio, imediatamente após a ocorrência do fato descrito,
irá ter a seguinte configuração:
Ativo Passivo
Dinheiro 50.000,00 Obrigações -

--------------------------- Patrimônio Líquido


Diferença (A-P) 50.000,00

Veja que, no Ativo houve uma redução e um aumento de valores,


respectivamente redução de quinze mil reais, em mercadorias, para zero
e aumento, no mesmo montante (de trinta e cinco mil reais para
cinqüenta mil reais), na quantidade de dinheiro existente. Por outro
lado, no Passivo não houve qualquer aumento ou redução. Assim, o
Patrimônio Líquido (que é a diferença entre Ativo e Passivo) ficou
constante, no valor de R$ 50.000,00.
Utilizando a metáfora da caixa de areia, repare que a quantidade de
areia existente entre bens, direitos e obrigações não foi alterada: é
como se (1) tivesse sido tirado do patrimônio o equivalente a “quinze
mil grãos de areia”, do montinho que representa o estoque de
mercadorias no ativo e essa areia tivesse sido jogada fora (para fora do
patrimônio – em direção ao patrimônio do cliente) e (2) tivesse caído de
pára-quedas “quinze mil grãos de areia” (vindos do patrimônio do
cliente, para nosso patrimônio) aumentando o montinho que representa
o dinheiro existente.
Ora, se a quantidade de areia existente entre os montinhos (bens e
direitos) e os buracos (obrigações) permaneceu constante (em R$
50.000,00), o Patrimônio Líquido não foi alterado. Mas, por outro lado,
houve troca de valor entre elementos do patrimônio (dinheiro e

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obrigação). Essa situação enseja a ocorrência de um FATO
PERMUTATIVO.

3.3.2.8 Venda com lucro – à vista


Na Contabilidade, conforme já visto, o momento da venda é um
momento mágico – nunca é demais repetir. Isso porque, pelo princípio
de competência, é nesse momento que o vendedor cumpre o que havia
combinado (entregar um bem para terceiros – no caso, o comprador).
Assim, nesse momento é que ocorre um fato que pode vir a ensejar o
aumento ou a redução de seu patrimônio, independentemente do
recebimento de valores, por conta da venda, ocorrer antes, no momento
ou posteriormente à venda.
Para a análise dos efeitos, no patrimônio, desse evento, venda com
lucro – à vista, (no valor de R$ 20.000,00, referente a bens adquiridos
por R$ 15.000,00), partiremos de um patrimônio inicial, proposto,
contendo dinheiro (R$ 35.000,00 em dinheiro – em caixa), um estoque
de mercadorias para venda (bens denominados estoque de mercadorias,
no valor de R$ 15.000,00) e nenhuma obrigação, resultando em um
patrimônio de R$ 50.000,00. A seguir, encontra-se representado –
esquematicamente – o citado patrimônio:
Ativo Passivo
Dinheiro 35.000,00 Obrigações -

Estoque de mercad. 15.000,00

--------------------------- Patrimônio Líquido


Diferença (A-P) 50.000,00

Na situação inicial proposta, portanto, a quantidade de “areia” (entre


bens, direitos e obrigações) é de “cinqüenta mil grãos de areia”,
representados por:
(1) montinhos de areia totalizando R$ 50.000,00:
(1.a) um montinho de R$ 35.000,00 – em dinheiro  Ativo;
(1.b) um montinho de R$ 15.000,00 – estoque de mercadorias 
Ativo.
(2) um buraco tapado, no valor de R$ 0,00, representando nenhuma
obrigação a pagar.
Para manter o conceito de patrimônio visto na aula anterior, o
Patrimônio Líquido (diferença entre Ativo e Passivo) deve ser
representado por um buraco de R$ 50.000,00 – onde deve caber a

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quantidade de areia representada por bens e direitos deduzidos das
obrigações; valor esse a ser entregue aos sócios quando da liquidação
da empresa.
Visto o patrimônio inicial proposto, analisaremos o efeito, no patrimônio,
do evento venda com lucro (no valor de R$ 20.000,00, referente a bens
adquiridos por R$ 15.000,00):
a) Será aumentado o valor em dinheiro existente nesse patrimônio, pela
entrada de R$ 20.000,00, entregues pelo cliente.
b) Ocorrerá, por outro lado, o desaparecimento de estoque de
mercadorias, no valor de quinze mil reais.
Assim, o patrimônio, imediatamente após a ocorrência do fato descrito,
irá ter a seguinte configuração.
Ativo Passivo
Dinheiro 55.000,00 Obrigações -

Estoque de Mercad. -
--------------------------- Patrimônio Líquido
Diferença (A-P) 55.000,00

Veja que, no Ativo, houve uma redução e um aumento de valores.


Respectivamente: (1) redução do valor de mercadorias, de quinze mil
reais para zero e (2) aumento de dinheiro, de trinta e cinco mil reais
para cinqüenta e cinco mil reais. Por outro lado, no Passivo não houve
qualquer aumento ou redução. Assim, o Patrimônio Líquido (que é a
diferença entre Ativo e Passivo) ficou majorado, no valor de R$ 5.000,00
(de R$ 50.000,00 para R$ 55.000,00).
Utilizando a metáfora da caixa de areia, repare que a quantidade de
areia existente entre bens, direitos e obrigações foi alterada: é como se
(1) tivesse sido tirado do patrimônio o equivalente a “quinze mil grãos
de areia”, do montinho que representa o estoque de mercadorias no
ativo e essa areia tivesse sido jogada fora (para fora do patrimônio – em
direção ao patrimônio do cliente) e (2) tivesse caído de pára-quedas
“vinte mil grãos de areia” (vindos do patrimônio do cliente, para o
patrimônio da empresa), aumentando o montinho que representa o
dinheiro existente.
Ora, se a quantidade de areia existente entre os montinhos (bens e
direitos) e os buracos (obrigações) foi majorada (em R$ 5.000,00  de
R$ 50.000,00 para R$ 55.000,00), o Patrimônio Líquido foi alterado –

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para maior. Adicionalmente, houve – também – uma troca de valor
entre elementos do patrimônio (dinheiro e estoque de mercadorias).
Essa situação enseja a ocorrência de um FATO MISTO AUMENTATIVO.

3.3.2.9 Venda com prejuízo – à vista


Na Contabilidade, conforme já visto, o momento da venda é um
momento mágico – nunca é demais repetir. Isso porque, pelo princípio
de competência, é nesse momento que o vendedor cumpre o que havia
combinado (entregar um bem para terceiros – no caso, o comprador).
Assim, nesse momento é que ocorre um fato que pode vir a ensejar o
aumento ou a redução de seu patrimônio, independentemente do
recebimento de valores, por conta da venda, ocorrer antes, no momento
ou posteriormente à venda.
Para a análise dos efeitos, no patrimônio, desse evento, denominado
venda com prejuízo – à vista, (no valor de R$ 10.000,00, e referente a
bens adquiridos por R$ 15.000,00), partiremos de um patrimônio inicial,
proposto, contendo dinheiro (R$ 35.000,00 em dinheiro – em caixa) e
um estoque de mercadorias para venda (bens denominados estoque de
mercadorias, no valor de R$ 15.000,00), resultando em um patrimônio
de R$ 50.000,00. A seguir, encontra-se representado
esquematicamente o citado patrimônio inicial proposto:
Ativo Passivo
Dinheiro 35.000,00 Obrigações -

Estoque de mercad. 15.000,00

--------------------------- Patrimônio Líquido


Diferença (A-P) 50.000,00

Na situação inicial proposta, portanto, a quantidade de “areia” (entre


bens, direitos e obrigações) é de “cinqüenta mil grãos de areia”,
representados por:
(1) Um Ativo, composto por montinhos de areia que totalizam R$
50.000,00:
(1.a) um montinho de 35.000,00 – em dinheiro  Ativo,
(1.b) um montinho de 15.000,00 – estoque de mercadorias 
Ativo.
(2) Um Passivo composto por um buraco tapado, no valor de R$ 0,00,
representando nenhuma obrigação a pagar.

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Para manter o conceito de patrimônio visto na aula anterior, o
Patrimônio Líquido (diferença entre Ativo e Passivo) deve ser
representado por um buraco de R$ 50.000,00 – onde deve caber a
quantidade de areia representada por bens e direitos deduzidos das
obrigações; valor esse a ser entregue aos sócios quando da liquidação
da empresa.
Visto o patrimônio inicial proposto, analisaremos o efeito, no patrimônio,
do evento venda com prejuízo (no valor de R$ 10.000,00, e referente a
bens adquiridos por R$ 15.000,00):
a) Será aumentado o valor em dinheiro existente nesse patrimônio, pela
entrada de R$ 10.000,00, entregues pelo cliente.
b) Ocorrerá, por outro lado, o desaparecimento de estoque de
mercadorias, no valor de quinze mil reais.
Assim, o patrimônio, imediatamente após a ocorrência do fato descrito,
irá ter a seguinte configuração.
Ativo Passivo
Dinheiro 45.000,00 Obrigações -

Estoque de mercad. -
--------------------------- Patrimônio Líquido
Diferença (A-P) 45.000,00

Veja que, no Ativo, houve redução e aumento de valores, em diferentes


elementos. Respectivamente: (1) redução do valor de mercadorias, de
quinze mil reais para zero e (2) aumento de dinheiro, de trinta e cinco
mil reais para quarenta e cinco mil reais. Por outro lado, no Passivo não
houve qualquer aumento ou redução. Assim, o Patrimônio Líquido (que
é a diferença entre Ativo e Passivo) ficou reduzido do valor de R$
5.000,00 (de R$ 50.000,00 para R$ 45.000,00).
Utilizando a metáfora da caixa de areia, repare que a quantidade de
areia existente entre bens, direitos e obrigações foi alterada. É como se:
(1) tivesse sido tirado do patrimônio o equivalente a “quinze mil grãos
de areia”, do montinho que representa o estoque de mercadorias, no
Ativo, e essa areia tivesse sido jogada fora (para fora do patrimônio –
em direção ao patrimônio do cliente) e (2) tivesse caído, de pára-
quedas, no patrimônio o equivalente a “dez mil grãos de areia” (vindos
do patrimônio do cliente, para nosso patrimônio) aumentando o
montinho de areia que representa o dinheiro existente.

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Ora, se a quantidade de areia existente entre os montinhos (bens e
direitos) e os buracos (obrigações) foi reduzida (em R$ 5.000,00 – de
R$ 50.000,00 para R$ 45.000,00), o Patrimônio Líquido foi alterado –
reduzido. Adicionalmente, houve – também – uma troca de valor entre
elementos do patrimônio (dinheiro e estoque de mercadorias). Essa
situação enseja a ocorrência de um FATO MISTO DIMINUTIVO.

3.3.2.10 Pagamento de duplicata com abatimento


Uma das maiores dificuldades no estudo da Contabilidade, notadamente
para neófitos (que é, quase sempre, o caso dos candidatos em
concursos públicos na área fiscal, que não tenham formação acadêmica
na área contábil5), é o entendimento dos acontecimentos típicos do
mundo dos negócios, da vida das empresas. Antes de dominar a técnica
de registro desses acontecimentos, de classificação dos elementos
patrimoniais envolvidos nesses acontecimentos e de preparação/análise
dos demonstrativos contábeis, é necessário saber o que aconteceu (com
detalhes).
Somente tendo uma clara idéia do fato ocorrido é que será possível
dominar a técnica de seu registro. É mister colocar, porém, que o
entendimento dos acontecimentos da vida de uma empresa são
atinentes a outras áreas do conhecimento que não propriamente à
Contabilidade6. Os acontecimentos são regrados pelo Direito e
avaliados do ponto de vista da Economia e da Administração, com a
utilização de técnicas próprias da Matemática Financeira. Dessa forma,
em muitos momentos de nosso curso, são feitas alusões a conceitos
típicos dessas disciplinas, sem os quais, o entendimento da
Contabilidade ficaria sobremaneira prejudicado.
Para tratar do evento pagamento de duplicata com abatimento,
propomos, portanto, antes de mais nada, uma breve explanação dos
conceitos de títulos de crédito e, especificamente de duplicata.

3.3.2.10.1 Observações teóricas sobre duplicatas e


títulos de crédito em geral
O conceito de títulos de crédito pode ser dado, de forma didática e com
o único intuito de esclarecimento, sem quaisquer outras preocupações,
como:

5
Exatamente o público a que este curso se destina.
6
Ver o conceito de Sistema Aberto, no qual a Contabilidade se classifica, e a relação
da contabilidade com outras disciplinas – matéria vista na aula anterior.

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a) Um papel, onde está escrito que alguém deve entregar
uma soma de dinheiro a outro alguém, em um
determinado momento futuro. Esse é o conceito de
cartularidade: a obrigação (antes intangível) passa a
existir em um papel (que é palpável).
b) Esse papel tem a capacidade de mudar de mãos e, quando
isso ocorre, quem adquire o papel passa a ser aquele que
tem o direito de exigir o pagamento nele referenciado –
com a especificidade de que esse pagamento pode ser
exigido do devedor inicial ou daquele que, posteriormente,
passou o título adiante. Esse é o conceito de mobilização
do crédito (que passa de mãos em mãos) através da
passagem do título – denominada endosso.
Veja que, assim, o crédito passa a ser utilizável, pelo credor, mesmo
antes da data de sua quitação pelo devedor. Para isso, basta negociar
com terceiros o endosso do título – por um determinado valor acordado
entre as partes.
Nos títulos de crédito em geral, há a presença de três figuras (três
personagens):
- o sacador – aquele que dá a ordem para que alguém
pague um valor para alguém;
- o sacado – aquele que recebe a ordem para pagar um
valor a alguém; e
- o tomador – também chamado de beneficiário, aquele
que deve receber o valor a ser pago.
Toda a teoria dos títulos de crédito está baseada na idéia da Letra de
Câmbio (que tem, em sua estrutura, a possibilidade de definição de três
pessoas diferentes para designar o sacador, o sacado e o tomador.
Porém, a Letra de Câmbio não é largamente utilizada no Brasil e, assim,
concentraremos nosso estudo nos títulos de crédito efetivamente
utilizados.
Como exemplos de títulos de créditos, mais utilizados no Brasil, temos a
duplicata e a nota promissória. Há também um título que, apesar de
não se classificar como um típico título de crédito, tem o formato de um
título de crédito – trata-se do cheque. O cheque é denominado
cambialiforme (tem a forma de um título de crédito, sem que o seja),
porque sendo uma ordem de pagamento à vista, não representa um
valor a ser pago em um momento futuro, mas no presente. Outra
peculiaridade do cheque é que ele não pode circular indefinidamente – a
lei proíbe vários endossos.

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Falando da Duplicata, temos que se trata de um título de crédito causal
(ou seja, que deve ter uma causa de sua existência determinada em
lei). A causa da Duplicata somente pode ser uma venda de
mercadorias/produtos ou a prestação de serviços – ambos a prazo. Na
Duplicata, quem emite o documento (sacador) é o vendedor (dos bens
ou serviços) e quem fica obrigado a pagar o valor (sacado) é o
comprador. Para que o comprador fique efetivamente obrigado a pagar
o valor constante da Duplicata, é necessário que ele aceite o título
(expressamente, assinando na face do título, ou tacitamente, atestando
o recebimento do bem ou serviço vendido). Finalmente, o nome
Duplicata deriva do fato de que ela seja uma cópia da Nota Fiscal (da
venda do bem ou do serviço). Em suma, quando uma empresa efetua
vendas a prazo de bens ou serviços, ela passa a ser a titular de um
direito denominado DUPLICATAS A RECEBER e – ao contrário – quando
uma empresa efetua compras a prazo de bens ou serviços, contrai uma
obrigação denominada DUPLICATAS A PAGAR.
A Nota Promissória, por outro lado, não tem causa definida em lei. Ou
seja, o motivo pelo qual uma Nota Promissória veio a existir é
irrelevante – em outras palavras, a Nota Promissória é autônoma em
relação à causa que a ensejou. Na Nota Promissória, o devedor da
obrigação é quem emite o título e o credor é o beneficiário do
pagamento.
Finalmente, quanto ao cheque, o emitente do cheque (correntista –
titular da conta-corrente no banco) é o sacador. O banco, que recebe a
ordem para pagar o valor consignado no cheque, é o sacado. E o
tomador é o beneficiário do cheque (o portador, ou aquele determinado
no próprio documento se o cheque for nominal).
Resumidamente, na tabela abaixo, apresentamos os três principais tipos
de títulos utilizados em nosso país, com a indicação dos sujeitos a cada
um deles relacionados.
Título Duplicata Promisória Cheque
Sacador o Vendedor o Devedor o Correntista
Sacado o Comprador o Devedor o Banco
Tomador o Vendedor o Credor o Beneficiário
(*) (**)
Obs:
(*) na duplicata, as figuras do Sacador e do Tomador se confundem na pessoa do Vendedor
(**) na Promissória, as figuras do Sacador e do Sacado se confundem na pessoa do Devedor

Esta simples classificação já foi objeto de questão de prova em


concurso.

3.3.2.10.2 Análise do fato contábil

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Visto que a existência de uma duplicata a pagar decorre da compra de
bens ou serviços a prazo, o pagamento de duplicata, com abatimento,
significa a quitação da obrigação de pagar, pelo bem ou serviço
adquirido, com um abatimento (ou seja, pagando menos do que o valor
inicialmente acordado entre as partes).
Para a análise dos efeitos, no patrimônio, desse evento, pagamento de
duplicata com abatimento, (de R$ 14.000,00, para quitação de uma
obrigação inicialmente contraída no valor de R$ 15.000,00), partiremos
de um patrimônio inicial, proposto, contendo dinheiro (R$ 50.000,00 em
dinheiro – em caixa), um estoque de mercadorias para venda (bens
denominados estoque de mercadorias, no valor de R$ 15.000,00) e uma
obrigação, de pagar por compras a prazo (denominada duplicatas a
pagar, no valor de R$ 15.000,00), resultando em um patrimônio de R$
50.000,00. A seguir, encontra-se esquematicamente representado o
citado patrimônio inicial proposto:
Ativo Passivo
Dinheiro 50.000,00 Duplicatas a pagar 15.000,00

Estoque de mercad. 15.000,00

--------------------------- Patrimônio Líquido


Diferença (A-P) 50.000,00

Na situação inicial proposta, portanto, a quantidade de “areia” (entre


bens, direitos e obrigações) é de “cinqüenta mil grãos de areia”,
representados por:
(1) Um Ativo, composto de montinhos que totalizam R$ 65.000,00:
(1.a) um montinho de R$ 50.000,00 – em dinheiro  Ativo,
(1.b) um montinho de R$ 15.000,00 – estoque de mercadorias 
Ativo.
(2) Um Passivo composto por um buraco, de R$ 15.000,00,
representando a obrigação a pagar a duplicata pela compra realizada a
prazo  Passivo.
Para manter o conceito de patrimônio visto na aula anterior, o
Patrimônio Líquido (diferença entre Ativo e Passivo) deve ser
representado por um buraco de R$ 50.000,00 – onde deve caber a
quantidade de areia representada por bens e direitos deduzidos das
obrigações (R$ 50.000,00 + R$ 15.000,00 – R$ 15.000,00 = R$

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50.000,00); valor esse a ser entregue aos sócios quando da liquidação
da empresa.
Visto o patrimônio inicial proposto, analisaremos o efeito, no patrimônio,
do evento denominado pagamento de duplicata com abatimento (no
valor de R$ 14.000,00, para quitação de uma obrigação inicialmente
contratada por R$ 15.000,00):
a) Será reduzido o valor em dinheiro existente nesse
patrimônio, pela saída de R$ 14.000,00, entregues ao
vendedor.
b) Ocorrerá, por outro lado, o desaparecimento de uma
obrigação (denominada duplicatas a pagar) de quinze mil
reais.
Assim, o patrimônio, imediatamente após a ocorrência do fato descrito,
irá ter a seguinte configuração:
Ativo Passivo
Dinheiro 36.000,00 Duplicatas a pagar -

Estoque de Mercad. 15.000,00


--------------------------- Patrimônio Líquido
Diferença (A-P) 51.000,00

Veja que, no Ativo, houve uma redução, do valor do dinheiro existente,


no total de quatorze mil reais – de cinqüenta mil reais para trinta e seis
mil reais. Por outro lado, no Passivo, houve também uma redução, no
total de quinze mil reais - de quinze mil reais para zero (pelo
desaparecimento da obrigação duplicatas a pagar). Assim, o Patrimônio
Líquido (que é a diferença entre Ativo e Passivo) ficou majorado do valor
de R$ 1.000,00 (de R$ 50.000,00 para R$ 51.000,00).
Utilizando a metáfora da caixa de areia, repare que a quantidade de
areia existente entre bens, direitos e obrigações foi alterada: é como se
(1) tivesse sido tirado do patrimônio o equivalente a “quatorze mil grãos
de areia”, do montinho que representa dinheiro em caixa, no ativo, (2)
esses “quatorze mil grãos de areia” tivessem sido utilizadas para tapar
(ainda que parcialmente) o buraco duplicatas a pagar, no Passivo, e (3)
tivesse caído, de pára-quedas, no patrimônio, o equivalente a “mil grãos
de areia” terminando de tapar o buraco que representa a obrigação
duplicatas a pagar, anteriormente existente no passivo.
Ora, se a quantidade de areia existente entre os montinhos (bens e
direitos) e os buracos (obrigações) foi aumentada (em R$ 1.000,00 – de

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R$ 50.000,00 para R$ 51.000,00), o Patrimônio Líquido foi alterado –
majorado. Adicionalmente, houve – também – uma troca de valor entre
elementos do patrimônio (dinheiro e duplicatas a pagar). Essa situação
enseja a ocorrência de um FATO MISTO AUMENTATIVO.

3.3.2.11 Recebimento de duplicata com juros


Conforme já visto, no item anterior, a existência de duplicatas a receber
no patrimônio é decorrente da realização de vendas a prazo e consiste
no direito de exigir o pagamento do valor referente à venda. Assim,
quando há recebimento com juros, a empresa recebe – além do valor
inicialmente contratado (valor da venda a prazo) – um valor adicional, a
título de juros7.
Para a análise dos efeitos, no patrimônio, desse evento, denominado
recebimento de duplicata com juros, (de R$ 16.000,00, pela quitação do
valor, inicialmente contratado, de R$ 15.000,00, sendo os R$ 1.000,00
adicionais recebidos a título de encargos pelo atraso na quitação),
partiremos de um patrimônio inicial, proposto, contendo dinheiro (R$
35.000,00 em dinheiro – em caixa), um direito de exigir que clientes
paguem por vendas realizadas a prazo (denominado duplicatas a
receber, no valor de R$ 15.000,00) e nenhuma obrigação, no Passivo,
resultando em um patrimônio de R$ 50.000,00. A seguir, encontra-se
representado o citado patrimônio.
Ativo Passivo
Dinheiro 35.000,00 Obrigações -

Duplicatas a receber 15.000,00

--------------------------- Patrimônio Líquido


Diferença (A-P) 50.000,00

Na situação inicial proposta, portanto, a quantidade de “areia” (entre


bens, direitos e obrigações) é de “cinqüenta mil grãos de areia”,
representados por:
(1) Um Ativo, composto por montinhos de areia que totalizam R$
50.000,00:

7
O conceito de Juros é o do valor do dinheiro no tempo. Assim, juros a receber são –
geralmente – o resultado de uma operação qualquer em que nossa empresa deixou
dinheiro com alguém, por algum tempo e, então, ficou na posição de exigir, dessa
pessoa, uma remuneração do dinheiro. No exemplo, os juros são decorrentes do fato
de que não houve pagamento na data inicialmente acordada, mas a quitação ocorreu
com atraso.

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(1.a) um montinho de R$ 35.000,00 – em dinheiro em caixa 
Ativo,
(1.b) um montinho de R$ 15.000,00 – Duplicatas a receber 
Ativo.
(2) Um Passivo composto por um buraco tapado, no valor de R$ 0,00,
representando a inexistência de obrigações a pagar  Passivo.
Para manter o conceito de patrimônio visto na aula anterior, o
Patrimônio Líquido (diferença entre Ativo e Passivo) deve ser
representado por um buraco de 50.000,00 – onde deve caber a
quantidade de areia representada por bens e direitos deduzidos das
obrigações (R$ 35.000,00 + R$ 15.000,00 = R$ 50.000,00); valor esse
a ser entregue aos sócios quando da liquidação da empresa.
Visto o patrimônio inicial proposto, analisaremos o efeito, no patrimônio,
do evento denominado recebimento de duplicata com juros (no valor de
R$ 16.000,00, relativo a um direito de R$ 15.000,00 e com a incidência
de encargos no valor de R$ 1.000,00):
c) Será aumentado o valor em dinheiro existente nesse
patrimônio, pela entrada de R$ 16.000,00, entregues pelo
comprador.
d) Ocorrerá, por outro lado, o desaparecimento de um direito
(denominado duplicatas a receber), de quinze mil reais.
Assim, o patrimônio, imediatamente após a ocorrência do fato descrito,
irá ter a seguinte configuração.
Ativo Passivo
Dinheiro 51.000,00 obrigações -

Duplicatas a receber -
--------------------------- Patrimônio Líquido
Diferença (A-P) 51.000,00

Veja que, no Ativo, houve um aumento e uma redução de valores: (1)


um aumento na quantidade de dinheiro existente, no montante de R$
16.000,00 – de trinta e cinco mil reais para cinqüenta e um mil reais em
dinheiro e (2) uma redução no direito duplicatas a receber, no montante
de quinze mil reais – de quinze mil reais para zero. Por outro lado, no
Passivo não houve qualquer aumento ou redução. Assim, o Patrimônio
Líquido (que é a diferença entre Ativo e Passivo) ficou majorado do valor
em R$ 1.000,00 (de R$ 50.000,00 para R$ 51.000,00).

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Utilizando a metáfora da caixa de areia, repare que a quantidade de
areia existente entre bens, direitos e obrigações foi alterada. É como se:
(1) tivesse saído do patrimônio o equivalente a “quinze mil grãos de
areia”, do montinho que representa o direito duplicatas a receber, no
Ativo (2) esses “quinze mil grãos de areia” tivessem sido colocados no
montinho que representa dinheiro em caixa, no ativo, e (3) tivesse
caído, de pára-quedas, no patrimônio o equivalente a “mil grãos de
areia” adicionais, também colocados no montinho que representa
dinheiro, em caixa, no Ativo.
Ora, se a quantidade de areia existente entre os montinhos (bens e
direitos) e os buracos (obrigações) foi aumentada (em R$ 1.000,00 
de R$ 50.000,00 para R$ 51.000,00), o Patrimônio Líquido foi alterado –
majorado. Adicionalmente, houve – também – uma troca de valor entre
elementos do patrimônio (dinheiro e duplicatas a receber). Essa
situação enseja a ocorrência de um FATO MISTO AUMENTATIVO.

3.3.2.12 Recebimento de duplicata com abatimento


Conforme já visto, a existência de duplicatas a receber no patrimônio é
decorrente da realização de vendas a prazo e consiste no direito de
exigir o pagamento do valor referente à venda. Assim, quando há
recebimento com abatimento, a empresa recebe apenas parte do valor
inicialmente contratado8.
Para a análise dos efeitos, no patrimônio, desse evento, denominado
recebimento de duplicata com abatimento, (recebimento de R$
14.000,00, pela quitação do valor, inicialmente contratado, de R$
15.000,00, com uma redução de R$ 1.000,00, a título de abatimento),
partiremos de um patrimônio inicial, proposto, contendo dinheiro (R$
35.000,00 em dinheiro – em caixa), um direito de exigir que clientes
paguem por vendas realizadas a prazo (denominado duplicatas a
receber, no valor de R$ 15.000,00) e nenhuma obrigação, no Passivo,
resultando em um patrimônio de R$ 50.000,00. A seguir, encontra-se
representado o citado patrimônio.

8
Há, basicamente, dois motivos para ensejar o recebimento em valor menor do que o
inicialmente contratado: (1) o fato de que o cliente estaria pagando em data anterior
àquela do vencimento da duplicata e – pelo valor do dinheiro no tempo – pagaria um
valor menor do que aquele inicialmente contratado e (2) uma negociação ulterior à
venda, na qual o vendedor temendo a inadimplência do comprador, aceita a quitação
da operação por um valor menor.

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Ativo Passivo
Dinheiro 35.000,00 Obrigações -

Duplicatas a receber 15.000,00

--------------------------- Patrimônio Líquido


Diferença (A-P) 50.000,00

Na situação inicial proposta, portanto, a quantidade de “areia” (entre


bens, direitos e obrigações) é de “cinqüenta mil grãos de areia”,
representados por:
(1) Um Ativo composto por montinhos de areia que totalizam R$
50.000,00:
(1.a) um montinho de R$ 35.000,00 – em dinheiro em caixa 
Ativo,
(1.b) um montinho de R$ 15.000,00 – Duplicatas a receber 
Ativo.
(2) Um passivo composto por um buraco tapado, no valor de R$ 0,00,
representando a inexistência de obrigações a pagar  Passivo.
Para manter o conceito de patrimônio visto na aula anterior, o
Patrimônio Líquido (diferença entre Ativo e Passivo) deve ser
representado por um buraco de R$ 50.000,00 – onde deve caber a
quantidade de areia representada por bens e direitos deduzidos das
obrigações (R$ 35.000,00 + R$ 15.000,00 = R$ 50.000,00); valor esse
a ser entregue aos sócios quando da liquidação da empresa.
Visto o patrimônio inicial proposto, analisaremos o efeito, no patrimônio,
do evento recebimento de duplicata com abatimento (recebimento de
R$ 14.000,00, relativo a um direito de R$ 15.000,00, com redução de
R$ 1.000,00):
e) Será aumentado o valor em dinheiro existente nesse
patrimônio, pela entrada de R$ 14.000,00, entregues pelo
comprador.
f) Ocorrerá, por outro lado, o desaparecimento de um direito
(denominado duplicatas a receber), de quinze mil reais.
Assim, o patrimônio, imediatamente após a ocorrência do fato descrito,
irá ter a seguinte configuração.

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Ativo Passivo
Dinheiro 49.000,00 obrigações -

Duplicatas a receber -
--------------------------- Patrimônio Líquido
Diferença (A-P) 49.000,00

Veja que, no Ativo, houve um aumento e uma redução de valores: (1)


um aumento na quantidade de dinheiro existente, no valor de R$
14.000,00 – de trinta e cinco mil reais para quarenta e nove mil reais e
(2) uma redução no direito duplicatas a receber, no valor de quinze mil
reais, reduzido-o de quinze mil reais para zero. Por outro lado, no
Passivo não houve qualquer aumento ou redução. Assim, o Patrimônio
Líquido (que é a diferença entre Ativo e Passivo) ficou reduzido no valor
em R$ 1.000,00 (de R$ 50.000,00 para R$ 49.000,00).
Utilizando a metáfora da caixa de areia, repare que a quantidade de
areia existente entre bens, direitos e obrigações foi alterada. É como se:
(1) tivesse saído do patrimônio o equivalente a “quinze mil grãos de
areia”, do montinho que representa o direito duplicatas a receber, no
ativo (2) desses “quinze mil grãos de areia”, “quatorze mil grãos de
areia” tivessem sido colocados no montinho que representa dinheiro em
caixa, no ativo, e (3) os outros “mil grãos de areia” tivessem sido
jogadas para fora do patrimônio, reduzindo-o.
Ora, se a quantidade de areia existente entre os montinhos (bens e
direitos) e os buracos (obrigações) foi reduzida (em R$ 1.000,00 – de
R$ 50.000,00 para R$ 49.000,00), o Patrimônio Líquido foi alterado –
reduzido. Adicionalmente, houve – também – uma troca de valor entre
elementos do patrimônio (dinheiro e duplicatas a receber). Essa
situação enseja a ocorrência de um FATO MISTO DIMINUTIVO.

3.3.2.13 Aval dado a 3o


O Aval dado a terceiro é um evento que não caracteriza um fato
contábil, mas um mero ato (denominado, tecnicamente, no âmbito da
Contabilidade, ato contábil ou ato administrativo). Para ilustrar a
questão, cabe esclarecer que o aval é uma garantia típica dos títulos de
crédito. O avalista é aquele que, subsidiariamente ao sacado, assume a
obrigação de realizar o pagamento.
Assim, se, na data da exigência do título, o sacado não honrar seu
compromisso, o avalista poderá ter de fazê-lo. Repare que, nessa
situação, somente no momento em que o sacado não honrar seu

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compromisso, e se isso acontecer, nascerá uma obrigação para o
avalista (a obrigação de honrar o compromisso do devedor original, em
seu lugar). No momento em que o avalista concorda em garantir o
pagamento do título, não ocorre fato contábil – pois isso não enseja
qualquer efeito no patrimônio.
Nota-se que as garantias em geral ensejam meros atos contábeis. Isso
porque quando se garante o adimplemento de uma obrigação, somente
na condição (evento futuro e incerto) de não pagamento tempestivo
pelo devedor, o garantidor verá nascer em seu patrimônio uma
obrigação exigível.

3.3.2.14 Hipoteca dada ou recebida


A hipoteca é definida como um direito real de garantia sobre bens
imóveis. Em outras palavras, a hipoteca ocorre quando alguém,
necessitando de um empréstimo por qualquer motivo, toma dinheiro
emprestado nas seguintes condições:
a) recebe o dinheiro;
b) assume o compromisso de pagá-lo em uma determinada data
(com ou sem juros, conforme as condições de pagamento
negociadas); e
c) oferece ao credor – como garantia de que haverá o pagamento
contratado – um bem imóvel.
Caso não ocorra o pagamento, conforme combinado, o credor pode
tomar o bem dado em garantia (no âmbito de uma ação judicial).
Portanto, a hipoteca (dada ou recebida) não logra alterar – de forma
alguma – o patrimônio do devedor ou do credor, caracterizando mero
ATO. Apenas na condição (evento futuro e incerto) de não pagamento
tempestivo das prestações advindas do empréstimo, é que, de forma
ulterior e superveniente, ocorrerá um fato contábil.
Outras figuras assemelhadas à hipoteca são: (1) o penhor e a (2)
anticrese.
O penhor é, em tudo, semelhante à hipoteca com a diferença de que o
bem dado em garantia não é imóvel, mas sim um bem móvel.
A anticrese consiste no oferecimento de um bem para que, com a
utilização dos frutos9 daquele bem, possa ser feita a quitação da

9
Frutos são definidos como aquilo que pode ser separado de um bem, sem destruí-lo.
Em outras palavras, fruto são os bens acessórios gerados pelo bem principal – sem
que este seja destruído. Exemplos de frutos são: (a) para a terra - o aluguel, (b) para
o capital – os juros, (c) para árvores – as frutas e etc.

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obrigação atinente ao empréstimo. Um exemplo seria a quitação do
valor do empréstimo com a utilização dos aluguéis da locação de um
bem dado em anticrese.
Ainda, falando em garantia, não podemos deixar de fazer referência à
fiança – que é uma garantia pessoa dada por alguém, para assegurar
que um contrato seja cumprido.
Todas essas garantias são ATOS, pelos motivos acima colocados.

3.3.3 Resultado
Fato Descrição Classificação
1 Compra de móveis a prazo FP
2 Depósito em banco FP
3 Saque de cheque FP
4 Despesa de aluguel Fmo-
5 Receita de comissão Fmo+
6 Pagamento do aluguel devido FP
7 Venda pelo custo – à vista FP
8 Venda com lucro – à vista Fmi+
9 Venda com prejuízo – à vista Fmi-
10 Pagamento de duplicata com abatimento Fmi+
11 Recebimento de duplicata com juros Fmi+
12 Recebimento de duplicata com abatimento Fmi-
13 Aval dado a 3o ATO
14 Hipoteca dada ou recebida ATO

4 Resumo
Atos contábeis são eventos que, ocorrendo na empresa, não alteram
(qualitativamente ou quantitativamente) o patrimônio. Como exemplo
de atos contábeis temos as garantias, as custódias e as consignações.
Fatos contábeis são eventos que, ocorrendo, alteram (qualitativamente
ou quantitativamente) o patrimônio. Fatos contábeis se dividem em
fatos permutativos, modificativos ou mistos.
Fatos contábeis permutativos são aqueles em que não há modificação
no valor do Patrimônio Líquido, ocorrendo apenas troca de valores entre
elementos patrimoniais. Como exemplos, podemos citar a compra de
veículos a prazo, o saque de um cheque, o depósito bancário, etc.
Fatos contábeis modificativos são aqueles em modificação do valor do
Patrimônio Líquido, subdividindo-se entre fatos contábeis modificativos
aumentativos e fatos contábeis modificativos diminutivos.
Os fatos contábeis modificativos aumentativos são aqueles em que há
surgimento de um bem ou direito ou, ainda, extinção de uma obrigação,
com o conseqüente aumento do valor do patrimônio Líquido. Como

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exemplos, podemos citar a Receita de aluguel, a Receita de comissões,
etc.
Os fatos contábeis modificativos diminutivos são aqueles em que há
surgimento de uma obrigação ou, ainda, desaparecimento de um bem
ou de um direito, com a conseqüente redução do valor do patrimônio
Líquido. São exemplos de fatos contábeis modificativos diminutivos as
depesas de comissão, despesas com tributos, etc.
Fatos contábeis mistos são aqueles que, ao mesmo tempo, são
permutativos e modificativos. Em outras palavras, são aqueles em que
há troca de valores entre elementos patrimoniais e, também, alteração
no valor do patrimônio líquido.
Os fatos contábeis mistos aumentativos são aqueles em que há troca de
valores entre elementos do patrimônio e, adicionalmente, aumento do
valor do patrimônio Líquido. Como exemplo, citamos as vendas com
lucro.
Os fatos contábeis mistos diminutivos são aqueles em que há troca de
valores entre elementos do patrimônio e, adicionalmente, redução do
valor do patrimônio Líquido. Como exemplo, citamos as vendas com
prejuízo.

5 Exercícios de Fixação (Questões de concurso elaborado pela


ESAF – resolvidas e comentadas)

5.1 Títulos de Crédito – definições teóricas

5.1.1 AFRF – 200310


Enunciado
Assinale abaixo a opção que contém a asserção verdadeira.
a) a nota promissória é um título de crédito autônomo, próprio para
operações mercantis de compra e venda entre pessoas físicas.
b) O sacado na Nota promissória é o credor enquanto na duplicata o
sacado é o devedor.
c) A duplicata é um título de crédito próprio para transações financeiras,
que só é emitido por pessoas jurídicas.

10
Questão tratada no livro “Contabilidade: Resoluções e comentários de Questões da
ESAF”, do mesmo autor, em que os conceitos apresentados neste curso são utilizados,
de forma prática, na solução de questões de concurso. Após o estudo desse curso,
teórico, a leitura do referido livro é fortemente recomendada, para consolidação do
aprendizado.

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d) A nota promissória e a duplicata são títulos de crédito, sendo que na
primeira o emitente é também chamado sacado; e na segunda, o
emitente é também chamado sacador.
e) A triplicata é um título de crédito de emissão obrigatória, mas apenas
quando houver o extravio da segunda duplicata.
Resolução e comentários
Trata-se de questão teórica sobre títulos de créditos, nos títulos de
créditos temos três figuras:
- o sacador – aquele que dá a ordem para que alguém pague
algo a outrem;
- o sacado – aquele que recebe a ordem para efetuar o
pagamento;
- o tomador – aquele que recebe o pagamento, efetuado pelo
sacado, a mando do sacador.
Na promissória, as figuras do sacador e sacado se confundem na pessoa
do devedor e o tomador é o credor.
Na duplicata (título somente aplicável a operações de venda ou
prestação de serviços) as figuras do sacador e tomador se confundem
na pessoa do vendedor e o sacado é o comprador.
Com esses conceitos teóricos, vamos analisar cada uma das
alternativas:
a) A nota promissória é um título de crédito autônomo, próprio para
operações mercantis de compra e venda entre pessoas físicas.
O título próprio para operações mercantis é a duplicata.
b) O sacado na Nota promissória é o credor enquanto na duplicata o
sacado é o devedor.
Em ambos os casos, o sacado é o devedor.
c) A duplicata é um título de crédito próprio para transações financeiras,
que só é emitido por pessoas jurídicas.
A duplicata é um título próprio para transações comerciais e de
prestação de serviço – não para operações financeiras.
d) A nota promissória e a duplicata são títulos de crédito, sendo que na
primeira o emitente é também chamado sacado; e na segunda, o
emitente é também chamado sacador.
Certo.

e) A triplicata é um título de crédito de emissão obrigatória, mas apenas


quando houver o extravio da segunda duplicata.

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A triplicata é a reemissão da duplicata extraviada (não é obrigatória e
não necessita segundo extravio).
Gabarito
d

5.2 Atos e Fatos Contábeis

5.2.1 AFRF – 200011


Enunciado
51 – José Henrique resolveu medir contabilmente um dias de sua vida
começando do "nada" patrimonial .
De manhã cedo nada tinha. Vestiu o traje novo (calça, camisa ,
sapatos, etc.) comprado por 105,00, mas que sua mãe lhe deu de
presente. Em seguida tomou 30,00 emprestados de seu pai, comprou o
jornal por 1,20, tomou o ônibus pagando 1,80 de passagem. Chegando
ao CONIC, comprou fiado, por 50,00, várias caixas de bombons e
chicletes e passou a vendê-los no calçadão. No fim do dia, cansado,
tomou uma refeição de 12,00, mas só pagou 10,00, conseguindo um
desconto de 2,00. Contou o dinheiro e viu que vendera metade dos
bombons e chicletes por 40,00.
Com base nessas informações, podemos ver que, no fim do dia, José
Henrique possui um "capital próprio" no valor de:
a) 107,00
b) 120,00
c) 2,00
d) 187,00
e) 189,00
Resolução e comentários
Para a resolução dessa questão, o importante é identificar os fatos
modificativos e mistos que, pelo regime de competência têm o condão
de alterar o valor do Patrimônio líquido (capital próprio), lembrando que
receitas aumentam o PL e despesas o reduzem.
Capital próprio de josé Fato

11
Questão tratada no livro “Contabilidade: Resoluções e comentários de Questões da
ESAF”, do mesmo autor, em que os conceitos apresentados neste curso são utilizados,
de forma prática, na solução de questões de concurso. Após o estudo desse curso,
teórico, a leitura do referido livro é fortemente recomendada, para consolidação do
aprendizado.

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henrique
0,00 Início do dia
Presente
105,00
Jornal
(1,20)
Ônibus
(1,80)
Refeição
(10,00)
venda de chicletes
40,00
custo da venda
(25,00)

107,00

Gabarito
A

5.2.2 Analista - MPU - Área: Pericial - Especialidade: Contabilidade12


Enunciado
41- O pagamento de uma letra de câmbio já vencida, com encargos de
multas e de juros, constitui um
a) Fato Administrativo Permutativo.
b) Fato Administrativo Modificativo diminutivo.
c) Fato Administrativo Modificativo aumentativo.
d) Fato Administrativo Composto diminutivo.
e) Fato Administrativo Composto aumentativo.
Resolução e comentários
Os Fatos Contábeis consistem em acontecimentos que ALTERAM o
patrimônio da empresa e se classificam em:

12
Questão tratada no livro “Contabilidade: Resoluções e comentários de Questões da
ESAF”, do mesmo autor, em que os conceitos apresentados neste curso são utilizados,
de forma prática, na solução de questões de concurso. Após o estudo desse curso,
teórico, a leitura do referido livro é fortemente recomendada, para consolidação do
aprendizado.

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• permutativos (qualitativos) ⇒ são Fatos que somente alteram
bens, direitos e obrigações como, por exemplo, a compra de
mercadorias;
• modificativos (quantitativos) ⇒ são Fatos que alteram o
Patrimônio Líquido:
• aumentativos (positivos) ⇒ são Fatos modificativos que aumentam o
Patrimônio Líquido como, por exemplo, uma receita de aluguel;
• diminutivos (negativos) ⇒ são Fatos Modificativos que
diminuem o Patrimônio Líquido como, por exemplo, as despesas;
• mistos ⇒ Fatos que, ao mesmo tempo, são
permutativos e modificativos, ou seja, há troca de elemento
patrimonial com lucro ou prejuízo:
•aumentativos (positivos) ⇒ venda com lucro, por exemplo;
•diminutivos (negativos)⇒ venda com prejuízo, por exemplo.
Entendendo o fato, se temos uma letra de câmbio – um título – vencida
a pagar, temos (em nosso patrimônio) uma obrigação. Essa obrigação
deve ser paga com dinheiro. Se estamos pagando a obrigação e, mais,
os encargos (juros e multa), temos que sai dinheiro do patrimônio em
valor superior àquele da obrigação de pagar o título, que desaparece.
Vamos analisar o caso a partir de um patrimônio inicial (proposto
apenas para fins didáticos) que apresente R$ 50.000,00 em dinheiro e
uma obrigação, de pagamento do título, de R$ 10.000,00. Nesse
patrimônio, consideraremos o pagamento de R$ 10.000,00 acrescido de
R$ 2.000,00 a título de encargos (juros e multa), para quitação da
obrigação.
Situação Inicial
A tivo Pas s ivo
Dinheiro 50.000,00 Título a pagar 10.000,00

--------------------------- Patrimônio Líquido


Diferença (A-P) 40.000,00

Situação Final

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A tivo Pas s ivo
Dinheiro 38.000,00 Título a pagar -

--------------------------- Patrimônio Líquido


Diferença (A-P) 38.000,00

Análise
Repare que há uma redução no valor do patrimônio líquido e, também,
uma troca de valores entre elementos do patrimônio (dinheiro e
obrigação de pagar o título). Essa situação enseja a ocorrência de um
FATO MISTO DIMINUTIVO.
Na questão, o termo contábil foi substituído por ADMINISTRATIVO e o
termo misto foi substituído por COMPOSTO. Visto que se tratam de
sinônimos em nossa língua, resolveremos a questão a partir da
termonologia nela proposta, resultando em um fato administrativo
composto diminutivo.
Gabarito
D

5.2.3 Contador da Prefeitura do Recife – 200313


Enunciado
62- A operação de compra de mercadorias com pagamento a vista é
considerada como um fato contábil:
a) de iliquidez
b) modificativo
c) misto
d) extraordinário
e) permutativo
Resolução e Comentários

13
Questão tratada no livro “Contabilidade: Resoluções e comentários de Questões da
ESAF”, do mesmo autor, em que os conceitos apresentados neste curso são utilizados,
de forma prática, na solução de questões de concurso. Após o estudo desse curso,
teórico, a leitura do referido livro é fortemente recomendada, para consolidação do
aprendizado.

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Os fatos contábeis consistem em acontecimentos que alteram o
patrimônio em tamanho ou disposição dos respectivos elementos.
Assim, os fatos contábeis podem ser considerados permutativos,
modificativos ou mistos. Os fato permutativos são aqueles que não
alteram o tamanho do patrimônio, porém alteram sua disposição. Os
fatos modificativos são aqueles que, sem alterar a disposição de itens do
patrimônio, alteram seu tamanho. E, finalmente, os fatos mistos são ao
mesmo tempo modificativos e permutativos.
A compra é um fato permutativo:
D= estoque
C=a caixa.
Apenas para fins didáticos, propomos o seguinte quadro de classificação
de fatos contábeis:
• permutativos (qualitativos) ⇒ são Fatos que somente alteram
bens, direitos e obrigações como, por exemplo, a compra de
mercadorias;
• modificativos (quantitativos) ⇒ são Fatos que alteram o
Patrimônio Líquido:
• aumentativos (positivos) ⇒ são Fatos modificativos que aumentam o
Patrimônio Líquido como, por exemplo, uma receita de aluguel;
• diminutivos (negativos) ⇒ são Fatos Modificativos que
diminuem o Patrimônio Líquido como, por exemplo, as despesas;
• mistos ⇒ Fatos que, ao mesmo tempo, são
permutativos e modificativos, ou seja, há troca de elemento
patrimonial com lucro ou prejuízo:
•aumentativos (positivos) ⇒ venda com lucro, por exemplo;
•diminutivos (negativos)⇒ venda com prejuízo, por exemplo.
A compra de mercadorias (com ou sem pagamento à vista) é, portanto,
um fato contábil permutativo.
Gabarito
E

6 Bibliografia e Fontes de Pesquisa Referenciadas


6.1 Leis
Lei 6.404, de 1976 – Lei das S/A.
Lei 9.249, de 1995.

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Lei n° 10.406, de 2002 – Código Civil.

6.2 Atos Administrativos Normativos


RESOLUÇÃO CFC N.º 750/93 - Dispõe sobre os Princípios Fundamentais
de Contabilidade (P.F.C.)
RESOLUÇÃO CFC N.º 751/93 - Dispõe sobre as Normas Brasileiras de
Contabilidade.
RESOLUÇÃO CFC N.º 774/94 - Aprova o Apêndice à Resolução sobre os
Princípios Fundamentais de Contabilidade.
DELIBERAÇÃO CVM N 29-1986 - objetivos da contabilidade.
Decreto 3.000, de 1999 – Regulamento do Imposto de Renda.

6.3 Livros
Iudícibus, Sérgio de; Martins, Eliseu e Gelbke, Ernesto Rubens Gelbcke.
Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações – FIPECAFI. Ed.
Atlas. São Paulo – 4a edição – 1995.
Neves, Silvério das e Viceconti, Paulo E. V. Contabilidade Básica. Ed.
Frase. São Paulo – 5a edição – 1996.
Neves, Silvério das e Viceconti, Paulo E. V. Contabilidade Avançada. Ed.
Frase. São Paulo – 5a edição – 1996.
Gonçalves, Eugênio Celso e Baptista, Antônio Eustáquio. Contabilidade
Geral. Ed. Atlas. São Paulo – 2a edição – 1994.
Silva, Benedito Gonçalves da. Contabilidade Geral. Ed. Meta – 2a edição
– 1994.
Ferrari, Ed Luiz, Contabilidade Geral: teoria e 950 questões – Rio de
Janeiro: Elsevier 2006.
Velter, Francisco e Missagia, Luiz R. Manual de Contabilidade – Rio de
Janeiro: Impetus, 2003.
Santos, Luiz Eduardo. Contabilidade: Resoluções e comentários de
Questões da ESAF. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.

6.4 Internet
www.planalto.gov.br
www.cfc.org.br
www.receita.fazenda.gov.br

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1 Roteiro
a) Contas e Teoria das Contas.
a. Conceito de Conta Contábil
b. Teorias das Contas
i. Patrimonialística
ii. Personalística
iii. Materialística
b) Lançamentos.
a. Conceito
b. Livros Contábeis e Fiscais
c. Elementos
d. Débito e Crédito

2 Introdução
Esta terceira aula do nosso curso, que eu reputo como o mais
importante para os que iniciam o estudo em Contabilidade, é aquela em
que “os adultos se distinguem das crianças”. Em outras palavras, após
a leitura – e o entendimento – dos conceitos aqui apresentados (sempre
de acordo com os Princípios Fundamentais da Contabilidade e à luz do
conceito de patrimônio, e de fato contábil, já vistos), o aluno estará apto
a entender a linguagem da Contabilidade. Muito daquilo que – até
agora – era visto como um emaranhado de conceitos, que não faziam
muito sentido, mas deviam ser decorados, será visto como algo lógico,
óbvio.
Nosso objetivo é que o aluno, ao final da aula, tenha a seguinte
sensação: mas porque não me disseram isso antes? Sendo esse o
nosso objetivo, tentaremos – sempre – explicar TUDO nos mínimos
detalhes, lançando mão de comparações, ilustrações e exemplos.
Antes de entrar no assunto próprio da aula, faz-se necessário lembrar
nossa proposta didática de representação do patrimônio, entendido
como o conjunto de bens, direitos e obrigações, apoiada na metáfora da
caixa de areia, pois o raciocínio será sempre realizado a partir dessa
premissa.
Seja uma caixa de areia, dessas em que nossas crianças brincam – nas
praças públicas – durante o dia, em finais de semana (e que os gatos
utilizam, durante a noite, como banheiro). Considere que a caixa tenha

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um formato quadrado e divida essa caixa ao meio, por uma linha
vertical, separando dois lados:
a) o lado esquerdo – representando os bens e direitos
componentes do patrimônio; e
b) o lado direito – representando as obrigações componentes do
patrimônio, bem como a diferença entre bens/direitos e
obrigações.
Ora, considerando que o patrimônio é representado como se fosse uma
caixa de areia e que bens e direitos são itens que aumentam o
patrimônio, quanto mais bens e direitos no patrimônio, maior a
quantidade de areia na caixa. Assim, metaforicamente, um bem (ou um
direito) pode ser encarado, no patrimônio, como um montinho de areia
do lado esquerdo da caixa de areia e, quanto maior for o valor do bem,
maior será o tamanho do referido montinho de areia.
Ainda considerando que o patrimônio seja representado como uma caixa
de areia, pelo contrário, obrigações seriam itens que reduzem o total do
patrimônio. Assim, obrigações reduziriam a quantidade de areia
existente na caixa. Dessa forma, metaforicamente, as obrigações
podem ser vistas, no patrimônio, como buracos feitos na caixinha de
areia (de onde foi retirada areia).
Por fim, o Patrimônio Líquido (que, conforme já visto, não é definido
como uma obrigação), consiste na diferença entre bens/direitos e
obrigações. Porém, observa-se que essa diferença corresponde
exatamente ao valor que ao final da existência da empresa (na extinção
da pessoa jurídica) deverá ser entregue aos sócios. Assim,
metaforicamente, entende-se também o Patrimônio Líquido como uma
“obrigação de longuíssimo prazo e exigibilidade muito pequena”, porém
– como se trata de valor a ser em algum momento entregue a terceiros
(sócios) pode ser visto também como um buraco no patrimônio.
Seguindo nosso modelo de apresentação do patrimônio, temos o
Patrimônio Líquido (PL) também representado por um buraco na areia.
Repare que a quantidade de areia do montinho que representa o ativo
(bens e direitos) é exatamente aquela necessária e suficiente para
preencher os buracos representantes do passivo (obrigações) e do
patrimônio líquido (valor a ser um dia entregue aos sócios). Isso está
de acordo com a equação fundamental do patrimônio já apresentada
acima: ATIVO (-) PASSIVO (=) PATRIMÔNIO LÍQUIDO.
Abaixo, apresentamos a representação gráfica do (1) Ativo (conjunto de
bens e direitos) como montinhos de areia do lado esquerdo da caixa, do
(2) passivo (obrigações) como buracos na areia do lado direito superior
da caixa e do (3) patrimônio líquido (diferença entre bens/direitos e

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obrigações – a ser um dia entregue aos sócios) também como buracos
do lado direito inferior da caixa de areia.

Ativo Passivo

Bens e Direitos Obrigações

--------------------------- Patrimônio Líquido

Bens e Direitos (-) Obrigações

Lembrado esse conceito inicial e partindo do pressuposto de que é


melhor explicar em excesso, do que pecar, pela falta de explicação,
vamos ao que interessa.

3 Contas e Teorias das Contas


Neste item serão apresentados alguns importantes conceitos, para o
correto entendimento da contabilidade. Entre esses conceitos, se
destacam:
a) o da classificação de contas (patrimoniais e de resultado)
– explicado pela teoria patrimonialística das contas e que
permite o entendimento da função de demonstrações
contábeis.
b) o da natureza credora ou devedora de contas
(respectivamente, de passivo e de ativo) – explicado pela
teoria personalística das contas e que permite o
entendimento de lançamentos; e
c) o da relação entre Receitas e Despesas com o Patrimônio
Líquido (Relativo ao Fechamento do Exercício) – explicado
pela teoria materialística.

3.1 Contas
Para que se tenha idéia clara do conceito de conta contábil, não basta
sua apresentação. Faz-se necessária, também, sua contextualização no
sistema de informações contábil – o que será feito em seguida.

3.1.1 Conceito de conta contábil


Contas são elementos do patrimônio que merecem registro e controle
individualizado. Cada grupo de elementos semelhantes, integrantes do
patrimônio, forma uma “conta” e nela serão registrados os aumentos e

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reduções de valores, ocorridos no elemento patrimonial (pela ocorrência
de fatos contábeis).
Assim, por conta entende-se um nome que agrega elementos
patrimoniais de características semelhantes e que, por isso,
demandam controle e acompanhamento conjunto, e em separado dos
demais elementos patrimoniais. Como exemplo, temos:
- o nome Veículos, para designar a conta que comporta os
elementos patrimoniais que possuem características que
permitam sua classificação como veículos (automóveis de
passeio, utilitários, caminhões, motocicletas, etc.);
- o nome Estoques, para designar a conta que comporta os
elementos patrimoniais que tenham a característica de
serem destinados à venda ou ao consumo no curto prazo
(mercadorias, produtos, matéria-prima, itens de
almoxarifado, etc.);
- o nome Máquinas e equipamentos, para designar a
conta que comporta elementos patrimoniais que tenham
por características o uso nas atividades industriais ou
administrativas como, por exemplo, computadores,
prensas, serras, caldeiras, etc.;
- o nome fornecedores, para designar a conta que indica a
obrigação de pagar um valor aos fornecedores pela
aquisição (a prazo) de bens (mercadorias, matérias-primas
e produtos).
Até aqui, os exemplos de contas vistos são referentes a nomes que
representam bens, direitos e obrigações (componentes do patrimônio).
Entretanto, conforme será visto com detalhes mais adiante neste curso,
para entendimento da dinâmica patrimonial (o que houve com o
patrimônio, para que ele tenha ficado da maneira que – nesse instante –
se apresenta), faz-se necessária a utilização de um tipo de informação
diferente daquele que foi acima apresentado: trata-se de um elemento
de informação referente ao patrimônio, mas que não representa
exatamente um item existente no patrimônio em um determinado
momento (bem, direito ou obrigação). Ao contrário, trata-se de um
elemento denotativo de uma razão pela qual o patrimônio tenha
aumentado (ou diminuído) em um determinado período de
tempo. Esse também é um elemento importante, com função
informativa sobre o patrimônio, e merece um nome que o identifique.
Como exemplos desse tipo de conta temos:

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- o nome Receita bruta de vendas, designando um motivo
pelo qual o patrimônio aumentou durante um determinado
período de tempo;
- o nome Receita de aluguéis, designando um motivo pelo
qual o patrimônio aumentou durante um determinado
período de tempo;
- o nome Custo da mercadoria vendida, designando um
motivo pelo qual o patrimônio diminuiu durante um
determinado período de tempo.
Dessa forma, repita-se, conta contábil é um nome, que designa um
elemento do sistema contábil de informações, composto por vários itens
de características semelhantes.
Cabe aqui uma breve observação: os nomes escolhidos para referenciar
as contas existentes em um patrimônio podem ser determinados
conforme a situação, o interesse e a necessidade de informação de cada
patrimônio. Assim, cada empresa poderá ter um elenco diferente de
contas para representar seu patrimônio, pois não há norma
determinando, de forma cogente, nomes para contas.1
Em nosso curso, não nos preocuparemos em discutir se as contas
representam uma idéia que transmita a essência dos itens patrimoniais
a que se referem (ontologia) ou se são nomes aleatoriamente
determinados pelos administradores da azienda. Essa é uma
preocupação da filosofia e que escapa ao nosso interesse. O importante
é que para cada conjunto de elementos que, pela sua essência ou pela
vontade dos administradores, tem controle em conjunto (e separado dos
demais elementos), haverá um nome que o identifique e será conhecido
como uma conta.
Pela diversidade de componentes do patrimônio, são utilizadas, pela
Contabilidade, inúmeras contas. Por isso, cada entidade deverá planejar
as contas que lhe serão necessárias, considerando seu ramo de
atividade, suas necessidades internas e transações específicas.

3.1.2 Contas analíticas e contas sintéticas


As contas, propriamente ditas (definidas no item anterior), são
denominadas contas analíticas. Contas analíticas são aquelas que

1
Esta é uma das grandes dificuldades do candidato que, em concursos públicos,
enfrenta questões de classificação de contas. Esse tipo de questão demanda, na
maioria das vezes, além de um conhecimento de contabilidade, uma capacidade de
interpretação de texto e, acima de tudo, uma experiência (somente adquirida com
leitura de textos sobre o assunto) que permita identificar o sentido usual das palavras
utilizadas para indicar contas contábeis.

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demandam controle e acompanhamento em separado das demais.
Assim, para cada fato contábil ocorrido, serão alterados os valores
patrimoniais das respectivas contas analíticas envolvidas.
Exemplificando, quando há compra de móveis a prazo (exemplo visto
com detalhes na aula 02 – quando do estudo de fatos contábeis):
- a conta analítica que representa móveis (conta Móveis)
tem seu valor patrimonial aumentado, pela entrada de
novos móveis no patrimônio; e
- a conta analítica que representa a obrigação de pagar
pelos móveis (conta Fornecedores) tem – também – seu
valor patrimonial aumentado, pelo surgimento da
obrigação de pagar pelos móveis adquiridos a prazo.
Ora, se uma conta (propriamente dita) é uma conta analítica, o que
seria uma conta sintética? Uma conta sintética é um nome que
referencia um conjunto de contas analíticas ao mesmo tempo.
Assim, o valor patrimonial de uma conta sintética é igual à soma
(algébrica) dos valores patrimoniais das contas analíticas que a
compõem.
Como exemplo de uma situação que comporta a existência de contas
sintéticas e de contas analíticas, podemos citar o caso de uma empresa
que tenha estabelecimentos comerciais em Porto Alegre e em Novo
Hamburgo (cidades do estado do Rio Grande do Sul) e que guarde
dinheiro (em caixa) em ambos os estabelecimentos que possui.
Na situação acima, haverá um elemento patrimonial representando o
dinheiro em cada um desses estabelecimentos e cada um será
representado por uma conta analítica: (1) Caixa - Porto Alegre e (2)
Caixa - Novo Hamburgo. Adicionalmente, para referenciar o valor
patrimonial do dinheiro guardado na totalidade dos estabelecimentos da
empresa, haverá uma conta sintética denominada simplesmente
Caixa, cujo valor patrimonial será exatamente a soma dos valores
patrimoniais das contas analíticas (1) Caixa - Porto Alegre e (2) Caixa -
Novo Hamburgo.
São exemplos notórios de contas sintéticas as contas denominadas (1)
Ativo, (2) Passivo e (3) Patrimônio Líquido, já referenciadas em nosso
curso. A conta sintética Ativo tem um valor patrimonial equivalente à
soma dos valores patrimoniais de todas as contas analíticas que
representam bens ou direitos. A conta sintética Passivo tem um valor

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patrimonial equivalente à soma dos valores patrimoniais de todas as
contas analíticas que representam obrigações2.
Resumindo, contas sintéticas são conjuntos formados por contas
analíticas e, ao contrário, contas analíticas são elementos de conjuntos
representados por contas sintéticas.
Uma última observação sobre contas sintéticas ou analíticas: há
referência a esses termos (em livros e questões) de forma relativa, ou
seja, uma mesma conta pode ser considerada sintética ou analítica
dependendo da conta em relação a qual ela está sendo analisada.
Seguindo o exemplo, já apresentado acima, da conta Caixa, temos que:
a) a conta Caixa é considerada uma conta sintética, em
relação às contas (1) Caixa - Porto Alegre e (2) Caixa -
Novo Hamburgo – pois seu valor patrimonial é composto
pela soma dos valores patrimoniais das contas Caixa -
Porto Alegre e Caixa - Novo Hamburgo; e
b) a mesma conta Caixa pode ser considerada uma conta
analítica se encarada em relação à conta Ativo – pois seu
valor patrimonial compõe o valor patrimonial da conta
Ativo.

3.1.3 Elementos da conta


O elementos da conta são as informações que cada conta deve trazer,
para bem descrever e caracterizar o elemento patrimonial – no sistema
contábil de informações, são eles:
a) o nome da conta;
b) o valor patrimonial inicial da conta (denominado Saldo Inicial);
c) os aumentos de valor patrimonial, ocorridos na conta
(Registrados como Débitos ou com Créditos – conforme o
caso)3;
d) as reduções de valor patrimonial, ocorridas na conta
(Registrados como Débitos ou com Créditos – conforme o
caso)4;
e) o valor patrimonial final da conta (denominado Saldo Final).

2
O Patrimônio Líquido, por suas especificidades (e regramento normativo) será
estudado mais adiante em nosso curso.
3
Sobre aumentos ou reduções do valor do saldo da conta por débitos ou créditos, ver
Teoria Personalística – adiante nesta aula.
4
Sobre aumentos ou reduções do valor do saldo da conta por débitos ou créditos, ver
Teoria Personalística – adiante nesta aula.

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Os aumentos e reduções no valor patrimonial da conta ocorrerão
quando da ocorrência de fatos contábeis que ensejem tais
aumentos/reduções. O registro desses aumentos e dessas reduções
(lançamento) será efetuado de acordo com a natureza de cada conta.

3.1.4 Plano de Contas


À relação lógica e ordenada dos títulos das contas que serão utilizadas
para demonstrar o patrimônio de uma azienda e as respectivas
mutações, dá-se o nome de “Plano de Contas”.
Um plano de contas, portanto, é um conjunto de contas que representa
o patrimônio por completo (bem como os motivos pelos quais este
patrimônio pode aumentar ou diminuir – durante um exercício). Um
plano de contas deve conter a relação de todas as contas, cada uma
delas com uma respectiva explicação de sua função, do seu
funcionamento, de sua abrangência e relacionada e um número de
codificação.
Importante, o nome dado à relação de todas as contas (componentes do
plano de contas da empresa), cada uma seguida de seu saldo é
balancete de verificação. Até aqui, utilizamos a idéia do balancete de
verificação para representar situações patrimoniais iniciais (antes da
ocorrência de um fato contábil – objeto de estudo) e situações
patrimoniais final (imediatamente após a ocorrência de um fato
contábil). Daqui por diante, continuaremos utilizando balancetes de
verificação para (conforme o próprio nome diz) verificar a situação de
um patrimônio em um determinado momento.

3.2 Teorias das Contas


Apresentado o conceito de conta contábil, acima, parece ficar faltando
alguma coisa. O estudante, nesta altura (mormente aquele que já teve
algum contato com a Contabilidade), pode se perguntar acerca da razão
pela qual os conceitos já apresentados (apesar de claros) não são
suficientes para explicar, por exemplo: (1) a razão da existência de
débitos e créditos, entre as informações constantes de contas, ou (2) a
razão pela qual há contas que não representam nem bens, nem direitos
nem obrigações, mas que também são representadas por débitos e
créditos.
Essas dúvidas serão sanadas agora, com a leitura dos itens a seguir,
componentes do presente tópico da matéria. Esses itens, que tratam
das teorias das contas (Patrimonialística, Personalística e Materialística),
trazem relevantes informações que são complementadas pela leitura do
próximo tópico, que, a partir dos conceitos aqui apresentados, classifica
as contas contábeis por diferentes critérios.

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Antes de adentrar ao assunto, porém, cabe fazer uma ressalva. Toda e
qualquer teorias, que consiste em mero modelo de apreensão da
realidade, apresenta vantagens e desvantagens. A desvantagem de
uma teoria/modelo reside no fato de que, tratando-se de uma
simplificação de algo que é – notadamente – complexo, acaba por
perder detalhes do objeto estudado. A vantagem, porém, reside no fato
de que a teoria, simplificando algo complexo, possibilita conhecer e
entender (ainda que em parte) sua essência. Portando, nenhuma das
teorias das contas é completa, mas, sem dúvida, em seu conjunto,
muito contribuem para a compreensão de como se opera o processo
contábil.

3.2.1 Teoria Patrimonialística


A escola patrimonialista distingue os elementos que compõem o
patrimônio (estática patrimonial) dos elementos que o modificam
(dinâmica patrimonial). Com base nesta teoria, surgiu uma importante
classificação das contas, pela qual estas são divididas em patrimoniais
(representativas do aspecto estático) e de resultado (as quais
demonstram a dinâmica patrimonial).
Esta teoria reflete o pensamento contábil mais moderno quanto à
classificação das contas, que se reflete nos principais demonstrativos
contábeis exigidos pela Lei das S/A (Lei 4.5050, de 1976 – e alterações
posteriores), quais sejam: (1) o Balanço Patrimonial e (2) a
Demonstração do Resultado do Exercício.
Apresentada a teoria – do ponto de vista teórico, conforme constante de
todo bom livro de Contabilidade – vamos aprofundar a análise, no
intuito de aproveitar idéias, dessa teoria, que nos ajudem a entender o
sistema de informações contábil. Para isso, vamos aplicar o conceito
considerando a passagem do tempo – apresentando a informação
contábil ao longo de um determinado período denominado exercício.
Exercício é o período de 12 meses, não necessariamente coincidente
com o ano civil5, mas com início e fim determinados pelos órgãos de
administração da Azienda. Nesse período, é possível verificar a
existência de: (1) uma configuração inicial e uma configuração final para
o patrimônio (o que permite, justamente a comparação do patrimônio
final em relação a sua configuração anterior – 12 meses antes) e (2)
informações que permitem verificar se, nesse período de 12 meses, o
patrimônio aumentou ou diminuiu (e as razões desse
aumento/diminuição).

5
O ano civil que vai de 01/01 até 31/12.

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Assim, de acordo com a sistemática de apresentação de informações
acerca do patrimônio, utilizada pela contabilidade, (a) no início do
exercício, (b) durante o exercício e (c) ao final do exercício, ocorre o
seguinte:
a) No início do exercício, o patrimônio deverá apresentar uma
determinada configuração (com bens e direitos – Ativo, obrigações –
Passivo e a respectiva diferença – Patrimônio Líquido). Repare que,
conforme definições já vistas neste curso, nesse momento, o patrimônio
apresentado deve refletir uma igualdade  Ativo (-) Passivo (=)
Patrimônio Líquido. Abaixo, apresentamos esquematicamente o
patrimônio no início do período:
Patrimônio Inicial

Ativo-i Passivo-i

Bens e Direitos Obrigações


iniciais iniciais
--------------------------- Patrimônio Líquido-i

Bens e Direitos (-) Obrigações


iniciais iniciais

b) Durante o período (exercício), ocorrem Fatos Contábeis e, portanto,


há modificação no patrimônio inicial (com o aumento ou a redução do
valor patrimonial de bens, direitos e obrigações constantes do
patrimônio inicial). Esses Fatos Contábeis podem ser Fatos
Permutativos (sem alteração do valor total do patrimônio, mas com
simples troca de valores entre elementos patrimoniais). Esses Fatos
Contábeis podem ser – também – Fatos Modificativos ou Mistos (que
alteram o valor total do patrimônio, para mais ou para menos). Na
ocorrência de Fatos Mistos ou Modificativos, o Patrimônio Líquido tem
seu valor alterado, mas essas alterações do valor do Patrimônio Líquido
não são imediata e diretamente registradas nele. É como se, do
Patrimônio Líquido, fossem retiradas temporariamente informações e
guardadas em algumas contas especiais (de Resultado).
As informações sobre os motivos que ensejaram aumentos de
patrimônio durante o exercício (e respectivos valores, genericamente
denominadas Receitas), bem como as informações sobre os motivos que
ensejaram reduções do patrimônio durante o exercício (e respectivos
valores, genericamente denominadas Despesas) ficam registradas em
contas especiais – CONTAS DE RESULTADO.
Esquematicamente, temos a seguinte situação:

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- Entre as contas patrimoniais temos (1) bens e direitos –
Ativo (representado por montinhos de areia), (2) obrigações –
Passivo (representado por buracos na areia) e (3) o valor da
diferença entre Ativo e Passivo – valor inicial do Patrimônio
Líquido (também representado por um buraco na areia);
- Entre contas de resultado, temos (1) os motivos que
ensejam redução no patrimônio, e respectivos valores –
Despesas (representadas por uma lata de lixo, onde se joga fora
patrimônio, reduzindo-o) e (2) os motivos que ensejam aumento
do patrimônio, e respectivos valores – Receitas (representadas
por um pára-quedas, trazendo patrimônio novo – que cai do céu
na azienda, aumentando seu patrimônio).
A seguir, apresentamos uma figura, ilustrando os conceitos acima
descritos, relativos a contas patrimoniais (Ativo, Passivo e Patrimônio
Líquido) e a contas de resultado (Despesas e Receitas):

Ativo Passivo

Bens e Direitos Obrigações

--------------------------- Patrimônio Líquido

Bens e Direitos (-) Obrigações

Despesas Receitas

Essas contas, de resultado, têm uma vida efêmera – e data


prevista para morrer – pois, ao final do exercício elas têm seu saldo6
zerado (reduzido a zero) e o valor líquido nelas registrado (somatório
das receitas, deduzido do somatório das despesas) transferido, de volta,
para o Patrimônio Líquido – visto que receitas e despesas podem ser

6
Conforme já apresentado, o saldo de uma conta é o valor nela registrado.

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encaradas como informações sobre o comportamento do tamanho do
Patrimônio Líquido, durante o exercício.
Dessa maneira, durante o exercício, a igualdade (Ativo – Passivo =
Patrimônio Líquido), característica da equação fundamental do
patrimônio, fica temporariamente quebrada, pois o valor registrado no
Patrimônio Líquido permanece “imexível”7 durante todo o exercício,
sendo que o valor dos aumentos e reduções do Patrimônio Líquido
(Receitas e Despesas, respectivamente), cujo saldo líquido restaura a
igualdade (entre Ativo (-) Passivo e Patrimônio Líquido), fica registrado
em contas a parte – contas de resultado.
c) ao final do exercício, com o valor líquido da Receitas e Despesas,
antes registrado em contas de resultado, transferido para o Patrimônio
Líquido, a igualdade (Ativo – Passivo = Patrimônio Líquido) é restaurada
e é possível demonstrar a situação patrimonial final, conforme abaixo.
Patrimônio Final

Ativo-f Passivo-f

Bens e Direitos Obrigações


finais finais
--------------------------- Patrimônio Líquido-f

Bens e Direitos (-) Obrigações


finais finais

A partir dos conceitos até aqui apresentados, é possível visualizar o


modelo contábil de representação do patrimônio, e suas alterações no
tempo (durante o exercício) conforme a seguir:

7
Como dizia o ex-Ministro do Trabalho.

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Ativo Passivo Ativo Passivo

------- PL ------- PL

Exercício

Início Final

Despesas Receitas

-----
Saldo líquido (Receitas-Despesas)

Pela figura acima, é possível visualizar as diferentes finalidades das


diferentes informações trazidas ao usuário pelos saldos das contas
Patrimoniais e de Resultado:
- o saldo uma conta patrimonial (representando bens,
direitos ou obrigações) informa o valor do respectivo
elemento patrimonial – em um dado momento –, daí o
nome de Estática Patrimonial, dado pela teoria
patrimonialística a esse tipo de conta (numa alusão à idéia
de fotografia – parada – do patrimônio);
- o saldo de uma conta de resultado (representando receitas
ou despesas) indica o motivo pelo qual o patrimônio teve
seu valor majorado ou reduzido – durante um período de
tempo, o exercício –, daí o nome de Dinâmica Patrimonial,
dado pela teoria patrimonialística a esse tipo de conta
(numa alusão à idéia de filme – em movimento e referente
a um período de tempo – do patrimônio).
Metaforicamente, encaro a relação entre as informações relativas a
contas patrimoniais e a contas de resultado da mesma forma que
interpreto o conteúdo de reportagens da revista “Pense Leve”8,
especificamente na coluna “Antes e Depois”. Nessa coluna, são
mostradas fotos de pessoas antes e depois da reeducação alimentar,
sendo que – entre as fotos – há um breve texto contando o que foi feito
no período (compreendido entre os momentos em que as duas fotos
foram tiradas), para que o corpo da pessoa (seu “patrimônio”) tivesse
sofrido a transformação mostrada pela comparação das duas fotos. Em
outras palavras, na coluna “Antes e Depois” da Revista Pense Leve, são

8
A revista Pense Leve, é uma revista que trata de assuntos relacionados à saúde e
alimentação, patrocinada pela organização “Vigilantes do Peso”.

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mostradas duas situações “patrimoniais” (antes e depois da reeducação
alimentar) e, no texto, são relatados os motivos que ensejaram a
alteração do “tamanho do patrimônio” – corpo da pessoa.
Ora, é exatamente isso que acontece, entre o momento inicial e final do
exercício. São relatados (na forma de registro de receitas e despesas)
os motivos pelos quais o tamanho do patrimônio foi alterado entre o
início e o final do exercício.
Apenas lembrando, contas patrimoniais têm vida indefinida, mantendo
suas informações no sistema contábil enquanto houver valor naquele
elemento do patrimônio. Ao contrário, contas de resultado têm seu
período de vida limitado a um exercício (período de 12 meses). Para
não esquecer, pensem nas contas de resultados como Replicantes,9
semelhantes em tudo a seres humanos (até mesmo mais fortes e
inteligentes), porém, com data marcada para morrer. Seres humanos
(tal qual contas patrimôniais) têm sua existência caracterizada por um
tempo indefinido, replicantes, no entanto, têm sua existência pré-
definida – morrendo ao final do período.
Assim as contas de resultado podem ser encaradas como replicantes,
que servem para armazenar informações sobre aumentos e reduções do
patrimônio e que têm data para morrer (o final do exercício) quando sua
alma (o valor líquido neles registrado) vai para o céu (para o Patrimônio
Líquido – lugar a que pertencem), restaurando o equilíbrio (Ativo –
Passivo = Patrimônio Líquido).

3.2.2 Teoria Personalística


A Teoria Personalística tem o mérito de esclarecer uma das maiores
dúvidas daqueles que iniciam o estudo da Contabilidade, e que pode ser
resumida em duas perguntas (que freqüentemente assolam a mente e a
alma dos estudantes) a seguir reproduzidas.
- Por que os valores do Ativo, que têm uma conotação
positiva no patrimônio, são registrados como DÉBITOS
(débitos nos passam uma idéia negativa) e os valores do
Passivo que, ao contrário, têm uma conotação negativa no
patrimônio, são registrados como CRÉDITOS (créditos nos
passam uma idéia positiva)?
- Por outro lado, os valores de Receitas, que trazem uma
idéia positiva para o patrimônio, são registrados como
CRÉDITOS (o que está de acordo com o senso comum) e

9
Replicantes são andróides – personagens do inesquecível filme da década de 80
Blade Runner (O Caçador de Andróides), estrelado pela Daryl Hanna, pelo Harisson
Ford e pelo Rutger Hauer.

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os valores de Despesas que, ao contrário, trazem uma
idéia negativa para o patrimônio, são registrados como
DÉBITOS (o que também está de acordo com o senso
comum). Por que a Contabilidade de vez em quando é
lógica e de vez em quando é louca?
Em resposta a essa indagação, já vi várias tentativas de explicação
(erradas!), com as quais não podemos concordar. A seguir,
apresentamos duas delas (as mais recorrentes).
a) Isso é mera convenção! Não ligue para isso, decore e vá em
frente no estudo da matéria...
b) Meu amigo, vou lhe dar uma dica... pense certo e depois
inverta, vai funcionar na maioria das vezes (depois você acaba
se acostumando a fazer o registro desse jeito) ...
Entendo que a primeira tentativa de explicação esteja equivocada
porque não explica nada. Ora, toda nomenclatura utilizada para
referenciar fatos humanos (como é o caso do patrimônio) é, de alguma
maneira, convencionada por pessoas. O que importa saber, portanto,
não é que há uma convenção (isso é óbvio!), o ponto é saber a razão
dessa convenção. Sabendo essa razão, o entendimento e a
memorização ficam sobremaneira facilitados.
A segunda tentativa está claramente equivocada, se pensando correto
chegássemos a uma conclusão diversa daquela situação que estamos
querendo demonstrar, a situação é que estaria errada (e não nossa
conclusão). Além do mais, essa tentativa de explicação não resolve
todos os casos, porque o registro de débitos e créditos nem sempre é
contrário ao senso comum.
É a Teoria Personalística que responde – com impressionante clareza –
esses questionamentos. Portanto, vamos a ela.
A Teoria Personalística vincula a conta à pessoa responsável pelos
procedimentos administrativos a ela relacionados. Assim, quando se
pensa em uma conta contábil, de acordo com essa teoria não se deve
levar em consideração o objeto que a conta representa (bem, direito,
obrigação, diferença entre bens/direitos/obrigações, razões para
aumento ou redução do patrimônio), mas sim o sujeito que se relaciona
com a empresa/azienda através daquele objeto.
Em outras palavras, segundo essa teoria, para entender a natureza da
conta, não se deve olhar para o objeto que a conta representa, mas sim
para a pessoa que está ligada à empresa/azienda através daquele
objeto.
As contas, segundo a teoria Personalística, são classificadas em:

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a) contas de agentes consignatários – representando BENS
(ativo);
b) contas de agentes correspondentes:
• a débito – representando DIREITOS (ativo);
• a crédito – representando OBRIGAÇÕES (passivo)
c) contas dos proprietários – representando (1) a DIFERENÇA
ENTRE BENS/DIREITOS e OBRIGAÇÕES (patrimônio líquido),
(2) os AUMENTOS dessa diferença (Receitas) e (3) as
REDUÇÕES dessa diferença (Despesas).

3.2.2.1 Contas dos agentes consignatários


As contas dos agentes consignatários são as que referenciam todos
os bens – ATIVO – da empresa/azienda. Os agentes consignatários são
os funcionários e gerentes da empresa. A palavra consignar, segundo o
Novo Dicionário AURÉLIO da Língua Portuguesa, tem o sentido de
confiar, ou enviar (mercadorias) a alguém, para que as negocie ou em
comissão. Assim, metaforicamente, entende-se que os bens da
empresa/azienda estão consignados (confiados) aos respectivos
empregados, que deverão cuidar deles e, no caso de perda, deverão
prestar contas à empresa/azienda.
Ora, se um bem está confiado/consignado a alguém (ao empregado)
pela empresa/azienda, esse alguém deve o valor desse bem à
empresa/azienda, no caso de perda ou deterioração10.
Exemplificando:
a) O dinheiro em caixa – existente no patrimônio de uma empresa
– está consignado ao Tesoureiro dessa empresa. O Tesoureiro,
portanto, deve à empresa o valor desse dinheiro. Quanto mais
dinheiro em caixa, mais o Tesoureiro deve à empresa. Dessa
forma, o dinheiro, quando entra no caixa da empresa, é
registrado como um débito. Ao contrário, o dinheiro, quando
sai do caixa da empresa, deverá ser registrado como um
crédito (o contrário do débito, pois diminui o valor que o
Tesoureiro deve à empresa).

10
Para ilustrar essa conclusão, basta lembrar de uma situação muito comum na classe
média brasileira: a de se deixar o carro, em consignação, com um comerciante de
carros usados, para que ele tente vendê-lo. Nesse caso, o comerciante fica nos
devendo explicações sobre o que fez com o carro e, caso o perca, deverá nos pagar o
valor do carro. Assim, o comerciante, enquanto estiver com nosso carro, fica sendo
nosso devedor, no valor desse carro.

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b) Com relação ao estoque de mercadorias, o agente
consignatário seria o Almoxarife (empregado responsável pela
administração de materiais na empresa). O estoque de
mercadorias – existente no patrimônio da uma empresa – está
consignado ao Almoxarife dessa empresa. O Almoxarife,
portanto, deve à empresa o valor dessa mercadoria. Quanto
mais mercadoria no estoque da empresa, mais o Almoxarife
deve à empresa. Dessa forma, a mercadoria, quando entra no
estoque da empresa, é registrada como um débito. Ao
contrário, a mercadoria, quando sai do estoque da empresa,
deverá ser registrada como um crédito (o contrário do débito,
pois diminui o valor que o Almoxarife deve à empresa).
c) Mais um último exemplo, relativo a máquinas e equipamentos.
O agente consignatário das máquinas e equipamentos seria o
Diretor Industrial (responsável pelo parque fabril da empresa).
As máquinas e equipamentos – existentes no patrimônio da
empresa – estão consignadas ao Diretor Industrial dessa
empresa. O Diretor Industrial, portanto, deve à empresa o
valor dessas máquinas e equipamentos. Quanto mais
máquinas e equipamentos na empresa, mais o Diretor
Industrial deve à empresa. Dessa forma, as máquinas e
equipamentos, quando entram no patrimônio da empresa, são
registradas como débitos. Ao contrário, as máquinas e
equipamentos, quando saem do patrimônio da empresa,
deverão ser registradas como créditos (o contrário do débito,
pois diminui o valor que o Diretor Industrial deve à empresa).
Concluindo: os bens componentes do patrimônio das empresas (ou,
genericamente, das aziendas) têm natureza devedora – aumentam de
valor a débito e reduzem seu valor a crédito.
Voltando aos elementos das contas (vistos acima nesta aula) e
aplicando-os aos BENS (contas dos agentes consignatários) temos:
a) o nome da conta – nome do bem a que a conta se refere;

b) o valor patrimonial inicial da conta (denominado Saldo Inicial) – de


natureza devedora;
c) os aumentos de valor patrimonial, ocorridos na conta – registrados
como débitos;
d) as reduções de valor patrimonial, ocorridas na conta – registrados
como créditos;
e) o valor patrimonial final da conta (denominado Saldo Final) – de
natureza devedora.

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Retornando à metáfora da caixa de areia, já referenciada nas duas
primeiras aulas de nosso curso, ou seja, considerando o Patrimônio
como uma caixa de areia que contém (1) ativos – representados como
montinhos de areia, (2) passivos – representados como buracos na
areia e (3) o Patrimônio Líquido – representados também como buracos
na areia, temos que os BENS (contas dos agentes consignatários), na
qualidade de ativos, são representados por montinhos de areia. Seja,
para fins de ilustração, o patrimônio composto somente por R$
50.000,00 em dinheiro (e nenhuma obrigação), abaixo.
Ativo Passivo
Dinheiro 50.000,00 Obrigações -

--------------------------- Patrimônio Líquido


Diferença (A-P) 50.000,00

Considerando, também – conforme já visto – que um aumento do valor


do BEM corresponde a um débito, para que o montinho aumente, é
necessário colocar areia nele. Assim, o débito de valores em uma conta
contábil que represente um BEM, pode ser metaforicamente encarado
como a aplicação de areia no montinho que representa esse bem,
aumentando seu tamanho. No caso, a entrada de R$ 10.000,00 em
dinheiro no caixa deve ser registrada como um débito de R$ 10.000,00
na conta caixa e pode ser interpretada – metaforicamente – como a
aplicação de “dez mil grãos de areia” no elemento patrimonial dinheiro
em caixa, conforme esquematicamente apresentado a seguir.
ação
areia aplicada no montinho

Conseqüência
Dinheiro ==> de 50.000,00 para 60.000,00
- o montinho aumenta de tamanho
- a conta representativa do bem aumenta de saldo

Conclusão
Débitos em contas representativas de bens podem ser encarados,
metaforicamente, como areia aplicada em um montinho de areia.
Ao contrário, analisando o crédito, partindo do mesmo exemplo, a saída
de R$ 10.000,00 em dinheiro do caixa deve ser registrada como um
crédito de R$ 10.000,00 na conta caixa e pode ser interpretada –
metaforicamente – como a retirada de “dez mil grãos de areia” no

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elemento patrimonial dinheiro em caixa, reduzindo o tamanho do
montinho que representa este BEM, conforme esquematicamente
apresentado a seguir.
ação
retirada de areia do montinho

Conseqüência
Dinheiro ==> de 50.000,00 para 40.000,00
- o montinho diminui de tamanho
- a conta representativa do bem reduz o saldo

Conclusão
Créditos em contas representativas de bens podem ser encarados,
metaforicamente, como areia retirada de um montinho de areia.

3.2.2.2 Contas dos agentes correspondentes (a débito e a


crédito)
As contas de agentes correspondentes – que correspondem aos direitos
e obrigações – se subdividem em contas dos agentes correspondentes a
débito (DIREITOS - Ativo) e em contas dos agentes correspondentes a
crédito (OBRIGAÇÕES – Passivo).

3.2.2.2.1 Contas dos agentes correspondentes a débito


As contas dos agentes correspondentes a débito são as que
referenciam todos os direitos – ATIVO – da empresa/azienda. Os
agentes correspondentes a débito são aqueles que contrataram com a
empresa e, no âmbito desse contrato, deram a ela algum direito. Assim,
entende-se que os direitos da empresa/azienda são devidos por
agentes que se correspondam com a empresa através desses direitos.
Ora, se a empresa tem um direito, é porque alguém deve algo a ela.
Portanto, o agente correspondente é devedor da empresa exatamente
no valor do direito que a empresa possui, permitindo, assim, que a
empresa exija dele a satisfação de seu direito.
Exemplificando:
a) Vamos analisar, inicialmente, o direito que da empresa, de
exigir que clientes paguem pelas vendas a prazo realizadas,
registrado na conta clientes. Os clientes devem à empresa o
valor das mercadorias vendidas a prazo, assim, quanto maior
for o direito da empresa, de receber dos clientes, mais os
clientes devem à empresa. Dessa forma, o surgimento (ou o
aumento) do direito (de exigir que o cliente pague pelas vendas
a prazo), na empresa, é registrado como um débito (porque o

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cliente fica devendo esse valor à empresa). Ao contrário,
quando deixa de existir (ou ocorre uma diminuição) nesse
direito, deverá ser registrado um crédito (o contrário do débito,
pois diminui o valor que o cliente deve à empresa).
b) Agora, vamos analisar o caso de um dos direitos mais
conhecidos de uma empresa (e que é responsável por uma
grande confusão de conceitos – conforme veremos em seguida)
– o direito que a empresa tem de sacar seu dinheiro do banco –
registrado na conta banco conta movimento. O banco deve à
empresa o valor por ela nele depositado (e, portanto, deve
permitir que ela exerça o direito de retirar seu dinheiro quando
assim o desejar), assim, quanto maior for o direito da empresa,
de sacar seu dinheiro do banco, mais o banco deve à empresa.
Dessa forma, o depósito de valores em conta bancária, que
corresponde ao surgimento (ou ao aumento) do direito (de
sacar esse valor da conta) no patrimônio da empresa, é
registrado como um débito (porque o banco fica devendo esse
valor à empresa). Ao contrário, o saque de valores da conta
bancária, que corresponde ao desaparecimento (ou à
diminuição) desse direito, deverá ser registrado como um
crédito (o contrário do débito, pois diminui o valor que o banco
deve à empresa).
Conforme havíamos dito, essa explicação (sobre a conta banco conta
movimento), perfeitamente lógica e de acordo com a teoria
personalística, geralmente, faz uma confusão nos conceitos já
conhecidos do estudante que está vendo pela primeira vez a teoria.
A confusão decorre do fato de que – geralmente – o estudante nunca
viu um sistema contábil de informações com registro de depósitos
bancários a débito, mas, geralmente, tendo uma conta corrente própria,
em algum banco, já viu o seu extrato bancário. E, no extrato bancário,
sempre que ele realiza um depósito de valores em sua conta corrente, é
apontado o registro de um CRÉDITO; ao contrário, quando ele realiza
um saque de sua conta corrente, é apontado o registro de um DÉBITO.
Assim, o estudante pode pensar: – Muito bem, o que foi acima
colocado, apesar de lógico, não resiste à dura realidade, pois em meu
extrato bancário, o depósito, que enseja o surgimento do direito de
sacar, está demonstrado como um crédito e o saque, que enseja o
desaparecimento desse direito, está demonstrado como um débito. E
concluir: – Ou eu não entendi nada ou a teoria está errada.
Aproveito o ensejo para esclarecer que o problema não está no
estudante, nem na teoria. O PROBLEMA ESTÁ NOS BANCOS! Os
bancos não têm o menor respeito por nós (meros correntistas), pois,

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quando nós pedimos para ver o nosso extrato bancário, o banco
(além de nos cobrar uma tarifa por isso), não nos mostra o nosso
extrato bancário (em outras palavras, não nos mostra a evolução do
nosso direito). Ao invés disso, o banco nos mostra um pedaço de sua
própria contabilidade – onde figura (é claro) sua obrigação de nos
permitir sacar nosso dinheiro nele depositado. O extrato bancário que o
banco nos mostra não se refere ao nosso direito (ativo), mas a sua
obrigação (passivo). Aí sim, conforme veremos a seguir, o passivo tem
aumentos registrados a crédito e reduções registradas a débito.
Concluindo: os direitos componentes do patrimônio das empresas (ou,
genericamente, das aziendas) têm natureza devedora – aumentam de
valor a débito e reduzem seu valor a crédito.
Voltando aos elementos das contas (vistos acima nesta aula) e
aplicando-os aos DIREITOS (contas dos agentes correspondentes a
débito) temos:
a) o nome da conta – nome do direito a que a conta se refere;
b) o valor patrimonial inicial da conta (denominado Saldo Inicial) –
de natureza devedora;
c) os aumentos de valor patrimonial, ocorridos na conta –
registrados como débitos;
d) as reduções de valor patrimonial, ocorridas na conta –
registrados como créditos;
e) o valor patrimonial final da conta (denominado Saldo Final) –
de natureza devedora.
Retornando à metáfora da caixa de areia, o que faremos quase sempre
daqui em diante, ou seja, considerando o Patrimônio como uma caixa de
areia que contém (1) ativos – representados como montinhos de areia,
(2) passivos – representados como buracos na areia e (3) o Patrimônio
Líquido – representados também como buracos na areia, temos que os
DIREITOS (contas dos agentes correspondentes a débito), na qualidade
de ativos, são representados por montinhos de areia. Seja, para fins de
ilustração, o patrimônio composto somente por R$ 50.000,00 em
depósito bancário (e nenhuma obrigação), abaixo.

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Ativo Passivo
Banco 50.000,00 Obrigações -

--------------------------- Patrimônio Líquido


Diferença (A-P) 50.000,00

Considerando, também – conforme já visto – que um aumento do valor


do DIREITO corresponde a um débito, para que o montinho aumente, é
necessário colocar areia nele. Assim, o débito de valores em uma conta
contábil que represente um DIREITO, pode ser metaforicamente
encarado como a aplicação de areia no montinho que representa esse
direito, aumentando seu tamanho. No caso, a entrada de R$ 10.000,00
na conta-corrente bancária deve ser registrada como um débito de R$
10.000,00 na conta contábil Banco e pode ser interpretada –
metaforicamente – como a aplicação de dez mil grãos de areia no
elemento patrimonial Banco, conforme esquematicamente apresentado
a seguir.
ação
areia aplicada no montinho

Conseqüência
Depósito Bancário ==> de 50.000,00 para 60.000,00
- o montinho aumenta de tamanho
- a conta representativa do direito aumenta de saldo

Conclusão
Débitos em contas representativas de dirietos podem ser encarados,
metaforicamente, como areia aplicada em um montinho de areia.
Ao contrário, analisando o crédito, partindo do mesmo exemplo, a saída
de R$ 10.000,00 da conta-corrente bancária deve ser registrada como
um crédito de R$ 10.000,00 na conta contábil Banco e pode ser
interpretada – metaforicamente – como a retirada de dez mil grãos de
areia do elemento patrimonial Banco, reduzindo o tamanho do montinho
que representa este DIREITO, conforme esquematicamente apresentado
a seguir.

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ação
retirada de areia do montinho

Conseqüência
Depósito bancário ==> de 50.000,00 para 40.000,00
- o montinho diminui de tamanho
- a conta representativa do direito reduz o saldo

Conclusão
Créditos em contas representativas de direitos podem ser encarados,
metaforicamente, como areia retirada de um montinho de areia.
Como o Ativo é composto por bens e direitos e, conforme já vimos,
tanto os bens como os direitos têm natureza devedora, conclui-se que o
Ativo (como um todo) tem natureza devedora – aumenta de valor a
débito e reduz seu valor a crédito.

3.2.2.2.2 Contas dos agentes correspondentes a crédito


As contas dos agentes correspondentes a crédito são as que
referenciam todas as obrigações – PASSIVO – da empresa/azienda.
Os agentes correspondentes a crédito são aqueles que contrataram com
a empresa e, no âmbito desse contrato, a sujeitaram a alguma
obrigação. Assim, metaforicamente, entende-se que as obrigações da
empresa/azienda são créditos da titularidade de agentes que se
correspondam com a empresa através dessas obrigações.
Ora, se a empresa tem uma obrigação, é porque alguém é credor dela
em algum valor. Portanto, o agente correspondente é credor da
empresa exatamente no valor da obrigação que a empresa contraiu,
fazendo, assim, com que a empresa possa ser exigida do cumprimento
da obrigação.
Exemplificando:
a) Vamos analisar, inicialmente, a obrigação que a empresa tem,
de pagar pelas compras realizadas a prazo, registrada na conta
fornecedores. Os fornecedores são credores da empresa no
valor das mercadorias por ela compradas a prazo, assim,
quanto maior for a obrigação da empresa, de pagar os
fornecedores, mais os fornecedores detém créditos contra a
empresa. Dessa forma, o surgimento (ou o aumento) da
obrigação (de pagar pelas compras a prazo) no patrimônio da
empresa, é registrado como um crédito (porque o fornecedor
fica credor da empresa nesse valor). Ao contrário, quando
deixa de existir (ou ocorre uma diminuição) nessa obrigação,

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deverá ser registrado um débito (o contrário do crédito, pois o
valor do crédito do fornecedor, contra a empresa, diminui).
b) Agora, vamos analisar o caso da obrigação referente a um
empréstimo tomado junto a um banco – registrada na conta
Empréstimos bancários. O banco é credor da empresa no
valor do empréstimo ela dele tomado (e, portanto, pode exigir
que seu dinheiro seja devolvido – pela empresa – nos termos
do contrato de empréstimo celebrado), assim, quanto maior for
a obrigação da empresa, de pagar o empréstimo ao banco,
mais o banco é credor da empresa. Dessa forma, a
contratação de empréstimos bancários, que corresponde ao
surgimento (ou ao aumento) da obrigação (de devolver o valor
tomado) no patrimônio da empresa, é registrada como um
crédito (porque o banco fica credor da empresa nesse valor).
Ao contrário, a quitação do empréstimo, que corresponde ao
desaparecimento (ou à diminuição) dessa obrigação, deverá ser
registrada como um débito (o contrário do crédito, pois diminui
o valor do qual o banco é credor da empresa).
Repare que, voltando ao caso do depósito bancário, do ponto de vista do
patrimônio do banco trata-se de uma obrigação (do banco para com o
cliente). Trata-se da obrigação de permitir que o correntista efetue o
saque do valor antes depositado. Ora, como toda obrigação, essa
(constante do patrimônio do banco) deve ser registrada (no patrimônio
do banco) como um crédito. É por isso que o banco (ao nos apresentar
nosso extrato) apresenta um crédito quando nós efetuamos um depósito
bancário – ele está, tão somente, apresentando o registro de sua
obrigação (a crédito) de permitir o saque do valor antes depositado.
Isso elucida o fato de que, no extrato de conta-corrente bancária, um
depósito realizado por uma empresa em sua conta aparece como um
crédito, enquanto em sua contabilidade, esse mesmo depósito deve
estar registrado com um débito.
Concluindo: as obrigações componentes do patrimônio das empresas
(ou, genericamente, das aziendas) têm natureza credora – aumentam
de valor a crédito e reduzem seu valor a débito. Como o Passivo é
composto por obrigações, que têm natureza devedora, conclui-se que o
Passivo (como um todo) tem natureza credora – aumenta de valor a
crédito e reduz seu valor a débito.
Voltando aos elementos das contas (vistos acima nesta aula) e
aplicando-os às OBRIGAÇÕES (contas dos agentes correspondentes a
crédito) temos:
a) o nome da conta – nome da obrigação a que a conta se refere;

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b) o valor patrimonial inicial da conta (denominado Saldo Inicial) –
de natureza credora;
c) os aumentos de valor patrimonial, ocorridos na conta –
registrados como créditos;
d) as reduções de valor patrimonial, ocorridas na conta –
registrados como débitos;
e) o valor patrimonial final da conta (denominado Saldo Final) –
de natureza credora.
Retornando, mais uma vez, à metáfora da caixa de areia, ou seja,
considerando o Patrimônio como uma caixa de areia que contém: (1)
ativos – representados como montinhos de areia, (2) passivos –
representados como buracos na areia e (3) o Patrimônio Líquido –
representados também como buracos na areia, temos que as
OBRIGAÇÕES (contas dos agentes correspondentes a crédito), na
qualidade de passivos, são representados por buraquinhos cavados de
areia. Seja, para fins de ilustração, o patrimônio composto somente por
R$ 50.000,00 em dinheiro e uma obrigação de R$ 20.000,00, de pagar
fornecedores, abaixo.
Ativo Passivo
Banco 50.000,00 Fornecedores 20.000,00

--------------------------- Patrimônio Líquido


Diferença (A-P) 30.000,00

Considerando, também – conforme já visto – que um aumento do valor


de uma OBRIGAÇÃO corresponde a um crédito, para que o buraco
aumente, é necessário retirar areia dele. Assim, o crédito de valores em
uma conta contábil que represente OBRIGAÇÃO, pode ser
metaforicamente encarado como a retirada de areia de um buraco que
representa essa obrigação, aumentando seu tamanho. No caso, o
surgimento (no patrimônio acima) de mais uma obrigação, de pagar
fornecedores, no valor de R$ 10.000,00, deve ser registrado como um
crédito de R$ 10.000,00 na conta contábil Fornecedores e pode ser
interpretada – metaforicamente – como a retirada de dez mil grãos de
areia no elemento patrimonial Fornecedores, conforme
esquematicamente apresentado a seguir.

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ação
retirada de areia do buraco

Conseqüência
Fornecedores ==> de 20.000,00 para 30.000,00
- o buraco aumenta de tamanho
- a conta representativa da obrigação aumenta de saldo

Conclusão
Créditos em contas representativas de obrigação podem ser encarados,
metaforicamente, como areia retirada de um buraco cavado na areia.
Ao contrário, analisando o débito, partindo do mesmo exemplo, a
extinção de uma obrigação de pagar fornecedores, no valor de R$
10.000,00 (pelo seu pagamento ou pelo perdão da dívida, por exemplo)
deve ser registrada como um débito de R$ 10.000,00 na conta contábil
Fornecedores e pode ser interpretada – metaforicamente – como a
aplicação de dez mil grãos de areia no elemento patrimonial
Fornecedores, reduzindo o tamanho do buraco (cavado na areia) que
representa esta OBRIGAÇÃO, conforme esquematicamente apresentado
a seguir.
ação
Aplicação de areia no buraco

Conseqüência
Fornecedores ==> de 20.000,00 para 10.000,00
- o buraco reduz o tamanho
- a conta representativa da obrigação tem seu saldo reduzido

Conclusão
Débitos em contas representativas de obrigações podem ser encarados,
metaforicamente, como areia aplicada em um buraco (tapando-o), ainda que
parcialmente.

3.2.2.3 Contas dos Proprietários

3.2.2.3.1 Patrimônio Líquido


As contas dos proprietários são as que referenciam a diferença entre
os bens/direitos e as obrigações – PATRIMÔNIO LÍQUIDO – da
empresa/azienda, bem como seus respectivos aumentos e reduções
(aumentos do patrimônio líquido representam RECEITAS e reduções do
patrimônio líquido representam DESPESAS).
O valor da diferença entre bens, direitos e obrigações corresponde ao
valor que sobra para os proprietários – a ser a eles entregue ao final da

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existência da empresa/azienda. Assim, os proprietários podem ser
vistos como “credores” da empresa no valor dessa diferença (entre
bens/direitos e obrigações). Digo que os proprietários podem ser vistos
como “credores” com o objetivo apenas, pois não se trata de uma
obrigação exigível, propriamente dita. Porém, essa metáfora (ver os
proprietários como “credores” da empresa, no valor da diferença entre
bens/direitos e obrigações, sem exigibilidade até o final da existência
dessa empresa) é clara o suficiente para ilustrar a natureza das contas
que representam o Patrimônio Líquido da empresa/azienda – natureza
de créditos.
Ora, se a empresa tem a “obrigação” (metaforicamente falando) de
entregar a seus proprietários o valor correspondente ao Patrimônio
Líquido, é porque os proprietários são (metaforicamente) “credores”
dela, nesse valor.
Exemplificando: Vamos analisar a “obrigação” que a empresa tem, de
devolver o valor do capital inicial, colocado pelos proprietários na
empresa para formação de seu patrimônio, registrado na conta de
Patrimônio Líquido denominada Capital social. Os proprietários são
“credores” da empresa no valor desse capital, por eles colocado na
empresa – esse capital enseja o nascimento da diferença entre bens,
direitos e obrigações11 (conforme já visto, ao final da existência da
empresa, esse valor deve ser devolvido aos proprietários). Assim,
quanto maior for o capital colocado pelos sócios, maior será a diferença
entre bens/direitos e obrigações e, conseqüentemente, maior será o
“crédito” que os proprietários terão contra a empresa (ainda que não
exigível até o final da existência da empresa).
Dessa forma, o surgimento (ou o aumento) de Patrimônio Líquido enseja
a “obrigação” para a empresa (de entregar esse valor aos proprietários,
ao final de sua existência) e deve ser registrado como um crédito
(porque os proprietários se tornam “credores” da empresa nesse valor).
Ao contrário, quando deixa de existir (ou ocorre uma diminuição) no
patrimônio líquido, deverá ser registrado um débito (o contrário do
crédito, pois o valor do crédito do proprietário, contra a empresa,
diminui).
Referenciando, de novo, a metáfora da caixa de areia (confirmando que
ela funciona em todos os casos), ou seja, considerando o Patrimônio

11
Exemplificando, um capital inicial de R$ 50.000,00 (colocado pelos sócios, na
formação do patrimônio da empresa) faz surgir uma diferença entre bens/direitos e
obrigações no valor de R$ 50.000,00 – pois, Bens e Direitos (dinheiro em caixa)
passam a ter o valor de R$ 50.000,00 e obrigações ficam com o valor R$ 0,00. Assim,
o patrimônio líquido (inicialmente igual a zero) passa a ter o valor de R$ 50.000,00 
Ativo (-) Passivo (=) Patrimônio Líquido; R$ 50.000,00 (-) R$ 0,00 (=) R$ 50.000,00;

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como uma caixa de areia que contém: (1) ativos – representados como
montinhos de areia, (2) passivos – representados como buracos na
areia e (3) o Patrimônio Líquido – representados também como buracos
na areia, temos que as contas que representam a DIFERENÇA entre
Ativos e Passivos (contas dos PROPRIETÁRIOS), na qualidade de
Patrimônio Líquido, são representadas por buraquinhos cavados de
areia. Seja, para fins de ilustração, o patrimônio composto somente por
R$ 50.000,00 em dinheiro (e nenhuma obrigação), resultando em
patrimônio Líquido de R$ 50.000,00.
Ativo Passivo
Banco 50.000,00 Fornecedores -

--------------------------- Patrimônio Líquido


Diferença (A-P) 50.000,00

Considerando, também – conforme já visto – que um aumento do valor


da DIFERENÇA entre Ativo e Passivo (Patrimônio Líquido) corresponde a
um crédito, para que o buraco aumente, é necessário retirar areia dele.
Assim, o crédito de valores em uma conta contábil que represente a
DIFERENÇA entre Ativo e Passivo (Patrimônio Líquido), pode ser
metaforicamente encarado como a retirada de areia do buraco que
representa essa diferença, aumentando seu tamanho. No caso, o
surgimento de uma diferença entre ativos e passivos, no valor de R$
10.000,00 (representado, por exemplo, pela colocação no patrimônio –
por parte dos sócios – de mais R$ 10.000,00 em a título de capital),
deve ser registrado como um crédito de R$ 10.000,00 na conta contábil
Capital Social e pode ser interpretada – metaforicamente – como a
retirada de dez mil grãos de areia do elemento patrimonial Capital
Social, conforme esquematicamente apresentado a seguir.
ação
retirada de areia do buraco

Conseqüência
Capital Social ==> de 50.000,00 para 60.000,00
- o buraco aumenta de tamanho
- a conta representativa da diferença entre Ativo e Passivo aumenta de saldo

Conclusão
Créditos em contas representativas da diferença entre Ativo e Passivo (Patrimônio Líquido)
podem ser encarados, metaforicamente, como areia, retirada de um buraco cavado na areia.

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Ao contrário, analisando o débito, partindo do mesmo exemplo, a saída
de um sócio – do quadro societário – com a devolução do valor do
capital que ele havia colocado na formação do patrimônio da empresa,
reduzindo a diferença entre Ativo e Passivo no valor de R$ 10.000,00
deve ser registrada como um débito de R$ 10.000,00 na conta contábil
Capital Social e pode ser interpretada – metaforicamente – como a
aplicação de dez mil grãos de areia no elemento patrimonial Capital
Social, reduzindo o tamanho do buraco (existente na areia) que
representa justamente a diferença entre Bens/Direitos-Ativo e
Obrigações-Passivo, definida como Patrimônio Líquido, conforme
esquematicamente apresentado a seguir.
ação
Aplicação de areia no buraco

Conseqüência
Capital Social ==> de 50.000,00 para 40.000,00
- o buraco diminui de tamanho
- a conta representativa da diferença entre Ativo e Passivo tem seu saldo reduzido

Conclusão
Débitos em contas representativas da diferença entre Ativo e Passivo (Patrimônio Líquido)
podem ser encarados, metaforicamente, como aplicação de areia, de um buraco antes nela cavado,
reduzindo-o, ainda que parcialmente.

3.2.2.3.2 Receitas
RECEITAS, conforme já foi visto na aula 01 deste curso, são definidas
como aumentos no valor líquido do patrimônio12. Portanto, receitas
somente podem ser registradas como créditos. Ora, se há aumento no
valor líquido do patrimônio (há aumento do valor da diferença entre
bens/direitos e obrigações) há aumento no valor do Patrimônio Líquido
e, portanto, há aumento no valor a ser entregue aos proprietários,
quando do final da existência da empresa. Em outras palavras, quando
há receitas, há aumento do Patrimônio Líquido e, portanto, há aumento
do “crédito” dos proprietários contra a empresa. Assim, as RECEITAS
devem ser registradas – sempre – a crédito13.

12
Ver definição de RECEITAS na aula 01 desse curso – quando do estudo do Princípio
da Competência.
13
Exceto no caso de retificação de erro e, ao final do exercício, no momento em que o
valor das receitas é reduzido a zero, para sua transferência para o próprio Patrimônio
Líquido (conforme será visto nos lançamentos de fechamento de exercício, adiante
neste curso).

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Mais uma vez, voltando a nossa metáfora da caixa de areia, as receitas
podem ser encaradas como um “lugar de onde se origina areia”, que
será aplicada no patrimônio, aumentando-o (aplicada nos bens/direitos,
ou nas obrigações – respectivamente, aumentando o valor dos
bens/direitos ou reduzindo o valor das obrigações).
Abaixo, encontra-se quadro ilustrativo do conceito de Receita e da
natureza credora de seu saldo, conforme acima descrito.

Ativo Passivo

Bens e Direitos Obrigações

--------------------------- Patrimônio Líquido

Bens e Direitos (-) Obrigações

Despesas Receitas

O desenho acima demonstra a Receita como um pára-quedas, ou


seja, uma “fonte de areia”, externa ao Patrimônio, de onde “cai areia
nova – do céu”, para ser aplicada em elementos patrimoniais,
aumentando o patrimônio (aumentando os “montinhos” dos ativos ou
tapando os “buracos” dos passivos).
Repare que essa “fonte externa de areia” (que aumenta o
patrimônio) refletirá – ao final do período – no aumento do buraco que
representa o Patrimônio Líquido, pois, aumentando o Patrimônio Líquido,
aumenta-se o crédito que os proprietários têm para com a empresa.
Assim, a areia que parece cair do céu durante o exercício, é, com efeito,

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retirada do buraco que representa o Patrimônio Líquido ao final do
exercício.14

3.2.2.3.3 Despesas
DESPESAS são definidas como reduções no valor líquido do
patrimônio15. Portanto, despesas somente podem ser registradas como
débitos. Ora, se há redução no valor líquido do patrimônio (há redução
do valor da diferença entre bens/direitos e obrigações), há redução no
valor do Patrimônio Líquido e, portanto, há redução no valor a ser
entregue aos proprietários, quando do final da existência da empresa.
Em outras palavras, quando há despesas, há redução do Patrimônio
Líquido e, portanto, há redução do “crédito” dos proprietários contra a
empresa. Assim, as DESPESAS devem ser registradas – sempre – a
débito16 (o contrário do crédito, pois o valor do crédito dos proprietários,
contra a empresa, diminui).
Voltando a nossa metáfora da caixa de areia, as despesas podem ser
encaradas como um “lugar onde se aplica a areia que está sendo jogada
fora do patrimônio”, reduzindo-o (retirada dos bens/direitos, ou nas
obrigações – respectivamente, reduzindo o valor dos bens/direitos ou
aumentando o valor das obrigações).
Abaixo, encontra-se quadro ilustrativo do conceito de Despesa e da
natureza devedora de seu saldo, conforme acima descrito.

14
Essa idéia será detalhadamente trabalhada adiante neste curso – na aula que trata
dos lançamentos de fechamento do exercício.
15
Ver definição de DESPESAS na aula 01 desse curso – quando do estudo do Princípio
da Competência.
16
Exceto no caso de retificação de erro e, ao final do exercício, no momento em que o
valor das despesas são reduzidos a zero, para sua transferência para o próprio
Patrimônio Líquido (conforme será visto nos lançamentos de fechamento de exercício,
adiante neste curso).

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Ativo Passivo

Bens e Direitos Obrigações

--------------------------- Patrimônio Líquido

Bens e Direitos (-) Obrigações

Despesas Receitas

O desenho acima demonstra a Despesa como uma lata de lixo, ou


seja, um “destino”, externo ao Patrimônio, onde “onde é aplicada a areia
que sai do patrimônio”, reduzindo-o (aumentando os “buracos” dos
passivos ou reduzindo os “montinhos” dos ativos).
Repare que essa lata de lixo, que funciona como um “destino
externo ao patrimônio” onde é aplicada a areia que sai do patrimônio,
reduzindo-o, refletirá – ao final do período – na redução do buraco que
representa o Patrimônio Líquido, pois, reduzindo-se o Patrimônio
Líquido, reduz-se o crédito que os proprietários têm para com a
empresa. Assim, a areia que parece ter sido jogada na lixeira (durante
o exercício), é, com efeito, derramada da lixeira no buraco que
representa o Patrimônio Líquido, ao final do exercício.17

3.2.2.3.4 Conclusão sobre contas dos proprietários


Concluindo: os elementos patrimoniais que denotam a existência de
diferença entre o valor de bens/direitos e de obrigações, ensejando a

17
Essa idéia será detalhadamente trabalhada adiante neste curso – na aula que trata
dos lançamentos de fechamento do exercício.

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existência de Patrimônio Líquido das empresas (ou, genericamente, das
aziendas) têm natureza credora – aumentam de valor a crédito e
reduzem seu valor a débito. Como RECEITAS são definidas,
justamente, como aumentos do valor do Patrimônio Líquido, conclui-se
que elas têm natureza credora – aumentam de valor a crédito.
DESPESAS, por outro lado, são definidas, justamente, como reduções do
valor do Patrimônio Líquido e, assim, conclui-se que elas têm natureza
devedora – reduzem seu valor a débito.
Voltando aos elementos das contas (vistos acima nesta aula) e
aplicando-os ao PATRIMÔNIO LÍQUIDO (contas dos proprietários)
temos:
a) o nome da conta – nome o motivo do nascimento da diferença
entre bens/direitos e obrigações;
b) o valor patrimonial inicial da conta (denominado Saldo Inicial) –
de natureza credora;
c) os aumentos de valor patrimonial, ocorridos na conta –
registrados como créditos;
d) as reduções de valor patrimonial, ocorridas na conta –
registrados como débitos;
e) o valor patrimonial final da conta (denominado Saldo Final) –
de natureza credora.
Ainda, com relação aos elementos das contas (vistos acima nesta aula)
e aplicando-os às RECEITAS (contas dos proprietários) temos:
a) o nome da conta – nome o motivo pelo qual ocorreu um
aumento da diferença entre bens/direitos e obrigações;
b) o valor patrimonial inicial da conta (denominado Saldo Inicial) –
de natureza credora;
c) os aumentos de valor patrimonial, ocorridos na conta –
registrados como créditos;
d) as reduções de valor patrimonial, ocorridas na conta –
registrados como débitos (somente aplicável ao caso de
retificação de erro ou, no final do exercício, de redução a zero
do valor da receita, para sua transferência ao Patrimônio
Líquido);
e) o valor patrimonial final da conta (denominado Saldo Final) –
de natureza credora.
Ainda, com relação aos elementos das contas (vistos acima nesta aula)
e aplicando-os às DESPESAS (contas dos proprietários) temos:

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a) o nome da conta – nome o motivo pelo qual ocorreu uma
redução no valor da diferença entre bens/direitos e obrigações;
b) o valor patrimonial inicial da conta (denominado Saldo Inicial) –
de natureza devedora;
c) os aumentos de valor patrimonial, ocorridos na conta –
registrados como débitos;
d) as reduções de valor patrimonial, ocorridas na conta –
registrados como créditos (somente aplicável ao caso de
retificação de erro ou, no final do exercício, de redução a zero
do valor da despesa, para sua transferência ao Patrimônio
Líquido);
e) o valor patrimonial final da conta (denominado Saldo Final) –
de natureza devedora.
A partir das conclusões acima apresentadas é possível resumir a
natureza das contas, conforme demonstrado na tabela abaixo:
Grupo de contas Natureza Aumento de saldo por Redução de saldo por Obs.
Ativo Devedora débitos créditos
Passivo Credora créditos débitos
Patrimônio Líquido Credora créditos débitos
Receitas Credora créditos débitos (*)
Despesas Devedora débitos créditos (**)

(*) As receitas recebem somente créditos durante todo o exercício (exceto em retificações de erro ou no fechamento do exercício)
(**) As despesas recebem somente débitos durante todo o exercício (exceto em retificações de erro ou no fechamento do exercício)

De uma forma visual, seguindo a proposta de apresentação do


patrimônio até aqui utilizada, podemos verificar que, no lado esquerdo
do patrimônio, encontram-se contas de natureza devedora e, do lado
direito, contas de natureza credora, conforme a seguir:

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Ativo Passivo

Bens e Direitos Obrigações

--------------------------- Patrimônio Líquido

Bens e Direitos (-) Obrigações

Despesas Receitas

Saldos de natureza Devedora Saldos de natureza Credora

Pela própria disposição do desenho acima, intui-se que o total de saldos


de natureza credora deve ser equivalente ao total de saldos de natureza
devedora, em um dado patrimônio. Isso também está de acordo com a
terminologia utilizada na contabilidade (Balanço Patrimonial, Balancete
de verificação) que dá uma idéia de equilíbrio entre dois lados. Esse
conceito – apenas tangenciado, no momento – será analisado com
profundidade daqui a algumas linhas, quando da apresentação do débito
e do crédito no âmbito do fato contábil.

3.2.3 Teoria Materialística


Esta teoria divide as contas em integrais e diferenciais.
As contas integrais, também chamadas de elementares são as que
representam valores patrimoniais – bens, direitos e obrigações. Em
outras palavras, as contas integrais referem-se apenas a ativos ou
passivos, excluídos os itens que compõem a situação líquida do
patrimônio (Patrimônio Líquido).

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As contas diferenciais, também chamadas derivadas, são as que
evidenciam a diferença entre Bens/Direitos e Obrigações, ou seja,
evidenciam a situação líquida do patrimônio (o Patrimônio Líquido), bem
como suas variações (receitas e despesas).
O grande mérito dessa teoria é o de enfatizar a relação entre o
Patrimônio Líquido e as contas de resultado.
Conforme já visto acima, o valor da diferença entre Ativo e Passivo
corresponde ao valor do Patrimônio Líquido. Os motivos que ensejam
redução no patrimônio, e respectivos valores, consistem em Despesas e
os motivos que ensejam aumento do patrimônio, e respectivos valores,
consistem em Receitas.
Metaforicamente, é como se as despesas e receitas de destacassem
temporariamente do Patrimônio Líquido para, ao final do exercício,
deixando de existir voltassem para ele.
A seguir, apresentamos duas figuras, ilustrando os conceitos acima
descritos, e enfatizando a relação entre o Patrimônio Líquido e a contas
de resultado (Despesas e Receitas):
- a primeira figura, demonstrando receitas e despesas
destacando-se do Patrimônio Líquido; e
- a segunda figura demonstrando o valor das receitas e
despesas do exercício sendo transferidas de volta para o
Patrimônio Líquido.

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Ativo Passivo

Bens e Direitos Obrigações

--------------------------- Patrimônio Líquido

Bens e Direitos (-) Obrigações

Despesas Receitas

Ativo Passivo Ativo Passivo

------- PL ------- PL

Exercício

Início Final

Despesas Receitas

-----
Saldo líquido (Receitas-Despesas)

3.3 Classificação das Contas


Com base nas definições e nas teorias até aqui apresentadas é possível
fazer uma classificação das contas, segundo vários critérios, com o
objetivo de conhecê-las melhor, bem como suas características.

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3.3.1 Contas Patrimoniais x Contas de Resultado

3.3.1.1 Contas Patrimoniais


Contas Patrimoniais são aquelas que ficam constantemente
representadas no patrimônio. Um exemplo de conta Patrimonial é a
conta caixa. Caixa é um elemento do patrimônio que registra o
numerário disponível.
As contas patrimoniais podem ser de Ativo, Passivo e de Patrimônio
Líquido.
No Ativo, encontram-se, por exemplo, as contas: caixa, mercadorias,
veículos, imóveis, aplicações financeiras, etc.
No Passivo, são encontradas as contas: fornecedores, contas a pagar,
empréstimos bancários, salários a pagar, etc.
No Patrimônio Líquido, entre outras, estão as contas Capital e Lucros
Acumulados.
Ao final de cada período de apuração (exercício), o conjunto de contas
patrimoniais deve ser apresentado para identificar a situação do
patrimônio da entidade naquele instante. Esta apresentação consiste
em uma demonstração financeira denominada “Balanço Patrimonial” –
matéria a ser estudada adiante neste curso.

3.3.1.2 Contas de Resultado


Contas de Resultado são aquelas que não representam elementos
constantes do patrimônio, mas somente suas alterações que, em última
análise, se incorporarão ao Patrimônio Líquido.
As Contas de resultado são as receitas e despesas que,
respectivamente, aumentam e diminuem o Patrimônio Líquido. Estas
contas são transitórias, pois ao final de um dado período (denominado
exercício) seu saldo é incorporado ao Patrimônio Líquido.
Ao final de cada período de apuração (exercício), devem ser
relacionadas as contas de resultado e apresentado seu comportamento
durante o referido período. Esta apresentação consiste em uma
demonstração financeira denominada “Demonstração do Resultado do
Exercício” – matéria a ser estudada adiante neste curso.

3.3.2 Contas unilaterais x bilaterais


As contas unilaterais são aquelas que sofrem variações apenas num
sentido (somente aceitam débitos ou somente aceitam créditos).
Exemplo: as contas de receitas serão, via de regra, creditadas e as de
despesas, via de regra, debitadas.

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Contas bilaterais são as que sofrem variações nos dois sentidos (a conta
aceita tanto débito quanto crédito). Exemplo: a conta caixa aceita
débito pela entrada de dinheiro e crédito pela saída de dinheiro.

3.3.3 Contas de compensação


As contas de compensação servem para registrar “atos patrimoniais”,
que não alteram o patrimônio, servem apenas como lembretes para o
administrador do patrimônio de que algo poderá acontecer no futuro
influenciando o patrimônio. Exemplos: registro de avais, endossos e
fianças dados em nome da empresa.
Com o advento da Lei n° 6.404, de 1976 (Lei das S/A – e alterações
posteriores), passaram a não ser obrigatórios os registros de atos em
contas de compensação, bastando uma referência a eles em notas
explicativas às demonstrações contábeis.
A utilização de contas de compensação na escrituração é muito rara na
atualidade. Encontra-se limitada a poucas empresas como, por
exemplo, empresas do setor financeiro18 – que possuem normas
adicionais e específicas contabilização, cujo estudo escapa ao escopo do
presente curso.

3.4 Exemplos de nomes de contas contábeis

A seguir, para um contato inicial com a nomenclatura geralmente


utilizada pela Contabilidade, apresentaremos nomes utilizados para
designação de elementos patrimoniais – contas – classificados em (1)
contas patrimoniais: (1.a) Ativo, (1.b) Passivo e (1.c) Patrimônio
Líquido, bem como (2) contas de resultado: (2.a) Receitas e (2.b)
Despesas; cada um dos exemplos, seguido de alguns breves
comentários.

3.4.1 Contas Patrimoniais

3.4.1.1 Ativo
Ações: ações são títulos que representam o capital de uma empresa e,
portanto, dão direito, ao respectivo titular, a uma fração ideal do
patrimônio dessa empresa. Portanto, quando em nosso patrimônio há
ações de outras empresas, temos um direito a parte do patrimônio
dessas empresas – o que caracteriza um Ativo.

18
Bancos e demais entidades financeiras seguem o COSIF (plano de contas para
entidades financeiras), determinado pelo Banco Central do Brasil e regras rígidas de
contabilização de fatos contábeis.

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Bancos – movimento: a conta Bancos-movimento representa o direito
que nossa empresa tem de sacar do banco todo o valor anteriormente
por ela depositado, em sua conta-corrente (nele mantida) – o que
caracteriza um Ativo.
Caixa: a conta caixa representa o dinheiro guardado em espécie na
empresa – sendo um bem, caracteriza um Ativo.
Despesas de Instalação: despesas de instalação (apesar da palavra
despesas em seu nome) representam gastos realizados antes da
empresa começar a funcionar19. São gastos necessários para que a
empresa tenha o direito de, funcionando, auferir lucros nos próximos
exercícios. Sendo um direito ao lucro dos exercícios vindouros,
caracteriza um Ativo.
Devedores por Duplicatas: a conta Devedores por Duplicatas
(também denominada Duplicatas a receber) representa o direito de
exigir dos compradores (devedores) que paguem o valor das compras
realizadas a prazo. Sendo um direito, caracteriza um Ativo.
Estoques: a conta estoques representa o conjunto de mercadorias
(entre outros elementos semelhantes20). Mercadorias, sendo bens,
caracterizam Ativo.
ICMS a Recuperar: a conta ICMS a Recuperar decorre da aplicação do
princípio da não-cumulatividade do ICMS21 (segundo o qual, do tributo
devido pelo contribuinte em razão das saídas de mercadorias do seu
estabelecimento, o contribuinte tem o direito de descontar o valor do
imposto já recolhido nas etapas anteriores de circulação da mercadorias,
que está incluso no preço e foi por ele pago na aquisição das
mercadorias). Sendo um direito, o ICMS a recuperar consiste em um
Ativo.
Imóveis: a conta imóveis representa o conjunto de terrenos e
edificações. Terrenos e edificações, na qualidade de bens, consistem
em Ativo.

19
Este conceito será detalhadamente analisado adiante neste curso, quando da
apresentação do Ativo Permanente Diferido.
20
Que serão estudados em aula à parte – posteriormente – neste curso.
21
ICMS – Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços Interestaduais e
Intermunicipais de Transporte e de Telecomunicações – é um imposto da competência
dos Estados membros e do Distrito Federal, previsto na Constituição da República
Federativa do Brasil, de 1988 – art. 155 – e informado pelo princípio da não-
cumulatividade.

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Marcas e Patentes: Marcas e Patentes representam o direito de
exploração de nomes ou de patentes de invenções. Na qualidade de
direitos, as marcas e patentes são classificadas como Ativo.
Matérias-primas: matérias-primas representam um dos itens do
estoque – existente em empresas industriais, as matérias-primas se
transformam em produtos para a venda (durante o processo de
industrialização). Como itens do estoque, as matérias-primas têm a
qualidade de bens e, assim, devem ser classificadas como Ativo.
Mercado aberto: pelo nome “mercado aberto” são referenciadas
aplicações financeiras realizadas por empresas (notadamente em CDBs
– Certificados de Depósitos Bancários – e RDBs – Registros de Depósitos
Bancários – entre outras). A característica deste elemento patrimonial é
o direito que a empresa investidora possui, de receber o valor de seu
investimento (nos termos contratados). Na qualidade de direitos, os
investimentos em mercado aberto ficam classificados como Ativo.
Produtos: produtos são o resultado da manipulação, por empresas
industriais, de matérias-primas (com a utilização de mão de obra direta
e custos indiretos de fabricação) com o objetivo de conseguir itens para
venda. Sendo bens, os produtos restam caracterizados como ativos.
Selos: selos são bens, necessários à comercialização de alguns
produtos industrializados (por exemplo, bebidas e cigarros que – por
determinação legal – somente podem sair do estabelecimento depois de
selados). Na qualidade de bens, selos são classificados como ativos.
Suprimentos (empréstimos) a coligadas: o nome “suprimentos a
coligadas” é utilizado para designar empréstimos feitos pela empresa a
outras empresas, que com ela possuam uma relação societária22. Tendo
havido um empréstimo, a empresa fica com o direito de exigir que o
valor emprestado seja devolvido. Assim, na qualidade de direitos, os
empréstimos a coligadas devem ser classificados como ativos.
Veículos: o nome veículos serve para designar todos os carros, motos,
caminhões, caminhonetes, etc. utilizados pela empresa para transporte.
Na qualidade de bens, os veículos são Ativos.

3.4.1.2 Passivo
Acionistas, conta Dividendos: Dividendos são definidos como a parte
do lucro que cabe ao acionista. Assim, quando se fala em “Acionistas,
conta Dividendos”, refere-se à obrigação que a empresa tem de
entregar uma parte de seus lucros aos acionistas. Na qualidade de

22
Veremos o conceito de coligação na aula que trata de Equivalência Patrimonial,
adiante neste curso.

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obrigação, o elemento patrimonial denominado “Acionistas, conta
Dividendos” (também denominado “Dividendos a Pagar”) deve ser
classificado como uma conta de passivo.
Bancos-conta empréstimos: empréstimos tomados em bancos pela
empresa resultam na obrigação da empresa pagar por esse valor
tomado. Na qualidade de obrigação, a conta “Banco-conta
empréstimos” é caracterizada como uma conta de passivo.
Credores por duplicatas: os “Credores por duplicatas” são aqueles
que, tendo realizado vendas a prazo (de mercadorias compradas pela
empresa) têm o direito de exigir que a empresa pague pelas
mercadorias compradas. Ora, se a empresa comprou mercadorias a
prazo, ela tem a obrigação de pagar por elas. Na qualidade de
obrigação, a conta “Credores por duplicatas” é classificada como uma
conta de passivo.
Duplicatas a Pagar: outro nome para designar o mesmo elemento
patrimonial acima (Credores por duplicatas), as “Duplicatas a Pagar”
representam a obrigação que a empresa contraiu de pagar pelas
mercadorias por ela compradas a prazo. Na qualidade de obrigação, a
conta “Duplicatas a Pagar” é classificada como uma conta de passivo.
Empréstimos em bancos: outro nome para designar o elemento
patrimonial “Banco-conta empréstimos”, referencia empréstimos
tomados em bancos pela empresa, que resultam na obrigação da
empresa pagar por esse valor tomado. Na qualidade de obrigação, a
conta “Empréstimos em Bancos” é uma típica conta de passivo.
ICMS a Recolher: ICMS a recolher é a conta que representa a
obrigação da empresa de recolher aos cofres públicos o imposto ICMS –
Imposto sobre a Circulação de Mercadoria e Serviços de transporte
interestadual e intermunicipal e de telecomunicações. Sendo uma
obrigação, trata-se de conta de passivo.
Rendas antecipadas: este tipo de denominação para elementos
patrimoniais é da maior relevância – no tocante à quantidade de vezes
em que é utilizado em questões de prova – para entender o significado
dessa conta, vamos voltar a alguns conceitos explanados quando da
apresentação do princípio da competência23. Caso alguém receba
antecipadamente um valor, por conta de um serviço ainda não prestado
ou da venda de um bem ainda não entregue, nasce em seu patrimônio a
obrigação de prestação do serviço ou da entrega do bem. Esse é o caso
de “Rendas antecipadas”, conta também conhecida pelos nomes de
“Receitas antecipadas”, “Rendas a vencer”, “Receitas a vencer”,

23
Na aula 01 deste curso.

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“Receitas recebidas antecipadamente” e etc. Sendo uma obrigação, as
Rendas antecipadas são classificadas como passivo.24
Suprimentos de coligadas: Suprimentos de coligadas são
caracterizados por valores recebidos de empresas com as quais haja
uma relação de participação societária (uma é detentora de ações da
outra – conforme será visto no item que trata de Equivalência
Patrimonial, adiante neste curso). A empresa, tendo recebido valores
de outra, incorre na obrigação de devolvê-los. Assim, Suprimentos de
coligadas, sendo uma obrigação, ficam classificados como passivo.

3.4.1.3 Patrimônio Líquido


O patrimônio líquido é definido como a diferença entre o Ativo e o
Passivo. Assim, pela definição, sendo um único valor, não necessitaria
de várias contas que o representassem. Entretanto, a Lei das S/A
determina a existência de várias contas para o Patrimônio Líquido. Para
entender este aparente paradoxo, é necessário colocar que – para
facilitar o entendimento da estrutura do patrimônio – a lei determinou
que a diferença entre Ativo e Passivo (que compõe o Patrimônio Líquido)
deve ser apresentada em vários elementos (cada um referenciando um
dos motivos pelos quais surgiu esta diferença). Os motivos pelos quais
nasce a diferença entre Ativo e Passivo e, consequentemente, ensejam
a existência do Patrimônio Líquido são, em apertada síntese: (1) o fato
de sócios, ou terceiros, colocarem valores na empresa para formação de
seu patrimônio; (2) o fato da empresa lograr lucro com suas atividades.
Acionistas, conta Capital: o termo “Acionistas, conta Capital” é usado
para identificar o valor colocado pelos acionistas (a título de capital) na
formação do patrimônio da empresa. Como esse valor será,
teoricamente, devolvido para os sócios (ao final da existência da
empresa), assim, conclui-se que ele faz parte do Patrimônio Líquido.
Capital: Capital é um termo utilizado com o mesmo sentido de
“Acionistas, conta Capital” e é usado para identificar o valor colocado
pelos acionistas (a título de capital) na formação do patrimônio da
empresa e, portanto, faz parte do Patrimônio Líquido.
Lucros Acumulados: Lucros Acumulados são os resultados auferidos
pela empresa, no desempenho de suas atividades, ainda não destinados

24
Dependendo da exigibilidade de prestações positivas e da possibilidade de devolução
do valor recebido antecipadamente, uma conta com essa denominação poderia
também ser classificada como “Resultado de Exercícios Futuros” – mas esse assunto
será pormenorizadamente discutido quando da apresentação dos grupos patrimoniais
constantes do Balanço Patrimonial, adiante neste curso.

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(a dividendos, formação de reservas ou aumento de capital)25. Como
esse valor também será, teoricamente, devolvido para os sócios (ao
final da existência da empresa), ele faz parte do Patrimônio Líquido.
Reservas de lucro: Reservas de lucro são os resultados auferidos pela
empresa, no desempenho de suas atividades e que foram destinados a
permanecer no patrimônio da empresa até que um dia seja necessária
sua utilização. Como esse valor será, teoricamente, devolvido para os
sócios (ao final da existência da empresa), ele também faz parte do
Patrimônio Líquido.

3.4.2 Contas de Resultado


As contas de resultado somente têm função informativa se
contextualizadas no exercício (no decorrer do intervalo de tempo
compreendido entre o início e o final dos doze meses que compõem o
exercício). Assim, receitas e despesas são, respectivamente, motivos
que ensejam aumentos ou reduções no valor do Patrimônio Líquido –
durante o exercício. Com base nesse conceito, apresentaremos
exemplos de contas de receita e despesa (consideradas genericamente
contas de resultado).

3.4.2.1 Receitas
Juros Ativos: a expressão “Juros ativos” é largamente utilizada para
designar a receita auferida com juros. Para entender o significado dessa
expressão, sugerimos a utilização de duas “palavras mágicas”, que
elucidam o sentido da expressão em tela, são elas: que aumentam.
Assim, “Juros ativos” podem ser entendidos como “Juros que aumentam
ativos”. Ora, Juros que aumentam ativos são juros que aumentam o
patrimônio e, assim, são classificados como Receitas (assim como
qualquer aumento do patrimônio).
Receita Bruta de Vendas: a expressão “Receita Bruta de Vendas”
designa o valor da mercadoria (constante da nota fiscal) de venda26.
Ora, a venda é um motivo pelo qual o patrimônio aumenta, assim, a
Receita Bruta de Vendas consiste em uma receita.

25
A destinação do resultado é um capítulo à parte – fortemente regrada pela Lei das
S/A, a destinação do resultado será estudada adiante neste curso.
26
Na aula que trata de operações com mercadorias, veremos que o valor da
mercadoria (constante da Nota Fiscal) nem sempre é idêntico ao valor pago pelo
comprador, nem ao valor contabilizado a título de estoque de mercadoria. O
importante – nesse ponto da matéria – é saber que a Receita Bruta de Vendas
corresponde ao valor da mercadoria (constante da Nota Fiscal), os demais detalhes
serão estudados em aula própria, adiante neste curso.

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Receitas financeiras: a expressão “Receitas financeiras” é utilizada
para designar aumentos do patrimônio devidos a (1) juros – entendidos
como o valor do dinheiro no tempo – oriundos de transações com
terceiros e (2) aplicações realizadas em instituições financeiras. De
qualquer modo, são aumentos do patrimônio e, por isso, receitas.

3.4.2.2 Despesas
Impostos sobre vendas: a expressão “Impostos sobre vendas” é
utilizada para designar um dos motivos pelos quais o patrimônio
diminui: o surgimento da obrigação de recolher impostos, pela
ocorrência do fato gerador do tributo (saída da mercadoria do
estabelecimento contribuinte ou faturamento – ambos decorrentes,
geralmente, de vendas). Ora, sendo uma hipótese de redução do
patrimônio, trata-se de uma despesa.
Variações Monetárias passivas: a expressão “Variações Monetárias
passivas” é largamente utilizada para designar a despesa (redução no
patrimônio) decorrente da variação de índices econômicos27. Para
entender o significado dessa expressão, sugerimos a utilização de duas
“palavras mágicas”, quais sejam, que aumentam. Assim, “Variações
Monetárias passivas” podem ser entendidos como “Variações Monetárias
que aumentam passivos”. Ora, Variações Monetárias que aumentam
passivos, reduzem o patrimônio. Referenciando reduções do
patrimônio, as Variações Monetárias Passivas são classificadas como
Despesas.

3.4.3 Nomes especiais de conta


Neste item, apresentamos um glossário de contas cujo nome não é
auto-explicativo e, talvez por isso mesmo, sejam as utilizadas nas
questões de prova consideradas difíceis.
a) Juros ativos a incorrer.
Trata-se de uma expressão cujo entendimento demanda a utilização das
duas “palavras mágicas” (que aumentam) e o conhecimento de que a
expressão “a incorrer” significa que os juros são antecipados. Vistos
esses conceitos, temos:

27
A variação monetária mais famosa é aquela decorrente da variação na taxa de
câmbio – denominada Variação Cambial. Exemplificando, quando a empresa tem uma
dívida em dólares, se a taxa de câmbio é alterada (com a valorização da moeda
estrangeira), há um aumento da dívida da empresa (em reais), o que enseja uma
redução no patrimônio e, conseqüentemente, despesa (de Variação Cambial Passiva).

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Juros que aumentam ativos a incorrer

Receita Antecipada

Passivo
Ora, se juros ativos consistem em receita e juros ativos a incorrer
consistem em receita antecipada, conclui-se que juros ativos a incorrer
é uma conta que deve ser classificada no passivo (visto que a receita
recebida antecipadamente caracteriza a obrigação de entrega do bem ou
do serviço relativo a tal receita). Interessante, uma conta em cujo
nome a palavra ativos aparece é classificada como passivo28.
b) Juros passivos a incorrer.
Trata-se de uma expressão cujo entendimento demanda a utilização das
duas “palavras mágicas” (que aumentam) e o conhecimento de que a
expressão “a incorrer” significa que os juros são antecipados. Vistos
esses conceitos, temos:

Juros que aumentam passivos a incorrer

Despesa Antecipada

Ativo

Ora, se “juros passivos” consistem em despesa e “juros passivos a


incorrer” consistem em despesa antecipada e, assim, conclui-se que
“juros passivos a incorrer” é uma conta que deve ser classificada no
ativo (visto que a despesa paga antecipadamente caracteriza o direito
de exigir a entrega do bem ou do serviço relativo à despesa – ou o
dinheiro de volta). Interessante notar que uma conta em cujo nome a
palavra passivos aparece é classificada como ativo.
Importante referenciar que esse mesmo pensamento é aplicável, tanto a
juros, quanto a Variações Monetárias, Variações Cambiais, Aluguéis,
Superveniências, Insubsistências, etc. Importante também referenciar
que a expressão “a incorrer”, no sentido de antecipados (conforme já
visto), eqüivale à expressões como “a vencer”, “a ocorrer”, “a
transcorrer”, etc.

28
Conforme já referenciado, essa conta (dependendo da necessidade ou não de
prestações positivas e da possibilidade de devolução dos juros) pode ser também
classificada como Resultado de Exercícios Futuros, mas esse assunto será estudado em
aula própria adiante neste curso.

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Dessa forma, esquematicamente, temos os seguintes passivos:

Juros
Aluguéis A Vencer
Variações Monetárias Que aumentam Ativos A Transcorrer
Superveniências Antecipados
Insubsistências

Da mesma forma, esquematicamente, temos os seguintes ativos:

Juros
Aluguéis A Vencer
Variações Monetárias Que aumentam Passivos A Transcorrer
Superveniências Antecipados
Insubsistências

A classificação das contas denominadas “Superveniências Ativas” e


“Superveniências passivas” foram objeto de forte discussão há pouco
tempo. Para afastar eventuais dúvidas acerca do assunto, esclarecemos
que, na realidade, estas contas geralmente não são utilizadas na
Contabilidade Geral (entretanto foram objeto de questões de concurso).
Essas contas são características da Contabilidade Pública29. Em seguida,
faremos um breve comentário sobre as superveniências e
insubsistências (ativas e passivas), com exemplos:
Superveniências Ativas: Ocorrem por fatos, inesperados, que têm por
conseqüência o aumento do Ativo e, assim, do Patrimônio Líquido.
Aumentando o Patrimônio Líquido, essas contas são classificadas como
receitas. Como exemplos de superveniências ativas, podemos citar o
recebimento de heranças ou de prêmios e o nascimento de animais do
rebanho.
Superveniências Passivas: Ocorrem por fatos, inesperados, que têm
por conseqüência o aumento do Passivo e, assim, uma diminuição do
Patrimônio Líquido. Reduzindo o Patrimônio Líquido, são classificadas
como despesas. Como exemplo de superveniências passivas, podemos
citar o surgimento de dívidas por perda em processos judiciais ou
administrativos.
Insubsistências Ativas: Ocorrem por fatos, inesperados, que têm por
conseqüência o desaparecimento de um elemento patrimonial que reflita

29
A Contabilidade Pública é o ramo da Contabilidade que se preocupa com o controle e
a evolução do Patrimônio Público, sempre com vistas ao acompanhamento do
Orçamento. O Estudo da Contabilidade Pública é específico e se encontra fora do
escopo deste curso, que trata da Contabilidade em geral e, em especial, comercial.

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um aumento do patrimônio. Consistindo em aumentos do Patrimônio, as
insubsistências ativas são contas representativas de receitas. Como
exemplos de insubsistências ativas, podemos citar quaisquer
desaparecimentos de obrigações (o perdão ou cancelamento de dívidas,
a prescrição para o Estado cobrar uma dívida, etc).
Insubsistências Passivas: Ocorrem por fatos, inesperados, que têm
por conseqüência o desaparecimento de um elemento patrimonial que
reflita uma diminuição do Patrimônio Líquido. Consistindo em reduções
do patrimônio, essas contas são representativas de despesas. Como
exemplos, podemos citar quaisquer desaparecimentos de bens ou
direitos (a morte de um animal, o Perdão de direitos, a prescrição na
cobrança de uma duplicata a receber e outras perdas de ativo – por
incêndio, inundação, furtos, etc).
Alguns autores tratam os termos insubsistências do ativo como sinônimo
de insubsistências ativas (e insubsistências do passivo como sinônimo
de insubsistências passivas), isso não é recomendável30 porque tira toda
a lógica de denominação de contas acima apresentada.
Porém, como não há normatização legislativa no tocante ao nome de
contas contábeis, somente com a interpretação do texto, dentro do
contexto em que se encontra a expressão utilizada para denominar a
referida conta contábil, é que poderemos classificá-la.

4 Lançamentos, Livros Contábeis e Livros Fiscais


4.1 Conceito de lançamentos
O lançamento é o registro dos fatos contábeis, em livros, utilizando
– para isso – o plano de contas da empresa/azienda, seguindo o
método das partidas dobradas.
O registro dos fatos contábeis, em seu conjunto, denomina-se
escrituração. A escrituração, portanto, é encontrada nos Livros
contábeis.

4.2 Livros de Escrituração


Em que pese a expressão “Escrituração” ser utilizada de forma genérica
– representando o registro de todos os eventos relevantes para a
organização (inclusive aqueles sem conotação diretamente patrimonial),
para os fins de nosso curso, o interesse é estudar a escrituração

30
E, inclusive, criticado – também – por outros autores – conforme Ferrari, Ed Luiz.
Contabilidade Geral: teoria e 950 questões. 6a ed. – Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.
Página 109.

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especificamente dos fatos contábeis (ou seja, a escrituração de eventos
relacionados com as modificações qualitativas e/ou quantitativas do
patrimônio).
Para situar a questão, faz-se necessária uma breve apresentação do
conjunto de livros onde constam as mais diversas informações acerca de
eventos ocorridos na vida da empresa, para – em seguida – apresentar
de forma mais detalhada os livros contábeis, que serão referenciados ao
longo de todo nosso curso. Assim, veremos, a seguir, livros fiscais,
livros societários, livros trabalhistas e, finalmente, livros contábeis.

4.2.1 Livros Fiscais

4.2.1.1 Livros Exigidos pelo Fisco Federal


O Fisco Federal determina a utilização de livros especificamente para
apuração da base de cálculo de tributos, são eles:
a) exigidos pela Legislação do IPI.
O Livro Registro de Apuração do IPI. Nesse livro, são registrados os
valores de IPI devidos por saídas de mercadorias do estabelecimento.
Nele também encontram-se registrados os valores relativos ao direito,
do contribuinte, de deduzir (do valor devido pelas saídas dos produtos)
os valores do tributo já recolhidos em etapas anteriores do ciclo
econômico, referentes às compras de insumos (também referenciados
como créditos31 de IPI, nas entradas).
O Livro Registro de Controle da Produção e do Estoque. Este livro
deve ser utilizado por estabelecimentos industriais ou a ele equiparados
pela Legislação do IPI, para controle quantitativo da produção e do
estoque de mercadorias.
O Livro Registro do Selo Operacional de Controle. Nesse livro são
registradas as aquisições de selos de controle (realizadas junto ao
Ministério da Fazenda) e sua respectiva utilização para saída de
produtos controlados por selo (bebidas e cigarro – por exemplo), com
referência ao saldo existente de selos em poder do contribuinte.
b) Exigidos pela Legislação do Imposto de Renda
O Livro de Apuração do Lucro Real – LALUR. Esse livro é utilizado
pelos contribuintes que apuram a base de cálculo do Imposto de Renda

31
Importante. O termo crédito é utilizado (no âmbito da legislação do IPI) em sua
acepção corriqueira (direito). Não confundir com a idéia de natureza credora de conta
contábil apresentada quando do estudo da teoria Personalística das contas.

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da Pessoa Jurídica pela sistemática do Lucro Real32. O Lucro Real
consiste no próprio lucro contábil da empresa, ajustado (por adições e
exclusões de valores e, ainda, compensações do resultado do período
com prejuízos fiscais – bases de cálculo negativas – de períodos
anteriores). É no LALUR que são registrados os ajustes ao Lucro Líquido
contábil, para apuração do Lucro Real (base de cálculo do Imposto de
Renda).
O Livro Registro de Inventário. No Livro de Inventário, no qual
deverão constar registrados os estoques existentes no término de cada
período de apuração do Imposto de Renda, deverão ser arrolados, com
especificações que facilitem sua identificação, as mercadorias, os
produtos manufaturados, as matérias-primas, os produtos em
fabricação e os bens em almoxarifado existentes na data do balanço
patrimonial levantado ao fim da cada período de apuração do tributo.
O Livro Registro de Compras. No livro Registro de compras constam
as informações de aquisições da empresa. Esse livro pode ser
substituído pelo Livro de Entradas (exigido pela legislação estadual e
visto logo a seguir).
O Livro Registro Permanente de Estoque, para as pessoas jurídicas
que exercerem atividades de compra, venda, incorporação e construção
de imóveis, loteamento ou desmembramento de terrenos para venda;
O Livro de Movimentação de Combustíveis, a ser escriturado
diariamente pelo posto revendedor.
O Livro Caixa. Pequenas empresas – optantes pela sistemática
simplificada de apuração e pagamento conjunto de tributos e
contribuições federais, denominada SIMPLES, bem como aquelas que
apuram a base de cálculo do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica pela
sistemática do Lucro Presumido, para apuração da base de cálculo dos
tributos devidos, estão dispensadas da escrituração contábil completa,
bastando manter o Livro Caixa, no qual deverá estar escriturada toda a
sua movimentação financeira, inclusive bancária.

4.2.1.2 Livros Exigidos pelo Fisco Estadual


A competência tributária Estadual compreende vários tributos, porém o
mais relevante (do ponto de vista da arrecadação, e também da
complexidade) é o ICMS – Imposto Sobre a Circulação de Mercadorias e
Serviços (de transporta interestadual e intermunicipal e de

32
Observação, a base de cálculo do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica pode ser (1)
o Lucro Real, (2) O Lucro Presumido e (3) o Lucro Arbitrado. Neste curso, serão
apresentados cada um desses conceitos na aula em que são analisadas as destinações
do resultado.

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telecomunicações). Assim, a maioria dos livros se destina ao controle
deste tributo. A seguir, relacionamos os livros mais utilizados com uma
breve referência a cada um deles.
a) Registro de Inventários. Já apresentado no item anterior.
b) Registro de Entradas de Mercadorias. Consiste em um livro
em que são registradas informações sobre bens adquiridos pelo
contribuinte. Este livro é importante para servir de base à
apuração de créditos (no sentido comum da palavra – direito de
compensar o imposto devido) de ICMS, bem como de IPI,
relativo às aquisições de mercadorias e produtos, atinente ao
tributo já recolhido nas etapas anteriores do ciclo produtivo
(pela aplicação do princípio da não-cumulatividade que informa
ambos os tributos).
c) Registro de Saídas de Mercadorias. Consiste em livro onde
estão registradas informações sobre a venda de mercadorias,
bem como sobre saídas a outros títulos (demonstração,
transferência, etc.). A informação constante desse livro é
importante para apuração do ICMS e, também, do IPI.
d) Registro de Utilização de Documentos Fiscais e Termos
de Ocorrência. Este livro deve ser utilizado por todos os
estabelecimentos obrigados à emissão de documentos fiscais,
identificando os documentos emitidos, para utilização pelo
estabelecimento. Neste livro, o fisco – também – consigna
informações sobre o início da ação fiscal, autos de infração,
retenção de material e demais atos.
e) Registro de Impressão de Documentos Fiscais. Este livro deve
ser utilizado pelos estabelecimentos que confeccionam
documentos fiscais (gráficas) e se destina à conferência, pelo
fisco, dos documentos impressos frente àqueles utilizados.

4.2.1.3 Livros Exigidos pelo Fisco Municipal


Como na competência tributária dos Municípios o tributo mais
importante é o ISS (Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza), os
livros fiscais exigidos pelo fisco municipal se destinam ao controle da
apuração da base de cálculo e do valor devido desse tributo. Sendo a
legislação desse tributo muito diversa – de município para município –
apresentaremos (exemplificativamente) o caso do Município de São
Paulo (o maior do País), que possui os seguintes livros33:

33
Ferrari, Ed Luiz. Contabilidade Geral: teoria e 950 questões. 6a ed. – Rio de Janeiro:
Elsevier, 2006. Página 194

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a) Registro de Prestação de Serviços;
b) Registro de Contratos de Prestação de Serviços;
c) Recebimento de Impressos Fiscais e Termos de Ocorrência.

4.2.2 Livros Societários


As sociedades anônimas34 estão sujeitas a livros especiais, que têm por
objetivo controlar as operações relativas à circulação de ações e à
administração da empresa. Estes livros estão definidos no CAPÍTULO IX
- Livros Sociais, art. 100 da Lei n° 6.404, de 1976, e são os seguintes:
a) Livro Registro de Ações Nominativas;
b) Livro de Transferência de Ações Nominativas;
c) Livro Registro de Partes Beneficiárias Nominativas;
d) Livro Transferência de Partes Beneficiárias Nominativas;
e) Livro de Atas das Assembléias Gerais;
f) Livro de Presença dos Acionistas;
g) Livro de Atas das Reuniões do Conselho de Administração;
h) Livro de Atas das Reuniões de Diretoria;
i) Livro de Atas e Pareceres do Conselho Fiscal
A seguir, para fins de ilustração, encontra-se reproduzido o citado artigo
100 da Lei das S/A:
Art. 100. A companhia deve ter, além dos livros
obrigatórios para qualquer comerciante, os seguintes,
revestidos das mesmas formalidades legais:
I - o livro de Registro de Ações Nominativas, para
inscrição, anotação ou averbação:
a) do nome do acionista e do número das suas ações;
b) das entradas ou prestações de capital realizado;
c) das conversões de ações, de uma em outra espécie ou
classe;
d) do resgate, reembolso e amortização das ações, ou de
sua aquisição pela companhia;
e) das mutações operadas pela alienação ou transferência
de ações;
f) do penhor, usufruto, fideicomisso, da alienação fiduciária
em garantia ou de qualquer ônus que grave as ações ou
obste sua negociação.

34
Sociedades que têm seu capital divididos em títulos – denominados ações (conforme
visto na aula 01).

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II - o livro de "Transferência de Ações Nominativas", para
lançamento dos termos de transferência, que deverão ser
assinados pelo cedente e pelo cessionário ou seus
legítimos representantes;
III - o livro de "Registro de Partes Beneficiárias
Nominativas" e o de "Transferência de Partes Beneficiárias
Nominativas", se tiverem sido emitidas, observando-se,
em ambos, no que couber, o disposto nos números I e II
deste artigo;
IV - o livro de Atas das Assembléias Gerais;
V - o livro de Presença dos Acionistas;
VI - os livros de Atas das Reuniões do Conselho de
Administração, se houver, e de Atas das Reuniões de
Diretoria;
VII - o livro de Atas e Pareceres do Conselho Fiscal.
Cuidado! Este assunto também já foi questão de prova.

4.2.3 Livros Trabalhistas


Os livros trabalhistas são exigidos pela fiscalização federal, com base
em dispositivos da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, são eles:
a) Livro de Registro de Empregados;
b) Livro de Inspeção do Trabalho.

4.2.4 Livros Contábeis – Livro Diário e Livro Razão


Os livros contábeis são aqueles que têm por objetivo o registro de fatos
contábeis (atinentes ao patrimônio e sob o ponto de vista do controle do
patrimônio e da apuração do resultado).
A escrituração é realizada nos livros – principais – Diário e Razão. Esses
livros são ditos livros principais porque registram todos os fatos
contábeis.
Ao lado dos livros principais, existem livros auxiliares que servem para o
registro de apenas alguns fatos contábeis (que tenham alguma
característica especial). Por exemplo: (1) livro caixa – que serve para
registro apenas de fatos contábeis que envolvam movimentação de
numerário (dinheiro) e (2) livro de contas-correntes, que registram fatos
contábeis que envolvam transações de empresas que – reciprocamente
– figuram como credoras e devedoras umas das outras (com o objetivo
de controlar a compensação35 de dívidas recíprocas).

35
A compensação é uma forma de extinção de obrigação em que duas pessoas (que
possuam dívidas recíprocas) têm suas dívidas extintas até o limite da menor delas

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A escrituração, portanto, no sentido (restrito) de registro dos fatos
contábeis, em seu conjunto, é feita nos livros principais: o Livro Diário e
o Livro Razão.
O Livro Diário é um livro que contém o registro de cada lançamento em
ordem cronológica (nos permite compreender a seqüência de
acontecimentos ocorridos na empresa).
O Livro Razão é um livro que contém o registro destes mesmos
lançamentos, porém ordenados por conta (nos permite analisar o
comportamento de um dado elemento patrimonial no tempo).

4.2.4.1 O Livro Diário


O Diário é um livro obrigatório para fins de escrituração contábil, pelo
Código Civil, conforme arts. 1.179 e 1.180, a seguir transcritos, para
fins de clareza:
Art. 1.179. O empresário e a sociedade empresária são
obrigados a seguir um sistema de contabilidade,
mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de
seus livros, em correspondência com a documentação
respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial
e o de resultado econômico.
§ 1o Salvo o disposto no art. 1.180, o número e a espécie
de livros ficam a critério dos interessados.
§ 2o É dispensado das exigências deste artigo o pequeno
empresário a que se refere o art. 970.
Art. 1.180. Além dos demais livros exigidos por lei, é
indispensável o Diário, que pode ser substituído por fichas
no caso de escrituração mecanizada ou eletrônica.
Parágrafo único. A adoção de fichas não dispensa o uso de
livro apropriado para o lançamento do balanço patrimonial
e do de resultado econômico.
A escrituração mantida no Livro Diário, com observância das disposições
legais, faz prova a favor da empresa, dos fatos nele registrados e
comprovados por documentos hábeis. Para merecer fé, no entanto, o
Diário deve atender a determinadas exigências e preencher certas
formalidades:
- extrínsecas  relacionadas com sua apresentação exterior;
- intrínsecas  relacionadas com a escrituração.

4.2.4.1.1 Formalidades extrínsecas do diário

ficando aquela que tiver a maior das dívidas obrigada a pagar apenas a diferença à
outra.

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Formalidades extrínsecas são aquelas relacionadas com a forma do
Diário. São formalidades extrínsecas do Diário as seguintes:
a) ser encadernado;
b) ter suas folhas numeradas tipograficamente;
c) ser registrado no Registro do Comércio ou Cartório de Registro
Civil das Pessoas Jurídicas;
d) conter termos de abertura e de encerramento devidamente
preenchidos e autenticados.
A finalidade dessas formalidades extrínsecas é garantir a fidedignidade
das informações constantes da escrituração do livro Diário, dificultando
– ao máximo – sua adultaração. Exemplificativamente, o fato de ser
encadernado e com numeração tipográfica dificulta que folhas suas
sejam arrancadas ou, entre elas inseridas outras.
A inobservância das formalidades extrínsecas invalida todo o Diário que
passa a fazer prova apenas contra a empresa.

4.2.4.1.2 Formalidades intrínsecas


Formalidades instrínsecas são aquelas relacionadas com o conteúdo do
livro. Constituem formalidades intrínsecas:
a) a utilização do idioma nacional e da moeda corrente do país;
b) o uso da linguagem mercantil;
c) a individualização e clareza dos lançamentos nele feitos;
d) o registro dos fatos em rigorosa ordem cronológica de dia, mês e
ano;
e) a inexistência, na escrituração, de intervalos em branco,
entrelinhas, borrões, rasuras, emendas, ou transportes para as
margens.
As formalidades intrínsecas objetivam resguardar a relação biunívoca
entre os fatos ocorridos e os registros realizados no livro, evitando a
modificação do registro ou a inserção de dados entre eles.
Há tempos, quando o Livro Diário ainda era preenchido manualmente,
havia uma grande preocupação com a qualidade da informação nele
registrada, justamente pela dificuldade de retificação de eventuais erros.
É bem verdade que, atualmente, com o advento da Informática, o uso
do computador facilitou sobremaneira a retificação de eventuais erros
de registro contábil, pois até o final do exercício (quando a empresa –
então – imprime o conteúdo do livro diário, encaderna e leva para
registro) modificações podem ser feitas na informação. Entretanto,

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após sua impressão, encadernação e registro, não é mais possível sua
alteração – o que garante suas formalidades.
A inobservância das formalidades intrínsecas invalida apenas o registro
ou registros onde elas ocorrerem.

4.2.4.2 O Livro Razão


O livro razão apresenta os mesmos lançamentos registrados no livro
Diário em uma ordem diferente:
- por conta contábil;
- dentro de cada conta, por ordem cronológica.
Por essa razão, enquanto o Livro Diário é conhecido como um livro
cronológico, o Livro Razão é conhecido como um livro sistemático.
A utilização do livro Razão tem por fim permitir, a qualquer hora,
conhecer a composição qualitativa e quantitativa do patrimônio:
- quais elementos compõem o patrimônio;
- qual a expressão monetária de valor que cada um desses
elementos apresenta naquele momento.
O Livro Razão, portanto, é também um livro principal (assim como o
Livro Diário), pois nele constam informações sobre todos os fatos
contábeis.
Finalmente, cabe referenciar que – apesar da inegável importância da
informação disposta sistematicamente (por conta), conforme é
característico do Livro Razão – tal livro não era considerado obrigatório
pela legislação societária e comercial. O razão somente se tornou
obrigatório, para fins fiscais, com o advento da lei 8.218/91 - para as
empresas que tributarem seus resultados pela sistemática do Lucro
Real. Tal obrigação permanece até o presente, conforme consolidado
pelo Regulamento do Imposto de Renda (Decreto 3.000, de 1999), em
seu art. 259, a seguir:
Livro Razão
Art. 259. A pessoa jurídica tributada com base no lucro
real deverá manter, em boa ordem e segundo as normas
contábeis recomendadas, Livro Razão ou fichas utilizados
para resumir e totalizar, por conta ou subconta, os
lançamentos efetuados no Diário, mantidas as demais
exigências e condições previstas na legislação (Lei nº
8.218, de 1991, artigo 14, e Lei nº 8.383, de 1991, artigo
62).
§ 1º A escrituração deverá ser individualizada, obedecendo
à ordem cronológica das operações.

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§ 2º A não manutenção do livro de que trata este artigo,
nas condições determinadas, implicará o arbitramento do
lucro da pessoa jurídica (Lei nº 8.218, de 1991, artigo 14,
parágrafo único, e Lei nº 8.383, de 1991, artigo 62).
§ 3º Estão dispensados de registro ou autenticação o Livro
Razão ou fichas de que trata este artigo.
Uma último detalhe – de grande importância – referente ao Livro
Razão, é que ele não está sujeito às formalidades (extrínsecas ou
intrínsecas) do Livro Diário. Essa situação é uma decorrência lógica do
fato de que as informações nele contidas devem ser idênticas àquelas
do Livro Diário. Assim, uma vez verificada a identidade de informações
entre os dois livros, ainda que não haja formalidade nenhuma
determinada para o Livro Razão, as formalidades exigidas para o Livro
Diário (que têm por objetivo garantir a fidedignidade das informações do
Livro Diário) já garantem a fidedignidade das informações do Livro
Razão – por serem elas idênticas (apenas apresentadas em ordem
diferente).

4.2.5 Considerações finais sobre os livros de escrituração


Foi visto, nos itens acima, que o conceito de escrituração (em sentido
amplo) alcança mais do que o registro do efeito no patrimônio dos
eventos ocorridos na empresa. Além da preocupação com o patrimônio,
esses registros têm objetivo de controle de informações sensíveis para o
fisco/Estado (notadamente os registros dos livros fiscais e trabalhistas)
e para os acionistas (os registros dos livros societários).
Nosso curso, entretanto, é direcionado para o estudo do Patrimônio (o
objeto da Contabilidade), portanto, a escrituração que será trabalhada
daqui por diante, é aquela considerada em seu sentido restrito
(direcionada ao controle do patrimônio – nos livros contábeis Diário e
Razão).

4.3 Elementos do lançamento


Como os fatos contábeis podem se referir à permuta de valores entre
elementos patrimoniais, aumento/diminuição do Patrimônio Líquido, ou
ambos, cada lançamento deverá apresentar, no mínimo, duas contas
envolvidas. Uma destas contas será aquela que recebe débitos e a
outra será aquela que recebe créditos.
Os itens básicos de cada lançamento são:
a) Data – a data é importante para que se possa ordenar os
lançamentos de forma cronológica (formalidade indispensável
para o Livro Diário);
b) conta devedora (débito);

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c) conta credora (crédito);
d) valor;
e) histórico – no histórico, deve ser explicado o fato contábil
ocorrido (em linguagem clara e concisa) e referenciados os
documentos que suportam o lançamento.
Vistos os elementos do lançamento, resta uma dúvida: Quando é que
uma conta receberá um débito e quando é que uma conta receberá um
crédito?
Uma abordagem mais tradicional da contabilidade, correta, porém (no
meu entender) não tão didática:
1 - Utilizaria os conceitos da Teoria Personalística, que explicam a razão
pela qual:
a) contas de Ativo aumentam de saldo quando recebem débitos e
reduzem de saldo quando recebem créditos;
b) contas de Passivo aumentam de saldo quando recebem créditos
e reduzem de saldo quando recebem débitos;
c) contas de despesa somente aumentam de saldo (durante o
exercício) e sempre recebem débitos;
d) contas de receita somente aumentam de saldo (durante o
exercício) e sempre recebem créditos; e
e) contas de Patrimônio Líquido aumentam de saldo quando
recebem créditos e reduzem de saldo quando recebem débitos.
2 – Aplicaria esses conceitos aos fatos contábeis (conforme exemplos já
vistos) e
3 – Identificaria, conforme o fato contábil, as contas que tiveram seus
valores (saldos) aumentados ou reduzidos, para – em seguida –
determinar qual delas receberia débitos e créditos.
Apenas a título ilustrativo, apresentaremos um exemplo – onde essa a
abordagem é aplicada – aproveitando um fato contábil já visto na aula
02 deste curso (Compra de Móveis a prazo):
Partindo de um patrimônio inicial que tenha apenas dinheiro (R$
50.000,00 em dinheiro colocado pelos sócios), conforme a seguir:

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Ativo Passivo
Dinheiro 50.000,00 Obrigações -

--------------------------- Patrimônio Líquido


Diferença (A-P) 50.000,00

Consideraremos a ocorrência do evento compra de móveis a prazo (no


valor de dez mil reais):
a) Irá aparecer, nesse patrimônio, um elemento que antes não existia –
um bem  representando os móveis adquiridos.
b) Irá aparecer, nesse patrimônio, também, uma obrigação que antes
não existia  a obrigação de pagar o fornecedor pelos móveis
adquiridos.
Assim, o patrimônio, imediatamente após a ocorrência do fato descrito,
irá ter a seguinte configuração:

Ativo Passivo
Dinheiro 50.000,00 Obrigações com fornecedores 10.000,00

Móveis 10.000,00
------------------------------------------- Patrimônio Líquido
Diferença (A-P) 50.000,00
50.000+10.000-10.000

Veja que se, por um lado, o Ativo aumentou em R$ 10.000,00 e, por


outro lado, o Passivo também aumentou em R$ 10.000,00. Portanto:
- se o ativo aumentou (e as contas de ativo aumentam por
débitos) deverá ser registrado um débito na conta de ativo
Móveis;
- se o passivo aumentou (e as contas de ativo aumentam por
créditos) deverá ser registrado um crédito na conta de passivo
fornecedores.
Dessa forma, conclui-se que o registro contábil apresentará, como itens
básicos do lançamento, os seguintes:
a) Data – a data de ocorrência do evento (por exemplo 23 de
fevereiro de 2006);
b) conta devedora (débito) – a conta de Ativo Móveis;

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c) conta credora (crédito) – a conta de Passivo Fornecedores;
d) valor – o valor da compra R$ 10.000,00;
e) histórico – o histórico, explicado o evento ocorrido e
referenciados os documentos que suportam o lançamento
Compra de móveis nesta data, conforme nota fiscal n° XXX.
Em nosso curso, para fins de simplificação e com objetivos didáticos,
para referenciar um lançamento contábil, iremos deixar de apresentar a
data e o histórico. Adicionalmente iremos identificar a conta que recebe
débitos com a letra “D” imediatamente antes de seu nome e a conta que
recebe créditos com: (1) a letra “C” e (2) a palavra reservada “a”36,
imediatamente antes de seu nome. Assim, o lançamento em questão
ficaria da seguinte forma:
D= Móveis
C = a Fornecedores 10.000,00
Repare que é perfeitamente possível analisar o fato contábil e verificar
as modificações ocorridas no Ativo, Passivo e no Patrimônio Líquido,
para, somente então, identificar a conta que deverá ser debitada e a
conta que deverá ser creditada. Porém, conforme visto no exemplo
acima, é muito trabalhoso e não permite alcançar um dos objetivos
propostos no início do curso, qual seja: ver o fluxo de valores entre
elementos patrimoniais acontecendo, a cada fato contábil.
Em outras palavras, o que nós desejamos que o estudante possa fazer é
verificar valores que saem de um lugar (no patrimônio) para serem
aplicados em outro lugar (do patrimônio), a cada fato contábil.
Ocorre que há uma regra, denominada regra das partidas dobradas
que determina: Para todo débito haverá um crédito de igual valor. Essa
regra é muito conhecida (consta da totalidade dos bons livros de
Contabilidade) e, como tudo que é muito famoso, pouco discutida. Aqui,
nós vamos (a partir da análise dessa regra) propor uma abordagem
especial que, em nosso entender, facilitará o aprendizado.
Repare que o procedimento acima descrito (exemplificativamente – para
registro contábil do fato compra de móveis a prazo, no valor de R$
10.000,00) resultou em um débito no valor de R$ 10.000,00 e em um
crédito no mesmo valor de R$ 10.000,00. Fica faltando entender a
razão que determina que esses valores sejam idênticos, o que somente
poderá ser realizado com uma visão mais detalhada dos conceitos de
débito e crédito no âmbito de cada fato contábil.

36
A palavra reservada “a” é tradicionalmente utilizada para indicar a(s) conta(s) que
recebe(m) créditos, no lançamento. Provavelmente, com o sentido de “à origem de...
(seguido do nome da conta)”.

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Isso será visto imediatamente a seguir.

4.4 O Débito e o Crédito – conceitos fundamentais no


lançamento
O modelo contábil considera que cada aumento ou diminuição do valor
de qualquer elemento do patrimônio possui uma causa em um outro
elemento do patrimônio, este é o cerne do sistema de débitos e créditos
dos lançamentos contábeis.
Com objetivo exclusivamente didático, podemos parodiar Milton
Friedmann37, que afirmava “não existe almoço gratuito”, ou seja, não
existe a possibilidade de se receber algo sem que isto tenha tido um
motivo – uma origem. Transferindo essa idéia para o patrimônio, temos
que: sempre que aparecer um novo item no patrimônio, ele não
aparece como “geração espontânea”, mas ele veio de algum
lugar – no caso, de um outro elemento do patrimônio.
Portanto, para cada centavo aplicado em um elemento do patrimônio,
deverá ser identificado outro elemento deste patrimônio de onde este
valor tenha se originado.

4.4.1 O Débito
O débito representa uma aplicação, de um valor, em um elemento do
patrimônio. Quando, por exemplo, se adquire um móvel para
pagamento a prazo, para o registro desse fato, deve ser APLICADO um
valor na conta Móveis.
Utilizando a metáfora da caixa de areia (QUE, AGORA, VAI CLAREAR
TODO O PENSAMENTO!), imagine que a conta Móveis seja representada
por um montinho de areia (quanto maior o valor dos móveis, maior será
o tamanho do montinho de areia). Se for APLICADO um valor nesse
elemento patrimonial – móveis –, metaforicamente, o acontecimento
pode ser encarado como se tivesse sido APLICADA (colocada) areia no
montinho que representa a conta móveis. Por óbvio, o tamanho do
montinho vai aumentar. Veja que nossa metáfora está rigorosamente
de acordo com as regras de escrituração:
- aplicação de areia em um montinho aumenta seu tamanho;
- débito em um ativo aumenta seu valor.

37
Milton Friedman, economista da escola de Chicago – ganhador do prêmio Nobel –
que ficou famoso pela frase “There's no such thing as a free lunch” (traduzida – de
forma livre – por: não existe almoço gratuito), ou seja, para tudo há um preço – e um
motivo.

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Assim, encarando o DÉBITO como a aplicação de valor em um elemento
do patrimônio, deduz-se – sem dificuldades – que o débito aumenta o
valor de ativos (conforme a regra demonstrada quando da apresentação
da Teoria Personalística, acima).

4.4.2 O Crédito
O crédito representa a origem do valor que foi aplicado em um elemento
do patrimônio. Analisando o mesmo exemplo, quando se adquire um
móvel a prazo, vimos que há uma aplicação de valor no elemento
patrimonial móveis (débito na conta móveis), mas de onde teria vindo o
valor aplicado no elemento patrimonial móveis? Como resposta, temos
que, a origem da aplicação feita na conta móveis foi a obrigação de se
pagar este valor ao fornecedor (contraindo a obrigação de pagar ao
fornecedor, adquirimos a possibilidade de aplicar um valor no elemento
patrimonial móveis).
Utilizando, de novo, a metáfora da caixa de areia, consideramos que
Passivos são representados por buracos na areia. Assim, o
surgimento de uma obrigação (de pagar fornecedores), representada
pela conta fornecedores, pode ser vista como um buraco cavado na
areia. Portanto, imagine um buraco (denominado fornecedores) sendo
cavado na areia. Desse buraco sai a areia, necessária e suficiente, para
ser aplicada no montinho denominado móveis.
Essa é a essência da idéia de crédito: a origem do valor utilizado para a
realização de uma aplicação em um elemento do patrimônio.
Se a origem do valor aplicado no elemento patrimonial móveis,
metaforicamente representado por um montinho de areia, é a areia
cavada do buraco denominado fornecedores. Por óbvio, o tamanho do
buraco fornecedores vai aumentar. Veja que nossa metáfora está
rigorosamente de acordo com as regras de escrituração:
- Se for retirada areia, cavada de um buraco do patrimônio, para
ser aplicada em outro local do patrimônio (origem dessa
aplicação), o tamanho do buraco aumenta;
- crédito em um passivo aumenta seu valor.
Assim, encarando o CRÉDITO como a origem do valor aplicado em um
elemento do patrimônio, deduz-se – sem dificuldades – que o crédito
aumenta o valor de passivos (conforme a regra demonstrada quando da
apresentação da Teoria Personalística, acima).

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4.4.3 Conclusão – a relação entre o débito e o crédito em um fato
contábil
A areia colocada em um elemento do patrimônio (para aumentar o
tamanho de um montinho, ou para tapar um buraco) tem que –
mandatoriamente – ter tido sua origem em outro elemento deste
patrimônio, ou seja, tem que ter saído de um montinho (que, então, fica
menor), ou tem que ter saído de um buraco (que, então, fica maior).
Ora, a quantidade de areia que sai de um elemento do patrimônio deve
ser igual à quantidade de areia aplicada no outro elemento (a areia não
é gerada – aleatoriamente – nem desaparece, como num passe de
mágica).
Portanto, se débitos são aplicações e créditos origens, então o valor do
débito deve sempre ser igual ao valor do crédito.

4.4.3.1 Exemplo
Como uma figura diz mais do que mil palavras, passamos a ilustrar – a
seguir – a idéia acima apresentada, sempre considerando que:
(1) o Patrimônio é considerado como uma caixa de areia;
(2) o valor do patrimônio é proporcional à quantidade de areia existente
entre Ativos e Passivos;
(3) Ativos são montinhos de areia;
(4) Passivos são buracos cavados na areia;
(5) Patrimônio Líquido também é representado por buracos cavados na
areia;
(6) Despesas, como reduções no patrimônio, são representadas por uma
lata de lixo (onde é jogado fora a areia, que sai do patrimônio –
reduzindo-o).
(7) Receitas, como aumentos do patrimônio, são representadas por um
pára-quedas (de onde vem a areia, que cai no patrimônio –
aumentando-o).
(8) débito é aplicação de areia em um elemento do patrimônio; e
(9) crédito é a origem da areia aplicada.
Situação inicial:

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Ativo Passivo
Dinheiro 50.000,00 Obrigações -

--------------------------- Patrimônio Líquido


Diferença (A-P) 50.000,00

Análise do Fato

Ativo Passivo
Dinheiro 50.000,00 Fornecedores 10.000,00

Móveis 10.000,00
------------------------------------------- Patrimônio Líquido
Diferença (A-P) 50.000,00

Repare que, no caso, são aplicados R$ 10.000,00 no elemento


patrimonial móveis, cuja origem é o elemento patrimonial Fornecedores.
Em outras palavras, seguindo a metáfora da caixa de areia, são cavadas
“dez mil grãos de areia” do “buraco patrimonial” Fornecedores (de onde
sai areia) e essa areia é aplicada no “montinho patrimonial” Móveis
(para onde vai a areia).
Visualmente, temos uma bolinha, representando a origem (crédito) e
uma setinha, representando a aplicação (débito). Assim, podemos
combinar: débitos são setinhas, créditos são bolinhas, e a areia sai da
bolinha e é aplicada na setinha.
Registro
Com as considerações acima, temos que o débito deve ser registrado na
conta Móveis e o crédito na conta Fornecedores, conforme o
lançamento38 a seguir:

38
Conforme já visto, em nosso curso, para fins de simplificação e com objetivos
didáticos, para referenciar um lançamento contábil, iremos deixar de apresentar a data
e o histórico. Adicionalmente iremos identificar a conta que recebe débitos com a letra
“D” imediatamente antes de seu nome e a conta que recebe créditos com: (1) a letra
“C” e (2) a palavra reservada “a”, imediatamente antes de seu nome.

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D= Móveis
C = a Fornecedores 10.000

Situação Final

Ativo Passivo
Dinheiro 50.000,00 Fornecedores 10.000,00

Móveis 10.000,00
------------------------------------------- Patrimônio Líquido
Diferença (A-P) 50.000,00

4.4.3.2 Comentários
Se há uma frase que pode sintetizar esse conjunto de conceitos ela é a
seguinte: bolinha é crédito, setinha é débito. Sempre que nós
visualizarmos um patrimônio e, nele, contextualizarmos a ocorrência de
um fato contábil, veremos areia saindo de um lugar (origem – bolinha –
crédito) e sendo colocada em outro lugar (aplicação – setinha – débito).
Então, de novo bolinha é crédito, setinha é débito.
Este será o nosso ponto de partida, para todas as conclusões
importantes acerca dos lançamentos:
a) Setinha (aplicação) de areia em um montinho de areia
aumenta o tamanho do montinho. Isso quer dizer que
débito em conta de ativo aumenta o saldo da conta.
b) Setinha (aplicação) de areia em um buraco cavado na
areia reduz o tamanho do buraco. Isso quer dizer que
crédito em conta de passivo reduz o saldo da conta; quer
dizer – também – que débito em conta de patrimônio
líquido reduz o saldo da conta.
c) A setinha (aplicação de areia), na lata de lixo, (jogada
para fora do conjunto que representa bens, direitos e
obrigações – patrimônio), reduz a quantidade total de
areia existente (entre montinhos representativos de
bens/direitos e buracos representativos de obrigações), no
patrimônio, implicando redução do valor do patrimônio.
Isso quer dizer que despesas são contas onde somente

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são registrados débitos (aplicações de valores) e,
portanto, seu saldo somente aumenta, durante o
exercício.39
d) A areia que “cai do céu – de pára-quedas” (ou seja, que
tem origem fora do conjunto que representa bens, direitos
e obrigações – patrimônio) aumenta a quantidade de areia
existente no patrimônio, pois “cai no colo” do conjunto de
montinhos representativos de bens/direitos e buracos
representativos de obrigações, do patrimônio, implicando
aumento do valor do patrimônio. Isso quer dizer que
receitas são contas onde somente são registrados créditos
(origens de valores) e, portanto, seu saldo somente
aumenta, durante o exercício.40
e) Toda areia que vem (1.a) do céu, de pára-quedas, ou
(2.a) de um buraco, cavada, ou (3.a) de um montinho,
desbastado; deve ser aplicada (1.b) na lata de lixo, jogada
fora, ou (2.b) em um buraco, tapando-o, ou (3) em um
montinho, aumentando-o. Isso quer dizer que para toda
origem há uma aplicação de igual valor, ou seja, para todo
crédito há um débito de igual valor.

4.5 Representação do lançamento nos livros Diário e Razão


É importante reconhecer o lançamento, conforme ele é registrado nos
livros Diário e Razão. Visto que o conteúdo do lançamento – nos dois
livros – deve ser idêntico, o que difere é simplesmente a forma. Assim,
no próximo item, estudaremos a forma de apresentação do lançamento
em cada um desses livros.

4.5.1 Regra geral

4.5.1.1 No Livro Diário


No diário, os lançamentos são apresentados em ordem cronológica.
Assim, as duas partes do lançamento (a aplicação/débito e a
origem/crédito) são apresentadas em seqüência:

39
Repare que durante o exercício, não se tira areia da lata de lixo, somente se joga
areia nela. Somente ao final do período é que se tira areia da lata de lixo (para
começar tudo de novo no próximo exercício).
40
Repare que durante o exercício, não se joga areia de volta para o céu, somente cai
areia de lá. Apenas ao final do período é que se devolve a areia que caiu (para
começar tudo de novo no próximo exercício).

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a) Primeiro, a data do lançamento (que será omitida nos
nossos exemplos, para fins de simplificação didática);
b) Em seguida, a identificação da conta que recebe débito
(aplicação de valor) – identifica-se a conta que recebe
débito com a letra “D”, imediatamente antes de seu nome;
c) Depois, a identificação da conta que recebe crédito
(origem do valor) – identifica-se a conta que recebe
crédito com a letra “C” e com a palavra reservada “a”,
imediatamente antes de seu nome;41
d) Ao lado da identificação da conta que recebe crédito, é
apresentado o valor;
e) Finalmente, um histórico do fato (que, também, será
omitido nos nossos exemplos, para fins de simplificação
didática).
Com essa explicação, o lançamento constante do exemplo (compra de
móveis a prazo, por R$ 10.000,00) será o seguinte:
D= Móveis
1 C = a Fornecedores 10.000,00
Ou, simplesmente:
Móveis
1 a Fornecedores 10.000,00

4.5.1.2 No Livro Razão


No Livro Razão, as informações relativas a cada fato contábil não estão
dispostas de maneira seqüencial, isso porque o Livro Razão, sendo
sistemático, apresenta as informações ordenadas por conta. Portanto,
no Livro Razão, os lançamentos devem ser registrados em partes
separadas: (1) uma parte do lançamento em uma determinada folha do
livro, que trata da conta que recebe débito; e (2) outra parte do
lançamento em uma folha diferente, referente à conta que recebe
crédito.
No fato contábil utilizado como exemplo (compra de móveis a prazo, por
R$ 10.000,00), o lançamento deverá ser realizado em duas partes
separadas:

41
Tanto a letra “D”, quanto a letra “C” (utilizadas, conforme nossa proposta, para
identificar respectivamente a conta que recebe débitos e a conta que recebe créditos)
são dispensáveis (e somente são apresentadas por razões didáticas). Isso porque a
palavra reservada “a” (imediatamente anterior à conta que recebe créditos) já a
identifica (em oposição à conta que recebe débitos.

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a) O registro de um débito na folha, do livro, que registra
informações sobre a conta móveis;
b) O registro de um crédito na folha, do livro, que registra
informações sobre a conta Fornecedores.
Para isso, cada conta, que deve ser registrada em uma folha separada
do livro, será representada por um “T” – como se cada folha do livro
fosse sepadada por uma linha vertical, ficando dividida entre o lado
esquerdo e o lado direito – (esta é a razão denominação “Razonete em
T”):
- Acima do “T” ficará registrado o nome da conta;
- no lado esquerdo do “T”, serão representados os débitos;
- no lado direito do “T” serão representados os créditos;
- ao lado de cada valor (registrado no lado dos débitos ou dos
créditos) será colocada uma referência:
- SI – para designar o saldo inicial da conta;
- Um número seqüencial, para designar o fato contábil a
que o registro de valor se refere; e
- SF – para designar o saldo final da conta.
Abaixo, encontram-se apresentados os razonetes em “T” necessários
para a representação do fato contábil em tela (compra de móveis a
prazo, por R$ 10.000,00):

capital caixa móveis fornecedores


débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
50.000,00 si si 50.000,00 1 10.000,00 10.000,00 1

Observe que o número “1” significa que (a) tanto o débito na conta
móveis, (b) quanto o crédito na conta fornecedores, (ambos no valor de
R$ 10.000,00) se referem ao fato “1”, lançado no Diário, no tópico
anterior da matéria.

4.5.2 Classificação – Fórmulas de Lançamento


Até aqui, apresentamos um exemplo simples, de um fato contábil onde
havia somente uma conta a ser debitada e apenas uma conta a ser
creditada, ou seja, somente um elemento patrimonial onde era aplicado

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um valor (Móveis) e um elemento patrimonial que servia de origem para
esse valor (Fornecedores).
Ocorre que a realidade pode ser mais complexa, com a ocorrência de
fatos contábeis onde haja vários débitos ou vários créditos. Assim, faz-
se necessário diferenciar os vários tipos de fatos contábeis (no tocante à
quantidade de contas envolvidas) e, conseqüentemente, identificar as
várias fórmulas de lançamento contábil, conforme a seguir apresentado:
1a. fórmula ⇒ uma conta devedora e uma conta credora (1d x 1c);
2a. fórmula ⇒ uma conta devedora e várias contas credoras (1d x Nc);
3a. fórmula ⇒ várias contas devedoras e uma conta credora (Md x 1c);
4a. fórmula ⇒ várias contas devedoras e várias contas credoras (Md x
Nc).

4.5.2.1 Primeira fórmula (1d x 1c)


A primeira fórmula é utilizada para representar fatos contáveis simples,
com uma conta registrada a débito e uma conta registrada a crédito. A
primeira fórmula também pode ser utilizada para registrar partes de um
fato mais complexo (tal fato deveria ser registrado por uma das outra
fórmulas, porém – também – pode ser decomposto em mais de um
lançamento de primeira fórmula).
O caso até agora trabalhado é um exemplo de lançamento de primeira
fórmula (compra de móveis a prazo, por R$ 10.000,00). Neste caso
temos apenas uma setinha e apenas uma bolinha. Partindo de um
patrimônio em que há apenas dinheiro (R$ 50.000,00), temos a análise
do fato abaixo representada:
Patrimônio inicial (balancete):

Ativo Passivo
Dinheiro 50.000,00 Obrigações -

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


Diferença (A-P) 50.000,00

Análise do fato contábil:

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Ativo Passivo
Dinheiro 50.000,00 Fornecedores 10.000,00

Móveis 10.000,00
------------------------------------------- Patrimônio Líquido
Diferença (A-P) 50.000,00

Repare que há apenas uma setinha e apenas uma bolinha; apenas um


elemento patrimonial figurando como origem de valores (conta
Fornecedores) e aplicação de valores em apenas um elemento
patrimonial (conta Móveis).
No livro diário, um lançamento de primeira fórmula é registrado
conforme o exemplo a seguir:
D= Móveis
1 C = a Fornecedores 10.000,00
Ou, simplesmente:
Móveis
1 a Fornecedores 10.000,00
E, no Livro Razão, o lançamento é registrado da seguinte forma:

capital caixa móveis fornecedores


débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
50.000,00 si si 50.000,00 1 10.000,00 10.000,00 1

Após os registros, o patrimônio final (Balancete) passa a ser o


seguinte:

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Ativo Passivo
Dinheiro 50.000,00 Fornecedores 10.000,00

Móveis 10.000,00
------------------------------------------- Patrimônio Líquido
Diferença (A-P) 50.000,00

4.5.2.2 Segunda fórmula (1d x Nc)


Lançamentos de segunda fórmula são aqueles que representam fatos
contábeis em que há mais de uma origem para um único valor aplicado
em um determinado elemento patrimonial. Em outras palavras, há um
débito e vários créditos.
Como exemplo de lançamento de segunda fórmula, vamos referenciar o
seguinte fato contábil: compra de móveis, por R$ 10.000,00, sendo o
pagamento metade à vista e metade a prazo.
Neste caso, teremos apenas uma setinha, porém duas bolinhas,
representando o fluxo de valores entre elementos patrimoniais,
conforme será visto em seguida, partindo-se de um patrimônio em que
há apenas dinheiro (R$ 50.000,00):
Patrimônio inicial (balancete):

Ativo Passivo
Caixa 50.000,00 Obrigações -

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


Capital 50.000,00

Análise do fato contábil:

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Ativo Passivo
Caixa 50.000,00 Fornecedores 5.000,00
(5.000,00)
45.000,00

Móveis 10.000,00
------------------------------------------- Patrimônio Líquido
Capital 50.000,00

Repare que há apenas uma setinha, porém há duas bolinhas; ou seja,


em apenas um elemento patrimonial é realizada aplicação de valores
(R$ 10.000,00, na conta Móveis), mas a origem do valor aplicado na
conta Móveis não é única – figuram como origens de valores as contas
Fornecedores e Caixa. Considerando a metáfora da “caixa de areia”, é
como se tivessem sido retirados “cinco mil grãos de areia”, cavados do
buraco Fornecedores, e, também, “cinco mil grãos de areia”,
desbastados do montinho Caixa, para aplicação de “dez mil grãos de
areia” no montinho Móveis.
No livro diário, um lançamento de segunda fórmula é registrado de uma
maneira especial.
No lugar em que se espera a conta que recebe créditos, é colocada uma
palavra reservada (a palavra reservada diversos). Importante, a
palavra reservada diversos não representa um nome de conta, mas
apenas indica que “no lugar onde deveria constar uma conta recebendo
créditos, constam várias contas”. Esse é o significado da palavra
diversos.
Somente após o final do lançamento, serão especificadas as diversas
contas que receberam créditos, com os respectivos valores creditados.
Repare que, como o valor debitado é igual ao somatório dos valores
creditados, faz-se necessária uma apresentação discriminada de todos
eles (para que o lançamento fique claro – do ponto de vista
informacional).
Finalmente, cabe referenciar que a utilização da palavra reservada
diversos está caindo em desuso. Com o advento do computador,
tornou-se muito mais fácil elaborar um relatório com o débito indicado
pela letra “D”, um crédito indicado pela letra “C”, e sem nenhuma
referência às palavras reservadas “a” ou “diversos”. Porém, em provas
de concurso, é certo que a notação utilizada, para o lançamento, será
justamente esta tradicional, com o uso das palavras reservadas e –
geralmente – sem qualquer referência às letras “D” ou “C”.

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O lançamento, referente ao exemplo acima, no livro Diário, portanto,
será:
D= Móveis 10.000,00
C= a diversos
2 C = a Fornecedores 5.000,00
C = a Caixa 5.000,00

Ou, simplesmente:
Móveis 10.000,00
a diversos
2 a Fornecedores 5.000,00
a Caixa 5.000,00
E, no Livro Razão, o lançamento deve ser registrado da seguinte forma:

capital caixa móveis fornecedores


débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
50.000,00 si si 50.000,00 2 10.000,00 5.000,00 2
5.000,00 2
sf 45.000,00

Após os registros, o patrimônio final (Balancete) passa a ser o seguinte:

Ativo Passivo
Dinheiro 45.000,00 Fornecedores 5.000,00

Móveis 10.000,00
------------------------------------------- Patrimônio Líquido
Capital 50.000,00

4.5.2.3 Terceira fórmula (Md x 1c)


Lançamentos de terceira fórmula são aqueles que representam fatos
contábeis em que há várias aplicações, realizadas em diferentes

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elementos patrimoniais, a partir de uma única origem patrimonial. Em
outras palavras, há vários débitos e um único crédito.
Como exemplo de lançamento de terceira fórmula, vamos referenciar o
seguinte fato contábil: compra, na mesma loja, de móveis, por R$
10.000,00, e de computadores (equipamentos) por R$ 8.000,00, sendo
o pagamento a prazo.
Neste caso, teremos apenas uma bolinha, porém duas setinhas,
representando o fluxo de valores entre elementos patrimoniais,
conforme será visto em seguida, partindo-se de um patrimônio em que
há apenas dinheiro (R$ 50.000,00):
Patrimônio inicial (balancete):

Ativo Passivo
Caixa 50.000,00 Obrigações -

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


Capital 50.000,00

Análise do fato contábil:

Ativo Passivo
Caixa 50.000,00 Fornecedores 18.000,00

Móveis 10.000,00
------------------------------------------- Patrimônio Líquido
Equipamentos 8000 Capital 50.000,00

Repare que há apenas uma bolinha, porém há duas setinhas; ou seja,


apenas um elemento patrimonial é origem de valor (R$ 18.000,00,
conta Fornecedores), mas a aplicação desse valor é realizada em dois
diferentes elementos do patrimônio, nas contas Móveis e Equipamentos.
Considerando a metáfora da “caixa de areia”, é como se tivessem sido
retirados “dezoito mil grãos de areia”, cavados do buraco Fornecedores,
para aplicação de “dez mil grãos de areia” no montinho Móveis e de
“oito mil grãos de areia” no montinho Equipamentos.

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No livro diário, um lançamento de terceira fórmula é, também,
registrado de uma maneira especial.
No lugar em que se espera a conta que recebe débitos, é colocada uma
palavra reservada (a palavra reservada diversos). Importante, a
palavra reservada diversos não representa um nome de conta, mas
apenas indica que “no lugar onde deveria constar uma conta recebendo
débitos, constam várias contas”. Esse é o significado da palavra
diversos.
Somente após o final do lançamento, serão especificadas as diversas
contas que receberam débitos, com os respectivos valores debitados.
Repare que, como o somatório dos valores debitados é igual ao valor
creditado, faz-se necessária uma apresentação discriminada de todos
eles (para que o lançamento fique claro – do ponto de vista
informacional).
O lançamento, referente ao exemplo acima, no livro Diário, portanto,
será:
D= diversos
C= a Fornecedores 18.000,00
3 D= Móveis 10.000,00
D= Equipamentos 8.000,00
Ou, simplesmente:
diversos
a Fornecedores 18.000,00
3 Móveis 10.000,00
Equipamentos 8.000,00
E, no Livro Razão, o lançamento é registrado da seguinte forma:

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capital caixa móveis fornecedores
débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
50.000,00 si si 50.000,00 3 10.000,00 18.000,00 3

equipamentos
débitos créditos
3 8.000,00

Após os registros, o patrimônio final (Balancete) passa a ser o


seguinte:

Ativo Passivo
Dinheiro 50.000,00 Fornecedores 18.000,00

Móveis 10.000,00
------------------------------------------- Patrimônio Líquido
Equipamentos 8.000,00 Capital 50.000,00

4.5.2.4 Quarta fórmula (Md x Nc)


Lançamentos de quarta fórmula são aqueles que representam fatos
contábeis em que há várias aplicações, realizadas em diferentes
elementos patrimoniais, a partir de várias origens patrimoniais. Em
outras palavras, há vários débitos e vários créditos.
Como exemplo de lançamento de quarta fórmula, vamos referenciar o
seguinte fato contábil: compra, na mesma loja, de móveis, por R$
10.000,00, e de computadores (equipamentos) por R$ 8.000,00, sendo
o pagamento realizado metade à vista e metade a prazo.
Neste caso, teremos duas bolinhas e, também, duas setinhas,
representando o fluxo de valores entre elementos patrimoniais,
conforme será visto em seguida, partindo-se de um patrimônio em que
há apenas dinheiro (R$ 50.000,00):

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Patrimônio inicial (balancete):

Ativo Passivo
Caixa 50.000,00 Obrigações -

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


Capital 50.000,00

Análise do fato contábil:

Ativo Passivo
Caixa 50.000,00 Fornecedores 9.000,00
(9.000,00)
41.000,00

Móveis 10.000,00
------------------------------------------- Patrimônio Líquido
Equipamentos 8.000,00 Capital 50.000,00

Repare que há duas bolinhas e que há, também, duas setinhas; ou seja,
dois elementos patrimoniais são origem do valor de R$ 18.000,00 (a
conta Fornecedores – em R$ 9.000,00 e a conta Caixa – também em R$
9.000,00) e a aplicação desse valor é realizada em dois diferentes
elementos do patrimônio (na conta Móveis – em R$ 10.000,00 e na
conta Equipamentos – em R$ 8.000,00). Considerando a metáfora da
“caixa de areia”, é como se tivessem sido retirados “nove mil grãos de
areia”, cavadas do buraco Fornecedores, e, também, “nove mil grãos de
areia”, desbastados do montinho Caixa, para aplicação de “dez mil grãos
de areia” no montinho Móveis e de “oito mil grãos de areia” no montinho
Equipamentos.
No livro diário, um lançamento de quarta fórmula é, também, registrado
de uma maneira especial.
Tanto no lugar em que se espera que esteja a conta que recebe débitos,
como no lugar em que se espera que esteja a conta que recebe créditos,
deve ser colocada uma palavra reservada (a palavra reservada
diversos). Importante, a palavra reservada diversos não representa um
nome de conta, mas apenas indica que “no lugar onde deveria constar

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uma conta recebendo débitos (ou uma conta recebendo créditos),
constam várias contas”. Esse é o significado da palavra diversos.
Somente após o final do lançamento, serão especificadas as diversas
contas que receberam débitos, com os respectivos valores debitados, e
– também – as diversas contas que receberam créditos, com os
respectivos valores creditados. Repare que, como o somatório dos
valores debitados é igual ao somatório dos valores creditados, faz-se
necessária uma apresentação discriminada de todos eles (para que o
lançamento fique claro – do ponto de vista informacional).
Repare que, em lançamentos de quarta fórmula, a palavra reservada
diversos aparece duas vezes: (1) uma vez sozinha, referenciando que
há diversas contas a débito, e (2) uma outra vez, acompanhada da
palavra reservada “a”, referenciando que há diversas contas a crédito.
O lançamento, referente ao exemplo acima, no livro Diário, será:
D= diversos
C= a diversos
4 D= Móveis 10.000,00
D= Equipamentos 8.000,00
C = a Caixa 9.000,00
C = a Fornecedores 9.000,00
Ou, simplesmente:
diversos
a diversos
4 Móveis 10.000,00
Equipamentos 8.000,00
a Caixa 9.000,00
a Fornecedores 9.000,00
E, no Livro Razão, o lançamento é registrado da seguinte forma:

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capital caixa móveis fornecedores
débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
50.000,00 si si 50.000,00 4 10.000,00 9.000,00 4
9.000,00 4
sf 41.000,00

equipamentos
débitos créditos
4 8.000,00

Após os registros, o patrimônio final (Balancete) passa a ser o seguinte:

Ativo Passivo
Dinheiro 41.000,00 Fornecedores 9.000,00

Móveis 10.000,00
------------------------------------------- Patrimônio Líquido
Equipamentos 8.000,00 Capital 50.000,00

5 Resumo
Conceito de conta contábil. Uma conta contábil é um nome que
referencia um conjunto de elementos do patrimônio de características
semelhantes e que demandam controle conjunto (separadamente dos
demais elementos) de seu valor e respectivos aumentos, ou reduções.
Em outras palavras, uma conta contábil é um nome que referencia um
item que componha o patrimônio.
Contas analíticas e contas sintéticas. As contas analíticas são as
contas propriamente ditas – que merecem registro (direto nelas) dos
fatos contábeis que nelas interferem. As contas sintéticas são nomes
que referenciam um conjunto de contas analíticas, sendo seu valor o
somatório dos valores das contas analíticas que a compõem.
Elementos da conta. Os elementos da conta são: (1) o valor inicial
saldo inicial, (2) os aumentos de valor (registrados a débito ou a

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crédito, conforme a natureza da conta), (3) as reduções de valor
(registradas a débito ou a crédito, conforme a natureza da conta) e (4)
o valor final da conta saldo final.
Plano de Contas. É uma relação ordenada das contas componentes do
patrimônio, bem como referentes ao resultado, com a informação de
seu significado e comportamento. Em tempo, denomina-se Balancete
de Verificação a relação de todas as contas – componentes do plano
de contas –, cada uma com seu respectivo saldo.
Teoria Patrimonialística. Pela teoria patrimonialística, classificam-se
as contas em (1) Patrimoniais – Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido e
(2) de Resultado – Receitas e Despesas. Importante, o conhecimento
da teoria patrimonialística revela o objetivo informacional das contas:
a) as contas patrimoniais têm por objetivo informar o valor
de um elemento do patrimônio em um dado momento
(valor de um bem, de um direito, de uma obrigação ou da
diferença entre bens/direitos e obrigações);
b) as contas de resultado têm por objetivo informar a razão
pela qual – durante o exercício – o valor líquido do
patrimônio (o valor da diferença entre bens/direitos e
obrigações) aumentou ou diminuiu e o respectivo valor
desse aumento ou diminuição.
Teoria Personalística. Pela teoria personalística, classificam-se as
contas em (1) dos agentes consignatários (BENS – Ativo), (2) dos
agentes correspondentes a débito (DIREITOS – Ativo), (3) dos agentes
correspondentes a crédito (OBRIGAÇÕES – Passivo) e (4) dos
proprietários (a DIFERENÇA entre Ativos e Passivos – Patrimônio
Líquido, os aumentos da DIFERENÇA – Receitas e as reduções da
DIFERENÇA – Despesas). Importantíssimo, o conhecimento dessa
teoria revela a razão pela qual:
a) as contas de ativo são de natureza devedora – aumentam
de saldo a débito e reduzem o saldo a crédito;
b) as contas de passivo e de patrimônio líquido são de
natureza credora – aumentam de saldo a crédito e
reduzem o saldo a débito;
c) as contas de despesa são unilaterais e de natureza
devedora – somente aumentam de saldo a débito
(durante todo o exercício); e
d) as contas de receita são unilaterais e de natureza credora
– somente aumentam de saldo a crédito (durante todo o
exercício).

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Teoria Materialística. Pela teoria materialística, as contas são
classificadas em (1) contas integrais, que representam itens
componentes do patrimônio (Bens ou Direitos – Ativos e Obrigações –
Passivos) e (2) contas diferenciais, que representam a diferença entre
bens/direitos e obrigações (Patrimônio Líquido e seus respectivos
aumentos – Receitas e reduções – Despesas). Importante, o
conhecimento da teoria materialística permite o entendimento de que
despesas e receitas são valores que pertencem ao Patrimônio Líquido e
que, portanto, ao final de cada exercício devem ser eliminados e
transferidos para o Patrimônio Líquido.
Lançamentos – conceito e elementos. Lançamentos são registros
de fatos contábeis, nos livros Diário e Razão. Esse registro deve
compreender: (1) a data do fato contábil; (2) a(s) conta(s) a débito,
onde são aplicados valores; (3) a(s) conta(s) a crédito, de onde são
originados os valores; (4) o valor; e (5) um histórico, descrevendo o
fato contábil registrado e referenciando os documentos de suporte ao
lançamento.
Livros Fiscais, Livros Societários e Livros Trabalhistas. A
escrituração, em sentido amplo, é o registro de tudo o que acontece de
relevante na empresa. Portanto, a escrituração pode ter por objetivo o
patrimônio ou outras áreas de interesse da empresa (ou de terceiros
relacionados com a empresa). Assim, há livros fiscais onde são
registradas informações acerca da apuração, do controle e da
fiscalização dos tributos pela empresa devidos. Há também livros
societários onde são registrados atos de gerência da sociedade.
Finalmente, há livros trabalhistas, onde são registrados fatos
relacionados à relação entre a empresa e seus empregados.
Livros Contábeis – Livro Diário e Livro Razão. Os livros contábeis
são aqueles em que são registrados os fatos contábeis (eventos que têm
efeito no patrimônio). Assim, a escrituração nos livros contábeis é
considerada escrituração em sentido restrito. A escrituração é realizada
em livros principais (onde esteja registrada a totalidade de fatos
contábeis ocorridos), são eles:
a) O Livro Diário – um livro principal, cronológico (onde se
encontram registrados os fatos ordenados por ordem
cronológica) e com formalidades intrínsecas e extrínsecas.
b) O Livro Razão – um livro principal, sistemático (onde se
encontram registrados os fatos ordenadamente por conta
nele envolvida) e sem formalidades (pois, o Razão e o
Diário têm a mesma informação – apenas classificada por
critério diferenciado) e basta haver um batimento entre

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essas informações para que as formalidades do Diário
garantam a fidedignidade dos dados constantes do Razão.
O Débito e o Crédito – conceitos fundamentais no lançamento. O
débito é uma aplicação de valor em um elemento do patrimônio. O
crédito é a origem do valor aplicado. Como o valor aplicado em um
elemento patrimonial necessariamente deve ter uma origem. O valor do
crédito – a cada fato contábil ocorrido (e lançamento registrado) – deve
ser igual ao valor do débito. Metaforicamente:
a) o crédito é a bolinha, que representa a origem, que
representa areia que sai de um elemento patrimonial (com
destino a outro elemento);
b) o débito é a setinha, que representa a aplicação, que
representa a areia que é aplicada em um elemento
patrimonial (que teve como origem o respectivo crédito).
Fórmulas de Lançamento. São quatro as fórmulas de lançamento:
1a. fórmula ⇒ uma conta devedora e uma conta credora (1d x 1c);
2a. fórmula ⇒ uma conta devedora e várias contas credoras (1d x Nc);
3a. fórmula ⇒ várias contas devedoras e uma conta credora (Md x 1c);
4a. fórmula ⇒ várias contas devedoras e várias contas credoras (Md x
Nc).

6 Exercícios de Fixação (Questões de concurso elaborado pela


ESAF – resolvidas e comentadas)

6.1 Contas e Teoria das Contas

6.1.1 Auditor Fiscal da Receita Federal – 2002 – março42


Enunciado
06- A empresa Andaraí S/A extraiu de seu balancete o seguinte elenco
resumido de contas patrimoniais:
Ações e Participações R$ 3.000,00
Adiantamento a Diretores R$ 500,00
Bancos Conta Movimento R$ 2.000,00

42
Questão tratada no livro “Contabilidade: Resoluções e comentários de Questões da
ESAF”, do mesmo autor, em que os conceitos apresentados neste curso são utilizados,
de forma prática, na solução de questões de concurso. Após o estudo desse curso,
teórico, a leitura do referido livro é fortemente recomendada, para consolidação do
aprendizado.

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Caixa R$ 500,00
Despesas com Pesquisa R$ 2.500,00
Duplicatas a Pagar R$ 300,00
Duplicatas a Receber R$ 3.000,00
Empréstimos e Financiamentos obtidos R$ 10.000,00
Fornecedores R$ 5.000,00
Imóveis R$ 6.000,00
Mercadorias R$ 3.000,00
Máquinas e Equipamentos R$ 1.700,00
Poupança R$ 1.000,00
Receitas Antecipadas R$ 6.500,00
Seguros a Vencer R$ 800,00
Títulos a Pagar R$ 2.000,00
Veículos R$ 1.000,00
Se agruparmos as contas acima por natureza contábil, certamente
encontraremos uma diferença entre a soma dos saldos credores e
devedores.
Assinale a opção que indica o valor correto.
a) R$ 1.200,00 é a diferença devedora.
b) R$ 1.200,00 é a diferença credora.
c) R$ 1.800,00 é a diferença credora.
d) R$ 17.300,00 é a soma dos saldos credores.
e) R$ 22.000,00 é a soma dos saldos devedores.
Resolução e comentários
A resolução dessa questão demanda o conhecimento da natureza das
contas (devedor ou credor). Uma vez classificadas as contas segundo
sua natureza, basta totalizar os saldos devedores e credores para apurar
a diferença de valor existente entre eles, conforme abaixo:

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Conta Saldo Devedor Saldo Credor
Ações e Participações 3.000,00
Adiantamento a Diretores 500,00
Bancos Conta Movimento 2.000,00
Caixa 500,00
Despesas com Pesquisa 2.500,00
Duplicatas a Pagar 300,00
Duplicatas a Receber 3.000,00
Empréstimos e Financiamentos obtidos 10.000,00
Fornecedores 5.000,00
Imóveis 6.000,00
Mercadorias 3.000,00
Máquinas e Equipamentos 1.700,00
Poupança 1.000,00
Receitas Antecipadas 6.500,00
Seguros a Vencer 800,00
Títulos a Pagar 2.000,00
Veículos 1.000,00
25.000,00 23.800,00

diferença devedora 1.200,00

Gabarito
A

6.2 Livros Contábeis, Societários e Fiscais

6.2.1 Auditor Fiscal da Receita Federal – 2002 – março43


Enunciado
08- Assinale, abaixo, a opção que não se enquadra no complemento da
frase:
“A companhia deve ter, além dos livros obrigatórios para qualquer
comerciante, os seguintes, revestidos das mesmas formalidades legais:
a) Livro de Registro de Ações Ordinárias”.
b) Livro de Atas das Assembléias-Gerais”.
c) Livro de Presença de Acionistas”.
d) Livro de Atas e Pareceres do Conselho Fiscal”.
e) Livro de Transferência de Ações Nominativas”.

43
Questão tratada no livro “Contabilidade: Resoluções e comentários de Questões da
ESAF”, do mesmo autor, em que os conceitos apresentados neste curso são utilizados,
de forma prática, na solução de questões de concurso. Após o estudo desse curso,
teórico, a leitura do referido livro é fortemente recomendada, para consolidação do
aprendizado.

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Resolução e comentários
Esta é uma questão teórica sobre os livros obrigatórios de uma
Sociedade Anônima. A lei das S/A trata este assunto explicitamente, no
CAPÍTULO IX - Livros Sociais, a seguir transcrito.
Art. 100. A companhia deve ter, além dos livros
obrigatórios para qualquer comerciante, os seguintes,
revestidos das mesmas formalidades legais:
I - o livro de Registro de Ações Nominativas, para
inscrição, anotação ou averbação:
a) do nome do acionista e do número das suas ações;
b) das entradas ou prestações de capital realizado;
c) das conversões de ações, de uma em outra espécie ou
classe;
d) do resgate, reembolso e amortização das ações, ou de
sua aquisição pela companhia;
e) das mutações operadas pela alienação ou transferência
de ações;
f) do penhor, usufruto, fideicomisso, da alienação fiduciária
em garantia ou de qualquer ônus que grave as ações ou
obste sua negociação.
II - o livro de "Transferência de Ações Nominativas", para
lançamento dos termos de transferência, que deverão ser
assinados pelo cedente e pelo cessionário ou seus
legítimos representantes;
III - o livro de "Registro de Partes Beneficiárias
Nominativas" e o de "Transferência de Partes Beneficiárias
Nominativas", se tiverem sido emitidas, observando-se,
em ambos, no que couber, o disposto nos números I e II
deste artigo;
IV - o livro de Atas das Assembléias Gerais;
V - o livro de Presença dos Acionistas;
VI - os livros de Atas das Reuniões do Conselho de
Administração, se houver, e de Atas das Reuniões de
Diretoria;
VII - o livro de Atas e Pareceres do Conselho Fiscal.
Conhecida a teoria, passamos a analisar cada uma das alternativas
apresentadas na questão:
“A companhia deve ter, além dos livros obrigatórios para qualquer
comerciante, os seguintes, revestidos das mesmas formalidades legais:
a) Livro de Registro de Ações Ordinárias”.
Não, conforme a lei, a companhia deve manter o livro de ações
nominativas (que engloba as ações ordinárias e preferenciais):

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Art. 100. A companhia deve ter, além dos livros
obrigatórios para qualquer comerciante, os seguintes,
revestidos das mesmas formalidades legais:
I - o livro de Registro de Ações Nominativas, para
inscrição, anotação ou averbação:
b) Livro de Atas das Assembléias-Gerais”.
Certo, conforme a lei das S/A:

Art. 100. A companhia deve ter, além dos livros


obrigatórios para qualquer comerciante, os seguintes,
revestidos das mesmas formalidades legais:
...
IV - o livro de Atas das Assembléias Gerais;
c) Livro de Presença de Acionistas”.
Certo, conforme a lei das S/A:

Art. 100. A companhia deve ter, além dos livros


obrigatórios para qualquer comerciante, os seguintes,
revestidos das mesmas formalidades legais:
...
V - o livro de Presença dos Acionistas;
d) Livro de Atas e Pareceres do Conselho Fiscal”.
Certo, conforme a lei das S/A:

Art. 100. A companhia deve ter, além dos livros


obrigatórios para qualquer comerciante, os seguintes,
revestidos das mesmas formalidades legais:
...
VII - o livro de Atas e Pareceres do Conselho Fiscal.
e) Livro de Transferência de Ações Nominativas”.
Certo, conforme a lei das S/A:

Art. 100. A companhia deve ter, além dos livros


obrigatórios para qualquer comerciante, os seguintes,
revestidos das mesmas formalidades legais:
...
II - o livro de "Transferência de Ações Nominativas", para
lançamento dos termos de transferência, que deverão ser
assinados pelo cedente e pelo cessionário ou seus
legítimos representantes;

Gabarito
A

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6.3 Lançamentos

6.3.1 Prova de Auditor Fiscal do Tesouro Nacional (antiga


denominação do cargo de Auditor Fiscal da Receita Federal –
1996 – ESAF)44
Enunciado
Em 01.10.19x1 a CIA. ALVORECER desconta uma nota promissória de
$100.000, com vencimento previsto para 31.01.19x2, e juros de $
8.000.
Com base nesta afirmativa, assinale a opção correta nas questões 08 e
09
Questão 8: Na data da operação o registro contábil efetuado foi:
A) Débito de $ 92.000 na conta "Notas Promissórias a Pagar" e crédito
de igual valor da conta "Banco Conta Empréstimos"
B) Débitos de $ 8.000 em "Despesas Financeiras de Juros", $ 92.000
em "Bancos c/movimento" e crédito de $ 100.000 em "Notas
Promissórias a Pagar"
C) Débitos de $.8 000 em "Encargos Financeiros a Transcorrer", $
92.000 em "Bancos c/movimento" e crédito de $ 100.000 em "Notas
Promissórias a Pagar"
D) Débitos de $ 8.000 em "Resultados de Exercícios Futuros-Juros
Ativos", $ 92.000 em Bancos c/Movimento" e crédito de $ 100.000 em
"Notas Promissórias a Pagar"
E) Débito de $ 92.000 na conta "Bancos c/movimento" e crédito de igual
valor na conta "Nota Promissória a Pagar"
Resolução e Comentários
De acordo com o enunciado apresentado na questão, a empresa A
contraiu uma dívida no valor de R$100.000,00 (promissórias a pagar).
Pela operação, a empresa recebeu, do valor da dívida contraída, no ato,
o valor de R$ 92.000,00 (a ser registrado na conta bancos) e a
diferença de R$ 8.000,00 corresponde aos encargos financeiros (juros)
que, no entanto, somente serão considerados como despesa, de acordo
com o princípio de competência, conforme a passagem do tempo.

44
Questão tratada no livro “Contabilidade: Resoluções e comentários de Questões da
ESAF”, do mesmo autor, em que os conceitos apresentados neste curso são utilizados,
de forma prática, na solução de questões de concurso. Após o estudo desse curso,
teórico, a leitura do referido livro é fortemente recomendada, para consolidação do
aprendizado.

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Em outras palavras, o valor de R$ 8.000,00 é o preço que a empresa A
pagou para ter o direito de permanecer com o dinheiro tomado pelo
período do empréstimo. Como qualquer direito, o valor de R$ 8.000,00
deve ser registrado como um ativo e somente se transformará em
despesa no momento em que a outra parte (o banco) cumprir aquilo
que ela havia prometido, ou seja, deixar que a empresa A fique com o
dinheiro do empréstimo, pelo período de tempo contratado.
A seguir, vamos representar este fato a partir de um patrimônio
simples, que tenha apenas R$ 50.000 em dinheiro.
Patrimônio inicial (balancete):

Ativo Passivo
Caixa 50.000,00 Obrigações -

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


Capital 50.000,00

Análise do fato contábil:

Ativo Passivo
Caixa 50.000,00 Promissórias a pagar 100.000,00

Bancos 92.000,00
------------------------------------------- Patrimônio Líquido
Encargos a transcorrer 8.000,00 Capital 50.000,00

Repare que há apenas uma bolinha, porém há duas setinhas; ou seja,


apenas um elemento patrimonial é origem de valor (R$ 100.000,00,
conta Promissórias a pagar), mas a aplicação desse valor é realizada em
dois diferentes elementos do patrimônio, nas contas Bancos e Encargos
a transcorrer. Considerando a metáfora da “caixa de areia”, é como se
tivessem sido retirados “cem mil grãos de areia”, cavados do buraco
Promissórias a pagar, para aplicação de “noventa e duas mil grãos de

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areia” no montinho Bancos e de “oito mil grãos de areia” no montinho
Encargos a transcorrer.
No livro diário, esse lançamento, de terceira fórmula, é registrado da
seguinte maneira:

D= diversos
C= a Promissórias a pagar 100.000,00
1 D= Bancos 92.000,00
D= Encargos a transcorrer 8.000,00
Ou, simplesmente:
diversos
a Promissórias a pagar 100.000,00
1 Bancos 92.000,00
Encargos a transcorrer 8.000,00
E, no Livro Razão, o lançamento é registrado da seguinte forma:

capital caixa Bancos Primissórias a pagar


débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
50.000,00 si si 50.000,00 1 92.000,00 100.000,00 1

Encargos a transcorrer
débitos créditos
1 8.000,00

Após os registros, o patrimônio final (Balancete) passa a ser o seguinte:

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Ativo Passivo
Caixa 50.000,00 Promissórias a pagar 100.000,00

Bancos 92.000,00
Encargos a transcorrer 8.000,00
------------------------------------------- Patrimônio Líquido
Capital 50.000,00

Portanto, deve ser registrado:


- Débitos de $.8 000 em "Encargos Financeiros a Transcorrer";
- Débitos de $ 92.000 em "Bancos c/movimento"; e
- Crédito de $ 100.000 em "Notas Promissórias a Pagar" .
Gabarito
C

6.3.2 Prova de Auditor Fiscal do Tesouro Nacional (antiga


denominação do cargo de Auditor Fiscal da Receita Federal –
1996 – ESAF)45
Enunciado
Questão 9: Em 31.12.19x1, quando a empresa apresentar seu Balanço
Patrimonial, o efeito gerado pela operação retrocitada na apuração do
resultado da empresa é:
A) Nulo, por se tratar de Resultados de Exercícios Futuros
B) De apropriação de despesa financeira em $ 4.000
C) De apropriação de despesa financeira em $ 8.000
D) De apropriação de despesa financeira em $ 2.000
E) De apropriação de despesa financeira em $ 6.000
Resolução e Comentários
De acordo com os dados da questão, o prazo do empréstimo foi de 4
meses (de 01/10/x1 a 31/01/x2) e os encargos financeiros de R$
8.000,00. Portanto, a empresa A adquiriu (por R$ 8.000,00) o direito

45
Questão tratada no livro “Contabilidade: Resoluções e comentários de Questões da
ESAF”, do mesmo autor, em que os conceitos apresentados neste curso são utilizados,
de forma prática, na solução de questões de concurso. Após o estudo desse curso,
teórico, a leitura do referido livro é fortemente recomendada, para consolidação do
aprendizado.

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de ficar com o dinheiro do empréstimo por 4 meses (R$ 2.000,00 por
mês).
Entre a data da tomada do empréstimo -01/10/x1- e o término do
exercício -01/12/x1- passaram-se 3 meses. Dessa forma, pelo princípio
da competência, somente ¾ dos encargos a transcorrer deverão ser
considerados despesas de juros do período (conforme visto, dos quatro
meses de prazo do empréstimo, dentro do período, somente
transcorreram 3 meses). Portanto dos $ 8.000,00 de encargos a
transcorrer, transcorreram no período ¾ de 8 = $ 6000,00.
Assim, considerando a metáfora da caixa de areia, temos que, pelo
banco ter cumprido ¾ do que havia combinado (até o final do exercício),
¾ dos R$ 8.000,00 (que representam o direito, da empresa A, de
permanecer com o valor do empréstimo contraído) não existirão mais.
Assim, R$ 6.000,00 terão sido, metaforicamente, jogados na lixeira –
para fora do patrimônio, reduzindo-o. A seguir, apresentamos
esquematicamente o fato ocorrido.
Patrimônio inicial

Ativo Passivo
Caixa 50.000,00 Promissórias a pagar 100.000,00

Bancos 92.000,00
Encargos a transcorrer 8.000,00
------------------------------------------- Patrimônio Líquido
Capital 50.000,00

Análise do fato contábil:

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Ativo Passivo
Caixa 50.000,00 Promissórias a pagar 100.000,00

Bancos 92.000,00
Encargos a transcorrer 8.000,00
-------------------------------------------
(6.000,00) Patrimônio Líquido
2.000,00 Capital 50.000,00

Despesas Receitas

despesas com juros 6.000,00

Registro no Diário
D= despesas com juros
2 C= a Encargos a transcorrer 6.000,00
Registro no Livro Razão

capital caixa Bancos Primissórias a pagar


débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
50.000,00 si si 50.000,00 1 92.000,00 100.000,00 1

Encargos a transcorrer Despesa com juros


débitos créditos débitos créditos
1 8.000,00 2 6.000,00
6.000,00 2
sf 2.000,00

Após os registros, o patrimônio final (Balancete) passa a ser o seguinte:

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Ativo Passivo
Caixa 50.000,00 Promissórias a pagar 100.000,00

Bancos 92.000,00
Encargos a transcorrer 2.000,00
------------------------------------------- Patrimônio Líquido
Capital 50.000,00

Despesas Receitas

despesas com juros 6.000,00

Gabarito
E

7 Bibliografia e Fontes de Pesquisa Referenciadas


7.1 Leis
Lei 6.404, de 1976 – Lei das S/A.
Lei 9.249, de 1995.
Lei n° 10.406, de 2002 – Código Civil.

7.2 Atos Administrativos Normativos


RESOLUÇÃO CFC N.º 750/93 - Dispõe sobre os Princípios Fundamentais
de Contabilidade (P.F.C.)
RESOLUÇÃO CFC N.º 751/93 - Dispõe sobre as Normas Brasileiras de
Contabilidade.
RESOLUÇÃO CFC N.º 774/94 - Aprova o Apêndice à Resolução sobre os
Princípios Fundamentais de Contabilidade.
DELIBERAÇÃO CVM N 29-1986 - objetivos da contabilidade.
Decreto 3.000, de 1999 – Regulamento do Imposto de Renda.

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7.3 Livros
Iudícibus, Sérgio de; Martins, Eliseu e Gelbke, Ernesto Rubens Gelbcke.
Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações – FIPECAFI. Ed.
Atlas. São Paulo – 4a edição – 1995.
Neves, Silvério das e Viceconti, Paulo E. V. Contabilidade Básica. Ed.
Frase. São Paulo – 5a edição – 1996.
Neves, Silvério das e Viceconti, Paulo E. V. Contabilidade Avançada. Ed.
Frase. São Paulo – 5a edição – 1996.
Gonçalves, Eugênio Celso e Baptista, Antônio Eustáquio. Contabilidade
Geral. Ed. Atlas. São Paulo – 2a edição – 1994.
Silva, Benedito Gonçalves da. Contabilidade Geral. Ed. Meta – 2a edição
– 1994.
Ferrari, Ed Luiz, Contabilidade Geral: teoria e 950 questões – Rio de
Janeiro: Elsevier 2006.
Velter, Francisco e Missagia, Luiz R. Manual de Contabilidade – Rio de
Janeiro: Impetus, 2003.
Santos, Luiz Eduardo. Contabilidade: Resoluções e Comentários de
Questões da ESAF. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.

7.4 Internet
www.planalto.gov.br
www.cfc.org.br
www.receita.fazenda.gov.br

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1 Roteiro
Análise dos mais recorrentes fatos contábeis e respectivos registros –
nos livro Diário e Razão.

2 Introdução
Nesta quarta aula do nosso curso, eminentemente prática, o aluno vai
perceber que o esforço de leitura das primeiras três aulas (que nem foi
tanto, afinal de contas, a leitura foi até agradável), será mais do que
recompensado, pela facilidade de entendimento dos exemplos aqui
propostos e trabalhados.
Na maioria dos cursos (bem como na leitura dos melhores livros), este é
o ponto em que o estudante pode se sentir perdido e desestimulado a
continuar o estudo. Isto porque, na maioria das vezes, nunca sequer
havia ouvido falar da existência dos eventos referenciados (lembrando
que o conhecimento dos fatos ocorridos em uma organização
empresarial não é pré-requisito para este curso) e, assim, não se sente
confortável em fazer a correlação direta entre o evento (desconhecido)
com os débitos e créditos (recém aprendidos). É justamente este
desconhecimento (da rotina empresarial/administrativa das empresas),
que pode gerar a dificuldade de colocar, em débitos e créditos, nos
livros contábeis, os fatos (que tenham relevância para o patrimônio),
ocorridos na vida de uma empresa/azienda.
Isso não vai acontecer em nosso curso, por dois motivos:
a) Nas aulas anteriores, os fundamentos teóricos –
necessários – já foram minuciosamente apresentados,
contextualizados e colocados (conforme a proposta
didática do curso) numa linguagem metafórica, que
permitiu trazer os conceitos teóricos trabalhados para a
realidade concreta do aluno.
b) Nesta aula, antes da apresentação de cada lançamentos,
vamos trabalhar os fatos, enfatizando o entendimento da
rotina administrativa das empresas, elucidando o sentido
de cada palavra utilizada e mapeando os efeitos dos
acontecimentos no patrimônio.
Para cada fato contábil, cuja análise e registro são propostos, nesta
aula: (1) serão comentados os detalhes administrativos e,
eventualmente, as limitações legais e a quantificação matemática do
valor envolvido no fato sob análise; (2) será apresentado um patrimônio
inicial – balancete – qualquer (no qual o fato proposto deve ocorrer),
com o objetivo de contextualização do fato; (3) serão analisados os

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efeitos patrimoniais do fato (com referência às contas envolvidas) e
apresentadas as respectivas origem e aplicação de valores nos
elementos patrimoniais; (4) serão demonstrados os registros do fato,
nos livros Diário e Razão; (5) será apresentado o patrimônio final –
balancete –, imediatamente após a ocorrência do fato contábil estudado
e, ao final, (6) Serão feitos comentários acerca dos elementos
patrimoniais envolvidos (com o intuito de confirmar os conceitos
teóricos até aqui estudados).
Ao final da aula, nosso objetivo é que o aluno tenha adquirido a
capacidade de, ao ler os lançamentos nos livros Diário e Razão,
visualizar o que ocorreu no patrimônio (o fluxo de valores entre
elementos patrimoniais).
Importante! Nas próximas aulas, aprofundaremos o estudo da
Contabilidade, conforme regrada pela Lei das S/A e, assim, nelas, os
lançamentos serão apresentados diretamente na notação tradicional.
Portanto, as setinhas, as bolinhas, os montinhos de areia, os
buraquinhos na areia, a lata de lixo e o pára-quedas, não estarão mais
expostos no papel, mas deverão ficar – de forma automática – no
raciocínio do estudante.
Delimitado nosso objetivo, vamos ao que interessa.

3 Exemplos de Fatos Contábeis e Lançamentos


3.1 Compra de Mercadorias a Prazo

3.1.1 Descrição e Considerações sobre o Fato Contábil


Compra de mercadorias a prazo por R$ 8.000,00.
A compra de mercadorias a prazo é a operação em que a empresa
adquire mercadorias (bens para revenda) e contrai a obrigação de pagar
ao fornecedor um valor.

3.1.2 Patrimônio Inicial


Seja o patrimônio inicial, didaticamente proposto de forma simples, que
tenha apenas (1) R$ 50.000,00, em dinheiro; e conseqüentemente (2)
R$ 50.000,00, em capital (colocado pelos sócios, para a formação do
patrimônio da empresa), conforme o balancete a seguir representado.

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Ativo Passivo
Caixa 50.000,00 Obrigações -

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


Capital 50.000,00

3.1.3 Análise dos Efeitos Patrimoniais do Fato


Na compra de mercadorias a prazo, ocorre o surgimento de um bem –
ativo – que antes não existia no patrimônio da empresa (mercadorias,
para revenda). Este bem será registrado na conta Estoques1. Por outro
lado, surgirá uma obrigação – passivo – que antes não existia no
patrimônio (a obrigação de entregar um valor ao fornecedor, pelas
mercadorias adquiridas a prazo). Esta obrigação será registrada na
conta Fornecedores2.
Utilizando a metáfora da “caixa de areia”, podemos considerar que são
cavados “oito mil grãos de areia” do buraco patrimonial Fornecedores e
que esses “oito mil grãos de areia” são aplicados no montinho
patrimonial Estoques. A figura a seguir representa, esquematicamente,
o fluxo de valores, entre elementos patrimoniais, decorrente do fato
contábil em tela.

1
A conta Estoques também pode ser denominada Mercadorias, Estoques de
Mercadorias, Mercadorias para Revenda, ou qualquer outra denominação que tenha
significado semelhante, conforme deverá estar definido no Plano de Contas da
empresa.
2
A conta Fornecedores também pode ser denominada Duplicatas a pagar, Títulos a
pagar, Contas a pagar, Compras a pagar, ou qualquer outra denominação que tenha
significado semelhante, conforme deverá estar definido no Plano de Contas da
empresa.

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1

Ativo Passivo
Caixa 50.000,00 Fornecedores 8.000,00

Estoques 8.000,00

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


Capital 50.000,00

Agora ficou muito fácil:


- Setinha é débito – Estoques;
- Bolinha é crédito – Fornecedores.

3.1.4 Lançamento

3.1.4.1 Registro no Livro Diário


D= Estoques
1 C= a Fornecedores 8.000,00

Ou, simplesmente:

Estoques
1 a Fornecedores 8.000,00

3.1.4.2 Registro no Livro Razão

capital caixa Estoques Fornecedores


débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
50.000,00 si si 50.000,00 1 8.000,00 8.000,00 1

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3.1.5 Patrimônio Final

Ativo Passivo
Caixa 50.000,00 Fornecedores 8.000,00

Estoques 8.000,00

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


Capital 50.000,00

3.1.6 Considerações Finais


Repare que, após a ocorrência do fato contábil, o valor do patrimônio
líquido (bens/direitos (-) obrigações) não foi alterado. – Permanecendo
no valor de R$ 50.000,00. Portanto, trata-se de um fato permutativo.
Na conta Estoques – representativa de um bem e, portanto, classificada
no ativo – foi registrado um débito. Repare que essa conta teve seu
saldo majorado (de R$ 0,00 para R$ 8.000,00). Isso está de acordo
com a natureza devedora das contas de ativo: contas de ativo têm seu
saldo aumentado por débitos (e reduzido por créditos).3
Na conta Fornecedores – representativa de uma obrigação e, portanto,
classificada no passivo – foi registrado um crédito. Repare que essa
conta teve seu saldo majorado (de R$ 0,00 para R$ 8.000,00). Isso
também está de acordo com a natureza credora das contas de passivo:
contas de passivo têm seu saldo aumentado por créditos (e reduzido por
débitos).4
Finalmente, repare que o valor dos débitos, R$ 8.000,00, é idêntico ao
valor dos créditos, R$ 8.000,00, e que isso está de acordo com o
método das partidas dobradas: para todo débito registrado, há um
crédito de igual valor. Em tempo, uma forma simples e rápida de
verificar a correção do registro do fato contábil é a comparação dos
somatórios de valores em ambos os lados do patrimônio (representado

3
Conforme visto quando da apresentação da Teoria Personalística das contas, na aula
03.
4
Conforme visto quando da apresentação da Teoria Personalística das contas, na aula
03.

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no balancete) – esses dois valores devem ser iguais.5 Em nosso
exemplo, isso ocorre porque:
- o somatório dos saldos das contas do lado esquerdo (Ativo e
Despesas) é igual a R$ 50.000,00;
- o somatório dos saldos das contas do lado direito (Passivo,
Patrimônio Líquido e Receitas) é, também, igual a R$
50.000,00.

3.2 Compra de Mercadorias à Vista

3.2.1 Descrição e Considerações sobre o Fato Contábil


Compra de mercadorias a vista por R$ 8.000,00, com pagamento em
dinheiro.
A compra de mercadorias à vista é a operação em que a empresa
adquire mercadorias (bens para revenda), pagando – imediatamente –
em dinheiro (ou em cheque), ao fornecedor, o valor da mercadoria
adquirida. Em nosso exemplo, o pagamento ocorrerá em dinheiro.

3.2.2 Patrimônio Inicial


Seja o patrimônio inicial, didaticamente proposto de forma simples, que
tenha apenas (1) R$ 50.000,00, em dinheiro; e conseqüentemente (2)
R$ 50.000,00, em capital (colocado pelos sócios, para a formação do
patrimônio da empresa), conforme o balancete a seguir representado.

Ativo Passivo
Caixa 50.000,00 Obrigações -

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


Capital 50.000,00

5
Esses valores devem ser equivalentes porque (pelo método das partidas dobradas)
todo débito deve corresponder a um crédito. Conforme já visto, a palavra balancete já
dá uma idéia de que os dois lados devem ter “pesos equivalentes”.

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3.2.3 Análise dos Efeitos Patrimoniais do Fato
Na compra de mercadorias à vista, ocorre o surgimento de um bem –
ativo – que antes não existia no patrimônio da empresa (mercadorias,
para revenda). Este bem será registrado na conta Estoques. Por outro
lado, um outro bem – ativo – do patrimônio terá seu valor reduzido (o
dinheiro). Este valor será retirado da conta Caixa.
Utilizando a metáfora da “caixa de areia”, podemos considerar que são
desbastados “oito mil grãos de areia” do montinho patrimonial Caixa e
que esses “oito mil grãos de areia” são aplicados no montinho
patrimonial Estoques. A figura a seguir representa, esquematicamente,
o fluxo de valores, entre elementos patrimoniais, decorrente do fato
contábil em tela.

Ativo Passivo
Caixa 50.000,00 Obrigações -
(8.000,00)
42.000,00

Estoques 8.000,00
------------------------------------------- Patrimônio Líquido
Capital 50.000,00

Agora ficou muito fácil:


- Setinha é débito – Estoques;
- Bolinha é crédito – Caixa.

3.2.4 Lançamento

3.2.4.1 Registro no Livro Diário


D= Estoques
2 C= a Caixa 8.000,00

Ou, simplesmente:

Estoques
2 a Caixa 8.000,00

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3.2.4.2 Registro no Livro Razão

capital caixa Estoques


débitos créditos débitos créditos débitos créditos
50.000,00 si si 50.000,00 2 8.000,00
8.000,00 2
sf 42.000,00

3.2.5 Patrimônio Final

Ativo Passivo
Caixa 42.000,00 Obrigações -

Estoques 8.000,00

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


Capital 50.000,00

3.2.6 Considerações Finais


Repare que, após a ocorrência do fato contábil, o valor do patrimônio
líquido (bens/direitos (-) obrigações) não foi alterado – Permanecendo
no valor de R$ 50.000,00. Portanto, trata-se de um fato permutativo.
Na conta Estoques – representativa de um bem e, portanto, classificada
no ativo – foi registrado um débito. Repare que essa conta teve seu
saldo majorado (de R$ 0,00 para R$ 8.000,00). Isso está de acordo
com a natureza devedora das contas de ativo: contas de ativo têm seu
saldo aumentado por débitos (e reduzido por créditos).
Na conta Caixa – também representativa de um bem e, portanto,
classificada no ativo – foi registrado um crédito. Repare que essa conta
teve seu saldo reduzido (de R$ 50.000,00 para R$ 42.000,00). Isso
também está de acordo com a natureza devedora das contas de ativo:
contas de ativo têm seu saldo aumentado por débitos (e reduzido por
créditos).
Finalmente, repare que o valor dos débitos, R$ 8.000,00, é idêntico ao
valor dos créditos, R$ 8.000,00, e que isso está de acordo com o
método das partidas dobradas: para todo débito registrado, há um
crédito de igual valor. Em tempo, uma forma simples e rápida de

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verificar a correção do registro do fato contábil é a comparação dos
somatórios de valores em ambos os lados do patrimônio (representado
no balancete) – esses dois valores devem ser iguais. Em nosso
exemplo, isso ocorre porque:
- o somatório dos saldos das contas do lado esquerdo (Ativo e
Despesas) é igual a R$ 50.000,00;
- o somatório dos saldos das contas do lado direito (Passivo,
Patrimônio Líquido e Receitas) é, também, igual a R$
50.000,00.

3.3 Pagamento de Duplicata em Dinheiro

3.3.1 Descrição e Considerações sobre o Fato Contábil


Pagamento, pela empresa, relativo à duplicata, por ela aceita, no valor
de R$ 8.000,00 – em dinheiro e diretamente ao vendedor. A ocorrência
desse fato pressupõe a existência de uma obrigação (no passivo da
empresa), decorrente de anterior aquisição de mercadorias (ou serviços)
a prazo.

3.3.2 Patrimônio Inicial


Seja o patrimônio inicial, didaticamente proposto de forma simples, que
tenha apenas (1) R$ 50.000,00, em dinheiro; (2) R$ 8.000,00, em
estoque de mercadorias; (3) R$ 8.000,00 em obrigação de pagar pela
compra do estoque de mercadorias (anteriormente realizada a prazo); e
(4) R$ 50.000,00, em capital (colocado pelos sócios, para a formação do
patrimônio da empresa), conforme o balancete a seguir representado.

Ativo Passivo
Caixa 50.000,00 Fornecedores 8.000,00

Estoques 8.000,00
------------------------------------------- Patrimônio Líquido
Capital 50.000,00

3.3.3 Análise dos Efeitos Patrimoniais do Fato


Para entender o fato contábil “Pagamento de Duplicata em Dinheiro”, é
necessário conhecer o conceito de Duplicata. A Duplicata é um título de
crédito que tem por causa a venda de bens ou serviços a prazo. A

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duplicata é emitida pelo vendedor e, após aceita pelo comprador, dá
àquele o direito de exigir deste o pagamento do valor constante do
título. Assim, o fato contábil, “Pagamento de Duplicata em Dinheiro”
somente pode ocorrer caso nossa empresa tenha (anteriormente)
adquirido bens ou serviços a prazo.
O pagamento de uma duplicata – em dinheiro – enseja o
desaparecimento de (pelo menos uma parte) do valor em dinheiro
existente na empresa, registrado na conta caixa, que terá seu saldo
reduzido, e, também, o desaparecimento (pelo menos em parte) de
uma obrigação constante do patrimônio da empresa, registrada na conta
Fornecedores6, que terá seu saldo reduzido.
Utilizando a metáfora da “caixa de areia”, podemos considerar que são
desbastados “oito mil grãos de areia” do montinho patrimonial Caixa e
que esses “oito mil grãos de areia” são aplicados no buraco patrimonial
Fornecedores. A figura a seguir representa, esquematicamente, o fluxo
de valores, entre elementos patrimoniais, decorrente do fato contábil
em tela.

Ativo Passivo
Caixa 50.000,00 Fornecedores 8.000,00
(8.000,00) (8.000,00)
42.000,00 -

estoques -------------------------------------------
8.000,00 Patrimônio Líquido
Capital 50.000,00

Agora ficou muito fácil:


- Setinha é débito – Fornecedores;
- Bolinha é crédito – Caixa.

6
A conta Fornecedores também é freqüentemente denominada Duplicatas a Pagar.

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3.3.4 Lançamento

3.3.4.1 Registro no Livro Diário


D= Fornecedores
3
C= a Caixa 8.000,00

Ou, simplesmente:

Fornecedores
3 a Caixa 8.000,00

3.3.4.2 Registro no Livro Razão

capital caixa Estoques Fornecedores


débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
50.000,00 si si 50.000,00 si 8.000,00 8.000,00 si
8.000,00 3 3 8.000,00
sf 42.000,00 - sf

3.3.5 Patrimônio Final

Ativo Passivo
Caixa 42.000,00 Obrigações -

Estoques 8.000,00

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


Capital 50.000,00

3.3.6 Considerações Finais


Repare que, após a ocorrência do fato contábil, o valor do patrimônio
líquido (bens/direitos (-) obrigações) não foi alterado – Permanecendo
no valor de R$ 50.000,00. Portanto, trata-se de um fato permutativo.

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Na conta Fornecedores – representativa de uma obrigação e, portanto,
classificada no passivo – foi registrado um débito. Repare que essa
conta teve seu saldo reduzido (de R$ 8.000,00 para R$ 0,00). Isso está
de acordo com a natureza credora das contas de passivo: contas de
passivo têm seu saldo aumentado por créditos (e reduzido por débitos).
Na conta Caixa – representativa de um bem e, portanto, classificada no
ativo – foi registrado um crédito. Repare que essa conta teve seu saldo
reduzido (de R$ 50.000,00 para R$ 42.000,00). Isso também está de
acordo com a natureza devedora das contas de ativo: contas de ativo
têm seu saldo aumentado por débitos (e reduzido por créditos).
Finalmente, repare que o valor dos débitos, R$ 8.000,00, é idêntico ao
valor dos créditos, R$ 8.000,00, e que isso está de acordo com o
método das partidas dobradas: para todo débito registrado, há um
crédito de igual valor. Em tempo, uma forma simples e rápida de
verificar a correção do registro do fato contábil é a comparação dos
somatórios de valores em ambos os lados do patrimônio (representado
no balancete) – esses dois valores devem ser iguais. Em nosso
exemplo, isso ocorre porque:
- o somatório dos saldos das contas do lado esquerdo (Ativo e
Despesas) é igual a R$ 50.000,00;
- o somatório dos saldos das contas do lado direito (Passivo,
Patrimônio Líquido e Receitas) é, também, igual a R$
50.000,00.

3.4 Pagamento de Duplicata com Cheque

3.4.1 Descrição e Considerações sobre o Fato Contábil


Pagamento, pela empresa, relativo à duplicata, por ela aceita, no valor
de R$ 8.000,00 – em cheque, entregue ao vendedor (ou ao banco, para
depósito na conta do vendedor). A ocorrência desse fato pressupõe a
existência de uma obrigação (no passivo da empresa), decorrente de
anterior aquisição de mercadorias (ou serviços) a prazo.

3.4.2 Patrimônio Inicial


Seja o patrimônio inicial, didaticamente proposto de forma simples, que
tenha apenas (1) R$ 25.000,00, em dinheiro; (2) R$ 25.000,00, em
depósitos bancários; (3) R$ 8.000,00, em estoque de mercadorias; (4)
R$ 8.000,00 em obrigação de pagar pela compra do estoque de
mercadorias (anteriormente realizada a prazo); e (5) R$ 50.000,00, em
capital (colocado pelos sócios, para a formação do patrimônio da
empresa), conforme o balancete a seguir representado.

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Ativo Passivo
Caixa 25.000,00 Fornecedores 8.000,00
Bancos 25.000,00

Estoques 8.000,00
------------------------------------------- Patrimônio Líquido
Capital 50.000,00

3.4.3 Análise dos Efeitos Patrimoniais do Fato


Para entender o fato contábil “Pagamento de Duplicata com Cheque”, é
necessário conhecer o conceito de Duplicata, visto no item anterior, cuja
leitura é recomendada. De acordo com o conceito de Duplicata, o fato
contábil, “Pagamento de Duplicata em Cheque” somente pode ocorrer
caso nossa empresa tenha (anteriormente) adquirido bens ou serviços a
prazo. Repare que também é necessário que nossa empresa tenha uma
conta corrente em um banco comercial (para que seja possível realizar
pagamentos com cheque), afinal, o cheque é uma ordem de pagamento
à vista e, no caso, o banco fica obrigado a entregar um valor
(anteriormente nele depositado, pela nossa empresa) ao vendedor.
O pagamento de uma duplicata – com cheque – enseja o
desaparecimento de (pelo menos uma parte) do valor do direito
existente no patrimônio da empresa de sacar o seu dinheiro
(anteriormente depositado no banco), registrado na conta Bancos, que
terá seu saldo reduzido, e, também, o desaparecimento (pelo menos em
parte) de uma obrigação constante do patrimônio da empresa,
registrada na conta Fornecedores, que terá seu saldo reduzido.
Utilizando a metáfora da “caixa de areia”, podemos considerar que são
desbastados “oito mil grãos de areia” do montinho patrimonial Bancos e
que esses “oito mil grãos de areia” são aplicados no buraco patrimonial
Fornecedores, tapando-o. A figura a seguir representa,
esquematicamente, o fluxo de valores, entre elementos patrimoniais,
decorrente do fato contábil em tela.

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Ativo Passivo
Caixa 25.000,00 Fornecedores 8.000,00
Bancos 25.000,00 (8.000,00)
(8.000,00) -
17.000,00
------------------------------------------- Patrimônio Líquido
estoques 8.000,00 Capital 50.000,00

Agora ficou muito fácil:


- Setinha é débito – Fornecedores;
- Bolinha é crédito – Bancos.

3.4.4 Lançamento

3.4.4.1 Registro no Livro Diário


D= Fornecedores
4
C= a Bancos 8.000,00

Ou, simplesmente:
Fornecedores
4 a Bancos 8.000,00

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3.4.4.2 Registro no Livro Razão

capital caixa Estoques Fornecedores


débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
50.000,00 si si 25.000,00 si 8.000,00 8.000,00 si
4 8.000,00
- sf

Bancos
débitos créditos
si 25.000,00
8.000,00 4
sf 17.000,00

3.4.5 Patrimônio Final

Ativo Passivo
Caixa 25.000,00 Obrigações -
Bancos 17.000,00

Estoques 8.000,00
------------------------------------------- Patrimônio Líquido
Capital 50.000,00

3.4.6 Considerações Finais


Repare que, após a ocorrência do fato contábil, o valor do patrimônio
líquido (bens/direitos (-) obrigações) não foi alterado – Permanecendo
no valor de R$ 50.000,00. Portanto, trata-se de um fato permutativo.
Na conta Fornecedores – representativa de uma obrigação e, portanto,
classificada no passivo – foi registrado um débito. Repare que essa
conta teve seu saldo reduzido (de R$ 8.000,00 para R$ 0,00). Isso está
de acordo com a natureza credora das contas de passivo: contas de
passivo têm seu saldo aumentado por créditos (e reduzido por débitos).
Na conta Bancos – representativa de um direito e, portanto, classificada
no ativo – foi registrado um crédito. Repare que essa conta teve seu

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saldo reduzido (de R$ 50.000,00 para R$ 42.000,00). Isso também
está de acordo com a natureza devedora das contas de ativo: contas de
ativo têm seu saldo aumentado por débitos (e reduzido por créditos).
Finalmente, repare que o valor dos débitos, R$ 8.000,00, é idêntico ao
valor dos créditos, R$ 8.000,00, e que isso está de acordo com o
método das partidas dobradas: para todo débito registrado, há um
crédito de igual valor. Em tempo, uma forma simples e rápida de
verificar a correção do registro do fato contábil é a comparação dos
somatórios de valores em ambos os lados do patrimônio (representado
no balancete) – esses dois valores devem ser iguais. Em nosso
exemplo, isso ocorre porque:
- o somatório dos saldos das contas do lado esquerdo (Ativo e
Despesas) é igual a R$ 50.000,00;
- o somatório dos saldos das contas do lado direito (Passivo,
Patrimônio Líquido e Receitas) é, também, igual a R$
50.000,00.

3.5 Venda de Mercadorias a Prazo

3.5.1 Descrição e Considerações sobre o Fato Contábil


Venda, a prazo (com emissão de duplicata), pelo preço de R$ 6.000,00.
Considerando que, (1) nesta operação, foram vendias metade das
mercadorias anteriormente adquiridas e (2) que as mercadorias foram
anteriormente adquiridas pelo valor total de R$ 8.000,00.
Obs.: para fins didáticos, com o objetivo de simplificação do registro
contábil, serão desconsiderados os tributos incidentes sobre a venda.
Este assunto será exaustivamente estudado a seguir no nosso curso, na
aula que trata das operações com mercadorias e controle de estoque.

3.5.2 Patrimônio Inicial


Seja o patrimônio inicial, didaticamente proposto de forma simples, que
tenha apenas (1) R$ 25.000,00, em dinheiro; (2) R$ 25.000,00, em
depósitos bancários; (3) R$ 8.000,00, em estoque de mercadorias; (4)
R$ 8.000,00 em obrigação de pagar pela compra do estoque de
mercadorias (anteriormente realizada a prazo); e (5) R$ 50.000,00, em
capital (colocado pelos sócios, para a formação do patrimônio da
empresa), conforme o balancete a seguir representado.

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Ativo Passivo
Caixa 25.000,00 Fornecedores 8.000,00
Bancos 25.000,00

Estoques 8.000,00
------------------------------------------- Patrimônio Líquido
Capital 50.000,00

3.5.3 Análise dos Efeitos Patrimoniais do Fato


A venda é um momento mágico! É nesse momento que os patrimônios
de nossa empresa (vendedora) e do cliente se tocam. É nesse
momento que “cai” valor, do céu (vindo do patrimônio do cliente), no
“colo” do patrimônio da empresa, aumentando-o; isso porque, também
é nesse momento que nossa empresa “joga” valor, para fora de seu
patrimônio (em direção ao patrimônio do cliente), e, assim, reduz seu
patrimônio.
Para entender as razões do poético texto acima, faz-se necessário voltar
aos conceitos básicos do princípio de competência – vistos na aula 01 de
nosso curso7. Naquela oportunidade, nossa proposta de identificação do
momento em que a receita é auferida (para o caso geral de negócios
entre partes que contratam vendas ou prestações de serviço) foi a
seguinte: haverá receita no momento em que houver o
cumprimento do que havia sido combinado, pois:
a) se a outra parte ainda não tiver pago pelo que foi cumprido,
nasce – no patrimônio de quem cumpriu o que havia
prometido – o direito de exigir o pagamento (o que aumenta
o patrimônio);
b) se a outra parte paga imediatamente pelo que foi cumprido,
nasce – no patrimônio de quem cumpriu o que havia
prometido – um bem, ou seja, o dinheiro, (o que também
aumenta o patrimônio);
c) se a outra parte já havia entregue (em antecipação) o
pagamento pelo que foi cumprido, desaparece – do
patrimônio de quem cumpriu o que havia prometido – uma

7
Lembramos que, em vários momentos desse curso, será necessário referenciar os
Princípios Fundamentais de Contabilidade, pois eles são o alicerce do pensamento aqui
desenvolvido.

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obrigação, ou seja, a obrigação de devolver o que havia
recebido em antecipação, (o que também aumenta o
patrimônio).
Reparem que é exatamente no momento da venda (de modo prático, no
momento da emissão da nota fiscal referente à saída da mercadoria do
estabelecimento da empresa) que a empresa cumpre o que havia
prometido – referente à operação de venda – entregar sua mercadoria
para o cliente. Dessa forma, é nesse momento que ocorre a Receita,
denominada “Receita Bruta de Vendas”.
Por outro lado, para que nossa empresa possa cumprir o que havia
prometido, ela tem que se desfazer de um bem, antes pertencente a
seu patrimônio, a mercadoria. Assim, a empresa incorre em uma
necessária redução de seu patrimônio, para poder auferir a receita da
venda referenciada no parágrafo anterior. Dessa forma, é – também –
nesse momento que ocorre a despesa (redução do patrimônio),
denominada “Custo da Mercadoria Vendida”.
Apenas confirmando nossa proposta didática, citamos que a conclusão
acima exposta está integralmente de acordo com o disposto na
Resolução CFC n° 750, de 93, que em seu art. 9o (abaixo), determina:
Art. 9º As receitas e as despesas devem ser incluídas na
apuração do resultado do período em que ocorrerem,
sempre simultaneamente quando se correlacionarem,
independentemente de recebimento ou pagamento.

Para entender o fato contábil “Venda de Mercadorias a Prazo”, é


necessário considerar a existência – no patrimônio – de mercadorias
para vender. A venda de mercadorias a prazo enseja o
desaparecimento de (pelo menos uma parte) do valor de bens
existentes no patrimônio da empresa (mercadorias), registrado na conta
Estoques, que terá seu saldo reduzido, e, também, o surgimento de um
direito no patrimônio da empresa, registrado na conta Duplicatas a
Receber8, que terá seu saldo majorado.

Utilizando a metáfora da “caixa de areia”, podemos considerar que:

a) “caem, de pára-quedas”, do céu (do patrimônio alheio),


“seis mil grãos de areia”, aumentando o patrimônio da
empresa, (esse aumento de patrimônio deve ser
registrado na conta de resultado Receita Bruta de

8
A conta Duplicatas a Receber também pode ser referenciada pelo nome Clientes.

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Vendas)9 e que esses “seis mil grãos de areia” são
aplicados no montinho patrimonial Duplicatas a Receber;

b) por outro lado, “quatro mil grãos de areia” são


desbastados do montinho patrimonial Estoques e jogados
na “lata de lixo”, aplicados fora do patrimônio (em direção
ao patrimônio do cliente), reduzindo-o (essa redução de
patrimônio deve ser registrada na conta de resultado
Custo da Mercadoria Vendida).

A figura a seguir representa, esquematicamente, o fluxo de valores,


entre elementos patrimoniais, decorrente do fato contábil em tela.

5.a
Ativo Passivo
Caixa 25.000,00 Fornecedores 8.000,00
Bancos 25.000,00

Duplicatas a Receber 6.000,00


------------------------------------------- Patrimônio Líquido
5.b Capital 50.000,00
Estoques 8.000,00
(4.000,00)
4.000,00

Despesas Receitas
Custo da Mercadoria Vendida 4.000,00 Receita Bruta de Vendas 6.000,00

Agora ficou muito fácil:


a) com relação à Receita
- Setinha é débito – Duplicatas a Receber;

9
Conforme explicado quando da apresentação da teoria Patrimonialística das contas,
na aula 03 deste curso, as contas de Resultado (como é o caso da conta Receita Bruta
de Vendas) não informam o valor de um elemento do patrimônio em um dado
momento, mas informam um motivo pelo qual o patrimônio aumentou (ou diminuiu)
no período de tempo denominado exercício.

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- Bolinha é crédito – Receita Bruta de Vendas.
b) com relação à Despesa
- Setinha é débito – Custo da Mercadoria Vendida;
- Bolinha é crédito – Estoques.

3.5.4 Lançamento

3.5.4.1 Registro no Livro Diário


D= Duplicatas a Receber
5.a C= a Receita Bruta de Vendas 6.000,00

D= Custo da Mercadoria Vendida


5.b
C= a Estoques 4.000,00

Ou, simplesmente:

Duplicatas a Receber
5.a a Receita Bruta de Vendas 6.000,00

Custo da Mercadoria Vendida


5.b
a Estoques 4.000,00

3.5.4.2 Registro no Livro Razão

capital caixa Estoques Fornecedores


débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
50.000,00 si si 25.000,00 si 8.000,00 8.000,00 si
4.000,00 5.b
sf 4.000,00

Bancos Receita Bruta de Vendas Custo da Mercad. Vendida Duplicatas a Receber


débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
si 25.000,00 6.000,00 5.a 5.b 4.000,00 5.a 6.000,00

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3.5.5 Patrimônio Final

Ativo Passivo
Caixa 25.000,00 Fornecedores 8.000,00
Bancos 25.000,00

Duplicatas a Receber 6.000,00


------------------------------------------- Patrimônio Líquido
Capital 50.000,00
Estoques 4.000,00

Despesas Receitas
Custo da Mercadoria Vendida 4.000,00 Receita Bruta de Vendas 6.000,00

3.5.6 Considerações Finais


Repare que, após a ocorrência do fato contábil, o valor do patrimônio
líquido (bens/direitos (-) obrigações) foi alterado: (1) o valor inicial, de
R$ 50.000,00, foi aumentado (pela Receita de R$ 6.0000,00) e reduzido
(pela despesa de R$ 4.000,00) – resultando em um aumento líquido de
R$ 2.000,00; (2) adicionalmente, houve mudança de valor em mais de
um elemento do patrimônio (estoques de mercadorias e duplicatas a
receber). Portanto, trata-se de um fato contábil misto aumentativo.
Na conta Duplicatas a Receber – representativa de um direito e,
portanto, classificada no ativo – foi registrado um débito. Repare que
essa conta teve seu saldo majorado (de R$ 0,00 para R$ 6.000,00).
Isso está de acordo com a natureza devedora das contas de ativo:
contas de ativo têm seu saldo aumentado por débitos (e reduzido por
créditos).
Na conta Receita Bruta de Vendas – representativa de um motivo pelo
qual o patrimônio aumentou durante o exercício e, portanto, classificada
como conta de resultado – receita – foi registrado um crédito. Repare
que essa conta teve seu saldo majorado (de R$ 0,00 para R$ 6.000,00).
Isso também está de acordo com a natureza credora e unilateral das
contas de receita: contas de receita somente têm seu saldo aumentado,

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por créditos, durante todo o exercício, (o saldo é reduzido, por débitos,
apenas nos casos de retificação de erro ou de fechamento do exercício).
Na conta Custo da Mercadoria Vendida – representativa de um motivo
pelo qual o patrimônio foi reduzido durante o exercício e, portanto,
classificada como conta de resultado – despesa – foi registrado um
débito. Repare que essa conta teve seu saldo majorado (de R$ 0,00
para R$ 4.000,00). Isso está de acordo com a natureza devedora e
unilateral das contas de despesa: contas de despesa somente têm seu
saldo aumentado, por débitos, durante todo o exercício, (o saldo é
reduzido, por créditos, apenas nos casos de retificação de erro ou de
fechamento do exercício).
Na conta Estoques – representativa de um bem e, portanto, classificada
no ativo – foi registrado um crédito. Repare que essa conta teve seu
saldo reduzido (de R$ 8.000,00 para R$ 4.000,00). Isso também está
de acordo com a natureza devedora das contas de ativo: contas de ativo
têm seu saldo aumentado por débitos (e reduzido por créditos).
Finalmente, repare que o valor dos débitos, R$ 6.000,00 + R$ 4.000,00
= R$ 10.000,00, é idêntico ao valor dos créditos, R$ 4.000,00 + R$
6.000,00 = R$ 10.000,00, e que isso está de acordo com o método das
partidas dobradas: para todo débito registrado, há um crédito de igual
valor. Em tempo, uma forma simples e rápida de verificar a correção do
registro do fato contábil é a comparação dos somatórios de valores em
ambos os lados do patrimônio (representado no balancete) – esses dois
valores devem ser iguais. Em nosso exemplo, isso ocorre porque:
- o somatório dos saldos das contas do lado esquerdo (Ativo e
Despesas) é igual a R$ 64.000,00;
- o somatório dos saldos das contas do lado direito (Passivo,
Patrimônio Líquido e Receitas) é, também, igual a R$
64.000,00.

3.6 Venda de Mercadorias à Vista

3.6.1 Descrição e Considerações sobre o Fato Contábil


Venda, à vista (com recebimento em dinheiro), pelo preço de R$
6.000,00. Considerando que, (1) nesta operação, foram vendias
metade das mercadorias anteriormente adquiridas e (2) que as
mercadorias foram anteriormente adquiridas pelo valor total de R$
8.000,00.
Obs.: para fins didáticos, com o objetivo de simplificação do registro
contábil, serão desconsiderados os tributos incidentes sobre a venda.

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Este assunto será exaustivamente estudado a seguir no nosso curso, na
aula que trata das operações com mercadorias e controle de estoque.

3.6.2 Patrimônio Inicial


Seja o patrimônio inicial, didaticamente proposto de forma simples, que
tenha apenas (1) R$ 25.000,00, em dinheiro; (2) R$ 25.000,00, em
depósitos bancários; (3) R$ 8.000,00, em estoque de mercadorias; (4)
R$ 8.000,00 em obrigação de pagar pela compra do estoque de
mercadorias (anteriormente realizada a prazo); e (5) R$ 50.000,00, em
capital (colocado pelos sócios, para a formação do patrimônio da
empresa), conforme o balancete a seguir representado.

Ativo Passivo
Caixa 25.000,00 Fornecedores 8.000,00
Bancos 25.000,00

Estoques 8.000,00
------------------------------------------- Patrimônio Líquido
Capital 50.000,00

3.6.3 Análise dos Efeitos Patrimoniais do Fato


Já foi dito que a venda é um momento mágico, mas nunca é demais
repetir! A venda é um momento mágico porque é nesse momento que
os patrimônios de nossa empresa (vendedora) e do cliente se tocam. É
nesse momento que “cai” valor, do céu (vindo do patrimônio do cliente),
no “colo” do patrimônio da empresa, aumentando-o; isso porque,
também é nesse momento que nossa empresa “joga” valor, para fora de
seu patrimônio (em direção ao patrimônio do cliente), e, assim, reduz
seu patrimônio.
Para entender as razões do poético texto acima, faz-se necessário voltar
aos conceitos básicos do princípio de competência – vistos na aula 01 de
nosso curso e repassados no item imediatamente anterior, cuja leitura
recomendamos.
Repare que no momento da venda (de modo prático, no momento da
emissão da nota fiscal referente à saída da mercadoria do
estabelecimento da empresa) a empresa cumpre o que havia prometido
– referente à operação de venda – entregar sua mercadoria para o
cliente. Dessa forma, é nesse momento que ocorre a Receita,
denominada “Receita Bruta de Vendas”.

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Por outro lado, para que nossa empresa possa cumprir o que havia
prometido, ela tem que se desfazer de um bem, antes pertencente a
seu patrimônio, a mercadoria. Assim, a empresa incorre em uma
necessária redução de seu patrimônio, para poder auferir a receita da
venda referenciada no parágrafo anterior. Dessa forma, é – também –
nesse momento que ocorre a despesa (redução do patrimônio),
denominada “Custo da Mercadoria Vendida”.
A venda de mercadorias à vista enseja o desaparecimento de (pelo
menos uma parte) do valor de bens existentes no patrimônio da
empresa (mercadorias), registrado na conta Estoques, que terá seu
saldo reduzido, e, também, o surgimento (aumento) de dinheiro no
patrimônio da empresa, registrado na conta Caixa, que terá seu saldo
majorado.

Utilizando a metáfora da “caixa de areia”, podemos considerar que:

- “caem, de pára-quedas”, do céu (do patrimônio alheio), “seis


mil grãos de areia”, aumentando o patrimônio da empresa,
(esse aumento de patrimônio deve ser registrado na conta de
resultado Receita Bruta de Vendas) e que esses “seis mil grãos
de areia” são aplicados no montinho patrimonial Caixa;

- por outro lado, “quatro mil grãos de areia” são desbastados do


montinho patrimonial Estoques e jogados na “lata de lixo”,
aplicados fora do patrimônio (em direção ao patrimônio do
cliente), reduzindo-o (essa redução de patrimônio deve ser
registrada na conta de resultado Custo da Mercadoria Vendida).

A figura a seguir representa, esquematicamente, o fluxo de valores,


entre elementos patrimoniais, decorrente do fato contábil em tela.

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6.a
Ativo Passivo
Caixa 25.000,00 Fornecedores 8.000,00
6.000,00
31.000,00

Bancos -------------------------------------------
25.000,00 Patrimônio Líquido
6.b Capital 50.000,00
Estoques 8.000,00
(4.000,00)
4.000,00

Despesas Receitas
Custo da Mercadoria Vendida 4.000,00 Receita Bruta de Vendas 6.000,00

Agora ficou muito fácil:


a) com relação à Receita
- Setinha é débito – Caixa;
- Bolinha é crédito – Receita Bruta de Vendas.
b) com relação à Despesa
- Setinha é débito – Custo da Mercadoria Vendida;
- Bolinha é crédito – Estoques.

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3.6.4 Lançamento

3.6.4.1 Registro no Livro Diário


D= Caixa
6.a C= a Receita Bruta de Vendas 6.000,00

D= Custo da Mercadoria Vendida


6.b C= a Estoques 4.000,00

Ou, simplesmente:

Caixa
6.a a Receita Bruta de Vendas 6.000,00

Custo da Mercadoria Vendida


6.b a Estoques 4.000,00

3.6.4.2 Registro no Livro Razão

capital caixa Estoques Fornecedores


débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
50.000,00 si si 25.000,00 si 8.000,00 8.000,00 si
6.a 6.000,00 4.000,00 6.b
sf 31.000,00 sf 4.000,00

Bancos Receita Bruta de Vendas Custo da Mercad. Vendida


débitos créditos débitos créditos débitos créditos
si 25.000,00 6.000,00 6.a 6.b 4.000,00

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3.6.5 Patrimônio Final

Ativo Passivo
Caixa 31.000,00 Fornecedores 8.000,00

Bancos 25.000,00

Estoques -------------------------------------------
4.000,00 Patrimônio Líquido
Capital 50.000,00

Despesas Receitas
Custo da Mercadoria Vendida 4.000,00 Receita Bruta de Vendas 6.000,00

3.6.6 Considerações Finais


Repare que, após a ocorrência do fato contábil, o valor do patrimônio
líquido (bens/direitos (-) obrigações) foi alterado: (1) o valor inicial, de
R$ 50.000,00, foi aumentado (pela Receita de R$ 6.0000,00) e reduzido
(pela despesa de R$ 4.000,00) – resultando em um aumento líquido de
R$ 2.000,00; (2) adicionalmente, houve mudança de valor em mais de
um elemento do patrimônio (estoques de mercadorias e Caixa).
Portanto, trata-se de um fato contábil misto aumentativo.
Na conta Caixa – representativa de um bem e, portanto, classificada no
ativo – foi registrado um débito. Repare que essa conta teve seu saldo
majorado (de R$ 0,00 para R$ 6.000,00). Isso está de acordo com a
natureza devedora das contas de ativo: contas de ativo têm seu saldo
aumentado por débitos (e reduzido por créditos).
Na conta Receita Bruta de Vendas – representativa de um motivo pelo
qual o patrimônio aumentou durante o exercício e, portanto, classificada
como conta de resultado – receita – foi registrado um crédito. Repare
que essa conta teve seu saldo majorado (de R$ 0,00 para R$ 6.000,00).
Isso também está de acordo com a natureza credora e unilateral das
contas de receita: contas de receita somente têm seu saldo aumentado,

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por créditos, durante todo o exercício, (o saldo é reduzido, por débitos,
apenas nos casos de retificação de erro ou de fechamento do exercício).
Na conta Custo da Mercadoria Vendida – representativa de um motivo
pelo qual o patrimônio foi reduzido durante o exercício e, portanto,
classificada como conta de resultado – despesa – foi registrado um
débito. Repare que essa conta teve seu saldo majorado (de R$ 0,00
para R$ 4.000,00). Isso está de acordo com a natureza devedora e
unilateral das contas de despesa: contas de despesa somente têm seu
saldo aumentado, por débitos, durante todo o exercício, (o saldo é
reduzido, por créditos, apenas nos casos de retificação de erro ou de
fechamento do exercício).
Na conta Estoques – representativa de um bem e, portanto, classificada
no ativo – foi registrado um crédito. Repare que essa conta teve seu
saldo reduzido (de R$ 8.000,00 para R$ 4.000,00). Isso também está
de acordo com a natureza devedora das contas de ativo: contas de ativo
têm seu saldo aumentado por débitos (e reduzido por créditos).
Finalmente, repare que o valor dos débitos, R$ 6.000,00 + R$ 4.000,00
= R$ 10.000,00, é idêntico ao valor dos créditos, R$ 4.000,00 + R$
6.000,00 = R$ 10.000,00, e que isso está de acordo com o método das
partidas dobradas: para todo débito registrado, há um crédito de igual
valor. Em tempo, uma forma simples e rápida de verificar a correção do
registro do fato contábil é a comparação dos somatórios de valores em
ambos os lados do patrimônio (representado no balancete) – esses dois
valores devem ser iguais. Em nosso exemplo, isso ocorre porque:
- o somatório dos saldos das contas do lado esquerdo (Ativo e
Despesas) é igual a R$ 64.000,00;
- o somatório dos saldos das contas do lado direito (Passivo,
Patrimônio Líquido e Receitas) é, também, igual a R$
64.000,00.

3.7 Recebimento do Valor de uma Duplicata – em Dinheiro

3.7.1 Descrição e Considerações sobre o Fato Contábil


Liquidação de duplicata, por parte do cliente, no valor de R$ 6.000,00,
em dinheiro e no guichê da empresa.
O Recebimento de valor, por conta de liquidação de duplicata, implica a
existência – anterior – de um direito de recebê-la. Via de regra, o
direito da empresa, de receber o valor de uma duplicata é decorrente de
uma venda de mercadorias ou serviços, a prazo, realizada
anteriormente.

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3.7.2 Patrimônio Inicial
Seja o patrimônio inicial, didaticamente proposto de forma simples, que
tenha apenas (1) R$ 50.000,00, em dinheiro; (2) R$ 6.000,00, em
direitos de receber o valor de duplicatas emitidas; (3) R$ 4.000,00, em
estoque de mercadorias; (4) R$ 8.000,00 em obrigação de pagar pela
compra do estoque de mercadorias (anteriormente realizada a prazo); e
(5) R$ 50.000,00, em capital (colocado pelos sócios, para a formação do
patrimônio da empresa). Neste patrimônio inicial, encontram-se
também registradas as alterações do valor do patrimônio, ocorridas no
exercício, até aquele momento: (1) Receitas de Venda, no valor de R$
6.000,00 e (2) Custo da Mercadoria Vendida, no valor de R$ 4.000,00. A
seguir, encontra-se representado o balancete representativo do
patrimônio acima sugerido.

Ativo Passivo
Caixa 50.000,00 Fornecedores 8.000,00

Duplicatas a Receber 6.000,00


------------------------------------------- Patrimônio Líquido
Capital 50.000,00
Estoques 4.000,00

Despesas Receitas
Custo da Mercadoria Vendida 4.000,00 Receita Bruta de Vendas 6.000,00

3.7.3 Análise dos Efeitos Patrimoniais do Fato


Para entender o fato contábil “Recebimento de valor, por conta de
liquidação de duplicata”, é necessário conhecer o conceito de Duplicata,
visto acima, no item que trata o fato contábil “Pagamento de duplicata
em dinheiro”, cuja leitura é recomendada. Assim, o fato contábil,
“Recebimento de valor, por conta de liquidação de duplicata” somente
pode ocorrer caso nossa empresa tenha (anteriormente) realizado a
venda de bens ou serviços a prazo.

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O recebimento do valor relativo e uma duplicata – em dinheiro – enseja
o desaparecimento de (pelo menos uma parte) do direito ao
recebimento de valores, por conta de vendas realizadas a prazo,
registrado na conta Duplicatas a Receber, que terá seu saldo reduzido,
e, o surgimento (ou aumento) de dinheiro no patrimônio da empresa,
registrado na conta Caixa, que terá seu saldo majorado.
Utilizando a metáfora da “caixa de areia”, podemos considerar que são
desbastados “seis mil grãos de areia” do montinho patrimonial
Duplicatas a Receber e que esses “seis mil grãos de areia” são aplicados
no montinho patrimonial Caixa. A figura a seguir representa,
esquematicamente, o fluxo de valores, entre elementos patrimoniais,
decorrente do fato contábil em tela.

Ativo Passivo
Caixa 50.000,00 Fornecedores 8.000,00
7 6.000,00
56.000,00

Duplicatas a Receber -------------------------------------------


6.000,00 Patrimônio Líquido
(6.000,00) Capital 50.000,00
-

Estoques 4.000,00

Despesas Receitas
Custo da Mercadoria Vendida 4.000,00 Receita Bruta de Vendas 6.000,00

Agora ficou muito fácil:


- Setinha é débito – Caixa;
- Bolinha é crédito – Duplicatas a receber.

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3.7.4 Lançamento

3.7.4.1 Registro no Livro Diário


D= Caixa
7 C= a Duplicatas a Receber 6.000,00

Ou, simplesmente:

Caixa 6.000,00
7 a Duplicatas a Receber

3.7.4.2 Registro no Livro Razão

capital caixa Estoques Fornecedores


débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
50.000,00 si si 50.000,00 si 4.000,00 8.000,00 si
7 6.000,00
sf 56.000,00

Receita Bruta de Vendas Custo da Mercadoria Vendida Duplicatas a Receber


débitos créditos débitos créditos débitos créditos
6.000,00 si si 4.000,00 si 6.000,00
6.000,00 7
sf -

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3.7.5 Patrimônio Final

Ativo Passivo
Caixa 56.000,00 Fornecedores 8.000,00

Estoques 4.000,00
------------------------------------------- Patrimônio Líquido
Capital 50.000,00

Despesas Receitas
Custo da Mercadoria Vendida 4.000,00 Receita Bruta de Vendas 6.000,00

3.7.6 Considerações Finais


Repare que, após a ocorrência do fato contábil, o valor do patrimônio
líquido (bens/direitos (-) obrigações) não foi alterado – Permanecendo
no valor de R$ 52.000,00. Portanto, trata-se de um fato permutativo.
Na conta Caixa – representativa de um bem (dinheiro) e, portanto,
classificada no ativo – foi registrado um débito. Repare que essa conta
teve seu saldo majorado (de R$ 50.000,00 para R$ 56.000,00). Isso
está de acordo com a natureza devedora das contas de ativo: contas de
ativo têm seu saldo aumentado por débitos (e reduzido por créditos).
Na conta Duplicatas a Receber – representativa de um direito e,
portanto, classificada no ativo – foi registrado um crédito. Repare que
essa conta teve seu saldo reduzido (de R$ 6.000,00 para R$ 0,00). Isso
também está de acordo com a natureza devedora das contas de ativo:
contas de ativo têm seu saldo aumentado por débitos (e reduzido por
créditos).
Finalmente, repare que o valor dos débitos, R$ 6.000,00, é idêntico ao
valor dos créditos, R$ 6.000,00, e que isso está de acordo com o
método das partidas dobradas: para todo débito registrado, há um
crédito de igual valor. De uma forma simples e rápida, verificamos a

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correção do registro do fato contábil pela comparação dos somatórios de
valores em ambos os lados do patrimônio (representados no balancete)
– esses dois valores devem ser iguais. Em nosso exemplo, isso ocorre
porque:
- o somatório dos saldos das contas do lado esquerdo (Ativo e
Despesas) é igual a R$ 64.000,00;
- o somatório dos saldos das contas do lado direito (Passivo,
Patrimônio Líquido e Receitas) é, também, igual a R$
64.000,00.

3.8 Recebimento do Valor de uma Duplicata – em Cheque

3.8.1 Descrição e Considerações sobre o Fato Contábil


Liquidação de duplicata, por parte do cliente, no valor de R$ 6.000,00,
com o depósito de um cheque, na conta corrente da empresa, mantida
junto a um banco comercial.
O Recebimento de valor, por conta de liquidação de duplicata, implica a
existência – anterior – de um direito de recebê-la. Via de regra, o
direito da empresa, de receber o valor de uma duplicata é decorrente de
uma venda de mercadorias ou serviços, a prazo, realizada
anteriormente. Adicionalmente, o fato do recebimento do valor ocorrer
mediante depósito de um cheque em conta corrente, demanda a
existência de uma conta corrente, de titularidade da empresa, mantida
junto a um banco comercial.

3.8.2 Patrimônio Inicial


Seja o patrimônio inicial, didaticamente proposto de forma simples, que
tenha apenas (1) R$ 50.000,00, depositados na conta corrente da
empresa, mantida junta a um banco comercial; (2) R$ 6.000,00, em
direitos de receber o valor de duplicatas emitidas; (3) R$ 4.000,00, em
estoque de mercadorias; (4) R$ 8.000,00 em obrigação de pagar pela
compra do estoque de mercadorias (anteriormente realizada a prazo); e
(5) R$ 50.000,00, em capital (colocado pelos sócios, para a formação do
patrimônio da empresa). Neste patrimônio inicial, encontram-se
também registradas as alterações do valor do patrimônio, ocorridas no
exercício, até aquele momento: (1) Receitas de Venda, no valor de R$
6.000,00 e (2) Custo da Mercadoria Vendida, no valor de R$ 4.000,00. A
seguir, encontra-se representado o balancete representativo do
patrimônio acima sugerido.

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Ativo Passivo
Bancos 50.000,00 Fornecedores 8.000,00

Duplicatas a Receber 6.000,00


------------------------------------------- Patrimônio Líquido
Capital 50.000,00
Estoques 4.000,00

Despesas Receitas
Custo da Mercadoria Vendida 4.000,00 Receita Bruta de Vendas 6.000,00

3.8.3 Análise dos Efeitos Patrimoniais do Fato


Para entender o fato contábil “Recebimento de valor, por conta de
liquidação de duplicata”, é necessário conhecer o conceito de Duplicata,
visto acima, no item que trata o fato contábil “Pagamento de duplicata
em dinheiro”, cuja leitura é recomendada. Assim, o fato contábil,
“Recebimento de valor, por conta de liquidação de duplicata” somente
pode ocorrer caso nossa empresa tenha (anteriormente) realizado a
venda de bens ou serviços a prazo.
O recebimento do valor relativo e uma duplicata – em dinheiro – enseja
o desaparecimento de (pelo menos uma parte) do direito ao
recebimento de valores, por conta de vendas realizadas a prazo,
registrado na conta Duplicatas a Receber, que terá seu saldo reduzido,
e, o surgimento (ou aumento) de um direito existente no patrimônio da
empresa, de sacar o valor depositado em sua conta corrente, registrado
na conta Bancos, que terá seu saldo majorado.
Utilizando a metáfora da “caixa de areia”, podemos considerar que são
desbastados “seis mil grãos de areia” do montinho patrimonial
Duplicatas a Receber e que esses “seis mil grãos de areia” são aplicados
no montinho patrimonial Bancos. A figura a seguir representa,
esquematicamente, o fluxo de valores, entre elementos patrimoniais,
decorrente do fato contábil em tela.

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Ativo Passivo
Bancos 50.000,00 Fornecedores 8.000,00
8 6.000,00
56.000,00

Duplicatas a Receber -------------------------------------------


6.000,00 Patrimônio Líquido
(6.000,00) Capital 50.000,00
-

Estoques 4.000,00

Despesas Receitas
Custo da Mercadoria Vendida 4.000,00 Receita Bruta de Vendas 6.000,00

Agora ficou muito fácil:


- Setinha é débito – Bancos;
- Bolinha é crédito – Duplicatas a receber.

3.8.4 Lançamento

3.8.4.1 Registro no Livro Diário


D= Bancos
8 C= a Duplicatas a Receber 6.000,00

Ou, simplesmente:

Bancos
8 a Duplicatas a Receber 6.000,00

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3.8.4.2 Registro no Livro Razão

capital Bancos Estoques Fornecedores


débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
50.000,00 si si 50.000,00 si 4.000,00 8.000,00 si
8 6.000,00
sf 56.000,00

Receita Bruta de Vendas Custo da Mercadoria Vendida Duplicatas a Receber


débitos créditos débitos créditos débitos créditos
6.000,00 si si 4.000,00 si 6.000,00
6.000,00 8
sf -

3.8.5 Patrimônio Final

Ativo Passivo
Bancos 56.000,00 Fornecedores 8.000,00

Estoques 4.000,00
------------------------------------------- Patrimônio Líquido
Capital 50.000,00

Despesas Receitas
Custo da Mercadoria Vendida 4.000,00 Receita Bruta de Vendas 6.000,00

3.8.6 Considerações Finais


Repare que, após a ocorrência do fato contábil, o valor do patrimônio
líquido (bens/direitos (-) obrigações) não foi alterado – Permanecendo
no valor de R$ 52.000,00. Portanto, trata-se de um fato permutativo.

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Na conta Bancos – representativa de um direito (de sacar o valor
depositado em conta corrente) e, portanto, classificada no ativo – foi
registrado um débito. Repare que essa conta teve seu saldo majorado
(de R$ 50.000,00 para R$ 56.000,00). Isso está de acordo com a
natureza devedora das contas de ativo: contas de ativo têm seu saldo
aumentado por débitos (e reduzido por créditos).
Na conta Duplicatas a Receber – representativa de um direito e,
portanto, classificada no ativo – foi registrado um crédito. Repare que
essa conta teve seu saldo reduzido (de R$ 6.000,00 para R$ 0,00). Isso
também está de acordo com a natureza devedora das contas de ativo:
contas de ativo têm seu saldo aumentado por débitos (e reduzido por
créditos).
Finalmente, repare que o valor dos débitos, R$ 6.000,00, é idêntico ao
valor dos créditos, R$ 6.000,00, e que isso está de acordo com o
método das partidas dobradas: para todo débito registrado, há um
crédito de igual valor. De uma forma simples e rápida, verificamos a
correção do registro do fato contábil pela comparação dos somatórios de
valores em ambos os lados do patrimônio (representados no balancete)
– esses dois valores devem ser iguais. Em nosso exemplo, isso ocorre
porque:
- o somatório dos saldos das contas do lado esquerdo (Ativo e
Despesas) é igual a R$ 64.000,00;
- o somatório dos saldos das contas do lado direito (Passivo,
Patrimônio Líquido e Receitas) é, também, igual a R$
64.000,00.

3.9 Recebimento do Valor de uma Duplicata – em dinheiro e


concedendo um abatimento sobre o valor a receber

3.9.1 Descrição e Considerações sobre o Fato Contábil


Liquidação de duplicata, por parte do cliente, em dinheiro e no guichê da
empresa. Considerando R$ 6.000,00 como o valor da duplicata, devido
à negociação entabulada entre as partes (a empresa e o cliente) foi
dada quitação da duplicata com a entrega de apenas R$ 5.000,00, ou
seja, com um abatimento de R$ 1.000,00.
O Recebimento de valor, por conta de liquidação de duplicata, implica a
existência – anterior – de um direito de recebê-la. Via de regra, o
direito da empresa, de receber o valor de uma duplicata é decorrente de
uma venda de mercadorias ou serviços, a prazo, realizada
anteriormente.

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3.9.2 Patrimônio Inicial
Seja o patrimônio inicial, didaticamente proposto de forma simples, que
tenha apenas (1) R$ 50.000,00, em dinheiro; (2) R$ 6.000,00, em
direitos de receber o valor de duplicatas emitidas; (3) R$ 4.000,00, em
estoque de mercadorias; (4) R$ 8.000,00 em obrigação de pagar pela
compra do estoque de mercadorias (anteriormente realizada a prazo); e
(5) R$ 50.000,00, em capital (colocado pelos sócios, para a formação do
patrimônio da empresa). Neste patrimônio inicial, encontram-se
também registradas as alterações do valor do patrimônio, ocorridas no
exercício, até aquele momento: (1) Receitas de Venda, no valor de R$
6.000,00 e (2) Custo da Mercadoria Vendida, no valor de R$ 4.000,00. A
seguir, encontra-se representado o balancete representativo do
patrimônio acima sugerido.

Ativo Passivo
Caixa 50.000,00 Fornecedores 8.000,00

Duplicatas a Receber 6.000,00


------------------------------------------- Patrimônio Líquido
Capital 50.000,00
Estoques 4.000,00

Despesas Receitas
Custo da Mercadoria Vendida 4.000,00 Receita Bruta de Vendas 6.000,00

3.9.3 Análise dos Efeitos Patrimoniais do Fato


Para entender o fato contábil “Recebimento de valor, por conta de
liquidação de duplicata”, é necessário conhecer o conceito de Duplicata,
visto acima, no item que trata o fato contábil “Pagamento de duplicata
em dinheiro”, cuja leitura é recomendada. Conforme visto, o fato
contábil, “Recebimento de valor, por conta de liquidação de duplicata”
somente pode ocorrer caso nossa empresa tenha (anteriormente)
realizado a venda de bens ou serviços a prazo.

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O recebimento do valor relativo e uma duplicata – em dinheiro – enseja
o desaparecimento de (pelo menos uma parte) do direito ao
recebimento de valores, por conta de vendas realizadas a prazo,
registrado na conta Duplicatas a Receber, que terá seu saldo reduzido,
e, o surgimento (ou aumento) de dinheiro no patrimônio da empresa,
registrado na conta Caixa, que terá seu saldo majorado.
A característica especial deste fato contábil é que o recebimento de
dinheiro ocorre no valor de apenas R$ 5.000,00; mas a empresa dá
quitação – ao cliente – de uma duplicata no valor de R$ 6.000,00.
Antes de mapear este acontecimento no patrimônio (na forma de
débitos e créditos), é aconselhável contextualizar este fato na vida
empresarial e, assim, entender as possíveis razões para um
acontecimento deste tipo. Em outras palavras, por que a empresa,
tendo o direito de receber R$ 6.000,00, vai se contentar (e dar quitação
ao cliente) recebendo apenas R$ 5.000,00? Pode haver duas diferentes
explicações para o fato:
a) o cliente está em dificuldades financeiras e a empresa,
temendo pela total inadimplência do cliente, com a
conseqüente perda total de seu direito, faz um acordo
para receber – pelo menos – uma parte dele;
b) o cliente decidiu pagar o valor da duplicata antes de seu
vencimento e, com isso, teve condições de negociar um
desconto devido ao “valor do dinheiro no tempo”.
O primeiro caso é decorrente do fato de que – conforme o Direito
atualmente vigente – o “calote está institucionalizado”, ou seja, não há
prisão por dívida10. Assim, o que garante o pagamento de dívidas é
apenas o patrimônio do devedor (ora, se o patrimônio do devedor
começa a ficar reduzido a ponto de não ser possível o pagamento da
dívida, o credor arcará com um prejuízo. É interessante lembrar que é
um idéia bastante difundida entre os leigos a de que “caloteiro deve ir
preso”, mas já não é assim há muito tempo, senão vejamos.
a) Na antiguidade romana, a garantia do pagamento da
dívida era a vida do devedor. Caso o devedor não
honrasse seu compromisso, das duas uma: (1) ou ele se

10
Conforme se depreende da leitura do art. 5o da Constituição da República
Federativa do Brasil, de 1988, que em inciso LXVII, determina que “não haverá prisão
civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável
de obrigação alimentícia e a do depositário infiel”.

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tornava escravo11; ou (2) ele era executado12. De
qualquer das maneiras, ele perdia sua vida ou literalmente
morrendo ou deixando de ter o status de pessoa (um
escravo não era considerado uma pessoa, mas apenas
uma coisa – que pode pertencer a alguém).
b) Na idade média, e ainda durante a idade moderna, a
garantia do pagamento da dívida era a liberdade. Caso o
devedor não honrasse seu compromisso, ele era preso.
Nessa situação, surgiu a figura de Santa Edwiges (nascida
na Bavária – atual Alemanha – e casada com o príncipe da
Polônia, onde viveu). Caridosa, ela visitava os presos e,
nessas visitas, descobriu que a maioria deles estava na
prisão por conta de dívidas. Assim, ela pagava, com seu
dinheiro, as dívidas dos presos, para que eles, depois, em
liberdade, conseguissem emprego, para obter uma nova
chance na vida.
c) Com a Revolução Francesa, tem início a idade
contemporânea, na qual a burguesia toma o poder. Ora, é
da natureza de um burguês tomar dinheiro alheio, para
empreender suas atividades e, dessa maneira,
perfeitamente possível (no caso de um contratempo –
inclusive passageiro), ficar sem condições, mesmo que
temporárias, de honrar seus compromissos. Estando os
burgueses no poder e sendo eles passíveis de tornarem-se
inadimplentes, as leis mudaram e a dívida deixou de ser
motivo de morte ou prisão. Assim, quem passou a
garantir as dívidas foi o patrimônio do devedor.
O segundo caso é decorrente do conceito de juros: o valor do dinheiro
no tempo, a remuneração da utilização do capital, como fator de
produção, por um determinado período de tempo (os demais fatores de
produção são o trabalho, remunerado com salário, a terra, remunerada
com aluguéis, e a tecnologia, remunerada com royalties)13. Neste caso,
o cliente, pagando à empresa um valor antes do prazo de vencimento,
tem condições de exigir um abatimento no valor a ser pago, em valor

11
Do outro lado do Rio Tibre, porque não havia vergonha maior para um cidadão ser
escravo onde um dia foi um homem livre.
12
No caso de mais de um credor (concurso de credores) essa era a única opção do
devedor – ser executado, esquartejado e ter seu corpo dividido entre os credores.
13
Veras, Lília Ladeira. Matemática financeira. 2a ed. São Paulo: Atlas, 1991. pp. 57 a
65.

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semelhante àquele que a empresa receberia de um banco caso viesse a
realizar uma aplicação financeira com o valor recebido.
Visto que a ocorrência de um abatimento sobre o valor da duplicata14 é
perfeitamente possível, do ponto de vista do comércio jurídico, podemos
analisá-lo do ponto de vista patrimonial.
Como o valor aplicado na conta Caixa é de apenas R$ 5.000,00 e a
origem de valores (conta Duplicatas a Receber) é de R$ 6.000,00 temos
que o patrimônio fica reduzido no valor de R$ 1.000,00.
Utilizando a metáfora da “caixa de areia”, podemos considerar que são
desbastados “seis mil grãos de areia” do montinho patrimonial
Duplicatas a Receber e que, desses “seis mil grãos de areia”, “cinco mil
grãos de areia” são aplicados no montinho patrimonial Caixa; os outros
“mil grãos de areia” são jogadas para fora do patrimônio (na lata de
lixo) o que enseja uma redução do patrimônio – despesa – registrada na
conta Abatimentos Concedidos. A figura a seguir representa,
esquematicamente, o fluxo de valores, entre elementos patrimoniais,
decorrente do fato contábil em tela.

14
A palavra abatimento está sendo utilizada neste exemplo com o sentido de redução
do valor a ser recebido (sem referência à causa que ensejou esta redução). É
utilizada, com sentido semelhante, a palavra desconto (como redução do valor a ser
recebido), entretanto – para fins didáticos – evitaremos a palavra desconto para que o
aluno possa diferenciar esta situação com a situação (a ser estudada a seguir) da
operação de desconto de duplicatas.

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Ativo Passivo
Caixa 50.000,00 Fornecedores 8.000,00
5.000,00
55.000,00

Duplicatas a Receber -------------------------------------------


6.000,00 Patrimônio Líquido
(6.000,00) Capital 50.000,00
-
9
Estoques 4.000,00

Despesas Receitas
Custo da Mercadoria Vendida 4.000,00 Receita Bruta de Vendas 6.000,00

Abatimentos Concedidos 1.000,00

Agora ficou muito fácil:


- Setinha é débito – Caixa e Abatimentos Concedidos;
- Bolinha é crédito – Duplicatas a receber.

