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Trabalhista
Reclamação Trabalhista
Revisão Técnico:
Prof. Dr. Reinaldo Zychan
Revisão Textual:
Caique Oliveira dos Santos
Reclamação Trabalhista
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Estudar a estrutura da petição inicial trabalhista com suas particularidades;
• Redigir a peça de forma autônoma.
UNIDADE Reclamação Trabalhista
De acordo com Leone Pereira (2020, p. 207), a reclamação trabalhista é assim denomi-
nada em razão da origem da Justiça do Trabalho, a qual era um órgão administrativo
atrelado ao Poder Executivo. Tornou-se órgão do Poder Judiciário apenas com o advento
da Constituição Federal de 1946.
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Para ajuizamento da reclamação verbal, o reclamante comparece a um órgão da Justi-
ça do Trabalho, onde haverá um servidor responsável pela redução a termo em duas vias
datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário (art. 840, § 2º, da CLT e requisitos do § 1º
do mesmo dispositivo, no que for cabível), mas, antes da redução, ela é distribuída. Da data
da distribuição, o reclamante deverá, exceto motivo de força maior, apresentar-se no prazo
de 5 (cinco) dias, ao cartório ou à secretaria, para que seja realizada a redução a termo,
conforme o art. 786 celetista.
O reclamante que não respeitar o prazo assinalado pela CLT incorrerá na pena de
perda, pelo prazo de 6 (seis) meses, do direito de reclamar perante a Justiça do Trabalho,
consoante o art. 731 da CLT, o que se denomina de perempção temporária.
Você Sabia?
O Conselho Nacional de Justiça – CNJ editou a Recomendação nº 70, de 4 de agosto
de 2020, cujo art. 1º recomenda aos tribunais brasileiros – obviamente, incluindo-se
os órgãos trabalhistas –, durante a pandemia da Covid-19, em razão da necessidade de
isolamento social, a regulamentação da forma de atendimento virtual aos advogados,
procuradores, defensores públicos, membros do Ministério Público e da Polícia Judiciária
e das partes no exercício do seu jus postulandi.
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UNIDADE Reclamação Trabalhista
Importante!
No procedimento sumaríssimo, a reclamação trabalhista também deverá apresentar o
pedido certo ou determinado e indicará o valor correspondente, nos termos do art. 852-B
da CLT.
Notificação
Na análise das regras processuais previstas nos dispositivos da CLT, verifica-se a exis-
tência do termo genérico “notificação” utilizado para designar citação e intimação. Entre-
tanto, estas se referem a institutos com finalidades distintas.
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Inicialmente, destaca-se a notificação postal, a qual equivale à citação, realizada por
intermédio dos correios. Segundo o art. 841 da CLT:
Art. 841. Recebida e protocolada a reclamação, o escrivão ou secretário,
dentro de 48 (quarenta e oito) horas, remeterá a segunda via da petição,
ou do termo, ao reclamado, notificando-o ao mesmo tempo, para compa-
recer à audiência do julgamento, que será a primeira desimpedida, depois
de 5 (cinco) dias.
§ 1º. A notificação será feita em registro postal com franquia. [...]
§ 2º. O reclamante será notificado no ato da apresentação da reclamação
ou na forma do parágrafo anterior.
§ 3º. Oferecida a contestação, ainda que eletronicamente, o reclamante
não poderá, sem o consentimento do reclamado, desistir da ação.
Importante!
A notificação postal presume-se recebida 48 (quarenta e oito) horas depois de sua pos-
tagem. O seu não recebimento ou a entrega após o decurso desse prazo constituem ônus
de prova do destinatário, de acordo com a Súmula nº 16 do TST.
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UNIDADE Reclamação Trabalhista
Importante!
A Súmula nº 262 do TST estabelece que, se a parte for intimada ou notificada no sábado,
o início do prazo se dará no primeiro dia útil imediato e a contagem no subsequente.
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Em razão disso, aconselha-se traçar os pontos principais e, posteriormente, realizar
a redação definitiva.
Endereçamento da Peça
Com base nos critérios de competência territorial traçados no art. 651 da CLT, dire-
ciona-se a peça ao órgão competente para processamento e julgamento da reclama-
ção trabalhista.
É preciso se atentar para não utilizar expressões ou termos típicos das peças civis,
como “juiz de direito” e “comarca”.
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UNIDADE Reclamação Trabalhista
Menção ao Procedimento
Dependendo do valor da causa, o procedimento pode ser ordinário, sumário ou
sumaríssimo.
O procedimento ordinário está previsto nos arts. 837 a 852 da CLT e é aplicá-
vel às ações com valor de causa acima de 40 vezes o salário mínimo vigente à época
do ajuizamento.
No que tange ao procedimento sumário, tem fundamento na Lei nº 5.584/1970 e é
adotado para ações cujo valor da causa seja de até duas vezes o salário mínimo corrente.
Quanto ao procedimento sumaríssimo, há previsão nos arts. 852-A a 852-I da CLT
e é utilizado para ações cujo valor da causa seja de até 40 vezes o salário mínimo vigente.
Importante!
Estão excluídas do procedimento sumaríssimo as demandas em que é parte a Administração
Pública direta (União, estados-membros, Distrito Federal e municípios), autárquica e funda-
cional, nos termos do parágrafo único do art. 852-A da CLT. Portanto, independentemente
do valor da causa, se, em um dos polos da ação, figurar qualquer dos entes citados, o proces-
samento e o julgamento da demanda ocorrerão pelo procedimento ordinário.
Você não deve apresentar dados ou fatos não comunicados pela situação-problema,
sob risco de ser penalizado(a) com desconto de nota.
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“Da fundamentação jurídica” ou “Do Direito”
Neste tópico, você deverá abordar todas as teses apresentadas pela situação-problema,
de modo coerente e coeso. Para tanto, deverá construir a fundamentação jurídica apro-
priada, especialmente com base na Constituição Federal, na CLT, nas Súmulas e nas
Orientações Jurisprudenciais do TST e na legislação esparsa.
Diante disso, deve-se evitar a utilização de certas ferramentas, como o “recorta e cola”
da letra da lei sem qualquer conexão à realidade fática, ou seja, a simples citação do dis-
positivo legal sem contextualizar com o caso concreto.
Geralmente, a reclamação trabalhista cuida de diversos assuntos, por exemplo, vários
direitos laborais violados. Em razão disso, recomenda-se o estabelecimento de subdivisão
na fundamentação jurídica.
Pedidos
De acordo com o art. 840, § 1º, da CLT, os pedidos devem ser certos, determinados
e com indicação do valor, sob pena de serem julgados extintos sem resolução do mérito.
Neste tópico, far-se-á o requerimento conforme as teses defendidas na fundamenta-
ção jurídica, além dos pedidos clássicos:
• notificação do reclamado;
• protesto por provas;
• honorários advocatícios de sucumbência, nos termos do art. 791-A da CLT;
• benefício da justiça gratuita (quando necessário), de acordo com o art. 790, §§ 3º
e 4º, da CLT.
Valor da Causa
O valor da causa será fixado em razão do somatório dos pedidos contidos na peti-
ção inicial.
Outrossim, o valor da causa determinará o procedimento pelo qual tramitará a recla-
mação trabalhista.
Fechamento
• Nestes termos,
pede deferimento.
• Local e data.
• Advogado(a)
OAB nº ____
Importante!
Não é necessário juntar rol de testemunhas na petição inicial trabalhista, as quais são
convidadas a comparecer espontaneamente na data e horário designados para audiência.
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UNIDADE Reclamação Trabalhista
Em Síntese
• Endereçamento;
• Qualificação do(a) reclamante;
• Advogado(a);
• Nome da peça e fundamentação legal;
• Verbo;
• Procedimento;
• Qualificação do(a) reclamado(a);
• Fatos;
• Fundamentação jurídica;
• Pedidos;
• Valor da causa;
• Fechamento.
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• Trabalhava de segunda a sexta-feira, das 8h00min às 16h45min, com intervalo
de 45 minutos para refeição, e aos sábados, das 8h00min às 12h00min, sem
intervalo. Você, contratado(a) como advogado(a), deve apresentar a medida
processual adequada à defesa dos interesses de Heitor, sem criar dados ou fatos
não comunicados.
Fonte: https://bit.ly/3fTfCSN
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz do Trabalho da ..... Vara do Trabalho de Manaus – AM.
RECLAMAÇÃO TRABALHISTA
pelo rito __________, em face de NIMBUS S.A., nº do CNPJ, situada na rua Leo-
nardo Malcher, 7.070, Manaus – AM, CEP 210, pelos fundamentos de fato e de direito
a seguir expostos:
I – Dos fatos
O Reclamante trabalhou para a Reclamada de 10.10.2012 a 02.02.2020, oportunidade
na qual foi dispensado sem justa causa e recebeu, corretamente, sua indenização.
Durante o contrato de trabalho, o Reclamante, que é portador de deficiência, teve
sua CTPS registrada como assistente de estoque, mas, ao longo da jornada diária de
trabalho, executava tarefas conexas ao cargo de um analista de compras.
Ressalta-se que a ex-empregadora não contratou novo empregado portador de defi-
ciência quando da dispensa do reclamante.
Ademais, monitorava e-mail pessoal, bem como realizava descontos de contribuição
sindical e confederativa de não sindicalizados.
Por fim, a jornada de trabalho era de segunda a sexta-feira, das 8h00min às 16h45min,
com intervalo de 45 minutos para refeição, e aos sábados, das 8h00min às 12h00min,
sem intervalo.
II – Dos fundamentos jurídicos
1. Da reintegração
A empresa possui 220 empregados e o Reclamante é portador de deficiência, o qual
soube, após a sua dispensa, que não houve contratação de um substituto em condição
semelhante, o que lhe dá o direito de ser reintegrado às funções anteriormente ocupadas.
Demonstra-se a probabilidade do direito assentada no art. 93, § 1º, da Lei nº 8.213/1991,
uma vez que a dispensa imotivada do empregado portador de deficiência terá funda-
mento somente após a contratação de outro em condição de deficiente, o que não
ocorreu na situação mencionada.
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UNIDADE Reclamação Trabalhista
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Segundo o art. 71 da CLT, o intervalo intrajornada para jornadas acima de 6 horas
diárias deverá ter a duração mínima de 1 hora, o que não ocorria no caso do recla-
mante, pois tinha 15 minutos suprimidos do seu intervalo.
Em decorrência da violação celetista, o trabalhador faz jus ao intervalo intrajornada
quanto ao tempo não usufruído, com o respectivo adicional de 50%, de acordo com
o art. 71, § 4º, da CLT.
III – Dos pedidos
Ante o exposto, o Reclamante requer o processamento da presente reclamação traba-
lhista e a procedência dos pedidos, especialmente:
a. A reintegração do Reclamante ao emprego, assim como o pagamento dos salá-
rios do período de afastamento;
b. O pagamento de indenização por danos morais;
c. A devolução dos valores descontados irregularmente a título de contribuição
sindical e confederativa;
d. O pagamento do plus salarial pelo acúmulo de função, assim como os reflexos;
e. O pagamento de 15 minutos diários com adicional de 50% pela concessão par-
cial do intervalo intrajornada;
f. O pagamento de custas e demais despesas processuais, inclusive honorários
advocatícios de sucumbência, nos termos do art. 791-A da CLT;
g. A notificação da Reclamada para que apresente sua defesa e compareça em audi-
ência designada por Vossa Excelência, sob pena de incorrer nos efeitos da revelia.
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, princi-
palmente a prova documental, testemunhal, pericial e outras que se fizerem neces-
sárias, as quais, desde já, ficam requeridas.
Dá-se à causa o valor de R$ _____________________ (valor por extenso)
Nestes termos,
pede deferimento.
Local e data
Advogado(a)
OAB nº
Importante!
Perceba que os parágrafos da fundamentação jurídica estão apresentados de modo se-
quencial, conectados por meio de elementos que priorizam a coerência e a coesão. Exem-
plos de conectivos: “Diante disso”, “Portanto”, “Em razão disso”, “Por tal motivo”, “Sendo
assim”, “Em decorrência disso”, “Por tal razão”, “Ante o exposto”, “Diante do exposto”,
“Segundo o(a)”, “De acordo com”, “Ademais”, “Além disso”, entre outros.
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UNIDADE Reclamação Trabalhista
Caso Hipotético 2
RECLAMAÇÃO TRABALHISTA
pelo rito __________, em face de DOCES AÇUCARADOS LTDA., nº do CNPJ, pes-
soa jurídica de direito privado, situada em __________, pelos fundamentos de
fato e de direito abaixo expostos:
I – Do contrato de trabalho
A reclamante laborou para a reclamada de 01.03.2017 a 05.01.2020, momento que
fora dispensada sem justa causa.
