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Brasília-DF.
Elaboração
Produção
Apresentação.................................................................................................................................. 4
Introdução.................................................................................................................................... 7
Unidade ÚNICA
PENSAMENTO SISTÊMICO E MUDANÇA EPISTEMOLÓGICA....................................................................... 9
CAPÍTULO 1
Introdução ao pensamento sistêmico e à mudança epistemológica........................... 9
CAPÍTULO 2
Paradigma sistêmico.......................................................................................................... 17
CAPÍTULO 3
História da terapia familiar................................................................................................ 23
CAPÍTULO 4
Da epistemologia cibernética à epistemologia da complexidade................................ 32
CAPÍTULO 5
Comunicação humana...................................................................................................... 42
CAPÍTULO 6
Genograma e ciclo de vida............................................................................................. 50
Referências................................................................................................................................... 59
Apresentação
Caro aluno
Conselho Editorial
4
organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de
Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Praticando
5
Atenção
Saiba mais
Sintetizando
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).
Avaliação Final
6
Introdução
As relações que os seres humanos estabelecem entre si e com o mundo ao seu redor são
questões que as ciências humanas procuram compreender e desvendar.
Objetivos
»» Aprofundar conhecimentos sobre paradigma e epistemologia.
7
PENSAMENTO
SISTÊMICO Unidade ÚNICA
E MUDANÇA
EPISTEMOLÓGICA
CAPÍTULO 1
Introdução ao pensamento sistêmico e
à mudança epistemológica
Para se pensar de forma sistêmica, é necessário ter uma nova forma de olhar o mundo
e o homem, além disso também é exigido uma mudança de postura por parte do
cientista, postura esta que propicia ampliar o foco e entender que o indivíduo não é o
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UNIDADE única │ PENSAMENTO SISTÊMICO E Mudança epistemológica
único responsável por ser portador de um sintoma, mas, sim, que existem relações que
mantêm este sintoma.
Visão sistêmica
Tem sua formação a partir do conhecimento e do conceito e das características dos
sistemas; consiste na habilidade em compreender os sistemas de acordo com a
abordagem da Teoria Geral dos Sistemas, ou seja, ter o conhecimento do todo, de modo
a permitir a análise ou a interferência no mesmo. Tem por propósito a capacidade de
identificar as ligações de fatos particulares do sistema como um todo. Foi desenvolvida
a partir da necessidade de explicações complexas exigidas pela ciência.
Conforme vimos, o pensamento sistêmico tem por objetivo enxergar o todo, detectar
padrões e inter-relacionamentos e aprender a reestruturar essas inter-relações de
forma mais harmoniosa. Seu desenvolvimento teve como propósito uma alternativa
ao reducionismo, um modo de pensar muito difundido no Ocidente, no entanto, hoje
é considerado simplório e prejudicial. Nesse amplo contexto cultural e institucional, o
pensamento sistêmico começou, partindo de várias disciplinas e tradições intelectuais.
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PENSAMENTO SISTÊMICO E Mudança epistemológica │ UNIDADE única
De acordo com Anderson e Johnson (1997, p. 2), o sistema é definido como “um grupo
de componentes interligados, inter-relacionados ou interdependentes, que formam
um todo complexo e unificado”. Segundo esses autores (1997, pp. 3-5), existem cinco
características essenciais de um sistema.
A constituição dos sistemas ocorre por meio de estruturas. A estrutura tem por
definição a maneira pela qual os componentes do sistema estão inter-relacionados
como um todo, ou seja, a organização do sistema. Essa organização consiste mais em
inter-relacionamentos do que em objetos do sistema em si, por isso, a estrutura é
invisível.
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UNIDADE única │ PENSAMENTO SISTÊMICO E Mudança epistemológica
De acordo com Anderson e Johnson (1997), cada nível da pirâmide permite um grau
relativo de gerenciamento. Desta forma os administradores estão limitados a reagir
aos eventos. Entretanto, há mais liberdade de ação em adaptar-se aos padrões e, ainda
mais, ao criar transformações por meio das estruturas. É no nível das estruturas que
o administrador encontra maior poder de mudança sobre sua instituição. O gerente
inteligente saberá, em cada nível, atuar ou utilizar técnicas que afetam simultaneamente
os três.
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PENSAMENTO SISTÊMICO E Mudança epistemológica │ UNIDADE única
Berdague (2006). Griffith (2007a) tem usado arquétipos para diagnosticar situações de
recuperação ambiental de modo geral.
De acordo com Peter Senge, em seu livro A Quinta Disciplina, as organizações que
aprendem são aquelas em que as pessoas aprimoram continuamente sua capacidade de
realizar as mais altas aspirações. A tecnologia pode proporcionar muitas informações
às pessoas, mas, se estas não possuírem as capacidades necessárias para aproveitá-las,
não adianta.