3.9.4 Lançamento

3.9.4.1 Registro no Livro Diário


D= Diversos
9 C= a Duplicatas a Receber 6.000,00
D= Caixa 5.000,00
D= Abatimentos Concedidos 1.000,00

Ou, simplesmente:

Diversos
9 a Duplicatas a Receber 6.000,00
Caixa 5.000,00
Abatimentos Concedidos 1.000,00

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3.9.4.2 Registro no Livro Razão

capital caixa Estoques Fornecedores


débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
50.000,00 si si 50.000,00 si 4.000,00 8.000,00 si
9 5.000,00
sf 55.000,00

Receita Bruta de Vendas Custo da Mercadoria Vendida Duplicatas a Receber Abatimentos Concedidos
débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
6.000,00 si si 4.000,00 si 6.000,00 9 1.000,00
6.000,00 9
sf -

3.9.5 Patrimônio Final

Ativo Passivo
Caixa 55.000,00 Fornecedores 8.000,00

Estoques -------------------------------------------
4.000,00 Patrimônio Líquido
Capital 50.000,00

Despesas Receitas
Custo da Mercadoria Vendida 4.000,00 Receita Bruta de Vendas 6.000,00

Abatimentos Concedidos 1.000,00

3.9.6 Considerações Finais


Repare que, após a ocorrência do fato contábil, o valor do patrimônio
líquido (bens/direitos (-) obrigações) foi Alterado: (1) o valor inicial, de
R$ 52.000,00, foi reduzido (pela despesa de R$ 1.000,00) – registrada

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na conta Abatimentos Concedidos; (2) adicionalmente, houve mudança
de valor em mais de um elemento do patrimônio (Duplicatas a Receber
e Caixa). Portanto, trata-se de um fato contábil misto diminutivo.
Na conta Caixa – representativa de um bem (dinheiro) e, portanto,
classificada no ativo – foi registrado um débito. Repare que essa conta
teve seu saldo majorado (de R$ 50.000,00 para R$ 55.000,00). Isso
está de acordo com a natureza devedora das contas de ativo: contas de
ativo têm seu saldo aumentado por débitos (e reduzido por créditos).
Na conta Duplicatas a Receber – representativa de um direito e,
portanto, classificada no ativo – foi registrado um crédito. Repare que
essa conta teve seu saldo reduzido (de R$ 6.000,00 para R$ 0,00). Isso
também está de acordo com a natureza devedora das contas de ativo:
contas de ativo têm seu saldo aumentado por débitos (e reduzido por
créditos).
Na conta Abatimentos Concedidos – representativa de um motivo pelo
qual o patrimônio foi reduzido durante o exercício e, portanto,
classificada como conta de resultado – despesa – foi registrado um
débito. Repare que essa conta teve seu saldo majorado (de R$ 0,00
para R$ 1.000,00). Isso está de acordo com a natureza devedora e
unilateral das contas de despesa: contas de despesa somente têm seu
saldo aumentado, por débitos, durante todo o exercício, (o saldo é
reduzido, por créditos, apenas nos casos de retificação de erro ou de
fechamento do exercício).
Ainda, pelo fato de terem sido registradas duas contas a débito e
apenas uma conta a crédito, o lançamento foi de terceira fórmula
(repare no uso da palavra reservada “diversos”, quando do registro no
Livro Diário).
Finalmente, repare que o valor dos débitos, R$ 5.000,00 + R$ 1.000,00
= R$ 6.000,00, é idêntico ao valor dos créditos, R$ 6.000,00, e que isso
está de acordo com o método das partidas dobradas: para todo débito
registrado, há um crédito de igual valor. De uma forma simples e
rápida, verificamos a correção do registro do fato contábil pela
comparação dos somatórios de valores em ambos os lados do
patrimônio (representados no balancete) – esses dois valores devem ser
iguais. Em nosso exemplo, isso ocorre porque:
- o somatório dos saldos das contas do lado esquerdo (Ativo e
Despesas) é igual a R$ 64.000,00;
- o somatório dos saldos das contas do lado direito (Passivo,
Patrimônio Líquido e Receitas) é, também, igual a R$
64.000,00.

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3.10 Recebimento do Valor de uma Duplicata – em dinheiro e com
encargos

3.10.1 Descrição e Considerações sobre o Fato Contábil


Liquidação de duplicata, por parte do cliente, em dinheiro e no guichê da
empresa. Considerando R$ 6.000,00 como o valor da duplicata, devido
à situação das partes envolvidas (a empresa e o cliente), a quitação da
duplicata somente foi acertada mediante o pagamento de seu valor, R$
6.000,00, acrescido de uma quantia a título de encargos, R$ 1.000,00.15
O Recebimento de valor, por conta de liquidação de duplicata, implica a
existência – anterior – de um direito de recebê-la. Via de regra, o
direito da empresa, de receber o valor de uma duplicata é decorrente de
uma venda de mercadorias ou serviços, a prazo, realizada
anteriormente.

3.10.2 Patrimônio Inicial


Seja o patrimônio inicial, didaticamente proposto de forma simples, que
tenha apenas (1) R$ 50.000,00, em dinheiro; (2) R$ 6.000,00, em
direitos de receber o valor de duplicatas emitidas; (3) R$ 4.000,00, em
estoque de mercadorias; (4) R$ 8.000,00 em obrigação de pagar pela
compra do estoque de mercadorias (anteriormente realizada a prazo); e
(5) R$ 50.000,00, em capital (colocado pelos sócios, para a formação do
patrimônio da empresa). Neste patrimônio inicial, encontram-se
também registradas as alterações do valor do patrimônio, ocorridas no
exercício, até aquele momento: (1) Receitas de Venda, no valor de R$
6.000,00 e (2) Custo da Mercadoria Vendida, no valor de R$ 4.000,00. A
seguir, encontra-se representado o balancete representativo do
patrimônio acima sugerido.

15
Esses encargos podem ser devidos ao valor do dinheiro no tempo – juros – ou ao
inadimplemento tempestivo da obrigação de pagar o valor da duplicata – multa
contratual.

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Ativo Passivo
Caixa 50.000,00 Fornecedores 8.000,00

Duplicatas a Receber 6.000,00


------------------------------------------- Patrimônio Líquido
Capital 50.000,00
Estoques 4.000,00

Despesas Receitas
Custo da Mercadoria Vendida 4.000,00 Receita Bruta de Vendas 6.000,00

3.10.3 Análise dos Efeitos Patrimoniais do Fato


Para entender o fato contábil “Recebimento de valor, por conta de
liquidação de duplicata”, é necessário conhecer o conceito de Duplicata,
visto acima, no item que trata o fato contábil “Pagamento de duplicata
em dinheiro”, cuja leitura é recomendada. Conforme visto, o fato
contábil, “Recebimento de valor, por conta de liquidação de duplicata”
somente pode ocorrer caso nossa empresa tenha (anteriormente)
realizado a venda de bens ou serviços a prazo.
O recebimento do valor relativo e uma duplicata – em dinheiro – enseja
o desaparecimento de (pelo menos uma parte) do direito ao
recebimento de valores, por conta de vendas realizadas a prazo,
registrado na conta Duplicatas a Receber, que terá seu saldo reduzido,
e, o surgimento (ou aumento) de dinheiro no patrimônio da empresa,
registrado na conta Caixa, que terá seu saldo majorado.
A característica especial deste fato contábil é que o recebimento de
dinheiro ocorre no valor de R$ 7.000,00; mas a empresa dá quitação –
ao cliente – de uma duplicata no valor de apenas R$ 6.000,00. Antes
de mapear este acontecimento no patrimônio (na forma de débitos e
créditos), é aconselhável contextualizar este fato na vida empresarial e,
assim, entender as possíveis razões para um acontecimento deste tipo.
Em outras palavras, por que a empresa, tendo o direito de receber, em
princípio, apenas R$ 6.000,00, exige do cliente esse valor, de R$

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6.000,00, acrescido de R$ 1.000,00 a título de encargos, para que seja
dada quitação da duplicata? A razão está no valor do dinheiro no
tempo, e no inadimplemento tempestivo da obrigação por parte do
cliente, que pode ensejar dois tipos de acréscimos passíveis de
exigência a título de encargos::
- Juros, decorrentes do valor do dinheiro no tempo, decorrentes
de uma taxa contratada entre as partes.
- Multa contratual, pelo inadimplemento tempestivo da
obrigação.
Visto que a exigência de encargos sobre o valor da duplicata16 é
perfeitamente possível, do ponto de vista do comércio jurídico, podemos
analisá-lo do ponto de vista patrimonial.
Como o valor aplicado na conta Caixa é de R$ 7.000,00 e a origem de
valores (conta Duplicatas a Receber) é de apenas R$ 6.000,00, temos
que o patrimônio fica majorado no valor de R$ 1.000,00.
Utilizando a metáfora da “caixa de areia”, podemos considerar que são
desbastados “seis mil grãos de areia” do montinho patrimonial
Duplicatas a Receber, que, esses “seis mil grãos de areia” são aplicadas
no montinho patrimonial Caixa e que outros “mil grãos de areia” caem
de “pára-quedas”, de fora do patrimônio, no colo do patrimônio da
empresa, o que enseja um aumento desse patrimônio – Receita –
registrada na conta Encargos17. A figura a seguir representa,
esquematicamente, o fluxo de valores, entre elementos patrimoniais,
decorrente do fato contábil em tela.

16
A palavra abatimento está sendo utilizada neste exemplo com o sentido de redução
do valor a ser recebido (sem referência à causa que ensejou esta redução). É
utilizada, com sentido semelhante, a palavra desconto (como redução do valor a ser
recebido), entretanto – para fins didáticos – evitaremos a palavra desconto para que o
aluno possa diferenciar esta situação com a situação (a ser estudada a seguir) da
operação de desconto de duplicatas.
17
Que também pode ser denominada Encargos Ativos, Receita com Encargos,
Encargos Exigidos, etc.

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Ativo Passivo
Caixa 50.000,00 Fornecedores 8.000,00
7.000,00
10 57.000,00

Duplicatas a Receber -------------------------------------------


6.000,00 Patrimônio Líquido
(6.000,00) Capital 50.000,00
-

Estoques 4.000,00

Despesas Receitas
Custo da Mercadoria Vendida 4.000,00 Receita Bruta de Vendas 6.000,00

Encargos 1.000,00

Agora ficou muito fácil:


- Setinha é débito – Caixa;
- Bolinha é crédito – Duplicatas a receber e Encargos.

3.10.4 Lançamento

3.10.4.1 Registro no Livro Diário


D= Caixa 7.000,00
10 C= a Diversos
C= a Duplicatas a Receber 6.000,00
C=a Encargos 1.000,00

Ou, simplesmente:

Caixa 7.000,00
10 a Diversos
a Duplicatas a Receber 6.000,00
a Encargos 1.000,00

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3.10.4.2 Registro no Livro Razão

capital caixa Estoques Fornecedores


débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
50.000,00 si si 50.000,00 si 4.000,00 8.000,00 si
10 7.000,00
sf 57.000,00

Receita Bruta de Vendas Custo da Mercadoria Vendida Duplicatas a Receber Encargos


débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
6.000,00 si si 4.000,00 si 6.000,00 1.000,00 10
6.000,00 10
sf -

3.10.5 Patrimônio Final

Ativo Passivo
Caixa 57.000,00 Fornecedores 8.000,00

Estoques -------------------------------------------
4.000,00 Patrimônio Líquido
Capital 50.000,00

Despesas Receitas
Custo da Mercadoria Vendida 4.000,00 Receita Bruta de Vendas 6.000,00

Encargos 1.000,00

3.10.6 Considerações Finais


Repare que, após a ocorrência do fato contábil, o valor do patrimônio
líquido (bens/direitos (-) obrigações) foi Alterado: (1) o valor inicial, de

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R$ 52.000,00, foi aumentado (pela receita de R$ 1.000,00) – registrada
na conta Encargos; (2) adicionalmente, houve mudança de valor em
mais de um elemento do patrimônio (Duplicatas a Receber e Caixa).
Portanto, trata-se de um fato contábil misto aumentativo.
Na conta Caixa – representativa de um bem (dinheiro) e, portanto,
classificada no ativo – foi registrado um débito. Repare que essa conta
teve seu saldo majorado (de R$ 50.000,00 para R$ 57.000,00). Isso
está de acordo com a natureza devedora das contas de ativo: contas de
ativo têm seu saldo aumentado por débitos (e reduzido por créditos).
Na conta Duplicatas a Receber – representativa de um direito e,
portanto, classificada no ativo – foi registrado um crédito. Repare que
essa conta teve seu saldo reduzido (de R$ 6.000,00 para R$ 0,00). Isso
também está de acordo com a natureza devedora das contas de ativo:
contas de ativo têm seu saldo aumentado por débitos (e reduzido por
créditos).
Na conta Encargos – representativa de um motivo pelo qual o
patrimônio foi majorado durante o exercício e, portanto, classificada
como conta de resultado – receita – foi registrado um crédito. Repare
que essa conta teve seu saldo majorado (de R$ 0,00 para R$ 1.000,00).
Isso está de acordo com a natureza devedora e unilateral das contas de
despesa: contas de receita somente têm seu saldo aumentado, por
créditos, durante todo o exercício, (o saldo é reduzido, por débitos,
apenas nos casos de retificação de erro ou de fechamento do exercício).
Ainda, pelo fato de terem sido registradas duas contas a crédito e
apenas uma conta a débito, o lançamento foi de segunda fórmula
(repare no uso da palavra reservada “diversos”, quando do registro no
Livro Diário).
Finalmente, repare que o valor dos débitos, R$ 5.000,00 + R$ 1.000,00
= R$ 6.000,00, é idêntico ao valor dos créditos, R$ 6.000,00, e que isso
está de acordo com o método das partidas dobradas: para todo débito
registrado, há um crédito de igual valor. De uma forma simples e
rápida, verificamos a correção do registro do fato contábil pela
comparação dos somatórios de valores em ambos os lados do
patrimônio (representados no balancete) – esses dois valores devem ser
iguais. Em nosso exemplo, isso ocorre porque:
- o somatório dos saldos das contas do lado esquerdo (Ativo e
Despesas) é igual a R$ 65.000,00;
- o somatório dos saldos das contas do lado direito (Passivo,
Patrimônio Líquido e Receitas) é, também, igual a R$
65.000,00.

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1 Exemplos de Fatos Contábeis e Lançamentos -


Continuação
1.1 Contratação de Empréstimos Bancários

1.1.1 Descrição e Considerações sobre o Fato Contábil


Operação de contratação de um empréstimo, junto a uma instituição
financeira, no valor de R$ 10.000,00, nos seguintes termos:
- prazo do empréstimo – 12 meses;
- juros do empréstimo – 20% ao ano.
Nesta operação, a empresa recebe o valor de R$ 10.000,00 e, ao final
do prazo, deve pagar o valor recebido, quando da contratação do
empréstimo, acrescido do valor dos juros.

1.1.2 Patrimônio Inicial


Seja o patrimônio inicial, didaticamente proposto de forma simples, que
tenha apenas (1) R$ 25.000,00, em dinheiro; (2) R$ 25.000,00, em
depósitos bancários; (3) R$ 6.000,00, em direitos de receber o valor de
duplicatas emitidas; (4) R$ 4.000,00, em estoque de mercadorias; (5)
R$ 8.000,00 em obrigação de pagar pela compra do estoque de
mercadorias (anteriormente realizada a prazo); e (6) R$ 50.000,00, em
capital (colocado pelos sócios, para a formação do patrimônio da
empresa). Neste patrimônio inicial, encontram-se também registradas
as alterações do valor do patrimônio, ocorridas no exercício, até aquele
momento, nas seguintes contas de resultado: (1) Receitas de Venda, no
valor de R$ 6.000,00 e (2) Custo da Mercadoria Vendida, no valor de R$
4.000,00. A seguir, encontra-se representado o balancete
representativo do patrimônio acima sugerido.

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Ativo Passivo
Caixa 25.000,00 Fornecedores 8.000,00

Bancos 25.000,00

Duplicatas a Receber 6.000,00


------------------------------------------- Patrimônio Líquido
Capital 50.000,00
Estoques 4.000,00

Despesas Receitas
Custo da Mercadoria Vendida 4.000,00 Receita Bruta de Vendas 6.000,00

1.1.3 Análise dos Efeitos Patrimoniais do Fato


Contextualizando a operação de empréstimo bancário, no âmbito das
atividades normais de uma empresa, podemos identificar sua ocorrência
quando a empresa necessita de dinheiro (para uma compra, um
investimento ou, simplesmente, para honrar seus compromissos).
Nessa situação, a empresa vai até uma instituição financeira e contrata
com ela um empréstimo.
Trata-se de uma operação muito simples do ponto de vista patrimonial:
surge valor no elemento patrimonial Bancos (Ativo) e, ao mesmo tempo,
surge uma obrigação, no patrimônio, registrada no elemento patrimonial
Empréstimos Bancários (Passivo). Assim, no momento da contratação
do empréstimo, teríamos débito na conta Bancos e crédito na conta
Empréstimos Bancários.
Ocorre que a instituição financeira que está concedendo o empréstimo,
não o faz de forma graciosa, ELA COBRA POR ISSO! Dessa forma, ao
longo do tempo, contratado, do empréstimo, vão incidir juros
(remuneração do dinheiro – o valor do dinheiro no tempo). Esses juros
aumentarão a obrigação de pagamento, por parte da empresa,
resultando em um motivo de redução do patrimônio da empresa, e
serão registrados como despesas.
Mas, não podemos ignorar o fato de que as despesas devem ser
registradas conforme o regime de competência (de acordo com os

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Princípios Fundamentais de Contabilidade, vistos Na aula 01 deste
curso). Dessa forma, a despesa com juros somente deverá ser
registrada no patrimônio da empresa à medida que o banco “cumprir o
que havia prometido, quando da contratação do empréstimo”. Bem, o
banco prometeu deixar o dinheiro, do empréstimo, com a empresa, pelo
prazo de 12 meses (um ano). Assim, os juros somente deverão ser
registrados ao final do prazo de 12 meses (ou, no máximo,
proporcionalmente, a cada mês) e não no momento de contratação do
empréstimo.
Portanto, no momento da contratação do empréstimo, teremos um valor
de R$ 10.000,00, aplicado na conta Bancos, e a origem desse valor será
a conta Empréstimos Bancários. Repare que o patrimônio não fica
majorado nem reduzido neste momento.
Utilizando a metáfora da “caixa de areia”, podemos considerar que são
cavados “dez mil grãos de areia” do buraco patrimonial Empréstimos
Bancários e que esses “dez mil grãos de areia” são aplicados no
montinho patrimonial Banco. A figura a seguir representa,
esquematicamente, o fluxo de valores, entre elementos patrimoniais,
decorrente do fato contábil em tela.

Ativo Passivo
Caixa 25.000,00 Fornecedores 8.000,00

Bancos 25.000,00
10.000,00 Empréstimos Bancários 10.000,00 11
35.000,00

Duplicatas a Receber 6.000,00


------------------------------------------- Patrimônio Líquido
Capital 50.000,00
Estoques 4.000,00

Despesas Receitas
Custo da Mercadoria Vendida 4.000,00 Receita Bruta de Vendas 6.000,00

Agora ficou muito fácil:


- Setinha é débito – Bancos;

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- Bolinha é crédito – Empréstimos Bancários.

1.1.4 Lançamento

1.1.4.1 Registro no Livro Diário


D= Bancos
11 C= a Empréstimos bancários 10.000,00

Ou, simplesmente:
Bancos
11 a Empréstimos bancários 10000

1.1.4.2 Registro no Livro Razão

capital caixa Estoques Fornecedores


débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
50.000,00 si si 25.000,00 si 4.000,00 8.000,00 si

Receita Bruta de Vendas Custo da Mercadoria Vendida Duplicatas a Receber Bancos


débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
6.000,00 si si 4.000,00 si 6.000,00 si 25.000,00
11 10.000,00
sf 35.000,00

Empréstimos Bancários
débitos créditos
10.000,00 11

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1.1.5 Patrimônio Final

Ativo Passivo
Caixa 25.000,00 Fornecedores 8.000,00

Bancos 35.000,00
Empréstimos Bancários 10.000,00

Duplicatas a Receber 6.000,00


------------------------------------------- Patrimônio Líquido
Capital 50.000,00
Estoques 4.000,00

Despesas Receitas
Custo da Mercadoria Vendida 4.000,00 Receita Bruta de Vendas 6.000,00

1.1.6 Considerações Finais


Repare que, após a ocorrência do fato contábil, o valor do patrimônio
líquido (bens/direitos (-) obrigações) não foi Alterado, permanecendo no
valor de R$ 52.000,00, portanto, trata-se de um fato contábil
permutativo.
Na conta Bancos – representativa de um direito e, portanto, classificada
no ativo – foi registrado um débito. Repare que essa conta teve seu
saldo majorado (de R$ 25.000,00 para R$ 35.000,00). Isso está de
acordo com a natureza devedora das contas de ativo: contas de ativo
têm seu saldo aumentado por débitos (e reduzido por créditos).
Na conta Empréstimos Bancários – representativa de uma obrigação e,
portanto, classificada no passivo – foi registrado um crédito. Repare
que essa conta teve seu saldo majorado (de R$ 0,00 para R$
10.000,00). Isso também está de acordo com a natureza devedora das
contas de passivo: contas de passivo têm seu saldo aumentado por
créditos (e reduzido por débitos).
Pelo fato de terem sido registradas apenas uma conta a débito e uma
conta a crédito, o lançamento foi de primeira fórmula (repare que não
foi feito uso da palavra reservada “diversos”, quando do registro no
Livro Diário).

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Finalmente, repare que o valor dos débitos, R$ 10.000,00, é idêntico ao
valor dos créditos, R$ 10.000,00, e que isso está de acordo com o
método das partidas dobradas: para todo débito registrado, há um
crédito de igual valor. De uma forma simples e rápida, verificamos a
correção do registro do fato contábil pela comparação dos somatórios de
valores em ambos os lados do patrimônio (representados no balancete)
– esses dois valores devem ser iguais. Em nosso exemplo, isso ocorre
porque:
- o somatório dos saldos das contas do lado esquerdo (Ativo e
Despesas) é igual a R$ 74.000,00;
- o somatório dos saldos das contas do lado direito (Passivo,
Patrimônio Líquido e Receitas) é, também, igual a R$
74.000,00.

1.2 Reconhecimento dos Juros Sobre Empréstimos Bancários

1.2.1 Descrição e Considerações sobre o Fato Contábil


Registro dos juros incorridos no período de um ano, referentes ao
empréstimo registrado no item anterior. A apuração dos juros
encontra-se a seguir:
- valor do empréstimo (principal)  R$ 10.000,00;
- taxa de juros  20% ao ano;
- prazo do empréstimo  um ano;
- juros [Principal (*) taxa (*) prazo]  R$ 10.000,00 (*) 20%
(*) 1 = R$ 2.000,00.

1.2.2 Patrimônio Inicial


Seja o patrimônio inicial, didaticamente proposto de forma simples, que
tenha apenas (1) R$ 25.000,00, em dinheiro; (2) R$ 35.000,00, em
depósitos bancários; (3) R$ 6.000,00, em direitos de receber o valor de
duplicatas emitidas; (4) R$ 4.000,00, em estoque de mercadorias; (5)
R$ 8.000,00 em obrigação de pagar pela compra do estoque de
mercadorias (anteriormente realizada a prazo); (6) R$ 10.000,00 em
obrigação de pagar pelo empréstimo tomado; e (7) R$ 50.000,00, em
capital (colocado pelos sócios, para a formação do patrimônio da
empresa). Neste patrimônio inicial, encontram-se também registradas
as alterações do valor do patrimônio, ocorridas no exercício, até aquele
momento, nas seguintes contas de resultado: (1) Receitas de Venda, no
valor de R$ 6.000,00 e (2) Custo da Mercadoria Vendida, no valor de R$
4.000,00. A seguir, encontra-se representado o balancete
representativo do patrimônio acima sugerido.

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Ativo Passivo
Caixa 25.000,00 Fornecedores 8.000,00

Bancos 35.000,00
Empréstimos Bancários 10.000,00

Duplicatas a Receber 6.000,00


------------------------------------------- Patrimônio Líquido
Capital 50.000,00
Estoques 4.000,00

Despesas Receitas
Custo da Mercadoria Vendida 4.000,00 Receita Bruta de Vendas 6.000,00

1.2.3 Análise dos Efeitos Patrimoniais do Fato


Dada a ocorrência de uma operação de empréstimo bancário, resulta a
existência de uma obrigação no patrimônio da empresa: a obrigação de
pagar pelo empréstimo tomado, registrada no elemento patrimonial
Empréstimos Bancários (Passivo).
Foi visto, porém, que a instituição financeira que está concedendo o
empréstimo, não o faz de forma graciosa, ELA COBRA POR ISSO! Dessa
forma, ao longo do tempo, contratado, do empréstimo, vão incidir juros
(remuneração do dinheiro – o valor do dinheiro no tempo). Esses juros
aumentarão a obrigação de pagamento, por parte da empresa,
resultando em um motivo de redução do patrimônio da empresa, e
serão registrados como despesas.

1.2.3.1 Conceitos básicos acerca dos juros


Cabe, aqui, uma breve referência sobre os conceitos de (1) juros, (2)
taxa de juros e (3) tipos de juros. Digo que será uma breve referência
pelo fato de que esse assunto é afeto à disciplina de matemática
financeira e que, em nosso curso, apresentaremos apenas os
fundamentos básicos da idéia de juros, para que seja possível o
entendimento dos registros contábeis a eles (juros) referentes.
a) juros – o valor do dinheiro no tempo;

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b) taxa de juros – um percentual que incide sobre o valor do
empréstimo, a cada período, aumentando a dívida; este
percentual varia em função de dois parâmetros:
a. o tempo – sendo juros o valor do dinheiro no tempo, o
percentual será maior quanto maior for o período
considerado;
b. o risco – quanto maior for o risco do devedor não honrar
seu compromisso (ficar sem patrimônio para pagar o
empréstimo), maior será o percentual.
c) Tipos de juros – há vários critérios de classificação de juros:
(1) quanto ao regime de capitalização dos juros (juros simples
x compostos); (2) quanto ao critério de cobrança (cobrança
antecipada x postecipada); (3) quanto ao critério de
deteminação (juros pré-fixados x pós-fixados) e (4) quanto ao
critério de aplicação da taxa (taxa pré-fixada x pós-fixada):
a. Quanto ao regime de capitalização:
i. juros simples – são aqueles incidem somente
sobre o valor inicial do empréstimo (denominado
principal), a cada período.
ii. juros compostos – são aqueles que incidem sobre
o somatório do valor inicial do empréstimo com os
juros já incorridos em períodos anteriores
(denominado montante), a cada período.
b. Quanto ao critério de cobrança:
i. Cobrança antecipada – são aqueles que, já
conhecidos no momento da contratação do
empréstimo, são cobrados no início (ou seja,
descontados do valor a ser entregue à empresa,
pela instituição financeira).
ii. Cobrança postecipada – são aqueles que somente
são exigidos ao final do prazo do empréstimo.
c. Quanto ao critério de determinação:
i. juros pré-fixados – são aqueles pré-determinados,
já conhecidos das partes no momento da
contratação do empréstimo.
ii. juros pós-fixados – são aqueles que cuja taxa não
é conhecida desde o momento da contratação e
que, geralmente, é deixada à determinação de um
terceiro (exemplo: juros SELIC – taxa determinada
pelo Governo, para cada mês).

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d. Quanto ao critério de aplicação da taxa de juros:
i. aplicação antecipada – em que a taxa incide a
cada início de período.
ii. aplicação postecipada – em que a taxa incide
somente a cada final de período.
Já foi visto, também, que não podemos ignorar o fato de que as
despesas devem ser registradas conforme o regime de competência (de
acordo com os Princípios Fundamentais de Contabilidade, vistos na aula
01 deste curso). Dessa forma, independentemente da maneira pela
qual os juros vão ser calculados ou cobrados, a despesa com juros
somente deverá ser registrada no patrimônio da empresa à medida que
o banco “cumprir o que havia prometido, quando da contratação do
empréstimo”. No caso, o banco prometeu deixar o dinheiro, do
empréstimo, com a empresa, pelo prazo de 12 meses (um ano). Assim,
os juros somente deverão ser registrados ao final do prazo de 12 meses
(ou proporcionalmente, a cada mês, o que não faremos aqui porque o
período é idêntico ao prazo do empréstimo) e não no momento de
contratação do empréstimo.

1.2.3.2 Análise da operação, do ponto de vista patrimonial


Por tudo o que foi acima apresentado, conclui-se que, no caso, ao final
do período de 12 meses do momento da contratação do empréstimo, o
banco cumpre o que havia combinado e a empresa incorre em uma
despesa no valor de R$ 2.000,00 aplicado no lixo, para fora do
patrimônio, reduzindo-o, a ser registrado na conta de resultado Despesa
com Juros e cuja origem será a conta Empréstimos Bancários. Repare
que, nesse momento, e somente nesse momento, o patrimônio fica
reduzido.
Utilizando a metáfora da “caixa de areia”, podemos considerar que são
cavados “dois mil grãos de areia” do buraco patrimonial Empréstimos
Bancários e que esses “dois mil grãos de areia” são aplicados na lata de
lixo (jogados para fora do patrimônio, reduzindo-o), na conta Despesas
com Juros. A figura a seguir representa, esquematicamente, o fluxo de
valores, entre elementos patrimoniais, decorrente do fato contábil em
tela.

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Ativo Passivo
Caixa 25.000,00 Fornecedores 8.000,00

Bancos 35.000,00
Empréstimos Bancários 10.000,00 12
2.000,00
12.000,00
Duplicatas a Receber 6.000,00
------------------------------------------- Patrimônio Líquido
Capital 50.000,00
Estoques 4.000,00

Despesas Receitas
Custo da Mercadoria Vendida 4.000,00 Receita Bruta de Vendas 6.000,00

Despesa com Juros 2.000,00

Agora ficou muito fácil:


- Setinha é débito – Despesa com Juros;
- Bolinha é crédito – Empréstimos Bancários.

1.2.4 Lançamento

1.2.4.1 Registro no Livro Diário


D= Despesa com Juros
12
C= a Empréstimos Bancários 2.000,00

Ou, simplesmente:
Despesa com Juros
12 a Empréstimos Bancários 2.000,00

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1.2.4.2 Registro no Livro Razão

capital caixa Estoques Fornecedores


débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
50.000,00 si si 25.000,00 si 4.000,00 8.000,00 si

Receita Bruta de Vendas Custo da Mercadoria Vendida Duplicatas a Receber Bancos


débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
6.000,00 si si 4.000,00 si 6.000,00 si 35.000,00

Empréstimos Bancários Despesa com Juros


débitos créditos débitos créditos
10.000,00 si 12 2.000,00
2.000,00 12
12.000,00 sf

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1.2.5 Patrimônio Final

Ativo Passivo
Caixa 25.000,00 Fornecedores 8.000,00

Bancos 35.000,00
Empréstimos Bancários 12.000,00

Duplicatas a Receber 6.000,00


------------------------------------------- Patrimônio Líquido
Capital 50.000,00
Estoques 4.000,00

Despesas Receitas
Custo da Mercadoria Vendida 4.000,00 Receita Bruta de Vendas 6.000,00

Despesa com Juros 2.000,00

1.2.6 Considerações Finais


Repare que, após a ocorrência do fato contábil, o valor do patrimônio
líquido (bens/direitos (-) obrigações) foi Alterado: (1) o valor inicial, de
R$ 52.000,00, foi reduzido (pela despesa de R$ 2.000,00) – registrada
na conta Despesa com Juros; (2) adicionalmente, percebe-se que
somente houve mudança de valor em um elemento do patrimônio
(Empréstimos Bancários). Portanto, trata-se de um fato contábil
modificativo diminutivo.
Na conta Empréstimos Bancários – representativa de uma obrigação e,
portanto, classificada no passivo – foi registrado um crédito. Repare
que essa conta teve seu saldo majorado (de R$ 10.000,00 para R$
12.000,00). Isso também está de acordo com a natureza credora das
contas de passivo: contas de passivo têm seu saldo aumentado por
créditos (e reduzido por débitos).
Na conta Despesa com Juros1 – representativa de um motivo pelo qual o
patrimônio foi reduzido durante o exercício e, portanto, classificada
como conta de resultado – despesa – foi registrado um débito. Repare

1
Também denominada de Juros Passivos.

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que essa conta teve seu saldo majorado (de R$ 0,00 para R$ 2.000,00).
Isso está de acordo com a natureza devedora e unilateral das contas de
despesa: contas de despesa somente têm seu saldo aumentado, por
débitos, durante todo o exercício, (o saldo é reduzido, por créditos,
apenas nos casos de retificação de erro ou de fechamento do exercício).
Ainda, pelo fato de terem sido registradas apenas uma conta a débito e
uma conta a crédito, o lançamento foi de primeira fórmula (repare que
não houve uso da palavra reservada “diversos”, quando do registro no
Livro Diário).
Finalmente, repare que o valor dos débitos, R$ 2.000,00, é idêntico ao
valor dos créditos, R$ 2.000,00, e que isso está de acordo com o
método das partidas dobradas: para todo débito registrado, há um
crédito de igual valor. De uma forma simples e rápida, verificamos a
correção do registro do fato contábil pela comparação dos somatórios de
valores em ambos os lados do patrimônio (representados no balancete)
– esses dois valores devem ser iguais. Em nosso exemplo, isso ocorre
porque:
- o somatório dos saldos das contas do lado esquerdo (Ativo e
Despesas) é igual a R$ 76.000,00;
- o somatório dos saldos das contas do lado direito (Passivo,
Patrimônio Líquido e Receitas) é, também, igual a R$
76.000,00.

1.3 Quitação do Empréstimo Bancário tomado

1.3.1 Descrição e Considerações sobre o Fato Contábil


Pagamento, do valor do empréstimo tomado, acrescido dos juros
incorridos:
- valor do empréstimo  R$ 10.000,00 (denominado
principal);
- valor dos juros incorridos  R$ 2.000,00;
- Valor a pagar  R$ 10.000,00 + R$ 2.000,00 = R$
12.000,00 (denominado montante).

1.3.2 Patrimônio Inicial


Seja o patrimônio inicial, didaticamente proposto de forma simples, que
tenha apenas (1) R$ 25.000,00, em dinheiro; (2) R$ 35.000,00, em
depósitos bancários; (3) R$ 6.000,00, em direitos de receber o valor de
duplicatas emitidas; (4) R$ 4.000,00, em estoque de mercadorias; (5)
R$ 8.000,00 em obrigação de pagar pela compra do estoque de
mercadorias (anteriormente realizada a prazo); (6) R$ 12.000,00 em

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obrigação de pagar pelo empréstimo anteriormente tomado (já
acrescido dos juros incorridos) e (7) R$ 50.000,00, em capital (colocado
pelos sócios, para a formação do patrimônio da empresa). Neste
patrimônio inicial, encontram-se também registradas as alterações do
valor do patrimônio, ocorridas no exercício, até aquele momento, nas
seguintes contas de resultado: (1) Receitas de Venda, no valor de R$
6.000,00; (2) Custo da Mercadoria Vendida, no valor de R$ 4.000,00 e
(3) Despesa com Juros, no valor de R$ 2.000,00. A seguir, encontra-se
representado o balancete representativo do patrimônio acima sugerido.

Ativo Passivo
Caixa 25.000,00 Fornecedores 8.000,00

Bancos 35.000,00
Empréstimos Bancários 12.000,00

Duplicatas a Receber 6.000,00


------------------------------------------- Patrimônio Líquido
Capital 50.000,00
Estoques 4.000,00

Despesas Receitas
Custo da Mercadoria Vendida 4.000,00 Receita Bruta de Vendas 6.000,00

Despesa com Juros 2.000,00

1.3.3 Análise dos Efeitos Patrimoniais do Fato


O pagamento do empréstimo enseja o desaparecimento de (pelo menos
uma parte) do valor do direito existente no patrimônio da empresa de
sacar o seu dinheiro (anteriormente depositado no banco), registrado na
conta Bancos, que terá seu saldo reduzido, e, também, o
desaparecimento (pelo menos em parte) de uma obrigação constante do
patrimônio da empresa, registrada na conta Empréstimos Bancários,
que terá seu saldo reduzido.
Utilizando a metáfora da “caixa de areia”, podemos considerar que são
desbastados “doze mil grãos de areia” do montinho patrimonial Bancos
e que esses “doze mil grãos de areia” são aplicados no buraco
patrimonial Empréstimos Bancários, tapando-o. A figura a seguir

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representa, esquematicamente, o fluxo de valores, entre elementos
patrimoniais, decorrente do fato contábil em tela.

Ativo Passivo
Caixa 25.000,00 Fornecedores 8.000,00

Bancos 35.000,00
(12.000,00) Empréstimos Bancários 12.000,00 13
23.000,00 (12.000,00)
-
Duplicatas a Receber 6.000,00
------------------------------------------- Patrimônio Líquido
Capital 50.000,00
Estoques 4.000,00

Despesas Receitas
Custo da Mercadoria Vendida 4.000,00 Receita Bruta de Vendas 6.000,00

Despesa com Juros 2.000,00

Agora ficou muito fácil:


- Setinha é débito – Empréstimos Bancários;
- Bolinha é crédito – Bancos.

1.3.4 Lançamento

1.3.4.1 Registro no Livro Diário

D= Empréstimos Bancários
13 C= a Bancos 12.000,00

Ou, simplesmente:
Empréstimos Bancários
13 a Bancos 12.000,00

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1.3.4.2 Registro no Livro Razão

capital caixa Estoques Fornecedores


débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
50.000,00 si si 25.000,00 si 4.000,00 8.000,00 si

Receita Bruta de Vendas Custo da Mercadoria Vendida Duplicatas a Receber Bancos


débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
6.000,00 si si 4.000,00 si 6.000,00 si 35.000,00
12.000,00 13
sf 23.000,00

Empréstimos Bancários Despesa com Juros


débitos créditos débitos créditos
12.000,00 si si 2.000,00
13 12.000,00
- sf

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1.3.5 Patrimônio Final

Ativo Passivo
Caixa 25.000,00 Fornecedores 8.000,00

Bancos 23.000,00

Duplicatas a Receber 6.000,00


------------------------------------------- Patrimônio Líquido
Capital 50.000,00
Estoques 4.000,00

Despesas Receitas
Custo da Mercadoria Vendida 4.000,00 Receita Bruta de Vendas 6.000,00

Despesa com Juros 2.000,00

1.3.6 Considerações Finais


Repare que, após a ocorrência do fato contábil, o valor do patrimônio
líquido (bens/direitos (-) obrigações) não foi alterado – Permanecendo
no valor de R$ 50.000,00. Portanto, trata-se de um fato permutativo.
Na conta Empréstimos Bancários – representativa de uma obrigação e,
portanto, classificada no passivo – foi registrado um débito. Repare que
essa conta teve seu saldo reduzido (de R$ 12.000,00 para R$ 0,00).
Isso está de acordo com a natureza credora das contas de passivo:
contas de passivo têm seu saldo aumentado por créditos (e reduzido por
débitos).
Na conta Bancos – representativa de um direito e, portanto, classificada
no ativo – foi registrado um crédito. Repare que essa conta teve seu
saldo reduzido (de R$ 35.000,00 para R$ 23.000,00). Isso também
está de acordo com a natureza devedora das contas de ativo: contas de
ativo têm seu saldo aumentado por débitos (e reduzido por créditos).
Finalmente, repare que o valor dos débitos, R$ 12.000,00, é idêntico ao
valor dos créditos, R$ 12.000,00, e que isso está de acordo com o
método das partidas dobradas: para todo débito registrado, há um
crédito de igual valor. Em tempo, uma forma simples e rápida de

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verificar a correção do registro do fato contábil é a comparação dos
somatórios de valores em ambos os lados do patrimônio (representado
no balancete) – esses dois valores devem ser iguais. Em nosso
exemplo, isso ocorre porque:
- o somatório dos saldos das contas do lado esquerdo (Ativo e
Despesas) é igual a R$ 64.000,00;
- o somatório dos saldos das contas do lado direito (Passivo,
Patrimônio Líquido e Receitas) é, também, igual a R$
64.000,00.

1.4 Desconto de Duplicatas

1.4.1 Descrição e Considerações sobre o Fato Contábil


Operação de desconto de duplicatas – junto ao banco – nos seguintes
termos:
- duplicata de R$ 6.000,00;
- com despesas bancárias no valor de R$ 1.000,00.
Nesta operação, a empresa recebe o valor de R$ 5.000,00 e, ao final do
prazo, deve pagar o valor R$ 6.000,00. A peculiaridade desta operação
é que a empresa autoriza o banco a receber, ao final do prazo de
vencimento da duplicata, em nome da empresa, o valor da duplicata (no
caso, de R$ 6.000,00), ficar com esse valor e, com isso, quitar a
obrigação (da empresa), de pagar os R$ 6.000,00 que ela deve ao
banco, devidos pelos R$ 5.000,00 recebidos (quando da operação de
desconto de duplicatas).

1.4.2 Patrimônio Inicial


Seja o patrimônio inicial, didaticamente proposto de forma simples, que
tenha apenas (1) R$ 25.000,00, em dinheiro; (2) R$ 25.000,00, em
depósitos bancários; (3) R$ 6.000,00, em direitos de receber o valor de
duplicatas emitidas; (4) R$ 4.000,00, em estoque de mercadorias; (5)
R$ 8.000,00 em obrigação de pagar pela compra do estoque de
mercadorias (anteriormente realizada a prazo); e (6) R$ 50.000,00, em
capital (colocado pelos sócios, para a formação do patrimônio da
empresa). Neste patrimônio inicial, encontram-se também registradas
as alterações do valor do patrimônio, ocorridas no exercício, até aquele
momento, nas seguintes contas de resultado: (1) Receitas de Venda, no
valor de R$ 6.000,00 e (2) Custo da Mercadoria Vendida, no valor de R$
4.000,00. A seguir, encontra-se representado o balancete
representativo do patrimônio acima sugerido.

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Ativo Passivo
Caixa 25.000,00 Fornecedores 8.000,00

Bancos 25.000,00

Duplicatas a Receber 6.000,00


------------------------------------------- Patrimônio Líquido
Capital 50.000,00
Estoques 4.000,00

Despesas Receitas
Custo da Mercadoria Vendida 4.000,00 Receita Bruta de Vendas 6.000,00

1.4.3 Análise dos Efeitos Patrimoniais do Fato

1.4.3.1 Considerações Teóricas Sobre a Operação de


Desconto de Duplicatas
Contextualizando a operação de desconto de duplicatas, no âmbito das
atividades normais de uma empresa, podemos identificar sua ocorrência
quando a empresa necessita de dinheiro (para uma compra, um
investimento ou, simplesmente, para honrar seus compromissos),
situação similar àquela que enseja a ocorrência de um empréstimo.
Nessa situação, portanto, a empresa poderia ir até uma instituição
financeira e contratar, com ela, um empréstimo.
Conforme vimos nos itens acima, o empréstimo é uma operação muito
simples do ponto de vista patrimonial: surge valor no elemento
patrimonial Bancos (Ativo) e, ao mesmo tempo, surge uma obrigação,
no patrimônio, registrada no elemento patrimonial Empréstimos
Bancários (Passivo). Assim, no momento da contratação do
empréstimo, teríamos débito na conta Bancos e crédito na conta
Empréstimos Bancários.
Ocorre que a instituição financeira que está concedendo o empréstimo,
não o faz de forma graciosa, ELA COBRA POR ISSO! Dessa forma, ao
longo do tempo, contratado, do empréstimo, vão incidir juros
(remuneração do dinheiro – o valor do dinheiro no tempo). Esses juros

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aumentarão a obrigação de pagamento, por parte da empresa,
resultando em um motivo de redução do patrimônio da empresa, e
serão registrados como despesas.
Como a finalidade das empresas em geral é o lucro, quanto menores
forem os juros dela cobrados, melhor. Assim, a empresa busca –
sempre – alternativas de captação de recursos baratos. Uma dessas
alternativas é o Desconto de Duplicatas. Para que se possa entender
claramente essa operação, é proposta, didaticamente, a seguir, uma
breve recordação dos conceitos atinentes à conta Duplicatas a Receber.
Conforme já visto neste curso, a conta DUPLICATAS A RECEBER registra
os valores a receber oriundos das atividades básicas da empresa com
relação a seus clientes. Em outras palavras, as duplicatas a receber
surgem das operações normais de venda a prazo de mercadorias ou
serviços, realizadas pela empresa, e representam um direito a cobrar de
seus clientes, pelas vendas a prazo realizadas.
Foi visto, também, que – pelo regime de competência (de acordo com
os Princípios Fundamentais de Contabilidade, vistos na aula 01 deste
curso) – o direito de exigir valores de clientes somente surge com a
ocorrência da venda – “o momento mágico” – em que é auferida, pela
empresa, a Receita Bruta de Vendas. Dessa maneira, as Duplicatas a
Receber somente devem ser contabilmente reconhecidas no momento
em que houver mercadorias vendidas ou serviços executados. Por outro
lado, as Duplicatas a Receber somente devem ser creditadas (baixadas)
pelas cobranças feitas, com os respectivos abatimentos, ou – ainda –
pelas mercadorias devolvidas, bem como pelo registro de perdas por
impossibilidade do recebimento do respectivo valor.
Recordado o conceito de Duplicatas a Receber, e seu comportamento na
vida patrimonial das empresas, vamos analisar a operação de Desconto
de Duplicatas.
A operação de Desconto de Duplicatas, apesar de seu nome não evocar
a idéia de empréstimo, tem o efeito econômico de uma operação de
“empréstimo” tomado pela empresa, com a peculiaridade de que o
pagamento do valor da duplicata (pelo cliente) funciona como uma
garantia da quitação do “empréstimo” tomado (pela empresa junto ao
banco). Assim, com mais garantias, o risco é menor e –
conseqüentemente – a taxa de juros é menor, portanto, as despesas
financeiras são menores do que aquelas típicas de um empréstimo
qualquer.
Cabe, apenas, lembrar que a taxa de juros é dependente de duas
variáveis:

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- o tempo – sendo juros o valor do dinheiro no tempo, o
percentual será maior quanto maior for o período considerado;
- o risco – quanto maior for o risco do devedor não honrar seu
compromisso (ficar sem patrimônio para pagar o empréstimo),
maior será o percentual.
Assim, quanto menor for o risco de impossibilidade de pagamento, por
parte da empresa, menor será a taxa de juros exigida pela instituição
financeira.
Ora, no caso do desconto de duplicatas há um risco menor porque: (1) o
direito de recebimento de duplicatas estará garantindo o pagamento do
“empréstimo” característico da operação de Desconto de Duplicatas; (2)
a própria empresa garante – com seu patrimônio – a quitação da
operação de Desconto de Duplicatas, caso o título não seja pago.
Portanto, com maior garantia do pagamento da obrigação, os encargos
cobrados pelo banco, na operação, são menores. Essa é a razão da
empresa, sempre que possível, optar pela operação de Desconto de
Duplicatas em detrimento de um empréstimo normal.
A operacionalização dessa operação é a seguinte:
(1) o banco entrega à empresa um valor (exemplificativamente, R$
5.000,00);
(2) a empresa entrega ao banco Duplicatas de sua titularidade
(exemplificativamente, no valor de R$ 6.000,00), para que o banco faça
a respectiva cobrança (sempre em nome da empresa)2, a empresa
mantem – no entanto – a titularidade das duplicatas;
(3) a empresa dá a Duplicata em Garantia do “empréstimo”, e, assim:
(3.a) caso o cliente pague o valor da duplicata, o banco, com o
valor recebido pela duplicata, pode quitar a obrigação da empresa,
de R$ 6.000,00 (por ela assumida, ao contratar a operação de
Desconto de Duplicatas e receber o valor de R$ 5.000,00);
(3.b) caso o cliente não pague o valor da duplicata, o banco pode
(conforme autorização expressa da empresa – geralmente
constante do instrumento que formalizou a operação de Desconto
de Duplicatas), cobrar – retirar – diretamente da conta corrente

2
Importante! Apesar de fisicamente a empresa entregar a(s) Duplicata(s) ao banco,
ela não perde sua titularidade, essa entrega de título (endosso) é com a expressa
determinação de que o banco faça a cobrança da duplicata em nome da empresa
(endosso mandato). Por isso, a Duplicata, apesar de estar fisicamente com o banco,
continua fazendo parte do patrimônio da empresa. Assim, não faz a menor diferença
se a duplicata foi objeto de operação de desconto ou não, ela continua no ativo da
empresa até seu pagamento pelo cliente.

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da empresa o valor de R$ 6.000,00 e devolver a duplicata para
que a empresa (que sempre foi a titular) tente receber o valor do
cliente.
Repare que aí há uma diferença entre o valor de R$ 5.000,00, que o
banco entrega a seu cliente (à empresa), e o valor de R$ 6.000,00, que
a empresa fica obrigada a pagar ao banco. A diferença é devida aos
encargos bancários decorrentes da transação (o serviço de cobrança da
duplicata, a formalização da operação e os juros embutidos no valor do
“empréstimo”). Essa diferença de R$ 1.000,00 reduz o patrimônio e,
portanto, deve ser registrada como despesa.
Saliente-se que, conforme visto acima, havendo despesa com juros, seu
valor deveria ser contabilizado conforme o princípio da competência, à
medida que o banco permitisse à empresa ficar com o dinheiro da
operação de desconto de duplicatas. Entretanto, em todos os bons
livros de Contabilidade, a operação é apresentada com a contabilização
das despesas bancárias logo no início. Essa contabilização, direto em
despesas, é decorrente da aplicação da convenção da materialidade3,
pois a operação de desconto de duplicatas é – geralmente – realizada
em um período curto de tempo (30, 60 ou 90 dias) e, no valor cobrado
pelo banco (R$ 6.000,00 – R$ 5.000,00 = R$ 1.000,00), além de juros
estão embutidos outros elementos (serviços bancários). Assim, as
despesas bancárias não são apropriadas no tempo, mas – por
simplificação – consideradas logo de início.
Agora, com o conhecimento teórico, necessário, da operação de
Desconto de Duplicatas, podemos – com facilidade – analisar a operação
do ponto de vista do patrimônio.

1.4.3.2 Análise da operação, do ponto de vista patrimonial


Por motivos didáticos, vamos apresentar o fluxo de valores entre os
elementos patrimoniais envolvidos na operação de Desconto de
Duplicatas, de duas maneiras diferentes, a saber: (1) a primeira
maneira, lógica, porém equivocada – tratando a obrigação de entregar o
valor da duplicata ao banco como uma conta de passivo; (2) a segunda
maneira, correta, porém inusitada – introduzindo o conceito de conta
retificadora do ativo.

1.4.3.2.1 Primeira análise da operação – lógica, porém


equivocada – apenas para fins didáticos

3
Matéria vista na aula 01 de nosso curso.

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Isto que vai ser apresentado neste item está errado! Porém, decidimos
apresentar dessa maneira para induzir o aluno à conclusão correta – que
será apresentada no item seguinte.
A aplicação direta dos conceitos vistos nos itens anteriores, leva à
conclusão de que, na operação de Desconto de Duplicatas em tela: (1)
são aplicados R$ 5.000,00 em um direito – ativo – registrado na conta
Bancos e (2) esse valor tem como origem a obrigação – passivo – de
pagar ao banco R$ 6.000,00, registrada na conta Duplicatas
Descontadas.
Como o valor aplicado na conta Bancos é de apenas R$ 5.000,00 e a
origem de valores (conta Duplicatas Descontadas) é de R$ 6.000,00
temos que o patrimônio fica reduzido no valor de R$ 1.000,00. Essa
redução do patrimônio enseja a ocorrência de uma despesa, registrada
na conta de resultado Despesa Bancárias.
Utilizando a metáfora da “caixa de areia”, podemos considerar que são
cavados “seis mil grãos de areia” do buraco patrimonial Duplicatas
Descontadas e que, desses “seis mil grãos de areia”, “cinco mil grãos de
areia” são aplicados no montinho patrimonial Bancos; os outros “mil
grãos de areia” são jogados para fora do patrimônio (na lata de lixo) o
que enseja uma redução do patrimônio – despesa – registrada na conta
Despesas Bancárias. A figura a seguir representa, esquematicamente, o
fluxo de valores, entre elementos patrimoniais, decorrente do fato
contábil em tela.

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Ativo Passivo
Caixa 25.000,00 Fornecedores 8.000,00

Bancos 25.000,00 Duplicatas Descontadas 6.000,00


5.000,00
30.000,00
14
Duplicatas a Receber 6.000,00
------------------------------------------- Patrimônio Líquido
Capital 50.000,00
Estoques 4.000,00

Despesas Receitas
Custo da Mercadoria Vendida 4.000,00 Receita Bruta de Vendas 6.000,00

Despesas Bancárias 1.000,00

Os elementos patrimoniais envolvidos na representação do fluxo de


valores acima estão marcados (em vermelho) para indicar a
representação NÃO ESTÁ CORRETA! Ela foi apenas colocada assim
para, de forma didática, induzir o estudante ao raciocínio contábil e,
com isso, evitar que o aluno decore lançamentos sem entender seu
significado. Ao longo de nosso curso, várias vezes lançaremos mão
deste expediente – o de fazer o registro de forma incorreta, marcando-o
em vermelho, para, em seguida, apresentar o registro da forma correta,
introduzindo – geralmente – um novo conceito.
A seguir, vamos retomar o estudo do caso com a introdução de um
conceito novo: o conceito de conta retificadora do ativo.

1.4.3.2.2 Segunda análise da operação – correta, porém


inusitada – introdução do conceito de conta
retificadora do ativo.
Conforme apresentado no item acima, a conta Duplicatas Descontadas
foi utilizada para registrar uma OBRIGAÇÃO, a obrigação da empresa de
entregar R$ 6.000,00 à instituição financeira, para quitação da
operação, anteriormente efetuada, de desconto de duplicatas. Ocorre
que essa obrigação, como qualquer outra, deveria estar registrada no
passivo. Mas nenhum bom livro de contabilidade apresenta esta conta
Duplicatas Descontadas no passivo.

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Ora, então como é representada essa obrigação no patrimônio? A
resposta para essa pergunta está no conceito de conta retificadora do
ativo.
Analisando a operação Desconto de Duplicatas, percebemos que a
obrigação – da empresa – de entregar R$ 6.000,00 ao banco está
intimamente ligada com a existência de um ativo, qual seja: o direito
registrado na conta Duplicatas a Receber. Isso porque é esperado que a
quitação da obrigação da empresa (registrada na conta Duplicatas
Descontadas) ocorra justamente com o recebimento do valor de um
direito do qual ela é titular (registrado na conta Duplicatas a Receber).
Pela ligação “umbilical” existente entre esse direito e essa obrigação,
para fins de clareza na apresentação do patrimônio, a legislação
determina que a “obrigação”, a ser registrada na conta Duplicatas
Descontadas, seja apresentada juntamente com o direito registrado na
conta Duplicatas a Receber. Nesse sentido, citamos a Norma Brasileira
de Contabilidade n° 3, que trata da estrutura das demonstrações
contábeis.
NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE
NBC T 3 – CONCEITO, CONTEÚDO, ESTRUTURA E
NOMENCLATURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
3.2.2.6 – Os saldos devedores ou credores de todas as
contas retificadoras deverão ser apresentados como
valores redutores das contas ou grupo de contas que lhes
deram origem.

Para entender o que significa uma conta retificadora do ativo, basta


saber que ela tem natureza de passivo e funcionamento de
passivo, mas, por determinação normativa, ela fica registrada no
ativo e, conseqüentemente, fica com o sinal invertido. De forma
bem humorada (e didaticamente eficiente), podemos encarar uma conta
retificadora do ativo como uma conta do tipo “travesti”, que tem
natureza de passivo e funcionamento de passivo, mas é registrada como
ativo e, conseqüentemente, fica com o sinal invertido.
Agora sim, tudo o que foi visto no item anterior pode ser revisto e
aplicado, com uma única diferença: a conta Duplicatas Descontadas,
que representa uma “obrigação”, não será apresentada no passivo, mas
sim como retificadora do ativo (ou seja, no ativo, mas com o sinal
invertido).
Portanto, levando mais essa premissa em consideração, vamos retomar
o raciocínio.
Na operação de Desconto de Duplicatas em tela: (1) são aplicados R$
5.000,00 em um direito – ativo – registrado na conta Bancos e (2) esse

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valor tem como origem a obrigação – conta retificadora do ativo – de
pagar ao banco R$ 6.000,00, registrada na conta Duplicatas
Descontadas.
Como o valor aplicado na conta Bancos é de apenas R$ 5.000,00 e a
origem de valores (conta Duplicatas Descontadas) é de R$ 6.000,00
temos que o patrimônio fica reduzido no valor de R$ 1.000,00. Essa
redução do patrimônio enseja a ocorrência de uma despesa, registrada
na conta de resultado Despesa Bancárias.
Utilizando a metáfora da “caixa de areia”, podemos considerar que são
cavados “seis mil grãos de areia” do buraco patrimonial Duplicatas
Descontadas e que, desses “seis mil grãos de areia”, “cinco mil grãos de
areia” são aplicados no montinho patrimonial Bancos; os outros “mil
grãos de areia” são jogados para fora do patrimônio (na lata de lixo) o
que enseja uma redução do patrimônio – despesa – registrada na conta
Despesas Bancárias. A figura a seguir representa, esquematicamente, o
CORRETO fluxo de valores, entre elementos patrimoniais, decorrente do
fato contábil em tela.

Ativo Passivo
Caixa 25.000,00 Fornecedores 8.000,00

Bancos 25.000,00
5.000,00
30.000,00

Duplicatas a Receber 6.000,00


(-) Duplicatas Descontadas -------------------------------------------
(6.000,00) Patrimônio Líquido
Capital 50.000,00
14
Estoques 4.000,00

Despesas Receitas
Custo da Mercadoria Vendida 4.000,00 Receita Bruta de Vendas 6.000,00
Despesas Bancárias 1.000,00

Repare que este modelo de informação é mais eficiente que o primeiro


(que estava errado e somente foi apresentado, no item anterior, por
motivos didáticos), pois este modelo não somente informa que há um
direito a receber R$ 6.000,00 (de clientes) e uma obrigação de entregar

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R$ 6.000,00 (ao banco), mas também informa que este direito se
destina à quitação da respectiva obrigação.
Agora ficou muito fácil:
- Setinha é débito – Bancos e Despesas Bancárias;
- Bolinha é crédito – Duplicatas Descontadas.

1.4.4 Lançamento

1.4.4.1 Registro no Livro Diário


D= Diversos
14 C= a Duplicatas Descontadas 6.000,00
D= Bancos 5.000,00
D= Despesas Bancárias 1.000,00

Ou, simplesmente:

Diversos
14 a Duplicatas Descontadas 6.000,00
Bancos 5.000,00
Despesas Bancárias 1.000,00

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1.4.4.2 Registro no Livro Razão

capital caixa Estoques Fornecedores


débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
50.000,00 si si 25.000,00 si 4.000,00 8.000,00 si

Receita Bruta de Vendas Custo da Mercadoria Vendida Duplicatas a Receber Despesas Bancárias
débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
6.000,00 si si 4.000,00 si 6.000,00 14 1.000,00

Bancos Duplicatas Descontadas


débitos créditos débitos créditos
si 25.000,00 6.000,00 14
14 5.000,00
sf 30.000,00

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1.4.5 Patrimônio Final

Ativo Passivo
Caixa 25.000,00 Fornecedores 8.000,00

Bancos 30.000,00

Duplicatas a Receber 6.000,00


(-) Duplicatas Descontadas -------------------------------------------
(6.000,00) Patrimônio Líquido
Capital 50.000,00

Estoques 4.000,00

Despesas Receitas
Custo da Mercadoria Vendida 4.000,00 Receita Bruta de Vendas 6.000,00
Despesas Bancárias 1.000,00

1.4.6 Considerações Finais


Repare que, após a ocorrência do fato contábil, o valor do patrimônio
líquido (bens/direitos (-) obrigações) foi Alterado: (1) o valor inicial, de
R$ 52.000,00, foi reduzido (pela despesa de R$ 1.000,00) – registrada
na conta Despesas Bancárias; (2) adicionalmente, houve mudança de
valor em mais de um elemento do patrimônio (Duplicatas Descontadas e
Bancos). Portanto, trata-se de um fato contábil misto diminutivo.
Na conta Bancos – representativa de um direito e, portanto, classificada
no ativo – foi registrado um débito. Repare que essa conta teve seu
saldo majorado (de R$ 25.000,00 para R$ 30.000,00). Isso está de
acordo com a natureza devedora das contas de ativo: contas de ativo
têm seu saldo aumentado por débitos (e reduzido por créditos).
Na conta Duplicatas Descontadas – representativa de uma obrigação e,
entretanto, classificada no ativo (como conta retificadora do ativo) – foi
registrado um crédito. Repare que essa conta teve seu saldo majorado
(de R$ 0,00 para R$ 6.000,00). Isso também está de acordo com a
natureza devedora das contas de retificadoras de ativo (que têm
natureza e funcionamento de passivo): contas retificadoras de ativo têm
seu saldo aumentado por créditos (e reduzido por débitos).

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Na conta Despesas Bancárias – representativa de um motivo pelo qual o
patrimônio foi reduzido durante o exercício e, portanto, classificada
como conta de resultado – despesa – foi registrado um débito. Repare
que essa conta teve seu saldo majorado (de R$ 0,00 para R$ 1.000,00).
Isso está de acordo com a natureza devedora e unilateral das contas de
despesa: contas de despesa somente têm seu saldo aumentado, por
débitos, durante todo o exercício, (o saldo é reduzido, por créditos,
apenas nos casos de retificação de erro ou de fechamento do exercício).
Ainda, pelo fato de terem sido registradas duas contas a débito e
apenas uma conta a crédito, o lançamento foi de terceira fórmula
(repare no uso da palavra reservada “diversos”, quando do registro no
Livro Diário).
Finalmente, repare que o valor dos débitos, R$ 5.000,00 + R$ 1.000,00
= R$ 6.000,00, é idêntico ao valor dos créditos, R$ 6.000,00, e que isso
está de acordo com o método das partidas dobradas: para todo débito
registrado, há um crédito de igual valor. De uma forma simples e
rápida, verificamos a correção do registro do fato contábil pela
comparação dos somatórios de valores em ambos os lados do
patrimônio (representados no balancete) – esses dois valores devem ser
iguais. Em nosso exemplo, isso ocorre porque:
- o somatório dos saldos das contas do lado esquerdo (Ativo e
Despesas) é igual a R$ 64.000,00;
- o somatório dos saldos das contas do lado direito (Passivo,
Patrimônio Líquido e Receitas) é, também, igual a R$
64.000,00.
Observação importante. O maior erro do estudante, quando do contato
inicial com a operação de Desconto de Duplicatas, é imaginar que no
momento da operação de desconto de duplicatas, o direito Duplicatas a
Receber sai do patrimônio da empresa. Isso não acontece! As
duplicatas apenas vão fisicamente para o Banco (para que ele realize a
cobrança do título), mas a titularidade das Duplicatas continua sendo da
empresa e, assim, o respectivo valor continua registrado em seu ativo.
O direito de receber do cliente (registrado na conta Duplicatas a
Receber) somente sai do ativo da empresa quanto (1) o cliente paga
pela duplicata; ou (2) o recebimento do valor se torna impossível – pela
inadimplência do cliente.

1.5 Liquidação Normal de Duplicata Descontada

1.5.1 Descrição e Considerações sobre o Fato Contábil


Liquidação, por parte do cliente, da duplicata que havia sido objeto de
“Desconto de Duplicatas” pela empresa. Assim, o cliente entrega ao

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banco o valor de R$ 6.000,00, com o objetivo de quitar sua obrigação
(para com a empresa – pela venda a prazo de mercadorias). O banco,
por sua vez, recebe o valor, em nome da empresa, e, conforme,
definido no contrato de “Desconto de Duplicatas”, utiliza esse valor para
o “encontro de contas” – quitação da obrigação (da empresa para com o
banco) mediante a utilização do valor entregue ao banco pelo cliente.
A ocorrência desse fato contábil pressupõe a anterior ocorrência de: (a)
uma venda a prazo, por parte da empresa, que enseja a existência de
Duplicatas a Receber em seu ativo; (b) uma operação de Desconto de
Duplicatas, que enseja a existência de Duplicatas Descontadas em seu
ativo (como conta retificadora).
Do ponto de vista operacional, a empresa recebe uma comunicação do
banco com o seguinte conteúdo: (1) o cliente pagou pela duplicata de
emissão da empresa; (2) o banco utilizou o valor deste pagamento para
quitar a operação de “Desconto de Duplicatas”, pela empresa efetuada.4

1.5.2 Patrimônio Inicial


Seja o patrimônio inicial, didaticamente proposto de forma simples, que
tenha apenas (1) R$ 25.000,00, em dinheiro; (2) R$ 30.000,00, em
depósitos bancários; (3) R$ 6.000,00, em direitos de receber o valor de
duplicatas emitidas; (4) R$ 6.000,00 representando a obrigação de
entregar valor ao banco (registrada em conta retificadora do ativo); (5)
R$ 4.000,00, em estoque de mercadorias; (6) R$ 8.000,00 em
obrigação de pagar pela compra do estoque de mercadorias
(anteriormente realizada a prazo); e (7) R$ 50.000,00, em capital
(colocado pelos sócios, para a formação do patrimônio da empresa).
Neste patrimônio inicial, encontram-se também registradas as
alterações do valor do patrimônio, ocorridas no exercício, até aquele
momento, nas seguintes contas de resultado: (1) Receitas de Venda, no
valor de R$ 6.000,00, (2) Custo da Mercadoria Vendida, no valor de R$
4.000,00 e (3) Despesas Bancárias, no valor de R$ 1.000,00. A seguir,
encontra-se representado o balancete representativo do patrimônio
acima sugerido.

4
Tradicionalmente, conforme – inclusive – consta de vários livros de Contabilidade, o
banco enviava uma correspondência à empresa com a informação acima. Entretanto,
modernamente, esta mesma informação fica disponibilizada – imediatamente – à
empresa, através de sistemas informatizados de controle de cobrança de duplicatas,
mantidos pelo banco, com permissão de acesso por parte da empresa, através da
INTERNET.

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Ativo Passivo
Caixa 25.000,00 Fornecedores 8.000,00

Bancos 30.000,00

Duplicatas a Receber 6.000,00


(-) Duplicatas Descontadas -------------------------------------------
(6.000,00) Patrimônio Líquido
Capital 50.000,00

Estoques 4.000,00

Despesas Receitas
Custo da Mercadoria Vendida 4.000,00 Receita Bruta de Vendas 6.000,00
Despesas Bancárias 1.000,00

1.5.3 Análise dos Efeitos Patrimoniais do Fato


Com a ocorrência do fato contábil em tela, desaparecerá a obrigação de
entregar R$ 6.000,00 ao banco (referente à operação de Desconto de
Duplicatas) e desaparecerá, também, o direito de exigir do cliente o
valor da duplicata (pela venda a prazo antes ocorrida), visto que ele já
entregou este valor ao banco. Assim, serão aplicados R$ 6.000,00 no
elemento patrimonial Duplicatas Descontadas, cuja origem será o
elemento patrimonial Duplicatas a Receber.
Utilizando a metáfora da “caixa de areia”, podemos considerar que são
desbastados “seis mil grãos de areia” do montinho patrimonial
Duplicatas a Receber e que esses “seis mil grãos de areia” são aplicados
no buraco patrimonial Duplicatas descontadas, tapando-o. A figura a
seguir representa, esquematicamente, o fluxo de valores, entre
elementos patrimoniais, decorrente do fato contábil em tela.

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Ativo Passivo
Caixa 25.000,00 Fornecedores 8.000,00

Bancos 30.000,00
15

Duplicatas a Receber 6.000,00


(6.000,00)
-
(-) Duplicatas Descontadas -------------------------------------------
6.000,00 Patrimônio Líquido
(6.000,00) Capital 50.000,00
-

Estoques 4.000,00

Despesas Receitas
Custo da Mercadoria Vendida 4.000,00 Receita Bruta de Vendas 6.000,00
Despesas Bancárias 1.000,00

Agora ficou muito fácil:


Setinha é débito – Duplicatas Descontadas;
Bolinha é crédito – Duplicatas a Receber.

1.5.4 Lançamento

1.5.4.1 Registro no Livro Diário

D= Duplicatas Descontadas
15 C= a Duplicatas a Receber 6.000,00

Ou, simplesmente:
Duplicatas Descontadas
15 a Duplicatas a Receber 6.000,00

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1.5.4.2 Registro no Livro Razão

capital caixa Estoques Fornecedores


débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
50.000,00 si si 25.000,00 si 4.000,00 8.000,00 si

Receita Bruta de Vendas Custo da Mercadoria Vendida Duplicatas a Receber Despesas Bancárias
débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
6.000,00 si si 4.000,00 si 6.000,00 si 1.000,00
6.000,00 15
sf -

Bancos Duplicatas Descontadas


débitos créditos débitos créditos
si 30.000,00 6.000,00 si
15 6.000,00
- sf

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1.5.5 Patrimônio Final

Ativo Passivo
Caixa 25.000,00 Fornecedores 8.000,00

Bancos 30.000,00

Estoques 4.000,00
------------------------------------------- Patrimônio Líquido
Capital 50.000,00

Despesas Receitas
Custo da Mercadoria Vendida 4.000,00 Receita Bruta de Vendas 6.000,00
Despesas Bancárias 1.000,00

1.5.6 Considerações Finais


Repare que, após a ocorrência do fato contábil, o valor do patrimônio
líquido (bens/direitos (-) obrigações) não foi alterado – Permanecendo
no valor de R$ 51.000,00. Portanto, trata-se de um fato permutativo.
Na conta Duplicatas Descontadas – representativa de uma obrigação
(apesar de registrada no ativo – como conta retificadora) – foi
registrado um débito. Repare que essa conta teve seu saldo reduzido
(de R$ 6.000,00 para R$ 0,00). Isso está de acordo com a natureza
devedora das contas retificadoras do ativo: contas retificadoras do ativo
têm seu saldo aumentado por créditos (e reduzido por débitos).
Na conta Duplicatas a Receber – representativa de um direito e,
portanto, classificada no ativo – foi registrado um crédito. Repare que
essa conta teve seu saldo reduzido (de R$ 6.000,00 para R$ 0,00). Isso
também está de acordo com a natureza devedora das contas de ativo:
contas de ativo têm seu saldo aumentado por débitos (e reduzido por
créditos).
Finalmente, repare que o valor dos débitos, R$ 6.000,00, é idêntico ao
valor dos créditos, R$ 6.000,00, e que isso está de acordo com o
método das partidas dobradas: para todo débito registrado, há um

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crédito de igual valor. De uma forma simples e rápida, verificamos a
correção do registro do fato contábil pela comparação dos somatórios de
valores em ambos os lados do patrimônio (representados no balancete)
– esses dois valores devem ser iguais. Em nosso exemplo, isso ocorre
porque:
- o somatório dos saldos das contas do lado esquerdo (Ativo e
Despesas) é igual a R$ 64.000,00;
- o somatório dos saldos das contas do lado direito (Passivo,
Patrimônio Líquido e Receitas) é, também, igual a R$
64.000,00.

1.6 Falta de Pagamento de Duplicata Descontada

1.6.1 Descrição e Considerações sobre o Fato Contábil


Falta de liquidação, por parte do cliente, da duplicata que havia sido
objeto de “Desconto de Duplicatas” pela empresa. Assim, o cliente não
entrega ao banco o valor de R$ 6.000,00, que teria como conseqüência
a quitação de sua obrigação (para com a empresa – pela venda a prazo
de mercadorias). O banco, por sua vez, não recebendo o valor do
cliente, que permitiria, conforme definido no contrato de “Desconto de
Duplicatas”, o “encontro de contas” – quitação da obrigação (da
empresa para com o banco) mediante a utilização do valor entregue ao
banco pelo cliente, cobra da empresa o valor.
Assim, a empresa perde uma parte dos depósitos mantidos em sua
conta corrente. Isso porque, conforme – geralmente – consta do
contrato, ela já autorizou que o banco retirasse de sua conta corrente o
valor objeto da operação de desconto de duplicatas. Isso revela uma
verdade inexorável, com relação à operação de desconto de duplicatas:
(1) a obrigação da empresa junto ao banco – Duplicatas Descontadas –
deve ser quitada, em última análise, pela empresa; e (2) a obrigação do
cliente para com a empresa deve ser exigida pela empresa, que é a
titular do direito Duplicatas a Receber.
Em outras palavras, o banco devolve a Duplicata descontada como
quem diz: (1) “toma que o filho é teu” e, conforme vimos, a duplicata é
de titularidade da empresa mesmo e (2) “pague o que é meu” e,
conforme vimos, a obrigação de pagar pela operação de desconto é da
empresa mesmo.5

5
Pode até ser que, fisicamente, o título continue com o banco, para que o cliente
possa efetuar o pagamento diretamente na rede bancária (numa operação chamada

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A ocorrência desse fato contábil pressupõe a anterior ocorrência de: (a)
uma venda a prazo, por parte da empresa, que enseja a existência de
Duplicatas a Receber em seu ativo; (b) uma operação de Desconto de
Duplicatas, que enseja a existência de Duplicatas Descontadas em seu
ativo (como conta retificadora).
Do ponto de vista operacional, a empresa recebe uma comunicação do
banco com o seguinte conteúdo: (1) o cliente não pagou pela duplicata
de emissão da empresa; (2) o banco retirou o valor esperado para este
pagamento da conta corrente da empresa, para quitar a operação de
“Desconto de Duplicatas”, pela empresa efetuada; e (3) o banco
devolveu a Duplicata para que a empresa tente receber seus haveres de
seu cliente.

1.6.2 Patrimônio Inicial


Seja o patrimônio inicial, didaticamente proposto de forma simples, que
tenha apenas (1) R$ 25.000,00, em dinheiro; (2) R$ 30.000,00, em
depósitos bancários; (3) R$ 6.000,00, em direitos de receber o valor de
duplicatas emitidas; (4) R$ 6.000,00 representando a obrigação de
entregar valor ao banco (registrada em conta retificadora do ativo); (5)
R$ 4.000,00, em estoque de mercadorias; (6) R$ 8.000,00 em
obrigação de pagar pela compra do estoque de mercadorias
(anteriormente realizada a prazo); e (7) R$ 50.000,00, em capital
(colocado pelos sócios, para a formação do patrimônio da empresa).
Neste patrimônio inicial, encontram-se também registradas as
alterações do valor do patrimônio, ocorridas no exercício, até aquele
momento, nas seguintes contas de resultado: (1) Receitas de Venda, no
valor de R$ 6.000,00, (2) Custo da Mercadoria Vendida, no valor de R$
4.000,00 e (3) Despesas Bancárias, no valor de R$ 1.000,00. A seguir,
encontra-se representado o balancete representativo do patrimônio
acima sugerido.

“cobrança simples”). Porém, o mais importante é que, patrimonialmente, o título é da


empresa.

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Ativo Passivo
Caixa 25.000,00 Fornecedores 8.000,00

Bancos 30.000,00

Duplicatas a Receber 6.000,00


(-) Duplicatas Descontadas -------------------------------------------
(6.000,00) Patrimônio Líquido
Capital 50.000,00

Estoques 4.000,00

Despesas Receitas
Custo da Mercadoria Vendida 4.000,00 Receita Bruta de Vendas 6.000,00
Despesas Bancárias 1.000,00

1.6.3 Análise dos Efeitos Patrimoniais do Ato


Com a ocorrência do fato contábil em tela, desaparecerá a obrigação de
entregar R$ 6.000,00 ao banco (referente à operação de Desconto de
Duplicatas) e desaparecerá, também, parte do valor depositado na
conta corrente bancária (que representa o direito da empresa de sacar o
dinheiro antes depositado no banco). Repare que o direito de exigir, do
cliente, o valor da duplicata (pela venda à prazo antes ocorrida),
permanece no patrimônio da empresa.
Assim, serão aplicados R$ 6.000,00 no elemento patrimonial Duplicatas
Descontadas, cuja origem será o elemento patrimonial Bancos.
Utilizando a metáfora da “caixa de areia”, podemos considerar que são
desbastados “seis mil grãos de areia” do montinho patrimonial Bancos e
que esses “seis mil grãos de areia” são aplicados no buraco patrimonial
Duplicatas descontadas, tapando-o. A figura a seguir representa,
esquematicamente, o fluxo de valores, entre elementos patrimoniais,
decorrente do fato contábil em tela.

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Ativo Passivo
Caixa 25.000,00 Fornecedores 8.000,00

Bancos 30.000,00
16 (6.000,00)
24.000,00

Duplicatas a Receber 6.000,00

(-) Duplicatas Descontadas (6.000,00)


------------------------------------------- Patrimônio Líquido
6.000,00 Capital 50.000,00
-

Estoques 4.000,00

Despesas Receitas
Custo da Mercadoria Vendida 4.000,00 Receita Bruta de Vendas 6.000,00
Despesas Bancárias 1.000,00

Agora ficou muito fácil:


- Setinha é débito – Duplicatas Descontadas;
- Bolinha é crédito – Bancos.

1.6.4 Lançamento

1.6.4.1 Registro no Livro Diário

D= Duplicatas Descontadas
16 C= a Bancos 6.000,00

Ou, simplesmente:
Duplicatas Descontadas
16 a Bancos 6.000,00

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1.6.4.2 Registro no Livro Razão

capital caixa Estoques Fornecedores


débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
50.000,00 si si 25.000,00 si 4.000,00 8.000,00 si

Receita Bruta de Vendas Custo da Mercadoria Vendida Duplicatas a Receber Despesas Bancárias
débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
6.000,00 si si 4.000,00 si 6.000,00 si 1.000,00

Bancos Duplicatas Descontadas


débitos créditos débitos créditos
si 30.000,00 6.000,00 si
6.000,00 16 16 6.000,00
sf 24.000,00 - sf

1.6.5 Patrimônio Final

Ativo Passivo
Caixa 25.000,00 Fornecedores 8.000,00

Bancos 24.000,00

Dup licatas a Receber 6.000,00

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


Estoques 4.000,00 Cap ital 50.000,00

Despesas Receitas
Custo da M ercadoria Vendida 4.000,00 Receita Bruta de Vendas 6.000,00
Desp esas Bancárias 1.000,00

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1.6.6 Considerações Finais
Repare que, após a ocorrência do fato contábil, o valor do patrimônio
líquido (bens/direitos (-) obrigações) não foi alterado – Permanecendo
no valor de R$ 51.000,00. Portanto, trata-se de um fato permutativo.
Na conta Duplicatas Descontadas – representativa de uma obrigação
(apesar de registrada no ativo – como conta retificadora) – foi
registrado um débito. Repare que essa conta teve seu saldo reduzido
(de R$ 6.000,00 para R$ 0,00). Isso está de acordo com a natureza
devedora das contas retificadoras do ativo: contas retificadoras do ativo
têm seu saldo aumentado por créditos (e reduzido por débitos).
Na conta Bancos – representativa de um direito e, portanto, classificada
no ativo – foi registrado um crédito. Repare que essa conta teve seu
saldo reduzido (de R$ 30.000,00 para R$ 24.000,00). Isso também
está de acordo com a natureza devedora das contas de ativo: contas de
ativo têm seu saldo aumentado por débitos (e reduzido por créditos).
Finalmente, repare que o valor dos débitos, R$ 6.000,00, é idêntico ao
valor dos créditos, R$ 6.000,00, e que isso está de acordo com o
método das partidas dobradas: para todo débito registrado, há um
crédito de igual valor. De uma forma simples e rápida, verificamos a
correção do registro do fato contábil pela comparação dos somatórios de
valores em ambos os lados do patrimônio (representados no balancete)
– esses dois valores devem ser iguais. Em nosso exemplo, isso ocorre
porque:
- o somatório dos saldos das contas do lado esquerdo (Ativo e
Despesas) é igual a R$ 64.000,00;
- o somatório dos saldos das contas do lado direito (Passivo,
Patrimônio Líquido e Receitas) é, também, igual a R$
64.000,00.

1.7 Não pagamento de duplicata descontada e tentativa do banco


em cobrá-la após o vencimento

1.7.1 Descrição e Considerações sobre o Fato Contábil


Falta de liquidação, por parte do cliente, da duplicata que havia sido
objeto da operação de “Desconto de Duplicatas”, pela empresa. Assim,
o cliente não entrega ao banco o valor de R$ 6.000,00, que teria como
conseqüência a quitação de sua obrigação (do cliente, para com a
empresa – pela venda a prazo de mercadorias). Dessa maneira,
também, o banco não recebe o valor, do cliente, que permitiria o
“encontro de contas” – quitação da obrigação (da empresa, para com o
banco) mediante a utilização desse valor, entregue ao banco pelo

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cliente. Muitas vezes, o contrato, da empresa com o banco (referente à
operação de Desconto de Duplicatas), prevê que o banco continue com
a cobrança, tentando receber do cliente por um período adicional.
Ocorre que o banco não faz isso graciosamente, durante o período
adicional, o banco cobra juros (que deverão ser pagos, alternativamente
– pelo cliente, ou pela empresa). Assim, se o cliente, após o prazo de
vencimento da duplicata, vai até o banco e paga, ele terá que pagar não
somente o valor da duplicata, mas um valor adicional (encargos
bancários adicionais) pelo período extra que o banco ficou sem receber.
Cumpre referir (e isso é importante!) que o valor pago pelo cliente ao
banco é referente ao período em que o cliente ficou com os recursos que
já deveriam ter sido entregues ao banco quando do vencimento da
duplicata. Ora, se o banco ficou sem receber o dinheiro a que tinha
direito, pela operação de Desconto de Duplicatas (anteriormente
efetuada), os acréscimos, agora entregues pelo cliente, devem ser do
banco.
A ocorrência desse fato contábil pressupõe a anterior ocorrência de: (a)
uma venda a prazo, por parte da empresa, que enseja a existência de
Duplicatas a Receber em seu ativo; (b) uma operação de Desconto de
Duplicatas, que enseja a existência de Duplicatas Descontadas em seu
ativo (como conta retificadora).
Do ponto de vista operacional, a empresa recebe uma comunicação do
banco com o seguinte conteúdo: (1) o cliente não pagou pela duplicata
de emissão da empresa; (2) o banco, conforme consta do contrato,
continuou a cobrança, mediante a remuneração dos “encargos bancários
adicionais” e (3) o cliente – após um período – pagou, pela Duplicata,
seu valor acrescido de “encargos bancários”.

1.7.2 Patrimônio Inicial


Seja o patrimônio inicial, didaticamente proposto de forma simples, que
tenha apenas (1) R$ 25.000,00, em dinheiro; (2) R$ 30.000,00, em
depósitos bancários; (3) R$ 6.000,00, em direitos de receber o valor de
duplicatas emitidas; (4) R$ 6.000,00 representando a obrigação de
entregar valor ao banco (registrada em conta retificadora do ativo); (5)
R$ 4.000,00, em estoque de mercadorias; (6) R$ 8.000,00 em
obrigação de pagar pela compra do estoque de mercadorias
(anteriormente realizada a prazo); e (7) R$ 50.000,00, em capital
(colocado pelos sócios, para a formação do patrimônio da empresa).
Neste patrimônio inicial, encontram-se também registradas as
alterações do valor do patrimônio, ocorridas no exercício, até aquele
momento, nas seguintes contas de resultado: (1) Receitas de Venda, no
valor de R$ 6.000,00, (2) Custo da Mercadoria Vendida, no valor de R$

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4.000,00 e (3) Despesas Bancárias, no valor de R$ 1.000,00. A seguir,
encontra-se representado o balancete representativo do patrimônio
acima sugerido.

Ativo Passivo
Caixa 25.000,00 Fornecedores 8.000,00

Bancos 30.000,00

Duplicatas a Receber 6.000,00


(-) Duplicatas Descontadas -------------------------------------------
(6.000,00) Patrimônio Líquido
Capital 50.000,00

Estoques 4.000,00

Despesas Receitas
Custo da Mercadoria Vendida 4.000,00 Receita Bruta de Vendas 6.000,00
Despesas Bancárias 1.000,00

1.7.3 Análise dos Efeitos Patrimoniais do Ato


Com a ocorrência do fato contábil em tela, no patrimônio da empresa,
desaparecerá a obrigação de entregar R$ 6.000,00 ao banco (referente
à operação de Desconto de Duplicatas) e desaparecerá, também, o
direito de receber pela duplicata emitida. Repare que o valor dos juros,
pagos pelo cliente, não afeta o patrimônio da empresa. Trata-se de
uma relação entre o cliente – que entrega um valor ao banco, a título de
“encargos bancários” – e o banco – que permite que o cliente pague o
valor algum tempo depois do combinado, que afeta os respectivos
patrimônios (do banco e do cliente).
Assim, no patrimônio da empresa, serão aplicados R$ 6.000,00, no
elemento patrimonial Duplicatas Descontadas, cuja origem será o
elemento patrimonial Duplicatas a Receber.
Utilizando a metáfora da “caixa de areia”, podemos considerar que são
desbastados “seis mil grãos de areia” do montinho patrimonial
Duplicatas a receber e que esses “seis mil grãos de areia” são aplicados

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no buraco patrimonial Duplicatas descontadas, tapando-o. A figura a
seguir representa, esquematicamente, o fluxo de valores, entre
elementos patrimoniais, decorrente do fato contábil em tela.

Ativo Passivo
Caixa 25.000,00 Fornecedores 8.000,00

Bancos 30.000,00
17

Duplicatas a Receber 6.000,00


(6.000,00)
-
(-) Duplicatas Descontadas -------------------------------------------
(6.000,00) Patrimônio Líquido
6.000,00 Capital 50.000,00
-

Estoques 4.000,00

Despesas Receitas
Custo da Mercadoria Vendida 4.000,00 Receita Bruta de Vendas 6.000,00
Despesas Bancárias 1.000,00

Agora ficou muito fácil:


- Setinha é débito – Duplicatas Descontadas;
- Bolinha é crédito – Duplicatas a Receber.

1.7.4 Lançamento

1.7.4.1 Registro no Livro Diário

D= Duplicatas Descontadas
17
C= a Duplicatas a Receber 6.000,00

Ou, simplesmente:
Duplicatas Descontadas
17 a Duplicatas a Receber 6.000,00

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1.7.4.2 Registro no Livro Razão

capital caixa Estoques Fornecedores


débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
50.000,00 si si 25.000,00 si 4.000,00 8.000,00 si

Receita Bruta de Vendas Custo da Mercadoria Vendida Duplicatas a Receber Despesas Bancárias
débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
6.000,00 si si 4.000,00 si 6.000,00 si 1.000,00
6.000,00 17
sf -

Bancos Duplicatas Descontadas


débitos créditos débitos créditos
si 30.000,00 6.000,00 si
17 6.000,00
- sf

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1.7.5 Patrimônio Final

Ativo Passivo
Caixa 25.000,00 Fornecedores 8.000,00

Bancos 30.000,00

Estoques 4.000,00
------------------------------------------- Patrimônio Líquido
Capital 50.000,00

Despesas Receitas
Custo da Mercadoria Vendida 4.000,00 Receita Bruta de Vendas 6.000,00
Despesas Bancárias 1.000,00

1.7.6 Considerações Finais


Repare que, após a ocorrência do fato contábil, o valor do patrimônio
líquido (bens/direitos (-) obrigações) não foi alterado – Permanecendo
no valor de R$ 51.000,00. Portanto, trata-se de um fato permutativo.
Na conta Duplicatas Descontadas – representativa de uma “obrigação”
(apesar de registrada no ativo – como conta retificadora) – foi
registrado um débito. Repare que essa conta teve seu saldo reduzido
(de R$ 6.000,00 para R$ 0,00). Isso está de acordo com a natureza
devedora das contas retificadoras do ativo: contas retificadoras do ativo
têm seu saldo aumentado por créditos (e reduzido por débitos).
Na conta Duplicatas a Receber – representativa de um direito e,
portanto, classificada no ativo – foi registrado um crédito. Repare que
essa conta teve seu saldo reduzido (de R$ 6.000,00 para R$ 0,00). Isso
também está de acordo com a natureza devedora das contas de ativo:
contas de ativo têm seu saldo aumentado por débitos (e reduzido por
créditos).
Ainda, os juros pagos pelo cliente ao banco não afetam em nada o
patrimônio da empresa.

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Finalmente, repare que o valor dos débitos, R$ 6.000,00, é idêntico ao
valor dos créditos, R$ 6.000,00, e que isso está de acordo com o
método das partidas dobradas: para todo débito registrado, há um
crédito de igual valor. De uma forma simples e rápida, verificamos a
correção do registro do fato contábil pela comparação dos somatórios de
valores em ambos os lados do patrimônio (representados no balancete)
– esses dois valores devem ser iguais. Em nosso exemplo, isso ocorre
porque:
- o somatório dos saldos das contas do lado esquerdo (Ativo e
Despesas) é igual a R$ 64.000,00;
- o somatório dos saldos das contas do lado direito (Passivo,
Patrimônio Líquido e Receitas) é, também, igual a R$
64.000,00.

1.8 Não pagamento de duplicata descontada e tentativa do banco


em cobrá-la após o vencimento que, infrutífera, permite a
cobrança do valor da empresa

1.8.1 Descrição e Considerações sobre o Fato Contábil


Falta de liquidação, por parte do cliente, da duplicata que havia sido
objeto de “Desconto de Duplicatas” pela empresa. Assim, o cliente não
entrega ao banco o valor de R$ 6.000,00, que teria como conseqüência
a quitação de sua obrigação (para com a empresa – pela venda a prazo
de mercadorias). Dessa maneira, o banco não recebe o valor, do
cliente, que permitiria o “encontro de contas” – quitação da obrigação
(da empresa para com o banco). Muitas vezes, o contrato, da empresa
com o banco (referente à operação de Desconto de Duplicatas), prevê
que o banco continue com a cobrança, tentando receber do cliente por
um período adicional.
Ocorre que o banco não faz isso graciosamente, durante o período
adicional, o banco cobra juros (que deverão ser pagos, alternativamente
– pelo cliente, ou pela empresa). Assim, se o cliente, após o prazo de
vencimento da duplicata e ao final do período adicional, não paga o
valor da duplicata, o banco retira este valor (conforme permitido
contratualmente) da conta corrente mantida pela empresa. A
peculiaridade dessa operação é que, da conta corrente da empresa, não
apenas é retirado o valor da duplicata (não paga pelo cliente), mas um
valor adicional (encargos bancários adicionais) pelo período extra que o
banco ficou sem receber.
Cumpre referir (e isso é importante!) que o valor adicional, retirado pelo
banco, da conta corrente da empresa, é referente ao período em que o
banco ficou sem os recursos que já deveriam ter sido a ele entregues,

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quando do vencimento da duplicata. Ora, se o banco ficou sem receber
o dinheiro a que tinha direito, pela operação de Desconto de Duplicatas
(anteriormente efetuada), os acréscimos, agora da conta corrente da
empresa, devem ser do banco.
Repare que esses encargos adicionais correspondem aos encargos de
um novo empréstimo (pelo prazo compreendido entre o final do prazo
da duplicata objeto de desconto e o momento do pagamento da
duplicata).
A ocorrência desse fato contábil pressupõe a anterior ocorrência de: (a)
uma venda a prazo, por parte da empresa, que enseja a existência de
Duplicatas a Receber em seu ativo; (b) uma operação de Desconto de
Duplicatas, que enseja a existência de Duplicatas Descontadas em seu
ativo (como conta retificadora).
Do ponto de vista operacional, a empresa recebe uma comunicação do
banco com o seguinte conteúdo: (1) o cliente não pagou pela duplicata
de emissão da empresa; (2) o banco, conforme consta do contrato,
continuou a cobrança, mediante a remuneração dos “encargos bancários
adicionais”; (3) o cliente – mesmo após o período adicional – não
pagou, pela Duplicata, seu valor acrescido de “encargos bancários”; (4)
o banco retirou esse valor esperado (da Duplicata, acrescido de
encargos bancários) da conta corrente da empresa, para quitar a
operação de “Desconto de Duplicatas”, pela empresa antes efetuada e
não quitada pelo cliente; e (5) o banco devolveu a Duplicata para que a
empresa tente receber seus haveres de seu cliente.

1.8.2 Patrimônio Inicial


Seja o patrimônio inicial, didaticamente proposto de forma simples, que
tenha apenas (1) R$ 25.000,00, em dinheiro; (2) R$ 30.000,00, em
depósitos bancários; (3) R$ 6.000,00, em direitos de receber o valor de
duplicatas emitidas; (4) R$ 6.000,00 representando a obrigação de
entregar valor ao banco (registrada em conta retificadora do ativo); (5)
R$ 4.000,00, em estoque de mercadorias; (6) R$ 8.000,00 em
obrigação de pagar pela compra do estoque de mercadorias
(anteriormente realizada a prazo); e (7) R$ 50.000,00, em capital
(colocado pelos sócios, para a formação do patrimônio da empresa).
Neste patrimônio inicial, encontram-se também registradas as
alterações do valor do patrimônio, ocorridas no exercício, até aquele
momento, nas seguintes contas de resultado: (1) Receitas de Venda, no
valor de R$ 6.000,00, (2) Custo da Mercadoria Vendida, no valor de R$
4.000,00 e (3) Despesas Bancárias, no valor de R$ 1.000,00. A seguir,
encontra-se representado o balancete representativo do patrimônio
acima sugerido.

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Ativo Passivo
Caixa 25.000,00 Fornecedores 8.000,00

Bancos 30.000,00

Duplicatas a Receber 6.000,00


(-) Duplicatas Descontadas -------------------------------------------
(6.000,00) Patrimônio Líquido
Capital 50.000,00

Estoques 4.000,00

Despesas Receitas
Custo da Mercadoria Vendida 4.000,00 Receita Bruta de Vendas 6.000,00
Despesas Bancárias 1.000,00

1.8.3 Análise dos Efeitos Patrimoniais do Ato


Com a ocorrência do fato contábil em tela, desaparecerá a obrigação de
entregar R$ 6.000,00 ao banco (referente à operação de Desconto de
Duplicatas) e desaparecerá, também, parte do valor depositado na
conta corrente bancária (que representa o direito da empresa de sacar o
dinheiro antes depositado no banco), no montante de R$ 7.000,00 (R$
6.000,00 relativos à duplicata descontada e R$ 1.000,00 a título
encargos bancários6). Repare que o direito de exigir, do cliente, o valor
da duplicata (pela venda à prazo antes ocorrida), permanece no
patrimônio da empresa.
Assim, R$ 7.000,00, do elemento patrimonial Bancos, servirão de
origem para uma aplicação de apenas R$ 6.000,00 no elemento
patrimonial Duplicatas Descontadas, o que enseja uma redução do valor
total do patrimônio.

6
Esses encargos bancários, que comportam juros (valor do dinheiro no tempo),
deveriam ser registrados de acordo com o prazo adicional de cobrança pro-rata
tempore. Entretanto, conforme já visto, pela convenção da materialidade, pelo fato de
que o prazo geralmente é curto, pode ser considerada a despesa no momento da
quitação.

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Utilizando a metáfora da “caixa de areia”, podemos considerar que são
desbastados “sete mil grãos de areia” do montinho patrimonial Bancos e
que, desses “sete mil grãos de areia”, “seis mil grãos de areia” são
aplicados no buraco patrimonial Duplicatas descontadas, tapando-o. Os
outros “mil grãos de areia” são “jogados no lixo”, para fora do
patrimônio, reduzindo seu valor. A figura a seguir representa,
esquematicamente, o fluxo de valores, entre elementos patrimoniais,
decorrente do fato contábil em tela.

Ativo Passivo
Caixa 25.000,00 Fornecedores 8.000,00

Bancos 30.000,00
18 (7.000,00)
23.000,00

Duplicatas a Receber 6.000,00

(-) Duplicatas Descontadas -------------------------------------------


(6.000,00) Patrimônio Líquido
6.000,00 Capital 50.000,00
-

Estoques 4.000,00

Despesas Receitas
Custo da Mercadoria Vendida 4.000,00 Receita Bruta de Vendas 6.000,00
Despesas Bancárias 1.000,00
Encargos Bancários 1.000,00

Agora ficou muito fácil:


- Setinha é débito – Duplicatas Descontadas e Encargos
Bancários;
- Bolinha é crédito – Bancos.

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1.8.4 Lançamento

1.8.4.1 Registro no Livro Diário


D= Diversos
18 C= a Bancos 7.000,00
D= Duplicatas Descontadas 6.000,00
D= Encargos Bancários 1.000,00

Ou, simplesmente:

Diversos
18 a Bancos 7.000,00
Duplicatas Descontadas 6.000,00
Encargos Bancários 1.000,00

1.8.4.2 Registro no Livro Razão

capital caixa Estoques Fornecedores


débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
50.000,00 si si 25.000,00 si 4.000,00 8.000,00 si

Receita Bruta de Vendas Custo da Mercadoria Vendida Duplicatas a Receber Despesas Bancárias
débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
6.000,00 si si 4.000,00 si 6.000,00 si 1.000,00

Bancos Duplicatas Descontadas Encargos Bancários


débitos créditos débitos créditos débitos créditos
si 30.000,00 6.000,00 si 18 1.000,00
7.000,00 18 18 6.000,00
sf 23.000,00 - sf

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1.8.5 Patrimônio Final

Ativo Passivo
Caixa 25.000,00 Fornecedores 8.000,00

Bancos 23.000,00

Duplicatas a Receber 6.000,00

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


Estoques 4.000,00 Capital 50.000,00

Despesas Receitas
Custo da Mercadoria Vendida 4.000,00 Receita Bruta de Vendas 6.000,00
Despesas Bancárias 1.000,00
Encargos Bancários 1.000,00

1.8.6 Considerações Finais


Repare que, após a ocorrência do fato contábil, o valor do patrimônio
líquido (bens/direitos (-) obrigações) foi alterado – Reduzido no valor de
R$ 1.000,00 (de R$ 51.000,00 para R$ 50.000,00). Adicionalmente,
verifica-se que houve mudança de saldo em mais de uma conta
patrimonial, portanto, trata-se de um fato misto diminutivo.
Na conta Duplicatas Descontadas – representativa de uma obrigação
(apesar de registrada no ativo – como conta retificadora) – foi
registrado um débito. Repare que essa conta teve seu saldo reduzido
(de R$ 6.000,00 para R$ 0,00). Isso está de acordo com a natureza
devedora das contas retificadoras do ativo: contas retificadoras do ativo
têm seu saldo aumentado por créditos (e reduzido por débitos).
Na conta Bancos – representativa de um direito e, portanto, classificada
no ativo – foi registrado um crédito. Repare que essa conta teve seu
saldo reduzido (de R$ 30.000,00 para R$ 23.0000,00). Isso também
está de acordo com a natureza devedora das contas de ativo: contas de
ativo têm seu saldo aumentado por débitos (e reduzido por créditos).
Na conta Encargos Bancários – representativa de um motivo pelo qual o
patrimônio foi reduzido durante o exercício e, portanto, classificada
como conta de resultado – despesa – foi registrado um débito. Repare

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que essa conta teve seu saldo majorado (de R$ 0,00 para R$ 1.000,00).
Isso está de acordo com a natureza devedora e unilateral das contas de
despesa: contas de despesa somente têm seu saldo aumentado, por
débitos, durante todo o exercício, (o saldo é reduzido, por créditos,
apenas nos casos de retificação de erro ou de fechamento do exercício).
Finalmente, repare que o valor dos débitos, R$ 6.000,00 + R$ 1.000,00
= R$ 7.000,00, é idêntico ao valor dos créditos, R$ 7.000,00, e que isso
está de acordo com o método das partidas dobradas: para todo débito
registrado, há um crédito de igual valor. De uma forma simples e
rápida, verificamos a correção do registro do fato contábil pela
comparação dos somatórios de valores em ambos os lados do
patrimônio (representados no balancete) – esses dois valores devem ser
iguais. Em nosso exemplo, isso ocorre porque:
- o somatório dos saldos das contas do lado esquerdo (Ativo e
Despesas) é igual a R$ 64.000,00;
- o somatório dos saldos das contas do lado direito (Passivo,
Patrimônio Líquido e Receitas) é, também, igual a R$
64.000,00.

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1 Exemplos de Fatos Contábeis e Lançamentos -


Continuação
1.1 Aluguel incorrido – ao final do mês

1.1.1 Descrição e Considerações sobre o Fato Contábil


Considerando-se que a empresa tenha alugado um imóvel, para
utilização como sua sede, pelo valor de R$ 1.000,00 ao mês. Ao final de
cada mês – por ter utilizado o imóvel – surge uma obrigação de
pagamento do aluguel, que – entretanto – somente ocorrerá no dia 10
do mês seguinte.

1.1.2 Patrimônio Inicial


Seja o patrimônio inicial, didaticamente proposto de forma simples, que
tenha apenas (1) R$ 25.000,00, em dinheiro; (2) R$ 25.000,00, em
depósitos bancários; e (3) R$ 50.000,00, em capital (colocado pelos
sócios, para a formação do patrimônio da empresa).
A seguir, encontra-se representado o balancete representativo do
patrimônio acima sugerido.

Ativo Passivo
Caixa 25.000,00 Obrigações -

Bancos 25.000,00

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


Capital 50.000,00

Despesas Receitas

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1.1.3 Análise dos Efeitos Patrimoniais do Fato
Para entender o lançamento referente à despesa de aluguel, é
necessário um conhecimento – ainda que básico – do contrato de
locação.
No contrato de locação: (1) um sujeito – locador – cede o uso e o gozo
de um bem, (2) outro sujeito – locatário – por usar e gozar do bem,
deverá efetuar uma contraprestação (denominada aluguel). Portanto,
os elementos do contrato de locação são: (a) o consenso – acordo de
vontades entre locador e locatário, (b) a coisa – o bem locado e (3) o
aluguel.
Para melhor entender a relação entre locador e locatário, decorrente do
contrato de locação, enumeramos a seguir suas principais
características. O contrato de locação é considerado: (1) bilateral,
porque existem obrigações recíprocas do locador (ceder o imóvel para
uso de outro) e do locatário (pagar o aluguel), (2) oneroso, porque
existem vantagens e desvantagens para ambas as partes contratantes,
(3) consensual porque não se exige a entrega do bem para que o
contrato passe a gerar seus efeitos, (4) informal, a lei não exige forma
para o contrato, podendo inclusive ser verbal, (5) Continuado – as
prestações, recíprocas, se renovam de tempos em tempos
(geralmente, em períodos mensais), (6) comutativo, há certeza e
equivalência entre as duas obrigações (uso do bem e o aluguel).
Importante! Um leigo pode pensar que, para o patrimônio do locatário,
ocorra uma despesa na data do pagamento. Isso é um erro que o
estudante, a esta altura, não mais comete. A despesa ocorrerá de
acordo com o regime de competência, que determina que as despesas
devem ser registradas independentemente de seu pagamento.
As despesas são conceituadas com reduções brutas do patrimônio.
Ora, se o patrimônio é composto de bens, direitos e obrigações, ocorre
uma despesa no momento da ocorrência de um fato que enseje
(conjunta ou alternativamente) redução de bens e direitos e/ou
aumento de obrigações e não no momento do pagamento. Em nossa
proposta de identificação do momento em que a despesa ocorre (para o
caso geral de negócios entre partes que estejam interessadas em
vendas ou prestações de serviço), haverá despesa no momento em
que houver o cumprimento, pela outra parte, do que havia sido
combinado.
Ora, se a prestação que o locador promete – no âmbito do contrato de
aluguel – é permitir que o locatário use o imóvel por um determinado
período de tempo (geralmente por um mês), sempre que o locador
cumprir esta prestação, o que ocorrerá ao final de cada mês, haverá um
motivo para o surgimento (no patrimônio do locatário) de uma

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obrigação (de pagar o aluguel). INDEPENDENTEMENTE DO PAGAMENTO
SOMENTE OCORRER NO DIA 10 DO MÊS SEGUINTE.
Assim, a cada final de mês, surgirá uma obrigação no patrimônio do
locatário (que, no caso, é a empresa), reduzindo o patrimônio (o que
enseja a ocorrência de despesa).
Utilizando a metáfora da “caixa de areia”, podemos considerar que são
cavados “mil grãos de areia” do buraco patrimonial Aluguéis a Pagar e
que esses “mil grãos de areia” são jogados para fora do patrimônio
(reduzindo-o), ou seja, aplicados na lata de lixo, representada pela
conta de resultado Aluguéis Passivos1. A figura a seguir representa,
esquematicamente, o fluxo de valores, entre elementos patrimoniais,
decorrente do fato contábil em tela.

19

Ativo Passivo
Caixa 25.000,00 Aluguéis a Pagar 1.000,00

Bancos 25.000,00

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


Capital 50.000,00

Despesas Receitas
Aluguéis Passivos 1.000,00

Agora ficou muito fácil:


- Setinha é débito – Aluguéis Passivos;
- Bolinha é crédito – Aluguéis a Pagar.

1
Conta também denominada Despesa de Aluguel. Conforme já proposto neste curso,
basta inserir as “palavras mágicas” que aumentam, para entender o significado do
nome da conta: Aluguéis que aumentam Passivos, reduzem o patrimônio e,
conseqüentemente, são classificados como despesas.

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1.1.4 Lançamento

1.1.4.1 Registro no Livro Diário


D= Aluguéis Passivos
19 C= a Aluguéis a Pagar 1.000,00

Ou, simplesmente:
Aluguéis Passivos
19 a Aluguéis a Pagar 1.000,00

1.1.4.2 Registro no Livro Razão

capital caixa Bancos Aluguéis a Pagar


débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
50.000,00 si si 25.000,00 si 25.000,00 1.000,00 19

Aluguéis Passivos
débitos créditos
19 1.000,00

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1.1.5 Patrimônio Final

Ativo Passivo
Caixa 25.000,00 Aluguéis a Pagar 1.000,00

Bancos 25.000,00

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


Capital 50.000,00

Despesas Receitas
Aluguéis Passivos 1.000,00

1.1.6 Considerações Finais


Repare que, após a ocorrência do fato contábil, o valor do patrimônio
líquido (bens/direitos (-) obrigações) foi Alterado: reduzido do valor de
R$ 50.000,00, para o valor de R$ 49.000,00. Adicionalmente, percebe-
se que não houve alteração de valor em mais de um elemento
patrimonial (apenas o surgimento de uma obrigação). Assim, conclui-se
que se trata de um fato contábil modificativo diminutivo.
Na conta Aluguéis a Pagar – representativa de uma obrigação e,
portanto, classificada no passivo – foi registrado um crédito. Repare
que essa conta teve seu saldo majorado (de R$ 0,00 para R$ 1.000,00).
Isso está de acordo com a natureza credora das contas de passivo:
contas de passivo têm seu saldo aumentado por créditos (e reduzido por
débitos).
Na conta Aluguéis Passivos – representativa de um motivo pelo qual o
patrimônio foi reduzido durante o exercício e, portanto, classificada
como conta de resultado – despesa – foi registrado um débito. Repare
que essa conta teve seu saldo majorado (de R$ 0,00 para R$ 1.000,00).
Isso está de acordo com a natureza devedora e unilateral das contas de
despesa: contas de despesa somente têm seu saldo aumentado, por

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débitos, durante todo o exercício, (o saldo é reduzido, por créditos,
apenas nos casos de retificação de erro ou de fechamento do exercício).
Ainda, pelo fato de terem sido registradas apenas uma conta a débito e
uma conta a crédito, o lançamento foi de primeira fórmula (repare que
não houve uso da palavra reservada “diversos”, quando do registro no
Livro Diário).
Finalmente, repare que o valor dos débitos, R$ 1.000,00, é idêntico ao
valor dos créditos, R$ 1.000,00, e que isso está de acordo com o
método das partidas dobradas: para todo débito registrado, há um
crédito de igual valor. De uma forma simples e rápida, verificamos a
correção do registro do fato contábil pela comparação dos somatórios de
valores em ambos os lados do patrimônio (representados no balancete)
– esses dois valores devem ser iguais. Em nosso exemplo, isso ocorre
porque:
- o somatório dos saldos das contas do lado esquerdo (Ativo e
Despesas) é igual a R$ 51.000,00;
- o somatório dos saldos das contas do lado direito (Passivo,
Patrimônio Líquido e Receitas) é, também, igual a R$
51.000,00.

1.2 Pagamento do Aluguel – no dia 10 do mês seguinte

1.2.1 Descrição e Considerações sobre o Fato Contábil


Considerando-se que a empresa tenha alugado um imóvel, para
utilização como sua sede, pelo valor de R$ 1.000,00 ao mês, e que, ao
final de um determinado mês – por ter utilizado o imóvel – tenha
surgido uma obrigação, de pagamento do aluguel. No dia 10 do mês
subseqüente, a empresa liquida sua obrigação, pagando os R$ 1.000,00
em dinheiro ao locador.

1.2.2 Patrimônio Inicial


Seja o patrimônio inicial, didaticamente proposto de forma simples, que
tenha apenas (1) R$ 25.000,00, em dinheiro; (2) R$ 25.000,00, em
depósitos bancários; e (3) R$ 1.000,00, em obrigação de pagar o
aluguel pela utilização de imóvel locado, e (4) R$ 50.000,00, em capital
(colocado pelos sócios, para a formação do patrimônio da empresa).
Neste patrimônio inicial, encontram-se também registradas as
alterações do valor do patrimônio, ocorridas no exercício, até aquele
momento, nas seguintes contas de resultado: (1) Aluguéis Passivos, no
valor de R$ 1.000,00.

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A seguir, encontra-se representado o balancete representativo do
patrimônio acima sugerido.

Ativo Passivo
Caixa 25.000,00 Aluguéis a Pagar 1.000,00

Bancos 25.000,00

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


Capital 50.000,00

Despesas Receitas
Aluguéis Passivos 1.000,00

1.2.3 Análise dos Efeitos Patrimoniais do Fato


No momento do pagamento, a obrigação desaparecerá do patrimônio do
locatário (que, no caso, é a empresa). Será, também, reduzido o valor
existente em dinheiro no patrimônio.
Utilizando a metáfora da “caixa de areia”, podemos considerar que são
desbastados “mil grãos de areia” do montinho patrimonial Caixa e que
esses “mil grãos de areia” são aplicados no buraco patrimonial Aluguéis
a Pagar, tapando-o. A figura a seguir representa, esquematicamente, o
fluxo de valores, entre elementos patrimoniais, decorrente do fato
contábil em tela.

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20

Ativo Passivo
Caixa 25.000,00 Aluguéis a Pagar 1.000,00
(1.000,00) (1.000,00)
24.000,00 -

Bancos 25.000,00

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


Capital 50.000,00

Despesas Receitas
Aluguéis Passivos 1.000,00

Agora ficou muito fácil:


- Setinha é débito – Aluguéis a Pagar;
- Bolinha é crédito – Caixa.

1.2.4 Lançamento

1.2.4.1 Registro no Livro Diário


D= Aluguéis a Pagar
20 C= a Caixa 1.000,00

Ou, simplesmente:
Aluguéis a Pagar
20 a Caixa 1.000,00

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1.2.4.2 Registro no Livro Razão

capital caixa Bancos Aluguéis a Pagar


débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
50.000,00 si si 25.000,00 si 25.000,00 1.000,00 si
1.000,00 20 20 1.000,00
sf 24.000,00 - sf

Aluguéis Passivos
débitos créditos
si 1.000,00

1.2.5 Patrimônio Final

Ativo Passivo
Caixa 24.000,00 Obrigações -

Bancos 25.000,00

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


Capital 50.000,00

Despesas Receitas
Aluguéis Passivos 1.000,00

1.2.6 Considerações Finais


Repare que, após a ocorrência do fato contábil, o valor do patrimônio
líquido (bens/direitos (-) obrigações) não foi Alterado, permanecendo no

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valor de R$ 49.000,00. Assim, conclui-se que se trata de um fato
contábil permutativo.
Na conta Aluguéis a Pagar – representativa de uma obrigação e,
portanto, classificada no passivo – foi registrado um débito. Repare que
essa conta teve seu saldo reduzido (de R$ 1.000,00 para R$ 0,00). Isso
está de acordo com a natureza credora das contas de passivo: contas de
passivo têm seu saldo aumentado por créditos (e reduzido por débitos).
Na conta Caixa – representativa de um bem e, portanto, classificada no
ativo – foi registrado um crédito. Repare que essa conta teve seu saldo
reduzido (de R$ 25.000,00 para R$ 24.000,00). Isso também está de
acordo com a natureza devedora das contas de ativo: contas de ativo
têm seu saldo aumentado por débitos (e reduzido por créditos).
Ainda, pelo fato de terem sido registradas apenas uma conta a débito e
uma conta a crédito, o lançamento foi de primeira fórmula (repare que
não houve uso da palavra reservada “diversos”, quando do registro no
Livro Diário).
Finalmente, repare que o valor dos débitos, R$ 1.000,00, é idêntico ao
valor dos créditos, R$ 1.000,00, e que isso está de acordo com o
método das partidas dobradas: para todo débito registrado, há um
crédito de igual valor. De uma forma simples e rápida, verificamos a
correção do registro do fato contábil pela comparação dos somatórios de
valores em ambos os lados do patrimônio (representados no balancete)
– esses dois valores devem ser iguais. Em nosso exemplo, isso ocorre
porque:
- o somatório dos saldos das contas do lado esquerdo (Ativo e
Despesas) é igual a R$ 50.000,00;
- o somatório dos saldos das contas do lado direito (Passivo,
Patrimônio Líquido e Receitas) é, também, igual a R$
50.000,00.

1.3 Pagamento de Quatro Meses de Aluguel - Adiantados

1.3.1 Descrição e Considerações sobre o Fato Contábil


Considerando-se que a empresa tenha alugado um imóvel, para
utilização como sua sede, pelo valor de R$ 1.000,00 ao mês, e que
tenha pago, adiantadamente ao locador, o valor de R$ 4.000,00,
correspondente a quatro meses de aluguel.

1.3.2 Patrimônio Inicial


Seja o patrimônio inicial, didaticamente proposto de forma simples, que
tenha apenas (1) R$ 25.000,00, em dinheiro; (2) R$ 25.000,00, em

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depósitos bancários; e (3) R$ 50.000,00, em capital (colocado pelos
sócios, para a formação do patrimônio da empresa).
A seguir, encontra-se representado o balancete representativo do
patrimônio acima sugerido.

Ativo Passivo
Caixa 25.000,00 Obrigações -

Bancos 25.000,00

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


Capital 50.000,00

Despesas Receitas

1.3.3 Análise dos Efeitos Patrimoniais do Fato


É muito comum que algumas empresas paguem adiantado pelo direito
de usar um imóvel, principalmente quando têm dificuldades de oferecer
garantias (fidejussórias, ou reais) do pagamento dos aluguéis. Assim, o
locador somente aceita o contrato de locação no caso de pagamento
adiantado de alguns meses de aluguel.
No momento do pagamento, nascerá um direito, que antes inexistia, o
direito de utilizar o imóvel por quatro meses (ou de ter seu dinheiro de
volta – dependendo dos termos do contrato). Será, também, reduzido o
valor existente em dinheiro no patrimônio.
Utilizando a metáfora da “caixa de areia”, podemos considerar que são
desbastados “quatro mil grãos de areia” do montinho patrimonial Caixa

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e que esses “quatro mil grãos de areia” são aplicados no montinho
patrimonial Aluguéis a Vencer2.
A figura a seguir representa, esquematicamente, o fluxo de valores,
entre elementos patrimoniais, decorrente do fato contábil em tela.

21
Ativo Passivo
Caixa 25.000,00 Obrigações -
(4.000,00)
21.000,00

Bancos 25.000,00

Aluguéis a Vencer -------------------------------------------


4.000,00 Patrimônio Líquido
Capital 50.000,00

Despesas Receitas

Agora ficou muito fácil:


- Setinha é débito – Aluguéis a Vencer;
- Bolinha é crédito – Caixa.

2
Conforme visto na aula 03 deste curso, a conta Aluguéis a Vencer também pode ser
denominada Aluguéis Antecipados ou, ainda, Aluguéis Pagos Antecipadamente.

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1.3.4 Lançamento

1.3.4.1 Registro no Livro Diário


D= Aluguéis a Vencer
21 C= a Caixa 4.000,00

Ou, simplesmente:
Aluguéis a Vencer
21 a Caixa 4.000,00

1.3.4.2 Registro no Livro Razão

capital caixa Bancos Aluguéis a Vencer


débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
50.000,00 si si 25.000,00 si 25.000,00 21 4.000,00
4.000,00 21
sf 21.000,00

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1.3.5 Patrimônio Final

Ativo Passivo
Caixa 21.000,00 Obrigações -

Bancos 25.000,00

Aluguéis a Vencer 4.000,00


------------------------------------------- Patrimônio Líquido
Capital 50.000,00

Despesas Receitas

1.3.6 Considerações Finais


Repare que, após a ocorrência do fato contábil, o valor do patrimônio
líquido (bens/direitos (-) obrigações) não foi Alterado, permanecendo no
valor de R$ 50.000,00. Assim, conclui-se que se trata de um fato
contábil permutativo.
Na conta Aluguéis a Vencer – representativa de um direito e, portanto,
classificada no Ativo – foi registrado um débito. Repare que essa conta
teve seu saldo majorado (de R$ 0,00 para R$ 4.000,00). Isso está de
acordo com a natureza devedora das contas de ativo: contas de ativo
têm seu saldo aumentado por débitos (e reduzido por créditos).
Na conta Caixa – representativa de um bem e, portanto, classificada no
ativo – foi registrado um crédito. Repare que essa conta teve seu saldo
reduzido (de R$ 25.000,00 para R$ 21.000,00). Isso também está de
acordo com a natureza devedora das contas de ativo: contas de ativo
têm seu saldo aumentado por débitos (e reduzido por créditos).
Ainda, pelo fato de terem sido registradas apenas uma conta a débito e
uma conta a crédito, o lançamento foi de primeira fórmula (repare que
não houve uso da palavra reservada “diversos”, quando do registro no
Livro Diário).

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Finalmente, repare que o valor dos débitos, R$ 4.000,00, é idêntico ao
valor dos créditos, R$ 4.000,00, e que isso está de acordo com o
método das partidas dobradas: para todo débito registrado, há um
crédito de igual valor. De uma forma simples e rápida, verificamos a
correção do registro do fato contábil pela comparação dos somatórios de
valores em ambos os lados do patrimônio (representados no balancete)
– esses dois valores devem ser iguais. Em nosso exemplo, isso ocorre
porque:
- o somatório dos saldos das contas do lado esquerdo (Ativo e
Despesas) é igual a R$ 50.000,00;
- o somatório dos saldos das contas do lado direito (Passivo,
Patrimônio Líquido e Receitas) é, também, igual a R$
50.000,00.
Uma última observação, da maior relevância, é que – a maioria dos
leigos costumam pensar que houve despesa de R$ 4.000,00, mas, de
acordo com o regime de competência, não ocorreu despesa. Isso
porque não houve redução do conjunto de bens/direitos/obrigações.
Ora, o valor de um bem foi reduzido, porém o valor de um direito
aumentou, com variação nula no total do patrimônio.

1.4 Utilização do Imóvel, por um mês, Após ter Sido Pago o


Aluguel Antecipado de Quatro Meses

1.4.1 Descrição e Considerações sobre o Fato Contábil


Seja uma empresa que tenha alugado um imóvel, para utilização como
sua sede, pelo valor de R$ 1.000,00 ao mês, e que tenha pago,
adiantadamente ao locador, o valor de R$ 4.000,00, correspondente a
quatro meses de aluguel. Considerando o uso, pela empresa, do imóvel
durante o primeiro mês do contrato de locação, deve ocorrer a
realização de parte do direito Aluguéis a Vencer e a decorrente
apropriação da Despesa Aluguéis Passivos, referente ao mês.

1.4.2 Patrimônio Inicial


Seja o patrimônio inicial, didaticamente proposto de forma simples, que
tenha apenas (1) R$ 21.000,00, em dinheiro; (2) R$ 25.000,00, em
depósitos bancários; e (3) R$ 4.000,00, em direito de utilizar o imóvel
locado (por quatro meses); (4) R$ 50.000,00, em capital (colocado
pelos sócios, para a formação do patrimônio da empresa).
A seguir, encontra-se representado o balancete representativo do
patrimônio acima sugerido.

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Ativo Passivo
Caixa 21.000,00 Obrigações -

Bancos 25.000,00

Aluguéis a Vencer -------------------------------------------


4.000,00 Patrimônio Líquido
Capital 50.000,00

Despesas Receitas

1.4.3 Análise dos Efeitos Patrimoniais do Fato


Para entender o lançamento referente à realização do direito Aluguel a
Vencer e da decorrente apropriação da despesa com Aluguéis Passivos,
é necessário fazer uma breve referência ao Princípio da Competência3 e
aos conceitos de (1) Realização de ativo e (2) apropriação de despesa.
Pelo princípio da Competência, uma despesa ocorre quando acontece
um fato que enseje a redução do patrimônio (alternativamente, redução
de bens/direitos ou aumento de obrigações). Vimos que como regra
geral, aplicável aos contratos firmados entre particulares e às operações
deles decorrentes, esta redução de patrimônio ocorre quando a outra
parte cumpre o que havia prometido fazer. No caso, há despesa de
aluguel (para a empresa – locatária) quando o locador cumpre o que
havia prometido fazer.
Ora, como o contrato de locação é continuado, as prestações se
renovam no tempo (mês a mês) e, portanto a despesa ocorre ao final de
cada mês em que o locador permite o uso do imóvel pela
empresa/locatária. Note-se que, para a determinação do momento em
que a despesa é incorrida, é irrelevante se a empresa já pagou o aluguel
antecipadamente, se o pagará à vista ou se tem prazo para pagá-lo no

3
Visto na aula 01 deste curso.

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futuro. No caso, a empresa já pagou quatro meses adiantados de
aluguel (e com isso, adquiriu o direito de utilizar o imóvel por quatro
meses) e, ao final do primeiro mês, desaparece, do patrimônio da
empresa, um direito (o direito de utilizar o imóvel pelo mês – que
terminou), o que enseja – sem dúvida – uma redução de seu
patrimônio.
O termo realização de ativo pode ser entendido (de maneira pouco
formal, porém altamente didática) como: transformação do ativo em
outra coisa. Assim, a alienação – por exemplo – de um ativo pode ser
classificada como uma espécie do gênero realização (visto que o ativo
saiu do patrimônio e, em seu lugar, entrou outro elemento – geralmente
dinheiro). Outro exemplo de realização é o desaparecimento de um
ativo – no caso, um direito – pela seu exercício (visto que o direito
desaparece quando exercido – patrimonialmente é “jogado fora – no
lixo”).
Finalmente, o termo apropriação de despesa significa o registro da
despesa incorrida, quando ela já havia sido paga antecipadamente
(como um artifício didático, interpreto a palavra apropriar com o sentido
de tornar propriamente uma despesa um valor que já havia sido pago,
mas ainda não consistia em despesa).
Colocados os conceitos básicos, passaremos – a seguir – para a análise
do caso do ponto de vista patrimonial.
Assim, a cada final de mês, ficará reduzido o direito (da empresa) de
usar o imóvel, reduzindo seu patrimônio (o que enseja a ocorrência de
despesa).
Utilizando a metáfora da “caixa de areia”, podemos considerar que são
desbastados “mil grãos de areia” do montinho patrimonial Aluguéis a
Vencer e que esses “mil grãos de areia” são jogados para fora do
patrimônio (reduzindo-o), ou seja, aplicados na lata de lixo,
representada pela conta de resultado Aluguéis Passivos.
A figura a seguir representa, esquematicamente, o fluxo de valores,
entre elementos patrimoniais, decorrente do fato contábil em tela.

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Ativo Passivo
Caixa 21.000,00 Obrigações -

Bancos 25.000,00

22
Aluguéis a Vencer 4.000,00
(1.000,00)
3.000,00
------------------------------------------- Patrimônio Líquido
Capital 50.000,00

Despesas Receitas
Aluguéis Passivos 1.000,00

Agora ficou muito fácil:


- Setinha é débito – Aluguéis Passivos;
- Bolinha é crédito – Aluguéis a Vencer.

1.4.4 Lançamento

1.4.4.1 Registro no Livro Diário


D= Aluguéis Passivos
22 C= a Aluguéis a Vencer 1.000,00

Ou, simplesmente:
Aluguéis Passivos
22 a Aluguéis a Vencer 1.000,00

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1.4.4.2 Registro no Livro Razão

capital caixa Bancos Aluguéis a Vencer


débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
50.000,00 si si 21.000,00 si 25.000,00 si 4.000,00
1.000,00 22
sf 3.000,00

Aluguéis Passivos
débitos créditos
22 1.000,00

1.4.5 Patrimônio Final

Ativo Passivo
Caixa 21.000,00 Obrigações -

Bancos 25.000,00

Aluguéis a Vencer 3.000,00

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


Capital 50.000,00

Despesas Receitas
Aluguéis Passivos 1.000,00

1.4.6 Considerações Finais


Repare que, após a ocorrência do fato contábil, o valor do patrimônio
líquido (bens/direitos (-) obrigações) foi Alterado: reduzido do valor de
R$ 50.000,00, para o valor de R$ 49.000,00. Adicionalmente, percebe-

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se que não houve alteração de valor em mais de um elemento
patrimonial (apenas a redução de um direito). Assim, conclui-se que se
trata de um fato contábil modificativo diminutivo.
Na conta Aluguéis a Vencer – representativa de um direito e, portanto,
classificada no ativo – foi registrado um crédito. Repare que essa conta
teve seu saldo reduzido (de R$ 4.000,00 para R$ 3.000,00). Isso está
de acordo com a natureza devedora das contas de ativo: contas de ativo
têm seu saldo aumentado por débitos (e reduzido por créditos).
Na conta Aluguéis Passivos – representativa de um motivo pelo qual o
patrimônio foi reduzido durante o exercício e, portanto, classificada
como conta de resultado – despesa – foi registrado um débito. Repare
que essa conta teve seu saldo majorado (de R$ 0,00 para R$ 1.000,00).
Isso está de acordo com a natureza devedora e unilateral das contas de
despesa: contas de despesa somente têm seu saldo aumentado, por
débitos, durante todo o exercício, (o saldo é reduzido, por créditos,
apenas nos casos de retificação de erro ou de fechamento do exercício).
Ainda, pelo fato de terem sido registradas apenas uma conta a débito e
uma conta a crédito, o lançamento foi de primeira fórmula (repare que
não houve uso da palavra reservada “diversos”, quando do registro no
Livro Diário).
Finalmente, repare que o valor dos débitos, R$ 1.000,00, é idêntico ao
valor dos créditos, R$ 1.000,00, e que isso está de acordo com o
método das partidas dobradas: para todo débito registrado, há um
crédito de igual valor. De uma forma simples e rápida, verificamos a
correção do registro do fato contábil pela comparação dos somatórios de
valores em ambos os lados do patrimônio (representados no balancete)
– esses dois valores devem ser iguais. Em nosso exemplo, isso ocorre
porque:
- o somatório dos saldos das contas do lado esquerdo (Ativo e
Despesas) é igual a R$ 50.000,00;
- o somatório dos saldos das contas do lado direito (Passivo,
Patrimônio Líquido e Receitas) é, também, igual a R$
50.000,00.
Cumpre referir que o direito Aluguéis a Vencer, registrado no ativo –
agora por R$ 3.000,00 – irá sendo mês a mês, paulatinamente,
realizado, até desaparecer completamente. Esse é o mesmo
funcionamento das contas de seguros a vencer e juros a vencer – cujos
lançamentos serão estudados adiante neste curso.

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1.5 Fechamento do Exercício – considerando um lucro de R$
2.000,00

1.5.1 Descrição e Considerações sobre o Fato Contábil


Foi visto4 que as contas se classificavam entre contas patrimoniais e de
resultado. As contas de resultado possuem uma existência efêmera,
somente acumulam valores durante o exercício. Ao final do exercício, o
saldo destas contas deve ser zerado para que este valor se incorpore ao
patrimônio líquido da empresa e, assim, possa se iniciar um novo
exercício.
Cumpre fazer uma breve recordação dos conceitos acima referidos,
esclarecendo (a) a relação entre as conta de resultado e o Patrimônio
Líquido (b) o conceito de fechamento do exercício sob o ponto de vista
dessa relação.
a) O sistema de informações contábil, ao longo de um determinado
período de tempo, denominado exercício, (1) não somente registra
informações acerca de fatos contábeis em contas que representam
bens/direitos e obrigações, em contas patrimoniais (ativo e passivo),
mas (2) registra também (na ocorrência de fatos contábeis modificativos
ou mistos) informações acerca das razões pelas quais o patrimônio
(bens/direitos (-) obrigações) sofreu reduções ou aumentos. Esse
segundo tipo de fato contábil deveria trazer como efeito o aumento ou a
redução do saldo do Patrimônio Líquido, porém isso não é realizado
diretamente no Patrimônio Líquido, pois dele se destacam algumas
contas (de resultado), receitas e despesas, com o específico objetivo de
registrar os respectivos aumentos ou reduções de valor do Patrimônio
Líquido. A seguir, encontra-se figura que ilustra essa relação.

4
Em específico, quando da apresentação da teoria Patrimonialística das Contas, na
aula 03 deste curso, cuja leitura é recomendada.

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Ativo Passivo

Bens e Direitos Obrigações

--------------------------- Patrimônio Líquido

Bens e Direitos (-) Obrigações

Despesas Receitas

b) Ao final do exercício, a informação sobre o aumento ou a redução do


Patrimônio Líquido (registrada em contas de resultado) deve ser trazida
para dentro do Patrimônio Líquido. Essa é a essência da idéia de
fechamento do exercício.

Ativo Passivo Ativo Passivo

------- PL Patrimônio Patrimônio ------- PL


Inicial Final
Saldo líquido (Receitas-Despesas)
transferido para o Patrimônio Líquido

Exercício

Início Final

Despesas Receitas

-----
Saldo líquido (Receitas-Despesas)
anulado das contas de resultado

Metaforicamente, podemos imaginar que: (1) aquilo que havia sido


separado no início do exercício (contas de resultado, do Patrimônio

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Líquido), (2) ao final do exercício, volta para o lugar onde sempre
pertenceu.
Ou, ainda, mais poeticamente: (1) as contas de resultado nascem (com
saldo zero) no início do exercício e crescem (acumulam saldo) durante o
exercício; (2) ao final do exercício, as contas de resultado morrem (são
zeradas) e sua alma (saldo) é transferida para o Patrimônio Líquido (o
paraíso).
De uma maneira didática, sem apreciação de maiores detalhes da
legislação5, pode-se dizer que o “fechamento do exercício” consiste em
um procedimento, com quatro passos, conforme a seguir apresentado.
a) Criação de uma conta intermediária ARE (Apuração do
Resultado do Exercício) – cuja existência inicia
imediatamente antes do procedimento de fechamento do
exercício e finda logo após o procedimento;
b) Anulação dos saldos das despesas e suas transferências
para a conta intermediária ARE;
c) Anulação dos saldos das receitas e suas transferências
para a conta intermediária ARE;
d) Anulação do saldo da conta ARE e sua transferência para
uma conta de Patrimônio Líquido (Conta LPA – Lucros e
Prejuízos Acumulados6).
Nesse exemplo, realizaremos o fechamento do exercício de uma
empresa que apresentou lucro de R$ 2.000,00, com os seguintes
resultados:
- R$ 6.000,00 em receitas;
- R$ 4.000,00 em despesas.

1.5.2 Patrimônio Inicial


Seja o patrimônio inicial, didaticamente proposto de forma simples, que
tenha apenas (1) R$ 25.000,00, em dinheiro; (2) R$ 25.000,00, em

5
O que será exaustivamente estudado na aula que trata da destinação do resultado,
adiante, neste curso.
6
A Conta LPA - Lucros e Prejuízos Acumulados é uma conta de importância
fundamental no patrimônio líquido. Seu funcionamento será detalhadamente estudado
nas aulas que tratam da Demonstração contábil DLPA (Demonstração dos Lucros ou
Prejuízos Acumulados) e da destinação do resultado (ambos a serem apresentados
adiante, neste curso). Para o momento, é importante saber que a conta LPA é a porta
de entrada do resultado no Patrimônio Líquido, ou seja, o resultado é transferido para
essa conta para, somente depois, ser transferido (1) para os sócios (dividendos), (2)
para reservas e (3) para aumento de capital.

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depósitos bancários; (3) R$ 6.000,00, em direitos de receber o valor de
duplicatas emitidas; (4) R$ 4.000,00, em estoque de mercadorias; (5)
R$ 8.000,00 em obrigação de pagar pela compra do estoque de
mercadorias (anteriormente realizada a prazo); e (6) R$ 50.000,00, em
capital (colocado pelos sócios, para a formação do patrimônio da
empresa). Neste patrimônio inicial, encontram-se também registradas
as alterações do valor do patrimônio, ocorridas no exercício, até aquele
momento, nas seguintes contas de resultado: (1) Receitas de Venda, no
valor de R$ 6.000,00 e (2) Custo da Mercadoria Vendida, no valor de R$
4.000,00. A seguir, encontra-se representado o balancete
representativo do patrimônio acima sugerido.

Ativo Passivo
Caixa 25.000,00 Fornecedores 8.000,00

Bancos 25.000,00

Duplicatas a Receber 6.000,00


------------------------------------------- Patrimônio Líquido
Capital 50.000,00
Estoques 4.000,00

Despesas Receitas
Custo da Mercadoria Vendida 4.000,00 Receita Bruta de Vendas 6.000,00

1.5.3 Análise dos Efeitos Patrimoniais do Fato


Para entender o sentido dos lançamentos referentes ao fechamento do
exercício, antes de mais nada, é necessário ter em mente que (1) não
se trata do registro de um fato contábil, mas (2) consiste em um
procedimento de arrumação da informação já existente no
sistema contábil. Seguindo os quatro passos necessários à realização
do procedimento de fechamento do balanço, a seguir, explicaremos
cada um deles.
O primeiro passo consiste na criação de uma conta intermediária ARE
(Apuração do Resultado do Exercício) – cuja existência inicia

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imediatamente antes do procedimento de fechamento do exercício e
finda logo após o procedimento. Essa conta funciona, metaforicamente,
como uma caixinha de areia especial: (1) onde vai ser derramada toda a
areia que estava na lata de lixo – que ora se esvazia e (2) de onde sai a
areia que deverá ser devolvida para o céu (de onde “caiu areia, de pára-
quedas”, durante o ano). A figura a seguir ilustra o funcionamento da
conta ARE.
A conta ARE - Apuração do Resultado do Exercício, funciona como um "caixa de areia" especial, na qual ocorrem dois fenômenos:

1 ARE - Apuração do Resultado do Exercício


débitos créditos

(1) A areia acumulada na lata de lixo durante o exercício (despesas) (2) Areia, em quantidade equivalente àquela "caída do céu" durante o exercício
é esvaziada, e derramada (aplicada) na conta ARE, formando um (receitas), é retirada da conta ARE, para ser "devolvida ao céu", (aplicada de
montinho de areia em seu lado esquerdo. volta no lugar de onde veio), restando um buraco em seu lado direito.

O segundo passo é a anulação do saldo das despesas, com a


conseqüente transferência para a conta intermediária ARE. Esse
procedimento pode ser encarado, metaforicamente, como a limpeza da
lata de lixo. Aqui, se retira, da lata de lixo, toda a areia que havia sido
jogada fora durante o ano e, essa areia é colocada na “caixinha
especial” – ARE. Em outras palavras, são aplicados na conta ARE os
valores antes jogados fora nas várias contas de despesa. Em nosso
exemplo, será aplicado, na conta ARE, o valor de R$ 4.000,00, que terá
como origem a conta Custo da Mercadoria Vendida. A figura a seguir
ilustra esse segundo passo do procedimento de fechamento do
exercício.

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A ARE - Apuração do Resultado do Exercício


débitos créditos

a 4.000,00

O terceiro passo é a anulação de saldo das receitas, com a conseqüente


transferência para a conta intermediária ARE. Esse procedimento pode
ser encarado, metaforicamente, como a “devolução para o céu”, da
areia antes de lá caída. Aqui, se cava um buraco no lado direito da
“caixinha especial” – ARE, de onde se retira areia em quantidade
equivalente àquela que havia “caído do céu” durante o ano e, essa areia
é aplicada de volta no lugar de onde ela veio (“jogada para o céu”). Em
nosso exemplo, será aplicado, na conta Receita Bruta de Vendas, o valor
de R$ 6.000,00, que terá como origem a conta ARE. A figura a seguir
ilustra esse terceiro passo do procedimento de fechamento do exercício.

ARE - Apuração do Resultado do Exercício


débitos créditos
SI 4.000,00
6.000,00 b

2.000,00 SF

O quarto passo consiste na anulação do saldo da conta ARE e sua


transferência para uma conta de Patrimônio Líquido (Conta LPA – Lucros
e Prejuízos Acumulados). No caso, a conta intermediária ARE apresenta
(1) um montinho patrimonial com “quatro mil grãos de areia” e (2) um
buraco patrimonial em que cabem “seis mil grãos de areia”. Disso se
conclui que ela apresenta (no cômputo geral) um buraco patrimonial de

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“dois mil grãos de areia”, que deve ser transferido para a conta LPA.
Assim, são cavados, do buraco patrimonial representativo do Patrimônio
Líquido (especificamente, da conta LPA – Lucro e Prejuízos Acumulados)
“dois mil grãos de areia”, que são aplicados no buraco patrimonial
existente na conta intermediária ARE – Apuração do Resultado do
exercício, tapando-o.
A figura a seguir representa, esquematicamente, o fluxo de valores,
entre elementos patrimoniais, decorrente dos passos (b), (c) e (d) do
procedimento de fechamento de exercício, em análise.

Ativo Passivo
Caixa 25.000,00 Fornecedores 8.000,00

Bancos 25.000,00

Duplicatas a Receber 6.000,00


------------------------------------------- Patrimônio Líquido
Capital 50.000,00
Estoques 4.000,00

LPA 2.000,00 23.d

Despesas Receitas
Custo da Mercadoria Vendida 4.000,00 Receita Bruta de Vendas 6.000,00
(4.000,00) (6.000,00)
- -

23.c

23.b

ARE
4.000,00
6.000,00
2.000,00

Agora ficou muito fácil.


Passo (a): não há fluxo de valor entre elementos patrimoniais.
Passo (b):

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- Setinha é débito – ARE – Apuração do Resultado do Exercício;
- Bolinha é crédito – Custo da Mercadoria Vendida.
Passo (c):
- Setinha é débito – Receita Bruta de Vendas;
- Bolinha é crédito – ARE – Apuração do Resultado do Exercício.
Passo (d):
- Setinha é débito – ARE – Apuração do Resultado do Exercício;
- Bolinha é crédito – LPA – Lucros e Prejuízos Acumulados.

1.5.4 Lançamento

1.5.4.1 Registro no Livro Diário


D= ARE - Apuração do Resultado do Exercício
23.b C= a Custo da Mercadoria Vendida 4.000,00

Ou, simplesmente:
ARE - Apuração do Resultado do Exercício
23.b a Custo da Mercadoria Vendida 4.000,00

...
D= Receita Bruta de Vendas
23.c C= a ARE - Apuração do Resultado do Exercício 6.000,00

Ou, simplesmente:
Receita Bruta de Vendas
23.c a ARE - Apuração do Resultado do Exercício 6.000,00

...
D= ARE - Apuração do Resultado do Exercício
23.d
C= a LPA - Lucros e Prejuízos Acumulados 2.000,00

Ou, simplesmente:
ARE - Apuração do Resultado do Exercício
23.d
a LPA - Lucros e Prejuízos Acumulados 2.000,00

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1.5.4.2 Registro no Livro Razão

capital caixa Estoques Fornecedores


débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
50.000,00 si si 25.000,00 si 4.000,00 8.000,00 si

Receita Bruta de Vendas Custo da Mercadoria Vendida Duplicatas a Receber Bancos


débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
6.000,00 si si 4.000,00 si 6.000,00 si 25.000,00
23.c 6.000,00 4.000,00 23.b
- sf sf -

ARE-Apuração do Result. do exerc. LPA-Lucros e prej. acumulados


débitos créditos débitos créditos
23.b 4.000,00 2.000,00 23.d
6.000,00 23.c
2.000,00 s'
23.d 2.000,00
- sf

Obs.: S’ – significa Saldo intermediário, apresentado para a conta ARE,


entre os lançamentos 23.c e 23.d.

1.5.5 Patrimônio Final

Ativo Passivo
Caixa 25.000,00 Fornecedores 8.000,00

Bancos 25.000,00

Duplicatas a Receber 6.000,00


------------------------------------------- Patrimônio Líquido
Capital 50.000,00
Estoques 4.000,00

LPA 2.000,00

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1.5.6 Considerações Finais
Repare que, após o registro do lançamento de fechamento de exercício,
o valor do patrimônio líquido (bens/direitos (-) obrigações) não foi
Alterado: permanecendo no valor de R$ 52.000,00. Entretanto, o valor
registrado em contas de Patrimônio Líquido aumentou (de R$ 50.000,00
para R$ 52.000,00). Isso ocorre porque os valores antes registrados
em conta de resultado (R$ 6.000,00 em Receitas e R$ 4.000,00 em
Despesas) não estão mais nelas registrados e foram transferidos para o
Patrimônio Líquido. Assim, conclui-se que não é no momento do
fechamento do exercício que o Patrimônio Líquido aumenta ou
reduz seu valor, mas nos momentos em que ocorrerem fatos
modificativos ou mistos. No fechamento do exercício, a informação
do patrimônio apenas é “arrumada”, para ficar totalmente referenciada
apenas por contas patrimoniais.
Na conta Receita Bruta de Vendas – representativa de um motivo pelo
qual o patrimônio aumentou durante o exercício e, portanto, classificada
como conta de resultado – receita – foi registrado um débito. Repare
que essa conta teve seu saldo reduzido (de R$ 6.000,00 para R$ 0,00).
Isso também está de acordo com a natureza credora e unilateral das
contas de receita: contas de receita somente têm seu saldo aumentado,
por créditos, durante todo o exercício, porém, o saldo é reduzido, por
débitos no caso de fechamento do exercício, que é o que ocorreu.
Na conta Custo da Mercadoria Vendida – representativa de um motivo
pelo qual o patrimônio foi reduzido durante o exercício e, portanto,
classificada como conta de resultado – despesa – foi registrado um
crédito. Repare que essa conta teve seu saldo reduzido (de R$ 4.000,00
para R$ 0,00). Isso está de acordo com a natureza devedora e
unilateral das contas de despesa: contas de despesa somente têm seu
saldo aumentado, por débitos, durante todo o exercício, porém, o saldo
é reduzido, por créditos no caso de fechamento do exercício, que é o
que ocorreu.
Na conta Lucros e Prejuízos Acumulados – representativa de parte da
diferença entre bens, direitos e obrigações e, portanto, classificada no
patrimônio líquido – foi registrado um crédito. Repare que essa conta
teve seu saldo majorado (de R$ 0,00 para R$ 2.000,00). Isso está de
acordo com a natureza credora das contas de patrimônio líquido: contas
de patrimônio líquido têm seu saldo aumentado por créditos (e reduzido
por débitos).
A conta intermediária ARE – Apuração do Resultado do exercício teve
seu saldo mantido em zero. Isso está de acordo com a natureza de uma
conta intermediária, que recebe débitos e créditos para, em seguida,
transferi-los e termina o processo como iniciou, com o saldo “zerado”.

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O valor dos débitos, R$ 12.000,00, é idêntico ao valor dos créditos, R$
12.000,00, e que isso está de acordo com o método das partidas
dobradas: para todo débito registrado, há um crédito de igual valor. De
uma forma simples e rápida, verificamos a correção do registro do fato
contábil pela comparação dos somatórios de valores em ambos os lados
do patrimônio (representados no balancete) – esses dois valores devem
ser iguais. Em nosso exemplo, isso ocorre porque:
- o somatório dos saldos das contas do lado esquerdo (Ativo e
Despesas) é igual a R$ 60.000,00;
- o somatório dos saldos das contas do lado direito (Passivo,
Patrimônio Líquido e Receitas) é, também, igual a R$
60.000,00.
Cumpre referir que, após o procedimento de fechamento de exercício, a
igualdade (ATIVO-PASSIVO=PATRIMÔNIO LÍQUIDO) é restaurada
(60.000,00 – 8.000,00 = 52.000,00).
Em resumo, o procedimento de fechamento de exercício, quando há
lucro no resultado do exercício, é o seguinte:
a) criar uma conta intermediária ARE;
b) zerar as contas de despesa (crédito) e transferir seu saldo para
a conta ARE (débito);
c) zerar as contas de receita (débito) e transferir seu saldo para a
conta ARE (crédito);
d) zerar a conta ARE (débito) e transferir seu saldo para a conta
LPA (crédito).

1.6 Fechamento do Exercício – Considerando um Prejuízo de R$


3.000,00

1.6.1 Descrição e Considerações sobre o Fato Contábil


Tudo o que foi colocado com relação ao fechamento do exercício no caso
de lucro é aplicável ao presente caso. Portanto, recomendamos
fortemente a leitura – e entendimento – do item anterior antes de iniciar
a leitura deste item.
Assim, continuamos com a proposta didática, sem apreciação de
maiores detalhes da legislação, para o “fechamento do exercício”, como
um procedimento, com quatro passos, conforme a seguir apresentado.
- Criação de uma conta intermediária ARE (Apuração do
Resultado do Exercício) – cuja existência inicia imediatamente
antes do procedimento de fechamento do exercício e finda logo
após o procedimento;

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- Anulação dos saldos das despesas e suas transferências para a
conta intermediária ARE;
- Anulação dos saldos das receitas e suas transferências para a
conta intermediária ARE;
- Anulação do saldo da conta ARE e sua transferência para uma
conta de Patrimônio Líquido (Conta LPA – Lucros e Prejuízos
Acumulados).
Nesse exemplo, realizaremos o fechamento do exercício de uma
empresa que apresentou prejuízo de R$ 3. 000,00, com os seguintes
resultados:
- R$ 6.000,00 em receitas;
- R$ 9.000,00 em despesas.

1.6.2 Patrimônio Inicial


Seja o patrimônio inicial, didaticamente proposto de forma simples, que
tenha apenas (1) R$ 25.000,00, em dinheiro; (2) R$ 25.000,00, em
depósitos bancários; (3) R$ 6.000,00, em direitos de receber o valor de
duplicatas emitidas; (4) R$ 9.000,00, em estoque de mercadorias; (5)
R$ 18.000,00 em obrigação de pagar pela compra do estoque de
mercadorias (anteriormente realizada a prazo); e (6) R$ 50.000,00, em
capital (colocado pelos sócios, para a formação do patrimônio da
empresa). Neste patrimônio inicial, encontram-se também registradas
as alterações do valor do patrimônio, ocorridas no exercício, até aquele
momento, nas seguintes contas de resultado: (1) Receitas de Venda, no
valor de R$ 6.000,00 e (2) Custo da Mercadoria Vendida, no valor de R$
9.000,00. A seguir, encontra-se representado o balancete
representativo do patrimônio acima sugerido.

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Ativo Passivo
Caixa 25.000,00 Fornecedores 18.000,00

Bancos 25.000,00

Duplicatas a Receber 6.000,00


------------------------------------------- Patrimônio Líquido
Capital 50.000,00
Estoques 9.000,00

Despesas Receitas
Custo da Mercadoria Vendida 9.000,00 Receita Bruta de Vendas 6.000,00

1.6.3 Análise dos Efeitos Patrimoniais do Fato


Para entender o sentido dos lançamentos referentes ao fechamento do
exercício, antes de mais nada, é necessário ter em mente que (1) não
se trata do registro de um fato contábil, mas (2) consiste em um
procedimento de arrumação da informação já existente no
sistema contábil. Seguindo os quatro passos necessários à realização
do procedimento de fechamento do balanço, a seguir, explicaremos
cada um deles.
O primeiro passo consiste na criação de uma conta intermediária ARE
(Apuração do Resultado do Exercício) – cuja existência inicia
imediatamente antes do procedimento de fechamento do exercício e
finda logo após o procedimento. Essa conta funciona, metaforicamente,
como uma caixinha de areia especial: (1) onde vai ser derramada toda a
areia que estava na lata de lixo – que ora se esvazia e (2) de onde sai a
areia que deverá ser devolvida para o céu (de onde “caiu areia, de pára-
quedas”, durante o ano).
O segundo passo é a anulação do saldo das despesas, com a
conseqüente transferência para a conta intermediária ARE. Esse
procedimento pode ser encarado, metaforicamente, como a limpeza da
lata de lixo. Aqui, se retira, da lata de lixo, toda a areia que havia sido
jogada fora durante o ano e, essa areia é colocada na “caixinha

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especial” – ARE. Em outras palavras, são aplicados na conta ARE os
valores antes jogados fora nas várias contas de despesa.
O terceiro passo é a anulação de saldo das receitas, com a conseqüente
transferência para a conta intermediária ARE.

O quarto passo consiste na anulação do saldo da conta ARE e sua


transferência para uma conta de Patrimônio Líquido (Conta LPA – Lucros
e Prejuízos Acumulados).
A figura a seguir representa, esquematicamente, o fluxo de valores,
entre elementos patrimoniais, decorrente dos passos (b), (c) e (d) do
procedimento de fechamento de exercício, em análise.

Ativo Passivo
Caixa 25.000,00 Fornecedores 18.000,00

Bancos 25.000,00

Duplicatas a Receber 6.000,00


------------------------------------------- Patrimônio Líquido
Capital 50.000,00
Estoques 9.000,00

(-) LPA (3.000,00)


24.d
Despesas Receitas
Custo da Mercadoria Vendida 9.000,00 Receita Bruta de Vendas 6.000,00
(9.000,00) (6.000,00)
- -

24.c

24.b

ARE
9.000,00
6.000,00

3.000,00

Agora ficou muito fácil.

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Passo (a): não há fluxo de valor entre elementos patrimoniais.
Passo (b):
- Setinha é débito – ARE – Apuração do Resultado do Exercício;
- Bolinha é crédito – Custo da Mercadoria Vendida.
Passo (c):
- Setinha é débito – Receita Bruta de Vendas;
- Bolinha é crédito – ARE – Apuração do Resultado do Exercício.
Passo (d):
- Setinha é débito – LPA – Lucros e Prejuízos Acumulados;
- Bolinha é crédito – ARE – Apuração do Resultado do Exercício.

1.6.4 Lançamento

1.6.4.1 Registro no Livro Diário


D= ARE - Apuração do Resultado do Exercício
24.b C= a Custo da Mercadoria Vendida 9.000,00

Ou, simplesmente:
ARE - Apuração do Resultado do Exercício
24.b a Custo da Mercadoria Vendida 9.000,00

...
D= Receita Bruta de Vendas
24.c C= a ARE - Apuração do Resultado do Exercício 6.000,00

Ou, simplesmente:
Receita Bruta de Vendas
24.c
a ARE - Apuração do Resultado do Exercício 6.000,00

...

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D= LPA - Lucros e Prejuízos Acumulados
24.d C= a ARE - Apuração do Resultado do Exercício 3.000,00

Ou, simplesmente:
LPA - Lucros e Prejuízos Acumulados
24.d a ARE - Apuração do Resultado do Exercício 3.000,00

1.6.4.2 Registro no Livro Razão

capital caixa Estoques Fornecedores


débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
50.000,00 si si 25.000,00 si 9.000,00 18.000,00 si

Receita Bruta de Vendas Custo da Mercadoria Vendida Duplicatas a Receber Bancos


débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
6.000,00 si si 9.000,00 si 6.000,00 si 25.000,00
24.c 6.000,00 9.000,00 24.b
- sf sf -

ARE-Apuração do Result. do exerc. LPA-Lucros e prej. acumulados


débitos créditos débitos créditos
24.b 9.000,00 24.d 3.000,00
6.000,00 23.c
s' 3.000,00
3.000,00 24.d
- sf

Obs.: S’ – significa Saldo intermediário, apresentado para a conta ARE,


entre os lançamentos 24.c e 24.d.

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1.6.5 Patrimônio Final

Ativo Passivo
Caixa 25.000,00 Fornecedores 18.000,00

Bancos 25.000,00

Duplicatas a Receber 6.000,00


------------------------------------------- Patrimônio Líquido
Capital 50.000,00
Estoques 9.000,00

(-) LPA (3.000,00)

1.6.6 Considerações Finais


Repare que, após o registro do lançamento de fechamento de exercício,
o valor do patrimônio líquido (bens/direitos (-) obrigações) não foi
Alterado: permanecendo no valor de R$ 47.000,00. Entretanto, o valor
registrado em contas de Patrimônio Líquido foi reduzido (de R$
50.000,00 para R$ 47.000,00). Isso ocorre porque os valores antes
registrados em conta de resultado (R$ 6.000,00 em Receitas e R$
9.000,00 em Despesas) não estão mais nelas registrados e foram
transferidos para o Patrimônio Líquido. Assim, conclui-se que não é no
momento do fechamento do exercício que o Patrimônio Líquido
aumenta ou reduz seu valor, mas nos momentos em que
ocorrerem fatos modificativos ou mistos. No fechamento do
exercício, a informação do patrimônio apenas é “arrumada”, para ficar
totalmente referenciada apenas por contas patrimoniais.
Na conta Receita Bruta de Vendas – representativa de um motivo pelo
qual o patrimônio aumentou durante o exercício e, portanto, classificada
como conta de resultado – receita – foi registrado um débito. Repare
que essa conta teve seu saldo reduzido (de R$ 6.000,00 para R$ 0,00).
Isso também está de acordo com a natureza credora e unilateral das
contas de receita: contas de receita somente têm seu saldo aumentado,
por créditos, durante todo o exercício, porém, o saldo é reduzido, por
débitos no caso de fechamento do exercício, que é o que ocorreu.
Na conta Custo da Mercadoria Vendida – representativa de um motivo
pelo qual o patrimônio foi reduzido durante o exercício e, portanto,
classificada como conta de resultado – despesa – foi registrado um
crédito. Repare que essa conta teve seu saldo reduzido (de R$ 9.000,00

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para R$ 0,00). Isso está de acordo com a natureza devedora e
unilateral das contas de despesa: contas de despesa somente têm seu
saldo aumentado, por débitos, durante todo o exercício, porém, o saldo
é reduzido, por créditos no caso de fechamento do exercício, que é o
que ocorreu.
A conta intermediária ARE – Apuração do Resultado do exercício teve
seu saldo mantido em zero. Isso está de acordo com a natureza de uma
conta intermediária, que recebe débitos e créditos para, em seguida,
transferi-los e termina o processo como iniciou, com o saldo “zerado”.
Na conta Lucros e Prejuízos Acumulados – foi registrado um débito e seu
saldo foi reduzido (de R$ 0,00 para R$ -3.000,00). Isso, em princípio,
está de acordo com a natureza credora das contas de patrimônio
líquido: contas de patrimônio líquido têm seu saldo aumentado por
créditos (e reduzido por débitos). Cabe, porém, uma explicação melhor
para o fato de que esta conta está apresentada com SINAL INVERTIDO.
A conta LPA pode ter saldo de natureza credora (e, nesse caso registra
uma parte do valor a ser entregue aos sócios, representativa da
diferença entre o ativo e o passivo – como foi apresentado no item
anterior). Entretanto, a conta LPA pode, também, apresentar saldo de
natureza devedora (e, nesse caso registra uma redução do valor a ser
entregue aos sócios, no final da existência da empresa).
Em outras palavras, a conta LPA, caso apresente saldo devedor, registra
um direito da empresa, de entregar menos valor aos sócios no final da
existência da empresa. Ora, todo direito deveria ser registrado no ativo.
Porém, este está registrado no passivo (com o sinal invertido).
Isso, porque a conta LPA, quando apresenta saldo devedor, é
classificada como uma conta redutora do Patrimônio Líquido. De
maneira bem humorada (e didaticamente eficaz) vamos entender uma
conta assim como uma conta do tipo “sapatão” (com natureza de ativo e
funcionamento de ativo, mas, por determinação normativa, registrada
no lado do passivo/patrimônio líquido e com o sinal invertido).
O valor dos débitos, R$ 18.000,00, é idêntico ao valor dos créditos, R$
18.000,00, e que isso está de acordo com o método das partidas
dobradas: para todo débito registrado, há um crédito de igual valor. De
uma forma simples e rápida, verificamos a correção do registro do fato
contábil pela comparação dos somatórios de valores em ambos os lados
do patrimônio (representados no balancete) – esses dois valores devem
ser iguais. Em nosso exemplo, isso ocorre porque:
- o somatório dos saldos das contas do lado esquerdo (Ativo e
Despesas) é igual a R$ 65.000,00;

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- o somatório dos saldos das contas do lado direito (Passivo,
Patrimônio Líquido e Receitas) é, também, igual a R$
65.000,00.
Cumpre referir que, após o procedimento de fechamento de exercício, a
igualdade (ATIVO-PASSIVO=PATRIMÔNIO LÍQUIDO) é restaurada
(65.000,00 – 18.000,00 = 47.000,00).
Em resumo, o procedimento de fechamento de exercício, quando há
prejuízo no resultado do exercício, é o seguinte:
a) criar uma conta intermediária ARE;
b) zerar as contas de despesa (crédito) e transferir seu saldo para
a conta ARE (débito);
c) zerar as contas de receita (débito) e transferir seu saldo para a
conta ARE (crédito);
d) zerar a conta ARE (crédito) e transferir seu saldo para a conta
LPA (débito).

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1 Exemplos de Fatos Contábeis e Lançamentos -


Continuação
1.1 Compra de um Equipamento – Para Uso da Empresa

1.1.1 Descrição e Considerações sobre o Fato Contábil


Compra, pelo valor de 60.000,00, à vista, de um equipamento para uso
na atividade fim da empresa. Considere que esta compra ocorreu em
01/01/200X e que o equipamento foi imediatamente posto em
operação.
A compra do equipamento, à vista, é a operação em que a empresa
adquire um bem (para uso), pagando – imediatamente – em dinheiro
(ou em cheque), ao fornecedor, o valor do bem adquirido. Em nosso
exemplo, o pagamento ocorrerá em dinheiro.

1.1.2 Patrimônio Inicial


Seja o patrimônio inicial, didaticamente proposto de forma simples, que
tenha apenas (1) R$ 100.000,00, em dinheiro; e (2) R$ 100.000,00, em
capital (colocado pelos sócios, para a formação do patrimônio da
empresa).
A seguir, encontra-se apresentado o balancete representativo do
patrimônio acima sugerido.

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Ativo Passivo
Caixa 100.000,00 Obrigações -

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


Capital 100.000,00

Despesas Receitas

1.1.3 Análise dos Efeitos Patrimoniais do Fato


Na compra de equipamentos à vista, ocorre o surgimento de um bem –
ativo – que antes não existia no patrimônio da empresa (mercadorias,
para revenda). Este bem será registrado na conta Equipamentos. Por
outro lado, um outro bem – ativo – do patrimônio terá seu valor
reduzido (o dinheiro). Este valor será retirado da conta Caixa.
Utilizando a metáfora da “caixa de areia”, podemos considerar que são
desbastados “oito mil grãos de areia” do montinho patrimonial Caixa e
que esses “oito mil grãos de areia” são aplicados no montinho
patrimonial Equipamentos. A figura a seguir representa,
esquematicamente, o fluxo de valores, entre elementos patrimoniais,
decorrente do fato contábil em tela.

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25

Ativo Passivo
Caixa 100.000,00 Obrigações -
(60.000,00)
40.000,00

Equipamentos -------------------------------------------
60.000,00 Patrimônio Líquido
Capital 100.000,00

Agora ficou muito fácil:


- Setinha é débito – Equipamentos;
- Bolinha é crédito – Caixa.

1.1.4 Lançamento

1.1.4.1 Registro no Livro Diário


D= Equipamentos
25 C= a Caixa 60.000,00

Ou, simplesmente:

Equipamentos
25 a Caixa 60.000,00

1.1.4.2 Registro no Livro Razão

capital caixa Equipamentos


débitos créditos débitos créditos débitos créditos
100.000,00 si si 100.000,00 25 60.000,00
60.000,00 25
sf 40.000,00

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1.1.5 Patrimônio Final

Ativo Passivo
Caixa 40.000,00 Obrigações -

Equipamentos 60.000,00

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


Capital 100.000,00

1.1.6 Considerações Finais


Repare que, após a ocorrência do fato contábil, o valor do patrimônio
líquido (bens/direitos (-) obrigações) não foi alterado – Permanecendo
no valor de R$ 100.000,00. Portanto, trata-se de um fato
permutativo.
Na conta Equipamentos – representativa de um bem e, portanto,
classificada no ativo – foi registrado um débito. Repare que essa conta
teve seu saldo majorado (de R$ 0,00 para R$ 60.000,00). Isso está de
acordo com a natureza devedora das contas de ativo: contas de ativo
têm seu saldo aumentado por débitos (e reduzido por créditos).
Na conta Caixa – também representativa de um bem e, portanto,
classificada no ativo – foi registrado um crédito. Repare que essa conta
teve seu saldo reduzido (de R$ 100.000,00 para R$ 40.000,00). Isso
também está de acordo com a natureza devedora das contas de ativo:
contas de ativo têm seu saldo aumentado por débitos (e reduzido por
créditos).
Finalmente, repare que o valor dos débitos, R$ 60.000,00, é idêntico ao
valor dos créditos, R$ 60.000,00, e que isso está de acordo com o
método das partidas dobradas: para todo débito registrado, há um
crédito de igual valor. Em tempo, uma forma simples e rápida de
verificar a correção do registro do fato contábil é a comparação dos
somatórios de valores em ambos os lados do patrimônio (representado
no balancete) – esses dois valores devem ser iguais. Em nosso
exemplo, isso ocorre porque:
- o somatório dos saldos das contas do lado esquerdo (Ativo e
Despesas) é igual a R$ 100.000,00;

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- o somatório dos saldos das contas do lado direito (Passivo,
Patrimônio Líquido e Receitas) é, também, igual a R$
100.000,00.

1.2 Utilização do equipamento por um ano

1.2.1 Descrição e Considerações sobre o Fato Contábil


Considerando-se uma vida útil de dez anos, para o equipamento,
conclui-se que ele perde 10% de seu valor pelo uso no período de um
ano. Assim, deve ser registrada uma “depreciação” (perda do valor do
bem por uso, desgaste ou obsolescência).

1.2.2 Patrimônio Inicial


Seja o patrimônio inicial, didaticamente proposto de forma simples, que
tenha apenas (1) R$ 40.000,00, em dinheiro; (2) R$ 60.000,00, em
equipamentos e (3) R$ 100.000,00, em capital (colocado pelos sócios,
para a formação do patrimônio da empresa).
A seguir, encontra-se representado o balancete representativo do
patrimônio acima sugerido.

Ativo Passivo
Caixa 40.000,00 Obrigações -

Equipamentos 60.000,00

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


Capital 100.000,00

1.2.3 Análise dos Efeitos Patrimoniais do Fato


Para que seja possível o entendimento do fato em tela, faz-se
necessária uma breve referência ao conceito de depreciação1. O
conceito de depreciação é, técnica e rigorosamente, apresentado como
perda do valor de um bem por uso, desgaste ou obsolescência.

1
Que será detalhadamente estudado na aula que trata do Ativo Permanente, neste
curso.

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Didaticamente, entretanto, podemos imaginar a depreciação como o
processo de perda de valor por envelhecimento. Ninguém duvida que o
valor de um bem usado é inferior ao de um bem idêntico, porém novo.
Visto que a passagem do tempo influencia o valor dos itens
patrimoniais, temos que a Contabilidade, como um sistema de
informações sobre o patrimônio, deve registrar o efeito da passagem do
tempo no valor dos elementos patrimoniais. É esse o caso em estudo: o
uso do equipamento por um ano implica seu envelhecimento e, esse
envelhecimento, implica redução do valor da máquina.
De uma forma simples, (1) partimos da vida útil da máquina (período de
tempo – em número de anos – que, se espera, a máquina funcione) e
consideramos que o valor patrimonial será reduzido, de forma linear, no
percentual calculado quociente (1/vida útil) – esse percentual é
denominado taxa de depreciação. No caso, como foi dado que a vida
útil do equipamento seria de 10 anos, o percentual (taxa de
depreciação) é calculado em 1/10 = 10% ao ano.
Ora, aplicando-se o percentual de 10% sobre o valor do equipamento
(R$ 60.000,00), apuramos o quanto foi perdido, em termos de valor
patrimonial, por uso, desgaste ou obsolescência durante o ano: R$
60.000,00 * 10% = R$ 6.000,00.
Com a leitura dos conceitos acima, a primeira idéia que nos vêm à
cabeça é a de que o elemento patrimonial equipamentos tenha seu valor
patrimonial reduzido. Adianto que essa conclusão é apressada e está
incorreta! Para analisar melhor o caso (assim como fizemos no item
que tratou de desconto de duplicata) estudaremos os efeitos
patrimoniais do fato contábil em tela de duas maneiras diferentes, a
saber: (1) a primeira maneira, lógica, porém equivocada – tratando a
depreciação como um evento que reduz o valor do equipamento; (2) a
segunda maneira, correta – utilizando o conceito, já conhecido, de conta
retificadora do ativo.

1.2.3.1 Primeira análise da operação – lógica, porém


equivocada – apenas para fins didáticos
Isto, que vai ser apresentado neste item, está errado! Porém,
decidimos apresentar dessa maneira para induzir o aluno à conclusão
correta – que será apresentada no item seguinte.
A aplicação direta dos conceitos vistos nos itens anteriores, leva à
conclusão de que, na depreciação o valor patrimonial do equipamento é
reduzido e que, assim: (1) seriam jogados fora, aplicados na lata de
lixo, R$ 6.000,00, registrados em conta de resultado (despesa) Despesa
de Depreciação e (2) esse valor teria como origem o próprio

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equipamento – ativo – que teria seu valor patrimonial reduzido de R$
60.000,00 para R$ 54.000,00, registrado na conta Equipamentos.
Utilizando a metáfora da “caixa de areia”, podemos imaginar que são
desbastados “seis mil grãos de areia” do montinho patrimonial
Equipamentos e que, esses “seis mil grãos de areia” são jogados para
fora do patrimônio (na lata de lixo) o que enseja uma redução do
patrimônio – despesa – registrada na conta Despesa de Depreciação. A
figura a seguir representa, esquematicamente, o fluxo EQUIVOCADO de
valores, entre elementos patrimoniais, decorrente do fato contábil em
tela.

Ativo Passivo
Caixa 40.000,00 Obrigações -

Equipamentos 60.000,00
(6.000,00)
-------------------------------------------
54.000,00 Patrimônio Líquido
Capital 100.000,00

26
Despesas Receitas

Despesa de Depreciação 6.000,00

Os elementos patrimoniais envolvidos na representação do fluxo de


valores acima estão marcados (em vermelho) para indicar a
representação NÃO ESTÁ CORRETA! Ela foi apenas colocada assim
para, de forma didática, induzir o estudante ao raciocínio contábil e,
com isso, evitar que o aluno decore lançamentos e nomes de contas
sem entender seu significado. Ao longo de nosso curso, já lançamos
mão deste artifício didático e, várias vezes ainda, o utilizaremos:
realizando registros de forma incorreta, marcando-os em vermelho,
para, em seguida, apresentar o registro da forma correta, introduzindo
– geralmente – um novo conceito.

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A seguir, vamos retomar o estudo do caso com a utilização de um
conceito já conhecido: o conceito de conta retificadora do ativo.

1.2.3.2 Segunda análise da operação – correta –


utilizando o conceito de conta retificadora do ativo.
A interpretação acima está incorreta por dois motivos: (1) omite
informações importantes acerca do patrimônio – impedindo que a
Contabilidade alcance um de seus maiores objetivos, o de evidenciação
e (2) perde a informação do Registro Pelo Valor Original, referente ao
equipamento, o que está em desacordo com os princípios contábeis.
Foi visto, na primeira aula deste curso, que para a consecução do
objetivo de informar a Contabilidade precisa dar ênfase à evidenciação
de todas as informações que permitem a avaliação da sua situação
patrimonial e das mutações desse seu patrimônio e, além disso, que
possibilitem a realização de inferências perante o futuro. Entretanto, a
solução, equivocada, proposta anteriormente, tem o resultado inverso,
ocultando duas importantes informações acerca do valor patrimonial do
equipamento: (a) não demonstra o quanto se perdeu, do valor do
patrimônio, por uso, desgaste ou obsolescência e (b) perde a
informação do valor original do equipamento.
Foi visto, também na primeira aula deste curso, que entre os princípios
fundamentais de contabilidade está o Princípio do Registro pelo Valor
Original: os componentes do patrimônio sejam registrados pelos valores
originais das transações havidas com o mundo exterior à entidade,
expressos a valor presente, na moeda do país. Entretanto, a solução
equivocada, proposta anteriormente, desatende este princípio contábil.
Afastado o entendimento errado, vamos à proposta correta:
- o valor original do equipamento deve ser mantido (inexiste
comando normativo dispondo em contrário) registrado na conta
Equipamentos;
- adicionalmente, deve ser registrado o quanto se perdeu deste
valor original, não em forma de redução do valor do
equipamento, mas em um elemento patrimonial próprio – que
informe um ônus relacionado ao equipamento, a ser registrado
na conta Depreciação Acumulada.
Por ônus, entende-se, conforme consta do Minidicionário da Língua
Portuguesa (do Prof. Francisco da Silveira Bueno), peso, encargo ou
obrigação imposta. Assim, um ônus pode ser visto como a “obrigação”
de aceitar um encargo para poder exercer um direito, ou possuir um
bem.

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Ora, com o sentido de uma obrigação, o ônus deveria ser registrado no
passivo (como qualquer obrigação), em uma conta que tenha natureza
de passivo e funcionamento de passivo. Mas, pela ligação “umbilical”
existente entre o equipamento e o ônus que ele carrega, para fins de
clareza na apresentação do patrimônio, a legislação2 determina que esse
ônus, a ser registrada na conta Depreciação Acumulada, seja
apresentada juntamente com o bem, registrado na conta Equipamentos.
Para lembrar o significado de uma conta retificadora do ativo, basta
considerar que ela tem natureza de passivo e funcionamento de
passivo, mas, por determinação normativa, ela fica registrada no
ativo e, conseqüentemente, fica com o sinal invertido. De forma
bem humorada (e didaticamente eficiente), foi proposto o entendimento
de uma conta retificadora do ativo como uma conta do tipo “travesti”,
que tem natureza de passivo e funcionamento de passivo, mas é
registrada como ativo e, conseqüentemente, fica com o sinal invertido.
Agora sim, tudo o que foi visto no item anterior pode ser revisto e
aplicado, com uma única diferença: a conta Depreciação Acumulada,
deve ser representada como retificadora do ativo (ou seja, no ativo,
mas com o sinal invertido).
Portanto, levando mais essa premissa em consideração, vamos retomar
o raciocínio.
Na operação em tela: (1) são “jogados fora”, aplicados na lata de lixo,
R$ 6.000,00, registrados em conta de resultado (despesa) Despesa de
Depreciação e (2) esse valor tem como origem um ônus que pesa sobre
o equipamento – conta retificadora do ativo – que teria seu valor
patrimonial aumentado de R$ 0,00 para R$ 6.000,00, registrado na
conta Depreciação Acumulada.
Utilizando a metáfora da “caixa de areia”, podemos imaginar que são
cavados “seis mil grãos de areia” do buraco patrimonial Depreciação
Acumulada3 e que, esses “seis mil grãos de areia” são jogados para fora
do patrimônio (na lata de lixo) o que enseja uma redução do patrimônio
– despesa – registrada na conta Despesa de Depreciação. A figura a

2
NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE – NBC T 3 – CONCEITO, CONTEÚDO,
ESTRUTURA E NOMENCLATURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS. 3.2.2.6 – Os
saldos devedores ou credores de todas as contas retificadoras deverão ser
apresentados como valores redutores das contas ou grupo de contas que lhes deram
origem.
3
Este “Buraco Patrimonial”, como está ligado a um montinho patrimonial
(Equipamento) pode ser considerado que é cavado nele. Assim, a imagem de um
equipamento depreciado seria a de um montinho de areia com um buraco cavado em
seu topo (reduzindo o total de areia no elemento patrimonial). Em outras palavras, a
imagem de um equipamento depreciado seria a de um pequeno vulcão.

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seguir representa, esquematicamente, o fluxo CORRETO de valores,
entre elementos patrimoniais, decorrente do fato contábil em tela.

Ativo Passivo
Caixa 40.000,00 Obrigações -

Equipamentos 60.000,00

(-) Depreciação Acumulada (6.000,00)


------------------------------------------- Patrimônio Líquido
Capital 100.000,00

26

Despesas Receitas

Despesa de Depreciação 6.000,00

Repare que este modelo de informação é mais eficiente que o primeiro


(que estava errado e somente foi apresentado, no item anterior, por
motivos didáticos), pois este modelo não somente informa o valor
original do equipamento adquirido R$ 60.000,00 (na conta
Equipamentos), mas também informa a existência de um ônus, no valor
de R$ 6.000,00, relacionado a este equipamento – relativo à perda de
seu valor por uso, desgaste ou obsolescência (na conta Depreciação
Acumulada).
Agora ficou muito fácil:
- Setinha é débito – Despesa de Depreciação;
- Bolinha é crédito – Depreciação Acumulada.

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1.2.4 Lançamento

1.2.4.1 Registro no Livro Diário


D= Despesa de Depreciação
26 C= a Depreciação Acumulada 6.000,00

Ou, simplesmente:

Despesa de Depreciação
26 a Depreciação Acumulada 6.000,00

1.2.4.2 Registro no Livro Razão

capital caixa Equipamentos Depreciação Acumulada


débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
100.000,00 si si 40.000,00 si 60.000,00 6.000,00 26

Despesa de Depreciação
débitos créditos
26 6.000,00

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1.2.5 Patrimônio Final

Ativo Passivo
Caixa 40.000,00 Obrigações -

Equipamentos 60.000,00

(-) Depreciação Acumulada (6.000,00)


------------------------------------------- Patrimônio Líquido
Capital 100.000,00

Despesas Receitas

Despesa de Depreciação 6.000,00

1.2.6 Considerações Finais


Repare que, após a ocorrência do fato contábil, o valor do patrimônio
líquido (bens/direitos (-) obrigações) foi alterado: reduzido de R$
100.000,00 para R$ 99.000,00 – pelo surgimento de um ônus
(registrado na conta retificadora do ativo Depreciação Acumulada).
Portanto, trata-se de um fato modificativo diminutivo.
Na conta Depreciação Acumulada – representativa de um ônus e,
portanto, com natureza passivo (apesar de classificada como conta
Redutora do Ativo) – foi registrado um crédito. Repare que essa conta
teve seu saldo majorado (de R$ 0,00 para R$ 6.000,00). Isso também
está de acordo com a natureza credora das contas de passivo (e,
também das contas redutoras do ativo): contas de passivo (bem como
contas redutoras do ativo) têm seu saldo aumentado por créditos (e
reduzido por débitos).
Na conta Despesa de Depreciação – representativa de um motivo pelo
qual o patrimônio foi reduzido durante o exercício e, portanto,
classificada como conta de resultado – despesa – foi registrado um
débito. Repare que essa conta teve seu saldo majorado (de R$ 0,00

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para R$ 6.000,00). Isso está de acordo com a natureza devedora e
unilateral das contas de despesa: contas de despesa somente têm seu
saldo aumentado, por débitos, durante todo o exercício, (o saldo é
reduzido, por créditos, apenas nos casos de retificação de erro ou de
fechamento do exercício).
Ainda, pelo fato de terem sido registradas apenas uma conta a débito e
uma conta a crédito, o lançamento foi de primeira fórmula (repare que
não houve uso da palavra reservada “diversos”, quando do registro no
Livro Diário).
Finalmente, repare que o valor dos débitos, R$ 6.000,00, é idêntico ao
valor dos créditos, R$ 6.000,00, e que isso está de acordo com o
método das partidas dobradas: para todo débito registrado, há um
crédito de igual valor. Em tempo, uma forma simples e rápida de
verificar a correção do registro do fato contábil é a comparação dos
somatórios de valores em ambos os lados do patrimônio (representado
no balancete) – esses dois valores devem ser iguais. Em nosso
exemplo, isso ocorre porque:
- o somatório dos saldos das contas do lado esquerdo (Ativo e
Despesas) é igual a R$ 100.000,00;
- o somatório dos saldos das contas do lado direito (Passivo,
Patrimônio Líquido e Receitas) é, também, igual a R$
100.000,00.

1.3 Venda do equipamento, em 01/01/200X+1, por R$ 55.000,00

1.3.1 Descrição e Considerações sobre o Fato Contábil


Venda, à vista (com recebimento em dinheiro) do equipamento, pelo
preço de R$ 55.000,00. Considerando que, (1) o equipamento foi
adquirido pelo valor original de R$ 60.000,00 e (2) que, desse valor, foi
perdidos (por uso, desgaste ou obsolescência) na forma de depreciação
o equivalente de R$ 6.000,00.

1.3.2 Patrimônio Inicial


Considere, como patrimônio inicial, exatamente o patrimônio após a
depreciação do bem (patrimônio final do lançamento 26) e após o
fechamento do exercício do ano de 200X4 didaticamente proposto da
seguinte forma: (1) R$ 40.000,00, em dinheiro; (2) R$ 60.000,00, em

4
Não apresentaremos, aqui, os lançamentos de fechamento do exercício de 200X, por
tratar-se de assunto detalhadamente visto (nos lançamentos de n° 23 e 24, cuja
leitura recomendamos) e que pode ser realizado pelo aluno a título de treinamento e
fixação de conceitos.

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equipamentos; (3) R$ 6.000,00 em Depreciação Acumulada do
equipamento; (4) R$ 100.000,00, em capital (colocado pelos sócios,
para a formação do patrimônio da empresa); e (5) R$ 6.000,00 em
prejuízos acumulados.
A seguir, encontra-se apresentado o balancete representativo do
patrimônio acima sugerido.

Ativo Passivo
Caixa 40.000,00 Obrigações -

Equipamentos 60.000,00

(-) Depreciação Acumulada (6.000,00)


------------------------------------------- Patrimônio Líquido
Capital 100.000,00

(-) LPA (6.000,00)

Despesas Receitas

1.3.3 Análise dos Efeitos Patrimoniais do Fato


Já foi dito, neste curso, que a venda é um momento mágico, mas nunca
é demais repetir! A venda, não somente de mercadorias, mas de
qualquer bem, é um momento mágico porque é nesse momento que os
patrimônios de nossa empresa (vendedora) e do cliente se tocam. É
nesse momento que “cai” valor, do céu (vindo do patrimônio do cliente),
no “colo” do patrimônio da empresa, aumentando-o; isso porque,
também é nesse momento que nossa empresa “joga” valor, para fora de
seu patrimônio (em direção ao patrimônio do cliente), e, assim, reduz
seu patrimônio.
Para entender as razões do poético texto acima, faz-se necessário voltar
aos conceitos básicos do princípio de competência – vistos na aula 01 de
nosso curso e repassados no item imediatamente anterior, cuja leitura
recomendamos.

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Para que a empresa possa cumprir o que havia prometido, ela tem que
se desfazer de um bem, antes pertencente a seu patrimônio, o
equipamento. Assim, a empresa incorre em uma necessária redução de
seu patrimônio, para poder auferir a receita da venda referenciada no
parágrafo anterior. Dessa forma, é – também – nesse momento que
ocorre a despesa (redução do patrimônio), denominada “Despesa não
Operacional”. Importante definir o valor patrimonial do equipamento
que está sendo entregue ao cliente. Esse valor corresponde a R$
54.000,00, que é o resultado do valor original do equipamento (R$
60.000,000), deduzido do valor da respectiva depreciação acumulada
(R$ 6.000,00). Assim, esse acontecimento é registrado em dois passos:
- primeiramente, apura-se o valor do bem, tapando o buraco
patrimonial representado pela Depreciação Acumulada, com
origem no Equipamento;
- em seguida aplica-se no lixo o valor do equipamento (já
deduzido do valor da Depreciação Acumulada).
Repare que, no momento da venda, a empresa cumpriu o que havia
prometido – referente à operação de venda – entregar o equipamento
para o cliente. Dessa forma, é nesse momento que ocorre a Receita.
No presente caso, denominaremos essa receita de “Receita Não
Operacional”5.
A venda à vista enseja o desaparecimento do valor de bens existentes
no patrimônio da empresa (Equipamento), registrado nas contas
Equipamentos e Depreciação Acumulada, que terão seus saldos zerados,
e, também, o surgimento (aumento) de dinheiro no patrimônio da
empresa, registrado na conta Caixa, que terá seu saldo majorado.

Utilizando a metáfora da “caixa de areia”, podemos considerar que:

a) apura-se o valor do bem a ser vendido – “seis mil grãos


de areia” são aplicados no buraco patrimonial Depreciação
Acumulada, cuja origem é o montinho patrimonial
Equipamentos.

b) “caem, de pára-quedas”, do céu (do patrimônio alheio),


“cinqüenta e cinco mil grãos de areia”, aumentando o
patrimônio da empresa, (esse aumento de patrimônio
deve ser registrado na conta de resultado Receita não

5
Pelo termo operacional, entende-se aquilo que é usual no dia-a-dia da empresa, ou
seja, aquilo que é esperado que aconteça. Pelo contrário, não operacional é aquilo que
ocorre apenas eventualmente e, conseqüentemente, não se espera que aconteça a
toda hora.

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Operacional) e que esses “cinqüenta e cinco mil grãos de
areia” são aplicados no montinho patrimonial Caixa;

c) por outro lado, “cinqüenta e quatro mil grãos de areia”


são desbastados do montinho patrimonial Equipamentos e
jogados na “lata de lixo”, aplicados fora do patrimônio
(em direção ao patrimônio do cliente), reduzindo-o (essa
redução de patrimônio deve ser registrada na conta de
resultado Despesa não Operacional).

A figura a seguir representa, esquematicamente, o fluxo de valores,


entre elementos patrimoniais, decorrente do fato contábil em tela.

27.b
Ativo Passivo
Caixa 40.000,00 Obrigações -
55.000,00
95.000,00
27.a
Equipamentos -------------------------------------------
60.000,00 Patrimônio Líquido
(6.000,00) Capital 100.000,00
54.000,00
(54.000,00)
-

(-) Depreciação Acumulada (6.000,00)


6.000,00
-
(-) LPA (6.000,00)

Despesas Receitas
27.c Despesa não Operacional 54.000,00 Receita Não Operacional 55.000,00

Agora ficou muito fácil:


27.a) apuração do valor patrimonial do equipamento:
- Setinha é débito – Depreciação Acumulada;
- Bolinha é crédito – Equipamentos.
27.b) com relação à Receita:
- Setinha é débito – Caixa;

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- Bolinha é crédito – Receita Não Operacional.
27.c) com relação à Despesa:
- Setinha é débito – Despesa não Operacional;
- Bolinha é crédito – Equipamentos.

1.3.4 Lançamento

1.3.4.1 Registro no Livro Diário


D= Depreciação Acumulada
27.a
C= a Equipamentos 6.000,00

D= Caixa
27.b
C= a Receita não Operacional 55.000,00

D= Despesa não Operacional


27.c
C= a Equipamentos 54.000,00

Ou, simplesmente:

Depreciação Acumulada
27.a
a Equipamentos 6.000,00

Caixa
27.b
a Receita não Operacional 55.000,00

Despesa não Operacional


27.c
a Equipamentos 54.000,00

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1.3.4.2 Registro no Livro Razão

capital caixa Equipamentos Depreciação Acumulada


débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
100.000,00 si si 40.000,00 si 60.000,00 6.000,00 si
27.b 55.000,00 6.000,00 27.a 27.a 6.000,00
sf 95.000,00 s' 54.000,00 - sf
54.000,00 27.c
sf -

LPA Receita não Operacional Despesa não Operacional


débitos créditos débitos créditos débitos créditos
si 6.000,00 55.000,00 27.b 27.c 54.000,00

1.3.5 Patrimônio Final

Ativo Passivo
Caixa 95.000,00 Obrigações -

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


Capital 100.000,00

(-) LPA (6.000,00)

Despesas Receitas
Despesa não Operacional 54.000,00 Receita Não Operacional 55.000,00

1.3.6 Considerações Finais


Repare que, após a ocorrência do fato contábil, o valor do patrimônio
líquido (bens/direitos (-) obrigações) foi alterado: (1) o valor inicial, de
R$ 94.000,00, foi aumentado (pela Receita de R$ 55.0000,00) e
reduzido (pela despesa de R$ 54.000,00) – resultando em um aumento
líquido de R$ 1.000,00; (2) adicionalmente, houve mudança de valor em

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mais de um elemento do patrimônio (equipamentos, depreciação
acumulada e Caixa). Portanto, trata-se de um fato contábil misto
aumentativo. Em que pese o fato de que o equipamento tenha sido
comprado por R$ 60.000,00 e vendido por apenas R$ 55.000,00 (que,
para um leigo pode parecer prejuízo), houve lucro de R$ 1.000,00. Isso
porque, o equipamento foi comprado por R$ 60.000,00, mas foi usado
(e com isso perdeu o equivalente a R$ 6.000,00) e passou a ter valor
patrimonial de apenas R$ 54.000,00; pois bem, com a venda por R$
55.000,00, apura-se um lucro de R$ 1.000,00.
Na conta Caixa – representativa de um bem e, portanto, classificada no
ativo – foi registrado um débito. Repare que essa conta teve seu saldo
majorado (de R$ 40.000,00 para R$ 95.000,00). Isso está de acordo
com a natureza devedora das contas de ativo: contas de ativo têm seu
saldo aumentado por débitos (e reduzido por créditos).
Na conta Receita não Operacional – representativa de um motivo pelo
qual o patrimônio aumentou durante o exercício e, portanto, classificada
como conta de resultado – receita – foi registrado um crédito. Repare
que essa conta teve seu saldo majorado (de R$ 0,00 para R$
55.000,00). Isso também está de acordo com a natureza credora e
unilateral das contas de receita: contas de receita somente têm seu
saldo aumentado, por créditos, durante todo o exercício, (o saldo é
reduzido, por débitos, apenas nos casos de retificação de erro ou de
fechamento do exercício).
Na conta Despesa não operacional – representativa de um motivo pelo
qual o patrimônio foi reduzido durante o exercício e, portanto,
classificada como conta de resultado – despesa – foi registrado um
débito. Repare que essa conta teve seu saldo majorado (de R$ 0,00
para R$ 54.000,00). Isso está de acordo com a natureza devedora e
unilateral das contas de despesa: contas de despesa somente têm seu
saldo aumentado, por débitos, durante todo o exercício, (o saldo é
reduzido, por créditos, apenas nos casos de retificação de erro ou de
fechamento do exercício).
Na conta Equipamentos – representativa de um bem e, portanto,
classificada no ativo – foram registrados créditos. Repare que essa
conta teve seu saldo reduzido (de R$ 60.000,00 para R$ 0,00). Isso
também está de acordo com a natureza devedora das contas de ativo:
contas de ativo têm seu saldo aumentado por débitos (e reduzido por
créditos).
Na conta Depreciação Acumulada – representativa de um ônus e,
portanto, com natureza passivo (apesar de classificada como conta
Redutora do Ativo) – foi registrado um débito. Repare que essa conta
teve seu saldo reduzido (de R$ 6.000,00 para R$ 0,00). Isso também

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está de acordo com a natureza credora das contas de passivo (e,
também das contas redutoras do ativo): contas de passivo (bem como
contas redutoras do ativo) têm seu saldo aumentado por créditos (e
reduzido por débitos).
Finalmente, repare que o valor dos débitos, R$ 115.000,00, é idêntico
ao valor dos créditos, R$ 115.000,00, e que isso está de acordo com o
método das partidas dobradas: para todo débito registrado, há um
crédito de igual valor. Em tempo, uma forma simples e rápida de
verificar a correção do registro do fato contábil é a comparação dos
somatórios de valores em ambos os lados do patrimônio (representado
no balancete) – esses dois valores devem ser iguais. Em nosso
exemplo, isso ocorre porque:
- o somatório dos saldos das contas do lado esquerdo (Ativo e
Despesas) é igual a R$ 149.000,00;
- o somatório dos saldos das contas do lado direito (Passivo,
Patrimônio Líquido e Receitas) é, também, igual a R$
149.000,00.

1.4 Venda do equipamento, em 01/01/200X+1, por R$ 53.000,00

1.4.1 Descrição e Considerações sobre o Fato Contábil


Venda, à vista (com recebimento em dinheiro) do equipamento, pelo
preço de R$ 53.000,00. Considerando que, (1) o equipamento foi
adquirido pelo valor original de R$ 60.000,00 e (2) que, desse valor, foi
perdidos (por uso, desgaste ou obsolescência) na forma de depreciação
o equivalente de R$ 6.000,00.

1.4.2 Patrimônio Inicial


Considere, como patrimônio inicial, exatamente o patrimônio após a
depreciação do bem (patrimônio final do lançamento 26) e após o
fechamento do exercício do ano de 200X6 didaticamente proposto da
seguinte forma: (1) R$ 40.000,00, em dinheiro; (2) R$ 60.000,00, em
equipamentos; (3) R$ 6.000,00 em Depreciação Acumulada do
equipamento; (4) R$ 100.000,00, em capital (colocado pelos sócios,
para a formação do patrimônio da empresa); e (5) R$ 6.000,00 em
prejuízos acumulados.

6
Não apresentaremos, aqui, os lançamentos de fechamento do exercício de 200X, por
tratar-se de assunto detalhadamente visto (nos lançamentos de n° 23 e 24, cuja
leitura recomendamos) e que pode ser realizado pelo aluno a título de treinamento e
fixação de conceitos.

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A seguir, encontra-se apresentado o balancete representativo do
patrimônio acima sugerido.

Ativo Passivo
Caixa 40.000,00 Obrigações -

Equipamentos 60.000,00

(-) Depreciação Acumulada (6.000,00)


------------------------------------------- Patrimônio Líquido
Capital 100.000,00

(-) LPA (6.000,00)

Despesas Receitas

1.4.3 Análise dos Efeitos Patrimoniais do Fato


Já foi dito, neste curso, que a venda é um momento mágico, mas nunca
é demais repetir! A venda, não somente de mercadorias, mas de
qualquer bem, é um momento mágico porque é nesse momento que os
patrimônios de nossa empresa (vendedora) e do cliente se tocam. É
nesse momento que “cai” valor, do céu (vindo do patrimônio do cliente),
no “colo” do patrimônio da empresa, aumentando-o; isso porque,
também é nesse momento que nossa empresa “joga” valor, para fora de
seu patrimônio (em direção ao patrimônio do cliente), e, assim, reduz
seu patrimônio.
Para entender as razões do poético texto acima, faz-se necessário voltar
aos conceitos básicos do princípio de competência – vistos na aula 01 de
nosso curso e repassados no item imediatamente anterior, cuja leitura
recomendamos.
Para que a empresa possa cumprir o que havia prometido, ela tem que
se desfazer de um bem, antes pertencente a seu patrimônio, o
equipamento. Assim, a empresa incorre em uma necessária redução de
seu patrimônio, para poder auferir a receita da venda referenciada no
parágrafo anterior. Dessa forma, é – também – nesse momento que
ocorre a despesa (redução do patrimônio), denominada “Despesa não

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Operacional”. Importante definir o valor patrimonial do equipamento
que está sendo entregue ao cliente. Esse valor corresponde a R$
54.000,00, que é o resultado do valor original do equipamento (R$
60.000,000), deduzido do valor da respectiva depreciação acumulada
(R$ 6.000,00). Assim, esse acontecimento é registrado em dois passos:
- primeiramente, apura-se o valor do bem, tapando o buraco
patrimonial representado pela Depreciação Acumulada, com
origem no Equipamento;
- em seguida aplica-se no lixo o valor do equipamento (já
deduzido do valor da Depreciação Acumulada).
Repare que, no momento da venda, a empresa cumpriu o que havia
prometido – referente à operação de venda – entregar o equipamento
para o cliente. Dessa forma, é nesse momento que ocorre a Receita.
No presente caso, denominaremos essa receita de “Receita Não
Operacional”7.
A venda à vista enseja o desaparecimento do valor de bens existentes
no patrimônio da empresa (Equipamento), registrado nas contas
Equipamentos e Depreciação Acumulada, que terão seus saldos zerados,
e, também, o surgimento (aumento) de dinheiro no patrimônio da
empresa, registrado na conta Caixa, que terá seu saldo majorado.

Utilizando a metáfora da “caixa de areia”, podemos considerar que:

d) apura-se o valor do bem a ser vendido – “seis mil grãos


de areia” são aplicados no buraco patrimonial Depreciação
Acumulada, cuja origem é o montinho patrimonial
Equipamentos.

e) “caem, de pára-quedas”, do céu (do patrimônio alheio),


“cinqüenta e três mil grãos de areia”, aumentando o
patrimônio da empresa, (esse aumento de patrimônio
deve ser registrado na conta de resultado Receita não
Operacional) e que esses “cinqüenta e cinco mil grãos de
areia” são aplicados no montinho patrimonial Caixa;

f) por outro lado, “cinqüenta e quatro mil grãos de areia”


são desbastados do montinho patrimonial Equipamentos e
jogados na “lata de lixo”, aplicados fora do patrimônio

7
Pelo termo operacional, entende-se aquilo que é usual no dia-a-dia da empresa, ou
seja, aquilo que é esperado que aconteça. Pelo contrário, não operacional é aquilo que
ocorre apenas eventualmente e, conseqüentemente, não se espera que aconteça a
toda hora.

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(em direção ao patrimônio do cliente), reduzindo-o (essa
redução de patrimônio deve ser registrada na conta de
resultado Despesa não Operacional).

A figura a seguir representa, esquematicamente, o fluxo de valores,


entre elementos patrimoniais, decorrente do fato contábil em tela.

28.b
Ativo Passivo
Caixa 40.000,00 Obrigações -
53.000,00
93.000,00
28.a
Equipamentos -------------------------------------------
60.000,00 Patrimônio Líquido
(6.000,00) Capital 100.000,00
54.000,00
(54.000,00)
-

(-) Depreciação Acumulada (6.000,00)


6.000,00
-
(-) LPA (6.000,00)

Despesas Receitas
28.c Despesa não Operacional 54.000,00 Receita Não Operacional 53.000,00

Agora ficou muito fácil:


28.a) apuração do valor patrimonial do equipamento:
- Setinha é débito – Depreciação Acumulada;
- Bolinha é crédito – Equipamentos.
28.b) com relação à Receita:
- Setinha é débito – Caixa;
- Bolinha é crédito – Receita Não Operacional.
28.c) com relação à Despesa:
- Setinha é débito – Despesa não Operacional;
- Bolinha é crédito – Equipamentos.

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1.4.4 Lançamento

1.4.4.1 Registro no Livro Diário


D= Depreciação Acumulada
28.a C= a Equipamentos 6.000,00

D= Caixa
28.b C= a Receita não Operacional 53.000,00

D= Despesa não Operacional


28.c
C= a Equipamentos 54.000,00

Ou, simplesmente:

Depreciação Acumulada
28.a a Equipamentos 6.000,00

Caixa
28.b a Receita não Operacional 53.000,00

Despesa não Operacional


28.c
a Equipamentos 54.000,00

1.4.4.2 Registro no Livro Razão

capital caixa Equipamentos Depreciação Acumulada


débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
100.000,00 si si 40.000,00 si 60.000,00 6.000,00 si
28.b 53.000,00 6.000,00 28.a 28.a 6.000,00
sf 93.000,00 s' 54.000,00 - sf
54.000,00 28.c
sf -

LPA Receita não Operacional Despesa não Operacional


débitos créditos débitos créditos débitos créditos
si 6.000,00 53.000,00 28.b 28.c 54.000,00

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1.4.5 Patrimônio Final

Ativo Passivo
Caixa 93.000,00 Obrigações -

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


Capital 100.000,00

(-) LPA (6.000,00)

Despesas Receitas
Despesa não Operacional 54.000,00 Receita Não Operacional 53.000,00

1.4.6 Considerações Finais


Repare que, após a ocorrência do fato contábil, o valor do patrimônio
líquido (bens/direitos (-) obrigações) foi alterado: (1) o valor inicial, de
R$ 94.000,00, foi aumentado (pela Receita de R$ 53.0000,00) e
reduzido (pela despesa de R$ 54.000,00) – resultando em uma redução
líquida de R$ 1.000,00; (2) adicionalmente, houve mudança de valor em
mais de um elemento do patrimônio (equipamentos, depreciação
acumulada e Caixa). Portanto, trata-se de um fato contábil misto
aumentativo. Em que pese o fato de que o equipamento tenha sido
comprado por R$ 60.000,00 e vendido por apenas R$ 53.000,00 (que,
para um leigo, pode parecer prejuízo de sete mil reais), o prejuízo foi de
apenas R$ 1.000,00. Isso porque, o equipamento foi comprado por R$
60.000,00, mas foi usado (e com isso perdeu o equivalente a R$
6.000,00) e passou a ter valor patrimonial de apenas R$ 54.000,00;
pois bem, com a venda por R$ 53.000,00, apura-se uma perda de R$
1.000,00.
Na conta Caixa – representativa de um bem e, portanto, classificada no
ativo – foi registrado um débito. Repare que essa conta teve seu saldo
majorado (de R$ 40.000,00 para R$ 93.000,00). Isso está de acordo
com a natureza devedora das contas de ativo: contas de ativo têm seu
saldo aumentado por débitos (e reduzido por créditos).

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Na conta Receita não Operacional – representativa de um motivo pelo
qual o patrimônio aumentou durante o exercício e, portanto, classificada
como conta de resultado – receita – foi registrado um crédito. Repare
que essa conta teve seu saldo majorado (de R$ 0,00 para R$
53.000,00). Isso também está de acordo com a natureza credora e
unilateral das contas de receita: contas de receita somente têm seu
saldo aumentado, por créditos, durante todo o exercício, (o saldo é
reduzido, por débitos, apenas nos casos de retificação de erro ou de
fechamento do exercício).
Na conta Despesa não operacional – representativa de um motivo pelo
qual o patrimônio foi reduzido durante o exercício e, portanto,
classificada como conta de resultado – despesa – foi registrado um
débito. Repare que essa conta teve seu saldo majorado (de R$ 0,00
para R$ 54.000,00). Isso está de acordo com a natureza devedora e
unilateral das contas de despesa: contas de despesa somente têm seu
saldo aumentado, por débitos, durante todo o exercício, (o saldo é
reduzido, por créditos, apenas nos casos de retificação de erro ou de
fechamento do exercício).
Na conta Equipamentos – representativa de um bem e, portanto,
classificada no ativo – foram registrados créditos. Repare que essa
conta teve seu saldo reduzido (de R$ 60.000,00 para R$ 0,00). Isso
também está de acordo com a natureza devedora das contas de ativo:
contas de ativo têm seu saldo aumentado por débitos (e reduzido por
créditos).
Na conta Depreciação Acumulada – representativa de um ônus e,
portanto, com natureza passivo (apesar de classificada como conta
Redutora do Ativo) – foi registrado um débito. Repare que essa conta
teve seu saldo reduzido (de R$ 6.000,00 para R$ 0,00). Isso também
está de acordo com a natureza credora das contas de passivo (e,
também das contas redutoras do ativo): contas de passivo (bem como
contas redutoras do ativo) têm seu saldo aumentado por créditos (e
reduzido por débitos).
Finalmente, repare que o valor dos débitos, R$ 113.000,00, é idêntico
ao valor dos créditos, R$ 113.000,00, e que isso está de acordo com o
método das partidas dobradas: para todo débito registrado, há um
crédito de igual valor. Em tempo, uma forma simples e rápida de
verificar a correção do registro do fato contábil é a comparação dos
somatórios de valores em ambos os lados do patrimônio (representado
no balancete) – esses dois valores devem ser iguais. Em nosso
exemplo, isso ocorre porque:
- o somatório dos saldos das contas do lado esquerdo (Ativo e
Despesas) é igual a R$ 147.000,00;

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- o somatório dos saldos das contas do lado direito (Passivo,
Patrimônio Líquido e Receitas) é, também, igual a R$
147.000,00.

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1 Exemplos de Fatos Contábeis e Lançamentos -


Continuação
1.1 Contratação de um seguro de automóvel

1.1.1 Descrição e Considerações sobre o Fato Contábil


Considerando-se que a empresa tenha adquirido uma apólice de seguro
contra acidentes, para um automóvel de seu patrimônio, em
01/04/200X, com vigência por 12 meses, e que tenha pago, por este
seguro, o valor de R$ 3.600,00.

1.1.2 Patrimônio Inicial


Seja o patrimônio inicial, didaticamente proposto de forma simples, que
tenha apenas (1) R$ 25.000,00, em dinheiro; (2) R$ 25.000,00, em
Veículos; e (3) R$ 50.000,00, em capital (colocado pelos sócios, para a
formação do patrimônio da empresa).
A seguir, encontra-se representado o balancete representativo do
patrimônio acima sugerido.

Ativo Passivo
Caixa 25.000,00 Obrigações -

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


Veículos 25.000,00 Capital 50.000,00

Despesas Receitas

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1.1.3 Análise dos Efeitos Patrimoniais do Fato
No momento do pagamento da apólice, nascerá um direito, que antes
inexistia, o direito de ter o bem protegido contra roubos e acidentes
durante 12 meses. Por outro lado, será, também, reduzido o valor
existente em dinheiro no patrimônio.
Utilizando a metáfora da “caixa de areia”, podemos considerar que são
desbastados “três mil e seiscentos grãos de areia” do montinho
patrimonial Caixa e que esses “três mil e seiscentos grãos de areia” são
aplicados no montinho patrimonial Seguros a Vencer.
A figura a seguir representa, esquematicamente, o fluxo de valores,
entre elementos patrimoniais, decorrente do fato contábil em tela.

29
Ativo Passivo
Caixa 25.000,00 Obrigações -
(3.600,00)
21.400,00

Seguros a Vencer -------------------------------------------


3.600,00 Patrimônio Líquido
Capital 50.000,00
Veículos 25.000,00

Despesas Receitas

Agora ficou muito fácil:


- Setinha é débito – Seguros a Vencer;
- Bolinha é crédito – Caixa.

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1.1.4 Lançamento

1.1.4.1 Registro no Livro Diário


D= Seguros a Vencer
29 C= a Caixa 3.600,00

Ou, simplesmente:
Seguros a Vencer
29 a Caixa 3.600,00

1.1.4.2 Registro no Livro Razão

capital caixa Bancos Seguros a Vencer


débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
50.000,00 si si 25.000,00 si 25.000,00 29 3.600,00
3.600,00 29
sf 21.400,00

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1.1.5 Patrimônio Final

Ativo Passivo
Caixa 21.400,00 Obrigações -

Seguros a Vencer 3.600,00

Veículos -------------------------------------------
25.000,00 Patrimônio Líquido
Capital 50.000,00

Despesas Receitas

1.1.6 Considerações Finais


Repare que, após a ocorrência do fato contábil, o valor do patrimônio
líquido (bens/direitos (-) obrigações) não foi Alterado, permanecendo no
valor de R$ 50.000,00. Assim, conclui-se que se trata de um fato
contábil permutativo.
Na conta Seguros a Vencer – representativa de um direito e, portanto,
classificada no Ativo – foi registrado um débito. Repare que essa conta
teve seu saldo majorado (de R$ 0,00 para R$ 3.600,00). Isso está de
acordo com a natureza devedora das contas de ativo: contas de ativo
têm seu saldo aumentado por débitos (e reduzido por créditos).
Na conta Caixa – representativa de um bem e, portanto, classificada no
ativo – foi registrado um crédito. Repare que essa conta teve seu saldo
reduzido (de R$ 25.000,00 para R$ 21.400,00). Isso também está de
acordo com a natureza devedora das contas de ativo: contas de ativo
têm seu saldo aumentado por débitos (e reduzido por créditos).
Ainda, pelo fato de terem sido registradas apenas uma conta a débito e
uma conta a crédito, o lançamento foi de primeira fórmula (repare que
não houve uso da palavra reservada “diversos”, quando do registro no
Livro Diário).

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Finalmente, repare que o valor dos débitos, R$ 3.600,00, é idêntico ao
valor dos créditos, R$ 3.600,00, e que isso está de acordo com o
método das partidas dobradas: para todo débito registrado, há um
crédito de igual valor. De uma forma simples e rápida, verificamos a
correção do registro do fato contábil pela comparação dos somatórios de
valores em ambos os lados do patrimônio (representados no balancete)
– esses dois valores devem ser iguais. Em nosso exemplo, isso ocorre
porque:
- o somatório dos saldos das contas do lado esquerdo (Ativo e
Despesas) é igual a R$ 50.000,00;
- o somatório dos saldos das contas do lado direito (Passivo,
Patrimônio Líquido e Receitas) é, também, igual a R$
50.000,00.
Uma última observação, da maior relevância, é que – a maioria dos
leigos costumam pensar que houve despesa de R$ 3.600,00, mas, de
acordo com o regime de competência, não ocorreu despesa. Isso
porque não houve redução do conjunto de bens/direitos/obrigações.
Ora, o valor de um bem foi reduzido, porém o valor de um direito
aumentou, com variação nula no total do patrimônio.

1.2 Utilização do automóvel segurado por um mês

1.2.1 Descrição e Considerações sobre o Fato Contábil


Considerando que a empresa tenha adquirido uma apólice de seguro
para seu automóvel, com vigência de 12 meses. Considerando, ainda, o
uso, pela empresa, do automóvel segurado durante o primeiro mês
subseqüente ao da contratação do seguro, deve ocorrer a realização de
parte do direito Seguros a Vencer e a decorrente apropriação da
Despesa Despesa com Seguros, referente ao mês.

1.2.2 Patrimônio Inicial


Seja o patrimônio inicial, didaticamente proposto de forma simples, que
tenha apenas (1) R$ 21.400,00, em dinheiro; (2) R$ 25.000,00, em
Veículos; e (3) R$ 3.600,00, em direito de ter o automóvel segurado
(por 12 meses); (4) R$ 50.000,00, em capital (colocado pelos sócios,
para a formação do patrimônio da empresa).
A seguir, encontra-se representado o balancete representativo do
patrimônio acima sugerido.

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Ativo Passivo
Caixa 21.400,00 Obrigações -

Seguros a Vencer 3.600,00

Veículos -------------------------------------------
3.600,00 Patrimônio Líquido
Capital 50.000,00

Despesas Receitas

1.2.3 Análise dos Efeitos Patrimoniais do Fato


Para entender o lançamento referente à realização do direito Seguros a
Vencer e da decorrente apropriação da Despesa com Seguros, é
necessário fazer uma breve referência ao Princípio da Competência1 e
aos conceitos de (1) Realização de ativo e (2) apropriação de despesa.
Pelo princípio da Competência, uma despesa ocorre quando acontece
um fato que enseje a redução do patrimônio (alternativamente, redução
de bens/direitos ou aumento de obrigações). Vimos que como regra
geral, aplicável aos contratos firmados entre particulares e às operações
deles decorrentes, esta redução de patrimônio ocorre quando a outra
parte cumpre o que havia prometido fazer. No caso, há despesa com
seguros (para a empresa – segurada) quando a seguradora cumpre o
que havia prometido fazer.
Ora, como o contrato de seguros tem vigência por 12 meses, a
prestação prometida pela seguradora é a de manter o automóvel
protegido por 12 meses. Pois bem, ao final do primeiro mês, a
seguradora cumpriu 1/12 do que havia prometido, portanto a despesa
ocorre no final do mês, no valor de 1/12 do direito adquirido (pois ele

1
Visto na aula 01 deste curso.

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deixa de existir2). Note-se que, para a determinação do momento em
que a despesa é incorrida, é irrelevante o fato da empresa já ter pago
pelo seguro antecipadamente. No caso, a empresa já pagou
adiantadamente por 12 meses de seguro (e com isso, adquiriu o direito
de seu automóvel protegido por 12 meses) e, ao final do primeiro mês,
desaparece, do patrimônio da empresa, uma parte desse direito (o
direito de ter o automóvel protegido por mês desapareceu – porque o
mês terminou), o que enseja – sem dúvida – uma redução de seu
patrimônio.
O termo realização de ativo pode ser entendido (de maneira pouco
formal, porém altamente didática) como: transformação do ativo em
outra coisa. Assim, a alienação – por exemplo – de um ativo pode ser
classificada como uma espécie do gênero realização (visto que o ativo
saiu do patrimônio e, em seu lugar, entrou outro elemento – geralmente
dinheiro). Outro exemplo de realização é o desaparecimento de um
ativo – no caso, um direito – pelo seu exercício (visto que o direito
desaparece quando exercido – patrimonialmente é “jogado fora – no
lixo”).
Finalmente, o termo apropriação de despesa significa o registro da
despesa incorrida, quando ela já havia sido paga antecipadamente
(como um artifício didático, interpreto a palavra apropriar com o sentido
de tornar propriamente uma despesa um valor que já havia sido pago,
mas ainda não consistia em despesa).
Colocados os conceitos básicos, passaremos – a seguir – para a análise
do caso do ponto de vista patrimonial.
Assim, a cada final de mês, ficará reduzido o direito (da empresa) de ter
seu automóvel protegido, reduzindo seu patrimônio (o que enseja a
ocorrência de despesa).
Utilizando a metáfora da “caixa de areia”, podemos considerar que são
desbastados “trezentos grãos de areia” do montinho patrimonial
Seguros a Vencer e que esses “trezentos grãos de areia” são jogados
para fora do patrimônio (reduzindo-o), ou seja, aplicados na lata de lixo,
representada pela conta de resultado Despesa com Seguros.
A figura a seguir representa, esquematicamente, o fluxo de valores,
entre elementos patrimoniais, decorrente do fato contábil em tela.

2
Se no momento da contratação do seguro, a empresa segurada adquiriu o direito de
ter seu automóvel protegido por 12 meses, ao final do primeiro mês, esse direito
diminui (ela passa a ter o direito de ter seu automóvel protegido por apenas 11
meses).

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Ativo Passivo
Caixa 21.400,00 Obrigações -

30
Seguros a Vencer 3.600,00
(300,00)
-------------------------------------------
3.300,00 Patrimônio Líquido
Capital 50.000,00
Equipamentos 25.000,00

Despesas Receitas
Despesa com Seguros 300,00

Agora ficou muito fácil:


- Setinha é débito – Despesa com Seguros;
- Bolinha é crédito – Seguros a Vencer.

1.2.4 Lançamento

1.2.4.1 Registro no Livro Diário


D= Despesa com Seguros
30 C= a Seguros a Vencer 300,00

Ou, simplesmente:
Despesa com Seguros
30 a Seguros a Vencer 300,00

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1.2.4.2 Registro no Livro Razão

capital caixa veículos Seguros a Vencer


débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
50.000,00 si si 25.000,00 si 25.000,00 si 3.600,00
300,00 30
sf 3.300,00

Despesa com Seguros


débitos créditos
30 300,00

1.2.5 Patrimônio Final

Ativo Passivo
Caixa 21.400,00 Obrigações -

Seguros a vencer 3.300,00

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


Capital 50.000,00
Veículos 25.000,00

Despesas Receitas
Despesa com Seguros 300,00

1.2.6 Considerações Finais


Repare que, após a ocorrência do fato contábil, o valor do patrimônio
líquido (bens/direitos (-) obrigações) foi Alterado: reduzido do valor de
R$ 50.000,00, para o valor de R$ 49.700,00. Adicionalmente, percebe-

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se que não houve alteração de valor em mais de um elemento
patrimonial (apenas a redução de um direito). Assim, conclui-se que se
trata de um fato contábil modificativo diminutivo.
Na conta Seguros a Vencer – representativa de um direito e, portanto,
classificada no ativo – foi registrado um crédito. Repare que essa conta
teve seu saldo reduzido (de R$ 3.600,00 para R$ 3.300,00). Isso está
de acordo com a natureza devedora das contas de ativo: contas de ativo
têm seu saldo aumentado por débitos (e reduzido por créditos).
Na conta Despesa com Seguros – representativa de um motivo pelo qual
o patrimônio foi reduzido durante o exercício e, portanto, classificada
como conta de resultado – despesa – foi registrado um débito. Repare
que essa conta teve seu saldo majorado (de R$ 0,00 para R$ 300,00).
Isso está de acordo com a natureza devedora e unilateral das contas de
despesa: contas de despesa somente têm seu saldo aumentado, por
débitos, durante todo o exercício, (o saldo é reduzido, por créditos,
apenas nos casos de retificação de erro ou de fechamento do exercício).
Ainda, pelo fato de terem sido registradas apenas uma conta a débito e
uma conta a crédito, o lançamento foi de primeira fórmula (repare que
não houve uso da palavra reservada “diversos”, quando do registro no
Livro Diário).
Finalmente, repare que o valor dos débitos, R$ 300,00, é idêntico ao
valor dos créditos, R$ 300,00, e que isso está de acordo com o método
das partidas dobradas: para todo débito registrado, há um crédito de
igual valor. De uma forma simples e rápida, verificamos a correção do
registro do fato contábil pela comparação dos somatórios de valores em
ambos os lados do patrimônio (representados no balancete) – esses dois
valores devem ser iguais. Em nosso exemplo, isso ocorre porque:
- o somatório dos saldos das contas do lado esquerdo (Ativo e
Despesas) é igual a R$ 50.000,00;
- o somatório dos saldos das contas do lado direito (Passivo,
Patrimônio Líquido e Receitas) é, também, igual a R$
50.000,00.
Cumpre referir que o direito Seguros a Vencer, registrado no ativo –
agora por R$ 3.300,00 – irá sendo mês a mês, paulatinamente,
realizado, até desaparecer completamente. Esse é o mesmo
funcionamento das contas de aluguéis antecipados (já vista).

1.3 Constituição de uma empresa


O Fato Contábil Constituição de uma empresa é registrado em dois
lançamentos, a saber:
1) Subscrição de capital – no valor de R$ 50.000,00

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D= Capital a Realizar
31 C= a Capital Social 50.000,00

Ou, simplesmente:
Capital a Realizar
31 a Capital Social 50.000,00

2) Integralização (ou Realização do capital)


D= Caixa
32 C= a Capital a Realizar 50.000,00

Ou, simplesmente:
Caixa
32 a Capital a Realizar 50.000,00

Esses lançamentos deixam o neófito com dúvidas, que podem ser


resumidas nos questionamentos a seguir:
- Por que a necessidade de dois lançamentos para registrar o
início da existência da empresa?
- O que significa esse negócio de capital a realizar?
Para dirimir estas dúvidas, cabe referir que a realidade geralmente é
simples, o homem é que complica – inventando nomes difíceis para
designar coisas (na maioria das vezes) fáceis3. Tudo seria muito mais
fácil se nós usássemos palavras mais simples para referenciar as
contas:
a) Capital Subscrito – Capital Prometido.
Trata-se do valor que os sócios prometem entregar à empresa – para
empreender a “aventura”4. Ora, quem promete assina embaixo (sub
escreve). Portanto, capital subscrito é o mesmo que capital prometido.
b) Capital a realizar (também denominada Capital a Integralizar) –
Capital a Entregar.

3
Desconfio, inclusive, que esta é uma estratégia daqueles que, alcançando uma
posição privilegiada no grupo social, não desejam que os demais aprendam o que ele
sabe e, conseqüentemente, ameacem sua posição.
4
Ver o conceito de empresa – na aula 01.

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Visto o conceito de Capital subscrito, o conceito de capital a realizar
torna-se de fácil entendimento: trata-se do valor prometido pelos
sócios e que ainda não foi entregue. Assim, Capital a Realizar é o
mesmo que capital a entregar.

1.3.1 Subscrição de capital


Apresentados os significados das contas, podemos fazer uma breve
alusão ao que ocorre, do ponto de vista patrimonial, quando pessoas se
reúnem e decidem empreender juntas uma aventura, concordando em
separar (para isso) uma parte de seu patrimônio e colocá-la na empresa
(que, então, adquire personalidade5). Nesse momento, a empresa
adquire o direito de exigir que os sócios cumpram o que foi prometido
(entreguem o capital subscrito à empresa) e, também, fica com uma
“obrigação de longuíssimo prazo e exigibilidade quase nula” de devolver
esse valor aos sócios ao final da existência da empresa – no valor da
diferença entre bens/direitos e obrigações.
Ora, no caso o valor do direito da empresa é o valor subscrito pelos
sócios e a diferença entre bens/direitos e obrigações é idêntico ao valor
do direito da empresa.
Assim, apenas para fins didáticos, para analisar melhor o caso (assim
como já fizemos em outros itens) estudaremos os efeitos patrimoniais
do fato contábil em tela de duas maneiras diferentes, a saber: (1) a
primeira maneira, lógica, porém equivocada – tratando o capital a
realizar como um ativo; (2) a segunda maneira, correta – utilizando o
conceito, já conhecido, de conta retificadora do patrimônio líquido.

1.3.1.1 Primeira análise da operação – lógica, porém


equivocada – apenas para fins didáticos
Isto, que vai ser apresentado neste item, está errado! Porém,
decidimos apresentar dessa maneira para induzir o aluno à conclusão
correta – que será apresentada no item seguinte.
A aplicação direta dos conceitos vistos nos itens anteriores, leva à
conclusão de que, o direito da empresa de exigir que os sócios cumpram
o que foi prometido (de entregar o capital subscrito), registrado na
conta Capital a Realizar, deve ser registrada no ativo (como qualquer
outro direito).
Utilizando a metáfora da “caixa de areia”, podemos imaginar que são
cavados “cinqüenta mil grãos de areia” do buraco patrimonial Capital
Subscrito e que, esses “cinqüenta mil grãos de areia” são aplicados no

5
Por personalidade entende-se a capacidade de contrair obrigações e exercer direitos.

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montinho patrimonial representado pela conta Capital a Realizar. A
figura a seguir representa, esquematicamente, o fluxo EQUIVOCADO de
valores, entre elementos patrimoniais, decorrente do fato contábil em
tela.

Ativo Passivo 31
Obrigações -

Capital a Realizar 50.000,00

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Subscrito 50.000,00

Despesas Receitas

Os elementos patrimoniais envolvidos na representação do fluxo de


valores acima estão marcados (em vermelho) para indicar que a sua
classificação (entre os itens do patrimônio) NÃO ESTÁ CORRETA! Ela foi
apenas colocada assim para, de forma didática, induzir o estudante ao
raciocínio contábil e, com isso, evitar que o aluno decore lançamentos e
nomes de contas sem entender seu significado. Ao longo de nosso
curso, já lançamos mão deste artifício didático e, várias vezes ainda, o
utilizaremos: realizando registros de forma incorreta, marcando-os em
vermelho, para, em seguida, apresentar o registro da forma correta,
introduzindo – geralmente – um novo conceito.
A seguir, vamos retomar o estudo do caso com a utilização de um
conceito já conhecido: o conceito de conta retificadora do
patrimônio líquido.

Foi visto que a conta Capital a Realizar representa um direito da


empresa, de exigir dos sócios que entreguem o valor que haviam
prometido.

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Em outras palavras, a conta Capital a Realizar, registra um direito e
todo direito deveria ser registrado no ativo. Porém, este está registrado
no Patrimônio Líquido (com o sinal invertido). Isso pela “ligação
umbilical” existente entre o elemento patrimonial Capital Subscrito e o
elemento patrimonial Capital a Realizar. Assim, a conta Capital a
Realizar é classificada como uma conta redutora do Patrimônio Líquido.
De maneira bem humorada (e didaticamente eficaz) vamos entender
uma conta assim como uma conta do tipo “sapatão” (com natureza de
ativo e funcionamento de ativo, mas, por determinação normativa,
registrada no lado do passivo/patrimônio líquido e com o sinal
invertido).
Vista a correta classificação da conta Capital a Realizar (como
retificadora do Patrimônio Líquido), vamos retomar o estudo do fato
contábil – Subscrição de Capital.

1.3.1.2 Segunda análise da operação – Correta – Com a


utilização de conta Retificadora do Patrimônio Líquido
Na ocorrência do fato subscrição de capital, surge um direito no
patrimônio da empresa (de exigir que os sócios cumpram o que foi
prometido - entregar o capital subscrito), registrado na conta Capital a
Realizar, que tem como origem a conta de Patrimônio Líquido Capital
Subscrito.
Utilizando a metáfora da “caixa de areia”, podemos imaginar que são
cavados “cinqüenta mil grãos de areia” do buraco patrimonial Capital
Subscrito e que, esses “cinqüenta mil grãos de areia” são aplicados no
montinho patrimonial representado pela conta Capital a Realizar
(Retificadora do ativo). A figura a seguir representa,
esquematicamente, o fluxo CORRETO de valores, entre elementos
patrimoniais, decorrente do fato contábil em tela.

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Ativo Passivo
Obrigações -

31
------------------------------------------- Patrimônio Líquido
Capital Subscrito 50.000,00
(-) Capital a Realizar (50.000,00)

Despesas Receitas

Agora ficou muito fácil:


- Setinha é débito – Capital a Realizar;
- Bolinha é crédito – Capital Subscrito.

1.3.2 Lançamento

1.3.2.1 Registro no Livro Diário


D= Capital a Realizar
31 C= a Capital Social 50.000,00

Ou, simplesmente:
Capital a Realizar
31 a Capital Social 50.000,00

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1.3.2.2 Registro no Livro Razão

Capital Subscrito Capital a Realizar


débitos créditos débitos créditos
50.000,00 31 31 50.000,00

1.3.3 Patrimônio Após a Subscrição de Capital

Ativo Passivo
Obrigações -

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Subscrito 50.000,00
(-) Capital a Realizar (50.000,00)

Despesas Receitas

1.3.4 Realização ou Integralização do Capital


A realização do capital (também denominada integralização de capital)
consiste na entrega do valor antes subscrito (prometido) pelos sócios.
Assim, surge no patrimônio da empresa um bem (dinheiro ou outro,
entregue pelos sócios) e, também, desaparece do patrimônio da
empresa o direito de exigir que os sócios o entreguem.
Utilizando a metáfora da “caixa de areia”, podemos imaginar que são
desbastados “cinqüenta mil grãos de areia” do montinho patrimonial
Capital a Realizar (conta retificadora do ativo)e que, esses “cinqüenta

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mil grãos de areia” são aplicados no montinho patrimonial representado
pela conta Caixa (no ativo). A figura a seguir representa,
esquematicamente, o fluxo de valores, entre elementos patrimoniais,
decorrente do fato contábil em tela.

32

Ativo Passivo
Caixa 50.000,00 Obrigações -

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Subscrito 50.000,00
(-) Capital a Realizar (50.000,00)
50.000,00
-

Despesas Receitas

Agora ficou muito fácil:


- Setinha é débito – Caixa;
- Bolinha é crédito – Capital a Realizar.

1.3.5 Lançamento

1.3.5.1 Registro no Livro Diário


D= Caixa
32 C= a Capital a Realizar 50.000,00

Ou, simplesmente:
Caixa
32 a Capital a Realizar 50.000,00

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1.3.5.2 Registro no Livro Razão

Capital Subscrito Capital a Realizar Caixa


débitos créditos débitos créditos débitos créditos
50.000,00 si si 50.000,00 32 50.000,00
50.000,00 32
sf -

1.3.6 Patrimônio Após a Realização/Integralização do Capital


Subscrito

Ativo Passivo
Caixa 50.000,00 Obrigações -

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Subscrito 50.000,00
(-) Capital a Realizar -

Despesas Receitas

1.3.7 Considerações finais


Na apresentação do patrimônio, é geralmente apresentada em destaque
uma informação que não consiste no saldo de uma conta analítica:
trata-se da informação sobre o capital realizado. O valor do capital
realizado é igual ao valor do capital subscrito, deduzido do valor do
capital a realizar.

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Já foram vistos os conceitos de conta analítica e de conta sintética6.
Pois bem, as contas Capital Subscrito e Capital a Realizar são contas
analíticas, ao passo que a conta Capital Realizado consiste na conta
sintética, que agrupa a soma (algébrica) dos saldos das contas Capital
Subscrito e Capital a Realizar. Dessa forma, o saldo dessas contas se
comportam conforme a seguir descrito.
a) Após a subscrição e antes da realização do capital. A conta
Capital Subscrito apresenta saldo credor de R$ 50.000,00 e a
conta Capital a Realizar apresenta saldo devedor de R$
50.000,00. Portanto, a conta Capital Realizado apresenta saldo
nulo.
b) Após a realização do capital. A conta Capital Subscrito
apresenta saldo credor de R$ 50.000,00 e a conta Capital a
Realizar apresenta saldo nulo. Portanto, a conta Capital
Realizado apresenta saldo credor de R$ 50.000,00.

1.4 Constituição de Provisão para Créditos de Liquidação


Duvidosa

1.4.1 Descrição e Considerações sobre o Fato Contábil


Considere que a empresa tenha, ao final de um determinado exercício,
registrado em seu ativo um direito, no valor de R$ 100.000,00, na conta
Duplicatas a Receber. Repare que, com base na aplicação do princípio
contábil do Registro pelo Valor Original7, o saldo da conta Duplicatas a
Receber revela a dimensão econômica do direito de receber valores de
seus clientes, durante o próximo exercício, decorrentes de vendas
realizadas a prazo. Ocorre que ninguém, em sã consciência, espera
receber 100% das duplicatas emitidas, pois há uma grande
probabilidade de que alguns dos clientes não venham a honrar seus
débitos (conforme já vimos, após a Revolução Francesa, o “calote” ficou
institucionalizado).
Assim, faz-se necessário um registro, no patrimônio, que demonstre (no
sistema de informações contábil) que, sobre o direito de receber por
vendas a prazo, paira uma perda, referente à provável inadimplência de
clientes, no valor de, por exemplo, 5% - R$ 5.000,00.

6
Na aula 03 deste curso, cuja leitura é recomendada.
7
De acordo com o princípio do Registro pelo Valor Original, os bens e direitos
constantes do ativo deverão ser registrados pelos respectivos valores transacionados
com terceiros.

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Importante notar que, apesar de não haver certeza sobre o momento
em que essa perda vai se confirmar, nem de seu exato valor, pelo fato
de que, nesse momento, tenho registrado um direito no valor de R$
100.000,00, mas somente posso contar com R$ 95.000,00,
efetivamente já ocorreu (nesse momento!) uma perda de R$ 5.000,00,
que – pela aplicação do princípio da PRUDÊNCIA – deve ser registrada.
ESSE É O CONCEITO DE PROVISÃO! Didaticamente propomos o
entendimento desse conceito como uma perda na penumbra
(conforme veremos a seguir).

1.4.1.1 Considerações sobre o conceito de provisão, do


ponto de vista teórico
A previsão legal para a constituição de provisões está no inciso I do art.
183, da Lei 6.404, de 1976 (Lei das S/A), abaixo transcrito:
Art. 183. No balanço, os elementos do ativo serão
avaliados segundo os seguintes critérios:
I - os direitos e títulos de crédito, e quaisquer valores
mobiliários não classificados como investimentos, pelo
custo de aquisição ou pelo valor do mercado, se este for
menor; serão excluídos os já prescritos e feitas as
provisões adequadas para ajustá-lo ao valor
provável de realização, e será admitido o aumento do
custo de aquisição, até o limite do valor do mercado, para
registro de correção monetária, variação cambial ou juros
acrescidos; (grifos na transcrição)
A leitura do dispositivo acima revela que a provisão é o registro de
ajusta do valor de um elemento patrimonial, para menor, de forma a
ajustá-lo ao valor provável de realização.
O art. 10 da Resolução CFC n° 750, de 1993, que dispõe sobre os
Princípios Fundamentais de Contabilidade, especificamente quanto ao
princípio da prudência, determina que:
Art. 10. O Princípio da PRUDÊNCIA determina a adoção do
menor valor para os componentes do ATIVO e do maior
para os do PASSIVO, sempre que se apresentem
alternativas igualmente válidas para a quantificação das
mutações patrimoniais que alterem o patrimônio líquido.
...
§ 2º Observado o disposto no art. 7º, o Princípio da
PRUDÊNCIA somente se aplica às mutações
posteriores, constituindo-se ordenamento indispensável à
correta aplicação do Princípio da COMPETÊNCIA.(grifos na
transcrição)
Assim, quando, posteriormente à entrada de um elemento no
patrimônio, há uma mutação que resulte na redução de seu valor, pela

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aplicação dos princípios contábeis da competência e da prudência, esse
valor deve ser atualizado imediatamente, para menos.
Com relação, especificamente, à Provisão para Créditos de Liquidação
Duvidosa - PCLD, utilizada exemplificativamente para apresentação do
conceito de provisão, a Resolução CFC n° 774, de 1994, dispôs o
seguinte:
A PRUDÊNCIA deve ser observada quando, existindo um
ativo ou um passivo já escriturados por determinados
valores, segundo os Princípios do REGISTRO PELO VALOR
ORIGINAL e da ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA surge dúvida
sobre a ainda correção deles. Havendo formas alternativas
de se calcularem os novos valores, deve-se optar sempre
pelo que for menor do que o inicial, no caso de ativos, e
maior, no caso de componentes patrimoniais integrantes
do passivo. Naturalmente, é necessário que as alternativas
mencionadas configurem, pelo menos à primeira vista,
hipóteses igualmente razoáveis. A provisão para
créditos de liquidação duvidosa constitui exemplo da
aplicação do Princípio da PRUDÊNCIA, pois sua
constituição determina o ajuste, para menos, de
valor decorrente de transações com o mundo
exterior, das duplicatas ou de contas a receber. A
escolha não está no reconhecimento ou não da
provisão, indispensável sempre que houver risco de
não-recebimento de alguma parcela, mas, sim, no
cálculo do seu montante.
Cabe observar que o atributo da incerteza, à vista no
exemplo referido no parágrafo anterior, está presente, com
grande freqüência, nas situações concretas que demandam
a observância do Princípio da Prudência. (grifos na
transcrição)
Ora, portanto, podemos concluir que uma provisão é uma despesa
(perda) incorrida, sobre a qual paira uma dúvida sobre: (1) o momento
em que ela vai se confirmar e (2) seu efetivo valor.
Saliente-se, porém, que a provisão não é o registro antecipado de
despesa que somente irá ocorrer no futuro!8 Se a empresa tem
registrado o valor de R$ 100.000,00 no elemento patrimonial Duplicatas
a Receber, mas somente pode contar com o provável recebimento de R$
95.000,00, deve reconhecer IMEDIATAMENTE a perda de R$ 5.000,00 –
ainda que somente após algum tempo ela venha a se confirmar (e
mesmo com valor levemente diverso).

8
Cuidado, alguns afoitos tentam encaixar essa ERRADA definição no conceito de
provisão.

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1.4.1.2 Considerações sobre o conceito de provisão, sob o
ponto de vista didático
Para que se possa entender – de forma rigorosa, porém lúdica – o
conceito de provisão, proponho sua definição como: uma perda
ocorrida na penumbra. Isso porque uma perda ocorrida na penumbra
é uma perda que ocorreu (ninguém pode imaginar que, apenas pelo fato
de que, na penumbra, não se pode identificar com certeza o tamanho da
perda, ela não tenha ocorrido), mas que somente quando for acesa a
luz, será possível saber exatamente o tamanho da perda.
Tome-se, por exemplo, o seguinte caso:
Num domingo, resolvi levar a família ao cinema, num “shopping-center”
próximo a minha casa. Chegando ao local, tirei uma nota de cem reais
da carteira e comprei os ingressos, guardando o troco no bolso de
minha camisa.
Em seguida, dirigi-me (com as crianças) a um bar que fica próximo à
entrada da sala de projeção, para comprar refrigerante e pipoca.
Comprei os refrigerantes e as pipocas, com o dinheiro que estava no
meu bolso, e recebi, de troco, o valor de R$ 45,00 (três notas de dez
reais, duas notas de cinco reais e cinco notas de um real), que coloquei
no bolso de minha camisa. Carregado de refrigerantes e pipocas, segui
com as crianças para a sala de projeção.
Entrei na sala de projeção e, após acomodar as crianças nas poltronas
do meio da fileira, sentei-me em uma poltrona da ponta (próxima ao
corredor), com refrigerante em uma das mãos e pipoca na outra. Em
seguida, apagaram-se as luzes e começou o filme.
Eu estava, na penumbra, assistindo ao filme quando, de repente,
alguém passou por mim e esbarrou – derramando o refrigerante nas
minhas calças e derrubando a pipoca no chão. Sem que eu tivesse
tempo de esboçar qualquer reação, nem sequer identificar o sujeito, ele
saiu, apressadamente, de perto.
Então, instintivamente, levei a mão ao bolso de minha camisa e notei
que o dinheiro não estava mais lá. O que teria ocorrido?
a) É possível que o sujeito fosse um ladrão que, ao esbarrar
em mim, tivesse aproveitado para levar todo o dinheiro
que eu tinha guardado no bolso de minha camisa (nesse
caso, eu teria incorrido numa perda – na penumbra – de
R$ 45,00).
b) Por outro lado, também é possível que o sujeito fosse
apenas um trapalhão que, ao esbarrar em mim, tivesse
derrubado meu dinheiro, do bolso de minha camisa para o

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chão do cinema, juntamente com a pipoca (nesse caso, a
perda – na penumbra – teria sido de R$ 0,00).
c) Uma terceira opção possível é a de que o sujeito fosse um
ladrão atrapalhado que, ao esbarrar em mim, tivesse
aproveitado para levar parte do meu dinheiro (R$ 20,00,
por exemplo) e derrubado o restante, do bolso de minha
camisa, para o chão do cinema (nesse caso, a perda – na
penumbra – teria sido de apenas R$ 20,00).
Repare que, em qualquer das três opções possíveis, a perda teria
ocorrido no momento em que o sujeito esbarrou em mim. Porém, como
o cinema estava escuro (estávamos na penumbra) eu somente tinha
como imaginar o valor aproximado da perda ocorrida e, somente ao final
do filme, teria como verificar o efetivo valor dessa perda.
Note-se que em nenhuma das hipóteses a perda ocorreria no momento
em que a luz fosse acesa. A única coisa que aconteceria naquele
momento, é que eu poderia ter certeza do que anteriormente havia
ocorrido.
Ora, aplicando-se os princípios fundamentais de contabilidade ao caso,
temos o seguinte.
a) Pelo Princípio do Registro pelo Valor Original, o valor
inicialmente existente no bolso de minha camisa era de R$
45,00.
b) Pelo princípio da Competência, ocorreu uma perda no
momento em que o sujeito esbarrou em mim (e não no
momento em que a luz do cinema se acendeu).
c) Pelo princípio da Prudência, devo CONSIDERAR a perda no
maior dos possíveis valores, ou seja, no valor de R$
45,00.
Assim, devo imediatamente registrar uma provisão de R$ 45,00, para
reduzir o valor que inicialmente eu tinha em meu bolso a zero. Quando
a luz acender, eu devo procurar no chão as notas que, eventualmente,
caíram, e acertar o valor que eu havia considerado perdido no momento
em que o sujeito esbarrou em mim.
Esse é o conceito de provisão, uma perda na penumbra.
Vamos transportar o conceito para o caso da Provisão para Créditos de
Liquidação Duvidosa.
No final do exercício, a empresa percebe que tem registrado o direito de
receber, durante o próximo exercício, R$ 100.000,00, de clientes, por
vendas realizadas a prazo, na conta Duplicatas a Receber. Naquele
mesmo instante, a empresa percebe que, dos R$ 100.000,00, somente

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pode contar com o recebimento de R$ 95.000,00, mas não sabe com
clareza, quais duplicatas não serão pagas e nem o momento em que ele
receberá o “calote” de algum cliente. Assim, a perda de R$ 5.000,00
está incorrida, mas ainda na penumbra. Somente quando o ano passar
é que “a perda irá se mostrar à luz do dia” e a empresa terá certeza do
efetivo valor da perda antes ocorrida.
No mesmo sentido, a Interpretação Técnica n° 1 de 2006 do IBRACON –
Instituto Brasileiro de Contadores, tratando de caso similar (referente à
paradas futuras para manutenção), proíbe a constituição de provisão
para registro de despesas futuras, nos termos a seguir transcritos, em
parte:
As demonstrações contábeis apresentam a posição
patrimonial e financeira de uma entidade no fim do período
(data do balanço) e não de sua possível posição no futuro.
Portanto, nenhuma provisão é reconhecida para custos que
precisam ser incorridos para operar no futuro. Os únicos
passivos reconhecidos no balanço de uma entidade são
aqueles que existem na data do balanço.
Somente são reconhecidas como provisões aquelas
obrigações que surgem de eventos passados e existem
independentemente de atos futuros de uma entidade
(como a conduta futura do seu negócio). Exemplos dessas
obrigações são multas ou custos com limpeza e reparos
em virtude de danos ambientais, que resultariam em saída
de recursos para sua liquidação, independentemente de
atos futuros da entidade. Da mesma forma, uma entidade
reconhece uma provisão para os custos de descontinuidade
de uma instalação industrial na medida em que ela é
obrigada a retificar eventual dano já causado.

1.4.1.3 Considerações sobre a constituição, a realização e


a reversão da provisão para créditos de liquidação
duvidosa
Visto o conceito de provisão, tanto do ponto de vista teórico, quanto do
ponto de vista didático, e visto (também) que a Provisão Para Créditos
de Liquidação Duvidosa – PCLD – se encaixa perfeitamente no conceito,
vamos fazer algumas considerações sobre sua constituição, realização e
reversão.

1.4.1.3.1 Constituição da PCLD


No final de cada exercício, ao verificar o valor do direito registrado na
conta Duplicatas a Receber, a empresa deve considerar que um
percentual será objeto de perda, por inadimplência. É importante referir
que não há na legislação a definição de um critério para apuração

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dessa perda, conforme depreende-se da leitura da Resolução CFC n°
774, de 1994 (já referida), a seguir reproduzida em parte:
A provisão para créditos de liquidação duvidosa constitui
exemplo da aplicação do Princípio da PRUDÊNCIA, pois sua
constituição determina o ajuste, para menos, de valor
decorrente de transações com o mundo exterior, das
duplicatas ou de contas a receber. A escolha não está no
reconhecimento ou não da provisão, indispensável sempre
que houver risco de não-recebimento de alguma parcela,
mas, sim, no cálculo do seu montante.
Um critério muito utilizado – porém não obrigatório – para a apuração
do valor a ser registrado a título de PCLD é o do percentual médio dos
créditos não recebidos nos últimos três anos9. Saliente-se que não é
adequado – porém, conforme o caso, não é proibido – que se constitua
PCLD sobre créditos com garantia de recebimento (garantias pessoais,
ou reais – penhor ou hipoteca). Assim, os órgãos de administração de
cada companhia devem analisar o caso específico da empresa e decidir
o critério mais adequado para avaliação das perdas com clientes e,
conseqüentemente, de seu patrimônio.
Uma última dúvida, que deve ser espancada de pronto, é que a
legislação tributária não deve interferir na apuração do valor dessa
perda. De fato, a Lei 9.430, de 1996, em seu art. 9o, definiu os critérios
para que se pudesse considerar dedutível a perda com clientes (para
fins de apuração da base de cálculo do Imposto de Renda da Pessoa
Jurídica – IRPJ – pela sistemática do Lucro Real), e respectiva
contabilização – conforme a seguir:
Perdas no Recebimento de Créditos
Dedução
Art. 9º As perdas no recebimento de créditos
decorrentes das atividades da pessoa jurídica poderão ser
deduzidas como despesas, para determinação do lucro
real, observado o disposto neste artigo.
§ 1º Poderão ser registrados como perda os créditos:
I - em relação aos quais tenha havido a declaração
de insolvência do devedor, em sentença emanada do Poder
Judiciário;
II - sem garantia, de valor:
a) até R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por operação,
vencidos há mais de seis meses, independentemente de

9
O percentual, portanto, pode ser calculado dividindo-se o somatório dos saldos de
Duplicatas a Receber, no final dos últimos três exercícios, pelo somatório das perdas
incorridas nesses três exercícios.

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iniciados os procedimentos judiciais para o seu
recebimento;
b) acima de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) até R$
30.000,00 (trinta mil reais), por operação, vencidos há
mais de um ano, independentemente de iniciados os
procedimentos judiciais para o seu recebimento, porém,
mantida a cobrança administrativa;
c) superior a R$ 30.000,00 (trinta mil reais),
vencidos há mais de um ano, desde que iniciados e
mantidos os procedimentos judiciais para o seu
recebimento;
III - com garantia, vencidos há mais de dois anos,
desde que iniciados e mantidos os procedimentos judiciais
para o seu recebimento ou o arresto das garantias;
IV - contra devedor declarado falido ou pessoa
jurídica declarada concordatária, relativamente à parcela
que exceder o valor que esta tenha se comprometido a
pagar, observado o disposto no § 5º.
§ 2º No caso de contrato de crédito em que o não
pagamento de uma ou mais parcelas implique o
vencimento automático de todas as demais parcelas
vincendas, os limites a que se referem as alíneas a e b do
inciso II do parágrafo anterior serão considerados em
relação ao total dos créditos, por operação, com o mesmo
devedor.
§ 3º Para os fins desta Lei, considera-se crédito
garantido o proveniente de vendas com reserva de
domínio, de alienação fiduciária em garantia ou de
operações com outras garantias reais.
§ 4º No caso de crédito com empresa em processo
falimentar ou de concordata, a dedução da perda será
admitida a partir da data da decretação da falência ou da
concessão da concordata, desde que a credora tenha
adotado os procedimentos judiciais necessários para o
recebimento do crédito.
§ 5º A parcela do crédito cujo compromisso de pagar
não houver sido honrado pela empresa concordatária
poderá, também, ser deduzida como perda, observadas as
condições previstas neste artigo.
§ 6º Não será admitida a dedução de perda no
recebimento de créditos com pessoa jurídica que seja
controladora, controlada, coligada ou interligada, bem
como com pessoa física que seja acionista controlador,
sócio, titular ou administrador da pessoa jurídica credora,
ou parente até o terceiro grau dessas pessoas físicas.

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Cumpre esclarecer que esses são critérios para consideração de perdas
na apuração da base de cálculo do tributo, mas não são critérios para
cálculo da provisão – nem de sua realização. Portanto, para os fins a
que se destina esse curso – compreensão do fenômeno contábil – o
estudo detalhado dessa legislação, acima referenciada, não será
realizado. Caberia sua análise em um curso de legislação tributária, que
– entretanto – escapa ao escopo de nosso estudo.
Portanto, a constituição da PCLD consiste em:
a) apurar o valor das perdas prováveis no recebimento de
clientes, durante o próximo exercício;
b) registrar uma despesa, a débito, no valor da perda
provável, referenciada no item (a);
c) constituir uma provisão, a crédito de uma conta
retificadora do ativo, PCLD (de natureza credora) –
redutora do saldo da conta Duplicatas a Receber.

1.4.1.3.2 Realização da PCLD


O termo realizar pode ser didaticamente entendido como “transformar
algo em outra coisa”. Assim, a realização da PCLD significa transformar
a “perda antes considerada na penumbra” em uma “efetiva perda – à
luz do dia”. Ora, isso somente ocorre no momento em que a empresa
não tiver mais dúvida quanto à inadimplência.
Em outras palavras, a realização da provisão pode ser vista como a
confirmação da perda.
Dessa forma, a realização da provisão é registrada:
a) a débito da conta PCLD; e
b) a crédito da conta Duplicatas a Receber – no valor da duplicata
que se tornou incobrável, por inadimplência do cliente.
Pode ser que o valor dos créditos efetivamente considerados
incobráveis, no período, seja menor ou igual ao valor inicialmente
calculado para a PCLD e, assim, todos eles consistem em confirmação
do valor inicialmente previsto.
No caso, entretanto, do valor dos créditos efetivamente considerados
incobráveis, no período, ser superior ao valor inicialmente calculado
para a PCLD, aqueles que ultrapassarem esse valor não podem ser
considerados uma confirmação da PCLD inicialmente prevista, mas
consistem em novas perdas, diretamente registradas como despesas:
a) a débito de conta de despesas – Perdas no Recebimento de
Créditos;

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b) a crédito da conta Duplicatas a Receber.

1.4.1.3.3 Reversão da PCLD


A reversão da provisão consiste em “desconsiderar a perda antes
considerada, na penumbra”. Isso ocorre quando, por prudência, na
dúvida foi considerada uma perda no maior de seus possíveis valores e,
quando, a perda se confirmou – sem qualquer sombra de dúvida – se
revelou menor do que o que havia antes sido considerado.
Em outras palavras, a reversão da PCLD consiste no seu desfazimento,
pelo fato de que “à luz do dia, a perda não era tão feia quanto parecia,
quando na penumbra”.
Visto que a perda foi registrada como uma despesa, seu desfazimento
(sua reversão) deve ser registrada como uma receita.
Assim, a reversão da PCLD deve ser registrada:
a) a débito da conta PCLD; e
b) a crédito de uma conta de receita de reversão de provisão, no
valor da PCLD inicialmente considerada e que não se
confirmou.

1.4.1.3.4 Constituição de nova PCLD – ao final do exercício


seguinte
Ao final do exercício, o mesmo procedimento de constituição de PCLD,
realizado no exercício anterior, deve ser repetido. Entretanto, nesse
caso, deve ser levado em consideração que, durante o exercício em
questão, a PCLD anteriormente constituída foi realizada, pelos créditos
que se tornaram efetivamente incobráveis. Assim, podem ocorrer duas
situações distintas: (a) os créditos que se tornaram efetivamente
incobráveis foram inferiores ao valor inicialmente previsto para a PCLD
e, assim, a PCLD foi apenas parcialmente realizada, durante o exercício,
e ainda apresenta um valor (saldo credor); e (b) os créditos que se
tornaram efetivamente incobráveis foram iguais ou superiores ao valor
inicialmente previsto para a PCLD e, assim, a PCLD foi totalmente
realizada, durante o exercício, apresentando um valor (saldo) zero.
Na primeira situação – em que os créditos que se tornaram
efetivamente incobráveis foram inferiores ao valor inicialmente previsto
para a PCLD – a PCLD apresenta saldo (credor) ao final do exercício e,
assim, para constituição de nova PCLD, há dois métodos distintos,
denominados (1) o método da reversão, e (2) o método da
complementação:

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(1) pelo método da reversão, o Saldo existente na
conta PCLD é revertido, ficando “zerado” e, em
seguida, é constituída a nova PCLD no valor para
ela especificamente calculado;
(2) pelo método da complementação, não é realizada
qualquer reversão, mas somente a constituição de
nova PCLD no valor da diferença entre (a) o saldo
existente e (b) o valor calculado para a nova PCLD.
A seguir, em nosso curso, veremos exemplos de constituição de nova
PCLD pelos dois métodos acima referidos.

1.4.2 Patrimônio Inicial


Seja o patrimônio inicial, didaticamente proposto de forma simples, que
tenha apenas (1) R$ 50.000,00, em Caixa; (2) R$ 100.000,00, em
Duplicatas a Receber; e (3) R$ 70.000,00, em obrigações com
Fornecedores; (4) R$ 50.000,00, em capital (colocado pelos sócios, para
a formação do patrimônio da empresa). Neste patrimônio inicial,
encontram-se também registradas as alterações do valor do patrimônio,
ocorridas no exercício, até aquele momento: (1) Receitas de Venda, no
valor de R$ 100.000,00 e (2) Custo da Mercadoria Vendida, no valor de
R$ 70.000,00.
A seguir, encontra-se representado o balancete representativo do
patrimônio acima sugerido.

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Ativo Passivo
Caixa 50.000,00 Fornecedores 70.000,00

Duplicatas a Receber 100.000,00

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


Capital 50.000,00

Despesas Receitas
Custo da Mercadoria Vendida 70.000,00 Receita Bruta de Vendas 100.000,00

1.4.3 Análise dos Efeitos Patrimoniais do Fato


Foi visto que, ao final do exercício, para apuração do patrimônio a
empresa – após rigorosa análise de sua carteira de clientes e da
conjuntura econômica – verificou que, dos R$ 100.000,00 registrados na
conta Duplicatas a Receber, somente contava com o efetivo recebimento
de R$ 95.000,00.
Analisando o caso do ponto de vista patrimonial, alguém mais afoito
poderia pensar que o direito registrado no elemento patrimonial
Duplicatas a Receber deveria ter seu saldo reduzido. Porém, isso não é
verdade, não houve fato que enseje a modificação do Registro pelo
Valor Original. Assim, a técnica contábil é a de se registrar em uma
outra conta um ônus que pesa sobre o direito Duplicatas a Receber – na
forma de uma conta retificadora de ativo10.
Assim, ao final do exercício, o patrimônio fica reduzido pelo surgimento
de um ônus sobre o elemento patrimonial Duplicatas a Receber,
registrado na conta Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa –
PCLD.

10
Sobre o assunto – conta retificadora do ativo – recomendamos a leitura das
considerações acerca das contas Duplicatas Descontadas e Depreciação Acumulada,
antes apresentadas neste curso.

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Utilizando a metáfora da “caixa de areia”, podemos considerar que são
cavados “cinco mil grãos de areia” do buraco patrimonial PCLD e que
esses “cinco mil grãos de areia” são jogados para fora do patrimônio
(reduzindo-o), ou seja, aplicados na lata de lixo, representada pela
conta de resultado Despesa com Provisão.
A figura a seguir representa, esquematicamente, o fluxo de valores,
entre elementos patrimoniais, decorrente do fato contábil em tela.

Ativo Passivo
Caixa 50.000,00 Fornecedores 70.000,00

Duplicatas a Receber 100.000,00


(-) PCLD (5.000,00)

33 ------------------------------------------- Patrimônio Líquido


Capital 50.000,00

Despesas Receitas
Custo da Mercadoria Vendida 70.000,00 Receita Bruta de Vendas 100.000,00
Despesas com Provisão 5.000,00

Agora ficou muito fácil:


- Setinha é débito – Despesa com Provisão;
- Bolinha é crédito – PCLD.

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1.4.4 Lançamento

1.4.4.1 Registro no Livro Diário


D= Despesa com Provisão
33 C= a PCLD 5.000,00

Ou, simplesmente:
Despesa com Provisão
33
a PCLD 5.000,00

1.4.4.2 Registro no Livro Razão

capital caixa PCLD Custo da Mercadoria Vendida


débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
50.000,00 si si 50.000,00 5.000,00 33 si 70.000,00

Despesa com Provisão Fornecedores Receita Bruta de Vendas Duplicatas a Receber


débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
33 5.000,00 70.000,00 si 100.000,00 si si 100.000,00

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1.4.5 Patrimônio Final

Ativo Passivo
Caixa 50.000,00 Fornecedores 70.000,00

Duplicatas a Receber 100.000,00


(-) PCLD (5.000,00)

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


Capital 50.000,00

Despesas Receitas
Custo da Mercadoria Vendida 70.000,00 Receita Bruta de Vendas 100.000,00
Despesas com Provisão 5.000,00

1.4.6 Considerações Finais


Repare que, após a ocorrência do fato contábil, o valor do patrimônio
líquido (bens/direitos (-) obrigações) foi Alterado: reduzido do valor de
R$ 80.000,00, para o valor de R$ 75.000,00. Adicionalmente, percebe-
se que não houve alteração de valor em mais de um elemento
patrimonial (apenas o surgimento de uma conta retificadora do ativo).
Assim, conclui-se que se trata de um fato contábil modificativo
diminutivo.
Na conta PCLD – representativa de um ônus sobre o direito “Duplicatas
a Receber”, de natureza credora, porém classificada no ativo, como
conta retificadora – foi registrado um crédito. Repare que essa conta
teve seu saldo majorado (de R$ 0,00 para R$ 5.000,00). Isso está de
acordo com a natureza credora das contas retificadoras de ativo: contas
retificadoras de ativo têm seu saldo aumentado por créditos (e reduzido
por débitos).
Na conta Despesa com Provisão – representativa de um motivo pelo
qual o patrimônio foi reduzido durante o exercício e, portanto,
classificada como conta de resultado – despesa – foi registrado um
débito. Repare que essa conta teve seu saldo majorado (de R$ 0,00

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para R$ 5.000,00). Isso está de acordo com a natureza devedora e
unilateral das contas de despesa: contas de despesa somente têm seu
saldo aumentado, por débitos, durante todo o exercício, (o saldo é
reduzido, por créditos, apenas nos casos de retificação de erro ou de
fechamento do exercício).
Ainda, pelo fato de terem sido registradas apenas uma conta a débito e
uma conta a crédito, o lançamento foi de primeira fórmula (repare que
não houve uso da palavra reservada “diversos”, quando do registro no
Livro Diário).
Finalmente, repare que o valor dos débitos, R$ 5.000,00, é idêntico ao
valor dos créditos, R$ 5.000,00, e que isso está de acordo com o
método das partidas dobradas: para todo débito registrado, há um
crédito de igual valor. De uma forma simples e rápida, verificamos a
correção do registro do fato contábil pela comparação dos somatórios de
valores em ambos os lados do patrimônio (representados no balancete)
– esses dois valores devem ser iguais. Em nosso exemplo, isso ocorre
porque:
- o somatório dos saldos das contas do lado esquerdo (Ativo e
Despesas) é igual a R$ 220.000,00;
- o somatório dos saldos das contas do lado direito (Passivo,
Patrimônio Líquido e Receitas) é, também, igual a R$
220.000,00.
Cumpre referir que esse lançamento ocorre no final do exercício de
2004. Imediatamente após esse lançamento, deverão ser realizados os
lançamentos de fechamento do exercício. Recomendamos que o aluno
realize esses lançamentos, a título de treino, com base no modelo antes
apresentado.

1.5 Realização de Provisão para Créditos de Liquidação


Duvidosa

1.5.1 Descrição e Considerações sobre o Fato Contábil


Considere que a empresa tenha, ao final do exercício de 2004,
constituído uma Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa – PCLD,
no valor de R$ 5.000,00. Durante o exercício de 2005, dos R$
5.000,00 considerados perdidos (na penumbra) – conforme provisão
constituída, o valor de R$ 2.000,00 foi confirmado, pois uma duplicata
no valor de R$ 2.000,00 tornou-se definitivamente incobrável em
01/06/2005.
Assim, faz-se necessário um registro, no patrimônio, que demonstre a
confirmação da perda, já considerada ocorrida quando da constituição

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da provisão, e o desaparecimento do direito de receber por vendas a
prazo, pelo fato da Duplicata a Receber no valor de R$ 2.000,00 ter se
tornado incobrável.
Foi visto que o termo realizar pode ser – didaticamente – entendido
como “transformar algo em outra coisa”. Assim, a realização da PCLD
significa transformar a “perda antes considerada na penumbra” em
uma “efetiva perda – à luz do dia”. Ora, isso somente exatamente
nesse momento em que a empresa não tem mais dúvida quanto à
inadimplência do cliente.
Em outras palavras, a realização da provisão pode ser vista como a
confirmação da perda.
Dessa forma, a realização da provisão é registrada:
a) a débito da conta PCLD; e
b) a crédito da conta Duplicatas a Receber – no valor da duplicata
que se tornou incobrável, por inadimplência do cliente.
No caso, o valor dos créditos efetivamente considerados incobráveis, no
período (R$ 2.000,00), é menor do que o valor inicialmente calculado
para a PCLD (R$ 5.000,00) e, assim, consiste – na sua totalidade – em
confirmação do valor inicialmente previsto para a provisão.

1.5.2 Patrimônio Inicial


Seja o patrimônio inicial, didaticamente proposto de forma simples, que
tenha apenas (1) R$ 50.000,00, em Caixa; (2) R$ 100.000,00, em
Duplicatas a Receber; (3) R$ 70.000,00, em obrigações com
Fornecedores; (4) R$ 50.000,00, em capital (colocado pelos sócios, para
a formação do patrimônio da empresa); (5) R$ 5.000,00 em PCLD e (6)
25.000,00 em Reservas de Lucros.
A seguir, encontra-se representado o balancete representativo do
patrimônio acima sugerido.

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Ativo Passivo
Caixa 50.000,00 Fornecedores 70.000,00

Duplicatas a Receber 100.000,00

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


(-) PCLD (5.000,00) Capital 50.000,00

Reserva de Lucros 25.000,00

Despesas Receitas

1.5.3 Análise dos Efeitos Patrimoniais do Fato


Visto que uma duplicata tornou-se incobrável, em 01/06/2005, faz-se
necessária a redução do valor registrado no direito Duplicatas a
Receber, pois um direito (relativo à duplicata incobrável) saiu do
patrimônio. Por outro lado, é importante notar que o ônus que
acompanha esse direito (PCLD) também deve ser reduzido, pois o
acessório acompanha o principal e, se o direito não existe mais, a
“perda na penumbra” desse direito também não mais deve existir.
Utilizando a metáfora da “caixa de areia”, podemos considerar que são
desbastados “dois mil grãos de areia” do montinho patrimonial
Duplicatas a Receber e que esses “dois mil grãos de areia” são aplicados
no buraco patrimonial PCLD, reduzindo seu tamanho.
A figura a seguir representa, esquematicamente, o fluxo de valores,
entre elementos patrimoniais, decorrente do fato contábil em tela.

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Ativo Passivo
Caixa 50.000,00 Fornecedores 70.000,00

Duplicatas a Receber 100.000,00


(2.000,00)
34
98.000,00
------------------------------------------- Patrimônio Líquido
(-) PCLD (5.000,00) Capital 50.000,00
2.000,00
(3.000,00) Reserva de Lucros 25.000,00

Despesas Receitas

Agora ficou muito fácil:


- Setinha é débito – PCLD;
- Bolinha é crédito – Duplicatas a Receber.

1.5.4 Lançamento

1.5.4.1 Registro no Livro Diário


D= PCLD
34 C= a Duplicatas a Receber 2.000,00

Ou, simplesmente:
PCLD
34 a Duplicatas a Receber 2.000,00

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1.5.4.2 Registro no Livro Razão

capital caixa PCLD Duplicatas a Receber


débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
50.000,00 si si 50.000,00 5.000,00 si si 100.000,00
34 2.000,00 2.000,00 34
3.000,00 sf sf 98.000,00

Fornecedores
débitos créditos
70.000,00 si

1.5.5 Patrimônio Final

Ativo Passivo
Caixa 50.000,00 Fornecedores 70.000,00

Duplicatas a Receber 98.000,00

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


(-) PCLD (3.000,00) Capital 50.000,00

Reserva de Lucros 25.000,00

Despesas Receitas

1.5.6 Considerações Finais


Repare que, após a ocorrência do fato contábil, o valor do patrimônio
líquido (bens/direitos (-) obrigações) não foi Alterado: permanecendo no

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valor de R$ 75.000,00. Assim, conclui-se que se trata de um fato
contábil permutativo.
Na conta PCLD – representativa de um ônus sobre o direito “Duplicatas
a Receber”, de natureza credora, porém classificada no ativo, como
conta retificadora – foi registrado um débito. Repare que essa conta
teve seu saldo reduzido (de R$ 5.000,00 para R$ 3.000,00). Isso está
de acordo com a natureza credora das contas retificadoras de ativo:
contas retificadoras de ativo têm seu saldo aumentado por créditos (e
reduzido por débitos).
Na conta Duplicatas a Receber – representativa de um direito e,
portanto, classificada no ativo – foi registrado um crédito. Repare que
essa conta teve seu saldo reduzido (de R$ 100.000,00 para R$
98.000,00). Isso também está de acordo com a natureza devedora das
contas de ativo: contas de ativo têm seu saldo aumentado por débitos
(e reduzido por créditos).
Ainda, pelo fato de terem sido registradas apenas uma conta a débito e
uma conta a crédito, o lançamento foi de primeira fórmula (repare que
não houve uso da palavra reservada “diversos”, quando do registro no
Livro Diário).
Finalmente, repare que o valor dos débitos, R$ 2.000,00, é idêntico ao
valor dos créditos, R$ 2.000,00, e que isso está de acordo com o
método das partidas dobradas: para todo débito registrado, há um
crédito de igual valor. De uma forma simples e rápida, verificamos a
correção do registro do fato contábil pela comparação dos somatórios de
valores em ambos os lados do patrimônio (representados no balancete)
– esses dois valores devem ser iguais. Em nosso exemplo, isso ocorre
porque:
- o somatório dos saldos das contas do lado esquerdo (Ativo e
Despesas) é igual a R$ 145.000,00;
- o somatório dos saldos das contas do lado direito (Passivo,
Patrimônio Líquido e Receitas) é, também, igual a R$
145.000,00.

1.6 Reversão da Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa

1.6.1 Descrição e Considerações sobre o Fato Contábil


Considere que a empresa tenha, ao final do exercício de 2004,
constituído uma Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa – PCLD,
no valor de R$ 5.000,00. Durante o exercício de 2005, dos R$
5.000,00 considerados perdidos (na penumbra) – conforme provisão
constituída, o valor de R$ 2.000,00 foi confirmado, pois uma duplicata

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no valor de R$ 2.000,00 tornou-se definitivamente incobrável em
01/06/2005. Considere, ainda, que esse foi o único valor que se tornou
efetivamente incobrável em 2005 e que, em 31/12/2005, resta um
saldo de R$ 3.000,00 na conta PCLD.
Nessa situação, faz-se necessário um registro, no patrimônio, que
demonstre que a perda, anteriormente considerada “ocorrida na
penumbra” (no valor de R$ 5.000,00) não se confirmou – no valor de R$
3.000,00 – à luz do dia, e que, portanto, ela deve ser “desconsiderada”.
Do ponto de vista técnico, essa situação é denominada de reversão da
provisão.
A reversão da provisão, portanto, consiste em “desconsiderar a perda
antes considerada, na penumbra”. Isso ocorre quando, por prudência,
na dúvida foi considerada uma perda no maior de seus possíveis valores
e, quando, a perda se confirmou – sem qualquer sombra de dúvida – se
revelou menor do que o que havia antes sido considerado.
Em outras palavras, a reversão da PCLD consiste no seu desfazimento,
pelo fato de que “à luz do dia, a perda não era tão feia quanto parecia,
quando na penumbra”.
Visto que a perda foi registrada como uma despesa, seu desfazimento
(sua reversão) deve ser registrada como uma receita.
Assim, a reversão da PCLD deve ser registrada:
- a débito da conta PCLD; e
- a crédito de uma conta de receita de reversão de provisão, no
valor da PCLD inicialmente considerada e que não se
confirmou.

1.6.2 Patrimônio Inicial


Seja o patrimônio inicial, didaticamente proposto de forma simples, que
tenha apenas (1) R$ 50.000,00, em Caixa; (2) R$ 98.000,00, em
Duplicatas a Receber; (3) R$ 70.000,00, em obrigações com
Fornecedores; (4) R$ 50.000,00, em capital (colocado pelos sócios, para
a formação do patrimônio da empresa); (5) R$ 3.000,00 em PCLD e (6)
25.000,00 em Reservas de Lucros.
A seguir, encontra-se representado o balancete representativo do
patrimônio acima sugerido.

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Ativo Passivo
Caixa 50.000,00 Fornecedores 70.000,00

Duplicatas a Receber 98.000,00

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


(-) PCLD (3.000,00) Capital 50.000,00

Reserva de Lucros 25.000,00

Despesas Receitas

1.6.3 Análise dos Efeitos Patrimoniais do Fato


A Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa – PCLD – tem por
objetivo informar o valor da perda no recebimento de créditos em 2005.
Visto que essa provisão, inicialmente prevista no valor de R$ 5.000,00,
não se confirmou totalmente e, em 31/12/2005, ainda não havia
ocorrido a perda de R$ 3.000,00, a provisão deve ser desfeita nesse
valor.
Assim, é necessário considerar um acréscimo do patrimônio (visto que
ele havia sido equivocadamente reduzido em valor maior do que o
devido) – representado pela conta Receita de Reversão de provisões.
Por outro lado, a provisão, que está com valor restante de R$ 3.000,00,
terá que ser reduzida a zero.11
Utilizando a metáfora da “caixa de areia”, podemos considerar que caem
do céu (de pára-quedas) “três mil grãos de areia”, aumentando o
patrimônio da empresa, (esse aumento de patrimônio deve ser
registrado na conta de resultado Receita de Reversão de Provisão) e que
esses “três mil grãos de areia” são aplicados no buraco patrimonial
PCLD, tapando-o e, conseqüentemente, reduzindo seu tamanho.

11
Importante lembrar que, após a reversão da provisão anteriormente feita, deve ser
constituída uma nova provisão para o ano seguinte.

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A figura a seguir representa, esquematicamente, o fluxo de valores,
entre elementos patrimoniais, decorrente do fato contábil em tela.

35
Ativo Passivo
Caixa 50.000,00 Fornecedores 70.000,00

Duplicatas a Receber 98.000,00

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


(-) PCLD (3.000,00) Capital 50.000,00
3.000,00
- Reserva de Lucros 25.000,00

Despesas Receitas
Receita de Reversão de Provisão 3.000,00

Agora ficou muito fácil:


- Setinha é débito – PCLD;
- Bolinha é crédito – Receita de Reversão de Provisão.

1.6.4 Lançamento

1.6.4.1 Registro no Livro Diário


D= PCLD
35 C= a Receita de Reversão de Provisão 3.000,00

Ou, simplesmente:
PCLD
35 a Receita de Reversão de Provisão 3.000,00

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1.6.4.2 Registro no Livro Razão

capital caixa PCLD Duplicatas a Receber


débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
50.000,00 si si 50.000,00 3.000,00 si si 98.000,00
35 3.000,00
- sf

Fornecedores Receita de Reversão de Provisão


débitos créditos débitos créditos
70.000,00 si 3.000,00 35

1.6.5 Patrimônio Final

Ativo Passivo
Caixa 50.000,00 Fornecedores 70.000,00

Duplicatas a Receber 98.000,00

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


Capital 50.000,00

Reserva de Lucros 25.000,00

Despesas Receitas
Receita de Reversão de Provisão 3.000,00

1.6.6 Considerações Finais


Repare que, após a ocorrência do fato contábil, o valor do patrimônio
líquido (bens/direitos (-) obrigações) foi Alterado: do valor de R$

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75.000,00 para o valor de R$ 78.000,00. Adicionalmente, percebe-se
que não houve alteração em mais de um elemento patrimonial (entre
bens, direitos e obrigações), havendo, tão somente, a redução do valor
da PCLD. Assim, conclui-se que se trata de um fato contábil
modificativo aumentativo.
Na conta PCLD – representativa de um ônus sobre o direito “Duplicatas
a Receber”, de natureza credora, porém classificada no ativo, como
conta retificadora – foi registrado um débito. Repare que essa conta
teve seu saldo reduzido (de R$ 3.000,00 para R$ 0,00). Isso está de
acordo com a natureza credora das contas retificadoras de ativo: contas
retificadoras de ativo têm seu saldo aumentado por créditos (e reduzido
por débitos).
Na conta Receita de Reversão de Provisão – representativa de um
motivo pelo qual o patrimônio aumentou durante o exercício e, portanto,
classificada como conta de resultado – receita – foi registrado um
crédito. Repare que essa conta teve seu saldo majorado (de R$ 0,00
para R$ 3.000,00). Isso também está de acordo com a natureza
credora e unilateral das contas de receita: contas de receita somente
têm seu saldo aumentado, por créditos, durante todo o exercício, (o
saldo é reduzido, por débitos, apenas nos casos de retificação de erro ou
de fechamento do exercício).
Ainda, pelo fato de terem sido registradas apenas uma conta a débito e
uma conta a crédito, o lançamento foi de primeira fórmula (repare que
não houve uso da palavra reservada “diversos”, quando do registro no
Livro Diário).
Finalmente, repare que o valor dos débitos, R$ 3.000,00, é idêntico ao
valor dos créditos, R$ 3.000,00, e que isso está de acordo com o
método das partidas dobradas: para todo débito registrado, há um
crédito de igual valor. De uma forma simples e rápida, verificamos a
correção do registro do fato contábil pela comparação dos somatórios de
valores em ambos os lados do patrimônio (representados no balancete)
– esses dois valores devem ser iguais. Em nosso exemplo, isso ocorre
porque:
- o somatório dos saldos das contas do lado esquerdo (Ativo e
Despesas) é igual a R$ 148.000,00;
- o somatório dos saldos das contas do lado direito (Passivo,
Patrimônio Líquido e Receitas) é, também, igual a R$
148.000,00.

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1.7 Complementação da Provisão para Créditos de Liquidação
Duvidosa

1.7.1 Descrição e Considerações sobre o Fato Contábil


Considere que:
a) A empresa tenha, ao final do exercício de 2004,
constituído uma Provisão para Créditos de Liquidação
Duvidosa – PCLD, no valor de R$ 5.000,00.
b) Durante o exercício de 2005, dos R$ 5.000,00
considerados perdidos (na penumbra) – conforme
provisão constituída, o valor de R$ 2.000,00 foi
confirmado, pois uma duplicata no valor de R$ 2.000,00
tornou-se definitivamente incobrável em 01/06/2005.
c) Esse foi o único valor que se tornou efetivamente
incobrável em 2005 e que, em 31/12/2005, resta um
saldo de R$ 3.000,00 na conta PCLD.
d) Em 31/12/2005, dos R$ 98.000,00 registrados em
Duplicatas a Receber, a empresa somente conta com o
recebimento de R$ 94.000,00 e que, portanto, considera
perdido (por inadimplência) o valor de R$ 4.000,00.
Nessa situação, é necessário demonstrar que:
a) a perda, anteriormente considerada “ocorrida na
penumbra” em 31/12/2004 (no valor de R$ 5.000,00) não
se confirmou em 2005 – no valor de R$ 3.000,00; e
b) do direito existente em 31/12/2005, registrado na conta
Duplicatas a Receber, no valor de R$ 98.000,00, somente
é esperado o recebimento de R$ 94.000,00 em 2006, ou
seja, considera-se perdido o valor de R$ 4.000,00.
Para isso, existem duas soluções: (1) reversão da provisão anterior
(cujo saldo é de R$ 3.000,00)12, seguida da constituição de nova
provisão (no valor de R$ 4.000,00); ou (2) complementação da provisão
existente (de R$ 3.000,00 para R$ 4.000,00).
A primeira solução já foi objeto de estudo (quando do lançamento 33 –
constituição da provisão – e do lançamento 35 – reversão da provisão),
portanto, não será apresentada neste item.
A segunda solução, denominada complementação será aqui estudada e
consiste na constituição de “mais um pouco de provisão”, para que o

12
Conforme demonstrado no item anterior.

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valor final registrado corresponda àquele da nova provisão (sem que
seja necessário reverter o saldo da antiga provisão).

1.7.2 Patrimônio Inicial


Seja o patrimônio inicial, didaticamente proposto de forma simples, que
tenha apenas (1) R$ 50.000,00, em Caixa; (2) R$ 98.000,00, em
Duplicatas a Receber; (3) R$ 70.000,00, em obrigações com
Fornecedores; (4) R$ 50.000,00, em capital (colocado pelos sócios, para
a formação do patrimônio da empresa); (5) R$ 3.000,00 em PCLD e (6)
25.000,00 em Reservas de Lucros.
A seguir, encontra-se representado o balancete representativo do
patrimônio acima sugerido.

Ativo Passivo
Caixa 50.000,00 Fornecedores 70.000,00

Duplicatas a Receber 98.000,00

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


(-) PCLD (3.000,00) Capital 50.000,00

Reserva de Lucros 25.000,00

Despesas Receitas

1.7.3 Análise dos Efeitos Patrimoniais do Fato


A Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa – PCLD – terá por
objetivo informar o valor da perda no recebimento de créditos em 2006.
Visto que essa provisão, deverá apresentar o valor (saldo) de R$
4.000,00 e que a provisão anterior (relativa ao valor da perda no
recebimento de créditos em 2005, que não se confirmou) já apresenta
saldo de R$ 3.000,00, basta aumentá-lo em R$ 1.000,00.
Utilizando a metáfora da “caixa de areia”, podemos considerar que são
escavador “mil grãos de areia”, do elemento patrimonial PCLD, e que

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esses “mil grãos de areia” são jogados para fora do patrimônio,
diminuindo-o, ou seja aplicados na lata de lixo representada pela conta
de resultado Despesa com Provisão.
A figura a seguir representa, esquematicamente, o fluxo de valores,
entre elementos patrimoniais, decorrente do fato contábil em tela.

Ativo Passivo
Caixa 50.000,00 Fornecedores 70.000,00

Duplicatas a Receber 98.000,00

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


(-) PCLD (3.000,00) Capital 50.000,00
(1.000,00)
36 (4.000,00) Reserva de Lucros 25.000,00

Despesas Receitas
Despesa com Provisão 1.000,00

Agora ficou muito fácil:


- Setinha é débito – Despesa com Provisão;
- Bolinha é crédito – PCLD.

1.7.4 Lançamento

1.7.4.1 Registro no Livro Diário


D= Despesa com Provisão
36
C= a PCLD 1.000,00

Ou, simplesmente:
Despesa com Provisão
36
a PCLD 1.000,00

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1.7.4.2 Registro no Livro Razão

capital caixa PCLD Duplicatas a Receber


débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
50.000,00 si si 50.000,00 3.000,00 si si 98.000,00
1.000,00 36
4.000,00 sf

Despesa com Provisão Fornecedores Reserva de Lucros


débitos créditos débitos créditos débitos créditos
36 1.000,00 70.000,00 si 25.000,00 si

1.7.5 Patrimônio Final

Ativo Passivo
Caixa 50.000,00 Fornecedores 70.000,00

Duplicatas a Receber 98.000,00

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


(-) PCLD (4.000,00) Capital 50.000,00

Reserva de Lucros 25.000,00

Despesas Receitas
Despesa com Provisão 1.000,00

1.7.6 Considerações Finais


Repare que, após a ocorrência do fato contábil, o valor do patrimônio
líquido (bens/direitos (-) obrigações) foi Alterado: reduzido do valor de
R$ 75.000,00, para o valor de R$ 74.000,00. Adicionalmente, percebe-

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se que não houve alteração de valor em mais de um elemento
patrimonial (apenas o aumento de uma conta retificadora do ativo).
Assim, conclui-se que se trata de um fato contábil modificativo
diminutivo.
Na conta PCLD – representativa de um ônus sobre o direito “Duplicatas
a Receber”, de natureza credora, porém classificada no ativo, como
conta retificadora – foi registrado um crédito. Repare que essa conta
teve seu saldo majorado (de R$ 3.000,00 para R$ 4.000,00). Isso está
de acordo com a natureza credora das contas retificadoras de ativo:
contas retificadoras de ativo têm seu saldo aumentado por créditos (e
reduzido por débitos).
Na conta Despesa com Provisão – representativa de um motivo pelo
qual o patrimônio foi reduzido durante o exercício e, portanto,
classificada como conta de resultado – despesa – foi registrado um
débito. Repare que essa conta teve seu saldo majorado (de R$ 0,00
para R$ 1.000,00). Isso está de acordo com a natureza devedora e
unilateral das contas de despesa: contas de despesa somente têm seu
saldo aumentado, por débitos, durante todo o exercício, (o saldo é
reduzido, por créditos, apenas nos casos de retificação de erro ou de
fechamento do exercício).
Ainda, pelo fato de terem sido registradas apenas uma conta a débito e
uma conta a crédito, o lançamento foi de primeira fórmula (repare que
não houve uso da palavra reservada “diversos”, quando do registro no
Livro Diário).
Finalmente, repare que o valor dos débitos, R$ 1.000,00, é idêntico ao
valor dos créditos, R$ 1.000,00, e que isso está de acordo com o
método das partidas dobradas: para todo débito registrado, há um
crédito de igual valor. De uma forma simples e rápida, verificamos a
correção do registro do fato contábil pela comparação dos somatórios de
valores em ambos os lados do patrimônio (representados no balancete)
– esses dois valores devem ser iguais. Em nosso exemplo, isso ocorre
porque:
- o somatório dos saldos das contas do lado esquerdo (Ativo e
Despesas) é igual a R$ 145.000,00;
- o somatório dos saldos das contas do lado direito (Passivo,
Patrimônio Líquido e Receitas) é, também, igual a R$
145.000,00.
Cumpre referir que esse lançamento ocorre no final do exercício de
2005. Imediatamente após esse lançamento, deverão ser realizados os
lançamentos de fechamento do exercício. Recomendamos que o aluno

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realize esses lançamentos, a título de treino, com base no modelo antes
apresentado.

1.8 Apropriação da folha de pagamentos

1.8.1 Descrição e Considerações sobre o Fato Contábil


Seja uma empresa que tenha um conjunto de empregados e que, ao
final do mês, tenha que pagar seus salários, no valor bruto de R$
10.000,00, bem como respectivos tributos e encargos incidentes sobre a
folha de pagamento.
O termo “folha de pagamento” pode ser entendido como um documento
(elaborado ao final de cada mês, por empresas ou entidades que
tenham empregados). Nesse documento deve ser indicado
pormenorizadamente, por empregado, os seguintes dados:
- salário bruto;
- descontos; e
- valor líquido a receber.
Dessas informações, aquelas relativas apenas a um dado empregado, é
objeto de cópia, para entrega ao empregado. Essa cópia é denominada
“contracheque”.
Alguns conceitos atinentes à folha de pagamentos são apresentados a
seguir:
a) salário bruto (também denominado de remuneração) é o
valor total, em princípio, devido ao empregado – salário
mensal, horas extras, gratificações, comissões, etc.
b) descontos são valores a serem abatidos do salário bruto,
para entregar a terceiros:
a. devidos a determinações legais, como, por exemplo: (1)
o Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF – calculado
conforme tabela progressiva mensal 0%, 15% ou 27,5%)
e (2) a contribuição previdenciária (INSS – do empregado
– 11%);
b. devidos à própria vontade do empregado, como, por
exemplo: (1) associações ou (2) sindicato;
c. devidos ao fato de que houve adiantamento do valor ora
devido – adiantamento de salários.
c) Encargos sociais – são valores, adicionais ao valor do
salário bruto, e que a empresa tem que suportar, pelo fato
de ser empregadora, são eles:

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a. A cota patronal do INSS (20%);
b. O Fundo de Garantia pelo Tempo de Serviço – FGTS
(8%);
d) 13o salário – corresponde a um salário a mais (a que o
trabalhador tem direito, por ano); assim, a cada mês, a
empresa se torna responsável por entregar 1/12 do 13o
salário ao empregado.
e) Férias – corresponde ao direito de cada empregado de, a
cada mês trabalhado, receber o equivalente a 1/12 de
trinta dias de férias (com acréscimo de 1/3 de seu
salário). Assim, a cada mês, as empresas devem
considerar a obrigação de pagar 1/12 do salário bruto do
empregado, e respectivos INSS patronal e FGTS, acrescido
de 1/3 desse valor.

1.8.2 Patrimônio Inicial


Seja o patrimônio inicial, didaticamente proposto de forma simples, que
tenha apenas (1) R$ 25.000,00, em dinheiro; (2) R$ 25.000,00, em
depósitos bancários; e (3) R$ 50.000,00, em capital (colocado pelos
sócios, para a formação do patrimônio da empresa).
A seguir, encontra-se representado o balancete representativo do
patrimônio acima sugerido.

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Ativo Passivo
Caixa 25.000,00 Obrigações -

Bancos 25.000,00

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


Capital 50.000,00

Despesas Receitas

1.8.3 Análise dos Efeitos Patrimoniais do Fato


Para entender o lançamento referente à apropriação da despesa com
folha de pagamentos e encargos sociais e tributários, é necessário
referir que se trata de uma obrigação nascida do fato de que
empregados cumpriram um contrato de trabalho. Pelo regime de
competência há despesa sempre no momento em que houver o
cumprimento, pela outra parte, do que havia sido combinado.
Ora, a obrigação nasce, portanto, no final de cada mês.
Independentemente do respectivo pagamento. Assim, a cada final de
mês, surgirá uma obrigação no patrimônio do da empresa, reduzindo o
patrimônio (o que enseja a ocorrência de despesa).
Considerando o salário bruto no valor de R$ 10.000,00, temos a
seguinte memória de cálculo da despesa suportada pela empresa:

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item valor observações
Salário bruto 10.000,00 incluindo salário, horas extras e gratificações
(-) Descontos
IRRF (1.000,00) somatório do IRRF de cada empregado, calculado conforme tabela progressiva mensal do IRPF
INSS (1.100,00) INSS do empregado, calculado à alíquota de 11% sobre o salário bruto
(+) encargos Sociais
Cota Patronal INSS 2.000,00 contribuição previdenciária suportada pela empresa - cota patronal, calculada à alíquota de 20%
FGTS 800,00 contribuição para o fundo de garantia por tempo de serviço, suportada pela empresa e calculada à alíquota de 8%
(+) 13o salário 833,33 1/12 do salário bruto
(+) férias 1.422,22 1/12 do salário bruto e dos encargos sociais, acrescido de 1/3 desse valor

Pela tabela acima, verifica-se que a empresa suporta as despesas


relativas ao salário bruto, aos encargos sociais, ao 13o salário e às
férias, o que totaliza R$ 15.055,56. Assim, nascem várias obrigações
para a empresa:
a) para com o empregado – no valor de R$ 10.000,00 –
registrada na conta salários a pagar – (lembrando que os
descontos somente são realizados quando do
pagamento);
b) para com o Tesouro Nacional – no valor de R$ 1.000,00 –
registrada na conta IRRF a recolher;
c) para com o INSS:
a. relativa à contribuição suportada pelo empregado, no
valor de R$ 1.100,00 – registrada na conta INSS a
recolher;
b. relativa à cota patronal, no valor de R$ 2.000,00 –
registrada na conta Cota Patronal a Recolher.
d) Para com o FGTS, no valor de R$ 800,00
e) Obrigação provável futura relativa ao décimo terceiro
salário e às férias:
a. Relativa ao 13o salário, no valor total de R$ 833,33 –
registrada na conta Provisão para 13o;
b. Relativa às férias, no valor total de R$ 1.422,22 –
registrada na conta Provisão para Férias.
Utilizando a metáfora da “caixa de areia”:
a) podemos considerar que são cavados “dez mil grãos de areia”
do buraco patrimonial Salários a Pagar e que essa areia (esse
valor) é jogada para fora do patrimônio (reduzindo-o), ou seja,
aplicada na lata de lixo, representada pela conta de resultado
Despesa com Folha de Pagamento.
b) Podemos, também, considerar que são cavados:

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a. “dois mil grãos de areia” do buraco patrimonial Cota
Patronal a Recolher;
b. “oitocentos grãos de areia” do buraco patrimonial FGTS a
Recolher.
e que essa areia é jogada para fora do patrimônio (reduzindo-o), ou
seja, aplicada na lata de lixo, representada pela conta de resultado
Encargos sobre a Folha de Pagamento.
c) Podemos, finalmente, considerar que são cavados:
a. “Oitocentos e trinta e três grãos de areia” do buraco
patrimonial Provisão para 13o Salário;
b. “Mil quatrocentos e vinte e dois grãos de areia” do buraco
patrimonial Provisão para Férias;
e que essa areia é jogada para fora do patrimônio (reduzindo-o), ou
seja, aplicada na lata de lixo, representada pela conta de resultado
Despesas com Provisões sobre a Folha.
A figura a seguir representa, esquematicamente, o fluxo de valores,
entre elementos patrimoniais, decorrente do fato contábil em tela.

Ativo Passivo
Caixa 25.000,00 Salários a Pagar 10.000,00

Bancos 25.000,00
Cota Patronal a Recolher 2.000,00
FGTS a Recolher 800,00
37.a
Provisão para Férias 833,33
Provisão para 13o salário 1.422,22
------------------------------------------- Patrimônio Líquido
37.b Capital 50.000,00

37.c

Despesas Receitas
Despesa com Folha de Pagamento 10.000,00
Encargos sobre a Folha de Pagamento 2.800,00
Despesa com Provisões sobre a Folha 2.255,55

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Agora ficou muito fácil:
- 37.A:
o Setinha é débito – Despesa com Folha de Pagamento;
o Bolinha é crédito – Salários a Pagar.
- 37.B:
o Setinha é débito – Encargos sobre a Folha de Pagamento;
o Bolinha é crédito – Cota Patronal a Recolher, FGTS a
Recolher.
- 37.C:
o Setinha é débito – Despesa com Provisões sobre a Folha;
o Bolinha é crédito – Provisão para Férias, Provisão para
13o Salário.

1.8.4 Lançamento

1.8.4.1 Registro no Livro Diário


D= Despesa com Folha da Pagamento
37.a C=a Salários a Pagar 10.000,00

Ou, simplesmente:
Despesa com Folha da Pagamento
37.a a Salários a Pagar 10.000,00

D= Encargos sobre a Folha de Pagamento 2.800,00


C=a Diversos
37.b C=a Cota Patronal a Recolher 2.000,00
C=a FGTS a Recolher 800,00

Ou, simplesmente:
Encargos sobre a Folha de Pagamento 2.800,00
a Diversos
37.b a Cota Patronal a Recolher 2.000,00
a FGTS a Recolher 800,00

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D= Despesa com Provisões sobre a Folha 2.255,55
C=a Diversos
37.c C=a Provisão para 13o Salário 833,33
C=a Provisão para Férias 1.422,22

Ou, simplesmente:
Despesa com Provisões sobre a Folha 2.255,55
a Diversos
37.c a Provisão para 13o Salário 833,33
a Provisão para Férias 1.422,22

1.8.4.2 Registro no Livro Razão

capital caixa Bancos Salários a pagar


débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
50.000,00 si si 25.000,00 si 25.000,00 10.000,00 37.a

Despesa com Folha de Pagamento Encargos sobre a Folha de Pagamento Cota Patronal a Recolher FGTS a Recolher
débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
37.a 10.000,00 37.b 2.800,00 2.000,00 37.b 800,00 37.b

Despesa com Provisão sobre Folha Provisão para o 13o Salário Provisão para Férias
débitos créditos débitos créditos débitos créditos
37.c 2.255,22 833,33 38.c 1.422,22 37.c

1.8.5 Patrimônio Final

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Ativo Passivo
Caixa 25.000,00 Salários a Pagar 10.000,00

Bancos 25.000,00
Cota Patronal a Recolher 2.000,00
FGTS a Recolher 800,00

Provisão para Férias 833,33


Provisão para 13o salário 1.422,22
------------------------------------------- Patrimônio Líquido
Capital 50.000,00

Despesas Receitas
Despesa com Folha de Pagamento 10.000,00
Encargos sobre a Folha de Pagamento 2.800,00
Despesa com Provisões sobre a Folha 2.255,55

1.8.6 Considerações Finais


Repare que, após a ocorrência dos fatos contábeis objeto do presente
lançamento, o valor do patrimônio líquido (bens/direitos (-) obrigações)
foi Alterado: reduzido do valor de R$ 50.000,00, para o valor de R$
34.944,55. Percebe-se que houve alteração de valor em mais de um
elemento patrimonial, porém, as alterações todas consistem no
surgimento de obrigações. Assim, conclui-se que se trata de um
conjunto de fatos contábil modificativos diminutivos.
Na conta de passivo Salários a Pagar, Cota Patronal a Recolher, FGTS a
Recolher, Provisão para Férias e Provisão para 13o Salário –
representativas de obrigações – foram registrados créditos. Repare que
essas contas tiveram seus saldos majorados, o que está de acordo com
a natureza credora das contas de passivo: contas de passivo têm seu
saldo aumentado por créditos (e reduzido por débitos).
Nas contas de Despesa com Folha de Pagamento, Encargos sobre a
Folha de Pagamentos e Despesa com Provisões sobre a Folha –
representativas de motivos pelos quais o patrimônio foi reduzido
durante o exercício e, portanto, classificadas como contas de resultado –
despesa – foram registrados débitos. Repare que essas contas tiveram

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seus saldos majorados, o que está de acordo com a natureza devedora
e unilateral das contas de despesa: contas de despesa somente têm seu
saldo aumentado, por débitos, durante todo o exercício, (o saldo é
reduzido, por créditos, apenas nos casos de retificação de erro ou de
fechamento do exercício).
Finalmente, repare que o valor dos débitos, R$ 15.055,55, é idêntico ao
valor dos créditos e que isso está de acordo com o método das partidas
dobradas: para todo débito registrado, há um crédito de igual valor.

1.9 Pagamento dos salários

1.9.1 Descrição e Considerações sobre o Fato Contábil


Vimos que, pelo regime de competência, a obrigação de pagar os
salários surge (no patrimônio de uma empresa) ao final do mês em que
os empregados trabalharam. Ocorre que, geralmente, o pagamento é
realizado alguns dias depois, no início do mês seguinte (por exemplo no
dia 5). Assim, a obrigação já existente é quitada mediante o pagamento
de dinheiro.
Considere uma folha de pagamento cujos salários brutos totalizam o
valor de R$ 10.000,00 (conforme apresentado no item anterior).
Saliente-se que, apesar do salário bruto ser de R$ 10.000,00, nem todo
esse valor será entregue ao empregado, mas somente o salário líquido,
pois parte desse valor já pode ter sido adiantado ao empregado ou é
dele retido, pela empresa, para ser recolhido aos cofres públicos ou
entregue a terceiros, conforme memória de cálculo a seguir:
a. Descontos devidos a determinações legais, como, por
exemplo:
i. o Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF –
calculado conforme tabela progressiva mensal 0%,
15% ou 27,5%) – no valor de R$ 1.000,00; e
ii. a contribuição previdenciária (INSS – do
empregado – 11%) – no valor de R$ 1.100,00;
b. Descontos devidos à própria vontade do empregado,
como, por exemplo: (1) associações ou (2) sindicato –
não aplicáveis ao exemplo;
c. Descontos devidos ao fato de que houve adiantamento do
valor ora devido – adiantamento de salários – não
aplicáveis ao exemplo.

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1.9.2 Patrimônio Inicial
Seja o patrimônio inicial, didaticamente proposto de forma simples, que
tenha apenas (1) R$ 25.000,00, em dinheiro; (2) R$ 25.000,00, em
depósitos bancários; e (3) R$ 10.000,00 na obrigação de pagamento da
Folha; (4) R$ 2.000,00 em obrigação de recolhimento da Cota Patronal;
(5) R$ 800,00 em obrigação de recolhimento de FGTS; (6) R$ 833,33
em obrigação prevista de pagamento de 13o Salário, (7) 1.422,22 em
obrigação prevista de pagamento de férias; (8) R$ 50.000,00, em
capital (colocado pelos sócios, para a formação do patrimônio da
empresa). Neste patrimônio inicial, encontram-se também registradas
as alterações do valor do patrimônio, ocorridas no exercício, até aquele
momento: (1) Despesa com Folha de Pagamento, no valor de R$
10.000,00 e (2) Encargos sobre a Folha de Pagamento, no valor de R$
2.800,00 e (3) Despesa com Provisões sobre a Folha de Pagamento, no
valor de R$ 2.255,55.
A seguir, encontra-se representado o balancete representativo do
patrimônio acima sugerido.