Durante o contrato de trabalho, exerceu a função de agente comercial em diversas
cidades do interior do estado do Paraná, cuja jornada de trabalho era das 8h00min
às 18h00min, estando subordinada à unidade de Cascavel.
Na rescisão contratual, a ex-empregadora deixou pendentes os seguintes direitos
trabalhistas: multa indenizatória sobre os depósitos do FGTS, participação nos lucros
e resultados no valor de 30% da remuneração.
A presente reclamação visa à reparação dos haveres violados, entre outros a
serem demonstrados.
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II – Dos fundamentos jurídicos
1. Da multa indenizatória do FGTS
No curso da relação laboral, a reclamada efetuou, corretamente, os depósitos per-
tinentes ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, no entanto não cumpriu com a
obrigação de depositar a multa indenizatória sobre o montante.
Consoante o art. 18, § 1º, da Lei nº 8.036/1990, ocorrendo a rescisão do contrato de
trabalho na hipótese de despedia sem justa causa, o empregador deverá depositar,
na conta vinculada do trabalhador no FGTS, importância igual a 40% do montante
de todos os depósitos realizados na conta vinculada durante a vigência do contrato
de trabalho, atualizados monetariamente e acrescidos dos respectivos juros.
Desse modo, requer-se a condenação da reclamada ao pagamento da multa inde-
nizatória do FGTS.
2. Da participação nos lucros ou resultados
A participação nos lucros ou resultados não é instituto obrigatório nas empresas,
dependerá de prévia negociação entre empregador e empregados. Nos termos do
art. 2º da Lei nº 10.101/2000, o ajuste ocorrerá por comissão paritária, convenção
coletiva de trabalho ou acordo coletivo de trabalho.
No caso da reclamante, a negociação deu-se por meio de convenção coletiva de
trabalho, a qual fixou o percentual de 30% sobre a remuneração do empregado.
Entretanto, a reclamada também não honrou com tal compromisso.
Sendo assim, requer-se a condenação da reclamada ao pagamento da participação
nos lucros ou resultados.
3. Da multa do art. 477, § 8º, da CLT
Diante do exposto, percebe-se que a reclamada não efetuou o pagamento das verbas
rescisórias de forma correta, tal como: multa indenizatória do FGTS.
Conforme o art. 477, §§ 6º e 8º, da CLT, na extinção do contrato de trabalho, o emprega-
dor deverá anotar a Carteira de Trabalho e Previdência Social, comunicar a dispensa aos
órgãos competentes e realizar o pagamento das verbas rescisórias no prazo de 10 (dez)
dias contados a partir do término do contrato de trabalho, sob pena de pagar multa em
prol do trabalhador equivalente ao valor do salário.
Tal regramento não foi respeitado pela reclamada; portanto, requer-se o pagamen-
to de multa.
4. Da multa do art. 467 da CLT
Não se pode olvidar da regra estabelecida no art. 467 da CLT, segundo a qual o empre-
gador deverá pagar ao trabalhador, até a data de comparecimento à Justiça do Trabalho,
a parte incontroversa das verbas rescisórias, sob pena de pagá-las acrescidas de 50%.
No que tange à reclamante, todas os direitos pendentes são considerados incontroversos,
por isso, desde já, se requer o pagamento das verbas acrescidas do mencionado percen-
tual caso não haja a quitação nos termos estabelecidos pelo dispositivo celetista.
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UNIDADE Reclamação Trabalhista
Advogado(a)
OAB nº
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
Prática Jurídica Trabalhista
PEREIRA, L. Prática jurídica trabalhista. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2020.
https://bit.ly/2Q5NbID
Vídeos
Saber Direito – Petição Inicial Trabalhista – Aula 1, 2, 3, 4 e 5
https://youtu.be/NDgriqPC2bc
Leitura
Pedidos na Petição Inicial Trabalhista Após a Reforma
https://bit.ly/34x9M4d
A nova petição inicial trabalhista
https://bit.ly/3oZoOcx
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UNIDADE Reclamação Trabalhista
Referências
ALMEIDA, A. P. Curso prático de processo do trabalho. 26. ed. São Paulo: Saraiva,
2020.
BUENO, C. S. Manual de direito processual civil. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2020.
LEITE, C. H. B. Curso de direito processual do trabalho. 18. ed. São Paulo: Saraiva,
2020.
PEREIRA, L. Prática jurídica trabalhista. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2020.
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Prática Jurídica
Trabalhista
Defesa no Processo do Trabalho
Revisão Técnico
Prof. Dr. Reinaldo Zychan
Revisão Textual:
Caique Oliveira dos Santos
Defesa no Processo do Trabalho
OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Compreender as modalidades de defesa e o momento de aplicação no processo trabalhista.
UNIDADE Defesa no Processo do Trabalho
Contestação
Tal como a reclamação trabalhista, a contestação poderá ser apresentada sob a forma
verbal ou escrita.
Tratando-se de contestação trabalhista verbal, o reclamante terá o prazo de 20 (vinte)
minutos para aduzi-la em audiência, após a leitura da petição inicial quando não dispen-
sada, nos termos do caput do art. 847 da CLT.
Se a opção for pela contestação escrita, deverá ser protocolizada por meio do sistema
do processo judicial eletrônico até a audiência, de acordo com o parágrafo único do art.
847 da CLT.
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Outrossim, faz-se necessário tomar cuidado com o lapso temporal previsto no art.
841 da CLT, pois uma interpretação equivocada poderia levar a crer que o prazo para a
apresentação de contestação seria de 5 (cinco) dias. No entanto, refere-se ao necessário
espaçamento mínimo entre a data da notificação e a da audiência.
Desse modo, qual o prazo para apresentar contestação? Segundo o art. 847 da CLT, até
a audiência (inaugural). Portanto, pode ser de 5 (cinco) dias, 6 (seis) dias, 7 (sete) dias...,
1 (um) mês, 2 (dois) meses, dependerá da pauta organizada pelo cartório ou pela secretaria.
Importante!
Não confunda! A contestação trabalhista verbal não é apresentada no cartório ou na
secretaria, como ocorre com a reclamação. Ademais, o prazo de oferecimento da defesa
não é de 15 (quinze) dias, como no processo civil. No processo do trabalho, o reclamado
poderá juntar sua contestação, quando esta não for verbal, até a audiência.
Defesas processuais
O reclamado, quando apresenta sua peça de contestação, poderá alegar a existência
de circunstâncias que colocam em xeque os pressupostos processuais ou aspectos da
ação, as quais recebem a denominação de defesas processuais, tradicionalmente conhe-
cidas como preliminares de mérito.
A CLT foi omissa nessa temática; por tal motivo, recorre-se ao CPC, o qual, no art.
337, dispõe sobre a consideração das preliminares:
CPC
Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar:
I – inexistência ou nulidade da citação;
II – incompetência absoluta e relativa;
III – incorreção do valor da causa;
IV – inépcia da petição inicial;
V – perempção;
VI – litispendência;
VII – coisa julgada;
VIII – conexão;
IX – incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização;
X – convenção de arbitragem;
XI – ausência de legitimidade ou de interesse processual;
XII – falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar;
XIII – indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça.
Inicialmente, cumpre ressaltar que o inciso II do art. 337 do CPC não se aproveita
integralmente, porque a incompetência relativa (territorial ou em razão do lugar) possui
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UNIDADE Defesa no Processo do Trabalho
procedimento próprio na CLT e deve ser arguida em peça específica, nos termos do art.
800 celetista.
Outra ressalva a ser feita é sobre a perempção, não se empregando o art. 486, § 3º, do
CPC, visto que há regramento distinto na CLT. Consoante o art. 731 da CLT, tratando-
-se de reclamação trabalhista verbal, aquele que não se apresentar ao cartório ou à
secretaria no prazo de 5 (cinco) dias da distribuição da ação, incidirá na pena de perda
de ajuizar perante a Justiça do Trabalho pelo tempo de 6 (seis) meses. Também terá a
mesma punição aquele que der causa por 2 (duas) vezes ao arquivamento previsto no
art. 844 da CLT.
Consoante o art. 337, § 5º, do CPC, com a devida adaptação ao processo do trabalho, com
exceção da convenção de arbitragem, o juiz conhecerá de ofício as preliminares de mérito.
Em Síntese
Apenas a incompetência territorial ou em razão do lugar (relativa) não se aplica como
preliminar de mérito da contestação trabalhista, tendo em vista que possui regramento
e procedimento próprio na CLT.
Defesas de mérito
Diferente das defesas processuais que incidem em vícios do processo em si, as de-
fesas de mérito repercutem no direito material postulado pelo reclamante, podendo
dividir-se em: defesa de mérito direta e defesa de mérito indireta.
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Para Élisson Miessa (2021, p. 618), na defesa de mérito direta, “o réu impugna
os fatos constitutivos, negando os fatos e/ou fundamentos jurídicos da inicial”. Já,
na defesa de mérito indireta, “o réu não nega propriamente os fatos constitutivos,
mas alega fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor”. Veja as
situações hipotéticas:
• Exemplo 1: Alípio ajuizou reclamação trabalhista postulando adicional noturno; no
entanto, a reclamada contesta, alegando que nunca houve a prestação de serviço
em horário noturno por parte do empregado (nega-se o fato constitutivo – defesa
de mérito direta);
• Exemplo 2: Marinalva ingressou com reclamação trabalhista, cujo pedido foi o
pagamento de horas extras. Na contestação, a empresa confirma a prestação de
horas acima da jornada habitual; contudo, demonstra a conversão em banco de
horas lícito e devidamente usufruído pela empregada (apresenta-se fato impeditivo
– defesa de mérito indireta).
Da revelia
Segundo o art. 344 do CPC, a revelia é materializada pela ausência de contestação e
acarretará efeitos materiais e processuais – respectivamente, a presunção de veracidade
das alegações de fato contidas na exordial e o julgamento antecipado do mérito.
O art. 844 da CLT determina que a revelia será configurada pelo não compareci-
mento do reclamado à audiência inaugural, acarretando a confissão da matéria de fato.
Todavia, a revelia não produzirá tal consequência, nos termos do § 4º do aludido dispo-
sitivo celetista, se:
• havendo pluralidade de reclamados, algum deles contestar a ação;
• o litígio versar sobre direitos indisponíveis;
• a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considere indis-
pensável à prova do ato;
• as alegações de fato formuladas pelo reclamante forem inverossímeis ou estiverem
em contradição com prova constante dos autos.
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UNIDADE Defesa no Processo do Trabalho
Quanto à primeira hipótese, quando não se utiliza nenhum parâmetro para constru-
ção da petição, é possível facilmente esquecer de pontos fundamentais a serem mencio-
nados ou revelar grande desorganização na exposição das ideias.
Desse modo, deve-se organizar as ideias de forma objetiva. Sugere-se a seguinte for-
matação de roteiro:
Quadro 1
• Endereçamento;
• Número do processo;
• Menção ao/à reclamado(a);
• Menção ao/à reclamante;
• Menção à representação pelo(a) advogado(a), à procuração ane-
xa e ao endereço profissional;
• Fundamentação legal da peça: art. 847 da CLT c/c art. 336 do CPC;
Roteiro da peça • Verbo “apresentar” ou “oferecer”;
de contestação • Nome da peça: CONTESTAÇÃO;
• Dos fatos ou resumo da reclamação;
• Das preliminares de mérito (se houver);
• Das prejudiciais de mérito (se houver);
• Do mérito (rebater cada tese da reclamação);
• Conclusão ou requerimentos;
• Fechamento.
Reconvenção
A reconvenção não se enquadra como defesa propriamente dita, classifica-se como mo-
dalidade de resposta. Refere-se a um contra-ataque, em que o reclamado (réu-reconvinte)
insurge-se em face do reclamante (autor-reconvindo) na mesma relação jurídico-processual
em que é acionado.
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autor. Ambas as partes, em consequência, passam a atuar reciproca-
mente como autores e réus. O fundamento do instituto está no princípio
de economia processual, com que se procura evitar a inútil abertura de
múltiplos processos entre as mesmas partes, versando sobre questões co-
nexas, que muito bem podem ser apreciadas e decididas a um só tempo.
De acordo com o art. 343 do CPC, “na contestação, é lícito ao réu propor reconven-
ção para manifestar pretensão própria, conexa com a ação principal ou com o funda-
mento da defesa”.
