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INTRODUÇÃO:
Uma das principais etapas dos concursos para o cargo de Delegado de Polícia é
a fase discursiva. Trata-se da etapa em que se separa “os homens dos meninos”
ou, como preferem alguns, a fase em que se separa “joio do trigo”.

Em prova discursiva, não basta ter o conhecimento, é necessário que o


candidato saiba exatamente como irá apresentá-lo à banca examinadora. Isso
fará toda a diferença na nota final do candidato.

Partindo desse pressuposto, a partir de agora conversaremos sobre a estruturação


e formatação da prova discursiva, pois nosso objetivo será GABARITÁ-LA!
DIRETRIZES PARA RESOLUÇÃO DE QUESTÕES DISCURSIVAS

1. A formatação da redação de uma prova discursiva, em regra, é totalmente invertida


em relação à redação que a professora nos ensina no colégio para o vestibular. Lá
há a necessidade se criar uma introdução, fundamentação e conclusão. Na prova
discursiva para concursos, a estruturação, como mencionado, é invertida. No primeiro
parágrafo o candidato já tem que se posicionar quanto ao que foi questionado. Se o
examinador perguntar se o Delegado agiu corretamente, já inicie o primeiro
parágrafo: Sim, o Delegado agiu corretamente, albergado pelo art. X, chancelado
também pela doutrina Y e Z. A partir do segundo parágrafo, o candidato deve
fundamentar, expondo os motivos pelos quais chegou àquela conclusão. Como se
vê, nessa fase de concurso, você já apresenta a conclusão de início, depois explica o
motivo. No primeiro parágrafo, se posicione ao que foi questionado, se atendo
exatamente ao que o examinador perguntou, respondendo de forma concisa e
objetiva. No exemplo acima, o grande erro seria começar a redação expondo a
conduta que motivou a atuação do Delegado e, no último parágrafo, 27ª linha:
“Diante do exposto, conclui-se que o Delegado de Polícia agiu corretamente.” Isso
serve para vestibular, mas não para concursos.
2. Quando o candidato é objetivo no primeiro parágrafo, ele demonstra ao examinador
segurança no conhecimento. Essa postura é percebida subliminarmente pelo
examinador. Quando o candidato começa a “enrolar” desde o início, o examinador
percebe a vulnerabilidade.
3. Há também a possibilidade de o examinador fazer uma pergunta aberta. Ex.:
Discorra sobre o instituto da acareação no Processo Penal brasileiro. Nesse caso, é
recomendável iniciar a resposta falando da natureza jurídica (expondo as
divergências), passando a conceituar o instituto e, por fim, expor o procedimento
legal exigido para deflagrar o manejo da referida prova. Perceba que a estrutura de
resposta é completamente diferente daquela que aprendemos como regra, em que
o examinador faz um questionamento exigindo a tipificação de determinada
conduta ou questiona se determinado procedimento está correto ou incorreto (que
se apresenta como a tipologia de questionamento mais incidente em nossos
concursos de Delegado de Polícia).
4. Cuidado com a ansiedade. Comece a prova pela primeira questão e depois siga a
sequência. A estratégia de ler todas as questões antecipadamente é temerária.
Quando o aluno se depara com uma questão do final da prova que ele não sabe,
isso contamina o psicológico para o desenvolvimento de toda a prova. Ele ficará
pensando o tempo todo em como responder a que ele não sabe, prejudicando o
desenvolvimento das questões que ele têm o conhecimento. Controle a ansiedade e
siga a sequência da prova, somente pulando a questão se você, de fato, não souber
respondê-la (deixe as que você não sabe para o final, mas não se antecipe
querendo ler a prova toda!)
5. Se atente sobre a inviabilidade de fazer o rascunho. O espaço para o rascunho deve
ser utilizado para estruturar o que será desenvolvido, a partir de tópicos, para posterior
elaboração do texto. Lembre-se que o examinador quer palavras-chaves no texto.
Então, não esqueça de mencionar os Princípios, natureza jurídica e técnicas de
resolução do conflito aparente entre normas.
6. Se atente ao enunciado. Quando o examinador traz uma narrativa apresentando
diversos agentes (X,Y e Z), mas questiona no comando da questão apenas a conduta
de X, se limite a escrever sobre X, pois o espelho provavelmente exigirá um maior
aprofundamento do fato típico previsto por X. (Ocorreu no concurso de Delegado de
Santa Catarina)
7. Por vezes, um questionamento se desdobra em diversas perguntas. Se a questão
discriminar a pontuação de cada quesito, é recomendável que o candidato inicie a
sua redação em ordem decrescente de pontuação máxima, ou seja, escreva
primeiro a dissertação que vale mais pontos, salvo se houver imposição de ordem de
respostas pelo examinador. (Isso ocorreu na prova de Alagoas, Bahia e DPF)
8. Na primeira leitura da questão, já sublinhar os fatos criminosos que podem ser objeto
de questionamento por parte do examinador. Depois de ler o comando da questão,
voltar ao texto e fazer uma segunda leitura baseando-se nos fatos criminosos
sublinhados. Essa técnica facilitará a revisão do enunciado e otimizará o tempo do
candidato, pois o comando da questão irá se ater a fatos criminosos.
9. Não esquecer de fundamentar a argumentação com os artigos e súmulas, pois a sua
ausência acarreta perda de pontuação. Mesmo em provas em que não haja a
consulta ao Vade Mecum, é possível a banca exigir a tipificação, como ocorreu na
prova de Delegado de Alagoas.
10. É comum o candidato verificar a presença de 30 linhas na prova e,
psicologicamente, acreditar que, se o examinador colocou todas as linhas, ele quer
sejam todas utilizadas. Porém, nem sempre isso é necessário. Cuidado para não
florear demais e se tornar contraditório. Porém, há técnicas para dar voz de
autoridade à redação e utilizar todos os espaços disponíveis para a resposta:

A – Dialogue com as demais fontes do Direito. Faça conexões com outras matérias,
principalmente, com Princípios Constitucionais. Essa técnica demonstrará ao examinador
que você não tem o conhecimento apenas da matéria que está sendo questionado, e
sim um conhecimento jurídico globalizado, o que valorizará muito o seu texto. (Utilize a
expressão “Diálogo das Fontes”) Caso não conheça o termo diálogo das fontes,
pesquise, pois será importante para sua prova. Sempre que iniciar uma questão,
pergunte-se se é possível dialogar com as demais fontes do Direito. É uma visão
moderna, principalmente quando falamos da Constitucionalização do Direito.

B – Citar doutrina e o entendimento jurisprudencial, inclusive as divergências. Não é


conveniente e necessário citar autores, devendo o candidato se manifestar dessa forma:
“Doutrina majoritária ou minoritária”. Sabemos que no mundo jurídico há grande briga
de egos. Então, citar um autor que eventualmente seja um desafeto do membro da
banca pode “contaminar” a correção de sua prova. Precisamos diminuir ao máximo a
possibilidade de subjetivismos.

C - Descreva exemplos, são muito bons para o examinador entender sua resposta e
perceber que você sabe o que está falando. Essa técnica mostra ao examinador que
você tem o conhecimento prático do que está falando. Demonstra que você não
apenas gravou o conceito. Estará utilizando o espaço da prova para dar autoridade e
de forma coerente.

D – Faça comparações e distinções de institutos correlatos. Essa é mais uma técnica


importante para aproveitar os espaços da prova e demonstrar ao examinador um
domínio sobre os temas que permeiam o instituto questionado. Se o examinador pede
para discorrer sobre os atos administrativos negociais, conceitua cada um deles, ilustre
com exemplos e depois abra um parágrafo ou dois para fins comparativos. Essa técnica
é valiosa para mostrar ao examinador que você conhece também os temas que
permeiam o instituto.

Mas professor, e se eu não souber a questão? Por vezes, estaremos diante de um


questionamento que não sabemos, em tese, responder. Porém, precisaremos pontuar.
Não se trata de “chutar”, mas responder com sobriedade, tangenciando o que fora
perguntado e utilizando, de certa forma, a lógica. Quando o examinador faz uma
pergunta direta e não sabemos a resposta, o indicado é iniciar falando da natureza
jurídica e conceituando o instituto, sem adentrar, de início, na discussão do caso.
Posteriormente, o candidato entrará no mérito. Como se vê, a estrutura para quando o
candidato não sabe a questão é completamente invertida ao formato que é utilizado
quando ele tem o conhecimento. Apesar de demonstrar certa vulnerabilidade ao
examinador, o objetivo aqui será pontuar, para não perdermos a questão inteira. Nunca
deixe uma questão em branco!

Vou aproveitar o ensejo e deixar uma questão para reflexão (caiu na 2ª fase
do último concurso de Delegado de Polícia do Estado do Rio de Janeiro):
Discorra sobre escusas absolutórias, comportamento pós-delito positivo e condições
objetivas de punibilidade, apresentando o conceito, natureza jurídica e trazendo
exemplos de cada instituto.

EXEMPLO DE RESPOSTA IDEAL


As escusas absolutórias, também conhecidas como imunidades absolutas, são
circunstâncias de caráter pessoal, referentes a laços familiares ou afetivos entre os
envolvidos, que por razões de política criminal, o legislador houve por bem afastar a
punibilidade. As escusas absolutórias caracterizam-se como causas pessoais de exclusão
da punibilidade expressamente consignadas no texto legal, artigos 181, I e II e 348, §2ª,
do Código Penal. Devem estar presentes antes da pratica da conduta delituosa e são
inerentes ao agente, impedindo, inclusive, a própria instauração do IP.
O comportamento pós-delito positivo, por sua vez, refere-se à atenuação da pena ou
isenção desta em algumas hipóteses: antes do crime (arrependimento eficaz ou
desistência voluntária – escusa anterior); após o crime (arrependimento posterior,
reparação do dano, confissão etc. – escusa posterior), podendo se apresentar ora como
causa excludente da tipicidade, ora como excludente de punibilidade e até mesmo
como atenuante, no que diz respeito à natureza jurídica.

