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SUMÁRIO

1. Introdução e definição............................................... 3
2. Tumores cerebrais...................................................... 5
3. Abscessos cerebrais................................................22
Referências bibliográficas .........................................38
TUMORES E ABCESSOS CEREBRAIS 3

1. INTRODUÇÃO E coleção de conteúdo purulento no


DEFINIÇÃO parênquima cerebral, ou seja, assim
como os tumores também exercem
Os tumores cerebrais, assim como
efeito de massa. O abscesso cerebral
tumores formados em qualquer parte
se difere das infecções paramenínge-
do corpo, são gerados por uma célula
as e meníngeas pela localização, visto
que se multiplica de forma inadequa-
que essas afetam os espaços virtuais
da, gerando uma massa de tecido,
entre o cérebro e a medula espinal e
podendo ser maligno ou benigno, a
as meninges (dura-máter, aracnóide
depender de algumas característi-
e pia-máter), como, por exemplo, o
cas histológicas. Porém, no sistema
abscesso epidural e empiema sub-
nervoso central, mesmo tumores be-
dural. Já o abscesso cerebral afeta
nignos podem ter caráter maligno,
o parênquima cerebral (substância
devido ao efeito de massa que pro-
branca e cinzenta).
voca nas estruturas adjacentes, ge-
rando muitas complicações, como
sequelas e risco de vida graças à
possibilidade de aumento da pressão
intracraniana (PIC), e por isso são
preferencialmente chamados de
tumores de baixo grau. Com
isso, os tumores são um dos
tipos de lesões expansivas
intracranianas.
Os tumores cerebrais pri-
mários e do SNC torna-
ram-se relativamente
frequentes, sendo diag-
nosticado nos EUA com
frequência duas vezes
maior que a doença
de Hodgkin e qua-
se um terço dos
melanomas.
Abscesso, por sua vez,
é outro tipo de lesão ex-
pansiva intracraniana,
que consiste em uma
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Figura 1. Meninges e parênquima cerebral. Fonte: https://www.anatomiaemfoco.com.br/wp-content/uplo-


ads/2018/09/sistema-nervoso-meninges.jpg

Os abcessos são gerados quando infecções dentárias e endocardite, por


bactérias provenientes de infecções exemplo. Normalmente são causados
em outras partes do corpo chegam por bactérias, porém as condições de
até o tecido cerebral, por via direta ou imunossupressão podem tornar o in-
disseminação hematogênica, princi- divíduo vulnerável a abscessos cau-
palmente nos casos de sinusite, otite, sados por fungos e outros parasitas.

SAIBA MAIS!
Lesões expansivas são lesões que podem aumentar sua área de destruição (se expandir)
quando não tratadas, provocando maior compressão do parênquima adjacente. É o contrário
das lesões retráteis, que ocupa menos espaço que o parênquima normal, gerando uma ligeira
retração no parênquima, muitas vezes aparecendo com maior deposição de líquor e aumento
dos ventrículos ipsilaterais ao da lesão. Algumas patologias podem cursar com fases de cada
tipo de lesão, como o acidente vascular encefálico isquêmico, que na fase aguda se apresenta
como uma lesão expansiva e na fase crônica se apresenta como uma lesão retrátil.
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CARACTERÍSTICAS GERAIS DE TUMORES E ABSCESSOS CEREBRAIS

TUMORES X ABSCESSOS

MULTIPLICAÇÃO INFECÇÃO NO
INADEQUADA DE PARÊNQUIMA
CÉLULAS CEREBRAIS CEREBRAL

LESÃO EXPANSIVA
EFEITO DE MASSA AUMENTO DA PIC
INTRACRANIANA

2. TUMORES CEREBRAIS comuns em adultos maiores de 30


anos, enquanto os tumores primários
Os tumores cerebrais podem ser pri-
são mais comuns em crianças e adul-
mários, quando gerados no próprio
tos jovens, devido à radiação ionizan-
tecido nervoso, ou secundários, ad-
te, que é o principal fator de risco para
vindos de sítios primários distantes,
essa doença, porém as metástases
que são as metástases cerebrais,
são cinco vezes mais comuns que os
cujas principais origens são cânceres
tumores primários.
de pulmão, mama e pele (melanoma).
As metástases cerebrais são mais
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MAPA MENTAL – TUMORES CEREBRAIS PRIMÁRIOS E SECUNDÁRIOS

TUMORES
CEREBRAIS

PRIMÁRIOS SECUNDÁRIOS

ALTO GRAU CÂNCER DE PULMÃO


NEOVASCULARIZAÇÃO
(MALIGNOS)

ATIPIA CITOLÓGICA BAIXO GRAU MELANOMA METÁSTASES

ADULTOS JOVENS
NECROSE REGIONAL CÂNCER DE MAMA
E CRIANÇAS

RADIAÇÃO
INVASÃO TECIDUAL > 30 ANOS
IONIZANTE

MAIS COMUNS
TUMORES E ABCESSOS CEREBRAIS 7

Os tumores primários podem se ori- tumores de astrócitos que são os as-


ginar de qualquer uma das estruturas trocitomas, e tumores de oligoden-
do cérebro, podendo ser divididos em drócitos, chamados de oligodendro-
dois grupos: tumores de baixo grau e glioma, são considerados de baixo
tumores de alto grau. Os tumores pri- grau, enquanto tumores da micróglia,
mários de baixo grau são aqueles com que gera o gliobastoma multiforme,
baixa agressividade, de grau I ou grau são tumores agressivos (grau IV).
II da OMS, enquanto os tumores de Os tumores primários mais frequentes
alto grau, grau III ou grau IV da OMS, são o meningioma, gliobastoma, as-
são tumores mais agressivos, segun- trocitoma, ependimoma, glioma misto
do características histológicas – lem- e oligodendroglioma, ordenados dos
brando que o diagnóstico definitivo mais para os menos frequentes.
de qualquer câncer é histopatológico.
Assim, tumores das células de
Schwann, que gera o Schwannoma,
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MAPA MENTAL – TUMORES PRIMÁRIOS MAIS FREQUENTES

ASTROCITOMAS
GLIOMA ASTROCITOMA
DE BAIXO GRAU

Grupo de tumores que se


Tipo mais comum de glioma GLIOBLASTOMA
iniciam nas células gliais

30% de todos os tumores cerebrais Se desenvolve a partir de astrócitos


Grau IV

Crescimento rápido OLIGODENDROGLIOMA Tumores cerebrais


malignos mais
comuns em adultos
Se desenvolve a partir
TUMORES Tumores intra-axiais
de oligodendrócitos
PRIMÁRIOS
MAIS
FREQUENTES MENINGIOMA EPENDIMOMA