Ativo Passivo
Caixa 25.000,00 Salários a Pagar 10.000,00

Bancos 25.000,00
Cota Patronal a Recolher 2.000,00
FGTS a Recolher 800,00

Provisão para Férias 833,33


Provisão para 13o salário 1.422,22
------------------------------------------- Patrimônio Líquido
Capital 50.000,00

Despesas Receitas
Despesa com Folha de Pagamento 10.000,00
Encargos sobre a Folha de Pagamento 2.800,00
Despesa com Provisões sobre a Folha 2.255,55

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1.9.3 Análise dos Efeitos Patrimoniais do Fato
No momento do pagamento, será reduzido o valor existente em dinheiro
na empresa, será extinta a obrigação de pagamento de salários e,
finalmente, surgirão duas novas obrigação: (a) de recolhimento do
Imposto de Renda Retido na Fonte e (b) de recolhimento do INSS do
empregado.
Utilizando a metáfora da “caixa de areia”, podemos considerar que
ocorre o seguinte.
a) São desbastados “sete mil e novecentos grãos de areia”
do montinho patrimonial Caixa e que essa areia (esse
valor) é aplicada no buraco patrimonial, representado pela
conta Salários a Pagar, reduzindo-o.
b) Adicionalmente, considera-se que são cavados “mil grãos
de areia” do buraco patrimonial Imposto de Renda a
Recolher e que esses “mil grãos de areia” são também
aplicados no buraco patrimonial, representado pela conta
Salários a Pagar, reduzindo-o.
c) Finalmente, , considera-se que são cavados “mil e cem
grãos de areia” do buraco patrimonial INSS a Recolher e
que esses “mil e cem grãos de areia” são também
aplicados no buraco patrimonial, representado pela conta
Salários a Pagar, tapando-o definitivamente.
A figura a seguir representa, esquematicamente, o fluxo de valores,
entre elementos patrimoniais, decorrente do fato contábil em tela.

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Ativo Passivo
Caixa 25.000,00 Salários a Pagar 10.000,00
(7.900,00) (7.900,00) 38.b
17.100,00 (1.100,00)
(1.000,00)
38.a -
38.c
Imposto de Renda a Recolher 1.000,00
INSS a Recolher 1.100,00
Bancos 25.000,00
Cota Patronal a Recolher 2.000,00
FGTS a Recolher 800,00

Provisão para Férias 833,33


Provisão para 13o salário 1.422,22
------------------------------------------- Patrimônio Líquido
Capital 50.000,00

Despesas Receitas
Despesa com Folha de Pagamento 10.000,00
Encargos sobre a Folha de Pagamento 2.800,00
Despesa com Provisões sobre a Folha 2.255,55

Agora ficou muito fácil:


- 38.A:
o Setinha é débito – Salários a Pagar;
o Bolinha é crédito – Caixa.
- 38.B:
o Setinha é débito – Salários a Pagar;
o Bolinha é crédito – INSS a Recolher.
- 38.C:
o Setinha é débito – Salários a Pagar;
o Bolinha é crédito – IRRF a Recolher.

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1.9.4 Lançamento

1.9.4.1 Registro no Livro Diário


D= Salários a Pagar
38.a C=a Caixa 7.900,00

Ou, simplesmente:
Salários a Pagar
38.a a Caixa 7.900,00

D= Salários a Pagar
38.b C=a INSS a Recolher 1.100,00

Ou, simplesmente:
Salários a Pagar
38.b a INSS a Recolher 1.100,00

D= Salários a Pagar
38.c
C=a IRRF a Recolher 1.000,00

Ou, simplesmente:
Salários a Pagar
38.c
a IRRF a Recolher 1.000,00

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1.9.4.2 Registro no Livro Razão

capital caixa Bancos Salários a pagar


débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
50.000,00 si si 25.000,00 si 25.000,00 10.000,00 si
7.900,00 38.a 38.a 7.900,00
sf 17.100,00 38.b 1.100,00
38.c 1.000,00
- sf

Despesa com Folha de Pagamento Encargos sobre a Folha de Pagamento Cota Patronal a Recolher FGTS a Recolher
débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
si 10.000,00 si 2.800,00 2.000,00 si 800,00 si

Despesa com Provisão sobre Folha Provisão para o 13o Salário Provisão para Férias INSS a Recolher
débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
si 2.255,22 833,33 si 1.422,22 si 1.100,00 38.b

IRRF a Recolher
débitos créditos
1.000,00 38.c

1.9.5 Patrimônio Final

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Ativo Passivo
Caixa 17.100,00 INSS a Recolher 1.100,00
IRRF a Recolher 1.000,00
Bancos 25.000,00
Cota Patronal a Recolher 2.000,00
FGTS a Recolher 800,00

Provisão para Férias 833,33


Provisão para 13o salário 1.422,22
------------------------------------------- Patrimônio Líquido
Capital 50.000,00

Despesas Receitas
Despesa com Folha de Pagamento 10.000,00
Encargos sobre a Folha de Pagamento 2.800,00
Despesa com Provisões sobre a Folha 2.255,55

1.9.6 Considerações Finais


Repare que, após a ocorrência do fato contábil objeto do presente
lançamento, o valor do patrimônio líquido (bens/direitos (-) obrigações)
não foi Alterado: permanecendo no valor de R$ 34.944,55.
Adicionalmente, percebe-se que houve alteração de valor em mais de
um elemento patrimonial. Assim, conclui-se que se trata de um fato
contábil permutativo.
Na conta de passivo Salários a Pagar – representativa de uma obrigação
– foram registrados débitos. Repare que essa conta teve seu saldo
reduzido, o que está de acordo com a natureza credora das contas de
passivo: contas de passivo têm seu saldo aumentado por créditos (e
reduzido por débitos).
Na conta Caixa – representativa de um bem e, portanto, classificada no
ativo – foi registrado um crédito. Repare que essa conta teve seu saldo
reduzido (de R$ 25.000,00 para R$ 17.100,00). Isso também está de
acordo com a natureza devedora das contas de ativo: contas de ativo
têm seu saldo aumentado por débitos (e reduzido por créditos).

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Nas contas de passivo INSS a Recolher e IRRF a Recolher –
representativas de obrigações – foram registrados créditos. Repare que
essas contas tiveram seus saldos majorados, o que está de acordo com
a natureza credora das contas de passivo: contas de passivo têm seu
saldo aumentado por créditos (e reduzido por débitos).
Finalmente, repare que o valor dos débitos, R$ 10.000,00, é idêntico ao
valor dos créditos e que isso está de acordo com o método das partidas
dobradas: para todo débito registrado, há um crédito de igual valor.

1.10 Recolhimento dos tributos incidentes sobre a folha

1.10.1 Descrição e Considerações sobre o Fato Contábil


Vimos que a empresa havia registrado várias obrigações, referentes ao
recolhimento de tributos e encargos sociais. O momento de
recolhimento desses valores depende da legislação em vigor.
Considere, apenas para fins didáticos, que todos eles deveriam ser
recolhidos no dia 15 do mês de pagamento da folha13. Assim, no dia 15
a empresa desembolsa valores para quitação da obrigação de: (1)
Recolhimento do IRRF; (2) Recolhimento do INSS; (3) Recolhimento da
Cota Patronal; (4) Recolhimento do FGTS.

1.10.2 Patrimônio Inicial


Seja o patrimônio inicial, didaticamente proposto de forma simples, que
tenha apenas (1) R$ 25.000,00, em dinheiro; (2) R$ 25.000,00, em
depósitos bancários; e (3) R$ 1.000,00 em obrigação de Recolhimento
do IRRF; (4) R$ 2.000,00 em obrigação de recolhimento da Cota
Patronal; (5) R$ 800,00 em obrigação de recolhimento de FGTS; (6) R$
833,33 em obrigação prevista de pagamento de 13o Salário, (7) R$
1.422,22 em obrigação prevista de pagamento de férias; (8) R$
1.100,00 em obrigação de recolhimento do INSS e (9) R$ 50.000,00,
em capital (colocado pelos sócios, para a formação do patrimônio da
empresa). Neste patrimônio inicial, encontram-se também registradas
as alterações do valor do patrimônio, ocorridas no exercício, até aquele
momento: (1) Despesa com Folha de Pagamento, no valor de R$
10.000,00 e (2) Encargos sobre a Folha de Pagamento, no valor de R$
2.800,00 e (3) Despesa com Provisões sobre a Folha de Pagamento, no
valor de R$ 2.255,55.

13
Repetimos, isso não é o que ocorre na prática. Na prática, o que ocorre é que cada
um dos valores a recolher é devido em uma data determinada pela legislação de
regência (que pode variar no tempo). Consideramos o recolhimento de todos os
valores em uma só data, apenas para apresentação do respectivo lançamento contábil.

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A seguir, encontra-se representado o balancete representativo do
patrimônio acima sugerido.

Ativo Passivo
Caixa 17.100,00 INSS a Recolher 1.100,00
IRRF a Recolher 1.000,00
Bancos 25.000,00
Cota Patronal a Recolher 2.000,00
FGTS a Recolher 800,00

Provisão para Férias 833,33


Provisão para 13o salário 1.422,22
------------------------------------------- Patrimônio Líquido
Capital 50.000,00

Despesas Receitas
Despesa com Folha de Pagamento 10.000,00
Encargos sobre a Folha de Pagamento 2.800,00
Despesa com Provisões sobre a Folha 2.255,55

1.10.3 Análise dos Efeitos Patrimoniais do Fato


No momento do recolhimento dos tributos, e demais encargos sociais,
será reduzido o valor existente em dinheiro na empresa e serão extintas
as obrigações de recolhimento de IRRF, FGTS, Cota Patronal e FGTS.
Utilizando a metáfora da “caixa de areia”, podemos considerar que são
desbastados “quatro mil e novecentos grãos de areia” do montinho
patrimonial Caixa e que essa areia (esse valor) é aplicada nos buracos
patrimoniais, representados pelas contas INSS a Recolher, IRRF a
Recolher, FGTS a Recolher e Cota Patronal e Recolher, tapando-os.
A figura a seguir representa, esquematicamente, o fluxo de valores,
entre elementos patrimoniais, decorrente do fato contábil em tela.

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Ativo Passivo
Caixa 17.100,00 INSS a Recolher 1.100,00
(4.900,00) (1.100,00)
12.200,00 -
IRRF a Recolher 1.000,00
(1.000,00)
39 -
Cota Patronal a Recolher 2.000,00
(2.000,00)
-
Bancos 25.000,00 FGTS a Recolher 800,00
(800,00)
-
Provisão para Férias 833,33
Provisão para 13o salário 1.422,22
------------------------------------------- Patrimônio Líquido
Capital 50.000,00

Despesas Receitas
Despesa com Folha de Pagamento 10.000,00
Encargos sobre a Folha de Pagamento 2.800,00
Despesa com Provisões sobre a Folha 2.255,55

Agora ficou muito fácil:


- Setinha é débito – INSS a Recolher, IRRF a Recolher, FGTS a
Recolher e Cota Patronal a Recolher;
- Bolinha é crédito – Caixa.

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1.10.4 Lançamento

1.10.4.1 Registro no Livro Diário


D= Diversos
C=a Caixa 4.900,00
D= IRRF a Recolher 1.000,00
39 D= INSS a Recolher 1.100,00
D= FGTS a Recolher 800,00
D= Cota Patronal a Recolher 2.000,00

Ou, simplesmente:
Diversos
a Caixa 4.900,00
IRRF a Recolher 1.000,00
39
INSS a Recolher 1.100,00
FGTS a Recolher 800,00
Cota Patronal a Recolher 2.000,00

1.10.4.2 Registro no Livro Razão

capital caixa Bancos IRRF a Recolher


débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
50.000,00 si si 17.100,00 si 25.000,00 1.000,00 si
4.900,00 39 39 1.000,00
39 12.200,00 - sf

Despesa com Folha de Pagamento Encargos sobre a Folha de Pagamento Cota Patronal a Recolher FGTS a Recolher
débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
si 10.000,00 si 2.800,00 2.000,00 si 800,00 si
39 2.000,00 39 800,00
- sf - sf

Despesa com Provisão sobre Folha Provisão para o 13o Salário Provisão para Férias INSS a Recolher
débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
si 2.255,22 833,33 si 1.422,22 si 1.100,00 si
39 1.100,00
- sf

1.10.5 Patrimônio Final

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Ativo Passivo
Caixa 12.200,00

Bancos 25.000,00

Provisão para Férias 833,33


Provisão para 13o salário 1.422,22
------------------------------------------- Patrimônio Líquido
Capital 50.000,00

Despesas Receitas
Despesa com Folha de Pagamento 10.000,00
Encargos sobre a Folha de Pagamento 2.800,00
Despesa com Provisões sobre a Folha 2.255,55

1.10.6 Considerações Finais


Repare que, após a ocorrência do fato contábil objeto do presente
lançamento, o valor do patrimônio líquido (bens/direitos (-) obrigações)
não foi Alterado: permanecendo no valor de R$ 34.944,55.
Adicionalmente, percebe-se que houve alteração de valor em mais de
um elemento patrimonial. Assim, conclui-se que se trata de um fato
contábil permutativo.
Na conta Caixa – representativa de um bem e, portanto, classificada no
ativo – foi registrado um crédito. Repare que essa conta teve seu saldo
reduzido (de R$ 17.100,00 para R$ 12.200,00). Isso também está de
acordo com a natureza devedora das contas de ativo: contas de ativo
têm seu saldo aumentado por débitos (e reduzido por créditos).
Nas contas de passivo Cota Patronal a Recolher, FGTS a Recolher, INSS
a Recolher e IRRF a Recolher – representativas de obrigações – foram
registrados débitos. Repare que essas contas tiveram seus saldos
reduzidos a zero, o que está de acordo com a natureza credora das
contas de passivo: contas de passivo têm seu saldo aumentado por
créditos (e reduzido por débitos).
Finalmente, repare que o valor dos débitos, R$ 4.900,00, é idêntico ao
valor dos créditos e que isso está de acordo com o método das partidas
dobradas: para todo débito registrado, há um crédito de igual valor.

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1 Exemplos de Fatos Contábeis e Lançamentos -


Continuação
1.1 Retificação de Erros
Vimos, na aula 03, que a escrituração do Livro Diário deve ser realizada
com a observância de formalidades extrínsecas e intrínsecas. Essas
formalidades se destinam a impedir que a informação nele contida seja
adulterada. Assim, uma vez registrada a informação no livro, nunca
mais ela é alterada ou retirada de lá.
Ora, a natureza humana é falha e, portanto, a escrituração está sujeita
a erros. O que fazer quando um registro está errado e não se pode
retirar (ou mesmo modificar) a informação registrada?
A solução desse problema é fácil. Basta inserir uma nova informação
que tenha por efeito compensar a informação errada e dar ao
patrimônio a informação esperada (caso não tivesse ocorrido o registro
errado). Nesse sentido, as Normas Brasileiras Técnicas de
Contabilidade, tratam a retificação de erros de escrituração introduzindo
três conceitos, (1) estorno, (2) transferência e (3) complementação, nos
termos da NBC-T 2.4, seguir transcritos:
NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE
NBC T 2 – Da Escrituração Contábil
NBC T 2.4 – Da Retificação de Lançamentos
2.4.1 – Retificação de lançamento é o processo técnico de
correção de um registro realizado com erro, na
escrituração contábil das Entidades.
2.4.2 – São formas de retificação:
a) o estorno;
b) a transferência; e
c) a complementação.
2.4.2.1 – Em qualquer das modalidades
supramencionadas, o histórico do lançamento deverá
precisar o motivo da retificação, a data e a localização do
lançamento de origem.
2.4.3 – O estorno consiste em lançamento inverso àquele
feito erroneamente, anulando-o totalmente.
2.4.4 – Lançamento de transferência é aquele que
promove a regularização de conta indevidamente debitada
ou creditada, através da transposição do valor para a
conta adequada.

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2.4.5 – Lançamento de complementação é aquele que
vem, posteriormente, complementar, aumentando ou
reduzindo o valor anteriormente registrado.
2.4.6 – Os lançamentos realizados fora da época devida
deverão consignar, nos seus históricos, as datas efetivas
das ocorrências e a razão do atraso.
Conforme visto, portanto, existem várias formas de inserção de
informações nos livros contábeis com o objetivo de retificação de erros.
A doutrina contábil, de acordo com a NBCT 2.4, refinou o conceito de
estorno dividindo-o entre estorno total e estorno parcial, o que resultou
nas mais conhecidas formas de retificação de erros nos lançamentos
contábeis: (1) o estorno total (seguido do lançamento correto) – que é
utilizado para retificar qualquer tipo de erro; (2) a transferência; (3) a
complementação; e (4) o estorno parcial.

1.1.1 Método genérico – estorno total, seguido do lançamento correto


O estorno consiste em registrar a crédito o que havia sido erroneamente
registrado a débito, e vice-versa, com o objetivo de anular o lançamento
errado.
O estorno total, portanto, é um lançamento inverso ao anterior, seguido
do lançamento correto. A seguir, vamos apresentar um exemplo de
erro (e conseqüente retificação) para ilustrar o conceito de estorno total.

1.1.1.1 Exemplo de retificação de erro – estorno total


Seja uma operação de compra a vista de uma mercadoria no valor de
5.000,00.

1.1.1.1.1 Lançamento correto


O lançamento correto, esperado, seria o seguinte:
D= mercadorias
C= a caixa 5.000,00
Considerando um patrimônio inicial em que somente houvesse R$
50.000,00 em dinheiro (nenhum outro bem e nenhuma obrigação), o
lançamento acima resultaria em um livro razão com o seguinte
conteúdo:

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capital caixa Estoques


débitos créditos débitos créditos débitos créditos
50.000,00 si si 50.000,00 1 5.000,00
5.000,00 1
sf 45.000,00

1.1.1.1.2 Lançamento com erro


No momento do lançamento podem ocorrer vários tipos de erro, por
exemplo, equivocadamente trocar a conta caixa pela conta
fornecedores. Levando-se em consideração a ocorrência desse
equívoco, o lançamento, com erro, fica representado conforme a seguir:
D= mercadorias
C= a fornecedores 5.000,00
Considerando, ainda, um patrimônio inicial em que somente houvesse
R$ 50.000,00 em dinheiro (nenhum outro bem e nenhuma obrigação), o
lançamento acima resultaria em um livro razão com o seguinte
conteúdo:

capital caixa Estoques Fornecedores


débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
50.000,00 si si 50.000,00 1 5.000,00 5.000,00 1

Repare que, com o registro equivocado, o saldo da conta caixa fica


maior do que deveria, o mesmo ocorre com o saldo da conta
fornecedores, que também fica maior do que deveria. Portanto, o
crédito, erroneamente registrado na conta fornecedores, deve ser
apagado, para em seguida, recomeçar tudo de forma correta.
Entretanto, como um registro não pode ser simplesmente apagado, ele
deverá ser compensado ou, melhor dizendo, estornado.

1.1.1.1.3 O estorno
O estorno deverá ser realizado através de um lançamento em que a
conta equivocadamente debitada é creditada e vice-versa, conforme a
seguir:

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D= fornecedores
C= a mercadorias 5.000,00
Em seguida, deverá ser escriturado o lançamento correto, conforme
abaixo:
D= mercadorias
C= a caixa 5.000,00
A partir da situação patrimonial imediatamente posterior ao lançamento
equivocado, o estorno total, seguido do lançamento correto, alcançaria o
registro da mesma situação patrimonial resultante do lançamento
correto, conforme livro razão a seguir:

capital caixa Estoques Fornecedores


débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
50.000,00 si si 50.000,00 si 5.000,00 5.000,00 si
5.000,00 3 5.000,00 2 2 5.000,00
sf 45.000,00 3 5.000,00 - sf
sf 5.000,00

O estorno total, conforme pode ser observado, anula completamente o


lançamento efetuado com erro para, em seguida, efetuar o lançamento
correto. No caso, o aluno pode perceber que os patrimônios finais são
idênticos – o que é o objetivo da retificação de erros.

1.1.2 Métodos específicos

1.1.2.1 Erro de uma conta – Transferência


A transferência é utilizada no caso em que uma das contas envolvidas
no registro tenha sido utilizada erroneamente. Neste caso, o
procedimento de transferência consiste em:
a) se na conta, erroneamente envolvida no registro, tiver sido
registrado um débito, ela deve ser creditada, em
contrapartida do debito na conta correta;
b) se na conta erroneamente envolvida, no registro, tiver sido
registrado um crédito, ela deve ser debitada, em
contrapartida do crédito na conta correta;

1.1.2.1.1 Exemplo de retificação de erro – Transferência


Seja o caso da operação de compra de um veículo a prazo, no valor de
R$ 20.000,00.

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1.1.2.1.1.1 Lançamento correto

O lançamento correto, esperado, seria o seguinte:


D= veículos
C= a contas a pagar R$ 20.000,00.
Considerando um patrimônio inicial em que somente houvesse R$
50.000,00 em dinheiro (nenhum outro bem e nenhuma obrigação), o
lançamento acima resultaria em um livro razão com o seguinte
conteúdo:

capital caixa Veículos Contas a Pagar


débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
50.000,00 si si 50.000,00 1 20.000,00 20.000,00 1

1.1.2.1.1.2 Lançamento com erro

No momento do lançamento, a conta Contas a Pagar foi


equivocadamente trocada pela conta Caixa. Levando-se em
consideração a ocorrência desse equívoco, o lançamento, com erro, fica
representado conforme a seguir:
D= veículos
C= a caixa R$ 20.000,001
Considerando, ainda, um patrimônio inicial em que somente houvesse
R$ 50.000,00 em dinheiro (nenhum outro bem e nenhuma obrigação), o
lançamento acima resultaria em um livro razão com o seguinte
conteúdo:

capital caixa Veículos Contas a Pagar


débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
50.000,00 si si 50.000,00 1 20.000,00
20.000,00 1
sf 30.000,00

1
Trocou-se, erroneamente, a conta Contas a Pagar pela conta Caixa.

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Repare que, com o registro equivocado, o saldo da conta caixa fica
menor do que deveria, o mesmo ocorre com o saldo da conta Contas a
Pagar, que também fica menor do que deveria. Portanto, o crédito,
erroneamente registrado na conta Caixa, deve ser “transferido”, para a
conta Contas a Pagar. Entretanto, como um crédito não pode ser
simplesmente transferido, realiza-se um novo lançamento, denominado
“transferência.

1.1.2.1.1.3 A transferência

A retificação deverá ser feita por transferência do crédito feito na conta


caixa para a conta contas a pagar. Isso é realizado através de um
lançamento, com débito na conta Caixa e crédito na conta Contas a
Pagar, conforme abaixo:
D= caixa
C= a contas a pagar R$ 20.000,00
A partir da situação patrimonial imediatamente posterior ao lançamento
equivocado, o registro da transferência resulta na mesma situação
patrimonial resultante do lançamento correto, conforme livro razão a
seguir:

capital caixa Veículos Contas a Pagar


débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
50.000,00 si si 50.000,00 1 20.000,00 20.000,00 2
20.000,00 1
s' 30.000,00
2 20.000,00
sf 50.000,00

O procedimento de transferência somente é aplicável à retificação de


um lançamento em que tenha sido equivocadamente utilizada uma
conta errada. No caso, o aluno pode perceber que os patrimônios finais
são idênticos – o que confirma o objetivo da retificação de erros.

1.1.2.2 Registro a maior – Estorno Parcial


Vimos que o estorno consiste em registrar a crédito o que havia sido
erroneamente registrado a débito e vice-versa, com o objetivo de anular
(ao menos parcialmente) o lançamento errado.
O estorno parcial é utilizado no caso de registro de valor a maior. Nesse
caso, basta que seja:
a) creditada a conta indevidamente debitada a maior, no valor da
diferença; e

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b) debitada a conta indevidamente creditada a maior, no valor da
diferença.

1.1.2.2.1 Exemplo de retificação de erro – estorno parcial


Seja o caso de uma operação de compra de móveis, a vista, pelo valor
de 45.000,00.

1.1.2.2.1.1 Lançamento correto

O lançamento correto seria o seguinte:


D= móveis
C= a caixa 45.000,00
Considerando um patrimônio inicial em que somente houvesse R$
50.000,00 em dinheiro (nenhum outro bem e nenhuma obrigação), o
lançamento acima resultaria em um livro razão com o seguinte
conteúdo:

capital caixa Móveis


débitos créditos débitos créditos débitos créditos
50.000,00 si si 50.000,00 1 45.000,00
45.000,00 1
sf 5.000,00

1.1.2.2.1.2 Lançamento com erro

No momento do lançamento, o valor foi equivocadamente considerado


R$ 50.000,00 – maior do que o efetivamente ocorrido. Levando-se em
consideração a ocorrência desse equívoco, o lançamento, com erro, fica
representado conforme a seguir:
D= móveis
C= a caixa 50.000,00
Considerando, ainda, um patrimônio inicial em que somente houvesse
R$ 50.000,00 em dinheiro (nenhum outro bem e nenhuma obrigação), o
lançamento acima resultaria em um livro razão com o seguinte
conteúdo:

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capital caixa Móveis


débitos créditos débitos créditos débitos créditos
50.000,00 si si 50.000,00 1 50.000,00
50.000,00 1
sf -

Repare que, com o registro equivocado de valor a maior resulta no fato


de que, o saldo da conta caixa fica menor do que deveria, e o saldo da
conta Móveis fica maior do que deveria. Portanto, o valor,
erroneamente creditado na conta Caixa e debitado na conta Móveis,
deve ser “apagado”. Entretanto, como um registro não pode ser
simplesmente apagado, ele deverá ser compensado ou, melhor dizendo,
estornado.

1.1.2.2.1.3 O estorno parcial

A retificação deverá ser feita através de um lançamento, com débito na


conta Caixa e crédito na conta Móveis, conforme abaixo:
D= caixa
C= a móveis 5.000,00
A partir da situação patrimonial imediatamente posterior ao lançamento
equivocado, o registro de estorno parcial resulta na mesma situação
patrimonial resultante do lançamento correto, conforme livro razão a
seguir:

capital caixa Móveis


débitos créditos débitos créditos débitos créditos
50.000,00 si si 50.000,00 1 50.000,00
50.000,00 1 5.000,00 2
s' - sf 45.000,00
2 5.000,00
sf 5.000,00

O procedimento de estorno parcial somente é aplicável à retificação de


um lançamento em que tenha sido equivocadamente registrado um
valor maior do que aquele esperado. No caso, o aluno pode perceber
que os patrimônios finais são idênticos – o que confirma, mais uma vez,
o objetivo da retificação de erros.

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1.1.2.3 Registro a menor – Complementação
A complementação é usada quando o registro é feito com valor a menor.
O acerto do erro será simplesmente efetuar o mesmo lançamento
anteriormente efetuado com o valor faltante. Dessa forma:
a) na conta que recebeu um débito em valor menor do que o
esperado, deverá ser registrado um débito, no valor da
diferença; e
b) na conta que recebeu um crédito em valor menor do que o
esperado, deverá ser registrado um crédito no valor da
diferença.

1.1.2.3.1 Exemplo de retificação de erro – complementação


Seja a operação de pagamento de fornecedores em dinheiro no valor de
500,00.

1.1.2.3.1.1 Lançamento Correto

O lançamento correto seria o seguinte:


D= fornecedores
C= a caixa 500,00
Considerando um patrimônio inicial em que somente houvesse R$
50.000,00 em dinheiro, R$ 500,00 em estoques e a obrigação de pagar
R$ 500,00 a fornecedores (nenhum outro bem e nenhuma outra
obrigação), o lançamento acima resultaria em um livro razão com o
seguinte conteúdo:

capital caixa Fornecedores Estoques


débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
50.000,00 si si 50.000,00 500,00 si si 500,00
500,00 1 1 500,00
sf 49.500,00 - sf

1.1.2.3.1.2 Lançamento com erro

No momento do lançamento, o valor foi equivocadamente considerado


R$ 400,00 – menor do que o efetivamente ocorrido. Levando-se em
consideração a ocorrência desse equívoco, o lançamento, com erro, fica
representado conforme a seguir:
D= fornecedores

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C= a caixa 400,00
Considerando, ainda, um patrimônio inicial em que somente houvesse
R$ 50.000,00 em dinheiro, R$ 500,00 em estoques e a obrigação de
pagar R$ 500,00 a fornecedores (nenhum outro bem e nenhuma outra
obrigação), o lançamento acima resultaria em um livro razão com o
seguinte conteúdo:

capital caixa Fornecedores Estoques


débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
50.000,00 si si 50.000,00 500,00 si si 500,00
400,00 1 1 400,00
sf 49.600,00 100,00 sf

Repare que o registro equivocado de valor a menor resulta no fato de


que, o saldo da conta caixa fica maior do que deveria, e o saldo da
conta Fornecedores fica maior do que deveria. Portanto, o valor,
erroneamente creditado a menor na conta Caixa e debitado na conta
Fornecedores, deve ser “complementado”.

1.1.2.3.1.3 Complementação

A retificação deverá ser feita através de um novo lançamento, idêntico


ao lançamento equivocado, porém no valor da diferença, ou seja, com
crédito na conta Caixa e débito na conta Fornecedores, conforme
abaixo:
D= fornecedores
C= a caixa 100,00
A partir da situação patrimonial imediatamente posterior ao lançamento
equivocado, o registro da complementação resulta na mesma situação
patrimonial resultante do lançamento correto, conforme livro razão a
seguir:

capital caixa Fornecedores Estoques


débitos créditos débitos créditos débitos créditos débitos créditos
50.000,00 si si 50.000,00 500,00 si si 500,00
400,00 1 1 400,00
s' 49.600,00 100,00 s'
100,00 2 2 100,00
sf 49.500,00 - sf

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O procedimento de complementação somente é aplicável à retificação de
um lançamento em que tenha sido equivocadamente registrado um
valor menor do que aquele esperado. No caso, o aluno pode perceber
que os patrimônios finais são idênticos – o que confirma, mais uma vez,
o objetivo da retificação de erros.

1.1.3 Considerações finais sobre a retificação de erros


Normalmente, o método genérico (estorno total, seguido do lançamento
correto) será aplicado à retificação de qualquer erro. Entretanto,
teoricamente (e isso é, muitas vezes, objeto de questões de prova em
concursos), existem as três formas alternativas acima tratadas. Cabe,
referir, finalmente, que pode (de acordo com a situação concreta) haver
alguma outra maneira de retificação de erro – o importante é que o
patrimônio (ao final da retificação) esteja registrado exatamente da
forma que estaria no caso de não ocorrência do erro.
Uma outra observação importante é que, caso o erro envolva contas de
resultado e somente seja detectado em período posterior, a retificação
não pode ser realizada diretamente na conta de resultado (que,
eventualmente, foi registrada a menor ou a maior no período anterior).
Isso não pode ser feito porque as contas de resultado têm existência
efêmera (um exercício) e não podem registrar fatos relativos a
exercícios já findos. Assim, a solução deixa de ser a retificação do
lançamento em si, mas o registro do efeito que o lançamento correto
teria no patrimônio, neste período2.

2 Resumo
Nestas últimas três aulas foram analisados vários fatos contábeis e
registrados os respectivos lançamentos nos livros contábeis. A seguir,
encontra-se a relação dos fatos contábeis estudados, seguida (quando
aplicável) de um breve comentário.
1 Compra de Mercadorias a Prazo
2 Compra de Mercadorias à Vista
Lembrando que a compra de mercadorias é um típico fato permutativo e
um lançamento de primeira fórmula, perfeito para o primeiro contato do
aluno com as idéias de débito e crédito, apresentadas no aula 03.
3 Pagamento de Duplicata em Dinheiro
4 Pagamento de Duplicata com Cheque

2
Esse assunto será detalhadamente explorado quando do estudo da DLPA –
Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulado, adiante neste curso.

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Por duplicatas entendemos títulos de crédito que tenham como causa a
venda de produtos ou serviços a prazo e que tenham como
sacador/tomador o vendedor e como sacado o comprador. O aceite da
duplicata pode ser expresso (no próprio título) ou tácito, pelo atestado
de recebimento do serviço ou da mercadoria. O respectivo pagamento é
um fato permutativo e o lançamento é de primeira fórmula, que
pressupõe a anterior compra a prazo de mercadorias ou serviços.
5 Venda de Mercadorias a Prazo
6 Venda de Mercadorias à Vista
A venda é um momento mágico. Nesse momento, os patrimônios, da
empresa e do cliente, se tocam. Nesse momento se reconhece a
Receita Bruta de Vendas e, ao mesmo tempo, o Custo da Mercadoria
Vendida. Trata-se de um fato misto (aumentativo ou diminutivo,
conforme o valor da venda e o respectivo custo).
7 Recebimento do Valor de uma Duplicata – em Dinheiro
8 Recebimento do Valor de uma Duplicata – em Cheque
O recebimento de duplicatas é um fato que pressupõe a anterior venda
de bens ou serviços.
9 Recebimento do Valor de uma Duplicata – em dinheiro e
concedendo um abatimento sobre o valor a receber
O abatimento (em sentido amplo) sobre o valor da duplicata a receber
pode ser devido aos seguintes motivos: (1) pagamento antecipado –
caracterizando o desconto condicional, (2) abatimento propriamente dito
– quando há avarias na mercadoria ou inconsistência entre o bem
pedido e aquele entregue, (3) negociação entre as partes – temendo a
inadimplência do cliente. Trata-se de um fato misto diminutivo.
10 Recebimento do Valor de uma Duplicata – em dinheiro e com
encargos
Os encargos cobrados sobre o valor de uma duplicata podem ser
devidos aos seguintes motivos: (1) juros ativos, pelo pagamento
atrasado, (2) multas contratuais, por qualquer descumprimento das
condições de pagamento. trata-se de fato misto aumentativo.
11 Contratação de Empréstimos Bancários
12 Reconhecimento dos Juros Sobre Empréstimos Bancários
13 Quitação do Empréstimo Bancário tomado
Trata-se de fato em que surge uma obrigação, em contrapartida de
depósito na conta bancos. Saliente-se que os empréstimos bancários
são remunerados com juros (que podem ser Pré-fixados ou Pós-
fixados). No exemplo, o empréstimo tinha juros Pós-fixados.

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Importante notar que, no exemplo, foi explorado o conceito de regime
de competência e tratada a definição e classificação dos juros por vários
critérios.
14 Desconto de Duplicatas
No exemplo, foram introduzidos os conceitos de (1) operação de
desconto de duplicatas e (2) de conta retificadora do ativo. Uma
importante referência, tratada neste item, é que – no momento do
desconto de duplicatas – o direito Duplicatas a Receber não sai do ativo
da empresa.
15 Liquidação Normal de Duplicata Descontada
Importante notar que, nesse exemplo, é tratado o encontro de contas
entre o direito da empresa contra o cliente e a obrigação da empresa
para com o banco.
16 Falta de Pagamento de Duplicata Descontada
Neste caso, o ponto mais importante, é a referência de que, na falta de
pagamento, a empresa é que fica responsável pelo pagamento e
mantém o direito de cobrar o cliente, pela duplicata emitida.
17 Não pagamento de duplicata descontada e tentativa do
banco em cobrá-la após o vencimento
Neste fato, o importante é notar que, apesar de haver encargos sobre a
mora no pagamento da duplicata, esses encargos são pagos pelo cliente
e vão para o patrimônio do banco, portanto, não há o que se registrar
no patrimônio da empresa.
18 Não pagamento de duplicata descontada e tentativa do
banco em cobrá-la após o vencimento que, infrutífera,
permite a cobrança do valor da empresa
Esse fato ilustra o caráter complexo da operação de desconto de
duplicatas que, após o vencimento, se transforma em um empréstimo
simples – sobre o qual é cobrado juros da empresa.
19 Aluguel incorrido – ao final do mês
Esse fato é de importância fundamental na ilustração do princípio da
competência – a despesa ocorre independentemente do pagamento.
20 Pagamento do Aluguel – no dia 10 do mês seguinte
Nesse fato, o princípio da competência é confirmado – há pagamento
sem haver despesa.
21 Pagamento de Quatro Meses de Aluguel - Adiantados
Nesse fato, apresenta-se a aplicação prática de um conceito
apresentado na aula 01 – o pagamento adiantado de despesas consiste

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na aquisição de um direito (de utilização do bem ou do serviço referente
à despesa), portanto, a despesa antecipada deve ser registrada no
ativo.
22 Utilização do Imóvel, por um mês, Após ter Sido Pago o
Aluguel Antecipado de Quatro Meses
Esse fato ilustra o conceito de apropriação de despesas (e conseqüente
realização de ativo) pró-rata-tempore. À medida que o tempo passa, o
direito é consumido (realizado), o que reduz o valor do patrimônio, e,
portanto, uma despesa deve ser apropriada.
23 Fechamento do Exercício – considerando um lucro de R$
2.000,00
O procedimento de fechamento do exercício consiste em:
a) Considerar uma conta transitória ARE – apuração do
resultado do exercício;
b) zerar as contas de receita, transferindo seu saldo para
ARE;
c) zerar as contas de despesa, transferindo seu saldo para
ARE;
d) Transferir o saldo da conta ARE para uma conta do
Patrimônio Líquido – PL (denominada Lucros e Prejuízos
Acumulados – LPA):
24 Fechamento do Exercício – Considerando um Prejuízo de R$
3.000,00
O fechamento do exercício, no caso de prejuízo, é semelhante ao
procedimento de fechamento no caso de lucro, com diferença apenas no
último passo que, no caso, foi apresentado, com a introdução do
conceito de conta retificadora do Patrimônio Líquido.
25 Compra de um Equipamento – Para Uso da Empresa
26 Utilização do equipamento por um ano
Nesse item, foi apresentado o conceito de depreciação (perda do valor
do bem, por uso, desgaste ou obsolescência) e a conta retificadora do
ativo Depreciação Acumulada.
27 Venda do equipamento, em 01/01/200X+1, por R$
55.000,00
Nesse item foram apresentados os conceitos de Receita não
Operacional, Despesa não Operacional e Ganho de Capital.
28 Venda do equipamento, em 01/01/200X+1, por R$
53.000,00

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Esse item, similar ao anterior, introduziu o conceito de perda de capital.
29 Contratação de um seguro de automóvel
A operação de contratação de um seguro é similar à operação de
contratação de locação, com pagamento adiantado de alugueis:
despesa antecipada (registrada no ativo) que deve ser apropriada pro-
rata-tempore.
30 Utilização do automóvel segurado por um mês
A utilização do seguro implica: (1) realização de parte do ativo e (2)
apropriação da correspondente receita, pelo regime de competência.
31 Constituição de uma empresa - Subscrição de Capital
Por capital entende-se o valor que os sócios separam de seus
respectivos patrimônios e colocam na “aventura”, para formação do
patrimônio da empresa.
O capital subscrito é aquele que os sócios “prometeram” entregar para a
empresa (capital subscrito é entendido como “capital prometido”).
32 Constituição de uma empresa - Integralização/Realização de
Capital
A realização de capital consiste na entrega do valor antes prometido,
pelos sócios, para a formação do patrimônio da empresa.
Assim, além da informação do capital subscrito (prometido) é necessária
a informação do capital a realizar (ou capital a integralizar). A diferença
entre esses dois valores é denominada de capital realizado (ou capital
integralizado), ou seja, o valor prometido e já entregue pelos sócios à
empresa.
33 Constituição de Provisão para Créditos de Liquidação
Duvidosa
O conceito de provisão é o de uma “perda na penumbra”.
A PCLD, especificamente, é um valor considerado (ao final de cada
exercício) perdido, pela empresa, sobre o valor do direito Duplicatas a
Receber, por conta de inadimplência dos clientes, a serem confirmadas
durante o exercício seguinte. Repare que se trata de um valor com o
qual a empresa não pode contar, portanto é considerado perdido. Mas,
como ela não tem certeza absoluta de que vai perder (nem a que
momento essa perda se confirmará) consiste em provisão (perda na
penumbra).
34 Realização da Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa
A realização da provisão é a confirmação da perda (já considerada,
quando da constituição da provisão). A realização ocorre quando um

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crédito, já antes considerado perdido por inadimplência, se torna
definitivamente incobrável.
35 Reversão da Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa
A reversão da provisão é o desfazimento da perda, ou seja, a
desconsideração da perda antes considerada ocorrida (na penumbra). A
reversão ocorre quando a empresa – por prudência – considera ocorrida
uma perda maior do que aquela realizada.
A reversão de provisão é registrada como receita, ao final de cada
exercício, no valor do saldo da provisão (não realizada), para, em
seguida, ser realizada a constituição de nova provisão para perdas a
serem realizadas no exercício seguinte.
36 Complementação da Provisão para Créditos de Liquidação
Duvidosa
A complementação da provisão é um procedimento simplificado de
reversão do saldo não realizado da provisão e de constituição de nova
provisão. Nesse caso, é constituída a nova provisão em valor
correspondente à diferença entre: (1) o valor esperado da nova provisão
e (2) o valor do saldo (não realizado) da antiga provisão.
37 Apropriação da folha de pagamentos
Pelo regime de competência, ao final de cada mês, devem ser
registradas despesas com folha de pagamentos (e respectivos encargos
e provisões), com o conseqüente surgimento de obrigação de: (1)
pagamento de salários (pelo seu valor bruto), (2) pagamento de tributos
e encargos sociais – suportados pela empresa e (3) pagamento previsto
de férias e 13o (proporcionalmente a cada mês trabalhado).
38 Pagamento dos salários
No dia de pagamento dos salários, a empresa desembolsa valores para
pagamento aos empregados. Ocorre que nem todo o valor bruto dos
salários é entregue aos empregados. Uma parte desse valor é retido
pela empresa (IRRF e INSS) para recolhimento aos cofres públicos.
39 Recolhimento dos tributos incidentes sobre a folha
Na data prevista, na legislação de regência, para recolhimento dos
tributos e encargos sociais (tanto dos suportados pela empresa, quanto
daqueles por ela retidos dos empregados), há um desembolso realizado
pela empresa, para quitação das obrigações antes registradas.
40 Retificação de Erros - Estorno total e lançamento correto
Os erros no lançamento consistem em situações nas quais o lançamento
esperado não foi registrado corretamente e, portanto, o patrimônio está
apresentado de forma errônea. Pelo fato de que os livros contábeis

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(notadamente o livro Diário – onde os lançamentos estão registrados)
apresentar formalidades extrínsecas e intrínsecas, não é possível
simplesmente modificar seu conteúdo. Assim, a solução é o registro de
mais lançamentos que tenham como efeito (na apresentação do
patrimônio) exatamente a situação que o lançamento correto ensejaria.
Para todos os tipos de erro, o estorno total (registro do lançamento
errado ao contrário, para anulação de seu efeito), seguido do registro do
lançamento inicialmente esperado, tem como efeito o registro – no
patrimônio – de situação equivalente à do lançamento correto
inicialmente esperado.
41 Retificação de Erros - Transferência
A transferência é o procedimento de retificação do erro de identificação
de uma conta e consiste na “transferência” do débito (ou do crédito)
erroneamente registrado na conta equivocadamente identificada, para a
conta correta.
42 Retificação de Erros - Estorno Parcial
O estorno parcial é o procedimento de retificação do erro de registro a
maior e consiste no lançamento inverso àquele erroneamente
registrado, porém apenas no valor da diferença.
43 Retificação de Erros - Complementação
A complementação é o procedimento de retificação do erro de registro a
menor e consiste na repetição do lançamento erroneamente registrado,
porém apenas no valor da diferença.

3 Exercícios de Fixação (Questões de concurso elaborado pela


ESAF – resolvidas e comentadas)

3.1 Princípio da Entidade e Depreciação

3.1.1 AFC – Analista de Controles e Finanças – CGU 2006


Enunciado
41- Pedro Miguel da Silva e Márcio Elias são proprietários de pequena
indústria de laticínios e utilizam dois veículos em sua atividade, sendo
um, no valor de R$ 15.000,00, em nome da empresa e outro, no valor
de R$ 18.000,00, em nome de Pedro Miguel que por ele recebe da
empresa o aluguel mensal de R$ 500,00.
A empresa adota estimativa de cinco anos de vida útil para veículos e
contabiliza depreciação mensal pelo método linear, embora as condições
citadas já perdurem desde o exercício de 2004.

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Em 31 de dezembro de 2005, se tiver observado o Princípio Contábil da
Entidade, a empresa deverá ter contabilizado no exercício de 2005
despesas de depreciação no valor de
a) R$ 3.000,00.
b) R$ 4.200,00.
c) R$ 6.600,00.
d) R$ 7.800,00.
e) R$ 9.000,00.
Resolução e comentários
A resolução da presente questão demanda o conhecimento de três
conceitos básicos, a saber:
- o Princípio da Entidade;
- a identificação do patrimônio da empresa;
- o cálculo da despesa com depreciação.
Pelo princípio da Entidade, temos que o Patrimônio dos Sócios não se
confunde com o Patrimônio da Empresa, conforme determinado pelo art.
4o da Resolução CFC n° 750, de 1993, abaixo:
“Art. 4º O Princípio da ENTIDADE reconhece o Patrimônio
como objeto da Contabilidade e afirma a autonomia
patrimonial, a necessidade da diferenciação de um
Patrimônio particular no universo dos patrimônios
existentes, independentemente de pertencer a uma
pessoa, um conjunto de pessoas, uma sociedade ou
instituição de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem
fins lucrativos. Por conseqüência, nesta acepção, o
Patrimônio não se confunde com aqueles dos seus sócios
ou proprietários, no caso de sociedade ou instituição.
Parágrafo único – O PATRIMÔNIO pertence à ENTIDADE,
mas a recíproca não é verdadeira. A soma ou agregação
contábil de patrimônios autônomos não resulta em nova
ENTIDADE, mas numa unidade de natureza econômico-
contábil.”
Disso, conclui-se que somente o veículo que está em nome da empresa
faz parte de seu patrimônio. Quanto ao outro veículo (em nome de
Pedro Miguel), ele faz parte do patrimônio daquele sócio e,
conseqüentemente, não compõe o patrimônio da empresa.
Visto o princípio da Entidade, podemos concluir que, no patrimônio da
empresa está presente apenas o veículo de R$ 15.000,00, conforme
representado na figura abaixo.

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Ativo Passivo
Bens e Direitos ... Obrigações ...

Veículos 15.000,00

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


Capital ...

Conhecido o patrimônio da empresa, vamos ao conceito de Depreciação.


O conceito de depreciação é, técnica e rigorosamente, apresentado
como perda do valor de um bem por uso, desgaste ou obsolescência.
De uma forma simples, (1) partimos da vida útil da máquina (período de
tempo – em número de anos – que, se espera, a máquina funcione) e
consideramos que o valor patrimonial será reduzido, de forma linear, no
percentual calculado quociente (1/vida útil) – esse percentual é
denominado taxa de depreciação. No caso, como foi dado que a vida
útil do equipamento seria de 5 anos, o percentual (taxa de depreciação)
é calculado em 1/5 = 20% ao ano.
Ora, aplicando-se o percentual de 20% sobre o valor do Veículo (R$
15.000,00), apuramos o quanto foi perdido, em termos de valor
patrimonial, por uso, desgaste ou obsolescência durante o ano: R$
15.000,00 * 20% = R$ 3.000,00.
O lançamento relativo à depreciação acima apurada é o seguinte:
D= Despesa com Depreciação
C = a Depreciação Acumulada 3.000,00
Gabarito - a
3.2 Definição de débitos e créditos

3.2.1 AFC – Analista de Controles e Finanças – CGU 2006


Enunciado
42 -Assinale abaixo a afirmativa correta.
Em relação ao mecanismo de débito e crédito pode-se dizer que a
Contabilidade determina que sejam

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a) debitadas as entradas de ativo, as saídas de passivo e os pagamentos
de despesas e creditadas as entradas de passivo, as saídas de ativo e os
recebimentos de receitas.
b) debitadas todas as entradas e creditadas todas as saídas de valores
contábeis.
c) debitadas todas as aplicações de recursos e creditadas todas as
origens de recursos.
d) debitados os pagamentos e perdas e creditados os recebimentos e
ganhos.
e) debitadas as entradas de ativo, as saídas de passivo e as ocorrências
de despesas e creditadas as entradas de passivo, as saídas de ativo e as
variações da situação líquida.
Resolução e comentários
Trata-se de uma questão teórica, cuja resolução demanda o
conhecimento dos conceitos de débito e crédito, a seguir:
 O débito representa uma aplicação, de um valor, em um elemento
do patrimônio. Quando, por exemplo, se adquire um móvel para
pagamento a prazo, para o registro desse fato, deve ser APLICADO um
valor na conta Móveis.
 O crédito representa a origem do valor que foi aplicado em um
elemento do patrimônio. Analisando o mesmo exemplo, quando se
adquire um móvel a prazo, há uma aplicação de valor no elemento
patrimonial móveis (débito na conta móveis), mas a origem da aplicação
feita na conta móveis foi a obrigação de se pagar este valor ao
fornecedor.
Vista a teoria, vamos analisar – a seguir – cada uma das alternativas do
enunciado.
a) debitadas as entradas de ativo, as saídas de passivo e os pagamentos
de despesas e creditadas as entradas de passivo, as saídas de ativo e os
recebimentos de receitas.
Os pagamentos de despesa são registrados como uma
saída de dinheiro do caixa e – portanto – creditados.
Os recebimentos de receitas são registrados como uma
entrada de dinheiro em caixa e – portanto – debitados.
b) debitadas todas as entradas e creditadas todas as saídas de valores
contábeis.
As entradas de obrigações no patrimônio são registradas a
crédito e as saídas de bens e direitos são registradas a
débito.

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c) debitadas todas as aplicações de recursos e creditadas todas as
origens de recursos.
Certo, conforme teoria vista acima.
d) debitados os pagamentos e perdas e creditados os recebimentos e
ganhos.
Os pagamentos são registrados como uma saída de
dinheiro do caixa e – portanto – creditados.
Os recebimentos são registrados como uma entrada de
dinheiro em caixa e – portanto – debitados.

e) debitadas as entradas de ativo, as saídas de passivo e as ocorrências


de despesas e creditadas as entradas de passivo, as saídas de ativo e as
variações da situação líquida.
As variações da situação líquida nem sempre são
creditadas. Se a variação da situação líquida enseja uma
redução de seu valor (despesa), ela deverá ser registrada
a débito.

Gabarito - c
3.3 Depreciação

3.3.1 AFC – Analista de Controles e Finanças – CGU 2006


Enunciado
44-O único Jeep da empresa Vásculo Ltda., foi adquirido há algum
tempo, por R$ 2.000,00 e vem sendo usado ininterruptamente, desde
então, com um nível de desgaste físico estimado em 20% ao ano. Se a
empresa tem contabilizado essa depreciação, levando em conta o valor
residual de 10% e sabendo-se que ainda resta ao veículo uma vida útil
de quatro anos e três meses, pode-se dizer que o valor contábil atual
desse veículo é de
a) R$ 2.000,00.
b) R$ 1.730,00.
c) R$ 1.700,00.
d) R$ 1.640,00.
e) R$ 1.530,00.
Resolução e comentários

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Trata-se de uma questão que versa sobre os conceitos de depreciação e
alienação do ativo permanente. Para sua resolução, é necessário
conhecer alguns conceitos teóricos, abaixo apresentados:
a) Valor original: é o valor de aquisição do bem
b) Vida útil: período de utilização prevista para o bem
c) Valor residual: valor patrimonial do bem, após a perda (por uso,
desgaste ou obsolescência), durante sua vida útil.
d) Valor depreciável: Valor original (-) Valor Residual
e) Taxa de depreciação (pelo método linear – pedido na questão): 1 /
Vida útil (em número de meses).
f) Despesa de depreciação: Valor depreciável (*) taxa de depreciação
g) Prazo de utilização: número de períodos em que o bem foi utilizado
h) Depreciação acumulada: Despesa de depreciação (*) Prazo de
utilização
i) Valor Contábil: Valor Original (-) Depreciação Acumulada
Vistos os conceitos necessários, passamos à resolução da questão, a
partir dos dados do enunciado.
Apuração do valor contábil do bem:
Item valor comentários
a) Valor original: 2.000,00
b) Vida útil: 60,00 meses - calculado de forma reversa a partir da taxa de depreciação de 20%
c) Valor residual: 200,00
d) Valor depreciável: 1.800,00
e) Taxa de depreciação 0,016667 1/60 meses
f) Despesa de depreciação: 30,00 ao mês
g) prazo de utilização - em meses 9 sessenta meses (-) quatro anos e três meses = 9 meses
h) Depreciação acumulada: 270,00 despesa de depreciação mensal, multiplicada pelo número de meses.
i) Valor Contábil: 1.730,00

Gabarito - b
3.4 Lançamento contábil – quitação de passivo com juros

3.4.1 AFC – Analista de Controles e Finanças – CGU 2006


Enunciado
45- Ao contabilizar o pagamento de uma dívida já vencida no valor de
R$8.000,00, efetuado com juros moratórios de 11%, o Contador deverá
realizar o seguinte lançamento:
a) Bancos conta Movimento

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a Diversos
a Fornecedores 8.000,00
a Juros Passivos 880,00 8.880,00.

b) Diversos
a Bancos conta Movimento
Fornecedores 8.000,00
Juros Passivos 880,00 8.880,00.

c) Fornecedores
a Diversos
a Bancos conta Movimento 8.000,00
a Juros Passivos 880,00 8.880,00.

d) Bancos conta Movimento


a Diversos
a Fornecedores 7.120,00
a Juros Passivos 880,00 8.000,00.

e) Diversos
a Bancos conta Movimento
Fornecedores 7.120,00
Juros Passivos 880,00 8.000,00.

Resolução e comentários
Antes de mais nada, cumpre referir que o enunciado dessa questão é
ambíguo. Sua leitura não permite saber se a dívida seria
(originalmente) de R$ 8.000,00 ou se o pagamento (que quitou a dívida
e os juros passivos) seria de R$ 8.000,00. Existe somente uma maneira
de resolver a questão sem dúvidas: resolver das duas maneiras e
verificar nas alternativas aquela cuja resposta corresponda a uma e
apenas uma assertiva.
A primeira interpretação (de que a dívida seria de R$ 8.000,00) implica
um valor de juros passivos de R$ 880,00 (11% da dívida) e o

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lançamento correspondente seria exatamente aquele proposto na
alternativa “B”:
Diversos
a Bancos conta Movimento
Fornecedores 8.000,00
Juros Passivos 880,00 8.880,00.
A segunda interpretação (de que o pagamento seria de R$ 8.000,00)
implica uma dívida de R$ 7.207,21 e um valor de juros passivos de R$
792,79 (11% da dívida) e o lançamento correspondente a seguir
apresentado não se encontra entre as opções do enunciado:
Diversos
a Bancos conta Movimento
Fornecedores 7.207,21
Juros Passivos 792,79 8.000,00.

Gabarito - b
3.5 natureza das contas (credora/devedora)

3.5.1 AFC – Analista de Controles e Finanças – CGU 2006


Enunciado
47- A empresa Yazimonte Industrial S/A levantou os seguintes saldos
para o balancete de 31/12/2005:

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Aluguéis Ativos R$ 500,00
Caixa R$ 1.800,00
Capital a Realizar R$ 2.000,00
Capital Social R$ 18.000,00
Clientes R$ 5.400,00
Custo das Mercadorias Vendidas R$ 2.500,00
Depreciação R$ 1.000,00
Depreciação Acumulada R$ 3.000,00
Despesas a Vencer R$ 200,00
Fornecedores R$ 9.000,00
Juros Passivos R$ 800,00
Mercadorias R$ 4.000,00
Móveis e Utensílios R$ 8.000,00
Prejuízos Acumulados R$ 600,00
Prov. p/Créd. de Liquid. Duvidosa R$ 600,00
Provisão para IR e CSLL R$ 1.000,00
Receitas a Receber R$ 300,00
Receitas de Vendas R$ 6.000,00
Salários R$ 1.500,00
Veículos R$ 10.000,00

Fazendo a correta classificação das contas acima, certamente, vamos


encontrar saldos devedores no valor de
a) R$ 31.900,00.
b) R$ 32.500,00.
c) R$ 38.100,00.
d) R$ 38.400,00.
e) R$ 39.200,00.
Resolução e comentários
A resolução dessa questão demanda a classificação das contas acima
relacionadas (com a respectiva natureza – devedora ou credora).
Infelizmente, não há norma determinando o significado dos nomes de
contas contábeis, portanto a única maneira de resolver a questão é a
interpretação do texto – buscando o melhor significado para as palavras
utilizadas pelo examinador para referenciar as contas contábeis.
Na presente questão, apenas um ponto é de relevância: os nomes dados
às contas “Provisão para Créditos de liquidação duvidosa” e “Provisão
para IR e CSLL” podem se referir tanto a contas patrimoniais (de
natureza credora) quanto a contas de resultado (de natureza devedora).
A melhor maneira para detectar a intenção do examinador é testar as
duas possíveis interpretações para classificação dessas contas e verificar
que apenas a primeira interpretação permite que o total de créditos seja
idêntico ao total de débitos.

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Portanto, para essa questão, as contas “Provisão para Créditos de
liquidação duvidosa” e “Provisão para IR e CSLL” serão consideradas
como contas patrimoniais (de natureza credora).
A seguir, encontra-se tabela com a classificação das contas e a apuração
dos respectivos saldos.
Conta Saldo Classificação débito crédito obs
Aluguéis Ativos R$ 500,00 c - 500,00
Caixa R$ 1.800,00 d 1.800,00 -
Capital a Realizar R$ 2.000,00 d 2.000,00 -
Capital Social R$ 18.000,00 c - 18.000,00
Clientes R$ 5.400,00 d 5.400,00 -
Custo das Mercadorias Vendidas R$ 2.500,00 d 2.500,00 -
Depreciação R$ 1.000,00 d 1.000,00 -
Depreciação Acumulada R$ 3.000,00 c - 3.000,00
Despesas a Vencer R$ 200,00 d 200,00 -
Fornecedores R$ 9.000,00 c - 9.000,00
Juros Passivos R$ 800,00 d 800,00 -
Mercadorias R$ 4.000,00 d 4.000,00 -
Móveis e Utensílios R$ 8.000,00 d 8.000,00 -
Prejuízos Acumulados R$ 600,00 d 600,00 -
Prov. p/Créd. de Liquid. Duvidosa R$ 600,00 c - 600,00 considerada conta patrimonial
Provisão para IR e CSLL R$ 1.000,00 c - 1.000,00 considerada conta patrimonial
Receitas a Receber R$ 300,00 d 300,00 -
Receitas de Vendas R$ 6.000,00 c - 6.000,00
Salários R$ 1.500,00 d 1.500,00 -
Veículos R$ 10.000,00 d 10.000,00 -
Total 38.100,00 38.100,00

Gabarito – c

3.6 Lançamentos de depreciação, provisão e da obrigação de


recolhimento de tributos

3.6.1 Técnico da Receita Federal - 2006


Enunciado
02- No encerramento do exercício de 2005, a empresa Javeli S/A
promoveu a contabilização do encargo de depreciação do exercício, no
valor de R$ 12.000,00; da provisão para créditos de liquidação
duvidosa, no valor de R$ 7.000,00, e da provisão para Imposto de
Renda e Contribuição Social sobre o Lucro, no valor de R$ 17.000,00.
Com o registro contábil dos fatos indicados a empresa teve seu ativo
patrimonial diminuído em
a) R$ 12.000,00.
b) R$ 19.000,00.

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c) R$ 24.000,00.
d) R$ 29.000,00.
e) R$ 36.000,00.
Resolução e comentários
A resolução dessa questão demanda o entendimento do conteúdo dos
fatos contábeis narrados no enunciado, a capacidade de registro dos
respectivos lançamentos (com a correta identificação das contas que
dele participam) e, finalmente, a identificação dos grupos patrimoniais
(e de resultado) a que elas pertencem, para verificação da redução do
saldo do Ativo.
Partindo-se de um patrimônio inicial qualquer, composto por bens e
direitos, deduzidos de obrigações, conforme abaixo, representaremos –
nele – os efeitos dos fatos contábeis descritos no enunciado.
Ativo Passivo

Bens e Direitos X Obrigações Y

Patrimônio Líquido
Bens e Direitos (-) Obrigações X-Y

Despesas Receitas

Total X Total X

Ativo X
O lançamento do encargo de depreciação tem o seguinte lançamento:
D= despesa com depreciação
C = a depreciação acumulada12000
Repare que a conta depreciação acumulada é uma conta retificadora do
ativo, que demanda a redução de seu saldo em 12000.
O lançamento relativo à provisão para créditos de liquidação duvidosa é
o seguinte:
D= despesa com provisão
C = a Provisão para créditos de liquidação duvidosa 7000
Repare que a conta de provisão para créditos de liquidação duvidosa
também é uma conta redutora do ativo, que demanda a redução do seu
saldo em 7000.

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Finalmente, a provisão para o Imposto de Renda e Contribuição social
tem o seguinte lançamento:
D= despesa com provisão para IR e CSLL
C = a Provisão para IR e CSLL 17.000
Ocorre que a conta Provisão para IR e CSLL é uma conta típica de
passivo circulante, portanto esse lançamento não afeta o saldo do ativo.
Afetaria somente se houvesse antecipações , no ativo, a serem
deduzidas do imposto devido ao final do período; mas esse não é o caso
por que o enunciado não se refere a antecipações em momento algum.
Abaixo, representaremos o efeito desses fatos registrados no
patrimônio:
Ativo Passivo

Bens e Direitos X Obrigações Y


(-) PCLD (7.000,00) provisão para IR/CSLL 17.000,00
(-) depreciação Acumulada (12.000,00)
Patrimônio Líquido
Bens e Direitos (-) Obrigações X-Y

Despesas Receitas
despesa com depreciação 12.000,00
despesa com provisão - PCLD 7.000,00
despesa com provisão - IR/CSLL 17.000,00

Total X+17000 Total X+17000

Ativo X-19000

Assim, o ativo fica reduzido em 12000 + 7000 = 19000, conforme


assertiva B.
Gabarito - B
3.7 Depreciação e alienação do Ativo Permanente

3.7.1 Técnico da Receita Federal - 2006


Enunciado
04- Uma máquina de uso próprio, depreciável, adquirida por
R$15.000,00 em março de 1999 e instalada no mesmo dia com previsão
de vida útil de dez anos e valor residual de 20%, por quanto poderá ser

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vendida no mês de setembro de 2006, sem causar ganhos nem perdas
contábeis?
Referido bem, nas condições acima indicadas e sem considerar
implicações de ordem tributária ou fiscal, poderá ser vendido por
a) R$ 5.900,00.
b) R$ 5.400,00.
c) R$ 3.900,00.
d) R$ 3.625,00.
e) R$ 3.000,00.
Resolução e comentários
Trata-se de uma questão que versa sobre os
conceitos de depreciação e alienação do ativo permanente. Para
sua resolução, é necessário conhecer alguns conceitos teóricos,
abaixo apresentados:
- Valor original: é o valor de aquisição do bem
- Vida útil: período de utilização prevista para o bem
- Valor residual: valor patrimonial do bem, após a perda (por uso,
desgaste ou obsolescência), durante sua vida útil.
- Valor depreciável: Valor original (-) Valor Residual
- Taxa de depreciação (pelo método linear – pedido na questão): 1 /
Vida útil (em número de meses).
- Despesa de depreciação: Valor depreciável (*) taxa de depreciação
- Prazo de utilização: número de períodos em que o bem foi utilizado
- Depreciação acumulada: Despesa de depreciação (*) Prazo de
utilização
- Valor Contábil: Valor Original (-) Depreciação Acumulada
- Ganho (ou perda) de capital: Valor da venda (-) Valor Contábil.
Vistos os conceitos necessários, passamos à resolução da questão, a
partir dos dados do enunciado.
Inicialmente, repare que se não há ganhos nem perdas, o Valor da
venda deve ser igual ao Valor contábil. Portanto, basta calcular o Valor
contábil do bem para encontrar a resposta da questão.
Apuração do valor contábil do bem:

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Item valor comentários
a) Valor original: 15.000,00 informado pelo enunciado
b) Vida útil: 120,00 meses
c) Valor residual: 3.000,00 20% de 15.000,00 (informado pelo enunciado)
d) Valor depreciável: 12.000,00 Valor original – Valor residual
e) Taxa de depreciação 0,008333 1/120 meses
f) Despesa de depreciação (mensal): 100,00 Valor depreciável (*) Taxa de depreciação
g) prazo de utilização - em meses 91dez meses no primeiro ano, nove no último e seis anos inteiros
Taxa de depreciação mensal (*) Prazo de utilização em meses - Obs: na questão
h) Depreciação acumulada: 9.100,00 foi considerada a depreciação do último mês (Set/06)
i) Valor Contábil: 5.900,00 Valor original (-) Depreciação Acumulada

Como um último comentário cabe a colocação de que a depreciação do


último período poderia não ter sido considerada no valor contábil do
bem (dependendo do dia da venda). Contudo, essa possibilidade resta
afastada porque não há alternativa (entre aquelas propostas) que
contemple valor calculado a partir dessa premissa (ou seja, não há
alternativa que aponte para 6.000,00 como o valor da venda). Assim,
entendo que a questão esteja perfeitamente correta, sem necessidade
de anulação.
Gabarito - A
3.8 Retificação de erros de escrituração - empréstimos

3.8.1 Técnico da Receita Federal - 2006


Enunciado
06- Ao contratar um empréstimo no Banco do Brasil para reforço de
capital de giro, a empresa Tomadora S/A contabilizou:
débito de Bancos c/Movimento R$ 500,00
crédito de Empréstimos Bancários R$ 500,00
crédito de Juros Passivos R$ 40,00
Para corrigir esse lançamento em um único registro a
empresa deverá contabilizar:
a) débito de Bancos c/Movimento R$ 500,00
débito de Juros Passivos R$ 40,00
crédito de Empréstimos Bancários R$ 540,00
b) débito de Bancos c/Movimento R$ 460,00
débito de Juros Passivos R$ 40,00
crédito de Empréstimos Bancários R$ 500,00
c) débito de Bancos c/Movimento R$ 540,00

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crédito de Empréstimos Bancários R$ 500,00
crédito de Juros Ativos R$ 40,00
d) débito de Juros Passivos R$ 40,00
crédito de Bancos c/Movimento R$ 40,00
e) débito de Juros Passivos R$ 80,00
crédito de Bancos c/Movimento R$ 40,00
Resolução e comentários
Trata-se de uma questão de retificação de erros de lançamento. Para
sua resolução, faz-se necessário conhecer o lançamento típico de um
empréstimo contraído com juros lançados diretamente como despesa.
Somente conhecendo o que é esperado é que, comparando-o com o que
foi feito, pode ser proposta uma retificação.
Assim, o lançamento esperado seria:
D= Juros Passivos 40
D= Banco Conta Movimento 460
C = a Empréstimos bancários 500
Tal lançamento, representado no livro razão, gera os seguintes saldos –
para as contas envolvidas:
Juros Passivos Banco c/Movimento Empréstimos Bancários
débitos créditos débitos créditos débitos créditos
sf 40,00 sf 460,00 500,00 sf

Pelo enunciado, verifica-se que o lançamento realizado está


completamente errado:
a) o valor dos débitos não é equivalente ao valor dos créditos;
b) o valor da despesa com juros passivos está lançado a crédito
quando deveria ter sido lançado a débito.
Lançamento e situação do saldo das contas envolvidas:
D= Bancos c/Movimento 500
C = a Empréstimos Bancários 500
C = a Juros Passivos 40

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Juros Passivos Banco c/Movimento Empréstimos Bancários
débitos créditos débitos créditos débitos créditos
40,00 (1) (1) 500,00 500,00 (1)

Essa situação não permite enquadrar os erros do lançamento da questão


em um dos três erros clássicos (troca de uma conta, lançamento a
menor e lançamento a maior – que ensejam, respectivamente,
transferência, complementação e estorno parcial). Assim, a primeira
idéia que vem à cabeça do candidato é a de retificação do erro através
de estorno total, seguido do lançamento correto. Ocorre que a questão
pede uma retificação em um único lançamento e, dessa maneira, resta
necessário procurar o lançamento (entre aqueles apresentados nas
assertivas da questão) que resulte em saldos – para as contas
envolvidas – iguais àqueles resultantes do lançamento esperado.
Repare que o lançamento proposto na alternativa E resulta exatamente
no efeito esperado:
D= Juros Passivos 80
C = a Bancos c/Movimento 40
Juros Passivos Banco c/Movimento Empréstimos Bancários
débitos créditos débitos créditos débitos créditos
40,00 (1) (1) 500,00 40,00 (2) 500,00 (1)
(2) 80,00 sf 460,00
sf 40,00

Gabarito - E

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3.9 Lançamentos de operações relativas a seguros

3.9.1 Auditor Fiscal do Tesouro Nacional – AFTN – 1998 (antiga


denominação do cargo de AFRF)3
Enunciado
01- A empresa Jasmim S/A, cujo exercício social coincide com o ano-
calendário, pagou, em 30/04/97, o prêmio correspondente a uma
apólice de seguro contra incêndio de suas instalações para viger no
período de 01/05/97 a 30/04/98. O valor pago de R$ 30.000,00 foi
contabilizado como despesa operacional do exercício de 1997.
Observando o princípio contábil da competência, o lançamento de
ajuste, feito em 31.12.1997, provocou, no resultado do exercício de
1998, uma
a) Redução de R$ 10.000,00
b) Redução de R$ 30.000,00
c) Redução de R$ 20.000,00
d) majoração de R$ 20.000,00
e) majoração de R$ 10.000,00

Resolução e comentários
Essa é uma questão cuja resolução demanda do conhecimento do
regime de competência e das operações de seguro.
Pelo regime de competência, as despesas devem ser registradas
somente quando incorridas (independentemente de seu pagamento) –
considera-se incorrida uma despesa no momento em que ocorre o fato
que determina a redução do patrimônio, o que nem sempre ocorre no
momento do pagamento.
Esse é o caso da contratação de uma apólice de seguro pelo período de
12 meses com pagamento à vista. No momento do pagamento, não há
(pelo regime de competência) possibilidade de se registrar qualquer
despesa, pois não houve redução do patrimônio: a empresa, ao pagar
pelo seguro, adquiriu o direito (ativo) de ter suas instalações garantidas
contra incêndio por 12 meses e esse direito tem exatamente o mesmo

3
Questão tratada no livro “Contabilidade: Resoluções e comentários de Questões da
ESAF”, do mesmo autor, em que os conceitos apresentados neste curso são utilizados,
de forma prática, na solução de questões de concurso. Após o estudo desse curso,
teórico, a leitura do referido livro é fortemente recomendada, para consolidação do
aprendizado.

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valor do pagamento efetuado. A despesa somente vai ocorrer à medida
que o direito de ter as instalações garantidas contra incêndio for sendo
utilizado – pelo transcorrer dos meses.
Vistos os conceitos básicos, analisaremos o caso em tela.
1) É dado da questão que foi efetuado um lançamento errado em 30/04
D= despesas de seguro
C = a caixa 30000
2) esperava-se o registro do lançamento correto em 30/04, abaixo
representado para fins de clareza, que, contudo, não ocorreu.
D= seguros a vencer
C = a caixa 30000
3) Caso tivesse sido efetuado o lançamento correto, pelo princípio da
competência, ao final do ano, teria sido apropriada como despesa do
período apenas 8/12 deste valor. Abaixo, apresentamos, apenas para
fins didáticos, o lançamento esperado para o registro da despesa
incorrida no período.
D= despesas de seguro
C = a seguros a vencer 20000
4) O erro ocorrido acarreta, em relação aos lançamentos corretos
esperados, as seguintes conseqüências em 31/12/97:
- despesa registrada a maior (30000, quando o correto seria
20000);
- falta do registro do ativo “seguros a vencer”, no valor de
10000, que somente seria apropriado como despesa em 1998.
5) Assim, em 31/12/1997, o lançamento de ajuste somente poderia ser
o seguinte:
D= seguros a vencer 10000
C=a despesas de seguro 10000
6) Como o lançamento de ajuste resultou no registro do ativo “seguros a
vencer”, no ano seguinte, tal ativo deverá ser realizado. Assim, deverá
ser apropriada a despesa relativa a apropriação de “seguros a vencer”,
reduzindo o resultado de 1998 em 10.000,00 (quando comparando-o
àquele que seria registrado caso não tivesse sido realizado o lançamento
de ajuste em 31/12/1997).
Gabarito - A

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3.10 OPERAÇÕES COM DUPLICATAS

3.10.1 Auditor-Fiscal da Receita Federal - 20004


Enunciado
42 – A firma Duplititus opera com vendas a prazo alternando a cobrança
em carteira e em bancos, mediante desconto de duplicatas. Em
primeiro de abril mantinha as duplicatas de sua emissão números 03, 05
e 08 em carteira de cobrança e as de números 04, 06 e 07,
descontadas no banco. Cada uma dessas letras tinha valor de face de
R$ 60,00, exceto a de número 07, cujo valor era de R$ 70,00.
Durante o mês de abril ocorreram os seguintes fatos
vendas a prazo com emissão da duplicatas 09, 10 e 11 (3x50) 150,00
vendas a vista mediante notas fiscais 200,00
desconto bancário das duplicats 09 e 10 100,00
recebimento em carteira das duplicatas 03 e 05 120,00
devolução pelo banco da duplicata 04, sem cobrar 60,00
recebimento pelo banco da duplicata 07 70,00

com essas informações podemos concluir que, após a contabilização, o


saldo final das contas Duplicata a Receber e Duplicatas Descontadas
será, respectivamente de:
a) R$ 160,00 e R$ 330,00
b) R$ 2000,00 e R$ 220,00
c) R$ 330,00 e R$ 160,00
d) R$ 140,00 e R$ 160,00
e) R$ 330,00 e R$ 220,00
Resolução e comentários
A conta DUPLICATAS A RECEBER registra os valores a receber oriundos
das atividades básicas da empresa com relação a seus clientes. As
duplicatas a receber surgem das operações normais da empresa, pela
venda a prazo de mercadorias ou serviços, representando um direito a
cobrar de seus clientes.
As duplicatas e contas a receber de clientes estão diretamente
relacionadas com as receitas da empresa, devendo ser contabilmente
reconhecidas somente por mercadorias vendidas ou por serviços

4
Questão tratada no livro “Contabilidade: Resoluções e comentários de Questões da
ESAF”, do mesmo autor, em que os conceitos apresentados neste curso são utilizados,
de forma prática, na solução de questões de concurso. Após o estudo desse curso,
teórico, a leitura do referido livro é fortemente recomendada, para consolidação do
aprendizado.

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executados, de acordo com o princípio da competência. Devem ser
creditadas (baixadas) somente pelas cobranças feitas, mercadorias
devolvidas ou descontos comerciais e abatimentos feitos até aquela
data, bem como pelo registro de perdas por impossibilidade do
recebimento do respectivo valor.
A operação de desconto de duplicatas tem o efeito econômico de uma
operação de “empréstimo” tomado pela empresa em que a cobrança da
duplicata funciona como uma garantia da quitação do “empréstimo”
tomado. Assim, não faz a menor diferença se a duplicata foi objeto de
operação de desconto ou não, ela continua no ativo da empresa até seu
pagamento pelo cliente.
Assim, basta controlar as duas contas – com razonetes em “T”,
lembrando que:
- a venda a prazo gera débitos em duplicatas a receber e o
recebimento créditos na mesma conta;
- por outro lado, a operação de desconto de duplicatas gera
crédito na conta duplicatas descontadas e a quitação da
operação junto ao banco gera débitos na mesma conta.
Duplicatas a receber Duplicatas descontadas
3 60,00 60,00 3 4 60,00 60,00 4
4 60,00 60,00 5 7 70,00 60,00 6
5 60,00 70,00 7 70,00 7
6 60,00 50,00 9
7 70,00 50,00 10
8 60,00 total déb. 130,00 290,00 total créd.
9 50,00 160,00 saldo
10 50,00
11 50,00
total déb. 520,00 190,00 total créd.
saldo 330,00

Gabarito - C

4 Bibliografia e Fontes de Pesquisa Referenciadas


4.1 Leis
Lei 6.404, de 1976 – Lei das S/A.
Lei 9.249, de 1995.
Lei n° 10.406, de 2002 – Código Civil.

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4.2 Atos Administrativos Normativos
RESOLUÇÃO CFC N.º 750/93 - Dispõe sobre os Princípios Fundamentais
de Contabilidade (P.F.C.)
RESOLUÇÃO CFC N.º 751/93 - Dispõe sobre as Normas Brasileiras de
Contabilidade.
RESOLUÇÃO CFC N.º 774/94 - Aprova o Apêndice à Resolução sobre os
Princípios Fundamentais de Contabilidade.
Normas Brasileiras de Contabilidade – Técnica 2.4 – retificação de
lançamentos.
DELIBERAÇÃO CVM N 29-1986 - objetivos da Contabilidade.
Decreto 3.000, de 1999 – Regulamento do Imposto de Renda.

4.3 Livros
Iudícibus, Sérgio de; Martins, Eliseu e Gelbke, Ernesto Rubens Gelbcke.
Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações – FIPECAFI. Ed.
Atlas. São Paulo – 4a edição – 1995.
Neves, Silvério das e Viceconti, Paulo E. V. Contabilidade Básica. Ed.
Frase. São Paulo – 5a edição – 1996.
Neves, Silvério das e Viceconti, Paulo E. V. Contabilidade Avançada. Ed.
Frase. São Paulo – 5a edição – 1996.
Gonçalves, Eugênio Celso e Baptista, Antônio Eustáquio. Contabilidade
Geral. Ed. Atlas. São Paulo – 2a edição – 1994.
Silva, Benedito Gonçalves da. Contabilidade Geral. Ed. Meta – 2a edição
– 1994.
Ferrari, Ed Luiz, Contabilidade Geral: teoria e 950 questões – Rio de
Janeiro: Elsevier 2006.
Velter, Francisco e Missagia, Luiz R. Manual de Contabilidade – Rio de
Janeiro: Impetus, 2003.
Santos, Luiz Eduardo. Contabilidade: Resoluções e Comentários de
Questões da ESAF. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.

4.4 Internet
www.planalto.gov.br
www.cfc.org.br
www.receita.fazenda.gov.br

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1 Roteiro
Nesta aula, trabalharemos os conceitos atinentes às demonstrações
contábeis e – especificamente – ao Balanço Patrimonial, em seu grupo
Ativo Circulante. A seguir, encontra-se uma lista dos itens que serão
vistos:
1 - DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS - definição, conceitos iniciais e
apresentação didática (do ponto de vista de suas finalidades)
a) Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado do Exercício
b) Demonstração de Lucros e Prejuízos Acumulados e
Demonstração de Mutações do Patrimônio Líquido
c) Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos
2 - Balanço patrimonial
a) Ativo
b) Passivo
c) Patrimônio líquido
3 - Grupos específicos de contas do balanço patrimonial
a) Ativo Circulante
b) Ativo Realizável a Longo Prazo
c) Ativo Permanente
a. Ativo Permanente Investimentos
b. Ativo Permanente Imobilizado
c. Ativo Permanente Diferido
4 - Passivo Exigível – Circulante e Exigível a Longo Prazo
5 - Resultados de Exercícios Futuros
6 - Patrimônio Líquido
7 - Grupos específicos de contas do Ativo Circulante
a) Disponibilidades
b) Aplicações de Curto Prazo – Investimentos Temporários
c) Créditos – Contas a Receber
d) Estoques
e) Despesas antecipadas
8 - Contas componentes do subgrupo Disponibilidades (do ativo
circulante)

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a) Caixa
b) Bancos – depósitos bancários à vista
c) Aplicações de liquidez imediata
d) Numerários em trânsito
e) Saldos em moeda estrangeira
9 - Contas componentes do subgrupo Aplicações de curto prazo (do
ativo circulante)
a) Aplicações de renda fixa
b) Aplicações de renda variável
10 - Contas componentes do subgrupo Créditos (do ativo circulante)
a) Clientes
a. Duplicatas a receber
b. Provisão para créditos de liquidação duvidosa
c. Duplicatas descontadas
d. Outros créditos de clientes
b) Adiantamentos a terceiros
c) Dividendos propostos a receber e dividendos a receber
d) Tributos a compensar / recuperar
e) Depósitos restituíveis e valores vinculados
f) Provisões sobre os demais créditos – não alcançadas pela PCLD
11 - Contas componentes do subgrupo Estoques (do ativo circulante)
a) Mercadorias para revenda
b) Matérias-primas, Materiais auxiliares e Materiais de
acondicionamento e embalagem
c) Produtos em elaboração e Produtos acabados
d) Importações em andamento
e) Adiantamento a fornecedores
f) Almoxarifado e Manutenção e suprimentos gerais
g) Provisões, para ajuste ao valor de mercado e para perdas em
estoques (contas credoras)
12 - Contas componentes do subgrupo Despesas antecipadas (do ativo
circulante)
a) Seguros a vencer
b) Aluguéis pagos antecipadamente

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c) Assinatura de periódicos
d) Juros passivos a apropriar – referentes a duplicatas
descontadas

2 Introdução
Serão estudadas, neste tópico da matéria, as demonstrações mais
importantes do ponto de vista legal e contábil, ou seja:
- balanço patrimonial;
- demonstração do resultado do exercício;
- demonstração de lucros ou prejuízos acumulados;
- demonstração de mutações do patrimônio líquido, e;
- demonstração de origens e aplicações de recursos.
Conforme será visto a seguir, todas essas demonstrações são exigidas –
dentro de condições – pela Lei 6.404, de 1976 (Lei das S/A).

3 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
3.1 Demonstrações contábeis (financeiras) – definição e
conceitos iniciais
Relatório contábil é a exposição resumida e ordenada dos principais
fatos registrados pela contabilidade, em determinado período.
Entre os relatórios contábeis, os mais importantes são as
demonstrações financeiras (terminologia utilizada pela lei das S/A), ou
Demonstrações Contábeis (terminologia preferida pelos contadores).

3.1.1 Demonstrações exigidas pela lei das S/A


A lei das S/A estabelece, em seu art. 176 que ao fim de cada exercício
social (ano), a diretoria fará elaborar, com base na escrituração
contábil, as seguintes demonstrações financeiras:
- balanço patrimonial;
- demonstração do resultado do exercício (anteriormente
denominada demonstração de lucros e perdas);
- demonstração de lucros ou prejuízos acumulados;
- demonstração de origens e aplicações de recursos.
A seguir, para fins de clareza, encontra-se reproduzido o citado artigo:
Art. 176. Ao fim de cada exercício social, a diretoria fará
elaborar, com base na escrituração mercantil da
companhia, as seguintes demonstrações financeiras, que

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deverão exprimir com clareza a situação do patrimônio da
companhia e as mutações ocorridas no exercício:
I - balanço patrimonial;
II - demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados;
III - demonstração do resultado do exercício; e
IV - demonstração das origens e aplicações de recursos.
§ 1º As demonstrações de cada exercício serão publicadas
com a indicação dos valores correspondentes das
demonstrações do exercício anterior.
§ 2º Nas demonstrações, as contas semelhantes poderão
ser agrupadas; os pequenos saldos poderão ser
agregados, desde que indicada a sua natureza e não
ultrapassem 0,1 (um décimo) do valor do respectivo grupo
de contas; mas é vedada a utilização de designações
genéricas, como "diversas contas" ou "contas-correntes".
§ 3º As demonstrações financeiras registrarão a destinação
dos lucros segundo a proposta dos órgãos da
administração, no pressuposto de sua aprovação pela
assembléia-geral.
...
§ 6º A companhia fechada, com patrimônio líquido, na
data do balanço, não superior a R$ 1.000.000,00 (um
milhão de reais) não será obrigada à elaboração e
publicação da demonstração das origens e aplicações de
recursos. (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 5.5.1997)

3.1.2 Notas explicativas às Demonstrações Financeiras


Para complementar dados das demonstrações relacionadas, existem as
notas explicativas que, na verdade, não são demonstrações financeiras,
servem apenas para complementá-las. A previsão para apresentação de
notas explicativas às demonstrações financeiras encontra-se na própria
Lei 6.404, de 1976, (Lei das S/A) em seu art. 176 §§ 4o e 5o, a seguir:
Art. 176. Ao fim de cada exercício social, a diretoria fará
elaborar, com base na escrituração mercantil da
companhia, as seguintes demonstrações financeiras, que
deverão exprimir com clareza a situação do patrimônio da
companhia e as mutações ocorridas no exercício:
...
§ 4º As demonstrações serão complementadas por notas
explicativas e outros quadros analíticos ou demonstrações
contábeis necessários para esclarecimento da situação
patrimonial e dos resultados do exercício.
§ 5º As notas deverão indicar:

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a) Os principais critérios de avaliação dos elementos
patrimoniais, especialmente estoques, dos cálculos de
depreciação, amortização e exaustão, de constituição de
provisões para encargos ou riscos, e dos ajustes para
atender a perdas prováveis na realização de elementos do
ativo;
b) os investimentos em outras sociedades, quando
relevantes (artigo 247, parágrafo único);
c) o aumento de valor de elementos do ativo resultante de
novas avaliações (artigo 182, § 3º);
d) os ônus reais constituídos sobre elementos do ativo, as
garantias prestadas a terceiros e outras responsabilidades
eventuais ou contingentes;
e) a taxa de juros, as datas de vencimento e as garantias
das obrigações a longo prazo;
f) o número, espécies e classes das ações do capital social;
g) as opções de compra de ações outorgadas e exercidas
no exercício;
h) os ajustes de exercícios anteriores (artigo 186, § 1º);
i) os eventos subseqüentes à data de encerramento do
exercício que tenham, ou possam vir a ter, efeito relevante
sobre a situação financeira e os resultados futuros da
companhia.

3.1.3 Exercício social


Conforme já visto, o exercício social consiste em um período de tempo,
que tem a duração de um ano, não havendo necessidade de coincidir
com o ano civil (01/01 a 31/12), embora na maioria das vezes assim
aconteça, em que – ao seu final – são elaboradas as citadas
demonstrações financeiras. Os acionistas da companhia definirão – em
estatuto – a data do término de exercício social, que não deverá ser
alterada, a não ser em condições supervenientes.
No ano da constituição da companhia, nos casos de alteração estatutária
e no último ano de existência da companhia, o exercício pode ter
duração diversa. Tudo isso se encontra previsto no art. 175 da Lei n°
6.404, de 1976, abaixo:
Art. 175. O exercício social terá duração de 1 (um) ano e a
data do término será fixada no estatuto.
Parágrafo único. Na constituição da companhia e nos casos
de alteração estatutária o exercício social poderá ter
duração diversa.
Cumpre referir que, do ponto de vista societário, conforme previsto na
Lei das S/A, o exercício é de doze meses e, portanto, as demonstrações
financeiras deverão ser elaboradas e apresentadas (atividade

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normalmente referida como “levantamento de balanços”) ao final de
cada um dos exercícios (períodos de 12 meses). Entretanto, a empresa
não está obrigada somente ao cumprimento das determinações da Lei
das S/A, há outros dispositivos legais que criam obrigações para as
empresas, como – por exemplo – a legislação tributária e tais
disposições podem obrigar a empresa a elaborar e apresentar
demonstrações financeiras em períodos e momentos diversos daqueles
determinados na Lei das S/A.
Apenas ilustrando a colocação feita no parágrafo anterior, de acordo
com a legislação tributária, empresas obrigadas (ou optantes) pela
tributação do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica – IRPJ – pela
sistemática do Lucro Real Trimestral devem, necessariamente, elaborar
e apresentar demonstrações financeiras referentes a cada trimestre do
ano calendário, ou seja, referentes a 31 de março, 30 de junho, 30 de
setembro e 31 de dezembro, além daquelas exigidas pela legislação
societária.
Uma última referência – importante – é a de que o fato de uma empresa
estar obrigada (pela legislação tributária, ou outra qualquer) à
elaboração e apresentação de demonstrações financeiras em períodos
diversos do exercício (por exemplo, trimestralmente) não ilide o fato de
que o exercício seja um período de 12 meses. Sendo a Contabilidade o
objetivo de nosso curso, focaremos o estudo nas obrigações criadas pela
Lei das S/A, deixando determinações fiscais para um curso específico
sobre o assunto.

3.1.4 Aplicação das regras da Lei da S/A (Lei 6.404, de 1976) a


empresas limitadas
Todas as empresas, independentemente de sua formatação jurídica
(exceto o pequeno empresário e o empresário rural) estão obrigadas a
elaborar Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado Econômico,
nos termos dos arts. 1.179, 1.188 e 1.189 da Lei 10.406, de 2002
(Código Civil), abaixo transcritos:
Art. 1.179. O empresário e a sociedade empresária são
obrigados a seguir um sistema de contabilidade,
mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de
seus livros, em correspondência com a documentação
respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial
e o de resultado econômico.
...
Art. 1.188. O balanço patrimonial deverá exprimir, com
fidelidade e clareza, a situação real da empresa e,
atendidas as peculiaridades desta, bem como as
disposições das leis especiais, indicará, distintamente, o
ativo e o passivo.

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Parágrafo único. Lei especial disporá sobre as informações
que acompanharão o balanço patrimonial, em caso de
sociedades coligadas.
Art. 1.189. O balanço de resultado econômico, ou
demonstração da conta de lucros e perdas, acompanhará o
balanço patrimonial e dele constarão crédito e débito, na
forma da lei especial.
Pela legislação do Imposto de Renda, as Sociedades Por Quotas de
Responsabilidade Limitada devem seguir parte dos dispositivos da Lei
das Sociedades por ações. Embora não seja necessária a publicação das
demonstrações Financeiras por parte destas empresas, estas devem
estruturar suas demonstrações nos moldes da lei das S/A de forma a
atender às exigências de legislação tributária. Neste caso, somente a
demonstração de origens e aplicações de recursos não é exigida. Isso
se encontra previsto no art. 274 do Decreto 3.000, de 1999
(Regulamento do Imposto de Renda), a seguir:
Art. 274. Ao fim de cada período de incidência do imposto,
o contribuinte deverá apurar o lucro líquido mediante a
elaboração, com observância das disposições da lei
comercial, do balanço patrimonial, da demonstração do
resultado do período de apuração e da demonstração de
lucros ou prejuízos acumulados (Decreto-Lei nº 1.598, de
1977, artigo 7º, § 4º, e Lei nº 7.450, de 1985, artigo 18).
§ 1º O lucro líquido do período deverá ser apurado com
observância das disposições da Lei nº 6.404, de 1976
(Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, artigo 67, inciso XI, Lei nº
7.450, de 1985, artigo 18, e Lei nº 9.249, de 1995, artigo
5º).
Disso, conclui-se que, para fins fiscais, as empresas devem levantar as
mesmas demonstrações exigidas pela Lei das S/A, exceto a
Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos – DOAR.
O conteúdo teórico, até aqui apresentado, acerca das demonstrações
financeiras, pode ser encontrado em qualquer bom livro de
Contabilidade Geral. Ocorre que essa abordagem carece de conteúdo
didático, que leve o estudante a entender a razão pela qual a legislação
veio a exigir justamente a preparação dessas demonstrações
financeiras.
Pior ainda é o caso de se apresentar – em seguida – a estrutura e o
conteúdo das referidas demonstrações, conforme determinados em lei.
Ora, entendemos que a lei tem por objetivo regular o comportamento
das pessoas, naquilo que eles são relevantes para a vida em sociedade.
Portanto, para entender o conteúdo de dispositivos legais, devemos
entender o substrato fático sobre o qual ele incide e, principalmente, o
objetivo por ele buscado. Somente dessa maneira, será possível ver

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lógica em dispositivos normativos, entender os mecanismos que eles
regulam e os efeitos de sua aplicação, no mundo dos fatos.

3.1.5 Apresentação didática das demonstrações financeiras – do


ponto de vista de suas finalidades
Entendemos que, para seja possível o conhecimento de um determinado
conceito, uma coisa, ou um ente qualquer, é necessário procurar quatro
elementos fundamentais nele presentes – que o diferencia dos demais
conceitos, coisas, ou entes. Tais elementos são: (a) a matéria, da qual
a coisa é feita, (b) a forma dessa coisa, (c) o motivo que ensejou a
existência dela e (d) a finalidade para a qual ela existe. Esse é um
método bastante eficiente para o entendimento da realidade que nos
envolve.
Uma peculiaridade desse método reside no fato de revelar que “a forma
serve ao fim”, ou seja, as coisas assumem uma forma para melhor
alcançar o fim a que se destinam. Portanto, conhecendo a finalidade da
coisa observada, o entendimento de sua forma fica muito facilitado.
Tomemos, como exemplo, uma cadeira. Uma cadeira é (1) feita de
madeira e pregos; (2) tem por formato: (a) quatro pernas, (b) um
assento e (c) um encosto; (3) é feita pelo homem (porque ele assim o
quis) e (4) tem por finalidade permitir que as pessoas sentem-se nelas
(para ler, comer, assistir televisão, etc.).
Se uma cadeira fosse apresentada a um selvagem (que descansa de
cócoras e, portanto, nunca viu uma cadeira), pela sua forma, ele
poderia imaginar que uma cadeira fosse: (1) um totem (para adoração
de um deus qualquer); (2) um instrumento de defesa (com quatro
lanças, de pontas pouco afiadas); (3) parte de uma armadilha, para
capturar animais; etc. Ocorre que, se fosse (de pronto) dito a ele que a
cadeira serve para que uma pessoa possa se sentar nela, ele
rapidamente entenderia a razão das quatro pernas (sustentação), do
assento (acomodação das coxas e nádegas) e do encosto (acomodação
das costas).
Esse exemplo ilustra a afirmação de que, conhecendo-se o fim, a razão
da forma é rapidamente entendida. Em outras palavras, “a forma serve
ao fim”.
Transportando esse conceito para o estudo das demonstrações
contábeis, revela-se claramente o equívoco de apresentação das
demonstrações (1) pela sua enumeração, conforme disposto em lei, e
(2) pelas forma e conteúdo, determinados em lei. Isso porque, sem
saber a finalidade (informacional) de cada demonstração, fica difícil
entender (e decorar) sua forma e seu conteúdo. Esse é um caminho

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fácil para apresentação do assunto (basta repetir a lei), mas consiste
num dos caminhos mais difíceis para que o neófito entenda o assunto.
Portanto, nesse ponto da matéria, vamos identificar qual a finalidade de
cada demonstração financeira (no sistema de informações contábil).
Inicialmente, pela sua importância, bem como pela relação de
complementariedade das respectivas informações, vamos analisar o
Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício. Em
seguida, analisaremos a finalidade da Demonstração de Lucros e
Prejuízos Acumulados (juntamente com a finalidade da Demonstração
de Mutações do Patrimônio Líquido). E, finalmente, analisaremos a
finalidade informacional da Demonstração de Origens e Aplicações de
Recursos.

3.1.5.1 Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado


do Exercício
a) O Balanço Patrimonial tem, como finalidade, a
apresentação do valor de cada um dos itens do
patrimônio, registrados em contas patrimoniais,
(representando bens, direitos, obrigações; bem como a
respectiva diferença entre eles) em um DETERMINADO
MOMENTO DO TEMPO – no caso, no início e no final do
exercício. Em outras palavras, o Balanço Patrimonial pode
ser encarado – metaforicamente – como uma “fotografia
do patrimônio”.
b) A Demonstração do Resultado do Exercício tem como
finalidade a apresentação dos motivos pelos quais o valor
do patrimônio aumentou (receitas) ou diminuiu
(despesas), durante o período de tempo compreendido
entre a apresentação dos dois balanços patrimoniais,
acima descritos, no caso, durante o exercício (tais motivos
estão representados por contas de resultado). Em outras
palavras, a Demonstração do Resultado do Exercício é a
lista de motivos (e respectivos valores) pelos quais o
patrimônio aumentou ou diminuiu no período
compreendido entre suas duas fotografias.
Essas duas são as mais importantes demonstrações contábeis e nos dão
a idéia da sistemática de controle a apresentação do patrimônio. Assim,
de acordo com essa sistemática, de apresentação de informações acerca
do patrimônio, utilizada pela contabilidade, conforme já visto,1 ocorre o
seguinte:

1
Na aula 03, quando da apresentação das contas patrimoniais e de resultado.

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a) No início do exercício, o patrimônio deverá apresentar uma
determinada configuração (com bens e direitos – Ativo, obrigações –
Passivo e a respectiva diferença – Patrimônio Líquido). Repare que,
conforme definições já vistas neste curso, nesse momento, o patrimônio
apresentado deve refletir uma igualdade  Ativo (-) Passivo (=)
Patrimônio Líquido. Essa igualdade é – justamente – a característica do
balanço patrimonial (repare que a palavra balanço nos dá uma idéia de
equilíbrio/igualdade)
b) Durante o período (exercício), ocorrem Fatos Contábeis e, portanto,
há modificação no patrimônio inicial (com o aumento ou a redução do
valor patrimonial de bens, direitos e obrigações constantes do
patrimônio inicial). Esses Fatos Contábeis podem ser Fatos
Permutativos (sem alteração do valor total do patrimônio, mas com
simples troca de valores entre elementos patrimoniais). Esses Fatos
Contábeis podem ser – também – Fatos Modificativos ou Mistos (que
alteram o valor total do patrimônio, para mais ou para menos). Na
ocorrência de Fatos Mistos ou Modificativos, o Patrimônio Líquido tem
seu valor alterado, mas essas alterações do valor do Patrimônio Líquido
não são imediata e diretamente registradas nele. Na verdade, o valor
registrado no Patrimônio Líquido fica inalterado (por despesas ou
receitas) durante todo o exercício – ou seja, o equilíbrio (característico
do Balanço Patrimonial inicial) fica “quebrado”. É como se, do
Patrimônio Líquido, fossem retiradas temporariamente informações e
guardadas em algumas contas especiais (de Resultado) apresentadas na
Demonstração do Resultado do Exercício: ..
c) No final do exercício, deve ser – de novo – apresentado um
Balanço Patrimonial. Para que isso seja possível, é necessário que as
contas de resultado, componentes da Demonstração do Resultado do
Exercício, tenham seu valor (saldo)2 zerado (reduzido a zero) e o valor
líquido nelas registrado (somatório das receitas, deduzido do somatório
das despesas) transferido, de volta, para o Patrimônio Líquido –
restabelecendo a igualdade (Ativo (-) Passivo (=) Patrimônio Líquido).
Dessa maneira é possível a apresentação de uma situação patrimonial
final, na forma de Balanço Patrimonial.
A partir dos conceitos acima apresentados, é possível visualizar, no
modelo contábil de representação do patrimônio, bem como de suas
alterações no tempo (durante o exercício), as funções informacionais do
Balanço Patrimonial e da DRE, conforme a seguir:

2
Conforme já apresentado, o saldo de uma conta é o valor nela registrado.

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Ativo Passivo Ativo Passivo
BPf
------- PL BPi ------- PL

Exercício

Início Final

Despesas Receitas
DRE

-----
Saldo líquido (Receitas-Despesas)

Pela figura acima, é possível visualizar as diferentes finalidades das


diferentes informações trazidas ao usuário pelas demonstrações (a)
Balanço Patrimonial e (b) Demonstração do Resultado do Exercício:
- O Balanço Patrimonial apresenta os saldos das contas
patrimoniais (representativas de bens, direitos ou
obrigações), informando o valor do respectivo elemento
patrimonial – em um dado momento – Estática
Patrimonial;
- A Demonstração do Resultado do Exercício apresenta os
saldos das contas de resultado (representativas de receitas
ou despesas), indicando o motivo pelo qual o patrimônio
teve seu valor majorado ou reduzido – durante um período
de tempo, o exercício –Dinâmica Patrimonial,.
Metaforicamente, não podemos deixar de referenciar a relação entre as
informações constantes dos Balanços Patrimoniais (inicial e final) e as
relativas à Demonstração do Resultado do Exercício sob o enfoque do
conteúdo de reportagens da revista “Pense Leve”3, especificamente na
coluna “Antes e Depois”. Nessa coluna, são mostradas fotos de pessoas
antes e depois da reeducação alimentar, sendo que – entre as fotos – há
um breve texto contando o que foi feito no período (compreendido entre
os momentos em que as duas fotos foram tiradas), para que o corpo da
pessoa (seu “patrimônio”) tivesse sofrido a transformação mostrada
pela comparação das duas fotos.
Em outras palavras, na coluna “Antes e Depois” da Revista Pense Leve,
são apresentados dois “Balanços Patrimoniais” de uma pessoa (antes e

3
A revista Pense Leve, é uma revista que trata de assuntos relacionados à saúde e
alimentação, patrocinada pela organização “Vigilantes do Peso”.

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depois da reeducação alimentar) e, no texto, abaixo, é apresentada uma
“Demonstração do Resultado do Exercício”, onde são relatados os
motivos que ensejaram a alteração do “Balanço Patrimonial” – corpo da
pessoa.

3.1.5.2 Demonstração de Lucros e Prejuízos Acumulados


e Demonstração de Mutações do Patrimônio Líquido
Do ponto de vista de sua finalidade, a Demonstração de Lucros e
Prejuízos Acumulados – DLPA tem a função de apresentação da
MANEIRA PELA QUAL O RESULTADO DO EXERCÍCIO SE INCORPOROU
AO PATRIMÔNIO. Em outras palavras, a DLPA tem por finalidade “fazer
o meio de campo entre o Balanço Patrimonial e a Demonstração do
Resultado do Exercício”.
Já sabemos que os valores dos aumentos ou reduções ocorridas no
patrimônio, durante o exercício, não são diretamente registradas em
contas patrimoniais (constantes no Balanço Patrimonial), mas que essas
informações são registradas em contas de resultado (próprias da
Demonstração do Resultado do Exercício). Sabemos, também, que a
informação do resultado do exercício (aumento ou redução líquida do
patrimônio, no período) retorna para o patrimônio ao final do exercício.
Portanto, resta saber o que a azienda resolveu fazer com esse valor. O
resultado do exercício tem três possíveis destinos:
a) ser entregue aos sócios, na forma de dividendos a pagar;
b) ser guardado – dentro do patrimônio da própria empresa –
para ser utilizado em um dia de chuva, em operação chamada
de “constituição de reserva”;
c) retornar para a empresa, na forma de “contribuição dos sócios
para a formação do patrimônio da empresa”, em operação
denominada “aumento de capital” (capitalização dos lucros).
Assim, a DLPA, referenciando informações do patrimônio e do resultado,
tem por finalidade evidenciar a incorporação do resultado no patrimônio,
e seu destino. A figura abaixo ilustra a função informacional da DLPA,
no sistema de informações patrimoniais contábil:

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Ativo Passivo Ativo Passivo
BPf
------- PL BPi ------- PL

Exercício

Início Final

Despesas Receitas
DRE DLPA

-----
Saldo líquido (Receitas-Despesas)

A Demonstração de Mutações do Patrimônio Líquido – DMPL tem a


mesma finalidade informacional que a DLPA, ou seja, “fazer o meio de
campo entre o Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do
Exercício”. Não é por outro motivo que a Lei da S/A (Lei n° 6.404, de
1976) determina que a companhia que apresentar a DMPL estará
dispensada de apresentar a DLPA, conforme seu art. 186, a seguir:
Art. 186. A demonstração de lucros ou prejuízos
acumulados discriminará:
...
§ 2º A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados
deverá indicar o montante do dividendo por ação do capital
social e poderá ser incluída na demonstração das mutações
do patrimônio líquido, se elaborada e publicada pela
companhia.
Com o trio, Balanço(s) patrimonial(is), Demonstração do Resultado do
Exercício, e Demonstração dos Lucros e Prejuízos Acumulados, temos
um conjunto de demonstrações que representa o comportamento do
Patrimônio ao longo do tempo (exercício).
A Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos – DOAR não faz
parte desse sistema de informações, acerca do patrimônio, mas tem
outro objetivo, conforme veremos a seguir.

3.1.5.3 Demonstração de Origens e Aplicações de


Recursos
A Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos – DOAR – tem por
objetivo a apresentação da situação financeira da azienda, no curto
prazo. Assim, a DOAR demonstra o que ocorre com o conjunto
composto por (a) bens e direitos realizáveis no curto prazo e (b)
obrigações exigíveis no curto prazo, que se denomina Capital Circulante

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Líquido e que pode ser entendido como a “folga financeira de curto
prazo”. Em outras palavras, a DOAR demonstra as operações que
ensejaram aumentos e reduções da “folga financeira de curto prazo”.
Repare que as demais demonstrações se preocupam com a situação do
patrimônio e com o regime de competência. A DOAR, ao contrário, se
preocupa com o efeito financeiro dos acontecimentos do patrimônio.
Uma confirmação de que a DOAR não é parte integrante da tríade de
demonstrações (BP/DRE/DLPA) antes apresentada reside no fato de que
a DOAR não é – sequer – exigida para todas as companhias, conforme
depreende-se da leitura do § 6o do art. 176 da Lei das S/A, abaixo:
§ 6º A companhia fechada, com patrimônio líquido, na
data do balanço, não superior a R$ 1.000.000,00 (um
milhão de reais) não será obrigada à elaboração e
publicação da demonstração das origens e aplicações de
recursos. (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 5.5.1997)
Conhecidas as finalidades informacionais de cada uma das
demonstrações exigidas pela Lei das S/A, passaremos a analisar o
conteúdo e a forma das demonstrações.

3.2 Balanço patrimonial

3.2.1 Conceitos iniciais


Vamos iniciar nosso estudo das demonstrações contábeis pelo Balanço
Patrimonial. Foi visto, acima, que a finalidade do balanço patrimonial é
“apresentar a situação do patrimônio – bens direitos e obrigações, bem
como a respectiva diferença entre bens/direitos e obrigações – em um
determinado momento da existência de uma azienda”. Portanto, em
momentos determinados pela legislação (ao final de cada exercício,
conforme também já visto), o patrimônio deve ser demonstrado, com
referência aos elementos que o compõem (contas) e aos respectivos
valores a eles atribuídos (saldos).
O balanço patrimonial, assim, reflete a posição das contas patrimoniais
em determinado momento, no final de cada exercício, o que
normalmente ocorre ao fim do ano – mas não necessariamente, visto
que o exercício pode ter início e fim em datas diversas daquelas do ano
civil.
Conforme também já apresentado, nos termos do parágrafo 1o do art.
176 da Lei das S/A, o Balanço Patrimonial de um determinado exercício
deve ser apresentado com indicação (também) do respectivo valor no
final do exercício anterior (para fins de clareza na verificação da
evolução patrimonial e comparação), nos termos a seguir:

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§ 1º As demonstrações de cada exercício serão publicadas
com a indicação dos valores correspondentes das
demonstrações do exercício anterior.
Esse dispositivo, portanto, tem a finalidade de prestigiar a comparação
da situação atual com a anterior.
O balanço patrimonial (conhecido pela sigla BP) é didaticamente
apresentado em duas colunas:
- a coluna do lado esquerdo é denominada ativo;
- a coluna do lado direito é denominada passivo e patrimônio
líquido.
Balanço patrimonial
Ativo Passivo
Lado esquerdo Lado direito

3.2.2 Grandes grupos de contas do Balanço Patrimonial


Os três grandes grupos do Balanço Patrimonial são: (a) o ativo, (b) o
passivo e (c) o Patrimônio Líquido, todos apresentados a seguir.

3.2.2.1 Ativo
O ativo representa todos os bens e direitos4 de propriedade da empresa,
que são avaliáveis em dinheiro e que representam benefícios presentes
ou futuros para a empresa.
São exemplos de bens, tipicamente constantes do ativo, em um Balanço
Patrimonial, as máquinas, os terrenos, os estoques, o dinheiro, as
ferramentas, os veículos, as instalações, etc. Por outro lado, são
exemplos de direitos componentes do ativo, em um Balanço Patrimonial,
as contas a receber, as duplicatas a receber, os títulos a receber, as
ações, os títulos de crédito, etc.
Cumpre referir que, se o bem ou direito não for de propriedade da
empresa, normalmente não constará no seu ativo. Por exemplo, um
imóvel alugado pela empresa – para ser utilizado como sua sede
administrativa – fisicamente consta das instalações da empresa, porém
não figura em seu ativo. Outro exemplo, uma mercadoria existente no
pátio de uma empresa, em consignação, para venda em nome de

4
Para maiores considerações sobre o conceito de bens e de direitos, ver aula 01 de
nosso curso.

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terceiro, apesar de estar fisicamente dentro das instalações da empresa,
não faz parte de seu ativo.
O arrendamento mercantil (leasing)5 de uma máquina por uma empresa
que paga contraprestações mensais, via de regra (exceto se o leasing
operacional for desconsiderado para que a operação fique caracterizada
uma venda financiada), não se considera ATIVO pois, apesar de estar
dentro da empresa, não é de sua propriedade.
Para ser ativo, é necessário que qualquer item preencha quatro
requisitos simultâneos:
- constituir bem ou direito para a empresa;
- ser de propriedade da empresa;
- ser mensurável monetariamente;
- trazer benefícios, presentes ou futuros.
O ativo é conhecido como patrimônio bruto ou total das aplicações ou,
ainda, total dos investimentos da empresa, pelas razões a seguir.
A expressão “patrimônio bruto” está em contraposição à expressão
“patrimônio líquido”; ora, se o “patrimônio líquido” é definido como a
diferença entre bens/direitos e obrigações, o conjunto de bens e direitos
deve ser visto como o “patrimônio bruto” (ou seja, ainda não “líquido”
das obrigações).
A expressão “total de aplicações” está relacionada com o fato de que os
bens e os direitos adquiridos pela empresa são as “aplicações”
realizadas com os valores entregues à empresa (pelos sócios – capital)
ou por terceiros (credores – empréstimos ou clientes – lucro). Da
mesma forma a expressão “total de investimentos” significa que valores
entregados, pelos sócios ou terceiros, à empresa são “investidos” na
aquisição de bens ou direitos.
O ativo está disposto em grupos de contas homogêneas ou de mesma
características e tem seus itens agrupados de acordo com a sua liquidez,
isto é, de acordo com a rapidez com que podem ser convertidos em
dinheiro, nos termos do art. 178 da Lei das S/A, a seguir:
Art. 178. No balanço, as contas serão classificadas
segundo os elementos do patrimônio que registrem, e
agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a análise
da situação financeira da companhia.

5
O Leasing é uma operação em que uma empresa adquire o uso de um bem, pagando
por isso um valor mensal (contraprestação – equivalente a um aluguel) e, ao final de
um prazo pré-determinado, pode exercer um direito de compra do bem, por um valor
já contratado (valor residual).

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§ 1º No ativo, as contas serão dispostas em ordem
decrescente de grau de liquidez dos elementos nelas
registrados, nos seguintes grupos:
a) ativo circulante;
b) ativo realizável a longo prazo;
c) ativo permanente, dividido em investimentos, ativo
imobilizado e ativo diferido. (grifos na transcrição)
Cabe, para fins de esclarecimento, investigar os conceitos de liquidez e
realização. Por liquidez entende-se a capacidade de realização – assim,
quanto maior a liquidez de um elemento patrimonial, mais facilmente
ele é realizado. Realização, por seu turno, significa a aptidão, de um
elemento patrimonial, para se transformar em outro. Ora, o elemento
mais líquido é o dinheiro em caixa, porque – tendo curso forçado – pode
ser imediatamente trocado por (transformado em) qualquer outro
elemento. Ao contrário, um imóvel tem muito pouca liquidez, porque é
de difícil realização (difícil troca por outro elemento patrimonial).
No Ativo, portanto, as contas serão dispostas em ordem decrescente do
grau de liquidez dos elementos nelas registradas e agrupadas nos
seguintes grupos:
•Ativo Circulante;
•Ativo Realizável a Longo Prazo;
•Ativo Permanente:
•investimentos;
•imobilizado;
•diferido.

3.2.2.2 Passivo
Simplificadamente, o passivo evidencia toda a obrigação (dívida) que a
empresa tem com terceiros como – por exemplo:
- contas a pagar;
- fornecedores de matéria-prima (a prazo);
- impostos a pagar;
- financiamentos;
- empréstimos.
- títulos a pagar;
- salários a Pagar;
- encargos sociais a recolher;
- dividendos a pagar;

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- adiantamento de clientes;
- provisões para pagamento de tributos, férias, décimo terceiro
salário etc.
O passivo é uma obrigação exigível, isto é, no momento em que a dívida
vencer, será exigida (reclamada) sua liquidação. Por isso, é mais
adequado denominá-lo passivo exigível. É mister referenciar que não
constam do passivo as obrigações que ainda se encontram pendentes do
implemento de condições suspensivas6. De outra banda, já devem
figurar no passivo as obrigações existentes – ainda que somente
exigíveis no futuro – desde que já sejam conhecidas.
Outras denominações usuais para este grupo patrimonial são (a) passivo
real, (b) exigibilidades ou (c) capital de terceiros.
O passivo circulante integra, junto com o passivo exigível a longo prazo
(conceitos que serão tratados minuciosamente a seguir, nessa aula), o
chamado passivo real, qual seja, aquela parcela do passivo que
representa as obrigações da empresa para com terceiros.
No que diz respeito à disposição das contas do passivo, a lei das S/A
não é tão clara, quanto quando trata do ativo, mas, em seu art. 178 §
2o, indica que os grupos componentes do passivo deverão ser
apresentados na ordem crescente do prazo de exigibilidade, conforme a
seguir:
§ 2º No passivo, as contas serão classificadas nos
seguintes grupos:
a) passivo circulante;
b) passivo exigível a longo prazo;
c) resultados de exercícios futuros;
d) patrimônio líquido, dividido em capital social, reservas
de capital, reservas de reavaliação, reservas de lucros e
lucros ou prejuízos acumulados.
Assim, a classificação dos elementos (ou, pelo menos, dos grupos) do
passivo deve ser realizada com base no mesmo princípio que norteia a
classificação dos elementos do ativo – o prazo: (1) no ativo, o prazo de
realização, (2) no passivo, o prazo de exigibilidade.

6
Por condição entende-se um “evento futuro e incerto”. Assim, somente no momento
do implemento da condição a obrigação surgirá no patrimônio. Exemplificativamente,
se a empresa é fiadora de um terceiro, ainda não contraiu obrigação nenhuma;
somente no caso de inadimplência do terceiro é que surgirá – no patrimônio da
empresa – um passivo (obrigação de honrar o pagamento não realizado por aquele
terceiro).

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Ainda, no âmbito do passivo, existe um item patrimonial que apresenta
algumas características de passivo exigível e – ao mesmo tempo – de
patrimônio líquido: o item “Resultado de Exercícios Futuros”, definido no
art. 181 da Lei das S/A, abaixo:
Resultados de Exercícios Futuros
Art. 181. Serão classificadas como resultados de exercício
futuro as receitas de exercícios futuros, diminuídas dos
custos e despesas a elas correspondentes.

Os Resultados de Exercícios Futuros, portanto, de acordo com o disposto


na lei das S/A, consistem nos valores das receitas de exercícios futuros
(recebidas antecipadamente), diminuídas dos custos e despesas a elas
correspondentes.
Sob o aspecto contábil, trata-se de um grupo patrimonial bastante
restrito, que deve abrigar somente receitas já recebidas, mas que,
segundo o regime de competência, somente devem ser apropriadas ao
resultado em exercícios futuros. Daí sua denominação, sendo que
dessas receitas já devem estar deduzidos os custos e despesas
correspondentes incorridos e a incorrer.
Assim, classificam-se neste grupo somente os resultados futuros, mas
com uma ressalva importante:
- que não impliquem qualquer obrigação de prestações positivas
(tanto de dar algo, como de fazer alguma coisa), mas tão
somente a prestação negativa (de esperar que a receita esteja
auferida – pelo regime de competência –, ou seja, não fazer
nada no período futuro);
- em relação aos quais não haja qualquer tipo de obrigação em
devolvê-los por parte da empresa.
Existindo obrigação com terceiros, a classificação correta seria no
passivo circulante ou no passivo exigível a longo prazo, conforme a data
de vencimento.

3.2.2.3 Patrimônio líquido


O patrimônio líquido evidencia os recursos dos proprietários aplicados no
empreendimento. O investimento inicial dos proprietários (a primeira
aplicação) é denominado, Capital Inicial. Se houver outras aplicações
por parte dos proprietários (acionistas – no caso de S.A – sócios – no
caso de LTDA), estas constituirão acréscimo de capital.
O patrimônio líquido também é constituído por resultados obtidos pela
própria atividade da empresa. Estes resultados são denominados lucros

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– caso positivos – ou prejuízos – caso negativos – e irão compor as
contas de patrimônio líquido:
- lucros ou prejuízos acumulados;
- reservas de lucros.
Apenas a título de esclarecimento acerca do mecanismo de integração,
do lucro auferido, ao patrimônio, cabe referir que o lucro auferido pode
ser – em seguida – destinado aos sócios (na forma de dividendos a
pagar). Portanto, após integrar o patrimônio líquido, esse valor é dele
retirado, por conta da entrega dos dividendos aos sócios (acionistas). O
lucro auferido, em princípio passível de entrega aos sócios, pode ser
reinvestido pelos sócios na empresa, na forma de aumento de capital.
Metaforicamente, tanto o passivo quanto o patrimônio líquido podem ser
encarados como obrigações da empresa. O passivo exigível constitui
obrigação da empresa para com terceiros enquanto o PL constitui
obrigação da empresa para com seus sócios. O PL, no entanto, é
conhecido como passivo não exigível pois, por disposição de lei, ele não
pode ser exigido pelos seus sócios a não ser quando da dissolução da
empresa ou da saída do sócio. Desta forma, por não ser exigível, o PL é
conhecido por capital próprio.
Algebricamente é bastante fácil encontrar o PL, basta subtrair do ativo
(bens + direitos) as dívidas da empresa, ou seja, o passivo (exigível),
conforme esquematicamente a seguir:
ATIVO (-) PASSIVO (=) PATRIMÔNIO
LÍQUIDO

A lei das S/A classifica, nos termos de seu art. 182, como integrantes do
patrimônio líquido – simplificadamente – as seguintes contas (ou grupos
de contas):
- capital social;
- reservas de capital;
- reservas de reavaliação;
- reservas de lucros; e
- lucros ou prejuízos acumulados.

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3.2.3 Considerações sobre os grandes grupos de contas do Balanço
Patrimonial

3.2.3.1 O termo “passivo” segundo a lei das S/A


Pela lei das S/A, art. 178, o termo “passivo” possui conceito amplo, pois
abrange todo o lado direito do balanço patrimonial.
Art. 178. No balanço, as contas serão classificadas
segundo os elementos do patrimônio que registrem, e
agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a análise
da situação financeira da companhia.
...
§ 2º No passivo, as contas serão classificadas nos
seguintes grupos:
a) passivo circulante;
b) passivo exigível a longo prazo;
c) resultados de exercícios futuros;
d) patrimônio líquido, dividido em capital social, reservas
de capital, reservas de reavaliação, reservas de lucros e
lucros ou prejuízos acumulados.
Assim, nas demonstrações financeiras publicadas, observa-se que o
balanço patrimonial evidencia em seu cabeçalho apenas os termos
ATIVO e PASSIVO.
Todavia, a rigor, passivo (em sentido estrito) tem conotação de
obrigações exigíveis, dessa forma, o patrimônio líquido deve ser
classificado fora do subgrupo do passivo (em sentido estrito).

3.2.3.2 Avaliação do ativo


Via de regra, a avaliação do valor dos elementos do ativo, nos termos
do art. 183 da Lei das S/A, obedece a aplicação de dois princípios
fundamentais de contabilidade: (a) Registro pelo Valor Original e (b)
Prudência. A seguir, encontra-se reproduzido em parte o referido
artigo.
Art. 183. No balanço, os elementos do ativo serão
avaliados segundo os seguintes critérios:
I - os direitos e títulos de crédito, e quaisquer valores
mobiliários não classificados como investimentos, pelo
custo de aquisição ou pelo valor do mercado, se este
for menor; serão excluídos os já prescritos e feitas as
provisões adequadas para ajustá-lo ao valor provável de
realização, e será admitido o aumento do custo de
aquisição, até o limite do valor do mercado, para registro
de correção monetária, variação cambial ou juros
acrescidos;

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II - os direitos que tiverem por objeto mercadorias e
produtos do comércio da companhia, assim como
matérias-primas, produtos em fabricação e bens em
almoxarifado, pelo custo de aquisição ou produção,
deduzido de provisão para ajustá-lo ao valor de
mercado, quando este for inferior;
III - os investimentos em participação no capital social de
outras sociedades, ressalvado o disposto nos artigos 248 a
250, pelo custo de aquisição, deduzido de provisão
para perdas prováveis na realização do seu valor,
quando essa perda estiver comprovada como permanente,
e que não será modificado em razão do recebimento, sem
custo para a companhia, de ações ou quotas bonificadas;
IV - os demais investimentos, pelo custo de aquisição,
deduzido de provisão para atender às perdas
prováveis na realização do seu valor, ou para redução
do custo de aquisição ao valor de mercado, quando este
for inferior;
V - os direitos classificados no imobilizado, pelo custo de
aquisição, deduzido do saldo da respectiva conta de
depreciação, amortização ou exaustão;
VI - o ativo diferido, pelo valor do capital aplicado,
deduzido do saldo das contas que registrem a sua
amortização. (grifos na transcrição)
A leitura do dispositivo acima revela que o valor dos elementos
componentes do ativo deve ser determinado com base no seguinte
critério – resumidamente apresentado na seguinte expressão: “custo ou
mercado, dos dois o menor”. Por custo, entende-se o valor pago pela
aquisição do bem ou direito (o valor que esse bem ou direito “custou”
para a empresa). Por mercado, entende-se o valor que o mercado
avalia esse bem ou direito. No caso do valor de mercado ser inferior ao
custo, surge uma “perda na penumbra”, ou seja, a necessidade de
registro de uma provisão sobre o valor inicial do bem7.

3.2.3.3 Origens e aplicações


O lado do passivo, tanto o capital de terceiros (passivo exigível) como o
capital próprio (patrimônio líquido), representa toda a fonte de recursos,
toda a origem de capital. Em outras palavras, nenhum recurso novo
entra na empresa se não for através do passivo ou do patrimônio
líquido.
O lado do ativo é caracterizado pela aplicação dos recursos captados via
passivo e patrimônio líquido.

7
Sobre o conceito de provisão, ver aula 06 deste curso.

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Assim, se uma empresa:
a) tomar emprestado recursos de uma instituição financeira
(bancos, por exemplo), haverá uma origem de recursos –
passivo.
b) Arrecadar valores dos sócios, para – por exemplo –
aumento de capital, haverá uma origem de recursos –
patrimônio líquido.
Todavia, esses recursos originados serão aplicados em algum lugar.
Tais recursos se tornarão bens ou direitos da empresa, portanto serão
aplicados em seu ativo (estoques, máquinas, etc.).
Dessa forma, fica bastante simples entender porque o ativo será sempre
igual ao passivo – em sentido amplo – (mais propriamente à soma do
passivo com o patrimônio líquido). A empresa somente pode aplicar em
seu patrimônio aquilo que tem uma origem e todo recurso originado
para a empresa deverá ser aplicado elemento de seu patrimônio.
Mais uma vez, recorrendo à nossa metáfora acerca do patrimônio (que o
considera como uma “caixa de areia”), fica fácil visualizar que o total de
areia “aplicado” nos montinhos patrimoniais representativos do ativo é
originado (e, portanto, idêntico em valor) do total de areia “escavado”
dos buracos patrimoniais representativos do passivo e do patrimônio
líquido.
Em outras palavras, o passivo e o PL são – em última análise – a origem
do ativo, conforme figura a seguir:

Ativo Passivo

Bens e Direitos Obrigações

--------------------------- Patrimônio Líquido

Bens e Direitos (-) Obrigações

3.2.3.4 Explicação da expressão balanço patrimonial


A expressão balanço decorre do equilíbrio: ATIVO = PASSIVO + PL ou
da igualdade ORIGENS = APLICAÇÕES. A expressão balanço
patrimonial decorre da idéia de equilíbrio do patrimônio (equilíbrio este
existente entre origens e aplicações).

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3.2.4 Grupos específicos de contas do balanço patrimonial
Neste item da matéria, serão apresentadas as definições, e feitas
considerações específicas sobre os seguintes grupos patrimoiais: (a)
Ativo Circulante; (b) Ativo Realizável a Longo Prazo; (c) Ativo
Permanente e seus subgrupos (c.1) Investimentos, (c.2) Imobilizado e
(c.3) Diferido; (d) Passivo Circulante e Passivo Exigível a Longo Prazo;
(e) Resultado de Exercícios Futuros e (f) Patrimônio Líquido.

3.2.4.1 Ativo Circulante


De acordo com o disposto no art. 179 da Lei da S/A, no balanço
patrimonial, o ativo circulante será composto por bens ou direitos
realizáveis no exercício seguinte, conforme abaixo:
Ativo
Art. 179. As contas serão classificadas do seguinte modo:
I - no ativo circulante: as disponibilidades, os direitos
realizáveis no curso do exercício social subseqüente e as
aplicações de recursos em despesas do exercício seguinte;
O correto entendimento desse dispositivo é de fundamental importância
para a classificação das contas (no circulante ou não), durante o
exercício. Para tal, é necessário ter em mente que a Lei das S/A dispôs
sobre a apresentação do balanço patrimonial – que é uma demonstração
a ser levantada ao final de cada exercício e, indiretamente, determinou
o critério para a classificação das contas de ativo circulante no momento
do lançamento contábil.
Portanto, no final de cada exercício, as contas referentes ao ativo
circulante deverão conter bens e direitos realizáveis até o final do
próximo exercício (o que – na data do fechamento do exercício –
corresponderá ao prazo de 12 meses). Mas, por: (1) esses bens e
direitos terem ingressado no patrimônio durante o exercício (portanto,
antes do levantamento do balanço patrimonial), e (2) o registro desses
bens e direitos ser obrigatoriamente realizado na data do ingresso
desses bens no patrimônio8; eles devem ser – imediatamente –
classificados no ativo circulante, mesmo que na data de sua aquisição o
prazo de realização ultrapasse o período de 12 meses (desde que a data
de realização esteja prevista para antes do final do próximo exercício).
Assim, exemplificando, a aquisição, em 03/04/2006, de um direito com
data de realização prevista para 03/12/2007 (portanto, 18 meses após),
deve ser registrada em uma conta do ativo circulante ou não? Vejamos,
no final do exercício (em 31/12/2006), esse direito terá um prazo de

8
Pela aplicação do princípio fundamental de contabilidade da “Oportunidade”.

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realização inferior a 12 meses – portanto deve esse direito deve, sim,
ser classificado no ativo circulante. Repare que, apesar de, no momento
de sua aquisição, o direito ter um prazo superior a 12 meses para sua
realização, sua data de realização é anterior ao final do próximo
exercício e, portanto, no momento do balanço patrimonial, o prazo de
realização será inferior a 12 meses.
Dessa forma, propomos uma regra simples, e de fácil aplicação, para
classificação de bens e direitos no ativo circulante: classificam-se – de
imediato – no ativo circulante os bens e direitos cuja realização ocorrerá
até o final do próximo exercício. No exemplo, o direito adquirido em
03/04/2006 deverá ser realizado em 03/12/2007, portanto antes do
final do próximo exercício (que somente ocorreria em 31/12/2007),
cabendo sua classificação – imediata – no ativo circulante.
Recapitulando, por ativo circulante, entende-se o grupo onde serão
classificados os seguintes itens: (1) disponibilidades, (2) bens e direitos
realizáveis até o término do exercício social subseqüente e (3) as
aplicações de recursos em despesas do exercício seguinte.
Cabe, entre uma breve observação, sobre uma situação específica – e
rara: o balanço intermediário.
Algumas empresas podem estar obrigadas a elaborar um Balanço
patrimonial intermediário, ou seja, em data anterior à do encerramento
do exercício (por determinação do estatuto, ou da lei – por conta da
atividade da empresa). No caso, a classificação das contas no
circulante, ou no longo prazo, deve levar em consideração os 12 meses
seguintes à data de elaboração desse balanço intermediário. Assim, no
balanço intermediário, uma conta que tenha prazo de realização
terminando antes do final do exercício seguinte pode – eventualmente –
ter de ser demonstrada no Ativo Realizável a Longo Prazo (basta que
seu prazo de realização seja superior a 12 meses, contados da data do
balanço intermediário).
O ativo circulante é dividido em:
- disponibilidades
- Investimentos temporários
- Créditos a receber
- Estoques
- Despesas antecipadas
Adiante, nessa aula, estudaremos cada um dos grupos componentes do
ativo circulante.

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3.2.4.2 Ativo Realizável a Longo Prazo

3.2.4.2.1 Regra geral


São classificáveis no Ativo Realizável a Longo Prazo contas da mesma
natureza daquelas classificáveis no Ativo Circulante. Entretanto, tais
contas têm a especial característica de que sua realização, certa ou
provável, somente ocorrerá após o término do exercício seguinte. Essa
situação enseja, normalmente, a realização num prazo superior a um
ano a partir da data do balanço, nos termos do art. 179 da Lei das S/A a
seguir reproduzido – em parte:
Art. 179. As contas serão classificadas do seguinte modo:
...
II - no ativo realizável a longo prazo: os direitos realizáveis
após o término do exercício seguinte, ...;
Essa, portanto, é a regra geral: o prazo de realização serve de termo
divisório entre o Ativo Circulante e o Ativo Realizável a Longo Prazo.
Entretanto, há dois casos especiais de classificação de contas no Ativo
Realizável a Longo Prazo, em detrimento do Ativo Circulante, e vice-
versa: (a) transações não operacionais entre a empresa e sócios,
coligadas, controladas, diretores e outros participantes do resultado e
(b) empresas com ciclo operacional superior a 12 meses.

3.2.4.2.2 Primeira exceção – direitos relativos a transações


não operacionais, realizadas com partes relacionadas
De acordo com a parte final do inciso II do art. 179 da Lei das S/A, os
direitos derivados de vendas, adiantamentos ou empréstimos a
sociedades coligadas ou controladas, diretores, acionistas ou
participantes no lucro da companhia, que não constituírem negócios
usuais na exploração do objeto da companhia.
Art. 179. As contas serão classificadas do seguinte modo:
...
II - no ativo realizável a longo prazo: os direitos ...
derivados de vendas, adiantamentos ou empréstimos a
sociedades coligadas ou controladas (artigo 243),
diretores, acionistas ou participantes no lucro da
companhia, que não constituírem negócios usuais na
exploração do objeto da companhia;
Antes de analisar o dispositivo acima (e entender seu objetivo), faz-se
necessário precisar o conceito de dois termos – novos – nele utilizados:
(a) sociedades controladas e (b) sociedades coligadas. Sociedades
controladas são aquelas nas quais uma nossa empresa possui, de modo
permanente, a maioria dos votos em Assembléia de Acionistas (por ter

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poder sobre a maioria das ações com direito a voto) e a possibilidade de
nomear/destituir a maioria dos administradores9. Sociedades coligadas
são aquelas em que uma possui, pelo menos 10% do capital da outra,
sem controlá-la.
Esclarecidos os termos utilizados, vamos contextualizar o dispositivo
legal (para que seja possível entender sua finalidade). Assim, cabe
dizer que a Lei das S/A, preocupada em garantir que as empresas
apresentassem seu patrimônio de modo claro para os usuários da
contabilidade – privilegiando a essência, em detrimento da forma – não
permitiu que um direito (da empresa) contra uma pessoa com ela
relacionada fosse registrado como algo que a empresa tenha a
possibilidade de exigir no curto prazo (em pouco tempo). Isso está de
acordo com o que acontece na vida real: geralmente, as pessoas não
exigem valores daqueles que estão intimamente com elas relacionados.
Portanto, se a empresa tivesse, por exemplo, o direito de receber um
valor de seu diretor (referente a um contrato de empréstimo, cuja data
formalizada para pagamento fosse ocorrer em dois meses) e o diretor,
eventualmente, não pagasse o valor na data formalizada – em contrato
– para seu pagamento, muito dificilmente a empresa tentaria cobrar
esse valor pelos meios legais (até porque, muitas vezes, o responsável
pela cobrança de valores para a empresa pode ser o próprio diretor).
Então, a lei, para evitar que os usuários da contabilidade, ao analisar as
demonstrações do patrimônio da empresa (notadamente o Balanço
Patrimonial), fossem enganados, contando com a existência de um
direito a ser realizado (cobrado) no curto prazo, que, na realidade, iria
demorar muito para ser exigido, determinou que tais direitos fossem
classificados no Ativo Realizável a Longo Prazo, independentemente do
prazo formalizado para seu recebimento/realização.
Um exemplo – bem humorado –, que serve para fixar o conceito,
encontra-se a seguir.
Suponha que o diretor de uma empresa denominada Tamancos e
Tamancos S/A (cujo objeto consiste em “comprar tamancos em Novo
Hamburgo/RS10 e revendê-los a portugueses, na Praça dos Açorianos11”)
desejasse contrair um empréstimo, dessa empresa, para comprar um

9
Sobre o conceito de controle societário (direito/indireto) ver aula sobre Participações
Societárias – Método da Equivalência Patrimonial – adiante neste curso.
10
Novo Hamburgo é uma cidade próxima à Porto Alegre (capital do Rio Grande do
Sul), que consiste em um pólo calçadista, no estado.
11
A praça dos Açorianos, em Porto Alegre, é uma praça em homenagem à imigração
portuguesa (vinda da Ilha dos Açores) que consistiu na primeira colonização da atual
capital do Estado do Rio Grande do Sul.

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BMW, para seu uso pessoal. Imaginem a situação: o diretor, dirigindo-
se à empresa, para pedir um empréstimo – para pagamento em seis
meses, seria recebido por ele mesmo e realizaria o pedido do
empréstimo a ele mesmo (na condição de mandatário da empresa).
Ninguém, em sã consciência, acreditaria que, se o diretor não
conseguisse pagar esse empréstimo, ele envidaria esforços (em
benefício da empresa) para cobrar essa dívida dele mesmo
(prejudicando a si próprio).
É por essa razão que esse empréstimo deve ser classificado no Ativo
Realizável a Longo Prazo (porque a empresa não tem – presumidamente
– interesse em cobrá-lo na data formalizada). Repare que, no caso de
empréstimos a terceiros não relacionados à empresa, a situação é bem
diferente: a empresa tem todo o interesse de o valor a ela devido seja
efetivamente entregue – conforme contratado.
Ao contrário, se essa mesma empresa vendesse tamancos a prazo, para
clientes em geral, e um de seus diretores adquirisse também tamancos
a prazo (nas mesmas condições dos demais clientes), o direito – da
empresa – de receber o valor de seu diretor, não seria imediatamente
classificado no Ativo Realizável a Longo Prazo, mas cairia na regra geral
(somente classificada no Ativo Realizável a Longo Prazo se sua
realização, certa ou provável, fosse prevista para após o término do
exercício seguinte). Essa disposição decorre do fato de que: (a) se a
empresa tratou seu diretor da mesma forma que trataria qualquer
terceiro não relacionado quando da operação que ensejou a entrada do
direito em seu patrimônio, (b) então presume-se que a empresa
também o tratará dessa forma no que diz respeito à exigência de
pagamento desse valor.
Repetindo, independentemente do prazo de vencimento, os créditos de
“coligadas ou controladas, diretores, acionistas ou participantes no
lucro”, oriundos de negócios não usuais na exploração do objeto da
companhia, devem ser também classificados no longo prazo, ou seja,
mesmo vencíveis ou com previsão de recebimento a curto prazo. Tais
contas seriam as que a companhia tiver a receber dessas pessoas,
oriundas, por exemplo, de:
- venda de bens do ativo imobilizado outros do ativo permanente;
- adiantamentos ou empréstimos para suprir necessidades de
caixa de empresas coligadas ou controladas;
- empréstimos ou adiantamentos a diretores e acionistas ou
outros participantes no lucro (detentores de partes beneficiárias
ou debêntures).

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Desta maneira, as duplicatas ou contas a receber da empresa contra
estas pessoas, derivadas da venda de produtos ou serviços típicos do
objeto da empresa, realizáveis dentro de um ano da data do balanço,
devem ser classificadas no ativo circulante.

3.2.4.2.3 Segunda exceção – empresas com ciclo


operacional superior ao exercício social
Uma segunda exceção, na utilização período relativo ao exercício social
como critério para classificação de bens e direitos – alternativamente –
no Ativo Circulante ou no Ativo Realizável a Longo Prazo, encontra-se
nas empresa cujo ciclo operacional (prazo compreendido entre o início
de uma operação e seu término) tiver duração maior do que o exercício.
Nesse caso, o termo divisório entre o Ativo Circulante e o Ativo
Realizável a Longo Prazo não é o exercício social, mas sim o ciclo
operacional, nos termos do art. 179, Parágrafo único, da Lei das S/A, a
seguir:
Art. 179. As contas serão classificadas do seguinte modo:
...
Parágrafo único. Na companhia em que o ciclo operacional
da empresa tiver duração maior que o exercício social, a
classificação no circulante ou longo prazo terá por base o
prazo desse ciclo.
Assim, nas empresas em que o ciclo operacional tiver duração maior do
que um exercício social, a classificação no circulante ou no longo prazo
terá por base o prazo desse ciclo operacional (e não o prazo do exercício
social – 1 ano). São poucas as empresas em que o ciclo operacional é
superior ao exercício social, como exemplo, podemos citar os estaleiros
navais e as empresas que constroem turbinas geradoras para usinas
hidroelétricas.
Veja que, do ponto de vista prático, em uma empresa que tenha ciclo
operacional superior a 1 ano, se um elemento que passar a integrar o
patrimônio, naquele momento ele deverá ser alternativamente
classificado no Ativo Circulante ou no Ativo Realizável a Longo Prazo se
o prazo previsto para sua realização for, respectivamente, inferior ou
superior ao ciclo operacional, a contar do final desse exercício.
Uma última referência – importantíssima –, que tem sido objeto de
confusão por parte de muitos estudantes, iniciantes na matéria: uma
empresa com ciclo operacional superior a 1 ano CONTINUA
TENDO O EXERCÍCIO SOCIAL COM 12 MESES. O que muda é, tão
somente, o termo divisório entre o Ativo Circulante e o Ativo Realizável
a Longo Prazo e não o prazo relativo ao exercício.

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3.2.4.2.4 Considerações finais sobre o Ativo Realizável a
Longo Prazo
Normalmente o Ativo Realizável a Longo Prazo representa um ativo não
muito significativo, comparado com os demais grupos patrimoniais do
Balanço Patrimonial, podendo inclusive ser apresentado por totais dos
seus subgrupos (com a indicação do valor das provisões
correspondentes). Se, por outro lado, seu valor for muito irrelevante,
pode ser indicado por um único valor no Balanço.

3.2.4.3 Ativo Permanente


O ativo Permanente é considerado o conjunto de bens e direitos (ativo)
adquirido, pela empresa, com intenção de permanência, ou seja, sem
previsão de alienação (permanente). Repare que o critério de
classificação do elemento patrimonial no ativo permanente é a intenção.
Assim:
a) se a intenção for de permanência (de não alienar o
elemento), a classificação deverá ser realizada no Ativo
Permanente;
b) se a intenção for de alienação (realização), a classificação
deverá ser realizada alternativamente no Ativo Circulante
(se a realização ocorrer antes do final do próximo
exercício) ou no Ativo Realizável a Longo Prazo (se a
realização ocorrer após o final do próximo exercício12).
Aqueles que já tiveram contato com a Contabilidade há mais de dez
anos devem estar lembrados de – à época – era aplicável o conceito de
Correção Monetária do Balanço. A Correção Monetária do Balanço
demandava (entre outras coisas) a atualização do valor do Ativo
Permanente (pelo índice legal de inflação), o que correspondia a uma
“receita” (saldo credor de Correção Monetária do Balanço), que
aumentava o lucro e, conseqüentemente, a base de cálculo dos tributos.
Naquela situação, era comum que contribuintes classificassem itens cuja
intenção fosse de permanência no Ativo Circulante – esperando não ter
que atualizá-los monetariamente e, assim, reduzir o valor do lucro
registrado (e, conseqüentemente, da base de cálculo dos tributos –
IRPJ/CSLL). Era naquela situação que a legislação determinava que, se
um determinado bem fosse registrado no Ativo Circulante sem
realização até o final do exercício, ele deveria ser reclassificado para o
Ativo Permanente e atualizado monetariamente, desde sua aquisição.

12
Ou conforme as duas exceções vistas no item anterior.

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Saliente-se que, com o final da Correção Monetária de Balanço, a
determinação legislativa referenciada no parágrafo anterior perdeu sua
razão de ser. Assim, repete-se, o critério – atual – único, para
classificação de elementos patrimoniais no Ativo Permanente é o da
intenção (de permanência).
O ativo permanente, portanto, compreende os bens e direitos que a
empresa não deseja ou não pode realizar, isto é, vender e transformar
em dinheiro.
Essas aplicações podem ser feitas com o objetivo de dar
operacionalidade à empresa – neste caso, compõem o grupo
imobilizado. Se não se destinarem à manutenção da atividade da
empresa, comporão o grupo investimentos. Existem ainda aplicações
em despesas que contribuem para a formação do resultado de exercícios
subseqüentes e não devem, portanto, ser apropriadas ao exercício em
que foram gastas. Neste caso, constituem o grupo diferido.
Cada um desses três grupos será estudado em separado, a seguir.

3.2.4.3.1 Ativo Permanente Investimentos


Investimentos de valores em elementos patrimoniais, com intenção de
permanência, são classificados em título especial à parte, no Balanço
Patrimonial, denominado ativo Permanente INVESTIMENTOS.
O artigo 179 da Lei das S/A estabelece como as contas serão
classificadas, definindo, no seu item III, que ficam classificadas em
investimentos: as participações permanentes em outras sociedades e os
direitos de qualquer natureza, não classificáveis no ativo circulante e
que não se destinem à manutenção da atividade da companhia ou da
empresa, conforme a seguir reproduzido:
Art. 179. As contas serão classificadas do seguinte modo:
...
III - em investimentos: as participações permanentes em
outras sociedades e os direitos de qualquer natureza, não
classificáveis no ativo circulante, e que não se destinem à
manutenção da atividade da companhia ou da empresa;

Verifica-se, por este texto, que, no subgrupo Ativo Permanente


Investimentos deverão constar elementos não classificáveis no ativo
circulante. Isso é uma decorrência do próprio conceito de Ativo
Permanente (que somente abrange itens cuja intenção seja de não
alienação), assim, somente itens que não se enquadrem no conceito de
Ativo Circulante (com prazo de realização previsto) podem ser
registrados no Ativo Permanente Investimentos.

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Adicionalmente, o dispositivo legal faz uma referência a participações
permanentes em outras sociedades. Por participações permanentes em
outras sociedades entende-se, basicamente: (a) ações de companhias;
e (b) cotas do capital de sociedades limitadas. Tais participações (ações
ou cotas) dão, à empresa, direito a uma fração ideal do patrimônio da
pessoa jurídica investida, bem como de seus lucros e sua administração.
Assim, se uma empresa é detentora de ações (ou cotas de capital)
referentes a outra empresa, ela tem direito a parte do respectivo
patrimônio, resultado e administração.
Seja o exemplo de uma holding (empresa que tem por objeto – tão
somente – a participação no capital de outras pessoas jurídicas), que
possui – em seu patrimônio – ações e cotas de outras pessoas jurídicas.
Essas ações e quotas consubstanciam direitos da holding que deverão
ser classificados em seu Ativo Permanente Investimentos.
Existem basicamente dois métodos de avaliação desses direitos,
relativos a investimentos:
- o método de custo;
- o método da equivalência patrimonial.
O método de custo é adotado para os investimentos menores e o
método da equivalência patrimonial para os mais significativos –
importantes, em termos do nível de participação acionária na investida e
de sua relevância na investidora. Esses investimentos (em ações ou
cotas de capital de outras pessoas jurídicas), por sua importância, será
objeto de estudo em separado, em aula específica, adiante neste curso.
Finalmente, o dispositivo legal em tela refere-se também a direitos de
qualquer natureza, não classificáveis no ativo circulante, e que não se
destinem à manutenção da atividade da companhia ou da empresa.
Nesse diapasão, classificam-se também no Ativo Permanente
Investimentos quaisquer bens ou direitos não utilizados na atividade fim
da empresa, como – por exemplo: (a) jóias, (b) obras de arte e (c)
imóveis para renda.
Os valores registrados no ativo permanente investimentos, portanto,
deverão ser os seguintes:
a) Participações permanentes em outras sociedades – que têm por
características de aplicação de capital que não seja de forma
temporária ou especulativa, existindo a intenção de
permanência, ou seja, de usufruir dos rendimentos
proporcionados por esses investimentos. Estes investimentos
podem ser voluntários ou oriundos de incentivos fiscais.
b) Outros investimentos permanentes como imóveis de aluguel ou
obras de arte.

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Repare – e isso é importante – que, quando se trata de participações
permanentes (ações ou quotas), não é necessário que elas não estejam
sendo utilizadas na atividade fim da empresa. Essa condição somente é
necessária à classificação no Ativo Permanente Investimentos para os
demais itens (jóias, imóveis de aluguel e obras de arte).

3.2.4.3.2 Ativo Permanente Imobilizado


Segundo a lei das S/A, classificam-se no ativo imobilizado as contas
representativas dos elementos patrimoniais que tenham por objeto bens
destinados à manutenção das atividades da Companhia, ou exercidos
com essa finalidade, inclusive os de propriedade industrial ou comercial,
conforme consta de seu art. 179:
Art. 179. As contas serão classificadas do seguinte modo:
...
IV - no ativo imobilizado: os direitos que tenham por
objeto bens destinados à manutenção das atividades da
companhia e da empresa, ou exercidos com essa
finalidade, inclusive os de propriedade industrial ou
comercial;

Assim, nesse subgrupo do ativo incluem-se todos os bens que a


empresa possui com a intenção de mantê-los e que se destinem ao
funcionamento da sociedade ou de seu empreendimento, bem como os
direitos exercidos com esta finalidade.
O estudo deste subgrupo também é de importância fundamental para o
entendimento da contabilidade e, portanto, este grupo será estudado
em item específico, adiante, neste material (juntamente com os
conceitos a ele relacionados – depreciação e reavaliação).

3.2.4.3.3 Ativo Permanente Diferido


No ativo diferido serão classificadas as aplicações de recursos em
despesas que contribuirão para a formação do resultado de mais de um
exercício social, inclusive os juros pagos ou creditados aos acionistas
durante o período que anteceder o inícios das operações sociais,
conforme consta da Lei das S/A, em seu art. 179, V, a seguir:
Art. 179. As contas serão classificadas do seguinte modo:
...
V - no ativo diferido: as aplicações de recursos em
despesas que contribuirão para a formação do resultado de
mais de um exercício social, inclusive os juros pagos ou
creditados aos acionistas durante o período que anteceder
o início das operações sociais.

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O entendimento deste grupo patrimonial demanda, alem do raciocínio


propriamente dito, uma capacidade de imaginação13. A expressão
utilizada no dispositivo normativo em comento “aplicações de recursos
em despesas” refere-se a gastos; um gasto é – em princípio – uma
aplicação de valores para fora do patrimônio, ou seja, algo que se perde
do patrimônio reduzindo-o (despesa). Porém, há vários gastos que não
ensejam imediata redução do patrimônio e que redundam na aquisição
de direitos14. É com base na idéia de um gasto necessário para a
aquisição de um direito (o direito de ter lucro nos exercícios vindouros)
que o Ativo Permanente Investimentos deve ser encarado.
Um ilustrativo exemplo do conceito de ativo diferido é o do conjunto de
gastos suportados por um laboratório farmacêutico, na pesquisa da
fórmula de um novo produto milagroso (que cure – ao mesmo tempo –
a calvície e a impotência sexual). Não resta dúvida de que, no processo
de pesquisa, há vários desembolsos (para aquisição e utilização de
material de laboratório, para pagamento de salários de pesquisadores e
voluntários – velhinhos carecas – para testes, utilização de instalações,
etc.).
Em uma situação normal (fora do escopo de pesquisa), esses
desembolsos não estão diretamente relacionados ao aparecimento, no
patrimônio, de bens e, portanto, poderiam ser vistos como valores
aplicados para fora do patrimônio (despesas). Porém, ninguém duvida
de que esses esforços patrimoniais (pagamentos) consistem no “preço
da aquisição do direito a ter lucro – no futuro – explorando
comercialmente a fórmula que está sendo pesquisada”. Assim, não se
trata, imediatamente, de despesas, mas de pagamentos (aplicação) de
valores na aquisição do direito de ter lucro (em exercícios vindouros).
Somente nos exercícios em que espera-se usufruir os lucros previstos,
os valores pagos e classificados no Ativo Permanente Diferido, pelo
regime de competência, irão constituir despesas (despesas de
amortização – que serão estudadas em aula própria, adiante deste
curso, juntamente com os conceitos de depreciação e exaustão).
Os ativos diferidos caracterizam-se por:

13
Estou, cada vez mais, convencido de que poetas teriam grande facilidade para
entendimento das convenções e critérios utilizados na definição da nomenclatura
utilizada pela Contabilidade – tratam-se de metáforas acerca do patrimônio.
14
Nesse sentido, ver aula 01 deste curso – princípio da competência.

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a) serem em regra geral intangíveis, sujeitos a amortização
durante o período de tempo em que contribuírem para a
formação do resultado da empresa;
b) compreenderem despesas incorridas durante o período de
desenvolvimento, construção e implantação de projetos,
anteriores ao início das operações sociais (fase pré-operacional);
c) por compreenderem ainda as despesas incorridas com pesquisas
e desenvolvimento de novos produtos, métodos e fórmulas de
fabricação, modernização e reorganização da empresa;
d) não incluírem bens corpóreos, mesmo aqueles utilizados na fase
pré-operacional ou na que anteceda ao lançamento comercial de
novos produtos, os quais deverão ser classificados no ativo
imobilizado;
Obs.: em alguns casos raros, todavia, o ativo diferido pode conter
gastos com bens corpóreos, desde que, por si mesmos, tais bens não
tenham utilidade de exploração para a empresa tais como protótipos.
e) não se confundirem com as despesas pagas antecipadamente,
classificáveis no ativo circulante ou realizável a longo prazo,
porque essas consistem em direitos exigíveis de terceiros e,
quando de sua utilização, serão apropriados como despesas,
porém, nesse caso, não há um direito propriamente exigível de
um terceiro, mas (tão somente) um “direito a ter lucro no
futuro”.
Exemplificativamente, se uma empresa contrata um seguro contra
incêndio de suas instalações e paga os prêmios antecipadamente,
adquire o direito de ter suas instalações protegidas por um período de
tempo (podendo receber uma indenização caso ocorra um sinistro com o
imóvel naquele período). Assim, as despesas antecipadas consistem em
direitos, que se transformam em despesas à medida que flui o prazo
contratual, enquanto o ativo diferido se compõe de verdadeiros gastos
que aguardam o tempo próprio para serem computadas no resultado.

3.2.4.4 Passivo Exigível – Circulante e Exigível a Longo


Prazo
No art. 180 da Lei das S/A consta que as obrigações da companhia,
inclusive financiamentos para aquisição de direitos do ativo permanente,
serão classificados no passivo circulante, quando vencerem no exercício
seguinte, e no passivo exigível a longo prazo, se tiverem vencimento em
prazo maior, observado o disposto no parágrafo único do art. 179, nos
termos a seguir reproduzidos:
Passivo Exigível

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Art. 180. As obrigações da companhia, inclusive
financiamentos para aquisição de direitos do ativo
permanente, serão classificadas no passivo circulante,
quando se vencerem no exercício seguinte, e no passivo
exigível a longo prazo, se tiverem vencimento em prazo
maior, observado o disposto no parágrafo único do artigo
179.

O passivo agrupa contas de acordo com o seu vencimento, isto é,


aquelas contas que serão liquidadas mais rapidamente integram um
primeiro grupo. Aquelas que serão pagas num prazo mais longo
formam outro grupo.
Existe analogia entre passivo e ativo em termos de liquidez decrescente;
por um lado, no ativo aparecem as contas que se converterão mais
rapidamente em dinheiro e, por outro lado, no passivo, são destacadas,
prioritariamente as contas que devem ser pagas primeiro.
A referência ao parágrafo do art. 179 diz respeito à mudança nos
conceitos de curto e longo prazos, quando o ciclo operacional da
empresa é superior a um exercício social, à semelhança do que ocorre
entre o Ativo Circulante e o Ativo Realizável a Longo Prazo. Neste caso,
o curto prazo passa a compreender os direitos realizáveis e as
obrigações vencíveis até o término do ciclo operacional, contados da
data da apresentação do Balanço Patrimonial.
Retomando os conceitos inicialmente expostos nesse item, verificamos
que o circulante e o passivo exigível a longo prazo formam as
exigibilidades; por isso, o conjunto desses dois grupos também é
conhecido, genericamente, como passivo exigível.
Uma confusão, que deve ser – de pronto – afastada, consiste na
tentativa (errônea) de aplicação, ao critério de classificação de contas
(alternativamente) no Passivo Circulante ou no Passivo Exigível a Longo
Prazo, dos conceitos (aplicáveis ao Ativo Circulante e Ativo Realizável a
Longo Prazo) relativos às transações não operacionais entre a empresa
e partes relacionadas (acionistas, controladas, coligadas,
administradores ou outros participantes do resultado). É mister
esclarecer que essa exceção não se aplica ao Passivo, sendo
somente aplicável ao ativo. Por dois motivos:
a) o primeiro, formal – não há nenhum dispositivo nesse
sentido, nos artigos em que a Lei das S/A trata do passivo
(mas somente quando ela trata do ativo) e;
b) o segundo, material – resta claro que seria esperado que
uma empresa (ao demonstrar seu patrimônio) não
apresentasse a existência de um direito a receber no curto

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prazo que – presumidamente – não teria interesse em
cobrar (de parte a ela relacionada), sendo apropriada a
apresentação desse direito no longo prazo; mas, de forma
nenhuma, seria esperado que uma empresa (ao
demonstrar seu patrimônio) não explicitasse no curto
prazo uma obrigação por ela contraída para pagamento no
curto prazo (ainda que para uma parte a ela
relacionada)15.

3.2.4.5 Resultados de Exercícios Futuros


Nos termos do art. 181 da Lei das S/A (a seguir transcrito), são
classificadas como resultados de exercícios futuros as receitas de
exercícios futuros, diminuídas dos custos e despesas a elas
correspondentes.
Art. 181. Serão classificadas como resultados de exercício
futuro as receitas de exercícios futuros, diminuídas dos
custos e despesas a elas correspondentes.
Devem compor este grupo as receitas recebidas ou faturadas
antecipadamente que não corram o risco de devolução por parte da
empresa, tais como aluguel recebido antecipadamente (com cláusula de
não reembolso). Os adiantamentos com risco de devolução devem ser
registrados no passivo circulante ou exigível a longo prazo.
Alguns autores propõem a eliminação deste grupo por: (1) sua pequena
utilização ou (2) sob a alegação de que não há qualquer valor recebido
antecipadamente que não enseje uma obrigação, portanto, a receita
recebida antecipadamente seria sempre um passivo exigível. Teorias à
parte, resta claro que a Lei das S/A definiu este grupo patrimonial e,
assim, nosso estudo irá levá-lo em consideração.
São exemplos de valores passíveis de registro no grupo patrimonial
Resultado de Exercícios Futuros:
- aluguel recebido antecipadamente;
- comissão recebida por instituição financeira, por concessão de
empréstimo - a ser apropriada pelo prazo do mesmo.
Um exemplo esclarecedor de utilização de contas do grupo patrimonial
Resultados de Exercícios Futuros consiste no arrendamento de uma
fazenda, para desenvolvimento (por parte de terceiros) de uma

15
No final das contas, apesar de se tratar de aplicação direta da Lei das S/A,
materialmente esses dispositivos estão de acordo com o Princípio Fundamental de
Contabilidade da Prudência.

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atividade, por tempo determinado, com pagamento antecipado. A
seguir, encontra-se a descrição do exemplo proposto.
Seja uma empresa (utilizaremos a empresa Tamancos e Tamancos S/A)
que tenha em seu Ativo Permanente Investimentos uma fazenda, não
utilizada em suas atividades fim, e deseje arrendar esta fazenda para
terceiros – pelo prazo de 5 (cinco) anos. Seja, também, uma pessoa
que esteja interessada em desenvolver uma atividade (como, por
exemplo, criação de avestruzes) e deseje arrendar a fazenda
(pertencente à empresa Tamancos e Tamancos S/A) para essa
atividade. Nesse caso, o interessado e a empresa Tamancos e
Tamancos S/A podem contratar um arrendamento, sem previsão de
devolução de valores, em que: (a) o interessado entrega – de pronto –
o valor de R$ 50.000,00, para aquisição do direito de utilização da
fazenda pelo prazo de 5 (cinco) anos e (b) a empresa Tamancos e
Tamancos S/A se compromete a entregar a fazenda, “de porteira
fechada”, ao interessado por esse prazo.
Repare que no patrimônio da empresa surge dinheiro (R$ 50.000,00),
mas não surge uma obrigação (de dar algo – porque a fazenda já foi
entregue, de fazer algo – porque a única coisa que deve ser feita é
esperar os cinco anos, nem de devolver o dinheiro). Assim, parece que
o patrimônio aumentou, mas – pelo regime de competência – isso ainda
não ocorreu. Dessa forma, a contrapartida do valor recebido se
enquadra, perfeitamente, na definição de Resultados de Exercícios
futuros.
À medida que o tempo for passando, a empresa Tamancos e Tamancos
S/A terá cumprido o que havia prometido fazer, ou seja, permitir que o
interessado utilize a fazenda na sua atividade. Será, portanto, também,
à medida que o tempo for passando, que o valor antes recebido deverá
ser registrado com receita de arrendamento auferida, em contrapartida
dos Resultados de Exercícios Futuros.
Repare que as situações típicas de Resultados de Exercícios Futuros,
acima apresentadas exemplificativamente, não se confundem com
aquelas relativas aos recebimentos adiantados por conta de serviços
ainda não prestados (ou bens ainda não entregues), pois nesse caso há
uma efetiva obrigação para com terceiros. Na existência de obrigação,
a contabilização será feita no Passivo Exigível, como nos seguintes
exemplos:
- adiantamento recebido de clientes por fornecimento de bens;
- adiantamento recebido de clientes por fornecimento de
serviços;
- adiantamento recebido de clientes por obras por empreitada.

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As empresas que desenvolvem as atividades de compra e venda,
loteamento, incorporação e construção de imóveis são, provavelmente,
as que mais utilizam as contas de Resultados de Exercícios futuros, mas
por imposição fiscal. Essa situação tem sido objeto de crítica, de parte
de vários autores, por estar em desconformidade com os princípios
fundamentais de contabilidade. Nosso curso, de Contabilidade Geral,
não trata especificamente do assunto (há disposições específicas
relativas à contabilização dessas atividades), portanto, não iremos nos
deter na discussão. Cabe, entretanto, uma breve referência a essas
críticas.
As disposições fiscais determinam, nos arts. 410 a 413 do Decreto
3.000, de 1999 (Regulamento do Imposto de Renda – RIR/99), para
quem quiser postergar o pagamento do Imposto de Renda, o uso de
procedimentos que não compatíveis com a lei das S/A.
Recordando, a aplicação do regime de competência implica, na
determinação do resultado do exercício, que sejam computados: (a) as
receitas e os rendimentos ganhos no período, independentemente da
sua realização em moeda; e (b) os custos, despesas, encargos e perdas,
pagos ou incorridos, correspondentes a essas receitas e rendimentos.
O dispositivo fiscal, entretanto, determina o registro das receitas de
vendas a prazo de unidades imobiliárias no grupo patrimonial
Resultados de Exercícios Futuros, e sua apropriação (como receita do
exercício) à proporção do recebimento do valor da venda. O uso
diferenciado dado ao grupo patrimonial Resultados de Exercícios Futuros
pela legislação fiscal é diverso daquele inicialmente previsto pela Lei das
S/A. Autores entendem que isso (que eles entendem ser um equívoco)
deve ter tido como origem o fato de existirem alguns tipos de negócios
com imóveis nos quais a fase mais difícil seja a do recebimento.

3.2.4.6 Patrimônio Líquido


O Patrimônio Líquido consiste num grupo de contas que representa a
diferença entre os bens/direitos e as obrigações.
Conforme já visto, o Patrimônio Líquido é também conhecido como
capital próprio, por ser o valor a que os sócios têm direito – ao final da
existência da azienda. De acordo com esse ponto de vista, o Patrimônio
líquido pode representar as “obrigações”, da empresa para com seus
sócios.
A lei das S/A, em seu art. 182, classifica como integrantes do
patrimônio líquido as seguintes contas (ou grupos de contas): (a) capital
social; (b) reservas de capital; (c) reservas de reavaliação; (d) reservas
de lucros e (e) lucros ou prejuízos acumulados; nos termos a seguir
transcritos:

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Patrimônio Líquido
Art. 182. A conta do capital social discriminará o montante
subscrito e, por dedução, a parcela ainda não realizada.
§ 1º Serão classificadas como reservas de capital as contas
que registrarem:
a) a contribuição do subscritor de ações que ultrapassar o
valor nominal e a parte do preço de emissão das ações
sem valor nominal que ultrapassar a importância destinada
à formação do capital social, inclusive nos casos de
conversão em ações de debêntures ou partes beneficiárias;
b) o produto da alienação de partes beneficiárias e bônus
de subscrição;
c) o prêmio recebido na emissão de debêntures;
d) as doações e as subvenções para investimento.
§ 2° Será ainda registrado como reserva de capital o
resultado da correção monetária do capital realizado,
enquanto não-capitalizado.
§ 3° Serão classificadas como reservas de reavaliação as
contrapartidas de aumentos de valor atribuídos a
elementos do ativo em virtude de novas avaliações com
base em laudo nos termos do artigo 8º, aprovado pela
assembléia-geral.
§ 4º Serão classificados como reservas de lucros as contas
constituídas pela apropriação de lucros da companhia.
§ 5º As ações em tesouraria deverão ser destacadas no
balanço como dedução da conta do patrimônio líquido que
registrar a origem dos recursos aplicados na sua aquisição.
Uma questão, que atormenta a mente daqueles que – pela primeira vez
– tentam cotejar o conceito de Patrimônio Líquido com a definição
normativa dos grupos de conta que o compõem, é a seguinte:
- Por que o valor de uma simples diferença (diferença entre
bens/direitos e obrigações – conforme definição do PL) deve ser
representado por tantos diferentes elementos
patrimoniais (O PL é representado por várias contas contábeis
– conforme determinado pela Lei das S/A)?
A resposta para essa questão é, relativamente, simples – porém, não é
intuitiva, qual seja:
- A razão para que tantas diferentes contas contábeis
representem (em seu conjunto) o valor de uma única diferença
(entre bens/direito e obrigações) é que, cada uma delas,
representa um dos motivos que ensejaram a existência
dessa diferença (entre bens/direitos e obrigações).

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Assim, se a diferença entre bens/direitos e obrigações é decorrente da
contribuição dos sócios para a formação do patrimônio da
empresa ela deve ser registrada (no PL) na conta Capital.
Outro exemplo seria, se a diferença entre bens/direitos e obrigações é
decorrente da atividade da própria empresa, que gerou lucros e
decidiu não os entregá-los aos sócios, na forma de dividendos,
mas reservá-los, no patrimônio ela deve ser registrada (no PL) na
conta de Reservas de lucro.
A seguir, em item próprio, analisaremos o significado e o
comportamento de cada uma das contas contábeis que compõem o
Patrimônio Líquido.

3.2.5 Plano de Contas Proposto – contas patrimoniais – para estudo


Pelo que foi até aqui apresentado, o Balanço Patrimonial deve ser
representado pelos seguintes grupos de contas patrimoniais:

Ativo Passivo
Ativo Circulante - AC Passivo Circulante - PC
----------------------------- -------------------------------
Passivo Exigível
Ativo Realizável A Longo Prazo - PELP Obrigações
a Longo Prazo - ARLP (Exigibilidades ou
Bens e Direitos ------------------------------- Capital de Terceiros)
(Patrimônio Bruto, ----------------------------- Resultados de Exercícios
Aplicações ou Futuros - REF
Investimentos) ----------------Patrimônio Líquido - PL
Ativo Investimentos Capital
Permanente Imobilizado Reservas de Capital Bens e Direitos
- AP Diferido Reservas de Reavaliação (-) Obrigações
Reservas de Lucro (Capital Próprio)
Lucros e Prejuízos Acumulados (LPA)
(-) Ações em Tesouraria

Legenda:
Ativo Circulante - AC: Bens e direitos realizáveis até o final do próximo exercício
Ativo Realizável a Longo Prazo - ARLP: Bens e direitos realizáveis após o final do próximo exercício
Ativo Permanente Investimentos - Apinv: Bens e direitos adquiridos com intenção de permanência, utilizados em atividade
diversa do objeto da empresa
Passivo Circulante - PC: Obrigações exigíveis até o final do próximo exercício
Passivo Exigível a Longo Prazo - PELP: Obrigações exigívies após o final do próximo exercício
Resultados de Exercícios Futuros - REF: Receitas recebidas antecipadamente, deduzidas dos respectivos custos, para as quais
(a) não haja obrigação de devolução, nem (b) necessidade de prestação positiva
Patrimônio Líquido - PL: Diferença entre Bens/Direitos e Obrigações

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A seguir, apresentamos um plano de contas16 exemplificativo – de uma
típica empresa comercial – para estudo do comportamento de cada uma
de suas contas patrimoniais componentes, apresentadas no Balanço
Patrimonial.
Aproveitamos a oportunidade para referir – mais uma vez – que não há
uma legislação que uniformize os nomes das contas. Assim,
dependendo da situação, sinônimos podem ser utilizados.

3.2.5.1 Contas de Ativo


Na tabela abaixo, encontra-se um resumo das contas contábeis
constantes do Ativo de uma empresa, juntamente com breve descrição
de sua função.

16
Ver o conceito de plano de contas na aula 03 desse curso.

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Classificação Descrição Obs.
1 Ativo bens e direitos da empresa
1.1 Ativo Circulante bens e direitos realizáveis até o término do exercício social subseqüente
1.1.1 Disponibilidades bens e direitos realizáveis imediatamente
1.1.1.1 Caixa
1.1.1.2 Depósitos bancários a vista
1.1.1.4 Aplicações de liquidez imediata
1.1.1.5 Numerários em trânsito
1.1.1.6 Saldos em moeda estrangeira

1.1.2 Investimentos temporários aplicações bancárias e outras realizáveis até o término do exercício subseqüente
1.1.2.1.2 Aplicações de renda fixa (deduzidas da respectia provisão para perdas)
1.1.2.1.3 Aplicações de renda variável (deduzidas da respectia provisão para perdas)
1.1.3 Contas a receber valores a receber de terceiros, dentro do exercício social
1.1.3.1 Clientes
1.1.3.1.1 Duplicatas a receber
Provisão para créditos de liquidação
1.1.3.1.2 duvidosa
1.1.3.1.3 Duplicatas descontadas
1.1.3.2 Outros créditos
1.1.3.2.1 Títulos a receber - promissórias
1.1.3.2.2 Cheques em cobrança
1.1.3.2.3 Dividendos propostos a receber
1.1.3.2.4 Bancos - contas vinculadas
1.1.3.2.5 Adiantamentos a terceiros
1.1.3.2.6 Créditos a funcionários
1.1.3.2.7 Impostos a recuperar

1.1.4 Estoques mercadorias para revenda, matéria prima para produção e material de consumo
1.1.5 Despesas antecipadas pagamentos antecipados de despesas que somente ocorrerão posteriormente
1.2 Ativo Realizável a Longo Prazo bens e direitos realizáveis após o término do exercício subseqüente
1.2.1 Créditos e Valores
1.2.1.1 Bancos – contas vinculadas
1.2.1.2 Contas a receber
1.2.1.3 Títulos a receber

Crédito de acionista, diretor, coligada ou


1.2.1.4 controlada (transações não operacionais)
1.2.1.5 Adiantamentos a terceiros
Provisão para devedores duvidosos
1.2.1.6 (conta credora)
1.2.1.7 Impostos a recuperar
Investimentos temporários a Longo
1.2.2 Prazo; títulos e investimentos não permanentes em outras sociedades
1.2.3 Despesas antecipadas
1.3 Ativo Permanente bens e direitos adquiridos com intenção de permanecer na empresa
1.3.1 Ativo Permanente Investimentos não utilizados para a consecução da atividade fim da empresa
participações permanentes em outras
1.3.1.1 sociedades
1.3.1.2 imóveis de aluguel
1.3.1.3 obras de arte
1.3.2 Ativo Permanente Imobilizado bens e direitos utilizados na consecução da atividade fim da empresa
1.3.2.1 terrenos e edificações
1.3.2.2 máquinas e equipamentos
1.3.2.3. depreciação amortização e exaustão
1.3.3 Ativo Diferido despesas pagas e que influenciarão o lucro de diversos períodos subseqüentes
1.3.3.1 despesas pré-operacionais

1.3.3.2 gastos com reestruturação administrativa


1.3.3.3 amortização

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3.2.5.2 Contas de Passivo / Patrimônio Líquido
Na tabela abaixo, encontra-se um resumo das contas contábeis
constantes do Passivo, Resultado de Exercícios Futuros e Patrimônio
Líquido de uma empresa, juntamente com breve descrição de sua
função.
Classificação Descrição Obs.
2 PASSIVO Obrigações da empresa com terceiros
obrigações exigíveis antes / depois do fim do
2.1 Passivo circulante e exigível a longo prazo exercício subseqüente
2.1.1 fornecedores
2.1.2 títulos a pagar

2.1.3 Dividendos propostos a pagar ou dividendos a pagar


2.1.4 Debêntures a pagar
2.1.5 salários a Pagar e encargos sociais a recolher
2.1.6 adiantamento de clientes
2.1.7 adiantamentos recebidos para aumento de capital
2.1.8 empréstimos e financiamentos bancários
2.1.9 provisões
2.1.10 participações no resultado.

Receitas já recebidas, referentes a exercícios


2.2 Resultados de exercícios futuros futuros e sem possibilidade de devolução
3 PATRIM ÔNIO LÍQUIDO Saldo entre bens e direitos e obrigações
3.1 capital social contribuição dos sócios

elementos patrimoniais sem qualquer


3.2 Reservas característica de exigibilidade atual ou futura
valores recebidos diretamente de sócios ou
3.2.1 reservas de capital terceiros
3.2.1.1 ágio na emissão de ações / quotas
3.2.1.2 Prêmio na emissão de debêntures
3.2.1.3 Doações e subvenções para investimentos
Alienação de partes beneficiárias e bônus de
3.2.1.4 subscrição
contrapartida de acréscimo de valor de bens do
3.2.2 reservas de reavaliação ativo decorrente de nova avaliação
parte do lucro reservado para finalidade
3.2.3 reservas de lucros específica
3.2.3.1 reserva legal
3.2.3.2 reserva para contingências
3.2.3.3 reserva de lucros a realizar
3.2.3.4 Reservas estatutárias
Reservas e lucros para planos de investimento
3.2.3.5 (retenção de lucros)
3.3 lucros ou prejuízos acumulados

3.4 Ações em tesouraria ações da companhia adquirida por ela própria

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3.2.6 Ativo Circulante
Conforme já visto, o Ativo Circulante é composto por bens ou direitos
realizáveis até o final do próximo exercício. A seguir, apresentaremos
cada um dos subgrupos componentes do Ativo Circulante: (a)
Disponibilidades; (b) Aplicações de Curto Prazo; (c) Créditos; (d)
Estoques e (d) Despesas Antecipadas; conforme determinado, nos
termos do art. 179 da Lei das S/A:
Art. 179. As contas serão classificadas do seguinte modo:
I - no ativo circulante: as disponibilidades, os direitos
realizáveis no curso do exercício social subseqüente e as
aplicações de recursos em despesas do exercício seguinte;

3.2.6.1 Disponibilidades
O conceito de disponibilidades alcança os elementos patrimoniais que
podem ser imediatamente realizados, por valor conhecido. Para análise
do conceito antes colocado e necessário considerar que o termo
“realizar” tem o significado de “transformar, um elemento patrimonial,
em outra coisa”17. Assim, classificam-se em “Disponibilidades” os
elementos patrimoniais passíveis de transformação em outros elementos
IMEDIATAMENTE, por um valor já conhecido.
O exemplo mais contundente, de elemento patrimonial passível de
classificação no grupo Disponibilidades, é o dinheiro em caixa, que por
ter “curso forçado”18 pode ser utilizado imediatamente – trocado por
qualquer outra coisa.
A Lei das S/A estabelece, no seu art. 178, que, no Ativo, as contas
serão dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez e, dentro
desse conceito, as contas de Disponibilidade são as primeiras a serem
apresentadas no Balanço. Repare que há referência expressa ao item
“Disponibilidades” no art. 179, da lei das S/A, que enumera os itens do
Ativo Circulante. A seguir, encontram-se transcritos, parcialmente, os
dois artigos citados:
Art. 178. No balanço, as contas serão classificadas
segundo os elementos do patrimônio que registrem, e
agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a análise
da situação financeira da companhia.

17
Não confundir os termos realizar, alienar e vender. Realizar é um termo genérico
(transformação de um elemento patrimonial em outra coisa); alienar é uma das
espécies do gênero realizar (transformação de um elemento patrimonial em outra
coisa, pela sua entrega a outrem – “alien”) e, finalmente; vender é uma espécie do
gênero alienar (entrega onerosa – não gratuita – de um bem a terceiros).
18
Ser, obrigatoriamente, aceito para pagamento – por força de lei.

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§ 1º No ativo, as contas serão dispostas em ordem
decrescente de grau de liquidez dos elementos nelas
registrados, nos seguintes grupos:
a) ativo circulante;
...
Art. 179. As contas serão classificadas do seguinte modo:
I - no ativo circulante: as disponibilidades, …

A intitulação Disponibilidades, dada pela Lei das S/A, portanto, é usada


para designar dinheiro em caixa e bancos, bem como valores
equivalentes, como cheques em mãos e em trânsito e que representam
recursos com livre movimentação pra aplicação nas operações da
empresa e para os quais não haja restrições para uso imediato.
Dentro desse conceito, as aplicações em títulos de liquidez imediata são
também classificáveis como Disponibilidades, devendo, todavia, se
mostradas em conta à parte.
Por disponibilidades podem ser consideradas as seguintes contas:
- Caixa;
- Depósitos bancários a vista;
- Numerários em trânsito;
- Aplicações de liquidez imediata
- Saldos em moeda estrangeira.
Os critérios de avaliação das disponibilidades não apresenta maiores
dificuldades. Seguindo o princípio do registro pelo valor original,
deve-se registrar o disponível pelo valor nominal constante dos
documentos correspondentes às respectivas transações.
Tratamento especial deve ser dado para os saldos em moeda
estrangeira, conforme será discutido adiante.

3.2.6.2 Aplicações de Curto Prazo – Investimentos


Temporários
Os investimentos temporários são representados pelas aplicações da
sobra de caixa da empresa em títulos e valores mobiliários, resgatáveis
dentro de um período de tempo compatível com as necessidades de
pagamento das obrigações da empresa.
No Brasil existem inúmeros tipos de títulos e formas disponíveis, no
mercado, para esse tipo de aplicação, tais como:
- títulos do Banco Central;
- títulos do Tesouro Nacional;

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- depósitos a prazo fixo;
- certificados de depósito bancário;
- ações adquiridas ou cotadas através de bolsas de valores;
- aplicações temporárias em ouro;
- fundos de investimentos de renda fixa ou variável, etc.
A classificação desses investimentos temporários deverá ser feita em
função do tipo de investimento, do prazo de resgate e considerando,
ainda, a própria intenção da empresa quanto à época em que pretende
resgatar os títulos.
É importante lembrar que esses ativos têm seu valor original atualizado
pelos respectivos rendimentos (com contrapartida em receitas
financeiras). Essa atualização gera um comportamento (ascendente) no
valor do ativo, denominado “curva do papel”.
Ocorre que, durante o período de maturação do investimento (entre sua
aplicação e seu resgate), pode ocorrer que o mercado (terceiros, em
geral), pelas mais diversas razões, não se disponha a pagar pelo título o
valor original, atualizado. Nessa situação, ocorre o fenômeno (por nós
já conhecido) de uma “perda na penumbra”. Nessa situação, faz-se
necessária a constituição de uma provisão para perdas em
investimentos.

3.2.6.3 Créditos – Contas a Receber


Créditos, em geral, representam valores a que a empresa poderá exigir
de alguém em algum momento futuro.
As contas a receber representam, normalmente, um dos mais
importantes ativos das empresas em geral. São valores a receber
decorrentes de vendas a prazo de mercadorias e serviços a clientes, ou
oriundos de outras transações. Essas outras transações, citadas, são
aquelas que não representam o objeto principal da empresa, mas são
normais e inerentes às suas atividades.
Por esse motivo, é importante a segregação dos valores a receber,
relativos ao seu objeto principal (CLIENTES), das demais contas, que
podemos denominar OUTROS CRÉDITOS. Essas contas são
normalmente realizáveis no decurso do exercício seguinte à data do
balanço e fazem parte, portanto, do ATIVO CIRCULANTE. Todavia,
podem ter vencimentos a longo prazo, em casos especiais de vendas a
prazo, quando então as parcelas recebíveis após o exercício seguinte
devem ser classificadas no Ativo Realizável a Longo Prazo.
Cumpre referir que os direitos componentes deste grupo patrimonial
devem estar registrados por seus valores originais e, eventualmente,

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deduzidos dos valores relativos a perdas em seu recebimento
(provisões).

3.2.6.4 Estoques
O estoque é grupo patrimonial que congrega elementos que
apresentam, às vezes, características diferentes. Assim, o estoque
alcança (a-1) bens adquiridos e (a-2) bens produzidos pela empresa;
destinados a (b-1) venda ou a (b-2) consumo. Repare que, no mesmo
grupo patrimonial – estoques – estão representados:
- bens adquiridos, para venda (mercadorias);
- bens produzidos, para venda (estoques);
- bens adquiridos, para consumo (almoxarifado);
- bens produzidos, para consumo (almoxarifado produzido) –
situação mais rara.
Além de sua diversificação e abrangência, os estoques representam um
dos ativos mais importantes do ativo circulante, também, por dois
motivos adicionais: (a) estarem ligados à atividade fim da empresa (no
caso de empresa comercial) e (b) serem passíveis de avaliação por
diferentes métodos – o que implica diferentes resultados, para a
empresa, dependendo do método utilizado.
Com relação ao motivo referenciado no item (a) do parágrafo anterior,
os estoques são importantes por estarem intimamente ligados às
principais áreas de operação das companhias e envolvem problemas de
administração, controle, contabilização e avaliação. Com relação ao
motivo referenciado no item (b), temos que o método de avaliação do
estoque pode influenciar o resultado (lucro) registrado da empresa.
Exemplificando o problema da avaliação do estoque, considere a
seguinte situação:
Seja nossa já conhecida empresa, Tamancos e Tamancos S/A, cujo
objeto consiste em “comprar tamancos em Novo Hamburgo/RS e
revendê-los a portugueses, na Praça dos Açorianos”. Considere que
essa empresa tenha adquirido um lote de 100 (cem) pares de tamancos
pelo preço unitário de R$ 10,00, cada par19. Nesse caso, o valor original
das mercadorias adquiridas (registrado na conta estoque) será de R$
10,00 (*) 100 = R$ 1.000,00.
Considere, ainda que a empresa, satisfeita com o produto, tenha
decidido adquirir mais um lote de 100 (cem) pares de tamancos.

19
Desconsidere, para fins de simplificação do exemplo, a incidência de tributos sobre a
circulação de mercadorias e o faturamento.

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Entretanto, o fornecedor informou que o valor do produto havia
aumentado para R$ 12,00 o par. Assim, foram adquiridos mais 100
(cem) pares de tamancos ao preço unitário de R$ 12,00, cada par e o
valor total agora registrado na conta estoque será de R$ 1.000,00 (+)
R$ 12,00 (*) 100 (=) R$ 2.200,00.
Finalmente, considere que a empresa Tamancos e Tamancos S/A tenha
vendido seu primeiro par de tamancos por R$ 15,00.
Agora, resta a pergunta: O par de tamancos vendido foi um daqueles
comprados no primeiro lote (por R$ 10,00); foi um daqueles comprados
no segundo lote (por R$ 12,00) ou teria sido um pé de cada lote (por R$
11,00 – na média)? A resposta a essa pergunta – no caso específico – é
impossível, visto que os tamancos de ambos os lotes são idênticos e
encontram-se (fisicamente) guardados juntos.
Ora, nesse caso, faz-se necessário utilizar um critério de avaliação do
valor do tamanco vendido, considerando que a legislação permite a
utilização de dois diferentes critérios, a saber: (a) PEPS – primeiro que
entre, primeiro que sai, ou (b) Média – média ponderada móvel.
Utilizando, alternativamente os diferentes critérios permitidos pela
legislação, os valores do lucro e do estoque remanescente após a venda
ficam alterados. A tabela a seguir ilustra a situação:

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Estoque inicial
Descrião quantidade valor unitário valor total
Valor inicial em estoque 100 10,00 1.000,00
100 12,00 1.200,00
2.200,00
Método PEPS
Apuração do lucro
Descrição Valor total
Valor da venda 15,00
(-) valor do tamanco vendido (10,00)
(=) lucro 5,00

Apuração do Estoque final


Descrição Valor total
Estoque inicial 2.200,00
(-) tamancos vendidos (10,00)
(=) estoque final 2.190,00
Método da Média Ponderada Móvel
Apuração do lucro
Descrição Valor total
Valor da venda 15,00
(-) valor do tamanco vendido (11,00)
(=) lucro 4,00

Apuração do Estoque final


Descrição Valor total
Estoque inicial 2.200,00
(-) tamancos vendidos (11,00)
(=) estoque final 2.189,00

Repare que, caso seja considerado que o primeiro tamanco comprado


seja o primeiro tamanco vendido, o lucro será registrado no valor de R$
5,00 e o estoque final ficará registrado no valor de R$ 2.190,00.
Diferentemente, caso seja considerado que o par de tamancos vendido
refere-se a um pé de cada lote comprado (média), o lucro será
registrado no valor de R$ 4,00 e o estoque final ficará registrado no
valor de R$ 2.189,00. Assim, a correta determinação do valor do
estoque, no início e no fim do período contábil, é essencial para uma
apuração adequada do lucro líquido do exercício.
Pela sua importância, este grupo patrimonial será estudado em
separado, em aula própria, adiante neste curso.

3.2.6.5 Despesas antecipadas


As aplicações de recursos em despesas do exercício seguinte (despesas
antecipadas) são classificadas no Ativo Circulante e geralmente
representam uma parcela não muito significativa, em comparação com
os demais ativos, motivo pelo qual, no Balanço, são normalmente
apresentadas pelo seu valor total. A razão da classificação de despesas

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antecipadas serem registradas no ativo reside no fato de que quando se
paga antecipadamente por algo, adquire-se o direito àquilo que foi pago.
Ora, todo direito (inclusive o de se exigir que a outra parte cumpra o
que combinou realizar – pelo que já foi pago) deve ser classificado no
ativo.
As despesas antecipadas, portanto, consistem em ativos e representam
pagamentos antecipados, cujos benefícios ou prestação de serviço à
empresa se farão durante o exercício seguinte.
Pelo conceito de liquidez, este é o último item apresentado no Ativo
circulante. Normalmente, todos os itens dessa natureza se referem a
despesas do exercício seguinte à data do balanço. Entretanto, em
alguns casos mais raros, poderemos ter pagamentos antecipados de
despesas cujos benefícios ou prestação dos serviços ocorram em prazos
ainda maiores. Nesse caso, a classificação no balanço deverá ser em
conta do Ativo Realizável a Longo Prazo.
Deve-se prestar atenção para não confundir a natureza das operações
classificáveis nesses subgrupos, seja no Ativo Circulante, seja no
Realizável a longo prazo com a natureza das operações classificáveis no
Ativo Diferido, que é parte do Ativo Permanente. As despesas pagas
antecipadamente, como já mencionado, são as despesas que
efetivamente e deforma objetiva pertencem ao exercício ou exercícios
seguintes. Não são ainda despesas incorridas. Por seu turno, no Ativo
Diferido (conforme já definido, quando analisado o ativo permanente)
incluem-se despesas já incorridas, pagas ou a pagar, mas que são
ativadas para serem apropriadas em exercícios futuros, pois contribuirão
para a formação dos resultados de exercícios futuros, tais como
pesquisas e desenvolvimento de produtos, despesas pré-operacionais
etc.
Como exemplo de despesas pagas antecipadamente, temos os prêmios
de seguro pagos antecipadamente, mas cujo benefício, ou seja, a
cobertura do seguro, se dará durante o exercício ou exercícios
posteriores; não é despesa já incorrida na data do balanço a parcela
paga proporcional aos meses posteriores ao balanço. Outro caso é o de
aluguéis já pagos relativos a períodos de utilização do imóvel posteriores
ao balanço.
Uma importante colocação é que as despesas do exercício seguinte são
aquelas – em geral – pagas antecipadamente (o pagamento, no trato
comum dos negócios jurídicos, dá o direito – a quem pagou – de exigir
algo do outro). Porém, há – também – casos específicos de direito a um
serviço (seguro de automóvel, por exemplo) a ser exercido no exercício
seguinte, mas cujo pagamento também se dará no exercício posterior –
como é o caso de uma apólice de seguros adquirida em dezembro, com

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pagamento em três parcelas mensais, para vigência durante todos os
doze meses do ano seguinte.
Os adiantamentos a empregados para despesas, não devem ser
classificadas neste grupo, uma vez que não representa ainda “aplicação
de recursos em despesas”, trata-se de créditos (pois, via de regra, o
funcionário deverá devolvê-los à empresa – a menos que prove ter
ocorrido a despesa).
São também exemplos de despesas pagas antecipadamente bilhetes de
passagem adquiridos, mas ainda não utilizados e comissões pagas
relativas a beneficios ainda não usufruídos.
Os estoques de materiais diversos, tais como artigos de papelaria,
materiais de escritório e materiais de limpeza também não devem ser
incluídos como despesas do exercício seguinte, e sim constar em conta
de estoques (almoxarifado). Se tudo que fosse ser despesa no exercício
seguinte fosse contabilizado como despesas antecipadas, teríamos
também que aí agregar as mercadorias.
No ativo circulante, o grupo Despesas do Exercício Seguinte, Pagas
Antecipadamente, abarca – via de regra – o seguinte conjunto de contas
contábeis:
a) prêmios de seguro a apropriar
b) encargos financeiros a apropriar (desconto de duplicatas)
c) assinaturas e anuidades a apropriar
d) comissões e prêmios pagos antecipadamente
e) aluguéis pagos antecipadamente
f) outros custos e despesas pagos antecipadamente

3.2.7 Disponibilidades
Já foi visto acima o conceito de disponibilidades. Neste tópico, serão
estudadas – em separado e em detalhes – cada uma das contas
componentes deste subgrupo do Ativo Circulante.
A seguir, portanto, serão estudadas as seguintes contas contábeis: (a)
Caixa, (b) Bancos, (c) Aplicações de liquidez imediata, (d) Numerários
em trânsito, (e) Saldos em moeda estrangeira.

3.2.7.1 Caixa
A conta caixa inclui dinheiro, bem como cheques em mãos, recebidos e
ainda não depositados, pagáveis irrestrita e imediatamente. Assim, se
uma empresa recebe um pagamento em cheque – no seu próprio
estabelecimento – o registro do recebimento deverá ser efetuado (ainda

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que temporariamente) na conta caixa e não diretamente na conta
bancos.
Entretanto, na data do balanço é recomendável que em caixa somente
figure o valor existente em dinheiro no patrimônio da empresa, ou seja,
os outros elementos devem ter sido objeto de depositado ou
reclassificação.
Normalmente, a conta caixa é considerada, no âmbito do plano de
contas, como uma conta analítica20. Assim, nessa conta, são
registrados – diretamente – débitos e créditos, para apuração do
respectivo saldo.
Entretanto, no caso de uma empresa possuir mais de um
estabelecimento, onde mantém numerário, o saldo de caixa pode estar
registrado através de diversas contas, dependendo de suas
necessidades operacionais e locais de funcionamento. Nessa situação, a
conta caixa passa a figurar como uma conta sintética, composta por
tantas contas analíticas quantos forem os estabelecimentos em que
houver numerário. A tabela a seguir ilustra a situação de uma empresa
que possui numerário em caixa nos estabelecimentos matriz e filial –
com uma conta analítica para cada estabelecimento:
Conta
classificação do
código descrição Saldo saldo
1- Caixa 1.500,00 d
1.1 - Caixa - Matriz 1.000,00 d
1.2 - Caixa - Filial 500,00 d

2- ...

Considerando – para fins didáticos – a conta caixa como uma conta


analítica (no caso de um único estabelecimento com numerário), vamos,
a seguir, estudar seu funcionamento. O funcionamento da conta caixa é
muito simples:
a) registro de débitos, no momento da entrada de dinheiro, pelo
seu valor; e
b) registro de créditos, no momento da saída de dinheiro, pelo seu
valor.
A figura a seguir ilustra o funcionamento da conta caixa (em termos de
registro de valores):

20
Sobre os conceitos de conta sintética e de conta analítica, ver aula 03 deste curso.

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Modelo de funcionamento de contas contábeis

Conta Caixa
Débitos Créditos
si de natureza devedora
1 entrada de numerário
saída de numerário 2
sf de natureza devedora

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de
fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

3.2.7.1.1 Lançamentos cruzados – via caixa


Algumas empresas efetuam toda a contabilização – de pagamentos e
recebimentos de valores – através da conta caixa (sejam esses
recebimentos/pagamentos realizados em numerário, cheque, depósito
direto em conta bancária, etc.). Nesse caso, para registro do
recebimento de uma duplicata (diretamente realizado pelo cliente, junto
ao banco), no valor de R$ 100,00:
a) sem os lançamentos cruzados, via caixa – ou seja, com a
contabilização normal, o lançamento seria o seguinte:
D= Bancos
C=a Duplicatas a receber 100,00
b) com os lançamentos cruzados, via caixa, os lançamentos
– para o mesmo fato - seriam os seguintes:
D= Caixa
C=a Duplicatas a receber 100,00
seguido de:
D= Bancos
C=a Caixa 100,00

Alguns autores, críticos do procedimento de lançamentos cruzados – via


caixa, argumentam que ele gera uma grande e desnecessária
quantidade de débitos e créditos. Outros argumentam que – do ponto
de vista do controle de tesouraria – o procedimento é interessante, por
registrar em um único local (livro razão da conta caixa) todas as
entradas e saídas de valores da empresa.

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Para os fins a que esse curso se destina, não cabem considerações
sobre as vantagens ou desvantagens administrativas do procedimento,
mas – tão somente – seu conhecimento, do ponto de vista contábil.

3.2.7.1.2 Caixa de pequenas despesas – fundo fixo.


O caixa de pequenas despesas, com definição de fundo fixo, consiste
num procedimento administrativo, utilizado por muitas empresas, com o
objetivo de: (a) simplificar o procedimento pagamento de valores e (b)
minimizar o risco de desvio desses valores – que fica restrito ao valor do
fundo fixo.
O procedimento relativo ao caixa de fundo fixo é o seguinte:
a) início do dia – o caixa está com um valor em dinheiro. pré-
determinado pelos órgãos de administração, sob a
responsabilidade de um funcionário;
b) durante o dia, ocorrem:
a. pagamentos relativos a adiantamentos (mediante o
recebimento de vales, assinados pelos empregados);
b. pagamentos relativos a despesas (mediante o
recebimento de notas fiscais ou recibos);
c) ao final do dia:
a. são realizados os lançamentos contábeis relativos aos
fatos ocorridos durante o dia e apurado o saldo restante –
no caixa – em dinheiro;
b. o saldo do início do dia (fundo fixo) é reposto (mediante
saque de dinheiro do banco) e o respectivo lançamento é
registrado.
Obs: de acordo com a determinação dos administradores da empresa, o
caixa de pequenas despesas pode estar, ou não, autorizado a aceitar o
recebimento de valores em numerário – também – mas essa situação é
mais rara.
A seguir, vamos apresentar um exemplo relativo ao procedimento
anteriormente descrito:
a) Fundo-fixo de caixa – R$ 10.000,00.
b) Acontecimentos ocorridos durante o dia:
a. pagamentos relativos a adiantamentos (mediante o
recebimento de vales, assinados pelos empregados), no
valor de R$ 2.000,00;

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b. pagamentos relativos a despesas (mediante o
recebimento de notas fiscais ou recibos), no valor de R$
1.000,00;
c) ao final do dia são realizados os lançamentos contábeis e a
reposição do fundo fixo de caixa:
a. lançamentos contábeis relativos aos fatos ocorridos
durante o dia;
D= adiantamentos a funcionários
1- C=a Caixa 2.000,00
D= despesas
2- C=a Caixa 1.000,00
Repare que, após esses lançamentos, o saldo da conta
caixa passa a ser de R$ 7.000,00, conforme ilustra o razonete abaixo:
Caixa - fundo fixo
si 10.000,00
2.000,00 1
1.000,00 2
s' 7.000,00

b. reposição do fundo fixo e respectivo lançamento.


D= Caixa
3- C=a Bancos 3.000,00
Repare que, após a reposição acima registrada, o saldo da conta caixa
passa a ser idêntico àquele do início do dia, R$ 10.000,00 – conforme
ilustra o razonete a seguir:
Caixa - fundo fixo
si 10.000,00
2.000,00 1
1.000,00 2
s' 7.000,00
3 3.000,00
sf 10.000,00

Observação: alternativamente, podem ser realizados os lançamentos de


número 1 e 2, acima, relativos aos pagamentos (de despesas e
adiantamentos realizados pelo caixa de fundo fixo), diretamente em
contrapartida da conta bancos, o que manteria o saldo da conta caixa
intacto, conforme a seguir:
D= adiantamentos a funcionários
1- C=a Bancos 2.000,00

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D= despesas
2- C=a Bancos 1.000,00
Dessa forma, fica desnecessário o lançamento de número 3 (relativo à
reposição do fundo fixo de caixa) e a conta caixa somente receberia
lançamentos nos casos de aumento ou redução de seu valor fixo.
Uma ultima observação, nada impede que uma mesma empresa utilize
um caixa de fundo-fixo em um ou alguns de seus estabelecimentos
(para pagamentos de pequena monta) e registre em caixa pagamentos
e recebimentos de maior vulto. Trata-se de uma decisão administrativa
que deverá ser devidamente registrada na contabilidade.

3.2.7.1.3 Considerações sobre expressões que utilizam o


termo “caixa”
Nesse ponto da matéria, geralmente, surgem dúvidas – na cabeça dos
estudantes – acerca de expressões que utilizam o termo “caixa”, como,
por exemplo: (a) saldo credor de caixa e (b) caixa 2. Cabe esclarecer
que esses termos não são termos técnicos da contabilidade, mas que
são utilizados em outras áreas do conhecimento, notadamente na
auditoria fiscal e que demandam o conhecimento da contabilidade, que
funciona como elemento de prova de infrações à legislação tributária.
Nesse diapasão, faremos uma breve alusão a essas expressões, sem
entrar em detalhes, por tratar-se de assunto alheio ao nosso curso de
contabilidade21.
O saldo credor de caixa é uma impossibilidade lógica, ou seja, uma
empresa que contabiliza corretamente os fatos ocorridos em seu
patrimônio pode apresentar nenhum ou algum numerário em caixa, mas
nunca um numerário negativo. Assim, o saldo credor de caixa é uma
presunção de omissão de receitas – alçada ao status de presunção legal
pela Lei n° 9.430, de 1996.
O caixa 2 é um termo não-técnico, referente a valores (numerário) da
propriedade de uma empresa, porém não registrados (contabilmente)
em sua conta caixa. Trata-se de uma prova de omissão de receitas –
também.
Repetindo, não entraremos em detalhes sobre o assunto e remetemos o
aluno à leitura de obras específicas sobre auditoria fiscal.

3.2.7.2 Bancos – depósitos bancários à vista

3.2.7.2.1 Conteúdo e características

21
Para maiores detalhes, recomendamos a leitura de obras sobre auditoria fiscal.

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Os Depósitos bancários à vista, também denominados de conta Bancos
ou, ainda, Bancos conta movimento, são representados – normalmente
– pelas contas de livre movimentação mantidas pela empresa em
bancos. Tais contas podem representar elementos patrimoniais dos
seguintes tipos: (a) Conta movimento ou depósito; (b) Contas especiais,
para pagamentos específicos ou (c) Contas especiais de cobrança.
A característica comum dos elementos patrimoniais acima relacionados
(tipos de contas) é que a empresa, se desejar, pode IMEDIATAMENTE
dispor dos valores nas contas depositados.
A Conta movimento ou depósito consiste no caso mais comum. Trata-se
de uma relação entre a empresa e um banco (entidade financeira) em
que a empresa deposita valores para, posteriormente, os sacar ou
realizar pagamentos – para terceiros – com sua utilização.
As Contas especiais, para pagamentos específicos, consistem em valores
depositados com um objetivo específico, tais como pagamento da folha
do pessoal, pagamento de dividendos a pagar, pagamentos relativos a
gastos de filiais ou fábricas. Essas contas, normalmente, são mantidas
como medida interna da empresa, para facilidade de operação e
controle desses pagamentos. Por uma decorrência lógica, a tendência é
que ao final dos períodos seus saldos sejam zerados (pois, espera-se
que os pagamentos sejam realizados). Estas contas, porém, podem ser
livremente movimentadas pela empresa através de cheques e, portanto,
representam disponibilidades.
As Contas especiais de cobrança são aquelas utilizadas pela empresa
para cobrança bancária de duplicatas22. Os valores destas contas são,
periodicamente, repassados para a conta de depósito. Entretanto, a
qualquer momento, a empresa pode utilizá-los – diretamente – (antes
de seu repasse para a conta de depósito), portanto também se trata de
disponibilidades.

3.2.7.2.2 Contas bancárias negativas


Contas bancárias negativas (credoras) ou saldos a favor de bancos não
devem ser demonstrados como redução dos demais saldos bancários,
mas sim separadamente, como um item do passivo circulante. Exceção
pode ser feita para casos de duas contas no mesmo banco, com saldos
de sinal contrário e somatório positivo, e que, por contrato, a empresa
tenha o direito de compensá-las.

22
Sobre operações com duplicatas – cobrança bancária e desconto – ver aula 04 desse
curso.

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Quanto a esse assunto, é necessário referenciar a situação em que a
empresa tem uma conta especial (com limite garantido). Nesse caso,
quando a empresa realiza saques ou pagamentos em valor superior
àquele antes depositado na conta, a instituição financeira cobre o saldo
negativo e isso é realizado de acordo com o procedimento abaixo
descrito.
Quando da abertura da conta especial, pela empresa junto a um banco,
a empresa dá à instituição financeira uma procuração para que, o banco
realize operações no interesse e em nome da empresa.
Na ocorrência de saldo negativo, o banco: (1) abre – em nome da
empresa – uma conta de empréstimo, (2) toma – em nome da empresa
– um empréstimo no valor necessário ao pagamento do saldo negativo,
e (3) coloca esse valor na conta de depósito (de modo que sempre haja
valor suficiente para o saque ou o pagamento). Assim, repare que – no
caso de conta negativa – o que há é uma conta de depósito, com valor
zero, e uma conta de empréstimo, com o valor do “saldo negativo”.
No momento em que a empresa deposita o valor suficiente para tornar a
conta, de novo, positiva, ocorrerá o seguinte: (1) o banco irá –
conforme autorizado pela empresa quando da abertura da conta
especial – retirar o valor existente na conta de depósito e (2) quitar a
dívida da conta de empréstimo.
Essa situação ilustra – de forma inequívoca – que o saldo negativo de
conta bancária deve ser representado por uma obrigação, ou seja, no
passivo, pois trata-se efetivamente de um empréstimo bancário.

3.2.7.2.3 Momento de contabilização e conciliação bancária


Os cheques devem ser contabilizados pela sua emissão e entrega ao
beneficiário ou ao banco. Dado que cheques são ordens de pagamento
a vista, quando de sua emissão e entrega a terceiros, a empresa não
mais pode contar (patrimonialmente) com um direito relativo ao valor
do cheque, ainda que depositado na conta bancária (por não ter havido
ainda o saque ou a compensação bancária do cheque). Por essa razão,
o saldo da conta bancos, na data do balanço, já deve estar diminuído do
valor dos cheques emitidos e ainda não sacados ou compensados.
Por outro lado, caso um cheque já tenha sido emitido, mas ainda não
tenha sido entregue na data do balanço, seu valor não deve estar
diminuindo o saldo da conta bancos. Em compensação, esse valor deve
estar registrado como uma obrigação, no passivo circulante, no valor do
respectivo cheque, referenciando a obrigação de entrega do valor,
depositado em conta bancária (representado pelo cheque), a terceiros.
No momento da entrega do cheque ao beneficiário, então, deve ser

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diminuído o saldo na conta bancos e deixa de existir a obrigação antes
registrada.
Pelos motivos antes expostos, pode ocorrer que, na data do balanço,
existam valores já contabilizados, como saídos da conta banco, mas que
não estão ainda refletidos no extrato bancário apresentado pela
instituição financeira.
Por outro lado, ainda, pode ocorrer de fatos contábeis – referentes à
empresa – já terem ocorrido, mas ainda não terem sido contabilizados.
Isso ocorre porque alguns fatos contábeis (como, por exemplo, a
cobrança bancária de duplicatas e a compensação de cheques) são
decorrência de operações realizadas pela instituição financeira em nome
da empresa e, portanto, a documentação a elas relativa não se encontra
imediatamente com a empresa, para contabilização. Tal situação pode
vir a ensejar a existência de valores:
a) já saídos da conta bancária (conforme extrato bancário
apresentado pelo banco), mas ainda não tenham sido
contabilizadas;
b) já cobrados pelo banco (duplicatas) ainda não
contabilizados;
Portanto, é necessário que haja uma conciliação do extrato bancário
com o razonete da conta bancos periodicamente e, principalmente, na
data do balanço.

3.2.7.2.4 Funcionamento da conta


Normalmente, a conta Bancos é considerada, no âmbito do plano de
contas, como uma conta analítica23. Assim, nessa conta, são
registrados – diretamente – débitos e créditos, para apuração do
respectivo saldo.
Entretanto, no caso de uma empresa possuir mais de uma conta
bancária (em diferentes agências ou, até, em diferentes instituições
financeiras), o saldo da conta Bancos pode estar registrado através de
diversas contas contábeis, representativas de cada uma das contas de
depósito mantidas. Nessa situação, a conta Bancos passa a figurar
como uma conta sintética, composta por tantas contas analíticas
quantos forem as contas correntes de depósito da empresa. A tabela a
seguir ilustra a situação de uma empresa que possui uma conta-
corrente de depósito em cada cidade onde funcionam seus
estabelecimentos – matriz e filial – com uma conta contábil analítica
para cada conta bancária de depósito:

23
Sobre os conceitos de conta sintética e de conta analítica, ver aula 03 deste curso.

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Conta
classificação do
código descrição Saldo saldo
2- Bancos 1.500,00 d
2.1 - Banco do Brasil - Agência Porto Alegre 1.000,00 d
2.2 - Banco do Brasil - Agência Novo Hamburgo 500,00 d

3- ...

Considerando – para fins didáticos – a conta Bancos como uma conta


analítica (no caso de uma única conta corrente mantida pela empresa),
vamos, a seguir, estudar seu funcionamento. O funcionamento da conta
Bancos também é muito simples:
c) registro de débitos, no momento da entrada de valores na
conta, pelo seu valor; e
d) registro de créditos, no momento da saída de valores na conta,
pelo seu valor.
A figura a seguir ilustra o funcionamento da conta bancos (em termos
de registro de valores):
Modelo de funcionamento de contas contábeis

Conta Bancos
Débitos Créditos
si de natureza devedora
1 entrada de valores
saída de valores 2
sf de natureza devedora

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de
fatos contábeis (e respectivos lançamentos)
Obs.: a natureza do saldo da conta bancos é devedora. Conforme visto,
no caso de saldo credor não temos – tecnicamente – uma conta bancos,
mas sim uma conta de empréstimos bancários.

3.2.7.2.5 Situações especiais


Mesmo no caso de contas de livre movimentação, alguns cuidados
devem ser tomados quando os bancos estão em processo de liquidação
ou intervenção. Nestas situações, os saldos dessas contas devem ser
classificados como contas a receber no ativo circulante ou realizável a
longo prazo, dependendo da situação específica.

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Cuidado, certas contas bancárias não são exatamente de livre
movimentação, como no caso de depósitos vinculados para garantia de
empréstimos ou liquidação de:
- contratos de câmbio ou de importações;
- empréstimos; ou
- contratos em geral.
Assim, o saldo dessas contas não devem ser classificados em
disponibilidades, mas sim no ativo circulante ou realizável a longo prazo,
conforme o caso.

3.2.7.3 Aplicações de liquidez imediata


As aplicações de liquidez imediata consistem nos saldos das contas
representativas de aplicações de curtíssimo prazo no mercado
financeiro.
Tudo o que foi colocado a respeito de depósitos bancários pode ser
mutatis mutandis aplicado às aplicações de liquidez imediata. Assim,
elas também devem ser registradas como disponibilidades, pois a
empresa pode dispor delas assim que o desejar.
A característica especial das aplicações de liquidez imediata, em relação
aos depósitos bancários, é que diferença entre o valor aplicado e o
resgate deve ser tratada como receita financeira, apropriada pelo
regime de competência, em função do prazo decorrido.
Dessa forma, no caso de aplicação de R$ 1.000,00, com rendimento de
R$ 1,00 e saldo final de R$ 1.001,00. deve ser feita a seguinte
contabilização:
No momento da aplicação:
D= Aplicações de liquidez imediata
1- C=a Bancos 1.000,00
Pela apropriação dos rendimentos, em função do prazo decorrido:
D= Aplicações de liquidez imediata
2- C=a Receita financeira 10,00
Nessa situação, os saldos inicial e final da conta seriam,
respectivamente, R$ 1.000,00 e R$ 1.001,00. A seguir, apresentamos
esquematicamente o funcionamento da conta.

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Modelo de funcionamento de contas contábeis

Aplicações de Liquidez Imediata


Débitos Créditos
si de natureza devedora
1 aplicação
2 apropriação de rendimentos
resgate da aplicação 3
sf de natureza devedora

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos
contábeis (e respectivos lançamentos)

3.2.7.4 Numerários em trânsito


Pode ocorrer de uma empresa ter, em seu patrimônio, numerário que
não esteja em seu estabelecimento, porém em trânsito, em decorrência
de: (a) remessa para filiais, (b) remessa para estabelecimentos
bancários, (c) remessa para a empresa, de filiais, ou – mesmo – de
clientes.
O dinheiro em trânsito deve ser classificado como disponibilidades
porque, caso a empresa deseje, pode IMEDIATAMENTE determinar a
utilização desse valor, redirecionando seu destino.
O funcionamento dessa conta é, esquematicamente, o seguinte:
Modelo de funcionamento de contas contábeis

Numerários em trânsito
Débitos Créditos
si de natureza devedora
1 na saída do numerário
(do estabelecimento)
na chegada do numerário 2
(ao estabelecimento)
sf de natureza devedora

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos
contábeis (e respectivos lançamentos)

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3.2.7.5 Saldos em moeda estrangeira
É perfeitamente possível que uma empresa tenha – em seu patrimônio –
numerário em moeda estrangeira (dólares guardados no cofre, por
exemplo), adquiridos para custear viagens de funcionários, ou por outro
motivo qualquer. Ocorre, conforme vimos quando do estudo do
conceito de escrituração, que – por conta de formalidades intrínsecas –
a escrituração deve ser realizada em moeda nacional. Assim, surge um
problema: Qual o valor utilizado para registrar o numerário em moeda
estrangeira?
Uma primeira tentativa de solução, para o problema descrito no
parágrafo anterior, poderia ser, simplesmente, a utilização do princípio
fundamental de contabilidade do Registro pelo Valor Original, mas isso
não resolve problema, pois o valor original está em constante mudança,
por conta das variações na taxa de câmbio.
A solução definitiva para esse problema se encontra no art. 183, I da Lei
das S/A, abaixo reproduzido:
Art. 183. No balanço, os elementos do ativo serão
avaliados segundo os seguintes critérios:
I - os direitos e títulos de crédito, e quaisquer valores
mobiliários não classificados como investimentos, pelo
custo de aquisição ou pelo valor do mercado, se este for
menor; serão excluídos os já prescritos e feitas as
provisões adequadas para ajustá-lo ao valor provável de
realização, e será admitido o aumento do custo de
aquisição, até o limite do valor do mercado, para
registro de correção monetária, variação cambial ou
juros acrescidos; (grifos na transcrição)

A leitura do dispositivo acima revela que é admitido o aumento do custo


de aquisição, até o limite do valor do mercado, para registro de variação
cambial.
Para ilustrar a questão, considere o caso – exemplificativo – a seguir.
a) Aquisição de moeda estrangeira –US$ 10.000,00 – em
01/12/2005, quando a taxa de câmbio era : R$ 2,00 para
venda, pela entidade financeira e R$ 1,99 para compra,
pela entidade financeira.
b) Levantamento do Balanço Patrimonial em 31/12/2005,
quando a taxa de câmbio era : R$ 2,10 para venda, pela
entidade financeira e R$ 2,08 para compra, pela entidade
financeira.
Relativamente à compra, não há dúvidas de que o princípio fundamental
de contabilidade do Registro pelo Valor Original deve ser utilizado.

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Assim, a taxa de venda da instituição financeira é que se aplica ao caso
(pois, se a empresa adquiriu dólares da instituição financeira, conclui-se
que esta vendeu os dólares para aquela). A seguir, encontram-se a
memória de cálculo e o respectivo lançamento.
Memória de cálculo: US$ 10.000,00 (*) R$ 2,00 (=) R$ 20.000,00.
Lançamento:
D= Saldos em moeda estrangeira
1- C=a Bancos 20.000,00
No momento do levantamento do Balanço Patrimonial, em obediência ao
disposto no Art. 183, I da Lei das S/A, o saldo da conta deve ser
atualizado (por conta da variação da taxa de câmbio) até o valor de
mercado. No caso, o valor que o mercado se dispõe a pagar pelos US$
10.000,00 que a empresa possui é equivalente ao seu correspondente
em reais, pela TAXA DE CÂMBIO DE COMPRA, DA ENTIDADE
FINANCEIRA, vigente na data. Assim, é por essa taxa que o saldo da
conta contábil deve ser atualizado. A seguir, encontram-se a memória
de cálculo e o respectivo lançamento.
Memória de cálculo:
US$ 10.000,00 (*) R$ 2,10 (=) R$ 21.000,00 (saldo final)
(-) R$ 20.000,00 (saldo inicial)
(=) R$ 1.000,00 (variação cambial)
Lançamento:
D= Saldos em moeda estrangeira
2- C=a Variação Cambial Ativa 1.000,00
A partir do exemplo acima, podemos generalizar o funcionamento da
conta Saldos em moeda estrangeira, conforme tabela a seguir:
Modelo de funcionamento de contas contábeis

Saldos em moeda estrangeira


Débitos Créditos
si de natureza devedora
1 na aquisição da moeda estrangeira
2 aumento por variação cambial ativa
redução por variação cambial passiva 3
na alienação da moeda estrangeira 4
sf de natureza devedora

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos
lançamentos)

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Autores entendem que, quando houver evidência de que os recursos
serão utilizados no exterior para pagamentos de despesas, compras de
ativo, etc., os saldos em moeda estrangeira poderão ser convertidos
pela taxa de VENDA da instituição financeira. Isso decorre do fato de
que o valor de mercado para a moeda em questão não estará
determinado pelas instituições financeiras nacionais que poderiam
adquiri-la, mas pelos agentes de mercado no exterior (que também
adquirem dólares pela taxa de venda de instituições financeiras).
Cabe aqui uma última colocação sobre os ajustes aos saldos em moeda
estrangeira. No caso da variação na taxa de câmbio apontar para uma
desvalorização da moeda estrangeira, frente ao Real, ocorrerá variação
cambial passiva (ao contrário da variação cambial ativa, mostrada no
exemplo anterior).
Maiores detalhes sobre a atualização de valores pela taxa de câmbio
encontram-se na Norma Brasileira Técnica de Contabilidade n° 07 - DA
CONVERSÃO DA MOEDA ESTRANGEIRA NAS DEMONSTRAÇÕES
CONTÁBEIS, cuja leitura é recomendada.

3.2.8 Aplicações de curto prazo


Estudadas as contas componentes do subgrupo “Disponibilidades”,
continuaremos o estudo do Ativo Circulante com a análise do subgrupo
“Aplicações de curto prazo”, representativo dos investimentos
temporários.
É comum que empresas que possuam sobra de valores disponíveis a
apliquem em títulos e valores mobiliários – operações financeiras, a fim
de obterem rendimentos, que são classificados como receitas financeiras
- juros24. É justamente o direito relativo a essas operações financeira
que será estudado neste item.
A título de observação, cumpre referir que existem empresas para as
quais as operações financeiras são atividades principais (bancos
comerciais, bancos de investimentos, caixas econômicas, etc.). No
entanto, nosso curso se destina ao estudo da contabilidade societária
(regrada pela Lei das S/A) e não à contabilidade específica dessas
entidades financeiras. Portanto, as operações financeiras a que se
refere esse item de nossa matéria são aquelas realizadas por empresas
não financeiras (comerciais, industriais, prestadoras de serviço, etc.).
As operações financeiras, das empresas em geral, aqui estudadas,
representam uma atividade de grande relevância no patrimônio, e na

24
Sobre o conceito de juros e suas classificações – segundo os mais importantes
critérios – ver aula 04 desse curso.

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existência, de qualquer azienda, em nossos dias e compõem – conforme
determinado pela Lei das S/A – um importante item do respectivo
resultado operacional25.
Conforme já visto, acima, quando da apresentação dos subgrupos do
Ativo Circulante, Os investimentos temporários são representados por
títulos e valores mobiliários, resgatáveis dentro de um período de tempo
compatível com as necessidades de pagamento das obrigações da
empresa. Lembramos que a classificação desses investimentos,
temporários, deverá ser feita em função do (1) tipo de investimento, (2)
do prazo de resgate e (3) considerando, ainda, a própria intenção da
empresa quanto à época em que pretende resgatar os títulos.
Repetindo, a intenção de realização no curto prazo é o critério de
classificação de participações societárias no ativo circulante, em
detrimento do ativo permanente.
Devemos lembrar que o registro de todas as operações financeiras
obedece aos princípios fundamentais de contabilidade e, em específico,
aos Princípios do Registro pelo Valor Original, da Competência e da
Prudência. Tal obediência implica: (1) o reconhecimento dos juros em
função do prazo do investimento e (2) a constituição de provisão para
perdas em investimentos. Isto está de acordo com o disposto no, já
conhecido, art. 183, I da Lei das S/A que trata, também, dos
investimentos temporários, conforme abaixo reproduzido:
Art. 183. No balanço, os elementos do ativo serão
avaliados segundo os seguintes critérios:
I - os direitos e títulos de crédito, e quaisquer valores
mobiliários não classificados como investimentos, pelo
custo de aquisição ou pelo valor do mercado, se este for
menor; serão excluídos os já prescritos e feitas as
provisões adequadas para ajustá-lo ao valor provável de
realização, e será admitido o aumento do custo de
aquisição, até o limite do valor do mercado, para
registro de correção monetária, variação cambial ou
juros acrescidos; (grifos na transcrição)

Em função da Legislação Tributária, o rendimento obtido em


determinadas aplicações pode sofrer tributação pelo Imposto de Renda
na Fonte26. Sua incidência pode, alternativamente, ocorrer no momento

25
Conforme será estudado adiante neste curso, na aula que trata da Demonstração do
Resultado do Exercício.
26
O Imposto de Renda na Fonte é um imposto relativo a rendimentos auferidos por
uma pessoa que, entretanto, não o recolhe pessoalmente aos cofres públicos. A
legislação, para fins de celeridade na arrecadação e facilidade de controle, determina

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do resgate da aplicação ou no momento da valorização do investimento
(dependendo do tipo de investimento realizado).
Adicionalmente, esse valor tributado pode ser considerado: (a)
adiantamento do imposto devido ao final do período (sobre o Lucro Real,
Presumido ou Arbitrado), ou (b) definitivo, quando a incidência é
exclusiva na fonte.
Os investimentos de curto prazo, aqui estudados, são classificados em
investimentos de renda fixa ou investimentos de renda variável. Ambos
os casos serão estudados, em separado.

3.2.8.1 Aplicações de renda fixa


As aplicações de renda fixa são aquelas em que o aplicador – ao realizar
o investimento – já sabe que o valor mínimo de seu resgate será o valor
investido. Em outras palavras, na aplicação de renda fixa, não há a
possibilidade de perda nominal; mas somente de ganho – com
apropriação de receita pelo regime de competência, proporcionalmente
ao prazo (número de dias) da aplicação.
Essa apropriação de rendimentos, em investimentos de renda fixa,
proporcionalmente ao prazo, resulta da idéia de que, com a passagem
do tempo, a empresa “cumpre o que havia prometido ao banco”27 e,
com isso, faz jus a um valor de juros (aufere receita).

3.2.8.1.1 Aplicações de renda fixa com rendimentos pré-


fixados
As aplicações com rendimentos pré-fixados são aquelas em que o
investidor já sabe – no momento da aplicação – o valor dos rendimentos
da aplicação. Neste caso, o valor das Receitas Financeiras (respeitando
o princípio da Competência) deverá ser apropriado proporcionalmente
ao tempo da aplicação, porém (como o valor dessas receitas já é
conhecido), registra-se:
a) o direito ao valor total do investimento (principal mais juros-
rendimentos) no ativo, e

que a fonte pagadora dos rendimentos não entregue os rendimentos (em sua
totalidade) ao beneficiário – que o auferiu – obrigando que essa fonte pagadora
retenha uma parte dos rendimentos, do beneficiário, e a entregue ao Estado. Repare
que a fonte pagadora recolhe tributos (aos cofres públicos), mas quem suporta o ônus
da tributação é o beneficiário da renda auferida.
27
Sobre o assunto, ver o princípio fundamental de contabilidade da Competência, na
aula 01 deste curso.

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b) a correspondente “obrigação” de esperar o tempo passar, para
poder realizar o direito relativo aos rendimentos (como uma
conta, de natureza credora, denominada juros ativos a vencer).
Observação: alguns autores classificam essa conta juros ativos a vencer
como retificadora do ativo, outros a classificam como Resultado de
Exercícios Futuros. Ambas as classificações têm sua lógica, pois:
a) a obrigação de esperar até que a receita seja auferida
(pelo princípio de competência) está de acordo com a
definição de REF e,
b) ao mesmo tempo, o ônus, que reduz o valor de um direito
ao montante da aplicação – por algum tempo –, também
está de acordo com a definição de conta retificadora de
ativo.
Assim, torna-se importante conhecer ambos os conceitos, acima, e
identificá-los no caso prático.
Para fins de clareza acerca da contabilização de investimentos
temporários de renda fixa com rendimentos pré-fixados, propomos o
seguinte exemplo:
Suponhamos que se tenha efetuado uma aplicação em 01/12/2005 ao
custo de aquisição de R$ 700,00 com resgate previsto para 31/01/2006
pelo valor de R$ 840,00.
Nessa situação, o lançamento relativo à aplicação seria o seguinte:
D= investimentos temporários 840,00
1- C=a diversos
C=a bancos c/ movimento 700,00
C=a Juros ativos a vencer 140,00
Pelo princípio da competência, em 31/12/2005, deverá ser apropriado o
rendimento proporcional aos dias já incorridos. Como o rendimento é
de R$ 140,00 em 60 dias e, entre a data do investimento e o final do
exercício, transcorreram 30 dias, a receita já auferida será de R$ 70,00.
O respectivo lançamento será o seguinte:
D= Juros ativos a vencer
2- C=a receitas financeiras 70,00

Obs.: somente no exercício seguinte serão reconhecidas as demais


receitas financeiras decorrentes desta aplicação.
Considere, ainda que, na data do balanço, APÓS A APROPRIAÇÃO DA
RECEITA DE R$ 70,00, fosse verificado que o valor de mercado para a
aplicação (na data) fosse de apenas R$ 750,00, nesse caso faz-se seria
necessária a constituição de uma provisão – a provisão para ajuste ao
valor de mercado. O respectivo lançamento é o seguinte:

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D= Despesa com Provisão para ajuste ao valor de mercado
3- C=a Provisão para ajuste ao valor de mercado 20,00

No final do exercício temos a seguinte situação patrimonial:


a) um investimento de curto prazo no valor de R$ 840,00;
b) uma conta credora, relativa aos juros ativos a vencer
(retificadora do ativo – ou REF) no valor de R$ 70,00;
c) uma provisão para ajuste ao valor de mercado no valor de R$
50,00.
Do ponto de vista do resultado, temos – ao final do exercício:
a) uma receita financeira de R$ 70,00; e
b) uma despesa com provisão de R$ 20,00.
No exercício seguinte, em 31/01/2006, é necessário (pelo regime de
competência) apropriar os rendimentos auferidos no mês. O
lançamento é o seguinte:
D= Juros ativos a vencer
4- C=a receitas financeiras 70,00

Considere que a empresa consiga resgatar sua aplicação pelo valor


inicialmente contratado e, com isso não se revelou realizada a provisão.
Deve-se reconhecer, portanto, a receita de reversão da provisão,
conforme lançamento abaixo.
D= Provisão para ajuste ao valor de Mercado
5- C=a Receita de reversão de provisão 20,00

Resumidamente, A partir do exemplo acima, podemos generalizar o


funcionamento da conta Investimentos temporários, quando esses se
referem a aplicações financeiras de curto prazo em renda fixa e com
rendimentos pré-fixados, conforme tabela a seguir:
Modelo de funcionamento de contas contábeis

Investimentos temporários (renda fixa e rendimentos pré-fixados)


Débitos Créditos
si de natureza devedora
1 na aplicação
no resgate 2
sf de natureza devedora

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos
lançamentos)

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Considerando, ainda, as demais contas envolvidas no exemplo, podemos
generalizar – também – o funcionamento da conta Juros ativos a
vencer, referente a aplicações financeiras de curto prazo em renda fixa e
com rendimentos pré-fixados, conforme tabela a seguir:
Modelo de funcionamento de contas contábeis

Juros Ativos a Vencer


Débitos Créditos
de natureza credora => espera-se = 0 si
no momento da aplicação financeira 1
2 na apropriação da receita financeira
(pelo regime de competência)
de natureza credora => espera-se = 0 sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos
lançamentos)
Continuando, o funcionamento da conta Provisão para ajuste ao valor de
mercado, referente a aplicações financeiras de curto prazo, encontra-se
resumidamente demonstrado na tabela abaixo.
Modelo de funcionamento de contas contábeis

Provisão para ajuste ao valor de mercado


Débitos Créditos
de natureza credora => espera-se = 0 si
no momento da constituição da provisão 1
2 no momento da reversão da provisão
de natureza credora => espera-se = 0 sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos
lançamentos)
Finalmente, apenas para completar o rol de contas contábeis envolvidas
nos lançamentos referentes ao exemplo acima, apresentamos o
funcionamento da conta de resultado Receitas financeiras, de juros, na
tabela abaixo.

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Modelo de funcionamento de contas contábeis

Receitas Financeiras
Débitos Créditos
de natureza credora => espera-se = 0 si
na apropriação da receita 1
(pelo regime de competência)
2 no momento da apuração do resultado
(no final do exercício - para fechamento)
de natureza credora => espera-se = 0 sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final

1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

3.2.8.1.2 Aplicações de renda fixa com rendimentos pós-


fixados
As aplicações de renda fixa com rendimentos pós-fixados são aquelas
em que o investidor (apesar de saber que o valor mínimo a receber – ao
final do período da aplicação – é o valor aplicado inicialmente) não sabe
o valor final exato da aplicação. Em outras palavras, o investidor não
sabe o valor do rendimento financeiro (que deve estar atrelado à
variação de algum índice, além de uma taxa de juros, conforme
contrato).
Para ilustrar o conceito acima, considere o seguinte exemplo proposto:
Nossa empresa realizou uma aplicação de R$ 700,00, em 01/12/2005,
com rendimentos calculados (1) pela variação do IGP-m(FGV)28 e (2)
juros de 2% ao mês. Nesse caso, o lançamento do investimento será o
seguinte.
D= investimentos temporários
1- C=a bancos c/ movimento 700,00
Considere que, ao final do primeiro mês, a variação do IGP foi de 1% e
os juros (conforme contrato) de 2%. A memória de calculo dos
rendimentos do período se encontra a seguir:

28
Índice Geral de Preços – calculado pela Fundação Getúlio Vargas.

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Memória de Cálculo
R$ 700,00 (principal)
(*) 1% (percentual de variação do índice)
(=) R$ 7,00 (variação monetária ativa)
(+) R$
(=) R$ 707,00 (principal atualizado)
(*) 2% (taxa de juros)
(=) 14,14 (receita de juros)
(+) 707,00
(=) 721,14 (montante)
O respectivo lançamento seria o seguinte:
D= investimentos temporários 21,14
2- C=a diversos
C=a Variação monetária ativa 7,00
C=a Juros ativos 14,14
Resumidamente, A partir do exemplo acima, podemos generalizar o
funcionamento da conta Investimentos temporários, quando esses se
referem a aplicações financeiras de curto prazo em renda fixa e com
rendimentos pós-fixados, conforme tabela a seguir:
Modelo de funcionamento de contas contábeis

Investimentos temporários (renda fixa e rendimentos pós-fixados)


Débitos Créditos
si de natureza devedora
1 na aplicação
na apropriação de variações monetárias ativas 2
na apropriação de juros (por competência) 3
no resgate 4
sf de natureza devedora

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos
lançamentos)
Considerando, ainda, as demais contas envolvidas no exemplo, podemos
generalizar – também – o funcionamento da conta de resultado
Variações monetárias ativas, na tabela abaixo

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Modelo de funcionamento de contas contábeis

Variações monetárias ativas


Débitos Créditos
de natureza credora => espera-se = 0 si
na atualização do investimento 1
(pela variação do índice, no período)
2 no momento da apuração do resultado
(no final do exercício - para fechamento)
de natureza credora => espera-se = 0 sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final

1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

3.2.8.2 Aplicações de renda variável


As aplicações de renda variável são aquelas que, por sua natureza,
podem resultar (ao final do prazo de aplicação) em valores,
alternativamente, superiores ou inferiores àquele inicialmente investido.
Os exemplos mais comuns desse tipo de aplicação são (1) as aplicações
em ouro e (2) os investimentos temporários em ações. Ambos os casos
demandam contabilização semelhante.
Os investimentos temporários em títulos de renda variável são avaliados
pelo custo de aquisição (ou pelo valor de mercado, quando esse for
menor), não havendo a apropriação de rendimentos proporcionalmente
ao prazo – característica de investimentos de renda fixa. Esse critério
resulta da idéia de que, nos investimentos de renda variável (ao
contrário do que ocorre nos investimentos de renda fixa) com a
passagem do tempo, a empresa não “cumpre o que havia prometido” a
qualquer pessoa e, com isso, faz jus a qualquer novo valor em seu
patrimônio. Nos investimentos de renda variável, o eventual ganho ou
perda somente se dará no momento da alienação do título (caso ela
venha a ocorrer).

3.2.8.2.1 Aplicações temporárias em ouro


As aplicações temporárias em ouro podem configurar uma modalidade
de aplicação temporária de disponibilidades e, deste modo, devem ser
classificados no subgrupo investimentos temporários.
Até 1996, a legislação do Imposto de Renda determinava que as contas
representativas das aplicações em ouro estivessem sujeitas à correção
monetária. Nos mesmos moldes aplicáveis às contas integrantes do
ativo permanente. Com o advento da Lei n.º 9.249/95 foi revogada a

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correção monetária das demonstrações financeiras a partir do ano
calendário de 1996. Assim, a contrapartida da correção monetária das
aplicações temporárias em ouro eram registadas a crédito da conta
Correção monetária do Balanço.
Todavia, de acordo com os princípios da prudência e oportunidade, os
saldos destas contas deverão ser ajustados ao valor de mercado,
quando este for menor, mediante a constituição de provisão.

3.2.8.2.2 Aplicações temporárias em ações


Os investimentos em ações também são registrados pelo custo histórico
ou pelo valor de mercado, dos dois o menor.
No caso de investimentos em ação não cotadas em bolsa ou no mercado
de balcão deve-se ter um cuidado maior em classificá-las no circulante
porque:
- a aceitação deste tipo de ação em investimento temporário é um
caso muito raro;
- a liquidez deste tipo de ativo é muito baixa, não bastando a
intenção de vendê-la durante o exercício seguinte, mas também
a possibilidade de fazê-lo.
Não havendo valor de mercado para a ação, utiliza-se como critério o
custo de aquisição ou o valor do patrimônio líquido da empresa, dos dois
o menor.
A valorização, ou desvalorização, de um título deve ser objeto de
compensação com a desvalorização, ou valorização, dos demais títulos
componentes da carteira de investimentos da empresa em ações.
Portanto, a provisão para ajuste ao valor de mercado só deve ser
constituída quando o valor de mercado da carteira for inferior ao seu
custo de aquisição. Cabe uma rápida referência a essa Provisão de
ajuste ao valor de mercado:
a) pela instabilidade das cotações das bolsas de valores, há
fortes possibilidades de reversão dessa provisão (ou seja,
trata-se de perda recuperável);
b) se a perda for considerada não recuperável (permanente –
no caso de falência da empresa investida, por exemplo)
deve ser registrada uma provisão denominada Provisão
para perdas permanentes em investimentos.
No caso de participações permanentes no capital de outras sociedades
(classificadas no ativo permanente)29, a Lei das S/A não admite a

29
Estudadas adiante detalhadamente, neste curso, em aula específica.

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constituição de Provisão para Ajuste ao Valor de Mercado, cabendo – tão
somente – a constituição de Provisão para perdas permanente em
investimentos.
Para ilustrar a questão, considere o exemplo a seguir apresentado.
Considere que nossa empresa tenha adquirido, no dia 01/12/2005, com
intenção de alienação no curto prazo:
a) 1.000 ações da Companhia A, pagando por cada uma o valor
de R$ 1,00, no total de R$ 1.000,00;
b) 500 ações da Companhia B, pagando por cada uma o valor de
R$ 0,50, no total de R$ 250,00.
Na data da aquisição, o lançamento deverá ser o seguinte:
D= investimentos temporários em ações
1- C=a bancos c/ movimento 1.250,00
Na data do encerramento do exercício, 31/12/2005, a cotação das ações
na bolsa de valores encontra-se demonstrada na tabela a seguir.
Ações Valor de Mercado - cotação em bolsa Obs. Custo de aquisição
qtd cotação total Valor
Companhia A 1.000 0,90 900,00 1.000,00
Companhia B 500 0,60 300,00 250,00
Total da Carteira 1.200,00 1.250,00

Provisão para ajuste ao valor de mercado 50,00


Assim, o lançamento de constituição de provisão, para ajuste da carteira
de investimentos ao valor de mercado, deverá ser o seguinte:

D= Despesa com Provisão para ajuste ao valor de mercado


2- C=a Provisão para ajuste ao valor de mercado 50,00

Resumidamente, A partir do exemplo acima, podemos generalizar o


funcionamento da conta Investimentos temporários, quando esses se
referem a aplicações financeiras de curto prazo em renda variável,
conforme tabela a seguir:

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Modelo de funcionamento de contas contábeis

Investimentos temporários (renda variável)


Débitos Créditos
si de natureza devedora
1 na aquisição do título mobiliário
na alienação do título mobiliário 2
sf de natureza devedora

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos
lançamentos)

3.2.9 Créditos
A conta créditos é uma conta sintética que abrange vários elementos
patrimoniais, que apresentam em comum serem representativos de
valores que – em algum momento – a empresa poderá exigir de
terceiros. De acordo com as diferentes causas do surgimento desses
direitos, bem como pela diversidade de terceiros (de quem valores
poderão ser exigidos pela nossa empresa), temos diferentes contas
analíticas componentes desse subgrupo do Ativo Circulante.
Adicionalmente, cabe ressaltar, que neste subgrupo também figuram
contas retificadoras do ativo, referentes a provisões ou operações
financeiras (descontos de duplicatas, etc.).

3.2.9.1 Clientes
Entre os créditos a receber, a conta clientes figura como a conta mais
importante. A razão dessa importância reside no fato de que a conta
clientes representa um dos ativos mais importantes em qualquer
empresa comercial, por dois motivos: (1) esse ativo está intimamente
ligado com o objeto (comercial) da empresa e (2) o giro desse ativo
(prazo de recebimento de clientes) é responsável pela saúde financeira
da empresa.
O agrupamento das contas representativas dos clientes, que deve estar
destacado no Balanço Patrimonial e, conseqüentemente, no Plano de
Contas, conforme a seguir:
- Duplicatas a receber
a) (-) duplicatas descontadas (conta credora)
b) (-) provisão para créditos de liquidação duvidosa (conta
credora)
- Outros créditos de clientes

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Nos itens seguintes, cada uma dessas contas será analisada em
detalhes.

3.2.9.1.1 Duplicatas a receber


A conta DUPLICATAS A RECEBER registra os valores a receber oriundos
das atividades básicas da empresa com relação a seus clientes.
As duplicatas a receber originam-se no curso normal das operações da
empresa pela venda a prazo de mercadorias ou serviços, representando
um direito a cobrar de seus clientes. As duplicatas e contas a receber
de clientes estão, portanto, diretamente relacionadas com as receitas da
empresa, devendo ser:
- debitadas (contabilmente reconhecidas) somente por
mercadorias vendidas ou por serviços executados até a data do
balanço, de acordo com o princípio da competência;
- creditadas (baixadas) somente pelas cobranças feitas,
mercadorias devolvidas ou descontos comerciais e abatimentos
feitos até aquela data, ou pelo reconhecimento de perdas no
recebimento de créditos.
As duplicatas a receber referentes a vendas de mercadorias são geradas
pelo ato de transferência do direito de propriedade das mesmas,
podendo variar em função das condições de venda, tais como:
a) os produtos são entregues nas dependências do cliente (viagem
por conta do vendedor).
b) Produtos entregues na fábrica (viagem por conta do cliente).
Na prática, no entanto, o registro contábil da venda é feito no momento
da emissão da respectiva nota fiscal. É importante enfatizar que neste
momento não somente é registrada a receita de vendas mas também o
respectivo custo.
Não se deve deixar de registrar a venda e o correspondente direito a
receber por conta de existência de cláusula de reserva de domínio. Da
mesma forma, a incerteza quanto ao recebimento de determinada
venda não é motivo para postergar o registro contábil da receita para o
momento em que é recebida.
Para fins de controle, podem ser criadas tantas contas analíticas (da
conta sintética duplicatas a receber) quantos forem os clientes
utilizando, para esse controle um livro auxiliar (geralmente denominado
Razão auxiliar – Clientes). A totalização dos lançamentos de clientes,
no dia, pode ser transferida para um único lançamento nos livros Diário
e Razão.

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Considerando a conta Duplicatas a receber como uma conta analítica, a
partir dos conceitos acima expostos, podemos generalizar o
funcionamento da conta Duplicatas a receber, resumidamente, conforme
tabela a seguir30:
Modelo de funcionamento de contas contábeis

Investimentos temporários (renda variável)


Débitos Créditos
si de natureza devedora
1 na venda da mercadoria
2 na prestação do serviço
no recebimento do valor cobrado 3
no desconto incondicional concedido 4
no abatimento concedido 5
no reconhecimento de perdas no recebimento 6
sf de natureza devedora

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final

1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

3.2.9.1.2 Provisão para créditos de liquidação duvidosa


As contas a receber devem ser avaliadas pelo seu valor líquido de
realização, ou seja, pelo produto final em dinheiro que se espera obter.
Para tanto, deve ser constituída uma “provisão para crédito de
liquidação duvidosa”, para cobertura das perdas esperadas na cobrança
das contas a receber, motivo pelo qual essa provisão é classificada como
redução das contas a receber31. Portanto, a conta Provisão para
créditos de liquidação duvidosa (PCLD), deve ser apresentada, no
Balanço Patrimonial, como conta retificadora do ativo.
O valor a ser registrado como provisão para créditos de liquidação
duvidosa deve corresponder ao efetivo valor passível de não
recebimento pela empresa. Assim, a constituição dessa provisão tem
como contrapartida contas de despesas operacionais (despesas com a
constituição de PCLD). Quando um saldo se torna efetivamente
incobrável, ou seja, quando se esgotaram sem sucesso os meios
possíveis de cobrança, sua baixa da conta clientes deve ser feita tendo
como contrapartida a própria provisão (realização da provisão). Ao final

30
Sobre exemplos de fatos contábeis, e respectivos lançamentos, envolvendo essa
conta, veja aula 04 desse curso.
31
Sobre o conceito de provisão, e exemplos de constituição, realização e reversão da
provisão para créditos de liquidação duvidosa, ver aula 06 deste curso.

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do período, o saldo porventura não realizado, deverá ser revertido
(zerado – com contrapartida em conta de receitas operacionais Receita
com a reversão de provisão), para constituição de nova PCLD, referente
ao próximo exercício. Alternativamente, ao final do período, pode ser
feita – tão somente – a complementação do saldo ainda não realizado
para o valor da PCLD referente ao próximo exercício.
A partir dos conceitos acima expostos, podemos generalizar o
funcionamento da conta Provisão para créditos de liquidação duvidosa
(PCLD), resumidamente, conforme tabela a seguir32:
Modelo de funcionamento de contas contábeis

Provisão para créditos de liquidação duvidosa (PCLD)


Débitos Créditos
saldo inicial - de natureza credora si
no momento de constituição da provisão 1
2 na realização da provisão
3 na reversão da provisão
na constituição de nova provisão 4
(ou na complementação de seu valor)
Saldo final - de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final

1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

3.2.9.1.3 Duplicatas descontadas


As vendas a prazo, por duplicatas, são pratica comum no mercado. No
entanto, as empresas necessitam de numerário para quitar seus
compromissos nas datas estipuladas. Para isso, elas usam o artifício do
desconto de duplicatas, que consiste em uma operação que tem o efeito
financeiro de “empréstimo” em uma instituição financeira, porém é dado
em garantia de seu pagamento o título a receber – que será cobrado
pela própria instituição financeira. Por esta operação a instituição cobra
uma taxa que é denominada “taxa de desconto”.
Nesta operação, o direito representado pela conta Duplicatas a receber
não sai do ativo da empresa. O valor das duplicatas descontadas,
representativo da obrigação (da empresa) de pagar pelo valor recebido
da entidade financeira, porém, deve ser registrado a crédito, como
conta redutora da conta Duplicatas a receber.

32
Sobre exemplos de fatos contábeis, e respectivos lançamentos, envolvendo essa
conta, veja aula 04 desse curso.

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A partir dos conceitos acima expostos, podemos generalizar o
funcionamento da conta Duplicatas descontadas, resumidamente,
conforme tabela a seguir33:
Modelo de funcionamento de contas contábeis

Duplicatas descontadas
Débitos Créditos
saldo inicial - de natureza credora si
na operação de desconto de duplicatas 1
2 no pagamento da duplicata pelo cliente
3 na quitação do valor - pela própria empresa
(no caso de não pagamento pelo cliente)
Saldo final - de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final

1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

3.2.9.1.4 Outros créditos de clientes


Outros créditos de clientes (por vezes denominada títulos a receber)
podem originar-se das próprias contas normais a receber de clientes, as
quais, quando vencidas e não pagas, são passíveis de renegociação
mediante troca por títulos a receber (notas promissórias), com novos
prazos de vencimento, normalmente acrescidos de juros (em operação
juridicamente denominada de novação).
Os outros créditos de clientes podem também ser oriundos de vendas
não ligadas às operações normais da empresa, tais como vendas de
investimentos ou bens do imobilizado, como imóveis, equipamentos,
veículos etc.
Ainda, essa conta pode englobar os valores relativos a cheques
recebidos até a data do balanço, mas não cobráveis imediatamente, por
serem pagáveis em outras praças ou por outras restrições de seu
recebimento a vista. Podem originar-se, também, de cheques recebidos
anteriormente e devolvidos por falta de fundos, que se encontram em
processo normal ou judicial de cobrança.
A conta Outros créditos de clientes pode, conforme necessidades
específicas de organização do plano de contas da empresa, ser
considerada uma conta sintética da qual fariam partes as contas

33
Sobre exemplos de fatos contábeis, e respectivos lançamentos, envolvendo essa
conta, veja aula 04 desse curso.

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analíticas: (a) promissórias a receber, (b) títulos a receber por venda de
ativo permanente e (c) cheques em cobrança; acima referenciadas, bem
como outras de semelhante natureza.
Considerando, porém, a conta Outros créditos de clientes como uma
conta analítica, a partir dos conceitos acima expostos, podemos
generalizar o funcionamento da conta Outros créditos de clientes,
resumidamente, conforme tabela a seguir:
Modelo de funcionamento de contas contábeis

Outros créditos de clientes


Débitos Créditos
si Saldo inicial - de natureza devedora
1 na renegociação de duplicatas não pagas na operação de desconto de duplicatas 1
(trocando a duplicata por títulos)
2 na venda de ativo permanente
3 no recebimento de cheques
(não cobráveis/depositáveis de imediato)
no recebimento dos títulos 4
no recebimento do valor da venda do permanente 5
no recebimento dos cheques em cobrança 6
sf Saldo final - de natureza devedora

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final

1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

As parcelas vencíveis dentro do prazo de um ano são classificadas no


Ativo Circulante, e no Ativo Realizável a Longo Prazo quando o
vencimento superar um ano (contados da data do Balanço Patrimonial).
Para tanto, há conta similar a essa no Ativo Realizável a Longo Prazo.

3.2.9.2 Adiantamentos a terceiros


Essa conta engloba o numerário entregue a terceiros, mas sem
vinculação específica ao fornecimento de bens, produtos ou serviços
contratuais predeterminados. Caso o adiantamento seja para a compra
de matéria prima ou mercadorias, os valores devem estar classificados
em subitem da conta estoques34. Caso o adiantamento seja para a
compra de imobilizado, os valores devem ser classificados como
imobilizado em andamento35.

34
Conforme será visto adiante – quando do estudo da conta estoques.
35
Conforme será visto adiante – no item que trata do ativo permanente.

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A concessão de créditos a funcionários é um exemplo de situação que
enseja registro nessa conta. Assim, essa conta engloba todas as
operações de créditos de funcionários por adiantamentos concedidos por
conta de salários, por conta de despesas, empréstimos e outros. Por
esse motivo, dependendo existência de adiantamentos de natureza
diversa, essa conta pode ser (no âmbito do Plano de Contas)
considerada sintética e ter subcontas, em função da natureza de cada
adiantamento:
CRÉDITOS DE FUNCIONÁRIOS
a) adiantamentos para viagens
b) adiantamentos para despesas
c) antecipações para salários e ordenados
d) empréstimos a funcionários
e) antecipações de 13o salário
f) antecipações de férias
Cada uma dessas contas pode, ainda, ter controles analíticos – por
funcionário. Seus saldos, em conjunto, devem ser periodicamente
totalizados e confrontados com o saldo da respectiva conta sintética.
Os adiantamentos para viagens e despesas destinam-se a registrar os
recursos fornecidos a funcionários para custear suas despesas de
viagens a serviço ou outras despesas. Nessa situação, a conta
adiantamento a funcionários deve ser debitada por ocasião da entrega
de valor, em cheque ou dinheiro, ao funcionário, segundo documento
assinado por ele, e, quando da prestação de contas, os valores serão
alternativamente: (a) devolvidos ao caixa da empresa ou (b)
considerados despesas – definitivamente.
Exemplo:
Considere a concessão de um adiantamento, de R$ 1.000,00, para a
viagem de um funcionário.
D= Adiantamentos a funcionário
1- C=a bancos c/ movimento 1.000,00

Considere ainda que, durante a viagem, o funcionário gaste R$ 700,00


(em estadia e refeições, conforme documentos comprobatórios – notas
fiscais e recibos). No retorno, o funcionário deverá realizar a respectiva
prestação de contas (apresentando os documentos comprobatórios e
devolvendo o valor não gasto. Nesse momento, a empresa deverá
realizar o seguinte registro:

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D= diversos
2- C=a Adiantamentos a Funcionário 1.000,00
D= Despesas comerciais 700,00
D= bancos c/ movimento 300,00

A partir dos conceitos, e do exemplo, acima expostos, podemos


generalizar o funcionamento da conta Adiantamento a funcionário,
resumidamente, conforme tabela a seguir:
Modelo de funcionamento de contas contábeis

Adiantamento a funcionários
Débitos Créditos
si Saldo inicial - de natureza devedora
1 na concessão do adiantamento
na prestação de contas 2
sf Saldo final - de natureza devedora

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final

1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

3.2.9.3 Dividendos propostos a receber e dividendos a


receber
O termo “dividendos” significa a parcela do lucro da empresa que cabe a
uma ação36. Etimologicamente podemos entender o uso do termo
“dividendos” pelo fato de seu valor ser apurado pela divisão do valor do
lucro, pelo número de ações.
Com base nessa idéia, podemos concluir que o significado da conta
Dividendos propostos a receber: essa conta registra o direito, da
empresa investidora, de receber sua parte no lucro da empresa
investida que, conforme proposta dos órgãos de administração37, foi
destinado aos acionistas. A conta Dividendos a receber, por seu turno
destina-se a registrar o valor a que a empresa investidora faz jus pelo
fato dos Dividendos propostos (pelos órgãos de administração da
companhia investida) terem sido aprovados (pela assembléia geral de
acionistas).

36
Ação, conforme já visto, é um título que representa uma fração do capital de uma
companhia e que dá direito (a seu detentor – acionista) a: (a) uma fração ideal do
patrimônio da companhia; (b) uma fração ideal do lucro – dividendo; e (c)
eventualmente, o direito a um voto, na Assembléia Geral de Acionistas.
37
Uma S/A pode ter um único órgão de administração – a Diretoria – ou dois órgãos
de administração: (a) a Diretoria e (b) o Conselho de Administração.

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O surgimento do direito ao recebimento de dividendos propostos a
receber é – via de regra – registrado com contrapartida em receitas
operacionais e, excepcionalmente, com contrapartida na própria conta
que registra o investimento38.
A partir desses conceitos, podemos afirmar que as contas Dividendos
propostos a receber e Dividendos a receber destinam-se a registrar os
dividendos a que a empresa tenha direito em função de participações no
capital de outras empresas (por ter sido proposta sua distribuição, pelos
órgãos de administração, e aprovada a proposta, pela Assembléia Geral
de Acionistas.
O funcionamento das contas Dividendos propostos a receber e
Dividendos a receber é o seguinte:
a) Dividendos propostos a receber
a. Débitos – no momento em que a empresa investida,
através de seus órgãos de administração, propõe a
destinação de parte de seus resultados aos acionistas;
b. Créditos – no momento em que a empresa investida,
através de sua Assembléia de Acionistas, aprova a
destinação de resultados proposta pelos órgãos de
administração.
b) Dividendos a receber
a. Débitos – no momento em que a empresa investida,
através de sua Assembléia de Acionistas, aprova a
destinação de resultados proposta pelos órgãos de
administração.
b. Créditos – no momento em que recebe o valor dos
dividendos distribuídos.
Para ilustrar os conceitos acima expostos, apresentamos o seguinte
exemplo:
Considere uma empresa DORA (investidora) que tenha, em seu Ativo
Permanente Investimentos, 5% das ações de emissão da empresa TIDA
(investida); que esse investimento esteja avaliado ao custo de R$
100.000,00; que a empresa investida tenha proposto a distribuição de
lucros (dividendos), no valor de 30.000,00. A situação do exemplo pode
ser visualizada conforme abaixo:

38
Os motivos dessa dupla possibilidade e a apresentação de exemplos acerca do
assunto, serão detalhadamente apresentados adiante neste curso – na aula que trata
de participações societárias.

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DORA
ativo passivo

Ativo permanente
investimentos 100.000,00 -----pl

5%

TIDA
ativo passivo
Dividendos propostos a
distribuir 30.000,00

-----pl

No momento em que a empresa DORA receber a informação de que os


órgãos de administração da empresa TIDA propuseram a destinação de
R$ 30.000,00 para seus acionistas, na forma de dividendos, na
contabilidade de DORA deve ser realizado o seguinte registro.

D= Dividendos Propostos a Receber


1- C=a Receita de Dividendos 1.500,00 *
* 30.000,00 (*) 5% (=) 1.500,00

Repare que, após esse lançamento, a empresa DORA apresentará o


seguinte balancete.

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DORA
ativo passivo

Dividendos
propostos a
receber 1.500,00

Ativo permanente
investimentos 100.000,00 -----pl

5%

Resultado TIDA
Despesas Receitas ativo passivo
Dividendos
Receita de propostos a
dividendos 1.500,00 distribuir 30.000,00

-----pl

No momento em que a Assembléia Geral de Acionistas da empresa TIDA


aprovar a distribuição dos dividendos propostos pelos órgãos de
administração, em seu patrimônio, não haverá mais uma obrigação
Dividendos propostos da distribuir, mas sim uma obrigação definitiva
Dividendos a distribuir. Na empresa Dora, por sua vez, quando chegar a
informação de que os dividendos propostos foram aprovados, deverá ser
registrado o surgimento do direito Dividendos a receber em detrimento
do direito Dividendos propostos a receber. O lançamento – para o fato
descrito – é o seguinte:

D= Dividendos a Receber
2- C=a Dividendos propostos a receber 1.500,00

Assim, no balancete da empresa DORA, constará o seguinte patrimônio:

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DORA
ativo passivo

Dividendos a
receber 1.500,00

Ativo permanente
investimentos 100.000,00 -----pl

5%

Resultado TIDA
Despesas Receitas ativo passivo
Receita de Dividendos a
dividendos 1.500,00 distribuir 30.000,00

-----pl

No momento em que forem pagos os dividendos, deixará de existir o


direito a recebê-los, no ativo da empresa DORA, conforme lançamento a
seguir:

D= Caixa
3- C=a Dividendos a receber 1.500,00

A partir dos conceitos, e do exemplo, acima expostos, podemos


generalizar o funcionamento das contas Dividendos propostos a receber
e Dividendos a receber, resumidamente, conforme tabelas a seguir:
Modelo de funcionamento de contas contábeis

Dividendos propostos a receber


Débitos Créditos
si Saldo inicial - de natureza devedora
1 no momento da proposta de distribuição
(pelos órgãos de administração da empresa)
no momento da aprovação da proposta
(pela Assembléia Geral de Acionistas)
sf Saldo final - de natureza devedora

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final

1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

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Modelo de funcionamento de contas contábeis

Dividendos a receber
Débitos Créditos
si Saldo inicial - de natureza devedora
1 no momento da aprovação da proposta
(pela Assembléia Geral de Acionistas)
no momento do pagamento dos dividendos 2
sf Saldo final - de natureza devedora

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final

1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

3.2.9.4 Tributos a compensar / recuperar ou diferidos


Os tributos são definidos como valores, dos particulares, a serem
entregues ao Estado, nos termos do art. 3o da Lei n° 5.172, de 1966
(Código Tributário Nacional – CTN):
Art. 3.º Tributo é toda a prestação pecuniária
compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa
exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída
em lei e cobrada mediante atividade administrativa
plenamente vinculada.
Com base nessa definição, seria lógica a conclusão de que – no
patrimônio de uma empresa qualquer – existisse uma obrigação
(passivo) Tributos a recolher e não um direito (ativo) Tributos a
compensar.
Entretanto, há diversas situações/operações que podem ensejar a
existência de valores a recuperar de impostos (créditos - na linguagem
fiscal) de ICMS e IPI, Imposto de Renda retido na fonte e outros.
Tais impostos devem ser registrados nessa conta que, face à natureza
variada dessas operações, deve ter segregação em subcontas, inclusive
para a melhoria e facilidade de controle. Assim, teremos:
IMPOSTOS A RECUPERAR
a) IPI a compensar
b) ICMS a compensar
c) IR a compensar
d) Imposto de renda a restituir
e) Outros impostos a recuperar
As contas IPI a recuperar, ICMS a recuperar (ou compensar) e, a partir
de 2003, as contas PIS/Pasep a recuperar e Cofins a recuperar,

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destinam-se a abrigar, respectivamente, o saldo devedor (em sentido
contábil – credor na linguagem fiscal) do tributo pela própria sistemática
de não cumulatividade de apuração valor devido. A sistemática de
apuração desses tributos será vista quando do estudo detalhado dos
estoques e das operações com mercadorias39.
O IR a compensar destina-se a registrar (a) o imposto de renda retido
na fonte, (b) as antecipações mensais obrigatórias e (c) os saldos
negativos de períodos anteriores (configurando pagamentos a maior do
que o devido). Essas contas representam valores os quais a empresa
tem o direito de, ao final do período de apuração, descontar, do valor
bruto devido (base de cálculo (*) alíquota), para recolhimento apenas
da diferença.
Para melhor entender a existência da conta Imposto de Renda a
compensar no ativo, faremos – a seguir – uma breve explanação das
sistemáticas de apuração do Imposto de Renda, com referência ao
mecanismo de recolhimento antecipado e posterior compensação.
Inicialmente, cabe referir que a base de cálculo do Imposto de Renda
das Pessoas Jurídicas pode ser apurada por três diferentes sistemáticas:
(a) do Lucro Real, (b) do Lucro Presumido e (c) do Lucro Arbitrado, nos
termos do art. 44 do CTN, abaixo:
Art. 44. A base de cálculo do imposto é o montante, real,
arbitrado ou presumido, da renda ou dos proventos
tributáveis.
O Lucro Presumido consiste em uma forma de tributação simplificada.
Pela sistemática do Lucro Presumido, a determinação da base de cálculo
do Imposto de Renda é efetuada considerando como lucro um
percentual (determinado pela legislação, de acordo com o tipo de
atividade da Pessoa Jurídica) das vendas de mercadorias, produtos ou
serviços. Nessa sistemática, a periodicidade de apuração é trimestral –
(de janeiro a março, de abril a junho, de julho a setembro e de outubro
a dezembro) e o imposto apurado deverá ser pago:
- em cota única até o último dia útil do mês subseqüente ao
encerramento do período de apuração; ou
- à opção da pessoa jurídica, poderá ser pago em até três quotas
mensais, iguais e sucessivas, vencível no último dia útil dos
três meses subseqüentes ao de encerramento do período de
apuração, devidamente ajustados.
O Lucro Arbitrado também consiste em forma de tributação simplificada.
De acordo com a sistemática do Lucro Arbitrado, para a determinação

39
Em aula específica, adiante neste curso.

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da base de cálculo do Imposto de Renda, é dispensado o controle das
despesas. Esta sistemática é aplicada a casos em que a Pessoa Jurídica
não possua a escrituração a que estiver obrigada. A base de cálculo do
imposto apurada pela sistemática do Lucro Arbitrado, quando a Receita
é conhecida, é idêntica à base de cálculo apurada pelo Lucro Presumido,
com os percentuais acrescidos de 20%. A periodicidade de apuração, o
vencimento e o recolhimento são iguais aos do Lucro Presumido.
O Lucro Real consiste em sistemática de apuração do Imposto de Renda
onde a base de cálculo do imposto é apurada segundo registros
contábeis e fiscais, efetuados sistematicamente de acordo com as leis
comerciais e fiscais. A base de cálculo do Imposto de Renda, apurada
pela sistemática do Lucro Real, portanto, consiste no lucro contábil,
ajustado, de acordo com a lei fiscal, pelas:
a) adições:
a. fatos que afetam negativamente o lucro contábil, porém
são considerados indedutíveis (para apuração da base de
cálculo do tributo), como, por exemplo, uma despesa não
relacionada com a manutenção da fonte produtora dos
rendimentos ou – ainda – dedutível apenas em momento
futuro, como, por exemplo, uma despesa de provisão
(que somente é dedutível quando de sua realização); e
b. fatos que não afetam o lucro contábil, mas que devem
ser considerados como parcelas da base de cálculo do
tributo, como, por exemplo, a realização de uma reserva
de reavaliação (com crédito direto em conta de
Patrimônio Líquido)40
b) exclusões:
a. valores não sujeitos à tributação, mas que foram
registrados – contabilmente – como receita, como, por
exemplo, a receita de dividendos (que não é tributável).
b. Valores que foram registrados contabilmente como
receita, na escrituração mas que a legislação permite que
sejam tributados em momento posterior, como, por
exemplo, a receita de vendas para órgãos públicos (em
contratos de longo prazo), que a legislação permite que
sejam tributados no momento do seu recebimento.
c) Compensações:

40
A reavaliação, sua realização e o respectivo tratamento tributário, serão vistos
adiante neste curso.

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a. Valores relativos a prejuízos fiscais (base de cálculo
negativa) ocorridos em períodos anteriores e que – neste
período – podem ser utilizados para compensação com o
valor do lucro contábil ajustado pelas adições e
exclusões, acima descritas (essa compensação está
limitada a 30% do lucro contábil ajustado).
O Lucro Real pode ser apurado:
- trimestralmente, ou;
- anualmente, com o recolhimento de estimativas mensais.
No caso de opção pelo Lucro Real Anual, o contribuinte fica obrigado a
efetuar antecipações mensais do imposto – estimativas – que poderão
ser calculadas com base na receita bruta ou com base em balancetes de
suspensão e, ao final do período (em 31 de dezembro), deverá ser
apurado o Imposto devido para que dele sejam deduzidas as
antecipações mensais e, conseqüentemente, seja recolhido o saldo.
Repare que, na sistemática do Lucro Real, quando o contribuinte opta
pela periodicidade anual, há recolhimentos de antecipações mensais –
antes de ocorrido o final do ano, apurado o lucro e o respectivo imposto
devido. Portanto, esses recolhimentos de antecipações mensais
correspondem a um direito (da empresa) de pagamento menor, quando
o tributo for definitivamente devido. No caso do valor das antecipações
ser maior do que o valor devido ao final do período, o saldo é transferido
para uma conta de Saldo negativo do imposto apurado.
Ainda, e isto é importante, na apuração do Lucro Real, há adições,
exclusões e compensações, aplicadas sobre o resultado contábil. Essa
sistemática deve ser realizada em um livro específico LALUR41, que é
dividido em duas partes, a saber:
- Parte A, na qual são demonstradas as adições, exclusões e
compensações referentes ao período de apuração; e
- Parte B, na qual são registrados os valores que EM PERÍODOS
FUTUROS deverão ser objeto de adições, exclusões e
compensações.
Ora, a existência de um valor que permita – à empresa – realizar uma
exclusão, ou uma compensação futura, consistem em um DIREITO da
empresa (direito de pagar menos imposto no futuro) e esse direito deve
ser registrado no ativo, conforme claramente definido pela Deliberação
CVM n° 273, de 1998, que aprovou pronunciamento do Ibracon nesse

41
LALUR – Livro de Apuração do Lucro Real, visto na aula 03 deste curso.

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sentido. A seguir apresentamos um exemplo de contabilização do IR
diferido:
Seja uma provisão para IR de R$ 50.000,00 e, embutida no cálculo
desta provisão, uma despesa não dedutível de R$ 1.000,00, que será
dedutível em período futuro.
Nessa situação, pode-se contabilizar a despesa com o IR:
D = despesa com provisão para o IR
1 - C = a IR a recolher 50.000,00
E, em seguida, da despesa a parte que na verdade foi um
adiantamento.
D = IR diferido
2 - C = a despesa com provisão para o IR 1.000,00
Duas observações sobre os lançamentos acima:
a) o IR diferido será classificado no Ativo Circulante ou no
Ativo Realizável a Longo Prazo, de acordo com o prazo
previsto para sua utilização;
b) alguns autores entendem que, tanto dentro do Ativo
Circulante quando do Ativo Realizável a Longo Prazo,
esses ativos deveriam ser classificados como despesas
antecipadas (e não como créditos de tributos) –
consideramos irrelevante essa discussão, visto que a
Instrução CVM acima citada determina (tão somente) o
registro do item como um ativo, sem maiores
especificações.
Pelos conceitos acima apresentados, o funcionamento da conta Imposto
de Renda a Compensar pode ser, resumidamente, apresentado,
conforme tabela a seguir:

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Modelo de funcionamento de contas contábeis

Imposto de Renda a Compensar


Débitos Créditos
si Saldo inicial - de natureza devedora
1 no momento do recolhimento da estimativa mensal
(pela antecipação do imposto ainda não devido)
no final do período de apuração
(pela dedução da antecipação do valor devido) 2
(ou pela transferência para a conta de
'Saldo negativo do imposto apurado')
sf Saldo final - de natureza devedora

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final

1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

A existência de valor relativo a imposto no ativo pode – também –


decorrer da retenção de imposto realizada pela fonte pagadora. O
imposto de renda retido na fonte está previsto no CTN, em seu art. 45,
parágrafo único, conforme a seguir:
Art. 45. Contribuinte do imposto é o titular da
disponibilidade a que se refere o artigo 43, sem prejuízo
de atribuir a lei essa condição ao possuidor, a qualquer
título, dos bens produtores de renda ou dos proventos
tributáveis.
Parágrafo único. A lei pode atribuir à fonte pagadora
da renda ou dos proventos tributáveis a condição de
responsável pelo imposto cuja retenção e
recolhimento lhe caibam. (grifos na transcrição)

A retenção na fonte tem por objetivo facilitar o


trabalho de arrecadação e fiscalização dos contribuintes,
transferindo para a fonte pagadora dos rendimentos tributáveis a
obrigação de:
- reter determinado valor a título de Imposto de Renda (pagando
apenas o valor líquido);
- recolher o valor retido aos cofres públicos através de
documento e com código específico.
Adicionalmente, esse valor retido (e recolhido aos cofres públicos) pode
ser considerado: (a) adiantamento do imposto devido ao final do
período (sobre o Lucro Real, Presumido ou Arbitrado), ou (b) definitivo,
quando a incidência é exclusiva na fonte.
No caso de uma pessoa jurídica auferir rendimentos (de aplicações
financeiras, ou de prestação de serviços profissionais, por exemplo) e

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ter o imposto, relativo a esses rendimentos, retido pela fonte pagadora,
surgirá – para essa pessoa jurídica – o direito de compensar esse valor
(adiantadamente dela retido) com aquele devido ao final do período de
apuração. Esse direito deverá ser registrado na conta de ativo Imposto
retido na fonte a compensar. No caso do valor o valor retido na fonte
ser maior do que o valor devido ao final do período, o saldo é transferido
para uma conta de Saldo negativo do imposto apurado.
Pelos conceitos acima apresentados, o funcionamento da conta Imposto
retido na fonte a Compensar pode ser, resumidamente, apresentado,
conforme tabela a seguir:
Modelo de funcionamento de contas contábeis

Imposto retido na fonte a compensar


Débitos Créditos
si Saldo inicial - de natureza devedora
1 no momento da retenção do imposto na fonte
(pela antecipação do imposto ainda não devido)
no final do período de apuração
(pela dedução do valor retido daquele devido) 2
(ou pela transferência do valor para conta de
'Saldo negativo de imposto apurado')
sf Saldo final - de natureza devedora

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final

1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

O imposto de renda a restituir decorre, portanto, via de regra, de


antecipações a compensar do imposto devido.
A situação de pagamentos efetuados indevidamente a maior é aplicável
a qualquer outro tributo. Ou seja, nos termos do art. 165 da Lei n°
5.172, de 1966 (Código Tributário Nacional – CTN), no caso de qualquer
pagamento indevido ou a maior de tributos, surge o direito à respectiva
restituição, conforme a seguir transcrito:
Art. 165. O sujeito passivo tem direito,
independentemente de prévio protesto, à restituição total
ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu
pagamento, ressalvado o disposto no § 4º do artigo 162,
nos seguintes casos:
I - cobrança ou pagamento espontâneo de tributo
indevido ou maior que o devido em face da legislação
tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias
materiais do fato gerador efetivamente ocorrido; ...

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3.2.9.5 Depósitos restituíveis e valores vinculados
Nesta conta devem ser registrados os depósitos e cauções efetuados
pela empresa para garantia de contratos, como os de aluguel, bem
como para direito de uso ou exploração temporária de bens, ou ainda,
os de natureza judicial. Serão ainda registrados nessa conta eventuais
depósitos compulsórios em virtude da legislação.

3.2.9.6 Provisões sobre os demais créditos – não


alcançadas pela PCLD
Temos ainda no grupo de outros créditos – que não os relativos a
clientes – as seguintes contas credoras:
- provisão para créditos de liquidação duvidosa;
- provisão para perdas.
Essas provisões devem ser constituídas por valores que cubram a
expectativa de perdas nas diversas contas desse subgrupo. Deve-se, na
data do balanço, efetuar uma análise da composição de cada uma das
contas, verificando-se as prováveis perdas na cobrança das mesmas
para, pela estimativa dessas perdas, constituir-se a provisão. A
segregação da provisão em duas contas destina-se a separar as perdas
conforme sua origem, ou seja, as perdas com o não-recebimento dos
valores a receber por inadimplência de terceiros e as perdas por outras
razões.

3.2.10 Estoques
A Lei das S.A. refere-se a estoques como sendo os direitos que tiverem
por objeto mercadorias e produtos do comércio da companhia assim
como matérias-primas, produtos em fabricação e bens do almoxarifado,
conforme art. 183, a seguir reproduzido – em parte:
Art. 183. No balanço, os elementos do ativo serão
avaliados segundo os seguintes critérios:
...
II - os direitos que tiverem por objeto mercadorias e
produtos do comércio da companhia, assim como
matérias-primas, produtos em fabricação e bens em
almoxarifado, pelo custo de aquisição ou produção,
deduzido de provisão para ajustá-lo ao valor de mercado,
quando este for inferior;
...
§ 1º Para efeitos do disposto neste artigo, considera-se
valor de mercado:

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a) das matérias-primas e dos bens em almoxarifado, o
preço pelo qual possam ser repostos, mediante compra no
mercado;
b) dos bens ou direitos destinados à venda, o preço líquido
de realização mediante venda no mercado, deduzidos os
impostos e demais despesas necessárias para a venda, e a
margem de lucro;
c) dos investimentos, o valor líquido pelo qual possam ser
alienados a terceiros.
...
§ 4° Os estoques de mercadorias fungíveis destinadas à
venda poderão ser avaliados pelo valor de mercado,
quando esse for o costume mercantil aceito pela técnica
contábil.
Repare que o conceito de estoques é abrangente, alcançando bens
destinados à venda ou ao consumo, sendo que tais bens podem ter sido
adquiridos ou produzidos pela própria empresa. Uma primeira divisão é
a de bens destinados ao almoxarifado (consumidos nas atividades
operacionais da empresa) e aqueles destinados à atividade principal, ou
seja, à venda.
Para empresas comerciais os estoques destinados à venda seriam, tão-
somente, os produtos do comércio adquiridos para revenda –
denominados genericamente Mercadorias. Eventualmente, nessas
empresas comerciais, haverá – também – uma conta de almoxarifado,
para itens de consumo.
Já para empresas industriais, além da eventual conta de Almoxarifado,
há também a necessidade de manutenção de diversas contas contábeis,
que controlem a produção, conforme será brevemente comentado nesse
item. Cumpre referir que o estudo aprofundado do funcionamento das
contas componentes dos estoques em empresas industriais é objeto da
Contabilidade de Custos, que será apresentada em curso específico – a
ser oportunamente oferecido.
Um modelo abrangente de contas de estoque, que atenda tanto a
empresas comerciais quanto a empresas industriais encontra-se, a
seguir, proposto:
ESTOQUES
a) mercadorias para revenda
b) matérias primas
c) materiais auxiliares
d) materiais de acondicionamento e embalagem
e) produtos em elaboração

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f) produtos acabados
g) importações em andamento
h) adiantamento a fornecedores
i) almoxarifado
j) manutenção e suprimentos gerais
k) provisão para redução ao valor de mercado (conta credora)
l) provisão para perdas em estoques (conta credora)
Os estoques, via de regra, são classificados no Ativo Circulante
(visto que, normalmente, a intenção de qualquer empresa que
adquira itens para seu estoque é a de realizar – alienar – esse
item no curto prazo). Mas, caso a empresa tenha adquirido
alguma matéria prima, ou mercadoria, estratégica, para uso ou
venda ao longo de vários períodos, esta deve ser reclassificada
para o Ativo Realizável a Longo Prazo.
Cabe fazer uma última observação, relativa à conta Estoques.
Caso uma empresa possua mais de um estabelecimento, com
estoques em cada um deles, é possível que o Plano de Contas
determine a existência de cada uma das contas acima, por
estabelecimento. Isso demanda a consideração de cada uma
dessas contas como contas sintéticas, com subcontas por
estabelecimento.

3.2.10.1 Mercadorias para revenda


As mercadorias para revenda são os bens adquiridos de terceiros para
revenda e que não sofrem nenhum processo de transformação na
empresa.
A conta mercadorias para a revenda é debitada na aquisição da
mercadoria (a crédito de disponibilidades ou fornecedores) e creditada
na venda. Eventualmente, quando há mais de um estoque na empresa
(pela existência de mais de um estabelecimento) a conta Mercadorias
para revenda pode ser creditada pela transferência dessa mercadoria (a
débito de outra subconta da mesma conta Mercadorias para revenda).
A partir dos conceitos acima, é possível apresentar, resumidamente, o
funcionamento da conta Mercadorias para revenda, conforme tabela a
seguir:

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Modelo de funcionamento de contas contábeis

Mercadorias para revenda


Débitos Créditos
si Saldo inicial - de natureza devedora
1 na aquisição da mercadoria, de fornecedores.
2 no recebimento de mercadorias por transferência
na venda da mercadoria, para clientes. 3
na transferência de mercadorias 4
sf Saldo final - de natureza devedora

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final

1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

3.2.10.2 Matérias-primas
Esta conta é utilizada para registrar o valor aplicado na aquisição de
todas as matérias-primas, ou seja, dos materiais mais importantes e
essenciais e que sofrem transformações no processo produtivo. Trata-
se de uma conta típica de empresa de natureza industrial, suas
composição e natureza são extremamente diversificadas, e dependem
de cada tipo de indústria.
A conta é debitada na aquisição da matéria-prima (a crédito de
disponibilidades ou fornecedores) e creditada quando a matéria-prima é
requisitada para o processo de produção (a débito da conta Produtos em
elaboração – apresentada a seguir).
Às matérias-primas, bem como a todas as contas componentes dos
estoques aqui apresentadas, também são aplicáveis as considerações
feitas acerca das transferências de bens entre estabelecimentos (já
comentadas no item anterior – Mercadorias para revenda). Portanto,
com relação às matérias-primas (e às demais contas componentes dos
estoques) não serão repetidas essas considerações.
A partir dos conceitos acima, é possível apresentar, resumidamente, o
funcionamento da conta Matérias-primas, conforme tabela a seguir:

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Modelo de funcionamento de contas contábeis

Matérias-primas
Débitos Créditos
si Saldo inicial - de natureza devedora
1 na aquisição da matéria-prima, de fornecedores.
na requisição da matéria prima, para a produção. 2
sf Saldo final - de natureza devedora

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final

1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

3.2.10.3 Materiais auxiliares


Esta conta engloba os estoques de materiais de menor importância,
utilizados no processo industrial.
Tais itens podem ser apropriados diretamente ou não ao produto, sendo
caracterizados por não terem uma representação significativa no valor
global do custo de produção e pela dificuldade de ser identificados
fisicamente no produto.
Considerando-se a primeira opção, apropriação do valor dos Materiais
auxiliares ao produto, a contabilização relativa aos Materiais auxiliares é
idêntica àquela aplicável às Matérias-primas (vista no item anterior).
Assim, nesse caso, a conta Materiais auxiliares é debitada na aquisição
dos materiais (a crédito de disponibilidades ou fornecedores) e creditada
quando os materiais são requisitados para o processo de produção (a
débito da conta Produtos em elaboração – apresentada a seguir),
conforme resumidamente apresentado na tabela a seguir:
Modelo de funcionamento de contas contábeis

Materiais auxiliares (quando apropriados ao produto)


Débitos Créditos
si Saldo inicial - de natureza devedora
1 na aquisição dos materiais, de fornecedores.
na requisição dos materiais, para a produção. 2
sf Saldo final - de natureza devedora

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final

1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

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Considerando-se a segunda opção, apropriação do valor aplicado em
materiais auxiliares direta ao resultado, esse item terá o tratamento de
uma despesa. Assim, nesse caso, a conta Materiais auxiliares é
debitada na aquisição dos materiais (a crédito de disponibilidades ou
fornecedores) e creditada quando do fechamento do exercício (como
qualquer outra despesa) (a débito da conta ARE – apuração do
Resultado do Exercício42), conforme resumidamente apresentado na
tabela a seguir:
Modelo de funcionamento de contas contábeis

Materiais auxiliares (quando apropriados diretamente ao resultado)


Débitos Créditos
si Saldo inicial - de natureza devedora ==> igual a 0
1 na aquisição dos materiais, de fornecedores.
no fechamento do exercício 2
sf Saldo final - de natureza devedora ==> igual a 0

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final

1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

Repare que, considerando-se a segunda opção, essa conta não constaria


do balanço patrimonial, mas sim da Demonstração de Resultados do
Exercício. Cabe um último comentário, entendemos que essa segunda
opção não seja apropriada, por não estar em conformidade com o
princípio de competência, porém é aceitável em casos específicos, com
base na convenção contábil da materialidade43.

3.2.10.4 Materiais de acondicionamento e embalagem


A conta de materiais de acondicionamento e embalagem representa
todos os itens de estoque que se destinam à embalagem do produto ou
ao seu acondicionamento para remessa. No caso da embalagem ser
realizada no âmbito do processo de fabricação do produto, ela pode terá
o mesmo tratamento (em termos de registro) das matérias-primas.
Assim, nesse caso, a conta Materiais de acondicionamento e embalagem
é debitada na aquisição das embalagens (a crédito de disponibilidades
ou fornecedores) e creditada quando as embalagens são utilizadas no

42
Comentários acerca da conta ARE – Apuração do resultado do exercício – constam
da aula em que foram apresentados os lançamentos de fechamento do exercício, neste
curso.
43
Sobre Princípios Fundamentais de Contabilidade e Convenções – vide aula 01 deste
curso.

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processo de produção (a débito da conta Produtos em elaboração –
apresentada a seguir), conforme resumidamente apresentado na tabela
a seguir:
Modelo de funcionamento de contas contábeis

Materiais de acondicionamento e embalagem (utilizados no âmbito do processo de fabricação)


Débitos Créditos
si Saldo inicial - de natureza devedora
1 na aquisição das embalagens, de fornecedores.
na utilização das embalagens, na produção. 2
sf Saldo final - de natureza devedora

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final

1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

No caso da embalagem ser realizada no momento da venda (com um


esforço comercial, e não de produção), ela pode ser considerada como
um dos itens que irão compor as despesas com vendas. Assim, nesse
caso, a conta Materiais de acondicionamento e embalagem é debitada
na aquisição das embalagens (a crédito de disponibilidades ou
fornecedores) e creditada quando os produtos são vendidos,
devidamente embalados, (a débito da conta Despesas com vendas),
conforme resumidamente apresentado na tabela a seguir:
Modelo de funcionamento de contas contábeis

Materiais de acondicionamento e embalagem (utilizados no momento da venda)


Débitos Créditos
si Saldo inicial - de natureza devedora
1 na aquisição das embalagens, de fornecedores.
na venda dos produtos, devidamente embalados 2
sf Saldo final - de natureza devedora

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final

1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

3.2.10.5 Produtos em elaboração


A conta produtos em elaboração representa o valor da totalidade das
matérias-primas já requisitadas para o processo de produção, que estão
em transformação, e todas as cargas de custos diretos e indiretos
relativos à produção (salários, energia, aluguéis, etc.) não concluída na
data do balanço, porém já atribuída aos produtos.

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Esta conta é debitada pela atribuição de valores aos produtos em
elaboração (no momento da requisição das matérias-primas para o
processo, ou na alocação de custos direitos e indiretos aos produtos)
com crédito, alternativamente, nas contas Matérias-primas, Materiais
auxiliares, Material de embalagem, Mão de obra direta ou Custos
indiretos de fabricação.
A conta é creditada pelo término dos produtos, seus valores (custos)
são transferidos para a conta Produtos acabados, que recebe os
respectivos débitos.
A partir dos conceitos acima, é possível apresentar, resumidamente, o
funcionamento da conta Produtos em elaboração, conforme tabela a
seguir:
M odelo de funcionamento de contas contábeis

Produtos em elaboração
Débitos Créditos
si Saldo inicial - de natureza devedora
1 na requisição da matéria prima, para a produção.
(Materiais auxiliares e Material de embalagem também)
2 na alocação de custos (diretos e indiretos) aos produtos
(Mão de obra direta e Custos indiretos de fabricação)
no término da produção 3
(transferência para Produtos Acabados)
sf Saldo final - de natureza devedora

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final

1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

3.2.10.6 Produtos acabados


Produtos acabados são aqueles já terminados e oriundos da própria
produção da empresa e disponíveis para venda, estando estocados na
fábrica, ou em depósitos, ou em filiais, ou ainda com terceiros em
consignação.
A conta produtos acabados recebe débitos pela transferência da conta
produtos em elaboração e os créditos pelas vendas ou transferências da
subconta da fábrica para as filiais.
A partir dos conceitos acima, é possível apresentar, resumidamente, o
funcionamento da conta Produtos acabados, conforme tabela a seguir:

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Modelo de funci onamento de contas contábei s

Produtos Acabados
Débitos Créditos
si Saldo inicial - de natureza devedora
1 no término da produção
(com contrapartida em Produtos em elaboração)
na venda do produto 2
(com contrapartida em CPV)
sf Saldo final - de natureza devedora

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final

1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

3.2.10.7 Importações em andamento


A conta importações em andamento engloba os custos já incorridos
relativos a importações em andamento e as próprias mercadorias em
trânsito, quando a condição de compra é feita FOB, no ponto de
embarque, pelo exportador.
Para esclarecer o conceito, cabe precisar o sentido de compras FOB;
trata-se de um termo utilizado costumeiramente no comércio
internacional, com sentido conhecido e aceito por aqueles que realizam
operações relativas ao comércio exterior. Esses termos são
denominados Incoterms (International Commercial Terms), cujos mais
conhecidos são:
- FOB – Free on Board, significando que a propriedade da
mercadoria vendida é transferida ao comprador quando ela é
embarcada no navio (no porto de embarque).
- FAS – Free Along Ship, significando que a propriedade da
mercadoria vendida é transferida ao comprador quando ela é
deixada ao lado do navio (no porto de embarque).
- CIF – Cost Insurance and Freight, significando que a propriedade
da mercadoria vendida é transferida ao comprados quando ela é
entregue no estabelecimento do comprador.
Nesses termos, quando a compra é realizada na modalidade FOB, a
propriedade da mercadoria já é do comprador antes de sua entrada no
estabelecimento. Assim, essa mercadoria adquirida já conta dos
estoques, com a peculiaridade de estar fora do estabelecimento. Ao
chegar ao estabelecimento, a mercadoria deve ser reclassificada para a
conta estoques de Mercadoria para revenda. Dessa maneira, a conta

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Importações em andamento é debitada quando é realizada a compra e
quando são imputados demais custos à importação. A conta é creditada
quando a mercadoria chega ao estabelecimento comprador.
A partir dos conceitos acima, é possível apresentar, resumidamente, o
funcionamento da conta Importações em andamento, conforme tabela a
seguir:
M odelo de funcionamento de contas contábeis

Importações em andamento
Débitos Créditos
si Saldo inicial - de natureza devedora
1 na aquisição da mercadoria
(na modalidade FOB)
2 na apropriação de custos à mercadoria importada
(incorridos durante o transporte da mercadoria)
na chegada da mercadoria ao estabelecimento 3
(transferência para estoque de mercadorias)
sf Saldo final - de natureza devedora

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final

1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

3.2.10.8 Adiantamento a fornecedores


A conta Adiantamento a fornecedores abriga os valores relativos a
adiantamentos efetuados pela empresa a fornecedores, vinculados a
compras específicas de materiais que serão incorporados aos estoques
quando de seu efetivo recebimento. Essa conta é debitada quando é
efetuado um adiantamento a um fornecedor de matéria prima, com
crédito em Disponibilidades. A conta é creditada contabilizada quando
do efetivo recebimento, registrando-se, a débito, o custo total nas
contas Mercadorias para revenda ou matérias primas. O eventual saldo
a pagar deverá ser registrado na conta fornecedores (passivo
circulante), até seu efetivo pagamento.
A partir dos conceitos acima, é possível apresentar, resumidamente, o
funcionamento da conta Adiantamento a fornecedores, conforme tabela
a seguir:

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M odelo de funcionamento de contas contábeis

Adiantamento a fornecedores
Débitos Créditos
si Saldo inicial - de natureza devedora
1 no pagamento, adiantado, a fornecedores
(por conta da aquisição de estoques)
na chegada da mercadoria ao estabelecimento 2
(transferência para estoque de mercadorias)
sf Saldo final - de natureza devedora

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final

1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

É importante lembrar que essa conta representa, efetivamente, um


direito (de exigir que o fornecedor entregue a mercadoria ou devolva o
dinheiro adiantado), porém, para fins de clareza na apresentação do
motivo pelo qual o adiantamento foi realizado, e em atenção à
convenção da materialidade, registra-se esse valor em subconta do
estoque. Quando da análise de balanços44, veremos que – para fins de
análise – é recomendado que esse valor seja retirado do elemento
patrimonial estoques, para ser reclassificado como direitos de curto
prazo.

3.2.10.9 Almoxarifado
A conta de almoxarifado varia muito de uma empresa para outra, em
função das suas peculiaridades e necessidades. Todavia, engloba todos
os itens de estoques de consumo geral, podendo incluir produtos de
alimentação do pessoal, materiais de escritório, peças em geral e uma
variedade de itens. Muitas empresas, por questão de controle, adotam
a prática de, para fins contábeis, já lançar tais estoques como despesas
no momento da compra, somente mantendo controle quantitativo, pois
muitas vezes representam uma quantidade muito grande de itens, mas
de pequeno valor total, não afetando os resultados. Esse método pode
ser aplicado a outras contas para itens de pequeno valor.
Esta prática não é considerada a mais correta, pelo princípio da
competência, mas pode ser adotada por conta da convenção da
materialidade, quando usada adequadamente.
A partir do conceito acima, é possível apresentar, resumidamente, o
funcionamento da conta Almoxarifado, conforme tabela a seguir:

44
Assunto a ser, detalhadamente, estudado adiante neste curso.

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M odelo de funcionamento de contas contábeis

Almoxarifado
Débitos Créditos
si Saldo inicial - de natureza devedora
1 na aquisição
(em contrapartida de disponibilidades ou fornecedores)
Na apuração do resultado do exercício 2
(pela transferência para ARE)
sf Saldo final - de natureza devedora

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final

1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

3.2.10.10 Manutenção e suprimentos gerais


Nessa conta são classificados os estoques de materiais adquiridos com a
finalidade de manutenção, conserto, lubrificação, pintura (ou outros fins
semelhantes) de máquinas, equipamentos, edifícios etc. Assim, a conta
recebe débitos quando da aquisição dos materiais (a crédito de
disponibilidades ou de fornecedores) e créditos quando esses materiais
são utilizados (a débito de contas de despesa).
Com base na definição acima, é possível apresentar, resumidamente, o
funcionamento da conta Manutenção e suprimentos gerais, conforme
tabela a seguir:
M odelo de funcionamento de contas contábeis

Almoxarifado
Débitos Créditos
si Saldo inicial - de natureza devedora
1 na aquisição
(em contrapartida de disponibilidades ou fornecedores)
Na sua utilização 2
(em contrapartida de conta de despesa)
sf Saldo final - de natureza devedora

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final

1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

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3.2.10.11 Provisão para ajuste ao valor de mercado (conta
credora)
Esta conta credora, que deve ser classificada como redução do grupo de
estoques, destina-se a registrar o valor dos itens de estoque, que
estiverem a um custo superior ao valor de mercado.
A lei das S.A. estabeleceu critérios de avaliação do ativo das empresas,
tratando dos estoques no inciso II do art. 183, acima transcrito. A
determinação é de que os estoques sejam avaliados pelo custo e,
apenas excepcionalmente, pelo valor de mercado, quando este for
menor. Em resumo: os estoques serão avaliados pelo valor de custo ou
de mercado, dos dois o menor.
O valor de mercado é definido pela própria lei das S/A.
- para os bens em almoxarifado e para as matérias primas, é o
preço pelo qual possam ser repostos, mediante compra no
mercado;
- para os bens destinados à venda, o preço líquido de venda no
mercado, deduzidos os impostos e demais despesas necessárias
para a venda e a margem de lucro.
Essa conta recebe créditos quando da constituição da provisão (em
contrapartida de conta de despesas) e débitos quando da reversão da
provisão (em contrapartida de conta de receita de reversão de
provisão).
Com base na definição acima, é possível apresentar, resumidamente, o
funcionamento da conta Provisão para ajuste ao valor de mercado,
conforme tabela a seguir:
M odelo de funcionamento de contas contábeis

Provisão para ajuste ao valor de mercado


Débitos Créditos
Saldo inicial - de natureza credora si
na constituição da provisão 1
2 na reversão da provisão
Saldo final - de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final

1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

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3.2.10.12 Provisão para perdas em estoques (conta
credora)
Esta conta destina-se a registrar as perdas conhecidas em estoques e
calculadas por estimativa, relativas a estoques morosos ou obsoletos e,
mesmo, para dar cobertura a diferenças físicas.
Essa conta recebe créditos quando da constituição da provisão (em
contrapartida de conta de despesas) e débitos quando da reversão da
provisão (em contrapartida de conta de receita de reversão de
provisão).
Com base na definição acima, é possível apresentar, resumidamente, o
funcionamento da conta Provisão para perdas em estoques, conforme
tabela a seguir:
M odelo de funcionamento de contas contábeis

Provisão para perdas em estoques


Débitos Créditos
Saldo inicial - de natureza credora si
na constituição da provisão 1
2 na reversão da provisão
Saldo final - de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final

1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

3.2.10.13 Observação sobre estoques


Os estoques representam um dos ativos mais importantes do ativo
circulante. A sua correta determinação no início e no fim do período
contábil é essencial para uma apuração adequada do lucro líquido do
exercício. Os estoques estão intimamente ligados às principais áreas de
operação das companhias e envolvem problemas de administração,
controle, contabilização e avaliação.
Pela sua importância, este grupo patrimonial será estudado em
separado, em aula específica, adiante neste curso.

3.2.11 Despesas antecipadas


As despesas antecipadas, também conhecidas como aplicações de
recursos em despesas do exercício seguinte, representam pagamentos
antecipados, cujos benefícios ou prestação de serviço à empresa se
farão durante o exercício seguinte. Tais benefícios ou serviços,

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normalmente não são recebidos em dinheiro nem representam bens
fisicamente existentes.
As despesas antecipadas são classificadas no Ativo Circulante, por
representarem um direito – da empresa – de usufruir ou de exigir a
prestação do serviço objeto do pagamento antecipado. Tais elementos
patrimoniais geralmente representam uma parcela não muito
significativa, em comparação com os demais ativos, motivo pelo qual,
no Balanço Patrimonial, são normalmente apresentadas pelo seu valor
total.
Pelo conceito de liquidez, este é o último item apresentado no Ativo
circulante. Normalmente, todos os itens dessa natureza se referem a
despesas do exercício seguinte à data do Balanço Patrimonial. Todavia,
em casos mais incomuns, pode haver pagamentos antecipados de
despesas cujos benefícios ou prestação dos serviços ocorram em prazos
ainda maiores. Nesse caso, a classificação no balanço deverá ser em
conta do Ativo Realizável a Longo Prazo.
Como exemplo de despesas pagas antecipadamente, temos os prêmios
de seguro pagos antecipadamente, mas cujo benefício, ou seja, a
cobertura do seguro, se dará durante o exercício ou exercícios
posteriores. Outro caso é o de aluguéis já pagos relativos a períodos de
utilização do imóvel posteriores ao balanço. São também exemplos de
despesas pagas antecipadamente bilhetes de passagem adquiridos, mas
ainda não utilizados e comissões pagas relativas a benefícios ainda não
usufruídos.
Os adiantamentos a empregados, para eventuais despesas, não devem
ser classificados nesse grupo, uma vez que não representa ainda
“aplicação de recursos em despesas”. Os estoques de materiais
diversos, tais como artigos de papelaria, materiais de escritório e
materiais de limpeza também não devem ser incluídos como despesas
do exercício seguinte, e sim constar em conta de estoques
(almoxarifado). Ainda, os gastos que beneficiarão vários exercícios
vindouros (pesquisa, propaganda institucional, reorganização
administrativa, etc.) não devem ser classificados como despesas do
exercício seguinte porque não consistem na aquisição de serviços a
serem utilizados no exercício seguinte – tais situações subsumem-se ao
conceito de Ativo Diferido.
A seguir, sugerimos o seguinte plano de contas para o subgrupo
Despesas antecipadas do Ativo Circulante:
DESPESAS ANTECIPADAS
a) prêmios de seguro a apropriar
b) aluguéis pagos antecipadamente

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c) assinaturas e anuidades a apropriar
d) encargos financeiros a apropriar (inclusive relativos a
desconto de duplicatas)
Os exemplos mais comuns de despesas pagas antecipadamente, como
prêmios de seguros, despesas com descontos de duplicatas, assinaturas
anuais de publicações técnicas, comissões, prêmios e outros custos e
despesas pagos antecipadamente, devem ser apresentados no balanço
pelas importâncias aplicadas menos as apropriações efetuadas até a
data do balanço, de forma a obedecer adequadamente ao regime de
competência. Isto é, a apropriação das despesas deve ser feita aos
resultados do período a que correspondem e não ao período em que
foram pagas.
A forma de apropriação dessas despesas aos resultados deve ser em
quotas proporcionais, durante o prazo do evento.

