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O CANCRO DO CÉREBRO

Aqui poderá encontrar informações importantes sobre tumores cerebrais: possíveis


causas, sintomas, diagnóstico, tratamento e cuidados de acompanhamento. Encontrará
ainda informações destinadas a ajudar os doentes a lidar com tumores cerebrais.

Tumores Cerebrais Primários e Secundários

Um tumor que surge inicialmente no cérebro é designado por tumor cerebral primário.
Nas crianças, a maioria dos tumores cerebrais são primários. Nos adultos, a maioria dos
tumores cerebrais correspondem a tumores do pulmão, da mama ou de outras regiões
que metastizaram para o cérebro. Quando tal acontece, não se trata de um tumor
cerebral, mas sim de um tumor secundário. A sua designação depende do órgão ou do
tecido de origem.

O tratamento dos tumores cerebrais secundários depende do local de origem e da


extensão da doença.

O Cérebro

O cérebro é uma massa de tecido mole e esponjoso. Encontra-se protegido pelos ossos
da caixa craniana e por três membranas muito finas designadas por meninges. O líquido
cefalorraquidiano, um fluído aquoso, protege e amortece o cérebro. Este fluído circula
pelos espaços entre as meninges e pelos espaços no interior do cérebro designados por
ventrículos.

Uma rede de nervos transporta mensagens bidireccionais entre o cérebro e o resto do


organismo. Alguns nervos vão directamente do cérebro para os olhos, ouvidos e outras
zonas da cabeça. Outros nervos percorrem a espinal medula, a fim de ligarem o cérebro
às outras partes do organismo. No interior do cérebro e da espinal medula as células
nervosas são rodeadas por células gliais, destinadas a mantê-las no lugar.

O cérebro controla tudo o que decidimos fazer (ex.: andar e falar) e aquilo que o nosso
corpo faz sem termos de pensar (ex.: respirar). O cérebro é ainda responsável pelos
nossos sentidos (visão, audição, tacto, paladar e olfacto) e pela memória, emoções e
personalidade.
As três principais estruturas do cérebro controlam diversas actividades:

 Cérebro – O cérebro é a porção mais volumosa do encéfalo e situa-se na parte


superior do cérebro. Utiliza a informação dos nossos sentidos para nos informar
sobre o que nos rodeia e indica ao nosso organismo como deve reagir. Controla
a leitura, o pensamento, a aprendizagem, a linguagem e as emoções.

O cérebro é composto pelos hemisférios cerebrais direito e esquerdo, que


controlam actividades distintas. O hemisfério direito controla os músculos do
lado esquerdo do corpo. O hemisfério esquerdo controla os músculos do lado
direito do corpo.

 Cerebelo – O cerebelo situa-se na parte posterior do cérebro. O cerebelo


controla o equilíbrio, bem como acções mais complexas, como andar e falar.
 Tronco Cerebral – O tronco cerebral liga o encéfalo à espinal medula. Controla
a fome, a sede, a respiração, a temperatura corporal, a pressão arterial e outras
funções básicas do corpo.

CANCRO DO CÉREBRO: GRAU DO TUMOR

Os tumores cerebrais são classificados de acordo com uma escala em graus: de baixo
grau (grau I) a alto grau (grau IV). O grau do tumor está relacionado com o aspecto das
células sob observação microscópica. As células de tumores de alto grau têm um
aspecto mais anómalo e tendem a crescer mais depressa do que as células de tumores de
baixo grau.

Tumores Cerebrais Primários

Os tumores com origem no tecido cerebral são conhecidos como tumores primários do
cérebro. Os tumores cerebrais primários são classificados de acordo com o tipo de
células ou com a parte do encéfalo onde tiveram origem. 
Os tumores cerebrais primários mais comuns são os gliomas, que têm início nas células
gliais. Existem vários tipos de gliomas:

Astrocitoma – Tumor que deriva das células gliais em forma de estrela, designadas por
astrócitos. Nos adultos, os astrocitomas desenvolvem-se mais frequentemente no
cérebro. Nas crianças, surgem geralmente no tronco cerebral, cérebro e cerebelo. O
astrocitoma de grau III é habitualmente designado por astrocitoma anaplásico. O
astrocitoma de grau IV é frequentemente designado por glioblastoma multiforme.

Glioma do tronco cerebral – Este tipo de tumor surge na zona inferior do encéfalo. Os
gliomas do tronco cerebral são diagnosticados sobretudo em crianças pequenas e
adultos de meia-idade.

Ependimoma – Tumor que se desenvolve a partir das células que revestem os


ventrículos ou o canal central da espinal medula. Desenvolvem-se mais frequentemente
em crianças e adultos jovens.

Oligodendroglioma – Este tumor raro tem origem nas células que constituem a
substância adiposa que envolve e protege os nervos. Em geral, estes tumores surgem no
cérebro. A sua progressão é lenta e habitualmente não se disseminam para os tecidos
cerebrais adjacentes. São mais frequentes em adultos de meia-idade.

Existem alguns tipos de tumores cerebrais que não têm origem nas células gliais, tais
como:

Meduloblastoma – Este tumor tem origem no cerebelo. É o tumor cerebral mais


comum em crianças, sendo, por vezes, designado por tumor neuroectodérmico
primitivo.

Meningioma – Este tumor desenvolve-se nas meninges. Habitualmente, o seu


crescimento é lento.

Schwannoma – Este tumor raro desenvolve-se a partir de uma célula de Schwann.


Estas células revestem o nervo que controla o equilíbrio e a audição. Este nervo está
localizado no ouvido. Este tumor também é designado por neuroma acústico e ocorre
mais frequentemente em adultos.
Craniofaringioma – Este tumor cresce na base do encéfalo junto à glândula pituitária.
Este tipo de tumor ocorre mais frequentemente em crianças.

Tumor de células germinais do cérebro – Este tumor tem origem nas células
germinais.  A maioria dos tumores de células germinais no encéfalo ocorrem em
pessoas com menos de 30 anos. O tipo de tumor de células germinais cerebral mais
comum é o germinoma.

Tumor da região pineal – Este tumor cerebral raro desenvolve-se na glândula pineal
ou perto dela. A glândula pineal está localizada entre o cérebro e o cerebelo.

Tumores Cerebrais Secundários

Quando o cancro atinge outra zona do organismo, a partir do seu local de origem, o
novo tumor tem o mesmo tipo de células e o mesmo nome que o tumor de origem. Um
cancro que se dissemina para o encéfalo, a partir de outra parte do corpo, é diferente do
tumor cerebral primário. Quando as células cancerígenas se disseminam para o
encéfalo, a partir de outro órgão (ex.: pulmão ou mama), o tumor passa a receber a
designação de tumor secundário ou tumor metastizado. Os tumores cerebrais
secundários são muito mais comuns do que os tumores primários.

CANCRO DO CÉREBRO: GRUPOS DE RISCO

Não se conhece com exactidão a causa dos tumores cerebrais. Os médicos raramente
conseguem explicar o porquê de algumas pessoas desenvolverem um tumor cerebral e
outras não. Contudo, sabe-se que não é uma doença contagiosa. Ninguém pode
“apanhar” a doença através de outra pessoa.

A investigação mostra que as pessoas com determinados factores de risco estão mais
predispostas a desenvolver tumores cerebrais do que outras. Um factor de risco é algo
que aumenta a possibilidade de se vir a desenvolver uma doença.

Os seguintes factores de risco estão associados a uma probabilidade acrescida de


desenvolver um tumor cerebral primário:
 Sexo – De modo geral, os tumores cerebrais são mais frequentes nos homens do
que nas mulheres. Contudo, os meningiomas ocorrem sobretudo em mulheres.
 Raça – Os tumores cerebrais surgem mais frequentemente em caucasianos do
que noutras raças.
 Idade – A maioria dos tumores cerebrais é detectada a partir dos 70 anos. No
entanto, os tumores cerebrais são o segundo tipo de cancro mais frequente nas
crianças.(a leucemia é o cancro mais frequente na infância). Os tumores
cerebrais são mais frequentes em crianças com menos de 8 anos.
 Antecedentes familiares – As pessoas com familiares que desenvolveram
gliomas podem ter maior probabilidade de desenvolver esta doença.

Exposição a radiação ou a certos químicos no local de trabalho.

 Radiação – Os trabalhadores da indústria nuclear apresentam um risco acrescido


de desenvolver um tumor cerebral.
 Formaldeído – Ospatologistas e embalsamadores que trabalhem com
formaldeído têm um risco acrescido de desenvolver um tumor cerebral. Não se
observou risco acrescido de desenvolver tumores cerebrais noutros trabalhadores
expostos ao formaldeído.
 Cloreto de Vinilo – Os trabalhadores da indústria de plástico podem estar
expostos ao cloreto de vinilo. Este químico pode aumentar o risco de
desenvolver tumores cerebrais.
 Acrilonitrilo – Os trabalhadores da indústria têxtil e dos plásticos podem estar
expostos ao acrilonitrilo. Este químico pode aumentar o risco de desenvolver
tumores cerebrais.

Prosseguem as investigações sobre a possível relação entre o uso de telemóveis e os


tumores cerebrais. Os estudos efectuados até à data não confirmam essa relação.

Também continua a ser alvo de estudo a possível causalidade entre os traumatismos


cranianos e o risco de desenvolver tumores cerebrais. Os estudos realizados até hoje não
estabeleceram essa relação.

Muitas pessoas que apresentam factores de risco conhecidos não desenvolvem tumores
cerebrais. Em contrapartida, muitas pessoas que desenvolvem a doença, não apresentam
factores de risco conhecidos. As pessoas que pensem estar em risco devem consultar o
seu médico. Este poderá sugerir formas de reduzir o risco e elaborar um calendário para
a realização de exames médicos.

CANCRO DO CÉREBRO: SINTOMAS DE ALERTA

Os sintomas dos tumores cerebrais dependem do tamanho, tipo e localização do tumor.


Os sintomas podem surgir quando o tumor comprime um nervo ou danifica determinada
área do encéfalo. Os sintomas podem ainda surgir quando o encéfalo incha ou o líquido
dentro do crânio aumenta.

Os sintomas mais frequentes dos tumores cerebrais são os seguintes:

 Dores de cabeça (geralmente mais fortes de manhã)


 Náuseas ou vómitos
 Alterações na fala, visão ou audição
 Dificuldade em manter o equilíbrio ou andar
 Alterações de humor, personalidade ou capacidade de concentração
 Problemas de memória
 Espasmos ou tremores musculares (ataques epilépticos convulsões)
 Enfraquecimento ou formigueiro nos braços ou pernas

Estes sintomas não constituem sinais óbvios da existência de tumor cerebral, uma vez
que podem dever-se a outras situações. As pessoas que apresentarem estes sintomas
devem consultar o seu médico o mais rapidamente possível. Estes problemas só podem
ser diagnosticados e tratados por um médico.

CANCRO DO CÉREBRO: FORMAS DE DIAGNÓSTICO

As pessoas que apresentem sintomas indicativos de tumor cerebral, poderão ter de


realizar um ou mais dos seguintes procedimentos:

 Exame físico – O médico verifica os sinais gerais de saúde.


 Exame neurológico – O médico verifica a agilidade, força muscular,
coordenação, reflexos e resposta à dor. O médico também examina os olhos para
identificar edemas que possam ser provocados pela compressão do tumor no
nervo óptico, que liga o olho ao encéfalo.
 TAC – Através de um aparelho de raios X ligado a um computador, é possível
obter várias imagens da cabeça. Poderá ser administrado material de contraste
para se observar o encéfalo com maior nitidez. O material de contraste permite
observar os órgãos e os tecidos de tumores cerebrais.
 RM – Um íman gigante ligado a um computador permite obter imagens
detalhadas do interior do corpo. Estas imagens são visualizadas num monitor e
podem ser impressas. Por vezes, é injectado um contraste para ajudar a
visualizar diferenças nos tecidos cerebrais. As imagens podem evidenciar um
tumor ou outro problema cerebral.

O médico poderá solicitar outros exames:

 Angiograma – Para este procedimento é injectado na corrente sanguínea um


contraste que permite observar os vasos sanguíneos cerebrais no raio X. Se
existir um tumor poderá ser visualizado no raio X.
 Raio X craniano – Alguns tipos de tumores cerebrais causam depósitos de
cálcio no encéfalo ou alterações nos ossos cranianos. Através de raio X, o
médico pode observar estas alterações.
 Punção lombar – Trata-se da colheita de uma amostra de líquido
cefalorraquidiano (líquido que preenche os espaços dentro e em redor do
encéfalo e da espinal medula).  Para a realização deste procedimento é
administrada anestesia local. O médico utiliza uma agulha fina e comprida para
recolher líquido da espinal medula, procedimento que demora cerca de 30
minutos. O doente deve permanecer deitado durante várias horas após a punção,
de modo a evitar dores de cabeça. No laboratório, é verificada a existência de
células cancerígenas no líquido ou outros sinais de doença.
 Mielograma – Trata-se de um raio X da coluna vertebral. Efectua-se uma
punção lombar para injectar um corante especial no líquido cefalorraquidiano. O
doente deverá estar inclinado para que a solução corante se misture com o
líquido. Este exame possibilita ao médico detectar um tumor na espinal medula.
 Biópsia – À colheita de tecidos para se determinar a presença de células
cancerígenas dá-se o nome de biópsia. As células são observadas ao microscópio
por um patologia no sentido de detectar a existência de células anómalas. A
biópsia pode revelar a presença de cancro, alterações nos tecidos passíveis de
provocar cancro, bem como outras situações. A biópsia é o único método seguro
para diagnosticar um tumor cerebral.