Se desenvolve a partir das células


Tem origem nas meninges
ependimais e do quarto ventrículo

Tumores extra-axiais GLIOMAS MISTOS

SCHWANNOMAS

Se formam a partir das células de


Schwann, que são parte de mielina dos
nervos cranianos e outros nervos
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O tumor maligno se diferencia pelas meningiomas, podendo ser curados


características patológicas agressi- através de ressecção completa.
vas, que incluem invasão tecidual local, Os tumores cerebrais costumam ser
neovascularização, necrose regional descobertos de forma incidental,
e atipia citológica. Essas característi- ou seja, quando se está investigan-
cas favorecem a expansão tumoral e do outra doença e se encontra o tu-
frequentemente a novo crescimento mor cerebral nos exames de imagem
tumoral depois do tratamento. solicitados com outra finalidade. A
Os tumores que não apresentam es- maioria desses tumores são crônicos,
sas características malignas são cha- apresentando-se ao longo de meses,
mados de tumores de baixo grau, principalmente quando são tumores
visto que apesar de não serem verda- de baixo grau. Os tumores malignos
deiramente agressivos, acabam por podem se apresentar de forma suba-
se comportar como tumores malignos guda, as vezes cursando com san-
devido à incapacidade neurológica gramentos. As metástases cerebrais
progressiva que causam. Os tumo- podem ser a apresentação inicial de
res de baixo grau que se transfor- um tumor primário em outro tecido do
mam em neoplasias de alto grau são corpo, ou seja, o paciente descobrir
primariamente tumores intra-axiais, que tem algum tipo de câncer pela
que não podem ser tratados cirurgi- metástase cerebral. Vale pontuar, no
camente por conta de sua infiltração entanto, que os tumores cerebrais
difusa no cérebro, enquanto quase primários são restritos ao SNC, ou
todos os tumores cerebrais realmen- seja, raramente ou nunca desenvol-
te benignos são extra-axiais, como os vem metástases para outros órgãos.

SAIBA MAIS!
Tumores intra-axiais são aquelas localizados no interior do parênquima encefálico, como os
gliomas. Já os tumores extra-axiais são aqueles localizados fora do parênquima cerebral,
como os meningiomas, que são tumores nas meninges.

Manifestações clínicas sintomas generalizados e sintomas


lateralizados.
Os pacientes com tumor cerebral
podem se apresentar com um ou Os sintomas generalizados normal-
ambos os tipos de sinais e sinto- mente refletem o aumento da pressão
mas, que podem ser divididos em intracraniana (PIC), visto que o tumor
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gera um efeito de massa no cérebro, manifestações clínicas estarão asso-


cursando com cefaleia, letargia, mu- ciadas, visto que cada área cerebral
dança de personalidade, náuseas e desempenha uma função neurológi-
vômitos. Além disso, a elevação da ca. Com isso, tumores no lobo frontal
PIC também produz falsos sinais de costumam gerar alterações de com-
localização, como paralisia do nervo portamento e/ou motricidade (Ex: he-
abducente (abdução do olho). miparesia); tumores no lobo parietal
A cefaleia ocorre em cerca de 50% geram alterações de sensibilidade e
dos pacientes, e tem fenótipo variável, orientação topográfica; tumores no
ou seja, pode apresentar caráter ten- lobo occipital provocam alterações
sional ou ser migranosa, e geralmen- na visão (hemianopsia); tumores no
te constantes e frontais. A cefaleia cerebelo causam distúrbios de coor-
gerada por tumor cerebral costuma denação; tumores no tronco cerebral
piorar com tosse ou manobra de val- podem gerar alterações de consciên-
salva, pode acordar o paciente à noi- cia, alterações cardiorrespiratórias e
te e estar associada a vômitos, sendo comprometimento de vários nervos
este um sinal de possível hipertensão cranianos; e tumores no lobo tem-
intracraniana. Um fato importante da poral podem gerar defeitos nas fun-
cefaleia no tumor cerebral é que ela ções de linguagem e memória. As
cursa com mudança de padrão, sen- queixas cognitivas nos tumores ce-
do um diagnóstico diferencial para rebrais podem ser diversas, gerando,
tumor cerebral e outras doenças que por exemplo, distúrbios de lingua-
causam cefaleia secundária. Esse gem, disfunção de memória recente
sintoma é mais comum nos jovens e e/ou alterações comportamentais. É
está mais associado com tumores de importante salientar que esses sin-
crescimento rápido. tomas focais não são específicos dos
tumores e sim de qualquer problema
Os sintomas lateralizados são sinais neurológico que provoque efeito de
neurológicos focais, que dependem do massa, como abscessos e hidrocefa-
local do tumor, com o qual diferentes lia, por exemplo.
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Área motora Área sensorial


Movimentação
ocular e orientação
Área motora
Músculos voluntários
Funções cerebrais
superiores
Concentração, Área de Wernicke
planejamento, Compreensão da
expressão emocional linguagem

Área de Broca Área visual


Músculos da fala

Área auditiva Funções motoras


Coordenação do
movimento, equilíbrio
e postura

Figura 2: Áreas funcionais do cérebro. Fonte: www.sciencesource.com

Lesões focais no córtex cerebral tam- sensitivos ou visuais, a depender da


bém podem gerar uma atividade irri- localização do tumor. As convulsões
tativa, a qual pode se manifestar com ocorrem em cerca de um terço dos
crises convulsivas (epilepsia focal por pacientes com tumores cerebrais, e
lesão cerebral), que ocorrem em 50 a são mais comuns como a apresenta-
80% dos pacientes. A crise convulsiva ção e o sintoma único de um tumor de
pode ser focal, apresentando-se com baixo grau.
um movimento involuntário paroxís- Abaixo, uma tabela mostrando alguns
tico de um dos membros por exem- dos sintomas neurológicos focais re-
plo, ou se manifestar como uma para- lacionados com tumores em determi-
da comportamental, ou com déficits nadas áreas cerebrais:
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Convulsões generalizadas Os tumores cerebrais podem estar


Convulsões motoras focais associados a edema (perilesional) e
(contralaterais)
Afasia expressiva (lado dominante)
eventos tromboembólicos, devido à
Lobo frontal
Mudanças comportamentais obstrução do fluxo sanguíneo que o
Demência tumor pode causar. A maioria dos pa-
Distúrbios da marcha, incontinência
cientes apresenta sintomas que evo-
Hemiparesia (contralateral)
luem em um intervalo de semanas até
Hemiparestesia (contralateral)
Agnosias meses. Uma intensificação súbita dos
Lobo parietal
Afasia receptiva (labo dominante) sintomas pode levar à consulta mé-
Desorientação espacial (lado não dica, porém com a história clínica se
dominante)
Disfunção sensorial cortical
pode revelar sintomas anteriores e o
Hemianopsia (contralateral)
agravamento progressivo da doença.
Lobo occipital
Distúrbios visuais As exceções são o aparecimento de
Mudanças comportamentais uma nova convulsão em um indivíduo
Auras visuais e olfativas complexas previamente assintomático ou uma
Lobo temporal Distúrbio de linguagem (lado
hemorragia súbita do tumor.
dominante)
Defeito do campo visual
Disfunção de nervos cranianos
Ataxia
Nistagmo
Ponte/medula
Fraqueza
Perda sensorial
Espasticidade
Ataxia (ipsilateral)
Cerebelo
Nistagmo
Paresia do movimento ocular
Mesencéfalo/ vertical
Pineal Anormalidades pupilares
Puberdade precoce (meninos)