3.2.11.1 Seguros a vencer


A conta Seguros a vencer representa a aplicação de valores no direito
de ter um bem protegido contra roubos, acidentes ou outros sinistros,
durante um período pré-determinado – conforme previsto em contrato
(por exemplo, 12 meses).
O surgimento deste direito se dá quando da aquisição – por parte da
empresa – da apólice de seguro:
- via de regra, essa aquisição ocorre no mesmo momento do
pagamento e, assim, no momento do pagamento, a conta
Seguros a vencer será debitada (a crédito de conta
representativa de disponibilidades);
- pode ocorrer, entretanto, que a aquisição do direito se dê (nos
termos contratados) imediatamente e para pagamento em duas,
três ou quatro parcelas e, assim, a conta Seguros a vencer será
também debitada (a crédito, porém, de conta representativa de
disponibilidades – referente à primeira parcela – e de conta de
passivo – representativa da obrigação de pagamento das demais
parcelas).
A apropriação da despesa de seguros deverá ocorrer à medida que o
tempo passar. Isso porque, conforme já vimos em aulas anteriores45, à
medida que a Seguradora cumpre sua prestação (de manter o bem
segurado protegido) é reduzido (realizado) o direito de ter o bem
protegido. Assim, a conta Seguros a vencer é creditada

45
Quando da apresentação do regime de competência e dos lançamentos relativos a
operações com seguros.

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proporcionalmente ao tempo decorrido, com débito em conta
representativa de despesas de seguros.
Pelos conceitos acima expostos, é possível apresentar, resumidamente,
o funcionamento da conta Seguros a vencer, conforme tabela a seguir:
M odelo de funcionamento de contas contábeis

Seguros a vencer
Débitos Créditos
si Saldo inicial - de natureza devedora
1 Na aquisição da apólice de seguro
(com pagamento à vista ou a prazo)
Na apropriação da despesa de seguros 2
(realização pro-rata tempore)
sf Saldo final - de natureza devedora

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final

1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

3.2.11.2 Aluguéis pagos antecipadamente


A conta Aluguéis pagos antecipadamente representa a aplicação de
valores no direito de ter utilizar um imóvel durante um período pré-
determinado.
O surgimento deste direito se dá quando do pagamento – por parte da
empresa – dos aluguéis antecipados. Assim, no momento do
pagamento, a conta Aluguéis pagos antecipadamente será debitada (a
crédito de conta representativa de disponibilidades).
A apropriação da despesa com aluguéis deverá ocorrer à medida que o
tempo passar. Isso porque, conforme já vimos em aulas anteriores46, à
medida que o locador cumpre sua prestação (de permitir que a empresa
utilize o imóvel alugado) é reduzido (realizado) o direito de uso do
imóvel. Assim, a conta Aluguéis pagos antecipadamente é creditada
proporcionalmente ao tempo decorrido, com débito em conta
representativa de despesas de aluguéis.
Pelos conceitos acima expostos, é possível apresentar, resumidamente,
o funcionamento da conta Aluguéis pagos antecipadamente, conforme
tabela a seguir:

46
Quando da apresentação do regime de competência e dos lançamentos relativos a
operações com seguros.

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M odelo de funcionamento de contas contábeis

Seguros a vencer
Débitos Créditos
si Saldo inicial - de natureza devedora
1 No pagamento antecipado dos aluguéis
Na apropriação da despesa de aluguel 2
(realização pro-rata tempore)
sf Saldo final - de natureza devedora

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final

1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

3.2.11.3 Assinatura de periódicos


A assinatura de periódicos é uma operação, referente às despesas
antecipadas, que guarda similaridade com aquela relativa a seguros
(vista acima). A conta Assinatura de periódicos representa a aplicação
de valores no direito de ter garantido o fornecimento de revistas, jornais
ou livros, durante um período pré-determinado – conforme previsto em
contrato (por exemplo, 12 meses).
O surgimento deste direito se dá quando da assinatura – por parte da
empresa:
- via de regra, essa aquisição ocorre no mesmo momento do
pagamento e, assim, no momento do pagamento, a conta
Assinatura de periódicos será debitada (a crédito de conta
representativa de disponibilidades);
- pode ocorrer, entretanto, que a aquisição do direito se dê (nos
termos contratados) imediatamente e para pagamento em duas,
três ou quatro parcelas e, assim, a conta Assinatura de
periódicos será também debitada (a crédito, porém, de conta
representativa de disponibilidades – referente à primeira parcela
– e de conta de passivo – representativa da obrigação de
pagamento das demais parcelas).
A apropriação da despesa com assinatura de periódicos deverá ocorrer à
medida que o tempo passar. Isso porque, conforme já vimos em aulas
anteriores47, à medida que a Editora cumpre sua prestação (de manter o
fornecimento da revista, jornal ou livro) é reduzido (realizado) o direito
referente à assinatura feita. Assim, a conta Assinatura de periódicos é

47
Quando da apresentação do regime de competência e dos lançamentos relativos a
operações com seguros.

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creditada proporcionalmente ao tempo decorrido, com débito em conta
representativa de Despesas com assinatura de periódicos.
Pelos conceitos acima expostos, é possível apresentar, resumidamente,
o funcionamento da conta Assinatura de periódicos, conforme tabela a
seguir:
M odelo de funcionamento de contas contábeis

Assinatura de periódicos
Débitos Créditos
si Saldo inicial - de natureza devedora
1 No momento da assinatura
(com pagamento à vista ou a prazo)
Na apropriação da despesa com assinatura de periódicos 2
(realização pro-rata tempore)
sf Saldo final - de natureza devedora

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final

1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

3.2.11.4 Juros passivos a apropriar – referentes a


duplicatas descontadas
Foi visto neste curso, e confirmado nesta aula, que a operação de
desconto de duplicatas tem o efeito patrimonial de um empréstimo.
Vimos também que a operação de desconto de duplicatas deve ser
contabilizada com crédito na conta (retificadora de ativo) Duplicatas
descontadas e débito nas contas (a) bancos e (b) despesas bancárias.
Naquela oportunidade, foi dito que “havendo despesa com juros, seu
valor deveria ser contabilizado conforme o princípio da competência, à
medida que o banco permitisse à empresa ficar com o dinheiro da
operação de desconto de duplicatas. Entretanto, em todos os bons
livros de Contabilidade, a operação é apresentada com a contabilização
das despesas bancárias logo no início. Essa contabilização, direto em
despesas, é decorrente da aplicação da convenção da materialidade48,
pois a operação de desconto de duplicatas é – geralmente – realizada
em um período curto de tempo (30, 60 ou 90 dias) e, no valor cobrado
pelo banco (R$ 6.000,00 – R$ 5.000,00 = R$ 1.000,00), além de juros
estão embutidos outros elementos (serviços bancários). Assim, as
despesas bancárias não são apropriadas no tempo, mas – por
simplificação – consideradas logo de início”.

48
Matéria vista na aula 01 de nosso curso.

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Nesse ponto da matéria, podemos referir que – no caso de uma
operação de desconto de duplicatas com prazo mais alongado – não
cabe a mera aplicação da convenção da materialidade, mas sim a
consideração das despesas bancárias de acordo com a passagem do
tempo, pela obediência ao princípio da Competência. Assim, no
momento da operação de desconto de duplicatas, o valor cobrado pelo
banco não deverá se apropriado diretamente como despesa, mas
aplicado em um ativo (representativo do direito – da empresa – de
permanecer com o valor entregue pelo banco durante um período).
O lançamento da operação de desconto de duplicatas nessa situação
específica (considerando uma duplicata de R$ 6.000,00, com prazo de
10 meses, e um valor de R$ 1.000,00 cobrado pelo banco) encontra-se
abaixo apresentado:

D= Diversos
1- C=a Duplicatas descontadas 6.000,00
D= Bancos 5.000,00
D= Juros passivos a apropriar 1.000,00

A conta de Juros passivos a apropriar, que representa o direito (da


empresa) de manter o valor recebido do banco por um tempo, deverá
ser realizada pro-rata tempore, com a apropriação dos encargos
financeiros com os descontos de duplicatas em quotas mensais,
conforme exemplo abaixo:
D= encargos financeiros passivos
2- C=a Juros passivos a apropriar 100,00

A título de esclarecimento, lembramos que os demais encargos


financeiros a apropriar (referentes a empréstimos, classificados no
passivo) devem ser classificados no Balanço como redução do passivo
correspondente, motivo pelo qual, no Plano de Contas, a conta
“encargos financeiros a transcorrer”, derivada de Empréstimos e
Financiamentos, é apresentada como conta redutora do passivo.
No presente caso, relativo a encargos financeiros decorrentes do
desconto de duplicatas, é que eles devem figurar nessa conta de ativo
circulante, como dedução das Duplicatas a receber.
A partir dos conceitos acima expostos, é possível apresentar,
resumidamente, o funcionamento da conta Juros passivos a apropriar,
decorrentes do desconto de duplicatas, conforme tabela a seguir:

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Model o de funci onamento de contas contábei s

Juros passivos a apropriar - decorrentes do desconto de duplicatas


Débitos Créditos
si Saldo inicial - de natureza devedora
1 no momento do desconto da duplicata
Na apropriação da despesa com juros 2
(realização pro-rata tempore)
sf Saldo final - de natureza devedora

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final

1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

4 Resumo
1 - DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS - definição, conceitos iniciais e
apresentação didática (do ponto de vista de suas finalidades)
a) Balanço Patrimonial - BP: demonstração que serve para
apresentar uma “fotografia” do patrimônio (em um instante do
tempo) e é composta pelos saldos das contas patrimoniais.
b) Demonstração do Resultado do Exercício - DRE: demonstração
que serve para apresentar uma lista dos “motivos (e
respectivos valores) dos aumentos ou reduções ocorridas no
patrimônio – em um determinado período de tempo” e é
composta pelos saldos das contas de resultado.
c) Demonstração de Lucros e Prejuízos Acumulados - DLPA:
demonstração que serve para “fazer o meio de campo entre o
BP e a DRE”, apresentando a maneira pela qual o resultado se
integrou ao patrimônio e é composta pelos lançamentos
efetuados na conta Lucros e Prejuízos Acumulados – LPA.
d) Demonstração de Mutações do Patrimônio Líquido – DMPL:
demonstração que tem a mesma finalidade que a DLPA porém,
além do comportamento da conta LPA, apresenta o
comportamento das demais contas do PL no período. No caso
da companhia apresentar a DMPL, ela fica dispensada da
apresentação da DLPA.
e) Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos – DOAR:
demonstração que tem por finalidade informar as operações
que geraram aumento do capital circulante líquido (CCL = AC-
PC), denominadas origens, e as operações que geraram
redução do CCL, denominadas aplicações. Essa demonstração

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não é obrigatória para todas as companhias, sendo dispensável
para aquelas que tiverem PL < R$ 1.000.000,00.
2 - Balanço patrimonial: conjunto de contas patrimoniais.
a) Ativo – conjunto de bens e direitos
b) Passivo – conjunto de obrigações
c) Patrimônio líquido – diferença entre Ativo e Passivo.
3 - Grupos específicos de contas do balanço patrimonial – em contas
apresentadas na ordem decrescente do respectivo grau de liquidez.
a) Ativo Circulante – AC: bens e direitos realizáveis até o final do
próximo exercício.
c) Ativo Realizável a Longo Prazo – ARLP: bens e direitos
realizáveis após o final do próximo exercício, sendo que: (1) no
caso de companhias com o ciclo operacional maior do que o
exercício, classificam-se no ARLP apenas os bens e direitos
realizáveis após o final do próximo ciclo operacional e (2)
classificam-se no ARLP, independentemente do prazo de
realização, os direitos oriundos de transações não operacionais
entre a companhia e sócios, diretores, coligadas, controladas e
outros participantes do resultado.
d) Ativo Permanente – AP: conjunto de bens e direitos adquiridos
com intenção de permanência na companhia.
a. Ativo Permanente Investimentos – AP INV: relativo a
participações societárias e a bens e direitos utilizados em
atividades estranhas ao objeto da companhia.
b. Ativo Permanente Imobilizado – AP IMOB: relativo a bens
e direitos utilizados na atividade característica do objeto
da companhia.
c. Ativo Permanente Diferido – gastos que influenciarão o
resultado de vários exercícios vindouros.
4 - Passivo Exigível – Circulante (PC) e Exigível a Longo Prazo (PELP):
obrigações exigíveis respectivamente: (1) até o final do próximo
exercício (2) após o final do próximo exercício. É aplicável à
diferenciação entre PC e PELP o mesmo critério aplicável entre AC e
ARLP, relativo a companhias com ciclo operacional maior do que o
exercício.
5 - Resultados de Exercícios Futuros – REF: receitas recebidas
antecipadamente para as quais não haja: (a) necessidade de qualquer
prestação positiva e (b) possibilidade de devolução.

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6 - Patrimônio Líquido – PL: diferença entre ativo e passivo, conhecida
como capital próprio (pois representa o valor que “sobra” para os sócios,
depois de pagamento de todo o passivo). É classificado em: (a) capital,
(b) reservas (de capital, de reavaliação e de lucro), (c) conta LPA e,
eventualmente (d) ações em tesouraria (conta retificadora).
7 - Grupos específicos de contas do Ativo Circulante
a) Disponibilidades – bens e direitos realizáveis imediatamente.
b) Aplicações de Curto Prazo – Investimentos Temporários –
valores de investimentos com prazo de realização anterior ao
final do próximo exercício.
c) Créditos – Contas a Receber – valores passíveis de recebimento
(de terceiros) até o final do próximo exercício.
d) Estoques – bens adquiridos (ou produzidos) para (a) consumo
ou (b) venda.
e) Despesas antecipadas – direitos de utilização de serviços ou
bens que serão considerados despesas no próximo exercício.
8 - Contas componentes do subgrupo Disponibilidades (do ativo
circulante)
a) Caixa – dinheiro ou cheques imediatamente depositáveis.
Algumas empresas registram todas as entradas e saídas de
valores via conta caixa. Há, também, o expediente
(administrativo) de utilização de caixa de fundo fixo.
b) Bancos – depósitos bancários à vista – valores depositados em
contas bancárias de livre movimentação.
c) Aplicações de liquidez imediata – valores depositados em
contas bancárias que geram rendimentos (receitas financeiras),
mas que podem ser realizados imediatamente.
d) Numerários em trânsito – valores em movimentação (a) entre
estabelecimentos ou (b) entre um estabelecimento e a
instituição financeira.
e) Saldos em moeda estrangeira – moeda estrangeira, mantida no
estabelecimento, que deve ter seu valor contábil monitorado
pela cotação da taxa de câmbio (gerando – alternativamente –
variações cambiais ativas ou variações cambiais passivas).
9 - Contas componentes do subgrupo Aplicações de curto prazo (do
ativo circulante)
c) Aplicações de renda fixa – valores aplicados em investimentos
cujo retorno será, no mínimo, o valor aplicado.

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d) Aplicações de renda variável – valores aplicados em
investimentos cujo retorno poderá ser tanto maior quanto
menor do que o valor inicialmente aplicado.
10 - Contas componentes do subgrupo Créditos (do ativo circulante)
a) Clientes – valores a receber oriundos de vendas a prazo
realizadas pela companhia.
a. Duplicatas a receber – valores a receber, consignados no
título de crédito “duplicata”.
b. Provisão para créditos de liquidação duvidosa – valor da
perda (provável), por inadimplência, relativa ao total de
duplicatas existentes.
c. Duplicatas descontadas – valor da obrigação de
pagamento de valores tomados em instituição financeira,
na operação de desconto de duplicatas.
d. Outros créditos de clientes – valores a receber de clientes
que não estão representados pelo título de crédito
“duplicata” como, por exemplo, promissórias, cheques
pré-datados, etc.
b) Adiantamentos a terceiros – valores entregues a terceiros e
deles exigíveis (ex. adiantamentos a funcionários, para
viagens).
c) Dividendos propostos a receber e dividendos a receber – valor
do direito ao recebimento dos lucros distribuídos de empresas
investidas.
d) Tributos a compensar / recuperar – valor do direito a pagar
menos tributos (em momento futuro) por ter havido operação
de adiantamento ou de geração de qualquer outro tipo de
crédito do tributo.
e) Depósitos restituíveis e valores vinculados – valores
depositados em contas de instituições financeiras que, porém,
não são de livre movimentação.
f) Provisões sobre os demais créditos – não alcançadas pela PCLD
- valor da perda (provável), por inadimplência, relativa ao total
de direitos de recebimento não alcançados pelas duplicatas.
11 - Contas componentes do subgrupo Estoques (do ativo circulante)
a) Mercadorias para revenda – valor dos bens adquiridos para que
sejam vendidos pela empresa (sem que haja sua modificação).
b) Matérias-primas, Materiais auxiliares e Materiais de
acondicionamento e embalagem – valor dos bens adquiridos

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pela empresa para transformação, no processo produtivo
industrial e, posterior, venda.
c) Produtos em elaboração e Produtos acabados – valor das
matérias Matérias-primas, Materiais auxiliares e Materiais de
acondicionamento e embalagem, já aplicados no processo
produtivo, juntamente com o valor de salários e outros custos,
no esforço de produção para venda que podem estar: (a) não
acabados (produtos em elaboração) ou (b) prontos (produtos
acabados).
d) Importações em andamento – valores de bens adquiridos no
exterior com cláusula FOB e que não chegaram no
estabelecimento da empresa.
e) Adiantamento a fornecedores – valores pagos aos
fornecedores, para aquisição de mercadorias ou matérias-
primas.
f) Almoxarifado e Manutenção e suprimentos gerais – valor dos
bens que são consumidos nas operações normais da empresa.
g) Provisões, para ajuste ao valor de mercado e para perdas em
estoques (contas credoras) - valor da perda (provável), relativa
ao valor do estoque existente por: (a) avaliação do mercado
inferior ao valor pago pelos bens componentes do estoque ou
(b) pelo estoque estar obsoleto.
12 - Contas componentes do subgrupo Despesas antecipadas (do ativo
circulante)
a) Seguros a vencer – representa o valor do direito a ter um bem
protegido (de roubos, acidentes ou outros sinistros) durante o
exercício seguinte.
b) Aluguéis pagos antecipadamente – representa o valor do direito
ao uso de um imóvel durante o exercício seguinte.
c) Assinatura de periódicos – representa o valor do direito ao
fornecimento do periódico durante o exercício seguinte.
d) Juros passivos a apropriar – referentes a duplicatas
descontadas – representa o valor do direito à utilização do
valor (entregue pela instituição financeira, quando da operação
de desconto de duplicatas), por um período de tempo durante o
próximo exercício.

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5 Exercícios de Fixação (Questões de concurso elaborado pela
ESAF – resolvidas e comentadas)

5.1 Avaliação de elementos do ativo circulante

5.1.1 AFTN – 1996 – prova de contabilidade avançada


Enunciado
Questão 31: Segundo o texto da Lei Societária, os direitos e títulos de
crédito não classificáveis como Investimentos Permanentes devem ser
avaliados pelo:
A Custo de aquisição ou valor de mercado, dos dois o menor
B Valor de reposição ou valor de mercado, dos dois o menor
C Valor de realização ou pelo custo histórico, dos dois o menor
D Custo de aquisição deduzidas as despesas para realização
E Valor liquido de realização ou valor reposição corrigido
Resolução e comentários
O critério de avaliação dos elementos do ativo, em geral, é “custo ou o
mercado, dos dois o menor”. No caso específico dos direitos e títulos de
crédito não classificáveis como Investimentos Permanentes, esse critério
está previsto no art. 183 da lei das S/A, a seguir transcrito (em parte):
Art. 183. No balanço, os elementos do ativo serão
avaliados segundo os seguintes critérios:
I - os direitos e títulos de crédito, e quaisquer valores
mobiliários não classificados como investimentos, pelo
custo de aquisição ou pelo valor do mercado, se este for
menor; serão excluídos os já prescritos e feitas as
provisões adequadas para ajustá-lo ao valor provável de
realização, e será admitido o aumento do custo de
aquisição, até o limite do valor do mercado, para registro
de correção monetária, variação cambial ou juros
acrescidos;
...

Gabarito
A

5.1.2 AFRF 2000 – contabilidade avançada


Enunciado

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14- O critério da avaliação contábil a ser aplicado aos títulos de crédito,
e a quaisquer valores mobiliários não classificados como Investimentos
Permanentes é:
a) Custo ou mercado dos dois o menor
b) Custo histórico como base de valor
c) Custo corrente ou o de reposição
d) Custo de Realização acrescido dos rendimentos
e) Custo original como base de valor
Resolução e comentários
Idêntico ao da questão anterior
Gabarito
A

5.1.3 AFRF 2002 / março – contabilidade avançada


Enunciado
01- A avaliação de valores mobiliários, não classificados como
investimentos, estabelecida no artigo 183 da Lei 6.404/76, utiliza
como base os critérios contábeis
a) do denominador comum monetário.
b) da convenção de consistência.
c) do custo histórico e da materialidade.
d) do custo ou mercado, dos dois o menor.
e) da prudência e do custo de oportunidade.
Resolução e comentários
Idêntico ao das questões anteriores
Gabarito
D

5.2 Ativo Circulante - disponibilidades

5.2.1 AFRF 2000 – contabilidade avançada


Enunciado
15- Aplicações em Investimentos Temporários que apresentem
características de liquidez imediata são classificadas no Ativo como:
a) Valores Realizáveis

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b) Investimentos
c) Não Circulante
d) Permanente
e) Disponível

Resolução e comentários
Conforme definido nesta aula, o conceito de disponibilidades alcança os
elementos patrimoniais que podem ser imediatamente realizados, por
valor conhecido. O exemplo mais contundente, de elemento patrimonial
passível de classificação no grupo Disponibilidades, é o dinheiro em
caixa, que por ter “curso forçado”49 pode ser utilizado imediatamente –
trocado por qualquer outra coisa.
A Lei das S/A estabelece, no seu art. 178, que, no Ativo, as contas
serão dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez e, dentro
desse conceito, as contas de Disponibilidade são as primeiras a serem
apresentadas no Balanço. Repare que há referência expressa ao item
“Disponibilidades” no art. 179, da lei das S/A, que enumera os itens do
Ativo Circulante. A seguir, encontram-se transcritos, parcialmente, os
dois artigos citados:
Art. 178. No balanço, as contas serão classificadas
segundo os elementos do patrimônio que registrem, e
agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a análise
da situação financeira da companhia.
§ 1º No ativo, as contas serão dispostas em ordem
decrescente de grau de liquidez dos elementos nelas
registrados, nos seguintes grupos:
b) ativo circulante;
...
Art. 179. As contas serão classificadas do seguinte modo:
I - no ativo circulante: as disponibilidades, …

A intitulação Disponibilidades, dada pela Lei das S/A, portanto, é usada


para designar dinheiro em caixa e bancos, bem como valores
equivalentes, como cheques em mãos e em trânsito e que representam
recursos com livre movimentação pra aplicação nas operações da
empresa e para os quais não haja restrições para uso imediato. Dentro
desse conceito, as aplicações em títulos de liquidez imediata são

49
Ser, obrigatoriamente, aceito para pagamento – por força de lei.

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também classificáveis como Disponibilidades, devendo, todavia, se
mostradas em conta à parte.
Gabarito
E

5.3 Regime de competência, registro de aplicações financeiras


Com as instruções fornecidas a seguir, responder às questões de nºs 01
a 03.
I. A Cia. Boa Vista, companhia atuante no mercado imobiliário, em
20.10.20x1 faz uma aplicação financeira em Títulos e Valores Mobiliários
de R$ 500.000, resgatável em 180 dias pelo valor de R$ 590.000, com
Imposto de Renda Retido na Fonte de 10%;
II. O imposto retido é compensável com o Imposto de Renda devido
sobre o lucro apurado no período fiscal;
III. O período contábil da empresa, estabelecido em seu estatuto,
abrange o intervalo de tempo entre 01.01 a 31.12 de cada ano.

5.3.1 AFRF – 2003 – contabilidade avançada


Enunciado
01- O valor a ser incorporado como custo de aquisição da operação é
a) R$ 590.000
b) R$ 536.000
c) R$ 534.000
d) R$ 530.000
e) R$ 500.000
Resolução e comentários
Data da aplicação – 20/10/2001
Data do resgate - 20/4/2002 (prazo de 180 dias)
Valor da aplicação - R$ 500.000
Valor do resgate - R$ 590.000
Rendimentos totais - R$ 90.000
Rendimentos mensais - R$ 15.000
IRF (10%) mensal - R$ 1.500
Pela aplicação do Princípio do registro pelo valor original, o custo de
aquisição da operação é o valor pago por ela – 500.000.

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Conforme Manual de contabilidade das Sociedades por Ações, página 86
(ed.1999), o lançamento deverá ser o seguinte:
D = Investimentos temporários
C = a bancos 500.000
Ou, considerando o valor do rendimento a apropriar como redutora do
ativo:
D= Investimentos temporários 590.000
C = a diversos
C = a bancos 500.000
C = a juros a transcorrer 90.000
Repare que, nesse segundo caso, o valor da aplicação também será de
R$ 500.000,00 (ou seja, R$ 590.000,00 – R$ 90.000,00 = R$
500.000,00).
Gabarito
E

5.3.2 AFRF – 2003 – contabilidade avançada


Enunciado
02- Se a empresa utilizar o critério linear para apropriação dos
rendimentos gerados por esta operação, é correto afirmar que:
a) o valor proporcional ao Imposto de Renda Retido na Fonte deve ser
computado em conta corretiva do ativo.
b) em 31.12.20x1 a empresa deverá ter registrado como resultado do
exercício, em conta de Receitas Financeiras, 2/5 dos rendimentos
contratados.
c) os rendimentos contratados somente serão apropriados ao resultado
da empresa na ocasião do vencimento da aplicação.
d) a empresa deverá registrar como Resultado de Exercícios Futuros o
valor total dos rendimentos contratados na ocasião da contratação e
efetivação da operação.
e) a Demonstração do Resultado do Exercício encerrado em 31.12.20x1
dessa empresa deverá ser afetado por receitas financeiras
correspondentes a 19,01% dos rendimentos.
Resolução e comentários
Memória de cálculo:
a) Número de dias contratados para o investimento - 180 dias

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b) Número de dias incorridos - 70 dias
c) Percentual de tempo incorrido - 70/180 = 2/5
Lançamento:
a) relativo aos rendimentos:
D= investimentos temporários
C= a Receitas financeiras 36.000 (2/5 * 90.000)
b) relativo ao IRF
D= IRF a compensar
C = a IRF a recolher 3.600 (2/5 * 9.000)
Ou, considerando os juros a transcorrer como conta redutora do ativo:
a) lançamento relativo aos rendimentos:
D= juros a transcorrer
C= a Receitas financeiras 36.000 (2/5 * 90.000)
b) lançamento relativo ao IRF
D= IRF a compensar
C = a IRF a recolher 3.600 (2/5 * 9.000)
Gabarito
B

5.3.3 AFRF – 2003 – contabilidade avançada


Enunciado
03- Em 31.12.20x1 o valor de mercado dos títulos que lastreiam essa
aplicação temporária era de R$ 532.000 e as despesas de negociação e
corretagem R$ 2.000. Em casos como este o procedimento contábil a
ser efetivado seria:
a) computar o rendimento efetivo de R$ 27.000, já deduzido do Imposto
de Renda retido na fonte, registrando o valor apurado em conta do
ativo.
b) debitar em conta de ativo o ajuste de R$ 32.000 correspondente ao
valor de mercado dos títulos a crédito de conta de receita financeira.
c) evidenciar em notas explicativas o ganho efetivo de R$ 30.000 em
função do custo de oportunidade da empresa em relação a essa
aplicação.
d) efetuar o provisionamento de R$ 6.000 para atender o ajuste ao
valor de mercado, forma de avaliação aplicada a este tipo de ativo.

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e) registrar o ganho de R$ 4.000 resultantes da comparação entre o
valor pago na data do balanço e o valor contábil da aplicação.
Resolução e comentários
O procedimento adequado para a situação descrita na questão é o de se
registrar uma provisão para perdas em investimentos temporários, no
valor da diferença apurada mediante a comparação do valor formal do
investimento na data e o valor efetivo (valor de mercado, deduzido das
despesas). A seguir, encontra-se apresentada a memória de cálculo do
valor da provisão.
a) Valor formal - R$ 500.000 + (2/5 * 90.000) = 536.000
b) Valor efetivo - R$ 532.000 (-) 2.000 = 530.000
c) Valor a provisionar - R$ 6.000
Lançamento
D= Despesas com provisão
C = a provisão para perdas em investimentos temporários.
Gabarito
D

5.4 Definição de ativo permanente investimentos

5.4.1 AFRF 2003 – contabilidade avançada


Enunciado
05- São atributos necessários para identificar a existência dos ativos
Permanente Investimento
a) constituírem direitos de qualquer natureza, essência ou forma
destinados à continuidade da empresa.
b) representarem direitos de qualquer natureza, essência ou forma
destinados ao desenvolvimento da atividade principal da empresa.
c) não possuírem a característica de realização e não se destinarem à
manutenção da atividade da empresa.
d) serem destinados ao desenvolvimento da atividade principal da
empresa e à capacidade de transformação em moeda.
e) somente representarem direitos não destinados à utilização no
desenvolvimento da atividade principal da empresa.
Resolução e comentários

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Conforme visto nesta aula, investimentos de valores em elementos
patrimoniais, com intenção de permanência, são classificados em título
especial à parte, no Balanço Patrimonial, denominado ativo Permanente
INVESTIMENTOS.
O artigo 179 da Lei das S/A estabelece como as contas serão
classificadas, definindo, no seu item III, que ficam classificadas em
investimentos: as participações permanentes em outras sociedades e os
direitos de qualquer natureza, não classificáveis no ativo circulante e
que não se destinem à manutenção da atividade da companhia ou da
empresa, conforme a seguir reproduzido:
Art. 179. As contas serão classificadas do seguinte modo:
...
III - em investimentos: as participações permanentes em
outras sociedades e os direitos de qualquer natureza, não
classificáveis no ativo circulante, e que não se destinem à
manutenção da atividade da companhia ou da empresa;
Verifica-se, por este texto, que, no subgrupo Ativo Permanente
Investimentos deverão constar elementos não classificáveis no ativo
circulante. Isso é uma decorrência do próprio conceito de Ativo
Permanente (que somente abrange itens cuja intenção seja de não
alienação), assim, somente itens que não se enquadrem no conceito de
Ativo Circulante (com prazo de realização previsto) podem ser
registrados no Ativo Permanente Investimentos.
Adicionalmente, o dispositivo legal faz uma referência a participações
permanentes em outras sociedades. Por participações permanentes em
outras sociedades entende-se, basicamente: (a) ações de companhias;
e (b) cotas do capital de sociedades limitadas. Tais participações (ações
ou cotas) dão, à empresa, direito a uma fração ideal do patrimônio da
pessoa jurídica investida, bem como de seus lucros e sua administração.
Assim, se uma empresa é detentora de ações (ou cotas de capital)
referentes a outra empresa, ela tem direito a parte do respectivo
patrimônio, resultado e administração.
Gabarito
C

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5.4.2 AFTN - 199650
Enunciado
Questão 2: Quando adquiridos com caráter de permanente, são
classificados como Ativo Permanente Investimentos:
A participações societárias e os bens de uso intangíveis
B bens de uso intangíveis e os direitos de longo prazo
C bens tangíveis não utilizados nas atividades da empresa
D bens tangíveis utilizados nas atividades da empresa
E bens de uso tangíveis e os direitos de longo prazo
Resolução e comentários
O ativo permanente compreende os bens e direitos que não se deseja
ou não se pode realizar, isto é, vender e transformar em dinheiro. Se
não se destinarem à manutenção da atividade da empresa, comporão o
grupo investimentos.
O artigo 179 da Lei n° 6.404 estabelece como as contas serão
classificadas, definindo, no seu item III, que ficam classificadas “em
investimentos: as participações permanentes em outras sociedades e os
direitos de qualquer natureza, não classificáveis no ativo circulante e
que não se destinem à manutenção da atividade da companhia ou da
empresa.”
Assim, classificam-se como ativo permanente investimentos as
participações permanentes em outras empresas e os bens não utilizados
na atividade fim da empresa – este bens são, por exemplo, imóveis de
aluguel, jóias e obras de arte, etc.
Assim, analisaremos cada uma das alternativas:
A participações societárias e os bens de uso intangíveis
Bens de uso são classificados no ativo permanente imobilizado
B bens de uso intangíveis e os direitos de longo prazo
Bens de uso são classificados no ativo permanente imobilizado
C bens tangíveis não utilizados nas atividades da empresa
Certo

50
Questão tratada no livro “Contabilidade: Resoluções e comentários de Questões da
ESAF”, do mesmo autor, em que os conceitos apresentados neste curso são utilizados,
de forma prática, na solução de questões de concurso. Após o estudo desse curso,
teórico, a leitura do referido livro é fortemente recomendada, para consolidação do
aprendizado.

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D bens tangíveis utilizados nas atividades da empresa
Bens utilizados nas atividades da empresa são classificados no ativo
permanente imobilizado
E bens de uso tangíveis e os direitos de longo prazo
Bens de uso são classificados no ativo permanente imobilizado e direitos
de longo prazo no ativo realizável a longo prazo.
Gabarito
C

5.5 Definição de ativo permanente imobilizado

5.5.1 AFTN 199651


Enunciado
Questão 3: O Ativo Permanente Imobilizado é formado:
A apenas por bens intangíveis e direitos da entidade utilizados em suas
atividades
B por todos os bens tangíveis e intangíveis além dos direitos de longo
prazo da entidade
C apenas por bens tangíveis utilizados no desenvolvimento de suas
atividades
D por bens e direitos da entidade utilizados no desenvolvimento de suas
atividades
E somente por bens depreciáveis utilizados no desenvolvimento das
atividades da entidade
Resolução e comentários
A resposta é exatamente a definição de ativo imobilizado dada pelo
artigo 179, IV da lei 6.404/76 – Lei das S/A. Segundo a lei das S/A,
classificam-se no ativo imobilizado as contas representativas dos
seguintes elementos patrimoniais:
“direitos que tenham por objeto bens destinados à manutenção das
atividades da Companhia, ou exercidos com essa finalidade, inclusive os
de propriedade industrial ou comercial.”.

51
Questão tratada no livro “Contabilidade: Resoluções e comentários de Questões da
ESAF”, do mesmo autor, em que os conceitos apresentados neste curso são utilizados,
de forma prática, na solução de questões de concurso. Após o estudo desse curso,
teórico, a leitura do referido livro é fortemente recomendada, para consolidação do
aprendizado.

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Assim, nesse subgrupo do ativo incluem-se todos os bens que a
empresa possui com a intenção de manter e que se destinem ao
funcionamento da sociedade ou de seu empreendimento, bem como os
direitos exercidos com esta finalidade.
A partir do conceito acima, analisaremos cada uma das alternativas da
questão:
A apenas por bens intangíveis e direitos da entidade utilizados em suas
atividades
O ativo imobilizado também é composto por bens tangíveis, desde que
utilizados na atividade da empresa.
B por todos os bens tangíveis e intangíveis além dos direitos de longo
prazo da entidade
Nem todos os bens compõem o ativo imobilizado, apenas aqueles que
sejam utilizados na atividade da empresa. Os direitos de longo prazo
compõem o ativo realizável a longo prazo.
C apenas por bens tangíveis utilizados no desenvolvimento de suas
atividades
O ativo imobilizado também é composto por bens intangíveis, desde que
utilizados na atividade da empresa.
D por bens e direitos da entidade utilizados no desenvolvimento de suas
atividades
Certo.
E somente por bens depreciáveis utilizados no desenvolvimento das
atividades da entidade
O ativo imobilizado é composto por bens e direitos depreciáveis,
amortizáveis, exauríveis e, também, não sujeitos a tais encargos.
Gabarito
D

5.6 Conta caixa – fundo fixo

5.6.1 AFTN – 1994 / setembro52


Enunciado

52
Questão tratada no livro “Contabilidade: Resoluções e comentários de Questões da
ESAF”, do mesmo autor, em que os conceitos apresentados neste curso são utilizados,
de forma prática, na solução de questões de concurso. Após o estudo desse curso,
teórico, a leitura do referido livro é fortemente recomendada, para consolidação do
aprendizado.

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9) em 30/11/x2, a composição do fundo fixo de caixa sempre suprido
pela tesouraria em moeda corrente, era a seguinte:
- moeda corrente 10.000,00
- comprovante de despesa 90.000,00
- total 100.000,00
Naquela data foi feita a reconstituição do fundo e, concomitantemente, a
redução do valor em moeda corrente de 100.000,00 para 50.000,00.
Em função dos registros contábeis concernentes, o somatório das contas
do Ativo Circulante:
a) diminuiu em 90000,00
b) aumentou em 40000,00
c) aumentou em 50000,00
d) aumentou em 130000,00
e) diminuiu em 50000,00
Resolução e comentários
A conta caixa inclui dinheiro, bem como cheques em mãos, recebidos e
ainda não depositados, pagáveis irrestrita e imediatamente.
Normalmente o saldo de caixa pode estar registrado na empresa através
de uma ou de diversas contas, dependendo de suas necessidades
operacionais e locais de funcionamento.
Algumas empresas utilizam o conceito de caixa de fundo fixo –
geralmente para pagamento de pequenas despesas. O caixa de fundo
fixo consiste em um local físico (caixa) onde se fazem pagamentos de
vales ou notas de despesa. Nesses casos, o saldo da conta caixa é
sempre fixo no início do dia, utilizando-se o seguinte procedimento:
a) no início do dia, o caixa tem uma quantidade fixa de valor (de
acordo com o saldo da conta caixa);
b) durante o dia, são efetuados pagamentos mediante o
recebimento de:
a. vales (de adiantamento), ou
b. notas (de despesa).
c) Ao final do dia:
a. são realizados os lançamentos contábeis relativos aos
pagamentos efetuados
i. de despesas ou
ii. de adiantamentos

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b. é reposta – mediante saque de valor em banco – a
quantidade fixa de valor do caixa
c. é registrado o lançamento de atualização do saldo da
conta caixa
d. volta-se à situação do início do dia.
No caso das despesas devidamente comprovadas, o valor do ativo
circulante diminui, pois o mesmo deverá ser creditado com respectivo
débito em conta de despesas.
D= despesas
C = a caixa 90.000
Não houve pagamento por adiantamento (vales).
A redução do fundo fixo de caixa é a mera reposição do saldo fixo em
valor menor, não há diferença no valor do ativo circulante porque o
saldo de caixa que diminui ficará em bancos ou outra disponibilidade.
D= caixa
C = a bancos 40.000
Logo, o ativo circulante foi reduzido em 90.000 – exatamente no valor
das despesas comprovadas.
Gabarito
A

5.7 Conta bancos – conciliação bancária e avaliação do ativo


circulante

5.7.1 AFRF - 200053


Enunciado
26 - A empresa Sol S/A apresentou valores correntes ou circulantes,
com os seguintes saldos:

53
Questão tratada no livro “Contabilidade: Resoluções e comentários de Questões da
ESAF”, do mesmo autor, em que os conceitos apresentados neste curso são utilizados,
de forma prática, na solução de questões de concurso. Após o estudo desse curso,
teórico, a leitura do referido livro é fortemente recomendada, para consolidação do
aprendizado.

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caixa 40,00
bancos c/ movimento 100,00
valores mobiliários 200,00
mercadorias 600,00
meateriais de consumo 120,00
duplicatas a pagar 800,00
duplicatas descontadas 300,00
duplicatas a receber 500,00

No fechamento do exercício, para promover os ajustes necessários no


balanço, o contador apurou que:
1. o extrato bancário indicava um cheque de R$ 20,00
emitido mas ainda não sacado pelo portador.
2. os valores mobiliários são mil ações da CSN, avaliadas a
25 centavos no dia do balanço.
3. ainda faltam contabilizar 40,00 de receitas antecipadas e
150,00 de despesas antecipadas.
Feitas as atualizações necessárias, o balanço patrimonial apresentará
um ativo circulante no valor de:
a) 1150
b) 1410
c) 1300
d) 1320
e) 1370
Resolução e comentários
Esta questão pede que seja apurado o valor do ativo circulante após
lançamentos de ajuste. Para resolver a questão, é necessário saber o
critério de ajuste:
- da conta bancos – o crédito na conta banco deve ser realizado
no momento da emissão do cheque, mesmo que ainda não
sacado pelo portador;
- dos investimento em ações – a eventual provisão para perdas
somente deverá ser constituída se o valor de mercado das ações
for inferior a seu valor de aquisição;
- receitas antecipadas – ao serem registradas, aumentam o AC:
d= caixa
c = a receitas antec (PC) 40
- despesas antecipadas – não interferem no saldo do AC:

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d= despesas antec (AC)
c=a caixa 150
Em vista dos critérios acima , encontra-se a seguir apresentada tabela
com o saldo ajustado das contas de ativo circulante.
conta ajuste
AC antes AC depois
caixa 40,00 80,00 receitas atecipadas - aumentam o caixa
nenhum - o cheque é contabilizado na entrega ao
bancos c/ movimento 100,00 100,00 beneficiário
valores mobiliários 200,00 200,00 nenhum - registro pelo valor original
mercadorias 600,00 600,00 nenhum
meateriais de consumo 120,00 120,00 nenhum
duplicatas a pagar 800,00
duplicatas descontadas 300,00 (300,00) nenhum
duplicatas a receber 500,00 500,00 nenhum

1.300,00 ativo circulante

Gabarito
C

5.8 Resultados de exercícios futuros - REF (definição)

5.8.1 AFRF 2005


Enunciado
39- A Empresa Café Torrado S.A. fecha contrato de aluguel de imóvel
que não utiliza mais em seu processo produtivo por 5 anos. A empresa
Antecipa Tudo S.A., a qual pagou antecipadamente o valor de $
3.500.000,00, aceitou constar do contrato, cláusula prevendo a não-
devolução de valores em caso de rescisão antecipada. Dessa forma,
esses valores devem ser registrados na Empresa Café Torrado S.A.,
proprietária do imóvel, como
a) Receita de Aluguéis no Grupo de Resultado de Exercícios Futuros.
b) receitas a apropriar no Passivo Circulante e Exigível a Longo Prazo.
c) receitas não-operacionais na Demonstração de Resultados.
d) despesa Antecipada no Ativo Circulante e Realizável a Longo Prazo.
e) outras receitas operacionais, na Demonstração de Resultados.
Resolução e comentários

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A lei das S/A dispõe que serão classificados como resultados de
exercícios futuros as receitas de exercícios futuros, diminuídas dos
custos e despesas a elas correspondentes.
Sob o aspecto estritamente contábil, trata-se de um grupo patrimonial
bastante restrito que deve abrigar somente receitas já recebidas, mas
que, segundo o regime de competência, somente deve ser apropriadas a
resultado em exercícios futuros, daí sua denominação, sendo que dessas
receitas já devem estar deduzidos os custos e despesas
correspondentes incorridos e a incorrer.
Assim, classificam-se neste grupo somente os resultados futuros, mas
com duas características importantes:
- em relação aos quais não haja qualquer tipo de obrigação em
devolvê-los por parte da empresa;
- nem haja a obrigação de realização de qualquer prestação
positiva por parte da empresa.
Existindo obrigação com terceiros, a classificação correta seria no
passivo circulante ou exigível a longo prazo, conforme a data de
vencimento.
Gabarito
A

6 Bibliografia e Fontes de Pesquisa Referenciadas


6.1 Leis
Lei 6.404, de 1976 – Lei das S/A.
Lei 9.249, de 1995.
Lei n° 10.406, de 2002 – Código Civil.

6.2 Atos Administrativos Normativos


RESOLUÇÃO CFC N.º 750/93 - Dispõe sobre os Princípios Fundamentais
de Contabilidade (P.F.C.)
RESOLUÇÃO CFC N.º 751/93 - Dispõe sobre as Normas Brasileiras de
Contabilidade.
RESOLUÇÃO CFC N.º 774/94 - Aprova o Apêndice à Resolução sobre os
Princípios Fundamentais de Contabilidade.
DELIBERAÇÃO CVM N 29-1986 - objetivos da Contabilidade.
DELIBERAÇÃO CVM n° 273, de 1998 – registro do Imposto de Renda
Diferido no ativo / passivo.

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Decreto 3.000, de 1999 – Regulamento do Imposto de Renda.

6.3 Livros
Iudícibus, Sérgio de; Martins, Eliseu e Gelbke, Ernesto Rubens Gelbcke.
Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações – FIPECAFI. Ed.
Atlas. São Paulo – 4a edição – 1995.
Neves, Silvério das e Viceconti, Paulo E. V. Contabilidade Básica. Ed.
Frase. São Paulo – 5a edição – 1996.
Neves, Silvério das e Viceconti, Paulo E. V. Contabilidade Avançada. Ed.
Frase. São Paulo – 5a edição – 1996.
Gonçalves, Eugênio Celso e Baptista, Antônio Eustáquio. Contabilidade
Geral. Ed. Atlas. São Paulo – 2a edição – 1994.
Silva, Benedito Gonçalves da. Contabilidade Geral. Ed. Meta – 2a edição
– 1994.
Ferrari, Ed Luiz, Contabilidade Geral: teoria e 950 questões – Rio de
Janeiro: Elsevier 2006.
Velter, Francisco e Missagia, Luiz R. Manual de Contabilidade – Rio de
Janeiro: Impetus, 2003.
Ferreira, Ricardo J. Contabilidade avançada e intermediária – 2. ed. –
Rio de Janeiro: Ed. Ferreira, 2004.
Santos, Luiz Eduardo. Contabilidade: Resoluções e Comentários de
Questões da ESAF. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.

6.4 Internet
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1 Roteiro
Nesta aula, continuaremos a apresentação dos conceitos atinentes às
demonstrações contábeis – especificamente quanto ao Balanço
Patrimonial. Na aula anterior, foi visto o grupo Ativo Circulante e,
portanto, nesta aula, serão estudados os grupos Ativo Realizável a
Longo Prazo e Ativo Permanente. A seguir, encontra-se uma lista dos
itens que serão vistos:
1 - Ativo Realizável a Longo Prazo
a) Créditos e valores a receber no longo prazo
a. Bancos – contas vinculadas
b. Contas a receber
c. Títulos a receber
d. Adiantamentos a terceiros
e. Provisão para devedores duvidosos (conta credora)
f. Tributos a recuperar
g. Crédito de acionista, diretor, coligada ou controlada
(transações não operacionais)
b) Investimentos temporários a Longo Prazo;
c) Estoques estratégicos
d) Despesas antecipadas
2 - Ativo Permanente
a) Ativo Permanente Investimentos
a. Jóias e obras de arte
b. Imóveis para aluguel
c. Depreciação acumulada
d. Participações societárias
b) Ativo Permanente Imobilizado
a. Imóveis
i. Terrenos
ii. Construções
b. Máquinas e equipamentos
c. Móveis e utensílios
d. Marcas e patentes

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e. Veículos
f. Florestas
g. Minas e jazidas
h. Depreciação – amortização – exaustão (acumuladas)
c) Ativo Permanente Diferido
a. Pesquisa - desenvolvimento de patentes
b. Propaganda institucional
c. Reorganização administrativa e desenvolvimento de
sistemas
d. Despesas pré-operacionais

2 Introdução
Serão estudadas, neste tópico da matéria, as constas tipicamente
componentes dos grupos patrimoniais Ativo Realizável a Longo Prazo e
Ativo Permanente (conforme consta do nosso Plano de Contas
Proposto). Assim, após uma breve recordação do conceito atinente a
cada um dos grupos em questão (e seus respectivos subgrupos),
apresentaremos o comportamento de cada uma de suas contas
componentes.

3 Ativo Realizável a Longo Prazo


Conforme já visto, são classificáveis no Ativo Realizável a Longo Prazo
contas da mesma natureza daquelas classificáveis no Ativo Circulante.
Entretanto, tais contas têm a especial característica de que sua
realização, certa ou provável, somente ocorrerá após o término do
exercício seguinte. Vimos, também, que há duas situações especiais
relativas à classificação de contas no Ativo Realizável a Longo Prazo, em
detrimento do Ativo Circulante, e vice-versa: (a) transações não
operacionais entre a empresa e sócios, coligadas, controladas, diretores
e outros participantes do resultado e (b) empresas com ciclo operacional
superior a 12 meses.
Lembrado o conceito básico do grupo patrimonial, analisaremos, em
seguida, o comportamento de contas dele componentes:
- Créditos e valores e receber no Longo Prazo
o Bancos – contas vinculadas;
o Contas a receber;
o Títulos a receber;

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o Crédito de acionista, diretor, coligada ou controlada
(transações não operacionais);
o Adiantamentos a terceiros;
o Provisão para devedores duvidosos (conta credora);
o Tributos a recuperar;
- Investimentos temporários a Longo Prazo;
- Estoques estratégicos;
- Despesas antecipadas.

3.1 Créditos e valores a receber no longo prazo


Nesse subgrupo estarão classificados os créditos a receber de terceiros,
relativos a eventuais contas de clientes com prazo de recebimento
superior ao final do exercício seguinte (ou, prazo superior a doze meses,
contados da data do balanço). Também classificam-se nesse subgrupo
os títulos a receber, adiantamentos, e outros direitos que tenham, por
característica, o recebimento em data posterior ao final do exercício
seguinte.
Lembrando, e isso é importante, em empresas cujo ciclo operacional
seja superior a 12 meses, os créditos e valores a receber no longo prazo
são aqueles cuja data prevista para recebimento seja posterior ao final
do próximo ciclo operacional (contada da data do próximo balanço
patrimonial a ser apresentado).
Ainda, lembrando (importante!), nesse subgrupo também se classificam
os direitos de recebimento de valores de sócios, diretores, coligadas,
controladas e outros participantes do resultado da empresa, desde que
oriundos de transações não operacionais.

3.1.1 Bancos – contas vinculadas


Nesta conta são registrados os depósitos bancários feitos em contas
vinculadas à liquidação de empréstimo de longo prazo, ou outra
operação similar que não permita seu saque com segurança dentro do
exercício seguinte.
A figura a seguir ilustra o funcionamento da conta bancos – contas
vinculadas (em termos de registro de valores):

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Modelo de funcionamento de contas contábeis

Bancos - contas vinculadas


Débitos Créditos
si de natureza devedora
1 depósitos
(entradas de valores)
2 no aumento do saldo
(por eventuais rendimentos)
reclassificação para conta bancos 3
(na liquidação da operação vinculada)
saques 4
(saídas de valores)
sf de natureza devedora

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e
respectivos lançamentos)

3.1.2 Contas a receber


Esta conta registra os valores a receber de clientes após o exercício
seguinte, à data do balanço, nos casos de vendas financiadas a longo
prazo.
A figura a seguir ilustra o funcionamento da conta contas a receber –
longo prazo (em termos de registro de valores):

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Modelo de funcionamento de contas contábeis

Contas a receber - longo prazo


Débitos Créditos
si de natureza devedora
1 no momento da venda financiada
(pelo surgimento do direito a receber)
2 no aumento do valor do direito a receber
(por atualização monetária ou juros)
reclassificação para o ativo circulante - no final do exercício3
(pelo redução do prazo de recebimento)
recebimento 4
(caso o recebimento ocorra antes do prazo previsto)
sf de natureza devedora

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

3.1.3 Títulos a receber


A conta Títulos a receber, classificada no Ativo Realizável a Longo Prazo,
registra valores relativos a notas promissórias, letras ou outros títulos a
receber a longo prazo, oriundos de operações como venda de imóveis,
máquinas ou outros bens a terceiros, parcelamento de duplicatas não
pagas e trocadas por promissórias, etc.
A figura a seguir ilustra o funcionamento da conta Títulos a receber –
longo prazo (em termos de registro de valores):

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Modelo de funcionamento de contas contábeis

Títulos a receber - longo prazo


Débitos Créditos
si de natureza devedora
1 no momento da venda financiada
(pelo surgimento do direito a receber)
2 na renegociação da dívida do cliente
na troca da duplicata não paga pelo título
3 no aumento do valor do direito a receber
(por atualização monetária ou juros)
reclassificação para o ativo circulante - no final do exercício4
(pelo redução do prazo de recebimento)
recebimento 5
(caso o recebimento ocorra antes do prazo previsto)
sf de natureza devedora

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

3.1.4 Adiantamentos a terceiros


A conta adiantamentos a terceiros, para recebimento no longo prazo,
registra os valores relativos à entrega de numerários a terceiros, mas
sem vinculação específica ao fornecimento de bens, produtos ou
serviços predeterminados. Este é o caso de entrega de dinheiro na
forma de conta-corrente a ser saldada. A título informativo, cabe
lembrar que esta conta também é prevista no ativo circulante (outros
créditos) sendo sua classificação no circulante ou no realizável a longo
prazo dependente apenas da época prevista de recebimento.
A figura a seguir ilustra o funcionamento da conta Adiantamentos a
terceiros – longo prazo (em termos de registro de valores):

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Modelo de funcionamento de contas contábeis

Adiantamentos a terceiros - Longo prazo


Débitos Créditos
si de natureza devedora
1 no momento do adiantamento
(pelo surgimento do direito a receber)
2 na renegociação da dívida
no caso de aumento do prazo para recebimento
3 aumento do direito - pelo decurso do prazo
(por atualização monetária e juros)
reclassificação para o ativo circulante - no final do exercício4
(pelo redução do prazo de recebimento)
recebimento 5
(caso o recebimento ocorra antes do prazo previsto)
sf de natureza devedora

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

3.1.5 Provisão para devedores duvidosos (conta credora)


Na aula 06 deste curso, foi visto o conceito de provisão que, de forma
didática e bem humorada, foi apresentado como uma “perda na
penumbra”. Assim, a provisão para créditos de liquidação duvidosa
(também chamada de provisão para devedores duvidosos) deve ser
utilizada para registrar o ônus que pesa sobre o direito de receber, pela
existência da inadimplência.
Portanto conforme ocorre com as contas similares do Ativo Circulante,
todas as contas que registram valores a receber no longo prazo também
devem ser registradas pelo valor da transação que as originaram
(Registro pelo Valor Original), menos a provisão, para ajustá-las ao
valor provável de sua realização (Prudência).
A provisão para devedores duvidosos fica classificada após as contas
que representam créditos a receber e que estejam sujeitas a perdas por
inadimplência dos devedores. O valor da provisão deve ser apurado por
meio similar ao discutido na aula em que foi apresentada a provisão
sobre Contas a Receber. Normalmente, como essas contas não são de
operações constantes, não há estatísticas ou experiências anteriores,
válidas para cálculo da provisão por determinados percentuais. Torna-
se, assim, muito importante uma análise individualizada da sua
composição e perspectivas de cobrança.

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A cada exercício, caso tenha havido mudança na composição dos
direitos a receber e no valor da perda provável no seu recebimento, com
relação a essa provisão, deve ser – alternativamente realizada:
a) reversão do saldo e constituição de nova provisão
- revertido o saldo nela registrado, a crédito de receita de
reversão da provisão e;
- constituída nova provisão, a débito de despesas, pelo novo
valor necessário.
b) complementação – constituição da provisão, a débito de despesas,
pela diferença entre o saldo da provisão já existente e o novo valor
necessário.
A partir dos conceitos acima expostos, podemos apresentar o
funcionamento da conta Provisão para créditos de liquidação duvidosa –
Longo prazo, resumidamente, conforme tabela a seguir:
Modelo de funcionamento de contas contábeis

Provisão para créditos de liquidação duvidosa - Longo prazo


Débitos Créditos
saldo inicial - de natureza credora si
no momento de constituição da provisão 1
2 na realização da provisão
3 na reversão da provisão
na constituição de nova provisão 4
(ou na complementação de seu valor)
Saldo final - de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos
lançamentos)

3.1.6 Tributos a recuperar ou tributos diferidos


A conta tributos a recuperar, no longo prazo, registra valores de
natureza semelhante àqueles registrados na conta de tributos a
recuperar vista quando do estudo do ativo circulante. Os casos mais
comuns de tributos a recuperar encontram-se antes do final do exercício
social (portanto, no Ativo Circulante). Entretanto, pode – também –
ocorrer casos de tributos a recuperar no longo prazo; entre eles,
encontram-se os

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a) créditos de ICMS, referentes a aquisições para o ativo
imobilizado, conforme previsto na Lei Complementar n° 87, de
1996:
Art. 19. O imposto é não-cumulativo, compensando-se o
que for devido em cada operação relativa à circulação de
mercadorias ou prestação de serviços de transporte
interestadual e intermunicipal e de comunicação com o
montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou por outro
Estado.
Art. 20. Para a compensação a que se refere o artigo
anterior, é assegurado ao sujeito passivo o direito de
creditar-se do imposto anteriormente cobrado em
operações de que tenha resultado a entrada de
mercadoria, real ou simbólica, no estabelecimento,
inclusive a destinada ao seu uso ou consumo ou ao ativo
permanente, ou o recebimento de serviços de transporte
interestadual e intermunicipal ou de comunicação.
...
§ 5o Para efeito do disposto no caput deste artigo,
relativamente aos créditos decorrentes de entrada de
mercadorias no estabelecimento destinadas ao ativo
permanente, deverá ser observado:
I – a apropriação será feita à razão de um quarenta e
oito avos por mês, devendo a primeira fração ser
apropriada no mês em que ocorrer a entrada no
estabelecimento;
b) valores a recuperar de IRPJ, referentes ao direito de – no futuro
– recolher um valor menor do tributo por conta de um fato já
ocorrido (como é o caso do prejuízo fiscal, que dá direito da
pessoa jurídica compensar com o lucro real de exercícios
posteriores), conforme Decreto 3.000, de 1999:
Art. 509. O prejuízo compensável é o apurado na
demonstração do lucro real e registrado no LALUR
(Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, artigo 64, § 1º, e Lei nº
9.249, de 1995, artigo 6º, e parágrafo único).
§ 1º A compensação poderá ser total ou parcial, em um ou
mais períodos de apuração, à opção do contribuinte,
observado o limite previsto no artigo 510 (Decreto-Lei nº
1.598, de 1977, artigo 64, § 2º).
...
Art. 510. O prejuízo fiscal apurado a partir do
encerramento do ano-calendário de 1995 poderá ser
compensado, cumulativamente com os prejuízos fiscais
apurados até 31 de dezembro de 1994, com o lucro líquido
ajustado pelas adições e exclusões previstas neste
Decreto, observado o limite máximo, para compensação,

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de trinta por cento do referido lucro líquido ajustado (Lei
nº 9.065, de 1995, artigo 15).
Conforme já visto, na aula anterior, o registro do Imposto de Renda
diferido no ativo está claramente definido pela Deliberação CVM n° 273,
de 1998, que aprovou pronunciamento do Ibracon nesse sentido.
Assim, a existência de valores registrados na Parte B do Lalur, que
dêem direito à empresa de realizar exclusões ou compensações no
futuro devem ser registrados no ativo (Ativo Circulante ou Ativo
Realizável a Longo Prazo, conforme a data prevista para a respectiva
exclusão ou compensação). Lembramos que alguns autores preferem
classificar esse direito como despesa antecipada .
Pelos conceitos acima apresentados, o funcionamento da conta Tributos
a recuperar ou diferidos – Longo prazo pode ser, resumidamente,
apresentado, conforme tabela a seguir:
Modelo de funcionamento de contas contábeis

Tributos a recuperar ou diferidos - Longo prazo


Débitos Créditos
si Saldo inicial - de natureza devedora
1 no momento da ocorrência do fato que gera o crédito
(aquisição de ativo imobilizado - no caso do ICMS)
(apuração de prejuízo fiscal - no caso do IRPJ)
etc...
2 aumento do crédito por atualização monetária
na utilização do crédito 3
(para reduzir o montante do tributo devido)
sf Saldo final - de natureza devedora

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

Observação: a apuração do montante do tributo a recuperar e de sua


utilização depende do conhecimento da legislação atinente ao tributo em
espécie. Portanto, – repetimos – os casos apresentados neste item são
exemplificativos. Um estudo exaustivo do assunto demanda um curso
específico de legislação tributária que escapa ao escopo deste curso.

3.1.7 Crédito de acionista, diretor, coligada ou controlada (transações


não operacionais)
Foi visto que, de acordo com a parte final do inciso II do art. 179 da Lei
das S/A, os direitos derivados de vendas, adiantamentos ou
empréstimos a sociedades coligadas ou controladas, diretores,
acionistas ou participantes no lucro da companhia, que não constituírem

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negócios usuais na exploração do objeto da companhia deverão ser
classificados no Ativo Realizável a Longo Prazo.
Os saldos de coligadas e controladas, por serem relativos a transações
entre partes relacionadas, devem ser mencionados em nota explicativa.
De qualquer forma, no caso de valores relevantes de créditos a diretores
ou sócios, deverá constar de nota explicativa a operação que deu
origem ao crédito e a forma de sua liquidação.
Com base nos conceitos acima, a conta Créditos a partes relacionadas –
transações não operacionais tem o seguinte comportamento:
Modelo de funcionamento de contas contábeis

Créditos a partes relacionadas - transações não operacionais


Débitos Créditos
si de natureza devedora
1 no momento da concessão do crédito
(pelo surgimento do direito a receber)
2 aumento do direito - pelo decurso do prazo
(por atualização monetária e juros)
recebimento 3
(caso o recebimento ocorra antes do prazo previsto)
sf de natureza devedora

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

3.2 Investimentos temporários a Longo Prazo


Neste subgrupo estão classificados:
- as aplicações de caixa em títulos com vencimento superior ao
exercício seguinte, na conta Títulos e Valores Mobiliários;
- os investimentos em outras sociedades que não tenham caráter
permanente, inclusive os feitos com incentivos fiscais.
O funcionamento das contas componentes deste subgrupo do Ativo
Realizável a Longo Prazo é IDÊNTICO àquele já estudado, relativo aos
investimentos temporários do ativo circulante1. A única diferença é que
– a cada exercício, pela passagem do tempo – o prazo de resgate
previsto para a aplicação deve ser analisado e, se ele resultar em data
anterior ao final do próximo exercício, o respectivo valor deverá ser
reclassificado para a respectiva conta de investimentos do Ativo
Circulante.

1
Apresentado na aula anterior e cuja leitura é aqui recomendada.

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Assim, para evitar a repetição de conceitos já conhecidos, passaremos –
diretamente – ao próximo item de nosso programa.

3.3 Estoques estratégicos


Já foi visto neste curso que os estoques são bens adquiridos ou
produzidos, com o objetivo de venda ou consumo, pela empresa. Trata-
se de um dos ativos mais importantes das empresas comerciais e
industriais. Foi visto também que, geralmente, os estoques devem ser
classificados no ativo circulante, porque é natural que as empresas
tenham a intenção de utilizá-los, ou aliená-los, o mais breve possível,
no esforço de auferir lucro.
Entretanto, há situações em que os estoques são adquiridos com a
intenção de realização somente no longo prazo, como, por exemplo, no
caso de uma empresa que deseje garantir sua produção futura e realize
uma compra grande de uma matéria-prima que seja vital para a
manutenção de sua produção – isso pode ocorrer sempre que a empresa
tema uma escassez na oferta dessa matéria-prima. Nesse tipo de
situação, é adequado que parte da matéria prima comprada seja
classificada na conta estoques do Ativo Circulante (a parte que a
empresa tem a intenção de utilizar em seu processo produtivo, e
alienar, até o final do próximo exercício) e a outra parte seja classificada
no Ativo Realizável a Longo Prazo.
Lembramos que, nesse caso, a cada exercício, a empresa deverá
providenciar a reclassificação de parte do estoque classificado no Ativo
Realizável a Longo Prazo para o Ativo Circulante – pela passagem do
tempo.
Cumpre referir que – pela aplicação da convenção da materialidade –
esse procedimento não deve ser realizado para pequenos itens, e de
pequeno valor, morosos ou comprados (eventualmente) em excesso;
mas somente quando esses itens tiverem significância no patrimônio.
Repetindo, a intenção da empresa é o critério de classificação dos
elementos do estoque.
O funcionamento das contas componentes deste subgrupo do Ativo
Realizável a Longo Prazo é IDÊNTICO àquele já estudado, relativo aos
estoques do ativo circulante2. A única diferença é que – a cada
exercício, pela passagem do tempo – o prazo de realização previsto para
os estoques deve ser analisado e, se ele resultar em data anterior ao
final do próximo exercício, o respectivo valor deverá ser reclassificado
para a respectiva conta de estoques do Ativo Circulante.

2
Apresentado na aula anterior, cuja leitura é aqui recomendada.

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Assim, para evitar a repetição de conceitos já conhecidos, passaremos –
diretamente – ao próximo item de nosso programa.

3.4 Despesas antecipadas


Esse subgrupo do Realizável a Longo Prazo é composto de pagamentos
antecipados de itens que se converterão em despesa após o exercício
seguinte à data do balanço. Caracterizam-se por benefícios ou serviços
já pagos, mas a incorrer a longo prazo, como nos casos de:
- prêmios de seguro a apropriar a longo prazo;
- Imposto de Renda Diferido (segundo alguns autores)3.
Com relação aos prêmios de seguros a apropriar no longo prazo,
aplicam-se todas as considerações apresentadas no item Despesas
Antecipadas4, com a especial característica de que – a cada exercício,
pela passagem do tempo – o prazo de realização previsto para a
despesa antecipada deve ser analisado e, se ele resultar em data
anterior ao final do próximo exercício, o respectivo valor deverá ser
reclassificado para a correspondente conta de estoques do Ativo
Circulante.
Com relação ao imposto de renda diferido, cabem todas as
considerações já feitas, visto que alguns autores preferem classificar
esse ativo como despesa antecipada e outros como créditos de tributos.

4 Ativo Permanente
Já foi visto que o Ativo Permanente compreende os bens e direitos que
não se deseja ou não se pode realizar, isto é, vender e transformar em
dinheiro.
Foi visto também que esses bens e direitos podem ter sido adquiridos
com o objetivo de dar operacionalidade à empresa. Neste caso,
compõem o grupo imobilizado. Por outro lado, caso a aquisição seja
relativa a participações societárias ou a outros bens e direitos que não
se destinarem à manutenção da atividade da empresa, tais elementos
comporão o grupo investimentos.
Existem ainda aplicações em despesas que contribuem para a formação
do resultado de exercícios subseqüentes e não devem, portanto, ser

3
O registro do Imposto de Renda Diferido já foi apresentado no item “Tributos a
compensar / recuperar ou diferidos”, do Ativo Circulante, na aula anterior e acima
referenciados no item “Tributos a recuperar ou tributos diferidos”, do Ativo Realizável a
Longo Prazo.
4
Apresentadas na aula anterior, cuja leitura é aqui recomendada.

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apropriadas ao exercício em que foram gastas. Neste caso, constituem
o grupo diferido.
Para aprofundar o estudo do Ativo Permanente, o que nos permitirá
analisar o funcionamento de suas contas componentes, dois importantes
conceitos devem ser apresentados, ainda que brevemente, para um
estudo detalhado em aula específica adiante neste curso:
a) Depreciação, amortização e exaustão.
b) Reavaliação – possibilidade de nova avaliação de um ativo para
registrá-lo ao valor de mercado, com base em um laudo
elaborado por três peritos, ou uma empresa. A reavaliação
implica o aumento do patrimônio registrado, porém a Lei das
S/A permite que esse aumento não seja registrado a crédito de
receita, porém em conta específica do Patrimônio Líquido
(Reserva de Reavaliação5).
O instituto da reavaliação está previsto na Lei das S/A, em seus arts.
182 e 8o:
Art. 182. ...
§ 3° Serão classificadas como reservas de reavaliação as
contrapartidas de aumentos de valor atribuídos a
elementos do ativo em virtude de novas avaliações com
base em laudo nos termos do artigo 8º, aprovado pela
assembléia-geral.
...
Art. 8º A avaliação dos bens será feita por 3 (três) peritos
ou por empresa especializada, nomeados em assembléia-
geral dos subscritores, convocada pela imprensa e
presidida por um dos fundadores, instalando-se em
primeira convocação com a presença desubscritores que
representem metade, pelo menos, do capital social, e em
segunda convocação com qualquer número.
§ 1º Os peritos ou a empresa avaliadora deverão
apresentar laudo fundamentado, com a indicação dos
critérios de avaliação e dos elementos de comparação
adotados e instruído com os documentos relativos aos
bens avaliados, e estarão presentes à assembléia que
conhecer do laudo, a fim de prestarem as informações que
lhes forem solicitadas.

Neste item, analisaremos em separado os subgrupos:
- Ativo Permanente Investimentos;

5
A reserva de reavaliação será objeto de estudo detalhado adiante, quando da
apresentação das contas componentes do Patrimônio Líquido.

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- Ativo Permanente Imobilizado; e
- Ativo Permanente Diferido.

4.1 Ativo Permanente Investimentos


Já foi visto que os investimentos de caráter permanente são
classificados em título especial à parte no balanço patrimonial com a
intitulação INVESTIMENTOS, conforme determinado pelo art. 179 da Lei
n° 6.404, que estabelece como as contas serão classificadas, definindo,
no seu item III, que ficam classificadas em investimentos: (a) as
participações permanentes em outras sociedades e (b) os direitos de
qualquer natureza, não classificáveis no ativo circulante e que não se
destinem à manutenção da atividade da companhia ou da empresa.

4.1.1 Jóias e obras de arte


Jóias e obras de arte devem ser registradas em conta do Ativo
Permanente Investimento, caso sejam adquiridas pela empresa sem que
seu objeto seja compra e venda desse tipo de artigo. Cabe fazer duas
considerações sobre o assunto:
a) o valor a ser registrado, quando da aquisição, é aquele
pago (aplicação direta do Princípio Fundamental de
Contabilidade do Registro pelo Valor Original);
b) não cabe o registro de qualquer depreciação, visto que,
via de regra, jóias e obras de arte não perdem seu valor
com a passagem do tempo.
Na alienação, deve ser registrada receita não operacional e o respectivo
custo (despesa não operacional) apurando-se o ganho de capital (ou,
eventual, perda de capital), conforme visto na aula 05 deste curso.
Pelos conceitos acima expostos, pode ser apresentado o funcionamento
da conta Jóias e obras de arte conforme a tabela abaixo:
Modelo de funcionamento de contas contábeis

Jóias e obras de arte


Débitos Créditos
si de natureza devedora
1 no momento da aquisição do bem
no momento da alienação do bem (ou perda) 2

sf de natureza devedora

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

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4.1.2 Imóveis para aluguel
A conta imóveis para renda também deve ser classificada no ativo
permanente investimentos. Seu funcionamento é semelhante ao da
conta Jóias e obras de arte, com a diferença de que os imóveis alugados
devem sofrer depreciação.
Pelos conceitos acima expostos, pode ser apresentado o funcionamento
da conta Imóveis para aluguél conforme a tabela abaixo:
Modelo de funcionamento de contas contábeis

Imóveis para aluguél


Débitos Créditos
si de natureza devedora
1 no momento da aquisição do bem
no momento da alienação do bem (ou perda) 2

sf de natureza devedora

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

4.1.3 Depreciação acumulada


O estudo da conta depreciação acumulada demanda o conhecimento de
três conceitos, Depreciação, amortização e exaustão:
a) Depreciação – perda do valor de um bem, por uso, desgaste ou
obsolescência. Em outras palavras, perda do valor de um
elemento patrimonial por envelhecimento. Por exemplo, um
veículo deve ser depreciado.
b) Amortização – perda do valor de um bem ou direito que tenha
prazo fixo para sua utilização. Em outras palavras perda do
valor de um elemento patrimonial pela passagem de um tempo
finito. Por exemplo, um direito de exploração de uma patente
por 5 anos, deve ser amortizado.
c) Exaustão – perda do valor de um elemento patrimonial porque
seu uso normal implica sua gradual destruição. Em outras
palavras perda do valor por gradual destruição. Por exemplo,
uma floresta destinada ao corte de árvores deve ser exaurida.
Vistos os conceitos, conclui-se pela possibilidade de aplicação do
primeiro (depreciação) aos imóveis para aluguel, pois os imóveis
alugados perdem seu valor por uso, desgaste ou obsolescência. Uma
restrição a essa conclusão, porém, deve ser feita porque uma parte do

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imóvel não perde seu valor por uso, desgaste ou obsolescência: a terra
nua, pois a terra (em tese) não envelhece.
Assim, o cálculo do valor a ser depreciado demanda a separação do
valor do imóvel em dois:
a) o terreno; e
b) a edificação.
A depreciação incidirá somente sobre a edificação. Essa separação é –
de preferência – realizada no próprio plano contábil (em duas subcontas
analíticas da conta imóveis para aluguel). A discriminação de valores,
porém, também pode ser feita através de mapas extracontábeis de
controle dos valores de aquisição dos imóveis.
Pelos conceitos acima, podemos apresentar o funcionamento da conta
depreciação acumulada (relativa à edificação dos imóveis para aluguel),
conforme tabela abaixo.
Modelo de funcionamento de contas contábeis

depreciação acumulada (relativa à edificação dos imóveis para aluguel)


Débitos Créditos
de natureza credora si
no momento da depreciação da edificação 1
2 no momento da alienação do bem (ou perda)

de natureza credora (igual a zero, após a alienação) sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

4.1.4 Participações societárias


No subgrupo investimentos deverão constar, também, as participações
permanentes em outras sociedades. Existem basicamente dois métodos
de avaliação de investimentos:
- o método de custo;
- o método da equivalência patrimonial.
O método de custo é adotado para os investimentos menores e o
método da equivalência patrimonial para os mais significativos, em
termos do nível de participação acionária na investida e de sua
relevância na investidora.
Este grupo patrimonial, por sua importância, será objeto de estudo em
separado, em tópico específico, adiante neste material.

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4.2 Ativo Permanente Imobilizado
Já foi visto que, segundo a lei das S/A, classificam-se no ativo
imobilizado as contas representativas dos direitos que tenham por
objeto bens destinados à manutenção das atividades da Companhia, ou
exercidos com essa finalidade, inclusive os de propriedade industrial ou
comercial. Assim, nesse subgrupo incluem-se os bens e direitos que a
empresa possui com a intenção de manter e que se destinem ao
funcionamento da sociedade ou de seu empreendimento.
Neste item, serão analisadas as contas tipicamente componentes deste
subgrupo:
- Imóveis;
- Terrenos;
- Construções;
- Máquinas e equipamentos;
- Móveis e utensílios;
- Marcas e patentes;
- Veículos;
- Florestas;
- Minas e jazidas;
- Depreciação – amortização – exaustão (acumuladas).

4.2.1 Imóveis
A conta imóveis, no ativo permanente imobilizado, compreende aqueles
utilizados na consecução de sua atividade fim, por exemplo, utilizados
como sede da empresa, como depósito, como fábrica, etc.
Conforme ocorre na conta de imóveis para aluguel, é indicado que a
conta imóveis seja desdobrada em duas: (a) terrenos e (b) construções.
A razão desse desdobramento reside no fato de que os terrenos não
estão sujeitos à depreciação, enquanto as construções estão sujeitas a
ela. Cumpre frisar que o desdobramento, apesar de recomendado, pode
ser suprido por um controle extracontábil dos valores do terreno e da
construção.

4.2.1.1 Terrenos
Apesar da conta terrenos não estar sujeita à depreciação, é previsto –
para ela – a possibilidade de reavaliação. Assim, considerando um valor
de mercado superior ao valor original e um laudo elaborado por três

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peritos ou uma empresa, o valor do terreno pode ser majorado, com
contrapartida em conta de Patrimônio Líquido.
Seja um terreno adquirido em 1996, pelo valor de R$ 10.000,00.
Considere que conforme laudo elaborado por três peritos, seu valor
atual de mercado seja de R$ R$ 50.000,00. Nesse caso, deve ser
atualizado o valor do ativo, pelo seguinte lançamento.
D = Terrenos
1 - C = a Reserva de Reavaliação 40.000,00
O funcionamento da conta terrenos é o seguinte: (a) débitos pela
aquisição ou pela reavaliação e (b) créditos pela alienação, conforme
tabela a seguir:
Modelo de funcionamento de contas contábeis

Terrenos
Débitos Créditos
si de natureza devedora
1 no momento da aquisição do terreno
2 no momento da reavaliação do terreno
no momento da alienação do terreno 3
sf de natureza devedora

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

4.2.1.2 Construções
Os valores referentes às construções devem ser registrados em contas
do ativo permanente imobilizado, especificamente em subconta da conta
imóveis, justamente por consistir na parte que está sujeita: (a) tanto à
depreciação, (b) quanto à reavaliação.
No caso de construção devem ser computados os gastos efetuados até o
momento do “habite-se” do imóvel.
O funcionamento da conta Construções encontra-se apresentado na
tabela a seguir:

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Modelo de funcionamento de contas contábeis

Construções
Débitos Créditos
si de natureza devedora
1 no momento da aquisição ou edificação da construção
2 no momento da reavaliação da construção
no momento da alienação da construção 3
sf de natureza devedora

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

Repare que é o mesmo comportamento da conta Terrenos, a diferença


está no fato de que a conta construções comporta uma conta
retificadora denominada depreciação acumulada.

4.2.1.3 Benfeitorias em propriedades de terceiros


As benfeitorias em propriedades de terceiros representam as obras
efetuadas em imóveis, geralmente, alugados.
Nesse caso, quando há reembolso do valor despendido na obra, não
estamos diante de um bem ou direito que deva ser registrado no ativo
permanente e, portanto, o correto é registrar um crédito (no valor a ser
desembolsado) no ativo circulante.
Ao contrário, quando o valor despendido não for reembolsável,
configura-se a aplicação de recursos no direito de utilização da
benfeitoria, por algum tempo. Esse direito é típico do Ativo Permanente
Imobilizado, embora alguns autores admitam casos em que esse direito
seja registrado no Ativo Permanente Diferido.
O valor registrado no ativo permanente – a título de benfeitorias em
propriedades de terceiros – deverá ser, alternativamente amortizado ou
depreciado6:
a) amortizado, caso o imóvel tenha sido alugado por prazo
determinado;
b) depreciado, no caso do imóvel ter sido alugado por tempo
indeterminado.
A partir dos conceitos acima, podemos resumir o comportamento da
conta, conforme tabela a seguir:

6
Os conceitos de depreciação, amortização e exaustão serão detalhadamente
estudados, adiante neste curso.

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Modelo de funcionamento de contas contábeis

Benfeitorias em propriedade de terceiros - não sujeitas a reembolso


Débitos Créditos
si de natureza devedora
1 no momento da realização da obra

ao final do aluguel 2
sf de natureza devedora

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

4.2.2 Máquinas e equipamentos


Máquinas e equipamentos classificados no Ativo Permanente Imobilizado
são elementos corpóreos, utilizados na atividade fim da empresa.
O registro deste elemento patrimonial se dá quando de sua aquisição –
conforme determina o princípio fundamental de contabilidade do registro
pelo valor original.
Assim, integram o custo do equipamento adquirido todos os gastos
incorridos na sua aquisição exceto aqueles que são recuperáveis.
Assim, além do valor dos bens (ou matérias-primas) adquiridos, são
computáveis como parte do custo dos elementos do imobilizado os
valores relativos a: (a) fretes, (b) seguros, (c) comissões, (d) gastos
alfandegários – no caso de importação, (e) tributos não recuperáveis,
(f) armazenagem, (g) instalação e montagem, etc.
Em outras palavras, integra o valor do ativo tudo aquilo que se paga por
ele – para que se tenha o bem em uso, exceto aquilo que alguém se
compromete a devolver (de alguma forma) já no momento da aquisição.
Esse é o caso dos tributos não cumulativos (o ICMS e, recentemente, o
PIS/Pasep e a Cofins).
O ICMS, a partir de novembro de 1996, com o advento da Lei
Complementar n° 87, de 1996, passou a ser recuperável na operação de
aquisição de bens para o imobilizado, em quatro anos, à razão de 1/48
(um quarenta e oito avos) por mês, nos termos a seguir reproduzidos:
Art. 19. O imposto é não-cumulativo, compensando-se o
que for devido em cada operação relativa à circulação de
mercadorias ou prestação de serviços de transporte
interestadual e intermunicipal e de comunicação com o
montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou por outro
Estado.

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Art. 20. Para a compensação a que se refere o artigo
anterior, é assegurado ao sujeito passivo o direito de
creditar-se do imposto anteriormente cobrado em
operações de que tenha resultado a entrada de
mercadoria, real ou simbólica, no estabelecimento,
inclusive a destinada ao seu uso ou consumo ou ao ativo
permanente, ou o recebimento de serviços de transporte
interestadual e intermunicipal ou de comunicação.
§ 5o Para efeito do disposto no caput deste artigo,
relativamente aos créditos decorrentes de entrada de
mercadorias no estabelecimento destinadas ao ativo
permanente, deverá ser observado:
I – a apropriação será feita à razão de um quarenta e oito
avos por mês, devendo a primeira fração ser apropriada no
mês em que ocorrer a entrada no estabelecimento;
II – em cada período de apuração do imposto, não será
admitido o creditamento de que trata o inciso I, em
relação à proporção das operações de saídas ou prestações
isentas ou não tributadas sobre o total das operações de
saídas ou prestações efetuadas no mesmo período;
III – para aplicação do disposto nos incisos I e II, o
montante do crédito a ser apropriado será o obtido
multiplicando-se o valor total do respectivo crédito pelo
fator igual a um quarenta e oito avos da relação entre o
valor das operações de saídas e prestações tributadas e o
total das operações de saídas e prestações do período,
equiparando-se às tributadas, para fins deste inciso, as
saídas e prestações com destino ao exterior;
IV – o quociente de um quarenta e oito avos será
proporcionalmente aumentado ou diminuído, pro rata die,
caso o período de apuração seja superior ou inferior a um
mês;
V – na hipótese de alienação dos bens do ativo
permanente, antes de decorrido o prazo de quatro anos
contado da data de sua aquisição, não será admitido, a
partir da data da alienação, o creditamento de que trata
este parágrafo em relação à fração que corresponderia ao
restante do quadriênio;
VI – serão objeto de outro lançamento, além do
lançamento em conjunto com os demais créditos, para
efeito da compensação prevista neste artigo e no art. 19,
em livro próprio ou de outra forma que a legislação
determinar, para aplicação do disposto nos incisos I a V
deste parágrafo; e
VII – ao final do quadragésimo oitavo mês contado da data
da entrada do bem no estabelecimento, o saldo
remanescente do crédito será cancelado.
...
Art. 33. Na aplicação do art. 20 observar-se-á o seguinte:

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...
III - somente darão direito de crédito as mercadorias
destinadas ao ativo permanente do estabelecimento, nele
entradas a partir da data da entrada desta Lei
Complementar em vigor.
Cabe colocar que o IPI incidente sobre equipamentos adquiridos para o
ativo imobilizado não dá direito a crédito.
O PIS/Pasep e a Cofins incidentes na operação de aquisição de bens
para o imobilizado são recuperáveis, somente no caso da pessoa jurídica
estar obrigada a sua apuração pela metodologia não-cumulativa (ou
seja, caso a pessoa jurídica esteja apurando o Imposto de Renda pela
sistemática do Lucro Real), conforme determinado pelas Leis 10.637, de
2002, e 10,833, de 2003, a seguir:
Lei n° 10,637, de 2002.
Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa
jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a:
...
VI - máquinas, equipamentos e outros bens
incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados
para locação a terceiros ou para utilização na produção de
bens destinados à venda ou na prestação de serviços.
...
o
§ 1 O crédito será determinado mediante a aplicação da
alíquota prevista no caput do art. 2o desta Lei sobre o
valor:
...
III - dos encargos de depreciação e amortização dos bens
mencionados nos incisos VI e VII do caput, incorridos no
mês;
Lei n° 10.833, de 2003.
Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa
jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a:
...
VI - máquinas, equipamentos e outros bens incorporados
ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação
a terceiros, ou para utilização na produção de bens
destinados à venda ou na prestação de serviços;
...
§ 1o Observado o disposto no § 15 deste artigo e no § 1o
do art. 52 desta Lei, o crédito será determinado mediante
a aplicação da alíquota prevista no caput do art. 2o desta
Lei sobre o valor:
...

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III - dos encargos de depreciação e amortização dos bens
mencionados nos incisos VI e VII do caput, incorridos no
mês;
Assim, considere a aquisição de equipamentos industriais nas seguintes
condições:
a) valor dos equipamentos – R$ 100.000,00;
b) ICMS incidente na operação – 20%;
c) IPI incidente na operação – 10%;
d) PIS/Pasep incidente – 1,65%;
e) Cofins incidente – 7,6%;
f) Gastos de instalação do equipamento (realizada por profissional
autônomo e incluindo ISS – não recuperável) – R$ 500,00.
Nesse caso, o valor pago e o valor a ser registrado no ativo imobilizado
– a título de equipamentos – está demonstrado a seguir:
Item Valor Alíquota Obs.
1 Valor do equipamento 100.000,00
2 (+) valor do IPI incidente 10.000,00 10,00%
3 (=) total a ser pago pelo equipamento 110.000,00
4
5 (-) ICMS incidente (22.000,00) 20,00% sobre o total a ser pago
6 (-) PIS/Pasep incidente (1.650,00) 1,65% sobre o valor do equipamento
7 (-) Cofins incidente (7.600,00) 7,60% sobre o valor do equipamento
8 (+) Instalação 500,00
9 (=) valor do ativo Permanente Imobilizado 79.250,00
10 desembolso total realizado 110.500,00 item (3) + item (8)
31.250,00
Repare que, no caso, o desembolso será de R$ 110.500,00, mas que
somente o valor de R$ 79.250,00 será registrado como custo do
equipamento (no Ativo Permanente Imobilizado). A diferença, de R$
31.250,00 é composta por direitos de crédito sobre ICMS, PIS/Pasep e
Cofins, respectivamente nos valores de R$ 22.000,00, R$ 1.650,00 e R$
7.600,00, que deverão estar registrados no Ativo Circulante e no Ativo
Realizável a Longo Prazo, conforme o prazo previsto para seu
aproveitamento7.
O lançamento seria o seguinte:

7
Sobre o assunto, recomendamos a leitura do item “Tributos a compensar / recuperar
ou diferidos” tratado na aula anterior.

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D= diversos
1- C=a caixa 110.500,00
D= equipamentos 79.250,00
D= ICMS a recuperar (AC/ARLP) 22.000,00
D= PIS/Pasep a recuperar (AC/ARLP) 1.650,00
D= Cofins a Recuperar (AC/ARLP) 7.600,00

Com base no que foi acima colocado, o funcionamento da conta


máquinas e equipamentos pode ser resumido, conforme tabela a seguir:
Modelo de funcionamento de contas contábeis

máquinas e equipamentos
Débitos Créditos
si de natureza devedora
1 no momento da aquisição da máquina/equipamento
2 no momento da reavaliação
no momento da apuração do custo - para alienação 3
(no valor da depreciação acumulada)
no momento da alienação 4
sf de natureza devedora

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

Obs.: Os gastos de manutenção e reparos não devem ser registrados no


ativo permanente imobilizado, pois são os incorridos para manter ou
recolocar os ativos em condições normais de uso, SEM COM ISSO
AUMENTAR SUA CAPACIDADE DE PRODUÇÃO OU SUA VIDA ÚTIL.

4.2.3 Móveis e utensílios


A conta móveis e utensílios apresenta exatamente o mesmo
funcionamento da conta máquinas e equipamentos, apresentada no
item acima e cuja leitura é aqui recomendada.

4.2.4 Marcas e patentes


A conta marcas e patentes representa um direito de exploração de
invenções ou de marcas. Esses elementos patrimoniais devem ser
registrados no ativo permanente com base no valor por ele
desembolsado.
Importante, somente serão registrados no ativo permanente imobilizado
as marcas e patentes adquiridas de terceiros. Isso porque as marcas e
patentes desenvolvidas internamente deverão ser registradas no ativo
permanente diferido.

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Um detalhe, as marcas e patentes – como elementos patrimoniais
imateriais – não devem ser objeto de reavaliação, conforme será visto
em item próprio.
Finalmente, como a utilização de patentes é – via de regra – limitada no
tempo, esse elemento patrimonial deverá ser objeto de amortização.
Quanto a marcas, pelo fato de que seu registro pode ser
indefinidamente renovado, elas não estão sujeitas aos encargos de
amortização (nem de depreciação ou exaustão).
A partir dos conceitos acima, podemos apresentar o funcionamento
esquemático da conta marcas e patentes, conforme tabela a seguir:
Modelo de funcionamento de contas contábeis

marcas e patentes
Débitos Créditos
si de natureza devedora
1 no momento da aquisição da marca/patente

no momento da apuração do custo - para baixa 2


(no valor da amortização acumulada)
no momento da baixa 3
sf de natureza devedora

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

4.2.5 Veículos
A conta Veículos apresenta exatamente o mesmo funcionamento da
conta máquinas e equipamentos, apresentada no item acima e cuja
leitura é aqui recomendada.

4.2.6 Florestas
As florestas próprias, plantadas com o objetivo de exploração da
atividade fim da empresa, devem ser registradas no ativo permanente
imobilizado, pelo seu valor de aquisição, ou seja, pelo valor dos gastos
incorridos para tê-la – incluindo o custo do solo, das sementes, dos
adubos, dos defensivos agrícolas, etc.
As florestas são itens que – por apresentarem, via de regra, aumento de
valor de mercado conforme a passagem do tempo – se prestam para a
reavaliação.
As florestas adquiridas de terceiros, para utilização na atividade da
empresa, também deve ser registrada no ativo permanente imobilizado.

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Os direitos de exploração sobre florestas, quando a respectiva
exploração está relacionada com a atividade da empresa, também deve
ser registrada no ativo permanente imobilizado.
É comum haver projeto de reflorestamento / florestamento em
propriedades de terceiros. Tais projetos são, geralmente, realizados na
forma jurídica de Sociedade em Conta de Participação8, sendo a pessoa
jurídica o sócio ostensivo e o proprietário rural (pessoa física –
geralmente) o sócio participante. Nesse caso, deve haver uma
discriminação: (1) do ativo permanente do projeto (de reflorestamento),
no ativo da pessoa jurídica, (2) dos demais elementos do ativo da
pessoa jurídica, mas que não estão ligados ao projeto.
As florestas destinadas ao corte deverão ser objeto de exaustão,
enquanto os direitos de exploração (por tempo determinado) de
florestas deverá ser amortizado. Em tempo, no caso – raro – de
existência de uma floresta não utilizada nas atividades da empresa
(exemplo: florestas mantidas, pela empresa, por razões ecológicas) não
deverá ser registrado qualquer encargo, seja de depreciação, exaustão
ou amortização.
Com base nesses conceitos, podemos apresentar o funcionamento
esquemático da conta Florestas, conforme a seguir:
Modelo de funcionamento de contas contábeis

florestas
Débitos Créditos
si de natureza devedora
1 no momento da aquisição
2 na reavaliação
no momento da apuração do custo - para baixa 3
(no valor da amortização/exaustão acumulada)
no momento da baixa 4
sf de natureza devedora

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

4.2.7 Minas e jazidas


Os gastos realizados na obtenção de direitos de exploração de jazidas
de minérios, pedras preciosas e similares, devem ser registrados no
ativo permanente imobilizado.

8
Prevista nos artigos 991 a 996 do Código Civil – Lei n° 10.406, de 2002.

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Tais valores serão objeto de amortização ou de exaustão, conforme será
visto em aula específica, a seguir neste curso.
Esses elementos patrimoniais poderão ser objeto de reavaliação, quando
for constatado que seu valor de mercado ultrapassa o valor do custo de
aquisição.
A seguir, encontra-se tabela com a apresentação do funcionamento
esquemático da conta:
Modelo de funcionamento de contas contábeis

minas e jazidas
Débitos Créditos
si de natureza devedora
1 no momento da aquisição
2 na reavaliação
no momento da apuração do custo - para baixa 3
(no valor da amortização/exaustão acumulada)
no momento da baixa 4
sf de natureza devedora

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

4.2.8 Programas de computador (softwares)


Os programas de computadores (“softwares”) adquiridos de terceiros
devem ser registrados no ativo permanente imobilizado e sua
amortização deve ocorrer alternativamente (1) pelo prazo da licença de
uso adquirida ou (2) em função da expectativa de períodos de utilização
do programa.
Os programas de computadores desenvolvidos pela própria empresa
deverão ser registrados no ativo permanente diferido – conforme será
visto a seguir.
Pela aplicação da convenção da materialidade, programas de pequeno
valor podem ser apropriados diretamente ao resultado do período.
As despesas com manutenção do programa, geralmente contratadas
com o fornecedor do programa, também devem ser registradas
diretamente como despesas do período.
A seguir, encontra-se tabela com a apresentação do funcionamento da
conta Programas de Computadores:

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Modelo de funcionamento de contas contábeis

programas de computadores
Débitos Créditos
si de natureza devedora
1 no momento da aquisição da marca/patente

no momento da apuração do custo - para baixa 2


(no valor da amortização acumulada)
no momento da baixa 3
sf de natureza devedora

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

4.2.9 Ferramentas
As ferramentas de vida útil superior a um ano devem ser registradas em
conta do ativo permanente imobilizado. No caso de ferramentas de vida
útil menor, o registro pode ser diretamente realizado em conta de
despesa, tratamento idêntico pode ser dado a ferramentas de vida útil
superior a um ano, porém de valor unitário pequeno (pela aplicação da
convenção da materialidade).

4.2.10 Depreciação – amortização – exaustão (acumuladas)


Os elementos do ativo permanente são adquiridos para ficar no
patrimônio por um longo tempo. Portanto, são influenciados –
patrimonialmente – pela passagem desse tempo, perdendo
paulatinamente seu valor. Essa perda pode se dar na forma de
depreciação, amortização ou exaustão.
A depreciação é a perda do valor de um bem por uso, desgaste ou
obsolescência.
A amortização é a perda do valor de um elemento patrimonial que tenha
prazo determinado de utilização – pela passagem desse prazo.
A exaustão é a perda do valor de um elemento patrimonial quando o
seu uso regular implica sua parcial destruição.
Os encargos de depreciação, amortização ou exaustão são registrados
como conta de resultado, a crédito de conta retificadora do ativo,
conforme lançamento exemplificativo a seguir:
D = despesa com encargos de depreciação/amortização/exuastão
1 - C = a depreciação/amortização/exuastão acumulada x

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A partir dos conceitos acima, é possível apresentar o funcionamento da
conta depreciação/amortização/exaustão acumulada, conforme tabela a
seguir:
Modelo de funcionamento de contas contábeis

depreciação/amortização/exuastão acumulada
Débitos Créditos
de natureza credora si
(espera-se igual a zero)
na apropriação do encargo 2
3 no momento da apuração do custo - para baixa
(no valor da depreciação/amortização/exaustão acumulada)
4 no momento da baixa
de natureza credora sf
(espera-se igual a zero)

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

4.3 Ativo Permanente Diferido


O Ativo Diferido caracteriza-se por evidenciar os recursos aplicados na
realização de despesas que, por possuírem claro potencial de
contribuição para a formação do resultado de mais de um exercício
social futuro, somente são apropriadas às contas de resultado à medida
e na proporção em que essa contribuição influencia a geração do
resultado de cada exercício.
Autores reputam a distinção do Ativo Diferido em relação às Despesas
Antecipadas (classificadas no Ativo Circulante ou no Ativo Realizável a
Longo Prazo) aos seguintes principais fatores:
a) as Despesas Antecipadas representam recursos
aplicados no pagamento de despesas que, em função
do regime de competência, ainda não foram incorridas,
ou seja, não pertencem ao exercício em que foram
pagas, mas a exercício posterior. O Ativo Diferido
representa despesas já incorridas que, pelo benefício
futuro que delas se espera, têm sua apropriação ao
resultado diferida em função do período de tempo no
qual se prevê sua efetiva contribuição à formação do
resultado da empresa;
b) a apropriação ao resultado é sempre feita, no caso dos
ativos diferidos, por estimativa do número de
exercícios para o resultado dos quais essas despesas
contribuirão, sempre com certa dose de subjetivismo

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envolvida. Já a apropriação ao resultado das despesas
antecipadas está vinculada de forma bastante objetiva
a determinado(s) período(s) futuro(s) (normalmente o
próximo), em função de cláusula contratual,
recebimento do benefício ou serviço ou ocorrência de
determinado evento específico.
Em nosso curso, tentaremos, antes de qualquer afirmação, analisar a
razão pela qual é realizada a classificação de um gasto de um gasto, que
não está relacionado à aquisição de qualquer bem e, portanto,
ordinariamente deveria ser classificado como despesa, como um ativo.
Conforme já foi dito, a contabilidade seria muito bem entendida por
poetas, pois ela é – na verdade – um retrato metafórico do patrimônio.
A partir dessa premissa, para que se torne possível e lógico o
entendimento da classificação desses gastos no ativo diferido, basta
lembrar que se trata de um gasto realizado para “aquisição de um
direito”: o direito de ter lucro no futuro. Ora, todo direito deve ser
registrado no ativo e esta é a razão (metafórica) para esses elementos
integrarem o ativo. À medida em que os exercícios futuros chegam, o
direito ao lucro futuro deixa de existir e esse é o principal critério para
amortização do ativo diferido.
Conforme já visto também, o diferido, como regra, é composto de ativos
intangíveis, não abrangendo normalmente bens corpóreos. Em alguns
raros casos, todavia, pode conter gastos com bens corpóreos, desde
que, por si mesmos, tais bens não tenham utilidade de exploração para
a empresa, a não ser como experimentos, protótipos etc.
O grupo Ativo Diferido, classificado no Ativo Permanente, apresenta em
geral as seguintes contas (a seguir estudadas em separado), sendo
destacados os valores de custo e de amortização acumulada:
- Pesquisa - desenvolvimento de patentes;
- Propaganda institucional;
- Reorganização administrativa e desenvolvimento de
sistemas;
- Despesas pré-operacionais.
Os principais problemas contábeis relacionados com o ativo diferido
dizem respeito à: (1) segregação dos custos e despesas que podem (ou
devem) ser diferidos, daqueles que devem ser diretamente apropriados
ao exercício; (2) o grau de incertezas no tocante à realização dos
benefícios futuros aceitável para o diferimento de custos e receitas; (3)
o método de amortização a ser utilizado, linear ou outro que represente
a efetiva contribuição do custo ou despesa diferidos para o resultado de
cada exercício.

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O texto da Lei das S/A, apesar de sempre ser nosso ponto inicial de
análise, não nos parece ser suficiente para concluir acerca do critério a
ser utilizado para classificação de gastos no ativo diferido. Quando da
definição de onde devem ser classificadas as diversas contas, a Lei nº
6.404/76 assim se expressa no tocante ao Ativo Diferido:
"Art. 179. As contas serão classificadas do seguinte modo:
...
V _ no ativo diferido: as aplicações de recursos em
despesas que contribuirão para a formação do resultado de
mais de um exercício social, inclusive os juros pagos ou
creditados aos acionistas durante o período que anteceder
o início das operações sociais."
Quanto aos critérios para a avaliação dos ativos diferidos, o artigo 183
menciona:
"Art. 183. No balanço os elementos do ativo serão
avaliados segundo os seguintes critérios:
...
VI _ o ativo diferido, pelo valor do capital aplicado,
deduzido do saldo das contas que registrem a sua
amortização.
...
§ 3º Os recursos aplicados no ativo diferido serão
amortizados periodicamente, em prazo não superior a 10
(dez) anos, a partir do início da operação normal ou do
exercício em que passem a ser usufruídos os benefícios
deles decorrentes, devendo ser registrada a perda do
capital aplicado quando abandonados os empreendimentos
ou atividades a que se destinavam, ou comprovado que
essas atividades não poderão produzir resultados
suficientes para amortizá-los."
No que se refere à divulgação, o artigo 176, em seu parágrafo 5º,
menciona:
"As notas deverão indicar:
a) os principais critérios de avaliação dos elementos
patrimoniais (...) dos cálculos de(...) amortização(...) e
dos ajustes para atender a perdas prováveis na realização
de elementos do ativo."
Quanto às normas brasileiras de contabilidade, técnicas, A NBC-T-3.2 _
Do Balanço Patrimonial define que o subgrupo do ativo diferido integra o
grupo do Permanente e é constituído pelas aplicações de recursos em
despesas que contribuirão para a formação do resultado de mais de um
exercício social. A NBC-T-4 _ Da Avaliação Patrimonial, por seu turno,
dispõe que "os componentes do ativo diferido são avaliados ao custo de
aplicação, atualizado monetariamente, deduzido das respectivas

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amortizações, calculadas com base no período em que serão auferidos
os benefícios deles decorrentes a partir do início da operação normal. A
baixa do valor aplicado deve ser registrada quando cessarem os
empreendimentos que integravam, ou restar comprovado que estes não
produzirão resultados suficientes para amortizá-los."
O IBRACON, em seu pronunciamento nº VIII _ DIFERIDO, afirma que
"classificam-se no ativo diferido as aplicações de recursos em despesas
que contribuirão para a formação do resultado de mais de um exercício
social. Estão compreendidas nesta classificação, entre outras, as
despesas de organização, custo de estudos e projetos, despesas pré-
operacionais, despesas com investigação científica e tecnológica para
desenvolvimento de produtos ou processos de produção e encargos
incorridos com a reorganização ou reestruturação da entidade." e define
o conceito de "formação do resultado de diversos períodos" da seguinte
forma:
"O conceito de formação do resultado de diversos períodos
que caracteriza os itens classificados como ativos diferidos,
pode ser definido como uma relação direta, identificada e
documentada, entre certos custos ou despesas incorridos
em um certo momento, geralmente não identificáveis com
ativos físicos, e receitas a serem obtidas em períodos
futuros."
Quanto à aplicação de princípios contábeis ao ativo diferido, o IBRACON
enumera, no referido pronunciamento, os seguintes aspectos:
"1. As aplicações de recursos classificáveis no ativo
diferido (...) serão registradas ao custo monetariamente
corrigido e amortizadas a partir do início das operações
normais da empresa ou do período em que passem a ser
usufruídos os benefícios delas decorrentes e até a cessação
desse usufruto.
2. As despesas classificadas no ativo diferido deverão ser
totalmente amortizadas nos resultados do período em que
forem abandonados os empreendimentos ou atividades a
que se destinam, ou no período em que for comprovado
que essas atividades ou empreendimentos não poderão
produzir resultados suficientes para amortizá-las.
3. O custo e a correspondente amortização acumulada
deverão ser acrescidos de correção monetária, de modo a
atualizá-los por valor correspondente à perda de poder
aquisitivo da moeda.
4. Os itens do ativo diferido deverão ser apresentados
nas demonstrações contábeis no subgrupo Diferido,
pertencente ao grupo de Permanente de modo que se
indique a sua natureza, seu custo histórico, amortizações
acumuladas e correção monetária. Poderá ser
demonstrado no balanço patrimonial o valor líquido desses

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itens e, em nota explicativa, os detalhes acima
mencionados."
No tocante à divulgação, em notas explicativas, que deve ser dada aos
ativos diferidos, o IBRACON requer, no referido pronunciamento, que
sejam evidenciados:
a) a natureza e origem dos itens;
b) comentários que justifiquem a razoabilidade do diferimento;
c) os métodos e prazos de amortização.
Relativamente aos métodos e prazos de amortização, o IBRACON, no
parágrafo 2º, do tópico Discussão do mencionado pronunciamento,
estabelece que:
"a prática indica que, na maioria dos casos, um prazo de
cinco a dez anos, embora possa ser considerado tão
arbitrário como qualquer outro, acaba sendo razoável,
porquanto não é lógico esperar que a aplicação de recursos
em despesas deste tipo chegue a produzir benefícios além
desse espaço de tempo".
"as amortizações deverão ser calculadas pelo método
linear, exceto quando, devido à natureza específica das
despesas, seja razoável a adoção de outra base de
amortização. Deve-se enfatizar a necessidade de um
método uniforme de amortização através dos períodos por
ela abrangidos. Contudo os métodos e porcentagem de
amortização serão revisados periodicamente, para
determinar se existem razões decorrentes de eventos
subseqüentes às estimativas originais que justifiquem
mudanças".
No pronunciamento sobre a Estrutura Conceitual Básica da
Contabilidade, item 5.4, o IBRACON menciona que:
"Todas as despesas e perdas ocorridas em determinado
período deverão ser confrontadas com as receitas
reconhecidas nesse mesmo período ou a ele atribuídas,
havendo alguns casos especiais:
a) os gastos de períodos em que a entidade é total ou
parcialmente pré-operacional. São normalmente ativados
para amortização como despesa a partir do exercício em
que a entidade, ou a parte do ativo, começar a gerar
receitas;
b) a parcela dos gastos dos departamentos de pesquisa e
desenvolvimento que superar o montante necessário para
manter o setor em funcionamento, independentemente do
número de projetos em execução. (...) Todo o gasto
incremental necessário para determinado projeto poderá
ser ativado e, quando o projeto iniciar a geração de
receitas, amortizado contra as receitas. Os gastos diferidos
que não vierem a gerar receitas deverão ter seus valores

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específicos descarregados como perda no período em que
se caracterizar a impossibilidade da geração de receita ou
o fracasso ou desmobilização do projeto."
"Somente um motivo muito forte e preponderante pode
fazer com que um gasto deixe de ser considerado como
despesa do período, ..."
A consideração de que somente um motivo muito forte e preponderante
pode fazer com que um gasto deixe de ser considerado como despesa
do período reflete a linha de raciocínio adotada por alguns países e
organismos internacionais, onde quase não existe ativo diferido,
constituindo esse grupo uma exceção à regra, ficando seu uso
condicionado à existência de justificativas técnicas que eliminem as
dúvidas quanto à necessidade de sua utilização e à garantia de sua
efetiva recuperação. Cabe colocar, entretanto, que nesses países (e.g.:
Estados Unidos da América), os gastos com pesquisa são constantes e,
assim, resta indiferente a apropriação deste gastos no tempo em que as
pesquisas gerarem seus resultados ou diretamente ao período de seu
gasto, pois os gastos se repetirão.
Adicionalmente, a Estrutura Conceitual Básica já referida estabelece que
"os gastos com propaganda e promoção de venda, mesmo institucional,
deverão ser considerados como despesas dos períodos em que
ocorrerem". Em nosso entender, essa disposição consiste em uma
presunção de que esses gastos com propaganda não terão influência no
resultado de exercícios futuros, o que pode ser contraposto por uma
justificativa técnica adequada.
Através da Deliberação CVM nº 29, de 05/02/1986, a Comissão de
Valores Mobiliários aprovou e referendou o pronunciamento do IBRACON
sobre a Estrutura Conceitual Básica da Contabilidade, encampando,
assim, o entendimento do IBRACON acima apresentado.
Do ponto de vista da legislação tributária, o critério de classificação do
gasto como despesa do período ou, alternativamente, como item do
ativo diferido, a ser amortizado no futuro, é de grande relevância. Isso
porque influencia diretamente no resultado dos exercícios, resultando
em antecipação ou postecipação do Imposto de Renda da Pessoa
Jurídica devido. Assim, analisaremos, a seguir, brevemente o
tratamento dado pela legislação tributária a esse grupo patrimonial.
O Decreto-lei nº 1.598/77, que estabeleceu normas de direito tributário
para "adaptar a legislação do imposto sobre a renda às inovações da lei
de sociedades por ação" no parágrafo 1º do seu artigo 15, definindo o
tratamento fiscal a ser dado aos ativos diferidos mencionados no item VI
do artigo 179 da Lei nº 6.404, de 1976, determina o seguinte:
"§ 1º poderão ser amortizados os encargos e as despesas,
registrados no ativo diferido, que contribuirão para a

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formação do resultado de mais de um exercício social, tais
como:
a) os juros durante o período de construção e pré-
operação;
b) os juros pagos ou creditados aos acionistas durante o
período que anteceder o início das operações sociais, ou de
implantação do empreendimento inicial;
c) os custos, despesas e outros encargos com a
reestruturação, reorganização ou modernização da
empresa."
O Decreto nº 85.450/80, que efetuou a consolidação da legislação
tributária do imposto sobre a renda, oferece maiores detalhes para a
aplicação prática, no âmbito da escrituração fiscal, das normas citadas,
estabelecendo, nos itens I e II de seu artigo 209, que poderão ser
amortizados:
"II - Os custos, encargos ou despesas, registrados no ativo
diferido, que contribuirão para a formação do resultado de
mais de um exercício social, tais como:
a) as despesas de organização pré-operacionais ou pré-
industriais;
b) as despesas com pesquisas científicas ou tecnológicas,
inclusive com experimentação para criação ou
aperfeiçoamento de produtos, processos, fórmulas e
técnicas de produção, administração ou venda;
c) as despesas com prospecção e cubagem de jazidas ou
depósitos, realizadas por concessionárias de pesquisa ou
lavra de minérios, sob a orientação técnica de engenheiro
de minas;
d) os custos e as despesas de desenvolvimento de jazidas
e minas ou de expansão de atividades industriais,
classificados como ativo diferido até o término da
construção ou da preparação para exploração;
e) a parte dos custos, encargos e despesas operacionais
registrados como ativo diferido durante o período em que
a empresa, na fase inicial da operação, utilizou apenas
parcialmente o seu equipamento ou as suas instalações;
f) os juros durante o período de construção e pré-
operação;
g) os juros pagos ou creditados aos acionistas durante o
período que anteceder o início das operações sociais, ou de
implantação do empreendimento inicial;
h) os custos, despesas e outros encargos com a
reestruturação, reorganização ou modernização da
empresa".
Concluindo: Os gastos com propaganda são tratados como despesas no
período em que é veiculada, não sendo, portanto, objeto de registro no

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diferido, salvo no caso de existência de uma justificativa técnica
adequada que permita classificar o gasto como “encargo de
reestruturação ou reorganização da empresa” situação em que tais
gastos “contribuirão para a formação do resultado de mais de um
exercício social”, conforme definido pela Lei das S/A.
Gastos com pesquisa de mercado podem ser alternativamente
considerados como ativo permanente diferido ou despesa do exercício
em que ocorrerem. Exemplificando, esses gastos são aqueles
provenientes basicamente da investigação quanto a aceitação pelos
consumidores de produtos já existentes; perspectivas de incremento das
vendas, através de novos clientes ou mesmo para clientes tradicionais
ou colocação de novos produtos. Na inexistência de prova forte em
contrário, tais gastos devem ser – via de regra – contabilizados no
resultado do exercício em que ocorrerem, pois, por sua natureza, é
extremamente difícil seu relacionamento com as receitas de exercícios
subseqüentes para os quais tenham contribuído.
Os gastos significativos realizados com reorganização ou reestruturação
de determinadas áreas ou da totalidade da empresa, que irão produzir
benefícios futuros, são contabilizados no diferido e amortizados durante
o período em que os resultados dessa reorganização ou reestruturação
serão usufruídos pela empresa.
Os gastos relevantes com pesquisa e desenvolvimento vêm sendo
tratados preferencialmente, como despesa do período. A evidenciação
do valor envolvido na demonstração do resultado representa um item à
parte. Este fato se deve à grande dificuldade de uma objetiva vinculação
desses gastos com cada período futuro, à própria segurança quanto ao
sucesso do projeto em questão e, às vezes, à dificuldade de objetiva
capacidade de identificação e mensuração de tais gastos.
Vistos os conceitos iniciais (necessários à correta classificação de valores
alternativamente no ativo diferido ou diretamente em despesas),
passaremos – a seguir – à análise de cada uma das contas componentes
deste grupo patrimonial.

4.3.1 Pesquisa - desenvolvimento de patentes


Os gastos com desenvolvimento de patentes podem ser, a partir de uma
objetiva vinculação desses gastos com cada período futuro, classificados
no ativo diferido:
a) registrado a débito pelo valor do gasto no momento de sua
ocorrência;
b) com a respectiva amortização, registrada a crédito, à medida
que os exercícios a que o gasto se refere passam.

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A seguir, apresentamos o funcionamento esquemático da conta
desenvolvimento de patentes:
Modelo de funcionamento de contas contábeis

desenvolvimento de patentes
Débitos Créditos
si de natureza devedora
1 no momento do gasto ocorrido
na apropriação do encargo 2
(no valor da amortização ou do saldo, no caso de inviabilidade do projeto)

sf de natureza devedora

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

4.3.2 Propaganda institucional


Com as ressalvas já feitas, quanto à classificação (ou não) das despesas
de propaganda institucional no resultado ou no ativo diferido,
considerando a possibilidade de classificação dos gastos com
propaganda institucional no ativo diferido, temos que seu
comportamento é o seguinte:
- registrado a débito pelo valor do gasto no momento de
sua ocorrência;
- com a respectiva amortização, registrada a crédito, à
medida que os exercícios a que o gasto se refere passam.
A seguir, apresentamos o funcionamento esquemático da conta
propaganda institucional:
Modelo de funcionamento de contas contábeis

propaganda institucional
Débitos Créditos
si de natureza devedora
1 no momento do gasto ocorrido
na apropriação do encargo 2
(no valor da amortização ou do saldo, no caso de inviabilidade do projeto)

sf de natureza devedora

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

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4.3.3 Reorganização administrativa e desenvolvimento de sistemas
Os gastos com reorganização administrativa e desenvolvimento de
sistemas, a partir de uma objetiva vinculação desses gastos com cada
período futuro, devem ser classificados no ativo diferido:
- registrado a débito pelo valor do gasto no momento de sua
ocorrência;
- com a respectiva amortização, registrada a crédito, à medida
que os exercícios a que o gasto se refere passam.
A seguir, apresentamos o funcionamento esquemático da conta
reorganização administrativa e desenvolvimento de sistemas:
Modelo de funcionamento de contas contábeis

reorganização administrativa e desenvolvimento de sistemas


Débitos Créditos
si de natureza devedora
1 no momento do gasto ocorrido
na apropriação do encargo 2
(no valor da amortização ou do saldo, no caso de inviabilidade do projeto)

sf de natureza devedora

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

4.3.4 Despesas pré-operacionais


Os gastos com despesas pré-operacionais devem ser classificados no
ativo diferido:
- registrado a débito pelo valor do gasto no momento de sua
ocorrência;
- com a respectiva amortização, registrada a crédito, à medida
que os exercícios a que o gasto se refere passam.
A seguir, apresentamos o funcionamento esquemático da conta gastos
pré-operacionais:

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Modelo de funcionamento de contas contábeis

gastos com despesas pré-operacionais


Débitos Créditos
si de natureza devedora
1 no momento do gasto ocorrido
na apropriação do encargo 2
(no valor da amortização ou do saldo, no caso de inviabilidade do projeto)

sf de natureza devedora

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

5 Resumo
1 - Ativo Realizável a Longo Prazo: grupo patrimonial composto por
bens e direitos realizáveis após o final do exercício seguinte.
a) Créditos e valores a receber no longo prazo – contas que têm a
mesma natureza daquelas do ativo circulante (já visto), mas
que possuem a peculiaridade do prazo de realização findar após
o final do próximo exercício. São exemplos dessas contas as
seguintes:
a. Bancos – contas vinculadas
b. Contas a receber
c. Títulos a receber
d. Adiantamentos a terceiros
e. Provisão para devedores duvidosos (conta credora)
f. Tributos a recuperar
g. Crédito de acionista, diretor, coligada ou controlada
(transações não operacionais)
b) Investimentos temporários a Longo Prazo – contas que têm a
mesma natureza daquelas do ativo circulante (já visto), mas
que possuem a peculiaridade do prazo de realização findar após
o final do próximo exercício;
c) Estoques estratégicos – são estoques que a empresa adquire
sem a intenção de utilizar até o final do próximo exercício, por
motivos estratégicos (desabastecimento, etc.);
d) Despesas antecipadas – contas que têm a mesma natureza
daquelas do ativo circulante (já visto), mas que possuem a
peculiaridade de ter a realização prevista para momento
posterior ao final do próximo exercício;

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2 - Ativo Permanente – conjunto de bens e direitos que a empresa
adquire com a intenção de manter.
a) Ativo Permanente Investimentos – participações societárias
permanentes e bens adquiridos com intenção de permanência e
utilizados em atividade distinta daquela do objeto da empresa.
São exemplos dessas contas as seguintes:
a. Jóias e obras de arte
b. Imóveis para aluguel
c. Depreciação acumulada
d. Participações societárias
b) Ativo Permanente Imobilizado – bens adquiridos com intenção
de permanência e utilizados na atividade objeto da empresa.
São exemplos dessas contas as seguintes:
a. Imóveis
i. Terrenos
ii. Construções
b. Máquinas e equipamentos
c. Móveis e utensílios
d. Marcas e patentes
e. Veículos
f. Florestas
g. Minas e jazidas
h. Programas de computador
i. Ferramentas
j. Depreciação – amortização – exaustão (acumuladas)
c) Ativo Permanente Diferido – gastos que influenciarão vários
exercícios vindouros. São exemplos desses elementos
patrimoniais os seguintes:
a. Pesquisa - desenvolvimento de patentes
b. Propaganda institucional
c. Reorganização administrativa e desenvolvimento de
sistemas
d. Despesas pré-operacionais

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6 Exercícios de Fixação (Questões de concurso elaborado pela
ESAF – resolvidas e comentadas)

6.1 Ativo Realizável a Longo Prazo

6.1.1 Prova de Analista Externo do TCU - 2002


Enunciado
33- A empresa S.A. Indústria e Comércio produz tornos metálicos e
outras ferramentas industriais que são comercializados em operações de
venda, tanto a vista como a prazo. Seu exercício financeiro coincide com
o ano-calendário. Em 21 de dezembro de 1999 o Diretor Financeiro
dessa empresa, que também é seu acionista, obteve na Tesouraria um
empréstimo de R$ 6.000,00, assinando uma promissória vencível em 25
do mês seguinte. No mesmo dia, esse Diretor comprou a prazo algumas
ferramentas, na própria loja da fábrica, assinando três notas
promissórias de R$ 600,00, vencíveis a 60, 120 e 180 dias. As
operações foram debitadas em Títulos a Receber.
Ao encerrar o exercício em 31 de dezembro do referido ano, deverá
constar no balanço patrimonial dessa empresa a conta “Títulos a
Receber” com saldo de
a) R$ 7.800,00 no ativo circulante
b) R$ 7.800,00 no ativo realizável a longo prazo
c) R$ 6.000,00 no ativo circulante
d) R$ 6.000,00 no ativo circulante e de R$ 1.800,00 no ativo
realizável a longo prazo
e) R$ 1.800,00 no ativo circulante e de R$ 6.000,00 no ativo
realizável a longo prazo

Resolução e comentários
Trata-se de uma questão, muito interessante, cuja resolução demanda o
conhecimento da definição do grupo patrimonial Ativo Realizável a
Longo Prazo e de sua exceção. A Lei n° 6.404, de 1976 (Lei das S/A)
determina, em seu art. 179 o seguinte:
Art. 179. As contas serão classificadas do seguinte modo:
...
II - no ativo realizável a longo prazo: os direitos realizáveis
após o término do exercício seguinte, ...;

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Essa, portanto, é a regra geral: o prazo de realização serve de termo
divisório entre o Ativo Circulante e o Ativo Realizável a Longo Prazo.
Entretanto, há dois casos especiais de classificação de contas no Ativo
Realizável a Longo Prazo, em detrimento do Ativo Circulante, e vice-
versa: (a) transações não operacionais entre a empresa e sócios,
coligadas, controladas, diretores e outros participantes do resultado e
(b) empresas com ciclo operacional superior a 12 meses.
De acordo com a parte final do inciso II do art. 179 da Lei das S/A, os
direitos derivados de vendas, adiantamentos ou empréstimos a
sociedades coligadas ou controladas, diretores, acionistas ou
participantes no lucro da companhia, que não constituírem negócios
usuais na exploração do objeto da companhia.
Art. 179. As contas serão classificadas do seguinte modo:
...
II - no ativo realizável a longo prazo: os direitos ...
derivados de vendas, adiantamentos ou empréstimos a
sociedades coligadas ou controladas (artigo 243),
diretores, acionistas ou participantes no lucro da
companhia, que não constituírem negócios usuais na
exploração do objeto da companhia;
Ora, no enunciado são descritos dois negócios (realizados entre a
empresa e seu diretor), gerando ativos para a empresa (valores a
receber) a saber:
a) o primeiro negócio (não usual na exploração do objeto da
companhia) – um empréstimo ao Diretor, no valor de R$
6.000,00, garantido por uma promissória vencível em 25
do mês seguinte; e
b) um segundo negócio (usual na exploração do objeto da
companhia) – esse Diretor comprou a prazo algumas
ferramentas, na própria loja da fábrica, assinando três
notas promissórias de R$ 600,00, vencíveis a 60, 120 e
180 dias.
Os lançamentos relativos aos dois fatos contábeis acima descritos são os
seguintes:
D = Títulos a receber - Empréstimos ao Diretor (promissória a receber)
a - C = a caixa 6.000,00
D = Títulos a receber - Duplicatas a receber
b - C = a Receita Bruta de Vendas 1.800,00 *
* - 1.800,00 = 600,00 (x) 3; por serem três duplicatas de R$ 600,00 cada.

Repare que há previsão legal para registro da conta títulos a receber


tanto no ativo circulante quanto no ativo realizável a longo prazo: (1) a
conta títulos a receber – empréstimo ao Diretor deve ser classificada no

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ARLP, no valor de R$ 6.000,00 e (2) a conta títulos a receber –
duplicatas a receber deve ser classificada no AC, no valor de 1.800,00.
Gabarito
E
6.2 Ativo Permanente Investimentos

6.2.1 AFRF – 2000 – Prova de Contabilidade avançada


Enunciado
10- Os direitos de qualquer natureza, não classificáveis no Ativo
Circulante, e que não se destinem à manutenção da atividade da
companhia ou da empresa, segundo o texto da Lei 6.404/76, são
classificados como:
a) Disponibilidades
b) Contas a Receber
c) Investimentos
d) Imobilizados
e) Diferido
Resolução e comentários
Essa questão, de simples definição do grupo patrimonial Ativo
Permanente Investimentos, é resolvida com a leitura do art. 179 da Lei
das S/A, a seguir:
Art. 179. As contas serão classificadas do seguinte modo:
I - no ativo circulante: as disponibilidades, os direitos
realizáveis no curso do exercício social subseqüente e as
aplicações de recursos em despesas do exercício seguinte;
II - no ativo realizável a longo prazo: os direitos realizáveis
após o término do exercício seguinte, assim como os
derivados de vendas, adiantamentos ou empréstimos a
sociedades coligadas ou controladas (artigo 243),
diretores, acionistas ou participantes no lucro da
companhia, que não constituírem negócios usuais na
exploração do objeto da companhia;
III - em investimentos: as participações permanentes em
outras sociedades e os direitos de qualquer natureza, não
classificáveis no ativo circulante, e que não se destinem à
manutenção da atividade da companhia ou da empresa;

Gabarito
C

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7 Bibliografia e Fontes de Pesquisa Referenciadas
7.1 Leis
Lei 6.404, de 1976 – Lei das S/A.
Lei 9.249, de 1995.
Lei n° 10.406, de 2002 – Código Civil.

7.2 Atos Administrativos Normativos


RESOLUÇÃO CFC N.º 750/93 - Dispõe sobre os Princípios Fundamentais
de Contabilidade (P.F.C.)
RESOLUÇÃO CFC N.º 751/93 - Dispõe sobre as Normas Brasileiras de
Contabilidade.
RESOLUÇÃO CFC N.º 774/94 - Aprova o Apêndice à Resolução sobre os
Princípios Fundamentais de Contabilidade.
DELIBERAÇÃO CVM N 29-1986 - objetivos da Contabilidade.
Decreto 3.000, de 1999 – Regulamento do Imposto de Renda.

7.3 Livros
Iudícibus, Sérgio de; Martins, Eliseu e Gelbke, Ernesto Rubens Gelbcke.
Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações – FIPECAFI. Ed.
Atlas. São Paulo – 4a edição – 1995.
Neves, Silvério das e Viceconti, Paulo E. V. Contabilidade Básica. Ed.
Frase. São Paulo – 5a edição – 1996.
Neves, Silvério das e Viceconti, Paulo E. V. Contabilidade Avançada. Ed.
Frase. São Paulo – 5a edição – 1996.
Gonçalves, Eugênio Celso e Baptista, Antônio Eustáquio. Contabilidade
Geral. Ed. Atlas. São Paulo – 2a edição – 1994.
Silva, Benedito Gonçalves da. Contabilidade Geral. Ed. Meta – 2a edição
– 1994.
Ferrari, Ed Luiz, Contabilidade Geral: teoria e 950 questões – Rio de
Janeiro: Elsevier 2006.
Velter, Francisco e Missagia, Luiz R. Manual de Contabilidade – Rio de
Janeiro: Impetus, 2003.
Ferreira, Ricardo J. Contabilidade avançada e intermediária – 2. ed. –
Rio de Janeiro: Ed. Ferreira, 2004.
Santos, Luiz Eduardo. Contabilidade: Resoluções e Comentários de
Questões da ESAF. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.

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7.4 Internet
www.planalto.gov.br
www.cfc.org.br
www.receita.fazenda.gov.br

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1 Roteiro
Nesta aula continuaremos a apresentação dos conceitos atinentes às
demonstrações contábeis – especificamente quanto ao Balanço
Patrimonial. Nas duas aulas anteriores foram vistos grupos do Ativo,
portanto, nesta aula, serão estudados os grupos Passivo Exigível
(circulante e longo prazo), Resultados de Exercícios Futuros e
Patrimônio Líquido. A seguir, encontra-se uma lista dos itens que serão
aqui estudados:
a) Passivo circulante e exigível a longo prazo
a. Fornecedores
b. títulos a pagar
c. Dividendos propostos a pagar ou dividendos a pagar
d. Debêntures a pagar
e. Salários a Pagar e encargos sociais a recolher
f. Adiantamento de clientes
g. Adiantamentos recebidos para aumento de capital
h. Empréstimos e financiamentos bancários
i. principal
ii. juros e variações monetárias passivas
i. provisões
i. provisão para férias
ii. Provisão para 13o salário
iii. Provisão para o imposto de renda
iv. Provisão para a contribuição social
j. Participações no resultado.
b) Resultados de exercícios futuros
c) Patrimônio Líquido
a. capital social
i. Capital realizado
ii. Capital autorizado
b. Reservas
i. Definição de reservas
ii. Classificação das reservas

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c. reservas de capital
i. ágio na emissão de ações
ii. Prêmio na emissão de debêntures
iii. Doações e subvenções para investimentos
iv. Alienação de partes beneficiárias e bônus de
subscrição
d. Reservas de reavaliação
e. Reservas de lucros
i. Reserva legal
ii. Reserva para contingências
iii. Reserva de lucros a realizar
iv. Reservas estatutárias
v. Reservas e lucros para planos de investimento
(retenção de lucros)
f. Lucros ou prejuízos acumulados
g. Ações em tesouraria

2 Introdução
Serão estudadas, neste tópico da matéria, as contas tipicamente
componentes dos grupos patrimoniais em evidência (conforme consta
do nosso Plano de Contas Proposto). Assim, após uma breve
recordação do conceito atinente a cada um desses grupos (e a seus
respectivos subgrupos), apresentaremos o funcionamento de cada uma
de suas contas componentes.

3 Passivo circulante e exigível a longo prazo


O passivo circulante integra, junto com o exigível a longo prazo, o
chamado passivo real, qual seja, aquela parcela do passivo que
representa as obrigações da empresa para com terceiros.
O IBRACON trata o conceito de exigibilidade em seu pronunciamento "IX
- Passivo Exigível", no qual define exigibilidades como obrigações
assumidas por uma empresa de entregar, a terceiros, uma parte de seu
ativo ou lhes prestar serviços. Assim, conceitua passivos exigíveis como
apenas aquelas obrigações que podem ser objeto de mensuração
monetária, ou seja, são obrigações futuras resultantes de transações
completadas.

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Com o fito de esclarecer o conceito, o IBRACON apresenta três
características que devem estar presentes para se ter um passivo
exigível:
a) a obrigação deve existir no momento, e decorrer de
transações passadas;
b) a obrigação deve ser passível de mensuração monetária por
uma quantia definida ou razoavelmente estimada; e
c) o credor e a data em que a obrigação se torna exigível
devem ser conhecidos ou passíveis de ser estimados com
razoabilidade.
Em decorrência da primeira característica acima, conclui-se que uma
obrigação que possa resultar de uma transação ou evento futuro não é
uma exigibilidade, pois o evento futuro pode não se concretizar (como é
o caso de simples caução, fiança ou outra qualquer garantia de dívida de
terceiros).
O passivo circulante é segregado do exigível a longo prazo, com base no
mesmo princípio que norteia a separação entre ativo circulante e
realizável a longo prazo de realização, lá dos direitos, aqui das
obrigações. Cabe aqui um breve comentário sobre as duas exceções ao
critério do exercício (período de 12 meses), utilizado para segregar o
Ativo Circulante do Ativo Realizável a Longo Prazo e sua aplicabilidade
na segregação do Passivo Circulante do Passivo Exigível a Longo Prazo,
quais sejam:
a) empresas com ciclo operacional superior a 12 meses;
b) obrigações oriundas de transações não usuais realizadas com
pessoas ligadas.
Com relação a empresas cujo ciclo operacional seja superior a 12
meses, a lei das S/A é clara e determina que a exceção também é
aplicável ao passivo. Nesse sentido, o artigo 180 da Lei das S/A dispõe
que as obrigações da companhia, inclusive financiamentos para
aquisição de direitos do ativo permanente, serão classificados no
passivo circulante, quando vencerem no exercício seguinte, e no passivo
exigível a longo prazo, se tiverem vencimento em prazo maior
observado o disposto no parágrafo único do artigo 179. Para fins de
esclarecimento, encontram-se reproduzidos, abaixo, os dispositivos
citados:
Passivo Exigível
Art. 180. As obrigações da companhia, inclusive
financiamentos para aquisição de direitos do ativo
permanente, serão classificadas no passivo circulante,
quando se vencerem no exercício seguinte, e no passivo

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exigível a longo prazo, se tiverem vencimento em prazo
maior, observado o disposto no parágrafo único do artigo
179.
...
Art. 179. As contas serão classificadas do seguinte modo:
...
Parágrafo único. Na companhia em que o ciclo operacional
da empresa tiver duração maior que o exercício social, a
classificação no circulante ou longo prazo terá por base o
prazo desse ciclo.
Com essa observação final (do art. 180, referenciando o parágrafo único
do art. 179 da Lei das S/A), resta claro que deve ocorrer uma mudança
nos conceitos de curto e longo prazos, quando o ciclo operacional da
empresa for superior a um exercício social. Neste caso, o curto prazo
passa a compreender os direitos realizáveis e as obrigações vencíveis
até o término do ciclo operacional.
Com relação a obrigações oriundas de transações não usuais realizadas
com pessoas ligadas, a Lei das S/A não apresenta qualquer dispositivo,
quando trata do passivo exigível – no art. 180. Ao contrário, ao tratar
do Ativo, no art. 179, a Lei das S/A determina que os créditos
decorrentes de transações não usuais com pessoas ligads sejam
classificadas no Ativo Realizável a Longo Prazo, independentemente do
prazo previsto para sua realização.
A interpretação sistemática desses dois artigos (sempre à luz dos
Princípios Fundamentais de Contabilidade) indica que essa exceção não
é aplicável ao passivo. Nesse diapasão, cabe lembrar que seria
esperado que uma empresa (ao demonstrar seu patrimônio) não
apresentasse a existência de um direito a receber no curto prazo que –
presumidamente – não teria interesse em cobrar (de parte a ela
relacionada), sendo apropriada a apresentação desse direito no longo
prazo; mas, de forma nenhuma, seria esperado que essa mesma
empresa (ao demonstrar seu patrimônio) não explicitasse no curto prazo
uma obrigação por ela contraída para pagamento no curto prazo (ainda
que relativa a uma parte a ela relacionada).
Finalmente, cumpre frisar que este é o entendimento da doutrina
majoritária. Entretanto, alguns autores entendem de forma diferente,
entre eles, Milton Augusto Walter e Ricardo J. Ferreira que afirma “não
faz sentido classificar, de acordo com o prazo de exigibilidade, dívidas
com pessoas que, por serem ligadas ao devedor, provavelmente não

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irão adotar medidas rígidas para a cobrança”1. Com o maior respeito,
discordamos dessa opinião, pelos motivos acima apresentados e
ressalvamos que a Escola de Administração Fazendária, em questões de
concurso, demonstrou que também discorda dessa opinião, conforme
será apresentado a seguir, no item “Exercícios de Fixação (Questões de
concurso elaborado pela ESAF – resolvidas e comentadas)”.
De acordo com o disposto no art. 184 da Lei das S/A, os elementos do
passivo exigível devem ser avaliados com base nos seguintes critérios:
(1) obrigações, encargos e riscos – pelo valor atualizado até a data do
balanço; (2) obrigações em moeda estrangeira – atualizadas pela taxa
de câmbio na data do balanço; (3) obrigações sujeitas a correção
monetária – atualizadas até a data do balanço. A seguir, para fins de
clareza, o citado dispositivo encontra-se reproduzido:
Art. 184. No balanço, os elementos do passivo serão
avaliados de acordo com os seguintes critérios:
I - as obrigações, encargos e riscos, conhecidos ou
calculáveis, inclusive Imposto sobre a Renda a pagar com
base no resultado do exercício, serão computados pelo
valor atualizado até a data do balanço;
II - as obrigações em moeda estrangeira, com cláusula de
paridade cambial, serão convertidas em moeda nacional à
taxa de câmbio em vigor na data do balanço;
III - as obrigações sujeitas à correção monetária serão
atualizadas até a data do balanço.
Em obediência ao acima disposto, no caso de obrigações sobre as quais
incidam juros, ao valor delas deve ser adicionado o valor dos juros já
incorridos (pelo regime de competência), para apuração do valor
atualizado do passivo.
Feitas essas considerações e retomando os conceitos inicialmente
expostos quanto a esse grupo patrimonial, verificamos que o passivo
circulante e o passivo exigível a longo prazo formam as exigibilidades;
por isso, o conjunto desses dois grupos também é conhecido,
genericamente, como passivo exigível.
As contas mais representantes do passivo exigível são:
- fornecedores;
- títulos a pagar;
- salários a Pagar;
- encargos sociais a recolher;

1
Ferreira, Ricardo J. Contabilidade avançada e intermediária – 2. ed. – Rio de Janeiro:
Ed. Ferreira, 2004. p.263.

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- dividendos a pagar;
- adiantamento de clientes;
- empréstimos bancários;
- variações monetárias passivas e
- provisões para pagamento de tributos, férias, décimo terceiro
salário etc.
Obs.: o rol de contas acima pode figurar duas vezes no Balanço
Patrimonial: uma no Passivo Circulante e outra no Passivo Exigível a
Longo Prazo, conforme a data prevista de exigibilidade do respectivo
valor.

3.1 Fornecedores
A conta Fornecedores, também denominada “Duplicatas a pagar” (numa
referência ao título mais comumente utilizado para a operação de
compra a prazo), ou ainda (genericamente) “Contas a pagar”, é uma
conta de natureza credora que tem por função registrar os valores das
compras a prazo de mercadorias, matérias-primas e outros materiais ou
serviços que, via de regra, constam das notas fiscais de entrada ou das
faturas.
Essa conta receberá lançamentos a crédito pelas compras a prazo e a
débito pelos pagamentos, descontos, abatimentos ou devolução de
compras, ou eventualmente por renegociação ou perdão de dívidas,
conforme apresentado na tabela a seguir:
Modelo de funcionamento de contas contábeis

Fornecedores
Débitos Créditos
de natureza credora si
no momento de compras a prazo 1
(no valor da respectiva Nota Fiscal ou Fatura)
2 no momento do pagamento
3 no caso de desconto, abatimento ou devolução
4 no caso de renegociação ou perdão
de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

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3.2 Títulos a pagar
Registram-se nesta conta as obrigações contraídas pela empresa a título
de empréstimo ou financiamento, através de pessoas físicas ou jurídicas
que não sejam instituições financeiras. Essa conta também pode ser
utilizada para registrar o valor de obrigação contraída pela empresa
para com terceiros que não seja por compra a prazo –
exemplificativamente, em decorrência de uma renegociação de dívida
referente a compras a prazo.
Será creditada pelo recebimento do empréstimo ou financiamento ou,
ainda, no momento da renegociação de dívida existente, e debitada
pelos pagamentos ou excepcionalmente pelo perdão da dívida, conforme
tabela a seguir.
Modelo de funcionamento de contas contábeis

Títulos a pagar
Débitos Créditos
de natureza credora si
no recebimento do empréstimo ou financiamento 1
no momento da renegociação da dívida com o fornecedor 2
(com débito na conta fornecedores)
3 no momento do pagamento
4 no caso de perdão da dívida
de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

3.3 Dividendos propostos a pagar ou dividendos a pagar


Por dividendos entende-se a parte do lucro que cabe a cada ação
(componente do capital social). Do ponto de vista etimológico, a
palavra dividendos é bastante elucidativa, pois consiste no resultado da
“divisão” do lucro pelo número de ações.
Assim, para que haja dividendos a pagar (ou propostos a pagar) é
necessário que: (1) tenha sido auferido (anteriormente) lucro e que (2)
aqueles que têm competência para decidir o que fazer com o lucro
auferido tenham proposto ou decidido sua distribuição aos acionistas.
Ora, já foi visto neste curso2 que:

2
Especificamente na aula em que tratamos dos lançamentos de encerramento do
exercício.

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a) ao final de cada exercício, é apurado o lucro (com a
utilização de uma conta intermediária “Apuração do
Resultado do Exercício”);
b) o valor apurado é transferido, desta conta intermediária,
para o Patrimônio Líquido; e
c) a conta que registra a entrada do lucro apurado, no
patrimônio líquido, é a conta Lucros e Prejuízos
Acumulados (LPA)3.
O valor do lucro apurado, que ingressa no Patrimônio Líquido através de
seu registro na conta LPA tem três possíveis destinos: (1) ficar
“guardado”, no patrimônio, para eventual utilização futura, registrado
como reserva de lucro; (2) ser distribuído aos acionistas, como
dividendos a pagar; ou (3) ser reinvestido pelos acionistas na formação
do patrimônio da empresa, como aumento de capital.
O caso ora estudado é o segundo, acima: a distribuição do lucro aos
acionistas na forma de dividendos. Assim, a contrapartida da obrigação
“Dividendos propostos a pagar” será a conta LPA, conforme exemplo a
seguir (no qual é proposta a distribuição de R$ 1.000,00 a título de
dividendos):
D= LPA
1- C=a Dividendos propostos a pagar 1.000,00

O valor registrado na conta Dividendos propostos a pagar deve ser


aquele constante da proposta de pagamento de dividendos apresentada
pelo Conselho de Administração (ou pela Diretoria) à assembléia geral
de acionistas.
A assembléia geral de acionistas, como o órgão máximo deliberativo de
uma Sociedade Anônima, decidirá aceitar ou não a proposta dos órgãos
de administração (o que ordinariamente ocorre). Nesse caso, a conta
Dividendos propostos a pagar deve ser debitada, com o correspondente
crédito na conta Dividendos a pagar, conforme exemplo a seguir:
D= Dividendos propostos a pagar
2- C=a Dividendos a pagar 1.000,00

Finalmente, a conta dividendos a pagar deverá ser debitada quando do


pagamento, conforme lançamento exemplificativo a seguir:
D= Dividendos a pagar
3- C=a Caixa 1.000,00

3
A Conta LPA funciona – metaforicamente – como o “Portal de entrada” do resultado
no patrimônio, conforme visto na aula em que tratamos do encerramento do exercício.

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A partir dos conceitos acima, é possível apresentar esquematicamente o
funcionamento das contas “Dividendos propostos a pagar” e “Dividendos
a pagar”, conforme tabelas a seguir:
Modelo de funcionamento de contas contábeis

Dividendos propostos a pagar


Débitos Créditos
de natureza credora si
no momento da proposta de dividendos pela administração 1
(com contrapartida na conta LPA)
2 no momento da aprovação pela assembléia
(com contrapartida na conta Dividendos a pagar)
de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

Modelo de funcionamento de contas contábeis

Dividendos a pagar
Débitos Créditos
de natureza credora si
no momento da aprovação pela assembléia 1
(com contrapartida na conta Dividendos propostos a pagar) 2
3 no momento do pagamento
(com contrapartida na conta Caixa)
de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

3.4 Debêntures a pagar

3.4.1 Conceito de debêntures


Debêntures são títulos de crédito, privativos de sociedade anônima, que
conferem a seus titulares um direito de crédito contra a companhia
emitente, podendo assegurar aos credores, também, variações
monetárias/cambiais, juros, participação no lucro e, ainda, possibilidade
de conversão em ação. As debêntures são emitidas pela sociedade
Anônima como forma de obtenção de empréstimo direto perante o
público (ao contrário dos empréstimos normais, geralmente contratados
com instituições financeiras e que apresentam taxas de juros mais
altas).

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O debenturista não é sócio, mas credor da empresa. Portanto as
debêntures representam dívidas da empresa para com terceiros, divida
essa que pode adicionalmente vir a conferir a seu titular direito de
participação nos resultados e juros calculados sobre o valor de face dos
títulos e ainda a possibilidade de conversão em ações.
As debêntures são títulos negociáveis normalmente de longo prazo, em
que a companhia outorga aos credores garantias (propriedades, bens,
aval do emitente, etc.). Em que pese o fato de que as debêntures, ao
contrário das ações, não são títulos de participação, mas sim de crédito,
trata-se de crédito que pode ter muito longo prazo, inclusive prazo
incerto, conforme se depreende da leitura do art. 55 § 3o da Lei das
S/A:
§ 3º A companhia poderá emitir debêntures cujo
vencimento somente ocorra nos casos de inadimplemento
da obrigação de pagar juros e dissolução da companhia, ou
de outras condições previstas no título.
Repare que, no caso acima, a companhia pode emitir debêntures que
não tenha data certa de vencimento. Essa situação enseja o
reconhecimento do passivo exigível, posto que seu pagamento não está
pendente de condição (evento futuro e incerto) mas sim de termo
incerto (evento futuro e certo, porém não determinado no tempo).
A deliberação sobre a emissão de debêntures é de competência privativa
da Assembléia de acionistas, não podendo o valor total das emissões
ultrapassar o capital social da companhia, salvo exceção em lei.
Para colocação das debêntures no mercado é necessária a realização de
alguns gastos (contratação de instituição para coordenar o processo de
divulgação e captação de recursos). Esses gastos devem ser registrados
contabilmente como despesas antecipadas, que deverão ser apropriadas
ao resultado proporcionalmente ao prazo de vencimento das
debêntures.
Como remuneração, as debêntures – geralmente – concedem (1) juros
(fixos ou variáveis), pagos periodicamente, (2) atualização monetária e
– eventualmente – participação nos resultados. Cabe referir que a
atualização monetária é, via de regra, agregada ao valor da obrigação
inicial, para pagamento na data do resgate; ao contrário, os juros e as
participações no resultado são pagos periodicamente. Assim, no plano
de contas, além da conta Debêntures a pagar, deve figurar, também, as
contas “Juros sobre debêntures a pagar” e “Participações sobre
debêntures a pagar”.
De uma forma didática, metafórica e bem humorada, podemos
apresentar as debêntures como sendo “Promissórias metidas a besta”.
Equivalem a promissórias porque representam dívidas contraídas pela

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empresa por recebimento de valores de terceiros; e são metidas a besta
porque apresentam características especiais (que as diferenciam das
promissórias):
- são emitidas apenas por sociedades anônimas (enquanto notas
promissórias podem ser emitidas por qualquer pessoa);
- podem dar direito a juros, variações monetárias e participação
no resultado da Sociedade Anônima (remuneração não prevista
para notas promissórias);
- podem, desde seu lançamento, prever sua conversão em ações
(o que não é característico de notas promissórias).

3.4.2 Exemplo de contabilização


A seguir, apresentamos exemplo de contabilização dos fatos acima
descritos.
a) Na emissão da série de debêntures:
D= Bancos (ou caixa)
1- C=a Debêntures a pagar (PC/PELP) x

b) Na atualização monetária do valor da dívida:


D= Variações monetárias passivas
2- C=a Debêntures a pagar y

c) Na apropriação dos juros:


D= Despesas com juros (financeiras)
3- C=a Juros sobre debêntures a pagar z

d) Na destinação dos lucros para debenturistas:


D= Despesa com participação de debenturistas
4- C=a Participação de debenturistas a pagar w

e) No resgate da série de debêntures:


D= Debêntures a pagar
5- C=a bancos (ou caixa) x+y

3.4.3 Deságio na emissão de debêntures


Pode ocorrer deságio na emissão de debêntures, quando o título é
negociado por preço inferior ao seu valor nominal (inicialmente fixado
no documento de emissão do título). Nessa situação, haverá um
ingresso de valor em caixa (ou bancos) inferior ao valor da dívida
contraída, com uma correspondente perda. Ocorre que esta perda não
está imediatamente incorrida, pois somente se concretizará
(patrimonialmente) à medida que transcorrer o período de maturação
do título (entre sua colocação e seu resgate).

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Para registro da perda decorrente da emissão do título com deságio,
com vencimento ainda a transcorrer, deve ser registrada uma conta
patrimonial (com natureza de ativo) que apresente o valor total
correspondente a essa perda e que seja amortizada – como despesa –
proporcionalmente ao prazo transcorrido, ou seja, pro rata tempore.
Afirmamos que esta conta tem uma natureza de ativo porque –
metaforicamente – representa o direito (da empresa) de manter o valor
do ingresso em caixa/bancos, recebido quando do lançamento do título,
pelo tempo compreendido entre seu lançamento e o respectivo
vencimento, quando então a dívida deverá ser finalmente paga.
Visto que o deságio na emissão de debêntures corresponde a um
“direito”, temos que seu valor deve ser registrado em uma conta de
Ativo Circulante (ou Ativo Realizável e Longo Prazo). Autores,
entretanto, preferem classificar esta conta como retificadora do
Passivo4, o que não altera em nada seu funcionamento, mas apenas o
local de sua classificação (do outro lado, mas com o sinal contrário –
negativo).
A seguir, apresentamos exemplo de contabilização dos fatos acima
descritos, considerando a uma série de debêntures com valor nominal
de R$ 10.000,00, colocada no mercado pelo valor de R$ 9.000,00 e
considerando o prazo de 10 anos para seu resgate.
a) Na emissão da série de debêntures:
D= Diversos
1- C=a Debêntures a pagar (PC/PELP) 10.000,00
D= Caixa (ou Bancos) 9.000,00
D= Deságio na emissão de debêntures 1.000,00

b) na amortização pro rata tempore do deságio (ao final do


primeiro ano):
D = Despesa de amortização de deságio na emissão de debêntures
2- C = a Deságio na emissão de debêntures 100,00

3.4.4 Prêmio da emissão de debêntures – uma abordagem inicial


Pode ocorrer, também, ágio na emissão de debêntures (situação
tecnicamente denominada “Prêmio na emissão de debêntures”, quando
é recebido pela empresa um valor além do valor nominal das debêntures
(recebe-se um valor acima do valor da dívida contraída). Isso ocorre,
normalmente, quando as vantagens oferecidas pela empresa aos

4
De uma forma bem humorada e em oposição ao conceito de conta retificadora do
ativo (que denominados de contas do tipo “Travesti”), podemos entender essas contas
retificadoras do passivo como sendo contas do tipo “Sapatão”: com natureza de ativo
e funcionamento de ativo, mas que ficam registradas no passivo (com o saldo invertido
– negativo).

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debenturistas são atrativas, como, por exemplo: juros, participação nos
resultados da empresa, opção de conversão das debêntures em ações,
etc. O recebimento de um valor superior ao da dívida contraída
aumenta o valor do patrimônio e, conseqüentemente, se encaixa no
conceito de receita. Ocorre que, nesse caso, a Lei das S/A determina
que esse valor seja registrado diretamente no Patrimônio líquido (em
Reservas de Capital)5.
A seguir, apresentamos exemplo de contabilização dos fatos acima
descritos, considerando a uma série de debêntures com valor nominal
de R$ 10.000,00, colocada no mercado pelo valor de R$ 11.000,00:
D= Caixa (ou Bancos) 11.000,00
1- C=a Diversos
C=a Debêntures a pagar (PC/PELP) 10.000,00
C=a Prêmio na emissão de debêntures (PL) 1.000,00

Cumpre referir que há autores como, por exemplo, os autores do


Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações, que entendem que
esse valor deveria ser inicialmente registrado como Resultado de
Exercícios Futuros6 e apropriado às receitas (ou à reserva de capital)
proporcionalmente pro rata tempore.

3.4.5 Conversão de debêntures em ações


Foi colocado acima que uma das características especiais das
debêntures é a possibilidade de sua conversão em ações. Esse é um
dos atrativos das debêntures para o público. Nesse caso, a escritura de
emissão de debêntures deve especificar as bases da conversão, o prazo
ou a época em que o debenturista poderá exercer esse direito.
De posse do título, o debenturista adquire, então, a opção de receber,
no vencimento da debênture, alternativamente: (1) o valor do título em
dinheiro ou (2) ações da companhia, no valor do título. Pela relevância
patrimonial da possibilidade de conversão de debêntures em ações,
recomenda-se que, no plano de contas da companhia, haja duas
diferentes contas discriminando as debêntures não conversíveis em
ações das debêntures conversíveis em ações.
Exemplificativamente, o lançamento de conversão de debêntures em
ações, no valor de R$ 1.000,00 encontra-se a seguir:
D= Debêntures a pagar
1- C=a capital social 1.000,00

5
Tópico a ser exaustivamente estudado adiante neste curso.
6
Tópico também a ser exaustivamente estudado adiante neste curso.

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3.4.6 Funcionamento esquemático das contas relacionadas às
debêntures
Nas tabelas a seguir, encontra-se apresentado, a partir dos conceitos
acima apresentados, o funcionamento das contas relativas a
debêntures.

Modelo de funcionamento de contas contábeis

Debêntures a pagar
Débitos Créditos
de natureza credora si
no momento da emissão das debêntures 1
(com contrapartida na conta Bancos - ou Caixa)
no momento da atualização monetária das debêntures 2
(com contrapartida em conta de resultado)
3 no momento do pagamento
(com contrapartida na conta Bancos - ou Caixa)
de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

Modelo de funcionamento de contas contábeis

Juros sobre debêntures a pagar


Débitos Créditos
de natureza credora si
no momento em que os juros são incorridos 1
(com contrapartida em conta de resultado)
2 no momento do pagamento
(com contrapartida na conta Caixa)
de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

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Modelo de funcionamento de contas contábeis

Participação de debenturistas a pagar


Débitos Créditos
de natureza credora si
no momento em que as participações são apuradas 1
(com contrapartida em conta de resultado)
2 no momento do pagamento
(com contrapartida na conta Caixa)
de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

Modelo de funcionamento de contas contábeis

Deságio na emissão de debêntures


Débitos Créditos
si de natureza devedora
1 no momento da emissão das debêntures com deságio
(com contrapartida na conta debêntures a pagar)
na amortização do deságio 2
(com contrapartida em conta de resultado)
sf de natureza devedora

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

Obs.: a conta “Prêmio na emissão de debêntures” terá seu


funcionamento pormenorizadamente apresentado adiante neste curso,
quando forem estudadas as contas de Patrimônio Líquido e – em
especial – as reservas de capital.

3.5 Salários a Pagar e encargos sociais a recolher


Os salários, assim como os encargos sociais incorridos em um mês e
pagos em outro, devem ser registrados, conforme determina o princípio
da competência dos exercícios, como despesa – baseando-se na folha
de pagamento do mês. Esse registro deve incluir todos os proventos e
descontos que compõem o relatório mensal da folha, registrando-se a
crédito as obrigações e a débito os pagamentos e descontos incidentes
sobre a folha.
Esse assunto foi exemplificativamente tratado neste curso,
especificamente no estudo dos fatos contábeis (1) “Apropriação da folha

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de pagamentos”; (2) “Pagamento dos salários”; e (3) “Recolhimento dos
tributos incidentes sobre a folha” – cuja leitura é fortemente
recomendada neste momento.
Resumidamente, apresentamos as contas de passivo exigível
relacionadas com a folha de pagamento:
- Salários a pagar – valor a ser entregue ao empregado, por ter
trabalhado na empresa durante um período;
- Cota patronal a recolher – valor a ser recolhido aos cofres do
INSS pela empresa, suportado patrimonialmente por ela na
condição de empregadora;
- FGTS a recolher – valor a ser recolhido para a Caixa Econômica
Federal, suportado patrimonialmente pela empresa, na condição
de empregadora, a ser depositado em conta do empregado
(para saque em situações especiais definidas em lei);
- Provisão para férias e Provisão para 13o salário – valores
suportados patrimonialmente pela empresa, relativos a futuros
pagamentos (de adicional de férias e 13o Salário), a serem
realizados no momento em que o empregado gozar desses
direitos garantidos, pela legislação (itens a serem estudados em
separado, adiante);
- Imposto de Renda na Fonte a recolher – valor inicialmente
contido na conta salários a pagar e dela retirado (por ser
patrimonialmente suportado pelo empregado) representando a
obrigação, da empresa, de recolher parte do valor do salário do
empregado, diretamente ao Tesouro Nacional – na forma de
Imposto de Renda Retido na Fonte – na qualidade de fonte
pagadora dos rendimentos do empregado;
- INSS do empregado a recolher – valor inicialmente contido na
conta salários a pagar e dela retirado (por ser patrimonialmente
suportado pelo empregado) representando a obrigação, da
empresa, de recolher parte do valor do salário do empregado,
diretamente ao INSS – na forma de Contribuição Previdendiária
retida pela empregadora;
Com exceção das contas de provisão para férias e provisão para 13o
salário, que serão detalhadamente estudadas a seguir, apresentamos –
nas tabelas abaixo – o funcionamento esquemático das contas acima
relacionadas.

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Modelo de funcionamento de contas contábeis

Salários a pagar
Débitos Créditos
de natureza credora si
ao final do mês - na apuração da Folha de Pagamento 1
(com contrapartida em conta de resultado)
2 na retenção do Imposto de Renda na fonte
(com contrapartida na conta IRF a recolher)
3 na retenção da Contribuição INSS - empregado
(contrapartida na conta INSS - empregado - a recolher)
4 no momento do pagamento
(com contrapartida na conta Caixa/Bancos)
de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

Modelo de funcionamento de contas contábeis

Cota Patronal a Recolher


Débitos Créditos
de natureza credora si
ao final do mês - na apuração da Folha de Pagamento 1
(com contrapartida em conta de resultado)
2 no momento do recolhimento ao INSS
(com contrapartida na conta Caixa/Bancos)
de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

Modelo de funcionamento de contas contábeis

FGTS a Recolher
Débitos Créditos
de natureza credora si
ao final do mês - na apuração da Folha de Pagamento 1
(com contrapartida em conta de resultado)
2 no momento do depósito
(com contrapartida na conta Bancos)
de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

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Modelo de funcionamento de contas contábeis

IRRF a Recolher
Débitos Créditos
de natureza credora si
ao final do mês - na apuração da Folha de Pagamento 1
(com contrapartida na conta Salários a Pagar)
2 no momento do recolhimento
(com contrapartida na conta Caixa/Bancos)
de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

Modelo de funcionamento de contas contábeis

INSS - empregado - a recolher


Débitos Créditos
de natureza credora si
ao final do mês - na apuração da Folha de Pagamento 1
(com contrapartida na conta Salários a Pagar)
2 no momento do recolhimento
(com contrapartida na conta Caixa/Bancos)
de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

3.6 Adiantamento de clientes


A conta Adiantamento de clientes, de natureza credora, tem como
finalidade registrar todos os adiantamentos recebidos de clientes, para
posterior entrega do bem ou serviço conforme determinar o contrato
entre as partes. Sua natureza de passivo decorre da idéia de que a
empresa – por ter recebido dinheiro – tem a obrigação de entregar bens
ou devolver o adiantamento recebido.
Nesta conta, os lançamentos a crédito ocorrerão pelos adiantamentos
recebidos e a débito quanto da emissão da duplicata quitada ao cliente
ou pela devolução do valor recebido.
É o caso, por exemplo, de passivo oriundo da venda de produto X,
contratada em 30/04/2006, para entrega em 30 dias, mas cujo preço foi
integralmente recebido no ato da assinatura do contrato. Nessa
situação, a contabilização deverá ser realizada conforme a seguir:

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a) Pelo recebimento do adiantamento:
D= Caixa (ou Bancos)
1- C=a Adiantamento de clientes 200.000,00

b) Pela apropriação a resultado da receita de vendas


D= Adiantamento de clientes
2- C=a Receita Bruta de vendas 200.000,00

A partir dos conceitos acima, podemos apresentar o funcionamento


esquemático da conta Adiantamento de clientes, conforme tabela a
seguir:
Modelo de funcionamento de contas contábeis

Adiantamento de clientes
Débitos Créditos
de natureza credora si
no momento do recebimento do adiantamento 1
(com contrapartida na conta Caixa - ou Bancos)
2 no momento da entrega do bem vendido
(com contrapartida na conta Receita Bruta de Vendas)
3 na devolução do adiantamento recebido
(com contrapartida na conta Caixa - ou Bancos)
de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

3.7 Adiantamentos recebidos para aumento de capital


A conta Adiantamentos para futuro aumento de capital (conhecida
também pela sigla AFAC), representa os valores aportados na pessoa
jurídica pelo sócio (ou futuro sócio) que, em seguida – após
cumprimento de formalidades – será utilizado para integralizar aumento
de capital.
Esta conta é creditada pelo valor do adiantamento recebido em
contrapartida de uma conta que represente disponibilidades, e debitada
no valor do aumento de capital (em contrapartida de conta de
patrimônio líquido – Capital social).
A partir dos conceitos acima, podemos apresentar o funcionamento
esquemático da conta Adiantamento para futuro aumento de capital,
conforme tabela a seguir:

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Modelo de funcionamento de contas contábeis

Adiantamento para futuro aumento de capital


Débitos Créditos
de natureza credora si
no momento do recebimento do adiantamento 1
(com contrapartida na conta Caixa - ou Bancos)
2 no momento do aumento de capital
(com contrapartida na conta Capital Social)
3 na eventual devolução do adiantamento
(com contrapartida na conta Caixa - ou Bancos)
de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

3.8 Empréstimos e financiamentos bancários – a pagar


Estas contas registram as obrigações da empresa com as instituições
financeiras, que podem estar financiando tanto o ativo imobilizado,
como o capital de giro para a contratante. Os empréstimos e
financiamentos têm natureza credora, recebendo os lançamentos a
crédito pela liberação do financiamento ou empréstimo e a débito pelos
pagamentos ou amortizações.
Os empréstimos ou financiamentos podem estar classificados tanto no
Circulante como no exigível a longo prazo, dependendo do prazo de sua
liquidação.

3.8.1 Empréstimos x Financiamentos


Apesar de tanto os empréstimos quanto os financiamentos
representarem – patrimonialmente – obrigações da empresa, são
conceitos que não se confundem, pois as respectivas obrigações têm
origens diversas, a saber: (1) empréstimos são obrigações que nascem
do recebimento de numerário – a ser utilizado pela empresa no que ela
bem entender; (2) financiamentos são obrigações que nascem da
aquisição (a prazo) de bens.

3.8.2 Débitos de funcionamento x de financiamento


Apenas para classificação, cabe a diferenciação de débitos (no sentido
vulgar da palavra – dívida) de funcionamento e de financiamento. Os
primeiros são aqueles decorrentes de operações normais, tendo por
motivo a aquisição a prazo de mercadorias, os tributos e salários a
pagar. Os débitos de financiamento, ao contrário, representam

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obrigações que decorrem de situações não normais da empresa, como,
empréstimos bancários, desconto de títulos, etc.

3.8.3 Juros
Os juros, conforme já foi visto neste curso, consistem no valor do
dinheiro no tempo. Portanto, quando a empresa contrai uma obrigação
– financiamento ou empréstimo – a cada período, ela passará a ser
devedora de um valor (além do valor do empréstimo/financiamento
inicialmente contraído – principal) a título de juros.
Se os juros tiverem que ser pagos antes da data do vencimento do
empréstimo (ou no caso de juros simples) recomenda-se, para facilidade
de cálculos e apresentação de valores, a utilização de uma conta
separada “Juros a pagar”.
Seja um empréstimo no valor de R$ 10.000,00, contraído pela empresa
em 01/01/2006, com juros simples de 10% ao mês, sendo que o
principal somente deverá ser pago ao final do ano, mas os juros devem
ser quitados a cada seis meses. Nessa situação, os lançamentos seriam
os seguintes:
a) Na contratação do empréstimo:
D= Bancos (ou caixa)
1- C=a Empréstimos a pagar 10.000,00

b) Na apropriação dos juros a pagar (ao final de cada mês):


D= Despesa com juros
2- C=a Juros a pagar 1.000,00

c) No pagamento dos juros (ao final de cada período de seis


meses):
D= Juros a pagar
3- C=a Bancos 6.000,00

d) No pagamento do principal (ao final do ano):


D= Empréstimos a pagar
4- C=a Bancos 10.000,00

No caso de juros compostos, onde a base de cálculo sobre a qual


incidirão os juros do próximo período já inclui os juros dos períodos
anteriores, é aconselhável a utilização de uma única conta “Empréstimos
a pagar” para registro do valor devido (tanto a título de principal,
quanto a título de juros).

3.8.4 Juros antecipados (ou Juros passivos a transcorrer)


Pode ocorrer que, no caso de um empréstimo ou financiamento, o valor
da dívida contraída (desde sua contratação) ser maior do que o valor do

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dinheiro ou do bem recebido. Trata-se de juros antecipados (ou juros
cobrados antecipadamente).
Nesse caso, haverá um ingresso de valor em bancos (ou em outro ativo
–financiado) inferior ao valor da obrigação contraída, com uma
correspondente perda. Ocorre que esta perda não está imediatamente
incorrida, pois somente se concretizará (patrimonialmente) à medida
que transcorrer o período referente ao empréstimo.
Nessa situação, deve ser registrada uma conta patrimonial (com
natureza de ativo), denominada “Juros antecipados”7, que apresente o
valor total correspondente a essa perda e que seja amortizada – como
despesa com juros – proporcionalmente ao prazo transcorrido, ou seja,
pro rata tempore. Afirmamos que esta conta tem uma natureza de
ativo porque – metaforicamente – representa o direito (da empresa) de
manter o valor do ingresso em caixa/bancos, recebido quando da
contratação do empréstimo, pelo tempo compreendido entre essa
contratação e o respectivo pagamento, quando então a dívida deverá
ser finalmente paga.
Visto que os juros antecipados correspondem a um “direito”, temos que
seu valor deve ser registrado em uma conta de Ativo Circulante (ou
Ativo Realizável e Longo Prazo). Autores, entretanto, preferem
classificar esta conta como retificadora do Passivo8, o que não altera em
nada seu funcionamento, mas apenas o local de sua classificação (do
outro lado, mas com o sinal contrário – negativo).
A seguir, apresentamos exemplo de contabilização dos fatos acima
descritos, considerando a um empréstimo contraído no valor de R$
10.000,00, com recebimento de apenas R$ 9.000,00 e considerando o
prazo de 10 anos para seu pagamento.
a) Na contratação do empréstimo:
D= Diversos
1- C=a Empréstimos a pagar 10.000,00
D= Caixa (ou Bancos) 9.000,00
D= Juros passivos a transcorrer 1.000,00

b) Na apropriação pro rata tempore dos juros (ao final do primeiro ano):

7
Também denominada “Juros passivos a transcorrer”.

8
De uma forma bem humorada e em oposição ao conceito de conta retificadora do
ativo (que denominados de contas do tipo “Travesti”), podemos entender essas contas
retificadoras do passivo como sendo contas do tipo “Sapatão”: com natureza de ativo
e funcionamento de ativo, mas que ficam registradas no passivo (com o saldo invertido
– negativo).

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D = Despesa com juros
2- C = a Juros passivos a transcorrer 100,00

É na operação de desconto de títulos que a cobrança antecipada de


juros é, via de regra, utilizada. Ao contrário, na operação de
empréstimos em geral, normalmente os juros são exigidos após o
transcurso do prazo a eles relativos. Entretanto, cabe colocar que o
momento da exigência dos juros é decorrente da contratação –
encontra-se no âmbito da liberdade negocial.

3.8.5 Variações monetárias passivas


Além do aumento do valor dos empréstimos por juros, visto acima, os
empréstimos podem também sofrer aumentos por conta de variações de
indexador ou taxa de câmbio. Estes aumentos correspondem a créditos
na conta empréstimos tendo como contrapartida débitos em conta de
resultado denominada variação monetária passiva.
Os empréstimos em moeda estrangeira devem ser atualizados
obrigatoriamente na data do balanço de encerramento, em
conformidade com a cotação cambial da moeda tomada como base de
referência para os empréstimos (neste caso, a variação correspondente
recebe a designação específica de variação cambial passiva).
Exemplo:
Empréstimo contraído em 02/01/2004 no valor de R$ 10.000,00,
correspondente a X$ 10.000,00 unidades monetárias de uma moeda
estrangeira cotada a $1,009 cada. O vencimento do empréstimo
ocorrerá em 31/12/2005 (2 anos após). Vejamos a contabilização da
variação cambial relativa ao empréstimo em moeda estrangeira nas
datas 31/12/2004 e 31/12/2005, a saber:
Data cotação da moeda Quantidade valor variação cambial passiva
02/01/2004 R$ 1,00 10.000,00 10.000,00 -
31/12/2004 R$ 1,20 10.000,00 12.000,00 2.000,00
31/12/2005 R$ 2,00 10.000,00 20.000,00 8.000,00

Lançamentos de atualização da conta “Empréstimos em moeda


estrangeira”, por variação na taxa de câmbio:
a) Em 31/12/97
D = Variação Cambial passiva
1- C = a Empréstimos em moeda estrangeira 2.000,00

b) Em 31/12/98

9
Taxas de câmbio fictícias, utilizadas aqui apenas para fins didáticos.

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D = Variação Cambial passiva
2- C = a Empréstimos em moeda estrangeira 8.000,00

3.8.6 Funcionamento esquemático das contas relacionadas a


empréstimos e financiamentos
Nas tabelas a seguir, encontra-se apresentado, a partir dos conceitos
acima tratados, o funcionamento das contas relativas a empréstimos e
financiamentos.
Modelo de funcionamento de contas contábeis

Empréstimos e financiamentos a pagar


Débitos Créditos
de natureza credora si
no momento da contratação do empréstimo/financiamento 1
(com contrapartida na conta Bancos - ou Caixa)
na atualização monetária ou apropriação dos juros 2
(com contrapartida em conta de resultado)
3 no momento do pagamento
(com contrapartida na conta Bancos - ou Caixa)
de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

Modelo de funcionamento de contas contábeis

Juros a pagar
Débitos Créditos
de natureza credora si
Na apropriação dos juros 1
(com contrapartida em conta de resultado)
2 no momento do pagamento dos juros
(com contrapartida na conta Bancos - ou Caixa)
de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

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Modelo de funcionamento de contas contábeis

Juros passivos a transcorrer


Débitos Créditos
si de natureza devedora
1 na contratação do empréstimo
na apropriação dos juros 2
(com contrapartida em conta de resultado)
sf de natureza devedora
(espera-se igual a zero)

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

3.9 Provisões
As provisões propriamente ditas são valores que afetam negativamente
a situação líquida. As provisões são constituídas em obediência aos
princípios contábeis da prudência de da competência.
Sobre o conceito de provisão, didaticamente propomos o entendimento
desse conceito como uma perda na penumbra10. Isso porque uma
perda ocorrida na penumbra é uma perda que ocorreu (ninguém pode
imaginar que, apenas pelo fato de que, na penumbra, não se pode
identificar com certeza o tamanho da perda, ela não tenha ocorrido),
mas que somente quando for acesa a luz, será possível saber
exatamente o tamanho da perda.
Foram apresentados exemplos de provisões registradas em contas
retificadoras do ativo (registrando perdas específicas nos elementos do
ativo – retificados). Ocorre que há perdas que alcançam todo o
patrimônio e não apenas um determinado bem; essas perdas devem ser
registradas em conta de passivo (por consistirem em um ônus que todo
o patrimônio tem a obrigação de suportar). São exemplos dessas
provisões as “Provisões para riscos fiscais” e “Provisões para riscos
trabalhistas”.

10
Conforme visto na aula 06 deste curso, cuja leitura é recomendada.

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3.9.1 Provisão para riscos fiscais, riscos trabalhistas ou relativos ao
direito do consumidor
Essas provisões, denominadas genericamente provisões para
contingências11, são classificadas no passivo circulante (ou no passivo
exigível a longo prazo) e referem-se a perdas relativas a eventos já
ocorridos, cujos efeitos envolvem relativa incerteza.
Por exemplo, seja uma ação judicial movida por trabalhadores – contra
a empresa – reivindicando o pagamento de um determinado adicional
por atividades desenvolvidas no ano anterior. Ora, nesse caso, a perda
é relativa a um evento que já ocorreu, mas não se sabe, com certeza, o
exato valor a ser pago. Assim, cabe (por prudência) registrar essa
perda no valor mais realista possível.
Na tabela a seguir, encontra-se apresentado, a partir dos conceitos
acima tratados, o funcionamento da conta Provisões para contingências.
Modelo de funcionamento de contas contábeis

Provisões para contingências (fiscais/trabalhistas/de consumo/etc.)


Débitos Créditos
de natureza credora si
na constituição da provisão (quando se percebe a perda) 1
(com contrapartida em conta de resultado - despesa)
2 na realização da provisão
(com contrapartida na conta Bancos - ou Caixa)
3 na reversão da provisão
(com contrapartida em conta de resultado - receita)
de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

3.9.2 Provisão para férias


Conforme determina o princípio da competência, as férias transcorridas
e não gozadas devem ser registradas contabilmente.
É usual que se faça esta provisão através de aplicação de um percentual
sobre a folha de pagamento mensal, sendo que, pelo menos na data do
balanço, essa provisão deverá ser obrigatoriamente constituída. Neste
caso, portanto, a provisão será constituída tendo como base o período

11
Não confundir essas provisões com as “Reservas de contingências”, assunto a ser
estudado adiante (no item que trata do Patrimônio Líquido), quando analisaremos as
diferenças e peculiaridades destes dois conceitos.

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aquisitivo de férias já transcorrido na data do balanço. Quando do
pagamento das férias debitar-se-á a conta de provisão em contrapartida
de uma conta representativa de disponibilidades.
Na tabela a seguir, encontra-se apresentado, a partir dos conceitos
acima tratados, o funcionamento da conta Provisões para férias.
Modelo de funcionamento de contas contábeis

Provisão para férias


Débitos Créditos
de natureza credora si
na constituição da provisão 1
(com contrapartida em conta de resultado - despesa)
2 na realização da provisão
(com contrapartida na conta Bancos - ou Caixa)
de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

3.9.3 Provisão para 13o salário


Essa provisão (melhor seria denominá-la previsão) baseia-se no mesmo
princípio da provisão para férias, entretanto, se a empresa segue
rigorosamente os prazos legais para pagamento das obrigações, em
31/12, esta conta não terá saldo, pois o 13o (via de regra) deve ser
pago dentro do próprio ano.
Na tabela a seguir, encontra-se apresentado, a partir dos conceitos
acima tratados, o funcionamento da conta Provisões para o 13o salário.
Modelo de funcionamento de contas contábeis

Provisão para 13o salário


Débitos Créditos
de natureza credora si
na constituição da provisão 1
(com contrapartida em conta de resultado - despesa)
2 na realização da provisão
(com contrapartida na conta Bancos - ou Caixa)
de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

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3.9.4 Provisão para o Imposto de Renda e a Contribuição Social

3.9.4.1 Conceitos iniciais


O imposto sobre renda e proventos de qualquer natureza é um imposto
da competência privativa da União, previsto no art. 153 da Constituição
da República Federativa do Brasil, de 1988, conforme a seguir
reproduzido:
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:
...
III - renda e proventos de qualquer natureza;
Com relação a esse imposto, o Código Tributário Nacional (Lei 5.172, de
1966) define o conceito de renda (produto do capital, do trabalho ou da
combinação de ambos) e a base de cálculo do tributo (montante real,
presumido ou arbitrado da renda), coforme a seguir:
Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a
renda e proventos de qualquer natureza tem como fato
gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou
jurídica:
I - de renda, assim entendido o produto do capital,
do trabalho ou da combinação de ambos;
II - de proventos de qualquer natureza, assim
entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos
no inciso anterior.

Art. 44. A base de cálculo do imposto é o montante, real,
arbitrado ou presumido, da renda ou dos proventos
tributáveis.
No que diz respeito às empresas, o Imposto Sobre a Renda é
denominado Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas – IRPJ, conforme
disposto no Decreto 3.000, de 1999, art. 146, a seguir transcrito:
Livro II - TRIBUTAÇÃO DAS PESSOAS JURÍDICAS
Título I - CONTRIBUINTES E RESPONSÁVEIS
Subtítulo I - Contribuintes
Art. 146. São contribuintes do imposto e terão seus lucros
apurados de acordo com este Decreto (Decreto-Lei nº
5.844, de 1943, artigo 27):
I - as pessoas jurídicas (Capítulo I);
II - as empresas individuais (Capítulo II).

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Pois bem, vistos esses conceitos iniciais, aprofundaremos o estudo
desses conceitos, com vistas ao entendimento da contabilização relativa
ao imposto12.
A base de cálculo do IRPJ é o lucro presumido, arbitrado ou real.

3.9.4.2 Lucro Presumido


O Lucro Presumido, conforme definido no Regulamento do Imposto de
Renda (Decreto 3.000, de 1999), em seus arts. 516 a 528, consiste em
uma forma de tributação simplificada. Pela sistemática do Lucro
Presumido, a determinação da base de cálculo do Imposto de Renda é
efetuada considerando como lucro um percentual das vendas. Dispensa
o controle das despesas, para fins de cálculo do imposto devido.
Entretanto, somente podem optar por essa sistemática contribuintes
com receita total igual ou inferior a R$ 48.000.000,00 (no ano anterior)
e que não desenvolvam determinadas atividades (como, por exemplo,
aquelas típicas de instituições financeiras).
A base de cálculo do imposto, por essa sistemática, é a soma das
seguintes parcelas: (1) receita bruta13, multiplicada por um coeficiente14
e (2) demais receitas e ganhos de capital.
Os contribuintes optantes pela sistemática do Lucro Presumido poderão
utilizar – para fins de apuração da base de cálculo do tributo –
alternativamente o regime de caixa, ou o regime de competência15.

12
Cumpre referir que este curso não se destina ao estudo aprofundado da legislação
do Imposto de Renda (ou de qualquer outro tributo), mas somente a seus aspectos
relevantes para a Contabilidade. Para o estudo aprofundado dessa legislação,
recomendamos a leitura de obras específicas como, por exemplo os livros sobre o IRPJ
dos seguintes autores: (1) Gervásio Nicolau Recktenvald, (2) Silvério das Neves e
Paulo E. Viceconti, ou (3) Hiromi Higushi.
13
Venda de bens nas operações de conta própria, preço dos serviços prestados e
resultado auferido nas operações de conta alheia; excluídos os valores relativos a
vendas canceladas, devoluções de vendas, descontos incondicionais concedidos e o IPI
(quando ele tiver sido considerado inserido no valor da venda dos bens).
14
O coeficiente de presunção de lucro é decorrente da atividade da empresa, entre
outrso: (1) 8% sobre a receita proveniente de vendas, (2) 16% sobre a receita
proveniente de serviços – exceto no caso de prestação de serviços de profissão
regulamentada – (no caso de empresas com receita bruta anual até a R$ 120.000,00)
ou (3) 32% sobre a receita proveniente de serviços (no caso de empresas com receita
bruta anual superior a R$ 120.000,00).
15
Importante! A utilização do regime de caixa é SOMENTE para a apuração do tributo
devido (considerar a receita auferida no momento de seu recebimento). A
contabilidade, de acordo com a Lei da S/A deve obedecer ao regime de competência.

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O período de apuração do IRPJ, para os contribuintes optantes pela
sistemática do Lucro Presumido é trimestral – (de janeiro a março, de
abril a junho, de julho a setembro e de outubro a dezembro). O
imposto deverá ser pago: (1) em cota única até o último dia útil do mês
subseqüente ao encerramento do período de apuração; (2) à opção da
pessoa jurídica, poderá ser pago em até três quotas mensais, iguais e
sucessivas, vencível no último dia útil dos três meses subseqüentes ao
de encerramento do período de apuração, devidamente ajustados.
A alíquota do IRPJ é de 15%, com adicional de 10% sobre a parcela da
base de cálculo que, no trimestre, ultrapassar R$ 60.000,00.
Para efeitos fiscais, o contribuinte optante pela sistemática do Lucro
Presumido, pode alternativamente manter: (1) escrituração contábil nos
termos da legislação comercial ou (2) livro caixa, no qual deverá estar
escriturado toda a movimentação financeira, inclusive bancária.
A Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL – dos contribuintes
optantes pela sistemática do Lucro Presumido (para fins de IRPJ)
apresenta período de apuração e prazo de recolhimento idênticos ao do
IRPJ e base de cálculo similar, diferindo apenas no percentual de
presunção de lucro:
(1) para pessoas jurídicas em geral – 12% da receita
bruta do trimestre e
(2) para pessoas jurídicas que exerçam atividades de (a)
prestação de serviços em geral, exceto a de serviços
hospitalares; (b) intermediação de negócios e (c)
administração, locação ou cessão de bens imóveis, móveis e
direitos de qualquer natureza – 32%.
A alíquota da CSLL é de 9%.
A seguir, para fins ilustrativos, apresentamos um exemplo numérico –
referente a um caso hipotético – que trata dos conceitos acima
apresentados.
Seja uma empresa de alimentação (um restaurante) que:
- vendeu no primeiro trimestre de 2006, conforme somatório de
notas fiscais, o valor de R$ 210.000,00;
- possui um depósito, que esteve alugado, durante todo o
trimestre, por R$ 2.000,00 mensais; e
- é optante pela sistemática do Lucro Presumido.
Na tabela a seguir, apresentamos o cálculo dos tributos devidos,
relativos ao período de apuração:

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descrição valores Observações
receita bruta 210.000,00 conforme notas fiscais
coeficiente 8% por se tratar de venda de mercadorias
16.800,00 receita bruta X coeficiente
demais receitas 6.000,00 aluguel de três meses
base de cálculo 22.800,00 receita bruta X coeficiente + demais receitas
alíquota 15%
IRPJ devido 3.420,00 base de cálculo X 15%
adicional - porque a base de cálculo é inferior a 60.000,00

pagamento em cota única 3.420,00 no último dia de abril

ou pagamento em duas parcelas 1.710,00 no último dia de abril


(+) 1.710,00 + 1%, no último dia de maio

ou pagamento em três parcelas 1.140,00 no último dia de abril


(+) 1.140,00 + 1%, no último dia de maio
(+) 1.140,00 + Selic de abril + 1%, no último dia de junho

base de cálculo da CSLL 31.200,00 receita bruta X 12% + demais receitas


alíquota da CSLL 9%
CSLL devida 2.808,00 base de cálculo da CSLL X alíquota

pagamento em cota única 2.808,00 no último dia de abril

ou pagamento em duas parcelas 1.404,00 no último dia de abril


(+) 1.404,00 + 1%, no último dia de maio

3.9.4.3 Lucro Arbitrado


O Lucro Arbitrado, conforme previsto no Regulamento do Imposto de
Renda (Decreto 3.000, de 1999), em seus arts. 529 a 543, consiste,
também (assim como no Lucro Presumido), numa forma de tributação
simplificada. De acordo com a sistemática do Lucro Arbitrado, para a
determinação da base de cálculo do Imposto de Renda, é, também,
dispensado o controle das despesas, com a determinação da base de
cálculo do tributo considerando, como lucro, apenas um percentual da
receita de vendas. Esta sistemática é aplicada a vários casos, podendo
ser escolhida pelo contribuinte quando este não possua a escrituração a
que estiver obrigado, mas conheça sua receita bruta.
A base de cálculo do imposto apurada pela sistemática do Lucro
Arbitrado, quando a Receita é conhecida, é idêntica à base de cálculo
apurada pelo Lucro Presumido, com os percentuais acrescidos de 20%.
Os contribuintes optantes pela sistemática do Lucro Arbitrado deverão
utilizar – para fins de apuração da base de cálculo do tributo –
obrigatoriamente o regime de competência.

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O período de apuração, o prazo de recolhimento, a alíquota e o adicional
do IRPJ, para contribuintes tributados pela sistemática do Lucro
Arbitrado, são idênticos aos do Lucro Presumido.
A CSLL, quando o contribuinte opta pela Apuração do Imposto de Renda
através da sistemática do Lucro Arbitrado, apresenta base de cálculo,
alíquota, período de apuração e prazo de recolhimento idênticos aos
aplicáveis à CSLL quando da apuração do Imposto de Renda pela
sistemática do Lucro Presumido.
A seguir, para fins ilustrativos, apresentamos um exemplo numérico –
referente a um caso hipotético – que trata dos conceitos acima
apresentados.
Seja uma empresa de alimentação (um restaurante) que:
- vendeu no primeiro trimestre de 2006, conforme somatório de
notas fiscais, o valor de R$ 210.000,00;
- possui um depósito, que esteve alugado, durante todo o
trimestre, por R$ 2.000,00 mensais; e
- tributa o IRPJ pela sistemática do Lucro Arbitrado – com a
receita conhecida.
Na tabela a seguir, apresentamos o cálculo dos tributos devidos,
relativos ao período de apuração:
descrição valores Observações
receita bruta 210.000,00 conforme notas fiscais
coeficiente: 8% X 1,2 9,60% por se tratar de venda de mercadorias
20.160,00 receita bruta X coeficiente
demais receitas 6.000,00 aluguel
base de cálculo 26.160,00 receita bruta X coeficiente + demais receitas
alíquota 15%
IRPJ devido 3.924,00 base de cálculo X 15%
adicional - porque a base de cálculo é inferior a 60.000,00

pagamento em cota única 3.924,00 no último dia de abril

ou pagamento em duas parcelas 1.962,00 no último dia de abril


(+) 1.962,00 + 1%, no último dia de maio

ou pagamento em três parcelas 1.308,00 no último dia de abril


(+) 1.308,00 + 1%, no último dia de maio
(+) 1.308,00 + Selic de abril + 1%, no último dia de junho

base de cálculo da CSLL 31.200,00 receita bruta X 12% + demais receitas


alíquota da CSLL 9%
CSLL devida 2.808,00 base de cálculo da CSLL X alíquota

pagamento em cota única 2.808,00 no último dia de abril

ou pagamento em duas parcelas 1.404,00 no último dia de abril


(+) 1.404,00 + 1%, no último dia de maio

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3.9.4.4 Lucro Real
O Lucro Real, conforme determinado no Regulamento do Imposto de
Renda (Decreto 3.000, de 1999) em seus arts. 246 a 515, consiste em
sistemática de apuração do Imposto de Renda onde a base de cálculo do
imposto é apurada segundo registros contábeis e fiscais, efetuados
sistematicamente de acordo com as leis comerciais e fiscais. São
obrigados ao Lucro Real os contribuintes que tenham auferido receita
total superior a R$ 48.000.000,00 (no ano anterior) ou que
desenvolvam determinadas atividades (como, por exemplo, aquelas
típicas de instituições financeiras)
A base de cálculo do Imposto de Renda, apurada pela sistemática do
Lucro Real, consiste no lucro contábil, ajustado pelas adições, exclusões
e compensações, de acordo com a lei fiscal. As situações que ensejam
adições e exclusões ao Lucro Líquido (contábil), para apuração do Lucro
Real, são várias e estão determinadas pela Legislação de regência do
tributo.
Somente a título exemplificativo relacionaremos a seguir algumas
situações que ensejam adições: (1) Resultado negativo avaliação
investimento pelo valor patrimônio liquido; (2) Valor reserva
reavaliação, baixado no período de apuração, cuja contrapartida não
tenha sido computada no resultado período; (3) Valor das provisões não
dedutíveis, no Lucro Real; (4) Despesas indedutíveis, definidas no art.
13 da Lei 9.249, de 1995 (não relacionadas com a atividade da
empresa); etc.
Apresentamos também, a seguir, a título exemplificativo, situações que
ensejam exclusões do Lucro Líquido, para apuração do Lucro Real: (1)
Resultado positivo avaliação de investimento pelo valor do patrimônio
liquido; (2) Lucros e dividendos derivados de investimento avaliados
pelo custo aquisição, que tenham sido computados como receita; (3)
Valor das reversões das provisões indedutíveis.
Por fim, a compensações se referem à possibilidade de dedução do valor
apurado a partir do Lucro Líquido, adições e compensações, de valores
relativos a prejuízos fiscais acumulados (referentes a Lucro Real
negativo em períodos de apuração anteriores). A regra geral de
compensação é limitar seu valor a 30% do montante do Lucro Líquido,
ajustado pelas respectivas adições e exclusões.
O estudo das adições, exclusões e compensações – para apuração do
Lucro Real, a partir do Lucro Líquido – escapa ao escopo deste curso,
demandando um curso específico, que tem como pré-requisito,
inclusive, o conhecimento de conceitos de Contabilidade aqui tratados.

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Assim como nas sistemáticas do Lucro Presumido e do Lucro Arbitrado,
a alíquota do IRPJ é de 15% e o adicional, de 10% sobre a parcela do
lucro real que exceder ao resultado da multiplicação de R$ 20.000,00
pelo número dos meses do respectivo período de apuração.
Uma importante peculiaridade da sistemática do Lucro Real, refere-se ao
período de apuração. Na sistemática do Lucro Real, o tributo pode ser
alternativamente apurado: (1) trimestralmente (nos períodos
encerrados em 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de
dezembro), ou anualmente, com o recolhimento de estimativas mensais.
Assim, o contribuinte pode optar pelo Lucro Real Anual, que será
apurado apenas em 31 de dezembro. Entretanto, no caso de opção pelo
Lucro Real Anual, o contribuinte fica obrigado a efetuar antecipações
mensais do imposto – estimativas – que poderão ser calculadas com
base na receita bruta ou com base em balancetes de suspensão.
Ao final do período (em 31 de dezembro) o contribuinte deverá calcular
o Imposto definitivamente devido e dele deduzir as antecipações
mensais já recolhidas, para então recolher o saldo ou, no caso de
antecipações mensais superiores ao valor definitivamente devido,
manter o crédito – para compensação com valores devidos em períodos
posteriores.
As estimativas, com base na receita bruta, são calculadas mensalmente
através de um procedimento semelhante ao da apuração da base de
cálculo do Imposto de Renda pela sistemática do Lucro Presumido, ou
seja, aplicando-se um coeficiente de presunção de lucro sobre o valor da
receita bruta (e.g.: 8% sobre a receita de venda de mercadorias).
As estimativas, com base em balancete de suspensão ou redução,
correspondem ao cálculo do Lucro Real devido desde o início do ano até
o mês em questão, que compreende: (1) a apuração do lucro contábil
do período, (2) o ajuste fiscal (por adições, exclusões e compensações),
(3) a aplicação da alíquota e do percentual adicional sobre o lucro
contábil ajustado; (4) o desconto dos recolhimentos já efetuados,
anteriormente, no ano e (5) o recolhimento do saldo apurado (se
positivo).
A Contribuição social sobre o Lucro deve acompanhar as opções do
Lucro Real: (1) lucro real trimestral, ou (2) lucro real anual, (2.a) com
antecipações mensais calculadas com base na receita bruta, ou (2.b)
com antecipações mensais calculadas com base em balancetes de
redução. Saliente-se que a alíquota da CSLL é de 9%.
As empresas obrigadas ao Lucro Real, ou optantes por esta sistemática,
deverão manter contabilidade regular.

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A seguir, para fins ilustrativos, apresentamos um exemplo numérico –
referente a um caso hipotético – que trata dos conceitos acima
apresentados.
Seja uma empresa com atividade de venda de mercadorias, optante
pelo Lucro Real Anual, recolhendo estimativas mensais com base na
receita bruta, e que apresente:
- faturamento mensal (vendas de mercadorias) de R$
50.000,00;
- receita de aluguel de um galpão de R$ 5.000,00;
- Lucro contábil (ao final do ano) de R$ 120.000,00;
- Deste lucro, R$ 10.000,00 referem-se a despesas que não
estão relacionadas com a atividade da empresa (de acordo
com a legislação fiscal, estas despesas devem ser
adicionadas ao lucro contábil para apuração do Lucro
Real).
Nas tabelas a seguir, apresentamos o cálculo dos tributos devidos,
relativos ao período de apuração:

Descrição Valores OBS.


Estimativas mensais 50.000,00 faturamento mensal
8% coeficiente
4.000,00
5.000,00 aluguel
9.000,00 base de cálculo
15% alíquota
1.350,00 estimativa mensal
16.200,00 somatório das estimativas recolhidas no ano
Lucro Real anual 120.000,00 lucro contábil
10.000,00 adições
130.000,00 lucro real
15% alíquota
19.500,00 imposto devido no ano
3.300,00 saldo (diferença entre imposto devido e estimativas)

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Descrição Valores OBS.
Estimativas mensais 50.000,00 faturamento mensal
12% coeficiente - CSLL
6.000,00
5.000,00 aluguel
11.000,00 base de cálculo (mensal) da CSLL
9% alíquota - CSLL
990,00 estimativa mensal
11.880,00 somatório das estimativas recolhidas no ano
CSLL anual 120.000,00 lucro contábil
10.000,00 adições
130.000,00 base de cálculo (anual) da CSLL
9% alíquota - CSLL
11.700,00 contribuição devida no ano
(180,00) saldo (diferença entre CSLL devida e estimativas)

3.9.4.5 Imposto de Renda a Pagar x Provisão para


Imposto de Renda
O encargo com o imposto de renda deve ser reconhecido e,
conseqüentemente, contabilizado como despesa, no momento em que a
renda é auferida, ainda que seu pagamento, ou a declaração dessa
renda, somente venha a ocorrer em momento posterior.
A renda auferida em cada mês (lucro ajustado) é um indicador de qual
será a base de cálculo do tributo devido ao final do período de apuração.
Porém, pela possibilidade de modificações no mercado durante o período
de apuração, um grande lucro ou um grande prejuízo em meses
posteriores podem modificar o valor antes registrado a título de Imposto
de Renda a pagar. É, justamente, essa incerteza com relação ao valor
efetivamente devido (acerca de um resultado já auferido) que
caracteriza a provisão.
Assim, durante o período de apuração, o valor previsto de imposto
devido deverá ser registrado a débito de conta de resultado (Encargos
com provisão para o Imposto de Renda16) e a crédito da conta de
passivo (Provisão para Imposto de Renda). Durante o período de
apuração, o imposto a ser provisionado sofrerá pequenas diferenças,
relativamente àquele que será finalmente apurado e declarado, assim,

16
Esta conta, infelizmente, é – muitas vezes – denominada somente de “Provisão para
o Imposto de Renda”. Esta denominação não é proibida, pois não há legislação
determinando a utilização de um ou outro nome para contas, mas é uma denominação
que leva a dúvidas, pois o estudante, ou qualquer interessado na companhia, fica na
dúvida se ela se refere ao encargo (conta de resultado) ou ao passivo (conta
patrimonial). Este procedimento – de utilizar o mesmo nome para referenciar duas
diferentes contas contábeis – é tão danoso que foi o responsável por anulação de
questões de concurso, conforme veremos a seguir.

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essas diferenças deverão ser ajustadas contra resultados (Encargos com
provisão para o Imposto de Renda – ou Reversão de encargos com
provisão para o Imposto de Renda). Ao final do período, o valor
definitivo deve ser registrado a crédito da conta Imposto de Renda a
pagar (a débito da conta Provisão para Imposto de Renda).
Em tempo, muitas empresas optam, para fins de simplificação de
procedimentos, por manter apenas uma conta de passivo, denominada
“Provisão para o IR”, na qual é registrado tanto o valor previsto quanto
o valor definitivamente devido do tributo, caso em que não é utilizada a
conta “IR a pagar”.

3.9.4.6 Provisão para Imposto de Renda Diferido


Na apuração do Lucro Real, há adições, exclusões e compensações,
aplicadas sobre o resultado contábil. Essa sistemática deve ser
17
realizada em um livro específico LALUR , que é dividido em duas
partes, a saber:
- Parte A, na qual são demonstradas as adições, exclusões e
compensações referentes ao período de apuração; e
- Parte B, na qual são registrados os valores que EM PERÍODOS
FUTUROS deverão ser objeto de adições, exclusões e
compensações.
No caso de exclusões do lucro líquido, para apuração do lucro real, pode
ocorrer que essa exclusão obrigue a empresa a realizar uma adição em
período posterior. Esse é, por exemplo, o caso da depreciação
incentivada acelerada, prevista nos arts. 313 e 262 do Decreto 3.000,
de 1999, a seguir reproduzidos:
Art. 313. Com o fim de incentivar a implantação,
renovação ou modernização de instalações e
equipamentos, poderão ser adotados coeficientes de
depreciação acelerada, a vigorar durante prazo certo para
determinadas indústrias ou atividades (Lei nº 4.506, de
1964, artigo 57, § 5º).
§ 1º A quota de depreciação acelerada, correspondente ao
benefício, constituirá exclusão do lucro líquido, devendo
ser escriturada no LALUR (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977,
artigo 8º, inciso I, alínea "c", e § 2º).
§ 2º O total da depreciação acumulada, incluindo a normal
e a acelerada, não poderá ultrapassar o custo de aquisição
do bem (Lei nº 4.506, de 1964, artigo 57, § 6º).
§ 3º A partir do período de apuração em que for atingido o
limite de que trata o parágrafo anterior, o valor da

17
LALUR – Livro de Apuração do Lucro Real, visto na aula 03 deste curso.

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depreciação normal, registrado na escrituração comercial,
deverá ser adicionado ao lucro líquido para efeito de
determinar o lucro real.
...
Art. 262. No LALUR, a pessoa jurídica deverá (Decreto-Lei
nº 1.598, de 1977, artigo 8º, inciso I):
...
III - manter os registros de controle de prejuízos fiscais a
compensar em períodos de apuração subseqüentes, do
lucro inflacionário a realizar, da depreciação acelerada
incentivada, da exaustão mineral, com base na receita
bruta, bem como dos demais valores que devam
influenciar a determinação do lucro real de períodos de
apuração futuros e não constem da escrituração comercial;
Ora, a situação que obriga a empresa a realizar uma adição futura
consiste em uma OGRIGAÇÃO da empresa (obrigação de pagar mais
imposto no futuro) e essa obrigação deve ser registrada no passivo,
conforme claramente definido pela Deliberação CVM n° 273, de 1998,
que aprovou pronunciamento do Ibracon nesse sentido. A seguir
apresentamos um exemplo de contabilização da provisão para o IR
diferido:
Seja uma empresa que tenha bens no valor de R$ 1.000,00, cuja
depreciação normal seja de 10% ao ano (R$ 100,00). Considere, ainda,
que esta empresa esteja autorizada, pela legislação tributária, a
considerar (para fins fiscais) uma taxa três vezes maior, representando
um valor de R$ 300,00 (R$ 100,00 reconhecidos contabilmente e R$
200,00 em ajustes fiscais). A tabela a seguir demonstra os valores de
depreciação: (1) contabilmente registrados e (2) considerados para fins
fiscais.
Ano Registros contábeis da depreciação Ajustes fiscais
IR relativo à
encargo de IR relativo ao depreciação depreciação
depreciação encargo (15%) permitida exclusão adição permitida
1 100,00 15,00 300,00 200,00 - 45,00
2 100,00 15,00 300,00 200,00 - 45,00
3 100,00 15,00 300,00 200,00 - 45,00
4 100,00 15,00 100,00 - - 15,00
5 100,00 15,00 - - 100,00 -
6 100,00 15,00 - - 100,00 -
7 100,00 15,00 - - 100,00 -
8 100,00 15,00 - - 100,00 -
9 100,00 15,00 - - 100,00 -
10 100,00 15,00 - - 100,00 -
Somatório 150,00 150,00

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Repare que, na situação acima demonstrada, o total do IRPJ relativo aos
encargos de depreciação é o mesmo. A diferença é sua distribuição no
tempo.
Assim, nos primeiros três anos, haveria um registro de Provisão para o
IR (no ativo circulante) inferior àquela dos demais anos (pela
possibilidade de exclusão – do valor de R$ 200,00). No quarto ano, não
haveria nenhuma adição ou exclusão (referente à depreciação do bem).
Finalmente, nos demais anos, haveria adição do valor de R$ 100,00,
aumentando o IRPJ devido.
Nessa situação, no primeiro ano, considerando um lucro contábil de R$
1.000,00, e um lucro real de R$ 800,00 (devido à exclusão de R$
200,00 – relativa à depreciação acelerada incentivada), temos uma
despesa total com IR de R$ 150,00 (15% do lucro real antes da
exclusão), sendo que esse valor será exigido em partes: (1) parte
conforme lucro real do próprio período (R$ 120,00) e a parte relativa à
exclusão (15% de R$ 200,00 = R$ 30,00) em período futuro. Assim,
deve ser contabilizada a despesa com o IRPJ da seguinte maneira:
D= despesa com provisão para o IR 150,00
C=a diversos
C=a Provisão para o IR (PC) 120,00
1- C=a Provisão para IR diferido (PELP) 30,00

3.9.4.7 Funcionamento esquemático das contas


relacionadas à Provisão para o Imposto de Renda
A partir dos conceitos acima apresentados, é possível representar o
funcionamento esquemático das contas relativas à Provisão para o
Imposto de Renda, conforme tabelas a seguir:

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Modelo de funcionamento de contas contábeis

Provisão para o Imposto de Renda


Débitos Créditos
de natureza credora si
na constituição da provisão 1
(apuração da renda -pela competência- contrapartida em conta de resultado)
na apropriação do IR diferido ao período 2
(com contrapartida na conta Provisão para IR diferido - PELP)
3 na reversão da provisão
(com contrapartida em conta de resultado - receita)
4 na confirmação da provisão
(com contrapartida na conta IR a pagar)
5 no pagamento do provisão
(com contrapartida em Caixa/Bancos)
de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

Modelo de funcionamento de contas contábeis

Imposto de Renda a pagar


Débitos Créditos
de natureza credora si
na confirmação da provisão 1
(com contrapartida na conta Provisão para o IR)
2 no pagamento
(com contrapartida na conta Bancos - ou Caixa)
de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

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Modelo de funcionamento de contas contábeis

Provisão para IR diferido


Débitos Créditos
de natureza credora si
na apuração do Lucro Real (quando resulta em adição futura) 1
(com contrapartida em conta de resultado - despesa)
2 na apropriação do IR diferido ao período
(com contrapartida na conta Provisão para IR)
3 na reversão da provisão
(com contrapartida em conta de resultado - receita)
de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

3.10 Participações no resultado.


As participações são passivos que representam as obrigações da
empresa com pessoas que, em decorrência de disposição do estatuto
social, têm direito a participar dos lucros apurados quando do
encerramento do exercício social.
As contas que representam essas obrigações são, portanto, creditadas
em contrapartida das contas de resultado que representam parcelas
redutoras do lucro do exercício.
O lançamento típico para registro das participações no resultado será:
D = despesa com participação no resultado
1 - C = a Participação no resultado a pagar x
As participações no resultado estão previstas no art. 190 da Lei das S/A,
a seguir transcrito:
Art. 187. A demonstração do resultado do exercício
discriminará:
...
VI - as participações de debêntures, empregados,
administradores e partes beneficiárias, e as contribuições
para instituições ou fundos de assistência ou previdência
de empregados;
As participações no resultado, portanto, são:
- Participação de debenturistas;
- Participação de empregados;
- Participação de administradores;

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- Participação de partes beneficiárias;
- Contribuições para fundos de previdência e assistência aos
empregados.
As participações no resultado não se confundem com os dividendos. Os
dividendos são a parcela do lucro que cabe a cada ação; ao passo que
as participações no resultado representam a parcela do resultado da
empresa que é entregue a terceiros (que não os acionistas). Assim, as
participações no resultado devem ser registradas a débito de contas de
resultado.
A apuração dos valores referentes a cada participação, será vista
quando do estudo da Demonstração do Resultado do Exercício, adiante
nesta aula.
Com base nos conceitos acima, é possível apresentar o funcionamento
esquemático das contas de participações no resultado a pagar, conforme
tabela abaixo:
Modelo de funcionamento de contas contábeis

Provisão para o Imposto de Renda


Débitos Créditos
de natureza credora si
na apuração da participação a pagar 1
(com contrapartida em conta de resultado)
2 no pagamento do participação
(com contrapartida em Caixa/Bancos)
de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos

4 Resultados de exercícios futuros


Já foi visto que, nos termos do art. 181 da Lei das S/A (a seguir
transcrito), são classificadas como resultados de exercícios futuros as
receitas de exercícios futuros, diminuídas dos custos e despesas a elas
correspondentes.
Art. 181. Serão classificadas como resultados de exercício
futuro as receitas de exercícios futuros, diminuídas dos
custos e despesas a elas correspondentes.
Assim, devem compor este grupo as receitas recebidas ou faturadas
antecipadamente que não corram o risco de devolução por parte da
empresa, tais como aluguel recebido antecipadamente (com cláusula de
não reembolso). Os adiantamentos com risco de devolução devem ser
registrados no passivo circulante ou exigível a longo prazo.

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São exemplos de valores passíveis de registro no grupo patrimonial
Resultado de Exercícios Futuros:
- aluguel recebido antecipadamente;
- comissão recebida por instituição financeira, por concessão de
empréstimo - a ser apropriada pelo prazo do mesmo.
Um exemplo esclarecedor de utilização de contas do grupo patrimonial
Resultados de Exercícios Futuros consiste no arrendamento de uma
fazenda, para desenvolvimento (por parte de terceiros) de uma
atividade, por tempo determinado, com pagamento antecipado. A
seguir, encontra-se a descrição do exemplo proposto.
Seja uma empresa (utilizaremos a empresa Tamancos e Tamancos S/A)
que tenha em seu Ativo Permanente Investimentos uma fazenda, não
utilizada em suas atividades fim, e deseje arrendar esta fazenda para
terceiros – pelo prazo de 5 (cinco) anos. Seja, também, uma pessoa
que esteja interessada em desenvolver uma atividade (como, por
exemplo, criação de avestruzes) e deseje arrendar a fazenda
(pertencente à empresa Tamancos e Tamancos S/A) para essa
atividade. Nesse caso, o interessado e a empresa Tamancos e
Tamancos S/A podem contratar um arrendamento, sem previsão de
devolução de valores, em que: (a) o interessado entrega – de pronto –
o valor de R$ 50.000,00, para aquisição do direito de utilização da
fazenda pelo prazo de 5 (cinco) anos e (b) a empresa Tamancos e
Tamancos S/A se compromete a entregar a fazenda, “de porteira
fechada”, ao interessado por esse prazo.
Repare que no patrimônio da empresa surge dinheiro (R$ 50.000,00),
mas não surge uma obrigação (de dar algo – porque a fazenda já foi
entregue, de fazer algo – porque a única coisa que deve ser feita é
esperar os cinco anos, nem de devolver o dinheiro). Assim, parece que
o patrimônio aumentou, mas – pelo regime de competência – isso ainda
não ocorreu. Dessa forma, a contrapartida do valor recebido se
enquadra, perfeitamente, na definição de Resultados de Exercícios
futuros.
O lançamento referente a esse fato contábil é o seguinte:
D = Caixa (ou Bancos)
1 - C = a Receitas antecipadas de arrendamento (REF) 50.000,00
À medida que o tempo for passando, a empresa Tamancos e Tamancos
S/A terá cumprido o que havia prometido fazer, ou seja, permitir que o
interessado utilize a fazenda na sua atividade. Será, portanto, também,
à medida que o tempo for passando, que o valor antes recebido deverá
ser registrado com receita de arrendamento auferida, em contrapartida
dos Resultados de Exercícios Futuros.

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O lançamento relativo à apropriação do resultado é o seguinte:
D = Receitas antecipadas de arrendamento (REF)
2 - C = a Receitas de arrendamento 10.000,00
Outro ponto importante é que o grupo é denominado Resultados de
exercícios futuros (e não Receitas de exercícios futuros), portanto, nele
cabe uma conta retificadora referente aos respectivos custos. Entre os
custos e despesas referentes ao grupo, encontram-se as comissões ou
os tributos incidentes sobre a operação que ensejou o recebimento
antecipado de receitas.
Assim, caso a transação acima tivesse sido realizada com a intervenção
de um corretor e que sua comissão tivesse sido de R$ 2.000,00, esse
valor não deveria ser considerado despesa do exercício (pois trata-se de
um ônus necessário à percepção das receitas antecipadas, ou seja, um
valor pago para poder receber as receitas antecipadas). Como o
acessório segue o principal, teríamos:
Resultados de exercícios futuros
a) Receitas antecipadas – R$ 50.000,00
b) (-) Custos e despesas – (R$ 2.000,00)

5 Patrimônio Líquido
5.1 Considerações iniciais
Foi visto, já na aula 01 deste curso, que o Grupo Patrimonial
denominado Patrimônio Líquido representa a diferença entre os
bens/direitos e as obrigações. Por outro ponto de vista, conforme
discutido na aula 03, o Patrimônio líquido pode ser encarado como uma
“obrigação” (de longuíssimo prazo e exigibilidade quase nula), da
empresa para com seus sócios.
Ambas as definições acima dão idéia de um valor único para o
Patrimônio Líquido. Entretanto, a Lei das S/A, em seu art. 178,
classifica como integrantes do Patrimônio Líquido as seguintes contas
(ou grupos de contas): (1) capital social, (2) reservas de capital, (3)
reservas de reavaliação, (4) reservas de lucros e (5) lucros ou prejuízos
acumulados. Para fins de esclarecimento, o citado artigo encontra-se
reproduzido a seguir:
Art. 178. No balanço, as contas serão classificadas
segundo os elementos do patrimônio que registrem, e
agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a análise
da situação financeira da companhia.
...

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§ 2º No passivo, as contas serão classificadas nos
seguintes grupos:
...
d) patrimônio líquido, dividido em capital social, reservas
de capital, reservas de reavaliação, reservas de lucros e
lucros ou prejuízos acumulados.
O art. 182 da Lei das S/A dispõe sobre mais um item componente do
Patrimônio Líquido: as ações em tesouraria, que deve ser registrado
como conta devedora, retificadora da conta que registrar a origem dos
recursos aplicados na sua aquisição. Abaixo encontra-se reproduzido o
citado artigo:
Art. 182. ...
§ 5º As ações em tesouraria deverão ser destacadas no
balanço como dedução da conta do patrimônio líquido que
registrar a origem dos recursos aplicados na sua aquisição.
A questão que se coloca é a seguinte: Porque o valor de uma simples
diferença (entre bens/direitos e obrigações) deve ser
representado por tantos diferentes itens? Essa questão é, em
primeira vista, procedente; pois, se todos os itens componentes do
Patrimônio Líquido representam – em conjunto – uma simples diferença
(entre bens/direitos e obrigações), resta necessário um critério de
distinção entre eles.
A resposta para essa questão é, relativamente, simples. A razão para a
existência de tantas contas representativas do Patrimônio Líquido reside
no fato de que a diferença entre bens/direitos e obrigações pode
decorrer de vários diferentes motivos. Assim, cada conta do Patrimônio
Líquido representa um motivo (e o respectivo valor) pelo qual existe a
referida diferença entre bens/direitos e obrigações.
É sob essa perspectiva que serão estudados, a seguir, os diferentes
subgrupos do Patrimônio Líquido – PL e suas respectivas contas
contábeis componentes.

5.2 Capital social

5.2.1 Conceito
O capital Social representa a participação dos sócios na formação do
patrimônio da empresa. Em outras palavras, o Capital Social representa
o valor que os sócios concordaram em retirar de seu próprio patrimônio
individual e colocar na “aventura” (empresa), que passa a ter vida
própria (e, portanto, patrimônio próprio) – na forma de uma Pessoa
Jurídica.

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Quando os sócios decidem colocar um valor na formação do patrimônio
da empresa, esta passa a ter (em seu patrimônio) bens ou direitos que
antes não tinha. Essa situação enseja o aparecimento da diferença
(bens/direitos (-) obrigações), que determina o registro do Patrimônio
Líquido. Assim, valor registrado na conta Capital Social indica que há
diferença entre bens/direitos e obrigações e que essa diferença é
decorrente do fato de que os sócios investiram valores na formação do
patrimônio da empresa.

5.2.2 Relevância do conceito


A importância do registro desse valor, em destacado, no patrimônio, é
histórica.
Na tradição do Direito Europeu Continental, essa informação sempre
teve uma função: a de deixar claro o valor que os sócios decidiram
arriscar na “aventura” (empresa) e que, no caso de uma Sociedade
Anônima ou de uma Sociedade Limitada (que têm limitação da
responsabilidade), seria o valor que eles estariam dispostos a perder
nessa “aventura”. Assim, aqueles que negociassem com a empresa
saberiam qual o valor do patrimônio dos sócios iria garantir as dívidas
contraídas pela empresa.
Foi dada tanta importância ao Capital Social e a essa função que ele
representa que foi determinada, por lei, toda uma formalidade para
determinação e publicização desse valor: o valor do Capital Social deve
constar dos atos constitutivos da Pessoa Jurídica (Contrato Social, no
caso de uma sociedade limitada, ou Estatuto, no caso de uma sociedade
anônima) e é, presumidamente, conhecido por todos, pois é registrado
na Junta Comercial (ou no Cartório do Registro Civil das Pessoas
Jurídicas), que são registros públicos.
Na tradição Anglo Saxônica do Direito (denominada Common Law), essa
função não é tão valorizada, pois – de forma pragmática, como é da
natureza dos americanos e ingleses – entende-se que o que garante as
dívidas é o patrimônio da empresa (como um todo) e não somente a
parte nele colocada por seus sócios.
Outra característica importante acerca do Capital Social é a de que o
titular desse capital tem direito não somente ao capital social
propriamente dito, mas à parte de TODO O PATRIMÔNIO DA EMPRESA
e, proporcionalmente, a seu lucro. Diferentemente dos bens e direitos
em geral, que quando são adquiridos dão ao adquirente titularidade
sobre os próprios bens e direitos adquiridos, no caso do capital isso não
ocorre. Ao se adquirir capital (ações ou cotas), adquire-se direito não

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somente sobre o capital, mas sobre todo o patrimônio que ele
representa18.

5.2.3 Ações e quotas de capital


Na prática, a virtual totalidade das sociedades empresárias, organizadas
como pessoas jurídicas, no país estão estruturadas juridicamente como
sociedades anônimas ou sociedades limitadas. Assim, embora estejam
previstos outros tipos societários, eles não serão abordados nesse curso.

5.2.3.1 Ações
As sociedades anônimas têm o capital dividido em ações. A ação
consiste em um título que representa uma fração do capital social,
sendo ela a menor fração em que esse capital social está dividido.
Confirmando essa definição, se a ação tiver valor nominal (valor a ela
atribuído), a soma dos valores nominais de todas as ações emitidas pela
companhia deve totalizar o valor do Capital Social contabilizado.
O acionista – a pessoa que é titular de ações – é proprietário da
sociedade, na proporção da quantidade de ações que possui, em relação
ao total de ações emitidas.
Como proprietário da sociedade, o acionista tem – teoricamente –
direito a:
a) uma fração ideal do patrimônio da companhia;
b) uma fração ideal do lucro auferido pela companhia –
dividendos;
c) participar da administração da companhia.
Ocorre que nem todo acionista tem os mesmos direitos (na mesma
proporção), pois há diferentes espécies e classes de ações, com direitos
diferenciados. As ações são divididas conforme sua natureza em (1)
ações ordinárias, (2) ações preferenciais e (3) ações de fruição,
conforme determinado pelo art. 15 da Lei das S/A, a seguir:
Art. 15. As ações, conforme a natureza dos direitos ou
vantagens que confiram a seus titulares, são ordinárias,
preferenciais, ou de fruição.

Cumpre referir que, com o advento da Lei n° 8.021, de 1990, todas as
ações passaram a ser do tipo “nominativas”, ou seja, o nome do titular

18
Essa característica especial do Capital Social é de grande relevância para o
entendimento de conceitos como “ágio na emissão de ações”, “ágio na aquisição de
ações” ou “ganhos/perdas na variação do percentual de participação societária”, a
serem discutidos detalhadamente adiante neste curso.

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da ação deve estar escrito em livros societários específicos (Livro
Registro de Ações Nominativas e Livro Registro de Transferência de
Ações Nominativas), conforme art. 100 da Lei das S/A:
Art. 100. A companhia deve ter, além dos livros
obrigatórios para qualquer comerciante, os seguintes,
revestidos das mesmas formalidades legais:
I - o livro de Registro de Ações Nominativas, para
inscrição, anotação ou averbação:
a) do nome do acionista e do número das suas ações;
b) das entradas ou prestações de capital realizado;
c) das conversões de ações, de uma em outra espécie ou
classe;
d) do resgate, reembolso e amortização das ações, ou de
sua aquisição pela companhia;
e) das mutações operadas pela alienação ou transferência
de ações;
f) do penhor, usufruto, fideicomisso, da alienação fiduciária
em garantia ou de qualquer ônus que grave as ações ou
obste sua negociação.
II - o livro de "Transferência de Ações Nominativas", para
lançamento dos termos de transferência, que deverão ser
assinados pelo cedente e pelo cessionário ou seus
legítimos representantes;
Em seguida, estudaremos as características de cada uma dessas
espécies de ações.

5.2.3.1.1 Ações ordinárias x ações preferenciais


A administração de uma Sociedade Anônima é realizada – em última
análise19 – por seu órgão máximo deliberativo: a Assembléia Geral de
Acionistas. A Assembléia Geral de Acionistas funciona como um misto
de democracia e capitalismo, pois: (1) nela as decisões são tomadas
pela vontade dos acionistas, manifestada através do voto, mas (2) a
vontade de cada acionista não é igual, sendo proporcional à quantidade
de ações com direito a voto de titularidade de cada acionista.

19
Em que pese estarem previstos órgãos de administração propriamente ditos
(Diretoria e, eventualmente, Conselho de Administração), eles são eleitos pela
Assembléia Geral de Acionistas. Assim, em última instância, é a Assembléia que
determina por quem e de que maneira deverá ser realizada a administração.

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Outra peculiaridade é que nem toda ação tem direito a voto. Portanto,
pode haver acionista que, mesmo sendo titular de ações da companhia,
não tenha como se manifestar na sua Assembléia Geral de Acionistas20.
Essa divisão de ações em espécies com e sem direito a voto é o
resultado de uma evolução histórica. A experiência prática evidenciou
que nem todo acionista tem interesse em participar ativamente da
administração de uma companhia.
Alguns acionistas, historicamente, estavam preocupados com a
administração da companhia, pois pretendiam receber – por muito
tempo – os respectivos dividendos. Outros acionistas estavam mais
preocupados em adquirir ações da companhia para vendê-las
(encarando-as como qualquer outra mercadoria). Havia ainda um
terceiro tipo de interessado nas ações da empresa que nem adquiri-las
desejava, mas tão somente ganhar dinheiro com apostas sobre o valor
que essas ações iriam alcançar no futuro.
Com tantos diferentes interesses acerca das ações de uma companhia, o
fato de todas as ações terem exatamente as mesmas características
levava a distorções, como, por exemplo, companhias controladas por
instituições financeiras que não eram sequer titulares de qualquer ação.
Esse era o caso de ações, que inicialmente, eram pertencentes a um
acionista que participava diretamente das Assembléias, mas que – ao
falecer – deixava as ações para a esposa. A viúva, então, que, não
tinha esse mesmo interesse, deixava suas ações em custódia, com uma
instituição financeira. Essa instituição financeira, então, obtinha uma
procuração21 e podia participar ativamente da Assembléia Geral de
Acionistas, manifestando sua vontade na administração da companhia,
sem ser acionista.
Foi nesse contexto que se percebeu a necessidade de criação de
espécies de ações com direitos diferenciados. Assim, a Lei das S/A
previu ações ordinárias, preferenciais e de fruição, conforme visto
acima.
Ações ordinárias são aquelas que dão direito ao voto e, também, direito
à participação no lucro (na forma de dividendos) e no patrimônio
(quando da liquidação da sociedade). Ações preferenciais são aquelas
que não dão direito ao voto, sendo garantida a participação no lucro
(dividendos) e no patrimônio (quando da liquidação da sociedade).

20
Salvo em situações especiais previstas no Estatuto, ou em situações de não-
distribuição de lucro, previstas na Lei das S/A.
21
A procuração é o instrumento do contrato de mandato, em que o mandatário
(também denominado procurador) realiza atos em nome do mandante.

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À primeira vista, essa definição pode parecer incoerente, pois uma ação
ordinária (ou seja, que não deveria ter qualquer atributo especial) tem
mais direitos (voto, dividendos e patrimônio) do que uma ação dita
preferencial (que somente tem direito a dividendos e ao patrimônio).
Mas essa aparente incoerência é facilmente afastada quando se procura
o sentido etimológico das palavras “ordinária” e “preferencial”.
A palavra ordinária vem do inglês “ordinary”, que significa “comum”.
Assim, uma ação ordinária tem todos os atributos que são comuns a
uma ação: (1) voto, (2) dividendos e (3) participação no patrimônio
(quando da extinção da companhia). Mas as ações ordinárias
(justamente por serem comuns) não conferem preferências ou
privilégios especiais a seus titulares.
A palavra preferencial faz referência a uma ou mais características que
diferenciam algo daquilo que é normal. No caso, às ações preferenciais
são atribuídas vantagens e preferências ou privilégios, como, por
exemplo, a prioridade na distribuição de dividendos e no reembolso do
capital. Para entender a razão do privilégio das ações preferenciais, no
recebimento de dividendos ou do patrimônio, basta lembrar que os
detentores desta espécie de ação não decidiram (através do voto na
assembléia geral de acionistas) a maneira pela qual o resultado seria
auferido e, assim, seria justo que eles fossem os primeiros a receber
esse resultado.
Para ilustrar a conveniência da organização das ações nessas duas
espécies (ordinárias e preferenciais), basta uma breve referência à
comum situação enfrentada por pais que têm dois filhos brigando pela
última fatia de um pudim. Nessa situação, a solução mais adequada é
(1) entregar a faca para um dos filhos (geralmente o mais velho),
determinando que ele divida a fatia de forma justa e (2) permitindo que
o outro filho (geralmente o mais novo) escolha a fatia que melhor lhe
aprouver. Nessa situação, o filho mais velho, que ficou com a
possibilidade de decidir como dividir o pudim, fará a divisão da forma
mais eqüitativa possível; pois, no caso de uma divisão desigual, o filho
mais novo terá a prerrogativa de escolher a maior fatia (em prejuízo do
próprio filho mais velho, que realizou a divisão).
Ora, é essa a razão da divisão das ações nessas espécies (ordinárias e
preferenciais). Os detentores de ações ordinárias têm a prerrogativa
de, através do voto na Assembléia Geral de Acionistas, decidir os rumos
da empresa e a maneira pela qual ela irá auferir seu lucro. Ao contrário,
os detentores de ações preferenciais, que não possuem a prerrogativa
de votar na Assembléia Geral de Acionistas e – portanto – não decidem
sobre a maneira pela qual o lucro deverá ser auferido, têm a

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prerrogativa de receber a primeira fatia desse lucro (na forma de
dividendos).
As ações ordinárias de companhias fechadas e as ações preferenciais de
qualquer companhia podem ser divididas em classes, que terão
características especiais. São exemplos dessas características a
possibilidade de recebimento de dividendo mínimo ou fixo. O dividendo
mínimo é um valor mínimo, garantido pelo estatuto, que deverá ser
pago ao acionista, podendo – inclusive – não depender de lucro no
período, entretanto, pode ser pago, ao acionista, valor superior ao
mínimo se o lucro auferido no período, pela companhia, assim permitir.
O dividendo fixo consiste em um valor pré-determinado, definido pelo
estatuto, a ser entregue ao acionista, independentemente da companhia
auferir lucro no período, sendo que – mesmo que os lucros auferidos
pela companhia permitam um pagamento de dividendos superior ao fixo
– via de regra, não será pago valor superior a ele.

5.2.3.1.2 Ações de fruição


Ações de fruição, também denominadas ações de gozo, são decorrentes
do fenômeno de amortização de ações, previsto no art. 44 da Lei das
S/A, a seguir transcrito:
Art. 44. O estatuto ou a assembléia-geral extraordinária
pode autorizar a aplicação de lucros ou reservas no
resgate ou na amortização de ações, determinando as
condições e o modo de proceder-se à operação.

§ 2º A amortização consiste na distribuição aos acionistas,
a título de antecipação e sem redução do capital social, de
quantias que lhes poderiam tocar em caso de liquidação da
companhia.
§ 3º A amortização pode ser integral ou parcial e abranger
todas as classes de ações ou só uma delas.

§ 5º As ações integralmente amortizadas poderão ser
substituídas por ações de fruição, com as restrições fixadas
pelo estatuto ou pela assembléia-geral que deliberar a
amortização; em qualquer caso, ocorrendo liquidação da
companhia, as ações amortizadas só concorrerão ao
acervo líquido depois de assegurado às ações não a
amortizadas valor igual ao da amortização, corrigido
monetariamente.
Conforme definido no dispositivo acima apresentado, a amortização
consiste na distribuição, aos acionistas, a título de antecipação, sem
redução do capital social, da quantia que a eles seria destinada quando
da liquidação da companhia (denominada “acervo”). Cabe colocar que a

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liquidação é a fase que ocorre logo após a decisão de dissolução da
companhia e que antecede a extinção da sociedade. Nessa fase é
apurado o valor do patrimônio da companhia – acervo, que deve ser
dividido entre os acionistas.
Em outras palavras, a amortização representa uma antecipação, a
antecipação do valor a que o acionista teria direito quando da liquidação
da sociedade.
A palavra “fruição” vem do termo “fruto”, que significa “bem acessório
que se desprende do bem principal sem danificá-lo”. Exemplos de
frutos são (1) os frutos naturais – ex.: frutas, que se desprendem das
árvores sem danificá-las; (2) os frutos industriais – ex.: mercadorias,
que se desprendem das fábricas sem danificá-las e (3) frutos civis – ex.:
juros, que se desprendem do principal sem danificá-lo. No caso, o
detentor das ações de fruição tem apenas o direito de receber os frutos
das ações (dividendos), mas não mais o direito ao patrimônio da
sociedade, pois já o recebera em adiantamento.
Finalmente, conforme o § 5o acima: (1) as ações – ordinárias ou
preferenciais – integralmente amortizadas poderão ser substituídas por
ações de fruição e (2) em caso de liquidação da companhia, e havendo
ações de fruição, o acervo levantado deverá ser distribuído entre as
ações não amortizadas até o valor antes recebido pelas ações de
fruição, para, a partir daquele valor, ser distribuído entre todas as
ações, inclusive as de fruição.

5.2.3.2 Quotas de capital


Em Sociedades Limitadas, o capital não está dividido em ações, mas em
quotas de capital. As quotas de capital não são títulos, mas são frações
do capital que estão definidas em contrato – no Contrato Social (ato
constitutivo da pessoa jurídica).
Tudo o que o que é aplicável a conta Capital social em sociedades
anônimas, é aplicável – mutatis mutandis – às sociedades limitadas.

5.2.4 Capital social subscrito x capital social realizado


Foi visto, neste curso, que o fato contábil “Constituição de uma
empresa”, ou o “aumento de capital”, deve ser registrado em dois
lançamentos, conforme exemplo abaixo:
1) Subscrição de capital – no valor de R$ 50.000,00
D = Capital a Realizar
1 - C = a Capital Social subscrito 50.000,00
2) Integralização (ou Realização do capital)

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D = Caixa
2 - C = a Capital a realizar 50.000,00
Foram apresentados, também, os conceitos de capital subscrito e de
capital a realizar:
a) O Capital Subscrito, conhecido como o Capital Prometido,
consiste num valor que os sócios prometem entregar à
empresa – para empreender a “aventura”. Ora, quem
promete assina embaixo (sub escreve). Portanto, capital
subscrito é o mesmo que capital prometido.
b) O Capital a realizar (também denominado Capital a
Integralizar), conhecido como o Capital a Entregar,
consiste no valor prometido pelos sócios e que ainda não
foi entregue à sociedade. Assim, Capital a Realizar é o
mesmo que capital a entregar.
Na ocorrência do fato subscrição de capital, surge um direito no
patrimônio da empresa (de exigir que os sócios cumpram o que foi
prometido - entregar o capital subscrito), registrado na conta Capital a
Realizar (conta retificadora do PL – de natureza devedora), que tem
como origem a conta de Patrimônio Líquido Capital Subscrito.
A realização do capital (também denominada integralização de capital)
consiste na entrega do valor antes subscrito (prometido) pelos sócios.
Assim, na realização do capital subscrito, surge no patrimônio da
empresa um bem (dinheiro ou outro, entregue pelos sócios) e, também,
desaparece do patrimônio da empresa o direito de exigir que os sócios o
entreguem (capital a realizar).
Na apresentação do patrimônio, é – geralmente – apresentada em
destaque uma informação que não consiste no saldo de uma conta
analítica: trata-se da informação sobre o capital realizado. O valor do
capital realizado é igual ao valor do capital subscrito, deduzido do valor
do capital a realizar – conta sintética.
As contas Capital Subscrito e Capital a Realizar são contas analíticas, ao
passo que a conta Capital Realizado consiste na conta sintética, que
agrupa a soma (algébrica) dos saldos das contas Capital Subscrito e
Capital a Realizar.
Tudo o que foi acima referido decorre do fato de que o art. 182 da Lei
das S/A estabelece que a conta do capital social discriminará o
montante subscrito e, por dedução, a parcela ainda não realizada,
conforme abaixo reproduzido:
Art. 182. A conta do capital social discriminará o montante
subscrito e, por dedução, a parcela ainda não realizada.

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Assim, do ponto de vista contábil, quando uma sociedade ou empresa
individual é constituída, os sócios, os acionistas ou o titular assumem
um compromisso, com a empresa, de entregaram uma soma em
dinheiro (ou bens) para formar o capital inicial da sociedade, no
montante de recursos que esta necessitará para dar início a suas
atividades sociais. O ato de formalização desse compromisso é
denominado subscrição do capital.
No entanto, pode ser que nem todo o dinheiro (ou bens) prometido
esteja disponível, no instante em que é formalizado o compromisso,
para que seja possível a imediata transferência dos valores do
patrimônio dos sócios para o da empresa. Assim, a parcela que é
transferida para o patrimônio da empresa, no ato da subscrição
denomina-se capital integralizado ou realizado enquanto a parcela cuja
transferência de titularidade se dará no futuro denomina-se capital a
integralizar ou a realizar.
No caso de sociedades anônimas, a realização de capital deve ocorrer,
no mínimo, em 10% do capital subscrito, em dinheiro, na data da
subscrição, conforme art. 80 da Lei das S/A, seguir:
Art. 80. A constituição da companhia depende do
cumprimento dos seguintes requisitos preliminares:
I - subscrição, pelo menos por 2 (duas) pessoas, de todas
as ações em que se divide o capital social fixado no
estatuto;
II - realização, como entrada, de 10% (dez por cento), no
mínimo, do preço de emissão das ações subscritas em
dinheiro;
III - depósito, no Banco do Brasil S/A., ou em outro
estabelecimento bancário autorizado pela Comissão de
Valores Mobiliários, da parte do capital realizado em
dinheiro.
Parágrafo único. O disposto no número II não se aplica às
companhias para as quais a lei exige realização inicial de
parte maior do capital social.
A vida de uma empresa, porém, é muito dinâmica e, obviamente, logo o
capital a integralizar irá transformar-se em capital integralizado, quando
da correspondente efetivação do compromisso dos sócios.

5.2.5 Aumento de capital e capital autorizado


Caso a empresa cresça, o capital inicialmente subscrito e realizado
(denominado “Capital inicial”) poderá mostrar-se insuficiente e, então,
serão necessários novos aportes de recursos, sob a forma de aumentos
de capital que, igualmente ao capital inicial, também poderão ser
compostos por parcelas integralizadas e a integralizar.

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Importante ressaltar que todas essas alterações do capital social só
podem ocorrer quando houver expressa autorização dos acionistas ou
sócios. Nesse diapasão, o art. 166 da Lei das S/A estabelece que o
capital social somente pode ser aumentado (1) por deliberação da
assembléia geral convocada para decidir sobre reforma do Estatuto (2)
por deliberação da assembléia geral, ou do conselho de administração,
sem reforma do Estatuto, dentro do limite por ele estabelecido
(autorizado) e (3) no caso de conversão de debêntures ou partes
beneficiárias em ações ou no exercício dos direitos conferidos por bônus
de subscrição e opção de compra de ações22, conforme a seguir:
Art. 166. O capital social pode ser aumentado:
I - por deliberação da assembléia-geral ordinária, para
correção da expressão monetária do seu valor (artigo
167);23
II - por deliberação da assembléia-geral ou do conselho de
administração, observado o que a respeito dispuser o
estatuto, nos casos de emissão de ações dentro do limite
autorizado no estatuto (artigo 168);
III - por conversão, em ações, de debêntures ou parte
beneficiárias e pelo exercício de direitos conferidos por
bônus de subscrição, ou de opção de compra de ações;
IV - por deliberação da assembléia-geral extraordinária
convocada para decidir sobre reforma do estatuto social,
no caso de inexistir autorização de aumento, ou de estar a
mesma esgotada.
Repare que, no caso normal, o aumento de capital implica Assembléia
Geral de Acionistas Extraordinária e reforma do Estatudo Social, o que é
um procedimento formal e trabalhoso. Por isso, para dar maior
flexibilidade e dinamicidade à administração das empresas,
particularmente daquelas que se encontram em fase de expansão de
seus negócios e que, periodicamente, estão a requerer novas injeções
de capital, as lei das S/A criou a figura do capital autorizado, em seu
art. 168, abaixo reproduzido:
Art. 168. O estatuto pode conter autorização para aumento
do capital social independentemente de reforma
estatutária.

22
Situações em que a assembléia já havia deliberado (quando da emissão das partes
beneficiárias, dos bônus de subscrição ou das debêntures) o eventual ulterior aumento
de capital. Os conceitos de partes beneficiárias, bônus de subscrição e de debêntures
serão estudados no item Reservas de Capital – a seguir neste curso.
23
A correção monetária do balanço foi extinta – para fins fiscais e societários – a partir
de 1996, pelo art. 4o da Lei n° 9.249, de 1995. O conceito de correção monetária do
balanço será estudado quando da apresentação da conta “Reserva para Correção
monetária do balanço”, no item Reservas de Capital – a seguir neste curso.

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§ 1º A autorização deverá especificar:
a) o limite de aumento, em valor do capital ou em número
de ações, e as espécies e classes das ações que poderão
ser emitidas;
b) o órgão competente para deliberar sobre as emissões,
que poderá ser a assembléia-geral ou o conselho de
administração;
c) as condições a que estiverem sujeitas as emissões;
d) os casos ou as condições em que os acionistas terão
direito de preferência para subscrição, ou de inexistência
desse direito (artigo 172).
§ 2º O limite de autorização, quando fixado em valor do
capital social, será anualmente corrigido pela assembléia-
geral ordinária, com base nos mesmos índices adotados na
correção do capital social.
§ 3º O estatuto pode prever que a companhia, dentro do
limite de capital autorizado, e de acordo com plano
aprovado pela assembléia-geral, outorgue opção de
compra de ações a seus administradores ou empregados,
ou a pessoas naturais que prestem serviços à companhia
ou a sociedade sob seu controle.
Denomina-se capital autorizado o limite, estabelecido em valor ou
número de ações, até o qual o Estatuto da sociedade anônima autoriza
os órgãos de administração a promoverem aumento de capital da
companhia, independentemente de reforma estatutária ou de
assembléia de acionistas. Trata-se de uma autorização prévia do
Estatuto, para futuros aumentos de capital.
Uma condição comum para autorização de aumento de capital é a
existência de lucros auferidos não distribuídos e, portanto, registrados
em reservas de lucro24. Nesse caso, o aumento de capital dá-se por
“capitalização do lucro ou das reservas de lucro”. O lançamento contábil
do fato “capitalização do lucro ou das reservas de lucro” encontra-se a
seguir apresentado exemplificativamente:
D = Reserva de lucros
1 - C = a Capital Social Subscrito x
A capitalização de lucros, na hipótese de ações com valor nominal, o
aumento de capital implica, alternativamente: (1) alteração do valor
nominal das ações25 (2) a criação de ações novas – em quantidade
correspondente ao valor do capital aumentado – com distribuição destas

24
As reservas de lucro serão detalhadamente estudadas adiante nesta aula.
25
Para que o somatório da quantidade original de ações totalize o valor do novo capital
social subscrito.

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ações (proporcionalmente) aos acionistas26. As ações novas,
distribuídas em virtude de aumento de capital por capitalização de
lucros ou reservas de lucro, recebem o nome de ações bonificadas.
Na hipótese de ações sem valor nominal, a capitalização dos lucros ou
reservas de lucros pode ocorrer sem emissão de ações bonificadas.
Uma importante observação acerca do conceito de capital autorizado é
que, sendo o capital autorizado apenas uma autorização para – no
futuro – alguém aumentar o capital social da companhia (sem o
cumprimento de maiores formalidades), não há que se registrar, no
patrimônio, qualquer valor a título de capital autorizado. Em outras
palavras, a autorização de capital é um mero ATO e não um FATO
CONTÁBIL, portanto não cabe lançamento ou qualquer registro dele em
contas contábeis, até o momento do efetivo aumento de capital –
quando o capital não será mais autorizado, porém subscrito.

5.2.6 Funcionamento esquemático das contas representativas do


capital
A partir dos conceitos acima tratados, apresentamos, nas tabelas a
seguir, o funcionamento esquemático das contas contábeis
representativas do Capital Social: Capital Subscrito e Capital a Realizar.
Modelo de funcionamento de contas contábeis

Capital Social Subscrito


Débitos Créditos
de natureza credora si
na constituição da empresa (pela subscrição do capital) 1
(com contrapartida na conta Capital a Realizar)
no aumento de capital (pela subscrição do capital) 2
(com contrapartida na conta Capital a Realizar)
no aumento de capital (pela capitalização de lucros ou reservas) 3
(com contrapartida em conta de Reserva de lucro)
4 na redução do capital
(com contrapartida em Ações em Tesouraria
ou em uma conta de ativo)
de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

26
Para que o somatório da nova quantidade de ações – ao valor nominal original –
totalize o valor do novo capital social subscrito.

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Modelo de funcionamento de contas contábeis

Capital a Realizar
Débitos Créditos
si de natureza devedora
1 na constituição da empresa (pela subscrição do capital)
(com contrapartida na conta Capital Subscrito)
2 no cumento de capital (pela subscrição do capital)
(com contrapartida na conta Capital Subscrito)
na realização do capital 3
(com contrapartida em conta representativa de bens/direitos)
sf de natureza devedora

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

5.3 Reservas
Reservas são valores que representam elementos patrimoniais sem
qualquer característica de exigibilidade atual ou futura.
Se um elemento patrimonial, até então classificado em uma conta de
reserva, passa a ter característica de exigibilidade, o respectivo valor
deve ser imediatamente transferido para uma conta própria do passivo
exigível. É o caso, por exemplo, de uma companhia que resolve
distribuir dividendos. Nessa situação, o valor correspondente deve ser
debitado numa conta de reserva de lucros (ou lucros acumulados) e
creditado em conta de dividendos a pagar, integrante do passivo
circulante27.
As reservas dividem-se em:
a) reservas de capital – quando correspondem a valores recebidos
dos sócios ou terceiros que não representam aumento de capital
e que não transitaram pelos resultados do exercício28;
b) reservas de reavaliação - quando representarem a contrapartida
dos acréscimos de valor aos bens do ativo em virtude de nova
avaliação;

27
Esse conceito será detalhadamente trabalhado no item que trata a DLPA, adiante
neste curso.
28
O conceito de Reserva de Capital será trabalhado, como seu esclarecimento, a
seguir.

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c) reservas de lucros ou lucros acumulados – quando se originarem
de lucros não distribuídos aos proprietários, representando
lucros retidos com finalidades específicas.
Segundo a lei das S/A, art. 182, conforme a finalidade para a qual foram
constituídas, as reservas compõem-se das seguintes contas:
a) Reservas de capital
- ágio na emissão de ações / quotas
- prêmio na emissão de debêntures
- doações e subvenções para investimentos
- alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição
b) Reservas de reavaliação
c) Reservas de lucros
- reserva legal
- reserva para contingências
- reserva de lucros a realizar
- reservas estatutárias
- reservas de lucros para planos de investimento
Para fins de esclarecimento, encontra-se – a seguir – reproduzido, em
parte, o citado art. 182 da Lei das S/A:
Art. 182. A conta do capital social discriminará o montante
subscrito e, por dedução, a parcela ainda não realizada.
§ 1º Serão classificadas como reservas de capital as contas
que registrarem:
a) a contribuição do subscritor de ações que ultrapassar o
valor nominal e a parte do preço de emissão das ações
sem valor nominal que ultrapassar a importância destinada
à formação do capital social, inclusive nos casos de
conversão em ações de debêntures ou partes beneficiárias;
b) o produto da alienação de partes beneficiárias e bônus
de subscrição;
c) o prêmio recebido na emissão de debêntures;
d) as doações e as subvenções para investimento.
§ 2° Será ainda registrado como reserva de capital o
resultado da correção monetária do capital realizado,
enquanto não-capitalizado.
§ 3° Serão classificadas como reservas de reavaliação as
contrapartidas de aumentos de valor atribuídos a
elementos do ativo em virtude de novas avaliações com
base em laudo nos termos do artigo 8º, aprovado pela
assembléia-geral.

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§ 4º Serão classificados como reservas de lucros as contas
constituídas pela apropriação de lucros da companhia.

5.4 Reservas de capital


A Lei da S/A não apresenta um conceito claro que defina Reservas de
Capital, limitando-se a enumerar suas ocorrências, na forma de
exemplos (conforme alíneas (a) a (d) do § 1o do art. 182, acima
reproduzido).
Uma primeira – e primitiva – abordagem do conceito seria considerar
como Reserva de Capital “valores recebidos dos sócios ou terceiros que
não representam aumento de capital e que não transitaram pelos
resultados do exercício”. Entendemos que esse conceito seja
insuficiente, pois não consegue diferenciar as reservas de capital
enumeradas no art. 182 da Lei das S/A de um simples empréstimo
bancário, por exemplo. No caso de um empréstimo, o banco (que é um
terceiro) também entrega valores à companhia, sem que esses valores
transitem por conta de resultado (o lançamento é a débito de
Caixa/Bancos e a crédito de Empréstimos, no passivo). Ora,
empréstimos bancários não são apresentados, na Lei das S/A, como
Reservas de Capital e basta um contra-exemplo para se demonstrar a
impropriedade de uma afirmação. Portanto, essa abordagem é, em
nosso entender, inadequada.
Nessa situação, temos dois caminhos a seguir: (1) ignorar o
entendimento do conceito e seguir a enumeração dada pela Lei das S/A
para Reservas de Capital; (2) procurar a razão para a existência desse
grupo patrimonial, investigando, a partir da enumeração apresentada
pela Lei das S/A, sua razão de ser. Em nosso curso, optaremos pelo
segundo caminho.
A Lei das S/A apresenta, como Reservas de Capital, o ágio na emissão
de ações, o prêmio na emissão de debêntures, as alienações de partes
beneficiárias e bônus de subscrição e as doações para investimentos.
Com base na natureza desses itens pode-se chegar à conclusão
(didática e lúdica) de que devem ser registrados como reservas de
capital os “Pedágios pagos para entrar na festa”, conforme
passamos a fundamentar.
Imagine uma festa muito legal: casa cheia, muita comida, bebida e
música. Você, do lado de fora, gostaria de estar lá dentro – mas não foi
convidado. Então, você tenta entrar, mas é barrado na porta. Nessa
situação, você propõe – aos donos da festa – trazer, para aquela casa,
uma garrafa de uísque ou algumas garrafas de vinho e uns docinhos,
para sobremesa. Aí, sim, após entregar sua contribuição

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graciosamente, você é convidado para entrar e participar do restinho da
festa.
Essa é a idéia que está por trás do conceito de reservas de capital. As
Reserva de Capital são valores entregues graciosamente à empresa por
sócios ou outros interessados em “participar da festa”, ou seja,
interessados em participar (de alguma forma) dos lucros da empresa.
Tais valores, que são entregues graciosamente à empresa por pessoas
nela interessadas, aumentam seu patrimônio e, portanto, via de regra,
deveriam ser registrados como receita da empresa (débito em caixa e
crédito em receitas de doação), passando a compor o Patrimônio Líquido
somente ao final do exercício (quando do seu fechamento). Entretanto,
por se tratar de um “pedágio para entrar na festa” esse aumento
patrimonial é registrado diretamente dentro do Patrimônio Líquido, sem
transitar por conta de resultado, como Reserva de Capital.
O motivo para que a Lei das S/A tivesse determinado esse tratamento
às Reservas de Capital é decorrente de uma decisão política (de
incentivo à capitalização das empresas29) porque os valores registrados
como Reservas de Capital – apesar de consistirem em aumento de
patrimônio (que subsume-se ao conceito de renda) – não são
consideradas receitas e, portanto, não influenciam o valor das
participações no resultado, dos dividendos e não são tributado pelo
Imposto de Renda da Pessoa Jurídica. Isso é confirmado pelo disposto
no art. 442 do Decreto 3.000, de 1999 (Regulamento do Imposto de
Renda), a seguir:
Art. 442. Não serão computadas na determinação do lucro
real as importâncias, creditadas a reservas de capital, que
o contribuinte com a forma de companhia receber dos
subscritores de valores mobiliários de sua emissão a título
de (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, artigo 38):
I - ágio na emissão de ações por preço superior ao valor
nominal, ou a parte do preço de emissão de ações sem
valor nominal destinadas à formação de reservas de
capital;
II - valor da alienação de partes beneficiárias e bônus de
subscrição;
III - prêmio na emissão de debêntures;
IV - lucro na venda de ações em tesouraria.
Resumidamente, podemos dizer que “as reservas de capital consistem
em aumentos do patrimônio, que, via de regra, seriam registrados como
receitas. Mas, que, como o aumento do patrimônio se deu por um

29
Partindo-se do pressuposto de que, quanto mais dinheiro nas empresas, mais
empregos serão gerados e melhor funcionará a economia do país.

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motivo especial – um pedágio para entrar na festa – ele é
diretamente registrado no patrimônio líquido, como reserva de capital,
não transitando por conta de resultado (como se tivesse ido para o céu
sem passar pelo purgatório)”.
Entendemos que esse é um critério didático, e adequado, para definir as
reservas de capital.
Em tempo, as reservas de capital, como aportes de recursos para
reforço do patrimônio da empresa, não podem ter qualquer destinação.
Nesse sentido, a Lei das S/A, em seu art. 200 determina que as
reservas de capital somente podem ser utilizadas para: (a) absorção de
prejuízos; (b) resgate, reembolso ou compra de ações30; (c) resgate de
partes beneficiárias (conforme será apresentado neste item); (d)
incorporação ao capital social e (e) pagamento de dividendos a ações
preferenciais (com dividendo mínimo ou fixo). Para fins de clareza,
reproduzimos – a seguir – o texto do dispositivo citado:
Art. 200. As reservas de capital somente poderão ser
utilizadas para:
I - absorção de prejuízos que ultrapassarem os lucros
acumulados e as reservas de lucros (artigo 189, parágrafo
único);
II - resgate, reembolso ou compra de ações;
III - resgate de partes beneficiárias;
IV - incorporação ao capital social;
V - pagamento de dividendo a ações preferenciais, quando
essa vantagem lhes for assegurada (artigo 17, § 5º).
Parágrafo único. A reserva constituída com o produto da
venda de partes beneficiárias poderá ser destinada ao
resgate desses títulos.
A seguir, analisaremos – em específico – cada uma das reservas de
capital existentes e compararemos sua definição com aquela do
parágrafo acima.

5.4.1 Ágio na emissão de ações

5.4.1.1 O conceito de ágio e de ágio na emissão de ações


Para compreender o sentido do elemento patrimonial “Ágio na emissão
de ações”, registrado como reserva de capital, faz-se necessário definir,
com clareza, o conceito de ágio. O ágio é o fenômeno que ocorre
quando “é cobrado, por um bem, um valor acima do preço pré-definido

30
Conceitos que serão detalhadamente estudados no item que trata de ações em
tesouraria.

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para esse bem”. Em outras palavras, ágio é “a diferença – a maior –
entre: (1) o valor cobrado por um bem e (2) o valor pré-definido para
esse bem”.
Desde já, devemos separar a idéia de ágio da idéia de algo caro (de
preço elevado), pois, um bem que apresenta ágio não deve –
necessariamente – ser considerado caro. Com efeito, consideramos
caros os bens que temos dificuldade de adquirir, por terem preços
elevados em relação a nosso padrão de renda; ao passo que o ágio
ocorre quando é cobrado um valor além daquele pré-definido para o
bem (valor esse que pode ser, ainda, considerado razoável, em
comparação com nosso padrão de renda).
Para ilustrar a afirmação do parágrafo anterior, remeto o aluno aos
acontecimentos ocorridos em 1987 (quando do ocaso do Plano
Cruzado)31. Naquele tempo, os preços eram tabelados, portanto, havia
valor pré-definido para todos os bens no mercado. Ocorre que houve
escassez de alguns bens como, por exemplo, automóveis e carne bovina
(pois o preço, provavelmente, estaria defasado, tirando o interesse dos
produtores em produzir e oferecer o produto aos consumidores). Nessa
situação, quem quisesse adquirir um automóvel (ou, simplesmente,
comer carne diariamente) tinha dificuldades de fazê-lo, apesar de ter
dinheiro para isso. Assim, ocorreu o fenômeno do ágio: para se adquirir
automóveis ou carne, alguns consumidores concordavam em pagar um
valor acima daquele pré-definido para esses bens, pois considerava o
total – ainda – razoável, em relação a seu padrão de consumo.
Repare que atualmente não há tabelamento de preços e, portanto, não
há ágio – ainda que consumidores (como é o meu caso) considerem o
preço a ser pago por um automóvel muito caro.
Visto o conceito de ágio, vamos aplicá-lo ao fenômeno da emissão de
ações.
Em Sociedades Anônimas, o valor do capital social e a quantidade de
ações em que ele se divide é determinado pelo estatuto, que também
pode estabelecer seu valor nominal, conforme art. 11 da Lei das S/A, a
seguir:
Art. 11. O estatuto fixará o número das ações em que se
divide o capital social e estabelecerá se as ações terão, ou
não, valor nominal.
Caso haja valor nominal, ele será igual para todas as ações, sendo
proibida a emissão de ações por valor inferior ao valor nominal. No caso

31
Peço desculpas se o aluno ainda não era nascido na época, mas quem viveu aqueles
dias jamais os esquecerá. Aos demais, recomendo uma leitura sobre os
acontecimentos daquele período.

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de emissão de ações sem valor nominal, pode ser determinado que uma
parte seja destinada à formação da reserva de capital – ágio na emissão
de ações.
Na emissão de ações ocorre o seguinte:
(1) há um aumento do capital social subscrito e
(2) são criadas novas ações
i. no caso de ações com valor nominal, elas
apresentam o mesmo valor nominal daquelas
anteriormente existentes;
ii. no caso de ações sem valor nominal, elas são
emitidas em número compatível com o valor do
aumento do capital (de forma que a divisão do novo
capital subscrito pelo novo número de ações
emitidas seja idêntica à divisão do capital social
anteriormente existente pelo antigo número de
ações emitidas).
Assim, no caso de ações com valor nominal, o somatório do valor
nominal das novas ações emitidas deve ser igual ao valor do aumento
do capital social subscrito. Da mesma forma, no caso de ações sem
valor nominal, o valor da divisão do capital pela quantidade de ações
deverá permanecer constante. Ao subscritor (futuro acionista) é
oferecida uma determinada quantidade desse título, que tem um valor
pré-definido (conforme acima descrito).
Saliente-se que a ação tem um valor pré-definido (o valor do capital
social subscrito dividido pelo número de ações emitidas), denominado
valor nominal, no caso de ações com valor nominal.
O ágio na emissão de ações é o valor da contribuição do subscritor que
ultrapassar o valor nominal das ações por ele adquiridas. No caso de
emissão de ações sem valor nominal, o ágio na emissão de ações será o
valor da contribuição do subscritor que ultrapassar a importância
destinada ao capital social.
Importante ressalvar que a contribuição do subscritor não
necessariamente deve ocorrer em dinheiro, nos termos do art. 7o da Lei
das S/A, abaixo:
Art. 7º O capital social poderá ser formado com
contribuições em dinheiro ou em qualquer espécie de bens
suscetíveis de avaliação em dinheiro.
Assim, o ágio ocorre quando o valor em dinheiro, ou o valor dos bens ou
o valor dos direitos ou, ainda o valor do perdão da dívida (na conversão
de debêntures em ações) for maior do que o valor nominal das ações

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emitidas (ou, no caso de ações sem valor nominal, for maior do que o
valor do aumento de capital realizado).
Na conta capital social, as ações só podem figurar por seu valor
nominal. O excedente, ou seja, a diferença positiva paga pelos
sócios/acionistas para aquisição das ações deverá ser levada a uma
conta de reserva de capital, que recebe essa denominação.
Já foram vistos os conceitos de ágio e de ágio na emissão de ações.
Resta, agora, contextualizar esses conceitos, ou seja, apresentar as
situações que ensejam o fenômeno do ágio na emissão de ações.

5.4.1.2 Motivo para ocorrência de ágio na emissão de


ações e exemplo de contabilização
Geralmente o motivo para a ocorrência de ágio na emissão de ações é a
existência de lucros apurados em períodos anteriores e guardados em
reservas de lucro ou, ainda, a probabilidade de lucro futuro, conforme
exemplo a seguir.
Imagine uma sociedade anônima, denominada Tamancos & Tamancos
S/A, cujo objeto seja a compra e venda de tamancos, que tenha sido
criada em 01/01/2005, com um capital de R$ 10.000,00 (representado
por 10.000 ações ordinárias, de valor nominal R$ 1,00 cada) subscrito e
realizado em dinheiro por dez acionistas (1.000 ações cada acionista),
resultando na situação patrimonial a seguir:

Ativo Passivo
Caixa 10.000,00 Obrigações -

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 10.000,00
(-) Capital a Realizar -
-----------------
(=) Capital Realizado 10.000,00

Considere que, no ano de 2005, essa companhia (Tamancos &


Tamancos S/A) tenha tido um – inusitado – sucesso, auferindo lucro de
20.000,00 que, conforme proposta da Diretoria, foi 50% destinado a
dividendos e 50% destinado a reservas. Nessa situação, o patrimônio
final ficou conforme a seguir representado.

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Ativo Passivo
Caixa 30.000,00 Dividendos a pagar 10.000,00

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 10.000,00
(-) Capital a Realizar -
-----------------
(=) Capital Realizado 10.000,00

Reservas de lucro 10.000,00

Na situação acima, os acionistas – animados – decidem incrementar


suas operações e, para isso, necessitam de recursos. Novos recursos
podem ser obtidos através de empréstimos e financiamentos bancários
(capital de terceiros – que são remunerados por juros) ou através de
capital próprio (via aumento de capital, com emissão de novas ações,
que são remuneradas com dividendos). Considere, em nosso exemplo,
que os acionistas decidiram obter novos recursos na forma de capital
próprio e deliberaram aumento de capital com emissão de novas 10.000
ações.
Como cada ação deve ter o mesmo valor nominal, o aumento de capital
deverá ser de R$ 10.000,00 para R$ 20.000,00 e os novos acionistas
deverão adquirir ações no valor nominal (pré-definido) de R$ 10.000,00.
Ocorre que, nesse momento, os antigos acionistas reúnem-se e
deliberam o valor que deverá ser cobrado dos novos acionistas, pelas
novas ações emitidas. Os antigos acionistas não acham justo que os
novos acionistas adquiram ações pelo mesmo preço que eles haviam
adquirido no ano anterior (R$ 1,00 cada), por dois motivos:
a) porque, quando ações são adquiridas, seu titular passa a
ter direito a uma fração ideal de todo o patrimônio e, em
01/01/2005, não havia nada no patrimônio, mas agora,
em 31/12/2005, há – além do valor inicialmente colocado
pelos acionistas fundadores – o valor de R$ 10.000,00
oriundo de lucros auferidos e registrados e reservas de
lucro;
b) porque agora há muito mais probabilidade de lucro futuro
(pois o negócio já se mostrou rentável) do que no início
(quando era uma incógnita a aceitação de tamancos pelo
mercado).
Assim, os acionistas fundadores decidem que aceitarão novos acionistas
no quadro societário, desde que eles paguem, pelas novas ações

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emitidas, além de seu valor nominal, um valor adicional, denominado
“Ágio na emissão de ações”:
- valor nominal das novas ações: R$ 1,00;
- valor a ser pago por cada nova ação: R$ 2,50;
- ágio por ação: R$ R$ 2,50 (-) R$ 1,00 (=) R$ 1,50;
- quantidade de novas ações emitidas: 10.000 ações;
- valor do ágio na emissão de ações: R$ 1,50 (x) 10.000 (=) R$
15.000,00.
A contabilização do aumento de capital se dá em dois momentos (na
subscrição e na realização com ágio), conforme a seguir:
a) Subscrição de capital – no valor de R$ 10.000,00
D = Capital a Realizar
1 - C = a Capital Social subscrito 10.000,00
b) Integralização (ou Realização do capital) – no valor de R$ 25.000,00
D= Caixa 25.000,00
2- C=a Diversos
C=a Capital a realizar 10.000,00
C=a Reserva de capital - ágio na emissão de ações 15.000,00

Após a emissão de ações com ágio, aumento do capital e entrada dos


novos acionistas no quadro societário, o patrimônio final ficou conforme
a seguir apresentado.

Ativo Passivo
Caixa 55.000,00 Dividendos a pagar 10.000,00

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 20.000,00
(-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 20.000,00
Reservas de capital - ágio na emiss de ações 15.000,00
Reservas de lucro 10.000,00

5.4.1.3 Conclusão e apresentação do funcionamento


esquemático da Reserva de capital – ágio na emissão
de ações
Repare que, no exemplo acima, os novos acionistas entregaram R$
25.000,00 à Companhia (Tamancos & Tamancos S/A), mas a
Companhia somente lhes entregou ações no valor de R$ 10.000,00. Os
demais R$ 15.000,00 foram entregues graciosamente à companhia,
aumentando seu patrimônio. Esse aumento de patrimônio deveria ser,

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normalmente, registrado como receita; porém, ele se deu por um
motivo especial, qual seja: os novos acionistas pagaram um “Pedágio
para entrar na festa” (para participar do quadro societário e, no futuro,
participar dos lucros da companhia), portanto, esse aumento patrimonial
foi registrado diretamente em conta do Patrimônio Líquido – Reserva de
capital.
Isso vem a confirmar nossa definição didática de que “as reservas de
capital consistem em aumentos do patrimônio, que, via de regra, seriam
registrados como receitas. Mas, que, como o aumento do patrimônio se
deu por um motivo especial – um pedágio para entrar na festa – ele
é diretamente registrado no patrimônio líquido, como reserva de capital,
não transitando por conta de resultado (como se tivesse ido para o céu
sem passar pelo purgatório)”.
A partir dos conceitos acima é possível apresentar o funcionamento
esquemático da conta contábil Reserva de capital – ágio na emissão de
ações, conforme tabela a seguir.
Modelo de funcionamento de contas contábeis

Reserva de capital - ágio na emissão de ações


Débitos Créditos
de natureza credora si
na realização de capital em valor superior ao valor da ação 1
(com contrapartida em conta de bens/direitos ou passivo perdoado)
no aumento de capital (com ágio) 2
(com contrapartida em conta de bens/direitos ou passivo perdoado)
3 na absorção de prejuízos
(com contrapartida na conta LPA)
4 na capitalização da reserva
(com contrapartida na conta Capital Subscrito)
de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

5.4.2 Prêmio na emissão de debêntures

5.4.2.1 Conceito de debêntures


O conceito de debêntures foi detalhadamente apresentado,
anteriormente nesta aula, quando do estudo do passivo exigível.
Apenas a título ilustrativo, e de recordação, cabe lembrar que as
debêntures são títulos próprios e privativos das sociedades anônimas;
que representam um instrumento alternativo às ações e aos

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empréstimos bancários, para captação de recursos necessários à
consecução das atividades sociais da companhia.
As debêntures diferem das ações, porque, enquanto estas são títulos de
propriedade, ou seja, o detentor de ações é titular de parcela do
patrimônio da companhia investida, as debêntures são títulos que
atribuem a seu possuidor direito de crédito contra a companhia
emitente. Em outras palavras, a debêntures são títulos de dívida da
empresa, ou seja, “promissórias metidas a besta”.
As debêntures, entretanto, diferem – também – dos empréstimos
bancários porque eles são contratados com instituições financeiras
enquanto as debêntures são oferecidas ao público, como uma forma
alternativa de financiamento – fugindo das altas taxas de juros exigidas
pelas instituições financeiras.
As debêntures, assim como as ações, somente podem ser emitidas na
forma nominativa, sendo vedada a emissão de debêntures ao portados
desde o advento da Lei n° 8.021, de 1990.

5.4.2.2 O prêmio na emissão de debêntures – conceito e


exemplo
Se o preço das debêntures superar seu valor nominal, a diferença
constituirá o prêmio, a ser registrado como reserva de capital. Isso
acontecerá quando as condições dadas às debêntures (garantias, juros,
atualização monetária ou participação no resultado) forem tão boas a
ponto de as tornar atraentes, mesmo com o pagamento de um adicional
ao valor de sua emissão.
Uma situação em que, geralmente, ocorre prêmio na emissão de
debêntures é aquela em que a companhia emitente determina, em sua
escritura de emissão da série de debêntures, a possibilidade de
pagamento de participação no lucro para os debenturistas. Se essa
companhia for reconhecidamente uma companhia lucrativa, essa
característica pode ser interessante para vários potenciais debenturistas.
Assim, esses interessados podem concordar em pagar um preço
superior pelo título (acima daquele inicialmente definido na escritura de
emissão).
Ilustrando a situação, seja a companhia Tamancos & Tamancos S/A,
que, em 01/01/2006, após o aumento de capital e a entrada dos novos
acionistas, apresenta a seguinte situação patrimonial:

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Ativo Passivo
Caixa 55.000,00 Dividendos a pagar 10.000,00

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 20.000,00
(-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 20.000,00
Reservas de capital - ágio na emiss de ações 15.000,00
Reservas de lucro 10.000,00

Considere que a companhia, necessitando de mais recursos para suas


atividades resolve lançar uma série de 10.000,00 debêntures, com valor
nominal R$ 1,00, cada totalizando uma dívida (a ser contraída pela
companhia) no valor de R$ 10.000,00, pagando juros e participação nos
lucros aos debenturistas.
Ocorre que, no mercado, esse título foi muito bem recebido, havendo
mais procura do que oferta. Nessa situação, o equilíbrio é encontrado
quando alguns dos interessados se diferenciam dos demais por oferecer
um valor maior pelo título, por exemplo, R$ 1,20 por título (R$ 1,00 por
seu valor nominal e R$ 0,20 a título de “Prêmio na emissão de
debêntures”).
Nessa situação, o lançamento contábil – relativo à emissão de
debêntures com prêmio – será o seguinte:
D = Caixa 12.000,00
1 - C = a Diversos
C = a Debêntures a pagar 10.000,00

C = a Reserva de capital - prêmio na emissão de debêntures 2.000,00

Após o registro acima, a situação patrimonial da empresa Tamancos &


Tamancos S/A será conforme apresentado abaixo:

Ativo Passivo
Caixa 67.000,00 Dividendos a pagar 10.000,00
Debêntures a pagar 10.000,00

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 20.000,00
(-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 20.000,00
Reservas de capital - ágio na emiss de ações 15.000,00
Reservas de capital - prêmio emiss debêntures 2.000,00
Reservas de lucro 10.000,00

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5.4.2.3 Conclusão e apresentação do funcionamento
esquemático da Reserva de capital – prêmio na
emissão de debêntures
Repare que, no exemplo acima, os debenturistas entregaram R$
12.000,00 à companhia (Tamancos & Tamancos S/A), mas a companhia
somente se comprometeu a pagar-lhes uma dívida de R$ 10.000,00. Os
demais R$ 2.000,00 foram entregues graciosamente à companhia,
aumentando seu patrimônio. Esse aumento de patrimônio deveria ser,
normalmente, registrado como receita; porém, ele se deu por um
motivo especial, qual seja: os debenturistas pagaram um “Pedágio para
entrar na festa” (para, no futuro, participar dos lucros da companhia),
portanto, esse aumento patrimonial foi registrado diretamente em conta
do Patrimônio Líquido – Reserva de capital.
Isso vem a confirmar nossa definição didática de que “as reservas de
capital consistem em aumentos do patrimônio, que, via de regra, seriam
registrados como receitas. Mas, que, como o aumento do patrimônio se
deu por um motivo especial – um pedágio para entrar na festa – ele
é diretamente registrado no patrimônio líquido, como reserva de capital,
não transitando por conta de resultado (como se tivesse ido para o céu
sem passar pelo purgatório)”.
A partir dos conceitos acima é possível apresentar o funcionamento
esquemático da conta contábil Reserva de capital – prêmio na emissão
de debêntures, conforme tabela a seguir.
Modelo de funcionamento de contas contábeis

Reserva de capital - prêmio na emissão de debêntures


Débitos Créditos
de natureza credora si
na emissão da série de debêntures 1
(com recebimento de valor superior ao valor nominal do título)
(com contrapartida em conta de bens/direitos ou passivo perdoado)
2 na absorção de prejuízos
(com contrapartida na conta LPA)
3 na capitalização da reserva
(com contrapartida na conta Capital Subscrito)
de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

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5.4.3 Alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição

5.4.3.1 Partes Beneficiárias – conceito


Partes beneficiárias consistem – também – em títulos privativos de
sociedades por ações, conforme definido no art. 46 da Lei das S/A, a
seguir transcrito em parte:
Art. 46. A companhia pode criar, a qualquer tempo, títulos
negociáveis, sem valor nominal e estranhos ao capital
social, denominados "partes beneficiárias".
§ 1º As partes beneficiárias conferirão aos seus titulares
direito de crédito eventual contra a companhia, consistente
na participação nos lucros anuais (artigo 190).
Pelos termos acima apresentados, percebe-se que as Partes
beneficiárias são títulos estranhos ao capital social, o qual confere a seu
titular apenas direito de participação nos lucros. Partes Beneficiárias
não se confundem com ações porque não dão, a seus titulares, direito a
uma parcela do patrimônio da companhia, nem a participar de sua
administração. Ainda, Partes Beneficiárias não se confundem com
debêntures porque não dão a seus titulares direitos creditórios contra a
companhia.
Portanto, ao titular de partes beneficiárias somente é deferido um
eventual direito de participação nos lucros da companhia. A palavra
eventual (textualmente constante do art. 46 da Lei das S/A) é
elucidativa. Não há qualquer obrigação da empresa para com os
detentores das partes beneficiárias porque sua eventual participação nos
futuros lucros da companhia está condicionada (condição é evento
futuro e incerto) à existência de futuros lucros – o que pode
(teoricamente) nunca ocorrer.
A título informativo, cabe colocar que, de acordo com o art. 47 da Lei
das S/A, a seguir transcrito em parte, as companhias abertas não
podem emitir partes beneficiárias:
Art. 47. ...
Parágrafo único. É vedado às companhias abertas emitir
partes beneficiárias.
A participação atribuída às partes beneficiárias (a serem entregues aos
titulares ou para formação de reserva para resgate do título –
reaquisição e retirada de circulação) não pode ultrapassar 10% dos
lucros, nos termos do art. 46 § 2o da Lei das S/A, abaixo:
Art. 46. ...
§ 2º A participação atribuída às partes beneficiárias,
inclusive para formação de reserva para resgate, se
houver, não ultrapassará 0,1 (um décimo) dos lucros.

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O estatuto deve determinar o prazo de duração das partes beneficiárias
e, se estipular resgate do título, deve prever a formação de reserva com
essa finalidade, nos termos do art. 48 Lei das S/A, abaixo:
Art. 48. O estatuto fixará o prazo de duração das partes
beneficiárias e, sempre que estipular resgate, deverá criar
reserva especial para esse fim.
§ 1º O prazo de duração das partes beneficiárias atribuídas
gratuitamente, salvo as destinadas a sociedades ou
fundações beneficentes dos empregados da companhia,
não poderá ultrapassar 10 (dez) anos.
§ 2º O estatuto poderá prever a conversão das partes
beneficiárias em ações, mediante capitalização de reserva
criada para esse fim.
§ 3º No caso de liquidação da companhia, solvido o
passivo exigível, os titulares das partes beneficiárias terão
direito de preferência sobre o que restar do ativo até a
importância da reserva para resgate ou conversão.
Há autores que entendem que não seria tecnicamente correta a
constituição de uma reserva para resgate das partes beneficiárias, mas
sim a constituição de uma provisão (no passivo). Neste curso, seguindo
a letra da Lei das S/A, consideraremos a formação de uma reserva, que
será uma reserva de lucro, estatutária32.
As partes beneficiárias, assim como as ações e as debêntures, devem
ser nominativas – não sendo possível a emissão deste título ao
portador, desde o advento da Lei n° 8.021, de 1990.

5.4.3.2 Alienação de partes beneficiárias


As partes beneficiárias podem ser, alternativamente: (1) atribuídas a
fundadores ou outras figuras relevantes para a companhia ou (2)
alienadas, nas condições determinadas pelo estatuto ou pela
assembléia-geral; nos termos do caput do art. 47 da Lei das S/A, a
seguir:
Art. 47. As partes beneficiárias poderão ser alienadas pela
companhia, nas condições determinadas pelo estatuto ou
pela assembléia-geral, ou atribuídas a fundadores,
acionistas ou terceiros, como remuneração de serviços
prestados à companhia.
No caso de alienação gratuita de partes beneficiárias, não há o que se
falar em lançamento contábil, visto que não há entrada de qualquer bem
ou direito no patrimônio, nem o nascimento de qualquer obrigação
(afinal, conforme esclarecido acima, a futura participação no lucro será

32
As reservas de lucro serão estudadas a seguir nesta aula.

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eventual – sob condição da ocorrência do referido lucro). Já, no caso de
alienação onerosa, há registro a ser realizado, posto que ingressará
dinheiro em caixa (ou outro bem qualquer – no ativo).

5.4.3.3 Exemplo e contabilização


Para ilustrar os conceitos acima colocados, propomos o seguinte
exemplo:
Seja uma companhia fundada por um casal, com pouco estudo, mas –
ambos – muito inteligentes e trabalhadores. Após 30 anos de muito
trabalho, a companhia cresceu e se tornou uma grande empresa.
Pois bem, este casal teve dois filhos, que tiveram formação esmerada
(colégios particulares, línguas estrangeiras, faculdade e mestrado nos
Estados Unidos da América, bem como doutorado na Europa). Ao
retornarem ao Brasil, os filhos – após tecerem várias críticas ácidas à
maneira arcaica com que os pais administravam a companhia –
receberam dos pais (como adiantamento da legítima) as ações da
companhia; os pais lhes pediram apenas uma mesada “para viver a
velhice em paz”.
Os filhos, conhecedores do Direito Societário, então, ofereceram aos
pais um título societário que: (1) não lhes daria direito ao patrimônio da
companhia; (2) não lhes daria direito creditório contra a companhia e
(3) não lhes daria direito a participar da administração da companhia,
mas (4) lhes daria direito a um percentual dos lucros eventualmente
auferidos pela companhia nos próximos anos. Tratava-se justamente do
título em tela: “Partes Beneficiárias”.
Até aqui esta história é apenas de suspense, pois, pela inexperiência dos
filhos (apesar de sua incontestável formação acadêmica), a
probabilidade de eventual lucro futuro a ser auferido pela companhia
ficou – na minha humilde opinião – menor do que com os “velhos” à
frente do negócio. Mas a história não para por aí...
Se a alienação das partes beneficiárias, oferecidas aos pais, fosse
gratuita, pelo menos eles não teriam desembolsado qualquer valor para
receber tal título. Assim, do ponto de vista do patrimônio da
companhia, não haveria qualquer fato contábil a ser registrado.
Ocorre que os filhos, de olho grande, resolveram alienar onerosamente
essas partes beneficiárias aos pais – o que torna nossa história uma
história não somente de suspense, mas também de terror. Revela-se
aqui que os filhos, além de inexperientes, eram, também, desnaturados.
Vejam a situação, os pais, após desembolsarem suas economias para
adquirir as partes beneficiárias emitidas, nunca mais receberam nada,

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porque (no nosso exemplo) a companhia nunca mais deu lucro... e
viveram todos (in)felizes para sempre.
Considere, para ilustração da história acima, como situação patrimonial
imediatamente anterior à emissão e alienação das partes beneficiárias, a
situação da companhia Tamancos & Tamancos S/A, logo após o
lançamento das debêntures (em 01/01/2006):

Ativo Passivo
Caixa 67.000,00 Dividendos a pagar 10.000,00
Debêntures a pagar 10.000,00

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 20.000,00
(-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 20.000,00
Reservas de capital - ágio na emiss de ações 15.000,00
Reservas de capital - prêmio emiss debêntures 2.000,00
Reservas de lucro 10.000,00

Nessa situação, o lançamento contábil da alienação onerosa das partes


beneficiárias (considerando o valor de R$ 50.000,00) para sua emissão,
seria o seguinte:
D = Caixa
1 - C = a Reserva de capital - alienação de partes beneficiárias 50.000,00
Após o lançamento acima apresentado, a situação patrimonial da
companhia Tamancos & Tamancos S/A seria a seguinte:

Ativo Passivo
Caixa 117.000,00 Dividendos a pagar 10.000,00
Debêntures a pagar 10.000,00

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 20.000,00
(-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 20.000,00
Reservas de capital - ágio na emiss de ações 15.000,00
Reservas de capital - prêmio emiss debêntures 2.000,00
Reservas de capital - alienação de partes beneficiárias 50.000,00
Reservas de lucro 10.000,00

5.4.3.4 Resgate das partes beneficiárias e conversão de


partes beneficiárias em ações
Conforme visto acima, o art. 48 da Lei das S/A dispõe que e estatuto,
caso estipule resgate das partes beneficiárias, determinará a criação de
reserva (de lucro) para esse fim. Adicionalmente, o art. 200 da Lei das

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S/A permite que a reserva constituída com o produto da venda das
partes beneficiárias seja destinada ao resgate dos títulos, conforme a
seguir:
Art. 200. ...
Parágrafo único. A reserva constituída com o produto da
venda de partes beneficiárias poderá ser destinada ao
resgate desses títulos.
A interpretação sistemática dos dispositivos acima revela que o resgate
pode ser realizado, alternativamente, mediante a utilização da reserva
de lucro constituída para o resgate do título ou mediante a utilização da
própria reserva de capital decorrente da alienação do título. A seguir,
encontram-se apresentados os lançamentos de resgate de partes
beneficiárias das duas possíveis formas:
1) utilização de reserva de lucro para resgate das partes
beneficiárias
i. constituição da reserva de lucro (estatutária)
D = Lucros ou Prejuízos acumulados (LPA)
1 - C = a Reserva de lucros - estatutária 50.000,00
ii. resgate das partes beneficiárias
D = Reserva de lucros - estatutária
2 - C = a Caixa 50.000,00
2) utilização da reserva de capital para resgate das partes
beneficiárias
D = Reserva de capital - alienação de partes beneficiárias
1 - C = a Caixa 50.000,00
o
Ainda, de acordo com o disposto no § 2 do art. 48 da Lei das S/A, o
estatuto pode prever a conversão das partes beneficiárias em ações,
mediante capitalização da reserva criada para esse fim. Ora, a
conversão em ações é uma forma indireta de resgate e, portanto, ela
poderá se dar tanto pela utilização da reserva de lucro criada com o fim
de resgate do título, quando pela utilização da reserva de capital
decorrente da alienação do título. A seguir, encontram-se apresentados
os lançamentos de conversão de partes beneficiárias em ações das duas
possíveis formas:
1) utilização de reserva de lucro para resgate das partes
beneficiárias
i. constituição da reserva de lucro (estatutária)
D = Lucros ou Prejuízos acumulados (LPA)
1 - C = a Reserva de lucros - estatutária 50.000,00
ii. resgate das partes beneficiárias

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D = Reserva de lucros - estatutária
2 - C = a Capital Social Subscrito 50.000,00
2) utilização da reserva de capital para resgate das partes
beneficiárias
D = Reserva de capital - alienação de partes beneficiárias
1 - C = a Capital Social Subscrito 50.000,00

5.4.3.5 Conclusão e apresentação do funcionamento


esquemático da reserva de capital decorrente da
alienação de partes beneficiárias
Repare que, no exemplo de alienação de partes beneficiárias acima, os
adquirentes do título (titulares das partes beneficiárias) entregaram R$
50.000,00 à companhia (Tamancos & Tamancos S/A), mas a companhia
não lhes entregou (nem se comprometeu a lhes entregar)
absolutamente nada – a não ser sob condição. Assim, os R$ 50.000,00
foram entregues graciosamente à companhia, aumentando seu
patrimônio. Esse aumento de patrimônio deveria ser, normalmente,
registrado como receita; porém, ele se deu por um motivo especial, qual
seja: os titulares das partes beneficiárias pagaram um “Pedágio para
entrar na festa” (para, no futuro, poder participar dos lucros da
companhia), portanto, esse aumento patrimonial foi registrado
diretamente em conta do Patrimônio Líquido – Reserva de capital.
Isso vem a confirmar nossa definição didática de que “as reservas de
capital consistem em aumentos do patrimônio, que, via de regra, seriam
registrados como receitas. Mas, que, como o aumento do patrimônio se
deu por um motivo especial – um pedágio para entrar na festa – ele
é diretamente registrado no patrimônio líquido, como reserva de capital,
não transitando por conta de resultado (como se tivesse ido para o céu
sem passar pelo purgatório)”.
A partir dos conceitos acima é possível apresentar o funcionamento
esquemático da conta contábil Reserva de capital – alienação de partes
beneficiárias, conforme tabela a seguir.

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Modelo de funcionamento de contas contábeis

Reserva de capital - alienação de partes beneficiárias


Débitos Créditos
de natureza credora si
na emissão/alienação onerosa das partes beneficiárias 1
(com contrapartida em conta de bens/direitos ou passivo perdoado)
2 no resgate do título
(com contrapartida na conta caixa)
3 na cconversão do título em ações
(com contrapartida na conta Capital Subscrito)
4 na absorção de prejuízos
(com contrapartida na conta LPA)
de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

5.4.3.6 Bônus de subscrição – conceito


Os bônus de subscrição são títulos emitidos por sociedades anônimas,
dentro dos limites do capital autorizado no estatuto, que conferem a
seus titulares (de acordo com as condições constantes do certificado) o
direito de subscrever ações do capital social mediante o conseqüente
pagamento do valor das ações emitidas, conforme art. 175 da Lei das
S/A, a seguir transcrito:
Art. 75. A companhia poderá emitir, dentro do limite de
aumento de capital autorizado no estatuto (artigo 168),
títulos negociáveis denominados "Bônus de Substituição".
Parágrafo único. Os bônus de subscrição conferirão aos
seus titulares, nas condições constantes do certificado,
direito de subscrever ações do capital social, que será
exercido mediante apresentação do título à companhia e
pagamento do preço de emissão das ações.
Os bônus de subscrição podem ser alienados pela companhia ou
atribuídos, como vantagem adicional, aos subscritores de suas ações ou
debêntures.
Em sociedades anônimas, os acionistas têm preferência na aquisição de
novas ações emitidas, com o fito de manter seu percentual de
participação no capital social (a redução desse percentual é denominado
– no jargão da área – de diluição do acionista33). Os bônus de

33
Sobre o assunto, ver item “Variação do percentual de participação societária” na
aula que trata de participações societárias, adiante neste curso.

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subscrição são utilizados justamente com o objetivo de quebrar essa
preferência, fazendo com que os acionistas abram mão do direito de
subscrever e integralizar as novas ações emitidas, permitindo que
terceiros (desde que detentores dos bônus de subscrição) o façam, nos
termos dos arts. 109, 171 e 172 da Lei das S/A:
Art. 109. Nem o estatuto social nem a assembléia-geral
poderão privar o acionista dos direitos de:
...
IV - preferência para a subscrição de ações, partes
beneficiárias conversíveis em ações, debêntures
conversíveis em ações e bônus de subscrição, observado o
disposto nos artigos 171 e 172;

Art. 171. Na proporção do número de ações que


possuírem, os acionistas terão preferência para a
subscrição do aumento de capital.
...
§ 3º Os acionistas terão direito de preferência para
subscrição das emissões de debêntures conversíveis em
ações, bônus de subscrição e partes beneficiárias
conversíveis em ações emitidas para alienação onerosa;
mas na conversão desses títulos em ações, ou na
outorga e no exercício de opção de compra de ações,
não haverá direito de preferência.

Art. 172. O estatuto da companhia aberta que contiver


autorização para o aumento do capital pode prever a
emissão, sem direito de preferência para os antigos
acionistas, ou com redução do prazo de que trata o § 4o
do art. 171, de ações e debêntures conversíveis em ações,
ou bônus de subscrição, cuja colocação seja feita
mediante:
I - venda em bolsa de valores ou subscrição pública; ou
II - permuta por ações, em oferta pública de aquisição de
controle, nos termos dos arts. 257 e 263.
(Grifos na transcrição).
A melhor metáfora para se entender a o conceito de bônus de
subscrição é a “metáfora do cambista”, a seguir apresentada.
Considere a ocorrência de um grande jogo de futebol (uma final de
campeonato) como, por exemplo, um Fla x Flu, no Rio de Janeiro, ou
um Gre x Nal, no Rio Grande do Sul; a ser realizada em um domingo à
tarde. Nesse caso, desde a quinta feira, pela manhã, perto das
arquibancadas do estádio (Maracanã ou Beira Rio) já vai haver gente

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sentada nas calçadas, esperando a bilheteria abrir para adquirir seu
ingresso.
Ocorre que nem todas essas pessoas estão lá para adquirir o ingresso e
assistir ao jogo. Algumas delas estão ali apenas para guardar o lugar na
fila para terceiros. Esses terceiros, no domingo, pagarão um valor às
pessoas que ficaram na fila desde a quinta feira, para tomar seu lugar e
pode adquirir seu ingresso de forma tranqüila.
Essa é a idéia do bônus de subscrição: um valor pago à companhia para
“furar a fila dos acionistas”, na aquisição de novas ações a serem
emitidas.

5.4.3.7 Alienação de bônus de subscrição


Os bônus de subscrição podem ser alienados pela companhia ou
atribuídos, como vantagem adicional, aos subscritores de suas ações ou
debêntures, nos termos do art. 77 da Lei das S/A, abaixo:
Art. 77. Os bônus de subscrição serão alienados pela
companhia ou por ela atribuídos, como vantagem
adicional, aos subscritos de emissões de suas ações ou
debêntures.
Parágrafo único. Os acionistas da companhia gozarão, nos
termos dos artigos 171 e 172, de preferência para
subscrever a emissão de bônus.
No caso de alienação gratuita de bônus de subscrição, não há o que se
falar em lançamento contábil, visto que não há entrada de qualquer bem
ou direito no patrimônio, nem o nascimento de qualquer obrigação
(afinal, são os antigos acionistas que estão sendo obrigados a aceitar,
eventualmente, um novo indivíduo no quadro societário), isso não traz
qualquer obrigação para a empresa. Já, no caso de alienação onerosa,
há registro a ser realizado, posto que ingressará dinheiro em caixa (ou
outro bem qualquer – no ativo).
A seguir, apresentamos um caso exemplificativo de emissão e alienação
onerosa de bônus de subscrição.
Considere, como situação patrimonial imediatamente anterior à emissão
e alienação das partes beneficiárias, a situação da companhia Tamancos
& Tamancos S/A, logo após a emissão e alienação onerosa das partes
beneficiárias (em 01/01/2006):

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Ativo Passivo
Caixa 117.000,00 Dividendos a pagar 10.000,00
Debêntures a pagar 10.000,00

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 20.000,00
(-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 20.000,00
Reservas de capital - ágio na emiss de ações 15.000,00
Reservas de capital - prêmio emiss debêntures 2.000,00
Reservas de capital - alienação de partes beneficiárias 50.000,00
Reservas de lucro 10.000,00

Nessa situação, o lançamento contábil da alienação onerosa de bônus de


subscrição (considerando o valor de R$ 5.000,00) para sua emissão,
seria o seguinte:
D = Caixa
1 - C = a Reserva de capital - alienação de bônus de subscrição 5.000,00
Após o lançamento acima apresentado, a situação patrimonial da
companhia Tamancos & Tamancos S/A seria a seguinte:

Ativo Passivo
Caixa 122.000,00 Dividendos a pagar 10.000,00
Debêntures a pagar 10.000,00

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 20.000,00
(-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 20.000,00
Reservas de capital - ágio na emiss de ações 15.000,00
Reservas de capital - prêmio emiss debêntures 2.000,00
Reservas de capital - alienação de partes beneficiárias 50.000,00
Reservas de capital - alienação de bônus de subscrição 5.000,00
Reservas de lucro 10.000,00

5.4.3.8 Conclusão e apresentação do funcionamento


esquemático da reserva de capital decorrente da
alienação de bônus de subscrição
Repare que, no exemplo de alienação de bônus de subscrição acima, os
adquirentes do título (titulares dos bônus de subscrição) entregaram R$
5.000,00 à companhia (Tamancos & Tamancos S/A), mas a companhia
não lhes entregou (nem se comprometeu a lhes entregar)
absolutamente nada – a não ser sob condição de ulterior subscrição e
integralização de capital. Assim, os R$ 5.000,00 foram entregues
graciosamente à companhia, aumentando seu patrimônio. Esse

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aumento de patrimônio deveria ser, normalmente, registrado como
receita; porém, ele se deu por um motivo especial, qual seja: os
titulares das partes beneficiárias pagaram um “Pedágio para entrar na
festa” (para, no futuro, tornarem-se acionistas e, assim, poderem
participar dos lucros da companhia), portanto, esse aumento patrimonial
foi registrado diretamente em conta do Patrimônio Líquido – Reserva de
capital.
Isso vem a confirmar nossa definição didática de que “as reservas de
capital consistem em aumentos do patrimônio, que, via de regra, seriam
registrados como receitas. Mas, que, como o aumento do patrimônio se
deu por um motivo especial – um pedágio para entrar na festa – ele
é diretamente registrado no patrimônio líquido, como reserva de capital,
não transitando por conta de resultado (como se tivesse ido para o céu
sem passar pelo purgatório)”.
A partir dos conceitos acima é possível apresentar o funcionamento
esquemático da conta contábil Reserva de capital – alienação de bônus
de subscrição, conforme tabela a seguir.
Modelo de funcionamento de contas contábeis

Reserva de capital - alienação de bônus de subscrição


Débitos Créditos
de natureza credora si
na emissão/alienação onerosa das partes beneficiárias 1
(com contrapartida em conta de bens/direitos ou passivo perdoado)
2 na capitalização da reserva
(com contrapartida em Capital Social Subscrito)
3 na absorção de prejuízos
(com contrapartida na conta LPA)
de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

5.4.4 Doações e subvenções para investimentos

5.4.4.1 Doações
De acordo com o art. 182 da Lei das S/A, devem ser registrados como
reserva de capital toda e qualquer doação ou subvenção, desde que
destinada a investimento. Abaixo, encontra-se reproduzido, em parte, o
referido dispositivo:
Art. 182. ...

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§ 1º Serão classificadas como reservas de capital as contas
que registrarem:
...
d) as doações e as subvenções para investimento.
Entretanto, de acordo com a Legislação do Imposto de Renda, Decreto
3.000, de 1999, em seu art. 443, somente as doações e subvenções,
para investimento, e feitas pelo Poder Público, devem ser registradas
como reservas de reavaliação e, conseqüentemente, serem excluídas da
tributação. Abaixo, encontra-se transcrito o citado dispositivo.
Art. 443. Não serão computadas na determinação do lucro
real as subvenções para investimento, inclusive mediante
isenção ou redução de impostos concedidas como estímulo
à implantação ou expansão de empreendimentos
econômicos, e as doações, feitas pelo Poder Público, desde
que (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, artigo 38, § 2º, e
Decreto-Lei nº 1.730, de 1979, artigo 1º, inciso VIII):
I - registradas como reserva de capital que somente
poderá ser utilizada para absorver prejuízos ou ser
incorporada ao capital social, observado o disposto no
artigo 545 e seus parágrafos; ou
II - feitas em cumprimento de obrigação de garantir a
exatidão do balanço do contribuinte e utilizadas para
absorver superveniências passivas ou insuficiências ativas.
O entendimento da Secretaria da Receita Federal é de que as doações
recebidas de pessoas físicas ou de pessoas jurídicas de direito privado
devem ser registradas como receitas, integrando o lucro e,
conseqüentemente, a base de cálculo do Imposto de Renda.
Adicionalmente, no caso de descumprimento desse procedimento (ou
seja, caso a doação não seja registrada como receita), faz-se necessário
um ajuste (adição ao lucro líquido contábil) para apuração da base de
cálculo do Imposto de Renda (Lucro Real), conforme art. 249 do Decreto
3.000, de 1999, abaixo parcialmente reproduzido:
Art. 249. Na determinação do lucro real, serão adicionados
ao lucro líquido do período de apuração (Decreto-Lei nº
1.598, de 1977, artigo 6º, § 2º):
...
Parágrafo único. Incluem-se nas adições de que trata este
artigo:
...
VII - as doações, exceto as referidas nos artigos 365 e
371, caput (Lei nº 9.249, de 1995, artigo 13, inciso VI);
Como conclusão, podemos dizer que o procedimento correto é o de
registro de reserva de capital no caso de doação do Poder Público, ou
seja, de pessoa jurídica de direito público (União, Estados, Distrito

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Federal, Municípios, Autarquias e Fundações instituídas e mantidas pelo
Poder Público). Nos demais casos, deve ser registrada uma receita de
doações.
No caso de doação em dinheiro, não há qualquer dificuldade de registro,
bastando o registro do valor recebido a débito de caixa (ou bancos) e a
crédito de reserva de capital. A seguir, apresentamos o registro do
recebimento de uma doação de R$ 100.000,00 em dinheiro:
D = Caixa
1 - C = a Reserva de capital - doações do poder público 100.000,00
No caso de doação em bens, o registro é similar, devendo ser realizado
– porém – pelo seu valor de mercado, conforme item 2.4.1 da
Resolução CFC n° 774, de 1994, a seguir parcialmente reproduzido:
No caso de doações recebidas pela Entidade, também
existe a transação com o mundo exterior e, mais ainda,
com efeito quantitativo e qualitativo sobre o patrimônio.
Como a doação resulta em inegável aumento do
Patrimônio Líquido, cabe o registro pelo valor efetivo da
coisa recebida, no momento do recebimento, segundo o
valor de mercado.
Nesse caso, a avaliação deve ser realizada em conformidade com o que
determina a Lei das S/A, em seu art. 8o, ou seja, pela avaliação feita por
três peritos ou por uma empresa especializada (com a apresentação de
um laudo específico). A seguir, para fins de clareza, encontra-se
transcrito, em parte, o artigo citado.
Art. 8º A avaliação dos bens será feita por 3 (três) peritos
ou por empresa especializada, nomeados em assembléia-
geral dos subscritores, convocada pela imprensa e
presidida por um dos fundadores, instalando-se em
primeira convocação com a presença desubscritores que
representem metade, pelo menos, do capital social, e em
segunda convocação com qualquer número.
§ 1º Os peritos ou a empresa avaliadora deverão
apresentar laudo fundamentado, com a indicação dos
critérios de avaliação e dos elementos de comparação
adotados e instruído com os documentos relativos aos
bens avaliados, e estarão presentes à assembléia que
conhecer do laudo, a fim de prestarem as informações que
lhes forem solicitadas.
Em tempo, para os efeitos do Imposto de renda, a Receita Federal
admite, nos termos do Parecer Normativo n° 209, de 19970, que – no
caso de bem imóvel recebido em doação – o registro seja realizado pelo
valor antes utilizado como base de cálculo do Imposto de Transmissão
de Bens Imóveis (da competência dos municípios).

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A seguir, apresentamos o registro do recebimento da doação de um
equipamento com valor de mercado avaliado em R$ 200.000,00,
considerando como situação patrimonial inicial aquela da companhia
Tamancos & Tamancos S/A em 01/01/2006, logo após a alienação dos
bônus de subscrição.

Ativo Passivo
Caixa 122.000,00 Dividendos a pagar 10.000,00
Debêntures a pagar 10.000,00

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 20.000,00
(-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 20.000,00
Reservas de capital - ágio na emiss de ações 15.000,00
Reservas de capital - prêmio emiss debêntures 2.000,00
Reservas de capital - alienação de partes beneficiárias 50.000,00
Reservas de capital - alienação de bônus de subscrição 5.000,00
Reservas de lucro 10.000,00

Com o recebimento da doação, deve ser realizado o seguinte


lançamento:
D = Máquinas e equipamentos
1 - C = a Reserva de capital - doações do poder público 200.000,00
A partir do lançamento acima, a situação patrimonial final passa a ser a
seguinte:

Ativo Passivo
Caixa 122.000,00 Dividendos a pagar 10.000,00
Debêntures a pagar 10.000,00

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 20.000,00
Máquinas e equipamentos 200.000,00 (-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 20.000,00
Reservas de capital - ágio na emiss de ações 15.000,00
Reservas de capital - prêmio emiss debêntures 2.000,00
Reservas de capital - alienação de partes beneficiárias 50.000,00
Reservas de capital - alienação de bônus de subscrição 5.000,00
Reservas de capital - doações do poder público 200.000,00
Reservas de lucro 10.000,00

5.4.4.2 Subvenções para investimento


Ao se discutir a reserva de capital “subvenção para investimento”, o
primeiro problema que se apresenta é o de precisão do conceito de
subvenção. Nesse diapasão, De Plácido e Silva, em seu “Vocabulário
Jurídico”, apresenta o conceito de “subvenção”, conforme a seguir:
SUBVENÇÃO. Do latim subventio, de subvenire (vir em
socorro, ajudar), entende-se o auxílio, ou a ajuda

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pecuniária, que se dá a alguém, ou a alguma instituição,
no sentido de os proteger, ou para que realizem ou
cumpram os seus objetivos.
Juridicamente, a subvenção não tem o caráter nem de
paga nem de compensação. É mera contribuição
pecuniária destinada a auxílio ou em favor de uma pessoa,
ou de uma instituição, para que se mantenha, ou para que
execute os serviços ou obras pertinentes a seu objeto.
Ao Estado, em regra, cabe o dever de subvencionar
instituições que realizem serviços, ou obras de interesse
público, o qual, para isso, dispõe em leis especiais as
normas que devem ser atendidas para a concessão, ou
obtenção, de semelhantes auxílios, geralmente anuais.
Mas, no domínio do Direito Civil, também se admitem
subvenções dadas sob caráter de doação. E neste caso, o
beneficiado recebe, periodicamente, o auxílio pecuniário
que lhe é atribuído pelo doador.
Subvenção. É tomada a expressão, comumente, para
exprimir a própria quantia ou soma que serve de objeto
ao auxílio, ou à ajuda.
Pelo que foi colocado acima, depreende-se que uma subvenção é: (1)
um valor recebido, ou (2) uma obrigação perdoada; com o objetivo de
permitir ou facilitar e existência daquele que é beneficiado. Foi
colocado, acima, também, que a subvenção pode ser dada por qualquer
ente (não somente o Poder Público), mas – pela legislação tributária
acima analisada – conclui-se que somente devem ser registradas como
reservas de capital as subvenções recebidas do Poder Público.
De uma maneira simplificada, entenderemos as subvenções aqui
tratadas como uma ajuda financeira governamental (do Poder Público),
dada às companhias (pessoas jurídicas de direito privado), vinculadas a
uma aplicação específica relacionada com a atividade da empresa.
Visto o conceito de subvenção a que se refere este item, passamos a
discutir uma importante classificação das subvenções, diferenciando as
subvenções para custeio das subvenções para investimento. A
relevância dessa distinção reside nas suas conseqüências contábeis e
fiscais, pois somente as subvenções para investimentos devem ser
registradas como reserva de capital, sendo que as subvenções para
custeio devem ser registradas como receita.
As subvenções para custeio têm por finalidade a ajuda na manutenção
das atividades normais de uma companhia, podendo ser utilizada para
“custeio” da folha de pagamento, de despesas com juros cobrados por
instituições financeiras ou terceiros, para despesas em geral – inclusive
despesas de exercícios anteriores, que resultaram em prejuízos
acumulados – e etc.