Os cirurgiões têm ao seu dispor três formas de colher tecidos:

 Biópsia aspirativa – O cirurgião realiza uma pequena incisão no couro


cabeludo e efectua um pequeno orifício no crânio. Esta abertura é designada por
orifício de trepanação. O médico faz passar uma agulha através do orifício de
trepanação e recolhe uma amostra de tecido do tumor cerebral.
 Biópsia estereotáxica – Um dispositivo de imagiologia, como a TAC ou a RM,
guia a agulha através do orifício de trepanação até ao local do tumor. O cirurgião
recolhe uma amostra de tecido com a agulha.
 Biópsia em simultâneo com o tratamento – Por vezes, o cirurgião recolhe uma
amostra de tecido enquanto o doente é submetido à cirurgia para remover o
tumor.

Por vezes, não é possível efectuar uma biópsia. Se o tumor estiver localizado no tronco
cerebral ou em determinadas áreas, o cirurgião poderá não conseguir remover tecido do
tumor sem lesionar o tecido cerebral normal. Em alternativa, o médico recorre à RM,
TAC ou a outros exames imagiológicos.

Um doente que necessite de biópsia poderá colocar ao médico algumas questões:

 Por que razão tenho de realizar uma biópsia? De que modo irá a biópsia afectar
o meu tratamento?
 Que tipo de biópsia será efectuada?
 Quanto tempo demorará? Vou estar acordado durante o procedimento? É
doloroso?
 Quais são as probabilidades de ocorrer uma infecção ou hemorragia depois da
biópsia? Existem outros riscos?
 Os resultados demoram muito?
 Se tiver um tumor cerebral, quem falará comigo sobre o tratamento? Quando?

O TRATAMENTO DO CANCRO DO CÉREBRO

Muitos doentes com tumores cerebrais exigem ter um papel activo nas decisões sobre os
cuidados médicos que lhes são prestados. Querem estar o mais informados possível
sobre a sua doença e as opções de tratamento. Contudo, o choque e a tensão que as
pessoas habitualmente sentem após um diagnóstico de cancro fazem com que seja difícil
pensar em tudo o que gostariam de perguntar ao médico. Muitas vezes, é útil preparar
uma lista de perguntas antes da consulta. Para ajudar a relembrar o que o médico disse,
os doentes podem tirar apontamentos ou pedir autorização para utilizar um gravador.
Alguns doentes querem ainda ter consigo um familiar ou amigo quando falam com o
médico – para participar na discussão, tomar notas ou simplesmente ouvir.

O médico pode encaminhar o doente para um especialista ou o próprio doente pode


solicitar esse encaminhamento.

Os especialistas que tratam tumores cerebrais são os neurocirurgiões, neuro-


oncologistas, oncologistas e radioterapeutas. O doente pode ser reencaminhado para
outro profissional de saúde que faça parte da equipa. A equipa médica pode ser
constituída por um enfermeiro, um nutricionista, um psicólogo, um assistente social, um
fisioterapeuta, um terapeuta ocupacional e um terapeuta da fala. As crianças poderão
necessitar de alguém que as ajude nos trabalhos escolares.

Obter uma Segunda Opinião

Antes de iniciar o tratamento, o doente pode querer uma segunda opinião relativamente
ao diagnóstico e ao plano de tratamento. Existem várias formas de encontrar um médico
para obter uma segunda opinião:

O seu médico pode encaminhá-la para um ou mais especialistas. Nos centros de


oncologia, vários especialistas trabalham em equipa.

Preparação para o Tratamento


O médico pode descrever as opções de tratamento e discutir os resultados esperados
para cada opção. O médico e o doente podem trabalhar em conjunto no
desenvolvimento de um plano terapêutico adaptado às necessidades do doente.

O tratamento depende de vários factores, designadamente o tipo, localização, tamanho e


grau do tumor. Em certos tipos de tumor cerebral, o médico também necessita de saber
se foram identificadas células cancerígenas no líquido cefalorraquidiano.

Estas são algumas das questões que o doente poderá querer colocar ao médico antes de
iniciar o tratamento:

 Qual é o meu tipo de tumor?


 Trata-se de um tumor benigno ou maligno?
 Qual é o grau do tumor?
 Quais são as minhas opções de tratamento? O que é que me recomenda?
Porquê?
 Que benefícios posso esperar de cada tipo de tratamento?
 Quais são os riscos e possíveis efeitos secundários dos tratamentos?
 Qual é o custo estimado do tratamento?
 De que forma é que o tratamento afectará as minhas actividades normais?
 A participação num ensaio clínico (estudo de pesquisa) poderá ter interesse para
mim? Pode ajudar-me a encontrar um?

CANCRO DO CÉREBRO: MÉTODOS DE TRATAMENTO

Os doentes com tumores cerebrais dispõem de várias opções de tratamento. Consoante o


tipo de tumor e o seu estadio, os doentes podem ser submetidos a cirurgia,
radioterapia ou quimioterapia. Alguns doentes recebem um tratamento combinado.

Em qualquer estadio de evolução da doença, os doentes podem receber tratamento para


controlar a dor e outros sintomas, para atenuar os efeitos secundários do tratamento e
para reduzir os problemas emocionais. Este tipo de tratamento é designado por controlo
dos sintomas, cuidados de suporte ou cuidados paliativos.

O médico é a pessoa mais indicada para descrever as opções de tratamento e discutir os


resultados esperados.

O doente pode querer debater com o seu médico a possível participação num ensaio
clínico, ou seja, num estudo de investigação de novos métodos de tratamento.

A cirurgia é um tratamento comum para a maior parte dos tumores cerebrais. A


cirurgia para abrir o crânio é designada por craniotomia. Este procedimento é realizado
mediante anestesia geral. Antes de iniciar a cirurgia, o couro cabeludo é rapado; o
cirurgião efectua então uma incisão no couro cabeludo e utiliza um tipo especial de
serra para remover um osso do crânio. Depois de remover parte ou a totalidade do
tumor, o cirurgião cobre a abertura do crânio com o osso removido ou com uma peça
metálica ou de tecido. Por fim, o cirurgião fecha a incisão do couro cabeludo.

Estas são algumas das questões que o doente poderá querer colocar ao médico antes da
cirurgia:

 Como me irei sentir depois da operação?


 Se tiver dores, o que é que pode fazer?
 Quanto tempo terei de ficar no hospital?
 Terei alguns efeitos a longo prazo? O meu cabelo volta a crescer? Podem
ocorrer efeitos secundários devidos ao uso de metal ou tecido para substituir o
osso do crânio?
 Quando posso retomar as minhas actividades habituais?
 Qual é a probabilidade de recuperar totalmente?

Por vezes, não é possível realizar a cirurgia. Se o tumor estiver localizado no tronco
cerebral ou noutras áreas, o cirurgião poderá não conseguir remover o tumor sem
lesionar o tecido cerebral normal. Os doentes que não podem ser submetidos a cirurgia,
são tratados com radiação ou outras abordagens.

A radioterapia (terapia por radiação) utiliza raios de alta energia para matar  as células
cancerígenas. A radiação é emitida a partir de raios X, raios gama ou protões. Um
aparelho de grande dimensão dirige a radiação para o tumor e para os tecidos
adjacentes. Por vezes, a radiação pode ser direccionada para todo o encéfalo ou para a
espinal medula.

Geralmente, a terapia por radiação é efectuada depois da cirurgia. A radiação mata as


células tumorais que possam ter permanecido nessa região. Os doentes que não podem
ser submetidos a cirurgia são muitas vezes tratados com radiação.

Este tipo de tratamento é efectuado num hospital ou clínica. A calendarização do


tratamento depende do tipo e dimensão do tumor, bem como da idade do doente. Cada
sessão demora apenas alguns minutos.

Devem ser tomadas medidas para proteger o tecido saudável em redor do tumor
cerebral:

 Fraccionamento – Geralmente, a radioterapia é administrada 5 dias por semana,


durante várias semanas. A administração da dose total de radiação por um
período prolongado ajuda a proteger os tecidos saudáveis na área do tumor.
 Hiperfraccionamento – Nesta caso, são administradas ao doente doses menores
de radiação, duas ou três vezes por dia, em vez de uma dose diária mais elevada.
 Terapia por radiação estereotáxica – Feixes estreitos de radiação são
direccionados para o tumor, a partir de diferentes ângulos. Para este
procedimento, é utilizada uma armação rígida para a cabeça do doente. A
ressonância magnética (RM) ou TAC criam imagens com a localização exacta
do tumor. O médico utiliza o computador para decidir qual a dose de radiação
necessária, bem como o tamanho e os ângulos dos feixes. Esta terapia pode ser
administrada numa única consulta ou em várias.
 Terapia por radiação tridimensional conformada – O computador cria uma
imagem tridimensional do tumor e do tecido cerebral circundante. O médico
dirige múltiplos feixes de radiação para o local exacto do tumor. A focagem
precisa dos feixes de radiação protege os tecidos cerebrais normais.
 Terapia por radiação com feixe de protões – Neste caso, a fonte de radiação
são os protões, em vez dos raios X. O médico dirige os feixes de protões para o
tumor. Os protões conseguem atravessar os tecidos saudáveis sem os danificar.
Estas são algumas das questões que o doente poderá querer colocar ao médico sobre a
radioterapia:

 Por que necessito desta terapia?


 Quando começarão os tratamentos? Quando terminarão?
 Como me irei sentir durante a terapia? Existem efeitos secundários?
 Que cuidados devo ter comigo durante o tratamento?
 Como sabemos se a radiação está a resultar?
 Poderei realizar as minhas actividades habituais durante o tratamento?

Quimioterapia (QT) – esta abordagem utiliza fármacos para matar células


cancerígenas, e é também utilizada no tratamento de tumores cerebrais. Os fármacos
podem ser administrados por via oral ou injectável. Em ambos os casos, os fármacos
entram na corrente sanguínea e circulam pelo corpo. Em geral, são administrados em
ciclos, de modo a que haja um período de recuperação a seguir a cada período de
tratamento.

A quimioterapia pode ser administrada no hospital, em regime ambulatório, no


consultório médico ou em casa. O doente raramente necessita de ficar hospitalizado.

As crianças têm maior probabilidades de serem submetidas a quimioterapia do que os


adultos. No entanto, os adultos podem receber quimioterapia após a cirurgia e a
radioterapia.

Em alguns doentes com cancro cerebral recorrente, o cirurgião remove o tumor e


implanta vários discos contendo quimioterapia. Cada disco é mais ou menos do
tamanho de uma moeda. O disco dissolve-se ao longo de várias semanas, libertando o
fármaco no encéfalo para matar as células cancerígenas.

Os doentes poderão querer colocar as seguintes perguntas sobre quimioterapia:

 Por que razão preciso deste tratamento?


 Que efeito terá?
 Tem efeitos secundários? O que posso fazer para os minimizar?
 Quando começará o tratamento? Quando terminará?
 Com que frequência terei de realizar exames médicos completos?
EFEITOS SECUNDÁRIOS POSSÍVEIS

Tendo em conta que o tratamento pode danificar células e tecidos saudáveis, é possível
que ocorram efeitos secundários. Estes efeitos secundários dependem de diversos
factores, designadamente a localização e o tipo de tumor, e a extensão do tratamento. Os
efeitos secundários não são semelhantes em todas as pessoas, podendo, inclusivamente,
variar entre as diversas sessões de tratamento. Antes de iniciar o tratamento, os médicos
e enfermeiros explicarão quais são os possíveis efeitos secundários resultantes do
tratamento e como lidar com eles.

Cirurgia

Nos primeiros dias após a cirurgia, os doentes sentem habitualmente dores de cabeça ou
desconforto, que podem ser controlados com medicação. Os doentes não devem ter
receio de falar com o médico ou enfermeiro sobre as formas de aliviar a dor.

Também é normal que os doentes se sintam cansados ou débeis. O tempo de


recuperação após uma operação varia de doente para doente.

Também podem ocorrer outras complicações menos comuns.

A quantidade de sangue ou de líquido cefalorraquidiano pode aumentar no encéfalo. A


este inchaço dá-se o nome de edema. A equipa médica monitoriza os doentes para
detectar sinais destas complicações. Podem ser administrados esteróides ao doente para
aliviar este inchaço. Pode ser necessária uma segunda cirurgia para drenar o líquido. O
cirurgião coloca um tubo fino e comprido (shunt) num ventrículo cerebral. Este tubo é
ligado, por baixo da pele, a outra zona, geralmente o abdómen. O líquido em excesso é
retirado do encéfalo e drenado para o interior do abdómen, ou eventualmente para o
coração.