SAIBA MAIS!
O edema associado ao tumor cerebral é gerado pelo aumento da PIC, que causa obstrução
do fluxo do líquido cefalorraquidiano (LCR), gerada diretamente pelo tumor ou pelo desvio do
tronco cerebral e herniação também gerados pelo aumento da PIC, e isso se relaciona com
eventos tromboembólicos, devido principalmente à estase sanguínea estabelecida – Lem-
brando: tromboembolismo são gerados normalmente pela tríade de Virchow: estase sanguí-
nea, hipercoagulabilidade e lesão endotelial.
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FLUXOGRAMA – MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DE TUMORES CEREBRAIS

MANIFESTAÇÕES
CLÍNICAS DE
TUMORES
CEREBRAIS

TEMPORALIDADE
SINTOMAS GENERALIZADOS SINTOMAS LATERALIZADOS
DOS SINTOMAS

SINAIS DE AUMENTO SUBAGUDOS (MALIGNOS)


QUEIXAS COGNITIVAS
DA PIC

SINAIS NEUROLÓGICOS
NÁUSEA CRÔNICOS (BENIGNOS)
FOCAIS

LETARGIA CRISES CONVULSIVAS

VÔMITOS

CEFALEIA

Diagnóstico pode ser realizadas tomografias tam-


bém, especialmente em serviços de
Quando suspeitadas doenças neu-
emergência e em pacientes que apre-
rológicas, deve-se sempre solicitar
sentam contraindicações para resso-
exames de neuroimagem, preferen-
nância magnética (Ex: marcapasso e
cialmente ressonância magnética
próteses metálicas).
(RM), que apresenta maior resolução
espacial para ajudar no diagnóstico As impressões diagnósticas forne-
diferencial e fornece achados suges- cidas pela RM afetam a abordagem
tivos do tipo de tumor. No entanto, cirúrgica da lesão. A ressonância
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magnética deve ser feita com e sem


administração de gadolíneo, que é o
tipo de contraste utilizado nesse exa-
me de imagem. A RM devidamente
realizada identifica qualquer tumor
intracraniano. A RM de alguns tu-
mores extra-axiais, como neuromas
acústicos ou meningiomas, é tão ca-
racterística que dispensa a confirma-
ção histológica.
Uma lesão sem reforço de contraste
que é visível primariamente nas ima-
gens ponderadas em T2 ou com in-
versão-recuperação atenuada por lí-
quido (FLAIR) não é consistente com
Figura 3. RM de tumor cerebral intra-axial na sequ-
um glioma de baixo grau, enquanto ência FLAIR. Fonte: https://radiopaedia.org/cases/
uma lesão com reforço de contras- solitary-fibrous-tumour-of-brain
te com uma área de necrose central
e edema adjacente é mais provavel-
mente um glioblastoma ou metástase Também pode ser realizada a espec-
cerebral. As metástases devem ser troscopia pela RM, que avalia de modo
suspeitadas quando há lesões múl- não invasivo a composição tecidual.
tiplas nos exames de imagem, locali- Isso auxilia diagnóstico de tumores
zadas na transição corticosubcortical cerebrais porque os tumores de alto
e associadas a edema significativo. grau estão associados à uma redução
Além disso, a imagem da RM com de N-acetil aspartato e um aumento
perfusão depois de uma infusão rápi- de colina. Os tumores mais malignos
da de gadolíneo pode medir o volume estão associados a uma maior rela-
sanguíneo cerebral relativo e a neo- ção entre colina/N-acetil aspartato e
vascularização associada ao tumor, costumam conter áreas com elevação
com isso, uma perfusão elevada re- de lactato e lipídios.
presenta maior grau de malignidade. Na tomografia com emissão de pó-
sitrons (PET- TC), os tumores de alto
grau são normalmente hipermetabó-
licos, enquanto os de baixo grau são
hipometabólicos. Novas tecnologias
que utilizam C-metionina na PET-TC
permitem diferenciar gliomas de baixo
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e alto grau com mais eficiência do que epileptogênico adjacente ou dentro


a PET com desoxiglicose (PET – FDG). do tecido do tumor cerebral.
Porém, vale lembrar que a tomogra- A punção lombar para coleta e análi-
fia só deve ser realizada nos pacien- se do líquido cefalorraquidiano (LCR)
tes que não podem ser submetidos à não fornece informações diagnósti-
RM, pois TC, mesmo com contraste, cas úteis para a maioria dos tumores
pode não identificar tumores de baixo cerebrais primários, a menos que a
grau e/ou tumores na fossa superior. presença de suspeita de semeadura
leptomeníngea. O papel principal da
punção lombar é explorar etiologias
infecciosas ou inflamatórias em pa-
cientes com achados de neuroima-
gem atípicos ou incomuns.
O diagnóstico definitivo de qualquer
câncer é histopatológico, através da
obtenção de uma parte do conteúdo
do tumor. A retirada de material para
análise patológica pode ser feita por
biópsia estereotáxica ou ressecção
cirúrgica. A biópsia estereotáxica é
feita por via cirúrgica, quando o tumor
está localizado em uma região no-
Figura 4. RM de metástase cerebral na sequência
bre, impossibilitando sua ressecção,
FLAIR. Fonte: https://prod-images-static.radiopa- sendo guiada por exame de imagem
edia.org/images/13363/02b6e6c5581fcef2b-
098d7508a8841_big_gallery.jpeg (TC ou RM). Essa técnica pode alcan-
çar lesões em praticamente qualquer
área do cérebro, porém sua desvan-
Outros exames como eletroencefa- tagem é que pode não colher amostra
lograma (EEG) normalmente não são tecidual adequada para diagnóstico,
necessários no diagnóstico ou trata- e pode ocorrer hemorragia.
mento dos tumores cerebrais, mas o
A ressecção é feita quando o tumor
EEG pode ser útil em paciente com
pode ser retirado, fazendo a análise
estupor prolongado ou inexplicado e
histológica nos dias subsequentes do
naquelas com diagnóstico de esta-
material ressecado, ou seja, é um mé-
do epiléptico não convulsivo. A mo-
todo terapêutico que retira o tumor e
nitorização intraoperatória também
depois se faz a análise do tipo de tu-
é frequentemente usada para ajudar
mor que foi ressecado, identificando
na orientação na ressecção do córtex
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se o mesmo é maligno, o que direcio- infecções como encefalite herpética.


na as próximas condutas a serem to- Já os tumores de baixo grau com re-
madas (radio e/ou quimioterapia). forço na RM podem ser confundidos
Esses dois métodos são realizados com abscesso cerebral ou uma pla-
em tumores de alto grau. Tumores de ca focal de desmielinização. Os abs-
baixo grau nem sempre precisam de cessos podem ser diferenciados por
biópsia ou tratamento cirúrgico, po- apresentarem um reforço mais fino
dendo fazer seguimento clínico. Além de parede do que um tumor malig-
disso, metástases oferecem a possi- no e uma difusão mais restrita. Além
bilidade de biópsia no sítio primário, disso, tumores cerebrais podem ser
nos quais esse procedimento tem confundidos com um acidente vascu-
menores chances de provocar com- lar cerebral, condições inflamatórias,
plicações do que biópsias cerebrais, como esclerose múltipla, malforma-
que podem gerar danos neurológicos. ções vasculares ou anormalidades
congênitas.
Alguns diagnósticos diferenciais de-
vem ser pensados quando os pacien-
tes apresentam sintomas de elevação
da PIC ou início recente dos sintomas
neurológicos centrais, como hemipa-
resia ou convulsões, vistos que são
sintomas não específicos de tumo-
res. Os exames de imagem reduzem
o diagnóstico diferencial. Tumores
extra-axiais, como meningioma
ou neuroma acústico podem
ser confundidos com uma
metástase dural. Tu-
mores intra-axiais de
baixo grau no lobo
temporal, que não
apresentam reforço
na RM, podem ser
confundidos com
TUMORES E ABCESSOS CEREBRAIS 17

