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Sabemos o que são a maioria dos cancros, como se

originam e como se tratam

Também sabemos que os cerca de 60.000 novos


casos de cancro por ano em Portugal vão aumentar
substancialmente nas próximas décadas
Usualmente mutilantes (enfartes, AVC,…) Levando a um “tecido novo”
(tumores benignos e malignos)
Clone dos nossos próprios
tecidos, muito eficiente em
termos de crescimento,
capaz de invadir os tecidos
adjacentes (não respeita as
fronteiras)

Manuel Sobrinho Simões, 2000


CANCRO é sinónimo de Tumor ou Neoplasia maligno(a)

TUMOR OU
NEOPLASIA

CLINICAMENTE CLINICAMENTE
BENIGNO MALIGNO
= CANCRO

É fundamental COMPREENDER e não SOBREDIAGNOSTICAR, evitando o SOBRETRATAMENTO


Neoplasia Neoplasia

benigna maligna
= cancro

Clone dos nossos tecidos, eficiente em termos de


crescimento, incapaz de invadir os tecidos adjacentes
(respeita as fronteiras)
Tumor ou
Neoplasia
maligno(a)
são sinónimos
de Cancro
Há muitos tipos de cancro:
histologia, órgão, pessoa
(género, idade,…)
Como
começa?
Crescimento clonal a
partir de uma ou poucas
células com uma
mutação genética
A instabilidade genética faz
com que apareçam muitas
“células-filhas” com outras
alterações genéticas e aspetos
diferentes

A célula diferente ou tem


vantagem de crescimento ou
não tem. Se não tem, é
destruída pelas outras células;
se tem vantagem, sobrevive
(não morre) e, proliferando, vai
substituindo as outras células
O aumento do número de
células leva ao aparecimento
de nódulos ou protrusões
A acumulação de células
provoca falta de oxigenação
(hipoxia) e esta hipoxia leva à
criação de novos vasos
(“angio-génese”). As células
neoplásicas produzem
fatores que ajudam a essa
angiogénese
As células neoplásicas
ganham motilidade e
invadem os tecidos do
“hospedeiro”
aproximando-se de
vasos linfáticos e
sanguíneos

É importantíssima a
“resposta” do hospedeiro
através da proliferação
local dos fibroblastos
(fibrose), do sistema
imunológico, do sistema
endócrino,…
As células neoplásicas
depois de invadirem os
vasos linfáticos podem
colonizar os gânglios
linfáticos regionais –
metastização ganglionar
Se as células
neoplásicas invadirem
veias podem circular
no sangue e colonizar
os pulmões, o cérebro,
o fígado, os ossos –
metastização à
distância por via
sanguínea
CANCRO

Proliferação e/ou Apoptose


(morte celular)

CRESCIMENTO
& INVASÃO & METASTIZAÇÃO
Cancro a invadir um gânglio
linfático com pouquíssimas
células neoplásicas a
proliferar
Johannessen JV and Sobrinho-Simões M. Lab Invest. 45:336-41, 1981
Autofagia de uma célula cancerosa
Manuel Sobrinho Simões, 1978

Mecanismo
de aumento
da sobrevivência
CRESCIMENTO
proliferação e/ou sobrevivência

INVASÃO
CANCRO

GENERALIZAÇÃO/METASTIZAÇÃO
TRANSFORMAÇÃO NEOPLÁSICA

PROGRESSÃO Alterações do ADN


Instabilidade genética

MORTE Seleção e expansão clonal


CELULAR
INVASÃO Heterogeneidade genotípica e fenotípica

GENERALIZAÇÃO
Usualmente mutilantes Levando a um “tecido novo”
Papel crucial das
inflamações
agudas e crónicas

Hospedeiro & Microorganismos & ……


CANCRO
— É uma doença genética
— Mais de 95% têm causa ambiental

No início de um cancro estão sempre mutações. O cancro é


uma doença genética mas não hereditária. Isto é, as mutações
são somáticas e não germinativas

Essas mutações genéticas somáticas são causadas pelo


tabaco, infeções víricas, exposição solar, alimentação
desadequada, inflamações crónicas,…
Saúde
Bem-estar

Degenerescências
Necrose Inflamação Neoplasia

Alterações
mentais Pessoa
??? Contexto
Criatividade Limiar
CANCRO

Genes Ambiente
(microbiotas)

Inflamação
Sorte/Azar
INTERACÇÃO GENÉTICO-AMBIENTAL

Genótipo Ambiente
Microbiotas

Fenótipo
Inteligência
Cor da pele Aumento do risco
Altura
Longevidade
com a idade e perda
da capacidade de
CANCRO reparação de erros
The development of the gut
microbiome from birth
through to childhood is
thought to be important for
the pathology of diseases –
emphasis on CARE
Nature , October 25, 2018

