EPIDEMIOLOGIA Incidência ↑ e em crescimento (envelhecimento da população)
Prevalência ↑ (↑incidência + sucesso terapêutico) Mortalidade ↑ Doença crónica com grande impacto familiar, social e financeiro Tratamentos tóxicos e custo ↑ Tumores malignos: 3ª causa de morte em Portugal (20%; 2000); risco de morrer em Portugal 30% <65 anos, 70% 65 anos (DGS 2001) EUA: + de 800.000 novos casos, 26% próstata, 29% mama (2015); + incidência nos homens (risco para desenvolver cancro durante a vida: 1 em 2 nos homens, 1 em 3 nas mulheres; taxa de sobrevivência 5 anos tem ↑); 300.000 mortes estimadas/ano, homens 1º pulmão, mulheres 1º pulmão/brônquios Reino Unido: mulheres 1ª causa morte por cancro é da mama + incidência e + mortalidade nos homens Portugal: novos casos homens 30.000, mulheres 21.000 (2015) Global: incidência e mortalidade 1º coloretal NOVOS CASOS Número de novos doentes com cancro/ano: Portugal 36.000, União Europeia 1.890.000 Proporção de mortes causadas por cancro: Portugal 20%, União Europeia 25% Número de novos casos: dimensão do problema (valor absoluto); não permite comparação entre populações (falta determinador) INCIDÊNCIA E PREVALÊNCIA Incidência: número de novos casos por unidade de tempo (ano)/100.000 habitantes Prevalência: número total de casos existente numa unidade de tempo (ano)/100.000 habitantes (depende da incidência e da duração da doença; ex.: cancro do pâncreas tem ↓prevalência, ↑HTA) MORTALIDADE Número de óbito por unidade de tempo (ano)/100.000 habitantes TAXA DE SOBREVIVÊNCIA Probabilidade de estar vivo ao fim de determinado tempo (ex.: 5 anos) após diagnóstico AGE ADJUSTED/STANDARDIZED RATE Adaptação matemática das estatísticas (ex.: incidência, mortalidade) para refletir uma população padrão (ex.: população europeia); ≠ do cálculo real na população em estudo Permite comparação entre populações diferentes independentemente da respetiva estrutura etária (ex.: norte da Europa com população envelhecida, África/Turquia com + % de jovens) SINAIS DE ALERTA Tosse que não passa, alteração na boca/garganta/voz (rouquidão persistente), “queixas de estômago” ou alteração do trânsito intestinal, perda de sangue repetida pelos orifícios naturais, dificuldade em urinar, sinal na pele que cresceu/surgiu de novo/mudou de aspeto, aparecimento de “caroço” em qualquer parte do corpo, “caroço”/aumento de tamanho do testículo ETIOLOGIA Doença genética, etiologia multifatorial: fatores ambientais, infeciosos, hereditários FATORES AMBIENTAIS 2015/2016 SOS DCC Inês Neri Tabaco, químicos (aflatoxina, álcool), físicos (radiação solar, radiação terapêutica, asbestos) Obesidade e cancro: 25-33% dos cancros em países industrializados causados por ação conjunta de excesso de peso e atividade física reduzida; 1/3 dos cancros seriam prevenidos através de padrões saudáveis de atividade física e dieta; peso, dieta e atividade física são os fatores de risco modificáveis mais importantes após tabaco FATORES INFECIOSOS EBV: linfoma Burkitt, carcinoma nasofaringe, Hodgkin Hepatite B e C: carcinoma hepatocelular HPV: carcinoma colo do útero, canal anal, pénis HIV: linfoma e EBV, carcinoma colo do útero/canal anal e HPV, sarcoma de Kaposi e HHV8 HTLV1: leucemia células T FATORES HEREDITÁRIOS Mutações somáticas vs germline: BRCA 1 e 2 no carcinoma mama/ovário, síndrome Li-Fraumeni e p53, carcinoma coloretal e APC ou MLH1/MSH2 ESTADIAMENTO Classificação TNM (tumor, nodo, metástase) Fatores de prognóstico Fatores preditivos de resposta BIOLOGIA DA Crescimento e disseminação descontrolados de células; pode afetar qualquer parte do corpo, invade estruturas adjacentes e pode metastizar à CÉLULA distância; doença com divisão descontrolada de células anormais capazes de invadir outros tecidos NEOPLÁSICA Podem ser prevenidos por evicção de fatores de risco comuns (tabaco) Podem ter cura por cirurgia, radioterapia, quimioterapia, especialmente se deteção precoce Distúrbio clonal: clone é grupo de células relacionadas entre si por descenderem de uma origem única; “seleção” ocorre no fenótipo (características) das células tumorais e resulta em evolução (vantagem e crescimento do tumor) HALLMARKS OF CANCER 1. Auto-suficiência em fatores de crescimento (sinalização para proliferação permanente) Recetores de fatores de crescimento → sinalização ativada pela ligação entre fatores de crescimento e recetores → ativa RAS Se mutação/sobreexpressão RAS → sinalização ativada permanentemente (não requer ligação a recetores) 2. Evasão aos inibidores de crescimento (supressores tumorais) Normal: sinalização a partir de um fator de crescimento ao seu recetor → expressão ciclinas D → formação do complexo ciclina D + cinase dependente → fosforilação continua → proteína Rb-E2F → libertação continua E2F → expressão de proteínas para início da replicação do DNA Normal: sinalização a partir de inibidor de crescimento ao seu recetor → p53 → inibe formação do complexo ciclina D 3. Ativação de invasão e metástases 1º Alterações na migração e adesão celular (transição epitelial-mesênquima) 2º Degradação e invasão da membrana basal 3º Invasão 4º Sobrevivência na corrente sanguínea 5º Extravasão 6º Formação de micrometástases 2015/2016 SOS DCC Inês Neri 7º Angiogénese 8º Crescimento tumoral secundário 4. Imortalidade replicativa Desregulação no comprimento da telomerase → células cancerígenas imortais 5. Indução de angiogenese 6. Resistência a morte celular Oncogénese: p53 mutante → formação de c-myc + TERT Hallmarks emergentes: desregulação da energia celular, evicção da destruição imunológica Características capacitantes: instabilidade e mutação do genoma, inflamação tumoral AQUISIÇÃO DE FENÓTIPO MALIGNO Interações específicas entre genes → originam fenótipos apresentados Características de surgimento gradual Ex.: translocação 9;22 Alterações genéticas: mutação pontual (substituição de base), translocação e inversão cromossómicas, deleção e amplificação génica Alterações bioquímicas de proteínas sem alteração genética (alteração epigenética) Alterações devido a: Exposição a carcinogéneos (tabaco, álcool, radiação ionizante) Agentes infeciosos (HPV, EBV, HBV) Inativação de genes responsáveis pela integridade do genoma GENES ENVOLVIDOS NO PROCESSO DE TUMORIGÉNESE Oncogenes Genes normais envolvidos no controlo positivo da proliferação celular que, quando sobreexpressos, promovem a proliferação celular; a sobre-expressão de uma das cópias é suficiente (efeito dominante); MYC, RET, RAS Genes supressores tumorais Genes normais envolvidos no controlo negativo da proliferação celular que, quando não expressos, promovem fenótipo maligno; é necessário que ambas as cópias sejam mutadas, perdidas ou com metilação das regiões promotoras (efeito recessivo); Rb, APC, p53 Genes de reparação de DNA Mau funcionamento do genes de reparação do DNA causa instabilidade do genoma → manutenção das alterações genéticas Tumorigénese no ADC pâncreas Alteração dos oncogenes → alteração dos genes supressores → alteração dos processos replicativos Tumorigénese no CCR Associação entre genes mutados e sequência em que ocorrem as alterações fenotípicas (epitélio normal → lesões benignas percursoras → cancro invasivo) CANCRO COMO ÓRGÃO COMPLEXO Células tumorais, células do sistema imunitário, vasos sanguíneos, células endoteliais, fibroblastos; importantes no desenvolvimento tumoral (sistema imunitário) NICRO PRÉ-METASTÁTICO 2015/2016 SOS DCC Inês Neri Interação entre células tumorais e células do estroma é crucial para crescimento tumoral 1. Formação de nicho em região alterada por células hematopoiéticas recrutadas pelo tumor primário através da libertação de produtos secretados na corrente sanguínea; nicho com alterações da matriz extracelular e das células do microambiente 2. Criação de local para metástase Células recrutadas a nível local (epiteliais) ou sistémico (mieloide imatura/IMC) → inicialmente melhoram a sobrevivência celular e depois promovem a malignidade à medida que o nicho expande e matura → microambiente tumoral → expansão → criação de novos microambientes iguais ao nicho pré-metastático à distância Citocinas importantes: TGF-β, IL6, stromal derived factor 1; produzidas por células da medula óssea, fibroblastos associados a cancro (CAFs) ou células tumorais; oferecem suporte à expansão e maturação TERAPÊUTICA Ideal: terapêutica que atuasse em todos os hallmarks (auto-suficiência em sinais de crescimento, insensibilidade aos sinais anti-crescimento, invasão SISTÉMICA tecidular e metastização, potencial de replicação limitado, angiogénese mantida, evasão à apoptose); atualmente, microambiente tumoral é também alvo BIOLÓGICOS VISÃO REDUCIONISTA As células tumorais atuam sozinhas na proliferação, estando esta apenas dependente das características celulares Exemplos: hormonoterapia apenas pode ser utilizada caso existam recetores hormonais positivos; QT/RT atuam sob o princípio “se há célula tumoral, vamos destruí-la” VISÃO HETEROTÓPICA DA CÉLULA + recente; células tumorais não trabalham sozinhas, proliferação depende do microambiente Exemplos: células neoplásicas têm grande apetência para osso e este dá boas condições de crescimento → terapêutica que não atue diretamente na neoplasia mas module as células ósseas consegue ↓manifestações clínicas das metástases ósseas e ↓probabilidade de metastização óssea (bifosfonatos: atuam nos osteoclastos) TERAPÊUTICA EXISTENTE QT CONVENCIONAL Atuação direta na estrutura do DNA ou interferência na separação dos cromossomas (citotóxica) TERAPÊUTICA ALVO Alvos moleculares específicos importantes na manutenção do fenótipo maligno ou alvos seletivamente expressos pelas células tumorais TERAPÊUTICA Mecanismos bioquímicos que regulam estrogénios e androgénios HORMONAL TERAPÊUTICA BIOLÓGICA Macromoléculas que interagem com alvos específicos: bloqueio e recrutamento do sistema imunológico no ataque a células malignas Auto-suficiência de sinais de proliferação: erlotinib, trastuzumab Invasão dos tecidos e metástases: dasatinib Angiogénese sustentada: bevacizumab, cediranib, vatalanib, aflibercept Escape à apoptose. Bortezomib, inibidores Bcl2 ALVO TERAPÊUTICO Complicado encontrar alvo eficaz: nº de recetores intracelulares e extracelulares não são específicos de um tipo celular → necessidade de terapêutica combinada para impedir vias de escape → + eficácia, + toxicidade 2015/2016 SOS DCC Inês Neri Terapêuticas dirigidas TKI: penetram através da membrana; inibidores da tirosina quinase (TKIs) Inibidores HER2: lapatinib, neratinib Inibidores EGFR: lapatinib, erlotinib, gefitinib Inibidores da angiogénese: sunitinib, sorafenib, vandetanib, vantalanib Anticorpos monoclonais (mAbs): ↑especificidade; não atravessam membrana plasmática; sinalização celular para destruição pelo sistema imunitário Inibidores HER2: trastuzumab, T-DM1 Inibidores EGFR: cetuximab, panitumumab Inibidores de angiogénese: bevacizumab Atuam em diferentes locais da célula, igual alvo → bloqueio duplo possível Trastuzumab + QT = ↑sobrevivência global Recetor HER2 Estudo demonstrou eficácia da adição anticorpo monoclonal anti-HER2 Trastuzumab no tratamento do cancro da mama metastático: redução risco de morte em 44% no carcinoma da mama com sobreexpressão de HER2 (comparação com HER2 negativo) Recetor EGFR Expressão importante nos tumores da cabeça, pescoço e cólon Cascata EGFR: proteína codificada pelo RAS depende do controlo do EGFR; assim, ↑EGFR = ↑RAS; se RAS mutado e sempre ativo, não requer estimulação anterior (irrelevante fármacos que inibam RAS) Terapêutica carcinoma do cólon: Cetuximab (anticorpo monoclonal anti-EGFR) → se RAS normal/wild-type, bloqueio do EGFR = bloqueio da via; porém, uma % dos doentes tem RAS mutado, logo importa pesquisar mutação RAS Novas moléculas Não há doentes nem recursos suficientes para testar todas as moléculas Exemplo: alvos terapêuticos no cancro da mama → cascata do recetor HER2 e estudo para bloquear PI3K (30% doentes com mutação no carcinoma da mama de recetores hormonais positivos), mTOR (favorece proliferação celular e inibe apoptose; Everolimus pertence ao grupo de fármacos que inibe mTOR), estrogénios (bloqueio da ação; Fulvestrant destrói recetor, Exemestano é inibidor da aromatase = impede transformação dos androgénios em estrogénios); associação Everolimus + Exemestano (inibe recetores de estrogénio + via de escape mTOR) RB: supressor tumoral que impede proliferação; inativado pelas CDK4 e CDK6, que estão muito ativas em vários tumores devido a sinais oncogénicos (via PI3K ou recetores de estrogénio e progesterona); inibição das CDK é terapêutica eficaz se RB funcional (Palbociclib, Abemaciclib, Ribociclib); por exemplo, no cancro da mama a via RB pode estar alterada; atualmente existem vários estudos sobre a associação vantajosa de Fulvestrant com Palbociclib em doentes hormonais positivos MICROAMBIENTE TUMORAL Angiogénese: caraterística para sobrevivência das células neoplásicas após tumorogénese; se + de 1000 células, são necessários vasos → células tumorais produzem estímulos e substâncias que desencadeiam a produção de novos vasos anómalos VEGF: principal estimulante da angiogénese; ↑ depende de fatores ambientais (hipoxia, pH), fatores de crescimento e hormonas (EGF, bFGF, PDGF, IGF1, IL1α, IL6, estrogénio), genes tumorais (p53, p73, src, ras, vHL, bcr-abl) VHL tem como função inibir o HIF e consequentemente a angiogénese; se VHL mutado → ↑HIF → angiogénese mantida Bevacizumab 2015/2016 SOS DCC Inês Neri Anticorpos anti-VEGF; inibe crescimento de novos vasos e normalização dos existentes → ↓neovascularização e proliferação tumoral; fármaco tem impacto + na sobrevivência global da doença metastática com ↑significativo da PFS (progression-free survival) 1. Bevacizumab liga-se ao VEGF e previne ligação do VEGF ao seu recetor 2. Vias de sinalização do recetor VEGF não são estimuladas 3. Apoptose ↑ + sobrevivência celular ↓ 4. Proliferação e angiogénese ↓ Múltiplos efeitos: inibição sinalização VEGF → regressão dos vasos tumorais existentes, inibição de novos vasos, normalização das vascularização existente → ↑taxa de resposta, controlo do crescimento, ↓ascite e derrames IMUNOTERAPIA Impacto tem vindo a ↑ CICLO DA IMUNIDADE TUMORAL 1. Libertação de antigénios cancerígenos Estimulação: morte celular imunogénica Inibição: morte celular tolergénica Alvo: QT, RT, terapêutica alvo 2. Apresentação de antigénios cancerígenos Estimulação: TNFα, IL1, IFNα, CD40L/CD40, CDN, ATP, HMGB1, TLR Inibição: IL10, IL4, IL13 Alvo: vacinas, IFNα, GM-CSF, anti-CD40 (agonista), agonista TLR 3. Priming e ativação Estimulação: CD28/B7.1, CD137/CD137L, OX40/OX40L, CD27/CD70, HVEM, GITR, IL2, IL12 Inibição: CTLA4/B7.1, PDL1/PD1, PDL/B7.1, prostaglandinas Alvo: anti-CTLA4, anti-CD137 (agonista), anti-OX40 (agonista), anti-CD27 (agonista), IL2, IL12 4. Migração de células T para o tumor Estimulação: CX2CL1, CXCL9, CXCL10, CCL5 5. Infiltração de células T no tumor Estimulação: LFA1/ICAM1, seletinas Inibição: VEGF, recetor endotelina B Alvo: anti-VEGF 6. Reconhecimento T das células cancerígenas Estimulação: recetor células T Inibição: pMHC↓ Alvo: CARs 7. Morte de células cancerígenas Estimulação: IFN-y, conteúdo granulado células T Inibição: PDl1/PD1, PDL/B7.1, IDO, TGFβ, BTLA, VISTA, LAG3, arginase, IMCA/MICB, B7-H4, TIM3/fosfolípidos Alvo: anti-PDL1, anti-PD1, inibidores IDO 2015/2016 SOS DCC Inês Neri Objetivo: estimulação do sistema imunitário contra as células tumorais Imunoterapia ativa: utilização de vacinas, administração de interleucinas ou anticorpos Imunoterapia ACT: adoptive cell transfer Melanoma: QT tem pouco impacto; terapêutica com dose alta de IL2 eficaz na regressão/cura da doença, mas complicado por ↑risco morte porque doentes entram em choque e quadro de ARDS (requerem ventilação assistida) Bloqueio do CTLA4 ou PD1/PDL1: responsáveis pela downregulation da resposta imunitária, presentes nos linfócitos Th; bloqueio permitiria ↑resposta imunitária → ataque contra células tumorais; fármacos Ipilimumab ou Tremelimumab (anti-CTLA4), anticorpos anti-PD1 → terapêutica com 2 efeitos: impacto no tratamento do melanoma (20-30% sobrevivem 2 anos sem recaída), possibilidade de doenças autoimunes (↑estimulação do sistema imunitário) Mutação BRAF: envolvido na proliferação celular, alterado em diversos carcinomas; Vemurafenib e Dabrafenib aprovados para tratamento das fases tardias do melanoma com ↑sobrevivência em melanomas com mutação BRAF V600E TERAPÊUTICA Mecanismos envolvidos na carcinogénese SISTÉMICA Mutações nos genes que regulam o ciclo celular e vias de transdução implicadas na mitose e apoptose 1. Autosuficiência dos estímulos mitóticos QT e RT 2. Independência dos sinais apoptóticos 3. Evasão da apoptose Manutenção do DNA telomérico 4. Capacidade de divisão infinita Sobreexpressão dos genes que regulam a proliferação vascular 5. Neoangiogénese Sobreexpressão dos genes que promovem a migração e implantação de células malignas em órgãos distantes 6. Metastização Incidência e mortalidade em Portugal Homens: + incidente próstata, + mortal pulmão (tem ↑ em Portugal, mas tem ↓ nos EUA) → + mortalidade por cancro Mulher: + incidente mama, + mortal mama Fatores de risco Idade: maioria dos cancros surge após os 60 anos História familiar de cancro: em casos raros pode haver uma predisposição genética (5-10% dos casos de cancro) Hormonas: TSH ↑ a incidência de cancro da mama Tabaco Luz solar (sol + solários): envelhecimento da pele → alterações → carcinogénese Vírus e bactérias: HPV (colo útero, cabeça/pescoço), hepatite B e C (fígado), HIV (linfomas, Sarcoma de Kaposi), EBV (linfomas, carcinoma nasofaringe), H. Pylori (estômago) Radiação ionizante: interatuam com DNA celular → mutações e anomalias cromossómicas → carcinogénese; exemplos armas nucleares, radiações radiológicas e radioterapia Algumas substâncias químicas: amianto, benzeno, cadmio Dieta pouco variada, pobre em frutas e vegetais, rica em gorduras saturadas: ↑incidência de alguns cancros (cólon, útero, próstata) 2015/2016 SOS DCC Inês Neri Falta de exercício físico, excesso de peso: ↑incidência de vários cancros (mama, cólon, útero) Álcool: potencia efeito carcinogénico de outros agentes em vários cancros (boca, faringe, laringe, esófago, fígado) Prevenção - Controlo dos fatores de risco modificáceis - Quimioprevenção: tamoxifeno/raloxifeno (mulheres com risco ↑ de carcinoma da mama por efeito anti-estrogénico), finasteride (risco ↓ de carcinoma da próstata por ↓testosterona), aspirina e outros AINEs (↓risco de carcinoma cólon) Rastreio Deteção de cancro em fase inicial, antes da sintomatologia; apenas é eficaz e com custo razoável em alguns tipos de cancro e populações em risco → mama, colo do útero, cólon e reto, próstata Diagnóstico Sinais de alarme: emagrecimento, modificação de um sinal cutâneo, nódulo mamário, alteração trânsito intestinal Análises: inespecíficas; marcadores tumorais pouco eficazes no rastreio/diagnóstico precoce (exceto PSA) Exames radiológicos: Rx, ecografia, TAC, RM Estudos com radioisótopos: cintigrafia, PET Biópsia: fundamental para confirmação do diagnóstico e orientação terapêutica Estadiamento Sistema TNM (tumor, nodos, metástases): estadios 0 a IV Fundamental para estabelecer prognóstico/risco de recorrência, planear tratamento, usar linguagem comum, interpretar eficácia do tratamento Exemplo cancro colorectal: T1 mucosa, muscularis mucosa, submucosa; T2 muscularis própria; T3 subserosa; T4 serosa + extensão a órgão adjacente CICLO CELULAR e QT 1. Fase G1 – crescimento celular → agentes alquilantes, antibióticos antitumorais, nitrosureias, cisplatina 2. Checkpoint G1/S – avaliação do tamanho celular e lesões no DNA 3. Fase S – síntese de DNA → 5-FU, citarabina, cisplatina 4. Checkpoint G2/M – avaliação da replicação do DNA 5. Fase G2 – síntese dos componentes celulares necessários à mitose → bleomicina, etoposido 6. Checkpoint M – avaliação do alinhamento dos cromossomas no fuso mitótico 7. Mitose – divisão celular → vinblastina, vincristina, paclitaxel QUIMIOTERAPIA Visa destruir células tumorais de forma sistémica + afetadas as células com divisão celular + acelerada → explica eficácia e efeitos adversos sobre tecidos sãos (alopécia, mucosite, depressão medula óssea) Administração por ciclos para permitir recuperação do organismo Mono ou poliquimioterapia para ↑eficácia e ↓resistência Efeito log-kill: administração de determinada