Noutro vértice, as condições objetivas de punibilidade são condições impostas pelo


legislador para que o fato se torne punível e que estão fora do tipo penal. Situam‐se
entre o preceito primário e secundário da norma penal incriminadora, sendo
denominadas condições objetivas porque independem do dolo ou da culpa do agente.
Como o próprio nome sugere, possuem natureza jurídica de excludentes de
punibilidade, pois, enquanto não se manifestarem, obstam a aplicação da pena,
esvaziando a possibilidade de que o Estado exerça as ações relacionadas ao direito de
punir (instauração do inquérito policial e do processo criminal). Ex.1: sentença
declaratória da falência. Ex.2: decisão final do procedimento administrativo de
lançamento nos crimes materiais contra a ordem tributária (RHC 90.532) e Súmula
Vinculante 24.

E, para enriquecer e valorizar ainda mais a redação de vocês, seguem abaixo algumas
expressões de transição minuciosamente selecionadas, que podem ser inseridas tanto
nas questões discursivas, quanto em peças prático-profissionais:

EXPRESSÕES DE TRANSIÇÃO
Não é despiciendo observar que À luz das informações contidas
Mas, impende, além disso, frisar que Insta, ainda, observar que
Cumpre obtemperar, todavia A nosso pensar
Assim, necessário é que Destarte...
Versa a hipótese presente sobre Assim, caracterizado e comprovado está ...
Ato contínuo ... Conforme se nota ...
Em suma ... Inobstante a isso ...
Em consonância com o acatado ... É inegável ...
Consoante noção cedida ... Em virtude dessas considerações ...
Frise-se mais, como remate, Convém notar que ...
Ante o exposto Outrossim ...
No caso em pauta é indiscutível ... Como se depreende ...
É evidente que ... Cumpre observar que ...
Insurge-se ... Insurge-se o Autor quanto ao alegado...
Cristalino dizer que ... Corroborando como acima exposto ...
Não há, destarte, nenhum nexo lógico Insta salientar ...
Cumpre destacar ... É de opinião inequívoca ...
Assinale que ... Adequado seria dizer que ...
À guisa de exemplo, podemos citar... É sobremodo importante assinalar que
Não devem ser consideradas as razões Foi, destarte, com base em sólido terreno
espendidas. doutrinário e lógico que...
Cumpre examinamos, neste passo... Mister se faz ressaltar ...
Verdade seja, esta é... Neste sentido deve-se dizer que ...
Convém notar, outrossim, que... Tenha-se presente que ...
Como se depreende... Em que pese as razões espendidas.
Oportuno torna-se dizer que ... É de ser revelado ...
Cumpre assinalar que ... É bem verdade que ...
É bom dizer que ... Conforme pode-se verificar ...
Indubitável é ... Conforme pode-se notar ...
Convém ressaltar que ... Não há falar-se ...
Registre-se que ... Vale ratificar ...
Certo é que ... Contudo ...
Forçoso reconhecer que... Ademais ...
Impende ressaltar que... Revela dizer que ...
É preciso dizer que ... É de verificar-se que...
Vale ressaltar que ... Não se pode olvidar ...
Frise-se que ... Como pode-se notar ...
Insta revelar que ... Assim,caracterizado e comprovado está...
Convém ponderar, ao demais que... Por seu turno,
Na doutrina, sobreleva a lição...,que Com efeito, chega a ser visível a assertiva
escreve.. de
Para tanto, Sobretudo,

Aliás, Ao revés,

Em sentido diverso, Neste bordo,

Doutores, estudem as técnicas e as expressões de transição com a máxima atenção,


pois elas serão seus grandes instrumentos no momento de formatar e estruturar suas
questões discursivas e peças prático-profissionais!

Por fim, para o treinamento diário de questões discursivas, recomendamos o livro digital
da empresa “Questões Discursivas”, específico para o cargo de Delegado de Polícia.

Segue o link do livro: http://www.questoesdiscursivas.com.br/pd-bd8e4-discursivas-de-


delegado-de-policia.html?ct=&p=1&s=1

A referida obra digital traz 250 questões de provas discursivas anteriores referentes ao
concurso de DELEGADO DE POLÍCIA, incluindo 63 questões acompanhadas do espelho
de resposta oficial da banca examinadora.

Importante registrar que não possuímos convênio com nenhuma empresa, porém nosso
dever aqui é indicar o que há de melhor no mercado para a sua preparação!

Atenciosamente,
Prof. Filipe Martins A. Pereira
Coordenador do Canal Carreiras Policiais e do Projeto Coaching.

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