As infecções são outra possível complicação que pode surgir após a cirurgia. Se tal
acontecer, o doente deverá ser tratado com um antibiótico.

A cirurgia cerebral pode danificar o tecido cerebral normal, o que constitui um


problema grave. O doente pode ter dificuldade em pensar, ver ou falar e, ainda, sofrer
alterações de personalidade ou ataques epilépticos. A maioria destes problemas diminui
ou desaparece com o tempo. No entanto, os danos cerebrais podem ser permanentes, o
que leva o doente a recorrer a fisioterapia, terapia da fala ou terapia ocupacional.

Radioterapia

Depois do tratamento, alguns doentes têm náuseas durante várias horas. A equipa
médica pode sugerir soluções para ajudar o doente a lidar com estes problemas. A
radioterapia pode, ainda, causar uma grande fadiga à medida que o tratamento decorre.
É fundamental repousar, embora os médicos aconselhem os doentes a permanecer o
mais activos possível.

Na maioria dos casos, a radioterapia causa queda de cabelo, embora este volte a crescer
após alguns meses. A radioterapia pode também provocar alterações cutâneas na região
tratada. O couro cabeludo e as orelhas podem ficar avermelhados, secos e sensíveis. A
equipa médica pode sugerir aos doentes formas de aliviar estes problemas.

A radioterapia pode também originar um inchaço nos tecidos cerebrais. Os doentes


podem ter dores de cabeça ou uma sensação de pressão. A equipa médica deverá
controlar estes sintomas com medicação, de forma a reduzir o desconforto.

A radiação pode destruir tecidos cerebrais saudáveis. A este efeito secundário dá-se o
nome de necrose por radiação. A necrose pode causar dores de cabeça, ataques
epilépticos ou até levar à morte do doente.

Nas crianças, a radiação pode danificar a glândula pituitária, bem como outras áreas do
encéfalo, daí resultando dificuldades de aprendizagem ou atraso no crescimento e
desenvolvimento. A radiação durante a infância aumenta o risco de desenvolvimento de
futuros tumores secundários. Prossegue a investigação para determinar se, em vez da
radioterapia, as crianças com tumores cerebrais podem receber quimioterapia.

Os efeitos secundários podem ser mais graves se a quimioterapia e a radioterapia forem


administradas simultaneamente. O médico pode sugerir formas de prevenir estas
complicações.

Quimioterapia
Os efeitos secundários da quimioterapia dependem sobretudo dos fármacos utilizados.
Os efeitos secundários mais frequentes são: febre e arrepios, náuseas e vómitos, perda
de apetite e fraqueza. Alguns efeitos secundários podem ser aliviados com
medicamentos.

Os doentes que coloquem um implante (ou disco) com fármaco são monitorizados pela
equipa médica para detectar quaisquer sinais de infecção pós-operatória. As infecções
podem ser tratadas com antibióticos.

CANCRO DO CÉREBRO: CUIDADOS DE SUPORTE

Em qualquer estadio da doença, as pessoas com tumores cerebrais recebem cuidados de


suporte para prevenir ou controlar as complicações que possam surgir e melhorar o seu
conforto e qualidade de vida durante o tratamento. Os doentes podem ser submetidos a
tratamentos para controlar a dor e outros sintomas associados ao tumor cerebral, para
aliviar os efeitos secundários da terapia ou para minimizar os problemas emocionais.

Estes são alguns tipos de cuidados de suporte para pessoas com tumores cerebrais:

 Esteróides – A maior parte dos doentes com tumores cerebrais necessita de


esteróides para atenuar o edema cerebral.
 Medicamentos antiespasmódicos – Os tumores cerebrais podem causar ataques
epilépticos. Os doentes podem tomar medicamentos anti-espasmódicos, de modo
a prevenir ou controlar estes ataques.
 Shunt – Se o líquido aumentar no encéfalo, o cirurgião pode colocar um shunt
para o drenar.

Muitas pessoas com tumores cerebrais recebem cuidados de suporte, simultaneamente


com tratamentos destinados a retardar a progressão da doença. Outras pessoas optam
por não efectuar tratamento antitumoral, recebendo apenas cuidados de suporte para
lidar com os sintomas.
CANCRO DO CÉREBRO: A REABILITAÇÃO

A reabilitação pode constituir uma etapa fundamental do plano terapêutico. Os


objectivos da reabilitação dependem das necessidades do doente e dos efeitos do tumor
nas suas actividades diárias. A equipa médica pode ajudar o doente a retomar as suas
actividades normais o quanto antes. Vários tipos de terapeutas podem ajudar:

 Fisioterapeutas – Os tumores cerebrais e seu tratamento podem provocar


paralisia, para além de fraqueza e perturbações do equilíbrio. Os fisioterapeutas
ajudam os doentes a recuperar a força e o equilíbrio.
 Terapeutas da fala – Os terapeutas da fala ajudam os doentes com dificuldade
em falar, exprimir pensamentos ou engolir.
 Terapeutas ocupacionais – Os terapeutas ocupacionais ajudam os doentes a
aprender a levar a cabo as actividades do quotidiano, como comer, ir à casa de
banho, tomar banho e vestir-se.

As crianças com tumores cerebrais podem ter necessidades especiais. Por vezes, as
crianças dispõem de explicadores no hospital ou em casa. As crianças com dificuldades
de aprendizagem ou memória poderão ter de recorrer a explicadores ou integrar turmas
especiais quando voltam para a escola.

CANCRO DO CÉREBRO: CUIDADOS DE ACOMPANHAMENTO (FOLLOW-UP)

Depois do tratamento de um tumor cerebral é fundamental o acompanhamento regular.


O médico examina atentamente o doente para se certificar de que não houve recidiva ou
recorrência do tumor. O exame médico completo pode incluir exames físicos e
neurológicos minuciosos. Periodicamente o doente poderá realizar uma RM ou TAC. Se
o doente tiver um shunt, o médico verificará o seu funcionamento correcto. O médico
explicará o plano de acompanhamento: frequência com que o doente deve voltar ao
médico e quais os exames necessários.
Cancro e outros tumores da boca

As formas de cancro da cavidade bucal manifestam-se numa percentagem muito


elevada de pessoas. É também muito frequente, comparado com outros cancros e
considerando o tamanho pequeno da boca relativamente ao resto do corpo. Juntamente
com o cancro do pulmão e da pele, o cancro da boca é mais fácil de prevenir do que
muitos outros.

Os tumores não cancerosos (benignos) e cancerosos (malignos) podem ter origem em


qualquer tipo de tecido na boca e à volta da mesma, incluindo ossos, músculos e nervos.
O cancro que tem origem no revestimento interno da boca ou nos tecidos superficiais
chama-se carcinoma; o cancro originado nos tecidos mais profundos chama-se sarcoma.
Só em raras ocasiões as formas de cancro da região bucal são consequência da
propagação de um cancro de outras partes do organismo, sendo os pulmões, as mamas e
a próstata as mais comuns.

O exame físico para detectar o cancro da boca deve constituir uma parte integral dos
exames médicos e odontológicos, dado que é fundamental a sua detecção prematura.
Geralmente, as formas cancerosas com menos de 15 mm de diâmetro podem curar-se
facilmente. Infelizmente, a maioria das formas de cancro da boca diagnosticam-se
somente quando o cancro já se propagou aos gânglios linfáticos do maxilar e do
pescoço. Devido à detecção tardia, 25 % dos casos de cancro da boca são mortais.

Factores de risco

O risco de cancro da boca é maior nos fumadores ou em pessoas que consomem bebidas
alcoólicas. É provável que a causa do cancro se deva à combinação de álcool e de
tabaco, mais do que a um destes factores separadamente. Dois terços dos casos de
cancro da boca afectam os homens, mas o hábito do tabaco entre as mulheres, cada vez
mais espalhado durante as últimas décadas, faz com que esta diferença vá
desaparecendo gradualmente.

O cigarro é uma das causas mais prováveis de cancro da boca, mais do que fumar
charutos ou cachimbo. Uma zona castanha, plana e sardenta (a mancha do fumador)
pode aparecer nos lábios sobre o ponto onde habitualmente se segura o cachimbo ou o
cigarro. Somente uma biopsia (extracção de uma amostra de tecido para o seu exame ao
microscópio) pode determinar se a mancha é cancerosa.

As irritações repetidas que os bordos de um dente partido podem causar, as obturações


ou a prótese dentária (como coroas e pontes) podem aumentar o risco de cancro da boca.
As pessoas que sofreram de algum tipo de cancro oral estão sujeitas a um maior risco de
contrair outras formas de cancro.

Sintomas e diagnóstico

O cancro da boca aparece com maior frequência nos lados da língua, no pavimento da
boca e na parte posterior do palato (palato mole). As formas cancerosas da língua e do
pavimento da boca são habitualmente carcinomas de células escamosas. O sarcoma de
Kaposi é um cancro dos vasos sanguíneos próximos da pele. É mais frequente na boca,
habitualmente no palato das pessoas que sofrem de SIDA.

O cancro localiza-se frequentemente no interior das bochechas e dos lábios das pessoas
que mascam e aspiram tabaco. Estas formas de cancro são muitas vezes carcinomas
verrugosos de crescimento lento.

O melanoma, um cancro que habitualmente se desenvolve na pele, aparece com menor


frequência na boca. Recomenda-se a ida ao médico, ou ao dentista, se alguma zona da
boca apresentar uma alteração de cor recente, parda ou escura, dado que pode tratar-se
de um melanoma. No entanto, não se deve confundir um melanoma com as áreas de
pigmentação normal da boca, como acontece com algumas famílias, particularmente
entre as pessoas de pele escura e algumas populações do Mediterrâneo.

Língua

O cancro da língua é invariavelmente indolor na sua fase inicial e detecta-se


habitualmente durante um exame odontológico de rotina.

É característico o cancro aparecer nos lados da língua, embora raramente se desenvolva


por cima desta, com excepção de alguém afectado durante anos por sífilis não tratada.
Os carcinomas de células escamosas da língua muitas vezes aparecem como úlceras
abertas e tendem a crescer para dentro das estruturas subjacentes.
Uma zona avermelhada na boca (eritroplasia) é uma lesão precursora de cancro.
Alguém a quem apareça uma zona avermelhada nos bordos da língua deve dirigir-se ao
médico ou ao dentista.

Pavimento da boca

O cancro do pavimento da boca é invariavelmente indolor na sua fase inicial e,


geralmente, detecta-se durante um exame odontológico de rotina. Tal como o cancro da
língua, esta forma de cancro é habitualmente um carcinoma de células escamosas que
tem um aspecto de úlceras abertas e tende a crescer para dentro das estruturas
subjacentes.

Alguém a quem apareça uma zona avermelhada (eritroplasia) no pavimento da boca


deve dirigir-se ao médico ou ao dentista porque isso pode indicar a existência de um
cancro. 

Palato mole

O cancro do palato mole pode ser um carcinoma de células escamosas ou um cancro


que começa nas pequenas glândulas salivares do palato mole. O carcinoma de células
escamosas muitas vezes tem o aspecto de uma úlcera. Frequentemente, o cancro que
começa nas pequenas glândulas salivares aparece como uma inflamação ligeira.

Revestimento da boca

Quando o revestimento interno da boca (mucosa bucal) se irrita durante muito tempo,
pode desenvolver-se uma mancha branca e plana que não sai esfregando (leucoplasia).
O ponto irritado aparece branco porque se trata de uma camada espessada de uma
substância chamada queratina que cobre a parte mais externa da pele e que normalmente
é menos abundante no revestimento da boca. Ao contrário de outras áreas brancas que
se desenvolvem na boca, geralmente pela acumulação de alimentos, bactérias ou fungos,
a leucoplasia não se pode limpar. Quase sempre a leucoplasia é o resultado de uma
resposta de protecção normal da boca contra outras feridas. Mas no processo de
formação desta cobertura protectora, algumas células podem transformar-se em
cancerosas.

Em contraste, uma zona avermelhada da boca (eritroplasia) aparece em consequência de


um adelgaçamento da mucosa bucal. A zona aparece vermelha porque os capilares
subjacentes são mais visíveis. A eritroplasia é uma lesão que precede um cancro de um
modo muito mais alarmante que a leucoplasia. A pessoa que tenha qualquer área
vermelha na boca deve dirigir-se ao médico ou ao dentista.

Uma úlcera é uma ferida que se forma no revestimento da boca quando a camada das
células superiores se deteriora, deixando ver o tecido subjacente. A úlcera é branca,
devido às células mortas que estão no interior da ferida. As úlceras da boca são, com
frequência,. o resultado da irritação ou de uma ferida nos tecidos, por exemplo, quando
se morde acidentalmente ou se lesiona a parte interna da bochecha. Outras causas são as
aftas e as substâncias irritantes, como a aspirina no caso de se manter contra as
gengivas. As úlceras não cancerosas são invariavelmente dolorosas. Uma úlcera que não
doa e dure mais de 10 dias pode ser pré-cancerosa ou cancerosa e deve ser examinada
por um médico ou um dentista.

Uma pessoa que masque tabaco ou use rapé pode desenvolver um rebordo branco com
cristas na parte interna das bochechas. Estas tumefacções podem transformar-se num
carcinoma verrugoso.

