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Introdução à Neoplasia

Maria Helena Ornellas


Patologia Geral
Objetivos
• Geral:
• Introdução à neoplasia

• Específicos:
• Cânceraspectos gerais
• Epidemiologia, prevenção
• Nomenclatura, estadiamento
• Câncer e envelhecimento
O câncer é uma doença nova?
A definição . . .
Câncer: do grego karkinos.

Metáfora do caranguejo

Complexo de entidades
clínicas diferentes

“conjunto de células anormais, cujo


crescimento ultrapassa e não é coordenado
com os tecidos normais, mesmo após a
interrupção dos estímulos que deram origem a
esta mudança” (Willis, 1952).
Câncer: Aspectos Gerais

É uma doença genética cujas etiologia e


progressão resultam do acúmulo de uma
série de mutações não-letais no DNA das
células somáticas
Câncer
Lesão genética não letal

Processo de etapas múltiplas  acúmulo de


múltiplas mutações
O Câncer é uma doença genética…
associada a processos ambientais
Porque o câncer é preocupante?
• 2ª principal causa de morte no mundo (1/6 mortes relacionadas à doença)
• A maioria das mortes por câncer ocorrem em países de baixa e média renda
• 1/3 das mortes por câncer se devem: alto índice de massa corporal, baixo consumo de frutas e
vegetais, falta de atividade física, uso de álcool e tabaco.
• tabagismo é o principal fator de risco (22% das mortes pela doença)
• cânceres causados por infecções são responsáveis por 22% das mortes pela doença em paíse
de baixa e média renda
• apresentação tardia, diagnóstico e tratamento inacessíveis são comuns.
• 26% dos países de baixa renda relatam ter serviços de patologia disponíveis no setor público.
• Mais de 90% dos países de alta renda relatam que os serviços de tratamento estão
disponíveis, em comparação com menos de 30% dos países de baixa renda.
• Impacto econômico do câncer é significativo e está aumentando.
• Apenas um em cada cinco países de baixa e média renda tem os dados necessários para
conduzir uma política para o câncer
Problema de Saúde Pública!!!
• tipos de câncer mais comuns em 2018:
pulmão (2,09 milhões de casos)
mama (2,09 milhões de casos)
colorretal (1,8 milhão de casos)
próstata (1,28 milhão de casos)
câncer de pele não-melanoma (1,04 milhão de casos)
estômago (1,03 milhão de casos)

• causas mais comuns de morte por câncer:


pulmão (1,76 milhão de mortes)
colorretal (862 mil mortes)
estômago (783 mil mortes)
fígado (782 mil mortes)
mama (627 mil mortes)
Câncer: impacto global
• Importante causa de morbidade e mortalidade com aproximadamente 14 milhões de casos
novos e 8 milhões de mortes.(GLOBOCAN, 2012)
• Avanços no conhecimento não foram seguidos por importante redução do peso do câncer no
perfil epidemiológico das populações

Representação espacial das taxas brutas de incidência por 100 mil hab.
Risco global de câncer

Estimativa da incidência global de


câncer por sexo de acordo com
idade.

World Cancer Report, 2014.


Risco global de câncer

Status socioeconômico (SSE): Maior mortalidade


associada a menor SSE. Mais de 60% dos casos de
câncer do mundo ocorrem na África, Ásia e América
Latina, regiões que concentram por 70% das mortes por
câncer.
Principais fatores de risco para
câncer
• Tabagismo
• Radiação ionizante
• Dieta
• Obesidade e sobrepeso
• Álcool
• Agentes microbiológicos
• Agentes ambientais
• Exposição ocupacional
• Exposição iatrogênica
epidemiológica Situação do câncer no Brasil
A transição

Fonte: Barbosa et al. In: Epidemiologia & Saúde. 2003


Distribuição do câncer no Brasil

Fonte: Instituto Nacional de Câncer. Estimativas 2014


Situação do câncer no Brasil

Taxas de mortalidade das 5 localizações primárias mais frequentes em


2012, ajustadas por idade, pela população mundial, por 100.000
mulheres, Brasil, entre 1979 e 2012.