dose de droga citotóxica elimina uma fração constante e não número absoluto de células tumorais por ciclo → população maior de células tumorais sofre perda celular maior pela ação de determinada dose que uma população menor das mesmas células Ciclo: QT → 1 morte 3 log → 1 crescimento 1 log → QT QT ideal: altamente eficaz, seletiva, toxicidade mínima ≠ QT real: cura em 10-15%, não específica, tóxica, resistências 2015/2016 SOS DCC Inês Neri MARCOS HISTÓRICOS Início século XX: conceito de quimioterapia por Paul Ehrlich aplicado ao tratamento sistémico das infeções e neoplasias 1942: Gilman e Philips aplicam mostarda nitrogenada no tratamento de linfomas; propriedades aplasiantes do “gás mostarda” conhecidas desde a 1ª Guerra Mundial Anos 80: uso de derivados platínicos e antraciclinas Anos 90: novos fármacos (taxanos) Última década: desenvolvimento de terapêuticas-alvo EFEITOS SECUNDÁRIOS Motivados por ação não seletiva nas células tumorais e nas normais, em especial as de replicação rápida Alopécia, náuseas e vómitos, alterações da pele e unhas, fadiga e anorexia, inflamação das mucosas, depressão medula óssea (citopénias), neuropatia periférica, efeitos cardíacos, efeitos sobre sexualidade e infertilidade, efeitos de destruição tecidular local no caso de extravasão da veia Síndrome palmo-plantar ou eritrodisestesia palmo-plantar: eritema, edema, ↓sensibilidade e descamação da pele das mãos e pés associada à toma de certos fármacos utilizados na QT (5-FU); normalmente desaparece algumas semanas após término da terapêutica AGENTES Agentes alquilantes: adicionam grupo alquilo ao DNA celular, alterando ou evitando duplicação celular; derivados da platina (Cis, Carbo, Oxali) Antimetabolitos: competem com metabolito normal, alterando função e divisão celular; análogos do ácido fólico (metotrexato), análogos da pirimidina (5-FU, gencitabina) Inibidores dos microtúbulos: afetam divisão celular; alcaloides da vinca (vincristina, vinorelbina), terpenóides (paclitaxel, docetaxel) Antibióticos anti-tumorais: antraciclinas (doxorrubicina, epirrubicina) Inibidores da topoimerase: interferem tanto na transcrição como na replicação do DNA; irinotecan, topotecan AVALIAÇÃO DA RESPOSTA Critérios RECIST: Resposta completa: desaparecimento da doença pelos meios de imagem/complementares Resposta parcial: redução dimensional ≥50%, sem aparecimento de novas lesões Doença estável: resposta <50%, sem novas lesões Progressão de doença: ↑ em + de 25% do tamanho do tumor original ou aparecimento de novas lesões OBJETIVOS DO TRATAMENTO Curativo: atualmente possível em 60% casos; maioria das curas implica tratamento local cirúrgico radial, associado ou não a outras terapêuticas; QT isolada raramente é curativa Paliativo: melhorar sintomas, + qualidade de vida, prolongar sobrevivência Cancros curáveis com QT: tumores células germinais (testículo, extragonadais, trofoblasto, ovário), linfomas de Hodgkin e alguns subtipos não- Hodgkin, leucemias agudas Cancros em que a QT pode ser muito eficaz: mama, ovário/endométrio, pulmão, variante de pequenas células, cabeça e pescoço (nasofaringe), colorectal Sobrevivência no CCR metastático: ao longo do tempo após introdução de QT e sua progressiva evolução com introdução de fármacos cada vez + eficazes → ↑sobrevida dos doentes com CCR (até 23.5 meses) 2015/2016 SOS DCC Inês Neri Quimiocirurgia: associação QT + cirurgia; doença metastática → metástases hepáticas: quando dimensão grande, não era possível a sua resseção e não existiam opções terapêuticas (→ morte); quando se introduziu QT com intuito paliativo, verificou-se que as metástases diminuíam de tamanho conseguindo-se um desvio da curva de sobrevivência para a direita; no entanto, isto apenas tem repercussão no tempo e não na sobrevivência (o que interessa é subida na curva = + sobrevivência) → possível através de QT com cirurgia das metástases: QT permite diminuição do tamanho das metástases que podem depois ser ressecadas com consequente ↑sobrevivência/cura FORMAS DE UTILIZAÇÃO DA QT Monoterapia Poliquimioterapia Prevenção de clones resistentes, citotoxicidade para células em divisão mas também células quiescentes, potenciação de efeitos bioquímicos, acesso a “santuários farmacológicos” (medula óssea, SNC) → procurar fármacos com mecanismo de ação diferentes, atenção aos perfis de toxicidade QT alta dose Eficaz em alguns tipos de cancro (principalmente hematológicos), muito tóxico RESISTÊNCIAS Natural/adquirida Causas - Bioquímicas: fármaco não convertido em forma ativa, santuários farmacológicos, gene MDR (multi-drug resistance) - Farmacológicas: absorção fraca ou errática, ↑excreção ou catabolismo, interações medicamentosas, transporte deficiente às células tumorais ADMINISTRAÇÃO Oral: comodidade, poupança de recursos, dosagem maleável em alguns casos; desvantagens – disponibilidade variável, problemas de absorção, cumprimento da terapêutica, preço Endovenosa QT CURATIVA QT primária/neoadjuvante (ou de indução): como terapêutica inicial, pode ser seguida por outras modalidades locais (QT ou RT) Vantagens: ↓volume tumoral e permite tratamento local + conservador; controlo sistémico precoce; avaliação in vivo da eficácia da terapêutica sistémica → cancro da mama, pulmão, bexiga, estômago, osteossarcoma, ovário Desvantagens: atraso no tratamento radical, complicações cirúrgicas eventualmente maiores, estadiamento pode ser incorreto QT adjuvante: após tratamento local Eliminação de micrometástases = ↑sobrevivência/cura → mama, ovário, colon, pulmão, pâncreas QRT concomitante: como terapêutica primária (definitivo ou neoadjuvante) ou complementar à cirurgia (adjuvante) Utilizado em contexto neoadjuvanete, adjuvante ou definitivo; funciona como radiossensibilizante e arma terapêutica sistémica → reto, canal anal, pulmão, pâncreas e vias biliares, cabeça e pescoço, esófago, bexiga, colo do útero QT PALIATIVA HORMONOTERAPIA Cancro hormono-sensíveis: mama, próstata, endométrio Mecanismo de ação: inibição de produção hormonal (exemplo: castração), bloqueio dos recetores nas células tumorais 2015/2016 SOS DCC Inês Neri Hormonoterapia no cancro da mama: 1896: ooforectomia, adrenalectomia, hipofisectomia, estrogénios, androgénios – terapêuticas hormonais no século XX Anos 70: introdução do tamoxifeno; reconhecimento da importância dos recetores de estrogénios (1ª terapêutica alvo) Anos 80-90: introdução análogos LHRH como inibidores da síntese de estrogénios ováricos; síntese de inibidores de aromatase (inibem produção estrogénios extra-ovários → fundamental após menopausa) Inibidores da aromatase e tamoxifeno (mecanismo de ação) Inibidores da aromatase: inibição da conversão de androgénios em estrogénios (importante pós menopausa) Antagonistas dos recetores de estrogénio: tamoxifeno PRINCÍPIOS DE Tratamento de neoplasias malignas com radiação ionizante (cerca de metade da população com cancro); pode também ser utilizada em algumas RADIOTERAPIA patologias benignas Radioncologistas: formação em oncologia e utilização de radiação ionizante para fins terapêuticos Descoberta dos raios X: Wilhelm Conrad Rontgen → prémio nobel da física 1901 Radioatividade por descoberta do rádio e do polónio: Marie Curie → prémio nobel da física 1903, prémio nobel da química 1928 PRINCÍPIOS DE RADIOTERAPIA Radiação: propagação de energia através do espaço ou outro meio; pode ser classificada em corpuscular ou eletromagnética Radiação eletromagnética Raios X: ondas eletromagnéticas (como luz visível), ondas rádio, infravermelhos, raios ultravioleta Ondas eletromagnéticas transportam energia radiante através do espaço sob a forma de partículas – fotões: não têm existência em repouso, nem suporte material, atribuindo-se-lhes uma massa (m) exclusivamente dinâmica; quantidade de energia por fotão é medida em eletrão volt (eV; múltiplos 1 KeV (103), 1 MeV (106) Radiação corpuscular ou de partículas (eletrões, protões, neutrões) Energia radiante transportada por partícula com massa em repouso, carregada eletricamente ou neutra FOTÕES ELETRÕES = ou + energia quanto + profunda por a lesão a tratar + eficácia para lesões superficiais Usados para lesões profundas → maioria dos cancros Usados em lesões superficiais → cancro cutâneo Cancro da mama pós-tumerectomia e requer radioterapia adjuvante Necessidade de abordagem + pormenorizada/superficial em cancro para evitar recidiva local cutâneo (fotão causa + dispersão) Protões: raros casos de lesões superificiais FOTÕES ELETRÕES PROTÕES + utilizados Zona à superfície em que incide 100% dose Zona à superfície em que incide 100% dose Curva + atenuada → decaimento + lento → + dose à superfície que protões → utilização 20% da dose administrada até atingir alvo dose dispersa em lesões superficiais Pico de Berg: pico ao atingir o alvo (100%); Profundidade a partir da qual não têm dose depois há decaimento abrupto = menos dose espalhada Tumores localmente avançados: QT + RT Mecanismos de interação do fotão Em função da energia e nº atómico do meio 2015/2016 SOS DCC Inês Neri Efeito fotoelétrico Produção de pares Efeito de Compton: independente do nº atómico do meio → dose absorvida idêntica no osso e tecidos EFEITOS DA RADIAÇÃO Raios X Capacidade de atravessar camadas da pele → deposição de energia nas células + profundas do corpo Energia suficiente para ionizar átomos → interferência na construção de moléculas, quebra de ligações químicas em moléculas biológicas importantes Efeitos da radiação 1. Reação física → libertação radicais livres 2. Reação química → reação enzimática, processo de reparação 3. Reação biológica → proliferação celular 4. Carcinogénese: efeito adverso tardio possível → tumores induzidos por radioterapia ocorrem anos após tratamento (0.5% dos tumores conhecidos): localizados na área irradiada; se surgir meses após tratamento, não é radioinduzido Efeitos agudos: inevitáveis; ocorrem durante o tratamento, resolução rápida (até 1-2 meses após cessação radioterapia); administração de dose normal causa mucosite/dermite radioinduzida (caso não exista = radiação sem efeito) Efeitos tardios: perduram + de 6 meses após término da radioterapia (exemplo: hipopigmentação cutânea, carcinogénese); doses definidas para minimizar efeitos tardios Mecanismos de lesão do DNA Lesão direta: radiação quebra dupla hélice DNA Lesão indireta: radicais livres quebram dupla hélice DNA → morte celular Fases de + efeito na medula: G2 tardia, mitótica; QT adjuvante consegue imunizar as fases de + radio-resistência (restantes); uma vez que no momento do tratamento, nem todas as células estão nas fases + rádio-sensíveis, é necessário: Fracionamento: + sessões, - dose/sessão → pouca tecidos normais através da reparação da lesão subletal e repopulação entre frações; a reparação da lesão subletal é maior nos tecidos de resposta tardia, a repopulação celular é maior nos tecidos de resposta aguda; fracionamento causa ↑lesão tumoral através da reoxigenação e redistribuição das células tumorais Fracionar dose + administrar agentes radiosensibilizadores (ex.: cisplatina) - doses, + dose/sessão Fatores biológicos que influenciam resposta dos tecidos tumorais e normais à radioterapia fracionada (5 Rs da radioterapia): Reparação Redistribuição Repopulação Reoxigenação Radiossensibilidade intrínseca Probabilidade de complicações no tecido normal em função de: Dose total Dose por fração Tempo total de tratamento (tumores da cabeça e pescoço, tumores ginecológicos: RT durante 7 semanas; se ultrapassadas, recidiva ↑) 2015/2016 SOS DCC Inês Neri Volume de tecido normal irradiado Hemoglobina Valor importante devido à reoxigenação ↓O2 disponível → ↓radicais livres importantes no efeito indireto Condiciona taxa de recidiva local e à distância em doentes com carcinoma do colo do útero Efeitos da radiação nos tecidos normais Dose absorvida: quantidade de energia absorvida por unidade de massa de material irradiado 𝐸 𝐽 𝐷𝑜𝑠𝑒 𝑎𝑏𝑠𝑜𝑟𝑣𝑖𝑑𝑎 = = = 𝐺𝑦 𝑚 𝐾𝑔 Planeamento da RT: possível calcular dose máxima e média por zona → evitar que tecidos circundantes recebam + do que a dose pré-estipulada; em tumores grandes pode ser impossível poupar os órgãos à volta (não podemos arriscar poupar tumor; exemplo tumor cabeça e pescoço pode ser impossível poupar parótidas) Dose total administrada limitada pela tolerância dos tecidos sãos envolventes → + volume irradiado = - dose de tolerância Reações agudas: radiodermite, náuseas e vómitos, diarreia, cansaço, cistite, rectite; ocorrem durante RT ou até 3 meses do final do tratamento Reações tardias: telangiectasias, radiomielite, paralisia, dor, fibrose, fístula, cistite e rectite rádicas, xerostomia; ocorrem 3 meses (a anos) após final da RT Fracionamento da dose Vários esquemas: fracionamento convencional, hiperfracionamento, hipofracionamento Existem tumores que têm tempo máximo de tratamento de forma a não aumentar probabilidade de recidiva e não diminuir sobrevida OBJETIVOS <50% doentes com cancro ficarão curados da doença Por cada 100 doentes: 22 curam com cirurgia, 18 curam com RT isolada ou combinada, 5 com QT isolada ou combinada Fundamental no tratamento loco-regional; modalidade curativa primária em 30% das neoplasias; + de 50% doentes oncológicos são submetidos a RT Necessário melhorar controlo local: pré-requisito para cura, recidiva local pode afetar qualidade de vida, recidiva local associada a ↑doença metastática Premissas da RT clínica: Cura apenas é possível com eliminação do tumor primitivo em doentes sem metástases Dose necessária para eliminação do tumor primitivo depende do tipo de tumor e nº de células tumorais clonogénicas Dose deve limitar-se ao tumor para evitar efeitos adversos no tecido normal RT Curativa Definitiva: RT isolada Pré-operatória: RT neoadjuvante Adjuvante: pós-operatória; doente com margem cirurgia curta tem + risco de recidiva → RT pós cirurgia; após mastectomia com gânglios positivos (≥3 gânglios positivos, ≥1 gânglio positivo em tumor localmente avançado) Concomitante com QT: tumores localmente avançados ou mau prognóstico; linfoma de Hodgkin em estadio inicial (cura) RT Paliativa Alívio dos sintomas, melhoria da qualidade de vida 2015/2016 SOS DCC Inês Neri Antiálgica: metástases ósseas de cancro da mama Hemostática: doente com hemorragias esofágicas → permite que fique sem melenas e hematémeses, ↑Hb Metástases cerebrais: quando inoperáveis por sinais de hipertensão craniana ou grande degradação do estado geral; radiocirurgia → radioterapia localizada em única metástase em doente com bom estado geral RT Profilática Prevenção Exemplo: leucemia de alto risco → radioterapia SNC: irradiação do encéfalo para prevenção de recidiva (lâmina cribriforme; meninges porque RT não penetra) Performance status: estado geral; importante em Oncologia; em doentes nível 4 não se faz RT curativa PROCEDIMENTOS Delimitação da área a irradiar 1. TAC de alinhamento: sem contraste; radioncologista demarca área tumoral a ser irradiada 2. Definição da melhor forma de cobrir a área e poupar tecidos sãos → seleção da radiação Durante o tratamento: doente imobilizado; tumor da cabeça ou pescoço exige colocação de máscara muito apertada → evitar lesão estruturas adjacentes TAC de alinhamento: permite posicionar doente; essencial que imagem obtida no momento da sessão sejam iguais à posição da TAC de alinhamento → reprodutibilidade do tratamento Margens: Tumorais Com existência de doença microscópica De segurança em relação aos tecidos envolventes e que permita algum movimento dos órgãos (doente imobilizado ainda tem movimento do coração, pulmões) Linha temporal do tratamento Diárias (2ª a 6ª), com descanso ao fim-de-semana; desconhece-se pertinência de realizar tratamento ao fim-de-semana (estudos realizados com este protocolo devido a horário normal de trabalho) Radioterapia em tumores da mama após cirurgia oncoplástica Cirurgia oncoplástica: mastectomia + reconstrução no mesmo tempo operatório → alteração do volume de distribuição → dificulta cálculo da radiação Desconhecem-se efeitos tardios da colocação de prótese antes do tratamento de radioterapia Irradiação do SNC Encéfalo e medula espinham; neuroblastomas (risco de disseminação no SNC) Técnica difícil: sessão 40 minutos; imobilização total (zonas de sobreposição de dose que têm que ser evitadas); de 5 em 5 sessões aumenta-se 1 cm para compensar zonas com gap de dose → desvios cumulativos = zonas a receber 60/80 Gy Medula: 36 Gy (máximo 45 Gy) Braquiterapia Intersticial: fontes de radiação colocadas diretamente no tecido alvo do local afetado (próstata, mama) 2015/2016 SOS DCC Inês Neri De contacto: implica colocação da fonte de radiação no espaço junto ao tecido alvo; pode ser intracavitária (fonte colocada numa cavidade corporal como colo do útero ou vagina), endoluminal (fonte colocada no lúmen como traqueia ou esófago), de superfície (fonte colocada na pele), intravascular (fonte colocada no interior de vaso sanguíneo como na re-estenose de stent coronário) Taxa de dose: quantidade de radiação administrada por unidade de tempo (Gy/h) Sob anestesia ou sedação/analgesia (dor); colocação de agulha vectora com precisão de modo a passar no meio da lesão; botão de entrada + botão de saída; TAC para marcar zona a tratar Cutânea, prostática (sementes), ginecológica, mama Irradiação total da pele Neoplasias malignas, algumas doenças benignas Linfomas, leucemias: principalmente indolentes, possibilidade de cura; linfoma MALT 20 Gy (no lugar de gastrectomia) Micoses fúngicas: técnica de Stanford (“bailarina”; doente faz várias posições nas quais é administrada radiação), técnica rotatória (doente gira e recebe radiação; requer proteção de unhas, olhos e sobreimpressão nas zonas de sobredosagem como planta do pé; ótimos resultados) Irradiação total do corpo Transplante de medula óssea → evitar rejeição do enxerto RADIOTERAPIA ADAPTATIVA 4D Futuro da radioterapia radical Considera as 3 dimensões do volume tumoral e alterações ao longo da irradiação (4ª dimensão) Aquisição de imagem durante as sessões de tratamento (RT de imagem guiada, IGRT): ajudam a reduzir incertezas devidas às alterações da geometria tumoral CIRURGIA Terapêutica oncológica + antiga; método diagnóstico e terapêutico; associada a terapêuticas neoadjuvantes (sistémicas, pré-cirúrgicas; ↑eficácia cirurgia) ou terapêuticas adjuvantes (pós-cirúrgicas; ↓risco de recidiva local ou sistémica) TRATAMENTO DE TUMOR PRIMÁRIO Ressecar o tumor Margens adequadas: dependem de tipo histológico, estadio, órgão, estruturas adjacentes; várias regras para determinar forma e extensão da resseção de tecido à volta do tumor (NCCN que versam sobre diagnóstico, estadiamento, tratamento) Órgão: mama exige ausência de doença microscópica nas margens; estômago exige margem 4 cm; reto depende da localização (proximais com 4 cm e mesorecto; distais e inferiores com margens mais pequenas para preservar função do esfíncter) Tipo histológico: melanoma depende da espessura (+ espesso = + margem) Estruturas adjacentes: sarcomas podem exigir resseção dos músculos e preservação dos vasos e nervos para manter viabilidade do membro Estadiamento ganglionar: considerar padrão de metastização Linfadenectomia de estadiamento: verificar invasão ganglionar; depende do tipo de cancro (mama com esvaziamento axilar + de 8-10 gânglios; estômago 15 gânglios; cólon + de 12 gânglios); classifica-se em D1 (resseção do tecido ganglionar até 3 cm do tumor), D2 (D1 + resseção ganglionar do tronco celíaco e ramos (artérias hepática, esplénica e gástrica esquerda); técnica standard); D3 (D2 + omentectomia, esplenectomia, pancreatectomia caudal, gânglios da porta) Linfadenectomia terapêutica: controlo local Técnica do gânglio sentinela: gânglio sentinela é o 1º a receber drenagem linfática da área anatómica (pode ser + do que 1); injeção de solução colóide marcada com isótopos radioativos para identificação do território de drenagem e gânglios envolvidos; se gânglios negativos 2015/2016 SOS DCC Inês Neri (sem evidência de metastização por células tumorais) = probabilidade ≥95% de nenhum gânglio estar afetado; permite enviar menor nº de gânglios para análise, que passa a ser + pormenorizada; técnicas como imunohistoquímica permitem detetar metástases muito pequenas e células tumorais isoladas (sem significado clínico); deteção do gânglio sentinela com sonda de raios gama que deteta corante injetado; atualmente técnica standard de estadiamento ganglionar