Gengivas

Uma tumefacção visível ou uma zona elevada na gengiva não é causa de alarme. No
entanto, se tais factores não forem consequência de abcessos periodontais ou do abcesso
de um dente, pode tratar-se de um tumor não canceroso provocado por irritação. Os
tumores não cancerosos são relativamente frequentes e, se for necessário, podem
extirpar-se facilmente por cirurgia. Dado que o factor de irrigação permanece, as
recidivas dos tumores não cancerosos apresentam-se entre 10 % e 40 % das pessoas. Se
o factor irritante for uma dentadura postiça mal adaptada, esta deve ajustar-se ou ser
substituída.

Lábios

Os lábios, com maior frequência o inferior, podem sofrer danos pelo sol (queilose
actínica), que se manifesta com gretas nos lábios e alteração da cor (de vermelho,
branco ou vermelho-esbranquiçado ao mesmo tempo). O médico, ou o dentista, pode
fazer uma biopsia para determinar se estas manchas desiguais são cancerosas. Em
climas soalheiros é mais comum o cancro da parte externa do lábio. O cancro do lábio e
de outras partes da boca é muitas vezes duro ao tacto e está aderente ao tecido
subjacente, enquanto a maioria das tumefacções não cancerosas nestas zonas se movem
com facilidade. As anomalias do lábio superior são menos comuns do que as do lábio
inferior, mas são mais propensas a transformarem-se num cancro e requerem cuidados
médicos.

Uma pessoa que masca ou aspira tabaco pode desenvolver bordos brancos com cristas
na parte interna dos lábios, que podem transformar-se num carcinoma verrugoso.

Cancro ao nível do lábio inferior

Glândulas salivares

Os tumores das glândulas salivares podem ser cancerosos ou não cancerosos. Podem
surgir em qualquer dos três pares das principais glândulas salivares: a glândula parótida
(na parte lateral da cara, em frente do ouvido), a glândula submaxilar (debaixo da parte
lateral do maxilar inferior) ou a glândula sublingual (no pavimento da boca em frente da
língua). Podem também desenvolver-se tumores nas glândulas salivares menores, que
estão dispersas por todo o revestimento da boca. O crescimento inicial dos tumores das
glândulas salivares pode ser doloroso ou não. Os tumores cancerosos tendem a crescer
rapidamente e são duros ao tacto. 

Maxilar inferior

Vários tipos de quistos não cancerosos provocam dor e inchaço no maxilar inferior.
Muitas vezes, estão próximos de um molar do siso que não se pode desenvolver, por ser
impedido pelo próprio maxilar, e, embora não sejam cancerosos, podem destruir áreas
consideráveis do maxilar à medida que se propagam. Certos tipos de quistos são mais
propensos a repetir-se. Os odontomas são tumores duros não cancerosos, de estrutura
parecida com a do dente e com o aspecto de pequenos dentes adicionais e deformados.
Dado que podem ocupar o lugar dos dentes normais ou interferir no seu crescimento,
muitas vezes têm de ser extraídos cirurgicamente.

Frequentemente, o cancro do maxilar inferior produz dor e um mal-estar parecido com a


sensação de um anestésico bucal à medida que vai perdendo o seu efeito. Geralmente, as
radiografias não distinguem o cancro do maxilar dos quistos, tumores ósseos não
cancerosos, nem das formas cancerosas que se propagaram de outras partes do
organismo. No entanto, as radiografias habitualmente detectam os bordos irregulares do
cancro do maxilar e podem mostrar se o cancro consumiu as raízes dos dentes mais
próximos. Geralmente, para confirmar um diagnóstico de cancro do maxilar, requer-se
uma biopsia (extracção de uma amostra de tecido e o seu exame ao microscópio).

Tumor unilateral da parótida que provoca uma paralisia facial do lado esquerdo

Prevenção e tratamento

O risco de cancro dos lábios reduz-se protegendo-se do sol. Evitar o consumo excessivo
de álcool e de tabaco pode prevenir a maioria das formas de cancro da boca. Outra das
medidas preventivas consiste em reparar os bordos ásperos de dentes quebrados ou das
obturações. Alguma evidência indica que as vitaminas antioxidantes, como as vitaminas
C e E e os betacarotenos, podem servir de protecção adicional, mas necessita-se de mais
estudos a esse respeito. Se os danos do sol afectam uma extensa área dos lábios, uma
raspagem que retire toda a superfície externa, com meios cirúrgicos ou com raios laser,
pode prevenir a evolução para formas de cancro.

A eficácia do tratamento de cancro bucolabial depende em grande medida da sua


evolução. É raro que o cancro da boca se propague a outros pontos do organismo; no
entanto, tende a invadir a cabeça e o pescoço. Se se extirparem a totalidade do cancro e
os tecidos normais circundantes antes de o cancro se ter propagado para os gânglios
linfáticos, a possibilidade de cura é alta. Se o cancro se propagou aos gânglios
linfáticos, a cura é muito menos provável. Durante a intervenção cirúrgica extirpam-se,
para além do cancro, os gânglios por baixo e à frente do maxilar inferior e os que se
encontram ao longo do pescoço. A cirurgia para as formas de cancro da boca pode ser
desfigurante e psicologicamente traumática.

Uma pessoa com cancro da boca ou da garganta pode receber radioterapia e cirurgia ou
apenas radioterapia. A radioterapia destrói muitas vezes as células salivares, deixando a
boca seca, o que pode trazer cáries e outros problemas dentários. Dado que os maxilares
não saram bem quando são expostos à radiação, os problemas dentários tratam-se antes
de administrar a radiação. Qualquer dente que possa ser problemático extrai-se,
deixando decorrer o tempo necessário para a sua cicatrização. Uma boa higiene dentária
é importante para as pessoas que recebem radioterapia por causa do cancro da boca.
Esta higiene consiste em exames periódicos e um meticuloso cuidado em casa, com
aplicações diárias de flúor. Depois de uma extracção, a terapia hiperbárica de oxigénio
pode contribuir para o restabelecimento do maxilar.

O benefício terapêutico da quimioterapia é limitado para o cancro da boca. As pedras


angulares do tratamento são a cirurgia e a radioterapia.

Cancro do lábio, língua, gengivas e piso da boca são os tipos mais comuns de cancro da
boca. Menos frequentemente que envolve o interior das bochechas ou ao paladar.
Também pode começar em uma das glândulas salivares, ou se espalhar para a boca em
torno de áreas como a garganta ou do nariz.

Tal como acontece com muitas formas de cancro, o diagnóstico precoce é importante
para maximizar os benefícios de qualquer tratamento, para reduzir as chances de o
câncer espalhar para outras partes do corpo, e para evitar a expressão facial
disfigurements e dificuldades.

De acordo com estatísticas recolhidas pelo Cancer Investigação Reino Unido, da boca
cancros são duas vezes mais comum em homens como mulheres. Por outro lado, é mais
provável que as pessoas afectadas com mais de 40 anos. No entanto, pesquisa recente
mostra que é cada vez mais comum em pacientes mais jovens e mulher. No Reino
Unido há mais de 4,300 novos casos de cancro da boca diagnóstico, e mais de 1700
pessoas morrem a partir da condição, todos os anos.

Sintomas:

Qualquer caroços ou manchas na boca que permanecerá por muito tempo e não
apresentam qualquer sinal de curso de distância devem ser verificados por um
profissional da saúde (médico, dentista ou especialista). Do mesmo modo, qualquer
crack, úlcera ou fixos nos lábios ou no interior da boca que não se curam, mesmo que
indolor, deve ser examinada.

Um desenvolvimento tumor pode causar nenhuma dor, mas pode estender e formar
úlceras, que podem sangrar. Cancros da língua tendem a ser dolorosas e causar a língua
para sentir unnaturally rígida e inflexível. Pode haver dificuldade em falar corretamente
ou em engolir, e uma sensação de dormência podem ocorrer.

Se persistentes manchas brancas (leucoplasias) ou manchas vermelhas (erythroplakia)


aparecem no interior da boca, estes devem ser levados ao conhecimento do seu médico
ou dentista, que possam ser reconhecidas as condições pré-cancerosas (condições que
são susceptíveis de ser seguida pela desenvolvimento de cancro).

O tratamento geralmente consiste de remoção cirúrgica de todos os tecidos cancerosos,


radioterapia (utilizando radiação para destruir células cancerígenas), quimioterapia (uso
de drogas que atacam o cancro, ou uma combinação destes. Um novo tratamento
chamado Terapia Fotodinâmica (PDT) também está sendo usado em alguns tipos de
cancro da boca. Este utiliza uma luz laser e sensíveis à luz droga para destruir células
cancerígenas.
Quando é tratada precoce do cancro oral as perspectivas para a recuperação é boa. Após
a cirurgia, poderá ser necessário efectuar algumas cirurgia reconstrutiva sobre os tecidos
moles ou pele, ou em substituição de ossos com próteses (substitutos artificiais).
Odontologia Restauradora, intervenção terapêutica e aconselhamento dietético pode ser
exigida para aqueles cujas bocas foram alterados pelo tratamento. Apoio psicológico
também pode ser exigida para aqueles cuja aparência ou discurso que tenha alterado ou
encontrar o tratamento particularmente preocupante.

Este tipo de câncer não é dos mais freqüentes, representando menos de 5% do total da
incidência no âmbito mundial, com as maiores taxas encontradas na Austrália e Canadá,
principalmente em pacientes do sexo masculino, tabagista e etilista. No Brasil, ele
assume importância por causa do câncer de lábio, uma vez que se trata de um país
tropical que sustenta também em sua economia atividades rurais nas quais os
trabalhadores ficam expostos de forma continuada à luz solar. O câncer de lábio é mais
freqüente em pessoas brancas, e registra maior ocorrência no lábio inferior em relação
ao superior. O câncer em outras regiões da boca acomete principalmente tabagistas e os
riscos aumentam quando o tabagista é também alcoólatra.

Fatores de Risco

Os fatores que podem levar ao câncer de boca são o vício de fumar cachimbos e
cigarros, o consumo de álcool, a má higiene bucal e o uso de próteses dentárias mal-
ajustadas.

Sintomas

O principal sintoma deste tipo de câncer é o aparecimento de feridas na boca que não
cicatrizam em uma semana. Outros sintomas são ulcerações superficiais com menos de
2 cm de diâmetro e indolores, podendo sangrar ou não, e manchas esbranquiçadas ou
avermelhadas nos lábios ou na mucosa bucal. Dificuldade de fala, mastigação e
deglutição, além de emagrecimento acentuado, dor e presença de linfadenomegalia
cervical (íngua no pescoço) são sinais de câncer de boca em estágio avançado.

Prevenção e Diagnóstico Precoce


O auto-exame da boca deve ser realizado a cada seis meses. Homens com mais de 40
anos de idade, fumantes e portadores de próteses mal ajustadas e dentes fraturados
devem evitar o fumo e o álcool, promover a higiene bucal, ter os dentes tratados,
realizar o auto-exame da boca e fazer uma consulta odontológica de controle a cada ano.
Outra recomendação é a manutenção de uma dieta saudável, rica em vegetais e frutas.
Para prevenir o câncer de lábio, deve-se evitar a exposição ao sol sem proteção (filtro
solar e chapéu de aba longa). O combate ao tabagismo é igualmente importante na
prevenção deste tipo de câncer.

O Auto-Exame da Boca

O auto-exame deve ser feito em um local bem iluminado, diante do espelho. O objetivo
é identificar lesões precursoras do câncer de boca. Devem ser observados sinais como
mudança na cor da pele e mucosas, endurecimentos, caroços, feridas, inchações, áreas
dormentes, dentes quebrados ou amolecidos e úlcera rasa, indolor e avermelhada.

Tratamento

A cirurgia, a radioterapia e a quimioterapia são, isolada ou associadamente, os métodos


terapêuticos aplicáveis ao câncer de boca. Em se tratando de lesões iniciais ou seja,
restritas ao local de origem, sem extensão a tecidos ou estruturas vizinhas e muito
menos a linfonodos regionais ("gânglios"), e dependendo da sua localização, pode-se
optar ou pela cirurgia ou pela radioterapia, visto que ambas apresentam resultados
semelhantes, expressos por um bom prognóstico (cura em 80% dos casos).
Nas demais lesões, se operáveis, a cirurgia está indicada, associada ou não à
radioterapia. Quando existe linfonodomegalia metastática (aumento dos "gânglios"),
indica-se o esvaziamento cervical do lado afetado, sendo o prognóstico do caso bastante
reservado. A cirurgia radical do câncer de boca evoluiu sobremaneira, com a
incorporação de técnicas de reconstrução imediata, permitindo largas ressecções e uma
melhor recuperação do paciente. As deformidades, porém, são ainda grandes e o
prognóstico dos casos, intermediário.
A quimioterapia é empregada nos casos avançados, visando à redução do tumor, a fim
de possibilitar o tratamento posterior pela radioterapia ou cirurgia. O prognóstico nestes
casos é extremamente grave, tendo em vista a impossibilidade de controlar-se
totalmente as lesões extensas, a despeito dos tratamentos aplicados.
Cancro oral
O que é o cancro oral?