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As subvenções para investimento são aquelas que se destinam à
realização de investimentos definidos como, por exemplo: (1) a
aquisição de instalações, máquinas ou equipamentos do ativo
permanente imobilizado; (2) a aquisição de terrenos; (3) a ampliação
ou modernização das edificações; etc.
Repetindo, somente as subvenções para investimento devem ser
registradas como reserva de capital, devendo as subvenções para
custeio ser registradas como receita. O registro contábil do recebimento
de uma subvenção para investimento é similar ao registro do
recebimento de uma doação.
Para exemplificar a questão, partiremos da situação patrimonial da
companhia Tamancos & Tamancos S/A, em 01/01/2006, logo após o
recebimento da doação, tratada no item anterior.

Ativo Passivo
Caixa 122.000,00 Dividendos a pagar 10.000,00
Debêntures a pagar 10.000,00

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 20.000,00
Máquinas e equipamentos 200.000,00 (-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 20.000,00
Reservas de capital - ágio na emiss de ações 15.000,00
Reservas de capital - prêmio emiss debêntures 2.000,00
Reservas de capital - alienação de partes beneficiárias 50.000,00
Reservas de capital - alienação de bônus de subscrição 5.000,00
Reservas de capital - doações do poder público 200.000,00
Reservas de lucro 10.000,00

A seguir, apresentamos o registro do recebimento de uma subvenção


para investimento no valor de R$ 70.000,00:
D = Caixa (ou Bancos)
1 - C = a Reserva de capital - subvenções do Poder Público para investimento 70.000,00
Saliente-se que o valor recebido está atrelado a uma destinação
específica, como (por exemplo) a aquisição de um imobilizado, que deve
ocorrer e ser registrada conforme a seguir:
D = Máquinas e equipamentos
2 - C = a Caixa (ou Bancos) 70.000,00
A partir dos lançamentos acima, a situação patrimonial da empresa
passa a ser a seguinte:

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Ativo Passivo
Caixa 122.000,00 Dividendos a pagar 10.000,00
Debêntures a pagar 10.000,00

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 20.000,00
Máquinas e equipamentos 270.000,00 (-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 20.000,00
Reservas de capital - ágio na emiss de ações 15.000,00
Reservas de capital - prêmio emiss debêntures 2.000,00
Reservas de capital - alienação de partes beneficiárias 50.000,00
Reservas de capital - alienação de bônus de subscrição 5.000,00
Reservas de capital - doações do poder público 200.000,00
Reservas de capital - subvenções do poder público p/inv 70.000,00
Reservas de lucro 10.000,00

5.4.4.3 Subvenções para investimento mediante


incentivos fiscais – um caso especial
Já foi visto que as subvenções podem ser efetivadas através do
recebimento de bens ou direitos ou, ainda, pelo perdão de uma
obrigação. Esse segundo caso é o que ocorre nas subvenções para
investimento mediante incentivos fiscais provenientes de isenções,
reduções ou devoluções de tributos, sendo aplicáveis no âmbito do IPI,
do IR, do ICMS, do ISSqn e etc.
Cabe colocar – a título de esclarecimento – que, de acordo com a
legislação do Imposto de Renda, o tributo que deixar de ser pago por
conta de incentivo fiscal não pode ser distribuído aos sócios (nem como
dividendos, nem na forma de redução de capital, nem na forma de
entrega do acervo – quando da liquidação da sociedade), devendo ser
utilizado unicamente para aumento de capital ou absorção de prejuízos.
Nesse sentido, reproduzimos, abaixo, o art. 545 do Decreto 3.000, de
1999:
Art. 545. O valor do imposto que deixar de ser pago em
virtude das isenções e reduções de que tratam os artigos
546, 547, 551, 554, 555, 559, 564 e 567 não poderá ser
distribuído aos sócios e constituirá reserva de capital da
pessoa jurídica, que somente poderá ser utilizada para
absorção de prejuízos ou aumento do capital social
(Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, artigo 19, § 3º, e
Decreto-Lei nº 1.730, de 1979, artigo 1º, inciso I).
§ 1º Consideram-se distribuição do valor do imposto
(Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, artigo 19, § 4º, e
Decreto-Lei nº 1.825, de 22 de dezembro de 1980, artigo
2º, § 3º):

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I - a restituição de capital aos sócios, em casos de redução
do capital social, até o montante do aumento com
incorporação da reserva;
II - a partilha do acervo líquido da sociedade dissolvida,
até o valor do saldo da reserva de capital.
§ 2º A inobservância do disposto neste artigo importa
perda da isenção e obrigação de recolher, com relação à
importância distribuída, o imposto que a pessoa jurídica
tiver deixado de pagar, sem prejuízo da incidência do
imposto sobre o lucro distribuído, quando for o caso, como
rendimento do beneficiário, e das penalidades cabíveis
(Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, artigo 19, § 5º, e
Decreto-Lei nº 1.825, de 1980, artigo 2º, § 2º, e Lei nº
9.249, de 1995, artigo 10).
§ 3º O valor da isenção ou redução, lançado em
contrapartida à conta de reserva de capital nos termos
deste artigo, não será dedutível na determinação do lucro
real.
Nessa situação, o tributo não pago em razão do incentivo fiscal deve ser
normalmente registrado como uma despesa; porém, como seu
pagamento está “perdoado”, ele deve ser levado à conta de Reserva de
capital – subvenção do Poder Público para Investimento. Abaixo,
encontra-se apresentado um exemplo da situação descrita,
considerando uma despesa com tributos, no valor de R$ 10.000,00, e
um incentivo fiscal (subvenção para investimento) no percentual de
50%:
a) registro normal da despesa com determinado tributo:
D = despesas com tributos
1 - C = a Tributo a recolher 100.000,00
b) registro da constituição de Reserva de capital no valor de 50% do
tributo devido:
D = Tributo a Recolher
2 - C = a Reserva de capital - subvenção do Poder Público para investimento 50.000,00
c) registro do recolhimento do valor restante
D = Tributo a Recolher
3 - C = a Caixa (ou bancos) 50.000,00
Alternativamente, os lançamentos (1) e (2), acima, podem ser
realizados em um único lançamento, conforme abaixo:
D= despesas com tributos 100.000,00
1- C=a Diversos
C=a Reserva de Capital - Subvenções do Poder Público para investimentos 50000
C=a Tributo a recolher 50000

Especificamente no âmbito do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica, há


a previsão de um incentivo de redução do tributo, condicionada sua

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aplicação à aquisição de títulos de investimentos relativos a
empreendimentos em zonas (geográficas) previamente definidas pelo
governo. Trata-se dos incentivos fiscais por meio de aplicação de
parcelas do Imposto de Renda devido.
Para fins de clareza, cumpre referir que esse benefício, referente à
opção pela aplicação de parte do imposto sobre a renda nos Fundos de
Investimentos Regionais34, conforme consta do sítio Internet da
Secretaria da Receita Federal:
se estende às pessoas jurídicas ou grupo de empresas
localizadas em qualquer Estado do Brasil, inclusive àquelas
fora da área de atuação das extintas Sudene e Sudam,
desde que se enquadrem na situação societária acima
descrita - 51% (cinqüenta e um por cento) do capital
votante de sociedade titular de projetos nas áreas
incentivadas. Tais incentivos, até 02/05/ 2001, estavam
ao alcance de quaisquer pessoas jurídicas tributadas com
base no lucro real, exceto aquelas expressamente vedadas
pela legislação fiscal. Até 02/05/2001, portanto, as
pessoas jurídicas submetidas à apuração do imposto de
renda pelo lucro real, trimestral ou anual, mesmo as que
não se enquadram na situação societária descrita acima,
puderam optar pela aplicação de parte do imposto de
renda devido em investimentos regionais destinados ao
Finor, Finam e Funres, mediante recolhimento por Darf
específico.
Sem prejuízo de limite específico para cada incentivo, o
conjunto das aplicações não poderá exceder a: (1) quanto
aos Fundos Finor e Finam, incluída a parcela destinada ao
PIN e ao Proterra: (1.a) 20% a partir de janeiro de 2004
até dezembro de 2008; (1.b) 10% a partir de janeiro de
2009 até dezembro de 2013; (2) quanto ao Funres: (2.a)
17% a partir de janeiro de 2004 até dezembro de 2008;
(2.b) 9% a partir de janeiro de 2009 até dezembro de
2013.
Nessa situação, o contribuinte pode optar por (1) pagar o imposto
devido ou (2) pagar parte do imposto devido e destinar o restante para
aquisição dos títulos de investimento. Repare que essa situação é
coincidente com a definição de subvenção do poder público para
investimento, pois há o perdão de uma obrigação (de pagar imposto)
condicionada à aquisição de um ativo específico (título de investimento).

34
Com base no disposto nos seguintes atos normativos: Lei nº 8.167, de 1991, art.
9º; MP nº 2.128-9, de 2001; MP nº 2.145, de 2001; MP nº 2.156-5, de 2001, art. 32,
inciso XVIII; MP nº 2.157-5, de 2001, art. 32, inciso IV; Decreto 3.000, de 1999, art.
614; e IN SRF nº 267, de 2002, art. 105.

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Exemplificando o conceito acima, seja uma sociedade que apurou o
imposto de renda devido ao final do período de apuração (sem ter
realizado qualquer adiantamento), no valor de R$ 15.0000,00. Suponha
que o incentivo fiscal corresponda a 20% do valor do tributo devido.
a) na apuração do Imposto de Renda, deve ser realizado o lançamento
contábil desconsiderando qualquer benefício:
D = despesa com provisão para o Imposto de Renda
1 - C = a Provisão para o Imposto de Renda 15.000,00
b) Considerando que, do total de R$ 15.000,00, devido a título de IRPJ,
20% serão destinados ao incentivo fiscal (no valor de R$ 3.000,00),
deve ser realizado o seguinte lançamento:
D = Provisão para o Imposto de Renda
2 - C = a Incentivos fiscais a recolher (PC) 3.000,00
c) Assim, o recolhimento do total devido deve ser realizado em duas
parcelas (uma correspondente ao imposto recolhido e outra ao incentivo
fiscal), conforme abaixo:
D= Diversos
3- C=a Caixa (ou Bancos) 15.000,00
D= Provisão para o Imposto de Renda 12.000,00
D= Incentivos fiscais a recolher (PC) 3.000,00
d) Feito o recolhimento referente ao incentivo fiscal, nasce para a
pessoa jurídica o direito ao investimento, que deve ser classificado em
conta do ativo realizável a longo prazo (em razão do prazo previsto para
recebimento do título – certificado de investimento – em si). O
nascimento desse direito aumenta o patrimônio, o que seria (via de
regra) uma receita, mas esse aumento patrimonial é registrado
diretamente no patrimônio líquido – na forma de reserva de capital,
conforme lançamento abaixo:
D = Depósitos para recebimento de incentivos fiscais
4 - C = a Reserva de Capital - Subvenções do Poder Público para investimento 3.000,00
e) Quando do recebimento dos Certificados de Investimento, deve ser
registrada sua entrada no ativo permanente (podendo ser realizada sua
classificação no ativo circulante – se a intenção da empresa for a de
alienação imediata do investimento), em contrapartida ao ativo
realizável a longo prazo, conforme a seguir:
D = Investimentos com incentivos fiscais
5 - C = a Depósitos para recebimento de incentivos fiscais 3.000,00

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5.4.4.4 Conclusão e apresentação do funcionamento
esquemático da reserva de capital decorrente de
doações e subvenções para investimento realizadas
pelo Poder Público
Repare que, nos exemplos de doações e subvenções para investimentos,
realizadas pelo Poder Público (apresentados neste tópico) foram
entregues valores à companhia Tamancos & Tamancos S/A (ou
perdoadas obrigações), mas a companhia não entregou ao Poder Público
(nem se comprometeu a lhes entregar) absolutamente nada. Assim, os
valores foram entregues graciosamente à companhia, aumentando seu
patrimônio. Esse aumento de patrimônio deveria ser, normalmente,
registrado como receita; porém, ele se deu por um motivo especial, qual
seja: o Poder Público pagou um “Pedágio para entrar na festa” (para, no
futuro, poder participar dos lucros da companhia – exigindo-lhe
tributos), portanto, esse aumento patrimonial foi registrado diretamente
em conta do Patrimônio Líquido – Reserva de capital.
Isso vem a confirmar nossa definição didática de que “as reservas de
capital consistem em aumentos do patrimônio, que, via de regra, seriam
registrados como receitas. Mas, que, como o aumento do patrimônio se
deu por um motivo especial – um pedágio para entrar na festa – ele
é diretamente registrado no patrimônio líquido, como reserva de capital,
não transitando por conta de resultado (como se tivesse ido para o céu
sem passar pelo purgatório)”.
A partir dos conceitos acima é possível apresentar o funcionamento
esquemático da conta contábil Reserva de capital – doações e
subvenções para investimento – recebidas do Poder Público, conforme
tabela a seguir.
Modelo de funcionamento de contas contábeis

Reserva de capital - doações e subvenções para investimento (recebidas do Poder Público)


Débitos Créditos
de natureza credora si
no recebimento da doação ou subvenção 1
(com contrapartida em conta de bens/direitos ou passivo perdoado)
2 na capitalização da reserva
(com contrapartida em Capital Social Subscrito)
3 na absorção de prejuízos
(com contrapartida na conta LPA)
de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

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5.4.5 Lucro na Alienação de ações em tesouraria (não prevista na Lei
das S/A)
A reserva de capital decorrente de lucro na alienação de ações em
tesouraria não está prevista na lei das S/A, em seu art. 182, já
apresentado acima. Entretanto, o art. 442 do Decreto 3.000, de 1999
(Regulamento do Imposto de Renda), prevê esta reserva, nos termos a
seguir reproduzidos:
Art. 442. Não serão computadas na determinação do lucro
real as importâncias, creditadas a reservas de capital, que
o contribuinte com a forma de companhia receber dos
subscritores de valores mobiliários de sua emissão a título
de (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, artigo 38):
...
IV - lucro na venda de ações em tesouraria.
Parágrafo único. O prejuízo na venda de ações em
tesouraria não será dedutível na determinação do lucro
real (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, artigo 38, § 1º).
Essa é a principal diferença entre os dispositivos da legislação tributária
e da Lei das S/A, no que concerne a Reservas de Capital.
Seja o exemplo de uma empresa que tenha ações em tesouraria
avaliadas por R$ 5.000,00 e que as aliene por R$ 7.000,00. O
lançamento contábil referente a esse caso encontra-se a seguir:
D= Caixa (ou bancos) 70.000,00
1- C=a Diversos
C=a Ações em Tesouraria 50.000,00
C=a Reserva de capita - lucro na alienação de ações em tesouraria 20.000,00

No caso de alienação de ações em tesouraria, como na alienação de


qualquer bem ou direito, o respectivo lucro representa um aumento no
patrimônio que, via de regra, deveria compor o resultado (receita de
venda das ações).
Mas, repare que a alienação de ações em tesouraria se enquadra em
nossa definição didática de reserva de capital.
Houve lucro na venda das ações em tesouraria, pois foi entregue à
companhia o valor de R$ 70.000,00, mas a companhia somente
entregou aos adquirentes ações no valor de R$ 50.000,00. Assim, o
valor de R$ 20.000,00 foi entregue graciosamente à companhia pelos
adquirentes de ações, aumentando – portanto – seu patrimônio. Esse
aumento de patrimônio deveria ser, normalmente, registrado como
receita (ganho de capital); porém, ele se deu por um motivo especial,
qual seja: os adquirentes de ações em tesouraria (que, portanto,

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tornaram-se acionistas) pagaram um “Pedágio para entrar na festa”
(para, no futuro, poder participar dos lucros da companhia, na forma de
eventuais dividendos), portanto, esse aumento patrimonial foi registrado
diretamente em conta do Patrimônio Líquido – Reserva de capital.
Isso vem a confirmar nossa definição didática de que “as reservas de
capital consistem em aumentos do patrimônio, que, via de regra, seriam
registrados como receitas. Mas, que, como o aumento do patrimônio se
deu por um motivo especial – um pedágio para entrar na festa – ele
é diretamente registrado no patrimônio líquido, como reserva de capital,
não transitando por conta de resultado (como se tivesse ido para o céu
sem passar pelo purgatório)”.
A partir dos conceitos acima é possível apresentar o funcionamento
esquemático da conta contábil Reserva de capital – lucro na alienação
de ações em tesouraria, conforme tabela a seguir.
Modelo de funcionamento de contas contábeis

Lucro na alienação de ações em tesouraria


Débitos Créditos
de natureza credora si
na alienação de ações em tesouraria, com lucro 1
(com contrapartida em conta de bens/direitos ou passivo perdoado)
2 na capitalização da reserva
(com contrapartida em Capital Social Subscrito)
3 na absorção de prejuízos
(com contrapartida na conta LPA)
de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

5.4.6 Correção monetária do capital social realizado (com constituição


proibida na Lei das S/A)
Essa será a última reserva de capital a ser estudada em nosso curso.
De início, cabe uma crítica a sua classificação como reserva de capital –
ela é a única reserva de capital que não se encaixa no nosso conceito
didático – tendo, na verdade, a natureza de uma conta retificadora do
Capital Social Realizado.
Críticas a parte, em nosso curso seguiremos a determinação da Lei das
S/A.
Para que seja possível o entendimento dessa conta, faz-se necessária
uma breve alusão aos conceitos de Correção Monetária do Balanço e de

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Correção Monetária do Capital. Em seguida, apresentaremos o conceito
de reserva de capital – correção monetária do capital social realizado.

5.4.6.1 Correção Monetária do balanço – conceitos


básicos
A seguir, apresentamos o conceito de correção monetária do balanço,
sobre o qual serão tecidas tecemos breves considerações, em especial
sobre sua influência no lucro contábil.
Em obediência à legislação fiscal e societária vigente até 1995, todas as
contas representativas de ativo permanente e de patrimônio líquido
eram atualizadas (corrigidas monetariamente) através da aplicação de
um índice oficial de inflação do período, sendo que:
a) a atualização das contas de ativo permanente (devedoras)
tinham como contrapartida uma conta de resultado credora
(era registrado crédito na conta de resultado “Correção
monetária do balanço”) – conforme exemplo a seguir;
D = Ativo permanente
1 - C = a Correção monetária do balanço x
b) a atualização das contas de patrimônio líquido (credoras)
tinham como contrapartida uma conta de resultado devedora
(era registrado débito na conta de resultado “Correção
monetária do balanço”) – conforme exemplo a seguir.
D = Correção monetária do balanço
2 - C = a Patrimônio Líquido y
Caso o valor do ativo permanente fosse maior do que o valor do
patrimônio líquido, o saldo da conta de resultado “Correção monetária
do balanço” seria credor e, portanto, essa conta funcionaria como uma
receita – aumentando o lucro líquido contábil da empresa. Abaixo
apresentamos razonete ilustrativo desta situação (considerando um
ativo permanente de R$ 10.000,00, um patrimônio líquido de R$
7.000,00 e um índice de correção de 10%).

Correção Monetária do Balanço


Débitos Créditos
- saldo antes da correção si
1 pela atualização do PL 700,00 1.000,00 pela atualização do permanante 2
300,00 credor sf

Ao contrário, no caso do valor do patrimônio líquido ser superior ao


valor do ativo permanente, o saldo da conta de resultado “Correção
monetária do balanço” seria devedor e, portanto, essa conta funcionaria

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como uma receita – reduzindo o lucro líquido contábil da empresa.
Abaixo apresentamos razonete ilustrativo desta situação (considerando
um ativo permanente de R$ 7.000,00, um patrimônio líquido de R$
10.000,00 e um índice de correção de 10%).

Correção Monetária do Balanço


Débitos Créditos
si antes da correção -
1 pela atualização do PL 1.000,00 700,00 pela atualização do permanante 2
sf devedor 300,00

Esse ajuste era visto, de uma forma singela, como uma correção para
que os itens que permanecessem por muito tempo no patrimônio não
tivessem seu valor corroído pela inflação.
Quanto à natureza desse ajuste já houve muita discussão e houve
quem, inclusive, afirmasse que se trataria de um lucro fictício, virtual ou
não realizado. Dizia-se fictício ou virtual, o ganho, sob a alegação de
que a atualização dos valores do ativo permanente não seria um efetivo
aumento de patrimônio, mas simplesmente uma atualização da perda
que a inflação gerou nesse patrimônio. Argumentava-se
subsidiariamente que esse “ganho” não estaria definitivamente
incorporado ao patrimônio antes da efetiva venda do ativo permanente
corrigido.
Nada mais falso. As afirmações acima (apesar de soarem razoáveis)
não resistem à dura realidade: alguns ficaram ricos com a inflação e
outros perderam dinheiro com ela. A partir dessas constatações,
portanto, passaremos a analisar o fundamento patrimonial desse ajuste
(antes previsto na legislação).
Ao contrário do que alguns – mais desavisados – possam pensar, não
se trata de um resultado a ser realizado à medida que for realizado o
ativo do contribuinte. De fato, trata-se de resultado já auferido e
definitivamente incorporado ao patrimônio do contribuinte em todos
seus efeitos – econômicos e financeiros.
Nesse sentido, cito Dante C. Matarazzo que, em seu livro Análise
Financeira de Balanços – Ed. Atlas, 3a edição 1995 – páginas 77 a 78,
enfrenta com extrema lucidez o problema. O autor inicia sua
abordagem do tema apresentando colocações errôneas, como a que se
encontra rechaçada neste voto:
“Tivemos ocasião de registrar, por várias vezes, e em
distintas fontes, interpretação incorreta do significado da
correção monerária e até decisões errôneas da parte de
algumas empresas.
Entre as dúvidas e críticas, sobressaem as seguintes:

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a) Sobre o saldo da correção monetária como despesa:
• É o saldo da correção monetária efetivamente uma
despesa? Onde foi “gasta” essa despesa?
• Seria mais adequado mostrar o lucro sem computar o
saldo da correção monetária, figurando esta somente
na destinação do lucro?
b) Sobre o saldo da correção monetária como receita:
• Porque o saldo positivo da correção monetária é
computado como receita se não corresponde à entrada
de recursos? Onde se acha aplicada essa receita?
• O saldo positivo da correção monetária distorce os
resultados, levando à apresentação de lucros fictícios.
c) Sobre a correção monetária em geral:
• O processo de correção monetária da Lei das S.A. é
correto? adequado?
• A correção monetária pode transformar uma empresa
altamente rentável numa organização contabilmente
deficitária ou então chegar a indicar lucro numa
empresa parada apenas pela correção de seus bens,
somente por um jogo de contas.
Na mesma obra, o autor esclarece que o fundamento da correção
monetária da Lei das S/A compreende perdas em ativos monetários ou
ganhos em passivos monetários. De uma forma simples e direta,
observa-se que ativos monetários (dinheiro, depósitos bancários, contas
a receber, etc.), componentes de ativos não permanentes, perdem valor
no tempo, com o advento da inflação, resultando inegavelmente em
perda para o patrimônio da empresa. Por outro lado, os passivos
monetários (contas a pagar e outras obrigações) também perdem seu
valor no tempo, com o advento da inflação, resultando em claro ganho
para o patrimônio da empresa.
Ao contrário dos itens monetários do patrimônio, os ativos não
monetários (bens) não perdem seu valor no tempo – com a inflação –
assim não geram nem ganho nem perda efetiva para o patrimônio da
empresa. O Patrimônio Líquido, que é a diferença entre o ativo total e o
passivo monetário reflete justamente o efeito dos ganhos e perdas nos
ativos e passivos monetários. Exemplificativamente, apresentamos os
efeitos da inflação no patrimônio considerando a correção monetária de
moeda em valor constante (ensejando ganhos/perdas em itens
patrimoniais monetários), conforme a figura abaixo:

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patrimônio inicial - em moeda de valor constante -
patrimônio inicial considerando inflação de 50%
ativo passivo ativo passivo
AC 9,00 PC 18,00 AC 6,00 PC 12,00
--------- PL --------- PL
AP 20,00 cap 11,00 AP 20,00 cap 11,00

total 29,00 total 29,00 total 26,00 total 23,00

despesa receita
perda AC 3,00 ganho PC 6,00
saldo credor 3,00
Obs.saldo credor em moeda do fim do período 4,50 *
* Saldo credor em moeda constante = 3,00 (+) 50% de inflação = 4,50 ==> saldo em moeda do final do período

Comparando as perdas e ganhos oriundos de ativos monetários, com o


resultado da correção monetária de balanço determinada pela lei das
S.A., verifica-se que o resultado é o mesmo, conforme tabela a seguir:
patrimônio final - com atualização pela Lei das S/A -
patrimônio inicial considerando inflação de 50%
ativo passivo ativo passivo
AC 9,00 PC 18,00 AC 9,00 PC 18,00
--------- PL --------- PL
AP 20,00 cap 11,00 AP 30,00 cap 16,50

total 29,00 total 29,00 total 39,00 total 34,50

despesa receita
perda PL 5,50 ganho AP 10,00
saldo credor 4,50
Obs.saldo credor em moeda do fim do período 4,50

Esta breve explanação esclarece que o procedimento de correção


monetária de balanço – previsto pela Lei das S/A – é um procedimento
que traz o mesmo resultado da efetiva correção de balanço (que trata
de ganhos e perdas em itens monetários do patrimônio), sendo aquele
de simples realização. Assim, o legislador optou por um procedimento
simples e de resultado semelhante (a pequena diferença que pode vir a
resultar da aplicação dos dois métodos é devida a se considerar os
estoques como itens monetários, na correção monetária de balanço
prevista na Lei das S/A). Neste sentido, citamos Dante Matarazzo na
obra antes referenciada, páginas 82 e 88:
“A diferença de resultados entre esses dois procedimentos
dá-se apenas nos estoques que permanecem na empresa,
no encerramento do balanço.
...

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Esse procedimento conduz a resultados menos exatos em
relação a considerar os estoques como itens não
monetários, porém é extraordinariamente mais simples na
prática.”
“O método de correção da Lei das S.A. conduz ao mesmo
resultado que aquele obtido pelo cálculo de perdas e
ganhos com a inflação sobre os itens monetários e se
acha, portanto, correto, desde que aceitas as
simplificações existentes, como, por exemplo, a não
correção de estoques finais.”
No mesmo sentido, Eliseu Martins se manifestou em seu livro Análise da
correção monetária das demonstrações financeiras, 2a Ed. São Paulo:
Atlas, 1984 p. 57:
“Trocou-se a simplicidade de seu cálculo pela melhor
explanação dos itens componentes do resultado, isto é, ao
invés de uma correção mais detalhada dos ganhos e
perdas dos itens monetários, das receitas e despesas do
período, dos estoques etc; preferiu-se um ajuste único,
num único saldo. A adoção dessa simplicidade está sendo
praticada à custa da não explicação do seu verdadeiro
significado, o que tem provocado polêmicas infindáveis
sobre sua utilidade e até sua validade.”
Por tudo o que foi exposto, conclui-se que a correção monetária do
balanço é um procedimento, anteriormente determinado em lei, que
tem por objetivo apurar o quanto a empresa ganhou ou perdeu com a
inflação, respectivamente, postergando o pagamento de itens
monetários ou demorando para receber itens monetários de seu
patrimônio. Adicionalmente, vê-se que a maneira mais prática para
apuração desse valor é a atualização de seu ativo permanente e de seu
patrimônio líquido (ambos em contrapartida de uma conta de resultado
denominada “correção monetária do balanço”).
Concluindo não faz o menor sentido afirmar que o saldo credor da
correção monetária do balanço não é receita efetivamente auferida
enquanto não for realizado o ativo permanente que foi atualizado e que
ensejou o surgimento de tal saldo. Com efeito, a atualização do ativo
permanente (e também do PL) consiste meramente num método de se
apurar as perdas e ganhos com itens monetários do patrimônio. Não
resta a menor dúvida de que os ganhos e perdas com itens monetários
do patrimônio – por conta da inflação – estão completa e
definitivamente incorporados ao patrimônio imediatamente. Portanto,
trata-se de resultado inequivocamente auferido.
Apenas para fins de ilustração, confirmando a conclusão exposta no
parágrafo anterior, transcrevo um trecho do livro Análise Financeira de
Balanços de Dante Matarazzo, pág. 88:

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“O saldo da correção monetária apurado segundo o
método da Lei das S.A. tem reflexos econômicos e
financeiros, podendo tanto quanto qualquer receita
operacional ser computado para todos os fins, inclusive o
de distribuição de dividendos...”
Cumpre referir que com o advento da Lei 9.259, de 1995, a partir de
01/01/1996, ficou proibido o uso da correção monetária do balanço,
para fins societários ou fiscais, conforme art. 4o abaixo reproduzido:
Art. 4º Fica revogada a correção monetária das
demonstrações financeiras de que tratam a Lei nº 7.799, de
10 de julho de 1989, e o art. 1º da Lei nº 8.200, de 28 de junho de
1991.
Parágrafo único. Fica vedada a utilização de qualquer
sistema de correção monetária de demonstrações
financeiras, inclusive para fins societários.
Por esse motivo, não dedicaremos maiores esforços à apresentação
desse conceito, limitando-nos a estudar os eventuais efeitos, atuais, no
patrimônio, da correção monetária do balanço anteriormente nele
registrada, como é o caso da reserva de correção monetária do capital
social realizado.

5.4.6.2 Reserva de correção monetária do capital social


realizado
Conforme visto no item anterior, o procedimento legalmente
determinado para a correção monetária do balanço incluía a atualização
das contas de patrimônio líquido. Naturalmente, entre as contas de
patrimônio líquido, constavam as contas de “Capital Social Subscrito” e
de “Capital social a realizar”, resultando na conta sintética “Capital
social realizado”. Seguindo o procedimento legalmente determinado,
essas contas deveriam ter seu saldo atualizado pelo índice oficial de
inflação, ocorre que o valor do capital – em nosso sistema jurídico – é
considerado sagrado e sua alteração deve seguir formalidades.
Nesse sentido, citamos a Lei das S/A que, em seu art. 132 determina
que anualmente a assembléia deverá se reunir (em até 4 meses do
término do exercício) para deliberar – entre outros assuntos – a
aprovação da correção da expressão monetária do capital social. A
seguir, para fins de clareza, encontra-se reproduzido o citado artigo:
Art. 132. Anualmente, nos 4 (quatro) primeiros meses
seguintes ao término do exercício social, deverá haver 1
(uma) assembléia-geral para:
I - tomar as contas dos administradores, examinar,
discutir e votar as demonstrações financeiras;
II - deliberar sobre a destinação do lucro líquido do
exercício e a distribuição de dividendos;

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III - eleger os administradores e os membros do conselho
fiscal, quando for o caso;
IV - aprovar a correção da expressão monetária do capital
social (artigo 167).
Em virtude desse dispositivo, o capital, que deveria estar atualizado no
final do período, dependeria de uma formalidade – assembléia, que
poderia se realizar em até quatro meses, para ter ser valor atualizado.
Em vista dessa situação, a conta Capital Social era a única que não
sofria correção monetária diretamente no seu saldo, ou seja, a correção
monetária da conta Capital Social não podia ser lançada diretamente
nela.
Como solução, a correção da conta Capital Social era registrada em uma
conta à parte – do patrimônio líquido – denominada “Reserva de Capital
– correção monetária do capital social realizado”. O valor
correspondente à correção monetária do capital social permanecia
registrado na conta “Reserva de Capital – correção monetária do capital
social realizado” até que, em uma assembléia geral de acionistas, fosse
aprovada a correção da expressão monetária do capital social.
Nesses termos, considerando um Capital social subscrito de R$
10.000,00, sendo ainda o valor de R$ 4.000,00 a realizar, bem como
um índice oficial de inflação de 10%, teríamos a seguinte situação:
Memória de cálculo
Capital social subscrito 10.000,00
(-) Capital a realizar (4.000,00)
(=) Capital social realizado 6.000,00 (x) 10% = 600,00 ==> correção monetária do capital

lançamento:
D = Correção monetária do balanço
C = a Reserva de Capital - Correção monetária do capital realizado 600,00

Após a aprovação da correção da expressão monetária do capital social


realizado, os valores eram repassados diretamente à conta de capital
social, conforme a seguir:
lançamentos:
D = Capital a realizar
C = a Reserva de Capital - Correção monetária do capital realizado 400,00

D = a Reserva de Capital - Correção monetária do capital realizado


C = a Capital Social Subscrito 1.000,00

Situação final
Capital social subscrito 11.000,00
(-) Capital a realizar (4.400,00)
(=) Capital social realizado 6.600,00

A reserva de capital correção monetária do balanço, no raríssimo caso


de, nos últimos dez anos, não ter sido ainda incorporada ao capital,

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deverá figurar no balanço classificada como Reserva de capital, no
patrimônio líquido.

5.5 Reservas de reavaliação


Ao se falar sobre reservas de reavaliação, deve ser feita, de imediato a
ressalva de que o instituto da reavaliação consiste numa exceção ao
princípio fundamental de contabilidade do “Registro pelo valor original”.
Em situações normais, os bens que integram o patrimônio da empresa
devem figurar nesse patrimônio pelo valor transacionado com terceiros
– justamente pela aplicação do princípio contábil em tela. Ocorre que
esta situação pode ensejar uma distorção na apresentação do
patrimônio da empresa – quando ele for comparado com patrimônios de
outras empresas similares. Isso pode ocorrer porque, às vezes, o valor
de mercado dos bens componentes do patrimônio (por questões
conjunturais) pode restar muito diferente daquele a eles atribuído
quando de sua aquisição. Foi justamente para contornar esta distorção
que a lei das S/A criou o instituto da reavaliação.
A reavaliação consiste na possibilidade jurídica de se avaliarem os ativos
de uma entidade por seu valor de mercado, abandonando-se o valor
originalmente registrado, e está prevista no art. 182, conjugado com o
art. 8o da Lei das S/A, ambos a seguir transcritos:
Art. 182. ...
...
§ 3° Serão classificadas como reservas de reavaliação as
contrapartidas de aumentos de valor atribuídos a
elementos do ativo em virtude de novas avaliações com
base em laudo nos termos do artigo 8º, aprovado pela
assembléia-geral.

Art. 8º A avaliação dos bens será feita por 3 (três) peritos


ou por empresa especializada, nomeados em assembléia-
geral dos subscritores, convocada pela imprensa e
presidida por um dos fundadores, instalando-se em
primeira convocação com a presença desubscritores que
representem metade, pelo menos, do capital social, e em
segunda convocação com qualquer número.
§ 1º Os peritos ou a empresa avaliadora deverão
apresentar laudo fundamentado, com a indicação dos
critérios de avaliação e dos elementos de comparação
adotados e instruído com os documentos relativos aos
bens avaliados, e estarão presentes à assembléia que
conhecer do laudo, a fim de prestarem as informações que
lhes forem solicitadas.

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Para que seja possível o perfeito entendimento, de forma didática, dos
conceitos acima apresentados, proponho o acompanhamento de um
caso exemplificativo, abaixo apresentado.
Seja uma companhia com um patrimônio representado por: (1) dinheiro
em caixa, no valor de R$ 10.000,00; (2) um terreno, no valor (original)
de R$ 20.000,00 e (3) capital social subscrito (integralmente realizado),
no valor de R$ 30.000,00. O patrimônio acima descrito encontra-se
representado na figura abaixo:

Ativo Passivo
Caixa 10.000,00

----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 30.000,00
Terrenos 20.000,00 (-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 30.000,00

Considere, ainda, que o terreno acima referido tenha sido adquirido em


1996 (portanto há uma década). Repare que, de 1996 até o presente
momento, não há o que se falar em correção monetária (em vista do
disposto no art. 4o da Lei 9.249, de 1995). Ocorre que, nestes anos, as
condições de mercado podem ter sido alteradas e o valor de mercado do
terreno pode ter sido majorado (por conta do crescimento da cidade, de
obras de urbanização, de instalação de indústria ou comércio na sua
proximidade, etc.). Por exemplo, aceitaremos que o terreno
inicialmente adquirido por R$ 20.000,00 tenha agora um valor de
mercado de R$ 100.000,00.
Na situação acima descrita, a empresa irá ter dificuldades em conseguir
empréstimos bancários ou novos sócios (porque, apesar de possuir um
patrimônio muito maior – a valores de mercado – seus bens estão
apresentados no balanço apenas por R$ 30.000,00).
Assim, é permitido – por lei – que essa companhia reavalie seu terreno,
mediante a apresentação de um laudo de avaliação (realizado por
empresa especializada ou por três peritos) e altere o valor original do
bem (de R$ 20.000,00 para R$ 100.000,00).
Saliente-se que a alteração do valor original do bem (de R$ 20.000,00
para R$ 100.000,00) implica um aumento do patrimônio no valor de R$
80.000,00 (de R$ 30.000,00 para R$ 110.000,00). Esse aumento
patrimonial, normalmente, deveria ser registrado como um a receita.
Porém, no caso, o aumento do patrimônio se deu por um motivo

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especial “Reavaliação de bens do ativo” e, nesse caso, por expressa
permissão da lei, esse aumento é diretamente registrado no patrimônio
líquido (em conta de “Reserva de reavaliação”), sem transitar pelo
resultado.
A partir do que foi acima colocado, propomos uma definição didática de
Reservas de reavaliação: “as reservas de reavaliação consistem em
aumentos do patrimônio, que, via de regra, seriam registrados como
receitas. Mas, que, como o aumento do patrimônio se deu por um
motivo especial – uma nova avaliação de um bem do ativo – ele é
diretamente registrado no patrimônio líquido, como reserva de
reavaliação, não transitando por conta de resultado (como se tivesse ido
para o céu sem passar pelo purgatório)”.
O lançamento relativo à reavaliação seria o seguinte:
D = Terreno
1 - C = a Reserva de reavaliação 80.000,00
Após o lançamento acima, a situação patrimonial da empresa seria
conforme apresentado a seguir:

Ativo Passivo
Caixa 10.000,00

----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 30.000,00
Terrenos 100.000,00 (-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 30.000,00

Reserva de reavaliação 80.000,00

Repare que o aumento do patrimônio não transitou por resultado, sendo


diretamente registrado no patrimônio líquido. Assim, o lucro líquido do
período não foi influenciado, não havendo o que se falar, no momento
da reavaliação, em Imposto de Renda, dividendos ou participações no
resultado.
Ocorre que, se o terreno fosse imediatamente vendido pelo valor de R$
150.000,00, aconteceria uma incoerência:
- se não tivesse ocorrido a reavaliação, o ganho de capital seria
de R$ 130.000,00 (R$ 150.000,00 (-) R$ 20.000,00) e
- uma vez ocorrida a reavaliação, o ganho de capital é de apenas
R$ 50.000,00 (R$ 150.000,00 (-) R$ 100.000,00).
Frise-se que um maior ganho de capital gera maior lucro e,
conseqüentemente, maior base de cálculo do Imposto de Renda, de
dividendos e de participações no resultado. Seria uma grande injustiça

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cobrar mais imposto (sem falar das diferenças de base de cálculo de
dividendos e de participações no resultado) de uma empresa somente
por não ter realizado a reavaliação de um ativo de seu patrimônio.
Para ilustrar a incoerência acima apontada, apresentamos, a seguir, o
quadro comparativo das duas situações:
a) venda do terreno sem a reavaliação
- partindo da situação inicial

Ativo Passivo
Caixa 10.000,00

----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 30.000,00
Terrenos 20.000,00 (-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 30.000,00

- registrando o lançamento da venda do terreno


D = caixa
1 - C = a Receitas não operacionais 150.000,00
D = Despesas não operacionais
2 - C = a Terreno 20.000,00
- apresentando a situação final

Ativo Passivo
Caixa 160.000,00

----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 30.000,00
Terrenos - (-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 30.000,00

Despesas Receitas
despesas não operacionais 20.000,00 Receitas não operacionais 150.000,00

b) venda do terreno após a reavaliação


- partindo da situação inicial

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Ativo Passivo
Caixa 10.000,00

----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 30.000,00
Terrenos 100.000,00 (-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 30.000,00

Reserva de reavaliação 80.000,00

- registrando o lançamento da venda do terreno


D = caixa
1 - C = a Receitas não operacionais 150.000,00
D = Despesas não operacionais
2 - C = a Terreno 100.000,00
- apresentando a situação final

Ativo Passivo
Caixa 160.000,00

----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 30.000,00
Terrenos - (-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 30.000,00

Reservas de reavaliação 80.000,00

Despesas Receitas
despesas não operacionais 100.000,00 Receitas não operacionais 150.000,00

Repare que, caso a incoerência acima apontada e exemplificativamente


apresentada, ocorresse, haveria uma injustiça e, conseqüentemente,
uma corrida dos contribuintes para realizar reavaliações de seus bens –
com o intuito de reduzir o ganho de capital na sua realização e, assim,
reduzir o lucro e o montante de Imposto de Renda a recolher. Por
certo, a legislação não permite que isso ocorra.
Ainda que não houvesse qualquer dispositivo legal atinente ao caso, a
simples observação da situação patrimonial acima (situação final do
exemplo (b) – venda do terreno após a reavaliação), já apontaria um
problema que, do ponto de vista patrimonial, necessita ser solucionado.
Repare que não há qualquer valor registrado a título de “Terrenos”, mas
há um valor de R$ 80.000,00 registrado a título de “Reservas de
reavaliação”. Esse valor, justamente, refere-se à reavaliação do terreno
que já não mais existe no patrimônio.

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Ora, a reserva de reavaliação é um acessório do bem reavaliado e,
como o acessório sempre segue o principal, se o terreno foi realizado
(em nosso exemplo, na sua totalidade – por alienação), o acessório
também deve ser realizado (na sua totalidade).
Assim, no caso (b) venda do terreno após a reavaliação, faz-se
necessário um ajuste – realização da reserva de reavaliação. Esse
ajuste é realizado através do seguinte lançamento.
D = Reservas de reavaliação
3 - C = a Lucro ou Prejuízos acumulados (LPA) 80.000,00
Assim, a situação patrimonial final – após o ajuste de realização da
reserva de reavaliação, acima apresentado – encontra-se representada
graficamente a seguir:

Ativo Passivo
Caixa 160.000,00

----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 30.000,00
Terrenos - (-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 30.000,00

Reservas de reavaliação -
LPA 80.000,00

Despesas Receitas
despesas não operacionais 100.000,00 Receitas não operacionais 150.000,00

Repare que, logo após o fechamento do exercício35, o lucro líquido


auferido, que deverá ser levado à conta LPA, será de R$ 50.000,00.
Esse valor, somado ao valor de R$ 80.000,00 já nela registrado, resulta
num saldo de R$ 130.000,00 (que é EXATAMENTE igual ao valor de R$
130.000,00 inicialmente apurado a título de ganho de capital – no caso
(a) venda do terreno sem a reavaliação).
A legislação determina que esse valor de R$ 80.000,00, levado à conta
LPA, possa ser considerado tanto na base de cálculo dos dividendos (e
participações), bem como obriga sua tributação. Nesse sentido,
apresentamos o art. 187 da Lei das S/A:
Art. 187. ...
...
§ 2º O aumento do valor de elementos do ativo em virtude
de novas avaliações, registrados como reserva de

35
Conceito tratado na aula em que são apresentados os lançamentos de fechamento
do exercício, cuja leitura é recomendada.

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reavaliação (artigo 182, § 3º), somente depois de
realizado poderá ser computado como lucro para efeito de
distribuição de dividendos ou participações.
No mesmo sentido, apresentamos o art. 4o da lei 9.959, de 2000, que
trata da tributação da reserva de reavaliação:
Art. 4º- A contrapartida da reavaliação de quaisquer bens
da pessoa jurídica somente poderá ser computada em
conta de resultado ou na determinação do lucro real e da
base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido
quando ocorrer a efetiva realização do bem reavaliado.
Resumindo, a reavaliação é um instituto que tem por objetivo a
apresentação de bens integrantes do patrimônio a valores de mercado,
não sendo um instituto utilizável para a redução ou postergação de
qualquer tributo.

5.6 Reservas de lucros


Continuando o estudo do Patrimônio Líquido, vistos o Capital, as
Reservas de capital e as Reservas de reavaliação, cabe a apresentação
de mais um de seus subgrupos componentes: As Reservas de Lucros.
Já foi esclarecido que a razão da existência de cada um dos grupos em
que se divide o Patrimônio Líquido é o fato de que há muitos motivos
que ensejam a existência da diferença entre bens/direitos e obrigações.
Pois bem, já sabemos que: (1) o capital consiste na contribuição dos
sócios na formação da empresa; (2) as reservas de capital são
“Pedágios para entrar na festa” – entregues à empresa; (2) as reservas
de reavaliação, as contrapartidas de “aumentos do ativo – por novas
avaliações”. Resta saber o motivo que enseja a existência das reservas
de lucro.
As Reservas de lucro consistem em valores:
- de lucro já auferido pela empresa (e que, conseqüentemente,
poderiam ter sido entregues aos acionistas – na forma de
dividendos a pagar);
- mas que não foram entregues aos acionistas e, assim, ficaram:
1) guardados no patrimônio da empresa (na forma de bens
ou direitos ou, ainda, na forma de uma obrigação a
menos) – portanto aumentando o patrimônio;
2) para serem utilizados em uma situação bem específica –
caracterizada pela natureza de cada espécie de reserva
de lucro (a ser estudada neste item).

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De uma forma didática, podemos dizer que as reservas de lucro são
lucros auferidos pela companhia que ela não entrega aos acionistas,
mas que “guarda para um dia de chuva”.
Com o intuito de contextualizar o conceito acima proposto, vamos
relembrar o funcionamento do sistema de informações contábil – no
tempo:
a) durante o exercício, ocorrem fatos contábeis que podem
alterar o tamanho do patrimônio, ensejando o registro de
receitas e despesas, em contas de resultado;
b) ao final do exercício, as contas de resultado são zeradas
(procedimento de fechamento de exercício) e seu saldo é
transferido para o Patrimônio Líquido – conta LPA;
c) a conta LPA é a “porta de entrada do lucro no PL”,
portanto, da conta LPA o lucro tem três possíveis
destinações:
a. os sócios – na forma de dividendos a distribuir;
b. o capital – no reinvestimento do valor – em tese –
destinável aos sócios, na formação (aumento) do
patrimônio da empresa;
c. as reservas de lucro – na manutenção do valor dentro do
patrimônio da empresa, para uma destinação
determinada.
Esquematicamente, as reservas de lucro são resultantes da destinação
do LPA, conforme figura abaixo:

Ativo Passivo

OBRIGAÇÕES

BENS E DIREITOS ----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital
2

Reservas de lucro z

LPA 0 ==> z ==> 0

Despesas Receitas
Despesas x Receitas y

....... 1
LL = y (-) x = z

Legenda
(1) - Fechamento do Exercício
(2) - Constituição da Reserva Legal

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A partir do desenho acima, depreende-se claramente que o lançamento
de constituição de uma (qualquer uma) reserva de lucro será o
seguinte:
D = Lucros ou Prejuízos acumulados - LPA
2 - C = a Reservas de lucro z
Por via de conseqüência, o lançamento da reversão de uma reserva de
lucro (qualquer uma) será o seguinte:
D = Reservas de lucro
C = a Lucros ou Prejuízos acumulados - LPA z
As reservas de lucro não podem ser constituídas a esmo. Devem ser
respeitados limites e formalidades necessárias a sua constituição (que
diferem de acordo com a reserva de lucro em específico). Entretanto,
há um limite geral – para constituição de reservas de lucro – previsto no
art. 199 da Lei das S/A, a seguir:
Art. 199. O saldo das reservas de lucros, exceto as para
contingências e de lucros a realizar, não poderá
ultrapassar o capital social; atingido esse limite, a
assembléia deliberará sobre a aplicação do excesso na
integralização ou no aumento do capital social, ou na
distribuição de dividendos.
Pelo dispositivo acima, depreende-se que o somatório do saldo das
reservas de lucro (1) legal, (2) estatutárias, (3) de retenção de lucros e
(4) especial, deve ser menor ou igual ao saldo do Capital social, não
podendo ultrapassá-lo.
Vistos o conceito e o funcionamento básico das reservas de lucro,
passaremos ao estudo de cada uma das reservas de lucro previstas na
Lei das S/A: (1) Reserva legal; (2) Reservas para contingências; (3)
Reserva de lucros a realizar; (4) Reservas estatutárias; (5) Reserva de
retenção de Lucros e (6) Reserva especial para dividendos obrigatórios
não distribuídos.

5.6.1 Reserva legal


A reserva legal é uma das mais importantes reservas de lucro, sendo
não somente prevista sua constituição na Lei das S/A, mas também sua
apuração e utilização.

5.6.1.1 Previsão da Reserva legal na Lei das S/A


A reserva legal está prevista no art. 193 da Lei das S/A, conforme a
seguir:
Reserva Legal
Art. 193. Do lucro líquido do exercício, 5% (cinco por
cento) serão aplicados, antes de qualquer outra

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destinação, na constituição da reserva legal, que não
excederá de 20% (vinte por cento) do capital social.
§ 1º A companhia poderá deixar de constituir a reserva
legal no exercício em que o saldo dessa reserva, acrescido
do montante das reservas de capital de que trata o § 1º do
artigo 182, exceder de 30% (trinta por cento) do capital
social.
§ 2º A reserva legal tem por fim assegurar a integridade
do capital social e somente poderá ser utilizada para
compensar prejuízos ou aumentar o capital.
Pelo texto acima, depreende-se que, a cada exercício, 5% do lucro
líquido de cada exercício deve ser utilizado para constituição dessa
reserva, acumulando-se esses valores no tempo, até que sejam
alcançados os limites previstos.

5.6.1.2 Conceito e finalidade da Reserva legal


A reserva legal tem por finalidade assegurar a integridade do capital
social, portanto essa reserva deve ser utilizada única e exclusivamente
para compensar prejuízos ou para aumentar capital.
De uma forma didática, podemos entender a função da reserva legal
como a função de uma “caixa de brita” em um circuito de fórmula 1.
A função da “caixa de brita” é a de proteger o carro, se o piloto – por
acaso – tiver algum contratempo e, porventura, derrapar da pista36. Da
mesma forma, a função da “Reserva legal” é a de proteger capital, se a
empresa – por acaso – tiver algum contratempo e, porventura, incorrer
em prejuízos.
Ora, os prejuízos do exercício serão obrigatoriamente absorvidos pela
reserva legal, conforme determina o parágrafo único do art. 189 da Lei
das S/A:
Art. 189. ...
Parágrafo único. o prejuízo do exercício será
obrigatoriamente absorvido pelos lucros acumulados, pelas
reservas de lucros e pela reserva legal, nessa ordem.
Assim, o capital – ou seja, o valor que os sócios concordaram em retirar
de seu próprio patrimônio para formação do patrimônio da empresa –
não será reduzido pelo prejuízo, enquanto houver uma reserva legal
para absorvê-lo.

36
Lembrando que, caso na curva de Tamburello houvesse uma “caixa de brita”, ao
invés da parede de concreto ali existente, provavelmente teria sido amortecido o
impacto do carro de Aírton Senna naquele acidente fatal de 1994.

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A seguir, para ilustrar a afirmação acima, apresentaremos dois
exemplos comparativos de prejuízos: (1) o primeiro em uma companhia
que não tem formada a reserva legal e (2) o segundo em outra, com
reserva legal constituída.
(1) Efeito do prejuízo em uma companhia sem reserva legal constituída.
- situação inicial – companhia com capital de R$ 30.000,00

Ativo Passivo
Caixa 30.000,00

----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 30.000,00
(-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 30.000,00

Despesas Receitas

- prejuízos – no valor de (R$ 1.000,00)

Ativo Passivo
Caixa 29.000,00

----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 30.000,00
(-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 30.000,00

Despesas Receitas
Despesas 1.000,00

- situação final – patrimônio líquido de R$ 29.000,00

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Ativo Passivo
Caixa 29.000,00

----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 30.000,00
(-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 30.000,00

LPA (1.000,00)

Despesas Receitas

Repare que, nessa situação, a ocorrência de um prejuízo de (R$


1.000,00) teve por conseqüência a redução do Patrimônio Líquido da
companhia para um valor inferior ao do capital inicial. Como resultado,
a companhia ficou com um patrimônio inferior àquele que os sócios
haviam inicialmente investido, na formação do patrimônio da empresa.
(2) Efeito do prejuízo em uma companhia com reserva legal constituída.
- situação inicial – companhia com capital de R$ 30.000,00 e Reserva
legal de R$ 6.000.

Ativo Passivo
Caixa 36.000,00

----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 30.000,00
(-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 30.000,00

Reserva legal 6.000,00

Despesas Receitas

- prejuízos – no valor de (R$ 1.000,00)

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Ativo Passivo
Caixa 35.000,00

----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 30.000,00
(-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 30.000,00

Reserva legal 6.000,00

Despesas Receitas
Despesas 1.000,00

- situação final – patrimônio líquido de R$ 35.000,00

Ativo Passivo
Caixa 35.000,00

----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 30.000,00
(-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 30.000,00

Reserva legal 6.000,00


LPA (1.000,00)

Despesas Receitas

Repare que, nessa situação, a ocorrência de um prejuízo de (R$


1.000,00) teve por conseqüência a redução do Patrimônio Líquido da
companhia, mas seu valor permaneceu superior ao do valor do capital
inicial. Como resultado, a companhia não ficou com um patrimônio
inferior àquele que os sócios haviam inicialmente investido, na formação
do patrimônio da empresa.

5.6.1.3 Cálculo e limites da Reserva legal

5.6.1.3.1 Considerações iniciais


Foi visto que, nos termos do art. 193 da Lei das S/A, a Reserva legal
deve ser formada pela apropriação de 5% do lucro líquido do exercício
antes de qualquer outra destinação, até o limite de 20% do capital
social. Aqui surge uma primeira dúvida: quando a Lei das S/A utiliza o

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termo “capital social”, ela estaria se referindo ao capital social subscrito
ou ao capital social realizado?
A doutrina contábil majoritária entende que se trata do capital social
realizado (opinião com a qual concordamos e que tem sido aquela
esposada pela ESAF na maioria de suas questões de concurso37.
Entretanto, cabe colocar que há autores que defendem que o limite de
20% se refere ao capital social total (capital subscrito).
Uma segunda questão, atualmente sem maior importância (mas que até
alguns anos atrás era de especial relevância), é aquela referente à
Reserva de Capital de correção monetária do capital social realizado.
Segundo a doutrina contábil majoritária, também, enquanto houvesse
essa reserva registrada (ou seja, não capitalizada), ela deveria ser
somada ao capital social para cálculo do limite da reserva legal a que se
refere o art. 193.
Esse entendimento decorria do fato de que a não-inclusão da reserva de
correção monetária distorceria o efetivo valor do capital social realizado,
em razão dos efeitos da inflação. Assim, no caso de registro – ainda –
da reserva de correção monetária do capital social realizado, ela deve
ser considerada parte do próprio capital social realizado, para fins de
cálculo do limite da reserva legal.
Uma terceira, e importante, questão é aquela referida no § 1o do art.
193, que dispõe sobre o limite facultativo dessa reserva, nos seguintes
termos:
§ 1º A companhia poderá deixar de constituir a reserva
legal no exercício em que o saldo dessa reserva, acrescido
do montante das reservas de capital de que trata o § 1º do
artigo 182, exceder de 30% (trinta por cento) do capital
social.
Nessa situação, enquanto o valor da Reserva Legal (que vai se
acumulando a cada exercício) não alcançar o montante de 20% do
capital social realizado, pode haver um momento em que (mesmo esse
limite não alcançado), a companhia possa (caso assim deseje) deixar de
constituir (parar de acumular) essa reserva. Isso ocorrerá no momento
em que o valor (acumulado) da reserva legal, somado ao valor das

37
De todas as questões de concurso elaboradas pela ESAF que já tivemos
oportunidade de resolver e comentar, apenas em uma questão o disposto no art. 193
da Lei das S/A foi interpretado como sendo o capital social subscrito – em todas as
demais, utilizou-se o capital social realizado. Nesse sentido, recomendamos a leitura
(após o estudo deste curso) do livro “Contabilidade: Resoluções e comentários de
Questões da ESAF”, do mesmo autor, em que os conceitos aqui apresentados são
utilizados, de forma prática, na solução de questões de concurso.

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reservas de capital (exceto a eventual reserva de correção monetária do
capital), chegar a 30% do capital social realizado.
Esses limites, apresentados a partir da fria letra da Lei das S/A podem
não ser de entendimento imediato por parte do neófito. Portanto, em
nosso curso é proposta, com objetivos didáticos, uma abordagem
diferenciada (bem humorada, de fácil entendimento e de rigorosa
aderência à Lei das S/A), a seguir.

5.6.1.3.2 Apresentação didática do cálculo do valor da


Reserva legal – e seus limites
Imagine uma esposa que pede a seu marido que troque uma telha – no
telhado de casa. Esse marido (geralmente a contra-gosto) vai pegar
uma escada, e posicioná-la abaixo do alçapão do sótão da casa (caso
haja sótão na casa), que fica instalado na laje para:
a) a cada momento, dar um passo (subindo um degrau);
b) até chegar no teto (que é o telhado);
c) passando pelo sub-teto (que é laje da edificação, onde está
instalado o alçapão de entrada no sótão).
Imaginem que nessa situação, o marido (sem pressa) irá dar um passo
de cada vez (subindo aos poucos a escada). Da mesma forma, a
Reserva legal é constituída (sem pressa), com 5% do lucro líquido a
cada exercício (acumulando aos poucos seu valor). Nesse sentido,
reproduzimos (em parte) o caput do art. 193 da Lei das S/A, em tela:
Do lucro líquido do exercício, 5% (cinco por cento) serão
aplicados, antes de qualquer outra destinação, na
constituição da reserva legal
Dando um passo após o outro, o marido vai subindo a escada até chegar
no teto (que é o telhado) e, quando chega lá, não pode mais dar
nenhum passo (não pode subir mais). Da mesma forma, a Reserva
legal vai sendo constituída com 5% do lucro exercício após exercício, até
chegar ao montante de 20% do capital social realizado e, quando
alcança esse valor, não pode mais ser constituída (não pode aumentar
de valor). Nesse sentido, reproduzimos (em parte) o caput do art. 193
da Lei das S/A, em tela:
constituição da reserva legal, que não excederá de 20%
(vinte por cento) do capital social.
Ocorre que, quando o marido alcança alçapão do sótão (ultrapassa a
altura da laje da casa – subteto) a esposa não mais o vê e, assim, não
pode mais ficar obrigando-o a dar mais passos; dessa forma, a partir da
laje, o marido somente dará mais passos se quiser (facultativamente) –
até o teto (telhado). Da mesma forma, quando a Reserva legal, somada

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às reservas de capital alcança o valor de 30% do capital social, a
companhia não mais é obrigada a continuar destinando valores à
Reserva legal, fazendo isso somente se quiser (facultativamente) – até
que o valor da Reserva legal alcance o teto (20% do capital social).
Para resolução de problemas, propomos a seguinte fórmula
simplificadora:
Passo (=) 5% (*) Lucro Líquido
Reserva legal (anteriormente
Teto (=) 20% (*) capital social (-) constituída)
Reserva legal (anteriormente Reservas de capital (exceto correção
Sub-teto (=) 30% (*) capital social (-) constituída) (-) monetária do capital)

Para a maioria dos autores, capital social significa "Capital social realizado, somado à Reserva de Correção monetária do capital".

Uma última observação. Pode ocorrer do valor do teto ser inferior ao


valor do sub-teto. Notadamente, isso ocorre quando não há reservas de
capital constituídas na companhia; pois, por óbvio, o valor de 30% do
Capital social é superior ao de 20% do Capital social. Esse é o caso em
que a laje está construída acima do telhado e, nesse caso, a laje não
tem utilidade alguma, portanto, basta ignorá-la. Da mesma forma,
nesse caso, basta ignorar o sub-teto.
Colocada a regra de cálculo da Reserva legal, tanto da maneira
tradicional quando de nossa maneira didática, vamos contextualizá-la
com a apresentação de alguns exemplos numéricos.

5.6.1.4 Exemplos de constituição de Reserva legal

5.6.1.4.1 Antes de alcançar os limites facultativo (sub-teto)


e obrigatório (teto)
Seja uma companhia que apresente um patrimônio líquido conforme
abaixo.
a) Capital = R$ 2.000,00
b) Reservas de capital = R$ 230,00
c) Reserva legal (anteriormente constituída) = R$ 25,00
Considere que essa companhia tenha auferido um lucro de R$ 300,00
Nesse caso, vamos apurar o valor da reserva legal a partir do cálculo
dos valores do passo, do teto e do sub-teto, conforme a seguir:

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Passo (=) 5% (*) Lucro Líquido
5% (*) 300,00 (=) 15,00
Reserva legal (anteriormente
Teto (=) 20% (*) capital social (-) constituída)
20% (*) 2.000,00 (-) 25,00 (=) 375,00
Reserva legal (anteriormente Reservas de capital (exceto
Sub-teto (=) 30% (*) capital social (-) constituída) (-) correção monetária do capital)
30% (*) 2.000,00 (-) 25,00 (-) 230,00 (=) 345,00

Nessa situação o passo é inferior ao teto e ao sub-teto, portanto,


obrigatoriamente o passo deve ser dado. Assim, a Reserva legal a ser
constituída no período deverá ser de R$ 15,00.

5.6.1.4.2 Após alcançar o limite facultativo (sub-teto) e


antes de alcançar o limite obrigatório (teto)
Seja uma companhia que apresente um patrimônio líquido conforme
abaixo.
a) Capital = R$ 2.000,00
b) Reservas de capital = R$ 230,00
c) Reserva legal (anteriormente constituída) = R$ 360,00
Considere que essa companhia tenha auferido um lucro de R$ 300,00
Nesse caso, vamos apurar o valor da reserva legal a partir do cálculo
dos valores do passo, do teto e do sub-teto, conforme a seguir:

Passo (=) 5% (*) Lucro Líquido


5% (*) 300,00 (=) 15,00
Reserva legal (anteriormente
Teto (=) 20% (*) capital social (-) constituída)
20% (*) 2.000,00 (-) 360,00 (=) 40,00
Reserva legal (anteriormente Reservas de capital (exceto
Sub-teto (=) 30% (*) capital social (-) constituída) (-) correção monetária do capital)
30% (*) 2.000,00 (-) 360,00 (-) 230,00 (=) 10,00

Repare que:
a) Nessa situação, o passo é de R$ 15,00 (a perna é
comprida o suficiente para dar um passo de R$ 15,00).
b) Ainda, o teto somente seria alcançado se o passo fosse de,
no mínimo, R$ 40,00 (a perna, portanto, não é comprida o
suficiente para – em um só passo – alcançar o teto).
c) O sub-teto é alcançado com um passo de apenas R$ 10,00
(portanto, a perna é comprida o suficiente para – em um
passo de R$ 15,00 – alcançar e passar do sub-teto).

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Nessa situação, o passo, potencialmente de R$ 15,00 não necessitará
ser dado obrigatoriamente nesse tamanho, pois com R$ 10,00 já estará
alcançado o sub-teto e, nesse caso, o restante do passo, no valor de R$
5,00, poderá ou não (facultativamente) ser dado.
Relembrando: (1) o passo é obrigatório até o sub-teto, (2) do sub-teto
ao teto ele é facultativo e (3) acima do teto ele é proibido.
Portanto, no caso necessariamente será dado um passo de no mínimo
R$ 10,00 e no máximo R$ 15,00, podendo ser dado um passo em
qualquer valor compreendido entre R$ 10,00 e R$ 15,00. Em outras
palavras, a Reserva legal deverá ser obrigatoriamente constituída em
um valor de, no mínimo R$ 10,00 e no máximo R$ 15,00, podendo ser
constituída em qualquer valor compreendido entre R$ 10,00 e R$ 15,00.

5.6.1.4.3 Alcançando o limite obrigatório (teto)


Seja uma companhia que apresente um patrimônio líquido conforme
abaixo.
a) Capital = R$ 2.000,00
b) Reservas de capital = R$ 202,00
c) Reserva legal (anteriormente constituída) = R$ 388,00
Considere que essa companhia tenha auferido um lucro de R$ 300,00
Nesse caso, vamos apurar o valor da reserva legal a partir do cálculo
dos valores do passo, do teto e do sub-teto, conforme a seguir:

Passo (=) 5% (*) Lucro Líquido


5% (*) 300,00 (=) 15,00
Reserva legal (anteriormente
Teto (=) 20% (*) capital social (-) constituída)
20% (*) 2.000,00 (-) 388,00 (=) 12,00
Reserva legal (anteriormente Reservas de capital (exceto
Sub-teto (=) 30% (*) capital social (-) constituída) (-) correção monetária do capital)
30% (*) 2.000,00 (-) 388,00 (-) 202,00 (=) 10,00

Repare que:
a) Nessa situação, o passo é de R$ 15,00 (a perna é
comprida o suficiente para dar um passo de R$ 15,00).
b) Ainda, o teto já seria alcançado com um passo fosse de
apenas R$ 12,00 (a perna, portanto, é comprida o
suficiente para – em um só passo – alcançar o teto e
ultrapassá-lo).
c) O sub-teto é alcançado com um passo de apenas R$ 10,00
(portanto, a perna é comprida o suficiente para – em um
só passo – alcançar e passar também do sub-teto).

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Nessa situação, o passo, potencialmente de R$ 15,00:
- não poderá ser dado em valor que ultrapasse R$ 12,00 (pois do
teto não se pode passar);
- não necessitará ser dado obrigatoriamente nesse tamanho, pois
com R$ 10,00 já estará alcançado o sub-teto e, nesse caso, o
restante permitido do passo, no valor de R$ 2,00, poderá ou
não (facultativamente) ser dado;
- finalmente, o passo acima dos R$ 12,00 – até os R$ 15,00, que
potencialmente poderia ser dado – é proibido.
Relembrando: (1) o passo é obrigatório até o sub-teto, (2) do sub-teto
ao teto ele é facultativo e (3) acima do teto ele é proibido.
Portanto, no caso, necessariamente será dado um passo de no mínimo
R$ 10,00 e no máximo R$ 12,00, podendo ser dado um passo em
qualquer valor compreendido entre R$ 10,00 e R$ 12,00, sendo proibido
o passo em valor compreendido entre R$ 12,00 e R$ 15,00. Em outras
palavras, a Reserva legal deverá ser obrigatoriamente constituída em
um valor de, no mínimo R$ 10,00 e no máximo R$ 12,00, podendo ser
constituída em qualquer valor compreendido entre R$ 10,00 e R$ 12,00
e sendo proibida sua constituição em valor compreendido entre R$
12,00 e R$ 15,00.

5.6.1.4.4 No caso de limite facultativo (sub-teto) superior


ao limite obrigatório (teto)
Seja uma companhia que apresente um patrimônio líquido conforme
abaixo.
a) Capital = R$ 2.000,00
b) Reservas de capital = R$ 182,00
c) Reserva legal (anteriormente constituída) = R$ 388,00
Considere que essa companhia tenha auferido um lucro de R$ 300,00
Nesse caso, vamos apurar o valor da reserva legal a partir do cálculo
dos valores do passo, do teto e do sub-teto, conforme a seguir:

Passo (=) 5% (*) Lucro Líquido


5% (*) 300,00 (=) 15,00
Reserva legal (anteriormente
Teto (=) 20% (*) capital social (-) constituída)
20% (*) 2.000,00 (-) 388,00 (=) 12,00
Reserva legal (anteriormente Reservas de capital (exceto
Sub-teto (=) 30% (*) capital social (-) constituída) (-) correção monetária do capital)
30% (*) 2.000,00 (-) 388,00 (-) 182,00 (=) 30,00

Repare que:

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a) Nessa situação, o passo é de R$ 15,00 (a perna é
comprida o suficiente para dar um passo de R$ 15,00).
b) Ainda, o teto já seria alcançado com um passo fosse de
apenas R$ 12,00 (a perna, portanto, é comprida o
suficiente para – em um só passo – alcançar o teto e
ultrapassá-lo).
c) O sub-teto está acima do teto, somente sendo alcançado
com um passo de R$ 30,00 (nessa situação, o sub-teto
não tem utilidade – assim como uma laje colocada acima
do telhado – e, portanto, deve ser simplesmente
desconsiderado).
Nessa situação, o passo, potencialmente de R$ 15,00:
- não poderá ser dado em valor que ultrapasse R$ 12,00 (pois do
teto não se pode passar);
- não necessitará ser feita qualquer consideração acerca do sub-
teto (a casa funcionará como uma casa que não tenha laje e,
assim, a esposa consegue enxergar o marido e obrigá-lo a subir
a escada até alcançar o telhado – teto);
- portanto, o passo acima dos R$ 12,00 – até os R$ 15,00, que
potencialmente poderia ser dado – é proibido.
Relembrando: (1) o passo é obrigatório até o sub-teto, (2) do sub-teto
ao teto ele é facultativo e (3) acima do teto ele é proibido. Porém,
como, no caso, o sub-teto é superior ao teto, ele não tem qualquer
função e, portanto: (1) o passo é obrigatório até o teto e (2) o passo é
proibido acima do teto.
Assim, no caso, necessariamente será dado um passo de no mínimo R$
12,00 e no máximo R$ 12,00, não podendo ser dado um passo em
qualquer valor inferior ou superior. Em outras palavras, a Reserva legal
deverá ser obrigatoriamente constituída em um valor de, no mínimo R$
12,00 e no máximo R$ 12,00, não podendo ser constituída em qualquer
valor inferior ou superior.

5.6.1.5 Conclusão e apresentação esquemática do


funcionamento da Reserva legal
Pelos conceitos acima apresentados, conclui-se que a Reserva legal é
uma destinação do lucro líquido do exercício (nos limites determinados
pela lei), para proteção do capital social. O funcionamento esquemático
da conta “Reserva legal” encontra-se apresentado na figura a seguir:

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Modelo de funcionamento de contas contábeis

Reserva Legal
Débitos Créditos
de natureza credora si
na destinação do lucro líquido do período, para sua formação 1
(com contrapartida na conta LPA)
2 na capitalização da reserva
(com contrapartida em Capital Social Subscrito)
3 na absorção de prejuízos
(com contrapartida na conta LPA)
de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

5.6.2 Reservas para contingências

5.6.2.1 Previsão legal e finalidade


As Reservas para contingências têm por finalidade a manutenção de
recursos no patrimônio, com o objetivo de compensar uma, eventual, a
diminuição do lucro, em exercícios futuros, decorrente de uma perda
julgada provável e cujo valor possa ser estimado. A assembléia geral de
acionistas pode, portanto, por proposta dos órgãos de administração,
destinar uma parcela do lucro para a formação dessa reserva, conforme
previsto no art. 195 da Lei das S/A, abaixo:
Art. 195. A assembléia-geral poderá, por proposta dos
órgãos da administração, destinar parte do lucro líquido à
formação de reserva com a finalidade de compensar, em
exercício futuro, a diminuição do lucro decorrente de perda
julgada provável, cujo valor possa ser estimado.
§ 1º A proposta dos órgãos da administração deverá
indicar a causa da perda prevista e justificar, com as
razões de prudência que a recomendem, a constituição da
reserva.
§ 2º A reserva será revertida no exercício em que
deixarem de existir as razões que justificaram a sua
constituição ou em que ocorrer a perda.

5.6.2.2 Reservas para contingências x Provisões


Uma questão de grande relevância é a separação, com a correta
diferenciação, dos conceitos de Reservas de contingência e de provisões.
Trata-se de uma confusão muito recorrente, por parte daqueles que

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estão tendo o primeiro contato com a Contabilidade e, em especial,
aqueles que não tiveram claro o conceito de provisão.
Em que pese o fato das provisões e das reservas de reavaliação serem
contas patrimoniais de natureza credora, elas não se confundem pelo
simples motivo de que o fato que implica sua existência tem ocorrência
em momentos distintos no tempo:
a) a provisão consiste em um ônus ou na obrigação de
suportar uma perda já ocorrida, mas sobre a qual
paira alguma incerteza quanto ao exato valor e ao
momento em que ela vai se confirmar;
b) a reserva de contingência se refere a uma eventual
perda, que pode – ou não – ocorrer em momento
futuro.
A ocorrência de uma provisão reduz o lucro líquido do exercício (pelo
registro de despesa com constituição da provisão). Ao contrário a
constituição da reserva não influi no lucro do exercício, mas tão
somente equaliza o valor dos dividendos a distribuir no período
(reduzindo-o) e, conseqüentemente, mantendo mais recursos no
patrimônio da companhia.
Diante de uma incerteza, quanto a acontecimentos futuros, a
companhia, portanto, retém uma parcela de seus lucros para,
alternativamente:
a) utilizar esses valores para fazer frente aos acontecimentos
futuros sem ter que recorrer a financiamentos; ou
b) no caso dos acontecimentos futuros não se confirmarem,
distribuir os resultados (então retidos) no futuro – no
momento em que esses acontecimentos não forem mais
uma ameaça.
As Reservas para contingências apresentam, como características: (1) a
retenção de um valor no patrimônio que, normalmente, seria distribuído
como dividendos; (2) o fato desse valor estar relacionado a uma perda
futura – com base na experiência de situações semelhantes no passado;
(3) esse fato envolver uma incerteza quanto a seu acontecimento e ao
valor da perda – mas a possibilidade de sua estimativa.

5.6.2.3 Constituição e reversão das Reservas para


contingências
Diferentemente do que ocorre com a reserva legal – que possui uma
regra específica de quantificação, as Reservas para contingências
deverão ser calculadas, aprovadas e constituídas caso a caso. Assim, os
órgãos de administração deverão propor sua constituição, indicando a

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causa da perda prevista, a justificação dos motivos de ocorrência da
perda e a previsão de seu provável valor.
Exemplificativamente, podem ser constituídas reservas de provisão nas
seguintes situações:
- desastres naturais, como, enchentes, secas, geadas, etc.;
- problemas de posicionamento no mercado, como, obsolescência
de estoques (situação comum em empresas que trabalham com
tecnologia em constante desenvolvimento – como é o caso das
empresas de informática);
- problemas de intervenção do governo na regulação da
economia, como, aumento ou redução de alíquotas de
importação de produtos que a empresa importe ou fabrique;
- problemas trabalhistas, como por exemplo, paralização por
longo período das atividades da companhia em virtude de
greves de trabalhadores.
A reserva será revertida no exercício em que deixarem de existir as
razões que justificaram sua constituição ou em que ocorrer a perda.

5.6.2.4 Exemplos
Para ilustrar os conceitos apresentados, encontram-se dois exemplos,
relativos à constituição e reversão de Reservas para contingências: (1)
com a ocorrência da contingência e (2) com o desaparecimento do risco
da contingência.
(1) constituição e reversão de Reservas para contingência, com a
ocorrência da contingência.
- situação inicial, 31/12/2004, companhia que apresentou lucro de R$
1.000,00, porém teme uma contingência (enchente que inunde o
estabelecimento onde mantém seu estoque de tamancos) avaliada em
R$ 1.000,00.

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Ativo Passivo
Caixa 21.000,00

estoques 10.000,00 ----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 30.000,00
(-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 30.000,00

Despesas Receitas
Receitas 1.000,00

- fechamento do exercício
D = Apuração do resultado do exercício - ARE
1 - C = a Lucros ou Prejuízos acumulados - LPA 1.000,00
- constituição de Reservas para contingências.
D = Lucros ou Prejuízos acumulados - LPA
2 - C = a Reservas para contingências 1.000,00
- situação patrimonial após a constituição da Reserva

Ativo Passivo
Caixa 21.000,00

estoques 10.000,00 ----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 30.000,00
(-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 30.000,00

Reservas para contingências 1.000,00

Despesas Receitas

- no ano seguinte, ocorrendo a enchente, a companhia incorre em


perdas de R$ 1.000,00 – que reduzem seu lucro, assim, em
31/12/2005, antes do fechamento do exercício, a situação patrimonial
da companhia seria conforme a seguir.

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Ativo Passivo
Caixa 21.000,00

estoques 9.000,00 ----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 30.000,00
(-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 30.000,00

Reservas para contingências 1.000,00

Despesas Receitas
perdas 1.000,00

- repare que, no fechamento do exercício, será levado um prejuízo (de


R$ 1.000,00) à conta LPA.
D = Lucros ou Prejuízos acumulados - LPA
3 - C = a Apuração do Resultado do exercício - ARE 1.000,00
- a situação patrimonial após o fechamento do exercício será conforme a
seguir.

Ativo Passivo
Caixa 21.000,00

estoques 9.000,00 ----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 30.000,00
(-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 30.000,00

Reservas para contingências 1.000,00


LPA (1.000,00)

Despesas Receitas

- reversão de Reservas para contingência.


D = Reservas para contingências
4 - C = a Lucros ou Prejuízos acumulados - LPA 1.000,00
- situação final – em 31/12/2005 (após o fechamento do exercício e a
reversão da reserva).

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Ativo Passivo
Caixa 21.000,00

estoques 9.000,00 ----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 30.000,00
(-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 30.000,00

Reservas para contingências -


LPA -

Despesas Receitas

Repare que no momento inicial, poderia ter sido destinado R$ 1.000,00


aos acionistas, a título de dividendos, mas isso não foi feito. Mantendo-
se esse valor no patrimônio da companhia, para eventual utilização na
ocorrência de uma enchente, evitou-se que a companhia tivesse que
contrair empréstimos bancários, para manter seu funcionamento.
Tendo ocorrido tal evento, no ano seguinte, a companhia incorreu em
perdas, que resultaram em prejuízos, porém esses prejuízos não
lograram reduzir o Patrimônio Líquido a valores inferiores ao inicial, pois
havia sido constituída reserva de lucro para isso. Assim, na situação
final, em que pese a companhia ter experimentado prejuízo no ano, não
há prejuízos acumulados.
(2) constituição e reversão de Reservas para contingência, com o
desaparecimento do risco da contingência.
- situação inicial, 31/12/2004, companhia que apresentou lucro de R$
1.000,00, porém teme uma contingência (enchente que inunde o
estabelecimento onde mantém seu estoque de tamancos) avaliada em
R$ 1.000,00.

Ativo Passivo
Caixa 21.000,00

estoques 10.000,00 ----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 30.000,00
(-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 30.000,00

Despesas Receitas
Receitas 1.000,00

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- fechamento do exercício
D = Apuração do resultado do exercício - ARE
1 - C = a Lucros ou Prejuízos acumulados - LPA 1.000,00
- constituição de Reservas para contingências.
D = Lucros ou Prejuízos acumulados - LPA
2 - C = a Reservas para contingências 1.000,00
- situação patrimonial após a constituição da Reserva

Ativo Passivo
Caixa 21.000,00

estoques 10.000,00 ----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 30.000,00
(-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 30.000,00

Reservas para contingências 1.000,00

Despesas Receitas

- no ano seguinte, não ocorrendo a enchente, a companhia não


experimentou perdas – que reduzissem seu lucro em R$ 1.000,00,
assim, em 31/12/2005, antes do fechamento do exercício, a situação
patrimonial da companhia seria conforme a seguir.

Ativo Passivo
Caixa 21.000,00

estoques 10.000,00 ----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 30.000,00
(-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 30.000,00

Reservas para contingências 1.000,00

Despesas Receitas

- repare que, no fechamento do exercício, não será levado um prejuízo


(de R$ 1.000,00) à conta LPA. Nessa situação, não haverá mais motivo
para manter os R$ 1000,00 no patrimônio, podendo ser realizada a
reversão das Reservas para contingência.

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D = Reservas para contingências
3 - C = a Lucros ou Prejuízos acumulados - LPA 1.000,00
- situação final – em 31/12/2005 (após o fechamento do exercício e a
reversão da reserva).

Ativo Passivo
Caixa 21.000,00

estoques 9.000,00 ----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 30.000,00
(-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 30.000,00

Reservas para contingências -


LPA 1.000,00

Despesas Receitas

Repare que no momento inicial, poderia ter sido destinado R$ 1.000,00


aos acionistas, a título de dividendos, mas isso não foi feito. Mantendo-
se esse valor no patrimônio da companhia, para eventual utilização na
ocorrência de uma enchente, evitar-se-ia que a companhia tivesse que
contrair empréstimos bancários, para manter seu funcionamento.
Ocorre que, não tendo ocorrido tal evento, no ano seguinte, a
companhia não incorreu em perdas, que resultassem em prejuízos,
portanto a Reserva se revelou desnecessária e foi revertida. Assim, na
situação final, pela companhia não ter experimentado, no ano, as
perdas antes temidas, resultou um valor de R$ 1.000,00 na conta LPA,
que poderá ser – afinal – destinado aos acionistas, ao capital ou a
outras reservas de lucro.

5.6.2.5 Conclusão e apresentação esquemática do


funcionamento da Reserva de contingências
Pelos conceitos acima, é possível apresentar o funcionamento
esquemático da conta de Reservas para contingências, conforme figura
a seguir:

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Modelo de funcionamento de contas contábeis

Reservas para contingências


Débitos Créditos
de natureza credora si
na destinação do lucro líquido do período, para sua formação 1
(com contrapartida na conta LPA)
2 na reversão da reserva
ocorrendo a contingência ou deixando de haver o risco
(com contrapartida na conta LPA)
de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

5.6.3 Reserva de lucros a realizar


Como a contabilidade considera, na apuração do lucro, fatos
econômicos, normalmente nem todo o lucro apurado se encontra
financeiramente realizado38. Em outras palavras, parte das receitas
computadas no resultado do exercício, em obediência ao regime de
competência, pode não ter sido recebida. Assim, embora
economicamente auferida, em toda receita está financeiramente
realizada – transformada em dinheiro a ser utilizado nas atividades da
empresa.
A reserva de lucros a realizar visa, então segregar esse lucro não
realizado, para que não seja distribuída, na forma de dividendos,
parcela dos resultados que nem sequer tenha sido recebida pela
empresa, evitando, assim, sua descapitalização.
Nos termos do art. 197 da Lei das S/A, abaixo reproduzido em parte,
são considerados lucros a realizar o resultado positivo da equivalência
patrimonial e o lucro de operações a se realizar no Longo Prazo.
Art. 197. …
§ 1o Para os efeitos deste artigo, considera-se realizada a
parcela do lucro líquido do exercício que exceder da soma
dos seguintes valores:
I - o resultado líquido positivo da equivalência patrimonial
(art. 248); e

38
Com relação a esse assunto, recomendamos a leitura do item que trata do princípio
fundamental de contabilidade da “Competência”, no capitulo 01 deste curso.

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II - o lucro, ganho ou rendimento em operações cujo prazo
de realização financeira ocorra após o término do exercício
social seguinte.
O lançamento da constituição da Reserva de lucros a realizar é o
seguinte:
D = Lucros ou Prejuízos acumulados - LPA
1 - C = a Reserva de lucros a realizar x
O lançamento da reversão dessa reserva é o seguinte:
D = Reserva de lucros a realizar
2 - C = a Lucros ou Prejuízos acumulados - LPA y
A constituição da reserva de lucros a realizar é facultativa e pode
ocorrer no exercício em que o montante do dividendo mínimo
obrigatório ultrapassar a parcela realizada do lucro líquido do exercício.
A apuração do valor dessa reserva será estudada juntamente com o
cálculo dos dividendos obrigatórios – em tópico específico, adiante neste
curso.

5.6.4 Reservas estatutárias


As reservas estatutárias são aquelas a serem constituídas, a partir do
lucro líquido do exercício, com base que estiver disposto no estatuto
social da companhia.
Com base no art. 194 da Lei das S/A, as reservas estatutárias somente
poderão ser criadas no caso do estatuto indicar sua finalidade, os
critérios de sua constituição e os limites máximos para a reserva.
Assim, o estatuto pode – exemplificativamente – determinar a
constituição de reservas com o objetivo de resgate de debêntures ou de
partes beneficiárias, aumento de capital ou amortização de ações. A
seguir, para fins de clareza, encontra-se reproduzido o citado artigo.
Art. 194. O estatuto poderá criar reservas desde que, para
cada uma:
I - indique, de modo preciso e completo, a sua finalidade;
II - fixe os critérios para determinar a parcela anual dos
lucros líquidos que serão destinados à sua constituição; e
III - estabeleça o limite máximo da reserva.
De acordo com o art. 198 da Lei das S/A, a constituição de reserva
estatutária não pode ser aprovada em prejuízo da distribuição do
dividendo mínimo obrigatório, conforme abaixo transcrito.
Art. 198. A destinação dos lucros para constituição das
reservas de que trata o artigo 194 e a retenção nos termos
do artigo 196 não poderão ser aprovadas, em cada
exercício, em prejuízo da distribuição do dividendo
obrigatório (artigo 202).

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O lançamento da constituição de Reserva estatutária é o seguinte:
D = Lucros ou Prejuízos acumulados - LPA
1 - C = a Reserva estatutária x
O lançamento da reversão dessa reserva é o seguinte:
D = Reserva estatutária
2 - C = a Lucro ou Prejuízos acumulados - LPA y

5.6.5 Reservas de lucros para planos de investimento (retenção de


lucros)
As Reservas de retenção de lucros são formadas com a finalidade de
reter parte do lucro do exercício, a fim de destiná-lo a execução de
projetos de investimento e expansão da companhia. Tais reservas,
propostas pelos órgãos de administração, devem ser aprovadas pela
assembléia geral de acionistas. Essa reserva pode, também, receber o
nome de Reserva para plano de expansão ou de Reserva orçamentária.
A razão dessa última denominação reside no fato de que a aprovação da
constituição da reserva é condicionada a sua previsão no orçamento de
capital (de investimentos) da companhia.
Uma vez constituída essa reserva, parte do lucro auferido – não tendo
sido distribuído aos acionistas – estará compondo o patrimônio, para
que seja aplicado na consecução do projeto. À medida que os projetos
forem sendo executados, a reserva de retenção de lucros deverá ser
revertida para a conta LPA, podendo também ser utilizada para aumento
de capital ou absorção de prejuízos.
Nos termos do art. 196 da Lei das S/A, orçamento é submetido à
assembléia-geral (ordinária ou extraordinária) pelos órgãos de
administração, compreendendo as fontes de recursos e o destino do
capital, alcançando até 5 exercícios consecutivos, salvo se a execução
do projeto de investimento tiver prazo maior. O orçamento pode ser
revisto anualmente, quando o projeto tiver duração superior a um
exercício social. A seguir, para fins de clareza, encontra-se transcrito o
citado artigo.
Art. 196. A assembléia-geral poderá, por proposta dos
órgãos da administração, deliberar reter parcela do lucro
líquido do exercício prevista em orçamento de capital por
ela previamente aprovado.
§ 1º O orçamento, submetido pelos órgãos da
administração com a justificação da retenção de lucros
proposta, deverá compreender todas as fontes de recursos
e aplicações de capital, fixo ou circulante, e poderá ter a
duração de até 5 (cinco) exercícios, salvo no caso de
execução, por prazo maior, de projeto de investimento.

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§ 2o O orçamento poderá ser aprovado pela assembléia-
geral ordinária que deliberar sobre o balanço do exercício e
revisado anualmente, quando tiver duração superior a um
exercício social.
De acordo com o art. 198 da Lei das S/A, a constituição de reserva de
retenção de lucros também não pode ser aprovada em prejuízo da
distribuição do dividendo mínimo obrigatório, conforme abaixo
transcrito.
Art. 198. A destinação dos lucros para constituição das
reservas de que trata o artigo 194 e a retenção nos termos
do artigo 196 não poderão ser aprovadas, em cada
exercício, em prejuízo da distribuição do dividendo
obrigatório (artigo 202).
O lançamento da constituição de Reserva de retenção de lucros é o
seguinte:
D = Lucros ou Prejuízos acumulados - LPA
1 - C = a Reserva de retenção de lucros x
O lançamento da reversão dessa reserva é o seguinte:
D = Reserva de retenção de lucros
2 - C = a Lucro ou Prejuízos acumulados - LPA y

5.6.6 Reserva especial para dividendos obrigatórios não distribuídos


A Reserva especial para dividendos obrigatórios não distribuídos será
constituída, nos termos do art. 202 da Lei das S/A, quando os acionistas
tiverem direito aos dividendos, porém a companhia não dispuser de
recursos financeiros para distribuí-los. Os lucros que deixarem de ser
distribuídos, portanto, deverão ficar registrados nessa reserva, para
serem pagos assim que a situação financeira permitir. Essa reserva
pode também ser utilizada para a absorção de prejuízos. A seguir,
encontra-se parcialmente reproduzido o citado artigo.
Art. 202. Os acionistas têm direito de receber como
dividendo obrigatório, em cada exercício, a parcela dos
lucros estabelecida no estatuto ou, se este for omisso, a
importância determinada de acordo com as seguintes
normas:
...
§ 4º O dividendo previsto neste artigo não será obrigatório
no exercício social em que os órgãos da administração
informarem à assembléia-geral ordinária ser ele
incompatível com a situação financeira da companhia. O
conselho fiscal, se em funcionamento, deverá dar parecer
sobre essa informação e, na companhia aberta, seus
administradores encaminharão à Comissão de Valores
Mobiliários, dentro de 5 (cinco) dias da realização da

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assembléia-geral, exposição justificativa da informação
transmitida à assembléia.
§ 5º Os lucros que deixarem de ser distribuídos nos termos
do § 4º serão registrados como reserva especial e, se não
absorvidos por prejuízos em exercícios subseqüentes,
deverão ser pagos como dividendo assim que o permitir a
situação financeira da companhia.

5.7 Lucros ou prejuízos acumulados


A conta Lucro ou Prejuízos Acumulados – LPA, até o advento da Lei n°
10.303, de 2001 (com vigência a partir de 01/01/2002), representa o
saldo remanescente dos lucros (ou prejuízos), líquidos das apropriações
para reservas de lucros e dos dividendos distribuídos, integrando o
patrimônio líquido a partir da data do balanço em que forem apurados –
com a natureza de valores de lucro auferido e “nem distribuído, nem
destinado a um objetivo específico”.
Metaforicamente, a conta LPA podia ser encarada como um “Saco sem
fundo”, pois todo o lucro que fosse auferido pela companhia, ao ser
integrado ao PL (quando do procedimento de fechamento de exercício)
poderia, caso não fosse destinado ao capital ou a alguma reserva de
lucro, ficar “guardado” na conta LPA indefinidamente.
A Lei 10.303, de 2001, alterou a Lei das S/A, introduzindo um
dispositivo da maior relevância: o parágrafo 5o do art. 202:
Art. 202. ...
§ 6o Os lucros não destinados nos termos dos arts. 193 a
197 deverão ser distribuídos como dividendos. (Parágrafo
incluído pela Lei nº 10.303, de 31.10.2001)
Essa alteração da Lei das S/A proibiu que fosse destinada – a partir de
2002 – parcela do lucro à conta LPA (obrigando que o lucro auferido
fosse destinado ao capital, à distribuição de dividendos ou a reservas de
lucro). Cumpre referir que essa foi uma providência salutar, pois não há
razão para a retenção do lucro no patrimônio da companhia seu um
objetivo específico; afinal de contas, o objetivo de uma pessoa jurídica
de direito privado com fins lucrativos, como é o caso das Sociedades
Anônimas, é o de gerar lucro para o acionista39.
Com essa alteração legislativa, a conta LPA passou a ter a função de
mero “Portal de entrada do resultado no patrimônio líquido”, sendo sua
função a de receber o Resultado do exercício (conta intermediária ARE)
e destinar o valor para capital, reserva de lucros e dividendos a pagar.

39
Sobre o assunto, serão tecidas considerações acerca da diluição do minoritário, no
item que trata da variação no percentual de participação societária, na aula que trata
de participações societárias, adiante neste curso.

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A partir das considerações acima, alguns – mais afoitos – poderiam
concluir erroneamente que:
- o saldo da conta LPA, agora, tem que ser zero (ao final de cada
exercício); ou
- o saldo da conta LPA não pode mais aumentar.
Entretanto, essas conclusões – apressadas – não resistem a uma análise
mais aprofundada da questão:
- ao final de cada período, o saldo da conta LPA pode ser (1)
zero; (2) negativo, caso haja prejuízos acumulados e (3) ainda,
positivo – caso haja lucros acumulados nela registrados,
relativos a resultados auferidos antes da vigência da Lei n°
10.303, de 2001,
- o saldo da conta LPA pode aumentar na hipótese de ser
negativo (ter registro de prejuízos acumulados) e, na situação
de lucro no exercício, ser elevado até zero.
Recapitulando, a conta LPA constitui-se em interligação ente o Balanço
Patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício. Maiores
considerações sobre o funcionamento dessa conta serão apresentadas
no item que trata da Demonstração de Lucros e Prejuízos Acumulados
(DLPA), adiante neste curso.

5.8 Ações em tesouraria

5.8.1 Conceito e condições para aquisição de ações pela companhia


De início é mister colocar que a existência de ações em tesouraria é um
contra-senso por definição. Considerando-se que a ação é um título que
dá a seu detentor direito sobre uma fração ideal do patrimônio de uma
companhia:
- é de se esperar que pessoas interessadas em “possuir” parte do
patrimônio de uma companhia seja seu acionista;
- mas não é razoável esperar que a própria companhia queira ter
direito sobre seu próprio patrimônio (ora, o dono de algo é
sempre um terceiro, senão não é dono – mas confundem-se o
proprietário e o objeto possuído).
Em outras palavras, com a aquisição de ações em tesouraria, a
companhia torna-se acionista de si mesma.
Para ilustrar a situação – sempre com finalidades didáticas – propomos
a comparação metafórica de uma companhia que adquire suas próprias
ações com uma pessoa que, para alimentar-se, come um pedaço de seu
próprio fígado. Ou seja, à primeira vista, não faz nenhum sentido.

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Porém, a Lei das S/A prevê essa situação, no § 5o de seu art. 182, a
seguir:
Art. 182. ...
...
§ 5º As ações em tesouraria deverão ser destacadas no
balanço como dedução da conta do patrimônio líquido que
registrar a origem dos recursos aplicados na sua aquisição.
Assim, vamos entender que: (1) pode haver ações em tesouraria, mas
(2) sua existência deve ser considerada uma exceção à regra geral (de
que as ações devem pertencer a terceiros). Nesse sentido, a Lei das
S/A, em seu art. 30, estabelece que a companhia não pode negociar
com suas próprias ações, exceto em casos especiais, conforme a seguir
transcrito:
Art. 30. A companhia não poderá negociar com as próprias
ações.
§ 1º Nessa proibição não se compreendem:
a) as operações de resgate, reembolso ou amortização
previstas em lei;
b) a aquisição, para permanência em tesouraria ou
cancelamento, desde que até o valor do saldo de lucros ou
reservas, exceto a legal, e sem diminuição do capital
social, ou por doação;
c) a alienação das ações adquiridas nos termos da alínea b
e mantidas em tesouraria;
d) a compra quando, resolvida a redução do capital
mediante restituição, em dinheiro, de parte do valor das
ações, o preço destas em bolsa for inferior ou igual à
importância que deve ser restituída.
...
§ 5º No caso da alínea d do § 1º, as ações adquiridas
serão retiradas definitivamente de circulação.
Nos termos acima, há três situações que podem ensejar ações em
tesouraria: (1) operações típicas societárias, de resgate, reembolso ou
amortização – que serão vistas em separado; (2) aquisição e alienação,
desde que no valor de – até – o saldo dos lucros e reservas, exceto a
legal e (3) compra para definitiva retirada de circulação, quando o valor
em bolsa for menor do que aquele a ser restituído em operação de
resgate.
Para companhias de capital aberto, é prevista a regulamentação de
ações em tesouraria pela Lei das S/A, conforme § 2o do art. 30:
§ 2º A aquisição das próprias ações pela companhia aberta
obedecerá, sob pena de nulidade, às normas expedidas

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pela Comissão de Valores Mobiliários, que poderá
subordiná-la à prévia autorização em cada caso.
Nesse sentido, a IN CVM n° 10, de 1980, dispôs sobre a aquisição de
ações próprias por companhia de capital aberto, vedando sua aquisição
nas seguintes situações:
a) quando implicar a diminuição do capital social;
b) quando ultrapassar o valor do saldo dos lucros ou reservas
disponíveis (todas exceto a legal, a de lucros a realizar, a de
reavaliação e a especial para dividendo obrigatório não
distribuído) – constantes do último balanço;
c) quando criar condições artificiais de demanda ou oferta de
ações, influenciando seu preço;
d) quando referir-se a ações não integralizadas;
e) quando referir-se a ações do acionista controlador;
f) quando estiver em curso oferta pública de aquisição de suas
ações.
Uma vez em tesouraria, a ação não dá direito a dividendos, o que seria
um absurdo, a companhia pagar valores para ela mesma, nos termos do
§ 4o do art. 30 da Lei das S/A:
§ 4º As ações adquiridas nos termos da alínea b do § 1º,
enquanto mantidas em tesouraria, não terão direito a
dividendo nem a voto.

5.8.2 Lançamentos contábeis referentes à aquisição e alienação de


ações pela própria companhia
Cabe colocar que a conta “Ações em tesouraria”, em que pese estar
classificada no Patrimônio líquido, representa um título (bem ou direito)
possuído pela companhia e que deveria, portanto, estar classificada no
ativo (como qualquer outro bem ou direito). Assim, a conta “Ações em
tesouraria” apresenta natureza de ativo e funcionamento de ativo, mas
(por força da Lei das S/A), para facilitar a apresentação do patrimônio,
fica registrada no Patrimônio líquido com o sinal invertido40.
Na aquisição, pela companhia, de ações de sua emissão (no valor de –
por exemplo – R$ 1.000,00), o lançamento deverá ser o seguinte:
D = Ações em tesouraria
1 - C = a Caixa (ou bancos) 1.000,00

40
Lembrando o conceito (didático e divertido) de conta do tipo “Sapatão”, com
natureza de ativo, funcionamento de ativo e classificação no passivo (com o sinal
invertido).

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A alienação de ações em tesouraria pode ocorrer com lucros ou perdas:
a) No caso de resultado positivo, a alienação de ações em tesouraria (no
valor de – por exemplo – R$ 1.200,00) deve ser registrada com crédito
em reserva de capital (conforme já visto nesta aula):
D= Caixa (ou bancos) 1.200,00
2.a - C = a Diversos
C=a Ações em tesouraria 1.000,00
C=a Reserva de capital - lucro na alienação de ações em tesouraria 200,00
b) No caso de resultado negativo, a alienação de ações em tesouraria
(no valor de – por exemplo – R$ 1.200,00) deve ser registrada com
débito nas contas de reservas ou lucros que originaram os recursos
aplicados na sua aquisição:
D= Diversos
2.b - C = a Ações em tesouraria 1.000,00
D= Caixa (ou bancos) 800,00
D= Reserva (lucro ou capital) ou LPA - conforme a origem dos recursos 200,00

5.8.3 Operações societárias relacionadas com a existência de ações


em tesouraria
Já foi visto que, quando a companhia adquire suas próprias ações,
estamos diante da figura jurídica denominada ações em tesouraria.
Também vimos que isso pode ocorrer em diversas situações. Em
especial, foi referido que algumas operações societárias (previstas na
Lei das S/A) poderiam ensejar essa situação (existência de ações em
tesouraria). São esses os seguintes casos: (1) resgate, (2) reembolso
e (3) amortização de ações.
A seguir, estudaremos cada uma delas em especial.

5.8.3.1 O Resgate de ações


O resgate de ações, previsto no art. 44 da Lei das S/A, corresponde a
transmissão forçada da titularidade das ações, dos acionistas para a
própria companhia, para retirá-las definitivamente de circulação. A
seguir, encontra-se reproduzido – em parte – o citado dispositivo:
Art. 44. O estatuto ou a assembléia-geral extraordinária
pode autorizar a aplicação de lucros ou reservas no
resgate ou na amortização de ações, determinando as
condições e o modo de proceder-se à operação.
§ 1º O resgate consiste no pagamento do valor das ações
para retirá-las definitivamente de circulação, com redução
ou não do capital social, mantido o mesmo capital, será
atribuído, quando for o caso, novo valor nominal às ações
remanescentes.
...

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§ 4º O resgate e a amortização que não abrangerem a
totalidade das ações de uma mesma classe serão feitos
mediante sorteio; sorteadas ações custodiadas nos termos
do artigo 41, a instituição financeira especificará, mediante
rateio, as resgatadas ou amortizadas, se outra forma não
estiver prevista no contrato de custódia.
...
§ 6o Salvo disposição em contrário do estatuto social, o
resgate de ações de uma ou mais classes só será efetuado
se, em assembléia especial convocada para deliberar essa
matéria específica, for aprovado por acionistas que
representem, no mínimo, a metade das ações da(s)
classe(s) atingida(s).
A operação de resgate de ações se dá, em condições normais de
mercado, em situações nas quais há desinteresse – por parte da
companhia – com relação aos recursos anteriormente nela aportados,
pelos acionistas, para formação de seu patrimônio.
Isso pode ocorrer pelo fato de que, por mudanças conjunturais, tenha
passado a ser mais interessante para a companhia (do ponto de vista
financeiro) desenvolver suas atividades com capital de terceiros
(empréstimos), do que com capital próprio. Essa situação, entretanto,
também pode ocorrer quando deixar de haver interesse da companhia
em manter a atividade até então desempenhada – por vários motivos,
inclusive pela eventual proibição do poder público.
Nessas situações, é interesse da companhia deixar de ter os recursos
dos acionistas e, portanto, delibera devolvê-los. Saliente-se que a
companhia pode não ter mais interesse nos recursos, mas isso não quer
dizer que ela possa deixar de ter interesse – em específico – em um
determinado acionista; assim, no caso de resgate de parte das ações de
uma espécie ou classe, deverá ser realizado sorteio, para evitar
eventuais perseguições contra determinado(s) acionista(s).
Importante, uma vez realizado o resgate, as ações devem ser retiradas
de circulação. Isso pode ser feito com o sem redução do capital.
a) no caso de resgate com redução do capital, o número de ações é
reduzido com manutenção do valor nominal das ações remanescentes
(caso as ações tenham valor nominal) e, conseqüentemente, o capital
será reduzido, com o seguinte lançamento contábil:
D = Capital social subscrito
1 - C = a Ações em tesouraria x
b) no caso de resgate sem redução do capital, o número de ações é
reduzido com manutenção do valor do capital social, assim, o valor
nominal das ações (caso as ações tenham valor nominal) é majorado,
sem a necessidade de qualquer lançamento contábil.

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5.8.3.2 O reembolso de ações
O reembolso de ações é a operação decorrente do direito de recesso
(direito dos acionistas a abandonar a companhia – em situações
especiais). Esse direito de recesso é uma proteção ao acionista, mas
que somente pode ser utilizado em situações muito bem definidas, pois
nosso sistema jurídico tem por regra a proteção do capital das empresas
(por opção política – partindo-se da premissa que o capital das
empresas é garantia de geração de atividade econômica, empregos e
renda).
Assim, o reembolso de ações somente será permitido em alguns casos
específicos previstos em lei, entre eles (o mais emblemático) é aquele
em que a companhia decide alterar seu objeto. Nessa situação, o
acionista tem o direito de se retirar do quadro social, recebendo o valor
correspondente a suas ações.
Portanto, o reembolso de ações, previsto no art. 45 da Lei das S/A, é a
operação em que a companhia paga aos acionistas o valor de suas
ações por conta de dissidência.
Art. 45. O reembolso é a operação pela qual, nos casos
previstos em lei, a companhia paga aos acionistas
dissidentes de deliberação da assembléia-geral o valor de
suas ações.
§ 1º O estatuto pode estabelecer normas para a
determinação do valor de reembolso, que, entretanto,
somente poderá ser inferior ao valor de patrimônio líquido
constante do último balanço aprovado pela assembléia-
geral, observado o disposto no § 2º, se estipulado com
base no valor econômico da companhia, a ser apurado em
avaliação (§§ 3º e 4º).
§ 2º Se a deliberação da assembléia-geral ocorrer mais de
60 (sessenta) dias depois da data do último balanço
aprovado, será facultado ao acionista dissidente pedir,
juntamente com o reembolso, levantamento de balanço
especial em data que atenda àquele prazo.
Nesse caso, a companhia pagará imediatamente 80%
(oitenta por cento) do valor de reembolso calculado com
base no último balanço e, levantado o balanço especial,
pagará o saldo no prazo de 120 (cento e vinte), dias a
contar da data da deliberação da assembléia-geral.
§ 3º Se o estatuto determinar a avaliação da ação para
efeito de reembolso, o valor será o determinado por três
peritos ou empresa especializada, mediante laudo que
satisfaça os requisitos do § 1º do art. 8º e com a
responsabilidade prevista no § 6º do mesmo artigo.

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As ações reembolsadas podem ser consideradas como pagas à conta de
lucros ou reservas, exceto a legal, isto é, sem redução do capital social,
nos termos do § 5o do art. 45 da Lei das S/A:
§ 5º O valor de reembolso poderá ser pago à conta de
lucros ou reservas, exceto a legal, e nesse caso as ações
reembolsadas ficarão em tesouraria.
Entretanto, o reembolso pode também ocorrer às custas do capital
social e, nesse caso, as ações em tesouraria em decorrência de
reembolso devem ser destinadas a novos acionistas, ou –
alternativamente – se, em cento e vinte dias, isso não ocorrer, o capital
social deverá ser reduzido, com a retirada definitiva das ações de
circulação, nos termos do § 6o do art. 45 da Lei das S/A:
§ 6º Se, no prazo de cento e vinte dias, a contar da
publicação da ata da assembléia, não forem substituídos
os acionistas cujas ações tenham sido reembolsadas à
conta do capital social, este considerar-se-á reduzido no
montante correspondente, cumprindo aos órgãos da
administração convocar a assembléia-geral, dentro de
cinco dias, para tomar conhecimento daquela redução.

5.8.3.3 A amortização de ações


A amortização de ações consiste na distribuição aos acionistas, a título
de antecipação e sem redução do capital, de quantias que lhes seriam
destinadas em caso de liquidação da sociedade. As ações ordinárias ou
preferenciais integralmente amortizadas podem ser substituídas por
ações de fruição.
Assim, a amortização de ações, nos termos do art. 44 da Lei das S/A, é
a operação pela qual a companhia distribui aos acionistas, pelas suas
ações, a quantia que lhe caberia em caso de liquidação da companhia.
Para fins de clareza, encontra-se transcrito, a seguir, o citado artigo.
Art. 44. O estatuto ou a assembléia-geral extraordinária
pode autorizar a aplicação de lucros ou reservas no
resgate ou na amortização de ações, determinando as
condições e o modo de proceder-se à operação.
...
§ 2º A amortização consiste na distribuição aos acionistas,
a título de antecipação e sem redução do capital social, de
quantias que lhes poderiam tocar em caso de liquidação da
companhia.
§ 3º A amortização pode ser integral ou parcial e abranger
todas as classes de ações ou só uma delas.
§ 4º O resgate e a amortização que não abrangerem a
totalidade das ações de uma mesma classe serão feitos
mediante sorteio; sorteadas ações custodiadas nos termos

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do artigo 41, a instituição financeira especificará, mediante
rateio, as resgatadas ou amortizadas, se outra forma não
estiver prevista no contrato de custódia.
§ 5º As ações integralmente amortizadas poderão ser
substituídas por ações de fruição, com as restrições fixadas
pelo estatuto ou pela assembléia-geral que deliberar a
amortização; em qualquer caso, ocorrendo liquidação da
companhia, as ações amortizadas só concorrerão ao
acervo líquido depois de assegurado às ações não a
amortizadas valor igual ao da amortização, corrigido
monetariamente.

A partir daí, as ações amortizadas poderão ser substituídas por ações de


fruição (com direito a participar do lucro, sem representar parcela do
capital) sendo que, no caso de liquidação, somente concorrerão ao
acervo líquido depois de assegurada a distribuição de igual valor às
ações não amortizadas.
Saliente-se que, assim como no resgate, a amortização não pode ser
direcionada a um acionista, mas a toda uma espécie ou classe de ações,
ou, caso não abranja toda a espécie ou classe, faz-se necessário sorteio.

6 Resumo
a) Passivo circulante e exigível a longo prazo – obrigações
exigíveis, respectivamente, antes ou após o final do próximo
exercício (ou do próximo ciclo operacional, caso este seja
maior).
a. Fornecedores – conta que registra o valor das compras a
prazo de mercadorias, matérias-primas e outros materiais
ou serviços que, via de regra, constam das notas fiscais
de entrada ou das faturas.
b. títulos a pagar - conta que registra as obrigações
contraídas pela empresa a título de empréstimo ou
financiamento, através de pessoas físicas ou jurídicas que
não sejam instituições financeiras.
c. Dividendos propostos a pagar ou dividendos a pagar –
Dividendos são a parte do lucro auferido que cabe a cada
ação. Portanto, a primeira conta registra o valor
constante da proposta de pagamento de dividendos
apresentada pelos órgãos de administração à assembléia
geral de acionistas. A segunda conta registra o valor
aprovado pela assembléia geral de acionistas.

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d. Debêntures a pagar – Debêntures são “promissórias
metidas a besta”, porque (1) somente são emitidas por
S/A; (2) podem remunerar seus titulares com
participação nos lucros da companhia e (3) podem ser
conversíveis em ações. Debêntures a pagar é a conta
que registra a obrigação – da companhia – de pagar o
valor do empréstimo relativo ao título (debênture).
e. Salários a Pagar e encargos sociais a recolher – Este é
um conjunto de contas que registra a obrigação de
entrega de valores, alternativamente, aos empregados ou
ao poder público, decorrente da relação de trabalho.
f. Adiantamento de clientes – Conta que registra a
obrigação de devolução dos valores adiantados pelos
clientes, ou a entrega dos bens/serviços contratados.
g. Adiantamentos recebidos para aumento de capital – conta
que registra a obrigação de entrega de ações ao (futuro)
acionista, ou a devolução dos valores adiantados.
h. Empréstimos e financiamentos bancários
i. Principal – Conta que registra a obrigação de
devolução – ao banco – do valor do empréstimo ou
do financiamento contraído.
ii. juros e variações monetárias passivas – contas que
registram o crescimento da obrigação inicialmente
contraída (relativa aos empréstimos e
financiamentos bancários).
i. Provisões – Provisões são contas que registram a
obrigação de suportar “perdas na penumbra”, ou seja,
despesas incorridas, sobre as quais paire alguma dúvida
quanto ao exato valor e ao momento em que esse valor
será conhecido por completo.
iii. provisão para férias
iv. Provisão para 13o salário
v. Provisão para o imposto de renda
vi. Provisão para a contribuição social
j. Participações no resultado – contas que registram a
obrigação de entrega a (1) debenturistas, (2)
empregados, (3) administradores, (4) partes beneficiárias
e (5) contribuições para a previdência privada dos
empregados; oriundas do lucro auferido.

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b) Resultados de exercícios futuros – contas que representam
valores de receitas recebidas antecipadamente (deduzidas dos
respectivos custos) para os quais não haja (1) previsão de
devolução dos valores recebidos e (2) necessidade de qualquer
prestação positiva – bastando aguardar a passagem do tempo,
para a efetiva apropriação do valor ao patrimônio (com base no
regime de competência).
c) Patrimônio Líquido – valor da diferença existente entre
bens/direitos e obrigações, no patrimônio.
a. capital social – valor da contribuição dos sócios para a
formação do patrimônio da empresa.
i. Capital realizado – valor da diferença existente
entre o capital subscrito e o capital a realizar.
1. capital subscrito – valor do capital prometido,
aquele que os sócios se comprometeram a
retirar de seu próprio patrimônio, para a
formação do patrimônio da empresa.
2. capital a realizar – valor ainda não entregue
do capital subscrito.
ii. Capital autorizado – Não se trata de conta contábil
(sintética, nem analítica) é um valor que está
previsto no Estatuto, até o qual, pode haver
aumento de capital sem maiores formalidades.
b. Reservas – elementos que, além do capital, integram o
Patrimônio líquido.
i. Definição de reservas – Reservas são valores que
representam elementos patrimoniais sem qualquer
característica de exigibilidade atual ou futura.
ii. Classificação das reservas – as reservas são
classificadas em: (1) reservas de capital, (2)
reservas de reavaliação e (3) reservas de lucro.
c. Reservas de capital – são “Pedágios para entrar na festa”,
ou seja, valores entregues à companhia por interessados
em participar (no futuro) de eventuais lucros.
i. ágio na emissão de ações – Conta que registra os
valores que ultrapassam o valor nominal da ação
(ou o valor do aumento de capital dividido pelo
número de ações emitidas), entregues à companhia
pelos adquirentes das ações emitidas.

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ii. Prêmio na emissão de debêntures – Conta que
registra os valores que ultrapassam o valor nominal
das debêntures, entregues à companhia pelos
adquirentes das debêntures emitidas.
iii. Alienação de partes beneficiárias e bônus de
subscrição – Conta que registra os valores
entregues à companhia pelos adquirentes desses
títulos, quando emitidos.
1. partes beneficiárias são títulos que não tem
valor patrimonial, mas que dão direito, a seus
titulares, de participar no lucro da
companhia;
2. bônus de subscrição são títulos que permitem
a seus titulares subscrever e realizar futuros
aumentos de capital, quando da emissão de
novas ações.
iv. Doações e subvenções para investimentos – Conta
que registra os valores recebidos pela companhia
(do poder público) para investimentos.
d. Reservas de reavaliação – Conta que registra a
contrapartida do aumento de valores do ativo por conta
de novas avaliações.
e. Reservas de lucros – Contas que registram valores
relativos ao lucro auferido (que poderia – em tese – ter
sido destinado aos acionistas, na forma de distribuição de
dividendos), mas que ficaram “reservados”, mantidos no
patrimônio, “para um dia de chuva”.
i. Reserva legal – Conta que registra o valor do lucro
a ser mantido (por determinação da Lei das S/A) no
patrimônio, para proteção do capital social. O valor
a ser destinado a essa reserva é de: (1) 5% do
lucro de cada exercício (passo); (2) até alcançar
20% do valor do capital social (teto); (3) sendo
facultativo a partir do momento em que a Reserva
legal somada às reservas de capital alcançarem
30% do capital social (sub-teto).
ii. Reserva para contingências – Conta que registra o
valor do lucro a ser mantido no patrimônio (por
iniciativa dos órgãos de administração e aprovação
da assembléia geral) para fazer frente a possíveis
perdas futuras.

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iii. Reserva de lucros a realizar – Conta que registra o
valor do lucro a ser mantido no patrimônio para
evitar que se distribua dividendos sobre lucros
(auferidos – pelo regime de competência), que não
tenham sido realizados (recebidos em dinheiro) –
são considerados lucros a realizar: (1) as receitas
de equivalência patrimonial e (2) os lucros nas
operações para recebimento a longo prazo.
iv. Reservas estatutárias – Conta que registra o valor
do lucro a ser mantido no patrimônio por força de
dispositivo no Estatuto que disponha nesse sentido
(desde que não prejudique o pagamento do
dividendo mínimo obrigatório).
v. Reservas e lucros para planos de investimento
(retenção de lucros) – Conta que registra o valor do
lucro a ser mantido no patrimônio (por iniciativa
dos órgãos de administração e aprovado pela
assembléia geral) para utilização em projeto
específico de investimento.
vi. Reserva especial para dividendos obrigatórios não
distribuídos – Conta que registra o valor do lucro
que deveria ser pago aos acionistas (a título de
dividendos mínimos obrigatórios a distribuir), mas
que fica mantido no patrimônio por falta de
condições financeiras para seu desembolso.
f. Lucros ou prejuízos acumulados – Conta que representa a
“Porta de entrada do resultado no Patrimônio Líquido”
essa conta recebe o valor do lucro líquido auferido e o
destina a: (1) capital, (2) reservas de lucro ou (3)
dividendos.
g. Ações em tesouraria – Conta redutora do PL (de natureza
devedora) que representa o valor de ações adquiridas
pela própria companhia.

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7 Exercícios de Fixação (Questões de concurso elaborado pela
ESAF – resolvidas e comentadas)

7.1 Classificação de contas e grupos patrimoniais

7.1.1 Técnico de Finanças e Controles – Secretaria de Finanças e


Controles (atual Controladoria Geral da União)
Enunciado
A empresa Júpiter S/A promoveu a contabilização completa de seu atos
e fatos administrativos, mas o Contador, quando mandou levantar o
balancete de verificação, nele não incluiu as seguintes contas e
respectivos saldos:
Ações em Tesouraria 600,00
Amortização acumulada 160,00
Capital a Realizar 800,00
Depreciação Acumulada 450,00
Duplicatas descontadas 400,00
Prejuízos acumulados 110,00
Provisão p/ FGTS 222,00
Provisão p/ Férias 111,00
Provisão p/ Créditos de liquidação duvidosa 200,00
Provisão para Imposto de Renda 500,00
Provisão para Perdas em investimentos 300,00
Provi. P/ ajuste ao Preço de Mercado 100,00
A inclusão das contas acima e respectivos saldos, já contabilizados, na
montagem estrutural das demonstrações contábeis provocará todas as
alterações abaixo, exceto:
a) os saldos devedores aumentarão em R$ 1.510,00
b) os saldos credores aumentarão em R$ 2.443,00
c) o Ativo permanente ficará reduzido em R$ 910,00
d) o Passivo Circulante ficará aumentado em R$ 433,00
e) o Ativo Circulante ficará reduzido em R$ 700,00
Resolução e comentários
A resolução da presente questão demanda a classificação das contas
acima relacionadas em contas de A, PC, PELP, PL (inclusive, quando
retificadora, trocando-se o sinal) e a respectiva natureza (credora ou
devedora), conforme tabela abaixo:

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conta saldo AC AP PC PELP PL s. devedor s.credor
Ações em Tesouraria 600,00 (600,00) 600,00
Amortização acumulada 160,00 (160,00) 160,00
Capital a Realizar 800,00 (800,00) 800,00
Depreciação Acumulada 450,00 (450,00) 450,00
Duplicatas descontadas 400,00 (400,00) 400,00
Prejuízos acumulados 110,00 (110,00) 110,00
Provisão p/ FGTS 222,00 222,00 222,00
Provisão p/ Férias 111,00 111,00 111,00
Provisão p/ Créditos de liquidação duvidosa 200,00 (200,00) 200,00
Provisão para Imposto de Renda 500,00 500,00 500,00
Provisão para Perdas em investimentos 300,00 (300,00) 300,00
Provi. P/ ajuste ao Preço de Mercado 100,00 (100,00) 100,00
totais 3.953,00 (700,00) (910,00) 833,00 - (1.510,00) 1.510,00 2.443,00

Classificadas as contas e totalizados os respectivos saldos, passaremos


à análise das alternativas da questão:
a) os saldos devedores aumentarão em R$ 1.510,00
Correto, conforme tabela acima.
b) os saldos credores aumentarão em R$ 2.443,00
Correto, conforme tabela acima.
c) o Ativo permanente ficará reduzido em R$ 910,00
Correto, conforme tabela acima.
d) o Passivo Circulante ficará aumentado em R$ 433,00
Errado, o passivo circulante ficará aumentado em R$ 833,00, conforme
tabela acima.
e) o Ativo Circulante ficará reduzido em R$ 700,00
Correto, conforme tabela acima.
Gabarito
D
7.1.2 Fiscal de Tributos Estaduais – ICMS – Mato Grosso do Sul-MS
Enunciado
De acordo com a legislação vigente sobre classificação contábil, os
empréstimos tomados de empresas coligadas ou controladas, com
vencimento para 120 dias, devem ser classificados no Grupo Patrimonial
a) Ativo Circulante
b) Passivo Circulante
c) Ativo Realizável a Longo Prazo
d) Passivo Exigível a Longo Prazo

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e) Ativo Permanente - Investimentos
Resolução e comentários
A resolução dessa questão demanda o conhecimento da classificação
das obrigações oriundas de transações não usuais realizadas com
pessoas ligadas. A Lei das S/A não apresenta qualquer dispositivo,
quando trata do passivo exigível – no art. 180, demandando sua
classificação no longo prazo. Resta, assim, a aplicação da regra geral de
classificação de obrigações no passivo (circulante e exigível a longo
prazo), conforme a data de sua exigibilidade (até o final do próximo
exercício, no circulante e, após essa data, no exigível a longo prazo).
Para fins de esclarecimento, cabe colocar que, ao tratar do Ativo, no art.
179, a Lei das S/A determina que os créditos decorrentes de transações
não usuais com pessoas ligadas sejam classificadas no Ativo Realizável a
Longo Prazo, independentemente do prazo previsto para sua realização.
Mas essa mesma lei não faz qualquer ressalva nesse sentido quando
trata do Passivo.
A interpretação sistemática dos dois artigos acima referenciados
(sempre à luz dos Princípios Fundamentais de Contabilidade) indica que
essa exceção não é aplicável ao passivo. Nesse diapasão, cabe lembrar
que seria esperado que uma empresa (ao demonstrar seu patrimônio)
não apresentasse a existência de um direito a receber no curto prazo
que – presumidamente – não teria interesse em cobrar (de parte a ela
relacionada), sendo apropriada a apresentação desse direito no longo
prazo; mas, de forma nenhuma, seria esperado que essa mesma
empresa (ao demonstrar seu patrimônio) não explicitasse no curto prazo
uma obrigação por ela contraída para pagamento no curto prazo (ainda
que relativa a uma parte a ela relacionada).
Finalmente, cumpre frisar que este é o entendimento da doutrina
majoritária. Entretanto, em que pese alguns autores entendem de
forma diferente, a Escola de Administração Fazendária, nessa questão
de concurso, demonstrou que também acompanha a opinião majoritária.
Assim, os empréstimos em tela devem ser classificados no passivo
circulante, pelo fato do prazo de exigibilidade ser de apenas 120 dias e,
portanto, antes do final do próximo exerício.
Gabarito
B
7.1.3 Auditor Fiscal do Tesouro Nacional – AFTN / 1994 – março
Enunciado

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A Cia. Industrial Santa Helena recebeu, em 31/12/X3, uma subvenção
para investimento feita por pessoa jurídica de direito público, com
finalidade específica de adquirir equipamentos para expandir o seu
empreendimento econômico. Segundo a Lei das Sociedades por Ações,
esse tipo de subvenção deve ser classificado, como:
a) reserva para contingência;
b) retenção de lucro;
c) reserva legal;
d) receita operacional;
e) reserva de capital.
Resolução e comentários
Uma subvenção é: (1) um valor recebido, ou (2) uma obrigação
perdoada; com o objetivo de permitir ou facilitar e existência daquele
que é beneficiado. A subvenção pode ser dada por qualquer ente (não
somente o Poder Público), mas – por força da legislação tributária –
somente devem ser registradas como reservas de capital as subvenções
recebidas do Poder Público.
Somente as subvenções para investimentos devem ser registradas como
reserva de capital, sendo que as subvenções para custeio devem ser
registradas como receita.
As subvenções para custeio têm por finalidade a ajuda na manutenção
das atividades normais de uma companhia, podendo ser utilizada para
“custeio” da folha de pagamento, de despesas com juros cobrados por
instituições financeiras ou terceiros, para despesas em geral – inclusive
despesas de exercícios anteriores, que resultaram em prejuízos
acumulados – e etc.
As subvenções para investimento são aquelas que se destinam à
realização de investimentos definidos como, por exemplo: (1) a
aquisição de instalações, máquinas ou equipamentos do ativo
permanente imobilizado; (2) a aquisição de terrenos; (3) a ampliação
ou modernização das edificações; etc.
Repetindo, somente as subvenções para investimento devem ser
registradas como reserva de capital, devendo as subvenções para
custeio ser registradas como receita. O registro contábil do recebimento
de uma subvenção para investimento é similar ao registro do
recebimento de uma doação.
Portanto, como na questão a subvenção recebida é do tipo subvenção
para investimento e é oriunda do Poder Público, sua classificação deverá
ser como Reserva de capital.

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Gabarito
E
7.1.4 Técnico de Finanças e Controles – 2001
Enunciado
Abaixo são apresentados alguns eventos, cujos recursos demandam a
contabilização de reservas patrimoniais. Assinale a opção cujo evento
não dá origem à formação de Reserva de Capital.
a) Doações e subvenções para custeio.
b) Produto da venda de bônus de subscrição.
c) Produto da venda de partes beneficiárias.
d) Ágio obtido na emissão de ações.
e) Valores reservados para aumento de capital.
Resolução e comentários
Trata-se de uma questão teórica, portanto, analisaremos cada uma das
assertivas do enunciado e comentaremos em separado.
a) Doações e subvenções para custeio.
Não, conforme questão acima, as somente as doações e subvenções
para INVESTIMENTO devem ser registradas como Reserva de capital,
conforme art. 182, § 1o, d, da Lei das S/A
b) Produto da venda de bônus de subscrição.
Certo, conforme art. 182, § 1o, b, da Lei das S/A
c) Produto da venda de partes beneficiárias.
Certo, conforme art. 182, § 1o, b, da Lei das S/A
d) Ágio obtido na emissão de ações.
Certo, conforme art. 182, § 1o, a, da Lei das S/A
e) Valores reservados para aumento de capital.
Certo, trata-se de uma definição genérica de reservas de capital. Essas
reservas somente podem ser utilizadas para aumento de capital (caso
não absorvam prejuízos), conforme art. 200 da Lei das S/A
Gabarito
A

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7.2 Apuração do valor da Reserva Legal

7.2.1 Analista de Comércio Exterior - 1998


Enunciado
A firma Chis apresenta o seguinte patrimônio líquido:
Capital Social 30.000,00
Reserva de subvenções p/ investimento 1.300,00
Reserva de ágio na emissão de ações 2.000,00
Reserva legal 2.000,00
Reservas estatutárias 1.000,00
No exercício de 19x1, a empresa apurou um lucro líquido final (após o
imposto de renda e as participações), no valor de R$ 76.000,00.
considerando-se as limitações impostas pela Lei n° 6.404/76 (Lei das
Sociedades por Ações), podemos dizer que, para constituir a reserva
legal no referido exercício, essa empresa:
a) poderá destinar R$ 3.700,00;
b) deverá destinar R$ 3.700,00;
c) deverá destinar R$ 3.800,00;
d) deverá destinar R$ 4.000,00;
e) poderá destinar R$ 4.000,00.
Resolução e comentários
Essa é uma questão típica de cálculo do valor da Reserva Legal. Para
sua resolução, é necessário conhecer o texto do art. 193 da Lei das S/A,
a seguir:
Art. 193. Do lucro líquido do exercício, 5% (cinco por
cento) serão aplicados, antes de qualquer outra
destinação, na constituição da reserva legal, que não
excederá de 20% (vinte por cento) do capital social.
§ 1º A companhia poderá deixar de constituir a reserva
legal no exercício em que o saldo dessa reserva, acrescido
do montante das reservas de capital de que trata o § 1º do
artigo 182, exceder de 30% (trinta por cento) do capital
social.
Cumpre referir que, no caso da questão:
- o lucro líquido é de 76.000,00;
- o capital social é de 30.000,00;
- a reserva legal anteriormente constituída é de 2.000,00;

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- as reservas de capital somam 3.300,00 (subvenções para
investimento e ágio na emissão de ações);
- o valor das reservas estatutárias é colocado no enunciado sem
função alguma (apenas para confundir o candidato mais
incauto).
Nossa proposta didática de resolução da questão é a de utilização dos
conceitos de passo, teto e sub-teto, conforme tabela a seguir.

Passo (=) 5% (*) Lucro Líquido


5% (*) 76.000,00 (=) 3.800,00
Reserva legal (anteriormente
Teto (=) 20% (*) capital social (-) constituída)
20% (*) 30.000,00 (-) 2.000,00 (=) 4.000,00
Reserva legal (anteriormente Reservas de capital (exceto
Sub-teto (=) 30% (*) capital social (-) constituída) (-) correção monetária do capital)
30% (*) 30.000,00 (-) 2.000,00 (-) 3.300,00 (=) 3.700,00

Relembrando: (1) o passo é obrigatório até o sub-teto, (2) do sub-teto


ao teto ele é facultativo e (3) acima do teto ele é proibido.
Portanto, no caso, a Reserva legal deverá ser obrigatoriamente
constituída em um valor de, no mínimo R$ 3.700,00 e no máximo R$
3.800,00, podendo ser constituída em qualquer valor compreendido
entre R$ 3.700,00 e R$ 3.800,00.
Nessas condições, a única alternativa correta é a de letra A.
Gabarito
A

8 Bibliografia e Fontes de Pesquisa Referenciadas


8.1 Leis
Lei 6.404, de 1976 – Lei das S/A.
Lei 9.249, de 1995.
Lei n° 10.406, de 2002 – Código Civil.

8.2 Atos Administrativos Normativos


RESOLUÇÃO CFC N.º 750/93 - Dispõe sobre os Princípios Fundamentais
de Contabilidade (P.F.C.)
RESOLUÇÃO CFC N.º 751/93 - Dispõe sobre as Normas Brasileiras de
Contabilidade.
RESOLUÇÃO CFC N.º 774/94 - Aprova o Apêndice à Resolução sobre os
Princípios Fundamentais de Contabilidade.

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DELIBERAÇÃO CVM N 29-1986 - objetivos da Contabilidade.
Decreto 3.000, de 1999 – Regulamento do Imposto de Renda.

8.3 Livros
Iudícibus, Sérgio de; Martins, Eliseu e Gelbke, Ernesto Rubens Gelbcke.
Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações – FIPECAFI. Ed.
Atlas. São Paulo – 4a edição – 1995.
Neves, Silvério das e Viceconti, Paulo E. V. Contabilidade Básica. Ed.
Frase. São Paulo – 5a edição – 1996.
Neves, Silvério das e Viceconti, Paulo E. V. Contabilidade Avançada. Ed.
Frase. São Paulo – 5a edição – 1996.
Gonçalves, Eugênio Celso e Baptista, Antônio Eustáquio. Contabilidade
Geral. Ed. Atlas. São Paulo – 2a edição – 1994.
Silva, Benedito Gonçalves da. Contabilidade Geral. Ed. Meta – 2a edição
– 1994.
Ferrari, Ed Luiz, Contabilidade Geral: teoria e 950 questões – Rio de
Janeiro: Elsevier 2006.
Velter, Francisco e Missagia, Luiz R. Manual de Contabilidade – Rio de
Janeiro: Impetus, 2003.
Ferreira, Ricardo J. Contabilidade avançada e intermediária – 2. ed. –
Rio de Janeiro: Ed. Ferreira, 2004.
Santos, Luiz Eduardo. Contabilidade: Resoluções e comentários de
Questões da ESAF. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.

8.4 Internet
www.planalto.gov.br
www.cfc.org.br
www.receita.fazenda.gov.br

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1 Roteiro
Nesta aula, ainda sobre demonstrações contábeis, já tendo sido
estudado – por completo – o Balanço Patrimonial, continuaremos o
estudo com a apresentação: (1) da Demonstração do Resultado do
Exercício – DRE, (2) da Demonstração dos Lucros ou Prejuízos
Acumulados – DLPA e (3) da Demonstração das Mutações do Patrimônio
Líquido – DMPL.
Portanto, neste ponto da matéria, serão apresentados os conceitos
atinentes às demonstrações contábeis em tela e comentadas suas
especificidades. A seguir, encontra-se uma lista dos itens que serão
aqui estudados:
a) Demonstração do Resultado do Exercício - DRE
i) Finalidade da demonstração, conteúdo e previsão legal
ii) Estrutura da demonstração
iii) Elementos da DRE – (1) Início (“cabeça”); (2) meio (“meiuca”)
E (3) fim (“rabicho”)
(1) Faturamento x Receita Bruta de Vendas
(2) Deduções da Receita Bruta de Vendas e Receita
Líquida de Vendas
(3) Custo das mercadorias Vendidas (CMV), Custo dos
produtos vendidos (CPV), Custo dos serviços prestados
(CPV) e Resultado operacional bruto (Lucro Bruto – LB)
(4) Despesas e Receitas operacionais e Resultado
operacional líquido (LOp)
(a) Despesas operacionais: (1) comerciais, (2)
administrativas, (3) financeiras e (4) outras
(b) Variações monetárias passivas e Resultados negativos
em participações societárias
(c) Receitas financeiras
(d) Variações monetárias ativas e Resultados positivos em
participações societárias
(e) Outras receitas operacionais
(5) Receitas e Despesas não operacionais e Lucro antes
dos tributos (LAIR)
(6) Provisão para IR e CSLL e Lucro após os tributos
(LApIR)

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(7) Participações no Resultado: (1) Debenturistas, (2)
Empregados, (3) Administradores, (4) Partes Beneficiárias e
(5) Contribuições para a previdência privadas dos
empregados
(8) Lucro líquido (LL) e Lucro líquido por ação
b) Demonstração dos Lucros e Prejuízos Acumulados - DLPA
i) Finalidade da demonstração, conteúdo e previsão legal
ii) Estrutura da demonstração
iii) Elementos da DLPA
(1) Saldo inicial, Ajustes e Saldo ajustado
(2) Reversão/realização de reservas, LL – da DRE – e
Saldo à disposição da Asembléia-Geral de acionistas
(3) Proposta de destinação: (1) dividendos, (2) reservas
de lucro e (3) incorporação ao capital social; e saldo final.
c) Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido – DMPL
i) Finalidade da demonstração, conteúdo e previsão legal
ii) Estrutura da demonstração
iii) Elementos da DMPL

2 Introdução
Antes de apresentar as demonstrações contábeis objeto da presente
aula, cumpre referir que algumas contas aqui estudadas já foram
apresentadas ao aluno longo deste curso. Não se trata de uma simples
repetição da matéria, mas de uma nova análise do mesmo assunto, sob
um ponto de vista novo.
Tal situação é decorrente do fato de que a Contabilidade utiliza o
método das partidas dobradas, que determina que todo e qualquer fato
contábil seja registrado com (1) a apresentação dos valores que estão
sendo aplicados no patrimônio e a indicação do correspondente
elemento patrimonial e (2) a apresentação da origem do respectivo
valor, com a indicação do elemento do qual ele se origina.
Ora, para fatos contábeis modificativos (ou mesmo mistos) pode ocorrer
que a origem esteja em conta(s) patrimonial(is) e a aplicação em
conta(s) de resultado, ou vice-versa. Assim, quando do estudo das
contas patrimoniais, eventualmente foram referenciadas contas de
resultado (para exemplificar e contextualizar o funcionamento das
contas patrimoniais no sistema contábil de informações).

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Neste ponto da matéria o enfoque é inverso, é proposta a apresentação
de conceitos atinentes a contas de resultado e, portanto, as referências
a contas patrimoniais (já estudadas) serão feitas apenas para
exemplificar e contextualizar o funcionamento das contas de resultado.

3 Demonstração do Resultado do Exercício – DRE


3.1 Finalidade da demonstração, conteúdo e previsão legal
A Demonstração do Resultado do Exercício – DRE – nada mais é do que
uma apresentação organizada dos saldos finais das contas de resultado
em um determinado período. Sua apresentação é de fundamental
importância para que a informação contábil faça sentido, ou seja, ela
complementa e contextualiza no tempo as informações do balanço
patrimonial.
O Balanço Patrimonial tem, como finalidade, a apresentação do valor de
cada bem, direito, obrigação e da respectiva diferença entre eles, em
um DETERMINADO MOMENTO DO TEMPO – no caso, no início e no final
do exercício. Em outras palavras, o Balanço Patrimonial pode ser
encarado – metaforicamente – como uma “fotografia do patrimônio”. A
Demonstração do Resultado do Exercício tem como finalidade a
apresentação dos motivos pelos quais o valor do patrimônio aumentou
(receitas) ou diminuiu (despesas), durante o período de tempo
compreendido entre a apresentação de dois balanços patrimoniais
consecutivos. Em outras palavras, a Demonstração do Resultado do
Exercício é a lista de motivos (e respectivos valores) pelos quais o
patrimônio aumentou ou diminuiu no período compreendido entre suas
duas fotografias.
A partir dos conceitos acima apresentados, é possível visualizar, no
modelo contábil de representação do patrimônio, bem como de suas
alterações no tempo (durante o exercício), as funções informacionais do
Balanço Patrimonial e da DRE, conforme a seguir:

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Ativo Passivo Ativo Passivo
BPf
------- PL BPi ------- PL

Exercício

Início Final

Despesas Receitas
DRE

-----
Saldo líquido (Receitas-Despesas)

Pela figura acima, é possível visualizar a finalidade da DRE no sistema


de informações contábil: apresentação dos saldos das contas de
resultado (representativas de receitas ou despesas), indicando o motivo
pelo qual o patrimônio teve seu valor majorado ou reduzido – durante
um período de tempo, o exercício – Dinâmica Patrimonial.
Portanto, a Demonstração do Resultado do Exercício é a apresentação,
em forma resumida, das operações realizadas pela empresa, durante o
exercício social, demonstradas de forma a destacar o resultado líquido
do período.
O art. 187 da Lei das S/A estabelece a ordem de apresentação das
receitas, custos e despesas, nessa demonstração, para fins de
publicação, conforme a seguir:
Art. 187. A demonstração do resultado do exercício
discriminará:
I - a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das
vendas, os abatimentos e os impostos;
II - a receita líquida das vendas e serviços, o custo das
mercadorias e serviços vendidos e o lucro bruto;
III - as despesas com as vendas, as despesas financeiras,
deduzidas das receitas, as despesas gerais e
administrativas, e outras despesas operacionais;
IV - o lucro ou prejuízo operacional, as receitas e despesas
não operacionais;
V - o resultado do exercício antes do Imposto sobre a
Renda e a provisão para o imposto;
VI - as participações de debêntures, empregados,
administradores e partes beneficiárias, e as contribuições
para instituições ou fundos de assistência ou previdência
de empregados;

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VII - o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu
montante por ação do capital social.
É importante lembrar que na DRE devem constar receitas auferidas e
despesas incorridas, em obediência ao princípio fundamental de
contabilidade de competência. Assim, na determinação do resultado do
exercício serão computados: (1) as receitas e os rendimentos ganhos no
período, independentemente de sua realização em moeda e (2) os
custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incorridos,
correspondentes a essas receitas e rendimentos (conforme determina o
§ 1o do art. 187 da Lei das S/A):
§ 1º Na determinação do resultado do exercício serão
computados:
a) as receitas e os rendimentos ganhos no período,
independentemente da sua realização em moeda; e
b) os custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou
incorridos, correspondentes a essas receitas e
rendimentos.

O objetivo básico da Demonstração do Resultado do Exercício é fornecer


aos usuários das demonstrações financeiras da empresa, como já
indicado, os dados básicos e essenciais da formação do resultado do
exercício.

3.2 Estrutura da demonstração


Vista a finalidade da demonstração e sua previsão legal, apresentamos –
a seguir – um modelo1 proposto, para estudo:

1
Em nosso modelo foram utilizados os nomes tradicionalmente dados às contas de
resultado. Ressaltamos, porém, que, não havendo legislação que determine a
nomenclatura de contas contábeis, em cada situação prática, poderá haver nomes
ligeiramente diferentes.

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. Faturamento bruto
(-) IPI faturado
(=) Receita Bruta de Vendas de Mercadorias, Produtos e/ou Serviços (RBV)
(-) vendas canceladas
(-) abatimentos concedidos e descontos incondicionais
(-) impostos e contribuições incidentes sobre vendas e serviços
. ICMS
. PIS/Pasep
. Cofins
. ISS
(=) Receita Líquida de Vendas (RLV)
(-) Custo das Mercadorias ou produtos vendidos e/ou serviços prestados
(=) Resultado Bruto (se positivo, lucro bruto - LB)
(-) despesas operacionais
. despesas com vendas
. despesas gerais e administrativas
. despesas financeiras
. outras despesas operacionais
. Resultados negativos em participações societárias
. Variações monetárias passivas
(+) Outras Receitas Operacionais
. Receitas financeiras
. Resultados positivos em participações societárias
. Variações monetárias ativas
. Receitas de aluguél do permanente
(=) Resultado operacional líquido (se positivo, lucro operacional - LOp)
(-) Despesas não operacionais
(+) Receitas não operacionais
(=) Resultado do período base antes da Contribuição Social e o Imposto de Renda (LAIR)
(-) Contribuição Social sobre o lucro
(-) Provisão para o Imposto de Renda
(=) Lucro Líquido do período antes das participações (LApIR)
(-) Participação de debenturistas
(-) Participações de empregados
(-) Participações de administradores
(-) Participações de partes beneficiárias
(-) Contribuição para fundos de assistência e previdência social dos empregados
(=) Lucro líquido do período base (LL)
(/ ) Número de ações
(=) Lucro líquido por ação

3.3 Elementos da DRE


No estudo da DRE é de extrema importância – didática – sua divisão em
três grandes: (1) Início (denominado didaticamente de “cabeça”), que
vai até o Lucro Bruto; (2) meio (denominado carinhosamente “meiuca”),
que vai até o Lucro antes dos tributos – IR e CSLL e (3) fim (de forma
bem humorada, denominado “rabicho”), que vai até o Lucro Líquido.
A relevância dessa classificação reside no fato de que os problemas (que
se apresentam tanto na vida prática quanto em questões de prova)

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relativos ao resultado do exercício, geralmente, estão adstritos a um
desses grupos. Nesse sentido, pode-se afirmar que:
- problemas relacionados a operações com mercadorias e
controle de estoques são resolvidos com o conhecimento
do primeiro grupo de elementos da DRE – (1) início da
demonstração, por nós denominado didaticamente de
“cabeça” da demonstração;
- problemas relacionados a operações com
receitas/despesas financeiras, equivalência patrimonial,
variações monetárias (ativas e passivas) e ganho ou perda
de capital são resolvidos com o conhecimento do segundo
grupo de elementos da DRE – (2) meio da demonstração,
por nós denominado didaticamente de “meiuca” da
demonstração;
- problemas relacionados à destinação do resultado
(tributos, participações, reservas de lucro, dividendos e
incorporação ao capital) são resolvidos como o
conhecimento do terceiro grupo de elemento da DRE – (3)
final da demonstração, por nós denominado didaticamente
de “rabicho” da demonstração2.
Para fins de clareza, apresentamos, a seguir, cada um dos três grandes
grupos em que a DRE se divide:
(1) início - cabeça
. Faturamento bruto
(-) IPI faturado
(=) Receita Bruta de Vendas de Mercadorias, Produtos e/ou Serviços (RBV)
(-) vendas canceladas
(-) abatimentos concedidos e descontos incondicionais
(-) impostos e contribuições incidentes sobre vendas e serviços
. ICMS
. PIS/Pasep
. Cofins
. ISS
(=) Receita Líquida de Vendas (RLV)
(-) Custo das Mercadorias ou produtos vendidos e/ou serviços prestados
(=) Resultado Bruto (se positivo, lucro bruto - LB)
(2) meio – meiuca

2
Sendo que a resolução desse tipo de problema pode, eventualmente, demandar o
conhecimento (integrado) do final da DRE e da DLPA (que será estudada adiante neste
tópico da matéria).

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(-) despesas operacionais
. despesas com vendas
. despesas gerais e administrativas
. despesas financeiras
. outras despesas operacionais
. Resultados negativos em participações societárias
. Variações monetárias passivas
(+) Outras Receitas Operacionais
. Receitas financeiras
. Resultados positivos em participações societárias
. Variações monetárias ativas
. Receitas de aluguél do permanente
(=) Resultado operacional líquido (se positivo, lucro operacional - LOp)
(-) Despesas não operacionais
(+) Receitas não operacionais
(=) Resultado do período base antes da Contribuição Social e o Imposto de Renda (LAIR)
(3) fim – rabicho
(-) Contribuição Social sobre o lucro
(-) Provisão para o Imposto de Renda
(= Lucro Líquido do período antes das participações (LApIR)
(-) Participação de debenturistas
(-) Participações de empregados
(-) Participações de administradores
(-) Participações de partes beneficiárias
(-) Contribuição para fundos de assistência e previdência social dos empregados
(= Lucro líquido do período base (LL)
(/ ) Número de ações
(= Lucro líquido por ação
Vista a finalidade da demonstração, bem como sua estrutura, e proposto
um modelo de estudo – por partes – analisaremos, a seguir, cada um de
seus elementos.

3.3.1 Faturamento x Receita Bruta de Vendas


Conforme já visto, em obediência ao princípio fundamental de
contabilidade da competência, a Receita Bruta de Vendas deve ser
aquela registrada quando da efetiva entrega das mercadorias/produtos,
momento em que ocorre a transmissão da propriedade dos bens ao
comprador, (ou da efetiva prestação do serviço). Simultaneamente ao
registro das receitas, deve ser registrado o custo das mercadorias
vendidas, que representa o sacrifício patrimonial necessário à percepção
da receita auferida. Portanto, os recebimentos de adiantamentos de
clientes não devem constar dessa demonstração (trata-se de passivo –
conta patrimonial).
Deve ter chamado a atenção do aluno o fato das duas primeiras linhas
do modelo proposto estarem apresentadas em tipo diferente (itálico).
Essa situação decorre do seguinte problema:

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- quando uma indústria vende um produto de preço R$
1.000,00, com IPI de 10%;
- o cliente, para adquirir o produto, deve pagar os R$
1.000,00 relativos ao produto adquirido, acrescido do IPI
de 10%, que está por fora do valor do produto (R$
100,00);
- assim, a indústria recebe o valor de R$ 1.100,00, por ter
vendido um produto valor de apenas R$ 1.000,00.
O valor do produto vendido (preço) é denominado de Receita Bruta de
Vendas – R$ 1.000,00 – e o valor recebido (cobrado) é denominado de
Faturamento Bruto – R$ 1.100,00. Para ilustração da situação acima
descrita, apresentamos, a seguir, uma figura representativa do corpo da
nota fiscal do produto vendido pela indústria.
NF n° 1,00
Item Produto - descrição Preço unit.Qtd. Preço Total
1 XPTO 10,00 100 1.000,00
-
-
-
Total 1.000,00

icms 17% 170,00


ipi 10% 100,00
Valor a pagar 1.100,00

Repare que o valor do produto (na nota) que enseja a Receita Bruta de
Vendas – RBV é de apenas R$ 1.000,00, mas o valor a pagar, que
enseja o Faturamento Bruto é de R$ 1.100,00. Nesse ponto, é comum
uma dúvida, porque somente o IPI é considerado um valor que não
compõe o preço do produto; a resposta é simples, a legislação assim
definiu, determinando que o IPI não faz parte da Receita Bruta de
Vendas – sendo um valor a ela acrescido.
Ocorre que a Lei das S/A estabelece que deve devem ser demonstrados
a Receita Bruta da Venda e, em seguida, os impostos relativos à venda,
para apuração da receita líquida de vendas, conforme art. 187, a seguir
parcialmente reproduzido:
Art. 187. A demonstração do resultado do exercício
discriminará:
I - a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das
vendas, os abatimentos e os impostos;
II - a receita líquida das vendas ...

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Para solucionar esse problema, adotamos a solução proposta pelo
Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações3, ou seja, a
adaptação do plano de contas para que – antes da Receita Bruta de
Vendas, inserir as contas Faturamento Bruto e IPI Faturado, conforme
abaixo:
. Faturamento bruto
(-) IPI faturado
(=) Receita Bruta de Vendas de Mercadorias, Produtos e/ou Serviços (RBV)
Nessa alternativa, o IPI contido nas vendas é então considerado uma
dedução do faturamento bruto, chegando-se à Receita Bruta de Vendas,
conforme definido pela Legislação.
Seguindo esse modelo, no caso da compra acima, a contabilização
deverá ser realizada da seguinte forma:
D= Diversos
1- C=a Fornecedores 1.100,00
D= IPI a recuperar (AC) 100,00
D= Estoques de Matéria-prima 1.000,00

Para fins de ilustração, considerando a posterior venda de produtos


industrializados (sujeitos ao IPI em 10%, por exemplo) no valor de R$
5.000,00, teremos a seguinte contabilização:
D = Clientes
2- C = a Faturamento Bruto 5.500,00
D = IPI faturado
3- C = a IPI a recolher (PC) 500,00

Ao final do período de apuração do IPI, pela não cumulatividade


característica do tributo, a indústria teria que recolher o saldo entre o
IPI a recolher e o IPI a recuperar.
D= IPI a recolher (PC) 500,00
4- C=a Diversos
C=a IPI a recuperar (AC) 100,00
C=a Caixa (ou bancos) 400,00

Ocorridos esses fatos, na DRE, serão demonstrados os seguintes


valores:
. Faturamento bruto 5.500,00
(-) IPI faturado (500,00)
(=) Receita Bruta de Vendas de Mercadorias, Produtos e/ou Serviços (RBV) 5.000,00

O exemplo acima é meramente ilustrativo do modelo de apresentação


da DRE neste item proposto. Considerações aprofundadas acerca dos

3
Iudícibus, Sérgio de E outros. Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações –
4a ed. ver. E atual. – São Paulo: Atlas 1994. pp. 508 a 510.

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lançamentos contábeis aqui apresentados serão efetuadas na aula que
trata das operações com mercadorias, adiante neste curso.

3.3.2 Deduções da Receita Bruta de Vendas e Receita Líquida de


Vendas
As contas a seguir são contas que representam valores que reduzem a
Receita Bruta de vendas – RBV, ou seja, são valores que estão
diretamente relacionados com a RBV e que a reduzem, são eles:
- as Devoluções e as Vendas canceladas;
- os Descontos Incondicionais e os Abatimentos;
- os tributos incidentes sobre a Receita de Vendas.
A seguir, analisaremos cada uma dessas contas.

3.3.2.1 Devoluções e vendas canceladas


As devoluções e vendas canceladas são situações similares. Em ambos
os casos, o valor da venda (antes ocorrida) é desfeito. A diferença
fundamental entre essas duas ocorrências é que: (1) no cancelamento
de vendas, apesar da nota fiscal já ter sido emitida, o bem vendido,
produto ou mercadoria, não chegou a sair do estabelecimento; (2) na
devolução, o desfazimento da venda ocorre em um momento posterior à
saída do bem do estabelecimento vendedor.
O lançamento referente a uma devolução de vendas é, desconsiderando
tributos – para fins didáticos:
D = Devolução de vendas (ou Vendas canceladas)
1- C = a Clientes x

3.3.2.2 Descontos incondicionais e abatimentos

3.3.2.2.1 Descontos incondicionais


Os descontos incondicionais, também denominados descontos
comerciais, são aqueles dados ao cliente no momento da venda. A
palavra “incondicional” é denotativa de sua natureza, pois, por condição
entende-se um “evento futuro e incerto” e, assim, um desconto
incondicional é aquele que é dado ao cliente independentemente de
qualquer acontecimento futuro e incerto.
Para ilustrar a definição, proponho a seguinte história.
Imagine que um cliente dirija-se à empresa Tamancos & Tamancos S/A,
para comprar um lote de tamancos, no valor de R$ 1.000,00, cujo
lançamento seria o seguinte:

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D = Clientes
1- C = a Receita Bruta de Vendas 1.000,00

Então, o vendedor, olhando nos olhos do cliente, diz: “o senhor é um


cliente fiel, compra sempre – e sempre em grande quantidade – há
muito tempo, pagando sempre corretamente e em dia. Por isso, vamos
lhe dar um desconto de 2% sobre o valor da venda”. Qual o lançamento
relativo a esse desconto? Tratar-se-ia de um desconto condicional ou
de um desconto incondicional?
Se o aluno pensasse estar diante de um desconto condicional, poderia
até acertar uma questão na prova de português, mas não na prova de
contabilidade.
Na verdade, o desconto acima, do ponto de vista contábil, não é
condicional, pois não está pendente de qualquer acontecimento futuro e
incerto; ao contrário, o desconto já está dado desde o momento da
venda. Trata-se apenas de um desconto motivado, e não podemos
confundir motivo com condição, pois o motivo é algo que aconteceu no
passado e que é condição suficiente para que ocorra um evento no
presente, ao passo que a condição é um evento futuro e incerto.
Visto que esse é um desconto incondicional, o lançamento contábil seria
o seguinte, desconsiderando incidências tributárias – para fins didáticos:
D = Descontos incondicionais
1- C = a Clientes 20,00

O Desconto condicional é aquele atrelado à ocorrência – no futuro – de


um acontecimento incerto. O exemplo mais elucidativo de um desconto
condicional é aquele dado pelo vendedor (no caso de venda a prazo) na
hipótese do cliente realizar o pagamento antes da data de vencimento
da fatura.
Ilustrando o conceito de desconto condicional, considere que, no caso
acima, ao invés do desconto incondicional antes apresentado, tivesse
sido combinado com o comprador que “o pagamento deverá ser
efetuado em 60 dias, mas, no caso de pagamento da fatura em até 30
dias, será concedido um desconto de 10% sobre o valor da venda”.
Nessas condições, no momento da venda não há nada o que se falar em
desconto (condicional ou incondicional). No trigésimo dia, pode –
também – não acontecer nada (pois o cliente não é obrigado a pagar a
fatura em 30 dias). Porém, caso no trigésimo dia ocorra o pagamento,
deverá ser registrado o desconto condicional, pois a condição foi
implementada, ou seja, ocorreu o evento futuro e incerto.
Repare que o desconto condicional não pode ser visto como uma
dedução da Receita de Vendas, pois não está atrelado ao evento da
venda. Na realidade, o desconto condicional em tela está relacionado ao
prazo para pagamento e, portanto, tem a natureza do valor do dinheiro

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no tempo (juros), devendo ser interpretado como uma despesa
financeira – que será estudada adiante entre as despesas operacionais.

3.3.2.2.2 Abatimentos
Os abatimentos são reduções do preço (da mercadoria antes vendida),
para evitar a devolução da venda. Portanto, abatimentos são fatos
posteriores à venda e decorrentes de uma situação especial que,
alternativamente, pode ser: (1) existência de defeitos na mercadoria (2)
ocorrência de incoerências entre a mercadoria contratada e aquela
entregue.
Um exemplo esclarecedor de abatimentos é o da situação em que há um
pedido de mercadorias em uma determinada cor (por exemplo, roxo) e
a entrega da mercadoria em uma cor diferente, mas parecida, (por
exemplo, lilás). Nessa situação, o cliente teria o direito de devolver a
mercadoria recebida; mas, para que não ocorra a devolução, o vendedor
pode lançar mão de oferecer um abatimento no preço da mercadoria.
O lançamento contábil referente ao abatimento encontra-se a seguir
apresentado:
D = Abatimentos
1- C = a Clientes x

É importante colocar que nem o ICMS, nem o IPI, nem o PIS/Pasep nem
a Cofins são afetados pelo eventual abatimento. Para entender a razão
dessas determinações legislativas e, conseqüentemente, memorizá-las,
cabe referir que o abatimento é um fato posterior à venda e que,
portanto, não pode alcançar os tributos que têm por fato gerador
eventos ligados à venda.

3.3.2.3 Tributos sobre a venda


Tributos sobre a venda são aqueles que têm por fato gerador um
acontecimento ligado apenas à venda, são eles – geralmente – o ICMS,
o PIS/Pasep, a Cofins, o ISS. Em casos excepcionais poderá haver,
também, o Imposto de Exportação que, por quase nunca ser exigido,
não será objeto de análise neste curso.

3.3.2.3.1 ICMS
O fato gerador do ICMS está previsto na Constituição da República
Federativa do Brasil, de 1988, em seu art. 155, conforme abaixo:
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal
instituir impostos sobre:
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II - operações relativas à circulação de mercadorias e
sobre prestações de serviços de transporte interestadual e
intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e
as prestações se iniciem no exterior
Assim, via de regra, para cada venda ocorrida, deverá ocorrer a
respectiva circulação da mercadoria vendida. Por essa razão, o ICMS é
visto como um tributo incidente sobre a venda. Considerando uma
alíquota básica de ICMS de 17%, na venda de uma mercadoria por R$
5.000,00 (sem qualquer desconto – para fins didáticos), o lançamento
contábil seria o seguinte:
D = Clientes
1- C = a Receita Bruta de Vendas 5.000,00
D = Tributos incidentes sobre as vendas - ICMS
2- C = a ICMS a recolher (PC) 850,00

Cumpre referir que os descontos incondicionais e as devoluções, que são


reduções/deduções da receita bruta de vendas, também reduzem a base
de cálculo do ICMS. Ainda, a título informativo, no caso do IPI, a
legislação é diferente e somente as devoluções reduzem a base de
cálculo do tributo, sendo irrelevante a existência de descontos
incondicionais. Esse assunto, porém, será detalhadamente discutido em
aula própria, que trata das operações com mercadorias, adiante neste
curso.

3.3.2.3.2 PIS/Pasep e Cofins


O PIS/Pasep de pessoas jurídicas de direito privado com fins lucrativos
(que é o caso das Sociedades Anônimas e Limitadas) e a Cofins são
tributos que têm por fato gerador o faturamento, conforme definido nas
leis n° 9.718, de 1998, 10.637, de 2002, e 10.833, de 2003, a seguir:
Lei n° 9.718, de 1998:
Art. 2° As contribuições para o PIS/PASEP e a
COFINS, devidas pelas pessoas jurídicas de direito privado,
serão calculadas com base no seu faturamento,
observadas a legislação vigente e as alterações
introduzidas por esta Lei.
Lei n° 10.637, de 2002:
Art. 1o A contribuição para o PIS/Pasep tem como
fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o
total das receitas auferidas pela pessoa jurídica,
independentemente de sua denominação ou classificação
contábil.
§ 1o Para efeito do disposto neste artigo, o total das
receitas compreende a receita bruta da venda de bens e
serviços nas operações em conta própria ou alheia e todas
as demais receitas auferidas pela pessoa jurídica.

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§ 2o A base de cálculo da contribuição para o
PIS/Pasep é o valor do faturamento, conforme definido no
caput.
Lei n° 10.833, de 2003:
Art. 1o A Contribuição para o Financiamento da
Seguridade Social - COFINS, com a incidência não-
cumulativa, tem como fato gerador o faturamento mensal,
assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa
jurídica, independentemente de sua denominação ou
classificação contábil.
§ 1o Para efeito do disposto neste artigo, o total das
receitas compreende a receita bruta da venda de bens e
serviços nas operações em conta própria ou alheia e todas
as demais receitas auferidas pela pessoa jurídica.
§ 2o A base de cálculo da contribuição é o valor do
faturamento, conforme definido no caput.
Assim, via de regra, para cada venda ocorrida, deverá ocorrer uma
respectiva cobrança (faturamento). Por essa razão, o PIS/Pasep e a
Cofins são considerados como tributos incidentes sobre a venda.
A alíquota do PIS/Pasep será de 0,65%, no caso da sistemática
cumulativa, ou de 1,65%, no caso de sistemática não-cumulativa. A
alíquota da Cofins será de 3%, no caso da sistemática cumulativa, ou de
7,6%, no caso de sistemática não-cumulativa.
Considerando as alíquotas de 0,65% e de 3% respectivamente para o
PIS/Pasep e a Cofins, na venda – antes referenciada – de uma
mercadoria por R$ 5.000,00 (sem qualquer desconto – para fins
didáticos), o lançamento contábil seria o seguinte:
D = Tributos incidentes sobre as vendas - PIS/Pasep
3- C = a PIS/Pasep a recolher (PC) 32,50
D = Tributos incidentes sobre as vendas - Cofins
4- C = a Cofins a recolher (PC) 150,00

Cumpre referir que os descontos incondicionais e as devoluções, que são


reduções/deduções da receita bruta de vendas, também reduzem a base
de cálculo do tanto do PIS/Pasep quanto da Cofins. Esse assunto,
porém, será detalhadamente discutido em aula específica, que trata das
operações com mercadorias, adiante neste curso.

3.3.2.3.3 ISS
O ISS é um tributo, da competência privativa dos municípios, que tem,
como fato gerador, a prestação de serviço, conforme previsto no art.
156 da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, a seguir:
Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:
...

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III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no
art. 155, II, definidos em lei complementar.
Assim, via de regra, para cada prestação de serviço ocorrida, deverá
ocorrer uma venda, do serviço prestado. Por essa razão, o ISS é
considerado como um tributo incidente sobre a venda.
Considerando uma alíquota de ISS de 5%, definida como alíquota
máxima para o tributo, e considerando uma prestação de serviço de R$
1.000,00, deve ser registrado o seguinte lançamento contábil.
D = Clientes
1- C = a Receita Bruta de Vendas 1.000,00
D = Tributos incidentes sobre as vendas - ISS
2- C = a ISS a recolher (PC) 50,00

3.3.2.4 Receita Líquida de Vendas (RLV)


A receita líquida de vendas é o resultado entre o valor da Receita Bruta
de Vendas e as respectivas deduções. Nunca é demais referir que os
somatórios de valores dos saldos de contas contábeis – apresentados
em demonstrações financeiras – consistem em contas sintéticas4.
Exemplificando, considere:
- a venda de uma 100 unidades de uma mercadoria de valor
unitário R$ 100,00, no total de R$ 10.000,00;
- a devolução de 10 unidades vendidas;
- um desconto incondicional 10% sobre o valor de 50 das
unidades vendidas;
- a incidência de tributos (sobre o total de vendas deduzido
do valor das devoluções e dos descontos incondicionais)
com as seguintes alíquotas:
o ICMS – 17%;
o PIS/Pasep – 0,65%;
o Cofins – 3%.
Nessa situação, a DRE deverá ser a seguinte:

4
Sobre o assunto, ver aula 03 deste curso.

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. Receita Bruta de Vendas de Mercadorias, Produtos e/ou Serviços (RBV) 10.000,00
(-) vendas canceladas (1.000,00)
(-) abatimentos concedidos e descontos incondicionais (500,00)
(-) impostos e contribuições incidentes sobre vendas e serviços
. ICMS (1.445,00)
. PIS/Pasep (55,25)
. Cofins (255,00)
. ISS -
(=) Receita Líquida de Vendas (RLV) 6.744,75

3.3.3 Custo das mercadorias Vendidas (CMV), Custo dos produtos


vendidos (CPV), Custo dos serviços prestados (CPV) e Resultado
operacional bruto (Lucro Bruto – LB)

3.3.3.1 Custo das Mercadorias Vendidas – CMV


O custo da mercadoria vendida é o valor, antes registrado em estoque
de mercadorias, que é entregue ao cliente quando de uma venda de
mercadorias.
Continuando o exemplo acima apresentado, e considerando: (1) o valor
unitário da compra das mercadorias como sendo R$ 50,00, que
descontado do ICMS (de 17%) que será recuperado5 resulta em um
valor de estoque (unitário) de R$ 41,50; (2) a quantidade vendida de 90
unidades (100 unidades vendias – 10 unidades canceladas); teremos
um custo da mercadoria vendida de 90 * 41,50 = R$ 3.735,00.

3.3.3.2 Custo dos Produtos Vendidos – CPV


O custo dos produtos vendidos somente é apurado em empresas
industriais. Sua apuração implica um controle dos materiais utilizados
no processo de industrialização, da mão de obra direta e dos custos
indiretos de fabricação. Trata-se de um problema estudado pela
contabilidade de custos e que, portanto, não será abordado nesta altura
deste curso.

3.3.3.3 Custo dos Serviços Prestados – CSP


O custo dos serviços prestados deve ser apurado por empresas
prestadoras de serviço e implica o controle de horas de trabalho na
consecução do serviço e de utilização de custos indiretos de prestação
do serviço.

5
Conforme será detalhadamente estudado na aula que trata das operações com
mercadoria, adiante neste curso.

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3.3.3.4 Resultado Operacional Bruto – Lucro Bruto (LB)
O Resultado operacional bruto é a diferença entre a receita líquida de
vendas e o custo das mercadorias vendidas (ou dos produtos vendidos
ou, ainda, dos serviços prestados – conforme a natureza das atividades
da empresa).
Continuando o exemplo aqui apresentado, considerando a RBV, as
deduções da receita bruta e o CMV acima apresentado, apuraremos um
Resultado Operacional Bruto de R$ 3.009,75. Abaixo, encontra-se a
DRE incluindo o CMV e o LB:
Item Valor Obs

. Receita Bruta de Vendas de Mercadorias, Produtos e/ou Serviços (RBV) 10.000,00 100*100,00
(-) vendas canceladas (1.000,00) 10*100,00
(-) abatimentos concedidos e descontos incondicionais (500,00) 10%*50*100,00
(-) impostos e contribuições incidentes sobre vendas e serviços
. ICMS (1.445,00) 8.500,00 * 17%
. PIS/Pasep (55,25) 8.500,00 * 0,65%
. Cofins (255,00) 8.500,00 * 3%
. ISS -
(=) Receita Líquida de Vendas (RLV) 6.744,75
(-) CMV (3.735,00)
(=) Resultado Operacional Bruto (Lucro Bruto - LB) 3.009,75

3.3.4 Despesas e Receitas operacionais e Resultado operacional


líquido (LOp)
Antes de mais nada, faz-se necessário o esclarecimento de um dúvida
muito recorrente: o conceito de atividades operacionais e não-
operacionais.
Alguns estudantes da Contabilidade, influenciados pelos conceitos de
administração e de finanças importados dos Estados Unidos da América,
confundem o sentido de operacional com o conceito de atividade fim da
empresa. Assim, equivocadamente identificam receitas e despesas
operacionais com aquelas ligadas à atividade objeto da empresa. Nada
mais errado! A classificação correta é a seguinte:
- As receitas ligadas à atividade objeto da empresa são as
receitas brutas de vendas (de produtos, serviços ou
mercadorias).
- As receitas e despesas operacionais são aquelas
HABITUAIS, aquelas esperadas, aquelas normais do
funcionamento da empresa.

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- As receitas e despesas não operacionais são aquelas
EVENTUAIS, aquelas não esperadas no dia a dia da
empresa, aquelas anormais.
Confirmando a classificação acima, basta ver que as receitas e despesas
financeiras integram o Resultado Operacional – conforme estrutura da
DRE, prevista pela Lei das S/A.
Ora, em empresas comerciais, as receitas e despesas financeiras estão
longe de compor as receitas da atividade fim da empresa (pois seu
objeto é a compra e venda de mercadorias); ainda assim, as receitas e
despesas financeiras compõem o resultado operacional dessas
empresas. Isso ocorre porque é normal, porque é esperado, por que
é habitual que empresas comerciais tenham atividade financeira
(espera-se que, havendo sobra de caixa ao final do dia, esse valor seja
depositado no banco – para gerar rendimentos e, também, é esperado
que, caso ao final do dia falte dinheiro para honrar os compromissos, a
empresa tome empréstimos bancários de curto prazo e, com eles quite
suas obrigações tempestivamente).
Feitas essas considerações iniciais, a seguir, estudaremos:
- as despesas operacionais (administrativas, comerciais e
financeiras);
- as variações monetárias passivas e ativas;
- os resultados positivos e negativos em participações
societárias;
- as receitas financeiras;
- as demais receitas operacionais.

3.3.4.1 Despesas operacionais:


As despesas operacionais (aquelas esperadas no dia a dia do
funcionamento da empresa) se subdividem em: (1) Comerciais; (2)
Administrativas; (3) Financeiras e (4) Outras; conforme previsto no art.
187 da Lei das S/A, abaixo reproduzido em parte:
Art. 187. A demonstração do resultado do exercício
discriminará:
...
III - as despesas com as vendas, as despesas financeiras,
deduzidas das receitas, as despesas gerais e
administrativas, e outras despesas operacionais;
IV - o lucro ou prejuízo operacional ...
A seguir, estudaremos cada um desses tipos de despesas operacionais.

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3.3.4.1.1 Despesas operacionais comerciais
As despesas operacionais comerciais são aquelas relacionadas aos
setores comerciais da empresa e são compostas, geralmente, por:
- salários do pessoal de vendas e marketing;
- comissões dos vendedores;
- encargos e contribuições (suportadas pela empresa) sobre
a folha do pessoal de marketing e vendas6;
- gastos e depreciação de veículos utilizados nas atividades
de venda;
- propaganda dos produtos e mercadorias;
- etc.

3.3.4.1.2 Despesas Operacionais administrativas


As despesas operacionais administrativas, também denominadas –
simplesmente – de despesas gerais são aquelas relacionadas às
atividades meio da empresa (contabilidade, sistemas de informação,
segurança, limpeza, finanças, etc.). São exemplos desses tipos de
despesas:
- a remuneração dos administradores;
- os salários dos funcionários dos setores administrativos;
- gastos e depreciação relativos aos veículos utilizados pelos
administradores;
- etc.

3.3.4.1.3 Despesas Operacionais financeiras


As despesas financeiras são aquelas relativas a: (1) operações com
instituições financeiras, como empréstimos, financiamentos, tarifas
bancárias, etc. e (2) aquelas relacionadas ao valor do dinheiro no tempo
– juros – decorrentes de operações com quaisquer pessoas.
Exemplificativamente, temos classificadas como despesas financeiras:
- juros incorridos na remuneração de empréstimos e
financiamentos obtidos;
- juros incorridos em operações de desconto de duplicatas;
- juros de mora no atraso do pagamento de obrigações;

6
Sobre o assunto, ver lançamentos relativos à folha de pagamentos, na aula 06 deste
curso.

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- descontos concedidos de forma condicional (obs.: os
descontos incondicionais concedidos no ato da venda não
são caracterizados como despesas financeira, mas como
deduções da receita de venda);
- etc.
Alguns autores incluem neste grupo as variações monetárias.
Possivelmente, esse entendimento seja oriundo da leitura equivocada da
legislação que – via de regra – equipara o tratamento dado às variações
monetárias àquele dado aos resultados financeiros, como,
o
exemplificativamente, o art. 9 da Lei 9.718, de 1998, faz para
PIS/Pasep e Cofins:
Art. 9° As variações monetárias dos direitos de
crédito e das obrigações do contribuinte, em função da
taxa de câmbio ou de índices ou coeficientes aplicáveis por
disposição legal ou contratual serão consideradas, para
efeitos da legislação do imposto de renda, da contribuição
social sobre o lucro líquido, da contribuição PIS/PASEP e da
COFINS, como receitas ou despesas financeiras, conforme
o caso.
Repare que a legislação trata – para fins tributários – da mesma forma
as variações monetárias e os resultados financeiros. Mas isso não quer
dizer que os conceitos se confundam, pois (1) variações monetárias
(ativas/passivas) são, respectivamente, receitas ou despesas referentes
ao aumento ou diminuição de direitos ou obrigações em decorrência
de um índice econômico ou da taxa de câmbio a que esses direitos
ou obrigações estão atrelados; (2) receitas ou despesas financeiras são
aquelas relativas a juros (valor do dinheiro no tempo).
Assim, sugere-se que as despesas financeiras sejam apresentadas
destacadamente das variações monetárias passivas.
Há – também – autores que sustentam que as Receitas financeiras
devem ser apresentadas neste grupo (deduzindo o valor das despesas
financeiras) e que, caso as receitas financeiras superem o montante das
despesas financeira, o valor líquido resultante deverá ser deduzido das
demais despesas operacionais. Entendemos que devem ser
apresentadas receitas financeiras e despesas financeiras de forma
explícita na DRE, sendo irrelevante que aquelas sejam especificamente
uma dedução destas ou que as duas estejam em itens separados.
Juros sobre o capital próprio – JCP – são despesas financeiras da
empresa, trata-se de um valor pago ou creditado individualizadamente a
titular, sócio ou acionista, a título de “remuneração do capital próprio”.
Essa remuneração é calculada aplicando-se a Taxa de Juros de Longo
Prazo – TJLP sobre o valor contábil do Patrimônio Líquido (capital

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próprio) ajustado. A previsão para pagamento desse valor encontra-se
na Lei n° 9.249, de 1997.
A título de ilustração, cabe colocar que:
- o pagamento de JCP é condicionado à existência de lucros
ou reserva de lucros em montante superior ao dobro do
valor dos juros a serem pagos;
- o valor dos juros pagos poderá ser imputado ao valor dos
dividendos.
Há uma disputa entre a Lei, a abordagem fiscal e a abordagem
societária, sobre o assunto. A seguir, analisaremos o assunto com base
no conteúdo do Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações
(Sérgio de Iudícibus – Ed. Atlas 5a edição – 1999), que trata do tema
em sua página 292:
Os juros sobre o capital próprio, calculados conforme
demonstrado nos exemplos anteriores, são debitados em
Despesas Financeiras, reduzindo o lucro a ser tributado.
A contabilização desses juros como despesa financeira,
como determina a lei, implica graves prejuízos à
comparabilidade das demonstrações contábeis, já que,
como esses juros são facultativos, algumas empresas os
contabilizam e outras não. ...
Para amenizar tais distorções, a CVM, na sua Instrução n°
247/96, determinou que os juros sobre o capital próprio
sejam contabilizados como destinação de lucros,
diretamente na conta Lucros Acumulados, sem transitar
pelo resultado do exercício.
Nesse sentido, a mesma Deliberação determina que as
companhias abertas que tiverem contabilizado os juros
sobre o capital próprio como despesa financeira, para fins
de dedutibilidade fiscal, ficam obrigadas a efetuar a
reversão do seu valor, na última linha da Demonstração do
Resultado, antes do saldo da conta Lucro líquido ou
Prejuízo do exercício.

3.3.4.1.4 Outras despesas operacionais


São classificadas como outras despesas aquelas que não se enquadram
diretamente no conceito de despesas comerciais, administrativas ou
financeiras; geralmente, elas incluem as variações monetárias passivas
e os resultados negativos em participações societárias. A seguir,
analisaremos cada um desses casos.

3.3.4.1.4.1 Variações monetárias passivas


Variações monetárias passivas são aquelas reduções do patrimônio
devidos à modificação de um índice econômico a que um ativo ou

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passivo está atrelado, por força contratual. As variações monetárias
mais importantes no atual contexto econômico são as variações
cambiais.
As variações cambiais passivas ocorrem quando há uma alteração na
taxa de câmbio que implique, alternativamente: (1) redução de um
direito ou (2) aumento de uma obrigação.
Para ilustrar o conceito, apresentamos os exemplos a seguir:
a) variação cambial passiva por aumento de obrigação
Seja uma obrigação de US$ 500.00, avaliada por R$ 1.000,00 em
01/01/2006, pela cotação do dólar (por exemplo: R$ 2,00). Considere
que em 31/01/2006 a cotação do dólar seja de R$ 2,20, assim, essa
obrigação deverá ser avaliada por:
 US$ 500.00 (*) R$ 2,20 (=) R$ 1.100,00.
Nesse caso, a variação cambial passiva será de:
 R$ 1.100,00 (-) R$ 1.000,00 (=) R$ 100,00.
O lançamento contábil, referente à Variação cambial passiva acima
apresentada deverá ser o seguinte:
D = Variação cambial passiva - VCP
1- C = a Obrigações 100,00

b) variação cambial passiva por redução de direito


Seja um direito de US$ 500,00, avaliado por R$ 1.100,00 em
01/01/2006, pela cotação do dólar (por exemplo: R$ 2,20). Considere
que em 31/01/2006 a cotação do dólar seja de R$ 2,00, assim, esse
direito deverá ser avaliado por:
 US$ 500.00 (*) R$ 2,00 (=) R$ 1.000,00.
Nesse caso, a variação cambial passiva será de:
 R$ 1.100,00 (-) R$ 1.000,00 (=) R$ 100,00.
O lançamento contábil, referente à Variação cambial passiva acima
apresentada deverá ser o seguinte:
D = Variação cambial passiva - VCP
2- C = a Direitos 100,00

3.3.4.1.4.2 Resultados negativos em participações


societárias – equivalência patrimonial

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Para apresentar o conceito de “resultados negativos em participações
societárias”, faz-se necessária uma breve referência ao método da
equivalência patrimonial7.
O método da equivalência patrimonial é um método especial de
avaliação de participações societárias (ações ou quotas de capital do
Ativo Permanente Investimentos) – somente aplicável a participações
societárias importantes. As participações societárias em geral, assim
como quaisquer outros elementos do ativo, devem ser avaliadas pela
aplicação do princípio fundamental de contabilidade do Registro pelo
Valor Original – denominado “método do custo”. Cabendo uma exceção
às participações societárias importantes, que é justamente o “método
da equivalência patrimonial”.
O método da equivalência patrimonial, portanto, como uma exceção ao
princípio contábil do registro pelo valor original, consiste em avaliar a
participação societária proporcionalmente ao valor do patrimônio líquido
da empresa investida (de acordo com o percentual de ações ou quotas
de capital que a empresa investidora possuir).
De acordo com o método da equivalência patrimonial, caso o Patrimônio
líquido da empresa investida diminua (o que, geralmente, ocorre quando
esta incorre em prejuízos), o valor da participação societária (no Ativo
Permanente investimentos da empresa investidora) deverá diminuir
proporcionalmente.
De uma forma didática, podemos visualizar o método da equivalência
patrimonial como o “método da sanfona”.
Sejam dois sanfoneiros tocando uma música. O primeiro, com um
acordeão, representa o patrimônio líquido da empresa investida e o
segundo, com uma pequena sanfona, representa a participação
societária no ativo da empresa investidora. Caso o acordeão feche o
fole (o patrimônio líquido da empresa investida diminui), a sanfona tem
que (imediatamente) fechar o fole também – para não desafinar – e,
assim, diminui o valor da participação societária.
Ilustrando a situação acima descrita, seja uma participação societária de
titularidade da empresa DORA (investidora) no percentual 50% das
ações de emissão da empresa TIDA (investida), que possui um
Patrimônio Líquido de R$ 10.000,00, conforme figura a seguir:

7
Que será detalhadamente estudado em aula específica adiante neste curso.

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DORA
Ativo Passivo

Part. Soc. 500,00


----------- PL

Despesas Receitas 50%

TIDA
Ativo Passivo

----------- PL
Capital 1.000,00

Despesas Receitas

Considere, por suposição que a empresa TIDA tenha incorrido em


prejuízos de R$ 200,00, conforme a seguir:

TIDA
Ativo Passivo

----------- PL
Capital 1.000,00

Despesas Receitas
Rec X Desp Y

LL = (200,00)

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Após o fechamento do exercício, o Patrimônio Líquido da empresa TIDA
seria de apenas R$ 800,00, conforme abaixo:
TIDA
Ativo Passivo

----------- PL
Capital 1.000,00
(-) LPA (200,00) ==>Novo PL = 800,00
Despesas Receitas

Ora, nessa situação, a participação societária de DORA deverá ser


reduzida para R$ 800,00 (*) 50% (=) R$ 400,00, sendo registrado um
“resultado negativo em participações societárias” no valor de R$ 500,00
(-) R$ 400,00 (=) R$ 100,00, conforme lançamento contábil a seguir:
D = Resultados negativos em participações societárias - equivalência patrimonial
1- C = a Participações societárias 100,00

Abaixo, apresentamos a situação patrimonial final, conjunta.

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DORA
Ativo Passivo

Part. Soc. 400,00


----------- PL

Despesas Receitas 50%

Result neg em
part soc 100,00
TIDA
Ativo Passivo

----------- PL
Capital 1.000,00
(-) LPA (200,00)
Despesas Receitas

3.3.4.2 Outras receitas operacionais


As receitas operacionais são compostas pelos aumentos patrimoniais
normais, decorrentes da atividade da empresa: (1) receitas financeiras,
(2) variações monetárias ativas, (3) resultados positivos em
participações societárias e (4) receita de aluguel de bens do
permanente. A seguir estudaremos cada um dos itens antes
relacionados.

3.3.4.2.1 Receitas financeiras


As receitas financeiras já foram apresentadas ao aluno, quando do
estudo das despesas financeiras, acima, pois há autores que sustentam
que as Receitas financeiras devem ser apresentadas neste grupo
(deduzindo o valor das despesas financeiras) e que, caso as receitas
financeiras superem o montante das despesas financeira, o valor líquido
resultante deverá ser deduzido das demais despesas operacionais.

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Caso a empresa opte por apresentar as receitas financeiras em
separado, elas devem ser apresentadas neste grupo, compondo o
resultado operacional.

3.3.4.2.2 Variações monetárias ativas


Variações monetárias ativas são os aumentos do patrimônio devidos à
modificação de um índice econômico a que um ativo ou passivo está
atrelado, por força contratual. As variações monetárias mais
importantes no atual contexto econômico são as variações cambiais.
As variações cambiais ativas ocorrem quando há uma alteração na taxa
de câmbio que implique, alternativamente: (1) aumento de um direito
ou (2) redução de uma obrigação.
Para ilustrar o conceito, apresentamos os exemplos a seguir:
a) variação cambial ativa por redução de obrigação
Seja uma obrigação de US$ 500.00, avaliada por R$ 1.100,00 em
01/01/2006, pela cotação do dólar (por exemplo: R$ 2,20). Considere
que em 31/01/2006 a cotação do dólar seja de R$ 2,00, assim, essa
obrigação deverá ser avaliada por:
 US$ 500.00 (*) R$ 2,00 (=) R$ 1.000,00.
Nesse caso, a variação cambial ativa será de:
 R$ 1.100,00 (-) R$ 1.000,00 (=) R$ 100,00.
O lançamento contábil, referente à Variação cambial ativa acima
apresentada deverá ser o seguinte:
D = Obrigações
1- C = a Variação cambial ativa - VCA 100,00

b) variação cambial ativa por aumento de direito


Seja um direito de US$ 500,00, avaliado por R$ 1.000,00 em
01/01/2006, pela cotação do dólar (por exemplo: R$ 2,00). Considere
que em 31/01/2006 a cotação do dólar seja de R$ 2,20, assim, esse
direito deverá ser avaliado por:
 US$ 500.00 (*) R$ 2,20 (=) R$ 1.100,00.
Nesse caso, a variação cambial ativa será de:
 R$ 1.100,00 (-) R$ 1.000,00 (=) R$ 100,00.
O lançamento contábil, referente à Variação cambial ativa acima
apresentada deverá ser o seguinte:
D = Direitos
2- C = a Variação cambial ativa - VCA 100,00

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3.3.4.2.3 Resultados positivos em participações societárias
– dividendos ou equivalência patrimonial
Os resultados positivos em participações societárias podem ser devidos
ao método da equivalência patrimonial ou a dividendos que sejam
registrados como receitas. A seguir, analisaremos cada um desses
casos.

3.3.4.2.3.1 Equivalência patrimonial


Tudo o que foi colocado, quando da apresentação do conceito de
“resultados negativos em participações societárias”, é aplicável aos
resultados positivos em participações societárias decorrentes do método
da equivalência patrimonial.
Os resultados positivos em participações societárias avaliadas pelo
método da equivalência patrimonial ocorrem quando o Patrimônio
líquido da empresa investida aumenta (o que, geralmente, é decorrente
de lucros por ela auferidos). Nessa situação, o valor da participação
societária (no Ativo Permanente investimentos da empresa investidora)
deverá aumentar proporcionalmente.
Ilustrando a situação acima descrita, seja uma participação societária de
titularidade da empresa DORA (investidora) no percentual 50% das
ações de emissão da empresa TIDA (investida), que possui um
Patrimônio Líquido de R$ 10.000,00, conforme figura a seguir:

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DORA
Ativo Passivo

Part. Soc. 500,00


----------- PL

Despesas Receitas 50%

TIDA
Ativo Passivo

----------- PL
Capital 1.000,00

Despesas Receitas

Considere, por suposição que a empresa TIDA tenha auferido lucro de


R$ 200,00, conforme a seguir:

TIDA
Ativo Passivo

----------- PL
Capital 1.000,00

Despesas Receitas
Rec X Desp Y

LL = 200,00

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Após o fechamento do exercício, o Patrimônio Líquido da empresa TIDA
seria de R$ 1.200,00, conforme abaixo:
TIDA
Ativo Passivo

----------- PL
Capital 1.000,00
Reservas 200,00 ==>Novo PL = 1.200,00
Despesas Receitas

Ora, nessa situação, a participação societária de DORA deverá ser


reduzida para R$ 1.200,00 (*) 50% (=) R$ 600,00, sendo registrado
um “resultado positivo em participações societárias” no valor de R$
600,00 (-) R$ 500,00 (=) R$ 100,00, conforme lançamento contábil a
seguir:
D = Participações societárias
1- C = a Resultados positivos em participações societárias - equivalência patrimonial 100,00

Abaixo, apresentamos a situação patrimonial final, conjunta.

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DORA
Ativo Passivo

Part. Soc. 600,00


----------- PL

Despesas Receitas 50%

Result pos em
part soc 100,00
TIDA
Ativo Passivo

----------- PL
Capital 1.000,00
Reservas 200,00
Despesas Receitas

3.3.4.2.3.2 Dividendos
Os dividendos, definidos como a parte do lucro que cabe a cada ação, ao
serem recebidos pela empresa investidora poderão, ou não, conforme o
caso, ser registrados como receitas8.
No caso de recebimento de dividendos registrados como receitas, o
lançamento contábil será o seguinte:
D = Dividendos a receber
1- C = a Receita de dividendos x

3.3.4.2.4 Receitas de aluguel do permanente


Bens do ativo permanente não utilizados na atividade objeto da
empresa devem estar registrados no ativo permanente investimentos.

8
O estudo sistemático de quais situações ensejam, alternativamente, receitas ou
redução do investimento, será efetuado em aula específica a seguir neste curso.

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Entre esses bens, temos – por exemplo – imóveis. Tais imóveis podem
ser locados para terceiros.
O valor do aluguel a receber todo mês é registrado como receita e deve
ser classificado como receita operacional, pois é um valor esperado todo
mês e, portanto, habitual.

3.3.4.3 Resultado líquido operacional – Lucro Operacional


(LOp)
O valor do Lucro Bruto (resultado operacional bruto) deduzido das
despesas operacionais e somado às receitas operacionais resulta no
valor do resultado operacional líquido (Lucro Operacional).
Considerando o Lucro Bruto de R$ 3.009,75, exemplificativamente
apresentado acima, despesa operacionais de R$ 1.011,00 e receitas
financeiras de R$ 1,25, apuramos um lucro operacional de R$ 2.000,00,
conforme abaixo.
(=) Resultado Operacional Bruto (Lucro Bruto - LB) 3.009,75
(-) despesas operacionais (1.011,00)
. despesas com vendas
. despesas gerais e administrativas
. despesas financeiras
. outras despesas operacionais
. Resultados negativos em participações societárias
. Variações monetárias passivas
(+ Outras Receitas Operacionais 1,25
. Receitas financeiras
. Resultados positivos em participações societárias
. Variações monetárias ativas
. Receitas de aluguél do permanente
(= Resultado operacional líquido (se positivo, lucro operacional - 2.000,00

3.3.5 Receitas e Despesas não operacionais e Lucro antes dos


tributos (LAIR)
Em contraponto ao conceito de despesas e receitas operacionais (que
têm por característica a habitualidade), as receitas e despesas não
operacionais têm por característica a eventualidade. Em outras
palavras, não é esperada (no dia a dia da empresa) a ocorrência de
receitas e despesas não operacionais. Essas despesas e receitas não
operacionais podem ocorrer, porém de forma aleatória e não esperada.
Cabe salientar que a Lei das S/A não define – em seu texto – o critério
de classificação das receitas e despesas não operacionais, limitando-se a
referenciá-las no inciso IV de seu art. 187, conforme a seguir:
Art. 187. A demonstração do resultado do exercício
discriminará:
...

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IV - o lucro ou prejuízo operacional, as receitas e despesas
não operacionais;
V - o resultado do exercício antes do Imposto sobre a
Renda ...
Dessa forma, a conclusão acima, de que as receitas e despesas não
operacionais são aquelas não habituais (e, portanto, eventuais) é
decorrente da interpretação sistemática da legislação societária e
tributária.
Com efeito, a legislação do Imposto de Renda (Decreto 3.000, de 1999)
considera como resultado não operacional os ganhos e perdas de
capital, conforme arts. 418 e 428, parcialmente reproduzidos abaixo:
CAPÍTULO VII - RESULTADOS NÃO OPERACIONAIS
Seção I - Ganhos e Perdas de Capital
Subseção I - Disposições Gerais
Art. 418. Serão classificados como ganhos ou perdas de
capital, e computados na determinação do lucro real, os
resultados na alienação, na desapropriação, na baixa por
perecimento, extinção, desgaste, obsolescência ou
exaustão, ou na liquidação de bens do ativo permanente
(Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, artigo 31).

Art. 428. Não será computado na determinação do lucro
real o acréscimo ou a diminuição do valor de patrimônio
líquido de investimento, decorrente de ganho ou perda
de capital por variação na percentagem de
participação do contribuinte no capital social da
coligada ou controlada (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977,
artigo 33, § 2º, e Decreto-Lei nº 1.648, de 1978, artigo
1º, inciso V).
Ora, bens do ativo permanente são aqueles para os quais não haja
previsão de alienação que, portanto, será aleatória e eventual.

3.3.5.1 Receitas não operacionais


São receitas não operacionais, basicamente, os ganhos de capital por
variação da percentagem de participação em investimentos avaliados
pelo método da equivalência patrimonial e nas alienações do ativo
permanente.
Os ganhos por variação da percentagem de participação em
investimentos avaliados pelo método da equivalência patrimonial serão
estudados em aula específica, adiante neste curso.
Quanto à alienações do permanente, uma importante questão a ser
discutida reside no fato de que a Legislação do Imposto de Renda se
refere a resultados não operacionais, enquanto a Lei das S/A se refere a

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receitas e despesas não-operacionais. Seguindo a legislação tributária,
muitos autores propõem a utilização de uma conta contábil para registro
de ganho de capital (receita) e outra para registro da perda de capital
(despesa), considerando como ganho ou perda de capital o resultado da
alienação do permanente (em comparação com o valor contábil do bem
alienado – valor original, deduzido da
9
depreciação/amortização/exaustão acumulada) .
Assim, no caso de alienação por R$ 12.000,00 de um bem adquirido por
R$ 20.000,00 e com depreciação acumulada de R$ 11.000,00, teríamos
um ganho de capital de R$ 3.000,00. O registro dessa alienação pode
ser efetuado de duas maneiras: (a) registrando o ganho de capital ou
(b) registrando a receita da venda e o respectivo custo. A seguir,
apresentamos as duas possíveis maneiras de registro:
a) Registro direto do ganho de capital
D= Diversos
1- C=a Diversos 100,00
D= Caixa 12.000,00
D= Depreciação Acumulada 11.000,00
C=a Bem do permanente 20.000,00
C=a Ganho de capital 3.000,00

b) Registro da Receita não operacional e do respectivo custo (como


despesa não operacional)
- apuração do custo
D = Depreciação acumulada
1.a - C = a Bem do permanente 11.000,00

- registro da receita não operacional


D = Caixa
1.b - C = a Receita não operacional 12.000,00

- registro da despesa não operacional


D = Despesa não operacional
1.c - C = a Bem do permanente 9.000,00

Nesse caso, o ganho de capital resulta da comparação da Receita não


operacional com a despesa não operacional (12.000,00 – 9.000,00 =
3.000,00).

3.3.5.2 Despesas não operacionais


São despesas não operacionais, basicamente, as perdas de capital por
variação da percentagem de participação em investimentos avaliados

9
Esse assunto será objeto de estudo detalhado em aula específica, adiante neste
curso.

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pelo método da equivalência patrimonial e nas alienações do ativo
permanente.
Às despesas não operacionais aplicam-se as mesmas considerações,
acima colocadas, acerca das receitas não operacionais.

3.3.5.3 Lucro antes dos tributos (LAIR).


O valor do resultado operacional líquido adicionado das receitas não
operacionais e deduzido das despesas não operacionais resulta no
montante do lucro antes dos tributos (LAIR). Em nosso exemplo,
partindo-se de um Resultado operacional líquido (LOp) de R$ 2.000,00 e
considerando uma receita não operacional de R$ 12.000,00 e uma
despesa não operacional de R$ 9.000,00, apuramos um LAIR de R$
5.000,00, conforme tabela a seguir:
(=) Resultado operacional líquido (se positivo, lucro operacional - LOp) 2.000,00
(-) Despesas não operacionais (9.000,00)
(+) Receitas não operacionais 12.000,00
Resultado do período base antes da Contribuição Social e o Imposto
(=) de Renda (LAIR) 5.000,00

3.3.6 Provisão para IR e CSLL e Lucro após os tributos (LApIR)


O Imposto de Renda e a Contribuição Social são tributos que incidem
sobre o lucro e, portanto, dos R$ 5.000,00 até agora registrados na
DRE, a primeira destinação é esta – para os tributos.
A apuração desses valores depende da sistemática de apuração utilizada
pela empresa e dos tipos de receita e despesa auferida/incorrida. Uma
abordagem resumida do procedimento de apuração e registro desse
tributo foi apresentada quando do estudo do Balanço Patrimonial – cuja
leitura é aqui recomendada.
Considerando-se que a despesa com Provisão para o IRPJ tenha
alcançado o total de R$ 600,00 e que a CSLL tenha sido de R$ 400,00,
temos que o Lucro após os tributos alcança a cifra de R$ 4.000,00,
conforme a seguir:
(= Resultado do período base antes da Contribuição Social e o
) Imposto de Renda (LAIR) 5.000,00
(-) Contribuição Social sobre o lucro (400,00)
(-) Provisão para o Imposto de Renda (600,00)
(= Lucro Líquido do período antes das participações (LApIR) 4.000,00

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3.3.7 Participações no Resultado: (1) Debenturistas, (2) Empregados,
(3) Administradores, (4) Partes Beneficiárias e (5) Contribuições
para a previdência privadas dos empregados

3.3.7.1 Conceito
As participações caracterizam reduções do patrimônio pelo surgimento
de obrigações da empresa com pessoas que, em decorrência de
disposição estatutária, têm direito a participar dos lucros apurados
quando do encerramento do exercício social.
As contas que representam essas obrigações são, portanto, creditadas
em contrapartida das contas de resultado que representam parcelas
redutoras do lucro do exercício.
O lançamento típico para registro das participações no resultado será:
D = despesa com participação no resultado
1 - C = a Participação no resultado a pagar x
As participações no resultado estão previstas no art. 190 da Lei das S/A,
a seguir transcrito:
Art. 187. A demonstração do resultado do exercício
discriminará:
...
VI - as participações de debêntures, empregados,
administradores e partes beneficiárias, e as contribuições
para instituições ou fundos de assistência ou previdência
de empregados;
As participações no resultado, portanto, são:
- Participação de debenturistas;
- Participação de empregados;
- Participação de administradores;
- Participação de partes beneficiárias;
- Contribuições para fundos de previdência e assistência aos
empregados.
As participações no resultado não se confundem com os dividendos. Os
dividendos são a parcela do lucro que cabe a cada ação; ao passo que
as participações no resultado representam a parcela do resultado da
empresa que é entregue a terceiros (que não os acionistas). Assim, as
participações no resultado devem ser registradas a débito de contas de
resultado.
A apuração dos valores referentes a cada participação deve ser realizada
nos termos da Lei das S/A, que determina que as participações somente

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poderão ser deduzidas do resultado do exercício, após computados os
prejuízos acumulados, e a provisão para o imposto de renda, conforme
art. 189 a seguir:
Art. 189. Do resultado do exercício serão deduzidos, antes
de qualquer participação, os prejuízos acumulados e a
provisão para o Imposto sobre a Renda.
Parágrafo único. o prejuízo do exercício será
obrigatoriamente absorvido pelos lucros acumulados, pelas
reservas de lucros e pela reserva legal, nessa ordem.
Isso não significa que os prejuízos acumulados devam ser
demonstrados como dedução do resultado do exercício, mas sim que os
prejuízos acumulados devem ser computados na apuração da base de
cálculo das participações.
A apuração das participações propriamente ditas está determinada pelo
art. 190 da Lei das S/A:
Art. 190. As participações estatutárias de empregados,
administradores e partes beneficiárias serão determinadas,
sucessivamente e nessa ordem, com base nos lucros que
remanescerem depois de deduzida a participação
anteriormente calculada.
Apesar do art. 190, acima, não se referir às participações de
debenturistas, a doutrina é unânime em afirmar que a participação dos
debenturistas deve ser deduzida da base de cálculo das participações
posteriormente previstas (empregados, administradores e partes
beneficiárias).

3.3.7.2 Fórmula de apuração.


As participações no resultado são determinadas, sucessivamente, com
base nos lucros remanescentes, depois de deduzida a participação
anteriormente calculada, observada a seguinte ordem:
- participações de debenturistas
- participações de empregados
- participações de administradores
- participações de partes beneficiárias.
Obs.: a lei das S/A silenciou-se sobre a aplicação do tratamento contábil
às contribuições para os fundos de assistência e previdência dos
empregados.
A partir dos conceitos acima, propomos um procedimento com dois
passos, para cálculo das participações: (1) cálculo da primeira
participação; (2) cálculo das demais participações.
(1) cálculo da primeira participação

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A primeira participação é a primeira participação que estiver prevista no
Estatuto da companhia, na seguinte ordem: debenturistas, empregados,
administradores e partes beneficiárias.
1.a) base de cálculo da primeira participação
A base de cálculo da primeira participação é:
. Lucro Antes dos Tributos (LAIR)
(-) Provisão para o IRPJ10
(-) Prejuízos acumulados (LPA – conta do PL – se o saldo for devedor)11
(=) base de cálculo da primeira participação
1.b) valor da primeira participação
. Base de cálculo da primeira participação
(*) coeficiente (previsto no estatuto)
(=) Valor da primeira participação
(2) cálculo das demais participações
2.a) base de cálculo da participação
. Base de cálculo da participação anterior
(-) Valor da participação anterior
(=) Base de cálculo da participação

2.b) valor da participação


. Base de cálculo da participação
(*) Coeficiente (previsto no estatuto)
(=) Valor da participação
2.c) repetição do passo 2
Repetir o passo 2 até terminarem as participações previstas.
A seguir propomos um exemplo elucidativo dos conceitos antes
apresentados.

10
A Lei das S/A somente se refere ao IRPJ e não se manifesta sobre a CSLL, mas a
doutrina entende que, também, seja deduzida do LAIR a CSLL, nesse sentido, citamos:
Velter, Francisco e Missagia, Luiz R. Manual de Contabilidade. Rio de Janeiro – 2003 –
Impetus. Pp. 517-518.
11
Apesar das questões de prova, via de regra, somente pedirem que os prejuízos
acumulados sejam tratados como ajuste da base de cálculo da primeira participação,
em obediência ao texto da Lei das S/A, a doutrina entende que também devem ser
realizados outros dois ajustes: (a) a realização da reserva de reavaliação que não
transitou por resultado deve ser somada à base de cálculo e (b) os ajustes de
exercícios anteriores (somados à base de cálculo, se credores, ou subtraídos dela, se
devedores).

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Seja a empresa Tamancos & Tamancos S/A, que apurou um lucro
líquido do exercício, após a provisão para o Imposto de Renda e antes
de computadas as participações de R$ 2.200.000,00. Considerando que
os prejuízos acumulados de exercícios anteriores, ora compensados,
somaram R$ 200.000,00 e que as participações no resultado são
calculadas tendo como base 10% do lucro líquido do exercício após
computada a participação precedente, determine o valor a ser pago aos
seguintes participantes dos lucros da empresa Tamancos & Tamancos
S/A:
- debenturistas
- empregados
- administradores
- partes beneficiárias
Repare que, no caso, a primeira participação prevista é a de
debenturistas (as demais são empregados, administradores e partes
beneficiárias), portanto, vamos iniciar os cálculos pela participação de
debenturistas.

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Base de cálculo da primeira participação - debenturistas
Lucro após o Imposto de Renda 2.200.000,00 no caso, o valor já foi
fornecido deduzidos os
tributos
(-) prejuízos acumulados de exercícios anteriores (200.000,00)
(=) base de cálculo da participação de debenturistas 2.000.000,00
Valor da primeira participação - Debenturistas
(=) base de cálculo da participação de debenturistas 2.000.000,00
(x) percental da participação de debenturistas 10%
(=) participação de debenturistas 200.000,00
Base de cálculo da segunda participação - empregados
base de cálculo da participação de debenturistas 2.000.000,00
(-) participação de debenturistas (200.000,00)
(=) base de cálculo da participação de empregados 1.800.000,00
Valor da segunda participação - Empregados
(=) base de cálculo da participação de empregados 1.800.000,00
(x) percentual da participação de empregados 10%
(=) participação de empregados 180.000,00
Base de cálculo da terceira participação - Administradores
base de cálculo da participação de empregados 1.800.000,00
(-) participação de empregados (180.000,00)
(=) base de cálculo da participação de administradores 1.620.000,00
Valor da terceira participação - Administradores
(=) base de cálculo da participação de administradores 1.620.000,00
(x) percentual da participação de administradores 10%
(=) participação de administradores 162.000,00
Base de cálculo da quarta participação - Partes beneficiárias
base de cálculo da participação de administradores 1.620.000,00
(-) participação de administradores (162.000,00)
(=) base de cálculo da participação das partes beneficiárias 1.458.000,00
Valor da quarta participação - Partes beneficiárias
(=) base de cálculo da participação das partes beneficiárias 1.458.000,00
(x) percentual de participação das partes beneficiárias 10%
(=) participação de partes beneficiárias 145.800,00

No caso acima, o “Rabicho” da DRE seria o seguinte:


(= Lucro Líquido do período antes das participações (LApIR) 2.200.000,00
(-) Participação de debenturistas (200.000,00)
(-) Participações de empregados (180.000,00)
(-) Participações de administradores (162.000,00)
(-) Participações de partes beneficiárias (145.800,00)
(-) Contribuição para fundos de assistência e previdência social dos empregados -
(= Lucro líquido do período base (LL) 1.512.200,00

3.3.8 Lucro líquido (LL) e Lucro líquido por ação


O Lucro Líquido (LL) é o Lucro antes dos tributos (LAIR), deduzido dos
tributos (Provisão para Imposto de Renda e CSLL) e, também, deduzido
das participações estatutárias (debenturistas, empregados,

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administradores, partes beneficiárias, e contribuição para previdência
privada dos empregados).
Saliente-se que, desde 2000, a ESAF tem sido consistente em utilizar o
termo “Lucro Líquido” em acepções diferentes, conforme o contexto:
Lucro Antes do IR, Lucro Após o IR e Lucro Líquido (propriamente dito).
Nesse sentido, a interpretação do termo deve ser feita à luz do
enunciado, sendo que a ESAF entende que:
- quando o “lucro líquido” é destinado ao IR/CSLL,
participações, reservas e dividendos, trata-se do lucro
antes do IR;
- quando o “lucro líquido” é destinado a participações,
reservas e dividendos, trata-se do lucro após o IR;
- quando o “lucro líquido” é destinado a reservas e
dividendos, trata-se do lucro líquido propriamente dito.
Em nosso exemplo inicial, considerando um Lucro (após os tributos) de
R$ 4.000,00, considerando apenas uma participação de empregados no
valor de R$ 1.000,00, teríamos Lucro Líquido de R$ 3.000,00, conforme
a seguir:
(= Lucro Líquido do período antes das participações (LApIR) 4.000,00
(-) Participação de debenturistas -
(-) Participações de empregados (1.000,00)
(-) Participações de administradores -
(-) Participações de partes beneficiárias -

(-) Contribuição para fundos de assistência e previdência social dos empregados -


(= Lucro líquido do período base (LL) 3.000,00

Finalmente, a apresentação da DRE com os dados exemplificativos


demonstrados ao longo deste item seria a seguinte:

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. Faturamento bruto -
(-) IPI faturado -
(=) Receita Bruta de Vendas de Mercadorias, Produtos e/ou Serviços (RBV) 10.000,00
(-) vendas canceladas (1.000,00)
(-) abatimentos concedidos e descontos incondicionais (500,00)
(-) impostos e contribuições incidentes sobre vendas e serviços
. ICMS (1.445,00)
. PIS/Pasep (55,25)
. Cofins (255,00)
. ISS -
(=) Receita Líquida de Vendas (RLV) 6.744,75
(-) Custo das Mercadorias ou produtos vendidos e/ou serviços prestados (3.735,00)
(=) Resultado Bruto (se positivo, lucro bruto - LB) 3.009,75
(-) despesas operacionais (1.011,00)
. despesas com vendas
. despesas gerais e administrativas
. despesas financeiras
. outras despesas operacionais
. Resultados negativos em participações societárias
. Variações monetárias passivas
(+) Outras Receitas Operacionais 1,25
. Receitas financeiras
. Resultados positivos em participações societárias
. Variações monetárias ativas
. Receitas de aluguél do permanente
(=) Resultado operacional líquido (se positivo, lucro operacional - LOp) 2.000,00
(-) Despesas não operacionais (9.000,00)
(+) Receitas não operacionais 12.000,00
(=) Resultado do período base antes da Contribuição Social e o Imposto de Renda (LAIR) 5.000,00
(-) Contribuição Social sobre o lucro (400,00)
(-) Provisão para o Imposto de Renda (600,00)
(=) Lucro Líquido do período antes das participações (LApIR) 4.000,00
(-) Participação de debenturistas
(-) Participações de empregados (1.000,00)
(-) Participações de administradores
(-) Participações de partes beneficiárias
(-) Contribuição para fundos de assistência e previdência social dos empregados
(=) Lucro líquido do período base (LL) 3.000,00
(/ ) Número de ações
(=) Lucro líquido por ação

4 Demonstração dos Lucros e Prejuízos Acumulados –


DLPA
4.1 Finalidade da demonstração, conteúdo e previsão legal
Já vimos o balanço patrimonial – que tem por objetivo a apresentação
dos bens, direitos e obrigações do patrimônio em determinado momento
(no início e no final do exercício). Vimos, também, a demonstração do

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resultado do exercício, que evidencia os aumentos e reduções do
patrimônio em um determinado intervalo de tempo (o exercício).
Ocorre que os aumentos e reduções do patrimônio implicam a
modificação da quantidade de seus bens, direitos e obrigações. Ou seja,
o lucro líquido deve se agregar ao patrimônio ou ser distribuído aos
sócios.
Apenas uma parte do lucro líquido é distribuída para os proprietários da
empresa, em forma de dividendos. A maior parcela, normalmente, é
retida na empresa e reinvestida no negócio.
Assim do ponto de vista de seu objetivo, a Demonstração de lucros ou
prejuízos acumulados funciona como o “elo de ligação” entre a DRE e o
BP, conforme figura abaixo.
Ativo Passivo Ativo Passivo
BPf
------- PL BPi ------- PL

Exercício

Início Final

Despesas Receitas
DRE DLPA

-----
Saldo líquido (Receitas-Despesas)

Do ponto de vista de seu conteúdo, a DLPA vem a ser a transcrição


ordenada e sintética da movimentação sofrida por uma conta contábil,
durante o exercício: a conta LPA.
Finalmente, quanto a sua forma, essa demonstração, regulamentada
pelo artigo 186 da lei das S/A, discriminará: I – o saldo do início do
período, os ajustes de exercícios anteriores e a correção monetária do
saldo inicial (a correção monetária foi extinta pela lei 9.249/95, a partir
de 01/01/96); II – as reversões de reservas e o lucro líquido do
exercício; III – as transferências para reservas, os dividendos, a parcela
dos lucros incorporada ao capital e o saldo ao final do período. A seguir,
para fins de esclarecimento, encontra-se transcrito o citado art. 186 da
Lei das S/A:
Art. 186. A demonstração de lucros ou prejuízos
acumulados discriminará:
I - o saldo do início do período, os ajustes de exercícios
anteriores e a correção monetária do saldo inicial;

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II - as reversões de reservas e o lucro líquido do exercício;
III - as transferências para reservas, os dividendos, a
parcela dos lucros incorporada ao capital e o saldo ao fim
do período.
§ 1º Como ajustes de exercícios anteriores serão
considerados apenas os decorrentes de efeitos da
mudança de critério contábil, ou da retificação de erro
imputável a determinado exercício anterior, e que não
possam ser atribuídos a fatos subseqüentes.
§ 2º A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados
deverá indicar o montante do dividendo por ação do capital
social e poderá ser incluída na demonstração das mutações
do patrimônio líquido, se elaborada e publicada pela
companhia.

Essa demonstração evidencia o procedimento típico do processo de


controle patrimonial contábil, pois: (1) encerra-se a DRE com a
apuração do lucro líquido; (2) em seguida, transporta-se o lucro líquido
para a Demonstração de lucros ou prejuízos acumulados e (3) após a
destinação do lucro líquido, os valores são todos transferidos para o
balanço patrimonial, no grupo patrimônio líquido e – eventualmente –
passivo exigível, no caso de dividendos a pagar.
Repare que a DLPA congrega informações típicas do Balanço Patrimonial
(Saldo inicial e final, por exemplo) e típicas da DRE (Lucro líquido do
exercício, por exemplo). Esta dupla referência (ao patrimônio e ao
resultado) revela, também, a função da conta LPA: porta de entrada do
resultado no patrimônio.

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4.2 Estrutura da demonstração
Demonstração de lucros ou prejuízos acumulados
. saldo do início do exercício
(+/-) ajustes de exercícios anteriores
efeitos na mudança de critérios contábeis
retificação de erros de exercícios anteriores
(=) saldo ajustado
(+/-) lucro (ou prejuízo) líquido do exercício após a provisão para o IR
(+) reversões e transferências de reservas
de contingências
de lucros a realizar
de lucros para expansão
reservas especiais para pagamento de dividendos
reservas de reavaliação
reservas de capital
(=) saldo à disposição da AGO
(-) proposta da administração de destinação dos lucros:
transferências para reservas
reserva legal
reservas estatutárias
reservas para contingências
reservas para plano de investimentos
reservas de lucros a realizar
reserva especial para pagamento de dividendos
dividendos a distribuir
parcela dos lucros incorporada ao capital
(=) saldo no encerramento do exercício

4.3 Elementos da DLPA


Neste item, analisaremos cada uma das linhas acima apresentadas, em
três grandes grupos: (1) saldo inicial e ajustes, (2) reversão de reservas
e lucro do período e (3) proposta de destinação do lucro.

4.3.1 Saldo inicial, Ajustes e Saldo ajustado

4.3.1.1 Saldo inicial


O saldo inicial é, simplesmente, o valor da conta patrimonial LPA no final
do período anterior (início do atual período). Caso esse saldo seja
credor, o valor a ser apresentado será positivo, caso contrário (saldo
devedor), negativo.

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4.3.1.2 Ajustes de exercícios anteriores
Os ajustes de exercícios anteriores consistem no item, da
demonstração, que requer mais atenção – para possa ser corretamente
entendido em termos de natureza e função. Trata-se de valores que,
por algum motivo, deveriam ter sido registrados como despesas ou
receitas em exercícios anteriores, mas que não o foram, e assim:
- uma receita de exercício anterior, caso tivesse sido
devidamente registrada, teria aumentado o lucro daquele
exercício que, no procedimento de fechamento de
exercício, seria transferido para a conta LPA, que teria
seu saldo majorado;
- uma despesa de exercício anterior, caso tivesse sido
devidamente registrada, teria reduzido o lucro daquele
exercício que, no procedimento de fechamento de
exercício, seria transferido para a conta LPA, que teria
seu saldo reduzido.
Ocorre que, como o próprio nome diz, a eventual receita ou despesa, a
ser ajustada, referir-se-ia a acontecimentos de exercícios já passados.
Apenas a título de recordação, lembramos que, quando apresentamos a
natureza das contas de resultado deixamos bem claro que essas contas
de resultado tinham seu período de vida limitado a um exercício
(período de 12 meses). Naquela oportunidade, comparamos as contas
de resultado a Replicantes,12 semelhantes em tudo a seres humanos
(até mesmo mais fortes e inteligentes), porém, com data marcada para
morrer.
Assim, as contas de resultado, encaradas como replicantes que servem
para armazenar informações sobre aumentos e reduções do patrimônio
ocorridos no exercício e que têm data para morrer (o final do exercício),
quando morrem, têm seu saldo zerado e sua alma (o valor líquido neles
registrado) vai para o céu (para o Patrimônio Líquido – lugar a que
pertencem), especificamente na conta LPA.
Ora, uma receita ou despesa de exercício anterior já está morta e não
pode mais ser registrada. Assim, a solução não é registrar a receita ou
a despesa a destempo, mas sim registrar no patrimônio (LPA) o
efeito que aquela receita ou despesa teria surtido, caso tivesse
sido tempestivamente registrada.

12
Replicantes são andróides – personagens do inesquecível filme da década de 80
Blade Runner (O Caçador de Andróides), estrelado pela Daryl Hanna, pelo Harisson
Ford e pelo Rutger Hauer.

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Assim, para uma receita não registrada, cujo lançamento seria o
seguinte:
D = caixa
C = a receita x
Deve ser registrado um crédito na conta LPA, pois esse seria o efeito
daquela receita (no patrimônio) caso, à época, tivesse sido registrada,
conforme abaixo:
D = caixa
C = a LPA x
Da mesma forma, para uma despesa não registrada, cujo lançamento
seria o seguinte:
D = despesa
C = a caixa y
Deve ser registrado um débito na conta LPA, pois esse seria o efeito
daquela despesa (no patrimônio) caso, à época, tivesse sido registrada,
conforme abaixo:
D = LPA
C = a caixa y
Em suma, os ajustes de exercícios anteriores são débitos ou créditos
lançados à conta LPA, por conta de receitas ou despesas pertencentes a
exercícios anteriores e, por algum motivo, não registradas no devido
momento.
Os ajustes de exercícios anteriores decorrem dos seguintes motivos: (1)
erro ou (2) mudança de critério contábil. A seguir, estudaremos cada
um deles.

4.3.1.2.1 Por erro


Os erros cometidos no registro de receitas e despesas, caso detectados
no próprio período a que competem, podem ser corrigidos através dos
procedimentos de transferência, complementação e estorno parcial ou
total, seguido do lançamento correto, vistos na aula 06 deste curso.
Ocorre que nem sempre esses erros são detectados dentro do exercício
e assim, demandam – para sua retificação – ajustes de exercícios
anteriores, na conta LPA.
Considere uma despesa qualquer, referente ao exercício de 2004, no
valor de R$ 1.000,00, cujo lançamento correto seria o de:
D = despesa
C = a caixa 1.000,00
Considere ainda que o registro contábil dessa despesas tenha sido a
maior, no valor de R$ 1.00,00, conforme a seguir:

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D = despesa
C = a caixa 1.400,00
Caso esse erro tivesse sido detectado no próprio exercício de 2004, a
retificação poderia ser realizada através de um lançamento de estorno
parcial, conforme a seguir:
D = caixa
C = a despesa 400,00
Mas, como isso não ocorreu no exercício de 2004, o lucro do período
ficou erroneamente registrado a menor, o tributo IRPJ foi erroneamente
registrado a menor e a conta LPA ficou também registrada a menor. Em
2005, identificado o erro, sua retificação é mandatória, mas não pode
ser realizada conforme acima demonstrado (diretamente na conta de
resultado), demandando um ajuste de exercícios anteriores na conta
LPA:
D = caixa
C = a LPA 400,00
Saliente-se que, no exemplo, houve cálculo do imposto a menor, por
suposição em R$ 60,00. Assim, um erro de exercício anterior, implicou
um segundo erro do exercício anterior e que também demanda
retificação (ajuste de exercícios anteriores na conta LPA):
D = LPA
C = a IR a pagar (PC) 60,00

4.3.1.2.2 Por mudança de critério contábil


A mudança de critério contábil é permitida, mas não recomendada13,
pois o efeito da mudança de critério contábil pode alcançar exercícios
anteriores e não se pode registrar, no período da mudança do critério, o
resultado que teria sido registrado em outros períodos caso o critério
tivesse sido – desde sempre – este, para o qual a empresa mudou.
Os exemplos mais contundentes de mudança de critério contábil são:
(1) mudança de critério de avaliação de estoques (Média ponderada
móvel para PEPS) ou (2) mudança de critério de avaliação de
participação societária (custo para equivalência patrimonial). Para
ilustrar o assunto, apresentamos um exemplo de mudança de critério de
avaliação de participação societária.
a) seja a situação inicial de uma empresa DORA que manteve
investimento não relevante, ações da empresa TIDA, no percentual de
50%, adquirido por R$ 500,00 avaliado pelo método do custo durante o
ano de 2005 – considerando que TIDA auferiu lucros de R$ 400,00

13
Sobre o assunto, ver convenção da uniformidade, na aula 01 deste curso.

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naquele ano, ao final do período a situação patrimonial conjunta seria a
seguinte:

DORA
Ativo Passivo

Part. Soc. 500,00


----------- PL

Despesas Receitas 50%

TIDA
Ativo Passivo

----------- PL
Capital 1.000,00
Reservas 400,00
Despesas Receitas

b) Considere, por suposição, que a empresa TIDA tenha, em 2005,


auferido novo lucro de R$ 600,00:

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TIDA
Ativo Passivo

----------- PL
Capital 1.000,00
Reservas 400,00
Despesas Receitas
Rec X Desp Y

LL = 600,00

c) Considere, também, que por algum motivo, a empresa DORA tenha


ficado obrigada a avaliar seu investimento pelo método da equivalência
patrimonial, conforme a seguir:

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DORA
Ativo Passivo

Part. Soc. 1.000,00


----------- PL

Despesas Receitas 50%

Result pos em
part soc ?
TIDA
Ativo Passivo

----------- PL
Capital 1.000,00
Reservas 1.000,00
Despesas Receitas

Ora, nessa situação, a participação societária de DORA deverá ser


atualizada para metade do patrimônio líquido de TIDA  R$ 2.000,00
(*) 50% (=) R$ 1.000,00. O aumento do investimento é claro (de R$
500,00, valor original, para R$ 1.000,00, equivalência patrimonial). A
questão que se coloca é a de identificação da origem deste aumento
patrimonial: (1) “resultado positivo em participações societárias” –
receitas do período ou (2) “ajustes de exercícios anteriores” – refletindo
aumentos patrimoniais que teriam ocorrido em exercícios anteriores,
caso o investimento tivesse sido sempre avaliado pelo método da
equivalência patrimonial.
A resposta para essa questão é, relativamente, simples: dos R$ 500,00
que majoraram o saldo da participação societária, R$ 300,00 dizem
respeito a 2005 pois se refere a lucro auferido por TIDA no próprio
exercício (R$ 600,00 * 50%) e os demais R$ 200,00 dizem respeito a
2004, pois se refere a lucro auferido por TIDA em exercício anterior (R$
400,00 * 50%). Assim, o lançamento deverá ser o seguinte:

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D= Participações societárias 500,00
1- C=a diversos
C=a Resultados positivos em participações societárias - equivalência patrimonial 300,00
C=a Ajustes de exercícios anteriores - mudança de critério contábil 200,00

4.3.1.3 Saldo ajustado


O saldo ajustado nada mais é do que a soma algébrica do Saldo inicial e
dos ajustes de exercícios anteriores.

4.3.2 Reversão/realização de reservas, LL – da DRE – e Saldo à


disposição da Asembléia-Geral de acionistas

4.3.2.1 Reversão de reservas


A Lei das S/A, no inciso II do art. 186, se refere à reversão de reservas,
sem especificação do tipo – se reserva de lucros, capital ou reavaliação.
A situação normal é a de reversão de reservas de lucro. A reversão de
reserva de lucros, conforme já visto quando do estudo das contas
componentes do Patrimônio líquido, é realizado a crédito da conta LPA,
conforme exemplificativamente a seguir:
D = Reserva de lucro
C = a LPA x
Ocorre que também podem ser realizadas reservas de reavaliação,
diretamente a crédito de lucros acumulado – conforme visto, quando do
estudo do Patrimônio Líquido. Assim, devem constar nesta
demonstração essa realização, cujo lançamento é o seguinte:
D = Reserva de reavaliação
C = a LPA x
Finalmente, reservas de capital podem ser revertidas para absorção de
prejuízos e, por uma decorrência lógica, devem constar da
demonstração, pois também são revertidas a crédito da conta LPA:
D = Reserva de capital
C = a LPA z

4.3.2.2 Lucro líquido do exercício


O lucro líquido do exercício, a que o inciso II do art. 186 da Lei das S/A
se refere, deve ser entendido como o resultado do exercício, que será
demonstrado negativo, no caso de prejuízo.

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4.3.2.3 Saldo à disposição da Assembléia-Geral de
acionistas
O valor do somatório: (1) do saldo inicial ajustado, (2) das reversões e
realizações de reservas e (3) do resultado líquido do exercício; resulta
no saldo à disposição da Assembléia-Geral de acionistas que, como
órgão máximo deliberativo de uma S/A, pode decidir o que fazer com
ele (dentro dos limites determinados pela Lei das S/A e o estatuto da
companhia), conforme proposta dos órgãos de administração.

4.3.3 Proposta de destinação: (1) dividendos, (2) reservas de lucro e


(3) incorporação ao capital social; e saldo final
A proposta de destinação do resultado, feita pelos órgãos de
administração (diretoria e conselho administrativo) é composta por três
opções: (1) dividendos propostos a distribuir, (2) reservas de lucro e (3)
incorporação ao capital social.
As três situações são registradas a débito da conta LPA e, portanto,
demonstradas em valores negativos nesta demonstração. Nesse
diapasão, temos que:
a) os dividendos propostos a distribuir são registrados conforme a
seguir:
D = LPA
C = a dividendos propostos a distribuir x
b) a constituição de reservas de lucro é registrada conforme abaixo:
D = LPA
C = a reserva de lucro y
c) a incorporação dos lucros ao capital social deve ser registrada
conforme a seguir:
D = LPA
C = a capital social subscrito z
Finalmente, o saldo final da demonstração deve ser idêntico ao saldo da
conta LPA ao final do exercício a que a demonstração se refere. Cumpre
referir que, com o advento da Lei 10.303, de 2001, que alterou a Lei das
S/A, todo resultado que não tiver destinação para reservas ou aumento
de capital deverá ser distribuído. Portanto, ao saldo final não poderão
estar agregados resultados auferidos e não distribuídos nem destinados
a reservas ou aumento de capital.

4.3.3.1 Dividendos
Os dividendos, em sua acepção tradicional são “a parcela dos lucros que
cabe a cada ação”. A Lei das S/A, em seu art. 202, determina que os

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acionistas têm direito a receber uma parcela desse lucro e, portanto, os
dividendos a distribuir constituem a parcela do lucro que cabe à ação e
que deverá ser entregue ao acionista.
Art. 202. Os acionistas têm direito de receber como
dividendo obrigatório, em cada exercício, a parcela dos
lucros estabelecida no estatuto ou, se este for omisso, a
importância determinada de acordo com as seguintes
normas:
Nas sociedades Limitadas não existem exigências legais a serem
seguidas, ou seja, a distribuição dos lucros é realizada com ampla
liberdade. Nas S/A, ao contrário, existem regras – que serão estudadas
neste item da matéria.
Normalmente, os dividendos somente são pagos caso a sociedade tenha
auferido lucro no exercício. Excepcionalmente, isso pode não ocorrer,
pois, o estatuto pode estabelecer o pagamento de dividendos com base
em outros critério (por exemplo, parcela do capital, etc.) nesses casos,
os dividendos também podem ser pagos a conta de reservas. Nesse
sentido, a Lei das S/A determinou que:
Art. 201. A companhia somente pode pagar dividendos à
conta de lucro líquido do exercício, de lucros acumulados e
de reserva de lucros; e à conta de reserva de capital, no
caso das ações preferenciais de que trata o § 5º do artigo
17.
Pelo texto acima, depreende-se, e isso é importante, que não é
admissível o pagamento de dividendos com base em reservas de
reavaliação. Da mesma forma, os dividendos não podem ser
distribuídos mediante redução do capital, exceto se essa vantagem tiver
sido atribuída a ações preferenciais, conforme consta do § 3o do art. 17
da Lei das S/A:
§ 3o Os dividendos, ainda que fixos ou cumulativos, não
poderão ser distribuídos em prejuízo do capital social,
salvo quando, em caso de liquidação da companhia, essa
vantagem tiver sido expressamente assegurada.

4.3.3.1.1 Dividendo fixo


O estatuto da companhia pode determinar vantagens a algumas ações
como, por exemplo, o dividendo mínimo ou fixo. Trata-se de situação
em que deve ser pago, a essas ações, determinado valor,
independentemente de ter sido auferido lucro suficiente, em prejuízo
das demais ações.

4.3.3.1.2 Dividendo cumulativo

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Os dividendos cumulativos são aqueles que ficam acumulados para
distribuição em exercícios posteriores, caso não haja lucros ou reservas
suficientes para o pagamento no período. Essa situação é típica de
companhias que têm previsão de pagamento de dividendos fixos ou
mínimos a ações preferenciais e que não o fazem, em determinado
período, porque esses dividendos (ainda que fixos ou mínimos) não
podem ser distribuídos em prejuízo do capital social.

4.3.3.2 Dividendo mínimo obrigatório


Visto o conceito de dividendos, de dividendos fixos, mínimos e
cumulativos, resta tratar de um tema da maior relevância o conceito de
“dividendo mínimo obrigatório”. Esse é um valor, representativo de
uma parcela dos lucros auferidos no período, que a companhia tem
obrigação de destinar aos acionistas, podendo destinar valores a ele
superiores.
Um assunto seguidamente exigido em provas de concursos é o cálculo
do dividendo mínimo obrigatório, que está previsto no art. 202 da Lei
das S/A:
Dividendo Obrigatório
Art. 202. Os acionistas têm direito de receber como
dividendo obrigatório, em cada exercício, a parcela dos
lucros estabelecida no estatuto ou, se este for omisso, a
importância determinada de acordo com as seguintes
normas:
I - metade do lucro líquido do exercício diminuído ou
acrescido dos seguintes valores:
a) importância destinada à constituição da reserva legal
(art. 193); e
b) importância destinada à formação da reserva para
contingências (art. 195) e reversão da mesma reserva
formada em exercícios anteriores;
II - o pagamento do dividendo determinado nos termos do
inciso I poderá ser limitado ao montante do lucro líquido
do exercício que tiver sido realizado, desde que a diferença
seja registrada como reserva de lucros a realizar (art.
197);
III - os lucros registrados na reserva de lucros a realizar,
quando realizados e se não tiverem sido absorvidos por
prejuízos em exercícios subseqüentes, deverão ser
acrescidos ao primeiro dividendo declarado após a
realização.
§ 1º O estatuto poderá estabelecer o dividendo como
porcentagem do lucro ou do capital social, ou fixar outros
critérios para determiná-lo, desde que sejam regulados
com precisão e minúcia e não sujeitem os acionistas

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minoritários ao arbítrio dos órgãos de administração ou da
maioria.
§ 2o Quando o estatuto for omisso e a assembléia-geral
deliberar alterá-lo para introduzir norma sobre a matéria, o
dividendo obrigatório não poderá ser inferior a 25% (vinte
e cinco por cento) do lucro líquido ajustado nos termos do
inciso I deste artigo.
§ 3o A assembléia-geral pode, desde que não haja
oposição de qualquer acionista presente, deliberar a
distribuição de dividendo inferior ao obrigatório, nos
termos deste artigo, ou a retenção de todo o lucro líquido,
nas seguintes sociedades:
I - companhias abertas exclusivamente para a captação de
recursos por debêntures não conversíveis em ações;
II - companhias fechadas, exceto nas controladas por
companhias abertas que não se enquadrem na condição
prevista no inciso I.
§ 4º O dividendo previsto neste artigo não será obrigatório
no exercício social em que os órgãos da administração
informarem à assembléia-geral ordinária ser ele
incompatível com a situação financeira da companhia. O
conselho fiscal, se em funcionamento, deverá dar parecer
sobre essa informação e, na companhia aberta, seus
administradores encaminharão à Comissão de Valores
Mobiliários, dentro de 5 (cinco) dias da realização da
assembléia-geral, exposição justificativa da informação
transmitida à assembléia.
§ 5º Os lucros que deixarem de ser distribuídos nos termos
do § 4º serão registrados como reserva especial e, se não
absorvidos por prejuízos em exercícios subseqüentes,
deverão ser pagos como dividendo assim que o permitir a
situação financeira da companhia.
§ 6o Os lucros não destinados nos termos dos arts. 193 a
197 deverão ser distribuídos como dividendos.
A leitura do dispositivo acima não permite o entendimento imediato dos
conceitos nele tratados, até porque ele se refere a outros dispositivos
(notadamente os arts. 193 a 197 da Lei das S/A). Portanto, resta
necessária uma apresentação didática do cálculo do dividendo mínimo
obrigatório, que será realizada no item a seguir.

4.3.3.3 Cálculo do dividendo mínimo obrigatório


Nossa proposta didática de cálculo do valor do dividendo mínimo
obrigatório é o de sua realização em dois passos: (1) apuração do valor
provisório – Val. Prov. E (2) apuração do valor definitivo – Div. Min.
Obrig.

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Saliente-se que esse cálculo é resultante da aplicação da regra
introduzida pela Lei 10.303, de 2002, para apuração do valor do
dividendo mínimo obrigatório e que, até a presente data, em nossa
experiência de acompanhamento de questões de concurso, apenas o
conhecimento cálculo do valor provisório foi suficiente para acertar
todas as questões (o que não impede de, no futuro, a resolução de
questões mais complexas demandarem o conhecimento da regra por
completo). Assim, vamos à ela.
(1) Apuração do valor provisório do dividendo mínimo obrigatório – Val.
Prov.
Valor Provisório do dividendo mínimo obrigatório
. Base de cálculo -
(*) Coeficiente -
(=) Val. Prov. -

onde:
Base de cálculo ==> Lucro Líquido Ajustado
. Lucro Líquido
(+) Reversão de reservas para contingências
(-) Constituição de reservas para contingências
(-) Constituição de reserva legal
(=) Lucro Líquido Ajustado -
Coeficiente
a) no caso de determinação pelo estatuto: o percentual por ele determinado
b) no caso de estatuto omisso: 50%
c) no caso de omissão e posterior fixação pela Assembléia-geral de acionistas: no mínimo 25%

A fórmula acima proposta está de acordo com o art. 202 da Lei das S/A,
abaixo reproduzido em parte:
Art. 202. Os acionistas têm direito de receber como
dividendo obrigatório, em cada exercício, a parcela dos
lucros estabelecida no estatuto ou, se este for omisso, a
importância determinada de acordo com as seguintes
normas:
I - metade do lucro líquido do exercício diminuído ou
acrescido dos seguintes valores:
a) importância destinada à constituição da reserva legal
(art. 193); e
b) importância destinada à formação da reserva para
contingências (art. 195) e reversão da mesma reserva
formada em exercícios anteriores;
...
§ 2o Quando o estatuto for omisso e a assembléia-geral
deliberar alterá-lo para introduzir norma sobre a matéria, o
dividendo obrigatório não poderá ser inferior a 25% (vinte

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e cinco por cento) do lucro líquido ajustado nos termos do
inciso I deste artigo.
Para entender esse dispositivo é necessário considerar que:
(a) se o estatuto determinou algum percentual, ele é o que deve
prevalecer, pois trata-se de uma regra anterior à entrada de qualquer
acionista no quadro social da companhia;
(b) se o estatuto não determinou o percentual, a lei assim o faz – em
50% do lucro líquido ajustado e
(c) se o estatuto estava omisso (percentual de 50%) e a assembléia-
geral decide introduzir um outro percentual, isso “equivale a mudar a
regra do jogo com ele em andamento” e, nesse caso, a Lei das S/A
decidiu que esse percentual deveria ser de, no mínimo, 25%.
Houve muita discussão sobre a interpretação do caput do art. 202,
especificamente quando ele se refere à expressão “parcela dos lucros
estabelecida no estatuto”. A doutrina contábil entende que quando, no
art. 202, é utilizada a palavra “lucros” seu correto entendimento é no
sentido de “Lucro líquido ajustado”14, conforme proposto em nossa
tabela, acima.
(2) Apuração do valor definitivo – Div. Min. Obrig.
A apuração do valor definitivo, demanda a apresentação de dois
conceitos: (Lucros a realizar e Lucro realizado), para – em seguida – a
proposição de um algoritmo de apuração.
2.a) Lucro a Realizar
Lucros a realizar são aqueles já auferidos pela companhia (pelo regime
de competência), mas ainda não realizados (passíveis de transformação
em dinheiro no curto prazo). A Lei das S/A classifica como Lucros a
realizar o saldo credor de equivalência patrimonial e o ganho nas
operações para recebimento no longo prazo, conforme art. 197, em
parte transcrito abaixo:
Art. 197 - ...
I - o resultado líquido positivo da equivalência patrimonial
(art. 248); e
II - o lucro, ganho ou rendimento em operações cujo prazo
de realização financeira ocorra após o término do exercício
social seguinte.
2.b) Lucro Realizado

14
Nesse sentido, ver Velter, Francisco e Missagia Luiz R. Manual de Contabilidade. Ed.
Impetus. Rio de Janeiro 2003. pp. 747.

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O Lucro realizado é a diferença entre o lucro líquido período e o lucro a
realizar, conforme definido no mesmo art. 197, em parte reproduzido a
seguir:
Art. 197 - ...
§ 1o Para os efeitos deste artigo, considera-se realizada a
parcela do lucro líquido do exercício que exceder da soma
dos seguintes valores:
I - o resultado líquido positivo da equivalência patrimonial
(art. 248); e
II - o lucro, ganho ou rendimento em operações cujo prazo
de realização financeira ocorra após o término do exercício
social seguinte.
2.c) Algoritmo proposto para cálculo do valor definitivo
Vistos os conceitos acima, apresentamos um algoritmo de apuração do
valor definitivo do dividendo mínimo obrigatório. Esse algoritmo,
baseado no texto da Lei das S/A, apóia-se na idéia de que somente será
obrigada a pagar dividendos a companhia que tiver lucro realizado
superior ao valor provisório do dividendo mínimo obrigatório (em caso
contrário, pode-se pagar apenas o valor do lucro realizado e reservar a
diferença).
Conceitos iniciais
Lucro a realizar
. a) saldo líquido positivo de equivalência patrimonial
(+) b) ganho em operações para receibmento no longo prazo
(=) Lucro a realizar -
Lucro Realizado
. Lucro Líquido do exercício
(-) Lucro a realizar -
(=) Lucro realizado -

Algoritmo
Se Val. Prov (menor ou igual a) Lucro realizado
Então há dinheiro para pgto do Val. Prov.
Div. Min. Obrig = Val Prov é obrigado a pagar todo o Val. Prov.
Reserva de lucros a realizar = 0 e não pode reservar nada
Senão não há dinheiro para pgto do Val. Prov.
Div. Min. Obrig = Val Prov pode-se pagar, mesmo assim, todo o Val. Prov.
Reserva de lucros a realizar = 0 e decidir não reservar nada
ou ou
Div. Min. Obrig = Lucro Realizado pode-se pagar somente o valor do Lucro realizado
Reserva de lucros a realizar = Val. Min. Obrig (-) Lucro e reservar a diferença entre o Val. Prov. e o Lucro Realizado em
Realizado Reserva de Lucros a Realizar (*)
(*) nesse caso, assim que o lucro for realizado, o respectivo dividendo deverá ser pago.

Para ilustrar os conceitos acima, é proposto um exemplo, a seguir.

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Seja uma companhia que tenha apresentado os seguintes valores:
percentual de dividendo mínimo obrigatório no estatuto omisso
Lucro líquido do exercício 1.000.000,00
reserva legal constituída no exercício 50.000,00
reversão de reserva para contingências no exercício 100.000,00
constituição de reserva para contingências no exercício 150.000,00
resultado positivo de equivalência patrimonial 300.000,00
Nessa situação, qual seria o valor a ser destinado para dividendo
mínimo obrigatório? A solução demanda um cálculo em duas partes:
(1) valor provisório e (2) valor definitivo, conforme a seguir:
(1) Apuração do valor provisório do dividendo mínimo obrigatório – Val.
Prov.
Valor Provisório do dividendo mínimo obrigatório
. Base de cálculo 900.000,00
(*) Coeficiente 50%
(=) Val. Prov. 450.000,00

onde:
Base de cálculo ==> Lucro Líquido Ajustado
. Lucro Líquido 1.000.000,00
(+) Reversão de reservas para contingências 100.000,00
(-) Constituição de reservas para contingências (150.000,00)
(-) Constituição de reserva legal (50.000,00)
(=) Lucro Líquido Ajustado 900.000,00
Coeficiente
a) no caso de determinação pelo estatuto: o percentual por ele determinado
b) no caso de estatuto omisso: 50% <== é o caso
c) no caso de omissão e posterior fixação pela Assembléia-geral de acionistas: no mínimo 25%
50%

(2) Apuração do valor definitivo

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Conceitos iniciais
Lucro a realizar
. a) saldo líquido positivo de equivalência patrimonial 300.000,00
(+) b) ganho em operações para receibmento no longo prazo 380.000,00
(=) Lucro a realizar 680.000,00
Lucro Realizado
. Lucro Líquido do exercício 1.000.000,00
(-) Lucro a realizar (680.000,00)
(=) Lucro realizado 320.000,00 menor do que o Val. Prov de R$ 450.000,00

Algoritmo
Se Val. Prov (menor ou igual a) Lucro realizado
Então há dinheiro para pgto do Val. Prov.
Div. Min. Obrig = Val Prov é obrigado a pagar todo o Val. Prov.
Reserva de lucros a realizar = 0 e não pode reservar nada
Senão não há dinheiro para pgto do Val. Prov.
Div. Min. Obrig = Val Prov 450.000,00 pode-se pagar, mesmo assim, todo o Val. Prov.
Reserva de lucros a realizar = 0 - e decidir não reservar nada
ou ou
Div. Min. Obrig = Lucro Realizado 320.000,00 pode-se pagar somente o valor do Lucro realizado
Reserva de lucros a realizar = Val. Min. Obrig (-) Lucro e reservar a diferença entre o Val. Prov. e o Lucro Realizado em
Realizado 130.000,00 Reserva de Lucros a Realizar (*)
(*) nesse caso, assim que o lucro for realizado, o respectivo dividendo deverá ser pago.

Assim, na situação acima, alternativamente, a companhia pode optar


por:
a) distribuir R$ 450.000,00, a título de dividendo mínimo
obrigatório e não constituir reserva de lucros a realizar;
ou
b) distribuir R$ 320.000,00, a título de dividendo mínimo
obrigatório e constituir reserva de lucros a realizar no
valor de R$ 130.000,00.
Como última observação sobre o cálculo do dividendo mínimo
obrigatório, cumpre referir que a Lei das S/A não faz referência explícita
(e as questões de concurso, até o presente momento, não abordam o
tema), mas a doutrina entende que ao lucro líquido do período também
devem ser feitos os seguintes ajustes:
- soma ou subtração dos ajustes de exercícios
anteriores (caso credores ou devedores –
respectivamente);
- soma da parcela realizada da reserva de
reavaliação15.

15
Nesse sentido, ver: Ferreira, Ricardo J. Contabilidade Avançada e Intermediária – 2a
ed. Rio de Janeiro – 2004. pp 450 – 451.

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5 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido –
DMPL
5.1 Finalidade da demonstração, conteúdo e previsão legal
A lei das S/A tornou obrigatória a Demonstração de lucros ou prejuízos
acumulados, permitindo, no entanto, que seus dados sejam incluídos na
Demonstração das mutações do Patrimônio líquido. Nesse caso, as
companhias ficam desobrigadas de elaboração e publicação da primeira
demonstração, posto que a segunda a compreende e tem maior
abrangência.
Art. 186. A demonstração de lucros ou prejuízos
acumulados discriminará:
...
§ 2º A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados
deverá indicar o montante do dividendo por ação do capital
social e poderá ser incluída na demonstração das mutações
do patrimônio líquido, se elaborada e publicada pela
companhia.
Já a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), por meio da Instrução CVM
n° 59, de 1986, exige que todas as companhias abertas elaborem e
publiquem a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido. Nela,
as contas componentes do Patrimônio Líquido podem ser agrupadas,
devendo essa circunstância ser indicada nas Notas Explicativas.
Por incluir todo o grupo “patrimônio líquido”, essa demonstração
evidencia as alterações sofridas em um período pelo capital próprio da
empresa, tais como:
- alterações do capital social: integralizações, incorporações
ou reduções;
- resultado obtido e sua destinação;
- formação e utilização de reservas;
- realização de reservas de reavaliação;
- ajustes de exercícios anteriores, etc.

5.2 Estrutura da demonstração


A demonstração das mutações do patrimônio líquido tem forma e
conteúdo bastante semelhantes aos da Demonstração de lucros ou
prejuízos acumulados, incluirá também várias colunas verticais, nas
quais serão especificadas as alterações de cada uma das contas
componentes do patrimônio líquido.

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Essas colunas deverão manter a mesma ordem recomendada pela lei da
S/A para a apresentação do grupo no Balanço Patrimonial:
- capital;
- reservas de capital;
- reservas de reavaliação;
- reservas de lucro;
- lucros ou prejuízos acumulados.
A demonstração terá a forma a seguir, com tantas colunas quantas
sejam necessárias para que todas as contas representativas do capital
próprio sejam incluídas. Em nosso exemplo, trabalharemos com um
número reduzido, por razões didáticas.

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demonstração das mutações do patrimônio líquido


período de __/ __/ __ a __/ __/ __
capital Reservas lucros ou prejuízos
acumulados
capital Reavaliação lucro
saldo no início do
exercício
Ajustes de exercícios
anteriores
Aumento de capital por
subscrição
Formação de reservas de
capital
Formação de reservas de
reavaliação
Reversões de reservas
Resultado do exercício
Saldo à disposição da
assembléia
Destinações para reservas
de lucros
Dividendos
Incorporação ao capital
saldo no final do exercício

6 Resumo
a) Demonstração do Resultado do Exercício – DRE
i) Finalidade da demonstração, conteúdo e previsão legal – a
DRE, prevista no art. 187 da Lei das S/A tem por finalidade a
apresentação estruturada das receitas e despesas
auferidas/incorridas no período.
ii) Estrutura da demonstração – a DRE está estruturada em três
grupos: (1) Início (“cabeça”); (2) meio (“meiuca”) E (3) fim
(“rabicho”).
iii) Elementos da DRE – RBV (-) deduções (=) RLV (-) CMV (=) LB
(-) Despesas operacionais (+) Receitas operacionais (=)LOp (-)
Despesas não operacionais (+) Receitas não operacionais (=)

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LAIR (-) Provisão para IRPJ e CSLL (=) LApIR (-) participações
(=) LL (/) n° de ações (=) lucro por ação.
(1) Faturamento x Receita Bruta de Vendas – O
faturamento (aquilo que a empresa cobra) inclui o IPI, que
está por fora do preço de venda e a Receita Bruta de Vendas
é o preço do produto ou mercadoria vendidos.
(2) Deduções da Receita Bruta de Vendas e Receita
Líquida de Vendas – são deduções da RBV as vendas
canceladas (antes da saída da mercadoria do
estabelecimento), as devoluções (ocorridas após essa
saída), os descontos incondicionais (dados no momento da
venda e não pendentes de qualquer evento futuro e incerto),
os abatimentos (reduções no preço por conta de pequenos
defeitos na mercadoria ou inconsistências entre o pedido e o
lote entregue) e, finalmente, os tributos sobre a venda
(ICMS, PIS/Pasep, Cofins e ISS). A Receita Líquida de
Vendas (RLV) é a diferença entre a RBV e as respectivas
deduções.
(3) Custo das mercadorias Vendidas (CMV), Custo dos
produtos vendidos (CPV), Custo dos serviços prestados
(CSP) e Resultado operacional bruto (Lucro Bruto – LB) – O
CMV (para empresas comerciais), o CPV (para empresas
industriais) e o CSP (para empresas prestadoras de serviço)
são o valor patrimonial daquilo que foi entregue ao cliente
quando da venda (de mercadorias, produtos ou serviços).
(4) Despesas e Receitas operacionais e Resultado
operacional líquido (LOp) – despesas operacionais são
aquelas habituais da empresa.
(a) Despesas operacionais: (1) comerciais, (2)
administrativas, (3) financeiras e (4) outras – entre as
despesas operacionais incluem-se as comerciais,
administrativas e financeiras. As outras despesas
operacionais alcançam as variações monetárias passivas
e os resultados negativos de participações societárias.
(b) Variações monetárias passivas e Resultados negativos
em participações societárias – as variações monetárias
passivas são reduções patrimoniais decorrentes de
reduções de direitos ou aumentos de obrigações
resultantes da variação de um índice econômico ou da
taxa de câmbio. Os resultados negativos de
participações societárias são aqueles decorrentes da
avaliação dos investimentos pelo método da equivalência

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patrimonial e, geralmente, ocorrem quando a empresa
investida tem seu patrimônio líquido minorado, por
experimentar prejuízos.
(c) Receitas financeiras – receitas financeiras são aquelas
decorrentes do valor do dinheiro no tempo (juros) e
podem, alternativamente, ser: (1) registradas como
dedução das despesas financeiras ou (2) em item próprio
do resultado operacional.
(d) Variações monetárias ativas e Resultados positivos em
participações societárias – variações monetárias ativas
são aumentos do patrimônio decorrentes de aumentos de
direitos ou reduções de obrigações resultantes da
variação de um índice econômico ou da taxa de câmbio.
Os resultados positivos em participação societária podem
ser aqueles decorrentes da avaliação dos investimentos
pelo método da equivalência patrimonial e, geralmente,
ocorrem quando a empresa investida tem seu patrimônio
líquido majorado, por auferir lucros. Pode também haver
receita de dividendos, decorrente de investimentos
avaliados pelo método do custo.
(e) Receitas de aluguel do permanente – são receitas de
bens do ativo permanente investimento que se
encontram alugados para terceiros.
(5) Receitas e Despesas não operacionais e Lucro antes
dos tributos (LAIR) – Receitas e despesas não operacionais
são itens eventuais (não esperados) do resultado e estão
relacionados com a alienação de ativo permanente.
(6) Provisão para IR e CSLL e Lucro após os tributos
(LApIR) – os tributos sobre o lucro devem ser a primeira
destinação do resultado.
(7) Participações no Resultado: (1) Debenturistas, (2)
Empregados, (3) Administradores, (4) Partes Beneficiárias e
(5) Contribuições para a previdência privadas dos
empregados – do Lucro após os tributos, deduzidos os
prejuízos acumulados, serão pagas participações (caso
previstas no estatuto), na ordem acima.
(8) Lucro líquido (LL) e Lucro líquido por ação – o lucro
líquido é o saldo final entre as contas de receita e despesa
demonstradas na DRE. Esse resultado, dividido pelo número
de ações emitidas pela empresa é o lucro líquido por ação.
b) Demonstração dos Lucros e Prejuízos Acumulados – DLPA

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i) Finalidade da demonstração, conteúdo e previsão legal – A
DLPA, prevista no art. 186 da Lei das S/A tem por finalidade
demonstrar a ligação entre o resultado e o patrimônio e seu
conteúdo é o conjunto de registros realizado na conta LPA, que
funciona como a “porta de entrada do resultado no patrimônio”.
ii) Estrutura da demonstração – a DLPA está estruturada da
seguinte forma – Saldo inicial (+-) ajustes de exercícios
anteriores (=) saldo ajustado (+) reversão/realização de
reservas (+-) resultado do exercício (=) saldo à disposição da
AGA (-) proposta de destinação (=) saldo final.
iii) Elementos da DLPA
(1) Saldo inicial, Ajustes e Saldo ajustado – o saldo inicial
é o saldo da conta LPA no início do exercício. Os ajustes de
exercícios anteriores são decorrentes de (a) erros ou (b)
mudança de critério contábil. O saldo ajustado nada mais é
do que o saldo inicial somado aos ajustes de exercícios
anteriores.
(2) Reversão/realização de reservas, LL – da DRE – e
Saldo à disposição da Asembléia-Geral de acionistas – a
reversão/realização de reservas aumenta o saldo da conta
LPA, portanto deve ser demonstrada em valores positivos.
O lucro líquido do exercício (oriundo da DRE) também deve
ser demonstrado em valores positivos, porém, caso a
empresa tenha sofrido prejuízo, esse valor será
demonstrado de forma negativa.
(3) Proposta de destinação: (1) dividendos, (2) reservas
de lucro e (3) incorporação ao capital social; e saldo final. –
a destinação do lucro deverá ser para os sócios (na forma de
dividendos), para manutenção no patrimônio da empresa,
destinado a um fim específico (na forma de reservas de
lucro) ou reinvestido pelos sócios na formação/reforço do
patrimônio da empresa. Essas destinações reduzem o saldo
da conta LPA e, portanto, devem ser demonstradas em
valores negativos.
c) Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido – DMPL
i) Finalidade da demonstração, conteúdo e previsão legal – a
DMPL não é obrigatória para todas as companhias e engloba
todos os dados da DLPA, tendo a mesma finalidade desta. Para
companhias abertas, a CVM obriga a apresentação da DMPL.
ii) Estrutura da demonstração – a DMPL apresenta as mutações
de todas as contas do PL e não somente da conta LPA, dando

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uma visão mais clara das origens e dos destinos patrimoniais
do resultado do exercício.

7 Exercícios de Fixação (Questões de concurso elaborado pela


ESAF – resolvidas e comentadas)

7.1 Apuração do resultado do Exercício, constituição de reservas


e cálculo do dividendo mínimo obrigatório

7.1.1 Analista de Controle Externo / TCU


Enunciado
Ao encerrar o exercício social, em 31/12/01, a Hones Horses S/A apurou
um lucro líquido de R$ 160.000,00 após a provisão para o Imposto de
Renda e para a Contribuição Social sobre o Lucro, mas antes das
participações.
Ao promover a destinação do resultado do exercício, a empresa deverá
considerar os seguintes eventos:
Participações no lucro:
- para empregados 5%;
- para diretores 5%.
Constituição de reservas:
- Reservas Estatutárias R$ 8.000,00;
- Reserva Legal R$ 6.400,00.
Reversão de reservas:
- de reservas estatutárias R$ 3.00,00;
- de reservas para contingências R$ 2.000,00.
Após a contabilização desses fatos, e considerando que a empresa não
prevê no estatuto a forma de distribuição de dividendos, o Dividendo
Mínimo Obrigatório, a ser calculado sobre o lucro ajustado nos termos
da lei, e proposto à Assembléia-Geral, deverá ser no valor de
a) R$ 35.000,00
b) R$ 65.000,00
c) R$ 67.500,00
d) R$ 69.000,00
e) R$ 70.000,00
Resolução e comentários

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Trata-se de uma questão típica de cálculo de participações no lucro e de
dividendos mínimos obrigatórios que, para sua resolução:
a) partiremos do lucro após os tributos
b) calcularemos o valor das participações
c) apuraremos o valor do lucro líquido do exercício
d) apuraremos o valor do dividendo mínimo obrigatório (repare
que, no caso, não há o que se falar em Reserva de Lucros a
Realizar – pelo enunciado da questão – o que facilita sua
resolução).
Base de cálculo da primeira participação - empregados
Lucro após o Imposto de Renda 160.000,00 no caso, o valor já foi
fornecido deduzidos os
tributos
(-) prejuízos acumulados de exercícios anteriores -
(=) base de cálculo da participação 160.000,00
Valor da primeira participação - empregados
(=) base de cálculo da participação 160.000,00
(x) percental da participação 5%
(=) participação 8.000,00
Base de cálculo da segunda participação - administradores
base de cálculo da participação anterior 160.000,00
(-) participação anterior (8.000,00)
(=) base de cálculo da participação 152.000,00
Valor da segunda participação - Administradores
(=) base de cálculo da participação 152.000,00
(x) percentual da participação 5%
(=) participação 7.600,00

No caso acima, o “Rabicho” da DRE seria o seguinte:


(= Lucro Líquido do período antes das participações (LApIR) 160.000,00
(-) Participação de debenturistas -
(-) Participações de empregados (8.000,00)
(-) Participações de administradores (7.600,00)
(-) Participações de partes beneficiárias -

(-) Contribuição para fundos de assistência e previdência social dos empregados -


(= Lucro líquido do período base (LL) 144.400,00

Apurado o valor do lucro líquido do exercício, é possível apurar o valor


do dividendo mínimo obrigatório (lembrando que no caso o valor
provisório será considerado também definitivo, pois não foram dadas
informações para cálculo do lucro realizado).

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Valor Provisório do dividendo mínimo obrigatório
. Base de cálculo 140.000,00
(*) Coeficiente 50%
(=) Val. Prov. 70.000,00

onde:
Base de cálculo ==> Lucro Líquido Ajustado
. Lucro Líquido 144.400,00
(+) Reversão de reservas para contingências 2.000,00
(-) Constituição de reservas para contingências -
(-) Constituição de reserva legal (6.400,00)
(=) Lucro Líquido Ajustado 140.000,00
Coeficiente
a) no caso de determinação pelo estatuto: o percentual por ele determinado
b) no caso de estatuto omisso: 50% <== é o caso
c) no caso de omissão e posterior fixação pela Assembléia-geral de acionistas: no mínimo 25%
50%

Assim, chegamos ao valor de R$ 70.000,00, que deverá ser destinado


aos acionistas a título de dividendo mínimo obrigatório.
Gabarito
E

7.1.2 Técnico da Receita Federal - 2006


Enunciado
08- A Lei n. 6.404/76 e as alterações pertinentes estabelecem que na
Demonstração de Resultado do Exercício seja evidenciada a
lucratividade absoluta, indicando-se o montante, em reais ou fração, do
lucro obtido por ação do capital social.
A empresa Revendas Comerciais S/A, cujo capital social é constituído de
600 mil ações, apresentou os seguintes dados em relação ao exercício
de 2005:
Reserva Legal R$ 30.000,00
Reservas Estatutárias R$ 45.000,00
Participações Estatutárias R$ 18.000,00
Provisão para Imposto de Renda R$ 40.000,00
Receita Líquida de Vendas R$ 225.000,00
Lucro Operacional Bruto R$ 145.000,00
Lucro Operacional Líquido R$ 106.000,00
Lucro Não-Operacional R$ 24.000,00
Capital Social R$ 800.000,00

No caso ora apresentado, baseado apenas nas informações fornecidas,


podemos dizer que o lucro por ação do capital social a ser indicado na
última linha da DRE foi da ordem de
a) R$ 0,15 por ação.
b) R$ 0,12 por ação.

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c) R$ 0,11 por ação.
d) R$ 0,09 por ação.
e) R$ 0,08 por ação.
Resolução e comentários
Trata-se de uma questão simples, que demanda apenas o conhecimento
da estrutura da DRE, a partir do lucro Operacional líquido.
DRE
Item Valor
...
Lucro Operacional Líquido 106.000,00
(-) despesas não operacionais
(+) receitas não operacionais 24.000,00
(=) Lucro antes do IR e da CSLL 130.000,00
(-) IR e CSLL (40.000,00)
(=) Lucro após o IR e a CSLL 90.000,00
(-) Participações (18.000,00)
debenturistas
empregados
administradores
partes beneficiárias
contribuição para a prev. Priv. Dos empreg.
(=) Lucro Líquido 72.000,00
(/) Número de ações 600.000,00
(=) Lucro por ação 0,12

Obs.: as demais informações do enunciado eram absolutamente


dispensáveis, para a resolução da questão e foram ali colocadas pelo
examinador com o único intuito de induzir o candidato a erro.
Gabarito
B

7.1.3 Técnico da Receita Federal 2006


Enunciado
09- O Contador da empresa Comercial de Laticínios S.A., cujos estatutos
sociais determinavam o pagamento de 10% dos lucros como
participação aos empregados, teve de informar à Assembléia Geral o
valor absoluto dessa participação no exercício em que o lucro líquido foi
de R$ 300.000,00, a reserva legal foi constituída de R$ 5.000,00, a
participação estatutária de administradores foi de R$ 12.000,00, e o
imposto de renda e a contribuição social sobre o lucro foram
provisionados em R$ 75.000,00.
Com fulcro nessas informações, o referido contador pode afirmar que a
participação de empregados foi de

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a) R$ 30.000,00.
b) R$ 22.500,00.
c) R$ 22.000,00.
d) R$ 21.800,00.
e) R$ 21.300,00.
Resolução e comentários
A resolução da questão demanda o conhecimento da estrutura da DRE,
determinada pelos arts. 187, 189 e 190 da Lei das S/A (Lei n° 6.404, de
1976, e alterações posteriores), a seguir reproduzidos:
Art. 187. A demonstração do resultado do exercício
discriminará:
I - a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das
vendas, os abatimentos e os impostos;
II - a receita líquida das vendas e serviços, o custo das
mercadorias e serviços vendidos e o lucro bruto;
III - as despesas com as vendas, as despesas financeiras,
deduzidas das receitas, as despesas gerais e
administrativas, e outras despesas operacionais;
IV - o lucro ou prejuízo operacional, as receitas e despesas
não operacionais;
V - o resultado do exercício antes do Imposto sobre a
Renda e a provisão para o imposto;
VI - as participações de debêntures, empregados,
administradores e partes beneficiárias, e as contribuições
para instituições ou fundos de assistência ou previdência
de empregados;
VII - o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu
montante por ação do capital social.
...
Art. 189. Do resultado do exercício serão deduzidos, antes
de qualquer participação, os prejuízos acumulados e a
provisão para o Imposto sobre a Renda.
Parágrafo único. o prejuízo do exercício será
obrigatoriamente absorvido pelos lucros acumulados, pelas
reservas de lucros e pela reserva legal, nessa ordem.
Participações
Art. 190. As participações estatutárias de empregados,
administradores e partes beneficiárias serão determinadas,
sucessivamente e nessa ordem, com base nos lucros que
remanescerem depois de deduzida a participação
anteriormente calculada.

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Parágrafo único. Aplica-se ao pagamento das participações
dos administradores e das partes beneficiárias o disposto
nos parágrafos do artigo 201.
Assim, conclui-se que :
a) A ordem de pagamento de participações é: (1) debenturistas,
(2) empregados, (3) administradores, (4) partes beneficiárias e
(5) contribuições para instituições ou fundos de assistência ou
previdência de empregados.
b) A base de cálculo da primeira participação será sempre o valor
do lucro antes do Imposto de Renda (LAIR) deduzido da
provisão para o IR/CSLL e dos eventuais prejuízos acumulados;
ao passo que o valor desta primeira participação será o
resultado da multiplicação da base de cálculo pelo percentual
definido no estatuto (constante do enunciado).
c) A base de cálculo das demais participações (exceto a
contribuição para instituições ou fundos de assistência ou
previdência de empregados – para a qual não há regra definida
na Lei das S/A) será sempre o valor da base de cálculo da
participação anterior, deduzido do valor da própria participação
anterior; ao passo que o valor das demais participações será o
resultado da multiplicação de sua base de cálculo pelo
respectivo percentual definido no estatuto (que também deverá
constar do enunciado).
Sendo a participação de empregados a primeira e não havendo prejuízos
acumulados – seu valor equivale a 10% (*) [ Lucro antes do IR (-) IR ].
O grande problema existente em sua resolução não deriva de nenhum
conceito contábil, mas do Português: a interpretação do texto do
enunciado é a dificuldade. Desde há muito, a ESAF tem sido consistente
em tratar pelo termo “lucro líquido” os conceitos de Lucro Antes do IR,
Lucro Após o IR e Lucro Líquido (propriamente dito).
Como isto - apesar de tecnicamente incorreto - tem sido uma constante,
vamos resolver a questão sempre interpretando a expressão “lucro
líquido” conforme abaixo:
- quando o “lucro líquido” é destinado ao IR/CSLL, participações,
reservas e dividendos, trata-se do lucro antes do IR;
- quando o “lucro líquido” é destinado a participações, reservas e
dividendos, trata-se do lucro após o IR;
- quando o “lucro líquido” é destinado a reservas e dividendos,
trata-se do lucro líquido propriamente dito.
No caso, o “lucro líquido” foi destinado a tributos e participações,
portanto será considerado o Lucro antes do IR.

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Considerando Lucro Líquido como sendo o Lucro antes do IR, temos:
DRE
Item Valor
...
Lucro Operacional Líquido
(-) despesas não operacionais
(+) receitas não operacionais
(=) Lucro antes do IR e da CSLL 300.000,00
(-) IR e CSLL (75.000,00)
(=) Lucro após o IR e a CSLL 225.000,00
(-) Participações
debenturistas -
empregados 22.500,00
administradores
partes beneficiárias
contribuição para a prev. Priv. Dos empreg.
(=) Lucro Líquido

Veja que, com essa interpretação para o termo, encontramos, como


resposta para a questão o valor de 225.000,00 (base de cálculo da
participação de empregados) * 10% (percentual de participação de
empregados dado pela questão) = 22.500,00, que é exatamente o
valor da alternativa B, gabarito da questão.
É interessante notar que, no enunciado, foi dado também o valor de
participação estatutária de administradores. Trata-se de informação
desnecessária para o cálculo da participação de empregados (que a
questão pede como resposta), por ser calculado (conforme a ordem
obrigatória citada acima) após a participação dos empregados. Repare
que, em várias questões, como esta, o examinador coloca dados em
excesso para induzir o candidato ao erro.
Gabarito
B

7.1.4 Analista de Finanças e Controles - 2006


Enunciado
48- A empresa Zazimute Comercial S/A, com patrimônio líquido de R$
800.000,00, obteve, no exercício de 2005, um lucro líquido de R$
250.000,00. Na distribuição desse lucro foram contabilizadas provisão
para imposto de renda e contribuição social sobre lucro líquido, no valor
de R$ 50.000,00, participação estatutária de empregados, no valor de
R$ 10.000,00, reserva legal no valor de R$ 8.000,00, alem de
participação estatutária de 10% para administradores e reserva
estatutária também de 10%.

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Após a contabilização nos termos indicados, pode-se dizer que o lucro
remanescente desse exercício, transferido para a conta patrimonial
Lucros Acumulados, teve o valor de
a) R$ 171.000,00.
b) R$ 170.000,00.
c) R$ 146.700,00.
d) R$ 145.900,00.
e) R$ 145.000,00.
Resolução e comentários
Mais uma vez, a ESAF se refere ao lucro antes do imposto de renda
utilizando a expressão “lucro líquido”, como isto - apesar de
tecnicamente incorreto - tem sido uma constante, vamos resolver a
questão sempre interpretando a expressão “lucro líquido” conforme
abaixo:
- quando o “lucro líquido” é destinado ao IR/CSLL, participações,
reservas e dividendos, trata-se do lucro antes do IR;
- quando o “lucro líquido” é destinado a participações, reservas e
dividendos, trata-se do lucro após o IR;
- quando o “lucro líquido” é destinado a reservas e dividendos,
trata-se do lucro líquido propriamente dito.
No caso, o “lucro líquido” será considerado como o Lucro antes do IR.
DRE Obs.
...
Lucro antes do IR e CSLL 250.000,00
Provisão para IR e CSLL (50.000,00)
Lucro após o IR e CSLL 200.000,00
(-) participações
debenturistas -
empregados (10.000,00) 10% * (lucro após o IR e CSLL (-) prej. Acumulados)
administradores (19.000,00) 10% * (base de cálculo da part. Empregados (-) part. Empregados)
partes beneficiárias -
(=) Lucro Líquido 171.000,00 a ser transferido para o PL

DLPA Obs.
Saldo inicial 800.000,00
...
(=) Lucro Líquido 171.000,00
(-) Reserva Legal (8.000,00)
(-) Reserva Estatutária (17.100,00)
Obs. Lucro (-) Reservas 145.900,00
(=) Saldo Final 945.900,00

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Repare que todo o cálculo da DLPA era desnecessário para a solução da
questão.
Gabarito
A

7.2 Classificação de receitas x reservas de capital

7.2.1 ICMS - MS
Enunciado
Abaixo estão listados cinco conjuntos de contas. Um deles contam
apenas contas representativas de receitas que não transitam pela
Demonstração do Resultado do Exercício – DRE. Assinale essa opção.
a) Reservas de Capital, Variações Cambiais Ativas, Ganhos
em Participações Societárias.
b) Lucro na Venda de Ativos, Doações para Investimentos,
Vendas Canceladas.
c) Receita não-operacional, Impostos sobre Vendas, reservas
de Capital.
d) Ganhos em Participações societárias, Ganhos de Capital,
Reversão de Provisões.
e) Ágio na Emissão de Aços, Doações e Subvenções para
Investimentos, Alienação de Partes Beneficiárias.
Resolução e comentários
De início, cabe comentar que o examinador utilizou de um vocabulário
não convencional, pois: (1) se há receitas, elas devem constar da DRE,
(2) senão constarem da DRE, não serão receitas. Assim, seria mais
correto que o examinador utilizasse a expressão “contas representativas
de aumentos patrimoniais que não transitam pelo resultado”. De
qualquer maneira, o significado do enunciado é claro, trata-se de conta
que não transita pelo resultado – característica de reserva de capital,
conforme já visto neste curso:
As Reserva de Capital são valores entregues
graciosamente à empresa por sócios ou outros
interessados em “participar da festa”, ou seja,
interessados em participar (de alguma forma) dos lucros
da empresa.
Tais valores, que são entregues graciosamente à empresa
por pessoas nela interessadas, aumentam seu patrimônio
e, portanto, via de regra, deveriam ser registrados como
receita da empresa (débito em caixa e crédito em receitas

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de doação), passando a compor o Patrimônio Líquido
somente ao final do exercício (quando do seu fechamento).
Entretanto, por se tratar de um “pedágio para entrar na
festa” esse aumento patrimonial é registrado diretamente
dentro do Patrimônio Líquido, sem transitar por conta de
resultado, como Reserva de Capital.
O motivo para que a Lei das S/A tivesse determinado esse
tratamento às Reservas de Capital é decorrente de uma
decisão política (de incentivo à capitalização das
empresas16) porque os valores registrados como Reservas
de Capital – apesar de consistirem em aumento de
patrimônio (que subsume-se ao conceito de renda) – não
são consideradas receitas e, portanto, não influenciam o
valor das participações no resultado, dos dividendos e não
são tributado pelo Imposto de Renda da Pessoa Jurídica.
As reservas de capital estão prevista no art. 182 da Lei das S/A:
Art. 182. A conta do capital social discriminará o montante
subscrito e, por dedução, a parcela ainda não realizada.
§ 1º Serão classificadas como reservas de capital as contas
que registrarem:
a) a contribuição do subscritor de ações que ultrapassar o
valor nominal e a parte do preço de emissão das ações
sem valor nominal que ultrapassar a importância destinada
à formação do capital social, inclusive nos casos de
conversão em ações de debêntures ou partes beneficiárias;
b) o produto da alienação de partes beneficiárias e bônus
de subscrição;
c) o prêmio recebido na emissão de debêntures;
d) as doações e as subvenções para investimento.
§ 2° Será ainda registrado como reserva de capital o
resultado da correção monetária do capital realizado,
enquanto não-capitalizado.
§ 3° Serão classificadas como reservas de reavaliação as
contrapartidas de aumentos de valor atribuídos a
elementos do ativo em virtude de novas avaliações com
base em laudo nos termos do artigo 8º, aprovado pela
assembléia-geral.
§ 4º Serão classificados como reservas de lucros as contas
constituídas pela apropriação de lucros da companhia.
Nas alternativas da questão, apenas a letra E apresenta somente
reservas de capital.
Gabarito

16
Partindo-se do pressuposto de que, quanto mais dinheiro nas empresas, mais
empregos serão gerados e melhor funcionará a economia do país.

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E

7.3 Reversão de Reserva de Lucros a Realizar

7.3.1 Auditor Fiscal da Receita Federal - 2005


Enunciado
40- Quando da Realização da Reserva de Lucros a Realizar, esta deve
ser revertida para:
a) lucros ou prejuízos acumulados, quando o evento realizar-se
economicamente.
b) lucros ou prejuízos acumulados, quando o evento realizar-se
financeiramente.
c) reserva de capital destinada diretamente para distribuição de
dividendos.
d) resultado do exercício, quando o evento econômico realizar-se
financeiramente.
e) resultado do exercício, quando o evento financeiro realizar-se
economicamente.
Resolução e comentários
Como a contabilidade considera, na apuração do lucro, fatos
econômicos, normalmente nem todo o lucro apurado se encontra
financeiramente realizado. Em outras palavras, parte das receitas
computadas no resultado do exercício, em obediência ao regime de
competência, pode não ter sido recebida. Assim,, embora
economicamente auferida, não está financeiramente realizada.
A reserva de lucros a realizar visa, então segregar esse lucro não
realizado, para não distribuir parcela dos resultados que sequer foi
recebida pela empresa, evitando, assim, sua descapitalização.
Com o advento da Lei 10.303/2001, a partir de 01/03/2002, a regra de
constituição da reserva de lucros a realizar foi modificada, conforme a
seguir apresentado:
a) conceito de lucro realizado
- lucro líquido do exercício;
- subtraído dos lucros a realizar (resultados positivos de
equivalência patrimonial e lucro nas vendas para recebimento a
longo prazo).
b) constituição de reserva de lucros a realizar
- valor do dividendo obrigatório;

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- subtraído do lucro realizado.
OBS.: a constituição desta reserva não é obrigatória.
c) utilização da reserva de lucros a realizar
- na realização dos respectivos lucros;
- para o pagamento de dividendos.
Quais porém são os valores que integram o resultado do exercício e
podem ser considerados lucros a realizar?
Segundo o disposto no parágrafo único do artigo 197 da lei 6.404/76,
considera-se lucro a realizar:
- o saldo da conta de resultado da correção monetária, quando
credor – derrogado
- a contrapartida do aumento de valor dos investimentos em
coligadas e controladas, quando avaliados pelo método da
equivalência patrimonial;
- o lucro nas vendas a prazo, quando o recebimento do preço
realizar-se após o término do exercício social seguinte.
Em tais casos, embora economicamente realizados, ou seja, não
obstante terem integrado o resultado do exercício, tais parcelas carecem
de realização financeira.
Assim, a referida reserva de lucros a realizar, assim como todas as
demais reservas de lucro, são revertidas para a conta LPA (Lucro e
Prejuízos Acumulados). A especificidade dessa reserva é que o
momento de sua reversão é o momento da realização financeira do
lucro.
Gabarito
B

8 Bibliografia e Fontes de Pesquisa Referenciadas


8.1 Leis
Lei 6.404, de 1976 – Lei das S/A.
Lei 9.249, de 1995.
Lei n° 10.406, de 2002 – Código Civil.

8.2 Atos Administrativos Normativos


RESOLUÇÃO CFC N.º 750/93 - Dispõe sobre os Princípios Fundamentais
de Contabilidade (P.F.C.)

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RESOLUÇÃO CFC N.º 751/93 - Dispõe sobre as Normas Brasileiras de
Contabilidade.
RESOLUÇÃO CFC N.º 774/94 - Aprova o Apêndice à Resolução sobre os
Princípios Fundamentais de Contabilidade.
DELIBERAÇÃO CVM N 29-1986 - objetivos da Contabilidade.
Decreto 3.000, de 1999 – Regulamento do Imposto de Renda.

8.3 Livros
Iudícibus, Sérgio de; Martins, Eliseu e Gelbke, Ernesto Rubens Gelbcke.
Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações – FIPECAFI. Ed.
Atlas. São Paulo – 4a edição – 1995.
Neves, Silvério das e Viceconti, Paulo E. V. Contabilidade Básica. Ed.
Frase. São Paulo – 5a edição – 1996.
Neves, Silvério das e Viceconti, Paulo E. V. Contabilidade Avançada. Ed.
Frase. São Paulo – 5a edição – 1996.
Gonçalves, Eugênio Celso e Baptista, Antônio Eustáquio. Contabilidade
Geral. Ed. Atlas. São Paulo – 2a edição – 1994.
Silva, Benedito Gonçalves da. Contabilidade Geral. Ed. Meta – 2a edição
– 1994.
Ferrari, Ed Luiz, Contabilidade Geral: teoria e 950 questões – Rio de
Janeiro: Elsevier 2006.
Velter, Francisco e Missagia, Luiz R. Manual de Contabilidade – Rio de
Janeiro: Impetus, 2003.
Ferreira, Ricardo J. Contabilidade avançada e intermediária – 2. ed. –
Rio de Janeiro: Ed. Ferreira, 2004.
Santos, Luiz Eduardo. Contabilidade: Resoluções e comentários de
Questões da ESAF. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.

8.4 Internet
www.planalto.gov.br
www.cfc.org.br
www.receita.fazenda.gov.br

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1 Roteiro
Nesta última aula sobre demonstrações contábeis, já tendo sido
estudado – por completo – o Balanço Patrimonial, a DRE e a
DLPA/DMPL, apresentaremos a Demonstração de Origens e Aplicação de
Recursos – DOAR, estudando cada um de seus detalhes.
Portanto, neste ponto da matéria, serão apresentados em especial, cada
um dos itens a seguir relacionados:
1) Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos – DOAR
a) Conceitos iniciais: Capital Circulante líquido – CCL, Origens e
Aplicações
b) Conteúdo e estrutura da demonstração, conforme previsão legal
c) Análise didática da estrutura da demonstração
d) Elementos da DOAR
i) Recursos originados das operações da própria empresa - Lucro
Líquido ajustado
(1) Lucro líquido do período – receitas (-) despesas
(2) Ajustes ao lucro líquido – Receitas e despesas que não
influenciam o CCL – e Lucro líquido ajustado
(a) Depreciação / amortização / exaustão
(b) Resultados de exercícios futuros
(c) Ajustes decorrentes de investimentos avaliados pelo
método da equivalência patrimonial
(d) Provisão para perdas em investimentos permanentes
ou de longo prazo
(e) Variações monetárias (ativas e passivas) de longo
prazo.
(f) Ajustes de exercícios anteriores – que afetam o CCL
(g) Ganho/perda de capital na alienação de bens do
permanente (eventualmente)
(3) Lucro líquido ajustado
ii) Recursos originados do sócios
(1) Realização de capital
(2) Contribuições para Reservas de capital
iii) Recursos originados de terceiros
(1) Aumento do Passivo Exigível a Longo Prazo

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(2) Redução do Ativo Realizável a Longo Prazo
(3) Alienação de investimentos permanentes e de bens do
imobilizado
iv) Total das origens
v) Aplicações de recursos decorrentes da atividade da própria
empresa para os sócios
vi) Aplicações de recursos para terceiros
(1) Aumento do Ativo Realizável a Longo Prazo
(2) Redução do Passivo Exigível a Longo Prazo
(3) Aquisição de bens do imobilizado e de investimentos
permanentes
(4) Aumento do ativo diferido
(5) Outras aplicações – redução do capital e aquisição de
ações em tesouraria
vii) Total das aplicações
viii) Total das origens (-) aplicações (=) Variação do CCL

2 Introdução
A Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos – DOAR – é uma
demonstração de extrema relevância, tanto do ponto de vista do
entendimento do sistema de informações patrimonial (Contabilidade)
quanto do ponto de vista de questões para concurso.
Sob o prisma do patrimônio, a DOAR permite uma análise da situação
de liquidez da empresa, ou seja, permite verificar com que facilidade
uma empresa pode quitar suas obrigações com a utilização de seus bens
e direitos de curto prazo (“folga de curto prazo”), ou seja, se a empresa
está ampliando ou reduzindo sua capacidade de pagamento a curto
prazo. A análise da DOAR permite, ainda, verificar quais as operações
que geraram essa “folga de curto prazo”, evidenciando a política de
financiamentos e investimentos da empresa. Assim, como finalidade, a
DOAR se constitui num relatório eminentemente financeiro.
Com relação ao concurso público, faz-se necessário dizer que a DOAR é
muito mal compreendida (por candidatos), sendo que alguns preferem
não estudar o assunto e, eventualmente, perder uma ou duas questões
na prova. Ora, acertar ou errar uma ou duas questões na prova pode
ser a diferença entre a aprovação e a reprovação no concurso e,
conforme será visto a seguir, o entendimento (e memorização) da DOAR
– segundo a maneira didática aqui proposta – é simples, lógico e
permite resolver (com facilidade) as questões de prova.

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3 Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos
– DOAR
3.1 Conceitos iniciais: Capital Circulante líquido – CCL, Origens e
Aplicações
O estudo da DOAR demanda a apresentação de alguns conceitos iniciais,
que estão apresentados em qualquer bom livro de contabilidade, são
eles:
a) Capital Circulante Líquido – CCL, definido como a diferença
entre o Ativo Circulante (AC) e o Passivo Circulante (PC)1,
conforme a seguir representado:
CCL (=) AC (-) PC

Ativo Passivo
AC PC ==> AC - PC = CCL
------------------------------ ------------------------------
ARLP PELP
------------------------------ ------------------------------
A. PERM REF
--------------
INV
-------------- Patrimônio Líquido
IMOB CAP
-------------- --------------
DIF RES CAP
--------------
RES REAV
--------------
RES LUCRO
--------------
LUCRO ACUM

Despesas Receitas

b) Origens, definidas como aumentos do CCL (reduções do


AC, aumentos do PC ou a combinação de ambos):

1
O CCL, conceituado como a diferença de valores entre o AC e o PC, é utilizado para
evidenciar a “folga de curto prazo” – aquilo que sobra para a entidade, considerando
seus recursos realizáveis no curto prazo, depois do pagamento das obrigações de curto
prazo. Importante lembrar que este é um conceito eminentemente financeiro, pois o
fato de haver CCL positivo (folga de curto prazo) não significa, necessariamente, que a
empresa seja lucrativa, ou vice-versa.

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Origens (=) Aumentos do CCL


ou seja
Origens (=) Aumentos do AC
ou Reduções do PC
ou Combinação de ambos

c) Aplicações, definidas como reduções do CCL (aumentos do


AC, reduções do PC ou a combinação de ambos):

Aplicações (=) Reduções do CCL


ou seja
Aplicações (=) Reduções do AC
ou Aumentos do PC
ou Combinação de ambos

d) Variação do CCL, definida como a diferença entre o CCL


final e o CCL inicial:

Variação do CCL (=) CCL(f) (-) CCL(i)

e) Ocorre que a variação do CCL também pode ser definida


como a diferença entre os aumentos do CCL e suas
reduções, ou seja, de acordo com as definições (b) e (c), a
diferença entre as Origens e Aplicações.

Variação do CCL (=) Origens (-) Aplicações

f) Pelas definições (d) e (e), conclui-se que a diferença entre


o CCL final e o CCL inicial é numericamente idêntica à
diferença entre Origens e Aplicações.

CCL(f) (-) CCL(i) (=) Origens (-) Aplicações

Até esse ponto da matéria, tudo parece fazer sentido, e a conclusão –


inevitável – é a de que, se a DOAR evidencia a posição financeira da
empresa, justamente com relação ao CCL, nela deveria estar
apresentada a estrutura do AC e do PC (itens que compõem o CCL).
Entretanto, isso não ocorre! A Lei das S/A determina a apresentação da
DOAR de forma completamente diferente, conforme será visto no item a
seguir, no que é estudado o art. 188 da Lei das S/A.

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3.2 Conteúdo e estrutura da demonstração, conforme previsão
legal
A Lei das S/A discriminou expressamente os dados a serem
demonstrados (relativos a modificações na posição financeira da
companhia) na DOAR, estabelecendo, nos incisos de seu artigo 188, que
sejam evidenciadas as variações do capital circulante líquido com
discriminação das origens e aplicações de recursos, conforme a seguinte
estrutura:
Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos
Art. 188. A demonstração das origens e aplicações de
recursos indicará as modificações na posição financeira da
companhia, discriminando:
I - as origens dos recursos, agrupadas em:
a) lucro do exercício, acrescido de depreciação,
amortização ou exaustão e ajustado pela variação nos
resultados de exercícios futuros;
b) realização do capital social e contribuições para reservas
de capital;
c) recursos de terceiros, originários do aumento do passivo
exigível a longo prazo, da redução do ativo realizável a
longo prazo e da alienação de investimentos e direitos do
ativo imobilizado.
II - as aplicações de recursos, agrupadas em:
a) dividendos distribuídos;
b) aquisição de direitos do ativo imobilizado;
c) aumento do ativo realizável a longo prazo, dos
investimentos e do ativo diferido;
d) redução do passivo exigível a longo prazo.
III - o excesso ou insuficiência das origens de recursos em
relação às aplicações, representando aumento ou redução
do capital circulante líquido;
IV - os saldos, no início e no fim do exercício, do ativo e
passivo circulantes, o montante do capital circulante
líquido e o seu aumento ou redução durante o exercício.
Para quem não conhece, parece loucura! De uma maneira, em
princípio, ilógica, a estrutura da DOAR não comporta nenhum elemento
do AC ou do PC. Em outras palavras, a DOAR é uma demonstração que
se destina a mostrar a evolução do CCL, mas que não apresenta
qualquer item que o componha.
A seguir, para confirmar essa aparente incoerência, analisaremos cada
uma das contas, ou grupo de contas, referenciadas na estrutura da
DOAR, prevista no art. 188 da Lei das S/A:

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- entre as origens, nenhuma das contas (ou grupo de contas)
referenciadas faz parte do CCL:
a) o lucro do exercício não faz parte do CCL, nem sequer é
composto por contas patrimoniais, pois é formado por
contas de resultado, apresentadas na DRE;
b) a depreciação, a amortização ou a exaustão também
não fazem parte do CCL, são contas de resultado
(apresentadas na DRE)
c) os resultados de exercícios futuros, da mesma forma,
não fazem parte do CCL, sendo contas de passivo (em
sentido amplo);
d) o capital social e as reservas de capital não são contas
do CCL, pois pertencem ao patrimônio líquido - PL;
e) o passivo exigível a longo prazo - PELP é um grupo
patrimonial que está fora do CCL, o ativo realizável a
longo prazo – ARLP também é um grupo patrimonial que
se encontra alheio ao CCL, assim como os subgrupos do
ativo permanente investimentos e imobilizado
- da mesma forma, com relação às aplicações, nenhuma das contas (ou
grupo de contas) referenciadas faz parte do CCL:
a) os dividendos distribuídos são registrados a crédito de
LPA e, assim, consistem em reduções do Patrimônio
líquido – PL;
b) o passivo exigível a longo prazo - PELP é um grupo
patrimonial que está fora do CCL, o ativo realizável a
longo prazo – ARLP também é um grupo patrimonial
que se encontra alheio ao CCL, assim como os subgrupos
do ativo permanente investimentos, imobilizado e
diferido.
Em que pese o fato de que nenhuma das origens e aplicações estejam
demonstradas pelos respectivos valores dos aumentos de contas do AC
ou do PC, o somatório dos montantes atinentes aos itens que, de acordo
com a estrutura da demonstração, compõem origens e aplicações, é
numericamente igual à variação do CCL ( CCL(f) (-) CCL(i) ).
Parece mágica! Nesse momento, temos duas alternativas para o estudo
dessa demonstração:
- não ligar para mais nada, decorar e acertar questões sem
entender o porquê; ou

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- analisar a razão pela qual ocorre essa aparente
incoerência (neste curso, optaremos pela segunda
alternativa).
Em obediência à Lei das S/A, utilizaremos, em nosso estudo, a estrutura
proposta no art. 188, acima apresentado, com pequenos acréscimos
(propostos pela doutrina contábil majoritária), que serão justificados um
a um.

3.3 Análise didática da estrutura da demonstração


Já foi visto que, da simples observação da estrutura da DOAR
(especialmente com relação ao disposto nos incisos I e II, do art. 188 da
Lei das S/A, que dispõem sobre as Origens e as Aplicações), percebe-se
a inexistência de qualquer referência a elementos internos do CCL. Daí,
é possível inferir que:
- as origens, definidas como aumentos do CCL, são
evidenciadas a partir de elementos estranhos a ele;
- as aplicações, definidas como reduções do CCL, são
evidenciadas a partir de elementos também estranhos a ele.
Foi visto também que há identificação entre os valores definidos nos
incisos III e IV do art. 188 da Lei das S/A (Diferença entre origens e
aplicações e variação do CCL), ou seja, o saldo da diferença entre os
valores de origens e aplicações (apurados a partir de elementos
estranhos ao CCL) é, numericamente, idêntica à variação deste mesmo
CCL, no período. Daí, é possível inferir a existência de uma relação
numérica específica entre os valores internos e os valores externos ao
CCL.
Para entender esta questão, é proposta a abordagem – didática,
metafórica e bem humorada – a seguir apresentada.
Considere que o CCL seja a “bolsa”, pertencente a uma jovem senhora,
que sai às compras pela manhã. A visualização do CCL como uma
“bolsa” está calcada no fato de que, nesta bolsa temos (além do batom,
das chaves, dos documentos e etc...):
- cheques e dinheiro (direitos passíveis de utilização no curto
prazo) e
- contas para pagar (obrigações exigíveis no curto prazo).
Assim, neste curso, para fins didáticos, sempre que for mencionada a
expressão “bolsa” estaremos nos referindo à idéia de bens, direitos e
obrigações referentes ao curto prazo (referentes à manhã em que a
jovem senhora está realizando seu passeio).

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Colocada essa premissa inicial, podemos desenvolver o raciocínio que
permite o entendimento da filosofia da elaboração da DOAR.
1 - Todos sabemos que não é permitido olhar o que está dentro da bolsa
de qualquer de qualquer jovem senhora, levaríamos um tapa na cara.
Da mesma forma, no processo de elaboração da DOAR, não poderemos
olhar especificamente para os itens que compõem o CCL – tanto isso é
verdade que nenhum deles consta da estrutura da demonstração.
2 – Mas como demonstrar o que aconteceu com o conteúdo interno da
“bolsa” sem poder olhar o que está dentro dela? Ou, em outras
palavras, como demonstrar a evolução do CCL no exercício sem analisar
o comportamento de cada um de seus elementos patrimoniais
componentes?
3 - A resposta é simples: temos que “monitorar” o que aconteceu fora
da “bolsa”, para deduzir o que aconteceu com o que estava dentro dela.
Assim, observando atentamente o que ocorre “fora da bolsa”, podemos
deduzir o que aconteceu com o seu conteúdo:
a. se, por acaso, a nossa personagem entrar em uma loja de
roupas, e sair dela com uma sacola de compras,
saberemos que o total de recursos na bolsa diminuirá (pois
a aquisição de roupas novas implica pagamento – saída de
dinheiro da “bolsa” – ou o surgimento de uma nova
obrigação – contas a pagar, na “bolsa”);
b. da mesma forma, se ela entrar em um cabeleireiro e sair
com os cabelos de outra cor, deduziremos que o total de
recursos da bolsa diminuirá (pois a despesa com
cabeleireiro implica pagamento ou surgimento de
obrigações – o que reduz o valor da “bolsa”);
c. ao contrário, se ela entrar em um caixa eletrônico, para
efetuar um saque, o total de recursos da bolsa aumentará
(pois a contratação de um empréstimo para pagamento
após o curto prazo – após o passeio matinal – implica
recebimento de dinheiro, o que aumenta o valor da
“bolsa”).
É justamente isto que a demonstração DOAR faz, registra o que ocorreu
com elementos de fora do CCL, permitindo que se deduza o que ocorreu
com o CCL.
Agora, estamos em condições de analisar a razão dos termos origem e
aplicações:
- ORIGENS (aumentos do CCL) – na verdade são as
contrapartidas (créditos) dos débitos que causam o aumento do
CCL;

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- APLICAÇÕES (reduções do CCL) – na verdade são as
contrapartidas (débitos) dos créditos que causam a redução do
CCL.
Repare que, por esta abordagem, os conceitos de crédito e débito estão
de acordo com os conceitos tradicionais de aplicação e origem, vistos
anteriormente2. Já foi visto que, por conta do método das partidas
dobradas: (1) para cada débito – aplicação – há um crédito – origem –
de igual valor e que (2) o valor do ativo – total de aplicações – é igual
ao valor do passivo (em sentido amplo) – total de origens.
A seguir, representamos matematicamente a igualdade acima descrita:

1 Ativo (=) Passivo em sentido amplo


Ativo (=) Passivo Exigível (+) PL

2 porém, Ativo (=) AC (+) ARLP (+) AP


Passivo Exigível (=) PC (+) PELP (+) REF

3 portanto, conclui-se que:


AC (+) ARLP (+) AP (=) PC (+) PELP (+) REF (+) PL

4 daí, temos que:


AC (-) PC (=) PELP (+) REF (+) PL (-) ARLP (-) AP

5 como, AC (-) PC (=) CCL

6 conclui-se que:
CCL (=) PELP (+) REF (+) PL (-) ARLP (-) AP

Ora, se o CCL é numericamente idêntico ao valor líquido dos elementos


patrimoniais estranhos a ele ( PELP (+) REF (+) PL (-) ARLP (-) AP ),
controlando-se a variação dos valores dos elementos patrimoniais
estranhos ao CCL, é possível acompanhar a variação do valor do CCL.
Em outras palavras, e voltando à nossa metáfora da “bolsa da jovem
senhora”, controlando o que ocorreu “por fora da bolsa”, poderemos
acompanhar quanto ficou “dentro da bolsa”.
Assim, para fins didáticos propomos:
a) a identificação do conceito de CCL, metaforicamente, com
a idéia de uma “bolsa”, onde estão os direitos de curto
prazo (dinheiro e cheques a depositar) e as obrigações de
curto prazo (contas a pagar); e

2
Conforme aula 03 deste curso.

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b) considerar que a DOAR tem por objetivo “apresentar a
evolução do conteúdo interno de uma bolsa, através da
explicitação dos fatos ocorridos por fora da bolsa”.