MAPA MENTAL – DIAGNÓSTICO DE TUMOR CEREBRAL

RESSECÇÃO BIÓPSIA
CIRÚRGICA ESTEREOTÁXICA

ANÁLISE
HISTOPATOLÓGICA

SINTOMAS
RM
GENERALIZADOS

DIAGNÓSTICO
EXAMES DE IMAGEM DE TUMOR EXAME CLÍNICO
CEREBRAL

PET - TC SINAIS FOCAIS

DIAGNÓSTICO
DIFERENCIAL

MALFORMAÇÕES
VASCULARES

ENCEFALITE
HERPÉTCA

ACIDENTE VASCULAR
CEREBRAL

ABSCESSOS

ANORMALIDADES
CONGÊNITAS

Tumores cerebrais específicos tipo de tumor cerebral mais agressivo


devido ao seu crescimento acelerado.
Glioblastoma multiforme (GBM)
É mais comum em adultos, sendo a
O glioblastoma multiforme consiste idade média de diagnóstico por volta
em um tumor astrocítico maligno, que dos 64 anos.
envolve as células da glia, sendo o
TUMORES E ABCESSOS CEREBRAIS 18

Na RM com gadolíneo, aparece com pacientes assintomáticas, que pos-


hiposinal em T1 com realce heterogê- suem um tumor pequeno, sem ede-
neo, muitas vezes aparecendo realce ma e sem invasão. A ressecção ci-
anelar com áreas centrais de necrose rúrgica é feita quando há suspeita de
– este exame é suficiente na maioria outro tipo de tumor, necessitando da
das vezes para a retirada cirúrgica. análise histológica, e em pacientes
sintomáticos, que possuem tumores
HORA DA REVISÃO! Células da glia
grandes, infiltrantes, associados ede-
são responsáveis por cercar os neurô- ma significante.
nios e os manter em sua localização,
além de fornecer nutrientes e oxigênio
para eles, isolá-los uns dos outros, des- Adenomas hiposifários
truir patógenos e remover os neurônios
mortos. Com isso, essas células partici- Podem ser classificados segundo seu
pam da formação da mielina e da trans- tamanho em micro ou macroadeno-
missão das sinapses e mantêm a home-
ostase dos neurônios.
mas, segundo a presença ou ausên-
cia de função endócrina e pelas sín-
dromes neurológicas e endócrinas
Meningiomas geradas pela compressão do tumor.
São tumores extra-axiais primários, Adenomas hipofisários podem causar
sendo o tipo de tumor benigno mais problemas de diferentes maneiras:
frequente, cujo crescimento é lento, • Compressão de estruturas vizi-
porém há variantes malignas. O prin- nhas, causando cefaleia e altera-
cipal fator de risco para meningiomas ção visual. A visão é afetada por-
é a exposição à radiação ionizante e que logo a cima da hipófise passa
são mais comuns em mulheres. Ocor- o quiasma óptico, assim, tumores
rem com frequência aumentada em muito grandes podem comprimir
pacientes portadores da neurofibro- estes nervos, levando a alterações
matose tipo 2. que vão desde redução do campo
A imagem na RM costuma ser ex- da visão (hemianopsia bilateral)
tra-axial (transição entre o crânio e até cegueira.
o parênquima), dural, com realce ho-
• Comprometimento de outras cé-
mogêneo – importante pontuar que
lulas na pituitária. Neste caso, o
o fato de realçar com contraste não
tumor atrapalha o funcionamen-
significa necessariamente que é um
to da porção saudável, compli-
tumor maligno.
cando com deficiência de um ou
Essa doença deve ter seguimen- mais hormônios, chamado de pan
to radiológico por 3 a 6 meses em
TUMORES E ABCESSOS CEREBRAIS 19

hipopituitarismo. Esta situação Quando há suspeita desse tipo de


gera diversas manifestações, tais câncer, deve-se evitar o uso de corti-
como: coide, pois modifica muito a histologia
◊ Anemia: deficiência de andró- do linfoma, o que afeta seu diagnósti-
genos e de TSH. co histopatológico.
◊ Hipoglicemia: deficiência de Outra peculiaridade desse tipo de tu-
ACTH e GH. mor é que o tratamento é preferen-
cialmente quimioterápico, associando
◊ Dislipidemia com aumento de muitas vezes com metotrexato.
LDL e triglicérides: deficiência
de TSH e GH.
◊ Baixa massa óssea: deficiên- Terapêutica
cia gonadotrófica e de GH. O tratamento dos tumores cerebrais
• Secreção de hormônio em ex- depende do tipo de tumor (patolo-
cesso. As manifestações clínicas gia), das características clínicas e dos
dependem do hormônio envolvi- resultados dos exames de imagem.
do. As patologias hipersecretoras Com isso, pode ser feita uma ressec-
mais comuns são os prolactino- ção neurocirúrgica, radio e/ou quimio-
mas (mais prevalente e produtor terapia, que são tratamentos defini-
de prolactina), doença de Cushing tivos, e corticoide (dexametasona),
(ACTH) e Acromegalia (Hormônio anticonvulsivantes e anticoagulante
do crescimento/GH). para profilaxia da trombose venosa
profunda, que são sintomáticos.
Glicocorticóides em altas doses redu-
Linfoma do SNC zem efetivamente o edema cerebral
É um tipo de tumor incomum, muito e podem melhorar dores de cabeça
associado a imunodeficiência, como e déficits neurológicos causados ​​por
na AIDS. edema peritumoral. Em pacientes
Nos exames de imagem aparecem com sintomas graves ou hérnia ame-
na região periventricular, com realce açada, a dose inicial usual de dexa-
homogêneo, restrito à difusão e asso- metasona é de 10 mg, seguida de 4
ciado a edema. mg a cada quatro horas ou 8 mg duas
vezes por dia. A dexametasona é a
O líquor pode fornecer o diagnóstico, mais utilizada por apresentar menor
através de imunofenotipagem, que atividade mineralocorticoide (reten-
também pode ser feito por biópsia ção de líquido). Doses mais baixas
estereotáxica. costumam ser suficientes para sinto-
mas menos graves.
TUMORES E ABCESSOS CEREBRAIS 20