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UNIDADE Defesa no Processo do Trabalho
Quadro 2
• Endereçamento;
• Número do processo;
• Menção ao/à reclamado(a);
• Menção ao/à reclamante;
• Menção à representação pelo(a) advogado(a), à procuração ane-
xa e ao endereço profissional;
• Fundamentação legal da peça: art. 847 da CLT c/c art. 336 e 343
do CPC;
Roteiro da peça • Verbo “apresentar” ou “oferecer”;
de reconvenção • Nome da peça: CONTESTAÇÃO com RECONVENÇÃO;
• Dos fatos ou resumo da reclamação;
• Das preliminares de mérito (se houver);
• Das prejudiciais de mérito (se houver);
• Do mérito (rebater cada tese da reclamação);
• Da reconvenção;
• Conclusão ou requerimentos;
• Valor da causa;
• Fechamento.
Importante!
Na conclusão da peça, um dos pedidos será o de intimação do reclamante para apresen-
tar defesa à reconvenção, sob pena de incorrer nos efeitos da revelia. Ademais, em razão
da reconvenção, há a necessidade de delimitar o valor da causa.
Exceções
Exceção de incompetência territorial
A despeito da sistemática processual do art. 337 do CPC, aplicável com parcimônia
ao processo do trabalho, a exceção de incompetência territorial (incompetência relativa)
não deve ser arguida como defesa processual (preliminar de mérito); afinal, a CLT traz,
de forma específica, o procedimento a ser adotado em tal circunstância.
Diante de quais situações o reclamado poderá apresentar a exceção de incompetên-
cia relativa em razão do lugar?
A resposta para tal indagação encontra respaldo no art. 651 da CLT, ou seja, quando
a reclamação trabalhista for ajuizada sem a observância das regras constantes no aludido
dispositivo celetista. Portanto:
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a Junta da localização em que o empregado tenha domicílio ou a locali-
dade mais próxima.
§ 2º. A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento, estabeleci-
da neste artigo, estende-se aos dissídios ocorridos em agência ou filial no
estrangeiro, desde que o empregado seja brasileiro e não haja convenção
internacional dispondo em contrário.
§ 3º. Em se tratando de empregador que promova realização de ativida-
des fora do lugar do contrato de trabalho, é assegurado ao empregado
apresentar reclamação no foro da celebração do contrato ou no da pres-
tação dos respectivos serviços.
De acordo com o art. 800 da CLT, em 5 (cinco) dias contados da notificação, o recla-
mado deverá apresentar a exceção de incompetência territorial em “peça que sinalize a
existência desta exceção”.
Notadamente, diante da expressão em destaque, o legislador infraconstitucional sina-
lizou a imprescindibilidade de petição específica para impugnar o juízo, inclusive com a
possibilidade de produção de prova oral. Nesse caso, o § 3º do art. 800 da CLT permite
ao excipiente e a suas testemunhas serem ouvidos por meio de carta precatória no juízo
que entende adequado.
Diante do protocolo da peça, ocorrerá a suspensão do processo e os autos serão
destinados à conclusão do magistrado, o qual determinará a intimação do reclamante,
assim como os litisconsortes, se houver, para manifestação no prazo de 5 (cinco) dias.
Proferida decisão acerca da exceção de incompetência territorial, o processo pros-
seguirá, designando-se, nesse contexto, a audiência, a apresentação de defesa, assim
como a instrução processual ante o juízo competente.
A decisão que acolhe ou rejeita a exceção de incompetência territorial possui nature-
za interlocutória, o que, em regra, não admite a discussão de pronto em consequência
ao princípio da irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias.
Todavia, excepcionalmente, a Súmula nº 214, c, do TST admite o questionamento
quando a decisão “acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos autos
para tribunal regional distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado, consoante
o disposto no art. 799, § 2º, da CLT”.
Quadro 3
• Endereçamento;
• Número do processo;
• Menção ao/à excipiente (reclamado(a));
• Menção ao/à exceto(a) (reclamante) ;
• Menção à representação pelo(a) advogado(a), à procuração ane-
Roteiro da exceção xa e ao endereço profissional;
de incompetência • Fundamentação legal da peça: art. 800 da CLT;
territorial • Verbo “apresentar”;
• Nome da peça: EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA TERRITORIAL;
• Dos fatos;
• Da fundamentação jurídica;
• Dos pedidos;
• Fechamento.
15
15
UNIDADE Defesa no Processo do Trabalho
CLT
Art. 801. O juiz, presidente ou vogal, é obrigado a dar-se por suspeito,
e pode ser recusado, por algum dos seguintes motivos, em relação à
pessoa dos litigantes:
• inimizade pessoal;
• amizade íntima;
• parentesco por consanguinidade ou afinidade até o terceiro grau civil;
• interesse particular na causa.
Parágrafo único. Se o recusante houver praticado algum ato pelo qual
haja consentido na pessoa do juiz, não mais poderá alegar exceção de
suspeição, salvo sobrevindo novo motivo. A suspeição não será também
admitida, se do processo constar que o recusante deixou de alegá-la an-
teriormente, quando já a conhecia, ou que, depois de conhecida, aceitou
o juiz recusado ou, finalmente, se procurou de propósito o motivo de que
ela se originou.
CLT
Art. 145. Há suspeição do juiz:
I – amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de seus advogados;
II – que receber presentes de pessoas que tiverem interesse na causa an-
tes ou depois de iniciado o processo, que aconselhar alguma das partes
acerca do objeto da causa ou que subministrar meios para atender às
despesas do litígio;
III – quando qualquer das partes for sua credora ou devedora, de seu côn-
juge ou companheiro ou de parentes destes, em linha reta até o terceiro
grau, inclusive;
IV – interessado no julgamento do processo em favor de qualquer das
partes.
§ 1º. Poderá o juiz declarar-se suspeito por motivo de foro íntimo, sem
necessidade de declarar suas razões.
16
§ 2º. Será ilegítima a alegação de suspeição quando:
I – houver sido provocada por quem a alega;
II – a parte que a alega houver praticado ato que signifique manifesta
aceitação do arguido.
Na terceira hipótese, nos termos dos §§ 1º e 3º do art. 144 do CPC, apenas haverá
a caracterização do impedimento se o defensor público, o advogado ou o membro do
Ministério Público já integrava o processo antes do início da atividade judicante do juiz.
Ademais, o magistrado estará impedido quando conferido mandato a membro de escri-
tório de advocacia que tenha, em seus quadros, advogado que individualmente ostente a
condição nele prevista, mesmo que não intervenha diretamente no processo.
Por fim, veda-se a criação de fato superveniente a fim de caracterizar impedimento
do juiz, conforme o § 2º do citado dispositivo do CPC.
Quadro 4
• Endereçamento, de acordo com o endereçamento da Reclama-
Roteiro da exceção ção Trabalhista;
de suspeição • Número do processo;
17
17
UNIDADE Defesa no Processo do Trabalho
Nos autos da Reclamação Trabalhista 1234, movida por Gilson Reis em face da sociedade
empresária Transporte Rápido Ltda., em trâmite perante a 15ª Vara do Trabalho do Recife/
PE, a dinâmica dos fatos e os pedidos foram articulados da seguinte maneira: O trabalha-
dor foi admitido em 13.05.2009, recebeu aviso prévio em 09.11.2019, para ser trabalhado, e
ajuizou a demanda em 20.02.2020. Exercia a função de auxiliar de serviços gerais. Requereu
sua reintegração porque, em 20.11.2019, apresentou candidatura ao cargo de dirigente sin-
dical da sua categoria, informando o fato ao empregador por e-mail, o que lhe garante o
emprego na forma do art. 543, § 3º, da CLT, não respeitada pelo ex-empregador. Ademais,
informou que trabalhava de segunda a sexta-feira, das 5h00min às 15h00min, com inter-
valo de duas horas para refeição; que o intervalo interjornada não era observado, daí por
que deseja que isso seja remunerado como hora extra. Contratado(a) como advogado(a),
você deve apresentar a medida processual adequada à defesa dos interesses da socie-
dade empresária Transporte Rápido Ltda., sem criar dados ou fatos não comunicados.
Disponível em: https://bit.ly/3uE9d3t
18
Resolução
19
19
UNIDADE Defesa no Processo do Trabalho
B) Do intervalo interjornada
O Reclamante ressalta que não era observado o intervalo interjornada, em razão
da jornada diária de trabalho, de segunda a sexta-feira, das 5h00min às 15h00min.
Evidentemente, não houve violação ao aludido período de descanso, visto que o in-
tervalo interjornada deverá ser de no mínimo 11 consecutivas entre duas jornadas
de trabalho, consoante o disposto no art. 66 da CLT.
Nesse contexto, o intervalo era devidamente respeitado, uma vez que havia o espa-
çamento de 14 horas entre as jornadas, devendo o pedido de pagamento de horas
extras ser julgado improcedente.
IV – Das conclusões
Pelo exposto, requer o acolhimento da prescrição quinquenal na hipótese de even-
tual condenação e a consequente pronúncia de mérito.
Outrossim, requer a improcedência dos pedidos veiculados na exordial, assim como
o pagamento das despesas processuais e dos honorários advocatícios de sucumbên-
cia, de acordo com o art. 791-A da CLT.
Protesta provar o alegado por todos os meios em direito admitidos, em especial
a prova documental, testemunhal, pericial e outras que se fizerem necessárias, as
quais, desde já, ficam requeridas.
Nestes termos,
pede deferimento.
Local e data.
Advogado(a)
OAB/XX nº ____
Contratado(a) pela empresa Clínica das Amendoeiras, em razão de uma reclamação trabalhis-
ta proposta em 12.12.2019 pela empregada Jussara Péclis (número 1146-63.2019.5.18.0002,
2ª Vara do Trabalho de Goiânia), o/a advogado(a) analisa a petição inicial, que contém os
seguintes dados e pedidos: que a empregada foi admitida em 18.11.2015 e dispensada sem
justa causa em 15.07.2017 mediante aviso prévio indenizado; que a homologação da ruptu-
ra aconteceu em 23.07.2017; que havia uma norma interna garantindo ao empregado com
mais de 10 anos de serviço o direito a receber um relógio folheado a ouro do empregador, o
que não foi observado; que a ex-empregada cumpria jornada de segunda a sexta-feira, das
15h00min às 19h00min, sem intervalo; que recebia participação nos lucros (PL) uma vez
a cada semestre, mas ela não era integrada para fim algum. A autora postula a multa do
art. 477 da CLT porque a homologação ocorreu a destempo; condenação em obrigação de
fazer materializada na entrega de um relógio folheado a ouro; hora extra pela ausência de
pausa alimentar; integração da PL nas verbas salariais, FGTS e aquelas devidas pela ruptura,
com o pagamento das diferenças correlatas. A empresa entrega ao/à advogado(a) cópia do
recibo de depósito das verbas resilitórias na conta da trabalhadora ocorrido em 24.07.2017
e cópia dos regulamentos internos vigentes ao longo do tempo, em que existia previsão de
concessão do relógio folheado a ouro, mas, em outubro de 2015, foi substituído por um novo
20
regulamento, que previu a entrega de uma foto do empregado com sua equipe. Analisando
cuidadosamente a narrativa feita pela empresa e a documentação por ela fornecida, apre-
sente a peça pertinente à defesa, em juízo, dos interesses dela, sem criar dados ou fatos não
comunicados. Disponível em: https://bit.ly/3uEdX9h
Resolução
Processo nº 1146-63.2012.5.18.0002
CLÍNICA DAS AMENDOEIRAS, devidamente qualificada nos autos da ação em epígra-
fe, proposta por JUSSARA PÉCLIS, por seu/sua advogado(a) que esta subscreve (pro-
curação anexa), com endereço em ________, onde recebe correspondências e
notificações, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com base no
art. 847 da CLT, oferecer CONTESTAÇÃO, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:
1 Sinopse da petição inicial
Na petição inicial, a Reclamante alega que foi admitida em 18.11.2015 para uma
jornada de segunda a sexta-feira, das 15h00min às 19h00min.
Outrossim, dispensada em 15.07.2017 mediante aviso prévio indenizado, cujas ver-
bas resilitórias foram pagas em 24.07.2017.
Resumidamente, a ex-empregada requer, equivocadamente: multa do art. 477 da
CLT; condenação em obrigação de fazer materializada na entrega de um relógio
folheado a ouro; horas extras pela ausência de pausa alimentar; integração da PL
nas verbas salariais, FGTS e rescisórias.
2 Da prejudicial de mérito
Verifica-se que a extinção do contrato de trabalho da reclamante ocorreu em
17.08.2017, considerado o prazo do aviso prévio proporcional indenizado.