3.4 Elementos da DOAR


Vista a idéia básica da DOAR, resta analisar cada um de seus elementos
sob esse prisma: “determinar o que aconteceu dentro da bolsa, a partir
do ocorreu fora dela”. Para essa análise, em obediência à Lei das S/A,
utilizaremos, em nosso estudo, a estrutura proposta no art. 188, acima
apresentado, com pequenos acréscimos (propostos pela doutrina
contábil majoritária), que serão justificados um a um neste item da
matéria, conforme a seguir:
1) ORIGENS
a) Lucro líquido ajustado:
i) (+) Depreciação / amortização / exaustão
ii) (+/-) aumentos ou reduções dos Resultados de exercícios
futuros
iii) (+/-) resultados negativos/positivos decorrentes de
investimentos avaliados pelo método da equivalência
patrimonial
iv) (+/-) constituição/reversão de Provisão para perdas em
investimentos permanentes ou de longo prazo
v) (+/-) Variações monetárias passivas/ativas de longo prazo.
vi) (+/-) Ajustes credores/devedores de exercícios anteriores –
que afetam o CCL
vii) (+/-) perda/ganho de capital na alienação de bens do
permanente (nem sempre este ajuste é necessário – depende
do valor da origem relativa à alienação do ativo permanente
apresentada)
b) Realização de capital e Contribuições para Reservas de capital
c) Aumento do Passivo Exigível a Longo Prazo e Redução do Ativo
Realizável a Longo Prazo
d) Alienação de investimentos permanentes e de bens do imobilizado
2) Aplicações
a) Dividendos (e lucro líquido ajustado – no caso de ser negativo)
b) Aumento do Ativo Realizável a Longo Prazo e Redução do Passivo
Exigível a Longo Prazo
c) Aquisição de bens do imobilizado e de investimentos permanentes

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d) Aumento do ativo diferido
e) Outras aplicações – redução do capital e aquisição de ações em
tesouraria
3) Total das origens (-) Total das aplicações
4) Variação do CCL - CCLfinal (-) CCLinicial

3.5 Recursos originados das operações da própria empresa


Os recursos originados da própria atividade da empresa são aqueles que
ela traz para o CCL em contrapartida de seu patrimônio (em fatos
contábeis modificativos ou permutativos), partindo-se do pressuposto de
que: (1) receitas serão recebidas (à vista ou a prazo) e, portanto, vão
aumentar o tamanho da “bolsa”, (2) despesas deverão ser pagas (à
vista ou a prazo) e, portanto, vão diminuir o tamanho da “bolsa”.

3.5.1 Lucro Líquido ajustado


Neste item, serão analisados o Lucro Líquido do período e seus ajustes:
(+) Depreciação / amortização / exaustão
(+/-) aumentos/reduções de Resultados de exercícios futuros
(+/-) Ajustes decorrentes de resultados negativos/resultados positivos
em investimentos avaliados pelo método da equivalência patrimonial
(+/-) Constituição/reversão de Provisão para perdas em investimentos
permanentes ou de longo prazo
(+/-) Variações monetárias (passivas/ativas) de longo prazo.
(+/-) Ajustes credores/devedores de exercícios anteriores - que afetam
o CCL
(+/-) Ganho/perda de capital na alienação de bens do permanente

3.5.1.1 Lucro líquido do período – receitas (-) despesas


Receitas “vão para a bolsa” e Despesas “saem da bolsa”. Para confirmar
essa afirmação é preciso lembrar que, conforme já visto, o lucro líquido
do período é composto por receitas e despesas3 e que:
a) as receitas geram aumento do CCL (ou seja, que o valor
das receitas “vão para a bolsa”), conforme ilustrado na
figura abaixo:

3
Nesse sentido, recomendamos a leitura do item que trata da DRE.

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Ativo Passivo
AC PC ==> AC - PC = CCL
------------------------- -------------------------
ARLP PELP
------------------------- -------------------------
A. PERM REF
Patrimônio Líquido

Despesas Receitas
Receita X

a. a receita pode ser paga à vista, aumentando o AC (e,


conseqüentemente, o CCL), conforme lançamento abaixo:
D = Caixa ou Bancos
C = a Receita x
b. a receita pode ser auferida para pagamento a prazo,
aumentando também o AC (e, conseqüentemente, o
CCL), conforme lançamento abaixo:
D = Duplicatas a Receber (ou Contas a Receber)
C = a Receita x
c. a receita pode ter sido recebida em adiantamento e,
quando auferida, reduz o PC (aumentando,
conseqüentemente, o CCL), conforme lançamento abaixo:
D = Adiantamento de clientes
C = a Receita x
b) as despesas geram reduções do CCL (ou seja, que o valor
das despesas “saem da bolsa”) , conforme ilustrado na
figura abaixo:

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Ativo Passivo
AC PC ==> AC - PC = CCL
------------------------- -------------------------
ARLP PELP
------------------------- -------------------------
A. PERM REF
Patrimônio Líquido

Despesas Receitas
Despesa Y

a. a despesa pode ser paga à vista, reduzindo o AC (e,


conseqüentemente, o CCL), conforme lançamento abaixo:
D = Despesa
C = a Caixa ou Bancos y
b. a despesa pode ser incorrida para pagamento a prazo,
aumentando o PC (e, conseqüentemente, reduzindo o
CCL), conforme lançamento abaixo:
D = Despesa
C = a Contas a Pagar y
c. a despesa pode ter sido paga adiantadamente e, quando
auferida, reduz o AC (reduzindo, conseqüentemente, o
CCL), conforme lançamento abaixo:
D = Despesa
C = a Despesas pagas adiantadamente y
c) portanto, o lucro líquido – Receitas (-) Despesas – gera
aumento do CCL (ou seja, o lucro líquido “vai para a
bolsa”), conforme indicado na figura abaixo:

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Ativo Passivo
AC PC ==> AC - PC = CCL
------------------------- -------------------------
ARLP PELP
------------------------- -------------------------
A. PERM REF
Patrimônio Líquido

Despesas Receitas
Despesa Y Receita X
---------
Lucro líquido Z

3.5.1.2 Ajustes ao lucro líquido – Receitas e despesas que


não influenciam o CCL – e Lucro líquido ajustado
Partindo-se do pressuposto de que “Receitas vão para a bolsa” e de que
“despesas saem da bolsa”, concluímos, conforme acima apresentado,
que “o Lucro líquido vai para a bolsa”. Ocorre que essa é uma
simplificação da realidade, pois nem toda despesa “sai da bolsa” e nem
toda receita “vai para a bolsa”.
Assim, é necessário fazer alguns ajustes ao lucro líquido para apresentar
(na primeira linha da DOAR) somente aquela parte do lucro que “foi
para a bolsa”. Esses ajustes são, de uma forma simples e direta: (1)
somar ao lucro líquido as despesas que “diminuíram o valor do lucro,
mas que não saíram da bolsa” e (2) subtrair, do lucro líquido, as
receitas que “aumentaram o lucro, mas que não foram para a bolsa”.
A própria Lei das S/A, em seu art. 188 determina os ajustes mais
importantes (depreciação, amortização, exaustão e REF), mas a
doutrina contábil (e as bancas examinadoras de concursos) propõem
alguns ajustes adicionais. Neste item, analisaremos cada um desses
ajustes (previstos em lei e propostos pela doutrina).

3.5.1.2.1 Depreciação / amortização / exaustão


A lei das S/A, na alínea “a” do inciso I de seu art. 188, demanda a
adição, ao valor do lucro líquido do exercício, dos montantes dos
encargos registrados a título de depreciação, amortização e exaustão,
conforme abaixo reproduzido:

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Art. 188. A demonstração das origens e aplicações de
recursos indicará ...:
I - as origens dos recursos, agrupadas em:
a) lucro do exercício, acrescido de depreciação,
amortização ou exaustão...;
Apenas para fins de esclarecimento cabe lembrar o conceito de
depreciação, amortização e de exaustão: (1) A depreciação é a perda do
valor de um bem por uso, desgaste ou obsolescência; (2) A amortização
é a perda do valor de um elemento patrimonial que tenha prazo
determinado de utilização – pela passagem desse prazo e (3) A
exaustão é a perda do valor de um elemento patrimonial quando o seu
uso regular implica sua parcial destruição.
Os encargos de depreciação, amortização ou exaustão são registrados
como conta de resultado, a crédito de conta retificadora do ativo,
conforme lançamento exemplificativo a seguir:
D= despesa com encargos de depreciação/amortização/exuastão

1 - C = a depreciação/amortização/exuastão acumulada y

Os encargos de depreciação, amortização e exaustão, portanto,


registrados como despesas do exercício, têm impacto no valor do lucro
líquido, diminuindo-o. Ocorre que as contas retificadoras do ativo
(depreciação acumulada, amortização acumulada e exaustão
acumulada) não são contas pertencentes ao CCL (mas sim ao Ativo
Permanente) e portanto, conforme o lançamento acima demonstra, “as
despesas de encargos de depreciação, amortização e exaustão não
saem da bolsa”, mas reduzem o ativo permanente, conforme ilustrado a
seguir:

Ativo Passivo
AC PC ==> AC - PC = CCL
------------------------- -------------------------
ARLP PELP
------------------------- -------------------------
A. PERM REF
(-) dep. Ac. y Patrimônio Líquido

Despesas Receitas
Despesa Y

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Para exemplificar a questão, considere uma Demonstração do Resultado
do exercício simplificada, conforme a seguir:
Demonstração do Resultado do Exercício
Item Valor
RBV 10.000,00
(-) CMV (4.000,00)
(=) LB 6.000,00
(-) despesas financeiras (2.000,00)
(-) encargos de depreciação (1.000,00)
(=) Lucro Operacional 3.000,00
(-) IR/CSLL (800,00)
(=) LL 2.200,00
De maneira simplista, se considerássemos que “todas as despesas vão
para a bolsa” e que “todas as receitas saem da bolsa”, concluiríamos
que o valor do Lucro líquido (de R$ 2.200,00) teria ido “todo para a
bolsa”. Entretanto, vamos analisar cada uma das receitas e despesas
componentes da DRE apresentada, para identificar se alguma delas
deve ser objeto de ajuste ao lucro líquido:
a) a Receita bruta de vendas (RBV – no valor de R$
10.000,00) efetivamente “vai para a bolsa”, portanto, não
há qualquer ajuste a fazer com relação a esse item
componente do Lucro Líquido do exercício;
b) o custo da mercadoria vendida (CMV – no valor de R$
4.000,00) é lançado a crédito da conta estoques
(pertencente ao AC) e, assim, reduz efetivamente o CCL,
ou seja, “sai da bolsa”, portanto, da mesma forma, não há
necessidade de ajuste com relação a esse item;
c) as despesas financeiras efetivamente reduzem o CCL e,
portanto, não demandam ajustes ao lucro líquido;
d) os encargos de depreciação não são registrados a crédito
de conta do CCL, mas a crédito de conta do Ativo
permanente e, assim, não reduzem o CCL, mas o Ativo
permanente e, portanto, demandam um ajuste: (1) esses
encargos reduziram o lucro líquido, mas (2) não “saíram
da bolsa”, conseqüentemente (3) devem ser somados ao
lucro líquido para apuração do “valor que efetivamente foi
para a bolsa, a partir do lucro líquido”.
e) Os valores do IR e CSLL aumentam o PC e, assim,
reduzem o CCL, portanto, não há necessidade de qualquer
ajuste quanto a esses itens.
Dessa forma, a partir do lucro líquido do exercício (no valor de R$
2.200,00) conclui-se que efetivamente “foi para a bolsa” o valor de R$

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3.200,00, que seria o valor do lucro líquido caso não tivesse ocorrido a
despesa de depreciação. Assim, o ajuste necessário é o de soma do
valor de R$ 1.000,00 (relativo ao encargo de depreciação) ao valor de
R$ 2.200,00 (relativo ao lucro líquido do exercício).

3.5.1.2.2 Resultados de exercícios futuros


A lei das S/A, na alínea “a” do inciso I de seu art. 188, também
demanda a realização de ajuste ao valor do lucro líquido do exercício,
referente aos Resultados de Exercícios futuros, demandando: (1) a
adição dos valores dos aumentos dos saldos desse grupo patrimonial e
(2) a subtração dos valores das reduções desses saldos, conforme
abaixo reproduzido:
Art. 188. A demonstração das origens e aplicações de
recursos indicará ...:
I - as origens dos recursos, agrupadas em:
a) lucro do exercício, ... ajustado pela variação nos
resultados de exercícios futuros;
Apenas para fins de esclarecimento cabe lembrar o conceito de
Resultados de Exercícios Futuros: receitas recebidas ou faturadas
antecipadamente que não corram o risco de devolução por parte da
empresa, tais como aluguel recebido antecipadamente (com cláusula de
não reembolso).
Ora, o fulcro desse ajuste reside no fato de que: (1) quando o saldo de
REF aumenta, houve um recebimento de dinheiro, mas ainda não foi
registrada a respectiva receita e (2) quando o saldo do REF diminui,
houve a apropriação da receita anteriormente recebida, portanto, foi
registrada uma receita mas não houve ingresso de dinheiro em caixa.
Para exemplificar a afirmação apresentada no parágrafo anterior, vamos
voltar ao exemplo apresentado quando do estudo do grupo patrimonial
REF (no Balanço Patrimonial):
Seja uma empresa (utilizaremos a empresa Tamancos e Tamancos S/A)
que tenha em seu Ativo Permanente Investimentos uma fazenda, não
utilizada em suas atividades fim, e deseje arrendar esta fazenda para
terceiros – pelo prazo de 5 (cinco) anos. Seja, também, uma pessoa
que esteja interessada em desenvolver uma atividade (como, por
exemplo, criação de avestruzes) e deseje arrendar a fazenda
(pertencente à empresa Tamancos e Tamancos S/A) para essa
atividade. Nesse caso, o interessado e a empresa Tamancos e
Tamancos S/A podem contratar um arrendamento, sem previsão de
devolução de valores, em que: (a) o interessado entrega – de pronto –
o valor de R$ 50.000,00, para aquisição do direito de utilização da
fazenda pelo prazo de 5 (cinco) anos e (b) a empresa Tamancos e

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Tamancos S/A se compromete a entregar a fazenda, “de porteira
fechada”, ao interessado por esse prazo.
Repare que no patrimônio da empresa surge dinheiro (R$ 50.000,00),
mas não surge uma obrigação (de dar algo – porque a fazenda já foi
entregue, de fazer algo – porque a única coisa que deve ser feita é
esperar os cinco anos, nem de devolver o dinheiro). Assim, parece que
o patrimônio aumentou, mas – pelo regime de competência – isso ainda
não ocorreu. Dessa forma, a contrapartida do valor recebido se
enquadra, perfeitamente, na definição de Resultados de Exercícios
futuros.
O lançamento referente a esse fato contábil é o seguinte:
D = Caixa (ou Bancos)
1 - C = a Receitas antecipadas de arrendamento (REF) 50.000,00
Nesse primeiro momento houve entrada de valores no CCL, ou seja “o
aumento do REF foi para a bolsa”, mas a respectiva receita (que
aumentaria o Lucro líquido do exercício) ainda não foi registrada,
conforme ilustrado na figura a seguir:

Ativo Passivo
AC 50.000,00 PC ==> AC - PC = CCL
------------------------- -------------------------
ARLP PELP
------------------------- -------------------------
A. PERM REF 50.000,00
Patrimônio Líquido

Despesas Receitas
Despesa - Receita -
---------
Lucro líquido -

Portanto, nesse primeiro momento, faz-se necessário o ajuste de adição


ao valor do lucro líquido do período, do montante do acréscimo no saldo
do REF, para apuração do “efetivo valor que foi para a bolsa, a partir do
lucro líquido”. Em outras palavras, na DOAR, o REF (quando aumenta)
é considerado como uma receita “que já foi para a bolsa”, mas que
ainda não está registrada. Assim, no primeiro exercício, para
apresentação da DOAR, devem ser somados R$ 50.000,00 ao valor do
Lucro líquido do período.
À medida que o tempo for passando, a empresa Tamancos e Tamancos
S/A terá cumprido o que havia prometido fazer, ou seja, permitir que o
interessado utilize a fazenda na sua atividade. Será, portanto, também,

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à medida que o tempo for passando, que o valor antes recebido deverá
ser registrado com receita de arrendamento auferida, em contrapartida
dos Resultados de Exercícios Futuros.
O lançamento relativo à apropriação do resultado é o seguinte:
D = Receitas antecipadas de arrendamento (REF)
2 - C = a Receitas de arrendamento 10.000,00
Nesse segundo momento, não houve entrada de qualquer valor no CCL,
pois os valores todos já haviam sido antecipadamente recebidos (no
primeiro momento). Entretanto, houve registro da respectiva receita,
que aumentou o Lucro líquido do exercício sem ter ido – nesse segundo
momento – “para a bolsa”, conforme ilustrado na figura a seguir:

Ativo Passivo
AC PC ==> AC - PC = CCL
------------------------- -------------------------
ARLP PELP
------------------------- -------------------------
A. PERM REF 40.000,00
Patrimônio Líquido

Despesas Receitas
Despesa 0 Receita 10.000,00
---------
Lucro líquido 10.000,00

Portanto, nesse segundo momento, faz-se necessário o ajuste de


redução do valor do lucro líquido do período, no montante do
decréscimo do saldo do REF, para apuração do “efetivo valor que foi
para a bolsa, a partir do lucro líquido”. Em outras palavras, na DOAR, o
REF (quando é reduzido) é registrada uma receita “que não vai para a
bolsa”, porque já havia “ido para a bolsa” em exercício anterior. Assim,
no segundo exercício, para apresentação da DOAR, devem ser
subtraídos R$ 10.000,00 do valor do Lucro líquido do período.
Pela letra da Lei das S/A, os únicos ajustes ao Lucro líquido seriam os
ajustes de depreciação/amortização/exaustão e REF. Entretanto, a
doutrina tem suscitado a necessidade de outros ajustes, por motivos
similares a esses vistos (para os encargos e para o REF), portanto, nos
itens seguintes, analisaremos cada um deles.

3.5.1.2.3 Ajustes decorrentes de investimentos avaliados


pelo método da equivalência patrimonial

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Esse ajuste não é previsto pela Lei das S/A. Entretanto, pela lógica,
deve ser realizado.
Relembrando, o método da equivalência patrimonial consistem em
atualização (a cada período) do valor do valor da participação societária,
classificada no Ativo permanente investimentos da empresa investidora,
em função do aumento ou redução do Patrimônio líquido da empresa
investida, com contrapartida em contas de resultados receitas ou
despesas (resultados positivos, ou negativos, em participações
societárias, conforme visto no estudo da DRE).
Os lançamentos relativos ao método da equivalência patrimonial são os
seguintes:
a) no caso de resultados positivos

Ativo Passivo
AC PC ==> AC - PC = CCL
------------------------- -------------------------
ARLP PELP
------------------------- -------------------------
A. PERM REF
Part. Societ. Patrimônio Líquido

Despesas Receitas
Receita X

D = Participações societárias
C = a Resultados positivos em participações societárias - equivalência patrimonial x

b) no caso de resultados negativos

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Ativo Passivo
AC PC ==> AC - PC = CCL
------------------------- -------------------------
ARLP PELP
------------------------- -------------------------
A. PERM REF
Part. Societ. Patrimônio Líquido

Despesas Receitas
Despesa y

D = Resultados negativos em participações societárias - equivalência patrimonial


C = a Participações societárias y

Repare que, em nenhuma das duas situações, as receitas (resultados


positivos) ou despesas (resultados negativos), que têm influência no
Lucro líquido do exercício (aumentando-o ou reduzindo-o), impactam o
valor do CCL, pois representam aumentos ou reduções do ativo
permanente. Em outras palavras, os resultados positivos ou negativos
em participações societária, pelo método da equivalência patrimonial,
“não vão para a bolsa, nem saem da bolsa”.
Assim, resultados positivos em participações societárias, pelo método da
equivalência patrimonial, devem ser subtraídos do valor do Lucro líquido
do exercício, para apuração do valor que efetivamente “foi para a
bolsa”, a partir do Lucro liquido do exercício.

3.5.1.2.4 Provisão para perdas em investimentos


permanentes ou de longo prazo
Na Lei das S/A, também não estão previstos esses ajustes, para
elaboração da DOAR. Entretanto, eles se fazem necessários pelos
mesmos motivos já apresentados acima.
Apenas relembrando, o conceito de provisão foi apresentado como uma
“perda na penumbra4”, assim:
a) a constituição da provisão é registrada a débito de uma
conta de resultado, de natureza devedora (despesa com
provisão), e a crédito de uma conta de natureza credora

4
Conforme detalhadamente discutido na aula 06 deste curso.

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(alternativamente, uma conta retificadora do ativo ou de
passivo);
b) a reversão da provisão é registrada a crédito de uma conta
de resultado, de natureza credora (receita de reversão de
provisão), e a débito da conta de natureza credora
(alternativamente, uma conta retificadora do ativo ou de
passivo) – reduzindo seu saldo.
No caso de uma provisão do ativo circulante (retificadora) ou do passivo
circulante ser constituída ou revertida, não há o que se falar em ajuste,
para elaboração da DOAR pois: (1) na constituição da provisão haverá o
registro de uma despesa e a conseqüente redução do CCL (por redução
do AC ou aumento do PC); e (2) na reversão da provisão haverá o
registro de uma receita com a conseqüente majoração do CCL (por
aumento do AC ou redução do PC).
Entretanto, no caso de constituição de uma provisão sobre bens e
direitos do ARLP ou do AP, ou – ainda – uma provisão registrada no
PELP (saliente-se que estes são casos mais raros entre aqueles
característicos da vida empresarial de uma companhia, porém são casos
possíveis), ocorrerá uma “despesa que não saiu da bolsa”. Isso
ocorrerá por conta do registro de uma despesa, sem que – contudo –
tenha havido redução do CCL (pois haverá redução do ARLP ou do AP,
ou – ainda – aumento do PELP).
A figura a seguir ilustra a constituição de provisão de longo prazo ou
permanente:

Ativo Passivo
AC PC ==> AC - PC = CCL
------------------------- -------------------------
ARLP PELP
(-) Provisão Provisão
------------------------- -------------------------
A. PERM REF
(-) Provisão Patrimônio Líquido

Despesas Receitas
Despesa com
provisão y

O lançamento é o seguinte:

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D = Despesa com provisão
C = a Provisão para perdas de longo prazo ou em investimentos permanentes y

A constituição da provisão de longo prazo ou em investimentos


permanentes, registrada como despesa do exercício, tem impacto no
valor do lucro líquido, diminuindo-o. Ocorre que as contas retificadoras
do ativo, ou de passivo, creditadas (de provisão) não são contas
pertencentes ao CCL (mas sim ao ARLP, do AP ou do PELP) e portanto,
conforme o lançamento acima demonstra, “as despesas de constituição
de provisões de longo prazo não saem da bolsa”, mas reduzem grupos
patrimoniais estranhos ao CCL.
Assim, despesas com a constituição de provisões de longo prazo, devem
ser adicionadas ao valor do Lucro líquido do exercício, para apuração do
valor que efetivamente “foi para a bolsa”, a partir do Lucro liquido do
exercício.
No caso de reversão de uma provisão sobre bens e direitos do ARLP ou
do AP, ou – ainda – uma provisão registrada no PELP, ocorrerá uma
“receita que não foi para a bolsa”. Isso ocorrerá por conta do registro
de uma receita, sem que – contudo – tenha havido aumento do CCL
(pois haverá majoração do ARLP ou do AP, ou – ainda – redução do
PELP).
A figura a seguir ilustra a reversão de provisão de longo prazo ou
permanente:

Ativo Passivo
AC PC ==> AC - PC = CCL
------------------------- -------------------------
ARLP PELP
(-) Provisão Provisão
------------------------- -------------------------
A. PERM REF
(-) Provisão Patrimônio Líquido

Despesas Receitas
Rec. Rev.
Provisão z

O lançamento é o seguinte:
D = Provisão para perdas de longo prazo ou em investimentos permanentes
C = a Receita de reversão de provisão z

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A reversão da provisão de longo prazo ou em investimentos
permanentes, registrada como receita no exercício, tem impacto no
valor do lucro líquido, majorando-o. Ocorre que as contas retificadoras
do ativo, ou de passivo, debitadas (de provisão) não são contas
pertencentes ao CCL (mas sim ao ARLP, do AP ou do PELP) e portanto,
conforme o lançamento acima demonstra, “as receitas de reversão de
provisões de longo prazo não vão para a bolsa”, mas aumentam o valor
de grupos patrimoniais estranhos ao CCL.
Assim, receitas com a constituição de provisões de longo prazo, devem
ser subtraídas do valor do Lucro líquido do exercício, para apuração do
valor que efetivamente “foi para a bolsa”, a partir do Lucro liquido do
exercício.

3.5.1.2.5 Variações monetárias (ativas e passivas) de longo


prazo.
Na Lei das S/A, também não estão previstos esses ajustes, para
elaboração da DOAR. Entretanto, eles se fazem necessários pelos
mesmos motivos já apresentados acima.
Apenas relembrando, o conceito de variação monetária foi apresentado
como aumentos ou reduções do patrimônio devidos à modificação de um
índice econômico a que um ativo ou passivo está atrelado, por força
contratual. Nesses termos:
c) O registro de variação monetária passiva é realizado a
débito de uma conta de resultado, de natureza devedora,
e a crédito de uma conta patrimonial (alternativamente,
reduzindo um ativo ou aumentando um passivo);
d) O registro de variação monetária ativa é realizado a
crédito de uma conta de resultado, de natureza credora, e
a débito de uma conta patrimonial (alternativamente,
aumentando um ativo ou reduzindo um passivo).
No caso de do registro de variação monetária (ativa ou passiva) relativa
a um elemento patrimonial do ativo circulante ou do passivo circulante,
não há o que se falar em ajuste, para elaboração da DOAR, pois: (1) no
caso de variação monetária passiva, haverá o registro de uma despesa e
a conseqüente redução do CCL (por redução do AC ou aumento do PC);
e (2) no caso de variação monetária ativa, haverá o registro de uma
receita com a conseqüente majoração do CCL (por aumento do AC ou
redução do PC).
Entretanto, no caso de constituição de variação monetária passiva
relativa a direitos do ARLP ou do AP, ou – ainda – obrigações do PELP,
ocorrerá uma “despesa que não saiu da bolsa”. Isso porque será

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efetuado o registro de uma despesa, sem que – contudo – tenha havido
redução do CCL (pois haverá redução do ARLP ou do AP, ou – ainda –
aumento do PELP).
A figura a seguir ilustra o registro de variação monetária passiva relativa
a direito de longo prazo ou permanente:

Ativo Passivo
AC PC ==> AC - PC = CCL
------------------------- -------------------------
ARLP PELP
direito de LP Obrigação de LP
------------------------- -------------------------
A. PERM REF
direito do permanente Patrimônio Líquido

Despesas Receitas

Variação
monetária passiva y

O lançamento é o seguinte:
D = Variação monetária passiva
C = a direitos de longo prazo ou permanentes ou obrigações de longo prazo y

O registro de variação monetária passiva relativa a direito de longo


prazo ou permanente ou a obrigação de longo prazo, registrada como
despesa do exercício, tem impacto no valor do lucro líquido, diminuindo-
o. Ocorre que as contas patrimoniais creditadas não são contas
pertencentes ao CCL (mas sim ao ARLP, ao AP ou ao PELP) e portanto,
conforme o lançamento acima demonstra, “as despesas de variação
monetária passiva de longo prazo não saem da bolsa”, mas reduzem
grupos patrimoniais estranhos ao CCL.
Assim, despesas com variação monetária passiva de longo prazo, devem
ser adicionadas ao valor do Lucro líquido do exercício, para apuração do
valor que efetivamente “foi para a bolsa”, a partir do Lucro liquido do
exercício.
No caso de variação monetária ativa sobre direitos do ARLP ou do AP, ou
– ainda – obrigações do PELP, ocorrerá uma “receita que não foi para a
bolsa”. Isso porque será efetuado o registro de uma receita, sem que –
contudo – tenha havido aumento do CCL (pois haverá majoração do
ARLP ou do AP, ou – ainda – redução do PELP).

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A figura a seguir ilustra o registro de variação monetária ativa de longo
prazo ou permanente:

Ativo Passivo
AC PC ==> AC - PC = CCL
------------------------- -------------------------
ARLP PELP
Direito de LP Obrigação de LP
------------------------- -------------------------
A. PERM REF
Direito do permanente Patrimônio Líquido

Despesas Receitas
Variação
Monetária ativa z

O lançamento é o seguinte:
D = direitos de longo prazo ou permanentes ou obrigações de longo prazo
C = a Variação monetária ativa z

O registro de variação monetária ativa, relativa a direitos de longo prazo


ou permanentes ou a obrigações de longo prazo, realizado como receita
no exercício, tem impacto no valor do lucro líquido, majorando-o.
Ocorre que as contas patrimoniais debitadas não são contas
pertencentes ao CCL (mas sim ao ARLP, ao AP ou ao PELP) e portanto,
conforme o lançamento acima demonstra, “as variações monetária
ativas de longo prazo não vão para a bolsa”, mas aumentam o valor de
grupos patrimoniais estranhos ao CCL.
Assim, receitas com variação monetária ativa de longo prazo, devem ser
subtraídas do valor do Lucro líquido do exercício, para apuração do valor
que efetivamente “foi para a bolsa”, a partir do Lucro liquido do
exercício.

3.5.1.2.6 Ajustes de exercícios anteriores – que afetam o


CCL
Na Lei das S/A, também não estão previstos ajustes relativos a ajustes
de exercícios anteriores, para elaboração da DOAR. Entretanto, eles se
fazem necessários pelos motivos a seguir.
Os ajustes de exercícios anteriores são, conforme apresentado quando
do estudo da DLPA, valores que, por algum motivo, deveriam ter sido

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registrados como despesas ou receitas em exercícios anteriores, mas
que não o foram, e assim:
- uma receita de exercício anterior, caso tivesse sido
devidamente registrada, teria aumentado o lucro daquele
exercício que, no procedimento de fechamento de
exercício, seria transferido para a conta LPA, que teria
seu saldo majorado;
- uma despesa de exercício anterior, caso tivesse sido
devidamente registrada, teria reduzido o lucro daquele
exercício que, no procedimento de fechamento de
exercício, seria transferido para a conta LPA, que teria
seu saldo reduzido.
A solução prevista para esse tipo de equívoco e o registro (a crédito ou
a débito) na conta LPA, por conta da receita ou despesa não registrada
tempestivamente.
Assim, para uma receita não registrada, cujo lançamento seria o
seguinte:
D = caixa
C = a receita x
Deve ser registrado um crédito na conta LPA, pois esse seria o efeito
daquela receita (no patrimônio) caso, à época, tivesse sido registrada,
conforme abaixo:
D = caixa
C = a LPA x
Da mesma forma, para uma despesa não registrada, cujo lançamento
seria o seguinte:
D = despesa
C = a caixa y
Deve ser registrado um débito na conta LPA, pois esse seria o efeito
daquela despesa (no patrimônio) caso, à época, tivesse sido registrada,
conforme abaixo:
D = LPA
C = a caixa y
Ora, os lançamentos acima demonstram que os ajustes de exercícios
anteriores quando relativos a elementos do CCL não interferem no valor
do Lucro líquido do exercício, mas ensejam a “entrada de valores na
bolsa”. Portanto, para apuração do efetivo valor que “foi para bolsa”,
por conta de receitas e despesas, faz-se necessário:

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a) adicionar ao Lucro líquido do exercício o valor de ajustes
de exercícios anteriores que tenha sido registrado a
crédito da conta LPA e a débito de conta do CCL;
b) subtrair do Lucro líquido do exercício o valor de ajustes de
exercícios anteriores que tenha sido registrado a débito da
conta LPA e a crédito de conta do CCL.

3.5.1.2.7 Ganho/perda de capital na alienação de bens do


permanente (eventualmente)
Esse ajuste não está previsto na Lei das S/A e nem todos os
doutrinadores entendem que ele seja necessário. Neste item, vamos
analisar a idéia desse ajuste e os efeitos que ele trará no corpo da
demonstração (notadamente no item em que são apresentadas as
origens decorrentes de alienação do permanente).
Esta dissensão quanto ao ajuste relativo a ganhos/perdas de capital na
alienação de bens do permanente, decorre da possibilidade de dupla
interpretação (sistemática) das alíneas “a” e “c” do inciso I do art. 188
da Lei das S/A, abaixo:
Art. 188. A demonstração das origens e aplicações de
recursos indicará as modificações na posição financeira da
companhia, discriminando:
I - as origens dos recursos, agrupadas em:
a) lucro do exercício, acrescido de depreciação,
amortização ou exaustão e ajustado pela variação nos
resultados de exercícios futuros;
...
c) recursos de terceiros, originários ... da alienação de
investimentos e direitos do ativo imobilizado.
As possíveis interpretações para os dispositivos em tela são:
a) desconsiderar qualquer ajuste ao lucro líquido do exercício
– a título de alienação de bens do permanente – e
demonstrar os recursos de terceiros – originários da
alienação de investimentos e direitos do ativo imobilizado
– pelo valor do bem baixado em virtude da alienação;
b) efetuar ajuste ao lucro líquido do exercício – a título de
alienação de bens do permanente – (subtraindo o ganho
de capital ou adicionando a perda de capital) e
demonstrar os recursos de terceiros – originários da
alienação de investimentos e direitos do ativo imobilizado
– pelo valor da respectiva alienação;

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Inicialmente, vamos apresentar a DOAR sem esse ajuste, seguindo a
primeira possível interpretação para os dispositivos da Lei das S/A
acima. Para que essa apresentação possa ser feita de forma simples,
direta e didática, propomos o exemplo de uma empresa que, em um
exercício em que tenha alienado por R$ 2.000,00 um bem do
permanente de valor contábil R$ 1.000,00, tenha auferido um lucro
líquido de R$ 4.200,00 conforme a DRE a seguir:
Demonstração do Resultado do Exercício
Item Valor Obs.
RBV 10.000,00
(-) CMV (4.000,00)
(=) LB 6.000,00
(-) despesas financeiras (2.000,00)
(=) Lucro Operacional 4.000,00
(+) Receitas não operacionais 2.000,00 de alienação do permanente
(-) Despesas não operacionais (1.000,00) custo do permanente vendido
(=) Lucro antes dos tributos 5.000,00
(-) IR/CSLL (800,00)
(=) LL 4.200,00
Repare que a venda do permanente resultou em um ganho de capital no
valor de R$ 1.000,00 ( R$ 2.000,00 (-) R$ 1.000,00 (=) R$ 1.000,00 ).
Entretanto, o valor de R$ 2.000,00 “foi para a bolsa”, conforme se
depreende da simples observação dos lançamentos contábeis relativos à
alienação do permanente:
- registro da receita não operacional, com entrada de R$ 2.000,00 no
CCL:
D = Caixa
C = a Receita não operacional 2.000,00

- registro da despesa não operacional, sem efeito no CCL:


D = Despesa não operacional - custo do bem
C = a Bem do permanente 1.000,00

Nesse caso, a DOAR tem que demonstrar ORIGENS de R$ 2.000,00 no


total.
Sem a realização do ajuste relativo à alienação do permanente, a
interpretação dos incisos I.a e I.c do art. 188 da Lei das S/A, levaria à
conclusão de que:
- o lucro líquido do exercício, previsto na alínea “a” do inciso
I do art. 188 da Lei das S/A seria demonstrado no valor
total de R$ 4.200,00, sem a exclusão do ganho de capital
de R$ 1.000,00 auferido pela empresa com a alienação do
ativo permanente; e
- os recursos de terceiros originários da alienação de bens
do ativo permanente investimentos ou imobilizado devem

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ser entendidos como o valor da “redução do ativo pela
alienação de bens do ativo permanente investimentos ou
imobilizado” – assim, o valor a ser demonstrado conforme
alínea “c” do inciso I do art. 188 da Lei das S/A seria o
valor contábil do bem baixado em virtude da
alienação realizada.
Dessa forma as origens seriam demonstradas da Seguinte maneira:
DOAR
item valor
I - origens
a) Lucro Líquido ajustado 4.200,00
b) ...
c) Recursos de terceiros originados da alienação do ativo 1.000,00
...
total das origens 5.200,00
Agora, apresentaremos a DOAR com o ajuste do lucro líquido relativo ao
ganho de capital na alienação do ativo permanente, seguindo a segunda
possível interpretação para as alíneas “a” e “c” do inciso I do art. 188 da
Lei das S/A, acima apresentado. Para que essa apresentação possa ser
feita de forma simples, direta e didática, propomos o mesmo exemplo,
de uma empresa que, em um exercício em que tenha alienado por R$
2.000,00 um bem do permanente de valor contábil R$ 1.000,00, tenha
auferido um lucro líquido de R$ 4.200,00, conforme a DRE a seguir:
Demonstração do Resultado do Exercício
Item Valor Obs.
RBV 10.000,00
(-) CMV (4.000,00)
(=) LB 6.000,00
(-) despesas financeiras (2.000,00)
(=) Lucro Operacional 4.000,00
(+) Receitas não operacionais 2.000,00 de alienação do permanente
(-) Despesas não operacionais (1.000,00) custo do permanente vendido
(=) Lucro antes dos tributos 5.000,00
(-) IR/CSLL (800,00)
(=) LL 4.200,00
Repare que a venda do permanente resultou em um ganho de capital no
valor de R$ 1.000,00 ( R$ 2.000,00 (-) R$ 1.000,00 (=) R$ 1.000,00 ).
Entretanto, o valor de R$ 2.000,00 “foi para a bolsa”, conforme se
depreende da simples observação dos lançamentos contábeis relativos à
alienação do permanente:
- registro da receita não operacional, com entrada de R$ 2.000,00 no
CCL:
D = Caixa
C = a Receita não operacional 2.000,00

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- registro da despesa não operacional, sem efeito no CCL:
D = Despesa não operacional - custo do bem
C = a Bem do permanente 1.000,00

Nesse caso, a DOAR tem que demonstrar ORIGENS de R$ 2.000,00 no


total.
Com a realização do ajuste relativo à alienação do permanente, a
interpretação dos incisos I.a e I.c do art. 188 da Lei das S/A, levaria à
conclusão de que:
- o lucro líquido do exercício, previsto na alínea “a” do inciso
I do art. 188 da Lei das S/A seria demonstrado no valor
total de R$ 3.200,00, com a exclusão do ganho de capital
de R$ 1.000,00 auferido pela empresa com a alienação do
ativo permanente; e
- os recursos de terceiros originários da alienação de bens
do ativo permanente investimentos ou imobilizado devem
ser entendidos como o valor “recebido pela alienação de
bens do ativo permanente investimentos ou imobilizado” –
assim, o valor a ser demonstrado conforme alínea “c” do
inciso I do art. 188 da Lei das S/A seria o valor recebido
em virtude da alienação realizada.
Dessa forma as origens seriam demonstradas da Seguinte maneira:
DOAR
item valor
I - origens
a) Lucro Líquido ajustado 3.200,00
b) ...
c) Recursos de terceiros originados da alienação do ativo 2.000,00
...
total das origens 5.200,00
Neste ponto da matéria, como em vários outros, estamos frente a duas
possíveis interpretações e, nem sempre, em questões de prova, o
examinador será claro com relação à interpretação que ele escolheu
seguir. Assim, para resolução das respectivas questões somente
conhecemos um procedimento (trabalhoso, porém garantido): (1)
realizar a resolução da questão seguindo ambas as possíveis
interpretações; (2) procurar os resultados encontrados entre as
alternativas, pois, somente uma das interpretações deve levar a uma e
somente uma das alternativas da questão, devendo essa ser utilizada
(descartando-se a outra).

3.5.1.2.8 Lucro líquido ajustado


O lucro líquido ajustado é o valor resultante da seguinte soma algébrica:

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Lucro Líquido do Exercício
(+) Depreciação / amortização / exaustão
(+/-) aumentos/reduções de Resultados de exercícios futuros
Ajustes decorrentes de resultados negativos/resultados positivos em
(+/-) investimentos avaliados pelo método da equivalência patrimonial
Constituição/reversão de Provisão para perdas em investimentos permanentes
(+/-) ou de longo prazo
(+/-) Variações monetárias (passivas/ativas ) de longo prazo.
(+/-) Ajustes credores/devedores de exercícios anteriores - que afetam o CCL
perda/ganho de capital na alienação de bens do permanente (eventualmente –
(+/-) dependendo da interpretação dos dispositivos da Lei das S/A) (*)
(*) nesse caso, influenciando no valor a ser demonstrado a alínea "c" do inciso I do art. 186
Importante!
Se a empresa teve Lucro líquido positivo, por uma decorrência lógica,
espera-se que ela tenha ORIGENS para seu CCL.
Entretanto, isso não é verdadeiro sempre, pois, pode ocorrer da
empresa, mesmo tendo experimentado prejuízos no período, após os
devidos ajustes, apresentar um valor positivo que “efetivamente tenha
ido para a bolsa”, a partir do Lucro líquido (prejuízo) do exercício.
Nesse caso, deve ser registrada uma origem.
Por outro lado, pode – também – ocorrer que a empresa, mesmo tendo
auferido lucro no período, após os devidos ajustes, apresente um valor
negativo “que tenha efetivamente saído da bolsa”, a partir do Lucro
líquido (positivo) do exercício. Nesse caso, não há o que se falar em
origens negativas – ocorre, sim, uma aplicação (conforme será visto a
seguir).
Em suma, independentemente de ter sido auferido lucro ou prejuízo no
exercício: (1) se o lucro líquido ajustado for positivo, deve ser registrada
uma origem nesta linha da DOAR; (2) se o lucro líquido ajustado for
negativo, não deve ser registrada uma origem nesta linha da DOAR,
devendo ser registrada uma aplicação em item a seguir estudado.

3.6 Recursos originados dos sócios


No item anterior, foi visto que uma importante origem de recursos é o
lucro auferido pela empresa em sua atividade (devidamente ajustado),
porém essa não é a única origem de CCL. Neste item, estudaremos as
origens de recursos decorrentes de operações com os sócios.
Os sócios também podem ser responsáveis por origens (aumentos do
CCL) quando aportam valores (notadamente dinheiro), para formação
do patrimônio da empresa (em aumentos de capital – por exemplo).

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3.6.1 Realização de capital
A alínea “b” do inciso I do art. 188 da Lei das S/A, determina a
classificação como origens da realização do capital, conforme a seguir:
Art. 188. A demonstração das origens e aplicações de
recursos indicará as modificações na posição financeira da
companhia, discriminando:
I - as origens dos recursos, agrupadas em:
...
b) realização do capital social ... ;
A realização de capital influencia o CCL quando for efetuada em direitos
créditos ou outros bens classificados no ativo circulante, ou no perdão
de dívidas de curto prazo, conforme lançamento contábil a seguir:
D = Caixa ou Bancos (ou outro elemento qualquer do CCL)
C = a Capital a Realizar x

Esse caso é ilustrado na figura abaixo:

Ativo Passivo
AC PC ==> AC - PC = CCL
------------------------------ ------------------------------
ARLP PELP
------------------------------ ------------------------------
A. PERM REF
--------------
INV
-------------- Patrimônio Líquido
IMOB CAP
-------------- --------------
DIF RES CAP
--------------
RES REAV
--------------
RES LUCRO
--------------
LUCRO ACUM

Despesas Receitas

Ocorre que, nem sempre a realização do capital é efetuada em dinheiro


ou outro elemento classificado no CCL, podendo muitas vezes ser
realizada com a entrega de bens e direitos típicos do Ativo permanente
(imóveis, participações societárias, etc.). Nesse ponto, a doutrina –
mais uma vez – se divide:

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a) alguns autores defendem a aplicação do “método
restritivo”, entendendo que operações que não geram
alteração no CCL não deveriam sequer figurar na DOAR;5
b) outros autores defendem a aplicação do “método amplo”
entendendo que, como a DOAR deve ser elaborada a
partir dos Balanços Patrimoniais (inicial e final) e da DRE
da empresa, não é possível expurgar essas operações e,
portanto, devem ser consideradas ao mesmo tempo uma
origem e uma aplicação (virtuais), no mesmo valor, que
se anulam em termos de variação do CCL.
Em nosso curso, seguindo a orientação da ESAF – Escola de
Administração Fazendária – iremos aplicar o “método amplo”. Nesse
caso, considere a realização de capital no valor de R$ 50.000,00 em um
imóvel, cujo lançamento contábil é o seguinte:
D = Ativo permanente imobilizado - imóvel
C = a Capital a Realizar 50.000,00

Repare que não há entrada de valores no CCL, porém, analisando a


estrutura da DOAR, prevista no art. 188 da Lei da S/A, depreende-se
que esse aumento do Patrimônio líquido devido a realização de capital
deve ser – ainda assim – registrado como uma origem, pois o inciso II,
alínea “b”, desse artigo determina que a aquisição de direitos do ativo
imobilizado seja registrada como uma aplicação de recursos, conforme a
seguir:
Art. 188 - ...
II - as aplicações de recursos, agrupadas em:

b) aquisição de direitos do ativo imobilizado;
Esse é o genial procedimento de elaboração da DOAR, que elimina a
necessidade de análise de operação por operação da empresa no
período. Quando, no período, o capital realizado aumenta, deve ser
registrada uma origem, independentemente do modo da realização.
Isso porque: (1) caso a realização de capital tenha ocorrido em dinheiro
o CCL efetivamente aumentou e (2) caso a realização de capital tenha
ocorrido em bens do imobilizado, o CCL não aumentou, porém, será –

5
Nesse sentido, a respeitável opinião de Ricardo J. Ferreira em Contabilidade
Avançada e Intermediária (pp. 431) que afirma: “Se entendermos que a DOAR expõe
as origens e aplicações do capital circulante líquido, é incoerente incluir nela origens e
aplicações que não afetaram o capital circulante líquido. Todavia, deve-se ressaltar
que muitos contabilistas fazem constar da demonstração das origens e aplicações de
recursos origens e aplicações que não afetam o capital circulante líquido. É o caso da
ESAF” (grifos na transcrição).

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também – registrada uma aplicação no valor do aumento do ativo
imobilizado que irá contrabalançar a origem registrada.
Esse é o método amplo que – em nosso entender – está em
consonância com o texto da Lei das S/A. Esse método prevê o registro
de entradas (origens) e saídas (aplicações) virtuais de valores do CCL
que, quando necessário, irão se anular mutuamente, mantendo correto
o registro da variação do CCL no período e facilitando a elaboração da
demonstração.
Visualmente, podemos entender a realização de capital em bem do
imobilizado como uma origem e uma aplicação concomitante (aplicando-
se o art. 188, I, b e II, c da Lei da S/A), conforme figura abaixo.

Ativo Passivo
AC PC ==> AC - PC = CCL
------------------------------ ------------------------------
ARLP PELP
------------------------------ ------------------------------
A. PERM REF
--------------
INV
-------------- Patrimônio Líquido
IMOB CAP 50.000,00
Imóvel 50.000,00
-------------- --------------
DIF RES CAP
--------------
RES REAV
--------------
RES LUCRO
--------------
LUCRO ACUM

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3.6.2 Contribuições para Reservas de capital


Segundo o art. 182 da Lei das S/A, são reservas de capital: (1) o ágio
na emissão de ações, (2) o prêmio na emissão de debêntures, (3) a
alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição e (4) as doações
e subvenções para investimento, do Poder Público. Conforme visto no
item que o Patrimônio líquido foi apresentado, essas reservas têm a
natureza de “um pedágio, para entrar na festa”.

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As contribuições para reservas de capital devem ser demonstradas como
origens, na apresentação da DOAR em consonância com o disposto no
art. 188, I, “b” da Lei das S/A, a seguir:
Art. 188. ...
I - as origens dos recursos, agrupadas em:
...
b) ... contribuições para reservas de capital;
Tudo o que foi colocado para realização de capital é aplicável às
contribuições para Reservas de capital.
As contribuições para reservas de capital influenciam o CCL quando
efetuadas em direitos créditos ou outros bens classificados no ativo
circulante, ou no perdão de dívidas de curto prazo, conforme
lançamento contábil a seguir:
D = Caixa ou Bancos (ou outro elemento qualquer do CCL)
C = a Reservas de capital x

Esse caso é ilustrado na figura abaixo:

Ativo Passivo
AC PC ==> AC - PC = CCL
------------------------------ ------------------------------
ARLP PELP
------------------------------ ------------------------------
A. PERM REF
--------------
INV
-------------- Patrimônio Líquido
IMOB CAP
-------------- --------------
DIF RES CAP
--------------
RES REAV
--------------
RES LUCRO
--------------
LUCRO ACUM

Despesas Receitas

Ocorre que, nem sempre as contribuições para reservas de capital são


efetuadas em dinheiro ou outro elemento classificado no CCL, podendo
– muitas vezes – ser realizadas com a entrega de bens e direitos típicos
do Ativo permanente (imóveis, participações societárias, etc.). Em

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nosso curso, seguindo a orientação da ESAF – Escola de Administração
Fazendária – iremos aplicar o “método amplo”, conforme exemplo a
seguir.
Considere uma contribuição para reservas de capital (doação) no valor
de R$ 50.000,00 em um imóvel, cujo lançamento contábil é o seguinte:
D = Ativo permanente imobilizado - imóvel
C = a Reservas de capital - doações 50.000,00

Quando, no período, é realizada contribuição para reservas de capital,


deve ser registrada uma origem, independentemente do modo da
realização. Isso porque: (1) caso a contribuição tenha ocorrido em
dinheiro o CCL efetivamente aumentou e (2) caso a contribuição tenha
ocorrido em bens do imobilizado, o CCL não aumentou, porém, será –
também – registrada uma aplicação no valor do aumento do ativo
imobilizado que irá contrabalançar a origem registrada.
Visualmente, podemos entender a contribuição para reserva de capital
na forma de um bem do imobilizado como uma origem e uma aplicação
concomitante, conforme figura abaixo.

Ativo Passivo
AC PC ==> AC - PC = CCL
------------------------------ ------------------------------
ARLP PELP
------------------------------ ------------------------------
A. PERM REF
--------------
INV
-------------- Patrimônio Líquido
IMOB CAP
Imóvel 50.000,00
-------------- --------------
DIF RES CAP 50.000,00
--------------
RES REAV
--------------
RES LUCRO
--------------
LUCRO ACUM

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3.7 Recursos originados de terceiros
Várias situações decorrentes de operações com terceiros ensejam o
aumento do CCL. São exemplos disso, a contratação de um
empréstimo, a renegociação do prazo de uma dívida, etc. Neste item,
serão apresentadas essas operações, na composição da estrutura da
DOAR, nos seguintes grupos:
- aumento do PELP;
- redução do ARLP;
- alienação do ativo permanente (investimentos e
imobilizado).

3.7.1 Aumento do Passivo Exigível a Longo Prazo


O aumento do passivo exigível a longo prazo, geralmente se dá quando
a empresa toma um empréstimo. A Lei das S/A, em seu art. 188, I, c,
determinou a demonstração do aumento do PELP como uma origem,
quando da elaboração da DOAR, nos termos a seguir transcritos:
Art. 188. ...
I - as origens dos recursos, agrupadas em:
...
c) recursos de terceiros, originários do aumento do passivo
exigível a longo prazo, ...
Nesse caso, o lançamento contábil é o seguinte:
D = Caixa ou Bancos
C = a Empréstimos a pagar - PELP x

Essa situação enseja um aumento do CCL, conforme pode ser


visualmente apresentado a seguir:

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Ativo Passivo
AC PC ==> AC - PC = CCL
------------------------------ ------------------------------
ARLP PELP
------------------------------ ------------------------------
A. PERM REF
--------------
INV
-------------- Patrimônio Líquido
IMOB CAP
-------------- --------------
DIF RES CAP
--------------
RES REAV
--------------
RES LUCRO
--------------
LUCRO ACUM

Despesas Receitas

Assim, conclui-se que o aumento do PELP deve ensejar a apresentação


de uma Origem na elaboração da DOAR. Ocorre que nem sempre o
aumento do PELP se dá por empréstimos, podendo ser devido ao
financiamento da aquisição de um imobilizado (um equipamento, por
exemplo). Ainda assim, deverá ser registrada a origem, com a
correspondente aplicação decorrente do aumento do ativo permanente
(que se anulam em termos de variação do CCL).
Para ilustrar essa situação, apresentamos um exemplo, a seguir.
Considere um financiamento no valor de R$ 50.000,00 para aquisição de
um equipamento, cujo lançamento contábil é o seguinte:
D = Ativo permanente imobilizado - equipamentos
C = a Financiamentos bancários de longo prazo - PELP 50.000,00

Quando, no período, é tomado um financiamento pela empresa, deve


ser registrada uma origem, independentemente do bem adquirido. Isso
porque: (1) caso o bem adquirido seja do ativo circulante, o CCL
efetivamente aumentou e (2) caso trate-se de bens do imobilizado, o
CCL não aumentou, porém, será – também – registrada uma aplicação
no valor do aumento do ativo imobilizado que irá contrabalançar a
origem registrada.

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Visualmente, podemos entender o aumento do PELP por financiamento
para aquisição de bem do imobilizado como uma origem e uma
aplicação concomitante, conforme figura abaixo.

Ativo Passivo
AC PC ==> AC - PC = CCL
------------------------------ ------------------------------
ARLP PELP 50.000,00
------------------------------ ------------------------------
A. PERM REF
--------------
INV
-------------- Patrimônio Líquido
IMOB CAP
Equipamento 50.000,00
-------------- --------------
DIF RES CAP
--------------
RES REAV
--------------
RES LUCRO
--------------
LUCRO ACUM

Despesas Receitas

3.7.2 Redução do Ativo Realizável a Longo Prazo


A redução do Ativo realizável a longo prazo, geralmente se dá quando a
empresa recebe o pagamento de um empréstimo antes concedido ou,
pelo transcorrer do tempo, um direito de longo prazo é reclassificado
para o ativo circulante (e, conseqüentemente, para dentro do CCL). A
Lei das S/A, em seu art. 188, I, c, determinou a demonstração da
redução do ARLP como uma origem, quando da elaboração da DOAR,
nos termos a seguir transcritos:
Art. 188. ...
I - as origens dos recursos, agrupadas em:
...
c) recursos de terceiros, originários ... da redução do ativo
realizável a longo prazo ... .
Nesse caso, o lançamento contábil é o seguinte:
D = Caixa ou Bancos
C = a Direitos de longo prazo - ARLP x

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Essa situação enseja um aumento do CCL, conforme pode ser
visualmente apresentado a seguir:

Ativo Passivo
AC PC ==> AC - PC = CCL
------------------------------ ------------------------------
ARLP PELP
------------------------------ ------------------------------
A. PERM REF
--------------
INV
-------------- Patrimônio Líquido
IMOB CAP
-------------- --------------
DIF RES CAP
--------------
RES REAV
--------------
RES LUCRO
--------------
LUCRO ACUM

Despesas Receitas

Assim, conclui-se que a redução do ARLP deve ensejar a apresentação


de uma Origem na elaboração da DOAR. Ocorre que nem sempre a
redução do ARLP se dá por recebimento de numerário, podendo ser
devida ao recebimento de um imobilizado (um equipamento, por
exemplo). Ainda assim, deverá ser registrada a origem, com a
correspondente aplicação decorrente do aumento do ativo permanente
(que se anulam em termos de variação do CCL).
Para ilustrar essa situação, apresentamos um exemplo, a seguir.
Considere direito de receber R$ 50.000,00, no longo prazo, que é
quitado com dação de um equipamento, cujo lançamento contábil é o
seguinte:
D = Ativo permanente imobilizado - equipamentos
C = a Direitos de longo prazo - ARLP 50.000,00

Quando, no período, adimplido um direito de longo prazo da empresa,


deve ser registrada uma origem, independentemente da maneira pela
qual esse direito foi quitado. Isso porque: (1) caso a quitação tenha
ocorrido em dinheiro ou outro bem/direito do ativo circulante, o CCL
efetivamente aumentou e (2) caso trate-se de recebimento de bens do

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imobilizado, o CCL não aumentou, porém, será – também – registrada
uma aplicação no valor do aumento do ativo imobilizado que irá
contrabalançar a origem registrada.
Visualmente, podemos entender a redução do ARLP por recebimento de
bem do imobilizado como uma origem e uma aplicação concomitante,
conforme figura abaixo.

Ativo Passivo
AC PC ==> AC - PC = CCL
------------------------------ ------------------------------
ARLP PELP
------------------------------ ------------------------------
A. PERM REF
--------------
INV
-------------- Patrimônio Líquido
IMOB CAP
Equipamento 50.000,00
-------------- --------------
DIF RES CAP
--------------
RES REAV
--------------
RES LUCRO
--------------
LUCRO ACUM

Despesas Receitas

3.7.3 Alienação de investimentos permanentes e de bens do


imobilizado
A alienação de investimentos permanentes e bens do imobilizado
poderá, alternativamente, ser apresentada na elaboração da DOAR: (1)
pelo valor recebido na alienação ou (2) pelo valor contábil do bem
baixado. No primeiro caso, faz-se necessário um ajuste ao lucro líquido
do período, para exclusão do ganho de capital ou adição da perda de
capital ocorrida na alienação. No segundo caso, não é necessário
qualquer ajuste ao lucro líquido.
Esta dissensão quanto ao valor a ser apresentado nesse item da
demonstração e, conseqüentemente, quanto ao ajuste relativo a
ganhos/perdas de capital na alienação de bens do permanente, decorre

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da possibilidade de dupla interpretação (sistemática) das alíneas “a” e
“c” do inciso I do art. 188 da Lei das S/A, abaixo:
Art. 188. A demonstração das origens e aplicações de
recursos indicará as modificações na posição financeira da
companhia, discriminando:
I - as origens dos recursos, agrupadas em:
a) lucro do exercício, acrescido de depreciação,
amortização ou exaustão e ajustado pela variação nos
resultados de exercícios futuros;
...
c) recursos de terceiros, originários ... da alienação de
investimentos e direitos do ativo imobilizado.
As possíveis interpretações para os dispositivos em tela são:
- desconsiderar qualquer ajuste ao lucro líquido do exercício
– a título de alienação de bens do permanente – e
demonstrar os recursos de terceiros – originários da
alienação de investimentos e direitos do ativo imobilizado
– pelo valor do bem baixado em virtude da alienação;
- efetuar ajuste ao lucro líquido do exercício – a título de
alienação de bens do permanente – (subtraindo o ganho
de capital ou adicionando a perda de capital) e demonstrar
os recursos de terceiros – originários da alienação de
investimentos e direitos do ativo imobilizado – pelo valor
da respectiva alienação.
Inicialmente, vamos apresentar a DOAR sem esse ajuste, seguindo a
primeira possível interpretação para os dispositivos da Lei das S/A
acima. Para que essa apresentação possa ser feita de forma simples,
direta e didática, propomos o exemplo de uma empresa que, em um
exercício em que tenha alienado por R$ 2.000,00 um bem do
permanente de valor contábil R$ 1.000,00, tenha auferido um lucro
líquido de R$ 4.200,00 conforme a DRE a seguir:
Demonstração do Resultado do Exercício
Item Valor Obs.
RBV 10.000,00
(-) CMV (4.000,00)
(=) LB 6.000,00
(-) despesas financeiras (2.000,00)
(=) Lucro Operacional 4.000,00
(+) Receitas não operacionais 2.000,00 de alienação do permanente
(-) Despesas não operacionais (1.000,00) custo do permanente vendido
(=) Lucro antes dos tributos 5.000,00
(-) IR/CSLL (800,00)
(=) LL 4.200,00

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Repare que a venda do permanente resultou em um ganho de capital no
valor de R$ 1.000,00 ( R$ 2.000,00 (-) R$ 1.000,00 (=) R$ 1.000,00 ).
Entretanto, o valor de R$ 2.000,00 “foi para a bolsa”, conforme se
depreende da simples observação dos lançamentos contábeis relativos à
alienação do permanente:
- registro da receita não operacional, com entrada de R$ 2.000,00 no
CCL:
D = Caixa
C = a Receita não operacional 2.000,00

- registro da despesa não operacional, sem efeito no CCL:


D = Despesa não operacional - custo do bem
C = a Bem do permanente 1.000,00

Nesse caso, a DOAR tem que demonstrar ORIGENS de R$ 2.000,00 no


total.
Sem a realização do ajuste relativo à alienação do permanente, a
interpretação dos incisos I.a e I.c do art. 188 da Lei das S/A, levaria à
conclusão de que:
- o lucro líquido do exercício, previsto na alínea “a” do inciso
I do art. 188 da Lei das S/A seria demonstrado no valor
total de R$ 4.200,00, sem a exclusão do ganho de capital
de R$ 1.000,00 auferido pela empresa com a alienação do
ativo permanente; e
- os recursos de terceiros originários da alienação de bens
do ativo permanente investimentos ou imobilizado devem
ser entendidos como o valor da “redução do ativo pela
alienação de bens do ativo permanente investimentos ou
imobilizado” – assim, o valor a ser demonstrado conforme
alínea “c” do inciso I do art. 188 da Lei das S/A seria o
valor contábil do bem baixado em virtude da
alienação realizada.
Dessa forma as origens seriam demonstradas da Seguinte maneira:
DOAR
item valor
I - origens
a) Lucro Líquido ajustado 4.200,00
b) ...
c) Recursos de terceiros originados da alienação do ativo 1.000,00
...
total das origens 5.200,00
Agora, apresentaremos a DOAR com o ajuste do lucro líquido relativo ao
ganho de capital na alienação do ativo permanente, seguindo a segunda
possível interpretação para as alíneas “a” e “c” do inciso I do art. 188 da

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Lei das S/A, acima apresentado. Para que essa apresentação possa ser
feita de forma simples, direta e didática, propomos o mesmo exemplo,
de uma empresa que, em um exercício em que tenha alienado por R$
2.000,00 um bem do permanente de valor contábil R$ 1.000,00, tenha
auferido um lucro líquido de R$ 4.200,00, conforme a DRE a seguir:
Demonstração do Resultado do Exercício
Item Valor Obs.
RBV 10.000,00
(-) CMV (4.000,00)
(=) LB 6.000,00
(-) despesas financeiras (2.000,00)
(=) Lucro Operacional 4.000,00
(+) Receitas não operacionais 2.000,00 de alienação do permanente
(-) Despesas não operacionais (1.000,00) custo do permanente vendido
(=) Lucro antes dos tributos 5.000,00
(-) IR/CSLL (800,00)
(=) LL 4.200,00
Repare que a venda do permanente resultou em um ganho de capital no
valor de R$ 1.000,00 ( R$ 2.000,00 (-) R$ 1.000,00 (=) R$ 1.000,00 ).
Entretanto, o valor de R$ 2.000,00 “foi para a bolsa”, conforme se
depreende da simples observação dos lançamentos contábeis relativos à
alienação do permanente:
- registro da receita não operacional, com entrada de R$ 2.000,00 no
CCL:
D = Caixa
C = a Receita não operacional 2.000,00

- registro da despesa não operacional, sem efeito no CCL:


D = Despesa não operacional - custo do bem
C = a Bem do permanente 1.000,00

Nesse caso, a DOAR tem que demonstrar ORIGENS de R$ 2.000,00 no


total.
Com a realização do ajuste relativo à alienação do permanente, a
interpretação dos incisos I.a e I.c do art. 188 da Lei das S/A, levaria à
conclusão de que:
- o lucro líquido do exercício, previsto na alínea “a” do inciso
I do art. 188 da Lei das S/A seria demonstrado no valor
total de R$ 3.200,00, com a exclusão do ganho de capital
de R$ 1.000,00 auferido pela empresa com a alienação do
ativo permanente; e
- os recursos de terceiros originários da alienação de bens
do ativo permanente investimentos ou imobilizado devem
ser entendidos como o valor “recebido pela alienação de
bens do ativo permanente investimentos ou imobilizado” –

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assim, o valor a ser demonstrado conforme alínea “c” do
inciso I do art. 188 da Lei das S/A seria o valor recebido
em virtude da alienação realizada.
Dessa forma as origens seriam demonstradas da Seguinte maneira:
DOAR
item valor
I - origens
a) Lucro Líquido ajustado 3.200,00
b) ...
c) Recursos de terceiros originados da alienação do ativo 2.000,00
...
total das origens 5.200,00

3.8 Total das origens


Até aqui, foram vistas, em separado, as origens, que – em seu conjunto
– representam os elementos patrimoniais estranhos ao CCL de onde se
originaram os valores que foram utilizados para aumento do CCL. Não
podemos deixar de referir (e isso faz a beleza do sistema contábil de
informações acerca do patrimônio) que os elementos classificados como
origens na DOAR são registrados a crédito nos respectivos lançamentos
contábeis, o que vem a confirmar o termo “origem” para os créditos, em
contraponto ao termo “aplicações” para os débitos.
Visualmente, considerando débitos como setinhas e créditos como
bolinhas (conforme proposto nas aulas 03 a 06 deste curso), podemos
entender as origens, em sua totalidade, conforme figura abaixo:

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Ativo Passivo
AC PC ==> AC - PC = CCL
------------------------------ ------------------------------
ARLP PELP
------------------------------ ------------------------------
A. PERM REF
--------------
INV
-------------- Patrimônio Líquido
IMOB CAP
-------------- --------------
DIF RES CAP
--------------
RES REAV
--------------
RES LUCRO
--------------
LUCRO ACUM

Despesas Receitas

Lucro líquido

3.9 Aplicações de recursos decorrentes da atividade da empresa


– para os sócios
Vistas as origens, resta o estudo das aplicações, que se dividem em
aplicações de recursos para os sócios ou para terceiros. As primeiras
são os dividendos e, eventualmente, o lucro líquido ajustado (quando
seu valor for negativo).
Os dividendos são uma das três possíveis destinações do lucro à
disposição da Assembléia-geral de acionistas (ao lado do aumento de
capital e da constituição de reservas de lucro), conforme visto quando
do estudo da DLPA. A destinação de dividendos a distribuir implica o
aumento do PC e, conseqüentemente, a redução do CCL – o que
caracteriza uma aplicação.
O lançamento relativo a dividendos é o seguinte:
D = LPA
C = a dividendos propostos a distribuir x
Visualmente, podemos entender os dividendos como uma aplicação de
recursos do CCL, conforme figura a seguir:

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Ativo Passivo
AC PC ==> AC - PC = CCL
------------------------------ ------------------------------
ARLP PELP
------------------------------ ------------------------------
A. PERM REF
--------------
INV
-------------- Patrimônio Líquido
IMOB CAP
-------------- --------------
DIF RES CAP
--------------
RES REAV
--------------
RES LUCRO
--------------
LUCRO ACUM

Despesas Receitas

3.10 Aplicações recursos para terceiros


São aplicações decorrentes de transações com terceiros, as reduções do
CCL (geralmente pagamentos) que impliquem a redução do PELP ou o
aumento do ARLP ou do AP.

3.10.1 Aumento do Ativo Realizável a Longo Prazo


O aumento do Ativo realizável a longo prazo, geralmente se dá quando
a empresa concede um empréstimo de longo prazo, ou a diretor, sócio
ou outro participante do resultado. Nesse caso, ela entrega dinheiro a
terceiros (e, conseqüentemente, reduz o valor de seu CCL). A Lei das
S/A, em seu art. 188, II, c, determinou a demonstração da redução do
ARLP como uma origem, quando da elaboração da DOAR, nos termos a
seguir transcritos:
Art. 188. ...
...
II - as aplicações de recursos, agrupadas em:
...
c) aumento do ativo realizável a longo prazo...;

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Nesse caso, o lançamento contábil é o seguinte:


D = Direitos de longo prazo - ARLP
C = a Caixa ou Bancos x

Essa situação enseja redução do CCL, conforme pode ser visualmente


apresentado a seguir:

Ativo Passivo
AC PC ==> AC - PC = CCL
------------------------------ ------------------------------
ARLP PELP
------------------------------ ------------------------------
A. PERM REF
--------------
INV
-------------- Patrimônio Líquido
IMOB CAP
-------------- --------------
DIF RES CAP
--------------
RES REAV
--------------
RES LUCRO
--------------
LUCRO ACUM

Despesas Receitas

3.10.2 Redução do Passivo Exigível a Longo Prazo


A redução do Passivo exigível a longo prazo, geralmente se dá quando a
empresa efetua o pagamento de um empréstimo antes tomado ou, pelo
transcorrer do tempo, uma obrigação de longo prazo é reclassificada
para o passivo circulante (e, conseqüentemente, para dentro do CCL,
reduzindo-o). A Lei das S/A, em seu art. 188, II, d, determinou a
demonstração da redução do PELP como uma aplicação, quando da
elaboração da DOAR, nos termos a seguir transcritos:
Art. 188. ...
...
II - as aplicações de recursos, agrupadas em:
...
d) redução do passivo exigível a longo prazo.

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Nesse caso, o lançamento contábil é o seguinte:


D = Obrigações de longo prazo - PELP
C = a Caixa ou bancos x

Essa situação enseja um aumento do CCL, conforme pode ser


visualmente apresentado a seguir:

Ativo Passivo
AC PC ==> AC - PC = CCL
------------------------------ ------------------------------
ARLP PELP
------------------------------ ------------------------------
A. PERM REF
--------------
INV
-------------- Patrimônio Líquido
IMOB CAP
-------------- --------------
DIF RES CAP
--------------
RES REAV
--------------
RES LUCRO
--------------
LUCRO ACUM

Despesas Receitas

Assim, conclui-se que a redução do PELP deve ensejar a apresentação


de uma Aplicação na elaboração da DOAR.

3.10.3 Aquisição de bens do imobilizado e de investimentos


permanentes
A aquisição de bens do imobilizado e de investimentos permanentes
implica pagamento. Esse pagamento deve reduzir o CCL. Portanto, a
aquisição de bens do imobilizado e de investimentos permanentes deve
ser classificada como aplicação. Nesse sentido o art. 188, II, “b” e “c”
da Lei das S/A dispõe que:
Art. 188. ...
...
II - as aplicações de recursos, agrupadas em:
...

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b) aquisição de direitos do ativo imobilizado;
c) ..., dos investimentos ...;
O lançamento contábil típico da aquisição de bens do imobilizado ou de
investimentos permanentes é o seguinte:
D = Ativo Permanente - imobilizado ou investimentos
C = a Caixa ou bancos x

Visualmente, podemos apresentar a aplicação de recursos na aquisição


de ativo permanente imobilizado ou investimento, conforme figura a
seguir:

Ativo Passivo
AC PC ==> AC - PC = CCL
------------------------------ ------------------------------
ARLP PELP
------------------------------ ------------------------------
A. PERM REF
--------------
INV
-------------- Patrimônio Líquido
IMOB CAP
-------------- --------------
DIF RES CAP
--------------
RES REAV
--------------
RES LUCRO
--------------
LUCRO ACUM

Despesas Receitas

Ocorre que nem sempre o aumento do ativo permanente por aquisição


de bens do imobilizado ou de investimentos permanentes é realizado
com pagamento à vista, podendo ser realizada mediante a contratação
de um financiamento, sem alteração direta no CCL. Ainda assim,
deverá ser registrada a aplicação decorrente do aumento do ativo
permanente e a correspondente origem uma origem relativa ao
aumento do PELP (que se anulam em termos de variação do CCL).
Para ilustrar essa situação, apresentamos um exemplo, a seguir.
Considere um financiamento no valor de R$ 50.000,00 para aquisição de
um equipamento, cujo lançamento contábil é o seguinte:

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D = Ativo permanente imobilizado - equipamentos
C = a Financiamentos bancários de longo prazo - PELP 50.000,00

Quando, no período, é adquirido um bem do permanente, deve ser


registrada uma aplicação, independentemente do modo de pagamento.
Isso porque: (1) caso o bem tenha sido adquirido com pagamento em
dinheiro, ou outro elemento do ativo circulante, o CCL efetivamente
ficou reduzido e (2) caso trate-se de aquisição de bens mediante
financiamento, o CCL não aumentou, porém, será – também –
registrada uma origem no valor do aumento do PELP que irá
contrabalançar a aplicação registrada.
Visualmente, podemos entender o aumento do Ativo permanente,
mediante a contratação de um financiamento como uma origem e uma
aplicação concomitante, conforme figura abaixo.

Ativo Passivo
AC PC ==> AC - PC = CCL
------------------------------ ------------------------------
ARLP PELP 50.000,00
------------------------------ ------------------------------
A. PERM REF
--------------
INV
-------------- Patrimônio Líquido
IMOB CAP
Equipamento 50.000,00
-------------- --------------
DIF RES CAP
--------------
RES REAV
--------------
RES LUCRO
--------------
LUCRO ACUM

Despesas Receitas

3.10.4 Aumento do ativo diferido


O ativo diferido foi definido como “gastos que influenciarão vários
exercícios vindouros”. Ora, na qualidade de gasto, a existência do ativo
diferido (e, conseqüentemente, seu aumento), implica uma saída de
dinheiro (caracterizadora de redução do CCL – aplicação). Nesse
diapasão, a Lei das S/A, em seu art. 188, II, “c”, determina:

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Art. 188. ...
...
II - as aplicações de recursos, agrupadas em:
...
c) aumento ... do ativo diferido;
O lançamento típico de constituição/aumento de ativo diferido é o
seguinte:
D = Ativo diferido
C = a Caixa ou Bancos x

Visualmente, podemos apresentar a aplicação de recursos na


formação/aumento do ativo permanente diferido, conforme figura a
seguir:

Ativo Passivo
AC PC ==> AC - PC = CCL
------------------------------ ------------------------------
ARLP PELP
------------------------------ ------------------------------
A. PERM REF
--------------
INV
-------------- Patrimônio Líquido
IMOB CAP
-------------- --------------
DIF RES CAP
--------------
RES REAV
--------------
RES LUCRO
--------------
LUCRO ACUM

Despesas Receitas

3.10.5 Outras aplicações – redução do capital e aquisição de


ações em tesouraria
A redução do capital implica pagamento do valor desse capital ao sócio
dissidente. Da mesma forma, a aquisição de ações da própria empresa,
para manutenção em tesouraria, implica seu pagamento ao anterior
titular da ação. A Lei das S/A não prevê a apresentação desse

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item, entretanto, a lógica da elaboração dessa demonstração demanda
sua apresentação.
O lançamento típico relativo à redução do capital é o seguinte:
D = Capital social subscrito
C = a Caixa ou Bancos x
O lançamento relativo à aquisição de ações em tesouraria é o seguinte:
D = Ações em tesouraria
C = a Caixa ou Bancos y
De qualquer maneira, temos uma redução do PL com a conseqüente
redução do CCL, conforme visualmente apresentado na figura a seguir.

Ativo Passivo
AC PC ==> AC - PC = CCL
------------------------------ ------------------------------
ARLP PELP
------------------------------ ------------------------------
A. PERM REF
--------------
INV
-------------- Patrimônio Líquido
IMOB CAP
-------------- --------------
DIF Reservas
--------------
LUCRO ACUM
(-) aç em tesour.

Despesas Receitas

Assim, conclui-se que a aquisição de ações em tesouraria também deve


ser encarada como uma aplicação.

3.11 Total das aplicações


Vistas, em separado, as aplicações de recursos, que são – em seu
conjunto – representadas pelos elementos patrimoniais estranhos ao
CCL nos quais foram aplicados recursos saídos do CCL e que, portanto,
o reduziram. Assim como fizemos, quando apresentamos as origens,
não podemos deixar de referir (e isso faz a beleza do sistema contábil
de informações acerca do patrimônio) que os elementos classificados
como aplicações na DOAR são registrados a débito nos respectivos
lançamentos contábeis (com crédito em conta do CCL), o que vem a

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confirmar o termo “aplicação” para os débitos, em contraponto ao termo
“origem” para os créditos.
Visualmente, considerando débitos como setinhas e créditos como
bolinhas (conforme proposto nas aulas 03 e 06 deste curso), podemos
entender as aplicações, em sua totalidade, conforme figura abaixo:

Ativo Passivo
AC PC ==> AC - PC = CCL
------------------------------ ------------------------------
ARLP PELP
------------------------------ ------------------------------
A. PERM REF
--------------
INV
-------------- Patrimônio Líquido
IMOB CAP
-------------- --------------
DIF RES CAP
--------------
RES REAV
--------------
RES LUCRO
--------------
LUCRO ACUM

Despesas Receitas

3.12 Total das origens (-) aplicações (=) Variação do CCL


O art. 188 da Lei das S/A determina em seus incisos III e IV a
apresentação da diferença entre origens e aplicações (definidas,
respectivamente, em seus incisos I e II, acima estudados) e da variação
do CCL (CCL final (-) CCL inicial). Esses valores devem coincidir. Para
fins de clareza, encontram-se reproduzido, abaixo, os citados incisos.
Art. 188. A demonstração das origens e aplicações de
recursos indicará as modificações na posição financeira da
companhia, discriminando:
I - as origens dos recursos, agrupadas em:
...
II - as aplicações de recursos, agrupadas em:

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...
III - o excesso ou insuficiência das origens de recursos em
relação às aplicações, representando aumento ou redução
do capital circulante líquido;
IV - os saldos, no início e no fim do exercício, do ativo e
passivo circulantes, o montante do capital circulante
líquido e o seu aumento ou redução durante o exercício.

4 Exemplo – elaboração da DOAR


Este item se destina a comprovar a aplicabilidade dos conceitos antes
apresentados. Portanto, a partir das demonstrações contábeis (BP, DRE
e DLPA) exemplificativamente apresentadas será elaborada a respectiva
DOAR da seguinte forma:
- utilizando a estrutura da DOAR proposta;
- analisando cada item dessa estrutura à luz de suas
definições e apurando o respectivo valor com base nos
elementos das demonstrações contábeis apresentadas (BP,
DRE e DLPA).

4.1 Dados
Considere as demonstrações (BP, DRE e DLPA) a seguir apresentadas:

4.1.1 Balanço Patrimonial

Balanço Patrimonial Inicial Balanço Patrimonial Final

Ativo Passivo Ativo Passivo


AC 100,00 PC 70,00 AC 120,00 PC 80,00
------------------- ------------------- ------------------- -------------------
ARLP 50,00 PELP 30,00 ARLP 30,00 PELP 140,00
------------------- ------------------- ------------------- -------------------
AP inv 200,00 REF - AP inv 200,00 REF 150,00
(-) dep. Ac. - ------------------- PL (-) dep. Ac. - ------------------- PL
AP imob 150,00 CAP 200,00 AP imob 450,00 CAP 230,00
(-) dep. Ac. (50,00) (-) dep. Ac. (80,00)
AP dif - Res Cap 50,00 AP dif 100,00 Res Cap 100,00
(-) amort. Ac - Res Lucro 100,00 (-) amort. Ac - Res Lucro 120,00
LPA LPA -

TOTAIS 450,00 450,00 820,00 820,00

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4.1.2 Demonstração do Resultado do Exercício
Demonstração do Resultado do Exercício
RBV 300,00
(-) deduções da RBV - Tributos sobre a venda (60,00)
(=) RLV 240,00
(-) CMV (120,00)
(=) Lucro Bruto 120,00
(-) Despesas operacionais gerais (15,00)
(-) Depreciação (30,00)
(-) Resultado Negativo de Equivalência Patrimonial (10,00)
(+) Receitas Financeiras 5,00
(=) Lucro Operacional 70,00
(+) Receitas Não operacionais 30,00 Venda de participação societária
(-) Despesas não operacionais (20,00) Custo do permanente vendido
(=) Lucro antes dos tributos 80,00
(-) IR/CSLL (30,00)
(=) Lucro Líquido 50,00

4.1.3 Demonstração dos Lucros e Prejuízos acumulados


Demonstração dos Lucro e Prejuízos Acumulados
Saldo Inicial -
(+/-) ajustes de exercícios anteriores -
(=) Saldo ajustado -
(+) Reversão de reservas 20,00
(+) Lucro Líquido 50,00
(=) Saldo à disposição da AGO 70,00
(-) Proposta de destinação
. Dividendos (30,00)
. Reservas de lucro (40,00)
. Capitalização dos lucros -
(=) Saldo Final -

4.2 Elaboração
A elaboração da DOAR é realizada, de forma singela, através do
preenchimento do valor referente a cada um de seus elementos
componentes, com base na sua respectiva definição (conforme teoria já
vista) e a partir dos valores das três demonstrações acima. A seguir,
analisaremos a apuração do valor atinente a cada um dos itens da
DOAR.

4.2.1 Origens
Entre as origens, encontram-se: (1) o Lucro Líquido Ajustado, (2) os
aumentos de capital e as contribuições para reservas de capital, (3) os
aumentos do ARLP e as reduções do PELP e (4) as alienações do

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Permanente. Cada uma dessas origens será analisada em separado,
nos itens seguintes.

4.2.1.1 Lucro líquido Ajustado

4.2.1.1.1 Lucro Líquido


O Lucro Líquido do período foi de R$ 50,00, conforme apresentado na
DRE:
Demonstração do Resultado do Exercício
...
(=) Lucro Líquido 50,00

4.2.1.1.2 Depreciação, Amortização, Exaustão


O lucro acima apresentado está impactado por despesa de depreciação,
no valor de R$ 30,00. esse encargo é confirmado pelo aumento de
saldo da conta “Depreciação Acumulada” no ativo Permanente
imobilizado, cujo saldo (credor) aumentou de R$ 50,00 para R$ 80,00:
Descrição Valor OBS. (fonte)
Encargos de depreciação 30,00 conforme DRE
Depreciação Acumulada Inicial (50,00) BP inicial
Depreciação Acumulada final (80,00) BP final
diferença 30,00 calculado
Assim, ao lucro líquido deve ser SOMADO o valor de R$ 30,00.

4.2.1.1.3 Variação do REF


Houve aumento do REF, conforme depreende-se da observação dos
Balanços Patrimoniais (inicial e final).
Descrição Valor OBS. (fonte)
REF inicial - BP inicial
REF final 150,00 BP final
diferença 150,00 calculado
Assim, ao lucro líquido também deve ser SOMADO o valor de R$ 150,00.

4.2.1.1.4 Resultados de equivalência patrimonial


Houve resultado negativo de equivalência patrimonial, no valor de R$
10,00, conforme DRE. Esse resultado deveria reduzir o valor do ativo
permanente investimentos; entretanto, o saldo deste grupo patrimonial
permaneceu constante (no valor de R$ 200,00). A conclusão a que se
chega é a de que houve, também, no período aquisição de novas
participações societárias, conforme será analisado em item próprio.

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Descrição Valor OBS. (fonte)
Resultado Negativo de Equivalência Patrimonial 10,00 conforme DRE
Ativo Permanente investimentos Inicial 200,00 BP inicial
Ativo Permanente investimentos Final 200,00 BP final
diferença - calculado
Assim, ao lucro líquido também deve ser SOMADO o valor de R$ 10,00.

4.2.1.1.5 Provisões de Longo Prazo


Não há, na DRE, o registro de constituição ou reversão de provisões.
Assim, não há ajuste a ser efetuado a título de provisão de LP.

4.2.1.1.6 Variações monetárias de Longo Prazo


Não há, na DRE, o registro de variação monetária (ativa ou passiva).
Assim, não há ajuste a ser efetuado a título de variação monetária de
LP.

4.2.1.1.7 Ajustes de Exercícios anteriores


Na DLPA não há registro de Ajustes de Exercícios anteriores, portanto,
não há qualquer adição ou subtração do Lucro líquido do exercício a ser
realizada por conta de ajustes de exercícios anteriores.

4.2.1.1.8 Ganho/perda de capital na alienação do


permanente
Na DRE há registro da venda de participações societárias por R$ 30,00,
cujo custo era de R$ 20,00, o que resulta em um ganho de capital de R$
10,00.
Demonstração do Resultado do Exercício
...
(+) Receitas Não operacionais 30,00 Venda de participação societária
(-) Despesas não operacionais (20,00) Custo do permanente vendido

Nessa situação pode ser realizado um ajuste ao lucro líquido para


exclusão desse ganho de capital, para apresentar o valor inteiro da
venda como uma única origem a seguir na demonstração. Assim, do
lucro líquido do exercício deverá ser SUBTRAÍDO o valor de R$ 10,00
(referente ao ganho de capital).

4.2.1.1.9 Conclusão sobre o Lucro Líquido Ajustado


Vistos todos os possíveis ajustes, chegamos à conclusão de que o lucro
líquido do exercício, ajustado para apuração da primeira linha da DOAR
corresponde a R$ 230,00, conforme memória de cálculo abaixo:

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Lucro líquido do exercício 50,00


(+) Depreciação 30,00
(+) Res. Neg. equiv. Patrim. 10,00
(+) Aumento do REF 150,00
(-) Ganho de capital (10,00)
(=) Lucro líquido ajustado 230,00

4.2.1.2 Aumento de Capital e contribuições para reservas


de capital
Há aumento de capital, no valor de R$ 30,00, conforme depreende-se
da observação da evolução do saldo da conta capital no balanço
patrimonial:
Descrição Valor OBS. (fonte)
CAP inicial 200,00 BP inicial
CAP final 230,00 BP final
diferença 30,00 calculado
Há também aumento, no valor de R$ 50,00, conforme depreende-se da
observação da evolução do saldo da conta capital no balanço
patrimonial:
Descrição Valor OBS. (fonte)
Res Cap inicial 100,00 BP inicial
Res Cap final 150,00 BP final
diferença 50,00 calculado
Importante! Pela análise da DLPA pode ser verificado que o aumento de
capital não foi realizado através de capitalização dos lucros, pois
somente foram destinados valores para dividendos e reservas de lucro,
conforma abaixo:
Demonstração dos Lucro e Prejuízos Acumulados

(-) Proposta de destinação


. Dividendos (30,00)
. Reservas de lucro (40,00)
. Capitalização dos lucros -
(=) Saldo Final -
Assim, conclui-se que houve origens a serem demonstradas:
- no valor de R$ 30,00, a título de realização de capital; e
- no valo de R$ 50,00, a título de contribuições para
reservas de capital.

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4.2.1.3 Aumento do PELP e Redução do ARLP
Houve aumento do PELP, em um montante de R$ 110,00, de R$ 30,00
para R$ 140,00, conforme a seguir.
Descrição Valor OBS. (fonte)
PELP inicial 30,00 BP inicial
PELP final 140,00 BP final
diferença 110,00 calculado
Assim, deve ser considerada uma origem de R$ 110,00 a título de
aumento do PELP.
Houve redução do ARLP, de R$ 50,00, para R$ 30,00, portanto deve ser
registrada uma origem de R$ 20,00, a título de aumento do ARLP,
conforme abaixo apresentado.
Descrição Valor OBS. (fonte)
ARLP inicial 50,00 BP inicial
ARLP final 30,00 BP final
diferença (20,00) calculado

4.2.1.4 Alienação de investimentos permanentes e bens


do imobilizado
Conforme DRE, houve alienação de participações societárias, no total de
R$ 30,00:
Demonstração do Resultado do Exercício
...
(+) Receitas Não operacionais 30,00 Venda de participação societária
(-) Despesas não operacionais (20,00) Custo do permanente vendido

Portanto, como foi excluído o ganho de capital ( de R$ 10,00) do lucro


líquido – acima – faz-se necessário o registro de uma origem por
alienação do permanente no valor total da alienação ocorrida (R$
30,00)6.
Assim, deve ser considerada uma origem de R$ 30,00 a título de
alienação de investimentos permanentes.

4.2.1.5 Total das Origens


A partir dos itens acima, conclui-se que o total das origens foi de R$
450,00, conforme a seguir descrito:

6
Note-se que, caso não tivesse sido excluído o ganho de capital do lucro líquido do
período, o valor a ser apresentado a título de origem por alienação do permanente
seria o do custo.

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1) ORIGENS Valores total
a) Lucro líquido ajustado: 50,00
i) (+) Depreciação / amortização / exaustão 30,00
ii) (+/-) aumentos ou reduções dos Resultados de exercícios futuros 150,00
iii) (+/-) resultados negativos/positivos decorrentes de investimentos avaliados pelo método da equivalência
patrimonial 10,00

iv) (+/-) constituição/reversão de Provisão para perdas em investimentos permanentes ou de longo prazo -
v) (+/-) Variações monetárias passivas/ativas de longo prazo. -
vi) (+/-) Ajustes credores/devedores de exercícios anteriores – que afetam o CCL -
vii) (+/-) perda/ganho de capital na alienação do permanente (dependendo do valor demonstrado relativo à
alienação do ativo permanente) (10,00)
b) Realização de capital e Contribuições para Reservas de capital 80,00
c) Aumento do Passivo Exigível a Longo Prazo e Redução do Ativo Realizável a Longo Prazo 130,00
d) Alienação de investimentos permanentes e de bens do imobilizado 30,00 470,00

4.2.2 Aplicações
As aplicações são caracterizadas por: (1) dividendos, (2) redução do
PELP e aumento do ARLP, (3) aquisições do ativo permanente
investimentos e imobilizado e (4) aumentos do diferido.

4.2.2.1 Dividendos
Conforme consta da DLPA, houve destinação de dividendos aos
acionistas no valor de R$ 30,00, conforme a seguir:
Demonstração dos Lucro e Prejuízos Acumulados
...
(-) Proposta de destinação
. Dividendos (30,00)
. Reservas de lucro (40,00)
. Capitalização dos lucros -
Assim, deve ser registrada uma aplicação no valor de R$ 30,00 a título
de dividendos.

4.2.2.2 Redução do PELP e Aumento do ARLP


Não houve redução do PELP (ao contrário, seu valor aumentou de R$
30,00 para R$ 140,00). Portanto não há o que se registrar aplicação a
título de redução do PELP.
Não Houve aumento do ARLP (ao contrário, seu valor foi reduzido de R$
50,00 para R$ 30,00). Portanto não há o que se registrar aplicação a
título de aumento do ARLP.

4.2.2.3 Aquisição de bens do imobilizado e de


investimentos permanentes
Este item demanda uma análise conjunta do Balanço e da DRE:

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a) na DRE observa-se que há resultado negativo de equivalência
patrimonial no valor de R$ 10,00 e alienação de investimentos
com custo de R$ 20,00;
Demonstração do Resultado do Exercício
...
(-) Resultado Negativo de Equivalência Patrimonial (10,00)
...
(+) Receitas Não operacionais 30,00 Venda de participação societária
(-) Despesas não operacionais (20,00) Custo do permanente vendido

b) portanto, espera-se uma redução de R$ 30,00 no ativo


permanente investimentos;
Redução do ativo permanente investimentos
a) por resultado negativo de equivalência patrimonial 10,00
b) por alienação de participação societária 20,00
Total 30,00
c) entretanto, essa redução esperada não se confirmou, pois,
observando o balanço patrimonial, percebe-se que o saldo deste
grupo patrimonial manteve-se constante (em R$ 200,00);
Descrição Valor OBS. (fonte)
AP inv inicial 200,00 BP inicial
AP inv final 200,00 BP final
diferença - calculado
d) assim, conclui-se que foi adquirida nova participação societária no
valor de R$ 30,00.
Portanto, deve ser registrada aplicação de R$ 30,00 a título de aquisição
de investimentos permanentes.
O Ativo permanente imobilizado teve um aumento de R$ 300,00 (de R$
150,00 para R$ 450,00), conforme a seguir:
Descrição Valor OBS. (fonte)
AP imob inicial 150,00 BP inicial
AP imob final 450,00 BP final
diferença 300,00 calculado
Portanto, deve ser registrada uma aplicação de R$ 300,00, a título de
aquisição de bens do imobilizado.

4.2.2.4 Aumento do diferido


O ativo diferido aumentou em R$ 100,00 (de R$ 0,00 para R$ 100,00),
conforme abaixo:
Descrição Valor OBS. (fonte)
Ativo diferido inicial - BP inicial
Ativo diferido final 100,00 BP final
diferença 100,00 calculado

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Portanto, deve ser registrada uma aplicação no valor de R$ 100,00, a
título de aumento de ativo diferido.

4.2.2.5 Total das aplicações


O total das aplicações é de R$ 460,00, conforme abaixo discriminado.
2) Aplicações
a) Dividendos (e lucro líquido ajustado – no caso de ser negativo) 330,00
b) Aumento do Ativo Realizável a Longo Prazo e Redução do Passivo Exigível a Longo Prazo -
c) Aquisição de bens do imobilizado e de investimentos permanentes 30,00
d) Aumento do ativo diferido 100,00
e) Outras aplicações - redução do capital e aquisição de ações em tesouraria - 460,00

4.2.3 Origens (-) Aplicações


Dado que as origens foram apuradas no montante de R$ 470,00 e as
aplicações em um montante de R$ 460,00, a diferença entre origens e
aplicações é de R$ 10,00, conforme abaixo.
1) ORIGENS total
d) Alienação de investimentos permanentes e de bens do imobilizado 470,00
2) Aplicações
e) Outras aplicações - redução do capital e aquisição de ações em tesouraria 460,00
3) Total das origens (-) Total das aplicações 10,00

4.2.4 Variação do CCL


Confirmando o valor de R$ 10,00, apresentamos a variação do CCL:
Descrição AC PC CCL OBS. (fonte)
CCL inicial 100,00 (70,00) 30,00 BP inicial
CCL final 120,00 (80,00) 40,00 BP final
diferença 10,00 calculado

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4.2.5 Apresentação da DOAR
1) ORIGENS Valores total
a) Lucro líquido ajustado: 50,00
i) (+) Depreciação / amortização / exaustão 30,00
ii) (+/-) aumentos ou reduções dos Resultados de exercícios futuros 150,00
iii) (+/-) resultados negativos/positivos decorrentes de investimentos avaliados pelo método da equivalência
patrimonial 10,00

iv) (+/-) constituição/reversão de Provisão para perdas em investimentos permanentes ou de longo prazo -
v) (+/-) Variações monetárias passivas/ativas de longo prazo. -
vi) (+/-) Ajustes credores/devedores de exercícios anteriores – que afetam o CCL -
vii) (+/-) perda/ganho de capital na alienação do permanente (dependendo do valor demonstrado relativo à
alienação do ativo permanente) (10,00)
b) Realização de capital e Contribuições para Reservas de capital 80,00
c) Aumento do Passivo Exigível a Longo Prazo e Redução do Ativo Realizável a Longo Prazo 130,00
d) Alienação de investimentos permanentes e de bens do imobilizado 30,00 470,00
2) Aplicações
a) Dividendos (e lucro líquido ajustado – no caso de ser negativo) 330,00
b) Aumento do Ativo Realizável a Longo Prazo e Redução do Passivo Exigível a Longo Prazo -
c) Aquisição de bens do imobilizado e de investimentos permanentes 30,00
d) Aumento do ativo diferido 100,00
e) Outras aplicações - redução do capital e aquisição de ações em tesouraria - 460,00
3) Total das origens (-) Total das aplicações 10,00
4) Variação do CCL - CCLfinal (-) CCLinicial 10,00

5 Resumo
1) Conceitos iniciais: Capital Circulante líquido – CCL, Origens e
Aplicações – o CCL é a diferença entre o AC e o PC; as origens são os
aumentos do CCL e as aplicações são as reduções do CCL.
2) Conteúdo e estrutura da demonstração, conforme previsão legal – o
art. 188 da Lei das S/A determina a elaboração da DOAR sem
referência a qualquer elemento patrimonial componente do CCL, mas
somente com referência aos itens externos a ele, conforme estrutura
a seguir representada:

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1) ORIGENS
a) Lucro líquido ajustado:
i) (+) Depreciação / amortização / exaustão
ii) (+/-) aumentos ou reduções dos Resultados de exercícios futuros
iii) (+/-) resultados negativos/positivos decorrentes de investimentos avaliados pelo método da equivalência patrimonial
iv) (+/-) constituição/reversão de Provisão para perdas em investimentos permanentes ou de longo prazo
v) (+/-) Variações monetárias passivas/ativas de longo prazo.
vi)
vii) (+/-) Ajustes de capital na de
credores/devedores
perda/ganho exercícios
alienação doanteriores
permanente– que
( afetam o CCL
permanente)
b) Realização de capital e Contribuições para Reservas de capital
c) Aumento do Passivo Exigível a Longo Prazo e Redução do Ativo Realizável a Longo Prazo
d) Alienação de investimentos permanentes e de bens do imobilizado
2) Aplicações
a) Dividendos (e lucro líquido ajustado – no caso de ser negativo)
b) Aumento do Ativo Realizável a Longo Prazo e Redução do Passivo Exigível a Longo Prazo
c) Aquisição de bens do imobilizado e de investimentos permanentes
d) Aumento do ativo diferido
e) Outras aplicações - redução do capital e aquisição de ações em tesouraria
3) Total das origens (-) Total das aplicações
4) Variação do CCL - CCLfinal (-) CCLinicial

3) Análise didática da estrutura da demonstração – o CCL é apresentado


como o conteúdo de uma “bolsa”, que uma jovem senhora utiliza
para um passeio matinal (vista a manhã como o curto prazo –
exercício). Na DOAR, objetiva-se deduzir a evolução do valor (de
bens, direitos e obrigações de curto prazo) existente dentro da
“bolsa” através do acompanhamento do que ocorreu fora da “bolsa”.
4) Elementos da DOAR
a) Recursos originados das operações da própria empresa - Lucro
Líquido ajustado
i) Lucro líquido do período (receitas (-) despesas) e ajustes ao
lucro líquido – referentes a receitas e despesas que não
influenciam o CCL, apurando-se o valor do Lucro líquido
ajustado. Os ajustes são os seguintes:
(1) Soma do valor dos encargos de Depreciação /
amortização / exaustão;
(2) Soma dos aumentos dos saldos de Resultados de
exercícios futuros e subtração das respectivas reduções;
(3) Subtração dos resultados positivos em investimentos
avaliados pelo método da equivalência patrimonial e soma
dos respectivos resultados negativos.
(4) Soma do valor da constituição de Provisão para perdas
em investimentos permanentes ou de longo prazo e
subtração do valor da respectiva reversão.

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(5) Soma do valor das Variações monetárias passivas de
longo prazo e subtração do valor das variações monetárias
ativas de longo prazo.
(6) Soma ou subtração do valor dos Ajustes,
respectivamente credores ou devedores, de exercícios
anteriores – que afetam o CCL.
(7) Somar ou subtrair o valor da perda ou do ganho de
capital na alienação de bens do permanente (somente no
caso de apresentar a origem decorrente de alienação do
permanente pelo valor recebido – no caso de apresentação
da origem decorrente de alienação do permanente no valor
do bem baixado, esse ajuste não se faz necessário)
b) Recursos originados dos sócios – são os aumentos do PL
decorrentes de valores entregues pelos sócios à empresa,
subdividindo-se em:
i) Realização de capital
ii) Contribuições para Reservas de capital
c) Origens decorrentes de operações com terceiros – são valores
entregues por terceiros à empresa, subdividindo-se em:
i) Aumento do Passivo Exigível a Longo Prazo – caracterizado,
geralmente, por empréstimos de longo prazo contraídos pela
empresa.
ii) Redução do Ativo Realizável a Longo Prazo – caracterizado,
geralmente, pela quitação de valores antes emprestados pela
empresa, a terceiros.
iii) Alienação de investimentos permanentes e de bens do
imobilizado. Importante! Se neste item forem demonstrados
os valores totais da alienação, é necessário o ajuste ao lucro
líquido do exercício referente ao ganho/perda de capital na
alienação; caso seja demonstrado apenas o valor da redução
do ativo por conta da alienação, não é necessário o referido
ajuste ao lucro líquido.
d) Aplicações de recursos decorrentes da atividade da própria
empresa para os sócios – caracterizados pelos dividendos e,
eventualmente, pelo lucro líquido ajustado do período, quando
negativo.
e) Aplicações de recursos para terceiros
i) Aumento do Ativo Realizável a Longo Prazo – caracterizado,
geralmente, pela concessão de empréstimos a terceiros.

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ii) Redução do Passivo Exigível a Longo Prazo – caracterizado,
geralmente pela quitação de obrigações de longo prazo, antes
assumidas pela empresa.
iii) Aquisição de bens do imobilizado e de investimentos
permanentes.
iv) Aumento do ativo diferido – caracterizado pelos gastos que
influenciarão o resultado de vários exercícios futuros.
v) Outras aplicações – redução do capital e aquisição de ações em
tesouraria
f) Total das origens (-) aplicações (=) Variação do CCL – essa
igualdade revela que o comportamento dos itens externos ao CCL
deve resultar em valor idêntico àquele referente à evolução dos
valores internos ao CCL.

6 Exercícios de Fixação (Questões de concurso elaborado pela


ESAF – resolvidas e comentadas)

6.1 Assunto - DOAR

6.1.1 AFRF 2005


A Cia. Saturno, em 31.12.2000, na sua DOAR – Demonstração das
Origens e Aplicações de Recursos – apresenta como resultado ajustado
um prejuízo de 10.000. Os valores ajustados no resultado eram os
seguintes itens:
Despesa anual de depreciação 3.000,00
Resultado de Equivalência Patrimonial
Operacional (5.000,00)
Ganhos de Capital na alienação de
Imobilizado (15.000,00)
Variação Cambial Passiva 2.000,00

Tomando por base esses dados, responder as questões 29 e 30.


Enunciado
29- O Resultado Operacional obtido pela empresa em dezembro de 2000
foi
a) um lucro de 25.000.
b) um prejuízo de 25.000.
c) um prejuízo de 15.000.
d) um lucro de 15.000.
e) um prejuízo de 10.000.

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Resolução e comentários
A estrutura da DOAR é prevista no art. 188 da Lei das S/A, conforme a
seguir:
I – as origens dos recursos agrupadas em
a) lucro do exercício, acrescido de depreciação, amortização ou
exaustão e ajustado pela variação nos resultados de
exercícios futuros;
b) realização do capital social e contribuições para reservas de
capital;
c) recursos de terceiros, originários de aumento do passivo
exigível alongo prazo, da redução do ativo realizável a longo
prazo e da alienação de investimento e direitos do ativo
imobilizado.
II – as aplicações de recursos, agrupadas em:
a) dividendos distribuídos;
b) aquisição de direitos do ativo imobilizado;
c) aumento do ativo realizável a longo prazo, dos
investimentos e do ativo diferido;
d) redução do passivo exigível a longo prazo.
III – o excesso ou insuficiência das origens de recursos em relação às
aplicações, representando aumento ou redução do capital circulante
líquido;
IV – os saldos, no início e no fim do exercício, do ativo e passivo
circulantes, o montante do capital circulante líquido e o seu aumento ou
redução durante o exercício.
Ocorre que a doutrina contábil faz críticas à
primeira linha da demonstração, propondo outros ajustes ao LL,
para apuração das origens de recursos decorrentes das operações
da empresa, além daqueles determinados em lei (depreciação,
amortização, exaustão e variações no REF). Nesse sentido, são
propostos ajustes relativos a, por exemplo, variações cambiais e
equivalência patrimonial.
A questão foi enfática ao determinar o conjunto de ajustes ao LL:
Despesa anual de depreciação 3.000,00
Resultado de Equivalência Patrimonial
Operacional (5.000,00)
Ganhos de Capital na alienação de
Imobilizado (15.000,00)
Variação Cambial Passiva 2.000,00

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Se o resultado ajustado foi (10.000), temos que:
Operação Item - descrição Valor Obs.
Lucro Líquido 5.000,00 calculado
(+) Despesa anual de depreciação 3.000,00 conforme enunciado
Resultado de Equivalência
(-) Patrimonial Operacional (5.000,00) conforme enunciado
Ganhos de Capital na alienação de
(-) Imobilizado (15.000,00) conforme enunciado
(+) Variação Cambial Passiva 2.000,00 conforme enunciado
(+) Resultado ajustado (10.000,00) conforme enunciado
Agora, a partir da estrutura da DRE, podemos calcular o valor do lucro
operacional:
DRE
op item - descrição valor
RBV
(-) deduções
(=) RLV
(-) CMV
(=) LB
(-) desp. oper (*)
(=) Lucro oper (10.000,00)
(+) ganho de capital 15.000,00
(=) Lucro líquido 5.000,00

(*) nas quais se incluem:


- depreciações
- equivalência patrimonial
- variações cambiais
Essa resolução está de acordo com o enunciado da questão, e conclui
pela ocorrência de um Lucro Operacional negativo, de (R$ 10.000,00).
Ocorre que esse resultado não estava adequado ao gabarito inicialmente
publicado (letra “B”), sendo que entendíamos (à época de apresentação
dos recursos a questões do concurso) que o gabarito deveria ser
alterado para letra E.
Felizmente, a ESAF reconsiderou a questão e alterou o gabarito para
letra “E”.
Gabarito
Inicialmente letra “B” – posteriormente alterado para letra “E”.

6.1.2 AFRF - 2005


Enunciado
30- A verificação de um ajuste de Variação Cambial Passiva no
resultado, identificado na DOAR de 2000, indica que no exercício
ocorreu um lançamento de

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a) atualização de saldo devedor em passivos de longo prazo.
b) débito em conta de exigíveis a longo prazo.
c) atualizações monetárias de itens do Capital Circulante Líquido.
d) crédito em operações de financiamentos do passivo circulante.
e) registro de novos empréstimos contraídos pela empresa.
Resolução e comentários
Os ajustes ao lucro líquido – na DOAR – significam o seguinte:
a) parte-se do pressuposto de que toda receita foi para o CCL
e que toda despesa saiu do CCL;
b) ocorre que nem toda receita foi ou será recebida em
dinheiro (influenciando o CCL) – como exemplo, temos a
despesa de depreciação, que é uma despesa incorrida
(pelo regime de competência) e que, entretanto, não
corresponde a uma saída de valores do caixa, mas a uma
redução no ativo permanente;
c) assim, o valor desse tipo de despesa deverá ser acrescido
ao lucro líquido, para apuração do montante do lucro
líquido que influencia o CCL.
Esta também é a situação da despesa com variação cambial, caso ela se
refira à atualização de um passivo exigível a longo prazo, ela reduzirá o
lucro líquido sem, no entanto, representar uma saída de caixa. Assim,
faz-se necessário o ajuste de adição ao lucro líquido.
Ora, na DOAR de 2000, referente a essa questão, temos um ajuste de
ADIÇÃO ao lucro líquido no valor de 2.000,00. Isso significa que houve
uma despesa que não influenciou o CCL, situação que se verifica em
duas hipóteses:
- aumento de um passivo a longo prazo por variação na taxa
de câmbio (desvalorização do Real);
- redução de um ativo de longo prazo por variação na taxa de
câmbio (valorização do real).
Dentre as alternativas da questão, somente a primeira hipótese está
presente, na assertiva de letra A. Cabe aqui uma breve crítica ao
enunciado, que na letra A diz:
a) atualização de saldo devedor em passivos de longo prazo.
Na interpretação, a palavra “devedor” deve ser entendida em seu
sentido vulgar (identificando uma dívida) e não em seu sentido técnico,
visto que contas do passivo não têm natureza devedora, porém credora.
Gabarito

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A

6.1.3 AFRF 2005


Enunciado
37- Representa uma origem de recursos que afeta o Capital Circulante
Líquido
a) aquisição de Máquinas com Financiamentos de Longo Prazo.
b) conversão de Debêntures em ações.
c) integralização de Capital com entrega de Equipamentos.
d) recebimento de Empréstimos Concedidos de Longo Prazo.
e) troca de um Terreno por um Edifício.
Resolução e comentários
A estrutura da DOAR é prevista no art. 188 da Lei das S/A, conforme a
seguir:
I – as origens dos recursos agrupadas em
a) lucro do exercício, acrescido de depreciação, amortização ou
exaustão e ajustado pela variação nos resultados de
exercícios futuros;
b) realização do capital social e contribuições para reservas de
capital;
c) recursos de terceiros, originários de aumento do passivo
exigível alongo prazo, da redução do ativo realizável a longo
prazo e da alienação de investimento e direitos do ativo
imobilizado.
II – as aplicações de recursos, agrupadas em:
a) dividendos distribuídos;
b) aquisição de direitos do ativo imobilizado;
c) aumento do ativo realizável a longo prazo, dos
investimentos e do ativo diferido;
d) redução do passivo exigível a longo prazo.
III – o excesso ou insuficiência das origens de recursos em relação às
aplicações, representando aumento ou redução do capital circulante
líquido;
IV – os saldos, no início e no fim do exercício, do ativo e passivo
circulantes, o montante do capital circulante líquido e o seu aumento ou
redução durante o exercício.

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Portanto, dentre as origens, encontramos “recursos de terceiros,
originários de aumento do passivo exigível alongo prazo” o que está de
acordo com a assertiva D.
Por motivos de clareza, analisaremos, a seguir, cada uma das assertivas
da questão:
a) aquisição de Máquinas com Financiamentos de Longo Prazo.
Trata-se de transação que não afeta o CCL
b) conversão de Debêntures em ações.
Trata-se de transação que não afeta o CCL
c) integralização de Capital com entrega de Equipamentos.
Trata-se de transação que não afeta o CCL
d) recebimento de Empréstimos Concedidos de Longo Prazo.
Certo.
e) troca de um Terreno por um Edifício.
Trata-se de transação que não afeta o CCL
Gabarito
D

6.1.4 Contador da Prefeitura do Recife – 20037


Enunciado
59- Considerando a Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos
abaixo apresentada, o valor total das origens de recursos no período
deve ser calculado em:
Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos
(DOAR) do Exercício encerrado em 31/12/2002
Itens Valores
em R$ mil
Lucro líquido do exercício 55.000
Despesas de Depreciação e amortização 72.000
Desp. var. cambial de passivo exig. longo prazo 12.000

7
Questão tratada no livro “Contabilidade: Resoluções e comentários de Questões da
ESAF”, do mesmo autor, em que os conceitos apresentados neste curso são utilizados,
de forma prática, na solução de questões de concurso. Após o estudo desse curso,
teórico, a leitura do referido livro é fortemente recomendada, para consolidação do
aprendizado.

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Receita de variação cambial de realiz. a longo 4.000
prazo
Aumento do passivo exigível a longo prazo 50.000
Aumento do ativo realizável a longo prazo 15.000
Emissão de novas ações com ágio 40.000
Dividendos declarados 30.000
Aquisição de ações permanentes (investimentos) 20.000
Aquisição de ativo imobilizado 200.000
Compra de ações próprias para tesouraria 12.000
Total de origens
Total de aplicações
Variação do capital circ. Líquido

a) R$ 213.000
b) R$ 221.000
c) R$ 225.000
d) R$ 229.000
e) R$ 237.000
Resolução e comentários.
Esta é uma questão em que o examinador decide por não seguir
literalmente a Lei das S/A, considerando como ajuste ao LL as variações
monetárias (lembrando que na lei somente as depreciações,
amortizações ou exaustões estão previstas como tais ajustes). Nesse
sentido, citamos o Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações,
(Sérgio de Iudícibus, e outros, 5a edição, Ed. Atlas, SP – 2000 - p. 341):
“Todavia, o exigível a longo prazo é acrescido também
pelos encargos financeiros, ou seja, por sua atualização
contábil, em virtude de variação cambial, juros ou
atualização nominal. Essas variações monetárias são
registradas como encargos financeiros, mas não afetam o
capital circulante no exercício. Dessa forma, não devem
aparecer como origem de recursos junto com os
acréscimos de exigível a longo prazo.”
Assim, a solução seria a seguinte:

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Dados do problema
Item Descrição valor Obs.
1 Lucro líquido do exercício 55.000,00
2 Despesas de Depreciação e amortização 72.000,00
3 Desp. var. cambial de passivo exig. longo prazo 12.000,00
4 Receita de variação cambial de realiz. a longo prazo 4.000,00
5 Aumento do passivo exigível a longo prazo 50.000,00
6 Aumento do ativo realizável a longo prazo 15.000,00 N/A
7 Emissão de novas ações com ágio 40.000,00
8 Dividendos declarados 30.000,00 N/A
9 Aquisição de ações permanentes (investimentos) 20.000,00 N/A
10 Aquisição de ativo imobilizado 200.000,00 N/A
11 Compra de ações próprias para tesouraria 12.000,00 N/A

Estrutua da DOAR
I - origens
1) ===> elementos LL (+) DAE (+-) REF (+-) Var. Camb. Total
- valores 55.000,00 72.000,00 8.000,00 135.000,00
- referência (item) 1 2 3-4

2) ===> elementos Aum. Cap. Res. Cap


- valores 40.000,00 40.000,00
- referência (item) 7

3) ===> elementos Aum. PELP Alien. Imob. Alien. Dif.


- valores 50.000,00 50.000,00
- referência (item) 5

(=) total de origens 225.000,00

Gabarito
59 - C

6.1.5 Contador da Prefeitura do Recife – 20038


Enunciado
60- Considerando a Demonstração das Origens e Aplicações de
Recursos, abaixo apresentada, o valor da variação do capital circulante
líquido, no período, deve ser calculado em:
Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos

8
Questão tratada no livro “Contabilidade: Resoluções e comentários de Questões da
ESAF”, do mesmo autor, em que os conceitos apresentados neste curso são utilizados,
de forma prática, na solução de questões de concurso. Após o estudo desse curso,
teórico, a leitura do referido livro é fortemente recomendada, para consolidação do
aprendizado.

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(DOAR) do Exercício encerrado em 31/12/2002
Itens Valores
em R$
Lucro líquido do exercício 55.000
Despesas de Depreciação e amortização 72.000
Desp. variação cambial de passivo exigível a longo 12.000
prazo
Receita de variação cambial de realizável a longo 4.000
prazo
Aumento do passivo exigível a longo prazo 50.000
Aumento do ativo realizável a longo prazo 15.000
Emissão de novas ações com ágio 40.000
Dividendos declarados 30.000
Aquisição de ações permanentes (investimentos) 20.000
Aquisição de ativo imobilizado 200.000
Compra de ações próprias para tesouraria 12.000
Total de origens
Total de aplicações
Variação do Capital Circulante Líquido

a) R$ (52.000)
b) R$ (44.000)
c) R$ (28.000)
d) R$ 12.000
e) R$ 38.000
Resolução e comentários
Para resolver esta questão, ao contrário da questão anterior, não
importa se o examinador decidiu seguir a letra da Lei das S/A ou a
recomendação do Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações,
no tocante à variações cambiais do passivo exigível a longo prazo. Para
sua resolução, basta classificar as operações em origens ou aplicações
(lembrando que a variação cambial ativa pode ser redução da origem ou
aplicação – tanto faz, o resultado é o mesmo). E apurar a variação do
CCL pela diferença entre origens e aplicações, conforme tabela abaixo.

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item valor classif. origens aplicações
Lucro líquido do exercício 55.000,00 origem 55.000,00
Despesas de Depreciação e amortização 72.000,00 origem 72.000,00
Desp. var. cambial de passivo exig. longo prazo 12.000,00 origem 12.000,00
Receita de variação cambial de realiz. a longo prazo 4.000,00 (-) origem (4.000,00)
Aumento do passivo exigível a longo prazo 50.000,00 origem 50.000,00
Aumento do ativo realizável a longo prazo 15.000,00 aplicação 15.000,00
Emissão de novas ações com ágio 40.000,00 origem 40.000,00
Dividendos declarados 30.000,00 aplicação 30.000,00
Aquisição de ações permanentes (investimentos) 20.000,00 aplicação 20.000,00
Aquisição de ativo imobilizado 200.000,00 aplicação 200.000,00
Compra de ações próprias para tesouraria 12.000,00 aplicação 12.000,00
225.000,00 277.000,00
var. CCL (52.000,00)

Gabarito
60 - A

7 Bibliografia e Fontes de Pesquisa Referenciadas


7.1 Leis
Lei 6.404, de 1976 – Lei das S/A.
Lei 9.249, de 1995.
Lei n° 10.406, de 2002 – Código Civil.

7.2 Atos Administrativos Normativos


RESOLUÇÃO CFC N.º 750/93 - Dispõe sobre os Princípios Fundamentais
de Contabilidade (P.F.C.)
RESOLUÇÃO CFC N.º 751/93 - Dispõe sobre as Normas Brasileiras de
Contabilidade.
RESOLUÇÃO CFC N.º 774/94 - Aprova o Apêndice à Resolução sobre os
Princípios Fundamentais de Contabilidade.
DELIBERAÇÃO CVM N 29-1986 - objetivos da Contabilidade.
Decreto 3.000, de 1999 – Regulamento do Imposto de Renda.

7.3 Livros
Iudícibus, Sérgio de; Martins, Eliseu e Gelbke, Ernesto Rubens Gelbcke.
Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações – FIPECAFI. Ed.
Atlas. São Paulo – 4a edição – 1995.
Neves, Silvério das e Viceconti, Paulo E. V. Contabilidade Básica. Ed.
Frase. São Paulo – 5a edição – 1996.

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Neves, Silvério das e Viceconti, Paulo E. V. Contabilidade Avançada. Ed.
Frase. São Paulo – 5a edição – 1996.
Gonçalves, Eugênio Celso e Baptista, Antônio Eustáquio. Contabilidade
Geral. Ed. Atlas. São Paulo – 2a edição – 1994.
Silva, Benedito Gonçalves da. Contabilidade Geral. Ed. Meta – 2a edição
– 1994.
Ferrari, Ed Luiz, Contabilidade Geral: teoria e 950 questões – Rio de
Janeiro: Elsevier 2006.
Velter, Francisco e Missagia, Luiz R. Manual de Contabilidade – Rio de
Janeiro: Impetus, 2003.
Ferreira, Ricardo J. Contabilidade avançada e intermediária – 2. ed. –
Rio de Janeiro: Ed. Ferreira, 2004.
Santos, Luiz Eduardo. Contabilidade: Resoluções e comentários de
Questões da ESAF. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.

7.4 Internet
www.planalto.gov.br
www.cfc.org.br
www.receita.fazenda.gov.br

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1 Roteiro
Neste ponto da matéria, o aluno já está familiarizado com o raciocínio
contábil, ou seja: (1) já conhece os mais importantes fatos contábeis,
(2) domina a estrutura do lançamento e (3) reconhece a estrutura das
demonstrações contábeis. Essa situação é – por mim – denominada de
alfabetização contábil, pois, agora, é possível a leitura de qualquer livro
de contabilidade com facilidade (e até prazer – o prazer do
entendimento). Portanto, nesta aula, iniciaremos uma nova fase do
curso: o estudo de assuntos específicos.
Nesta aula, o assunto especificamente trabalhado é importantíssimo:
participações societárias (ações e cotas de capital, constantes do ativo
permanente de empresas). A aula está estruturada de acordo com os
itens abaixo:
1) Apresentação do conceito de participações societárias e sua
contextualização no âmbito do Ativo Permanente Investimentos
2) Métodos de avaliação de participações societárias
a) Método do Custo
i) Conceito
ii) Aquisição do investimento – inexistência de ágio
iii) Provisão para perdas
iv) Dividendos
(1) Regra geral – receita
(2) Regra especial – redução do investimento
b) Método da Equivalência Patrimonial
i) Conceito
ii) Investimentos obrigados ao método de equivalência patrimonial
(1) Definições iniciais
(a) Controle
(i) Direto
(ii) Indireto
(b) Coligação
(c) Relevância
(i) Individual
(ii) Coletiva
(d) Influência

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(2) Regra de identificação dos investimentos sujeitos ao
método da EPL
(a) Para sociedades em geral
(b) Especialmente para Sociedades de capital aberto
iii) Aplicação do método da EPL
(1) Na aquisição do investimento – ágio / deságio
(2) No balanço patrimonial
(a) Em situações comuns
(i) No caso de lucro na investida
(ii) No caso de prejuízo na investida
(b) Em situações especiais
(i) No caso de investida com PL negativo
(ii) No caso de resultados não realizados
1. para sociedades em geral
2. para sociedades de capital aberto
(3) No recebimento de dividendos
(4) Na reavaliação de ativos – reserva de reavaliação
reflexa
iv) Amortização do ágio / deságio
(1) Fundamentado na diferença entre o valor contábil e de
mercado no ativo da investida
(2) Fundamentado em rentabilidade futura
(3) Fundamentado em outras razões econômicas – fundo
de comércio
(4) Pela baixa do investimento
v) Variação no percentual de participação
vi) Participações recíprocas
vii) Provisão para perdas

2 Introdução
O assunto “participações societárias”, aqui tratado, tem um charme
muito especial, pois se refere a ações, controle de empresas, dividendos
e ganhos, ou perdas, por aumento ou redução na participação em

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investimentos – todos elementos típicos de filmes de Hollywood1. É,
porém, importante contextualizar o assunto de nosso interesse e
diferenciá-lo do estudo de investimentos em bolsa de valores (aqui,
nosso foco é a análise do efeito das participações societárias no
patrimônio de empresas, enquanto o foco do estudo de investimentos
em bolsa de valores é tipicamente financeiro).
Feita essa breve introdução, vamos ao assunto.

3 Apresentação do conceito de participações societárias


e sua contextualização no âmbito do Ativo Permanente
Investimentos
Participações societárias consistem em investimentos de caráter
permanente, mantidos no patrimônio de empresas (investidoras) e que
se referem a ações ou cotas representativas do capital de outra empresa
(investida). Por serem investimentos de caráter permanente, são
classificados em título especial à parte do balanço patrimonial, no ativo
permanente investimentos, com a intitulação INVESTIMENTOS, nos
termos do art. 179, III da Lei n° 6.404, de 1976:
Art. 179. As contas serão classificadas do seguinte modo:

III - em investimentos: as participações permanentes em
outras sociedades e os direitos de qualquer natureza, não
classificáveis no ativo circulante, e que não se destinem à
manutenção da atividade da companhia ou da empresa;
Não podemos nos esquecer que as participações societárias de caráter
permanente são o item mais importante do ativo permanente
investimentos, mas não são seu único item, pois, junto a elas, o ativo
permanente investimentos comporta jóias, obras de arte e imóveis para
aluguel.
O recurso didático que mais ajuda o estudante a entender o mecanismo
de avaliação e registro de participações societárias é o “desenho”,
desenhando-se a participação, percebe-se a relação entre o ativo da
sociedade investidora e o patrimônio da sociedade investida. Assim, a
seguir, apresentamos um exemplo do esquema gráfico de representação
de participações societárias – que será várias vezes utilizado ao longo
dessa aula:

1
Podendo ser o assunto principal do filme como, por exemplo, “Wall Street” –
estrelado por Charlie Sheen, Michael Douglas e Daryl Hannah – ou “Com o dinheiro dos
outros” – estrelado por Danni de Vito – mas pode ser, também, o pano de fundo da
história, como é o caso de “Uma Linda Mulher” – estrelado por Julia Roberts e Richard
Gere.

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- a sociedade investidora será singelamente denominada de
“Dora”;
- a sociedade investida será singelamente denominada de “Tida”;
- a relação de propriedade das ações será apresentada através
de uma seta de “Dora” para “Tida”, reforçada pela
apresentação de uma percentagem (representando a
quantidade de ações / cotas de “Tida” que estão na titularidade
da “Dora”, em relação a seu total).

Dora
ativo Passivo

Inv - Tida
--------------PL

x%
Despesas Receitas
Tida
ativo Passivo

--------------PL

Despesas Receitas

O critério usualmente utilizado para identificação de uma participação


permanente, em oposição aos investimentos temporários em ações
(estudados quando da apresentação do grupo patrimonial Ativo
Circulante) é o da intenção de alienação. Assim, se a intenção da
empresa investidora é de manutenção do investimento em seu
patrimônio, sua classificação deve ser no ativo permanente, caso
contrário, no ativo circulante ou no ativo realizável a longo prazo.

4 Métodos de avaliação de participações societárias


Existem dois métodos de avaliação de investimentos:
- o método de custo; e

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- o método da equivalência patrimonial.
O método de custo é adotado para os investimentos menores (vistos
como menos “importantes”) e o método da equivalência patrimonial
para os mais significativos (por decorrência, mais “importantes” em
termos do nível de participação acionária na investida e de sua
relevância na investidora). Em seguida, analisaremos separadamente
cada um deles.

4.1 Método do Custo

4.1.1 Conceito
Muitos livros de contabilidade apresentam esse método de uma forma
semelhante a que se encontra a seguir “devem ser avaliados pelo
método de custo os investimentos, na forma de ações ou cotas de
capital, que não sejam em coligadas ou em controladas, ou mesmo
quando forem realizados em tais empresas, não sejam significativos, ou
seja, não relevantes, individualmente ou em seu conjunto”. Essa
definição está correta, mas não é nem um pouco didática – acaba
“assustando” o estudante, pois, geralmente, ainda não foram a ele
apresentados os conceitos controle, coligação, relevância e influência.
Assim, nossa abordagem será (também correta e rigorosa)
completamente diversa (e mais didática). Nesse diapasão, cumpre
referir – tão somente – que o método do custo é a regra geral de
avaliação de investimento, pois é, simplesmente, a aplicação do
princípio fundamental de contabilidade do Registro pelo Valor
Original (já apresentado na aula 01 deste curso). Em outras palavras,
com poucas exceções (aquelas referentes ao método da Equivalência
Patrimonial – que será apresentado adiante nesta aula), adota-se o
método de custo, que consiste em registrar como valor do
investimento aquilo que foi por ele pago a terceiros. Nesse sentido,
cumpre referir o art. 7o da Resolução CFC n° 750, de 1993, que dispõe
sobre os Princípios Fundamentais de Contabilidade, a seguir
parcialmente reproduzido, para fins de clareza:
Art. 7º Os componentes do patrimônio devem ser
registrados pelos valores originais das transações com o
mundo exterior, expressos a valor presente na moeda do
País, que serão mantidos na avaliação das variações
patrimoniais posteriores, inclusive quando configurarem
agregações ou decomposições no interior da ENTIDADE.
Parágrafo único – Do Princípio do REGISTRO PELO
VALOR ORIGINAL resulta:
I – a avaliação dos componentes patrimoniais deve ser
feita com base nos valores de entrada, considerando-se

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como tais os resultantes do consenso com os agentes
externos ou da imposição destes;
II – uma vez integrado no patrimônio, o bem, direito ou
obrigação não poderão ter alterados seus valores
intrínsecos, admitindo-se, tão-somente, sua decomposição
em elementos e/ou sua agregação, parcial ou integral, a
outros elementos patrimoniais;
III – o valor original será mantido enquanto o componente
permanecer como parte do patrimônio, inclusive quando
da saída deste;

4.1.2 Aquisição do investimento – inexistência de ágio


Visto que o critério de avaliação pelo custo de aquisição é a regra geral
e que essa regra é – simplesmente – a aplicação do Princípio do
Registro pelo Valor Original, o registro da aquisição do investimento
avaliado pelo método do custo é simples: idêntico ao registro da
aquisição de qualquer outro ativo já exaustivamente estudado neste
curso. Nesse sentido, o custo de aquisição é o valor efetivamente
despendido na transação.
A transação (aquisição do investimento) pode ocorrer em dois
momentos:
- na subscrição de novas ações ou quotas, onde o custo de
aquisição será o efetivamente desembolsado,
independentemente do valor nominal ou patrimonial desses
títulos;
- na compra de ações de terceiros, caso em que o custo de
aquisição é o preço total pago aos antigos possuidores das ações
ou quotas, independentemente do valor nominal ou patrimonial
desses títulos.
A seguir, apresentamos – exemplificativamente – o lançamento básico
da aquisição desse tipo de investimento:
D = Investimentos permanentes - método do custo
C = a Caixa ou Bancos X
Um corolário (uma conseqüência) dessa definição é que inexiste ágio
(ou deságio) na aquisição de investimentos permanentes avaliados pelo
método do custo. Isso ocorre porque o ágio é o valor pago a maior (e o
deságio é o valor pago a menor) em relação a um valor pré-definido
para o investimento. Ora, se, no método do custo, o valor do
investimento é sempre o valor por ele pago (registro pelo valor
original), nunca haverá um valor pré-definido diferente para ele e,
portanto, nunca haverá pagamento a maior (nem a menor).

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Assim, não há falar em ágio ou deságio na aquisição de investimentos
avaliados pelo método do custo. A seguir, analisaremos dois exemplos
de aquisição de investimentos avaliados pelo método do custo: (1)
aquisição de participação societária por valor – proporcionalmente –
superior ao valor do patrimônio da empresa investida e (2) aquisição de
participação societária por valor – proporcionalmente – inferior ao valor
do patrimônio da empresa investida.
O primeiro exemplo é o da aquisição, à vista, pela empresa investidora,
de 20.000 ações novas, emitidas pela empresa “Ouro Puro S/A”,
considerando as seguintes condições: (a) a quantidade total de ações
emitidas, após o lançamento das novas ações é de 100.000 ações, (b) o
valor de todos os bens/direitos, deduzidos das obrigações da empresa
investida (equivalente a seu Patrimônio Líquido) é R$ 1.000.000,00, (c)
foi desembolsado na operação o valor total de R$ 220.000,00, posto que
a procura pelos novos títulos foi superior à oferta e (d) o investimento
deve – nos termos e condições da Lei das S/A – ser avaliado pelo
método do custo.
Nesse caso, em vista da condição (d), os dados referentes às condições
(a) e (b) são absolutamente desnecessários. Repare que se trata do
método do custo e, assim, basta saber o valor pago, descrito na
condição (c). Portanto, o lançamento deve ser simplesmente o
seguinte:
D = Investimentos permanentes - Ouro Puro
C = a Caixa ou Bancos 220.000,00
Ilustrando a situação, apresentamos as figuras a seguir:
a) Situação inicial

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Dora
ativo Passivo
Caixa 220.000,00

Inv - Tida -
--------------PL

0%
Despesas Receitas
Tida - Ouro Puro
ativo Passivo

Bens (+) Obrigações


Direitos
--------------PL
Capital (*) 800.000,00

Despesas Receitas

(*) antes do lançamento das 20.000 novas ações, o capital era de 800.000 ações de R$ 10,00 cada, sem mais nada no PL

b) Fluxo patrimonial de valores

Dora
ativo Passivo
Caixa 220.000,00
(220.000,00)
-
--------------PL
Inv - Tida -
220.000,00
220.000,00
20%

Tida - Ouro Puro


ativo Passivo
Caixa 220.000,00
Obrigações
Bens (+)
Direitos --------------PL
Capital 800.000,00
200.000,00
1.000.000,00
Res. Capital 20.000,00

c) Registro no livro diário


a. Na empresa Ouro Puro – pela emissão das ações

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D= Caixa ou Bancos 220.000,00
C=a diversos
C=a Capital 200.000,00
C=a Res. Capital (ágio na emiss. de ações) 20.000,00
b. Na empresa Investidora – pela aquisição das ações
D = Investimentos permanentes - Ouro Puro
C = a Caixa ou Bancos 220.000,00
d) Situação final

Dora
ativo Passivo
Caixa -

--------------PL
Inv - Tida 220.000,00

20%

Tida - Ouro Puro


ativo Passivo
Caixa 220.000,00
Obrigações
Bens (+)
Direitos --------------PL
Capital 1.000.000,00

Res. Capital 20.000,00

Cuidado! As condições (a) e (b) somente serão relevantes para


investimentos avaliados pelo método da equivalência patrimonial – a ser
estudado adiante – não apresentando qualquer importância para o
método do custo, ora estudado.
Nesse ponto, o examinador tenta induzir o estudante a erro, dando a
idéia de que foi pago um valor maior do que um pretensamente pré-
definido. O pensamento ERRADO que o examinador tenta colocar é o de
que: (1) se o patrimônio da empresa ouro puro é de R$ 1.000.000,00 e
(2) a quantidade de ações adquiridas pela investidora corresponde a
20% do total de ações existentes, então (3) o valor esperado para essas
ações seria de R$ 200.000,00, (4) concluindo por um eventual e errôneo
pagamento a maior no valor de R$ 20.000,00 (correspondente a um
pretenso ágio). Entretanto, não há nenhum pagamento a maior!
Não há pagamento a maior porque inexiste valor pré-definido para a
participação societária adquirida! Inexiste valor pré-definido para a

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participação societária adquirida porque seu método de avaliação é o
método do custo – no qual o investimento vale o valor por ele pago,
nada mais e nada menos!
Visto o primeiro exemplo, vamos ao segundo.
O segundo exemplo é o da aquisição, à vista, pela empresa investidora,
15% das cotas representativas do capital da empresa “Morro abaixo
ltda.”, de seus antigos sócios considerando que: (a) o valor de todos os
bens/direitos, deduzidos das obrigações da empresa investida
(equivalente a seu Patrimônio Líquido) é R$ 350.000,00, (b) foi pago –
aos antigos sócios – o valor de R$ 50.000,00 e (c) o investimento deve
– nos termos e condições da Lei das S/A – ser avaliado pelo método do
custo.
Nesse caso, em vista da condição (c), os dados referentes à condição
(a) são absolutamente desnecessários. Repare que se trata do método
do custo e, assim, basta saber o valor pago, descrito na condição (b).
Portanto, o lançamento deve ser simplesmente o seguinte:
D = Investimentos permanentes - Morro abaixo
C = a Caixa ou Bancos 50.000,00
Ilustrando a situação, apresentamos as figuras a seguir:
a) Situação inicial

Dora
ativo Passivo
Caixa 50.000,00

Inv - Tida -
--------------PL

0%
Despesas Receitas
Tida - Morro Abaixo
ativo Passivo

Bens (+) Obrigações


Direitos
--------------PL
Capital 350.000,00

Despesas Receitas

b) Fluxo patrimonial de valores

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Dora
ativo Passivo
Caixa 50.000,00
(50.000,00)
-
--------------PL
Inv - Tida -
50.000,00
50.000,00
15%

Tida - Morro Abaixo


ativo Passivo

Obrigações
Bens (+)
Direitos --------------PL
Capital 350.000,00

c) Registro no livro diário


a. Na empresa Morro Abaixo – não há nenhum lançamento
a ser registrado. Não houve fato contábil nessa empresa
(não há entrada nem saída de quaisquer bens/direitos ou
obrigações) suas cotas de capital apenas mudaram de
titular. Importante, o dinheiro (R$ 50.000,00) é
entregue pela empresa investidora aos antigos sócios e
não à empresa investida Morro Abaixo.
b. Na empresa Investidora – pela aquisição das ações
D = Investimentos permanentes - Morro Abaixo
C = a Caixa ou Bancos 50.000,00
d) Situação final

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Dora
ativo Passivo
Caixa -

--------------PL
Inv - Tida 50.000,00

15%

Tida - Ouro Puro


ativo Passivo

Obrigações
Bens (+)
Direitos --------------PL
Capital 350.000,00

Cuidado! Os dados da condição (a) somente serão relevantes para


investimentos avaliados pelo método da equivalência patrimonial – a ser
estudado adiante – não apresentando qualquer importância para o
método do custo, ora estudado.
Nesse ponto, o examinador tenta induzir o estudante a erro, dando a
idéia de que foi pago um valor maior do que um pretensamente pré-
definido. O pensamento ERRADO que o examinador tenta colocar é o de
que: (1) se o patrimônio da empresa Morro Abaixo é de R$ 350.000,00
e (2) o percentual de cotas adquirido pela investidora foi de 15% do
total, então (3) o valor esperado para essas cotas seria de R$ 52.500,00
(R$ 350.000,00 (*) 15% (=) R$ 52.500,00), (4) concluindo por um
eventual e errôneo pagamento a menor no valor de R$ 2.500,00
(correspondente a um pretenso deságio). Entretanto, não há nenhum
pagamento a menor! Não há pagamento a menor porque inexiste
valor pré-definido para a participação societária adquirida!
Inexiste valor pré-definido para a participação societária adquirida
porque seu método de avaliação é o método do custo – no qual o
investimento vale o valor por ele pago, nada mais e nada menos!
Por esses motivos, conclui-se que – no método do custo – não há falar
em ágio ou deságio.

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4.1.3 Provisão para perdas
Já vimos que o critério de avaliação das participações societárias – no
método do custo – é, simplesmente, a aplicação do Princípio
Fundamental de Contabilidade do Registro pelo Valor Original. Ocorre
que, juntamente com o princípio do Registro pelo Valor Original, deve
ser aplicado o Princípio Fundamental de Contabilidade da Prudência
determinado pelo art. 10 da Resolução CFC n° 750, de 1993 e, em
especial, seu parágrafo 2o. A seguir, para fins de esclarecimento, o
citado artigo encontra-se parcialmente transcrito:
Art. 10. O Princípio da PRUDÊNCIA determina a adoção do
menor valor para os componentes do ATIVO e do maior
para os do PASSIVO, sempre que se apresentem
alternativas igualmente válidas para a quantificação das
mutações patrimoniais que alterem o patrimônio líquido.
§ 1º O Princípio da PRUDÊNCIA impõe a escolha da
hipótese de que resulte menor patrimônio líquido, quando
se apresentarem opções igualmente aceitáveis diante dos
demais Princípios Fundamentais de Contabilidade.
§ 2º Observado o disposto no art. 7º, o Princípio da
PRUDÊNCIA somente se aplica às mutações posteriores,
constituindo-se ordenamento indispensável à correta
aplicação do Princípio da COMPETÊNCIA.
Repare que, caso ocorra uma mutação posterior – reduzindo o valor do
investimento – essa mutação deve ser reconhecida no patrimônio, com
a respectiva constituição de uma provisão2.
Nesse sentido, a Lei das S/A determina, em seu art. 183, III, a
constituição de provisão para perdas prováveis na realização do seu
valor3, quando essa perda estiver comprovada como permanente,nos
seguintes termos:
Art. 183. No balanço, os elementos do ativo serão
avaliados segundo os seguintes critérios:

III - os investimentos em participação no capital social de
outras sociedades, ressalvado o disposto nos artigos 248 a
250, pelo custo de aquisição, deduzido de provisão para
perdas prováveis na realização do seu valor, quando essa
perda estiver comprovada como permanente, e que não

2
Quanto ao conceito de provisão, neste curso – didaticamente – proposto como “uma
perda na penumbra”, recomenda-se a leitura da aula 06.
3
Conforme já visto neste curso, cumpre referir que a idéia mais simples e didática
para exprimir o conceito de “realização” é a de que “realizar algo” equivale a
“transformar essa coisa em outra – geralmente na sua troca por dinheiro ou na sua
perda”.

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será modificado em razão do recebimento, sem custo para
a companhia, de ações ou quotas bonificadas;

Assim, a provisão para perdas deverá ser constituída para cobrir as
perdas prováveis, porém comprovadamente permanentes, na realização
do investimento. Normalmente, para determinar se uma empresa
investidora tem perdas com seus investimentos em outras sociedades, é
necessário saber qual a situação dessas outras sociedades. Para tanto,
a base normal é obter as demonstrações financeiras dessas empresas e
apurar o valor patrimonial das ações possuídas para comparar com o
valor registrado na conta de investimentos das investidora. Se a
empresa onde foi feito o investimento está operando com prejuízos, o
valor de seu patrimônio fica reduzido e a comparação acima indicará a
necessidade da constituição de uma provisão, pois a perda seria já
comprovada como permanente (exceto em casos de investimentos
novos com prejuízo inicial e previsão de lucro posterior).
Outro caso de perdas já comprovadas é o dos investimentos em
empresas falidas ou em má situação, ou em empresas cujos projetos
não mais sejam viáveis.
A seguir, apresentaremos um exemplo de investimento em empresa
cujo projeto (atividade) torna-se inviável por conta de um
acontecimento superveniente.
a) situação inicial
A empresa investidora – Dora S/A – mantém em seu Ativo Permanente
um investimento (em participações societárias), avaliado pelo custo de
aquisição, representada por 3.000 ações ordinárias da empresa Tida
S/A, cuja atividade consiste no engarrafamento e distribuição de
cerveja, autorizado por uma terceira empresa (Beer inc.), detentora da
patente, com sede no exterior. No final do exercício anterior, em 31/12,
o investimento apresentava o valor contábil de R$ 40.000,00.
A seguir, apresentamos figura ilustrativa da situação patrimonial acima
descrita.

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Dora
ativo Passivo
Caixa -

--------------PL
Inv - Tida 40.000,00

x% ==> 3.000 ações

Tida
ativo Passivo

Obrigações
Bens (+)
Direitos --------------PL

b) ocorrência de fato superveniente e constituição da provisão


Durante o exercício, em abril deste ano, a empresa investidora (Dora
S/A), sabendo que em 30 de junho o prazo de concessão de uso da
patente se extinguirá, recebe a informação – de fonte segura – de que o
contrato de concessão não será renovado.
As máquinas e equipamentos constantes do ativo da empresa Tida S/A,
apesar de atualmente adequados a sua atual atividade operacional, com
o término do prazo de concessão, certamente perderão sua utilidade. O
prejuízo decorrente da cessação da exploração econômica de
engarrafamento, tem efeito no valor de mercado da participação
societária mantida por Dora S/A. A partir de avaliações técnicas, Dora
S/A conclui pela ocorrência de uma perda definitiva e de improvável
recuperação, avaliada no valor equivalente a 60% do investimento.
Nessa situação, a investidora deverá imediatamente constituir uma
provisão para perda no investimento, conforme representado
esquematicamente na figura abaixo e apresentado no lançamento a
seguir.

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Dora
ativo Passivo
Caixa -

--------------PL
Inv - Tida 40.000,00
(-) Prov perdas (24.000,00)

x% ==> 3.000 ações

Despesas Receitas Tida


desp. c/ prov. 24.000,00 ativo Passivo

Obrigações
Bens (+)
Direitos --------------PL

D = Despesa com provisão


C = a Provisão para perdas em investimentos perm 24.000,00
c) Alienação da participação societária e reversão da provisão
Considerando a situação acima, a empresa Dora S/A, desde abril
procurou comprador interessado em suas ações e, em 15 de junho
daquele ano (portanto, antes da data prevista para o término do
contrato), conseguiu alienar suas 30.000 ações da empresa Tida S/A, a
prazo, por R$ 19.000,00. A seguir, encontram-se (1) figura,
representando o fluxo de valores entre elementos patrimoniais,
decorrente da alienação realizada e (2) apresentação do respectivo
lançamento contábil.

Dora
ativo Passivo
Caixa -
19.000,00
19.000,00
--------------PL
Inv - Tida 40.000,00
(40.000,00)
-
(-) Prov perdas 24.000,00 x% ==> 3.000 ações

Despesas Receitas Tida


desp. c/ prov. 24.000,00 ativo Passivo

desp n. oper. 40.000,00 rec. n. oper. 19.000,00 Obrigações


Bens (+)
Direitos --------------PL

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D = Caixa
C = a Receitas não operacionais 19.000,00
D = Despesas não operacionais
C = a Investimentos permanentes - TIDA 40.000,00
Imediatamente após o lançamento acima temos a seguinte configuração
patrimonial:

Dora
ativo Passivo
Caixa 19.000,00

--------------PL
Inv - Tida -

(-) Prov perdas 24.000,00 x% ==> 3.000 ações

Despesas Receitas Tida


desp. c/ prov. 24.000,00 ativo Passivo

desp n. oper. 40.000,00 rec. n. oper. 19.000,00 Obrigações


Bens (+)
Direitos --------------PL

Repare, entretanto, que a provisão registrada no valor de R$ 24.000,00


representava um ônus que acompanha o investimento, caracterizado
por uma “perda na penumbra” (conforme conceito de provisão –
exaustivamente discutido neste curso), ou seja, uma possível perda na
alienação do investimento – sobre cujo valor deve pairar alguma dúvida.
Ocorre que o investimento já foi alienado e não há mais dúvida
nenhuma acerca da perda em sua alienação (no exemplo, a perda está
claramente apresentada, no valor de R$ 21.000,00  R$ 40.000,00 (-)
R$ 19.000,00 (=) R$ 21.000,00). Assim, não há mais qualquer motivo
para manutenção – no patrimônio – da informação acerca da perda
provável de R$ 24.000,00 (ela não mais existe, o que há é uma perda
efetiva de R$ 21.000,00). Portanto, a providência necessária é a de
reversão da provisão antes constituída, conforme figura e lançamento
abaixo:

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Dora
ativo Passivo
Caixa 19.000,00

--------------PL
Inv - Tida -
(-) Prov perdas 24.000,00
(24.000,00)
- x% ==> 3.000 ações

Despesas Receitas Tida


desp. c/ prov. 24.000,00 ativo Passivo

desp n. oper. 40.000,00 rec. n. oper. 19.000,00 Obrigações


rec. rev. Prov. 24.000,00 Bens (+)
Direitos --------------PL

D = Prov. Perdas
C = a Receita de Reversão de Provisão 24.000,00

Assim, apresentamos o patrimônio final da seguinte forma:

Dora
ativo Passivo
Caixa 19.000,00

--------------PL
Inv - Tida -
(-) Prov perdas -

x% ==> 3.000 ações

Despesas Receitas Tida


desp. c/ prov. 24.000,00 ativo Passivo

desp n. oper. 40.000,00 rec. n. oper. 19.000,00 Obrigações


rec. rev. Prov. 24.000,00 Bens (+)
Direitos --------------PL

4.1.4 Dividendos
Já foi visto, neste curso, quando tratamos da destinação do resultado,
que os dividendos são a parte do lucro que cabe a cada ação e que, a
partir desse conceito, os dividendos a receber são a parte do lucro que –
cabendo à ação – a empresa investida entrega ao acionista (empresa
investidora). O registro dos dividendos a receber, referentes a

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investimentos avaliados pelo método do custo, é o único ponto em que
o método do custo se revela mais complexo do que o método da
equivalência patrimonial. Isso ocorre porque, no tocante ao registro dos
dividendos a receber, no método do custo, há duas regras: (1) a
primeira, regra geral, em que o surgimento do direito ao recebimento
dos dividendos é registrado a crédito de receitas operacionais e (2) uma
regra especial, em que o surgimento do direito ao recebimento dos
dividendos é registrado a crédito do próprio investimento – resultando
em uma redução do investimento.
A seguir, analisaremos cada uma dessas regras.

4.1.4.1 Regra geral – receita


Os dividendos a receber consistem no direito da empresa investidora,
relativo à participação no resultado da empresa investida.
Nos investimentos avaliados pelo método do custo, em geral, o valor do
investimento (registrado conforme aplicação do princípio fundamental
de Contabilidade do Registro pelo Valor Original) não se altera. Assim, o
surgimento do direito ao recebimento de dividendos corresponde ao
surgimento de um ativo, sem que haja o desaparecimento (total ou
parcial) de qualquer outro ativo, nem o surgimento de um passivo –
caracterizando assim um aumento do patrimônio. Em outras palavras, o
valor do direito ao recebimento dos dividendos “cai do céu”, de “pára-
quedas”, no “colo” do patrimônio da empresa investidora –
aumentando-o, o que caracteriza uma receita.
As companhias devem, na data do balanço, contabilizar a destinação do
lucro líquido proposta pela Administração, inclusive a Provisão para
Dividendos Propostos, que ficará registrada no Passivo Circulante.
Dessa forma, a empresa investidora deve contabilizar a correspondente
receita de dividendos proporcionalmente à sua participação nos lucros.
Exemplo:
Considere que a empresa Dora S/A mantenha, com intenção de
permanência, um investimento na empresa Tida S/A – correspondente a
5% do total de seu capital – e que tenha tomado conhecimento de que a
empresa investida destinara dividendos a seus acionistas no valor total
de R$ 500.000,00, cabendo-lhe a parcela de 5%  R$ 25.000,00. A
seguir, encontram-se: (1) a figura representativa do fluxo de valores
entre elementos do patrimônio, referentes ao fato acima descrito, e (2)
o registro dos lançamentos contábeis correspondentes.

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Dora
ativo Passivo
Caixa -
Div. a receber 25.000,00

--------------PL
Inv - Tida 100.000,00

5%

Despesas Receitas Tida


ativo Passivo
rec. Div. 25.000,00 div. a pagar 500.000,00
Obrigações
Bens (+)
Direitos --------------PL

LPA 500.000,00
(500.000,00)
-

Lançamentos
a) na Tida S/A – pela destinação do resultado (dividendos a pagar)
D = LPA
C = a Dividendos a pagar 500.000,00
b) na Dora S/A – pelo reconhecimento do direito a receber dividendos
D = Dividendos a receber
C = a Receita com dividendos 25.000,00
A configuração patrimonial resultante dos fatos acima narrados e
registrados encontra-se a seguir:

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Dora
ativo Passivo
Caixa -
Div. a receber 25.000,00

--------------PL
Inv - Tida 100.000,00

5%

Despesas Receitas Tida


ativo Passivo
rec. Div. 25.000,00 div. a pagar 500.000,00
Obrigações
Bens (+)
Direitos --------------PL

LPA -

4.1.4.2 Regra especial – redução do investimento


Conforme visto acima, normalmente, o surgimento do direito ao
recebimento de dividendos deve ser considerado como receita. Todavia,
pode ocorrer uma situação em que são recebidos dividendos referentes
a lucros que já haviam sido apurados pela empresa investida em
períodos anteriores à aquisição do investimento e que estavam
registrados em lucros acumulados ou reservas. De fato, nessa
circunstância, estes dividendos foram “comprados” junto com as ações,
ou seja, no preço pago pelas ações (registrado como custo do
investimento) já consta o valor dos dividendos, ainda não distribuídos.
Nesse caso, o recebimento de dividendos não corresponde a uma receita
(um efetivo aumento do patrimônio), mas apenas ao fato de que o
investidor está “destrocando” parte do valor pago pelo investimento por
moeda.
Utilizando-se um critério prático, se o pagamento ou crédito se der num
prazo de até seis meses após a aquisição da participação, o valor
recebido será creditado à conta do investimento. Trata-se de uma
presunção de que o lucro então distribuído não foi gerado após a
aquisição do investimento e, portanto, já fazia parte do patrimônio da
empresa investida quando da aquisição da participação societária
(compondo o valor por ela pago), introduzida pelo art. 20 do Decreto-lei
n° 2.072, de 1983, a seguir:
Art. 2º Os lucros ou dividendos recebidos pela pessoa
jurídica, em decorrência de participação societária avaliada
pelo custo de aquisição, adquirida até seis meses antes da

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data da respectiva percepção, serão registrados pelo
contribuinte como diminuição do valor do custo e não
influenciarão as contas de resultado.
Didaticamente, podemos ilustrar a situação acima referida com uma
metáfora, referente à criação e a comercialização de gado.
Seja um determinado criador que adquiriu uma vaquinha pelo valor de
R$ 1.000,00. Considere que essa vaquinha tenha ido – distraidamente
– pastar perto da cerca do vizinho, que tinha um touro, e que esse touro
tenha “pulado a cerca”, brincado com a vaquinha e, depois, voltado para
casa. Como o período de gestação da vaca é de aproximadamente 9
(nove) meses, 10 meses após sua aquisição, a vaquinha tem um
bezerro. Vamos analisar esse fato do ponto de vista patrimonial: o valor
do direito ao bezerro recém nascido “cai do céu”, de “pára-quedas”, no
“colo” do patrimônio do criador – aumentando-o, o que caracteriza uma
receita.
Seja um outro criador, que também adquiriu uma vaquinha pelo valor
de R$ 1.400,00. Considere, ainda, que 3 meses depois essa vaquinha
tenha dado a luz a um bezerro. Como o período de gestação da vaca é
de aproximadamente 9 (nove) meses, conclui-se que, no momento que
o criador adquiriu a vaquinha, o bezerro já estava em seu ventre –
assim, o valor de R$ 1.400,00 pago foi referente a aquisição não
somente da vaquinha, mas também do bezerro, que estava na sua
barriga. Portanto, o nascimento do bezerro não pode representar um
efetivo aumento do patrimônio do criador, pois o criador já havia pago
pelo bezerro, quando da aquisição da vaquinha. Vamos analisar esse
fato do ponto de vista patrimonial: o valor do direito ao bezerro recém
nascido não “cai do céu”, de “pára-quedas”, no “colo” do patrimônio do
criador, mas apenas se desprende do valor antes registrado como sendo
apenas referente à vaquinha e, assim, a vaquinha (sem bezerro na
barriga) fica valendo R$ 1.000,00 e o bezerro (que saiu da barriga da
vaquinha) fica valendo R$ 400,00.
Entendido o conceito, a partir das idéias contidas nas metáforas acima,
a seguir, encontra-se proposto um exemplo ilustrativo.
Seja a empresa Dora S/A, que adquiriu por R$ 100.000,00, com
intenção de permanência, um investimento na empresa Tida S/A –
correspondente a 5% do total de seu capital. Três meses após essa
aquisição, a empresa Dora S/A tomou conhecimento de que a empresa
investida destinara dividendos a seus acionistas no valor total de R$
500.000,00, cabendo-lhe a parcela de 5%  R$ 25.000,00. A seguir,
encontram-se: (1) a figura representativa do fluxo de valores entre
elementos do patrimônio, referentes ao fato acima descrito, e (2) o
registro dos lançamentos contábeis correspondentes.

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Dora
ativo Passivo
Caixa -
Div. a receber 25.000,00

--------------PL
Inv - Tida 100.000,00
(25.000,00)
75.000,00
5%

Despesas Receitas Tida


ativo Passivo
div. a pagar 500.000,00
Obrigações
Bens (+)
Direitos --------------PL

LPA 500.000,00
(500.000,00)
-

Lançamentos
a) na Tida S/A – pela destinação do resultado (dividendos a pagar)
D = LPA
C = a Dividendos a pagar 500.000,00
b) na Dora S/A – pelo reconhecimento do direito a receber dividendos
D = Dividendos a receber
C = a Investimentos permanentes - Tida 25.000,00
A configuração patrimonial resultante dos fatos acima narrados e
registrados encontra-se a seguir:

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Dora
ativo Passivo
Caixa -
Div. a receber 25.000,00

--------------PL
Inv - Tida 75.000,00

5%

Despesas Receitas Tida


ativo Passivo
div. a pagar 500.000,00
Obrigações
Bens (+)
Direitos --------------PL

LPA -

4.2 Método da Equivalência Patrimonial


Visto o método do custo, passamos a estudar o método da equivalência
patrimonial. Trata-se de um assunto da maior importância por vários
motivos: (1) é – sempre – questão certa em provas de concurso; (2) é
importante do ponto de vista patrimonial, pois se refere a grandes
investimentos e (3) seu conhecimento é de vital importância para
entendimento da tributação de pessoas jurídicas. Nesse item será
apresentado o conceito de equivalência patrimonial, serão apresentados
os critérios de identificação dos investimentos sujeitos ao método e será
estudado o modelo de aplicação do método – em diferentes situações.

4.2.1 Conceito
Dado que o método do custo é a regra básica de avaliação de
investimentos em participações permanentes (por consistir em mera
aplicação do Princípio Fundamental de Contabilidade do Registro pelo
Valor Original), o método da Equivalência Patrimonial é a exceção –
aplicável apenas a investimentos especiais (considerados importantes).
Trata-se de uma exceção expressa ao princípio contábil citado, prevista
pela Lei das S/A, em seu art. 248, reproduzido em parte a seguir:
Art. 248. No balanço patrimonial da companhia, os
investimentos ... serão avaliados pelo valor de patrimônio
líquido, de acordo com as seguintes normas:

II - o valor do investimento será determinado mediante a
aplicação, sobre o valor de patrimônio líquido referido no

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número anterior, da porcentagem de participação no
capital da coligada ou controlada;
Através do método de avaliação pela equivalência patrimonial, a
empresa investidora reconhece como valor de seu investimento
(participações permanentes – ações ou cotas do capital da empresa
investida) uma parcela do valor do patrimônio líquido da empresa
investida. Essa parcela é calculada através da multiplicação do valor do
patrimônio líquido da empresa investida pelo percentual de participação
(ou seja, pelo percentual de ações ou cotas de capital da empresa
investida na titularidade da empresa investidora em relação ao total),
conforme tabela a seguir:
Apuração do valor do investimento em participações societárias pelo método da equivalência patrimonial
(. ) Quantidade de ações ou cotas da empresa investida na capital de titularidade da empresa investidora
(/ ) Quantidade total de ações ou cotas de capital da empresa investida
(=) Percentual de participação

(. ) Valor contábil do Patrimônio Líquido da empresa investida


(*) Percentual de participação
(=) Valor pré-definido do investimento

No mesmo sentido, a IN CVM 247, de 1996 dispõe em seu art. 9o:


Art. 9º - O valor do investimento, pelo método da
equivalência patrimonial, será obtido mediante o seguinte
cálculo:
I - Aplicando-se a percentagem de participação no capital
social sobre o valor do patrimônio líquido da coligada e da
controlada; e
II - Subtraindo-se, do montante referido no inciso I, os
lucros não realizados, conforme definido no § 1º deste
artigo, líquidos dos efeitos fiscais.
O método é denominado “método da equivalência” pelo fato de seu
cálculo basear-se no valor do Patrimônio líquido da coligada ou
controlada, sendo o valor do investimento determinado no final do
exercício mediante a aplicação, sobre o valor do patrimônio líquido da
investida, da porcentagem de participação em seu capital.
Para fins de esclarecimento acerca da definição acima, apresentamos o
seguinte exemplo.
Seja uma empresa investida – Tida S/A, com as seguintes
características:
- capital dividido em 1.000.000 (um milhão) de ações;
- patrimônio líquido no valor total de R$ 250.000,00.
Considerando que a empresa investidora – Dora S/A – seja a titular de
500.000 ações de emissão da empresa investida Tida S/A, calcula-se o

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valor do investimento de Dora S/A em participações societárias
permanentes (relativas a Tida S/A) pelo método da equivalência
patrimonial, conforme tabela abaixo.
Apuração do valor do investimento em participações societárias pelo método da equivalência patrimonial
(. ) Quantidade de ações ou cotas da empresa investida na capital de titularidade da empresa investidora 500.000
(/ ) Quantidade total de ações ou cotas de capital da empresa investida 1.000.000
(=) Percentual de participação 50,00%

(. ) Valor contábil do Patrimônio Líquido da empresa investida 250.000,00


(*) Percentual de participação 50,00%
(=) Valor pré-definido do investimento 125.000,00

A figura a seguir ilustra o exemplo acima proposto:

Dora
ativo Passivo

--------------PL
Inv - Tida 125.000,00

50%

Despesas Receitas Tida


ativo Passivo

--------------PL

Total do PL 250.000,00

Despesas Receitas

Em suma, a empresa investidora adquire títulos representativos do


capital da empresa investida (em quotas ou ações), porém passa a fazer
jus a uma parte de todo seu patrimônio líquido.
Como conseqüência da definição acima, variando o valor do Patrimônio
Líquido da empresa investida, variará o valor da participação societária
na detentora das ações ou quotas representativas do capital.

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Assim, pelo método da equivalência patrimonial, se uma empresa
investidora adquire 50% das ações que compõem o Capital Social de
outra empresa – investida – (como no caso do exemplo antes proposto),
ela efetivamente passa a ter direito a 50% do Patrimônio líquido da
investida. É por esse valor proporcional que a participação societária
estará sempre registrada no ativo da investidora. Como o Patrimônio
Líquido da empresa investida tende a se alterar no tempo,
principalmente pela geração de resultados (lucros ou prejuízos)4, a
investidora deverá periodicamente efetuar registros de ajustes, de tal
forma que o valor contábil de seu investimento seja sempre igual a 50%
do Capital Próprio (patrimônio líquido) da investida.
Com o intuito de esclarecer – didaticamente – o conceito aqui tratado,
utilizamos uma metáfora, a metáfora da “sanfona”, a seguir
apresentada.
Considere que o patrimônio líquido da empresa investida seja
representado por uma sanfona (um acordeão, por exemplo) e que o
investimento – no ativo da empresa investidora – seja representado
também por uma sanfona (um bandoneon, menor que o acordeão, visto
que o investimento é avaliado como um percentual do patrimônio líquido
da empresa investida). Assim, há dois sanfoneiros: (1) o do acordeão,
que abre e fecha o fole do instrumento à medida que o patrimônio
líquido da empresa investida aumenta (geralmente por lucros) ou
diminui (geralmente por prejuízos) e (2) o do bandoneon que, seguindo
o primeiro sanfoneiro, abre e fecha o pequeno fole de seu instrumento
ao mesmo tempo e na mesma proporção. Pelo método da equivalência
patrimonial, a proporção tem que, sempre, ser mantida, “senão os
sanfoneiros desafinam”.

4.2.2 Investimentos sujeitos ao método de equivalência patrimonial


Seguindo uma abordagem tradicional, poderíamos apresentar este item
a partir de sua base legal/normativa, conforme a seguir.
O caput do art. 248 da Lei das S/A determina que estejam sujeitos ao
método da equivalência patrimonial os investimentos relevantes em
coligadas ou em controlada nas quais haja participação de no mínimo
20% ou influência. A seguir, encontra-se reproduzido o citado artigo:
Art. 248. No balanço patrimonial da companhia, os
investimentos relevantes (artigo 247, parágrafo único) em
sociedades coligadas sobre cuja administração tenha
influência, ou de que participe com 20% (vinte por cento)
ou mais do capital social, e em sociedades controladas,

4
Sobre o assunto, ver o tópico fechamento do exercício – já tratado neste curso.

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serão avaliados pelo valor de patrimônio líquido, de acordo
com as seguintes normas:
I - o valor do patrimônio líquido da coligada ou da
controlada será determinado com base em balanço
patrimonial ou balancete de verificação levantado, com
observância das normas desta Lei, na mesma data, ou até
60 (sessenta) dias, no máximo, antes da data do balanço
da companhia; no valor de patrimônio líquido não serão
computados os resultados não realizados decorrentes de
negócios com a companhia, ou com outras sociedades
coligadas à companhia, ou por ela controladas;
II - o valor do investimento será determinado mediante a
aplicação, sobre o valor de patrimônio líquido referido no
número anterior, da porcentagem de participação no
capital da coligada ou controlada;
III - a diferença entre o valor do investimento, de acordo
com o número II, e o custo de aquisição corrigido
monetariamente; somente será registrada como resultado
do exercício:
a) se decorrer de lucro ou prejuízo apurado na coligada ou
controlada;
b) se corresponder, comprovadamente, a ganhos ou
perdas efetivos;
c) no caso de companhia aberta, com observância das
normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários.
§ 1º Para efeito de determinar a relevância do
investimento, nos casos deste artigo, serão computados
como parte do custo de aquisição os saldos de créditos da
companhia contra as coligadas e controladas.
§ 2º A sociedade coligada, sempre que solicitada pela
companhia, deverá elaborar e fornecer o balanço ou
balancete de verificação previsto no número I.
Adicionalmente, no mesmo artigo – inciso III, “c” – acima, é deferida à
Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a expedição de normas especiais
para companhias abertas no tocante ao método da equivalência
patrimonial. A CVM expediu Instrução específica nesse sentido
(Instrução CVM 247, de 1996), determinando que, no caso de
companhias abertas, estejam sujeitos ao método os investimentos em
controladas, bem como os investimentos relevantes em coligadas em
que haja participação mínima de 20% ou relevância. A seguir, para fins
de ilustração, encontra-se reproduzido o art. 5o da citada instrução.
Art. 5º - Deverão ser avaliados pelo método da
equivalência patrimonial:
I - O investimento em cada controlada; e
II - O investimento relevante em cada coligada e/ou em
sua equiparada, quando a investidora tenha influência na

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administração ou quando a porcentagem de participação,
direta ou indireta da investidora, representar 20% (vinte
por cento) ou mais do capital social da coligada.
Essa é a apresentação clássica, foi assim que eu fui apresentado à regra
de identificação dos investimentos sujeitos ao método da equivalência
patrimonial. Entretanto, entendemos que, didaticamente, essa
abordagem não funciona.
Utilizando uma abordagem diferente, em nosso curso, vamos: (1)
apresentar, de forma clara e direta, uma série de conceitos iniciais
(controle, coligação, relevância e influência), necessários ao
entendimento da regra acima; e (2) de forma esquemática,
apresentaremos a regra acima decomposta em partes – para facilitar o
entendimento e a memorização.

4.2.2.1 Definições iniciais


Neste item serão apresentados e trabalhados conceitos definidos e
tratados pela legislação: (1) controle (direto e indireto), (2) coligação
(com a apresentação do conceito de equiparação à coligação –
introduzida pela IC CVM 247, de 1996), (3) relevância (individual e
coletiva) e (4) influência.

4.2.2.1.1 Controle
A palavra chave – para o entendimento do conceito de controle – é
“mandar”. Assim, controlar é mandar, o que permite chegar às
seguintes conclusões:
- mandar não é o mesmo que possuir e, portanto, é possível que
se controle algo que não se possua por completo (nem na maior
porcentagem);
- quem manda pode fazê-lo diretamente ou através de terceiros e,
portanto, é possível haver controle direto ou indireto.
Confirmando a idéia acima, de que controlar é mandar, o artigo 243 da
Lei das S/A, em seu parágrafo 2o estabelece o conceito de controle,
conforme abaixo:
§ 2º Considera-se controlada a sociedade na qual a
controladora, diretamente ou através de outras
controladas, é titular de direitos de sócio que lhe
assegurem, de modo permanente, preponderância nas
deliberações sociais e o poder de eleger a maioria dos
administradores.
No mesmo sentido, a IN CVM 247, em seu art. 3o, define controle nos
seguintes termos:

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Art. 3º - Considera-se controlada, para os fins desta
Instrução:
I - Sociedade na qual a investidora, diretamente ou
indiretamente, seja titular de direitos de sócio que lhe
assegurem, de modo permanente:
a) - preponderância nas deliberações sociais; e
b) - o poder de eleger ou destituir a maioria dos
administradores.
II - Filial, agência, sucursal, dependência ou escritório de
representação no exterior, sempre que os respectivos
ativos e passivos não estejam incluídos na contabilidade da
investidora, por força de normatização específica; e
III - Sociedade na qual os direitos permanentes de sócio,
previstos nas alíneas "a" e "b" do inciso I deste artigo
estejam sob controle comum ou sejam exercidos mediante
a existência de acordo de votos, independentemente do
seu percentual de participação no capital votante.
Parágrafo Único - Considera-se, ainda, controlada a
subsidiária integral, tendo a investidora como única
acionista.
Repare que ambos os textos acima reproduzidos referem que a
investidora deverá ser “titular de direitos de sócio” que lhes assegurem
“preponderância nas deliberações sociais” e “poder de eleger a maioria
dos administradores”. Ora, isso é mandar na empresa investida!
Neste item veremos os conceitos de controle direto e de controle
indireto.

4.2.2.1.1.1 Direto
Controle direto é aquele em que a empresa investidora “manda” na
administração da empresa investida diretamente, através de seu próprio
voto, na Assembléia Geral de Acionistas.
Aqui faremos uma breve referência ao Direito Societário, que determina
as condições para que alguém possa mandar na administração de uma
companhia. Assim, veremos o conceito de Assembléia Geral de
Acionistas e de ações com e sem direito a voto.
Inicialmente, cabe colocar que o órgão máximo deliberativo de uma
companhia é a Assembléia Geral de Acionistas e que ela funciona num
misto de democracia e capitalismo, pois: (1) as decisões são tomadas
pelo voto dos acionistas reunidos, mas (2) os votos dos acionistas não
têm o mesmo valor, sendo esse valor proporcional à quantidade de
ações com direito a voto da titularidade de cada acionista. Assim, resta
saber o que é ação com direito a voto.

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Com relações às espécies de ações, temos que a Lei das S/A define –
basicamente – duas espécies importantes, são elas: as ações ordinárias
e as ações preferenciais5. As ações ordinárias são as que têm direito a
voto e as preferenciais não6. No que se refere à controlada, vale a
referência de que ela também pode ser uma Limitada e que, nesse caso,
tudo o que foi dito com relação a ações com direito a voto pode ser
aplicado a cotas de capital.
A preponderância nas deliberações sociais e o poder de eleger a maioria
dos administradores de modo permanente ocorrem, normalmente e com
segurança quando a empresa investidora possui o controle acionário,
representado por mais de 50% do capital votante da outra sociedade.
Ocorre que a Lei das S/A determina a proporção mínima de ações
ordinárias componentes do capital das companhias em relação ao total
de ações.
a) Antes do advento da Lei n° 10.303, de 2001, do total de ações, no
mínimo 1/3 devia ser composto por ações ordinárias (com direito a
voto), podendo o restante ser composto com ações preferenciais,
conforme art. 15 § 2o, da Lei das S/A:
Art. 15. As ações, conforme a natureza dos direitos ou
vantagens que confiram a seus titulares, são ordinárias,
preferenciais ….
§ 2º O número de ações preferenciais sem direito a voto
ou sujeitas a restrições no exercício desse direito, não
pode ultrapassar 2/3 (dois terços) do total das ações
emitidas.
A tabela a seguir ilustra a situação acima descrita:
Tipo de ação de até
ordinária 33,33% 100%
preferencial 66,67% 0%
total 100,00% 100%
b) Após o advento da Lei n° 10.303, de 2001, do total de ações, no
mínimo metade deve ser composta por ações ordinárias (com direito a
voto), podendo o restante ser composto com ações preferenciais,
conforme art. 15 § 2o, da Lei das S/A:
Art. 15. As ações, conforme a natureza dos direitos ou
vantagens que confiram a seus titulares, são ordinárias,
preferenciais ….

5
Há também uma terceira espécie, a ação de fruição, conceito já tratado no tópico em
que foi estudado o PL e que, por não ter relevância para a matéria aqui apresentada,
não será mais referenciada.
6
Com relação aos conceitos de ação ordinária e de ação preferencial, recomenda-se a
leitura do tópico que trata do Patrimônio Líquido, já apresentado neste curso.

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§ 2o O número de ações preferenciais sem direito a voto,
ou sujeitas a restrição no exercício desse direito, não pode
ultrapassar 50% (cinqüenta por cento) do total das ações
emitidas. (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 31.10.2001)
A tabela a seguir ilustra a situação acima descrita:
Tipo de ação de até
ordinária 50,00% 100%
preferencial 50,00% 0%
total 100,00% 100%
Analisando as tabelas acima, verifica-se que, antes do advento da Lei n°
10.303, de 2001, se a empresa investida tivesse seu capital formado em
1/3 por ações ordinárias (limite mínimo previsto pela Lei das S/A) e,
conseqüentemente, em 2/3 por ações preferenciais, um investidor que
tivesse metade das ações ordinárias, mais uma, teria o controle
acionário. Exemplificando, considere um capital formado por 1.000
ações, sendo 334 ações ordinárias e 666 ações preferenciais. Nesse
caso, o investidor com 50% das ordinárias, mais uma, ou seja, com 168
ações, tem o controle acionário, no entanto possui menos do que 17%
do capital total. Isso confirma nosso conceito, de que controlar é
mandar (e não possuir).
Ainda, após o advento da Lei n° 10.303, de 2001, se a empresa
investida tivesse seu capital formado em 50% por ações ordinárias
(limite mínimo previsto pela Lei das S/A) e, conseqüentemente, em
50% por ações preferenciais, um investidor que tivesse metade das
ações ordinárias, mais uma, teria o controle acionário. Exemplificando,
considere um capital formado por 1.000 ações, sendo 500 ações
ordinárias e 500 ações preferenciais. Nesse caso, o investidor com 50%
das ordinárias, mais uma, ou seja, com 251 ações, tem o controle
acionário, no entanto possui menos do que 26% do capital total. Isso
confirma – mais uma vez – nosso conceito, de que controlar é mandar
(e não possuir).
Com relação a controle direto, a Instrução CVM n° 247, de 1996, para
companhias abertas, trata outras três situações como situações que
ensejam controle, são elas: (1) filial no exterior que não esteja incluída
na contabilidade da investidora, (2) controle comum – mediante um
acordo de acionistas e (3) subsidiária integral. Entendemos que essas
três situações são apenas casos específicos que cabem na definição de
controle já apresentada, segundo a qual a investidora deverá ser “titular
de direitos de sócio” que lhes assegurem “preponderância nas
deliberações sociais” e “poder de eleger a maioria dos administradores”.
Com relação ao primeiro caso, de filial no exterior não incluída na
contabilidade da investidora, cabem as seguintes considerações. Uma
filial não é – por definição – uma pessoa jurídica com personalidade

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própria, sendo apenas uma parte do próprio patrimônio da empresa (um
estabelecimento). Porém, se uma filial no exterior tiver que ser tratada
como uma pessoa em separado (por força do direito a ela aplicável) ela
se torna uma nova pessoa jurídica que tem por sócia a antiga matriz
(que passa a ser sua única sócia). Ora se há um único sócio, ele
“manda” na administração de seu investimento e, portanto, esse é um
caso de controle adequado a sua definição clássica.
Com relação ao segundo caso, controle comum – mediante acordo de
acionistas, cabem as seguintes considerações. O acordo de acionistas é
um contrato em que vários acionistas concordam em expressar uma
única vontade, somando votos na assembléia geral de acionistas. Nesse
caso, todos (em conjunto) são titulares de um direito que lhes assegura
a preponderância nas deliberações sociais e o poder de eleger a maioria
dos administradores, o que também se adequa ao conceito de controle.
Com relação ao terceiro caso, subsidiária integral (conceito previsto no
art. 251 da Lei das S/A), cumpre referir que a investidora é a única
acionista da subsidiária. Ora se há um único sócio, ele “manda” na
administração de seu investimento e, portanto, trata-se de controle.
Abaixo, encontram-se apresentadas algumas figuras exemplificativas de
situações em que ocorre controle direto: (1) subsidiária integral, (2)
titularidade de mais da metade das ações com direito a voto e (3)
controle conjunto.

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Exemplos de controle direto

1 - Subsidiária integral
Investidora

100% do capital

Investida
subsidiária integral

2 - Titularidade da maioria das ações com direito a voto


Investidora

mais do que 50% do capital votante

Investida
Controlada direta

3 - controle comum
Sócio Sócio Sócio

Acordo de acionistas

mais do que 50% do capital votante

Investida
Controle comum

4.2.2.1.1.2 Indireto
Quanto ao controle, cumpre referir que ele pode ser exercido de forma
indireta. Esse aspecto é mencionado especificamente, no art. 243, a Lei
das S/A, que se refere a controle “diretamente ou através de outras
controladas” e, no mesmo sentido, a Instrução CVM 247, de 1996, se
refere a controlar “diretamente ou indiretamente”.
O conceito de controle indireto está de acordo com a idéia de que
controlar é “mandar”. Isso ocorre porque nada impede que uma pessoa
possa mandar em outra através de terceiros. Exemplificando, esse é o
caso de um General que, sem nunca ter dado uma ordem direta a um
soldado teve sua vontade sempre obedecida pela tropa, durante toda a
batalha. Isso ocorre porque o General pode dar ordens a seus
subordinados, oficiais, que as transmitem aos soldados.

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Para entender o mecanismo que permite o controle indireto no âmbito
de uma S/A, faz-se necessário voltar ao conceito de Assembléia Geral
de Acionistas, onde são tomadas as decisões mais importantes da
companhia. Na Assembléia cada acionista tem o direito de apresentar
seu voto quanto às importantes questões nela tratadas (eleição dos
órgãos de administração, destinação dos resultados, aumento ou
redução de capital, etc.). Entretanto, se uma empresa investidora (Dora
S/A) controla uma empresa intermediária (Interm S/A) e esta última
controla a empresa investida (Tida S/A), o voto que a empresa
intermediária irá apresentar na Assembléia de Acionistas da empresa
investida será “controlado” pela vontade da empresa investidora (Dora
S/A). Isso ocorre porque os administradores da empresa intermediária
foram escolhidos pela empresa investidora.
Vejamos os seguintes exemplos de controle indireto, considerando
sempre as percentagens apresentadas como percentagens do capital
votante.
Exemplo 1:
Suponha que a empresa A titular de 100% das ações de emissão da
empresa B (ou seja, B é subsidiária integral de A). Assim, B é
controlada direta de A. Suponha, ainda, que a empresa B tenha um
investimento numa empresa C correspondente a 90% de seu capital
votante. Nessa situação, C é controlada indireta de A e controlada
direta de B.
A seguir, encontra-se figura ilustrativa do exemplo acima descrito.

Empresa A

100% do capital votante


controle
indireto Empresa B

90% do capital votante


controle direto
Empresa C

Exemplo 2:
A empresa A é titular de 70% do capital votante da empresa B; logo B é
controlada direta de A. A empresa A é, também, titular de 20% do
capital votante da empresa C. Adicionalmente, a empresa B é titular de
40% do capital votante da empresa C.

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Nessa situação, verifica-se que a empresa A tem poder direto sobre
20% dos votos na Assembléia de Acionistas da empresa C e também
sobre 40%, indiretamente, através da empresa B. Logo, conclui-se que
a empresa C é controlada indiretamente por A.
A seguir, encontra-se figura ilustrativa do exemplo acima descrito.

A Terceiros

70% 20% 40%

B C

40%

Importante! Esse ponto é explorado pelo examinador! Cuidado! Ele vai


tentar induzir o estudante a erro!
40% de 70% representam apenas o percentual de 28%, que, somado
ao percentual de 20% referente ao capital votante da empresa C, de
que a empresa A é diretamente titular, resulta em – somente – 48%. O
percentual de 48% é inferior a metade e isso poderia levar à conclusão
equivocada de que a empresa A não seria controladora indireta da
empresa C, mas esse pensamento está errado!
Com efeito, não importa o resultado da multiplicação de 40% por 70%
essa multiplicação somente tem o efeito de demonstrar o quanto do
patrimônio da empresa C é devido à empresa A por sua participação na
empresa B. Ocorre que o conceito de controle não se confunde com o
conceito de propriedade, em outras palavras, controlar é mandar e não
necessariamente possuir.
De fato, na assembléia de acionistas da empresa C, o que predomina é
a vontade da empresa A, pela soma da totalidade de seus votos (20%)
com a totalidade dos votos de sua controlada (40%), que juntos
perfazem um total de 60%.

É mister enfatizar que, que a empresa A seja titular de apenas 60% do


capital da empresa B ela a controla por completo. Controle é como
gravidez: não existe pessoa 60% grávida, existe grávida ou não-
grávida; da mesma forma, não existe pessoa 60% controlada, existe
controlada ou não-controlada. A empresa B, no exemplo, é totalmente
controlada pela empresa A, visto que esta é titular (direta ou

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indiretamente) de 60% das ações com direito a voto de emissão da
empresa B.
Enfim, o importante é o conceito de controle e não de propriedade.
Apenas 48% do patrimônio da empresa C pertence (proporcionalmente)
à empresa A, mas esta empresa A é controladora da empresa C por
completo (ainda que indiretamente).

4.2.2.1.2 Coligação
O conceito de coligação é o de “possuir muito sem, contudo, mandar”.
O artigo 243 da Lei das S/A, em seu parágrafo 1o estabelece que são
coligadas as sociedades quando uma participa, com 10% ou mais, do
capital da outra, sem controlá-la, conforme a seguir reproduzido:
§ 1º São coligadas as sociedades quando uma participa,
com 10% (dez por cento) ou mais, do capital da outra,
sem controlá-la.
No mesmo sentido, a Instrução CVM define coligação em seu art. 2o,
caput, conforme abaixo:
Art. 2º - Consideram-se coligadas as sociedades quando
uma participa com 10% (dez por cento) ou mais do capital
social da outra, sem controlá-la.
Uma empresa, portanto, é coligada de outra sempre que uma tenha
participação de, no mínimo, 10% o capital da outra, sem, no entanto,
controlá-la. No que se refere a coligadas, a legislação não faz qualquer
referência ao tipo de ação de que se constitui a participação, podendo
ser ações ordinárias, com direito a voto, ou mesmo preferenciais, sem
ou com esse direito, ou mesmo com outras restrições. Cabe ainda notar
que a menção da lei é genérica em termos da participação, abrangendo
as sociedades como um todo, podendo, portanto, ser Sociedades por
Ações ou Limitadas.
Outro ponto importante é que a Lei das S/A não faz menção sobre
participações indiretas, concluindo-se que as empresas são coligadas
somente por participações diretas. Essa conclusão está de acordo com
nossa proposta de apresentação do conceito de coligação “possuir muito
sem, contudo, mandar”, pois, não é possível possuir indiretamente.
Diferentemente do que ocorre para sociedades em geral, nos termos da
Lei das S/A, para companhias de capital aberto, a Instrução CVM cria a
figura da “equiparação à coligação”, no parágrafo único do art. 2o da
Instrução CVM n° 247, de 1996:
Parágrafo Único - Equiparam-se às coligadas, para os fins
desta Instrução:

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a) - as sociedades quando uma participa indiretamente
com 10% (dez por cento) ou mais do capital votante da
outra, sem controlá-la;
b) - as sociedades quando uma participa diretamente com
10% (dez por cento) ou mais do capital votante da outra,
sem controlá-la, independentemente do percentual da
participação no capital total.
Assim, quando houver participação em 10% ou mais do capital votante
da outra (seja essa participação direta ou indireta), duas sociedades –
que não são coligadas – têm tratamento como se coligadas fossem, para
fins de aplicação do método da equivalência patrimonial.
É importante diferenciar a idéia de participação indireta da idéia de
controle indireto. Conforme já foi explicado acima, o controle indireto
se dá através de outras controladas e, independentemente do
percentual de participação da investidora na controlada, uma vez
controlada ela será controlada por completo (não existe meio controle).
Ao contrário, a participação indireta se dá através de outras empresas e
é apurada através da multiplicação do percentual de participação da
empresa investidora em sociedade intermediária pelo percentual de
participação da sociedade intermediária na empresa investida.

4.2.2.1.3 Relevância
O conceito de relevância deve ser apreendido a partir da idéia de
“importância”. Nesse sentido, um mesmo valor, que pode ser relevante
(“importante”) para uma pessoa, pode ser irrelevante para outra.
Tomemos como exemplo a quantia de R$ 100,00. Para um mendigo
essa quantia seria, indubitavelmente, relevante. Ocorre que para o Bill
Gates (o homem mais rico do mundo) essa quantia seria irrelevante.
Transplantando o exemplo acima para o Direito Societário, podemos
dizer que é relevante um investimento cujo valor seja significativo, em
comparação com o patrimônio da empresa investidora.
A definição de relevância é dada pelo parágrafo único do artigo 247 da
Lei das S/A que considera individualmente relevante o investimento em
cada sociedade coligada ou controlada, se o valor contábil é igual ou
superior a dez por cento do valor do patrimônio líquido da companhia ou
coletivamente o investimento no conjunto de sociedades coligadas e
controladas, se o valor contábil é igual ou superior a quinze por cento do
valor do patrimônio líquido da companhia. A seguir, para fins de
clareza, encontra-se reproduzido o citado parágrafo:
Parágrafo único. Considera-se relevante o investimento:

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a) em cada sociedade coligada ou controlada, se o valor
contábil é igual ou superior a 10% (dez por cento) do valor
do patrimônio líquido da companhia;
b) no conjunto das sociedades coligadas e controladas, se
o valor contábil é igual ou superior a 15% (quinze por
cento) do valor do patrimônio líquido da companhia.
No mesmo sentido, a Instrução CVM define relevância, em seu art. 4o,
abaixo:
Art. 4º - Considera-se relevante o investimento:
I - Quando o valor contábil do investimento em cada
coligada for igual ou superior a 10% (dez por cento) do
patrimônio líquido da investidora; ou
II - Quando o valor contábil dos investimentos em
controladas e coligadas, considerados em seu conjunto, for
igual ou superior a 15% (quinze por cento) do patrimônio
líquido da investidora.
§ 1º - O valor contábil do investimento em coligada e
controlada abrange o custo de aquisição mais a
equivalência patrimonial e o ágio não amortizado, deduzido
do deságio não amortizado e da provisão para perdas.
§ 2º - Para determinação dos percentuais referidos nos
incisos I e II deste artigo, ao valor contábil do
investimento deverá ser adicionado o montante dos
créditos da investidora contra suas coligadas e
controladas.
Visto que a relevância do investimento é verificada através da
comparação do valor do patrimônio líquido da investidora e com o valor
do investimento, faz-se necessário definir – com precisão – a maneira
de apuração desses dois valores. Quanto ao valor do patrimônio líquido
da investidora, não há maiores dificuldades, pois se trata do valor
contábil nele registrado. A questão, portanto, se resume à avaliação do
valor do investimento.
O parágrafo 2º do artigo 4º da IN CVM 247, de 1996, acima transcrito
contempla que, na determinação da relevância, sejam incluídos os
créditos da investidora contra suas coligadas/controladas.
Conceitualmente, devem ser incluídos neste cálculo os créditos de
natureza não operacional, tais como os adiantamentos para futuro
aumento de capital e os empréstimos. Tendo em vista que o que se
procura alcançar com esta disposição são os investimentos que não
estejam sob forma de ações, os créditos operacionais normais, tais
como contas a receber, não devem ser considerados.
Assim, quando da avaliação da relevância, devem ser somados ao valor
do investimento o ágio ou deságio, a provisão para perda em
investimentos e os créditos da investidora junto à investida, tais como:

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• mútuos;
• adiantamentos para futuro aumento de Capital;
• valores a receber provenientes da venda de bens e direitos
integrantes do Ativo Permanente, etc.
A seguir apresentamos um exemplo que ilustra o conceito acima.
A empresa investidora Dora S/A, cujo Patrimônio líquido, na data do
Balanço, é de R$ 100.000,00, registra no seu Ativo uma participação
societária na coligada Tida S/A, com as seguintes características:
- custo do investimento 21.000,00
- provisão para perda correspondente 6.000,00
- empréstimo 3.000,00
- duplicatas a receber, por vendas a prazo 2.500,00
Para verificar a relevância do seu investimento da empresa Dora S/A no
capital da empresa Tida S/A, são necessários os seguintes cálculos:
a) valor contábil
custo 21.000,00
(-) provisão para perdas (6.000,00)
(=) valor contábil 15.000,00
b) créditos junto à investida
empréstimo 3.000,00
(+) duplicatas a receber - (*)
(=) total de créditos 3.000,00
c) valor do investimento
valor contábil 15.000,00
(+) total de créditos 3.000,00
(=) investimento total 18.000,00

(*) duplicatas a receber não são computadas por serem de natureza operacional

Assim, no caso acima o investimento é relevante, porque ultrapassa o


percentual de 10% do valor do patrimônio líquido da empresa
investidora:
PL da investidora 100.000,00
(*) 10% 10%
(=) Valor de comparação 10.000,00

Valor do investimento 18.000,00

conclusão: o investimento é relevante

Em uma empresa detentora de várias participações societárias, a análise


da relevância dar-se-á em duas etapas: na primeira será verificado se,
individualmente, o investimento atinge o limite de 10%, na segunda,

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tomando o conjunto dos investimentos em coligadas e controladas, será
verificado o limite de 15%. Frise-se que apenas os investimentos em
coligadas e controladas são incluídos no valor do conjunto de
investimentos para fins de relevância coletiva.
A seguir apresentamos um exemplo de empresa investidora com mais
de uma participação societária e a correspondente verificação da
relevância de cada investimento:
Seja a empresa investidora Dora S/A, cujo Patrimônio Líquido total é de
R$ 1.000.000,00 e que possui os seguintes investimentos, em coligadas
e controladas:
Empresa investida Valor contábil
do investimento

Tida 1 S/A 120.000,00


Tida 2 S/A 30.000,00
Tida 3 S/A 20.000,00
Tida 4 S/A 100.000,00
Total 270.000,00
Abaixo encontra-se tabela comparativa do valor de cada investimento
com o valor do patrimônio líquido da investidora:
Patrimônio líquido da 1.000.000,00
empresa investidora

Empresa investida Valor contábil % em relação ao relevância relevância


do investimento PL da investidora individual coletiva

Tida 1 S/A 120.000,00 12,00% sim


Tida 2 S/A 30.000,00 3,00% não
Tida 3 S/A 20.000,00 2,00% não
Tida 4 S/A 100.000,00 10,00% sim
Total 270.000,00 27,00% sim
Conclusão: apenas os investimentos em Tida 1 S/A e Tida 4 S/A são
relevantes, individualmente. Entretanto, analisados em conjunto, todos
os investimentos em coligadas e controladas da Dora S/A são
relevantes. Uma vez constatada a relevância do conjunto de
investimentos, todas as coligadas e controladas serão relevantes para
fins de avaliação pela equivalência patrimonial.

4.2.2.1.3.1 Influência

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A influência da empresa investidora, em relação à empresa investida,
deve ser entendida como a capacidade, da investidora, de “se meter” na
administração da empresa investida.
A influência geralmente ocorre por dependência financeira, tecnológica
ou mercadológica. A dependência financeira é aquela em que a
empresa investidora vende a prazo ou entrega valores, a título de
empréstimos, à empresa investida, de forma a viabilizar suas operações.
A dependência tecnológica é aquela em que a empresa investidora é
detentora de uma patente explorada pela empresa investida.
Finalmente, a dependência mercadológica se dá quando a empresa
investidora é a principal cliente ou fornecedora da empresa investida.
A influência se manifesta através de diferentes formas. Entre as formas
de influir, incluem-se: (1) a possibilidade de designação de
administradores da empresa investida, pela investidora; (2) a
participação, por parte da investidora, no Conselho de Administração e /
ou Diretoria da empresa investida; (3) a participação nos processos de
planejamento e formulação de diretrizes; e etc.
A lei das S/A não define as situações em que fica caracterizada a
influência, limitando-se a referir-se ao conceito para definir quais
investimentos estão sujeitos ao método da equivalência patrimonial.
A IN CVM 247, de 1996, no parágrafo único do artigo 5º apresenta uma
relação de fatos que caracterizam a existência de influência na
administração da coligada. Esta relação é exemplificativa, podendo
evidentemente haver outros casos não contemplados:
Parágrafo Único - Serão considerados exemplos de
evidências de influência na administração da coligada:
a) - participação nas suas deliberações sociais, inclusive
com a existência de administradores comuns;
b) - poder de eleger ou destituir um ou mais de seus
administradores;
c) - volume relevante de transações, inclusive com o
fornecimento de assistência técnica ou informações
técnicas essenciais para as atividades da investidora;
d) - significativa dependência tecnológica e/ou econômico-
financeira;
e) - recebimento permanente de informações contábeis
detalhadas, bem como de planos de investimento; ou
f) - uso comum de recursos materiais, tecnológicos ou
humanos.

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4.2.2.2 Regra de identificação dos investimentos sujeitos
ao método da EPL
Já vistos os conceitos necessários para a exata compreensão da regra
de sujeição de investimentos ao método da equivalência patrimonial, é
possível apresentá-la.
Para companhias em geral, essa regra, prevista no caput do art. 248 da
Lei das S/A, consiste em sujeitar ao método da equivalência patrimonial
os investimentos relevantes que sejam realizados em (1) controladas ou
em (2) coligadas, sendo que, no caso de coligadas, somente com a
presença de influência ou em percentual igual ou superior a 20%,
conforme a seguir:
Art. 248. No balanço patrimonial da companhia, os
investimentos relevantes (artigo 247, parágrafo único) em
sociedades coligadas sobre cuja administração tenha
influência, ou de que participe com 20% (vinte por cento)
ou mais do capital social, e em sociedades controladas,
serão avaliados pelo valor de patrimônio líquido, de acordo
com as seguintes normas:
Nas companhias abertas, segundo a IN CVM 247/96, deverão ser
avaliados pelo método da equivalência patrimonial: (1) o investimento
em cada controlada; e (2) o investimento RELEVANTE em cada coligada
e/ou em sua equiparada, quando a investidora tenha influência na
administração ou quando o percentual de participação, direta ou indireta
da investidora representar 20% ou mais do capital social da coligada.
Art. 5º - Deverão ser avaliados pelo método da
equivalência patrimonial:
I - O investimento em cada controlada; e
II - O investimento relevante em cada coligada e/ou em
sua equiparada, quando a investidora tenha influência na
administração ou quando a porcentagem de participação,
direta ou indireta da investidora, representar 20% (vinte
por cento) ou mais do capital social da coligada.
Cumpre referir que as regras acima são mandatórias, ou seja, o
investimento deve ser, alternativamente avaliado: (1) pelo método do
custo, caso não preencha os requisitos dos dispositivos normativos
acima, ou (2) pelo método da equivalência patrimonial, caso preencha
os requisitos acima. Importante! A empresa investidora não pode
escolher o método, ele está previsto em lei, de forma cogente.
Para o entendimento – didático – dessas duas regras acima, com
facilitação de sua memorização, propomos sua apresentação
esquemática e em partes, a seguir, com a utilização de uma metáfora –
a metáfora da “corrida de obstáculos”.

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Segundo essa metáfora, a regra prevista na Legislação, referente à
identificação de investimentos sujeitos ao método da equivalência
patrimonial, pode ser entendida como uma “corrida de obstáculos” que o
investimento tem que superar para chegar ao método da equivalência
patrimonial e, caso não consiga ultrapassar os obstáculos, ele “cai na
vala comum” (que é o método do custo).

4.2.2.2.1 Para sociedades em geral – Lei das S/A


A figura a seguir apresenta esquematicamente a regra do caput do art.
248 da Lei das S/A:

Obstáculo 1 Obstáculo 2 Obstáculo 3

Controlada

Investimento Relevante EPL


Influência

Coligada

Participação
>= 20%

vala comum - método do custo

Para entender a figura acima, imagine que o investimento deverá


ultrapassar 3 obstáculos para chegar ao método da equivalência
patrimonial, caso contrário, ele “cai na vala comum” (método do custo):
a) o primeiro obstáculo é ser um investimento relevante (individual ou
coletivamente), caso não seja um investimento relevante, ele “cai” no método do
custo;

b) o segundo obstáculo é ser um investimento em controlada ou em coligada – caso


seja em controlada o terceiro obstáculo será dispensado, caso seja em coligada,
ainda terá que superar o terceiro obstáculo e caso não seja em coligada ou em
controlada, “cai” no método do custo;

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c) o terceiro obstáculo, para investimentos relevantes em coligadas, é ser um
investimento em que haja influência ou em que o percentual de participação
atinja 20% - caso contrário, ele “cai” no método do custo.

4.2.2.2.2 Especialmente para Sociedades de capital aberto


A figura a seguir apresenta esquematicamente a regra do caput do art.
5o da Instrução CVM 247, de 1996:

Obstáculo 1 Obstáculo 2 Obstáculo 3

Controlada

Investimento EPL
Influência
Coligada/
Relevante
equiparada
Participação
>= 20%

vala comum - método do custo

Para entender a figura acima, imagine o investimento que deverá


ultrapassar 3 obstáculos para chegar ao método da equivalência
patrimonial, caso contrário, ele “cai na vala comum” (método do custo):
a) o primeiro obstáculo é ser um investimento em controlada ou relevante
(individual ou coletivamente), caso seja um investimento em controlada, os
demais obstáculos serão dispensados, caso seja um investimento relevante terá
que superar os dois obstáculos restantes e caso não seja um investimento em
controlada nem relevante, ele “cai” no método do custo;

b) o segundo obstáculo, somente para investimentos relevantes, é ser um


investimento em coligada, caso seja um investimento em coligada, ainda terá
que superar o terceiro obstáculo e caso não seja em coligada, “cai” no método
do custo;

c) o terceiro obstáculo, para investimentos relevantes em coligadas, é ser um


investimento em que haja influência ou em que o percentual de participação
atinja 20% - caso contrário, ele “cai” no método do custo.

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4.2.3 Aplicação do método da EPL
Agora, que já sabemos diferenciar os investimentos que devem ser
avaliados pelo método da equivalência patrimonial, daqueles sujeitos ao
método do custo, é necessário estudar as nuances da aplicação deste
método.
Assim, neste tópico, será apresentada a aplicação do método nas
seguintes situações: (1) na aquisição do investimento (inclusive com a
apuração de eventual ágio ou deságio); (2) no balanço patrimonial (em
situações comuns e em situações especiais, como PL negativo na
investida e resultados não realizados); (3) no recebimento de
dividendos e (4) na reavaliação de ativos pela investida.
Lembramos que, para fins didáticos, iremos: (1) utilizar a metáfora da
“sanfona” na aplicação do método e (2) a cada situação tratada,
apresentar exemplos e desenhar as participações.

4.2.3.1 Aplicação do método da equivalência patrimonial


na aquisição do investimento – ágio / deságio
Ao adquirir a participação societária com intenção de permanência, faz-
se necessário que a empresa investidora identifique, de imediato, a que
método de avaliação estará sujeito o investimento.
Conforme visto acima, se a avaliação se der pelo método custo, o valor
contábil do investimento é o valor por ele pago, sem registro de
qualquer ágio ou deságio referente à operação. Por outro lado, se o
investimento estiver sujeito ao método da equivalência patrimonial, o
investimento está sujeito à equivalência, haverá uma primeira avaliação
quando do registro contábil da aquisição, com registro de ágio ou
deságio eventualmente resultante da operação, que será registrado e
mantido em conta específica, sujeita à amortização, e novas avaliações
a cada Balanço Patrimonial da Investidora.
A aquisição de participação societária sujeita à equivalência patrimonial
é uma operação significativa tanto para a investidora (relevante em
relação ao valor de seu Patrimônio Líquido) como para a investida (em
relação ao percentual de seu Capital Social que está sendo negociado).
Faz-se necessário que uma operação de tal importância seja precedida
do levantamento do balanço (por parte da investida) com, no máximo,
defasagem de 60 dias de balanço patrimonial. A investidora deverá
comparar o valor efetivamente despendido na operação de aquisição da
participação com o valor patrimonial das ações ou quotas, tomando
como base o valor do Patrimônio Líquido da investida constante desse
Balanço Patrimonial.

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Este procedimento evidenciará a existência de ágio ou deságio na
aquisição.
Já foi esclarecido, neste curso, que ágio é um valor pago a maior (e
deságio um valor pago a menor) com relação a um valor pré-definido,
para algum bem. Portanto, ágio ou deságio na aquisição de
participações societárias (avaliadas pelo método da equivalência
patrimonial) são diferenças para mais ou para menos, existentes entre o
valor de aquisição de um investimento e o valor patrimonial das ações
ou quotas adquiridas, pois esse é seu valor pré-definido (o valor do PL
da empresa investida, multiplicado pelo percentual de participação).
Resumidamente:
- Ágio – ocorre quando o valor pago pelo investimento excede ao
valor patrimonial do investimento.
- Deságio – ocorre quando o valor pago pelo investimento é
menor que o valor patrimonial do investimento.
Um ponto importante é entender a razão pela qual o ágio é registrado
como um ativo e o deságio como uma conta retificadora do ativo,
porque é normal – para leigos – a idéia – ERRADA – de que o ágio deva
ser visto como uma perda (uma despesa) e o deságio como um ganho
(receita). Nesse sentido, cabe colocar que (1) o ágio é um valor
pago, pela empresa investidora, superior ao valor patrimonial do
investimento adquirido, para que ela tenha direito a algo, e que o
direito a esse “algo”, pelo qual a empresa investidora pagou, é
denominado “fundamento” do ágio; (2) o deságio é um valor pago a
menor, porque a empresa investidora – por adquirir o investimento –
deverá suportar um ônus que pesa sobre o investimento adquirido, e
que essa obrigação de suportar o ônus é denominada “fundamento” do
deságio.
Assim, na apresentação do Balanço Patrimonial, as contas que registram
o ágio ou o deságio virão logo abaixo da conta representativa do
investimento a que se refere; sendo que a conta relativa ao ágio deverá
ser apresentada com sinal positivo e a relativa ao deságio, com sinal
negativo.
Portanto, faz-se necessário que a investidora fundamente
economicamente a ocorrência do ágio ou deságio, os fundamentos
podem ser:
a) valor de mercado de bens do ativo da coligada ou controlada
superior ou inferior ao custo registrado na sua contabilidade;
b) valor de rentabilidade da coligada ou controlada, com base em
previsão dos resultados nos exercícios futuros (A CVM inclui
também, no item “b”, uma situação especial de rentabilidade

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futura, trata-se do ágio relativo à aquisição de participação
societária em empresa que tenha direito de exploração,
concessão ou permissão, delegados pelo Poder Público);
c) fundo de comércio, intagíveis e outras razões econômicas (tanto
a doutrina contábil, quanto a IN CVM 247, de 1996, criticam a
classificação deste terceiro tipo de ágio/deságio, sob o
argumento de que todas as razões podem ser resumidas nas
duas situações acima e que, assim, teríamos um ágio sem
razão).
Nos casos dos fundamentos previstos nas alíneas A e B, acima, a
investidora deverá manter um demonstrativo arquivado como
comprovante da escrituração. Se decorrer de valor de bens na
investida, o demonstrativo deverá permitir a identificação da parcela de
sobrevalor imputada a cada bem.
A fundamentação para esses conceitos se encontra tanto na legislação
tributária quanto na IN CVM 247/96. A seguir, para fins de clareza,
encontram-se reproduzidos ambos os dispositivos normativos acima
referidos:
a) IN CVM 247, de 1996, arts. 13 a 15:
Art. 13 - Para efeito de contabilização, o custo de aquisição
de investimento em coligada e controlada deverá ser
desdobrado e os valores resultantes desse desdobramento
contabilizados em sub-contas separadas:
I - Equivalência patrimonial baseada em demonstrações
contábeis elaboradas nos termos do art. 10; e
II - Ágio ou deságio na aquisição ou na subscrição,
representado pela diferença para mais ou para menos,
respectivamente, entre o custo de aquisição do
investimento e a equivalência patrimonial.
Art. 14 - O ágio ou deságio computado na ocasião da
aquisição ou subscrição do investimento deverá ser
contabilizado com indicação do fundamento econômico que
o determinou.
§ 1º - O ágio ou deságio decorrente da diferença entre o
valor de mercado de parte ou de todos os bens do ativo da
coligada e controlada e o respectivo valor contábil, deverá
ser amortizado na proporção em que o ativo for sendo
realizado na coligada e controlada, por depreciação,
amortização, exaustão ou baixa em decorrência de
alienação ou perecimento desses bens ou do investimento.
§ 2º - O ágio ou o deságio decorrente da diferença entre o
valor pago na aquisição do investimento e o valor de
mercado dos ativos e passivos da coligada ou controlada,
referido no parágrafo anterior, deverá ser amortizado da
seguinte forma. (NR)*

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a) - o ágio ou o deságio decorrente de expectativa de
resultado futuro no prazo, extensão e proporção dos
resultados projetados, ou pela baixa por alienação ou
perecimento do investimento, devendo os resultados
projetados serem objeto de verificação anual, a fim de que
sejam revisados os critérios utilizados para amortização ou
registrada a baixa integral do ágio; e
b) - o ágio decorrente da aquisição do direito de
exploração, concessão ou permissão delegadas pelo Poder
Público no prazo estimado ou contratado de utilização, de
vigência ou de perda de substância econômica, ou pela
baixa por alienação ou perecimento do investimento.
§ 3º - O prazo máximo para amortização do ágio previsto
na letra "a" do parágrafo anterior não poderá exceder a
dez anos;(NR)*
§ 4º - Quando houver deságio não justificado pelos
fundamentos econômicos previstos nos parágrafos 1º e 2º,
a sua amortização somente poderá ser contabilizada em
caso de baixa por alienação ou perecimento do
investimento.
§ 5º - O ágio não justificado pelos fundamentos
econômicos, previstos nos parágrafos 1º e 2º, deve ser
reconhecido imediatamente como perda, no resultado do
exercício, esclarecendo-se em nota explicativa as razões
da sua existência.
Art. 15 - Na elaboração do balanço patrimonial da
investidora, o saldo não amortizado do ágio ou deságio
deve ser apresentado no ativo permanente, adicionado ou
reduzido, respectivamente, à equivalência patrimonial do
investimento a que se referir.
b) Decreto 3.000, de 1999, art. 385:
Art. 385. O contribuinte que avaliar investimento em
sociedade coligada ou controlada pelo valor de patrimônio
líquido deverá, por ocasião da aquisição da participação,
desdobrar o custo de aquisição em (Decreto-Lei nº 1.598,
de 1977, artigo 20):
I - valor de patrimônio líquido na época da aquisição,
determinado de acordo com o disposto no artigo seguinte;
e
II - ágio ou deságio na aquisição, que será a diferença
entre o custo de aquisição do investimento e o valor de
que trata o inciso anterior.
§ 1º O valor de patrimônio líquido e o ágio ou deságio
serão registrados em subcontas distintas do custo de
aquisição do investimento (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977,
artigo 20, § 1º).

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§ 2º O lançamento do ágio ou deságio deverá indicar,
dentre os seguintes, seu fundamento econômico (Decreto-
Lei nº 1.598, de 1977, artigo 20, § 2º):
I - valor de mercado de bens do ativo da coligada ou
controlada superior ou inferior ao custo registrado na sua
contabilidade;
II - valor de rentabilidade da coligada ou controlada, com
base em previsão dos resultados nos exercícios futuros;
III - fundo de comércio, intangíveis e outras razões
econômicas.
§ 3º O lançamento com os fundamentos de que tratam os
incisos I e II do parágrafo anterior deverá ser baseado em
demonstração que o contribuinte arquivará como
comprovante da escrituração (Decreto-Lei nº 1.598, de
1977, artigo 20, § 3º).

Os valores correspondentes ao ágio ou deságio serão registrados em


contas próprias, distintas do investimento. Seus valores serão
amortizados, transformando-se em despesas (no caso de compra de
investimento com ágio) ou receitas (no caso de deságio), à medida que
os fundamentos econômicos se realizam. A amortização do ágio ou do
deságio será vista em item próprio adiante.
A seguir, serão apresentados exemplos de aquisição de investimento
com e sem ágio/deságio.

4.2.3.1.1 Exemplo de aquisição de investimento sem ágio


nem deságio
Seja a seguinte situação inicial: (1) a empresa Dora S/A, com R$
500.000,00 em caixa e não possuindo participações societárias; (2) a
empresa Tida S/A, com patrimônio líquido de R$ 1.000.000,00. A figura
a seguir ilustra a situação inicial proposta:

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Dora
ativo Passivo Atuais sócios
Caixa 500.000,00

--------------PL
Inv - Tida -

100%
0%

Despesas Receitas Tida


ativo Passivo

Obrigações
Bens (+)
Direitos --------------PL

Total do PL 1.000.000,00

Considere que Dora S/A deseje adquirir 50% das ações representativas
do capital de Tida S/A, dos atuais sócios e que essa participação
adquirida seja avaliada pelo método da equivalência patrimonial. Nessa
situação, ocorrerá o seguinte:
- o investimento deverá ser avaliado pelo valor de R$ 500.000,00
PL de Tida S/A 1.000.000,00
(*) percentual de participação adquirida 50%
(=) valor esperado para o investimento 500.000,00

- o valor pago pelo investimento também será de R$ 500.000,00


A figura abaixo ilustra o fato acima descrito.

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Dora
ativo Passivo
Demais sócios
Caixa 500.000,00
(500.000,00)
-
--------------PL
Inv - Tida 500.000,00

50%
50%

Despesas Receitas Tida


ativo Passivo

Obrigações
Bens (+)
Direitos --------------PL

Total do PL 1.000.000,00

O correspondente lançamento, na contabilidade de Dora S/A, em seu


livro Diário, é o seguinte:
D = Investimentos - Tida S/A
C = a Caixa 500.000,00

Cumpre referir que não há qualquer lançamento a ser registrado na


contabilidade de Tida S/A, visto que a participação societária foi
adquirida dos sócios antigos, e portanto não há surgimento de bem,
direito ou obrigação no patrimônio de Tida S/A (havendo – tão somente
– uma mudança em seu quadro societário).
Repare que, no caso acima descrito, o valor pago pela participação foi
exatamente o valor esperado (pré-definido para ela, segundo o método
da equivalência patrimonial). Portanto não há falar em ágio nem
deságio.
A figura a seguir ilustra a situação patrimonial imediatamente após a
aquisição do investimento.

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Dora
ativo Passivo
Demais sócios
Caixa -

--------------PL
Inv - Tida 500.000,00

50%
50%

Despesas Receitas Tida


ativo Passivo

Obrigações
Bens (+)
Direitos --------------PL

Total do PL 1.000.000,00

4.2.3.1.2 Exemplo de aquisição de investimento com ágio


fundamentado em diferença entre valor de mercado
e contábil em ativo da investida
O ágio fundamentado na diferença entre o valor de mercado e o valor
contábil de ativo na investida pode ser – didaticamente – denominado
de ágio por conta de um “ativo oculto”7. Nessa situação, a empresa
investidora paga um valor superior ao valor esperado para a
participação societária adquirida pela razão de que, no seu entender, o
efetivo valor do ativo da empresa investida é superior àquele registrado
em sua contabilidade, ou seja, para ter direito a um “ativo oculto”.
Para ilustrar esse tipo de ágio é proposto o exemplo a seguir.
Seja a seguinte situação inicial: (1) a empresa Dora S/A, com R$
500.000,00 em caixa e não possuindo participações societárias; (2) a
empresa Tida S/A, com patrimônio líquido de R$ 800.000,00; (3) e que,
no patrimônio da empresa Tida S/A haja um imóvel registrado pelo valor
de R$ 100.000,00, mas que e empresa Dora S/A entende que seu
efetivo valor de mercado seria de R$ 300.000,00 (ou seja, há um “ativo
oculto” de R$ 200.000,00). A figura a seguir ilustra a situação inicial
proposta:

7
Obs.: não confundir o termo didaticamente aqui proposto “ativo oculto” com o termo
ativo oculto, utilizado em auditoria fiscal e que enseja presunção de receita omitida
(que não será aqui tratado por ser assunto estranho ao escopo de nosso curso).

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Dora
ativo Passivo Atuais sócios
Caixa 500.000,00

--------------PL
Inv - Tida -

100%
0%

Despesas Receitas Tida


ativo Passivo

Bens (+) Obrigações


Direitos
--------------PL
obs: entre os bens e direitos
Valor de mercado 300.000,00
encontra-se o seguinte Total do PL 800.000,00
(-) valor contábil (100.000,00)
imóvel 100.000,00
(=) ativo oculto 200.000,00

Considere que Dora S/A deseje adquirir 50% das ações representativas
do capital de Tida S/A, dos atuais sócios e que essa participação
adquirida seja avaliada pelo método da equivalência patrimonial. Nessa
situação, ocorrerá o seguinte:
- o investimento deverá ser avaliado pelo valor de R$ 400.000,00
PL de Tida S/A 800.000,00
(*) percentual de participação adquirida 50%
(=) valor esperado para o investimento 400.000,00

- o valor pago pelo investimento, entretanto, será de R$ 500.000,00.


A figura abaixo ilustra o fato acima descrito.

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Dora
ativo Passivo
Demais sócios
Caixa 500.000,00
(500.000,00)
-
--------------PL
Inv - Tida 400.000,00
(+) ágio 100.000,00
50%
50%

Despesas Receitas Tida


ativo Passivo

Bens (+) Obrigações


Direitos
--------------PL
obs: entre os bens e direitos
Valor de mercado 300.000,00
encontra-se o seguinte Total do PL 800.000,00
(-) valor contábil (100.000,00)
(=) ativo oculto 200.000,00 (*) imóvel 100.000,00

(*) Repare que 50% do ativo oculto é igual a R$ 200.000,00 (*) 50% = R$ 100.000,00, que é exatamente o valor do ágio
Isso vem a confirmar a idéia de que o ágio é um direito a um ativo oculto (e portanto deve ser registrado no ativo).

O correspondente lançamento, na contabilidade de Dora S/A, em seu


livro Diário, é o seguinte:
D= diversos
C=a Caixa 500.000,00
D= Investimento Tida 400.000,00
D= ágio 100.000,00

Cumpre referir que não há qualquer lançamento a ser registrado na


contabilidade de Tida S/A, visto que a participação societária foi
adquirida dos sócios antigos, e portanto não há surgimento de bem,
direito ou obrigação no patrimônio de Tida S/A (havendo – tão somente
– uma mudança em seu quadro societário).
Repare que, no caso acima descrito, o valor pago pela participação foi
superior ao valor esperado (pré-definido para ela, segundo o método da
equivalência patrimonial). Portanto há ágio na aquisição de
investimentos. Esse ágio deve ser registrado no ativo porque
representa o valor que foi pago para se ter direito a 50% do ativo oculto
(diferença entre o valor de mercado e o valor contábil do imóvel do
ativo da Tida S/A).
A figura a seguir ilustra a situação patrimonial imediatamente após a
aquisição do investimento.

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Dora
ativo Passivo
Demais sócios
Caixa -

--------------PL
Inv - Tida 400.000,00
(+) ágio 100.000,00
50%
50%

Despesas Receitas Tida


ativo Passivo

Bens (+) Obrigações


Direitos
--------------PL
obs: entre os bens e direitos
encontra-se o seguinte Total do PL 800.000,00
imóvel 100.000,00

Uma última observação para o caso é que, se a empresa investida (Tida


S/A) tivesse realizado a reavaliação desse imóvel (atualizando seu valor
contábil de R$ 100.000,00 para R$ 300.000,00) teria sido constituída
uma reserva de reavaliação no valor de R$ 200.000,00 e, assim, o
patrimônio líquido não seria de R$ 800.000,00, mas de R$
1.000.000,00. Nessa situação, 50% do patrimônio líquido da empresa
investida (Tida S/A) seria exatamente igual a R$ 500.000,00 e
inexistiria ágio ou deságio na aquisição do investimento (por parte de
Dora S/A). Isso vem a confirmar, mais uma vez, a idéia de que o ágio
fundamentado na diferença entre o valor de mercado e o valor contábil
do ativo da investida é – na verdade – um direito a uma parte de um
“ativo oculto”.

4.2.3.1.3 Exemplo de aquisição de investimento com


deságio fundamentado em diferença entre valor de
mercado e contábil em ativo da investida
O deságio fundamentado na diferença entre o valor de mercado e o
valor contábil de ativo na investida pode ser – didaticamente –
denominado de deságio por conta de um “ativo inexistente”. Nessa
situação, a empresa investidora paga um valor inferior ao valor
esperado para a participação societária adquirida pela razão de que, no
seu entender, o efetivo valor do ativo da empresa investida é inferior
àquele registrado em sua contabilidade, ou seja, para ter o ônus de
suportar um “ativo inexistente”.
Para ilustrar esse tipo de deságio é proposto o exemplo a seguir.

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Seja a seguinte situação inicial: (1) a empresa Dora S/A, com R$
400.000,00 em caixa e não possuindo participações societárias; (2) a
empresa Tida S/A, com patrimônio líquido de R$ 1.000.000,00; (3) e
que, no patrimônio da empresa Tida S/A haja um imóvel registrado pelo
valor de R$ 300.000,00, mas que e empresa Dora S/A entende que seu
efetivo valor de mercado seria de R$ 100.000,00 (ou seja, há um “ativo
inexistente” no valor de R$ 200.000,00). A figura a seguir ilustra a
situação inicial proposta:

Dora
ativo Passivo Atuais sócios
Caixa 400.000,00

--------------PL
Inv - Tida -

100%
0%

Despesas Receitas Tida


ativo Passivo

Bens (+) Obrigações


Direitos
--------------PL
obs: entre os bens e direitos
Valor de mercado 100.000,00
encontra-se o seguinte Total do PL 1.000.000,00
(-) valor contábil (300.000,00)
imóvel 3.000.000,00
(=) ativo inexistente (200.000,00)

Considere que Dora S/A deseje adquirir 50% das ações representativas
do capital de Tida S/A, dos atuais sócios e que essa participação
adquirida seja avaliada pelo método da equivalência patrimonial. Nessa
situação, ocorrerá o seguinte:
- o investimento deverá ser avaliado pelo valor de R$ 500.000,00
PL de Tida S/A 1.000.000,00
(*) percentual de participação adquirida 50%
(=) valor esperado para o investimento 500.000,00

- o valor pago pelo investimento, entretanto, será de R$ 400.000,00.


A figura abaixo ilustra o fato acima descrito.

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Dora
ativo Passivo
Demais sócios
Caixa 400.000,00
(400.000,00)
-
--------------PL
Inv - Tida 500.000,00
(-) deságio (100.000,00)
50%
50%

Despesas Receitas Tida


ativo Passivo

Bens (+) Obrigações


Direitos
--------------PL
obs: entre os bens e direitos
Valor de mercado 100.000,00
encontra-se o seguinte Total do PL 800.000,00
(-) valor contábil (300.000,00)
(=) ativo inexistente (200.000,00) (*) imóvel 100.000,00

(*) Repare que 50% do ativo inexistente é igual a R$ 200.000,00 (*) 50% = R$ 100.000,00, que é exatamente o valor do deságio
Isso vem a confirmar a idéia de que o deságio é um ônus sobre um ativo (que tem uma parte inexistente).
Sendo um ônus, deveria estar no passivo, mas é registrado em conta retificadora do ativo (de natureza credora).

O correspondente lançamento, na contabilidade de Dora S/A, em seu


livro Diário, é o seguinte:
D= Investimento Tida 500.000,00
C=a Diversos
C=a Caixa 400.000,00
C=a Deságio 100.000,00
Cumpre referir que não há qualquer lançamento a ser registrado na
contabilidade de Tida S/A, visto que a participação societária foi
adquirida dos sócios antigos, e portanto não há surgimento de bem,
direito ou obrigação no patrimônio de Tida S/A (havendo – tão somente
– uma mudança em seu quadro societário).
Repare que, no caso acima descrito, o valor pago pela participação foi
inferior ao valor esperado (pré-definido para ela, segundo o método da
equivalência patrimonial). Portanto há deságio na aquisição de
investimentos. Esse deságio representa a obrigação de suportar um
ônus sobre um ativo (o fato dele estar registrado a maior, por parte dele
ser inexistente) e poderia ser registrado no passivo, mas deve ser
registrado no ativo como conta retificadora porque representa o ônus a
suportar correspondente a 50% do ativo inexistente (diferença entre o
valor de mercado e o valor contábil do imóvel do ativo da Tida S/A).
A figura a seguir ilustra a situação patrimonial imediatamente após a
aquisição do investimento.

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Dora
ativo Passivo
Demais sócios
Caixa 400.000,00
(400.000,00)
-
--------------PL
Inv - Tida 500.000,00
(-) deságio (100.000,00)
50%
50%

Despesas Receitas Tida


ativo Passivo

Bens (+) Obrigações


Direitos
--------------PL
obs: entre os bens e direitos
encontra-se o seguinte Total do PL 800.000,00
imóvel 100.000,00

(*) Repare que 50% do ativo inexistente é igual a R$ 200.000,00 (*) 50% = R$ 100.000,00, que é exatamente o valor do deságio
Isso vem a confirmar a idéia de que o deságio é um ônus sobre um ativo (que tem uma parte inexistente).
Sendo um ônus, deveria estar no passivo, mas é registrado em conta retificadora do ativo (de natureza credora).

Uma última observação para o caso é que, se a empresa investida (Tida


S/A) tivesse realizado uma provisão para perdas prováveis na realização
desse imóvel (atualizando seu valor contábil de R$ 300.000,00 para R$
100.000,00) a empresa teria sofrido uma perda de R$ 200.000,00 e,
assim, o patrimônio líquido não seria de R$ 1.000.000,00, mas de R$
800.000,00. Nessa situação, 50% do patrimônio líquido da empresa
investida (Tida S/A) seria exatamente igual a R$ 400.000,00 e
inexistiria ágio ou deságio na aquisição do investimento (por parte de
Dora S/A). Isso vem a confirmar, mais uma vez, a idéia de que o
deságio fundamentado na diferença entre o valor de mercado e o valor
contábil do ativo da investida é – na verdade – a obrigação de suportar
a uma parte de um “ativo inexistente”.

4.2.3.1.4 Exemplo de aquisição de investimento com ágio


fundamentado em rentabilidade futura
O ágio fundamentado em rentabilidade futura pode ser – didaticamente
– entendido como um valor pago pela empresa investidora para ter
direito a uma parcela do lucro futuro da empresa investida. É
interessante referir que esse tipo de ágio ocorreu de forma expressiva
na última década do século passado, quando do “boom das pontocom”.
Naquele momento, as empresas de tecnologia, notadamente aquelas
com negócios ligados à Internet não tinham, geralmente, muito
patrimônio (notadamente, apenas alguns computadores e alguns
direitos de exploração de patentes, não muito mais), porém, os

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investidores tinham uma expectativa de que essas empresas – em um
curto período de tempo – fossem auferir vultosos lucros e, com isso,
aumentar exponencialmente seu patrimônio. Assim, os investidores
concordavam em pagar por participações societárias nessas empresas
um valor muito superior àquele esperado, pré-definido pelo método da
equivalência patrimonial.
Naquela situação, a empresa investidora pagava um valor superior ao
valor esperado para a participação societária adquirida pela razão de
que, no seu entender, o efetivo valor do patrimônio da empresa
investida, considerando o valor atual somado ao valor dos lucros futuros
– trazidos a valor presente por uma taxa de oportunidade8 –, resultaria
em um valor superior àquele registrado em sua contabilidade. Em
outras palavras, a empresa investidora pagava para ter direito a uma
parcela do “lucro futuro”.
Para ilustrar esse tipo de ágio é proposto o exemplo a seguir.
Seja a seguinte situação inicial: (1) a empresa Dora S/A, com R$
500.000,00 em caixa e não possuindo participações societárias; (2) a
empresa Tida S/A, com patrimônio líquido de R$ 800.000,00; (3) e que,
haja uma expectativa de lucratividade nos próximos períodos que,
trazida a valores presentes, seja equivalente à R$ 200.000,00 (ou seja,
há um “lucro futuro” de R$ 200.000,00). A figura a seguir ilustra a
situação inicial proposta:

8
Considerando que o lucro futuro esperado equivaleria a um patrimônio hoje, desde
que descontado uma parcela a título de “valor do dinheiro no tempo” – juros –
calculados de acordo com uma “taxa de oportunidade”, através de uma fórmula de
matemática financeira. Ex.: R$ 1.000.000,00 de lucro no final do próximo ano
equivaleriam a R$ 909.090,91 se considerada uma taxa de oportunidade de 10% ao
ano  R$ 1.000.000,00 (/) (1+10%) (=) R$ 909.090,91.

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Dora
ativo Passivo Atuais sócios
Caixa 500.000,00

--------------PL
Inv - Tida -

100%
0%

Despesas Receitas Tida


ativo Passivo

Bens (+) Obrigações


Direitos
--------------PL

Total do PL 800.000,00

Valor contábil do PL 800.000,00


(+) valor atual do lucro futuro 200.000,00
(=) PL considerando lucros futuros 1.000.000,00

Considere que Dora S/A deseje adquirir 50% das ações representativas
do capital de Tida S/A, dos atuais sócios e que essa participação
adquirida seja avaliada pelo método da equivalência patrimonial. Nessa
situação, ocorrerá o seguinte:
- o investimento deverá ser avaliado pelo valor de R$ 400.000,00
PL de Tida S/A 800.000,00
(*) percentual de participação adquirida 50%
(=) valor esperado para o investimento 400.000,00

- o valor pago pelo investimento, entretanto, será de R$ 500.000,00.


A figura abaixo ilustra o fato acima descrito.

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Dora
ativo Passivo
Demais sócios
Caixa 500.000,00
(500.000,00)
-
--------------PL
Inv - Tida 400.000,00
(+) ágio 100.000,00
50%
50%

Despesas Receitas Tida


ativo Passivo

Bens (+) Obrigações


Direitos
--------------PL

Total do PL 800.000,00

Valor contábil do PL 800.000,00


(+) valor atual do lucro futuro 200.000,00
(=) PL considerando lucros futuros 1.000.000,00

(*) Repare que 50% do valor atual do lucro futuro é igual a R$ 200.000,00 (*) 50% = R$ 100.000,00, que é exatamente o valor do ágio
Isso vem a confirmar a idéia de que o ágio é um direito ao lucro futuro (e portanto deve ser registrado no ativo).

O correspondente lançamento, na contabilidade de Dora S/A, em seu


livro Diário, é o seguinte:
D= diversos
C=a Caixa 500.000,00
D= Investimento Tida 400.000,00
D= ágio 100.000,00

Cumpre referir que não há qualquer lançamento a ser registrado na


contabilidade de Tida S/A, visto que a participação societária foi
adquirida dos sócios antigos, e portanto não há surgimento de bem,
direito ou obrigação no patrimônio de Tida S/A (havendo – tão somente
– uma mudança em seu quadro societário).
Repare que, no caso acima descrito, o valor pago pela participação foi
superior ao valor esperado (pré-definido para ela, segundo o método da
equivalência patrimonial). Portanto há ágio na aquisição de
investimentos. Esse ágio deve ser registrado no ativo porque
representa o valor que foi pago para se ter direito a 50% do lucro futuro
da empresa Tida S/A trazido a valor presente.
A figura a seguir ilustra a situação patrimonial imediatamente após a
aquisição do investimento.

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Dora
ativo Passivo
Demais sócios
Caixa -

--------------PL
Inv - Tida 400.000,00
(+) ágio 100.000,00
50%
50%

Despesas Receitas Tida


ativo Passivo

Bens (+) Obrigações


Direitos
--------------PL

Total do PL 800.000,00

4.2.3.1.5 Exemplo de aquisição de investimento com


deságio fundamentado em rentabilidade futura
O deságio fundamentado em rentabilidade futura pode ser –
didaticamente – entendido como um valor pago a menor pela empresa
investidora por ter de suportar uma parcela do prejuízo futuro da
empresa investida. Esse é o caso de uma empresa investidora que –
para fins de, por exemplo, eliminação da concorrência ou de garantir um
fornecimento de matérias primas para seu negócio – decide adquirir
participação societária referente a uma empresa investida que opera
com prejuízos. Nesse caso, a empresa investida pode até ter um bom
patrimônio (entre bens/direitos e obrigações), porém, a expectativa é de
que – nos próximos períodos – esse patrimônio fosse reduzido por
previstos prejuízos. Assim, a empresa investidora paga pela
participação societária um valor inferior àquele esperado, pré-definido
pelo método da equivalência patrimonial.
Naquela situação, a empresa investidora pagará um valor inferior ao
valor esperado para a participação societária adquirida pela razão de
que, no seu entender, o efetivo valor do patrimônio da empresa
investida, considerando o valor atual somado ao valor dos prejuízos
futuros – trazidos a valor presente por uma taxa de oportunidade9 –,

9
Considerando que o prejuízo futuro esperado equivaleria a um patrimônio hoje,
desde que descontado uma parcela a título de “valor do dinheiro no tempo” – juros –
calculados de acordo com uma “taxa de oportunidade”, através de uma fórmula de

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resultaria em um valor inferior àquele atualmente registrado em sua
contabilidade. Em outras palavras, a empresa investidora paga menos
por ter a obrigação de suportar uma parcela do “prejuízo futuro”.
Para ilustrar esse tipo de ágio é proposto o exemplo a seguir.
Seja a seguinte situação inicial: (1) a empresa Dora S/A, com R$
400.000,00 em caixa e não possuindo participações societárias; (2) a
empresa Tida S/A, com patrimônio líquido de R$ 1.000.000,00; (3) e
que, haja uma expectativa de lucratividade negativa nos próximos
períodos que, trazida a valores presentes, seja equivalente a um
prejuízo de (R$ 200.000,00) (ou seja, há um “prejuízo futuro” de R$
200.000,00). A figura a seguir ilustra a situação inicial proposta:

Dora
ativo Passivo
Atuais sócios
Caixa 400.000,00

--------------PL
Inv - Tida -

100%
0%

Despesas Receitas Tida


ativo Passivo

Bens (+) Obrigações


Direitos
--------------PL

Total do PL 1.000.000,00

Valor contábil do PL 1.000.000,00


(-) valor atual do prejuízo futuro (200.000,00)
(=) PL considerando prejuízos futuros 800.000,00

Considere que Dora S/A deseje adquirir 50% das ações representativas
do capital de Tida S/A, dos atuais sócios e que essa participação
adquirida seja avaliada pelo método da equivalência patrimonial. Nessa
situação, ocorrerá o seguinte:
- o investimento deverá ser avaliado pelo valor de R$ 500.000,00

matemática financeira. Ex.: (R$ 1.000.000,00) de prejuízo no final do próximo ano


equivaleriam a (R$ 909.090,91) se considerada uma taxa de oportunidade de 10% ao
ano  R$ 1.000.000,00 (/) (1+10%) (=) R$ 909.090,91.

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PL de Tida S/A 1.000.000,00
(*) percentual de participação adquirida 50%
(=) valor esperado para o investimento 500.000,00

- o valor pago pelo investimento, entretanto, será de R$ 400.000,00.


A figura abaixo ilustra o fato acima descrito.

Dora
ativo Passivo
Demais sócios
Caixa 400.000,00
(400.000,00)
-
--------------PL
Inv - Tida 500.000,00
(-) deságio (100.000,00)
50%
50%

Despesas Receitas Tida


ativo Passivo

Bens (+) Obrigações


Direitos
--------------PL
obs: entre os bens e direitos
encontra-se o seguinte Total do PL 800.000,00
imóvel 100.000,00

Valor contábil do PL 1.000.000,00


(-) valor atual do prejuízo futuro (200.000,00)
(=) PL considerando prejuízos futuros 800.000,00

(*) Repare que 50% do prejuízo futuro é igual a R$ 200.000,00 (*) 50% = R$ 100.000,00, que é exatamente o valor do deságio
Isso vem a confirmar a idéia de que o deságio representa um ônus, de suportar uma parcela do prejuízo futuro da investida.
Sendo um ônus, deveria estar no passivo, mas é registrado em conta retificadora do ativo (de natureza credora).

O correspondente lançamento, na contabilidade de Dora S/A, em seu


livro Diário, é o seguinte:
D= Investimento Tida 500.000,00
C=a Diversos
C=a Caixa 400.000,00
C=a Deságio 100.000,00
Cumpre referir que não há qualquer lançamento a ser registrado na
contabilidade de Tida S/A, visto que a participação societária foi
adquirida dos sócios antigos, e portanto não há surgimento de bem,
direito ou obrigação no patrimônio de Tida S/A (havendo – tão somente
– uma mudança em seu quadro societário).
Repare que, no caso acima descrito, o valor pago pela participação foi
inferior ao valor esperado (pré-definido para ela, segundo o método da
equivalência patrimonial). Portanto há deságio na aquisição de
investimentos. Esse deságio representa o ônus de suportar uma parcela

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do prejuízo futuro da empresa investida, que poderia ser registrado no
passivo, mas deve ser registrado no ativo como conta retificadora para
fins de clareza de que o ônus é relativo especificamente à participação
societária.
A figura a seguir ilustra a situação patrimonial imediatamente após a
aquisição do investimento.

Dora
ativo Passivo
Demais sócios
Caixa 400.000,00
(400.000,00)
-
--------------PL
Inv - Tida 500.000,00
(-) deságio (100.000,00)
50%
50%

Despesas Receitas Tida


ativo Passivo

Bens (+) Obrigações


Direitos
--------------PL

Total do PL 800.000,00

4.2.3.1.6 Exemplo de aquisição de investimento com ágio


fundamentado em fundo de comércio ou outras
razões econômicas
O terceiro tipo de ágio é aquele fundamentado em outras razões
econômicas, ou fundo de comércio. Esse terceiro tipo de ágio é
duramente criticado pela doutrina contábil e nem sequer é referenciado
na IN CVM 247, de 1996. O argumento das críticas, com o qual
concordo, é o de que qualquer razão econômica deve ser referir a um
ganho atual ou futuro; ora, um ganho atual já deve estar no patrimônio
(e se resume à diferença entre o valor contábil e de marcado de algum
ativo da investida) e um ganho futuro é – justamente – o lucro futuro.
Dessa forma não sobra espaço para um terceiro gênero.
Uma maneira interessante de entender – didaticamente – esse terceiro
tipo de ágio, referenciado pela legislação tributária, é utilizando a

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metáfora do “Joselito sem noção”10. Assim como o Joselito faz as coisas
e não sabe o porquê, a empresa investidora paga um valor maior do que
o esperado e não sabe explicar porque o fez. Ora esse ágio é um
pagamento a maior, efetuado pela empresa investidora, sem que – com
isso – ela tenha adquirido direito a nada. Portanto, esse tipo de ágio
consiste em um direito que se perde imediatamente (justamente por
falta de fundamento). Quando do estudo da amortização do ágio,
veremos que esse tipo de ágio deve ser imediatamente amortizado.
Para ilustrar a idéia desse tipo de ágio, é proposto o exemplo a seguir.
Seja a seguinte situação inicial: (1) a empresa Dora S/A, com R$
500.000,00 em caixa e não possuindo participações societárias; (2) a
empresa Tida S/A, com patrimônio líquido de R$ 800.000,00. A figura a
seguir ilustra a situação inicial proposta:

Dora
ativo Passivo
Atuais sócios
Caixa 500.000,00

--------------PL
Inv - Tida -

100%
0%

Despesas Receitas Tida


ativo Passivo

Bens (+) Obrigações


Direitos
--------------PL

Total do PL 800.000,00
"não sei porque
mas esse PL podia ser de
R$ 1.000.000,00"

Considere que Dora S/A deseje adquirir 50% das ações representativas
do capital de Tida S/A, dos atuais sócios e que essa participação
adquirida seja avaliada pelo método da equivalência patrimonial. Nessa
situação, ocorrerá o seguinte:
- o investimento deverá ser avaliado pelo valor de R$ 400.000,00

10
Personagem do Programa “Hermes e Renato” da MTV que faz as coisas e não sabe
dizer o porquê.

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PL de Tida S/A 800.000,00
(*) percentual de participação adquirida 50%
(=) valor esperado para o investimento 400.000,00

- o valor pago pelo investimento, entretanto, será de R$ 500.000,00.


A figura abaixo ilustra o fato acima descrito.

Dora
ativo Passivo
Demais sócios
Caixa 500.000,00
(500.000,00)
-
--------------PL
Inv - Tida 400.000,00
(+) ágio 100.000,00
50%
50%

Despesas Receitas Tida


ativo Passivo

Bens (+) Obrigações


Direitos
--------------PL

Total do PL 800.000,00
"não sei porque
mas esse PL podia ser de
R$ 1.000.000,00"

O correspondente lançamento, na contabilidade de Dora S/A, em seu


livro Diário, é o seguinte:
D= diversos
C=a Caixa 500.000,00
D= Investimento Tida 400.000,00
D= ágio 100.000,00

Cumpre referir que não há qualquer lançamento a ser registrado na


contabilidade de Tida S/A, visto que a participação societária foi
adquirida dos sócios antigos, e portanto não há surgimento de bem,
direito ou obrigação no patrimônio de Tida S/A (havendo – tão somente
– uma mudança em seu quadro societário).
Repare que, no caso acima descrito, o valor pago pela participação foi
superior ao valor esperado (pré-definido para ela, segundo o método da
equivalência patrimonial). Portanto há ágio na aquisição de
investimentos.
A figura a seguir ilustra a situação patrimonial imediatamente após a
aquisição do investimento.

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Dora
ativo Passivo
Demais sócios
Caixa -

--------------PL
Inv - Tida 400.000,00
(+) ágio 100.000,00
50%
50%

Despesas Receitas Tida


ativo Passivo

Bens (+) Obrigações


Direitos
--------------PL

Total do PL 800.000,00

4.2.3.1.7 Exemplo de aquisição de investimento com


deságio fundamentado em fundo de comércio ou
outras razões econômicas
O deságio fundamentado em outras razões econômicas, ou fundo de
comércio, duramente criticado pela doutrina contábil e sem referência
na IN CVM 247, de 1996, porém referenciado pela legislação tributária,
é um valor pago a menor para o qual a empresa investida não tem uma
explicação. Utilizando a metáfora do “Joselito sem noção”11, no caso do
deságio fundamentado em outras razões econômicas ou fundo de
comércio, a empresa investidora paga um valor menor do que o
esperado, sem fazer nenhuma idéia da razão pela qual “se deu bem”.
Ora esse deságio é um pagamento a menor, efetuado pela empresa
investidora, sem que – por isso – ela tenha que suportar qualquer ônus
conhecido. Portanto, esse tipo de ágio consiste em um ônus que não
está identificado (justamente por falta de fundamento). Quando do
estudo da amortização do deságio, veremos que esse tipo de deságio,
pela aplicação do princípio contábil da Prudência, somente será
amortizado quando da alienação do investimento.
Para ilustrar a idéia desse tipo de ágio, é proposto o exemplo a seguir.
Seja a seguinte situação inicial: (1) a empresa Dora S/A, com R$
400.000,00 em caixa e não possuindo participações societárias; (2) a

11
Personagem do Programa “Hermes e Renato” da MTV que faz as coisas e não sabe
dizer o porquê.

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empresa Tida S/A, com patrimônio líquido de R$ 1.000.000,00. A figura
a seguir ilustra a situação inicial proposta:

Dora
ativo Passivo
Atuais sócios
Caixa 400.000,00

--------------PL
Inv - Tida -

100%
0%

Despesas Receitas Tida


ativo Passivo

Bens (+) Obrigações


Direitos
--------------PL

Total do PL 1.000.000,00

"não sei porque


mas esse PL podia ser de
R$ 800.000,00"

Considere que Dora S/A deseje adquirir 50% das ações representativas
do capital de Tida S/A, dos atuais sócios e que essa participação
adquirida seja avaliada pelo método da equivalência patrimonial. Nessa
situação, ocorrerá o seguinte:
- o investimento deverá ser avaliado pelo valor de R$ 500.000,00
PL de Tida S/A 1.000.000,00
(*) percentual de participação adquirida 50%
(=) valor esperado para o investimento 500.000,00

- o valor pago pelo investimento, entretanto, será de R$ 400.000,00.


A figura abaixo ilustra o fato acima descrito.

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Dora
ativo Passivo
Demais sócios
Caixa 400.000,00
(400.000,00)
-
--------------PL
Inv - Tida 500.000,00
(-) deságio (100.000,00)
50%
50%

Despesas Receitas Tida


ativo Passivo

Bens (+) Obrigações


Direitos
--------------PL

Total do PL 1.000.000,00

"não sei porque


mas esse PL podia ser de
R$ 800.000,00"

O correspondente lançamento, na contabilidade de Dora S/A, em seu


livro Diário, é o seguinte:
D= Investimento Tida 500.000,00
C=a Diversos
C=a Caixa 400.000,00
C=a Deságio 100.000,00
Cumpre referir que não há qualquer lançamento a ser registrado na
contabilidade de Tida S/A, visto que a participação societária foi
adquirida dos sócios antigos, e portanto não há surgimento de bem,
direito ou obrigação no patrimônio de Tida S/A (havendo – tão somente
– uma mudança em seu quadro societário).
Repare que, no caso acima descrito, o valor pago pela participação foi
inferior ao valor esperado (pré-definido para ela, segundo o método da
equivalência patrimonial). Portanto há deságio na aquisição de
investimentos.
A figura a seguir ilustra a situação patrimonial imediatamente após a
aquisição do investimento.

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PROFESSOR LUIZ EDUARDO
Dora
ativo Passivo
Demais sócios
Caixa -

--------------PL
Inv - Tida 500.000,00
(-) deságio (100.000,00)
50%
50%

Despesas Receitas Tida


ativo Passivo

Bens (+) Obrigações


Direitos
--------------PL

Total do PL 1.000.000,00

4.2.3.2 Aplicação do método da equivalência patrimonial


por ocasião do levantamento do balanço patrimonial
Já foi visto que o método da equivalência patrimonial é o método da
“sanfona” (cujo fole abre e fecha). O momento desse ajuste (de abrir
ou de fechar o fole – de aumentar ou reduzir o valor do investimento) é
o momento do balanço patrimonial, ou seja, para que a empresa
investidora levante seu balanço patrimonial, ela deve atualizar o valor
de seu investimento (quando avaliado pelo método da equivalência
patrimonial).
Os incisos I e II do artigo 248 da Lei das S/A dispõe que: (1) primeiro
deverá ser determinado o valor do patrimônio líquido da empresa
investida, através de um balanço ou balancete de verificação, para (2)
em seguida, ser atualizado o valor do investimento, através da
multiplicação do valor do patrimônio líquido da investida pelo respectivo
percentual de participação. Para que seja feito esse ajuste, o
balanço/balancete da empresa investida deve ser referente à mesma
data do balanço da empresa investidora, ou até sessenta dias antes. A
seguir, para fins de clareza, o citado dispositivo encontra-se
reproduzido:
Art. 248. No balanço patrimonial da companhia, os
investimentos relevantes (artigo 247, parágrafo único) em
sociedades coligadas sobre cuja administração tenha
influência, ou de que participe com 20% (vinte por cento)
ou mais do capital social, e em sociedades controladas,

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serão avaliados pelo valor de patrimônio líquido, de acordo
com as seguintes normas:
I - o valor do patrimônio líquido da coligada ou da
controlada será determinado com base em balanço
patrimonial ou balancete de verificação levantado, com
observância das normas desta Lei, na mesma data, ou até
60 (sessenta) dias, no máximo, antes da data do balanço
da companhia; no valor de patrimônio líquido não serão
computados os resultados não realizados decorrentes de
negócios com a companhia, ou com outras sociedades
coligadas à companhia, ou por ela controladas;
II - o valor do investimento será determinado mediante a
aplicação, sobre o valor de patrimônio líquido referido no
número anterior, da porcentagem de participação no
capital da coligada ou controlada;

Como o valor do investimento deverá guardar, sempre, uma mesma


proporção com o valor do Patrimônio Líquido da investida, esta deverá
entregar à investidora, em balanço ou balancete, os dados necessários à
correta avaliação da participação societária. A situação ideal de
comparação seria a existência de dados reportados à mesma data, ou
seja, balanços realizados em datas coincidentes. Em decorrência da
complexidade dos grupos econômicos, muitas vezes se torna necessário
prazo para a obtenção e elaboração dos dados relativos às investidas.
Por isso, a lei possibilitou a defasagem de até sessenta dias, mesmo em
detrimento da exatidão do valor do investimento à data do
levantamento do balanço.
A variação do valor do Patrimônio Líquido da investida decorre,
principalmente, da geração de resultados. Mas pode decorrer também
de outros motivos como, por exemplo, novos aportes de Capital, ajustes
à conta de “Lucros Acumulados”, surgimento de reservas de capital ou
de reavaliação. Como o investimento é avaliado por um percentual fixo,
aplicável sobre o valor – variável – do Patrimônio Líquido da investida,
poderá ter seu valor aumentado ou diminuído, afetando o resultado da
investidora através de ganhos ou perdas na equivalência patrimonial.
Nesse sentido, o inciso III do art. 248 da Lei das S/A determina que o
aumento ou a redução no valor do investimento deverá ser considerado
uma receita ou uma despesa sempre que decorrer de lucro ou prejuízo
ocorrido na empresa investida ou corresponder a ganhos ou perdas
efetivas, conforme a seguir:
III - a diferença entre o valor do investimento, de acordo
com o número II, e o custo de aquisição corrigido
monetariamente; somente será registrada como resultado
do exercício:

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a) se decorrer de lucro ou prejuízo apurado na coligada ou
controlada;
b) se corresponder, comprovadamente, a ganhos ou
perdas efetivos;
c) no caso de companhia aberta, com observância das
normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários.

Entendido o conceito de aplicação do método da equivalência


patrimonial por ocasião do levantamento do balanço patrimonial,
resultando em ajuste do valor do investimento, passaremos a analisar
(apresentando exemplos) as diversas situações – comuns ou especiais –
em que esses ajustes são realizados.

4.2.3.2.1 Aplicação do método da equivalência patrimonial


em situações comuns
As duas situações comuns são aquelas em que a empresa investida
apresenta lucro ou prejuízo. A seguir veremos cada uma delas.

4.2.3.2.1.1 Aplicação do método da equivalência


patrimonial no caso de lucro na investida
No caso da empresa investida apresentar lucro (no balanço ou balancete
enviado à empresa investidora – para fins de atualização do valor do
investimento pelo método da equivalência patrimonial): (1) o patrimônio
líquido da empresa investida aumenta (por conta do lucro); (2) o
investimento, no ativo da empresa investidora, será ajustado e deverá
aumentar, proporcionalmente, pela aplicação do método; (3) o
patrimônio da empresa investidora aumenta – por conta desse ajuste –
o que caracteriza uma receita (que nesse curso denominaremos
“resultados positivos em participações societárias – método da
equivalência patrimonial – RPPS-EP”12).
Para ilustrar a situação, é proposto o exemplo a seguir.
Seja uma empresa investidora Dora S/A, que é titular de participação
societária correspondente a 50% do capital da empresa investida Tida
S/A, avaliada pelo método da equivalência patrimonial, conforme figura
a seguir

12
Conforme já colocado neste curso, não há uma regra específica para nomes de
contas, portanto essa receita é, muitas vezes, denominada de (a) resultado credor de
equivalência patrimonial, (b) receita de equivalência patrimonial, (c) ganhos por
equivalência patrimonial, etc.

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Dora
ativo Passivo
Outros sócios
Caixa -

--------------PL
Inv - Tida 500.000,00

50%
50%

Despesas Receitas Tida


ativo Passivo

Obrigações
Bens (+)
Direitos --------------PL

Total do PL 1.000.000,00

Considere que a empresa Tida S/A, ao final do exercício, tenha apurado


um lucro de R$ 300.000,00, conforme balancete enviado à investidora
Dora S/A abaixo:

Tida S/A
ativo Passivo

Obrigações
Bens (+)
Direitos --------------PL
lucro novo PL
Total do PL 1.000.000,00 (+) 300.000,00 (=) 1.300.000,00

Despesas Receitas
conforme lançamentos
de apuração do
resultado do
exercício

-- lucro ==> 300.000,00

Nesse caso, a empresa investidora Dora S/A deverá atualizar o valor de


seu investimento da seguinte forma:
Novo PL 1.300.000,00
(*) % de participação 50,00%
(=) valor atualizado do investimento 650.000,00
(- ) valor inicial do investimento (500.000,00)
(=) resultado em participações societárias - método da equivalência patrimonial 150.000,00

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O fato contábil referente ao ajuste acima apurado encontra-se
apresentado na figura a seguir:

Dora
ativo Passivo
Caixa -

Inv - Tida 500.000,00 --------------PL


150.000,00
650.000,00

Despesas Receitas

RPPS-EP 15.000,00

O lançamento contábil a ser registrado pela empresa investidora – Dora


S/A – é o seguinte:
D = Investimentos - Tida S/A
C = a RPPS-EP 150.000,00
A configuração patrimonial após o ajuste encontra-se a seguir
apresentada.

Dora
ativo Passivo
Outros sócios
Caixa -

--------------PL
Inv - Tida 650.000,00

50%
50%

Despesas Receitas Tida


ativo Passivo
RPPS-EP 150.000,00
Obrigações
Bens (+)
Direitos --------------PL

Total do PL 1.300.000,00

Repare que o valor do investimento – no ativo de Dora S/A – manteve-


se na proporção de 50% do patrimônio líquido de Tida S/A. Como
houve um aumento de um ativo (participações societárias – inv. Tida)

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sem o desaparecimento de outro ativo ou o surgimento de uma
obrigação, o patrimônio aumentou e, portanto, teve que ser registrada
uma receita (resultados positivos em participações societárias – método
da equivalência patrimonial).
Seguindo a metáfora da “sanfona”, nesse caso, o acordeão abriu o fole
(o PL de Tida S/A aumentou em R$ 300.000,00 – de R$ 1.000.000,00
para R$ 1.300.000,00), então o bandoneon também abriu o fole
proporcionalmente (o investimento, do ativo de Dora S/A aumentou em
50% (*) R$ 300.000,00 (=) R$ 150.000,00 – de R$ 500.000,00 para R$
650.000,00).

4.2.3.2.1.2 No caso de prejuízo na investida


No caso da empresa investida apresentar prejuízo (no balanço ou
balancete enviado à empresa investidora – para fins de atualização do
valor do investimento pelo método da equivalência patrimonial): (1) o
patrimônio líquido da empresa investida fica reduzido (por conta do
prejuízo); (2) o investimento, no ativo da empresa investidora, será
ajustado e deverá ser reduzido, proporcionalmente, pela aplicação do
método; (3) o patrimônio da empresa investidora reduz-se – por conta
desse ajuste – o que caracteriza uma despesa (que nesse curso
denominaremos “resultados negativos em participações societárias –
método da equivalência patrimonial – RPPS-EP”13).
Para ilustrar a situação, é proposto o exemplo a seguir.
Seja uma empresa investidora Dora S/A, que é titular de participação
societária correspondente a 50% do capital da empresa investida Tida
S/A, avaliada pelo método da equivalência patrimonial, conforme figura
a seguir

13
Conforme já colocado neste curso, não há uma regra específica para nomes de
contas, portanto essa despesa é, muitas vezes, denominada de (a) resultado devedor
de equivalência patrimonial, (b) despesa de equivalência patrimonial, (c) perdas por
equivalência patrimonial, etc.

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Dora
ativo Passivo
Outros sócios
Caixa -

--------------PL
Inv - Tida 500.000,00

50%
50%

Despesas Receitas Tida


ativo Passivo

Obrigações
Bens (+)
Direitos --------------PL

Total do PL 1.000.000,00

Considere que a empresa Tida S/A, ao final do exercício, tenha apurado


um prejuízo de R$ 300.000,00, conforme balancete enviado à
investidora Dora S/A abaixo:

Tida S/A
ativo Passivo

Obrigações
Bens (+)
Direitos --------------PL
Prejuízo novo PL
Total do PL 1.000.000,00 (-) (300.000,00) (=) 700.000,00

Despesas Receitas
conforme lançamentos
de apuração do
resultado do
exercício

prejuízo => (300.000,00)

Nesse caso, a empresa investidora Dora S/A deverá atualizar o valor de


seu investimento da seguinte forma:
Novo PL 700.000,00
(*) % de participação 50,00%
(=) valor atualizado do investimento 350.000,00
(- ) valor inicial do investimento (500.000,00)
(=) resultado em participações societárias - método da equivalência patrimonial (150.000,00)

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O fato contábil referente ao ajuste acima apurado encontra-se
apresentado na figura a seguir:

Dora
ativo Passivo
Caixa -

Inv - Tida 500.000,00 --------------PL


(150.000,00)
350.000,00

Despesas Receitas

RNPS-EP 150.000,00

O lançamento contábil a ser registrado pela empresa investidora – Dora


S/A – é o seguinte:
D = RNPS-EP
C = a Investimentos - Tida S/A 150.000,00
A configuração patrimonial após o ajuste encontra-se a seguir
apresentada.

Dora
ativo Passivo
Outros sócios
Caixa -

--------------PL
Inv - Tida 350.000,00

50%
50%

Despesas Receitas Tida


ativo Passivo

RNPS-EP 15.000,00 Obrigações


Bens (+)
Direitos --------------PL

Total do PL 700.000,00

Repare que o valor do investimento – no ativo de Dora S/A – manteve-


se na proporção de 50% do patrimônio líquido de Tida S/A. Como
houve redução do valor de um ativo (participações societárias – inv.

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Tida) sem o aparecimento de outro ativo ou o desaparecimento de uma
obrigação, o patrimônio foi reduzido e, portanto, teve que ser registrada
uma despesa (resultados negativos em participações societárias –
método da equivalência patrimonial).
Seguindo a metáfora da “sanfona”, nesse caso, o acordeão fechou o fole
(o PL da de Tida S/A foi reduzido em R$ 300.000,00 – de R$
1.000.000,00 para R$ 700.000,00), então o bandoneon também teve
que fechar o fole – proporcionalmente (o investimento, do ativo de Dora
S/A foi reduzido em 50% (*) R$ 300.000,00 (=) R$ 150.000,00 – de R$
500.000,00 para R$ 350.000,00).

4.2.3.2.2 Aplicação do método da equivalência patrimonial


em situações especiais
Vistos os casos normais de aplicação do método da equivalência
patrimonial por ocasião do levantamento do balanço patrimonial (os
casos de lucro e de prejuízo na empresa investida), veremos, neste
item, a aplicação do método em situações especiais: (1) no caso da
empresa investida apresentar patrimônio líquido negativo e (2) no caso
de resultados não realizados.

4.2.3.2.2.1 Aplicação do método da equivalência


patrimonial, por ocasião do Balanço Patrimonial, no
caso de empresa investida com PL negativo
Pode ocorrer que, em função de prejuízos continuados, o Patrimônio
Líquido da investida, cuja participação é avaliada pelo método da
equivalência patrimonial, se torne negativo. Nesse caso, o ajuste a ser
registrado pela investidora estará limitado ao valor contábil do
investimento.
Por trás da regra acima colocada, está a aplicação do princípio da
entidade – que determina que o patrimônio da empresa (investida) não
se confunde com o patrimônio do sócio (empresa investidora). Em
outras palavras, o que se quer colocar é que a empresa investidora não
responde pelas dívidas da empresa investida. Assim, o máximo que a
empresa investidora tem a perder é o valor do seu investimento –
portanto, quando o investimento chega ao valor zero, ele não pode
diminuir mais.
Utilizando a metáfora da sanfona, a presente situação poderia ser vista
como aquela em que o acordeão fechou tanto seu fole que quebrou (o
PL da empresa investida foi tão reduzido, por prejuízos, que ficou
negativo). Nesse caso, o bandoneon não precisa quebrar também,
ficando com o fole fechado até que o acordeão seja consertado (o
investimento na precisa ficar negativo, permanecendo com o valor zero

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até que o PL da empresa investida volte a ser positivo), para que ambos
possam continuar seu dueto.
O exemplo a seguir, ilustra a situação acima descrita e comentada.
Seja uma empresa investidora Dora S/A, que é titular de participação
societária correspondente a 50% do capital da empresa investida Tida
S/A, avaliada pelo método da equivalência patrimonial, conforme figura
a seguir

Dora
ativo Passivo
Outros sócios
Caixa -

--------------PL
Inv - Tida 500.000,00

50%
50%

Despesas Receitas Tida


ativo Passivo

Obrigações
Bens (+)
Direitos --------------PL

Total do PL 1.000.000,00

Considere que a empresa Tida S/A, ao final do exercício, tenha apurado


um prejuízo de R$ 1.300.000,00, conforme balancete enviado à
investidora Dora S/A abaixo:

Tida S/A
ativo Passivo

Obrigações
Bens (+)
Direitos --------------PL
Prejuízo novo PL
Total do PL 1.000.000,00 (-) (1.300.000,00) (=) (300.000,00)

Despesas Receitas
conforme lançamentos
de apuração do
resultado do
exercício

prejuízo => (1.300.000,00)

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Nesse caso, a empresa investidora Dora S/A deverá atualizar o valor de
seu investimento da seguinte forma:
Novo PL (300,00)
(*) % de participação 50,00%
(=) valor atualizado do investimento (150,00)
Obs.: limite mínimo de valor atualizado para o investimento - zero -
(=) valor atualizado do investimento, observado o limite mínimo -
(- ) valor inicial do investimento (500.000,00)
(=) resultadoem participações societárias - método da equivalência patrimonial (500.000,00)

O fato contábil referente ao ajuste acima apurado encontra-se


apresentado na figura a seguir:

Dora
ativo Passivo
Caixa -

Inv - Tida 500.000,00 --------------PL


(500.000,00)
-

Despesas Receitas

RNPS-EP 500.000,00

O lançamento contábil a ser registrado pela empresa investidora – Dora


S/A – é o seguinte:
D = RNPS-EP
C = a Investimentos - Tida S/A 500.000,00

A configuração patrimonial após o ajuste encontra-se a seguir


apresentada.

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Dora
ativo Passivo
Outros sócios
Caixa -

--------------PL
Inv - Tida -

50%
50%

Despesas Receitas Tida


ativo Passivo

RNPS-EP 15.000,00 Obrigações


Bens (+)
Direitos --------------PL

Total do PL (300.000,00)

Repare que o valor do investimento – no ativo de Dora S/A – não se


manteve na proporção de 50% do patrimônio líquido de Tida S/A,
revelando que essa situação especial consiste numa quebra da
equivalência patrimonial. Isso ocorre porque sendo o patrimônio líquido
de Tida S/A negativo, existem mais dívidas do que bens e direitos e,
portanto, caso, mantivéssemos a proporção, o valor do investimento
(negativo) teria o sentido de uma obrigação de pagar parte das dívidas
da empresa investida – o que não ocorre pelo princípio da entidade (e a
limitação da responsabilidade típica dos investimentos em sociedades
anônimas ou em sociedades limitadas). Como houve redução do valor
de um ativo (participações societárias – inv. Tida – de R$ 500.000,00
para R$ 0,00) sem o aparecimento de outro ativo ou o desaparecimento
de uma obrigação, o patrimônio foi reduzido e, portanto, teve que ser
registrada uma despesa (resultados negativos em participações
societárias – método da equivalência patrimonial).
Obs. 1: novas avaliações desse investimento só serão feitas a partir do
exercício em que seu patrimônio Líquido volte a ser positivo.
Obs. 2: em que pese não existir a possibilidade de registro de um
investimento negativo, por ser incoerente imputar à empresa
investidora parte das dívidas da empresa investida que tenha passivo a
descoberto (patrimônio líquido negativo), há situações em que a
empresa investidora tem interesse (ou obrigação contratual / legal) de
pagar por essas dívidas. Nesse caso, cabe o registro de uma provisão
para perdas efetivas no investimento (item a ser tratado com
profundidade adiante nessa aula), conforme explicitamente colocado no
art. 12 da IN CVM 247, de 1996:

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Art. 12 - A investidora deverá constituir provisão para
cobertura de:
I - Perdas efetivas, em virtude de:
a) - eventos que resultarem em perdas não provisionadas
pelas coligadas e controladas em suas demonstrações
contábeis; ou
b) - responsabilidade formal ou operacional para cobertura
de passivo a descoberto.
II - Perdas potenciais, estimadas em virtude de:
a) - tendência de perecimento do investimento;
b) - elevado risco de paralisação de operações de coligadas
e controladas;
c) - eventos que possam prever perda parcial ou total do
valor contábil do investimento ou do montante de créditos
contra as coligadas e controladas; ou
d) - cobertura de garantias, avais, fianças, hipotecas ou
penhor concedidos, em favor de coligadas e controladas,
referentes a obrigações vencidas ou vincendas quando
caracterizada a incapacidade de pagamentos pela
controlada ou coligada.
§ 1º - Independentemente do disposto na letra " b" do
inciso I, deve ser constituída ainda provisão para perdas,
quando existir passivo a descoberto e houver intenção
manifesta da investidora em manter o seu apoio financeiro
à investida.
§ 2º - A provisão para perdas deverá ser apresentada no
ativo permanente por dedução e até o limite do valor
contábil do investimento a que se referir, sendo o
excedente apresentado em conta específica no passivo.
Na situação do exemplo acima, considerando que a empresa investidora
Dora S/A tem a intenção de honrar as dívidas de Tida S/A (todas) pode
realizar uma provisão para pagamento do passivo a descoberto – a ser
registrada no passivo, conforme lançamento a seguir:
D = despesa com provisões
C = a Provisão para perda em Investimentos - Tida S/A 300.000,00

4.2.3.2.2.2 Aplicação do método da equivalência


patrimonial, por ocasião do Balanço Patrimonial, no
caso de resultados não realizados
Pode ocorrer que, em função de operações realizadas entre a empresa
investida e a empresa investidora, o Patrimônio Líquido da investida,
cuja participação é avaliada pelo método da equivalência, aumente por
conta de lucro na venda para a própria investidora. Nesse caso, o
patrimônio líquido da empresa investida estará (pela aplicação do

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princípio de competência) majorado, mas o valor desse lucro é um valor
que saiu (em dinheiro, por compra à vista, ou em obrigação de entrega
futura de dinheiro, por compra a prazo) do patrimônio da própria
empresa investidora.
Saliente-se que o bem que saiu do patrimônio da empresa investida –
na alienação para a empresa investidora – saiu por um valor inferior
àquele pelo qual esse mesmo bem ingressou no patrimônio da empresa
investidora. Em outras palavras, a empresa investidora pagou pelo
lucro da investida na operação.
Exemplificando a situação, considere os valores abaixo relativos a um
item do estoque da empresa investida (um tamanco, por exemplo), que
é vendido para e empresa investidora:
Valores relativos ao patrimônio da empresa investida - vendedora
(. ) Valor da venda - para a empresa investidora 15,00
(-) Valor contábil do tamanco (10,00)
(=) Ganho na alienação 5,00

Valores relativos ao patrimônio da empresa investidora - compradora


(. ) Valor pago pela aquisição 15,00
(. ) Valor contábil do tamanco 15,00

Repare que, pelo princípio da entidade, trata-se de uma venda entre


duas pessoas jurídicas diversas e que, portanto, deve ter reconhecido
seu lucro (no patrimônio da empresa investida – vendedora). Ocorre,
porém, que – para fins de aplicação do método da equivalência
patrimonial – esse lucro não deveria ser considerado para aumentar o
valor do investimento da empresa investidora, pois isso geraria uma
incoerência: quanto mais a empresa investidora pagasse por uma
aquisição, mais receita (de equivalência patrimonial) ela teria.
Metaforicamente, considerando o grupo econômico como um único
corpo, a “troca de dinheiro entre dois bolsos” não pode gerar ganhos.
A solução encontrada para esse problema é a de se desconsiderar o
ganho auferido pela empresa investida para fins de aplicação do método
da equivalência patrimonial. Conforme será detalhadamente colocado e
exemplificado adiante, o aluno perceberá que essa solução também
resulta em uma quebra no método da sanfona, pois o ajuste proposto
resulta na existência de uma diferença entre o valor do PL da empresa
investida e o valor do investimento.
Cumpre referir que a solução – sempre com o mesmo espírito – é
levemente diferente para companhias em geral (seguindo a Lei das
S/A) e para sociedades anônimas de capital aberto (seguindo a IN CVM
247, de 1996).

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4.2.3.2.2.2.1 Aplicação do método da equivalência
patrimonial, por ocasião do Balanço Patrimonial,
no caso de resultados não realizados, segundo as
normas da Lei das S/A, para companhias em geral
A parte final do inciso I do artigo 248 da Lei das S/A determina, quanto
ao cálculo da avaliação pela equivalência patrimonial, que, no valor do
patrimônio líquido, não serão computados os resultados não realizados
decorrentes de negócios com a companhia, ou com outras sociedades
coligadas à companhia, ou por ela controladas, conforme a seguir:
Art. 248. No balanço patrimonial da companhia, os
investimentos relevantes (artigo 247, parágrafo único) em
sociedades coligadas sobre cuja administração tenha
influência, ou de que participe com 20% (vinte por cento)
ou mais do capital social, e em sociedades controladas,
serão avaliados pelo valor de patrimônio líquido, de acordo
com as seguintes normas:
I - ... no valor de patrimônio líquido não serão computados
os resultados não realizados decorrentes de negócios com
a companhia, ou com outras sociedades coligadas à
companhia, ou por ela controladas;
Conforme já referido, o disposto neste artigo tem por objetivo evitar que
a investidora reconheça ganhos da equivalência em função de lucros na
investida, registrados em obediência ao princípio da competência, mas
ainda não realizados14. Assim, na apuração do PL da empresa investida,
não devem ser computados os lucros auferidos sobre a própria
investidora ou sobre outras investidas, quando corresponder a resultado
na baixa de ativos de qualquer natureza:
- alienados à investidora e que permaneçam no ativo da
investidora, na data de seu balanço patrimonial, ou;
- alienados a outras controladas ou coligadas à investidora,
avaliadas pela equivalência patrimonial, e que constarem do
Ativo destas outras controladas ou coligadas.
O exemplo a seguir ilustra a regra acima apresentada:
Seja uma empresa investidora Dora S/A, que é titular de participação
societária correspondente a 50% do capital da empresa investida Tida

14
Seguindo nossa proposta didática de definição do conceito de realização como
“realizar é transformar algo em outra coisa”, para fins de aplicação do art. 248, I da
Lei das S/A, consideraremos realizado o lucro quando a empresa investidora (que
adquiriu o bem da empresa investida) transformar esse bem em outra coisa: (1) por
alienação a terceiros estranhos ao grupo econômico; (2) parcialmente, por
depreciação, amortização ou exaustão ou (3) por perecimento do bem.

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S/A, avaliada pelo método da equivalência patrimonial, conforme figura
a seguir.

Dora
ativo Passivo
Outros sócios
Caixa -

--------------PL
Inv - Tida 500.000,00

50%
50%

Despesas Receitas Tida


ativo Passivo

Obrigações
Bens (+)
Direitos --------------PL

Total do PL 1.000.000,00

Considere que a empresa Tida S/A, ao final do exercício, tenha apurado


um lucro de R$ 300.000,00, mas que, compondo esse lucro, haja uma
venda de mercadorias para a própria empresa investidora (Dora S/A),
com as seguintes características:
(. ) Valor da venda para a investidora 150.000,00
(-) Valor contábil da mercadoria vendida (100.000,00)
(=) Lucro auferido na venda para a investidora 50.000,00

Abaixo encontra-se o balancete enviado à investidora Dora S/A abaixo:

Tida S/A
ativo Passivo

Obrigações
Bens (+)
Direitos --------------PL
lucro novo PL
Total do PL 1.000.000,00 (+) 300.000,00 (=) 1.300.000,00

Despesas Receitas
conforme lançamentos
CMV 100.000,00 RBV 150.000,00 ==> ganho 50.000,00 de apuração do
resultado do
exercício

-- lucro ==> 300.000,00

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Nesse caso, a empresa investidora Dora S/A deverá atualizar o valor de
seu investimento da seguinte forma:
Novo PL 1.300.000,00
(-) lucro não realizado (50.000,00)
(=) Novo PL - para fins de aplicação do método da equivalência patrimonial 1.250.000,00
(*) % de participação 50,00%
(=) valor atualizado do investimento 625.000,00
(- ) valor inicial do investimento (500.000,00)
(=) resultado em participações societárias - método da equivalência patrimonial 125.000,00
O fato contábil referente ao ajuste acima apurado encontra-se
apresentado na figura a seguir:

Dora
ativo Passivo
Caixa -
Estoque 150.000,00

Inv - Tida 500.000,00 --------------PL


125.000,00
625.000,00

Despesas Receitas

RPPS-EP 125.000,00

O lançamento contábil a ser registrado pela empresa investidora – Dora


S/A – é o seguinte:
D = Investimentos - Tida S/A
C = a RPPS-EP 125.000,00

A configuração patrimonial após o ajuste encontra-se a seguir


apresentada.

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Dora
ativo Passivo
Outros sócios
Caixa -
Estoque 150.000,00

--------------PL
Inv - Tida 625.000,00

50%
50%

Despesas Receitas Tida


ativo Passivo
RPPS-EP 125.000,00
Obrigações
Bens (+)
Direitos --------------PL

Total do PL 1.300.000,00

Repare que o valor do investimento – no ativo de Dora S/A – não se


manteve na proporção de 50% do patrimônio líquido de Tida S/A. Isso
ocorre porque, na apuração do valor do PL da empresa investida, para
fins de aplicação do método da equivalência patrimonial, é excluído o
valor de R$ 50.000,00 referente à venda de estoque para a empresa
investidora e que ainda se encontra no patrimônio da investidora. Ainda
assim, houve um aumento de um ativo (participações societárias – inv.
Tida) sem o desaparecimento de outro ativo ou o surgimento de uma
obrigação, o patrimônio aumentou e, portanto, teve que ser registrada
uma receita (resultados positivos em participações societárias – método
da equivalência patrimonial).
É importante lembrar que, nos períodos futuros, o lucro de R$
50.000,00 (que foi desconsiderado do PL da empresa
investida/alienante) somente continuará sendo desconsiderado no caso
das mercadorias vendidas continuarem no ativo da empresa
investidora/adquirente. Assim, se no período seguinte somente
continuarem no ativo da empresa investidora 90% das mercadorias
adquiridas, 90% do lucro de R$ 50.000,00 deverá ser descontado do PL
da empresa investida/alienante, para fins de aplicação do método da
equivalência patrimonial, e assim por diante.
Cabe, ainda a colocação de que a Lei das S/A não se refere somente a
lucros, mas sim a “resultados”. Dessa forma, seguindo o disposto na
lei, devem ser realizados ajustes para, respectivamente: (1) excluir o
valor do lucro não realizado do patrimônio líquido da investida, para fins
de aplicação do método da equivalência patrimonial e (2) adicionar o

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valor do prejuízo não realizado do patrimônio líquido da investida, para
fins de aplicação do método da equivalência patrimonial.
Uma última colocação, o exemplo acima foi relativo a venda de
mercadorias, mas se aplica à alienação de qualquer bem (pode ser
aplicado, também, à venda de um ativo imobilizado – por exemplo).

4.2.3.2.2.2.2 Aplicação do método da equivalência


patrimonial, por ocasião do Balanço Patrimonial,
no caso de resultados não realizados, segundo as
normas CVM, para companhias de capital aberto
Para companhias abertas, a IN CVM 247, de 1996, também prevê
ajustes decorrentes de resultados não realizados, porém com duas
diferenças: (1) a IN não se refere a resultados, mas especificamente a
lucros não realizados e (2) a IN não determina a exclusão desse valor
do PL, para fins de aplicação do método da equivalência patrimonial,
mas sua exclusão do valor do investimento após a aplicação do método.
A seguir, para fins de esclarecimento, encontra-se reproduzido o art. 9o
da IN CVM 247, de 1996:
Art. 9º - O valor do investimento, pelo método da
equivalência patrimonial, será obtido mediante o seguinte
cálculo:
I - Aplicando-se a percentagem de participação no capital
social sobre o valor do patrimônio líquido da coligada e da
controlada; e
II - Subtraindo-se, do montante referido no inciso I, os
lucros não realizados, conforme definido no § 1º deste
artigo, líquidos dos efeitos fiscais.
§ 1º - Para os efeitos do inciso II deste artigo, serão
considerados lucros não realizados aqueles decorrentes de
negócios com a investidora ou com outras coligadas e
controladas, quando:
a) - o lucro estiver incluído no resultado de uma coligada e
controlada e correspondido por inclusão no custo de
aquisição de ativos de qualquer natureza no balanço
patrimonial da investidora; ou
b) - o lucro estiver incluído no resultado de uma coligada e
controlada e correspondido por inclusão no custo de
aquisição de ativos de qualquer natureza no balanço
patrimonial de outras coligadas e controladas.
§ 2º - Os prejuízos decorrentes de transações com a
investidora, coligadas e controladas não devem ser
eliminados no cálculo da equivalência patrimonial.
§ 3º - Os lucros e os prejuízos, assim como as receitas e
as despesas decorrentes de negócios que tenham gerado,

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simultânea e integralmente, efeitos opostos nas contas de
resultado das coligadas e controladas, não serão excluídos
para fins de cálculo do valor do investimento.

A leitura do dispositivo acima revela que devem ser eliminados, para


efeito de avaliação de investimento avaliados pelo método da
equivalência patrimonial, os lucros não realizados decorrentes de
negócios com a investidora ou com outras coligadas e controladas,
quando:
- o lucro estiver incluído no resultado de uma coligada, ou
controlada, e correspondido por inclusão no custo de aquisição
de ativos de qualquer natureza no balanço patrimonial da
investidora; ou
- o lucro estiver incluído no resultado de uma coligada, ou
controlada, e correspondido por inclusão no custo de aquisição
de ativos de qualquer natureza no balanço patrimonial de
outras coligadas ou controladas.

Investidora
Dora S/A

Controlada Outra controlada


Tida S/A Outra S/A
Coligada
Ligada S/A

Ocorrendo transações entre as companhias acima apresentadas e


remanescendo os respectivos lucros no ativo das empresas ligadas, o
lucro deve ser excluído do resultado do valor do investimento, apurado
pelo método da equivalência patrimonial. Conforme figura acima,
temos, como exemplos de lucros não realizados, aqueles relativos às
vendas de bens da controlada “Tida S/A” para:
o a investidora “Dora S/A”,
o a coligada “Ligada S/A”,
o a outra controlada “Outra S/A”.
Considerando a regra prevista pela IN CVM, o cálculo da equivalência
patrimonial, no caso de lucros não realizados, é realizado como se esses
lucros não existissem; porém, ao final, o valor TOTAL dos lucros não
realizados é deduzido do valor do investimento. Assim, com base nos

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mesmos dados do exemplo anterior (utilizado para ilustrar o ajuste
conforme determinado pela Lei das S/A), vamos realizar o cálculo da
equivalência patrimonial de acordo com a IN CVM e, ao final, comparar
os resultados dos dois métodos – da Lei das S/A e da IN CVM 247, de
1996.
Seja uma empresa investidora Dora S/A, que é titular de participação
societária correspondente a 50% do capital da empresa investida Tida
S/A, avaliada pelo método da equivalência patrimonial, conforme figura
a seguir

Dora
ativo Passivo
Outros sócios
Caixa -

--------------PL
Inv - Tida 500.000,00

50%
50%

Despesas Receitas Tida


ativo Passivo

Obrigações
Bens (+)
Direitos --------------PL

Total do PL 1.000.000,00

Considere que a empresa Tida S/A, ao final do exercício, tenha apurado


um lucro de R$ 300.000,00, mas que, compondo esse lucro, haja uma
venda de mercadorias para a própria empresa investidora (Dora S/A),
com as seguintes características:
(. ) Valor da venda para a investidora 150.000,00
(-) Valor contábil da mercadoria vendida (100.000,00)
(=) Lucro auferido na venda para a investidora 50.000,00

Abaixo encontra-se o balancete enviado à investidora Dora S/A abaixo:

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Tida S/A
ativo Passivo

Obrigações
Bens (+)
Direitos --------------PL
lucro novo PL
Total do PL 1.000.000,00 (+) 300.000,00 (=) 1.300.000,00

Despesas Receitas
conforme lançamentos
CMV 100.000,00 RBV 150.000,00 ==> ganho 50.000,00 de apuração do
resultado do
exercício

-- lucro ==> 300.000,00

Nesse caso, a empresa investidora Dora S/A deverá atualizar o valor de


seu investimento da seguinte forma:
Novo PL 1.300.000,00
(*) % de participação 50,00%
(=) valor proporcional do investimento 650.000,00
(-) lucro não realizado (50.000,00)
(=) valor atualizado do investimento 600.000,00
(-) valor inicial do investimento (500.000,00)
(=) resultado em participações societárias - método da equivalência patrimonial 100.000,00
O fato contábil referente ao ajuste acima apurado encontra-se
apresentado na figura a seguir:

Dora
ativo Passivo
Caixa -
Estoque 150.000,00

Inv - Tida 500.000,00 --------------PL


100.000,00
600.000,00

Despesas Receitas

RPPS-EP 100.000,00

O lançamento contábil a ser registrado pela empresa investidora – Dora


S/A – é o seguinte:

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D = Investimentos - Tida S/A
C = a RPPS-EP 100.000,00
A configuração patrimonial após o ajuste encontra-se a seguir
apresentada.

Dora
ativo Passivo
Outros sócios
Caixa -
Estoque 150.000,00

--------------PL
Inv - Tida 600.000,00

50%
50%

Despesas Receitas Tida


ativo Passivo
RPPS-EP 100.000,00
Obrigações
Bens (+)
Direitos --------------PL

Total do PL 1.300.000,00

Repare que o tratamento dado pela Lei das S/A é diferenciado daquele
dado pela CVM. Conforme exemplos acima:
- pela aplicação da regra prevista na Lei das S/A, o resultado
seria de R$ 125.000,00;
- pela aplicação da regra prevista na IN CVM 247, de 1996, o
resultado seria de R$ 100.000,00.
Ainda, de acordo com o que já fora apresentado, temos que lucros não
realizados ocorrem na alienação de quaisquer bens que representem um
ativo na compradora, como a seguir:
- estoques (situação mais freqüente);
- bens do imobilizado (situação menos comum);
- investimento (situação menos comum ainda);
- outros investimentos (situação muito rara).
Pela relevância do tema, estudaremos em detalhes os dois primeiros
casos: (1) lucros não realizados no estoque e (2) lucros não realizados
em bens do imobilizado.
A existência de lucros não realizados em estoques ocorre no caso de
vendas de mercadorias com lucro (ou prejuízo); conforme sua
realização, podem ocorrer em duas situações distintas:

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a) a empresa que comprou as mercadorias já as vendeu
para terceiros, não remanescendo saldo em estoque 
NESTE CASO NÃO HÁ AJUSTE A EFETUAR;
b) a empresa que comprou as mercadorias ainda mantém,
em seu ativo, aquelas mercadorias (em estoque), na data
do balanço  NESTE CASO HÁ AJUSTE A EFETUAR.
Para Exemplificara a situação, considere que a empresa investida Tida
S/A, controlada de Dora S/A, vendeu a sua controladora, por R$
140.000,00 mercadorias que lhe custaram R$ 100.000,00 (apurando,
por via de conseqüência, um ganho de R$ 40.000,00).
- Caso a controladora não tivesse vendido nenhuma destas
mercadorias para terceiros, todo o lucro correspondente
deveria ser eliminado;
- Caso a controladora tivesse vendido parte dessas mercadorias
para terceiros (metade, por exemplo), o lucro não realizado nos
estoques deveria ser calculado proporcionalmente, conforme a
seguir:
1 - Cálculo do lucro na operação
Preço de venda de Tida S/A 140.000,00
(-) custo da mercadoria vendida (100.000,00)
(=) Lucro Bruto 40.000,00

2 - Cálculo do percentual do estoque não realizado (não vendido para terceiros)


estoque total adquirido por Dora S/A 140.000,00
(-) estoque vendido a terceiros (70.000,00)
(=) saldo no balanço 70.000,00
(/) estoque total adquirido por Dora S/A 140.000,00
(=) percentual do estoque não realizado 50,00%

3 - Cálculo do valor do lucro não realizado


Lucro Bruto total de Tida S/A 40.000,00
(*) percentual do estoque não realizado 50,00%
(=) valor do lucro não realizado 20.000,00
A existência de lucros não realizados no imobilizado ocorre no caso de
uma controlada Tida S/A alienar, para sua controladora – Dora S/A, um
bem do imobilizado, sujeito a depreciação, pelo valor de R$
9.000.000,00. Considerando que este bem tenha um valor contábil de
R$ 5.600.000,00, apura-se um lucro de R$ 3.400.000,00. Esse lucro é
considerado não realizado enquanto a adquirente Dora S/A mantiver o
imobilizado em seu ativo.
Nos anos seguintes, o lucro será considerado realizado à medida que o
imobilizado for depreciado pela investidora (ou em 100% no caso de
baixa por perda ou alienação).

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1 - Cálculo do lucro na operação
Preço de venda de Tida S/A 9.000.000,00
(-) custo do imobilizado vendido (5.600.000,00)
(=) lucro na operação 3.400.000,00

2 - Cálculo do percentual do ativo não realizado (não depreciado)


Valor total do bem adquirido por Dora S/A 9.000.000,00
(-) depreciação - considerando 10% por período (900.000,00)
(=) valor contábil do bem na empresa adquirente - Dora S/A 8.100.000,00
(/) valor total do bem adquirido por Dora S/A 9.000.000,00
(=) percentual do bem do imobilizado não realizado 90,00%

3 - Cálculo do valor do lucro não realizado


Lucro Bruto total de Tida S/A 3.400.000,00
(*) percentual do ativo não realizado 90,00%
(=) valor do lucro não realizado 3.060.000,00
A cada período, o valor do lucro não realizado tende a ser menor e,
portanto, o valor a ser excluído (para fins de ajuste decorrente de lucros
não realizados – na aplicação do método da equivalência patrimonial)
deve também ser menor.

4.2.3.3 Aplicação do método da equivalência patrimonial


no recebimento de dividendos
A regra de registro de dividendos recebidos, quando a participação
societária é avaliada pelo método da equivalência patrimonial, é
simples: Os dividendos recebidos de participações societárias avaliadas
pela equivalência patrimonial deverão ser registrados SEMPRE como
redução do valor contábil do investimento – em oposição ao que ocorre
no método do custo, no qual, os dividendos recebidos podem ser
ALTERNATIVAMENTE registrados como receita ou como redução do
investimento, conforme o caso.
Isso ocorre porque todas as alterações sofridas pelo Patrimônio líquido
da empresa investida deverão ser refletidas no valor contábil do
investimento, na investidora. A destinação de dividendos configura uma
redução na conta “lucros acumulados” da investida – e por conseqüência
uma redução de seu PL, assim, pelo método da equivalência
patrimonial, esse fato deverá corresponder a uma redução,
proporcional, na conta Investimentos da empresa investidora.
O exemplo a seguir proposto ilustra a regra de aplicação do método da
equivalência patrimonial no caso de recebimento de dividendos.
Seja uma empresa investidora Dora S/A, que é titular de participação
societária correspondente a 50% do capital da empresa investida Tida
S/A, avaliada pelo método da equivalência patrimonial, conforme figura
a seguir

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Dora
ativo Passivo
Outros sócios
Caixa -

--------------PL
Inv - Tida 500.000,00

50%
50%

Despesas Receitas Tida


ativo Passivo

Obrigações
Bens (+)
Direitos --------------PL

Total do PL 1.000.000,00

Considere que a empresa Tida S/A, ao final do exercício, tenha apurado


um lucro de R$ 300.000,00, conforme balancete enviado à investidora
Dora S/A abaixo:

Tida S/A
ativo Passivo

Obrigações
Bens (+)
Direitos --------------PL
lucro novo PL
Total do PL 1.000.000,00 (+) 300.000,00 (=) 1.300.000,00

Despesas Receitas
conforme lançamentos
de apuração do
resultado do
exercício

-- lucro ==> 300.000,00

Nesse caso, a empresa investidora Dora S/A deverá atualizar o valor de


seu investimento da seguinte forma:
Novo PL 1.300.000,00
(*) % de participação 50,00%
(=) valor atualizado do investimento 650.000,00
(- ) valor inicial do investimento (500.000,00)
(=) resultado em participações societárias - método da equivalência patrimonial 150.000,00

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O fato contábil referente ao ajuste acima apurado encontra-se
apresentado na figura a seguir:

Dora
ativo Passivo
Caixa -

Inv - Tida 500.000,00 --------------PL


150.000,00
650.000,00

Despesas Receitas

RPPS-EP 15.000,00

O lançamento contábil a ser registrado pela empresa investidora – Dora


S/A – é o seguinte:
D = Investimentos - Tida S/A
C = a RPPS-EP 150.000,00
A configuração patrimonial após o ajuste encontra-se a seguir
apresentada.

Dora
ativo Passivo
Outros sócios
Caixa -

--------------PL
Inv - Tida 650.000,00

50%
50%

Despesas Receitas Tida


ativo Passivo
RPPS-EP 150.000,00
Obrigações
Bens (+)
Direitos --------------PL
demais contas do PL 1.000.000,00
LPA 300.000,00

Total do PL 1.300.000,00

Considere, ainda, que após a apuração do resultado, a empresa Tida


S/A tenha deliberado distribuir um terço do lucro auferido a seus

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acionistas, na forma de dividendos a pagar. Nessa situação, haverá o
seguinte fato na empresa Tida S/A

Tida S/A
ativo Passivo
dividendos a pagar 100.000,00
(+)
Bens (+) Outras obrigações
Direitos --------------PL
Demais contas do PL 1.000.000,00
LPA 300.000,00 PL após a distribuição de dividendos
(100.000,00) 1.300.000,00 (-) 100.000,00 (=) 1.200.000,00
200.000,00

O correspondente lançamento na empresa Tida S/A é o seguinte:


D = LPA
C = a Dividendos a pagar 100.000,00
Repare que o fato acima registrado resulta em uma redução do PL da
empresa investida Tida S/A, de R$ 1.300.000,00 para R$ 1.200.000,00.
Portanto, nesse caso, a empresa investidora Dora S/A deverá atualizar o
valor de seu investimento da seguinte forma:
1 - Cálculo do valor atualizado do investimento - e sua redução por conta dos dividendos
Novo PL 1.200.000,00
(*) % de participação - de Dora S/A no capital de Tida S/A 50,00%
(=) valor atualizado do investimento 600.000,00
(- ) valor inicial do investimento (650.000,00)
(=) redução do valor do investimento (50.000,00)

1 - Cálculo do valor dos dividendos a receber


Total de dividendos destinados por Tida S/A aos acionistas 100.000,00
(*) % de participação - de Dora S/A no capital de Tida S/A 50,00%
(=) valor dos dividendos a receber a que Dora S/A faz jus 50.000,00

Obs.: repare que o valor dos dividendos a receber é idêntico ao valor da redução do investimento
O fato contábil referente ao ajuste acima apurado encontra-se
apresentado na figura a seguir:

Dora
ativo Passivo
Caixa -
Dividendos a receber
50.000,00

Inv - Tida 650.000,00 --------------PL


(50.000,00)
600.000,00

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O lançamento contábil a ser registrado pela empresa investidora – Dora
S/A – é o seguinte:
D = Dividendos a receber - Tida S/A
C = a Investimentos - Tida S/A 50.000,00
A configuração patrimonial após o ajuste encontra-se a seguir
apresentada.

Dora
ativo Passivo
Outros sócios
Caixa -

dividendos a receber 50.000,00


--------------PL
Inv - Tida 600.000,00

50%
50%

Despesas Receitas Tida


ativo Passivo
RPPS-EP 150.000,00 Dividendos a pagar 100.000,00
(+) outras
Bens (+) obrigações
Direitos --------------PL
demais contas do PL 1.000.000,00
LPA 200.000,00

Total do PL 1.200.000,00

Pelo método da equivalência patrimonial, o valor do investimento


(registrado no ativo da empresa investidora) deve sempre acompanhar
o valor do PL da empresa investida. Assim:
- se a empresa investida tem lucro (seu PL aumenta), a empresa
investidora deve aumentar o valor de seu investimento – em
contrapartida de uma receita;
- quando a empresa investida resolve distribuir dividendos (seu
PL diminui), a empresa investidora deve reduzir o valor do seu
investimento – em contrapartida do direito “dividendos a
receber”.
Cuidado! O examinador aproveita, parta induzir o estudante a erro,
uma dificuldade vivenciada por vários candidatos, ao tentar resolver
questões que envolvam o valor do resultado da empresa investida (a ser
reconhecido pelo método da equivalência patrimonial na empresa
investidora), e o valor dos dividendos (sobre esse resultado) destinados
aos acionistas: o fato do estudante se perder ao tentar misturar os dois
conceitos e os dois fatos (lucro e dividendos) em um único lançamento.
Auferir lucro e distribuir dividendos são dois fatos contábeis separados
que afetam o PL da empresa investida e cujos efeitos no investimento

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da empresa investidora devem ser registrados em separado, conforme
acima apresentado.

4.2.3.4 Aplicação do método da equivalência patrimonial


na reavaliação de ativos – reserva de reavaliação
reflexa

4.2.3.4.1 Introdução – reavaliação de ativos


A reavaliação de ativos é uma operação em que a empresa, percebendo
que o valor de mercado de determinado bem de seu ativo permanente é
maior do que o valor pelo qual ele se encontra registrado em sua
contabilidade (valor contábil – patrimonial), pode resolver atualizar o
valor deste bem. Essa operação aumenta o patrimônio da empresa,
mas não gera – necessariamente – uma receita, pois, nesse caso, a lei
das S/A permite o registro, diretamente no patrimônio líquido, de uma
reserva de reavaliação15.

4.2.3.4.2 Reavaliação de ativos pela empresa investida –


constituição de reserva de reavaliação reflexa na
empresa investidora
A empresa que procede à reavaliação de um bem de seu ativo pode ser
investida de uma outra empresa.
Em investimentos avaliados pelo custo de aquisição, a constituição, pela
investida, de reserva de reavaliação não gera qualquer lançamento na
investidora.
Em investimentos avaliados pelo método da equivalência patrimonial,
deve ser reconhecida a parte proporcional da reserva, a débito do
investimento e a crédito de conta específica do patrimônio líquido.
Sendo a reavaliação de bens do ativo uma das causas de variação do
valor do Patrimônio líquido da empresa investida, pela aplicação do
método da equivalência patrimonial, o valor da participação societária
(no patrimônio da empresa investidora) deve aumentar de imediato.
Mas, nesse caso, não deve ser registrada uma receita; ao contrário, de
acordo com o que ocorre na empresa investida, no patrimônio líquido da
empresa investidora surge uma correspondente “reserva de reavaliação”
– aqui denominada reserva de reavaliação reflexa – proporcional à
participação da investidora no Capital da empresa investida.
O exemplo a seguir ilustra o conceito acima apresentado.

15
Sobre o assunto, recomenda-se a leitura da aula em que são apresentadas as contas
componentes do patrimônio líquido.

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Seja uma empresa investidora Dora S/A, que é titular de participação
societária correspondente a 50% do capital da empresa investida Tida
S/A, avaliada pelo método da equivalência patrimonial, conforme figura
a seguir.

Dora
ativo Passivo
Outros sócios
Caixa -

--------------PL
Inv - Tida 500.000,00

50%
50%

Despesas Receitas Tida


ativo Passivo

Obrigações
Bens (+)
Direitos --------------PL
Entre os bens e direitos
uma edificação de 100.000,00 Total do PL 1.000.000,00

Considere que a empresa Tida S/A tenha decidido reavaliar a edificação


constante de seu ativo, de R$ 100.000,00 para R$ 300.000,00,
conforme laudo de avaliação preparado por três peritos ou uma empresa
especializada, o que resultou no fato abaixo representado:

Tida S/A
ativo Passivo

outros bens Obrigações


(+) direitos
--------------PL
Edificação 100.000,00 Reserva de reavaliação 200.000,00
200.000,00 outras contas do PL 1.000.000,00
300.000,00 Total do PL 1.200.000,00
(após a reavaliação)

Nesse caso, a empresa investidora Dora S/A deverá atualizar o valor de


seu investimento da seguinte forma:

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Novo PL da empresa investida 1.200.000,00
(*) % de participação da empresa investidora no capital da empresa investida 50,00%
(=) valor atualizado do investimento 600.000,00
(- ) valor inicial do investimento (500.000,00)
(=) valor da reserva de reavaliação reflexa - a ser registrada pela investidora 100.000,00
O fato contábil referente ao ajuste acima apurado encontra-se
apresentado na figura a seguir:

Dora
ativo Passivo
Caixa -

Inv - Tida 500.000,00 --------------PL


100.000,00
600.000,00 Reserva de reavaliação reflexa 100.000,00

O lançamento contábil a ser registrado pela empresa investidora – Dora


S/A – é o seguinte:
D = Investimentos - Tida S/A
C = a Reserva de reavaliação reflexa - Tida S/A 100.000,00
A configuração patrimonial após o ajuste encontra-se a seguir
apresentada.