Disponível: https://mortalidade.inca.gov.br/MortalidadeWeb/
Peso econômico
Aspectos Gerais
• Diferenciação - Grau de semelhança das células do
parênquima do tumor e as normais (Morfológica e
funcionalmente) de origem.
Tumores pouco diferenciados ou indiferenciados -
padrão primitivo das células originais.
Tumores Benignos - bem diferenciados
Ex.: Leiomioma Uterino
Neoplasias Malignas – diferenciados até
indiferenciados
- Anaplasia = Falta de diferenciação
Características
• ALTERAÇÕES MORFOFUNCIONAIS
- Pleomorfismo
- Hipercromasia Nuclear
- Proporção Núcleo/Citoplasma
Normal = 1:4, 1:6
Câncer = 1:1
- Evidência de Nucléolo
- Cromatina
- Nº. de Mitoses (Proliferação) Mitoses Atípicas
- Diferenciação Funcional
Produção de Hormônio Þ Insulinoma
Pleomorfismo Celular
Nomenclatura dos Tumores Benignos

MESENQUIMAIS
- Célula de origem + Oma
- Fibrócitos Þ Fibroma - adipócitos Þ Lipoma
- Cartilagem Þ Condroma - Osso Þ Osteoma
• EPITELIAIS
Células de origem + Padrão Macro e Microscópico
Adenoma - Neoplasia Benigna com padrão glandular
Ex.: Adenomas: Hepático, Renal, Tireóide
• Papiloma - Projeções Digitiformes (M ou m) de Epitélio não
grandular
Ex.: Papilomas: da Pele (Verruga), da Bexiga, da Mucosa Oral
• Cistoadenomas - Epitélio que forma cistos (Ovário)
Nomenclatura dos Tumores Malignos
• MESENQUIMAIS - Sarcomas
Fibrossarcoma Lipossarcoma
Condrossarcoma Osteossarcoma
Leiomiossarcoma Rabdomiossarcoma
• EPITELIAIS - Carcinomas
Ex.: Câncer da Epiderme = Carcinoma de Pele
Câncer de Túbulos Renais = Carcinoma Renal
Câncer da Mucosa do Estômago = Carcinoma Gástrico
• ADENOCARCINOMA = Padrão Microscópico Glandular
CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMOSAS / EPIDERMÓIDE
CÂNCER INDIFERENCIADO
• TUMORES MISTOS - Várias linhagens celulares
Ex.: Tumor misto da glândula salivar (Adenoma Pleomórfico)
• TERATOMA - Mais de uma camada germinativa
Ex.: Teratoma cístico do ovário
• Melanoma X Melanocarcinoma
Seminoma X Carcinoma testicular
Linfoma X Linfossarcoma
Hepatoma X Hepatocarcinoma
TNM
Classificação de Tumores Malignos
Nomenclatura de Tumores

Sistema de Estadiamento TNM para tumores


sólidos

Classificação de tumores hematológicos


TNM- Histórico
UICC – Congresso Proposta Classificaçã
Internacional de revisão do o para 23
Radiologia – câncer de localizaçõe
TNM – Classificação para Mama s primárias
Pierre extensão anatômica
Denoix da doença - TNM Revisão
3ª edição Tumores
Pediátricos

1943 - 1952 – 1950 – 1953 – 1954 – 1958 – 1959 – 1960 - 1967 – 1968 – 1974 – 1978 – 1982

2ª edição
UICC – Comitê Comitê de Classificaçã
de Nomenclatura estádio o em Tradução
Classificação do clínico e estádios para 11
Estádio Clínico estatística clínicos dos idiomas. 1º
aplicada cânceres de livro das
Mama e classificaçõ
Laringe es
HISTÓRICO - continuação
Tumores
oftálmicos Fatores
4ª edição Prognósticos
TNM do câncer 6ª
Edição 7ª
Edição

1982 – 1993 – 1995 – 2001 – 2002 – 2004 –


2009
Suplemento
de 5ª 6ª
Classificação Edição Edição
TNM
Objetivos das Classificações

Geral:
estadiar e avaliar grau de disseminação

Específicos:
ajudar o planejamento do tratamento;
indicar o prognóstico;
avaliar os resultados dos tratamentos;
facilitar a troca de informações;
contribuir para a pesquisa contínua sobre o câncer
Regras Gerais do Sistema TNM

• Descrever a extensão anatômica da doença tendo por base a


avaliação de três componentes:
• T - a extensão do tumor primário
• N - ausência ou presença e a extensão de metástases em
linfonodos regionais
• M - a ausência ou a presença de metástase à distância