Os glicocorticóides não são necessá- para reduzir a vascularização de al-


rios ou indicados em pacientes com guns meningiomas, possibilitando
sintomas mínimos e para tumores ressecção mais segura e viável – a
que não estão associados ao edema angiografia não é utilizada para diag-
circundante. As toxicidades do uso nóstico. Porém, tumores em regiões
crônico de esteróides podem contri- críticas, como tronco cerebral ou tála-
buir para a morbidade e diminuição mo, não podem ser retirados.
da qualidade de vida em pacientes No caso das metástases cerebrais, é
com tumores cerebrais. importante realizar exames para pes-
Os anticonvulsivantes só estão indi- quisa da possível fonte de metástase,
cados para pacientes que apresen- e quando não é possível identificar a
tam crises convulsivas, sendo o uso presença de câncer sistêmico óbvio,
profilático não indicado. A profilaxia deve-se realizar craniotomia. Mes-
para TVP deve ser feita em todos os mo quando a cirurgia evidenciar uma
pacientes com tumores cerebrais no metástase cerebral, a ressecção iso-
período pós-operatório, e não estão lada das metástases é recomendada,
associados com maior risco de he- e a análise histopatológica da lesão
morragia intracerebral. orienta a pesquisa do tumor primário.
A excisão completa é o objetivo do A radioterapia é administrada em pe-
tratamento dos tumores primários, o quenas doses fracionadas diárias, o
que quase sempre pode ser realiza- que permite um reparo subletal nos
do no caso de tumores extra-axiais. tecidos normais e reduz significativa-
Quando a retirada completa do tumor mente a toxicidade neurológica asso-
não é possível, realiza-se a ressecção ciada a esse tratamento. Apesar de
parcial, para descompressão e para duplicar o tempo médio de sobrevida
preservar a função neurológica. dos pacientes com tumor cerebral,
A RM funcional (RMf) permite medir raramente é curativa e maioria deles
o fluxo de sangue cerebral quando desenvolve recidiva. Existe ainda um
áreas do córtex são ativadas, assim, método de radioterapia esterotáxica,
usando as imagens da RMf e da RM que aplica doses elevadas poupando
normal, é possível identificar as fun- o tecido adjacente, sendo indicada
ções neurológicas prejudicadas em apenas para tumores com 3 cm de
relação ao tumor. Com isso, pode-se diâmetro ou menos. A radioterapia
planejar uma ressecção mais segu- pode gerar complicações neurológi-
ra e completa. Além disso, pode-se cas meses ou anos depois do término
utilizar a embolização angiográfica é do tratamento, que incluem radione-
muitas vezes útil no pré-operatório crose, demência e leucoencefalopa-
tia, porém a maioria dos pacientes
TUMORES E ABCESSOS CEREBRAIS 21

morrem antes de apresentarem es- devido à resistência intrínseca desses


ses efeitos. Nos sobreviventes de tumores à maioria dos agentes con-
longo tempo com gliomas de baixo vencionais. São usados carboplatina e
grau ou crianças com meduloblas- cisplatina para meduloblatoma, mes-
tomas apresentam efeitos colaterais mo quando disseminado pelo LCR,
mais importantes. temozolomida para todos os gliomas
A quimioterapia para tumores cere- e metotrexato em altas doses contra
brais não tem sido muito eficiente o linfoma primário do SNC.

FLUXOGRAMA – TERAPÊUTICA DE TUMOR CEREBRAL

TERAPÊUTICA
DE TUMOR
CEREBRAL

SINTOMÁTICOS DEFINITIVOS

PROFILAXIA
QUIMIOTERAPIA
PARA TVP

ANTICONVULSIVANTES RADIOTERAPIA

CORTICOIDES RESSECÇÃO

DEXAMETASONA PARCIAL

TOTAL
TUMORES E ABCESSOS CEREBRAIS 22

3. ABSCESSOS CEREBRAIS comum em crianças enquanto oti-


te crônica ocorre mais em adultos e
Os abscessos cerebrais são coleções
idosos. Tumores e infartos cerebrais
de material purulento no parênquima
também podem propiciar abscessos,
cerebral, composto por neutrófilos e
visto que essas complicações tornam
tecido necrótico, quando algum mi-
o tecido isquêmico e desvitalizado.
crorganismo atinge esse tecido.
A maioria dos casos são provoca-
SE LIGA! A resistência do tecido cere-
dos por bactérias piogênicas, porém bral a infecções se deve principalmente
as condições de imunossupressão, à barreira hematoencefálica, que consis-
como infecção por HIV, uso crônico de te numa barreira altamente seletiva para
substâncias potencialmente nocivas ao
corticosteroides ou Lúpus Eritemato-
cérebro que podem estar presentes no
so Sistêmico, aumentaram a incidên- sangue, tanto as moléculas metabólicas,
cia de abscessos causados por outros quanto as provenientes de drogas e de
microrganismos, principalmente To- microrganismos invasores, que lançam
enzimas para atingirem os tecidos alvo.
xoplasma gondii, Aspergillus sp, No-
cardia spp, Mycobateria spp e Cripto-
coccus neoformans. A infecção vinda de outros locais, ou
seja, aquelas que não ocorrem por
trauma craniano ou neurocirurgia,
Fisiopatologia
normalmente se prolifera por disse-
A maioria dos abscessos cerebrais minação hematogênica, que é o que
são consequência de um foco de su- ocorre quando a infecção é advinda
puração em outras partes do corpo, do coração, pulmões e pele. Quando
cerca de 90% dos casos, enquanto os a área de infecção é contígua com o
outros 10% são gerados por inocula- cérebro, como no caso das sinusites,
ção do microrganismo infectante di- a infecção do tecido cerebral ocorre
retamente na cabeça, como por trau- por extensão direta (contiguidade) ou
mas cranianos e feridas cirúrgicas. através dos vasos com tromboflebite.
A principal etiologia dos abscessos Assim, uma sinusite paranasal que
cerebrais, como já mencionado, é in- acomete o seio frontal, por exemplo,
fecções bacterianas. Esses invasores por contiguidade pode levar à for-
podem chegar até o tecido cerebral mação de abscesso no lobo frontal,
através de sinusite paranasal, otite mas vale pontuar que a principal si-
média e infecções dentárias princi- nusite que forma abscesso cerebral é
palmente, além de infecções cardía- a sinusite do seio esfenoidal. Os lo-
cas, pulmonares, urinárias, mastoidite bos cerebrais mais acometidos por
e sepse. A otite média aguda é mais
TUMORES E ABCESSOS CEREBRAIS 23

abscessos, em ordem crescente de menos acometido) são: frontal, fronto-


incidência (o mais acometido para o parietal, parietal, cerebelar e occipital.

SEIOS PARANASAIS

Seios frontais Seios esfenoidais


Seios etmoidais

Seios esfenoidais

Seios maxilares

Figura 5. Localização dos seios paranasais. Fonte: https://i.pinimg.com/originals/8c/82/cb/8c82cbad6767be404b-


3c13a2df34adff.png

Os abscessos formados por conti- A principal artéria que supre o pa-


guidade geralmente são unilaterais, rênquima cerebral é a artéria cerebral
localizados e mais superficiais, en- média, então quando há dissemina-
quanto os abscessos gerados pela ção hematogênica, normalmente os
disseminação hematogênica podem abscessos irão se formar nos locais
ser múltiplos, dispersos em várias re- do parênquima que são irrigados por
giões do parênquima e normalmente esse vaso, que abrangem os lobos
mais profundos. frontal, parietal e temporal.
Outra observação importante é que Os microrganismos causadores do
pacientes com abscessos do tron- abscesso dependem da etiologia
co cerebral, deve ser considerada a desse problema, ou seja, qual foi a
possibilidade de infecção por Listeria, origem da infecção.
mesmo quando não há imunodefici-
ência esclarecida.
TUMORES E ABCESSOS CEREBRAIS 24

SINUSITES Estreptococos, Haemophilus spp, Bacterioides spp, Fusobacterium spp


INFECÇÃO DENTÁRIA Estreptococos, Bacterioides spp, Prevotella spp
OTITE MÉDIA Estreptococos, Pseudomonas aeruginosas, Bacterioides spp, Enterobacteriaceae
ENDOCARDITE S. aureus, Strepcoccus viridans
INFECÇÕES
Estreptococos, Actinomyces spp
PULMONARES
INFECÇÕES
P. aeruginosas, Enterobacter spp
URINÁRIAS
Tabela 1. Principais bactérias formadoras de abscessos cerebrais de acordo com a fonte de infecção.