Nesse caso, a ex-empregada deveria ajuizar a demanda até 17.08.2019, ou seja, até
dois anos após o encerramento do vínculo empregatício.
No entanto, realizou somente em 12.12.2019 e, por isso, a contestante articula os
fatores prescricionais, consoante os preceitos do art. 7º, XXIX, da CF/1988, do art. 11
da CLT e da Súmula nº 308, I, do TST.
Portanto, está configurada a prescrição bienal, também denominada prescrição to-
tal, restando prescritas todas as pretensões da reclamante, o que deverá acarretar
a extinção do processo com resolução de mérito, nos termos do art. 487, II, do CPC.
3 Do mérito
A) Multa do art. 477 da CLT
A reclamante postula o pagamento de multa sob a alegação de suposta violação
do dispositivo celetista quanto à homologação da ruptura contratual, efetuada em
23.07.2017.
21
21
UNIDADE Defesa no Processo do Trabalho
Entretanto, o art. 477 da CLT não define prazo para tal ato por parte do empregador,
a única ressalva é acerca do lapso temporal para pagamento das verbas resilitórias,
cujo depósito na conta da trabalhadora ocorreu em 24.07.2017, ou seja, nove dias
após a comunicação da dispensa.
O referido prazo da CLT é de dez dias, contados da extinção do contrato de trabalho;
portanto, não há que se falar em multa e o pedido deve ser julgado improcedente.
B) Da obrigação de fazer
A Reclamante informa que havia uma norma interna garantindo ao empregado com
mais de um ano de serviço o direito a receber um relógio folheado a ouro do empre-
gador, o que não foi observado.
Diante dos regulamentos internos vigentes ao longo do tempo, verifica-se que exis-
tia previsão de concessão do relógio folheado a ouro, mas, em outubro de 2015, foi
substituído por um novo regulamento, o qual previa apenas a entrega de uma foto
do(a) empregado(a) com sua equipe.
Portanto, é indevida a obrigação de fazer, visto que a alteração da norma interna ocor-
reu antes da admissão da empregada. Consoante a Súmula nº 51, I, do TST, cláusulas
regulamentares, que revoguem ou alterem vantagens deferidas anteriormente, só
atingirão os trabalhadores admitidos após a revogação ou alteração do regulamento.
C) Do intervalo intrajornada
A Reclamante ressalta que cumpria jornada de segunda a sexta-feira, das 15h00min
às 19h00min, sem intervalo e, por conta disso, deveria receber horas extras.
No entanto, não há que se falar em recebimento de horas extras, pois exercia suas
atividades apenas em quatro horas diárias e não há direito há qualquer intervalo,
conforme o art. 71, § 1º, da CLT.
Por isso, indevido o pedido de horas extras.
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Outrossim, protesta provar o alegado por todos os meios em direito admitidos, em
especial pelo depoimento pessoal do autor, sob pena de confesso, perícias, juntada
de documentos, oitiva de testemunhas.
Nestes termos,
pede deferimento.
Local e data.
Advogado(a)
OAB nº ___
Você foi contratado(a) pela Floricultura Flores Belas Ltda., que recebeu citação de uma re-
clamação trabalhista com pedido certo, determinado e com indicação do valor, movida em
27.02.2018 pela ex-empregada Estela, que tramita perante o juízo da 50ª Vara do Trabalho
de João Pessoa/PB e recebeu o número 98.765. Estela foi floricultora na empresa em ques-
tão de 25.10.2012 a 29.12.2017 e ganhava mensalmente o valor correspondente a dois sa-
lários mínimos. Na demanda, requereu os seguintes itens: – a aplicação da penalidade cri-
minal cominada no art. 49 da CLT contra os sócios da ré, uma vez que eles haviam cometido
a infração prevista no referido diploma legal; – o pagamento de adicional de penosidade,
na razão de 30% sobre o salário-base, porque, no exercício da sua atividade, era constan-
temente furada pelos espinhos das flores que manipulava; – o pagamento de horas extras
com adição de 50%, explicando que cumpria a extensa jornada de segunda a sexta-feira,
das 10h00min às 20h00min, com intervalo de duas horas para refeição, e aos sábados, das
16h00min às 20h00min, sem intervalo; – o pagamento da multa do art. 477, § 8º, da CLT,
porque o valor das verbas resilitórias somente foi creditado na sua conta 20 dias após a
comunicação do aviso prévio, concedido na forma indenizada, extrapolando o prazo legal.
Afirmou, ainda, que foi obrigada a aderir ao desconto para o plano de saúde, tendo assina-
do, na admissão, contra a sua vontade, um documento autorizando a subtração mensal.
A sociedade empresária informou que, assim que foi cientificada do aviso prévio, Estela
teve uma reação violenta, gritando e dizendo-se injustiçada com a atitude do empregador.
A situação chegou a tal ponto que a segurança terceirizada precisou ser chamada para con-
ter a trabalhadora e acompanhá-la até a porta de saída. Contudo, quando deixava o portão
principal, Estela começou a correr, pegou uma pedra do chão e a arremessou violentamente
contra o prédio da empresa, vindo a quebrar uma das vidraças. A empresa informa que
gastou R$ 300,00 na recolocação do vidro atingido, conforme nota fiscal que exibiu, além
de apresentar a guia da RAIS comprovando possuir sete empregados, os contracheques da
autora e o documento assinado pela empregada autorizando o desconto de plano de saúde.
Diante dessa narrativa, apresente a peça pertinente na melhor defesa dos interesses da
reclamada. Disponível em: https://bit.ly/3fT6u0C
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UNIDADE Defesa no Processo do Trabalho
Resolução
(espaçamento de 10 linhas)
Processo nº 98.765
FLORICULTURA FLORES BELAS LTDA., devidamente qualificada nos autos da ação
em epígrafe, proposta por ESTELA, por seu/sua advogado(a) que esta subscreve
(procuração anexa), com endereço profissional em __________, onde recebe
correspondências e notificações, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência,
com fulcro no art. 847 da CLT c/c o art. 343 do CPC, oferecer CONTESTAÇÃO COM
RECONVENÇÃO, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:
I – Do resumo da reclamação trabalhista
A reclamante exerceu a função de floricultura na empresa reclamada no período de
25.10.2012 a 29.12.2017, com jornada de segunda a sexta-feira (das 10h00min às
20h00min, com intervalo de duas horas) e aos sábados (das 16h00min às 20h00min),
tendo como remuneração mensal dois salários mínimos.
Em resumo, a ex-empregada postula aplicação da penalidade do art. 49 da CLT, adi-
cional de penosidade, horas extras, multa do art. 477 da CLT e devolução de valores
descontados a título de plano de saúde.
Ressalta-se que os haveres postulados são equivocados, conforme demonstrado a seguir.
II – Preliminar de mérito: incompetência absoluta da Justiça do Trabalho
A reclamante requer a aplicação da penalidade cominada no art. 49 da CLT contra os
sócios da reclamada, em razão do cometimento da infração tipificada.
Todavia, consoante o art. 114, IX, da CF/1988, compete à Justiça do Trabalho pro-
cessar e julgar controvérsias decorrentes da relação de trabalho, o que não envolve
matéria criminal.
Em razão disso, nos termos do art. 337, II, do CPC, cumpre à parte requerida, antes de
discutir o mérito, alegar a incompetência absoluta.
Portanto, a postulação não tem guarida perante à Justiça do Trabalho, que se mostra
incompetente no processamento e julgamento.
III – Da prejudicial de mérito: da prescrição quinquenal
A reclamante laborou de 25.10.2012 a 29.12.2017 na empresa reclamada e ajuizou
reclamação em 27.02.2018.
Nesse contexto, a trabalhadora terá direito apenas à reparação dos últimos cinco
anos do contrato de trabalho, os quais são contados da propositura da ação, nos
termos do art. 7º, XXIX, da CF/1988, do art. 11 da CLT e da Súmula nº 308, I, do TST.
Desse modo, se, no entendimento de Vossa Excelência, alguma condenação for de-
vida, que seja o referido lapso temporal observado, restando prescritas todas as pre-
tensões anteriores a 27.02.2013, com a consequente pronúncia de mérito, de acordo
com o art. 487, II, do CPC.
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IV – Do mérito
A – Do adicional de penosidade
A reclamante postula o pagamento de adicional de penosidade de 30%, tendo em
vista que, no exercício da sua atividade, conforme alegação, era constantemente
furada pelos espinhos das flores que manuseava.
O art. 7º, XXIII, da CF/1988 prevê o adicional de remuneração para atividades penosas,
remetendo a regulamentação ao legislador infraconstitucional, o que não ocorreu.
Dessa maneira, o pedido do citado adicional deve ser julgado improcedente, visto
que pendente de lei disciplinando.
B – Da multa do art. 477, § 8º, da CLT
A reclamante, equivocadamente, informa que o pagamento das verbas rescisórias
ultrapassou o prazo legal, pois os valores foram creditados na sua conta 20 dias após
a comunicação do aviso prévio indenizado.
No entanto, o art. 477, § 6º, da CLT prevê que o pagamento dos valores constantes
do instrumento de rescisão deverá ser efetuado até dez dias contados do término do
contrato, e não da comunicação da dispensa.
Consequentemente, o pedido não encontra respaldo legal, o que acarreta a sua im-
procedência.
C – Das horas extras
A reclamante alega que faz jus ao recebimento de horas extras com adicional de
50%, em razão de excesso da sua jornada, a qual era de segunda a sexta-feira, das
10h00min às 20h00min, com intervalo de duas horas, e aos sábados, das 16h00min
às 20h00min, sem intervalo.
Notadamente, a jornada semanal da ex-empregada totalizava 44 horas semanais, o
que repercute ao limite legal, conforme o art. 7º, XIII, e o art. 58 da CLT.
Portanto, não há que se falar em horas extras e o pedido deverá ser julgado improcedente.
D – Do plano de saúde
A reclamante afirma que foi obrigada a aderir ao desconto para o plano de saúde,
tendo assinado, na admissão, e contra sua vontade, um documento autorizando a
subtração mensal, o qual segue anexo.
Inicialmente, cumpre ressaltar que o vício de vontade deve ser comprovado pela par-
te reclamante, conforme distribuição do ônus da prova previsto no art. 818, I, da CLT.
Outrossim, a OJ nº 160 da SBDI-1 estabelece que é inválida a presunção de vício de
consentimento resultante do fato de ter o empregado anuído expressamente com
descontos salariais na oportunidade da admissão, cabendo demonstração concreta.
Ademais, a Súmula nº 342 do TST preconiza a validade dos descontos salariais efetu-
ados pelo empregador com autorização prévia e por escrito do empregado para ser
integrado em planos de assistência médico-hospitalar.
Desse modo, não houve ilegalidade nos descontos e o pedido deve ser julgado
improcedente.
V – Da reconvenção
Consoante o art. 343 do CPC, na contestação, é lícito ao requerido propor recon-
venção para manifestar pretensão própria, conexa com a ação principal ou com o
fundamento da defesa, o que se faz pelas razões de fato e de direito a seguir.
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UNIDADE Defesa no Processo do Trabalho
Local e data.
Advogado(a)
OAB nº ___
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
Manual de audiência e prática trabalhista
CISNEIROS, G. Manual de audiência e prática trabalhista. 6. ed. Rio de Janeiro: Foren-
se; São Paulo: MÉTODO, 2020.
Vídeos
Processo do Trabalho | Kultivi – Defesas do Reclamado | CURSO GRATUITO
https://youtu.be/jC6uumjm8pM
Como fazer uma Contestação Trabalhista com Reconvenção – Victor Stuchi
https://youtu.be/y7eV3D-mzAs
Leitura
Acórdão
https://bit.ly/3i69nhl
27
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UNIDADE Defesa no Processo do Trabalho
Referências
MIESSA, É. Curso de direito processual do trabalho. 8. ed. Salvador: Juspodivm, 2021.
SCHIAVI, M. Manual de direito processual do trabalho. 14. ed. São Paulo: LTr, 2018.
THEODORO JÚNIOR, H. Curso de direito processual civil. 61. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2020. v. I.
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Prática Jurídica
Trabalhista
Recursos Trabalhistas I
Revisão Textual:
Caique Oliveira dos Santos
Recursos Trabalhistas I
• Recursos Trabalhistas;
• Pressupostos Recursais;
• Embargos de Declaração;
• Recurso Ordinário (RO);
• Recurso de Revista (RR);
• Redação de Peças Recursais.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Reconhecer os pressupostos necessários aos recursos trabalhistas;
• Redigir as peças com independência.