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UNIDADE única │ PENSAMENTO SISTÊMICO E Mudança epistemológica
Para o autor, é vital que as 5 disciplinas se desenvolvam como um conjunto. Por isso o
Pensamento Sistêmico é a quinta disciplina, aquela que integra as outras, fundindo-as
em um corpo coerente de teoria e prática.
Atualmente o pensamento sistêmico é mais necessário do que nunca, pois nos tornamos
cada vez mais desamparados diante de tanta complexidade. Talvez, pela primeira vez
na História, a humanidade tenha a capacidade de criar muito mais informação do que
o homem pode absorver, de gerar uma interdependência muito maior do que o homem
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PENSAMENTO SISTÊMICO E Mudança epistemológica │ UNIDADE única
pode administrar e de acelerar as mudanças com uma velocidade muito maior do que
o homem pode acompanhar.
Feedback de reforço. Sempre que você estiver em uma situação em que as coisas
estão crescendo, pode ter certeza de que o feedback de reforço está em ação. O feedback
de reforço também pode produzir declínio acelerado. Ver o sistema permite a você
influenciar seu funcionamento.
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UNIDADE única │ PENSAMENTO SISTÊMICO E Mudança epistemológica
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CAPÍTULO 2
Paradigma sistêmico
De acordo com Thomas Kuhn (1922-1996), físico célebre por suas contribuições à História
e Filosofia da Ciência, em especial do processo que leva à evolução do desenvolvimento
científico, designou como paradigmáticas as realizações científicas que geram modelos
que, por períodos mais ou menos longos e de modo mais ou menos explícito, orientam
o desenvolvimento posterior das pesquisas exclusivamente na busca da solução para os
problemas por elas suscitados.
Apesar da maioria das pessoas não ter o hábito de pensar sobre o paradigma da ciência,
é importante que tenhamos a noção de que é a ciência que embasa nosso modo de viver.
As sociedades modernas adotaram o conhecimento objetivo como fonte de verdade,
em virtude das conquistas obtidas pela ciência, as quais abriram perspectivas para
um desenvolvimento prodigioso da humanidade. Em nossa sociedade, é a ciência que
coloca validade em nossas explicações e compreensão dos fenômenos, além de validar
nossa forma de viver, de estar e agir no mundo. Recentemente, os desenvolvimentos
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UNIDADE única │ PENSAMENTO SISTÊMICO E Mudança epistemológica
Desta forma, para os cientistas a realidade passou a ser, então, uma construção de
um grupo de observadores, quando esses compartilham suas experiências individuais
e definem, por consenso, o que vão tomar como “realidade” para si, qualquer que
seja a “realidade” a que estejam se referindo: física, biológica ou social. Logo, nesses
espaços consensuais de intersubjetividade, a ciência pode se desenvolver, sem cair no
solipsismo (solus ipso = só eu mesmo), sem que o sujeito, com sua experiência individual
e privada, seja a única referência. Sssim , podemos distinguir como pensamento
sistêmico ou como paradigma da ciência contemporânea emergente, esse conjunto de
três novos pressupostos assumido pelo cientista, quando ele faz a ultrapassagem de
três pressupostos epistemológicos constituintes da ciência tradicional. Ultrapassando
os pressupostos da ciência tradicional – as crenças na simplicidade do microscópico, na
estabilidade do mundo e na objetividade e realismo do universo.
Coforme Kuhn, certa significação no âmbito de uma fase da pesquisa é por ele
denominada de “ciência normal”, pois a entende como um trabalho de operação de
limpeza ou resolução de quebra-cabeças. É uma fase da pesquisa caracterizada não
por progressos significativos, mas por adequações norteadas pelo paradigma. Se o
paradigma fornece problemas e possibilidades de solução no quadro da ciência normal,
a transição de paradigmas corresponde a uma crise, e uma revolução científica tem
lugar quando ocorre uma mudança de paradigma.
Parece ser evidente que Kuhn não pretendeu a utilização do termo paradigma em
sentido exageradamente amplo, uma vez que sua concepção de ciência normal
relaciona-se a uma fase específica de determinado campo de pesquisa. Ciência normal,
assim compreendida, não pode ser referida, por exemplo, à ciência moderna ocidental,
da revolução científica até o século XIX. Porém, é admissível referir-se a determinado
período da pesquisa sobre a física óptica no século XVII.
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UNIDADE única │ PENSAMENTO SISTÊMICO E Mudança epistemológica
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PENSAMENTO SISTÊMICO E Mudança epistemológica │ UNIDADE única
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UNIDADE única │ PENSAMENTO SISTÊMICO E Mudança epistemológica
relação com todo e qualquer sistema com que estiver trabalhando, o qual emergirá na
relação com ele, com base em sua distinção.
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CAPÍTULO 3
História da terapia familiar
Neste capítulo falaremos um pouco sobre a terapia familiar, tendo em vista que esse
campo tem sido claramente um campo fértil e prolífero em sua breve existência.