Na tabela, é possível observar a im- Há ainda uma forma criptogênica de


portância dos estreptococos, por es- formação de abscesso, a qual não se
tar envolvido com quase todos os ti- pode determinar qual o fator desen-
pos de infecções acima listados, e a cadeante e deve ser suspeitada em
identificação do microrganismo inva- pacientes que não apresentam, por
sor guia a terapêutica que será usada exemplo, histórico de sinusite, neu-
para cada paciente. Além disso, é im- rocirurgia ou de nenhum dos outros
portante pontuar que as Pseudomo- fatores predisponentes dessa com-
nas e os estafilococos são uma das plicação aqui já mencionado.
principais bactérias formadoras de
abscessos a partir da neurocirurgia.
TUMORES E ABCESSOS CEREBRAIS 25

MAPA MENTAL – PATOGÊNESE E PATÓGENOS DO ABSCESSO CEREBRAL

ABSCESSO
CEREBRAL

PATOGÊNESE PATÓGENOS

DISSEMINAÇÃO POR DISSEMINAÇÃO DISSEMINAÇÃO


BACTÉRIAS IMUNOSSUPRESSÃO CRIPTOGÊNICA
CONTIGUIDADE DIRETA HEMATOGÊNICA

INFECÇÃO
OTITE NEUROCIRURGIA ESTREPTOCOCOS TOXOPLASMA
URINÁRIA

SINUSITE TCE ENDOCARDITE ESTAFILOCOCOS

INFECÇÃO
MASTOIDITE
PULMONAR

INFECÇÃO
DENTÁRIA
TUMORES E ABCESSOS CEREBRAIS 26

O abscesso cerebral se forma em Por fim, no estágio de cápsula tardia,


quatro estágios histológicos: 2 está- que começa depois do 14º dia de for-
gios iniciais, que consistem na fase de mação do abscesso, o tecido de gra-
cerebrite – cerebrite inicial e cerebrite nulação se desenvolve na interface
tardia, e 2 estágios finais, que compõe entre o tecido necrótico e o viável, e
a fase encapsulada – cápsula inicial e completa-se a formação da cápsula,
cápsula tardia, porém os exames de com o centro necrótico já bem demar-
imagem não permitem definir com cado – nesse estágio o edema já está
precisão esses dois estágios, apenas quase resolvido.
é possível identificar a fase de cere- A formação da cápsula depende da
brite ou encapsulada. virulência do microrganismo e do es-
A fase de cerebrite inicial, que ocor- tado de imunidade do indivíduo – or-
re entre 1 a 3 dias, é marcada pelos ganismos mais virulentos são asso-
processos de infecção e inflamação. ciados a lesões maiores, com maior
Assim, nesse estágio se inicia a infil- área de necrose, ependimite precoce
tração principalmente de neutrófilos, e maior grau de inflamação fora da
com início do desenvolvimento de cápsula de colágeno.
uma área central de necrose, porém A cápsula é composta por colágeno,
esta região ainda não é delimitada, sendo produzida por fibroblastos ad-
formando-se um edema pouco signi- vindos das paredes dos vasos san-
ficativo ao redor da lesão inflamatória. guíneos, e ela é mais grossa no lado
Na cerebrite tardia, que acontece en- cortical (parênquima) do que na face
tre 4 a 9 dias após a infecção, ocorre ventricular, onde a cápsula é mais
crescimento progressivo do centro de fina (menor deposição de colágeno).
necrose, com aparecimento de uma Isso é importante porque, se a cápsu-
neovascularização ao redor da lesão e la romper, isso ocorrerá do lado mais
formação de edema importante, sen- frágil, ou seja, periventricular, então o
do este o principal sinal desse estágio. conteúdo do abscesso vai se disper-
Na fase encapsulada, o abscesso em sar no ventrículo cerebral e não para o
desenvolvimento é caracterizado por espaço subaracnoide.
exsudato purulento, composto por te- Abscessos gerados por espécies de
cido necrótico e neutrófilos viáveis e Toxoplasma não são acompanhados
mortos, e começa a formação da cáp- de cápsulas, respondendo bem ao
sula ao redor da lesão, consistindo no tratamento antibiótico isolado, e por
estágio de cápsula inicial, que dura de isso pacientes com AIDS ou outras
10 a 13 dias, quando o centro necróti- deficiências imunes devem receber
co passa a ser bem delimitado. Nesse antibióticos desde o início da sus-
momento, o edema começa a diminuir. peita de abscesso. Fora da cápsula
TUMORES E ABCESSOS CEREBRAIS 27

fibrosa se encontra a zona de gliose fibrose e edema. No exame macros-


reativa, com numerosos astrócitos cópico, observa-se granulação exu-
gemistocíticos berante com neovascularização em
Assim, de maneira geral, os absces- torno da necrose, que é responsável
sos são lesões distintas com necrose pelo edema vasogênico.
de liquefação central, circundada por

Figura 6. Necrose liquefativa no cérebro. Fonte: KUMMAR, Vina, et. Al. Robbins & Cotran. Bases patológicas das
doenças. 8ª ed. Rio de Janeiro. Elsevier, 2010

SE LIGA! O tecido cerebral responde


à hipóxia de maneira diferente do que
ocorre em outros órgãos. Quando o mio-
cárdio sofre infarto, por exemplo, a área
isquemiada sofre necrose de coagula-
ção, na qual não ocorre a destruição das
células mortas e o tecido se mantém fir-
me. Porém, quando o cérebro sofre in-
farto, a área afetada sofre necrose lique-
fativa, na qual o tecido se transforma em
uma massa viscosa líquida e as células
mortas são destruídas (daí o pus).
TUMORES E ABCESSOS CEREBRAIS 28