UNIDADE Recursos Trabalhistas I
Recursos Trabalhistas
Quando realiza a propositura de uma reclamação trabalhista, evidentemente, o re-
clamante almeja o sucesso total da demanda, isto é, a procedência em todas as postu-
lações. Em contrapartida, o reclamado busca a demonstração de que o requerente não
faz jus aos pleitos da exordial.
Ao final, o órgão julgador profere decisão judicial, o que pode ser total ou parcialmente
favorável a uma ou ambas as partes integrantes da relação jurídico-processual. Tendo
em vista o descontentamento, muitas vezes, o indivíduo buscará o reexame do processo,
externalizando o duplo grau de jurisdição previsto no ordenamento jurídico brasileiro.
Consoante Daniel Amorim Assumpção Neves (2018, p. 1.581):
[...] fator favorável à adoção do duplo grau de jurisdição diz respeito à pró-
pria falibilidade humana, considerando-se que o juiz, como ser humano
que é, pode se equivocar em sua decisão. Dessa forma, é interessante
manter um mecanismo de revisão dessa decisão, como forma de possi-
bilitar que um eventual equívoco, ilegalidade ou injustiça da decisão da
causa possa ser revisto.
Conforme Sergio Pinto Martins (2013, p. 403), “recurso é o meio processual esta-
belecido para provocar o reexame de determinada decisão, visando à obtenção de sua
reforma ou modificação”.
8
Nesse contexto, segundo Élisson Miessa (2021, p. 816), no processo do trabalho, o
recurso percorrerá o chamado duplo juízo de admissibilidade (a quo e ad quem), o qual
funciona como um filtro na verificação do preenchimento dos pressupostos extrínsecos
e intrínsecos. O juízo de admissibilidade a quo é realizado pelo órgão que proferiu a de-
cisão recorrida (exame preliminar e superficial), enquanto o juízo de admissibilidade ad
quem caberá ao órgão recursal (exame em caráter definitivo).
O Código de Processo Civil, aprovado em 2015, aboliu o duplo juízo de admissibili-
dade recursal de natureza ordinária, mas ainda prevalece no processo do trabalho e não
se aplica o disposto no art. 1.010, § 3º, do CPC: “os autos serão remetidos ao tribunal
pelo juiz, independentemente de juízo de admissibilidade” (MIESSA, 2021, p. 818).
Pressupostos Recursais
O juízo de admissibilidade avaliará a existência dos pressupostos recursais intrínsecos
e extrínsecos, sem os quais não haverá o exame de mérito do recurso, especialmente
para evitar a interposição de instrumentos protelatórios, cujo intuito é simplesmente
postergar a entrega do direito postulado à parte vitoriosa.
Prevalece o entendimento de que os pressupostos intrínsecos se classificam em: cabi-
mento, legitimidade, interesse em recorrer e inexistência de fato impeditivo ou extintivo
do poder de recorrer. Por outro lado, os pressupostos extrínsecos dividem-se em: tem-
pestividade, representação, preparo e regularidade formal.
Pressupostos intrínsecos
Conforme Élisson Miessa (2021, p. 824), a recorribilidade está atrelada ao cabimento
do recurso, isto é, se a decisão judicial é passível de questionamento imediato, tendo em
vista que nem todos os pronunciamentos judiciais são recorríveis, como os despachos e a
maioria das decisões proferidas no curso do processo, ante a materialização do princípio
da irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias. Além disso, deve-se observar a
adequação do recurso, ou seja, se a medida processual é a apropriada à situação concreta.
Excepcionalmente, decisões interlocutórias serão recorríveis de imediato, nos termos do
entendimento sumulado do Tribunal Superior do Trabalho, assim:
Súmula nº 214: Na Justiça do Trabalho, nos termos do art. 893, § 1º, da
CLT, as decisões interlocutórias não ensejam recurso imediato, salvo nas
hipóteses de decisão:
a) de Tribunal Regional do Trabalho contrária à Súmula ou Orientação
Jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho;
b) suscetível de impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal;
c) que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos
autos para Tribunal Regional distinto daquele a que se vincula o juízo
excepcionado, consoante o disposto no art. 799, § 2º, da CLT.
Quanto à legitimidade, conforme o art. 996 do CPC, terão a faculdade para recorrer
as partes (reclamante e reclamado), o terceiro prejudicado e o Ministério Público (nos
processos trabalhistas, o Ministério Público do Trabalho).
9
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UNIDADE Recursos Trabalhistas I
Por outro lado, de acordo com Élisson Miessa (2021, p. 825-827), no que diz respeito
ao interesse em recorrer, cabe à parte vencida (total ou parcialmente) e ao terceiro preju-
dicado com a decisão, bem como ao Ministério Público, independentemente da demons-
tração de interesse recursal, tendo em vista que sua atuação decorre de autorização legal.
Pressupostos extrínsecos
No que concerne à tempestividade, trata-se do prazo de recorribilidade, ou seja, o
lapso temporal que as partes terão para a interposição do respectivo recurso, bem como
da apresentação das contrarrazões. Na sistemática recursal trabalhista, há os prazos
dispostos na tabela a seguir.
Tabela 1
Recurso Prazo
Embargos no TST 8 (oito) dias úteis
Embargos de declaração 5 (cinco) dias úteis
Recurso ordinário 8 (oito) dias úteis
Recurso de revista 8 (oito) dias úteis
Agravo de petição 8 (oito) dias úteis
Agravo de instrumento 8 (oito) dias úteis
Agravo regimental 8 (oito) dias úteis
Pedido de revisão 48 horas
Recurso extraordinário 15 dias úteis
A respeito do prazo recursal, são beneficiados com prazo em dobro para razões e
contrarrazões os entes pertencentes ao conceito de Fazenda Pública, ou seja, a União,
os estados-membros, o Distrito Federal, os municípios e as autarquias ou fundações de
direito público federais, estaduais ou municipais que não explorem atividade econômica,
de acordo com o Decreto-Lei nº 779/1969. Portanto, em regra, estão excluídos dessa
prerrogativa processual as empresas estatais, como as empresas públicas e as socieda-
des de economia mista.
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No que tange à representação, é salutar recordar que a capacidade postulatória não
é restrita ao advogado, como ocorre no processo civil. Conforme o art. 791 da CLT,
“Os empregados e os empregadores poderão reclamar pessoalmente perante a Justiça
do Trabalho e acompanhar as suas reclamações até o final”.
Por outro lado, os procuradores das pessoas jurídicas de direito público estão dispen-
sados da juntada de mandato e de comprovação do ato de nomeação, devendo apenas
declarar que exercem o citado cargo, de acordo com a Súmula nº 436 do TST.
Relativamente ao preparo, trata-se do recolhimento de custas e depósito recursal.
As custas são valores destinados ao Estado a título de custeio dos serviços judiciários,
enquanto o depósito recursal é exigido nas condenações em pecúnia e visa à garantia
de futura execução. À vista disso, convém citar o art. 789 da CLT:
Art. 789. Nos dissídios individuais e nos dissídios coletivos do trabalho, nas
ações e procedimentos de competência da Justiça do Trabalho, bem como
nas demandas propostas perante a Justiça Estadual, no exercício da juris-
dição trabalhista, as custas relativas ao processo de conhecimento incidirão
à base de 2% (dois por cento), observado o mínimo de R$ 10,64 (dez reais
e sessenta e quatro centavos) e o máximo de quatro vezes o limite máximo
dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, e serão calculadas:
I – quando houver acordo ou condenação, sobre o respectivo valor;
II – quando houver extinção do processo, sem julgamento do mérito, ou
julgado totalmente improcedente o pedido, sobre o valor da causa;
III – no caso de procedência do pedido formulado em ação declaratória e
em ação constitutiva, sobre o valor da causa;
IV – quando o valor for indeterminado, sobre o que o juiz fixar.
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UNIDADE Recursos Trabalhistas I
ser pagas e comprovadas dentro do prazo recursal, nos termos do art. 789, § 1º, da CLT.
Outrossim, destaca-se:
Art. 789-A. No processo de execução são devidas custas, sempre de
responsabilidade do executado e pagas ao final, de conformidade com a
seguinte tabela:
I – autos de arrematação, de adjudicação e de remição: 5% (cinco por
cento) sobre o respectivo valor, até o máximo de R$ 1.915,38 (um mil,
novecentos e quinze reais e trinta e oito centavos);
II – atos dos oficiais de justiça, por diligência certificada:
a. em zona urbana: R$ 11,06 (onze reais e seis centavos);
b. em zona rural: R$ 22,13 (vinte e dois reais e treze centavos);
III – agravo de instrumento: R$ 44,26 (quarenta e quatro reais e vinte e
seis centavos);
IV – agravo de petição: R$ 44,26 (quarenta e quatro reais e vinte e seis
centavos);
V – embargos à execução, embargos de terceiro e embargos à arremata-
ção: R$ 44,26 (quarenta e quatro reais e vinte e seis centavos);
VI – recurso de revista: R$ 55,35 (cinquenta e cinco reais e trinta e cinco
centavos);
VII – impugnação à sentença de liquidação: R$ 55,35 (cinquenta e cinco
reais e trinta e cinco centavos);
VIII – despesa de armazenagem em depósito judicial – por dia: 0,1% (um
décimo por cento) do valor da avaliação;
IX – cálculos de liquidação realizados pelo contador do juízo – sobre o
valor liquidado: 0,5% (cinco décimos por cento) até o limite de R$ 638,46
(seiscentos e trinta e oito reais e quarenta e seis centavos).
De acordo com o aludido art. 789, §1º ao 4º da CLT, cumpre mencionar outras ca-
racterísticas das custas, tais como:
• em condenações não líquidas, o montante das custas processuais será arbitrado e
fixado pelo juízo;
• na realização de acordo, desde que não haja ajuste entre as partes, as custas serão
rateadas entre os litigantes;
• em dissídios coletivos, as custas ficarão a cargo das partes vencidas de forma solidá-
ria, conforme o valor arbitrado na decisão, ou pelo Presidente do Tribunal.
No que concerne ao depósito recursal, salienta-se a circunstância do agravo de instru-
mento, cujo valor corresponde a 50% (cinquenta por cento) do montante do depósito do
recurso ao qual se pretende destrancar, nos termos do art. 899, § 7º, da CLT.
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Há outras hipóteses em que não haverá depósito recursal, conforme dispõe o art.
899, § 8º, da CLT, por exemplo, tratando-se a interposição do agravo de instrumento
para destrancar recurso de revista manejado contra decisão judicial que viola jurispru-
dência uniforme do TST.
A Orientação Jurisprudencial nº 140 da SDI-1 do TST assevera que haverá deserção
pelo recolhimento de custas ou depósito recursal em valor inferior ao devido, desde que
não ocorra a complementação depois da concessão do prazo de 5 (cinco) dias.
Por fim, existem circunstâncias em que o depósito recursal será reduzido pela metade
ou isento, consoante quadro que segue, configurado a partir do art. 899 da CLT.
Quadro 1
Embargos de Declaração
Dadas as particularidades na seara trabalhista, os embargos declaratórios assemelham-
-se ao processo civil, possuindo regramento próprio na CLT, socorrendo-se ao CPC em
circunstâncias pontuais.
Na doutrina, há posicionamentos que destoam do entendimento da natureza recursal
do mencionado instrumento.
Mauro Schiavi (2018, p. 1.059-1.060), apesar de advogar na defesa da natureza recursal
dos embargos, elucida vertentes favoráveis e contrárias. Nesse contexto, desfavoravelmen-
te: o julgamento realizado pelo mesmo órgão prolator da decisão embargada; a finalidade
de complementação da prestação jurisdicional; a ausência de exigência de formalidade,
como o preparo. Já favoravelmente: a inserção pelo legislador no capítulo dos recursos.
O art. 897-A da CLT elenca as hipóteses de oposição dos embargos de declaração,
as quais estão em destaque:
Art. 897-A. Caberão embargos de declaração da sentença ou acórdão,
no prazo de cinco dias, devendo seu julgamento ocorrer na primeira audi-
ência ou sessão subsequente a sua apresentação, registrado na certidão,
admitido efeito modificativo da decisão nos casos de omissão e contra-
dição no julgado e manifesto equívoco no exame dos pressupostos
extrínsecos do recurso.