no cancro da mama (obrigatória no cancro da mama invasivo, mesmo que não existam gânglios palpáveis e independentemente do tipo de cirurgia) Implicações no tipo de resseção: estadiamento ganglionar pode implicar excisar + do que margens Complicações a longo prazo: linfedema grave (evitado com técnica do gânglio sentinela) Doença residual: apenas existe possibilidade de sobrevida longo prazo se cirurgia R0; em casos de envolvimento tumoral das estruturas vitais em que não é possível realizar R0, não se deve optar por cirurgia porque não oferece sobrevida e apresenta risco cirúrgico R0: sem doença residual micro/macroscópica → margens livres de tumor R1: doença microscópica residual → deteção de doença nas margens por análise anatomopatológica R2: doença residual macroscópica → impossibilidade cirúrgica de excisar margens Tratamento cirúrgico de doença metastática (intenção curativa): realizar quando possível ressecar a totalidade da lesão metastática EMERGÊNCIAS CIRÚRGICAS ONCOLÓGICAS OCLUSÃO Oclusão das vias áreas: tumores da cabeça e pescoço (esófago proximal, laringe, língua) Oclusão do tubo digestivo: tumores da zona distal (cólon, reto, ginecológicos; forma + comum de apresentação de tumor do cólon distal) → quadro clínico de paragem de emissão de gases e fezes com evolução de 1 semana; se dor aguda deve ser pesquisada perfuração (cirurgia emergente) HEMORRAGIA Neovasos incapazes de vascularizar complemente o tumor do cólon direito → necrose superficial + hemorragia CIRURGIA PALIATIVA Tentar realizar por técnica endoscópica Traqueotomia: tumores da cabeça e pescoço (língua, faringe, laringe); pode haver obstrução da via aérea + dispneia progressiva → necessidade de criar nova abertura para via aérea Gastro/jejunostomias de alimentação: obstrução alta do tubo digestivo → necessidade de sonda para alimentação abaixo do tumor; gastrotomias há fixação do estômago à parede abdominal e introduz-se um tubo (PEG) através do qual se pode administrar dieta líquida ao doente diretamente para o estômago; procedimento pode ser realizado ao nível do delgado com 1 das ansas proximais Íleo/colostomia: tumores pélvicos que condicionam oclusão → ileostomias, colostomias, ileocolostomias → melhorar trânsito intestinal (colostomias ao nível do transverso ou sigmoideia) Derivações internas: hépato-jejunostomia (ligação de ansa do intestino delgado à via biliar → alívio da icterícia) CIRURGIA RECONSTRUTIVA Considerar dimensão estética + funcionalidade anatómica CIRURGIA PROFILÁTICA Polipose Adenomatosa Familiar: risco↑ de cancro do cólon e reto → procto-colectomia total BRCA1, BRCA2: risco↑ de cancro da mama e ovário → mastectomia profilática, ooforectomia profilática COLOCAÇÃO DE ACESSOS VENOSOS CENTRAIS Permite poupar veias dos membros; QT com agentes citostáticos tóxicos que não podem ser administrados em veias periféricas 2015/2016 SOS DCC Inês Neri CVC: canalizam veia de grande calibre (subclávia, jugular interna, femoral); apesar de punção poder ser realizada apenas por referência anatómica, atualmente grande parte da colocação de cateteres é feita por técnica ecoguiada → permite identificar e puncioná-la veia diretamente; intensificador de imagem permite perceber se cateter está na veia correta CVC subcutâneo: opção em QT; acoplado a pequena câmara implantada debaixo da pele Complicação: pneumotórax (<2% casos), quilotórax (lesão da via de drenagem linfática; raro), lesões do parassimpático, laceração da veia cava FATORES DE SUCESSO NA EVOLUÇÃO DA CIRURGIA ONCOLÓGICA Diagnóstico citohistológico pré-operatório: guiado por imagem, endoscópico Estadiamento pré-operatório: TAC, RM, ecoendoscopia, PET Seleção de doentes Terapêuticas neoadjuvantes: QT, RT, hormoterapia TIPOS DE CIRURGIA ONCOLÓGICA CIRURGIA CONSERVADORA Resseção parcial, evita cirurgia radical; exemplo mastectomia parcial, quadrantectomia Situações de resultado mau: grande volume do tumor excisado, tumores da parte inferior da mama, tamanho da mama CIRURGIA ONCOPLÁSTICA Melhorar resultado estético da cirurgia reconstrutiva: técnica de reconstrução mamária (cirurgia reconstrutiva) + mamoplastia de redução (cirurgia estética) Remodelação de volume: resseção tumoral da mama → utilização de tecido restante para reconstrução de mama + pequena que original Substituição de volume: substituir tecido excisado por retalho (exemplo músculo grande dorsal) Técnicas tipo 1 Técnicas tipo 2 Resseção <20% Resseção 20-50% Remodelação glandular e centralização do complexo aréolo-mamilar Necessidade de resseção da pele e modificação da forma da mama: sem necessidade de resseção da pele e modificação da forma da mama mamoplastia de redução terapêutica ou substituição de volume com tecido autólogo e próteses Técnicas: peri-areolar ou roundblock, mamoplastia em raquete, hemi- Técnicas: central ou Grisotti, método latera, T invertido E, enxerto batwing aréola e mamilo, método vertical, reconstrução com retalho grande dorsal Pinça anatómica (1º e 2º dedos da mão): técnica cirúrgica de retalho baseada nas anastomoses da vasculatura da palma e dorso da mão → cobertura da região, manutenção da funcionalidade da pinça anatómica (evitar amputação) Áreas de apoio do pé: base do 1º e 5º dedo, calcâneo; utilizar retalho para zona do escavado plantar; utilizar retalho da zona do escavado plantar CIRURGIA FUNCIONAL Reconstrução cirúrgica após resseção para manutenção da funcionalidade do órgão; exemplo em tumor do reto com necessidade de criar neo-reto com bolsas cólicas ou ileais → continência TERAPÊUTICAS COMBINADAS Cirurgia + QT/RT 2015/2016 SOS DCC Inês Neri Perfusão isolada hipertérmica de membros com QT: utilizada em terapêutica paliativa de doentes com metástases em trânsito de melanoma e terapêutica neoadjuvante em doentes com sarcoma dos membros; estabelece-se círculo da circulação extra-corporal com fuga de 10% da circulação do membro → permite quantidade de QT x 10; evita toxicidade Peritonectomias com QT intra-peritoneal: técnica paliativa com QT intra-peritoneal intra-cirúrgica; 1) resseção do tecido que envolve massa tumoral 2) resseção tecido tumoral 3) banho de QT intra-peritoneal sob hipertermia (+ eficácia); usada em doentes com distensão abdominal acentuada Eletroquimioterapia: descarga elétrica que despolariza membrana celular (eletroporação) e a torna permeável a alguns fármacos de QT (como bleomicina) → administração do fármaco por injeção tópica ou sistémica + descargas à volta do tumor; permite tornar permeáveis à QT células que não eram de forma transitória e irreversível Radioterapia intraoperatória NOVAS TECNOLOGIAS CIRURGIA LAPAROSCÓPICA = eficácia e segurança que cirurgia laparoscópica convencional por laparotomia Vantagens: ↓tempo de internamento, normalização do trânsito intestinal + rapidamente, cicatriz + pequena, ↓morbilidade pós-operatória Desvantagens: ↑tempo operatório, ↑custos (cirurgia laparoscópica + cara que laparotomia), requer maior aprendizagem OUTRAS: corte (laser, ultrassónico, harmónico), suturas mecânicas (lineares, circulares), ecografia intraoperatória, cirurgia radioguiada CANCRO DA EPIDEMIOLOGIA MAMA Estatística europeia, 2000: incidência 2º, mortalidade 3º → <50% casos resultam em morte → bom prognóstico + prevalência em países desenvolvidos (Bélgica) Incidência tem ↑ devido à ↑esperança média de vida; mortalidade tem ↓ devido a rastreio e avanço terapêutico IPO: tratados 850 casos de cancro da mama/ano; 2/3 são tratados por cirurgia conservadora, 1/3 por mastectomia; das doentes submetidas a mastectomia, 40-45% faz reconstrução imediata (as que não realizam é devido a idade avançada ou vontade da doente, raramente por contra- indicação – tumor localmente avançado, tumor inflamatório, doença metastática); das doentes submetidas a cirurgia, 60% faz algum tipo de procedimento reconstrutivo da mama (cirurgia oncoplástica) TIPOS HISTOLÓGICOS Carcinoma não invasivo: a) Carcinoma intraductal in situ (ou neoplasia intra-epitelial ductal – DIN) b) Carcinoma lobular in situ (ou neoplasia intra-epitelial lobular – LIN) Carcinoma invasivo: a) Carcinoma ductal invasivo ou carcinoma invasivo ONS: 70% casos (+ frequente) b) Carcinoma lobular invasivo (5% casos) c) Carcinoma medular d) Carcinoma colóide e) Carcinoma papilar f) Carcinoma tubular g) Carcinoma cístico adenoide h) Carcinoma secretório i) Carcinoma inflamatório 2015/2016 SOS DCC Inês Neri j) Carcinoma com metaplasia Bom prognóstico Prognóstico intermédio Mau prognóstico Tubular, cribriforme, Medular, secretório, Metaplásico, micropapilar, mucinoso, adenoma quístico lobular invasivo anel de sinete, inflamatório Outros: angiossarcomas (sarcoma primário da mama + comum) FATORES DE RISCO/PROTETORES Risco: idade, sexo feminino, exposição a estrogénios (menarca precoce, menopausa tardia, HT de substituição), obesidade pós-menopausa, tabaco pré-menopausa, álcool Protetores: maternidade precoce, amamentação, obesidade pré-menopausa, tabaco pós-menopausa ACO: efeito nulo após cessação FATORES GENÉTICOS Sexo: + importante; países em que incidência é de 1 mulher para 8 (problema saúde pública) Apenas 5-10% cancros tem base hereditária; existem cancros familiares em 15-20% APRESENTAÇÃO CLÍNICA Maioria assintomático; lesão detetada na mamografia de rotina ou RM no contexto de história familiar (resultado terapêutico melhor, + probabilidade cura) Sintomas clínicos: tumor, repuxamento do complexo areolo-mamilar, retração cutânea (≠ da reação desmoplásica), invasão da pele, corrimento unicalicular (sobretudo com características hemáticas); casos extremos com invasão da pele e ulceração (T4b, facilmente identificável) Raramente se manifesta com metástases à distância Metastização: gânglios, ossos, pulmão (+ frequente), fígado, cérebro, intestino ESTADIAMENTO Considera locais preferenciais de metastização (osso, pulmão, fígado); pré-definido inclui ecografia abdominal, radiografia tórax (podem ser substituídos por TAC toraco-abdominal), cintigrafia óssea TRATAMENTO Depende do estadiamento: loco-regional (mama e/ou gânglios) ≠ doença sistémica 1. Terapêutica neoadjuvante: RT/QT/HT 2. Cirurgia 3. Terapêutica adjuvante: RT/QT/HT/imunoterapia Terapêutica neoadjuvante: Indicações: Doença localmente avançada com componente inflamatório, + de 5 cm ou aglomerados adenopáticos → condições cirúrgicas inadequadas, terapêutica neoadjuvante facilita cirurgia Tumores T2 (2-5 cm) mas relação tamanho do tumor/tamanho da mama não permite cirurgia conservadora → terapêutica neoadjuvante faz down staging → cirurgia conservadora (em vez de mastectomia) Terapêutica adjuvante: Permite prevenir recidiva local e sistémica RT externa – controlo de recidiva local; indicações: 2015/2016 SOS DCC Inês Neri Complemento à cirurgia conservadora → eficácia = mastectomia Mastectomia em tumores localmente avançados Tipos de cirurgia: Mastectomia: simples (com pesquisa de gânglio sentinela), radical modificada, radical Halsted (resseção do grande e pequeno peitoral), Patey (resseção de pequeno peitoral), poupadora de pele ou mamilo Conservadora: tumorectomia/quadrantectomia; por vezes difícil distinguir pois não existem quadrantes anatómicos na mama (conceito teórico); classicamente cirurgia conservadora = tumorectomia com esvaziamento axilar, atualmente associada a biópsia do gânglio sentida; apenas possível em caso de foco único de tumor ou multifocal mas no mesmo quadrante (<5 cm entre focos; obviamente depende do tamanho da mama), elegibilidade para realização de radioterapia externa adjuvante, possibilidade de cirurgia R0 ou obter resultado estético aceitável, anatomopatologista vai sempre para o BO para avaliação macroscópica das margens (taxa de re-excisão <3%) Em termos de sobrevida: cirurgia conservadora + radioterapia externa = mastectomia radical Importância do resultado estético Risco de recidiva local é ligeiramente superior em cirurgia conservadora + RT externa (5%) do que na mastectomia radical (2-3%); ambas as técnicas deixam tecido mamário pelo que risco de recidiva nunca é nulo; cirurgia conservadora deixa + tecido mamário → apenas deve ser admitido risco + se resultado estético aceitável Fatores que influenciam negativamente o resultado estético: volume de tumor excisado, localização (parte inferior da mama associada a pior resultado), tamanho da mama RT provoca necrose dos adipócitos → retração e fibrose tardia; considerar cirurgia de redução da mama contralateral Classificação das sequelas pós cirurgia conversadora: evitar tipo 2 e 3 Tipo 1: sem deformação, com assimetria → procedimento de simetrização Tipo 2/3: defeitos com ou sem deformação da mama → reconstrução parcial/total Cirurgia oncoplástica Aplicação de técnicas de cirurgia plástica no tratamento do cancro da mama; correção posterior à cirurgia conservadora + utilização de técnicas plásticas na cirurgia inicial: Evitar incisão cutânea na “zona pública” da mama (visível com biquíni, soutien) Remodelação glandular (preenchimento do defeito criado para evitar deformações pós-radiação) Substituição de volume Centralização do complexo areolo-mamilar Mamoplastia contra-lateral (mulheres aceitam + facilmente ter 2 mamas menores do que tê-las assimétricas) Seleção de doentes: baseada na localização (central, quadrantes externos, superiores e inferiores), tamanho da mama (hipertrofia mamária, gigantismo mamário), relação dimensão do tumor/mama (tipo 1: volume <20% → remodelação glandular, centralização do CAM; tipo 2: volume 20- 50% → mamoplastia de redução terapêutica, substituição de volume com tecidos autólogos ou próteses), densidade do parênquima; idade não é critério Técnicas + utlizadas no IPO: roundblock, T invertido; vários fatores condicionam tipo Reconstrução mamária pós-cirúrgica – imediata/diferida Vantagens da reconstrução imediata: evita sensação de amputação mamária, preserva sulco mamário, forma + natural da mama, ↓custos/tempo de bloco/internamento, ↑resultado estético, + satisfação doente 2015/2016 SOS DCC Inês Neri Reconstrução imediata: segura no carcinoma invasivo, deve ser oferecida a todos as doentes submetidas a mastectomia se possível; técnica + utilizada é técnica de expansor/implante; pode ser feita reconstrução imediata com colocação de prótese retromuscular na mastectomia subcutânea ou conservadora poupadora de pele; caso exista escassez de tecido cutâneo, coloca-se balão expansor que é enchido semanalmente com soro fisiológico até ligeiramente superior à mama contralateral até ser atingido tamanho suficiente e é substituído por prótese definitiva; técnica de reconstrução com recurso a retalho miocutâneo do grande dorsal utilizada no IPO Reconstrução do complexo areolo-mamilar: técnicas com enxerto, retalhos locais ou combinação de ambos → dermopigmentação do mamilo RECETORES DO CANCRO DA MAMA Recetores hormonais +, HER2 – (2/3 casos) → HT + QT HER2 + (15% casos; metade tem recetores hormonais +, metade tem recetores hormonais negativos) → QT e transtuzumab + HT Triplo negativos → QT Atualmente: carcinoma da mama com múltiplas doenças, minimização da terapêutica local, individualização do tratamento sistémico, identificação do risco genético e prevenção Técnicas moleculares: classificação do tumor conforme expressão génica; na prática, decisão terapêutica influenciada por classificação histológica (resultados reprodutíveis, acesso + fácil) DECISÃO TERAPÊUTICA DOENÇA: estadiamento + características biológicas do tumor (subtipo histológico, grau de diferenciação, recetores hormonais, HER2, presença de angioinvasão, KI67, perfil genético) + co-morbilidades MODALIDADE TERAPÊUTICA: hormonoterapia, quimioterapia citotóxica, fármacos anti-HER2 (transtuzumab), bifosfonatos e denosumab TRATAMENTO MÉDICO Curativo: adjuvante | neoadjuvanete/primário/pré-operatório | CMLA (carcinoma mama localmente avançado) Paliativo: estadio IV (M1) OBESIDADE Fator prognóstico: ↓sobrevida Fator preditivo de resposta ao tratamento Cancro da mama com recetores hormonais + em mulher obesa → + mortalidade → HT adjuvante Terapêutica do cancro da mama deve incluir redução do excesso de peso QUIMIOTERAPIA SISTÉMICA Taxanos > antraciclinas > CFM (ciclofosmida, metrotoxano, 5-FU) > sem QT QT adjuvante → ↑sobrevida, ↓recaídas → benefício QT transversal a todos os grupos (independente da idade, tipo histológico, envolvimento ganglionar) Não existe ≠ na probabilidade de cura em fazer QT pré e pós operatória; porém, necessidade de mastectomia foi ↓ em 30% doentes com QT neo- adjuvante/pré-operatória QT NEO-ADJUVANTE/PRÉ-OPERATÓRIA Não ↑sobrevida Permite estudo da atividade biológica da doença → desenvolvimento novas terapêuticas + fatores preditivos e prognósticos Indicações: - Cancro da mama localmente avançado (T4 ou N2/N3): QT (antraciclinas e taxanos) → RMR → RT (→hormonoterapia/trastuzumba) 2015/2016 SOS DCC Inês Neri - Cancro da mama operável mas não candidato a cirurgia conservadora no diagnóstico (tumor >3 cm) = downstaging: GGsn/marcação leito tumoral → QT (antraciclinas e taxanos) → tumorectomia + cir GG → RT (→hormonoterapia/trastuzumab) pCR (remissão patológica completa): avalia resposta imagiológica e anatomopatológica à terapêutica adjuvante; QT neo-adjuvante + pCR = ↑↑probabilidade de cura Subtipos: RH +, HER2 -: + indolentes, recaídas tardias → doentes vivem + tempo sem doença HER2+ ou triplo negativos: + agressivos, recaídas precoces; triplo negativos têm a menor probabilidade de cura, mas sem pCR probabilidade de cura semelhante aos restantes; transtuzumab em RH – HER2 + e triplo positivos tornou probabilidade de cura e sobrevivência semelhante aos RH + e HER2 – HORMONOTERAPIA 1% recetores hormonais + nas células tumorais → ponderar sempre HT 70% casos têm RH + Opções terapêuticas: Anti-estrogénio/SERM: tamoxifeno Inibidores da aromatase: anastrazol, letrozol, exemestano → utilizados na mulher pós-menopausica Castração: cirurgia, agonistas LHRH Antagonistas RE: fulvestrant Progestagéneos: megestrol Reversão da resistência à HT: everolimus Tamoxifeno vs inibidores da aromatase: inibidores da aromatase têm ↓risco de recaída, mas impacto mínimo na sobrevivência total Tamoxifeno 5 anos vs 10 anos (ATLAS trial): benefício terapêutica + prolongada; mesmo parado o tamoxifeno após 5 anos, efeito na diferença nas curvas de sobrevivência continua a observar-se nos 5 anos posteriores Tamoxifeno ou IA e castração ovárica (estudo SOFT): benefício da castração ovárica + tamoxifeno ou inibidores da aromatase, em comparação com tamoxifeno em monoterapia → se tumor agressivo (risco ↑ de recidiva) existe benefício em castração + IA; se tumor bom o resultado é = (basta fazer tamoxifeno) HER2 Recetor da família ErbB; família constituída por 4 proteínas: ErbB1 (EGFR), ErbB2 (HER2 em humanos), ErbB3 (HER3), ErbB4 (HER4) Inibidores da tirosina quinase (domínio enzimático intracelular) ou anticorpos monoclonais (domínio extracelular) → bloqueio recetor HER2 HER2 amplificado em 15% casos de cancro da mama e alguns tumores gástricos → identificação por imunohistoquímica (identificação da proteína na membrana) ou técnicas de hibridização do DNA (FISH, CISH) Alvos terapêuticos: Anticorpos monoclonais: transtuzumab (Herceptin), pertuzumab, T-DM1 Inibidores da tirosina cinase: lapatinib, afatinib/neratinib Transtuzumab + QT e/ou HT: estudos demonstram ↓risco de recaída e mortalidade CARCINOMA 13% neoplasias mundiais, cancro do pulmão e do brônquio é 2º mais incidente; mortes cancro pulmão = pâncreas + próstata + mama + cólon DO PULMÃO Número de novos casos/ano = número de mortes/ano (agora começa a haver alguma ≠) → mau prognóstico 2015/2016 SOS DCC Inês Neri 2012: quase 2 milhões de novos casos; + incidência América do Norte, Austrália, Europa; países com número grande de fumadores e muitos habitantes (Índica, China) têm grande impacto na estatística mundial (não incluídos nestes dados); Grécia é país com + fumadores Nº fumadores tem ↓ com campanhas antitabágicas no mundo ocidental TABACO Principal fator de risco; presente em 85-90% casos; 14-17% dos grandes fumadores não desenvolve cancro do pulmão → relação direta, não definitiva 2 aspetos essenciais: adição (nicotina) + produtos cancerígenas adicionados ao tabaco (→ alterações DNA: aductos de DNA) Cancinogéneos do tabaco: hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, nitrosaminas, aminas arotmáticas, radionuclídeos (polonium 210: faz com que jovens comecem a fumar uma vez que suaviza o contacto do tabaco com a mucosa diminuindo a tosse e expectoração; adicionado porque é tranquilizante da mucosa → fácil início dos hábitos tabágicos → utilização contínua) Carga tabágica: relevante, principalmente quando consumo >20 cigarros/dia Cessação tabágica: ↓mortalidade/morbilidade Tipo de fumador: ativo, passivo, em 3ª mão (locais onde se fuma muito e há deposição de substâncias tabágicas nas superfícies → formação de pé que é posteriormente inalado, aquando por exemplo da limpeza dessas superfícies) OUTROS FATORES DE RISCO História familiar, RT torácica prévia, exposição profissional (asbesto, crómio, níquel, arsénio, fuligem, alcatrão), radão (trabalhar em minas ou viver em locais onde existe radão), poluição atmosférica, HIV, β caroteno, infeções (Chlamydophyla pneumoniae) PATOGÉNESE Alterações genéticas + epigenéticas Cancro do pulmão: cancro com + mutações driver (mutações que conduzem ao desenvolvimento de cancro); adenocarcinoma tem muitas alterações genéticas → diversas terapêuticas dirigidas Classificação anatomopatológica: Adenocarcinoma: + prevalente; surge nas células que revestem os alvéolos; comum em não fumadores Carcinoma de células escamosas: surge nas células escamosas no interior das vias aéreas perto dos brônquios; geralmente causado por tabaco, + homens, crescimento lento Carcinoma de grandes células: pode começar em qualquer parte do pulmão → cresce → espalha-se rapidamente (21% sobrevivência 5 anos) Carcinoma de pequenas células: células perto do brônquio; causado pro tabaco; comportamento muito agressivo (apenas 6% sobrevivência 5 anos nos EUA) Carcinoma em não fumadores: adenocarcinoma, + mulheres 1. Primeira célula tumoral: 2-3 micrómetros cúbicos → multiplicação (30 divisões) → nódulo pulmonar com 1 cm (109 células) 2. Doente recorre ao médio por deteção de alteração no raio X 3. 