• A adição de números a estes três componentes indica a


extensão da doença maligna
Mortalidade por Câncer-Brasil
Aspectos Gerais
 O Envelhecimento é o fator de risco demográfico
dos cânceres humanos

 2/3 de todos os cânceres são diagnosticados em


indivíduos com mais de 65 anos

Pubmed:16759 artigos
Questionamentos
•A idade avançada é risco para o câncer?
•Será o câncer é diferente em jovens e idosos?
•Como pode o idoso se beneficiar com a
prevenção?
• Como deverá ser o tratamento do idoso
portador de doença maligna?
Câncer e Envelhecimento
Exposição mais longa a carcinógenos e a
promotores tumorais
Suscetibilidade aumentada à malignidade
devido ao reparo macromolecular e/ou à
detoxicação xenobiótica
Vigilância imune dimuída e resposta estromal
a transformação maligna
Exposição mais longa a carcinógenos
e a promotores tumorais

•Carcinógenos iniciação tumoral


 ex:lesão do DNA

•Promotores promoção tumoral


 ex: facilitar a mitose
Etapas do Crescimento Tumoral
Montero & Patel 2015
Câncer se caracteriza
como distúrbio da
proliferação celular
CÉLULA MÃE PLURIPOTENTE

CÉLULA PROGENITORA MIELÓIDE CÉLULA PROGENITORA LINFÓIDE

PROGENITORES
ERITROCÍTICO/ CFU-G/M CFU- Eo CFU- BA PRÉ -B NK/
MEGACARIOCÍTICO
PRÉ - T

CFU-M CFU-G
BFU- E
CFU-MEGA

CFU- E

MIELOBLASTO
MONOBLASTO EOSINOFILOBLASTO
MEGACARIOBLASTO BASOFILOBLASTO

LINFÓCITO
CÉLULA NK
LEUCÓTICO PMN
MEGACARIÓCITO MONÓCITO
ERITRÓCITO EOSINÓFILOS BASÓFILO LINFÓCITO T
PLASMÓCITO
CÉLULA MÃE PLURIPOTENTE

CÉLULA PROGENITORA MIELÓIDE CÉLULA PROGENITORA LINFÓIDE

PROGENITORES
ERITROCÍTICO/ CFU-G/M CFU- Eo CFU- BA PRÉ -B NK/
MEGACARIOCÍTICO
PRÉ - T

CFU-M CFU-G
BFU- E
CFU-MEGA

CFU- E

MIELOBLASTO
MONOBLASTO EOSINOFILOBLASTO
MEGACARIOBLASTO BASOFILOBLASTO

LINFÓCITO
CÉLULA NK
LEUCÓTICO PMN
MEGACARIÓCITO MONÓCITO
ERITRÓCITO EOSINÓFILOS BASÓFILO LINFÓCITO T
PLASMÓCITO
O que é Epidemiologia?
• Ramo da medicina que estuda os diferentes
fatores que intervêm na difusão e propagação
de doenças, sua frequência, seu modo de
distribuição, sua evolução e a colocação dos
meios necessários a sua prevenção
Incidência de Câncer no mundo
FATORES DE RISCO

FUMO RADIAÇÃO

AMBIENTAIS HEREDITÁRIO
VÍRUS

DIETA

METABOLISMO PRÓPRIA
CÉLULA
IDADE
↓ SISTEMA IMUNE
A magnitude . . .
Distribuição proporcional dos 10 tipos de câncer mais incidentes

Fonte: INCA. Estimativa 2014. Incidência de câncer no Brasil


2020: Incidência estimada de todas as neoplasias:
309.750 nos homens e 316.280 nas mulheres
2020: mortalidade
121.686 nos homens e 110.344 nas mulheres
A magnitude . . .

Para a Agência Internacional


para Pesquisa em Câncer
(IARC) da OMS, o impacto
global do câncer mais que
dobrou em 30 anos.