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UNIDADE Recursos Trabalhistas I
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O art. 897-A da CLT não elenca a obscuridade, entretanto o entendimento majoritário
é pela aplicação ao processo do trabalho e remete a uma decisão judicial sem clareza ou
precisão. Cumpre observar a elucidação de Luís Eduardo Simardi Fernandes (2020, p. 28):
A obscuridade, em regra, é fruto de duas situações distintas. Pode acon-
tecer de o juiz estar absolutamente certo e seguro daquilo que vai decidir,
tendo em mente todo o raciocínio lógico que norteará sua decisão, mas
acabar por redigir o pronunciamento de maneira confusa, ou com uso
de linguagem rebuscada e pouco usual, e aquilo que estava claro em sua
mente resultar em pronunciamento de difícil compreensão, deixando dú-
vidas sobre o que pretendeu efetivamente dizer.
Importante!
Não confunda! Na suspensão, a contagem do prazo volta a correr de onde parou, depois
da cessação do motivo que a paralisou. Na interrupção, cessada a circunstância paralisa-
dora, o prazo iniciará novamente desde o princípio.
• Exemplo 1: o prazo de interposição do recurso ordinário de José era de 8 (oito)
dias e foi suspenso no 5º dia em razão de feriado; passada a causa de suspensão, a
contagem retomará do 6º dia em diante;
• Exemplo 2: o prazo de interposição do recurso ordinário de Maria era de 5 (cinco)
dias e foi interrompido no 3º dia pela oposição de embargos de declaração; julga-
dos os embargos, o prazo recomeçará do “zero”.
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UNIDADE Recursos Trabalhistas I
Não há Varas do Trabalho em todas as localidades brasileiras. Conforme o art. 112 da CF/1988,
a Justiça do Trabalho poderá atribuir a juízes de direito a respectiva jurisdição trabalhista,
cujo recurso será julgado pelo Tribunal Regional do Trabalho competente. Exemplo: no muni-
cípio “X” (interior do estado de São Paulo), não há Vara do Trabalho; em razão disso, João ajui-
zou reclamação trabalhista perante um juiz de direito com jurisdição trabalhista. Proferida a
sentença, João decidiu interpor recurso ordinário. Tal ferramenta recursal não será julgada
pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, e sim pelo Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região.
TRT TST
ou
Recurso ordinário Recurso ordinário
Sentença da Vara Acórdão do TRT em processos
do Trabalho de competência originária
Figura 1
No tocante às reclamações que tramitam pelo procedimento sumaríssimo, deve-se
observar que o recurso ordinário:
[...]
II – será imediatamente distribuído, uma vez recebido no Tribunal, devendo
o relator liberá-lo no prazo máximo de dez dias, e a Secretaria do Tribunal
ou Turma colocá-lo imediatamente em pauta para julgamento, sem revisor;
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III – terá parecer oral do representante do Ministério Público presente à
sessão de julgamento, se este entender necessário o parecer, com regis-
tro na certidão;
IV – terá acórdão consistente unicamente na certidão de julgamento, com
a indicação suficiente do processo e parte dispositiva, e das razões de
decidir do voto prevalente. Se a sentença for confirmada pelos próprios
fundamentos, a certidão de julgamento, registrando tal circunstância, ser-
virá de acórdão.
§ 2º. Os Tribunais Regionais, divididos em Turmas, poderão designar
Turma para o julgamento dos recursos ordinários interpostos das sen-
tenças prolatadas nas demandas sujeitas ao procedimento sumaríssimo.
(Art. 895 da CLT)
Quadro 2
• Cabeçalho:
» Recorrente:
» Recorrido(a):
» Origem:
» Processo:
• Expressões de respeito:
Segunda peça: » Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da .....ª Região,
petição de razões » Colenda Turma,
» Nobres Julgadores!
• Pressupostos de admissibilidade recursal;
• Resumo do processo (histórico);
• Razões recursais (teses);
• Conclusões;
• Encerramento.
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UNIDADE Recursos Trabalhistas I
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II – indicar, de forma explícita e fundamentada, contrariedade a disposi-
tivo de lei, súmula ou orientação jurisprudencial do Tribunal Superior do
Trabalho que conflite com a decisão regional;
III – expor as razões do pedido de reforma, impugnando todos os funda-
mentos jurídicos da decisão recorrida, inclusive mediante demonstração
analítica de cada dispositivo de lei, da Constituição Federal, de súmula ou
orientação jurisprudencial cuja contrariedade aponte;
IV – transcrever na peça recursal, no caso de suscitar preliminar de
nulidade de julgado por negativa de prestação jurisdicional, o trecho dos
embargos declaratórios em que foi pedido o pronunciamento do tribu-
nal sobre questão veiculada no recurso ordinário e o trecho da decisão
regional que rejeitou os embargos quanto ao pedido, para cotejo e veri-
ficação, de plano, da ocorrência da omissão.
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UNIDADE Recursos Trabalhistas I
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da possibilidade de condenação da parte reclamante (beneficiária da justiça gratuita) ao
pagamento de honorários advocatícios de sucumbência.
Tal qual o recurso ordinário, o recurso de revista também é interposto em duas pe-
ças: petição de interposição (cujo destinatário é o juízo a quo) e petição de razões (com
destinatário sendo o juízo ad quem).
Cuidado! A citada organização não significa que são dois recursos, um para o órgão
recorrido e outro para a instância superior, trata-se apenas da forma de apresentação.
Quadro 3
• Cabeçalho:
» Recorrente:
» Recorrido(a):
» Origem:
» Processo:
• Expressões de respeito:
» Colendo Tribunal Superior do Trabalho;
Segunda peça:
» Egrégia Turma;
petição de razões
» Nobres Julgadores!
• Pressupostos de admissibilidade recursal;
• Do prequestionamento e da transcendência;
• Resumo do processo (histórico);
• Razões recursais (teses);
• Conclusões;
• Encerramento.
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UNIDADE Recursos Trabalhistas I
acidente de trabalho há sete meses e se afastando do emprego por dez dias. A ação
foi julgada totalmente procedente pelo juiz, motivo que deixou a empresa JM Pres-
tação de Serviços LTDA. indignada, especialmente sobre a alegada estabilidade. Na
qualidade de advogado(a) contratado(a) da empresa JM Prestação de Serviços LTDA.,
apresente a medida processual adequada para a defesa dos interesses do seu cliente.
22
II – Resumo do processo
O recorrido ajuizou reclamação trabalhista em face da recorrente postulando o rece-
bimento de verbas indenizatórias diversas.
Também questionou a dispensa sem justa causa, pois, no seu entendimento, possui-
ria direito à estabilidade provisória no emprego, em razão de acidente de trabalho
sofrido, o qual resultou em afastamento por dez dias.
Ao final, a ação foi julgada totalmente procedente, motivo pelo qual a recorrente
interpõe o presente recurso, conforme os fundamentos a seguir expostos.
III – Razões do recurso
Na exordial, o recorrido alega que a dispensa sem justa causa não deveria ter ocor-
rido em razão de suposta existência de garantia de emprego por causa de acidente
de trabalho.
Segundo o Colendo Tribunal Superior do Trabalho, no item II da Súmula nº 378, há
a necessidade do preenchimento de dois requisitos para a configuração da estabi-
lidade provisória, quais sejam: o afastamento superior a 15 dias e a consequente
percepção do auxílio-doença acidentário (auxílio por incapacidade temporária).
No caso discutido, o recorrido não satisfaz nenhum dos pressupostos mencionados,
os quais devem estar presentes de forma cumulativa.
Verifica-se que o reclamante, ora recorrido, afastou-se do emprego por dez dias e
não teve acesso ao referido benefício previdenciário.
Ante o exposto, requer a reforma da respeitável decisão a quo de fls. ......, excluindo
da recorrente a obrigação de manutenção do vínculo empregatício.
IV – Das conclusões
Diante do exposto, requer-se o conhecimento e o provimento do presente recurso or-
dinário, para fins de reforma da respeitável sentença, nos moldes supramencionados.
Nestes termos,
pede deferimento.
Local e data.
Advogado(a)
OAB nº .....
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23
UNIDADE Recursos Trabalhistas I
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II – Do resumo do processo
O recorrido ajuizou reclamação trabalhista em face da recorrente, a qual foi distribu-
ída para o juízo da 80ª Vara do Trabalho.
Na sentença, o Douto Magistrado reconheceu a existência de periculosidade na ativi-
dade prestada e a condenou ao pagamento de adicional de 50% sobre o salário-base.
Igualmente, houve a condenação ao depósito de FGTS com relação aos meses de
afastamento em que recebeu auxílio-doença previdenciário, assim como o paga-
mento da multa do art. 477, § 8º, da CLT.
Ademais, o juízo a quo entendeu devida indenização por danos morais, cujos juros e
correção monetária incidem desde a data do ajuizamento da ação.
Por fim, deferiu reparação quanto aos frutos de má-fé com base no art. 1.216 do CC.
A decisão recorrida não merece prosperar e deve ser reformada conforme os funda-
mentos de fato e de direito a seguir expostos.
III – Das razões do recurso
A – Do adicional de periculosidade
O recorrido postulou adicional de periculosidade na reclamação, o qual foi verificado
cabível após a realização de perícia.
Nesse sentido, o Douto Julgador condenou a recorrente ao pagamento do mencio-
nado adicional na proporção de 50% do salário básico.
Entretanto, de acordo com o art. 193, § 1º, da CLT, o trabalho exercido de modo peri-
goso acarreta apenas ao pagamento de adicional de 30% sobre o salário sem os acrés-
cimos resultantes de gratificações, prêmios ou participações nos lucros da empresa.
Sendo assim, a recorrente deseja a reforma da sentença.
B – Do FGTS
Na decisão proferida pela Primeira Instância, o Douto Magistrado condenou a re-
corrente a realizar o depósito do FGTS dos dois meses pertinentes ao período de
afastamento do empregado, quando ele recebeu auxílio-doença previdenciário.
Todavia, tal entendimento não corrobora com o disposto no art. 15, § 5º, da Lei nº
8.036/1990, visto que é obrigação do empregador depositar FGTS apenas no caso de
afastamento em razão de acidente de trabalho.
No caso em discussão, a licença deu-se por auxílio-doença comum, o que não gera o
dever de realizar o aludido depósito.
Portanto, espera-se a reforma da sentença.
C – Da multa do art. 477, § 8º, da CLT
Na decisão proferida pela 80ª Vara do Trabalho, deferiu-se multa do art. 477, § 8º,
da CLT.
A condenação é justificada pelo juízo porque o pagamento das verbas rescisórias
foi realizado na sede da empresa, não passando por homologação da autoridade
representante do sindicato da categoria profissional ou do Ministério do Trabalho
(atualmente, Secretaria do Trabalho).
No entanto, o mencionado dispositivo celetista remete à obrigação de pagamento
de multa apenas na hipótese de as verbas rescisórias ou documentação pertinente
não terem sido quitadas no prazo legal de 10 (dez) dias contados da data da extinção
do contrato de trabalho.
Dessa maneira, significa que a condenação à multa é indevida e, portanto, a decisão
de Primeira Instância não pode prosperar.
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UNIDADE Recursos Trabalhistas I
D – Do dano moral
O juízo a quo julgou procedente pedido de dano moral e, na condenação, determinou que
os juros e a correção monetária deveriam incidir desde a data de ajuizamento da ação.
Por outro lado, a Súmula nº 439 do TST esclarece que, nas condenações por dano
moral, a atualização monetária é devida a partir da data da decisão de arbitramento
ou de alteração do valor.
Quanto aos juros, deverão incidir desde o ajuizamento da ação.
Diante disso, a correção monetária deverá ser computada a partir da condenação, e
não do ajuizamento da reclamação.
Nesse contexto, a sentença deverá ser reformada.
E – Dos frutos de má-fé
Com fundamentação no art. 1.216 do CC, o magistrado condenou a recorrente a in-
denização pelos frutos de má-fé percebidos, tendo em vista, segundo o juízo, ter
permanecido com valores pertencentes ao trabalhador.
Ocorre que o artigo citado é inerente à temática dos direitos reais, evidenciando sua
incompatibilidade com o Direito do Trabalho e não sendo cabível no inadimplemento
de verbas trabalhistas, consoante entendimento da Súmula nº 445 do TST.
Portanto, a sentença deve ser reformada.
IV – Das conclusões
Diante do exposto, a recorrente requer o conhecimento e o provimento do presente
RECURSO ORDINÁRIO, com a consequente reforma da sentença proferida pelo res-
peitável juízo a quo, acolhendo integralmente todas as argumentações.
Nestes termos,
pede deferimento.
Local e data.
Advogado(a)
OAB nº .....