10 cm diâmetro, 1 kg → 103 células → morte CLÍNICA Tosse: 45-75%; doentes que desenvolvem cancro do pulmão são geralmente grandes fumadores com bronquite crónica → tosse não é sintoma que leva a ida ao médico Dispneia: 40-60% Dor torácica: 30-45% Hemoptises: 25-35%; sintoma que normalmente leva doentes a ficarem alerta 2015/2016 SOS DCC Inês Neri Disfagia: 0-2% Estridor: 0-2% Perda de peso: 20-70% Cansaço: 0-20% Dores ósseas: 6-25% Assintomáticos: 2-5% Clínica pode ter por base vários tipos de doença: Doença local: tosse, hemoptises, dor torácica, dispneia, pieira, pneumonia Doença regional: disfonia (quando persistente, associar a tumor do pulmão ou faringe; paralisia da corda vocal esquerda uma vez que o nervo recorrente passa entre a aorta e artéria pulmonar onde existe um conjunto de gânglios que podem comprimir e paralisar o nervo), paralisia do trigémio/disfagia (raro), estridor (tumor avançado, ocupação da via aérea central), síndrome da veia cava superior (frequente, tumor pequenas células; localização do tumor no vértice do pulmão → ocupação do espaço supraclavicular), derrame pleural (frequente; múltiplas causas), derrame pericárdico, síndrome de Pancoast (tumor localizado na depressão entre 1ª costela/clavícula e vértice do pulmão; acompanhado de dor no ombro e braço, atrofia dos músculos da mão e braço, compressão vascular com edema, síndrome de Horner – ptose, miose, anidrose, enoftalmia), linfagiose carcinomatosa Doença disseminada: SNC, óssea, hepática, suprarrenal, gânglios intrabdominais, pele, tecidos moles, pâncreas, intestino, ovário, tiroide Tumor SNC: pode ser sintoma inaugural; até prova contrário, são metástase de cancro do pulmão Hipocratismo digital: unhas em vidro de relógio e dedos em baqueta de tambor; típicos de doenças crónicas e tumores pulmonares Adenopatia cervical, massa subcutânea, síndrome da veia cava superior (ingurgitamento das jugulares, aparecimento da circulação na face anterior do tórax) Síndrome paraneoplásico EXAMES COMPLEMENTARES DE DIAGNÓSTICO Imagiológicos: permitem diagnóstico e estadiamento; RX tórax, TAC, tomografia de emissão de positrões (PET), TAC crânio, RM, cintigrafia óssea Broncoscopia: exame para visualização da doença local, infiltração e obstrução causadas; é possível visualizar hemangioses da mucosa com neoangiogénese de vasos anormais e que sangram facilmente; infiltração da submucosa com mucosa normal (realizar biópsia da submucosa); massa oclusiva com coleção purulenta consequente a pneumonia obstrutiva) Citologias: expectoração (pouco realizadas, sem significado), secreções (obrigatórias), lavado alveolar (apenas tumores periféricos em que não há outra alternativa), líquido pleural (obrigatório; derrame pleural diagnosticado = puncionado e avaliado), escovado, punção brônquica, abordagem exterior (lesão muito próxima da parede) Biópsias: punção “core needle”, brônquica, transbrônquica, VATS, mediastinoscopia, toracotomia Cirurgia: metastectomia, toracotomia Técnicas de obtenção de tecido: punção aspirativa ecoguiada TIPOS DE LESÕES Lesão central: dentro da árvore brônquica Lesão adjacente: agarrada à via aérea mas fora da mesma (não visível) Lesão distal: obriga a alcançar bronquíolos de 4ª/5ª ordem Lesões periféricas: broncoscopia normal; recorre-se a punção exterior 2015/2016 SOS DCC Inês Neri Classificação de Tsuboi: relação entre o nódulo solitário e brônquio tributário; 5 estadios SCREENING Screening (rastreio) ≠ diagnóstico precoce = diagnóstico de lesões em fase precoce (lesões brônquicas muito iniciais, carcinoma in situ, displasia grave) Biópsia líquida: colheita de material genético circulante no sangue, mas não permite identificar o tipo de cancro Técnica de ar exalado (deteção de hidrocarbonetos não saturados, alcanos e alquenos – produtos do hipermetabolismo lipídico), medição com RM Desafio atual: detetar tumor em fase precoce com localização ESTADIAMENTO 70% cura em 5 anos Estadiamento não invasivo – imagiológico: TAC: sensibilidade 60% PET: sensibilidade elevada; deteção de lesões, metástases à distância de tumores pequenos PET TAC: técnica padrão, muito utilizada RM Estadiamento invasivo – anatomopatológico: Punção aspirativa, biópsia aspirativa: punção aspirativa transbrônquica (PATB), punção aspirativa transtorácica, EUS-PATE Biópsia cirúrgica: mediastinoscopia (standard; requer experiência), mediastinotomia, VATS, toracotomia Atualmente estadiamento e decisão terapêutica com ecobroncoscopia + broncoscopia convencional + PET TAC TERAPÊUTICA Estadios precoces → cirurgia Estadios com gânglios associados (hilo, mediastino homolaterais) → QT, cirurgia + QT/RT adjuvante Estadios com gânglios associados + avançados (mediastínicos, infracarinais) → QT, quimio-radioterapia Estadios III e IV → QT Cirurgia torácica: 3 orifícios (maior com 3-4 cm), excisão pulmonar RT estereotáxica: tumor não operável Inibidores reversíveis da tirosinacinase (erlotinib, gefitinib): mutações EGFR; taxa de sucesso de resposta 40%, sobrevida 1 ano; erlotinib + eficaz + toxicidade → combinar os 2 + avaliação 2/2 meses com TAC e outros exames RT paliativa: metástases ósseas, SNC, compressão medular, atelectasia pulmonar, alívio da dor Tuberculose: prevalência ↑ em Portugal → presença concomitante de bacilos de tuberculose e cancro Dominância de tumores nos lobos superiores CANCRO DO ESÓFAGO ESÓFADO E DO HISTOLOGIA ESTÔMAGO Esófago: + frequentes adenocarcinoma e carcinoma pavimento-celular EPIDEMIOLOGIA Incidência EUA: 7 casos/100.000 habitantes Zonas endémicas: 100-500 casos/100.000 habitantes; China, África do Sul, Irão, Rússia Portugal: 9º país incidência EU Mundo: 19ª neoplasia + frequente, 13ª + letal → incidência e mortalidade sobrepostas → mau prognóstico 2015/2016 SOS DCC Inês Neri FATORES DE RISCO Dieta rica em proteínas, sexo masculino, raça, tabaco, álcool, RGE, esófago de Barret, acalásia, esofagite, radioterapia mediastínica prévia, nitrosaminas, raça negra (+ espinho-celular), raça caucasiana (+ adenocarcinoma) Associação tabaco/álcool: ↑44x carcinoma espino-celular DRGE complica em 10% casos para esófago de Barret → risco adenocarcinoma ↑125x Associação excesso de peso/obesidade → risco ↑ adenocarcinoma DIAGNÓSTICO EDA Clínica: disfagia (80-90%; quando redução do lúmen + de 50%), perda de peso (>60%), dor epigástrica/retro-esternal, anemia, odinofagia, hematémeses, melenas, regurgitação, pneumonia, rouquidão por invasão do nervo laríngeo recorrente com paralisia das cordas vocais Status fisiológico: co-morbilidades; avaliação cardiológica (ECG, ecocardiograma), avaliação pneumológica (PFR, BF), avaliação ORL (laringoscopia) ESTADIAMENTO TAC toraco-abdominal, ecoendoscopia (+ sensibilidade para T e N), tomografia por emissão de positrões (PET; definição do M), laparoscopia para exclusão de carcinomatose peritoneal e doença peri-ganglionar (TAC por baixa sensibilidade; 20% casos há carcinomatose peritoneal não evidenciada por TAC mas detetada por laparoscopia) TERAPÊUTICA Tumor 1/3 médio e distal: T1, T2, N0 → cirurgia T3 → terapêutica peri-operatória Agressividade terapêutica: cirurgia > QT > RT Opções cirúrgicas: Esofagectomia Esofagogastrectomia nos tumores distais Linfadenectomia dos gânglios peri-gástricos e mediastínicos: toracotomia (doente em decúbito lateral; confere + morbilidade por interferência na mecânica diafragmática com risco de pneumonia), via trans-hiatal (doente em decúbito dorsal com incisão abdominal) Reconstrução após esofagectomia: anastomose cervical (doentes que fazem QT e RT), anastomose intra-torácica (lesões distais e sem terapêutica peri-operatória), tubo gástrico (+ utilizada; estômago é mobilizado em 20 cm para região cervical; vascularização do novo esófago é assegurada por ramos da artéria hepática direita que anastomosam ao longo da grande curvatura), coloplastia (mobilização do cólon esquerdo/direito/transverso com manutenção de uma das artérias dominantes) RT + QT: melhor controlo local (efeito radiosensibilizador, índice terapêutico eficácia/toxicidade), erradicação de doença metastática, + sobrevida, preservação de órgão RT: melhor controlo local; RT seguida de cirurgia tem + sobrevivência e + QALYs QT: sobrevivência superior à RT isolada; QT + cirurgia tem + sobrevivência que cirurgia isolada Ensaio QT peri-operatória: + sobrevivência em doentes com carcinoma epidermoide que fazem QT + cirurgia; carcinoma epidermoide tem remissões completas e duradouras + frequentes com QT + cirurgia Terapêutica: T1, T2, N0: cirurgia 2015/2016 SOS DCC Inês Neri T3 ou N+: QRT neoadjuvante(5-FU + cisplatino, RT concomitante com 40-50 Gy) → cirurgia (se resposta + e operável); re-estadiamento com TAC+PET 4 semanas após QRT Tumores cervicais: QRT isolada; cirurgia não indicada porque não ↑sobrevivência Invasão transmural com adenopatias, doença ganglionar extensa (estadio Iva): QRT isolada Invasão órgãos vizinhos (estadio IVb): sobretudo árvore respiratória; fazer paliação endoscópica (RT com risco de fístulas) Paliação: endoscópica (doença isolada), QT paliativa (cisplatina + 5-FU; doença de predomínio mediastínico, bom estado geral, poucos sintomas locais) ESTÔMAGO HISTOLOGIA Estômago: 95% adenocarcinomas 5% linfomas gástricos carcinoma espinho-celular EPIDEMIOLOGIA 6º + frequente na EU, 4º + mortal → incidência e mortalidade sobrepostas → prognóstico melhor que esófago + incidência em países Orientais → Japão: programa de rastreio Frequência tumores proximais (corpo, fundo, junção gastro-esofágica) tem ↑, incidência constante nos tumores distais FATORES DE RISCO Dieta rica em sal, fumados, sexo masculino, raça negra, tabaco, H Pylori, anemia perniciosa, cirurgia gástrica prévia Dieta: anos 70-80 com pouca população de frigorífico em casa, pelo que havia + consumo de alimentos fumados → + frequência cancro gástrico; dieta rica em proteínas, gorduras, fibras, vitamina A e C = fator protetor; dieta tem papel importante em conjunto com a genética (alteração da dieta modula incidência) H. Pylori: ↑pH → crescimento bacteriano + gastrite atrófica → metaplasia → displasia → carcinoma Cirurgia gástrica prévia: gastrectomia subtotal + técnica Bilrroth I ou II → refluxo biliar → carcinoma DIAGNÓSTICO Atraso diagnóstico relativo ao esófago por sintomas iniciais inespecíficos Clínica: dor epigástrica/dificuldade de digestão (sintomas inespecíficos); indicadores de tumor localmente avançado → náuseas e vómitos persistentes, anorexia, saciedade precoce, disfagia (sobretudo tumores proximais); EO perda de peso, massa palpável, anemia, adenopatia supraclavicular, gânglio peri-umbilical, prateleira de Blumer (infiltração do fundo de caso de Douglas), etc. EDA: exame de eleição para diagnóstico; localização, define extensão, biopsia, estadiamento local com ecoendoscopia; exame sensível para deteção da invasão do tumor na espessura da parede gástrica (T), invasão de gânglios linfáticos peri-gástricos com citologia (N) Existem classificações para aspeto endoscópico do tumor Situação paliativa: doença localmente avançada; ablação por laser, colocação de stent, dilatação do cardia ou piloro ESTADIAMENTO TAC abdominal (+ torácica se tumor proximal para pesquisa de metástases mediastínicas), raio X tórax no tumor distal (corpo, antro; excluir metastização), laparoscopia TERAPÊUTICA Tratamento cirúrgico; risco de recorrência após cirurgia curativa ↑ com o estadio do tumor: Estadios muito precoces (AJCC0 e IA): sobrevivência 5 anos 80-70% T3N0M0: sobrevivência 5 anos 50% 2015/2016 SOS DCC Inês Neri Metastização ganglionar piora prognóstico T4 :resseção R0 difícil 80-90% doentes apresenta-se com estadios avançados → risco ↑ de recidiva mesmo após cirurgia curativa QT adjuvante: século XX vários ensaios com QT diferentes, poucos doentes = sem poder estatístico; limitações das meta-análises → considerada investigacional QT RT adjuvante: século XX poucos ensaios randomizados; século XXI benefício relativo a cirurgia isolada (5-FU + leucovorin) Doença não localmente avançada (T1, T2, N0) → cirurgia Doença sistémica (T3, M1) → QT e outras terapêuticas peri-operatórias Opções cirúrgicas: Gastrectomia subtotal: tumores distais (antro), manutenção do fundo gástrico com margem proximal ao tumor de 5 cm Gastrectomia total (+ esofagectomia distal se invasão do cardia): tumores proximais (corpo, fundo) Linfadenectomia: IPO faz tipo D2 – resseção de todos os gânglios a distância ≤2 cm do tumor + esqueletização das artérias que irrigam o estômago (hepática direta, gástrica esquerda, esplénica) Reconstrução: Bilrroth II (anastomose termino-lateral; risco de refluxo biliar), Y de Roux (anastomose termino-lateral e outra para drenar os sucos biliar e pancreático, juntando-os aos alimentos; ansa distal recebe alimentos, ansa proximal conduz sucos duodenais D1: gânglios da pequena curvatura, grande curvatura, supra-pilóricos, infra-pilóricos D2: gânglios pancreato-duodenais, gânglios da artéria esplénica Tumor gástrico tipo difuso: + infiltração da mucosa → margem cirúrgica ideal 5 cm; importante exame extemporâneo intra-operatório para avaliar ressecabilidade do tumor Curva de sobrevivência: vantagem para terapêutica peri-operatória Doença disseminada/QT paliativa: ECF (Epirubicina, Cisplatina, 5-FU) ou equivalentes → 1ª escolha 2ª linha: > 6 meses rechallange fluoropirimida + oxaliplatina; < 6 meses docetaxel/irinotecano Pode apresentar sobreexpressão HER2 → cisplatina + 5-FU + trastuzumab CARCINOMA Reto (órgão pélvico) + cólon (cego, ascendente, transverso, descendente, sigmóide) COLORECTAL FISIOPATOLOGIA 1990: adenoma (lesão percursora), mutação gene APC, mutação genes Ras e p53 no fenótipo invasivo 2015: vários mecanismos originam mutação Instabilidade cromossómica: mecanismo frequente; alterações genéticas durante a mitose com divisão desigual do material genético → perda de material genético (cromossomas) → adenoma convencional Mutação gene reparador DNA: causada por instabilidade microssatélites = mutação frameshift → adenoma convencional Mutação KRAS: causada por hipermetilação dos produtores (genes promotores gene KRAS e BRAF) → adenoma serreado Instabilidade cromossómica (CIN) ou HNPCC (cancro colorectal hereditário sem polipose; instabilidade microssatélites) → adenoma convencional Hipermetilação (CIMP) → adenoma serreado tradicional ou séssil Divisão dos tumores do cólon em 5 categorias conforme mutação; prognóstico/mortalidade difere consoante tipo de mutação inicial: tipo 1 e 5 com mortalidade baixa, tipo 2 e 3 + mortalidade Via alternativa de mutagénese – via serreada – mutação (muitas vezes mutuamente exclusivas): 2015/2016 SOS DCC Inês Neri a) Mutação BRAF → subtipo HP – MVSP → adenoma serreado; hipermetilação CpG (instabilidade microssatélites) → predominância proximal b) Mutação KRAS → lesão precursora → adenoma serreado; hipermetilação CpG (instabilidade cromossómica) → predominância distal Mutação PIK3CA e aspirina (AAS): uso de aspirina ↓risco de morte 4x na mutação PIK3CA Efeito MSI: doentes com MSI (instabilidade microssatélites) têm melhor prognóstico mas sem diferença na resposta à QT adjuvante (5-FU) Efeito cetuximab: sem efeito em doentes com mutação KRAS Células estaminais do cólon: existentes na base da cripta; células do nicho (miofibroblastos pericripta) interagem com células estaminais → gradiente de exposição: divisão/desdiferenciação (Wnt, efrina, TCF4, gremlina, Notch), diferenciação (BMP, Hedgehog); atualmente em estudo QT dirigida às células estaminais que pode eliminar cancro Resumo: fisiopatologia CCR implica uma série de vias diferentes que não são mutuamente exclusivas mas têm lesões pontuais percursoras e determinação da clínica, prognóstico, resposta à terapêutica RASTREIO Características que suportam rastreio CCR: doença prevalente (1 milhão casos/ano), mau prognóstico (500.000 mortes/ano), fase assintomática, capacidade de alterar prognóstico (deteção de estadio precoce, polipectomia com intenção curativa) Objetivo rastreio populacional: ↓mortalidade (não + deteção ou ↓incidência) Considerar sensibilidade/especificidade, VPN, VPP, condições de acesso, preferência, seguimento, referenciação Métodos: Deteção de carcinomas: menos invasivo; PSOF (guaiaco), PSOF imunoquímico (FIT), pesquisa DNA tumoral nas fezes, testes serológicos (septina 9) Deteção de adenomas e carcinomas: mais invasivo; colonoscopia total, colografia por TC, sigmoidoscopia, colonoscopia por VCE Testes fecais PSOF Seguro, económico, falsos positivos (qualquer condição que provoque sangue nas fezes), requer 3 colheitas de fezes/ano Teste anual (3x) a partir dos 50 anos Baixa sensibilidade, mas deteta metade dos cancros (má sensibilidade para adenomas avançados) ↓mortalidade 15% FIT Imunoquímico; seguro, económico, falsos positivos; 1 colheita/ano Teste anual a partir dos 50 anos Boa sensibilidade para cancro (má sensibilidade para adenomas avançados) DNA fecal Seguro, custo intermédio, falsos positivos, colheita de fezes total (não basta pequena amostra) Utilização ainda não determinada (5/5 anos?) Boa sensibilidade (ainda não é suficiente para adenomas avançados) Testes endoscópicos e radiológicos Sigmoidoscopia Invasivo, + confortável e seguro que colonoscopia Preparação + aceitável, execução + rápida, - complicações 2015/2016 SOS DCC Inês Neri 5/5 anos a partir dos 50 anos (população com risco) Permite visualizar reto, sigmoide, descendente (cólon esquerdo); problema que não visualiza cólon direito ↓mortalidade em 28% Colonoscopia Gold standard diagnóstico + sensibilidade para diagnóstico de cancro e deteção de adenomas avançados Único exame diagnóstico + terapêutico (polipectomia, mucosectomia) Preparação, sedação, complicações (1 por 1000-10.000) 10/10 anos a partir dos 50 ↓mortalidade em 48% Colografia por TC Melhor método imagiológico; sensibilidade ↑ (= colonoscopia) TAC com insuflação do cólon e depois reconstrução tridimensional (método recente, com 5 anos); clister opaco perdeu indicação Menos complicações e custos Requer preparação, exposição à radiação 5/5 anos a partir dos 50 Guidelines: USPSTF 2015 – recomenda teste fecal guaiaco anual, sigmoidoscopia + FIT ou colonoscopia (opção do doente) Rastreio <50% na população mundial; doente com hematoquézias é fundamental ser rastreado; forte evidência para necessidade de rastreio (mamografia e PSA postos em causa) ESTRATIFICAÇÃO Risco: idade (90% ocorre + de 50 anos), história familiar, DII, homens, origem afro-americana, obesidade, DM, doença coronária (síndrome metabólico) MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Hematoquézias, perda de peso (sinais de alarme; validados