Contribuindo com ideias inovadoras e com uma abertura epistemológica e conceitual
tanto no nível de interpretação de fenômenos psicológicos, como no nível de utilização
de recursos e técnicas psicoterapêuticas.
Na década de 1950, surgiu nos Estados Unidos, a Terapia de Família. Inúmeros fatores
contribuíram para que o seu surgimento ocorresse nesse país e nessa época, entre os
quais podemos citar como sendo um dos mais relevantes o pós-guerra. Nessa época de
transformações que ocorriam nos Estados Unidos em diversas áreas, como o aumento
da industrialização, a participação das mulheres no mercado de trabalho, as novas
tecnologias, as relações sociais modificadas, o aumento do acesso à educação, entre
outras, foram as consequências da consolidação da expansão que já vinha ocorrendo
desde a Segunda Guerra Mundial.
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UNIDADE única │ PENSAMENTO SISTÊMICO E Mudança epistemológica
à mercê de forças sobre as quais elas não têm nenhum controle. Para Bloch e Rambo
(1998), a consciência da importância do contexto social sobre a vida dos indivíduos
nessa época aumentou rapidamente e adquiriu maior complexidade.
Segundo Bloch e Rambo (1998), o descontentamento com esse modelo teve origem
em alguns pontos, sendo os principais: o caráter limitado do modelo freudiano de
desenvolvimento psicológico feminino; as mudanças dos paradigmas nas ciências sociais
e naturais, o que inclui a física pós-einsteiniana, a teoria da informação, a cibernética,
a linguística e a teoria geral dos sistemas; a consciência dos limites das noções de saúde
mental e a tomada de consciência em relação à importância do contexto, o que segundo
os críticos estaria em desacordo com a psicanálise, já que esta teria seu enfoque voltado
para a história passada, na experiência interna do indivíduo expressa em sequencias
intrapsíquicas.
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PENSAMENTO SISTÊMICO E Mudança epistemológica │ UNIDADE única
Na década de 1930, foi desenvolvida por Ludwig Bertalanffy a Teoria Geral dos
Sistemas, tendo por objetivo desenvolver leis que explicassem o funcionamento de
sistemas gerais, independentes de sua natureza. Era, também, uma tentativa de aplicar
princípios organizacionais a sistemas biológicos e sociais (RAPIZO, 1996). Junto com
um biomatemático e um fisiologista, Bertalanffy criou o Centro de Estudos Superiores
das Ciências do Comportamento, que mais tarde se tornou a Sociedade de Pesquisa
Geral dos Sistemas, com o objetivo de desenvolver estudos sobre sistemas teóricos que
fossem aplicáveis a mais de uma das disciplinas tradicionais da ciência.
De acordo com essa teoria, existiam princípios e leis que se aplicavam aos sistemas em
geral, independente de seu tipo particular, da natureza de seus elementos e das relações
que atuavam entre eles. A busca por princípios universais aplicáveis aos sistemas em
geral, obteve como resultado três propriedades que estariam presentes em sistemas.
De acordo com (PONCIANO, 1999), para definir tais propriedades, essa teoria operou
o deslocamento da ênfase no conteúdo para a estrutura.
A palavra cibernética vem do grego kybernetes, que significa piloto, condutor. Tal
palavra foi escolhida pelos criadores da cibernética, Wiener, Rosenblueth e Bigelow,
para nomear o campo do conhecimento que se ocupa da teoria do controle e da
comunicação na máquina e no animal. Ao escolherem esse nome, gostariam que fosse
associado às máquinas que pilotam os navios, por estas serem as primeiras e mais bem
desenvolvidas formas de feedback, conceito central de sua teoria. À medida que suas
ideias foram apresentadas, outros cientistas se interessaram e perceberam claramente
a analogia entre o funcionamento do sistema nervoso e o funcionamento das máquinas
de computação. Com o desenvolvimento de pesquisas e sua importância para a guerra,
visto que a construção de máquinas computadoras era essencial naquele momento
histórico, em 1946, aconteceu a primeira de uma série de conferências dedicadas
ao tema do feedback como promoção da Fundação Josiah Macy, em Nova York.
(VASCONCELOS, 2003)
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UNIDADE única │ PENSAMENTO SISTÊMICO E Mudança epistemológica
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PENSAMENTO SISTÊMICO E Mudança epistemológica │ UNIDADE única
No Brasil podemos destacar como grandes nomes da Terapia Familiar entre outros:
Marilene Grandesso, Maria José Esteves, Terezinha Féres, Rosa Macedo, Sandra
Fedulo, Roberto Faustino( Recife), Rosana Rapizzo, Luiz Carlos Prado.
Para Oliveira, é possível compreendermos que o sistema familiar vive interações que
repercutem no seu desempenho, tanto em seu ambiente interno quanto externo. Desta
forma conseguimos entender um dos principais pilares da Terapia Familiar que é a
circularidade que estuda, atenciosamente, as sequências interacionais dos familiares,
para um olhar mais aprofundado acerca dos fatores que estão “segurando” o padrão
comportamental familiar. Sabe-se que todo sistema faz parte de um sistema maior, por
esse motivo, é importante relacionar a família, observando-se sua rede de subsistemas,
mediante a leitura de contextos mais amplos, ou seja: indivíduo, grupo, comunidade,
sistema de crenças, cultural, político.