Maria Filomena, auxiliar de produção na empresa Rio Doce Ltda., foi dispensada sem
justa causa, em março de 2017. No mês seguinte à dispensa, ajuizou reclamação
trabalhista, a qual foi distribuída para a 85ª Vara do Trabalho de Goiânia – GO, sob
a justificativa de dispensa imotivada em razão de estabilidade provisória, por ser
membra da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA criada na empresa.
Na defesa, a reclamada alegou que a ex-empregada não possuía o direito à esta-
bilidade provisória, por ter sido designada como representante do empregador na
CIPA. O juízo de 1º grau reconheceu a aludida garantia de emprego e determinou
a reintegração da trabalhadora. O TRT da 18ª Região manteve a decisão. Diante da
situação hipotética apresentada, na qualidade de advogado(a) da empresa Rio Doce
Ltda., apresente a medida processual adequada para a defesa de sua cliente.
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Resolução da peça processual
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UNIDADE Recursos Trabalhistas I
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tinuação do pagamento do adicional de insalubridade. Segundo o ex-empregado,
com base no lapso temporal, o recebimento do adicional incorporou-se ao salário,
não podendo ser suprimido. A empresa apresentou sua defesa argumentando que
o reclamante não tinha direito ao recebimento de adicional de insalubridade. O
magistrado determinou a realização de prova técnica e, ao final da instrução pro-
cessual, acatou os argumentos do reclamante, julgando totalmente procedente a
reclamação trabalhista. A reclamada interpôs o recurso cabível, e o Tribunal Regio-
nal do Trabalho da 11ª Região manteve a decisão de 1º grau integralmente. Em ra-
zão da situação hipotética, como advogado(a) do “Hospital Muito Doente”, ingresse
com a medida judicial cabível para defesa dos interesses de seu cliente.
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UNIDADE Recursos Trabalhistas I
II – Do prequestionamento e da transcendência
No que diz respeito à matéria do presente recurso, houve o prequestionamento na
decisão recorrida, conforme o art. 896, § 1º-A, da CLT e a Súmula nº 297 do TST.
Quanto à transcendência, está demonstrado o preenchimento de tal pressuposto
específico previsto no art. 896-A da CLT, tendo em vista que a matéria é de extrema
importância, a qual impulsiona reflexos gerais de natureza econômica, política, so-
cial e jurídica.
Desse modo, a natureza da decisão ultrapassa os interesses meramente subjetivos
em discussão no processo.
III – Do resumo do processo
Em acórdão, o Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 11ª Região, manteve a senten-
ça que condenou a reclamada ao pagamento de adicional de insalubridade, mesmo
o empregado tendo sido promovido à função sem contato com agentes insalubres.
Diante disso, não deve prosperar o entendimento do respeitável acórdão proferido.
IV – Das razões do recurso de revista
Conforme o art. 896, a, da CLT, é cabível recurso de revista quando o Tribunal Regio-
nal do Trabalho, em decisão proferida em recurso ordinário, der ao mesmo dispositi-
vo de lei federal interpretação diversa da que lhe houver dado súmula do TST.
O recebimento do adicional de insalubridade trata-se de modalidade de salário-con-
dição, é de conclusão lógica que não integra o patrimônio jurídico do empregado de
maneira definitiva e imutável, sendo possível sua supressão quando da cessação da
condição insalubre, de acordo com o art. 194 da CLT.
Ademais, a Súmula nº 248 do TST dispõe que a extinção do citado adicional não
repercute em violação da irredutibilidade salarial ou do direito adquirido, haja vista
ser salário-condição.
Desse modo, em razão da argumentação apresentada, verifica-se que o respeitável
acórdão proferido não corresponde ao enunciado expresso da CLT, tal como ao en-
tendimento sumulado mencionado.
Destarte, deseja-se o conhecimento e provimento do presente RECURSO DE REVISTA
e, consequentemente, seja o acórdão recorrido reformado.
V – Das conclusões
Isso posto, o recorrente requer o conhecimento e o provimento do presente recurso,
desobrigando-o do pagamento do supracitado adicional.
Nestes termos,
pede deferimento.
Local e data.
Advogado(a)
OAB nº .....
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Leitura
Os embargos de declaração no novo Código de Processo Civil e na Consolidação das Leis do Trabalho:
elementos para a compreensão das confluências e complementariedades
https://bit.ly/3xn03dg
A deserção do recurso ordinário pela ilegibilidade das guias recursais no sistema de peticionamento
eletrônico à luz do novo Código de Processo Civil
https://bit.ly/3wMe1p2
A indicação do trecho da decisão recorrida que consubstancia o prequestionamento da controvérsia: uma
análise à luz da natureza extraordinária do recurso de revista
https://bit.ly/3q11mfE
A transcendência no recurso de revista
https://bit.ly/2SJAOTL
31
31
UNIDADE Recursos Trabalhistas I
Referências
FERNANDES, L. E. S. Embargos de declaração: efeitos infringentes, prequestiona-
mento e outros aspectos polêmicos. 2. ed. São Paulo: Ed. RT, 2020.
LEITE, C. H. Curso de direito processual do trabalho. 18. ed. São Paulo: Saraiva, 2020.
MARTINS, S. P. Direito processual do trabalho. 34. ed. São Paulo: Atlas, 2013.
NEVES, D. A. A. Manual de direito processual civil. 10. ed. Salvador: Juspodivm, 2018.
SCHIAVI, M. Manual de direito processual do trabalho. 14. ed. São Paulo: LTr, 2018.
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Prática Jurídica
Trabalhista
Recursos Trabalhistas II
Revisão Técnica:
Prof. Dr. Reinaldo Zychan
Revisão Textual:
Caique Oliveira dos Santos
Recursos Trabalhistas II
• Embargos no TST;
• Agravo de Instrumento;
• Agravo de Petição;
• Redação de Peças Recursais.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Aprender as especificidades dos recursos trabalhistas como institutos pertencentes a um
ramo autônomo do direito.
UNIDADE Recursos Trabalhistas II
Embargos no TST
De acordo com o art. 894 da CLT, o recurso de embargos no TST comporta duas
modalidades, as quais são denominadas: embargos infringentes (ou de infringência) e
embargos de divergência (ou divergentes).
Tais instrumentos recursais, que são interpostos perante o Tribunal Superior do Tra-
balho, não se confundem, especialmente em razão do órgão interno responsável pelo
processamento e julgamento na Corte trabalhista.
Os embargos infringentes são de competência da Seção de Dissídios Coletivos do
TST, enquanto os embargos de divergência são analisados pela Seção de Dissídios Indivi-
duais 1. Tais particularidades serão apresentadas e discorridas a seguir.
Embargos Infringentes
Os embargos infringentes consistem em modalidade recursal em que o recorrente
tem o prazo de 8 (oito) dias úteis para realizar a interposição da peça processual, diante
de acórdão não unânime proferido em dissídios coletivos de competência originária do
Tribunal Superior do Trabalho.
Desse modo, nos termos do art. 894 da CLT, caberão embargos de infringência em
face da decisão que:
[...] conciliar, julgar ou homologar conciliação em dissídios coletivos que
excedam a competência territorial dos Tribunais Regionais do Trabalho e
estender ou rever as sentenças normativas do Tribunal Superior do Traba-
lho, nos casos previstos em lei; [...].
Assim, os embargos infringentes são cabíveis somente em face de decisão não unânime
e seu julgamento caberá à Seção de Dissídios Coletivos do Tribunal Superior do Trabalho,
trata-se de duplo grau interno.
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da Constituição Federal, veio a ser regulado com a edição da Lei nº
7.783/1989 – conforme previsto nos §§ 1º e 2º do mesmo dispositivo
constitucional –, que impôs limites e estabeleceu requisitos a serem ob-
servados quando da deflagração do movimento. Nesse sentido, dispondo
o art. 7º daquele diploma legal que a participação em greve suspende
o contrato de trabalho – e esse tem sido o entendimento do Supremo
Tribunal Federal – não cabe a esta Corte decidir de forma diversa daquilo
que a Lei estabelece. Por tais razões e ante a inocorrência das hipóteses
que poderiam alterar a suspensão da greve em interrupção, a exemplo
da mora salarial por parte do empregador, este não pode ser compelido
a remunerar os grevistas pelos dias não trabalhados, tampouco a aceitar
a compensação, por meio do labor, dos dias paralisados. Assim, não ten-
do havido ajuste das partes quanto a esta questão, a decisão cabe
a esta SDC, cuja jurisprudência encontra-se pacificada no sentido
dos descontos, a serem efetuados dos salários dos trabalhadores,
assim, mantém-se a decisão. Nega-se, pois, provimento aos embargos
infringentes. Embargos infringentes conhecidos e não providos. (EI-ED-
-DC-2173626-89.2009.5.00.0000, Seção Especializada em Dissídios
Coletivos, rel. Min. Dora Maria da Costa, DEJT 25.03.2011)
Importante!
A banca organizadora Cebraspe, no concurso para analista – advocacia do Detran-DF –,
em 2009, considerou CERTO:
No TST cabem embargos, no prazo de oito dias, de decisão não unânime de julgamento
que conciliar, julgar ou homologar conciliação em dissídios coletivos que excedam a
competência territorial dos tribunais regionais do trabalho, e estender ou rever as
sentenças normativas do TST, nos casos previstos em lei.
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UNIDADE Recursos Trabalhistas II
• Cabeçalho:
Recorrente:
Recorrido(a):
Origem:
Processo:
• Expressões de respeito:
Colendo Tribunal Superior do Trabalho
Egrégia Seção,
Nobres Julgadores!
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Embargos de Divergência
Os embargos de divergência consistem em modalidade recursal que visa à unificação
da jurisprudência trabalhista, especialmente para findar e/ou evitar a divergência interna
entre as turmas que compõem o Tribunal Superior do Trabalho, cujo prazo de interposi-
ção e contrarrazões é de 8 (oito) dias úteis.
Com base no citado artigo celetista, as hipóteses de cabimento podem ser resumidas
da seguinte maneira:
Tabela 1
Decisão recorrida Decisão divergente
Turma do TST Outra Turma do TST
Turma do TST × SDI
Turma do TST Súmula ou OJ do TST
Turma do TST Súmula vinculante do STF
Fonte: MIESSA, 2021, p. 914
Conforme a OJ nº 378 da SDI-1 do TST, não são cabíveis embargos interpostos em face de
decisão monocrática nos termos do art. 932 do CPC, visto que o comando legal limita a perti-
nência à reforma de decisão colegiada proferida por turma do Tribunal Superior do Trabalho.
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UNIDADE Recursos Trabalhistas II
Agravo de Instrumento
No processo civil, o recurso de agravo de instrumento é manobrado para enfrentar
as decisões de natureza interlocutória, ou seja, os pronunciamentos judiciais proferidos
no curso do processo, os quais resolvem incidentes processuais.
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Por outro lado, no processo do trabalho, prevalece a máxima da irrecorribilidade
imediata das decisões interlocutórias, com exceção das hipóteses aventadas pela Súmula
nº 214 do TST, as quais não são atacáveis pelo agravo de instrumento.
O recurso é aplicável, mas com a finalidade de destrancar recurso cujo seguimento foi
denegado pelo juízo a quo. Nesse sentido, a CLT expressa: “Art. 897. Cabe agravo, no
prazo de 8 (oito) dias: [...] b) de instrumento, dos despachos que denegarem a interposição
de recursos”.
No prazo de 8 (oito) dias úteis, o agravante poderá interpor agravo de instrumento para
julgamento pelo juízo ad quem do despacho que impedir o processamento de recurso
ordinário, recurso de revista, agravo de petição e recurso extraordinário no STF.
Importante!
Tratando-se de autos digitais, não há necessidade da formação do instrumento com as
peças obrigatórias mencionadas, em razão da aplicação subsidiária do art. 1.017, § 5º, do
CPC ao processo do trabalho.
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UNIDADE Recursos Trabalhistas II
Agravo de Petição
O agravo de petição é o instrumento adequado para questionar as decisões proferidas
na fase de execução dos processos trabalhistas. Nesse sentido, a CLT dispõe: “Art. 897.
Cabe agravo, no prazo de 8 (oito) dias: a) de petição, das decisões do Juiz ou Presidente,
nas execuções; [...]”.
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Desse modo, de acordo com o ordenamento celetista citado, a interposição do agravo
de petição deverá ocorrer dentro do prazo de 8 (oito) dias úteis. Entretanto, o legislador
não ponderou a natureza das decisões proferidas na fase de execução, ou seja, se de
natureza definitiva, terminativa ou interlocutória.