como sinal de CCR) Obstipação, diarreia, dor abdominal: inespecíficos Anemia ferropénica: investigar causa e assumir perda GI até prova contrário; mulher jovem sem outras queixas e com perdas ginecológicas → terapêutica com ferro Sintomas altos: dor gástrica, melenas → investigar com EDA Hematoquézias → investigar com colonoscopia Outras queixas → investigar com colonoscopia (CCR é + frequente que cancro gástrico; se negativa → endoscopia) TERAPÊUTICA Neoplasia cólon ≠ recto Neoplasia do cólon sem metástases → cirurgia: hemicolectomia direita/esquerda Neoplasia do recto localizada → cirurgia: excisão do mesorreto (ao longo da face externa do mesorreto) Neoplasia do recto avançada → QT e RT neoadjuvante por risco ↑ de neoplasia pélvica Invasão tumoral de veias à volta do recto → importante no prognóstico (visível na RM) Classificação clínica do ADC recto: 2015/2016 SOS DCC Inês Neri Bom prognóstico Mau prognóstico Péssimo prognóstico Reto alto: T1-T3b Reto alto: T4a T4b Reto baixo: T1-T2 Reto baixo: T3 – T4a Invasão das estruturas N0 N+ adjacentes e fáscia Não atingem fáscia Não atingem fáscia Cirurgia direta RT esquema curto + RAR QRT (esquema clássico; Resseção anterior do reto com ETM neoadjuvante, intensiva) com ETM (RAR + ETM) + RAR com ETM Laparoscopia: cólon com = eficácia, doente vai para casa + cedo (relativamente à laparotomia); no recto ainda não há evidência QT adjuvante: benefício oxaliplatina + 5-FU a partir do estadio III e doentes com ↑risco de recidiva Novos agentes terapêuticos: anti-EGFR (cetuximab; doença metastática; sem benefício na mutação KRAS), anti-VEGF (bevacizumba; bloqueia sinais de proliferação celular) Doença metastática: hepática/pulmonar Doença ressecável: QT peri-operatória + cirurgia Doença irressecável potencialmente conversível: orientada por mutação KRAS → se conversão faz cirurgia + QT adjuvante Doença irressecável não conversível (mutação RAS): terapêutica sistémica paliativa (bevacizumab) Sobrevida ↑ com adição de mais agentes (assim como custos) CARCINOMA Raro (3-4% neoplasias malignas dos adultos); 90-95% corresponde ao subtipo histológico carcinoma de células claras DO RIM Quimiorresistência, metastização variável (mesmo que detetadas precocemente, não é possível prever curso da doença) → polimorfismo = vários tipos de doentes: Long term responders: 25%; boa resposta ao longo do tempo Sem necessidade de terapêutica: 15% (regressão espontânea) Primariamente refratários: 15%; independentemente da abordagem, há sempre progressão Toxicidades: 15%; ultrapassam limite terapêutico Partial responders: 20-40%; algum benefício terapêutico EPIDEMIOLOGIA + homens, idade (> 60 anos) ↑incidência (novos casos/ano), = mortalidade → deteção precoce → + probabilidade cura Sobrevivência em 5 anos: 73% → boa Fatores de risco: tabagismo (2x + risco; relação direta entre carga tabágica/nº de anos que fuma), obesidade (sobretudo mulheres), HTA, doenças genéticas (esclerose tuberosa, síndrome de Von Hippel-Lindau), doença renal quística associada a insuficiência renal terminal PATOLOGIA Subtipos histológicos: Carcinoma células raras: origem no túbulo proximal; citogenética + (3p-, 5q+, 14q-); + frequente Carcinoma papilar: origem no túbulo proximal; citogenética + (7+, 17+, Y-); 5-15% casos, bilateral, síndromes familiares Carcinoma cromófobo: origem no túbulo distal/ductos coletores; citogenética + (perda de braço); indolente Oncocitoma: origem nos ductos coletores (córtex); benigno 2015/2016 SOS DCC Inês Neri Tumor dos ductos de Bellini: origem nos ductos coletores (medula); raro, muito agressivo Diagnóstico, comportamento heterogéneo; diagnóstico anatomopatológico (embora imunologia e genética importantes; vários tipos facilmente distinguíveis microscopicamente e com mutações diferentes → dificulta terapêutica) Gene VHL: gene supressor, em condições normais de oxigenação do sangue provoca degradação do fator induzido pela hipoxia (HIF); se mutação VHL/situação de hipoxia → não há degradação HIF → acumulação → crescimento e replicação celular (via VEGF); existem 750 mutações diferentes no gene VHL (polimorfismo da doença) DIAGNÓSTICO MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Hematúria: macroscópica Dor abdominal: principalmente se acompanhada de massa palpável no EO Massa abdominal Outros: febre, perda de peso, anemia, varicocele (resultado da + pressão intra-abdominal) Tumor do internista: nomeação antiga porque tumores eram diagnosticados em fase avançada e apresentação clínica era muitas vezes desafiante Sintomas/sinais inespecíficos → forma de diagnóstico + comum é incidental Qualquer massa renal deve ser considerada maligna → referenciar a especialista Exame radiológico com grande evidência de diagnóstico histológico não dispensa exame anatomopatológico (imagiologia não é diagnóstica) Quadro clínico inespecífico → diagnóstico diferencial extenso: doenças inflamatórias, genéticas (císticas renais), neoplasia Pistas: mulheres jovens é + comum lesão benigna; homens de + idade têm – potencial maligno ESTADIAMENTO Doentes com tumores pequenos têm + sobrevivência 5 anos do que tumores grandes Agrupamento prognóstico T N M Até 7 cm Estadio I T1 0 0 Confinado ao aparelho renal 7 – 10 cm Estadio II Confinado ao rim T2 0 0 T2b: + de 10 cm, confinado ao rim T3a: fáscia de gerota, veia renal T1 ou T2 N1 Estadio III 0 T3b, T3c: veia cava T3 N0 Ultrapassam fáscia de gerota ou T4 M0 Estadio IV Qualquer N invadem suprarrenal homolateral Qualquer T M1 TERAPÊUTICA DOENÇA LOCALIZADA Até estadio III → nefrectomia (total parcial): método curativo; total implica excisão em bloco incluindo fáscia de Gerota, suprarrenal ipsilateral e linfonodos adjacentes DOENÇA METASTÁTICA 2015/2016 SOS DCC Inês Neri Mecanismo central: mutação/ativação por hipoxia do fator VHL → ativação VEGF – bloqueio com bevacizumab (domínio extracelular do recetor VEGF), sufitinib, sorafenib (domínio intracelular) Inibição mTOR = inibição da proliferação celular → everolimus, temsirolimus Nefrectomia + imunoterapia (INFα ou IL2): + sobrevida CANCRO DO Cancro ginecológico + frequente; 3º tipo de cancro + frequente na mulher, 2º cancro + frequente em mulheres jovens (50% casos em mulheres 35-55 CÓLO DO anos, 20% casos em mulheres >65 anos) ÚTERO Incidência ↑ em países em desenvolvimento (hemisfério Sul – África, América Central e do Sul) Programas de rastreio e tratamento precoce das lesões pré-malignas Cancro ginecológico + mortal, 2ª causa de morte por cancro nos países em desenvolvimento; 2ª causa de morte por cancro na Europa entre 15-44 anos Portugal: 1000 novos casos/ano, morte 1 mulher por dia Sobrevida 5 ano em países desenvolvidos: 100% casos diagnosticados em fase precoce, 10% doença disseminada ANATOMIA 2 porções: exocolo (epitélio pavimentoso estratificado) e endocolo (epitélio colunar secretor de muco), unidos pela junção escamo-colunar (JEC) Zona de transformação: entre a JEC original e JEC fisiologicamente ativa (localização varia com idade), por ação da acidez vaginal quando corre a eversão → metaplasia; zona + vulnerável aos fatores oncogénicos FATORES DE RISCO INFEÇÃO HPV Principal fator de risco; frequentes; mulheres infetadas por HPV alto risco têm 300-400x + risco de cancro do colo do útero Transmissão via sexual Presente em 99,7% casos de cancro colo do útero COMPORTAMENTO SEXUAL Início precoce (risco 2x superior), múltiplos parceiros sexuais, parceiro sexual de alto risco, história de IST HISTÓRIA OBSTÉTRICA Idade precoce do 1º parto (<20 anos), multiparidade (3 ou + gestações de termo) associam-se a + risco Baixo estrato socioeconómico Tabagismo: ↑1.5-2x risco de carcinoma pavimento celular Contraceção oral (ACO): uso prolongado (>5 anos) associa-se a risco 2x + de adenocarcinoma Imunossupressão: co-infeção com HIV e terapêutica imunossupressora associam-se a infeção persistente com HPV → infeção agressiva porque existe pouco tempo entre infeção e aparecimento de cancro HPV na CARCINOGÉNESE HPV: vírus DNA circular de cadeia dupla; + de 200 tipos, dos quais 40 infetam preferencialmente vulva, vagina, colo do útero, pénis e áreas perianais Classificados de acordo com potencial oncogénico em alto risco (associados a lesões pré-malignas, lesões epiteliais de alto grau e cancro do útero; genótipos 16 e 18 associados a 75% casos) e baixo risco (associados a verrugas genitais ou condilomas; 90% casos associados a HPV 6 e 11) Responsável por uma das infeções sexuais + comuns a nível mundial: 70-80% mulheres infetadas, 50% destas entre 15-25 anos Transmissão: sexual (contacto epitelial com pele ou mucosa), vertical (raro; durante o parto) 2015/2016 SOS DCC Inês Neri Genótipos de alto risco são determinantes mas não suficientes para desenvolvimento de cancro; apesar do cancro ser monoclonial (cada caso envolve apenas 1 tipo de HPV na evolução), não impede a infeção concomitante por vários tipos (20-30% mulheres apresenta + do que 1 tipo de HPV) Infeção HPV persistente (+ de 2 anos) + fatores de risco → desenvolvimento de cancro do colo do útero 80% casos têm infeção HPV transitória e autolimitada devido a resposta imunológica; no entanto, se a resposta local e sistémica não for suficiente para erradicar a infeção → partículas virais propagam-se por contiguidade → infeção de outras células da mucosa 1. Progressão da lesão microinvasiva e invasiva não tratada → integração DNA viral na célula hospedeira 2. Instabilidade genética → replicação de células com acumulação de mutações (inibição de genes supressores tumorais como p53 e pRb) 3. Lesões pré-malignas → displasia de grau variável 4. Carcinoma invasivo Infeção persistente HPV tem período de latência prolongada: 20 anos ou + entre início da infeção e desenvolvimento de lesões de alto grau/cancro invasivo Idade de maior incidência do cancro: 45-55 anos Apenas <1% evolui para lesão pré-clínica que pode ter regressão espontânea; carcinogénese por HPV requer infeção por tipo alto risco (16, 18) através de contacto sexual e outros fatores (suscetibilidade individual, robustez da resposta imunológica) Fatores que ↓imunidade: desnutrição, tabagismo, múltiplas IST, imunodeficiências, HIV, uso prolongado de corticosteroides ou imunossupressores, sistema HLA do hospedeiro, polimorfismo do gene supressor tumoral HISTÓRIA NATURAL 1. HPV entra no epitélio através de microlesão e infeta célula basal 2. Multiplicação de células infetadas 3. Alteração das células infetadas: displasia 4. Lesão de baixo grau: 1/3 inferior do epitélio 5. Evolução das células alteradas 6. Lesão de alto grau: 2/3 ou toda a extensão do epitélio 7. Cancro: células malignas podem romper a membrana basal e invadir tecidos envolventes (10 anos → janela de oportunidade para rastreio e tratamento de lesões intraepiteliais) LESÕES PRÉ-INVASIVAS FACILMENTE DETETÁVEIS CIN (2003) Classificação de Bethesda (2014) CIN 1 – Neoplasia cervical intraepitelial grau 1 LSIL – lesão pavimentosa/escamosa intraepitelial de baixo grau Tipo histológico de menor risco que representa apenas uma displasia ligeira ou crescimento celular anormal Confinado a 1/3 do epitélio Normalmente corresponde a infeção HPV e pode ter resolução apenas com atuação do sistema imunitário CIN 2 – Displasia moderada confinada aos 2/3 basais do epitélio HSIL – lesão pavimentosa/escamosa intraepitelial de alto grau CIN 3 – Displasia grave Ocupa + de 2/3 do epitélio, pode envolver toda a sua extensão; lesão pode também ser denominada carcinoma in situ do cérvix 2015/2016 SOS DCC Inês Neri TIPOS HISTOLÓGICOS Carcinoma pavimento celular (CPC): 70-75%; HPV 16 Grandes células não queratinizante (maioria), grandes células queratinizante, verrucosos, papilares Adenocarcinoma (ADC): 15-25%; HPV 18 Mucinoso (60%; tipo endocervical ou intestinal), endometrióide, células claras, seroso Adenoescamoso Carcinoma glassy cell Carcinoma de pequenas células Carcinomas indiferenciados Secundários (raros) Tem havido inversão da incidência: CPC tem ↓ por ser muito tratado, ADC tem ↑ por ser carcinoma + interiorizado no colo do útero e lesões pré- malignas serem + dificilmente diagnosticadas VIAS DE DISSEMINAÇÃO Invasão direta: craneocaudal (vagina, istmo, corpo uterino), lateral (tecidos paramétricos), anteroposterior (bexiga, reto) Via linfática: estroma tem rede linfática rica; relaciona-se com estadio, tamanho e profundidade da invasão do estroma e infiltração dos espaços linfovasculares; sequência: plexos cervicais → plexos parametriais → gânglios obturadores → gânglios externos e internos → gânglios ilíacos comuns → gânglios lombo-aórticos → canal torácico/gânglios supraclaviculares Via hematogénea: pulmão, fígado, osso, cérebro, intestino DIAGNÓSTICO ANAMNESE Identificar fatores de risco presentes SINAIS E SINTOMAS Assintomáticos em fase inicial Hemorragia vaginal anómala: hemorragia entre períodos menstruais regulares; hemorragia após relação sexual (coitorragia), irrigação vaginal ou exame pélvico; períodos menstruais + prolongados/intensos; metrorragia após a menopausa Leucorragia fétida: progressão tumoral Dor pélvica: com ou sem irradiação ao membro inferior Dispareunia Sintomas urinários: uropatia obstrutiva; disúria, hematúria Sintomas retais: retorragias Anorexia, astenia, perda ponderal EXAME OBJETIVO Exame físico sem alterações Adenomegálias (supra-clavicular e inguinal), derrame pleural, hepatomegalia, ascite, edema do membro inferior Exame ginecológico: genitais externos (qualquer lesão deve ser biopsada); exame ao espéculo (vagina, fundos de saco e colo do útero), toque vaginal e retal (avaliar melhor os fundos de saco e probabilidade de invasão destas estruturas e dos paramétrios) BIÓPSIA 2015/2016 SOS DCC Inês Neri Diagnóstico histológico Biópsia exocervical: alterações a nível do canal externo Curetagem endocervical: suspeita de tumor infiltrativo pelo canal endocervical Colposcopia: citologia faz suspeitar presença de lesão mas exame macroscópico normal; observação do colo ao microscópio, permite visualizar lesões ocultas a olho nu e dirigir biópsia Conização: excisão de porção do colo em forma de cone; pode dar o diagnóstico final bem e diagnóstico de carcinoma microinvasivo, apenas possível com esta técnica OUTROS MCDTS – avaliar marcadores tumorais e estadiamento Exames laboratoriais: anemias devido às hemorragias anómalas, bioquímica renal alterada por invasão dos ureteres através da invasão parametrial Radiologia: Rx tórax, TC abdominal, RMN pélvica, TC torácica (gânglios lombo-aórticos ↑) Retosigmoidoscopia Cistoscopia ESTADIAMENTO Dimensão do tumor, invasão de órgãos regionais ou metastização à distância; estádios FIGO I: carcinoma do cérvix confinado ao útero IA: carcinoma pré clínico só com diagnóstico histológico - IA1: invasão do estroma ≤3 mm de profundidade e ≤7 mm de extensão - IA2: invasão do estroma >3 mm ou <5 mm de profundidade e ≤7 mm de extensão IB: carcinoma com dimensões superiores ao estadio IA - IB1: ≤4 cm - IB2: >4 cm II: carcinoma estende-se além do colo mas não atinge parede pélvica e/ou carcinoma invade vagina mas não o 1/3 inferior IIA: não infiltra paramétrio - IIA1: ≤4 cm - IIA2: >4 cm IIB: infiltra paramétrio III: carcinoma estende-se à parede pélvica e/ou invade 1/3 inferior da vagina IIIA: invade 1/3 inferior da vagina IIIB: estende-se até à parede pélvica e/ou causa hidronefrose ou rim não funcionante IV: carcinoma invade a mucosa da bexiga e/ou reto e estende-se além da pelve IVA: invade mucosa da bexiga e/ou reto IVB: metástases à distância (incluindo ganglionares inguinais) TERAPÊUTICA ESTADIO IA1 Cirurgia: 1ª linha → histerectomia total/radical, conização (caso não haja invasão linfática e doente queira preservar fertilidade; requer follow up) RT pélvica: doentes nodos negativos após cirurgia mas risco + ESTADIOS IA2, IB ou IIA 2015/2016 SOS DCC Inês Neri Radiação externa com braquiterapia Histerectomia radical com linfadenectomia pélvica bilateral Traquelectomia vaginal radical com disseção de nodos linfáticos pélvicos: indicada para preservação da fertilidade em mulheres com doença em estadio IB1 cujas lesões ≤2 cm; principais problemas com gravidez pos traquelectomia são trabalho de parto prematuro e necessidade de parto distóico Guidelines permitem técnicas minimamente invasivas (laparoscopia; = eficácia) Estadio IB2 ou IIA com tumor >4 cm: RT e QT ESTADIOS IIB, III ou IVA Carcinoma localmente avançado → 1ª linha: RT + QT com cisplatina ESTADIOS IVB e CANCRO RECORRENTE Terapia individualizada com base paliativa RT isolada: controlo da dor e hemorragia QT sistémica: doença disseminada TÉCNICAS CIRÚRGICAS Conização: biópsia em cone; extração de porção de tecido do colo do útero em forma de cone, feita em consulta com anestesia local e ansa diatérmica ou laser ou no bloco operatório com bisturi; opção em lesões não invasivas (intraepiteliais) ou estadios iniciais sem invasão linfovascular e margens livres; em tumor com invasão microscópica é necessária esta amostra para confirmação de tumor microinvasivo Histerectomia total (com/sem anexectomia): doença não invasiva em mulher que não pretende manter fertilidade; anexectomia aconselhada no adenocarcinoma (2.5% casos metastizam para trompas e ovários) Traquelectomia: remoção do colo do útero, tecidos paramétrios do colo e 1/3 superior da vagina; estadio IA1 com invasão linfovascular, tumores que podem atingir 2 cm (estadios IA2 e IB1); opção em mulheres jovens que pretendem manter fertilidade; pode ser realizada por via vaginal, laparoscópica Histerectomia radical com linfadenectomia pélvica (operação de Wertheim-Meigs): estadio IA1 com invasão linfovascular, IA2, IB1, IIA1 em mulheres que não desejam manter fertilidade, tumores até 4 cm; acompanhada de linfadenectomia bilateral com remoção de pelo menos 6 gânglios; remoção de tecidos circundantes do útero e colo e 1/3 superior da vagina RADIOTERAPIA Recomendada nos estadios IA2, IIA1, IIB a III, terapêutica adjuvante após terapêutica radical; feita em 2 valências: Teleterapia: fonte externa de radiação com fotões ou eletrões Braquiterapia: fonte de radiação aplicada junto ao tumor (materiais radioativos em pequenas cápsulas) PREVENÇÃO PRIMÁRIA Antes da infeção por HPV: educação para a saúde, informação de fatores de risco, vacinação Vacinação: induzem níveis elevados de anticorpos no soro; compostas por partículas semelhantes aos vírus (VLP): Bivalente (baculovírus): tipos 16 e 18; mulheres a partir dos 9; esquema de vacinação 9 aos 14 anos com 2 doses ao 0 e 6 meses ou a partir dos 15 anos com 3 doses aos 0, 1 e 6 meses Quadrivalente (levedura): 18, 16, 11, 6; jovens a partir dos 9, incluída no PNV apenas para raparigas; esquema de vacinação 9-13 anos 2 doses intramusculares aos 0 e 6 meses ou a partir dos 14 anos 3 doses intramusculares aos 0, 2 e 6 meses 2015/2016 SOS DCC Inês Neri SECUNDÁRIA Rastreio Citologia cervico-vaginal/teste de Papanicolau: passagem de escova no exocolo e endocolo para colheita de células e posterior análise; permite deteção de lesões precoces provocadas pela inclusão nuclear do vírus HPV Início aos 21 anos 21-29 anos: teste Papanicolau 3 em 3 anos 30-65 anos: teste Papanicolau + HPV 5 em 5 anos + de 65 anos e rastreios periódicos negativos: descontinuar + de 65 anos e diagnóstico prévio de lesão pré-maligna: manter rastreio Pós-histerectomia total e ausência de diagnóstico prévio de cancro ou lesão pré-maligna cervical: descontinuar Esquema de vacinação HPPV completo: manter recomendações de rastreio para grupo etário CARCINOMA CARCINOMA DO OVÁRIO OVÁRIO E Tumor ginecológico + mortal, sobrevida global aos 5 anos 44% (baixa) ENDOMÉTRIO Idade pós menopáusica (60 anos) Carcinomas (90%; tumor epitelial), outros (10%; tumor das células germinativas e do estroma; mulheres + jovens) Crescimento indolente, sintomatologia em estadio avançado → diagnóstico em estadios avançados FATORES DE RISCO Idade, história familiar e pessoal (tumor da mama e ovário), síndrome genético (BRCA 1 e 2; BRCA 1 associado a + incidência de carcinoma do ovário), outros síndromes hereditários (HNPCC ou síndrome de Lynch) FATORES PROTETORES ACO (duração >5 anos em mulheres de risco elevado por história familiar/pessoal nas quais não há mutação e sem indicação para cirurgia profilática), multiparidade, ooforectomia, lactação MEDIDAS PREVENTIVAS Anexectomia bilateral: ooforectomia + trompas + anexos; supõe-se que carcinoma do ovário (principalmente seroso) deriva de alterações da