Oliveira também nos coloca que a família é compreendida como um sistema aberto e,
dependendo de como “administra” suas relações, poderá “trabalhar”, para diante de
um desafio-problema, continuar na sua zona de conforto e não propiciar a mudança,
ficando na homeostase. Pode também “trabalhar” no favorecimento da mudança,
buscando condições de superação e novos significados.
É importante ressaltar que a Terapia Familiar dos dias atuais tem seus paradigmas
baseados na Ciência Pós-Moderna e se apoia nos seguintes conceitos.
De acordo com Oliveira, a Teoria Sistêmica ensina-nos a olhar como a vida das pessoas
é moldada pelas interações tanto com seus familiares quanto pelos contextos nos quais
estão inseridos. O contexto familiar é compreendido de forma menos objetiva e mais
complexa, na qual se vai à busca dos diversos significados dos membros familiares e da
família como um todo. O terapeuta familiar deverá atuar como um facilitador, ajudando
nesse processo de curar feridas e também de mobilizar talentos e recursos.
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UNIDADE única │ PENSAMENTO SISTÊMICO E Mudança epistemológica
Esta mesma autora ressalta que é preciso, ao trabalhar no processo terapêutico familiar,
que o terapeuta possa se aprofundar nos seguintes pontos significativos.
»» Contexto relacional.
»» Processos de comunicação.
Contextualizando uma visão pós- moderna, Maria José Esteves coloca que é
importante reforçar os seguintes pontos.
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UNIDADE única │ PENSAMENTO SISTÊMICO E Mudança epistemológica
Refletindo sobre o panorama atual da Terapia Familiar, podemos considerar que sua
consistência decorre de uma epistemologia unificadora pós-moderna apoiada numa
hermenêutica contemporânea construída na intersubjetividade, envolvendo a pessoa
do terapeuta como coconstrutor das realidades com as quais trabalha. A prática dessas
terapias ditas pós-modernas envolve um trânsito do terapeuta entre teoria e prática de
modo epistemologicamente coerente, de acordo com os meios que se lhe apresentem
mais úteis e despertem seu entusiasmo e criatividade enquanto interlocutor qualificado.
Enquanto uma prática social transformadora, esta terapia se organiza a partir dos
contextos locais e das histórias culturais de distintas comunidades linguísticas. O
respeito pela diversidade e multiplicidade de contextos com seus saberes locais implica
uma terapia construída a partir da aceitação da responsabilidade relacional do terapeuta,
legitimando os direitos humanos de bem- estar e de exercício da livre escolha.
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PENSAMENTO SISTÊMICO E Mudança epistemológica │ UNIDADE única
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CAPÍTULO 4
Da epistemologia cibernética à
epistemologia da complexidade
Neste capítulo, ainda em torno da terapia familiar, temos como pretensão uma
contextualização do momento histórico em que ocorre seu surgimento ,suas principais
bases teóricas ,seus principais momentos e suas características ,de forma mais especifica
a cibernética de primeira e segunda ordem e a Epistemologia da Complexidade.
Cibernética significa arte de governar, termo usado, pela primeira vez, em 1834, por
André-Marie Ampère. Modo geral, Cyber pertence à ciência do padrão e da organização.
Primeira Cibernética
Seguiremos a linha de pensamento trazido por Maruyama, seguida por Grandesso. O
estudo da Cibernética dividiu a própria Cibernética em duas fases: primeira ordem e
segunda ordem. Como esclarecimento, vale situar que a Cibernética de Primeira Ordem
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PENSAMENTO SISTÊMICO E Mudança epistemológica │ UNIDADE única
A ideia básica é gerar, a partir de intervenções, situações que vençam a homeostase, sua
resistência à mudança e empurrar a família para outro padrão de funcionamento que
não necessite a presença do sintoma.
Surge, então, a chamada Segunda Cibernética: o sintoma não é o foco; o sintoma serve
apenas para identificar que algo não vai bem na família. O foco agora está nas relações e
não no sintoma ou na pessoa que traz o sintoma. A pessoa com o sintoma, denomina-se
como paciente referido (P.R.), que é a pessoa que leva a família à terapia.
Nessa visão, não significa que o problema é do paciente referido somente, mas, sim, que
o problema passa por todos os membros da família.
Esta visão implica a ideia de que o sistema tem e adquire, ao longo do tempo, seus
próprios recursos para realizar mudanças, possuindo autonomia e uma capacidade
de auto-organização. A crise, ao invés de ser considerada como um perigo, como na
Primeira Cibernética, é vista, agora, como parte do processo de mudança, e o sintoma
como surgido no meio dela.