Nesse contexto, três correntes apresentam soluções com o propósito de resolver tal
celeuma. A primeira, de cunho restritivo, entende que, diante do princípio da irrecorri-
bilidade imediata das decisões interlocutórias, o cabimento do agravo de petição estaria
limitado às sentenças terminativas e definitivas, por exemplo, em face da sentença que
acolhe ou rejeita os embargos à execução (LEITE, 2021, p. 493).
Por outro lado, a segunda corrente pauta-se em entendimento alargado do termo
“decisões”, remetendo, inclusive, àquelas de natureza interlocutória, tal como a que “torna
sem efeito uma penhora ou determina o levantamento de depósito em dinheiro” (LEITE,
2021, p. 493).
No que diz respeito à terceira corrente, firma-se o posicionamento da pertinência do
agravo de petição contra sentenças (definitivas ou terminativas) e decisões interlocutórias
terminativas de feito quando envolverem conteúdo de ordem pública (LEITE, 2021, p. 493).
Carlos Henrique Bezerra Leite (2021, p. 493), no sentido de privilegiar os princípios
da segurança jurídica e da celeridade processual, entende que, a partir da interpretação
sistemática dos arts. 893, § 1º, e 897, a, da CLT e da aplicação subsidiária do CPC, são
impugnáveis por agravo de petição:
I – a sentença que extingue o processo de execução (CPC, arts. 924 e
925) quando: a) a petição inicial for indeferida; b) a obrigação for satisfeita;
c) o executado obtiver, por qualquer outro meio, a extinção total da dívida;
d) o exequente renunciar ao crédito; e) ocorrer a prescrição intercorrente;
II – a sentença que acolhe ou rejeita os embargos do devedor ou a impug-
nação do credor (CLT, art. 884, §§ 3º e 4º);
III – a decisão interlocutória que determina a suspensão da execução
(CPC, art. 921);
IV – a decisão que julga procedente a exceção de pré-executividade;
V – a decisão que declara a incompetência da Justiça do Trabalho para
executar parcelas remuneratórias de natureza continuativa ajuizada por
servidor público, que teve o seu regime jurídico de trabalho alterado de ce-
letista para estatutário e extingue a execução por ausência de pressuposto
processual para o desenvolvimento válido da execução (CPC, art. 485, IV);
VI – a decisão que indefere a expedição de ofício a órgãos públicos re-
querida pelo exequente para encontrar bens do executado, a fim de sobre
eles recair a penhora;
VII – a decisão interlocutória que remete os autos para a Justiça comum,
para lá prosseguir a execução (CPC, art. 64, § 2º);
VIII – a decisão que acolhe ou rejeita embargos de terceiro, embargos à
arrematação ou à adjudicação;
IX – a decisão que, de ofício, extingue a execução (ou o cumprimento da
sentença) por: a) falta ou nulidade da citação, se o processo correu à reve-
lia; b) inexigibilidade do título; c) penhora incorreta ou avaliação errônea;
d) ilegitimidade das partes; e) excesso de execução.
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UNIDADE Recursos Trabalhistas II
Acrescenta-se às hipóteses anteriores o art. 855-A, § 1º, II, da CLT, incluído pela
denominada reforma trabalhista (Lei nº 13.467/2017), o qual prevê a possibilidade de
interposição de agravo de petição em face da decisão interlocutória que acolhe ou rejeita
o incidente de desconsideração da personalidade jurídica.
Outro detalhe de suma importância que condiciona o recebimento do agravo de peti-
ção é a delimitação das matérias e dos valores impugnados pelo agravante, sob pena de
não recebimento do agravo de petição, nos termos do art. 897, § 1º, da CLT.
Portanto, valores não impugnados permitem a execução imediata, conforme se observa
no acórdão proferido pelo Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região:
Delimitação de valores – Artigo 897, § 1º, da CLT – Agravo de petição.
A exigência de delimitação dos valores impugnados, para efeito de interpo-
sição de agravo de petição, exigida pelo artigo 897, § 1º, da CLT, é dirigida
à parte executada, de modo a possibilitar a imediata liberação dos valo-
res incontroversos, não se aplicando ao credor. (TRT da 3ª Região, PJe
0044500-63.2006.5.03.0025 (AP), disponibilização em 04.03.2021, 1ª
T., rel. Des. Emerson José Alves Lage)
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• Expressões de respeito;
• Pressupostos de admissibilidade recursal;
• Resumo do processo (histórico);
• Razões recursais (teses);
• Conclusões;
• Encerramento.
Após ter sido aprovado em concurso público, Marcos foi contratado por uma com-
panhia de saneamento básico, sociedade de economia mista, para exercer o cargo
de auxiliar técnico. Quando iniciou suas atividades na empresa, Marcos passou a
exercer as atribuições de cargo hierarquicamente superior àquele para o qual fora
contratado. Diante de tal situação, ele ingressou com ação na Justiça do Trabalho,
pleiteando o pagamento do salário correspondente ao cargo exercido, bem como o
seu reenquadramento na função que passou a desempenhar. O juiz julgou integral-
mente procedentes os pedidos formulados pelo reclamante. A reclamada recorreu
ao TRT, tendo sido o recurso improvido e mantida a decisão em seus exatos ter-
mos. Novamente, a empregadora recorreu, dessa vez ao TST, para ver reformado
o acórdão regional, tendo a primeira turma negado provimento, oportunidade em
que enfrentou todos os argumentos contidos na peça recursal. Em face da situação
hipotética apresentada, na qualidade de advogado(a) da companhia de saneamento
básico, redija a peça processual cabível, argumentando acerca do direito de o em-
pregado de sociedade de economia mista ser reenquadrado no cargo cujas atribui-
ções exercia na hipótese de desvio de função; e da existência, ou não, de direito do
reclamante ao percebimento das diferenças salariais entre a atividade exercida e
aquela para a qual originalmente havia sido contratado.
Fonte: https://bit.ly/3cY400t
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UNIDADE Recursos Trabalhistas II
Razões de embargos
Embargante: Companhia de Saneamento Básico
Embargado: Marcos
Origem: 1ª Turma do Tribunal Superior do Trabalho
Processo nº: ____
Colendo Tribunal Superior do Trabalho,
Egrégia Seção de Dissídios Individuais,
Nobres Ministros!
II – Do prequestionamento
Os presentes embargos preenchem o pressuposto específico do prequestionamento,
nos termos da Súmula nº 297 do TST.
Sendo assim, o recurso deve ser conhecido e provido.
IV – Razões recursais
Conforme mencionado, a decisão proferida no julgamento do recurso de revista
manteve as decisões da primeira e da segunda instância.
Entretanto, notadamente, o acórdão recorrido está em conflito com a Orientação
Jurisprudencial nº 125 da Seção de Dissídios Individuais 1 do Tribunal Superior do
Trabalho, a qual concebe apenas as diferenças salariais diante do desvio de função.
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No caso em discussão, a Primeira Turma do TST entende pela pertinência de paga-
mento do salário da função exercida e pelo reenquadramento funcional.
Este último aspecto é rechaçado pela citada orientação jurisprudencial, o que mate-
rializa o cabimento do presente recurso de embargos, com o objetivo de reforma da
decisão e de unificação da jurisprudência.
V – Das conclusões
Ante o exposto, requer-se o conhecimento e o provimento dos presentes embargos
para reformar parcialmente o acórdão proferido pela Primeira Turma do Colendo
Tribunal Superior do Trabalho, no sentido de prevalecer apenas o pagamento das
diferenças salariais, conforme a OJ nº 125 da SDI-1.
Nestes termos,
pede deferimento.
Local e data.
Advogado(a)
OAB nº ____
Roberval da Silva, inconformado com a decisão judicial proferida pela 29ª Vara do
Trabalho de Salvador/BA, no Processo nº 190305, interpôs recurso ordinário alme-
jando a reforma da sentença mencionada. Na interposição, pleiteou os benefícios da
concessão da justiça gratuita, juntando declaração de hipossuficiência. Entretanto,
o Douto Julgador de 1ª instância, em despacho de fls. 139, denegou seguimento ao
citado recurso sob a justificativa de deserção pelo não pagamento das custas pro-
cessuais. Na qualidade de advogado(a) de Roberval, apresente a medida processual
adequada para a defesa dos interesses do seu cliente.
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UNIDADE Recursos Trabalhistas II
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Sendo assim, os requisitos para a concessão da justiça gratuita foram devidamente
preenchidos e não há que se falar em deserção do recurso ordinário, devendo ser
processado normalmente.
IV – Das conclusões
Diante das argumentações apresentadas, o agravante requer o conhecimento e o
provimento do presente AGRAVO DE INSTRUMENTO, com a consequente reforma do
despacho denegatório de fls. 139, para conceder o benefício da justiça gratuita, com
a determinação do regular processamento do recurso ordinário e, na sequência, o
exame do mérito.
Nestes termos,
pede deferimento.
Local e data.
Advogado(a)
OAB nº __
21
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UNIDADE Recursos Trabalhistas II
Requer que o presente agravo de petição seja recebido, notificando-se a parte contrá-
ria para apresentação de contraminuta, assim como a remessa dos autos ao Egrégio
Tribunal Regional do Trabalho da __ª Região.
Outrossim, deixa de recolher custas nesse momento processual, pois, nos termos do
art. 789-A da CLT, elas são de responsabilidade do executado e pagas ao final.
Ademais, deixa de efetuar o depósito recursal, conforme a Súmula nº 128, II, do TST.
Por fim, consoante entendimento do art. 897, § 1º, da CLT, ressalta-se que o pre-
sente recurso discute a impenhorabilidade do bem de família regulamentada pela
Lei nº 8.009/1990.
Nestes termos,
Pede deferimento.
Local e data.
Advogado(a)
OAB nº __
II – Resumo do processo
Na fase de conhecimento, a sentença julgou procedentes os pedidos formulados
pelo reclamante, ora agravado.
Em razão da ausência de pagamento do montante devido e da não localização de
bens da pessoa jurídica, houve o direcionamento da execução ao patrimônio dos
sócios da “Calçados e Botas”.
Tal circunstância levou à penhora do apartamento do agravante, imóvel onde reside
com sua família e único bem de sua propriedade.
Foram opostos embargos à execução, os quais foram rejeitados pelo MM. Juiz do
Trabalho, o que acarretou a interposição do presente agravo.
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III – Das razões
O Douto Magistrado da 25ª Vara do Trabalho de Arapongas rejeitou os embargos à
execução opostos pelo agravante, os quais almejavam a desconstituição da penhora
realizada sobre seu único bem imóvel.
Consoante análise dos arts. 1º e 3º da Lei nº 8.009/1990, o imóvel de residência pró-
prio do casal, ou da entidade familiar, é impenhorável e não responderá por qualquer
tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de qualquer outra natureza,
contraída pelos cônjuges, pelos pais ou filhos que sejam proprietários e nele residam.
Nesse sentido, a impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução
civil, fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra origem.
Outrossim, dispõe o caput do art. 5º da referida lei que se considera residência um
único imóvel utilizado pelo casal ou entidade familiar para moradia permanente.
Conforme a legislação apontada e os documentos apresentados, verifica-se que a
declaração de impenhorabilidade de determinados bens visa garantir a materializa-
ção da dignidade da pessoa humana, a fim de possibilitar a subsistência do execu-
tado e de sua família.
Notadamente, tal circunstância é evidenciada no caso em discussão, não podendo o
entendimento proferido pelo juízo a quo prosperar.
IV – Das conclusões
Diante do exposto, requer-se o conhecimento e o provimento do presente AGRAVO DE
PETIÇÃO, com a consequente reforma total da decisão proferida pela 25ª Vara do Tra-
balho de Arapongas, a fim de desconstituir a penhora sobre o imóvel inscrito sob a ma-
trícula nº __ junto ao Cartório de Registro de Imóveis, com a sua imediata liberação.
Nestes termos,
pede deferimento.
Local e data.
Advogado(a)
OAB nº __
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
Passo a Passo para Elaboração de Petições Trabalhistas
REDINZ, M. A. Passo a passo para elaboração de petições trabalhistas. 8. ed. São Paulo:
Saraiva, 2021.
Vídeos
Agravo de Instrumento na Justiça do Trabalho
https://youtu.be/Ot5s09AsQhQ
Leitura
Os recursos de embargos no TST sob a égide da Lei n. 13.015/2014 : a influência do novo CPC e o princípio da
segurança jurídica dinâmica
https://bit.ly/3vYzdHq
Agravo de Petição 0000792-13.2015.5.10.0102
https://bit.ly/35IMb18
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Referências
LEITE, C. H. Curso de direito processual do trabalho. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 2021.
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