É uma infecção gangrenosa oportunista dos tecidos macios e duros da região oronasal,
que pode começar com uma gengivite necrosante aguda. Os carcinomas da cavidade
oral apresentam-se como úlceras que não cicatrizam, como por exemplo, devido a uma
alteração na adaptação de uma prótese dentária ou lesões dolorosas.

Os tumores da cavidade oral podem causar diminuição da mobilidade da língua e


alterações na fala.

Granuloma piogénico

O cancro oral não escolhe idade, sexo, raça nem classe social!!!

 Esta doença, nas suas distintas formas engloba pessoas de todas as faixas etárias,
principalmente as que consomem álcool e/ou fumam. Anualmente, são registados, em
todo o mundo, entre nove e dez milhões de novos casos da doença. Deste total, cerca de
400 mil são cancros da boca e da faringe. Outros dados revelam que a maior parte dos
tumores de cabeça e pescoço ocorrem nas vias aereodigestivas superiores,
principalmente na boca, faringe e laringe. O cancro oral é mais comum que a leucemia,
do que o cancro da pele, do cérebro, do fígado, e dos ovários. As taxas de incidência de
cancro dessas vias, em países não-desenvolvidos, são superadas somente pelos tumores
de colo do útero. Os cancros da boca e faringe ocupam a terceira posição nos países
não-desenvolvidos e a oitava nos desenvolvidos. O total de casos incidentes dessas
doenças atingiu cerca de 270 mil pessoas no ano 2000. No caso específico do cancro da
boca, uma das principais causas de seu agravamento em numerosos pacientes é
o primeiro diagnóstico. Inicialmente, o médico dificilmente considera a hipótese do
paciente estar com esta patologia. O doente, da mesma maneira, não toma as devidas
precauções. Assim, torna-se evidente que a consciencilização e a informação constituem
factores essenciais para a detecção precoce. Isto é muito importante, pois o tratamento
de qualquer tipo de cancro na fase inicial da doença aumenta muito a possibilidade de
cura e recuperação do doente oncológico. 

   

             Diferentes manifestações do cancro oral:

Fibroma;
Linfogioma;
Neurofibroma;
Cancro da lingua

Auto-exame para Cancro Oral

O auto-exame de boca é uma das estratégias mais importantes para se obter o


diagnóstico do cancro oral em fase inicial, possibilitando uma melhora significativa no
prognóstico do paciente.

1º – EXAME EXTRA-ORAL
O exame extra-oral inclui uma inspecção da face, cabeça e pescoço, com especial
atenção aos pacientes que aparentam estar muito tempo ao sol. Notar alguma assimetria
ou lesão na pele, assim como crostas ou fissuras. Os nódulos linfáticos na área
submandibular e do pescoço devem ser apalpadas bilateralmente para detectar qualquer
aumento de volume nos nódulos. Se for detectado algum aumento, deve-se palpar a sua
mobilidade e a consistência.

Imagem 1 - Exame
Extra-Oral
 

2º - Lábios

Observar os lábios com a boca do paciente aberta e fechada. É de notar a cor, textura e
quaisquer anormalidades nos cantos da boca.

Imagem 2 - Exame
aos lábios
 

3º - Mucosa Labial

Com a boca do paciente parcialmente aberta, examinar visualmente a mucosa labial e os


sulcos do vestíbulo maxilar e o frénulo labial, assim como o vestíbulo mandibular. É de
notar a cor, a textura e qualquer alteração da mucosa vestibular e da gengiva.
Imagem 3 - Exame Vestíbulo Maxilar
Imagem 4 - Exame Vestíbulo
Mandibular
 

4º - Mucosa Bucal

Examinar primeiro a parte direita, depois a parte esquerda da mucosa bucal, estendendo-
se desde a comissura labial e voltar ao pilar da tonsila anterior. É de notar alterações na
pigmentação, cor, textura ou outras anormalidades da mucosa. Examinar as comissuras
com cuidado.

Imagem 5 - Exame parte direita


mucosa bucal
Imagem 6 - Exame parte esquerda
mucosa bucal
 

5º - Gengiva

Examinar os aspectos bucais e labiais da gengiva e das cavidades alveolares,


começando com a gengiva maxilar posterior e cavidade alveolar, passando depois para a
área esquerda posterior, contornando o arco. Passar para a gengiva mandibular posterior
esquerda e cavidades alveolares, dando a volta ao arco e passando para a área direita
posterior. Depois, examinar os aspectos palatinos e linguais, assim o lado facial, desde a
direita até a esquerda nos aspectos palatinos (maxilar) e da esquerda até a direita os
aspectos linguais (mandibular).

Imagem 7 - Exame
da Gengiva
 

6º - Língua

Com a língua dos pacientes em repouso e a boca parcialmente aberta, inspecciona-se o


dorso da língua, procurando ulcerações ou variações de tamanho, cor ou textura. Pedir
ao paciente para protruir a língua, e deve-se examina-la com o objectivo de verificar
alguma anormalidade no seu movimento.

Imagem 8 -
Exame da Língua
 

Agarrar a ponta da língua com um bocado de gaze de modo a ajudar na protrusão da


língua. Usar um espelho para visualizar melhor os aspectos posteriores dos bordos
laterais da língua e para retrair o queixo. Com cuidado, usar o dedo do meio ao longo
dos bordos da língua para sentir quaisquer tecidos duros.
Imagem 9 - Exame dos bordos da língua
Imagem 10 - Exame dos bordos da língua

Imagem 11 - Exame
da parte ventral

Depois examinar a parte ventral. Palpar a língua para detectar aumentos de tamanho.
Esta deve estar macia.

7º - Assoalho da Boca

Com a língua elevada, inspecciona-se as mudanças de cor no assoalho da boca, assim


como mudanças de textura ou outras anormalidades. A gaze deve ser usada para facilitar
o exame.

Imagem 12 - Exame
do assoalho da boca
 

8º - Palato
Com a boca dos pacientes bem aberta e a cabeça inclinada para trás, gentilmente
comprimir a base da língua. Inspeccionar o palato mole e o palato duro.

Todos os tecidos da mucosa ou da face que parecem anormais, devem ser


inspeccionados ainda com mais cuidado.

Imagem 13 - Exame do Palato Duro


Imagem 14 - Exame do Palato Mole

O câncer de laringe é um dos mais comuns a atingir a região da cabeça e pescoço,


representando cerca de 25% dos tumores malignos que acometem esta área e 2% de
todas as doenças malignas.. Aproximadamente 2/3 desses tumores surgem na corda
vocal verdadeira e 1/3 acomete a laringe supraglótica (ou seja, localizam-se acima das
cordas vocais).

Sintomas

Na história do paciente o primeiro sintoma é o indicativo da localização da lesão.


Assim, odinofagia (dor de garganta) sugere tumor supraglótico e rouquidão indica
tumor glótico e subglótico. O câncer supraglótico geralmente é acompanhado de outros
sinais e sintomas como a alteração na qualidade da voz, disfagia leve (dificuldade de
engolir) e sensação de um "caroço" na garganta. Nas lesões avançadas das cordas
vocais, além da rouquidão, pode ocorrer dor na garganta, disfagia e dispnéia
(dificuldade para respirar ou falta de ar).

Fatores de Risco

Há uma nítida associação entre a ingestão excessiva de álcool e o vício de fumar com o
desenvolvimento de câncer nas vias aerodigestivas superiores. O tabagismo é o maior
fator de risco para o desenvolvimento do câncer de laringe. Quando a ingestão excessiva
de álcool é adicionada ao fumo, o risco aumenta para o câncer supraglótico. Pacientes
com câncer de laringe que continuam a fumar e beber têm probabilidade de cura
diminuída e aumento do risco de aparecimento de um segundo tumor primário na área
de cabeça e pescoço.

Tratamento

O tratamento dos cânceres da cabeça e pescoço pode causar problemas nos dentes, fala
e deglutição. Quanto mais precoce for o diagnóstico, maior é a possibilidade de o
tratamento evitar deformidades físicas e problemas psico-sociais. É necessária avaliação
de um grupo multidisciplinar composto de dentista, cirurgião-plástico, cirurgião plástico
reconstrutivo, fonoaudiólogo, radioterapeuta, cirurgião e clínico no planejamento do
tratamento, fase de reabilitação e avaliação dos resultados das modalidades terapêuticas
utilizadas.
Além dos dados de sobrevida, considerações sobre a qualidade de vida dos pacientes
entre as modalidades terapêuticas empregadas são muito importantes para determinar o
melhor tratamento. O impacto de se preservar a voz na qualidade de vida no paciente é
da maior importância, já que a laringectomia (retirada da laringe) faz com que 30% dos
pacientes passe a ter fala esofágica incompreensível e aproximadamente 50% deles
ficam reclusos em sua residência, perdendo assim seus empregos e se retirando do
convívio social. De acordo com a localização e estágio do câncer, ele pode ser tratado
com radioterapia ou cirurgia, havendo uma série de procedimentos cirúrgicos
disponíveis de acordo com as características do caso e do paciente. Em alguns casos,
com o intuito de preservar a voz, a radioterapia pode ser selecionada primeiro, deixando
a cirurgia como resgate quando o a radioterapia não for suficiente para controlar o
tumor.
Cancros metastáticos do pescoço

O médico pode descobrir um volume anormal no pescoço de uma pessoa que não tem
nenhum outro sintoma. Estes volumes anormais podem ser causados por um defeito de
nascença ou por um gânglio linfático aumentado que, por sua vez, pode ser o resultado
de uma infecção ou de um cancro. Os gânglios linfáticos do pescoço costumam ser um
local frequente para a disseminação do cancro de qualquer outra parte do corpo. O
cancro original pode estar na faringe, na laringe, nas amígdalas, na base da língua ou
num ponto muito mais distante, como o pulmão, a próstata, os seios, o estômago, o
cólon ou o rim.

Diagnóstico e tratamento

A causa responsável por um único gânglio linfático aumentado no pescoço pode ser
rapidamente descoberta ou, pelo contrário, ser muito difícil de encontrar. O médico
examina os ouvidos, o nariz, a faringe, a laringe, as amígdalas, a base da língua e as
glândulas tiróide e salivares. Os exames podem incluir radiografias do tracto
gastrointestinal superior, da tiróide e uma tomografia axial computadorizada (TAC) da
cabeça, do pescoço e do tórax. É provável que seja necessário fazer um exame directo à
laringe (laringoscopia), aos pulmões (broncoscopia) e ao esófago (esofagoscopia).

Fazem-se biopsias (que consistem em colher amostras de tecidos para as examinar ao


microscópio) se durante estes procedimentos se observarem áreas que se pense poderem
ser cancerosas. Se mesmo assim não se conseguir localizar o cancro original, também se
recolhem amostras de tecido da faringe, das amígdalas e da base da língua. O médico
pode inserir uma agulha fina no tumor ou no gânglio linfático aumentado, para extrair
células e analisá-las, mas normalmente prefere-se extrair a totalidade da massa, mais do
que apenas uma parte, para se poder fazer o diagnóstico com total segurança.
Quando se encontram células cancerosas num gânglio linfático aumentado do pescoço e
é possível encontrar o cancro original, pode ser aplicada radioterapia à faringe, às
amígdalas, à base da língua e a ambos os lados do pescoço. Além disso, os gânglios
linfáticos cancerosos e outros tecidos afectados podem ser extirpados do pescoço
mediante cirurgia.

Cancros da cabeça e do pescoço

A idade média das pessoas que têm cancros da cabeça e do pescoço (excluindo os
cancros do cérebro, dos olhos e da coluna vertebral) é de 59 anos. Em geral, os cancros
das glândulas salivares (Ver secção 8, capítulo 98), da tiróide (Ver secção 13, capítulo
145) ou dos seios perinasais afectam pessoas com menos de 59 anos, enquanto os
cancros da boca, da garganta (faringe) ou da caixa vocal (laringe) afectam pessoas com
mais de 59 anos.
Em termos gerais, os cancros da cabeça e do pescoço propagam-se primeiro até aos
gânglios linfáticos próximos. Estes cancros não se disseminam (formam metástases)
para outras partes do corpo durante 6 meses a 3 anos. As metástases (cancro que se
espalhou do seu ponto de origem até outras partes do corpo) costumam surgir a partir de
tumores grandes ou persistentes e é mais provável que se desenvolvam em pessoas cujo
sistema imunitário está debilitado.

Causas

Cerca de 85 % das pessoas que têm cancro da cabeça ou do pescoço fumam e


consomem álcool, ou fizeram-no no passado. O cancro da boca (oral) também pode
surgir por uma higiene oral deficiente, por uma dentadura mal colocada e pelo uso de
tabaco em pó ou de mascar. Na Índia, o facto de mascar noz-de-areca é uma das
principais causas de cancro da boca. O vírus de Epstein-Barr, que provoca a
mononucleose infecciosa, participa no desenvolvimento do cancro da parte superior da
faringe (nasofaringe).