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PENSAMENTO SISTÊMICO E Mudança epistemológica │ UNIDADE única
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UNIDADE única │ PENSAMENTO SISTÊMICO E Mudança epistemológica
»» Relação
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PENSAMENTO SISTÊMICO E Mudança epistemológica │ UNIDADE única
Segunda Cibernética
A velha noção de consertar uma estrutura que apresenta um problema não serve mais.
Os problemas não estão nas famílias, mas em sua construção da realidade, em sua
relação e na forma pela qual esta permite a emergência de realidades, sujeitos, crenças
e sintomas.
Não há uma família dada “lá fora” a ser conhecida, previsível e manipulada, mas
uma família ou um sistema imprevisível, incerto, dependente de uma história,
auto- organizador e autônomo, regidos por suas próprias leis. Com base no conceito de
autonomia, questiona-se o valor e a pertinência de intervenções que pretendem dirigir o
sistema para determinado lugar. Questiona-se também a ideia de que tais intervenções
causam mudanças, já que o meio (terapeuta) não determina o que acontece no sistema
(família).
Boscolo e Cecchin (in: RAPIZO; ROSANA. 1998, p.79) divulgaram o primeiro modelo
discursivo ou de conversação para a terapia de família. Adotando essas premissas, o
terapeuta ou a equipe terapêutica questiona também suas próprias crenças a respeito
da família e de seu trabalho. Temos, então, a valorização de um contexto terapêutico
mais colaborativo e menos hierárquico.
Enfim, com o passar do tempo, a Cibernética amplia seu olhar e começa a se deslocar
para o entendimento de sistemas que não são e não podem ser organizados de fora,
colocando em cheque a possibilidade de se falar em uma observação objetiva de uma
realidade independente, livre das influências do observador.
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PENSAMENTO SISTÊMICO E Mudança epistemológica │ UNIDADE única
É preciso não perder de vista que o homem buscava o conhecimento numa integração
harmônica com a natureza, numa perspectiva relacional entre todo e partes. Porém,
a propósito dessa discussão, os antagonismos estabelecidos separaram as relações
que deveriam ser conectadas, como a relação sujeito-objeto, teoria e prática, razão
emancipação, entre outros, adquirem uma relação de dominação, um sobre o outro.
A necessidade de mudanças é importante para ultrapassar essa visão utilitarista de
homem-mundo e a partir daí novas (re) configurações para os modos de pensar e fazer
o conhecimento e a educação sob o modelo de uma pluralidade teórica e epistemológica
instaurada pela modernidade.
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UNIDADE única │ PENSAMENTO SISTÊMICO E Mudança epistemológica
Contextualizar as questões atuais é uma questão ética, porém, ainda persiste a visão
sob as bases teóricas do paradigma dominante, negligenciando as questões complexas,
pela produção exacerbada do conhecimento científico. Consequentemente, o modo de
pensar dos sujeitos encontra-se na cegueira (MORIN, 1996), reproduzindo a educação
e o ensino e, da mesma forma, os objetos de investigação que reproduzem a organização
social e econômica, conforme os interesses políticos e econômicos.
Trata-se de uma obsessão individual o cientista em relação àquilo que faz e domina
(ensino-pesquisa), seguida pelo método ou modelo em que apoia as sua fundamentação
teórica e metodológica e, ainda, das relações econômicas e de poderes existentes,
que possibilitam o desenvolvimento do conhecimento – compreender a realidade da
construção do conhecimento na universidade em sua multidimensionalidade; o todo
nunca poderá resumir como a soma das partes.
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PENSAMENTO SISTÊMICO E Mudança epistemológica │ UNIDADE única
A relevância do diálogo entre as ciências humanas e ciências exatas, enfim, religar tudo
o que separamos em toda a história da modernidade, na obediência a modelos, leis,
métodos e técnicas. A hiperespecialização comprometeu os aspectos essenciais – a
noção de interdependência e da visão de conjunto – que se apreende mediante uma
visão de mundo,
41
CAPÍTULO 5
Comunicação humana
Na época dos homens das cavernas, o ser humano possuía um cérebro rudimentar. A
comunicação era feita com gestos, posturas, gritos e grunhidos. No entanto, chegou
um momento em que o homem percebeu a necessidade de aprender a relação entre os
objetos e suas utilidades , como exemplo podemos citar os utensílios de caça e proteção.
Esse aprendizado foi sendo passado aos demais, por meio de gestos e repetição do
processo, criando, assim, uma forma primitiva e simples de linguagem.
Quando fazemos um resgate histórico, lembramos de uma das mais antigas civilizações,
o povo sumério, que ocupava a região da Mesopotâmia quatro séculos a.C. Essa
civilização foi a primeira a usar o sistema pictográfico (escritas feitas nas cavernas, com
tintas). Essa escrita também era utilizada pelos egípcios que, em 3100 a.C., criaram
seus hierós glyphós ou “escrita sagrada”, como os gregos as chamavam.