Dora
ativo Passivo
Outros sócios
Caixa -

--------------PL
Inv - Tida 600.000,00
Res. Reav. Reflexa 100.000,00
50%
50%

Despesas Receitas Tida


ativo Passivo

outro bens Obrigações


(+) direitos
--------------PL
edificações 300.000,00 Reserva de reav. 200.000,00
Demais contas do PL 1.000.000,00
Total do PL 1.200.000,00

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4.2.3.4.3 Realização do ativo reavaliado, pela empresa
investida – realização da reserva de reavaliação
reflexa na empresa investidora
Uma vez constituída a reserva de reavaliação reflexa, cabe estudar o
momento em que essa reserva deva ser realizada. A regra é simples:
(1) visto que a constituição da reserva de reavaliação reflexa se deu
quando da constituição da reserva de reavaliação da empresa investida;
(2) por via de conseqüência, a reserva de reavaliação reflexa deverá ser
realizada à medida que a reserva de reavaliação da empresa investida
for realizada. Para ilustrar essa idéia, basta lembrar que “assim na terra
como no céu” – ou seja, “na empresa investidora assim como na
empresa investida”.
O bem reavaliado (no ativo da empresa investida) poderá ser realizado
por alienação ou por outros motivos como, por exemplo, depreciação.
No momento da realização do bem reavaliado, a reserva de reavaliação
(constante do PL da empresa investida) deverá ser realizada
(transferida para lucros acumulados).
Assim, à medida que a empresa investida realiza a Reserva de
Reavaliação, a investidora deverá, na mesma proporção realizar a
reserva por ela constituída.
Em outras palavras: (1) se o bem reavaliado é alienado, ele é
totalmente realizado (transformado em outra coisa); (2) portanto, a
reserva de reavaliação da empresa investida deverá ser – também –
totalmente realizada (transferida para lucros acumulados) e (3) por via
de conseqüência, a reserva de reavaliação reflexa, constante do PL da
empresa investidora deverá ser totalmente realizada (transferida para
lucros acumulados).
Elucidando a questão, mais uma vez: (1) se o bem reavaliado é
depreciado, ele é parcialmente realizado (transformado em outra coisa);
(2) portanto, a reserva de reavaliação da empresa investida deverá ser
– também – parcialmente realizada (transferida para lucros
acumulados) e (3) por via de conseqüência, a reserva de reavaliação
reflexa, constante do PL da empresa investidora deverá ser
parcialmente realizada (transferida para lucros acumulados).
A seguir, encontra-se um exemplo que ilustra o procedimento de
realização da reserva de reavaliação reflexa, por conta da alienação do
bem reavaliado na empresa investida, antes descrito.
Considere que a empresa Tida S/A venda o imóvel reavaliado, à vista,
por R$ 355.000,00. Nesse caso, o lançamento a ser registrado pela
empresa Tida S/A é o seguinte:

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D = bancos conta movimento
C = a Receita não operacional 355.000,00
D = despesa não operacional
C = a Edificações 300.000,00
Repare que, conforme se percebe da leitura dos lançamentos acima,
houve um ganho de capital de R$ 55.000,00 (correspondente a R$
355.000,00 (-) R$ 300.000,00), mas na verdade, o terreno havia sido
comprado por R$ 100.000,00 e foi vendido por 355.000,00, portanto,
desconsiderada a reavaliação, o lucro deveria ser de R$ 255.000,00.
Para completar o registro do fato, é necessário realizar a reserva de
reavaliação no valor de R$ 200.000,00, transferindo esse saldo para a
conta lucros acumulados.
D = Reserva de reavaliação
C = a LPA 200.000,00
A partir dos lançamentos acima, a configuração patrimonial da empresa
Tida S/A passa a ser a seguinte:

Tida S/A
ativo Passivo
Bancos 355.000,00
outros bens Obrigações
(+) direitos
--------------PL
Edificação - Reserva de reavaliação -
LPA 200.000,00
outras contas do PL 1.000.000,00

Total do PL 1.200.000,00

Despesas Receitas
desp. n. oper 300.000,00 rec n. oper 355.000,00
===> ganho de capital 55.000,00

Percebe-se que não houve uma alteração no valor do saldo das contas
registradas no PL, apenas uma troca de valores entre o saldo da reserva
de reavaliação e dos lucros acumulados (LPA). Ao final do período,
quando da apuração do resultado do exercício, o valor do ganho de
capital também irá influenciar o montante registrado em patrimônio
líquido.
Assim, faz-se necessário o registro – na empresa investidora – do valor
da realização da reserva de reavaliação reflexa, conforme lançamento a
seguir:
D = Reserva de reavaliação reflexa
C = a LPA 100.000,00

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Obs.:
- neste exemplo a realização da reserva foi integral em
decorrência da baixa do terreno. Outros tipos de realização
parcial da reserva (depreciação, por exemplo – a ser
estudada) deveriam ser proporcionais, tanto na investida
como na investidora.
- A realização da reserva de reavaliação de deu a crédito de
“Lucros Acumulados”, mas poderia, à opção das empresas,
ter sido creditada a “resultado não operacional”.
- Se a investidora alienar a participação societária deverá
realizar, de imediato, o saldo da Reserva de reavaliação
decorrente de reavaliações de ativos na investida.
A configuração patrimonial após o ajuste encontra-se a seguir
apresentada.

Dora
ativo Passivo
Outros sócios
Caixa -

--------------PL
Inv - Tida 600.000,00
Res. Reav. Reflexa
LPA 100.000,00 50%
50%

Despesas Receitas Tida


ativo Passivo
Bancos 355.000,00
outro bens Obrigações
(+) direitos
--------------PL
edificações - Reserva de reav. -
LPA 200.000,00
Demais contas do PL 1.000.000,00
Total do PL 1.200.000,00

Despesas Receitas
desp n oper 300.000,00 rec n oper 355.000,00

No mesmo sentido, a IN CVM 247, de 1996, dispõe que a reavaliação de


ativos na investida, que resulta em um aumento de PL por constituição
de reserva de reavaliação, deve refletir na constituição de uma reserva
de reavaliação reflexa na investidora, conforme a seguir:
Art. 16 - A diferença verificada, ao final de cada período,
no valor do investimento avaliado pelo método da

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equivalência patrimonial, deverá ser apropriada pela
investidora como:
I - Receita ou despesa operacional, quando corresponder:
...
IV - Reserva de reavaliação quando corresponder a
aumento ocorrido no patrimônio líquido por reavaliação de
ativos na coligada e controlada, ressalvado o disposto no
inciso anterior.

4.2.4 Amortização do ágio / deságio


Já foi visto, quando do estudo do registro da aquisição do investimento
avaliado pelo método da equivalência patrimonial, que ágio e deságio
são diferenças existentes entre o valor pago por uma participação
societária e o correspondente valor patrimonial das ações ou quotas
adquiridas. Na aquisição de participação societária com a ocorrência de
ágio, deve-se registrar seu valor, em conta própria distinta daquela em
que foi registrado o investimento. A ocorrência de deságio será também
objeto de registro em conta própria, porém de natureza credora, cujo
saldo retifica o valor contábil do investimento.
As contas de ágio e de deságio estão sujeitas à amortização, sendo que
a regra geral é a de que o ágio e o deságio devem ser amortizados à
medida que seu fundamento deixar de existir:
a) Visto que o ágio representa um direito à sua
fundamentação, a amortização do ágio se dará à medida
que esse fundamento for realizado e, conseqüentemente,
o direito deixar de existir. Assim, a amortização do ágio é
registrada em contrapartida de conta de despesa, no
momento de sua realização.
b) Analogamente, visto que o deságio representa um ônus de
suportar sua fundamentação, sua amortização se dará à
medida que essa fundamentação for realizada e,
conseqüentemente, o ônus deixar de existir. Assim, a
amortização do deságio é registrada em contrapartida de
conta de receita, no momento de sua realização.
Em decorrência do que foi acima exposto, conclui-se que os critérios de
amortização variam em conformidade como o tipo, ou seja, a origem e
natureza do ágio, ou deságio. Isso porque os fundamentos dos
respectivos ágio ou deságio são realizados diferentemente, conforme
sua natureza.
A seguir, serão estudadas as realizações de cada tipo de ágio ou
deságio: (1) fundamentado na diferença entre o valor contábil e de
mercado no ativo da investida; (2) fundamentado em rentabilidade

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futura e (3) fundamentado em outras razões econômicas, ou fundo de
comércio. Também será apresentada uma situação que enseja a
amortização integral do ágio ou do deságio, independente de sua
fundamentação; qual seja, a baixa do investimento.

4.2.4.1 Fundamentado na diferença entre o valor contábil


e de mercado no ativo da investida
Em decorrência da existência de ativos registrados por valor inferior ou
superior ao valor de mercado, nas empresas cujas ações ou quotas
estejam sendo negociadas, podem ocorrer ágio ou deságio na operação
de aquisição da participação societária por parte da empresa
investidora. Esse é o caso de “ágio por ativo oculto” ou “deságio por
ativo inexistente” já vistos.

4.2.4.1.1 Amortização do ágio


O ágio dessa natureza representa um direito a uma parte de um ativo,
que está “oculto” (que não está contabilizada na empresa investida) e,
portanto, seu valor deverá ser amortizado na proporção em que esse
ativo, que possui uma parte “oculta”, for sendo realizado, pela empresa
investida, por depreciação, amortização, exaustão ou baixa.
O exemplo a seguir ilustra o conceito antes colocado.
Seja a empresa investidora Dora S/A, titular de participação societária
na empresa investida Tida S/A, no percentual de 50%, adquirida com
ágio no valor de R$ 100.000,00, fundamentado na diferença de valor
contábil e de mercado de uma edificação constante do ativo da empresa
investida, registrado por R$ 100.000,00 e com valor de mercado de R$
300.000,00.
A figura a seguir ilustra a situação patrimonial imediatamente após a
aquisição do investimento.

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Dora
ativo Passivo
Demais sócios
Caixa -

--------------PL
Inv - Tida 400.000,00
(+) ágio 100.000,00
50%
50%

Despesas Receitas Tida


ativo Passivo

Bens (+) Obrigações


Direitos
--------------PL
obs: entre os bens e direitos
Valor de mercado 300.000,00
encontra-se o seguinte Total do PL 800.000,00
(-) valor contábil (100.000,00)
imóvel 100.000,00
(=) ativo oculto 200.000,00 (*)

(*) Repare que 50% do ativo oculto é igual a R$ 200.000,00 (*) 50% = R$ 100.000,00, que é exatamente o valor do ágio
Isso vem a confirmar a idéia de que o ágio é um direito a um ativo oculto (e portanto deve ser registrado no ativo).

Considerando a amortização da edificação em 5%, o registro na


empresa investida é o seguinte:

Tida S/A
ativo Passivo

outros bens Obrigações


(+) direitos
--------------PL
imóvel - edificação 100.000,00
(-) Deprec. Acum. (5.000,00)
Total do PL 800.000,00

despesas Receitas

desesa com deprec. 5.000,00

O respectivo lançamento contábil encontra-se a seguir:


D = Despesa com depreciação
C = a Depreciação Acumulada 5.000,00

O reflexo disso na empresa investidora é o de amortização parcial do


ágio, conforme memória de cálculo abaixo:
valor inicial do ágio na investidora 100.000,00
(*) percentual de depreciação do ativo da investida 5%
(=) valor a ser amortizado 5.000,00

O lançamento contábil referente à amortização do ágio é o seguinte:

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D = Despesa com amortização
C = a ágio 5.000,00

Obs.: a despesa de depreciação da empresa investida irá compor seu


resultado e influenciar o valor do PL ao final do exercício, influindo –
também – no resultado da equivalência patrimonial.
A situação patrimonial após os fatos acima narrados é a seguinte.

Dora
ativo Passivo
Demais sócios
Caixa -

--------------PL
Inv - Tida 400.000,00
(+) ágio 95.000,00
50%
50%

Despesas Receitas Tida


desp. Amortiz. 5.000,00 ativo Passivo

Bens (+) Obrigações


Direitos
--------------PL
obs: entre os bens e direitos
encontra-se o seguinte Total do PL 800.000,00
imóvel 100.000,00
(-) dep. acum. (5.000,00)

Despesas Receitas
desp. deprec. 5.000,00

Considerando a alienação da edificação, por R$ 320.000,00, na empresa


investida, o registro será efetuado conforme abaixo:
D = bancos conta movimento
C = a Receita não operacional 320.000,00
D= diversos
C=a Edificações 100.000,00
D= despesa não operacional 95.000,00
D= Depreciação acumulada 5.000,00

A partir dos lançamentos acima, a configuração patrimonial da empresa


Tida S/A passa a ser a seguinte:

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Tida S/A
ativo Passivo
Bancos 320.000,00
outros bens Obrigações
(+) direitos
--------------PL
Edificação -
(-) Dep ac. -

Total do PL 800.000,00

Despesas Receitas
desp. n. oper 95.000,00 rec n. oper 320.000,00
===> ganho de capital 225.000,00

O reflexo desse evento na empresa investidora é o de amortização


integral do ágio, conforme memória de cálculo abaixo.

valor do ágio na investidora 95.000,00


(*) percentual de realização do ativo - na investida 100%
(=) valor a ser amortizado 95.000,00

O lançamento contábil referente à amortização do ágio é o seguinte:


D = Despesa com amortização
C = a ágio 95.000,00

Obs.: o resultado da alienação irá compor o resultado da empresa


investida e influenciar o valor do PL ao final do exercício, influindo –
também – no resultado da equivalência patrimonial.

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Dora
ativo Passivo Antigos sócios
Caixa -

--------------PL
Inv - Tida 400.000,00
(+) ágio -
50%
50%

Despesas Receitas Tida


desp. Amortiz. 5.000,00 ativo Passivo
desp. Amortiz. 95.000,00 bancos 320.000,00
Bens (+) Obrigações
Direitos
--------------PL
obs: entre os bens e direitos
encontra-se o seguinte Total do PL 800.000,00
imóvel -
(-) de. acum. -

Despesas Receitas
desp. deprec. 5.000,00 rec n oper 320.000,00
desp. N oper 95.000,00

Quanto ao ágio, cumpre referir que a reavaliação do ativo (caso


realizada pela empresa investida Tida S/A) tem por efeito revelar o valor
do “ativo oculto”. Assim, é também um motivo de realização do ágio.

4.2.4.1.2 Amortização do deságio


O deságio dessa natureza representa um ônus de suportar o registro de
um ativo (na empresa investida), que – em parte – é “inexistente” (que
está contabilizado na empresa investida por um valor que a investidora
entende não existir) e, portanto, seu valor deverá ser amortizado na
proporção em que esse ativo, que possui uma parte “inexistente”, for
sendo realizado, pela empresa investida, por depreciação, amortização,
exaustão ou baixa.
O exemplo a seguir ilustra o conceito antes colocado.
Seja a empresa investidora Dora S/A, titular de participação societária
na empresa investida Tida S/A, no percentual de 50%, adquirida com
deságio no valor de R$ 100.000,00, fundamentado na diferença de valor
contábil e de mercado de uma edificação constante do ativo da empresa
investida, registrado por R$ 300.000,00 e com valor de mercado de R$
100.000,00.

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A figura a seguir ilustra a situação patrimonial imediatamente após a
aquisição do investimento.

Dora
ativo Passivo
Demais sócios
Caixa -

--------------PL
Inv - Tida 500.000,00
(-) deságio (100.000,00)
50%
50%

Despesas Receitas Tida


ativo Passivo

Bens (+) Obrigações


Direitos
--------------PL
obs: entre os bens e direitos
Valor de mercado 100.000,00
encontra-se o seguinte Total do PL 1.000.000,00
(-) valor contábil (300.000,00)
imóvel 300.000,00
(=) ativo inexistente (200.000,00) (*)

Considerando a amortização da edificação em 5%, o registro na


empresa investida é o seguinte:

Tida S/A
ativo Passivo

outros bens Obrigações


(+) direitos
--------------PL
imóvel - edificação 300.000,00
(-) Deprec. Acum. (15.000,00)
Total do PL 800.000,00

despesas Receitas

desesa com deprec. 15.000,00

O respectivo lançamento contábil encontra-se a seguir:


D = Despesa com depreciação
C = a Depreciação Acumulada 15.000,00

O reflexo disso na empresa investidora é o de amortização parcial do


deságio, conforme memória de cálculo abaixo:
valor inicial do deságio na investidora 100.000,00
(*) percentual de depreciação do ativo da investida 5%
(=) valor a ser amortizado 5.000,00

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O lançamento contábil referente à amortização do deságio é o seguinte:
D = deságio
C = a receita de amortização do deságio 5.000,00

Obs.: a despesa de depreciação da empresa investida irá compor seu


resultado e influenciar o valor do PL ao final do exercício, influindo –
também – no resultado da equivalência patrimonial.
A situação patrimonial após os fatos acima narrados é a seguinte.

Dora
ativo Passivo
Demais sócios
Caixa -

--------------PL
Inv - Tida 500.000,00
(-) deságio 95.000,00
50%
50%

Despesas Receitas Tida


Rec. Amort. 5.000,00 ativo Passivo

Bens (+) Obrigações


Direitos
--------------PL
obs: entre os bens e direitos
encontra-se o seguinte Total do PL 1.000.000,00
imóvel 300.000,00
(-) de. acum. (15.000,00)

Despesas Receitas
desp. deprec. 15.000,00

Considerando a alienação da edificação, por R$ 320.000,00, na empresa


investida, o registro será efetuado conforme abaixo:
D = bancos conta movimento
C = a Receita não operacional 320.000,00
D= diversos
C=a Edificações 300.000,00
D= despesa não operacional 285.000,00
D= Depreciação acumulada 15.000,00

A partir dos lançamentos acima, a configuração patrimonial da empresa


Tida S/A passa a ser a seguinte:

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Tida S/A
ativo Passivo
Bancos 320.000,00
outros bens Obrigações
(+) direitos
--------------PL
Edificação -
(-) Dep ac. -

Total do PL 800.000,00

Despesas Receitas
desp. n. oper 285.000,00 rec n. oper 320.000,00
===> ganho de capital 35.000,00

O reflexo desse evento na empresa investidora é o de amortização


integral do deságio, conforme memória de cálculo abaixo.

valor do deságio na investidora 95.000,00


(*) percentual de realização do ativo - na investida 100%
(=) valor a ser amortizado 95.000,00

O lançamento contábil referente à amortização do ágio é o seguinte:


D = deságio
C = a receita de amortização do deságio 95.000,00

Obs.: o resultado da alienação irá compor o resultado da empresa


investida e influenciar o valor do PL ao final do exercício, influindo –
também – no resultado da equivalência patrimonial.

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Dora
ativo Passivo
Demais sócios
Caixa -

--------------PL
Inv - Tida 400.000,00
(-) deságio -
50%
50%

Despesas Receitas Tida


rec amortiz 5.000,00 ativo Passivo
rec amortiz 95.000,00 bancos 320.000,00
Bens (+) Obrigações
Direitos
--------------PL
obs: entre os bens e direitos
encontra-se o seguinte Total do PL 1.000.000,00
imóvel -
(-) de. acum. -

Despesas Receitas
desp. deprec. 15.000,00 rec n oper 320.000,00
desp. N oper 285.000,00

4.2.4.1.3 Exemplo conjunto – amortização de ágio relativo a


vários itens do ativo da investida
Supondo que uma investidora tivesse adquirido 90% do capital de uma
empresa investida e pago, por ocasião da aquisição dessas ações, um
ágio total de R$ 50.000.000,00, pelo valor de mercado dos bens do
ativo da investida, correspondente a:
- terrenos 10.000.000,00;
- edificações 20.000.000,00;
- maquinários 15.000.000,00;
- estoques 5.000.000,00.
Com relação aos terrenos, como os terrenos não são depreciáveis, os
10.000.000,00 de ágio, a eles relativos, somente seriam amortizados:
(1) por ocasião da alienação dos terrenos, ou; (2) por reavaliação na
investida.
Com relação aos edifícios, supondo que a investida os deprecie e que
tenham uma vida útil remanescente de 20 anos, a amortização dos R$
20.000.000,00 de ágio, será de R$ 1.000.000 (5%) ao ano.

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Com relação ao maquinário, o ágio de R$ 15.000.000,00, será
amortizado no prazo da vida útil do maquinário. Supondo que esta vida
útil seja de 3 anos, teríamos a amortização de 33,33% ao ano – R$
5.000.000,00.
Com relação aos estoques, visto que eles não são depreciados, o ágio de
R$ 5.000.000,00 será amortizado integralmente, quando alienação do
estoque.
Supondo que, ao final do ano, seguinte à aquisição, a investida tivesse
efetuado uma reavaliação de alguns dos bens que fundamentaram o
ágio, nos seguintes valores:
- terrenos 15.000.000,00;
- edificações 20.000.000,00;
- maquinários 12.000.000,00.
A amortização correspondente do ágio deveria ser efetuada conforme
cálculos a seguir.
bens reavaliados reavaliação na investida reflexo na investidora (90%)
terrenos 15.000.000,00 13.500.000,00
edifícios 20.000.000,00 18.000.000,00
maquinários 12.000.000,00 10.800.000,00
total 47.000.000,00 42.300.000,00
Amortização Amortização
contas ágio por realização por reavaliação saldo
terrenos 10.000.000,00 - 10.000.000,00 -
edifícios 20.000.000,00 1.000.000,00 18.000.000,00 1.000.000,00
maquinários 15.000.000,00 5.000.000,00 10.000.000,00 -
total 45.000.000,00 7.000.000,00 38.000.000,00 -

Lançamentos
D= Investimentos 42.300.000,00
C=a diversos
C=a ágio Terrenos 10.000.000,00
C=a ágio Edifícios 18.000.000,00
C=a ágio Maquinários 10.000.000,00
C=a Reserva de reavaliação 4.300.000,00
Obs.: o valor da reserva de reavaliação reflexa (R$ 4.300.000,00)
compõe-se de:
- R$ 3.500.000,00 oriundos da reavaliação dos terrenos; e
- R$ 800.000,00 dos maquinários.
Do ágio relativo aos edifícios, remanesce o valor de R$ 1.000.000,00.

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4.2.4.2 Fundamentado em rentabilidade futura
A amortização do ágio ou deságio decorrente da expectativa de
resultado em exercícios futuros deverá ser realizada no prazo e na
extensão das projeções que o determinaram.

4.2.4.2.1 Amortização do ágio fundamentado em


rentabilidade futura
Didaticamente, considerando que o ágio fundamentado em rentabilidade
futura seja um “direito a uma parcela do lucro futuro”, ele deve ser
amortizado à medida que o lucro futuro deixar de existir. Em outras
palavras, o direito ao lucro futuro deixa de existir quando não houver
mais futuro ou quando não houver mais lucro.
O exemplo a seguir ilustra o conceito acima apresentado.
Seja a empresa investidora Dora S/A, titular de participação societária
na empresa investida Tida S/A, no percentual de 50%, adquirida com
ágio no valor de R$ 100.000,00, fundamentado na expectativa de
lucratividade nos próximos 5 (cinco) períodos que, trazida a valores
presentes, seja equivalente à R$ 200.000,00 (ou seja, há um “lucro
futuro” de R$ 200.000,00). A figura a seguir ilustra a situação
proposta:

Dora
ativo Passivo
Demais sócios

--------------PL
Inv - Tida 400.000,00
(+) ágio 100.000,00
50%
50%

Despesas Receitas Tida


ativo Passivo

Bens (+) Obrigações


Direitos
--------------PL

Total do PL 800.000,00

Valor contábil do PL 800.000,00


(+) valor atual do lucro futuro 200.000,00
(=) PL considerando lucros futuros 1.000.000,00

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Ao se encerrar o primeiro dos cinco períodos para os quais está previsto
“lucro futuro”, a investidora deverá reconhecer a amortização de 20%
do ágio correspondente a essa participação societária.
Lançamentos registrados na Investidora – Dora S/A
D = despesa de amortização de ágio
C = a ágio 20.000,00

Ao final do segundo período, independentemente de terem ou não se


realizado os resultados cuja expectativa justificou a ocorrência do ágio,
a investidora amortizará, como despesa, mais 20% do ágio, e assim
sucessivamente.
Segundo o art. 14 da IN CVM 247, de 1996, o ágio/deságio,
fundamentado na expectativa de rentabilidade futura, deve ser
amortizado: (1) no prazo, extensão e proporção dos resultados
projetados, ou pela baixa, por alienação ou perecimento, do
investimento; (2) o prazo máximo para amortização não poderá exceder
a 10 anos.
A seguir, encontra-se reproduzido o artigo citado:
Art. 14 - O ágio ou deságio computado na ocasião da
aquisição ou subscrição do investimento deverá ser
contabilizado com indicação do fundamento econômico que
o determinou.
...
§ 2º - O ágio ou o deságio decorrente da diferença entre o
valor pago na aquisição do investimento e o valor de
mercado dos ativos e passivos da coligada ou controlada,
referido no parágrafo anterior, deverá ser amortizado da
seguinte forma. (NR)*
a) - o ágio ou o deságio decorrente de expectativa de
resultado futuro no prazo, extensão e proporção dos
resultados projetados, ou pela baixa por alienação ou
perecimento do investimento, devendo os resultados
projetados serem objeto de verificação anual, a fim de que
sejam revisados os critérios utilizados para amortização ou
registrada a baixa integral do ágio; e
...
§ 3º - O prazo máximo para amortização do ágio previsto
na letra "a" do parágrafo anterior não poderá exceder a
dez anos;(NR)*
É importante ressaltar que:
a) o saldo da conta de ágio será integralmente baixado em
caso de alienação perecimento, descontinuidade
operacional, ou ainda por outras razoes que indiquem que

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realmente tal ágio não tem substancia econômica efetiva
e não é recuperável.
b) Amortização do deságio não deve, em nenhum exercício,
superar o valor do prejuízo reconhecido.

4.2.4.2.2 Amortização do deságio fundamentado em


rentabilidade futura
Didaticamente, considerando que o deságio fundamentado em
rentabilidade futura seja um ônus, pela “obrigação de suportar uma
parcela do prejuízo futuro” da empresa objeto da participação societária
adquirida, ele deve ser amortizado à medida que o prejuízo futuro
deixar de existir. Em outras palavras, a obrigação de suportar uma
parcela do prejuízo futuro deixa de existir quando não houver mais
futuro ou quando não houver mais prejuízo a suportar.
O exemplo a seguir ilustra o conceito acima apresentado.
Seja a empresa investidora Dora S/A, titular de participação societária
na empresa investida Tida S/A, no percentual de 50%, adquirida com
deságio no valor de R$ 100.000,00, fundamentado na expectativa de
lucratividade nos próximos 5 (cinco) períodos que, trazida a valores
presentes, seja equivalente à R$ 200.000,00 (ou seja, há um “prejuízo
futuro” de R$ 200.000,00). A figura a seguir ilustra a situação
proposta:

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Dora
ativo Passivo
Demais sócios

--------------PL
Inv - Tida 500.000,00
(-) deságio (100.000,00)
50%
50%

Despesas Receitas Tida


ativo Passivo

Bens (+) Obrigações


Direitos
--------------PL

Total do PL 1.000.000,00

Valor contábil do PL 1.000.000,00


(-) valor atual do prejuízo futuro (200.000,00)
(=) PL considerandoprejuízos futuros 800.000,00

Ao se encerrar o primeiro dos cinco períodos para os quais está previsto


“prejuízo futuro”, a investidora deverá reconhecer a amortização de
20% do deságio correspondente a essa participação societária.
Lançamentos registrados na Investidora – Dora S/A
D = deságio
C = a Receita de amortização do deságio 20.000,00

Ao final do segundo período, independentemente de terem ou não se


realizado os resultados cuja expectativa justificou a ocorrência do
deságio, a investidora amortizará, como receita, mais 20% do deságio,
e assim sucessivamente.

4.2.4.2.3 Obs. Amortização do ágio fundamentado no


direito de exploração, concessão ou permissão
delegada pelo Poder Público – um caso especial de
ágio fundamentado em rentabilidade futura
O ágio, ou deságio, fundamentado no direito de exploração, concessão
ou permissão delegada pelo Poder Público, é um caso especial do ágio

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(ou do deságio) fundamentado em rentabilidade futura16. Portanto, este
tipo de ágio deve ser amortizado no prazo estimado ou contratado de
utilização, de vigência, ou de perda da substancia econômica, ou pela
baixa por alienação ou perecimento do investimento.

4.2.4.3 Fundamentado em outras razões econômicas –


fundo de comércio
Somente considera-se fundamentação para ágio ou deságio a avaliação
de ativos na investida ou a expectativa quanto à rentabilidade futura. O
ágio, ou o deságio, fundamentado “em outras razões econômicas” é
considerado não justificado (não fundamentado). Nesse caso:
- no caso de ágio: o ágio justificado conforme acima deve ser
reconhecido imediatamente como perda, no resultado do
exercício em que ocorreu a aquisição da participação
(devidamente esclarecida, em nota explicativa, as razões de
sua existência);
- no caso de deságio, sua amortização somente poderá ser
contabilizada em caso de baixa do próprio investimento.

4.2.4.4 Regra genérica de realização do ágio e do deságio


– pela baixa do investimento
Além da amortização específica, pela realização da fundamentação do
ágio (ou do deságio) há uma situação especial que enseja a imediata
amortização do ágio ou do deságio, independentemente do tipo de ágio
ou de deságio: a baixa do investimento (por alienação ou perecimento).
Por ocasião da baixa contábil de um investimento, no caso de existência
de saldo nas contas representativas de ágio ou deságio, decorrente de
sua aquisição, tanto o ágio quanto o deságio devem ser integralmente
amortizados. Essa é uma decorrência lógica da idéia de que o acessório
segue o principal; pois, não havendo mais o investimento no patrimônio,
não faz sentido manter qualquer direito/ágio ou ônus/deságio (relativo a
esse investimento) no patrimônio.
O exemplo a seguir ilustra o conceito acima.
Considere que a empresa investidora Dora S/A tenha vendido a prazo
uma participação societária que detinha na empresa investida Tida S/A.
Considere, ainda, as seguintes características da operação: (1) valor da

16
Afinal de contas, uma concessão de serviço público somente terá valor patrimonial
se ela gerar algum lucro. A característica especial desse tipo de ágio é que a
lucratividade futura tem prazo contratual para ser realizada.

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venda R$ 333.000,00; (2) valor contábil do investimento R$
300.000,00; (3) ágio não amortizado R$ 15.000,00.
Os lançamentos contábeis relativos ao fato acima descrito são os
seguintes:
a) pela venda do investimento
D = títulos a receber
C = a Receita não operacional 333.000,00
D = Despesa não operacional
C = a Investimentos - Tida S/A 300.000,00
b) pela amortização do ágio
D = Despesa com amortização de ágio
C = a Ágio - Tida S/A 15.000,00
Repare que, para a apresentação dos lançamentos acima não foi
necessário inquirir o tipo de ágio (ou seja, o fundamento do ágio relativo
ao investimento de Dora S/A no capital de Tida S/A). Isso não foi
necessário porque a baixa do investimento implica a integral e imediata
amortização do ágio (porventura ainda não amortizado)
independentemente de seu fundamento.

4.2.5 Variação no percentual de participação


Por ocasião da emissão de novas ações é possível haver variação no
percentual de participação dos investidores no Capital Social da empresa
investida. Tal fato decorre da possibilidade dos antigos detentores das
ações exercerem ou não seu direito de subscrição.
A variação no percentual de participação em investimentos, portanto,
ocorre em situações onde a investidora subscreve importância diferente
daquela correspondente ao valor proporcional de sua participação
anterior. Isso ocorre por:
- subscrição de percentual maior do que aquele anteriormente
investido, pelo fato de outros acionistas não terem exercido o
seu direito de preferência;
- subscrição de percentual menor do que aquele anteriormente
investido, pelo fato do próprio acionista não ter exercido o seu
direito de preferência.
Para entender os efeitos desse fato, é necessário lembrar que – com
relação a participações societárias – a empresa investidora adquire
participação no capital da empresa investida e, com isso, passa a ter
direito a uma parcela do patrimônio líquido da empresa investidora.
O entendimento dessa característica especial dos investimentos em
participação societária é fundamental. Entretanto, cumpre referir, que

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ele não é intuitivo, porque: (1) quando se adquire um automóvel se
paga pelo automóvel e passa-se a ter direito de propriedade sobre o
automóvel adquirido; (2) da mesma forma, quando se adquire um
imóvel se paga pelo imóvel e passa-se a ter direito de propriedade sobre
esse imóvel adquirido; (3) porém, quando se adquire uma participação
societária, paga-se pela aquisição de uma parcela do capital da empresa
investida, mas passa-se a ter direito a uma parcela do patrimônio
líquido da empresa investida.
Assim, caso no PL da empresa investida haja reservas ou lucros
acumulados, a investidora passa a ter direito sobre uma parcela de seus
valores, mesmo tendo realizado o pagamento para adquirir apenas uma
parcela do capital social. Essa situação pode ensejar ganho.
Quando um investimento é avaliado pela equivalência patrimonial, a
variação no percentual de participação, resulta, para a investidora, em
ganho ou perda de capital. Esse resultado será considerado como “não
operacional”, pois o ajuste contábil decorre do exercício do direito de
subscrever e não do desempenho econômico/financeiro da investida.
A seguir encontra-se proposto um exemplo ilustrativo da ocorrência de
ganhos ou perdas (não operacionais) por variação no percentual de
participação no capital de uma empresa investida.
Considere a situação em que duas empresas, (1) Esperta S/A e (2)
Otária S/A, mantém investimentos na empresa Tida S/A, avaliados pelo
método da equivalência patrimonial (ambos no percentual de 50%).
Considere, ainda que o patrimônio líquido da empresa investida Tida S/A
seja composto por: (a) Capital social no valor de R$ 1.000.000,00 –
composto por um milhão de ações de R$ 1,00 cada; (b) Reservas de
capital e de lucro no valor conjunto de R$ 2.000.000,00. A figura
abaixo ilustra a situação:

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Esperta S/A Otária S/A
ativo Passivo ativo Passivo
Caixa 1.000.000,00

--------------PL --------------PL
Inv - Tida 1.500.000,00 Inv - Tida 1.500.000,00

Despesas Receitas 50% 50% Despesas Receitas

Tida S/A
ativo Passivo

Bens (+) Obrigações


Direitos
--------------PL
Capital 1.000.000,00
Reservas 2.000.000,00

Total do PL 3.000.000,00

Considere que a empresa Tida S/A tenha resolvido aumentar seu capital
(de R$ 1.000.000,00 para R$ 2.000.000,00 – com emissão de um
milhão de novas ações com valor nominal de R$ 1,00 cada). Nessa
situação, cada uma das investidoras tem preferência na subscrição e
realização de 50% das novas ações emitidas pela investida. Mas,
considere, para fins de nosso exemplo, que: (1) a empresa Otária S/A
tenha preferido abdicar de seu direito e que, portanto, não tenha
participado da subscrição e (2) a empresa Esperta S/A tenha subscrito a
totalidade das novas ações emitidas por Tida S/A.
O patrimônio líquido da empresa investida, após a integralização de
Capital passou a ser de R$ 4.000.000,00 (R$ 1.000.000,00 (+) R$
1.000.000,00 a título de capital social e, também, R$ 2.000.000,00 a
título de reservas), conforme figura a seguir.

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Tida S/A
ativo Passivo
Caixa 1.000.000,00
Obrigações

outros bens --------------PL


(+) direitos Capital 2.000.000,00
Reservas 2.000.000,00

Total do PL 4.000.000,00

A investidora Otária S/A continuou com as mesmas 500.000 ações,


representativas do percentual de 50% do capital social de Tida S/A
antes da nova subscrição; porém, essa quantidade de ações passou a
representar apenas 25% do total de ações de Tida S/A a partir da nova
emissão, conforme memória de cálculo abaixo.
Participação da investidora Otária S/A no capital de Tida S/A
1) situação anterior à emissão das novas ações
(. ) quantidade de ações de titularidade de Otária S/A 500.000
(/ ) total de ações emitidas por Tida S/A 1.000.000
(=) percentual de participação 50%

2) situação posterior à emissão das novas ações


(. ) quantidade de ações de titularidade de Otária S/A 500.000
(/ ) total de ações emitidas por Tida S/A 2.000.000
(=) percentual de participação 25%
Considerando que não deixou de haver obrigatoriedade de avaliação
desse investimento pela equivalência patrimonial, a empresa Otária S/A
deverá atualizar o valor de seu investimento em Tida S/A, conforme
abaixo
Atualização do investimento de Otária S/A no capital de Tida S/A
1) situação anterior à emissão das novas ações
(. ) valor do PL de Tida S/A 3.000.000,00
(*) percentual de participação 50%
(=) valor do investimento 1.500.000,00

2) situação posterior à emissão das novas ações


(. ) valor do PL de Tida S/A 4.000.000,00
(*) percentual de participação 25%
(=) valor do investimento 1.000.000,00
Repare que o valor do investimento, mantido por Otária S/A na empresa
Tida S/A e avaliado pelo método da equivalência patrimonial, ficou
reduzido (de R$ 1.500.000,00 para R$ 1.000.000,00), o que acarreta
uma perda de R$ 500.000,00 para o patrimônio da Otária S/A. Essa

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perda , por independer de resultados obtidos pela investida, é tratada
como resultado não operacional.
A seguir, encontram-se figura representativa da perda sofrida por Otária
S/A, devida à variação no percentual de participação no investimento
em Tida S/A ocorrido, seguida dos lançamentos efetuados pela
investidora Otária S/A.

Otária S/A
ativo Passivo

outros bens Obrigações


(+) direitos
--------------PL
Inv. Tida S/A 1.500.000,00
(500.000,00)
1.000.000,00

Despesas Receitas
desp. n. oper 500.000,00

D = Despesa não operacional - perdas por variação no percentual de participação


C = a Investimento - Tida S/A 500.000,00
OBS: a perda sofrida pela investidora Otária S/A decorre da redução de
sua participação nas outras contas do patrimônio líquido (Reservas) da
investida Tida S/A. A empresa Esperta S/A, adquirente das ações que a
investidora Otária S/A não quis subscrever, passou a deter uma parcela
dessas outras contas, auferindo um ganho.
A investidora Esperta S/A adquiriu todas as novas ações emitidas
(1.000.000 de novas ações) e passou a ser titular de 1.500.000 ações.
Inicialmente, a quantidade de ações de Esperta S/A eram
representativas do percentual de 50% do capital social de Tida S/A;
porém, após a aquisição das novas ações emitidas Esperta S/A passou a
ser titular de 75% do total de ações de Tida S/A, conforme memória de
cálculo abaixo.

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Participação da investidora Esperta S/A no capital de Tida S/A
1) situação anterior à emissão das novas ações
(. ) quantidade de ações de titularidade de Esperta S/A 500.000
(/ ) total de ações emitidas por Tida S/A 1.000.000
(=) percentual de participação 50%

2) situação posterior à emissão das novas ações


(. ) quantidade de ações de titularidade de Esperta S/A 1.500.000
(/ ) total de ações emitidas por Tida S/A 2.000.000
(=) percentual de participação 75%
Considerando que não deixou de haver obrigatoriedade de avaliação
desse investimento pelo método da equivalência patrimonial, a empresa
Esperta S/A deverá atualizar o valor de seu investimento em Tida S/A,
conforme abaixo
Atualização do investimento de Esperta S/A no capital de Tida S/A
1) situação anterior à emissão das novas ações
(. ) valor do PL de Tida S/A 3.000.000,00
(*) percentual de participação 50%
(=) valor do investimento 1.500.000,00

2) situação posterior à emissão das novas ações


(. ) valor do PL de Tida S/A 4.000.000,00
(*) percentual de participação 75%
(=) valor do investimento 3.000.000,00

3) apuração do ganho de Esperta S/A


(.) Valor Atual do investimento 3.000.000,00
(-) Valor anterior do investimento (1.500.000,00)
(=) aumento do valor do investimento 1.500.000,00
(-) valor pago na aquisição de novas ações (1.000.000,00) (*)
(=) ganho de Esperta S/A 500.000,00
(*) R$1,00 (x) 1.000.000 de novas ações emitidas
Repare que o valor do investimento, mantido por Esperta S/A na
empresa Tida S/A e avaliado pelo método da equivalência patrimonial,
foi majorado em R$ 1.500.000,00 (de R$ 1.500.000,00 para R$
3.000.000,00), ocorre que para essa majoração, Esperta S/A
desembolsou apenas R$ 1.000.000,00 (R$ 1,00 por cada uma das novas
1.000.000 ações adquiridas). Essa situação acarreta um ganho de R$
500.000,00 para o patrimônio da Esperta S/A (numericamente igual à
perda sofrida por Otária S/A). Esse ganho, por independer de
resultados obtidos pela investida, é tratado como resultado não
operacional.
A seguir, encontram-se figura representativa do ganho auferido por
Esperta S/A, devido à variação no percentual de participação no
investimento em Tida S/A ocorrido, seguido dos lançamentos efetuados
pela investidora Esperta S/A.

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Esperta S/A
ativo Passivo
Caixa 1.000.000,00
(1.000.000,00)
-
outros bens Obrigações
(+) direitos
--------------PL
Inv. Tida S/A 1.500.000,00
1.500.000,00
3.000.000,00

Despesas Receitas
Receita não operacional 500.000,00

D = Investimento - Tida S/A 1.500.000,00


C = a Diversos
C = a Caixa 1.000.000,00

C = a Receita não operacional - variação do percent. De particip. 500.000,00

A situação patrimonial após a variação no percentual de participação,


ocorrida, encontra-se a seguir apresentada.

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Esperta S/A Otária S/A
ativo Passivo ativo Passivo
Caixa -

--------------PL --------------PL
Inv - Tida 3.000.000,00 Inv - Tida 1.000.000,00

Despesas Receitas 75% 25% Despesas Receitas


rec n oper 500.000,00 desp n oper 500.000,00

Tida S/A
ativo Passivo

Bens (+) Obrigações


Direitos
--------------PL
Capital 2.000.000,00
Reservas 2.000.000,00

Total do PL 4.000.000,00

4.2.6 Participações recíprocas


É denominada “Participações Recíprocas” a situação em que a empresa
investidora possui ações da empresa investida e a empresa investida
possui ações da empresa investidora. Percebe-se que essa situação é,
em princípio, ilógica e remete a uma circularidade, que resulta na
dificuldade de definição de qual é a empresa investidora e qual é
investida.
O assunto é tratado pelo art. 244 da Lei das S/A, a seguir:
Art. 244. É vedada a participação recíproca entre a
companhia e suas coligadas ou controladas.
§ 1º O disposto neste artigo não se aplica ao caso em que
ao menos uma das sociedades participa de outra com
observância das condições em que a lei autoriza a
aquisição das próprias ações (artigo 30, § 1º, alínea b).
§ 2º As ações do capital da controladora, de propriedade
da controlada, terão suspenso o direito de voto.
§ 3º O disposto no § 2º do artigo 30, aplica-se à aquisição
de ações da companhia aberta por suas coligadas e
controladas.

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§ 4º No caso do § 1º, a sociedade deverá alienar, dentro
de 6 (seis) meses, as ações ou quotas que excederem do
valor dos lucros ou reservas, sempre que esses sofrerem
redução.
§ 5º A participação recíproca, quando ocorrer em virtude
de incorporação, fusão ou cisão, ou da aquisição, pela
companhia, do controle de sociedade, deverá ser
mencionada nos relatórios e demonstrações financeiras de
ambas as sociedades, e será eliminada no prazo máximo
de 1 (um) ano; no caso de coligadas, salvo acordo em
contrário, deverão ser alienadas as ações ou quotas de
aquisição mais recente ou, se da mesma data, que
representem menor porcentagem do capital social.
§ 6º A aquisição de ações ou quotas de que resulte
participação recíproca com violação ao disposto neste
artigo importa responsabilidade civil solidária dos
administradores da sociedade, equiparando-se, para
efeitos penais, à compra ilegal das próprias ações.
A leitura do dispositivo acima revela que se trata de uma situação em
princípio proibida. O objetivo do dispositivo é o de manter a integridade
do capital social de cada empresa componente do grupo econômico.
Entretanto, a situação é permitida em alguns casos especiais, como no
caso de aquisição de ações da controladora que tenham o mesmo efeito
patrimonial de aquisição das próprias ações, nos termos do art. 30, § 1o,
alíneas “a” e “b”, a seguir:
Art. 30. A companhia não poderá negociar com as próprias
ações.
§ 1º Nessa proibição não se compreendem:
a) as operações de resgate, reembolso ou amortização
previstas em lei;
b) a aquisição, para permanência em tesouraria ou
cancelamento, desde que até o valor do saldo de lucros ou
reservas, exceto a legal, e sem diminuição do capital
social, ou por doação;
Para entender como a aquisição de ações de outra empresa pode ter o
efeito de aquisição das próprias ações, é necessário referir que uma
empresa, ao adquirir ações de sua controladora, está na realidade
adquirindo suas próprias ações, uma vez que: (1) as ações da
controladora representam o direito a uma parcela do patrimônio da
controladora; (2) no patrimônio da controladora consta ações da própria
controlada – que, por sua vez, representam o direito a uma parcela do
patrimônio da controlada. Assim, quem possui ações de uma
controladora possui, indiretamente, parte das ações que essa
controladora possui de suas controladas. Essa situação deve ser
o
temporária (conforme art. 244, § 4 acima).

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Conforme consta do parágrafo 1o do art. 244, antes apresentado, é
possível que a empresa investida adquira ações de sua controladora,
desde que essa aquisição decorra de doações, ou tenha ocorrido para
permanência em tesouraria e venda futura (nesses casos, porém, é
necessário que não tenha havido diminuição do capital – ou seja, que a
empresa adquirente tenha lucros e reservas exceto a legal, em valor
suficiente).
Pode ocorrer, também, participações recíprocas no caso de
incorporação, fusão ou cisão, ou aquisição do controle da sociedade,
trata-se – porém – de situação também temporária.
A seguir, analisaremos – exemplificativamente – uma situação que
enseja a existência de participações recíprocas, a aquisição de ações da
controladora para manutenção em tesouraria.
Seja uma empresa investidora – Dora S/A – titular de 100% da empresa
investido – Tida S/A – sua subsidiária integral.

Dora
ativo Passivo

obrigações -
Inv - Tida 1.000.000,00
--------------PL
capital 1.000.000,00

100%
Despesas Receitas
Tida
ativo Passivo
caixa 200.000,00
obrigações -
outros bens
(+) direitos 800.000,00 --------------PL
Capital 800.000,00
Reservas lucro 200.000,00

Total do PL 1.000.000,00

Despesas Receitas

Considere a aquisição, pela investida – Tida S/A, de 20% das ações da


investidora – Dora S/A, por R$ 200.000,00.
O efeito dessa aquisição no patrimônio de Dora S/A é que ela –
indiretamente – possui suas próprias ações, conforme memória de
cálculo abaixo:

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(. ) percentual de participação de Dora S/A em Tida S/A 100%
(*) percentual de participação de Tida S/A em Dora S/A 20%
(=) percentual de participação de Dora S/A em Dora S/A 20%
(obs.): a participação de Dora S/A em Dora S/A tem o efeito de ações em tesouraria
A representação do fato acima e o respectivo registro do lançamento
encontram-se a seguir:

Dora
ativo Passivo

obrigações -
Inv - Tida 1.000.000,00
(200.000,00) --------------PL
800.000,00 capital 1.000.000,00
(-) ações em tesour. (200.000,00)

Despesas Receitas

D = Ações em tesouraria
C = a Investimento - Tida S/A 200.000,00
O efeito dessa aquisição no patrimônio de Tida S/A é que ela –
indiretamente – também possui suas próprias ações, conforme memória
de cálculo abaixo:
(. ) percentual de participação de Tida S/A em Dora S/A 20%
(*) percentual de participação de Dora S/A em Tida S/A 100%
(=) percentual de participação de Tida S/A em Tida S/A 20%
(obs.): a participação de Tida S/A em Tida S/A tem o efeito de ações em tesouraria
A representação do fato acima e o respectivo registro do lançamento
encontram-se a seguir:

Tida
ativo Passivo
caixa 200.000,00
(200.000,00)
- obrigações -
outros bens
(+) direitos 800.000,00 --------------PL
Capital 800.000,00
Reservas lucro 200.000,00
(-) Ações em tesour. (200.000,00)
Total do PL 800.000,00

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D = Ações em tesouraria
C = a Caixa 200.000,00

4.2.7 Provisão para perdas


A provisão para perdas ocorre com mais freqüência nos investimentos
avaliados pelo método do custo de aquisição (porque ele não
acompanha os eventuais prejuízos inerentes à evolução patrimonial da
empresa).
Nos investimentos avaliados pelo método da equivalência patrimonial,
devem ser provisionadas as perdas potenciais, em virtude de:
- tendência de perecimento do investimento;
- elevado risco de paralisação de operações de coligadas e
controladas;
- eventos que possam prever perda parcial ou total do valor
contábil do investimento ou do montante de créditos contra as
coligadas e controladas; ou
- cobertura de garantias, avais, fianças, hipotecas ou penhor
concedidos, em favor de coligadas e controladas, referentes a
obrigações vencidas ou vincendas quando caracterizadas a
incapacidade de pagamentos pela controlada ou coligada.
Sobre o assunto, a IN CVM 247, de 1996, dispõe, em seu art. 12, o
seguinte:
Art. 12 - A investidora deverá constituir provisão para
cobertura de:
I - Perdas efetivas, em virtude de:
a) - eventos que resultarem em perdas não provisionadas
pelas coligadas e controladas em suas demonstrações
contábeis; ou
b) - responsabilidade formal ou operacional para cobertura
de passivo a descoberto.
II - Perdas potenciais, estimadas em virtude de:
a) - tendência de perecimento do investimento;
b) - elevado risco de paralisação de operações de coligadas
e controladas;
c) - eventos que possam prever perda parcial ou total do
valor contábil do investimento ou do montante de créditos
contra as coligadas e controladas; ou
d) - cobertura de garantias, avais, fianças, hipotecas ou
penhor concedidos, em favor de coligadas e controladas,
referentes a obrigações vencidas ou vincendas quando

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caracterizada a incapacidade de pagamentos pela
controlada ou coligada.
§ 1º - Independentemente do disposto na letra " b" do
inciso I, deve ser constituída ainda provisão para perdas,
quando existir passivo a descoberto e houver intenção
manifesta da investidora em manter o seu apoio financeiro
à investida.
§ 2º - A provisão para perdas deverá ser apresentada no
ativo permanente por dedução e até o limite do valor
contábil do investimento a que se referir, sendo o
excedente apresentado em conta específica no passivo.

5 Resumo
1) Apresentação do conceito de participações societárias e sua
contextualização no âmbito do Ativo Permanente Investimentos.
Trata-se da avaliação das ações ou cotas de capital que empresas
investidoras mantém em seu ativo, referentes à participação no
capital de outras empresas investidas.
2) Métodos de avaliação de participações societárias. Existem dois
métodos de avaliação – o método do custo e o método da
equivalência patrimonial.
a) Método do Custo
i) Conceito. A avaliação do investimento pelo método do custo é
a regra geral, por tratar-se de aplicação direta do princípio
fundamental de contabilidade do “Registro pelo Valor Original”.
Assim, uma vez adquirida a participação societária, seu valor
permanece no patrimônio da empresa investidora sem
modificações.
ii) Aquisição do investimento – inexistência de ágio. Na aquisição
do investimento avaliado pelo método do custo, cabe a
aplicação do princípio do Registro pelo Valor Original. Assim, o
investimento vale o quanto foi pago por ele e, como
decorrência dessa regra, não há falar em ágio ou deságio.
iii) Provisão para perdas. Cabe (por obediência ao princípio da
Prudência) o registro de provisão para perdas na alienação do
investimento quando essas perdas forem consideradas
definitivas.
iv) Dividendos. O registro de dividendos pode ser realizado a
crédito de receita ou do próprio investimento
(1) Regra geral – receita. Os dividendos oriundos de
lucros auferidos pela empresa investida após a aquisição da

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participação societária por parte da empresa investidora,
eles deverão ser registrados a crédito de receita.
(2) Regra especial – redução do investimento. Quando os
dividendos forem oriundos de lucros auferidos pela empresa
investida ANTES da aquisição do investimento, por parte da
empresa investidora (presumidamente em até 6 meses
dessa aquisição), eles deverão ser registrados a crédito do
próprio investimento.
b) Método da Equivalência Patrimonial
i) Conceito – exceção à aplicação do princípio do Registro pelo
Valor Original, o método da equivalência patrimonial (reservado
apenas a investimentos mais importantes) consiste na
atualização periódica do valor do investimento, conforme
variações no patrimônio líquido da empresa investida.
ii) Investimentos obrigados ao método de equivalência patrimonial
(1) Definições iniciais
(a) Controle – controlar é “mandar”.
(i) Direto. Controla diretamente aquele que é titular da
maioria das ações com direito a voto da empresa
investida.
(ii) Indireto. O controle indireto se dá através de outras
controladas.
(b) Coligação. Coligada é aquela empresa da qual se
possui mais do que 10% do capital, sem – no entanto –
controlá-la.
(c) Relevância. Relevância é a importância relativa do
investimento – em comparação com o patrimônio da
empresa investida.
(i) Individual. Um investimento é relevante
individualmente quando seu valor for igual ou superior
a 10% do PL da investidora.
(ii) Coletiva. No conjunto de controladas e coligadas, são
relevantes coletivamente os investimentos se o
somatório dos seus valores for igual ou superior a
15% do PL da investidora
(d) Influência. Influenciar é poder participar da
administração; situação que ocorre quando a investida é
dependente tecnologicamente, comercialmente ou
financeiramente da investidora.

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(2) Regra de identificação dos investimentos sujeitos ao
método da EPL
(a) Para sociedades em geral – são avaliados pelo método
da EPL os investimentos relevantes em (1) controladas
ou (2) em coligadas, nas quais haja (2.a) participação
igual ou superior a 20% ou (2.b) influência.
(b) Especialmente para Sociedades de capital aberto - são
avaliados pelo método da EPL os investimentos (1) em
controladas ou (2) relevantes em coligadas/equiparadas,
nas quais haja (2.a) participação igual ou superior a 20%
ou (2.b) influência.
iii) Aplicação do método da EPL
(1) Na aquisição do investimento – ágio / deságio. Na
aquisição do investimento, deve ser aplicado o método da
equivalência patrimonial para definir o valor do
investimento. Caso o pagamento tenha sido maior ou
menor do que o valor do investimento, ocorrerá –
respectivamente – ágio ou deságio.
(2) No balanço patrimonial
(a) Em situações comuns. Quando do levantamento do
balanço da investidora, é necessário atualizar o valor de
seu investimento avaliado pelo método da equivalência
patrimonial. Isso deverá ser feito a partir de um balanço
ou de um balancete da empresa investida (referente à
mesma data ou no máximo de 60 dias antes).
(i) No caso de lucro na investida – o investimento
aumenta, a crédito de receita de equivalência
patrimonial.
(ii) No caso de prejuízo na investida – o investimento é
reduzido a débito de despesa de equivalência
patrimonial.
(b) Em situações especiais
(i) No caso de investida com PL negativo. O investimento
somente pode diminuir até o valor zero. A partir daí o
investimento fica parado até que o PL da investida
(pelo surgimento de lucros) volte a ficar positivo.
(ii) No caso de resultados não realizados. Não podem ser
considerados os resultados de vendas da investida
para a investidora ou para outras
coligadas/controladas do grupo econômico, relativos à

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alienação de bens que ainda não tenham sido
realizados (que ainda estejam no grupo econômico).
1. para sociedades em geral – os resultados não
realizados devem ser deduzidos do PL da investida,
para aplicação do método da equivalência
patrimonial.
2. para sociedades de capital aberto – os lucro não
realizados devem ser deduzidos do valor do
investimento (após a aplicação do método da
equivalência patrimonial) para apuração do
resultado (receita ou despesa de equivalência
patrimonial).
(3) No recebimento de dividendos. O recebimento de
dividendos deve ser registrado sempre a crédito da própria
conta do investimento.
(4) Na reavaliação de ativos – reserva de reavaliação
reflexa. A reavaliação de ativos na empresa investida
aumenta seu PL. Por equivalência patrimonial, o
investimento da investidora deve aumentar
proporcionalmente. Porém, esse aumento de investimento,
não é registrado a crédito de receita de equivalência
patrimonial, mas sim a crédito de reserva de reavaliação
reflexa.
iv) Amortização do ágio / deságio
(1) Fundamentado na diferença entre o valor contábil e de
mercado no ativo da investida. O ágio e o deságio deverão
ser respectivamente amortizados como despesa ou receita
na medida da realização do ativo na empresa investida.
(2) Fundamentado em rentabilidade futura. O ágio e o
deságio deverão ser respectivamente amortizados como
despesa ou receita na medida da realização da rentabilidade
futura (pro rata tempore ou integralmente em caso de
inviabilidade da rentabilidade).
(3) Fundamentado em outras razões econômicas – fundo
de comércio. O ágio e o deságio deverão ser
respectivamente amortizados como despesa. No caso de
ágio, imediatamente e, no caso de deságio, somente no
momento da baixa do investimento.
(4) Pela baixa do investimento. Independentemente da
fundamentação do ágio ou do deságio, eles deverão ser
integralmente amortizados, respectivamente como despesa

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ou receita, no caso de baixa (por alienação ou perecimento)
do investimento.
v) Variação no percentual de participação. Quando do aumento
de capital – por parte da empresa investida – a subscrição de
alguns dos antigos acionistas em percentual diverso daquele
então mantido resulta em variação no percentual de
participação. Essa variação pode implicar em ganhos ou
perdas não operacionais (dependendo da existência de reservas
e lucros/prejuízos acumulados e do valor pago).
vi) Participações recíprocas. São proibidas as participações
recíprocas (investida e investidora possuíres, respectivamente,
ações uma da outra). Essa situação é permitida pela Lei das
S/A temporariamente em algumas situações e, contabilmente
(patrimonialmente), tratadas como ações em tesouraria.
vii) Provisão para perdas. A provisão para perdas ocorre em
situações de (1) tendência de perecimento do investimento; (2)
elevado risco de paralisação de operações de coligadas e
controladas; (3) eventos que possam prever perda parcial ou
total do valor contábil do investimento ou do montante de
créditos contra as coligadas e controladas; ou (4) cobertura de
garantias, avais, fianças, hipotecas ou penhor concedidos, em
favor de coligadas e controladas, referentes a obrigações
vencidas ou vincendas quando caracterizadas a incapacidade de
pagamentos pela controlada ou coligada.

6 Exercícios de Fixação (Questões de concurso elaborado pela


ESAF – resolvidas e comentadas)

6.1 Investimentos sujeitos ao método da EPL

6.1.1 AFRF 2003 – Contabilidade avançada


Para responder às questões de nºs 06 e 07 considere a situação descrita
a seguir.
A Cia. Boreal, empresa agrícola atuante nesse mercado há 22 anos, no
início de 1997 participa como acionista na constituição da Cia.
Beneficiadora de Cereais, cujo capital social é totalmente integralizado e
formado por 1.200.000 ações distribuídas, de acordo com os limites
legais, em ações ordinárias e preferenciais com valores nominais de
R$10,00 cada uma. No início de 2003 a diretoria da Cia. Boreal,
obedecendo a seu planejamento estratégico para expansão, decide fazer
uma proposta de aquisição para o controle acionário da Cia.
Transportadora Carga Pesada que, no momento, passa por problemas

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de gestão, apesar de ter sido constituída em janeiro de 2002, dentro
dos limites máximos de classes de ações permitidos pela legislação da
época. Com capital social representado por 900.000 ações ordinárias e
preferenciais com valor unitário de R$10,00/ação, seus acionistas estão
dispostos a negociar a venda do controle acionário pelo valor nominal
das ações desde que essa operação seja realizada a vista.
Enunciado
06- Com base nas informações acima, indique o valor mínimo que a Cia.
Boreal deveria pagar para tornar-se a controladora da empresa
transportadora.
a) R$ 4.500.000
b) R$ 3.000.010
c) R$ 3.000.000
d) R$ 2.250.010
e) R$ 1.500.000
Comentários
Em 2002 já estava em vigor a Lei 10.303/01 que determinou a
modificação dos limites percentuais para ações ordinárias e
preferenciais.
Capital da Cia Transportadora
– 50% de ações ordinárias (450.000 ações de valor R$ 4.500.000) e
– 50% de ações preferenciais (450.000 ações de valor R$ 4.500.000).
Aquisição do controle – metade mais uma ação ordinária 225.001 ações
* 10,00 = R$ 2.250.010,00
Gabarito – D
6.1.2 AFRF 2003 – Contabilidade avançada
Enunciado
07- Para possuir a preponderância nas deliberações sociais de modo
permanente e com segurança na Cia. Beneficiadora de Cereais, a Cia.
Boreal deve possuir pelo menos:
a) 50% do capital total da investida.
b) 40% das ações totais da investida.
c) 33,3% do patrimônio líquido da investida.
d) 25% das ações ordinárias da investida.
e) 16,7% do capital votante da investida.

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Comentários
Em 1997, o limite de percentuais máximo para distribuição de ações
ordinárias / preferenciais era de 1/3 de ordinárias para 2/3 de
preferenciais.
Para adquirir o controle, basta adquirir a maioria das ações ordinárias,
que representam ½ * 2/3 * total +1 = 16,7% do total.
Infelizmente, possivelmente por falha de digitação, o gabarito foi 16,7%
do capital votante. Ora, isso é inadmissível, pois 16,7% dos votos é
menos do que sua metade e, portanto, há a possibilidade de que outro
acionista controle até 83,3% dos votos (o que é – indiscutivelmente –
mais). Entendo que essa questão deveria ter sido anulada.
Uma interpretação – muito extremada – para tentar defender o gabarito
oficial é a de se entender que, na letra E, onde está escrito “16,7% do
capital votante da investida” entenda-se “16,7% do capital, desde que
votante, da investida”. Assim, poder-se-ia entender que, na alternativa
E, o examinador teria a intenção de referir que seria necessário possuir
16,7% do capital total, desde que em ações com direito a voto.
Gabarito – E
6.1.3 AFTN 1996 – Contabilidade avançada
Enunciado
Questão 34: São métodos de avaliação das Participações Societárias:
A Método de Custo e Custo ou Mercado, dos dois o menor
B Método do Valor Presente e Equivalência Patrimonial
C Método do Custo e Equivalência Patrimonial
D Método do Valor de Realização e Equivalência Patrimonial
E Método do Valor de Realização e Valor Presente
Resolução e comentários
A regra geral é o método do custo, pela aplicação do princípio
fundamental de contabilidade do registro pelo valor original. A regra
especial é o método da equivalência patrimonial, prevista no art. 248 da
Lei das S/A para investimentos mais importantes.
Gabarito
C

6.1.4 AFRF 2002-2 – Contabilidade avançada


Enunciado

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01- Um investimento é considerado relevante quando:
a) o valor inscrito na conta de participação societária de cada coligada e
controlada, considerado em seu conjunto, não exceder a 5% do
Patrimônio Líquido da investidora.
b) o valor contábil dos investimentos em controladas e coligadas
considerados em seu conjunto for igual ou superior a 15% do Patrimônio
Líquido da investidora.
c) o valor inscrito em investimento permanente em cada uma das
empresas coligadas for igual ou inferior a 5% do Patrimônio Líquido da
investidora.
d) o custo de aquisição do investimento nas coligadas for igual ou
inferior a 5% do patrimônio líquido da investidora e igual a 8% do
Patrimônio Líquido da investida.
e) o valor pago na aquisição do investimento em coligadas for igual ou
inferior a 5% do patrimônio líquido da investidora e igual a 8% do
Patrimônio Líquido da investida.
Resolução e comentários
A definição de relevância é dada pelo parágrafo único do artigo 247 da
Lei das S/A que considera individualmente relevante o investimento em
cada sociedade coligada ou controlada, se o valor contábil é igual ou
superior a dez por cento do valor do patrimônio líquido da companhia ou
coletivamente o investimento no conjunto de sociedades coligadas e
controladas, se o valor contábil é igual ou superior a quinze por cento do
valor do patrimônio líquido da companhia. A seguir, para fins de
clareza, encontra-se reproduzido o citado parágrafo:
Parágrafo único. Considera-se relevante o investimento:
a) em cada sociedade coligada ou controlada, se o valor
contábil é igual ou superior a 10% (dez por cento) do valor
do patrimônio líquido da companhia;
b) no conjunto das sociedades coligadas e controladas, se
o valor contábil é igual ou superior a 15% (quinze por
cento) do valor do patrimônio líquido da companhia.
No mesmo sentido, a Instrução CVM define relevância, em seu art. 4o,
abaixo:
Art. 4º - Considera-se relevante o investimento:
I - Quando o valor contábil do investimento em cada
coligada for igual ou superior a 10% (dez por cento) do
patrimônio líquido da investidora; ou
II - Quando o valor contábil dos investimentos em
controladas e coligadas, considerados em seu conjunto, for

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igual ou superior a 15% (quinze por cento) do patrimônio
líquido da investidora.
§ 1º - O valor contábil do investimento em coligada e
controlada abrange o custo de aquisição mais a
equivalência patrimonial e o ágio não amortizado, deduzido
do deságio não amortizado e da provisão para perdas.
§ 2º - Para determinação dos percentuais referidos nos
incisos I e II deste artigo, ao valor contábil do
investimento deverá ser adicionado o montante dos
créditos da investidora contra suas coligadas e
controladas.
Pelo texto acima, verifica-se que a única alternativa correta é a de letra
B
Gabarito
B

6.2 Aplicação do método da equivalência patrimonial

6.2.1 AFTN 1996 – Contabilidade avançada


Enunciado
Questão 35: Quando a Participação Societária for relevante, o efeito
gerado por prejuízos apurados na investida deve ser registrado pela
empresa controladora da seguinte forma :
A Lucros / Prejuízos Acumulados
a Participações Societárias
B Participações Societárias
a Lucros / Prejuízos Acumulados
C Lucros / Prejuízos Acumulados
a Participação nos Resultados de Coligadas e Controladas
D Participação nos Resultados de Coligadas e Controladas
a Lucros / Prejuízos Acumulados
E Participação nos Resultados de Coligadas e Controladas
a Participações Societárias
Resolução e comentários
A resolução dessa questão demanda a capacidade de deduzir que o
investimento relevante em controlada é avaliado pelo método da
equivalência patrimonial. Após esse passo, é necessário saber que a
aplicação do método da equivalência patrimonial implica o registro de

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despesas (resultados negativos em participações societárias) no
patrimônio da investidora quando a investida apura prejuízos. Isso
ocorre porque: (1) o prejuízo reduz o patrimônio líquido da empresa
investida, (2) a redução do PL da investida, por aplicação do método da
EPL, implica a redução do valor do investimento na empresa investidora
e (3) a redução do investimento, na empresa investidora, implica o
registro de despesas (resultado negativo em participações societária),
conforme lançamento padrão abaixo:
D= Resultados negativos em participação societárias
C = a Investimentos em participações societárias
Comparando-se o lançamento padrão com as alternativas da questão,
verifica-se que a única alternativa correta é a alternativa de letra E
Gabarito
E

6.2.2 AFTN 1996 – contabilidade avançada


Enunciado
Questão 36: Nas participações Societárias relevantes, os dividendos
pagos pelas investidas são tratados como:
A Receitas não operacionais
B Resultados de exercícios futuros
C Receitas operacionais do período
D Redução do valor dos investimentos
E Resultado positivo de equivalência
Resolução e comentários
O enunciado está incompleto, participações societárias relevantes
podem estar sujeitos à aplicação de ambos os métodos (custo ou
equivalência patrimonial).
1) Em companhias em geral são avaliados pelo método da EPL: (a)
investimentos relevantes, em controladas, ou em coligadas (onde haja
mais de 20% de participação ou influência); aplica-se o método da
equivalência patrimonial; (b) nos demais casos, aplica-se o método do
custo.
2) Nas companhias abertas, segundo a IN CVM 247/96, deverão ser
avaliados pelo método da equivalência patrimonial: (a) o investimento
em cada controlada; e (b) o investimento RELEVANTE em cada coligada
e/ou em sua equiparada, quando a investidora tenha influência na

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administração ou quando o percentual de participação, direta ou indireta
da investidora representar 20% ou mais do capital social da coligada.
Cumpre referir que: (1) no método da equivalência patrimonial, o
recebimento de dividendos deve ser registrado sempre a crédito da
própria conta do investimento e (2) no método do custo (a) como regra
geral, os dividendos oriundos de lucros auferidos pela empresa investida
após a aquisição da participação societária por parte da empresa
investidora, deverão ser registrados a crédito de receita e (b) quando os
dividendos forem oriundos de lucros auferidos pela empresa investida
ANTES da aquisição do investimento, por parte da empresa investidora
(presumidamente em até 6 meses dessa aquisição), eles deverão ser
registrados a crédito do próprio investimento.
Assim, em princípio, a questão deveria ser anulada. Entretanto, essa
questão não foi anulada.
Vista a questão sob o prisma técnico, realizaremos – agora – uma
abordagem sob o prisma da resolução de questões de concurso. Pelo
enunciado vê-se que o examinador está se referindo a investimento
“relevante” e, se interpretarmos a palavra “relevante” em seu sentido
não-técnico, veremos que o examinador se refere a investimentos
“importantes”. Ora investimentos “importantes” devem ser avaliados
pelo método da equivalência patrimonial. Assim, caberia – entre as
alternativas – a mais provável que se refere a redução do valor do
investimento (alternativa D).
Gabarito
D

6.2.3 AFTN 1996 – contabilidade avançada


Enunciado
Em 31.12.1994 os balancetes finais das Cias. PARÁ e SERGIPE eram os
seguintes :

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Cia Pará Cia Sergipe
contas saldos ajustados saldos ajustados
ativo circulante 12.000,00 5.000,00
ativo realiz longo prazo 18.000,00 -
ativo permanente
investimentos 30.000,00 -
imobilizado lí 110.000,00 49.000,00
passivo cirsulante 25.000,00 15.000,00
passivo exig longo prazo 15.000,00 5.000,00
patrimonio líquido
capital 80.000,00 50.000,00
reservas 10.000,00 1.000,00
LPA 20.000,00 (14.000,00)
despesas operacionais 60.000,00 45.000,00
receitas operacionais 80.000,00 42.000,00

Outras informações:
I - para apuração dos resultados de 1994, das empresas, falta apenas a
avaliação dos Investimentos Permanentes.
II - a Cia PARÁ detinha 60% do capital da Cia. SERGIPE e consituía-se
na única participação societária da empresa .
III - a inflação no período foi ZERO
IV - até o exercício contábil de 1993 os investimentos não eram
avaliados pela equivalência patrimonial Com base nas informações
anteriores, identifique a resposta correta para as questões de números
37 a 39.
Questão 37: Aplicando o método da equivalência patrimonial, o valor
correto dos Investimentos Permanentes na Cia PARÁ seria:
A $ 30.000
B $ 20.400
C $ 9.600
D $ 22.000
E $ 1.800
Resolução e comentários
Investimentos permanentes na Cia Pará
PL da Cia Sergipe 37.000,00 PL antes do resultado do exercício
(3.000,00) resultado do exercício
34.000,00 PL ajustado
60% percentual de participação
20.400,00 investimento da Cia pará

Gabarito

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B

6.2.4 AFTN 1996 – contabilidade avançada


Enunciado
Questão 38: O resultado apurado na aplicação da equivalência
patrimonial deveria ser lançado pela Cia. PARÁ como:
A Lucros/ Prejuízos Acumulados - Ajustes de Exercícios Anteriores 7.800,00
Outras Despesas Operacionais – Lucros e Prejuízos de Participações em outras Companhias 1.800,00
a Investimentos 9.600,00

B Provisão para Perdas com Investimentos Permanentes 9.600,00


a receitas não Operacionais - Ganhos c/Investimentos 7.800,00
a Investimentos 1.800,00

C Lucros / Prejuízos Acumulados – Ajustes de Exercícios Anteriores 1.800,00


Outras Despesas Operacionais – Lucros e Prejuízos de Participações em outras Companhias 7.800,00
a Investimentos 9.600,00

D Ganhos / Perdas com Alienação de Investimentos 7.800,00


Despesas não-operacionais - Lucros e Prejuízos de Participações em outras Companhias 1.800,00
a Investimentos 9.600,00

E Investimentos 1.800,00
Despesas não-operacionais - Lucros e Prejuízos de Participações em outras Companhias 7.800,00
A Ganhos e Perdas c/ Investimentos 9.600,00

Resolução e comentários
Quando há mudança de critério de avaliação, antes de aplicação do
método da equivalência patrimonial (para fins de apuração do resultado
com a aplicação do método no período) é necessário realizar um ajuste
de exercícios anteriores, para iniciar o saldo do investimento como se o
método sempre tivesse sido esse. Assim, os valores devem ser
apurados conforme tabela a seguir.

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Lançamento de equivalência patrimonial da Cia Pará
(3.000,00) resultado do exercício da Cia Sergipe
60% percentual de participação
(1.800,00) resultado negativo de equivalência patrimonial

30.000,00 valor do investimento anterior


20.400,00 valor do investimento atual
9.600,00 diferença
(1.800,00) resultado negativo do ano
(7.800,00) resultados negativos de anos anteriores
lançamento
D = LPA (resultados negativos de períodos anteriores) (7.800,00)
D = resultado negativo de equivalência patrimonial 1.800,00
C = a Investimento 9.600,00

Gabarito
A

6.2.5 AFTN 1996 – contabilidade avançada


Enunciado
Questão 39: Considerando o valor apurado na equivalência
patrimonial, o Resultado do Exercício de 19x4 da Cia. PARÁ é:
A $ . 24.200
B $. 10.400
C $. 12.200
D $. 22.200
E $. 18.200
Resolução e comentários
Resultado do exercício da Cia Pará em X4
receitas 80.000,00
despesas (60.000,00)
resultado negativo de equivalencia patrimonial (1.800,00)
lucro liquido 18.200,00

Gabarito
E

6.2.6 AFTN 1996 – contabilidade avançada


Enunciado
Questão 41: A figura contábil do ágio pode ocorrer por origens e
circunstâncias diversas, entre elas a expectativa:
A De rentabilidade futura da Participação Societária adquirida

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B Das despesas futuras da Participação Societária adquirida
C De o valor do Imobilizado Líquido da empresa investida tender para
zero
D De prejuízos futuros da Participação Societária adquirida
E De o Patrimônio Líquido da empresa investida Ser negativo
Resolução e comentários
Os fundamentos do ágio podem ser:
a) valor de mercado de bens do ativo da coligada ou controlada superior
ou inferior ao custo registrado na sua contabilidade;
b) valor de rentabilidade da coligada ou controlada, com base em
previsão dos resultados nos exercícios futuros (A CVM inclui também, no
item “b”, uma situação especial de rentabilidade futura, trata-se do ágio
relativo à aquisição de participação societária em empresa que tenha
direito de exploração, concessão ou permissão, delegados pelo Poder
Público);
c) fundo de comércio, intagíveis e outras razões econômicas (tanto a
doutrina contábil, quanto a IN CVM 247, de 1996, criticam a
classificação deste terceiro tipo de ágio/deságio, sob o argumento de
que todas as razões podem ser resumidas nas duas situações acima e
que, assim, teríamos um ágio sem razão).
Nas alternativas da questão, apenas a assertiva “A” tratava de uma
dessas opções, a do ágio por rentabilidade futura.
Gabarito
A

6.2.7 AFRF 2003 – Contabilidade avançada


Enunciado
08- Indique a opção que não corresponde a procedimentos exigidos pela
Instrução CVM 247/96 para a determinação da base de cálculo da
equivalência patrimonial.
a) O resultado positivo incluído no lucro apurado de companhia
investidora que corresponda à inclusão no custo de aquisição de ativos
imobilizados no balanço patrimonial da controlada.
b) O resultado positivo incluído no lucro apurado de companhia
controlada que corresponda à inclusão no custo de aquisição de
estoques de matérias-primas no balanço patrimonial da investidora.

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c) O lucro não realizado incluído no lucro apurado de companhia
controlada que corresponda à inclusão no custo de aquisição de bens
não de uso no balanço patrimonial de outra empresa coligada.
d) O resultado positivo incluído no lucro apurado de companhia
controlada que corresponda à inclusão no custo de aquisição de ativos
imobilizados no balanço patrimonial da investidora.
e) O resultado positivo incluído no lucro apurado de companhia
controlada que corresponda à inclusão no custo de aquisição de ativos
imobilizados no balanço patrimonial de outra controlada.
Comentários
Segundo determinado pelo art. 9o da IN CVM 247, temos que
Art. 9º - O valor do investimento, pelo método da
equivalência patrimonial, será obtido mediante o seguinte
cálculo:
I - Aplicando-se a percentagem de participação no capital
social sobre o valor do patrimônio líquido da coligada e da
controlada; e
II - Subtraindo-se, do montante referido no inciso I, os
lucros não realizados, conforme definido no § 1º deste
artigo, líquidos dos efeitos fiscais.
§ 1º - Para os efeitos do inciso II deste artigo, serão
considerados lucros não realizados aqueles decorrentes de
negócios com a investidora ou com outras coligadas e
controladas, quando:
a) - o lucro estiver incluído no resultado de uma
coligada e controlada e correspondido por inclusão
no custo de aquisição de ativos de qualquer natureza
no balanço patrimonial da investidora; ou
b) - o lucro estiver incluído no resultado de uma coligada e
controlada e correspondido por inclusão no custo de
aquisição de ativos de qualquer natureza no balanço
patrimonial de outras coligadas e controladas.
A assertiva “A” se refere a lucros apurados pela investidora, na
alienação de imobilizado para a investida. A IN CVM exige o ajuste
relativo à operação contrária: lucro da investida pela alienação de
imobilizado para a investidora.
Gabarito – A
6.3 Método do custo – dividendos

6.3.1 AFRF 2003 – contabilidade avançada


Enunciado

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09- A Cia. ABC adquire 2% do total de ações da Cia. Lavandisca. Na
ocasião da operação, o preço acordado envolvia o valor das ações e
dividendos adquiridos, relativos a saldos, de Reservas e Lucros
Acumulados, pré-existentes e ainda não distribuídos.
No momento em que ocorrer o efetivo pagamento dos dividendos
referentes a esses itens, o tratamento contábil dado a esse evento
deverá ser:
a) creditar o valor correspondente a esse dividendo em conta de receita
não operacional em contrapartida do registro do ingresso do recurso no
caixa.
b) ajustar o resultado do exercício e creditar o valor correspondente a
esse dividendo em conta de deságio em aquisição de investimentos
permanentes em contrapartida do registro do ingresso do recurso no
caixa.
c) lançar o valor correspondente a esse dividendo a crédito da conta
participação societária em contrapartida do registro do ingresso do
recurso no caixa.
d) registrar os dividendos recebidos como receita operacional em
contrapartida ao lançamento de débito na conta caixa.
e) considerar o valor recebido como receita não operacional e debitando
em contrapartida da conta ágio em investimentos societários.
Comentários
Lançamento correto
D= dividendos a receber
C = a investimentos – participações societárias
Este é o caso da ação já comprada com os valores de dividendos
incluídos.
Gabarito - C

7 Bibliografia e Fontes de Pesquisa Referenciadas


7.1 Leis
Lei 6.404, de 1976 – Lei das S/A.
Lei 9.249, de 1995.
Lei n° 10.406, de 2002 – Código Civil.

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7.2 Atos Administrativos Normativos
RESOLUÇÃO CFC N.º 750/93 - Dispõe sobre os Princípios Fundamentais
de Contabilidade (P.F.C.)
RESOLUÇÃO CFC N.º 751/93 - Dispõe sobre as Normas Brasileiras de
Contabilidade.
RESOLUÇÃO CFC N.º 774/94 - Aprova o Apêndice à Resolução sobre os
Princípios Fundamentais de Contabilidade.
DELIBERAÇÃO CVM N 29-1986 - objetivos da Contabilidade.
Decreto 3.000, de 1999 – Regulamento do Imposto de Renda.
INSTRUÇÃO CVM N° 247/96 – Dispõe sobre a avaliação de
investimentos em sociedades coligadas e controladas e sobre os
procedimentos para elaboração e divulgação das demonstrações
contábeis consolidadas, para o pleno atendimento aos Princípios
Fundamentais de Contabilidade.

7.3 Livros
Iudícibus, Sérgio de; Martins, Eliseu e Gelbke, Ernesto Rubens Gelbcke.
Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações – FIPECAFI. Ed.
Atlas. São Paulo – 4a edição – 1995.
Neves, Silvério das e Viceconti, Paulo E. V. Contabilidade Básica. Ed.
Frase. São Paulo – 5a edição – 1996.
Neves, Silvério das e Viceconti, Paulo E. V. Contabilidade Avançada. Ed.
Frase. São Paulo – 5a edição – 1996.
Gonçalves, Eugênio Celso e Baptista, Antônio Eustáquio. Contabilidade
Geral. Ed. Atlas. São Paulo – 2a edição – 1994.
Silva, Benedito Gonçalves da. Contabilidade Geral. Ed. Meta – 2a edição
– 1994.
Ferrari, Ed Luiz, Contabilidade Geral: teoria e 950 questões – Rio de
Janeiro: Elsevier 2006.
Velter, Francisco e Missagia, Luiz R. Manual de Contabilidade – Rio de
Janeiro: Impetus, 2003.
Ferreira, Ricardo J. Contabilidade avançada e intermediária – 2. ed. –
Rio de Janeiro: Ed. Ferreira, 2004.
Santos, Luiz Eduardo. Contabilidade: Resoluções e comentários de
Questões da ESAF. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.

7.4 Internet
www.planalto.gov.br

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1 Roteiro
Caro aluno, nesta aula estudaremos a depreciação, a amortização e a
exaustão. O assunto aqui tratado veio, nos últimos tempos,
conquistando um lugar de destaque no que diz respeito a provas de
concursos e tanto é assim que, nos últimos anos, foi questão certa em
praticamente todas as provas da ESAF. Esse fato, aliado à importância
do tema para o correto entendimento da contabilidade, demonstram a
relevância do que será aqui tratado.
A seguir, encontra-se uma relação dos pontos a serem trabalhados em
específico:
1) Depreciação
a) Conceito
b) Definições necessárias ao cálculo da depreciação
i) Valor de aquisição ou produção
ii) Vida útil
(1) Regra geral
(2) Vida útil de bens usados
iii) Valor residual
iv) Valor depreciável
v) Taxa de depreciação
vi) Encargo de depreciação do período
vii) Depreciação acumulada
viii) Valor contábil
c) O encargo de depreciação – despesa x custo
d) Características importantes da depreciação
i) Quem registra a depreciação
ii) Início do cômputo do encargo
iii) Limite do valor da depreciação
iv) Depreciação de bens na fase pré-operacional
e) Bens ativados – sujeitos à depreciação x registro direto em
despesa
i) Bens de pequeno valor – registro direto como despesa
ii) Gastos com reparos conservação ou substituição.
f) Bens sujeitos e não sujeitos à depreciação

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i) Bens sujeitos à depreciação.
ii) Bens não sujeitos à depreciação
(1) Terrenos
(2) Prédios e construções não alugados nem utilizados
(3) Bens que aumentam de valor com o tempo
(4) Bens objeto de exaustão
iii) Benfeitorias em propriedades de terceiros
g) Taxas de depreciação - gerais x especiais
i) Determinação da vida útil de um bem
ii) Taxas especiais de depreciação
(1) Depreciação acelerada contábil
(2) Depreciação acelerada incentivada
h) Métodos de cálculo da taxa de depreciação
i) Linear
ii) Da soma dos dígitos
(1) Método da soma dos dígitos – Decrescente
(2) Método da soma dos dígitos – Crescente
iii) Unidades produzidas
iv) Horas de trabalho
2) Amortização
a) Conceito
b) Taxa
c) Direitos de uso amortizáveis e não amortizáveis
3) Exaustão
a) Conceito
b) O que não deve ser objeto de exaustão
c) Exaustão de recursos minerais
i) Método da exaustão em função do prazo de concessão
ii) Método da exaustão em função da possança da mina.
d) Exaustão de recursos florestais

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2 Introdução
Em geral, os bens e direitos de natureza permanente, cuja vida útil (no
caso de bens) ou prazo para exercício (no caso de direitos) seja superior
a um ano, reduzem seu valor patrimonial à medida que o tempo (de
utilização do bem ou de exercício do direito) passa.
Assim, esses elementos patrimoniais sujeitam-se à depreciação,
amortização ou exaustão, conforme o caso. Resumidamente: (1) a
depreciação é a perda do valor de um bem por uso desgaste ou
obsolescência (envelhecimento); (2) a amortização é a perda de valor
de um elemento patrimonial que tenha prazo fixo para utilização e (3) a
exaustão é a perda de valor de um elemento patrimonial porque sua
regular utilização implica sua progressiva destruição.
Para não esquecer: (1) depreciação – envelhecimento; (2) amortização
– passagem de um tempo finito e fixo e (3) exaustão – destruição
parcial, decorrente de uso regular.
O lançamento contábil padrão, para o registro da perda com
depreciação, amortização ou exaustão (conforme já estudado quando da
apresentação dos lançamentos contábeis) deverá ser realizado a débito
de conta de resultado (despesa com encargos de depreciação,
amortização ou exaustão) e a crédito de conta retificadora do ativo
(depreciação, amortização ou exaustão acumulada), conforme exemplo
a seguir:
D = Encargos de depreciação, amortização ou exaustão
C = a Depreciação, amortização ou exaustão acumulada X
A seguir, estudaremos cada um desses três conceitos (depreciação,
amortização e exaustão), em separado, de forma específica e detalhada.

3 Depreciação
3.1 Conceito
A depreciação pode ser conceituada como a diminuição do valor dos
Bens Corpóreos que integram o ativo permanente, em decorrência de
desgaste ou perda de utilidade pelo uso, ação da natureza ou
obsolescência. Didaticamente, repetimos que se pode entender a
depreciação como a perda do valor de um bem por “envelhecimento”.
O conceito de depreciação é aplicável a itens tangíveis do ativo
permanente. Tangíveis são os elementos patrimoniais que têm um
corpo físico, como móveis, máquinas, veículos, benfeitorias em
propriedades arrendadas, direitos sobre recursos naturais etc. Ao
contrário, intangíveis são os elementos patrimoniais cujo valor não

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reside em qualquer propriedade física, mas nos direitos de propriedade
imaterial que são conferidos a seus possuidores, como patentes, direitos
autorais, marcas, etc.

3.2 Definições necessárias ao cálculo da depreciação


Neste item, veremos a definição de alguns termos cujo conhecimento é
necessário para o cálculo da depreciação e, conseqüentemente, para a
resolução de questões.

3.2.1 Valor de aquisição ou produção


O valor de aquisição, ou produção, do bem do ativo permanente é o
valor por ele pago (como decorrência da aplicação do princípio
fundamental de contabilidade do Registro pelo Valor Original). Assim,
integram esse valor todos os gastos realizados, necessários para que os
bens possam ser utilizados nas atividades a que se destinam e ocorridos
até esse momento.
Importante! Parte do valor pago pode ser objeto de devolução e, assim,
não consiste em um efetivo gasto – necessário – para que o referido
bem possa ser utilizado. Ora, se alguém devolve o valor pago, não há
falar em efetivo gasto.
Esse é o caso dos tributos recuperáveis na aquisição do bem: ICMS,
PIS/Pasep e Cofins. Esses tributos compõem o valor pago pelo bem
adquirido, ou seja, estão embutidos no valor do preço pago, mas são
recuperáveis e, assim, não compõem o valor original.
Em suma, o valor de aquisição é o valor a ser pago, deduzido dos
tributos recuperáveis.
O ICMS incidente na operação de aquisição de bens para o imobilizado é
recuperável, com base na Lei complementar n° 87, de 1996, art. 20:
Art. 20. Para a compensação a que se refere o artigo
anterior1, é assegurado ao sujeito passivo o direito de
creditar-se do imposto anteriormente cobrado em
operações de que tenha resultado a entrada de
mercadoria, real ou simbólica, no estabelecimento,
inclusive a destinada ao seu uso ou consumo ou ao ativo
permanente, ou o recebimento de serviços de transporte
interestadual e intermunicipal ou de comunicação.
...

1
O artigo referido tem a seguinte redação: “Art. 19. O imposto é não-cumulativo,
compensando-se o que for devido em cada operação relativa à circulação de
mercadorias ou prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de
comunicação com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou por outro
Estado”.

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§ 5o Para efeito do disposto no caput deste artigo,
relativamente aos créditos decorrentes de entrada de
mercadorias no estabelecimento destinadas ao ativo
permanente, deverá ser observado:
I – a apropriação será feita à razão de um quarenta e oito
avos por mês, devendo a primeira fração ser apropriada no
mês em que ocorrer a entrada no estabelecimento;
...
Quanto à Cofins, a Lei n° 10.833, de 2003, estabelece que a aquisição
de bens para o ativo permanente de empresa que tributa o Imposto de
Renda pela sistemática do Lucro Real, dá direito a crédito da
contribuição à alíquota de 7,6% sobre o valor da aquisição, conforme
art. 3o:
Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o2 a pessoa
jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a:
...
VI - máquinas, equipamentos e outros bens
incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados
para locação a terceiros, ou para utilização na produção de
bens destinados à venda ou na prestação de serviços;
VII - edificações e benfeitorias em imóveis próprios
ou de terceiros, utilizados nas atividades da empresa;
...
§ 1o Observado o disposto no § 15 deste artigo e no § 1o
do art. 52 desta Lei, o crédito será determinado mediante
a aplicação da alíquota prevista no caput do art. 2o desta
Lei sobre o valor:
...
III - dos encargos de depreciação e amortização dos
bens mencionados nos incisos VI e VII do caput,
incorridos no mês;
Quanto ao PIS/Pasep, a Lei n° 10.637, de 2002, também estabelece que
a aquisição de bens para o ativo permanente de empresa que tributa o
Imposto de Renda pela sistemática do Lucro Real, dá direito a crédito da
contribuição à alíquota de 1,65% sobre o valor da aquisição, conforme
art. 3o:
Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o3 a pessoa
jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a:
...

2
O referido art. 2o trata do valor devido pela empresa a título de Cofins.
3
O referido art. 2o trata do valor devido pela empresa a título de PIS/Pasep.

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VI - máquinas, equipamentos e outros bens incorporados
ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação
a terceiros ou para utilização na produção de bens
destinados à venda ou na prestação de serviços.
VII - edificações e benfeitorias em imóveis de terceiros,
quando o custo, inclusive de mão-de-obra, tenha sido
suportado pela locatária;
...
§ 1o O crédito será determinado mediante a aplicação da
alíquota prevista no caput do art. 2o desta Lei sobre o
valor:
...
III - dos encargos de depreciação e amortização dos bens
mencionados nos incisos VI e VII do caput, incorridos no
mês;
Esse conceito não é intuitivo e demanda uma explicação didática,
conforme a seguir:
(1) considere o valor pago por um equipamento (ex: R$ 10.000,00),
esse valor seria – em tese – o custo de aquisição do equipamento;
(2) ocorre que o Governador (o Governo do Estado) devolve à empresa
uma parte deste valor pago – a título de ICMS, na forma de créditos
utilizáveis para quitação deste imposto – (ex: 17% - R$ 1.700,00),
assim, dos R$ 10.000,00 pagos, R$ 1.700,00 não foram pagos
efetivamente para adquirir o equipamento, mas sim para adquirir o
direito de crédito de ICMS, a ser exigido do Governador, portanto, esse
valor não integra o custo do equipamento;
(3) ocorre, também, que o Presidente (a União) devolve à empresa uma
parte deste valor pago – a título de Cofins, na forma de créditos
utilizáveis para quitação deste tributo – (7,6% - R$ 760,00), assim, dos
R$ 10.000,00 pagos, R$ 760,00 não foram pagos efetivamente para
adquirir o equipamento, mas sim para adquirir o direito de crédito de
Cofins a ser exigido do Presidente e, portanto, esse valor também não
integra o custo do equipamento;
(4) ocorre, ainda, que o Presidente devolve à empresa uma parte deste
valor pago – a título de PIS/Pasep, na forma de créditos utilizáveis para
quitação deste tributo – (1,65% - R$ 165,00), assim, dos R$ 10.000,00
pagos, R$ 165,00 não foram pagos efetivamente para adquirir o
equipamento, mas sim para adquirir o direito de crédito de PIS/Pasep a
ser exigido do Presidente e, portanto, esse valor também não integra o
custo do equipamento;
(5) assim, o custo do equipamento será de R$ 7.375,00, conforme
memória de cálculo abaixo.

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Memória de cálculo do custo de aquisição do equipamento
Valor pago 10.000,00
(-) Crédito de ICMS (1.700,00) 17%
(-) Crédito de Cofins (760,00) 7,60%
(-) Crédito de PIS/Pasep (165,00) 1,65%
(=) Custo de aquisição 7.375,00
Considerando uma empresa que tenha apenas os R$ 10.000,00 em
caixa, podemos visualizar o fluxo de valores entre elementos
patrimoniais decorrente da aquisição do equipamento, conforme figura
abaixo:

Ativo Passivo
Caixa 10.000,00
(10.000,00)
-

ICMS a recuperar 1.700,00


Cofins a recuperar 760,00
PIS/Pasep a recuperar 165,00
Patrimônio Líquido
Equipamento 7.375,00

Para o fato antes apresentado, o lançamento contábil é o seguinte


D= Diversos
C=a Caixa #######
D= ICMS a recuperar 1.700,00
D= Cofins a recuperar 760,00
D= PIS/Pasep a recuperar 165,00
D= Equipamento 7.375,00

3.2.2 Vida útil

3.2.2.1 Regra geral


O conceito de vida útil é facilmente apresentável como a quantidade de
períodos prevista para utilização de determinado bem do ativo
permanente. Frise-se que é a quantidade de períodos prevista para
utilização do bem, mas não é a quantidade permitida de períodos para
sua utilização. Assim, podem existir bens sendo utilizados após o final
de sua vida útil.
Esse é o caso, por exemplo, de um Monza 88 (que eu possuo). Sua vida
útil prevista era de apenas 5 (cinco) anos, mas ele está sendo utilizado
a quase 20 (vinte) anos. Isso quer dizer que, nos primeiros 5 anos, ele
perdeu seu valor patrimonial por uso, desgaste ou obsolescência, e que,
após o final do quinto ano, ele continuou sendo utilizado sem perder
mais valor. Esse efeito é decorrente de dois motivos: (1) a partir do

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sexto ano ele não perde mais valor porque já perdeu o que tinha que
perder e, assim, não há falar em despesa de depreciação e (2) em
compensação, há mais despesa com manutenção.
No exemplo antes apresentado, relativo à máquina cujo valor de
aquisição foi calculado em R$ 7.375,00, consideraremos – para fins de
ilustração – uma vida útil de 10 anos.

3.2.2.2 Vida útil de bens usados


A depreciação de bens adquiridos usados (de segunda mão) deverá ser
realizada considerando, como vida útil do bem, o maior dos prazos a
seguir:
- metade da vida útil que seria admitida para aquele bem, se
adquirido novo;
- o restante da vida útil daquele bem, considerado o tempo
decorrido desde o início de sua utilização, pelo primeiro
proprietário.
Essa regra decorre de disposição expressa do Decreto 3.000, de 1999
(Regulamento do Imposto de Renda), em seu art. 311, a seguir:
Art. 311. A taxa anual de depreciação de bens adquiridos
usados será fixada tendo em vista o maior dos seguintes
prazos:
I - metade da vida útil admissível para o bem adquirido
novo;
II - restante da vida útil, considerada esta em relação à
primeira instalação para utilização do bem.

Para ilustrar o conceito acima, encontra-se proposto o seguinte


exemplo.
Seja um equipamento cuja vida útil normal é de 10 anos. Considere a
compra desse equipamento usado, após seu uso por quatro anos (pelo
primeiro proprietário – vendedor do equipamento). Nesse caso, a
depreciação será realizada considerando-se, como vida útil, o valor a
seguir apurado:
Vida útil inicialmente prevista para o bem 10 anos
Tempo de utilização desde sua instalação inicial 4 anos
metade da vida útil que seria admitida para aquele bem, se adquirido novo 5 anos
o restante da vida útil daquele bem, considerado o tempo decorrido desde o
início de sua utilização, pelo primeiro proprietário 6 anos
Vida útil do bem usado 6 anos

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3.2.3 Valor residual
O valor residual é um conceito teórico – quase sempre exigido em
concurso – mas que na prática quase nunca é utilizado. Ocorre que,
mesmo pouco utilizado, esse conceito deve ser cuidadosamente
estudado.
Quanto à importância desse conceito, cabe a seguinte observação.
Muitos alunos com formação contábil reclamaram, nos últimos anos, de
questões que pediam esse conceito e que os induziram a erro. Essa
dificuldade (vivenciada justamente por quem conhece a matéria) vem a
comprovar – uma vez mais – que a preparação para concursos é uma
atividade de estudo e que – nessa caminhada – é muito mais relevante
uma preparação específica do que a formação acadêmica.
Do ponto de vista puramente patrimonial, o valor residual é um conceito
teórico perfeitamente lógico: trata-se do valor patrimonial remanescente
do bem, deduzida toda a depreciação realizada durante sua vida útil.
Em outras palavras, é o valor que sobra após toda a perda por uso,
desgaste ou obsolescência. Ora, tomando-se como exemplo meu
(alquebrado) Monza 88, esse conceito é visível: (1) ele já perdeu tudo o
que tinha a perder por uso, desgaste ou obsolescência, mas (2) ele
ainda vale alguma coisa (tudo bem, quase nada, mas alguma coisa ele
ainda vale...).
Do ponto de vista prático, a legislação tributária permite que se
presuma um valor residual igual a zero. Assim, para fins de
4
simplicidade (e de economia tributária ), a virtual totalidade das
empresas utiliza o valor residual zero para os bens de seu ativo
permanente.
Seguindo o exemplo da máquina de valor de aquisição R$ 7.375,00 e
vida útil de 10 anos, propomos – para visualização e contextualização
dos conceitos aqui apresentados – um valor residual de R$ 1.375,00.

3.2.4 Valor depreciável


O valor depreciável, sobre o qual incidem os encargos de depreciação, é
resultante da diferença entre o valor de aquisição e o valor residual.
Cumpre referir que o valor depreciável será idêntico ao valor de
aquisição sempre que o valor residual for zero.

4
A utilização do valor residual igual a zero resulta em uma postergação – legalmente
permitida – do Imposto de Renda, com relação à situação idêntica em que se utiliza
qualquer outro valor. Esse assunto, apesar de fascinante, não será abordado neste
curso por se tratar de matéria estranha ao escopo inicialmente para ele previsto.

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No nosso exemplo ilustrativo temos: (1) uma máquina de valor de
aquisição R$ 7.375,00 e (2) um valor residual apresentado de R$
1.375,00. Portanto, o valor depreciável é de R$ 6.000,00, conforme
memória de cálculo abaixo:
 R$ 7.375,00 (-) R$ 1.375,00 (=) R$ 6.000,00

3.2.5 Taxa de depreciação


A taxa de depreciação é um percentual, que deverá ser aplicado sobre o
valor depreciável a cada período, para fins de apuração do valor do
encargo de depreciação do referido período.
De uma maneira simplista, poder-se-ia pensar que a taxa de
depreciação seria sempre calculável pela divisão: [1 (/) número de
períodos da vida útil do bem]. Exemplificando, se um bem tem vida útil
de 5 (cinco) anos, sua taxa de depreciação seria de [1 (/) 5] (=) 20%
ao ano.
Efetivamente, esse é o método geralmente utilizado, mas trata-se de
uma simplificação da realidade, na qual se parte do pressuposto de que
os bens envelhecem (perdem valor por uso, desgaste ou obsolescência)
de forma linear no tempo. Isso não corresponde à realidade; pois os
bens (assim como nós) envelhecem de forma irregular no tempo
(geralmente perdem muito de seu valor no início de sua vida útil e
pouco no final).
Assim, veremos que há várias formas de calcular a taxa de depreciação,
entretanto, a mais utilizada é a depreciação linear.
Uma observação importante! Como o total da depreciação não pode
ultrapassar o valor patrimonial – depreciável – do bem, temos (por
decorrência) que o somatório das taxas de depreciação de todos os
períodos da vida útil do bem deve ser SEMPRE 100%.
Em nosso exemplo ilustrativo, temos uma máquina de valor depreciável
calculado em R$ 6.000,00. Foi, também, proposto que sua vida útil
seria de dez anos. Considerando-se uma depreciação linear, temos que
a taxa de depreciação (para todos os períodos) fosse constante e no
valor de 10%  [ 1 (/) 10 ] (=) 10%.

3.2.6 Encargo de depreciação do período


O encargo de depreciação de período é o resultado da multiplicação do
valor depreciável pela taxa de depreciação do respectivo período.
Em nosso exemplo ilustrativo, o valor do encargo de depreciação de
cada período seria calculado da seguinte forma:

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Valor depreciável 6.000,00
(*) taxa de depreciação 10%
(=) encargo de depreciação do período 600,00

3.2.7 Depreciação acumulada


A depreciação acumulada (registrada em conta retificadora do ativo,
conforme já visto neste curso quando do estudo dos lançamentos
contábeis) é o somatório dos encargos de depreciação dos vários
períodos em que o bem foi utilizado.
É interessante notar que, no caso de consideração de depreciação linear
(em que a taxa de depreciação é constante no tempo e,
conseqüentemente, os encargos também) a depreciação acumulada é
numericamente calculada como sendo o valor do encargo multiplicado
pelo número de períodos.
Em nosso exemplo, contextualizando os conceitos até aqui
apresentados, temos uma máquina cujos encargos de depreciação
alcançam a cifra de R$ 600,00 por período. Considerando que essa
máquina está sendo utilizada por três anos, conseguimos calcular o
valor da depreciação acumulada em R$ 1.800,00, conforme memória de
cálculo abaixo.
Encargos de depreciação 600,00
(*) quantidade de períodos de utilização do bem 3
(=) depreciação acumulada 1.800,00

3.2.8 Valor contábil


O valor contábil é calculado pela diferença entre o valor de aquisição e
da depreciação acumulada  valor contábil (=) valor de aquisição (-)
depreciação acumulada.
Repare que, ao final da vida útil do bem, o valor contábil (valor de
aquisição, deduzida a depreciação acumulada) é idêntico ao valor
residual.
Importante! O valor contábil não é a diferença entre o valor
depreciável e a depreciação acumulada – esse é um erro recorrente de
bons alunos.
Em nosso exemplo ilustrativo, o valor contábil da máquina ao final do
terceiro ano de utilização é de 5.575,00, conforme tabela a seguir:
Valor de aquisição 7.375,00
(-) depreciação acumulada (1.800,00)
(=) valor contábil do bem 5.575,00

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3.3 O encargo de depreciação – despesa x custo
O encargo de depreciação (que, via de regra, é considerado despesa)
poderá ser computado como custo ou despesa operacional, conforme o
caso. Exemplificando, a depreciação de um computador utilizado pelo
setor de contabilidade de uma empresa, que não está diretamente
ligado à atividade de fabricação de produtos para a venda, deve ser
considerada como despesa operacional, e assim registrada, mediante o
lançamento seguinte:
D = Encargos de depreciação - despesa operacional
C = a Depreciação acumulada X
A figura a seguir ilustra o lançamento acima apresentado:

Ativo Passivo

Bem do imobilizado
(-) deprec. Acum. 0 ==> (X) Patrimônio Líquido

Despesas Receitas
Despesa operacional X

Ao contrário, a depreciação de um bem que está diretamente utilizado


na fabricação de produtos para a venda integra o “esforço patrimonial”
necessário à obtenção do produto que irá ser, posteriormente, vendido.
Assim, a depreciação deste bem integra o “custo de produção” e se
agrega ao valor contábil do produto em elaboração e, posteriormente,
ao valor do produto acabado. Somente com a venda do produto é que o
valor da depreciação antes ocorrida (juntamente com os demais custos
de produção do item vendido) irá ser registrado como custo do produto
vendido5.
A figura a seguir ilustra o conceito antes apresentado:

5
Os conceitos superficialmente tratados neste parágrafo são objeto de um ramo
específico da Contabilidade, denominado “Contabilidade de Custos”, especificamente
no que diz respeito ao item “Custeio por Absorção”. A Contabilidade de Custos será
objeto de estudo em separado, em um curso específico.

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Ativo Passivo

Estoque de produtos 0 ==> (X)

1 Bem do imobilizado
(-) deprec. Acum. 0 ==> (X) Patrimônio Líquido

Despesas Receitas
Custo do produto vendido X

(1) Depreciação
(2) Venda do produto - registro do custo

Os lançamentos típicos são:


(1) pela depreciação
D = Estoque de produtos
C = a Depreciação acumulada X
(2) pelo registro do custo do produto vendido
D = Custo do produto vendido
C = a Estoue de produtos X
A depreciação dos demais bens do Ativo Permanente (registrados no
subgrupo investimentos – ex. imóveis para aluguel) deve ser, sempre,
registrada como despesa operacional, pois, por definição não está
diretamente utilizada no esforço de fabricação de produtos.

3.4 Exemplo
Portanto, resumindo, o lançamento característico da depreciação é:
D= despesa (ou custo) de Depreciação
C = a depreciação acumulada
Lembrando:
a) a conta devedora é de resultado e representa o encargo
econômico suportado pela entidade6; e

6
Exceto no caso de bem utilizado no processo industrial, cuja depreciação é
inicialmente registrada a débito de conta de ativo (produto em elaboração) e,
posteriormente, quando de sua venda, é registrada a débito de conta de resultado
(custo dos produtos vendidos).

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b) a conta credora retifica o bem do ativo sujeito a
depreciação. Integra o Balanço Patrimonial, sendo
demonstrada juntamente com a conta do bem que ela
retifica, em subtração a seu saldo.
O exemplo a seguir ilustra o que foi acima colocado.
Suponha que uma empresa comercial EMP possua a máquina MAQ, cujo
custo de aquisição tenha sido de R$ 40.000,00.
Considere que essa máquina tenha uma previsão de utilização de 10
anos e assim, a cada ano, ela perda 10% de seu valor por uso, desgaste
ou obsolescência. Em outras palavras, esta máquina está sujeita a uma
depreciação de 10% ao ano7.
Considere, ainda, que essa máquina já tenha três anos de uso e que a
empresa proprietária deva contabilizar o encargo de depreciação
correspondente ao quarto ano de utilização do bem.
A partir desses dados, vamos calcular: (a) o encargo de depreciação do
período e (b) o valor da depreciação acumulada – após o registro do
encargo.
- Memória de cálculo:
Valor original ########
depreciação por ano 10%
encargo de depreciação por ano (4.000,00)
depreciação acumulada antes do registro do encargo ######## 3 anos
valor do encargo do quarto ano (4.000,00)
depreciação acumulada após o registro do encargo ########
- Situação inicial:

7
Os conceitos de vida útil e taxa de depreciação – aqui intuitivamente colocados –
serão apresentados de forma técnica e rigorosa em seguida.

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Ativo Passivo

Máquina 40.000,00
(-) deprec. Acum. (12.000,00) Patrimônio Líquido

Despesas Receitas

- Fluxo de valores patrimoniais:

Ativo Passivo

Máquina 40.000,00
(-) deprec. Acum. (12.000,00) Patrimônio Líquido
(4.000,00)
(16.000,00)

Despesas Receitas
Despesa operacional 4.000,00

- Lançamentos:
D= despesa (ou custo) de Depreciação
C = a depreciação acumulada 4.000,00
- Situação final:

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Ativo Passivo

Máquina 40.000,00
(-) deprec. Acum. (16.000,00) Patrimônio Líquido

Despesas Receitas
Despesa operacional 4.000,00

3.5 Características importantes da depreciação

3.5.1 Quem registra a depreciação


Atenção! A depreciação será deduzida pela empresa que suporta o
encargo econômico do desgaste ou obsolescência, e essa será – via de
regra – a proprietária do bem a ser depreciado. Assim, caso uma
empresa – LOCADORA – seja proprietária de uma edificação que está
sendo utilizada por outra – LOCATÁRIA – (por conta de um contrato de
aluguel), quem registrará encargos de depreciação será a LOCADORA e
não a LOCATÁRIA8. Entretanto, pode ocorrer um caso especial em que
a perda do valor do bem (por uso desgaste ou obsolescência) é
suportada pela empresa que apenas usa o bem, sem ser proprietária.
Essa é a situação que ocorre, por exemplo, quando o locatário se
encontra contratualmente obrigado a devolver um bem novo idêntico ao
final da locação.

3.5.2 Início do cômputo do encargo


Importante: o encargo de depreciação somente é computável no
resultado do exercício a partir da época em que o bem é instalado,
posto em serviço ou em condições de produzir. Em outras palavras, não
importa a data de aquisição do bem, mas a data de colocação do bem
em funcionamento. A explicação para essa condição, do ponto de vista
patrimonial, é que: (1) se o bem não está sendo utilizado, não há
esforço patrimonial no afã de auferir lucros; (2) portanto, não cabe

8
A locatária deverá registrar, mensalmente, despesas com aluguéis – conforme já
estudado neste curso.

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registrar despesas com depreciação9. A legislação do Imposto de Renda
(Decreto 3.000, de 1999) tem disposição específica nesse mesmo
sentido, em seu art. 309, a seguir:
Art. 309. A quota de depreciação registrável na
escrituração como custo ou despesa operacional será
determinada mediante a aplicação da taxa anual de
depreciação sobre o custo de aquisição dos bens
depreciáveis (Lei nº 4.506, de 1964, artigo 57, § 1º).
§ 1º A quota anual de depreciação será ajustada
proporcionalmente no caso de período de apuração com
prazo de duração inferior a doze meses, e de bem
acrescido ao ativo, ou dele baixado, no curso do período
de apuração.
§ 2º A depreciação poderá ser apropriada em quotas
mensais, dispensado o ajuste da taxa para os bens postos
em funcionamento ou baixados no curso do mês.
Assim, de forma prática, a depreciação será registrada a partir do mês
em que o bem for posto em funcionamento, independentemente do dia
do mês. Exemplificando, caso um bem de valor R$ 120.000,00 e com
vida útil de 10 anos, tenha sido comprado no dia 05 de janeiro, mas
posto em funcionamento no dia 28 de fevereiro, não se deve registrar
qualquer depreciação para o mês de janeiro, mas deve ser registrada
depreciação para o mês de fevereiro (como se o bem tivesse sido
utilizado todo o mês, mesmo tendo sido efetivamente utilizado um único
dia). A despesa de depreciação de fevereiro será de
 120.000,00 (*) 10% (/) 12 (=) 1.000,00.

3.5.3 Limite do valor da depreciação


Mais uma questão relevante! O valor do bem, deduzido da respectiva
depreciação acumulada nunca poderá resultar em um número negativo.
Isso é uma decorrência do próprio conceito de depreciação (perda do
valor de um bem, por uso, desgaste ou obsolescência); ora, um bem
nunca pode perder mais do que a totalidade de seu valor patrimonial.

3.5.4 Depreciação de bens na fase pré-operacional


Finalmente. Os encargos de depreciação dos bens do ativo imobilizado
que tenham ocorrido durante a fase pré-operacional serão escriturados
no ativo diferido para posterior amortização.

9
Cabe, entretanto, o registro de eventual perda – no caso desse bem se tornar
impróprio para o uso e for descontinuado pela empresa. Cumpre referir que não é
prevista a constituição de provisão para ajuste a valor de mercado de bens do
imobilizado (porque o objetivo é que esse tipo de bem seja usado e não vendido).

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3.6 Bens ativados – sujeitos à depreciação x registro direto em
despesa
Não se pode esquecer que – para figurar no ativo permanente – o bem
deve ter uma previsão de duração que permita entendê-lo como
permanente.

3.6.1 Bens de pequeno valor – registro direto como despesa


A Lei das S/A não estabelece um critério objetivo para diferenciar um
bem do ativo permanente de um mero material de consumo (que deve
figurar no ativo circulante). Ocorre que a legislação do imposto de
renda tem dispositivo neste sentido. Trata-se do art. 301 do Decreto
3.000, de 1999, que determina que o custo de aquisição do ativo
permanente não poderá ser deduzido diretamente como despesa, salvo
se o bem adquirido tiver valor unitário não superior a R$ 326,61 ou
prazo sua vida útil não ultrapasse um ano, conforme a seguir:
Art. 301. O custo de aquisição de bens do ativo
permanente não poderá ser deduzido como despesa
operacional, salvo se o bem adquirido tiver valor unitário
não superior a trezentos e vinte e seis reais e sessenta e
um centavos, ou prazo de vida útil que não ultrapasse um
ano (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, artigo 15, Lei nº
8.218, de 1991, artigo 20, Lei nº 8.383, de 1991, artigo
3º, inciso II, e Lei nº 9.249, de 1995, artigo 30).
§ 1º Nas aquisições de bens, cujo valor unitário esteja
dentro do limite a que se refere este artigo, a exceção
contida no mesmo não contempla a hipótese onde a
atividade exercida exija utilização de um conjunto desses
bens.
...
Pelo dispositivo acima, para que um elemento patrimonial seja
registrado no permanente (e, conseqüentemente, depreciado), é
necessário que – cumulativamente – atenda aos requisitos de: (1) valor
de aquisição igual ou superior a 326,61 e (2) vida útil igual ou superior
a um ano. Assim, caso determinado elemento patrimonial não preencha
esses dois requisitos, não necessita estar no ativo permanente, para
ulterior depreciação. Ou seja, nesse caso, os valores poderão ser
debitados diretamente a resultado do exercício, como custo ou despesa
operacional.
Trata-se de um critério aceitável para fins contábeis, pois consiste na
aplicação da convenção da materialidade. Nesse sentido, não vale a
pena registrar no patrimônio a entrada de um bem de pequeno valor,
que nem sequer estará no patrimônio quando do próximo balanço;

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assim registra-se diretamente uma despesa, no valor pago por esse
bem.
As figuras abaixo ilustram o conceito antes apresentado.
a) aquisição de um bem de valor inferior a R$ 326,61e vida útil inferior
a um ano, com posterior utilização (teoricamente registrando a entrada
do ativo e sua posterior saída do patrimônio).

Ativo Passivo
1 Caixa 1.000,00 obrigações -
(100,00)
900,00
--------------- Patrimônio Líquido
Capital social 1.000,00
Bem 100,00
(100,00)
2
-

Despesas Receitas
Despesa 100,00

(1) aquisição do bem


(2) utilização do bem

b) aplicação da convenção da materialidade, considerando esse bem,


diretamente, como despesa.

Ativo Passivo
1 Caixa 1.000,00 obrigações -
(100,00)
900,00
--------------- Patrimônio Líquido
Capital social 1.000,00

Despesas Receitas
Despesa 100,00

(1) aquisição do elemento patrimonial e imediata consideração de seu valor como


despesa - pela aplicação da convenção da materialidade

3.6.2 Gastos com reparos conservação ou substituição.


Os gastos com serviços que tenham por objetivo manter um bem em
estado de funcionamento, por não agregar nada de novo ao patrimônio
(além do bem que já existe), devem ser registrados diretamente como

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despesas. Esse é o caso dos serviços de limpeza, manutenção e
conservação.
Há outros gastos que, em princípio, podem parecer similares, mas que
têm objetivo distinto; são eles: o reparo e a reforma. Eles têm por
objetivo a possibilidade de uso do bem por mais algum tempo.
Ora, se foi agregada vida útil a um bem, patrimonialmente, surgiu algo
que não havia (o direito de usar algo por um tempo adicional). Assim,
esses gastos devem ser ativados e, conseqüentemente, serão
depreciados de acordo com a nova vida útil do bem resultante do
processo de reparo ou reforma.
Nesse sentido, a legislação do Imposto de Renda determina que:
Art. 346. Serão admitidas, como custo ou despesa
operacional, as despesas com reparos e conservação de
bens e instalações destinadas a mantê-los em condições
eficientes de operação (Lei nº 4.506, de 1964, artigo 48).
§ 1º Se dos reparos, da conservação ou da substituição de
partes e peças resultar aumento da vida útil prevista no
ato de aquisição do respectivo bem, as despesas
correspondentes, quando aquele aumento for superior a
um ano, deverão ser capitalizadas, a fim de servirem de
base a depreciações futuras (Lei nº 4.506, de 1964, artigo
48, parágrafo único).
§ 2º Os gastos incorridos com reparos, conservação ou
substituição de partes e peças de bens do ativo
imobilizado, de que resulte aumento da vida útil superior a
um ano, deverão ser incorporados ao valor do bem, para
fins de depreciação do novo valor contábil, no novo prazo
de vida útil previsto para o bem recuperado, ou,
alternativamente, a pessoa jurídica poderá:
I - aplicar o percentual de depreciação correspondente à
parte não depreciada do bem sobre os custos de
substituição das partes ou peças;
II - apurar a diferença entre o total dos custos de
substituição e o valor determinado no inciso anterior;
III - escriturar o valor apurado no inciso I a débito das
contas de resultado;
IV - escriturar o valor apurado no inciso II a débito da
conta do ativo imobilizado que registra o bem, o qual terá
seu novo valor contábil depreciado no novo prazo de vida
útil previsto.
§ 3º Somente serão permitidas despesas com reparos e
conservação de bens móveis e imóveis se intrinsecamente
relacionados com a produção ou comercialização dos bens
e serviços (Lei nº 9.249, de 1995, artigo 13, inciso III).

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Assim, os gastos dessa natureza, incorridos, que impliquem aumento de
vida útil (superior a um ano), devem ser incorporados ao valor do bem,
para fins de depreciação do novo valor, pelo novo prazo.
Para ilustrar o conceito acima, propomos o exemplo a seguir:
Seja uma máquina adquirida por R$ 40.000,00, vida útil inicial de 10
anos e com depreciação acumulada de R$ 16.000,00 (portanto,
referente a quatro anos), conforme figura abaixo.

Ativo Passivo
Caixa 30.000,00

Máquina 40.000,00
(-) deprec. Acum. (16.000,00) Patrimônio Líquido

Despesas Receitas

Nessa situação, o tempo de vida útil remanescente é de 6 (seis) anos:


Vida útil total inicial 10 anos
(-) prazo de utilização já incorrido (4) anos
(=) Vida útil remanescente 6 anos
Considere uma reforma em que ocorre a substituição de algumas peças,
no valor total de R$ 30.000,00, e que esse procedimento tenha
acarretado um aumento da vida útil da máquina de 3 (três) anos.
Nessa situação, deve ser baixada a depreciação acumulada da máquina
e, em seguida, adicionado o valor da reforma ao ativo; conforme
lançamentos a seguir:
D = Depreciação acumulada
C = a Máquina 16.000,00
D = Máquina
C = a Caixa 30.000,00
A configuração patrimonial imediatamente após os lançamentos acima
encontra-se representada na figura abaixo:

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Ativo Passivo
Caixa -

Máquina 54.000,00
(-) deprec. Acum. - Patrimônio Líquido

Despesas Receitas

Agora, a máquina passou a ter um valor contábil de 54.000,00 e uma


vida útil de 9 anos. Portanto, a partir do próximo exercício, a máquina
passará a sofrer depreciação no valor de R$ 6.000,00  R$ 54.000,00
(/) 9 anos (=) R$ 6.000,00.
A idéia básica do procedimento acima é a de que a reforma transformou
o antigo bem em algo novo (tudo recomeça do zero, com novo valor e
nova vida útil).
A legislação do Imposto de Renda prevê uma segunda alternativa para a
situação, conforme procedimento a seguir detalhado:
a) levantar o percentual referente à parte não depreciada do
bem, em relação a seu valor original;
b) aplicar o percentual da letra (a) ao valor total de custos do
reparo;
c) apurar a diferença entre o valor total de custos do reparo
e o valor calculado na letra (b);
d) registrar o valor apurado na letra (b) como depesa;
e) registrar o valor apurado na letra (c) como aumento do
valor do ativo;
f) passar a registrar depreciação sobre o novo valor contábil
do ativo, pela nova vida útil.
Para ilustrar o conceito acima, propomos sua aplicação ao mesmo
exemplo anteriormente apresentado.
Seja uma máquina adquirida por R$ 40.000,00, vida útil inicial de 10
anos e com depreciação acumulada de R$ 16.000,00 (portanto,
referente a quatro anos), conforme figura abaixo.

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Ativo Passivo
Caixa 30.000,00

Máquina 40.000,00
(-) deprec. Acum. (16.000,00) Patrimônio Líquido

Despesas Receitas

Nessa situação, o tempo de vida útil remanescente é de 6 (seis) anos:


Vida útil total inicial 10 anos
(-) prazo de utilização já incorrido (4) anos
(=) Vida útil remanescente 6 anos
Considere uma reforma em que ocorre a substituição de algumas peças,
no valor total de R$ 30.000,00, e que esse procedimento tenha
acarretado um aumento da vida útil da máquina de 3 (três) anos.
Assim, deve ser realizado o seguinte procedimento:
(a) Levantar o percentual referente à parte não depreciada do bem, em
relação a seu valor original:
Dados
Máquina - valor original 40.000,00
(-) deprec. Acum. (16.000,00)
(=) parte não depreciada 24.000,00

Relação percentual
parte não depreciada 24.000,00
(/) máquina - valor original 40.000,00
(=) Relação percentual 60%
(b) Aplicar o percentual da letra (a) ao valor total de custos do reparo:
Total dos custos do reparo 30.000,00
(*) percentual não depreciado do bem 60%
(=) parcela dos custos do reparo que não agregou vida útil ao bem 18.000,00
(c) apurar a diferença entre o valor total de custos do reparo e o valor
calculado na letra (b):
Total dos custos do reparo 30.000,00
(-) parcela dos custos do reparo que não agregou vida útil ao bem (18.000,00)
(=) parcela dos custos do reparo que recuperou parte da vida útil do bem 12.000,00

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(d) registrar o valor apurado na letra (b) como depesa:
D = Despesas com reparo
C = a Caixa 18.000,00
(e) registrar o valor apurado na letra (c) como aumento do valor do
ativo;
D = Máquina
C = a Caixa 12.000,00
(f) passar a registrar depreciação sobre o novo valor contábil do ativo,
pela nova vida útil.
D = Depreciação acumulada
C = a Máquina 16.000,00
A configuração patrimonial imediatamente após os lançamentos acima
encontra-se na figura abaixo:

Ativo Passivo
Caixa -

Máquina 36.000,00
(-) deprec. Acum. - Patrimônio Líquido

Despesas Receitas
Despesas com reparo 18.000,00

Agora, a máquina passou a ter um valor contábil de 36.000,00 e uma


vida útil de 9 anos. Portanto, a partir do próximo exercício, a máquina
passará a sofrer depreciação no valor de R$ 4.000,00  R$ 36.000,00
(/) 9 anos (=) R$ 4.000,00.
A idéia básica do procedimento acima é o de que a reforma/reparo
operou dois efeitos distintos: (1) a parte do custo que incidiu sobre a
parcela ainda não depreciada do bem serviu apenas para mantê-lo em
funcionamento (sem agregar mais vida útil) e, portanto, foi considerada
como despesa; (2) a parte do custo que incidiu sobre a parcela já
depreciada serviu para recuperar – em parte – sua vida útil antes
perdida (por uso, desgaste ou obsolescência) e, portanto, agregou-se ao
ativo aumentando seu valor.

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3.7 Bens sujeitos e não sujeitos à depreciação

3.7.1 Bens sujeitos à depreciação.


Podem ser objeto de depreciação todos os bens físicos submetidos ao
desgaste pelo uso, por causas naturais ou obsolescência normal.
Cuidado! Quando do início de meus estudos de Contabilidade (há muito
tempo, estou ficando velho) li, em resumos ou apostilas, a afirmação –
simplista – de que florestas estariam sempre sujeitas à exaustão10. Mas
isso não é verdadeiro; pois, conforme será visto adiante, florestas
geralmente estão sujeitas à exaustão. Há, porém, projetos florestais
que são destinados à exploração dos respectivos frutos11, esse é o caso
das culturas perenes, como café e árvores frutíferas.
Ora, a retirada de frutos de uma floresta não a destrói parcialmente,
portanto não há falar em exaustão. Ocorre, porém, que esses tipos de
cultura ficam velhas (ou seja, perdem seu valor por uso, desgaste ou
obsolescência) e, portanto estão sujeitas à depreciação
proporcionalmente ao período de sua vida útil.

3.7.2 Bens não sujeitos à depreciação


Há, também, bens corpóreos de natureza permanente que não estão
sujeitos à depreciação e, em relação aos quais, não é admitido registro
de quota de depreciação. A seguir, apresentaremos cada um deles.

3.7.2.1 Terrenos
Terrenos, não estão sujeitos à depreciação, salvo em relação aos
melhoramentos e construções. Isso decorre do fato de que a terra nua
não perde seu valor porque é usada.
No caso de um terreno que não estiver contabilmente segregado do
valor da edificação que, eventualmente, possa sobre ele existir; deverá
ser feita a separação dos dois valores (relativo ao terreno e à
edificação), a fim de que se possa computar quota de depreciação
somente sobre as edificações (construções e benfeitorias). Essa
segregação contábil deverá ser baseada em laudo de avaliação do bem.

10
Com efeito, florestas, via de regra, estão sujeitas à exaustão.
11
Por fruto, entende-se o bem acessório que se desprende do bem principal sem
destruí-lo. O Direito reconhece a existência de frutos naturais (frutas – por exemplo),
frutos industriais (produtos, que podem ser retirados de uma indústria sem destruí-la)
e frutos civis (juros, em relação ao capital e aluguéis, em relação a bens imóveis).

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3.7.2.2 Prédios e construções não alugados nem
utilizados
Prédios e construções não alugados nem utilizados por seus proprietário
na produção de seus rendimentos, ou imóveis destinados à venda,
também não estão sujeitos à depreciação. Isso decorre do conceito de
que os bens somente são depreciados a partir do momento em que são
postos em funcionamento (já visto).

3.7.2.3 Bens que aumentam de valor com o tempo


Bens que normalmente aumentam de valor com o tempo, como obras
de arte ou antiguidades também não devem ser objeto de depreciação.
Essa é uma decorrência, do próprio conceito de depreciação, pois, não
há perda de valor do bem com o passar do tempo (ainda que eles sejam
usados).

3.7.2.4 Bens objeto de exaustão


Por exclusão, bens em relação aos quais seja registrada quota de
exaustão, conforme será estudado adiante, também não serão
depreciados.

3.7.3 Benfeitorias em propriedades de terceiros


As benfeitorias em propriedades de terceiros podem – ou não – ser
objeto de registro no ativo permanente.
Pode ocorrer que uma empresa locatária realize construção em terreno
locado, ou seja, terreno de propriedade alheia.
De pronto, cabe diferenciar o caso em que essa construção é restituível
do caso em que não haja previsão (legal ou contratual) de restituição.
Caso os gastos com as benfeitorias sejam passíveis de restituição, não
entra no patrimônio da empresa locatária qualquer bem ou direito de
natureza permanente. Portanto, o registro é simples: (1) a saída do
dinheiro e (2) a entrada do direito à restituição do dinheiro saído (no
ativo circulante ou no realizável a longo prazo – de acordo com a
previsão de restituição), conforme lançamento a seguir.
D = Direito de restituição (AC ou ARLP)
C = a Caixa X
Por outro lado, caso os gastos com as benfeitorias não sejam passíveis
de restituição, com o valor gasto, a empresa locatária adquire um
direito: o direito de se utilizar da benfeitoria (1) pelo prazo do contrato
de locação ou (2) pelo tempo previsto de duração da benfeitoria
realizada – sua vida útil.

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Ora, no caso de um contrato de locação por prazo indeterminado, a
benfeitoria será utilizada pela empresa locatária enquanto a referida
benfeitoria tiver serventia (enquanto não envelhecer). Nesse caso, cabe
a depreciação dessa benfeitoria.
A seguir, apresentamos os lançamentos relativos ao caso acima
apresentado:
(1) realização de benfeitoria em terreno alheio, sem direito à restituição
D = Benfeitoria em terreno alheio (AP - imobilizado)
C = a Caixa X
(2) depreciação da benfeitoria, pela sua utilização
D = Encargos de depreciação
C = a Depreciação Acumulada y
Uma observação importante sobre o assunto. Se o contrato de locação
for por prazo determinado, cabe amortização (conforme será visto
adiante).

3.8 Taxas de depreciação – gerais x especiais


Já foi visto que a taxa de depreciação é o percentual, que deverá ser
aplicado sobre o valor depreciável a cada período, para fins de apuração
do valor do respectivo encargo de depreciação. Para determinação
desse percentual, é necessário conhecer dois elementos: (1) a vida útil
do bem e (2) o critério de cálculo da taxa.

3.8.1 Determinação da vida útil de um bem


A lei atribui à Secretaria da Receita Federal a competência para publicar
periodicamente o prazo de vida útil usual para cada bem utilizado em
condições normais, conforme art. 310 do Decreto 3.000, de 1999,
abaixo:
Art. 310. A taxa anual de depreciação será fixada em
função do prazo durante o qual se possa esperar utilização
econômica do bem pelo contribuinte, na produção de seus
rendimentos (Lei nº 4.506, de 1964, artigo 57, § 2º).
§ 1º A Secretaria da Receita Federal publicará
periodicamente o prazo de vida útil admissível, em
condições normais ou médias, para cada espécie de bem,
ficando assegurado ao contribuinte o direito de computar a
quota efetivamente adequada às condições de depreciação
de seus bens, desde que faça a prova dessa adequação,
quando adotar taxa diferente (Lei nº 4.506, de 1964,
artigo 57, § 3º).
§ 2º No caso de dúvida, o contribuinte ou a autoridade
lançadora do imposto poderá pedir perícia do Instituto
Nacional de Tecnologia, ou de outra entidade oficial de

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pesquisa científica ou tecnológica, prevalecendo os prazos
de vida útil recomendados por essas instituições, enquanto
os mesmos não forem alterados por decisão administrativa
superior ou por sentença judicial, baseadas, igualmente,
em laudo técnico idôneo (Lei nº 4.506, de 1964, artigo 57,
§ 4º).
§ 3º Quando o registro do imobilizado for feito por
conjunto de instalação ou equipamentos, sem
especificação suficiente para permitir aplicar as diferentes
taxas de depreciação de acordo com a natureza do bem, e
o contribuinte não tiver elementos para justificar as taxas
médias adotadas para o conjunto, será obrigado a utilizar
as taxas aplicáveis aos bens de maior vida útil que
integrem o conjunto (Lei nº 4.506, de 1964, artigo 57, §
12).
Entretanto, a Secretaria da Receita Federal fixou apenas o prazo de
alguns ativos, deixando que a jurisprudência administrativa definisse as
demais situações.
A leitura acima permite concluir que há uma presunção de que: (1) os
bens têm vida útil conforme definido pela Secretaria da Receita Federal
em ato próprio e (2) esses bens são depreciados de forma linear.
Cumpre referir que há uma possibilidade da empresa não utilizar os
valores presumidos pelo fisco, bastando para isso que prove – com
laudo de perícia do Instituto Nacional de Tecnologia, ou de outra
entidade oficial de pesquisa científica ou tecnológica.
A seguir, para fins ilustração, apresentamos os exemplos mais utilizados
de taxas anuais de depreciação e correspondente vida útil de bens:
a) 4% para edifícios e benfeitorias (25 anos);
b) 10% para móveis e utensílios (10 anos);
c) 10% para máquinas e equipamentos (10 anos);
d) 20% para veículos de passageiro e carga (5 anos);
e) 20% para computadores e periféricos (5 anos);
f) 25% para motociclos, tratores e caminhões fora de estrada (4
anos).
OBS: conforme já foi visto, no ano em que os bens forem postos em
operação, deve-se ajustar a taxa anual proporcionalmente ao número
de meses de efetiva utilização desses bens (independente da quantidade
de dias no mês).

3.8.2 Taxas especiais de depreciação


O desgaste provocado pelo uso intensivo ou anormal dos bens poderá
determinar a adoção de taxas especiais de depreciação.

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Existem dois tipos de depreciação acelerada: a contábil e a incentivada.
Ambos os conceitos são decorrentes da legislação do imposto de renda e
serão vistos a seguir.

3.8.2.1 Depreciação acelerada contábil


A depreciação acelerada contábil, apesar do nome, está prevista no
Decreto 3.000, de 1999 (Regulamento do Imposto de Renda), mas é
contábil porque é registrada na própria escrituração da empresa e se
aplica ao caso de utilização de bens por mais de um turno, conforme
disposto no art. 312 abaixo:
Depreciação Acelerada Contábil
Art. 312. Em relação aos bens móveis, poderão ser
adotados, em função do número de horas diárias de
operação, os seguintes coeficientes de depreciação
acelerada (Lei nº 3.470, de 1958, artigo 69):
I - um turno de oito horas............................1,0;
II - dois turnos de oito horas.......................1,5;
III - três turnos de oito horas.......................2,0.
Parágrafo único. O encargo de que trata este artigo será
registrado na escrituração comercial.
Pelo que está apresentado acima, verifica-se que a depreciação
acelerada contábil é aplicada exclusivamente aos bens móveis e é
registrada na escrituração contábil da empresa. Os coeficientes de
aceleração utilizados são:
- para um turno de 8 horas – 1,0
- para dois turnos de 8 horas – 1,5
- para três turnos de 8 horas – 2,0
Exemplo:
Suponha que uma máquina sujeita a depreciação de 10% aa esteja
sendo operada em dois turnos de 8 horas.
Como o coeficiente de aceleração aplicável nesse caso é de 1,5, ter-se-á
como taxa anual de depreciação o percentual de 15%  10% (x) 1,5
(=) 15%.

3.8.2.2 Depreciação acelerada incentivada


A depreciação acelerada incentivada não é controlada na contabilidade,
demandando um controle específico em um livro fiscal – o Livro de
Apuração do Lucro Real (LALUR). O fundamento da depreciação
acelerada incentivada é o incentivo à implantação, renovação ou

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modernização de instalações e equipamentos (independentemente da
quantidade de turnos de seu uso).
Assim, na contabilidade será registrado um encargo normal (de acordo
com a vida útil prevista para o bem). Paralelamente a esse registro
contábil normal, há um ajuste controlado em livro extra-contábil para
aumentar ou reduzir o valor do tributo a cada um dos períodos da vida
útil do bem (com o objetivo que o tributo seja calculado como se a vida
útil do bem fosse menor).
A depreciação acelerada incentivada está prevista nos arts. 313 e 262
do Decreto 3.000, de 1999, a seguir reproduzidos:
Art. 313. Com o fim de incentivar a implantação,
renovação ou modernização de instalações e
equipamentos, poderão ser adotados coeficientes de
depreciação acelerada, a vigorar durante prazo certo para
determinadas indústrias ou atividades (Lei nº 4.506, de
1964, artigo 57, § 5º).
§ 1º A quota de depreciação acelerada, correspondente ao
benefício, constituirá exclusão do lucro líquido, devendo
ser escriturada no LALUR (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977,
artigo 8º, inciso I, alínea "c", e § 2º).
§ 2º O total da depreciação acumulada, incluindo a normal
e a acelerada, não poderá ultrapassar o custo de aquisição
do bem (Lei nº 4.506, de 1964, artigo 57, § 6º).
§ 3º A partir do período de apuração em que for atingido o
limite de que trata o parágrafo anterior, o valor da
depreciação normal, registrado na escrituração comercial,
deverá ser adicionado ao lucro líquido para efeito de
determinar o lucro real.
...
Art. 262. No LALUR, a pessoa jurídica deverá (Decreto-Lei
nº 1.598, de 1977, artigo 8º, inciso I):
...
III - manter os registros de controle de prejuízos fiscais a
compensar em períodos de apuração subseqüentes, do
lucro inflacionário a realizar, da depreciação acelerada
incentivada, da exaustão mineral, com base na receita
bruta, bem como dos demais valores que devam
influenciar a determinação do lucro real de períodos de
apuração futuros e não constem da escrituração comercial;
Para ilustrar o conceito de depreciação acelerada incentivada,
apresentamos o exemplo a seguir.
Seja uma empresa que tenha bens no valor de R$ 1.000,00, cuja
depreciação normal seja de 10% ao ano (R$ 100,00). Considere, ainda,
que esta empresa esteja autorizada, pela legislação tributária, a
considerar (para fins fiscais) uma taxa duas vezes maior, representando

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um valor de R$ 200,00 (R$ 100,00 reconhecidos contabilmente e R$
100,00 em ajustes fiscais). A tabela a seguir demonstra os valores de
depreciação: (1) contabilmente registrados e (2) considerados para fins
fiscais.
Ano Registros contábeis da depreciação Ajustes fiscais
IR relativo à
encargo de IR relativo ao depreciação depreciação
depreciação encargo (15%) permitida exclusão adição permitida
1 100,00 15,00 200,00 100,00 - 30,00
2 100,00 15,00 200,00 100,00 - 30,00
3 100,00 15,00 200,00 100,00 - 30,00
4 100,00 15,00 200,00 100,00 - 30,00
5 100,00 15,00 200,00 100,00 - 30,00
6 100,00 15,00 - - 100,00 -
7 100,00 15,00 - - 100,00 -
8 100,00 15,00 - - 100,00 -
9 100,00 15,00 - - 100,00 -
10 100,00 15,00 - - 100,00 -
Somatório 150,00 150,00
Repare que, na situação acima demonstrada: (1) o registro de encargos
de depreciação é realizado exatamente da mesma maneira que seria
feito no caso de depreciação normal; (2) o total do IRPJ relativo aos
encargos de depreciação é o mesmo; mas (3) a diferença é sua
distribuição no tempo. O efeito é que o IRPJ é recolhido como se o
tempo de depreciação do bem fosse de cinco anos.

3.9 Métodos de cálculo da taxa de depreciação


Até aqui, foram apresentados exemplos em que a depreciação era
sempre realizada de forma linear. Com efeito, esse é o método mais
utilizado pelas empresas e, inclusive, presumido pela Secretaria da
Receita Federal (no caso de inexistência de laudo em contrário). Ocorre
que, do ponto de vista teórico, existem outros métodos, conforme
veremos neste item.

3.9.1 Linear
O método linear é o método padrão, portanto, já foi visto e apresentado
nos exemplos até aqui propostos. Ele parte do pressuposto de que a
depreciação ocorre de maneira constante no tempo e portanto:
a) a taxa de depreciação é igual ao percentual calculado
através da divisão [1(/)vida útil];
b) encargo de depreciação do período = valor depreciável (*)
taxa.

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Resumidamente: encargo de depreciação do período (=) (custo do bem
– valor residual estimado) / (período de vida útil em anos).
Exemplo:
- custo (valor de aquisição) do bem R$ 500.000,00;
- valor residual do bem R$ 100.000,00;
- vida útil do bem 5 anos.
Depreciação anual: (R$ 500.000,00 – R$ 100.000,00) / 5 = R$
80.000,00.

3.9.2 Da soma dos dígitos


O método da soma dos dígitos é um modelo em que a taxa de
depreciação dos diversos períodos da vida útil de um bem varia.
Trata-se de um modelo interessante, do ponto de vista patrimonial,
pois, é normal que um bem venha a perder uma grande parte de seu
valor no início de sua vida útil e apenas uma pequena parte no seu final
(basta pensar em um veículo: no primeiro ano de vida ele sofre grande
“desvalorização” e, no final de sua vida útil, a “desvalorização” pode ser
desprezível).
Por outro lado, pode ocorrer (ainda que de forma menos freqüente) a
situação inversa; na qual um bem venha a perder uma pequena parcela
de seu valor no início de sua vida útil e uma maior parcela ao final. Isso
ocorreria, por exemplo, quando um equipamento fosse utilizado na
fabricação de um produto que estivesse sendo introduzido no mercado e
que, no início de sua vida útil, é pouco utilizado (porque o produto ainda
não estaria sendo produzido em larga escala) e, à medida que o
mercado aceitasse o produto, a produção aumentaria (aumentando,
conseqüentemente, a utilização do bem e também sua depreciação).
O método da soma dos dígitos alcança as duas situações acima
apresentadas e, como aquelas são situações inversas, esse método (da
soma dos dígitos) se divide, em:
- Método da soma dos dígitos – DECRESCENTE; e
- Método da soma dos dígitos – CRESCENTE.

3.9.2.1 Método da soma dos dígitos – Decrescente


O método da soma dos dígitos – Decrescente – é utilizado para
representar o comportamento de perda de valor patrimonial de bens
(por uso, desgaste ou obsolescência – depreciação) no tempo, quando a
perda é maior no início da vida útil do bem e menor a seu final.
Portanto as taxas de depreciação (calculadas segundo esse método) são
decrescentes.

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Saliente-se que esse é o caso comum (os bens, em geral, perdem mais
valor patrimonial por uso no início de sua vida útil); portanto, quando –
em questões de prova – o método da soma dos dígitos for referido sem
qualificação (Decrescente ou Crescente), tente sempre iniciar a
resolução com a aplicação do método da soma dos dígitos decrescente.
Para aplicação deste método, a taxa de depreciação de cada período é
calculada na forma de uma fração  [Numerador (/) Denominador],
cujos valores são apurados conforme a seguir:
a) O denominador é constante em todos os períodos da vida útil do
bem e tem o valor da soma dos algarismos que compõem o
número de períodos da vida útil desse bem;
b) O valor do numerador varia, conforme o período:
- Para o primeiro período: o número de períodos de vida útil do
bem.
- Para o segundo período: o número de períodos de vida útil do
bem menos 1.
- Para o terceiro período: o número de períodos de vida útil do
bem menos 2,
- E, assim por diante, até que o numerador relativo ao último
período da vida útil do bem depreciado seja igual a 1 .
Calculada a taxa, o valor do encardo de depreciação do respectivo
período é o valor depreciável do bem, multiplicado pela fração obtida
(com o numerador e denominador calculados conforme acima).
Para ilustrar o conceito, apresentamos o exemplo a seguir.
Seja um bem que apresente: (1) valor depreciável (custo) de R$
50.000,00; (2) vida útil de 5 (cinco) anos e (3) depreciação baseada no
método da soma dos dígitos decrescente. A partir desses dados,
calcularemos o encargo de depreciação (e a depreciação acumulada) em
cada um dos anos da vida útil do bem.
Denominador: 1+2+3+4+5 = 15
Numeradores: 5; 4; 3; 2 e 1 (para cada um dos cinco anos da vida útil
do bem)
Os valores relativos à taxa de depreciação, ao encargo e à depreciação
acumulada, de cada um dos cinco anos da vida útil do bem, estão
apresentados na tabela a seguir:

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(a) (b) (c) = (a) / (b) (d) (e) = (d) * (c) (f)
Período numerador denominador fração custo do bem valor da depreciação Depreciação Acumulada
1o ano 5 15 33,33% 50.000,00 16.666,67 16.666,67
2o ano 4 15 26,67% 50.000,00 13.333,33 30.000,00
3o ano 3 15 20,00% 50.000,00 10.000,00 40.000,00
4o ano 2 15 13,33% 50.000,00 6.666,67 46.666,67
5o ano 1 15 6,67% 50.000,00 3.333,33 50.000,00
total 50.000,00

3.9.2.2 . Método da soma dos dígitos – Crescente


O método da soma dos dígitos – Decrescente – é utilizado para
representar o comportamento de perda de valor patrimonial de bens
(por uso, desgaste ou obsolescência – depreciação) no tempo, quando a
perda é menor no início da vida útil do bem e maior a seu final.
Portanto as taxas de depreciação (calculadas segundo esse método) são
crescentes.
Saliente-se que esse não é o caso comum (os bens, em geral, perdem
mais valor patrimonial por uso no início de sua vida útil); entretanto, foi
esse o método já pedido em provas da ESAF.
Para aplicação deste método, a taxa de depreciação de cada período é
calculada na forma de uma fração  [Numerador (/) Denominador],
cujos valores são apurados conforme a seguir:
a) O denominador é constante em todos os períodos da vida útil do
bem e tem o valor da soma dos algarismos que compõem o
número de períodos da vida útil desse bem;
b) O valor do numerador varia, conforme o período:
- Para o primeiro período: 1.
- Para o segundo período: 2.
- Para o terceiro período: 3.
- E, assim por diante, até que o numerador relativo ao último
período da vida útil do bem depreciado seja igual à quantidade
de períodos de sua vida útil.
Calculada a taxa, o valor do encargo de depreciação do respectivo
período é o valor depreciável do bem, multiplicado pela fração obtida
(com o numerador e denominador calculados conforme acima).
Para ilustrar o conceito, apresentamos o exemplo a seguir.
Seja um bem que apresente: (1) valor depreciável (custo) de R$
50.000,00; (2) vida útil de 5 (cinco) anos e (3) depreciação baseada no
método da soma dos dígitos crescente. A partir desses dados,
calcularemos o encargo de depreciação (e a depreciação acumulada) em
cada um dos anos da vida útil do bem.

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Denominador: 1+2+3+4+5 = 15
Numeradores: 1; 2; 3; 4 e 5 (para cada um dos cinco anos da vida útil
do bem)
Os valores relativos à taxa de depreciação, ao encargo e à depreciação
acumulada, de cada um dos cinco anos da vida útil do bem, estão
apresentados na tabela a seguir:
(a) (b) (c) = (a) / (b) (d) (e) = (d) * (c) (f)
Período numerador denominador fração custo do bem valor da depreciação Depreciação Acumulada
1o ano 1 15 6,67% 50.000,00 3.333,33 3.333,33
2o ano 2 15 13,33% 50.000,00 6.666,67 10.000,00
3o ano 3 15 20,00% 50.000,00 10.000,00 20.000,00
4o ano 4 15 26,67% 50.000,00 13.333,33 33.333,33
5o ano 5 15 33,33% 50.000,00 16.666,67 50.000,00
total 50.000,00

3.9.3 Unidades produzidas


O método das unidades produzidas é utilizado para refletir o
comportamento da depreciação de bens em que a utilização é variável
ao longo de sua vida útil – e dependente da produção realizada a partir
da utilização desse bem. Portanto, nesse método, de antemão, não se
pode saber se o bem irá perder valor de forma constante, crescente ou
decrescente. Com efeito, a perda de valor do bem se dará conforme o
volume de produção do período (em relação à produção total, prevista a
partir da utilização desse bem).
A taxa de depreciação de cada período é calculada através de uma
fração (Numerador (/) Denominador), onde:
- O numerador é igual ao número de unidades produzidas no
período; e
- O denominador é igual ao número estimado de unidades a
serem produzidas durante toda a vida útil do bem.
Calculada a taxa, o valor do encargo de depreciação do respectivo
período é o valor depreciável do bem, multiplicado pela fração obtida
(com o numerador e denominador calculados conforme acima).

3.9.4 Horas de trabalho


O método das horas de trabalho é utilizado para refletir o
comportamento da depreciação de bens em que a utilização é variável
ao longo de sua vida útil. Portanto, nesse método, de antemão, não se
pode saber se o bem irá perder valor de forma constante, crescente ou
decrescente. Com efeito, a perda de valor do bem se dará conforme a
quantidade de horas de utilização do bem no período (em relação ao
total de horas previstas de utilização desse bem, prevista).

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A taxa de depreciação de cada período é calculada através de uma
fração (Numerador (/) Denominador), onde:
- O numerador é igual ao número de horas de utilização do bem
no período; e
- O denominador é igual ao número estimado de horas de
utilização do bem, durante toda sua vida útil.
Calculada a taxa, o valor do encargo de depreciação do respectivo
período é o valor depreciável do bem, multiplicado pela fração obtida
(com o numerador e denominador calculados conforme acima).

4 Amortização
4.1 Conceito
A amortização é a perda do valor de um elemento patrimonial do ativo
permanente, pelo fato de sua utilização ter prazo fixo (legal ou
contratual) para ser realizada. A lei das S/A define amortização nesse
sentido, conforme art. 183, § 2o, a seguir:
Art. 183. No balanço, os elementos do ativo serão
avaliados segundo os seguintes critérios:
...
§ 2º A diminuição de valor dos elementos do ativo
imobilizado será registrada periodicamente nas contas de:
...
b) amortização, quando corresponder à perda do valor do
capital aplicado na aquisição de direitos da propriedade
industrial ou comercial e quaisquer outros com existência
ou exercício de duração limitada, ou cujo objeto sejam
bens de utilização por prazo legal ou contratualmente
limitado;
...
Há livros que dão uma conotação administrativa ao conceito de
amortização, apresentando-a como a “recuperação econômica de um
capital aplicado”. Apesar do palavreado rebuscado, a idéia que está por
trás desta maneira de encarar a amortização é simples: à medida que
se utiliza um bem ou se exerce um direito, ele perde seu valor; mas é
justamente essa utilização que permite que a empresa aufira receitas
(e, conseqüentemente lucro). Assim, as duas faces do mesmo conceito
aparecem: (1) de um lado há, perda do valor de um elemento
patrimonial, por conta de sua utilização e (2) por outro dado, há receitas
auferidas com essa utilização e, assim, a “recuperação econômica de um
capital aplicado” (a receita correspondente ao gasto inicialmente
realizado na aquisição do elemento patrimonial).

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De qualquer maneira, de forma rápida e direta, a amortização é a perda
do valor patrimonial de um elemento cuja utilização deverá ser feita em
um prazo finito.
A amortização é aplicada aos seguintes elementos patrimoniais:
1 – despesas que contribuam para a formação do resultado de mais de
um exercício social (Ativo diferido). Exemplos: despesas pré-
operacionais, despesas com pesquisa e desenvolvimento de novos
produtos.
2 – direitos cuja existência ou exercício tenha duração limitada ou bens
cuja utilização tenha prazo legal ou contratual limitado e desde que em
nenhuma hipótese caiba indenização, como:
a) bens intangíveis ou direitos de uso como, por exemplo: patentes
de invenção, fórmulas e processos de fabricação;
b) investimento em bens que, nos termos da lei ou contrato que
regula a concessão de serviço público, devem reverter ao poder
concedente, ao final do prazo de concessão;
c) direitos autorais, licenças, autorizações para exploração de
determinada atividade econômica, concessões para exploração
de serviços públicos, bem como o custo de aquisição,
prorrogação ou modificação de contratos de qualquer natureza,
inclusive de exploração de fundos de comércio;
d) custo das construções e benfeitorias em bens locados,
arrendados ou cedidos por terceiros (quando o contrato é por
tempo determinado).
e) O valor dos direitos contratuais de exploração de florestas
Como pode ser observado, da leitura acima, o conceito de amortização é
aplicável a elementos patrimoniais que apresentam duas características
básica e cumulativas: (1) prazo de duração limitado; (2) inexistência de
indenização.12
Importante! A amortização é aplicável, basicamente, a elementos
patrimoniais intangíveis, porém há também casos em que ela é aplicada
sobre bens tangíveis. O exemplo é a amortização do gastos com
benfeitorias realizadas em imóveis de terceiros ou em bens necessários
à execução de um contrato de concessão de serviço público. Em ambos

12
De uma maneira didática e bem humorada, eu tenho o costume de apresentar o
conceito de amortização através da metáfora do “namoro de verão”. Conforme todos
sabemos (da experiência de nossa adolescência), esse namoro tem data para acabar
(o início das aulas – quando voltamos da praia para nossas respectivas cidades). Todo
o valor investido na aquisição do “namoro de verão” deverá ser amortizado nos três
meses de viagem e, ao final, não valerá mais nada (além de boas recordações).

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esses casos, houve gasto na aquisição de elementos tangíveis
(edificações), mas, do ponto de vista patrimonial, a empresa que
realizou esse gasto, adquiriu um mero direito de utilizar-se da edificação
por um tempo limitado (o tempo do contrato de locação ou da
concessão).
Apenas relembrando, as benfeitorias em bens de terceiros somente se
sujeitam a amortização caso sejam atendidas as seguintes condições
cumulativas, já colocadas acima: (1) contrato de locação, arrendamento
ou cessão celebrado por prazo determinado; e (2) inexistência de direito
à indenização das benfeitorias edificadas por ocasião do término do
prazo contratual estabelecido. Na hipótese de o contrato ser celebrado
por prazo indeterminado, caberá computarem-se encargos de
depreciação (conforme já explicado) e não de amortização.
Caso o contrato preveja direito de indenização das benfeitorias
edificadas, não há que se falar em cômputo de encargos, por inexistir,
na hipótese, o pressuposto econômico correspondente. Essa situação
também já foi exaustivamente estudada no item que tratou da
depreciação de benfeitorias em imóveis de terceiros (acima).

4.2 Taxa
A taxa de amortização – representando o percentual de perda de valor
do elemento patrimonial amortizado – será constante. Essa é uma
decorrência do fato de que a amortização representa a perda de valor
de um elemento patrimonial cuja utilização deverá ser realizada em um
prazo finito. Ora, o tempo passa de forma linear (pelo menos para
nossa realidade – teorias de ficção científica ou de física avançada à
parte) e, assim, a amortização será sempre linear.
A taxa anual de amortização será fixada tendo em vista o número de
anos restantes de existência do direito ou o número de exercícios sociais
em que deverão ser usufruídos os benefícios das despesas registradas
no ativo diferido.
A amortização dos componentes do ativo diferido está sujeita a dois
prazos:
- um mínimo de cinco anos – estabelecido no artigo 327,
parágrafo único do regulamento do imposto de renda;
Art. 327. A taxa anual de amortização será fixada tendo
em vista:
I - o número de anos restantes de existência do direito (Lei
nº 4.506, de 1964, artigo 58, § 1º);
II - o número de períodos de apuração em que deverão ser
usufruídos os benefícios decorrentes das despesas
registradas no ativo diferido.

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Parágrafo único. O prazo de amortização dos valores de
que tratam as alíneas "a" a "e" do inciso II do artigo 32513
não poderá ser inferior a cinco anos (Lei nº 4.506, de
1964, artigo 58, § 3º).
- um máximo de dez anos, estabelecido pelo artigo 183, parágrafo
3º da lei das S/A, que é aplicável a todas as pessoas jurídicas
que possuam escrituração contábil regular.
§ 3º Os recursos aplicados no ativo diferido serão
amortizados periodicamente, em prazo não superior a 10
(dez) anos, a partir do início da operação normal ou do
exercício em que passem a ser usufruídos os benefícios
deles decorrentes, devendo ser registrada a perda do
capital aplicado quando abandonados os empreendimentos
ou atividades a que se destinavam, ou comprovado que
essas atividades não poderão produzir resultados
suficientes para amortizá-los.

4.3 Direitos de uso amortizáveis e não amortizáveis


O valor relativo à aquisição do direito de exploração de uma patente de
invenção ou fórmula de fabricação poderá ser objeto de amortização
pelo prazo do direito de exploração adquirido. Se, por exemplo, uma
empresa adquire a patente de invenção para fabricação de certa
máquina, quando, por hipótese, faltarem cinco anos para esta cair em
domínio público, a amortização far-se-á pela taxa de 20% ao ano.
Ao contrário, o custo de aquisição de marcas não é amortizável. Isso
decorre do fato de que não se trata de um direito com prazo fixo para
exercício, porque seu registro pode ser prorrogado sucessivamente a
cada dez anos, tornando-se de prazo indefinido, desde que
tempestivamente renovado no INPC. Saliente-se, entretanto, que no
caso de cessão de direito de marca por prazo determinado, quem
adquire esse direito pode amortizá-lo.
No caso de direitos contratuais de exploração de florestas, a
amortização incidirá sobre o valor do contrato e a taxa deverá ser
apurada de acordo com o respectivo prazo, nos termos do art. 329 do
Decreto 3.000, de 1999, a seguir:
Art. 328. A quota anual de amortização do valor dos
direitos contratuais de exploração de florestas terá como
base de cálculo o valor do contrato e será calculada em
função do prazo de sua duração (Decreto-Lei nº 1.483, de
1976, artigo 5º, e § 1º).
...

13
Esses valores compõem, justamente, o Ativo Diferido.

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§ 3º As disposições deste artigo não se aplicam aos
contratos de exploração firmados por prazo indeterminado
(Decreto-Lei nº 1.483, de 1976, artigo 5º, § 4º).

Repare que, se o prazo de exploração de recursos for indeterminado,


não se aplica o instituto da amortização.
A idéia é a de que, quando os recursos florestais estiverem sendo
explorados com base em contrato, sejam verificados os prazos (1) do
contrato e (2) do efetivo esgotamento dos recursos florestais objeto de
exploração. No caso do prazo contratual ser o menor dos dois, cabe a
amortização. Caso contrário, não há falar em direito de exploração com
prazo determinado, porque a exploração poderá terminar antes do prazo
do contrato. Nesse caso, conforme veremos a seguir, caberá exaustão.

5 Exaustão
5.1 Conceito
A exaustão corresponde à perda de valor decorrente da exploração de
recursos minerais ou florestais (destinados ao corte) ou, ainda, de bens
aplicados nessa exploração. A idéia é a de esses recursos são
destruídos (de forma parcial e gradativa), pela sua regular exploração.
A partir dessa idéia, tem-se o conceito de exaustão: a destruição parcial
dos recursos explorados implica a redução do valor inicialmente a eles
atribuído e essa perda de valor é denominada exaustão. Nesse sentido
a Lei das S/A define a exaustão em seu art. 183, § 2o, “c”:
§ 2º A diminuição de valor dos elementos do ativo
imobilizado será registrada periodicamente nas contas de:
...
c) exaustão, quando corresponder à perda do valor,
decorrente da sua exploração, de direitos cujo objeto
sejam recursos minerais ou florestais, ou bens aplicados
nessa exploração.

Repare que, de acordo com o texto acima, os equipamentos de extração


mineral ou florestal devem ser também exauridos. A legislação
tributária, entretanto, permite que esses equipamentos (tratores,
escavadeiras, caminhões, etc.), caso o período de exploração dos
recursos seja inferior à vida útil do bem, sejam opcionalmente
depreciados, utilizando-se para tal os critérios e taxas de depreciação já
vistos acima. Neste sentido, reproduzimos o § 3o do art. 309 do
Decreto 3.000, de 1999:

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Art. 309. A quota de depreciação registrável na
escrituração como custo ou despesa operacional será
determinada mediante a aplicação da taxa anual de
depreciação sobre o custo de aquisição dos bens
depreciáveis (Lei nº 4.506, de 1964, artigo 57, § 1º).
...
§ 3º A quota de depreciação, registrável em cada período
de apuração, dos bens aplicados exclusivamente na
exploração de minas, jazidas e florestas, cujo período de
exploração total seja inferior ao tempo de vida útil desses
bens, poderá ser determinada, opcionalmente, em função
do prazo da concessão ou do contrato de exploração ou,
ainda, do volume da produção de cada período de
apuração e sua relação com a possança conhecida da mina
ou dimensão da floresta explorada (Lei nº 4.506, de 1964,
artigos 57, § 14, e 59, § 2º).

5.2 O que não deve ser objeto de exaustão


Não devem ser objeto de exaustão os recursos minerais que não têm
previsão de esgotamento, o exemplo notório desse caso é o da jazida de
água mineral. A exploração da fonte de água mineral não implica sua
destruição e, portanto, não há falar em exaustão.
Também não são objeto de exaustão os seguintes recursos florestais:
a) as florestas destinadas à exploração dos respectivos frutos,
conforme já visto, sujeitam-se à depreciação e não à exaustão.
b) florestas plantadas com a finalidade de proteção do solo ou do
meio ambiente como um todo também não se sujeitam ao
cômputo dos encargos das inversões (depreciação, amortização
ou exaustão);
c) os direitos contratuais para a exploração de recursos florestais
por prazo determinado (inferior ao esgotamento dos recursos)
estão sujeitos à amortização e não à exaustão, cujo critério
econômico será o prazo de vigência do contrato.

5.3 Exaustão de recursos minerais


Os encargos de exaustão de recursos minerais poderão ser registrados
de acordo com dois métodos: (1) o método do prazo e (2) o método da
possança.
A exaustão deve – via de regra – ser determinada com base no volume
de recursos extraídos em relação à possança (método da possança),
porém, no caso do prazo de concessão ser menor do que o prazo
previsto para o esgotamento dos recursos minerais, a exaustão será
calculada em função do prazo de concessão (método do prazo). Nesse

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sentido, a legislação tributária dispõe – expressamente – conforme art.
309, § 3o, do Decreto 3.000, de 1999, abaixo:
§ 3º A quota de depreciação, registrável em cada período
de apuração, dos bens aplicados exclusivamente na
exploração de minas, jazidas e florestas, cujo período de
exploração total seja inferior ao tempo de vida útil desses
bens, poderá ser determinada, opcionalmente, em função
do prazo da concessão ou do contrato de exploração ou,
ainda, do volume da produção de cada período de
apuração e sua relação com a possança conhecida da mina
ou dimensão da floresta explorada (Lei nº 4.506, de 1964,
artigos 57, § 14, e 59, § 2º).

5.3.1 Método da exaustão em função do prazo de concessão


O método da exaustão em função do prazo de concessão consiste em
procedimento idêntico ao da amortização. Trata-se de uma presunção
de que a perda de valor patrimonial do recurso mineral se dará
linearmente no tempo (de forma constante). Nós sabemos que isso não
ocorre assim, pois, é normal da atividade de exploração de jazidas
minerais que em alguns períodos seja retirado mais minério da mina do
que em outros – mas é uma aproximação aceita.
Para ilustrar o conceito de exaustão de recurso mineral em função do
prazo da concessão, é proposto o exemplo a seguir.
Seja uma jazida mineral a ser explorada, cujo custo (da concessão é de
R$ 20.000.000,00. Considere o prazo da concessão de 10 anos. Nessas
condições, considerando o método do prazo de concessão, podemos
calcular a taxa de exaustão e o valor do respectivo encargo, conforme
tabela a seguir:
Cálculo da exaustão - método do prazo da concessão
Prazo da concessão 10 anos
Taxa de exaustão 10% ao ano

Custo da concessão 20.000.000,00


(*) Taxa de exaustão 10%
(=) Encargo de exaustão 2.000.000,00

5.3.2 Método da exaustão em função da possança da mina.


O segundo método de apuração da exaustão é o método da possança.
Por possança entende-se a capacidade prevista (através de estudos
científicos) de produção da mina (jazida). Segundo esse método, a taxa
de exaustão é calculada de forma similar ao cálculo da depreciação em
função da quantidade produzida:
O método da possança é utilizado para refletir o comportamento da
exaustão da jazida mineral, cuja utilização é variável ao longo do tempo

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– e dependente da produção (no caso, extração de minérios) realizada.
Portanto, nesse método, de antemão, não se pode saber se o recurso
mineral irá perder seu valor patrimonial de forma constante, crescente
ou decrescente. Com efeito, a perda de valor do recurso mineral
explorado se dará conforme o volume de extração de minério no período
(em relação à capacidade total de extração, prevista – possança).
A taxa de exaustão de cada período é calculada através de uma fração
(Numerador (/) Denominador), onde:
- O numerador é igual à quantidade de minério extraído no
período; e
- O denominador é igual à possança.
Calculada a taxa, o valor da exaustão do respectivo período é o valor
pelo qual a concessão foi adquirida (valor de aquisição), multiplicado
pela fração obtida (com o numerador e denominador calculados
conforme acima).
Para ilustrar a questão, apresentamos o exemplo a seguir.
Seja uma jazida mineral a ser explorada, cujo custo (da concessão é de
R$ 20.000.000,00. Considere uma possança conhecida (determinada
cientificamente) de 25.000.000 metros cúbicos e a produção de
5.000.000 de metros cúbicos. Nessas condições, considerando o
método da possança, podemos calcular a taxa de exaustão do período e
o valor do respectivo encargo, conforme tabela a seguir:
Cálculo da exaustão - método da possança
Possança conhecida 25.000.000 metros cúbicos
Produção do período 5.000.000 metros cúbicos
Taxa de exaustão 20% por período

Custo da concessão 20.000.000,00


(*) Taxa de exaustão 20%
(=) Encargo de exaustão 4.000.000,00

5.4 Exaustão de recursos florestais


A exaustão de recursos florestais será efetuada quando o prazo de
exploração da floresta for indeterminado ou superior à capacidade de
produção da floresta.
Obs. 1: No caso do prazo de exploração ser inferior, cabe a amortização.
Obs. 2: Lembrando, ainda, que a floresta plantada para exploração dos
respectivos frutos não está sujeita à exaustão (mas sim à depreciação).
Nesse sentido, o art. 334 do Decreto 3.000, de 1999, dispõe:
Art. 334. Poderá ser computada, como custo ou encargo,
em cada período de apuração, a importância

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correspondente à diminuição do valor de recursos
florestais, resultante de sua exploração (Lei nº 4.506, de
1964, artigo 59, e Decreto-Lei nº 1.483, de 1976, artigo
4º).
§ 1º A quota de exaustão dos recursos florestais
destinados a corte terá como base de cálculo o valor das
florestas (Decreto-Lei nº 1.483, de 1976, artigo 4º, § 1º).
§ 2º Para o cálculo do valor da quota de exaustão será
observado o seguinte critério (Decreto-Lei nº 1.483, de
1976, artigo 4º, § 2º):
I - apurar-se-á, inicialmente, o percentual que o volume
dos recursos florestais utilizados ou a quantidade de
árvores extraídas durante o período de apuração
representa em relação ao volume ou à quantidade de
árvores que no início do período de apuração compunham
a floresta;
II - o percentual encontrado será aplicado sobre o valor
contábil da floresta, registrado no ativo, e o resultado será
considerado como custo dos recursos florestais extraídos.
§ 3º As disposições deste artigo aplicam-se também às
florestas objeto de direitos contratuais de exploração por
prazo indeterminado, devendo as quotas de exaustão ser
contabilizadas pelo adquirente desses direitos, que tomará
como valor da floresta o do contrato (Decreto-Lei nº
1.483, de 1976, artigo 4º, § 3º).

Assim, a taxa de exaustão de cada período é calculada através de uma


fração (Numerador (/) Denominador), onde:
- O numerador é igual à quantidade de árvores extraída no
período; e
- O denominador é igual à quantidade de árvores existente no
início do período.
Calculada a taxa, o valor da exaustão do respectivo período é o valor
contábil da floresta, multiplicado pela fração obtida (com o numerador e
denominador calculados conforme acima).
Para ilustrar o conceito, apresentamos – abaixo – o seguinte exemplo.
Seja uma plantação de pinus, para corte, avaliada contabilmente por R$
400.000.000,00. No início do período, nossa empresa possuía uma
plantação de 5.000 hectares. Considere que, ao longo do período,
foram derrubados 1.500 hectares de florestas. Com base nesses dados,
calcula-se a taxa de exaustão do período e o respectivo valor do
encargo, conforme tabela a seguir:

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Cálculo da exaustão de recursos florestais
Quantidade existente no início do período 5.000 hectares plantados
Extração de árvores no período 1.500 hectares derrubados
Taxa de exaustão 30% no período

Valor contábil da floresta plantada ############


(*) Taxa de exaustão 30%
(=) Encargo de exaustão ############

6 Resumo
1) Depreciação
a) Conceito – perda do valor do ativo, por uso, desgaste ou
obsolescência (envelhecimento).
b) Definições necessárias ao cálculo da depreciação
i) Valor de aquisição ou produção – valor originalmente pago,
deduzido dos tributos recuperáveis.
ii) Vida útil
(1) Regra geral – período de utilização previsto para o
ativo.
(2) Vida útil de bens usados – o maior dos seguintes
valores: (a) a metade da vida útil original; (b) a vida útil
remanescente.
iii) Valor residual – valor patrimonial do ativo, após a perda de
valor por uso, desgaste ou obsolescência (depreciação) toda
sua vida útil.
iv) Valor depreciável – diferença entre o valor de aquisição e o
valor residual.
v) Taxa de depreciação – percentual aplicado sobre o valor
depreciável, para calculo da perda de valor patrimonial do ativo
em determinado período (considerando a depreciação linear, a
taxa é igual à unidade dividida pela vida útil do bem).
vi) Encargo de depreciação do período – o resultado da
multiplicação do valor depreciável pela taxa de depreciação
vii) Depreciação acumulada – o somatório dos encargos de
depreciação do bem em todos os períodos em que ele foi
utilizado
viii) Valor contábil – a diferença entre o valor de aquisição e a
depreciação acumulada
c) O encargo de depreciação – despesa quando não se tratar de bem
diretamente utilizado no processo de industrialização x custo

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quando se tratar de bem diretamente utilizado no processo de
industrialização
d) Características importantes da depreciação
i) Quem registra a depreciação – aquele que suporta o encargo
econômico
ii) Início do cômputo do encargo – no mês em que o bem é
colocado em funcionamento
iii) Limite do valor da depreciação – o valor patrimonial do bem
depreciado
iv) Depreciação de bens na fase pré-operacional – os encargos
devem ser ativados (no ativo diferido), para posterior
amortização.
e) Bens ativados – sujeitos à depreciação (de valor superior a R$
326,61 e vida útil igual ou superior a um ano).
i) Bens de pequeno valor – registro direto como despesa – gastos
na aquisição de bens de valor igual ou inferior a R$ 326,61 ou
de vida útil inferior a um ano.
ii) Gastos com reparos conservação ou substituição – se não for
agregada vida útil ao bem, registra-se como despesa, caso
contrário, ativa-se o gasto para posterior depreciação.
f) Bens sujeitos e não sujeitos à depreciação
i) Bens sujeitos à depreciação – bens tangíveis do permanente
(inclusive florestas destinadas à exploração dos respectivos
frutos).
ii) Bens não sujeitos à depreciação
(1) Terrenos – devem estar segregados da respectiva
edificação
(2) Prédios e construções não alugados nem utilizados –
não ajudam a gerar receitas, portanto não devem ser
depreciados.
(3) Bens que aumentam de valor com o tempo – jóias ou
obras de arte
(4) Bens objeto de exaustão – o que se exaure, não se
deprecia.
iii) Benfeitorias em propriedades de terceiros – caso não haja
direito a ressarcimento ou indenização e o prazo da locação
seja indeterminado ou superior à vida útil da benfeitoria.
g) Taxas de depreciação - gerais x especiais

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i) Determinação da vida útil de um bem – de acordo com
presunção determinada pela Secretaria da Receita Federal (em
ato normativo) ou conforme laudo técnico de avaliação.
ii) Taxas especiais de depreciação
(1) Depreciação acelerada contábil – registrada na
contabilidade taxa de depreciação multiplicada por um dos
três coeficientes a seguir: (a) 1,0 – um único turno de 8
horas; (b) 1,5 – dois turnos de 8 horas; (c) 2,0 – três turnos
de 8 horas.
(2) Depreciação acelerada incentivada – controlada no
LALUR, sem reflexo na contabilidade.
h) Métodos de cálculo da taxa de depreciação
i) Linear – taxa constante ( 1 / vida útil).
ii) Da soma dos dígitos
(1) Método da soma dos dígitos – Decrescente – taxa
calculada a cada período como ( numerador / denominador),
onde: (a) denominador constante e igual ao somatório dos
algarismos da vida útil do bem e (b) numerador
decrescente, do valor da vida útil do bem até 1.
(2) Método da soma dos dígitos – Crescente – taxa
calculada a cada período como ( numerador / denominador),
onde: (a) denominador constante e igual ao somatório dos
algarismos da vida útil do bem e (b) numerador crescente,
de 1 até o valor da vida útil do bem .
iii) Unidades produzidas – taxa calculada através da divisão da
quantidade produzida no período pela quantidade total prevista
para de produção com a utilização do bem.
iv) Horas de trabalho – taxa calculada através da divisão da
quantidade de horas de utilização do bem no período pela
quantidade total de horas de utilização prevista para toda a
vida útil do bem.
2) Amortização
a) Conceito – perda do valor de um elemento patrimonial, pela
passagem de um tempo finito (no qual seria possível utilizar um
bem ou exercer um direito).
b) Taxa – 1 (/) prazo de utilização do bem (ou de exercício do
direito).

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c) Direitos de uso amortizáveis e não amortizáveis – não são
amortizáveis direitos de uso de marca (que podem ser renovados
periodicamente e, portanto, não têm prazo fixo de utilização).
3) Exaustão
a) Conceito – perda de valor de um elemento patrimonial pela sua
parcial e gradativa destruição, decorrente de sua utilização regular
(aplicável a recursos minerais e florestas destinadas ao corte).
b) O que não deve ser objeto de exaustão – jazidas de água mineral
(nunca se exaure), florestas destinadas à exploração dos
respectivos frutos (deprecia-se) e direitos de exploração de
florestas com prazo inferior à capacidade de exploração da floresta
(amortiza-se).
c) Exaustão de recursos minerais
i) Método da exaustão em função do prazo de concessão – taxa
de exaustão constante – 1 (/) prazo da concessão.
ii) Método da exaustão em função da possança da mina. – taxa de
exaustão calculada pela divisão (a) da quantidade extraída da
mina no período, por (b) a quantidade total prevista para a
mina (possança).
d) Exaustão de recursos florestais – taxa de exaustão calculada pela
divisão de (a) quantidade de árvores extraídas no período por (b)
quantidade total de árvores existentes no início do período.

7 Exercícios de Fixação (Questões de concurso elaborado pela


ESAF – resolvidas e comentadas)

7.1 Depreciação – valor residual

7.1.1 Auditor de Finanças e Controles – AFC - 2005


Enunciado
44-O único Jeep da empresa Vásculo Ltda., foi adquirido há algum
tempo, por R$ 2.000,00 e vem sendo usado ininterruptamente, desde
então, com um nível de desgaste físico estimado em 20% ao ano. Se a
empresa tem contabilizado essa depreciação, levando em conta o valor
residual de 10% e sabendo-se que ainda resta ao veículo uma vida útil
de quatro anos e três meses, pode-se dizer que o valor contábil atual
desse veículo é de
a) R$ 2.000,00.

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b) R$ 1.730,00.
c) R$ 1.700,00.
d) R$ 1.640,00.
e) R$ 1.530,00.
Resolução e comentários
Trata-se de uma questão que versa sobre os conceitos de depreciação e
alienação do ativo permanente. Para sua resolução, é necessário
conhecer alguns conceitos teóricos, abaixo apresentados:
a) Valor original: é o valor de aquisição do bem
b) Vida útil: período de utilização prevista para o bem
c) Valor residual: valor patrimonial do bem, após a perda (por uso,
desgaste ou obsolescência), durante sua vida útil.
d) Valor depreciável: Valor original (-) Valor Residual
e) Taxa de depreciação (pelo método linear – pedido na questão): 1 /
Vida útil (em número de meses).
f) Despesa de depreciação: Valor depreciável (*) taxa de depreciação
g) Prazo de utilização: número de períodos em que o bem foi utilizado
h) Depreciação acumulada: Despesa de depreciação (*) Prazo de
utilização
i) Valor Contábil: Valor Original (-) Depreciação Acumulada
Vistos os conceitos necessários, passamos à resolução da questão, a
partir dos dados do enunciado.
Apuração do valor contábil do bem:
Item valor comentários
a) Valor original: 2.000,00
b) Vida útil: 60,00 meses - calculado de forma reversa a partir da taxa de depreciação de 20%
c) Valor residual: 200,00
d) Valor depreciável: 1.800,00
e) Taxa de depreciação 0,016667 1/60 meses
f) Despesa de depreciação: 30,00 ao mês
g) prazo de utilização - em meses 9 sessenta meses (-) quatro anos e três meses = 9 meses
h) Depreciação acumulada: 270,00 despesa de depreciação mensal, multiplicada pelo número de meses.
i) Valor Contábil: 1.730,00

Gabarito
B

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7.1.2 Técnico da Receita Federal - 2006
Enunciado
04- Uma máquina de uso próprio, depreciável, adquirida por
R$15.000,00 em março de 1999 e instalada no mesmo dia com previsão
de vida útil de dez anos e valor residual de 20%, por quanto poderá ser
vendida no mês de setembro de 2006, sem causar ganhos nem perdas
contábeis?
Referido bem, nas condições acima indicadas e sem considerar
implicações de ordem tributária ou fiscal, poderá ser vendido por
a) R$ 5.900,00.
b) R$ 5.400,00.
c) R$ 3.900,00.
d) R$ 3.625,00.
e) R$ 3.000,00.
Resolução e comentários
Trata-se de uma questão que versa sobre os conceitos de depreciação e
alienação do ativo permanente. Para sua resolução, é necessário
conhecer alguns conceitos teóricos, abaixo apresentados:
a) Valor original: é o valor de aquisição do bem
b) Vida útil: período de utilização prevista para o bem
c) Valor residual: valor patrimonial do bem, após a perda (por uso,
desgaste ou obsolescência), durante sua vida útil.
d) Valor depreciável: Valor original (-) Valor Residual
e) Taxa de depreciação (pelo método linear – pedido na questão): 1 /
Vida útil (em número de meses).
f) Despesa de depreciação: Valor depreciável (*) taxa de depreciação
g) Prazo de utilização: número de períodos em que o bem foi utilizado
h) Depreciação acumulada: Despesa de depreciação (*) Prazo de
utilização
i) Valor Contábil: Valor Original (-) Depreciação Acumulada
j) Ganho (ou perda) de capital: Valor da venda (-) Valor Contábil.
Vistos os conceitos necessários, passamos à resolução da questão, a
partir dos dados do enunciado.
Inicialmente, repare que se não há ganhos nem perdas, o Valor da
venda deve ser igual ao Valor contábil. Portanto, basta calcular o Valor
contábil do bem para encontrar a resposta da questão.

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Apuração do valor contábil do bem:
Item valor comentários
a) Valor original: 15.000,00 informado pelo enunciado
b) Vida útil: 120,00 meses
c) Valor residual: 3.000,00 20% de 15.000,00 (informado pelo enunciado)
d) Valor depreciável: 12.000,00 Valor original – Valor residual
e) Taxa de depreciação 0,008333 1/120 meses
f) Despesa de depreciação (mensal): 100,00 Valor depreciável (*) Taxa de depreciação
g) prazo de utilização - em meses 91dez meses no primeiro ano, nove no último e seis anos inteiros
Taxa de depreciação mensal (*) Prazo de utilização em meses - Obs: na questão
h) Depreciação acumulada: 9.100,00 foi considerada a depreciação do último mês (Set/06)
i) Valor Contábil: 5.900,00 Valor original (-) Depreciação Acumulada

Como um último comentário cabe a colocação de que a depreciação do


último período poderia não ter sido considerada no valor contábil do
bem (dependendo do dia da venda). Contudo, essa possibilidade resta
afastada porque não há alternativa (entre aquelas propostas) que
contemple valor calculado a partir dessa premissa (ou seja, não há
alternativa que aponte para 6.000,00 como o valor da venda). Assim,
entendo que a questão esteja perfeitamente correta, sem necessidade
de anulação.
Gabarito
A

7.2 Depreciação (método dos dígitos) e exaustão

7.2.1 Auditor Fiscal da Receita Federal – AFRF 2002 – 1 (março)14


Enunciado
18- A Cia. Poços & Minas possui uma máquina própria de sua atividade
operacional, adquirida por R$ 30.000,00, com vida útil estimada em 5
anos e depreciação baseada na soma dos dígitos dos anos em quotas
crescentes.
A mesma empresa possui também uma mina custeada em R$
60.000,00, com capacidade estimada de 200 mil kg, exaurida com base
no ritmo de exploração anual de 25 mil kg de minério. O usufruto dos
dois itens citados teve início na mesma data. As contas jamais sofreram
correção monetária.

14
Questão tratada no livro “Contabilidade: Resoluções e comentários de Questões da
ESAF”, do mesmo autor, em que os conceitos apresentados neste curso são utilizados,
de forma prática, na solução de questões de concurso. Após o estudo desse curso,
teórico, a leitura do referido livro é fortemente recomendada, para consolidação do
aprendizado.

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Analisando tais informações, podemos concluir que, ao fim do terceiro
ano, essa empresa terá no Balanço Patrimonial, em relação aos bens
referidos, o valor contábil de:
a) R$ 34.500,00
b) R$ 40.500,00
c) R$ 49.500,00
d) R$ 55.500,00
e) R$ 57.500,00
Resolução e comentários
Esta questão aborda um tema pouco explorado em provas da ESAF: a
depreciação pelo método dos dígitos. Pelo método dos dígitos (em
quotas crescentes) o percentual de depreciação de cada ano
corresponde à seguinte fração: (ano) / (somatório dos anos da vida útil
do bem). Assim, no caso, os percentuais de depreciação serão
respectivamente: 1/15, 2/15 e 3/15.
Trata também da exaustão pelo método da possança – com base no
ritmo de exploração. Assim, o coeficiente percentual de exaustão será
em todos os anos: 25.000/200.000 = 12,5%.
O valor contábil, de cada bem constante do ativo permanente, será
apurado pela diferença entre o valor de sua aquisição e a respectiva
depreciação/exaustão acumulada, conforme tabela a seguir:
bem aquisição depreciação / exaustão valor líquido
ano 1 ano 2 ano 3 acumulada
taxa valor taxa valor taxa valor
máquina 30.000,00 1/15 2.000,00 2/15 4.000,00 1/5 6.000,00 12.000,00 18.000,00
mina 60.000,00 0,125 7.500,00 0,125 7.500,00 0,125 7.500,00 22.500,00 37.500,00
55.500,00

Gabarito
D

7.2.2 Auditor Fiscal da Receita Federal – AFRF 2002 – 2 (setembro)15


Enunciado

15
Questão tratada no livro “Contabilidade: Resoluções e comentários de Questões da
ESAF”, do mesmo autor, em que os conceitos apresentados neste curso são utilizados,
de forma prática, na solução de questões de concurso. Após o estudo desse curso,
teórico, a leitura do referido livro é fortemente recomendada, para consolidação do
aprendizado.

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16- A empresa Desmontando S/A vendeu o seu Ativo Permanente, a
vista, por R$ 100.000,00. Dele constavam apenas uma mina de carvão
e um trator usado.
A mina teve custo original de R$ 110.000,00 e o trator fora comprado
por R$ 35.000,00 há exatos quatro anos.
Quando da aquisição da mina, a capacidade total foi estimada em 40
toneladas de minérios com extração prevista para dez anos. Agora, já
passados quatro anos, verificamos que foram extraídas, efetivamente,
20 toneladas.
O trator vendido tem sido depreciado pelo método linear com vida útil
prevista em dez anos, com valor residual de 20%.
Considerando que a contabilização estimada da amortização desses
ativos tem sido feita normalmente, podemos afirmar que a alienação
narrada acima deu origem, em termos líquidos, a ganhos de capital no
valor de
a) R$ 10.200,00
b) R$ 21.200,00
c) R$ 20.200,00
d) R$ 13.000,00
e) R$ 24.000,00
Resolução e comentários
Nesta questão, há uma confusão de termos exaustão e amortização. A
mina será exaurida e a exaustão pode ser estimada (pelo prazo) ou real
(pela possança). No caso, o enunciado contém dados suficientes para
cálculo da exaustão real ou estimada, porém pede que seja considerada
a exaustão estimada, que alcança 40% do valor inicial (a exaustão real,
que não foi pedida, alcançaria 50%).
O ganho de capital sempre será a diferença entre o valor de venda e o
valor contábil (valor de aquisição – depreciação acumulada).
Abaixo, encontra-se tabela com memória de cálculo do ganho de capital.

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valor da venda 100.000,00

valor contábil do trator


aquisição 35.000,00
valor residual 7.000,00
valor depreciável 28.000,00
depreciação (4 anos de 10) 11.200,00
valor contábil 23.800,00
valor contábil da mina - exaustão pelo prazo
aquisição 110000
exaustão 44.000,00
valor contábil 66.000,00

ganho de capital (venda - valores contábeis dos bens) 10.200,00

Gabarito
A

8 Bibliografia e Fontes de Pesquisa Referenciadas


8.1 Leis
Lei 6.404, de 1976 – Lei das S/A.
Lei 9.249, de 1995.
Lei n° 10.406, de 2002 – Código Civil.

8.2 Atos Administrativos Normativos


RESOLUÇÃO CFC N.º 750/93 - Dispõe sobre os Princípios Fundamentais
de Contabilidade (P.F.C.)
RESOLUÇÃO CFC N.º 751/93 - Dispõe sobre as Normas Brasileiras de
Contabilidade.
RESOLUÇÃO CFC N.º 774/94 - Aprova o Apêndice à Resolução sobre os
Princípios Fundamentais de Contabilidade.
DELIBERAÇÃO CVM N 29-1986 - objetivos da Contabilidade.
Decreto 3.000, de 1999 – Regulamento do Imposto de Renda.
INSTRUÇÃO CVM N° 247/96 – Dispõe sobre a avaliação de
investimentos em sociedades coligadas e controladas e sobre os
procedimentos para elaboração e divulgação das demonstrações
contábeis consolidadas, para o pleno atendimento aos Princípios
Fundamentais de Contabilidade.
DELIBERAÇÃO CVMNº 183, DE 19 DE JUNHO DE 1995 – Aprova
Pronunciamento do IBRACON sobre Reavaliação de Ativos.

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DELIBERAÇÃO CVM Nº 288, DE 03 DE DEZEMBRO DE 1998 - Dispõe
sobre a possibilidade de ajuste ou reversão, pelas companhias abertas,
da reavaliação do ativo imobilizado.

8.3 Livros
Iudícibus, Sérgio de; Martins, Eliseu e Gelbke, Ernesto Rubens Gelbcke.
Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações – FIPECAFI. Ed.
Atlas. São Paulo – 4a edição – 1995.
Neves, Silvério das e Viceconti, Paulo E. V. Contabilidade Básica. Ed.
Frase. São Paulo – 5a edição – 1996.
Neves, Silvério das e Viceconti, Paulo E. V. Contabilidade Avançada. Ed.
Frase. São Paulo – 5a edição – 1996.
Gonçalves, Eugênio Celso e Baptista, Antônio Eustáquio. Contabilidade
Geral. Ed. Atlas. São Paulo – 2a edição – 1994.
Silva, Benedito Gonçalves da. Contabilidade Geral. Ed. Meta – 2a edição
– 1994.
Ferrari, Ed Luiz, Contabilidade Geral: teoria e 950 questões – Rio de
Janeiro: Elsevier 2006.
Velter, Francisco e Missagia, Luiz R. Manual de Contabilidade – Rio de
Janeiro: Impetus, 2003.
Ferreira, Ricardo J. Contabilidade avançada e intermediária – 2. ed. –
Rio de Janeiro: Ed. Ferreira, 2004.
Santos, Luiz Eduardo. Contabilidade: Resoluções e comentários de
Questões da ESAF. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.
Recktenvald, Gervásio e Ávila, René Bergmann. Manual de auditoria
fiscal: teoria e prática – Porto Alegre: Síntese, 2002.

8.4 Internet
www.planalto.gov.br
www.cfc.org.br
www.receita.fazenda.gov.br

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1 Roteiro
1) O conceito de reavaliação de ativos
2) Aspectos legais da reavaliação de ativos
3) Objetivo e âmbito de aplicação da reavaliação de ativos
4) Relevância e função patrimonial da reavaliação de ativos
5) Procedimentos societários relativos à reavaliação de ativos
6) Procedimentos contábeis relativos à reavaliação de ativos
a) Determinação do valor contábil dos ativos
b) Registro contábil da reavaliação
c) Realização da reserva de reavaliação
i) Registro da realização da reserva de reavaliação por baixa de
bens
ii) Registro da realização da reserva de reavaliação por encargos
7) Distribuição de dividendos – vedação
8) Tratamento fiscal da reavaliação
a) Tributação da reserva de reavaliação
b) Provisão de IR diferido sobre o valor da reavaliação
9) Notas explicativas relativas à reavaliação
10) Situações especiais
a) Reavaliação de ativos na reorganização societária - Fusão, cisão e
incorporação
b) Reavaliação de bens na integralização de capital
i) Registro da reavaliação
ii) Realização da reserva
c) Reavaliação de ativos por controladas e coligadas
11) Imobilizado descontinuado

2 Introdução
Caro aluno, o assunto tratado nesta aula é de extrema relevância: a
reavaliação de ativos.
Os motivos dessa relevância são vários, podendo ser – entre eles –
realçados os seguintes: (1) trata-se de uma exceção ao princípio do
registro pelo valor original; (2) trata-se de um assunto regrado pelo
direito societário e, especificamente, pela CVM; (3) trata-se de um

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assunto que tem implicações fiscais (demandando ajustes ao lucro
líquido contábil, para apuração da base de cálculo dos tributos); (4) é
um assunto cujo estudo demanda o conhecimento de outros pontos
específicos da Contabilidade (depreciação, alienação de ativos,
equivalência patrimonial, integralização de capital, etc.) e (5)
finalmente, mas não menos importante, tem sido objeto de questões de
várias provas de concursos, ultimamente.
Nesta aula, o tema será explorado a partir de cada uma dessas
perspectivas, permitindo que o leitor, já familiarizado com o raciocínio
contábil, realize sua aplicação prática, na resolução de problemas.

3 O conceito de reavaliação de ativos


A reavaliação consiste no procedimento em que a empresa decide
abandonar o princípio do registro pelo valor original e avaliar seus ativos
pelo respectivo valor de mercado, quando este for maior.
Em outras palavras, o objetivo da reavaliação de ativos é atribuir-lhes
valor compatível com o valor de mercado, quando este for maior do que
o respectivo valor contábil (custo, deduzido da depreciação, amortização
ou exaustão acumuladas).
Saliente-se que – por definição – a reavaliação consiste na atribuição de
valor de mercado a ativos quando este for maior do que o valor
contábil; caso contrário, quando o valor de mercado for menor do que o
valor contábil, em princípio, cabe apenas a constituição de uma
provisão.
Mais um ponto (e esse é importante, pois foi questão específica de
prova!), não se deve confundir o procedimento da reavaliação com o da
extinta CORREÇÃO MONETÁRIA. A correção monetária objetiva tão-
somente a atualização do valor do custo de aquisição para adequá-lo ao
efetivo valor da moeda – em economias inflacionárias e, portanto,
mantém o vínculo do valor contábil com o valor original – apurando-se o
que se denominava (à época da Correção Monetária de Balanço de
custo corrigido). Na reavaliação, pelo contrário, abandona-se o custo
(ou, no tempo da correção monetária, abandonava-se o custo corrigido),
para utilizar o valor econômico (de mercado) do ativo em questão, para
registro na contabilidade.

4 Aspectos legais da reavaliação de ativos


Já foi detalhadamente estudado, no início deste curso, que, entre os
princípios fundamentais de contabilidade, consta o “Registro pelo Valor
Original”. Atendendo a esse princípio, os ativos devem ser – em
princípio – registrados, contabilmente, pelo valor efetivamente pago

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para adquiri-los e, a partir daí, seus valores intrínsecos não poderiam
mais ser modificados. O Princípio do Registro pelo Valor Original está
previsto no art. 7° da Resolução CFC n° 750, de 1993, abaixo:
Art. 7º Os componentes do patrimônio devem ser
registrados pelos valores originais das transações com o
mundo exterior, expressos a valor presente na moeda do
País, que serão mantidos na avaliação das variações
patrimoniais posteriores, inclusive quando configurarem
agregações ou decomposições no interior da ENTIDADE.
Parágrafo único – Do Princípio do REGISTRO PELO
VALOR ORIGINAL resulta:
I – a avaliação dos componentes patrimoniais deve ser
feita com base nos valores de entrada, considerando-se
como tais os resultantes do consenso com os agentes
externos ou da imposição destes;
II – uma vez integrado no patrimônio, o bem, direito ou
obrigação não poderão ter alterados seus valores
intrínsecos, admitindo-se, tão-somente, sua decomposição
em elementos e/ou sua agregação, parcial ou integral, a
outros elementos patrimoniais;
III – o valor original será mantido enquanto o componente
permanecer como parte do patrimônio, inclusive quando
da saída deste;
IV – Os Princípios da ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA e do
REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL são compatíveis entre si
e complementares, dado que o primeiro apenas atualiza e
mantém atualizado o valor de entrada;
V – o uso da moeda do País na tradução do valor dos
componentes patrimoniais constitui imperativo de
homogeneização quantitativa dos mesmos.

Ainda, conforme também já foi visto, um princípio fundamental de


contabilidade somente pode deixar de ser aplicado na existência de uma
exceção expressamente prevista em lei. Pois bem, a reavaliação de
ativos está expressamente prevista no parágrafo 3o do artigo 182 da Lei
das S/A.
De acordo com o disposto no art. 182 § 3o da Lei das S/A, serão
classificadas como reservas de reavaliação as contrapartidas de
aumento de valor atribuídos a elementos do ativo em virtude de novas
avaliações (denominadas, tecnicamente, de “reavaliação”). O processo
de reavaliação consiste no reconhecimento de que o valor contábil de
bens do Ativo está aquém do valor de mercado, com base em laudo, nos
termos do artigo 8o da Lei das S/A, aprovado pela assembléia geral.
Abaixo, para fins de esclarecimento, encontram-se reproduzidos os
citados artigos.

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Art. 182 - ...
§ 3° Serão classificadas como reservas de reavaliação as
contrapartidas de aumentos de valor atribuídos a
elementos do ativo em virtude de novas avaliações com
base em laudo nos termos do artigo 8º, aprovado pela
assembléia-geral.

Art. 8º
A avaliação dos bens será feita por 3 (três) peritos ou por
empresa especializada, nomeados em assembléia-geral
dos subscritores, convocada pela imprensa e presidida por
um dos fundadores, instalando-se em primeira convocação
com a presença de subscritores que representem metade,
pelo menos, do capital social, e em segunda convocação
com qualquer número.
§ 1º Os peritos ou a empresa avaliadora deverão
apresentar laudo fundamentado, com a indicação dos
critérios de avaliação e dos elementos de comparação
adotados e instruído com os documentos relativos aos
bens avaliados, e estarão presentes à assembléia que
conhecer do laudo, a fim de prestarem as informações que
lhes forem solicitadas.
...
§ 6º Os avaliadores e o subscritor responderão perante a
companhia, os acionistas e terceiros, pelos danos que lhes
causarem por culpa ou dolo na avaliação dos bens, sem
prejuízo da responsabilidade penal em que tenham
incorrido; no caso de bens em condomínio, a
responsabilidade dos subscritores é solidária.

Portanto, a reavaliação de ativos constitui uma exceção à aplicação do


Princípio do Registro pelo Valor Original e que tem por objetivo
possibilitar a avaliação dos ativos a preços de mercado.
O artigo 8o da Lei das S/A, acima apresentado, determina que o laudo
de avaliação seja elaborado por três peritos, no caso de serem pessoas
físicas, ou por empresa especializada. O laudo deve ser fundamentado
e indicar os critérios de avaliação e os elementos de comparação
adotados. Deve também ser instruído com os documentos relativos aos
bens avaliados. Esse laudo deve ser apreciado e aprovado por
Assembléia Geral à qual deverão comparecer os peritos, a fim de
prestarem as informações que lhes forem solicitadas.
Por se tratar de algo relevante e em contraste com a aplicação direta
dos princípios fundamentais de contabilidade, é necessário que a
empresa que realizar a reavaliação de seus ativos explicite o

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procedimento em nota explicativa, conforme art. 176 da Lei das S/A, a
seguir:
Art. 176.
....
§ 5º As notas deverão indicar:
...
c) o aumento de valor de elementos do ativo resultante de
novas avaliações (artigo 182, § 3º);

Com o procedimento de reavaliação de ativos, a empresa altera


imediatamente o valor de seu patrimônio. Entretanto, a empresa altera,
também, o resultado dos exercícios subseqüentes, pois passará a fazer
o reconhecimento contábil dos encargos de depreciação também sobre a
parcela acrescida pela reavaliação.

5 Objetivo e âmbito de aplicação da reavaliação de


ativos
Como vimos, o objetivo da reavaliação de ativos é atribuir-lhes valor
contábil compatível com o valor de mercado, quando este for maior.
Pelo texto da Lei das S/A, o procedimento de reavaliação seria aplicável
a quaisquer “elementos do ativo”, portanto, sem restrições, conforme
art. 182 a seguir:
Art. 182
...
§ 3° Serão classificadas como reservas de reavaliação as
contrapartidas de aumentos de valor atribuídos a
elementos do ativo em virtude de novas avaliações com
base em laudo nos termos do artigo 8º, aprovado pela
assembléia-geral.

Já as orientações da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e do


IBRACON (Instituto Brasileiro de Contadores) que se dirigem,
respectivamente, às sociedades anônimas de capital aberto e aos
profissionais contabilistas, determinam que a reavaliação se restrinja
aos bens do ativo imobilizado. Nesse sentido, citamos a CVM que, em
sua Deliberação n° 183, de 1995, que aprova pronunciamento do
Ibracon no mesmo sentido, restringe a reavaliação basicamente a bens
tangíveis do ativo imobilizado, desde que não esteja prevista sua
descontinuidade, conforme item 14 a seguir.
DELIBERAÇÃO CVMNº 183 , DE 19 DE JUNHO DE 1995

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Aprova Pronunciamento do IBRACON sobre Reavaliação de
Ativos.
14. O entendimento neste Pronunciamento é de que a
reavaliação seja restrita a bens tangíveis do ativo
imobilizado, desde que não esteja prevista sua
descontinuidade operacional.

Cumpre referir que da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) se dirigem


às sociedades anônimas de capital aberto e que as orientações do
IBRACON (Instituto Brasileiro de Contadores) se dirigem aos
profissionais contabilistas.
Pela regulamentação fiscal da matéria, temos que – inicialmente – o
Regulamento do Imposto de Renda (aprovado pelo Decreto 3.000/1999)
determinava que só seriam admitidas reavaliações do Ativo Permanente,
conforme art. 434 a seguir.
Art. 434.
A contrapartida do aumento de valor de bens do ativo
permanente, em virtude de nova avaliação baseada em
laudo nos termos do artigo 8º da Lei nº 6.404, de 1976,
não será computada no lucro real enquanto mantida em
conta de reserva de reavaliação (Decreto-Lei nº 1.598, de
1977, artigo 35, e Decreto-Lei nº 1.730, de 1979, artigo
1º, inciso VI).

Entretanto, essa determinação foi alterada pelos artigos 4o e 12 da lei


9.959, de 2000, que determinou que, a partir de 1o de janeiro de 2000,
a contrapartida da reavaliação de QUAISQUER bens da pessoa jurídica
somente poderá ser computada em conta de resultado ou na
determinação do lucro real e da base de cálculo da contribuição social
sobre o lucro líquido quando ocorrer e efetiva realização do bem
reavaliado, nos termos a seguir reproduzidos.
Art. 4º
A contrapartida da reavaliação de quaisquer bens da
pessoa jurídica somente poderá ser computada em conta
de resultado ou na determinação do lucro real e da base
de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido
quando ocorrer a efetiva realização do bem reavaliado.
Art. 12.
Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação,
produzindo efeitos a partir de 1º de janeiro de 2000.

Em resumo, a Lei das S/A não restringe, mas os profissionais


contabilistas somente devem realizar reavaliações de bens tangíveis do

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imobilizado – regra que é, também, mandatória para Companhias de
capital aberto. Do ponto de vista tributário, também não há restrição
quanto aos bens passíveis de reavaliação, sendo que seu efeito no lucro
real deve haver quando da realização do bem reavaliado.

6 Relevância e função patrimonial da reavaliação de


ativos
A procedimento de reavaliação tem – geralmente – grande impacto no
patrimônio, gerando efeitos importantes.
Para entender o alcance desses efeitos, cabe fazer uma breve alusão ao
princípio fundamental de contabilidade do Registro pelo Valor Original e
seu objetivo. A aplicação desse princípio permite comparar o resultado
da produção e comercialização auferido pela azienda (receita) com o
sacrifício patrimonial necessário à remuneração dos fatores de produção
e comercialização, por ela utilizados (custo/despesa). A figura a seguir,
baseada na obra de Paschoal Rossetti e modificada para os fins a que
esse curso se propõe1, ilustra esse conceito.
CUSTOS / DESPESAS RECEITAS

aquisição de fatores de produção


. Matéria prima
. Mão de obra fluxo real
. Etc

Remuneração dos fatores de produção

. Custo da Matéria prima UNIDADE DE PRODUÇÃO fluxo real


. Salários e encargos . Empresa - atividade
. etc fluxo financeiro . Organização societária Oferta e venda
. Patrimônio e fatos contábeis . Produtos
. Mercadorias
. Serviços

fluxo financeiro Recebimento pelas vendas


. Receita de vendas
. Receita de prestação de serviços
. Etc.

Repare que, sem a aplicação do princípio fundamental de contabilidade


do Registro pelo Valor Original, não é possível comparar o fluxo
financeiro de remuneração dos custos da matéria prima, dos salários,
dos encargos e etc.; necessários ao recebimento valores pelas vendas,
pela prestação de serviços e etc. Simplesmente, sem a utilização desse
princípio contábil, perde-se o critério de comparação do “quanto custou

1
Rossetti, José Paschoal. Introdução à economia – 16a edição, ver., atual. e ampl.
São Paulo: Atlas, 1994. p. 188.

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à empresa o valor recebido pela venda realizada”. Ora, sem essa
comparação, torna-se prejudicada a apuração do resultado e,
conseqüentemente, o acompanhamento da evolução do patrimônio no
tempo.
Em vista disso, o registro dos ativos pelo seu valor de mercado não tem
sido, um objetivo primordial da contabilidade. Com efeito, se esses
ativos foram adquiridos para ser utilizados e explorados pela sociedade
para, com isso, gerar os lucros, não é relevante para o patrimônio seu
valor de venda.
Da premissa acima decorre a importância especial dada ao valor de
aquisição do ativo. A conseqüência da utilização desse critério é que a
baixa do ativo, na forma de depreciação, amortização ou exaustão,
alienação e etc., possibilita a apuração adequada da parcela consumida
em cada – exercício – no esforço de produzir receitas.
Por outro lado, se a contabilidade ficar demasiadamente amarrada a
essa forma de proceder, com utilização exclusiva do critério do valor
original, poderá perder de vista um objetivo que também é de sua
responsabilidade (notadamente na atualidade): a correta avaliação do
patrimônio.
Exemplificando:
(1) caso haja um equipamento adquirido por R$
100.000,00 e com utilização prevista (vida útil) para 10
anos; a cada exercício, o esforço patrimonial da empresa na
elaboração dos produtos por ela vendidos, e relativo ao
equipamento será facilmente identificável, pelo valor da
respectiva depreciação (R$ 10.000,00).
(2) Entretanto, caso ocorra a reavaliação deste
equipamento (para um valor de mercado de – por exemplo
– R$ 250.000,00), mantendo-se a vida útil de 10 anos, o
valor da respectiva depreciação (R$ 25.000,00) não mais
espelhará o esforço patrimonial da empresa na elaboração
dos produtos por ela vendidos no período.
Em outras palavras o dilema está entre a utilização: (1) do custo ou (2)
do mercado; para a avaliação de bens do ativo. A primeira opção
prestigia (ou, pelo menos, facilita) a apuração do resultado e a segunda
opção prestigia (ou, pelo menos, facilita) a apresentação do efetivo
valor do patrimônio. Saliente-se que uma vez prejudicada a apuração
do resultado, resta afetada a base de cálculo de tributos e de
dividendos. Assim, caso a empresa opte por realizar reavaliação, será
necessário efetuar ajustes para apuração desses importantes valores de
tributos e participações no resultado.

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É importante colocar que não há uma solução teórica para esse dilema,
o que existe é uma possibilidade de avaliação administrativa da questão
e a opção por uma ou outra abordagem (sempre nos limites do que a
legislação permite e que serão aqui estudadas).

7 Procedimentos societários relativos à reavaliação de


ativos
7.1 Laudo
Para que seja realizado o procedimento de reavaliação, devem ser
nomeados – em Assembléia – três peritos, ou empresa especializada,
conforme itens 22 a 24 da Deliberação CVM n° 185, de 1995:
A Nomeação dos Peritos ou Empresa Especializada
22. A Lei nº 6.404/76 estabelece a avaliação por três
peritos ou por empresa especializada, nomeados em
Assembléia Geral Extraordinária, convocada com essa
finalidade no caso de sociedades por ações. Nas demais
entidades, procedimento semelhante deve ser adotado.
23. A legislação não faz referência quanto à especialização
dos peritos, já que a perícia é um exame ou vistoria de
caráter técnico e especializado. Decorre, portanto, que os
peritos ou empresa avaliadora a serem nomeados com
essa finalidade devem possuir especialização na matéria
pertinente ao objeto da avaliação.
24. Também não é feita, pela legislação, qualquer menção
quanto à independência dos peritos ou empresa avaliadora
em relação à empresa ou a seus acionistas ou sócios. É,
todavia, fundamental que os conceitos de independência
profissional sejam observados na nomeação dos peritos.

Os peritos deverão elaborar um laudo de avaliação, que deve conter, ao


menos as seguintes informações: (a) descrição detalhada de cada bem
avaliado e da documentação respectiva; (b) sua identificação contábil;
(c) critérios utilizados para avaliação e sua respectiva fundamentação
técnica (inclusive elementos de comparação adotados); (d) vida útil
remanescente do bem; (e) data da avaliação; nos termos dos itens 25 a
31 da Deliberação CVM 183, de 1995:
25. A Lei nº 6.404/76 define que os peritos ou empresa
especializada apresentarão laudo fundamentado, com a
indicação dos critérios de avaliação e dos elementos de
comparação adotados. Como é de conhecimento geral, as
avaliações podem ser feitas dentro de técnicas, critérios e
valores diversos para os mesmos bens, em função de
objetivos diferentes que se pretendam.

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26. O laudo de avaliação aqui referido deve estar voltado
ao objetivo da reavaliação e, portanto, passa a expressar
uma nova base de avaliação de ativos que se reflete na
contabilidade e demonstrações contábeis das empresas.
Nesse sentido, deve preservar os demais princípios de
contabilidade, especialmente o da continuidade, ou seja,
deverá levar em conta o pressuposto da empresa em
marcha e considerar a efetiva possibilidade de recuperação
dos ativos em avaliação mediante seu uso nas operações.
27. Por esse princípio, por exemplo, os bens do
imobilizado destinam-se a ser utilizados na geração de
produtos ou serviços, dentro do objeto social da empresa,
e não a ser liquidados ou vendidos. A avaliação de tais
ativos, dentro desse princípio, deve ser baseada em valor
de entrada, o que implica que o valor de custo somente
pode ser substituído, mediante reavaliação, pelo valor de
reposição no estado em que se encontra.
28. Em suma, objetiva-se avaliar os ativos em função de
seu valor de utilidade ou valor de uso nas condições em
que se encontram, voltados à continuidade operacional da
empresa. É aplicável, assim, como valor de entrada, o
custo corrente de reposição, computado seu desgaste
físico e técnico e considerado seu valor de utilidade
operacional para a empresa.
29. Não se enquadra, portanto, dentro desse conceito,
eventual valor futuro potencial dos ativos e nem seu valor
de saída (valor de venda ou liquidação), já que a
reavaliação não se destina a tal finalidade.
30. São esses alguns parâmetros que devem ser seguidos
pelos peritos ou empresa especializada, na seleção e
aplicação dos critérios de avaliação de ativos, que tenham
a finalidade da reavaliação prevista na Lei nº 6.404/76.
31. É requisito, dentro dos procedimentos de reavaliação,
que os bens objeto da nova avaliação sejam
individualmente identificados quanto à sua descrição e
contabilização (conta ou subconta que especifiquem o
custo corrigido e depreciações acumuladas
correspondentes). O novo valor de avaliação de cada bem
deverá ser comparado com o valor líquido contábil
correspondente, sendo importante que se proceda à
comparação na mesma data-base, ou seja, tais bens
deverão ter registradas as correções monetárias e
depreciações,amortizações ou exaustões correspondentes
até a mesma data-base da avaliação dos peritos. Não se
deve confundir, dessa forma, valor de reavaliação com
ausência de correção monetária, depreciações ou baixas.

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7.2 Determinação de itens a serem reavaliados
Ao deliberar pela mudança do conceito de custo para o valor de
mercado, o correto é a decisão de se proceder à reavaliação em todos
os bens tangíveis do ativo imobilizado, evitando que itens de um mesmo
ativo tenham avaliações patrimoniais distintas. Entretanto, tem sido
ainda praticada e aceita pelos órgãos de classe e reguladores a
reavaliação de todos os itens de uma mesma natureza, de uma mesma
conta ou de um mesmo conjunto. Para exemplificar esses
agrupamentos, teríamos: (1) mesma natureza: todas as máquinas e
equipamentos de uma companhia; (2) mesma conta: todas as máquinas
e equipamentos da fábrica “X” da companhia; e (3) mesmo conjunto:
todos os bens do ativo imobilizado da fábrica “Y” da companhia. Nesse
sentido, encontram-se reproduzidos – a seguir – os itens 16 e 17 da
Deliberação CVM n° 183, de 1995:
Reavaliação Global e Parcial
16. Ao decidir-se, em relação ao imobilizado, passar de
um conceito de custo corrigido para o de mercado em data
determinada, tal base deve ser utilizada para todo o
imobilizado tangível, com vistas a impedir que
determinados itens figurem por um critério e outros por
base diferente de avaliação. No entanto, por não se
coadunar com o conceito de valor de reposição, não devem
ser reavaliados os itens que estão em vias de serem
descontinuados e os que não deverão ser repostos.
17. Apesar de não recomendável, é admissível que a
reavaliação seja parcial e não para todos os itens do
imobilizado. Nesse caso, todavia, é necessário proceder à
reavaliação de todos os itens da mesma natureza ou da
mesma conta, não se aplicando o disposto no item 15(c).
Além disso, em reavaliações parciais do imobilizado, a
empresa deverá proceder a uma clara evidenciação nas
notas explicativas sobre quais itens e/ou contas foram
reavaliados e quais não o foram, com indicação do valor
líquido contábil anterior, da nova avaliação e da
reavaliação registrada por conta ou natureza.

7.3 Periodicidade da reavaliação


De acordo com a Deliberação 183/95 da CVM, item 15, as realizações
deverão passar a ser periódicas, para que sejam evitadas diferenças
significativas em relação ao valor de mercado dos ativos na data de
cada Balanço. Assim, devem ser observados os seguintes prazos: (a)
anualmente, para a conta ou grupo de contas cujos valores de mercado
variarem significativamente em relação aos valores anteriormente
registrados; (b) a cada quatro anos, para os ativos cuja oscilação do

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preço de mercado não seja relevante, incluindo ainda os bens adquiridos
após a última reavaliação; ou (c) observados os conceitos e prazos
antes apresentados, a empresa pode optar por um sistema rotativo,
realizando periodicamente reavaliações parciais, por rodízio, com
cronogramas definidos, que cubram a totalidade dos ativos e reavaliar a
cada período. A seguir, para fins de clareza, o citado item encontra-se
reproduzido:
Amplitude e Periodicidade da Reavaliação
15. Uma vez que a empresa opte por realizar e contabilizar
a reavaliação, o critério para avaliação do seu imobilizado
deixa de ser o valor de custo corrigido e, portanto, as
reavaliações serão periódicas, com uma regularidade tal
que o valor líquido contábil não apresente diferenças
significativas em relação ao valor de mercado na data de
cada balanço. Dessa forma, devem-se observar os
seguintes prazos máximos:
a) anualmente, para as contas ou grupo de contas cujos
valores de mercado variarem significativamente em
relação aos valores anteriormente registrados;
b) a cada quatro anos, para os ativos cuja oscilação do
preço de mercado não seja relevante, incluindo ainda os
bens adquiridos após a última reavaliação;
c) observados o conceito e prazos acima, a empresa pode
optar por um "sistema rotativo", realizando,
periodicamente, reavaliações parciais, por rodízio,com
cronogramas definidos, que cubram a totalidade dos ativos
a reavaliar a cada período.
Em caso de reavaliações parciais, a empresa deverá efetuar uma clara
evidenciação nas notas explicativas sobre quais itens e/ou contas foram
reavaliadas e quais não o foram, além dos dados dos itens e/ou contas
reavaliadas.
O motivo pela aplicação do critério de reavaliação periódica é que – uma
vez perdido o valor original – deve-se tentar manter, pelo menos, o
critério do valor de mercado. A contrário senso, caso seja efetuada a
reavaliação uma única vez, algum tempo após essa reavaliação, o ativo
poderá não mais estar registrado na contabilidade pelo seu valor original
nem pelo seu valor de mercado.

8 Procedimentos contábeis relativos à reavaliação de


ativos
Atendida a determinação legal da avaliação prévia, devidamente
aprovada em Assembléia Geral, proceder-se-á à contabilização da
reavaliação, para que o sistema contábil esteja apto a representar o
novo valor contábil dos ativos e sua vida útil remanescente. Importante

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lembrar que, também, será acompanhada a realização do ativo
reavaliado (por depreciação ou baixa) para realização proporcional da
respectiva reserva de reavaliação.

8.1 Determinação do valor contábil dos ativos


Já foi visto que a reavaliação consiste na atribuição de um novo valor ao
ativo, diferente do valor contábil inicialmente a ele atribuído. Logo, o
primeiro passo é verificar seu valor atual – o valor do custo corrigido,
ajustado pelos encargos de depreciação amortização ou exaustão
acumuladas.
O valor líquido do ativo, acima referido, é apurado pela transferência
contábil do saldo da conta retificadora (depreciação, amortização ou
exaustão) para a conta ativa a ser reavaliada.
Exemplo:
Seja uma máquina com valor original de R$ 10.000,00 e depreciação
acumulada em 25% (portanto, com depreciação acumulada registrada
no valor de R$ 2.500,00), por ocasião de sua reavaliação, deve ser
determinado, antes de seu valor de mercado ou sua vida útil
remanescente, o valor líquido do ativo a ser reavaliado; conforme
lançamento a seguir:
D = Depreciação acumulada
C = a Máquinas 2.500,00
No caso, o valor contábil passou a ser o saldo da conta máquinas:
- valor contábil  R$ 10.000,00 (-) R$ 2.500,00 (=) R$ 7.500,00.

8.2 Registro contábil da reavaliação


O laudo de avaliação deve, obrigatoriamente, indicar o valor de mercado
e a vida útil remanescente do ativo reavaliado. Para encontrar o valor a
ser registrado como reserva de reavaliação, basta subtrair do valor de
mercado do valor contábil. Ou seja:
VALOR DA REAVALIAÇÃO = VALOR DE MERCADO – VALOR CONTÁBIL
O valor da reavaliação deve ser agregado ao valor contábil do bem,
tendo como contrapartida a conta de Patrimônio Líquido denominada
“reserva de reavaliação”.
Exemplo:
Considerando os mesmos dados do exemplo anterior, seja:
- valor de mercado apontado por laudo: R$ 12.000,00
- vida útil restante: 10 anos
Calculando o valor de reavaliação temos:

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R$ 12.000,00 (-) R$ 7.500,00 (=) R$ 4.500,00
O lançamento relativo à reavaliação realizada encontra-se a seguir:
D = Máquinas
C = a Reserva de Reavaliação 4.500,00
O ativo passa agora a ter novo valor, que não precisa estar subdividido
(mostrando valor anterior e acréscimo obtido pela reavaliação).
O controle do valor reavaliado será efetuado na conta de Reserva. A
conta de reserva de reavaliação, do patrimônio líquido, creditada em
contrapartida ao aumento de valor do ativo, deve ser discriminada –
uma subconta para cada bem reavaliado, ou mantendo-se um controle
extracontábil (cadastro analítico de bens).
Conforme acima apresentado, a reavaliação é – via de regra – realizada
para aumento do valor do ativo. De acordo com os itens 20, 21 e 39 da
Deliberação CVM 183, de 1995, porém, o procedimento de constituição
da reserva de reavaliação pode, eventualmente, resultar na redução do
valor dos ativos reavaliados. Isso pode ocorrer nos casos em que (1) no
conjunto, o total apurado é superior ao valor líquido anteriormente
registrado ou, (2) caso o total seja inferior, se em períodos anteriores já
tiver ocorrido reavaliação e, restar saldo registrado na reserva. O que
não se aceita é a reavaliação que resulte em redução total do ativo e
sem que tenha havido reavaliações anteriores ainda não realizadas.
A seguir, para fins de esclarecimento, encontram-se transcritos os
citados itens 20 e 21 da Deliberação CVM 183, de 1995:
20. Os laudos de reavaliação poderão indicar que, para
bens de uma conta ou natureza, é possível haver itens
que, comparados com os dos registros contábeis, resultem
em diferenças positivas ou negativas. É entendimento
que, nesse caso, se deverá proceder aos acréscimos e
decréscimos correspondentes.
21. Na hipótese de os laudos de avaliação indicarem que,
no conjunto, o total apurado é inferior ao valor líquido
contábil dos bens correspondentes, devem ser observados
os seguintes procedimentos:
a) quando de uma primeira reavaliação ou quando não
houver saldo na reserva não cabe o reconhecimento do
efeito negativo. Todavia, a empresa deverá verificar se
o valor líquido contábil dos ativos, considerados em
conjunto, é recuperável através de suas operações
futuras;
b) quando houver saldo na reserva de reavaliação o efeito
negativo deve ser reconhecido nos termos do item 39.
...

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39. Na hipótese de reavaliação negativa, comentada no
item 21, a contabilização deve obedecer ao seguinte:
a) o valor reduzirá o imobilizado em contrapartida a: (a1)
reserva de reavaliação, correspondente aos mesmos
bens e originada de reavaliações anteriores, e (a2)
provisão para imposto de renda diferido, que será
reduzida proporcionalmente à redução da reserva;
b) quando a reserva e respectiva provisão para imposto
de renda forem insuficientes para a contabilização de
redução do ativo, representará que o valor de mercado
é inferior ao valor do custo líquido das depreciações, e,
portanto, esta insuficiência será lançada como despesa
não operacional no resultado do período em que a
reavaliação ocorrer, mediante constituição de provisão
para perdas. Esta provisão somente será reconhecida
se a perda for considerada irrecuperável.
Em tempo, a provisão para imposto de renda, citada nas alíneas “a” e
“b” do item 39 acima, será estudada à parte – a seguir.

8.3 Realização da reserva de reavaliação


O aumento do valor contábil de um item patrimonial através da
reavaliação é um procedimento que se reflete no aumento do patrimônio
da empresa – um “ganho” em sentido amplo. O registro desse “ganho”,
porém, não afeta o resultado da empresa, posto que sua contrapartida é
registrada, diretamente, no Patrimônio Líquido na conta “reserva de
reavaliação”.
Assim, o valor do “ganho” (aumento patrimonial), registrado na “reserva
de reavaliação” não deve ser considerado como lucro, para fins de
distribuição de dividendos. Pelo mesmo motivo, também não incidirá
tributação no momento da constituição da reserva. A distribuição de
dividendos e a tributação ocorrerão no momento da realização da
reserva de reavaliação.
Ocorrida reavaliação de um ativo, portanto, seu novo valor passará a
ser considerado para todos os efeitos, inclusive servindo de base ao
registro de encargos (depreciação, etc.). Esse valor será, também,
considerado como custo do ativo se ocorrer baixa contábil (por
depreciação ou alienação) desse ativo reavaliado.
No momento em que forem registrados encargos calculados sobre a
parcela reavaliada dos ativos ou que os ativos reavaliados sejam
baixados, considerar-se-á realizada, parcial ou integralmente, a “reserva
de reavaliação”, no mesmo percentual.

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“Realizar a Reserva” significa incorporar definitivamente ao Patrimônio o
valor da reavaliação2.
Existem duas formas de contabilizar a realização da reserva:
- creditando o valor à conta Lucros acumulados (forma
determinada na deliberação CVM 183, de 1995), ou
- creditando o valor como receita não operacional (forma menos
técnica, porém referenciada em textos normativos tributários).
Se adotada a primeira forma, a realização da reserva jamais transitará
como resultado da empresa. Na segunda forma, referenciada pelo fisco,
a reserva realizada se transforma em receita não operacional e integra o
resultado.

8.3.1 Registro da realização da reserva de reavaliação por baixa de


ativo
Ocorrendo a venda, desapropriação ou perecimento do ativo reavaliado,
ele estará integralmente realizado. Portanto, deverá ser – também –
integralmente realizada a respectiva reserva de reavaliação.
Para facilitar o entendimento dessa regra, encontra-se proposto um caso
exemplificativo, a seguir.
Seja uma companhia com um patrimônio representado por: (1) dinheiro
em caixa, no valor de R$ 100.000,00; (2) um terreno, no valor
(original) de R$ 200.000,00 e (3) capital social subscrito (integralmente
realizado), no valor de R$ 300.000,00. O patrimônio acima descrito
encontra-se representado na figura abaixo:

Ativo Passivo
Caixa 100.000,00 obrigações -

----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital social 300.000,00
Terrenos 200.000,00

2
Seguindo nossa proposta didática de entendimento do termo realização (como sendo
a transformação de algo em outra coisa), a realização da reserva de realização é
transformá-la em lucro (transferindo seu valor para a conta de lucros acumulados ou,
de forma menos técnica, para conta de receita).

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Considere a reavaliação do ativo permanente imobilizado (em nosso
exemplo, representado pelo terreno), do valor original de R$
200.000,00 para o valor de mercado de R$ 1.000.000,00.
Como não há encargos de depreciação registrados sobre o terreno, não
é necessário o registro de qualquer lançamento objetivando a apuração
do valor líquido do ativo a ser reavaliado. Portanto, cabe – diretamente
– o registro da reavaliação.
O lançamento relativo à reavaliação seria o seguinte:
D = Terreno
1 - C = a Reserva de reavaliação 800.000,00
Após o lançamento acima, a situação patrimonial da empresa seria
conforme apresentado a seguir:

Ativo Passivo
Caixa 100.000,00

----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital social 300.000,00
Terrenos 1.000.000,00
Reserva de reavaliação 800.000,00

Repare que a reavaliação implicou um aumento do patrimônio líquido,


porém o aumento do patrimônio não transitou por resultado, sendo
diretamente registrado no patrimônio líquido. Assim, o lucro líquido do
período não foi influenciado, não havendo falar, no momento da
reavaliação, em lucro (nem suas conseqüências: Imposto de Renda,
dividendos ou participações no resultado).
Ocorre que, se o terreno fosse imediatamente vendido pelo valor de R$
1.500.000,00, aconteceria uma incoerência:
- se não tivesse ocorrido a reavaliação, o ganho de capital seria
de R$ 1.300.000,00  R$ 1.500.000,00 (-) R$ 200.000,00;
e
- uma vez ocorrida a reavaliação, o ganho de capital é de apenas
R$ 500.000,00  R$ 1.500.000,00 (-) R$ 1.000.000,00.
Frise-se que um maior ganho de capital gera maior lucro e,
conseqüentemente, em princípio, maior base de cálculo do Imposto de
Renda, de dividendos e de participações no resultado. Para ilustrar a
incoerência acima apontada, apresentamos, a seguir, o quadro
comparativo das duas situações:
a) venda do terreno sem a reavaliação

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- partindo da situação inicial

Ativo Passivo
Caixa 100.000,00

----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 300.000,00
Terrenos 200.000,00

- registrando o lançamento da venda do terreno


D = caixa
1 - C = a Receitas não operacionais 1.500.000,00
D = Despesas não operacionais
2 - C = a Terreno 200.000,00
- apresentando a situação final

Ativo Passivo
Caixa 1.600.000,00

----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 300.000,00
Terrenos - 300.000,00

Despesas Receitas
despesas não operacionais 200.000,00 Receitas não operacionais 1.500.000,00

==> lucro 1.300.000,00

b) venda do terreno após a reavaliação


- partindo da situação inicial

Ativo Passivo
Caixa 100.000,00

----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 300.000,00
Terrenos 1.000.000,00
Reserva de reavaliação 800.000,00

- registrando o lançamento da venda do terreno

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D = caixa
1 - C = a Receitas não operacionais 1.500.000,00

D = Despesas não operacionais


2 - C = a Terreno 1.000.000,00

- apresentando a situação final

Ativo Passivo
Caixa 1.600.000,00

----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital social 300.000,00
Terrenos -
Reservas de reavaliação 800.000,00

Despesas Receitas
despesas não operacionais 1.000.000,00 Receitas não operacionais 1.500.000,00
==> lucro 500.000,00

Assim, no caso (b) – venda do terreno após a reavaliação, faz-se


necessário um ajuste, relativo à realização da reserva de reavaliação.
Esse ajuste é realizado: (b.1) através da transferência de seu saldo para
a conta de lucro e prejuízos acumulados – LPA ou (b.2) através da
transferência de seu saldo para receitas não operacionais –
procedimento não recomendado pela Deliberação CVM 183, de 1995. A
seguir encontram-se apresentadas ambas as possibilidades.
b.1) Realização da reserva de reavaliação através da transferência de
seu saldo para a conta LPA – recomendada pela Deliberação CVM n°
183/95.
D = Reservas de reavaliação
3 - C = a Lucro ou Prejuízos acumulados (LPA) 800.000,00
Assim, a situação patrimonial final – após o ajuste de realização da
reserva de reavaliação, acima apresentado – encontra-se representada
graficamente a seguir:

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Ativo Passivo
Caixa 1.600.000,00

----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital social 300.000,00
Terrenos -
Reservas de reavaliação -
LPA 800.000,00

Despesas Receitas
despesas não operacionais 1.000.000,00 Receitas não operacionais 1.500.000,00
==> lucro 500.000,00

Repare que, logo após o fechamento do exercício3, o lucro líquido


auferido, que deverá ser levado à conta LPA, será de R$ 500.000,00.
Esse valor, somado ao valor de R$ 800.000,00 já nela registrado,
resulta num saldo de R$ 1.300.000,00 (que é EXATAMENTE igual ao
valor de R$ 1.300.000,00 – inicialmente apurado a título de ganho de
capital – no caso (a) venda do terreno sem a reavaliação).
b.2) Realização da reserva de reavaliação através da transferência de
seu saldo para conta de Receitas não operacionais – não recomendada
pela Deliberação CVM n° 183/95.
D = Reservas de reavaliação
3 - C = a Receitas não operacionais 800.000,00
Assim, a situação patrimonial final – após o ajuste de realização da
reserva de reavaliação, acima apresentado – encontra-se representada
graficamente a seguir:

Ativo Passivo
Caixa 1.600.000,00

----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital social 300.000,00
Terrenos -
Reservas de reavaliação -

Despesas Receitas
despesas não operacionais 1.000.000,00 Receitas não operacionais 1.500.000,00
Receitas não operacionais 800.000,00
==> lucro 1.300.000,00

3
Conceito tratado na aula em que são apresentados os lançamentos de fechamento do
exercício, cuja leitura é recomendada.

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Repare que, logo após a realização da reserva de reavaliação, com sua
transferência para conta de receitas não operacionais lucro líquido
auferido, fica registrado num saldo de R$ 1.300.000,00 (que é
EXATAMENTE igual ao valor de R$ 1.300.000,00 – inicialmente apurado
a título de ganho de capital – no caso (a) venda do terreno sem a
reavaliação).
Comparando as duas formas possíveis de registro (a crédito da conta
LPA ou de conta de Receitas não Operacionais), verifica-se que:
- na primeira, o valor realizado da reserva incorpora-se
diretamente a lucros acumulados sem transitar pelo resultado do
período;
- na segunda, o valor realizado é registrado como receita não
operacional e afeta diretamente o resultado do período e apenas
indiretamente o Patrimônio Líquido, quando da incorporação dos
resultados.
Obs.: no momento da alienação do bem reavaliado, o ganho efetivo será
evidenciado. No exemplo analisado, o valor do bem baixado, antes da
reavaliação, era de apenas R$ 200.000,00. Ao ser vendido por R$
1.500.000,00, o ganho efetivo revela-se no valor de R$ 1.300.000,00.
Esse é exatamente o resultado contábil da operação, mesmo tendo o
terreno sido reavaliado, pois, com a reavaliação:
(1) o ganho de capital é de R$ 500.000,00  R$ 1.500.000,00 (–) R$
1.000.000,00 (=) R$ 500.000,00;
(2) esse ganho de capital, somado à realização da reserva, no valor de
R$ 800.000,00, alcança justamente o total de R$ 1.300.000,00  R$
500.000,00 (+) R$ 800.000,00 (=) R$ 1.300.000,00.

8.3.2 Registro da realização da reserva de reavaliação por de encargos


Se ocorrer registro de depreciação, amortização ou exaustão sobre um
ativo reavaliado, a parcela do encargo referente ao valor da reavaliação
deverá ser considerada para fins de realização da respectiva reserva.
Para facilitar o entendimento dessa regra, encontra-se proposto um caso
exemplificativo, a seguir.
Seja uma companhia com um patrimônio representado por: (1) dinheiro
em caixa, no valor de R$ 100.000,00; (2) um equipamento, no valor
(original) de R$ 200.000,00 e (3) capital social subscrito (integralmente
realizado), no valor de R$ 300.000,00. O patrimônio acima descrito
encontra-se representado na figura abaixo:

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Ativo Passivo
Caixa 100.000,00 obrigações -

----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital social 300.000,00
Equipamentos 200.000,00

Considere a reavaliação do ativo permanente imobilizado (em nosso


exemplo, representado pelo equipamento), do valor original de R$
200.000,00 para o valor de mercado de R$ 1.000.000,00 e com vida útil
remanescente de 10 anos.
Como não há encargos de depreciação registrados sobre o equipamento
em nosso exemplo, não é necessário o registro de qualquer lançamento
objetivando a apuração do valor líquido do ativo a ser reavaliado.
Portanto, cabe – diretamente – o registro da reavaliação.
O lançamento relativo à reavaliação seria o seguinte:
D = Equipamento
1 - C = a Reserva de reavaliação 800.000,00
Após o lançamento acima, a situação patrimonial da empresa seria
conforme apresentado a seguir:

Ativo Passivo
Caixa 100.000,00

----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital social 300.000,00
Equipamentos 1.000.000,00
Reserva de reavaliação 800.000,00

Repare que a reavaliação implicou um aumento do patrimônio líquido,


porém o aumento do patrimônio não transitou por resultado, sendo
diretamente registrado no patrimônio líquido. Assim, o lucro líquido do
período não foi influenciado, não havendo falar, no momento da
reavaliação, em lucro (nem suas conseqüências: Imposto de Renda,
dividendos ou participações no resultado).
Ocorre que, com a utilização, o equipamento sofre depreciação e no
momento do registro dessa depreciação ficaria estampada uma
incoerência:

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- se não tivesse ocorrido a reavaliação, o valor registrado a título
de encargos de depreciação seria de R$ 20.000,00  R$
200.000,00 (*) 10% (=) R$ 20.000,00;
- uma vez ocorrida a reavaliação, o valor registrado a título de
encargos de depreciação passa a ser de R$ 100.000,00  R$
1.000.000,00 (*) 10% (=) R$ 100.000,00.
Frise-se que uma menor depreciação gera maior lucro e,
conseqüentemente, em princípio, maior base de cálculo do Imposto de
Renda, de dividendos e de participações no resultado. Para ilustrar a
incoerência acima apontada, apresentamos, a seguir, o quadro
comparativo das duas situações: (a) depreciação do equipamento sem
reavaliação e (b) depreciação do mesmo equipamento com a
reavaliação.
a) depreciação do equipamento sem a reavaliação
- partindo da situação inicial

Ativo Passivo
Caixa 100.000,00

----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 300.000,00
Equipamentos 200.000,00

- registrando o lançamento da depreciação do equipamento


D = Encargos de depreciação
1 - C = a Depreciação acumulada 20.000,00
- apresentando a situação final

Ativo Passivo
Caixa 100.000,00

----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 300.000,00
Equipamentos 200.000,00
(-) Deprec. Acum. (20.000,00)

Despesas Receitas
Encargos de deprec. 20.000,00

==> lucro (20.000,00)

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b) depreciação do mesmo equipamento, após a reavaliação
- partindo da situação inicial

Ativo Passivo
Caixa 100.000,00

----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 300.000,00
Equipamentos 1.000.000,00
Reserva de reavaliação 800.000,00

- registrando o lançamento da depreciação do equipamento


D = Encargos de depreciação
1 - C = a Depreciação acumulada 100.000,00
- apresentando a situação final

Ativo Passivo
Caixa 100.000,00

----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital social 300.000,00
Equipamentos 1.000.000,00
(-) Deprec. Acum. (100.000,00) Reservas de reavaliação 800.000,00

Despesas Receitas
Encargos de deprec. 100.000,00
==> lucro (100.000,00)

Assim, no caso (b) depreciação do equipamento após sua reavaliação,


faz-se necessário um ajuste – realização proporcional da reserva de
reavaliação. A reserva de reavaliação (no valor de R$ 800.000,00)
corresponde a 80% do valor reavaliado do bem (R$ 1.000.000,00).
Assim, a cada registro de encargos de depreciação, 80% do valor
contabilizado a título de encargo, corresponderá à realização da reserva
de reavaliação. Se o ativo não tivesse sido reavaliado, a depreciação
registrada seria de apenas R$ 20.000,00. Como ocorreu a reavaliação,
a despesa de depreciação foi de R$ 100.000,00 e o efeito negativo da
despesa de depreciação sobre o lucro foi potencializado (o lucro que
deveria ser reduzido em apenas R$ 20.000,00, foi reduzido em R$
100.000,00). Essa é a razão da necessidade do ajuste a título de
realização da reserva de reavaliação.
Esse ajuste é realizado: (b.1) através da transferência de seu saldo para
a conta de lucro e prejuízos acumulados – LPA, proporcionalmente ao

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percentual depreciado do ativo realizado ou (b.2) através da
transferência de seu saldo para receitas não operacionais,
proporcionalmente ao percentual depreciado do ativo realizado.
A seguir encontram-se apresentadas ambas as possibilidades.
b.1) Realização da reserva de reavaliação através da transferência de
seu saldo para a conta LPA – recomendada pela Deliberação CVM n°
183/95.
D = Reservas de reavaliação
3 - C = a Lucro ou Prejuízos acumulados (LPA) 80.000,00
Assim, a situação patrimonial final – após o ajuste de realização da
reserva de reavaliação, acima apresentado – encontra-se representada
graficamente a seguir:

Ativo Passivo
Caixa 100.000,00

----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital social 300.000,00
Equipamentos 1.000.000,00
(-) Deprec. Acum. (100.000,00) Reservas de reavaliação 720.000,00
LPA 80.000,00

Despesas Receitas
Encargos de deprec. 100.000,00
==> lucro (100.000,00)

Repare que, logo após o fechamento do exercício4, o lucro líquido


auferido, que deverá ser levado à conta LPA, será de (R$ 100.000,00).
Esse valor, somado ao valor de R$ 80.000,00 já nela registrado, resulta
num saldo de (R$ 20.000,00) – que é EXATAMENTE igual ao valor
inicialmente previsto para o caso (a), depreciação do equipamento sem
a reavaliação.
b.2) Realização da reserva de reavaliação através da transferência de
seu saldo para conta de Receitas não operacionais – não recomendada
pela Deliberação CVM n° 183/95.
D = Reservas de reavaliação
3 - C = a Receitas não operacionais 80.000,00
Assim, a situação patrimonial final – após o ajuste de realização da
reserva de reavaliação, acima apresentado – encontra-se representada
graficamente a seguir:

4
Conceito tratado na aula em que são apresentados os lançamentos de fechamento do
exercício, cuja leitura é recomendada.

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Ativo Passivo
Caixa 100.000,00

----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital social 300.000,00
Equipamentos 1.000.000,00
(-) Deprec. Acum. (100.000,00) Reservas de reavaliação 720.000,00

Despesas Receitas
Encargos de deprec. 100.000,00 Receitas não operacionais 80.000,00
==> lucro (20.000,00)

Repare que, logo após a realização da reserva de reavaliação, com sua


transferência para conta de receitas não operacionais lucro líquido
auferido, fica registrado num saldo de (R$ 20.000,00) - que é
EXATAMENTE igual ao valor inicialmente esperado para o caso (a),
depreciação do equipamento sem a reavaliação.
Comparando as duas formas possíveis de registro (a crédito da conta
LPA ou de conta de Receitas não Operacionais), verifica-se que:
- na primeira, o valor realizado da reserva incorpora-se
diretamente a lucros acumulados sem transitar pelo resultado do
período;
- na segunda, o valor realizado é registrado como receita não
operacional e afeta diretamente o resultado do período e apenas
indiretamente o Patrimônio Líquido, quando da incorporação dos
resultados.

9 Distribuição de dividendos - vedação


Já foi visto que a opção pela reavaliação de ativos altera não somente
seu valor contábil, mas também, por decorrência: (1) inicialmente, o
valor do Patrimônio Líquido – aumentando-o e (2) posteriormente, o
valor da depreciação dos ativos e seu custo, no caso de alienação. Essa
situação enseja alteração no valor do lucro apurado pela companhia; o
que viria a influenciar o valor dos dividendos e dos tributos.
Por essa razão, ao prever a reserva de reavaliação, a Lei das S/A teve a
preocupação de vedar a distribuição de dividendos sobre seu valor,
antes da sua efetiva realização, tendo taxativamente determinado, no
parágrafo 2o do artigo 187:
§ 2º O aumento do valor de elementos do ativo em virtude
de novas avaliações, registrados como reserva de
reavaliação (artigo 182, § 3º), somente depois de

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realizado poderá ser computado como lucro para efeito de
distribuição de dividendos ou participações.

Assim, o aumento de valor de elementos do ativo em função de novas


avaliações, registrado como reserva de reavaliação, somente depois de
realizado poderá ser computado como lucro para efeito de distribuição
de dividendos ou participações. Percebe-se que esse preceito legal tem
por objetivo evitar a distribuição sobre um ganho meramente escritural
(não decorrente de transações com terceiros).
As observações feitas aos exemplos até aqui expostos, mostram que a
realização é efetiva quando o bem é baixado ou quando o registro de
depreciação, amortização ou exaustão. Assim, nesses casos, poderá
haver distribuição com base no valor realizado da reserva. Se a
empresa houver registrado a realização a crédito de Lucros acumulados,
seu valor deverá ser adicionado ao lucro líquido para cálculo dos
dividendos a serem distribuídos.

10 Tratamento fiscal da revaliação


Foi visto que o procedimento de reavaliação tem efeitos no resultado da
empresa e, assim como ocorre com os dividendos, esse resultado
alterado influencia a base de cálculo do Imposto de Renda.
Neste item será estudado o critério de aplicação de ajustes ao lucro
líquido, para apuração da base de cálculo do Imposto de Renda (Lucro
Real), no caso de reavaliação – basicamente a tributação da reserva à
medida de sua realização. Será também apresentado o critério de
registro do Imposto de Renda sobre o valor da reavaliação que,
basicamente, resume-se em registrar (desde o momento da
reavaliação) o valor do tributo a ser exigido no futuro (quando da
realização da reserva de reavaliação).

10.1 Tributação da reserva de reavaliação


Para fins de imposto de renda, a contrapartida do aumento e valor de
bens do ativo não é tributada enquanto mantida em conta específica de
reserva. A tributação da reserva de reavaliação dá-se na realização da
reserva, decorrente de alienação do ativo reavaliado (sob qualquer
forma), depreciação, amortização ou exaustão do ativo reavaliado; ou
baixa por perecimento deste ativo, nos termos do disposto no art. 4o da
Lei 9.950, de 2000, atualmente em vigor, a seguir reproduzido.
Art. 4º - A contrapartida da reavaliação de quaisquer bens
da pessoa jurídica somente poderá ser computada em
conta de resultado ou na determinação do lucro real e da

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base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido
quando ocorrer a efetiva realização do bem reavaliado.

Observação. Até o advento da Lei 9.959/00:


a) Era considerada, para fins fiscais, a realização da reserva
de reavaliação no período em que fosse utilizada para
aumento de capital, exceto se a reserva se referir à
reavaliação de: (1) bens imóveis integrantes do ativo
permanente; (2) patentes ou direitos à exploração de
patentes.
b) A reavaliação de ativos que não do permanente, e de
participações societárias avaliadas pela equivalência
patrimonial, ainda que classificadas no Permanente, sofria
tributação imediata.
Como vimos, a contrapartida da realização da reserva de reavaliação
pode ser registrada de duas formas: (a) como receita não operacional -
nesse caso, a realização da reserva transita pelo resultado do período,
estando já incluída no lucro líquido do exercício; (b) creditada à conta
de lucros acumulados – adotada esta forma, o valor realizado da reserva
deixa de compor o resultado da empresa, devendo ser adicionado ao
lucro líquido (contábil) para fins de cálculo do lucro real.

10.2 Provisão para IR diferido sobre o valor da reavaliação

10.2.1 Conceito
Nos exercícios em que houver nova avaliação do ativo, com a
conseqüente criação de Reserva de Reavaliação, haverá um aumento do
ativo. Esse ajuste do valor do ativo representa um acréscimo de
Patrimônio Líquido; entretanto, não podemos desconsiderar o registro
contábil do ônus tributário (imposto de Renda e Contribuição Social)
incidente sobre o aumento do ativo.
Exemplificando, seja um ativo de valor contábil R$ 200.000,00 e com
valor de mercado de R$ 1.000.000,00. No caso de reavaliação, o
aumento do patrimônio será:
- em princípio de R$ 800.000,00 (a diferença entre o valor de
mercado, de R$ 1.000.000,00, e o valor contábil, de R$
200.000,00);
- porém, não se pode considerar esse aumento bruto, porque em
algum momento futuro (quando da realização da reserva) será
devido um Imposto de Renda sobre esse aumento de patrimônio
ora registrado – apesar de não ser imediatamente devido esse

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valor, ele já está incorrido (pois já ocorreu o fato que ensejou o
aumento do patrimônio).
Em outras palavras, esse ônus tributário é incorrido porque, apesar de
financeiramente esse valor ser exigido pelo fisco somente no momento
da realização do bem, pelo princípio da competência, deve ser
registrado.
Visando compatilbilizar o controle fiscal da reavaliação com a posição
contábil (efetiva representação do patrimônio), o registro do ônus fiscal
pode ser efetuado em conta retificadora do grupo de reserva de
reavaliação, mantendo-se assim o valor original da reavaliação para
controle fiscal e o valor líquido para atendimento da informação contábil.
Esse tratamento, para os efeitos fiscais da reavaliação, está definido
pela Deliberação CVM n° 183/95, em seus itens 34 e 35.
34 - A reavaliação positiva representa acréscimo de
patrimônio líquido que será tributado futuramente pela
realização dos ativos. Considerando-se esse ônus
existente sobre a reavaliação, no momento de seu
registro, deve-se reconhecer a carga tributária (imposto de
renda e contribuição social) devida sobre a realização dos
ativos que a geraram. O lançamento contábil deve ser
efetuado a débito de conta retificadora da reserva de
reavaliação (que pode ser através de conta retificadora
para controle fiscal) e a crédito de provisão para imposto
de renda no Exigível a Longo Prazo. Esta provisão será
transferida para o Passivo Circulante à medida que os
ativos forem sendo realizados. Os valores dos impostos e
contribuições registrados no passivo devem ser atualizados
monetariamente, em consonância com o disposto no item
38. as eventuais oscilações nas alíquotas dos impostos e
contribuições devem ser reconhecidas, se aplicável, em
contrapartida à correspondente conta retificadora da
reserva de reavaliação.
35 - Essa provisão para impostos incidentes sobre a
Reserva de Reavaliação não deverá ser constituída para
ativos que não se realizarão por depreciação, amortização
ou exaustão e para os quais não aja qualquer perspectiva
de realização por alienação ou baixa, como é o caso de
terrenos. Nessa hipótese, o ônus fiscal somente será
reconhecido contabilmente no futuro quando, por mudança
de circunstâncias, ocorrer a alienação ou baixa.

Neste ponto da matéria, estamos prontos para entender – por completo


– o disposto no item 39 da Deliberação, antes referenciado:
39. Na hipótese de reavaliação negativa, comentada no
item 21, a contabilização deve obedecer ao seguinte:

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c) o valor reduzirá o imobilizado em contrapartida a: (a1)
reserva de reavaliação, correspondente aos mesmos
bens e originada de reavaliações anteriores, e (a2)
provisão para imposto de renda diferido, que será
reduzida proporcionalmente à redução da reserva;
d) quando a reserva e respectiva provisão para imposto
de renda forem insuficientes para a contabilização de
redução do ativo, representará que o valor de mercado
é inferior ao valor do custo líquido das depreciações, e,
portanto, esta insuficiência será lançada como despesa
não operacional no resultado do período em que a
reavaliação ocorrer, mediante constituição de provisão
para perdas. Esta provisão somente será reconhecida
se a perda for considerada irrecuperável.

Ora, o art. 39 trata da possibilidade de uma reavaliação que, dentro de


limites e condições, resulte na redução do valor de um componente do
ativo. Nesse caso, a redução não é apenas no valor do bem (e
conseqüentemente no patrimônio líquido – na conta de reserva de
reavaliação); ocorre, também, uma redução na obrigação de tributação
do aumento patrimonial ocorrido por conta da reavaliação (visto que o
ativo foi reduzido). Assim, nesse caso, deve haver uma redução na
provisão para o imposto diferido.

10.2.2 Constituição da provisão


Trabalhando o exemplo antes proposto, referente a um ativo de valor
contábil de R$ 200.000,00 e com valor de mercado de R$ 1.000.000,00,
e considerando a alíquota de 34% para representar conjuntamente o
ônus tributário relativo ao IRPJ e à CSLL (IPRJ – 15%; adicional IRPJ –
10% e CSLL 9%), teríamos a seguinte situação.
a) Situação Patrimonial inicial

Ativo Passivo
Caixa 100.000,00

----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 300.000,00
Equipamentos 1.000.000,00
Reserva de reavaliação 800.000,00

b) Memória de cálculo

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Memória de Cálculo
Descrição Valor Obs
Valor de mercado do ativo 1.000.000,00
(-) Valor contábil (200.000,00)
(=) Valor da reavaliação 800.000,00
(x) Alíquota dos tributos 34%
(=) Ônus tributário sobre a reavaliação 272.000,00 (1)
(1) a ser exigido à medida que a reserva de reavaliação for realizada
c) Lançamento de constituição da Reserva de Reavaliação
D = Equipamentos
1 - C = a Reserva de reavaliação 800.000,00
d) Situação patrimonial após o lançamento da reavaliação

Ativo Passivo
Caixa 100.000,00

----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital social 300.000,00
Equipamentos 1.000.000,00
Reserva de reavaliação 800.000,00

e) Lançamento da provisão para o IR diferido – relativa à Reavaliação


D = Tributos sobre reserva de reavalação (retificadora do PL)
2 - C = a Provisão para IR diferido 272.000,00
f) Situação patrimonial após o lançamento da provisão para o IR diferido
– relativa à Reavaliação

Ativo Passivo
Caixa 100.000,00
Provisão para IR diferido 272.000,00

----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital social 300.000,00
Equipamentos 1.000.000,00
Reserva de reavaliação 800.000,00
(-) Tributos sobre res de reaval. (272.000,00)

Repare que o aumento líquido do patrimônio foi de R$ 528.000,00: (1)


um aumento de R$ 800.000,00 – por conta da majoração do valor do
ativo e (2) uma redução de R$ 272.000,00 pelo surgimento de uma
obrigação de longo prazo (IR diferido).

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10.2.3 Realização da provisão
Nos exercícios em que houver realização do ativo, com realização da
respectiva reserva de reavaliação (valor transferido de Reserva de
Reavaliação para Lucros ou Prejuízos Acumulados), deverá ser realizada
– também – a correspondente provisão para imposto de renda. A
empresa deve tomar cuidado de separar, na contabilização do valor a
ser pago a título de Imposto de Renda no período: (1) a parcela devida
sobre o resultado do exercício (decorrente de suas receitas e despesas
registradas), (2) da parcela devida pela transferência da Reserva de
Reavaliação.
A parcela devida sobre o resultado será debitada à conta do próprio
resultado do ano, mas a parcela devida à realização da provisão para IR
diferido será debitada a Lucros Acumulados, pois lá foi também
registrada a parte que está originando o lucro tributável.
O exemplo a seguir ilustra o conceito acima:
a) situação inicial – bem reavaliado e provisão para IR diferido
constituída

Ativo Passivo
Caixa 100.000,00
Provisão para IR diferido 272.000,00

----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital social 300.000,00
Equipamentos 1.000.000,00
Reserva de reavaliação 800.000,00
(-) Tributos sobre res de reaval. (272.000,00)

b) depreciação do bem reavaliado (considerando uma vida útil de 10


anos – 10% ao ano)
D = Despesa com depreciação
1 - C = a Depreciação acumulada 100.000,00
c) realização – proporcional – da reserva de reavaliação, em 10% -
transferindo seu valor para a conta LPA
D = Reserva de reavaliação
2 - C = a Lucros ou prejuízos acumulados 80.000,00
d) realização – proporcional – da conta retificadora da reavaliação
(tributos sobre reserva de reavaliação), em 10% - transferindo seu valor
para a conta LPA
D = Lucros ou prejuízos acumulados
3 - C = a Tributos sobre reserva de reavaliação 27.200,00

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e) realização – proporcional – da provisão para IR diferido, em 10% -
transferindo seu valor para a conta de provisão para o IR (no passivo
circulante)
D = Provisão para IR diferido
4 - C = a Provisão para IR 27.200,00
f) fluxo de valores entre elementos patrimoniais envolvidos nos passos
(b), (c), (d) e (e)

Ativo Passivo
Caixa 100.000,00 Provisão para IR (PC) 27.200,00
e
Provisão para IR diferido 272.000,00
(27.200,00)
244.800,00

----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital social 300.000,00
Equipamentos 1.000.000,00
(-) Deprec Acum (100.000,00) Reserva de reavaliação 800.000,00
(80.000,00)
720.000,00
d
(-) Tributos sobre res de reaval. (272.000,00)
27.200,00
(244.800,00) c

b LPA (27.200,00)
80.000,00
52.800,00

Despesas Receitas
Desp deprec. 100.000,00

g) situação final – bem reavaliado depreciado; reserva de reavaliação e


provisão para IR diferido realizadas proporcionalmente

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Ativo Passivo
Caixa 100.000,00 Provisão para IR (PC) 27.200,00
Provisão para IR diferido 244.800,00

----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital social 300.000,00
Equipamentos 1.000.000,00
(-) Deprec Acum (100.000,00) Reserva de reavaliação 720.000,00
(-) Tributos sobre res de reaval. (244.800,00)

LPA 52.800,00

Despesas Receitas
Desp deprec. 100.000,00

Repare que a despesa de depreciação do ativo reavaliado foi de R$


100.000,00 (maior do que seria a despesa de depreciação do mesmo
ativo – caso não tivesse sido realizado o procedimento de reavaliação –
R$ 20.000,00).
Como despesas reduzem o lucro, ele será menor em R$ 80.000,00.
Assim, o IR referente às receitas e despesas do período será menor.
Portanto, a provisão para IR (PC) será contabilizada em valor menor
(por conta das receitas e despesas do período).
Entretanto, a conta provisão para IR (PC) recebe – também – valor pela
realização da provisão para IR diferido. Assim, o IR a pagar, registrado
no período na conta provisão para IR (PC) será EXATAMENTE igual
àquele que seria registrado caso não tivesse ocorrido a reavaliação.
Dessa forma, verifica-se que a contabilidade registra o efeito patrimonial
dos ajustes fiscais acerca da reavaliação.

11 Notas explicativas relativas à reavaliação


A companhia que realizar a reavaliação de seus ativos deverá divulgar
esse fato em Nota Explicativa, contemplando as seguintes informações.
a) as bases da reavaliação e os avaliadores – somente no ano da
reavaliação;
b) o histórico e a data da reavaliação;
c) o sumário das contas objeto da reavaliação e respectivos
valores;

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d) o efeito no resultado do exercício, oriundo das depreciações,
amortizações ou exaustões sobre a reavaliação, e baixas
posteriores;
e) o tratamento quanto a dividendos e participações;
f) tratamento e valores envolvidos quanto a impostos e
contribuições.

12 Situações especiais
Além da reavaliação efetivada em momentos normais da vida das
empresas, com o objetivo de manter o patrimônio avaliado a valores
reais, podem surgir situações específicas em que a atribuição de valor
de mercado aos ativos se faça necessária para fins societários.

12.1 Reavaliação de ativos na reorganização societária - Fusão,


cisão e incorporação
As empresas podem sofrer processos de reorganização societária, nos
quais aconteçam união ou desmembramento de patrimônio, são eles:
(1) fusão, (2) cisão e (3) incorporação.
Fusão é a operação pela qual se unem duas ou mais sociedades para
formar sociedade nova, que lhes sucederá em todos os direitos e
obrigações. Cisão é a operação pela qual a companhia transfere
parcelas de seu patrimônio para uma ou mais sociedades. Incorporação
é a operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por
outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações.
A ocorrência destes processos deve levar em conta o patrimônio de cada
entidade envolvida, sendo fundamental que a contabilidade reflita o
efetivo valor negociado. É por esse motivo que tais eventos costumam
ser precedidos de reavaliação de ativos nas sociedades envolvidas.
A transferência dos bens entre os patrimônios das empresas poderá ser
realizada pelos valores já reavaliados. Assim, a empresa resultante do
evento societário, ao receber um bem, deverá também receber a
respectiva reserva de reavaliação.
Exemplo: seja uma empresa que possua um patrimônio formado por:
(1) dinheiro em caixa, no valor de R$ 1.000.000,00; (2) um terreno, no
valor de R$ 200.000,00; (3) nenhuma obrigação e (4)
conseqüentemente, capital social de R$ 1.200.000,00. Considere que o
valor de mercado desse terreno seja de R$ 1.000.000,00 e que os
órgãos deliberativos da empresa tenham decidido realizar uma cisão em
duas: (a) a primeira que fica com dinheiro e a segunda que fica com o
terreno.

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a) situação inicial
Empresa sucedida

Ativo Passivo
Caixa 1.000.000,00 obrigações -

----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital social 1.200.000,00
Terrenos 200.000,00

b) reavaliação do terreno
O lançamento relativo à reavaliação seria o seguinte:
D = Terreno
1 - C = a Reserva de reavaliação 800.000,00
Após o lançamento acima, a situação patrimonial da empresa seria
conforme apresentado a seguir:

Ativo Passivo
Caixa 1.000.000,00

----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital social 1.200.000,00
Terrenos 1.000.000,00
Reserva de reavaliação 800.000,00

c) cisão da empresa e situação final


Empresa sucessora 1 empresa sucessora 2

Ativo Passivo Ativo Passivo


Caixa 1.000.000,00

---------- Patrimônio Líquido -----------Patrimônio Líquido


Capital social 1.000.000,00 Capital social 200.000,00
Terrenos 1.000.000,00
Reserva de reav 800.000,00

A sociedade resultante da cisão que recebe o terreno, para formação de


seu patrimônio, apresentará no ativo o terreno pelo valor reavaliado de
R$ 1.000.000,00, enquanto seu patrimônio líquido indicará reserva de

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reavaliação no valor de R$ 800.000,00. A outra sociedade resultante da
cisão que recebe o dinheiro em caixa não terá reserva de reavaliação no
patrimônio líquido a realizar.
Como a sociedade resultante da reorganização apresentará em seu
patrimônio uma reserva de reavaliação ainda não realizada, esta terá na
sucessora o mesmo tratamento contábil e fiscal que teria na sucedida,
nos termos dos arts. 440 e 441 do Decreto 3.000, de 1999
(Regulamento do Imposto de Renda), a seguir:
Reavaliação na Fusão, Incorporação ou Cisão
Art. 440. A contrapartida do aumento do valor de bens do
ativo em virtude de reavaliação na fusão, incorporação ou
cisão não será computada para determinar o lucro real
enquanto mantida em reserva de reavaliação na sociedade
resultante da fusão ou incorporação, na sociedade cindida
ou em uma ou mais das sociedades resultantes da cisão
(Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, artigo 37).
Parágrafo único. O valor da reserva deverá ser computado
na determinação do lucro real de acordo com o disposto no
§ 2º do artigo 434 e no artigo 435 (Decreto-Lei nº 1.598,
de 1977, artigo 37, parágrafo único).
Art. 441. As reservas de reavaliação transferidas por
ocasião da incorporação, fusão ou cisão terão, na
sucessora, o mesmo tratamento tributário que teriam na
sucedida.

Assim, á medida em que ocorra a realização dos bens, conforme visto, o


respectivo valor será considerado para efeitos de distribuição de
dividendos e incidência tributária.

12.2 Reavaliação de bens na integralização de capital

12.2.1 Apresentação da regra de registro e realização da


reavaliação
Os bens recebidos a título de integralização de capital, nos termos dos
arts. 7o e 8o da Lei das S/A, devem ser registrados contabilmente pelo
valor constante de laudo de avaliação aceito pela sociedade – este será
seu valor original. A seguir, para fins de esclarecimento, encontram-se
reproduzidos os citados artigos:
Dinheiro e Bens
Art. 7º O capital social poderá ser formado com
contribuições em dinheiro ou em qualquer espécie de bens
suscetíveis de avaliação em dinheiro.
Avaliação

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Art. 8º A avaliação dos bens será feita por 3 (três) peritos
ou por empresa especializada, nomeados em assembléia-
geral dos subscritores, convocada pela imprensa e
presidida por um dos fundadores, instalando-se em
primeira convocação com a presença desubscritores que
representem metade, pelo menos, do capital social, e em
segunda convocação com qualquer número.
§ 1º Os peritos ou a empresa avaliadora deverão
apresentar laudo fundamentado, com a indicação dos
critérios de avaliação e dos elementos de comparação
adotados e instruído com os documentos relativos aos
bens avaliados, e estarão presentes à assembléia que
conhecer do laudo, a fim de prestarem as informações que
lhes forem solicitadas.
§ 2º Se o subscritor aceitar o valor aprovado pela
assembléia, os bens incorporar-se-ão ao patrimônio da
companhia, competindo aos primeiros diretores cumprir as
formalidades necessárias à respectiva transmissão.
§ 3º Se a assembléia não aprovar a avaliação, ou o
subscritor não aceitar a avaliação aprovada, ficará sem
efeito o projeto de constituição da companhia.
§ 4º Os bens não poderão ser incorporados ao patrimônio
da companhia por valor acima do que lhes tiver dado o
subscritor.
§ 5º Aplica-se à assembléia referida neste artigo o
disposto nos §§ 1º e 2º do artigo 115.
§ 6º Os avaliadores e o subscritor responderão perante a
companhia, os acionistas e terceiros, pelos danos que lhes
causarem por culpa ou dolo na avaliação dos bens, sem
prejuízo da responsabilidade penal em que tenham
incorrido; no caso de bens em condomínio, a
responsabilidade dos subscritores é solidária.

Se a subscritora do capital foi outra empresa (investidora), é necessário


verificar se o bem entregue tinha, em seu patrimônio, valor contábil
diferente do integralizado. Caso o valor atribuído pelo laudo seja
superior ao contábil, surgirá, na subscritora, um ganho (aumento
patrimonial); pois houve troca de um bem – de valor contábil menor –
por uma participação societária – de valor contábil maior.
O exemplo a seguir ilustra a possibilidade de uma empresa investidora
ter aumento patrimonial pela integralização de capital (na empresa
investida) mediante dação de bens.
Seja uma empresa investidora (Dora S/A) com o seguinte patrimônio:
(1) dinheiro em caixa no valor de R$ 100.000,00; (2) um imóvel
contabilizado por R$ 200.000,00; (3) nenhuma obrigação e,

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conseqüentemente, (4) um patrimônio líquido de R$ 300.000,00 –
conforme figura a seguir:

Dora
ativo Passivo
Caixa 100.000,00

Imóvel 200.000,00
--------------PL

Total do PL 300.000,00

Considere que essa empresa investidora decida criar uma empresa


investida subsidiária integral – Tida S/A, com capital de R$
1.000.000,00 e que integralize esse capital mediante a entrega do
imóvel (que, devidamente avaliado por peritos, revela ter esse valor de
mercado). Nessa situação, o patrimônio da empresa Tida S/A fica
representado conforme figura a seguir:

Tida
ativo Passivo

Imóvel 1.000.000,00 --------------PL

Total do PL 1.000.000,00

A configuração patrimonial conjunta das empresa Dora S/A e Tida S/A


encontra-se a seguir apresentada.

Dora
ativo Passivo
Caixa 100.000,00

Inv. Tida 1.000.000,00


--------------PL

Total do PL 1.100.000,00
100%

Tida
ativo Passivo

Imóvel 1.000.000,00 --------------PL

Total do PL 1.000.000,00

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Repare que a empresa investidora Dora S/A tinha – inicialmente – um
patrimônio líquido no valor de R$ 300.000,00 e que – após a realização
do capital na empresa investida Tida S/A – passou a ter um patrimônio
líquido de R$ 1.100.000,00. Esse fato enseja um “ganho” (aumento
patrimonial) de R$ 800.000,00.
Em tese esse ganho consiste em ganho de capital – auferido pela
empresa investidora Dora S/A, pela alienação de seu imóvel. Ocorre
que este ganho pode ser registrado diretamente no patrimônio líquido
da empresa investidora – Dora S/A, mediante a constituição de uma
reserva de reavaliação, nos termos do Decreto 3.000, de 1999, art. 439
– a seguir:
Reavaliação na Subscrição de Capital ou Valores
Mobiliários
Art. 439. A contrapartida do aumento do valor de bens do
ativo incorporados ao patrimônio de outra pessoa jurídica,
na subscrição em bens de capital social, ou de valores
mobiliários emitidos por companhia, não será computada
na determinação do lucro real enquanto mantida em conta
de reserva de reavaliação (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977,
artigo 36).
Parágrafo único. O valor da reserva deverá ser computado
na determinação do lucro real (Decreto-Lei nº 1.598, de
1977, artigo 36, parágrafo único, e Decreto-Lei nº 1.730,
de 1979, artigos 1º, inciso VII, e 8º):
I - na alienação ou liquidação da participação societária ou
dos valores mobiliários, pelo montante realizado;
II - quando a reserva for utilizada para aumento do capital
social, pela importância capitalizada;
III - em cada período de apuração, em montante igual à
parte dos lucros, dividendos, juros ou participações
recebidos pelo contribuinte, que corresponder à
participação ou aos valores mobiliários adquiridos com o
aumento do valor dos bens do ativo; ou
IV - proporcionalmente ao valor realizado, no período de
apuração em que a pessoa jurídica que houver recebido os
bens reavaliados realizar o valor dos bens, na forma do
inciso II do artigo 435, ou com eles integralizar capital de
outra pessoa jurídica.

Conseqüentemente, a tributação desse ganho somente será realizada


quando da realização da reserva de reavaliação, que somente ocorrerá
quando a investidora realizar: (1) a alienação da participação societária,
(2) a capitalização da reserva, (3) o recebimento de dividendos. Há
também previsão realização da reserva de reavaliação e respectiva

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tributação, por parte da investidora, no caso da investida realizar os
bens recebidos (proporcionalmente ao valor realizado dos bens).
A seguir, para fins de ilustração da regra acima apresentada,
comentaremos um exemplo de reavaliação de ativo na realização de
capital – no tocante ao registro da reavaliação e a sua realização.

12.2.2 Exemplo de registro da reavaliação


Seja uma empresa investidora – Dora S/A – com o seguinte patrimônio:
(1) dinheiro em caixa no valor de R$ 100.000,00; (2) um imóvel
contabilizado por R$ 1.200.000,00; (3) nenhuma obrigação e,
conseqüentemente, (4) um patrimônio líquido de R$ 1.300.000,00 –
conforme figura a seguir:

Dora
ativo Passivo
Caixa 100.000,00

Equipamento 1.200.000,00
--------------PL

Total do PL 1.300.000,00

Considere que a empresa Dora S/A, que possui em seu ativo um


equipamento registrado pelo valor contábil de R$ 1.200.000,00 e que
possui um valor de mercado de R$ 2.000.000,00, decida criar uma
empresa investida subsidiária integral – Tida S/A, com capital de R$
2.000.000,00 e que integralize esse capital mediante a entrega do
imóvel (que, devidamente avaliado por peritos, revela ter esse valor de
mercado). Nessa situação, o patrimônio da empresa Tida S/A fica
representado conforme figura a seguir:

Tida
ativo Passivo

Equipamento 2.000.000,00 --------------PL


Capital social 2.000.000,00

Considere, ainda, que a empresa investidora decida reavaliar o


equipamento antes da integralização do capital na empresa Tida S/A. O
lançamento contábil, na empresa investidora – Dora S/A, seria o
seguinte:
a) pela reavaliação

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D = Equipamento
1 - C = a Reserva de reavaliação 800.000,00

b) pela integralização do capital


D = Investimento - Part. Soc. Tida S/A
2 - C = a Equipamento 800.000,00

A configuração patrimonial conjunta das empresa Dora S/A e Tida S/A


encontra-se a seguir apresentada.

Dora
ativo Passivo
Caixa 100.000,00

Inv. Tida 2.000.000,00


--------------PL
Res Reavaliação 800.000,00
Demais contas PL 1.300.000,00
Total do PL 2.100.000,00 100%

Tida
ativo Passivo

Equipamento 2.000.000,00 --------------PL


Capital Social 2.000.000,00

12.2.3 Exemplo de registro da realização da reserva


Foi visto que a empresa investidora, adquirente da participação
societária, realizará a reserva de reavaliação constituída quando: (1)
alienar a participação; (2) a empresa que recebeu os bens registrar,
relativamente a eles, baixa contábil ou encargos de depreciação,
amortização ou exaustão; (3) receber lucros, dividendos ou juros,
proporcionalmente ao valor integralizado decorrente da reavaliação.

12.2.3.1 Por alienação da participação societária


Partindo-se da situação descrita no exemplo anterior e considerando que
a empresa investidora – Dora S/A vendeu a vista 10% da participação
societária adquirida, com a dação do equipamento, pelo valor total de
R$ 300.000,00. O lançamento contábil, na empresa investidora – Dora
S/A, seria o seguinte:
a) pela alienação da participação societária
Reconhecimento da receita obtida na alienação de 10% da participação
em Tida S/A

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D = Bancos
C = a Receitas não operacionais 300.000,00

Reconhecimento da despesa não operacional correspondente à baixa da


participação
D = Despesas não operacionais
C = a Investimentos - Participações Societárias Tida S/A 200.000,00

b) pela realização proporcional da reserva de reavaliação


D = Reserva de reavaliação
C = a LPA 80.000,00

A configuração patrimonial conjunta das empresa Dora S/A e Tida S/A,


após o fato acima descrito, encontra-se a seguir apresentada.

Dora
ativo Passivo
Caixa 100.000,00 outros sócios
Bancos 300.000,00
Inv. Tida 1.800.000,00
--------------PL
Res Reavaliação 720.000,00
LPA 80.000,00 10%
Demais contas PL 1.300.000,00
Total do PL 2.100.000,00 90%

Despesas Receitas Tida


desp n oper 200.000,00 rec n oper 300.000,00 ativo Passivo

Equipamento 2.000.000,00 --------------PL


Capital Social 2.000.000,00

12.2.3.2 Pela realização do ativo na empresa investida


No caso de realização do ativo na empresa investida (por alienação ou
depreciação), a reserva de reavaliação (na investidora) deverá ser
proporcionalmente realizada.
Exemplificando a questão, partindo da situação final antes apresentada
(acima), considere que a empresa investida (Tida S/A) tenha registrado
encargos de depreciação do equipamento recebido (na integralização de
capital) no percentual de 10%.
O lançamento contábil na empresa investida seria o seguinte:
a) registro da depreciação
D = Despesa com depreciação
C = a Depreciação Acumulada 200.000,00

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b) situação patrimonial da empresa investida (Tida S/A) após a
depreciação

Tida
ativo Passivo

Equipamento 2.000.000,00 --------------PL


(-) dep acum (200.000,00) Capital Social 2.000.000,00

Despesas Receitas
desp. deprec 200.000,00

O efeito desse fato, no patrimônio da empresa investidora (Dora S/A) é


o da respectiva realização da reserva de reavaliação (referente ao
equipamento depreciado).
a) memória de cálculo
Valor da reserva de reavaliação 720.000,00
(*) percentual de realização do equipamento - por depreciação 10%
(=) valor a ser realizado da reserva 72.000,00

Valor inicial da reserva de reavaliação 720.000,00


(-) valor realizado da reserva (72.000,00)
(=) saldo da reserva de reavaliação 648.000,00

b) lançamento contábil
D = Reserva de reavaliação
C = a LPA 72.000,00
A configuração patrimonial conjunta das empresa Dora S/A e Tida S/A,
após o fato acima descrito, encontra-se a seguir apresentada.

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Dora
ativo Passivo
Caixa 100.000,00 outros sócios
Bancos 300.000,00
Inv. Tida 1.800.000,00
--------------PL
Res Reavaliação 648.000,00
LPA 152.000,00 10%
Demais contas PL 1.300.000,00
Total do PL 2.100.000,00 90%

Despesas Receitas Tida


desp n oper 200.000,00 rec n oper 300.000,00 ativo Passivo

Equipamento 2.000.000,00 --------------PL


(-) dep acum (200.000,00) Capital Social 2.000.000,00

Despesas Receitas
desp deprec 200.000,00

Obs.: pela despesa de depreciação, o lucro da empresa investida será


reduzido e esse fato ensejará um menor lucro que, por sua vez,
redundará em menor aumento do PL. Pelo método da equivalência
patrimonial, isso, na investidora, implicará uma menor receita de
equivalência patrimonial.

12.2.3.3 Pelo recebimento de dividendos


No caso de destinação de lucro pela empresa investida a seus sócios
(resultando em dividendos a receber, por parte da empresa
investidora), a reserva de reavaliação (na investidora) deverá ser
realizada (no montante dos dividendos recebidos).
Exemplificando a questão, partindo da situação abaixo apresentada, na
qual a empresa investida (Tida S/A) tenha auferido lucros (no montante
de R$ 300.000,00) e que a investidora (Dora S/A) tenha registrados os
respectivos ajustes de equivalência patrimonial.

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Dora
ativo Passivo
Caixa 100.000,00 outros sócios
Bancos 300.000,00
Inv. Tida 2.070.000,00
--------------PL
Res Reavaliação 648.000,00
LPA 152.000,00 10%
Demais contas PL 1.300.000,00
Total do PL 2.100.000,00 90%

Despesas Receitas Tida


desp n oper 200.000,00 rec n oper 300.000,00 ativo Passivo
Rec equiv. Pat 270.000,00 Caixa 500.000,00

Equipamento 2.000.000,00 --------------PL


(-) dep acum (200.000,00) Capital Social 2.000.000,00
LPA 300.000,00

Despesas Receitas

Considere que a empresa investida tenha registrado dividendos a pagar,


no valor de R$ 100.000,00.
O lançamento contábil na empresa investida seria o seguinte:
a) registro da destinação do resultado
D = LPA
C = a Dividendos a pagar 100.000,00
b) situação patrimonial da empresa investida (Tida S/A) após a
destinação dos dividendos

Tida
ativo Passivo
Caixa 500.000,00
dividendos a pagar 100.000,00

Equipamento 2.000.000,00 --------------PL


(-) dep acum (200.000,00) Capital Social 2.000.000,00
LPA 200.000,00

Despesas Receitas

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O efeito desse fato, no patrimônio da empresa investidora (Dora S/A) é
o do registro dos respectivos dividendos a receber e a correspondente
realização da reserva de reavaliação no mesmo valor.
a) memória de cálculo dos dividendos a receber
Dividendos a pagar - destinados pela investida 100.000,00
(*) percentual de participação de Dora S/A em Tida S/A 90%
(=) valor dos dividendos a receber 90.000,00

b) lançamento contábil do recebimento de dividendos


D = Dividendos a receber
C = a Investimentos - Part. Societária Tida S/A 90.000,00
c) memória de cálculo da realização da reserva
Valor da reserva de reavliação 648.000,00
(/) Valor da participação societária 2.070.000,00
(=) Percentual de realização da reserva 31,30%

Valor dos dividendos a receber 90.000,00


(*) Percentual de realização da reserva 31,30%
(=) Valor a realizar da reserva de reavaliação 28.173,91

Valor inicial da reserva de reavaliação 648.000,00


(-) Valor realizado da reserva de reavaliação (28.173,91)
(=) Saldo da reserva de reavaliação 619.826,09
d) lançamento contábil da realização da reserva
D = Reserva de reavaliação
C = a LPA 28.173,91
A configuração patrimonial conjunta das empresa Dora S/A e Tida S/A,
após o fato acima descrito, encontra-se a seguir apresentada.

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Dora
ativo Passivo
Caixa 100.000,00 outros sócios
Bancos 300.000,00
div a receb 90.000,00
Inv. Tida 1.980.000,00
--------------PL
Res Reavaliação 619.826,09
LPA 180.173,91 10%
Demais contas PL 1.300.000,00
Total do PL 2.100.000,00 90%

Despesas Receitas Tida


desp n oper 200.000,00 rec n oper 300.000,00 ativo Passivo
Rec equiv. Pat 270.000,00 Caixa 500.000,00
div a pagar 100.000,00

Equipamento 2.000.000,00 --------------PL


(-) dep acum (200.000,00) Capital Social 2.000.000,00
LPA 200.000,00

Despesas Receitas

12.3 Reavaliação de ativos por controladas e coligadas


Uma das causas de variação no valor do patrimônio líquido da investida
é a ocorrência de reavaliação de seus ativos, com o surgimento da
correspondente reserva de reavaliação. Nesses casos, a investidora
deverá reconhecer, de imediato o reflexo da reavaliação sobre o valor
contábil do investimento sujeito a avaliação pela equivalência
patrimonial. Constituirá, também, reserva de reavaliação, proporcional
à sua participação no Capital Social da investida que procedeu à
reavaliação de seus ativos.
O estudo dessa situação – da constituição e realização da “reserva de
reavaliação reflexa” – foi objeto de análise na aula que trata das
participações societárias, cuja leitura é aqui recomendada.

13 Imobilizado descontinuado
De acordo com o item 18 da Deliberação CVM 183/95, se um ativo
anteriormente reavaliado for descontinuado, e não sofrer reposição,
deve-se retornar ao conceito de custo, estornando-se, dessa forma, a
parcela da reavaliação e respectivas: (1) reserva de reavaliação; e (2)

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provisão para impostos e contribuições. A seguir, para fins de clareza, o
referido item encontra-se transcrito:
Imobilizado Descontinuado
18. No caso de ativos reavaliados, componentes de uma
linha de atividade que estiver sendo descontinuada, deve-
se voltar ao conceito de custo corrigido, estornando-se,
para tanto, a parcela da reavaliação embutida no ativo e
as respectivas reserva de reavaliação e provisão para
impostos e contribuições.

14 Resumo
1) O conceito de reavaliação de ativos - procedimento em que a
empresa decide abandonar o princípio do registro pelo valor original e
avaliar seus ativos pelo respectivo valor de mercado, quando este for
maior.
2) Aspectos legais da reavaliação de ativos - A regra é a aplicação do
princípio fundamental de contabilidade do “Registro pelo Valor
Original”, previsto na Resolução CFC 750, de 1993; a exceção é a
possibilidade de reavaliação, nos termos do art. 182 da Lei das S/A,
desde que baseado em laudo que respeite os requisitos do art. 8o da
Lei das S/A; os procedimentos de reavaliação (para companhias
abertas estão na Deliberação CVM 183, de 1995); o tratamento fiscal
está previsto no art. 4o da Lei 9.959, de 2000.
3) Objetivo e âmbito de aplicação da reavaliação de ativos – Segundo a
Lei das S/A, a reavaliação pode ser aplicada a quaisquer bens do
ativo; a legislação tributária não introduz qualquer vedação à
aplicação da regra da Lei das S/A; a CVM, entretanto, seguindo
orientação do Ibracon, determina que o procedimento de reavaliação
somente é aplicável aos bens tangíveis do ativo permanente
imobilizado.
4) Relevância e função patrimonial da reavaliação de ativos – a
reavaliação dos ativos permite a apresentação do patrimônio por um
valor mais adequado àquele que o mercado entende ser aplicável ao
bens da empresa; em compensação a reavaliação afeta o valor da
evolução do resultado (lucro, despesas e receitas).
5) Procedimentos societários relativos à reavaliação de ativos – para
proceder à reavaliação, é necessário laudo de avaliação dos ativos;
os ativos a serem reavaliados devem ser todos os ativos da empresa
ou, pelo menos, um grupo relevante; uma vez realizada a
reavaliação, ela deve ser repetida periodicamente.
6) Procedimentos contábeis relativos à reavaliação de ativos

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a) Determinação do valor contábil dos ativos – realizada conforme
laudo.
b) Registro contábil da reavaliação – realizado a débito da conta de
ativo e a crédito de conta de PL (reserva de reavaliação).
c) Realização da reserva de reavaliação – realizado a débito da
reserva de reavaliação e a crédito da conta LPA (o registro pode
ser alternativamente efetuado a crédito de receitas não
operacionais – procedimento não recomendado pela CVM).
i) Registro da realização da reserva de reavaliação por baixa de
bens – uma vez baixado o bem, deve ser integralmente
realizada a respectiva reserva de reavaliação.
ii) Registro da realização da reserva de reavaliação por encargos –
a depreciação de um bem implica a realização proporcional da
respectiva reserva de reavaliação.
7) Distribuição de dividendos – vedação
8) Tratamento fiscal da reavaliação
a) Tributação da reserva de reavaliação – a tributação da reserva de
reavaliação somente se dá conforme a realização do bem que a
ensejou.
b) Provisão de IR diferido sobre o valor da reavaliação – na
constituição da reserva de reavaliação, deve ser
concomitantemente registrado o valor do Imposto de Renda (e
respectiva CSLL) que incide sobre o aumento patrimonial
decorrente da reavaliação (ainda que esses tributos somente
venham a ser exigidos no futuro).
9) Notas explicativas relativas à reavaliação – a reavaliação é um fato
relevante e que afeta o valor do patrimônio, portanto, deve ser
detalhadamente referido em notas explicativas.
10) Situações especiais
a) Reavaliação de ativos na reorganização societária - Fusão, cisão e
incorporação – a reserva de reavaliação tem o mesmo tratamento
tributário na empresa sucessora que teria na empresa sucedida.
b) Reavaliação de bens na integralização de capital – na
integralização de capital mediante a entrega de um bem, a
investidora pode optar pela reavaliação do bem imediatamente
antes de sua entrega à empresa investida.
i) Registro da reavaliação – a reserva de reavaliação remanesce
no patrimônio da empresa investidora.

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ii) Realização da reserva – a realização da reserva de reavaliação
somente se dá conforme for alienada a participação, realizado
(pela investida) o bem reavaliado ou no caso de recebimento
de lucros (havendo também a possibilidade de realização da
reserva mediante sua capitalização).
c) Reavaliação de ativos por controladas e coligadas – trata-se da
reserva de reavaliação reflexa (já estudada na aula que trata de
participações societárias).
11) Imobilizado descontinuado - se um ativo anteriormente reavaliado
for descontinuado, e não sofrer reposição, deve-se retornar ao
conceito de custo, estornando-se, dessa forma, a parcela da
reavaliação e respectivas: (1) reserva de reavaliação; e (2) provisão
para impostos e contribuições.

15 Exercícios de Fixação (Questões de concurso elaborado pela


ESAF – resolvidas e comentadas)

15.1 Reavaliação – Imobilizado descontinuado

15.1.1 AFRF 2005


Enunciado
31- Na ocorrência de descontinuidade operacional de bens reavaliados,
uma empresa deve
a) alterar o critério de avaliação para o registro pelo valor original,
mantendo as respectivas reservas de reavaliação e a provisão dos
tributos incidentes sobre a reavaliação.
b) modificar o critério de avaliação para o registro pelo valor original,
estornando-se a parcela da reavaliação incluída no ativo, as respectivas
reservas de reavaliação e a provisão dos tributos incidentes sobre a
reavaliação.
c) realizar toda a reserva de reavaliação, mantendo o ativo pelo valor
original e efetuando o recolhimento dos tributos incidentes sobre a
reavaliação.
d) alterar o critério de avaliação para o registro pelo valor original,
estornando-se a parcela da reavaliação incluída no ativo, as respectivas
reservas de reavaliação e recolhendo os tributos incidentes sobre a
reavaliação.
e) manter o critério de reavaliação, estornando-se as respectivas
reservas de reavaliação e a provisão dos tributos incidentes sobre a
reavaliação.

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Resolução e comentários
De acordo com o item 18 da Deliberação CVM 183/95, se um ativo
anteriormente reavaliado for descontinuado e não sofrer reposição,
deve-se retornar ao conceito de custo, estornando-se, dessa forma, a
parcela da reavaliação e respectivas:
- reserva de reavaliação;
- provisão para impostos e contribuições.
A seguir, para fins de clareza, reproduz-se o citado item:
18. No caso de ativos reavaliados, componentes de uma
linha de atividade que estiver sendo descontinuada, deve-
se voltar ao conceito de custo corrigido, estornando-se,
para tanto, a parcela da reavaliação embutida no ativo e
as respectivas reservas de reavaliação e provisão para
impostos e contribuições.
Pelo que se encontra acima apresentado, conclui-se que a alternativa B
está correta. Passamos a analisar cada uma das alternativas:
a) alterar o critério de avaliação para o registro pelo valor original,
mantendo as respectivas reservas de reavaliação e a provisão dos
tributos incidentes sobre a reavaliação.
No caso de alteração do critério, é necessário estornar as reservas de
reavaliação, e não mantê-las.
b) modificar o critério de avaliação para o registro pelo valor original,
estornando-se a parcela da reavaliação incluída no ativo, as respectivas
reservas de reavaliação e a provisão dos tributos incidentes sobre a
reavaliação.
Certo.
c) realizar toda a reserva de reavaliação, mantendo o ativo pelo valor
original e efetuando o recolhimento dos tributos incidentes sobre a
reavaliação.
Não se deve realizar a reserva, mas estorná-la sem recolhimento de
tributo adicional.
d) alterar o critério de avaliação para o registro pelo valor original,
estornando-se a parcela da reavaliação incluída no ativo, as respectivas
reservas de reavaliação e recolhendo os tributos incidentes sobre a
reavaliação.
Não há nenhuma necessidade de recolher tributos cujo fato gerador
ainda não ocorreu.
e) manter o critério de reavaliação, estornando-se as respectivas
reservas de reavaliação e a provisão dos tributos incidentes sobre a
reavaliação.

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Deve-se voltar ao critério do custo, e não manter o critério de mercado
(típico da reavaliação).
Gabarito
B

15.1.2 AFRF 2002 –1 – Contabilidade Avançada


Enunciado
14- Em 1998 a Cia. Ágata procedeu à reavaliação de um item de seu
imobilizado. Em dezembro de 2001, por ocasião do encerramento do
balanço, decide pela descontinuidade e não reposição do bem em
questão. O procedimento contábil aplicável a esse caso é
a) fazer um lançamento de crédito na conta Lucros/Prejuízos
Acumulados e debitar a conta de Reserva de Reavaliação.
b) estornar parcialmente o valor correspondente a Reserva de
Reavalição como ajuste de exercícios anteriores.
c) lançar a crédito em imobilizado e debitar a conta de Lucros/Prejuízos
Acumulados por mudança de critério contábil.
d) proceder o estorno das parcelas referentes à reavaliação e às
respectivas provisões anteriormente efetuadas.
e) efetuar um débito em Reservas de Reavaliação e, como
contrapartida, um crédito na conta Ganhos/Perdas com Imobilizados.
Resolução e comentários
De acordo com o item 18 da Deliberação CVM 183/95, se um ativo
anteriormente reavaliado for descontinuado e não sofrer reposição,
deve-se retornar ao conceito de custo, estornando-se, dessa forma, a
parcela da reavaliação e respectivas:
- reserva de reavaliação;
- provisão para impostos e contribuições.
A seguir, para fins de clareza, reproduz-se o citado item:
18. No caso de ativos reavaliados, componentes de uma
linha de atividade que estiver sendo descontinuada, deve-
se voltar ao conceito de custo corrigido, estornando-se,
para tanto, a parcela da reavaliação embutida no ativo e
as respectivas reservas de reavaliação e provisão para
impostos e contribuições.

Gabarito
D

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15.1.3 AFRF 2002 – 2 – Contabilidade Avançada
Enunciado
14- A Cia. Tupinambá efetuou a reavaliação em 1998 de sua unidade
fabril, no ano de 2000. Em razão de grande alteração de tecnologia,
decide descontinuar e não repor aquela unidade. Em face à verificação
da empresa da existência de saldos contábeis relativos à contabilização
anteriormente feita, o procedimento contábil indicado é:
a) a baixa do saldo líquido da reserva de reavaliação para a conta de
perda com descontinuidade de empreendimentos.
b) a realização do saldo líquido da reserva de reavaliação em
contrapartida de uma conta de reversão.
c) o estorno da parcela da reavaliação existente relativa à respectiva
reserva e provisões para impostos e contribuição.
d) a baixa de todos os valores contabilizados anteriores relativos a esse
procedimento em contrapartida da conta ajustes de exercícios
anteriores.
e) a baixa do saldo líquido da reserva de reavaliação para a conta de
ganhos e perdas
com imobilizados.
Resolução e comentários
De acordo com o item 18 da Deliberação CVM 183/95, se um ativo
anteriormente reavaliado for descontinuado e não sofrer reposição,
deve-se retornar ao conceito de custo, estornando-se, dessa forma, a
parcela da reavaliação e respectivas:
- reserva de reavaliação;
- provisão para impostos e contribuições.
A seguir, para fins de clareza, reproduz-se o citado item:
18. No caso de ativos reavaliados, componentes de uma
linha de atividade que estiver sendo descontinuada, deve-
se voltar ao conceito de custo corrigido, estornando-se,
para tanto, a parcela da reavaliação embutida no ativo e
as respectivas reservas de reavaliação e provisão para
impostos e contribuições.

Gabarito
C

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15.2 Reavaliação – conceito

15.2.1 AFTN 19965


Enunciado
Questão 5: A diferença existente entre a Reserva de Reavaliação e a
Correção Monetária Patrimonial consiste em:
A A primeira levar em conta apenas o valor de mercado e a segunda o
custo histórico corrigido
B A primeira tomar por base o valor de mercado, enquanto que a
segunda leva em conta o custo de reposição
C A primeira não levar em conta o custo histórico como base de valor e
a segunda considerar apenas o valor de mercado
D A primeira observar apenas o valor de realização do bem e a segunda
considerar o valor de reposição corrigido
E A primeira tomar por base o custo histórico corrigido e a segunda
simplesmente o valor de realização corrigido.
Resolução e comentários
A correção monetária do balanço – extinta desde 1996, nos termos do
art. 4o da Lei n° 9.249, de 1995 – consistia em aplicar índices oficiais ao
valor de custo histórico do ativo permanente e do patrimônio líquido,
para atualizar seu valor original, independentemente de seu valor de
mercado. A reavaliação, ao contrário, é a possibilidade de descarte do
valor original do ativo, para a consideração de seu valor de mercado.
Com base no conceito acima, analisaremos cada uma das alternativas
da questão:
A diferença existente entre a Reserva de Reavaliação e a Correção
Monetária Patrimonial consiste em:
A A primeira levar em conta apenas o valor de mercado e a segunda o
custo histórico corrigido
Certo.
B A primeira tomar por base o valor de mercado, enquanto que a
segunda leva em conta o custo de reposição

5
Questão tratada no livro “Contabilidade: Resoluções e comentários de Questões da
ESAF”, do mesmo autor, em que os conceitos apresentados neste curso são utilizados,
de forma prática, na solução de questões de concurso. Após o estudo desse curso,
teórico, a leitura do referido livro é fortemente recomendada, para consolidação do
aprendizado.

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A segunda leva em conta o custo corrigido e não o custo de reposição
(que corresponde justamente ao valor de mercado).
C A primeira não levar em conta o custo histórico como base de valor e
a segunda considerar apenas o valor de mercado
A correção monetária não considera o valor de mercado, mas o custo
corrigido.
D A primeira observar apenas o valor de realização do bem e a segunda
considerar o valor de reposição corrigido
A correção monetária não considera o valor de reposição, mas o custo
corrigido.
E A primeira tomar por base o custo histórico corrigido e a segunda
simplesmente o valor de realização corrigido.
A reavaliação não considera o custo histórico corrigido, mas o valor de
mercado. Adicionalmente, a correção monetária não considera o valor
de realização, mas o custo corrigido.
Gabarito
A

15.3 Reavaliação – notas explicativas

15.3.1 AFRF 2002 – 1 – Contabilidade Avançada


Enunciado
13- Um dos procedimentos de divulgação, relativos à reavaliação de
ativos por companhia aberta, é
a) publicar o evento e suas conseqüências patrimoniais em jornal de
grande circulação nas localidades em que tiver maior volume de
operações em bolsa de valores.
b) evidenciar em notas explicativas o efeito no resultado do exercício,
oriundo das depreciações, amortizações ou exaustões sobre a
reavaliação, e baixas posteriores.
c) convocar uma Assembléia Geral de acionistas para autorizar e
aprovar o procedimento de reavaliação, apresentando o sumário das
contas objeto da reavaliação com seus respectivos valores.
d) enviar carta registrada a todos os acionistas minoritários, contendo o
histórico da operação, data da reavaliação e o sumário das contas
objeto da reavaliação com seus respectivos valores.

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e) proceder o envio de carta registrada aos acionistas, contendo o
histórico da operação, data da reavaliação, o sumário das contas objeto
da reavaliação e o tratamento quanto aos dividendos.

Resolução e comentários
A companhia que realizar a reavaliação de seus ativos deverá divulgar
esse fato em Nota Explicativa, contemplando as seguintes informações.
- as bases da reavaliação e os avaliadores – somente no ano da
reavaliação;
- o histórico e a data da reavaliação;
- o sumário das contas objeto da reavaliação e respectivos
valores;
- o efeito no resultado do exercício, oriundo das depreciações,
amortizações ou exaustões sobre a reavaliação, e baixas
posteriores;
- o tratamento quanto a dividendos e participações;
- tratamento e valores envolvidos quanto a impostos e
contribuições.
Gabarito
B
15.4 Reavaliação - Registro

15.4.1 AFTN 1996 – Contabilidade avançada


Enunciado
Questão 42: Em 31.12.1991 a Cia ABC tinha registrado em seu Ativo
Imobilizado um Equipamento no valor de $.5.000.000 e uma
Depreciação Acumulada de $.2.800.000 . Se na mesma data o bem foi
reavaliado em $.6.200.000, o valor inscrito na Reserva de Reavaliação
foi de:
A $. 1.200.000
B $. 4.000.000
C $. 6.200.000
D $. 2.800.000
E $ .9.000.000
Resolução e comentários

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Parte-se do conceito de reavaliação: alteração do valor registrado de um
bem, para que ele reflita seu valor de mercado – quando ele for maior.
Leva-se em consideração que o valor registrado de um bem é igual a
seu valor contábil: Valor original (-) depreciação. Finalmente, o
acréscimo no valor do bem – a ser registrado em reserva de reavaliação
– é igual à diferença entre o valor de mercado do bem e seu valor
contábil.
Aplicando os conceitos acima aos dados do problema, temos:
Valor contábil: 5000 (-) 2800 (=) 2200
Valor reavaliado: 6200
Reserva de reavaliação: 6200 (-) 2200 (=) 4000
Gabarito
B
15.4.2 AFTN 1996 – Contabilidade avançada
Enunciado
Questão 43: Quando uma empresa controlada faz reavaliação de seus
bens, a empresa investidora deve registrar:
A O fato apenas juridicamente e evidenciá-lo nas Notas Explicativas
na ocasião da publicação do seu balanço
B Contabilmente a parcela correspondente ao percentual de
participação como contrapartida de receita realizada no período
C Contabilmente a parcela correspondente ao percentual de
participação como contrapartida de receita de exercícios futuros
D Contabilmente a parcela correspondente ao percentual de
participação como contrapartida de reserva de reavaliação
E Contabilmente a parcela correspondente ao percentual de
participação como contrapartida de redução do valor do investimento
Resolução e comentários
Trata-se de situação em que se aplica o conceito de reserva de
reavaliação reflexa, previsto no art. 16 da IN CVM 247, de 1996:
Art. 16 - A diferença verificada, ao final de cada período,
no valor do investimento avaliado pelo método da
equivalência patrimonial, deverá ser apropriada pela
investidora como:
I - Receita ou despesa operacional, quando corresponder:
...