trompa que depois migram para o ovário e originam carcinoma Mutação BRCA 1 e 2: cirurgia redutora de risco em mulheres com mutação que ainda não tiveram cancro (mastectomia bilateral + ooforectomia bilateral) Uso de ACO por período >5 anos RASTREIO Sem indicação na população geral (não há evidência de benefício ou ↓mortalidade) População de alto risco (mutação BRCA 1 e 2; embora sem estudo que valide ou mostre o impacto da ↓mortalidade por rastreio): história familiar/pessoal de cancro da mama/ovário sem mutação, mulheres com mutação que recusam cirurgia profilática → ecografia pélvica com sonda endovaginal + marcador Ca 125 HISTOLOGIA Papilar seroso (+ frequente) Mucinoso Endometrióide 2015/2016 SOS DCC Inês Neri Células claras Células de transição, células pavimentosas, indiferenciados (raros) DIFERENCIAÇÃO G1: bem diferenciados G2: moderadamente diferenciado G3: pouco diferenciado Grau de diferenciação tem valor prognóstico → tumores pouco diferenciados = mau prognóstico (+ risco de recidiva) PADRÕES DE DISSEMINAÇÃO Exfoliação/disseminação peritoneal: exfoliação → disseminação para o revestimento peritoneal da cavidade pélvica e abdominal; à data de diagnóstico, geralmente encontra-se tumor primário do ovário + carcinomatose peritoneal (tumor que ultrapassou limites do ovário) e pode haver ascite Linfática: gânglios linfáticos positivos; protocolo cirúrgico com esvaziamento pélvico e lombo-aórtico Hematogénea: há metastização hepática intraparenquimatosa; importante distinguir entre metástases capsulares (via peritoneal) e intraparenquimatosas (via hematogénea; raras) Extensão direta: crescimento local com invasão de órgãos vizinhos (bexiga, reto) DIAGNÓSTICO 70% diagnosticados em estadio avançado (III/IV) Estadio III: doença da cavidade abdominal; implantes peritoneais micro ou macroscópicos, gânglios lomboaórticos positivos, etc. Estadio IV: doença metastática ou invasão local do reto e bexiga Consulta de rotina no ginecologista assistente, à palpação bimanual ou durante a realização de uma ecografia de rotina, é feito o diagnóstico de uma massa pélvica → encaminhamento para outra consulta por carcinoma ovário em estadio precoce Aparecimento de queixas precocemente, dependendo da velocidade de crescimento da massa ovárica, por compressão de estruturas como a bexiga, ou queixas sugestivas de infeção urinária – estadio precoce (raro) SINTOMAS Crescimento na cavidade abdomino-pélvica → dor, desconforto abdominal, enfartamento, distensão, sensação de peso pélvico, queixas urinárias SINAIS Massa pélvica, ascite, derrame pleural (pode levar ao aparecimento de derrame pleural, não sendo necessário haver células neoplásicas no liquido pleural) EXAMES COMPLEMENTARES Ecografia pélvica com sonda vaginal: gold standard; 1ª linha Quando a suspeição da existência de um tumor maligno é muito elevada, geralmente não se faz RM para caracterizar a massa tumoral. No entanto, RM pélvica: caracterizar corretamente a massa anexial que se apresenta como suspeita de carcinoma do ovário RX Tórax (ou TC Tórax): possibilidade de disseminação intraparenquimatosa pulmonar (metástases pulmonares à distância); avalia também a presença de derrame pleural TAC Abomino-pélvica para definição dos critérios de ressecabilidade Ca 125 ↑ em de 80% dos tumores em estádios mais avançados (II a IV); normalmente correlaciona-se com o volume da doença, mas também pode aumentar em situações benignas – baixa especificidade (principalmente em patologia peritoneal, p ex apendicite aguda com peritonite, endometriose, doença inflamatória pélvica); útil em follow up de doentes cujos tumores produzam Ca 125 (quando começa a ↑ = recidiva) 2015/2016 SOS DCC Inês Neri Se, numa consulta de rotina, uma doente em remissão, assintomática e com boa qualidade de vida, apresenta valores crescentes de Ca 125, não está indicado o início do tratamento porque não se verifica aumento da sobrevivência global. O significado deste aumento é o aparecimento de sintomas num intervalo de 4-5 meses que, nessa altura, justificarão o início da terapêutica para controlo da doença. Tratar subidas assintomáticas do Ca 125 nas recidivas não tem qualquer impacto na mortalidade. Suspeita de carcinoma do ovário: 1. Exame físico + anamnese 2. Ecografia pélvica + CA 125 3. TAC (estadiamento) Estadiamento correto é estritamente cirúrgico (TAC define critérios de ressecabilidade e irressecabilidade) TERAPÊUTICA Doença irressecável → realizar biópsia guiada por TC/eco para diagnóstico histológico e proposta de esquema de QT com intuito de citorredução → tornar doença operável Doença ressecável: cirurgia → diagnóstico definitivo (não se faz biopsia histológica); estadiamento da doença (extensão da doença fora do ovário); terapêutica (anexectomia e citorredução, quando há disseminação da cavidade peritoneal); na ausência de contraindicação cirúrgica a laparotomia exploradora constitui a abordagem inicial do carcinoma do ovário. Protocolo cirúrgico bem definido: laparotomia mediana supra e infraumbilical que exponha toda a cavidade abdominal e pélvica; inclui histerectomia total e anexectomia bilateral, omentectomia, lavado peritoneal (e pesquisa células neoplásicas no líquido ascítico, se houver → altera o estadiamento FIGO), linfadenectomia pélvica e lombo-aórtica, biopsias dos fundos de saco, das goteiras parieto-cólicas e cúpulas diafragmáticas. Deve ainda ser feita a biopsia e ressecção de cada lesão suspeita. Quando não é possível tirar tudo, porque a TC pode não ser totalmente esclarecedora e ser enviada uma doente para cirurgia quando a doença, afinal é irressecável, deve informar-se que ficou doença residual PROGNÓSTICO - Estadio: + importante - Doença residual que fica após a cirurgia (dependente da citorredução ótima) - Histologia (carcinoma de células claras tem pior prognostico) - Grau diferenciação - Performance status, idade Influenciam o risco de recaída depois da cirurgia, que por sua vez, determina a necessidade de terapêutica complementar Estadio I não G3 ou de células claras → cirurgia → remissão Outros estadios → 6 ciclos QT endovenosa (carboplatina + paclitaxel; 3 em 3 semanas) + cirurgia Atualmente: vários estudos na QT intraperitoneal (+ sobrevida, + toxicidade) ESTADIOS FIGO I: tumor limitado aos ovários II: tumor envolve 1 ou ambos os ovários com extensão pélvica III: tumor envolve 1 ou ambos os ovários com metastização peritoneal extra-pélvica ou ganglionar IV: metástases à distância (peritoneais incluídas) CARCINOMA DO ENDOMÉTRIO 2015/2016 SOS DCC Inês Neri Tumor ginecológico + frequente nos países desenvolvidos; 70% dos casos são diagnosticados em estadio precoce, o que confere uma diminuição da mortalidade Típico da mulher pós-menopáusica, apenas 5% surgem < 40 anos; quando surge em mulheres jovens → Síndrome de Lynch (tumor ginecológico + frequente no espectro desta síndrome) Fatores de risco: principal mecanismo é ↑ estrogénios - Obesidade (tecido adiposo produtor de estrogénios) - Menopausa tardia - Menarca precoce - Infertilidade - Tamoxifeno (usado no tratamento do carcinoma da mama, liga-se ao recetor hormonal das células do carcinoma da mama comportando-se como antagonista; mas nos recetores hormonais do endométrio tem efeito agonista, levando à proliferação do epitélio uterino, e podendo desencadear fenómenos displásicos) - Nuliparidade - HTA, Diabetes Mellitus - História familiar/pessoal de carcinoma do endométrio, mama, ovário e colo-retal. Fatores Protetores: ACO Rastreio: não estão documentados benefícios na estratégia de rastreio na população standard/geral; Síndrome de Lynch faz rastreio com biópsia endometrial anual (mesmo na ausência de alterações ecográficas) Tipos histológicos: adenocarcinoma endometrioide (75-80% dos casos); papilar seroso (5-10%) e de células claras (1-5%) são subtipos de pior prognóstico (pressupõe que seja tratado de acordo com os protocolos do carcinoma do ovário); mucinoso (1%) Diferenciação: G1, G2, G3 Diagnóstico: sintomas precocemente devido à proliferação de células tumorais no epitélio endometrial = hemorragia vaginal numa mulher pós- menopáusica (frequente 90%; sintoma de alarme que leva as mulheres a procurar ajuda médica; maior parte dos casos as hemorragias podem ser por hiperplasia ou presença de pólipos); biópsias para diagnóstico histológico do espessamento endometrial que provoca hemorragia; podem não haver sintomas mas serem identificadas alterações citológicas no esfregaço do Papanicolau de rotina (tecido granular anómalo/células endometriais); ecografia transvaginal, na sequência da hemorragia, que revela um espessamento irregular do endométrio e que justifica a realização de histeroscopia com biópsia endometrial ou curetagem uterina. Obrigatória realização de biópsia para orientar a abordagem terapêutica. Estadiamento Cirúrgico, baseado em achados intra-operatórios e após a análise da peça cirúrgica excisada; incluir avaliação da extensão da doença no útero, da extensão aos anexos, a existência de células positivas no lavado peritoneal e a existência de gânglios positivos pélvicos ou lombo-aórticos. Protocolo cirúrgico – laparotomia + lavado peritoneal (com pesquisa células neoplásicas) + biópsia de toda e qualquer lesão suspeita + histerectomia total com exame extemporâneo (e de acordo com o exame extemporâneo, considerar anexectomia bilateral e dissecção pélvica e lombo-aórtica) Se o carcinoma for do subtipo de células claras ou papilar seroso, deve ser seguido o protocolo cirúrgico do carcinoma do ovário. Análise da peça operatória + grau de profundidade da invasão do tumor (ao longo do miométrio) que determina a necessidade de o cirurgião continuar com a disseção ganglionar pélvica e lombo-aórtica. 2015/2016 SOS DCC Inês Neri Se o tumor for bem diferenciado ou moderadamente diferenciado e estiver limitado à metade interna do miométrio, não haverá necessidade de fazer dissecção ganglionar. Se, por outro lado, há uma extensão à metade externa do miométrio ou, eventualmente, à serosa, deve ser feita disseção ganglionar pélvica e lombo-aórtica, que permitirá fazer o estadiamento correcto em termos ganglionares. Estadiamento FIGO I - limitado ao corpo uterino II – estroma endocervical III – invasão da serosa ou anexos/vagina ou paramétrio/gânglios pélvicos ou lombo-aórticos IV – invasão aos órgãos vizinhos (recto ou bexiga) ou metastização à distância Fatores de prognóstico: a conjugação destes fatores resulta no risco de recaída (da qual decorre a necessidade ou não de fazer terapêutica complementar); estadio (FIGO), histologia, grau de diferenciação, angioinvasão A terapêutica assenta na cirurgia que, muitas vezes, é a única forma terapêutica necessária (nos estádios precoces, bem diferenciados) O papel da linfadenectomia é discutível; pode ter valor prognóstico para determinar a necessidade de outro tipo de terapêutica adjuvante, nomeadamente RT ou QT. De acordo com os fatores de prognóstico, há critérios que nos permitem optar por RT adjuvante, braquiterapia ou RT externa. Hoje em dia, cada vez mais nos estadios avançados (2 ou superior) ou pouco diferenciados, a vantagem da QT adjuvante é superior ao à da RT – há vários estudos que comparam QT com RT e QRT. Indicações para realização de QT adjuvante: Critérios de alto risco: invasão > ½ miométrio, histologia, diferenciação, estadio II ou >, angioinvasão, idade > 60 anos, tumor > 2cm No que diz respeito à vigilância, não há indicação para fazer nenhum exame de rotina. As doentes entram em remissão mas continuam a frequentar a consulta, fazendo vigilância clínica Recaídas Recaída pode ser local (doença pélvica – crescimento de massa, hemorragia vaginal, dor, queixas urinarias, sensação de peso) ou por metastização à distância (disseminação linfática e hematogénea – osso, pulmão, gânglios linfáticos lombo-aorticos, supraclaviculares, mediastínicos, SNC) Recidiva local de um tumor que previamente se encontrava em estadio precoce, tratado só por cirurgia, e que não fez RT prévia → RT Recidiva de um tumor em estadio avançado, de mau prognóstico, e que fez RT complementar, que se apresenta com metástase à distância (pulmão em largada de balões, por exemplo) → QT sistémica. Hormonoterapia (HT) pode ter papel importante nas doentes com tumores bem diferenciados e que expressam recetores hormonais. Nas mulheres com mais idade que se apresentem com tumores indolentes a HT pode ser uma opção para paliação. Também há indicação para HT em doentes com recidivas isoladas, que já foram irradiados e não têm mais condições para RT CARCINOMA DA Áreas envolvidas em neoplasia maligna: zona periférica (75%), restantes (15%) PRÓSTATA Carcinoma da próstata: problema de saúde pública; 1500 mortes/ano em Portugal; incidência ↑ com idade, + homem, 2ª causa de morte por neoplasia no homem Fatores de risco: idade, etnia, história familiar RASTREIO Populacional: não recomendado Individualizado: história familiar + a partir dos 40 anos; população geral 45/50 anos ↓40% mortalidade aos 14 anos 2015/2016 SOS DCC Inês Neri CLÍNICA Fase inicial: 47% assintomáticos Investigação oportunista em contexto de polaquiúria (38%), ↓jato urinário (23%), urgência micional (10%), hematúria (1,4%) DIAGNÓSTICO PRECOCE PSA Calcicreína 3 produzida por células do epitélio ductal; concentra-se no tecido prostático, entra na corrente sanguínea em pequenas quantidades que ↑com idade; PSA livre >15-20%, vPSA <0.75 ng/ml/A Órgão específico (não cancro específico); ↑ causado por hiperplasia benigna, prostatite, cancro da próstata, traumatismo, relação sexual, ecografia transretal Cancro da próstata: há ↓produção PSA mas disrupção celular → + libertação periférica (tumores indiferenciados podem ter PSA muito baixo) Toque retal Posição decúbito dorsal; técnica distensão do esfíncter Ecografia Nódulo hipoecóide na zona periférica; baixa sensibilidade e especificidade; não permite guiar biópsia RMmp Ressonância multiparamétrica: ponderações anatómicas (T2) + ponderações funcionais (difusão, contraste, espetroscopia); sensibilidade e especificidade melhor para lesões de alto grau Novos marcadores PCA3 (antigénio prostático; teste urinário), 4K (4 kalicreínas), PHI (índice saúde prostática, utiliza PSA) → + sensibilidade e especificidade BIÓPSIA Indicações: PSA com elevação confirmada, alteração na palpação, TRUS ou RMmp complementares Técnica: ambiente tranquilo, anestesia local, AB, compressão (duplo sextante) Complicações: hematúria, hematospermia, hemorragia retal, infeção (febre → sépsis), dor perineal, agravamento sintomas urinários ESTADIAMENTO e GRUPOS DE RISCO T1: sem clínica, descoberta acidental em histologia T2: confinado à próstata (envolvendo 1 ou 2 lobos) T3: extensão extracapsular ou das vesículas seminais T4: invasão de estruturas adjacentes Risco baixo: PSA <10 + GS <7 + T1-2a Risco intermédio: PSA 10-20 ou GS 7 ou T2b Risco alto: PSA >20 ou GS >7 ou T2c TERAPÊUTICA Vigilância ativa: intenção curativa, evitar sobretratamento; sobrevida >10 anos; aplicável em pacientes baixo risco; seguimento com PSA, TR, Bx de repetição; 30% requerem tratamento Watchful waiting: desenvolvido pré-PSA, tratamento paliativo, evitar sobretratamento; sobrevida <10 anos; aplicável em pacientes de qualquer estadio, não elegíveis para tratamento por riscos associados TERAPÊUTICA CURATIVA 2015/2016 SOS DCC Inês Neri Cirurgia: Prostatectomia radical (+/- linfadenectomia pélvica) → convencional, laparoscópica: evidência de doença localizada, estadio T1-T2, sobrevida >10 anos, cintigrafia óssea negativa Vantagens: critérios de cura, estadiamento correto, possibilidade de terapêutica complementar, baixa morbilidade, sequelas mínimas reversíveis Desvantagens: morbilidade com risco de incontinência urinária, disfunção eréctil (50-70%), estenose da anastomose, lesão do reto, hemorragia Radioterapia (+/- castração temporária): RT externa: evidência histológica, T1-T2, ausência de doença infeciosa ou colo-rectal; isolada ou + braquiterapia; associação com BAC neoadjuvante; tratamento possível para lesões T3 Desvantagens: prolongado (+ de 30 sessões), risco intermédio-alto, morbilidades, não permite 2º tratamento com intenção curativa Braquiterapia (baixa ou alta taxa de dose): iodo 125; isolada ou + RT externa Indicações: PSA <10, Gleason 6, T1c-T2b, volume prostático <50 cc, pequeno volume tumoral(<2 fragmento com <50% envolvimento) Vantagens: 1 sessão operatória, controlo ecográfico, alta às 24h, menor disfunção eréctil Complicações: estenose uretral, incontinência urinária, migração de sementes PR não demonstrou ser + eficaz que RT Seguimento: PSA – PR <0.2, RT nadir + 2 ng/ml TERAPÊUTICA DOENÇA AVANÇADA (M+) Hormonoterapia: Orquidectomia subalbugínea Castração química: análogo LHRH +/- antiandrogénio; contínua/intermitente Opções pré e pós QT Efeitos adversos: disfunção eréctil, alteração da massa magra, alteração do controlo glicémido, dislipidemia, ↓capacidade cognitiva, depressão, hipogonadismo, afrontamentos Quimioterapia: 1ª linha: docetaxel 2ª linha: cabazitaxel NEOPLASIAS EM Cancro é raro, mas é principal causa de morte não acidental no 1º ano de vida PEDIATRIA Incidência 150/milhão/ano, + sexo masculino, 1-4 anos (35%) 1º ano de vida tumores embrionários; 1-4 anos leucemias, tumores SNC, linfomas; adolescentes osteossarcomas, tumores de células germinativas, linfoma de Hodgin, tumores epiteliais; globalmente, + frequentes em <15 anos são leucemias, tumores SNC, linfomas Taxa sobrevivência global 5 anos 75%: tumores células germinativas, hepáticos, linfomas, leucemias com + taxa de sobrevivência global; LLA tem prognóstico favorável (SG 82%), pior na LMA (SG 65%); tumores dos astrocitomas com SG 69%, baixa nos ependimonas; neuroblastoma SG 73% (tumor sólido + frequente); variação conforme idade de ocorrência (SG lactentes 100%) ETIOPATOGENIA Principais células envolvidas em neoplasias são sanguíneas ou tecidos de sustentação Não existe evidência de associação ambiental com neoplasia pediátrica; supõe-se que certas situações podem ↑suscetibilidade (leucemia aguda e exposição a radiação) 2015/2016 SOS DCC Inês Neri Natureza embrionária = constituição por células indiferenciadas → melhor resposta terapêutica Alterações genéticas: 4-10% casos; interferência no ciclo celular Mutação p53 (supressor tumoral) associada ao aparecimento de múltiplos tumores ao longo da vida e de início precoce (Síndrome de Li- Fraumeni): mama, sarcoma de tecidos moles, osteossarcoma e tumores cerebrais, leucemias, linfomas, carcinoma adrenocortical Mutação RB1 (supressor tumoral) ou amplicação do oncogene mycn: retinoblastoma Síndromes genéticos: + suscetibilidade para desenvolvimento de neoplasia Síndrome Down, Síndrome de Bloom (mutação gene BLM → instabilidade genómica + deficiente reparação DNA), anemia de Fanconi (defeito genético que altera proteínas de reparação do DNA; leucemia mieloide aguda, síndromes mielodisplásicas) Alterações cromossómicas: T(9;22): cromossoma de Filadélfia → leucemia mieloide crónica T(12;21): leucemia linfoblástica aguda Leucemias agudas: gémeos têm 20x + risco, irmãos têm 4x + risco SUSPEITA DE DIAGNÓSTICO Presença de massas tumorais Sinal + suspeito Surge em tumores renais Leucocória Resulta de alteração do reflexo vermelho do fundo do olho (observado em condições normais) → pupila branca Surge no retinoblastoma Cefaleias, vómitos, olhar em sol poente Suspeita tumor SNC Olhar em sol poente: paralisia do olhar para cima → desvio do olhar para baixo; surge por compressão das estruturas intracranianas suprajacentes ou ↑pressão intracraniana Raro: neoplasia SNC ocorre principalmente em lactentes, em que não houve encerramento das fontanelas e impede ↑PIC Leucopénia/hiperleucocitose, anemia, trombocitopenia Neoplasias hematológicas Hematúria, HTA Surge em tumores renais Dores ósseas, artrite Por distensão do periósteo Surge nas leucemias e tumores/metástases ósseas Obstipação Incontinência de novo Dores abdominais DIAGNÓSTICO e ESTADIAMENTO DA DOENÇA Abordagem inicial menos invasiva: avaliação laboratorial + imagiologia → métodos invasivos: CAAF, imunocitoquímica, citometria de fluxo 2015/2016 SOS DCC Inês Neri Estudo genético: casos particulares; análise citogenética para estudo do cariótipo (técnica convencional), biologia molecular (FISH, RT-PCR, microarrays) FATORES DE PROGNÓSTICO Idade Neuroblastoma em doentes <18 meses têm melhor prognóstico Doença Tipo celular: subtipo histológico influencia