As pessoas que há 20 anos ou mais receberam pequenas doses de radioterapia para


resolver problemas de acne, de excesso de pêlo facial, de hipertrofia do timo ou das
amígdalas e das adenóides correm maior risco de desenvolver cancro da tiróide e das
glândulas salivares. Actualmente, a radioterapia deixou de ser utilizada para esses fins.

Classificação por estádios e prognóstico

A classificação por estádios é um método que se usa para determinar a dimensão de um


cancro e, assim, contribuir para orientar a terapia e definir o prognóstico. Os cancros da
cabeça e do pescoço são classificados conforme o tamanho e a localização do tumor
original, o número e o tamanho de metástases nos gânglios linfáticos do pescoço e a
evidência de metástases em diferentes partes do corpo. O estádio I é o menos avançado
e o IV o mais avançado.

Os tumores que crescem para fora têm tendência a responder melhor ao tratamento do
que os que invadem as estruturas circundantes, que formam úlceras ou que são duros. Se
o tumor tiver invadido músculo, osso ou cartilagem, a sua cura é menos provável. Para
as pessoas com metástases, a possibilidade de viver mais de dois anos é remota. Um
cancro que afecte o percurso de um nervo, provocando dor, paralisia ou dormência,
provavelmente será muito agressivo e difícil de tratar.

No total, 65 % das pessoas que têm cancro não disseminado vivem pelo menos 5 anos,
em comparação com os 30 %, ou menos, daqueles cujo cancro se estendeu aos gânglios
linfáticos ou mais além. As pessoas com mais de 70 anos costumam ter intervalos sem
doença mais prolongados (as chamadas remissões) e melhores índices de sobrevivência
do que os mais jovens.

Tratamento

O tratamento depende do estádio do cancro. Os cancros no estádio I, que se localizem


na cabeça ou no pescoço, respondem de forma semelhante à cirurgia e à radioterapia.
Em geral, esta última é dirigida não só ao cancro mas também aos gânglios linfáticos
localizados dos dois lados do pescoço, já que mais de 20 % destes cancros se propagam
aos gânglios linfáticos.

Alguns tumores, fundamentalmente os que têm um diâmetro superior a 2 cm e os que


invadiram osso ou cartilagem, extirpam-se cirurgicamente. Se se encontrar ou se
suspeitar da presença de cancro nos gânglios linfáticos, a cirurgia costuma ser seguida
de radioterapia. Alternativamente, em certos casos pode ser utilizada radioterapia, com
ou sem quimioterapia (Ver secção 15, capítulo 166) (tratamento com fármacos
anticancerosos), o que produz bons índices de sobrevivência; se o cancro recidivar, pode
então recorrer-se à cirurgia. Nos casos de cancro num estádio avançado, a combinação
de cirurgia e radioterapia costuma oferecer um prognóstico melhor do que qualquer dos
dois tratamentos feitos individualmente.
A quimioterapia mata as células cancerosas no lugar em que se formaram, nos gânglios
linfáticos e em todo o corpo. Ainda se desconhece se a combinação de quimioterapia
com cirurgia ou radioterapia melhora o índice de cura, mas a terapia combinada
efectivamente prolonga a remissão. Se o cancro estiver demasiado avançado para a
cirurgia ou para a radioterapia, a quimioterapia pode ajudar a reduzir a dor e o tamanho
do tumor.

O tratamento tem quase sempre efeitos adversos. A cirurgia costuma afectar a


capacidade de engolir ou de falar; nesses casos, é necessária a reabilitação. A
radioterapia pode provocar alterações na pele (como inflamação, ardor e perda de
cabelo), cicatrização, perda do paladar, secura na boca e, raramente, destruição dos
tecidos normais adjacentes. A quimioterapia pode provocar náuseas e vómitos, perda
temporária de cabelo e inflamação da membrana que reveste o estômago e os intestinos
(gastroenterite); também pode reduzir o número de glóbulos vermelhos e brancos e
debilitar temporariamente o sistema imunitário.
Cancro da laringe

O cancro da laringe, o mais frequente dos cancros da cabeça e do pescoço, depois do


cancro da pele, é mais frequente nos homens e está relacionado com o tabagismo e o
consumo de álcool.

Este cancro surge frequentemente nas cordas vocais e provoca rouquidão. Se uma
pessoa estiver rouca durante mais de duas semanas, deverá consultar o médico. O
cancro noutras partes da laringe provoca dor e dificuldade de deglutição. Nalguns casos,
no entanto, antes de qualquer outro sintoma, detecta-se primeiro um volume no pescoço,
provocado pela extensão do cancro a um gânglio linfático (metástase).

Para fazer o diagnóstico, o médico observa a laringe através de um laringoscópio (um


tubo utilizado para a visualização directa da laringe) e faz uma biopsia (recolhe-se uma
amostra de tecido que se examina ao microscópio) do tecido que se suspeita ser
canceroso. Depois o cancro é classificado conforme o seu estádio, de I a IV, tomando
como base até onde se propagou.

Tratamento

O tratamento depende da localização do cancro dentro da laringe. Para um cancro num


estado primário, o tratamento usual consiste em cirurgia ou radioterapia. Quando as
cordas vocais são afectadas, a radioterapia costuma ser o tratamento de eleição porque
geralmente preserva o tom normal da voz. Para o cancro num estado avançado, o
tratamento usual é a cirurgia, que pode consistir em extirpar parcial ou totalmente a
laringe (laringectomia parcial ou total), geralmente seguida de radioterapia. 90 % das
pessoas com cancro no estádio I que tenham recebido tratamento vivem pelo menos 5
anos, em comparação com os 25 % das que têm cancro no estádio IV.

A ressecção total das cordas vocais deixa a pessoa afectada sem voz. Nestes casos, é
possível criar uma nova voz por meio de um de três métodos: a fala esofágica, uma
fístula traqueoesofágica ou uma electrolaringe. No caso da fala esofágica, ensina-se a
pessoa a recolher ar no esófago enquanto inspira e a expulsá-lo gradualmente para
produzir um som. Uma fístula traqueoesofágica é uma válvula unidireccional que se
insere cirurgicamente entre a traqueia e o esófago. A válvula faz entrar ar no esófago
enquanto a pessoa inspira e, assim, é produzido som. Se a válvula funcionar mal, os
líquidos e os alimentos podem entrar acidentalmente na traqueia. A electrolaringe é um
dispositivo que actua como uma fonte de som quando é colocado junto ao pescoço. Os
sons produzidos pelos três métodos são convertidos em palavras como as da fala normal
(utilizando a boca, o nariz, os dentes, a língua e os lábios). No entanto, a voz produzida
por estes métodos é artificial e é muito mais fraca do que a normal.
Cancro Pancreas

Qual a estrutura normal do pâncreas?

O pâncreas é uma órgão  com funções de secreção exócrina e endócrina localizado


posteriormente ao estômago na região superior e posterior do abdómen logo à frente da
coluna vertebral (espinha dorsal). O pâncreas está rodeado pelo fígado, intestino e
outros órgãos.

O pâncreas tem mais ou menos 15 centímetros de comprimento e tem a forma de uma


pêra achatada. A parte mais larga do pâncreas é a cabeça, a secção intermédia é o corpo
e a parte mais fina é a cauda.

 
A imagem mostra o pâncreas e órgãos adjacentes.

O pâncreas produz insulina e outras hormonas. Estas hormonas entram na corrente


sanguínea e ajudam o organismo a utilizar ou armazenar a energia obtida a partir dos
alimentos. Por exemplo, a insulina ajuda a controlar os níveis de açúcar no sangue.

O pâncreas também produz sucos pancreáticos (secreção pancreática). Esta secreção


contem enzimas que ajudam a digerir os alimentos O pâncreas liberta a secreção sistema
de ductos que vão para o ducto biliar comum. O ducto biliar comum conduz a secreção
pancreática  para o duodeno, a primeira secção do intestino delgado.
A imagem mostra o pâncreas, o ducto biliar comum e o duodeno.

A maioria dos tumores do pâncreas tem origem nos ductos que transportam a secreção
pancreática. O cancro do pâncreas pode ser designado por cancro pancreático ou
carcinoma do pâncreas.

Existe um tipo raro de cancro do pâncreas que tem origem nas células produtoras de
insulina e outras hormonas; a este tipo de cancro dá-se o nome de cancro dos ilhéus.
Esta doença rara não será aqui abordada.

Quando o cancro do pâncreas se dissemina para o exterior do pâncreas, ou seja, quando


metastiza, as células cancerígenas encontram-se frequentemente nos gânglios linfáticos
adjacentes. Se o cancro tiver atingido os gânglios, significa que as células cancerígenas
se podem ter disseminado para outros gânglios linfáticos ou outros órgãos, tais como o
fígado ou os pulmões. Por vezes, o cancro do pâncreas dissemina-se para o peritoneu,
ou seja, para a camada de tecido que reveste o abdómen.

Quando o cancro metastiza para outra parte do corpo, o novo tumor tem o mesmo tipo
de células anómalas e o mesmo nome do tumor primário. Por exemplo, se o cancro do
pâncreas se disseminar para o fígado, as células cancerígenas aí existentes são, na
realidade, células cancerígenas do pâncreas. A doença corresponde a uma metástase do
cancro do pâncreas e não a um cancro do fígado. Deverá ser tratada como cancro do
pâncreas e não como cancro do fígado.

 Quais os factores de risco para ter cancro do pâncreas?

Desconhecem-se as causas exactas do cancro do pâncreas. Não é possível explicar


porque é que uma pessoa desenvolve cancro do pâncreas e outra não. Sabe-se que não é
uma doença contagiosa; não se pode “apanhar” cancro através de outra pessoa.

As investigações têm revelado que as pessoas com determinados factores de risco estão
mais predispostas a desenvolver cancro do pâncreas. Um factor de risco é algo que
aumenta a probabilidade de se vir a desenvolver a doença.
Os estudos realizados determinaram os seguintes factores de risco:

Idade: a probabilidade de desenvolver cancro do pâncreas aumenta com a idade. Este


tipo de cancro ocorre com maior frequência em pessoas com mais de 60 anos.

 Tabagismo: os fumadores de cigarros têm uma probabilidade duas a três vezes


superior de desenvolver cancro do pâncreas, comparativamente aos não fumadores.

Diabetes: o cancro do pâncreas ocorre com maior frequência em pessoas com diabetes.

Sexo: são diagnosticados mais casos de cancro do pâncreas no homem do que na


mulher.

 Raça Afro-Americana: as pessoas de raça Afro-Americana têm maior probabilidade


de desenvolver cancro do pâncreas, comparativamente aos Asiáticos, Hispânicos ou
Caucasianos.

Antecedentes familiares: o risco de uma pessoa desenvolver cancro do pâncreas


triplica se a mãe, pai, irmão ou irmã já tiverem tido esta doença. Os antecedentes
familiares de cancro do cólon ou dos ovários também aumentam o risco de desenvolver
cancro do pâncreas.

Pancreatite Crónica: a pancreatite crónica é um estado inflamatório do pâncreas,


caracterizado por dores e mal estar epigástrico. Alguns dados sugerem que a pancreatite
crónica pode aumentar o risco de desenvolver cancro do pâncreas.

 Outros estudos sugerem que a exposição a determinados químicos, no local de trabalho,


ou uma alimentação rica em gorduras, podem aumentar a probabilidade de desenvolver
cancro do pâncreas.

A maioria das pessoas com factores de risco conhecidos não desenvolve cancro do
pâncreas. Por outro lado, muitas pessoas que desenvolvem a doença não apresentam
qualquer factor de risco. As pessoas que considerem apresentar factores de risco para
cancro do pâncreas devem partilhar esta preocupação com o médico assistente. O
médico pode sugerir formas para reduzir o risco de desenvolver cancro do pâncreas e
elaborar um plano adequado para a realização de exames médicos.
Quais os principais sinais e sintomas de cancro do pâncreas?

O cancro do pâncreas é uma  doença silenciosa, evoluindo frequentemente sem


sintomas. Porém, à medida que o cancro evolui, podem surgir os seguintes sintomas: 

• Dor na parte superior do abdómen ou nas costas

• Pele e olhos amarelados e urina escura, devido a icterícia

• Fraqueza

• Falta de apetite

• Náuseas ou vómitos

• Perda de peso

Estes sintomas não implicam a presença de cancro do pâncreas: podem ser provocados
por uma infecção ou outro problema de saúde. Só o médico pode determinar a causa dos
sintomas apresentados. Ainda assim, pessoas com sintomas semelhantes aos
apresentados devem consultar o médico, para que o problema seja tratado o mais
rapidamente possível.

Como é feito o diagnóstico do cancro do pâncreas?

Se o doente tiver sintomas sugestivos de cancro do pâncreas, o médico irá obter a sua
história clínica, ou seja, os seus antecedentes médicos. Poderão efectuar-se vários
procedimentos, nomeadamente um ou mais dos abaixo apresentados:

 Exame físico

o médico observa a pele e os olhos para identificar possíveis sinais de icterícia.


Posteriormente, o médico palpa o abdómen para determinar se ocorreram alterações na
região adjacente ao pâncreas, fígado e vesícula biliar. O médico verifica também a
possível presença de ascite, ou seja, uma acumulação anormal de líquido no abdómen.