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IV - Reserva de reavaliação quando corresponder a
aumento ocorrido no patrimônio líquido por reavaliação de
ativos na coligada e controlada, ressalvado o disposto no
inciso anterior.

Gabarito
D
15.4.3 AFTN 1998 – Contabilidade avançada
Enunciado
48- Quando da Reavaliação, os laudos poderão indicar que, no
conjunto, o total apurado é inferior ao valor líquido contábil dos bens
correspondentes. Neste caso deve-se
a) reconhecer, contabilmente, a redução, debitando-se a Reserva e
creditando-se o Ativo Permanente
b) não registrar, contabilmente, a redução e reportar o fato somente em
Notas Explicativas
c) reconhecer, debitando-se o Permanente e creditando-se o Patrimônio
Líquido
d) não reconhecer no Patrimônio Líquido e reconhecer no Permanente
e) reconhecer a redução quando existirem reavaliações anteriores ainda não
realizadas

Resolução e comentários
Conforme acima apresentado, a reavaliação é – via de regra – realizada
para aumento do valor do ativo. De acordo com os itens 20, 21 e 39 da
Deliberação CVM 183, de 1995, porém, o procedimento de constituição
da reserva de reavaliação pode eventualmente resultar na redução do
valor dos ativos reavaliados. Isso pode ocorrer nos casos em que (1) no
conjunto, o total apurado é superior ao valor líquido anteriormente
registrado ou, (2) caso o total seja inferior, se em períodos anteriores já
tiver ocorrido reavaliação e, restar saldo registrado na reserva. O que
não se aceita é a reavaliação que resulte em redução total do ativo e
sem que tenha havido reavaliações anteriores ainda não realizadas.
A seguir, para fins de esclarecimento, encontram-se transcritos os
citados itens 20 e 21 da Deliberação CVM 183, de 1995:
20. Os laudos de reavaliação poderão indicar que, para
bens de uma conta ou natureza, é possível haver itens
que, comparados com os dos registros contábeis, resultem
em diferenças positivas ou negativas. É entendimento

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que, nesse caso, se deverá proceder aos acréscimos e
decréscimos correspondentes.
21. Na hipótese de os laudos de avaliação indicarem que,
no conjunto, o total apurado é inferior ao valor líquido
contábil dos bens correspondentes, devem ser observados
os seguintes procedimentos:
a) quando de uma primeira reavaliação ou quando não
houver saldo na reserva não cabe o reconhecimento do
efeito negativo. Todavia, a empresa deverá verificar se o
valor líquido contábil dos ativos, considerados em
conjunto, é recuperável através de suas operações
futuras;
b) quando houver saldo na reserva de reavaliação o efeito
negativo deve ser reconhecido nos termos do item 39.
...
39. Na hipótese de reavaliação negativa, comentada no
item 21, a contabilização deve obedecer ao seguinte:
a) o valor reduzirá o imobilizado em contrapartida a: (a1)
reserva de reavaliação, correspondente aos mesmos bens
e originada de reavaliações anteriores, e (a2) provisão
para imposto de renda diferido, que será reduzida
proporcionalmente à redução da reserva;
b) quando a reserva e respectiva provisão para imposto de
renda forem insuficientes para a contabilização de redução
do ativo, representará que o valor de mercado é inferior ao
valor do custo líquido das depreciações, e, portanto, esta
insuficiência será lançada como despesa não operacional
no resultado do período em que a reavaliação ocorrer,
mediante constituição de provisão para perdas. Esta
provisão somente será reconhecida se a perda for
considerada irrecuperável.

Gabarito
E
15.4.4 AFRF 2000 – Contabilidade avançada
Enunciado
03- Quando os laudos de avaliação indicarem que, no conjunto, o total
apurado é inferior ao valor contábil dos ativos imobilizados, deve ser
observado o seguinte procedimento.
a) Quando de uma primeira reavaliação ou quando não houver saldo na
reserva de reavaliação não cabe o reconhecimento do efeito
negativo.

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b) Quando houver saldo na reserva de reavaliação o efeito negativo
deve ser reconhecido, creditando-se a reserva de reavaliação no
patrimônio líquido e debitando-se o valor da reavaliação no Ativo
Permanente imobilizado.
c) O reconhecimento do ativo deve ser feito com um lançamento de
débito no ativo imobilizado e de crédito em uma reserva de lucro.

d) Quando de uma primeira reavaliação ou quando não houver saldo na


reserva de reavaliação cabe o reconhecimento do efeito negativo.
e) Quando houver saldo na reserva de reavaliação o efeito negativo
deve ser reconhecido, creditando-se a reserva de reavaliação no
patrimônio líquido e debitando-se imposto de renda diferido.

Resolução e comentários
Conforme acima apresentado, a reavaliação é – via de regra – realizada
para aumento do valor do ativo. De acordo com os itens 20, 21 e 39 da
Deliberação CVM 183, de 1995, porém, o procedimento de constituição
da reserva de reavaliação pode eventualmente resultar na redução do
valor dos ativos reavaliados. Isso pode ocorrer nos casos em que (1) no
conjunto, o total apurado é superior ao valor líquido anteriormente
registrado ou, (2) caso o total seja inferior, se em períodos anteriores já
tiver ocorrido reavaliação e, restar saldo registrado na reserva. O que
não se aceita é a reavaliação que resulte em redução total do ativo e
sem que tenha havido reavaliações anteriores ainda não realizadas.
Gabarito
A
15.4.5 AFRF 2002 – 2 – Contabilidade avançada
Enunciado
15- O registro da realização da reserva de reavaliação é efetuado em
contrapartida da conta contábil
a) de receita não-operacional.
b) do ativo imobilizado.
c) de despesas não-operacionais.
d) de ganhos e perdas com ativos imobilizados.
e) do patrimônio líquido.
Resolução e comentários

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O registro da realização da reserva de reavaliação deve ser realizado a
débito da reserva de reavaliação e a crédito da conta LPA – de
patrimônio líquido. Cumpre referir que – de acordo com atos tributários
– é aceito também o registro efetuado a crédito de receitas não
operacionais; entretanto, esse procedimento não recomendado pela
CVM. Pelo gabarito da questão, percebe-se que a ESAF – no que diz
respeito a provas de contabilidade – segue a orientação da CVM.
Gabarito
E
15.4.6 AFRF 2003 – Contabilidade avançada
Enunciado
14- Indique a opção que legalmente não é permitida em processo de
reavaliação de empresa em continuidade operacional.
a) Reconhecer no patrimônio da investidora os efeitos da reavaliação
procedida pela investida.
b) Registrar na conta de lucros e prejuízos acumulados o efeito do
impacto no resultado quando ocorrer a realização da reserva de
reavaliação.
c) Lançar em conta de patrimônio líquido a diferença a maior verificada
entre o laudo de avaliação e o custo histórico do bem reavaliado.
d) Reconhecer no patrimônio da controladora os efeitos da reavaliação
procedida pela controlada.
e) Lançar o ajuste positivo a valor de mercado dos valores dos estoques
de matérias-primas.
Resolução e comentários
Nos termos do item 13 da Deliberação CVM 183/95, abaixo, não são
permitidas reavaliações de estoques de matérias primas:
Ativos que Podem ser Reavaliados
13. A Lei nº 6.404/76 menciona que a reavaliação pode
ser feita para os "elementos do ativo", o que pode dar o
entendimento de abranger não só itens do imobilizado,
como de investimentos e ativo diferido, além de estoques,
entre outros. A legislação fiscal é mais restritiva e refere-
se somente a itens do ativo permanente não abrangendo,
portanto, os estoques ou outros ativos constantes do
Circulante ou Realizável a Longo Prazo.
14. O entendimento neste Pronunciamento é de que a
reavaliação seja restrita a bens tangíveis do ativo

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imobilizado, desde que não esteja prevista sua
descontinuidade operacional.

Gabarito
E

16 Bibliografia e Fontes de Pesquisa Referenciadas


16.1 Leis
Lei 6.404, de 1976 – Lei das S/A.
Lei 9.249, de 1995.
Lei n° 10.406, de 2002 – Código Civil.

16.2 Atos Administrativos Normativos


RESOLUÇÃO CFC N.º 750/93 - Dispõe sobre os Princípios Fundamentais
de Contabilidade (P.F.C.)
RESOLUÇÃO CFC N.º 751/93 - Dispõe sobre as Normas Brasileiras de
Contabilidade.
RESOLUÇÃO CFC N.º 774/94 - Aprova o Apêndice à Resolução sobre os
Princípios Fundamentais de Contabilidade.
DELIBERAÇÃO CVM N 29-1986 - objetivos da Contabilidade.
Decreto 3.000, de 1999 – Regulamento do Imposto de Renda.
INSTRUÇÃO CVM N° 247/96 – Dispõe sobre a avaliação de
investimentos em sociedades coligadas e controladas e sobre os
procedimentos para elaboração e divulgação das demonstrações
contábeis consolidadas, para o pleno atendimento aos Princípios
Fundamentais de Contabilidade.
DELIBERAÇÃO CVMNº 183, DE 19 DE JUNHO DE 1995 – Aprova
Pronunciamento do IBRACON sobre Reavaliação de Ativos.
DELIBERAÇÃO CVM Nº 288, DE 03 DE DEZEMBRO DE 1998 - Dispõe
sobre a possibilidade de ajuste ou reversão, pelas companhias abertas,
da reavaliação do ativo imobilizado.

16.3 Livros
Iudícibus, Sérgio de; Martins, Eliseu e Gelbke, Ernesto Rubens Gelbcke.
Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações – FIPECAFI. Ed.
Atlas. São Paulo – 4a edição – 1995.

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Neves, Silvério das e Viceconti, Paulo E. V. Contabilidade Básica. Ed.
Frase. São Paulo – 5a edição – 1996.
Neves, Silvério das e Viceconti, Paulo E. V. Contabilidade Avançada. Ed.
Frase. São Paulo – 5a edição – 1996.
Gonçalves, Eugênio Celso e Baptista, Antônio Eustáquio. Contabilidade
Geral. Ed. Atlas. São Paulo – 2a edição – 1994.
Silva, Benedito Gonçalves da. Contabilidade Geral. Ed. Meta – 2a edição
– 1994.
Ferrari, Ed Luiz, Contabilidade Geral: teoria e 950 questões – Rio de
Janeiro: Elsevier 2006.
Velter, Francisco e Missagia, Luiz R. Manual de Contabilidade – Rio de
Janeiro: Impetus, 2003.
Ferreira, Ricardo J. Contabilidade avançada e intermediária – 2. ed. –
Rio de Janeiro: Ed. Ferreira, 2004.
Santos, Luiz Eduardo. Contabilidade: Resoluções e comentários de
Questões da ESAF. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.
Recktenvald, Gervásio e Ávila, René Bergmann. Manual de auditoria
fiscal: teoria e prática – Porto Alegre: Síntese, 2002.

16.4 Internet
www.planalto.gov.br
www.cfc.org.br
www.receita.fazenda.gov.br

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1 Roteiro
Esta aula está estruturada da seguinte forma:
1) Estoques – conceito
2) Contas componentes do grupo representativo dos estoques
3) Provisão para ajuste a valor de mercado
a) Itens para consumo (almoxarifado e matérias-primas)
b) Itens para venda (mercadorias e produtos)
4) Componentes do custo
a) Regra didática
b) Aplicação da regra aos diferentes itens componentes do custo
i) Fretes e seguros
ii) Encargos específicos da importação
iii) Tributos (ICMS, IPI, PIS/Pasep e Cofins)
(1)
ICMS
(2)
IPI
(3)
PIS/Pasep
(4)
Cofins
c) Fatos que alteram o custo dos estoques – situações típicas
i) Devolução de compras
ii) Descontos incondicionais recebidos – sobre compras
iii) Abatimentos sobre compras
5) Contabilização das receitas de vendas e respectivos custo e tributos
a) Tributos incidentes sobre as vendas
b) Fatos que alteram o valor das vendas
i) Devolução das vendas
ii) Abatimentos sobre vendas
iii) Descontos incondicionais concedidos – sobre vendas
6) Apuração e contabilização dos tributos não-cumulativos a recolher -
ICMS-IPI-PIS/Pasep-Cofins

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a) Com a utilização de Contas contábeis relativas a tributos “a
Recolher” e “a Recuperar”
b) Com a utilização da Conta contábil “Conta-corrente” relativas aos
tributos.
7) Apuração do Custo da Mercadoria Vendida
8) Regimes de inventário – permanente x periódico
9) Inventário permanente
a) Métodos de apuração e controle do estoque
i) Primeiro que entra – primeiro que sai (PEPS – FIFO)
ii) Média ponderada móvel (Média)
iii) Último que entra – último que sai (UEPS – LIFO)
10) Inventário periódico
a) Inventário periódico com a utilização das contas “Compras” e
“Mercadorias”
b) Inventário periódico com a utilização da conta “Mercadorias” –
como conta mista

2 Introdução
Caro aluno, o assunto tratado nesta última aula de nosso curso de
“Contabilidade Decifrada”, em muitos livros e apostilas é tratado logo de
início. Portanto, cabe aqui, para fins de esclarecimento, a
fundamentação da razão pela qual optamos por estudar esse assunto
nessa altura do curso.
Trata-se de uma razão muito simples: o estudante agora, já conhecendo
o raciocínio contábil, dominando o funcionamento das contas
patrimoniais e de resultado e reconhecendo o mapeamento desse
funcionamento nas demonstrações contábeis, tem mais condições de
entender (e até concluir, através de raciocínio próprio) os fatos, cálculos
e lançamentos aqui apresentados – a partir de poucas premissas novas.
De outra maneira, a opção seria a de tentar decorar e “se acostumar”
com os lançamentos – às vezes sem entendê-los (por completo) durante
um bom tempo (até que todas os conceitos anteriores, necessários ao
completo entendimento do tema, tornem-se familiares).
Assim, pela própria estruturação do curso, apesar do tamanho da aula,
penso que sua leitura seja “um agradável passeio por terreno conhecido,
mas com a atenção voltada a novos detalhes da paisagem”.

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Não se pode esquecer, também, do fato de que esse é um assunto de
fundamental importância prática, tanto do ponto de vista patrimonial,
quanto para fins de resolução de provas de concurso:
(1) Do ponto de vista patrimonial, os estoques representam um dos
ativos mais importantes do ativo circulante, por dois motivos:
(a) sua correta determinação no início e no fim do período contábil é
essencial para uma apuração adequada do lucro líquido do exercício;
(b) estão intimamente ligados às principais áreas de operação das
companhias e envolvem problemas de administração, controle,
contabilização e avaliação.
(2) Do ponto de vista de concursos, os estoques também são
importantíssimos, por dois motivos:
(a) questões relativas a operações com mercadorias e controle de
estoque estiveram presentes na totalidade das provas de concurso que
já tive a oportunidade de acompanhar;
(b) o conhecimento desta matéria é um pré-requisito (necessário e
fundamental) para o aprendizado de um ramo específico da
Contabilidade, denominado Contabilidade de Custos, cujo conhecimento,
em vários concursos, é exigido na forma de uma prova em separado
(com várias questões).1
Feitas essas considerações, vamos ao assunto!

3 Estoques – conceito
A dificuldade de conceituação dos estoques reside no fato de que,
dentro do grupo denominado genericamente “estoques” encontram-se
diferentes itens patrimoniais. Com efeito, os estoques são bens
adquiridos ou produzidos pela empresa com o objetivo de venda ou
utilização própria no curso normal de suas atividades.
Na figura abaixo, encontra-se apresentado esse conceito de forma
gráfica (para fins de facilitação da apreensão do conceito):

1
O assunto Contabilidade de Custos é específico e escapa ao escopo da Contabilidade
Geral, característico de nosso Curso e, assim, deverá ser objeto de um Curso
específico.

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Estoques - conceito

no caso de Matérias-primas
empresa e Almoxarifado
comercial

adquiridos utilização

Bens para

produzidos alienação

no caso de Mercadorias e
empresa Produtos
industrial

A figura acima deixa claro que, na definição do grupo, encontram-se


conceitos essencialmente diversos. Tanto isso é verdadeiro que, para
fins de análise de balanços2, é necessário – como providência inicial – a
separação de alguns desses itens (notadamente os itens de
almoxarifado dos demais) em grupos patrimoniais diferentes.
Para determinação dos elementos que integram ou não a conta de
estoques, o critério importante não é o de sua posse – física – mas, sim,
o de sua propriedade.
Nosso Direito define a propriedade como a capacidade de (1) usar, (2)
fruir, (3) alienar e (4) reivindicar, de terceiros, um bem.
Um critério didático e simplificado de verificação da existência da
propriedade em relação a um bem é saber se ele pode ser alienado,
para terceiros. Em caso positivo, sem dúvida, existirá propriedade. No
caso contrário, a análise deve ser aprofundada, pois, pode tratar-se de
(1) direitos de propriedade limitados (usufruto, por exemplo) e,
portanto, há algum direito, com valor patrimonial, passível de exercício,
a ser contabilizado ou (2) uma mera detenção do bem – sem nenhum
direito, com valor patrimonial, a ser contabilizado.
Com vistas à definição acima, conclui-se que, normalmente, os estoques
estão representados por:
- itens que existem fisicamente em estoques, excluindo-se os que estão
fisicamente na empresa mas que são de propriedade de terceiros, seja
por terem sido recebidos em consignação, seja para beneficiamento ou
armazenagem por qualquer outro motivo;

2
O assunto Análise de Balanços também é específico e escapa ao escopo da
Contabilidade Geral, característico de nosso Curso e, assim, deverá ser objeto de um
Curso específico.

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- itens adquiridos pela empresa que estão em trânsito, a caminho de
seu estabelecimento, que, conforme condições contratuais, o frete
esteja sendo efetuado por conta da nossa empresa (a propriedade do
bem já é da nossa empresa);
- itens de propriedade da empresa que estão em poder de terceiros para
armazenagem, beneficiamento, embarque.
Por outro lado, não devem ser incluídas as compras em trânsito, quando
os itens contratualmente adquiridos pela empresa, mas que estão em
trânsito, a caminho de seu estabelecimento e que, conforme condições
contratuais, o frete esteja sendo efetuado por conta do alienante (a
propriedade do bem somente passará a ser de nossa empresa, quando
de sua entrega e respectiva aceitação).
Portanto, verifica-se que o momento de contabilização das compras dos
itens que compõem o estoque, assim como o das vendas a terceiros,
deve ser o da respectiva transmissão do direito de propriedade.
Observação. Alguns itens que têm características de direito, como, por
exemplo, adiantamento para compra de estoques, são também incluídos
como estoques. Tais elementos não ficam registrados no subgrupo
“Outros créditos” por aplicação da convenção da materialidade – em
muito pouco tempo, esse direito (muito provavelmente) irá se
transformar em estoque tangível e, assim, posso (em um esforço de
simplificação do processo) registrá-lo diretamente no subgrupo
estoques.

4 Contas componentes do grupo representativo dos


estoques
Anteriormente, neste curso, quando do estudo das contas componentes
do subgrupo Ativo Circulante (do Balanço Patrimonial), foi apresentado
um modelo abrangente de contas contábeis características do subgrupo
Estoques, composto pelas seguintes contas:
• mercadorias para revenda
• matérias primas
• materiais auxiliares
• materiais de acondicionamento e embalagem
• produtos em elaboração
• produtos acabados
• importações em andamento
• adiantamento a fornecedores

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• almoxarifado
• manutenção e suprimentos gerais
• provisão para redução ao valor de mercado (conta
credora)
• provisão para perdas em estoques (conta credora)
Quanto à função de cada uma dessas contas e seu funcionamento,
recomendamos a leitura da aula específica – já apresentada.

5 Provisão para ajuste a valor de mercado


A provisão para ajuste a valor de mercado consiste em uma conta de
natureza credora, que deve ser classificada como retificadora (redutora)
do subgrupo estoques. A constituição dessa provisão se destina a
registrar o valor da perda patrimonial referente aos itens mantidos no
estoque, quando seu custo for superior ao valor de mercado.
Essa provisão para ajuste a valor de mercado está prevista no art. 183,
II da lei das S/A, abaixo reproduzido:
Art. 183. No balanço, os elementos do ativo serão
avaliados segundo os seguintes critérios:
...
II - os direitos que tiverem por objeto mercadorias e
produtos do comércio da companhia, assim como
matérias-primas, produtos em fabricação e bens em
almoxarifado, pelo custo de aquisição ou produção,
deduzido de provisão para ajustá-lo ao valor de mercado,
quando este for inferior;

A regra acima reproduzida se refere a todos os estoques, seja a


empresa comercial ou industrial, abrangendo até os estoques de
materiais diversos, mantidos pelas empresas em geral. A determinação
contida em tal dispositivo é a de que os estoques sejam avaliados pelo
custo e, apenas excepcionalmente, pelo valor de mercado, quando este
for menor.
Em resumo: os estoques, assim como os demais itens do ativo serão
avaliados, em regra, pelo seguinte critério: “valor de custo ou de
mercado, dos dois o menor”.
O valor de mercado é definido pela própria lei das S/A, em seu art. 183,
§ 1o:
§ 1º Para efeitos do disposto neste artigo, considera-se
valor de mercado:

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a) das matérias-primas e dos bens em almoxarifado, o
preço pelo qual possam ser repostos, mediante compra no
mercado;
b) dos bens ou direitos destinados à venda, o preço líquido
de realização mediante venda no mercado, deduzidos os
impostos e demais despesas necessárias para a venda, e a
margem de lucro;

A leitura do parágrafo acima revela que há duas regras diferentes para a


determinação do valor de mercado dos estoques: (1) uma regra para
itens destinados ao consumo (almoxarifado e matérias-primas) e (2)
outra regra para itens destinados à venda (mercadorias e produtos).
Em seguida, analisaremos cada uma dessas regras.

5.1 Itens para consumo (almoxarifado e matérias-primas)


Voltando ao texto da Lei das S/A, verifica-se que o valor de mercado de
itens destinados ao consumo na empresa é definido como o preço de
reposição, conforme art. 183, § 1o, “a”, a seguir:
§ 1º Para efeitos do disposto neste artigo, considera-se
valor de mercado:
a) das matérias-primas e dos bens em almoxarifado, o
preço pelo qual possam ser repostos, mediante compra no
mercado;

Repare que o texto da Lei das S/A (acima) não qualifica as matérias-
primas e os bens de almoxarifado como “itens de consumo”. Essa
qualificação é proposta em nosso curso, para facilitar o entendimento da
razão pela qual há uma regra específica para matérias-primas e bens de
almoxarifado e outra para mercadorias e produtos.
Analisando a regra, percebe-se que esses elementos são consumidos
pela empresa (sem que sejam alienados a terceiros): as matérias-
primas são consumidas no afã de produção de produtos para a venda e
bens de almoxarifado são consumidos como despesas operacionais.
Ora, se esses bens não são vendidos, é natural que seu preço de
mercado seja considerado o preço de compra (de reposição), sem
qualquer relação com um eventual preço de uma possível alienação a
ser realizada pela empresa.
Visto o conceito, a seguir, apresentaremos exemplo de constituição e
reversão dessa provisão.

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5.1.1 Exemplo de constituição de provisão para ajuste a valor de
mercado
Sejam 1.000 sacos de cimento, mantidos em estoque e adquiridos a um
custo unitário de R$ 20,00, num valor total de: R$ 20,00 (*) 1.000 (=)
R$ 20.000,00. Esse valor deverá estar contabilizado (pela aplicação do
princípio fundamental de contabilidade do Registro pelo Valor Original),
conforme representado na figura abaixo:

Ativo Passivo

Estoque 20.000,00

Patrimônio Líquido

Despesas Receitas

Considere que o preço de reposição (verificado mediante pesquisa no


mercado) seja de apenas R$ 18,00, resultando no seguinte valor de
mercado total: R$ 18,00 (*) 1.000 (=) R$ 18.000,00. Nesse caso, há
informações suficientes para reconhecimento de uma perda provável
(conforme já visto, o conceito de provisão é o de uma “perda na
penumbra”), no valor de: R$ 20.000,00 (-) R$ 18.000,00 (=) R$
2.000,00. Assim, a perda provável deverá ser registrada em uma conta
de despesa “despesa com provisão para ajuste do estoque a valor de
mercado – Desp. PAVM” tendo como contrapartida uma conta redutora
do ativo “provisão para redução ao valor de mercado – PAVM”.
O lançamento a ser registrado é o seguinte:
D = Desp. PAVM
C = a PAVM 2.000,00

Já foi estudado o conceito de provisão e de conta retificadora do ativo,


mas, para fins didáticos, nunca é demais recordar. A conta “PAVM” é
uma conta patrimonial redutora do ativo – de natureza credora – e,
portanto, deverá ser classificada no ativo, com sinal negativo, logo
abaixo da conta “estoque de matéria-prima”. A seguir, encontra-se
ilustrado o fluxo de valores entre elementos patrimoniais decorrente do
fato em análise:

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Ativo Passivo

Estoque 20.000,00
(-) PAVM (2.000,00)
18.000,00
Patrimônio Líquido

Despesas Receitas
Desp. PAVM 2.000,00

Assim, no ativo, o valor do estoque será de R$ 20.000,00. Porém, a


provisão constituída o reduzirá em R$ 2.000,00. Assim, fica indicado o
valor líquido de mercado R$ 18.000,00. Cumpre referir que esta é uma
aplicação do princípio fundamental de contabilidade da Prudência.
A figura a seguir ilustra a situação patrimonial imediatamente posterior
à constituição da referida provisão:

Ativo Passivo

Estoque 20.000,00
(-) PAVM (2.000,00)
18.000,00
Patrimônio Líquido

Despesas Receitas
Desp. PAVM 2.000,00

5.1.2 Exemplo de reversão de provisão para ajuste a valor de mercado


A reversão consiste na transferência dos valores registrados na conta
redutora do ativo para uma conta de receita, denominada “Receita de
reversão de provisão – Rec. Ver. PAVM”. No caso em tela, de provisão
para ajuste a valor de mercado de itens destinados ao consumo
(matérias-primas e bens de almoxarifado), a reversão se dará no
momento (e na proporção) que os referidos estoques forem utilizados.
Seguindo a análise do caso ilustrativo antes proposto (referente ao
estoque de 1.000 sacos de cimento), na sua utilização, para em reparos

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e manutenção (por exemplo), deverá ser registrada a respectiva
despesa operacional (referente ao reparo):
D = Despesa operacional - manutenção e reparos
C = a Estoque 2.000,00

A figura a seguir ilustra o fluxo de elementos patrimoniais referente ao


fato:

Ativo Passivo

Estoque 20.000,00
(20.000,00)
-

(-) PAVM (2.000,00)


Patrimônio Líquido

Despesas Receitas
Desp. PAVM 2.000,00
Desp c/ reparos 20.000,00

Repare que, após o registro acima, o patrimônio ficaria representado da


seguinte forma:

Ativo Passivo

Estoque 20.000,00
(20.000,00)
-

(-) PAVM (2.000,00)


Patrimônio Líquido

Despesas Receitas
Desp. PAVM 2.000,00
Desp c/ reparos 20.000,00

Repare que há uma inconsistência no patrimônio acima representado:


há registro de uma perda provável referente a um bem que não existe.
Ora, a perda é um acessório e o acessório deve – sempre – seguir o
principal. No caso, o principal é o estoque que foi realizado
(transformado em despesas operacionais); assim, o acessório (a perda
que pairava sobre o estoque) não mais existe e, portanto, deve ser
revertido. O lançamento referente à reversão da provisão é o seguinte:

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D = PAVM
C = a Rec. Rev. PAVM 2.000,00

A figura a seguir ilustra o fluxo de elementos patrimoniais referente ao


fato:

Ativo Passivo

Estoque 20.000,00
(20.000,00)
-

(-) PAVM (2.000,00)


2.000,00 Patrimônio Líquido
-

Despesas Receitas
Desp. PAVM 2.000,00
Desp c/ reparos 20.000,00 Rec. Rev. PAVM 2.000,00

Repare que, após o registro acima, o patrimônio ficaria representado da


seguinte forma:

Ativo Passivo

Estoque -

(-) PAVM -
Patrimônio Líquido

Despesas Receitas
Desp. PAVM 2.000,00 Rec. Rev. PAVM 2.000,00
Desp c/ reparos 20.000,00

Agora sim, o estoque foi realizado e a provisão para ajuste deste


estoque ao valor de mercado foi revertida. Em tempo, cabe referir que,
no caso de realização parcial deste estoque (ou seja, de utilização
parcial dos sacos de cimento), a reversão da provisão deve ser
proporcionalmente parcial.

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5.2 Itens para venda (mercadorias e produtos)
Mais uma vez analisando o texto da Lei das S/A, verifica-se que o valor
de mercado de itens destinados à alienação (mercadorias e produtos) é
definido como o preço de reposição, conforme art. 183, § 1o, “b”, a
seguir:
§ 1º Para efeitos do disposto neste artigo, considera-se
valor de mercado:
...
b) dos bens ou direitos destinados à venda, o preço líquido
de realização mediante venda no mercado, deduzidos os
impostos e demais despesas necessárias para a venda, e a
margem de lucro;

Repare que o texto da Lei das S/A (acima) não qualifica as mercadorias
e produtos como “itens para alienação”. Essa qualificação é proposta
em nosso curso, para facilitar o entendimento da razão pela qual há
uma regra específica para matérias-primas e bens de almoxarifado e
outra para mercadorias e produtos.
Analisando a regra, percebe-se que esses elementos são destinados à
alienação pela empresa: tanto as mercadorias quanto os produtos são
destinados à venda, ou seja, são entregues a terceiros. Ora, se esses
bens são vendidos, é natural que seu preço de mercado seja
determinado a partir do preço previsto da alienação a ser realizada pela
empresa – especificamente o preço de venda, deduzidos dos impostos,
das despesas necessárias à venda e da margem de lucro.
Visto o conceito, a seguir, apresentaremos exemplo de constituição e
reversão dessa provisão.

5.2.1 Exemplo de constituição de provisão para ajuste a valor de


mercado
Sejam 1.000 aparelhos de ar-condicionado, mantidos em estoque e
adquiridos a um custo unitário de R$ 500,00, num valor total de: R$
500,00 (*) 1.000 (=) R$ 500.000,00. Esse valor deverá estar
contabilizado (pela aplicação do princípio fundamental de contabilidade
do Registro pelo Valor Original), conforme representado na figura
abaixo:

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Ativo Passivo

Estoque 500.000,00

Patrimônio Líquido

Despesas Receitas

Considere que: (1) o preço de venda previsto seja de R$ 650,00; (2) os


tributos incidentes sobre a venda sejam calculados no percentual de
20%; (3) as despesas necessárias à comercialização alcancem 5% do
preço de venda; (4) a margem de lucro prevista para o produto seja de
10% sobre seu preço de venda.
Nessa situação, o valor de mercado (unitário) do produto deverá ser
apurado segundo a tabela abaixo:
Descrição Valor Obs.
Preço de venda previsto 650,00
(-) Tributos sobre a venda (130,00) 20%
(-) Despesas necessárias à comercialização (32,50) 5%
(-) Margem de lucro prevista (65,00) 10%
(=) Valor de mercado 422,50

O valor unitário acima, considerando a quantidade de 1.000 unidades,


resulta no seguinte valor de mercado total: R$ 422,50 (*) 1.000 (=) R$
422.500,00. Nesse caso, há informações suficientes para
reconhecimento de uma perda provável (conforme já visto, o conceito
de provisão é o de uma “perda na penumbra”), no valor de: R$
500.000,00 (-) R$ 422.500,00 (=) R$ 77.500,00.
Assim, a perda provável deverá ser registrada em uma conta de
despesa “despesa com provisão para ajuste do estoque a valor de
mercado – Desp. PAVM” tendo como contrapartida uma conta redutora
do ativo “provisão para redução ao valor de mercado – PAVM”.
O lançamento a ser registrado é o seguinte:
D = Desp. PAVM
C = a PAVM 77.500,00

Já foi estudado o conceito de provisão e de conta retificadora do ativo,


mas, para fins didáticos, nunca é demais recordar. A conta “PAVM” é
uma conta patrimonial redutora do ativo – de natureza credora – e,
portanto, deverá ser classificada no ativo, com sinal negativo, logo

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abaixo da conta “estoque de matéria-prima”. A seguir, encontra-se
ilustrado o fluxo de valores entre elementos patrimoniais decorrente do
fato em análise:

Ativo Passivo

Estoque 500.000,00
(-) PAVM (77.500,00)
422.500,00
Patrimônio Líquido

Despesas Receitas
Desp. PAVM 77.500,00

Assim, no ativo, o valor do estoque será de R$ 500.000,00. Porém, a


provisão constituída o reduzirá em R$ 77.500,00. Assim, fica indicado o
valor líquido de mercado R$ 422.500,00. Cumpre referir que esta é
uma aplicação do princípio fundamental de contabilidade da Prudência.
A figura a seguir ilustra a situação patrimonial imediatamente posterior
à constituição da referida provisão:

Ativo Passivo

Estoque 500.000,00
(-) PAVM (77.500,00)
422.500,00
Patrimônio Líquido

Despesas Receitas
Desp. PAVM 77.500,00

5.2.2 Exemplo de reversão de provisão para ajuste a valor de mercado


A reversão consiste na transferência dos valores registrados na conta
redutora do ativo para uma conta de receita, denominada “Receita de
reversão de provisão – Rev. Rec. PAVM”. No caso em tela, de provisão
para ajuste a valor de mercado de itens destinados à alienação
(mercadorias e produtos), a reversão se dará no momento (e na

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proporção) que os referidos estoques forem alienados (ou, no caso de
perecimento, perdidos).
Seguindo a análise do caso ilustrativo antes proposto (referente ao
estoque de 1.000 aparelhos de ar-condicionado), na sua alienação,
deverá ser registrada com o corresondente registro do custo da
mercadoria vendida:
D = Caixa, Bancos ou Duplicatas a Receber
C = a Receita Bruta de Vendas X
D = Despesa com tributos sobre a venda
C = a Tributos a recolher Y

D = Custo da Mercadoria Vendida


C = a Estoque 500.000,00

A figura a seguir ilustra o fluxo de elementos patrimoniais referente ao


registro do custo da mercadoria vendida3:

Ativo Passivo

Estoque 500.000,00
(500.000,00)
-

(-) PAVM (77.500,00)


Patrimônio Líquido

Despesas Receitas
Desp. PAVM 77.500,00
CMV 500.000,00

Após o registro acima, o patrimônio ficaria representado da seguinte


forma:

3
Com relação ao lançamento (e respectivos fluxos de valores entre elementos
patrimoniais) relativo à receita de venda e dos tributos sobre a venda, ver o
lançamento de venda de mercadorias – já tratado neste curso e adiante nesta aula
estudado em detalhes.

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Ativo Passivo

Estoque 500.000,00
(500.000,00)
-

(-) PAVM 77.500,00


Patrimônio Líquido

Despesas Receitas
Desp. PAVM (77.500,00)
CMV 500.000,00

Repare que há uma inconsistência no patrimônio acima representado:


há registro de uma perda provável referente a um bem que não existe.
Ora, a perda é um acessório e o acessório deve – sempre – seguir o
principal. No caso, o principal é o estoque que foi realizado
(transformado em despesas operacionais); assim, o acessório (a perda
que pairava sobre o estoque) não mais existe e, portanto, deve ser
revertido. O lançamento referente à reversão da provisão é o seguinte:
D = PAVM
C = a Rec. Rev. PAVM 77.500,00

A figura a seguir ilustra o fluxo de elementos patrimoniais referente ao


fato:

Ativo Passivo

Estoque 500.000,00
(500.000,00)
-

(-) PAVM (77.500,00)


77.500,00 Patrimônio Líquido
-

Despesas Receitas
Desp. PAVM 77.500,00
Desp c/ reparos 500.000,00 Rec. Rev. PAVM 77.500,00

Repare que, após o registro acima, o patrimônio ficaria representado da


seguinte forma:

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Ativo Passivo

Estoque -

(-) PAVM -
Patrimônio Líquido

Despesas Receitas
Desp. PAVM 77.500,00 Rec. Rev. PAVM 77.500,00
Desp c/ reparos 500.000,00

Agora sim, o estoque foi realizado (por venda) e a provisão para ajuste
deste estoque ao valor de mercado foi revertida. Em tempo, cabe
referir que, no caso de realização parcial deste estoque (ou seja, de
alienação parcial dos aparelhos de ar-condicionado), a reversão da
provisão deve ser proporcionalmente parcial.

6 Componentes do custo
Um primeiro aspecto a ser considerado sobre o custo no caso de
matérias primas e contas similares é saber o que representa e o que
inclui tal custo.
O assunto em tela é considerado um “tabu”, pois comporta muitas
nuances. Assim, não estaria errado se, ao apresentar o assunto, fosse
referido – exemplificativamente – que:
a) o frete e o seguro fazem parte do custo do estoque;
b) na aquisição de produtos para revenda, o IPI faz parte do
custo, mas o ICMS não;
c) na aquisição de matéria-prima para industrialização, nem o
IPI nem o ICMS faz parte do custo;
d) na aquisição de produtos para consumo, nem o IPI nem o
ICMS fazem parte do custo;
e) na aquisição de mercadorias para revenda, não há falar em
IPI, mas o ICMS não faz parte do custo;
f) na aquisição de mercadorias para consumo, também não há
falar em IPI e o ICMS faz parte do custo;
g) na aquisição de mercadorias e produtos, para revenda, o
PIS/Pasep e a Cofins a eles relativos não fazem parte do
custo – caso a adquirente seja optante pela sistemática do

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Lucro Real (para fins de apuração e recolhimento do
Imposto de Renda da Pessoa Jurídica);
h) na aquisição de mercadorias e produtos, para revenda, o
PIS/Pasep e a Cofins a eles relativos não fazem parte do
custo – caso a adquirente seja optante por pela sistemática
do Lucro Presumido ou do Lucro Arbitrado (para fins de
apuração e recolhimento do Imposto de Renda da Pessoa
Jurídica).
Com efeito, é assim que a maioria do (bons) livros de Contabilidade
apresenta a matéria. Porém, convenhamos, não há nenhuma graça em
decorar tudo isso sem entender sua razão. Há, ainda, um agravante,
caso surja uma nova legislação que venha a dar tratamento diferenciado
a um tributo (com a instituição de créditos sobre o valor das aquisições
– por exemplo), seria necessário incluir mais algumas regras no
conjunto acima.
Nossa proposta é a de entender a razão pela qual essas regras existem
e, somente então, memorizá-las. Assim, propomos uma única regra
didática (que esteja suportando todas as outras acima referidas).

6.1 Regra didática


A regra didática aqui proposta consiste numa singela frase, bem
humorada4, a seguir:
- “ENTRA NO ESTOQUE, E SAI PELO CUSTO, AQUILO QUE EU PAGO E
NINGUÉM ME DEVOLVE”.
No decorrer dessa aula, voltaremos, sempre, a essa frase e
mostraremos que TODAS as regrinhas de determinação dos
componentes dos custos dos estoques podem ser resumidas nessa única
frase. Antes, porém, vamos entender seu significado.
a) ENTRA NO ESTOQUE E SAI PELO CUSTO - Essa idéia é simples, o
custo da mercadoria vendida representa o valor patrimonial do item
entregue ao cliente, quando de uma venda. Ora, o valor desse item é o
que antes entrou no estoque (quando de sua aquisição), ou seja, seu
valor original. A figura abaixo representa graficamente esta idéia:

4
Conforme frisamos, desde o início de nosso curso, o riso tem uma função didática,
pois a emoção facilita o entendimento e a memorização de conceitos.

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Ativo Passivo
Caixa X
1 (X)
-

Estoque X
(X)
-
Patrimônio Líquido

Despesas Receitas
CMV X

Legenda
(1) entra no estoque - o valor pago na compra (aplicação do Registro pelo Valor Original).
(2) sai pelo custo (CMV) - o valor antes registrado no estoque (quando de sua compra).

b) AQUILO QUE EU PAGO E NINGUÉM ME DEVOLVE – Essa idéia também


é simples, pois: (1) se eu não paguei, não há falar em valor original a
ser registrado como custo do estoque e (2) se alguém vai me devolver o
valor eventualmente pago, não houve um efetivo esforço patrimonial
para aquisição do estoque e, assim, não há falar (da mesma forma) em
valor a ser registrado como custo do estoque. A figura a seguir,
considerando um valor de X pago e uma parcela desse valor (Y), a ser
devolvida, ilustra essa idéia.

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Ativo Passivo
Caixa X
1 (X)
2 -

Direito (à devolução) Y

Estoque X-Y
(X-Y)
-
Patrimônio Líquido

Despesas Receitas
CMV X-Y

Legenda - do valor X (pago) tenho direito à devolução de uma parte (Y) e, portanto:
(1) entra no estoque - o valor X, pago na compra, deduzido do direito à devolução de Y ==> (X-Y).
(2) do valor X, pago, uma parte Y não se destinou à aquisição do estoque, mas à aquisição do direito à devolução
(3) sai pelo custo (CMV) - o valor antes registrado no estoque (quando de sua compra) ==> X-Y.

6.2 Aplicação da regra aos diferentes itens componentes do


custo
Vista a regra didática proposta (e entendido seu significado) estamos
prontos para analise, em separado, de cada um dos componentes do
custo: valor da mercadoria, frete, seguro, encargos de importação e
tributos.

6.2.1 Fretes e seguros


Os itens componentes do custo dos estoques têm normalmente seu
valor identificado pela documentação de compra (notas fiscais, etc.).
Dessa forma, pela aplicação direta do Princípio do Registro pelo Valor
Original, no custo dos estoques constaria – singelamente – o valor da
mercadoria.
Todavia, o conceito de custo de aquisição deve abranger todo o esforço
patrimonial necessário para que se tenha o estoque pronto (para venda
– no caso de mercadorias – ou para industrialização – no caso de
matérias-primas) e, assim, englobar o preço do produto comprado, mais
os custos incorridos adicionalmente, até estar o item no estabelecimento
da empresa. Nesse sentido, os custos de embalagem, transporte e
seguro, quando por conta da empresa adquirente (ou seja, quando

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pagos à parte pela empresa), devem ser considerados como parte do
custo de aquisição e debitados a tais estoques.
Em exemplo ilustrativo do conceito acima se encontra a seguir.
Seja uma empresa que adquiriu um lote de 1.000 televisores, para
revenda, no valor unitário de R$ 500,00. Considere, para fins de
simplificação, que não há incidência de qualquer tributo na operação.
Considere, ainda, que esses televisores não foram diretamente
entregues no estabelecimento da empresa compradora e que, para isso,
ela teve que contratar um frete que custou (ao todo) R$ 1.000,00 –
para fins de simplificação, aceitaremos que também não houve qualquer
incidência tributária na operação de frete.
Nessa situação, o valor total pago está demonstrado conforme memória
de cálculo, na tabela a seguir:
Valor unitário do item adquirido 500,00
(*) quantidade adquirida 1.000,00
(=) Valor total pago pelo item 500.000,00

Valor total pago pelo item 500.000,00


(+) frete 1.000,00
(=) custo total 501.000,00

Custo total 501.000,00


(/) quantidade adquirida 1.000,00
(=) custo unitário 501,00
A figura a seguir ilustra o fluxo de valores entre elementos patrimoniais
referente a essa aquisição de mercadorias.

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Ativo Passivo
Caixa 501.000,00
1 (500.000,00)
1.000,00
(1.000,00)
-

Estoque 501.000,00
(501.000,00)
-
Patrimônio Líquido

3
Despesas Receitas
CMV 501.000,00

Legenda - do valor X (pago) tenho direito à devolução de uma parte (Y) e, portanto:
(1) entra no estoque o valorde R$ 500.000,00 - pago pelos televisores
(2) entra, também, no estoque o valor de R$ 1.000,00 - pago pelo frete necessário ao recebimento dos televisores
(3) na eventual venda, sairá pelo custo (CMV) o valor antes registrado no estoque (quando da compra) R$ 501.000,00

Os respectivos lançamentos contábeis estão a seguir apresentados.


(1) compra dos televisores, no valor de R$ 500.000,00
D = Estoque
C = a Caixa 500.000,00
(2) frete de R$ 1.000,00
D = Estoque
C = a Caixa 1.000,00
Obs.: não apresentaremos o lançamento da eventual venda do estoque
(3) porque o objeto de estudo neste item é o valor a ser registrado no
estoque, quando de sua aquisição. Quanto à venda (e do resultado com
mercadorias), trataremos dos lançamentos em específico, adiante.
A situação patrimonial final, após a aquisição desse estoque, é a
seguinte:

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Ativo Passivo
Caixa -

Estoque 501.000,00

Patrimônio Líquido

O exemplo acima confirma nossa regra “ENTRA NO ESTOQUE, E SAI


PELO CUSTO, AQUILO QUE EU PAGO E NINGUÉM ME DEVOLVE”. Ora,
pelos televisores foram pagos R$ 501.000,00 e, desse valor, nada será
– de pronto – devolvido. Assim, o custo do estoque adquirido foi de R$
501.000,00.

6.2.2 Encargos específicos da importação

6.2.2.1 Tributos e despesas típicas do comércio exterior


No caso de importações de matérias primas ou de mercadorias para
revenda, o custo (valor a ser registrado na conta estoque) deve
envolver todos os valores que necessariamente devem ser
desembolsados, para ter o item disponível (para industrialização, no
caso de matéria-prima, ou para venda, no caso de mercadoria), sem
que esse valor deva ser reembolsado (devolvido por alguém). Assim, ao
valor da mercadoria ou da matéria prima importada, devem ser
adicionados os valores dos respectivos imposto de importação, IOF
incidente sobre a operação de câmbio, custos alfandegários e outras
taxas, além do custo dos serviços de despachante correspondente.
Repare que todos os itens acima são pagos, necessários à aquisição do
estoque, e ninguém nos devolve.
Adicionalmente, cabe uma observação acerca das despesas incorridas –
eventualmente – com armazenagem do produto. Elas somente devem
integrar seu custo quando são necessárias para sua chegada à empresa,
pois, se não forem necessárias para a chegada do estoque à empresa,
consistirão em meras despesas operacionais.
Conforme visto, o Imposto sobre a importação – II – incide sobre o
valor da importação, denominado aduaneiro, mas sobre essa operação
incidem também outros tributos, conforme a seguir comentado.

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O Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI – incide sobre o valor
aduaneiro, acrescido do Imposto sobre a importação, conforme
Regulamento do IPI (Decreto 4.544, de 2002):
Art. 131. Salvo disposição em contrário deste
Regulamento, constitui valor tributável:
I - dos produtos de procedência estrangeira:
a) o valor que servir ou que serviria de base para o cálculo
dos tributos aduaneiros, por ocasião do despacho de
importação, acrescido do montante desses tributos e dos
encargos cambiais efetivamente pagos pelo importador ou
dele exigíveis (Lei nº 4.502, de 1964, art. 14, inciso I,
alínea b) ...
O Imposto sobre a Circulação de Mercadorias – ICMS – incide sobre o
valor aduaneiro, acrescido do II e do IPI, de acordo com o disposto na
Lei Complementar 87, de 1996 – a seguir:
Art. 12. Considera-se ocorrido o fato gerador do imposto
no momento:
...
IX – do desembaraço aduaneiro de mercadorias ou bens
importados do exterior
...
Art. 13. A base de cálculo do imposto é:
...
V - na hipótese do inciso IX do art. 12, a soma das
seguintes parcelas:
a) o valor da mercadoria ou bem constante dos
documentos de importação, observado o disposto no art.
14;
b) imposto de importação;
c) imposto sobre produtos industrializados;
d) imposto sobre operações de câmbio;
e) quaisquer outros impostos, taxas, contribuições e
despesas aduaneiras;
O PIS/Pasep e a Cofins incidem sobre o valor aduaneiro, adicionado do
ICMS e do valor das próprias contribuições, de acordo com o disposto na
Lei 10.865, de 2004 – a seguir:
Art. 1o Ficam instituídas a Contribuição para os Programas
de Integração Social e de Formação do Patrimônio do
Servidor Público incidente na Importação de Produtos
Estrangeiros ou Serviços - PIS/PASEP-Importação e a
Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade
Social devida pelo Importador de Bens Estrangeiros ou
Serviços do Exterior - COFINS-Importação, com base nos

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arts. 149, § 2o, inciso II, e 195, inciso IV, da Constituição
Federal, observado o disposto no seu art. 195, § 6o.
...
Art. 7o A base de cálculo será:
I - o valor aduaneiro, assim entendido, para os
efeitos desta Lei, o valor que servir ou que serviria de base
para o cálculo do imposto de importação, acrescido do
valor do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação
de Mercadorias e sobre Prestação de Serviços de
Transporte Interestadual e Intermunicipal e de
Comunicação - ICMS incidente no desembaraço aduaneiro
e do valor das próprias contribuições, na hipótese do inciso
I do caput do art. 3o desta Lei; ...
A partir dessas premissas, é possível calcular os valores dos tributos
incidentes sobre a importação de bens, conforme a seguir5.
Seja uma empresa que importa uma mercadoria de valor de US$
1,000.00 e que a taxa de câmbio utilizada na importação seja de R$
2,00. O valor dos tributos incidentes sobre a operação encontra-se na
tabela abaixo:

5
A memória de cálculo apresentada está de acordo com a Norma de execução - Coana
- 002/2005, da Secretaria da Receita Federal – em cujo anexo encontra-se planilha de
cálculo das contribuições para o PIS/Pasep e Cofins sobre a importação de bens do
exterior.

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Item Valor
Valor Aduaneiro 2.000,00
(*) alíquota do II 10%
(=) II 200,00

Valor Aduaneiro 2.000,00


(+) II 200,00
(=) Base de cálculo do IPI 2.200,00

Base de cálculo do IPI 2.200,00


(*) alíquota do IPI 20%
(=) IPI na importação 440,00

Base de cálculo do IPI 2.200,00


(+) IPI na importação 440,00
(=) Base de cálculo provisória do ICMS 2.640,00

Base de cálculo provisória do ICMS 2.640,00


(/ ) [1 - % ICMS] 83,00%
(=) Base de cálculo definitiva do ICMS 3.180,72

Base de cálculo definitiva do ICMS 3.180,72


(*) alíquota do ICMS 17%
(=) ICMS na importação 540,72

Valor Aduaneiro 2.000,00


(+) ICMS na importação 540,72
(=) Valor intermediário 2.540,72

Valor intermediário 2.540,72


(/ ) [ 1 - % de PIS/Pasep e Cofins] 90,75%
(=) Base de cálculo do PIS/Pasep e Cofins 2.799,69

Base de cálculo do PIS/Pasep e Cofins 2.799,69


(*) alíquota do PIS/Pasep 1,65%
(=) PIS/Pasep na importação 46,19

Base de cálculo do PIS/Pasep e Cofins 2.799,69


(*) alíquota da Cofins 7,60%
(=) Cofins na importação 212,78

Analisando a questão, temos que o II não é recuperável (ninguém


devolve) e, portanto, “vai para o estoque”. Por outro lado, considerando
a importadora como contribuinte do IPI, do ICMS e das contribuições
para o PIS/Pasep e Cofins, esses tributos são recuperáveis e, assim, não
irão compor o valor do estoque adquirido, mas consistem em direitos
creditórios.

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Contextualizando a situação acima proposta em um patrimônio que
apresenta apenas a quantia de R$ 5.000,00 em dinheiro, a figura a
seguir ilustra o caso:

Ativo Passivo
Caixa 5.000,00
1 (3.439,69)
2 1.560,31

IPI a recuperar 440,00


Direito (à devolução)
2
ICMS a Recuperar 540,72
Direito (à devolução)
2
PIS/Pasep-Cofins a Recup. 258,97 Patrimônio Líquido
Direito (à devolução) Capital 5.000,00

Estoque 2.200,00

Despesas Receitas

O respectivo lançamento contábil dessa aquisição é:


D= Diversos
C=a Caixa 3.439,69
D= IPI a recuperar 440,00
D= ICMS a recuperar 540,72
D= PIS/Pasep-Cofins a recup. 258,97
D= Estoque 2.200,00

6.2.2.2 Juros, outras despesas financeiras e variações


monetárias passivas
Os juros e as despesas financeiras, pagos ou a pagar, relativos às
compras de estoque a prazo, não devem integrar o custo dos estoques
por não caracterizarem valores necessários a sua aquisição. Repare
que, caso a aquisição fosse à vista, não haveria esse valor a ser pago;
portanto, os juros não são relativos aos estoques propriamente ditos,
mas à forma de financiamento de sua aquisição.
As variações monetárias, entretanto, têm outro tratamento: (1) caso
sejam incorridas até a data da entrada do estoque no estabelecimento
do adquirente, deverá ser agregada ao custo e (2) caso seja incorrida

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em data posterior a essa entrada, passa a ter a natureza de despesa
financeira.
A idéia que está suportando essa regra é simples e decorre da definição
de custo dos estoques. As variações monetárias incorridas enquanto os
estoques estão sendo enviados à empresa (mas ainda não entraram no
estabelecimento) se não forem pagos pelo adquirente impedem a
aquisição do estoque e, assim, são valores necessariamente suportados
para que se tenha o estoque. Ao contrário, depois de recebidos os
estoques, quaisquer valores a mais, suportados pela empresa
adquirente não são mais decorrentes da necessidade de adquirir esse
estoque, mas da forma de pagamento (a prazo) escolhida pela
adquirente.
Repare que, no que diz respeito ao custo do estoque adquirido do
mercado exterior, também é aplicável nossa didática (e bem-humorada)
frase: “ENTRA NO ESTOQUE, E SAI PELO CUSTO, AQUILO QUE EU PAGO
E NINGUÉM ME DEVOLVE”.

6.2.3 Tributos (ICMS, IPI, PIS/Pasep e Cofins)


O presente tópico pode parecer complexo para o neófito, mas seu
entendimento não demanda o conhecimento de nenhum conceito
avançado de Contabilidade. Com efeito, para a correta apreensão da
idéia da relação entre os tributos incidentes sobre a venda e o custo dos
estoques, é necessário apenas conhecer duas coisas: (1) rudimentos da
legislação referente ao tributo (em especial, no tocante ao princípio da
não-cumulatividade) e (2) a mesma frase didática e bem-humorada de
sempre – “ENTRA NO ESTOQUE, E SAI PELO CUSTO, AQUILO QUE EU
PAGO E NINGUÉM ME DEVOLVE”.
A partir desses pressupostos, analisaremos o tratamento dos seguintes
tributos, na aquisição de estoques: (a) ICMS, (b) IPI, (c) PIS/Pasep e
(d) Cofins.

6.2.3.1 ICMS
O ICMS, com base no disposto no art. 155 da Constituição da República
Federativa do Brasil de 1988, é um tributo informado pelo princípio da
não-cumulatividade, conforme a seguir:
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal
instituir impostos sobre:
...
II - operações relativas à circulação de mercadorias e
sobre prestações de serviços de transporte interestadual e
intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações
e as prestações se iniciem no exterior;

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...
§ 2º O imposto previsto no inciso II, atenderá ao seguinte:
I - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido
em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou
prestação de serviços com o montante cobrado nas
anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito
Federal;

Dessa forma, quando da aquisição de mercadorias (por R$ 1.000,00 e


com ICMS destacado à alíquota de 17% - R$ 170,00) por uma empresa,
uma parte do valor pago, na aquisição não estará compondo o custo,
pois este valor será “devolvido” (pelo Governo do Estado) à empresa, na
forma de “créditos”, utilizáveis na quitação de tributos. Assim, dos R$
1.000,00 pagos, R$ 170,00 não foram pagos efetivamente para adquirir
o estoque, mas sim para adquirir o direito de crédito de ICMS, a ser
exigido do Governo do Estado, portanto, esse valor não integra o custo
do estoque.
A figura a seguir ilustra a situação:

Ativo Passivo
Caixa 1.000,00
1 (1.000,00)
2 -

ICMS a Recuperar 170,00


Direito (à devolução)

Estoque 830,00
(830,00)
-
Patrimônio Líquido

3
Despesas Receitas
CMV 830,00

Legenda - do valor de R$ 1.000,00 (pago) tenho direito à devolução de R$ 170,00 (em créditos de ICMS) e, portanto:
(1) entra no estoque - o valor R$ 1.000,00, pago na compra, deduzido do direito à devolução de R$ 170,00 ==> R$ 830,00.
(2) do valor R$ 1.000,00, pago, R$ 170,00 não se destinou à aquisição do estoque, mas à aquisição do direito à devolução (Crédito)
(3) Quando de eventual venda futura, sairá pelo custo (CMV) - o valor antes registrado no estoque (quando de sua compra) ==> R$ 830,00.

O lançamento contábil relativo a esse fato encontra-se a seguir:


D= Diversos
C=a Caixa 1.000,00
D= ICMS a recuperar 170,00
D= Estoque 830,00

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Voltando a nossa frase “ENTRA NO ESTOQUE, E SAI PELO CUSTO,
AQUILO QUE EU PAGO E NINGUÉM ME DEVOLVE”, repare que entrou no
estoque o valor de R$ 830,00 porque este valor: (1) faz parte do total
pago (de R$ 1.000,00) e (2) ninguém vai devolver este valor à empresa
(somente será “devolvido” o valor de R$ 170,00 – na forma de ICMS a
recuperar).

6.2.3.2 IPI
Da mesma forma que o ICMS, o IPI, com base no disposto no art. 153
da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, é um tributo
informado pelo princípio da não-cumulatividade, conforme a seguir:
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:
...
IV - produtos industrializados;
§ 3º - O imposto previsto no inciso IV:
I - será seletivo, em função da essencialidade do produto;
II - será não-cumulativo, compensando-se o que for
devido em cada operação com o montante cobrado nas
anteriores;

Dessa forma, quando da aquisição de matéria-prima para


industrialização (por R$ 1.000,00 e acrescido de IPI à alíquota de 10% -
R$ 100,00) por uma empresa, uma parte do valor pago, na aquisição
não estará compondo o custo, pois este valor será “devolvido” (pelo
Governo Federal) à empresa, na forma de “créditos”, utilizáveis na
quitação de tributos. Assim, dos R$ 1.100,00 pagos, R$ 100,00 não
foram pagos efetivamente para adquirir o estoque, mas sim para
adquirir o direito de crédito de IPI, a ser exigido do Governo Federal,
portanto, esse valor não integra o custo do estoque.
A figura a seguir ilustra a situação:

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Ativo Passivo
Caixa 1.100,00
1 (1.100,00)
2 -

IPI a Recuperar 100,00


Direito (à devolução)

Estoque 1.000,00
(1.000,00)
-
Patrimônio Líquido

3
Despesas Receitas
CMV 1.000,00

Legenda - do valor de R$ 1.100,00 (pago) tenho direito à devolução de R$ 100,00 (em créditos de IPI) e, portanto:
(1) entra no estoque - o valor R$ 1.100,00, pago na compra, deduzido do direito à devolução de R$ 100,00 ==> R$ 1.000,00.
(2) do valor R$ 1.100,00, pago, R$ 100,00 não se destinou à aquisição do estoque, mas à aquisição do direito à devolução (Crédito)
(3) Quando de eventual venda futura, sairá pelo custo (CMV) - o valor antes registrado no estoque (quando de sua compra) ==> R$ 1.000,00.

O lançamento contábil relativo a esse fato encontra-se a seguir:


D= Diversos
C=a Caixa 1.100,00
D= IPI a recuperar 100,00
D= Estoque 1.000,00

Voltando a nossa frase “ENTRA NO ESTOQUE, E SAI PELO CUSTO,


AQUILO QUE EU PAGO E NINGUÉM ME DEVOLVE”, repare que entrou no
estoque o valor de R$ 1.000,00 porque este valor: (1) faz parte do total
pago (de R$ 1.100,00) e (2) ninguém vai devolver este valor à empresa
(somente será “devolvido” o valor de R$ 100,00 – na forma de IPI a
recuperar).

6.2.3.3 PIS/Pasep
Da mesma forma que o ICMS e o IPI, a contribuição para o PIS/Pasep e
a Cofins podem ser, com base no disposto no art. 195 da Constituição
da República Federativa do Brasil de 1988, e de acordo com o disposto
em lei, informadas pelo pelo princípio da não-cumulatividade, conforme
a seguir:
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a
sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei,
mediante recursos provenientes dos orçamentos da União,

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dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das
seguintes contribuições sociais:
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela
equiparada na forma da lei, incidentes sobre:
...
b) a receita ou o faturamento;
...
IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de
quem a lei a ele equiparar.
§ 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para
os quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I,
b; e IV do caput, serão não-cumulativas.

Dessa forma, quando da aquisição de estoques (seja matéria-prima para


industrialização ou mercadoria para a venda), a lei, em específico a Lei
n° 10.637, de 2002, determina que, no caso de empresas (pessoas
jurídicas contribuintes) que apurem e recolham o Imposto de Renda da
Pessoa Jurídica pela sistemática do Lucro Real, parte desse valor seja
“devolvida”, na forma de créditos, utilizáveis na quitação do próprio
PIS/Pasep, conforme art. 3o a seguir:
Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa
jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a:
I - bens adquiridos para revenda, ...:
...
II - bens e serviços, utilizados como insumo na prestação
de serviços e na produção ou fabricação de bens ou
produtos destinados à venda, ...;
...
§ 1o O crédito será determinado mediante a aplicação da
6
alíquota prevista no caput do art. 2o desta Lei sobre o
valor:
I - dos itens mencionados nos incisos I e II do caput,
adquiridos no mês;

Seja, por exemplo, uma aquisição de mercadoria no valor de R$


1.000,00 por uma empresa optante pela sistemática do Lucro Real.
Com forte no art. 3o da Lei n° 10.637, de 2002, uma parte do valor
pago, nessa aquisição não estará compondo o custo, pois este valor será

6
Art. 2o Para determinação do valor da contribuição para o PIS/Pasep aplicar-se-á,
sobre a base de cálculo apurada conforme o disposto no art. 1o, a alíquota de 1,65%
(um inteiro e sessenta e cinco centésimos por cento).

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“devolvido” (pelo Governo Federal) à empresa, na forma de “créditos”,
utilizáveis na quitação de tributos – no percentual de 1,65% do valor da
aquisição. Assim, dos R$ 1.000,00 pagos, R$ 16,50 não foram pagos
efetivamente para adquirir o estoque, mas sim para adquirir o direito de
crédito de PIS/Pasep, a ser exigido do Governo Federal. Portanto, esse
valor de R$ 16,50 não integra o custo do estoque.
A figura a seguir ilustra a situação:

Ativo Passivo
Caixa 1.000,00
1 (1.000,00)
2 -

PIS/Pasep a Recuperar 16,50


Direito (à devolução)

Estoque 983,50
(983,50)
-
Patrimônio Líquido

3
Despesas Receitas
CMV 983,50

Legenda - do valor de R$ 1.000,00 (pago) tenho direito à devolução de R$ 16,50 (em créditos de PIS/Pasep) e, portanto:
(1) entra no estoque - o valor R$ 1.000,00, pago na compra, deduzido do direito à devolução de R$ 16,50 ==> R$ 983,50.
(2) do valor R$ 1.000,00, pago, R$ 16,50 não se destinou à aquisição do estoque, mas à aquisição do direito à devolução (Crédito)
(3) Quando de eventual venda futura, sairá pelo custo (CMV) - o valor antes registrado no estoque (quando de sua compra) ==> R$ 983,50

O lançamento contábil relativo a esse fato encontra-se a seguir:


D= Diversos
C=a Caixa 1.000,00
D= PIS/Pasep a recuperar 16,50
D= Estoque 983,50

Voltando a nossa frase “ENTRA NO ESTOQUE, E SAI PELO CUSTO,


AQUILO QUE EU PAGO E NINGUÉM ME DEVOLVE”, repare que entrou no
estoque o valor de R$ 983,50 porque este valor: (1) faz parte do total
pago (de R$ 1.000,00) e (2) ninguém vai devolver este valor à empresa
(somente será “devolvido” o valor de R$ 16,50 – na forma de PIS/Pasep
a recuperar).

6.2.3.4 Cofins
Da mesma forma que o ICMS, o IPI e a contribuição para o PIS/Pasep, a
Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) pode

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ser, com base no disposto no art. 195 da Constituição da República
Federativa do Brasil de 1988, e de acordo com o disposto em lei,
informada pelo pelo princípio da não-cumulatividade, conforme a seguir:
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a
sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei,
mediante recursos provenientes dos orçamentos da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das
seguintes contribuições sociais:
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela
equiparada na forma da lei, incidentes sobre:
...
b) a receita ou o faturamento;
...
IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de
quem a lei a ele equiparar.
§ 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para
os quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I,
b; e IV do caput, serão não-cumulativas.

Dessa forma, quando da aquisição de estoques (seja matéria-prima para


industrialização ou mercadoria para a venda), a lei, em específico a Lei
n° 10.833, de 2003, determina que, no caso de empresas (pessoas
jurídicas contribuintes) que apurem e recolham o Imposto de Renda da
Pessoa Jurídica pela sistemática do Lucro Real, parte desse valor seja
“devolvida”, na forma de créditos, utilizáveis na quitação da própria
Cofins, conforme art. 3o a seguir:
Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa
jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a:
I - bens adquiridos para revenda, ...:
II - bens e serviços, utilizados como insumo na prestação
de serviços e na produção ou fabricação de bens ou
produtos destinados à venda,...;
...
§ 1o Observado o disposto no § 15 deste artigo e no § 1o
do art. 52 desta Lei, o crédito será determinado mediante
a aplicação da alíquota prevista no caput do art. 2o desta
7
Lei sobre o valor:
I - dos itens mencionados nos incisos I e II do caput,
adquiridos no mês;

7
Art. 2o Para determinação do valor da COFINS aplicar-se-á, sobre a base de cálculo
apurada conforme o disposto no art. 1o, a alíquota de 7,6% (sete inteiros e seis
décimos por cento).

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Seja, por exemplo, uma aquisição de mercadoria no valor de R$
1.000,00 por uma empresa optante pela sistemática do Lucro Real.
Com forte no art. 3o da Lei n° 10.833, de 2003, uma parte do valor
pago, nessa aquisição não estará compondo o custo, pois este valor será
“devolvido” (pelo Governo Federal) à empresa, na forma de “créditos”,
utilizáveis na quitação da própria Cofins – no percentual de 7,6% do
valor da aquisição. Assim, dos R$ 1.000,00 pagos, R$ 76,00 não foram
pagos efetivamente para adquirir o estoque, mas sim para adquirir o
direito de crédito de PIS/Pasep, a ser exigido do Governo Federal.
Portanto, esse valor de R$ 76,00 não integra o custo do estoque.
A figura a seguir ilustra a situação:

Ativo Passivo
Caixa 1.000,00
1 (1.000,00)
2 -

Cofins a Recuperar 76,00


Direito (à devolução)

Estoque 924,00
(924,00)
-
Patrimônio Líquido

3
Despesas Receitas
CMV 924,00

Legenda - do valor de R$ 1.000,00 (pago) tenho direito à devolução de R$ 76,00 (em créditos de Cofins) e, portanto:
(1) entra no estoque - o valor R$ 1.000,00, pago na compra, deduzido do direito à devolução de R$ 76,00 ==> R$ 924,00.
(2) do valor R$ 1.000,00, pago, R$ 76,00 não se destinou à aquisição do estoque, mas à aquisição do direito à devolução (Crédito)
(3) Quando de eventual venda futura, sairá pelo custo (CMV) - o valor antes registrado no estoque (quando de sua compra) ==> R$ 924,00

O lançamento contábil relativo a esse fato encontra-se a seguir:


D= Diversos
C=a Caixa 1.000,00
D= Cofins a recuperar 76,00
D= Estoque 924,00

Voltando a nossa frase “ENTRA NO ESTOQUE, E SAI PELO CUSTO,


AQUILO QUE EU PAGO E NINGUÉM ME DEVOLVE”, repare que entrou no
estoque o valor de R$ 924,00 porque este valor: (1) faz parte do total
pago (de R$ 1.000,00) e (2) ninguém vai devolver este valor à empresa
(somente será “devolvido” o valor de R$ 76,00 – na forma de Cofins a
recuperar).

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6.3 Exemplos de composição do custo dos estoques - situações
padrão
Até esse ponto, foram estudados os componentes do custo dos estoques
em separado (com a apresentação das regras a eles relativas). Neste
ponto, portanto, iremos aplicar todas as regras ao mesmo tempo, em
situações padrão de aquisição de mercadorias, produtos, itens de
consumo (almoxarifado), bens para utilização (permanente), etc.

6.3.1 Compra de mercadorias para revenda


Seja uma empresa comercial varejista, optante pela sistemática do
Lucro Presumido (para apuração e recolhimento do Imposto de Renda
da Pessoa Jurídica). Considere que essa empresa adquira mercadoria
(de uma fornecedora comercial atacadista) pelo valor de R$ 1.000,00 e
que, incluso no valor da compra, haja ICMS à alíquota de 17%. Para fins
de esclarecimento, vamos analisar a nota fiscal de compra:
Nota Fiscal 1 CNPJ: XX.XXX.XXX/XXXX-XX
Inscr. Est. XXX.XXX.XXX.XX-XX

Item QT Descrição V. Unitário V. Total


xpto 10 mercadoria X 100,00 1.000,00

Total 1.000,00
ICMS 17% 170,00

A figura a seguir ilustra o fato acima descrito.

Fábrica Atacadista Varejista


Consumidor

Valor pago 1.000,00


ICMS incluso 170,00

Contextualizando o fato, propomos um patrimônio inicial – para a


empresa comercial varejista adquirente – conforme a seguir:

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Ativo Passivo
Caixa 1.000,00

Patrimônio Líquido
Capital 1.000,00

Despesas Receitas

Nessa situação, o fluxo de valores entre elementos patrimoniais,


referente à aquisição da mercadoria, e o respectivo lançamento contábil,
seriam conforme a seguir:

Ativo Passivo
Caixa 1.000,00
1 (1.000,00)
2 -

ICMS a Recuperar 170,00


Direito (à devolução)

Estoque 830,00

Patrimônio Líquido
Capital 1.000,00

Despesas Receitas

Legenda - do valor de R$ 1.000,00 (pago) tenho direito à devolução de R$ 170,00 (em créditos de ICMS) e, portanto:
(1) entra no estoque - o valor R$ 1.000,00, pago na compra, deduzido do direito à devolução de R$ 170,00 ==> R$ 830,00.
(2) do valor R$ 1.000,00, pago, R$ 170,00 não se destinou à aquisição do estoque, mas à aquisição do direito à devolução (Crédito)

O lançamento contábil relativo a esse fato encontra-se a seguir:


D= Diversos
C=a Caixa 1.000,00
D= ICMS a recuperar 170,00
D= Estoque 830,00

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Repare que, após a aquisição, o patrimônio da empresa comercial
varejista, adquirente da mercadoria para revenda, seria o seguinte:

Ativo Passivo
Caixa -

ICMS a Recuperar 170,00


Direito (à devolução)

Estoque 830,00

Patrimônio Líquido
Capital 1.000,00

Despesas Receitas

Analisando o caso: (1) não há que se falar em IPI incidente sobre a


operação, pois a aquisição foi de uma empresa comercial para outra,
assim não haverá também qualquer direito de crédito a ser registrado
na conta IPI a recuperar; (2) a adquirente não utiliza a sistemática do
Lucro Real (para apuração e recolhimento do IRPJ) e, portanto, não tem
direito de crédito a ser registrado nas contas PIS/Pasep a recuperar ou
Cofins a recuperar. Resta, portanto, apenas o direito creditório de R$
170,00, registrado na conta ICMS a recuperar.
Voltando a nossa frase inicial “ENTRA NO ESTOQUE, E SAI PELO CUSTO,
AQUILO QUE EU PAGO E NINGUÉM ME DEVOLVE”, repare que entrou no
estoque o valor de R$ 830,00 porque este valor: (1) faz parte do total
pago (de R$ 1.000,00) e (2) ninguém vai devolver este valor à empresa
(somente será “devolvido” o valor de R$ 170,00 – na forma de ICMS a
recuperar).

6.3.2 Compra de produtos para revenda


Seja uma empresa comercial atacadista, optante pela sistemática do
Lucro Presumido (para apuração e recolhimento do Imposto de Renda
da Pessoa Jurídica). Considere que essa empresa adquira produtos (de
uma fornecedora industrial) pelo valor de R$ 1.000,00 e que: (1) além
do valor dos produtos comprados seja exigido o IPI à alíquota de 10% e
(2) incluso no valor da compra, haja ICMS à alíquota de 17%. Para fins
de esclarecimento, vamos analisar a nota fiscal de compra:

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Nota Fiscal 2 CNPJ: XX.XXX.XXX/XXXX-XX
Inscr. Est. XXX.XXX.XXX.XX-XX

Item QT Descrição V. Unitário V. Total


xpto 10 produto X 100,00 1.000,00

Total 1.000,00
ICMS 17% 170,00
IPI 10% 100,00
Total desta Nota Fiscal ===============> 1.100,00

A figura a seguir ilustra o fato acima descrito.

Fábrica Atacadista Varejista


Consumidor

Valor do produto 1.000,00


(+) IPI 100,00
(=) Total pago 1.100,00
Obs: ICMS incluso 170,00

Contextualizando o fato, propomos um patrimônio inicial – para a


empresa comercial atacadista adquirente – conforme a seguir:

Ativo Passivo
Caixa 1.100,00

Patrimônio Líquido
Capital 1.100,00

Despesas Receitas

Nessa situação, o fluxo de valores entre elementos patrimoniais,


referente à aquisição do produto, bem como o respectivo lançamento
contábil, seriam conforme a seguir:

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Ativo Passivo
Caixa 1.100,00
1 (1.100,00)
2 -

ICMS a Recuperar 170,00


Direito (à devolução)

Estoque 930,00

Patrimônio Líquido
Capital 1.100,00

Despesas Receitas

Legenda - do valor de R$ 1.100,00 (pago) tenho direito à devolução de R$ 170,00 (em créditos de ICMS) e, portanto:
(1) entra no estoque - o valor R$ 1.100,00, pago na compra, deduzido do direito à devolução de R$ 170,00 ==> R$ 930,00.
(2) do valor R$ 1.100,00, pago, R$ 170,00 não se destinou à aquisição do estoque, mas à aquisição do direito à devolução (Crédito)

O lançamento contábil relativo a esse fato encontra-se a seguir:


D= Diversos
C=a Caixa 1.100,00
D= ICMS a recuperar 170,00
D= Estoque 930,00

Repare que, após a aquisição, o patrimônio da empresa comercial


atacadista, adquirente do produto para revenda, seria o seguinte:

Ativo Passivo
Caixa -

ICMS a Recuperar 170,00


Direito (à devolução)

Estoque 930,00

Patrimônio Líquido
Capital 1.100,00

Despesas Receitas

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Analisando o caso: (1) há IPI incidente sobre a operação, pois a
aquisição foi de uma empresa industrial (portanto, contribuinte do IPI),
entretanto, a empresa adquirente (comercial atacadista – que pagou,
conforme nota fiscal, o valor do IPI) não é contribuinte deste imposto e,
portanto, não terá direito a crédito a ser registrado na conta IPI a
recuperar; (2) a adquirente não utiliza a sistemática do Lucro Real (para
apuração e recolhimento do IRPJ) e, portanto, não tem direito de crédito
a ser registrado nas contas PIS/Pasep a recuperar ou Cofins a
recuperar. Resta, portanto, apenas o direito creditório de R$ 170,00,
registrado na conta ICMS a recuperar.
Voltando a nossa frase inicial “ENTRA NO ESTOQUE, E SAI PELO CUSTO,
AQUILO QUE EU PAGO E NINGUÉM ME DEVOLVE”, repare que entrou no
estoque o valor de R$ 930,00 porque este valor: (1) faz parte do total
pago (de R$ 1.100,00 – R$ 1.000,00 pelo produto + R$ 100,00 a título
de IPI) e (2) ninguém vai devolver este valor à empresa (somente será
“devolvido” o valor de R$ 170,00 – na forma de ICMS a recuperar).

6.3.3 Compra de matéria-prima para industrialização e venda


Seja uma empresa industrial, optante pela sistemática do Lucro
Presumido (para apuração e recolhimento do Imposto de Renda da
Pessoa Jurídica). Considere que essa empresa adquira matéria-prima
(de outra empresa industrial, fornecedora) pelo valor de R$ 1.000,00 e
que: (1) além do valor dos produtos comprados seja exigido o IPI à
alíquota de 10% e (2) incluso no valor da compra, haja ICMS à alíquota
de 17%. Para fins de esclarecimento, vamos analisar a nota fiscal de
compra:
Nota Fiscal 3 CNPJ: XX.XXX.XXX/XXXX-XX
Inscr. Est. XXX.XXX.XXX.XX-XX

Item QT Descrição V. Unitário V. Total


xpto 10 peça X 100,00 1.000,00

Total 1.000,00
ICMS 17% 170,00
IPI 10% 100,00
Total desta Nota Fiscal ===============> 1.100,00

A figura a seguir ilustra o fato acima descrito.

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Fábrica 1 Fábrica 2 Atacadista Varejista


Consumidor

Valor do produto 1.000,00


(+) IPI 100,00
(=) Total pago 1.100,00
Obs: ICMS incluso 170,00

Contextualizando o fato, propomos um patrimônio inicial – para a


empresa industrial adquirente – conforme a seguir:

Ativo Passivo
Caixa 1.100,00

Patrimônio Líquido
Capital 1.100,00

Despesas Receitas

Nessa situação, o fluxo de valores entre elementos patrimoniais,


referente à aquisição da matéria-prima, bem como o respectivo
lançamento contábil, seriam conforme a seguir:

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Ativo Passivo
Caixa 1.100,00
1 (1.100,00)
2 -

IPI a Recuperar 100,00


Direito (à devolução)

3
ICMS a Recuperar 170,00
Direito (à devolução)

Estoque 830,00
Patrimônio Líquido
Capital 1.100,00

Despesas Receitas

Legenda - do valor de R$ 1.100,00 (pago) tenho direito à devolução de R$ 270,00 (em créditos de IPI e ICMS) e, portanto:
(1) entra no estoque - o valor R$ 1.100,00, pago na compra, deduzido do direito à devolução de R$ 170,00 e de R$ 100,00 ==> R$ 830,00.
(2) e (3) do valor R$ 1.100,00, pago, R$ 270,00 não se destinou à aquisição do estoque, mas à aquisição do direito à devolução (Créditos)

O lançamento contábil relativo a esse fato encontra-se a seguir:


C=a Caixa 1.100,00
D= ICMS a recuperar 170,00
D= IPI a Recuperar 100,00
D= Estoque 830,00

Repare que, após a aquisição, o patrimônio da empresa industrial


adquirente da matéria-prima, seria o seguinte:

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Ativo Passivo
Caixa -

IPI a Recuperar 100,00


Direito (à devolução)

ICMS a Recuperar 170,00


Direito (à devolução)

Estoque 830,00

Patrimônio Líquido
Capital 1.100,00

Despesas Receitas

Analisando o caso: (1) há IPI incidente sobre a operação, pois a


aquisição foi de uma empresa industrial (portanto, contribuinte do IPI);
adicionalmente, a empresa adquirente (também industrial – que pagou,
conforme nota fiscal, o valor do IPI) é contribuinte deste imposto e,
portanto, terá direito a crédito, a ser registrado na conta IPI a
recuperar; (2) a adquirente não utiliza a sistemática do Lucro Real (para
apuração e recolhimento do IRPJ) e, portanto, não tem direito de crédito
a ser registrado nas contas PIS/Pasep a recuperar ou Cofins a
recuperar. Restam, portanto, apenas os direitos creditórios de R$
170,00, registrado na conta ICMS a recuperar e de R$ 100,00,
registrado na conta IPI a recuperar.
Voltando a nossa frase inicial “ENTRA NO ESTOQUE, E SAI PELO CUSTO,
AQUILO QUE EU PAGO E NINGUÉM ME DEVOLVE”, repare que entrou no
estoque o valor de R$ 830,00 porque este valor: (1) faz parte do total
pago (de R$ 1.100,00 – R$ 1.000,00 pelo produto + R$ 100,00 a título
de IPI) e (2) ninguém vai devolver este valor todo à empresa (somente
serão “devolvidos” os valores de R$ 170,00 – na forma de ICMS a
recuperar – e de R$ 100,00 – na forma de IPI a recuperar).

6.3.4 Compra de mercadoria para o ativo permanente


Seja uma empresa comercial, optante pela sistemática do Lucro
Presumido (para apuração e recolhimento do Imposto de Renda da
Pessoa Jurídica). Considere que essa empresa adquira um bem (de uma
empresa fornecedora também comercial) pelo valor de R$ 1.000,00 e
que, incluso no valor da compra, haja ICMS à alíquota de 17%. Para fins
de esclarecimento, vamos analisar a nota fiscal de compra:

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Nota Fiscal 4 CNPJ: XX.XXX.XXX/XXXX-XX
Inscr. Est. XXX.XXX.XXX.XX-XX

Item QT Descrição V. Unitário V. Total


xpto 10 mercadoria X 100,00 1.000,00

Total 1.000,00
ICMS 17% 170,00

A figura a seguir ilustra o fato acima descrito.

Comercial Comercial
Fábrica Fornecedora Adquirente

Valor pago 1.000,00


ICMS incluso 170,00

O ICMS incidente na operação de aquisição de bens para o imobilizado é


recuperável, com base na Lei complementar n° 87, de 1996, art. 20:
Art. 20. Para a compensação a que se refere o artigo
anterior8, é assegurado ao sujeito passivo o direito de
creditar-se do imposto anteriormente cobrado em
operações de que tenha resultado a entrada de
mercadoria, real ou simbólica, no estabelecimento,
inclusive a destinada ao seu uso ou consumo ou ao ativo
permanente, ou o recebimento de serviços de transporte
interestadual e intermunicipal ou de comunicação.
...
§ 5o Para efeito do disposto no caput deste artigo,
relativamente aos créditos decorrentes de entrada de
mercadorias no estabelecimento destinadas ao ativo
permanente, deverá ser observado:
I – a apropriação será feita à razão de um quarenta e oito
avos por mês, devendo a primeira fração ser apropriada no
mês em que ocorrer a entrada no estabelecimento;
...

8
O artigo referido tem a seguinte redação: “Art. 19. O imposto é não-cumulativo,
compensando-se o que for devido em cada operação relativa à circulação de
mercadorias ou prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de
comunicação com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou por outro
Estado”.

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Assim, há – por parte da empresa adquirente – o direito ao crédito do
ICMS consignado na nota fiscal de aquisição. A especificidade da
situação é que esse crédito é um direito que não pode ser
imediatamente exercido, mas somente nos quarenta e oito meses
seguintes à aquisição do bem. Dessa forma, esse direito será em parte
exercido no curto prazo (até o final do próximo exercício)9 e a parte
restante do direito somente será objeto de exercício no longo prazo.
Contextualizando o fato, propomos um patrimônio inicial – para a
empresa comercial adquirente – conforme a seguir:

Ativo Passivo
Caixa 1.000,00

Patrimônio Líquido
Capital 1.000,00

Despesas Receitas

Nessa situação, o fluxo de valores entre elementos patrimoniais,


referente à aquisição do bem, e o respectivo lançamento contábil,
seriam conforme a seguir:

9
Considerando a aquisição em 31/12/200x, essa parte será exercida em exatamente
12 meses.

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Ativo Passivo
Caixa 1.000,00
1 (1.000,00)
2 -

ICMS a Recuperar 42,50


Direito (à devolução)

ICMS a Recuperar - de LP 127,50


Direito (à devolução) Patrimônio Líquido
Capital 1.000,00
Ativo 830,00

Despesas Receitas

Legenda - do valor de R$ 1.000,00 (pago) tenho direito à devolução de R$ 170,00 (em créditos de ICMS) e, portanto:
(1) entra no ativo - o valor R$ 1.000,00, pago na compra, deduzido do direito à devolução de R$ 170,00 ==> R$ 830,00.
(2) do valor R$ 1.000,00, pago, R$ 170,00 não se destinou à aquisição do ativo mas à aquisição do direito à devolução (Crédito)

O lançamento contábil relativo a esse fato encontra-se a seguir:


D= Diversos
C=a Caixa 1.000,00
D= ICMS a recuperar 42,50
D= ICMS a recuperar - LP 127,50
D= Ativo (bem adquirido) 830,00
Repare que, após a aquisição, o patrimônio da empresa comercial
varejista, adquirente do bem, seria o seguinte:

Ativo Passivo
Caixa -

ICMS a Recuperar 42,50


Direito (à devolução)

ICMS a Recuperar 127,50 Patrimônio Líquido


Capital 1.000,00
Ativo 830,00

Despesas Receitas

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Analisando o caso: (1) não há que se falar em IPI incidente sobre a
operação, pois a aquisição foi de uma empresa comercial para outra,
assim não haverá também qualquer direito de crédito a ser registrado
na conta IPI a recuperar; (2) a adquirente não utiliza a sistemática do
Lucro Real (para apuração e recolhimento do IRPJ) e, portanto, não tem
direito de crédito a ser registrado nas contas PIS/Pasep a recuperar ou
Cofins a recuperar. Resta, portanto, apenas o direito creditório de R$
170,00, registrado nas contas de ICMS a recuperar: (a) R$ 42,50 a ser
recuperado no curto prazo (em 12 meses – conforme nosso exemplo) e
(b) R$ 127,50 a ser recuperado no longo prazo (em 36 meses –
conforme nosso exemplo).
Voltando a nossa frase inicial “ENTRA NO ESTOQUE, E SAI PELO CUSTO,
AQUILO QUE EU PAGO E NINGUÉM ME DEVOLVE” (e adaptando-a para
bem do imobilizado), repare que entrou no ativo (bem adquirido) o valor
de R$ 830,00 porque este valor: (1) faz parte do total pago (de R$
1.000,00) e (2) ninguém vai devolver este valor à empresa (somente
será “devolvido” o valor de R$ 170,00 – na forma de ICMS a recuperar).

6.3.5 Compra de produto para o ativo permanente


Seja uma empresa comercial atacadista, optante pela sistemática do
Lucro Presumido (para apuração e recolhimento do Imposto de Renda
da Pessoa Jurídica). Considere que essa empresa adquira produtos (de
uma fornecedora industrial), para uso próprio (com registro no ativo
imobilizado) pelo valor de R$ 1.000,00 e que: (1) além do valor dos
produtos comprados seja exigido o IPI à alíquota de 10% e (2) incluso
no valor da compra, haja ICMS à alíquota de 17%. Para fins de
esclarecimento, vamos analisar a nota fiscal de compra:
Nota Fiscal 5 CNPJ: XX.XXX.XXX/XXXX-XX
Inscr. Est. XXX.XXX.XXX.XX-XX

Item QT Descrição V. Unitário V. Total


xpto 10 produto X 100,00 1.000,00

Total 1.000,00
ICMS 17% 187,00
IPI 10% 100,00
Total desta Nota Fiscal ===============> 1.100,00

A figura a seguir ilustra o fato acima descrito.

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Atacadista
Fábrica Adquirente

Valor do produto 1.000,00


(+) IPI 100,00
(=) Total pago 1.100,00
Obs: ICMS incluso 187,00

O ICMS incidente na operação de aquisição de bens para o imobilizado


deve ter incluído em sua base de cálculo o valor do IPI, em obediência
ao disposto no art. 155, § 2o, XI, da Constituição da República
Federativa do Brasil de 1988:
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal
instituir impostos sobre:
...
II - operações relativas à circulação de mercadorias e
sobre prestações de serviços de transporte interestadual e
intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações
e as prestações se iniciem no exterior
...
§ 2.º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte:
...
XI - não compreenderá, em sua base de cálculo, o
montante do imposto sobre produtos industrializados,
quando a operação, realizada entre contribuintes e relativa
a produto destinado à industrialização ou à
comercialização, configure fato gerador dos dois impostos;
...
Repare que, no exemplo em tela, não há que se falar em operação
relativa a produto destinado à industrialização ou à comercialização,
mas apenas ao uso pela empresa adquirente. Assim, o ICMS
compreenderá, em sua base de cálculo, o montante relativo ao IPI.
Adicionalmente, o ICMS incidente na operação de aquisição de bens
para o imobilizado é recuperável, com base na Lei complementar n° 87,
de 1996, art. 20:
Art. 20. Para a compensação a que se refere o artigo
anterior10, é assegurado ao sujeito passivo o direito de

10
O artigo referido tem a seguinte redação: “Art. 19. O imposto é não-cumulativo,
compensando-se o que for devido em cada operação relativa à circulação de
mercadorias ou prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de

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creditar-se do imposto anteriormente cobrado em
operações de que tenha resultado a entrada de
mercadoria, real ou simbólica, no estabelecimento,
inclusive a destinada ao seu uso ou consumo ou ao ativo
permanente, ou o recebimento de serviços de transporte
interestadual e intermunicipal ou de comunicação.
...
§ 5o Para efeito do disposto no caput deste artigo,
relativamente aos créditos decorrentes de entrada de
mercadorias no estabelecimento destinadas ao ativo
permanente, deverá ser observado:
I – a apropriação será feita à razão de um quarenta e oito
avos por mês, devendo a primeira fração ser apropriada no
mês em que ocorrer a entrada no estabelecimento;
...
Assim, há – por parte da empresa adquirente – o direito ao crédito do
ICMS consignado na nota fiscal de aquisição. A especificidade da
situação é que esse crédito é um direito que não pode ser
imediatamente exercido, mas somente nos quarenta e oito meses
seguintes à aquisição do bem. Dessa forma, esse direito será em parte
exercido no curto prazo (até o final do próximo exercício)11 e a parte
restante do direito somente será objeto de exercício no longo prazo.
Contextualizando o fato, propomos um patrimônio inicial – para a
empresa comercial atacadista adquirente – conforme a seguir:

comunicação com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou por outro
Estado”.
11
Considerando a aquisição em 31/12/200x, essa parte será exercida em exatamente
12 meses.

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Ativo Passivo
Caixa 1.100,00

Patrimônio Líquido
Capital 1.100,00

Despesas Receitas

Nessa situação, o fluxo de valores entre elementos patrimoniais,


referente à aquisição do produto para uso próprio, bem como o
respectivo lançamento contábil, seriam conforme a seguir:

Ativo Passivo
Caixa 1.100,00
1 (1.100,00)
2 -

ICMS a Recuperar 46,75


Direito (à devolução)

ICMS a Recuperar - de LP 140,25


Direito (à devolução) Patrimônio Líquido
Capital 1.100,00
Ativo 913,00

Despesas Receitas

Legenda - do valor de R$ 1.100,00 (pago) tenho direito à devolução de R$ 187,00 (em créditos de ICMS) e, portanto:
(1) entra no ativo - o valor R$ 1.100,00, pago na compra, deduzido do direito à devolução de R$ 187,00 ==> R$ 913,00.
(2) do valor R$ 1.100,00, pago, R$ 187,00 não se destinou à aquisição do ativo, mas à aquisição do direito à devolução (Crédito)

O lançamento contábil relativo a esse fato encontra-se a seguir:

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D= Diversos
C=a Caixa 1.100,00
D= ICMS a recuperar 46,75
D= ICMS a recuperar 140,25
D= Ativo (bem adquirido) 913,00
Repare que, após a aquisição, o patrimônio da empresa comercial
atacadista, adquirente do produto para revenda, seria o seguinte:

Ativo Passivo
Caixa -

ICMS a Recuperar 46,75


Direito (à devolução)

ICMS a Recuperar 140,25


Direito (à devolução) Patrimônio Líquido
Capital 1.100,00
Ativo 913,00

Despesas Receitas

Analisando o caso: (1) há IPI incidente sobre a operação, pois a


aquisição foi de uma empresa industrial (portanto, contribuinte do IPI),
entretanto, a empresa adquirente (comercial atacadista – que pagou,
conforme nota fiscal, o valor do IPI) não é contribuinte deste imposto e,
portanto, não terá direito a crédito a ser registrado na conta IPI a
recuperar; (2) a adquirente não utiliza a sistemática do Lucro Real (para
apuração e recolhimento do IRPJ) e, portanto, não tem direito de crédito
a ser registrado nas contas PIS/Pasep a recuperar ou Cofins a
recuperar; (3) sendo uma operação que se destina ao usuário final, o
ICMS incide sobre o valor do IPI. Resta, assim, apenas o direito
creditório de R$ 187,00, registrado nas contas de ICMS a recuperar (de
curto e de longo prazo).
Voltando a nossa frase inicial “ENTRA NO ESTOQUE, E SAI PELO CUSTO,
AQUILO QUE EU PAGO E NINGUÉM ME DEVOLVE” (e adaptando-a ao
bem do imobilizado adquirido), repare que entrou no ativo (bem
adquirido) o valor de R$ 913,00 porque este valor: (1) faz parte do total
pago (de R$ 1.100,00 – R$ 1.000,00 pelo produto + R$ 100,00 a título
de IPI) e (2) ninguém vai devolver este valor à empresa (somente será
“devolvido” o valor de R$ 187,00 – na forma de ICMS a recuperar).

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6.3.6 Compra de mercadoria para consumo (almoxarifado)
Seja uma empresa comercial, optante pela sistemática do Lucro
Presumido (para apuração e recolhimento do Imposto de Renda da
Pessoa Jurídica). Considere que essa empresa adquira uma mercadoria
para uso (de uma empresa fornecedora também comercial) pelo valor
de R$ 1.000,00 e que, incluso no valor da compra, haja ICMS à alíquota
de 17%. Para fins de esclarecimento, vamos analisar a nota fiscal de
compra:
Nota Fiscal 6 CNPJ: XX.XXX.XXX/XXXX-XX
Inscr. Est. XXX.XXX.XXX.XX-XX

Item QT Descrição V. Unitário V. Total


xpto 10 mercadoria X 100,00 1.000,00

Total 1.000,00
ICMS 17% 170,00

A figura a seguir ilustra o fato acima descrito.

Comercial Comercial
Fábrica Fornecedora Adquirente

Valor pago 1.000,00


ICMS incluso 170,00

O ICMS incidente na operação de aquisição de bens de consumo não é


recuperável (de acordo com a legislação ora vigente, pelo menos, até o
início de 2007), com base na Lei complementar n° 87, de 1996, art. 20:
Art. 20. Para a compensação a que se refere o artigo
anterior12, é assegurado ao sujeito passivo o direito de
creditar-se do imposto anteriormente cobrado em
operações de que tenha resultado a entrada de
mercadoria, real ou simbólica, no estabelecimento,
inclusive a destinada ao seu uso ou consumo ou ao ativo
permanente, ou o recebimento de serviços de transporte
interestadual e intermunicipal ou de comunicação.

12
O artigo referido tem a seguinte redação: “Art. 19. O imposto é não-cumulativo,
compensando-se o que for devido em cada operação relativa à circulação de
mercadorias ou prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de
comunicação com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou por outro
Estado”.

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...
Art. 33. Na aplicação do art. 20 observar-se-á o seguinte:
I – somente darão direito de crédito as mercadorias
destinadas ao uso ou consumo do estabelecimento, nele
entradas a partir de 1o de janeiro de 2007;
...
Assim, por parte da empresa adquirente, não ha direito ao crédito do
ICMS consignado na nota fiscal de aquisição.
Contextualizando o fato, propomos um patrimônio inicial – para a
empresa comercial adquirente – conforme a seguir:

Ativo Passivo
Caixa 1.000,00

Patrimônio Líquido
Capital 1.000,00

Despesas Receitas

Nessa situação, o fluxo de valores entre elementos patrimoniais,


referente à aquisição da mercadoria, e o respectivo lançamento contábil,
seriam conforme a seguir:

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Ativo Passivo
Caixa 1.000,00
1 (1.000,00)
-

Estoque (almoxarifado) 1.000,00

Patrimônio Líquido
Capital 1.000,00

Despesas Receitas

Legenda - do valor de R$ 1.000,00 (pago) não tenho direito à devolução de ICMS e, portanto:
(1) entra no estoque - o valor R$ 1.000,00, pago na compra.

O lançamento contábil relativo a esse fato encontra-se a seguir:


D = Estoque (almoxarifado)
C = a Caixa 1.000,00
Repare que, após a aquisição, o patrimônio da empresa comercial
varejista, adquirente da mercadoria para revenda, seria o seguinte:

Ativo Passivo
Caixa -

Estoque 1.000,00

Patrimônio Líquido
Capital 1.000,00

Despesas Receitas

Analisando o caso: (1) não há que se falar em IPI incidente sobre a


operação, pois a aquisição foi de uma empresa comercial para outra,
assim não haverá também qualquer direito de crédito a ser registrado
na conta IPI a recuperar; (2) a adquirente não utiliza a sistemática do
Lucro Real (para apuração e recolhimento do IRPJ) e, portanto, não tem

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direito de crédito a ser registrado nas contas PIS/Pasep a recuperar ou
Cofins a recuperar e (3) a aquisição da mercadoria foi para consumo e,
assim, não há direito a crédito de ICMS a ser registrado em conta de
ICMS a recuperar.
Voltando a nossa frase inicial “ENTRA NO ESTOQUE, E SAI PELO CUSTO,
AQUILO QUE EU PAGO E NINGUÉM ME DEVOLVE”, repare que entrou no
estoque o valor de R$ 1.000,00 porque este valor: (1) faz parte do total
pago (de R$ 1.000,00) e (2) ninguém vai devolver nenhuma parcela
desse valor à empresa.

6.3.7 Compra de produto para consumo (almoxarifado)


Seja uma empresa comercial atacadista, optante pela sistemática do
Lucro Presumido (para apuração e recolhimento do Imposto de Renda
da Pessoa Jurídica). Considere que essa empresa adquira produtos (de
uma fornecedora industrial), para consumo (almoxarifado) pelo valor de
R$ 1.000,00 e que: (1) além do valor dos produtos comprados seja
exigido o IPI à alíquota de 10% e (2) incluso no valor da compra, haja
ICMS à alíquota de 17%. Para fins de esclarecimento, vamos analisar a
nota fiscal de compra:
Nota Fiscal 7 CNPJ: XX.XXX.XXX/XXXX-XX
Inscr. Est. XXX.XXX.XXX.XX-XX

Item QT Descrição V. Unitário V. Total


xpto 10 produto X 100,00 1.000,00

Total 1.000,00
ICMS 17% 187,00
IPI 10% 100,00
Total desta Nota Fiscal ===============> 1.100,00

A figura a seguir ilustra o fato acima descrito.

Atacadista
Fábrica Adquirente

Valor do produto 1.000,00


(+) IPI 100,00
(=) Total pago 1.100,00
Obs: ICMS incluso 187,00

O ICMS incidente na operação de aquisição de bens para consumo deve


ter incluído em sua base de cálculo o valor do IPI, em obediência ao

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disposto no art. 155, § 2o, XI, da Constituição da República Federativa
do Brasil de 1988:
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal
instituir impostos sobre:
...
II - operações relativas à circulação de mercadorias e
sobre prestações de serviços de transporte interestadual e
intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações
e as prestações se iniciem no exterior
...
§ 2.º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte:
...
XI - não compreenderá, em sua base de cálculo, o
montante do imposto sobre produtos industrializados,
quando a operação, realizada entre contribuintes e relativa
a produto destinado à industrialização ou à
comercialização, configure fato gerador dos dois impostos;
...
Repare que, no exemplo em tela, não há que se falar em operação
relativa a produto destinado à industrialização ou à comercialização,
mas apenas ao uso pela empresa adquirente. Assim, o ICMS
compreenderá, em sua base de cálculo, o montante relativo ao IPI.
O ICMS incidente na operação de aquisição de bens de consumo não é
recuperável (de acordo com a legislação ora vigente, pelo menos, até o
início de 2007), com base na Lei complementar n° 87, de 1996, art. 20:
Art. 20. Para a compensação a que se refere o artigo
anterior13, é assegurado ao sujeito passivo o direito de
creditar-se do imposto anteriormente cobrado em
operações de que tenha resultado a entrada de
mercadoria, real ou simbólica, no estabelecimento,
inclusive a destinada ao seu uso ou consumo ou ao ativo
permanente, ou o recebimento de serviços de transporte
interestadual e intermunicipal ou de comunicação.
...
Art. 33. Na aplicação do art. 20 observar-se-á o seguinte:
I – somente darão direito de crédito as mercadorias
destinadas ao uso ou consumo do estabelecimento, nele

13
O artigo referido tem a seguinte redação: “Art. 19. O imposto é não-cumulativo,
compensando-se o que for devido em cada operação relativa à circulação de
mercadorias ou prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de
comunicação com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou por outro
Estado”.

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entradas a partir de 1o de janeiro de 2007; (Redação dada
pela Lcp 114, de 16.12.2002)
...
Assim, por parte da empresa adquirente, não ha direito ao crédito do
ICMS consignado na nota fiscal de aquisição.
Contextualizando o fato, propomos um patrimônio inicial – para a
empresa comercial atacadista adquirente – conforme a seguir:

Ativo Passivo
Caixa 1.100,00

Patrimônio Líquido
Capital 1.100,00

Despesas Receitas

Nessa situação, o fluxo de valores entre elementos patrimoniais,


referente à aquisição do produto, bem como o respectivo lançamento
contábil, seriam conforme a seguir:

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Ativo Passivo
Caixa 1.100,00
1 (1.100,00)
-

Estoque 1.100,00

Patrimônio Líquido
Capital 1.100,00

Despesas Receitas

Legenda - do valor de R$ 1.100,00 (pago) não tenho direito à devolução de créditos de ICMS nem de IPI e, portanto:
(1) entra no estoque - o valor R$ 1.100,00, pago na compra.

O lançamento contábil relativo a esse fato encontra-se a seguir:


D = Estoque (almoxarifado)
C = a Caixa 1.100,00
Repare que, após a aquisição, o patrimônio da empresa comercial
atacadista, adquirente do produto para consumo, seria o seguinte:

Ativo Passivo
Caixa -

Estoque 1.100,00

Patrimônio Líquido
Capital 1.100,00

Despesas Receitas

Analisando o caso: (1) há IPI incidente sobre a operação, pois a


aquisição foi de uma empresa industrial (portanto, contribuinte do IPI),
entretanto, a empresa adquirente (comercial atacadista – que pagou,
conforme nota fiscal, o valor do IPI) não é contribuinte deste imposto e,
portanto, não terá direito a crédito a ser registrado na conta IPI a

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recuperar; (2) a adquirente não utiliza a sistemática do Lucro Real (para
apuração e recolhimento do IRPJ) e, portanto, não tem direito de crédito
a ser registrado nas contas PIS/Pasep a recuperar ou Cofins a
recuperar; (3) sendo uma operação que se destina ao usuário final, o
ICMS incide sobre o valor do IPI, mas como o destino é o consumo, não
há direito a crédito de ICMS a ser registrado na conta ICMS a recuperar.
Voltando a nossa frase inicial “ENTRA NO ESTOQUE, E SAI PELO CUSTO,
AQUILO QUE EU PAGO E NINGUÉM ME DEVOLVE”, repare que entrou no
estoque o valor de R$ 1.100,00 porque este valor: (1) faz parte do total
pago (de R$ 1.100,00 – R$ 1.000,00 pelo produto + R$ 100,00 a título
de IPI) e (2) ninguém vai devolver qualquer parcela deste valor à
empresa.

6.3.8 Exemplos de composição do custo dos estoques - situações


padrão para empresas com apuração de PIS/Pasep e Cofins não-
cumulativos
Já foi visto neste curso que o Imposto de Renda da Pessoa Jurídica –
IRPJ – pode ser apurado e recolhido através da utilização de diferentes
sistemáticas, a saber: (1) Lucro Real, (2) Lucro Presumido e (3) Lucro
Arbitrado. Foi dito nesta aula que as empresas que apurarem e
recolherem o IRPJ pela sistemática do Lucro Real ficam
automaticamente obrigadas à sistemática não-cumulativa para as
contribuições para o PIS/Pasep e Cofins. A sistemática não-cumulativa
para as contribuições para o PIS/Pasep e Cofins consiste, basicamente,
em: (1) alíquota de 1,65% e 7,6% respectivamente para o PIS/Pasep e
Cofins (incidindo sobre o faturamento da empresa) e (2) créditos 1,65%
e 7,6% respectivamente para o PIS/Pasep e Cofins (incidindo sobre as
aquisições e custos necessários ao faturamento da empresa).
Repare que, se a empresa utilizar a sistemática do Lucro Real, quando
da aquisição de seu estoque, irá ter direito a créditos de 1,65% e de
7,6% (a título de PIS/Pasep e Cofins) calculados sobre o valor da
respectiva aquisição. Assim, as situações acima estudadas devem ser
novamente analisadas considerando a peculiaridade da adquirente
utilizar a sistemática do Lucro Real (para apuração e recolhimento do
IRPJ – e, conseqüentemente, a sistemática não-cumulativa para o
PIS/Pasep e a Cofins).
Neste ponto, portanto, voltaremos a aplicar todas as regras ao mesmo
tempo, em situações padrão de aquisição de mercadorias, produtos,
itens de consumo (almoxarifado), bens para utilização (permanente),
etc – com a diferença, porém, de que a adquirente está sujeita à não-
cumulatividade do PIS/Pasep e da Cofins.

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6.3.8.1 Compra de mercadorias para revenda
Seja uma empresa comercial varejista, optante pela sistemática do
Lucro Real (para apuração e recolhimento do Imposto de Renda da
Pessoa Jurídica). Considere que essa empresa adquira mercadoria (de
uma fornecedora comercial atacadista) pelo valor de R$ 1.000,00 e que,
incluso no valor da compra, haja ICMS à alíquota de 17%. Para fins de
esclarecimento, vamos analisar a nota fiscal de compra:
Nota Fiscal 1 CNPJ: XX.XXX.XXX/XXXX-XX
Inscr. Est. XXX.XXX.XXX.XX-XX

Item QT Descrição V. Unitário V. Total


xpto 10 mercadoria X 100,00 1.000,00

Total 1.000,00
ICMS 17% 170,00

A figura a seguir ilustra o fato acima descrito.

Fábrica Atacadista Varejista


Consumidor

Valor pago 1.000,00


ICMS incluso 170,00

Contextualizando o fato, propomos um patrimônio inicial – para a


empresa comercial varejista adquirente – conforme a seguir:

Ativo Passivo
Caixa 1.000,00

Patrimônio Líquido
Capital 1.000,00

Despesas Receitas

Nessa situação, o fluxo de valores entre elementos patrimoniais,


referente à aquisição da mercadoria, e o respectivo lançamento contábil,
seriam conforme a seguir:

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Ativo Passivo
Caixa 1.000,00
1 (1.000,00)
2 -

ICMS a Recuperar 170,00


Direito (à devolução)
2
PIS/Pasep e Cofins a Recup. 92,50
Direito (à devolução)

Estoque 737,50

Patrimônio Líquido
Capital 1.000,00

Despesas Receitas

Legenda - do valor de R$ 1.000,00 (pago) tenho direito à devolução de R$ 170,00 e R$ 92,50 (em créditos de ICMS e de PIS-Cofins):
(1) entra no estoque - o valor R$ 1.000,00, pago na compra, deduzido do direito à devolução de R$ 170,00 e 92,50 ==> R$ 737,50.
(2) do valor R$ 1.000,00, pago, R$ 170,00 e R$ 92,50 não se destinaram à aquisição do estoque, mas à aquisição do direito à devolução

O lançamento contábil relativo a esse fato encontra-se a seguir:


D= Diversos
C=a Caixa 1.000,00
D= ICMS a recuperar 170,00
D= PIS/Pasep-Cofins a recup. 92,50
D= Estoque 737,50
Repare que, após a aquisição, o patrimônio da empresa comercial
varejista, adquirente da mercadoria para revenda, seria o seguinte:

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Ativo Passivo
Caixa -

ICMS a Recuperar 170,00


Direito (à devolução)

ICMS a Recuperar 92,50


Direito (à devolução)

Estoque 737,50 Patrimônio Líquido


Capital 1.000,00

Despesas Receitas

Analisando o caso: (1) não há que se falar em IPI incidente sobre a


operação, pois a aquisição foi de uma empresa comercial para outra,
assim não haverá também qualquer direito de crédito a ser registrado
na conta IPI a recuperar; (2) a adquirente utiliza a sistemática do Lucro
Real (para apuração e recolhimento do IRPJ) e, portanto, tem direito de
crédito a ser registrado nas contas PIS/Pasep e Cofins a recuperar; (3)
há também direito a crédito de ICMS, a ser registrado na conta ICMS a
recuperar.
Voltando a nossa frase inicial “ENTRA NO ESTOQUE, E SAI PELO CUSTO,
AQUILO QUE EU PAGO E NINGUÉM ME DEVOLVE”, repare que entrou no
estoque o valor de R$ 737,50 porque este valor: (1) faz parte do total
pago (de R$ 1.000,00) e (2) somente serão devolvidos à empresa os
valores de R$ 170,00 – na forma de ICMS a recuperar – e de R$ 92,50 –
na forma de PIS e Cofins a Recuperar.

6.3.8.2 Compra de produtos para revenda


Seja uma empresa comercial atacadista, optante pela sistemática do
Lucro Real (para apuração e recolhimento do Imposto de Renda da
Pessoa Jurídica). Considere que essa empresa adquira produtos (de
uma fornecedora industrial) pelo valor de R$ 1.000,00 e que: (1) além
do valor dos produtos comprados seja exigido o IPI à alíquota de 10% e
(2) incluso no valor da compra, haja ICMS à alíquota de 17%. Para fins
de esclarecimento, vamos analisar a nota fiscal de compra:

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Nota Fiscal 2 CNPJ: XX.XXX.XXX/XXXX-XX
Inscr. Est. XXX.XXX.XXX.XX-XX

Item QT Descrição V. Unitário V. Total


xpto 10 produto X 100,00 1.000,00

Total 1.000,00
ICMS 17% 170,00
IPI 10% 100,00
Total desta Nota Fiscal ===============> 1.100,00

A figura a seguir ilustra o fato acima descrito.

Fábrica Atacadista Varejista


Consumidor

Valor do produto 1.000,00


(+) IPI 100,00
(=) Total pago 1.100,00
Obs: ICMS incluso 170,00

Lembrando que o crédito de ICMS está destacado na própria nota fiscal,


mas o crédito de PIS/Pasep-Cofins não. Assim, voltando à legislação,
verifica-se que o crédito deve ser calculado a alíquota total de 9,25%
(1,65% a título de PIS/Pasep e 7,6% a título de Cofins) sobre o valor da
aquisição, conforme art. 3o da Lei 10.637, de 2002 e art. 3o da Lei
10.833, de 2003:
Lei 10.637, de 2002
Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa
jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a:
I - bens adquiridos para revenda, ...:
...
II - bens e serviços, utilizados como insumo na prestação
de serviços e na produção ou fabricação de bens ou
produtos destinados à venda, ...;
...
§ 1o O crédito será determinado mediante a aplicação da
14
alíquota prevista no caput do art. 2o desta Lei sobre o
valor:

14
Art. 2o Para determinação do valor da contribuição para o PIS/Pasep aplicar-se-á,
sobre a base de cálculo apurada conforme o disposto no art. 1o, a alíquota de 1,65%
(um inteiro e sessenta e cinco centésimos por cento).

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I - dos itens mencionados nos incisos I e II do caput,
adquiridos no mês;
Lei 10.833, de 2003
Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa
jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a:
I - bens adquiridos para revenda, ...:
II - bens e serviços, utilizados como insumo na prestação
de serviços e na produção ou fabricação de bens ou
produtos destinados à venda,...;
...
§ 1o Observado o disposto no § 15 deste artigo e no § 1o
do art. 52 desta Lei, o crédito será determinado mediante
a aplicação da alíquota prevista no caput do art. 2o desta
15
Lei sobre o valor:
I - dos itens mencionados nos incisos I e II do caput,
adquiridos no mês;

Cumpre referir que o valor da aquisição a que os dispositivos acima se


referem inclui o ICMS e – também – o IPI quando não recuperável,
conforme esclarecido no sítio Internet da Secretaria da Receita Federal
(www.receita.fazenda.gov.br):
O ICMS e o IPI integram os valores dos bens adquiridos
para revenda e dos bens e serviços utilizados como incumo
na fabricação de produtos destinados à venda ou na
prestação de serviços para efeito de cálculo do crédito, na
forma dos incisos I e II do art. 3o da Lei 10.637, de 2002 e
incisos I e II do art. 3o da Lei 10.833, de 2003?
O IPI não recuperável e o ICMS integram o valor das
aquisições de bens e serviços para efeito de cálculo
do crédito da Contribuição para o PIS/Pasep e da
Cofins. (grifos na transcrição)

Para fins de esclarecimento, apresentamos a memória de cálculo a


seguir, com a apuração do direito de crédito de ICMS e de PIS/Pasep-
Cofins relativos à aquisição em tela:

15
Art. 2o Para determinação do valor da COFINS aplicar-se-á, sobre a base de cálculo
apurada conforme o disposto no art. 1o, a alíquota de 7,6% (sete inteiros e seis
décimos por cento).

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Dados iniciais
Valor do produto adquirido 1.000,00
(+) IPI 100,00
(=) Total pago 1.100,00

Crédito de IPI - Não há IPI recuperável

Crédito de ICMS
Base de cálculo 1.000,00 Valor do produto adquirido
(*) alíquota 17%
(=) crédito de ICMS 170,00

Crédito de PIS/Pasep-Cofins
Base de cálculo 1.100,00 incluindo ICMS e IPI não recuperável
(*) alíquota 9,25%
(=) crédito de PIS/Pasep-Cofins 101,75

Contextualizando o fato, propomos um patrimônio inicial – para a


empresa comercial atacadista adquirente – conforme a seguir:

Ativo Passivo
Caixa 1.100,00

Patrimônio Líquido
Capital 1.100,00

Despesas Receitas

Nessa situação, o fluxo de valores entre elementos patrimoniais,


referente à aquisição do produto, bem como o respectivo lançamento
contábil, seriam conforme a seguir:

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Ativo Passivo
Caixa 1.100,00
1 (1.100,00)
2 -

ICMS a Recuperar 170,00


Direito (à devolução)
2
PIS/Pasep e Cofins a Recup. 101,75
Direito (à devolução)

Estoque 828,25 Patrimônio Líquido


Capital 1.100,00

Despesas Receitas

O lançamento contábil relativo a esse fato encontra-se a seguir:


D= Diversos
C=a Caixa 1.100,00
D= ICMS a recuperar 170,00
D= PIS/Pasep-Cofins a Recup. 101,75
D= Estoque 828,25
Repare que, após a aquisição, o patrimônio da empresa comercial
atacadista, adquirente do produto para revenda, seria o seguinte:

Ativo Passivo
Caixa -

ICMS a Recuperar 170,00


Direito (à devolução)

PIS/Pasep-Cofins a Recup. 101,75


Direito (à devolução)

Estoque 828,25 Patrimônio Líquido


Capital 1.100,00

Despesas Receitas

Analisando o caso: (1) há IPI incidente sobre a operação, pois a


aquisição foi de uma empresa industrial (portanto, contribuinte do IPI),

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entretanto, a empresa adquirente (comercial atacadista – que pagou,
conforme nota fiscal, o valor do IPI) não é contribuinte deste imposto e,
portanto, não terá direito a crédito a ser registrado na conta IPI a
recuperar; (2) a adquirente utiliza a sistemática do Lucro Real (para
apuração e recolhimento do IRPJ) e, portanto, tem direito de crédito a
ser registrado nas contas PIS/Pasep e Cofins a recuperar; (3) a
adquirente também tem direito a Crédito de ICMS. Restam, portanto,
os direitos creditórios de R$ 170,00 e ,R$ 101,75 registrados,
respectivamente, na conta ICMS a recuperar e PIS/Pasep-Cofins a
recuperar.
Voltando a nossa frase inicial “ENTRA NO ESTOQUE, E SAI PELO CUSTO,
AQUILO QUE EU PAGO E NINGUÉM ME DEVOLVE”, repare que entrou no
estoque o valor de R$ 828,25 porque este valor: (1) faz parte do total
pago (de R$ 1.100,00 – R$ 1.000,00 pelo produto + R$ 100,00 a título
de IPI) e (2) deste valor, somente serão devolvidos à empresa R$
170,00 – na forma de ICMS a recuperar – e R$ 101,75 – na forma de
PIS/Pasep-Cofins a recuperar.

6.3.8.3 Compra de matéria-prima para industrialização e


venda
Seja uma empresa industrial, optante pela sistemática do Lucro Real
(para apuração e recolhimento do Imposto de Renda da Pessoa
Jurídica). Considere que essa empresa adquira matéria-prima (de outra
empresa industrial, fornecedora) pelo valor de R$ 1.000,00 e que: (1)
além do valor dos produtos comprados seja exigido o IPI à alíquota de
10% e (2) incluso no valor da compra, haja ICMS à alíquota de 17%.
Para fins de esclarecimento, vamos analisar a nota fiscal de compra:
Nota Fiscal 3 CNPJ: XX.XXX.XXX/XXXX-XX
Inscr. Est. XXX.XXX.XXX.XX-XX

Item QT Descrição V. Unitário V. Total


xpto 10 peça X 100,00 1.000,00

Total 1.000,00
ICMS 17% 170,00
IPI 10% 100,00
Total desta Nota Fiscal ===============> 1.100,00

A figura a seguir ilustra o fato acima descrito.

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Fábrica 1 Fábrica 2 Atacadista Varejista


Consumidor

Valor do produto 1.000,00


(+) IPI 100,00
(=) Total pago 1.100,00
Obs: ICMS incluso 170,00

Lembrando que os valores relativos a crédito de ICMS e crédito de IPI


estão destacado na própria nota fiscal, mas o crédito de PIS/Pasep-
Cofins não. Assim, voltando à legislação, verifica-se que o crédito deve
ser calculado a alíquota total de 9,25% (1,65% a título de PIS/Pasep e
7,6% a título de Cofins) sobre o valor da aquisição, conforme art. 3o da
Lei 10.637, de 2002 e art. 3o da Lei 10.833, de 2003:
Lei 10.637, de 2002
Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa
jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a:
I - bens adquiridos para revenda, ...:
...
II - bens e serviços, utilizados como insumo na prestação
de serviços e na produção ou fabricação de bens ou
produtos destinados à venda, ...;
...
§ 1o O crédito será determinado mediante a aplicação da
16
alíquota prevista no caput do art. 2o desta Lei sobre o
valor:
I - dos itens mencionados nos incisos I e II do caput,
adquiridos no mês;
Lei 10.833, de 2003
Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa
jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a:
I - bens adquiridos para revenda, ...:
II - bens e serviços, utilizados como insumo na prestação
de serviços e na produção ou fabricação de bens ou
produtos destinados à venda,...;

16
Art. 2o Para determinação do valor da contribuição para o PIS/Pasep aplicar-se-á,
sobre a base de cálculo apurada conforme o disposto no art. 1o, a alíquota de 1,65%
(um inteiro e sessenta e cinco centésimos por cento).

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...
§ 1o Observado o disposto no § 15 deste artigo e no § 1o
do art. 52 desta Lei, o crédito será determinado mediante
a aplicação da alíquota prevista no caput do art. 2o desta
17
Lei sobre o valor:
I - dos itens mencionados nos incisos I e II do caput,
adquiridos no mês;

Cumpre referir que o valor da aquisição a que os dispositivos acima se


referem inclui o ICMS e – também – o IPI quando não recuperável,
conforme esclarecido no sítio Internet da Secretaria da Receita Federal
(www.receita.fazenda.gov.br):
O ICMS e o IPI integram os valores dos bens adquiridos
para revenda e dos bens e serviços utilizados como incumo
na fabricação de produtos destinados à venda ou na
prestação de serviços para efeito de cálculo do crédito, na
forma dos incisos I e II do art. 3o da Lei 10.637, de 2002 e
incisos I e II do art. 3o da Lei 10.833, de 2003?
O IPI não recuperável e o ICMS integram o valor das
aquisições de bens e serviços para efeito de cálculo
do crédito da Contribuição para o PIS/Pasep e da
Cofins. (grifos na transcrição)

Para fins de esclarecimento, apresentamos a memória de cálculo a


seguir, com a apuração do direito de crédito de ICMS e de PIS/Pasep-
Cofins relativos à aquisição em tela:

17
Art. 2o Para determinação do valor da COFINS aplicar-se-á, sobre a base de cálculo
apurada conforme o disposto no art. 1o, a alíquota de 7,6% (sete inteiros e seis
décimos por cento).

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Dados iniciais
Valor do produto adquirido 1.000,00
(+) IPI 100,00
(=) Total pago 1.100,00

Crédito de IPI
Base de cálculo 1.000,00 Valor do produto adquirido
(*) alíquota 10%
(=) crédito de IPI 100,00

Crédito de ICMS
Base de cálculo 1.000,00 Valor do produto adquirido
(*) alíquota 17%
(=) crédito de ICMS 170,00

Crédito de PIS/Pasep-Cofins
Base de cálculo 1.000,00 incluindo apenas o ICMS (o IPI é recuperável)
(*) alíquota 9,25%
(=) crédito de PIS/Pasep-Cofins 92,50

Contextualizando o fato, propomos um patrimônio inicial – para a


empresa industrial adquirente – conforme a seguir:

Ativo Passivo
Caixa 1.100,00

Patrimônio Líquido
Capital 1.100,00

Despesas Receitas

Nessa situação, o fluxo de valores entre elementos patrimoniais,


referente à aquisição da matéria-prima, bem como o respectivo
lançamento contábil, seriam conforme a seguir:

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Ativo Passivo
Caixa 1.100,00
1 (1.100,00)
2 -

IPI a Recuperar 100,00


Direito (à devolução)

2
ICMS a Recuperar 170,00
Direito (à devolução)
2
PIS/Pasep-Cofins a Recup. 92,50
Direito (à devolução) Patrimônio Líquido
Capital 1.100,00
Estoque 737,50

Despesas Receitas

Legenda - do valor de R$ 1.100,00 (pago) tenho direito à devolução de créditos (de IPI, ICMS e PIS/Pasep/Cofins):
(1) entra no estoque - o valor R$ 1.100,00, pago na compra, deduzido do direito à devolução de R$ 170,00, de R$ 100,00 e de R$ 92,50.
(2) do valor R$ 1.100,00, pago, R$ 100,00, R$ 170,00 e R$ 92,50 destinaram-se à aquisição de créditos

O lançamento contábil relativo a esse fato encontra-se a seguir:


D= Diversos
C=a Caixa 1.100,00
D= ICMS a recuperar 170,00
D= IPI a Recuperar 100,00
D= PIS/Pasep-Cofins a Recup. 92,50
D= Estoque 737,50
Repare que, após a aquisição, o patrimônio da empresa industrial
adquirente da matéria-prima, seria o seguinte:

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Ativo Passivo
Caixa -

IPI a Recuperar 100,00


Direito (à devolução)

ICMS a Recuperar 170,00


Direito (à devolução)

PIS/Pasep-Cofins a Recup. 92,50


Direito (à devolução)

Estoque 737,50 Patrimônio Líquido


Capital 1.100,00

Despesas Receitas

Analisando o caso: (1) há IPI incidente sobre a operação, pois a


aquisição foi de uma empresa industrial (portanto, contribuinte do IPI);
adicionalmente, a empresa adquirente (também industrial – que pagou,
conforme nota fiscal, o valor do IPI) é contribuinte deste imposto e,
portanto, terá direito a crédito, a ser registrado na conta IPI a
recuperar; (2) a adquirente utiliza a sistemática do Lucro Real (para
apuração e recolhimento do IRPJ) e, portanto, tem direito de crédito a
ser registrado nas contas PIS/Pasep e Cofins a recuperar que,
entretanto, não incidirá sobre o valor do IPI porque ele é recuperável;
(3) há ICMS incidente sobre a operação e, portanto, a empresa tem
direito a crédito do ICMS. Restam, assim, o direitos creditórios de R$
170,00, registrado na conta ICMS a recuperar, de R$ 100,00, registrado
na conta IPI a recuperar, e de R$ 92,50, registrado na conta PIS/Pasep
a recuperar.
Voltando a nossa frase inicial “ENTRA NO ESTOQUE, E SAI PELO CUSTO,
AQUILO QUE EU PAGO E NINGUÉM ME DEVOLVE”, repare que entrou no
estoque o valor de R$ 737,50 porque este valor: (1) faz parte do total
pago (de R$ 1.100,00 – R$ 1.000,00 pelo produto + R$ 100,00 a título
de IPI) e (2) deste valor, será devolvido à empresa R$ 170,00 – na
forma de ICMS a recuperar –, de R$ 100,00 – na forma de IPI a
recuperar – e de R$ 92,50 – na forma de PIS/Pasep-Cofins a recuperar.

6.3.8.4 Compra de mercadoria para o ativo permanente


Conforme visto, a mercadoria adquirida para o ativo permanente dá
direito a crédito de ICMS (a ser aproveitado em 48 meses) e a crédito

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de PIS/Pasep-Cofins, a ser aproveitado sobre o valor da respectiva
depreciação. A seguir o exemplo:
Seja uma empresa comercial, optante pela sistemática do Lucro Real
(para apuração e recolhimento do Imposto de Renda da Pessoa
Jurídica). Considere que essa empresa adquira um bem (de uma
empresa fornecedora também comercial) pelo valor de R$ 1.000,00 e
que, incluso no valor da compra, haja ICMS à alíquota de 17%. Para fins
de esclarecimento, vamos analisar a nota fiscal de compra:
Nota Fiscal 4 CNPJ: XX.XXX.XXX/XXXX-XX
Inscr. Est. XXX.XXX.XXX.XX-XX

Item QT Descrição V. Unitário V. Total


xpto 10 mercadoria X 100,00 1.000,00

Total 1.000,00
ICMS 17% 170,00

A figura a seguir ilustra o fato acima descrito.

Comercial Comercial
Fábrica Fornecedora Adquirente

Valor pago 1.000,00


ICMS incluso 170,00

O ICMS incidente na operação de aquisição de bens para o imobilizado é


recuperável, com base na Lei complementar n° 87, de 1996, art. 20:
Art. 20. Para a compensação a que se refere o artigo
anterior18, é assegurado ao sujeito passivo o direito de
creditar-se do imposto anteriormente cobrado em
operações de que tenha resultado a entrada de
mercadoria, real ou simbólica, no estabelecimento,
inclusive a destinada ao seu uso ou consumo ou ao ativo
permanente, ou o recebimento de serviços de transporte
interestadual e intermunicipal ou de comunicação.
...

18
O artigo referido tem a seguinte redação: “Art. 19. O imposto é não-cumulativo,
compensando-se o que for devido em cada operação relativa à circulação de
mercadorias ou prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de
comunicação com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou por outro
Estado”.

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§ 5o Para efeito do disposto no caput deste artigo,
relativamente aos créditos decorrentes de entrada de
mercadorias no estabelecimento destinadas ao ativo
permanente, deverá ser observado:
I – a apropriação será feita à razão de um quarenta e oito
avos por mês, devendo a primeira fração ser apropriada no
mês em que ocorrer a entrada no estabelecimento;
...
Assim, há – por parte da empresa adquirente – o direito ao crédito do
ICMS consignado na nota fiscal de aquisição. A especificidade da
situação é que esse crédito é um direito que não pode ser
imediatamente exercido, mas somente nos quarenta e oito meses
seguintes à aquisição do bem. Dessa forma, esse direito será em parte
exercido no curto prazo (até o final do próximo exercício)19 e a parte
restante do direito somente será objeto de exercício no longo prazo.
Com relação às contribuições para o PIS/Pasep e Cofins, cumpre referir
que há direito a crédito, nos termos do art. 3o da Lei n° 10.637, de 2002
e art. 3o da Lei n° 10.833, de 2003, a seguir:
Lei 10.637, de 2002:
Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa
jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a:
...
VI - máquinas, equipamentos e outros bens incorporados
ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação
a terceiros ou para utilização na produção de bens
destinados à venda ou na prestação de serviços.
VII - edificações e benfeitorias em imóveis de terceiros,
quando o custo, inclusive de mão-de-obra, tenha sido
suportado pela locatária;
...
§ 1o O crédito será determinado mediante a aplicação da
alíquota prevista no caput do art. 2o desta Lei sobre o
valor:
...
III - dos encargos de depreciação e amortização dos bens
mencionados nos incisos VI e VII do caput, incorridos no
mês;
Lei 10.833, de 2003:
Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa
jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a:

19
Considerando a aquisição em 31/12/200x, essa parte será exercida em exatamente
12 meses.

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...
VI - máquinas, equipamentos e outros bens incorporados
ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação
a terceiros, ou para utilização na produção de bens
destinados à venda ou na prestação de serviços;
VII - edificações e benfeitorias em imóveis próprios
ou de terceiros, utilizados nas atividades da empresa;
...
§ 1o Observado o disposto no § 15 deste artigo e no § 1o
do art. 52 desta Lei, o crédito será determinado mediante
a aplicação da alíquota prevista no caput do art. 2o desta
Lei sobre o valor:
...
III - dos encargos de depreciação e amortização dos
bens mencionados nos incisos VI e VII do caput,
incorridos no mês;
Para fins de esclarecimento, apresentamos a memória de cálculo a
seguir, com a apuração do direito de crédito de ICMS e de PIS/Pasep-
Cofins relativos à aquisição em tela:
Dados iniciais
Valor do produto adquirido 1.000,00

Crédito de ICMS
Base de cálculo 1.000,00 Valor do produto adquirido
(*) alíquota 17%
(=) crédito de ICMS 170,00
===> crédito de curto prazo 42,50
===> crédito de longo prazo 127,50

Crédito de PIS/Pasep-Cofins
Base de cálculo 830,00 valor depreciável do bem
(*) alíquota 9,25%
(=) crédito de PIS/Pasep-Cofins 76,78
===> crédito de curto prazo 19,19
===> crédito de longo prazo 57,58

Contextualizando o fato, propomos um patrimônio inicial – para a


empresa comercial adquirente – conforme a seguir:

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Ativo Passivo
Caixa 1.000,00

Patrimônio Líquido
Capital 1.000,00

Despesas Receitas

Nessa situação, o fluxo de valores entre elementos patrimoniais,


referente à aquisição do bem, e o respectivo lançamento contábil,
seriam conforme a seguir:

Ativo Passivo
Caixa 1.000,00
1 (1.000,00)
2 -

ICMS a Recuperar 42,50


Direito (à devolução)
2
PIS/Pasep-Cofins a Recuperar 19,19
Direito (à devolução)
2
ICMS a Recuperar - de LP 127,50
Direito (à devolução) Patrimônio Líquido
2
PIS/Pasep-Cofins a Recuperar-LP 57,58
Direito (à devolução)
Capital 1.000,00
Ativo 753,23

Despesas Receitas

O lançamento contábil relativo a esse fato encontra-se a seguir:


D= Diversos
C=a Caixa 1.000,00
D= ICMS a recuperar 42,50
D= ICMS a recuperar - LP 127,50
D= PIS/Pasep a recuperar 19,19
D= PIS/Pasep a recuperar-LP 57,58
D= Ativo (bem adquirido) 753,23

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Repare que, após a aquisição, o patrimônio da empresa comercial
varejista, adquirente do bem, seria o seguinte:

Ativo Passivo
Caixa -

ICMS a Recuperar 42,50


Direito (à devolução)

PIS/Pasep-Cofins a Recuperar 19,19


Direito (à devolução)

ICMS a Recuperar - de LP 127,50


Direito (à devolução) Patrimônio Líquido

PIS/Pasep-Cofins a Recuperar-LP 57,58


Direito (à devolução)
Capital 1.000,00
Ativo 753,23

Despesas Receitas

Analisando o caso: (1) não há que se falar em IPI incidente sobre a


operação, pois a aquisição foi de uma empresa comercial para outra,
assim não haverá também qualquer direito de crédito a ser registrado
na conta IPI a recuperar; (2) a adquirente utiliza a sistemática do Lucro
Real (para apuração e recolhimento do IRPJ) e, portanto, tem direito de
crédito a ser registrado nas contas PIS/Pasep a recuperar ou Cofins a
recuperar. Restam, assim, direitos creditório de (1) R$ 170,00,
registrado nas contas de ICMS a recuperar: (a) R$ 42,50 a ser
recuperado no curto prazo (em 12 meses – conforme nosso exemplo) e
(b) R$ 127,50 a ser recuperado no longo prazo (em 36 meses –
conforme nosso exemplo) e (2) de R$ 76,78, registrado nas contas de
PIS/Pasep e Cofins a recuperar: (a) R$ 19,19 a ser recuperado no curto
prazo (em 12 meses – conforme nosso exemplo) e (b) R$ 57,58 a ser
recuperado no longo prazo (em 36 meses – conforme nosso exemplo).
Voltando a nossa frase inicial “ENTRA NO ESTOQUE, E SAI PELO CUSTO,
AQUILO QUE EU PAGO E NINGUÉM ME DEVOLVE” (e adaptando-a para
bem do imobilizado), repare que entrou no ativo (bem adquirido) o valor
de R$ 753,53 porque este valor: (1) faz parte do total pago (de R$
1.000,00) e (2) ninguém vai devolver este valor à empresa (somente
serão “devolvidos” os valores de R$ 170,00 – na forma de ICMS a
recuperar e de R$ 76,78 na forma de PIS/Pasep e Cofins a recuperar).

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6.3.8.5 Compra de produto para o ativo permanente
Seja uma empresa comercial atacadista, optante pela sistemática do
Lucro Real (para apuração e recolhimento do Imposto de Renda da
Pessoa Jurídica). Considere que essa empresa adquira produtos (de
uma fornecedora industrial), para uso próprio (com registro no ativo
imobilizado) pelo valor de R$ 1.000,00 e que: (1) além do valor dos
produtos comprados seja exigido o IPI à alíquota de 10% e (2) incluso
no valor da compra, haja ICMS à alíquota de 17%. Para fins de
esclarecimento, vamos analisar a nota fiscal de compra:
Nota Fiscal 5 CNPJ: XX.XXX.XXX/XXXX-XX
Inscr. Est. XXX.XXX.XXX.XX-XX

Item QT Descrição V. Unitário V. Total


xpto 10 produto X 100,00 1.000,00

Total 1.000,00
ICMS 17% 187,00
IPI 10% 100,00
Total desta Nota Fiscal ===============> 1.100,00

A figura a seguir ilustra o fato acima descrito.

Atacadista
Fábrica Adquirente

Valor do produto 1.000,00


(+) IPI 100,00
(=) Total pago 1.100,00
Obs: ICMS incluso 187,00

O ICMS incidente na operação de aquisição de bens para o imobilizado


deve ter incluído em sua base de cálculo o valor do IPI, em obediência
ao disposto no art. 155, § 2o, XI, da Constituição da República
Federativa do Brasil de 1988:
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal
instituir impostos sobre:
...
II - operações relativas à circulação de mercadorias e
sobre prestações de serviços de transporte interestadual e
intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações
e as prestações se iniciem no exterior
...

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§ 2.º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte:
...
XI - não compreenderá, em sua base de cálculo, o
montante do imposto sobre produtos industrializados,
quando a operação, realizada entre contribuintes e relativa
a produto destinado à industrialização ou à
comercialização, configure fato gerador dos dois impostos;
...
Repare que, no exemplo em tela, não há que se falar em operação
relativa a produto destinado à industrialização ou à comercialização,
mas apenas ao uso pela empresa adquirente. Assim, o ICMS
compreenderá, em sua base de cálculo, o montante relativo ao IPI.
Adicionalmente, o ICMS incidente na operação de aquisição de bens
para o imobilizado é recuperável, com base na Lei complementar n° 87,
de 1996, art. 20:
Art. 20. Para a compensação a que se refere o artigo
anterior20, é assegurado ao sujeito passivo o direito de
creditar-se do imposto anteriormente cobrado em
operações de que tenha resultado a entrada de
mercadoria, real ou simbólica, no estabelecimento,
inclusive a destinada ao seu uso ou consumo ou ao ativo
permanente, ou o recebimento de serviços de transporte
interestadual e intermunicipal ou de comunicação.
...
§ 5o Para efeito do disposto no caput deste artigo,
relativamente aos créditos decorrentes de entrada de
mercadorias no estabelecimento destinadas ao ativo
permanente, deverá ser observado:
I – a apropriação será feita à razão de um quarenta e oito
avos por mês, devendo a primeira fração ser apropriada no
mês em que ocorrer a entrada no estabelecimento;
...
Assim, há – por parte da empresa adquirente – o direito ao crédito do
ICMS consignado na nota fiscal de aquisição. A especificidade da
situação é que esse crédito é um direito que não pode ser
imediatamente exercido, mas somente nos quarenta e oito meses
seguintes à aquisição do bem. Dessa forma, esse direito será em parte

20
O artigo referido tem a seguinte redação: “Art. 19. O imposto é não-cumulativo,
compensando-se o que for devido em cada operação relativa à circulação de
mercadorias ou prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de
comunicação com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou por outro
Estado”.

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exercido no curto prazo (até o final do próximo exercício)21 e a parte
restante do direito somente será objeto de exercício no longo prazo.
Finalmente, com relação às contribuições para o PIS/Pasep e Cofins,
cumpre referir que há direito a crédito, nos termos do art. 3o da Lei n°
10.637, de 2002 e art. 3o da Lei n° 10.833, de 2003, a seguir:
Lei 10.637, de 2002:
Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa
jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a:
...
VI - máquinas, equipamentos e outros bens incorporados
ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação
a terceiros ou para utilização na produção de bens
destinados à venda ou na prestação de serviços.
VII - edificações e benfeitorias em imóveis de terceiros,
quando o custo, inclusive de mão-de-obra, tenha sido
suportado pela locatária;
...
§ 1o O crédito será determinado mediante a aplicação da
alíquota prevista no caput do art. 2o desta Lei sobre o
valor:
...
III - dos encargos de depreciação e amortização dos bens
mencionados nos incisos VI e VII do caput, incorridos no
mês;
Lei 10.833, de 2003:
Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa
jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a:
...
VI - máquinas, equipamentos e outros bens incorporados
ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação
a terceiros, ou para utilização na produção de bens
destinados à venda ou na prestação de serviços;
VII - edificações e benfeitorias em imóveis próprios
ou de terceiros, utilizados nas atividades da empresa;
...
§ 1o Observado o disposto no § 15 deste artigo e no § 1o
do art. 52 desta Lei, o crédito será determinado mediante
a aplicação da alíquota prevista no caput do art. 2o desta
Lei sobre o valor:
...

21
Considerando a aquisição em 31/12/200x, essa parte será exercida em exatamente
12 meses.

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III - dos encargos de depreciação e amortização dos
bens mencionados nos incisos VI e VII do caput,
incorridos no mês;
Para fins de esclarecimento, apresentamos a memória de cálculo a
seguir, com a apuração do direito de crédito de ICMS e de PIS/Pasep-
Cofins relativos à aquisição em tela:
Dados iniciais
Valor do produto adquirido 1.000,00
(+) IPI 100,00 10%
(=) total pago 1.100,00

Crédito de ICMS
Base de cálculo 1.100,00 Valor do produto, acrescido do IPI
(*) alíquota 17%
(=) crédito de ICMS 187,00
===> crédito de curto prazo 46,75
===> crédito de longo prazo 140,25

Crédito de PIS/Pasep-Cofins
Base de cálculo 913,00 valor depreciável do bem
(*) alíquota 9,25%
(=) crédito de PIS/Pasep-Cofins 84,45
===> crédito de curto prazo 21,11
===> crédito de longo prazo 63,34

Contextualizando o fato, propomos um patrimônio inicial – para a


empresa comercial atacadista adquirente – conforme a seguir:

Ativo Passivo
Caixa 1.100,00

Patrimônio Líquido
Capital 1.100,00

Despesas Receitas

Nessa situação, o fluxo de valores entre elementos patrimoniais,


referente à aquisição do produto para uso próprio, bem como o
respectivo lançamento contábil, seriam conforme a seguir:

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Ativo Passivo
Caixa 1.100,00
1 (1.100,00)
2 -

ICMS a Recuperar 46,75


Direito (à devolução)
2
PIS/Pasep-Cofins a Recuperar 21,11
Direito (à devolução)
2
ICMS a Recuperar - de LP 140,25
Direito (à devolução) Patrimônio Líquido
2
PIS/Pasep-Cofins a Recuperar-LP 63,34
Direito (à devolução)
Capital 1.100,00
Ativo 828,55

Despesas Receitas

O lançamento contábil relativo a esse fato encontra-se a seguir:


D= Diversos
C=a Caixa 1.100,00
D= ICMS a recuperar 46,75
D= ICMS a recuperar - LP 140,25
D= PIS/Pasep a recuperar 21,11
D= PIS/Pasep a recuperar-LP 63,34
D= Ativo (bem adquirido) 828,55

Repare que, após a aquisição, o patrimônio da empresa comercial


atacadista, adquirente do produto para revenda, seria o seguinte:

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Ativo Passivo
Caixa -

ICMS a Recuperar 46,75


Direito (à devolução)

PIS/Pasep-Cofins a Recuperar 21,11


Direito (à devolução)

ICMS a Recuperar - de LP 140,25


Direito (à devolução) Patrimônio Líquido

PIS/Pasep-Cofins a Recuperar-LP 63,34


Direito (à devolução)
Capital 1.100,00
Ativo 828,55

Despesas Receitas

Analisando o caso: (1) há IPI incidente sobre a operação, pois a


aquisição foi de uma empresa industrial (portanto, contribuinte do IPI),
entretanto, a empresa adquirente (comercial atacadista – que pagou,
conforme nota fiscal, o valor do IPI) não é contribuinte deste imposto e,
portanto, não terá direito a crédito a ser registrado na conta IPI a
recuperar – além disso, aquisições para o permanente não geram
crédito de IPI; (2) a adquirente utiliza a sistemática do Lucro Real (para
apuração e recolhimento do IRPJ) e, portanto, tem direito de crédito a
ser registrado nas contas PIS/Pasep a recuperar ou Cofins a recuperar;
(3) sendo uma operação que se destina ao usuário final, o ICMS incide
sobre o valor do IPI. Restam, assim, os direitos creditórios de R$
187,00, registrado nas contas de ICMS a recuperar (de curto e de longo
prazo) e de R$ 84,45, registrado nas contas de PIS/Pasep e Cofins a
recuperar (de curto e de longo prazo).
Voltando a nossa frase inicial “ENTRA NO ESTOQUE, E SAI PELO CUSTO,
AQUILO QUE EU PAGO E NINGUÉM ME DEVOLVE” (e adaptando-a ao
bem do imobilizado adquirido), repare que entrou no ativo (bem
adquirido) o valor de R$ 828,55 porque este valor: (1) faz parte do total
pago (de R$ 1.100,00 – R$ 1.000,00 pelo produto + R$ 100,00 a título
de IPI) e (2) ninguém vai devolver este valor à empresa (somente serão
“devolvidos” os valores de R$ 187,00 – na forma de ICMS a recuperar e
de R$ 84,55 – na forma de PIS/Pasep e de Cofins a recuperar).

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6.3.8.6 Compra de mercadoria para consumo
(almoxarifado)
Seja uma empresa comercial, optante pela sistemática do Lucro Real
(para apuração e recolhimento do Imposto de Renda da Pessoa
Jurídica). Considere que essa empresa adquira uma mercadoria para
uso (de uma empresa fornecedora também comercial) pelo valor de R$
1.000,00 e que, incluso no valor da compra, haja ICMS à alíquota de
17%. Para fins de esclarecimento, vamos analisar a nota fiscal de
compra:
Nota Fiscal 6 CNPJ: XX.XXX.XXX/XXXX-XX
Inscr. Est. XXX.XXX.XXX.XX-XX

Item QT Descrição V. Unitário V. Total


xpto 10 mercadoria X 100,00 1.000,00

Total 1.000,00
ICMS 17% 170,00

A figura a seguir ilustra o fato acima descrito.

Comercial Comercial
Fábrica Fornecedora Adquirente

Valor pago 1.000,00


ICMS incluso 170,00

O ICMS incidente na operação de aquisição de bens de consumo não é


recuperável (de acordo com a legislação ora vigente, pelo menos, até o
início de 2007), com base na Lei complementar n° 87, de 1996, art. 20:
Art. 20. Para a compensação a que se refere o artigo
anterior22, é assegurado ao sujeito passivo o direito de
creditar-se do imposto anteriormente cobrado em
operações de que tenha resultado a entrada de
mercadoria, real ou simbólica, no estabelecimento,
inclusive a destinada ao seu uso ou consumo ou ao ativo

22
O artigo referido tem a seguinte redação: “Art. 19. O imposto é não-cumulativo,
compensando-se o que for devido em cada operação relativa à circulação de
mercadorias ou prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de
comunicação com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou por outro
Estado”.

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permanente, ou o recebimento de serviços de transporte
interestadual e intermunicipal ou de comunicação.
...
Art. 33. Na aplicação do art. 20 observar-se-á o seguinte:
I – somente darão direito de crédito as mercadorias
destinadas ao uso ou consumo do estabelecimento, nele
entradas a partir de 1o de janeiro de 2007;
...
Assim, por parte da empresa adquirente, não ha direito ao crédito do
ICMS consignado na nota fiscal de aquisição.
Quanto ao de PIS/Pasep e à Cofins, é mister colocar que não há
previsão – na legislação de regência dos tributos – para aproveitamento
de crédito sobre aquisição de mercadorias ou produtos para o
almoxarifado (somente para insumos aplicados na produção de bens ou
serviços). Assim, não há que se falar em crédito de PIS/Pasep-Cofins
relativo a essa operação.

Contextualizando o fato, propomos um patrimônio inicial – para a


empresa comercial adquirente – conforme a seguir:

Ativo Passivo
Caixa 1.000,00

Patrimônio Líquido
Capital 1.000,00

Despesas Receitas

Nessa situação, o fluxo de valores entre elementos patrimoniais,


referente à aquisição da mercadoria, e o respectivo lançamento contábil,
seriam conforme a seguir:

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Ativo Passivo
Caixa 1.000,00
1 (1.000,00)
-

Estoque (almoxarifado) 1.000,00


Patrimônio Líquido
Capital 1.000,00

Despesas Receitas

Legenda - do valor de R$ 1.000,00 (pago) tenho direito à devolução de PIS/Pasep e Cofins e, portanto:
(1) entra no estoque - o valor R$ 1.000,00, pago na compra, sem dedução de valor relativo a crédito de tributos.

O lançamento contábil relativo a esse fato encontra-se a seguir:


D = Estoque (almoxarifado)
C = a Caixa 1.000,00
Repare que, após a aquisição, o patrimônio da empresa comercial
varejista, adquirente da mercadoria para revenda, seria o seguinte:

Ativo Passivo
Caixa -

Estoque 1.000,00

Patrimônio Líquido
Capital 1.000,00

Despesas Receitas

Analisando o caso: (1) não há que se falar em IPI incidente sobre a


operação, pois a aquisição foi de uma empresa comercial para outra,
assim não haverá também qualquer direito de crédito a ser registrado
na conta IPI a recuperar; (2) a adquirente utiliza a sistemática do Lucro
Real (para apuração e recolhimento do IRPJ), entretanto não tem direito
de crédito a ser registrado nas contas PIS/Pasep a recuperar ou Cofins a
recuperar, por determinação legislativa e (3) a aquisição da mercadoria

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foi para consumo e, assim, não há direito a crédito de ICMS a ser
registrado em conta de ICMS a recuperar.
Voltando a nossa frase inicial “ENTRA NO ESTOQUE, E SAI PELO CUSTO,
AQUILO QUE EU PAGO E NINGUÉM ME DEVOLVE”, repare que entrou no
estoque o valor de R$ 1.000,00 porque este valor: (1) faz parte do total
pago (de R$ 1.000,00) e (2) desse valor, somente não será devolvido
nada, à empresa, a título de crédito de tributos.

6.3.8.7 Compra de produto para consumo (almoxarifado)


Seja uma empresa comercial atacadista, optante pela sistemática do
Lucro Presumido (para apuração e recolhimento do Imposto de Renda
da Pessoa Jurídica). Considere que essa empresa adquira produtos (de
uma fornecedora industrial), para consumo (almoxarifado) pelo valor de
R$ 1.000,00 e que: (1) além do valor dos produtos comprados seja
exigido o IPI à alíquota de 10% e (2) incluso no valor da compra, haja
ICMS à alíquota de 17%. Para fins de esclarecimento, vamos analisar a
nota fiscal de compra:
Nota Fiscal 7 CNPJ: XX.XXX.XXX/XXXX-XX
Inscr. Est. XXX.XXX.XXX.XX-XX

Item QT Descrição V. Unitário V. Total


xpto 10 produto X 100,00 1.000,00

Total 1.000,00
ICMS 17% 187,00
IPI 10% 100,00
Total desta Nota Fiscal ===============> 1.100,00

A figura a seguir ilustra o fato acima descrito.

Atacadista
Fábrica Adquirente

Valor do produto 1.000,00


(+) IPI 100,00
(=) Total pago 1.100,00
Obs: ICMS incluso 187,00

O ICMS incidente na operação de aquisição de bens para consumo deve


ter incluído em sua base de cálculo o valor do IPI, em obediência ao
disposto no art. 155, § 2o, XI, da Constituição da República Federativa
do Brasil de 1988:

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Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal
instituir impostos sobre:
...
II - operações relativas à circulação de mercadorias e
sobre prestações de serviços de transporte interestadual e
intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações
e as prestações se iniciem no exterior
...
§ 2.º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte:
...
XI - não compreenderá, em sua base de cálculo, o
montante do imposto sobre produtos industrializados,
quando a operação, realizada entre contribuintes e relativa
a produto destinado à industrialização ou à
comercialização, configure fato gerador dos dois impostos;
...
Repare que, no exemplo em tela, não há que se falar em operação
relativa a produto destinado à industrialização ou à comercialização,
mas apenas ao uso pela empresa adquirente. Assim, o ICMS
compreenderá, em sua base de cálculo, o montante relativo ao IPI.
O ICMS incidente na operação de aquisição de bens de consumo não é
recuperável (de acordo com a legislação ora vigente, pelo menos, até o
início de 2007), com base na Lei complementar n° 87, de 1996, art. 20:
Art. 20. Para a compensação a que se refere o artigo
anterior23, é assegurado ao sujeito passivo o direito de
creditar-se do imposto anteriormente cobrado em
operações de que tenha resultado a entrada de
mercadoria, real ou simbólica, no estabelecimento,
inclusive a destinada ao seu uso ou consumo ou ao ativo
permanente, ou o recebimento de serviços de transporte
interestadual e intermunicipal ou de comunicação.
...
Art. 33. Na aplicação do art. 20 observar-se-á o seguinte:
I – somente darão direito de crédito as mercadorias
destinadas ao uso ou consumo do estabelecimento, nele
entradas a partir de 1o de janeiro de 2007; (Redação dada
pela Lcp 114, de 16.12.2002)
...

23
O artigo referido tem a seguinte redação: “Art. 19. O imposto é não-cumulativo,
compensando-se o que for devido em cada operação relativa à circulação de
mercadorias ou prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de
comunicação com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou por outro
Estado”.

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Assim, por parte da empresa adquirente, não ha direito ao crédito do
ICMS consignado na nota fiscal de aquisição.
Quanto ao de PIS/Pasep e à Cofins, é mister colocar que não há
previsão – na legislação de regência dos tributos – para aproveitamento
de crédito sobre aquisição de mercadorias ou produtos para o
almoxarifado (somente para insumos aplicados na produção de bens ou
serviços). Assim, não há que se falar em crédito de PIS/Pasep-Cofins
relativo a essa operação.

Contextualizando o fato, propomos um patrimônio inicial – para a


empresa comercial adquirente – conforme a seguir:

Ativo Passivo
Caixa 1.100,00

Patrimônio Líquido
Capital 1.100,00

Despesas Receitas

Nessa situação, o fluxo de valores entre elementos patrimoniais,


referente à aquisição do produto, bem como o respectivo lançamento
contábil, seriam conforme a seguir:

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Ativo Passivo
Caixa 1.100,00
1 (1.100,00)
-

Estoque (almoxarifado) 1.100,00


Patrimônio Líquido
Capital 1.100,00

Despesas Receitas

Legenda - do valor de R$ 1.100,00 (pago) tenho direito à devolução de PIS/Pasep e Cofins e, portanto:
(1) entra no estoque - o valor R$ 1.100,00, pago na compra, sem dedução de qualquer valor a título de crédito de tributos.

O lançamento contábil relativo a esse fato encontra-se a seguir:


D = Estoque (almoxarifado)
C = a Caixa 1.100,00
Repare que, após a aquisição, o patrimônio da empresa comercial
varejista, adquirente da mercadoria para revenda, seria o seguinte:

Ativo Passivo
Caixa -

Estoque 1.100,00

Patrimônio Líquido
Capital 1.100,00

Despesas Receitas

Analisando o caso: (1) há IPI incidente sobre a operação, pois a


aquisição foi de uma empresa industrial (portanto, contribuinte do IPI),
entretanto, a empresa adquirente (comercial atacadista – que pagou,
conforme nota fiscal, o valor do IPI) não é contribuinte deste imposto e,
portanto, não terá direito a crédito a ser registrado na conta IPI a
recuperar – além disso, não há previsão para créditos de IPI sobre bens
de almoxarifado; (2) a adquirente utiliza a sistemática do Lucro Real

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(para apuração e recolhimento do IRPJ), entretanto não tem direito de
crédito a ser registrado nas contas PIS/Pasep a recuperar ou Cofins a
recuperar, por determinação legislativa; (3) sendo uma operação que se
destina ao usuário final, o ICMS incide sobre o valor do IPI, mas como o
destino é o consumo, não há direito a crédito de ICMS a ser registrado
na conta ICMS a recuperar.
Voltando a nossa frase inicial “ENTRA NO ESTOQUE, E SAI PELO CUSTO,
AQUILO QUE EU PAGO E NINGUÉM ME DEVOLVE”, repare que entrou no
estoque o valor de R$ 1.100,00 porque este valor: (1) faz parte do total
pago (de R$ 1.100,00 – R$ 1.000,00 pelo produto + R$ 100,00 a título
de IPI) e (2) não será devolvido nenhum valor a ser registrado nas
contas de tributos a recuperar.

6.4 Exemplos de fatos que alteram o custo dos estoques –


situações típicas

6.4.1 Devolução de compras

6.4.1.1 Definição e registro


Às vezes, o comprador de uma mercadoria constata que ela não atende
às especificações do pedido, seja no que diz respeito à qualidade, à
quantidade, ao preço, etc. Conforme é do seu direito, ele pode optar
por não aceitar esta mercadoria, devolvendo-a ao vendedor (que deverá
recebê-la de volta). Para registrar esta devolução, o comprador pode.
Alternativamente, utilizar: (1) uma conta específica – DEVOLUÇÃO DE
COMPRAS (procedimento geralmente utilizado pelas empresas que
utilizam o regime periódico de inventário – que será estudado
detalhadamente adiante), ou (2) a própria conta de ESTOQUE (modelo
geralmente utilizado pelas empresas que mantém o regime de
inventário permanente – que será estudado detalhadamente adiante).
Do ponto de vista do comprador, a devolução de compras deverá ser
registrada (lançada) do seguinte modo:
D = Duplicatas a pagar
C = a estoque
No caso de utilização da conta específica – Devolução de compras.
D = Duplicatas a pagar
C = a Devolução de compras
Apenas a título de esclarecimento, cabe colocar que, no final do período,
para a apuração do Custo das Mercadorias Vendidas (CMV), o salda
desta conta deve ser transferido para a conta COMPRAS, para

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apuração do valor das compras líquidas (assunto que será
detalhadamente visto adiante).

6.4.1.2 Tributos afetados pelas devoluções de compra


Na ocorrência da devolução da compra, a legislação tributária determina
que o crédito a ela relativo (anteriormente registrado) seja estornado –
tal procedimento é perfeitamente lógico; pois, se ao comprar uma
mercadoria, adquiri um crédito relativo a algum tributo, ao devolvê-la
devo perder esse direito. Dessa forma, não somente a conta estoque
será creditada, mas também as respectivas contas de tributos a
recuperar.
Exemplificando, voltaremos ao exemplo – já visto – em que uma
empresa comercial adquire produtos (de uma indústria) para revenda,
conforme nota fiscal abaixo:
Nota Fiscal 2 CNPJ: XX.XXX.XXX/XXXX-XX
Inscr. Est. XXX.XXX.XXX.XX-XX

Item QT Descrição V. Unitário V. Total


xpto 10 produto X 100,00 1.000,00

Total 1.000,00
ICMS 17% 170,00
IPI 10% 100,00
Total desta Nota Fiscal ===============> 1.100,00

O lançamento contábil relativo a esse fato encontra-se a seguir:


D= Diversos
C=a Caixa 1.100,00
D= ICMS a recuperar 170,00
D= PIS/Pasep-Cofins a Recup. 101,75
D= Estoque 828,25
Considere, agora a devolução de metade dos produtos adquiridos (por
conta de, por exemplo, avarias). Nesse caso, o valor da devolução está
apresentado na memória de cálculo abaixo:

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Valor da devolução
Item Valor Obs.
Quantidade devolvida 5,00
(*) valor unitário 100,00
(=) valor dos produtos devolvidos 500,00
(+) IPI 50,00 10%
(=) valor total da devolução 550,00
ICMS sobre a devolução
Item Valor Obs.
Valor dos produtos devolvidos 500,00
(*) alíquota do ICMS 17%
(=) ICMS sobre a devolução 85,00
PIS/Pasep e Cofins sobre a devolução
Item Valor Obs.
Valor total da devolução 550,00 incluindo ICMS e IPI não recuperável
(*) alíquota conjunta do PIS/Pasep-Cofins 9,25%
(=) PIS/Pasep-Cofins sobre a devolução 50,88
O registro da devolução, incluindo o estorno dos créditos tributários,
encontra-se abaixo:
D= Caixa
C=a Diversos 550,00
C=a ICMS a recuperar 85,00
C=a PIS/Pasep-Cofins a Recup. 50,88
C=a Estoque 414,12
Repare que, com a devolução de metade dos produtos antes adquiridos:
(1) o estoque, que tinha sido debitado em R$ 828,25, quando da
aquisição, foi creditado na metade desse valor (R$ 414,12) na
devolução; (2) o ICMS a recuperar, que tinha sido debitado em R$
170,00, quando da aquisição, foi creditado na metade desse valor (R$
85,00) pela devolução e (3) o PIS/Pasep-Cofins a recuperar, que tinha
sido debitado em R$ 101,75, quando da aquisição, foi creditado na
metade desse valor (R$ 50,88) quando da devolução.

6.4.2 Descontos incondicionais recebidos – sobre compras

6.4.2.1 Definição e registro


O desconto incondicional é considerado obtido na situação em que o
comprador, sem a pendência de qualquer evento futuro e incerto
(conforme já foi visto neste curso, condição é definida como “evento
futuro e incerto”), fica dispensado de pagar uma parte do valor do bem
adquirido. Pela sua definição, o desconto incondicional também é
denominado “desconto comercial”, pois ocorre no momento do ato de
comércio (não dependendo de nenhum acontecimento posterior).
Ora, se no momento da compra, o comprador já está dispensado de
pagar uma parte do valor do bem adquirido, pela aplicação do princípio

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fundamental de contabilidade do Registro pelo Valor Original, conclui-se
pela desnecessidade de seu registro, conforme exemplo a seguir:
Seja uma empresa que comprou uma mercadoria de valor R$ 1.000,00,
obtendo (no momento da compra) um desconto incondicional de R$
100,00, pagando – portanto – apenas o valor de R$ 900,00. Nessa
situação, desconsiderando a incidência de qualquer tributo sobre a
operação, o lançamento poderia ser – de forma singela – o seguinte:
D = estoque
C = a Caixa 900,00

Dessa forma, via de regra, não é contabilizado o desconto incondicional


por parte do comprador, sendo o bem adquirido contabilizado pelo valor
líquido negociado (já desconsiderado o valor do desconto incondicional).
Entretanto, com o objetivo de explicitação dos detalhes da operação,
nada impede que o comprador registre: (1) a compra pelo valor original
bruto e (2) o desconto incondicional, alternativamente, (2.a) em conta
retificadora de compras “Desconto Comercial Obtido” – procedimento
geralmente realizado por empresas que utilizam o regime de inventário
periódico – ou (2.b) diretamente na conta “Estoques” – procedimento
geralmente realizado por empresas que utilizam o regime de inventário
permanente.

6.4.2.2 Tributos afetados pelos descontos incondicionais


sobre compras
É de extrema importância referir que os descontos incondicionais
influenciam o valor dos tributos incidentes sobre a operação, da
seguinte forma: (1) o crédito de ICMS é reduzido, (2) os créditos de
PIS/Pasep e Cofins serão também reduzidos e (3) o crédito de IPI não é
afetado (isso porque o desconto incondicional é irrelevante para
apuração do IPI, conforme legislação de regência).
Para fins de ilustração do conceito, encontra-se proposto um exemplo,
baseado no caso – já estudado – de aquisição de produto para revenda,
conforme nota fiscal abaixo:
Nota Fiscal 2 CNPJ: XX.XXX.XXX/XXXX-XX
Inscr. Est. XXX.XXX.XXX.XX-XX

Item QT Descrição V. Unitário V. Total


xpto 10 produto X 100,00 1.000,00

Total 1.000,00
ICMS 17% 170,00
IPI 10% 100,00
Total desta Nota Fiscal ===============> 1.100,00

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O lançamento contábil relativo a esse fato seria conforme encontra-se a
seguir:
D= Diversos
C=a Caixa 1.100,00
D= ICMS a recuperar 170,00
D= PIS/Pasep-Cofins a Recup. 101,75
D= Estoque 828,25
Considere, agora que a aquisição acima ocorra com a obtenção de um
desconto comercial (incondicional) de 20%, conforme está apresentado
na memória de cálculo abaixo:
Valor do desconto - 20%
Item Valor Obs.
Quantidade adquirida 10,00
(*) valor unitário 100,00
(=) valor dos produtos adquiridos 1.000,00
(+) IPI 100,00 10%
(=) valor total da aquisição 1.100,00

Valor dos produtos adquiridos 1.000,00


(*) percentual de desconto incondicional 20%
(=) Valor do desconto incondicional 200,00
ICMS sobre o desconto
Item Valor Obs.
Valor do desconto incondicional 200,00
(*) alíquota do ICMS 17%
(=) ICMS sobre o desconto incondicional 34,00

ICMS sobre a operação sem desconto 170,00


(-) ICMS sobre o desconto incondicional (34,00)
(=) ICMS considerando o desconto 136,00
PIS/Pasep e Cofins sobre o desconto
Item Valor Obs.
Valor do desconto incondicional 200,00
(*) alíquota conjunta do PIS/Pasep-Cofins 9,25%
(=) PIS/Pasep-Cofins sobre a devolução 18,50

PIS/Pasep-Cofins sobre a operação sem desconto 101,75


(-) PIS/Pasep-Cofins sobre o desconto incondicional (18,50)
(=) PIS/Pasep-Cofins considerando o desconto 83,25

O registro da aquisição com desconto incondicional, considerando-se o


valor líquido da aquisição, conforme é geralmente realizado, encontra-se
abaixo:
D= Diversos
C=a Caixa 900,00
D= ICMS a recuperar 136,00
D= PIS/Pasep-Cofins a Recup. 83,25
D= Estoque 680,75

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Alternativamente, pode-se registrar a aquisição bruta e, em seguida, o
desconto incondicional, conforme lançamentos a seguir:
D= Diversos
C=a Caixa 1.100,00
D= ICMS a recuperar 170,00
D= PIS/Pasep-Cofins a Recup. 101,75
D= Estoque 828,25
D= caixa 200,00
C=a diversos
C=a ICMS a recuperar 34,00
C=a PIS/Pasep-Cofins a Recup. 18,50
C=a Estoque 147,50

6.4.3 Abatimentos sobre compras


Por abatimento, entende-se a redução no valor de uma mercadoria em
razão de: (1) avarias ou (2) inconsistências entre o pedido e o bem
fornecido. Em outras palavras, podemos entender didaticamente o
abatimento como uma maneira de salvar a operação de uma devolução
(de modo que o vendedor e o comprador possam ficar satisfeitos, por –
respectivamente – não perder a venda e não pagar caro por algo que
não era o esperado).
Cumpre referir que as ocorrências acima (avaria e inconsistência) são
naturais de operações comerciais, bastando lembrar da existência de
problemas potenciais, referentes ao registro do pedido (e suas
especificações técnicas), à fabricação de peças (com a seleção de
matérias primas) ou à própria seleção das mercadorias, à saída de
mercadoria do estabelecimento vendedor, seu manuseio e transporte, à
chegada no estabelecimento destino. Problemas podem acontecer e,
seria direito do adquirente devolver os bens recebidos com problemas.
Para evitar a devolução, as partes podem acordar em uma redução de
seu preço.
Saliente-se que o abatimento, ao contrário do que ocorre com o
desconto incondicional, ocorre depois da compra e, assim, não logra
influenciar no valor dos tributos incidentes sobre a operação.
O registro do abatimento é posterior ao registro da aquisição (visto que
é referente a fato posterior e superveniente). Assim, o abatimento pode
ser, alternativamente, registrado: (a) em conta retificadora de compras
“Abatimento Obtido sobre Compra” – procedimento geralmente
realizado por empresas que utilizam o regime de inventário periódico –
ou (b) diretamente na conta “Estoques” – procedimento geralmente
realizado por empresas que utilizam o regime de inventário permanente.
Voltando ao exemplo – já estudado – de aquisição de produto para
revenda, conforme nota fiscal abaixo:

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Nota Fiscal 2 CNPJ: XX.XXX.XXX/XXXX-XX
Inscr. Est. XXX.XXX.XXX.XX-XX

Item QT Descrição V. Unitário V. Total


xpto 10 produto X 100,00 1.000,00

Total 1.000,00
ICMS 17% 170,00
IPI 10% 100,00
Total desta Nota Fiscal ===============> 1.100,00

O lançamento contábil relativo a esse fato se encontra a seguir:


D= Diversos
C=a Caixa 1.100,00
D= ICMS a recuperar 170,00
D= PIS/Pasep-Cofins a Recup. 101,75
D= Estoque 828,25
Considere que, nos bens referentes à aquisição acima haja avarias e
que, evitando-se a devolução, seja obtido um abatimento de 20% sobre
o valor da mercadoria. O abatimento, registrado diretamente no
estoque, encontra-se abaixo:
D = caixa
C = a Estoque 200,00

Alternativamente, o abatimento pode ser registrado em conta específica


(retificadora de compras), conforme a seguir:
D = caixa
C = a Abatimentos obtidos sobre compras 200,00

7 Contabilização das receitas de vendas e respectivos


custo e tributos
Já foi sobejamente apresentado, neste curso, que a “venda é um
momento mágico” e que “na venda os patrimônios de nossa empresa e
do cliente se tocam”, foi dito também que “na venda nossa empresa
cumpre o que havia prometido – entrega a mercadoria ao cliente” e que
por essa razão faz jus a um aumento de seu patrimônio “que cai de
para-quedas no colo do patrimônio da empresa, aumentando-o”. Por
essas razões, registra-se a receita bruta de vendas e também o custo da
mercadoria vendida.
Ocorre que, sobre as vendas há – ainda – dois aspectos a serem
estudados, a saber: (1) os tributos incidentes sobre a venda (IPI, ICMS,
PIS/Pasep e Cofins e, eventualmente – no caso de venda de serviços – o
ISS) e (2) fatos que influenciam no valor da venda como, por exemplo,

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devoluções, descontos incondicionais e abatimentos. Neste item, serão
estudados justamente esses assuntos.

7.1 Tributos incidentes sobre as vendas


São conhecidos – no jargão da contabilidade – como tributos incidentes
sobre as vendas os seguintes: (1) IPI; (2) ICMS; (3) PIS/Pasep e Cofins
e (4) ISS. Tecnicamente, também seria um tributo sobre vendas o
imposto de exportação que, pela sua inexpressividade, não será
analisado neste trabalho.
Os tributos em questão são denominados tributos sobre vendas pelos
seguintes motivos:
(1) no caso do IPI, Imposto sobre produtos industrializados, além do
caso do desembaraço aduaneiro, considera-se ocorrido o fato gerador
na saída do produto do estabelecimento contribuinte (o que ocorre no
momento da venda), conforme art. 34 do Regulamento do IPI –
RIPI/2002, abaixo:
Art. 34. Fato gerador do imposto é (Lei nº 4.502, de 1964,
art. 2º):
I - o desembaraço aduaneiro de produto de procedência
estrangeira; ou
II - a saída de produto do estabelecimento industrial,
ou equiparado a industrial. (grifos na transcrição).
(2) no caso do ICMS, considera-se ocorrido o fato gerador na saída da
mercadoria do estabelecimento contribuinte (o que ocorre no momento
da venda), conforme art. 12 da Lei Complementar 87, de 1996, abaixo:
Art. 12. Considera-se ocorrido o fato gerador do imposto
no momento:
I - da saída de mercadoria de estabelecimento de
contribuinte, ainda que para outro estabelecimento do
mesmo titular;
(3) no caso do PIS/Pasep e da Cofins, o fato gerador é o faturamento
que, entendido como a cobrança pela venda, somente pode ocorrer na
ocorrência da venda. Nesse sentido, citamos o art. 1o das Leis 9.718,
de 1998, 10.637, de 2002, e 10833, de 2003, a seguir:
Leis 9.718, de 1998:
Art. 2° As contribuições para o PIS/PASEP e a COFINS,
devidas pelas pessoas jurídicas de direito privado, serão
calculadas com base no seu faturamento, observadas a
legislação vigente e as alterações introduzidas por esta Lei.
Leis 10.637, de 2002:
Art. 1o A contribuição para o PIS/Pasep tem como fato
gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das

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receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente
de sua denominação ou classificação contábil.
Leis 10833, de 2003:
Art. 1o A Contribuição para o Financiamento da Seguridade
Social - COFINS, com a incidência não-cumulativa, tem
como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido
o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica,
independentemente de sua denominação ou classificação
contábil.
(4) o ISS incide sobre a prestação do serviço, que se confunde com sua
venda, conforme art. 1o da Lei Complementar 116, de 2003, abaixo:
Art. 1o O Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza,
de competência dos Municípios e do Distrito Federal, tem
como fato gerador a prestação de serviços constantes da
lista anexa, ainda que esses não se constituam como
atividade preponderante do prestador.
Com base nesses conceitos, apresentamos, a seguir os lançamentos
típicos de vendas de mercadorias e de produtos, com as respectivas
incidências tributárias.

7.1.1 Vendas de mercadorias


No caso de venda de mercadorias, há incidência de ICMS, PIS/Pasep e
Cofins. Assim, analisaremos a seguir o caso de venda de mercadorias,
no valor de R$ 1.000,00, para revenda, conforme nota fiscal abaixo:
Nota Fiscal 1 CNPJ: XX.XXX.XXX/XXXX-XX
Inscr. Est. XXX.XXX.XXX.XX-XX

Item QT Descrição V. Unitário V. Total


xpto 10 mercadoria X 100,00 1.000,00

Total 1.000,00
ICMS 17% 170,00

A figura a seguir ilustra o fato acima descrito.

Fábrica Atacadista Varejista


Consumidor

Valor pago 1.000,00


ICMS incluso 170,00

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O valor dos tributos sobre a venda estão apresentados na memória de
cálculo a seguir:
Valor da venda 1.000,00
(*) alíquota do ICMS 17%
(=) ICMS sobre a venda 170,00

Valor da venda 1.000,00


(*) alíquota conjunta do PIS/Pasep e Cofins 9,25%
(=) PIS/Pasep e Cofins sobre a venda 92,50

Contextualizando o fato, propomos um patrimônio inicial – para a


empresa comercial varejista atacadista – vendedora – conforme a
seguir:

Ativo Passivo

estoque 500,00
Patrimônio Líquido
Capital 500,00

Despesas Receitas

Nessa situação, o fluxo de valores entre elementos patrimoniais,


referente à venda da mercadoria, e o respectivo lançamento contábil,
seriam conforme a seguir:

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Ativo Passivo
Caixa -
1.000,00
1.000,00

ICMS a recolher 170,00


PIS/Pasep-Cofins a recolher 92,50

Estoque 500,00
(500,00)
-
Patrimônio Líquido
Capital 500,00

Despesas Receitas
CMV 500,00 RBV 1.000,00
Desp. ICMS 170,00
Desp. PIS/Pasep-Cofins 92,50

O lançamento contábil relativo a esse fato encontra-se a seguir:


a) pelo reconhecimento da receita
D = Caixa
C = a RBV - Receita Bruta de Vendas 1.000,00

b) pelo registro do custo do estoque vendido


D = CVM - Custo da Mercadoria Vendida
C = a Estoque 500,00

c) pelos tributos incorridos – decorrentes da venda


ICMS
D = Despesa com ICMS
C = a ICMS a recolher 170,00

PIS/Pasep e Cofins
D = Despesa com PIS/Pasep-Cofins
C = a PIS/Pasep-Cofins a recolher 92,50

Repare que, após a venda, o patrimônio da empresa comercial


atacadista, alienante da mercadoria para revenda, seria o seguinte:

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Ativo Passivo
Caixa 1.000,00

ICMS a recolher 170,00


PIS/Pasep-Cofins a recolher 92,50

Patrimônio Líquido
Capital 500,00

Despesas Receitas
CMV 500,00 RBV 1.000,00
Despesa c/ ICMS 170,00
Despesa c/ PIS/Pasep-Cofins 92,50

7.1.2 Vendas de produtos


No caso de venda de produtos destinados a posterior revenda, há
incidência de IPI, ICMS, PIS/Pasep e Cofins. Assim, analisaremos a
seguir o caso de venda de produtos, no valor de R$ 1.000,00, acrescido
do IPI de 10%, quando este produto é destinado para revenda,
conforme nota fiscal abaixo:
Nota Fiscal 2 CNPJ: XX.XXX.XXX/XXXX-XX
Inscr. Est. XXX.XXX.XXX.XX-XX

Item QT Descrição V. Unitário V. Total


xpto 10 produto X 100,00 1.000,00

Total 1.000,00
ICMS 17% 170,00
IPI 10% 100,00
Total desta Nota Fiscal ===============> 1.100,00

A figura a seguir ilustra o fato acima descrito.

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Fábrica Atacadista Varejista


Consumidor

Valor do produto 1.000,00


(+) IPI 100,00
(=) Total pago 1.100,00
Obs: ICMS incluso 170,00

O valor dos tributos sobre a venda estão apresentados na memória de


cálculo a seguir:
Valor da venda 1.000,00
(*) alíquota do IPI 10%
(=) IPI sobre a venda 100,00

Valor da venda 1.000,00


(*) alíquota do ICMS 17%
(=) ICMS sobre a venda 170,00

Valor da venda 1.000,00


(*) alíquota conjunta do PIS/Pasep e Cofins 9,25%
(=) PIS/Pasep e Cofins sobre a venda 92,50

Contextualizando o fato, propomos um patrimônio inicial – para a


empresa comercial varejista atacadista – vendedora – conforme a
seguir:

Ativo Passivo

estoque 500,00
Patrimônio Líquido
Capital 500,00

Despesas Receitas

Nessa situação, o fluxo de valores entre elementos patrimoniais,


referente à venda da mercadoria, e o respectivo lançamento contábil,
seriam conforme a seguir:

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Ativo Passivo
Caixa -
1.100,00
1.100,00
IPI a recolher 100,00
ICMS a recolher 170,00
PIS/Pasep-Cofins a recolher 92,50

Estoque 500,00
(500,00)
-
Patrimônio Líquido
Capital 500,00

Despesas Receitas
CMV 500,00
IPI faturado 100,00
Desp. ICMS 170,00
Desp. PIS/Pasep-Cofins 92,50 Faturamento bruto 1.100,00

O lançamento contábil relativo a esse fato encontra-se a seguir:


a) pelo reconhecimento da receita – faturamento bruto
D = Caixa
C = a Faturamento bruto 1.100,00

b) pelo registro do custo do estoque vendido


D = CVM - Custo da Mercadoria Vendida
C = a Estoque 500,00

c) pelos tributos incorridos – decorrentes da venda


IPI
D = IPI faturado
C = a IPI a recolher 100,00

ICMS

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D = Despesa com ICMS
C = a ICMS a recolher 170,00

PIS/Pasep e Cofins
D = Despesa com PIS/Pasep-Cofins
C = a PIS/Pasep-Cofins a recolher 92,50

Repare que, após a venda, o patrimônio da empresa comercial


atacadista, alienante da mercadoria para revenda, seria o seguinte:

Ativo Passivo
Caixa 1.100,00

IPI a recolher 100,00


ICMS a recolher 170,00
PIS/Pasep-Cofins a recolher 92,50

Patrimônio Líquido
Capital 500,00

Despesas Receitas
CMV 500,00 faturamento bruto 1.100,00
IPI faturado 100,00
Despesa c/ ICMS 170,00
Despesa c/ PIS/Pasep-Cofins 92,50

7.1.3 Fatos que alteram o valor das vendas


São fatos que alteram o valor das vendas: (1) as devoluções (que
alteram também a quantidade e o valor das mercadorias/produtos em
estoque), (2) os abatimentos sobre vendas e (3) os descontos
incondicionais concedidos. Neste item, veremos cada uma dessas
situações.

7.1.3.1 Devolução das vendas


Quando o adquirente devolve – totalmente ou em parte – a mercadoria
anteriormente adquirida, o vendedor deve recebê-la de volta e devolver
o valor da venda antes efetuada. Essa recepção da mercadoria e a
devolução do valor da venda é denominada devolução de venda.
Ora, quando realização da venda, há – via de regra24 – um aumento
patrimonial da empresa vendedora e, assim, a devolução é um fato que
implica – via de regra – uma redução do resultado da empresa
vendedora. Didaticamente, poderíamos imaginar que a venda devolvida
nunca teria acontecido e, dessa forma, concluir que, com a devolução de

24
Exceto no caso de venda por valor inferior ao custo da mercadoria.

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vendas, o efeito patrimonial da empresa vendedora é idêntico à situação
em que ela tivesse vendido menos mercadorias.
Exemplificando a situação, considere a situação em que uma indústria
vendeu produtos de sua fabricação(registrados ao custo de R$ 500,00),
pelo valor R$ 1.000,00, para uma empresa comerciar revender,
conforme nota fiscal a seguir:
Nota Fiscal 2 CNPJ: XX.XXX.XXX/XXXX-XX
Inscr. Est. XXX.XXX.XXX.XX-XX

Item QT Descrição V. Unitário V. Total


xpto 10 produto X 100,00 1.000,00

Total 1.000,00
ICMS 17% 170,00
IPI 10% 100,00
Total desta Nota Fiscal ===============> 1.100,00

A figura a seguir ilustra o fato acima descrito.

Fábrica Atacadista Varejista


Consumidor

Valor do produto 1.000,00


(+) IPI 100,00
(=) Total pago 1.100,00
Obs: ICMS incluso 170,00

Nessa situação, já vimos que o lançamento da venda é o seguinte:


a) pelo reconhecimento da receita – faturamento bruto
D = Caixa
C = a Faturamento bruto 1.100,00

b) pelo registro do custo do estoque vendido


D = CVM - Custo da Mercadoria Vendida
C = a Estoque 500,00

c) pelos tributos incorridos – decorrentes da venda


IPI
D = IPI faturado
C = a IPI a recolher 100,00

ICMS
D = Despesa com ICMS
C = a ICMS a recolher 170,00

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PIS/Pasep e Cofins
D = Despesa com PIS/Pasep-Cofins
C = a PIS/Pasep-Cofins a recolher 92,50

Agora, considere que a metade dos produtos estivesse com defeito e


tenha sido devolvida. Nessa situação, há que se registrar: (1) a entrada
do produto de volta no estoque e (2) o estorno dos tributos referentes
às mercadorias (antes vendidas) devolvidas. A seguir, encontra-se
memória de cálculo com os valores relativos à operação.
Valor dos produtos devolvidos 500,00
(*) alíquota do IPI 10%
(=) IPI relativo à devolução 50,00

Valor dos produtos devolvidos 500,00


(*) alíquota do ICMS 17%
(=) ICMS sobre a venda 85,00

Valor dos produtos devolvidos 500,00


(*) alíquota conjunta do PIS/Pasep e Cofins 9,25%
(=) PIS/Pasep e Cofins sobre a venda 46,25
O lançamento relativo à devolução encontra-se a seguir:
a) pelo reconhecimento da devolução e a respectiva redução do
faturamento bruto25
D = Faturamento bruto
C = a Caixa 50,00
D = Devolução de vendas
C = a Caixa 500,00
b) pelo retorno ao estoque dos produtos devolvidos (antes vendidos)
D = Estoque
C = a CVM - Custo da Mercadoria Vendida 250,00
c) pelos tributos incorridos – decorrentes da venda
IPI
D = IPI a recolher
C = a IPI faturado 50,00
ICMS
D = ICMS a recolher
C = a despesa com ICMS 85,00

25
Quando do estudo da DRE, vimos que (1) o faturamento bruto inclui o valor do IPI
faturado e que a RBV corresponde justamente à diferença entre esses dois valores e
(2) a devolução de vendas é uma conta redutora da RBV (e não do faturamento
bruto). Assim, além de registrar a devolução de vendas deve ser feito um estorno no
faturamento bruto – no valor do IPI sobre a devolução.

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PIS/Pasep e Cofins
D = PIS/Pasep-Cofins a recolher
C = a Despesa com PIS/Pasep-Cofins 46,25

7.1.3.2 Abatimentos sobre vendas


Já foi visto que o abatimento representa uma redução no valor de uma
mercadoria em razão de: (1) avarias ou (2) inconsistências entre o
pedido e o bem fornecido. Do ponto de vista do vendedor, podemos
entender didaticamente o abatimento como um acontecimento em que
ele incorre em uma perda do valor da venda antes realizada de modo a
salvar-se de uma perda ainda maior; que seria aquela relativa à
devolução da mercadoria vendida (de modo que o vendedor e o
comprador possam ficar satisfeitos, por – respectivamente – não perder
completamente o lucro de sua venda e não pagar caro por algo que não
era o esperado).
Contextualizando o conceito, voltaremos à situação em que uma
indústria havia vendido produtos de sua fabricação (registrados ao custo
de R$ 500,00), pelo valor R$ 1.000,00, para uma empresa comerciar
revender, conforme nota fiscal a seguir:
Nota Fiscal 2 CNPJ: XX.XXX.XXX/XXXX-XX
Inscr. Est. XXX.XXX.XXX.XX-XX

Item QT Descrição V. Unitário V. Total


xpto 10 produto X 100,00 1.000,00

Total 1.000,00
ICMS 17% 170,00
IPI 10% 100,00
Total desta Nota Fiscal ===============> 1.100,00

A figura a seguir ilustra o fato acima descrito.

Fábrica Atacadista Varejista


Consumidor

Valor do produto 1.000,00


(+) IPI 100,00
(=) Total pago 1.100,00
Obs: ICMS incluso 170,00

Nessa situação, já vimos que o lançamento da venda é o seguinte:


a) pelo reconhecimento da receita – faturamento bruto

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D = Caixa
C = a Faturamento bruto 1.100,00

b) pelo registro do custo do estoque vendido


D = CVM - Custo da Mercadoria Vendida
C = a Estoque 500,00

c) pelos tributos incorridos – decorrentes da venda


IPI
D = IPI faturado
C = a IPI a recolher 100,00

ICMS
D = Despesa com ICMS
C = a ICMS a recolher 170,00

PIS/Pasep e Cofins
D = Despesa com PIS/Pasep-Cofins
C = a PIS/Pasep-Cofins a recolher 92,50

Agora, considere que a metade dos produtos estivesse com defeito e


que poderia ser devolvida, mas que as partes acordaram em não
realizar a devolução, mediante um abatimento de 10% sobre o valor dos
produtos antes vendidos:
 R$ 1.000,00 (*) 10% (=) R$ 100,00.
Repare que, nessa situação, não há que se registrar a entrada do
produto de volta no estoque. Com efeito, também não há falar em
estorno dos tributos referentes às mercadorias (antes vendidas). Trata-
se, portanto, de uma operação superveniente, posterior à venda, e que
não tem o condão de influenciar os tributos sobre a venda antes
ocorrida.
O lançamento relativo ao abatimento encontra-se a seguir:
D = Abatimentos sobre vendas
C = a Caixa 100,00

7.1.3.3 Descontos incondicionais concedidos – sobre


vendas
Já foi visto que desconto incondicional é aquele oferecido pelo vendedor,
sem a pendência de qualquer evento futuro e incerto. Nessa situação, o
vendedor abre mão – já no momento da venda – de receber uma parte
do valor dessa venda. Pela sua definição, o desconto incondicional
também é denominado “desconto comercial”, pois ocorre no momento
do ato de comércio (não dependendo de nenhum acontecimento
posterior).

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É de extrema importância referir que os descontos incondicionais
influenciam o valor dos tributos incidentes sobre a operação, da
seguinte forma: (1) não incidem ICMS, PIS/Pasep e Cofins sobre o valor
do desconto incondicional; entretanto, (2) o IPI não é afetado (isso
porque o desconto incondicional é irrelevante para apuração do IPI,
conforme legislação de regência).
Exemplificando a situação, considere a situação em que uma indústria
vendeu produtos de sua fabricação (registrados ao custo de R$ 500,00),
pelo valor R$ 1.000,00, para uma empresa comerciar revender,
oferecendo ao cliente um desconto incondicional de 20% sobre o valor
da venda, conforme memória de cálculo a seguir:
Valor da venda 1.000,00
(*) alíquota do IPI 10%
(=) IPI relativo à operação 100,00

Valor da venda 1.000,00


(+) IPI relativo à operação 100,00
(=) Valor bruto a receber 1.100,00

Valor da venda 1.000,00


(*) Desconto 20%
(=) Valor do desconto incondicional concedido 200,00

Valor bruto a receber 1.100,00


(-) Valor do desconto incondicional concedido (200,00)
(=) Valor líquido a receber 900,00

Valor da venda 1.000,00


(-) Valor do desconto incondicional concedido (200,00)
(=) base de cálculo do ICMS 800,00
(*) alíquota do ICMS 17%
(=) ICMS sobre a venda 136,00

Valor da venda 1.000,00


(-) Valor do desconto incondicional concedido (200,00)
(=) base de cálculo do PIS/Pasep e Cofins 800,00
(*) alíquota conjunta do PIS/Pasep e Cofins 9,25%
(=) PIS/Pasep e Cofins sobre a venda 74,00
Nessa situação, o lançamento da venda com desconto é o seguinte:
a) pelo reconhecimento da receita – faturamento bruto – e do desconto
incondicional concedido
D = Caixa
C = a Faturamento bruto 1.100,00
D = Desconto incondicional concedido
C = a Caixa 200,00
b) pelo registro do custo do estoque vendido

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D = CVM - Custo da Mercadoria Vendida
C = a Estoque 500,00

c) pelos tributos incorridos – decorrentes da venda


IPI
D = IPI faturado
C = a IPI a recolher 100,00

ICMS
D = Despesa com ICMS
C = a ICMS a recolher 136,00
PIS/Pasep e Cofins
D = Despesa com PIS/Pasep-Cofins
C = a PIS/Pasep-Cofins a recolher 74,00

8 Apuração e contabilização dos tributos não-


cumulativos a recolher
Até aqui analisamos as operações de aquisição e de venda de
mercadorias. Vimos que, basicamente, as operações de aquisição de
mercadorias geram créditos de tributos (não-cumulativos – ICMS, IPI,
PIS/Pasep e Cofins – conforme o caso). Vimos também que a venda de
mercadoria enseja a obrigação de pagamento destes mesmos tributos
(pela ocorrência do respectivo fato gerador).
Assim, considerando que durante um determinado período de tempo
(denominado período de apuração do tributo), haja –
concomitantemente – aquisição e venda de mercadorias, haverá –
concomitantemente – o surgimento de direito a crédito de determinados
tributos (pela aquisição de mercadorias) e de obrigação de pagamento
destes tributos (pelas vendas). Ora, essa situação, implica a existência
(simultânea) de um ativo e de um passivo, relativos à mesma pessoa (o
Poder Público), conforme apresentado – na forma de razonetes – a
seguir:

Tributo a recuperar Tributo a recolher


(Saldo) X (Saldo) Y

No âmbito da representação de um patrimônio, a situação acima seria


vista da seguinte forma:

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Ativo Passivo

Tributo a recuperar X Tributo a recolher Y

Patrimônio Líquido

Considerando que, ao final do período de apuração, o valor do tributo a


recuperar (representado pela letra X – aicma) seja de R$ 1.000,00 e
que o valor do tributo a recolher (representado pela letra Y – acima)
seja de R$ 1.500,00. Conclui-se que a empresa tem uma obrigação
líquida de recolher aos cofres públicos o valor de R$ 500,00:
R$ 1.500,00 (-) R$ 1.000,00 (=) R$ 500,00.
Vamos, agora, analisar o conceito acima no âmbito da legislação de
cada tributo: ICMS, IPI, PIS/Pasep e Cofins.

8.1 ICMS
Pela legislação do ICMS, o período de apuração deve ser determinado
por cada Estado em separado, nos termos do art. 24 da Lei
Complementar n° 87, de 1996:
Art. 24. A legislação tributária estadual disporá sobre o
período de apuração do imposto. As obrigações
consideram-se vencidas na data em que termina o período
de apuração e são liquidadas por compensação ou
mediante pagamento em dinheiro como disposto neste
artigo:
I - as obrigações consideram-se liquidadas por
compensação até o montante dos créditos escriturados no
mesmo período mais o saldo credor de período ou períodos
anteriores, se for o caso;
II - se o montante dos débitos do período superar o
dos créditos, a diferença será liquidada dentro do prazo
fixado pelo Estado;
III - se o montante dos créditos superar os dos
débitos, a diferença será transportada para o período
seguinte.
Na prática, esse período de apuração é – geralmente – mensal.
Conforme acima referido, os valores dos créditos de ICMS a recuperar
devem ser compensados com os valores de ICMS a recolher e a
diferença:

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- caso seja a favor do Estado, deverá ser paga (na
data do vencimento do tributo) pela empresa
(separadamente, por cada estabelecimento
contribuinte);
- caso seja a favor da empresa, poderá ser utilizada
em períodos de apuração posteriores.

8.1.1 Contas “ICMS a Recolher” e “ICMS a Recuperar”


Pelo que foi colocado acima, as contas “ICMS a Recolher” e “ICMS a
Recuperar” devem se confrontadas ao final do período de apuração,
para apuração do saldo líquido, alternativamente: (1) a recolher ou (2)
a aproveitar em períodos subseqüentes.
Exemplificando, apresentaremos dois exemplos: o primeiro com saldo
de ICMS a recolher e o segundo com saldo de ICMS a recuperar.
Primeiro exemplo – saldo de ICMS a recolher.
Considere a situação – ao final do período de apuração – de “ICMS a
Recolher” no valor de R$ 1.500,00 e “ICMS a Recuperar” no valor de R$
1.000,00, em uma empresa que tenha R$ 5.000,00 em caixa e um
estoque no valor de R$ 500,00, conforme figura abaixo:

Ativo Passivo
Caixa 5.000,00

ICMS a recuperar 1.000,00 ICMS a recolher 1.500,00

estoque 500,00
Patrimônio Líquido
Capital 5.000,00

Nessa situação, é necessário realizar: (1) a apuração do valor líquido de


R$ 500,00 a recolher e (2) o recolhimento em dinheiro do valor líquido a
pagar, conforme lançamentos a seguir:
(1) apuração do valor líquido de ICMS a pagar
D = ICMS a recolher
C = a ICMS a recuperar 1.000,00

(2) recolhimento
D = ICMS a recolher
C = a Caixa 500,00

Os lançamentos acima são representados no livro Razão, conforme


figura a seguir:

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capital caixa Estoques
débitos créditos débitos créditos débitos créditos
5.000,00 si si 5.000,00 si 500,00
500,00 2
sf 4.500,00

ICMS a recuperar ICMS a recolher


débitos créditos débitos créditos
si 1.000,00 1.500,00 si
1.000,00 1 1 1.000,00
sf - 500,00 s'
2 500,00
- sf

Segundo exemplo – saldo de ICMS a recuperar.


Considere a situação – ao final do período de apuração – de “ICMS a
Recolher” no valor de R$ 1.000,00 e “ICMS a Recuperar” no valor de R$
1.500,00, em uma empresa que tenha R$ 5.000,00 em caixa e
duplicatas a pagar no valor de R$ 500,00, conforme figura abaixo:

Ativo Passivo
Caixa 5.000,00
duplicatas a pagar 500,00

ICMS a recuperar 1.500,00 ICMS a recolher 1.000,00

Patrimônio Líquido
Capital 5.000,00

Nessa situação, é necessário realizar apenas a apuração do valor líquido


de R$ 500,00 a recuperar em períodos de apuração futuros. Não é
necessário realizar o recolhimento em dinheiro de qualquer valor líquido,
conforme lançamento a seguir:
(1) apuração do valor líquido de ICMS a recuperar (em períodos
posteriores)
D = ICMS a recolher
C = a ICMS a recuperar 1.000,00

O lançamento acima está representado no livro Razão, conforme figura


a seguir:

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capital caixa Duplicatas a pagar
débitos créditos débitos créditos débitos créditos
5.000,00 si si 5.000,00 500,00 si

ICMS a recuperar ICMS a recolher


débitos créditos débitos créditos
si 1.500,00 1.000,00 si
1.000,00 1 1 1.000,00
sf 500,00 - sf

8.1.2 Conta “Conta-corrente ICMS”


A utilização de uma única conta – denominada “Conta Corrente ICMS” –
para representar (ao mesmo tempo): (1) o direito de crédito (ICMS a
recuperar) e (2) a obrigação de pagamento do tributo (ICMS a recolher)
consiste num procedimento simplificativo. Saliente-se que a conta
“Conta Corrente ICMS” é a reunião de dois elementos patrimoniais
coexistentes (um direito e uma obrigação) e que, portanto, não tem
uma natureza própria, podendo ter saldo devedor ou credor conforme
haja, respectivamente, mais direitos ou mais obrigações (relativas ao
tributo) no patrimônio da empresa.
Frise-se, não se trata de um elemento patrimonial, mas do registro
(conjunto) de dois elementos patrimoniais.
Exemplificando, apresentaremos dois exemplos: o primeiro com saldo
de ICMS a recolher e o segundo com saldo de ICMS a recuperar.
Primeiro exemplo – saldo de ICMS a recolher.
Considere a situação – ao final do período de apuração – de “ICMS a
Recolher” no valor de R$ 1.500,00 e “ICMS a Recuperar” no valor de R$
1.000,00. Nessa situação, a conta “Conta Corrente ICMS” pode ser
representada conforme razonete a seguir:

Conta Corrente ICMS


ICMS a recuperar 1.000,00 1.500,00 ICMS a recolher
-----
500,00 Saldo da conta (*)

(*) o saldo da conta já apresenta o valor líquido (1) a recolher - caso


credor ou (2) a recuperar - caso devedor

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Contextualizando a situação em uma empresa que tenha R$ 5.000,00
em caixa e um estoque no valor de R$ 500,00, apresentamos a figura
abaixo:

Ativo Passivo
Caixa 5.000,00

Conta Corrente ICMS 500,00

estoque 500,00
Patrimônio Líquido
Capital 5.000,00

Nessa situação, não é necessário realizar a apuração do valor líquido de


R$ 500,00 a recolher (ele já está registrado como saldo da conta “Conta
Corrente ICMS”), basta o recolhimento em dinheiro do valor líquido a
pagar, conforme lançamento a seguir:
D = Conta Corrente ICMS
C = a Caixa 500,00
O lançamentos acima pode ser representado no livro Razão, conforme
figura a seguir:

capital caixa Estoques


débitos créditos débitos créditos débitos créditos
5.000,00 si si 5.000,00 si 500,00
500,00 1
sf 4.500,00

Conta Corrente ICMS


débitos créditos
500,00 si
1 500,00
- sf

Segundo exemplo – saldo de ICMS a recuperar.


Considere a situação – ao final do período de apuração – de “ICMS a
Recolher” no valor de R$ 1.000,00 e “ICMS a Recuperar” no valor de R$
1.500,00. Nessa situação, a conta “Conta Corrente ICMS” pode ser
representada conforme razonete a seguir:

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Conta Corrente ICMS
ICMS a recuperar 1.500,00 1.000,00 ICMS a recolher
------
Saldo da conta (*) 500,00

(*) o saldo da conta já apresenta o valor líquido (1) a recolher - caso


credor ou (2) a recuperar - caso devedor

Contextualizando a situação em uma empresa que tenha R$ 5.000,00


em caixa e duplicatas a pagar no valor de R$ 500,00, apresentamos a
figura abaixo:

Ativo Passivo
Caixa 5.000,00
duplicatas a pagar 500,00

Conta Corrente ICMS 500,00

Patrimônio Líquido
Capital 5.000,00

Nessa situação, não é necessário realizar o registro de qualquer


apuração do valor líquido a recuperar em períodos de apuração futuros
(ele já está registrado na Conta Corrente ICMS – no valor de R$
500,00). Da mesma forma, também não é necessário realizar o
recolhimento em dinheiro de qualquer valor líquido.

8.2 IPI
Pela legislação do IPI, a partir de 1o de janeiro de 2005, o período de
apuração passou a ser mensal, devendo o recolhimento do imposto
ocorrer até o último dia útil da quinzena subseqüente ao mês de
ocorrência dos fatos geradores.
A apuração do valor dos créditos e do IPI devido pelas vendas se dá
durante o período de apuração do imposto. Ao final desse período o
valor do IPI a recolher é confrontado com os créditos, relativos ao IPI a
recuperar, os valores dos créditos de IPI a recuperar devem ser
compensados com os valores de IPI a recolher e a diferença:
- caso seja a favor do Poder Público, deverá ser paga
(na data do vencimento do tributo) pela empresa
(separadamente, por cada estabelecimento
contribuinte);

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- caso seja a favor da empresa, poderá ser utilizada
em períodos de apuração posteriores.

8.2.1 Contas “IPI a Recolher” e “IPI a Recuperar”


Pelo que foi colocado acima, as contas “IPI a Recolher” e “IPI a
Recuperar” devem se confrontadas ao final do período de apuração,
para apuração do saldo líquido, alternativamente: (1) a recolher ou (2)
a aproveitar em períodos subseqüentes.
Exemplificando, apresentaremos dois exemplos: o primeiro com saldo
de IPI a recolher e o segundo com saldo de IPI a recuperar.
Primeiro exemplo – saldo de IPI a recolher.
Considere a situação – ao final do período de apuração – de “IPI a
Recolher” no valor de R$ 1.500,00 e “IPI a Recuperar” no valor de R$
1.000,00, em uma empresa que tenha R$ 5.000,00 em caixa e um
estoque no valor de R$ 500,00, conforme figura abaixo:

Ativo Passivo
Caixa 5.000,00

IPI a recuperar 1.000,00 IPI a recolher 1.500,00

estoque 500,00
Patrimônio Líquido
Capital 5.000,00

Nessa situação, é necessário realizar: (1) a apuração do valor líquido de


R$ 500,00 a recolher e (2) o recolhimento em dinheiro do valor líquido a
pagar, conforme lançamentos a seguir:
(1) apuração do valor líquido de IPI a pagar
D = IPI a recolher
C = a IPI a recuperar 1.000,00
(2) recolhimento
D = IPI a recolher
C = a Caixa 500,00
Os lançamentos acima são representados no livro Razão, conforme
figura a seguir:

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capital caixa Estoques
débitos créditos débitos créditos débitos créditos
5.000,00 si si 5.000,00 si 500,00
500,00 2
sf 4.500,00

IPI a recuperar IPI a recolher


débitos créditos débitos créditos
si 1.000,00 1.500,00 si
1.000,00 1 1 1.000,00
sf - 500,00 s'
2 500,00
- sf

Segundo exemplo – saldo de IPI a recuperar.


Considere a situação – ao final do período de apuração – de “IPI a
Recolher” no valor de R$ 1.000,00 e “IPI a Recuperar” no valor de R$
1.500,00, em uma empresa que tenha R$ 5.000,00 em caixa e
duplicatas a pagar no valor de R$ 500,00, conforme figura abaixo:

Ativo Passivo
Caixa 5.000,00
duplicatas a pagar 500,00

IPI a recuperar 1.500,00 IPI a recolher 1.000,00

Patrimônio Líquido
Capital 5.000,00

Nessa situação, é necessário realizar apenas a apuração do valor líquido


de R$ 500,00 a recuperar em períodos de apuração futuros. Não é
necessário realizar o recolhimento em dinheiro de qualquer valor líquido,
conforme lançamento a seguir:
(1) apuração do valor líquido de IPI a recuperar (em períodos
posteriores)
D = IPI a recolher
C = a IPI a recuperar 1.000,00
O lançamento acima está representado no livro Razão, conforme figura
a seguir:

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capital caixa Duplicatas a pagar
débitos créditos débitos créditos débitos créditos
5.000,00 si si 5.000,00 500,00 si

IPI a recuperar IPI a recolher


débitos créditos débitos créditos
si 1.500,00 1.000,00 si
1.000,00 1 1 1.000,00
sf 500,00 - sf

8.2.2 Conta “Conta-corrente IPI”


A utilização de uma única conta – denominada “Conta Corrente IPI” –
para representar (ao mesmo tempo): (1) o direito de crédito (IPI a
recuperar) e (2) a obrigação de pagamento do tributo (IPI a recolher)
consiste num procedimento simplificativo. Saliente-se que a conta
“Conta Corrente IPI” é a reunião de dois elementos patrimoniais
coexistentes (um direito e uma obrigação) e que, portanto, não tem
uma natureza própria, podendo ter saldo devedor ou credor conforme
haja, respectivamente, mais direitos ou mais obrigações (relativas ao
tributo) no patrimônio da empresa.
Frise-se, não se trata de um elemento patrimonial, mas do registro
(conjunto) de dois elementos patrimoniais.
Exemplificando, apresentaremos dois exemplos: o primeiro com saldo
de IPI a recolher e o segundo com saldo de IPI a recuperar.
Primeiro exemplo – saldo de IPI a recolher.
Considere a situação – ao final do período de apuração – de “IPI a
Recolher” no valor de R$ 1.500,00 e “IPI a Recuperar” no valor de R$
1.000,00. Nessa situação, a conta “Conta Corrente IPI” pode ser
representada conforme razonete a seguir:

Conta Corrente IPI


IPI a recuperar 1.000,00 1.500,00 IPI a recolher
-----
500,00 Saldo da conta (*)

(*) o saldo da conta já apresenta o valor líquido (1) a recolher - caso


credor ou (2) a recuperar - caso devedor

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Contextualizando a situação em uma empresa que tenha R$ 5.000,00
em caixa e um estoque no valor de R$ 500,00, apresentamos a figura
abaixo:

Ativo Passivo
Caixa 5.000,00

Conta Corrente IPI 500,00

estoque 500,00
Patrimônio Líquido
Capital 5.000,00

Nessa situação, não é necessário realizar a apuração do valor líquido de


R$ 500,00 a recolher (ele já está registrado como saldo da conta “Conta
Corrente IPI”), basta o recolhimento em dinheiro do valor líquido a
pagar, conforme lançamento a seguir:
D = Conta Corrente IPI
C = a Caixa 500,00
O lançamentos acima pode ser representado no livro Razão, conforme
figura a seguir:

capital caixa Estoques


débitos créditos débitos créditos débitos créditos
5.000,00 si si 5.000,00 si 500,00
500,00 1
sf 4.500,00

Conta Corrente IPI


débitos créditos
500,00 si
1 500,00
- sf

Segundo exemplo – saldo de IPI a recuperar.


Considere a situação – ao final do período de apuração – de “IPI a
Recolher” no valor de R$ 1.000,00 e “IPI a Recuperar” no valor de R$
1.500,00. Nessa situação, a conta “Conta Corrente IPI” pode ser
representada conforme razonete a seguir:

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Conta Corrente IPI
IPI a recuperar 1.500,00 1.000,00 IPI a recolher
------
Saldo da conta (*) 500,00

(*) o saldo da conta já apresenta o valor líquido (1) a recolher - caso


credor ou (2) a recuperar - caso devedor

Contextualizando a situação em uma empresa que tenha R$ 5.000,00


em caixa e duplicatas a pagar no valor de R$ 500,00, apresentamos a
figura abaixo:

Ativo Passivo
Caixa 5.000,00
duplicatas a pagar 500,00

Conta Corrente IPI 500,00

Patrimônio Líquido
Capital 5.000,00

Nessa situação, não é necessário realizar o registro de qualquer


apuração do valor líquido a recuperar em períodos de apuração futuros
(ele já está registrado na Conta Corrente IPI – no valor de R$ 500,00).
Da mesma forma, também não é necessário realizar o recolhimento em
dinheiro de qualquer valor líquido.

8.3 PIS/Pasep e Cofins


Pela legislação de regência do PIS/Pasep e da Cofins, nem toda empresa
estará sujeita à não-cumulatividade desses tributos. Com efeito,
somente aquelas que apurarem e recolherem o Imposto de Renda da
Pessoa Jurídica – IRPJ – pela sistemática do lucro real estarão sujeitas à
não-cumulatividade do PIS/Pasep e da Cofins. Lembrando, o período de
apuração é mensal e, para implementação da não-cumulatividade, os
valores dos créditos26 de PIS/Pasep-Cofins a recuperar devem ser
compensados com os valores de PIS/Pasep-Cofins a recolher e a
diferença:

26
O termo “crédito” de PIS/Pasep-Cofins a recuperar está sendo aqui utilizado em sua
acepção normal (de direito a receber alguma coisa de alguém) – não podemos nos
esquecer que eles são registrados a débito.

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- caso seja a favor do Estado, deverá ser paga (na
data do vencimento do tributo) pela empresa;
- caso seja a favor da empresa, poderá ser utilizada
em períodos de apuração posteriores.

8.3.1 Contas “PIS/Pasep e Cofins a Recolher” e “PIS/Pasep e Cofins a


Recuperar”
Pelo que foi colocado acima, as contas “PIS/Pasep-Cofins a Recolher” e
“PIS/Pasep-Cofins a Recuperar” devem se confrontadas ao final do
período de apuração, para apuração do saldo líquido, alternativamente:
(1) a recolher ou (2) a aproveitar em períodos subseqüentes.
Exemplificando, apresentaremos dois exemplos: o primeiro com saldo
de PIS/Pasep-Cofins a recolher e o segundo com saldo de PIS/Pasep-
Cofins a recuperar.
Primeiro exemplo – saldo de PIS/Pasep-Cofins a recolher.
Considere a situação – ao final do período de apuração – de “PIS/Pasep-
Cofins a Recolher” no valor de R$ 1.500,00 e “PIS/Pasep-Cofins a
Recuperar” no valor de R$ 1.000,00, em uma empresa que tenha R$
5.000,00 em caixa e um estoque no valor de R$ 500,00, conforme
figura abaixo:

Ativo Passivo
Caixa 5.000,00

PIS/Pasep-Cofins a recuperar 1.000,00 PIS/Pasep-Cofins a recolher 1.500,00

estoque 500,00
Patrimônio Líquido
Capital 5.000,00

Nessa situação, é necessário realizar: (1) a apuração do valor líquido de


R$ 500,00 a recolher e (2) o recolhimento em dinheiro do valor líquido a
pagar, conforme lançamentos a seguir:
(1) apuração do valor líquido de PIS/Pasep-Cofins a pagar
D = PIS/Pasep-Cofins a recolher
C = a PIS/Pasep-Cofins a recuperar 1.000,00
(2) recolhimento
D = PIS/Pasep-Cofins a recolher
C = a Caixa 500,00
Os lançamentos acima são representados no livro Razão, conforme
figura a seguir:

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capital caixa Estoques
débitos créditos débitos créditos débitos créditos
5.000,00 si si 5.000,00 si 500,00
500,00 2
sf 4.500,00

PIS/Pasep-Cofins a recuperar PIS/Pasep-Cofins a recolher


débitos créditos débitos créditos
si 1.000,00 1.500,00 si
1.000,00 1 1 1.000,00
sf - 500,00 s'
2 500,00
- sf

Segundo exemplo – saldo de PIS/Pasep-Cofins a recuperar.


Considere a situação – ao final do período de apuração – de “PIS/Pasep-
Cofins a Recolher” no valor de R$ 1.000,00 e “PIS/Pasep-Cofins a
Recuperar” no valor de R$ 1.500,00, em uma empresa que tenha R$
5.000,00 em caixa e duplicatas a pagar no valor de R$ 500,00,
conforme figura abaixo:

Ativo Passivo
Caixa 5.000,00
duplicatas a pagar 500,00

PIS/Pasep-Cofins a recuperar1.500,00 PIS/Pasep-Cofins a recolher1.000,00

Patrimônio Líquido
Capital 5.000,00

Nessa situação, é necessário realizar apenas a apuração do valor líquido


de R$ 500,00 a recuperar em períodos de apuração futuros. Não é
necessário realizar o recolhimento em dinheiro de qualquer valor líquido,
conforme lançamento a seguir:
(1) apuração do valor líquido de PIS/Pasep-Cofins a recuperar (em
períodos posteriores)
D = PIS/Pasep-Cofins a recolher
C = a PIS/Pasep-Cofins a recuperar 1.000,00
O lançamento acima está representado no livro Razão, conforme figura
a seguir:

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capital caixa Duplicatas a pagar
débitos créditos débitos créditos débitos créditos
5.000,00 si si 5.000,00 500,00 si

PIS/Pasep-Cofins a recuperar PIS/Pasep-Cofins a recolher


débitos créditos débitos créditos
si 1.500,00 1.000,00 si
1.000,00 1 1 1.000,00
sf 500,00 - sf

8.3.2 Conta “Conta-corrente PIS/Pasep e Cofins”


A utilização de uma única conta – denominada “Conta Corrente
PIS/Pasep-Cofins” – para representar (ao mesmo tempo): (1) o direito
de crédito (PIS/Pasep-Cofins a recuperar) e (2) a obrigação de
pagamento do tributo (PIS/Pasep-Cofins a recolher) consiste num
procedimento simplificativo. Saliente-se que a conta “Conta Corrente
PIS/Pasep-Cofins” é a reunião de dois elementos patrimoniais
coexistentes (um direito e uma obrigação) e que, portanto, não tem
uma natureza própria, podendo ter saldo devedor ou credor conforme
haja, respectivamente, mais direitos ou mais obrigações (relativas ao
tributo) no patrimônio da empresa.
Frise-se, não se trata de um elemento patrimonial, mas do registro
(conjunto) de dois elementos patrimoniais.
Exemplificando, apresentaremos dois exemplos: o primeiro com saldo
de PIS/Pasep-Cofins a recolher e o segundo com saldo de PIS/Pasep-
Cofins a recuperar.
Primeiro exemplo – saldo de PIS/Pasep-Cofins a recolher.
Considere a situação – ao final do período de apuração – de “PIS/Pasep-
Cofins a Recolher” no valor de R$ 1.500,00 e “PIS/Pasep-Cofins a
Recuperar” no valor de R$ 1.000,00. Nessa situação, a conta “Conta
Corrente PIS/Pasep-Cofins” pode ser representada conforme razonete a
seguir:

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Conta Corrente PIS/Pasep-Cofins
PIS/Pasep-Cofins a recuperar 1.000,00 1.500,00 PIS/Pasep-Cofins a recolher
-----
500,00 Saldo da conta (*)

(*) o saldo da conta já apresenta o valor líquido (1) a recolher - caso credor ou (2) a recuperar - caso
devedor

Contextualizando a situação em uma empresa que tenha R$ 5.000,00


em caixa e um estoque no valor de R$ 500,00, apresentamos a figura
abaixo:

Ativo Passivo
Caixa 5.000,00

Conta Corrente PIS/Pasep-Cofins 500,00

estoque 500,00
Patrimônio Líquido
Capital 5.000,00

Nessa situação, não é necessário realizar a apuração do valor líquido de


R$ 500,00 a recolher (ele já está registrado como saldo da conta “Conta
Corrente PIS/Pasep-Cofins”), basta o recolhimento em dinheiro do valor
líquido a pagar, conforme lançamento a seguir:
D = Conta Corrente PIS/Pasep-Cofins
C = a Caixa 500,00
O lançamentos acima pode ser representado no livro Razão, conforme
figura a seguir:

capital caixa Estoques


débitos créditos débitos créditos débitos créditos
5.000,00 si si 5.000,00 si 500,00
500,00 1
sf 4.500,00

Conta Corrente PIS/Pasep-Cofins


débitos créditos
500,00 si
1 500,00
- sf

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Segundo exemplo – saldo de PIS/Pasep-Cofins a recuperar.
Considere a situação – ao final do período de apuração – de “PIS/Pasep-
Cofins a Recolher” no valor de R$ 1.000,00 e “PIS/Pasep-Cofins a
Recuperar” no valor de R$ 1.500,00. Nessa situação, a conta “Conta
Corrente PIS/Pasep-Cofins” pode ser representada conforme razonete a
seguir:

Conta Corrente PIS/Pasep-Cofins


PIS/Pasep-Cofins a recuperar 1.500,00 1.000,00 PIS/Pasep-Cofins a recolher
------
Saldo da conta (*) 500,00

(*) o saldo da conta já apresenta o valor líquido (1) a recolher - caso credor ou (2) a recuperar - caso
devedor

Contextualizando a situação em uma empresa que tenha R$ 5.000,00


em caixa e duplicatas a pagar no valor de R$ 500,00, apresentamos a
figura abaixo:

Ativo Passivo
Caixa 5.000,00
duplicatas a pagar 500,00

Conta Corrente PIS/Pasep-Cofins 500,00

Patrimônio Líquido
Capital 5.000,00

Nessa situação, não é necessário realizar o registro de qualquer


apuração do valor líquido a recuperar em períodos de apuração futuros
(ele já está registrado na Conta Corrente PIS/Pasep-Cofins – no valor de
R$ 500,00). Da mesma forma, também não é necessário realizar o
recolhimento em dinheiro de qualquer valor líquido.

9 Determinação do custo da mercadoria vendida –


equação fundamental dos estoques
O problema da identificação do que compõe o valor a ser registrado na
conta estoque resta superado com a utilização, conforme acima
detalhadamente visto e comprovado, da nossa didática frase: “entra no
estoque e sai pelo custo o que é pago e ninguém nos devolve”. A partir
dessa constatação, resta aparentemente ser resolvida a questão da
determinação do valor saído do estoque (a título de custo da mercadoria
vendida) e do valor que continua no estoque (não vendido). Ora, o que

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vai sair do estoque é o que anteriormente nele entrou. Ocorre que o
controle desse valor nem sempre é fácil, quando contextualizado no
âmbito das várias operações de compra e venda ocorridas no período.
Uma primeira colocação com relação à solução desse problema está na
apresentação da equação fundamental dos estoques:
 CMV (=) Ei (+) C (-) Ef
Onde:
a) CMV – Custo da Mercadoria Vendida
b) Ei – Estoque inicial
c) C – Compras líquidas
d) Ef – Estoque final
O entendimento do significado desta equação é tão simples quanto
importante – para o aprendizado deste tópico da matéria.
Para isso, é proposta a seguinte explicação: (1) CMV – Custo da
Mercadoria Vendida – é o valor que saiu do estoque (e foi entregue ao
cliente); (2) Ei – Estoque inicial – é o valor constante do estoque no
início do período; (3) C – Compras líquidas – é o valor que entrou no
estoque (o que foi pago e ninguém nos devolve) e (4) Ef – Estoque final
– é o valor que remanesce no estoque ao final do período. Assim,
podemos entender o significado da equação proposta, ou seja, “o que
saiu do estoque é igual a: (a) o que inicialmente existia nele; (b)
acrescido de tudo que entrou nele; e (c) subtraído do que nele restou”.
Didaticamente, o conceito acima pode ser ilustrado por uma “metáfora
digestiva”, considerando que as mercadorias entram no estoque quando
da compra, assim como o alimento entra em nosso estômago quando da
refeição e que as mercadorias saem do estoque quando da venda, assim
como o alimento sai de nosso estômago quando das necessidades
fisiológicas. Ora, o que saiu do estômago durante o dia corresponde
àquilo que (a) existia no estômago no início do dia; (b) adicionado ao
que entrou no estômago – por refeições – ao longo do dia e (c)
subtraído do que restou no estômago no final do dia.
A tabela a seguir ilustra a fórmula:
Fórmula Interpretação
Ei O que estava no estoque no início do período
(+) Compras adicionado àquilo que entrou no estoque durante o período
(-) Ef subtraído do que restou no estoque ao final do período
(=) CMV é igual ao que saiu do estoque durante o período

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10 Regimes de inventário – permanente x periódico
É possível que as empresas optem por controles que permitam saber o
valor contábil de cada item vendido (custo da mercadoria vendida) no
momento da respectiva venda. Esse controle é denominado “sistema de
inventário permanente” e é realizado através da utilização de fichas de
estoque (um conjunto de tabelas – uma para cada item do estoque na
qual estão consignadas as entradas e saídas do item com os respectivos
valores). As empresas que mantém esse controle podem optar por
diversos métodos de apuração e controle do estoque (PEPS e Média –
conforme será visto a seguir).
É permitido, ainda, que as empresas não mantenham esse tipo de
controle e realizem uma única apuração (por período) do valor contábil
das mercadorias saídas do estoque (custo da mercadoria vendida). As
empresas que optam por realizar esse tipo de procedimento somente
podem utilizar o método PEPS (que será visto adiante) para controle e
apuração de seus estoques.

11 Inventário permanente
Conforme colocado acima, o regime de inventário permanente é um
procedimento que permite o controle do valor do estoque a cada venda
realizada, com a possibilidade de registro da baixa do estoque no
momento da venda. Cumpre referir que a empresa que utiliza o regime
de inventário permanente pode escolher entre diferentes métodos de
apuração e controle de estoque, conforme será visto em seguida.

11.1 Métodos de apuração e controle do estoque


Conhecendo os componentes do custo de aquisição, podemos analisar o
problema referente ao fato da empresa ter em estoque unidades de um
mesmo produto adquiridas em datas distintas, com custos unitários
diferentes. Essa situação faz surgir a dúvida sobre qual preço unitário
deve ser atribuído a tais estoques. As diferentes possibilidades de
atribuição desse valor unitário correspondem aos seguintes métodos de
controle de estoques:
- preço específico;
- PEPS – FIFO;
- UEPS – LIFO, não permitida pela legislação tributária;
- Média ponderada móvel.
A apuração do custo pelo método do preço específico significa valorizar
cada unidade do estoque ao preço efetivamente pago para cada item
especificamente determinado. É usado somente quando é possível fazer

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tal determinação do preço específico de cada unidade em estoque,
mediante identificação física, como no caso de revenda de automóveis
usados, por exemplo. Esse critério normalmente só é aplicável em
casos onde a quantidade, o valor ou a própria natureza da mercadoria o
permitam, sendo de impossível ou inconveniente utilização na maioria
das vezes, restando os demais métodos (PEPS, UEPS e Média Ponderada
Móvel).
Para entender em que consistem esses diferentes métodos de controle
do estoque, é proposta a análise da seguinte situação:
(1) Considere que nossa empresa tenha por objeto a compra e a venda
de tamancos.
(2) Considere, também, que tenhamos adquirido um lote de 100 pares
de tamancos (para revenda) por R$ 10,00 cada par (num total de R$
1.000,00 – desconsidere, para fins de simplificação didática, a incidência
de quaisquer tributos sobre essa operação). Passamos a ter um
estoque avaliado a R$ 1.000,00, com 100 pares de tamancos adquiridos
por R$ 10,00 cada par.
(3) Considere, ainda, que nossa empresa (avaliando a qualidade dos
tamancos adquiridos) decida adquirir mais 100 pares do produto.
Ocorre que, ao entrarmos em contato com nosso fornecedor, recebemos
a notícia de o preço do tamanco havia aumentado para R$ 12,00. Ainda
assim, consideramos um bom negócio adquirir os 100 pares adicionais
(desembolsando R$ 1.200,00). Passamos, agora, a ter um estoque
avaliado a R$ 2.200,00 (correspondente aos anteriores R$ 1.000,00
adicionados dos atuais R$ 1.200,00), com 200 pares de tamancos
adquiridos (100 pares por R$ 10,00 cada e 100 pares por 12 cada).
(4) Considere, finalmente, que – na semana seguinte – tenhamos
conseguido vender nosso primeiro par de tamancos por R$ 15,00.
Agora vamos analisar o fato da venda ocorrida: (a) o reconhecimento da
receita auferida com a venda e (b) o registro do custo da mercadoria
vendida.
O reconhecimento da receita é fácil, pois consiste no valor da venda –
R$ 15,00, conforme lançamento abaixo:
D = Caixa
C = a Receita Bruta de Vendas 15,00
O problema está na definição do custo da mercadoria vendida, pois
todos os tamancos são idênticos e, visualmente, é impossível saber se:
- o par de tamancos entregue ao cliente foi um
daqueles comprados no primeiro lote (por R$ 10,00);
ou

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- o par de tamancos entregue ao cliente foi um
daqueles comprados no segundo lote (por R$ 12,00),
ou ainda
- o par de tamancos entregue ao cliente foi formado
por um pé do primeiro lote (adquirido por R$ 10,00 o
par) e por outro pé do segundo lote (adquirido por R$
12,00 o par) – o que resultaria em um par de
tamancos que na média teria custado R$ 11,00.
Repare que esse é um problema sem uma solução física ou matemática,
mas que demanda a utilização de um critério, para sua solução. A
ciência contábil desenvolveu diferentes maneiras de resolver a questão
– que ficaram conhecidas como os diferentes métodos de apuração e
controle de estoque, são eles:
- PEPS – primeiro que entra, primeiro que sai – (ou
FIFO – first in, first out), nesse caso, o par de
tamancos entregue ao cliente seria um par daqueles
que foram primeiro adquiridos (na primeira compra,
por R$ 10,00);
- UEPS – último que entra, primeiro que sai – (ou LIFO
– last in, first out), nesse caso, o par de tamancos
entregue ao cliente seria um par daqueles que foram
por último adquiridos (na segunda compra, por R$
10,00);
- Média Ponderada Móvel – nesse caso, o par de
tamancos entregue ao cliente seria considerado
comprado pelo preço médio de aquisição de todos os
tamancos já adquiridos e ainda não vendidos, no
caso: (R$ 1.000,00 + R$ 1.200,00) / 200 = R$
11,00.
Repare que, dependendo do método utilizado, o lucro da empresa é
diferente, pois o custo (que é um registro de redução do patrimônio)
será diferente:
(a) o reconhecimento do custo considerando o método PEPS
D = Custo da Mercadoria Vendida
C = a estoque 10,00
(b) o reconhecimento do custo considerando o método UEPS
D = Custo da Mercadoria Vendida
C = a estoque 12,00
(c) o reconhecimento do custo considerando o método da Média
Ponderada Móvel

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D = Custo da Mercadoria Vendida
C = a estoque 11,00
Repare que o lucro da empresa é diferente. Se utilizado o método PEPS,
o lucro seria de R$ 5,00 (R$ 15,00 – R$ 10,00). Se utilizado o método
UEPS, o lucro seria de R$ 3,00 (R$ 15,00 – R$ 12,00). E, se utilizado o
método da média ponderada móvel, o lucro seria de R$ 4,00 (R$ 15,00
– R$ 11,00).
De uma maneira bem humorada e didática, podemos analisar cada um
dos três métodos acima através da metáfora digestiva, considerando:
(1) o estoque como nosso estômago, (2) as compras de mercadorias
(que enchem o estoque de mercadorias) como refeições (que enchem
nosso estômago) e (3) as vendas de mercadorias (quando saem
mercadorias do estoque) como necessidades fisiológicas (que esvaziam
nosso estômago).
Com base na metáfora digestiva, o método PEPS equivale ao aparelho
digestivo de uma pessoa muito regulada (um professor de Yoga), em
cujo estômago não chegam a se misturar as refeições. Se essa pessoa
tomou café pela manhã, esse café não irá se misturar com o almoço e,
assim, o café terá de sair POR COMPLETO do estômago, antes que o
almoço comece e sair. Em outras palavras, as mercadorias adquiridas
na primeira compra deverão ter sido TODAS baixadas (como custo da
mercadoria vendida) antes que se inicie a registrar a baixa de
mercadorias adquiridas na segunda compra.
Com base, ainda, na metáfora digestiva, o método UEPS equivale ao
aparelho digestivo de uma pessoa comeu um camarão no almoço e está
passando mal. Em seu estômago também não chegam a se misturar
refeições, contudo, se essa pessoa tomou café pela manhã, antes do
café sair de seu estômago, terá de sair POR COMPLETO (e por cima) o
camarão estragado do almoço, para que, somente depois, comece e sair
o café da manhã (também por cima). Em outras palavras, as
mercadorias adquiridas na primeira compra somente poderão começar a
ser baixadas (como custo da mercadoria vendida) após o registro da
baixa de TODAS as mercadorias adquiridas na segunda compra.
Finalmente, com base na metáfora digestiva, podemos entender o
funcionamento do método da metida ponderada móvel como o
funcionamento do aparelho digestivo de uma pessoa muito constipada,
de cujo estômago não sai nada por muito tempo e que, portanto, em
cujo estômago se misturam várias refeições. Assim, quando há uma
saída de refeições de seu estômago, o que sai é uma “média” de tudo
que havia antes entrado. Exemplificando, se essa pessoa tomou café
pela manhã, esse café irá se misturar com o almoço e, assim, quando o
alimento for sair do estômago, sairá misturado o café e o almoço. Em

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outras palavras, a cada aquisição de mercadorias elas são misturadas às
mercadorias anteriormente adquiridas e ainda não vendidas, para
formar um “bolo” (conjunto único) de mercadorias.
O preenchimento da referida “ficha de controle de estoque” é requerido
em praticamente TODAS as provas de concurso. Interessante é notar
que raramente, no espaço dado para rascunho, há espaço suficiente
para desenhar essa ficha. Nessa situação a solução é utilizar a carteira
(a classe) para rascunho – apagando devidamente, após a prova, para
não danificar o patrimônio alheio.
Para a implementação do regime permanente de inventário, deve ser
utilizada – para cada mercadoria – uma ficha de estoque. A ficha de
estoque tem o formato de uma tabela de quatro colunas: (1)
data/descrição do evento, (2) entradas, (3) saídas e (4) saldo.
A primeira coluna (data/descrição do evento) deve ser preenchida em
ordem cronológica (operação por operação)27. As demais colunas
devem ser sub-divididas (cada uma) em três sub-colunas (a)
quantidade, (b) valor unitário e (c) valor total.
A seguir, encontra-se o modelo de ficha de estoque proposto.
Data/evento Entrada saída Saldo
quantidade Valor unitário Valor total Quantidade Valor unitário Valor total quantidade Valor unitário Valor total

A seguir, faremos a aplicação dos diferentes métodos de controle de


estoques, com a utilização da ficha de estoque acima apresentada.
Para exemplificar os diferentes métodos, propomos a utilização de um
exemplo com a sucessão de fatos a seguir28:
0 - Estoque inicial de 20 unidades a R$ 20,00 cada  total de R$
400,00.
1 - Compra de 20 unidades por R$ 30,00 cada
2 - Venda de 10 unidades
3 - Venda de 20 unidades
4 - Compra de 30 unidades por R$ 35,00 cada
5 - Venda de 10 unidades

27
Cuidado, o examinador adora colocar o relato dos fatos ocorridos (compras e
vendas) no período, fora da ordem cronológica, para confundir o estudante.
28
Exemplo baseado no Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações – Fipecafi.

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11.1.1 Primeiro que entra – primeiro que sai (PEPS – FIFO)
Conforme já visto, o método PEPS – primeiro a entrar primeiro a sair,
também conhecido pela sigla FIFO – first in first out, à medida que
ocorrem as vendas, utiliza, para baixa dos valores do estoque vendido,
o preço das unidades adquiridas há mais tempo. Assim, a baixa de cada
venda é dada pelo custo mais antigo em estoque (o primeiro a entrar é
sempre o primeiro a sair) e, conseqüentemente, restam no estoque
(após as vendas) as mercadorias mais recentemente adquiridas.
Para exemplificar a utilização do método PEPS, para implementação do
regime de inventário permanente de estoque, devem ser utilizadas
“fichas de controle de estoque”, uma ficha para cada mercadorias, e
essas fichas devem ser atualizadas a cada operação de compra ou
venda.

Aplicando-se o método PEPS ao caso exemplificativo acima descrito,


com a utilização da ficha de estoques antes proposta, temos a seguinte
situação:
Data/evento Entrada saída Saldo
quantidade Valor unitário Valor total Quantidade Valor unitário Valor total quantidade Valor unitário Valor total Obs
0 - estoque inicial 20 20,00 400,00 400,00 Ei
1 - compra 20 30,00 600,00 20 20,00 400,00
20 30,00 600,00
2 - venda 10 20,00 200,00 10 20,00 200,00
20 30,00 600,00
3 - venda 10 20,00 200,00 10 30,00 300,00
10 30,00 300,00
4 - compra 30 35,00 1.050,00 10 30,00 300,00
30 35,00 1.050,00
5 - venda 10 30,00 300,00 30 35,00 1.050,00 1.050,00 Ef
Totais 1.650,00 1.000,00
Compras CMV

Comentários:
No método PEPS “as refeições não se misturam”, ou seja, o valor das
mercadorias adquiridas não se mistura ao valor das mercadorias
anteriormente existentes em estoque. Por essa razão, no momento da
compra (1), foram utilizadas linhas diferentes para registrar o estoque
anteriormente existente no estoque (de valor unitário R$ 20,00) e o
estoque adquirido na operação (de valor unitário R$ 30,00).
No método PEPS, “a primeira refeição deve sair completamente do
estoque, antes que a segunda comece a sair”, ou seja, somente após a
baixa de todas as unidades existentes inicialmente (adquiridas pelo
valor unitário de R$ 20,00) inicia-se a baixa das unidades adquiridas na
compra – 1 – (por R$ 30,00).
Repare que, seguindo o método PEPS:

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- o total de entrada atinge o valor de R$ 1.650,00
(somatório da coluna “entradas” representativo das
compras);
- o total de saída atinge o valor de R$ 1.000,00
(somatório da coluna “saídas” representativo do
custo das mercadorias vendidas);
- o valor do estoque inicial era de R$ 400,00 (saldo
total da primeira linha);
- o valor do estoque final foi calculado em R$ 1.050,00
(saldo total da última linha);
- isso está de acordo com a fórmula da equação
fundamental dos estoques (CMV = Ei + C – Ef),
conforme tabela a seguir
Fórmula Valores Interpretação
Ei 400,00 O que estava no estoque no início do período
(+) Compras 1.650,00 adicionado àquilo que entrou no estoque durante o período
(-) Ef (1.050,00) subtraído do que restou no estoque ao final do período
(=) CMV 1.000,00 é igual ao que saiu do estoque durante o período

Importante! Para aplicação correta da fórmula, é necessário manter o


registro da ficha de estoque conforme a seguir:
a) As devoluções de compras devem ser registradas na
coluna entradas (em valores negativos)
b) Os abatimentos obtidos – sobre as compras –
devem ser registrados como uma entrada negativa
c) As devoluções de vendas devem ser registradas na
coluna saídas (em valores negativos)
Importante! Repare que não foram apresentados quaisquer valores para
as vendas realizadas. Isso decorre do fato de que o preço da venda é
irrelevante para determinar o custo do produto vendido.
Contextualizando, se eu compro um par de tamancos por R$ 10,00, não
importa se eu o venda por R$ 20,00 ou por R$ 30,00, o custo do par de
tamancos vendido será o mesmo (R$ 10,00). Cuidado! O examinador
FREQÜENTEMENTE coloca o preço da venda no enunciado da questão
para que o estudante se enrole na sua resolução29.

29
Isso é o que eu chamo de “excrescências”, informações irrelevantes para a resolução
da questão, que são colocadas no enunciado para causar confusão.

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11.1.2 Média ponderada móvel (Média)
Conforme já visto, o método da média ponderada móvel, também
conhecido apenas pelo nome média consiste na atualização do valor
médio do estoque de mercadorias existentes a cada nova aquisição.
Assim, à medida que ocorrem as vendas, utiliza-se, para baixa dos
valores do estoque vendido, o valor médio das unidades em estoque
(antes calculado). Assim, a baixa de cada venda é dada pelo custo
médio do estoque e, conseqüentemente, restam no estoque (após as
vendas) as mercadorias avaliadas pelo seu custo médio de aquisição.
Para utilização do método da média, na implementação do regime de
inventário permanente de estoque, também devem ser utilizadas “fichas
de controle de estoque” (uma ficha para cada mercadoria) e essas fichas
devem ser atualizadas a cada operação de compra ou venda.
Aplicando-se o método da média ao caso exemplificativo acima descrito,
com a utilização da ficha de estoques antes proposta, temos a seguinte
situação:
Data/evento Entrada saída Saldo
quantidade Valor unitário Valor total Quantidade Valor unitário Valor total quantidade Valor unitário Valor total Obs
0 - estoque inicial 20 20,00 400,00 400,00 Ei
1 - compra 20 30,00 600,00 40 25,00 1.000,00
2 - venda 10 25,00 250,00 30 25,00 750,00
3 - venda 20 25,00 500,00 10 25,00 250,00
4 - compra 30 35,00 1.050,00 40 32,50 1.300,00
5 - venda 10 32,50 325,00 30 32,50 975,00 975,00 Ef
Totais 1.650,00 1.075,00
Compras CMV

Comentários:
No método da Média “as refeições se misturam”, ou seja, o valor das
mercadorias adquiridas se mistura ao valor das mercadorias
anteriormente existentes em estoque. Por essa razão, no momento da
compra (1), não foram utilizadas linhas diferentes para registrar o
estoque anteriormente existente no estoque e o estoque adquirido na
operação; (2) ao contrário, foi calculado o valor médio de estoque
existente (considerando o estoque anterior e o estoque adquirido na
operação).
No método da Média, “as refeições antes realizadas devem se misturar
para sair do estoque em conjunto”, ou seja, a baixa das unidades é
dada pelo valor médio das aquisições anteriormente efetuadas.
Repare que, seguindo o método da Média:
- o total de entrada atinge o valor de R$ 1.650,00
(somatório da coluna “entradas” representativo das
compras);

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- o total de saída atinge o valor de R$ 1.075,00
(somatório da coluna “saídas” representativo do
custo das mercadorias vendidas);
- o valor do estoque inicial era de R$ 400,00 (saldo
total da primeira linha);
- o valor do estoque final foi calculado em R$ 975,00
(saldo total da última linha);
- isso está de acordo com a fórmula da equação
fundamental dos estoques (CMV = Ei + C – Ef),
conforme tabela a seguir
Fórmula Valores Interpretação
Ei 400,00 O que estava no estoque no início do período
(+) Compras 1.650,00 adicionado àquilo que entrou no estoque durante o período
(-) Ef (975,00) subtraído do que restou no estoque ao final do período
(=) CMV 1.075,00 é igual ao que saiu do estoque durante o período

Importante! Para aplicação correta da fórmula, é necessário manter o


registro da ficha de estoque conforme a seguir:
• As devoluções de compras devem ser registradas na coluna
entradas (em valores negativos);
• Os abatimentos obtidos – sobre as compras – devem ser
registrados como uma entrada negativa;
• As devoluções de vendas devem ser registradas na coluna
saídas (em valores negativos).
Uma informação de relevância crucial! Para calcular o estoque médio
restante no estoque após uma operação de venda (que enseja a saída
de mercadorias) realize o seguinte procedimento: (1) apure a
quantidade em estoque final, através da operação de subtração da (a)
quantidade anteriormente existente pela (b) quantidade saída; (2)
apure o valor total do estoque final, através da operação de subtração
do (a) valor total anteriormente registrado em estoque pelo (b) valor
total saído do estoque e, finalmente, (3) apure o valor unitário da
mercadoria em estoque, através da divisão do (2) valor total do estoque
final pela (b) quantidade em estoque final. Esse procedimento evita
erros de arredondamento de valores.
Finalmente, há referência (em livros e, inclusive, em provas da ESAF) a
um método denominado “Média Ponderada Fixa”, sem – contudo – uma
apresentação clara de sua definição. Esclarecendo, cumpre referir que o
método da “Média Ponderada Fixa” é IDÊNTICO ao Método da Média
Ponderada Móvel (acima apresentado) com uma única diferença: todas
as entradas são consideradas como realizadas no primeiro dia do
período (geralmente mês) e todas as saídas são consideradas realizadas

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no último dia do período. Frise-se que o método da “Média Ponderada
Fixa” não é aceito pela legislação societária nem fiscal.

11.1.3 Último que entra – último que sai (UEPS – LIFO)


Conforme já visto, o método UEPS – último a entrar primeiro a sair,
também conhecido pela sigla LIFO – last in first out, à medida que
ocorrem as vendas, utiliza, para baixa dos valores do estoque vendido,
o preço das unidades adquiridas há menos tempo. Assim, a baixa de
cada venda é dada pelo custo mais novo em estoque (o último a entrar
é sempre o primeiro a sair) e, conseqüentemente, restam no estoque
(após as vendas) as mercadorias mais antigas.
Para utilização do método UEPS, na implementação do regime de
inventário permanente de estoque, devem ser utilizadas “fichas de
controle de estoque” (uma ficha para cada mercadoria) e essas fichas
devem ser atualizadas a cada operação de compra ou venda.
Aplicando-se o método UEPS ao caso exemplificativo acima descrito,
com a utilização da ficha de estoques antes proposta, temos a seguinte
situação:
Data/evento Entrada saída Saldo
quantidade Valor unitário Valor total Quantidade Valor unitário Valor total quantidade Valor unitário Valor total Obs
0 - estoque inicial 20 20,00 400,00 400,00 Ei
1 - compra 20 30,00 600,00 20 20,00 400,00
20 30,00 600,00
2 - venda 10 30,00 300,00 20 20,00 400,00
10 30,00 300,00
3 - venda 10 30,00 300,00 10 20,00 200,00
10 20,00 200,00
4 - compra 30 35,00 1.050,00 10 20,00 200,00
30 35,00 1.050,00
5 - venda 10 35,00 350,00 10 20,00 200,00
20 35,00 700,00
900,00 900,00 Ef
Totais 1.650,00 1.150,00
Compras CMV

Comentários:
No método UEPS “as refeições não se misturam”, ou seja, o valor das
mercadorias adquiridas não se mistura ao valor das mercadorias
anteriormente existentes em estoque. Por essa razão, no momento da
compra, foram utilizadas linhas diferentes para registrar o valor das
mercadorias anteriormente existentes no estoque e o valor do estoque
adquirido na operação.
No método UEPS, “a última refeição deve sair completamente do
estoque, antes que a anterior comece a sair”, ou seja, somente após a
baixa de todas as unidades adquiridas por último, inicia-se a baixa das
unidades adquiridas anteriormente.
Repare que, seguindo o método UEPS:

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- o total de entrada atinge o valor de R$ 1.650,00
(somatório da coluna “entradas” representativo das
compras);
- o total de saída atinge o valor de R$ 1.150,00
(somatório da coluna “saídas” representativo do
custo das mercadorias vendidas);
- o valor do estoque inicial era de R$ 400,00 (saldo
total da primeira linha);
- o valor do estoque final foi calculado em R$ 900,00
(saldo total da última linha);
- isso está de acordo com a fórmula da equação
fundamental dos estoques (CMV = Ei + C – Ef),
conforme tabela a seguir
Fórmula Valores Interpretação
Ei 400,00 O que estava no estoque no início do período
(+) Compras 1.650,00 adicionado àquilo que entrou no estoque durante o período
(-) Ef (900,00) subtraído do que restou no estoque ao final do período
(=) CMV 1.150,00 é igual ao que saiu do estoque durante o período

Importante! Para aplicação correta da fórmula, é necessário manter o


registro da ficha de estoque conforme a seguir:
• As devoluções de compras devem ser registradas na coluna
entradas (em valores negativos);
• Os abatimentos obtidos – sobre as compras – devem ser
registrados como uma entrada negativa;
• As devoluções de vendas devem ser registradas na coluna
saídas (em valores negativos).
Importante! Repare que não foram apresentados quaisquer valores para
as vendas realizadas. Isso decorre do fato de que o preço da venda é
irrelevante para determinar o custo do produto vendido.
Contextualizando, se eu compro um par de tamancos por R$ 10,00, não
importa se eu o venda por R$ 20,00 ou por R$ 30,00, o custo do par de
tamancos vendido será o mesmo (R$ 10,00). Cuidado! O examinador
FREQÜENTEMENTE coloca o preço da venda no enunciado da questão
para que o estudante se enrole na sua resolução30.
Finalmente, repare que os custos apresentados no método UEPS foram
os maiores, no método da Média foram intermediários e no método
PEPS foram os menores. Ao contrário, o estoque final foi o menor no

30
Isso é o que eu chamo de “excrescências”, informações irrelevantes para a resolução
da questão, que são colocadas no enunciado para causar confusão.

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método UEPS, intermediário no método da Média e o maior no método
PEPS, conforme tabela a seguir:
Método Custo da Mercadoria Vendida Estoque Final
UEPS 1.150,00 900,00
Média 1.075,00 975,00
PEPS 1.000,00 1.050,00

Importante! Esse fenômeno é típico de economias inflacionárias, como


a que o Brasil vivenciou nas últimas décadas. Ao contrário, em
economias deflacionárias, o fenômeno seria o inverso (o custo seria
menor no método UEPS e maior no PEPS).
Possivelmente, o fato do custo ser maior no método UEPS – em
economias inflacionárias – do que nos demais métodos, tenha sido
decisivo para que a legislação não aceitasse esse método. Assim, hoje,
o método UEPS é somente utilizado para fins gerenciais administrativos
(ele serve para demonstrar um custo bem próximo ao valor de compra –
de reposição – da mercadoria vendida: o valor da última aquisição deve
ser parecido com o da próxima aquisição).

12 Inventário periódico
12.1 Conceito e aplicação
A empresa que não mantiver o registro permanente de inventários, fica
obrigada, ao final do exercício a apurar os estoques com base em
contagem física, cujas quantidades serão valorizadas aos preços das
compras mais recentes (PEPS).
Desta forma, a cada compra de mercadorias efetuada, a empresa não
atualiza seu estoque, mas apenas registra a compra feita.
Esse procedimento hoje está em desuso, pois, com o advento do micro-
computador e do código de barras, o controle imediato do estoque a
cada venda tornou-se acessível ao grande público. Ocorre que esse é
um fenômeno recente, relativamente poucos anos atrás, o computador
era um bem muito caro e não existiam profissionais que pudessem
utilizá-lo com facilidade. Assim, naquele tempo, o regime de inventário
periódico era largamente utilizado – principalmente pelas empresas de
pequeno e médio porte.
As empresas que se utiliza o regime de inventário periódico podem
optar pela utilização do seguinte elenco de contas: (1) “Compras”,
representando o valor das mercadorias adquiridas no período e (2)
“Mercadorias”, representando o valor inicialmente existente em estoque.
Alternativamente, essas empresas podem optar pela utilização de uma
única conta “Mercadorias” representando o valor inicial do estoque e o
valor das aquisições realizadas no período.

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A seguir, apresentaremos cada um dos dois procedimentos acima
referidos.

12.2 Inventário periódico com a utilização das contas “Compras”


e “Mercadorias”

12.2.1 Procedimento
As empresas que optam pelo regime de inventário periódico devem
seguir o seguinte procedimento:
(1) No início do período, na conta “Mercadorias”, deve estar registrado o
valor do estoque inicial (que corresponde ao estoque final do período
imediatamente anterior ou que – no caso do primeiro período de
existência da empresa – corresponde a zero).
(2) durante o período, podem ocorrer compras e vendas de
mercadorias:
- no caso de ocorrência de compras, há que ser
registrada a entrada de valor no estoque da empresa
em uma conta intermediária denominada “Compras”,
e respectivos créditos tributários (que neste item
serão desconsiderados, para fins de simplificação),
conforme lançamento abaixo31:
D = Compras
C = a caixa (bancos ou duplicatas a pagar) 1.000,00

- no caso de ocorrência de vendas, deve ser registrada


a Receita Bruta de vendas e respectivas incidências
tributárias (que neste item serão desconsideradas,
para fins de simplificação), sem que seja registrado o
Custo da Mercadoria Vendida (pois não há controle
que permita saber seu valor), conforme lançamento
abaixo:
D = Caixa (bancos ou duplicatas a receber)
C = a Receita Bruta de Vendas X

(3) Ao final do período, deve ser realizado um pequeno procedimento


denominado procedimento de inventário (que resulta na apuração extra-
contábil do valor do estoque final de mercadorias existentes), em
seguida, deve ser apurado o valor do Custo da Mercadoria Vendida
(através da equação fundamental dos estoques) e, finalmente,

31
Considerando compras no valor de R$ 1.000,00 e desconsiderando – para fins de
simplificação – a incidência de quaisquer tributos sobre a operação.

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registrado os lançamentos do Custo da mercadoria vendida, de
fechamento da conta Compras e de atualização da conta Mercadorias.
O procedimento de inventário, que ocorre ao final do período de
apuração do resultado, consiste na contagem física do estoque de cada
mercadorias e na sua valoração, com base no preço constante das
últimas notas fiscais de aquisição daquela mercadoria. Esse
procedimento de inventário é realizado da seguinte maneira:
- antes de mais nada, fecha-se o estabelecimento e coloca-se uma faixa
com os seguintes dizeres “fechado para balanço” (o que não é bem
verdade, visto que o estabelecimento está fechado para “inventário”,
mas não se coloca a frase “fechado para inventário” para as pessoas
não pensarem que algum sócio da empresa tenha morrido);
- em seguida, PARA CADA TIPO DE MERCADORIA CONSTANTE DO
ESTOQUE, ou seja, por cada “item de estoque”, conta-se fisicamente a
respectiva quantidade (o que resulta na apuração da quantidade do item
no estoque final do período);
- após a apuração da quantidade do item em estoque, é realizada sua
valoração32 “extra-contábil”, que consiste em (1) relacionar as notas
fiscais em ordem inversa – da mais nova para a mais antiga – e (2)
atribuir os valores unitários das mercadorias constantes dessas notas
fiscais às unidades constantes do estoque final.
Exemplificando, considere uma mercadoria “xpto” que, de acordo com a
contagem física realizada, conste no estoque na quantidade de 100
unidades. Considere, ainda, as últimas notas de aquisição desta
mercadoria, conforme tabela a seguir:
Notas fiscais de aquisição da mercadoria XPTO
ordem data da NF (*) quantidade valor unitário valor total
última 30/12/XX 20 50,00 1.000,00
penúltima 29/12/XX 30 40,00 1.200,00
antepenúltima 29/12/XX 10 30,00 300,00
... 27/12/XX 15 30,00 450,00
... 22/12/XX 25 25,00 625,00
... 21/12/XX 30 25,00 750,00
... 21/12/XX 16 25,00 400,00
... 19/12/XX 39 20,00 780,00
... ... ... ... ...
(*) data da aquisição da mercadoria

32
Esse ponto é muito importante para o entendimento do procedimento e muito pouca
atenção tem sido dada a ele nos livro. Com efeito, na maioria dos livros há uma frase
lacônica referenciando que o valor do estoque final deva ser apurado de maneira
“extra-contábil”. Neste curso, explicitamos no que consiste este procedimento “extra-
contábil”.

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Com base nas informações acima, é possível valorizar o estoque final
dessa mercadoria, conforme memória de cálculo abaixo:
Quantidade em estoque - conforme contagem física: 100 unidades

Valorização da quantidade em estoque, a partir da última NF


Unidades
valor valorizadas a Valor Unidades a
ordem data da NF quantidade unitário partir da NF unitário Valor total valorizar
última 30/12/XX 20 50,00 20 50,00 1.000,00 80
penúltima 29/12/XX 30 40,00 30 40,00 1.200,00 50
antepenúltima 29/12/XX 10 30,00 10 30,00 300,00 40
... 27/12/XX 15 30,00 15 30,00 450,00 25
... 22/12/XX 25 25,00 25 25,00 625,00 -
... 21/12/XX 30 25,00 n/a
... 21/12/XX 16 25,00 n/a
... 19/12/XX 39 20,00 n/a
... ... ... ...
Total do estoque final da mercadoria (qtd e valor) 100 3.575,00

Realizado o procedimento de inventário, e levantadas as informações da


quantidade e do valor total de cada mercadoria em estoque no final do
período, é possível calcular o valor do Custo da Mercadoria Vendida –
CMV – através da aplicação da equação fundamental dos estoques: CMV
(=) Ei (+) Cliq (-) Ef. Apenas lembrando, o custo da mercadoria
vendida é igual ao Ei (estoque inicial – valor registrado na conta
“Mercadorias”); acrescido das Cliq (Compras líquidas – valor registrado
na conta “Compras”, deduzido do valor eventualmente registrado em
“Devolução de Compras” e “Abatimentos sobre compras”) e deduzido do
valor do Ef (Estoque final – apurado “extra-contabilmente”, conforme
procedimento de inventário, acima descrito).
Exemplificando, considerando o valor do estoque inicial (registrado na
conta “Mercadorias”) de R$ 3.000,00 e o valor das Compras líquidas
(registrado na conta “Compras”) de R$ 1.000,00, calcula-se – facilmente
– o valor do CMV, conforme memória de cálculo a seguir:
Fórmula Valores Observação
Ei 3.000,00 Valor registrado na conta "Mercadorias"
(+) Compras 1.000,00 Valor registrado na conta "Compras"
(-) Ef (3.575,00) Valor apurado "Extra-contabilmente" - conforme procedimento de inventário
(=) CMV 425,00 Valor calculado - com a utilização da equação fundamental dos estoques

Finalmente, podem ser realizados os lançamentos: (1) fechamento da


conta “Compras” e (2) registro do CMV.
(1) fechamento da conta “Compras”
D = Mercadorias
C = a Compras 1.000,00

(2) registro do CMV


D = CMV
C = a Mercadorias 425,00

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Repare que não é necessário atualizar o valor da conta “Mercadorias”,
pois ela ficará registrada EXATAMENTE pelo valor do estoque final
apurado “extra-contabilmente”, de R$ 3.575,00, conforme razonete
abaixo apresentado:

Mercadorias
SI 3.000,00
1 (*) 1.000,00
425,00 2 (*)

SF 3.575,00

(*) lançamentos acima apresentados

12.2.2 Exemplo
Apresentado, e analisado (acima), o procedimento de controle periódico
de estoques, com a utilização das contas “Compras” e “Mercadorias”;
ilustraremos o conceito com o acompanhamento de um exemplo
completo, considerando, para fins didáticos:
- a não incidência de tributos na entrada e na saída de
mercadorias;
- o estoque inicial de mercadorias R$ 100,00 (conforme
registrado na conta Mercadorias – apurado no final do período
anterior – e constante do livro Registro de Inventário);
- a ocorrência de vários fatos contábeis (compras e vendas)
durante o período.
a) aquisição, a vista, de mercadoria para revenda por R$ 100,00,
conforme lançamento a seguir.
D= compras
C = a caixa 100,00
b) venda, a vista, de mercadorias por R$ 150,00, conforme lançamento
a seguir.
D= caixa
C = a Receita Bruta de Vendas 150,00
c) nova aquisição, a vista, de mercadorias por R$ 120,00, conforme
lançamento a seguir.
D= compras
C = a caixa 120,00
d) venda, a vista, de mercadorias por R$ 130,00, conforme lançamento
a seguir.

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D= caixa
C = a Receita Bruta de Vendas 130,00
e) ao final do período, o estoque é contado - procedimento de inventário
- e as mercadorias constantes deste estoque são valorizadas pelo preço
de aquisição das mercadorias mais recentes. Para os fins do presente
exemplo, consideraremos que o resultado desta contagem e valorização
de estoque foi de R$ 145,00.
f) utilizando-se a equação fundamental dos estoques, podemos calcular
o custo das mercadorias vendidas. CMV = Ei + C - Ef onde:
- CMV = custo das mercadorias vendidas
- Ei = estoque inicial
- C = compras
- Ef = estoque final
CMV = 100 + 220 - 145  CMV = 175.
g) deste modo, a conta “Compras” – com saldo de R$ 220,00 – deve ser
zerada e seu saldo transferido para a conta “Mercadorias”, que passa a
registrar o valor de todas as compras efetuadas (que já foram vendidas
ou que ainda estão guardadas no estoque da companhia – para venda
no próximo período), conforme lançamento a seguir:
D= Mercadorias
C = a Compras 220,00
h) conforme calculado no item (f), parte deste estoque adquirido foi
vendido pelo custo de R$ 175,00, assim, é necessário registrar o CMV a
crédito da conta “Mercadorias”.
D= CMV
D = a Mercadorias 175,00
i) o saldo da conta Mercadorias ficará automaticamente atualizado e
será igual ao estoque inicial, somado às compras e deduzido do custo
das mercadorias vendidas:
 100 + 220 - 175 = 145,00 (cqd).
Considerando um patrimônio inicial de R$ 4.900,00 em caixa, R$ 100,00
em mercadorias e R$ 5.000,00 em capital social, podemos representar
(apenas para facilitar a visualização do procedimento) os lançamentos
acima nos razonetes a seguir:

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capital caixa Mercadorias
débitos créditos débitos créditos débitos créditos
5.000,00 si si 4.900,00 100,00 a si 100,00 175,00 i
b 150,00 120,00 c h 220,00
d 130,00 -------
sf 145,00

Compras Custo da Mercadoria Vendida Receita Bruta de Vendas


débitos créditos débitos créditos débitos créditos
a 100,00 220,00 h i 175,00 150,00 b
c 120,00 130,00 d
----
sf -

12.3 Inventário periódico com a utilização da conta “Mercadorias”


– como conta mista

12.3.1 Procedimento
O procedimento de inventário periódico pode ser também realizado com
a utilização de apenas uma conta “Mercadorias”, em detrimento do
procedimento acima apresentado, que utilizou as contas “Mercadorias” e
“Compras”. Nesse caso, na conta “Mercadorias”, será registrado: (1) no
início do período, a débito, o saldo do estoque inicial, (2) durante o
período, a cada compra realizada, a débito, o valor da respectiva
compra (líquida) e (3) ao final do período, a crédito, o valor do Custo da
Mercadoria Vendida. Dessa forma, na conta “Mercadorias” – ao final do
período – estará registrado o valor do estoque final.
A figura a seguir representa esquematicamente o funcionamento da
conta Mercadorias.

Mercadorias
SI de natureza devedora
no valor do estoque inicial
débitos a cada operação de compra
no valor da respectiva compra
na apuração do estoque final créditos
SF de natureza devedora no valor do CMV
no valor do estoque final

12.3.2 Exemplo
Apresentado, e analisado (acima), o procedimento de controle periódico
de estoques, com a utilização da conta “Mercadoria” em oposição ao
procedimento anteriormente estudado (que utiliza as contas “Compras”

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e “Mercadorias”); ilustraremos o conceito com o acompanhamento de
um exemplo completo, considerando, para fins didáticos:
- a não incidência de tributos na entrada e na saída de
mercadorias;
- o estoque inicial de mercadorias R$ 100,00 (conforme
registrado na conta Mercadorias – apurado no final do período
anterior – e constante do livro Registro de Inventário);
- a ocorrência de vários fatos contábeis (compras e vendas)
durante o período.
a) aquisição, a vista, de mercadoria para revenda por R$ 100,00,
conforme lançamento a seguir.
D= Mercadorias
C = a caixa 100,00
b) venda, a vista, de mercadorias por R$ 150,00, conforme lançamento
a seguir.
D= caixa
C = a Receita Bruta de Vendas 150,00
c) nova aquisição, a vista, de mercadorias por R$ 120,00, conforme
lançamento a seguir.
D= Mercadorias
C = a caixa 120,00
d) venda, a vista, de mercadorias por R$ 130,00, conforme lançamento
a seguir.
D= caixa
C = a Receita Bruta de Vendas 130,00
e) ao final do período, o estoque é contado - procedimento de inventário
- e as mercadorias constantes deste estoque são valorizadas pelo preço
de aquisição das mercadorias mais recentes. Para os fins do presente
exemplo, consideraremos que o resultado desta contagem e valorização
de estoque foi de R$ 145,00.
f) utilizando-se a equação fundamental dos estoques, podemos calcular
o custo das mercadorias vendidas. CMV = Ei + C - Ef onde:
- CMV = custo das mercadorias vendidas
- Ei = estoque inicial
- C = compras
- Ef = estoque final

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CMV = 100 + 220 - 145  CMV = 175.
g) a conta “Mercadorias” já se encontra com saldo de R$ 100,00
(inicial), acrescido de R$ 220,00 – relativo às compras – dessa forma,
não é necessário qualquer lançamento (em oposição ao procedimento
anteriormente apresentado, no qual devia ser zerada a conta
“Compras”, com seu saldo transferido para a conta “Mercadorias”, que
passaria a registrar o valor de todas as compras efetuadas) .
h) conforme calculado no item (f), parte deste estoque adquirido foi
vendido pelo custo de R$ 175,00, assim, é necessário registrar o CMV a
crédito da conta “Mercadorias”.
D= CMV
D = a Mercadorias 175,00
i) o saldo da conta Mercadorias ficará automaticamente atualizado e
será igual ao estoque inicial, somado às compras e deduzido do custo
das mercadorias vendidas:
 100 + 220 - 175 = 145,00 (cqd).
Considerando um patrimônio inicial de R$ 4.900,00 em caixa, R$ 100,00
em mercadorias e R$ 5.000,00 em capital social, podemos representar
(apenas para facilitar a visualização do procedimento) os lançamentos
acima nos razonetes a seguir:

capital caixa Mercadorias


débitos créditos débitos créditos débitos créditos
5.000,00 si si 4.900,00 100,00 a si 100,00 175,00 i
b 150,00 120,00 c a 100,00
d 130,00 c 120,00
-------
sf 145,00

Custo da Mercadoria Vendida Receita Bruta de Vendas


débitos créditos débitos créditos
i 175,00 150,00 b
130,00 d

13 Resumo
1) Estoques – conceito: bens, comprados ou produzidos, para venda ou
consumo.
2) Contas componentes do grupo representativo dos estoques:
mercadorias para revenda, matérias primas, materiais auxiliares,
materiais de acondicionamento e embalagem, produtos em

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elaboração, produtos acabados, importações em andamento,
adiantamento a fornecedores, almoxarifado, manutenção e
suprimentos gerais, provisão para redução ao valor de mercado
(conta credora), provisão para perdas em estoques (conta credora).
3) Provisão para ajuste a valor de mercado – trata-se de “perda na
penumbra” que vem a reduzir o valor do estoque ao valor de
mercado (que é diferentemente definido para itens de consumo ou
itens de venda)
a) Itens para consumo (almoxarifado e matérias-primas) – o valor de
mercado é igual ao valor de reposição.
b) Itens para venda (mercadorias e produtos) – o valor de mercado é
o valor de venda, deduzido de (1) tributos sobre a venda, (2)
despesas relativas à venda e (3) margem de lucro.
4) Componentes do custo
a) Regra didática – é componente do custo, ou seja, entra no
estoque, tudo o que é pago para se adquirir a mercadoria e que
ninguém nos devolve.
b) Aplicação da regra aos diferentes itens componentes do custo
i) Fretes e seguros – compõem o custo, pois paga-se por eles e
ninguém nos devolve
ii) Encargos específicos da importação – o Imposto de Importação
compõe o custo pois não é recuperável (ninguém nos devolve),
mas há tributos sobre operação de importação que são
recuperáveis (o governo nos devolve) e, portanto, não vão para
o estoque (ficam registrados no ativo – direito de crédito de
tributo). É o caso do IPI, do ICMS e do PIS/Pasep-Cofins sobre
a importação realizada por contribuinte sujeito à sistemática
não-cumulativa das contribuições.
iii) Tributos nas operações internas (ICMS, IPI, PIS/Pasep e
Cofins)
(1)
ICMS – é recuperável em operações de aquisição para
industrialização e para revenda; é também recuperável (a
longo prazo) nas operações de aquisição de ativo
imobilizado; não é recuperável nas operações de aquisição
de material de consumo.
(2)
IPI – é recuperável em operações de aquisição para
industrialização; não é recuperável em operações de
aquisição de ativo imobilizado nem de material de consumo.

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(3)
PIS/Pasep e Cofins – são recuperáveis em operações de
aquisição de matéria prima para industrialização,
mercadorias ou produtos para revenda e de bens do
imobilizado (mas somente quando a empresa estiver sujeita
à sistemática não cumulativa do tributo).
c) Fatos que alteram o custo dos estoques – situações típicas
i) Devolução de compras – implica a redução do valor em estoque
e dos créditos tributários sobre a compra anteriormente
ocorrida
ii) Descontos incondicionais recebidos – sobre compras – implica a
redução dos créditos de PIS/Pasep, Cofins e ICMS (é
irrelevante para o IPI).
iii) Abatimentos sobre compras – não implica a redução dos
créditos de tributos sobre a compra anteriormente ocorrida
5) Contabilização das receitas de vendas e respectivos custo e tributos
a) Tributos incidentes sobre as vendas – IPI, ICMS, ISS, PIS/Pasep e
Cofins
b) Fatos que alteram o valor das vendas
i) Devolução das vendas – implica redução do faturamento,
retorno dos produtos ao estoque e estorno dos tributos sobre a
venda.
ii) Abatimentos sobre vendas – implica apenas redução do
faturamento.
iii) Descontos incondicionais concedidos – sobre vendas – implica a
redução do valor do ICMS e do PIS/Pasep-Cofins, mas não é
relevante para o IPI.
6) Apuração e contabilização dos tributos não-cumulativos a recolher -
ICMS-IPI-PIS/Pasep-Cofins
a) Com a utilização de Contas contábeis relativas a tributos “a
Recolher” e “a Recuperar” – compras implicam o registro de
tributos a recuperar e vendas implicam o registro de tributos a
recolher; ao final do período de apuração, deve ser apurado o
saldo líquido a pagar (e registrado o respectivo recolhimento) ou a
receber (que pode ser utilizado em períodos de apuração futuros).
b) Com a utilização da Conta contábil “Conta-corrente” relativas aos
tributos – havendo somente uma conta para registro conjunto do
direito (tributos a recuperar) e a obrigação (tributos a recolher),
ao final do período, se o saldo da conta for devedor, haverá um

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direito (de utilização de crédito de tributo em períodos futuros),
mas se o saldo for credor, haverá uma obrigação (de recolher
tributo).
7) Apuração do Custo da Mercadoria Vendida – o valor do custo da
mercadoria vendida (a ser registrado na conta CMV) é igual ao valor
dos bens anteriormente adquiridos e que foram entregues ao cliente
por conta de vendas. Ora, o valor entregue (baixado do estoque)
corresponde ao valor que existia anteriormente em estoque (Estoque
inicial), adicionado do valor do estoque adquirido no período
(Compras) e deduzido do valor que sobrou no estoque ao final do
período (Estoque final). Dessa forma, é proposta a seguinte fórmula,
para apuração do CMV: CMV (=) Ei (+) C (-) Ef. Onde: “Ei”
corresponde ao estoque inicial, “C” corresponde às compras do
período e “Ef” corresponde ao estoque final.
8) Regimes de inventário – permanente x periódico – a empresa pode
optar por manter controles que permitam saber o valor do custo da
mercadoria a cada operação de venda (inventário permanente) ou,
sem esses controles, deve realizar um procedimento ao final do
período de apuração que permita apurar de uma só vez o valor do
custo de todas as mercadorias vendidas no período (inventário
periódico).
9) Inventário permanente – a empresa que utiliza o regime de
inventário permanente tem a possibilidade de saber, a qualquer
momento, o valor do custo da mercadoria vendida e do estoque.
Para isso, é necessário manter (para cada item do estoque) uma
ficha de controle de estoque, onde são registrados (em quantidade,
valor unitário e valor total) as entradas, as saídas e o saldo do
estoque (de cada operação, de compra ou venda).
a) Métodos de apuração e controle do estoque - No regime de
inventário permanente, podem ser escolhidos diferentes critérios
para a baixa dos itens de estoque vendidos – conhecidos como
métodos de apuração e controle de estoque, são eles: (1) PEPS,
(2) UEPS e (3) Média Ponderada Móvel.
i) Primeiro que entra – primeiro que sai (PEPS – FIFO) – no
método PEPS, o valor da baixa da mercadoria vendida é o valor
da mercadoria adquirida há mais tempo.
ii) Média ponderada móvel (Média) – no método da Média, o valor
da baixa da mercadoria vendida é o valor médio de todas as
mercadorias antes adquiridas e ainda não saídas do estoque.

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iii) Último que entra – último que sai (UEPS – LIFO) – no método
UEPS, o valor da baixa da mercadoria vendida é o valor da
mercadoria adquirida há menos tempo.
10) Inventário periódico - a empresa que utiliza o regime de
inventário periódico não tem a necessidade de manutenção das fichas
de estoque (obrigatórias para as empresas que optam pelo regime de
inventário permanente). Em compensação, não têm a possibilidade
de saber, a qualquer momento, o valor do custo da mercadoria
vendida e do estoque – somente ao final do período de apuração, em
decorrência de um procedimento especial de inventário.
a) Inventário periódico com a utilização das contas “Compras” e
“Mercadorias” - Para implementação do regime de inventário
periódico com a utilização das contas “Compras” e “Mercadorias”,
a empresa: (1) no início do período tem o valor do estoque inicial
registrado na conta “Mercadorias” (que é igual a zero, no primeiro
período e, nos demais, igual ao estoque final do período anterior);
(2) durante o período – (a) registra as aquisições de mercadorias
na conta “Compras” e (b) registra as receitas de venda, mas não
registra o respectivo custo; (3) ao final do período – (a) realiza o
procedimento de inventário e apura extra-contabilmente o valor
do estoque final; (b) apura o “Custo da Mercadoria Vendida”
através da utilização da equação fundamental dos estoques e (c)
faz os lançamentos de fechamento da conta “Compras” e de
registro do CMV. Após esses lançamentos, o saldo da conta
“Mercadorias” fica automaticamente atualizado para o valor do
estoque final.
b) Inventário periódico com a utilização da conta “Mercadorias” –
como conta mista – Para implementação do regime de inventário
periódico com a utilização da conta “Mercadorias”, como conta
mista, a empresa: (1) no início do período tem o valor do estoque
inicial registrado na conta “Mercadorias” (que é igual a zero, no
primeiro período e, nos demais, igual ao estoque final do período
anterior); (2) durante o período – (a) registra as aquisições de
mercadorias na própria conta “Mercadorias” e (b) registra as
receitas de venda, mas não registra o respectivo custo; (3) ao
final do período – (a) realiza o procedimento de inventário e apura
extra-contabilmente o valor do estoque final; (b) apura o “Custo
da Mercadoria Vendida” através da utilização da equação
fundamental dos estoques e (c) faz o lançamento de registro do
CMV. Após esse lançamento, o saldo da conta “Mercadorias” fica
automaticamente atualizado para o valor do estoque final.

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14 Exercícios de Fixação (Questões de concurso elaborado pela
ESAF – resolvidas e comentadas)

14.1 Operações com mercadorias

14.1.1 AFRF – Auditor Fiscal da Receita Federal (ESAF) 2005


Enunciado
Enunciado para a resolução das questões 21 a 28.
Com as informações referentes aos períodos contábeis de 2000/2002 da
Cia. FIRMAMENTO, fornecidas a seguir:
I. Balanços Patrimoniais de 2000/2001 e o balancete de verificação
referente a operações, do exercício de 2002, já registradas até
31.12.2002

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Balancete de verificação
ATIVOS 2000 2001 31.12.2002
Disponibilidades 1.500,00 3.500,00 31.000,00
Duplicatas a Receber 224.000,00 210.000,00 257.500,00
(-) PDD (2.000,00) (4.000,00) (5.000,00)
Estoques 25.000,00 30.000,00 70.000,00
Participações Societárias
Cia. SOL - 80.000,00 80.000,00
Cia. LUA - 150.000,00 150.000,00
Cia. ESTRELA 1.500,00 1.500,00 1.500,00
Terrenos 60.000,00 60.000,00 180.000,00
Veículos 40.000,00 40.000,00 40.000,00
Edificações 20.000,00 20.000,00 20.000,00
Obras em andamento 54.000,00 150.000,00
Depreciação Acumulada (10.000,00) (20.000,00) (30.000,00)
CMV 170.000,00
Despesas Administrativas - - 70.000,00
Devedores Duvidosos - - 5.000,00
Despesas Financeiras - - 40.000,00
Depreciação - - 10.000,00
TOTAL DO ATIVO + DESPESAS 360.000,00 625.000,00 1.240.000,00
Fornecedor 25.000,00 40.000,00 56.000,00
Contas a Pagar 15.000,00 22.000,00 80.000,00
Impostos, Contribuição e Participação a Pagar 11.000,00 26.000,00 -
Dividendos a Pagar 25.000,00 35.000,00 -
Empréstimos e Financiamentos 40.000,00 60.000,00 200.000,00
Capital 200.000,00 400.000,00 430.000,00
Reserva Legal 4.000,00 12.000,00 12.000,00
Reservas de Lucros 30.000,00 10.000,00 -
Lucros/Prejuízos Acumulados 10.000,00 20.000,00 -
Vendas - - 460.000,00
Reversão de PDD - - 2.000,00
TOTAL DO PASSIVO+PAT. LÍQUIDO+Receitas 360.000,00 625.000,00 1.240.000,00

II. A empresa provisiona, ao final do exercício, o valor de 86.100, que


corresponde a 30% do lucro contábil, para o pagamento dos Impostos,
contribuições e participações incidentes sobre o lucro apurado. Distribui
ainda dividendos à base de 20% do total dos lucros líquidos, destinando
ainda parte desses lucros à base de 5% para Reserva Legal e de 20%
para Reservas de Lucros.
III. Nos exercícios de 2000 e 2001, a empresa registrou Custos de
Mercadorias Vendidas no valor de 120.000 e 145.000, respectivamente.
IV. A conta Empréstimos e Financiamentos refere-se a uma operação
financeira realizada em dezembro de 2000, vencível em 10 anos, com
carência de 5 anos e juros de 0,5% pagos no final de cada mês.
V. Dados sobre as Participações Societárias:

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Dados dos
Investimentos
em
Participações % De
Societárias Participação Informações sobre as Investidas

Total PL ajustado em
31.12.20x2 antes da Reavaliação de
distribuição dos dividendos Ativos efetuados Dividendos
PL Final em e da reavaliação de ativos por investidas em distribuídos ao
31.12.20x1 pelas investidas 21.12.20x2 final de 2002

40% das ações


Cia. SOL ordinárias 200.000,00 370.000,00 100.000,00 20.000,00
80% do capital
Cia. LUA total 187.500,00 287.500,00 - 30.000,00
2% das ações
Cia. ESTRELA preferenciais 75.000,00 300.000,00 50.000,00 100.000,00

Observação: Em 31.12.2002 ocorreu na Cia. SOL uma integralização de


Capital em dinheiro 75.000.
...
24- Em 2001, o valor das compras de mercadorias efetuadas foi de
a) 170.000.
b) 140.000.
c) 120.000.
d) 150.000.
e) 210.000.
Resolução e comentários
Trata-se de uma questão extremamente simples, que demanda o
conhecimento da equação fundamental dos estoques:
CMV = Ei + C líquidas – Ef
Onde:
CMV = 145.000 (conforme enunciado da questão)
Ei = 25.000 (estoques em 2000)
Ef = 30.000 (estoques em 2001)
Aplicando os dados à fórmula, temos:
Compras = 145.000 – 25.000 + 30.000 = 150.000
Gabarito
D

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14.1.2 TRF – Técnico da Receita Federal (ESAF) - 2006
Enunciado
10- No período selecionado para esse estudo, foi constatada a seguinte
movimentação de mercadorias isentas de qualquer tributação:
1) estoques anteriores de 1.500 unidades, avaliados em R$ 30,00 por
unidade;
2) entradas de 2.300 unidades, adquiridas a prazo a R$ 40,00 cada
uma;
3) saídas de 2.100 unidades, vendidas a vista a R$ 50,00 cada uma.
Sabendo-se que sob o critério PEPS os estoques serão avaliados ao
custo das últimas entradas e que no referido período houve a devolução
de 200 unidades vendidas, podemos dizer que o CMV foi de
a) R$ 76.000,00.
b) R$ 69.000,00.
c) R$ 68.400,00.
d) R$ 61.000,00.
e) R$ 57.000,00.
Resolução e comentários
A resolução dessa questão exige o conhecimento do preenchimento da
ficha de controle de estoque permanente – pelo método PEPS (primeiro
que entra – primeiro que sai). Alguns cuidados devem ser tomados na
resolução:
- o preço da venda é desnecessário para o cálculo do custo;
- a devolução corresponde a uma saída negativa (dos últimos
elementos saídos do estoque).
Aplicando os dados do problema à ficha de controle de estoque
permanente, temos o resultado, conforme tabela a seguir:

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Entradas Saídas Saldo
item Qtd. Valor unit. Valor Total Qtd. Valor unit. Valor Total Qtd. Valor unit. Valor Total
Estoque inicial 1500 30,00 45.000,00

aquisição 2300 40,00 92.000,00 1500 30,00 45.000,00


2300 40,00 92.000,00

vendas 1500 30,00 45.000,00 1700 40,00 68.000,00


600 40,00 24.000,00

devolução de vendas -200 40,00 (8.000,00) 1900 40 76.000,00

CMV 61.000,00

Gabarito
D

14.1.3 AFC – Auditor de Finanças e Controles (ESAF) - 2005


Enunciado
43- A empresa Xestereo S/A apresentou a seguinte movimentação de
mercadorias, isentas de tributação, referente à última semana do mês
de outubro:
Estoque de mercadorias em 23/10 50 unidades a R$ 8,00
1ª compra realizada em 24/10 50 unidades a R$ 10,00
2ª compra realizada em 28/10 50 unidades a R$ 12,00
1ª venda realizada em 25/10 50 unidades a R$ 14,00
2ª venda realizada em 30/10 50 unidades a R$ 16,00
Considerando os dados fornecidos acima, pode-se dizer que, se for
utilizado o critério de avaliação conhecido como preço médio, o estoque
final de mercadorias terá o valor de
a) R$ 400,00.
b) R$ 450,00.
c) R$ 500,00.
d) R$ 525,00.
e) R$ 600,00.
Resolução e comentários
A resolução dessa questão exige o conhecimento do preencimento da
ficha de controle de estoque permanente – pelo método da Média
Ponderada Móvel. Repare que o preço da venda é desnecessário para o

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cálculo do estoque final, pedido na questão. Importante, a relação de
fatos ocorridos não está apresentada em ordem cronológica! A primeira
venda ocorre antes da segunda compra. É necessário calcular o valor
do estoque respeitando a ordem cronológica dos fatos ocorridos.

Aplicando os dados do problema à ficha de controle de estoque


permanente, temos o resultado, conforme tabela a seguir:
Entradas Saídas Saldo
item Qtd. Valor unit. Valor Total Qtd. Valor unit. Valor Total Qtd. Valor unit. Valor Total
Estoque inicial 50 8,00 400,00
1a compra 50 10,00 500,00 100 9,00 900,00
1a venda 50 9,00 450,00 50 9,00 450,00
2a compra 50 12,00 600,00 100 10,50 1.050,00
2a venda 50 10,50 525,00 50 10,50 525,00

Gabarito
D

14.2 Operações com mercadorias e apuração do resultado

14.2.1 TRF – Técnico da Receita Federal (ESAF) - 2006


Enunciado
03- Para manter a margem de lucro bruto de 10% sobre as vendas, a
empresa Méritus e Pretéritus Limitada, cujo custo é composto de CMV
de R$146.000,00 e ICMS sobre Vendas de 17%, terá de obter receitas
brutas de vendas no montante de
a) R$ 182.500,00.
b) R$ 185.420,00.
c) R$ 187.902,00.
d) R$ 193.492,00.
e) R$ 200.000,00.
Resolução e comentários
A resolução dessa questão demanda o conhecimento da estrutura da
DRE, abaixo apresentada:

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DRE - Demonstração do Resultado do Exercício
Item Valor
Receita Bruta de Vendas - RBV
(-) Deduções
devoluções e vendas canceladas
descontos incondicionais e abatimentos
tributos sobre vendas
ICMS
PIS
COFINS
ISSQN
(=) Receita Líquida de Vendas - RLV
(-) Custo da Mercadoria Vendida
(=) Lucro Bruto - LB

Na questão são dados o CMV = 146000 e o ICMS = 17% (x) RBV. Não
há menção a valores relativos a descontos incondicionais, abatimentos,
vendas canceladas, devoluções, Pis/Cofins ou ISSQN, assim assume-se
que todos esses valores devem ser iguais a zero.
Daí, conclui-se que:
LB = RBV – ICMS – CMV  LB = RBV (–) 17% (*) RBV (-) 146000.
Entretanto, é dado do enunciado que:
LB = 10% (*) RBV
Então, temos um sistema de duas equações e duas incógnitas:
a) LB = RBV (–) 17% (*) RBV (-) 146000
b) LB = 10% (*) RBV
A resolução, por substituição é a seguinte:
10% (*) RBV = RBV (–) 17% (*) RBV (-) 146000
73% (*) RBV = 146000
RBV = 146000 (/) 0,73 = 200.000,00, conforme alternativa E.
Gabarito
E

14.2.2 AFTN (Antiga denominação do cargo de AFRF) 1998 –


33
ESAF
Enunciado

33
Questão tratada no livro “Contabilidade: Resoluções e comentários de Questões da
ESAF”, do mesmo autor, em que os conceitos apresentados neste curso são utilizados,
de forma prática, na solução de questões de concurso. Após o estudo desse curso,
teórico, a leitura do referido livro é fortemente recomendada, para consolidação do
aprendizado.

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13- Determinada empresa industrial vendeu 2.000 unidades de um
produto, ao preço unitário de R$ 120,00, com frete de R$ 3.000,00
por conta do vendedor. O vendedor concedeu, na nota fiscal, um
desconto de R$ 2.500,00 e, ainda, um desconto de R$ 2.000,00 no
pagamento da duplicata, vencível a 30 dias.
Sabendo-se que:
- o custo dos Produtos Vendidos é de R$ 120.000,00;
- foram pagas:
outras despesas com vendas de R$ 2.600,00;
salários de vendedores de R$ 3.500,00;
- a transação estava sujeita a:
Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços de R$
2.400,00;
Imposto sobre Produtos Industrializados de R$ 2.100,00;
Programa de Integração Social (PIS) – faturamento de R$ 500,00;
Contribuição Social sobre o Faturamento (COFINS) de R$ 1.000,00.
Podemos afirmar que a receita líquida de vendas do produto é de
a) R$ 231.500,00
b) R$ 229.500,00
c) R$ 228.600,00
d) R$ 231.600,00
e) R$ 233.600,00

Resolução e comentários
A receita líquida de vendas é um conceito relativo à Demonstração de
Resultados do Exercício e consiste o valor da Receita Bruta de Vendas,
subtraído das deduções de vendas (descontos
incondicionais/abatimentos, devoluções/vendas canceladas e tributos
sobre vendas – ICMS, PIS, COFINS e ISSQN).
Com base na definição acima, e nos dados do problema, encontra-se, a
seguir apresentada, estrutura de parte da DRE com a memória de
cálculo da apuração da receita líquida de vendas, requisitada na
questão.
Receita bruta de vendas 240.000,00
(-) descontos incond. (2.500,00)
(-) devoluções -

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(-) impostos sobre vendas
Icms (2.400,00)
Pis (500,00)
Cofins (1.000,00)
(=) receita líquida de vendas 233.600,00
Repare que as demais informações não eram necessárias para a
resolução da questão.
Gabarito
E

14.3 Operações com mercadorias e descontos sobre a venda

14.3.1 AFC – Auditor de Finanças e Controles (ESAF) - 2005


Enunciado
46- A firma Comercial Elementicius S/A praticou negociação de vendas
no valor de R$ 280.000,00 oferecendo descontos de 5% nas duplicatas
pagas até 30 dias; 6% de desconto na nota fiscal no ato de venda; e
ICMS à alíquota de 17%, mas sem incidências de PIS, CONFINS ou
qualquer outra tributação.
Ao registrar a transação que confirmou a concessão do desconto
financeiro no pagamento da duplicata, a empresa deverá debitar uma
despesa no valor de
a) R$ 10.780,00.
b) R$ 10.922,80.
c) R$ 11.620,00.
d) R$ 13.160,00.
e) R$ 14.000,00.
Resolução e comentários
A resolução da presente questão demanda o conhecimento dos
conceitos de desconto incondicional e desconto condicional.
O desconto incondicional é aquele oferecido no momento da venda (não
pendente de qualquer evento futuro e incerto), portanto, o valor a ser
exigido do cliente é o valor da venda, deduzido do valor do desconto
incondicional.
O desconto condicional é aquele pendente de evento futuro e incerto,
como, no caso, o pagamento em até 30 dias. Do valor a ser exigido do

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cliente, deve ser retirado o valor do desconto condicional caso ocorra o
pagamento no prazo de 30 dias.
Uma última informação, antes da resolução da questão, é a de que a
redução do valor a ser exigido, por pagamento em prazo mais exíguo,
corresponde ao valor do dinheiro no tempo (juros). Assim, o desconto
condicional tem a natureza financeira dos juros.
A seguir, apresentamos a tabela com a apuração do valor do desconto
condicional (classificado como despesa financeira).
Valores Descrição
280.000,00 Valor da venda
6% percentual de desconto incondicional
(16.800,00) desconto incondicional
263.200,00 Valor a receber
5% percentual de desconto (sobre o valor a receber) no caso de pagamento em 30 dias
(13.160,00) desconto condicional

Gabarito
D

14.4 Métodos de controle de estoques (PEPS UEPS e Média)

14.4.1 ICMS – SP 2006 (Fundação Carlos Chagas – FCC)


Enunciado
90.Uma empresa, inserida em um contexto de economia inflacionária
em que os preços são sempre crescentes ao longo dos períodos, tem o
movimento de seus estoques conforme os dados abaixo.
Datas Operação Quantidade saldo Valor unitário de compra
01.xx.06 Entrada 2.000 2.000 R$10,00
05.xx.06 Entrada 2.500 4.500 R$12,00
07.xx.06 Saída -3.000 1.500
10.xx.06 Entrada 500 2.000 R$13,00
12.xx.06 Entrada 1.200 3.200 R$15,00
20.xx.06 Saída -1.600 1.400
23.xx.06 Entrada 1.000 2.400 R$20,00
25.xx.06 Saída -1.200 1.200
26.xx.06 Entrada 700 1.900 R$25
30.xx.06 Saída -1.300 600
Com base nessas informações, em qual dos critérios de avaliação dos
estoques o Resultado Bruto Operacional será maior?
(A) Média ponderada fixa
(B) Método de preço específico
(C) Média ponderada móvel

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(D) Último que entra primeiro que sai
(E) Primeiro que entra primeiro que sai
Resolução e comentários
Trata-se de uma questão teórica e, portanto, os dados numéricos
apresentados acima são irrelevantes. Cabe, de início frisar que o
examinador ressalvou a situação – de que a empresa trabalhava em um
contexto econômico inflacionário; essa ressalva é da maior importância
porque toda a teoria de comparação de resultados ente os métodos
somente é aplicável a cenários inflacionários.
Em cenários inflacionários, os métodos geram resultados operacionais
brutos (lucros brutos operacionais) na seguinte ordem crescente:
a) UEPS;
b) Média Ponderada Móvel;
c) PEPS.
Nesse sentido, reproduzimos – a seguir – o esclarecedor resumo
apresentado na página 99 do livro “Contabilidade básica” de Silvério das
Neves e Paulo E. Viceconti (Ed. Frase. 5a edição – 1996).
PEPS  EF (+) CMV (-) Lb (+)
UEPS  EF (-) CMV (+) Lb (-)
PMP  EF (m) CMV (m) Lb (m)
Onde: (+) significa “maior”, (-) significa “menor” e (m) significa
“médio”.
Gabarito
E

14.5 Operações com mercadorias e comportamento da conta


Bancos

14.5.1 AFRF 2002 – 2a prova (Outubro) – ESAF34


Enunciado

34
Questão tratada no livro “Contabilidade: Resoluções e comentários de Questões da
ESAF”, do mesmo autor, em que os conceitos apresentados neste curso são utilizados,
de forma prática, na solução de questões de concurso. Após o estudo desse curso,
teórico, a leitura do referido livro é fortemente recomendada, para consolidação do
aprendizado.

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05- A empresa Asper Outra Ltda., no mês de agosto de 2001, realizou
os negócios abaixo descritos com o item Z34 de seu estoque.
01- compra de 250 unidades;
02- venda de 200 unidades;
03- as mercadorias são tributadas na compra: com ICMS de 15%; e
com IPI de 5%; na venda: com ICMS de 12%;
04- o custo inicial do estoque foi avaliado em R$ 25,00 por unidade;
05- nas compras foi praticado um preço unitário de R$ 30,00;
06- nas vendas o preço unitário praticado foi de R$ 45,00;
07- As operações de compra e de venda foram realizadas a vista, com
cheques do Banco do Brasil, tendo a empresa Asper emitido o cheque
001356 e recebido o cheque 873102, prontamente depositado em sua
conta corrente.
Considerando-se, exclusivamente, essas operações e todas as
informações acima, pode-se afirmar que a conta corrente bancária da
empresa Asper Outra Ltda. foi aumentada em
a) R$ 2.250,00
b) R$ 1.500,00
c) R$ 1.125,00
d) R$ 750,00
e) R$ 275,00
Resolução e comentários
A resolução desta questão necessita apenas da análise do
comportamento da conta bancos nestas operações. Portanto, não é
necessário calcular estoque, custo ou lucro bruto.
Fatos:
(1) compra de 250 unidades a 30,00, com ICMS de 15% e IPI de 5%.
D= Estoques 6.750,00
D= ICMS a recuperar 1.125,00
C=a Bancos 7.875,00 (30,00*250 + 5% de
IPI)
(2) Venda de 200 unidades a 45,00, com ICMS de 12%.
D= Bancos
C=a RBV 9.000,00 (45,00 * 200)
Crescimento da conta bancária = 9.000,00 – 7.875,00 = 1.125,00

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Gabarito
C

15 Bibliografia e Fontes de Pesquisa Referenciadas


15.1 Leis
Lei 6.404, de 1976 – Lei das S/A.
Lei 9.249, de 1995.
Lei n° 10.406, de 2002 – Código Civil.
Lei Complementar n° 87, de 1996.
Lei Complementar n° 116, de 2003.
Lei n° 9.718, de 1998.
Lei n° 10.637, de 2002.
Lei n° 10.883, de 2003.
Lei n° Lei n° 10.865, de 2004

15.2 Atos Administrativos Normativos


Decreto n° 4.544, de 2002
Decreto n° 3.000, de 1999
RESOLUÇÃO CFC N.º 750/93 - Dispõe sobre os Princípios Fundamentais
de Contabilidade (P.F.C.)
RESOLUÇÃO CFC N.º 751/93 - Dispõe sobre as Normas Brasileiras de
Contabilidade.
RESOLUÇÃO CFC N.º 774/94 - Aprova o Apêndice à Resolução sobre os
Princípios Fundamentais de Contabilidade.
DELIBERAÇÃO CVM N 29-1986 - objetivos da Contabilidade.
Decreto 3.000, de 1999 – Regulamento do Imposto de Renda.
INSTRUÇÃO CVM N° 247/96 – Dispõe sobre a avaliação de
investimentos em sociedades coligadas e controladas e sobre os
procedimentos para elaboração e divulgação das demonstrações
contábeis consolidadas, para o pleno atendimento aos Princípios
Fundamentais de Contabilidade.
DELIBERAÇÃO CVMNº 183, DE 19 DE JUNHO DE 1995 – Aprova
Pronunciamento do IBRACON sobre Reavaliação de Ativos.

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DELIBERAÇÃO CVM Nº 288, DE 03 DE DEZEMBRO DE 1998 - Dispõe
sobre a possibilidade de ajuste ou reversão, pelas companhias abertas,
da reavaliação do ativo imobilizado.

15.3 Livros
Iudícibus, Sérgio de; Martins, Eliseu e Gelbke, Ernesto Rubens Gelbcke.
Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações – FIPECAFI. Ed.
Atlas. São Paulo – 4a edição – 1995.
Neves, Silvério das e Viceconti, Paulo E. V. Contabilidade Básica. Ed.
Frase. São Paulo – 5a edição – 1996.
Neves, Silvério das e Viceconti, Paulo E. V. Contabilidade Avançada. Ed.
Frase. São Paulo – 5a edição – 1996.
Gonçalves, Eugênio Celso e Baptista, Antônio Eustáquio. Contabilidade
Geral. Ed. Atlas. São Paulo – 2a edição – 1994.
Silva, Benedito Gonçalves da. Contabilidade Geral. Ed. Meta – 2a edição
– 1994.
Ferrari, Ed Luiz, Contabilidade Geral: teoria e 950 questões – Rio de
Janeiro: Elsevier 2006.
Velter, Francisco e Missagia, Luiz R. Manual de Contabilidade – Rio de
Janeiro: Impetus, 2003.
Ferreira, Ricardo J. Contabilidade avançada e intermediária – 2. ed. –
Rio de Janeiro: Ed. Ferreira, 2004.
Santos, Luiz Eduardo. Contabilidade: Resoluções e comentários de
Questões da ESAF. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.
Recktenvald, Gervásio e Ávila, René Bergmann. Manual de auditoria
fiscal: teoria e prática – Porto Alegre: Síntese, 2002.

15.4 Internet
www.planalto.gov.br
www.cfc.org.br
www.receita.fazenda.gov.br

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