prognóstico (rabdomiossarcoma: subtipo alveolar tem pior prognóstico que subtipo embrionário) Presença de alterações genéticas/moleculares: prognóstico desfavorável em translocação (9;2), rearranjos envolvendo gene MLL na LLA, amplificação do prontoncogene nmyc no neuroblastoma; prognóstico favorável na presença do gene de fusão TEL-AML1 na LLA, aneuploidia no neuroblastoma Presença de metástases Resposta à QT de indução ou neoadjuvante RISCO DE DOENÇA e PLANO TERAPÊUTICO Doenças linfoproliferativas Indução de remissão → consolidação: RT, transplante MO → manutenção (até 24 meses) Tumores sólidos QT (neoadjuvante) → terapêutica local (cirurgia, RT) → QT (adjuvante): megaterapia, imunoterapia, terapia de diferenciação LEUCEMIA Neoplasia maligna + frequente na infância; 25% cancros em <15 anos LLA: leucemia linfoblástica aguda, 80-85% casos LMA: leucemia mieloide aguda, 15-20% casos Leucemias crónicas: raras Sinais e sintomas: febre, hemorragias (petéquias, púrpuras, epitaxe), dor óssea, dor articular, hepatomegália, esplenomegália, adenomegália Infiltração medular → hiperleucocitose/leucopénia, neutropenia, anemia, trombocitopenia, dor óssea Infiltração extramedular → hepatoesplenomegália, adenomegálias, infiltração SNC/testicular/cutânea, alargamento mediastínico LLA: QT dividida em fase de indução da remissão, terapia preventiva do SNC, consolidação e manutenção; velocidade de resposta ao tratamento é avaliada por ↓células neoplásicas no 8º dia de tratamento e ausência de doença residual mínima no final da indução; taxa de cura 70% LINFOMA LINFOBLÁSTICO 7% neoplasias pediátricas → linfoma linfoblástico, linfoma de Burkitt, linfoma anaplásico, linfoma de Hodgkin Linfoma linfoblástico: maior parte é linhagem T = presença de massa mediastínica (85-90%), derrame pleural; pode haver disfagia, dispneia, edema cervical/face/membros superiores (raro; compressão veia cava superior); adenomegalias cervicais, supraclaviculares e axilares; terapêutica e prognóstico = LLA LINFOMA DE BURKITT Neoplasia células B maduras; agressivo 2 tipos: endémico (infeção Epstein Barr em África; mandíbula, abdómen, órbita, SNC), esporádico (abdómen, MO, membranas serosas) Associado a t(8;14) (80% casos), t(2;8), t(8;22) Sinais e sintomas: tumor abdominal (dor, alteração do trânsito intestinal, vómitos), massa na fossa ilíaca direita (25% casos), envolvimento renal e pancreático frequente; derrame pleural e ascite 2015/2016 SOS DCC Inês Neri Taxa de crescimento ↑ → síndrome de lise tumoral QT: 2-6 meses, sobrevivência livre de doença 90% caso não haja envolvimento SNC Recaídas nos 2 anos após tratamento TUMORES SÓLIDOS Sarcomas do mesênquima embrionário: origem em tecidos moles (conjuntivo, linfáticos, vasos, músculos liso e estriado, gordura, fáscia muscular, tecido sinovial, endotélio, reticuloendotélio) Rabdomiossarcoma Músculos estriados; 50% dos sarcomas Raros (6% tumores pediátricos, 15% tumores sólidos); 2/3 em idade <6 anos + pico na adolescência Localização: cabeça, pescoço (<8 anos), aparelho genito-urinário (<8 anos), extremidades (adolescentes), tronco, retroperitoneu Diagnóstico por biópsia tumoral; realizar análise genética para prognóstico QT, RT, cirurgia (preservar órgão) Hepatoblastoma Tumor hepático primário, raro, crianças <1 ano Outras anomalias associadas: hemi-hipertrofia, divertículo de Mercel, agenesia renal e da glândula suprarrenal, hérnia umbilical + risco em prematuros ou baixo peso ao nascimento Massa/distensão abdominal, perda de peso, anorexia, febre, icterícia (rara) Nefroblastoma ou tumor de Wims Neoplasia renal primária + comum em idade pediátrica Tumores unilaterais diagnosticados no 4º ano de vida, bilaterais em idades + jovens ↑circunferência, presença de massa abdominal, dor abdominal, hematúria, febre; EO aniridia, hemihipertrofia, criptorquidia, hipospádia, HTA (25% casos) Retinoblastoma Tumor oftalmológico maligno + comum em idade pediátrica; sobrevida >90% 75% casos unilaterais com diagnóstico <2 anos; casos bilaterais com diagnóstico <12 meses Maioria casos esporádicos; quando hereditário há penetrância↑, autossómico dominante (estudo genético em famílias com história +) Leucocória, estrabismo, eritema conjuntival, ↓acuidade visual EO: reflexo pupilar esbranquiçado Osteossarcoma Tumor primário dos ossos; raro; pico de incidência na 2ª década de vida (raríssimo <5 anos) Massa dolorosa emergente no osso; dor; sintomas sistémicos em estadios avançados (febre, perda de peso) Localização + comum em idade pediátrica: metáfise de osso longo, especialmente em redor da articulação do joelho Estadios avançados com metástases pulmonares (→ insuficiência respiratória progressiva)«; não contraindica tratamento clínico ou cirúrgico) Prognóstico depende do tamanho, deteção precoce, margem cirúrgica Neuroblastoma Proliferação neoplásica de células do sistema neurovegetativo simpático (condição maligna embrionária) Tumor sólido extracraniano + comum na infância (neoplasia + frequente em crianças <1 ano); Portugal 4ª neoplasia pediátrica 2015/2016 SOS DCC Inês Neri Origem em qualquer tecido do sistema nervoso simpático, + frequente intra-abdominal (suprarrenal é local primário em 38% casos) ↑circunferência ou massa abdominal; tumores paravertebrais causam sintomatologia do SNC (compressão medular); metástases hematogénicas podem apresentar dor óssea, edema periorbital e equimoses Olhos de panda: equimoses periorbitárias; doença disseminada (estadio 4; sobrevivência 40%) Tumores abdominais que envolvem grandes vasos podem ser irressecáveis ESTRATÉGIA GLOBAL 1. Diagnóstico e estadiamento: precoce, preciso 2. Tratamento Quimioterapia: novos fármacos (citotóxicos, imunoterapia, diferenciação), novas associações, esquemas intensivos (dose/intervalo de tempo) Cirurgia: utilização de terapêutica adjuvante, novas abordagens Radioterapia: novas técnicas 3. Cuidados de suporte Unidades de cuidados intensivos pediátricos, fatores de crescimento hematopoiético 4. Vigilância prolongada: secundarismo tardio, neoplasias (segundas e secundárias)
CUTÂNEAS Melanoma: + mortal, incidência 160.000 novos casos/ano (8% casos de cancro da pele), tendência a ↑ (3x + em cada 5 anos) Incidência: CBC → CEC → melanoma → sarcoma de Kaposi (3%) Classificação baseada na origem: Epiderme e anexos: CBC, CEC Melanócitos: nevos melanocíticos benignos, melanoma Derme: tumores do fibroblasto, vasos, músculo, tecido adiposo Doenças linfoproliferativas cutâneas: linfomas cutâneos ETIOLOGIA Radiação UV (A e B), radiação ionizante (CBC e CEC), agentes químicos, agentes biológicos (CEC nas mucosas), vírus herpes (sarcoma de Kaposi) RADIAÇÃO UV Radiação UV ativa células da camada basal (células germinativas da epiderme) → alteração DNA nos genes p53, Ras, Patch, proto-oncogenes → apoptose OU reparação DNA (com ou sem alterações) Radiação UV altera produção de citocinas + ↓células de Langerhans → depressão sistema imune (= princípio da fototerapia em eczemas) UVB: mutagénicas → mau emparelhamento do DNA → dímeros de pirimidina ou citosina → proliferação descontrolada UVA: penetração profunda → absorção por cromóforos celulares → radicais livres → lesão DNA, lípidos, proteínas + alteração metaloproteinases (enzimas da MEC que degradam colagénio) → envelhecimento, invasão celular, metastização Melanina: produzida nos melanócitos e transferida para os queratinócitos; protege DNA nos queratinócitos (melanócitos ficam desprotegidos); variação racial em fotótipos 1 a 6; fototipo 1 constituído por feomelanina (sem efeito protetor) 5 queimaduras celulares = 2x + risco de cancro da pele (principalmente na infância e adolescência) MELANOMA Proliferação maligna de melanócitos; localização na pele, mucosas, nevos congénitos, nevos adquiridos, vísceras, olho 2015/2016 SOS DCC Inês Neri Melanócitos: 8% das células da ediderme → melanoma é tipo + raro de lesão epitelial Pele: 30% casos por lesão pigmentar prévia, 70% casos de novo Incidência: Austrália, Nova Zelândia → população com pele clara, local com muita radiação UV, estilo de vida ao ar livre; Norte da Europa com + casos que Sul; Portugal, Itália e Espanha 6-8 novos casos/100.000; Portugal 2x + casos ao longo dos anos FATORES DE RISCO Latitude geográfica, fototipo, padrão de exposição solar (infância/idade adulta), nevos benignos (>50, grandes ou irregulares), nevos melanócitos congénitos ou de grande dimensão, idade, história pessoal e familiar, imunodeprimidos Associado a mutação BRAF DIAGNÓSTICO Clínico: inspeção com regra ABCDE (assimetria, bordo, cor, dimensão, evolução) + regra do patinho feio (quando muitos sinais → valorizar os diferentes) Dermatoscopia: amplificação até 10x, técnica de transiluminação da pele que permite distinguir a rede pigmentar da lesão e estruturas características de melanoma (glóbulos, áreas homogeniais, pontos, estrias, rios, véu azul-acizentado); distinção lesão melanocítica/não melanocítica, benigna/maligna Análises computacionais Nevos: simétricos, uniformes, <3 cores, estrutura ordeira; pérolas esbranquiçadas indicam queratose seborreica (lesão benigna) CBC: estrutura em roda dentada Dermatoscopia digital: vigilância de doentes com múltiplos nevos melanocíticos, por exemplo com mutação CDKR2A → predisposição melanoma, cancro do pâncreas, SNC; visualização de lesões incipientes, assimetrias, alterações na cor; no olho – tomografia ótica de coerência Melanoma + espesso = pior prognóstico Formas clínicas: Superficial: 70%; jovens; dorso no homem, perna na mulher; história de escaldões na infância, presença de lentigos solares ou nevos melanocíticos; crescimento lento superficial com posterior invasão das várias camadas da pele (nódulos e ulceração); pode ocorrer regressão espontânea Nodular: 15; crescimento vertical; cabeça, tronco, pescoço; amelanocítico (sem regra ABCDE); satelitose (várias lesões + pequenas adjacentes à principal; mau prognóstico, + probabilidade de metástase à distância) Acral-lentiginoso: 10%; idosos, raça negra, asiáticos; palma das mãos, planta dos pés, mucosas (labial; mau prognóstico), debaixo das unhas (mancha longitudinal na unha); evolução lenta Lentigo maligno: 5%; idosos, exposição crónica ao longo da vida (pedreiros, pescadores); crescimento lento, várias cores ou apenas castanho escuro; região geniana, nariz, temporal; crescimento vertical original nódulo; metástases ganglionares Classificação genética: 4 subtipos – acral, mucosas, com dano actínico crónico, sem dano actínico crónico; mutação BRAF + frequente (50% melanomas; superficiais ou com exposição intermitente ao sol); mutação c-kit (mucosas, acral-lentiginoso); Ras (pequena % dos superficiais e mucosas); via PTEN (nevos azuis ou olho) ESTADIAMENTO TNM Espessura de Breslow: principal fator prognóstico; mm → classificação T: T1 ≤1 mm T2 <2 mm T3 <4 mm T4 >4 mm Avaliar presença de ulceração e mitoses (nos tumores <1 mm) Tumor primitivo submetido a biopsia excisional com margem 3-5 mm (se grande: punção) → análise anatomopatológica 2015/2016 SOS DCC Inês Neri Tumor <0.75 mm sem ulceração, tumor 0-75-1mm sem ulceração e sem mitoses → avaliação clínica (adenopatias, organomegalias) + margem cirúrgica adequada ao tipo de tumor Tumor >1 mm, tumor com + do 1 mitose, tumor com ulceração → avaliação laboratorial, imagiológica, margem cirúrgica e biópsia de gânglio sentinela Metástases ganglionares clinicamente evidentes, gânglio sentinela + → celulectomia: remoção dos gânglios do compartimento afetado Margens de segurança: consoante a espessura; tumor in situ margem ≥ 5 mm; tumores com <1mm margem de 1 cm; outros uma margem de 2 cm. Gânglio sentinela: muito provavelmente é positivo se o tumor é espesso; probabilidade de sobrevida Análise laboratorial: LDH (única que conta para a classificação TNM da doença) 4 estadios: 1) tumor fino 2) tumor espesso 3) doença logo-regional 4) doença disseminada TERAPÊUTICA Doentes inoperáveis → terapêutica médica: epilimumab (Ac anti-CTLA4; toxicidade), vemurafenib (inibidor do BRAF); apenas 1/3 dos doentes responde ao epilimumab mas esta é uma resposta prolongada e pode ser combinado com outros fármacos Imunoterapia: bloqueio dos mecanismos de controlo imunitário: inibidores PD1 e PDL1; permitem marcador para resposta; toxicidade autoimune (cutânea, GI) Inibidores das vias de sinalização: em doentes mutação BRAF + (teste de Cobas); não podem ser usados isoladamente (células tumorais adquirem resistência por mutação RAS, expressão anómala de outras cinases, mutação noutro ponto da via ou por ativação de outras vias), utilizar em conjunto com inibidores do MEK; toxicidade exantemática e proliferativa; são fotossensibilizantes em radiação á UVA (requerem protetor solar); podem causar melanomas (vigilância apertada) SARCOMA DE KAPOSI Neoplasia maligna vascular associada ao HHV8 Lesões + frequentes são cutâneo- mucosas; pode tornar-se mais agressivo e envolver gânglios linfáticos e órgãos Lesões cutâneas: polimorfas (mancha violácea, placa, nódulo ou tumor) Endémico (bacia do Mediterrânio) Doentes HIV+ têm ↑probabilidade de sarcoma de Kaposi Etiologia: HHV8; imunossupressão contribui para agressividade Classificação: Clássico: bacia do Mediterrâneo; placas enormes indolentes localizados na extremidade interior que se desenvolvem em anos (não chegando o doente a morrer desta neoplasia) Africando: fulminante; associado à imunossupressão Clínica Lesões nos membros, HIV+ lesões na cabeça, pescoço, tronco, mucosas, GI, pulmão; maioria assintomático, exceto HIV+ (crescimento rápido) Terapêutica Poucas lesões assintomáticas, idosos: não é necessário haver excisão, apenas vigiar Nódulos isolados, localizados: excisão cirúrgica ou outros métodos destrutivos (criocirurgia, laserterapia, laser CO2, eletrocirurgia, RT e QT) Em caso de doença muito agressiva (tipo africano ou em crianças): QT com taxanos e vincristina Avançado e HIV+: doxorrubicina metilada, taxanos, estimulantes do sistema imune (IFN) RT eficaz porque o sarcoma de Kaposi é um dos tumores + radiossensíveis Tumores induzidos pela imunossupressão: parar imunossupressores, usar ciclosporina ou sirolimus 2015/2016 SOS DCC Inês Neri NEOPLASIAS DO Tratados por Neurologista SNC Portugal: 36.000 casos/ano; 30% vão ter metástases cerebrais (10.000) Tumores cerebrais: Metástases cerebrais Tumores primários do SNC: 1400 casos/ano, 14/100.000 habitantes; 50% malignos; raros Tumores do SNC na criança METÁSTASES CEREBRAIS Metastização no SNC frequente 70% metastização sistémica conhecida, 20% simultânea com metastização sistémica, 5-10% 1ª manifestação da doença Probabilidade de metastização: depende do tipo de células e frequência da neoplasia 1ª Elevada: melanoma, carcinoma do pulmão, tumor de células germinativas Intermédia: mama, rim Baixa: próstata, tubo digestivo, sarcoma, linfoma Disseminação: via hematogénea; localização em locais de + estase sanguínea (transição córtico-subcortical) Quadro clínico: sintomas gerais (cefaleias, náuseas e vómitos; é sinal de alarme hipertensão intracraniana + acordar de madrugada com náuseas e vómitos; alterações do comportamento; sonolência); sintomas focais (parésia, plégia de membro pensar na área motora contralateral; hipostesia pensar na área sensitiva contralateral; deficiência dos campos visuais pensar na região occipital; afasia, disartria, neuropatia craniana associada a disseminação leptomeníngea (raro; células tumorais no liquor), ataxia); convulsões (15% como manifestação inaugural; metástases em zonas epileptogénicas, + corticais), sintomas neurológicos súbitos (5-10%) Exames complementares: 1ª linha TAC com contraste (para distinção de lesões como AVC); RM com contraste (75% mostra outras lesões) Diagnóstico duvidoso: doente sem cancro conhecido, cancro curado (vários anos após último cancro), ausência de metastização sistémica, lesão cerebral única Cancro oculto + metástases cerebrais: TAC tóraco-abdómino-pélvica, mamografia, cintigrafia óssea, PET, avaliação da pele (melanomas); se tudo negativo → cirurgia exploratória Terapêutica: Corticosteroides: ↓permeabilidade dos capilares tumorais → ↓edema peri-tumoral → ↓sintomas neurológicos, o que possibilita manutenção de tratamento; dexametasona (fraca ação mineralocorticóide); bons em fase aguda (fase crónica têm efeitos adversos) Cirurgia: ressecabilidade frequente; ponderar em caso de metástase única (após confirmação RM; melhora prognóstico), dúvidas no diagnóstico histológico (descobrir tumor 1ª a partir de biópsia da metástase), metástases múltiplas sintomáticas (hidrocefalite, hipertensão intracraniana) Radioterapia: Radioterapia holocraneana – irradiação de todo o crânio, trata metástases existentes e as que presumimos que venha a ter (micrometástases); 30 Gy em 10 frações (dose baixa); tratamento frequente, principalmente em metástases múltiplas; 60% tem resposta completa ou parcial mantida durante 1 ano; realizado em todos os casos, exceto os que se sabe que não respondem à RT Radioterapia estereotáxica/radiocirurgia – RT externa, feixes colimados e convergentes de radiação em lesão circunscrita; dose única e alta em localização pequena; útil para controlo local de metástase única pequena; não cura 2015/2016 SOS DCC Inês Neri Quimioterapia: sensibilidade das metástases = à do tumor 1º; maioria dos fármacos não atravessa a BHE; 80% casos têm cancro em fase avançada → refratário à QT citotóxica (requer RT adjuvante) Prognóstico: 50-70% morre de causa sistémica (metástases hepáticas, pulmonares) TUMORES PRIMÁRIOS DO SNC Neurónios: neurocitoma, ganglioglioma Células gliais: glioma (frequentes; graves) → astrocitoma (astrocito), oligodendroglioma (oligodendrocito), ependimoma (células do epêndima) Sistema reticulo endotelial: linfoma (raro; tipo B difuso de grandes células) Meninges: meningioma (+ frequente; idosos; podem ser apenas vigiados) Maioria não metastiza Mediana de idade do glioblastoma: 63 anos Meningiomas: ↑ com idade; frequentes em mulheres idosas Gliomas: pico 60 anos, depois ↓ Etiologia: radiação craniana, doença hereditária (neurofibromatose), telemóveis (?), idiopática CLASSIFICAÇÃO WHO 2007; Gliomas subdividos em 4 graus Glioma grau 1: astrocitoma pilocítico (crianças) Glioma baixo grau (grau 2): ↑celularidade com aspeto normal Astrocitomas: pilomixoide, difuso, xantoastrocitoma pleomórfico Oligodendroglioma, oligoastrocitoma Glioma anaplásico (grau 3): atipia nuclear/anaplasia; atividade mitótica Astrocitoma anaplásico, oligodendroglioma anaplástico, oligoastrocito anaplásico Glioblastoma (grau 4): atipia nuclear/anaplasia; atividade mitótica; necrose e/ou proliferação microvascular Astrocitomas: glioblastoma, glioblastoma de células gigantes, gliosarcoma Difícil distinguir entre grau 2 e 3; depende da representatividade da biópsia e experiencia do anatomopatologista Tumores mistos: aspeto de astrocito + oligodendrocito; pensa-se que esteja relacionado com a existência de célula estaminal comum SOBREVIDA Melhor: oligodendroglioma (grau 2) Grau 2: sem cura; apenas prolongar vida até décadas Glioblastoma: meses Progressão baixo grau → alto grau: envolve mutação genética: Doentes + jovens: média 39 anos; grau 2 → 3 → 4 (glioblastoma secundário) Grau 4 → astrocitoma grau 4 (glioblastoma 1º); média 55 anos Necrose = grau 4 Citogenética: distinção graus 2 (mutação p53) e 3 (mutação PTEN, por vezes mutação EGFR) DIAGNÓSTICO Histologia + clínica + avaliação imagiológica 2015/2016 SOS DCC Inês Neri GLIOBLASTOMA Tumor invasivo: cresce em continuidade com a substância branca (corpo caloso importante); + frequente nos hemisférios cerebrais, raro no cerebelo, tronco, medula; limites mal definidos; destrói vasos sanguíneos (não invade; rara metastização extracerebral) Captação de contraste = BHE não funciona = sinal de malignidade Quadro clínico: depende da localização; historia clinica ≤3 meses, cefaleias matinais com vómito, alteração do estado mental, epilepsia (30%; + frequente que nas metástases), sinais focais Diagnóstico Histológico, através de cirurgia e imagem para orientação; não se tratam tumores 1º sem biópsia: glioma do tronco por difícil acesso) Terapêutica Cirurgia, biópsia estereotáxica (antigamente), neuronavegação, gliadel (QT implantada, BCNU), fluorescência intraoperatória (injeção de análogo da porfirina nas células tumorais) Cirurgia isolada não é suficiente; adicionar radioquimioterapia (esquema EORTC) ou QT (diária, 6 semanas; agentes alquilantes como nitrosureias ou