 Análises clínicas
o médico pode recolher amostras de sangue, urina e fezes para analisar os níveis de
bilirrubina e de outras substâncias. A bilirrubina é uma substância que passa do fígado
para a vesícula biliar, e desta para o intestino. Se o ducto biliar comum estiver
bloqueado por um tumor, a bilirrubina não consegue passar normalmente. O bloqueio
pode fazer com que os níveis de bilirrubina no sangue, ou urina, fiquem muito elevados.
Níveis de bilirrubina elevados podem ser devidos a um cancro ou a outras  situações.

TAC (tomografia axial computorizada)

através de um aparelho de raios X ligado a um computador obtém uma sequência de


imagens detalhadas. O aparelho de raios X assemelha-se a um “donut” com um grande
orifício. O doente é deitado numa cama que passa através desse orifício. À medida que a
cama se desloca lentamente através do orifício são tirados vários raios X. O computador
junta os raios X, de modo a criar imagens do pâncreas e de outros órgãos, bem como
dos vasos sanguíneos no abdómen.

 Ultrasonografia (ecografia)

Este dispositivo utiliza ondas ultrassónicas não audíveis para o ser humano. As ondas de
som geram um padrão de ecos à medida que são reflectidas nos órgãos internos. Os ecos
criam imagens do pâncreas e dos outros órgãos no interior do abdómen. Os tumores
produzem ecos diferentes dos produzidos por tecidos normais.

 A técnica de ultrassons pode realizar-se mediante um dispositivo externo, interno, ou


ambos:

Ecografia transabdominal: para obter imagens do pâncreas, o dispositivo de


ultrassons é colocado sobre o abdómen e é movido lentamente em seu redor.

USE (Ecografia endoscópica): é inserido um tubo fino iluminado (endoscópio) através


da boca e estômago do doente até ao início do intestino delgado. Na extremidade do
endoscópio existe um dispositivo de ultrassons. O endoscópio é retirado lentamente do
intestino em direcção ao estômago para obter imagens do pâncreas e dos órgãos e
tecidos adjacentes.

 CPRE (colangiopancreatografia endoscópica retrógrada)


é inserido um endoscópio através da boca e estômago até ao início do intestino delgado.
O médico faz deslizar um tubo mais pequeno (catéter) através do endoscópio até aos
ductos biliares e pancreáticos. Depois de injectar um contraste nos ductos através do
catéter, obtêm-se imagens por raios X. Os raios X podem mostrar se os ductos
apresentam um estreitamento ou se estão obstruídos por um tumor ou qualquer outro
motivo.

CPT (colangiografia percutânea transhepática)

é injectado um contraste mediante uma agulha fina inserida na pele e através do fígado.
A não ser que haja um bloqueio, o contraste deverá circular livremente ao longo dos
ductos biliares. O contraste faz com que os ductos biliares apareçam nas imagens
obtidas por raios X. A partir das imagens, o médico poderá determinar se existe um
bloqueio causado por um tumor ou outra situação.

 Biópsia

nalguns casos, pode ser extraída uma amostra de tecido. Posteriormente, o patologista
irá determinar a possível presença de células neoplásicas através da observação ao
microscópico do tecido, que pode ser obtido de várias formas. Uma delas consiste na
inserção de uma agulha no pâncreas para remover as células. Este procedimento é
designado por aspiração por agulha fina. Esta agulha é guiada pelos raios X ou
ultrassons. Por vezes, durante a realização de uma USE ou uma CPRE é recolhida uma
amostra de tecido. Outra forma de recolher tecido é através de cirurgia.

Determinação do estadio do cancro do pâncreas

 Quando é diagnosticado um cancro do pâncreas, o médico necessita de determinar o


estadio de evolução ou extensão da doença, de modo a delinear o melhor tratamento. A
determinação do estadio é uma tentativa cautelosa de estabelecer o tamanho do tumor
no pâncreas, saber se o cancro metastizou e, em caso afirmativo, para que zonas.

A determinação do estadio de evolução do cancro do pâncreas pode efectuar-se no


momento em que é feito o diagnóstico.  No entanto, o doente pode necessitar de realizar
mais exames, tais como análises ao sangue, TAC, ultrassonografia, laparoscopia ou
angiografia. Os resultados destes exames permitirão ao médico decidir qual o
tratamento mais adequado.

Como será a fase de tratamento do cancro do pâncreas?

Muitos doentes com cancro do pâncreas exigem ter um papel activo nas decisões sobre
os cuidados médicos que lhes são prestados. Querem estar o mais informados possível
sobre a sua doença e as opções de tratamento. Contudo, o choque e a tensão que as
pessoas habitualmente sentem após um diagnóstico de cancro fazem com que seja difícil
pensar em tudo o que gostariam de perguntar ao médico. Muitas vezes, é útil preparar
uma lista de perguntas antes da consulta. Para ajudar a relembrar o que o médico disse,
os doentes podem tirar apontamentos ou pedir autorização para utilizar um gravador.
Alguns doentes querem ainda ter consigo um familiar ou amigo quando falam com o
médico – para participar na discussão, tomar notas ou simplesmente ouvir.

O cancro do pâncreas é ainda muito difícil de controlar com os tratamentos actualmente


disponíveis. Por esse motivo, muitos médicos encorajam os doentes com esta patologia
a considerar a hipótese de participar num ensaio clínico. Os ensaios clínicos são uma
opção importante para pessoas com cancro do pâncreas em qualquer estadio.

Presentemente, o cancro do pâncreas só pode ser curado quando detectado num estadio
precoce, antes da sua disseminação.  Quando não é possível a cura, alguns doentes e os
seus médicos optam pelo tratamento paliativo; este tem como objectivo melhorar a
qualidade de vida através do controlo da doença e de outras complicações provocadas
pela doença. Existem tratamentos que podem controlar a doença e ajudar os doentes a
viver mais tempo e a sentir-se melhor. O médico pode encaminhar os doentes para um
hospital aonde uma equipa multidisciplinar orientará o seu tratamento - cirurgiões,
oncologistas e  radioterapeutas.

Quais os tratamentos para o cancro do pâncreas?

O médico pode descrever as opções de tratamento e discutir os resultados esperados


para cada opção terapêutica decidida em reunião multidisciplinar. O médico e o doente
podem trabalhar em conjunto no desenvolvimento de um plano de tratamento adaptado
às necessidades do doente.
O tratamento depende da zona do pâncreas onde o tumor teve origem e da sua
metastização. Ao elaborar o plano do tratamento, a equipa multidisciplinar tem em
consideração outros factores, designadamente a idade e o estado geral do doente.

 Os doentes com cancro do pâncreas podem ter várias opções de tratamento.
Dependendo do tamanho e do estadio de evolução, o cancro do pâncreas pode ser
tratado com cirurgia, radioterapia ou quimioterapia. Alguns doentes são submetidos a
uma combinação de tratamentos.

Quais são os possíveis efeitos secundários o tratamento do cancro do pâncreas?

Uma vez que o tratamento do cancro pode danificar células e tecidos saudáveis, é
possível ocorrerem efeitos secundários ou indesejáveis. Estes efeitos dependem de
vários factores, designadamente o tipo e a intensidade do tratamento do tratamento. Os
efeitos secundários podem não ser os mesmos para todas as pessoas e podem,
inclusivamente, variar entre as diversas sessões de tratamento. Os médicos e
enfermeiros irão explicar quais os possíveis efeitos secundários resultantes do
tratamento e como lidar com eles.

Controlar a Dor

A dor é um problema comum nas pessoas com cancro do pâncreas. O tumor pode
provocar dor, derivada da pressão contra nervos e outros órgãos.

O médico ou um especialista no controlo da dor podem aliviar ou reduzir a dor de


diversos modos:

Medicamentos para a dor: a dor pode ser aliviada através de medicamentos (estes
medicamentos podem provocar sonolência e obstrução intestinal, embora o descanso e o
recurso a laxantes possam ser úteis).

 Radiação: a dor pode ser aliviada com a utilização de raios de alta energia, uma vez
que estes irão reduzir o tumor.

 Bloqueio anestésico: o médico pode injectar álcool na área envolvente de alguns


nervos do abdómen, de modo a bloquear a sensação de dor.
 Cirurgia: o cirurgião pode cortar determinados nervos para bloquear a dor.

 O médico pode sugerir outras formas de aliviar ou reduzir a dor. Por exemplo, poderá
recorrer a massagens, acupunctura ou acupressão, em simultâneo com outras
abordagens, para ajudar a aliviar a dor. Além disso, o doente pode aprender a aliviar a
dor através de técnicas de relaxamento, tais como ouvir música calma ou respirar
devagar e confortavelmente.

Nutrição

As pessoas com cancro do pâncreas podem não ter apetite, sobretudo se se sentirem
desconfortáveis ou cansadas. Além disso, os efeitos secundários do tratamento, tais
como falta de apetite, náuseas ou vómitos podem agravar o problema. Os alimentos
podem ter um sabor diferente. Todavia, os doentes devem tentar obter calorias e
proteínas suficientes para controlar a perda de peso, manter a força e ajudar a
cicatrização. Uma boa nutrição ajuda muitas vezes as pessoas com cancro a sentirem-se
melhor e a terem mais energia.

É importante delinear um plano rigoroso e realizar exames médicos completos. O


cancro do pâncreas e seu tratamento podem dificultar a digestão dos alimentos e a
manutenção de níveis adequados de glicose no sangue. O médico irá controlar o doente
no que respeita à perda de peso, fraqueza e falta de energia. Os doentes podem
necessitar de fármacos para repor as enzimas e as hormonas produzidas pelo pâncreas.
O médico irá observar atentamente o doente e ajustará as doses destes fármacos.

O médico, nutricionista ou outros técnicos de saúde podem sugerir ao doente algumas


formas de manter uma alimentação saudável.

Cuidados de Seguimento

Os cuidados de acompanhamento (follow-up) após o tratamento do cancro do pâncreas


são uma parte crucial do tratamento. Os doentes não devem hesitar em debater estes
cuidados com o médico. A realização de exames médicos completos e periódicos
permite detectar quaisquer alterações ao estado de saúde. Qualquer problema que se
desenvolva pode ser, assim, identificado e tratado. Os exames médicos podem incluir
exame físico, análises clínicas e procedimentos de imagiologia

Qual o papel da cirurgia no tratamento do cancro do pâncreas?

Os doentes podem ser submetidos apenas a cirurgia ou a uma combinação de cirurgia


com radioterapia, ou quimioterapia.

O cirurgião pode remover a totalidade ou parte do pâncreas. A extensão da cirurgia


depende da localização e do tamanho do tumor, do estadio de evolução da doença e do
estado geral do doente.

Operação de Whipple: se o tumor estiver localizado na cabeça  do pâncreas (a parte


mais larga), o cirurgião remove a cabeça do pâncreas, uma parte do intestino delgado, o
ducto biliar e o estômago. Podem também ser removidos outros tecidos adjacentes.

 Pancreatectomia distal: se o tumor estiver localizado no corpo e na cauda do


pâncreas, o cirurgião remove estas duas zonas. Também o baço pode ser removido.

 Pancreatectomia total: neste caso, o cirurgião remove a totalidade do pâncreas, uma


parte do intestino delgado, uma parte de estômago, o ducto biliar comum, a vesícula
biliar, o baço e os gânglios linfáticos adjacentes.

 Por vezes, o cancro não pode ser totalmente removido. Mas se o tumor estiver a
bloquear o ducto biliar comum ou o duodeno, o cirurgião pode criar um bypass. O
bypass ajuda os fluidos a passar através do aparelho digestivo e pode reduzir a icterícia
e a dor resultantes de um bloqueio.

Nalguns casos, o bloqueio pode ser aliviado sem recorrer a cirurgia de bypass. O
médico utiliza um endoscópio para colocar um stent na zona bloqueada. Um stent é um
tubo com uma rede metálica, ou de plástico, que ajuda a manter o ducto ou o duodeno
abertos.

Após a cirurgia, alguns doentes são alimentados com líquidos, por via intravenosa (IV)
e através de sondas colocadas no abdómen. Os doentes regressam, lenta e gradualmente,
à ingestão de alimentos sólidos pela boca. As sondas são retiradas algumas semanas
após a cirurgia.

 Quais os possíveis efeitos secundários da cirurgia?

 A cirurgia do cancro do pâncreas é uma cirurgia major. Os doentes necessitam de ficar


hospitalizados durante alguns dias após a cirurgia. Os doentes podem sentir-se fracos e
cansados, sendo que a maioria necessita de ficar em repouso, em casa, durante um mês.
O tempo até à recuperação é variável.

Os efeitos secundários da cirurgia dependem da extensão da cirurgia, do estado geral do


doente e de outros factores. A maioria dos doentes tem dores nos primeiros dias após a
cirurgia. A dor pode ser controlada com medicação; os doentes devem falar sobre o
alívio da dor com o médico ou enfermeiro.

A excisão de parte ou da totalidade do pâncreas pode dificultar a digestão dos


alimentos. A equipa médica pode sugerir um plano alimentar ou receitar medicamentos
destinados a aliviar a diarreia, a dor, as cãibras ou as sensações de enfartamento.