De acordo com Machado, esse tipo de escrita era, além de pictórica, ideográfica, ou
seja, utilizava símbolos simples para representar tanto objetos materiais quanto ideias
abstratas. Utilizava o princípio do ideograma (sinal que exprime ideias) no estágio em
que deixa de significar o objeto que representa, para indicar o fonograma referente ao
nome desse objeto.
Ainda conforme Machado, uma das mais significativas contribuições dos sumerianos está
ligada ao desenvolvimento da chamada escrita cuneiforme. Nesse sistema, observamos
a impressão dos caracteres sobre uma base de argila que era exposta ao sol e, logo
depois, endurecida com sua exposição ao fogo. De fato, essa civilização mesopotâmica
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PENSAMENTO SISTÊMICO E Mudança epistemológica │ UNIDADE única
produziu uma extensa atividade literária que contou com a criação de poemas, códigos
de leis, fábulas, mitos e outras narrativas. É a língua escrita mais antiga das que se têm
testemunhos gráficos. As primeiras inscrições procedem de 3.000 a.C.
Machado coloca-nos que são consideradas forma de comunicação: verbal, não verbal,
gestual e mediada.
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UNIDADE única │ PENSAMENTO SISTÊMICO E Mudança epistemológica
A inovação nas formas de comunicação faz com que a humanidade passe a viver de uma
forma totalmente nova, onde as fronteiras físicas deixam de ser obstáculos à comunicação
constante entre os povos. Formas que até há alguns anos eram impensáveis passam a
fazer parte do nosso dia a dia.
A comunicação é o centro de todo relacionamento, seja ele pessoal, profissional etc. Ela
é a chave para o desenvolvimento de uma relação saudável com o outro, uma vez que
pode ser considerada a arte do entender e do fazer-se entender.
Por meio de uma breve recordação podemos citar, como exemplo, as aventuras de
Robson Crusoé: um navegante que ficou a ermo numa ilha deserta, cercada de água por
todos os lados e sem ter para aonde ir. Ao se deparar com a solidão naquele lugar, Crusoé
logo sentiu uma grande dificuldade que, talvez, muitos de nós ainda não dedicamos um
tempo para reflexão: a necessidade de comunicar-se com alguém.
44
PENSAMENTO SISTÊMICO E Mudança epistemológica │ UNIDADE única
sendo expresso. A comunicação, portanto, não está limitada à fala, à linguagem oral,
mas também é possível por meio de gestos, símbolos, expressões, bem como qualquer
outra forma que contenha em si um significado inteligível, compreensível. A mesma
ocorre quando, ao emitirmos uma mensagem, nos fazemos entender por uma pessoa
e modificamos seu comportamento. Isso é possível por meio da linguagem, que é a
representação do pensamento por meio de sinais que permitam a comunicação e a
interação entre as pessoas.
Todos esses elementos são indispensáveis à comunicação verbal e podem ser assim
esquematizados.
Mensagem
Referente
Emissor ----------------------------------------------------- Receptor
Canal
Código
45
UNIDADE única │ PENSAMENTO SISTÊMICO E Mudança epistemológica
A compreensão dos outros, um dos aspectos mais importantes nas relações humanas, é
a aptidão de se colocar no lugar do outro, ou seja, ver e perceber com os olhos do outro.
A essa aptidão denominamos sensibilidade social ou empatia.
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PENSAMENTO SISTÊMICO E Mudança epistemológica │ UNIDADE única
Desde que surge um bloqueio, ele obriga os interlocutores a questionar suas comunicações
e geralmente lhes permite reatá-las e restabelecê-las em clima mais aberto e em uma
base mais autêntica, desde que cada interlocutor tenha tomado consciência de que
entre eles existem obstáculos.
Curvelo diz que a aprendizagem é a busca criativa da inovação, ao mesmo tempo em que
lida com a memória organizacional e a reconstrói. Pressupõe, também, motivação para
aprender. A motivação só é possível se as pessoas se identificam e consideram nobres
as missões organizacionais e se orgulham de fazer parte e de lutar pelos objetivos. Se
existe uma sensação de que é bom trabalhar com essa empresa, pode-se vislumbrar
um crescimento conjunto e ilimitado ( se há ética e confiança nessa relação, se não há
medos e se há valorização à livre troca de experiências e saberes).
Para Ricarte, um dos grandes desafios das próximas décadas será fazer da criatividade
o principal foco de gestão de todas as empresas, pois o único caminho para tornar uma
empresa competitiva é a geração de ideias criativas; a única forma de gerar ideias é
atrair para a empresa pessoas criativas, e a melhor maneira de atrair e manter pessoas
criativas é proporcionando-lhes um ambiente adequado para trabalhar.