MAPA MENTAL – FISIOPATOLOGIA DO ABSCESSO CEREBRAL

FISIOPATOLOGIA
DO ABSCESSO
CEREBRAL
FASE
FASE DE CEREBRITE
ENCAPSULADA

NECROSE DE
LIQUEFAÇÃO

CEREBRITE INICIAL CEREBRITE TARDIA CÁPSULA INICIAL CÁPSULA TARDIA

1 – 3 DIAS 4 – 9 DIAS 10 – 13 DIAS > 14 DIAS

FORMAÇÃO DE ÁREA
EDEMA INÍCIO DA CÁPSULA EDEMA RESOLVIDO
DE NECROSE

INFILTAÇÃO CENTRO NECRÓTICO


NEOVASCULARIZAÇÃO FORMAÇÃO DA CÁPSULA
LEUCOCITÁRIA BEM DELIMITADO
TUMORES E ABCESSOS CEREBRAIS 29

Manifestações clínicas elementos pode estar ausente, espe-


cialmente nas fases mais iniciais do
O quadro clínico do paciente com
abscesso. Pacientes com múltiplos
abscesso cerebral pode seguir uma
abscessos podem manifestar sinais
tríade clássica composta por febre,
multifocais.
cefaleia e sinais neurológicos focais.
A febre é mais comum nas crianças. Infecções por Toxoplasma muitas
A cefaleia costuma ser hemicraniana vezes provocam transtorno de mo-
ou holocraniana, com intensidade de vimentos, porque esses abscessos
moderada a grave. Os sinais neuroló- costumam se formar nos núcleos da
gicos focais dependem da localização base. Esse tipo de infecção é muito
do abscesso, assim como nos tumo- recorrente em pacientes com AIDS
res cerebrais. que apresentam hemibalismo ou
hemicoreia.
Como a presença do abscesso causa
um efeito de massa semelhante ao
provocado por tumores, os pacien-
tes também podem apresentar sinais
de pressão intracraniana aumenta-
da, como náuseas, vômitos, papile-
dema ou lesão dos III ou VI nervos,
por exemplo, e esses quadros geral-
mente irão requerer tratamento
cirúrgico. Além disso, a mani-
festação inicial pode também
ser crises convulsivas, como
ocorre nos tumores, se-
cundária a lesão cerebral.
No entanto, nem todos
pacientes cursam com
essa tríade (está presen-
te em apenas cerca de
20% dos pacientes com
abscesso cerebral na ad-
missão), que é caracteri-
zada pela natureza infec-
ciosa, comprometimento
cerebral e efeito de massa
progressivo. Assim, um dos
TUMORES E ABCESSOS CEREBRAIS 30

MAPA MENTAL – MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS NO ABSCESSO CEREBRAL

MANIFESTAÇÕES
CLÍNICAS NO
ABSCESSO
CEREBAL

SINAIS DE AUMENTO CRISES CONVULSIVAS


FEBRE SINAIS FOCAIS CEFALEIA LETARGIA
DA PIC

TOXOPLASMA – PODE SER A


MAIS COMUM HEMI OU NÁUSEAS/ VÔMITOS/ EDEMA CEREBRAL
HEMIBALISMO E MANIFESTAÇÃO
EM CRIANÇAS HOLOCRANIANA PAPILEDEMA GRAVE
HEMICOREIA INICIAL
TUMORES E ABCESSOS CEREBRAIS 31

Diagnóstico este estudo deve ser realizado com


um agente de contraste.
O diagnóstico começa pelo exame
clínico, através da história e exame fí- Na TC, na fase de cerebrite, a área
sico cuidadosos. O exame físico deve inflamada aparece com bordas irre-
atentar para possíveis alterações no gulares, que não capta contraste ou o
crânio, ouvidos, seios paranasais, faz de forma difusa ou irregular e por
cavidade oral, pulmões e coração, isso se apresenta hipodenso.
pesquisando potenciais etiologias. Já na fase de formação da cápsula, é
Culturas de sangue pode auxiliar na possível visualizar o centro necrótico
identificação do organismo e sua sen- delimitado, que aparece como uma
sibilidade aos antibióticos. região hipodensa, e ao redor uma
No cenário de sintomas focais (por região hiperdensa, que corresponde
exemplo, dor de cabeça unilateral) ou à cápsula de colágeno. Ao redor da
sinais (por exemplo, déficits unilate- cápsula, pode haver ainda outra re-
rais do nervo craniano, hemiparesia) gião hipodensa que corresponde ao
ou o achado de papiledema, uma edema perilesional.
punção lombar (LP) é contraindicada
devido ao risco de herniação por con-
ta do aumento da pressão intracra-
niana resultante do efeito de massa
provocado pela inflamação.
A amostra obtida da aspiração ou ci-
rurgia estereotáxica guiada por TC
deve ser enviada para coloração de
Gram, culturas aeróbica, anaeróbica,
micobacteriana e fúngica, manchas
especiais e histopatologia.
Além disso, devem ser solicitados
os exames de imagem contrastados,
que podem ser a tomografia ou res-
Figura 7: TC de abscesso cerebral na fase de cerebrite.
sonância. A RM é preferencial, pois Fonte: https://prod-imagesstatic.radiopaedia.org/ima-
permite melhor visualização do pa- ges/2353250/7b1b4393ac28919ced2cff3deb51be_
thumb.jpg
rênquima, possibilitando detectar al-
terações precoces, porém a TC pode
frequentemente ser obtida com mais
facilidade em caráter de emergência.
Ao procurar um abscesso cerebral,
TUMORES E ABCESSOS CEREBRAIS 32

que é vista mais hipointensa do que


o centro necrótico, o qual aparece
mais hiperintenso. O edema perile-
sional pode estar presente e aparece
mais hipointenso que o parênquima
cerebral.

Figura 8. TC de abscesso cerebral na fase encapsula-


da. Fonte: https://prod-images-static.radiopaedia.org/
images/17827/7eb2cdd26dd5fbce22193313dcae5b_
gallery.jpeg

Na fase inicial de cerebrite, a RM pon-


derada em T2 pode mostrar intensi-
dade de sinal anormalmente elevada,
as quais correspondem à baixa in-
tensidade de sinal nas imagens pon-
deradas em T1, nas quais o absces-
so pode ser visto como uma área de Figura 9. RM em T1 de extenso abscesso cerebral.
Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/com-
hiposinal/hipodensa, mal delimitada, mons/f/fd/Brain_abscess_-_MRI_T1_KM_axial.jpg
com edema perilesional associado.
Nas imagens ponderadas em T1, a
Na ponderação em T1 com contras-
área de cerebrite é vista inicialmen-
te, o abscesso aparece com cápsula
te como uma área pouco definida de
bem hiperintensa, o que é chamado
baixa intensidade de sinal, que evolui
de realce anelar.
para uma cavidade central com inten-
sidade de sinal mais alta que o líquor.
Nas fases mais tardias, o abscesso
pode ser identificado pela cápsula,
TUMORES E ABCESSOS CEREBRAIS 33

Figura 10. RM de abscesso cerebral – T1 com gado-


líneo – múltiplos abscessos evidenciados pelo realce
anelar. Fonte: https://www.researchgate.net/profile/
Chaturaka_Rodrigo/publication/228086809/figure/fig1/
AS:195332412579850@1423582284997/A-magne- Figura 11. RM em T2 de abscesso cerebral. Fonte:
tic-resonance-image-with-gadolinium-enhancement- https://www.ispn.guide/wp-content/uploads/2017/05/
-at-initial-presentation-The-image.png T2-weighted%20axial%20MRI%20abscess.jpg