temozolomida para ligação ao DNA e indução de apoptose; metilação do promotor do gene metilguanina metiltransferase (MGMT) é bom sinal prognóstico (quando não metilado = ↓resposta à temozolomida) Terapêutica do glioblastoma em progressão: recidiva sempre; nova cirurgia + pastilhas de BCNU; QT; re-irradicação (se localização nova), bevacizumab (anti-VEGF), ensaios clínicos Prognóstico Volume da remoção cirúrgica Idade: melhor prognóstico 20-44 anos, ↓ posterior Estado funcional: escala de Karnofsky para doentes oncológicos – protocolo RT/QT exige ≥70 (independente para a maior parte das AVD; limite para intervenção = 50) OLIGODENDROGLIOMA Alterações genéticas: deleção 1p e 19q em 60-70% casos Menos agressivos, boa resposta terapêutica (mantêm-se + tempo ciclos de tratamento/vigilância); 60-70% recidivas respondem a PVC (procarbazina, CCNU, vincristina); respondem à temozolomida (menos tóxica) GLIOMA DE BAIXO GRAU 20% dos gliomas; astrocitoma grau 1 (pilocítico), astrocitoma grau 2, oligodendroglioma, ependimoma Terapêutica: biopsia para confirmação diagnóstica; tratar epilepsia, vigilância, RT se ↑lesão Fatores de prognóstico: histologia, idade ≥40 anos, tumor ≥6 cm, sobreposição da linha média, défice neurológico ALVOS TERAPÊUTICOS FUTUROS Vacina de células dendríticas: promissor como terapêutica adjuvante Manipulação genética de células estaminais tumorais SARCOMAS Pediátricos ou de adulto Partes moles ou osso Origem em células mesenquimatosas (derivam da mesoderme); + de 70 subtipos histológicos Incidência: 12.000 novos casos/ano (EUA), 1% cancros do adulto (raro), 15% cancros pediátricos GIST (tumor do estroma GI): subtipo + comum (2º leiomiosarcomas, 3º liposarcomas) 2015/2016 SOS DCC Inês Neri SARCOMAS DE PARTES MOLES Agressivos; aparecem em qualquer tecido de suporte do organismo; taxa de mortalidade em algumas séries >50% aos 5 anos Incidência ↑ com idade: >60 anos (mediana 61 anos; sarcoma sinovial no adulto jovem; mixofibrosarcoma, angiossarcoma nos 60-70 anos) Classificação histológica: de acordo com tecido a que se assemelham Liposarcoma: origem no tecido adiposo Rabdomiossarcoma: origem no tecido muscular Leiomiossarcoma: origem no músculo liso Angiossarcoma: vasos sanguíneos e linfáticos MPNST (malignant peripheral nerve sheat tumor): bainha dos nervos periféricos Sinovial, epitelioide, alveolar, células claras: origem desconhecida + frequentes: lipomiosarcoma, leiomiosarcoma, sarcoma SOE (GIST é classificado à parte) Classificação de acordo com agressividade biológica (OMS): benigno (não metastiza), intermédio (localmente agressivo, pode metastizar), maligno (↑probabilidade de metastizar) ETIOLOGIA Esporádicos: desconhecida; maioria Pós RT: 10-15 anos depois; surge em áreas irradiadas Alterações genéticas: neurofibromatose tipo 1, síndrome de Li-Fraumeni Vírus HIV e HHV8: sarcoma de Kaposi LOCALIZAÇÃO Membros (50%; sobretudo inferiores), tórax (18%), retroperitoneu e intra-abdominais, cabeça e pescoço SINTOMAS Massa com crescimento gradual e indolor Sintomas compressivos: parestesias, edema, sintomas urinários e digestivos Específicos da localização SINAIS DE ALARME Tumores >5 cm, crescimento rápido, ↑consistência, ↓mobilidade METASTIZAÇÃO Via hematogenea → pulmão (+ de 90% casos) Liposarcoma mixoide de células redondas → tecidos moles e osso Sarcoma sinovial, sarcoma epitelioide → via linfática → gânglios Sarcoma alveolar → SNC IMAGIOLOGIA Tumor 1º: ecografia (membros), TC (retroperitoneais), RM (membros), Rx (ósseos) Estadiamento sistémico: TC torax DIAGNÓSTICO HISTOLÓGICO Obtenção da amostra: biópsia (CNB) percutânea; citologia (FNA) Planeamento multidisciplinar para orientação da biopsia: radiologista + cirurgião 2015/2016 SOS DCC Inês Neri Evitar biopsia excisional/aberta: risco de complicações locais (hematoma, infeção) e de contaminação tumoral (não se fazem biópsias abdominais) Informação acompanhante da amostra biopsada: idade, localização, tamanho, tempo de evolução, tratamento prévio (RT?) Anatomo-patologia: morfologia, imunohistoquímica, FISH Sarcoma de Ewing (tumor primitivo neuroectodermal periférico): translocação 11;22; genes FLI1, EWS DIAGNÓSTICO MOLECULAR Implicações: anomalias cromossómicas complexas (50-60% casos), alguns têm assinatura genética, clarificar histologia complexa ou duvidosa, detetar doença residual microscópica, significado prognóstico, importância terapêutica ESTADIAMENTO Grau: 1) bem diferenciado 2) diferenciação moderada 3) pouca diferenciação 4) indiferenciado → indicador prognóstico + importante T: T1 ≤5 cm, T2 >5 cm; a superficial b profundo relativamente à fáscia N: raro TERAPÊUTICA Equipa multidisciplinar, centro especializado Fatores para decisão terapêutica: histologia, local, estadiamento, ressecabilidade Cirurgia Curativa; definir estratégia com RT, cirurgia, perfusão isolada do membro Excisões alargadas (margem adequada); atualmente <5% amputações Cirurgia conservação do membro + RT = cirurgia de amputação isolada Whoops surgery: em 2 situações Inadvertida: cirurgião não faz diagnóstico histológico → deixa doença residual Inadequada: cirurgião não sabe operar → deixa doença residual Cirurgia inicial adequada: fator + importante para sobrevivência livre de doença Risco de recidiva local: depende de margem cirúrgica + (↑risco de recidiva local e à distância), tumor de alto grau, envolvimento de estruturas neurovasculares, subtipo histológico, localização Radioterapia Adjuvante: 60-66 Gy; alto grau, tumores >5 cm, profundos, margem +, retroperitoneais (sem benefício demonstrado); melhorar controlo local, preservar função; não aumenta sobrevivência Outras utilizações da RT: definitiva (quando cirurgia não é possível), paliativa (dor forte, hemorragias) RT pré e pós operatória = em termos de sobrevivência; pré operatória pode dificultar cicatrização de feridas Quimioterapia Neoadjuvante: sistémica; perfusão isolada de membro (TNFα + melphalan + hipertermia); permite cirurgia conservadora do membro e melhor controlo local Adjuvante: não é standard, benefício pouco claro; sobrevivência = com ou sem QT adjuvante; benefício depende do doente (+ risco de recaída em tumores de alto grau, profundos, >5 cm; histologia quimiosensível, doentes jovens) Paliativa: em doença metastática; seleção da QT deve ser individualizada (considerar histologia, comportamento biológico da doença, padrão de metastização, estado geral do doente, co-morbilidades, preferências individuais); permite paliação sintomática, melhorar qualidade de vida, prevenir rápida progressão da doença, alguns casos prolonga sobrevivência 2015/2016 SOS DCC Inês Neri Doença metastática Se irressecável → fatal Se toda a doença detetável for eliminada → remissão prolongada Assintomáticos por longos períodos (anos) Ponderar benefícios/toxicidade da QT Novos agentes Doxorrubicina: base de tratamento da doença metastática; toxicidade cardíaca; estudo para dose 75 g/m2; usar isolada em doentes sintomáticos; em combinação com ifosfamida em metástases pulmonares isoladas, doentes jovens, bom performance status Ifosfamida: eficácia semelhante à doxorrubicina; IFF alta dose, sarcoma sinovial muito sensível Terapêuticas-alvo Sunitinib, sorafenib Pazopanib: ↑progressão livre de doença em 3 meses; toxicidade, ↓probabilidade redução carga tumoral Sobrevivência por extensão de doença ao diagnóstico: doença loco-regional 4.9 anos, doença metastática 1.1 anos Fatores de prognóstico: grau histológico + profundidade + tamanho (intrínsecos ao tumor); outros (idade avançada, metástases ao diagnóstico, recidiva local) LEIOMIOSARCOMA Localização retroperitoneal ou intra-abdominal (>50%), coxa, estruturas vasculares (artéria pulmonar, VCI) QT: doxorrubicina; resistentes a IFF SARCOMA SINOVIAL Membros; sensíveis à IFF SARCOMA ALVEOLAR DE PARTES MOLES Requer TAC cerebral; crescimento lento, metastização lenta, recidiva 100% casos Não respondem à QT, pode fazer-se sunitinib (anti VEGFR) DERMATOFIBROSSARCOMA PROTUBERANS Pele; recorrência local, metastização rara; terapêutica cirúrgica; RT se margens pequenas, QT com pouco benefício Se translocação 17;22 → imatinib GIST Tumor mesenquimatoso, sarcoma + frequente, tubo GI, adultos (40-60 anos) Clínica: anemia, massa abdominal, dor abdominal (volumosos), metástases (fígado, peritoneu, osso) Genética: CD 117 + ou c-kit + (>95% casos) → diagnóstico; c-kit é proteína que se liga a domínio tirosina-cinase (mutação exões 11 e 9 → sobreexpresão c-kit; terapêutica por bloqueio da via) Prognóstico: tamanho, índice mitótico, localização Terapêutica em GIST em c-kit +: se irressecável → imatinib; se operado → 3 anos imatinib Doença metastática: melhor sobrevida nos últimos anos do que nos sarcomas não GIST (têm + vias alteradas) SARCOMAS ÓSSEOS Osteossarcoma, sarcoma de Ewing, condrossarcoma, sarcoma pleomórfico indiferenciado SARCOMA DE EWING 2015/2016 SOS DCC Inês Neri 2 tipos: ósseo (crianças), extra-ósseo/partes moles (adultos) Translocação 11;22 (>90% casos) + adolescentes, adultos jovens (raro depois dos 30 anos) Estadiamento: localizado ou metastizado (pulmão e osso) Terapêutica doença localizada: duração 1 ano; 1º QT 6 ciclos com vincristina + IFF, doxorrubicina + etoposido → cirurgia + RT → QT 8 ciclos vincristina + actinomicina D + IFF Terapêutica doença metastizada: 1º QT → avaliar resposta e possibilidade de tratamento local → auto-transplante (QT alta dose + células estaminais do doente) → se progressão alterar esquema de QT Protocolo EuroEWING99 Doente sem metástases sobrevida 80%; doente com metástases probabilidade de morte em 2 anos enorme OSTEOSSARCOMA Tumor produtor de osso; radiografia com aspeto de calcificações Osteossarcomas da mandibula em doentes com RT a tumores da cabeça e pescoço 2 picos de incidência: crianças e idosos Pode associar-se a doença de Paget Sobrevivência 5 anos: 60% Terapêutica: radioressistente CUIDADOS DOR PALIATIVOS E DOR Presente 1/3 dos doentes no diagnóstico; prevalência ↑ em doença avançada Cancros com dor frequente: mieloma múltiplo, carcinoma da mama e próstata avançados, tumores da cabeça e pescoço Etiologia: provocada pela doença (93%), por tratamentos (21%), outra patologia (2%) Classificação fisiopatológica: Nociceptiva: ativação de recetores nociceptivos; somática (bem localizada), visceral (mal localizada, constante, pode ser tipo cólica ex.: obstrução) Neuropática: destruição, infiltração, compressão nervosa; lancinante (cabeça e pescoço por invasão de estruturas nervosas ex.: trigémio), disestética (invasão plexo braquial); difícil resposta terapêutica Dor irruptiva: início súbito, grande intensidade; fator desencadeante conhecido (ex: mobilização) ou pode não existir fator reconhecido; existe uma dor basal e pode haver associados episódios de dor + intensa; difícil de tratar; exemplo metástases com dor à mobilização Escalas de dor: visual analógica, faces Antecedentes pessoais: depressão, abuso de drogas e álcool, antecedentes de úlcera péptica → prognóstico Princípios de tratamento farmacológico da dor (OMS): Pela boca: via oral (preferencial) Pela escada: fármaco escolhido conforme intensidade; usado 1 fármaco de cada escalão, ao subir degraus mantêm-se os adjuvantes e o fármaco de 1º escalão mas não do 2º; nível 1) analgésicos nível 2) opióides fracos (tramadol, codeína) 3) opióides fortes (morfina: 30 mg em idoso que não tomou opióides antes, 60 mg; SOS 1/6 a 1/10 dose); adjuvantes (anti-depressivos, anti-epiléticos, corticosteroides, antagonista opióide) 2015/2016 SOS DCC Inês Neri Pelo relógio: intervalos fixos, antes do desaparecimento do efeito da dose anterior (alívio contínuo) Para o indivíduo Atenção ao detalhe CUIDADOS PALIATIVOS Tratamento abrangente e ativo de doentes com doenças que não respondem a tratamentos curativos; controlo da dor, outros sintomas e problemas psicológicos, sociais e espirituais – São cuidados interdisciplinares – Dirigem -se ao doente, família e comunidade – Pretendem responder as necessidades do doente aonde este esteja, domicilio ou hospital – Afirmam a vida e encaram a morte como um processo natural. – Não atrasam nem aceleram o processo de morte – Pretendem preservar a melhor qualidade de vida do doente ate a morte Fase aguda: desenvolvimento ou problema inesperado, ou em que há um aumento significativo da gravidade dos problemas já existentes Em deterioração - desenvolvimento gradual dos problemas sem que haja uma necessidade de uma alteração súbita no manejo da situação Terminal: morte iminente, agonia Estável: nenhuma das situações anteriores URGÊNCIAS EM EMERGÊNCIAS METABÓLICAS ONCOLOGIA 1. HIPERCALCÉMIA Síndrome paraneoplásico + frequente (10-30%) Forma de apresentação ou diagnóstico conhecido Neoplasias + comuns: mama, pulmão, mieloma múltiplo Mau prognóstico Etiologia: Metástases osteolíticas: 20% casos; TNF, IL1, IL6, proteína inflamatória do macrófago → produção e atividade osteoclástica Sobreprodução tumoral de calcitriol: linfomas Hodgkin e não-Hodgkin; ↑reabsorção óssea e intestinal de Ca Hipercalcémia tumoral: tumores sólidos (88%) e hematológicos (33%); mecanismo + comum (80% casos); PTHrP → ↑reabsorção óssea e renal de Ca + inibição do transporte renal de fósforo; doença avançada Clínica: Ligeira <12 mg/dl: assintomática, sintomas inespecíficos (fadiga, obstipação, depressão) Moderada 12-14 mg/dl: crónica (bem tolerada); aguda (poliúria, polidipsia, desidratação, anorexia, náuseas, vómitos) Grave >14 mg/dl: confusão, letargia, coma Diagnóstico: doseamento de cálcio sérico ionizado Cálcio corrigido = cálcio total medido + [0.8 x (4 – albumina) Creatinina, eletrólitos, fosfatase alcalina, PTH (exclusão hiperparatiroidismo 1º) PTHrP: indicador prognóstico → marcador tumoral para avaliar resposta ao tratamento; preditivo da resposta ao tratamento com bifosfonatos; se >12 pmol/l = menor resposta à terapêutica e + risco recidiva dentro de 14 dias de terapêutica 2015/2016 SOS DCC Inês Neri Terapêutica: hidratação IV, calcitonina, pamidronato e ácido zoledrónico (nefrotoxicidade, risco de osteonecrose da mandíbula), prednisona (risco de imunossupressão/linfomas), diálise - Escolha depende da gravidade; inibição da reabsorção óssea, ↑excreção renal ou ↓absorção intestinal → ↓cálcio sérico - Ligeira e moderada crónica: não requer terapêutica imediata, evitar diuréticos, hidratação adequada - Moderada aguda: hidratação + bifosfonatos - Grave: hidratação IV (diuréticos da ansa) → calcitonina → ácido zoledrónico ou pamidronato (controlo longo prazo 2. SÍNDROME DE LISE TUMORAL 3. SIADH EMERGÊNCIAS CARDIOVASCULARES 1. TAMPONAMENTO PERICÁRDICO Obstrução à drenagem linfática ou excesso de secreção de fluidos (carcinomatose pericárdica) → acumulação de líquido pericárdico com instabilidade hemodinâmica = tamponamento Etiologia: extensão direta (mama, pulmão, linfoma), metástases epicárdicas (mama, pulmão, melanoma), neoplasia 1ª (mesotelioma), irradiação torácica (aguda ou crónica), causas não malignas (hipotiroidismo, urémia, infeção, doença autoimune, fármacos, radiação) Clínica e terapêutica: Dispneia, dor torácica, ortopneia, fadiga, taquicardia, distensão jugular, tons cardíacos hipofonéticos, hipotensão, edema → pericardiocentese (diagnóstico + terapêutica → introdução de agentes esclerosantes), QT sistémica Tamponamento com instabilidade hemodinâmica → drenagem imediata 2. SÍNDROME DA VEIA CAVA SUPERIOR Obstrução, invasão, compressão, trombose, fibrose → obstrução mecânica ao retorno venoso através da VCS Etiologia: maligna (85-95%) – neoplasia pulmão (80%; + carcinoma de não pequenas células), timoma ou mesotelioma, linfoma (10%), metástase (mama ou testículo; 10%) Clínica: Obstrução venosa central → compromisso drenagem venosa da cabeça, pescoço, MS Colaterais venosos → vias alternativas para retorno venoso Rapidez da oclusão vs recrutamento de colaterais venosos Clínica: abrupta (tumores de crescimento rápido, trombose) ou insidiosa → dispneia, edema facial, ingurgitamento venoso cervical e torácico, tosse, edema MS, cianose, disfagia, pletora fácil, cefaleia/confusão, estridor/coma Diagnóstico: Rx tórax: alargamento do mediastino, derrame pleural TC tórax: + útil; identifica nível e extensão da obstrução, colaterais e causa da obstrução Venografia: gold standard para identificar obstrução; não identifica causa; aliar a TC RM: alternativa (alergia ao contraste) Diagnóstico histológico: doentes que não têm um diagnóstico de neoplasia e o SVCS é apresentação inaugural → citologia expetoração ou líquido pleural, biópsia de adenopatias, broncoscopia, mediastinoscopia, Toracoscopia ou Toracotomia Terapêutica: gravidade + alívio sintomático; medidas gerais (oxigenoterapia, diuréticos, elevação da cabecedeira, corticoterapia) Emergência: estridor ou alteração do estado de consciência → compressão via aérea ou cardíaca → stent + RT 2015/2016 SOS DCC Inês Neri EMERGÊNCIAS NEUROLÓGICAS 1. SÍNDROME DE COMPRESSÃO MEDULAR “verdadeira emergência oncológica”: dor é forma de apresentação frequente + risco de dano neurológico irreversível Mau prognóstico Etiologia: metástases nos corpos vertebrais (85-90%), massa paravertebral (10%; pulmão, sarcoma, linfoma), metastização direta meníngea ou medular Acesso ao espaço epidural → compressão direta: a) Estruturas nervosas: interrupção do fluxo axonal b) Estruturas vasculares: obstrução de plexos venosos (→ edema vasogénico), obstrução do fluxo sanguíneo arterial (→ enfarte/isquemia irreversível) Clínica: dor, défice motor (↓força muscular simétrica MI → plegia), défice sensitivo (pouco comum; hipostesia e parestesia), disfunção vesical/intestinal, perda de sudorese abaixo da lesão Nível de compressão: Medular: ↓força muscular simétrica e persistente; progressão rápida Cone medular: variável Causa equipa: ↓força muscular assimétrica; perda sensorial assimétrica Diagnóstico: RM (gold standard), TC (fraca avaliação do espaço epidural), Rx apenas em doente com dor sem mielopatia ou radiculopatia Tokuhashi scoring system: estado neurológico pré-tratamento; fator prognóstico + importante Terapêutica: opióides, glucocorticoides; terapêutica definitiva com cirurgia (indicada em tumor primário desconhecido, grande instabilidade da coluna, neoplasia radiorresistente, compromisso cervical alto) ou RT (gold standard; 30 Gy/10 fr/2 semanas; eficácia modesta) 2. METÁSTASES CEREBRAIS e HIPERTENSÃO INTRACRANIANA ↑pressão IC → efeito massa + edema cerebral por disfunção BHE Tumor em expansão gradual com edema cerebral: + comum; evolução gradual e subtil Hemorragia intratumoral: - comum, início abrupto; melanoma, neoplasia renal Clínica: náuseas e vómitos, cefaleias (50%), hemiparesia (défice focal), alteração comportamento/memória (défice cognitivo), crise convulsiva Papiledema, rigidez da nuca, estupor, coma Terapêutica: cabeceira elevada, dexametasona COMPLICAÇÕES DA QUIMIOTERAPIA 1. NEUTROPÉNIA FEBRIL Neutropenia: <500 neutrófilos/mcl OU <1000 neutrófilos com precisão de descida para <500 nas 48h seguintes Febre: >38.3ºC em medição única OU >38ºC durante + de 1 hora Diagnóstico: 2 pares de hemoculturas (SP e CVC), urocultura, corpoculturas/pesquisa de toxina Cl. Difficile, exsudado cutâneo/aspirado, cultura de vírus Classificação MASCC: baixo risco ≥21 pontos, alto risco <21 pontos; considera sintomas de doença, hipotensão, DPOC, tumor sólido, infeções fúngicas, febre em ambulatório, hidratação, idade <60 anos Terapêutica: - Baixo risco: considerar ambulatório; ciprofloxacina + amoxicilina/clavulanato 2015/2016 SOS DCC Inês Neri - Alto risco: internamento; imipenem/citastatin, meropenen, piperacilina-tazobactam, cefepime, ceftazidima; se hemodinamicamente instável β- lactâmico de alto espetro + aminoglicosídeo + vancomicina (+/- antifúngico) Úlcera necrotizada: HSV, fungos → cultura e biópsia Placas esbranquiçadas: candidíase oral → antifúngico (fluconazol 1ª linha) Dor/ardor retroesternal, disfagia, odinofagia → considerar CMV, Diarreia, dor abdominal → Cl Difficile → vancomicina PO/metronidazol Avaliação e follow up: Resposta clínica: manter ATB até neutrófilos >500 Sem resposta clínica: aumentar espetro (incluir anaeróbios, G- resistentes, G+ resistentes, G-CSF, anti-fúngicos Profilaxia CSF: 5 mcg/kg/dia até recuperação neutrófilos; adotar em fatores de risco para complicações 2. EXTRAVASÃO EMERGÊNCIAS HEMATOLÓGICAS 1. SÍNDROME DE HIPERVISCOSIDADE 2. HIPERLEUCOCITOSE E LEUCOESTASE EMERGÊNCIAS UROLÓGICAS 1. CISTITE HEMORRÁGICA 2. CISTITE RÁDICA