Desta forma conseguimos entender que essa habilidade comunicacional, na maioria das
empresas, ainda não faz parte da job-description de um executivo. É ainda uma reserva
47
UNIDADE única │ PENSAMENTO SISTÊMICO E Mudança epistemológica
Mediante a todas as colocações de Curvelo, precisamos ter cuidado. Afinal ,esse ambiente
de mudanças traz consigo uma radical mudança no processo de troca de informações nas
organizações e afeta, também, todo um sistema de comunicação baseado no paradigma
da transmissão controlada de informações. Favorece o surgimento e a atuação do que
chamo de novos Messias da comunicação, que prometem internalizarem nas pessoas
os novos objetivos e conceitos, estimularem a motivação e o comprometimento à
nova ordem de coisas, organizarem rituais de passagem em que se dá outro sentido
aos valores abandonados e introduz-se o novo.
Portanto, Curvelo entende que, hoje, não é raro encontrar-se nos corredores das
organizações profissionais da mudança cultural agentes da nova ordem, verdadeiros
profetas munidos de fórmulas infalíveis, de cartilhas iluministas, capazes de minar
resistências e viabilizar uma nova cultura e que se autodenominam “reengenheiros da
cultura”.
48
PENSAMENTO SISTÊMICO E Mudança epistemológica │ UNIDADE única
obrigações como sócios do grupo e compartilham uma identidade comum – para haver
um grupo social, é preciso que os indivíduos se percebam de alguma forma afiliados ao
grupo.
Segundo Costa (2002), o grupo surgiu pela necessidade de o homem viver em contato
com os outros homens. Nessa relação homem-homem, vários fenômenos estão
presentes: comunicação, percepção, afeição, liderança, integração, normas e outros. À
medida que nós nos observamos na relação eu-outro, surge uma amplitude de caminhos
para nosso conhecimento e nossa orientação. Cada um passa a ser um espelho que
reflete atitudes e dá retorno ao outro, por meio do feedback.
Lewin (1965) considerou o grupo como o terreno sobre o qual o indivíduo se sustenta e
se satisfaz. Um instrumento para satisfação das necessidades pessoal, física, econômica,
política, social.
O feedback tem como finalidade ajudar o outro a fazer algo de forma diferente no futuro,
ou seja, melhorar habilidades e comportamentos, proporcionando, assim, melhorias
nas relações interpessoais
Assim, segundo Knapp (1982), tais conhecimentos e habilidades podem ser essenciais
para o desenvolvimento da competência social, seja no escritório, no tribunal, na sala
de aula ou no bar. É também importante quando se quer entender diferenças sociais e
culturais.
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CAPÍTULO 6
Genograma e ciclo de vida
Estudar família hoje em dia, surge não só como uma necessidade de compreender
melhor as diversas formas que elas se organizam mas antes de tudo, é poder visualizar
as varias lentes que podem ser utilizadas, em busca do entendimento e ampliação das
conversações entre dos membros de uma família. Neste capítulo temos por objetivo
compreender a família relacionando-a com o genograma e o ciclo de vida.
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Pode-se considerar, então, que a função limitadora dos sistemas sociais, por um
lado, contribui para o senso de continuidade dos indivíduos e da comunidade, pelo
reconhecimento do familiar, do sentimento de pertencer, de fazer parte; por outro, em
função de não conseguir dar conta de significar todas as contingências que aparecem
na vida das pessoas, propicia o aparecimento de lacunas e inconsistências que geram as
contradições, pelas quais os sujeitos inventam e reinventam a suas histórias (WHITE,
1994), atualizando, também, as histórias que suportam a existência dos sistemas sociais
dos quais esses sujeitos participam.
O genograma pode ser algo mais, embora pareça ser simples, se olharmos apenas um
aspecto, mas um dos principais objetivos de sua realização é possibilitar uma (re)
conexão com a família de origem de cada um, revendo ou resgatando histórias perdidas
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O genograma é como uma foto que foi tirada já algum tempo e que neste momento se
revela, dando oportunidade de falar do momento que a “foto” foi tirada e que significado
ela traz agora.
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O ciclo de vida é um fenômeno complexo, pois ele é uma espiral da evolução familiar,
na medida em que as gerações avançam no tempo em seu desenvolvimento, que vai do
nascimento à morte. (MCGOLDRICK; GERSON, 1995)
O ciclo de vida das famílias é uma série de eventos previsíveis que ocorrem na família,
como resultado das mudanças em sua organização. Toda mudança requer de cada
membro uma acomodação ao novo arranjo, transformando o papel a cada alteração
de limites. Afinal, “nas fases de transição em que a família é desafiada a estruturar um
novo pacto, que o estresse cresce, possibilitando o surgimento de doenças”. (WAGNER
e col., 1999).