Já na ponderação em T2, o abscesso é Pode ainda ser usada a ponderação


visualizado com centro necrótico bas- de restrição de difusão líquida (FLAIR),
tante evidente, semelhante ao líquor, a qual permite melhor visualização
ou seja, aparece hiperintenso (tem do edema cerebral e nela o absces-
hipersinal) em relação à cápsula, que so aparece com hipersinal, mostran-
fica hipointensa. Além disso, o edema do que há uma restrição à difusão. A
perilesional também fica evidente. ponderação em FLAIR também ajuda
a diferenciar abscessos de tumores
cerebrais, visto que a cavidade de
um abscesso mostra intensidade de
sinal elevado com difusão diminuída,
enquanto as cavidades de um tumor
necrótico demonstram o contrário.
TUMORES E ABCESSOS CEREBRAIS 34

HORA DA REVISÃO: Na tomografia, as mais escura, córtex (substância cinzen-


estruturas podem ser hiper ou hipoden- ta) é mais clara e o líquor aparece bri-
sas, enquanto na ressonância, são utili- lhante. A ponderação em T1 com con-
zados os termos intensidade ou sinal. A traste (gadolíneo), pode ser identificada
imagem da RM ponderada em T1 pode pelos mesmos critérios que diferenciam
ser identificada quando o córtex apare- T1, com o contraste evidenciado pelas
ce mais escuro e a substância branca regiões vasculares acesas por estarem
aparece mais branca, e além disso, o cheias de contraste. A sequência FLAIR
líquor aparece apagado. A ponderação corresponde à uma ponderação em T2
em T2, por sua vez, pode ser identifica- com supressão do líquor, ou seja, o bri-
da por ser o inverso de T1 com realce lho do líquor é apagado.
do líquor, ou seja, a substância branca é

FLUXOGRAMA – DIAGNÓSTICO DE ABSCESSO CEREBRAL

SANGUE PUS ASPIRADO

IDENTIFICA FASES
PRECOCES CULTURAS

RM HISTÓRIA CLÍNICA

DIAGNÓSTICO
EXAMES DE IMAGEM DE ABSCESSO EXAME CLÍNICO
CEREBRAL

TC EXAME FÍSICO

DIAGNÓSTICO
DIFERENCIAL

ENCEFALITE
HERPÉTCA

ACIDENTE VASCULAR
CEREBRAL

TUMORES
TUMORES E ABCESSOS CEREBRAIS 35

Terapêutica Sinusite Penicilina G cristalina ou Cefa-


paranasal losporina 3ª + Metronidazol
O tratamento do abscesso cerebral Penicilina G cristalina + Metro-
Otite média
conta uma combinação de fármacos. nidazol + Ceftazidima
Devido a risco de herniação, em pa- Infecção dentária Penicilina + Metronidazol
cientes com sinais de aumento da Oxacilina ou Vancomicina + Me-
Endocardite
PIC pode ser necessário o tratamento tronidazol + Cefalosporina 3ª

do edema cerebral com dexametaso- Sepse urinária/ Ceftazidima + Metronidazol +


abdominal Penicilina G cristalina
na 10mg intravenosa, seguida por 4
Neurocirurgia Ceftazidima + Vancomicina
mg a cada 6 horas. Corticosteroides
Tabela 2. Antibióticos utilizados e as possíveis
normalmente diminuem o edema em etiologias.
8 horas, mas podem retardar a for-
mação da cápsula, suprimir a respos-
ta imune à infecção e diminuir a pe- O tratamento não cirúrgico é indicado
netração dos antibióticos, e por isso para pacientes com lesões pequenas,
devem ser usados em curto período cujo patógeno já foi identificado, sem
(normalmente até que seja possível a sintomas ou sinais de aumento da
descompressão por drenagem ou re- PIC significante, nos casos de lesões
moção cirúrgica). profundas ou inacessíveis, abscessos
múltiplos ou curta duração dos sinto-
Em relação a resolução da infecção,
mas, que sugere que a lesão está no
é recomendada antibioticoterapia
estado de cerebrite, além dos pacien-
empírica, direcionada de acordo com
tes com restrições à cirurgia.
a etiologia bacteriana. É importante
realizar cultura em todos os pacien- Também são utilizados anticonvul-
tes. Aminoglicosídeos, eritromicina , sivantes, visto que muitos pacientes
tetraciclinas e cefalosporinas de pri- com abscessos cerebrais cursam com
meira geração (por exemplo, cefa- convulsões, e deve ser mantido o uso
zolina ) geralmente não são usados​​ desses fármacos por até 3 meses
como terapia de primeira linha para após o tratamento do abscesso. Após
tratar o abscesso cerebral, porque es- esse período, deve ser suspendido o
ses medicamentos não atravessam a anticonvulsivante após avaliação com
barreira hematoencefálica em altas TC e eletroencefalograma.
concentrações. Além disso, a admi- A drenagem, (estereotáxica ou aberta
nistração de muitos desses agentes orientada por TC), proporciona o tra-
deve ser reduzida em pacientes com tamento ideal e é necessária para a
disfunção renal. A duração dos anti- maioria dos abscessos solitários e ci-
bióticos para o abscesso cerebral é rurgicamente acessíveis, em particu-
prolongada, geralmente de quatro a lar aqueles com > 2 cm de diâmetro.
oito semanas.
TUMORES E ABCESSOS CEREBRAIS 36

Se os abscessos têm < 2 cm de di- tomografia computadorizada se-


âmetro, somente antibióticos podem riadas; se o tamanho dos abcessos
ser experimentados, mas os abs- aumentar depois de serem tratados
cessos devem então ser monitora- com antibióticos, drenagem cirúrgica
dos com ressonância magnética ou é indicada.

FLLUXOGRAMA – TRATAMENTO DO ABSCESSO CEREBRAL

TRATAMENTODO
ABSCESSO
CEREBRAL

DEXAMETASONA IV
DRENAGEM
10 MG, seguida por ANTIBIOTICOTERAPIA SINTOMÁTICOS
CIRÚRGICA
4mg a cada 6h

Depende dos
Em pacientes resultados da Aspiração estereotáxica
com aumento da PIC coloração de Gram, ou aberta para obter Anticonvulsivantes,
para reduzir o se disponível, e da uma amostra se necessário
edema cerebral provável fonte diagnóstica 
de abscesso
TUMORES E ABCESSOS CEREBRAIS 37

QUEIXAS
FEBRE
COGNITIVAS

CIRURGIA/
ANTIBIÓTICOS/
RADIOTERAPIA/
CIRURGIA
QUIMIOTERAPIA

ANÁLISE
CULTURA
HISTOPATOLÓGICA

TUMORES X ABSCESSOS

CRISES SINAIS DE AUMENTO


SINAIS FOCAIS CEFALEIA
CONVULSIVAS DA PIC
TUMORES E ABCESSOS CEREBRAIS 38

REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
GOLDMAN, Lee, SCHAFER, Andrew L, et al. Goldman-Cecil. Medicina. 25ª ed. Rio de Ja-
neiro. Elsevier, 2018.
KUMMAR, Vina, et. Al. Robbins & Cotran. Bases patológicas das doenças. 8ª ed. Rio de
Janeiro. Elsevier, 2010.
Rowland LP, Pedley TA. Merritt: Tratado de Neurologia. 12ª ed. Rio de Janeiro. Editora
Guanabara Koogan, 2011.
MACHADO, Angelo, HAERTEL, Lucia M. Neuroanatomia Funcional. 3ª ed. São Paulo.
Atheneu, 2013.
TUMORES E ABCESSOS CEREBRAIS 39

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