Segundo o Instituto Nacional do


Câncer (Inca), são estimados
mais de 600 mil novos casos de
câncer para o ano de 2020
O controle . . .

a ç õ es
n i z a d as ç ã o,
p re c o re v e n
, s ã o p de
r io
e n á p ar a a çã o
s t e c e a li z a e n to s
N e r nd im
l t a d a s e t é a t e
m e n t o.
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r e a m r e c o n o í t ic as
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de v id e nt d if er ã o em c ia,
Fi c a e e m o ç ilâ n
n g e n t es a p ro m vig n o s,
r a d e i a , a
ab
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r e c urso ão socia
ç izaç
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m o b il
forma icação e
n
comu do SUS
o
g e st ã
O controle . . .
A prevenção em diferentes níveis de atenção à
saúde
Prevenção Prevenção Prevenção Prevenção
Primária Secundária Terciária Quaternária

Promoção da
Saúde Detecção
Precoce
Tratamento
Remover causas Cuidados
e fatores de Detectar um Paliativos
risco antes do problema de Reduzir prejuízos
funcionais Identificar
desenvolvimento saúde em indivíduos em
de uma condição estágio inicial, decorrentes de
um problema risco de
clínica. muitas vezes intervenções
subclínico. agudo ou
crônico, incluindo diagnósticas
reabilitação. e/ou
terapêuticas
excessivas.
O controle . . .
Adaptado de: Política Nacional de Atenção Oncológica

Ensino, pesquisa e incorporação de novas tecnologias

Epidemiologia, informação e vigilância

Promoção da
Saúde Detecção
Precoce
Tratamento
Cuidados
Paliativos

Gestão de Redes, Monitorização e Avaliação

Comunicação e Mobilização Social


O controle . . .

Promoção da
Saúde
Estratégia mais eficaz
para o controle!
Detecção
Precoce Menos oneroso sistema de
saúde
Menos prejudicial ao
paciente
A atuação do profissional de saúde Mais racional sob ponto de
vista epidemiológico
é fundamental!

Generalistas ou Especialistas?
Abordagem de alto risco vs abordagem
populacional . . .
• Abordagem de alto risco

“ Selecionar um grupo
de alto risco para se
aplicar uma medida
preventiva ”
Intervenção é
apropriada ao indivíduo

Impacto da intervenção
é pequeno

Exemplo: AFP no
hepatocarcinoma.
Abordagem de alto risco vs abordagem
populacional . . .
• Abordagem populacional
1. Minimamente invasiva
2. Baixo custo
3. Socialmente aceita
4. Evitar desconforto e dor

Deve ser capaz de:

1.Reduzir a mortalidade global por


faixa etária específica;
2.Melhorar expectativa de vida;
3.Reduzir incapacidade e percepção
de “má-saúde”

Starfield, 2008. J Epidemiol Community


Health. v. 62, n. 7, p. 580-583, 2008.
Detecção precoce . . .

Conscientização dos sinais precoces de


problemas de saúde e rastrear pessoas
sob risco, de modo a identificar um
problema de saúde em fase inicial, quando
esta identificação precoce traz mais
benefícios do que prejuízo aos indivíduos.

Diagnóstico
Rastreamento
Precoce
Diagnóstico precoce vs Rastreamento . . .
Rastreamento . . .
Rastreamento oportunístico: não é
organizado! Acontece por exemplo quando
um paciente procura um serviço de saúde
por algum motivo e o profissional de saúde
aproveita o momento para o rastreamento.
Menos efetivo e mais oneroso aos sistemas
de saúde.

Rastreamento organizado: Programas de


rastreamento! São mais efetivos e
compromissados com o acompanhamento da
população rastreada desde o diagnóstico até
o tratamento do problema, quando detectado.
Domínio da informação, ações pactuadas e
sistema de avaliação.
Rastreamento . . .
“Deve-se pensar na visão de coletividade”
Critérios de um programa de rastreamento . . .

1. A doença deve representar um importante problema de saúde pública,


considerando magnitude, transcendência e vulnerabilidade.
2. A história natural do agravo deve ser bem conhecida.
3. Estágio assintomático bem definido, no qual a doença deve ser rastreada.
4. Comprovado benefício com a detecção e tratamento precoce com o
rastreamento.
5. Os exames que detectam a condição clínica no estágio assintomático devem
estar disponíveis, serem aceitáveis e confiáveis.
6. Custo aceitável e compatível com o orçamento do sistema de saúde
7. O rastreamento deve ser um processo contínuo e sistemático.

Wilson & Jugner, 1968.


Rastreamento . . .