Durante a fase de recuperação pós-operatória, o médico irá monitorizar minuciosamente


a alimentação e o peso do doente. Inicialmente, o doente apenas pode ingerir líquidos;
poderá receber outros alimentos por via intravenosa ou através de uma sonda colocada
no intestino. Os alimentos sólidos serão gradualmente adicionados ao regime alimentar.

Após a cirurgia, os níveis de hormonas ou enzimas pancreáticas podem estar muito


baixos. Os doentes com níveis insuficientes de insulina podem desenvolver diabetes. O
médico pode administrar ao doente insulina, outras hormonas e enzimas

Qual o papel da radioterapia no tratamento do cancro do pâncreas?

Radioterapia (também designada por terapia por radiações): utiliza raios de alta energia
para matar as células cancerígenas. Um grande aparelho emite a radiação para o
abdómen. A radioterapia pode ser utilizada isoladamente ou combinada com cirurgia,
quimioterapia ou ambas.
A radioterapia é um tratamento local. Apenas afecta as células cancerígenas da área
tratada. Para serem submetidos a radioterapia, os doentes devem deslocar-se ao hospital
ou à clínica, na maioria dos casos 5 dias por semana durante várias semanas.

A radioterapia pode ser utilizada para destruir as células cancerígenas que possam ter
restado nessa área após a cirurgia. A radioterapia também é utilizada para aliviar a dor e
outros problemas causados pelo cancro.

Quais os principais efeitos secundários da radioterapia?

 A radioterapia pode provocar uma sensação de grande cansaço à medida que o


tratamento prossegue. O descanso é importante mas, habitualmente, os médicos
aconselham os doentes a permanecer activos, dentro do possível. Além disso, quando os
doentes recebem radioterapia, a pele na área tratada pode ficar avermelhada, seca e
sensível.

A radioterapia ao abdómen pode causar náuseas, vómitos, diarreia ou outros problemas


relacionados com a digestão. Para controlar estes sintomas, a equipa médica poderá
administrar medicação ou sugerir alterações alimentares.  Na maioria dos doentes, os
efeitos secundários da radioterapia desaparecem assim que o tratamento termina.

Qual o papel da quimioterapia no tratamento do cancro do pâncreas?

A quimioterapia é um tratamento que utiliza fármacos para matar as células


cancerígenas. Os médicos também recorrem à quimioterapia para aliviar a dor e outros
problemas causados pelo cancro do pâncreas. A quimioterapia pode ser utilizada
isoladamente (em monoterapia ou em associação) ou combinada com cirurgia e
radioterapia.

A quimioterapia é um tratamento sistémico: regra geral, o médico administra os


fármacos por via intravenosa, ainda que alguns tratamentos também possam ser
administrados por via oral (pela boca). Depois de entrarem na corrente sanguínea, os
fármacos circulam por todo o organismo.
Em geral, a quimioterapia é administrada em regime ambulatório num hospital, clínica,
consultório médico ou em casa do doente. Contudo, dependendo dos fármacos
administrados e do estado geral, o doente pode necessitar de ser hospitalizado.

Quais os principais efeitos secundários da quimioterapia?

 Os efeitos secundários da quimioterapia dependem sobretudo dos fármacos e da dose


que os doentes recebem, bem como da forma como são administrados. Além disso, tal
como nos outros tipos de tratamento, os efeitos secundários variam de doente para
doente.

A quimioterapia sistémica afecta as células de divisão rápida em todo o organismo,


inclusive as células sanguíneas. As células sanguíneas lutam contra a infecção, ajudam o
sangue a coagular e transportam oxigénio para todas as zonas do corpo.

 Quando os fármacos anti-cancerígenos danificam células sanguíneas saudáveis, os


doentes ficam mais susceptíveis a infecções, a equimoses ou a hemorragias e podem ter
menos energia. As células da raiz do cabelo e as que revestem internamente o aparelho
digestivo também se dividem rapidamente.

 Como resultado, os doentes podem perder o cabelo e apresentar outros efeitos


secundários tais como, perda de apetite, náuseas e vómitos, diarreia ou feridas na boca.
Regra geral, estes efeitos secundários desaparecem gradualmente durante os períodos de
recuperação entre tratamentos ou depois de o tratamento acabar. A equipa médica pode
sugerir aos doentes formas de aliviar os efeitos secundários

Cancro do pâncreas

Epidemiologia

O cancro do pâncreas compreende, aproximadamente, 3% de todos os cancros e é


responsável por 5% da mortalidade específica por cancro.
É a segunda neoplasia maligna mais frequente do tubo digestivo, após o cancro do
cólon, e a quinta mais frequente causa de morte por cancro. A prevalência tem
estabilizado nas últimas décadas. A maior parte dos casos ocorre entre os 35 e os 70
anos, com o pico da incidência no grupo etário entre os 55 e 74 anos.

Os homens e as mulheres são igualmente afectados e o tratamento continua a ter pouco


sucesso. Um ano após o diagnóstico da doença, menos de 20% dos doentes estão vivos,
e só 3% sobrevivem 5 anos. Doentes com doença inoperável ou com metástases a
distância têm uma sobrevivência média de apenas 2-6 meses.

Etiologia

A causa é desconhecida, mas vários factores de risco têm sido identificados:

Tabaco
É o mais proeminente factor de risco. O risco aumenta directamente com o número de
cigarros fumados. O risco diminui significativamente 10-15 anos após a cessação do
hábito de fumar. Pensa-se que o risco se deve à presença de nitrosaminas, que são
poderosos agentes carcinogénicos.

Dieta
Uma ingestão elevada de gorduras e/ou carne aumenta o risco. Pelo contrário, a ingestão
de frutos e vegetais frescos parece oferecer uma relativa protecção.

Químicos
Exposição a certos químicos aumenta o risco por um factor 5 ( e.g., naftilaminas do
petróleo, benzidina, derivados da gasolina, insecticidas como DDT ). Ocupações
profissionais de risco incluem trabalhadores nas indústrias do petróleo, metais, gás
industrial e químicos.

Outros factores de risco


Incluem gastrectomia (ressecção do estômago) parcial, diabetes mellitus, pancreatites
hereditárias, dermatomiosite (doença autoimune da pele e músculos ) e alcoolismo. O
café foi estudado e não parece ser um factor de risco.

Patologia e "staging"

Aproximadamente 75-90% dos cancros no pâncreas são adenocarcinomas, originários


da proliferação descontrolada de células do epitélio de revestimento dos canalículos
pancreáticos. Sarcomas e linfomas são muito raros.

60% dos cancros ocorrem na cabeça do pâncreas, perto do duodeno, 20% ocorrem no
corpo e cauda do pâncreas, e os restantes são tumores difusos.
Na altura do diagnóstico, só 14% dos tumores estão confinados ao pâncreas (estádios de
evolução I e II). 21% envolvem os gânglios linfáticos locoregionais (estádio III) e 65%
têm metástases a distância, especialmente no fígado, pulmões e ossos.

Clínica

Os sintomas mais frequentes são a dor abdominal epigástrica, com frequente irradiação
para a região dorsal (80% dos casos), perda de peso (60%), anorexia (65%) e icterícia,
nos tumores da cabeça do pâncreas que comprimem as vias biliares excretoras.

Sintomas menos frequentes incluem fadiga (45%), náuseas e vómitos, depressão,


indigestão, falta de ar, pernas inchadas (edema), tosse e diarreia.

O exame físico pode detectar caquexia (extremo emagrecimento e fraqueza, com perda
da gordura subcutânea), uma massa abdominal palpável, ascite (líquido e distensão do
abdómen) e icterícia.

A presença de um rápido emagrecimento em poucas semanas, anorexia e desconforto


abdominal, numa pessoa acima dos 40-45 anos de idade, deve ser investigada até se
chegar a um diagnóstico definitivo, já que estes sintomas pouco específicos são
frequentes em tumores malignos, especialmente do tubo digestivo (e.g., estômago,
pâncreas, esófago). Uma atitude de expectativa é condenável, devido ao perigo de
crescimento rápido do tumor, com consequente redução das chances de cura.
Diagnóstico

O diagnóstico de cancro no pâncreas implica o uso de técnicas radiológicas de imagem.


O teste definitivo e diagnóstico é o exame patológico de uma amostra do tumor (biópsia
ou peça cirúrgica).

Os exames mais úteis são a ultrassonografia, ou ecografia, e a tomografia axial


computorizada (TAC) do abdómen. A ultrassonografia é um exame não-invasivo, barato
e seguro, mas depende da qualidade do técnico. É um bom teste inicial de avaliação. Já
a tomografia é o exame de eleição. Permite detectar o tamanho do tumor, a invasão de
estruturas adjacentes e a invasão dos gânglios linfáticos.

A ultrassonografia endoscópica, recentemente introduzida, é muito útil na determinação


do estádio de evolução do tumor.

Um método invasivo, a colangiopancreatografia endoscópica retrógrada é importante no


diagnóstico diferencial de tumores da junção pancreatobiliar, onde 85% dos tumores são
originários do pâncreas e permite o estudo citológico do suco pancreático e, às vezes, a
biópsia de áreas suspeitas.

Em tumores avançados, inoperáveis ou metastáticos, deve-se realizar uma biópsia


aspirativa percutânea, para confirmação do diagnóstico.

Em tumores aparentemente localizados e operáveis, a biópsia está contraindicada,


devido ao perigo de disseminação do tumor. Estes doentes são submetidos a intervenção
cirúrgica e o diagnóstico confirmado pelo exame patológico da peça cirúrgica.

Os marcadores tumorais são substâncias, em regra proteínas, segregadas pelas células


tumorais, e que podem ser identificadas na corrente sanguínea. Nenhum deles é
específico para qualquer tumor. No entanto, podem ser usados no diagnóstico inicial e
na vigilância do doente, após o tratamento inicial. No cancro do pâncreas, o marcador
vulgarmente usado é a proteína CA 19-9, cuja determinação periódica dos níveis
plasmáticos após a cirurgia permite detectar elevações que são sugestivas de recidiva do
cancro.
Terapêutica

O tratamento depende fundamentalmente do estádio de evolução do tumor. A maior


parte dos tumores são localmente invasivos ou metastáticos, inoperáveis e a cura não é
possível. As modalidades clássicas são a cirurgia, quimioterapia e radioterapia.

Doença potencialmente operável

Historicamente, o tratamento "standard" é a ressecção cirúrgica completa do tumor,


através de uma pancreatoduodenectomia (operação de Whipple). Mais recentemente,
estudos sugerem que o uso de radioterapia e concomitante quimioterapia baseada no 5-
fluorouracilo (5-FU) após a cirurgia (terapêutica adjuvante) ou antes da cirurgia (neo-
adjuvante) pode prolongar a sobrevida dos doentes. É uma combinação tóxica, que só
doentes com muito bom estado geral conseguem suportar.

Doença localmente avançada, inoperável

Doentes com bom estado geral, totalmente ambulatórios e com mínima sintomatologia,
beneficiam de tratamento paliativo com quimioterapia (5-FU ou uma nova droga -
gemcitabina + radioterapia. 5-FU actua como um agente que sensibiliza as células
malignas à acção das radiações ionizantes. Em doentes com mau estado geral, este
protocolo de quimioradiação não está indicado, em geral. Sempre que possível, os
doentes com cancro do pâncreas localizado mas inoperável devem entrar em protocolos
de investigação clínica, em que novos agentes são testados.

Doença metastática ou recorrente

Doentes com PC metastático e bom estado geral, devem ser tratados com quimioterapia
sistémica, com intuitos paliativos. A droga "standard" era o 5-FU por via endovenosa,
que é um antimetabolito inibidor de uma enzima envolvida na síntese de ADN nuclear.
Um novo agente - gemcitabina - foi recentemente testado. Resultados comparativos
entre estes dois agentes mostram actividade semelhante, mas a gemcitabina tem um
impacto superior na qualidade de vida do doente.
A modulação de 5-FU com agentes como a leucovorina ou alfa-interferon não mostrou
nenhum benefício adicional. A quimioterapia combinada não produz resultados
superiores à monoterapia com 5-FU ou gemcitabina.

Doentes em que este cancro já se encontra numa fase metastática devem, também, ser
envolvidos em ensaios de investigação clínica, dados os resultados pouco satisfatórios
com as drogas convencionais.

Uma complicação frequente em doentes com cancro na cabeça do pâncreas é a


obstrução das vias biliares com icterícia. Existem vários métodos de descompressão das
vias biliares, incluindo cirurgia ou métodos endoscópicos ambulatórios que não
necessitam de internamento.

Doentes com cancro no pâncreas têm, frequentemente, uma dor abdominal constante e
severa, requerendo largas doses de analgésicos narcóticos. O mecanismo da dor é
secundário à invasão do plexo nervoso celíaco pelo cancro. Um método altamente
efectivo de controlo deste tipo de dor é a injecção percutânea de álcool no plexo celíaco.
Em doentes submetidos a uma intervenção cirúrgica, esta injecção deve ser
administrada durante a operação. O controlo da dor é importante na melhoria da
qualidade de vida destes doentes.

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