O estudo relacionado às famílias, além do aspecto histórico e sua rede social, podem
também considerar a perspectiva transgeracional, levando em conta que “o ciclo de
vida familiar é um fenômeno complexo. Ele é uma espiral da evolução familiar, na
medida em que as gerações avançam no tempo em seu desenvolvimento do nascimento
à morte” (MCGOLDRIICK). E considerando famílias como “uma unidade básica no
processo socializador, as relações transgeracionais permitem apreender o movimento
da transmissão, ou seja, sua dimensão temporal”. (VITALE)
Em cada geração, temos a criação de suas histórias, suas regras, seus legados e seus
mandatos que costumam se perpetuar para as gerações seguintes e podem ou não ser
adequados e/ou compatíveis com os novos tempos. Aquilo que foi transmitido pode ser
ressignificado, por meio da construção de novas narrativas, pelas novas gerações.
Segundo Vitale, a partir de estudos ligados a famílias de classe media, em São Paulo, ao
longo do séc.XX, não é incomum pensarmos que conteúdos recebidos e transmitidos
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pelas gerações mais velhas podem ser agrupados em legados de ordem, que falam a
respeito da responsabilidade, organização e educação; legados de solidariedade, que se
referem a amor, amizade, senso de justiça, colaboração e respeito; e legados de fé, que
incluem a espiritualidade.
A geração do meio recebe a incumbência de transmitir para os seus filhos tais legados.
Habitualmente acaba fazendo exatamente o oposto, podendo assim este grupo ser
denominado como o “libertador das repressões”. Ainda segundo Vitale, a geração do
meio recebeu legados de repressão, que dizem respeito à contenção das expressões do
afeto e do corpo; legados de família, que se referem à importância da vida familiar, do
casamento para este universo; e legado de fé, ou seja, religião.
Na geração mais jovem, embora se observe uma proximidade maior com a geração
anterior, a do meio, ela também pode ser marcada pelo movimento de oposição.
Os legados desta geração podem ainda ser os legados de família no que diz respeito
ao casamento, mas não necessariamente com relação à convivência familiar, se
desprendendo ao longo do cotidiano segundo as condições que a própria geração
anterior proporciona. Um bom exemplo são as famílias que migram de uma vida rural
para a urbana ou da cidade pequena para uma maior em busca de melhores condições de
trabalho, saúde e educação. Podem manter os legados de repressão no que se referem ao
tabu com o corpo e a repressão sexual, mas, uma vez mais expostos a outras dinâmicas
sociais ( escolas, clubes, festas e outros) descobrem outros valores e facilmente entrarão
em contato com uma situação inesperada e eventualmente conflitante. Já com relação
aos legados de fé, sua manutenção favorece a união da família, habitualmente, mesmo
que alguns membros venham frequentar espaços diferentes.
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Moysés e Silveira Filho ( 2002) dizem que o ciclo de vida é constituído por uma série
de eventos previsíveis que ocorrem no desenvolvimento da vida familiar, exigindo
adaptação e ajustamento de seus membros. Por isso, o ciclo de vida familiar possibilita
uma visão antecipada dos problemas e, embora não utilize tecnologia “dura” na forma de
equipamentos biomédicos, permite uma “tomografia” da situação de vida das pessoas,
no contexto familiar, com seu processo de viver, ter saúde ou adoecer. O ciclo de vida é
particularmente útil no diagnóstico de situações indefinidas, que perfazem quase 50%
dos comparecimentos em serviços de saúde (MOYSÉS; SILVEIRA FILHO, 2002). De
acordo com Moysés e Kriger (2008), ele pode expandir as possibilidades de atenção em
saúde centradas nas relações e papéis familiares.
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Para (não) finalizar
A partir do momento em que se adota uma visão de sistema, a ciência tende a não isolar
os fenômenos de seus contextos, examinando unidades cada vez maiores. Sob o título
comum de investigação dos sistemas, convergem os avanços de diversas especializações
científicas.
Várias disciplinas se incluem entre as “ciências dos sistemas”, entre elas e às que são
relevantes neste momento são: Teoria Geral dos Sistemas e Cibernética, uma organicista
e outra mecanicista. A tendência mecanicista relaciona-se a técnicas de controle,
automatização, inovações tecnológicas, tendo como teoria a Cibernética. Já a tendência
organicista, partindo do princípio que um “organismo é uma coisa organizada”, trata de
especificar as leis de funcionamento desse tipo de sistema.
Para ele sistemas de retroalimentação são sistemas fechados, onde não se considera a
possibilidade de transição a estados de maior complexidade.
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avançar em direção a uma nova visão de ciência, de mundo, e para tanto, isso implica
compreender a complexidade como uma unidade que exige e amplia a visão do contexto,
situando a humanidade e o planeta como fonte indissociável e muldimensional.
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Referências
BLOCK, D.A.; RAMBO, A. O início da terapia família: temas e pessoas. In: ELKAIN, M..
Panorama das terapias familiares. São Paulo: Summus, 1998.
ELKAÏM, Mony. Panorama das terapias familiares. São Paulo: Summus, 1998.
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Referências
WITTEAZAELE, J.J.; GARCIA, T. A abordagem clínica de Palo Alto. In: ELKAIN, M..
Panorama das terapias familiares. São Paulo: Summus, 1998.
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