Risco relativo e redução de risco


relativo
Ganho na expectativa de vida
Custo por caso detectado
Custo por vida salva
Ganho em qualidade, ajustado aos
anos de vida
Número necessário para rastrear
No câncer . . .
Recomendações para detecção precoce segundo localização do tumor

Retirado de ABC do câncer: abordagens


básicas para o controle do câncer. Inca,
2011
O controle . . .
No Brasil:
Distribuição proporcional dos 10 tipos de câncer mais incidentes

Fonte: INCA. Estimativa 2012. Incidência de câncer no Brasil


Câncer de mama feminino
- Segundo câncer mais frequente no mundo e o mais
comum entre mulheres
- Aumento na incidência em todo mundo
- No Brasil: aumento também da mortalidade (retardo no
diagnóstico e na instituição terapêutica adequada)
Câncer de mama feminino

1. Rastreamento anual através do exame


clínico da mama para todas as mulheres
com idade maior ou igual a 40 anos;

2. Rastreamento por mamografia para todas


as mulheres com idade entre 50 e 69
anos com intervalo máximo de 2 anos
entre os exames;

3. Exame clínico e mamografia anual para


todas as mulheres pertencentes a grupos
populacionais considerados de risco para
o desenvolvimento do câncer de mama;

4. Garantia de acesso ao diagnóstico,


tratamento e seguimento para todas as
INCA, 2004 mulheres com alterações encontradas nos
exames realizados.
Grupos considerados de risco
para câncer de mama
Câncer de mama feminino
Câncer de mama feminino
Exame clínico da mama:

- Parte da avaliação clínica integral da mulher,


independente da faixa etária
- Passos: inspeção estática e dinâmica, palpação
das axilas e palpação das mamas e extração
papilar com a paciente em decúbito dorsal

Em mulheres com
menos de 35 anos,
USG mamária é o
exame mais indicado.
Câncer de mama feminino
Resultado mamográfico: Breast Imaging Reporting and Data
System
BI-RADS®

Resultado da MMG Conduta


BI-RADS 0 – Inconclusivo Nova mamografia / Estudo histopatológico
BI-RADS 1 – Sem achados Rastreamento de rotina
BI-RADS 2 – Achados benignos Rastreamento de rotina
BI-RADS 3 - Achados Nova mamografia em 6 meses
provavelmente benignos
BI-RADS 4 – Achados suspeitos Estudo histopatológico
BI-RADS 5 – Achados Estudo histopatológico
provavelmente malignos
BI-RADS 6 – Diagnóstico de Tratamento
câncer
Câncer de mama feminino
Câncer de mama feminino

• Redução de 25% da mortalidade com o rastreamemento


mamográfico. Evidências indiretas mostram redução também
com o exame clínico das mamas (OMS, 2008);
• Não há evidências da redução da mortalidade com o auto-
exame das mamas (Thuler, 2003).
• Incapacidade da mamografia em identificar lesões em mamas
de mulheres jovens (USG mostra melhores resultados).
• Controvérsias quanto à faixa etária de rastreamento. Foi
levado em consideração o número de mortes por câncer
induzido pela radiação, número de falso-positivos, maior
ansiedade nas mulheres, overdiagnosis e overtreatment.
Câncer de colo uterino
• Grave problema de saúde pública – 17 novos
casos/100.000 mulheres (INCA, 2012).

• Maior incidência em países em desenvolvimento;

• Carcinogênese intimamente relacionada com a


infecção pelo Papiloma Vírus Humano (HPV), em
especial o HPV16 e HPV18.

• Rastreamento – exame citopatológico convencional


(preventivo ginecológico/ exame de Papanicolau)
(OMS, 2010)
Câncer de colo uterino

Por que não rastrear antes de 25


anos?
1. Baixa incidência nesta faixa-etária
2. Maioria das lesões em estágio 1, sendo o rastreamento
mais ineficaz para identificá-las (Sasiene, 2009).
3. Tratamento de lesões precursoras relacionadas com
maior morbidade obstétrica e neonatal (Krirgiou et al.,
2006)

 Orientar quanto à anticoncepção, doenças sexualmente


transmissíveis e sexo seguro.
 Vacinação HPV
Câncer de colo uterino
Gestantes: recomendações de
Pós-histerectomia: se total, sem
periodicidade e faixa etária
diagnóstico ou tratamento de
conforme demais mulheres,
lesões de alto-grau, excluidas
sendo a procura pelo pré-natal
do rastreamento se exames
considerada uma oportunidade
anteriores normais
de rastreamento.