CARE é CUIDAR não é sinónimo de Compaixão


Geriatric oncology

Gut dysbiosis: a potential link


between increased cancer risk
in ageing and inflammaging
Arya Biragyn, Luigi Ferrucci. Lancet oncology 19: e295-e304, 2018

Neologismo
Inflammaging: Chronic proinflammatory status
Doenças Doenças
Pestes Tuberculose Cancro
cardiovasculares neuropsiquiátricas

Idade Média Sec. XXI

Genómica
Pós-genómica
Metagenómica (microbiomas)
Ambiente (estilo de vida exponenciado pela longevidade,…)
The cells within a ping-pong ball sized
tumour carry about 100 million mutations,
with only a few of those mutations present
in the majority of cells
Ling S et al, PNAS 112:E6496, 2015

Será possível resolver este problema com


estudo molecular?
A resposta é NÃO
Viva a Medicina de Precisão

´
O genoma humano foi totalmente
decifrado e é possível tratar biliões de
dados para resolver o problema do Sr. Silva

O engano do século
Advances in genomics are thrilling but let’s
not forget that a tumour , like a human
being, is much more than a bundle of
genetic information

Need to understand and to focus in each


concrete case - a Personalização é mais
importante do que a Medicina de Precisão
Manuel Sobrinho-Simões, 2010
OBESIDADE
DIABETES
S.I.D.A.
TUBERCULOSE Apostar
D. IMUNOLÓGICAS
mais na
CANCRO
DEPRESSÃO
PREVENÇÃO
D. NEURODEGENERATIVAS do que na
PATOLOGIA GERIÁTRICA
cura
PANDEMIAS
...........................................................

LONGEVIDADE E “ENVELHECIMENTO”
CANCRO & DOENÇAS PRE-CANCEROSAS
DESAFIOS & OPORTUNIDADES
(procurando evitar os RISCOS)

Melhorar a compreensão do que é “o” Cancro


— Prevenção
— Diagnóstico precoce (cura)
— Tratamento mais eficiente de casos avançados
Cancro nas próximas décadas
Vamos melhorar a qualidade
& aumentar a quantidade da Vida

— Apostar no conhecimento e na competência


— Evitar o sobrediagnóstico e o sobretratamento
— Respeitar o Outro
Há muitos tipos de cancro: histologia, órgão, pessoa,…

Oncogénese é sinónimo de carcinogénese.

Cancro e carcinoma não são sinónimos mas sobrepõem-


se parcialmente. Atenção à importância das palavras:
carcinoma, sarcoma, leucemia/linfoma,…
O que sabemos?
— Sabemos descrever o que é um cancro mas… há muitos tipos de
cancros, desde formas quase benignas até formas muito agressivas, e
daí procurar escapar à referência “ao” cancro.

— Sabemos descrever com precisão a maioria dos cancros e sabemos


controlar o tratamento da maioria dos doentes oncológicos.

— Conhecemos a maioria das alterações genéticas, na origem, e no


desenvolvimento, depois, dos cancros.

— Conhecemos também a grande maioria das situações (“causas”)


associadas ao risco aumentado da oncogénese.
O que falta descobrir?
— Muitas coisas… desde logo porque a importância do hospedeiro é
maior do que as alterações genéticas das células cancerosas (A
personalização é mais desafiante do que a “medicina de precisão”).
— Depois, porque o fator tempo, entendido em múltiplos aspetos (estilo
de vida, envelhecimento, prominência de inflamações crónicas,…) é o
grande obreiro da oncogénese.
— Falta progredir na compreensão dos algoritmos preditivos, capazes de
prever o futuro de neoplasias pré-malignas ou cancros incipientes.
— Ultimo ponto: é muito difícil, ou mesmo impossível, curar doentes com
cancros avançados, embora tenham os progredido na capacidade de
prescrever tratamentos “precisos” a doentes com cancro.
No futuro seremos capazes
de melhorar!

A prevenção primária e secundária (diagnóstico precoce)

A taxa de cura e, sobretudo, as taxas de controlo da doença

A qualidade dos cuidados continuados e dos cuidados paliativos


Estratégias promissoras para
conseguir controlar cancros avançados

Induzir o suicídio das célula cancerosas

Bloquear a sua motilidade e invasibilidade

Adestrar o sistema imunitário no sentido de o tornar capaz de reconhecer


e destruir as células cancerosas (Imunoterapia)

Manuel Sobrinho-Simões, 2015

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