Mulheres sem atividade Pós-menopausa:


sexual: excluídas do seguir recomendações
rastreamento das demais mulheres

Imunossuprimidas: semestralmente após início de


atividade sexual. Se normais, manter seguimento
anualmente até correção do fator de
imunossupressão. Se HIV positivas, manter
rastreamento semestral até CD4> 200 cel/mm³
Câncer de colo uterino

Material:

- ectocérvice
(espátula de ponta
longa)
- endocérvice
(“escovinha”)

Primeira etapa na avaliação de um resultado de citopatológico: amostra


satisfatória ou não satisfatória ?
Se insatisfatória, novo exame em 6 a 12 semanas com correção do fator que
motivou o resultado insatisfatório.
Representação dos epitélios: escamoso, glandular e metaplásico
Câncer de colo uterino

Resultados Conduta
Lesão intra-epitelial de Nova citologia em 6 meses
baixo grau (LSIL)
Lesão intra-epitelial de Colposcopia
alto grau (HSIL)
Atipias em células
escamosas Lesão intra-epitelial de Colposcopia
alto grau, não podendo
excluir micro-invasão
Carcinoma epidermóide Colposcopia
invasor
Atipias em células Adenocarcinoma in situ Colposcopia
glandulares (AIS)
Adenocarcinoma invasor Colposcopia
(AGC)
Câncer de colo uterino
Resultados Conduta
Em células Provavelmente não Novo exame em 6
escamosas neoplásica (ASC-US) meses

Não se pode afastar Colposcopia


lesão de alto grau
(ASC-H)
Atipias de Em células Provavelmente não Colposcopia
significado glandulares neoplásica
indeterminado
Não se pode afastar Colposcopia
lesão de alto grau
De origem Provavelmente não Colposcopia
indefinida neoplásica
Não se pode afastar Colposcopia
lesão de alto grau
Câncer de colo uterino

Regressão
da Lesão

Infecção
pelo HPV

Câncer de
Colo Uterino

Comportamento
Imunidade Carga genética
sexual
Câncer de colo uterino
1. Citopatológico anual, podendo-se
estender para intervalos de 3 anos se
dois exames consecutivos normais;

2. Início do rastreamento aos 25 anos


para mulheres que já tiveram
atividade sexual;

3. Interromper rastreamento aos 64 anos


quando as mulheres já tiverem dois
resultados consecutivos normais em
um intervalo de 5 anos;

4. Mulheres com mais de 64 anos,


nunca rastreadas: deve-se realizar
dois exames com intervalo de 1 a 3
anos. Se ambos negativos, dispensar
INCA, 2011
exames adicionais
Câncer de colo uterino
“O recrutamento da população-alvo é
prejudicado pela falta de um cadastro
universal de base populacional. Assim, o
atual sistema de rastreamento não tem
controle sobre quem está fazendo os
exames e tampouco sobre o intervalo em
que os exames têm sido realizados. Trata-
se de um programa oportunístico, no qual
as mulheres não são seguidas. A
consequência óbvia é um contingente de
mulheres super-rastreadas e outro em falta
com os controles.”
Câncer de pulmão

Atenção ! ! !

Não existe rastreamento para


câncer de pulmão, apesar de ser o
principal câncer em mortalidade.
Todos os estudos realizados até
agora não mostraram nenhuma
estratégia eficaz para o
rastreamento populacional.
Tabagismo

1. Doença crônica, inserido no CID 10 da OMS;

2. Principal fator prevenível de morte;

3. Na cancerologia: associado ao câncer de pulmão, mama, laringe,


pâncreas, fígado, rim, bexiga, leucemia mielóide e, quando
associado ao álcool, cavidade oral e esôfago (OMS,2009);

4. Tabagismo passivo: mortalidade por câncer 30% maior quando


comparado com a população não exposta (CDC, 2006).
Tabagismo
Diretrizes do Programa Nacional de Combate ao Tabagismo

1. Construção de um contexto social e político favorável ao


controle do tabagismo
2. Equidade, integralidade e intersetorialidade nas ações
3. Parcerias para enfrentamento das resistências ao controle
do tabagismo
4. Redução da aceitação social do tabaco
5. Redução dos estímulos à iniciação
6. Redução ao acesso aos produtos derivados do tabaco
7. Promoção de ambientes livres do fumo
8. Redução das barreiras sociais que dificultam a cessação
9. Aumento do acesso físico e econômico ao tratamento da
dependência
10. Controle e monitoramento dos produtos
11. Monitoramento e vigilância das tendências de consumo e
de seus efeitos sobre saúde, economia e meio ambiente
Tabagismo

Como rastrear !?
1. Aborde quanto ao uso do tabaco

2. Aconselhe a parar (de forma clara


e personalizada)

3. Avalie grau de motivação para


mudança do hábito

4. Assista-o a parar

5. Arranje condições para o


seguimento e suporte
Cadernos de Atenção Primária.
Ministério da Saúde, 2010
Câncer de pulmão
New guidelines from the U.S. Preventive Services Task Force recommend
that smokers between the ages of 55 and 80 who have smoked for at
least 30 pack-years, or former smokers who meet the age and pack-
year criteria but quit less than 15 years ago, undergo annual screenings
for lung cancer using low-dose computed tomography.
Cancer Discov. 2014 Mar; 4 (3)
Câncer de próstata

1. É o câncer mais comum na


população masculina (exceto pelo
não-melanoma);

2. Aumento na incidência no Brasil:


envelhecimento populacional,
evolução dos métodos de
diagnóstico e melhoria dos sistemas
de informação;

3. Fatores de risco: IDADE, etnia, dieta,


história familiar, DM 2 e síndrome
metabólica (Waters, 2009).
Câncer de próstata

“ Os ensaios clínicos realizados


até o momento não apontam para
redução da mortalidade com o
rastreamento do câncer de
próstata, seja através do PSA,
toque retal ou USG transretal
Ilic et al. The Cochrane Library, 2007
Câncer de próstata

Atenção ! ! !

Não é recomendado o
rastreamento populacional para
câncer de próstata.

Limitações:
PSA
Toque retal
USG transretal
Câncer de pele

1. Mais incidente no Brasil


2. Dois tipos: não-melanoma e melanoma
3. Não-melanoma: mortalidade baixa,
intimamente relacionado com a foto-
exposição. Podem resultar em grandes
ulcerações e deformidades físicas
graves
4. Melanoma: mais raro, agressivo e letal.
..
5. Outros fatores de risco: sensibilidade
do sol à pele, imunodeficiências e
exposição ocupacional
Câncer de pele

Detecção precoce: A B C D

Assimetria
Bordas irregulares
Cor variável
Diâmetro > 6mm

Medidas preventivas e
educativas: fotoproteção
Câncer de boca
Rastreamento = Programa de Saúde Bucal

- Grande associação com


tabagismo e etilismo

- Diagnóstico de lesões suspeitas

- Outros fatores associados


Câncer de cólon e reto
- 2020- segundo mais frequente no sexo masculino e
o segundo no sexo feminino

- Intimamente relacionado com o envelhecimento da


população

- Fatores de risco mais importantes: dieta,


obesidade, microbiota intestinal, história familiar e
predisposição genética

“A história natural desta neoplasia mostra


que a detecção precoce tem um grande
impacto na mortalidade”
Câncer de cólon e reto
Os fatores dietéticos e hábitos de vida saudável
estão intimamente relacionados com o processo de
carcinogênese. . .
Câncer de cólon e reto
Câncer de cólon e reto

Método inicial para rastreamento


Pesquisa de sangue adotado em alguns países. Série de
oculto nas fezes limitações. Estudos mostraram redução
da mortalidade (Cochrane
Collaboration)
Mais invasivo. Visualiza apenas uma
porção do órgão, não permitindo uma Retossigmoidoscopia
avaliação completa. rígida/flexível

Exame ideal! Visualiza todo o cólon e


permite a remoção de lesões suspeitas e
Colonoscopia retirada de material para biópsia. Segundo a
SBED (2008), recomendado para todos os
indivíduos acima de 50 anos, independente
dos sintomas
Câncer de cólon e reto

Atenção ! ! !

Não existe programa nacional de


rastreamento para câncer de cólon
e reto no Brasil, contudo o
rastreamento populacional está
fortemente indicado de acordo com
a literatura.
Resumindo . . .
Recomendações para detecção precoce segundo localização do tumor

Retirado de ABC do câncer: abordagens


básicas para o controle do câncer. Inca,
2011
O que aprendemos?
• O câncer não é uma doença nova
• A sociedade atual está mais exposta a fatores de risco de
diferentes tipos
• A exposição a fatores de risco leva alterações genéticas
• O câncer é um fenômeno multifatorial
• O câncer é uma epidemia da nossa época
• Há 4 prevenções (1aria, 2aria, 3aria, 4aria)
• MS advoga somente 2 recomendações para localização de
tumores (mama e colo uterino)
Carlos Drummond de Andrade

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